ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP

Transcrição

ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
30
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Dr. ADIB JATENE
O trabalho de divulgação da SOCESP, logo após seu surgimento,
obteve rápida reciprocidade dos cardiologistas do Estado. Na
época, notava-se um quadro de grande harmonia entre os médicos da especialidade. Nesta fase, praticamente todos os profissionais em atividade no Estado tinham sido treinados no Hospital
das Clínicas, no Instituto Dante Pazzanese ou no Hospital São
Paulo. Havia uma grande inter-relação entre estes três centros.
O Dr. Adib Jatene havia chegado ao cargo de presidente da entidade por indicação de seus colegas. O primeiro líder da SOCESP sempre defendeu a idéia de que certos cargos não deveriam ser pleiteados e sim aceitos sob a perspectiva impessoal de
realização de um trabalho em benefício de todos. Desde o início, as relações na nova entidade se davam de forma amistosa,
não havendo vestígio algum de competição entre os membros
da Diretoria e mesmo entre seus associados. Os ocupantes dos
cargos também só tinham olhos para seus respectivos objetivos
que envolviam unicamente trabalho e dedicação.
Nunca houve espaço na Socesp para quem desejasse prestígio
ou benefício próprio.
Na própria Sociedade Brasileira de Cardiologia era comum o
presidente de uma edição de seu congresso ser eleito vice-presidente na próxima gestão da entidade. Dentro dessa dinâmica,
na SBC, o próximo passo era essa pessoa chegar ao cargo de
presidente. Assim foi seu funcionamento durante muito tempo.
Na segunda metade do século XX, surgiram muitas escolas de
medicina no Brasil, numa época de intensas descobertas científicas e de grande desenvolvimento tecnológico. Esta dinâmica
passou a exigir maior aprofundamento da formação dos médicos, o que na prática era impossível para muitas faculdades.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
31
Dentro desse quadro, desde sua primeira gestão, a SOCESP segue coordenando o conhecimento pertinente à especialidade
com intuito de estabelecer consensos e condutas. Estas ações
são sempre iluminadas a cada edição de seu Congresso, para
que cada profissional no exercício prático possa adquirir um
conhecimento renovado.
Antes da fundação da SOCESP, algumas cidades do Estado de
São Paulo como Campinas, Ribeirão Preto e Sorocaba – que
abrigavam faculdades de medicina – já se destacavam como
centros importantes de Cardiologia. Vários médicos desses centros solicitavam a realização de um congresso. Assim, viabilizou-se, em 1979, a primeira jornada da especialidade em Campinas, presidida pelo Dr. Antonio Benedicto Prado Fortuna.
“A SOCESP, durante 30 anos, cumpriu também um importante papel de difusão das pesquisas e dos trabalhos referentes à
Cardiologia. O doente recebe sempre o que está testado e documentado. Esse é o papel dos congressos: reconhecer as evidências para que as mesmas possam mais tarde ser oferecidas às
pessoas. Isso a SOCESP faz muito bem. E não basta realizar, é
importante possuir instrumentos de divulgação, como os que
foram fornecidos pela Sociedade de Cardiologia do Estado de
São Paulo. O objetivo da SOCESP foi sempre desenvolver a
Cardiologia e não engrandecer pessoas. Todos que passaram
por sua Diretoria ou Presidência continuam trabalhando pela
entidade. Isso só fortalece a Sociedade.”
DR. ADIB JATENE
Na segunda metade do
século XX, foram criadas
muitas escolas de medicina
no País. Interior da
Faculdade de Medicina da
USP.
32
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Dr. RADI MACRUZ
Após exercer o cargo de secretário-geral durante a primeira administração da SOCESP, o Dr. Radi Macruz assumiu a Presidência. De imediato, o novo presidente resolveu criar Regionais
da SOCESP com o intuito de atrair os cardiologistas do interior
do Estado para que os mesmos pudessem participar ativamente da Diretoria. O novo presidente acreditava que um médico
tinha disposição para sair de sua região para assistir a uma reunião na capital. Porém, com a criação das Regionais, os encontros poderiam ocorrer com freqüência e o conhecimento de
Cardiologia seria também difundido mais facilmente entre os
associados residentes fora da cidade de São Paulo. Através de
cada Regional, a SOCESP obteria ainda o retorno crítico de seu
trabalho.
SOCESP CRIA SUAS PRIMEIRAS REGIONAIS
Inserida nesta proposta estava a capacidade de cada sede Regional reunir um número de cardiologistas para a realização do
Congresso da entidade. Era, ainda, fundamental que cada cidade suportasse receber uma grande quantidade de cardiologistas
durante estes eventos. Assim as subsedes foram nascendo nas
cidades de Campinas, Marília, Ribeirão Preto e Santos. As Sociedades de Campinas e Ribeirão Preto já existiam antes do surgimento da SOCESP.
Na prática, era muito fácil viabilizar uma representação no interior. Um cardiologista da cidade era chamado para uma reunião em São Paulo e em seguida ele retornava para sua região já
com todo o apoio da SOCESP. Todas as sedes Regionais se consolidaram.
“Estas reuniões da SOCESP conseguiram reunir os cardiologistas de todo o Estado. Aquela sensação de que um grupo estava
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
33
A SOCESP passa a ter
uma identidade visual
lutando contra outro desapareceu. Eu prestigiava os médicos de
Marília e mantinha a mesma postura com os profissionais de
Santos e Campinas... Nessa época, o que nos interessava era a
formação dos indivíduos para que a Sociedade pudesse receber
uma assistência de qualidade. Esta é a meta da universidade. Na
minha época de estudante, havia apenas 17 faculdades de medicina. A formação era muito melhor. Eu costumava dizer no
InCor que era possível formar um indivíduo em três anos para
fazer medicina. Um cientista leva mais tempo, cerca de 20
anos... E a base da medicina é justamente a ciência. A finalidade é a assistência e o humanismo.”
DR. RADI MACRUZ
Durante a gestão do Dr. Radi Macruz, decidiu-se que o Conselho da SOCESP seria formado pelos seus ex-presidentes. Sob
sua administração, foi elaborado um boletim mensal da Sociedade patrocinado por uma grande companhia farmacêutica. A
idéia era revisar os assuntos de grande importância da Cardiologia e difundir novos temas. Determinou-se também que nenhum dos ex-presidentes poderia ser reeleito. Assim a SOCESP
asseguraria seu dinamismo. Durante esta segunda gestão foi
criado o logotipo da Sociedade.
34
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Ao finalizar sua administração, Dr. Radi Macruz deixou a entidade com superavit. Tal fato teve grande importância para seu
posterior desenvolvimento. Desta forma, a SOCESP firmava-se
como uma Sociedade autônoma, totalmente independente. Segundo o presidente, tais fundos tinham um destino certo: o financiamento de bolsas de aperfeiçoamento no exterior para os
associados. Após fechar sua gestão, Dr. Radi Macruz se afastou
das atividades da SOCESP.
“A SOCESP, ainda hoje, deve ter como sua finalidade a vigilância do exercício da medicina, ensinar Cardiologia e preparar indivíduos para que eles se tornem realmente médicos. Medicina
não é ciência, química, anatomia, fisiologia... A medicina é tudo
isso agregado à humanidade. O humanismo tem de estar presente em todos os atos do homem. A SOCESP tem por obrigação vigiar isto. Ela deve também observar o desenvolvimento da
ciência em outros países e tentar organizar centros de pesquisa
aqui. Não podemos ficar repetindo os trabalhos dos outros gastando dinheiro com isso. Com humildade, devemos ir para o
exterior para aprender. Assim a clínica será capaz de evoluir.
Uma Sociedade como a nossa tem de influenciar a política com
o intuito de apontar os erros cometidos pelos políticos na condução do setor de saúde. A SOCESP tem, ainda, por obrigação,
criticar as faculdades que não têm capacidade de formar cardiologistas. Assim deve ser... A medicina é a mais bela das profissões quando bem exercida. É a glorificação do ser humano.
Quem deseja ser médico precisa sempre gostar do homem.”
DR. RADI MACRUZ
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
35
Dr. MARCOS FABIO LION
Esta gestão se dedicou a incrementar o conhecimento científico
dos cardiologistas, através de maior entrosamento dos diversos
serviços da especialidade existentes na época. Nessa fase, também, detectou-se a necessidade de se organizar o atendimento
de urgência na Capital.
REGIONAIS COMEÇAM A PARTICIPAR
DA SEMANA DO CORAÇÃO
A SOCESP participou
ativamente da
Semana do Coração
A Diretoria decidiu, ainda, que as Regionais deveriam efetuar
palestras durante a “Semana do Coração”, realizada entre 3 e 9
de agosto de 1981. O evento destacou os casos de hipertensão
arterial e divulgou nos meios de comunicação mensagens de
combate ao tabagismo.
Criada pela SBC, em meados da década de 1970, a Semana do
Coração disseminou eventos em várias capitais e e em algumas
cidades do Estado de São Paulo. Sob a coordenação da SOCESP,
as ações chegaram a ser realizadas em 18 municípios, sempre
no mês de outubro. As atividades visavam conscientizar a população da necessidade de prevenção das doenças cardiológicas. A SOCESP deixou de participar oficialmente da Semana do
Coração em 2002.
A escolha do presidente do Congresso da Sociedade Brasileira da
cardiologia, realizado em 1984, foi efetuada pela Diretoria da Socesp. Nesta época, a Sociedade de Cardiologia do Estado de São
Paulo possuía um membro em cada serviço da capital. Esta escolha deveria recair sobre um médico que conseguisse coadunar liderança com projeção científica. Este profissional teria ainda que
possuir uma destacada presença nos meios social, médico e político. Para chegar a um consenso, Dr. Lion solicitou, na época, que
todos os presidentes das Regionais da SOCESP comparecessem a
36
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
uma reunião na sede da Sociedade na Capital. O resultado deste
encontro foi a escolha do nome do Dr. Adib Jatene.
REGIONAIS DE BAURU, SOROCABA E VALE DO PARAÍBA
Na gestão do Dr. Marcos Fábio Lion foram criadas as Regionais
de Bauru e Sorocaba. Dr. Alberto Liberman chegou a destacar
que o Dr. Lion se dedicou bastante às Regionais enquanto esteve na Presidência da SOCESP.
No fim de seu mandato, Dr. Marcos Lion considerou que a Sociedade estava mais conhecida, sobretudo no interior do Estado, conseguindo aumentar o número de sócios, passando de
355 para 576 membros. Nesse período, mais pessoas começaram a estudar Cardiologia, devido ao aumento de oferta de faculdades de medicina.
“O Brasil se desenvolveu bastante na Cardiologia. E a SOCESP
desempenha um papel muito importante. Seus diretores e muitos de seus sócios têm grande capacitação na especialidade. O
número de médicos de alto nível da especialidade também aumentou muito fora do Brasil. Todos nós da SOCESP sempre fomos aos Congressos Internacionais para representá-la. Ela é conhecida, há vários anos, internacionalmente. Nunca deixei de
acompanhar sua evolução.”
DR. MARCOS FÁBIO LION
Ação da SBC em
Manaus, em 1992
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
37
Dr. PROTÁSIO LEMOS DA LUZ
Ao assumir a Presidência, Dr. Protásio percebeu a ausência de
participação de investigadores de ciência básica na Sociedade,
em decorrência disso, foram introduzidas, na Sociedade, as
representações de Fisiologia e de Fisiopatologia. O novo presidente acreditava, na época, que a SOCESP deveria olhar para
todos os aspectos da atividade cardiológica. Até então, ela só se
dedicava às atividades das áreas clínicas. A partir da gestão do
Dr. Protásio, os simpósios de área básica da SOCESP se proliferaram.
SOCESP FUNDA OS DEPARTAMENTOS
DE ENFERMAGEM E PSICOLOGIA
Nesta gestão foram criados também os dois primeiros Departamentos da SOCESP: Enfermagem e Psicologia. A proposta é que
as duas áreas incrementassem seus conhecimentos em Cardiologia para posteriormente oferecer um bom serviço à sociedade.
O Departamento de Enfermagem, ciente do quadro de complexidade da assistência à pessoa cardíaca, desenvolve trabalhos
voltados a preparar adequadamente seus profissionais da área.
O setor também promove encontros, congressos, seminários,
jornadas, reuniões, entre outras atividades. Este Departamento
é incentivado, ainda, a manter relações com entidades similares
do Brasil e do exterior com intuito de proporcionar aos enfermeiros associados um maior conhecimento técnico e científico.
Já o Departamento de Psicologia pretende contribuir para a reciclagem dos profissionais que atuam em Cardiologia. Os psicólogos começaram a ganhar espaço na Sociedade quando o
Serviço de Psicologia do Instituto do Coração organizou, paralelamente ao Congresso da SOCESP, o I Simpósio de Psicologia
Aplicada à Cardiologia. Este Departamento realiza, a cada ano,
38
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
o Curso de Aperfeiçoamento de Psicologia Aplicada à Cardiologia que dá suporte de conhecimentos específicos em Cardiologia
aos psicólogos. O Departamento de Psicologia desenvolve, também, a análise e a revisão de artigos científicos, publicados no suplemento da Atualização Cardiológica.
Na época em que o Dr. Protásio recebeu treinamento em Los
Angeles, pôde se notar a importante participação dos grupos de
Enfermagem e Psicologia nos simpósios de Cardiologia, dicutindo, apresentando casos e trabalhos. Assim, Dr. Protásio passou a entender que a especialidade deveria ser uma assistência
médica integrada e multidisciplinar.
Outra iniciativa desta administração foi introduzir Programas de
Educação Continuada, disseminando os conhecimentos e as práticas atualizadas de Cardiologia nas Regionais da SOCESP. O fato
é que os grandes centros conseguiam realizar reuniões semanais
sobre temas ligados à medicina. Já muitas cidades do interior não
detinham esta facilidade organizacional e, na época, ainda não
havia as facilidades da internet. Os programas no interior do Estado foram muito bem aceitos e, com o tempo, incrementados.
UMA SEDE PRÓPRIA PARA A SOCESP
Cada renovação de contrato de aluguel costumava preocupar a
diretoria da Sociedade. Além do receio de perder a sede, havia
ainda um desperdício de tempo para conseguir resolver esta
questão. Já era hora de a SOCESP possuir um imóvel próprio.
Na época, a entidade, ainda, dividia sua sede na rua Itapeva com
a Revista Arquivos Brasileiros de Cardiologia (da SBC).
Durante esta gestão foi realizado um congresso de Cardiologia
no InCor presidido pelo Professor Fulvio Pileggi, tendo o Dr.
Protásio como presidente da Comissão Científica. Na ocasião,
ficou determinado que parte da renda deste congresso seria
destinada à Regional responsável pela realização do evento, no
caso a SOCESP. Este dinheiro acabou sendo usado para adquirir duas pequenas salas no Conjunto Nacional.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
A Socesp compra duas
salas no Conjunto
Nacional, na avenida
Paulista.
39
A avenida Paulista é muito conveniente para todos os associados, devido ao seu fácil acesso e por também estar próxima dos
principais centros de Cardiologia da cidade
“Tenho uma recordação muito boa da minha passagem pela
SOCESP. Acredito que, na época, nós conseguimos fazer algumas coisas que julgávamos adequadas. Eu já tinha participado
de vários simpósios nos Estados Unidos… A atuação da Sociedade na comunidade para o desenvolvimento do conhecimento
era um conceito muito claro na minha cabeça. Hoje, acredito
que ela deva incentivar a carreira de investigadores jovens, continuar investindo em educação continuada e ainda trabalhar
para resolver os problemas relacionados à profissão.Vejo que a
SOCESP é a melhor Regional que nós temos no Brasil.”
DR. PROTÁSIO LEMOS DA LUZ
40
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Dr. LUIZ CARLOS BENTO DE SOUZA
A continuidade e a melhoria dos Programas de Educação Continuada foram as principais ações desta Diretoria. Dr. Luiz Carlos Bento de Souza pretendia, na época, homogeneizar a divulgação dos conhecimentos de Cardiologia pelo Estado de São
Paulo. Estava embutida, neste empreendimento, uma preocupação com os cardiologistas mais jovens do interior. A idéia é a
de que os mesmos pudessem participar de discussões importantes pertinentes à especialidade, sem a necessidade de deslocamento. Nestas reuniões eram levados, até as Regionais, os
médicos dos serviços de expressão da especialidade. Este trabalho contou com a intensa colaboração do Dr. José Antonio
Franchini Ramires.
Tendo participado da Diretoria anterior como vice-presidente,
quando na ocasião trabalhou também ativamente na criação
dos Departamentos de Enfermagem e de Psicologia, Dr. Luiz
Carlos passou a incentivar, ao assumir a Presidência da SOCESP,
o desenvolvimento de suas respectivas atividades científicas.
O médico ainda observou, na época, a necessidade de os dois
Departamentos realizarem reuniões, simpósios e congressos,
como acontecia com os cardiologistas.
Na sétima edição do Congresso, em Campos do Jordão, ocorreu
a abertura do evento. Anteriormente, o Congresso era, sob a
perspectiva científica, dominado por poucos médicos que davam muitas conferências. A decisão de limitar, numa única explanação, a participação de cada médico gerou o temor de que o
Congresso sofresse decréscimo de qualidade. Mas isso não aconteceu. Um dos fatos mais significativos deste Congresso foi,
diante desta abertura, a disposição de grande número de profissionais para realizar conferências. Esta mudança teve grande im-
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
41
portância por fornecer bases que viriam a consolidar o Congresso da SOCESP. A partir desta edição o evento começou a ser nacional.
Outro destaque foi o equilíbrio entre a oferta de leitos nos hotéis da cidade e o número de participantes – o que já não acontecia em anteriores diante do crescimento do Congresso.
Na edição seguinte, a SOCESP já mantinha em seus quadros
quase 2 mil sócios. Diante desta quantidade de associados que
foram acrescidos também por expositores e acompanhantes, o
Congresso registrou participantes instalados em cidades vizinhas a São José do Rio Preto.
Nos congressos realizados nessa gestão, as comissões científicas
ficaram mais próximas da Diretoria. Dessa forma, as programações científicas dos congressos sofreram grande evolução, tornando-se mais atrativas, conseguindo, inclusive, chamar a atenção de cardiologistas de outros Estados.
“A Cardiologia é um campo muito fértil. Foi uma honra representar, durante dois anos, uma classe cardiológica de alta expressão no Brasil e ter contribuído com a troca de informações
em nossa especialidade. Desde o primeiro congresso em Santos,
a SOCESP sempre evoluiu. Não se mede uma Sociedade apenas
pela qualidade e operabilidade de sua Diretoria. Deve-se levar
em conta, também, seu quadro associativo. O Estado de São
Paulo reúne serviços de Cardiologia de alta expressão. Todo trabalho desenvolvido pela SOCESP tem significado importante
para a Cardiologia brasileira.”
DR. LUIZ CARLOS BENTO DE SOUZA
42
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Dr. JOSÉ ANTONIO FRANCHINI RAMIRES
Esta administração, a priori, pretendia coordenar as atividades
científicas da especialidade e disseminá-las em todo o Estado,
fortalecer a Cardiologia e aproximá-la da sociedade e dar continuidade às realizações das gestões anteriores.
Dr. José Antonio Ramires achava muito importante integrar os
médicos, sobretudo em algumas universidades que se encontravam muito distantes da prática e do exercício associativo da
Cardiologia. Como conseqüência destes esforços, a SOCESP, na
época, conseguiu atrair o grupo de médicos que estava dentro
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
NOVAS REGIONAIS: ARAÇATUBA, BOTUCATU E PIRACICABA
O surgimento da Regional de Botucatu ocorreu dentro desta dinâmica de aproximar as universidades à SOCESP. Na época, os
docentes da Faculdade de Medicina de Botucatu, considerada até
hoje uma das melhores do Brasil, exerciam uma pálida atividade
associativa. Essa atração começou a ocorrer num simpósio patrocinado pela SOCESP – o I Simpósio de Fisiologia e Fisiopatologia Clínica em Cardiologia. O evento realizado com recursos
oriundos da Fapesp aconteceu no Hotel Village em Itu. Foi a primeira apresentação do grupo de Botucatu neste tipo de atividade. Esta Regional foi reativada em 1999 pelo Dr. Joel Spadaro.
Já as cardiologistas de Araçatuba costumavam, isoladamente,
promover atividades científicas com o Departamento (Regional) de Cardiologia da Associação Paulista de Medicina. Porém
as ações não tinham freqüência regular. De uma conversa com
um grupo de médicos nasceu a idéia de se criar uma Regional
da SOCESP na cidade.
A Regional de Piracicaba começou a sair do papel quando um
grupo de jovens cardiologistas que havia chegado à cidade consi-
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
43
derou a região descartada do “circuito” da especialidade. A iniciativa foi prontamente apoiada por toda a Diretoria da SOCESP.
Os Programas de Educação Continuada, já aplicados em gestões anteriores, não eram cursos consistentes durante o ano inteiro. Dessa forma, também, o conhecimento não chegava a
todo o Estado. Assim, foi convocada a indústria farmacêutica
(um pool de empresas) para que ela assumisse todos os custos
dos cursos no interior. Na prática, cada companhia escolhia o
programa que desejava custear. Como resultado deste acordo,
os cursos passaram a ser regulares em todas as Regionais. As atividades científicas eram acordadas entre a Diretoria da SOCESP e suas Regionais, sem sofrer interferência dos parceiros
da indústria farmacêutica.
Nessa época, foi feito pela primeira vez o primeiro Consenso
Brasileiro sobre um grande tema cardiológico, no caso Trombólise – o que representou um grande marco no meio. A própria
SBC ainda não havia realizado Consenso algum. As Sociedades
americanas e européias ainda lidavam de forma embrionária
com os Consensos. Em seguida, realizou-se, também, no Estado de São Paulo, o primeiro Consenso sobre Insuficiência Cardíaca do mundo. Evidenciava-se assim, a pujância da especialidade no Estado que, cada vez mais, se envolvia em diferentes
áreas da Cardiologia. Havia, de fato, uma preocupação com a
normatização do exercício profissional e com a incorporação de
novas tecnologias.
Começou a circular, bimestralmente, nesta gestão, um informativo da Sociedade dirigido pelo Dr. José Carlos Nicolau. O veículo que mesclava a divulgação de comunicados com trabalhos
científicos, ao ganhar regularidade, tornou-se o embrião da Revista da SOCESP.
Dr. José Antonio Ramires, ao assumir a Diretoria da SOCESP,
verificou 450 sócios pagantes entre os 750 inscritos. Ao terminar sua administração, a Sociedade mantinha em seu quadro
1537 associados. Nessa fase, os cardiologistas começaram a en-
44
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
xergar a SOCESP como uma grande aliada. Os profissionais
perceberam que a Sociedade, de fato, trabalhava para eles.
Depois de contratar diferentes empresas para realizar cada edição do Congresso, a SOCESP resolveu fechar um acordo com a
Ascon, uma empresa especializada em organizar eventos. O comediante Jô Soares realizou o show de abertura com temas médicos que agradou muito ao público. Nesta nona edição do
Congresso, houve aumento muito grande de trabalhos científicos apresentados. A partir dessa fase, a SOCESP passou a ser
bem mais prestigiada pelos cardiologistas.
O X Congresso da SOCESP realizado em Bauru quase conseguiu dobrar o número de participantes em relação à edição anterior, registrando 2100 inscritos. Todas as cidades ao redor foram ocupadas pelos congressistas diante da escassez de vagas
nos hotéis de Bauru. Até Barra Bonita, bem mais distante, chegou a receber pessoas que participaram do evento.
“O processo sucessório da SOCESP nasceu de forma espontânea. A escolha de cada presidente sai da própria diretoria como
candidato único. Isso poderia até estar escrito em nosso Estatuto – em algumas Sociedades internacionais as sucessões ocorrem desta maneira. Mas a SOCESP nunca escreveu sobre isso
em lugar nenhum. Acredito que seu sucesso é decorrente, também, deste procedimento. Se um dia interesses políticos extremos encontrarem abrigo na Sociedade, certamente sofreremos
estragos. A SOCESP é um exemplo de Sociedade que deu certo.
Ela sempre cresceu. Nunca passou por grandes transtornos políticos ou por impactos que geraram prejuízos futuros. Somos,
de fato, a maior sociedade regional de Cardiologia da América
Latina. É a prova de que a SOCESP encontrou seu caminho correto. Sem trabalho e sem perseverança nunca se atinge objetivo
algum. A SOCESP só chegou onde está hoje após anos de dedicação de muitas pessoas.”
DR. JOSÉ ANTONIO FRANCHINI RAMIRES
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
45
Dr. LEOPOLDO SOARES PIEGAS
Ao assumir a Presidência da SOCESP em 1990, Dr. Leopoldo
Soares Piegas teve de absorver os impactos do Plano Collor. Até
então, a entidade nunca havia parado de crescer no decorrer de
cada administração. O mesmo acontecia com os Congressos.
Naquele momento, o dinheiro parou de circular, já que a economia ficou praticamente estagnada. Porém, a SOCESP conseguiu rapidamente superar este difícil momento.
REGIONAL DE ARARAQUARA E SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Dr. Leopoldo pensava primeiramente em manter as atividades
implementadas nas administrações anteriores. Um exemplo foi
o prosseguimento dos Programas de Educação Continuada. As
atividades científicas, presentes nos congressos e em outros
eventos, também receberam redobrada atenção desta Diretoria.
Nesta administração foi inaugurada a Regional de Araraquara.
O Clube do Coração, criado em 1982, em São José do Rio Preto também passou a funcionar como Regional da SOCESP.
Neste momento, o crescimento da entidade se alicerçava numa
estrutura administrativa que se mostrava pouco eficiente. Nesta fase, a SOCESP adquiriu seu primeiro computador e ampliou seu número de linhas telefônicas. Dr. Leopoldo buscou
ainda aumentar o número de sócios da Sociedade, através da
realização de campanhas nos eventos. No fim desta gestão, ela
conseguiu dobrar o seu quadro de associados.
Dr. Leopoldo procurou alternativas para pagar os compromissos do XI Congresso, já que todo o dinheiro da SOCESP se
encontrava bloqueado. Naquele momento, os cardiologistas
tinham dificuldade de deslocamento. Vários profissionais não
possuíam uma quantia suficiente para encher o tanque do carro.
46
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Porém, a diretoria da SOCESP e o Dr. Nyder Rodrigues Otero,
presidente desta edição do Congresso, conseguiram administrar as dificuldades e assim o evento pôde ser realizado com sucesso nos auditórios da Unicamp, em Campinas. Na época, foi
ampliada a quantidade de salas para acomodar todos os participantes.
Já o XII Congresso conseguiu lotar uma quadra esportiva durante uma exposição científica. Uma ocupação insignificante,
se comparada aos dias de hoje. Mas na ocasião o volume de participantes chegou a impressionar.
“Provavelmente ninguém entre os presentes na primeira reunião realizada no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
imaginou que a entidade pudesse crescer tanto e ainda dar tantas contribuições às Cardiologias paulista, brasileira e internacional. Tenho certeza de que todos os fundadores estão orgulhosos. A primeira diretoria da SOCESP foi viabilizada através
de um consenso. E foi assim durante todo o tempo. Nós não temos disputas políticas. Nunca houve duas chapas. A política
deve sempre ser usada em seu melhor sentido: como a forma de
se obter o consenso. Enquanto estivermos unidos, nós teremos
uma Sociedade forte.
“Na minha vida sempre acreditei no trabalho em grupo. Em todos os momentos busquei me cercar de pessoas competentes.
Vejo que sempre acertei nas minhas escolhas. Tenho consciência de que não teria feito tantas realizações sem o auxílio de
meus colegas.”
DR. LEOPOLDO SOARES PIEGAS
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
47
Dr. ANTONIO CARLOS PEREIRA BARRETTO
Esta administração se preocupou bastante em ampliar a sede da
SOCESP. Naquela época, diante da falta de recursos, a saída foi
alugar três salas, dobrando a área física da Sociedade. Assim, o
espaço tornou-se mais funcional. A Secretaria foi ampliada, a
própria Diretoria ganhou uma sala de reuniões. Posteriormente, o dinheiro deixado em caixa teve grande utilidade para a
gestão seguinte (Dra. Amanda Guerra), que conseguiu adquirir
mais dois conjuntos.
O bom senso não deixou a SOCESP crescer exageradamente. A
Diretoria e a Secretaria sempre foram enxutas.
Os cursos de atualização foram expandidos pelo interior, graças
ao apoio dos laboratórios farmacêuticos que patrocinaram a
Sociedade, oferecendo a cada Regional a possibilidade de fazer
suas reuniões. As companhias eram comunicadas sobre as Regionais existentes na Entidade. Assim, de acordo com o interesse dos laboratórios, era fechado o acordo de patrocínio com
cada Regional.
Dessa forma, os médicos convidados puderam se deslocar a
cada unidade da SOCESP, no interior do Estado. Porém, o patrocinador tinha a obrigação de nunca interferir nas programações científicas. Esse acordo de patrocínio foi mantido durante
todo o período desta administração. Posteriormente, a SOCESP
passou a centralizar todo este processo.
Nesta gestão foi fundada a Regional de Araras.
REVISTA DA SOCESP
Nesta gestão, o projeto editorial da Sociedade foi remodelado
pela Dra. Amanda G. M. R. Souza.
48
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Houve nesta fase, também, uma grande mudança no setor de publicações. A SOCESP não tinha uma revista, mas sim apenas um
folheto. Dentro deste propósito viabilizou-se a Revista da SOCESP, que foi concebida para ser um veículo de atualização, aos
moldes da Mayo Clinic Proceedings. A publicação foi muito bemsucedida, desde seu início. Com tiragem inicial de 11 mil exemplares, o veículo imediatamente passou a ser distribuído em todo
o Brasil. Pouco tempo depois, a SOCESP começou a imprimir 14
mil unidades. No início, a revista contou com o Laboratório Biosintética como seu único patrocinador. Na seqüência, o veículo
conseguiu patrocínios múltiplos. A publicação nunca deixou de
circular. Depois de alguns anos de circulação, já na gestão do Dr.
Antonio Carlos Palandri Chagas, a Revista da SOCESP atingiu o
conceito A do Citation Index Latino-americano.
Paralelamente, foi organizado o Suplemento da Revista. O veículo deu aos Departamentos de Enfermagem e Psicologia um
espaço destacado. Com o tempo, os outros Departamentos
criados pela SOCESP puderam também difundir informações
de seus respectivos meios neste mesmo Suplemento.
Nesta gestão, Dr. Antonio Carlos Barretto começou a escrever
um livro sobre Cardiologia – a primeira obra da SOCESP. Dra.
Amanda Guerra também se debruçou sobre este projeto.
A XIII edição do Congresso, realizada em Campos do Jordão,
foi na verdade o embrião para a mudança da dinâmica do evento que até então era itinerante. Pela primeira vez foi utilizado o
Preventório Santa Clara, que ainda não contava com área de exposição. Na ocasião, a SOCESP investiu na construção da primeira quadra esportiva, onde foi feito posteriormente um espaço destinado aos expositores.
Como o número de inscritos crescia a cada congresso, algumas
cidades deixaram de sediar o evento. Sua realização naquele
momento só era minimamente possível em Campinas, Ribeirão
Preto e São José do Rio Preto. Custava muito caro para a SO-
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
49
CESP investir em reformas de adaptações, contando ainda com
a certeza de que este dinheiro estaria posteriormente perdido. A
sugestão de levar o evento para São Paulo era descartada sob a
alegação de que o conhecimento e as pessoas da capital precisariam rumar para o interior do Estado.
Presidido pelo Dr. José Carlos Nicolau, a XIV edição do Congresso foi realizada na cidade de São José do Rio Preto, onde a
SOCESP, diante da falta de oferta de quartos de hotéis, teve de
reservar motéis para hospedar seus congressistas. Um outro
problema detectado, na ocasião do evento, foi a dificuldade de
transportar as pessoas até a região. Na época, o Dr. José Carlos
Nicolau chegou a alugar um avião. Nessa mesma edição, a SOCESP construiu um anfiteatro no meio da área de exposições e
salas voltadas às apresentações de temas livres.
“Nunca ocorreram dissidências fortes na Sociedade. As Diretorias criaram um padrão SOCESP que sempre foi mantido e
aprimorado a cada nova administração. Ter participado da Diretoria foi uma das melhores experiências que eu tive. Na SOCESP não há espaço para as vaidades, o ambiente é muito saudável. Todos se preocupam com a Sociedade. Vejo que esta dinâmica perdura até hoje. Os olhos da SOCESP estão voltados,
unicamente, para os sócios.”
DR. ANTONIO CARLOS PEREIRA BARRETTO
A Revista da SOCESP
sempre repercutiu no
meio cardiológico.
50
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Dra. AMANDA GUERRA
DE MORAES REGO SOUSA
Esta gestão incentivou as atividades científicas e se destacou,
também, por sua vocação empreendedora. A sede da SOCESP
foi ampliada com a aquisição dos conjuntos 2215 e 2216. Dessa forma, a Sociedade passou a contar com quatro unidades
próprias, além de mais duas alugadas. Esses dois imóveis adquiridos no Conjunto Nacional e mais duas garagens, de propriedade da SOCESP, foram alugados, transformando-se em importantes fontes de renda. Também foi adquirida em São José
do Rio Preto uma sala com recursos remanescentes do XIV
Congresso da SOCESP. Já os conjuntos 616 e 620 foram reformados e equipados com computadores e máquina de xerox.
Os Programas de Educação Continuada foram ministrados
também, nessa época, nos Centros de Estudos recém-fundados
em Araras, Franca, Jundiaí e ABCDM, totalizando seu raio de
ação em 16 cidades. Nesta fase, foi desenvolvido, ainda, um programa pioneiro de Educação Continuada na sede da Associação
Paulista de Medicina, na Capital. Em 1995, o Centro de Estudos
do ABCDM passou a ser uma Regional da SOCESP.
Dra. Amanda foi a única mulher a chegar à Presidência da SOCESP. Sua trajetória também é peculiar por ter saído da Diretoria de Publicações direto para o cargo de presidente.
CRIAÇÃO DE NOVOS DEPARTAMENTOS
Um dos grandes feitos desta administração foi o desenvolvimento de mais quatro novos Departamentos de profissionais
da área de saúde: Nutrição, Odontologia, Ciências Farmacêuticas e Fisioterapia em Cardiologia.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
51
O Departamento de Nutrição pretende congregar nutricionistas (com registro no CRN) residentes no Estado de São Paulo
que praticam o estudo, ensino, assistência, e pesquisa das moléstias cardiovasculares. Estão entre suas atribuições: a elevação
do nível técnico, cientifico, ético e profissional de seus associados; a promoção de relacionamentos com associações congêneres; o estímulo à pesquisa e a colaboração na difusão do conhecimento sobre o intercâmbio entre a nutrição e a Cardiologia; a
contribuição para o estabelecimento de normas e para a criação
e o aperfeiçoamento de legislação relacionada ao exercício da
nutrição junto da Cardiologia; a promoção de reunião anual de
caráter científico, social e cultural, denominada “Simpósio de
Nutrição em Cardiologia”, simultâneo ao Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo; a realização de
cursos com caráter científico simultâneos às jornadas de Cardiologia, promovidas pela SOCESP, junto das suas Regionais; o
Departamento deve ainda providenciar, sempre que possível, a
publicação de eventos científicos por ela promovidos e zelar
por direitos e interesses de seus associados. Este Departamento,
de imediato, desenvolveu dois projetos de grande interesse: avaliação do teor de sal das margarinas e quatro textos sobre colesterol para serem veiculados nas embalagens do QUAKER OAT
BRAN e mais seis, divulgados quadrimestralmente em forma
de news letter por esta mesma empresa, com contrato de dois
anos, a partir de julho de 1995. Essas atividades foram controladas com grande rigor pela Diretoria da SOCESP e por um Comitê por ela designado, dirigido pelo Dr. Daniel Magnoni, sócio da entidade e atual presidente da Regional de São Paulo da
Sociedade Brasileira de Nutrição.
O objetivo do Departamento de Odontologia é divulgar a importância do tratamento odontológico em pacientes com
cardiopatias e de prevenir a endocardite bacteriana. O setor
também se responsabiliza pela atualização dos manejos odontológicos em pacientes com afecções cardíacas específicas, com ênfase na manutenção bucal. Os cirurgiões-dentistas, diretores do
Departamento, são responsáveis por seu planejamento, sua di-
52
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
vulgação e sua administração. O setor deve, freqüentemente, organizar cursos, simpósios, congressos e campanhas de educação
da população. As atividades dirigidas aos profissionais da área
são: privilegiar, informar e divulgar trabalhos científicos, contribuindo para a atualização destes odontólogos, especialmente no
que diz respeito a tratar pacientes com diferentes cardiopatias,
como valvopatias, miocardiopatias, coronariopatias, hipertensão arterial, arritmias, transplantes cardíacos, entre outras. Já as
campanhas voltadas ao público leigo pretendem alertar para os
cuidados de prevenção, controle e remoção de focos infecciosos
bucais, principalmente em pacientes cardíacos.
O Departamento de Ciências Farmacêuticas tem como missão:
congregar farmacêuticos, farmacêuticos bioquímicos e estudantes interessados no estudo e na pesquisa das ciências farmacêuticas relacionadas às moléstias cardiovasculares; proporcionar aos profissionais a atualização na área e afins, integrando
aspectos teóricos à prática da assistência farmacêutica; participar das atividades da SOCESP, voltadas aos profissionais da
saúde e à população em geral; elevar o nível técnico, científico,
ético e profissional de seus associados; estimular o intercâmbio
com sociedades congêneres nacionais e internacionais; promover reuniões anuais de caráter científico, social e cultural, cursos junto das Regionais e outras atividades, como conferências,
simpósios, jornadas e encontros; participar de empreendimentos que, por sua natureza e inspiração, habilitem o Departamento e a Sociedade a alcançarem seus objetivos.
Já o Departamento de Fisioterapia da Sociedade deve promover
encontros, congressos, seminários, reuniões e outras atividades
que incentivem a união e o desenvolvimento profissional dos
associados; estimular o relacionamento com associações congêneres nacionais e internacionais para aprimorar a divulgação da
Fisioterapia brasileira; divulgar trabalhos e estudos de interesses dos associados; colaborar com escolas de fisioterapia no desenvolvimento do espírito associativo dos estudantes, estimulando sua participação em atividades socioculturais e apoiar a
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
53
organização e o funcionamento de entidades similares e empenhadas em defender os direitos e interesses da categoria.
Todos os Departamentos foram incorporados nas atividades
científicas dos simpósios ligados aos congressos da SOCESP.
Assim, todos estes setores foram incentivados a publicar suas
atividades. A mentalidade multidisciplinar de toda a diretoria
da SOCESP deu grande impulso a estas iniciativas. O sucesso
destes empreendimentos inspirou a própria Sociedade Brasileira de Cardiologia a criar departamentos destinados a outros
profissionais da saúde.
PROGRAMAÇÃO PARA LEIGOS
Na época, instituiu-se uma programação voltada ao público leigo que teve grande repercussão tanto na capital como no interior do Estado, onde os eventos ocorreram. A Semana do Coração, promovida pelo FUNCOR (órgão da SBC) e com a
participação da SOCESP, mobilizou em 1994 13 cidades do interior e no ano seguinte o número de municípios participantes
saltou para 21. Em São Paulo, a SOCESP montou postos no
Conjunto Nacional, no Tribunal de Justiça, no Parque do Ibirapuera e na IBM. Em Guarulhos, edificou-se uma unidade no
Aeroporto Internacional, junto da American Airlines. Em cada
um desses lugares, foram desenvolvidas atividades multidisciplinares, com coordenação médica, organizadas pela assessoria
da Presidência da SOCESP, sob a direção do Dr. Ricardo Pavanello, do Hospital do Coração, contando com a colaboração
dos Departamentos. A escolha desses locais teve como objetivo
mobilizar públicos heterogêneos.
No interior houve a participação dos profissionais de Enfermagem e de Nutrição. Já na Capital, participaram os Departamentos de Enfermagem (combate à hipertensão), de Nutrição
(combate a obesidade, diabete melito e dislipidemias), de Psicologia (combate ao fumo e ao estresse) e de Odontologia (com
intuito de prevenir a endocardite infecciosa e promover orientações sobre saúde bucal do cardiopata).
54
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Na ocasião, a SOCESP distribuiu folhetos, cartilhas e alguns
materiais especiais (como escova de dentes e produtos dietéticos).
Como parte da programação, desenvolveu-se, ainda, no Colégio Porto Seguro, na Capital, uma série de seis aulas voltadas
para alunos do segundo grau e para seus pais, sob a direção do
Dr. Marcelo Bertolami.
Como conseqüência do sucesso da Semana do Coração, a SOCESP realizou mais três eventos. “SOCESP vai à empresa” e
“SOCESP vai à escola” tiveram o propósito de disseminar o conhecimento pertinente aos cuidados adequados de boa saúde
cardiovascular. Já o “SOCESP contra o fumo” foi promovido –
com a assessoria de Dr. Abraão Cury – no posto do Conjunto
Nacional em 28 de agosto de 1994. Seu grande sucesso suscitou
uma nova edição que ocorreu em 31 de maio de 1995, no Dia
Internacional de Combate ao Tabagismo. A ação contou com os
Departamentos de Psicologia e Odontologia e com a presença
do prefeito Paulo Maluf e do secretário municipal de Saúde Getúlio Hanashiro.
Os programas realizados no interior e na capital foram frutos
de adaptações muito bem-sucedidas de ações similares implementadas pela American Heart Association e pelo American
College of Cardiology.
ESTUDO MULTICÊNTRICO SOCESP
Durante a administração de Dra. Amanda Guerra foi realizado
o Estudo Multicêntrico SOCESP. Esta iniciativa por si só já obteve destaque na época, por se tratar do primeiro estudo brasileiro do gênero gerenciado por uma Sociedade Médica.
O Estudo foi composto por duas partes:
1- A primeira, de curta duração, visou à avaliação comparativa
randomizada da análise custo-benefício entre cardioversão elétrica e química em pacientes com fibrilação atrial paroxística.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
55
2- A segunda, com seis meses de duração, abrangeu a avaliação
da eficácia e tolerância (estudo randomizado aberto) de dois esquemas terapêuticos – sotalol e quinidina – na manutenção do
ritmo sinusal em pacientes com tendência a desenvolver fibrilação atrial e que tenham sido desfibrilados, na primeira parte do
estudo.
Dr. Angelo A. V. de Paola, livre-docente da Escola Paulista de
Medicina, elaborou este estudo após indicação da SOCESP. Dr.
Luiz Olympio do Nascimento foi responsável pela monitoração
dos trabalhos. Participaram, ainda, deste estudo pesquisadores
de instituições da capital – Escola Paulista de Medicina, Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Instituto do Coração, Hospital Universitário, Santa Casa de Misericórdia, Hospital do Coração, Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo e
Hospital UNICÓR – e Regionais do interior (Campinas, Franca, Marília, Ribeirão Preto, Santos, Sorocaba, São José dos Campos e São José do Rio Preto). A Divisão Médica da BristolMyers Squibb Brasil S/A (BMS) – foi responsável pelo patrocínio do Estudo. Contribuíram também, diante da solicitação da
própria BMS, após aprovação da SOCESP, quatro centros investigadores de outros Estados – Curitiba (PR), Londrina (PR),
Campo Grande (MS) e Porto Alegre (RS).
Sob a coordenação do Dr. José Carlos Nicolau, Dr. Ibraim Masciarelli e Dr. Protásio Lemos da Luz foram realizados cinco Consensos sobre “As Indicações” dos métodos diagnósticos: Ecocardiografia, Holter, Medicina Nuclear, Ressonância Magnética e Tomografia Computadorizada. Conforme acordo firmado com o presidente da SBC, Dr. José Antonio Ramires, as decisões destes Consensos foram adotadas posteriormente pela Sociedade Brasileira
de Cardiologia, o que justifica a inclusão, entre os participantes,
de 40% de especialistas oriundos de outros Estados.
SIMPÓSIOS DA SOCESP
Os Programas de Educação Continuada continuaram a ser ministrados no interior. A novidade foi o desenvolvimento de um
56
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
programa pioneiro na sede da APM, em 1994, na Capital, com
quarenta aulas. Devido aos ótimos resultados, esta atividade foi
repetida no primeiro semestre de 1995, no último ano de gestão
de Dra. Amanda Guerra. A abrangência e a ênfase destes programas propiciaram que a SOCESP retomasse a dianteira da Cardiologia junto da APM, reforçando sua marca como a entidade
formadora de opinião cardiológica no Estado de São Paulo.
Diferentemente dos Congressos e dos Programas de Educação
Continuada, foi lançada a série de Simpósios SOCESP. O primeiro evento ocorreu em 7 e 8 de abril de 1995 na Mansão Rebouças, contando com 281 participantes, representando 17 Estados. O tema escolhido nesta primeira edição foi “Medicina
Nuclear em Cardiologia”. O Simpósio foi presidido pela Dra.
Anneliese Fischer Thom e contou ainda com uma comissão
científica composta pelos Doutores Edvaldo Camargo (Campinas), Claudio Meneguetti (InCor, SP), Bernardino Tranchesi Jr.
(InCor, SP), José Antonio Marin Neto (Ribeirão Preto), Romeu
Sergio Meneguello (Dante Pazzanese, SP) e Luiz Roberto Martins (Dante Pazzanese, SP). O evento recebeu dois convidados
estrangeiros: Dr. Manuel Cerqueira (Estados Unidos) e Dr. Raymond Taillefer (Canadá). O sucesso deste Simpósio suscitou
que o mesmo se transformasse numa atividade anual da SOCESP. A Sociedade manteve este evento até a gestão do Dr. Antonio Carlos Palandri Chagas.
EM BUSCA DO SÓCIO NÚMERO 3000
Nesta gestão foram realizadas duas campanhas voltadas a ampliar o quadro de sócios da SOCESP. A “Sócio 3000”, realizada
em março de 1994, dava ao ganhador uma viagem com estada
em Atlanta, nos Estados Unidos, para participar das seções
científicas do American College of Cardiology. A promoção
contou com o patrocínio do Laboratório Biosintética. Em seguida, a SOCESP lançou outra promoção: a do “Sócio 3500”. O
resultado destas ações foi positivo. Esta administração conseguiu atrair novos sócios, representando um aumento de 35% de
seu contingente associativo.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
57
Os sócios inscritos na XV edição do Congresso, realizada em Ribeirão Preto, puderam participar do sorteio de duas passagens
de ida e volta para o Congresso da American Heart Association,
em Dallas, Estados Unidos, que se realizou em novembro de
1994. A promoção foi patrocinada pela American Airlines.
PRÊMIO JABUTI
SOCESP: Atualização e
Reciclagem recebeu o
Prêmio Jabuti.
Dr. Antonio Carlos Pereira Barretto e Dra. Amanda Guerra foram coordenadores editoriais do livro SOCESP: Atualização e
Reciclagem, lançado em junho de 1994, durante o XV Congresso. A publicação, que contou com grande número de colaboradores do Estado de São Paulo, recebeu o Prêmio Jabuti – o primeiro do gênero recebido pela Sociedade. A obra registrou a
apresentação do Dr. Luiz V. Décourt. Uma segunda edição deste livro, já completamente remodelado, foi lançada em 1996. A
obra intitulada SOCESP Cardiologia foi produzida durante a
gestão da Dra. Amanda Guerra, contando com a participação
do Dr. Alfredo José Mansur. Dr. Luiz Décourt mais uma vez escreveu a apresentação do livro. A SOCESP pretendia, a cada
dois anos, lançar uma nova publicação.
Na XVI edição, realizada em Campinas e presidida pelo Dr. Alberto Naccarato, a SOCESP introduziu o sistema de “rankiamento”. A partir desse ano, a Sociedade passou a exibir o que
poderia ser negociado aos laboratórios durante o evento. Dessa
forma, as empresas que investiam mais passaram a ter prioridade para escolher os estandes. Esse sistema proporcionou substancial aumento de receita para a Sociedade.
Nesse Congresso foram construídas tendas no campus da Unicamp para improvisar salas de aula. Na época, os custos para
edificar novos espaços eram muito altos. Nessa edição foram
sorteadas quatro passagens aéreas, entre os participantes, para o
Congresso do American Heart Association, que foi realizado
em Anaheim, nos Estados Unidos.
58
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Os dois Congressos realizados na gestão da Dra. Amanda Guerra conseguiram agregar os Departamentos da Sociedade.
“Todos os presidentes da SOCESP sempre procuraram formar
um grupo coeso e ativo em favor da Cardiologia. A Sociedade
soube manter esta atividade unificadora até os dias de hoje.
Seus passos foram muito coerentes com os planos traçados na
época de sua fundação. Nesses 30 anos, nós honramos os compromissos firmados na ocasião do lançamento da SOCESP. A
Sociedade só cresceu. Ela sempre desenvolveu de maneira continuada o desenvolvimento cardiológico, interagindo fantasticamente com outras associações médicas. E fez ainda eventos
no exterior, fazendo ecoar suas atividades desenvolvidas no Estado de São Paulo. A SOCESP serve de modelo para outras sociedades regionais. Este nosso espírito de consenso deve ser um
grande legado para o futuro.”
DRA. AMANDA GUERRA DE MORAES REGO SOUSA
Capa do livro SOCESP
CARDIOLOGIA, publicado em
1996.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
59
Dr. JOSÉ CARLOS NICOLAU
Depois de presidir a Regional de São José do Rio Preto em 1987,
o Dr. José Carlos Nicolau assumiu em 1996 a Presidência da
SOCESP.
Natural de São José do Rio Preto, o médico se dedicou, também, entre outras atribuições, a incrementar, no interior, os
Programas de Educação Continuada com intuito de levar a informação médica para diversas partes do Estado. Na época, esses mesmos programas eram aplicados na Capital na sede da
Associação Paulista de Medicina, mas a SOCESP tinha que lidar
com um problema: a baixa freqüência. No interior as atividades
costumavam atrair muitos médicos.
SURGE O CURSO DE RECICLAGEM DA SOCESP
Os cursos de imersão do Curso Nacional de Reciclagem em
Cardiologia com duração de cinco dias davam uma base para
que o médico pudesse prestar o exame pleiteando o título de especialista. Essa dinâmica funcionou assim até 1991, quando o
curso veio para São Paulo. Na ocasião, profissionais ligados à
SOCESP foram responsáveis por sua montagem, incrementando o curso com algumas aulas a mais.
A SOCESP chegou a investir em seu Programa de Educação
Continuada em São Paulo, mas os resultados ficaram ainda
abaixo do esperado. Até que, a partir de 1996, a entidade decidiu modificar a estrutura de educação continuada, aplicada na
Capital, condensando-a para que seu programa pudesse ser ministrado durante uma semana.
A junção da vinda do Curso Nacional de Reciclagem para São
Paulo com a reestruturação do Programa de Educação Continuada deu forma ao I Curso de Reciclagem da SOCESP, que
desde seu início conseguiu obter grande sucesso.
60
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
CONTEÚDO ATRAI MÉDICOS DE TODO
BRASIL E ATÉ DO EXTERIOR
O curso nacional foi sumindo. O currículo desse curso foi unificado com o da SOCESP após o ano 2000. Em 2002 apareceram os cursos Regionais de reciclagem, onde a SBC passou a
normatizar o currículo. Assim o antigo curso preparatório para
o exame de título de especialista ganhou outra conotação. A
partir dessa fase ele se tornou um curso de reciclagem e de
maior importância para acumulação de pontos para revalidação do título de especialista.
Com duração de cinco dias, o curso aborda temas que envolvem toda a Cardiologia. Sua credibilidade cresceu muito a partir do ano de 1997. A demanda do curso em São Paulo sempre
foi pelo menos três vezes maior em relação às outras regiões. A
SOCESP mantém uma média anual que oscila entre 900 e 1000
participantes. O Curso de Reciclagem registra periodicamente a
presença de pessoas de outros Estados e até de outros países,
como Argentina, Bolívia, Colômbia e Paraguai. Metade dos inscritos costuma ser do interior do Estado de São Paulo. A massa
crítica dos cardiologistas radicados em São Paulo e o nome da
SOCESP conseguem chamar a atenção de muita gente relacionada à especialidade. Como referência bibliográfica, os professores utilizam um livro-texto base seguindo as diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, abordando informações que
devem sempre ser revistas para chegar ao conhecimento de todos os profissionais. Por deter esta característica, o Curso de Reciclagem não compete com o Congresso.
O corpo docente de qualquer curso oferecido pela SOCESP
apresenta invariavelmente uma enorme qualidade. Em conseqüência disso, seu Curso de Reciclagem cresceu tanto quanto
seu Congresso. Diante da grande procura, as inscrições costumam ser encerradas rapidamente. O Curso ocorre sempre no
mês de junho.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
61
Na gestão do Dr. José Carlos Nicolau foi implementado ainda
um evento para brasileiros chamado Simpósio SOCESP, prévio
ao Congresso do American College of Cardiology. A realização
obteve grande sucesso junto dos médicos que, a partir de 1995,
começaram a frequentar mais assiduamente os congressos realizados nos Estados Unidos e na Europa. A valorização da moeda
brasileira também foi um fator facilitador para quem desejasse
viajar na época. Uma das edições chegou a registrar a presença
de 200 médicos. Porém, com o tempo, devido a diversos fatores,
entre eles a falta de patrocínio, o simpósio foi descontinuado.
Iniciou-se, também, nessa fase, o estudo Resim – Registro Epidemiológico do Infarto do Miorcárdio –, que chegou a envolver
cerca de 100 serviços de saúde do Estado de São Paulo. O objetivo desta investigação: a qualidade do tratamento que as pessoas
infartadas recebiam nos hospitais e pronto-socorros do Estado.
Nessa administração foi implementada, ainda, uma certificação
de Nutrição em cardiologia voltada aos profissionais da área.
Dr. José Carlos se aproximou bastante dos Departamentos da
SOCESP, por considerar todos eles muito importantes para a
Sociedade.
A XVII edição do Congresso (em Santos) já mostrou certa profissionalização crescente em sua organização. Verificou-se, também a partir desse evento, maior presença de congressistas de
outros Estados.
XVIII CONGRESSO DE CARDIOLOGIA –
PROJETO CAMPOS DO JORDÃO
Uma das virtudes da SOCESP é a qualidade do desempenho de
suas atividades científicas. Este fato pode ser creditado às Diretorias da Sociedade que têm como característica preponderante impor às suas atividades um cunho científico em vez de político. O Congresso de Cardiologia, considerado um símbolo da
entidade, está entre seus pontos altos. Sua grandiosidade e sua
credibilidade são conhecidas nacionalmente.
62
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
No começo, o Congresso de Cardiologia da SOCESP era itinerante. O evento teve seu início em 1979, tendo 18 edições, até fixar-se em Campos do Jordão em 1997. Após 17 anos, a SOCESP
constatou uma grande deficiência de acomodação e de estrutura
em geral nas cidades que tinham até então sediado o Congresso.
A partir da XVIII edição do Congresso, a possibilidade de viabilizá-lo sempre numa cidade dotada de infra-estrutura começou a ser amplamente defendida por alguns membros da SOCESP. O município em questão teria de se revelar agradável e
ainda oferecer suporte hoteleiro. Logo concluiu-se que a receita de cidade ideal era compatível com as características de Campos do Jordão. O próprio Congresso Nacional de Cardiologia
passava a ser realizado em apenas algumas capitais que se mostrassem capazes de receber o evento. O mesmo “movimento”
começou a acontecer nos Estados Unidos, que limitaram a realização de congressos a poucas cidades. A idéia de fixar um
evento num único lugar, baseado na oferta de logística e infraestrutura, parecia, de fato, fazer todo sentido. Dr. José Carlos
Nicolau e Dr. Carlos Magalhães se empenharam bastante para
viabilizar a sede do Congresso em Campos do Jordão.
Além das virtudes turísticas, em Campos do Jordão havia, ainda, um local ocioso que se mostrava muito atraente para a Sociedade, o Preventório Santa Clara, mantido por religiosos católicos do Instituto Salesiano. O espaço abrigava dois prédios, e
num deles eram ministradas atividades de corte e costura e
marcenaria para cerca de 500 crianças pobres da cidade.
Num outro prédio de três andares havia grandes salões e um espaço anexo, onde a SOCESP posteriormente construiu um centro de exposições com salas de aula. O próprio hospital acabou
sendo reformado. Os investimentos foram feitos com a assinatura de um contrato que garantia o uso do espaço durante 15
dias por ano, em épocas de realização do Congresso. Um novo
acordo firmado mais tarde acertou que a SOCESP iria arrendar
toda a área durante o ano inteiro. A conclusão das obras foi finalizada após três anos.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
63
Dr. Luiz Antonio Machado
César, Dr. José Carlos
Nicolau, Dr. Alberto
Francisco Piccolotto,
Dr. Fábio Biscegli Jatene
e Dr. Carlos Costa
Magalhães em Campos
do Jordão.
“A SOCESP é um exemplo inconteste de sucesso na Cardiologia
e na medicina. Isso inclui também o próprio Congresso. Na minha opinião, o maior responsável por isto tudo é o espírito de
união vigente na entidade. Nunca houve, desde sua fundação,
disputa política para formar a Diretoria da SOCESP. Houve
sempre consenso.”
DR. JOSÉ CARLOS NICOLAU
64
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Dr. FÁBIO BISCEGLI JATENE
Ao participar da Diretoria da SOCESP, o Dr. Fábio Jatene percebeu que, de fato, todos os projetos programados eram desenvolvidos no decorrer de cada administração – uma situação não
comumente aplicada em Sociedades médicas e não médicas e
até mesmo em esferas de governos.
Diante do grande crescimento da Sociedade, a Diretoria deparou com a impossibilidade de contar com um departamento
administrativo tão acanhado. A grande quantidade de membros médicos e não médicos nos quadros da SOCESP suscitava
um salto de qualidade neste setor. Na ocasião, percebeu-se a urgência de contratação de um administrador profissional para
atuar nessa área da Sociedade que até então destoava da eficiência das demais. Em pouco tempo, a Diretoria passou a contar com um gerente e uma equipe treinada para implementar
agilidade administrativa à Sociedade. Dentro dessa dinâmica, a
Secretaria e a Tesouraria da SOCESP foram informatizadas. Assim, graças ao seu quadro administrativo e aos seus recursos de
informática, a Sociedade pôde atualizar seus cadastros e manter sob controle sua situação financeira. A reconfiguração do
setor administrativo deu bases para a SOCESP crescer de forma ordenada.
SOCESP LANÇA JORNAL E CRIA
O DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL
Nesta gestão, também foi lançado, através da iniciativa do Dr.
Maurício Wajngarten, na época diretor de publicações, o Jornal
SOCESP. No início de sua circulação, o veículo passou a publicar dúvidas e questões e especialistas discorriam sobre vários
assuntos.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
65
Na época que foi vice-presidente, o Dr. Fábio Jatene se aproximou bastante dos profissionais não médicos da Sociedade. Esta
aproximação levou-o a perceber que os Departamentos tinham
aspirações e necessidades diferenciadas. Nessa fase, a SOCESP
começou a fazer reuniões periódicas com os Departamentos.
Dessa forma, Dr. Fábio Jatene começou a acompanhar de perto
o crescimento destes setores da Sociedade. Na sua gestão foi
criado o Departamento de Serviço Social.
Na XIX edição do Congresso, a área do Preventório Santa Clara recebeu duas melhorias: o aumento da entrada e a construção de um estacionamento.
Já o XX Congresso apresentou algumas mudanças muito importantes. Uma delas foi o retorno de médicos mais experientes que voltaram a ser palestrantes ativos. Paralelamente, os
médicos mais jovens também conseguiram ter mais espaço. O
mesmo ocorreu com o grupo de ciências básicas. Este fato teve
grande importância, pois o sucesso dos congressos é decorrente também da integração dos grupos básicos com os grupos
clínicos.
Durante esta edição, a SOCESP viabilizou o número de telefone 0800 para ministrar orientações à população. Em 2005, este
serviço passou a ser prestado pela internet, via chat.
Este Congresso foi viabilizado sob um pressuposto: o evento teria de projetar seu lucro. Este montante foi fundamental para
que a SOCESP, posteriormente, comprasse mais um conjunto
no 15º andar do Conjunto Nacional.
“Na época em que presidi a SOCESP, me impressionei muito
com a dedicação dos profissionais da Diretoria. Havia muita
união. Vigorava também um espírito muito forte de trabalho. E
eram pessoas muito ocupadas – chefes de serviços na capital e
no interior. Estas pessoas, tão qualificadas, largavam tudo para
fazer reuniões periódicas na SOCESP ou para resolver problemas da Sociedade em outros lugares. Participo, também, de ou-
66
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
tras Sociedades médicas. Percebo que cada uma detém uma característica. No caso da SOCESP, percebo que ela é muito especial por possuir uma natureza muito empreendedora. Nossa
Sociedade é muito ativa. Esse sentimento de colaboração na
SOCESP tem muita vivacidade.”
DR. FÁBIO BISCEGLI JATENE
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
67
Dr. MARCELO CHIARA BERTOLAMI
Uma das preocupações desta administração foi o Centro de
Convenções de Campos do Jordão. Nesta fase a SOCESP teve de
lidar com duas questões: a limitação de seu espaço físico e a ganância dos empresários da cidade. A administração do Dr. Marcelo Bertolami tentou dialogar com os proprietários locais de
hotéis e restaurantes com o intuito de reter a dinâmica vigente
de exploração do público que freqüentava Campos do Jordão
durante os dias em que era realizado o Congresso. A SOCESP
tentou argumentar com os comerciantes e a administração da
cidade que as pessoas presentes no evento estavam trabalhando.
Mas a visão dos empresários da região era outra. Para eles, a súbita presença de milhares de pessoas na cidade era motivo para
aumentar seus preços. Estes chegavam até a triplicar de valor
durante a semana do evento. O Congresso virou uma importante fonte de renda para a cidade. Como o evento sempre cresceu,
a dificuldade de se conseguir uma vaga num hotel em Campos
do Jordão ficou cada vez mais difícil. Esses problemas começaram a acontecer já na primeira edição do Congresso na cidade.
A SOCESP tentou se aproximar da administração de Campos
do Jordão promovendo um concurso de redações voltado para
as crianças da rede pública local, e as melhores eram premiadas
durante a realização do Congresso. Mas a prefeitura da cidade
nada fez para reverter a ganância vigente entre os empresários.
DEPARTAMEMENTOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES
Na gestão do Dr. Marcelo Bertolami foi fundado o Departamento de Educação Física e Esportes. O setor pretende contribuir para elevar o nível técnico, científico, ético e profissional de
seus associados, estimular a interação e a investigação entre a
Educação Física e a Cardiologia e promover atividades científicas que contribuam para a atualização dos profissionais da área.
68
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Bacharéis, licenciados em Educação Física ou Esporte e estudantes destes cursos participam do quadro associativo do Departamento. Além de ministrar atividades destinadas aos profissionais da área, o Departamento é responsável pela publicação de artigos científicos no Suplemento da Revista da SOCESP
e participa ainda de eventos dirigidos ao público leigo.
Nessa fase, investiu-se ainda na continuidade do projeto RESIM
– Registro do Infarto Agudo do Miorcárdio do Estado de São
Paulo –, coordenado pelo Dr. Francisco Kerr Saraiva, contando
com um envolvimento maior das Regionais.
Na área de publicações, a administração do Dr. Marcelo Bertolami apostou na reeditoração do Manual de Redação da SOCESP, um projeto implementado pelos Drs. Alfredo Mansur e
Paulo Tucci. O Manual da SOCESP, que foi iniciado na gestão
anterior, conseguiu ser publicado e ganhou significativo espaço
entre os cardiologistas. Dr. Ari Timerman e Dr. Luís Antonio
Machado César foram os editores da publicação. Nessa fase, a
entidade lançou também o Cardio-Rom, a SOCESP em CD, para ampliar a transmissão de conhecimentos aos associados, este projeto foi coordenado pelo médico associado Ibraim Masciarelli. Um outro marco foi a publicação do livro 25 Anos de
História – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, de
autoria do Dr. Marcos Fabio Lion.
Nesta administração, a “jurisdição” das Regionais começou a
ser revista. Constatou-se, na época, que algumas cidades chegaram a pertencer, simultaneamente, a duas Regionais. Em 2001,
surge a Regional de Jundiaí.
O site da entidade também foi remodelado. Assim, os associados passaram a usar mais a internet.
PROJETO EMAPO
Sob a coordenação dos Drs. Bruno Caramelli e Cláudio Pinho,
viabilizou-se o Projeto EMAPO – Estudo Multicêntrico de Ava-
Manual de Cardiologia.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
69
liação Pré-Operatória –, que possibilitou a interação com os associados de todo o Brasil. O projeto proporcionou que cada
médico pudesse registrar sua experiência em avaliação pré-operatória. Os resultados deste programa foram distribuídos posteriormente a todos os sócios da SOCESP, inclusive àqueles distantes dos grandes centros. O EMAPO tornou-se o protocolo
de conduta a ser adotado nos pacientes cardiopatas antes da realização de uma cirurgia.
25 Anos de História – Sociedade de
Cardiologia do Estado de São Paulo.
Pela primeira vez uma edição do Congresso da SOCESP, a XXI,
teve um tema principal, responsável por catalizar os assuntos
mais discutidos entres as atividades científicas. O tema em
questão foi “Epidemia Cardiovascular em Desenvolvimento: As
Evidências da Necessidade de Prevenção”. Neste evento, a Diretoria garantiu o aumento do conforto dos congressistas ao instalar aquecedores nas salas de aula, além de forros nos auditórios para incrementar a temperatura ambiente. A Organização
deste Congresso criou também um novo acesso ao terceiro andar do prédio antigo.
Diante do recrudescimento da população brasileira com mais
de 65 anos, a Comissão Executiva do XXII Congresso escolheu
o tema “Qualidade de Vida – Prevenir e Tratar”.
Nesta edição foram repetidos dois eventos esportivos organizados pelo Departamento de Educação Física e Esportes que
fizeram sucesso em Congressos anteriores: Caminhada do Coração e o Jogo de Futebol (entre cardiologistas e ex-atletas profissionais).
“Na SOCESP sempre houve uma continuidade de ações, não
havendo espaço para interesses políticos e pessoais. Nenhuma
Diretoria nunca destoou. As pessoas que assumem a Presidência da entidade já ocuparam cargos anteriores. Portanto há
sempre uma linha... Em outras entidades você não tem isso.
Uma Sociedade médica só existe por causa do associado. No caso da SOCESP, ele foi sempre seu foco. Uma prova disto é seu
70
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Congresso. No evento, todos que vão apresentar trabalhos são
pessoas que têm seu mérito. Não há cunho político nisso. Isso é
uma das coisas mais importantes... Todos os passos da SOCESP
vão à direção de valorizar o associado e procurar o melhor para ele. Tenho muito orgulho de ter participado da SOCESP.”
DR. MARCELO CHIARA BERTOLAMI
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
71
Dr. ANTONIO CARLOS PALANDRI CHAGAS
A experiência de exercer o cargo de tesoureiro, durante a gestão
do Dr. José Carlos Nicolau, proporcionou ao Dr. Antonio Carlos Palandri Chagas uma excelente oportunidade de se aproximar das demandas administrativo-financeiras da SOCESP.
Nesta fase, o Dr. Chagas participou ativamente do dia-a-dia da
Sociedade, extrapolando, na prática, suas atribuições. Uma outra experiência importante que viveu na SOCESP foi a ocupação do cargo de presidente da XX edição do Congresso da Sociedade, na gestão do Dr. Fábio Jatene. Esta responsabilidade
lhe forneceu a amplitude das áreas científica e organizacional.
Na seqüência, na gestão do Dr. Marcelo Bertolami, o Dr. Antonio Chagas chegou a assumir mais uma vez o cargo de tesoureiro da Sociedade. Ele acredita que estas experiências reunidas lhe
deram um grande substrato para assumir, posteriormente, a
Presidência da SOCESP.
Esta Diretoria investiu maciçamente nos meios de comunicação – internet, jornal e revista – para difundir o conhecimento
científico aos profissionais das mais variadas áreas da Cardiologia de todo o Brasil. Uma grande novidade empreendida pela
SOCESP neste período foi o implemento do Curso Virtual de
Cardiologia. Tratou-se do primeiro do gênero entre as Sociedades médicas. O curso gratuito ultrapassou as fronteiras do Estado de São Paulo, atraindo participantes de várias regiões do
Brasil e até do exterior. A novidade obteve grande sucesso no
meio cardiológico.
Nesta gestão, o Dr. Bráulio Luna Filho, responsável pelo setor de
Defesa Profissional, desenvolveu o Treinamento em Medicina
Baseado em Evidência e Metodologia de Pesquisa. Esta atividade, dirigida aos médicos inseridos em Programas de Residência
do Estado de São Paulo, forneceu conhecimentos pertinentes
72
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
aos principais modelos de investigação científica e treinamento
na análise crítica da literatura médica utilizada no dia-a-dia da
atividade clínica. O curso foi ministrado na sede da SOCESP.
Outra ação implementada por esta Diretoria foi o lançamento
do Centro de Referência em Cardiologia Pediátrica, destinado a
diversos profissionais como cardiologistas, pediatras, berçaristas, cirurgiões cardíacos e neonatologistas. Este programa de
capacitação, coordenado pela Dra. Ieda Biscegli Jatene, foi ministrado em todas as Regionais da SOCESP.
Dr. Chagas, ao assumir a Presidência da SOCESP, procurou
montar uma Diretoria que integrasse bem todo o Estado de São
Paulo. Tanto que muitos médicos dessa gestão eram do interior. Dr. Chagas percebeu, também, que as Regionais da Sociedade cresciam de forma desigual. A solução para o problema foi
firmar uma parceria com a Associação Paulista de Medicina.
Assim, as Regionais da APM passaram a funcionar como sedes
da SOCESP. Este trabalho contou com o empenho do Dr. Antonio Carlos Penna, na época Diretor de Regionais.
Depois de todo este trabalho que conseguiu reestruturar e homogeneizar os procedimentos de todas elas, já no final da gestão do Dr. Chagas foi aprovada a criação da Regional de São
Carlos. Esta unidade começou a funcionar efetivamente na administração seguinte.
Na área de livros, foi publicado, sob a supervisão do Dr. Ibraim
Pinto, diretor de publicações, o Manual Prático em Cardiologia.
A Diretoria Científica, sob a direção do Dr. Francisco Laurindo,
implementou o Fórum de Pesquisa Cardiovascular com o objetivo de agregar competências científicas na área de pesquisa de
alto impacto. Este evento, realizado na sede da SOCESP, teve
continuidade nas gestões seguintes.
Manual Prático em
Cardiologia.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
O estudo RESIM constatou
que, entre 1998 e 2001, os
idosos e as mulheres
recebiam atendimento
inferior ao dos pacientes
jovens do sexo masculino.
73
RESULTADOS DO ESTUDO RESIM
Nesta gestão foram divulgados os resultados do estudo RESIM.
Depois de analisar cerca de 2 mil pacientes entre 1998 e 2001, a
SOCESP constatou que 65% destes foram tratados com trombolíticos. Dentro deste contingente, a mortalidade variou de
acordo com o tipo de infarto, alcançando a marca de 14%. Já os
pacientes tratados com trombolíticos registraram uma taxa de
óbito menor: 10%. Outra conclusão deste estudo foi a descoberta de que tanto os idosos como as mulheres recebiam, naquela fase, tratamento médico inferior ao oferecido aos homens. Na época, o Dr. Francisco Kerr Saraiva, coordenador do
74
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
estudo, concluiu que os médicos desconheciam as peculiaridades destes dois segmentos da população, muitas vezes confundindo seus sintomas com problemas emocionais.
Foi inaugurado, nessa fase, no Conjunto Nacional, o Centro
Administrativo. Já o Centro de Eventos em Campos do Jordão
recebeu ampla reforma. A Diretoria também acertou suas pendências contratuais com o Instituto Salesiano de São Paulo, detentor do terreno e de um dos prédios, garantindo a utilização
do espaço por mais 14 anos. Para administrar os Centros de
Eventos da Capital e de Campos do Jordão foi criada a SOCESP
Eventos.
A Sociedade também ampliou sua estrutura física ao adquirir
mais quatro conjuntos.
CENTRO DE REFERÊNCIA EM EMERGÊNCIA
Na época em que se discutiu criar um centro de treinamento de
médicos para emergências do coração, a SOCESP tinha como
referência as estruturas similares do Funcor, na Sociedade Brasileira de Cardiologia e outros lugares fora do Estado de São
Paulo. A proposta de criar uma estrutura nas dependências da
SOCESP resvalava primeiramente num problema que assustou
a Diretoria: o alto custo dos bonecos utilizados para fazer treinamento, orçados em 45 mil dólares cada um. E havia ainda a
necessidade de investir na aquisição de outros equipamentos,
como desfibriladores. A solução foi fazer uma parceria com
uma empresa de equipamentos médicos, que aceitou bancar os
custos dos quatro bonecos. Em contrapartida a SOCESP agregou o nome dessa companhia ao centro de treinamento. O projeto idealizado pelo Dr. Antonio Chagas e pelo Dr. Agnaldo Pispico obteve o credenciamento da American Heart Association e
foi implementado em 2002 com periodicidade mensal na sede
da SOCESP, durante os finais de semana.
A Sociedade queria destoar dos outros cursos similares já existentes no Brasil. Por isso, desde o começo ofereceu aos médicos
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
Centros de Eventos da
SOCESP em São Paulo.
75
uma estrutura física de qualidade com ar condicionado e alimentação adequada sob a supervisão de uma nutricionista. Entre os diferenciais do Centro de Treinamento estava também a
constante assistência técnica ofertada aos bonecos e desfibriladores. Com o tempo, o custo do curso revelou-se ainda um dos
mais baratos entre os que existiam no mercado.
Esse curso intensivo com 16 horas de duração costuma ser ministrado por 16 médicos instrutores. Na prática, a dinâmica dos
trabalhos simula situações de emergência. Assim, os bonecos
são intubados, recebendo em alguns momentos “ajuda” dos
desfibriladores. No Centro de Treinamento são criadas situações de estresse, para que os médicos aprendam a administrar
o melhor possível um caso real. Para realizar tais simulações, os
médicos instrutores criam cenas fictícias, como se uma pessoa
repentinamente sofresse um ataque cardíaco. Diante dessa co-
76
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
nhecida dinâmica, muitos médicos chegam ao Centro de Treinamento temerosos das situações que terão de enfrentar. A conclusão do curso propicia aos médicos uma mudança do conceito de atendimento de emergência, fazendo que todos passem a
adotar os mesmos procedimentos. O treinamento faz que os
médicos ajam dentro de um protocolo evitando o retardamento do melhor procedimento. Atualmente, as simulações são
também filmadas, podendo ser exibidas, posteriormente, para
os alunos. Em 2006, um dos coordenadores da American Heart
manifestou-se, durante um congresso realizado em Barcelona,
interessado em conhecer o procedimento realizado pela SOCESP. Sob a determinação da American Heart, todos os alunos
do Centro de Emergência da SOCESP são cobertos por um seguro de vida.
Médicos recém-formados de várias especialidades perfilam-se ao
lado de colegas mais experientes para fazer o curso. Neste heterogêneo contingente, são sempre detectadas pessoas oriundas de
várias regiões do Brasil, como Brasília e Manaus. O fato de a SOCESP sempre desempenhar atividades de forma planejada e estruturada é fator de atração de médicos de fora da Capital. No
caso do Centro de Treinamento, desde o início, buscam-se as melhores parcerias e a escolha de maneiras adequadas de ensino.
Tais cuidados justificam a grande credibilidade da SOCESP no
meio médico. Pesquisas demonstram que mais de 90% dos médicos costumam considerar o curso acima de suas expectativas.
Após cinco anos, mais de 600 médicos passaram pelo Centro de
Treinamento. Em 2007, devido ao aumento de demanda, a SOCESP pretende treinar duas turmas de 28 médicos por mês.
Depois de implementar o curso de Suporte Avançado em Cardiologia (ACHS – Advanced Card Heart Support), o Centro de
Treinamento passou a ministrar dois programas para leigos: o
Suporte Básico de Vida (BLS – Basic Life Support) e o Heart Save que ensinam técnicas de ressuscitação e utilização correta do
desfibrilador. O público é heterogêneo: clubes, escolas, brigadas
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
Dado alarmante: três
pessoas morrem diariamente
vítimas de problemas
cardíacos na região da
avenida Paulista.
77
de incêndio, educadores físicos, empresas que adquiriram desfibriladores além de pessoas de forma espontânea. Os cursos
para leigos são também credenciados pela American Heart Association.
A IMPORTÂNCIA DE DIALOGAR COM A SOCIEDADE LEIGA
Doenças cardiovasculares matam mais do que qualquer tipo de
câncer. Porém, a sociedade e os meios de comunicação, em geral, não costumam dar atenção devida a este grave problema.
78
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Não são vistas nas ruas nem na televisão pessoas vestindo camisetas com slogans alusivos à prevenção de doenças cardíacas.
Não há campanhas na mídia nem grande quantidade de médicos realizando palestras para destacar a gravidade do quadro de
incidência de doenças cardiovasculares no Brasil. A classe médica não impõe a bandeira de venda de remédios mais baratos.
Temas como hábitos saudáveis de vida, tabagismo, alimentação
são pouco disseminados na sociedade. Quando é noticiado largamente na mídia um caso fatal, as pessoas são atingidas emocionalmente, mas a discussão sobre a doença é encerrada em
pouco tempo.
As pessoas só procuram por um médico quando estão com problemas de saúde. Elas não reservam um dinheiro no final do
ano para fazer um check-up, por exemplo.
ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA AO VIVO PELA TV
A SOCESP foi convocada no final de 2004 por causa da morte
súbita do jogador de futebol Serginho, do time de São Caetano,
a comparecer num programa de auditório para demonstrar
técnicas de atendimento de emergência. E uma nova tragédia
quase foi vista mais uma vez pela televisão. Nesta ocasião, Dr.
Miguel Moretti e um enfermeiro tiveram que repentinamente,
ao chegar à emissora, prestar socorro a uma senhora que sofria
um ataque cardíaco. Porém, felizmente, ela conseguiu reabilitar-se e posteriormente foi encaminhada ao Hospital São Luís
graças à presença no programa dos dois profissionais de saúde.
Na época, algumas pessoas que assistiram ao ocorrido ao vivo
pela televisão chegaram a desconfiar da veracidade dos acontecimentos. Mas entre os médicos reinou uma certeza: sem o
atendimento emergencial (com o uso do desfibrilador), constatou-se, dias depois, que a mulher teria morrido. Porém, mesmo
diante da gravidade do problema, que foi assistido por milhares
de pessoas, a emissora nunca mais tocou no assunto.
A ausência de discussão sobre o tema é também verificada fora
do Brasil, mas a solidez dos valores culturais e de cidadania,
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
79
presente em alguns países, é determinante para reverter este
quadro de dispersão. Nos Estados Unidos e na Europa, a população questiona se existem desfibriladores em locais de grande
aglomeração humana. Querem saber também se há pessoas
treinadas para acionar o equipamento. É sempre importante
exigir das pessoas o conhecimento de prevenção e de atendimento emergencial.
A SOCESP tem como missão tornar-se mais conhecida na sociedade. Para que o conhecimento relativo à prevenção de doenças cardiológicas e o atendimento emergencial estejam mais
presentes no cotidiano das pessoas. Assim, a própria população
pode exigir mais preparo da classe médica. Um médico treinado consegue salvar um número maior de vidas.
Dado levantado pela SOCESP: três pessoas morrem diariamente em decorrência de problemas cardiológicos na região da avenida Paulista. Cada minuto sem atendimento retira da pessoa
enfartada 10% de chance de sobreviver.
Diante deste quadro que denota seu reconhecimento científico
perante a American Heart, os médicos brasileiros e a sociedade
leiga, a SOCESP pretende investir no Centro de Treinamento
diante de sua demanda. Porém existem algumas limitações.
Uma delas é a dificuldade de se manter uma quantidade grande
de instrutores, pois muitos médicos relutam em abandonar seus
finais de semana para se dedicar às atividades do Centro de
Treinamento. Outro ponto delicado é o alto custo dos equipamentos, como os bonecos e desfibriladores. A desmobilização
da sociedade em relação à gravidade dos problemas cardíacos
também acaba desestimulando a maior aceleração das atividades do Centro de Treinamento. Assim, a estratégia passa basicamente pelo implemento de duas ações: fechamento de parcerias
para aquisição de equipamentos e campanhas de conscientização voltadas à população e à classe médica.
80
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
A SOCESP SE APRESENTA À SOCIEDADE
A partir dessa fase a SOCESP passou a prestar um serviço à população e à imprensa para posicionar a entidade também como
um foco formador de opinião. Entre as missões da entidade voltadas aos cardiologistas do Estado de São Paulo estão o zelo por
sua formação e a difusão de conhecimento. Porém, a SOCESP
enfatiza a importância da participação do leigo, porque seu grau
de conscientização interfere no dia-a-dia da Cardiologia.
Também em uma perspectiva estratégica, foi estabelecido o primeiro Treinamento em Massa, muito aplicado nas comunidades dos Estados Unidos. Inicialmente, os Treinamentos em
Massa da SOCESP foram ministrados em conjunto com o Hospital Sírio Libanês na cidade de São Paulo. Em seguida, foram
feitas parcerias com o Colégio São Luís, com a Associação Paulista Viva, com o Conjunto Nacional Bandeirantes e com mais
algumas empresas.
É difícil convencer as pessoas a investir tempo e dinheiro na
prevenção de doenças.
A XXIII edição do Congresso exibiu uma novidade: o surgimento da Comissão de Temas Livres. A nova Comissão, sob a
responsabilidade do Dr. Antonio de Pádua Mansur, se dedicou
a melhorar a seleção dos trabalhos.
Dr. Antonio Carlos Palandri Chagas defendeu a idéia de que o
aprimoramento do nível científico dos Congressos esteve presente na XX edição, presidida por ele, e na XXIII e na XXIV edições, durante sua gestão.
Na XXIII edição, 98% dos trabalhos de temas livres foram enviados à SOCESP via e-mail. Diante deste quadro, a Comissão
de Temas Livres resolveu receber, a partir do XXIV Congresso,
os trabalhos exclusivamente pela internet.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
81
Próximo ao Centro de Eventos, a SOCESP investiu em asfaltamento e em placas de sinalização para facilitar o acesso dos
congressistas.
“Eu sempre falava que, em nossa Diretoria, nós não tínhamos
um presidente, mas sim um grupo de amigos trabalhando num
fim comum. Na época, todos participavam de tudo. Ocupar a
Presidência da SOCESP foi uma grande experiência na minha
vida. Como conseqüência deste meu trabalho, fui indicado pelos meus próprios pares para concorrer à Presidência da Sociedade Brasileira de Cardiologia. E com muito orgulho vou assumir este cargo no final de 2007. Penso que este fato também é
uma vitória da SOCESP e da Cardiologia paulista. A Sociedade
foi uma grande escola para mim. Ela representa o que existe de
melhor como uma Sociedade com fins científicos e educacionais. Trata-se de um modelo de Sociedade de especialidade. A
SOCESP nunca se desviou de seus propósitos.”
DR. ANTONIO CARLOS PALANDRI CHAGAS
82
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Dr. OTÁVIO RIZZI COELHO
Ao assumir a Presidência, Dr. Otávio encontrou a SOCESP com
uma saúde financeira muito boa. O médico credita este quadro
à performance de seus antecessores que sempre tiveram uma
política de investimento e de reserva financeira muito sólida.
Dentro desta situação favorável, decidiu-se incrementar a estrutura do Centro de Eventos de Campos do Jordão. A verba
alocada serviu para reformar os sanitários, melhorar o mobiliário das salas, reformular as instalações elétricas e construir escadas externas.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E CRIAÇÃO
DA REGIONAL DE SÃO CARLOS
Pela primeira vez foi realizado um planejamento estratégico para a SOCESP. Até esta gestão, a Sociedade não tinha definido
com nitidez quais seriam seus caminhos e suas prioridades. Assim, foi contratada uma empresa especializada para fazer este
trabalho que contou com a colaboração do Dr. Bráulio Luna Filho. Esta ação suscitou a realização de um encontro entre todos
os ex-presidentes da Sociedade, a diretoria da época e as principais lideranças da Cardiologia. Deste planejamento estratégico,
surgiram algumas diretrizes que aos poucos foram implementadas na SOCESP. Este trabalho delineou que a Sociedade tinha
como suas principais ações o Congresso, a Revista e o apoio aos
Programas de Educação Continuada. Nessa época, a SOCESP
compreendeu que era mesmo muito importante se aproximar
da sociedade. Dessa forma, foram ampliadas as atividades referentes à prevenção e ao socorro na região da avenida Paulista.
Nesta administração foi criada a 18ª Regional da SOCESP, na
cidade de São Carlos, a qual passou a ser presidida pelo Dr. José Carlos Briganti.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
83
A SOCESP é muito enxuta administrativamente. Possui um gerente e mais cinco funcionários – além de alguns serviços terceirizados – que trabalham para cerca de 7 mil sócios.
Este trabalho ajudou a Diretoria a enxergar a real dimensão da
Sociedade. Assim, esta Administração concluiu que a SOCESP
não poderia restringir sua missão ao exclusivo desenvolvimento de atividades científicas. Percebeu-se, nesta fase, que a Sociedade já mantinha diversas vocações.
Nessa gestão foi registrada a menor taxa de inadimplência da
SOCESP: 7,7%.
TREINAMENTO EM MASSA
O primeiro Treinamento em Massa organizado, exclusivamente, pela SOCESP ocorreu em 2004 no Colégio São Luís. O evento realizado durante um sábado teve grande cobertura da imprensa. Nesse dia foram treinadas cerca de 300 pessoas. Diante
da repercussão positiva, a segunda edição do Treinamento em
Massa conseguiu uma atração mais rápida de público. Em dezembro de 2006, quase sem divulgação alguma, a SOCESP teve
de encerrar rapidamente as incrições diante do excesso de interessados. Pessoas de todas as idades e profissões, incluindo até
portadores de necessidades especiais, procuraram a SOCESP
para se increver em seu curso de Treinamento em Massa. A
ação serviu também estrategicamente para que a população pudesse conhecer outros empreendimentos da entidade sobre Cardiologia. As três edições do evento conseguiram treinar mais de
700 pessoas.
O sucesso da primeira edição de Treinamento em Massa levou
a SOCESP a realizar, em associação com a Sociedade de Pneumologia, palestras sobre tabagismo e Feiras de Saúde, durante
as duas últimas edições de seu congresso.
Outra realização desta Diretoria foi a contratação de uma empresa para fazer uma auditoria. Este trabalho só foi terminado
84
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
no final da gestão do Dr. Otávio Rizzi Coelho. Nessa administração foram adquiridos mais dois conjuntos no 15º andar.
No XXV Congresso, o evento completou 25 anos, registrando recorde de público (mais de 5 mil congressistas). Durante a comemoração do Jubileu de Prata foram homenageados os Doutores
Adib Jatene e Antonio Fortuna. O Congresso de 2004 obteve o
melhor saldo positivo em relação às três edições anteriores.
Já a XXVI edição marcou o aumento do número de inscrições
pela internet e mais uma vez bateu seu recorde de público (cerca de 5700 participantes). Durante o evento foi lançado o livro
Tratado de Cardiologia da SOCESP. A publicação, escrita por
329 médicos que atuam em importantes instituições do Estado,
se transformou num grande sucesso editorial, chegando também a ganhar o Prêmio Jabuti. Os editores do livro foram o Dr.
Fernando Nobre e o Dr. Carlos Vicente Serrano Jr. Este Congresso recebeu, ainda, a presença ilustre do governador Geraldo
Alckmin.
“A SOCESP é um dos melhores exemplos de Sociedade Médica
bem-sucedida. Ela cumpriu plenamente seus objetivos iniciais.
Tenho total convicção de que todas as pessoas fundadoras da
SOCESP estão satisfeitas com sua trajetória. A influência da Sociedade extrapola as fronteiras de nosso Estado, repercutindo
mesmo em todo o Brasil. Dela já saíram dois presidentes da
SBC. Seu senso de responsabilidade permitiu que ela chegasse
ao patamar onde se encontra hoje.”
DR. OTÁVIO RIZZI COELHO
O Tratado de Cardiologia
recebeu o Prêmio Jabuti.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
85
Dr. BRÁULIO LUNA FILHO
Ao completar 30 anos de atividades, a SOCESP passou a congregar em seus quadros mais de 7 mil associados. Contando
com uma estrutura física de cerca de 500 m2, distribuídos em 17
conjuntos comerciais, a Sociedade mantém ainda oito Departamentos e 18 Regionais.
Por isso, logo ao assumir a Presidência, Dr. Bráulio Luna Filho
resolveu mais uma vez contratar uma empresa para fazer o planejamento estratégico da Sociedade. Quando este trabalho foi
realizado na primeira vez, a administração já estava em andamento. Assim, na prática, foram implementadas apenas algumas
diretrizes. Dessa forma, o Dr. Bráulio resolveu, logo no início de
seu mandato, contratar uma outra companhia para realizar este
trabalho para a SOCESP. A edição desse Planejamento Estratégico, realizada em Campinas durante dois dias do mês de fevereiro de 2006, contou com a participação da Diretoria anterior,
da atual, dos ex-presidentes e dos diretores das Regionais.
DIRETORIA DE DEFESA PROFISSIONAL
Dr. Bráulio percebeu, ainda, que a Sociedade, apesar de possuir
alto prestígio científico em sua especialidade, desconhecia a real situação do cardiologista inserido no mercado de trabalho.
As discussões sobre esta questão foram levadas aos congressos e
tiveram boa recepção, chegando a lotar salas. Assim, diante da
amplitude dos temas, foi criada a Diretoria de Qualidade Assistencial, anteriormente chamada Diretoria de Defesa Profissional. A mudança de denominação buscou coadunar a preocupação com o cardiologista e a qualidade do atendimento prestado
ao paciente. As atividades desta Diretoria foram disseminadas
pelas 18 Regionais, dessa forma a SOCESP pôde sublinhar sua
preocupação com o exercício profissional dos cardiologistas do
Estado de São Paulo.
86
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Nessa gestão foram adquiridos mais dois conjuntos. A nova
configuração do espaço da Sociedade propiciou a criação de
uma sala com acesso à internet e com apoio de uma secretária
destinada ao estudo do associado.
Essa fase também ratificou uma política voltada aos novos médicos. A Sociedade resolveu não cobrar anuidade alguma dos
residentes, que só terão esta obrigação ao se tornarem cardiologistas plenos. A SOCESP planeja manter atividades mensais
destinadas aos seus associados residentes.
EM SÃO PAULO, NÓS CUIDAMOS DO SEU CORAÇÃO
O projeto denominado “Na Paulista nós cuidamos de seu coração” deu tão certo que acabou expandido. A partir de 2007, ele
passou a se chamar “Em São Paulo, nós cuidamos de seu coração” com o intuito de levar todos os eventos pertinentes à prevenção e ao atendimento de emergências cardíacas primeiramente a outras regiões da cidade, passando pelos municípios
vizinhos até alcançar o interior do Estado. No cerne de suas atividades encontram-se os conceitos de prevenção e tratamento.
A SOCESP preconiza que a melhor forma de se tratar um enfarto ou um derrame é justamente evitá-los.
Na SOCESP, cada ação é meticulosamente planejada para que a
entidade consiga sempre dar um sólido passo à frente. A atuação dos Departamentos de Farmácia, Nutrição, Serviços Sociais, Odontologia, Fisioterapia, Enfermagem, Psicologia e Educação Física durante as Feiras de Saúde – por onde já passaram
cerca de 2 mil pessoas – amplifica o poderio dos trabalhos de
prevenção da SOCESP. A credibilidade que os médicos têm na
entidade deve ser compartilhada com a população.
Fisioterapia em Cardiologia,
publicado em 2006.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
87
A SOCESP NO RÁDIO E NA TELEVISÃO
Diante do fato de que as doenças cardíacas são responsáveis por
grande número de mortes da população, Dr. Bráulio resolveu
intensificar a difusão de informações cardiólogicas e ao mesmo
popularizar o nome da Sociedade.
“Cuidando do Coração” é o nome do programa da SOCESP –
o primeiro de uma Sociedade de especialidade médica destinado ao público em geral – que estreou em 2 de outubro de 2006,
no Canal Universitário, em parceria com a TV Unifesp. O programa, elaborado a partir de conversas entre o Dr. Ari Timerman e o Dr. Bráulio pretende ser um canal para contribuir para a qualidade de vida da população, difundindo informações
sobre prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças do coração. Apresentado por Dr. Nabil Ghorayeb, o programa contou,
no dia de sua estréia, com a participação do Dr. Bráulio Luna
Filho que, na ocasião, falou sobre tabagismo.
Dr. Nabil Ghorayeb
entrevista Dr. Leopoldo
Piegas e Dra. Ieda Biscegli
Jatene durante gravações
do programa “Cuidando do
Coração”.
O programa é quinzenal, sendo transmitido pela Net (canal 11)
e pela TVA (canal 21) todas as segundas-feiras das 18:30 h às
19:00 h com reprise às quartas-feiras às 11 h e aos domingos às
19:30h.
Dentro do princípio de que os veículos de comunicação podem
disseminar a informação produzida pela SOCESP à população,
a Sociedade assinou um acordo com a TV Assembléia e com a
Rádio Bandeirantes. A primeira das parcerias deve ampliar ainda mais a difusão das informações da Sociedade por atingir telespectadores dos canais gratuitos.
A SOCESP planeja, ainda, realizar o Dia Estadual de Reanimação Cardíaca para mostrar à população a importância do treinamento de emergência. Algumas cidades americanas, como
Seattle, já ministraram programas similares.
88
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
ALTERAÇÃO DO PROCESSO SUCESSÓRIO
A SOCESP se adaptou ao Código Civil e alterou a dinâmica de
escolha da nova Diretoria. A Administração posterior à gestão
do Dr. Bráulio deixará de ser referendada em Assembléia. O novo processo incluirá a inscrição de chapas. Porém, mesmo diante desta abertura, a tendência é de que a SOCESP continue a receber uma única chapa em seu processo sucessório. Os associados têm ciência da dinâmica de rodízio das grandes instituições
no comando da Sociedade. Nenhuma voz questionou a legitimidade deste processo.
A SOCESP começou a se preocupar com o excesso de reclamações em relação aos custos de estadia em Campos do Jordão. Na
XXVII edição, a Diretoria passou a observar se este problema já
começava a atingir os patrocinadores e, conseqüentemente, a
prejudicar o Congresso como negócio. O apoio financeiro da
indústria farmacêutica, de equipamentos e editoras é fundamental para a realização do evento. Apesar de todo o prestígio
do Congresso, as queixas proliferavam-se por todos os lados.
Nesse Congresso foi lançado o jornal SOCESP em Destaque. O
veículo, com periodicidade bimestral, divulga as realizações da
Sociedade aos associados.
XXVIII CONGRESSO DE CARDIOLOGIA – À PROCURA
DE UMA CIDADE PARA SEDIAR O EVENTO
Até 2001, Campos do Jordão conseguia agradar a todos os organizadores e participantes. Os problemas começaram quando
o evento passou a registrar mais de 4 mil inscritos. Nessa fase, o
Congresso passou a ter dificuldades para fornecer uma estrutura adequada de conforto para seus participantes. O abrupto excesso populacional esgotou a capacidade de oferta de hotéis,
restaurantes e de lazer da cidade. Até mesmo o prédio onde era,
até então, realizado o Congresso teve de ser modificado. Para
garantir a segurança das pessoas que freqüentavam o evento foram construídas escadas externas e foi trocada toda a fiação elé-
Edições do jornal
Socesp em Destaque
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
89
trica do Centro de Convenções. A organização ainda teve de viabilizar, a partir de uma onerosa injeção de recursos, a edificação de mais galpões destinados a funcionar como salas de aula
e efetuar terraplanagem no estacionamento. Apesar de todos os
esforços, as reclamações em relação ao desconforto da cidade
começaram a ficar mais evidentes. O charmoso apelo turístico
da cidade já não chamava tanta atenção.
A marca de 5 mil inscritos, alcançada em 2004, que na prática
levava cerca de 15 mil pessoas a mais à cidade, suscitou o recrudescimento destas discussões que começaram a considerar a
possibilidade de o Congresso ser realizado em outro lugar.
Além do problema de excesso de gente que a cidade não conseguia mais hospedar, o Congresso enfrentou outro entrave: o aumento de preços dos hotéis e restaurantes. Os organizadores
tentaram, durante anos, conversar com autoridades locais ligadas ao turismo, mas não foi possível reverter a situação. Os preços de Campos do Jordão tinham se tornado mais caros do que
os de sua temporada de inverno. Um grupo da Diretoria da SOCESP concluiu que, mesmo tendo investido cerca de 3 milhões
no local, era necessário procurar outra cidade para sediar o
Congresso. Havia o receio de que os participantes reagissem
mal à mudança, mas ela precisava acontecer. No entanto, ninguém conseguia sugerir um município que pudesse substituir
Campos do Jordão. Nessa fase, uma parte da Diretoria passou a
defender que o Congresso voltasse a ser itinerante mesmo ciente da ausência de estrutura de muitas cidades do interior. Esta
corrente logo começou a esvaziar-se diante da enorme desproporção entre a contínua e crescente programação de conteúdo
científico disseminado pelo Congresso e a estrutura de suas sedes. Havia ainda uma outra ala de médicos da Diretoria que
pensava em continuar em Campos do Jordão.
PESQUISAS DE OPINIÃO
E os médicos participantes do Congresso? O que eles pensavam
sobre esta possibilidade de o evento mudar de sede?
90
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
Em 2005, durante a XXV edição do evento, foram feitas algumas abordagens aos congressistas, e a maioria dos entrevistados, num contigente de cerca de 300 pessoas, se mostrou favorável à saída de Campos do Jordão. No entanto a SOCESP
desconsiderou esta pesquisa por achar que as pessoas se manifestavam emotivamente enquanto vivenciavam os problemas
ocorridos durante o evento.
Ainda no final do mesmo ano, a SOCESP tentou fazer uma segunda pesquisa. Desta vez a entidade esbarrou num outro problema: os associados recebiam por e-mail os formulários, mas
não respondiam à pesquisa. Apenas cem pessoas enviaram as
respostas. Muitos, deste contingente, eram médicos patrocinados por indústrias farmacêuticas ou palestrantes que costumavam ter suas despesas bancadas. Estas pessoas queriam ficar em
Campos do Jordão.
Já sob a administração do Dr. Bráulio Luna Filho, quando mais
uma vez foi contratada uma empresa de planejamento estratégico, também foi discutida esta questão da mudança de sede do
Congresso. Algumas conclusões rapidamente vieram à tona. O
dinheiro investido em Campos do Jordão já tinha retornado à
SOCESP diante do crescente número de inscritos em cada edição. E a entidade tinha interesse que seu Congresso crescesse.
O desejo é de que todos os cardiologistas do Estado tenham a
oportunidade de se reciclar, aprender coisas novas, discutir assuntos antigos, rever os amigos... sem restringir isso tudo a um
número limitado de pessoas.
A proposta de ilimitar as incrições para o Congresso fez que alguns membros da Diretoria lembrassem do “cenário” de Campos do Jordão, onde muitos médicos não conseguiam entrar
nas salas preparadas para receber 300 pessoas. Era comum ver
gente se aglomerando nas escadas de madeira. Logo concluiuse: o Congresso não conseguia proporcionar conforto. E surgiu
uma questão: seria interessante destruir tudo para em seguida
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
91
erguer um moderno centro de convenções? O prefeito da cidade tinha até prometido doar um terreno... Porém o Congresso
sempre crescia mais do que a capacidade de investimento da
SOCESP.
Muitos médicos não participavam do Congresso porque não
havia vaga na cidade. Algumas pessoas chegaram a se hospedar
em São José dos Campos e se deslocavam diariamente para
Campos do Jordão para participar do evento. A SOCESP entendia que estes sócios estavam correndo riscos durante este trajeto. A procura por um outro município para sediar o evento
continuava... e as incertezas também.
Um grupo da Diretoria, pensando na possibilidade de retirar o
evento de Campos do Jordão, chegou a visitar, no final de 2005,
um hotel com centro de convenções, localizado em Santos. Logo concluiu-se que apesar da grandeza de sua rede hoteleira, o
município não suportaria a quantidade de pessoas atraídas pelo Congresso.
Ninguém poderia prever que nosso Congresso pudesse crescer
tão rapidamente.
No fim do primeiro semestre de 2006, a entidade resolveu encomendar uma pesquisa ao Instituto Datafolha. Assim, a SOCESP, suas publicações científicas e seu Congresso foram avaliados por seus associados. A pesquisa também questionava se o
evento deveria sair de Campos do Jordão.
Os resultados da pesquisa e as reuniões de planejamento estratégico deram substrato a todos os membros da Diretoria para
que os mesmos optassem, de forma unânime, por retirar o
Congresso de Campos do Jordão. Um outro fato que alavancou
esta mudança foi o direcionamento de patrocínio da SOCESP,
em 2006, através de suas Regionais, para mais de cem eventos
de Cardiologia no interior. Assim, a Sociedade entendeu que
não haveria mais a necessidade de realizar um grande evento no
interior do Estado.
92
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
A CAPITAL REDESCOBERTA...
O município em questão deveria estar estruturado para atender
a todas as necessidades dos cardiologistas participantes dos futuros Congressos da SOCESP.
Em pouco tempo, percebeu-se total compatibilidade destas demandas com a cidade de São Paulo. Seus centros de compras,
dos mais populares aos mais luxuosos, seus teatros, casas de
shows e museus, seus restaurantes com ampla gastronomia, tudo isso aliado à sua ampla estrutura hoteleira conseguiu sensibilizar os organizadores do Congresso. Apesar de todos os problemas, a cidade esconde ainda inúmeras virtudes que são
inclusive pouco conhecidas dos próprios moradores da Capital.
Apesar da vasta oferta de atrações e de infra-estrutura, a SOCESP descobriu que a cidade de São Paulo não possui um centro de eventos que suporte congressos com mais de 6 mil participantes. Em todos os lugares visitados pela Diretoria da
entidade, constatou-se a necessidade de se fazer reestruturações. Segundo observaram alguns diretores da SOCESP, não
existe um lugar sequer que ofereça quantidade de salas de aula
com espaço para o parque de exposições.
O LOCAL DO EVENTO
O grande desafio do Congresso de 2007 não é sua programação
científica. O mais importante para a direção da SOCESP é conseguir agradar 48% dos médicos consultados na pesquisa do
Datafolha que não desejavam assistir à saída do Congresso de
Campos do Jordão.
O local escolhido para abrigar o evento é o ITM Expo. Concebido originalmente para funcionar como shopping center, a estrutura de três andares localizada no encontro das duas marginais, ao lado do Ceagesp, passou a ser usada para abrigar
eventos. Das três opções consultadas, o ITM conseguiu coadunar duas virtudes: menor custo de investimento para realização
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
93
São Paulo: ampla infra-estrutura
e diversidade de atrações turísticas.
94
SOCESP 30 ANOS INSTANTES DE SUA HISTÓRIA
de evento com oferta de hotéis em sua proximidade. Seu fácil
acesso e a possibilidade de ofertar grandes áreas para salas de
aula, que devem acabar com os problemas de superlotação,
também foram fatores determinantes para sua escolha. Haverá
também atividades no Hotel Maksoud Plaza. A SOCESP contou com o apoio do São Paulo Convention & Visitors Bureau
para conhecer os centros de exposições da cidade.
A Socesp não conseguiu, dessa vez, realizar seu velho sonho de
concentrar todas as atividades do evento num mesmo local. Este Congresso é muito grande.
A volta do Congresso a São Paulo imediatamente chamou a
atenção dos patrocinadores. Numa comparação com o primeiro dia de vendas de 2006 dos itens patrocináveis, o evento de
2007 conseguiu comercializar 25% a mais em relação ao mesmo período. Trata-se de um sinal claro de confiança da indústria farmacêutica e de equipamentos, dos grandes fomentadores de cursos e pesquisas na organização do Congresso. Um outro dado relevante foi o aumento de 17% no número de envio
de temas livres.
A SOCESP promete organizar programações extracongressos
para “apresentar” as atrações de São Paulo aos cardiologistas
participantes do evento. Teatros, shoppings, centros de compras
populares, atrações históricas, restaurantes e até parques como
o Ibirapuera e o Villa Lobos estão listados entre as atrações.
A perspectiva é de que a mudança para São Paulo resulte num
substancial aumento do Congresso. Dentro dessa possibilidade
de crescimento está o projeto da SOCESP de atrair outras especialidades como Epimideologia, Endocrinologia, Administração Hospitalar etc. A realização do evento na capital deve, inclusive, possibiltar o acesso destes profissionais que outrora se
viam impossibilitados de viajar até Campos do Jordão. A permanência do Congresso em São Paulo ainda será decidida pela
direção da SOCESP. A perspectiva é de que o número de inscritos chegue a 7 mil.
ADMINISTRAÇÕES DA SOCESP
95
“Tenho grande satisfação de dirigir a SOCESP, onde há, em vigência, grande nível profissional. Quase não há demandas políticas em nossa Instituição. Todos os movimentos procuram
sempre o melhor para a Sociedade. Tenho muito carinho ao falar da SOCESP. Espero ter contribuído para que ela continue seu
processo de desenvolvimento nos próximos anos. Acredito também que a SOCESP será cada vez mais uma Sociedade representativa dos interesses da maioria dos cardiologistas, atuando sempre em consonância comum às expectativas da população.”
DR. BRÁULIO LUNA FILHO

Documentos relacionados

Ano 6 nº3 Maio/Junho 2011

Ano 6 nº3 Maio/Junho 2011 Paulo; Otávio Rizzi Coelho, presidente do Congresso; Luiz Antonio Machado César, presidente da SOCESP; Jorge Ilha, presidente da SBC; Edson Stefanini, coordenador científico do Congresso; Jorge Cur...

Leia mais