O Poder da Palavra - carro do chico
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O Poder da Palavra - carro do chico
17/9/2012 Tantas palavras O Poder da Palavra: O Sentimento na Educação Prof. Dr. Arquilau Moreira Romão Bacharel Direito, Filosofia e História Mestre em Educação – UNICAMP Doutor em Educação – UNICAMP Pós-doutorando – UNICAMP [email protected] Autor dos livros: Jardineiro do pensamento -semear idéias e colher reflexões Do pergaminho à tela do computador: a trajetória do livro Livros de auto-ajuda para educação: o consumo de um produto semicultural Leitura, história e educação: um diálogo possível “Educar o homem é educar os cinco sentidos” (Marx) “Saber pensar não é só pensar. É também, e sobretudo, saber intervir. Teoria e prática e viceversa. Quem sabe pensar, entretanto, não faz por fazer, mas sabe por que e como faz.” (Pedro Demo) POSICIONAMENTOS DIANTE DA REALIDADE “Viviam, num país do Oriente, cinco cegos, que mendigavam juntos a beira de um caminho. Eram amigos em virtude de seu infortúnio comum. Todos tinham um grande desejo. Já haviam ouvido falar de um animal extraordinário, enorme, chamado elefante. Tão maravilhoso era o dito animal que muitos afirmavam que era divino. Mas eles, pobres cegos, nunca haviam estado com um elefante. Aconteceu, porque Alá ouviu suas preces, que um domador de elefantes foi por aquele caminho conduzindo seu animal. Foi uma festa! A criançada gritando, homens e mulheres falando. “Dona de casa com curso superior saiu para comprar artefato de cozinha que implica ter de montar. Comprou, leu as instruções, tentou, mas não conseguiu montar. Chega, então, sua empregada doméstica, analfabeta. Olha o artefato atentamente e monta, sem maiores dificuldades. A patroa estranha a perícia e questiona como poderia fazer aquilo, se ela, tendo estudado, não havia conseguido. Ela diz singelamente: “madame, quem não sabe ler, precisa usar a cabeça!” Ouvindo tal rebuliço, os cegos perguntaram: “O que está acontecendo?”. “Um elefante, um elefante”, responderam. Eles se encheram de alegria e pediram ao domador que deixasse tocar o elefante, já que ver não podiam. O domador parou o animal e os cegos se aproximaram. Um deles foi pela traseira, agarrou o rabo do elefante e ficou encantado. O segundo foi pelo lado, abraçou uma perna e ficou encantado. O terceiro apalpou o lado do elefante e ficou encantado. O quarto passou as mãos nas orelhas do elefante e ficou encantado. E o último segurou a trompa do elefante e ficou encantado. Ido o elefante, os cegos começaram a conversar. 1 17/9/2012 “Quem diria que o elefante é como uma corda?”, disse o primeiro. “Corda coisa nenhuma”, disse o segundo, “é como uma palmeira”. “Vocês estão loucos”, disse o terceiro. “O elefante é como um muro muito alto”. “Vocês não são só cegos dos olhos”, disse o quarto, “Vocês são cegos da cabeça, pois é claro que o elefante é como uma abanador”. “Doidos, doidos”, disse o quinto. “O elefante é como uma cobra enorme...” Por mais que conversassem, eles não conseguiram chegar a um acordo.” (Rubem Alves) “Considero impossível conhecer as partes sem conhecer o todo, assim como conhecer o todo sem conhecer as partes” (Pascal) “ver como o todo está presente nas partes e as partes presentes no todo” (Edgar Morin) “Minha filha me fez uma pergunta: “O que é pensar?”. Disse-me que esta era uma pergunta que o professor de filosofia havia proposto à classe. Pelo que lhe dou os parabéns. Primeiro por ter ido diretamente à questão essencial. Segundo, por ter tido a sabedoria de fazer a pergunta, sem dar a resposta. Porque, se tivesse dado a resposta, teria com ela cortado as asas do pensamento. O pensamento é como a águia que só alça vôo nos espaços vazios do desconhecido. Pensar é voar sobre o que não se sabe. Não existe nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Para isso existem as escolas: não para ensinar as respostas, mas para ensinar as perguntas.” Rubem Alves VIDEO: DANÇA A excelência nada mais é senão procurar ir além de si mesmo, tornar-se melhor que se é. Digo ser melhor do que se é, não necessariamente ser melhor do que o outro. A excelência implica a competição, mas uma competição consigo mesmo. Yves de La Taille 2 17/9/2012 Não por orgulho meu, mas, antes por me faltar o raso da paciência acho que sempre desgostei de criaturas que com pouco e fácil se contentam. Guimarães Rosa “Se devo ser sincero, então posso dizer que toda a minha vida escolar não foi senão um tédio constante e cansativo, que aumentava de ano em ano devido à minha impaciência por querer livrar-me daquele fastio cotidiano. Não lembro de ter-me sentido ‘alegre e feliz’ em nenhum momento de meus anos escolares – monótonos, cruéis e insípidos -, que me amargaram com determinação a época mais livre e bela da vida. (...) Era uma aprendizagem apática e insossa, voltada não à vida, mas ao puro ato de aprender coisas que nos eram impostas pela velha pedagogia. O único momento feliz e alegre que devo à escola foi o dia em que sua portas se fecharam para sempre às minhas costas.” Stefan Zweig Caro Monsieur Germain, (...) Acaba de me ser feita uma grande honra que não busquei nem solicitei. Mas quando eu soube da novidade, meu primeiro pensamento, depois de Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Fernando Pessoa Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. nada disso teria acontecido. Eu não faço questão dessa espécie de honra. Sê todo em cada coisa. Mas essa é ao menos uma ocasião para dizer-lhe o que você foi e é sempre Põe quanto és pra mim, e para assegurar-lhe que todos os seus esforços, o seu trabalho e No mínimo que o coração generoso que você coloca em tudo fazes. o que faz, sempre de maneira minha mãe, foi para você. Sem você, sem essa mão afetuosa que você estendeu ao menino pobre que eu era, sem seu ensino, sem seu exemplo, Fernando Pessoa que, não obstante a viva com relação a um de seus pequenos discípulos idade, não cessou jamais de ser o seu aluno reconhecido, Eu o abraço com todas as minhas forças. Albert Camus – 19 de novembro de 1957 1) Narrativa oral: história do pão, do sítio e Mil e Uma Noites VIDEO: CEGO 2) Palavra escrita: entusiasmo, desanimado, companheiro, textos Brecht 3 17/9/2012 O Elogio do Aprendizado Bertolt Brecht Aprenda o mais simples! Para aqueles Cuja hora chegou Nunca é tarde de mais! Aprenda o ABC; não basta, mas Aprenda! Não desanime! Comece! É preciso saber tudo! Você tem que assumir o comando! Aprenda, homem no asilo! Aprenda, homem na prisão! Aprenda, mulher na cozinha! Aprenda, ancião! Você tem que assumir o comando! Perguntas de um trabalhador que lê Bertolt Brecht Quem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros constam os nomes dos reis. Os reis arrastaram os blocos de pedras? E a Babilônia tantas vezes construída Quem a ergueu outras tantas? Em que casas da Lima radiante de ouro Moravam os construtores? Para onde foram os pedreiros Na noite em que ficou pronta a Muralha da China? A grande Roma está cheia de arcos de triunfo. Quem os levantou? Sobre quem triunfaram os césares? A decantada Buzâncio só tinha palácios Para seus habitantes? Freqüente a escola, você que não tem casa! Adquira conhecimento, você que sente frio! Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma. Você tem que assumir o comando. Não se envergonhe de perguntar, camarada! Não se deixe convencer Veja com seus olhos! O que não sabe por conta própria Não sabe. Verifique a conta É você que vai pagar. Ponha o dedo sobre cada item Pergunte: o que é isso? Você tem que assumir o comando Mesmo a legendária Atlântida, Na noite em que o mar a engoliu, Os que se afogavam gritavam pelos seus escravos. O jovem Alexandre conquistou a Índia. Ele sozinho? César bateu os gauleses. Não tinha pelo menos um cozinheiro consigo? Felipe de Espanha chorou quando sua Armada naufragou. Ninguém mais chorou? Frederico III venceu a Guerra dos Sete Anos. Quem venceu, além dele? Uma vitória em cada página. Quem cozinhava os banquetes da vitória? Um grande homem a cada dez anos. Quem pagava suas despesas? Tantos relatos. Tantas perguntas. VIDEOS: FRUTAS “Se fosse outra a idéia da educação, poder-se-ia ensinar a imaginar. Ensinase a multiplicar, a extrair a raiz quadrada, a nadar, a praticar esporte, mas não se ensina imaginar, o que seria fácil e teria como conseqüência uma prodigiosa dilatação da vida.” Julián Marías 4 17/9/2012 VIDEO: MONALISA VIDEOS: PALAVRAS CONCRETAS Video: Nietzsche ZEUS E TEATRO Se eu ouço, eu esqueço; Se eu vejo, eu lembro; Se eu faço, eu aprendo. 5