estácio de sá ciências da saúde

Transcrição

estácio de sá ciências da saúde
ISSN: 1984-2864
ESTÁCIO DE SÁ
CIÊNCIAS DA SAÚDE
REVISTA DA FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÂNIA
SESES – GO
VOL. 02, Nº 06, JULHO 2011/DEZEMBRO 2011
FICHA CATALOGRÁFICA DA REVISTA
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CPI)
FACULDADE DE GOIÁS
CATALOGAÇÃO NA FONTE / BIBLIOTECA FAGO
JACQUELINE R.YOSHIDA – BIBLIOTECÁRIA – CRB 1901
LOPES, Edmar Aparecido de Barra e (org.).
Revista de Ciências da Saúde da Faculdade Estácio de Sá de GoiásFESGO. Goiânia, GO, v. 02, nº06, Jul. 2011/Dez. 2011.
ISSN 1984-2864
Nota: Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO.
I. Ciências da Saúde. II- Título: Revista de Ciências da Saúde. III.
Publicações Científicas.
CDD 300
ESTÁCIO DE SÁ
CIÊNCIAS DA SAÚDE
FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS – FESGO
VOLUME 2, n. 06, Jul. 2011/Dez. 2011.
PERIODICIDADE: SEMESTRAL
ISSN: 1984-2864
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SUMÁRIO
ARTIGOS
08-17
CONTEÚDOS DE ENSINO DA NATAÇÃO
AGNALDO ANTÔNIO DA SILVA; RENATA BASTOS DOS SANTOS GONÇALVES; RAFAEL
VASCONCELOS BARROS
18-34
A APLICABILIDADE DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NAS AULAS PRÁTICAS
DE ESPORTES COLETIVOS NA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
JACKSON LOPES OLIVEIRA; MARILUCI BRAGA
35-42
INFECÇÕES AGUDAS DO TRATO RESPIRATÓRIO EM CRIANÇAS NOS
PRIMEIROS CINCO ANOS DE VIDA: AÇÕES DA ENFERMAGEM
ISABEL DE JESUS PEREIRA; LUVANOR LAMARTINS DE SOUZA; SUMAYA HELOW O. M.
PEIXOTO; ANA CLAUDIA CAMARGO CAMPOS
43-51
AVALIAÇÃO DA HUMANIZAÇÃO NO PRÉ-NATAL: A PERCEPÇÃO DAS
GESTANTES ASSISTIDAS PELO ENFERMEIRO (A) DE UMA UNIDADE DA
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMILIA (ESF) MUNICÍPIO DE GOIÂNIA/GO
LUCIENE DIAS RODRIGUES; ENILSA VICENTE FERREIRA
52-68
EFICÁCIA DE EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA ABERTA (CCA) E CADEIA
CINÉTICA FECHADA (CCF) EM PACIENTES COM RUPTURA DO
LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR (LCA): REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
RAFAEL VIEIRA REIS; RODRIGO SILVA RODRIGUES; MARCELO WATANABE DE MATOS
69-97
DIABETES MELLITUS GESTACIONAL: OS EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO
SOBRE AS ALTERAÇÕES GLICÊMICAS – UMA REVISÃO
ANDREA MELO FARIA VIEIRA; JACQUELINE LÉA DOS REIS; NATÁLIA CHITARRA DINIZ;
MARILUCI BRAGA
98-109
A INFLUÊNCIA DO EDUCADOR FÍSICO NA ADERÊNCIA DOS ALUNOS A
PRÁTICA DE EXERCÍCIOS EM ACADEMIAS
FILIPE FIGUEIREDO DE REZENDE; MARCELLE VALENTIM VIEIRA; BEATRIZ BICHALO;
MARICULI BRAGA
110-121
IATROGENIA DE ENFERMAGEM NA TERAPÊUTICA E A ESCASSA
TRADIÇÃO DE RECONHECER E REGISTRAR ERROS OU OMISSÕES
RELACIONADAS À FARMACOTERAPIA
EDSON SIDIÃO DE SOUSA JÚNIOR; MARGARETH OLIVEIRA AMÂNCIO
122-132
ALZHEIMER: INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM E O ESTÍMULO À
MEMÓRIA E À FUNÇÃO COGNITIVA AO IDOSO PORTADOR
MÁRCIA ELIANE DE OLIVEIRA FALCÃO; ANA PAULA LEITE RIBEIRO REBELLO FERREIRA
133-151
BH CIDADANIA E IDOSAS DA PEDREIRA PRADO LOPES: SINCRONISMO E
DESENCONTROS
FERNANDA CRISTINA DE OLIVEIRA; GILMAR FREIRE FERREIRA; POLIANE AGUIAR SILVA;
MARILUCI BRAGA
152-164
A VIABILIDADE DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
(SAE) EM SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA: UMA
ABORDAGEM REFLEXIVA
LEANDRA FERREIRA DA SILVA; HENILENE FERREIRA RIBEIRO; UILIA TEREZINHA ALVES;
VANEILA MORAES FERREIRA MARTINS
PESQUISAS
166-180
RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE FIBROMIALGIA E A INCIDÊNCIA DE
ESPONDILOARTROPATIAS DA COLUNA CERVICAL
DAMÁRIS CRISTINA DOS SANTOS BOITAR; LÁZARO GUTTO FONSECA VERAS
_________________________
ARTIGOS
8 SILVA, Agnaldo Antônio da; GONÇALVES, Renata Bastos dos Santos; BARROS, Rafael Vasconcelos.
Conteúdos de ensino da natação. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 8-17, Jul-2011/Dez-2011.
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CONTEÚDOS DE ENSINO DA NATAÇÃO
Agnaldo Antônio da Silva1; Renata Bastos dos Santos Gonçalves2; Rafael Vasconcelos Barros3
RESUMO
ABSTRACT
Este trabalho procurou, a partir de uma
revisão de literatura, conhecer os conteúdos
que os autores Cabral, Cristianini e Souza
(2001), Catteau e Garoff (1990), Colwin
(2000), Correa e Massaud (2001), Lima
(1999), Machado (1978), Maglischo (1999),
Makarenko (2001), Palmer (1990) e Velasco
(1997) elegem para o ensino, o sentido que
atribuem a cada um deles e identificar os mais
e menos eleitos. Os autores pesquisados não
apresentaram os mesmos conteúdos para o
ensino, com exceção dos quatro nados.
Divergiram também com relação à ordem de
aplicação dos conteúdos, ao conteúdo e
significado, e apresentaram nomenclaturas
diferentes com o mesmo significado. Os
conteúdos mais eleitos foram os quatro nados
(100%), adaptação e respiração (70%),
flutuação (60%), propulsão, saídas e viradas
(40%), deslize e descontração facial (30%),
visão subaquática, saltos, mergulho e
coordenação (20%), outros (10%). Essas
divergências
podem
influenciar
no
entendimento do leitor quando for iniciar uma
pesquisa, no processo de ensino para o
professor que busca dados e orientação e no
aprendizado do aluno que estará sujeito ao
conhecimento do professor.
Palavras-chave: natação, conteúdos de
ensino.
This paper sought, from a literature revision, to
present the contents that the authors Cabral,
Cristianini e Souza (2001), Catteau and Garoff
(1990), Colwin (2000), Correa and Massaud
(2001), Lima (1999), Machado (1978),
Maglischo (1999), Makarenko (2001), Palmer
(1990) and Velasco (1997) elected for their
study, as to attribute a sense to each one and
identify those that are most and least elected.
The authors researched did not present the
same opinions to the study, with an exception
to four different styles to swimming. They also
diverged opinions as regards to the order of the
contents applications, the content itself and its
meaning. As well as presenting different
nomenclatures with the same meaning. The
highly chosen contents were the four methods
of swimming(100%), breathing and adaptation
(70%), fluctuation (60%), propulsion, exits and
turns (40%), deglaze e facial contractions
(30%), sub aquatic vision, leaps, dives and
coordination (20%), others (10%). These
divergences may influence in the reader´s
knowledge when initiating a research, in the
process of a teacher´s study when seeking data
and orientation.
Keywords: swimming, study contents.
1
Mestre e docente da Faculdade Estácio de Sá-BH e do ISEAT (Instituto Superior de Educação Anísio Teixeira –
Fundação Helena Antipoff).
2
Graduanda em Educação Física pela Faculdade Estácio de Sá-BH.
3
Graduando em Educação Física pela Faculdade Estácio de Sá-BH.
9 SILVA, Agnaldo Antônio da; GONÇALVES, Renata Bastos dos Santos; BARROS, Rafael Vasconcelos.
Conteúdos de ensino da natação. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 8-17, Jul-2011/Dez-2011.
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INTRODUÇÃO
É difícil encontrar alguém que não tenha vivenciado alguma atividade no meio líquido,
seja em rios, cachoeiras, mares ou piscinas.
O fascínio do homem pela água data desde os primórdios. Historicamente, podemos
obter informações através de registros da entrada do homem na água por motivos diversos:
necessidade de sobrevivência, pesca, busca de alimento, fuga de predadores, “lazer”, dentre outros
(CATTEAU e GAROFF, 1990). A partir da sua entrada na água, ele permanece e começa a
interagir buscando maneiras de movimentar-se propulsivamente sem colocar os pés no chão –
inicialmente por imitação de animais e logo após buscando formas mais adequadas e rápidas de
deslocar-se.
Procurando melhores formas de “nadar”, entram em cena a técnica, para aprimorar os
movimentos e a busca de métodos de ensino que facilitem ou acelerem o aprendizado, tornando-o
mais eficiente e duradouro. Mais adiante, outros conhecimentos, como musculação, nutrição,
fisiologia, estudos biomecânicos, periodização do treinamento, são incorporados ä técnica visando
melhorar, cada vez mais, o desempenho do atleta.
Muitos autores, que iremos nos remeter nesse estudo, se debruçaram em pesquisar
componentes para efetivar o ensino, sempre tentando estabelecer seu grau de importância e
aplicabilidade.
O componente que nos propomos a tratar nesse artigo são os conteúdos associados ao
ensino-aprendizagem da Natação. Apesar de se reconhecer que vários fatores compõem o ensino,
como por exemplo: o ambiente, os materiais, a formação prévia do professor, os conteúdos
ensinados, a nosso ver, o que deveria ser comum entre os autores são os conteúdos necessários para
o ensino da natação (independente do uso que o aluno irá fazer do aprendizado – utilitário ou
desportivo).
Dessa forma, os objetivos desse trabalho são conhecer os conteúdos que os autores
Cabral, Cristianini e Souza (2001), Catteau e Garoff (1990), Colwin (2000), Correa e Massaud
(2001), Lima (1999), Machado (1978), Maglischo (1999), Makarenko (2001), Palmer (1990) e
Velasco (1997) elegem para o ensino, o sentido que atribuem a cada um deles e identificar os mais e
menos eleitos4.
4
Consideramos essa literatura por ser a mais utilizada nos cursos de Formação de Professores de Educação Física, em
Belo Horizonte, segundo os planos de curso.
10 SILVA, Agnaldo Antônio da; GONÇALVES, Renata Bastos dos Santos; BARROS, Rafael Vasconcelos.
Conteúdos de ensino da natação. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 8-17, Jul-2011/Dez-2011.
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AUTORES E RESPECTIVOS CONTEÚDOS DE ENSINO
Cabral, Cristianini e Souza (2001) apresentam os conteúdos que utilizam para o ensino
da natação, conceituando-os e indicando atividades adequadas para desenvolvê-los. Eles nos falam
de adaptação à água: primeiros contatos com o meio líquido; respiração: controle respiratório –
inspiração pela boca e expiração pelo nariz; descontração facial: submergir o rosto na água e
conviver com o incômodo causado por ela; visão subaquática: primeiros contatos dos olhos na água
– orientação e segurança; flutuação: dá o domínio da água; deslize: primeiros deslocamentos na
horizontal, com impulsão; pernada: o que o autor chama de pernada se equivale ao deslize com
propulsão; lateralidade: movimentos coordenados de respiração do nado Crawl; coordenação entre
pernas e respiração lateral; braço e respiração lateral; pernas, braços e respiração lateral; quatro
nados: Crawl, Peito, Costas e Borboleta, nesta ordem; movimentos de saídas e viradas dos nados.
Segundo Catteau e Garoff (1990) a primeira preocupação deve ser com o equilíbrio:
entrada na água, imersão completa, abandono do equilíbrio terrestre, equilíbrio horizontal estático e
dinâmico e reequilibração. A respiração pode ser desenvolvida na sequência ou mesmo durante o
ensino do equilíbrio, utilizando-se da apneia (bloqueio respiratório), abertura da boca, da glote,
respiração completa, expiração intensa, ritmo respiratório, resistência e aumento da resistência. A
propulsão pode ser desenvolvida a partir do abandono do apoio sólido (bordas e chão), com
propulsão pelas pernas, construção do espaço pelos braços, ritmo, procura da amplitude, do
rendimento e da velocidade. Os autores finalizam com os quatro nados: Crawl, Costas, Borboleta e
Peito, viradas e saídas.
Colwin (2000) apesar de reconhecer que “como seres eminentemente terrestres nossos
movimentos de natação iniciais são rústicos, comparativamente ineficazes e longe de ser
compatíveis com uma verdadeira eficiência na água” (p. 1), defende a idéia de que uma técnica de
aperfeiçoamento pode produzir uma propulsão surpreendentemente fácil e correta e coloca os
quatro nados (Crawl, Costas, Borboleta e Peito) como conteúdos básicos para aprendizagem da
natação.
Corrêa e Massaud (2001) falam de uma grande fase chamada de “adaptação” como
conteúdo de ensino que contempla desde a entrada na água e seus deslocamentos (andar) até
vivências de pernada de golfinho. No que chamam de “adaptação” estão incluídas as seguintes
fases: descontração facial (acostumar com a água no rosto); visão subaquática (através dos
primeiros contatos do rosto na água com os olhos abertos); respiração (pode acontecer pela imersão
parcial da face ou total, sob a forma de bloqueio ou através do processo respiratório – expiração
11 SILVA, Agnaldo Antônio da; GONÇALVES, Renata Bastos dos Santos; BARROS, Rafael Vasconcelos.
Conteúdos de ensino da natação. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 8-17, Jul-2011/Dez-2011.
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aquática pela boca e/ou nariz); flutuação (ato de deitar e permanecer na água e a capacidade de
passar da posição horizontal para a vertical); deslize ventral e dorsal (com ou sem impulsão e
propulsão); mergulho; salto da borda da piscina e atividades de sobrevivência no meio líquido. Para
esses autores o aluno só estará preparado para iniciar o aprendizado dos quatro nados (Crawl,
Costas, Peito e Borboleta) quando se encontrar adaptado ao meio líquido.
Lima (1999) apresenta os conteúdos que seriam importantes para o ensino da Natação,
chamando-os de seqüência pedagógica para aprendizagem dos estilos: adaptação ao meio líquido;
respiração geral; flutuação: ventral, dorsal, vertical e lateral; propulsão de pernas; propulsão de
braços; coordenação das pernas e braços; respiração específica lateral e frontal; coordenação das
pernas/braços e respiração; quatro nados (Crawl, Costas, Peito e Borboleta). Segundo o autor, a
vivência dessas fases certamente facilitaria o desenvolvimento motor e a aprendizagem efetiva e
consciente do aluno e, não somente, a cópia dos movimentos e sua execução na água.
Machado (1978) dividiu a moderna pedagogia do aprendizado da natação em unidades
capazes de levar aos seguintes objetivos: adaptação ao meio líquido (aceitação do meio líquido e
desenvolvimento da confiança através dos primeiros contatos com a água; entrar e sair da piscina;
andar em todos os sentidos e direções); flutuação (capacidade de se manter na superfície sem
nenhum auxílio – ventral e dorsal; imersão completa e imersão completa prolongada); respiração
(apnéia; apnéia prolongada; combinação dos movimentos respiratórios – inspiração e expiração.
Dividida em quatro fases: educação respiratória, respiração frontal, lateral e bilateral); propulsão (é
a capacidade que o corpo tem de se locomover dentro da água com os próprios recursos. Dividida
em três fases: noção de propulsão, propulsão das pernas e propulsão dos braços); mergulho
elementar (entrada na água por meio de salto, iniciando com o salto em pé até o salto propriamente
dito); quatro nados (Crawl, Costas, Peito e Borboleta); saídas, viradas e chegadas.
Maglischo (1999) buscou desenvolver seus estudos, estabelecendo bases de treinamento
para o melhor rendimento dos nadadores, a partir dos quatro nados (Crawl, Borboleta, Costas e
Peito).
Makarenko (2001), demonstra a necessidade do aluno realizar exercícios preparatórios
na água, o que servirá de auxílio para a adaptação das crianças ao novo meio insólito, sem as quais
seria impossível aprender as técnicas da natação desportiva. Porém, esse conteúdo ocuparia um
lugar de pouco destaque, servindo apenas para que o aluno pudesse se aquecer e interagir com a
água. Para o autor seria importante aplicar: exercícios físicos, especiais e gerais em terra; exercícios
preparatórios na água (adaptação); Mergulhos didáticos (saltos), mergulho associado à aterrissagem
12 SILVA, Agnaldo Antônio da; GONÇALVES, Renata Bastos dos Santos; BARROS, Rafael Vasconcelos.
Conteúdos de ensino da natação. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 8-17, Jul-2011/Dez-2011.
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dos saltos; exercícios para aprendizagem, precisão e fixação das técnicas dos quatro nados (Crawl,
Costas, Borboleta e Peito), incluindo os exercícios em terra.
Para Palmer (1990) a primeira aula é a mais importante, porque apresentará as
informações preliminares sobre a piscina, os materiais utilizados, segurança, temperatura, etc.
Depois disso, o aluno estará preparado para entrar na água e iniciar a fase de adaptação onde terá as
primeiras experiências no meio liquido para interagir e adquirir confiança. Ele fará deslocamentos
(andar), experimentará ajoelhar e assentar; flutuar de frente e de costas; afundar o rosto e fazer
bolhas (respiração); impulsionar e deslizar (de frente e de costas, batendo pernas, com auxílio de
flutuadores). Aprender a ficar de pé nas posições pronada e supina; fazer impulsão ventral e dorsal
(podendo ou não ser submerso – mergulho); deslizar nadando utilitariamente na posição horizontal:
ventral e dorsal – “nado cachorrinho e cachorrinho de costas, respectivamente” (nesse caso
envolveria a propulsão de pernas e braços). A partir daí estará apto a iniciar a aprendizagem do
quatro nados: Crawl, Costas, Peito e Borboleta.
Segundo Velasco (1997) o processo de adaptação começa pela ambientação ao meio
líquido. Quando o aluno for capaz de dominar a água e caminhar de forma equilibrada na piscina
inicia-se a adaptação polissensorial que ocorrerá através do contato do rosto com a água (parece ter
o mesmo objetivo que a descontração facial). A próxima etapa será o processo respiratório, ou seja,
e conscientização do movimento ativo e passivo da entrada e saída de ar no organismo, onde a
inspiração ocorre fora da água pela boca e expiração dentro da água, pela boca e/ou pelo nariz.
Após essas experiências o aluno estará pronto para realizar a Imersão. A autora afirma que, por já
estar adaptado, o aluno poderá avançar para a flutuação caracterizada pela capacidade de realizar
mudanças na posição do corpo de vertical para horizontal e de ventral e dorsal, experimentando
assim a sustentação, processo natural de domínio e o equilíbrio do corpo na água, ocorrendo na
posição ventral e diagonal. Por fim, o aluno que já tiver vencido todas as etapas anteriores,
apresentará as condições necessárias para sua propulsão de braços e pernas na água e a
aprendizagem dos movimentos adequados (técnica) de cada um dos quatro nados (Crawl, Costas,
Peito e Borboleta), incluindo suas respectivas entradas, saídas, viradas e chegadas.
Apresentamos a seguir um quadro com os conteúdos abordados pelos respectivos
autores e a frequência dos mesmos, apontando os mais e menos eleitos, de acordo com a literatura
analisada.
13 SILVA, Agnaldo Antônio da; GONÇALVES, Renata Bastos dos Santos; BARROS, Rafael Vasconcelos.
Conteúdos de ensino da natação. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 8-17, Jul-2011/Dez-2011.
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Conteúdo
Quatro nados
Adaptação
Respiração
Flutuação
Propulsão
Saídas e viradas
Deslize
Descontração facial
Chegadas
Coordenação
Mergulho
Salto (mergulho)
Visão subaquática
Aprender a ficar de pé (ventral e dorsal)
Deslocamento (na vertical)
Entrada
Equilíbrio
Exercícios preparatórios em terra associados aos nados
Imersão
Informações preliminares
Nados utilitários
Salto
Sobrevivência aquática
Autor
Cabral, Cristianini e Souza (2001);
Catteau e Garoff (1990);
Colwin (2000);
Correa e Massaud (2001);
Lima (1999);
Machado (1978);
Maglischo (1999);
Makarenko (2001);
Palmer (1990);
Velasco (1997).
Cabral, Cristianini e Souza (2001);
Correa e Massaud (2001);
Lima (1999);
Machado (1978);
Makarenko (2001);
Palmer (1990);
Velasco (1997).
Cabral, Cristianini e Souza (2001);
Catteau e Garoff (1990);
Correa e Massaud (2001);
Lima (1999);
Machado (1978);
Palmer (1990);
Velasco (1997).
Cabral, Cristianini e Souza (2001);
Correa e Massaud (2001);
Lima (1999);
Machado (1978);
Palmer (1990);
Velasco (1997).
Catteau e Garoff (1990);
Lima (1999);
Machado (1978);
Velasco (1997).
Cabral, Cristianini e Souza (2001);
Catteau e Garoff (1990);
Machado (1978);
Velasco (1997).
Cabral, Cristianini e Souza (2001);
Correa e Massaud (2001);
Palmer (1990).
Cabral, Cristianini e Souza (2001);
Correa e Massaud (2001);
Velasco (1997).
Machado (1978);
Velasco (1997).
Cabral, Cristianini e Souza (2001);
Lima (1999).
Correa e Massaud (2001);
Palmer (1990).
Machado (1978);
Makarenko (2001).
Cabral, Cristianini e Souza (2001);
Correa e Massaud (2001).
Palmer (1990).
Palmer (1990).
Velasco (1997).
Catteau e Garoff (1990).
Makarenko (2001).
Velasco (1997).
Palmer (1990).
Palmer (1990).
Corrêa e Massaud (2001).
Corrêa e Massaud (2001).
Quadro 1 – Conteúdos de ensino relacionado aos autores.
Percentual
100%
70%
70%
60%
40%
40%
30%
30%
20%
20%
20%
20%
20%
10%
10%
10%
10%
10%
10%
10%
10%
10%
10%
14 SILVA, Agnaldo Antônio da; GONÇALVES, Renata Bastos dos Santos; BARROS, Rafael Vasconcelos.
Conteúdos de ensino da natação. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 8-17, Jul-2011/Dez-2011.
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De acordo com o quadro acima pode-se perceber que os conteúdos eleitos pelos autores
estudados, por ordem decrescente de frequência, foram:
• Quatro nados: eleitos por todos (100%) os autores;
• Adaptação e respiração aquática: aparecem em 70% dos autores;
• Flutuação em 60% dos autores;
• Propulsão, saídas e viradas em 40% dos autores;
• Deslize e Descontração facial em 30% dos autores;
• Visão subaquática, saltos (mergulho), mergulho, chegadas e coordenação, aparecem
em 20% dos autores;
• Aprender a ficar de pé (ventral e dorsal), deslocamento (na vertical), entrada,
equilíbrio, exercícios preparatórios em terra associados aos nados, imersão, informações
preliminares, nados utilitários, salto e sobrevivência aquática aparecem em 10% dos autores
pesquisados.
DISCUSSÃO
A partir da revisão de literatura percebe-se que os autores pesquisados não são
unânimes quanto aos conteúdos que elegem para o ensino da Natação, com exceção dos “quatro
nados”, que foram relatados por todos, porém, encontramos diferenças quanto:
1 – À ordem que aplicam:
Ordem dos Nados
Crawl, Costas, Peito e Borboleta.
Autores
Correa e Massaud (2001);
Lima (1999);
Machado (1978);
Palmer (1990);
Velasco (1997).
Crawl, Costas, Borboleta e Peito.
Catteau e Garoff (1990);
Colwin (2000);
Makarenko (2001).
Crawl, Borboleta, Costas e Peito.
Maglischo (1999).
Crawl, Peito, Costas e Borboleta.
Cabral, Cristianini e Souza (2001).
Quadro 2 – Ordem de ensino dos nados de acordo com os autores.
15 SILVA, Agnaldo Antônio da; GONÇALVES, Renata Bastos dos Santos; BARROS, Rafael Vasconcelos.
Conteúdos de ensino da natação. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 8-17, Jul-2011/Dez-2011.
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2 – Ao sentido que atribuem ao ensino dos nados:
• Colwin (2000); Maglischo (1999) e Makarenko (2001) demonstram em seus relatos
que a competição é a finalidade maior e se empenham no desenvolvimento de técnicas cada vez
mais apuradas e de recursos que possam influenciar positivamente no desempenho dos atletas;
• Catteau e Garoff (1990), Machado (1978) e Velasco (1997) acreditam que os quatro
nados se colocam como um fim a ser atingido, buscando formas mais adequadas de ensiná-los e
aprimorá-los;
• Cabral, Cristianini e Souza (2001); Correa e Massaud (2001); Lima (1999) e Palmer
(1990) parecem demonstrar que os quatro nados se colocam como um meio de, além de ensinar a
nadar, desenvolver e aprimorar outros componentes importantes (Quadro 1) a partir do ambiente
aquático.
Os autores, muitas vezes, não são claros quando vão nomear e explicitar o sentido ou
significado que atribuem a determinado conteúdo, por exemplo, Cabral, Cristianini e Souza (2001),
Lima (1999), Machado (1978), Makarenko (2001) e Velasco (1997) descrevem a Adaptação como
uma fase do processo de ensino-aprendizagem, já Corrêa e Massaud (2001) e Palmer (1990) como
sendo todo o processo preparatório para o ensino dos nados.
Ocorre também o contrário quando aplicam termos diferentes com o mesmo sentido ou
significado, por exemplo, Cabral, Cristianini e Souza (2001); Correa e Massaud (2001) e Palmer
(1990) nomeiam de “deslize” (onde o aluno iria cuidar de seu próprio deslocamento na horizontal),
o que Lima (1999), Machado (1978), Catteau e Garoff (1990), Velasco (1997) parecem chamar de
“propulsão”.
Encontramos o mesmo significado atribuído ao conteúdo respiração, porém, os autores
Catteau e Garoff (1990), Corrêa e Massaud (2001), Machado (1978) evidenciam a necessidade de
trabalhar o bloqueio respiratório, sendo que os demais não o fazem.
Machado (1978) e Makarenko (2001) falam de mergulho associado ao salto, mas não
apresentam ou descrevem atividades associadas ao mergulho, apenas mencionam o mergulho como
forma de “aterrissagem” do salto.
Outros conteúdos pouco mencionados (10%) parecem fazer parte de uma conduta
individual de cada autor (Quadro 1). Talvez por acreditarem que pode influenciar no ensino e na
aprendizagem do aluno.
16 SILVA, Agnaldo Antônio da; GONÇALVES, Renata Bastos dos Santos; BARROS, Rafael Vasconcelos.
Conteúdos de ensino da natação. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 8-17, Jul-2011/Dez-2011.
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CONCLUSÃO
Em relação aos conteúdos de ensino nem sempre ficou claro o que alguns autores
chamam de “conteúdo” ou o que consideram relevante ensinar. Em alguns casos, citam
determinados conteúdos e não mencionam outros que são imprescindíveis para o ensinoaprendizagem da natação ou os deixam subentendidos. A única unanimidade encontrada foi os
quatro nados, porém, ainda assim divergem quanto à ordem de aplicação.
Como vários elementos compõem o ensino e cada um deles pode influenciá-lo, positiva
ou negativamente, os conteúdos, nesta perspectiva, podem colaborar para que o professor tenha um
referencial para sua prática. Nesse caso, deveria haver certa homogeneidade entre eles.
As divergências encontradas em relação ao sentido que aplicam a cada conteúdo e as
diferentes nomenclaturas utilizadas podem influenciar no entendimento do leitor quando for iniciar
uma pesquisa, no processo de ensino, pois a literatura é um dos referenciais onde o professor busca
dados e orientação e também no aprendizado do aluno que estará sujeito ao conhecimento do
professor.
O quadro 1 apresenta a freqüência dos conteúdos e, a partir dele, é possível identificar
os mais e menos eleitos. Como podemos perceber, alguns foram citados por determinados autores e
não por outros, talvez por não o reconhecerem ou considerá-lo (como conteúdo de ensino), por
desconhecê-lo ou mesmo por contemplá-lo dentro de outro conteúdo. O fato é que fica uma lacuna
para o leitor, além de trazer uma divergência na literatura.
Neste caso, seria importante que houvesse mais pesquisas para estabelecer certo
consenso com relação aos conteúdos a serem contemplados para se efetivar o ensino da natação,
como também o significado que se atribuirá a cada um, tornando-os mais claros para o professor e
mais adequados ao aluno.
REFERÊNCIAS
CABRAL, Fernando; CRISTIANINI, Sanderson; SOUZA, Wagner Alves de. Natação 1000
exercícios. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Sprint, 1995.
CATTEAU, Raymond; GAROFF, Gerard. Ensino da natação. 3a ed. SP: Editora Manole, 1990.
COLWIN, Cecil. Nadando para o século XXI. Rio de Janeiro: Editora Manole, 2000.
CORRÊA, Célia Regina Fernandes; MASSAUD, Marcelo Garcia. Natação para adultos. Rio de
Janeiro: Editora Sprint, 2001.
17 SILVA, Agnaldo Antônio da; GONÇALVES, Renata Bastos dos Santos; BARROS, Rafael Vasconcelos.
Conteúdos de ensino da natação. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 8-17, Jul-2011/Dez-2011.
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LIMA, William Urizzi de. Ensinando natação. São Paulo: Editora Phorte, 1999.
MACHADO, David C.. Metodologia da Natação. São Paulo: EPU, 1978.
MAGLISCHO, Ernest W.. Nadando ainda mais rápido. Rio de Janeiro: Editora Manole, 1999.
MAKARENKO, Leonid P.. Natação: Seleção de Talentos e Iniciação Desportiva. Tradução: Edson
de Godoy Palomares. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
PALMER, Mervyn L.. A ciência do ensino da natação. São Paulo: Editora Manole, 1990.
VELASCO, Cacilda Gonçalves. Natação segundo a psicomotricidade. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Editora Sprint, 1997.
18 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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A APLICABILIDADE DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NAS AULAS PRÁTICAS DE
ESPORTES COLETIVOS NA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Jackson Lopes Oliveira1; Mariluci Braga2
RESUMO
ABSTRACT
A graduação em Educação Física passou por
diversas mudanças ao longo dos anos. A
conjuntura política do país interferiu
diretamente nestas mudanças, a sociedade e o
mercado de trabalho também contribuíram,
exigindo profissionais que atendessem a uma
nova demanda. Sendo alvo de muitas
polêmicas, a grade curricular da graduação em
Educação Física tem como disciplina aulas
práticas, que necessitam de atenção especial.
Foi abordado em nosso estudo as aulas
práticas de esporte coletivo - que são repletas
de situações que exploram diversos fatores,
tais como: técnicos, táticos e cognitivos - na
educação a distância, sendo esta última, uma
nova proposta pedagógica na graduação em
Educação Física. Confrontar a educação a
distância na graduação em Educação Física é
tema central deste trabalho. Questionar a
aplicabilidade da educação a distância na
Educação Física é a proposta, tendo como
base as características pertinentes a cada uma.
Palavras-chave: Graduação em Educação
Física. Esporte coletivo. Educação à distância.
The degree in physical education has gone
through several changes over the years. The
situation in the country's political interfered
directly in these changes, society and the labor
market also contributed, requiring professionals
who meet a new demand. As the target of many
controversies, the grade curriculum of
graduation in physical education classes has the
discipline practices, which require special
attention. It was addressed in our study the
practice of sports collective lessons - which are
filled with situations that operate various
factors, such as: technical, tactical and
cognitive - in distance education, the latter
being a new proposal in teaching degree in
physical education. Confronting the distance
education in degree in Physical Education is
central theme of this work. Questioning the
applicability of distance education in Physical
Education is our purpose, based on the relevant
characteristics of each one.
Keywords: Degree in physical education.
Sports collective. Distance education.
INTRODUÇÃO
A formação em nível superior em Educação Física (EF) provocou ao longo dos anos
opiniões divergentes e muitas polêmicas. No contexto histórico brasileiro, foram constantes as
mudanças pedagógicas, relacionadas muitas vezes ao momento político em que o país vivia. E tudo
isso refletiu diretamente nesta área.
Em um primeiro momento, a formação do educador físico era voltada para a atuação
apenas no ensino formal, com o passar dos anos, a sociedade e o próprio mercado de trabalho
1
2
Graduando em educação Física pela Estácio de Sá.
Graduanda em Educação Física pela Faculdade Estácio de Sá.
19 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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passaram a exigir um profissional com características diferentes, surgiu então o curso de
bacharelado em Educação Física, que passou a formar profissionais para atender a esta demanda.
E na graduação em Educação Física, muitas são as suas particularidades e
características. A sua grade curricular, por exemplo – que inclusive foi tema de diversos debates e
polêmicas quanto a sua estruturação – possui aulas práticas, que necessitam de atenção especial.
Sendo também foco deste trabalho, serão abordadas as aulas práticas nos esportes
coletivos, que têm como critério para classificação: se existe ou não interação com o adversário.
Considerado por crianças e adolescentes como uma das atividades mais recreativas, os
esportes coletivos são repletos de situações que exploram diversos fatores, tais como: técnicos,
táticos e cognitivos.
Ao transportar todas essas propriedades dos esportes coletivos para a graduação em
Educação Física, surgem questões mais complexas acerca desta temática como, por exemplo, a
construção do conhecimento, a dicotomia entre teoria e prática, e o ensino-aprendizagem.
Amparadas por uma crescente demanda por formação profissional, especialização e
qualificação da mão-de-obra, as instituições de ensino passam a ofertar serviços e soluções para
atingir este público, que em grande maioria, estão geograficamente distantes ou não têm muito
tempo disponível. Assim a educação a distância vai ganhando seu espaço no mercado educacional.
Ao longo dos anos, as tecnologias a serviço da educação a distância (EaD) evoluíram, das
correspondências, dos programas de rádio e televisivos, passaram para os computadores com
internet, videoconferência, salas de bate-papo, enfim, um processo em constante mutação, pois a
velocidade do avanço tecnológico proporciona tais mudanças. No Brasil, um dos maiores
incentivadores da educação a distância é o governo, muitos projetos foram desenvolvidos, alguns
com êxito, outros nem tanto, pois a falta de continuidade se fez presente em muitos deles. Mas
diante da crescente evolução da educação a distância, foi preciso regulamentar as bases legais para a
modalidade, o que ocorreu em dezembro de 1996, autorizado pelo Ministério da Educação e Cultura
(MEC). A partir de então, passamos a ter leis para a educação à distância nos ensinos básico,
superior, pós-graduação, mestrado e doutorado.
Confrontar a educação a distância na graduação em Educação Física é tema central
deste trabalho. Questionar a aplicabilidade da educação à distância na Educação Física é o
propósito, tendo como base as características pertinentes a cada uma.
20 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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Educação à distância
A principal característica e o que vai fazer a educação a distância (EaD) se diferenciar
da educação convencional, é justamente a distância que separa os alunos dos professores.
Caracterizando a EaD como uma aula não presencial, faz-se necessário a utilização de
um meio de comunicação entre as partes envolvidas no processo. Poderíamos começar dizendo dos
cursos à distância por correspondência, em seguida os programas televisivos, e a partir de então,
com o advento da globalização, surge o uso de uma nova tendência, que é o uso de novas
tecnologias a serviço da EaD, tais como: mídias (disquetes, cd-rom), áudio, vídeo, teleconferência,
videoconferência, internet e programas de computadores (softwares).
Segundo Neto (2005), o advento da tecnologia, projetou de forma direta, influências e
mudanças também no campo de educação.
Mansur (2001) afirma que a EaD nasceu e se desenvolveu como resposta a um acúmulo
de necessidades educacionais. No entanto observamos características do EaD inserida em outros
contextos, como por exemplo, cursos técnicos profissionalizantes, treinamento e capacitação em
empresas.
Segundo Preti (1996), a EaD é, uma modalidade não tradicional, típica da era industrial
e tecnológica, cobrindo diferentes formas de ensino-aprendizagem, dispondo de métodos, técnicas e
recursos, postos à disposição da sociedade, tendo como alunos, um grupo bastante heterogêneo.
De acordo com Santos; Rodrigues (1999, p. 23), “a sociedade está tomando rumos em
que o conhecimento e a informação assumem papel fundamental”, fazendo com o que, cada vez
mais, e um número maior de pessoas, precisam aprender e se reciclar em tempo real, onde quer que
estejam e em momentos distintos, momentos que sejam convenientes, em função de uma rotina
diária totalmente atribulada. Há também uma busca constante e contínua para resolução de novos
problemas, levando em consideração que o trabalho e a aprendizagem estão se tornando
multidisciplinares e colaborativos, assim sendo, a EaD ganha destaque por atingir uma maior
audiência, atender um nicho de mercado onde as pessoas/clientes/estudantes não podem assistir
aulas presenciais, envolver educadores, profissionais externos que de outra forma não poderiam ser
aproveitados e eliminar a importância da proximidade geográfica.
Rodrigues; Barcia (1998) afirmam também que com a crescente demanda por formação,
conhecimento e atualização, que ocorre ao mesmo tempo em que o custo das tecnologias vão
diminuindo, coloca a EaD como uma alternativa viável e promissora para o atendimento
educacional no cenário atual.
21 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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Santos; Rodrigues (1999) advogam que ao idealizar e planejar um curso de EaD, é
primordial analisar criteriosamente as tecnologias e a forma como o serviço será disponibilizado,
tanto para os alunos como para o corpo docente, tendo em vista que, os alunos e os educadores são
o foco do processo de aprendizagem, e a tecnologia somente os servem. O corpo docente de um
curso de EaD, deve ser instruído sobre os conceitos, métodos e tecnologias de EaD, além de saber
operar equipamentos e técnicas para o ambiente de EaD. Os estudantes precisam estar altamente
motivados, familiarizados com computadores, características presentes na maioria dos que se
interessa por este tipo de ensino.
A integração entre a tecnologia digital com os recursos da telecomunicação
proporcionou condições de ampliar o acesso à educação, no entanto, o formato em que acontece a
comunicação entre os alunos e professores e entre os alunos, refletem diretamente no ensino e na
aprendizagem, “que precisam ser compreendidas ao tempo em que se analisam as potencialidades e
limitações das tecnologias e linguagens empregadas para a mediação pedagógica” (ALMEIDA,
2003, p. 3).
Segundo Santos; Rodrigues (1999), todos os programas eficazes de EaD, partem da
premissa básica que é um planejamento meticuloso em paralelo com um profundo entendimento das
exigências e requisitos do curso e das necessidades dos estudantes.
A Educação à distância no Brasil
Apesar de ser uma terminologia aparentemente recente, é de fato é, o conceito de EaD,
já era utilizado há bastante tempo.
Segundo Preti (1996) as transformações vividas no Brasil nos últimos anos, são reflexos
do processo evolutivo e a aceleração no ritmo das mudanças, e como resultado passou a gerar um
modelo de sociedade em que a formação é parte de uma estratégia de desenvolvimento,
produtividade e competitividade. Desta forma, para os órgãos governamentais, as políticas
direcionadas para a qualificação da mão-de-obra e dos recursos humanos ganham o máximo de
interesse e prioridade, e ainda contam com um processo de formação continuada, atualização
constante e renovação dos saberes.
Segundo informações do Ministério da Educação e Cultura (MEC, 2008), através da sua
Secretaria de Educação a Distância (SEED), no Brasil, as bases legais para a modalidade da EaD,
foram estabelecidas pela lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9.394, de 20 de
dezembro de 1996), que foi regulamentada pelo Decreto n.º 5.622, publicado no Diário Oficial da
União (D.O.U.) de vinte de dezembro de 2005 (que revogou o Decreto n.º 2.494, de 10 de fevereiro
22 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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de 1998, e o Decreto n.º 2.561, de 27 de abril de 1998) com normatização definida na Portaria
Ministerial n.º 4.361, de 2004 (que revogou a Portaria Ministerial n.º 301, de sete de abril de 1998).
De acordo com Nunes (1992 apud GEREMIAS, 2000), as experiências no Brasil em
EaD, são muitas, partindo dos órgãos públicos e das iniciativas privadas, envolvendo grande
número de pessoas e um dispêndio financeiro considerável. Porém, os resultados obtidos não foram
suficientes para superar as expectativas, tanto governamental como da sociedade de uma forma em
geral. Segundo o autor, as principais causas apontadas como fracassos são: “a descontinuidade dos
projetos, a falta de memória administrativa pública brasileira e certo receio em adotar
procedimentos rigorosos e científicos de avaliação dos programas e projetos” (NUNES, 1992 apud
GEREMIAS, 2000, p. 39).
Preti (1996) relata que no final do século XVIII, já eram vividas experiências educativas
a distância, a partir da segunda metade do século XIX se desenvolveram com êxito, com objetivos
claros de qualificação de mão-de-obra em função da crescente demanda oriunda da industrialização.
Já no século XX, ocorreu uma rápida expansão, sobretudo no ensino superior. A partir da década de
60 e 70, impulsionada por problemas na educação formal, pelo entusiasmo dos governantes em
relação à educação e concomitantemente a chegada do processo de democratização da sociedade,
aliados aos avanços tecnológicos na área da comunicação, a EaD vem caminhando a passos largos,
encontrando novas formas de educação.
Graduação em Educação Física
A temática acerca da formação em nível superior em Educação Física (EF) tem
promovido ao longo dos anos opiniões divergentes e polêmicas nos mais diversos aspectos, como
por exemplo, qual a grade curricular ideal, qual é a formação do profissional para o mercado e até
em relação ao próprio nome. Muitos destes questionamentos se devem também em relação à
dicotomia teoria-prática na EF (GHILARDI, 1998).
Conforme explica Gonçalves et. al. (2007), ao se estudar o contexto histórico da
Educação Física no Brasil, constata-se as constantes mudanças de concepções pedagógicas, que
estavam relacionadas diretamente com os momentos políticos e econômicos que o país vivia. O que
refletiu, evidenciando-se um dos grandes problemas existentes que é a falta de identidade do
profissional, “e conseqüentemente, o não reconhecimento da sociedade” (GONÇALVES et. al.,
2007, p. 495).
23 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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Segundo Betti (2005) após a 2ª guerra, o esporte entrou de forma vagarosa nas escolas e
posteriormente nas universidades como campo de pesquisa, onde o objetivo era o de intervir, com
embasamento científico, para maximizar o rendimento dos atletas.
De acordo com Manuel; Tani (1999) a EF tem uma tradição relativamente longa como
curso de preparação profissional. No primeiro momento, o objetivo era o de formar professores para
atuar no ensino formal, o que o caracterizava como um curso de licenciatura. Em função das
mudanças mercadológicas nos anos 80, onde uma parcela da população necessitava de outras
qualidades do profissional de EF, que não ficasse restrito apenas as ocupações tradicionais, ou seja,
como professor do ensino formal ou como técnico esportivo, surge o curso de bacharelado em EF, e
em algumas universidades o bacharelado em Esporte. Com a criação desses cursos, tornou-se
possível o atendimento a uma demanda de vários outros serviços e segmentos de mercado que o
típico licenciado não estava preparado para atender, e pelo fato de não estar preparado, abria a
possibilidade de um leigo atuar.
Surgem então, de acordo com o mesmo autor acima citado, algumas indagações:
•
Qual é o nosso objeto de estudo?
•
Como devemos estudá-lo?
•
Como deve se caracterizar a formação do profissional?
Para que se responda a essas questões e muitas outras que problematizam a formação do
profissional em EF, se faz necessário que tanto o licenciado quanto o graduado em EF, tenha a
noção exata de quais são os seus saberes, quais são as suas responsabilidades para com a sociedade
na disseminação do conhecimento teórico e prático, ambos embasados na produção do
conhecimento cientifico.
Corroborando com esse pensamento, Massa (2002) coloca como exemplo outras áreas
que possuem status profissional e social, como por exemplo, a engenharia e a medicina, que não são
tão questionadas e não precisam provar porque estão no ensino superior, pois são profissões
caracterizadas pela fundamentação acadêmica de suas práticas. Assim sendo, na medicina, se nos
relacionarmos com alunos e clientes, é necessário que se tenha conhecimento e embasamento
acadêmico e científico, caso contrário se igualam ao leigo ou ao oportunista e, traçando um paralelo
com a EF, os educadores físicos se igualam a qualquer um que conheça um pouco de regras de
modalidades esportivas, que repita seqüências de ginástica ou que tenha um apito na boca.
Verenguer (1997, p. 172), advoga que “os problemas relacionados a caracterização
profissional e às suas condutas, só poderão ser resolvidos se a atuação do profissional estiver
alicerçada em um suporte teórico proveniente de pesquisa”. E neste contexto, as universidades têm
24 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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uma grande parcela de responsabilidade, pois uma de suas principais funções é a formação de
recursos humanos que vão possibilitar o atendimento às necessidades da sociedade (GHILARDI,
1998).
De acordo com Verenguer (2007), ingressar em uma faculdade e em um curso
pretendido é motivo de grande alegria acompanhado de muita expectativa. Especificamente na EF,
a grande maioria dos jovens trazem uma visão pré-concebida sobre a profissão, sobre o profissional
e sobre o que vão aprender, visão esta que pode ser fruto de experiências esportivas ou escolares, o
que só faz aumentar a responsabilidade das universidades, que devem proporcionar um ambiente no
qual se possa refletir, superar, lapidar, criticar e, principalmente ampliar os saberes que os jovens
trazem consigo, com o objetivo de se conquistar um grau mais elevado e sofisticado de
profissionalização. Então todo o processo faz parte de uma grande engrenagem e, todos com suas
respectivas parcelas de participação, as instituições de ensino com suas responsabilidades
mencionadas acima, o corpo docente com a missão de transmitir os seus saberes para a formação do
profissional que o mercado busca e exige, e o próprio graduando, que também precisa se
comprometer para se tornar o profissional que a sociedade espera.
Segundo Verenguer (2007, p. 39), “a discussão sobre a profissionalização do docente
universitário passa a fazer parte da agenda daqueles envolvidos na reflexão sobre a qualidade do
ensino superior”.
Em uma profissão, as pessoas estão comprometidas com uma carreira, sendo a maneira
de executar o trabalho baseada no conhecimento (MANOEL; TANI, 1999). E o corpo docente
segue o mesmo caminho. A sua profissionalização reflete diretamente na qualidade do ensino. Na
mesma proporção que a sociedade exige mais dos profissionais que vão para o mercado, estes por
sua vez, precisão ter os seus conhecimentos ampliados, tornando-se um ciclo. E como subsídio para
ampliar os saberes dos graduandos, o corpo docente encontra à sua disposição uma grande aliada,
que é a tecnologia, e esta por sua vez, proporciona um novo modelo de educação, que vai exigir do
docente uma constante atualização nas novas ferramentas tecnológicas que surgem a todo o
momento no âmbito educacional.
Objeto de estudo da Educação Física
Segundo Peres (2001) a Educação Física ainda é uma disciplina que, na maior parte das
vezes é marginalizada, chegando até a ser excluída dos projetos pedagógicos de algumas escolas.
Existem ainda alguns profissionais que corroboram com esta situação ao afirmarem que deve ser
25 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
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dada maior atenção, ênfase às outras disciplinas como matemática, português e ciências, por
exemplo.
Existe uma corrente que defende que a Educação Física está em busca da sua
identidade, e que o estágio atual em que se encontra é conseqüência das influencias recebidas ao
longo dos anos, e a história retrata as influencias da área médica, militar e desportista.
Simultaneamente com a influência militar, que primava pela hierarquia de controle de
movimentos, a influência médica marcou pelos princípios eugenistas e higienistas, o que significava
hábitos saudáveis, higiênicos e a idéia de se aprimorar a raça humana. Sendo estes os pensamentos
da época, resultavam em uma concepção de Educação Física como uma perspectiva biológica, que
primava pelo físico do ser humano, ou seja, o objetivo era formar o indivíduo perfeito, o homem
forte e saudável, e a mulher também, pois a mesma teria que gerar uma prole também saudável,
contribuindo para o progresso da humanidade. Após a 2ª guerra, começa a emergir o pensamento
desportivo, a relação entre professor-aluno tornava-se diferente, neste momento o professor assumia
o papel de treinador e o aluno de atleta, um período excludente, pois àqueles que não tinham
aptidão física eram marginalizados e, consequentemente, excluídos.
Segundo Daolio (2004) as concepções de Educação Física como sinônimos de aptidão
física, tecnicistas, eugenistas e higienistas, utilizadas durante décadas, apenas refletem a noção mais
geral do ser humano, uma visão exclusivamente biológica, que somente nos últimos anos começa a
ser ampliada.
A partir de uma revisão do conceito de corpo e considerando a dimensão cultural a ele
inerente, a Educação Física pode ampliar seus horizontes e seus saberes, para vir a ser uma área que
possa estudar o homem além de sua dimensão biológica e a sua cultura corporal de movimento.
Sendo o mesmo, um indivíduo inserido em um determinado contexto e em um determinado
momento histórico, e qualquer intervenção pedagógica deve levar em consideração todos estes
aspectos.
Perfil do profissional de Educação Física
Segundo Ghilardi (1998) a formação do profissional em Educação Física passou por
algumas reformulações ao longo dos anos, desde a sua origem nas Universidades, em função de
novas exigências do mercado de trabalho e de uma demanda por parte da sociedade. Dentre estas
reformulações, uma das mais importantes foi à criação do bacharelado em Educação Física,
formando um profissional diferente do licenciado, que tem como segmento de atuação o ensino
26 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
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formal. O bacharel veio atender outro nicho de mercado, que era composto por academias, clubes,
empresas, condomínios, personal trainners, onde a atuação do profissional não consiste em somente
executar habilidades, mas em saber como e porque executá-las.
É mister que tanto o licenciado quanto o bacharel justifiquem a prática de qualquer
atividade motora e de qualquer movimento que envolva o corpo humano, em sua interação com o
meio. Os profissionais capazes somente de executar habilidades perdem espaço para os
profissionais que possuírem um conhecimento mais ampliado que faça compreender o homem e
seus movimentos nos mais variados contextos, levando ao seu cliente a dominar o próprio corpo em
movimento, tendo possibilidade e capacidade de solucionar os problemas motores que surgirem no
seu cotidiano.
Esportes Coletivos
Dentro das diversas classificações que se encontra na literatura, e sendo objetivo deste
trabalho, abordaremos duas categorias dos esportes. Apesar desta distribuição não incluir todas as
modalidades esportivas, envolve uma parcela importante do universo esportivo (GONZALES,
2004).
Segundo o mesmo autor, pode-se dizer que os critérios para essa classificação são:
•
Se existe ou não relação com o companheiro
•
Se existe ou não interação direta com o adversário
De acordo com Greco (2002, p. 62), “os jogos coletivos apresentam uma dualidade
constituída entre cooperação (entre jogadores da mesma equipe) e oposição (dos adversários) em
dois momentos do jogo, o ataque e a defesa”.
Segundo Gonzales (2004), de acordo com esses critérios, é possível classificar as
modalidades em individuais e coletivas, corroborando com Silva; Júnior (2005), quando utilizado o
critério relação com o companheiro ou com e sem a interação com o adversário.
Silva; De Rose Júnior (2005, p. 72) advogam que as modalidades esportivas coletivas
podem ser entendidas “como um confronto entre duas equipes, que se dispõem pelo terreno de jogo
e se movimentam de forma particular, com o objetivo de vencer”. São exemplos: basquete, futebol,
futsal, handebol e o voleibol.
Segundo Greco (2001) os esportes coletivos são considerados por crianças e
adolescentes, com uma das mais interessantes atividades recreativas. Fato que pode ser justificado
por vários fatores que são inerentes à modalidade, como por exemplo: companheirismo e rivalidade,
estratégias, incertezas e emoções. De acordo com o mesmo autor, “os jogos coletivos são atividades
27 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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ricas em situações imprevistas, que requisitam do praticante, respostas variadas, velozes, precisas,
complexas e muitas vezes realizadas sob pressão de tempo” (GRECO, 2001 p. 48).
Corroborando com o autor, Paula et. al. (2000, p. 13), diz que uma das características
dos esportes coletivos é a complexidade, e esta faz com que os atletas “tenham de ter uma
permanente atitude tático-estratégica para superar a imprevisibilidade estrutural que as situações do
jogo apresentam”.
Segundo Greco (2001), o esporte coletivo apresenta como referência a inter-relação
entre vários componentes: tempo, espaço, companheiros, adversário, bola, placar, objetivos e metas
a alcançar, que representa para o praticante um problema a ser superado.
Então as discussões sobre “o que fazer”, “quando fazer”, são imprescindíveis para a
compreensão do jogo, e que fazem parte do processo de ensino-aprendizagem-treinamento, onde se
ensina e treina os fundamentos, que são pertinentes a técnica (o que fazer) e o que está associado ao
cognitivo, que refere-se a tática (quando fazer). Todas as ações dos praticantes de jogos coletivos
devem ser analisadas do ponto de vista tático, pois permitem ao praticante se ordenar no tempo e no
espaço, na própria ação, considerar a ação do adversário, do colega, e de outros parâmetros que são
inerentes à situação de jogo (GRECO, 2001).
Diante da popularidade dos jogos esportivos coletivos, será que os mesmos são
considerados pelos professores de Educação Física e pelos treinadores como um tema atrativo e
simples de se aplicado nas aulas? (GRECO, 2001).
De acordo com Greco (1997), os resultados das diversas pesquisas sobre ensinoaprendizagem-treinamento permitem a utilização dos conhecimentos adquiridos para a
reformulação dos processos de ensino-aprendizagem-treinamento nos jogos coletivos, seja nas
escolas ou nos clubes, utilizando metodologias que sejam adequadas para cada fase e nível de
rendimento.
E essa reformulação de processos está também associada diretamente aos parâmetros
cognitivos, tais como: percepção, atenção, concentração, etc., que fazem parte do treinamento das
capacidades táticas. A formação do jovem acontece conforme suas necessidades, seus interesses e
sua maturidade. (GRECO, 1997)
Segundo Ribeiro; Volossovitch (2004, p. 15), o jogo desenvolve-se em um ambiente
onde “impera a instabilidade e a incerteza e onde emergem constantes apelos às capacidades
decisórias dos atletas”, pois na verdade, encontram-se múltiplas soluções para os problemas que
surgem. Então a partir de uma grande variedade de alternativas que o jogo proporciona, o jogador
precisa decidir, em um curto espaço de tempo, o que fazer, para onde ir, ou seja, encontrar uma
28 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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resposta ideal, para a partir daí, saber qual habilidade utilizará, como por exemplo, arremessar ou
passar a bola, driblar ou chutar ao gol e também como agir para acabar com os planos táticos do
adversário (BOMPA, 2005).
Segundo o mesmo autor, tomar decisões no menor tempo possível é difícil para
qualquer jogador, independente do seu nível. Vai haver uma variação nas categorias, em função da
velocidade do jogo, quanto maior a categoria, mais rápido o jogo, e por conseqüência menor será o
tempo para tomar as decisões. Os jogadores devem estar sempre atentos, a “leitura” do jogo permite
tomar a decisão visando à melhor ação.
Segundo Ribas (2005, p. 104), o professor de Educação Física, deverá conhecer e
compreender melhor o que ensina. “Estrutura geral das atividades, tipos de interações,
características essenciais, processos de tomadas de decisões, entre outros conceitos, irão auxiliar o
professor no desenvolvimento do saber da EF.” O referido autor, faz indagações importantes: Será
que temos isso claro em nossa prática pedagógica quando nos deparamos com uma grande
quantidade de práticas da cultura corporal de movimento? Será que temos instrumentos suficientes
para fazermos esta mediação, organização, sistematização, reflexão e síntese das distintas práticas
da cultura corporal de movimento?
O que acontece, segundo o mesmo autor, é que às vezes o profissional de EF, ensina o
esporte, por exemplo, baseando-se no que viu nos livros, ou na sua experiência prática e não leva
em consideração a cultura corporal do movimento que poderia auxiliá-lo na criação das aulas. Os
esportes coletivos não requerem uma lógica específica. Claro que alguns jogadores têm uma maior
capacidade técnica que outros, mas não seria uma maior capacidade de variação dessas técnicas,
uma maior capacidade de avaliar situações problemas e tomar rapidamente as decisões o que os
difere dos demais?
Os esportes coletivos, tendo como características a cooperação e a oposição, ou seja, a
minha ação depende da ação dos companheiros e dos adversários, leva o praticante, a todo o
momento, a tomar decisões, em função dos companheiros e dos adversários (RIBAS, 2005).
Portanto, o praticante de esportes coletivos deverá ler e interpretar as informações vinda de seus
companheiros e adversários e, por outra via, emitir informações aos seus companheiros e
adversários, porém, para os companheiros, informações claras e para os adversários, informações
obscuras.
Ao entender melhor a dinâmica das atividades, ficará mais fácil a transmissão de
informação pelo professor de EF. Ao mesmo tempo, os próprios alunos e/ou atletas poderão criar as
suas formas de participação (RIBAS, 2005). Ou seja, o processo de ensino-aprendizagem poderá ser
29 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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construído com os próprios alunos. De acordo com o mesmo autor, nos esportes coletivos de forma
geral, a lógica interna da modalidade não é um conhecimento único do professor e, na medida do
possível, o aluno terá condições de compreender melhor essa lógica, participando diretamente na
construção do conhecimento e ampliar o seu universo, entendendo e refletindo sobre o que acontece
fora do esporte, mas que é inerente à modalidade, como problemas de violência no esporte, mídia,
política, diferenças salariais entre jogadores, patrocinadores e o mundo de interesses que cercam o
universo esportivo.
A construção do conhecimento não se faz de forma isolada (KUNZ, 1999). A
participação ativa do discente é parte fundamental no seu próprio processo de formação e, através
desta interação com os docentes – que têm os seus saberes alicerçados pelo conhecimento científico
– é possível alcançar uma educação de qualidade (CEZAR; OLIVEIRA, 2007).
Graduação em Educação Física versus Educação a Distância
Relata Neto (2005) que de acordo com a abordagem de Piaget, o ser humano constrói
seu conhecimento e significados a partir das experiências e assimilação. “O indivíduo entende
novas experiências relacionando-as com as experiências anteriores” (NETO, 2005, p. 116). Ao se
defrontar com uma nova experiência, atual e esta não possuir relação com as experiências antigas,
ocorre um desequilíbrio.
A proposta pedagógica da graduação em Educação Física é clara no sentido de formar
educadores físicos e não atletas de alto rendimento. A construção dos saberes se idealiza e se
concretiza no “aprender para ensinar”. E como já foi discutido anteriormente, são muitas as
particularidades inerentes ao esporte, especificamente o coletivo. A construção do conhecimento do
graduando e também do próprio docente se dá através da interatividade, da troca de experiências e
da própria vivência no momento da aprendizagem.
Por outro lado, Geremias (2000, p. 13) afirmam que, “a EaD se apresenta na esfera
pedagógica como mais uma opção metodológica que, por ser relevante, merece nossa atenção”. E a
EaD também apresenta as suas particularidades, dentre elas podemos destacar a que talvez seja a
mais evidente, que é a separação física entre o aluno e o professor, e entre os próprios alunos. Estes
por sua vez, têm por característica o autodidatismo, a busca pela construção do seu próprio
conhecimento.
Ao correlacionarmos essas duas vertentes, a graduação em EF e a EaD, dúvidas
surgirão, pois cada uma delas possuem características bastantes específicas e que se contradizem
30 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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em relação à sua aplicabilidade. Como teríamos, por exemplo, o realismo das aulas práticas dos
esportes coletivos, se na EaD o aluno não se faz presente?
Podemos diante de tudo que foi aqui correlatado, entender que a EaD não é capaz de
gerar reações imprevistas e imediatas que para o ensino-aprendizagem dos esportes coletivos é de
suma relevância. No EaD não tem como o professor perceber estas reações para que o mesmo possa
mudar sua metodologia de ensinar. Isso nos faz questionar: seria então a EAD eficaz para o ensino
dos esportes coletivos nos cursos de Graduação em Educação Física?
Santos; Rodrigues (1999) corroboram quando dizem que uma das principais diferenças
da EaD em relação à educação presencial, é que o professor a distância, perde toda a percepção que
ele facilmente tem na aula presencial sobre o estado dos alunos se estão confusos, dispersos,
frustrados, etc. E além disso ele tem condições de gerar situações de imprevisibilidade, presentes no
esporte coletivo, para que os alunos coloquem em prática a tomada de decisão, questão presente a
todo o momento nos esportes coletivos. Já o professor a distância pode nem sequer saber se os
alunos estão presentes, dificultando assim uma avaliação fidedigna do processo ensino
aprendizagem das técnicas e táticas dos esportes coletivos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Preti (1999) hoje, inegavelmente está comprovada a eficácia da EaD, o que
não quer dizer que não cabe questionamentos e que a mesma deve sempre se aprimorar. Existem
estudos que apontam os aspectos positivos e negativos da EaD, porém, é importante que entenda a
EaD como uma ferramenta a mais no processo pedagógico, capaz de oferecer um serviço de
qualidade, acesso ao ensino superior, além de se constituir como uma forma de democratização do
saber. De acordo com o autor, em alguns países a EaD já é reconhecida por suas qualidades, sendo
considerada como a educação do futuro, de uma sociedade mediatizada pelos processos
informativos.
De acordo com Geremias (2000), o processo pedagógico vem sofrendo alterações, pois
são utilizados os recursos tecnológicos no auxílio à educação. E sempre que a tecnologia avança, o
processo educacional se altera para acompanhar este avanço, o que obriga uma adequação
tecnológica na educação.
Por outro lado, existe uma crescente demanda social e mercadológica de formação
profissional, qualificação e especialização nos mais diversos segmentos. O que só faz aumentar a
responsabilidade dos governantes e das instituições de ensino em todos os níveis.
31 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
práticas de esportes coletivos na graduação em Educação Física. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 18-34, Jul-2011/Dez-2011.
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Preti (1996) corrobora dizendo que com a crescente demanda por educação, em função
de uma série de fatores, tais como: expansão populacional, luta das classes trabalhadoras por
educação, ao saber social e em paralelo, a evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos,
estão exigindo mudanças no nível funcional e estrutural das escolas e universidades.
Do ponto de vista econômico/financeiro ou mercadológico, a lei da procura e da oferta
se aplica no estudo abordado, ou seja, existe uma crescente demanda por formação, qualificação e
especialização, e existe também, cada vez mais, a oferta por partes das instituições de ensino, que
buscam captar o maior número de alunos, oferecendo um ensino de qualidade. Do ponto de vista
pedagógico e educacional, cabem algumas ressalvas. Aulas caracterizadas como práticas, que é o
caso das aulas de esportes coletivos na graduação em EF, são atendidas na sua plenitude pela EaD?
Se na EaD os alunos não se fazem presentes, onde e como abordar a vivência prática que é parte
fundamental no processo de produção do conhecimento?
A troca de experiência e a interatividade, mesmo que remotamente, acontecem, pois
fazem parte do contexto da EaD, então nestes momentos o ocorre a produção do conhecimento, e
não cabe questionamentos, mas e quanto aos momentos que exigem a aprendizagem da técnica e da
tática no esporte coletivo? Dando uma maior ênfase à questão tática, que sua aprendizagem se
concretiza nas tomadas de decisão.
Fica então, como sugestão, pontos para serem abordados em futuros estudos nas
questões técnicas da EaD, o que ainda a tecnologia pode ofertar à EaD para contemplar estas
questões, por exemplo estudos sobre realidade virtual, se a mesma oferece recursos que possam
realmente aproximar da realidade, se financeiramente é viável uma proposta embasada nesta
tecnologia, tanto para as instituições quanto para os alunos.
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34 OLIVEIRA, Jackson Lopes; BRAGA, Mariluci. A aplicabilidade de Educação a Distância nas aulas
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35 PEREIRA, Isabel de Jesus; SOUZA, Luvanor Lamartins de; PEIXOTO, Sumaya Helow O. M.;
CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Infecções agudas do trato respiratório em crianças nos primeiros cinco
anos de vida: ações da enfermagem. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 35-42, Jul-2011/Dez-2011.
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INFECÇÕES AGUDAS DO TRATO RESPIRATÓRIO EM CRIANÇAS NOS PRIMEIROS
CINCO ANOS DE VIDA: AÇÕES DA ENFERMAGEM
Isabel de Jesus Pereira1; Luvanor Lamartins de Souza2; Sumaya Helow O. M. Peixoto3;
Ana Claudia Camargo Campos4
RESUMO
ABSTRACT
As doenças respiratórias representam uma
grande relevância da morbidade na infância
exercendo uma enorme pressão sobre os
serviços de saúde. Sofrem influências sociais
que aumentam consideravelmente o número
de casos de infecções respiratórias. Este
estudo teve como objetivos identificar a
assistência de enfermagem no cuidado de
crianças com problemas respiratórias, as
causas do seu aparecimento. Os materiais e
métodos de estudo utilizados foram artigos
publicados e revistas indexadas nos bancos de
dados: LILACS, PUBMED, SciELO e
BIREME. Com o presente trabalho percebe-se
que o serviço de saúde em épocas de
mudanças
climáticas,
proporcionar
o
aparecimento de infecções respiratórias em
crianças e sofrem influência também das
características sociais familiares tais como:
local de residência, habitantes por moradia e
falta de conhecimento
em relação às
infecções respiratórias.
Infecção
respiratória,
Palavras-chave:
criança, assistência de enfermagem, cuidados.
Respiratory diseases represent a major
relevance of infant morbidity exerting
enormous pressure on health services. Suffer
social influences that increase considerably the
number of cases of respiratory infections. This
study aimed to identify the nursing care of
children with respiratory problems, the causes
of their appearance. The study of articles
published in refereed journals and databases:
LILACS, SciELO, and BIREME. It is
perceived that the health service in times of
climate change, providing the appearance of
respiratory infections in children and also is
influenced by family social characteristics such
as place of residence, population for housing
and lack of knowledge regarding respiratory
infections.
Keywords: respiratory infection, child care
nursingcare.
1
Graduanda do curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás - FESGO.
E-mail: [email protected]
2
Graduando do curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás - FESGO.
E-mail: [email protected]
3
Graduanda do curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO.
E-mail: [email protected]
4
Doutora em Medicina Tropical. Orientadora e docente da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – FESGO.
E-mail: [email protected]
36 PEREIRA, Isabel de Jesus; SOUZA, Luvanor Lamartins de; PEIXOTO, Sumaya Helow O. M.;
CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Infecções agudas do trato respiratório em crianças nos primeiros cinco
anos de vida: ações da enfermagem. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 35-42, Jul-2011/Dez-2011.
________________________________________________________________________________________
INTRODUÇÃO
1.1
Caracterização do Problema
As infecções respiratórias na infância abrangem um amplo espectro de eventos
mórbidos de diferentes etiologias e de distinta gravidade que, em comum, caracterizam-se por
comprometer uma ou mais porções do trato aéreo (MACEDO et. al., 2003) Entre os determinantes
imediatos dessas doenças encontram-se, de um lado, uma ampla gama de vírus e bactérias e, de
outro, alérgenos, agentes químicos, físicos e traumas (BENICIO et. al., 2000).
As doenças do trato aéreo representam uma grande relevância da morbidade na infância
e, nessa medida, exercem enorme pressão sobre os serviços de saúde (MACEDO et. al., 2003). Em
países em desenvolvimento, acredita-se que 25,0% a 33,0% do total das mortes observadas nos
cinco primeiros anos de vida sejam causadas por infecções respiratórias agudas (FAÇANHA et. al.,
2004). Acredita-se que em alguns países ocorram, anualmente, em menores de 5 anos, cerca de 4
milhões de mortes, a maior parte delas devidas à pneumonia (FAÇANHA et. al., 2004).
Além de sofrer a influência de fatores socioeconômicos, em virtude das desigualdades
existentes, as infecções respiratórias aumentam consideravelmente as taxas de hospitalização de
crianças, elevando a demanda de serviços de saúde e exigindo uma complexidade de ações, em
decorrência da peculiaridade da clientela assistida (MONTEIRO et. al., 2007).
Segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2002), as doenças respiratórias agudas podem
ser denominadas de acordo com a ocorrência, de um processo inflamatório infeccioso ou nãoinfeccioso, sofrendo a influência de patógeno, fatores alérgicos e traumas.
1.2
Conceituação da problemática
As infecções respiratórias agudas (IRA) podem ser denominadas como: um processo
inflamatório infeccioso (resfriado comum e pneumonias) ou não-infeccioso (rinite alérgica),
sofrendo a influência de patógenos, fatores alérgicos e traumas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
As doenças respiratórias podem ser classificadas em altas e baixas, diferenciando-se pelo grau de
acometimento do trato respiratório. As doenças respiratórias consideradas altas têm, em geral, curso
benigno e são auto limitadas, já as baixas tendem, a se estender por períodos maiores de tempo e, se
não tratadas, podem colocar em risco a vida das crianças (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).
37 PEREIRA, Isabel de Jesus; SOUZA, Luvanor Lamartins de; PEIXOTO, Sumaya Helow O. M.;
CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Infecções agudas do trato respiratório em crianças nos primeiros cinco
anos de vida: ações da enfermagem. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 35-42, Jul-2011/Dez-2011.
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As infecções agudas do trato respiratório superior são aquelas que atingem
principalmente as estruturas acima da laringe, porém a maioria dessas infecções afeta simultânea ou
sequencialmente as partes superiores e inferiores deste trato (OLIVEIRA et. al., 2009). As
características fisiopatológicas incluem: infiltrados inflamatórios e edema da mucosa, congestão
vascular, aumento da secreção de muco, alterações da estrutura e funções ciliares (DUARTE, 2000);
(OLIVEIRA et. al., 2009).
As
IRAs são classificadas em muito grave, pneumonia grave, pneumonia e não-
pneumonia. Essa classificação varia de acordo com a idade da criança e as manifestações clínicas da
doença (SANDER et. al., 2000). Inúmeros fatores de risco estão relacionados aos problemas
respiratórios e idade da criança, número de moradores por domicílio, desnutrição, escolaridade
materna, desmame precoce, estação climática, tabagismo passivo, revelando uma maior incidência
de infecções em crianças cujos pais apresentam baixa renda familiar, dificuldade de acesso ao
serviço de saúde ou até mesmo a precariedade destes serviços, resultando no agravamento da
doença (CAETANO et. al., 2002)
1.3
Etiologia das infecções respiratórias
Os principais agentes virais associados com a patogenia das infecções das vias aéreas
inferiores são, em ordem decrescente de frequência: o vírus respiratório sincicial (VRS), seguido do
para-influenza, influenza e adenovírus infecçoes respiratórias (WEISSENBACHER et. al., 2002).
Em se tratando de infecções bacterianas, estudos evidenciam uma taxa de infecção alta entre
pacientes, especialmente nas infecções respiratórias cujas bactérias predominantes foram: Klebsiella
pneumoniae,
Pseudomonas
aeruginosa
e
Staphylococcus
aureus,
considerados
agentes
multirresistentes (RODRIGUES et. al., 2002).
Mudanças climáticas bruscas ajudam a piorar a qualidade do ar respirado, sobretudo
quando a massa de ar frio dificulta a corrente de ventos e faz precipitar o material particulado da
atmosfera nas grandes cidades. Com isso, há aumento significativo para os casos de pneumonia,
asma e bronquiolite (MACEDO et. al., 2003). Desta forma, os problemas respiratórios acometem
principalmente a infância, especialmente nos primeiros cinco anos de vida, pela suscetibilidade e
imaturidade do trato respiratório nessa faixa etária (D’ELIA et. al., 2002).
38 PEREIRA, Isabel de Jesus; SOUZA, Luvanor Lamartins de; PEIXOTO, Sumaya Helow O. M.;
CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Infecções agudas do trato respiratório em crianças nos primeiros cinco
anos de vida: ações da enfermagem. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 35-42, Jul-2011/Dez-2011.
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OBJETIVOS
Identificar a assistência de enfermagem no cuidado de crianças com problemas
respiratórias, as causas do seu aparecimento.
METODOLOGIA
Realizou-se uma busca sistemática através de artigos disponibilizados em revistas
indexadas publicadas no período de janeiro de 2000 a junho de 2010, através da utilização de dados:
LILACS, PUBMED, SCIELO e BIREME. Os descritores utilizados foram: infecção respiratória,
crianças, assistência de enfermagem, cuidado.
DISCUSSÃO
Segundo FAÇANHA (et. al., 2004), as doenças respiratórias na infância abrangem um
amplo espectro de eventos mórbidos de diferentes etiologias e de distinta gravidade que, em comum
caracterizam-se por comprometer uma ou mais porções do trato respiratório, sobrecarregando assim
o serviço de saúde.
Sabe-se que são muitos os micro-organismos (sobretudo vírus) capazes de causar
doença primária no trato respiratório. O mesmo patógeno pode causar infecção inaparente ou
sintomas clínicos de intensidade e extensão variadas (DUARTE et. al., 2003). As infecções
respiratórias infantis incluem em sua sintomatologia tosse, febre, dispnéia, inflamação orofaríngea,
otalgia, anorexia, coriza nasal, tiragem sub e intercostal e cianose (MONTEIRO et. al., 2007).
Alguns destes sintomas representam agravos decorrentes do processo inflamatório
causado pelo acúmulo de secreções, tanto no trato respiratório inferior como no superior,
dependendo da região atingida e do agente etiológico, que contribuem para a obstrução das vias
aéreas nestas crianças (MONTEIRO et. al., 2006).
Os fatores socioeconômicos contribuem e influenciam para que ocorram as infecções
respiratórias aumentando assim as taxas de hospitalização de crianças, elevando a demanda de
serviços e exigindo uma complexidade de ações, em decorrência da peculiaridade da clientela
assistida (SANDER et. al., 2000). A enfermagem pode atuar de forma direta, promovendo educação
continuada nas comunidades, esclarecendo sobre os principais fatores que contribuem para a
39 PEREIRA, Isabel de Jesus; SOUZA, Luvanor Lamartins de; PEIXOTO, Sumaya Helow O. M.;
CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Infecções agudas do trato respiratório em crianças nos primeiros cinco
anos de vida: ações da enfermagem. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 35-42, Jul-2011/Dez-2011.
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infecção, promovendo a prevenção e minimizando os processos da internação hospitalar
(PRIETSCH, 2002)
Segundo CAETANO (et. al., 2002), as causas que envolvem problemas respiratórios em
crianças estão relacionadas: à idade, número de moradores por domicílio, desnutrição, escolaridade
materna, desmame precoce, estação climática, e tabagismo passivo. Esta maior incidência de
infecções em crianças esta relacionado também com a diminuição renda familiar dificuldade de
acesso ao serviço de saúde ou até mesmo a precariedade destes serviços, resultando no agravamento
da doença. (PRIETSCH, 2002)
Estudos desenvolvidos na área de doenças respiratórias mostram que o número de
pessoas que coabitam a mesma casa está associado com o aumento dos problemas respiratórios, pois
esta variável pode atuar como fator de risco pela maior possibilidade de transmissão do patógeno
(CAETANO et. al., 2002). Assim a enfermagem pode atuar junto à família com orientações a
respeito dos hábitos individualizados e coletivos a fim de diminuir e/ou evitar as infecções
respiratórias na infância. (CANTANAGLI et. al., 2010)
OLIVEIRA (et. al., 2009), relatam que a situação tornou-se preocupante, pois o número
de óbitos de criança menores de cinco anos no mundo inteiro, por infecção respiratória, foi de 9,7
milhões no ano de 2005. Destes, dezenove por cento foram devida as infecções agudas do trato
respiratório. No Brasil no ano de 2006, houve 48.375 internações de crianças por infecções
respiratórias, o que proporcionalmente corresponde a 40,12% do total de internações (MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2007).
Ainda segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE, no Brasil no ano de 2005, 5,61% dos
casos de óbito de crianças menores de cinco anos estão relacionados à infecção respiratória. No
Centro-0este o índice foi de 4,82%.
Taxas elevadas de morbidade mostram a amplitude e a necessidade do estudo das IRAs,
especialmente em crianças menores de cinco anos. Na sua maior parte as infecções respiratórias
brônquicas e alveolares, são responsáveis por 90,0% das internações por problemas respiratórios
(CAETANO et. al., 2002).
Neste âmbito, a assistência à criança deve contemplar ações sistematizadas que
englobam: o levantamento de dados sobre a situação sócio-econômica da família, a avaliação física
e dos exames laboratoriais, a intervenção da enfermagem perante aos cuidados de enfermagem e o
diagnóstico de enfermagem funcionando de forma integral (MONTEIRO et. al., 2007). Essa equipe
de profissionais precisa conhecer as implicações da hospitalização para a criança e a família e, desta
40 PEREIRA, Isabel de Jesus; SOUZA, Luvanor Lamartins de; PEIXOTO, Sumaya Helow O. M.;
CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Infecções agudas do trato respiratório em crianças nos primeiros cinco
anos de vida: ações da enfermagem. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 35-42, Jul-2011/Dez-2011.
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forma, propor intervenções e cuidados pertinentes durante as internações como, pesar a criança,
orientar a mãe da criança no banho de aspersão, observar e anotar a aceitação das dietas, manterem
cabeceira elevada a 45º, realizar confecção de curativo de dreno além de outros cuidados
(OLIVEIRA, et. al. 2009).
CONCLUSÃO
Acredita-se, portanto, que a qualidade da assistência de enfermagem prestada à criança
poderá diminuir o período de internação e futuras re-internações mediante as orientações prestadas
aos seus cuidadores e a um plano adequado de assistência em enfermagem. Observamos que, apesar
dos altos índices de mortalidade e déficit de assistência em enfermagem para indivíduos nesta faixa
etária, são poucos os artigos publicados sobre o assunto. Desta forma, procuramos identificar o
papel da assistência de enfermagem, em seu campo de atuação, com crianças de até cinco anos
portadoras de doenças do trato respiratório, através de uma revisão bibliográfica em revistas
indexadas. Torna-se necessário, traçar estratégias para o controle e uma avaliação mais específica e
individualizada pelos profissionais de enfermagem através do uso do diagnóstico de enfermagem,
onde o enfermeiro poderá atuar minimizando os fatores relacionados aos problemas de saúde atuais
ou potenciais ligados às infecções respiratórias durante a infância.
Tendo em vista a delicada temática desenvolvida neste estudo, buscamos aqui tentativas
de compreender como a enfermagem, perante sua realidade, atuam num ambiente de trabalho,
promovendo a assistência centrada nos procedimentos técnicos e tecnológicos. E que a habilidade, o
tempo, a tomada de decisões, o trabalho de equipe, a liderança e a capacitação são fundamentais
para alcançar um objetivo comum, que é recuperar ou salvar a vida de uma criança.
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41 PEREIRA, Isabel de Jesus; SOUZA, Luvanor Lamartins de; PEIXOTO, Sumaya Helow O. M.;
CAMPOS, Ana Claudia Camargo. Infecções agudas do trato respiratório em crianças nos primeiros cinco
anos de vida: ações da enfermagem. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 35-42, Jul-2011/Dez-2011.
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42 PEREIRA, Isabel de Jesus; SOUZA, Luvanor Lamartins de; PEIXOTO, Sumaya Helow O. M.;
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43 RODRIGUES, Luciene Dias; FERREIRA, Enilsa Vicente. Avaliação da humanização no pré-natal: a
percepção das gestantes assistidas pelo enfermeiro (a) de uma unidade da estratégia de saúde da família
(ESF) município Goiânia/GO. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 43-51, Jul-2011/Dez-2011.
AVALIAÇÃO DA HUMANIZAÇÃO NO PRÉ-NATAL: A PERCEPÇÃO DAS
GESTANTES ASSISTIDAS PELO ENFERMEIRO (A) DE UMA UNIDADE DA
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) MUNICÍPIO DE GOIÂNIA/GO
Luciene Dias Rodrigues1; Enilsa Vicente Ferreira2
RESUMO
ABSTRACT
O trabalho teve como objetivo principal,
compreender e avaliar o grau de satisfação das
gestantes como dignas de direito, de
participarem do programa de pré-natal como
sujeitos que têm sentimentos, medos; dúvidas
durante a gravidez. A amostra consistiu de
treze (13) gestantes, todas maiores de vinte
(20) anos, com nível educacional além do
ensino fundamental. Os resultados indicaram
de maneira superficial que a maioria das
gestantes encontra-se satisfeita com o
atendimento de pré-natal realizado pelo
enfermeiro (a). Contudo, ao afunilarmos as
questões,
notamos
muitas
dúvidas,
descontentamentos e até dificuldades ao
acesso para consultas de pré-natal.
Palavras-chave: humanização, pré-natal,
consulta de enfermagem.
This study aimed to understand and assess the
degree of satisfaction of women as worthy of
rights to participate in the program of prenatal
care as individuals who have feelings, fears,
doubts during pregnancy. The study sample
consisted of thirteen (13) all women over
twenty (20) years of educated beyond
elementary school. The results indicate
superficially that most women are satisfied
with the care of prenatal care performed by
nurses (a). With everything to narrowing the
issues we noticed many doubts, dissatisfaction
and even difficulty in access to prenatal care.
dissatisfaction and even difficulty in access to
prenatal care.
Keywords: humanization, prenatal, nursing.
INTRODUÇÃO
Atualmente a consulta de enfermagem na rede básica de saúde é realizada de acordo
com o roteiro estabelecido pelo Ministério da Saúde (2006), garantida pela Lei 7.498, de 25 de
Junho de 1986, que dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem, do Decreto 94.406,
de 08 de Junho de 1987, o qual a Lei acima citado, e da resolução do COFEN n. 271/2002 reafirma:
“o pré-natal de baixo risco pode ser inteiramente acompanhado pelo enfermeiro (a)”.
1
Graduanda do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – Goiânia/GO – 2009.
Orientadora: Enfermeira, docente da Faculdade Estácio de Sá de Goiás, Mestre em Ciências Ambientais e Saúde.
E-mail: [email protected]
2
44 RODRIGUES, Luciene Dias; FERREIRA, Enilsa Vicente. Avaliação da humanização no pré-natal: a
percepção das gestantes assistidas pelo enfermeiro (a) de uma unidade da estratégia de saúde da família
(ESF) município Goiânia/GO. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 43-51, Jul-2011/Dez-2011.
A atenção obstétrica e neonatal deve ter como características essenciais a qualidade e a
humanização. É dever dos serviços e dos profissionais de saúde acolher com dignidade a mulher e o
recém-nascido, enfocando-os como sujeitos de direitos. Considerar o outro como sujeito e não
como objeto passivo da nossa atenção é a base que sustenta o processo de humanização (MS –
MANUAL TÉCNICO PRÉ-NATAL, 2006).
A atenção pré-natal qualificada e humanizada se dá por meio da incorporação de
condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias; do fácil acesso a serviços de saúde de
qualidade, com ações que integrem todos os níveis de atenção – promoção, secundário e, terciário
se necessário.
Segundo o MS (MANUAL TÉCNICO PRÉ-NATAL, 2006), a atenção às gestantes
deve ocorrer no sentido de reduzir as taxas de morbimortalidade materna e infantil, adotando-se
medidas que assegurem a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento prénatal, da assistência ao parto, puerpério e assistência neonatal.
Quanto mais cedo à gestante iniciar o pré-natal, maior o nível de segurança para ter um
parto e nascimento humanizados, pois desde o inicio da gravidez experimenta sensações, emoções,
mudanças no seu corpo onde a assistência deve prever que as vivências são de forma
individualizada e distinta.
Sabe-se que um pré-natal inadequado é espelho dos altos índices de morbimortalidade
na gestação e parto, uma vez que 90% das causas de morte materna diretas são evitáveis no prénatal e menos de 10% morrem de causas indiretas.
Um outro aspecto importante é o da educação em saúde. O trabalho educativo em
grupo é uma partilha das trocas das experiências das gestantes e do facilitador – é quando pode se
ter uma abordagem holística entre o micro e o macro, transpassando o conceito preventivo do cuidar
(MUNARI; RODRIGUES, 1997).
O SER ENFERMEIRO
O ser enfermeiro congrega e articula a responsabilidade, o engajamento, a gentilezaempatia, o respeito, interesse e amor superando através desses sentimentos que estão interligados e
inseridos no pessoal, profissional e coletivo. Ética é o primeiro em toda essa vivência, entendida
como competência que está acima do conhecimento tecnicista, mas não do processo também no
sentido científico-tecnológico, onde com todos os cuidados explícitos nesse parágrafo o processo de
ser enfermeiro emerge (CASTANHA, 2004).
45 RODRIGUES, Luciene Dias; FERREIRA, Enilsa Vicente. Avaliação da humanização no pré-natal: a
percepção das gestantes assistidas pelo enfermeiro (a) de uma unidade da estratégia de saúde da família
(ESF) município Goiânia/GO. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 43-51, Jul-2011/Dez-2011.
A EVOLUÇÃO DO PRÉ-NATAL
No final da década de 90, após quase 20 anos da instituição do Programa de Assistência
Integral à Saúde da Mulher (PAISM), o cuidado à saúde da mulher no Brasil permanecia com
muitos obstáculos a serem considerados. O Ministério da Saúde havia definido como prioridade a
sistematização de três linhas principais de ações como melhorar a saúde reprodutiva, reduzir a
mortalidade materno infantil por causas evitáveis com a excelência do pré-natal e do parto e
combater a violência contra a mulher (SERRUYA, 2003).
O panorama justificou o lançamento do Programa de Humanização no Pré-Natal e
Nascimento (PHPN). Acolher e esclarecer questões prementes para a grávida e (seu ou sua)
acompanhante na consulta é algo vital e trás possibilidades de um bom momento para uma escuta
digna e cuidadosa, trazendo confiança e minimizando ansiedades futuras.
A humanização resgata a autonomia e cidadania de gênero para a mulher:
O diálogo franco, a sensibilidade e a capacidade de percepção de quem acompanha o prénatal são condições básicas para que o saber em saúde seja colocada à disposição da mulher
e da sua família – atores principais da gestação e do parto (MS, 2005).
O pré-natal foi instituído no início do século XX e chegou ao Brasil por volta das
décadas de 20 e 30, se estabelecendo no pós-guerra (GALLETA, 2000), porém a enfermagem com
seu ofício de cuidar sempre estiveram presente no acompanhamento e avaliação da gestação e do
parto, remotamente chamadas de parteiras, depois obstetras e hoje, enfermeiras obstetras (OSAVA
& TANAKA, 1997).
No Brasil, a atenção à mulher na gestação e parto permanece como um desafio, tanto no
que se refere à qualidade propriamente dita, quanto aos princípios filosóficos do cuidado, ainda
centrado em um modelo medicalizante, hospitalocêntrico e tecnocrático (MENDES, 1984;
TANAKA, 1995; DAVIS-FLOYD, 2001).
A assistência a mulher na gravidez, um dos serviços públicos de saúde há mais tempo
existente no país, foi por muitos anos, realizada com enfoque que buscava melhorar principalmente
os indicadores da saúde infantil. A chamada assistência materno-infantil era inicialmente
representada apenas por consultas no pré-natal e assistência hospitalar ao parto. No final da década
de 70, os grupos de mulheres e os de saúde reivindicavam a ampliação da assistência a mulher a
partir de um movimento maior, articulando com a proposta de reforma sanitária e a criação de um
sistema único de saúde, público e universal (CORRÊA, 1993; BACHA, 1997; COSTA, 1999).
46 RODRIGUES, Luciene Dias; FERREIRA, Enilsa Vicente. Avaliação da humanização no pré-natal: a
percepção das gestantes assistidas pelo enfermeiro (a) de uma unidade da estratégia de saúde da família
(ESF) município Goiânia/GO. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 43-51, Jul-2011/Dez-2011.
O Programa de Saúde da Família (PSF) surgiu no final de 1993, para atender o núcleo
familiar enfrentando os problemas na implantação do Sistema Único de Saúde (SUS),
descentralizando os serviços de acordo com as reais necessidades da população que se manifestam
como prioridade.
A participação do enfermeiro (a) nas equipes do PSF tem sido de fundamental
importância para o fortalecimento deste modelo assistencial, no entanto, se faz notório que este
papel vem sendo submetido a impasses e desafios, notadamente com relação aos espaços de
atuação, divisão de responsalidades, políticas salariais, acesso a qualificação e indefinição de
vínculo empregatício.
A importância do enfermeiro (a) em todos os níveis da assistência e, principalmente no
PSF é de substancial relevância no que concerne à assistência pré-natal e deve ser mostrada a
população a importância do acompanhamento da gestação na promoção, prevenção e tratamento de
distúrbios durante e após a gravidez bem como informá-la dos serviços que estão à sua disposição.
A gestação provoca mudanças orgânicas e psicológicas próprias do processo fisiológico que
caracteriza este período, aí a grande importância de uma assistência pré-natal adequada para
obtenção de bons resultados.
HUMANIZAÇÃO – é uma noção que busca resgatar o respeito pela vida humana, uma
vez que todo relacionamento possui aspectos sociais, éticos, educacionais e psíquicos definidos.
Desse modo, subjacente à idéia de humanização está o estímulo a uma cultura de respeito e de
valorização humana no atendimento público à saúde. Assim, a humanização compreende o dever de
a unidade de saúde receber bem e com solidariedade a mulher, seus familiares e o recém-nascido.
METODOLOGIA
Os capítulos anteriores permearam vários aspectos fundamentais que serviram como
base para a execução da presente pesquisa.
Este trabalho de pesquisa, do tipo transversal, exploratório e descritivo, foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Urgência de Goiânia (PARECER N. 01682.0009).
47 RODRIGUES, Luciene Dias; FERREIRA, Enilsa Vicente. Avaliação da humanização no pré-natal: a
percepção das gestantes assistidas pelo enfermeiro (a) de uma unidade da estratégia de saúde da família
(ESF) município Goiânia/GO. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 43-51, Jul-2011/Dez-2011.
PARTICIPANTES
Primeiramente, foi feito um contato prévio com uma instituição de saúde pública E.S.F.
(Equipe de Saúde da Família) com a intenção de obter permissão para a condução deste estudo,
após o que, foi obtida a permissão do Secretário Municipal de Saúde de Goiânia para a execução do
estudo na unidade de saúde pública.
O convite para a participação nesta pesquisa foi feito de forma individual, tendo sido os
sujeitos abordados na própria unidade de saúde onde foi realizada a pesquisa. Para isso, foi feito o
esclarecimento às gestantes de como seria o procedimento e a forma de utilização dos resultados da
pesquisa, garantindo-lhes total sigilo sobre as informações prestadas. Os indivíduos contatados
tiveram inteira liberdade de aceitar ou não a participação neste estudo. Os critérios de inclusão na
amostra deste estudo foram: estar gestante e estar realizando o pré-natal na unidade escolhida para a
realização do estudo, e aceitar a participação na pesquisa. A seguir, cada gestante que concordou em
participar da pesquisa recebeu o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (anexo A). Deste
modo, a amostra deste estudo, do tipo intencional, foi composta por 13 gestantes que realizava o
pré-natal na unidade de saúde com o enfermeiro do programa.
INSTRUMENTO
O instrumento utilizado foi um questionário dividido em quatro partes. Inicialmente,
foram feitas perguntas aos participantes sobre suas características sociodemográficas (estado civil,
idade, nível educacional, números de filhos e religião). Em seguida, lhes foi perguntado sobre a
percepção do grau de satisfação durante as consultas de pré-natal realizadas pelo enfermeiro, dos
esclarecimentos de suas dúvidas durante as consultas de pré-natal.
Também foi perguntado se os profissionais que prestavam atendimento eram educados e
corteses. A última parte do questionário foi formada pela escala de satisfação, em formato Likert,
com 12 itens, variando de 1 (estou satisfeita) a 7 (estou insatisfeita). Essa escala foi desenvolvida
por Fazio (1977), validada por Paula e Torres (2001) e utilizada por Rabelo e Torres (2005), e
Ferreira e Torres (2007) tendo obtido índices de validade considerados excelentes.
Finalmente, havia três perguntas abertas: se o sujeito recebeu assistência de pré-natal
nos últimos 5 anos nesta unidade de saúde e, em caso afirmativo, quantas e quando foi a última. Foi
agendada uma data para a aplicação dos questionários, tendo sido esclarecido aos participantes
48 RODRIGUES, Luciene Dias; FERREIRA, Enilsa Vicente. Avaliação da humanização no pré-natal: a
percepção das gestantes assistidas pelo enfermeiro (a) de uma unidade da estratégia de saúde da família
(ESF) município Goiânia/GO. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 43-51, Jul-2011/Dez-2011.
sobre a possibilidade de deixar de preencher o instrumento se assim o desejassem, e que não haveria
qualquer tipo de questionamento diante de tal decisão.
PROCEDIMENTO
O instrumento foi respondido individualmente, num tempo médio de 2 minutos, no
horário de consulta das participantes, durante o mês de outubro de 2009.
ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Para a análise dos dados foram utilizados dois tipos de cálculos estatísticos:
• Porcentagem - visaram descrever as características da amostra;
• Análise fatorial.
A análise fatorial investigou a estrutura subjacente a um conjunto de variáveis. Isso é
feito por meio das correlações entre elas e visa diminuir o número de variáveis investigadas
(MAROCO, 2003).
ANÁLISES E DISCUSSÃO DOS DADOS
Dados sociodemográficos das participantes
Por meio dos dados coletados, pode-se verificar o perfil dos sujeitos deste estudo.
Dentre as participantes entrevistadas 84,6% são casadas, 15,4% solteiras, sendo que
61,6% não têm filhos, 23% têm dois filhos e 15,4%, três filhos. A faixa etária predominante está
entre 20 a 29 anos totalizando 69%.
Quanto à formação escolar 38% têm ensino fundamental, 46% ensino médio e 16%
nível superior. Dentre as participantes 69,23% informam ser evangélicas e 30,76% católicos, 31%
das gestantes informam terem realizado consultas de pré-natal na ESF (Estratégia de Saúde da
Família) nos últimos cinco anos.
Analisando todas as tabelas inseridas neste trabalho podemos observar, de maneira clara
e concisa, o grau de satisfação das gestantes nas respostas de cada pergunta a elas dirigida, os seus
maiores temores e dúvidas em relação à gestação.
49 RODRIGUES, Luciene Dias; FERREIRA, Enilsa Vicente. Avaliação da humanização no pré-natal: a
percepção das gestantes assistidas pelo enfermeiro (a) de uma unidade da estratégia de saúde da família
(ESF) município Goiânia/GO. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 43-51, Jul-2011/Dez-2011.
RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa foi planejada para identificar e analisar as necessidades, expectativas e
percepções das gestantes na assistência de enfermagem implementada no pré-natal da rede básica
de saúde – Goiânia.
No geral, as gestantes expressam um grau elevado de satisfação (93,3%); 84,64% têm
sido esclarecidas suas dúvidas e 76,93% estão satisfeitas com os profissionais de saúde que prestam
o atendimento durante a consulta de pré-natal.
Ao detalhar com outras questões sobre se elas apresentam dificuldades em expressar
dúvidas, 53,84% responderam que sim, assim como 46,15% apresentam dificuldades em realizar
procedimentos médicos e de enfermagem solicitados. O que pode se observar aqui é que a “escuta”
do profissional ainda deixa a desejar, ainda não alcança a linguagem leiga.
Neste sentido, devem ser valorizadas as emoções, os sentimentos e as histórias relatadas
pelas gestantes de forma a individualizar e a contextualizar a assistência pré-natal, sem julgamentos,
preconceitos e com diálogo franco, permitindo a mulher falar de suas dúvidas e necessidades,
possibilitando assim, o estabelecimento e fortalecimento do vínculo enfermeiro (a) – paciente e
paciente-enfermeiro(a).
Quanto ao acesso às consultas, 38,5% estão insatisfeitas, lembramos aqui que o acesso
para todas as gestantes deve ser livre e prioritário no SUS.
84,6% das gestantes estão felizes, contentes e satisfeitas com a assistência no pré-natal.
Porém, 69,35% entendem que não estão recebendo uma assistência adequada. Existe neste ponto
uma contradição.
Perder o sono é um sintoma importante para avaliar a saúde da gestante e seu concepto
e, principalmente se for por preocupações; 38,46% encontra-se com esse distúrbio. É fundamental
que na consulta se pergunte e avalie ou encaminhe a paciente para um apoio psicológico, além dos
cuidados de enfermagem.
CONCLUSÃO
Sabemos que o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) ocorre
com a prática do dia-a-dia no Programa de Saúde da Família; o primeiro foi elaborado para trazer à
tona e ser enfrentadas questões referentes a saúde da mulher e neonatal, já o segundo possibilita
terreno firme para um continum palco de expectativas e resoluções destas. Portanto, deixamos
50 RODRIGUES, Luciene Dias; FERREIRA, Enilsa Vicente. Avaliação da humanização no pré-natal: a
percepção das gestantes assistidas pelo enfermeiro (a) de uma unidade da estratégia de saúde da família
(ESF) município Goiânia/GO. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá.
Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 43-51, Jul-2011/Dez-2011.
registrado aqui as dificuldades e as superações no campo da presença de um pré-natal humanizado
no SUS.
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52 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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EFICÁCIA DE EXERCÍCIOS EM CADEIA CINÉTICA ABERTA (CCA) E CADEIA
CINÉTICA FECHADA (CCF) EM PACIENTES COM RUPTURA DO LIGAMENTO
CRUZADO ANTERIOR (LCA): REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Rafael Vieira Reis1; Rodrigo Silva Rodrigues2; Marcelo Watanabe de Matos3
RESUMO
ABSTRACT
Exercícios em Cadeia Cinética Aberta (CCA)
e Cadeia Cinética Fechada (CCF) são
frequentemente empregados em programas de
reabilitação fisioterapêutico. Quando o
Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é
rompido, geralmente a cirurgia é indicada e
este ligamento é freqüentemente substituído
pelo tendão do músculo grácil ou do músculo
semitendinoso, através de procedimentos
artroscopicamente
assistidos.
Diferentes
autores discutem sobre a funcionalidade e o
impacto de ambos os exercícios no processo
de tratamento fisioterapêutico pós-operatório,
visando estabelecer qual deles apresenta
menores riscos e maiores benefícios ao longo
das fases de tratamento. Sendo assim, este
trabalho constitui uma revisão bibliográfica
cujo objetivo é comparar a eficácia dos
exercícios em CCA e CCF. Como resultado,
foi encontrado que a maioria dos autores
concorda que os exercícios realizados em CCF
possibilitam resultados mais satisfatórios e
retorno mais rápido às atividades da vida
diária (AVD’s), porém observamos que os
dois tipos são propostos nos protocolos de
Mello e de Palla e Perli, variando em
intensidade, modo, duração conforme os
objetivos e fases do tratamento.
Palavras-chave: cadeia cinética aberta, cadeia
cinética fechada, ligamento cruzado anterior,
tratamento conservador.
Exercises in Open Kinetic Chain (OKC) and
Closed Kinetic Chain (CKC) are frequently
used in physical therapy rehabilitation
programs. When the Anterior Cruciate
Ligament (ACL) is disrupted, surgery is
usually indicated and this ligament is often
replaced by the gracilis muscle tendon or
semitendinosus muscle tendon, through
arthroscopically assisted procedures. Different
authors discuss the functionality and impact of
both kinds of exercises in the process of postoperative physical therapy, to establish which
one has fewer risks and more benefits along all
stages of treatment. Therefore, this research
constitutes a literature review with the
objective of comparing the efficacy of
exercises in OKC and CKC. As a result, it was
found that most authors agree that the exercises
performed in CKC enable more satisfactory
results and faster return to daily life activities
DLA´s, but it was also observed that both types
of exercise are proposed in Mello and Palla and
Perli protocols, varying in intensity, mode,
according to the objectives and phases of
treatment.
Keywords: open kinetic chain, closed Kinetic
chain, anterior cruciate ligament, conservative
treatment.
1
Acadêmico do curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio de Sá – Goiás.
Acadêmico do curso de Fisioterapia da Faculdade Estácio de Sá – Goiás.
3
Fisioterapeuta e Professor – Faculdade Estácio de Sá. Mestrando em Genética pela Pontifícia Universidade Católica de
Goiás. Especialista em Fisioterapia Traumato-Ortopédica pela Universidade Gama Filho – SP. Bacharel em Fisioterapia
pela Universidade de Taubaté – SP.
2
53 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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1. INTRODUÇÃO
Segundo Kisner; Colby (2005), a articulação do joelho promove mobilidade e
estabilidade; alonga e encurta funcionalmente o membro inferior para levantar e abaixar o corpo ou
para mover o pé no espaço. Junto com o quadril e o tornozelo, o joelho suporta o corpo na posição
em pé e é uma unidade funcional primária em diversas atividades, como andar, sentar, subir
escadas.
As superfícies articulares do joelho são totalmente incongruentes (HEBERT; XAVIER
2003), portanto para conciliar as múltiplas funções do mesmo, como resistir a grandes forças
compressivas, fornecer estabilidade e proporcionar a amplitude de movimento, são necessárias a
atuação da estrutura óssea para prover mobilidade e dos tecidos moles, incluindo ligamentos,
músculos e cartilagens para conferir a estabilidade necessária. (BRUNNSTROM, 1997). Desta
forma, o joelho depende em maior parte das estruturas musculares e ligamentares para conferir
estabilidade e flexibilidade durante os movimentos dos membros inferiores.
Quando o mecanismo de lesão leva à ruptura completa da integridade ligamentar
(BROWN; NEUMANN, 1996), ocorre uma instabilidade crônica do joelho a qual pode evoluir para
lesões meniscais, degenerações articulares e modificações artríticas, quando não tratadas.
(BUTLER ET. AL, 1980).
Atualmente, o tratamento da lesão aguda do LCA é feito pela substituição desse
ligamento por um enxerto tendinoso. (HEBERT; XAVIER, 2009)
De acordo com Cohem e Abdalla (2002), no processo de reconstrução intra-articular do
LCA, o ligamento rompido é removido e substituído pelo enxerto do tendão patelar, fixado nos
orifícios perfurados na tíbia e no fêmur. O procedimento cirúrgico de retirada do terço médio do
tendão patelar causa dor e proporciona uma atrofia muscular pós-operatória elevada, acometendo
principalmente o grupo muscular extensor do joelho. (SHELBOURNE; PATEL, 2006)
Os protocolos de reabilitação em fisioterapia geralmente utilizam exercícios de cadeia
cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF), a fim de promover o fortalecimento
muscular, que é uma das grandes preocupações após a reconstrução do ligamento cruzado anterior.
(HEBERT; XAVIER, 2003).
Muito se discute na literatura sobre a utilização dos exercícios em CCA e CCF,
principalmente acerca de qual deles proporciona maiores benefícios com segurança e menor risco
para o enxerto que passa por um processo de cicatrização.
54 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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O presente trabalho ganha grande relevância devido à frequente utilização desses
exercícios no tratamento de diversas patologias ortopédicas que acometem o joelho, além de serem
motivos de inúmeras controvérsias no tratamento fisioterapêutico pós-cirúrgico do ligamento
cruzado anterior.
O interesse em pesquisar os exercícios em CCA e CCF vem do fato das mesmas serem
técnicas bastante utilizadas durante o tratamento fisioterapêutico, onde é necessário compreender os
efeitos de cada exercício e o feedback entre a técnica e o processo de reabilitação, respeitando os
limites impostos pela lesão.
2. METODOLOGIA
Neste trabalho foram selecionados 16 artigos de um total de 40 pesquisados, além de 15
livros específicos. Os artigos foram acessados em bases de dados eletrônicos como Scielo, LILACS
e Bireme. A estratégia de busca correlacionava palavras-chave como Joelho, Ligamento cruzado
anterior, Cadeia cinética aberta, Cadeia cinética fechada, Biomecânica, Reabilitação do LCA, Póscirúrgico, Mecanismo de lesão, analisando dados nos idiomas Português e o Inglês. Como critério
de inclusão dos artigos levou se em conta a relação com a patologia e os exercícios propostos.
3. ANATOMIA DO JOELHO
Para Dangelo; Fattini (2007), a articulação do joelho é a maior das junturas sinoviais do
corpo humano e uma das mais complexas, pelo fato de possuir numerosas estruturas que agem
durante a recepção e transmissão do peso corporal na deambulação. O joelho possui essencialmente
um só grau de liberdade, portanto é capaz de fletir e extender, regulando a distância do corpo com
relação ao chão (KAPANDJI, 2000), porém quando previamente fletido, também é capaz de um
pequeno grau de rotação tibial (DANGELO; FATTINI, 2007).
Esta articulação é formada por três ossos, que são o fêmur, a tíbia e a patela,
(BRUNNSTROM, 1997), onde a articulação entre os côndilos medial e lateral do fêmur e a tíbia é
denominada Tibiofemoral, enquanto entre a patela e o fêmur é denominada Patelofemoral
(WHITING; ZERNICKE, 2009). Com base nesses fatos, bem como na forma das superfícies
articulares, classifica-se a articulação do joelho como uma articulação sinovial composta, do tipo
bicondilar, capaz de realizar flexão e extensão, além de um pequeno grau de rotação medial e lateral
55 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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da Tíbia. Deste modo, funcionalmente, pode ser considerada uma articulação biaxial. (DANGELO;
FATTINI, 2007)
Segundo Magge (2010) os meniscos ajudam na distribuição do peso corporal e
melhoram a congruência das superfícies que se articulam, aumentando a área de contato entre os
côndilos. Durante o movimento, os meniscos agem reduzindo o atrito além de ajudar os ligamentos
e a cápsula na prevenção de hiperextensão. Participam também do sistema de bloqueio da
articulação na posição de congruência máxima, direcionando o movimento dos côndilos articulares
do fêmur.
Segundo Palmer (2009), os músculos extensores da articulação do joelho incluem o
quadríceps femoral e o tensor da fáscia-lata.
De acordo com Dangelo; Fattini (2007), o músculo reto da coxa tem origem na espinha
ilíaca Ântero-superior e no contorno póstero-superior do acetábulo; o vasto medial, na linha
intertrocantérica e no lábio medial da linha áspera; o vasto lateral, na face anterior do trocanter
maior e no lábio lateral da linha áspera; o vasto intermédio, nas faces anterior e lateral do corpo do
fêmur.
Segundo Thompson; Floyd (2002), os músculos semitendinoso, semimembranoso e
bíceps femoral, formam o grupo dos músculos responsáveis pela flexão do joelho e estão
localizados no compartimento posterior da coxa. Na rotação interna, os músculos semimembranoso
e semitendinoso são auxiliados pelo poplíteo, não ocorrendo o mesmo na rotação externa, pois
somente o músculo bíceps femoral atua de forma isolada durante esse movimento.
Segundo Hall (2005), quando o joelho está em flexão sem sustentação do peso corporal,
ocorre à rotação da tíbia em relação fêmur, sendo possível uma capacidade rotacional maior com o
joelho fletido em cerca de 90º. A tensão produzida pela contração dos músculos semimembranoso,
semitendinoso e poplíteo, produz uma rotação medial da tíbia com auxílio do grácil e do sartório. A
rotação lateral da tíbia é ocasionada pela contração isolada do bíceps femoral.
56 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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Figura1 - Representação da Articulação Tibiofemoral e Patelofemoral
Fonte: www.sbcj.org.br
Quadro1- Estruturas limitantes da articulação do joelho
MOVIMENTO
Flexão (Femoropatelar e femorotibial)
ESTRUTURAS LIMITANTES
Tensão dos Mm. Vasto lateral, medial e intermédio.
Tensão do M. reto femoral (especialmente com a
articulação do quadril estendido)
Extensão (femoropatelar e femorotibial)
Ligamentos: cruzados anterior e posterior, colaterais
fibular e tibial, cápsula articular posterior e ligamento
poplíteo oblíquo.
Rotação medial (femorotibial com o joelho fletido)
Ligamentos: cruzados anterior e posterior
Rotação lateral (femorotibial com o joelho fletido)
Ligamentos: colaterais fibular e tibial
Fonte: elaboração dos autores.
57 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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4. LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR
O ligamento cruzado anterior tem origem na face anterior da área intercondilar da Tíbia
(LIPPERT, 2003), para se inserir posteriormente na face lateral do côndilo medial do fêmur,
seguindo um trajeto superior, posterior e lateral (DANGELO; FATTINI, 2007).
O ligamento cruzado anterior é o restritor primário do joelho. Sua função principal é
impedir o deslizamento tibial anterior em relação ao fêmur, além de atuar secundariamente na
restrição da rotação tibial e, em menor grau, na angulação varo-valgo quando o joelho está
estendido, o que não ocorre em flexão. (FU et. al, 1993). Ele também atua em conjunto com o
ligamento cruzado posterior, limitando a hiperextensão e a hiperflexão do joelho (WHITING;
ZERNICKE, 2009).
De acordo com Whiting; Zernicke (2009), o ligamento cruzado anterior é constituído
pelo feixe ântero-medial e póstero-lateral. O feixe Antero medial permanece esticado em flexão e
relativamente frouxo em extensão, e o feixe póstero-lateral, se estica em extensão e fica frouxo em
flexão.
Conforme Kapanji (2000), o feixe ântero-medial apresenta maior incidência de lesões,
enquanto o feixe póstero-lateral apresenta maior incidência de rupturas parciais.
4.1 Mecanismos de lesão
Para Crenshaw (1996), o mecanismo de ruptura do LCA geralmente envolve uma força
de desaceleração que atravessa a articulação, mudanças súbitas de direção e as tensões que
ultrapassam a resistência do ligamento, podendo ocasionar uma leve entorse ou a ruptura completa
de um ligamento isolado ou de uma combinação.
Segundo Kisner; Colby (2005), as lesões do LCA ocorrem por mecanismos de contato,
bem como sem contato. O mecanismo de contato mais comum é um golpe na face lateral do joelho
ocasionando uma força em valgo. O mecanismo sem contato mais comum é um mecanismo de
rotação no qual a tíbia é rodada externamente sobre o pé fixo. O segundo mecanismo sem contato
mais comum é a hiperextensão forçada do joelho.
Quando ocorre a ruptura completa da integridade ligamentar, esta é classificada como
grau III, provocando a instabilidade crônica do joelho que pode evoluir para uma lesão meniscal,
degeneração articular ou modificações artríticas, caso esta não seja tratada (BUTLER et al, 1980).
58 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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4.2 Métodos cirúrgicos
Segundo Hebert; Xavier (2009), a cirurgia pode ser realizada por via artroscópica ou por
via aberta, envolvendo a inserção de um enxerto tendinoso em túneis ósseos perfurados exatamente
nos pontos de inserção do LCA na tíbia e no fêmur. O posicionamento dos túneis pode ser feito com
o uso de guias ou por visão direta.
Segundo Penteado et. al. (2003), a técnica cirúrgica usualmente escolhida pelos
cirurgiões, para recuperar a estabilidade do joelho, é aquela em que o ligamento rompido é
substituído pelo 1/3 médio do tendão patelar, sendo fixado em suas extremidades por dois parafusos
de interferência.
Para Cohem; Abdalla (2002), a utilização terço médio do tendão patelar no processo de
reconstrução do LCA apresenta algumas vantagens, pela pronta disponibilidade, forte fixação
inicial e consolidação osso-osso, proporcionando uma reabilitação rápida e resistente.
Geralmente a cirurgia de reconstrução do LCA é indicada e tem como objetivo
reconstituir o ligamento lesado, por meio da sua substituição pelo terço médio do tendão patelar.
Para tanto, são utilizados procedimentos artroscopicamente assistidos, que são as técnicas mais
empregadas atualmente pelos médicos, uma vez que reduzem a morbidade dos tecidos e o tempo de
recuperação.
O procedimento de retirada do terço médio do tendão patelar, a dor e a própria
intervenção cirúrgica, proporcionam a atrofia muscular pós-operatória, acometendo principalmente
o grupo extensor de joelho (SHELBOURNE; PATEL, 2006). Desta forma, o fortalecimento
muscular tem sido uma grande preocupação no pós-operatório. (FITZGERALD, et al, 2003;
TYLER, 2004)
Figura 2 - Mecanismo de Lesão do LCA
Fonte:www.duplaesportiva.com
59 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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Figura 3 - Método Cirúrgico
Fonte: Johns Hopkins Orthopaedic Surgery
5. CINÉTICA E CINEMÁTICA DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO
Segundo Whiting; Zernicke (2009), o movimento do joelho é complexo pelo fato de sua
estrutura impor uma movimentação diferente durante o movimento de flexão e extensão,
acarretando em uma variação do eixo de movimento e o surgimento de movimentos rotacionais.
Também irão ocorrer movimentos de rolamento e deslizamento entre os côndilos femorais e o platô
tibial. Isso pode ser observado na articulação tibiofemoral, que realiza predominantemente a flexão
e a extensão.
Durante os graus finais de extensão do joelho uma rotação relativa entre a tíbia e o
fêmur trava a articulação no local em extensão plena, ao “parafusar” os ossos e mantê-los juntos
pelo mecanismo rotacional denominado “mecanismo de parafuso-casa (screw-home mechanism)”.
Se a tíbia estiver fixa, o fêmur roda medialmente em extensão. Por outro lado, se o fêmur estiver
fixo, a tíbia experimenta uma rotação lateral relativa nessa posição. No início da flexão, a
articulação tibiofemoral é “desparafusada”, revertendo às rotações tibial e femoral relativas.
6. CADEIA CINÉTICA ABERTA E CADEIA CINÉTICA FECHADA
No trabalho realizado por Fitzgerald (1997); Bynum (1995); Yack (1993); Hening
(1985); Cohen (2001), são descritos as características desses dois tipos de exercícios. Os exercícios
60 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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em cadeia cinética fechada sustentam o peso corporal. Para que se complete o movimento, é
necessária a integração de várias articulações, onde o segmento distal é habitualmente fixo a uma
superfície de apoio. Pode ser aplicada resistência tanto no segmento distal quanto proximal. Já nos
exercícios em cadeia cinética aberta o movimento ocorre em uma única articulação não sustentando
o peso corporal. A resistência é habitualmente aplicada no segmento distal, livre para se mover.
Segundo Kisnner; Colby (2005), nos exercícios em CCA os segmentos distais, mão ou
pé, estão livres durante o movimento para se mover no espaço. Tal movimento ocorre pela ativação
dos músculos que cruzam a articulação, movimentando as articulações adjacentes. A flexão do
joelho em CCA depende da ação dos isquiotibiais, mas independe da ativação da musculatura do
quadril ou do tornozelo. Esses tipos de exercícios costumam ser realizados em posições sem apoio
de peso e a resistência deve ser aplicada ao segmento distal em movimento. Já nos exercícios em
CCF, o corpo se move sobre um segmento distal que está fixo ou estabilizado sobre uma base de
suporte, além disso, a articulação responsável pelo movimento ocasiona movimentos simultâneos
nas articulações distais e proximais. Por exemplo, quando o paciente retorna do agachamento para a
posição ereta, os tornozelos se movem relativamente à medida que os joelhos se estendem. Esses
exercícios são realizados essencialmente em posições de apoio de peso, por exemplo, em situações
como o agachamento ou ao subir um degrau, mantendo um pé bem à frente enquanto se flexionam
os joelhos, mantendo o outro pé estático.
6.1 Bases Teóricas para o uso de Exercícios em Cadeia Cinética Aberta ou Fechada
Baseada nas metas de um programa de reabilitação individualizado e na análise crítica
dos benefícios potenciais e limitações inerentes a cada forma de exercício é feita a escolha dos
exercícios em cadeia cinética aberta e fechada. Pelo fato das atividades funcionais envolverem
muitas combinações e variações consideráveis nos movimentos de cadeia cinética aberta e fechada,
a inclusão e a integração de exercícios específicos para a tarefa, executados em cadeia aberta e/ou
fechada em um programa de reabilitação ou condicionamento, é desejada e apropriada (KISNER;
COLBY, 2009).
61 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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Quadro 2 - Comparação dos exercícios de cadeia cinética aberta e cadeia cinética fechada
Cadeia cinética aberta
Cadeia cinética fechada
Os segmentos distais estão livres durante o
movimento.
Os seguimentos distais estão Fixos durante o
movimento.
Produzem maior ganho de torque dos músculos
flexores e extensores de joelho.
Produzem uma menor força de cisalhamento no
LCA.
Geram maior translação anterior da tíbia quando
comparados aos exercícios de CCF.
Geram menor translação anterior da tíbia
Pode causar estresse excessivo no LCA durante o
movimento de extensão isolada do joelho.
Geram menor tensão no enxerto
Não sustentam o peso corporal, gerando
deformação no LCA.
Geram menor dor femoropatelar
Fonte: elaboração dos autores.
São seguros e efetivos para reabilitar o joelho nos
primeiros estágios
Promovem um Retorno mais rápido as AVD´s
7. PROTOCOLOS DE REABILITAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA
7.1 Protocolo de reabilitação domiciliar segundo Mello, 2008
Os objetivos de tratamento na primeira fase (1° semana) visam o controle da dor e
edema, proporcionando repouso relativo e exercícios isométricos para o fortalecimento do
quadríceps, além de inibir o padrão de atrofia por imobilização e estimular a marcha com muletas
com carga parcial.
Na segunda fase (2° a 4° semana), objetiva-se aumentar o arco de movimento até a 90°;
estimular exercícios isométricos, flexão ativa (prono ou sentado) e mobilização patelar. Iniciar
exercícios na bicicleta estacionária sem carga, e acrescentar meio quilo de carga aos exercícios
isométricos ao final da 3° semana. Já na terceira fase (2° mês), realiza-se o fortalecimento muscular
e o controle motor de quadríceps; treino de marcha sem muletas, iniciando o alongamento de
isquiotibiais e exercícios isométricos com carga progressiva.
A quarta fase (3° ao 4° mês) continua com os exercícios de fortalecimento e controle
motor, treino proprioceptivo, inicio das atividades em academia: exercícios em cadeia cinética
62 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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fechada, bicicleta, leg-press, agachamento, mesa flexora, stepper, e exercícios isométricos com
carga progressiva.
A quinta fase (após 4° mês) promove exercícios de impacto, inicia corridas progressivas
na esteira ou pista e alongamentos gerais. A sexta fase (após 6° mês) inicia os treinamentos
esportivos e o programa de manutenção da capacidade aeróbica e fortalecimento seletivo. A sétima
fase (após 9° mês) retorna às atividades de vida pratica.
7.2 Protocolo de reabilitação de joelhos com reconstrução do LCA segundo Palla e Perli, 2008
No período pré-operatório, o paciente deve ser orientado pelo fisioterapeuta quanto aos
procedimentos, cuidados e orientações que devem ser tomados com relação a dor e ao edema, como
exemplificado nos itens a seguir:
a) 1° Dia de pós-operatório, promover analgesia (crioterapia durante 20 min de 2 em 2
horas; TENS), diminuir o edema (crioterapia; isométricos de quadríceps), estimulação
do controle muscular de quadríceps, isquiotibiais, com exercícios isométricos e
estimulação elétrica (FES), manter e aumentar a ADM de extensão a 0° (alongamento de
isquiotibiais) e realizar mobilização patelar.
b) 2° Dia, manter e progredir as condutas anteriores, aumentar a ADM de 0° a 90° de
flexão, adequar a marcha (após a retirada do dreno) com descarga progressiva de peso,
com auxílio de muletas respeitando a dor do paciente e evitar estresse excessivo.
c) 3° Dia, manter os objetivos e condutas anteriores, promover o fortalecimento
muscular com exercícios ativos livres em decúbito dorsal e lateral, realizar alongamentos
de quadríceps a favor da gravidade.
d) 4° ao 7° dia, manter os objetivos e condutas anteriores, realizar exercícios ativos
assistidos de extensão (90° a 45°), exercícios ativos livres de flexão na posição sentada
com os MMII pendentes (0° a 90°), treino de marcha sem muletas e descarga de peso
respeitando a dor (correção das alterações da marcha).
63 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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e) 2º Semana, manter os objetivos e condutas anteriores, promover fortalecimento de
quadriceps e isquitibias em CCF (mini-agachamento de CI a 30°), fortalecimento de
tríceps sural com resistência manual ou com elástico, prevenir o surgimento de
aderências cicatriciais (massagem transversa), se ao fim da segunda semana o paciente
não apresentar sinais flogisticos pode-se dispensar o uso de muletas.
f) 3° Semana, manter os objetivos e condutas anteriores, aumentar a mobilidade do
joelho (bicicleta estacionaria sem carga), aumentar a ADM de flexão até 110°
(alongamentos de quadriceps), exercícios de fortalecimento muscular com carga
progressiva para flexores, adutores, abdutores e extensores do quadril, flexores de joelho
e tríceps sural. Hidroterapia para auxiliar o ganho de ADM, força muscular e treino de
marcha (processo de cicatrização já concluído) e retorno as atividades de vida pratica.
g) 2° Mês, manter os objetivos e condutas anteriores, aumentar a ADM de flexão de
joelho alem de 130° (exercícios de alongamento de quadríceps), fortalecimento muscular
aumentando a carga dos anteriores, iniciar exercícios isotônicos para quadríceps em
CCA (90° a 45°) e resistidos para flexores de joelho na ADM completa, aumentar a
ADM, força e resistência muscular (bicicleta estacionária com carga gradual e
progressiva), adequar a marcha e aumentar o condicionamento físico e iniciar corridas
sem muito esforço (caminhadas na esteira aumentado progressivamente a velocidade).
h) 3° Mês, manter os objetivos e condutas anteriores, promover fortalecimento
muscular unilateral (apoio unipodal) para tríceps sural em pé, leg-press, mesa extensora,
flexora, adutora e abdutora. Exercícios proprioceptivos grau 2, aumentar a capacidade
aeróbica (trotes na esteira).
i) 4° Mês manter os objetivos e condutas anteriores, intensificar o fortalecimento e
resistência muscular, manter e melhorar o condicionamento físico.
j) 5° Mês, intensificar o trabalho de força (exercícios excêntricos de quadríceps de 45°
a 90° de flexão de joelho), aperfeiçoar a propriocepção, trabalhar o potencial muscular
(exercícios pliometricos), retorno gradativo as atividades recreacionais e/ou esportivas
sem contato.
64 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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k) 6° Mês, manter os objetivos e condutas anteriores, intensificar os exercícios
proprioceptivos grau 3, intensificar o trabalho de potência muscular (exercícios
pliometricos), passando pra apoio unipodal, condicionamento físico e coordenação
específico e retorno as atividades esportivas de contato, alta do tratamento ambulatorial.
8. DISCUSSÃO
O sucesso de uma reconstrução do LCA excede o ato cirúrgico e depende também dos
procedimentos utilizados na reabilitação do pós-operatório, pois a estabilidade articular do joelho
depende da interação de estruturas musculo-ligamentares. (GUIMARÃES; LIMA, 1999).
Após o procedimento cirúrgico de reconstrução do LCA observa-se uma hipotrofia e
perda da força do músculo quadríceps (YACK, COLLINS, WHIELDON, 1993). Paula et. Al (2000)
destaca a importância do fortalecimento do quadríceps como parte essencial no processo de
reabilitação de reconstrução do LCA.
Na reabilitação dos pacientes com reconstrução do LCA, as discussões se referem à
aplicabilidade dos exercícios em cadeia cinética aberta e/ou fechada, objetivando estabelecer qual
desses exercícios é o mais indicado no início da reabilitação, além de garantir a integridade do
enxerto. (GUIMARÃES; LIMA, 1999).
No estudo de Alexander et. al. (1995) os exercícios em cadeia cinética fechada são
defendidos na hipótese de que esses são um meio seguro e efetivo para reabilitar o joelho nos
primeiros estágios após a reconstrução do LCA, e também de que podem oferecer vantagens como
menor tensão no enxerto que esta amadurecendo, e menor impacto na articulação patelofemoral.
Para Witvrouw et. al. (2000) ambos os exercícios cinemáticos apresentam melhorias
clinicas no processo de reabilitação do joelho, porém destaca melhores efeitos em termos de
funcionalidade, após a aplicação de exercícios de cadeia cinética fechada.
Bynum (1995) em seu trabalho de reabilitação acelerada após reconstrução do LCA
observou que os exercícios de cadeia cinética fechada produzem menos dor na articulação
patelofemoral, e proporciona um retorno funcional precoce.
Os exercícios isométricos de cadeia cinética fechada em comparação aos exercícios de
cadeia cinética aberta produzem significativamente uma menor força de cisalhamento no LCA,
devido à disposição mais axial da força muscular aplicada e da co-contração dos músculos
quadríceps e isquiotibiais. (SILISK, 2002).
65 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
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Bynum, Barrack e Alexander (1995) realizaram um estudo com 100 pacientes com LCA
deficiente, e comparam os exercícios de CCA e CCF. Observaram que os exercícios de CCF
produzem menor translação anterior da tíbia, menor dor femoropatelar, e retorno mais rápido as
atividades de vida diária.
Os resultados dos protocolos que utilizam exercícios de CCA e CCF aplicados em
conjunto são mais significativos, do que naqueles que instituíram apenas exercícios de CCF
(HEBERT; XAVIER, 2009).
9. CONCLUSÃO
O joelho é a maior das articulações sinoviais e uma das mais complexas do corpo
humano, sendo formada pelos ossos fêmur, tíbia e patela e pelas articulações tibiofemoral, entre o
côndilo medial e lateral do fêmur e a tíbia; patelofemoral, entre o fêmur e a patela. Possui
movimentos essenciais de flexão e extensão e certo grau de rotação.
Tem como função atuar nas diversas atividades, como andar, sentar, subir escadas, no
entanto suas superfícies articulares são completamente instáveis, por isso o joelho depende em
maior parte das estruturas de tecido mole como os ligamentos, músculos e cartilagem para conferir
estabilidade.
A ruptura do ligamento cruzado implicará sérias complicações para o individuo, como
instabilidade crônica do joelho, que poderá evoluir para lesão meniscal, degeneração articular e
modificações artríticas caso não seja tratada. Geralmente a cirurgia de reconstrução do LCA é
indicada e tem como objetivo reconstituir o ligamento lesado, por meio da sua substituição pelo
terço médio do tendão patelar através de procedimentos artroscopicamente assistidos ou utilizandose endoscópio sendo essas as técnicas mais empregadas pelos médicos, devido ao fato de reduzirem
a morbidade dos tecidos e o tempo de recuperação.
Os protocolos de reabilitação geralmente utilizam exercícios de cadeia cinética aberta e
cadeia cinética fechada, a fim de promover o fortalecimento muscular no pós-operatório de
reconstrução de LCA. Pode se observar que nos protocolos, as condutas que são empregadas, ou
seja, as técnicas de exercícios, duração, modo, intensidade, variam de acordo com a fase e os
objetivos do tratamento. É importante salientar que os protocolos de reabilitação propostos não são
perfeitamente aplicáveis a todos os indivíduos portadores de lesão do LCA, pois cada indivíduo é
um caso particular, devendo-se analisar o tipo de enxerto, o procedimento cirúrgico, a idade do
66 REIS, Rafael Vieira; RODRIGUES, Rodrigo Silva; MATOS, Marcelo Watanabe. Eficácia de exercícios
em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fechada (CCF) em pacientes com ruptura do ligamento
cruzado anterior (LCA): revisão bibliográfica. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade
Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 52-68, Jul-2011/Dez-2011.
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mesmo, lesões recorrentes, tempo em que levou para realizar a cirurgia após ter ocorrido à lesão,
entre outros fatores.
Durante esta pesquisa bibliográfica observaram-se algumas divergências entre os
autores, porém pode ser observado que a maioria dos autores sustenta que os exercícios em cadeia
cinética fechada são aceitos por produzirem uma menor força de cisalhamento no LCA, menor
translação anterior da tíbia, menor dor femoropatelar, e retorno mais rápido as atividades de vida
diária, além de serem um meio seguro e efetivo para reabilitar o joelho nos primeiros estágios após
a reconstrução do LCA e também de que podem oferecer vantagens como menor tensão no enxerto
que esta amadurecendo, e menor impacto na articulação patelo femoral.
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DIABETES MELLITUS GESTACIONAL: OS EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE
AS ALTERAÇÕES GLICÊMICAS – UMA REVISÃO
Andrea Melo Faria Vieira1; Jacqueline Léa dos Reis2; Natália Chitarra Diniz3; Mariluci Braga4
RESUMO
ABSTRACT
Atualmente, com a evolução da humanidade,
as mulheres participam ativamente em
diversos espaços e buscam cada vez mais um
estilo de vida saudável, principalmente com a
prática de exercícios físicos. A gravidez é um
período que envolve uma série de mudanças
no
organismo
materno
devido
ao
desenvolvimento do feto. O aparecimento do
Diabetes Mellitus Gestacional (DMG), que é a
intolerância à glicose, tem a causa associada
ao estado hiperinsulinêmico devido à gestação
(presença de hormônios diabetogênicos –
ações antagônicas à insulina), podendo ou não
persistir após o parto. Geralmente se
desenvolve em pacientes geneticamente
predipostas ou apresentando alguns fatores de
risco para a DMG. Sendo assim, existem
algumas formas de se diagnosticar e rastrear o
DMG, recomendadas pela American Diabetes
Association (ADA), a Organização Mundial
de Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia (SBEM). É
importante salientar que após a detecção do
DMG deve-se partir para uma das formas de
tratamento.
O
tratamento
dietético
compreende alterações no planejamento
alimentar, adequando a dieta normal, de modo
a equilibrá-la o suficiente para suprir as
necessidades da mãe e do feto. A
insulinoterapia é usada como último recurso, e
parte da introdução de insulina na busca pelo
melhor controle metabólico, podendo-se usar
Recently, as humanity evolutes and women’s
participation at the many spaces in society
grows, they seek for a healthy way of life, and
that includes physical exercises. Pregnancy is a
phase that involves many changes in mother’s
organism, and that happens as the child grows
inside of her. Gestational Diabetes Mellitus
(GDM) –glucose intolerance- has its cause
associated to the hiperinsulinemic state,
derivate of the gestation (presence of diabetes
hormones) that could or not persist after the
birth. Usually, it develops in patients with
genetical predisposition or in those who have
DMG risk factors.There are some ways to find
out and identify the DMG recommended by the
American Diabetes Association (ADA), a
Organização Mundial de Saúde (OMS) e a
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM). It’s important to remind
that after discovering the DMG, a treatment
should begin. The diet treatment requires
changes in the meals, in a way that satisfy the
mother and her child needs. The insulin therapy
is used only as a finish resource, and part of
insulin introduction in a search for the
metabolic control- and that can use different
kinds of insulin- in different application places.
Although the physical exercise needs more
advanced researches, it helps at the glucose
control, being necessary more information to
the pregnant woman about the precautions and
benefits for the DMG disease, so they can be
1
Graduanda em Educação Física pela Faculdade Estácio de Sá.
Graduanda em Educação Física pela Faculdade Estácio de Sá.
3
Graduanda em Educação Física pela Faculdade Estácio de Sá.
4
Graduanda em Educação Física pela Faculdade Estácio de Sá.
2
70 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
Diabetes mellitus gestacional: os efeitos do exercício físico sobre as alterações glicêmicas – uma revisão.
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diferentes tipos de insulina, em diferentes
locais de aplicação. Já o exercício físico,
apesar de necessitar de estudos mais
aprofundados, ajuda no controle das alterações
glicêmicas (a controlar os níveis de glicose),
sendo necessários maiores esclarecimentos às
gestantes com relação às suas precauções e
benefícios sobre a DMG para que as mesmas
sejam incluídas a uma prática segura e eficaz,
sem medos e receios. Considerando-se todos
os fatores supracitados, o programa deve ser
elaborado para a gestante pelo profissional de
Educação Física, levando em conta as
individualidades e as contraindicações
absolutas e relativas, às vezes desconhecidos
pelas gestantes. O presente estudo foi
realizado com o objetivo de investigar na
literatura os efeitos do exercício físico sobre
as alterações glicêmicas no organismo
materno, acometido pelo Diabetes Mellitus
Gestacional buscando proporcionar aos
profissionais que desejam trabalhar com
grupos especiais, incluindo as gestantes com
DMG, um melhor aporte teórico, resultando
em uma prescrição mais adequada e segura.
Palavras-chave:
diabetes
Mellitus
Gestacional, gestante, exercício físico.
included in a safety and efficient practice,
without any fears. Considering those factors
already mentioned the program has to be
elaborated for the pregnant woman by the
Physical Education professional, noticing the
individualities and absolute or relatives not
indication, sometimes unknown by the
pregnant. This study was made to investigate
on literature the effects of physical exercises on
the pregnant organism with DMG glucose
control, hoping to give more theory support to
professionals who wish to work with special
groups, including the DMG pregnant, leading
to a safety prescription.
Keywords: Gestational Diabetes Mellitus,
pregnancy, physical exercise.
1. INTRODUÇÃO
Na antiguidade a participação da mulher em atividades físicas e esportivas era
tratada como fator prejudicial à saúde feminina e posteriormente, ao longo do desenvolvimento
histórico-social, a mulher foi tomando seu espaço e, nos dias atuais, participa ativamente em
todas as vertentes da sociedade (LEITÃO, et. al., 2000). Não obstante Leitão et. al. (2000, p.
215) afirmam que “a literatura médica até recentemente não apresentava dados epidemiológicos
consistentes a respeito do impacto do exercício físico sobre a saúde das mulheres”, fato este que
vem sendo corrigido em anos recentes por pesquisadores voltados para uma abordagem
cientifica com esse público em especial.
As mulheres não só em condições normais, mas também períodos importantes da
vida como a gravidez, vêm cada vez mais ingressando na prática de exercícios físicos, fator
importante para a promoção e manutenção da saúde, que leva a um estilo de vida saudável,
71 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
Diabetes mellitus gestacional: os efeitos do exercício físico sobre as alterações glicêmicas – uma revisão.
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principalmente no período gestacional (LEITÃO et. al., 2000). Contudo, questões emergentes
como o aparecimento do Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) devem ser consideradas pelo
profissional de Educação Física ao elaborar um programa de exercícios físicos para gestantes.
Segundo Kisner (1998 apud LANDI; BERTOLINI; GUIMARÃES, 2004, p. 64) e
Artal; Wiswell; Drinkwater (1999), o período gestacional vem acompanhado de uma série de
efeitos nos diferentes sistemas do organismo materno, marcado por intensas alterações que
ocorrem em função do desenvolvimento do feto, englobando alterações no sistema circulatório,
respiratório, gastrointestinal, alterações morfológicas da musculatura esquelética e estrutura
óssea (ligamentos e articulações), assim como alterações emocionais e, principalmente nas
gestantes com DMG, alterações no sistema endócrino (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER,
1999; BATISTA et. al., 2003; LANDI; BERTOLINI; GUIMARÃES, 2004; RODRIGUES;
CONTURSI, 1998).
Em consonância com o exposto pelo The Expert Committee on The Diagnosis and
Classification of Diabetes Mellitus (2002), o DMG é caracterizado como a intolerância aos
carboidratos, de graus variados de intensidade, com início ou primeiro diagnóstico durante a
gestação e cuja causa é associada a um estado hiperinsulinêmico onde há sensibilidade
diminuída à insulina que, segundo Maganha (2003, p. 330) pode ser “parcialmente explicada
pela presença de hormônios diabetogênicos, tais como a progesterona, o cortisol, a prolactina e
o hormônio lactogênico placentário”.
Estudos recentes relacionam o efeito positivo do exercício físico na saúde da
gestante com DMG, confirmando seu papel no controle das alterações glicêmicas (ARTAL;
WISWELL; DRINKWATER, 1999), evidenciando a importância da produção científica nesta
área do conhecimento, bem como a necessidade de se estimular a prática de exercícios físicos
na gestante com DMG (MONTENEGRO JR. et. al., 2000, p. 524), sob pena de influenciar a
diminuição da intolerância à glicose através do condicionamento cardiovascular, aumentando a
ligação de insulina e a afinidade ao seu receptor através da diminuição da gordura corporal
centralizada (LANGER 2000 apud MAGANHA, 2003; PETERSEN et. al. 1980 apud ARTAL;
WISWELL; DRINKWATER, 1999), assim como o “aumento dos transportadores de glicose
sensíveis à insulina no músculo, aumento do fluxo sanguíneo em tecidos sensíveis à insulina e
redução dos níveis de ácidos graxos livres” (LANGER 2000 apud MAGANHA, 2003, p. 331).
É importante salientar, para uma maior sensibilização dos profissionais de Educação
Física, a necessidade de se apontar objetos de estudo que devem ser investigados e
72 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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comprovados à luz da experimentação cientifica, no intuito de elucidar os benefícios que a
prática de um exercício físico bem estruturado e embasado pode trazer para a gestante com
DMG. Logo, tem-se pela frente um longo caminho a percorrer, para que a inclusão das
gestantes com Diabetes Mellitus Gestacional em um programa de exercícios físicos possa
ocorrer de forma segura e eficaz, em todas as dimensões da prática esportiva, uma vez que os
benefícios do exercício físico no controle do DMG carecem de estudos mais aprofundados.
2. DIABETES MELLITUS GESTACIONAL
O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é definido como a intolerância à glicose
envolvendo graus de intensidade variável, com início ou primeiro diagnóstico durante o
segundo ou terceiro trimestres da gestação, e que pode ou não persistir após o parto
(AMERICAN DIABETES ASSOCIATION 1999 apud AYACH et. al. 2005; KJOS;
BUCHANAN 1999 apud SILVA et. al. 2003; THE EXPERT COMMITTEE ON THE
DIAGNOSIS AND CLASSIFICATION OF DIABETES MELLITUS, 2002; PEDROSO;
OLIVEIRA, 2007).
2.1 Causas e Diagnóstico do DMG
O DMG é uma patologia que afeta as mulheres durante a gravidez, em proporção
aproximada de uma a cada vinte gestantes, sendo a complicação clínica mais comum (ARTAL;
WISWELL; DRINKWATER, 1999; DOSSIE DIABETES, 2001), haja vista que no “transcorrer
da gestação, a mulher irá desenvolver alterações metabólicas que, nas gestantes predispostas”,
poderá culminar no Diabetes Mellitus Gestacional (MONTENEGRO JR. 2000, p. 521).
Sua causa parece estar associada ao estado hiperinsulinêmico no qual se encontra a
mulher na gestação, estado este caracterizado por uma diminuição da sensibilidade à insulina,
parcialmente explicada pela presença de hormônios diabetogênicos, tais como a progesterona, o
cortisol, a prolactina e o hormônio lactogênico placentário, que possuem ações antagônicas à
insulina (MAGANHA et. al., 2003; GOLBERT; CAMPOS, 2008), que é caracterizada como
“único hormônio antiestressante” (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999, p.39), o que
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leva o diabetes gestacional a ser considerado “um estado de estresse crônico” (ARTAL;
WISWELL; DRINKWATER, 1999, p.39).
Neste prisma, Bertini (2001 apud MENICATTI; FREGONESI, 2006, p.105) acredita
que o DMG “ocorre com maior incidência em pacientes geneticamente predispostos,
submetidos aos mecanismos hiperglicêmicos da gravidez (metabólicos, hormonais, etc.)” e que
apresentem um ou mais fatores considerados de risco para DMG pela American Diabetes
Association (2000 apud MONTENEGRO JR., 2000, p. 521) e outros autores, conforme
ilustração 1 a seguir.
FATORES DE RISCO E RASTREAMENTO PARA O DMG
• idade maior 25 anos;
• excesso de peso/obesidade pré-gravídica ou no decorrer da mesma (distribuição central da gordura
corporal);
• diabetes em gestações anteriores;
• antecedentes obstétricos adversos em gestações anteriores (abortamentos, poliidrâmnios, morte
perinatal, filhos nascidos vivos com mais de 4 kg e partos prematuros);
• antecedentes familiares de Diabetes;
• múltiplas gestações;
• tratamento para hipertensão arteriaL;
• glicosúria no exame de urina de rotina;
• origem hispânica, afro-americana, asiática ou nativa americana
Ilustração 1: Fatores de risco e rastreamento para o DMG.
Fonte: adaptado de Menicatti e Fregonesi (2006).
As pacientes com DMG possuem a sensibilidade periférica à insulina ainda mais
diminuída, característica do portador de diabetes tipo II, mas segundo Maganha et. al. (2003, p.330)
“se todas as gestantes fossem resistentes à insulina, a incidência do DMG seria superior aos níveis
encontrados”.
Sancovski (1999 apud MENICATTI; FREGONESI, 2006, p. 107) relata que “várias
são as possibilidades de se proceder ao rastreamento do diabetes, como a glicemia de jejum e o teste
de sobrecarga oral”, porém os valores obtidos com o teste de glicemia de jejum, “bem como o
rastreamento dos fatores de risco do DMG (obesidade, história familiar, glicosúria, etc.) não se
mostram efetivos para apurar todos os casos de diabetes na gravidez” (BERTINI 2001 apud
MENICATTI; FREGONESI, 2006, p. 107). O diagnóstico do diabetes na gravidez merece uma
distinção pequena em relação ao estado não gravídico em função de valores glicêmicos mais baixos,
determinados pela gestação (SANCOVSKI, 1999 apud MENICATTI; FREGONESI, 2006, p. 107),
podendo ser realizado através da dextro (dosagem de glicemia capilar), que nada mais é que um
monitoramento glicêmico, realizado várias vezes ao dia pela própria gestante, o qual representa o
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perfil glicêmico verdadeiro, obtido com os valores armazenados no aparelho (MAGANHA et. al.,
2003).
Atualmente, três órgãos preconizam dois parâmetros para o rastreamento e diagnóstico
do DMG, sendo eles a American Diabetes Association (ADA), a Organização Mundial de Saúde
(OMS) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). A ADA “preconiza o
rastreamento de mulheres com idade de 25 anos, entre 24ª e 28ª semanas de gestação, utilizando
para rastreamento a glicemia de 1 hora após a administração de 50g de dextrosol”, segundo o
proposto pelo National Diabetes Data Group (NOGUEIRA, 2001 apud MENICATTI;
FREGONESI, 2006, p. 107; FEBRASGO, p. 30).
Já a OMS e a SBEM juntamente com o Consenso Brasileiro de Diabetes Gestacional,
adotam um método de rastreamento e diagnóstico do DMG utilizado por quase toda a comunidade
européia, no qual há a necessidade de um rastreamento precoce, desde o início da gravidez, através
do teste de glicemia de jejum.
Na interpretação dos resultados do teste de glicemia entende-se que: a) valores ≤
100mg/dL representam a normoglicemia materna; b) valores entre 110 e 125mg/dL indicam
alteração da glicemia de jejum, sendo necessária a realização do teste oral de tolerância à glicose, de
2 horas, com sobrecarga de 75g de dextrosol; c) dois valores > 126mg/dL obtidos em dias distintos,
ou valores > 200mg/dL para o teste de glicemia fora do jejum já estabelecem o diagnóstico de
DMG (SANDOVAL, 2005; FEBRASGO, 2004; NOGUEIRA 2001 apud MENICATTI;
FREGONESI, 2006). No teste oral de tolerância à glicose com sobrecarga de 75g a OMS entende
os parâmetros de avaliação do resultado do teste da gestante assim como o de um indivíduo fora da
gestação, sendo este o único teste recomendado para confirmar o quadro de Diabetes Mellitus
Gestacional.
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (ESTÁGIOS CLÍNICOS) DO DIABETE MELITO E OUTRAS
CATEGORIAS DE HIPERGLICEMIA DE ACORDO COM OS NÍVEIS E GLICOSE
Diagnóstico
Jejum
2 horas após sobrecarga (TOTG)
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (ESTÁGIOS CLÍNICOS) DO DIABETE MELITO E OUTRAS
CATEGORIAS DE HIPERGLICEMIA DE ACORDO COM OS NÍVEIS E GLICOSE
Normoglicemia
Alteração da glicemia de jejum
Tolerância à glicose alterada
Diabete Melito
≤ 100 mg/dL
100-126
< 126
> 126
< 140 mg/dL
140-200
> 200 mg/dL
Ilustração 2: Critérios diagnósticos (estágios clínicos) do diabete melito e outras categorias de hiperglicemia de acordo
com os níveis e glicose.
Fonte: Sandoval (2005, p. 204).
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Finalmente, o que se entende sobre os testes para rastreamento e diagnóstico do
DMG, conforme o proposto pela FEBRASGO (2004) é que, independente do método utilizado
no primeiro rastreamento, o resultado positivo obtido pela relação dos resultados dos testes
associados aos fatores de risco, leva à aplicação do teste de sobrecarga de glicose, onde o mais
usual é o de 75g, o qual permite o diagnóstico final, para que então, nas gestantes com DMG, se
proceda com o tratamento dietético, realização de exercícios físicos ou insulinoterapia.
3. EXERCÍCIO FÍSICO
Historicamente a prática de exercício físico era realizada apenas por homens, mas
atualmente tem-se assistido a um grande desenvolvimento da investigação sobre o exercício
físico para mulheres, principalmente durante a gravidez, apesar de serem muitas as dúvidas que
ainda prevalecem.
O exercício físico é caracterizado segundo Matsudo; Matsudo (2000, p. 02), como
“um tipo de atividade física mais estruturada, que envolve intensidade, freqüência, duração,
tendo como objetivo melhora da aptidão física e, por conseguinte, da saúde”, além de promover
a manutenção de um ou mais componentes da aptidão física caracterizando-se em consonância
com o exposto por Monteiro; Sobral Filho (2004, p. 513) “como uma atividade realizada com
repetições sistemáticas de movimentos orientados”.
3.1 Resposta glicêmica ao exercício físico
Durante a prática do exercício físico o organismo pode ser levado a uma grande
demanda metabólica, e no intuito de manter a homeostase, o aumento do substrato metabólico e
de oxigênio deve ser obtido, utilizando-se de “sistemas regulatórios como o cardiopulmonar e
neuroendócrino, além da regulação do metabolismo do fígado, músculo e tecido adiposo”
(RAMALHO, 1999 apud MENICATTI; FREGONESI, 2006, p. 109).
A insulina tem como principal função “regular o metabolismo da glicose por todos
os tecidos, com exceção do cérebro” (CANALI; KRUEL, 2001, p. 150). Em resposta aguda ao
exercício prolongado, as concentrações plasmáticas tendem a baixar, indicando a facilitação da
ação hormonal na difusão da glicose (embora a concentração plasmática da glicose possa
permanecer relativamente constante), de modo que é necessária uma menor quantidade de
insulina durante a prática – para que a glicose seja degradada e utilizada como energia – do que
em repouso – quando ela é armazenada na forma de glicogênio no músculo ou triglicerídios no
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tecido adiposo (WILMORE; COSTILL, 2001; CANALI; KRUEL, 2001). O que ocorre mais
especificamente é que a quantidade ou a disponibilidade de receptores da insulina aumenta
durante o exercício, aumentando “a velocidade do transporte da glicose para dentro das células
musculares e do tecido adiposo” (CANALI; KRUEL, 2001, p. 150), além da sensibilidade
aumentada do organismo a esse hormônio, reduzindo a necessidade de manutenção de
concentrações plasmáticas elevadas de insulina (WILMORE; COSTILL, 2001).
Quanto à resposta ao exercício crônico (treinamento), estudos demonstram que as
concentrações plasmáticas de insulina diminuem menos em resposta ao programa de
treinamento (FOSS; KETEYIAN, 2000), onde essa baixa pode ser explicada pela concentração
aumentada das catecolaminas (CANALI; KRUEL, 2001), que possuem um efeito inibitório
“sobre a atividade das células beta do pâncreas” (MCARDLE; KATCH; KATCH, 1998, p. 354).
Os menores níveis de insulina, durante o exercício, não significam que a captação de
glicose pelas células musculares seja reduzida, o que ocorre é que uma pequena quantidade
desse hormônio é suficiente para permitir o aumento na captação da glicose relacionada ao
exercício (Foss; Keteyian, 2000, p.436), e cujo aumento da sensibilidade – onde menor ou igual
quantidade de insulina é capaz de desempenhar sua tarefa – estará presente por pelo menos 48
horas após 1 hora de exercício moderado (FOSS; KETEYIAN, 2000, p. 436-437).
3.2 Precauções durante o exercício físico na gestação e benefícios
O exercício físico provoca diversas respostas fisiológicas nos sistemas corporais,
tornando-se fator protetor para uma série de males (LEITÃO et. al., 2000; DOMINGUES;
ARAÚJO; GIGANTE, 2004, p. 204; MONTEIRO; SOBRAL FILHO, 2004, p. 513) sendo que
“todas as mulheres que não apresentam contraindicações devem ser incentivadas a realizar
atividades aeróbias, de resistência muscular e alongamento”, tendo a cautela de escolher
exercícios que apresentem pouco risco de perda de equilíbrio e traumas (DAVIES, 2003 apud
LIMA; OLIVEIRA, 2005, p. 189). Todavia, antes de começar qualquer programa de
condicionamento físico, deve-se fazer uma avaliação médica detalhada da gestante para o
cálculo da intensidade do treinamento em relação à freqüência cardíaca, controle da pressão
arterial e controle glicêmico, desde que não apresente anormalidades no período de gestação
(TORRES; LIMA, 2009).
Embora toda mulher devesse realizar pelo menos trinta minutos de exercício físico
por dia, na maior parte dos dias da semana, de forma contínua ou acumulada, com intensidade
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moderada ou leve, ressalva-se que a gestante que quiser se envolver em um programa de
exercícios ou prática esportiva mais intensos deve ser avaliada médica e obstetricamente antes
de começar, incluindo nesta avaliação uma anamnese físico-desportiva e, sempre que possível,
uma determinação do estado de condicionamento físico (MATSUDO; MATSUDO, 2000).
Os benefícios do exercício físico durante a gestação são amplos e atingem diferentes
áreas do organismo (BATISTA, 2003, p. 153), estando apoiado em um consenso geral na
literatura científica de que a manutenção de exercícios com intensidade moderada durante uma
gravidez não-complicada proporciona inúmeros benefícios para a saúde materna (LIMA;
OLIVEIRA, 2005, p. 188), além de proporcionar um melhor retorno venoso e melhor irrigação
da placenta (LEITÃO et. al., 2000, p. 218).
Existe, porém, uma série de contraindicações, absolutas e relativas, bem como
precauções que devem ser adotadas para a prática de exercício durante o período gravídico
(Ilustração 3 e 4).
CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS
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Doenças miocárdicas
Insuficiência cardíaca congestiva
Enfermidade cardíaca reumática
Tromboflebite
Embolismo pulmonar recente
Enfermidade infeciosa aguda.
Risco de parto prematuro
Colo uterino incompetente
Gestação múltipla
Sangramento uterino, rotura prematura da placenta
Retardo de crescimento intra-uterino ou macrossomia
Enfermidade hipertensiva grave
Suspeita de estresse fetal
CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS
• Insuficiência placentária
• Pré-eclâmpsia
Ilustração 3: Fatores de Contra Indicações Relativas.
Fonte: adaptado de Matsudo e Matsudo (2000).
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CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS
Hipertensão arterial essencial
Falta de controle pré-natal
Anemia e outras alterações sanguíneas
Enfermidade tiroideia
Diabetes mellitus
Obesidade excessiva ou baixo peso extremo
História de estilo de vida sedentário
Bronquite crônica
Limitações ortopédicas
Tabagismo
Ilustração 4: Fatores de Contra Indicações Absolutas.
Fonte: adaptado de Matsudo e Matsudo (2000).
Dentre as precauções que devem ser observadas para a prática do exercício físico na
gestação é importante ressaltar alguns problemas que podem vir a surgir, dentre as quais estão:
• Hipoglicemia: representada por períodos de diminuição dos níveis de glicose
plasmáticos que, “durante o exercício explica-se por maior consumo de glicose
muscular” (NERY, 2007, p. 292), é uma “complicação aguda que pode acontecer
subitamente e que requer tratamento imediato para evitar a progressão para uma
situação mais grave de perda de consciência ou de coma hipoglicêmico” (DOSSIE
DIABETES, 2001, p.10). Os principais sinais e sintomas para reconhecer um início de
hipoglicemia, segundo Pedroso; Oliveira (2007, p. 522), são: palidez, sudorese, tontura,
náusea, torpor, síncope, midriase, hemiplegia, entre outros.
• Hiperglicemia: complicação secundária, decorrente da “fase de transição da
administração de insulina por via endovenosa contínua para a via subcutânea” (Barone
et. al. 2007, p.) ou de um planejamento alimentar inadequado. É caracterizada por
períodos com níveis elevados de glicose no sangue, representando controle insuficiente
do diabetes (DOSSIE DIABETES, 2001). A presença constante de hiperglicemia
materna pode levar a “complicações tardias, e a uma situação grave de cetoacidose”
(DOSSIE DIABETES, 2001, p. 10.), requerendo tratamento imediato. Nas gestantes,
um estado hiperglicêmico pode levar a complicações fetais como “anomalias
congênitas, natimortalidade, macrossomia, SAR - síndrome da angústia respiratória,
hipoglicemia neonatal” (KITZMILLER; DAVIDSON 2001, apud DAVIDSON, 2001,
p. 285).
79 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
Diabetes mellitus gestacional: os efeitos do exercício físico sobre as alterações glicêmicas – uma revisão.
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• Cetoacidose: decorre de um acúmulo de corpos cetônicos (cetose), devido a carência
de insulina (POWERS; HOWLEY, 2005). O que ocorre no organismo é que os níveis
de glicose aumentam no sangue por esta não estar sendo transportada para o interior
das células pela ação da insulina (GUYTON, 2002), assim, “o organismo vai buscar
essa energia ao tecido adiposo (gordura) que, ao ser utilizado liberta grandes
quantidades de ácidos gordos” (DOSSIE DIABETES, 2001, p.10) transformados em
substâncias ácidas no fígado. Esta é uma situação muito grave e, se não tratada, põe a
vida do diabético em risco (DOSSIE DIABETES, 2001).
De acordo com Leitão et. al. (2000, p.218) “durante uma gestação normal quem já
praticava exercícios pode continuar a fazê-lo, adequando a prescrição à gestação”.
O exercício reduz e previne as lombalgias, devido à orientação da postura correta da
gestante frente à hiperlordose que comumente surge durante a gestação, em função da
expansão do útero na cavidade abdominal e o conseqüente desvio do centro gravitacional
(HARTMANN; BUNG 1999 apud BATISTA et. al., 2003, p. 153).
Nestes casos, o exercício físico permite à gestante maior habilidade durante as
atividades e no trabalho diário, por permitir a adaptação de uma nova postura física (HARTMANN;
BUNG, 1999 apud BATISTA et. al., 2003), além da “manutenção da aptidão física e da saúde, a
diminuição dos sintomas gravídicos, o melhor controle ponderal, a diminuição da tensão no parto, e
uma recuperação no pós-parto mais rápida” (LEITÃO et. al. 2000, 218). No período gestacional, é
importante orientar a população de forma a reforçar os aspectos benéficos do exercício físico para a
gestante e o futuro bebê, incentivando o início e a manutenção da sua prática, pois muitos desses
conhecimentos ficam ocultos.
Em estudos de Gouveia et. al. (2007), é evidenciada a falta de informação sobre os
benefícios do exercício físico durante a gestação (Ilustração 5) e, segundo Domingues; Araújo;
Gigante (2004, p. 205) os motivos que levam as pessoas a desconhecerem esses benefícios podem ir
desde a falta de vontade própria em buscar informação, dificuldade que há em se obter orientações
quanto à realização de exercícios durante a gravidez (LANDI; BERTOLINI; GUIMARÃES, 2004),
até mesmo a inexistência de programas governamentais de esclarecimento, passando por alguns
profissionais de saúde que, muitas vezes, também ignoram o valor do exercício físico e/ou não são
efetivos no incentivo à sua prática regular.
80 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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Neste âmbito, muitas orientações a respeito do exercício no período gestacional não são
adequadamente divulgadas fora do meio acadêmico, devido às questões éticas quanto a pesquisas
em humanos, o que dificulta a prescrição do exercício para gestantes até os dias atuais.
Ilustração 5: Classificação do nível de informação das mães relativamente aos efeitos do
exercício físico na gravidez.
Fonte: Gouveia et. al. (2007).
4. TRATAMENTO DO DMG versus ASSOCIAÇÃO DO EXERCÍCIO FÍSICO
No tratamento da gestante com DMG os meios mais utilizados, de um modo geral, são o
controle com dieta adequada e a introdução da insulina (ARTAL et. al., 1999), entretanto, em
tempos recentes, modalidades de tratamento que propiciem uma diminuição da resistência periférica
à insulina, como a prática do exercício físico, são preferíveis (ARTAL; WISWELL;
DRINKWATER, 1999), observando, sempre, a condição de saúde da gestante. Diante do exposto,
Artal; Wiswell; Drinkwater (1999, p. 55) afirmam que “embora o exercício durante a gravidez
esteja ganhando aceitação, continua discutível”. Quanto aos benefícios e riscos do exercício físico,
segundo Haas (2005 apud LIMA; OLIVEIRA, 2005) a falta da prática regular é um dos fatores
associados à maior susceptibilidade a doenças durante e após a gestação.
Nas gestantes, como em qualquer outro grupo de indivíduos para o qual será
recomendado o exercício físico regular, dever-se-á contemplar uma adequada prescrição, pois
alguns sinais ou sintomas representam risco eminente de complicações na gestação durante a prática
e indicam que o exercício deve ser imediatamente interrompido por constituírem grande risco para a
saúde da gestante e do feto (BATISTA et. al., 2003, p. 156).
81 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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4.1 Intervenção nutricional e o exercício físico
A gravidez impõe à gestante algumas demandas nutritivas que obrigam as alterações no
planejamento alimentar (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009). Assim, “o
tratamento dietético apropriado para uma gestante diabética deve proporcionar uma nutrição
suficiente, tanto para a gestante quanto para o feto, com o objetivo de se obter um quase
euglicemia” (BERTINI, 2001 apud MENICATTI; FREGONESI, 2006, p. 108), assim como
“garantir a evolução ponderal desejada, evitar hipoglicemia, garantir níveis adequados de lipídios
séricos” (PEDROSO; OLIVEIRA 2007, p. 525). De um modo geral, essas alterações no
planejamento alimentar devem ser recomendadas para todas as gestantes com DMG, sendo um
aliado importante no controle da glicemia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009).
Segundo Reichelt; Oppermann; Schimidt (2002, p. 577), a orientação alimentar deve
ajustar-se de modo a permitir um “ganho adequado de peso de acordo com o estado nutricional da
gestante, avaliado pela informação do peso pré-gravídico”, onde ganhos de cerca de 9kg a 12kg até
o final da gestação são apropriados (Ilustração 6), principalmente para “mulheres que se
encontravam em seu peso pré-gravídico ideal, ao engravidar” (SEYFFARTH, 1999, p.42).
O Ganho de peso deve ser controlado, ocorrendo de forma reduzida no início da
gestação quando comparado à fase final, podendo o ganho ponderal ser de 1 a 2 kg durante o
primeiro trimestre e em torno de 250g a 450g por semana durante o resto da gravidez
(BATISTA, 2003; SEYFFARTH, 1999).
82 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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O ganho de peso em excesso pode expor a gestante ao desenvolvimento de diversas
patologias, tais como hipertensão arterial, diabetes, obesidade pós-parto, macrossomia
fetal, além de complicações e puerpério. No entanto, o ganho de peso insuficiente
extrapola este único aspecto, sendo prejudicial para a tríade gestante, trabalho de parto
e feto, especialmente frente à prática de atividade física regular (AMERICAM
COLLEGE OF SPORTS AND MEDICINE 2000 apud BATISTA, 2003, p.152;
RÖSSNER 1999 apud BATISTA, 2003, p.152).
Neste âmbito, Ericksson; Sweene (1993 apud MAGANHA, 2003, p. 331) acreditam
que a oferta protéica na gestação deve ser mantida, “tanto para o crescimento fetal adequado,
quanto para garantir o aumento da produção de insulina necessário na gestação” (MENICATTI;
FREGONESI, 2006, p. 108) fornecendo o aporte calórico equilibrado de uma dieta normal,
contendo proteínas (aprox.15 a 20% kcal total), carboidratos (exceto os de absorção rápida –
aprox. 40 a 45% kcal total), gorduras (aprox. 40% kcal total em que apenas 10% deve ser em
forma de gordura saturada), sais minerais e vitaminas (MENICATTI; FREGONESI, 2006;
PEDROSO; OLIVEIRA, 2007), devendo, no plano alimentar, o total de calorias diárias ser
distribuído entre cinco e seis refeições, buscando evitar episódios de hiper e hipoglicemias,
inclusive noturnas (SEYFFARTH, 1999; PEDROSO; OLIVEIRA, 2007).
Idealmente, a ingestão calórica de carboidratos, segundo recomendações da
American Diabetes Association (1996 apud MAGANHA, 2003), deve contemplar apenas 40%
do número total de calorias/dia. Estudos como os de Jovanik-Peterson; Peterson (1990-1991
apud MAGANHA, 2003, p.331) e Peterson; Druzin (1981 apud MAGANHA, 2003, p. 331)
referenciam que “o total de calorias ingeridas deve ser dividido em várias refeições” com
percentil diário distribuído em: 10% no café da manhã, 60% entre o almoço e o jantar e os
outros 30% nos lanches entre as refeições. Maganha (2003, p. 331) afirma que “o tempo
necessário para observar o efeito da dieta sobre o controle do DMG ainda é questionado”, mas
que a literatura aponta resultados positivos com valores entre 40% a 70% de gestantes
controladas apenas com medidas dietéticas.
De modo geral, a prescrição da dieta deve ser orientada por um profissional de
nutrição, buscando oferecer várias opções de composição das refeições, em acordo com as
preferências e possibilidades de cada paciente, lembrando que a “as gestantes que não tiverem
controlada a hiperglicemia ao longo do dia devem iniciar o uso de insulina” (RUDGE et. al.
2004 apud MENICATTI; FREGONESI, 2006, p. 109).
Na relação dieta e exercício, estudos de Peterson; Druzin (1981, apud MAGANHA,
2003, p. 331), apontam melhora significativa da glicemia e hemoglobina glicosilada em
83 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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gestantes que associaram a dieta e a prática de exercícios assistidos (durante 20 minutos, três
vezes por semana) em relação às gestantes controladas apenas com dieta. Já em um estudo
experimental de Sapienza (2009, p. 34), as gestantes que compunham o grupo controle, o qual
foi tratado apenas com dieta e exercício, “permaneceram com controle glicêmico satisfatório
durante toda a gravidez”. Sendo assim, a associação entre dieta e exercício, como métodos de
tratamento, parece intervir positivamente no controle glicêmico da gestante com Diabetes
Mellitus Gestacional.
6.2 Insulinoterapia
A mulher em estado gravídico sofre diversas alterações tanto no corpo quanto nos
sistemas corporais, e dentre essas alterações, as hormonais, relacionadas com a prática de
exercício físico, são importantes por ter relação direta com os níveis de glicose (MATSUDO;
MATSUDO, 2000). “A associação entre inatividade física e resistência à insulina foi sugerida
pela primeira vez em 1945” (BLOTNER 1945 apud CIOLAC; GUIMARÃES, 2004, p. 320),
“desde então, estudos transversais e de intervenção têm demonstrado relação direta entre
atividade física e sensibilidade à insulina” (RENNIE et. al. 2003 apud CIOLAC; GUIMARÃES,
2004, p. 320; LAKKA et. al. 2003 apud CIOLAC; GUIMARÃES, 2004, p. 320; HOLLOSZY
et. al. 1986 apud CIOLAC; SCHNEIDER; MORGADO 1995 apud CIOLAC; GUIMARÃES,
2004, p. 320).
A agregação entre uma dieta bem estruturada e a prática de exercícios físicos pode
ser associada à insulinoterapia no tratamento de gestantes que apresentem um quadro de
Diabetes Mellitus Gestacional (BASSO et. al., 2007), onde a introdução da insulina ocorre
apenas quando “a dieta e os exercícios não levam a um controle metabólico adequado, critério
esse que varia de autor para autor” (ACOG 2001 apud MAGANHA et. al., 2003, p. 332;
LANGER 1998 apud MAGANHA et. al., 2003, p.332; BUCHANAN 1998 apud MAGANHA
et. al., 2003, p. 332). É extremamente importante salientar que a insulinoterapia deve ser
iniciada como ultimo recurso para o controle da hiperglicemia materna, sendo indicada apenas
“quando os objetivos do tratamento não são atingidos com as medidas não-medicamentosas”
(MENICATTI; FREGONESI, 2006, p.108).
No Diabetes Mellitus Gestacional estima-se que aproximadamente 15% a 60% das
gestantes com diagnóstico positivo necessitam introduzir a insulina no tratamento (SILVA et.
84 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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al., 2007), sendo recomendada a insulina humana (BASSO et. al., 2007; MONTENEGRO JR.,
et. al., 2000), uma vez que é a mais disponível no mercado, em detrimento daquelas de origem
animal – que têm sido abandonadas – (PEDROSO; OLIVEIRA, 2007). Atualmente, diversos
tipos de insulina estão disponíveis, dentre elas a lispro, aspart, regular, NPH, lenta, ultralenta e
glargina, que se diferem pelo tempo de absorção (PEDROSO; OLIVEIRA, 2007, p. 528).
A caracterização dos tipos de insulina define-se por:
Início de acção o tempo que a insulina demora a actuar depois de injectada;
Pico máximo o período de tempo em que a insulina actua e com maior actividade (altura
em que tem maior capacidade de diminuir o açúcar no sangue);
Duração de acção o tempo que a insulina está activa no organismo (DOSSIÊ DIABETES
2001, p.10).
INÍCIO E DURAÇÃO DE AÇÃO APROXIMADOS DAS INSULINAS HUMANAS
ANÁLOGOS
Preparação de insulina
Início de ação
Pico
Duração da ação
Regular
30-60 minutos
2-4 horas
6-10 horas
NPH / Lenta
1-2 horas
4-8 horas
10-20 horas
Lispro / asparte / glulisina
5-15 minutos
1-2 horas
4-6 horas
Glargina / determir
1-2 horas
pouco pronunciado
-24 horas
Ilustração 7: Início e duração de ação aproximedos das insulinas humanas análogos.
Fonte: Pires e Chacra (2007).
Dentre os tipos de insulina supracitados, Bhattacharyya (2001 apud MAGANHA, 2003,
p. 331) ressalva que:
A insulina lispro, análoga de insulina regular humana (com pico de ação atingido dentro de
uma hora da injeção), tem-se demonstrado segura durante a gestação. Não há aumento de
malformações congênitas e é significativa a melhora do controle glicêmico pós-prandial e
da hemoglobina glicosilada em longo prazo, não havendo, no entanto, diferenças em
relação à insulina regular quanto aos resultados peri-natais (BHATTACHARYYA 2001
apud MAGANHA, 2003, p.331).
Segundo Montenegro Jr. et. al. (2000, p. 524) seguindo parâmetros como o ganho de
peso e controle glicêmico, ajustes devem ser realizados nos esquemas de aplicação da insulina, de
modo a permitir a utilização de “doses múltiplas de insulina de ação intermediária, associadas ou
não às de ação rápida”. Já nos esquemas convencionais há utilização de “uma a duas injeções
diárias de insulina de ação intermediária, antes do café da manhã e do jantar”. Casualmente, as
85 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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glicemias das 10 e 20 horas podem manter-se elevadas, casos onde é possível o acréscimo da
insulina de ação rápida.
Em esquemas mais intensivos, utilizam-se múltiplas doses de insulina de ação rápida antes
das refeições, além das de ação intermediária ou prolongada. Para isso, levam-se em conta,
além do controle metabólico, as condições socioeconômicas e a motivação da paciente
(MONTENEGRO JR. Et. al., 2000, p. 524).
Na administração das injeções de insulina no tecido subcutâneo (abaixo da derme) a
aplicação difere em quatro diferentes regiões do corpo (Ilustração 8), sendo importante ressaltar que
deve haver um rodízio entre os locais de aplicação das injeções, e ainda que há a necessidade de se
variar o ponto da picada dentro da mesma área, com pelo menos 3 cm de distancia da picada
anterior, de modo a “evitar fibrose, lipodistrofia e absorção atrasada da insulina” (DOSSIE
DIABETES, 2001, p. 12; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2009; PEDROSO;
OLIVEIRA, 2007).
LOCAIS DE APLICAÇÃO DA INSULINA
Abdome região lateral direita e esquerda distantes 4-6cm da cicatriz umbilical.
face anterior e lateral externa. Em adultos, compreende a região entre 12 ,
15 cm, abaixo do grande trocanter, e de 9-12 cm acima do joelho, numa
Coxa
faixa de 7 , 10 cm de largura. Em crianças, a região é a mesma,
respeitando-se a proporcionalidade corporal.
Braço
Nádega
face posterior
quadrante superior lateral externo da região glútea.
LOCAIS DE APLICAÇÃO DA INSULINA
Ilustração 8: Locais de aplicação da insulina.
Fonte: SBD (2009).
86 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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Em resumo, o objetivo principal da insulinoterapia está na busca pelo melhor controle
metabólico, estando à seleção do tipo e a dose inicial de insulina diretamente relacionada a
parâmetros como o peso e idade gestacional da paciente. Neste âmbito, cabe lembrar que uma vez
iniciado o tratamento com insulina, a constante “monitorização da glicemia com o uso de
glicosímetros” deve ser realizada, ocorrendo pelo menos de “três a sete medidas por dia, pré e pósprandiais” ou, no caso de impossibilidade dessa medição em domicílio, deve realizar-se perfil
glicêmico semanal, junto a um laboratório de análises (GOLBERT; CAMPOS, 2008, p. 311).
4.3 O exercício físico no tratamento do DMG
A utilização do exercício físico para o tratamento terapêutico do DMG é preconizada
desde 600 a.C – mas de maneira diferente às que temos conhecimento atualmente – sendo que nos
séculos seguintes, por volta de 1922, com a descoberta da insulina, pesquisadores destacaram que a
interação entre esse hormônio e o exercício físico regular trariam prováveis benefícios no
tratamento do DMG (STEPPEL; HORTON 2005 apud VOLPATO, 2006; VIVOLO; FERREIRA;
HIDAL 1996 apud VOLPATO, 2006).
A American Diabetes Association (2004 apud VOLPATO et. al., 2006, p.230) e o
American Colege of Ginecologi and Obstetricians (2002 apud VOLPATO et. al., 2006, p.230)
convergem da opinião de que “apesar de as repercussões neonatais do exercício ainda não estarem
definidas”, o mesmo deve ser estimulado para a maioria das gestantes sendo consenso, nos dias
atuais, que “a execução orientada de exercícios físicos em mulheres com DMG faça parte da terapia
para controle glicêmico” (ROSAS, 1992 apud SAPIEZA, 2009, p. 8), por acreditar-se que “a
realização contínua e frequente de exercícios reduza as taxas de insulinização ou postergue o início
do tratamento medicamentoso (ROSAS, 1992 apud SAPIEZA, 2009, p. 8).
O exercício no tratamento do DMG tem como objetivo primordial diminuir a intolerância à
glicose através do condicionamento cardiovascular, que gera aumento da ligação e
afinidade da insulina ao seu receptor através da diminuição da gordura intra-abdominal,
aumento dos transportadores de glicose sensíveis à insulina no músculo, dentre outros
(LANGER 2000 apud MAGANHA et. al., 2003, p. 331).
Segundo
Artal;
Wiswell;
Drinkwater
(1999
apud
LANDI;
BERTOLONI;
GUIMARÃES, 2004, p. 65), “o exercício pode estimular o corpo a respostas de ajustes rápidos em
diferentes condições, pois o exercício põe o corpo em alterações drásticas de temperatura, pressão,
87 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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estimula o sistema endócrino, entre outros”; assim, associando essas alterações e a prática constante
de exercícios físicos, há a possibilidade de estimular, sem alterações perceptíveis, o organismo
materno.
Durante a gestação, em comparação com o período não gravídico, a atividade
cardiovascular está em elevação (HELMRICH 1994 apud BATISTA et. al., 2003).
No entanto, com a prática regular de exercícios físicos reduz-se esse estresse
cardiovascular, o que se reflete, especialmente, em freqüências cardíacas mais baixas,
maior volume sangüíneo em circulação, maior capacidade de oxigenação, menor pressão
arterial, prevenção de trombose e varizes, e redução do risco de diabetes gestacional
(HELMRICH 1994 apud BATISTA et. al., 2003, p. 154).
Em relação às alterações hormonais que acontecem com a gestante durante o exercício,
Matsudo; Matsudo (2000, p. 4) chamam atenção para a preocupação principal nesta situação que é o
comportamento dos níveis de glicose, onde há uma sensibilidade maior ao tipo, intensidade e
duração do exercício, e uma interdependência com a condição física individual da gestante,
contexto no qual cabe ressaltar que durante o exercício leve a moderado, é possível controlar os
níveis de glicose, mantendo-os em patamares estáveis.
O exercício físico em níveis moderados mostra-se benéfico para as gestantes, por
fornecer suficiente intensidade de treinamento, levando a efeitos positivos como a sensibilização
dos receptores de insulina e aumento da utilização de glicose (ARTAL; WISWELL;
DRINKWATER, 1999). Cronicamente, “além de o consumo muscular ser responsável pela retirada
de 75% da glicose sanguínea” (HOMKO;
KHANDELWAL, 1996 apud MAGANHA et. al, 2003,
p. 331), o exercício também aumenta o número de transportadores específicos de glicose no
músculo, o GLUT4, único transportador de glicose insulino-dependente, abundante nas células da
membrana muscular, cardíaca e adiposa o qual após ser estimulado pela liberação da insulina,
aumenta o transporte de glicose (SILVA, 2005).
Um cuidado importante a ser observado envolve evitar o exercício durante o período de
ação máxima da insulina, assim como aplicá-la no grupo muscular que não será exercitado, uma vez
que o aumento do trabalho muscular localizado aumenta a circulação sanguínea e, estando o
músculo mais receptivo à insulina, a absorção da glicose disponível será ainda mais rápida, o que
pode levar a complicações que vão desde um estado de hipoglicemia até a “perda de consciência ou
coma hipoglicêmico” (DOSSIE DIABETES 2001, p. 10) que podem ocorrer durante o exercício ou
tardiamente – 6 a 20 horas, ou mais, após o exercício (NERY, 2007; DOSSIE DIABETES, 2001).
88 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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Por isso, é necessário que ocorra uma monitoração dos níveis plasmáticos de glicose através de
testes, cujos resultados que apresentem valores acima de 300 mg/dl levam à recomendação de não
realização do exercício físico ou, caso os valores fiquem abaixo de 100 mg/dl em insulinodependentes, à ingestão de mais carboidratos para que a taxa de glicose seja normalizada
(MEIRELLES, 2008).
Em suma, torna-se explícito que um intenso monitoramento deve ser realizado para
que a prática de exercícios físicos, combinados com o planejamento alimentar e/ou insulinoterapia,
ocorra de modo seguro, buscando assim diminuir o risco de hipoglicemia ou hiperglicemia pósexercício (MERCURI; ARRECHEA, 2001).
4.4 Resposta glicêmica ao exercício físico em gestantes com DMG
Como revisado anteriormente, durante a gravidez o organismo da mulher passa por
inevitáveis alterações metabólicas que podem ser controladas com a prática de exercícios físicos, o
qual tem um papel fundamental neste controle. Fato este que vem sendo amplamente aceito por
médicos e gestantes, e onde “nota-se atualmente uma melhor interação científica, com intenção de
orientar sobre os benefícios proporcionados pela prática de exercício físico durante o período
gestacional” (TORRES; LIMA, 2009, p. 266). A prescrição deve estar fundamentada em amplo
conhecimento da fisiologia do exercício e dos potenciais riscos associados à sua pratica no período
gestacional (ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999), para que os mecanismos hormonais que
influenciam na resposta glicêmica ao exercício para gestantes com DMG sejam totalmente
compreendidos.
Segundo Batista et. al (2003, p. 154) “em gestantes que apresentam diabetes
gestacional, a atividade física pode contribuir para manter os níveis glicêmicos normais”. O
exercício diminui a glicemia em decorrência da utilização de glicose pela musculatura em atividade,
efeito este semelhante àquele que ocorre mediado pela insulina (ARTAL; WISWELL;
DRINKWATER, 1999) e, ainda, conforme demonstrado por Artal (1983 apud ARTAL;
WISWELL; DRINKWATER, 1999, p.39), que esta redução nos níveis de glicose “ocorre de forma
semelhante em pacientes saudáveis e diabéticas”.
O exercício favorece a liberação de glicose pelo fígado e de ácido graxo do tecido adiposo,
no entanto, para manter esse estado constante de produção de glicose, ocorre interação
delicada entre aumento da atividade simpatoadrenal e neuro-humoral, que resulta em
declínio da concentração plasmática de insulina e aumento da concentração de
89 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
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norepinefrina, epnifrina, cortisol, glucagon e hormônio de crescimento (ARTAL et al. 1999
apud LANDI; BERTOLINI; GUIMARÃES, 2004, p. 66).
Para Soskin (1948 apud ARTAL; WISWELL; DRINKWATER, 1999, p.39) “a
captação de glicose pelo tecido apresenta-se aumentada na presença de níveis circulantes de glicose
mais altos, mesmo na ausência de insulina”
Nesta ocasião, é extremamente importante observar o comportamento materno durante
o exercício, principalmente buscando identificar os sinais e sintomas que predizem uma
hipoglicemia, uma vez que nestes indivíduos “não há incremento adequado na produção/liberação
de insulina” (Basso et al 2007, p.254), além de ser indicada a monitoração prévia dos níveis de
glicose antes do exercício, exatamente para se prever um possível estado hipoglicêmico que pode,
como já citado, levar a diversas complicações.
Artal; Wiswell; Drinkwater (1999, p.39) acreditam que “os níveis de glicose flutuam
mais no final de uma gestação normal do que em qualquer outro período e, com eles, as demandas
de insulina também mudam”, sendo que “nesta fase cada molécula de glicose transformada em
gordura é perdida para o feto” (Artal; Wiswell; Drinkwater, 1999, p.39), agravando ainda mais o
controle glicêmico nas gestantes com DMG durante o exercício.
Ao estabelecerem um programa baseado na dieta e atividade física para gestantes
diabéticas, afirmaram que embora ainda seja controversa essa questão, evidências
acumuladas na literatura têm demonstrado que sob controle dietético e de atividade física,
os níveis glicêmicos podem ser mantidos normais, mesmo em gestantes já diabéticas
(JOVANIK-PETERSON; PETERSON 1996 apud BATISTA et al., 2003, p.154).
Por fim, o exercício físico durante a gestação só é “recomendado na total ausência de
qualquer anormalidade, mediante avaliação médica especializada” (LEITÃO et. al., 2000, p.218)
devendo sua prática ser cuidadosamente observada nas gestantes com DMG, “principalmente no
final da gravidez, tendo efeito positivo no amadurecimento cervical e na atividade de contração
uterina”, entre outros (WORLD HEALTH ORGANIZATION 1995 apud BATISTA et. al., 2003,
p.154; PETERSON; PETERSON 1996 apud BATISTA et. al., 2003, p.154)
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base em uma fundamentação teórica atual e consolidada identificamos a gravidez
como um período em que a mulher encontra-se em uma fase delicada que requer inúmeras atenções
90 VIEIRA, Andrea Melo Faria; REIS, Jacqueline Léa dos; DINIZ, Natália Chitarra; BRAGA, Mariluci.
Diabetes mellitus gestacional: os efeitos do exercício físico sobre as alterações glicêmicas – uma revisão.
Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº.
06, 69-97, Jul-2011/Dez-2011.
e cuidados que, sob rastreamento positivo do DMG, devem ser redobrados, principalmente quando
o exercício é associado.
Diante dos estudos expostos, percebe-se que um programa de exercício físico bem
elaborado, respeitando a idade gestacional e as recomendações médicas, juntamente com um
planejamento alimentar adequado deve ser seguido como forma de tratamento não farmacológico
auxiliando no controle glicêmico do Diabetes Mellitus Gestacional.
O Diabetes Mellitus Gestacional é uma patologia decorrente de alterações no
metabolismo hormonal e, sendo o exercício um meio pelo qual indivíduos em condições normais
ganham adaptações metaból1icas em decorrência da pratica constante, é possível afirmar, em
consonância com todo o conteúdo exposto ao longo deste trabalho, que a pratica de exercícios físico
na gestação constitui fator importante de prevenção ou controle do DMG, sendo extremamente
benéfico para a qualidade de vida da gestante, que contribui no desenvolvimento saudável do bebê.
O presente estudo representa mais um passo em direção à elucidação dos conhecimentos
sobre o exercício físico para gestantes, principalmente aquelas que sofrem com as complicações do
DMG. Contudo, este tema carece de pesquisas mais aprofundadas, principalmente experimentais, as
quais são necessárias, e de fundamental importância, para nortear a atuação do profissional de
Educação Física, afim de aprimorar o conhecimento sobre a aplicabilidade e os reais benefícios do
exercício físico regular durante a gestação, prevenindo e/ou tratando, grávidas acometidas pela
Diabetes Mellitus Gestacional.
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influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
A INFLUÊNCIA DO EDUCADOR FÍSICO NA ADERÊNCIA DOS ALUNOS A PRÁTICA
DE EXERCÍCIOS EM ACADEMIAS
Filipe Figueiredo de Rezende 1; Marcelle Valentim Vieira 2; Beatriz Bicalho 3; Mariluci Braga4
RESUMO
ABSTRACT
O objetivo do presente estudo é investigar na
literatura, se o educador físico tem influência
na aderência dos alunos praticantes de
exercícios em academias. A realização deste
estudo está relacionada à necessidade de
contribuir para ampliar a literatura nessa área,
haja visto a existência de poucos estudos no
Brasil sobre este tema. A partir desta revisão
de literatura, foi possível identificar que os
principais fatores que determinam a aderência
dos alunos, são o conhecimento e qualificação
dos professores, a forma como eles se
relacionam com os alunos e suas atitudes
durante as aulas. Conclui-se que o educador
físico tem influência na aderência dos alunos
praticantes de exercício em academias. A
partir disso, sugere-se a realização de outros
estudos para investigar os fatores que
influenciam o comportamento do educador
físico neste ambiente.
Palavras-chave: academia, aderência, educador
físico.
The objective of this study is to investigate in
the literature, if the physical educator has
influence in adherence of students who pratice
exercises in gym. The achievement of this
study is related to the need of contribution to
enlarge the literature in this area, since there is
just a few studies in Brazil related to this
theme. From this literature review, it was
possible to identify that the main factors that
determinate the adherence of the students are
teacher's
knowledge
and
qualification,
including the way that they relate with the
students and their attitudes during classes. The
conclusion is that physical educators has
influence in adherence of students who pratice
exercises in gym. Since there, the suggestion is
to realize more studies to investigate the factors
that influence the behavior of physical
educators in this environment.
Keywords: gym, adhrence, physical educator.
1
Aluno Educação Física FESBH.
Aluna Educação Física FESBH.
3
Professora Orientadora FESBH. Graduada em Educação Física pela UFMG. Pós-graduada em Fisiologia do Exercício
pela Universidade Veiga de Almeida – Coordenadora da Fórmula Academia.
4
Graduanda em Educação Física pela Faculdade Estácio de Sá.
2
99 REZENDE, Filipe Figueiredo; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci. A
influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
1. INTRODUÇÃO
Percebe-se que atualmente os indivíduos têm um estilo de vida pouco saudável, em
função do estresse e estafa do cotidiano, de uma alimentação inadequada e da irregularidade na
prática de exercícios físicos5. Com esses fatores citados, a qualidade de vida da população fica
abalada, tanto em estado físico quanto psicológico.
Hoje em dia, cada vez mais pessoas são sedentárias, sendo, justamente, estas as que
mais teriam a ganhar com a prática regular de atividade física6, seja como forma de prevenir
doenças, promover saúde ou simplesmente em busca do bem-estar. Os benefícios da prática regular
de atividade física que antes eram apenas constatados pela observação não controlada e não
cientifica, hoje são evidenciados cientificamente por diversas áreas.
O estilo de vida ativo, assim como o exercício físico, resultam em importantes
benefícios fisiológicos, além de possibilitar o aproveitamento do tempo de vida com o mínimo de
estresse por restrições físicas e assédios de doenças que diminuem sua funcionalidade e vitalidade
(PATE, et. al., 1995; SALLIS ; WILMORE, 1995; SHEPARD ; BOUCHARD, 1994; USDHHS,
1996 apud ROJAS, 2003).
Perante a conscientização e constatação da importância da prática de exercícios físicos,
sobretudo orientados, as academias7 surgem como alternativa para grande parte da população, sendo
um local privilegiado para a prática de exercícios físicos, fazendo com que o número de academias
aumente a cada dia, principalmente nos grandes centros urbanos.
Saba (2001, p. 52) cita que “pesquisas mostram que o aumento do número de academias
é impressionante, assim como o número da população que se vale de seus serviços, conforme cresce
a consciência da importância do desenvolvimento do exercício físico”.
Apesar do elevado número de academias e das informações sobre a importância da
prática de atividade física, pode-se observar que um grande número de pessoas, que iniciam
programas nestes locais, desiste por diversos fatores. Estudos americanos destacam que a
desistência é mais acentuada ao final do primeiro e terceiro mês de participação (CANTWEL, 1998;
DISHMAN, 1994 apud ROJAS, 2003).
5
Exercício físico é toda atividade física planejada, estruturada e repetitiva, que tem por objetivo a melhoria e
manutenção de um ou mais componentes da aptidão física (CASPERSEN et. al., 1985 apud GUISELINI, 2006, p. 32).
6
Defini-se atividade física como qualquer movimento corporal, produzido pelos músculos esqueléticos, resultando em
gasto energético maior do que os níveis de repouso (CASPERSEN et. al., 1985 apud GUISELINI, 2006, p. 23).
7
Local que oportuniza o ambiente e a orientação para a prática de programas de exercício físico (ROJAS, 2003).
100 REZENDE, Filipe Figueiredo; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci. A
influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
Ao iniciar um programa de exercício físico, a maior dificuldade que se encontra é a
aderência8 a essa atividade. Deste modo, percebe-se que os educadores físicos que atuam em
academias, devem direcionar atenção tanto no incentivo ao ingresso, quanto na manutenção de
indivíduos em programas de exercício físico (MALAVASI ; BOTH, 2005).
Mesmo sendo conhecida e comprovada a importância da prática de exercícios físicos,
tanto para a saúde quanto para a melhoria da qualidade de vida, ainda hoje é verificada uma
rotatividade muito grande nas academias.
Partindo desse pressuposto, o objetivo do presente estudo é investigar na literatura se o
educador físico tem alguma influência na aderência dos alunos praticantes de exercício físico em
academias.
A realização deste estudo esta relacionada à necessidade de contribuir para ampliar a
literatura nessa área, haja vista a existência de poucos estudos no Brasil sobre este tema.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Academia
A prática de atividades físicas existe desde a pré-história das mais variadas formas.
Nesse período as atividades físicas eram praticadas de forma obrigatória pela própria necessidade
de sobrevivência. O homem pré-histórico precisava lutar, caçar e pescar para sobreviver, nadar para
atravessar rios e caminhar longas distâncias já que era nômade e mudava constantemente sua
morada (TUBINO, 1992).
Com o passar dos tempos e diferindo de acordo com cada civilização as atividades
físicas tiveram diversos enfoques como higiênico, fisiológico, moral, ritual, recreativo, espiritual
entre outros, tendo sido a dança uma das atividades físicas mais significantes para o homem na
antiguidade (OLIVEIRA, 1983 apud MARTINS, 2008).
Tubino (1992) reforça que, com o passar de muitos anos, a atividade física foi tomando
forma de exercício físico, pois outros objetivos foram sendo atribuídos a sua prática. De acordo com
este autor, foi com a civilização grega que as atividades físicas passaram a ser reconhecidas como
historicamente importantes. Como ressalta Oliveira (1983 apud Martins, 2008), no período
chamado histórico, na Grécia antiga, surgem os grandes jogos gregos, que eram verdadeiras festas
8
Segundo Saba (2001, p. 39) entende-se como aderência “a manutenção da prática de exercícios físicos por longos
períodos de tempo, como parte da rotina dos indivíduos.”
101 REZENDE, Filipe Figueiredo; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci. A
influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
populares e religiosas, as quais envolviam, além de competições atléticas, provas literárias e
artísticas.
As atividades físicas dos indígenas no Brasil eram muito semelhantes àquelas realizadas
na pré-história. Nossos primeiros habitantes eram habilidosos e praticavam diversas atividades
físicas para sua sobrevivência, tais como: arco e flecha, canoagem, natação, luta, caça, pesca entre
outras (OLIVEIRA, 1983 apud MARTINS, 2008).
Em 1837, período após a chegada da família real portuguesa ao Brasil, o Ginásio
Nacional criado como instituição-modelo no Rio de Janeiro, incluiu a ginástica nos seus currículos
e que em 1851, começou a legislação referente à matéria, obrigando a prática da ginástica nas
escolas primárias do Município da Corte (OLIVEIRA, 1983 apud MARTINS, 2008).
De acordo com Capinussú; Costa (1989 apud MARTINS, 2008), as academias existem
em moldes organizacionais desde 1867, quando foi fundada na cidade de Bruxelas, na Bélgica, uma
instituição onde se objetivava o ensino da cultura física através de aparelhos. Após essa data o
surgimento de novas instalações onde se praticavam atividades físicas foi se intensificando em
outros países europeus como França e Inglaterra, e também nos Estados Unidos.
Já no Brasil, conforme Capinussú (2006) coube a um imigrante japonês, exímio
praticante de jiu-jitsu, por volta do ano de 1914, montar em sua própria casa na cidade de Belém do
Pará a primeira academia em moldes comerciais. No que se refere ao surgimento da primeira
academia no Rio de Janeiro, o mesmo autor relata ter sido em 1925 quando um português fundou
um ginásio na zona central do Rio de Janeiro onde oferecia atividades de halterofilismo e ginástica
olímpica.
Importante observar que a ênfase das academias era inicialmente nas lutas marciais e no
halterofilismo, sendo que inclusive Capinussú; Costa (1989, apud MARTINS, 2008) se referem à
década de 50 como “época de ouro das academias dedicadas ao ensino do halterofilismo.”
A concepção das academias foi mudando e a ênfase ao halterofilismo, assim como nas
lutas, perdendo espaço, até que nos anos 70 surgiu a nomenclatura musculação, para quebrar o
preconceito que existia contra o halterofilismo e também atrair as mulheres para essa atividade
(MORAES, 2006).
A década de 70 ficou marcada pelos trabalhos desenvolvidos pelo Dr. Kenneth Cooper.
A obra intitulada “Aeróbica” afirmava que todas as pessoas, inclusive as não treinadas, poderiam
realizar alguma prática corporal, pois isso traria enormes benefícios para a saúde, despertando na
população o gosto pela atividade física especialmente pela corrida, chamada por ele em inglês de
jogging (NOVAES; VIANNA, 2003 apud MARTINS, 2008).
102 REZENDE, Filipe Figueiredo; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci. A
influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
Com isso os exercícios aeróbios tiveram grande aceitação por parte da população
brasileira, sendo, inclusive, utilizado como meio de treinamento para atletas, particularmente do
futebol profissional. Sob orientação do professor Claudio Coutinho, a seleção brasileira de futebol
Campeã do Mundo no México em 1970, teve como base de sua preparação física os exercícios
aeróbios. O alto nível de habilidade, característica marcante do jogador brasileiro, associado à
ciência do treinamento aeróbio, propiciou uma façanha inédita: o tricampeonato mundial de futebol.
(GUISELINI, 2006).
Ainda de acordo com Guiselini (2006), essa época ficou marcada pela redescoberta da
prática do exercício físico, em particular dos exercícios aeróbios. “Fazer Cooper”, virou sinônimo
de caminhada e corrida nas praias, parques, ruas; virou moda, tornou-se um comportamento novo
entre milhares de sedentários.
Neste mesmo período surge à ginástica aeróbica, as professoras Jack Sorensen e Phylips
Jacobson, apresentam uma combinação de exercícios aeróbios (caminhadas, corrida e saltos) e
músicas, organizadas em pequenas coreografias. A ginástica aeróbica tornou-se um dos maiores
fenômenos socioculturais e esportivos no EUA e depois no Brasil. Já consagrados, os exercícios
aeróbios adentram a década de 80 com um novo local para sua prática: as academias de ginástica
GUISELINI (2006).
Assim a ginástica aeróbica se consagra entre os jovens como o principal exercício físico
praticado nas academias, juntamente com a musculação, que até então era restrita as academias de
halterofilismo e frequentadas exclusivamente por homens. A década de 80 fica marcada pela
“década de culto ao corpo”, denominada assim pela grande valorização das formas volumosas e
pelo envolvimento das mulheres nas salas de musculação (GUISELINI, 2006). Esse período ficou
conhecido, como o “boom” das academias (TUBINO, 1989 apud MARTINS, 2008; MORAES,
2006).
Na década de 90, a ginástica aeróbica e a musculação serviram de base para o
surgimento de novas formas de se exercitar. A nova abordagem da prática de exercício físico, com
suporte de novas pesquisas cientificas, contribuiu para o surgimento de novos equipamentos
(GUISELINI, 2006).
A ciência e a tecnologia chegam definitivamente às academias e aos programas de
exercício físico. A década de 90, fica marcada pela grande aceitação do conceito de Fitness9, e
9
O American College of Sports Medicine (1995 apud MARTINS, 2008) define fitness como “a obtenção ou
manutenção dos componentes do condicionamento físico, correlacionados com uma boa ou elevada saúde, sendo
necessários para realização de tarefas diárias e no confronto com os desafios esperados e inesperados.”
103 REZENDE, Filipe Figueiredo; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci. A
influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
assim, a educação física conquista um novo espaço na sociedade, o exercício físico deixa de ser
visto como uma prática de moda e é definitivamente incorporado como um habito saudável
(GUISELINI, 2006).
O fitness relacionado à saúde envolve componentes que apresentam uma relação
diretamente proporcional ao melhor estado de saúde e, adicionalmente, demonstraram adaptação
positiva à realização regular da atividade física e de exercícios físicos. São eles: resistência
cardiorrespiratória, força e resistência muscular, flexibilidade, composição corporal e coordenação
motora. (BARBANTI 1993 apud GUISELINI, 2006).
Exercício físico regular e alimentação adequada são considerados por médicos,
psicólogos e professores de educação física os principais hábitos a serem incorporados no estilo de
vida das pessoas. O sedentarismo passa a ser visto como uma doença, e varias pesquisas
demonstraram os seus efeitos para a saúde da população mundial: maior incidência de enfarto do
miocárdio, diabetes, hipertensão arterial, entre outras doenças (GUISELINI, 2006).
A década de 90 também ficou marcada pela criação do Conselho Federal de Educação
Física (CONFEF) e respectivos Conselhos Regionais de Educação Física (CREF). A sociedade
reconhece e aceita a estreita relação entre educação física e a saúde, e os profissionais de educação
física passam a fazer parte do seleto grupo de profissionais da saúde (GUISELINI, 2006).
No entanto o conceito de fitness, condicionamento físico relacionado à saúde, no final
da década de 90, é substituído por um novo conceito: wellness10. Os profissionais relacionados à
saúde, incluídos neste contexto os educadores físicos, entendem que cuidar do ser humano não pode
ser mais de forma tradicional (GUISELINI, 2006).
Surge então na educação física uma nova abordagem na formação dos profissionais para
o novo milênio: o profissional do bem estar (wellness). O profissional deve estar preparado para
compreender a importância do exercício e saber aplicá-lo como meio de mobilização e equilíbrio da
energia física, emocional, social, mental e espiritual de todos aqueles interessados em sentir-se bem
(GUISELINI, 2006).
Desde o seu surgimento, as academias têm absorvido um número cada vez maior de
adeptos, com faixas etárias e motivos de procura diferenciados (MARCELLINO, 2003), exigindo
dos profissionais de Educação Física conhecimentos que vão além dos aspectos físicos e biológicos
do movimento humano.
10
Corbin (apud Saba, 2001, p. 43) define wellness como sendo “a integração de todos os aspectos da saúde e aptidão
(mental, social, emocional, espiritual e física), que expande um potencial para viver e trabalhar efetivamente, dando
uma significante contribuição para a sociedade”.
104 REZENDE, Filipe Figueiredo; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci. A
influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
Segundo dados do Confef (2010 apud SABA, 2010) o número de academias em
funcionamento e registradas no Brasil é de 17.666. A proliferação das academias de ginástica é uma
realidade em todo mundo e a rotatividade de alunos é um fenômeno que estimula os profissionais e
pesquisadores da área a investigar os motivos atribuídos a aderência nos programas estruturados de
exercícios físicos oferecidos neste espaço (MARCELLINO, 2003).
2.2 Aderência
Quando uma pessoa inicia um programa de atividade física, seja esta iniciativa causada
por necessidade ou por convicção, a maior dificuldade que se encontra é na aderência desta
atividade em longo prazo. A aderência, ou seja, o comprometimento do praticante de exercícios
físicos com a sua rotina programada de treinamento, não ocorre logo no início da prática, pois há
um processo lento que vai da inatividade à manutenção da prática de exercícios físicos
(NASCIMENTO et. al., 2007).
O sucesso de qualquer programa de exercícios físicos esta relacionado à motivação de
seus participantes, a motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a
uma meta (SAMULSKI, 2009), considerada uma variável fundamental para a aderência
(WEINBERG; GOULD, 2001).
A palavra motivação exerce um grande efeito sobre as pessoas, principalmente quando
se refere à prática de atividade física em geral. Muitas vezes a motivação pode ser responsável por
inúmeras razões pelas quais o individuo decidira realizar alguma atividade ou não (MALAVASI;
OTH, 2005).
Um dos principais aspectos que auxiliam no desenvolvimento da motivação é a
conscientização dos participantes sobre a relevância da prática regular de exercício físico enquanto
um componente importante para a sua vida (DECI; RYAN, 2000; SOARES, 2004 apud LIZ et. al.,
2010).
De acordo com Saba (2001), a atividade física é benéfica tanto no aspecto biológico,
como também no nível psicológico. O autor aponta melhorias na capacidade cardiorrespiratória,
aumento na expectativa media de vida, entre outras, como exemplos de benefícios que a prática do
exercício proporciona às pessoas. No nível psicológico, os aspectos relacionam-se ao
aprimoramento dos níveis de auto-estima, da auto-imagem, diminuição dos níveis de estresse e
tantos outros (SABA, 2001).
105 REZENDE, Filipe Figueiredo; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci. A
influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
O estudo de revisão realizado por Liz et. al., (2010), sobre os motivos de aderência e
desistência de brasileiros praticantes de exercícios físicos em academias, levanta dados importantes
acerca desta temática.
Dentre estes, os motivos “saúde” e “estética” foram os mais citados para a aderência,
seguidos de “resistência, condicionamento e aptidão física”, “bem-estar”, “proximidade da
academia da casa ou do trabalho”, “qualidade de vida”, “prazer pelo exercício” e “socialização”
(LIZ et. al., 2010).
Alguns estudos assinalam que a procura por um ideal estético sobrepõe à busca pela
saúde (TAHARA et. al., 2003; ARAÚJO et. al., 2007; ZANETTI et. al., 2007 apud LIZ et. al.,
2010). Este fato dificulta uma orientação profissional adequada, pois há divergência entre o objetivo
do professor e do aluno. Assim, de acordo com as considerações de Ryan et. al. (1997 apud LIZ et.
al., 2010), a busca pela aparência idealizada não garantiria a aderência de praticantes de exercícios
físicos em academias.
A “socialização” como um dos principais motivos de aderência em academias sustenta a
afirmativa de quando as pessoas se identificam com os membros do grupo em que convivem sentem
mais prazer e atração pela atividade proposta (RYAN ; DECI, 2000; WANKEL, 1993 apud LIZ et.
al., 2010). Nesse sentido, organizar o ambiente das academias de maneira a favorecer a socialização
entre os alunos e destes com o professor deve ser uma preocupação dos administradores desses
estabelecimentos (LIZ et. al., 2010).
Os motivos “bem-estar” e o “prazer pelo exercício” estão relacionados aos benefícios
psicológicos proporcionados pela prática regular de exercícios físicos (BATISTA, 2001;
ZANETTE, 2003; PEREIRA; BERNARDES, 2005; ZANETTI et. al., 2007 apud LIZ et. al., 2010).
Santos; Knijnik (2006 apud LIZ et. al., 2010) afirmam que as pessoas que têm prazer
pela prática, conseguem remanejar e derrubar as barreiras e dificuldades que encontram para
aderirem aos exercícios físicos.
Assim sendo, fazer com que o indivíduo se sinta bem ao praticar exercícios físicos deve
ser um objetivo dos profissionais envolvidos na orientação de exercícios físicos.
2.3 O educador físico
A conscientização da importância da atividade física para uma boa qualidade de vida
tem levado cada vez mais pessoas a se exercitarem. Contudo, uma prática realmente saudável e
106 REZENDE, Filipe Figueiredo; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci. A
influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
inserida como parte da rotina dos indivíduos, depende de orientação adequada, o que cabe ao
profissional formado em Educação Física.
A graduação em Educação Física oferece formação em licenciatura e bacharelado, o
profissional com licenciatura pode atuar como professor de Educação Física na educação formal.
Já a área de atuação do bacharel é voltada para clubes, academias, hotéis e associações,
onde exerce funções administrativas ou elabora treinos de musculação, ginástica, atividades
aquáticas, treinamentos esportivos entre outros (ROJAS, 2009). Desse mercado de trabalho, as
academias caracterizam uma significativa parcela, sendo uma das principais empregadoras dos
profissionais que optam pelo bacharelado (ANTUNES, 2003).
Um estudo realizado por Martins (2008) levanta importantes considerações a respeito da
atuação do bacharel em educação física nas academias. E através de uma pesquisa, revela a sua
importância na permanência dos alunos a prática de exercícios nas academias.
Pereira (1996 apud MARTINS, 2008) menciona algumas características que segundo
ela o professor de academia deve possuir, entre estas: ser criativo e comunicativo, ser solicito e
prestativo, inspirar confiança a respeito de seus procedimentos, se relacionar bem com os alunos,
chamá-los pelo nome, se preocupar quando faltam, se manter atualizado e informado entre tantas
outras.
Ela menciona ainda que a função do professor pode ir além de ministrar aulas. O papel
do professor é acompanhar o desenvolvimento dos alunos, incentivá-los, elogiá-los, corrigi-los
quando necessário, orientá-los, mostrar-se preocupado e interessado (PEREIRA, 1996 apud
MARTINS, 2008).
Aulas mal ministradas podem impedir a manutenção e a aderência ao exercício físico. Essa
posição é compartilhada por Berger; Mclnman (1993), que apresentam dados confirmando
que os indivíduos que recebem pouca atenção do corpo técnico tendem a desistir duas vezes
mais, que os indivíduos que recebem elevada atenção (SABA, 2001, p. 83).
É importante destacar que, as pessoas não frequentam as academias somente com fins
estéticos. Essa finalidade pode até existir, mas não isoladamente. Atualmente, quando as pessoas
andam cada vez mais apressadas, estressadas e sedentárias, a prática de exercício físico constitui
também um idílio de saúde e paz (SABA, 2001).
Ainda de acordo com o mesmo autor “a busca sequiosa por ideal estético – acredita-se
que na maioria dos casos frustrantes – pode ser responsável pela elevada rotatividade de clientes
[...]” (SABA, 2001, p. 50).
107 REZENDE, Filipe Figueiredo; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci. A
influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
Saba (2001) acredita que ao se falar nos objetivos da atividade física na academia se
deva tirar a ênfase dada à beleza, à estética, e passar a enfatizar a qualidade de vida, o bem-estar e o
aumento da expectativa media de vida. E destaca ainda que “o preparo dos profissionais é de
fundamental importância na mudança desse paradigma.” (SABA, 2001, p. 53).
Pereira (2006 apud MARTINS, 2008) afirma que a culpa pelas pessoas não inserirem
em seu cotidiano a prática de atividade física é dos professores de Educação física, que ainda não
descobriram sua importância como disseminadores de uma vida mais saudável.
Para que isso ocorresse bastaria que os professores comentassem em suas aulas que, por
exemplo, um abdômen grande não significa apenas estar fora dos padrões de beleza impostos pela
sociedade, mas também a grande probabilidade, de acordo com pesquisas, de vir a contrair diabetes
e doenças cardiovasculares (PEREIRA, 2006 apud MARTINS, 2008).
Ainda de acordo com Guiselini (2006), é papel do educador físico informar,
frequentemente, os alunos sobre os benefícios da prática regular do exercício físico que ocorrem ao
longo da vida, principalmente no processo de envelhecimento, no qual ocorre a diminuição do
condicionamento físico, decorrente da idade, que é muito menor entre os indivíduos ativos.
Com relação à motivação, é papel do profissional de educação física, por meio de sua
atuação, orientar seu aluno no sentido de uma prática motivante. É necessário que o aluno seja o
centro da relação “sujeito” versus “atividade física”, fomentando seu sentimento de autonomia e
conseqüentemente tornando-o mais motivado. Nesse sentido, os exercícios devem ser orientados em
função das preferências dos alunos, ao invés de adequar este a atividades previamente estabelecidas
(DECI ; RYAN, 2000 apud LIZ et. al., 2010).
Ainda é destacado por Martins Junior (2000 apud LIZ et. al., 2010), a importância de o
professor conhecer as teorias acerca da motivação, pois essas informações possibilitaram elaborar
estratégias mais eficazes para manter o aluno fisicamente ativo.
Deste modo, percebe-se que os educadores físicos que atuam em academias, devem
direcionar atenção tanto no incentivo ao ingresso, quanto na manutenção de indivíduos em
programas de exercício físico (MALAVASI; BOTH, 2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desta revisão de literatura, foi possível identificar que, o educador físico tem
grande influência na aderência dos alunos praticantes de exercícios físicos em academias.
108 REZENDE, Filipe Figueiredo; VIEIRA, Marcelle Valentim; BICALHO, Beatriz; BRAGA, Mariluci. A
influência do educador físico na aderência dos alunos a prática de exercícios em academias. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 98-109, Jul2011/Dez-2011.
Pode-se observar que, as academias ao longo dos anos, apresentaram constantes
mudanças na sua concepção, passando a adotar novos conceitos, técnicas e abordagens com o
intuito de promover a saúde e qualidade de vida de seus alunos.
Com toda essa evolução no mercado de academias, se faz necessário que o educador
físico acompanhe essas mudanças. E para tal, é fundamental que eles busquem o conhecimento
técnico/cientifico, se atualizem constantemente e acima de tudo tenham uma visão ampla sobre seu
campo de atuação.
No transcorrer deste estudo, foi possível identificar que o
conhecimento
técnico/cientifico, é de extrema importância para o profissional. Pois de posse destes conhecimentos
o profissional é capaz de avaliar, prescrever e direcionar os alunos a uma prática consistente,
regular e motivante.
Aliando
conhecimento/técnico
a
características
como,
atenção,
cordialidade,
criatividade entre outros, esse profissional será responsável por influenciar a aderência destes
alunos a prática de exercícios nas academias.
Cabe salientar que, no transcorrer da elaboração deste estudo, houve o desafio, de
encontrar referências bibliográficas consistentes sobre o tema investigando o papel do educador
físico na aderência de alunos em academias.
A partir disso, sugere-se a realização de outros estudos para investigar os fatores que
influenciam o comportamento do educador físico neste ambiente.
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110 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
IATROGENIA DE ENFERMAGEM NA TERAPÊUTICA E A ESCASSA TRADIÇÃO DE
RECONHECER E REGISTRAR ERROS OU OMISSÕES RELACIONADAS À
FARMACOTERAPIA
Edson Sidião de Sousa Júnior1; Margareth Oliveira Amâncio2
RESUMO
ABSTRACT
Trata de uma revisão sistemática da literatura
que objetivou como análise as publicações
cientificas que abordem assuntos relacionados
à iatrogenia de enfermagem na terapêutica e a
escassa tradição de reconhecer e registrar
erros
ou
omissões
relacionadas
à
farmacoterapia, introduzidas em banco de
dados no período de 1999 a 2010. As fontes
foram pesquisadas nas bibliotecas virtuais
MedLine, Lilacs e Scielo e outras literaturas
reconhecidas e confiáveis que fizeram
necessária a sua importância na inclusão da
nossa pesquisa. Os erros na medicação
constituem-se aspecto de importância dentro
da assistência à saúde, onde geram problemas
aos pacientes e custos adicionais ao sistema de
saúde. Na prática clínica, o uso irracional de
medicamentos deve considerar emprego de
dose capaz de gerar efeito farmacológico
(eficácia) com mínimos efeitos tóxicos
(segurança). A equipe de enfermagem é
responsável
pela
administração
dos
medicamentos aos clientes em todas as
instituições
de
saúde.
Portanto,
é
imprescindível que a equipe de enfermagem,
durante a terapêutica medicamentosa, observe
e avalie sistematicamente o cliente quanto a
possíveis incompatibilidades farmacológicas,
reações indesejadas, bem como interações
medicamentosas, como intuito de minimizar
riscos ao cliente.
É imprescindível o
conhecimento de farmacologia para o
profissional enfermeiro, e o registro dos
This is a systematic literature review which
will aim to analyze the scientific publications
that address issues related to iatrogenic
nursing therapeutics and little tradition of
recognizing and recording errors or
omissions related to pharmacotherapy,
introduced in the database from 1999
to 2010. The sources were surveyed in virtual
libraries Medline, Lilacs and Scielo databases
and other literature recognized and trusted
you make the necessary inclusion of its
importance in our research. The medication
errors constitute important aspect in health
care, where they generate problems for
patients and additional costs to the health
system. In clinical practice, the irrational use
of drugs should consider employing dose
capable of producing pharmacological effect
(efficacy) with minimal toxic effects
(safety). The nursing staff is responsible for
administering the drugs to customers in all
health institutions. Therefore, it is imperative
that the nursing staff during medication,
observe and assess systematically the
customer for possible pharmacological
incompatibilities, unwanted reactions and
drug interactions, and to minimize risks to
the customer. It is essential knowledge of
pharmacology to the nurse and the registering
of possible errors so that pharmacotherapy is
implemented strategies to prevent or reduce
other possible future errors.
Keywords: nursing administration and
1
2
Professor e Coordenador do curso de farmácia da Faculdade Estácio de Sá de Goiás.
Enfermeira e graduanda em farmácia da faculdade Estácio de Sá de Goiás.
111 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
possíveis erros na farmacoterapia para que
assim, seja implementado estratégias para
prevenir ou reduzir outros possíveis erros
futuros.
Palavras-chave:
enfermagem
na
administração e dosagem de medicamentos,
preparações farmacêuticas, erros na
dosage
of
medicines,
pharmaceutical
preparations,
mistakes
in
medication
administration, and registration errors in
medication administration.
INTRODUÇÃO
A palavra iatrogenia provém do grego e se refere a qualquer alteração patológica
provocada no paciente pela prática dos profissionais da saúde, seja ela certa ou errada, justificada
ou não, mas da qual resultam consequências prejudiciais para a saúde do paciente (SANTOS &
CEOLIM, 2009).
Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (2002 apud
AQUINO, 2008), revelaram que, os medicamentos respondem por 27% das intoxicações no Brasil,
e 16 dos casos de morte por intoxicação são causados por intoxicações por medicamentos. Contudo,
25 a 70% do gasto em saúde são nos países em desenvolvimento, em comparação a menos 15% nos
países desenvolvidos, aonde os gastos dos hospitais chegam de 15 a 20% de seus orçamentos para
lidar com as complicações.
Segundo Rissato et. al. (2008) por mais que os medicamentos contribuem de forma
significativa para melhorar a qualidade de vidas das pessoas, dentre elas os benefícios sociais e
econômicos e possua uma margem terapêutica segura, o seu uso não é isenta de risco, onde
incidentes com medicamentos têm recebido atenção dos profissionais, das instituições e das
autoridades do mundo todo, pois é um avanço para a morbidade, internações hospitalar, aumento de
custo ao sistemas de saúde e afetam a qualidade da assistência prestada ao paciente.
As ocorrências de eventos de erros na farmacoterapia é uma realidade que é também
vivenciada pela equipe de enfermagem dos serviços de emergências, unidades por absorverem
grande demanda de pacientes com graus variados de gravidade, além de conviverem com
deficiência quantitativa e qualitativa dos recursos humanos e materiais (SANTOS & PADILHA,
2005).
Oliveira, Camargo e Cassiani (2005) referem que os erros relacionados ao preparo e
administração dos medicamentos segundo apresentados na literatura internacional e nacional são:
erros de omissão, a troca de paciente, erro de via, troca de medicamentos, controle de gotejamento
112 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
de soluções endovenosas inadequadas, preparo incorreto dos medicamentos. Estes erros, como
demonstram as autoras, são erros no processo de medicação e muitas das vezes multidisciplinar dos
profissionais, que requer atenção dos profissionais para o planejamento de metas a serem
implementadas a curto, médio e longo prazo para a prevenção e redução dos agravantes para erros
existentes no setor.
Miasso et. al. (2006) analisou através de um estudo do processo de preparo e
administração de medicamentos de unidades de clínica médica de 4 hospitais brasileiros,
localizados nas regiões Sudeste, Centro-oeste e Nordeste do Brasil, sendo os dados coletados
através de observação não-participante e direta das atividades dos profissionais de enfermagem por
uma semana, onde apontaram os seguintes resultados em relação à frequência de erros, 39% dos
erros ocorreram no processo de prescrição de medicamentos, 12% na transcrição, 11% no processo
de dispensação e 38% no de preparo e administração de medicamentos. Neste processo, os autores
argumentam que apesar do fato da enfermagem atuar no último dos processos, este aumenta a
responsabilidade da equipe de enfermagem, pois ela é a última oportunidade de interceptar e evitar
um erro ocorrido nos processos iniciais, transformando-se em uma das últimas barreiras de
prevenção.
Outro estudo realizado em 6 hospitais brasileiros, para investigação e análise dos erros
nas doses de medicamentos pela a equipe de enfermagem, conforme foi demonstrado pelas autoras
Teixeira e Cassiani (2010), foram identificados 74 erros de medicação, dentre os quais 24,3% eram
erros de dose, 22,9% erros de horário e 13,5% medicamentos não autorizados.
Outros fatores que trazem sérias complicações ao paciente relacionado à farmacoterapia
são as vias de administração, apesar muitas das vezes ser considerado procedimento simples, como
uma administração via intramuscular, foram encontrados relatos de lesões de necrose tecidual,
contratura de grupos musculares, fibrose e até perda de amplitude de movimentos articulares em
crianças e adultos. A mudança dessa realidade sugerida nas literaturas seria o treinamento
adequado, supervisionado e passar incorporá-la na prática do dia a dia, onde esta mudança depende
da equipe de enfermagem (GODOY, NOGUEIRA & MENDES, 2004).
Pelliciotti e Kimura (2010) acompanharam o índice de erros de medicação acometido
pelos profissionais de enfermagem em uma unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital
privado no município de São Paulo para adulto e pediátrico, e constataram que, os erros ocorreram
em torno de quatro horas dias após a última folga, seis meses das últimas férias e cinco horas
seguidas de trabalho, para as duas categorias de profissionais (enfermeiro e técnicos). Em relação à
frequência de erros, entre eles 28 tipos relatados, a administração foi apresentada com a maior
113 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
prevalência ao erro devido à ausência de monitoramento no processo. As autoras da pesquisa
comentaram sobre a dificuldade de analisar os erros de medicação, já que é muito frequente a
subnotificação dos casos, onde sugerem que o ideal é que todos os potencias erros de medicação
sejam notificados em até 24 horas após a ocorrência do evento, para que a instituição tome
conhecimento dos tipos de falhas relativas à medicação e proponha soluções.
Apesar da triste realidade dos erros no preparo e na administração de medicamentos no
trabalho de enfermagem ser ainda problemas atuais na saúde, e tema de vários estudos científicos,
há mais de década já se relatavam através de estudos este erros na farmacoterapia, como descrevem
os autores (CARVALHO et. al., 1999) que concluíram que, a administração de medicamentos é
umas das atividades mais sérias e de maior responsabilidade da enfermagem e para sua execução é
necessária a aplicação de vários princípios científicos que fundamentam a ação do enfermeiro, de
forma a prover a segurança necessária, ou seja, para administrar o medicamento com segurança,
eficiência e responsabilidade o enfermeiro deve compreender e conhecer a ação do mesmo no
organismo, métodos e vias de administração e eliminação, reações colaterais, dose máxima e
terapêutica, efeitos tóxicos, além do conhecimento da técnica de administração e saber monitorar as
respostas do cliente.
Em um setor de emergência de um hospital do nordeste foi identificado situações
indicativas de erro ou quase erro de medicação através da análise das prescrições de medicamentos
e evoluções de enfermagem, onde foram observados nas folhas de prescrições de medicamentos
relacionados aos itens não administrados os seguintes índices: 22,5% somente foram circulados;
13,4% foram circulados com a sigla N.T (não tem); 34,2% não estavam checados; 16,1% não
possuíam o horário estabelecido e 13,8% possuíam outras anotações. Dos medicamentos não
administrados por grupo de ação farmacológica, foram observados que 33% dos medicamentos
faziam parte de outros grupos de medicamentos como antieméticos, anticonvulsivantes, protetores
gástricos, etc., 26% pertenciam ao grupo doa antibióticos e anticoagulantes e 15% eram
analgésicos. Porém, neste estudo foi questionado pelos os autores diante dos resultados
encontrados, que, apesar de todos os medicamentos prescritos serem importante, o fato que mais
chamou a atenção foi, para a não administração dos antibióticos e anticoagulantes, por serem
extremamente essenciais, onde os mesmos detectaram que a falta de checagem do medicamento
encontrado constituía uma falta grave, principalmente porque causa dúvidas quanto à administração
do medicamento, ao mesmo tempo em que pode ocorrer do paciente ser medicado duplamente,
provocando a superdosagem. Ainda foi observado que, a maioria das vezes os horários dos
medicamentos estavam apenas circulados, sendo já uma prática comum na enfermagem, exige que
114 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
este fato seja justificado na própria evolução, para que possa respaldar o profissional pela omissão
daquela dose da mesma forma que sinaliza para o prescritor, farmácia ou enfermeira a falta de
medicamento, recusa do paciente (OLIVEIRA, CAMARGO & CASSIANI, 2005).
Santos e Padilha (2005) no estudo que fizeram em 15 hospitais no município de São
Paulo relacionado a condutas profissionais, verificaram que, apesar das anotações no prontuário dos
erros de medicação ser uma das prioridades referidas e uma prática cada vez mais necessária,
muitas das vezes é omitida pelos profissionais pelo medo das sanções ética-legais a que ficam
expostos, onde esta busca por culpados para punir não tem proporcionado diminuição dos erros,
tampouco contribuído para elaboração de estratégias preventivas e eficazes, pois induzem a
subnotificação e dificultam a implementação de protocolos que levem à prevenção de erros. A
sensação de sentimentos de sofrimento psíquico, de incapacidade e impotência frente à ocorrência
de um erro de medicação é mencionada como uma das maiores causas de estresse da equipe de
enfermagem, e contribuindo assim para a insegurança do profissional.
Em alguns contextos, os erros de medicação são acometidos como nas a Unidades
Básicas de Saúde, porque trabalho da enfermagem estão diretamente envolvidos na administração
de medicamentos, onde o número de funcionários é reduzido, e suas tarefas e responsabilidades
assumidas por esses profissionais (registro, arquivo, pré e pós consulta lactário, vacinação,
medicação, colheita de material, lavagem e esterilização de material), gera acúmulo das atividades
exercidas por um único profissional (CARVALHO et. al., 1999).
Segundo American Society of Hopital Pharmacists (1999 apud CASSIANI et. al., 2005)
a ação multidisciplinar dos profissionais e a participação de farmacêuticos são uma estratégia
importante e fundamental, pois esse profissional atua na prevenção e interceptação do erro,
prevenindo os efeitos adversos das medicações, sendo apresentadas as seguintes recomendações
pelos os autores para evitar erros na medicação: informatização do sistema (prescrição, dispensação,
distribuição do medicamento); uso do código de barras nos processos de medicação e na
identificação do cliente; sistemas de monitoramento e relatórios de eventos adversos; uso da
distribuição por dose unitária; sistema para preparação de medicação intravenosa realizada pela
farmácia; profissionais da farmácia atuando junto com médicos e enfermeiros; revisão das
prescrições e a resolução das dúvidas sobre os medicamentos por farmacêuticos.
Barker e Connel (1961 apud ROSA; PERINE, 2003) em um trabalho pioneiro,
demostraram que o sistema tradicional de distribuição de medicamentos centrado nas atividades de
enfermagem apresentava taxa de 16,2% de erros de medicação, sendo este fator o principal
responsável pelas propostas de um novo método de distribuição, a dose unitária, no qual, os
115 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
medicamentos passaram a serem distribuídos pela farmácia, prontos para serem administrados pela
enfermagem, onde mais tarde pesquisadores norte-americanos descreveram uma redução de erro na
dose administrada de 80% com esta a implantação da dose unitária.
Pelas punições e implicações ético-legais, faz com que até mesmo dentro do próprio
hospital, os erros envolvendo a administração de medicamentos, acabem não sendo monitorados e
discutidos. Acredita-se que o incentivo para a notificação dos erros, a monitorização das
ocorrências, bem como ações menos punitivas e mais educativas venham favorecer a diminuição
dos erros, que tanto danos causam no paciente (PADILHA et. al., 2002).
A administração de medicamentos constitui um processo multidisciplinar e um multisistema, iniciando no momento da prescrição médica, continuando com a provisão deste
medicamento pelo farmacêutico e terminando com sua preparação e administração aos clientes pela
enfermagem (CASSIANI & BUENO, 1998 apud MIASSO & CASSIANI, 2000).
Maioria das vezes os erros de medicação só são detectados quando as consequências são
clinicamente manifestadas pelo paciente como relatam os autores Carvalho e Cassiani (2002) depois
de realizarem um estudo analítico em um hospital de São Paulo relacionado às consequências dos
erros ocorridos tanto para o paciente quanto para o profissional de enfermagem. As mesmas alertam
que os profissionais de enfermagem deveriam estar alerta e, após administrar a medicação, esta
deveria ser documentada imediatamente no registro do paciente, possibilitando rapidamente a
descoberta do erro pelo enfermeiro e a realização de intervenções que podem minimizar ou prevenir
possíveis complicações ou consequências mais graves. As dificuldades para o relato dos erros (o
medo de punições, demissão, preocupações com a gravidade do erro ou até mesmo sentimento de
culpa), prejudicam a avaliação dos tipos e do número de erros registrado e, consequentemente, não
é documentado o número real de erros, já que somente é informado quando há algum dano ao
paciente.
Segundo as autoras Miasso e Cassiane (2000), Apesar da regra dos cincos certos:
medicamento certo, paciente certo, dose certa, via de administração certa e horário certo, sejam de
plena importância para garantir a segurança na administração de medicamentos, o “paciente certo”,
será sempre o desafio para os profissionais se estes não utilizarem estratégias necessárias para
assegurar que realmente o paciente receba sua medicação prescrita, onde além da segurança e
eficiência, e conhecimentos científicos da droga que o enfermeiro deve conhecer. Infelizmente estes
requisitos não estão presentes na grande maioria das instituições brasileiras, onde a administração
de medicamentos está nas mãos de auxiliares e técnicos de enfermagem, atuando muitas das vezes
sem supervisão de enfermeiros, sem priorizar a qualidade do cuidado.
116 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
O erro não deve ser confundido como falta ou negligência, pois ambos são diferentes. O
resultado do erro pode ser devido à ausência de conhecimento que está associado a fatores como,
formação graduada deficiente e falta de uma educação continuada dos profissionais envolvidos,
sistema de saúde ou até mesmo uma má interpretação de um fato, onde mediante ao acontecimento
dos erros cometidos, os atores envolvidos em cuidados de saúde poderão tirar conclusões para não
repeti-los em seguida (WANNMACHER, 2005).
METODOLOGIA DA PESQUISA
Teve como objetivo esta revisão sistemática da literatura, identificar trabalhos que
abordem os erros de medicação de enfermagem e os possíveis registros e omissões diante dessa
incidência na farmacoterapia com o paciente.
A Revisão Sistemática da Literatura é constituída pelas seguintes fases:
FASE 1 – Elaboração do Teste de Relevância e Seleção da Base de Dados
Os testes de relevância são definidos (figuras 1 e 2) e abordam questões a respeito da
clareza e coerência relacionada à iatrorgenia de enfermagem na terapêutica e registro de erros e
omissões. Foram definidos como Base de Dados a BVS (Biblioteca Virtual de Saúde): MEDLINE
(Literatura Internacional em Ciências da Saúde), LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe
em Ciências da Saúde) e outras literaturas reconhecidas e confiáveis que fizeram necessárias a sua
importância na inclusão da nossa pesquisa. Estas bases foram escolhidas pelo fato de serem
comumente consultadas como fontes de literatura qualificada dentro das Ciências da Saúde.
TESTE DE RELEVÂNCIA 1
Identificação do estudo:
Critérios de Inclusão
Sim
1. O estudo envolve: o erro de enfermagem
na administração de medicamentos,
registros de erros de medicamentos ou
omissões de erro do enfermeiro na
farmacoterapia?
2. O estudo que aborda o assunto de
enfermagem
é
cientificamente
comprovado?
3. O estudo é direcionado a erros de
medicação?
Critérios de Exclusão
1. É editorial ou revisão?
Não
117 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
2. A linguagem do artigo não é dominada
pelo pesquisador?
3. Fora do período estudado (1999-2010)?
Parecer do avaliador: ( ) Inclusão ( ) Exclusão
Pesquisador:_________________________________________________
Figura 1- Teste de relevância I.
FASE 2 – Definição dos Descritores
A busca na base de dados na BVS teve seu início no dia 02 de maço de 2011,
consultando o Dicionário de Descritores da BVS, onde foi levantado pelo pesquisador um conjunto
de descritores coerentes com o objetivo da revisão: Enfermagem na administração de
medicamentos, Preparações farmacêuticas, Erros na administração de medicamentos, Registro de
erros na administração de medicamentos.
Foram avaliados a abrangência dos escritores relacionados com o tema e assunto, e
optamos pelos os trabalhos publicados entre os anos de 1999 e 2010.
TESTE DE RELEVÂNCIA 2
Identificação do estudo
Critérios de Inclusão
Sim
Não
1. O estudo trabalha na identificação dos erros
e agravantes apresentando estratégia de
melhoria da diminuição desse incidente?
2. O estudo tem conhecimento científico
prático-teórico para apresentação do problema
levantado?
Critérios de Exclusão
1. O estudo se trata ensaios clínicos?
Parecer do avaliador: ( ) Inclusão ( ) Exclusão
Pesquisador: ____________________________________________________
Figura 2- Teste de relevância II.
FASE 3- Seleção e análise dos resumos para o levantamento de artigos
A literatura apresentou trabalhos em diversos idiomas. Entretanto para um melhor
desempenho, só foram incluídos trabalhos escritos em línguas dominadas pelo pesquisador (inglês,
espanhol, português). Foram excluídos automaticamente trabalhos repetidos.
Os artigos foram selecionados por meio da aplicação do teste de relevância I. Foi
observado o índice de confiabilidade (IC), Este índice foi calculado dividindo-se o número de
artigos aceito pelo pesquisador com os outros números de artigos com o qual o mesmo ficou em
118 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
dúvida na sua inclusão para o teste de fase 4. Este valor deve ser multiplicado por 100 e expresso
em porcentagem. Considerou-se aceitável IC maior ou igual a 80%.
FASE 4- Seleção de artigos para inclusão na análise
Em cada artigo selecionado após a aplicação do teste de relevância I foi aplicado o teste
de relevância II, após a leitura completa do artigo.
Foi feito pelo pesquisador a análise de forma independente de cada artigo incluso.
Foram identificados os trabalhos em desacordo quanto à inclusão ou exclusão do mesmo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A quantidade total de artigos encontrados na busca de busca dados, com inicio no dia 06
de março de 2011 foi igual 274, nas bases consultadas e para os descritores e seus cruzamentos
(tabela 1). Observa-se também uma predominância de artigos na base LILACS. Apesar disso a
relevância da base na contribuição cientifica não pode ser avaliada pela quantidade de literatura
indexada.
Tabela 1- Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) de acordo com a Base
De Dados e Descritores* (06/03/2011)
Base de
Dados
A*
B*
A+B*
TOTAL
SCIELO
21
16
5
74
LILACS
107
93
32
232
TOTAL
128
109
37
274
*Descritores:
A) enfermagem na administração e dosagem de medicamentos;
B) preparações farmacêuticas;
C) erros na administração de medicamentos;
D) registro de erros na administração de medicamentos.
Na aplicação do teste de relevância I, foi observado o índice de confiabilidade variou
variando entre 90% e 100%. Após este primeiro estudos incluídos pelos diferentes pesquisadores
foram organizados em ordem alfabética, visando excluir possíveis resumos repetidos, resultando
assim em um total de 16 artigos incluídos (tabela 2).
119 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
Tabela 2- Distribuição dos artigos levantados na BVS (Biblioteca Virtual De Saúde) e aceitos pelos dois
pesquisadores após aplicação do Teste de relevância I nos resumos (com total de artigos inclusos pelos
diferentes pesquisadores em concordância).
Base de
Dados
A*
B*
A+B*
Total em
concordância
P1
P2
P1
P2
P1
P2
SCIELO
00
00
00
00
00
00
00
LILACS
05
09
00
00
00
04
Total em
concordância
14
02
02
X
16
*Descritores:
A) enfermagem na administração e dosagem de medicamentos;
B) preparações farmacêuticas;
C) erros na administração de medicamentos;
D) registro de erros na administração de medicamentos.
Foram então excluídos 258 artigos. A problemática quanto da inclusão e exclusão dos
trabalhos foi facilmente resolvida, já que as dificuldades se deviam a tradução, ou de uma leitura
mais atenciosa ou sobre informações mais detalhadas a despeito da técnica de diagnóstico ou
população avaliada. Percebeu-se a repetição de artigos, em diferentes bases de dados, ou com
diferente ordem de autores.
CONCLUSÃO
A grande maioria dos artigos pesquisados discutem de forma problemática os erros na
administração de medicamentos cometidos pela enfermagem, sendo este assunto fonte de uma
extensa quantidade de publicações praticamente com o mesmo foco, dificultando assim, a
realização de uma abrangência mais diversificada na nossa pesquisa.
Como sendo o profissional enfermeiro o finalista no processo medicamentoso, apesar de
ser um processo multidisciplinar, aumenta a responsabilidade e até mesmo a cobrança em
interceptar e evitar erros ocorridos no seu processo de administração e nos processos iniciais de
outros profissionais, como é o caso de erros na prescrição médica, transformando-se assim a equipe
de enfermagem, em uma das últimas barreiras de prevenção.
120 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
O excesso de trabalho, a falta de recursos, distribuição de tarefas primordial do
enfermeiro para técnicos e auxiliares, ou até falta de conhecimentos científicos, aumenta as
ocorrências de eventos de erros de medicação, gerando gasto ao sistema de saúde e danos ao
paciente como relata várias pesquisas.
As omissões de erros e a não notificação por medo de sanções, dificulta os rastreamento
para intervenções e as propostas de estratégias de melhoria que poderiam ser implantado para
prevenção de novos acontecimentos de erros na farmacoterapia. Neste contexto, se dá a importância
da educação continuada a equipes de enfermagem invés sanções éticas adotadas no ambiente de
trabalho, fazendo dessa forma, com que o profissional sinta coagido em omitir e registrar erros ou
até mesmo prestar uma assistência de enfermagem mais humanizada ao paciente medicado de
forma errônea.
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121 SOUZA JÚNIOR, Edson Sidião de; AMÂNCIO, Margareth Oliveira. Iatrogenia de enfermagem
terapêutica e a escassa tradição de reconhecer e registrar erros ou omissões relacionadas à
farmacoterapia. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESESGO. Vol. 02, nº. 06, 110-121, Jul-2011/Dez-2011.
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122 FALCÃO, Márcia Eliane de Oliveira; FERREIRA, Ana Paula Leite Ribeiro Rebello. Alzheimer:
intervenções de enfermagem e o estímulo a memória e a função cognitiva ao idoso portador. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 122-132, Jul2011/Dez-2011.
ALZHEIMER: INTERVENÇÕES DE ENFERMAGEM E O ESTÍMULO À MEMÓRIA E À
FUNÇÃO COGNITIVA AO IDOSO PORTADOR
Márcia Eliane de Oliveira Falcão1; Ana Paula Leite Ribeiro Rebello Ferreira2
RESUMO
ABSTRACT
A doença de Alzheimer (DA) acomete grande
número de idosos, e é considerada um
problema de saúde pública. Essa doença
provoca grande impacto na qualidade de vida
de seus portadores, pois leva à deterioração da
capacidade intelectual e interfere em suas
funções mnemônicas. O comprometimento da
memória e das funções cognitivas ocorrem
devido à morte de neurônios no cérebro
provocada por essa doença. Nesse sentido
pretende-se com esse estudo descrever
intervenções
de
enfermagem
que
proporcionem o estímulo à memória e à
função cognitiva em idosos portadores da DA.
Para isso, foi realizada uma busca sistemática
de artigos científicos e livros a respeito do
assunto. E, diante disso pode-se concluir que o
estímulo à memória e às funções cognitivas do
portador da DA, pelo enfermeiro, pode
melhorar a sua qualidade de vida e prolongar
sua capacidade mnemônica.
Palavras-chave: Alzheimer, intervenções de
enfermagem, memória, função cognitiva.
The Alzheimer’s Disease (AD) affects many
elderly, and is considered a public health
problem. This illness causes significant impact
in life quality of those affected, since it leads to
the deterioration of the intellectual capacity and
interferes on their mnemonic functions. The
memory and cognitive functions impairment
occurs due to the death of brain neurons caused
by this disease. In this sense, it is intended by
this study to describe nursing interventions that
provide the stimulus to memory and cognitive
function in elderly patients with AD. In order
to do this, a systematic research in scientific
articles and books about the subject was carried
out. And so, it can be concluded that the
stimulus to memory and cognitive functions of
AD carriers, by the nurse, can improve his life
quality and extend his mnemonic capacity.
Keywords: Alzheimer, nursing interventions,
memory, cognitive function.
INTRODUÇÃO
O número de idosos no país está aumentando e a projeção é de que no futuro eles
representem a maior parcela da população. Assim pressupõe-se que o Brasil, no ano de 2025, será o
sexto país do mundo em população idosa (PELZER, 2002).
1
Mestranda em Terapia Intensiva, Especialista em Saúde Pública, Saúde do Adulto e Idoso, e Administração
Hospitalar, Professora do curso de graduação em Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora – MG.
2
Graduanda em Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora – MG.
123 FALCÃO, Márcia Eliane de Oliveira; FERREIRA, Ana Paula Leite Ribeiro Rebello. Alzheimer:
intervenções de enfermagem e o estímulo a memória e a função cognitiva ao idoso portador. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 122-132, Jul2011/Dez-2011.
Esse crescimento da população idosa faz com que os casos de Alzheimer se tornem
mais frequentes, pois segundo Pittella (2006), a doença de Alzheimer (DA) é a maior causadora de
demência no idoso e sua prevalência aumenta consideravelmente entre 65-95 anos.
De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSMIV-TR, 2002), a DA é uma desordem neurodegenerativa progressiva, com características clínicas e
neuropatológicas.
Essa demência se caracteriza por alterações na afetividade, déficit mnemônico e
cognitivo, deterioração da capacidade intelectual, alteração neurológica, restrição ao leito e leva
finalmente à morte (YUASO; SGUIZZATTO, 1996).
A DA interfere nas atividades diárias do idoso tornando-o incapaz de executar tarefas
outrora triviais, ocasionando sua dependência de um cuidador. Além disso, de acordo com Pelzer
(2002), essa doença provoca um impacto na qualidade de vida dos seus portadores e é considerada,
atualmente, um dos maiores problemas de saúde pública.
Portanto, é importante que os cuidados de enfermagem ao idoso portador de Alzheimer
sejam descritos e compreendidos, para que este possa receber a melhor intervenção e o melhor
cuidado. Pelzer (2002) afirma que, o enfermeiro precisa organizar o seu saber, para oferecer um
cuidado ao idoso que convive com a demência, proporcionando novas e efetivas estratégias de
intervenção.
Nesse contexto o presente artigo tem por objetivo descrever intervenções de
enfermagem que proporcionem o estímulo à memória e à função cognitiva em idosos portadores da
doença de Alzheimer. Essas intervenções são importantes para que o paciente prolongue suas
funções cognitivas e mnemônicas, melhorando assim sua qualidade de vida.
Para alcançar o objetivo determinado, o presente estudo baseou-se numa busca
sistemática de artigos científicos e livros a respeito do assunto. Os artigos foram localizados em
revistas científicas e em bases de dados como Bireme e Domínio Público utilizando os seguintes
descritores: Alzheimer, cuidados de enfermagem e estímulo à memória. Os livros foram utilizados
para o estudo fazem parte do acervo da biblioteca da Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora.
O critério de seleção utilizado foi: os artigos selecionados apresentarem autor, local da
publicação e metodologia bem definidos e serem redigidos em português ou inglês. Como os
estudos e pesquisas relacionados ao assunto são recentes, dentro do critério de seleção não houve
delimitação temporal dos dados.
A leitura e tradução dos artigos resultaram em informações que compõem o presente
estudo.
124 FALCÃO, Márcia Eliane de Oliveira; FERREIRA, Ana Paula Leite Ribeiro Rebello. Alzheimer:
intervenções de enfermagem e o estímulo a memória e a função cognitiva ao idoso portador. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 122-132, Jul2011/Dez-2011.
1. EMBASAMENTO TEÓRICO
1.1 A compreensão da doença de Alzheimer
Em 1906, a doença de Alzheimer foi descrita a primeira vez por Alois Alzheimer num
congresso de psiquiatria. Ele descreveu os resultados dos estudos realizados após a morte de uma
mulher de 51 anos, chamada Auguste D. (SMALL; CAPPAI, 2006).
Auguste D. sofreu de uma demência progressiva, caracterizada por uma rápida perda de
memória. A doença progrediu e Auguste acabou acamada e inconsciente, e após quatro anos e meio
faleceu (SMALL; CAPPAI, 2006).
Após a morte de Auguste D. , Alois Alzheimer examinou e analisou amostras de seu
tecido cerebral. Durante a necrópsia, Alzheimer observou o acúmulo de emaranhados
neurofibrilares e de depósitos extracelulares de proteínas beta-amilóides no córtex cerebral
(SMALL; CAPPAI, 2006).
De acordo com Small e Cappai (2006), os estudos que Alzheimer realizou após a morte
de Auguste D. foram tão importantes no conhecimento e entendimento da doença que em 1910, esta
recebeu o seu nome por Kraepelin.
Pittella (2006) afirma que a DA é considerada uma doença neurodegenerativa
progressiva, comum em idosos. Machado (2006) reitera que os fatores de risco para o
desenvolvimento da DA são idade, síndrome de Down, gênero feminino (após os 80 anos), história
familiar positiva e baixo nível educacional.
O autor ainda diz que:
As evidências científicas sugerem uma etiologia multifatorial para a D.A: fatores genéticos
e ambientais, possivelmente agindo através de complexas interações, modulariam o risco de
desenvolvimento da doença (MACHADO, 2006, p. 270).
A trajetória da doença de Alzheimer é caracterizada por um decaimento, com perdas de
estabilidade, ocasionando uma grande deterioração cognitiva e levando finalmente à morte
(PELZER, 2002).
A doença de Alzheimer é dividida em quatro fases: inicial, intermediária, final e
terminal (SMELTZER; BARE, 2005). Segundo Yuaso e Sguizzatto (1996), a fase inicial é
caracterizada por alterações na afetividade e déficit de memória recente. Na fase intermediária os
déficits cognitivos estão altamente prejudicados, afetando as atividades instrumentais e operativas.
125 FALCÃO, Márcia Eliane de Oliveira; FERREIRA, Ana Paula Leite Ribeiro Rebello. Alzheimer:
intervenções de enfermagem e o estímulo a memória e a função cognitiva ao idoso portador. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 122-132, Jul2011/Dez-2011.
Na fase final, a capacidade intelectual e a iniciativa estão deterioradas e as alterações
neurológicas se agravam. Já a fase terminal é caracterizada por restrição ao leito, praticamente
durante o tempo todo (YUASO; SGUIZZATTO, 1996).
Segundo Machado (2006), na fase inicial da DA o portador apresenta desorientação no
tempo e no espaço, dificuldade de recordar datas, compromissos, nomes, fatos recentes, de
encontrar palavras, de reconhecer faces e deslocar em trajetos familiares, além de perder objetos
pessoais e esquecer de alimentos em preparo no fogão.
Na fase intermediária ocorre uma deterioração mais acentuada da memória, alterações
visuoespaciais, empobrecimento do vocabulário, dificuldade de nomeação, perda de conteúdo,
dificuldade de compreensão, perda das habilidades para realizar tarefas da vida diária, declínio
cognitivo e funcional, ansiedade, depressão, alucinações e idéias delirantes (MACHADO, 2006).
O autor ainda diz que na fase avançada e terminal todas as funções cognitivas estão
gravemente comprometidas, havendo dificuldades para reconhecer espaços e faces familiares, para
falar sentenças completas e compreender comandos simples, e ocorrendo perda total da capacidade
para realizar tarefas da vida diária. Finalmente o paciente fica acamado com incontinência urinária e
fecal.
A morte ocorre em decorrência de septicemia por pneumonia, infecção urinária e
úlceras por pressão (MACHADO, 2006). Reforçando e completando esta idéia, Duarte e Diogo
(2005) afirmam que a causa da morte raramente é a DA propriamente dita, e sim, uma infecção
secundária, como pneumonia, desnutrição ou desidratação.
A avaliação de um indivíduo com a doença de Alzheimer, usualmente, revela uma
intolerância pela atividade; falta de cuidados pessoais e da casa; padrões de sono e vigília
alteradas; perdas de memória; depressão; irritabilidade; labilidade do humor; deterioração
progressiva que conduz ao isolamento social; alteração de todos processos fisiológicos;
desesperança; desvalia e impotência (TAYLOR, 1992, p. 320).
Atualmente, uma hipótese admitida é de que a doença de Alzheimer é desencadeada
pelo depósito de proteína beta-amilóde no cérebro e que suas manifestações clínicas provavelmente
ocorrem devido à redução do número de neurônios e de sinapses em regiões do sistema nervoso
central (NITRINI, 2007).
Sobre este aspecto Cayton et. al. (2000) salientam que na doença de Alzheimer os
neurônios, componentes do cérebro, são destruídos. E a perda destes neurônios ocorre primeiro no
painel de controle central do sistema de memória, o hipocampo. Portanto, a deterioração da
memória deve-se a morte de neurônios no cérebro.
126 FALCÃO, Márcia Eliane de Oliveira; FERREIRA, Ana Paula Leite Ribeiro Rebello. Alzheimer:
intervenções de enfermagem e o estímulo a memória e a função cognitiva ao idoso portador. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 122-132, Jul2011/Dez-2011.
Neste sentido Mendonça (2007) diz que, a redução do número de neurônios está
relacionada aos locais com alta intensidade de emaranhados neurofibrilares, pois estes podem levar
à morte celular. E o núcleo basal de Meynert, estrutura importante nos mecanismos de atenção e
memória, é uma das primeiras áreas cerebrais a exibir emaranhados neurofibrilares.
De acordo com o DSM-IV-TR (2002), o portador da doença de Alzheimer apresenta um
comprometimento da memória, caracterizado pela dificuldade em aprender coisas novas, ou
esquecimento de coisas que outrora conhecia.
Os portadores da DA apresentam alterações neuropatológicas como redução do peso do
encéfalo, atrofia cortical, diminuição da formação hipocampal, redução da espessura do córtex
cerebral, redução do volume da substância branca cerebral, diminuição do número de neurônios,
redução da ramificação dendrítica, de terminais pré-sinápticos e do número de sinapses
(PITTELLA, 2006).
Não existe um teste diagnóstico específico para o Alzheimer, portanto, o diagnóstico
clínico é feito pela exclusão de outras patologias. Além disso, essa doença não possui tratamento
curativo e adequado (CARROLL, 1991).
Apesar disso, o diagnóstico precoce faz com que o paciente se prepare para as
mudanças, e aprenda mais sobre a doença, diminuindo a ansiedade e o medo (SMELTZER; BARE,
2005).
Ainda sobre o assunto, Machado (2006) afirma que:
Embora seja considerado um diagnóstico de exclusão, uma história clínica detalhada, a
confirmação por parte dos familiares mais próximos e a avaliação do estado mental podem
alcançar uma precisão de diagnóstico de até 90% dos casos da DA, aproximadamente.
Apesar disso, é consenso que uma investigação propedêutica deve ser realizada
rotineiramente para auxiliar no esclarecimento do diagnóstico (MACHADO, 2006, p. 270)
O diagnóstico definitivo da doença de Alzheimer somente pode ser confirmado por
meio de estudo histopatológico do tecido encefálico (MACHADO, 2006).
Os emaranhados neurofibrilares, que são estruturas intracelulares constituídas por
filamentos helicoidais da proteína tau fosforilada e as placas senis, que são depósitos extracelulares
de material amilóide, são importantes no diagnóstico anatomopatológico da D.A (MENDONÇA,
2007).
Apesar da doença de Alzheimer não ter cura, novas estratégias terapêuticas têm sido
testadas para impedir a formação da proteína beta-amilóide, seu depósito no parênquima nervoso,
seu efeito tóxico, ou para promover sua eliminação (NITRINI, 2007).
127 FALCÃO, Márcia Eliane de Oliveira; FERREIRA, Ana Paula Leite Ribeiro Rebello. Alzheimer:
intervenções de enfermagem e o estímulo a memória e a função cognitiva ao idoso portador. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 122-132, Jul2011/Dez-2011.
Entre os fármacos que reduzem o efeito tóxico da proteína beta-amilóide, encontram-se
os antiinflamatórios e os antioxidantes. Outros medicamentos que estão sendo testados e analisados
são os agentes neurotróficos (AIT-082), os agentes inibidores do aminoácido excitotóxico
(NMDA), como a memantina, e os fármacos que bloqueiam a ação da gama-secretase ou que
estimulam a da alfa-secretase (NITRINI, 2007).
Apesar de existirem fármacos que auxiliam na terapêutica da D.A, outras estratégias são
importantes para manter o bem estar do idoso e prolongar o maior tempo possível sua função
mnemônica. Diante disso, o enfermeiro poderá estimular o idoso portador dessa doença através de
técnicas de reabilitação da memória, que serão descritas a seguir.
1.2 A enfermagem no estímulo à memória em idosos portadores de alzheimer
A DA interfere na vida diária do idoso, concedendo-lhe dependência e necessidade de
intervenção e cuidados.
[...] o portador de doença de Alzheimer torna-se progressivamente dependente,
necessitando de cuidados contínuos. Os transtornos demenciais, especialmente a demência
do tipo Alzheimer, além de provocar sérias alterações/mudanças na vida do portador, causa
grande sofrimento a sua família, fazendo com que esta se reorganize estruturalmente e
internamente para prestar cuidados ao seu ente querido, que se torna progressivamente
dependente (FONSECA; SOARES, 2006, p. 166).
Como o Alzheimer não tem cura os enfermeiros devem procurar estratégias que
prolonguem ao máximo a função mnemônica do portador desta doença.
Estudos realizados em Massachusetts com camundongos provaram que estímulos
mentais e tratamentos medicamentosos podem ajudar pessoas com doenças neurológicas
degenerativas, como o Alzheimer, a recuperarem sua memória (BBC NEWS, 2007).
Nesses estudos os pesquisadores utilizaram camundongos geneticamente modificados
com uma proteína (P25) relacionada com o desencadeamento da degeneração neurológica.
Previamente os camundongos aprenderam a evitar choques, a achar o caminho num labirinto e
alcançar a comida (BBC NEWS, 2007).
Com a evolução da doença, após seis meses os camundongos não se lembravam mais
como sair do labirinto e como evitar o choque. Então alguns desses camundongos foram colocados
em ambientes estimulantes com brinquedos, rodas de exercício e outros camundongos (BBC
NEWS, 2007).
128 FALCÃO, Márcia Eliane de Oliveira; FERREIRA, Ana Paula Leite Ribeiro Rebello. Alzheimer:
intervenções de enfermagem e o estímulo a memória e a função cognitiva ao idoso portador. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 122-132, Jul2011/Dez-2011.
Após serem estimulados, eles conseguiram se lembrar do teste do choque e do labirinto
melhor do que os camundongos que não ficaram em ambiente estimulante, além de serem melhores
ao aprenderem novas tarefas. Apesar do tratamento não regenerar os neurônios destruídos, ele
promoveu o crescimento de novas conexões entre as que já existiam (BBC NEWS, 2007).
Outra parte do estudo consistiu em utilizar uma droga que é utilizada para tratar o
câncer, chamada inibidora de HDAC (Histone Deacetylase). Os camundongos que foram tratados
com essa droga obtiveram melhores resultados em tarefas que dependiam da memória do que o
grupo controle (HHMI NEWS, 2007).
Assim, como estudos científicos comprovam o sucesso do estímulo mental em
camundongos com deterioração da memória, a enfermagem poderá estimular as funções
mnemônicas do idoso portador dessa doença, buscando seu bem-estar e melhorando sua qualidade
de vida.
As técnicas de reabilitação da memória mais pesquisadas atualmente são: terapia de
orientação para a realidade (TOR), terapia da reminiscência, técnica de redução de pistas, técnica de
ampliação de intervalo de evocação, auxílios mnemônicos externos, e estimulação da memória
implícita (ÁVILA, 2004).
Segundo Ávila (2004) a terapia de orientação para a realidade (TOR) visa reduzir a
desorientação e a confusão nos idosos por meio de estímulos repetitivos.
Continuando a considerar, Ávila (2004) afirma que a terapia da reminiscência tem o
objetivo de trabalhar a memória remota do paciente, com fatos significativos de sua vida, como
canções, fotografias, hábitos antigos, entre outros.
A técnica de redução de pistas expõe o paciente a uma pista que vai sendo
progressivamente diminuída, à medida que vai tendo sucesso nas evocações, até que ele consiga
evocar corretamente sem a necessidade de pistas (ÁVILA, 2004).
Ávila (2004) descreve a técnica de ampliação de intervalo de evocação, em que o idoso
deve evocar determinada informação repetidas vezes, em pequenos intervalos cada vez maiores.
Os auxílios mnemônicos externos (agenda, calendário, caderno de anotações, mural,
relógio despertador) também são muito importantes na reabilitação da memória do portador da DA
(ÁVILA, 2004).
Outra técnica utilizada é a estimulação da memória implícita que visa fornecer
informações úteis para resolver problemas do dia-a-dia, maximizando a autonomia em atividades da
vida diária, resultando no aumento da auto-estima e diminuição da sobrecarga do cuidador (ÁVILA,
2004).
129 FALCÃO, Márcia Eliane de Oliveira; FERREIRA, Ana Paula Leite Ribeiro Rebello. Alzheimer:
intervenções de enfermagem e o estímulo a memória e a função cognitiva ao idoso portador. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 122-132, Jul2011/Dez-2011.
As técnicas de reabilitação da memória e o estímulo à função cognitiva são importantes
também para promover a independência do idoso na realização das tarefas diárias. Então, as
intervenções de enfermagem relacionadas à função cognitiva serão elucidadas a seguir.
1.3 Intervenções de enfermagem relacionadas à função cognitiva em idosos portadores de
alzheimer
Buscando prolongar a capacidade cognitiva, o enfermeiro deve estimular os idosos para
que se mantenham independentes por mais tempo, ao tentar manter as habilidades adquiridas
durante a vida, ou transferir essas habilidades para um novo ambiente e novas situações, além de
estimular novas estratégias para lidar com problemas atuais que as habilidades antigas não podem
resolver (ÁVILA, 2004).
Segundo Maier-Lorentz (2000), os problemas cognitivos e comportamentais
relacionados à DA requerem intervenções de enfermagem específicas para manter as funções e
promover independência e qualidade de vida para as pessoas com essa doença devastadora e
incurável.
Os cuidados de enfermagem apropriados para os portadores da doença de Alzheimer
abordam a deterioração cognitiva e incluem técnicas de comunicação e intervenção sensorial e
ambiental (TAYLOR, 1992).
Medidas como encorajar a comunicação, a leitura e a escrita, escutar cuidadosamente o
idoso, estimular a terapia musical, dar uma curta explicação antes de fazer algo, encorajar o
paciente a fazer exercícios durante o dia, se tornaram efetivas para prover um cuidado de
enfermagem de melhor qualidade (MAIER-LORENTZ, 2000).
Além disso, para Machado:
Técnicas de reabilitação cognitiva incluem orientação para a realidade, treinamento da
memória, reminiscência, técnicas de estimulação por meio da arte e de outras terapias
ocupacionais, sociais e de recreação, dança, exercícios e musicoterapia (MACHADO, 2006,
p. 278).
A enfermagem poderá estimular a função cognitiva buscando apresentar dados de
realidade ao paciente através de interações sociais. Comentando a situação atual do portador de
Alzheimer, como onde ele está, o dia, o horário, e eventos que acontecem no ambiente em que se
encontra (LIMA, 2007).
130 FALCÃO, Márcia Eliane de Oliveira; FERREIRA, Ana Paula Leite Ribeiro Rebello. Alzheimer:
intervenções de enfermagem e o estímulo a memória e a função cognitiva ao idoso portador. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 122-132, Jul2011/Dez-2011.
O enfermeiro poderá fornecer um ambiente calmo, estabelecer uma rotina para o idoso,
falar de modo simples, tranquilo e agradável, expor relógios e calendário, estimular a comunicação
e os exercícios físicos, reduzir ruídos e distração, promover a independência nas atividades de
autocuidado, encorajar visitas de amigos antigos, instruir cuidadores a oferecer comida cortada em
pequenos pedaços para evitar sufocação e morna para evitar queimaduras e, quando o idoso estiver
agitado e com insônia oferecer leite quente ou colocar uma música (SMELTZER; BARE, 2005).
Além de todas as medidas acima descritas, o enfermeiro poderá elaborar um plano
assistencial individualizado, através dos diagnósticos e prescrições de enfermagem, com o objetivo
de manter o equilíbrio fisiológico e a acuidade mental do paciente por tanto tempo quanto possível
(TAYLOR, 1992).
Neste contexto a enfermagem poderá agir: promovendo a segurança física, reduzindo a
ansiedade e agitação, melhorando a comunicação, promovendo a independência nas atividades de
autocuidado, atendendo as necessidades de socialização e intimidades, promovendo a nutrição
adequada, promovendo a atividade e o repouso balanceados (SMELTZER; BARE, 2005).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A doença de Alzheimer é caracterizada por déficit de memória, déficit cognitivo e
alterações neurológicas devido à morte de neurônios no cérebro. E um dos fatores de risco para o
seu desenvolvimento é a idade, por isso, essa doença apresenta maior prevalência em idosos.
Os portadores da DA tornam-se progressivamente dependentes de cuidados, pois
perdem a capacidade de entender seu ambiente e de realizarem as atividades da vida diária. Além
disso, essa doença não tem cura.
Nesse contexto, as intervenções de enfermagem são importantes para que se prolongue
a capacidade intelectual e a memória dos idosos portadores dessa doença, fazendo com que sejam
independentes em suas tarefas diárias o maior tempo possível e com que tenham uma melhor
qualidade de vida.
Estudos científicos comprovaram que o estímulo mental em camundongos com
deterioração da memória promoveu o crescimento de novas conexões neuronais entre as que já
existiam, portanto é importante que o enfermeiro estimule a memória e a função cognitiva do idoso
portador da DA.
131 FALCÃO, Márcia Eliane de Oliveira; FERREIRA, Ana Paula Leite Ribeiro Rebello. Alzheimer:
intervenções de enfermagem e o estímulo a memória e a função cognitiva ao idoso portador. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 122-132, Jul2011/Dez-2011.
Para isso, o enfermeiro poderá utilizar técnicas de reabilitação da memória, estabelecer
rotinas, estimular a interação social e exercícios físicos, encorajar a comunicação, a leitura e a
escrita e fornecer um ambiente agradável e estimulante para o portador da DA. Além dessas
medidas, o enfermeiro poderá elaborar um plano assistencial individualizado ao paciente através
dos diagnósticos e prescrições de enfermagem buscando manter o seu bem-estar e o equilíbrio de
suas funções orgânicas.
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Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
BH CIDADANIA E IDOSAS DA PEDREIRA PRADO LOPES: SINCRONISMO E
DESENCONTROS
Fernanda Cristina de Oliveira1; Gilmar Freire Ferreira2; Poliane Aguiar Silva3; Mariluci Braga4
RESUMO
ABSTRACT
O objetivo deste estudo foi verificar se houve
sincronismo entre o objetivo do programa BH
Cidadania e o objetivo idealizado pelas idosas do
grupo de convivência da Pedreira Prado Lopes
(PPL) em Belo Horizonte, MG. A hipótese era
verificar se as idosas freqüentam o grupo de
convivência do programa BH Cidadania apenas
pelo fato do mesmo oferecer benefícios extras
como passeios e lanches além do exercício físico,
porém não foi confirmada esta hipótese.
Realizou-se uma pesquisa qualitativa que tem
como foco de estudo os processos vivenciados
pelos sujeitos, por meio de um questionário semiestruturado. A realização deste estudo busca
contribuir para melhoria dos programas e ações
desenvolvidos para os idosos através do exercício
físico. De acordo com os resultados encontrados
foi possível verificar que os fatores externos como
lanches e passeios não interferem na permanência
do grupo, que as idosas acreditam que o exercício
físico contribui muito para melhoria da saúde e
para socialização, mesmo freqüentando a ginástica
apenas duas vezes por semana o BH Cidadania
satisfaz e atende aos objetivos das idosas que dele
participam. A análise dos resultados desta
pesquisa foi descritiva e se limitou a analisar as
características pertinentes a população em questão.
Portanto sugere-se a realização de outros estudos
que abordem os exercícios físicos e idosos
desenvolvido pelo BH Cidadania em outras
regiões.
Palavras-chave: idoso; exercício físico; BH
Cidadania.
The aim of this study is to check if there is a
correspondence between the purposes of the
programme BH Cidadania and the objectives of
the group of elderly women from Pedreira Prado
Lopes (PPL) in Belo Horizonte, MG. The idea is
to check if the elderly women group is attending
the programme BH Cidadania only because it
offers extra benefits such as trips and snacks in
addition to physical exercise. However this
hypothesis was not confirmed. A qualitative
research study focusing on the processes
experienced by the subjects was done through a
semi-structured questionnaire. This study seeks
to contribute to the improvement of the
programmes and actions developed for elderly
people through physical exercise. Starting from
the results found it was possible to verify the
following: external factors do not affect the
permanence of the group; physical exercise
contributes greatly to health improvement and
socialization and, even with the attendance of the
elderly people to the gym only twice a week, the
programme fulfills and meets the objectives of
those who participate on it. The results of this
research was descriptive and are limited to
analyzing the relevant characteristics of the
population in question. So, it is suggested that
further studies that address the physical exercises
developed for elder people and BH Cidadania in
other regions should be conducted.
Keywords: elderly; exercise; BH Cidadania.
1
Aluna Educação Física FESBH – e-mail: [email protected]
Aluno Educação Física FESBH – e-mail: [email protected]
3
Aluna Educação Física FESBH – e-mail: [email protected]
4
Professora Mestre. Orientadora FESBH – Graduada em Educação Física pela UFMG – Mestre em Engenharia de
Produção – Mídia e Conhecimento pela UFSC – e-mail: [email protected].
2
134 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
1. INTRODUÇÃO
O aumento em grandes proporções do número de idosos no Brasil confirma que o país
esta envelhecendo. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE) em 2008 revelam que para
cada grupo de 100 crianças de 0 a 14 anos existem 24,7 idosos de 65 anos ou mais. Em 2050 o
quadro passara para cada 100 crianças de 0 a 14 anos existirão 172,7 idosos. A previsão é que a
população idosa aumente gradativamente nos próximos anos. “Envelhecer significa tornar-se velho
ou envelhecido” (LUFT, 1998). Porém esta definição não traduz diretamente o processo de
envelhecimento. A velhice no ponto de vista fisiológico consiste na redução das aptidões físicas,
declínio das capacidades funcionais, diminuição da massa óssea e muscular, elasticidade, circulação
e movimentos das articulações, aumento de peso, maior lentidão e doenças crônicas (SALVADOR,
2004). Com o avanço das pesquisas na área de ciência médica, tecnologia e de políticas sociais, o
envelhecimento é entendido a partir da interação de diversos fatores. Segundo Okuma (1998) a
velhice é algo complexo de mútua dependência entre os aspectos biológicos, psicológicos e
socioculturais que interagem no ser humano.
Com o aumento expressivo desta população medidas preventivas são necessárias para
retardar os efeitos degenerativos, prolongando a vida das pessoas e proporcionando uma melhor
qualidade de vida a todos que estão envelhecendo. Outra medida significativa seria garantir à
acessibilidade aos bens e serviços públicos como medida preventiva, afim de retardar as
consequências negativas que o envelhecimento produz. Os programas sociais possuem esta
característica e asseguram estas medidas a toda população inclusive aos idosos em questão. A
Organização Pan-Americana de Saúde em (2005) destaca que as políticas e programas devem ser
baseados nos direitos, necessidades, preferências e habilidades dos idosos. Neste sentido a
Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) implementou em 2002 um plano de ação governamental
chamado BH Cidadania que assegura aos cidadãos um atendimento de melhor qualidade e mais
completo, oportunizando o acesso a serviços públicos como assistência social, saúde, educação e
cidadania atendendo também o conjunto de carências da população idosa residente em áreas de
grande vulnerabilidade social (PIMENTEL; NAHAS, 2003). O programa BH Cidadania tem como
uma de suas estratégias atender pessoas vulnerabilizadas. Para Sánchez; Bertolozzi (2007),
vulnerabilidade está relacionada aos fatores estruturais da sociedade, que se refere à desigualdade
de renda, educação e de acesso a serviços públicos. Essa questão é significante quando entidades
governamentais criam programas para atender as populações mais carentes das grandes cidades.
135 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
Um dos eixos importante do programa BH Cidadania é o incentivo à prática de
exercício físico. O exercício físico é considerado um dos elementos decisivos para aquisição e
manutenção da saúde como indicadores de uma boa qualidade de vida em pessoas idosas
(PEREIRA; RODRIGUES, 2008).
Embora muito se fale sobre o crescimento da população e sua consequência em nosso
país, pouco se sabe sobre as escolhas realizadas por estes indivíduos idosos, não se leva em
consideração o perfil e a realidade vivenciada perante a expectativa de uma possível aposentadoria,
a sensação de inutilidade e saúde frágil. Em fim não se sabe ao certo se as ações desenvolvidas pelo
programa BH Cidadania vão de encontro aos interesses da população idosa atendida. Neste sentido
o presente estudo tem como objetivo verificar se há sincronismo entre o objetivo do BH Cidadania
e o objetivo das idosas que dele participam. É importante que o trabalho desenvolvido pelo
programa BH Cidadania esteja vinculado ao propósito desse indivíduo que busca o grupo de
ginástica para melhorar sua saúde, seja física, psicológica ou social. Portanto este trabalho
contribuirá para melhoria dos atendimentos destinados a esse público, através da adequação das
ações propostas por programas sociais.
IDOSOS
A população idosa está aumentando seu número em quase todos os países do mundo, o
envelhecimento populacional está se generalizando. No Brasil esse fenômeno também tem sido
constatado com o rápido crescimento da população de pessoas com 60 anos ou mais (D’AVILA,
1999).
O ciclo de vida de cada indivíduo constantemente passa por fases, o envelhecimento é
uma dessas fases durante a vida do indivíduo. Para percorrer essa nova etapa é preciso se preparar.
Segundo Geis (2003) deve-se aceitar todo o processo e adaptar-se fisicamente e psicologicamente a
cada uma das etapas. O envelhecimento resulta na capacidade de sobreviver ocorrendo
modificações físicas, morfológicas e funcionais. Reafirmando a idéia do autor Okuma (1998)
ressalta que o envelhecimento é um processo biológico cujas alterações determinam mudanças nas
estruturas no corpo. É importante estar de bem com a vida e consigo mesmo durante essa etapa, este
é um ponto preocupante hoje em dia. Para Geis (2003) durante esse processo o que importa é tentar
ser feliz sempre que possível. Okuma (1998) corrobora com essa ideia dizendo que o que importa é
viver sua existência, independente de estar na velhice. Neste período da vida o idoso tem a seu
favor a experiência e a sabedoria adquirida ao longo dos anos vividos. Isso ajuda na aceitação do
136 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
processo de envelhecimento e na busca por uma velhice sadia aproveitando a oportunidade do
momento.
Enriquecer as vivências, buscar soluções para problemas que surgirem ao longo da vida...
seguir evoluindo sempre, tanto física quanto intelectualmente... sentir-se vital sempre desde
o nascimento até a morte (GEIS, 2003, p. 20).
Naturalmente todos irão passar por esse processo ao longo da vida já que o
envelhecimento é um fenômeno intrínseco comum a todos os indivíduos, porém, varia bastante
entre as pessoas e é influenciado pelo estilo de vida e fatores genéticos (NIEMAN, 1999).
De acordo com estudo de Matsudo; Matsudo (2000) os programas de exercícios físicos
para idosos são importantes no sentido de preservar e retardar ao máximo os efeitos do
envelhecimento.
EXERCÍCIO FÍSICO
Nos dias atuais os termos atividade física e exercício físico são frequentemente
utilizados. Nesta pesquisa utilizou-se o termo exercício físico para um melhor entendimento. O
exercício físico é definido como uma atividade física planejada, estruturada, repetitiva e intencional
(MCARDLE et. al., 2003). Já a atividade física é todo movimento corporal produzido por músculos
esqueléticos que provoca um gasto de energia (BARBANTI, 1997).
No idoso a prática regular de exercícios físicos provoca melhoria das condições físicas e
psicológicas durante o envelhecimento, tornando-se base fundamental para uma boa qualidade de
vida. Segundo Cheick (2003), o exercício físico pode ser usado para retardar e ou atenuar o
processo de declínio das funções causadas pelo envelhecimento.
O exercício físico é um fator primordial para uma boa manutenção na vida do idoso,
independente da faixa etária que ele se encontra. Para se criar programas de exercícios para essa
população e se alcançar bons resultados, segundo Pollock; Wilmore (1993) é necessário conhecer
necessidades, interesses e objetivos. É importante mencionar também que o exercício físico
interfere diretamente na vida dessa população. Antunes et. al. (2006) ressalta que a partir do
exercício físico são observados efeitos benéficos sobre o desempenho cognitivo em idosos. Ainda
de acordo com os mesmos autores, a prática quando constante e permanente possibilita ao idoso
uma melhor forma de viver. Para Cardoso et. al. (2008) o exercício físico proporciona ao idoso
praticante uma grande sensação de bem-estar, e esse é um fator significativo e importante quando
comparado as inúmeras perdas que essa população sofre com o envelhecimento. Neto (1997)
137 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
ressalta que o início de um programa de exercícios pode interferir nesta situação e,
consequentemente, promover uma sensível melhora da capacidade física deste indivíduo. Para o
mesmo autor um ponto positivo para a melhoria da saúde do idoso é o sono, que através dos
exercícios regulares influenciam beneficamente nas condições de vida dos mesmos. Portanto o
exercício físico é um aspecto importante a ser considerado quando o assunto é envelhecimento.
BH CIDADANIA
O índice de criminalidade e violência em torno das grandes metrópoles representa um
sério problema aos governantes. Esta realidade não é diferente na comunidade PPL (Pedreira Prado
Lopes). De acordo o IVS (Índice de Vulnerabilidade Social) a mesma se destaca na classe I (maior
índice de vulnerabilidade). Segundo Júnior (2004), causas de morte possibilitam a realização de
diversos diagnósticos sobre as condições sociais e econômicas de um povo. As políticas públicas
interferem neste aspecto e podem ser entendidas como meio orientado para a realização de certos
fins. Para Silva (2005; 2006) política pública é a orientação de um caminho que se expressa em
ações postas em prática, financiados por recursos públicos.
A PBH (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte) reconheceu a necessidade de uma
reforma administrativa com objetivo de solucionar problemas nas políticas públicas do município,
atendendo as carências da população residente nas áreas de vulnerabilidade social (REVISTA
PENSAR BH/POLÍTICA SOCIAL, 2003). O programa BH Cidadania surge em 2002 com uma
visão sobre unificação dos equipamentos públicos baseando-se na articulação e integração dos
serviços para garantir à acessibilidade dos bens e serviços públicos a população vulnerabilizada.
Visando também a descentralização, a intersetorialidade, transferência de renda e a busca de
autonomia da população (PIMENTEL; NAHAS, 2003).
O programa BH Cidadania envolve a participação articulada de sete secretarias,
(abastecimento, assistência social, cultura, direito e cidadania, educação, esporte e saúde). As
diretrizes do programa BH Cidadania consistem na inclusão social das famílias buscando estimular,
induzir e promover o direito ao convívio. Visa também à programação de atividades comunitárias
culturais, pedagógicas, assistenciais, físicas e de lazer. Contribui para a diminuição dos índices de
vulnerabilidade da comunidade, proporciona oportunidades de vivências e discussões da sociedade,
visando os problemas sociais enfrentados, garantir o esporte e o lazer como direito social e
universal, e por fim o respeito e valorização da comunidade (REVISTA PENSAR BH/POLÍTICA
SOCIAL, 2003). O programa BH Cidadania permite transformar uma prática de exercício físico em
138 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
uma prática ampla, cujo enfoque busca qualidade de vida para comunidade em termos de praticas
corporal, resgatando costumes e construindo para uma participação comunitária que envolve a
família. O programa BH Cidadania integrado a demais políticas sociais busca no exercício físico
um meio para vida saudável e ampliação das possibilidades de lazer, assim através dos conteúdos da
cultura corporal do movimento pretende-se entre outros objetivos garantir o lazer/esporte como
direito universal, bem como construir oportunidades para prática de atividades esportivas, culturais,
sociais e educacionais de forma lúdica, melhorando a qualidade de vida do público idoso
(PIMENTEL; NAHAS, 2003). Neste sentido adequar as ações do programa BH Cidadania aos
objetivos dos indivíduos, significa contribuir para a promoção da autonomia e garantia dos direitos
dos cidadãos.
2. MATERIAL E MÉTODO
Projeto protocolado junto ao Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Estácio de Sá
de Belo Horizonte sob parecer 016.10 e ao Comitê de Ética em Pesquisa Secretaria Municipal de
Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte sob parecer 0065.0.410.308-10.
Participaram deste estudo 77 idosas do grupo de convivência “Pedreirense” do
Programa BH Cidadania – Pólo Pedreira Prado Lopes localizado no CRAS (Centro Referência
Assistência Social) que correspondem a 100% do total da amostra, com idade média 69,46 anos. Os
critérios de inclusão foram: ser frequente no grupo há no mínimo 2 meses (NECESSÁRIO FALAR
O PORQUÊ? VERIFICAR COM A LUTE), idade igual ou superior a 60 anos, ser morador da
comunidade PPL, responder ao questionário proposto pelos pesquisadores e preencher o TCLE
(Termo de Consentimento Livre Esclarecido). Dos critérios de exclusão: idosas incapazes de
entender e compreender as perguntas do questionário semi-estruturado que serão lidas pelos
pesquisadores e quando necessárias facilitadas para melhor entendimento das mesmas e idade
inferior a que foi estipulada.
O questionário aplicado foi idealizado pelos pesquisadores para atender as
particularidades do grupo. Consiste em (13) treze perguntas fechadas, das quais a pergunta número
(4) quatro possibilitou fazer outras observações. O conteúdo abordado foi saúde, socialização,
alimentação, acesso ao serviço público, exercício físico.
A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista com preenchimento do
questionário que foi lido pelos pesquisadores para cada idosa participante individualmente,
considerando a dificuldade na leitura e a chance de serem os indivíduos analfabetos, diminuindo
139 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
assim riscos de má interpretação. Estimou-se aproximadamente 20 minutos para a realização de
cada entrevista, que foi realizada em dois encontros. Os sujeitos foram conduzidos para uma sala de
aula no qual receberam informações com relação à pesquisa e ao instrumento utilizado.
As entrevistas foram realizadas em uma sala de aula que oferece infra-estrutura
adequada, em relação à privacidade e comodidade das idosas, mesmo local onde há os encontros do
grupo de convivência. Antes deste procedimento solicitamos previamente uma autorização para a
realização da mesma por escrito da coordenadora do CRAS.
Esta pesquisa adotou o método qualitativo que tem como foco de estudo os processos
vivenciados pelos sujeitos. A análise dos resultados desta pesquisa foi descritiva e se limitou a
analisar as características pertinentes a população em questão, foi utilizado o programa Excel para a
análise dos resultados desta pesquisa.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 77 participantes desta pesquisa foram excluídos 34 indivíduos, sendo 11 por idade
(<) menor que 60 anos, 10 por motivo de doença e 13 por ausência. Sobre a escolaridade da amostra
69,76% possui 1º grau incompleto, 18,60% são analfabetos, 9,30% 1º grau completo e 2,32%
possui 2º grau completo.
O resultado desta pesquisa será representado por gráficos e suas respectivas discussões
e fatores relacionados à prática de exercício físico que são desenvolvidos pelo programa BH
Cidadania.
No gráfico 1 pode-se identificar que 100% da amostra afirmou praticar ou já ter
históricos ligados a exercícios físicos no decorrer da vida, essa pergunta destina-se apenas em saber
o histórico pregressos desses indivíduos com a prática, concluindo portanto que
todas as
integrantes da amostra são adeptas a prática de exercícios físicos regularmente.
Identificou-se a ausência de indivíduos do gênero masculino na prática dos exercícios
físicos realizados neste grupo, embora esse motivo não tenha sido pesquisado, estudos de Borges et.
al. (2008), afirmam que essa ausência se deve ao fato de que os homens tendem a assumir novos
casamentos, não havendo então o tempo para o exercício físico. De acordo com os mesmos autores,
observa-se o predomínio de mulheres freqüentadoras de grupos de convivência, fato que corrobora
com os resultados encontrados neste trabalho.
140 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
Grafico 1. Pergunta 1
100%
100
80
%
60
Sim
40
Não
20
0%
0
Sim
Não
Você pratica ou já praticou algum exercício físico ou esporte?
Este dado expressa a adesão deste público cada vez maior a uma vida ativa e que por
sua vez está vinculada aos benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais contribuindo para melhoria
da saúde desta população. Este resultado corrobora com Freitas et. al. (2007) que relata a prática da
atividade física regular pelos idosos, se deve a forma positiva que o exercício atua na melhoria da
qualidade de vida e do bem estar.
Uma vez que a prática de exercício físico está estabelecida entre as participantes deste
estudo busca-se conhecer quais modalidades que fazem parte do repertório físico desta amostra,
com o objetivo de conhecer a preferência desses indivíduos quando o assunto é exercício físico. O
gráfico 2 representa os resultados.
Gráfico 2: Pergunta 2
100
100%
Ginastica
Caminhada
80
%
60
Hidroginástica
40
20
0
Alongamento
46,51%
9,30%
Natação
4,65%
2,33%
Lian Kum
Futebol
Bicicleta
Dança
Qual ou quais exercícios físicos você pratica ou praticou?
Foram encontradas 9 modalidades de exercícios físicos, dentre elas a ginástica realizada
pelo Programa BH Cidadania, e está foi a que mais se destacou na freqüência das idosas com 100%
de adeptos, seguida pela caminhada 46,51%, hidroginástica 9,30%, as demais atividades não
141 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
representaram valores expressivos como mostra o gráfico 2. O exercício físico identificado como o
mais praticado pelas idosas é a ginástica, seguida pela caminhada. Ambas as atividades ajudam no
processo de envelhecimento saudável e de uma melhor qualidade de vida para a população idosa.
Para Okuma (1998), a melhor opção para pessoas de terceira idade são as atividades em grupo, isso
confirma a importância da ginástica identificada no trabalho como a mais assídua das atividades
entre o grupo. Corroborando com essa afirmativa, Caromano et al (2006) ressalta que prática de
exercícios em grupo facilita sua manutenção.
Na pergunta 3 procurou-se ter conhecimento dos locais onde se estabelecem a prática
das modalidades mencionadas no gráfico 2.
Gráfico 3: Pergunta 3
CRAS
80
76,74%
IAPI
Academia da Cidade
60
Salão da Igreja
34,80%
% 40
20
20,92%
SESC
20,93%
4,65%
9,30%
Posto de Saúde
2,33%
CRI
Quadra esportiva
SESI
0
CAC
Onde você prática esses exercícios físicos ou esportes?
Os locais relacionados como Centro Referência da Assistência Social (CRAS),
Conjunto habitacional (IAPI), academia da cidade e salão da igreja são espaços públicos existentes
na região, situados nos bairros São Cristóvão, Santo André e Bom Jesus, outros locais foram citados
como SESC, Centro de Referência da Pessoa Idosa (CRI) que são locais fora da área de abrangência
da região em foco desta pesquisa. O gráfico 3 identificou que o CRAS é o local mais freqüentado
para a prática de exercícios físicos com um percentual de 76,74%, seguida pelo IAPI 34,80%,
academia da cidade 20,92%, salão da Igreja Bom Jesus com 20,93%, os demais locais citados não
representaram valores expressivos como mostra o gráfico. É importante que fique claro que nesta
pergunta as entrevistadas poderiam identificar mais de uma modalidade praticada.
O gráfico 4 representa como a amostra ficou sabendo da existência do CRAS da PPL, já
que no gráfico 3 este é o local acessado com maior freqüência. Através desta questão buscou-se
identificar como essas pessoas acessaram este serviço público.
142 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
Gráfico 4: Pergunta 4
80
60,46%
60
A ) Rádio , Televisão o u
Jo rnal.
B ) Indicação po r o utra
pesso a.
39,53%
% 40
C) A través de amigo s e
o u vizinho s que
freqüentam o lo cal.
16,27%
20
D) Outro s:(Centro
Cultural e o u busca po r
vo ntade pró pria.)
0
Como que você ficou sabendo da existência deste local?
Dentre as respostas encontradas destacou-se a opção (C) com 60,46% este dado
apresenta que a informação entre a comunidade pode ser considerada boa, pois a divulgação entre
os mesmos acontece, porém nem sempre todos tem acesso a essa informação e não há como ser
mensurado o quanto essa informação está acessível a toda comunidade, em seguida está a opção (D)
com 39,53%, opção (B) com 16,27% e por fim a opção (A) não apresentou nenhum indício. Está é
uma grande falha do poder público, através das mídias eletrônicas estes serviços poderiam atingir
mais pessoas e certamente o programa BH Cidadania teria mais participantes. Falta desenvolver
uma comunicação entre órgãos públicos e a mídia que é um canal direto com a população, assim
mais pessoas poderiam ser beneficiadas por estas ações. Para Viana (2005; 2006) o poder público
tem a obrigação de contribuir para que a sociedade receba com maior clareza possível as
informações que lhe dizem respeito. Júnior (2000) confirma a idéia de que a mídia de massa
apresenta uma forte contribuição na informação populacional sobre os benefícios de um estilo de
vida ativa. Portanto é necessário o trabalho de divulgação pelo poder público através da mídia. É
importante que fique claro que nesta pergunta as entrevistadas poderiam marcar mais de uma opção.
O gráfico 5 investigou o nível de contribuição do exercício físico para a saúde desta
amostra.
Gráfico 5: Pergunta 5
100
%
50
83,72%
A) Contribui muito
B) Contribui pouco
(razoavelmente)
16,27%
0%
C) Não Contribui
0
O quanto esse exercício físico ou esporte contribui para melhoria da sua saúde?
143 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
Conforme citado anteriormente um dos principais objetivos do exercício físico é a
melhoria da saúde dos indivíduos idosos, esse item foi confirmado na pesquisa destacando a opção
(A) com 83,72% onde as entrevistadas acreditam que o exercício físico contribui muito para a
melhoria da saúde, na opção (B) o percentual encontrado foi de 16,27% identificada como
contribuição parcial (razoável) para melhoria da saúde. A opção (C) não houve indício como
demonstra o gráfico 5. Mesmo considerando que o exercício físico é um fator positivo para a saúde,
não se pode afirmar que esta contribuição favorece um ganho fisiológico, uma vez que a pesquisa
não possui esse objetivo. Portanto é importante ressaltar que os dias oferecidos para as aulas são
inexpressivos, no entanto considera-se um ganho em relação à interação social das idosas. Para
Cheik et al (2003) o exercício físico leva o indivíduo a uma maior participação social. Encontra-se
uma subjetividade positiva nesta perspectiva quanto à contribuição do exercício físico. Os estudos
de Viana (2004) esclarecem esta questão, segundo a autora os parâmetros subjetivos introduzem a
percepção pessoal dos aspectos de vida em questão, como a pessoa se sente ou o que pensa de sua
vida. Para a mesma autora o indivíduo idoso que avalia sua vida como satisfatória, terá mais
sentimento de bem-estar e felicidade.
A partir dos dados encontrados no gráfico 5, a pesquisa buscou verificar se o exercício
físico possibilita fazer novos amigos e amizades.
Gráfico 6: Pergunta 6
100
%
50
81,40%
A) Contribui muito
B) Contribui pouco
(razoavelmente)
18,60%
0%
C) Não Contribui
0
O quanto esse exercício físico ou esporte contribui para fazer novos amigos e amizades?
Dentre as respostas encontradas destaca-se a opção (A) contribui muito com 81,40%,
seguida por (B) contribui pouco (razoavelmente) com 18,60%, a opção (C) não houve indicação. A
socialização é um fator importante na vida do idoso, pois o mantém participativo no meio onde ele
está inserido. Segundo a socialização permite novas possibilidades de troca de experiências em um
144 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
mesmo local. Corroborando com essa idéia Monte et al (2006) reafirma a importância do social na
vida deste individuo, pois melhora a auto estima, a auto-imagem e a confiança.
Em relação aos serviços oferecidos pelo CRAS, onde o BH Cidadania está inserido
ministrando aulas de ginástica para o grupo da terceira idade, procurou-se investigar se as pessoas
contempladas nesta pesquisa têm acesso a esses serviços públicos.
Gráfico 7: Pergunta 7
60
%
A) Possibilita muito
41,86%
48,84%
40
20
0
9,30%
B) Possibilita pouco
(razoavelmente)
C) Não tenho conhecimento.
(Desconheço este tipo de
serviço)
No local onde você pratica exercício físico e ou esporte possibilita a utilização de outros serviços
como: (assistência social, cursos e encaminhamentos) dentre outros serviços?
Verificou-se um percentual de 41,86% afirmando que o local onde acontece a prática de
exercício físico possibilita muito a utilização de outros serviços, tais como: cursos,
encaminhamentos médicos e serviços de assistência social, no entanto 48,84% afirmam
desconhecer ou não ter acesso a quaisquer outros tipos de serviços oferecidos no local e apenas
9,30% afirmam possibilitar pouco (razoavelmente), o gráfico 7 ilustra esses dados. As associações
destes serviços agregam benefícios favoráveis para a melhoria da qualidade de vida dos idosos.
Sendo importante que estes órgãos desenvolvam em conjunto um trabalho de interdisciplinaridade,
isto contribuirá muito para toda está população. Para Junior et. al. (1996) o rápido envelhecimento
da população torna inadiáveis adoção de políticas sociais que atendam as necessidades dos idosos.
A questão 8 procurou identificar se a amostra tinha conhecimento que o local ofertava
lanches, passeios e viagens. Esta pergunta foi realizada devido ao fato de se acreditar que a
participação dos indivíduos no programa estava correlacionada a outros benefícios e incentivos
oferecidos pelo programa BH Cidadania, a fim de garantir a freqüência e a participação dos mesmos
nas atividades oferecidas.
145 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
Gráfico 8: Pergunta 8
100
95,35%
80
%
Sim
60
Não
40
4,65%
20
0
O local onde você pratica este exercício físico ou esporte oferece lanches, passeios e ou viagens?
Constatou-se que 95,35% das entrevistadas têm conhecimento sobre o fornecimento dos
mesmos no local da prática do exercício físico, e apenas 4,65% das idosas desconhece esse tipo de
benefício.
A pesquisa também investigou o quanto é importante receber lanches, passeios e
viagens para essa população, conforme o gráfico abaixo.
Gráfico 9: Pergunta 9
100
%
95,35 %
B) Pouco
importante
(razoavelmente)
50
4,65%
0
A) Muito
importante
0%
C) Não é
importante
Você acha que é importante receber lanches, passeios e ou viagens?
Os dados encontrados apontam que 95,35% consideraram a opção (A) sendo muito
importante receber este auxílio, e apenas 4,65% das idosas responderam a opção (B) como pouco
importante o recebimento destes benefícios, sendo que a opção (C) não houve evidência, como
mostra o gráfico 9.
Outro ponto investigado foi à permanência das idosas no local da ginástica, caso não
fosse oferecido lanches, passeios ou viagens, como demonstra o gráfico abaixo.
146 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
Gráfico 10: Pergunta 10
100
%
50
95,35%
Sim
Não
4,65%
0
Você manteria a frequência na prática de exercício físico neste local mesmo que não fossem
oferecidos lanches passeios e ou viagens?
Identificou-se que 95,35% das entrevistadas frequentariam o local caso não fosse
ofertados os benefícios, sendo que 4,65% responderam que não manteriam a frequência no local
sem receber lanches, passeios e ou viagens, como mostra o gráfico 10. A hipótese da pesquisa foi
verificar se as idosas estariam freqüentando o programa BH Cidadania não apenas pelo exercício
físico, mas sim pelo fato de serem proporcionados a elas benefícios extras como passeios e lanches.
O fato de o programa oferecer este tipo benefício é um ponto extremamente favorável ao mesmo,
tendo em vista que é importante para os programas sociais a freqüente permanência dos indivíduos
nas atividades propostas.
A questão 11 investigou quantas vezes por semana as idosas frequentam o CRAS.
Gráfico 11: Pergunta 11
48,83%
50
40
%
B) 2 Vezes
34,89%
30
20
10
0
A) 1 Vez
C) 3 Vezes
13,96%
2,32%
D) Mais de 4
Vezes por
semana
Quantas vezes por semana você freqüenta este local?
Os dados encontrados corroboram com os respectivos dias destinados a prática da
ginástica. A alternativa (B) apresentou a maior frequência com 48,83%, seguida pela alternativa (A)
com 34,89%, alternativa (C) com 13,96%, e por fim a alternativa (D) com o valor inexpressivo de
2,32%.
147 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
Com relação à assiduidade semanal das idosas na prática de exercício físico podemos
identificar os resultados no gráfico 12.
Gráfico 12: Pergunta 12
60
40
%
20
23,26%
20,93%
B) 2 Vezes
C) 3 Vezes
2,32%
0
A) 1 Vez
53,49%
D) Mais de 4 Vezes por
semana
Quantas vezes por semana você prática exercício físico ou esporte neste local?
Com relação à prática de ginástica identificou-se que 53,49% da amostra pratica este
exercício semanalmente, o percentual corresponde as duas vezes por semana. A opção (A) 20,93%
corresponde a frequência no local de apenas 1 vez por semana, os demais 23,26% afirmaram
frequentar o local 3 vezes e apenas 2,32% responderam frequentar mais de 4 vezes o local.
Os dados encontrados revelam que existe a necessidade de otimizar os dias destinados a
prática de exercícios físicos, isso ajudará as idosas a melhorarem a qualidade de vida, tendo em
vista que este grupo é frequente nos dias que as aulas são oferecidas. De acordo com a pesquisa
mais da metade da amostra destina duas vezes na semana para a prática de exercícios, estes são os
dias oferecidos pelo BH Cidadania para as aulas de ginástica, uma vez que a característica do
mesmo não é priorizar o atendimento a esse público, porém esta frequência representa melhorias
nos aspectos psicológicos e sociais, mas não nos aspectos de ganhos fisiológicos. Neste sentido é
importante estimular a prática de exercício físico regular, pois agrega benefícios visando melhorar
os efeitos do envelhecimento. Para isso é necessário que haja uma frequência na adesão do
programa. O ideal seria todos os dias da semana, ou no mínimo três vezes. Segundo estudos de
Carvalho et al (1996) a parte aeróbia do exercício deve ser feita, se possível, todos os dias.
Concordando com essa mesma idéia Araújo; Araújo (2000) reafirmam que o exercício físico deve
ser praticado na maioria dos dias da semana, senão em todos os dias.
148 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
Gráfico 13: Pergunta 13
93,02%
100
80
%
B) 30 minutos
60
C) 50 minutos
40
20
A) Menos de 20
minutos
0%
0%
6,98%
D) Mais de 1 hora
0
Quantas horas por dia você gasta praticando exercício físico ou esporte?
Foi investigado o tempo diário destinado ao exercício físico, e os resultados encontrados
apontam que 93,02% das idosas destinam mais de 1 hora diária para essa prática e apenas 6,98%
destinam no mínimo 50 minutos diários. As outras opções não foram citadas. Na perspectiva das
horas gastas por dia na prática de exercícios físicos o estudo aponta que a maior parte das idosas
pratica mais de uma hora por dia algum tipo de exercício físico, o que corroboram com os estudos
de Carvalho et al (1996) que afirma que o exercício físico deve ser praticado com duração mínima
de 30 a 40 minutos. Araújo; Araújo (2000) enfatiza a prática de exercício físico por pelo menos 30
minutos diários. Sendo este um fator positivo para o objetivo principal das idosas, a manutenção e
melhoria da saúde e qualidade de vida.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este estudo podemos concluir que houve um sincronismo entre os objetivos do
programa BH Cidadania e os objetivos idealizados pelas idosas do grupo de convivência
“Pedreirense”, pois a hipótese deste estudo que era verificar se a permanência no grupo de
convivência pelas idosas seria pelos benefícios oferecidos pelo programa como lanches, passeios e
viagens não foi confirmada. Acreditava-se nesta hipótese pelo fato do grupo pesquisado pertencer a
uma comunidade vulnerável e carente, com poucos recursos, desta forma fatores externos poderiam
influenciar e contribuir para a permanência e freqüência neste programa. Em relação à importância
desses itens as idosas consideram que é muito importante receber esse tipo de incentivo, no entanto
quanto perguntado as mesmas se haveria permanência na freqüência dos exercícios físicos mesmo
se não houvesse este benefício 95,35% afirmaram que sim. Observa-se que esses benefícios são
fatores extrínsecos que devem ser considerados importantes para o grupo. Para Samulski (2002) o
149 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
importante é considerar como motivação para a prática esportiva a interação entre a personalidade e
fatores do meio ambiente, que variam de acordo com as necessidades de cada indivíduo. Weinberg;
Gould (2001) corroboram com a mesma idéia, considerando como fatores importantes para a
motivação da prática de exercícios físicos os fatores pessoais (necessidades e interesses) e fatores
situacionais (tarefas atrativas e influências sociais). O exercício físico proposto pelo programa
contribui favoravelmente para a melhoria da qualidade de vida das mesmas, e é um fator primordial
para minimizar os declínios decorrentes do envelhecimento, auxiliando assim a manutenção da
saúde e da qualidade de vida desses indivíduos. A socialização é um ponto forte e de interação para
o convívio deste individuo com os demais, de forma a melhorar e tornar-se mais fácil o convívio
interpessoal. Portanto através do exercício físico pode-se adquirir uma relação de companheirismo e
confiança, evidenciando a importância do trabalho em grupo.
A literatura pesquisada enfatiza constantemente a importância da prática de exercício
físico pelo idoso, confirmando assim os resultados encontrados nesta pesquisa.
No entanto recomenda-se a realização desta pesquisa em outros pólos do programa BH
Cidadania para uma futura comparação dos resultados.
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Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
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152 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
ANEXO I
QUESTIONÁRIO APLICADO
1. Você pratica ou já praticou algum exercício físico ou esporte?
( ) Sim
( ) Não
2. Qual ou quais exercícios físicos você pratica ou praticou?_______________________________
________________________________________________________________________________
3. Onde você pratica esses exercícios físicos ou esportes?_________________________________
________________________________________________________________________________
4. Como que você ficou sabendo da existência deste local?
( ) Rádio televisão ou jornal.
( ) Indicação por outras pessoas.
( ) Através de amigos e visinhos que freqüentam o local.
Outros:__________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
5. O quanto esse exercício físico ou esporte contribui para a melhoria da sua saúde?
( ) Contribui muito
( ) Contribui pouco (razoável)
( ) Não contribui
6. O quanto esse exercício físico ou esporte contribui para fazer novos amigos e amizades?
( ) Contribui muito
( ) Contribui pouco (razoável)
( ) Não contribui
7. No local onde você pratica exercício físico e ou esporte possibilita a utilização de outros
serviços como (assistência social, cursos, e encaminhamentos) dentre outros serviços?
( ) Possibilita muito
( ) Possibilita pouco (razoável)
( ) Não tenho conhecimento. (Desconheço esse tipo de serviço).
8. O local onde você pratica exercício físico ou esporte oferece lanches, passeios e ou viagens?
( ) Sim
( ) Não
9. Você acha que é importante receber lanches, passeios e ou viagens?
( ) Muito importante
( ) Pouco importante (razoável)
( ) Não é importante
10. Você manteria a frequência na prática de exercício físico neste local mesmo que não fossem
oferecidos lanches passeios e ou viagens?
( ) Sim
153 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
( ) Não
11. Quantas vezes por semana você frequenta este local?
( ) 1 vez
( ) 2 vezes
( ) 3 vezes
( ) Mais de 4 vezes por semana
12. Quantas vezes por semana você pratica exercício físico ou esporte neste local?
( ) 1 vez
( ) 2 vezes
( ) 3 vezes
( ) Mais de 4 vezes por semana
13. Quantas horas por dia você gasta praticando exercício físico ou esporte?
( ) Menos de 20 minutos
( ) 30 minutos
( ) 50 minutos
( ) Mais de 1 horas
154 OLIVEIRA, Fernanda Cristina de; FERREIRA, Gilmar Freire; SILVA, Poliane Aguiar; BRAGA,
Marluci. BH cidadania e idosas da pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 133-151, Jul2011/Dez-2011.
ANEXO II
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nós estudantes do curso de Educação Física da Faculdade Estácio de Sá de Belo
Horizonte Fernanda Cristina de Oliveira, Gilmar Freire Ferreira e Poliane Aguiar Silva juntamente
com nossa Professora/Orientadora Mariluci Braga, convidamos você para participar como
voluntária da nossa pesquisa sobre o programa BH Cidadania e Idosas da Pedreira Prado Lopes, que
tem como objetivo verificar se programa BH Cidadania e o objetivo das idosas que dele participam
são os mesmos.
Você declara que concorda em ser entrevistada e participar da pesquisa BH Cidadania e
Idosas da Pedreira Prado Lopes: sincronismo e desencontros desenvolvido por Fernanda Cristina de
Oliveira, Gilmar Freire Ferreira e Poliane Aguiar Silva, estudantes da Faculdade Estácio de Sá –
BH. Você foi informada que a pesquisa é orientada pela professora Mariluci Braga, a quem pode
procurar a qualquer momento que achar necessário através do telefone (31) 9969-2614.
Você aceita participar por própria vontade, sem receber qualquer quantia em dinheiro e
com a intenção de colaborar para o sucesso da pesquisa. Você foi informada que a pesquisa é com
objetivo de estudo na faculdade, que os alunos buscam saber se há sincronismo entre o BH
Cidadania e o objetivo das idosas que dele participam freqüentemente.
Você foi informada de que as informações respondidas por você estão de acordo com as
normas éticas destinadas à pesquisa envolvendo seres humanos, do Comitê de Ética e Pesquisa da
Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte.
Sua identidade não será revelada na entrevista que responderá, e só será realizada após a
sua assinatura de autorização. As informações encontradas serão de responsabilidade da professora
orientadora. Você pode sair desta pesquisa quando quiser, sem problemas futuros.
Você confirma que recebeu uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, conforme recomendações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CEP - Estácio
de Sá).
Belo Horizonte, _________de ______________________ de ______.
Assinatura da participante: ___________________________________
Assinatura do pesquisador: ___________________________________
152 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
A VIABILIDADE DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM
(SAE) EM SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA:
UMA ABORDAGEM REFLEXIVA
Leandra Ferreira da Silva1; Henilene Ferreira Ribeiro Silva2; Uilia Terezinha Alves3;
Vaneila Moraes Ferreira Martins4
RESUMO
ABSTRACT
Este artigo objetiva refletir a viabilidade da
Sistematização da Assistência de Enfermagem
(SAE) em serviço de urgência e emergência
pediátrica, considerando a vulnerabilidade do
serviço, facilidades e dificuldades para
implantação, a exigência da SAE pelo COFEN
e a necessidade desse processo para o paciente
e para a qualificação profissional do
enfermeiro. Com base na leitura de publicações
referentes aos temas contemplou-se que
embora os enfermeiros estejam convencidos da
relevância de sistematizar a assistência, ainda
há entraves para seu direcionamento e
efetivação, face, entre outros valores, à
dependência de recursos (pessoas, materiais e
equipamentos) e a dinâmica da unidade de
urgência e emergência pediátrica. Levantou-se
que viabilidade da SAE, no contexto do
processo de enfermagem e nas vertentes de
implantação, manutenção e aperfeiçoamentos,
estariam
condicionadas
à
estrutura
organizacional, estimativas iniciais sobre a
vivência da equipe de enfermagem no setor em
questão, a disponibilidade destes profissionais
para aderir à proposta e o desenvolvimento de
conhecimentos, habilidades e atitudes na
perspectiva de um cuidado holístico (patologia,
criança e família).
Palavras-chave: enfermagem em emergência,
enfermagem
pediátrica,
cuidados
de
enfermagem.
This article aims to reflect the viability of
Systematization of Nursing Care (SAE) at
emergency services and pediatric emergency,
whereas the vulnerability of the service,
facilities and difficulties for implantation, the
requirement of SAE by FEDERAL NURSING
COUNCIL and the need for the procedure for
the patient and the professional qualification of
nurse. On the basis of reading of publications
relating to the themes included-that although
the nurses are convinced of the relevance to
systematize the assistance, there are still
barriers to its focus and effectiveness, given,
among other values, the dependence on
resources (people, materials and equipment)
and the dynamics of the emergency room and
pediatric emergency room. Arisen that viability
of NCS, in the context of the nursing process
and in the areas of deployment, maintenance
and improvements would be conditioned to the
organizational structure, initial estimates on the
experience of nursing staff in the sector in
question, their availability to join the proposal
and development of knowledge, skills and
attitudes from the perspective of holistic care
(pathology, child and family).
Keywords: emergency nursing, pediatric
nursing, nursing care.
1
Graduanda do curso de Enfermagem da Universidade Estácio de Sá de Goiás. E-mail: [email protected].
Graduanda do curso de Enfermagem da Universidade Estácio de Sá de Goiás. E-mail: [email protected]
3
Graduanda do curso de Enfermagem da Universidade Estácio de Sá de Goiás. E-mail: [email protected]
4
Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Enfermeira do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Goiânia,
GO. Docente da Faculdade Estácio de Sá de Goiás. E-mail: [email protected].
2
153 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Presume-se que um artigo de reflexão, como o próprio nome indica, cogite a
possibilidade de fazer emergir idéias acerca de um determinado tema e que estas possam, por meio
de literaturas especializadas e experiências em geral, levar a um veredicto ou não, daquilo que se
buscou ponderar.
Neste âmbito, a comunidade científica e o cotidiano da Enfermagem têm buscado
refletir sobre a profissão como a atividade de cuidar e também uma ciência cuja essência e
especificidade são o cuidado ao ser humano de modo integral e holístico, desenvolvendo de forma
autônoma ou em equipe, atividades de promoção e proteção da saúde e prevenção e recuperação de
doenças (SALOMÉ; MARTINS; ESPOSITO, 2009).
Enquanto ciência do cuidar, cita-se que a prática da enfermagem organizada e
sistematizada pode estar relacionada aos esforços envidados pelos enfermeiros nas últimas décadas,
em prol do saber científico da profissão e da melhoria da qualidade do cuidado prestado ao cliente.
Assim, é preciso ter em conta que o momento atual se mostra complexo, incerto, multifacetado e
multidimensional e, por isso, exige reflexões e atitudes que promovam a reconsideração dos antigos
modos de pensar e agir, a partir de mudanças paradigmáticas que incluam essa nova visão da
realidade (NASCIMENTO et. al., 2008; BAGGIO, MONTICELLI E ERDMANN, 2009)
A enfermagem presta assistência em setores considerados desgastantes, tanto pela carga
de trabalho, como pelas especificidades das tarefas, e nesse panorama, encontra-se a Unidade de
Emergência (UE), que é uma unidade apropriada para o atendimento a pacientes com afecções
agudas específicas, onde existe um trabalho de equipe especializado. Apesar dos esforços dos
profissionais que trabalham nas UE, elas são vistas como ambientes frios e considerados por muitos
como detentores de práticas mecanicistas (SALOME; MARTINS; ESPOSITO, 2009).
A unidade de urgência e emergência é uma das portas de entrada da instituição
hospitalar e tem como atribuição o atendimento imediato de assistência à saúde a pacientes
externos, com ou sem risco de morte, porém, em situações de sofrimento (BRASIL, 2002).
Para a maioria da população, ainda há o pensamento de que a unidade de urgências e
emergências é o mais rápido e alternativo meio para o atendimento. Tal atitude ocasiona aumento
da demanda e a consequente sobrecarga de trabalho, bem como, dificuldades para atendimentos
realmente emergenciais. Somado a estes fatores, quando se fala em rotina na área de emergência
parece ser um conceito que não se aplica, porém, esta precisa de rotinas para um atendimento mais
eficaz e que reduza riscos (BRASIL, 2002; MENZANI, 2006; SANTOS, 2007)
154 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
A atuação do Enfermeiro no contexto de urgências é uma área de saber de várias
proporções, que compreende tanto procedimentos simples, como de grande complexidade e tem
ainda como particularidades que esta atuação pode ocorrer, em situações graves e ameaçadoras da
vida pressionada pelo tempo, em que cada segundo pode fazer a diferença. Assim, é esperado,
portanto, que o enfermeiro dessa unidade faça jus ao seu papel de elemento central, agindo de forma
segura, atempada, ética e com bases em evidencias científicas; podendo-se dizer que o maior
desafio é o de ser capaz de buscar continuadamente a excelência no seu cuidar (MARTINS, 2009).
Entendendo a excelência de cuidar, como um fenômeno holístico, no qual, deva
abranger não só a patologia, mais o paciente e seus valores, cultura, ambiente e família, portanto,
nas dimensões física, psicossocial, emocional, e espiritual (SILVA, SUDIGURSKY, 2008)
questiona-se como trabalhar este cenário, dentro da unidade de pronto atendimento, em especial, no
pronto-socorro de pediatria, onde os profissionais se deparam, com acompanhantes, na maioria pais
aflitos, diante de crianças vítimas de intoxicações exógenas, corpo estranho (moeda, caroços, etc.)
nas vias aéreas, politraumas, crises respiratórias, entre outros fatos críticos que a acometem?
Reflete-se que um plano de cuidados de enfermagem para uma criança, em especial em
momentos críticos em que ela está assustada, realidade bem veemente nas unidades de pronto
socorro, deveria contemplar o apego da criança ao seu travesseiro, ao brinquedo de pelúcia, entre
outros fômites, vetados pela consciência dos programas de controle de infecção associados à
assistência a saúde. Orientações de enfermagem à mãe e/ou à criança ficam comprometidas por
outras necessidades do atendimento, e assim, limita-se ocasionalmente tratar estas questões em
formas de folhetos de proibições, face a dinâmica do setor de urgência e emergência.
Atentando para outras questões de enfermagem sistematizada em pronto socorro inferese a humanização, que também é foco da organização para a excelência do cuidado de enfermagem
holístico. Estudo realizado por Pauli e Bousso (2003), concluiu que a assistência centrada na criança
e na família ainda era algo bastante incipiente e que passa pelo âmbito da motivação pessoal.
É relevante frisar que no cotidiano dos hospitais de pronto-socorro infantil existe a
possibilidade de serem encontrados vários referenciais que podem a vir interferir na qualidade do
serviço de enfermagem. Feliciano, Kovacs e Sarinho (2005) falam do trabalho entrelaçado à
responsabilidade com pacientes graves e seus familiares; acrescido de grande demanda, a
insuficiência de recursos materiais e humanos, os baixos salários, os múltiplos empregos dos
profissionais e conseqüentes cansaços, motivando uma contínua tensão emocional.
Diante do exposto, este artigo se propõe a refletir sobre a organização do cuidado de
enfermagem, voltada para um pronto socorro pediátrico, considerando que a sistematização da
155 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
assistência de enfermagem (SAE) passou a ser obrigatória nas instituições de saúde em agosto de
2002, por meio da resolução 272/2002 do Conselho Federal de Enfermagem, que preconiza em seu
artigo 2º, que a implementação da SAE, deva ocorrer em todas as instituições de saúde, pública ou
privada. Este mesmo órgão deliberador, trata ainda da sistematização de cuidados via resolução
358/2009 (COFEN, 2002; 2009).
A ideia deste estudo está pautada na reflexão de como a SAE pode ser estruturada; a
que fatores e intervenientes deve-se a sua viabilização em um setor tão vulnerável? Estes e outros
questionamentos afloraram quando da realização de estágio extracurricular em uma unidade de
urgência e emergência pediátrica em um hospital público em Goiânia-Goiás, no qual há
investimentos para a operacionalização da SAE, em iniciativa da diretoria de enfermagem, por meio
de um programa de educação permanente. Nesse ínterim, passou-se a ter o entendimento que o bem
estar da criança e sua reabilitação são metas desenvolvidas nas concepções da enfermagem, porém,
em reflexão à assistência integral ao indivíduo, passou-se a ponderar como atender a criança de
forma holística, diante de fragilidades gerais, entre elas, poucos profissionais de enfermagem, alta
demandam (em especial de casos não graves, repercutindo no atendimento aos que são realmente
críticos), a necessidade de trabalhar com rapidez; ou seja, atentou-se para um possível traçar de
caminhos de como fazer e/ ou o que é possível fazer na perspectiva da SAE.
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA
VIABILIDADE: UMA VISÃO GERAL
DE
ENFERMAGEM
(SAE)
E
SUA
Refletir sobre a viabilidade da SAE na unidade de urgência e emergência pediátrica, nos
induziu a primeiramente verificar um conceito tangível para a mesma. Nesta oportunidade, foi
possível verificar que é relevante o número de publicações que tem se preocupado mais em retratar
a importância do método e/ou a conceituam apenas no contexto do “Processo de Enfermagem”,
compreendido nas etapas de coleta de dados, diagnósticos de enfermagem, planejamento,
implementação e avaliação da assistência.
Entretanto, Bachion (2002) enfatiza que existem várias modalidades de SAE, entre elas,
estão inseridas as padronizações de regras, protocolos e o processo de enfermagem. Este, por sua
vez, é compreendido como a dinâmica de ações sistematizadas e interelacionadas, que viabiliza a
organização da assistência de enfermagem (CUNHA e cols., 1989).
Outros autores refletindo sobre a SAE na consulta de enfermagem procuram evidenciar
que o processo de enfermagem é um método que viabiliza o trabalho do enfermeiro durante o
atendimento ao cliente, facilitando a identificação dos problemas e as decisões a serem tomadas. A
156 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
SAE é um instrumento que proporciona não apenas uma melhora na qualidade da assistência, mas
também confere ao profissional maior autonomia de suas ações, o respaldo legal e o aumento do
vínculo entre o profissional e o cliente. A consulta de enfermagem é uma atividade importante e
resolutiva, sendo privativa do enfermeiro, tendo como finalidade a promoção da saúde, diagnóstico
e tratamento precoce (CARVALHO et. al., 2008).
SAE é um processo de qualificação profissional, que além de propiciar valorização do
papel do enfermeiro na Instituição, induz também, maior qualidade da assistência, enquanto
poderoso veiculo que requer pensamento crítico e criativo para desenvolver um cuidado de
excelência e boa relação custo/beneficio, desenvolvendo um ambiente de assistência à saúde
multidisciplinar (COFEN, 2002; BACKES et. al., 2005).
Assim, elucidada a SAE como ações metodológicas que promovam a organização do
serviço de enfermagem para com o cuidado direto ou indireto ao paciente, portanto, configurada em
diversas modalidades (BACHION, 2002); podemos afirmar que a viabilidade da SAE, em qualquer
setor hospitalar, no contexto de normas e rotinas organizacionais é perfeitamente possível,
imprescindível e até, mesmo ética, considerando as responsabilidades técnicas dos enfermeiros no
sentido de protocolos operacionais nas unidades de saúde.
Entretanto, cogitar a viabilidade da SAE, em um pronto socorro pediátrico, na interface
do processo de enfermagem (PE), elege várias preocupações voltadas para as dificuldades de sua
operacionalização, haja vista a diferenciação do setor e as etapas a serem trabalhadas. O PE,
considerado a base de sustentação da SAE, é constituído por fases ou etapas que envolvem a
identificação de problemas de saúde do cliente, o delineamento do diagnóstico de enfermagem, a
instituição de um plano de cuidados, a implementação das ações planejadas e a avaliação (BITTAR,
PEREIRA e LEMOS 2006)
A SAE (compreendida enquanto utilização do PE) conforme já evidenciado neste texto,
é regulamentada pelo Conselho Federal de Enfermagem, por meio da Resolução COFEN nº
272/2002, que estabelece a obrigatoriedade da sua implantação em toda instituição de saúde publica
ou privada. Historicamente, o PE foi desenvolvido a partir de teorias de Enfermagem na década de
70 e consolidada no Brasil em 1979 por Wanda Horta como um método organizado e sistematizado
de cuidar em enfermagem, visando identificar as necessidades do paciente, de forma a planejar os
cuidados a serem oferecidos de forma individualizada, mediante a aplicação de uma teoria
(BACHION, 2002; COFEN, 2002; HERMIDA e ARAÚJO, 2006; SANTOS e PRADO, 2010).
Muitos profissionais, entretanto, encontram dificuldades para viabilizar o processo de
enfermagem, face aspectos referentes à estrutura organizacional, lacunas no conhecimento, recursos
157 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
humanos, materiais e equipamentos. Por outro lado, como forma positiva de encarar a situação,
alguns enfermeiros já estão convencidos da relevância da SAE, partindo-se da ressalva de
benefícios não só ao paciente, mas à profissão e aos profissionais (CUNHA, 2004; BARÂO e cols.,
2005; HERMIDA E ARAÚJO, 2006).
Estudo contemporâneo ressalta que implementar a SAE nas unidades de urgência e
emergência, tem sido motivo de uma visão cautelosa e preocupada dos enfermeiros que ali atuam,
por se tratar de um setor muito dinâmico, que exige a ação continua e muitas vezes simultânea, pois
o atendimento nem sempre é único e os recursos humanos disponíveis, na maioria das vezes, são
desproporcionais ao número de atendimentos prestados (SALEH, 2007).
Cada instituição apresenta peculiaridades quanto à viabilidade ou a inviabilidade da
SAE, fazendo-se necessário que toda a equipe conheça a realidade a enfrentar e quais objetivos
encontrar. Frente à complexidade das fases de planejamento da SAE, é preciso conhecer a estrutura
institucional onde ela será implantada, atentando para o levantamento do sistema como um todo valores, clientela, recursos humanos e suas funções, capacidade produtiva (FUGITA,1996;
ANDRADE E VIEIRA, 2005; HERMIDA E ARAÚJO, 2006).
Carvalho, Bachion, Dalri (2007), pesquisando sobre dificuldades para a utilização do
PE nos dias atuais em nosso país apontam três categorias, retratadas em fatores inerentes a sua
própria estrutura, ao cenário de ensino-aprendizagem e ao no cenário da prática assistencial. As
autoras, contudo, ressaltam que diversas são as estratégias que se pode lançar mão para superá-las,
entre elas, empenhos individuais e coletivos unido à competência na conquista da qualidade da
assistência.
Diante das pontuações levantadas, cabe-nos destacar, Santos e Prado (2010) ao
pautarem a ressalva de que é necessário não somente o envolvimento dos profissionais, mas
principalmente, das instituições de saúde no sentido de promover as condições para que a
metodologia de trabalho obtenha sucesso.
Outros autores corroboram nesta análise, compartilhando que o sucesso ou insucesso na
implantação da SAE depende de vários fatores que se unem de forma harmônica, como apoio,
colaboração, interesse das chefias de enfermagem, o preparo rigoroso de enfermeiros, interesse
institucional pela proposta e sua viabilidade prática, assim como os recursos disponíveis
(HERMIDA E ARAÚJO, 2004; POSSARI, 2005).
Saleh (2007) pontua que, em relação aos centros de Pronto Atendimento, para que a
SAE atenda a solicitação do órgão normatizador, há necessidade de se fazer uma análise geral das
condições gerais da instituição, levando em consideração em primeira instância os recursos
158 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
humanos disponíveis para o atendimento dos pacientes. O autor pontua a importância deste item,
visto que muitos enfermeiros assumem, simultaneamente, papéis administrativos e assistenciais, o
que muitas vezes pode a vir interferir no desempenho assistencial
SAE E O ATENDIMENTO DE ENFERMAGEM EM UMA UNIDADE DE URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA PEDIÁTRICA: DINÂMICA DA APLICABILIDADE
Em situações emergenciais, as crianças quase sempre são vítimas da fatalidade devido
aos vários problemas que englobam as doenças respiratórias, intoxicação ou acidentes das mais
diversas origens que podem levar a várias complicações cardiorrespiratórias, a mais séria das
conseqüências pediátricas nas unidades de emergência. Quando diante dessa situação, é necessário
que a equipe de enfermagem use de seu potencial e capacitação prévia para prover o adequado
atendimento emergencial (TACSI e VENDRUSCOLO, 2004).
Quem recorre a um serviço de urgência espera encontrar profissionais competentes,
com elevada formação científica, técnica e humana, sendo a percepção da qualidade de um hospital
muitas vezes é influenciada pela qualidade do atendimento no setor de urgência. O enfermeiro,
apesar de já ter um papel dinâmico em todas as unidades de um hospital, quando inserido em
unidade de emergência, sua atuação fica ainda mais nítida, na obtenção da história do paciente,
fazer os exames físicos, proceder aos tratamentos, entre inúmeras outras atividades (FINCKE, 1980;
SALEH, 2007).
Cabe à equipe de enfermagem os cuidados intensivos ao paciente crítico, resguardando
os critérios para todos os procedimentos complementares à terapêutica médica, dispondo de
protocolos para as assistências específicas com os caos apresentados. Diversos protocolos são
usados em um processo de sistematização do atendimento, que proporcionam melhor
direcionamento às intervenções de enfermagem em casos de emergência à criança, juntamente com
uma integração multiprofissional de membros que fazem parte do atendimento (AAP/AHA, 1997;
TACSI e VENDRUSCOLO, 2004).
Poucas são as publicações voltadas para a SAE especificamente em unidade de urgência
e emergência pediátrica. Entretanto, tendo por base os dados literários sobre SAE, de forma geral,
compilados até o momento, tende-se a considerar que a dinâmica da aplicabilidade desta
metodologia em unidades concebidas como vulneráveis, estejam ladeados pela competência
profissional dos enfermeiros, a qual, Fleury e Fleury (2001), caracterizam como saber agir, saber
comprometer-se, saber assumir responsabilidades, ter visão estratégica, saber mobilizar recursos,
saber comunicar e saber aprender.
159 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
Estudo realizado em um hospital filantrópico evidenciou que em relação à metodologia
assistencial adotada para a sistematização das ações, não havia na prática a aplicação de um método
pré-estabelecido, sendo o trabalho do enfermeiro direcionado pelo atendimento prioritário das
necessidades dos pacientes, ocorrendo, portanto, uma adequação “inconsciente” de uma
metodologia baseada no conhecimento sobre necessidades humanas básicas (MOURA, RABELO e
SAMPAIO, 2008).
Assim, da experiência advinda desse relato, surge outra interface a ser refletida que é
analisar a SAE como fator que acontece espontaneamente, como nos diz os autores acima, de forma
“inconsciente”, no simples ato de cuidar, de saber o que faz e por que faz.
Como bem destacam estudiosos sobre SAE, no foco da implantação do processo
(HERMIDA e ARAUJO, 2006; SALEH, 2007), a efetivação de modelos exige a realização de uma
análise geral das condições gerais da instituição, visto que modelos existentes nem sempre se
adéquam à realidade de outros serviços. Desta forma, acredita-se que essa análise permitirá
“personalizar” a SAE, mediante planejamentos estratégicos situacionais.
Um exemplo deste pressuposto advém da unidade que nos induziu a escrever este
artigo: trata-se de uma unidade de urgência e emergência pediátrica de um hospital publico de
ensino, que por esta especificidade, recebe alta demanda de crianças, muitas das quais, ao se levar
em conta a classificação de risco na urgência, não se justificaria o atendimento em nível de pronto
socorro. Por outro lado, a existência de acadêmicos nas diversas áreas, condiciona o serviço a
funcionar, “sistematicamente falando”, em parceria com a clientela universitária, forma esta, que no
tocante a enfermagem, promove diminuição de impactos, causados pela falta de recursos humanos.
As crianças que chegam à unidade têm como procedência: demanda espontânea;
crianças que já recebem tratamento ambulatorial nas diversas especialidades na instituição e ainda
crianças que passam pelo núcleo central de regulação do estado, por meio de encaminhamento.
Assim, chegando ao Hospital, passam pelo acolhimento com classificação de risco. Entendemos
isso com forma de sistematização do atendimento.
O setor dispõe de requisitos importantes para o pronto atendimento de crianças:
recepção, consultórios médicos, unidade de reanimação, posto de enfermagem, área de preparo de
medicamentos, sala de nebulização e enfermarias de observação, entretanto, não possui consultório
de enfermagem e sala para procedimentos (suturas, coleta de exames, punção venosa), cabendo aos
enfermeiros organizar o atendimento neste sentido, de acordo com a disponibilidade da unidade de
reanimação, a existência de leitos na enfermaria de observação, ou atentar para o fechamento de um
dos consultórios de atendimento médico, quando da necessidade de suprir espaços na falta da sala
160 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
de procedimentos e principalmente à chegada de crianças portadoras de doenças infectocontagiosas
ou imunodeprimidas.
O fato do setor não dispor de consultório de enfermagem, desencadeia orientações de
enfermagem feitas posteriormente ao momento da internação, de maneira “desconfortável” tanto
para o profissional, como para os acompanhantes, gerando um distanciamento do que se preconiza
no planejamento de cuidados sistematizados e individualizados. Idealiza-se, porém, o alcance da
conquista de um dos consultórios médicos, que se encontra subutilizado.
A recepção, local onde as crianças e os acompanhantes aguardam o atendimento (exceto
aquelas classificadas na linha vermelha, que são encaminhadas para a unidade de emergência/sala
de reanimação), dispõe de espaço satisfatório, com bancos e televisão, cabendo ali, a nosso ver, uma
intervenção de enfermagem, no sentido da SAE, podendo o enfermeiro, rever e validar as triagens
anteriores, verificando casos que por ventura, tenham passados despercebidos ao enfermeiro do
serviço de acolhimento. Entretanto, devido a existência de apenas um enfermeiro assistencial no
setor, e, havendo pacientes críticos na unidade,as atenções para com as crianças da recepção fica
comprometida.
Por outro lado, movimentos para medidas em prol de organização do cuidado ao nível
de recepção e quadro de avisos de acompanhantes são freqüentemente trabalhadas pelos acadêmicos
das instituições conveniadas com o hospital.
Outra realidade que merece ênfase são os surtos epidêmicos que geram preocupações e
atenções direcionadas, como é o caso dos surtos de dengue e doenças prevalentes na infância, bem
como, os agravos em geral que acometem as crianças, acabam por desviar a proposta de criação de
instrumentos organizacionais em prol da implantação da SAE.
Em contrapartida, considerando as normas e rotinas setoriais como modalidade de SAE,
visualiza-se então, prospectos na implantação desta metodologia, visto que já se encontra finalizada
a etapa de descrições normativas no setor. Cabendo, portanto, seguir com a modalidade do Processo
de enfermagem, visto que na unidade, passam crianças com doenças raras, doenças crônicodegenerativas, muitas delas com problemas sociais, outras que ficam vários dias internadas
aguardando vaga de UTI, vaga na rede publica , entre outros fatores que mantém essas crianças nas
chamadas enfermarias de observação ou na sala de reanimação.
Grande parte dos profissionais de enfermagem do setor, já passou por curso (educação
continuada) na temática da SAE. Portanto, presume-se que problemas relacionados à falta de
conhecimento, acerca da metodologia de assistência, não seria um interveniente na aplicabilidade de
uma metodologia do cuidado. Estima-se, porém, que uma pesquisa de campo, com vistas a retratar
161 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
percepções e a disponibilidades desses profissionais para aderir propostas voltadas para a qualidade
da assistência, seriam pertinentes, principalmente no momento atual, que coincide com a chegada
de nova gestora no setor, face mudanças no organograma da diretoria de enfermagem.
Tais pontuações remetem ao estudo realizado por Silva e Moreira (2010), em revisão de
literatura acerca das dificuldades encontradas para viabilizar a SAE.
Estas são contextualizadas como sendo, em sua maioria, de ordem conceitual, estrutural
e organizacional. Fatos que não diferem da realidade encontrada no cenário em questão
anteriormente pontuado.
Depreende-se, portanto, que sendo o recurso humano, um dos fatores mais relevantes na
operacionalização da SAE, tanto no aspecto quanti-qualitativo, quanto no que se refere à função de
cada elemento (BENKO e CASTILHO, 1992); todo e qualquer parecer acerca da dinâmica
estrutural da SAE, depende de investimentos para e pela equipe de enfermagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Seja qual for à iniciativa e modelo conceitual a ser operacionalizado em um setor de
saúde, certamente passará por barreiras a serem transponibilizadas, quando principalmente, estiver
ligado à perspectiva do cuidado direto ou indireto; uma vez que os modelos metodológicos de
assistência envolvem um conjunto de fatores e etapas concernentes a objetivos, aspectos
motivacionais, política da instituição, relacionamentos interpessoais, infraestruturas em geral, e
perfil da clientela.
Contudo, a SAE é a “oportunidade” que o enfermeiro - podendo-se dizer a enfermagem
– tem, para mostrar sua competência técnica e científica, portanto, de destaque, no cuidado humano.
Cremos que o conhecimento a esse respeito, se constitui a melhor arma a favor da viabilidade da
referida sistematização, como uma forma de diferenciar a assistência da equipe de enfermagem,
baseando-se em uma visão bem ampla, capaz de cobrir as necessidades individualizadas de cada
paciente, em especial quando se trata de crianças. Isso acaba se constituindo uma forma de
valorização a todos os envolvidos no processo, uma vez que este será o fruto do trabalho
multiprofissional feito com a motivação de que os objetivos serão alcançados.
Assim, cabe ressaltar, sem finalizar, que a principal filosofia de viabilização da SAE,
em especial em um pronto socorro infantil, está no propagado dito popular, “querer é poder!”, ou
seja, depende (também) dos que querem e podem fortalecer a essência do cuidar.
162 SILVA, Leandra Ferreira da; SILVA, Henilene Ferreira Ribeiro; ALVES, Uilia Terezinha; MARTINS,
Vaneila Moraes Ferreira. A viabilidade da sistematização da assistência de enfermagem (SAE) em serviço de
urgência e emergência pediátrica: uma abordagem reflexiva. Estácio de Sá - Ciências da Saúde. Revista da
Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 152-164, Jul-2011/Dez-2011.
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_________________________
PESQUISAS
166 BOITAR, Damaris Cristina dos Santos; VERAS, Lázaro Gutto Fonseca. Relação existente entre
fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias da coluna cervical. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 166-180, Jul-2011/Dez-2011.
RELAÇÃO EXISTENTE ENTRE FIBROMIALGIA E A INCIDÊNCIA DE
ESPONDILOARTROPATIAS DA COLUNA CERVICAL
Damáris Cristina dos Santos Boitar; Lázaro Gutto Fonseca Veras
RESUMO
ABSTRATC
A Fibromialgia (FM) é uma doença crônica,
não inflamatória, dor difusa pelo menos por 3
meses, de etiologia desconhecida que ataca o
sistema músculo-esquelético, dor à palpação
em pontos sensíveis específicos denominados
de tender points. Há relatos de distúrbio do
sono, fadiga, rigidez matinal, cefaléias,
distúrbios intestinais. A rigidez causa dor
fazendo com que o indivíduo tenha limitação
dos movimentos, levando a perda funcional
em
certas
regiões
da
coluna.
A
espondiloartropatia é uma relação de doenças
epidemiológicas,
anatomopatológicas,
clínicas, imunogenética e radiológica que
acomete a coluna vertebral, cápsula articular,
ênteses e fáscias. Essas alterações levam a
problemas mecânicos e a degenerações de
discos e articulações. O objetivo desta revisão
bibliográfica é pesquisar a FM e observar sua
relação com espondiloartropatias na coluna
cervical.
Palavras-chaves:
fibromialgia,
espondiloartropatias.
Fibromyalgia (FM) is a chronic disorder, noninflammatory, diffuse pain for at least 3
months, its etiology is still unknown which
attacks the skeletal muscle system, pain in
specific areas sensible to touch named as
tender points. There is evidence of sleeping
problems, fatigue, morning stiffness, head
ache, and intestinal disturbs. The stiffness
causes pain, causing limitations to the
individual, leading to loss of function in
certain
regions
of
the
spine.
Spondyloarthropathies is a group of
epidemiological
disorders,
pathological,
clinical, radiological and immunogenic which
affects the spine, Joint capsule, entheses and
fasciae. These alterations cause mechanical
problems and degenerations of disks and
capsules. The aim of this bibliography
revision is to research FM and observe its
group in the cervical spine with
spondyloarthropathies.
Key
words:
fibromyalgia,
spondyloarthropathies.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Provenza Jr et. al. (2005), “a Síndrome da Fibromialgia pode ser
definida como uma síndrome dolorosa crônica, não inflamatória, de etiologia desconhecida, que se
manifesta no sistema músculo-esquelético, podendo apresentar sintomas em outros aparelhos e
sistemas”.
Conforme Tortora (2006) a fibromialgia é uma condição dolorosa, de distúrbio
reumático não articular doloroso, normalmente aparece entre 25 e 50 anos de idade. Nos Estados
Unidos estima-se que 3 milhões de pessoas tenham fibromialgia, onde é 15 vezes mais comum nas
167 BOITAR, Damaris Cristina dos Santos; VERAS, Lázaro Gutto Fonseca. Relação existente entre
fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias da coluna cervical. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
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mulheres do que nos homens. As estruturas mais afetadas são os tecidos conjuntivos fibrosos dos
músculos, dos tendões e os ligamentos, com dor resultante de leve pressão em “pontos sensíveis
específicos” conhecidos como tender points, mas há relatos de dor mesmo na ausência de pressão, a
sensibilidade, rigidez nos músculos, nos tendões e tecidos moles circundantes, também são
observados. Outra característica muito relevante nos indivíduos com fibromialgia é o cansaço, sono
insatisfatório, cefaleias, depressão e a impossibilidade para desempenhar suas atividades diárias.
Provenza Jr et. al. (2005) diz que “o único achado clínico importante é a presença de
sensibilidade dolorosa em determinados sítios anatômicos, chamados de tender points”. Para Alvir
et. al. (2010), a fibromialgia (FM) é de etiologia desconhecida considerada uma desordem, que deve
ser diagnosticada de acordo com o American College of Rheumatology (ACR), incluindo dor
crônica e difusa por pelo menos 3 meses e com presença de 11 dos 18 pontos sensíveis. Provenza Jr
et. al. (2005) afirmam que o sintoma que todos os pacientes relatam é a dor difusa e crônica,
envolvendo o sistema musculoesquelético tanto axial como periférico. Normalmente eles têm
dificuldade para localizar a dor, muitas vezes apontam sítios peri-articulares e não sabem indicar se
a origem é muscular, óssea ou articular. A dor pode ser em queimação, pontada, peso, “tipo
cansaço” ou como uma contusão, piorando a dor em casos de frio, umidade, mudanças climáticas,
tensão emocional ou por esforço físico. Afirma Santos (2006), que o condicionamento físico dos
pacientes com a síndrome é inferior ao de indivíduos sedentários normais. Quando os pacientes com
FM são submetidos a um programa de condicionamento físico há uma melhora aeróbica e nos
sintomas comparando com os indivíduos que não tem a síndrome. Relata Heymann et. al. (2010)
que é comum a relação com outras comorbidades que promovem ainda mais a piora da qualidade de
vida e sofrimento além daquelas que são conhecidas em pacientes como, fadiga, distúrbio do sono,
parestesias, rigidez matinal, sensação de edema e até distúrbios cognitivos. Podemos citar ainda a
depressão, a ansiedade, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome miofascial, a síndrome do cólon
irritável e uretral.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) designou o período de 2001 a 2010 como a
“Década do Osso e da Articulação”. O objetivo da OMS é aumentar a consciência sobre o
crescimento das desordens articulares e ósseas que causam dores crônicas e afetam milhões
de pessoas em todo o mundo, levando à incapacidade física e ao estresse e a ocasionar uma
queda da qualidade de vida. Além disso, essas desordens acarretam problemas de ordem
socioeconômica, ou seja, gastos que trazem e trarão graves conseqüências para as
economias e para os sistemas de saúde dos países, inviabilizando os atendimentos básicos
de saúde. (ARCANJO; VALDÉS; SILVA, 2008, p. 19)
Segundo Tortora (2002), indivíduos com FM relatam dor e sensibilidade no músculo
trapézio, refletido pelos inúmeros pontos do concurso localizado dentro do músculo.
168 BOITAR, Damaris Cristina dos Santos; VERAS, Lázaro Gutto Fonseca. Relação existente entre
fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias da coluna cervical. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
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Recentemente, Gerdle et al (2010) perceberam fadiga no recrutamento de unidades motoras na
região cranial do trapézio superior em pacientes com FM, isso por causa do aumento da atividade
do crânio em relação à região caudal do trapézio, comparando com indivíduos saudáveis e
indivíduos com FM, durante contração sustentada.
2. HISTÓRICO
Marques et. al. (2007), diz que as primeiras referências sobre quadros da fibromialgia
foram de Balfour em 1824, chamando de reumatismo muscular, dando idéia de um processo
inflamatório no tecido conjuntivo responsável pela dor. O termo fibrosite foi definido por Collins,
em 1940, sendo os músculos, tecido subcutâneo, ligamentos, tendões e aponeuroses um estado
doloroso agudo, subagudo ou crônico. Conforme Yeng et. al. (2001), em 1952, Travell sugeriu o
termo dor miofascial e Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) para indicar afecções de
miofilamentos de contração de fibras vermelhas e brancas do músculo esquelético.
Propuseram o termo fibromialgia, que incluía os seguintes critérios obrigatórios: dor
generalizada acompanhada de rigidez importante, envolvendo três ou mais áreas
anatômicas, durante pelo menos três meses, e ausência de causas secundárias (traumática,
doenças reumáticas, infecções ou neoplasias). Como critério maior, descreveram presenças
de pelo menos cinco pontos tipicamente dolorosos à dígito-pressão e, como critérios
menores, modulação dos sintomas pela atividade física e por fatores climáticos, piora dos
sintomas por estresse e ansiedade, dificuldade para dormir, fadiga generalizada, cefaléias
crônicas, síndrome do cólon irritável, edema subjetivo e sensação de parestesia. Os
pacientes com fibromialgia deveriam preencher os dois critérios obrigatórios, além de
apresentar o critério maior ou três critérios menores.(MARQUES, 2007 apud YUNNUS,
1981, p. 2).
“Em 1990, o Colégio Americano de Reumatologia realizou um estudo multicêntrico
estabelecendo os critérios diagnósticos da fibromialgia”[...] (MARQUES, 2007). O mesmo autor
cita que deve haver dor difusa no lado esquerdo e direito do corpo, dor acima e abaixo da linha da
cintura, mais uma dor no esqueleto axial podendo ser no segmento cervical, torácico ou lombar da
coluna vertebral, ela deve permanecer por pelo menos três meses. A dor deve ser à palpação, com
pressão de aproximadamente 4 kg, em pelo menos 11 dos 18 tender points.
3. EPIDEMIOLOGIA E PREVALÊNCIA
Para Santos (2006 apud WOLFE, 1990, p. 25) “no Estudo realizado pelo Colégio
Americano de Reumatologia, 89% eram mulheres, com uma média de 49 anos de idade”. Confirma
169 BOITAR, Damaris Cristina dos Santos; VERAS, Lázaro Gutto Fonseca. Relação existente entre
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Santos (2006), em mais de 80% dos pacientes, há relatos de dor acompanhada de distúrbios do sono
e fadiga, em 50% a 80% ocorre rigidez matinal, sensação de inchaço nas extremidades, parestesias,
olhos secos, boca seca, fenômeno de Raynaud, palpitações e tonturas. Há relatos também em 30% a
60% dos casos com enxaquecas, cólon irritável, síndrome uretral feminina e tensão pré-menstrual.
Afirma Tortora (2006), que nos Estados Unidos, há uma estimativa de 3 milhões de pessoas que
sofrem de fibromialgia, sendo 15 vezes mais comum nas mulheres do que nos homens. De acordo
com Álvares; Lima (2010), a FM é uma condição crônica que acomete uma proporção de 6 a 10
mulheres para cada homem [...]. Nesse sentido Santos (2006 apud HAUN et. al. 2001, p.24),
confirma que a FM tem predominância pelo sexo feminino, em torno de 80% a 90%.
Ribeiro; Proietti (2005), afirmam que há relatos de pacientes que o início dos sintomas
tem relação com o estresse físico e/ou estresse emocional, a síndrome ocorre em pacientes com
lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatóide isso em 20% a 35% dos pacientes com essas
desordens. Nessa linha, Reis; Rabelo (2010) confirmam que alguns padrões estressores de relação
familiar, ou negligência e abuso na infância vem provar a relação da predisposição e etiologia da
FM. Essas mulheres relatam abuso na infância associada a depressão, ansiedade, tender points.
Estudos como estes ajudam a postular a etiologia da FM. Segundo Provenza Jr et. al. (2005), é
comum, secundando somente a osteoartrite como causa de dor músculo-esquelética crônica, é de
2% a prevalência na população geral, e aproximadamente 15% das consultas em ambulatórios de
reumatologia, nos ambulatórios de clínica geral é de 5% a 10%. Carvalho et. al. (2008), confirma
que há sempre uma outra alteração reumática associada à fibromialgia, isso é, outras doenças estão
associadas a ela, e que não é comum que a FM venha de forma primária.
4. FISIOPATOLOGIA
Confirma Santos (2006), que existem muitas anormalidades nos portadores desta
síndrome. As mais importantes são a substância P elevada no líquor, à redução de serotonina nas
plaquetas, baixo nível de trifosfato de adenosina e algumas estruturas cerebrais com baixo fluxo
sanguineo. Segundo Tortora (2002), a adenosina de trifosfato (ATP) é quem armazena a energia e
libera nas atividades celulares principalmente na contração muscular.
170 BOITAR, Damaris Cristina dos Santos; VERAS, Lázaro Gutto Fonseca. Relação existente entre
fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias da coluna cervical. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 166-180, Jul-2011/Dez-2011.
Figura 01: Esquema
Fonte: http://www.fibromialgia.com.br/novosite/index.php?modulo=medicos_revistas.
Para Tortora (2002, p. 369) “[...] a substância P contrabalança o efeito de certos
compostos químicos lesivos aos nervos, desencadeando a especulação de que poderia ser útil no
tratamento de degenerações nervosas”. Conforme Santos (2006), a substância P é um neurohormônio exitatório e tem influência no sistema nervoso central e/ou periférico. Quando há
deficiência de serotonina há um aumento na percepção da dor. Ainda segundo esse mesmo autor o
que desencadeia a síndrome conforme estudos é o aumento da substância P, enquanto a queda da
serotonina é só em evento secundário, favorecendo com isso ao aumento de nocicepção periférica
primária.
De acordo com Ribeiro e Proietti (2005), “os níveis elevados de substância P
detectados em pacientes com fibromialgia estão de acordo com a teoria de sensibilização central em
patogêneses da síndrome”.
Santos (2006) confirma, que a serotonina tem efeito de analgesia e potencializa o efeito
de drogas analgésicas mesmo não sendo classificada como opiáceo endógeno, há uma diminuição
da dor quando se encontra em altas concentrações. Já em baixas concentrações o resultado é
depressão, distúrbio do sono e consequentemente o aumento da dor. Diz Santos (2006), que há outra
substância na síndrome da fibromialgia conhecida como hormônio do crescimento (GH),
promovendo uma diminuição na secreção de somatomedina (IGF-1) que é um metabólico do
hormônio de crescimento e 85% dos pacientes com fibromialgia tem IGF-1 abaixo de 50% dos
níveis na população normal, provavelmente por que esse hormônio é produzido durante as fases III
e IV do sono profundo NREM (Non-Rapid Eye Movements) o mesmo que, não REM, por causa
dessa falta hormonal há uma deficiência na capacidade de reparação do organismo, fazendo que os
171 BOITAR, Damaris Cristina dos Santos; VERAS, Lázaro Gutto Fonseca. Relação existente entre
fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias da coluna cervical. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
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músculos e tendões se fadiguem e se tornem mais susceptíveis a lesões. Segundo Freire et. al.
(2006), a FM é um conjunto de sintomas que envolvem o estresse, acarretando alterações no
sistema neuroendócrino [...] favorecendo o aumento do hormônio que libera a corticotropina (CRH)
assim estimulando a secreção de somatostatina, inibindo a produção de hormônios como, os
sexuais, os tireoideanos e o GH.
Conforme Alambert et. al. (2008), o GH é liberado pela adenohipófise e age através do
IGF-1, sendo secretado durante as fases 3 e 4 do sono não REM. Na fibromialgia essas fases estão
alteradas, há um aumento das ondas alfas e diminuição das ondas lentas e do sono REM, resultando
em um sono não restaurador. Pois sabemos que é a serotonina que induz essas fases do sono não
REM, e a melatonina (metabólico da serotonina) induz o sono e estimula a secreção de GH durante
o mesmo. Para Martinez; Panossian e Gavioli (2006), há um envolvimento muscular,
psicocomportamental e social. Álvares e Lima (2010), afirma que a síndrome pode ter início após
alguns eventos como, uma infecção viral ou bacteriana, um acidente, por perdas e conflitos levando
a uma dificuldade na elaboração de respostas aos estímulos sejam eles internos ou externos.
5. QUADRO CLÍNICO DA FIBROMIALGIA (FM) OU SÍNDROME DA FIBROMIALGIA (SF)
Além da dor difusa em musculatura esquelética e do achado de múltiplos pontos sensíveis,
a maior parte dos pacientes com SF também relata fadiga, rigidez muscular, sensibilidade
cutânea, dor após esforço físico e anormalidade do sono (como sono intermitente e
sensação de cansaço ao acordar). Muitos pacientes apresentam um quadro confuso e
polimórfico de outros sintomas, como cólon espástico, redução da memória, fenômeno de
Raynaud, retenção líquida, vertigens, nervosismo, parestesias, equimoses, bexiga irritável,
migrânia, dispnéia, depressão e ansiedade (COSTA et. al., 2005, p. 65).
Costa et. al. (2005), diz que a queixa mais comum dos pacientes com fibromialgia é
“acordar cansado”. Segundo Tortora (2006), as pessoas que sofrem de dor crônica como câncer,
artrite e a fibromialgia passam por frustrações sempre que vão de um especialista para o outro em
busca de diagnóstico e tratamento. Conforme Provenza Jr et. al. (2005), há necessidade de uma
anamnese detalhada juntamente com o exame físico, pois o quadro clínico da FM normalmente é
polimorfo, isso é, pode mudar sua forma, sendo o sintoma mais relatado a dor difusa e crônica no
esqueleto axial e periférico, dificuldade de localizar a dor conseguindo apontar os sítios periarticulares. Não relatam origem muscular, ósseo ou articular, pois cada indivíduo tem a forma de
relatar a dor, podendo ser em queimação, pontada, peso, cansaço e contusão, dizem que o quadro
doloroso aumenta quando há mudanças climáticas, frio, umidade, tensão emocional ou por esforços
físicos.
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fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias da coluna cervical. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
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Marques (2007) confirma que hoje os critérios de classificação da fibromialgia nos dão
um respaldo para diagnosticar. Às vezes se encontra muitas dificuldades para um diagnóstico
preciso, pois o paciente pode apresentar causas secundárias como, traumatismo, doenças autoimunes, infecções ou neoplasias, que na maioria das vezes são sintomas muito parecidos com o da
fibromialgia e dificultam o diagnóstico correto, por isso que é de extrema importância a
investigação aprofundada. Sabemos que a dor é a causa de muitos problemas psicológicos e
musculoesqueléticos, como por exemplo: a depressão, ansiedade, rigidez muscular, fadiga, e com
isso paciente pode adotar posturas incorretas, acarretando aumento da dor muscular e
consequentemente surgindo outros problemas musculares e articulares. A dor limita muito o
movimento, fazendo com que o paciente preserve a função a fim de não sentir muita dor.
Pequini (2000 apud COUTO, 1995, p.6) [...] relata que “com o tensionamento da
musculatura, pode também ocorrer lesões a longo prazo dos discos intervertebrais”.
Afirma Costa et. al. (2005), que as mulheres têm sensações de dor tônica profunda Essa
sensibilidade a dor é induzida por pressão, espasmos vasculares e isquemias musculares, por
exemplos, cãimbras, enxaquecas e contraturas musculares.
Recentemente, Araújo et. al. (2010), fala que o conceito da dor é que ela é uma
experiência multidimensional. Estudos relacionados à dor persistente mostram a necessidade de
considerar uma perspectiva biopsicossocial para a sua avaliação e tratamento, assim os fatos
psicossociais interagem com o biológico. Berber (2005), confirma que é mais grave a
funcionalidade pobre relacionada com sintomas depressivos, sendo ele diagnosticado ou não, do
que a perda da funcionalidade causada por outras patologias como, o diabetes, doenças cardíacas,
ou gastrintestinais, ou artrites ou dores nas costas. Conforme Álvares e Lima (2010), a fibromialgia
não pode ser atribuída a uma única causa, já que existem vários aspectos são considerados como
fatores etiológicos da fibromialgia.
Provenza Jr. et. al. (2005), relata a “sensação” de inchaço nas mãos, antebraços e
trapézios como um sintoma que não é observado pelo examinador e não está relacionada a qualquer
processo inflamatório. Há queixa de sintomas no aparelho locomotor e as com mais freqüências
são: cefaléia, tontura, zumbido, dor torácica atípica, palpitação, dor abdominal, constipação,
diarréia, dispepsia, tensão pré-menstrual, urgência miccional, dificuldade de concentração e falta de
memórias, sendo os tender points o achado importante para a síndrome. Esses pontos dolorosos têm
que ser avaliados em pares, isso conforme os critérios atuais abaixo.
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fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias da coluna cervical. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
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1. Suboccipital - na inserção do músculo suboccipital;
2. Cervical baixo - atrás do terço inferior do esternocleidomastóideo, no ligamento
intertransverso C5-C6;
3. Trapézio – ponto médio do bordo superior numa parte firme do músculo;
4. Supra-espinhoso – acima da escápula, próximo à borda medial, na origem do
músculo supra-espinhoso;
5. Segunda junção costo-condral – lateral à junção, na origem do músculo grande
peitoral;
6. Epicôndilo lateral – 2 a 5 cm de distância do epicôndilo lateral;
7. Glúteo médio – na parte média do quadrante supra-externo na porção anterior do
músculo glúteo médio;
8. Trocantérico – posterior à proeminência do grande trocânter;
9. Joelho - no coxim gorduroso, pouco acima da linha média do joelho.(PROVENZA Jr
et al, 2005).
Figura 02: Pontos dolorosos
Fonte: http://rodrigoboer.blogspot.com/2010/06/acupuntura-no-tratamento-da.html
Conforme Carvalho et. al. (2008), é importante analisar os 18 tender points
estabelecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia, sendo que alguns pacientes apresentam
múltiplos pontos dolorosos em outras localidades, e alguns pacientes apresentam menos de 11
174 BOITAR, Damaris Cristina dos Santos; VERAS, Lázaro Gutto Fonseca. Relação existente entre
fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias da coluna cervical. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
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tender points, confirmando que não há critérios obrigatórios para a fibromialgia, e sim critérios de
classificação para o diagnóstico.
Uma vez que a FM permaneça como uma entidade de etiopatogenia provavelmente de
natureza multifatorial e ainda não suficientemente esclarecida, sem exames
complementares consistente que auxiliem no diagnóstico, o exame físico e anamnese de
qualidade tornam-se as únicas e reconhecidas fontes de dados para o diagnóstico da
síndrome (COSTA et. al., 2005, p. 7).
6. ESPONDILOARTROPATIAS E FIBROMIALGIA
Afirma Brandt (2008), a necessidade de uma análise clínica adequada vem aumento por
causa do aumento de doenças degenerativas da coluna vertebral, consequentemente por causa do
aumento da população. Diz Hoppenfeld (2008), que as funções da coluna vertebral são de fornecer
suporte, estabilidade e mobilidade à cabeça, também protege e conduz a medula espinhal e as
artérias vertebrais. Carvalho et al (2008), explica que a palavra espondiloartropatia é uma relação de
doenças que apresenta detalhes epidemiológicos, clínicos, anatomopatológicos, imunogenéticos e
radiológicos, acomete a coluna vertebral, assimetria articular periférica, processos inflamatórios nas
ênteses (onde tendões, ligamentos, cápsula articular e fáscias se ligam ao osso), levando à erosão
óssea. Segundo Carvalho et al (2008), a espondilite anquilosante também pertence às enfermidades
consideradas espondiloartropatias.
As afecções do sistema músculo-esquelético, particularmente as algias vertebrais,
constituem um problema tão sério na sociedade moderna, que equipes multidisciplinares
procuram desenvolver normas para uma adequada avaliação da coluna vertebral
(ALEXANDRE, 2000, p. 11).
Conforme Yeng (2001), vários nomes foram utilizados para essas condições; [...]
fibrosite, reumatismo muscular ou de partes moles e tensão muscular. Afecções como hérnias
discais, traumatismos, tumores, infecções regionais e ou sistêmicas podem ser acompanhadas pela
Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) e o músculo da região cervical pode ser sede de SDMs.
Confirma Carvalho et al (2008), que a fibromialgia está relacionada com a síndrome miofascial e a
síndrome da fadiga crônica.
De acordo com Yeng (2001), “a Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) é uma das
causas mais comuns de dor músculo-esquelética. Acomete músculos, tecido conectivo e fáscias
principalmente da região cervical, cintura escapular e lombar”. Segundo esse mesmo autor, no
175 BOITAR, Damaris Cristina dos Santos; VERAS, Lázaro Gutto Fonseca. Relação existente entre
fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias da coluna cervical. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
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estudo de epidemiologia clínico realizado no Centro de Dor do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo, onde foram avaliados 105 doentes que constataram
cefaléia cervicogênica, confirmou-se SDM na região cervical e craniana em todos pacientes, 29,5%
dos doentes em outras regiões do corpo, fibromialgia em 8,1% e 34,1% de outros tipos de cefaléias.
Teixeira et al (2001) confirma que a SDM pode ser acompanhada por afecções e a região cervical é
a mais comum desses acometimentos.
Nesse trecho Santos (2003), diz que “a hérnia de disco surge com resultado de diversos
pequenos traumas na coluna que vão, com o passar do tempo, lesando as estruturas do disco
intervertebral, ou pode acontecer como conseqüência de um trauma severo sobre a coluna”.
Conforme Moore (2011), em 10% da população, a dor nas costas é a causa para a procura de
médico, fisioterapeuta e quiroprático. Macêdo et al (2008), confirma que a hérnia de disco pode
surgir através de estresses diários, quedas, má postura, forças excessivas e esforços repetitivos.
Esses fatores podem causar mini-traumas na coluna vertebral, sobrecarregando o corpo e
pressionando os discos intervertebrais. Afirma Tortora (2002), que os discos intervertebrados são
comprimidos quando absorvem impactos. A direção mais comum é para posterior da coluna
vertebral, onde pode atinge medula espinhal podendo lesar e destruir neurônio, nervos espinhais,
provocando dor intensa. Palmer (2009) relata que uma avaliação completa no sistema
musculoesquelético de um indivíduo é essencial para se chegar em um diagnóstico correto e traçar
um tratamento apropriado.
Abreu; Paula Jr; Oliveira (2010) relatam que a principal causa de afastamento no
trabalho são as doenças da coluna. Segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS),
80% das pessoas já tiveram ou terão dores nas costas. O Ministério da Saúde esclarece que a
espondilose cervical é um conjunto de alterações conseqüentes da artrose da coluna cervical. Com a
idade, os discos intervertebrais perdem sua elasticidade e quando a nutrição do disco se torna
insuficiente vai haver a redução da altura do disco, a perda da sua resistência aos movimentos e aos
traumas, mesmo pequenos, facilitando a sua ruptura e degeneração. Diz Arcanjo (2008), que as
alterações posturais comprovam as causas de patologias relacionadas a coluna. Alexandre (2001),
afirma que os defeitos posturais podem ocasionar em anomalia postural e essa postura deficiente vai
causar um desequilibro no corpo, levando a trauma nas articulações e estruturas associadas, sendo
um agravante nas patologias de coluna.
Segundo Yeng et al (2001), o espasmo muscular é reflexamente gerado pela dor,
agravando a condição original A boa postura promove equilíbrio, distribui melhor as cargas em
cada parte corporal, melhorando o sistema musculoesquelético. Relata Verderi (2003), cada
176 BOITAR, Damaris Cristina dos Santos; VERAS, Lázaro Gutto Fonseca. Relação existente entre
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indivíduo apresenta uma postura característica que pode ser influenciada por vários fatores:
anomalias congênitas e/ou adquiridas, má postura, obesidade, alimentação inadequada, atividades
físicas inadequadas, distúrbios respiratórios, desequilíbrios musculares, frouxidão ligamentar e
doenças psicossomáticas.
De acordo com Forlin (2005), “a ansiedade, estresse e depressão também são fatores de
risco, pois pessoas tensas apresentam rigidez muscular exagerada, piorando a dor da coluna”.
Conforme Arcanjo (2008), a péssima condição de vida e saúde, o estilo de vida, o uso incorreto da
mecânica corporal são considerados como etiologia da dor nas costas, assim como as condições
psicossociais e ambientais, em razão da má postura ocorre sobrecargas levando a disfunções nas
ênteses e outras estruturas como as articulações sacroilíacas, o esqueleto axial, as articulações
periféricas, as estruturas não articulares, e articulações da coluna. Segundo Teixeira, (2001), nos
fibromiálgicos, há comprovação de dor nos músculos suboccipital, nos processos transversos de C5
a C7, na borda superior do trapézio, no músculo supraespinhoso [...]. Diz Nussio (2006), que os
músculos do pescoço são quem sustentam a cabeça, desde a primeira até a sétima vértebra. Ela está
mais vulnerável a doenças e sensações de cansaço físico, por isso é considerada a região mais
importante do corpo humano. Arcanjo (2008), fala que os problemas da coluna podem ser causados
por patologias musculoesqueléticas de origem traumática, lesão mecânica, lesão da medula
espinhal, infecção ou tumor, processos inflamatórios como a artrite reumatóide, espondilite
anquilosante, entre outros.
Uma proporção dos pacientes lembra que a dor é de início mais localizado em uma
determinada região, principalmente na coluna cervical, envolvendo ou não os trapézios,
outras vezes iniciando-se como uma cervicobraquialgia ou como uma cervicodorsalgia.
Uma outra parte dos pacientes alega que o quadro doloroso iniciou-se já de maneira difusa,
afetando segmentos da coluna vertebral, membros superiores e inferiores. (PROVENZA Jr
et al, 2005, p. 23).
Mello; Marques (1995), afirmam que o principal sintoma dos fibromiálgicos é a dor e
com o passar do tempo o indivíduo tem uma diminuição na atividade laborativa e doméstica
adotando atitudes antálgicas, podendo levar a alterações posturais, agravando os sintomas.
Conforme Brandt e Wajchenberg (2008), cada vez mais cresce a frequência de casos de
doenças degenerativas na coluna, juntamente com o envelhecimento o disco intervertebral que
perde a sua característica viscoelástica, podendo levar a lacerações no ânulo fibroso, fragmentação
do núcleo pulposo e perda da altura discal. Com isso vai haver um aumento na mobilidade local e
uma distribuição assimétrica da carga axial, levando ao aumento de mobilidade nas facetas
articulares, culminando em desgaste precoce e osteoartrose.
177 BOITAR, Damaris Cristina dos Santos; VERAS, Lázaro Gutto Fonseca. Relação existente entre
fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias da coluna cervical. Estácio de Sá - Ciências da Saúde.
Revista da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia – SESES-GO. Vol. 02, nº. 06, 166-180, Jul-2011/Dez-2011.
7. CONCLUSÃO
A Fibromialgia é uma síndrome de etiologia ainda desconhecida apesar das diferentes
hipóteses apresentadas nessa revisão. Verificamos que existem muitas alterações sistêmicas e
anatômicas, dependendo de cada indivíduo. No decorrer deste estudo foi constatado que existem
vários fatores como má postura corporal, rigidez muscular e doenças reumatológicas que provocam
doenças na coluna vertebral como as espondiloartropatias, por exemplo, a hérnia de disco,
espondilose e outros. Um fator relevante é a depressão e a dor levando a má posturas e
imobilidades. A dor causa tensão na musculatura de forma excessiva provocando a rigidez e
desequilíbrios musculares, isso ocasionará mini traumas nas articulações, lesando estruturas como,
disco intervertebral, facetas articulares podendo futuramente causar uma espondiloartropatia na
coluna cervical, local este que é muito exposto à sobrecarga e desequilíbrios musculares. Ainda são
necessários mais estudos para aprofundar no assunto e trazer conclusões mais concretas, pois
observamos que a FM não vem de forma primária e sim associada a outras alterações reumáticas, e
que a espondiloartropatia é uma conseqüência de fatores e sintomas da FM. Contudo, parece haver
uma forte relação entre a Fibromialgia e a incidência de espondiloartropatias, não só cervicais, mas
em outros segmentos da coluna.
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Nome, org. Título do livro sublinhado. Local de publicação, editora, data, p. ii-ii. Ex.:
FICHTNER, N. A escola como instituição de maltrato infância. In: KRINSKY, S., org. A
criança maltratada. São Paulo, Almeida, 1985. p. 87-93. Solicita-se observar rigorosamente
a sequência e a pontuação.
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Sublinhado, local de publicação, número do periódico (número do fascículo): página inicialpágina final. Mês(es) e ano de publicação. Ex.: CLARK, D. A. Factors influencing the
retrieval and control of negative congnotions. Behavior and Therapy, Oxford, 24(2): 151-9.
1986. Solicita-se observar rigorosamente a sequência e a pontuação.
d) No caso de tese acadêmica: SOBRENOME, Nome. Título da tese sublinhado. Local,
data, número de páginas, dissertação (Mestrado) ou Tese (Doutorado). Instituição em que foi
defendida. (Faculdade e Universidade). Ex.: HIRANO, Sedi. Pré-capitalismo e capitalismo:
a formação do Brasil Colonial. São Paulo, 1986, 403 p. Tese (Doutorado). Faculdade de
Filosofia Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Solicita-se observar
rigorosamente a sequência e a pontuação.
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