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ENGENHARIA VAI A PRAIA. DESAFIOS DA CONSTRUÇÃO DE UMA ILHA ARTIFICAL: ARQUIPÉLAGO PALM JUMEIRAH (DUBAI) Danielle Danielle Agostinho Ojeda1 Romário Andrade Alves2 Wigo Agnel Souza Soté3 Rodrigo Inácio Dias4 Maria Conceição de Lacerda5 RESUMO Este artigo aborda como se deu a criação da Ilha Artificial Palm Jumeirah, localizada na cidade de Dubai, situada nos Emirados Árabes. Onde analisa e descreve as práticas e padrões que foram usados em sua construção, tratando da questão econômica do país e o que veio a motivar a ideia de construir ilhas artificiais no território, sendo hoje um dos grandes marcos de feitos da engenharia. O artigo leva principalmente em consideração todas as condições adversas da natureza que foram enfrentadas do começo ao fim da obra, apresentando suas problemáticas e com suas consequentes soluções. Por fim é mostrado como o homem se supera cada vez mais quando se trata de “construir”, dominando e controlando situações que podem apresentar efeitos catastróficos. Palavras chave: Emirados Árabes. Turismo. Ilhas artificiais. Luxo. ABSTRAT: This article discusses how was the creation of artificial island Palm Jumeirah, located in Dubai, located in the United Arab Emirate. Analyzing and describing the practices and standards that were used in its construction, addressing the country's economic issue, and has come to motivate the idea of building artificial islands in the territory, today is a major milestone made of engineering. The article takes into account in particular all the adverse conditions of nature that were encountered throughout the work. Finally, it is shown how the man excels increasingly when it comes to "building “, dominating and controlling situations that can have catastrophic effects. Keywords: United Arab Emirates. Tourism. Artificial islands. Lux. 1 Acadêmica do 2° Período do Curso de Bacharelado em Engenharia Civil da Faculdade Panamericana de JiParaná – UNIJIPA. Email: [email protected]. 2 Acadêmico do 2° Período do Curso de Bacharelado em Engenharia Civil da Faculdade Panamericana de JiParaná – UNIJIPA. Email: [email protected]. 3 Acadêmico do 2° Período do Curso de Bacharelado em Engenharia Civil da Faculdade Panamericana de JiParaná – UNIJIPA. Email: [email protected]. 4 Acadêmico do 2° Período do Curso de Bacharelado em Engenharia Civil da Faculdade Panamericana de JiParaná – UNIJIPA. Email: [email protected]. 5 Doutora em Antropologia de Ibero América na Universidade de Salamanca - ES (2006/2014). Bacharelado e Licenciatura em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (1997). Professora de Metodologia Científica na Faculdade Panamericana de Ji-Paraná – UNIJIPA. E-mail: [email protected] 2 1. Introdução Com o crescente avanço tecnológico, desenvolvimento de pesquisas, cursos nas áreas de tecnologia de ponta, o mercado da construção civil tende a se estabelecer cada vez mais, dimensionando seu espaço devido a sua capacidade de apresentar de forma rápida e contínua os estímulos que lhe são dirigidos. A mídia nos mostra a cada minuto, como a Engenharia Civil se sobressai diante dos desafios que lhe são impostos, ideias e projetos que muitos julgam ser impossíveis de saírem do papel. Quando falamos em Engenharia, sabemos o quão complexo se trata a profissão. Engenheiros de todas as áreas não só criam e aperfeiçoam o mundo que vivemos, mas lidam com soluçõees de problemas sobre ele a cada instante, que são resolvidos por meio de cálculos, análises, ensaios de performance, deduções e até mesmo hipóteses de situações que podem ou não acontecerem. Se construir em terra firme já se trata de uma questão complicada, envolvendo o meio físico e geológico, imagina-se aplicar imensas construções sobre a água, no meio de um alto e agitado mar. Dubai é o principal polo turístico dos Emirados Árabes, considerado o maior berçário de ilhas artificiais do mundo, mas, para Dubai ter se submetido a esta grande ascensão referente ao turismo como é considerado nos dias atuais, muito trabalho, pesquisas e análises foram desenvolvidos. Em 2001, o início da obra já foi considerado o maior desafio já imposto, em termos de proporção de tamanho e complexidade de obra como jamais visto e a partir dela a Engenharia foi se superando cada vez mais, construindo ilhas com o dobro do tamanho da primeira, tornando a sua complexidade muito maior. Este trabalho visa abordar esses aspectos de superação, levando em consideração todos os efeitos que a natureza causa, quando o homem tenta controlá-la. Quanto mais se tem o avanço em grandes construções, maior se torna o problema e questões surgem para serem resolvidas pelos profissionais responsáveis. Nesse contexto, reunir em um só projeto eficiência, sustentabilidade, segurança e atrativos comerciais foi o dilema para lançar o maior desafio já criado em meio a todas as estruturas desafiando a natureza constantemente e impondo a profissionais, de tornar a cidade de Dubai dos Emirados Árabes o maior centro comercial e ponto de referência de turismo do mundo. 3 2. METODOLOGIA Este artigo tem o objetivo de abordar conceitos que permite uma sustentação teórica para discutir o tema escolhido “Desafios de Construir uma Ilha Artificial” e os problemas que nele se insere, possibilitando traçar um quadro teórico e conceitual que dará sustentação ao que está sendo apresentado, sendo baseado em uma metodologia de Revisão Bibliográfica. 3. CONTEXTO HISTÓRICO A cidade dos Emirados Árabes Unidos está localizada na costa sul do Golfo Pérsico na Península Arábica da Ásia, com aproximadamente 2 262 000 habitantes, Dubai é o emirado mais populoso dos sete que compõe o país. Devido ao seu constante desenvolvimento, a cidade é mundialmente conhecida, principalmente, quando se trata do turismo. Ocupado por assentamentos humanos há milhares de anos, o local conhecido hoje como Dubai, foi até o começo do século 19, um pequeno vilarejo de pescadores e produtores de pérolas. A paisagem desértica, sem nenhum vestígio de desenvolvimento, era uma visão que, em muitas pessoas, não exerceria atração nenhuma. (VINCENTIN, 2015) A partir de 1894, os colonizadores transformaram o porto que era Dubai, em uma zona livre de impostos, sendo considerado um centro comercial de uma pequena enseada. Atualmente Dubai é reconhecida por sua infraestrutura moderna, apresentando luxuosas áreas residenciais, estradas, hotéis, aeroportos e atrações, sendo um dos lugares mais ricos do mundo Árabe. A cidade é famosa também pelo ouro e pela economia que desde 1966 era baseada na indústria de petróleo. De acordo com o economista Josué Silva Paulistano, o Produto Interno Bruno (PIB) de Dubai em 2005 foi de US$37 bilhões, e embora a indústria do petróleo tenha estabilizado a economia da cidade por décadas, hoje a receita de petróleo e gás natural não passam de aproximadamente 4% do seu PIB. Isso se justifica, pelas reservas de petróleo de Dubai estarem se esgotando, diminuindo-se significativamente e com 4 estimativas que se esgotarão por completo em menos de 20 anos. (PAULISTANO, 2008). 4. PLANEJAMENTO Com toda essa tensão de uma possível crise financeira, soluções e propostas foram apresentadas para suprir a necessidade econômica da cidade, mas, a questão era, como crescer em meio a um deserto hostil que não possuía indústria, pois todo o consumo era importado. O jeito era investir em outro mercado. Em 2001 o Príncipe Sheikh Mohammed Bin Rashid Al Maktoum, apostou no turismo como uma saída econômica. Seu plano custaria cerca de US$2 bilhões de dólares, e sua determinação indicava que queria Dubai, como um destino turístico mais luxuoso do mundo. Os planos do Príncipe Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum em apostar no turismo para Dubai não havia se dado início somente diante da crise, desde 1994, ele já havia pensado o mesmo sobre a construção do magnífico hotel Burj Al Arab, projetado por Tom Wright da WS Atkins PLC, hotel que foi construído em um ilha artificial de vidro, com 321 metros de altura, sendo intencionado a ser o maior arranha-céu do mundo, passando até a Torre Eiffel, mas seu título foi derrubado pela torre da Sears Willis Tower e o Burj Khalifa, porém continua sendo a mais alta estrutura exclusiva como hotel. O projeto do Burj Al Arab, se tornou um ícone simbólico de Dubai, devido a sua estrutura se assemelhar a vela de um barco do tipo dhow (barco árabe), esta obra magnifica fez com que o mundo voltasse os olhos para Dubai, o que só motivou mais ainda o Príncipe a acreditar que seus planos poderiam ser possíveis. A cidade recebia cerca de 5 milhões de turistas por ano, a ideia era que Dubai pudesse receber a cada ano o triplo de pessoas do mundo inteiro. O primeiro desafio a ser enfrentado era como receber este grande número de pessoas de todo o mundo em uma costa que só possuía 72 km de extensão, não teria espaço para tantas pessoas, a única solução seria fazer uma extensão de terra em meio ao mar, criando uma cidade, um projeto de grande porte, que daria origem a uma ilha artificial, que seria a base principal. O plano era assustador, muitos questionavam que não fosse ser possível, pois nunca e nem ninguém havia feito nada parecido antes naquela proporção de 5 tamanho. Para que o projeto tivesse sucesso, foram recrutados os melhores profissionais de todas as áreas da engenharia para a construção. A Empreiteira Holandesa Van Oord, foi a principal responsável pela obra, por ser uma das especialistas em construções de aterramento de solos, quebra mares e obras com o mesmo fundamento. A costa de Dubai se estenderia por mais 56 quilômetros, em uma base que seria erguida apenas com o uso de materiais naturais, sendo areia e pedra, para assim manter uma sintonia com as características da cidade, já que se tratava de um deserto. A ilha artificial se constituiria em um arquipélago que receberia o nome de Palm Jumeirah, onde abrigaria inúmeros centros comerciais, prédios, restaurantes, hotéis e residências luxuosas. A economia de Dubai seria uma participante ativa do comércio imobiliário juntamente com o turismo. O prazo que foi dado para a obra ser entregue, foi até o ano de 2006. Para resistir a força do mar e o agito das ondas, teria de ser construído então um quebra-mar em forma de lua crescente em volta da ilha, que teria como função diminuir o impacto das ondas, protegendo a costa contra possíveis enchentes que colocaria todo o projeto em baixo da água literalmente. Os quebra-mares são elementos concebidos para travar a ação das ondas numa determinada área. São usados para proteger a costa, sendo posicionados de forma paralela à mesma. Esta proteção é conseguida devido às características destas estruturas, que dissipam e refletem a energia das ondas que as atingem. Desta forma, os quebra-mares são utilizados nos portos com o objetivo de tirar partido das suas características e possibilitar zonas de fraca ondulação. [...]Miguel (2011, p.24). A Empreiteira Holandesa Van Oord contratada, é reconhecida por trabalhos de controle da água, e aumento de territórios em mais de 35% de extensão. Um quebra-mar possui suas duas extremidades dentro da água, o que impede uma possível erosão costeira6, devido a retenção de sedimentos, mas, o efeito do quebra-mar só será positivo se forem efetuados cálculos precisos sobre a ação do mar, alturas das ondas, marés, ventos, efeitos do aquecimento global, o período e tempo de retorno das ondas especificados, considerando agravamentos 6 Erosão costeira, erosão marinha ou abrasão marinha é a erosão provocada pela ação das águas do mar. Elas atuam sobre os materiais do litoral (linha de costa) desgastando-os através da sua ação química e da sua ação mecânica. 6 por tempestades e condições climáticas futuras que poderia comprometer a segurança da obra. O Golfo Pérsico possui em média 30 metros de profundidade e 160 km de largura, o que seria raso e pequeno demais para que as ondas e ação do mar pudessem causar alguma catástrofe. Mesmo diante dessas observações, foi importante que os pesquisadores estivessem atentos a pior das hipóteses, já que a mãe natureza é imprevisível. De acordo com as primeiras características seria possível construir uma ilha artificial em alto mar, porém, os cálculos finais asseguravam que ela se manteria no lugar, se o quebra-mar que a protegesse possuísse cerca de 11,5 quilômetros de extensão e com pelo menos 3 metros acima das ondas. Mesmo assim, constantes monitoramentos nas pesquisas considerando qualquer alteração, deveriam ser feitas em curtos períodos de tempo. Para se dar início ao projeto, foi necessário o recrutamento de cerca de 94.000.000 m³ de areia para levantar a base da ilha, e 5.500.000 m³ de rocha para a construção do quebramar que viria a protegê-la. 5. BUSCA PELOS RECURSOS NATURAIS O segundo desafio aparente desta incrível obra, era como conseguir todo esse material, principalmente a areia. Muitos imaginaram a situação como simples, achando que a solução estava completamente resolvida já que Dubai se situa dentro do Deserto da Arábia e o que não falta é areia. Mas, a areia ideal, não se encontrava em qualquer lugar. A areia que continha no deserto, era de consistência muito fina, que se foste aplicada na construção, correria o risco de se desmanchar em meio ao mar, devido à falta de compactação. A areia ideal se encontrava no fundo do mar, localizada por cerca de 11 quilômetros à frente do local da obra. Uma areia grossa, de fácil compactação, que resistiria aos impactos das ondas. Para conseguir então os 94.000.000 m³ total desta areia, que seria usada tanto para levantar o quebra-mar quanto para a base da ilha artificial, foi preciso o uso de dragas auto transportadoras, um maquinário que tem a função de basicamente sugar o material do fundo do mar, no caso a areia, que seria abrigada em suas cisternas (espécie de 7 compartimento). Com sua cisterna completa, que apresenta uma carga de cerca de 8 mil toneladas, a draga navegaria até a área destinada e lançaria a areia em uma velocidade de até 10 metros por segundo no ponto de interesse. 6. CONSTRUÇÃO DO QUEBRA-MAR Na construção da base do quebra-mar, as equipes responsáveis pela função utilizarão três dragas imensas que fará o aterramento do fundo do mar, retirando uma camada de areia e despejando em outra camada de cerca de 7 metros de espessura. É importante que todo esse procedimento seja feito quando o mar não está agitado, pois esta base da camada de areia inclinada diminuirão as forças das ondas que atingem o quebra-mar. Para manter essa camada de areia no lugar e prosseguir na construção do quebra-mar, a areia foi revestida por um geotêxtil permeável que evita erosões além de terem sido colocadas grandes quantidades de rochas por cima da areia, onde o leito de pedras formará o quebra-mar possuindo 4 metros de profundidade, e 3 metros acima da superfície, constituindo a proteção necessária para a construção da futura ilha. O que garantirá a proteção da ilha artificial é a parte externa do quebra mar, constituída por essas rochas que chegam a pesar até 6 toneladas. Elas serão encaixadas e combinadas perfeitamente uma com as outras, sendo colocadas por guindastes e guiadas por GPS, onde este deverá assegurar a estabilidade do complexo. Foram contratadas 16 pedreiras em todos os Emirados Árabes sendo encarregadas de fornecerem as pedras necessárias, levando em consideração que as pedras devem possuir o mesmo tamanho, a mesma densidade e permeabilidade, para permanecerem uma sobre as outras, já que a construção do quebra-mar não envolve concreto ou aço. Constantes monitoramentos de que as rochas não sairão de suas posições devem ser realizados, para isso, foram contratados mergulhadores para registrar possíveis alterações na ordem das pedras que poderiam ocasionar em uma estrutura completamente vulnerável. 8 6.1 PROBLEMA 1 - Condições Adversas do tempo No ano de 2002, já decorridos 6 meses de obra, houve-se um período constate de chuvas, tempestades avassaladoras, que gerava medo aos responsáveis da construção. Medo tanto em comprometer a estrutura da obra, como na quebra do prazo destinado de entrega. O atraso sobre o cronograma era inevitável e preocupante, pois apenas 4 quilômetros de quebra-mar haviam sido construídos, e havia menos de 2 anos para que ele fosse finalizado, sendo assim, restariam somente mais 2 anos, totalizando o prazo, para que uma cidade inteira fosse erguida sobre a ilha artificial. Devido essas condições adversas de tempo e levando em consideração que poderia ocorrer mais vezes até o final do prazo, gerando mais atrasos, a solução seria então que a construção da ilha artificial já fosse iniciada, mesmo que o quebra-mar ainda não estivesse pronto. Assim o cronograma se manteria, porém, um risco a correr, pois se a função do quebra-mar é reduzir os impactos de ondas e proteger a ilha artificial, como seria possível dar início a segunda etapa da obra que é a ilha artificial, sem que o quebra mar esteja finalizado, isto pouca proteção e probabilidades de desastres. 6.2 PROBLEMA 2- Precisão do ponto da fundação da Ilha Artificial Sem alternativas, as dragas entram em ação em sincronia com a construção do quebra-mar, lançando areia dia após dia, até se acumularem formando uma faixa de 4 metros acima do nível da água. A Ilha artificial Palm Jumeirah foi projetada para ter formato de uma palmeira com um tronco, uma coroa com 17 copas, sendo 8 de cada lado. Para que as dragas lançassem a areia de modo a manter o formato correto da ilha foi preciso acompanhar o desenvolvimento da obra através de imagens de satélite, vantagem a qual Dubai apresentava por ter acesso ao único satélite privado do mundo da época. Este satélite se localizava a mais de 600 quilômetros da terra, retirando fotos, que na visualização percebia que o formato da palmeira estava alinhado da forma que deveria por enquanto, porém, apresentava desgastes nas bordas, não possuindo uma boa estética, porque não se tinha um controle de onde a areia era lançada exatamente. 9 Para resolver esse problema, foi preciso o uso de tecnologia de ponta. Com o auxílio de GPS, homens encarregados deveriam andar sobre a superfície da ilha conforme ela fosse construída. Essa tecnologia consistia em criar uma linha de referência de uma posição fixa na terra, onde através disso, emitiria sinais para o espaço que registrava o tamanho e a faixa de areia, então, as dragas seriam movidas na posição exata de acordo com os dados e a areia é lançada com grande precisão. A construção de uma ilha artificial não é uma tarefa fácil, principalmente por envolver a questão de que uma cidade de suporte a abrigar aproximadamente 120.000 moradores estariam sobre ela, isso ocasionava diversos problemas, o que resultava em mais desafios. Desafios Desafios dispostos a compreender a melhor solução, pois as pessoas que já reservavam terrenos para compra no Arquipélago de Palm Jumeirah, esperavam por praticidade e principalmente segurança. 6.3 PROBLEMA 3 - Estagnação da água Outro problema, dos inúmeros que assolavam a obra, surgiu conforme a construção se avançava, a partir da decisão de que a construção da ilha artificial deveria ser iniciada antes do quebra-mar ser finalizado. Os engenheiros não preverão, mas, o mar não circulava da forma adequada. É como se o quebra-mar isolasse a água em apenas um local, não possibilitando um fluxo nas vias internas e isso logo acarretaria na sua estagnação7, provocando mudanças na cor, além de mal cheiro. Podemos entender a problemática na imagem a seguir: Fonte: Figura 1. PEREIRA, Josué. 2015 7 Estagnação da água, é o seu acumulo em determinado local, não possibilitando seu escoamento. 10 Testes foram realizados, através do modelo digital da obra, e chegou-se a uma conclusão de que o projeto não perderia sua forma para resolver o problema. Só necessitaria de algumas alterações. Para que a água não chegasse ao ponto de estagnação, deveriam introduzir no projeto, duas aberturas nas laterais do quebramar, o que possibilitaria o fluxo da água, onde permitiria o escoamento. Pontes seriam construídas para interligar os dois lados do quebra-mar que estivesse situado no espaço vazio. Sendo assim, com aberturas, possibilitando o fluxo, a água se renovaria a cada 2 semanas. Como representa a figura: Fonte: Figura 2. PEREIRA, Josué. 2015 A construção só se deu continuidade, após resultados feitos de testes sobre a qualidade da água, assegurando sua circulação. 6.4 PROBLEMA 4- Efeito da liquefação O quebra-mar se finalizou em agosto de 2003 e a ilha artificial dois meses depois, em outubro. Mais um desafio estava sendo imposto, pois a areia lançada pelas dragas, estavam soltas, não possuíam compactação. A questão que tencionava a situação, era como construir uma cidade em cima de uma areia muito suscetível a movimento, onde o mar provocava sua erosão a todo instante, devido a movimentação das ondas. Para que a areia permanecesse firme naturalmente para receber algum tipo de construção seria preciso de tempo, anos, fato que os engenheiros mais se preocupavam por não ter, além da ideia de que isso ficaria ao acaso, comprometendo a segurança dos futuros moradores que ocupariam a ilha. 11 Dubai fica próximo a uma zona de terremoto, o que ocasiona milhares de tremores. Este fato deve ser levado em consideração ao estudo do projeto, principalmente porque a Ilha Artificial possui uma fundação de areia, expostas ao efeito de liquefação. O processo de Liquefação nesta realidade do projeto, se entende, que na areia usada para formar a base existem espaços vazios entre os grãos, devido ao seu formato arredondado uniforme. Com as condições de chuva e agito das ondas, esses espaços vazios seriam constantemente preenchidos por água. Ao aplicar uma força na superfície, a areia se compactaria, formando uma base “firme”. Esse fato explica o que ocorreria quando o peso de uma cidade construída estivesse sobreposto a ilha artificial, o solo se compactaria, se mantendo forte. Até então não existia problemas, pois a base estaria compactada, o solo se comportaria como sólido na maior parte do tempo, graças ao peso da cidade. No entanto se lidarmos com um fenômeno da natureza como um terremoto, por exemplo, o movimento dos grãos de areia seria tão grande, que estes grãos se comprimiriam e assim a água seria empurrada entre as partículas para cima causando a liquefação. A areia não apresentaria integridade estrutural e os objetos densos em cima da superfície afundariam, como se o mar “engolisse” todas as estruturas. 6.4.1 Compactação do solo por vibro-compactação A solução para este problema, seria o que se chama de compactação de solo por vibro-compactação. O método usado no tratamento profundo de solos de baixa capacidade de suporte, coesivos ou não-coesivos (com areias e substratos granulares), tem chamado a atenção por permitir não só o aumento da densidade e resistência ao corte - tradicionais em técnicas que visam à estabilização de terrenos -, mas também pela redução da compressibilidade do solo proporcionada e, principalmente, por alterar a permeabilidade do solo, melhorando as condições de drenagem. (QUINALIA, 2009). Este método consiste no trabalho de sondas, que farão milhares de buracos sobre a superfície da ilha artificial. A pressão da água e do ar auxiliam na 12 penetração funda dessas sondas, a haste acoplada na sonda, começa a vibrar fazendo tremer todo o solo a sua volta que se compacta. Depois da compactação, a areia consequentemente se afunda, diminuindo seu nível, então é necessário que mais areia seja reposta até que o solo esteja bem firme. Fonte: Figura 3. QUINALIA, Eliane. 2009 6.5 PROBLEMA 5 - Areia das costas Quanto maior a obra, maior se torna o problema, desde o início o principal desafio da construção da ilha artificial, foi a erosão causada pelos efeitos das ondas do mar. Através de estudos e monitoramentos de cada centímetro da costa, foi reparado que a areia da praia da ilha estava sumindo gradativamente em alguns locais e se acumulando em outros. Outro problema notado também, foi que devido ao tamanho da construção da ilha, próximo à costa das praias de Dubai, isto causaria alterações nas correntezas do mar, o que levava a areia aumentar em alguns locais da costa e diminuírem em outros, em até 15 metros por ano, o que causaria danos a resorts e residências que se situam próximo à costa. 13 Monitoramentos diários e manutenção constantes para manter a costa alinhada, seria resolvido com o uso de dragas que retirariam o acumulo de areia de uns locais e distribuiriam em outras, para assim manter o formato da ilha e também da costa de Dubai. 6.6 PROBLEMA 6- Cronograma adiado Em março de 2004, enfim a ilha artificial estava pronta para receber os inúmeros hotéis, mais de 8 mil mansões e complexos de apartamentos de luxo, residências, condomínios, restaurantes, canais, centros de compra, ruas, uma torre de 36 andares que abrigava mais restaurantes e lojas. Foram cerca de 51 empreiteiras responsáveis por todo esse empreendimento. Uma construção, que exigiu a mão de obra de mais de 2000 mil trabalhadores, que fariam instalações de infraestrutura, instalações elétricas, tubulações de gases, tratamento de esgoto, fornecimento de água. Quando a ilha foi aberta para o público, as casas foram vendidas em 3 dias. A repercussão foi muito grande e uma obra tão complexa como essa não poderia ser entregue em menos de 2 anos, buscando o melhor, o prazo teve que ser estendido até o ano de 2008. 7. Ascensão do turismo de Dubai A realidade de Ilhas Artificiais, são muito comuns no mundo inteiro, principalmente quando se trata de expansão de áreas, normalmente o homem só constrói por necessidades. Outras por luxo e pela arquitetura. O caso de Dubai, no Arquipélago Palm Jumeirah, foi uma saída para uma futura crise econômica, um investimento altíssimo de cerca de US$2 bilhões de dólares, porém, um plano que deu muito certo, e que fez com que o Príncipe Sheikh Mohammed bin Rashid Al Maktoum se entusiasmasse mais ainda no comércio do turismo. Com o sucesso da Palm Jumeirah, ele pretendeu construir mais duas ilhas artificiais ainda maiores do que a já construída. Palm Jebel Ali, de 7 quilômetros de comprimento e 7,5 quilômetros de largura e a Palm Deira de 14 quilômetros de 14 comprimento e 8,5 quilômetros de largura podendo acomodar até 500.000 mil pessoas. A pretensão do Príncipe em tornar Dubai, a cidade número 1 do turismo não parou ainda por aí, ele também pretendeu construir a representação do mundo em centenas de pequenas ilhas no formato dos continentes que serão notados quando visto do espaço, no total são 300 ilhas, o verdadeiro mundo que foi intitulado de Arquipélago The World, em 4 quilômetros mar a dentro. Palm Jumeirah destacou a cidade de Dubai ao mundo todo, agora o mundo se destacava em Dubai. A costa de Dubai de 72 quilômetros foi aumentada para 1500 quilômetros, uma verdadeira superação da Engenharia. 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se neste devido artigo apresentado, que as etapas da construção de uma ilha artificial na cidade de Dubai, apresentou inúmeras dificuldades e obstáculos impostos pela natureza, contratempos, desafiando constantemente o conhecimento aplicado pelos responsáveis da execução da obra. Mostrou-se também como é de extrema importância que os cálculos feitos para resistência dos materiais sejam precisos e resistentes a condições do tempo. Este exemplo de obra, foi o que muitos consideraram impossível, mas a persistência motivou pessoas capazes de provar com eficiência, sustentabilidade e segurança, através do uso de tecnologias de ponta e da incrível engenharia, que um projeto de um sonho não pode ficar só no papel. A economia da cidade dos Emirados Árabes em 2000, já estava sendo ameaça diante da futura crise de petróleo, sendo abalada ainda mais depois dos ataques terroristas as torres gêmeas no World Trade Center no ano de 2001 em Nova York. Ataques terroristas não favorece a economia, os turistas tinham receio de viajarem, perdiam a confiança principalmente se tratando de cidades do Oriente Médio. Mesmo diante de toda a tensão gerada no mundo após a tragédia de 2001, o Príncipe decidiu apostar mesmo assim, em seu projeto de tornar Dubai um líder no turismo. Em pouco tempo percebia-se mudanças no cenário econômico dos países islâmicos, os turistas começavam aos poucos a voltar a encher as praias, hotéis, 15 centros comerciais e após a Ilha artificial Palm Jumeirah ter sido entregue, Dubai se tornou um destaque turístico mundial. REFERÊNCIAS PEREIRA, Josué. As ilhas artificiais de Dubai. Disponível em: < http://culturaexatas.blogspot.com.br/2013/09/as-ilhas-artificiais-de-dubai.html>. Postado em: 2 de janeiro de 2015. Acesso em: 30 de maio de 2016. RESENDE, Natália. DUBAI- As ilhas artificiais (parte 2). Disponível em: < https://blogdopetcivil.com/2012/08/20/dubai-as-ilhas-artificiais-parte-2/>. Postado em: 20 de agosto de 2012. Acesso em: 30 de maio de 2016 SILVA, Josué. Crise em Dubai. Disponível em: < https://josuesilva.wordpress.com/2009/11/29/crise-em-dubai/>. Postado em: 29 de dezembro de 2009. Acesso em: 30 de maio de 2016 CONSTRUÇÃO CIVIL PET. Disponível em: < https://construcaocivilpet.wordpress.com/2013/10/09/ilhas-artificiais-de-dubai-palmjumeirah/>. Postado em: 9 de outubro de 2013. Acesso em: 30 de maio de 2016. VINCENTIN, Marcel. De vila pesqueira a metrópole futurista: veja a metamorfose de Dubai. Disponível em: < http://viagem.uol.com.br/guia/emirados-arabes- unidos/dubai/roteiros/de-vila-pesqueira-a-metropole-futurista-veja-a-metamorfose-dedubai/index.htm> Acesso em: 30 de maio de 2016. MIGUEL, Nuno. Obras Marítimas de Acostagem: O Caso do Porto de Abrigo da Ilha do Porto Santo. Dissertação: (Mestrado em Engenharia Civil). 24p. FunchalPortugal. UMA (Universidade da Madeira). 2011 CLUBE DA ENGENHARIA. ENGENHARIA. Obras Incríveis – Ilhas Artificiais de Dubai. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bAjdoKVlDBI>. Publicado em: 30 de maio de 2013. Acesso em: 6 de maio de 2016 16 QUINALIA, Eliane. Estabilização de solos moles por vibro-compactação. 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