BATISTA, Jaqueline. Análise do Microcrédito Orientado no Banco

Transcrição

BATISTA, Jaqueline. Análise do Microcrédito Orientado no Banco
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ
CURSO ADMINISTRAÇÃO
JAQUELINE BATISTA
ANÁLISE DO MICROCRÉDITO ORIENTADO NO BANCO DO EMPREENDEDOR
NA SEDE ADMINISTRATIVA.
São José
2015
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ
CURSO ADMINISTRAÇÃO
JAQUELINE BATISTA
ANÁLISE DO MICROCRÉDITO ORIENTADO NO BANCO DO EMPREENDEDOR
NA SEDE ADMINISTRATIVA
Trabalho
de
Conclusão
de
Estágio
apresentado à disciplina de Estágio II, do
curso
de
Administração,
do
Centro
Universitário Municipal de São José - USJ.
Orientador: Dr. Gilson Karkotli.
São José
2015
JAQUELINE BATISTA
ANÁLISE DO MICROCRÉDITO ORIENTADO NO BANCO DO EMPREENDEDOR
NA SEDE ADMINISTRATIVA
Trabalho de Conclusão de Estágio elaborado como requisito para aprovação no
estágio obrigatório para obtenção do grau de bacharel Administração do Centro
Universitário Municipal de São José – USJ.
Orientador:
_______________________________________________________
Prof. Dr. Gilson R. Karkotli
___________________________________________________________
Prof. M Eng. Alcides José Fernandes Andujar
______________________________________________________
Prof. Me. Lissandro Wilhelm
São José
2015
Dedico este trabalho aos meus pais,
Adelar e Maria, a minha irmã Tatiane que
me ajudou nessa trajetória e ao meu
namorado
Felipe,
companheirismo.
pela
paciência
e
AGRADECIMENTOS
Primeiramente quero agradecer a minha família por ter me dado todo o
suporte nesta caminhada. Aos meus pais que apesar de não terem estudos, tem o
maior conhecimento que é o de vida e que sempre nos falaram para que
estudássemos, pois sem estudo não somos nada. Agradeço minha mãe por ter
ficado acordada diversas vezes me fazendo companhia e por me fazer chás.
A minha irmã Tatiane que me auxiliou em diversos momentos, que me
incentivou e me incentiva.
Ao meu namorado Felipe que me incentivou, que me cobrou e que teve muita
paciência comigo nesse momento.
Agradeço imensamente aos meus professores do ensino médio Luciano,
Luciana e Flávia que me apresentaram esse universo universitário e que falaram
que era apaixonante, como realmente é.
Aos meus professores do USJ, que dedicam suas noites, finais semanas para
elaborarem nossas aulas, transmitirem seus conhecimentos, por nos ouvirem e por
acreditarem. Em especial a professora Luciane Schmitt que quando eu estava
desistindo da faculdade, sentou comigo e me ouviu e me incentivou dizendo que
faltava pouco e que acreditava em mim. O meu eterno obrigada a todos os meus
professores.
Ao meu orientador que me auxiliou na produção desse trabalho e se dedicou
e me incentivou a concluir esta pesquisa e por se tornar meu amigo pessoal, os
meus sinceros agradecimentos.
Aos funcionários da USJ que nos auxiliaram em diversos momentos, ao Sr.
Vânio que é uma pessoa maravilhosa, sempre nos auxiliou em tudo que podia.
Ao Banco do Empreendedor por ter me proporcionado um ambiente favorável
a pesquisa do meu trabalho e à troca de ideias o que me auxiliou na escolha do
tema de pesquisa.
Aos meus amigos por me incentivarem a terminar para poderem ir numa festa
de formatura.
A todos o meu muito obrigada!
Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós
juntos.
Ray Kroc
RESUMO
O Banco do Empreendedor faz parte do programa de Crédito de Confiança,
instalado por iniciativa de organizações públicas e privadas do Estado de Santa
Catarina. Desde 2005 é habilitado pelo Ministério do Trabalho para fazer parte do
Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO). Este Banco
possui uma destacável clareza de público-alvo, atendendo empreendedores com
limitado acesso ao banco tradicional. Tem uma cobertura geográfica significativa,
haja vista que, mediante suas vinte e quatro unidades de atendimento, abrangem
110 cidades catarinenses e mais 6 cidades do Estado do Paraná. Neste sentido, a
proposta para o estudo aqui apresentado é de focar sobre como está sendo feita a
análise do Microcrédito Produtivo Orientado, confrontando aspectos teóricos e
práticos, além de relatar o modo como são realizadas as análises, assim como as
dificuldades e barreiras na realização das mesmas. A pesquisa é aplicada para gerar
conhecimento, a abordagem é qualitativa que nos permite descrever as situações,
tem caráter exploratório através da pesquisa aplicada e de documentos da
organização. Concluída a pesquisa fica evidente a dificuldade encontrada pelo
analista de crédito para reduzir os contratos de riscos que podem vir a serem
clientes inadimplentes. A análise possui alguns aspectos a serem melhorados e
agregados, para ser implementado nas vinte e quatro unidades de atendimento.
Palavras-Chave: Microcrédito Produtivo Orientado.
Inadimplência.
Análise do Microcrédito.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Quadro Organizacional do Banco Empreendedor..................................22
Quadro 2 – Setores e Funções de Sede Administrativa do Banco Empreendedor...29
Quadro 3 – Processo de Microcrédito.......................................................................31
Quadro 4 – Indicadores Sociais.................................................................................88
Quadro 5 – Diferenças entre a Filantropia e a Responsabilidade Social...................91
Quadro 6 – Mapeamento de Processo....................................................................106
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Hierarquia do Planejamento......................................................................37
Figura 2 – Negócios Sociais: Empresas que Visam o Lucro vs Organizações Sem
Fins Lucrativos...........................................................................................................48
Figura 3 – Contexto da Governança Corporativa.......................................................80
Figura 4 – Triple Botton Line......................................................................................94
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACIF – Associação Comercial e Industrial de Florianópolis
ACIT – Associação Empresarial de Tijucas
ACISAI - Associação Empresarial e Industrial de Santo Amaro da Imperatriz
AEMFLO – Associação Empresarial dos Municípios da Grande Florianópolis
AMCRED – Associação das Organizações de Microcrédito e Microfinanças de Santa
Catarina
AMPE – Associação das Micro e Pequenas Empresas
ASSINVEST – Associação Industrial do Vestuário
BADESC – Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina
BAPEM – Banco do Pequeno Empreendedor
CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas
CRC – Conselho Regional de Contabilidade
CERES – Ebalition For Environmentally Responsible Economies
FAMPESC – Federação das Associações de Micro e Pequenas Empresas de Santa
Catarina
IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
IMF – International Monetary Fund
LSE – Levantamento Socioeconômico
PNMPO – Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado
SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SESCON – Sindicato das Empresas de Consultoria, Assessoria, Perícias,
Informações, Pesquisas e Empresas de Serviços Contábeis
SINDICÓPOLIS – Sindicato dos Contabilistas da Grande Florianópolis
MPO – Microcrédito Produtivo Orientado
ONG – Organização Não-Governamental
OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
PROER – Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional
PROES – Programa de Incentivo à Reestruturação do Setor Público Estadual na
Atividade Bancária
RSE – Responsabilidade Social Empresarial
SFB – Serviço Florestal Brasileiro
SCM – Supply Chain Management
SCR – Sistemas de Informações de Crédito
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................14
1.1 TEMA DE PESQUISA.........................................................................................14
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA...............................................................................15
1.3 OBJETIVOS........................................................................................................15
1.3.1 Objetivo geral................................................................................................16
1.3.2 Objetivos especíicos....................................................................................16
1.4 Justificativa...........................................................................................................16
2
AMBIENTE ORGANIZACIONAL........................................................................18
2.1 HISTÓRICO.........................................................................................................18
2.2 A GESTÃO DO BANCO EMPREENDEDOR ......................................................20
2.3 ORGANOGRAMA................................................................................................20
2.4 DIRETRIZES ORGANIZACIONAIS......................................................................23
2.5 PRINCIPAIS PRODUTOS E SERVIÇOS.............................................................24
2.5.1 Linhas específicas..........................................................................................24
2.6 FORÇA DE TRABALHO.......................................................................................28
2.7 MERCADOS ATENDIDOS E AMBIENTE COMPETITIVO..................................30
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................32
3.1GESTÃO................................................................................................................32
3.1.1 Tipos de gestão...............................................................................................33
3.2 PLANEJAMENTO.................................................................................................35
3.2.1 Processos de planejamento..........................................................................35
3.2.2 Tipos de planejamento..................................................................................36
3.3 EMPREENDEDORISMO......................................................................................38
3.3.1 Tipos de empreendedorismo........................................................................40
3.3.1.1 O empreendedor nato...................................................................................41
3.3.1.2 O empreendedor que aprende (inesperado).................................................42
3.3.1.3 O empreendedor serial (cria novos negócios)...............................................42
3.3.1.4 O empreendedor corporativo.........................................................................42
3.3.1.5 O empreendedor herdeiro (sucessão familiar)...............................................44
3.3.1.6 O “normal” (planejado)...................................................................................44
3.4 MICROEMPREENDEDOR...................................................................................45
3.4.1 Histórico do microempreendedor.................................................................46
3.4.2 Público-alvo....................................................................................................48
3.4.3 A metodologia do microcrédito.....................................................................50
3.5 O AGENTE DE CRÉDITO....................................................................................50
3.5.1 O Microcrédito nas instituições....................................................................53
3.5.2 Problemas de focalização, alcance e eficiência..........................................55
3.5.3 O Trade-off entre focalização e sustentabilidade ......................................57
3.5.4 O microcrédito no Brasil ...............................................................................60
3.6 Mercado Bancário ...............................................................................................62
3.6.1CRÉDITO...........................................................................................................66
3.6.2 OS “Cs” DO CRÉDITO.....................................................................................68
3.6.3 TIPOS DE CRÉDITO.........................................................................................72
3.7 INADIMPLÊNCIA.................................................................................................75
3.7.1 INADIPLEMENTO ABSOLUTO.......................................................................76
3.7.2 INADIPLEMENTO RELATIVO.........................................................................76
3.7.3 NEGOCIAÇÃO E CRÉDITO INADIMPLIDOS..................................................77
3.8 RESPONSABILIDADE SOCIAL..........................................................................78
3.8.1 INDICADORES.................................................................................................82
3.8.2 Global reporting initiative..............................................................................83
3.8.3 Instituto brasileiro de análises sociais e econômicas................................84
3.8.4 Os indicadores ethos de responsabilidade social empresarial.................85
3.8.5 Ações sociais..................................................................................................89
3.8.6 Inclusão Social................................................................................................91
3.8.7 Sustentabilidade.............................................................................................94
4 METODOLOGIA.....................................................................................................97
4.1 TIPOS DE PESQUISA.........................................................................................97
4.2 COLETA DE DADOS.........................................................................................100
4.3 FORMAS DE ANÁLISE......................................................................................101
4.4 ANÁLISE GERAL...............................................................................................101
4.5 RESULTADO DA PESQUISA...........................................................................102
5 APRESENTAÇÃO DOS PROBLEMAS ENCONTRADOS..................................102
5.1 ÁREA DE ANÁLISE DO BANCO DO EMPREENDEDOR.................................103
5.2
COMO
OCORRE
O
PROCESSO
DE
ANÁLISE
DO
BANCO
DO
EMPREENDEDOR..................................................................................................103
5.3
O
PAPEL
DO
ANALISTA
DENTRO
DA
ORGANIZAÇÃO
É
ESTRATÉGICO........................................................................................................107
6 PROPOSTA DE MELHORIA................................................................................109
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................114
REFERÊNCIAS........................................................................................................116
APÊNDICE...............................................................................................................130
14
INTRODUÇÃO
O Estágio Supervisionado apresenta-se como procedimento fundamental na
vida acadêmica do aluno de administração, é a etapa efetiva para graduação já que
permite ao mesmo aplicar conhecimentos adquiridos durante ao curso. Assim sendo,
o presente estudo tem como tema principal a análise do microcrédito orientado do
Banco do Empreendedor.
1.1 TEMA DE PESQUISA
O Brasil é um dos países mais extensos do mundo e governado de maneira
federativa regional. É a maior economia da América Latina e uma das dez maiores
em termos de PIB. São notórios os avanços em matéria de desenvolvimento
humano e diminuição da desigualdade social, mas a extensão geográfica dificulta a
consolidação destas melhoras.
E para melhorar essa desigualdade social, o setor de microcrédito orientando
vem se destacando, apresentando uma oportunidade de financiamento aos
microempreendedores que não tem oportunidade com as grandes empresas
financeiras.
O grande pioneiro nesta área foi o Sr. Muhammad Yunus, economista e
banqueiro bengali, que conseguiu promover a inclusão e o desenvolvimento social
de várias famílias através do acesso ao crédito.
Experiência essa que foi o ponto de partida para a criação do Grameen Bank,
um banco voltado às camadas mais pobres da sociedade, com uma filosofia
diferente dos bancos tradicionais, onde o crédito é visto como um dos direitos
humanos, e a relação com o cliente é feita à base de confiança, sendo que o banco
vai até as pessoas através de seus agentes de crédito. Fato que lhe rendeu o
Prêmio Nobel da Paz em 2006.
O microcrédito pode ser considerado como uma modalidade de financiamento
que visa permitir o acesso aos micro e pequenos empreendedores ao crédito por
meio da utilização de metodologia própria voltada ao perfil e às necessidades
específicas dos empreendedores, estimulando as atividades produtivas e as
15
relações sociais das populações mais carentes, com condições de gerar, assim,
ocupação, emprego e renda e, desenvolvimento socioeconômico local.
O programa de microcrédito do governo federal é baseado na experiência do
professor Yunus, através do programa Crescer. O Programa Nacional de
Microcrédito tem como objetivos elevar o padrão de vida e a geração de empregos e
incentivar o empreendedorismo sustentável. É ser economicamente viável; é ser
socialmente justo e ambientalmente correto. O que mais necessita-se em nosso país
é da força do fazer acontecer.
Mas, para um fazer acontecer, conscientemente, precisa-se, inicialmente,
mudar a forma como a energia é desperdiçada (em críticas/análises/diagnósticos,
em atividades que burocratizam tudo ao nosso redor, em processos para burlar as
leis e buscar vantagens para poucos) em energia que leve à sustentabilidade e ao
bem comum. Em segundo lugar, precisa-se focar toda essa energia nas coisas
“certas”.
O Banco do Empreendedor ostenta destacável clareza do público-alvo,
atendendo empreendedores com limitado acesso ao banco tradicional. Deste modo
consegue uma interessante cobertura geográfica. Com efeito, mediante duas 24
unidades atendendo 110 cidades do Estado de Santa Catarina e 6 do Estado vizinho
Paraná.
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA
O microcrédito é uma linha diferenciada dos créditos tradicionais. Este prevê
um acompanhamento mais próximo dos microempreendedores, através de visitas
aos locais onde os mesmos desenvolvem suas atividades e analisando o seu perfil
socioeconômico para liberação do crédito.
Diante do exposto tem-se a seguinte pergunta: De que forma pode-se
aperfeiçoar a análise do microcrédito objetivando redução na inadimplência do
Banco do Empreendedor?
1.3 OBJETIVOS
16
Objetivos expressam o fim que se deseja atingir, a meta que se pretende
alcançar.
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar a liberação do crédito ao microempreendedor através da análise do
microcrédito produtivo orientado.
1.3.2 Objetivos Específicos

Descrever como é realizado os processos de análise do microcrédito;

Identificar possíveis gargalos da análise;

Verificar o impacto da análise sobre o índice de inadimplência do Banco do
Empreendedor;

Propor melhoria no processo de análise do microcrédito.
1.4 JUSTIFICATIVA
As empresas que operam o microcrédito, sem fins lucrativos são instituídas
por iniciativa de particulares, para desempenhar serviços sociais não exclusivos do
Estado com incentivo e fiscalização do Poder Público, mediante vínculo jurídico
instituído por meio de termo de parceria.
A partir deste estudo, o estabelecimento pode fazer um acompanhamento
mais específico da análise do microcrédito produtivo orientado e do índice de
inadimplência. Estudo este que poderá ser estendido para os agentes de crédito. E
quanto mais eficiente for o desempenho dos agentes em captar melhor o
levantamento de dados dos clientes, melhor será a análise do microcrédito e menor
será o índice de inadimplência do banco. Sendo assim pode-se dar continuidade ao
trabalho do Banco do Empreendedor que é financiar os sonhos de milhares de
empreendedores que buscam melhorar suas vidas e de proporcionar novos
produtos, serviços, rendas e novos empregos.
A contribuição desta pesquisa para a sociedade é de grande importância,
pois, poderá compreender melhor como ocorre o processo de análise para a
17
liberação do crédito solicitado e o porquê o processo pode ficar em espera para
melhorar ou ter sido recusado naquele momento.
O estudo sugerido é uma oportunidade para a acadêmica aprofundar
conhecimentos em microfinanças e responsabilidade social, estimular o contato com
biografias de diversos autores das áreas de estudo, permitindo a integração entre as
teorias estudadas em sala de aula e o aproveitamento na prática da organização
pesquisada, permitindo ampla troca de conhecimentos e experiências, além de
compreender melhor como funciona a coleta de dados com os clientes, a análise do
microcrédito e como isso reflete no índice de inadimplência do banco.
18
2 AMBIENTE ORGANIZACIONAL
2.1 HISTÓRICO
O Banco do Empreendedor foi à primeira organização criada e instalada pelo
Programa Crédito de Confiança, implantado de um termo de cooperação assinado
em maio de 1999 entre Governo de Santa Catarina, BADESC, SEBRAE/SC e
FAMPESC, com a adesão de outras entidades organizadas, representantes de
entidades e das comunidades que compõem a Região da Grande Florianópolis e
que passaram a ser fundadores da organização não governamental BANCO DO
EMPREENDEDOR.
A organização iniciou suas atividades em novembro de 1999, com sede
inicialmente na Rua Almirante Alvim, Nº 491, no centro de Florianópolis e com
responsabilidade inicial de atender a toda região que compõe a Associação dos
municípios da Grande Florianópolis. Em julho de 2002 foi certificada pelo Ministério
da Justiça, como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).
O pioneirismo do Banco do Empreendedor, dentro do Programa Crédito de
Confiança foi de suma importância para o estabelecimento de padrões de
operacionalização e administração do modelo que estava sendo criado para operar
o microcrédito no Estado de Santa Catarina. O esforço inicial contou com a
participação de diversos parceiros, os quais disponibilizaram espaço físico, móveis,
equipamentos e recursos a fundo perdidos, como foi o caso da Prefeitura Municipal
de Florianópolis, do BADESC e SEBRAE e alguns voluntários que se dispuseram a
dirigir a equipe operacional contratada, gerando assim as condições para o sucesso
do projeto.
Sob o comando de Ubirajara Câmara, representante da AEMFLO Associação Empresarial dos Municípios da Grande Florianópolis, primeiro
Presidente, a organização deu os primeiros passos decisivos para sua consolidação.
Através de uma parceria com o SEBRAE/SC foi disponibilizada uma unidade móvel
para atendimento descentralizado diretamente aos empreendedores, nas várias
cidades e bairros que compõe a região de atendimento da organização. Alguns
meses mais tarde, sua sede foi transferida para novas instalações, junto a Gerência
19
Regional do BADESC da capital localizada a Rua Fúlvio Aducci, Nº 710, bairro
Estreito, onde opera até o momento.
No ano de 2000 Ubirajara Câmara transferiu o comando da Administração
para Marcílio Ávila, representante da ASSINVEST, que incentivou a disseminação
do modelo e buscou novas parcerias. Em março de 2001 assumiu o comando da
organização Luiz Carlos Floriani, representante da FAMPESC, passando a investir
na profissionalização dos serviços e na descentralização do atendimento, através da
criação de postos avançados, redefinição da área e região de atendimento e criação
de programas de metas que garantiram melhor desempenho da organização.
Em 2005 é habilitado pelo Ministério do Trabalho e Emprego e passa a
integrar o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado - PNMPO,
instituído pela lei 11.110.
A partir da decisão das Assembleias de associados do BANCO DO
EMPREENDEDOR e da OSCIP CREDICONFIANÇA iniciou-se em janeiro de 2008 o
processo de unificação das duas instituições, ficando a CREDICONFIANÇA em
processo de dissolução até a liquidação total de seus ativos e passivos e
transferência do patrimônio remanescente para o BANCO DO EMPREENDEDOR,
conforme estabelece a legislação em vigor, que incorporou todo seu pessoal e
estrutura e passou a atender a região.
Em 2009 a Assembleia geral dos associados resolve promover uma reforma
estatutária que permitiu iniciar um processo de profissionalização e expansão das
atividades, ampliando a atuação da organização para todo o Estado de Santa
Catarina e contratando o senhor Luiz Carlos Floriani como Diretor Superintendente
para liderar e coordenar o Plano de Expansão do Banco do Empreendedor.
A primeira unidade de atendimento fora da região inicialmente concebida é
inaugurada em 2010, na cidade de Brusque, atendendo uma demanda da
Associação das Micro e Pequenas Empresas, AMPE BRUSQUE, passando a
atender, além de Brusque, as cidades de Botuverá e Guabiruba.
Em 2012 o Banco do Empreendedor adquire a carteira da OSCIP BAPEM, de
Caçador, assumindo todas as suas unidades e preservando todos os seus
operadores, que foram incorporados, e passou a atender também o meio oeste de
Santa Catarina.
20
Definido por negociação estratégica das assembleias do Banco do
Empreendedor e da Casa do Empreendedor, as organizações definem a realização
de uma grande parceria e o Banco do Empreendedor passa a atender, a partir de
janeiro de 2014, a região Norte e Nordeste do Estado, antes atendida pela Casa do
Empreendedor, incorporando todo seu pessoal e aproveitando as estruturas
existentes. Com isto o Banco do Empreendedor passa a ser a maior organização de
Santa Catarina com vinte unidades de atendimento instaladas.
Atualmente, o Banco do Empreendedor opera em municípios de várias
Regiões do Estado, como o Meio Oeste, Planalto Sul, Vale do Itajaí, Norte e
Nordeste, e Grande Florianópolis.
O Banco do Empreendedor tem como objetivo principal promover o
desenvolvimento econômico e social, através da concessão de crédito por modelo
alternativo visando à criação, o crescimento e a consolidação de empreendimentos
de micro e pequeno porte, formais ou informais, sob a forma de pessoa física ou
jurídica, dirigidos às pessoas de baixa renda, através da metodologia específica.
2.2 A GESTÃO DO BANCO DO EMPREENDEDOR
O Banco do Empreendedor é uma ONG, certificada pelo Ministério da Justiça
como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) de Microcrédito,
de médio porte. Em 2005 é habilitada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e
passa a integrar o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo e Orientado PNMPO, instituído pela Lei 11.110. O Diretor Superintendente é eleito pela
Assembleia Geral de Associados, já os gerentes são escolhidos por um sistema de
meritocracia. A forma de tomada de decisão é centralizada, sendo que a maioria
delas é tomada pela a Alta Administração (Diretor Superintendente e gerentes).
2.3 ORGANOGRAMA
Para Chiavenato (2001, p.251) “organograma é o gráfico que representa
estrutura formal da empresa”. O objetivo do organograma é ilustrar, de forma clara,
cada departamento da empresa e seus colaboradores em questão, com intuito de
esclarecer dúvidas de clientes, parceiros e fornecedores (TEIXEIRA, 2012).
21
O quadro organizacional do Banco do Empreendedor é composto pela
Assembleia Geral dos Associados, (quadro 01), que é a união de várias associações
da grande Florianópolis que decidem o planejamento estratégico do Banco, logo
abaixo temos o conselho deliberativo composto pelos presidentes de cada
Associação que avaliam o balanço social da organização e também atuam no
planejamento estratégico. Dando continuidade temos o conselho fiscal, que avalia as
contas que foram pagas e dão a sua opinião fiscal sobre as contas do Banco.
Abaixo do conselho fiscal temos as auditorias externas, e o quadro gerencial
que
é
composto
pelo
Diretor
Superintendente,
Gerente
Geral,
Gerente
Administrativo/Financeiro, que cuidam mais da parte estratégica da organização,
mas tem contato direto com as bases e na sequência os cargos de coordenadores
de unidade que cuidam das bases de atendimento juntamente com os seus agentes
de créditos e auxiliares administrativos.
Ligados ainda ao Gerente Administrativo/ Financeiro está a coordenadora de
unidade que cuida especificadamente do setor de cobrança, Analista contábil, os
auxiliares administrativos do setor financeiro, a arquivista e serviços gerais.
22
Quadro 1: Quadro Organizacional do Banco Empreendedor
Fonte: Autora, 2015
23
Assembleia Geral de Associados são membros de entidades organizadas,
representantes de entidades e das comunidades que compõem a região da grande
Florianópolis.
Conselho Deliberativo é composto por representantes dos seguintes órgãos:

ACIF – Florianópolis

CDL – Florianópolis

AEMFLO – São José

ACIP- Palhoça

CIEE – SC

ACIT – Palhoça

ACISAI – Santo Amaro da Imperatriz.
Conselho Fiscal que é composto por:

CRC- SC

SESCON – Grande Florianópolis

SINDICÓPOLIS
Diretor Superintendente: Luiz Carlos Floriani

Consultoria Executiva Contabilidade – Terceirizada

Gerência Geral

Gerente Administrativo/Financeiro

Supervisor Contábil

Coordenador Geral da unidade

Coordenador de unidades

Agente de Crédito

Auxiliar de Agente de Crédito.

Auxiliares Administrativos (Financeiro e Cobrança).
2.4 DIRETRIZES ORGANIZACIONAIS
As diretrizes organizacionais representam o conjunto das estratégias e
políticas da empresa, sendo formadas pela missão, pela visão e pelos valores da
empresa e definem, de forma clara, para o ambiente interno e externo, o que elas
24
são, por que existe, o que elas serão e quais condutas pretendem adotar durante
este percurso (SILVEIRA, 2012).
Missão “Promover o desenvolvimento econômico e social, através da
concessão de crédito por modelo alternativo, visando à criação, crescimento e
consolidação de empreendimentos de micro e pequeno porte, formais ou informais”.
(FLORIANI, 2010).
Visão “Ser reconhecida como a melhor organização de crédito alternativo a
empreendedores de pequenos negócios na sua região de atuação”. (FLORIANI,
2010).
Valores
“Legalidade,
Impessoalidade,
Moralidade,
Publicidade,
Economicidade, Eficiência, Indiscriminação de raça, cor, gênero ou religião;
Empreendedorismo como instrumento de desenvolvimento econômico social”.
(FLORIANI, 2010).
2.5 PRINCIPAIS PRODUTOS/SERVIÇOS
Microcrédito Produtivo e Orientado, Operação de Crédito dirigida a
empreendedores
de
pequenos
negócios
informais,
microempreendedores
individuais, micro e pequenas empresas são concedidos através de metodologia
específica operada por agentes de crédito especialmente treinados para visitarem e
avaliarem a necessidade, viabilidade e capacidade do negócio e de seu
empreendedor.
2.5.1 Linhas Específicas

Capital de Giro: Especialmente para aquisição de estoques,
mercadorias, matérias primas, fluxo de caixa. Podendo ser considerados recursos
para outras necessidades em caráter excepcional, mediante enquadramento prévio,
pelo comitê de crédito.
- Limite de Crédito de R$: 200,00 (Duzentos Reais) até R$: 15.000,00 (Quinze
Mil Reais);
- Prazo: de 06 (Seis) a 18 (Dezoito) meses;
25
- Taxa de Juros: 3,9% ao mês para a primeira operação e renovação
dependendo do histórico da operação anterior poderá de 3,6%; 3,3% ou 2,95% ao
mês.

Capital Fixo: Especialmente para aquisição, com comprovação de
procedência, de ferramentas, máquinas, veículos, utilitários e equipamentos;
Recuperação
e/ou
conserto
de
máquinas,
equipamentos,
bem
como
na
recuperação, conserto ou adaptação de veículos utilitários; Melhoria e/ou ampliação
de instalações próprias, desde que destinado ao empreendimento; Caso as
instalações sejam alugadas, o crédito para melhoria/ampliação deverá ser liberado
somente com aprovação do contrato de aluguel com vigência até o termino do
contrato de financiamento.
- Limite de Crédito de R$: 200,00 (Duzentos Reais) até R$: 15.000,00 (Quinze
Mil Reais);
- Prazo: de 12(Doze) a 36 (Trinta e Seis) meses;
- Taxa de Juros: 3,9% ao mês para a primeira operação e renovação
dependendo do histórico da operação anterior poderá ser de 3,6%; 3,3% ou 2,95%
ao mês.

Capital Misto: Para financiar necessidades de capital fixo e capital de
giro numa mesma operação.
- Limite de Crédito de R$: 200,00 (Duzentos Reais) até R$: 15.000,00 (Quinze
Mil Reais);
- Prazo: de 12(Doze) a 36 (Trinta e Seis) meses;
- Taxa de Juros: 3,9% ao mês para a primeira operação e renovação
dependendo do histórico da operação anterior poderá de 3,6%; 3,3% ou 2,95% ao
mês.

Saneamento Financeiro: Para saldar eventuais pendencias que
impedem o empreendedor de acessar o crédito e que sejam contumazes, desde que
comprovada a viabilidade do empreendimento e a capacidade de pagamento, bem
como a apresentação de garantias sólidas.
- Limite de Crédito: R$: 200,00 (Duzentos Reais) até R$: 10.000, (Dez Mil
Reais);
- Prazo: de 12 (Doze) a 24 (Vinte e Quatro) meses;
- Taxa de Juros: 3,9% ao mês.
26
- Giro Rápido: Destinado a prover recursos imediatos e urgentes para o fluxo
de caixa dos empreendimentos e necessidades emergenciais, através de operações
rápidas e com pagamento em curto prazo.
- Limite de Crédito: de R$: 1.000,00 (Um Mil Reais) até R$: 15.000,00 (Quinze
Mil Reais);
- Prazo: de 03 (Três) a 06 (Seis) meses;
-Taxa de Juros: 3,3% ao mês.

Crédito Especial: Operação especialmente desenvolvida para operar
com recursos próprios para atender situações especiais, a serem aprovadas pela
Diretoria, em que o limite máximo das operações de Capital Fixo, Capital Misto e
Capital de Giro poderão ser elevados até o montante de R$: 20.000,00 (Vinte Mil
Reais), desde que o empreendimento justifique plenamente a necessidade,
viabilidade econômica do negócio, capacidade de pagamento e tenha garantia
sólida.
- Limite de Crédito: R$: 15.000,00 (Quinze Mil Reais) até R$: 20.000,00 (Vinte
Mil Reais);
- Prazo: de 06 (seis) até 36 (Trinta e Seis) meses;
-Taxa de Juros: 3,9% ao mês para a primeira operação e renovação
dependendo do histórico da operação anterior poderá de 3,6%; 3,3% ou 2,95% ao
mês.

Programa Juro Zero (Para Microempreendedor Individual MEI):
Operação Integrante do Programa Juro Zero desenvolvido pelo Governo do Estado
de Santa Catarina, através da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e do
BADESC, tendo ainda parceria do SEBRAE/SC e da AMCRED/SC e destinada
especificadamente para o Microempreendedor Individual MEI.
- Limite: R$: 3.000,00 (Três Mil Reais);
- Prazo Único de 08 (Oito) Meses;
- Taxa de Juros: 0 (Zero), para todo tomador que pagar corretamente as 07
(Sete) primeiras parcelas terá bonificada a oitava parcela que será paga pelo
BADESC, parcela este referente aos juros remuneratórios.
27

Credi Reforma: Produto Desenvolvido para disponibilizar recurso para
reforma, melhoria e/ou ampliação em residência de uso próprio.
Público-Alvo: Pessoas Físicas, brasileiras ou naturalizadas, maiores de idade,
com emprego fixo e pelo menos 12 meses e residentes em casa própria. Limite: R$:
1.000,00 (Um Mil Reais) a R$: 10.000,00 (Dez Mil Reais);
- Prazo: 06 (Seis) até 36 (Trinta e Seis) meses;
- OBSERVAÇÃO: O valor da prestação não pode comprometer 20% da renda
familiar.
-Taxa de Juros: 3,9% (Três vírgula Nove por cento) ao mês; Clientes do
Banco do Empreendedor com operação a pelo menos 12 meses farão jus a
progressão de taxa, conforme regulamento geral.
- GARANTIA: Avalista, brasileiro (a) maior de idade, residente na cidade da
operação a pelo menos dois anos, com renda comprovada, cujo valor da prestação
a ser avalizada não comprometa mais de 25% (Vinte e Cinco por cento) da renda.
-Real: Alienação de veículo automotor (automóvel) que deverá ter no máximo
10 (Dez) anos de uso.
- Documentos Necessários
- Carteira de Identidade (RG);
- CPF do tomador (a);
- Dos avalistas e respectivos cônjuges;
- Comprovante de Propriedade do Imóvel objeto do crédito (Escritura,
Contrato de Compra e Venda devidamente registrado, inventários comprovados,
termo de posse legalizado);
- Comprovante de Residência do tomador (a) e avalista (Luz, Água, Telefone
Preferencialmente);
- Comprovante de Renda do tomador (a), avalistas e cônjuges;
- Certificado de proprietário de veículos em caso de garantia real;
- Orçamento detalhado do material a ser utilizado e fotos ilustrando a obra.

Cartão Do Empreendedor: Operação que visa proporcionar limite de
capital de giro rotativo, disponibilizado por meio eletrônico, inicialmente para clientes
que já operam com o Banco do Empreendedor, especialmente no Programa Juro
Zero. Limite: R$: 5.000,00
28
- Prazo: Até 12 meses por saque a ser definido na solicitação eletrônica.
- Taxa de Juro: 2,9% ao mês.
- Importante: Limites e prazos das operações são definidos pelo comitê de
crédito.

Credi Costura É uma linha de financiamento para compra de
máquinas de costura pode ser para pessoa informal, não necessitando de avalistas.
- Limite: R$ 3.000,00
- Prazo: Até 24 meses.
- Taxa de Juros: 3,9% ao mês.

Credi Cheque O Banco do Empreendedor em parceria com a
PoloCred disponibiliza para seus clientes desconto de cheque e de duplicatas. É
uma maneira rápida e fácil de transformar suas vendas a prazo em dinheiro vivo.
Desconto de Cheque Pré Datado: A pessoa traz os cheques pré-datados que
recebe em pagamento de seus clientes e estes são trocados por dinheiro vivo, para
que assim, se possa ter capital de giro à disposição imediatamente.
Desconto de Duplicatas: É antecipado a vista os títulos que determinada
empresa recebe e a pessoa terá capital de giro imediato para impulsionar seus
negócios, sem deixar de facilitar o pagamento de seus clientes.
2.6 FORÇA DE TRABALHO
A
organização
atualmente
conta
com
27
colaboradores
na
Sede
Administrativa. O local onde será realizado o trabalho é de 81 colaboradores em
todo o Estado, sendo que 15 destes são estagiários. A empresa oferece aos
colaboradores os seguintes benefícios: planos de saúde e odontológico; valealimentação e transporte; e, premiações com base na produção. Além disso, são
promovidos cursos e treinamento para o desenvolvimento e capacitação dos
funcionários.
O recrutamento é feito tanto interna quanto externamente. No recrutamento
externo a organização preza pela seleção de estagiários de nível superior, que a
depender do seu desempenho, podem ser contratados pelo período de um ano. A
oportunidade oferecida é comunicada a um programa de estágios específico que
29
pré-seleciona o currículo mais adequado ao perfil da vaga. O recrutamento interno
ocorre quando há a necessidade de funcionários em uma nova função, nesse caso é
realizada uma análise do perfil dos funcionários para ver qual melhor se enquadra
na nova função, e então, é feita a proposta para o funcionário selecionado, que tem
a opção de aceitar ou não, em caso negativo é selecionado outro funcionário. Para
os cargos de nível gerencial a escolha é por meritocracia.
A organização não possui, até o momento, um setor de recursos humanos
estruturado e por isso cada candidato pré-selecionado no recrutamento externo
poderá ser avaliado tanto por um coordenador, como pelo gerente ou diretor da
empresa.
No (quadro 2) a abaixo serão apresentados os setores e níveis de
escolaridade que o Banco do Empreendedor exige para cada função.
Setor/função
Quantidade
Nível médio de escolaridade
Direção/Gerência
3
Superior Completo
Setor de crédito
6
3 Superior Completo; 1 Superior Incompleto; 1
Ensino Médio.
Setor de arquivo
1
Superior Completo
Setor de contratos
4
3 Superiores Completo, 1 superior Completo.
Setor financeiro
5
2 Superiores Completo, 3 Superior Incompleto.
Setor de cobrança
7
6 Superiores Incompleto, 1 superior completo.
Serviços Gerais
1
1 Ensino Fundamental
Quadro 2: Setores e Funções da Sede Administrativa do Banco do
Empreendedor.
Fonte: Elaborado pela autora, 2015.
Os níveis de escolaridade apresentados no (quadro 2) aplicam-se também
para as unidades de atendimento.
O próximo tópico abordará os mercados atendidos, ou seja, a atuação do BE
em Santa Catarina, e o ambiente competitivo que envolve a situação que se
encontra atualmente a área de microcrédito no Estado.
30
2.7 MERCADOS ATENDIDOS E AMBIENTE COMPETITIVO
O Banco do Empreendedor atua na área de microcrédito para empresas de
pequeno e médio porte, formais e informais. Tem uma importância muito grande
para o Estado e seus empreendedores. Até dezembro de 2012 o Banco do
Empreendedor já havia emprestado mais de R$ 100 milhões em 26.357 operações
de microcrédito, em 31 de dezembro de 2013 este número subiu para 132.700
milhões emprestados em 33.700 operações nas cidades em que atua notadamente
as das Regiões da Grande Florianópolis, do Vale do Rio Tijucas e a Região de
Brusque. Chegando também à Região do Meio Oeste de Santa Catarina, nas
cidades de Joaçaba, Campos Novos, Fraiburgo, Curitibanos, e mais recente nas
cidades de Videira e Caçador. Depois da fusão com a Casa do Empreendedor o
Banco passou a atender também as cidades de Joinville, São Francisco do Sul, São
Bento do Sul, Jaraguá do Sul, Garuva e Mafra, confirmando, assim, a importância do
microcrédito para o contexto sócio econômico do Estado. Além também das ações
sociais voltadas às populações de baixa renda e em situação de vulnerabilidade
social através de projetos de orientação e capacitação, bem como atuação
específica junto às comunidades carentes.
O setor de microcrédito foi estruturado em Santa Catarina a partir da criação
do Programa Crédito de Confiança, criado pelo Governo Estadual em 1999.
Atualmente existem 20 instituições de microcrédito que atendem todo o Estado,
podendo considerar um mercado bastante competitivo.
No (quadro 3) descreve-se como funciona o processo do microcrédito de uma
forma resumida.
31
Quadro 3: Processo de Microcrédito
Fonte: Elaborada pela autora, 2015.
32
3 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA
Para Appolinário (2009) a fundamentação teórica é uma ferramenta que
referencia os trabalhos acadêmicos e fortalece as ideias e os conceitos
apresentados. Por meio dela se adquire o conhecimento teórico para o
desenvolvimento do tema.
3.1 GESTÃO
O Dicionário Aurélio a define como o ato de gerir ou gerência e aponta a
palavra administração como sinônimo. Alguns autores, no entanto, entendem que
administração possui uma implicação diferente do vocábulo gestão já que esta, mais
recentemente, passou a significar a interferência direta e ampla dos gestores nos
sistemas e procedimentos empresariais. Neste sentido, gestão poderia ser definida
como o gerenciamento do conjunto de ações e estratégias nas organizações, de
maneira holística, visando atingir seus objetivos. Há uma linha de pensamento que
afirma que a administração está para os gerentes assim como a gestão está para os
líderes.
Segundo CARMO (1994, p. 6) “também se pode citar o modelo (ou estilo) de
gestão democrático de liderança que está associado, simultaneamente, à satisfação
e produtividade do grupo”.
Pelo fato de trabalhar com grupos de pessoas, a administração é analisada
como ramo das ciências humanas, envolve várias áreas além da administração
como o direito, a contabilidade, economia, psicologia, matemática e estatística, a
sociologia, a informática, dentre outras.
Ao estudar as sociedades antigas, é possível concluir que desde aquela
época já se aplicavam ferramentas de gestão, devido à organização das mesmas e
a grandiosidade de suas obras que até hoje intrigam a humanidade, como as
pirâmides do Egito, por exemplo.
Entretanto, os estudos sobre gestão começaram a ganhar força após a
primeira Revolução Industrial, que devido ao novo modelo de produção, trouxe à
tona problemas que, até então, não existiam. A partir deste momento os
33
profissionais decidiram buscar soluções para resolver estes novos problemas,
usando vários métodos científicos para administrarem os seus negócios, o que deu
início à ciência da administração.
3.1.1 Tipos de Gestão
A evolução das organizações em termos de modelos estruturais e
tecnológicos, considerando as constantes mudanças e o conhecimento de novos
paradigmas, vem exigindo uma postura diferente dos gestores, voltando a
organização para uma realidade diferenciada e emergente.
Segundo Cordeiro et. al (2002), o grande desafio enfrentado pelas
organizações vem sendo a capacidade e a competência para se adaptarem e
levarem a todos os seus níveis hierárquicos e funcionais, da alta gerência ao piso de
fábrica, à incorporação de novos modelos, métodos, técnicas, instrumentos, atitudes
e comportamentos necessários às mudanças e inovações para sobreviverem e
seguirem competitivas no mercado. Gerir hoje é uma atividade mais abrangente e
diversificada do que no passado. Em vista disso, o gestor precisa estar apto a
perceber, refletir, decidir e agir em condições diferentes das anteriores.
De acordo com os autores, a diferença entre sucesso e fracasso, está no
melhor uso dos recursos disponíveis para alcançar os objetivos desejados. A ênfase
na gestão vem da necessidade de aperfeiçoar continuamente os processos do
negócio, pelo aprendizado e inovação permanentes. Novos métodos de gestão,
novas ferramentas de apoio, novos sistemas de informação, tudo isso representa o
esforço por aperfeiçoar a gestão.
A gestão estratégica é utilizada como ferramenta para alavancar novos
mercados, a utilização do modelo de gestão estratégica leva a empresa a realizar
um diagnóstico situacional, destacando oportunidades e ameaças, bem como forças
e fraquezas, a fim de cruzar estas realidades e descobrir suas inter-relações.
(CAMPOS, 2009).
A partir do processo de autocrítica organizacional busca-se encontrar
condições de direcionar seu foco para o estabelecimento de visão de futuro, missão
organizacional, desafios estratégicos e estratégias gerais que nortearão os rumos do
negócio para o curto, médio e longos prazos. (CORDEIRO, et. al., 2002).
34
A gestão estratégica é um modo de acrescentar novos elementos de reflexão
e ação sistemática e contínua, com objetivo de avaliar a situação, elaborar projetos
de mudanças estratégicas, acompanhar e gerenciar os passos de implementação.
Como o próprio nome diz, é um meio de gerir toda organização, focando em ações
estratégicas em todas as áreas. Deste modo, os processos e os investimentos serão
feitos de forma mais organizada, racional e profissional, buscando reduzir o grau de
incerteza, para alcançar melhores resultados. (CAMPOS, 2009)
Já a Gestão Participativa é o modelo de gestão que mais se adapta ao novo
homem da sociedade do conhecimento. Nesta sociedade, os indivíduos exercem
sua cidadania, assumem responsabilidades, opinam sobre decisões que afetam sua
vida, pressionam também as organizações para alterarem suas estruturas rígidas
que tradicionalmente silenciam os trabalhadores. (CORDEIRO, et. al., 2002).
A Gestão Participativa necessita de um modelo cultural democrático e aberto,
onde prevaleça confiança em todos os níveis. Um conjunto de valores baseados em
princípios com os quais todos concordam.
As mudanças ocorridas na sociedade desde o início do século passado até o
momento atual ampliaram as áreas do conhecimento, fazendo do homem moderno
um sujeito mais informado e exigente. Este processo teve como consequência a
transição do poder que antes era concentrado, tanto na sociedade como nas
organizações, e hoje é instável e dinâmico, movendo-se por todas as camadas,
assumindo novas formas de acordo com a situação. (CORDEIRO, et. al., 2002)
Para Santos et al. (2001), antes de se implantar a Gestão Participativa numa
organização, é preciso harmonizar três aspectos, sendo estes:
1) Os seus Sistemas (produção, comercialização, recursos humanos,
administração e finanças, entre outros); se existem conflitos de tipos diferentes de
gestão entre estes sistemas será difícil implantar a gestão participativa na mesma;
2)
Condições
Organizacionais;
é
necessário
flexibilizar
a
estrutura
organizacional, (com menor número de níveis hierárquicos e normas mais
adaptáveis;)
3) Comportamentos Gerenciais; os gestores se tornarão os principais
incentivadores das pessoas para o processo participativo, o bom relacionamento
entre chefia e subordinados é o principal ponto da relação participativa.
35
Com base no exposto, considera-se que a administração participativa
compreende a organização como um verdadeiro sistema. Oliveira (2006) afirma que:
sistema é
um
conjunto de partes interagentes e
interdependentes que,
conjuntamente, formam um todo unitário com determinado propósito e executa
determinada função, característica marcante do gerenciamento holístico.
O gerenciamento holístico reflete bem essa dinâmica, pois defende a ideia do
entrelaçamento, de todas as partes do meio ambiente em um sistema, incluindo
todas as variáveis, históricas, políticas, econômicas, socioculturais, entre outras,
necessárias para se compreender e administrar adequadamente a relação da
organização com o ambiente, na concepção holística tudo é interdependente.
(CORDEIRO, et. al., 2002).
Sintetizando, pode-se dizer que, para resistir e fazer diferença, uma
organização tem que ser presente no seu tempo. Ela precisa se ajustar às
mudanças, já que a transformação é uma constante em nossa sociedade atual.
3.2 PLANEJAMENTO
O planejamento, segundo Kotler (1995 apud MORAIS, 2005) é uma
metodologia gerencial, que através de uma estratégia formula uma direção a ser
seguida pela organização. Já para Oliveira (2007, p.4) “[...] o planejamento pode ser
conceituado como um processo [...] desenvolvido e efetivo, com a melhor
concentração de esforço e recursos pela empresa”.
Planejamento é conhecido como a função inicial do processo administrativo
por meio da qual são determinados os meios para se alcançar os objetivos
desejados. O planejamento está voltado para o futuro, por isso requer uma atenção
ampla e especial (CHIAVENATO, 2006).
De acordo com as definições apresentadas, percebe-se que o processo de
planejar pode ser entendido como um plano estratégico que busca ao máximo
atender às necessidades da organização para o alcance de suas metas e objetivos.
3.2.1 Processo de Planejamento
Segundo Maximiano (2006) o processo de planejamento é composto pelas
seguintes etapas: a primeira é a parte que inclui e levanta informações sobre a
36
organização. É neste momento que são demonstradas as necessidades,
oportunidades e ameaças; a segunda etapa transforma e processa as informações
levantadas na primeira em novas informações e decisões; na última etapa é
apresentado um plano que estabelece a situação que deverá ser alcançada, a forma
de alcançá-la e os recursos necessários.
Já para Chiavenato (2006) o processo de planejamento é formado por seis
etapas. A primeira etapa é a definição dos objetivos, a segunda é a verificação da
situação atual da organização em relação aos objetivos, a terceira etapa é o
desenvolvimento de premissas quanto às condições futuras da organização, a
quarta etapa é a análise das alternativas de ação, a quinta etapa é a escolha de um
curso de ação entre as alternativas possíveis e a sexta etapa é a implementação e
avaliação dos resultados obtidos.
Compreende que as etapas do processo de planejamento funcionam dentro
de uma organização como algo constante, que deve, consecutivamente, ser
aprimorado e avaliado. A seguir serão abordados os tipos de planejamento.
3.2.2 Tipos de Planejamento
Em relação aos níveis hierárquicos de uma organização, podem-se abordar
três tipos de planejamento, que são: planejamento estratégico, o tático e o
operacional, conforme apresentado na figura a seguir.
37
Figura 1: Hierarquia do planejamento
Fonte: Chiavenato, 2003.
De acordo com Braga e Monteiro (2005) o planejamento estratégico dos
níveis superiores é formado pelas estratégicas gerais. Como tema deste trabalho, o
planejamento estratégico será apresentado mais detalhadamente no item 4.
O planejamento tático segundo Oliveira (2007) é desenvolvido no nível
intermediário da empresa, procura estabelecer ações para melhorar determinadas
áreas da organização. Conforme Pereira, (2010, p.54)
O planejamento tático relaciona-se com os objetivos de médio prazo; tem
por objetivo aperfeiçoar determinada área de resultado e não a organização
como um todo, trabalha com as decomposições das estratégias e ações
estratégicas estabelecidas no planejamento estratégico.
Para Chiavenato o planejamento tático “envolve cada departamento com seus
recursos específicos, e preocupa-se em atingir os objetivos departamentais”
(CHIAVENATO, 2003, p. 31).
O planejamento Operacional, segundo Pereira (2010, p. 54), “formaliza a
ação; relaciona-se com os objetivos de curto prazo; é a formalização da metodologia
de desenvolvimento e implementação de resultados específicos, a serem
alcançados pelas áreas funcionais da organização”.
38
Para Chiavenato, o planejamento operacional “é detalhado, específico e
analítico, envolve cada tarefa ou atividade isoladamente e preocupa-se com o
alcance das metas específicas” (CHIAVENATO, 2003, p. 31).
Conforme Silva (2005) o planejamento operacional é formado pelo nível mais
baixo da organização, neste nível se preocupa com a realização das tarefas
rotineiras, traçando procedimentos para a execução das mesmas, geralmente
envolve orçamentos, programas e tempo.
3.3 EMPREENDEDORISMO
O conceito de empreendedorismo no Brasil ganhou força no final da década
de 1990 e existem diversos fatores que explicam esse interesse repentino por este
assunto, entre eles: a preocupação com a criação de pequenas empresas
duradouras, a diminuição da alta taxa de mortalidade e desses empreendimentos e
o crescimento dos índices de desemprego, o que forçou diversos trabalhadores que
ficaram sem seus empregos a criarem suas próprias empresas, mesmo sem ter
conhecimento e experiência no ramo, utilizando-se do pouco que lhes restavam de
suas economias e que ao perceberem, tinham mudado de lado e se tornado patrões.
(DORNELAS, 2005).
Aliado a esses fatores, o Brasil hoje apresenta um quadro onde “o emprego
não é mais visto pelo jovem como projeto de vida” (DOLABELA, 1999 p. 58).
Segundo Dolabela (1999), em pesquisas realizadas com estudantes essa
percepção aparece quase que como unanimidade, o que representa significativa
mudança em relação às gerações anteriores, onde o sonho era alcançar uma
posição estável com cargos no governo ou em uma grande empresa, de preferência
multinacional. Essa mudança deve-se ao difícil confronto do jovem com a realidade
do mercado de trabalho, onde além da oferta de empregos ser reduzida, os salários
em geral são baixos e a estabilidade, objeto de desejo no passado, foi substituída
pela instabilidade.
Ao analisar esse quadro, percebe-se uma mudança de comportamento onde
o empreendedorismo passou a ser opção e não é mais apenas uma imposição no
cenário brasileiro.
39
O empreendedorismo é definido por Dornelas como “o envolvimento de
pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em
oportunidades” (DORNELAS, 2005, p. 39).
Conforme essa definição pode-se
destacar que o empreendedorismo depende do envolvimento direto de pessoas, e
as pessoas que têm papel fundamental nesse processo são chamadas de
empreendedores.
Para Dornelas (2005) e Degen (2009), o primeiro exemplo para a definição de
empreendedorismo pode ser considerado Marco Polo, e sua tentativa de estabelecer
uma rota comercial para o Oriente. Marco Polo assinou contrato com banqueiros
capitalistas, que forneceram os recursos para o empreendimento em troca do direito
à compra dos produtos trazidos ao retorno de sua viagem. Ambos citam que o
empreendedor assumia todos os riscos pessoais e comerciais das viagens enquanto
os banqueiros eram os tomadores passivos do risco financeiro.
Para Dolabela (1999), o empreendedor é todo aquele que define por si
mesmo o que vai ser feito e em que contexto será feito, sendo que para chegar a
essa definição leva em conta seus sonhos, desejos, preferências e o estilo de vida
que quer ter, conseguindo desta maneira ter dedicação intensa ao negócio, já que
confunde seu trabalho com prazer.
Já Dornelas (2005, p. 29) afirma que “a palavra entrepeneur tem origem
francesa e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo novo”. Corroborando
com Dornelas (2005), Degen (2009) também afirma que empreendedor é aquele que
empreende o novo negócio e assume os riscos comerciais, legais e pessoais do
empreendimento.
Sendo assim pode-se definir o empreendedor como o indivíduo que tem a
capacidade e o desejo de pôr em prática as atividades necessárias para satisfazer
suas aspirações e visões, capitalizando-as e assumindo assim os riscos por essa
opção.
Para Degen (2009), existem diversos motivos que levam as pessoas a
almejarem ter seu negócio e assumirem os riscos por um novo empreendimento. O
autor apresenta alguns deles como sendo os mais, comumente, identificados entre
empreendedores por ele entrevistados, são eles:
a) vontade de ganhar muito dinheiro;
b) desejo de sair da rotina do emprego;
40
c) vontade de determinar seu futuro;
d) necessidade de provar aos outros e a si que é capaz;
e) desejo de desenvolver algo que gera reconhecimento e benefícios.
Degen (2009) cita, também, as razões implícitas que fazem com que a
maioria das pessoas não faça, ou não consiga fazer, a opção de empreender: não
ter necessidade de realizar um negócio próprio ou não ser motivado por ganhar
muito dinheiro e não estar disposto a pagar o preço pessoal para iniciar um negócio.
Além dessas razões expostas há diversos fatores que inibem as pessoas a
montarem seus negócios, as quatro mais importantes são:
a) imagem social: pode ser considerada a principal razão para que pessoas com
carreiras de sucesso não pensem em iniciar seus próprios negócios, elas
simplesmente não têm disposição de sujar as mãos em tarefas básicas
imprescindíveis para iniciar um novo empreendimento com chances de êxito.
b) disposição de assumir riscos: nem todas as pessoas têm a capacidade e coragem
de assumir riscos que um empreendedor deve assumir;
c) capital social: toda pessoa carrega em seu inconsciente uma série de valores,
conhecimentos e experiências que são determinados pelo convívio com pais,
professores, amigos, igreja e que inibir o desejo de tornar-se ou não empreendedor;
d) outros interesses: não é a dificuldade ou o risco assumido ao iniciar um novo
negócio que impede a pessoa de empreender, ela simplesmente tem outro interesse
na vida. O autor Degen (2009) destaca, ainda, que as soluções de muitos problemas
do nosso país podem ser desenvolvidas através dos empreendedores que, com sua
capacidade de criar novas fontes de renda, trazem riqueza para a nação à medida
que aumentam sua capacidade de produzir bens e serviços essenciais para o bemestar da população.
Portanto, podemos perceber que um empreendedor que possui visão, capital
e iniciativa podem beneficiar, não apenas ele mesmo, como também o ambiente no
qual sua organização e seus produtos estão inseridos. Identifica, assim, sua
importância na sociedade.
3.3.1 TIPOS DE EMPREENDEDORISMO
Segundo Dornelas, que os classifica da seguinte maneira:
41
3.3.1.1 Empreendedor Nato (Mitológico)
Geralmente são os mais conhecidos e aclamados. Suas histórias são
brilhantes e, muitas vezes, começaram do nada e criam grandes impérios.
Começam a trabalhar muito jovens e adquirem habilidade de negociação e de
vendas.
Em países ocidentais, esses empreendedores natos são, em sua maioria,
imigrantes ou seus pais e avós o foram. São visionários, otimistas. Estão à frente do
seu tempo e comprometem-se 100% para realizar seus sonhos. Suas referências e
exemplos a seguir são os valores familiares e religiosos, e eles mesmos acabam por
se tornar uma grande referência. Se você perguntar a um empreendedor nato quem
ele admira será comum lembrar-se da figura paterna/materna ou algum familiar mais
próximo ou, em alguns casos, não haver algum exemplo específico para citar.
Exemplos: Bill Gates, Andrew Carnegie, Sílvio Santos, Irineu Evangelista de Souza
(Barão de Mauá) etc.
3.3.1.2 O Empreendedor que Aprende (Inesperado)
Este tipo de empreendedor tem sido muito comum. É normalmente uma
pessoa que, quando menos esperava, se deparou com uma oportunidade de
negócio e tomou a decisão de mudar o que fazia na vida para se dedicar ao negócio
próprio. É o caso clássico de quando a oportunidade bate à porta. É uma pessoa
que nunca pensou em ser empreendedor, que antes de se tornar um, via a
alternativa de carreira em grandes empresas como a única possível. O momento de
disparo ou de tomada de decisão ocorre quando alguém o convida para fazer parte
de uma sociedade ou ainda quando ele próprio percebe que pode criar um negócio
próprio.
Geralmente demora um pouco para tomar a decisão de mudar de carreira, a
não ser que esteja em situação de perder o emprego ou já tenha sido demitido.
Antes de se tornar empreendedor, acreditava que não gostava de assumir riscos.
Tem de aprender a lidar com as novas situações e se envolver em todas as
atividades de um negócio próprio.
42
3.3.1.3 O Empreendedor Serial (Cria Novos Negócios)
O empreendedor serial é aquele apaixonado não apenas pelas empresas que
cria, mas principalmente pelo ato de empreender. É uma pessoa que não se
contenta em criar um negócio e ficar à frente dele até que se torne uma grande
corporação. Como, geralmente, é uma pessoa dinâmica prefere os desafios e a
adrenalina envolvidos na criação de algo novo a assumir uma postura de executivo
que lidera grandes equipes.
Normalmente está atento a tudo o que ocorre ao seu redor e adora conversar
com as pessoas, participar de eventos, associações, fazer ‘networking’. Para esse
tipo de empreendedor, a expressão “tempo é dinheiro” cai como uma luva.
Geralmente tem uma habilidade incrível de montar equipes, motivar o ‘time’, captar
recursos para o início do negócio e colocar a empresa em funcionamento. Sua
habilidade maior é acreditar nas oportunidades e não descansar enquanto não as vir
implementadas.
Ao concluir um desafio, precisa de outros para se manter motivado. Às vezes
se envolve em vários negócios ao mesmo tempo e não é incomum ter várias
histórias de fracasso. Mas estas servem de estímulo para a superação do próximo
desafio.
3.3.1.4 O Empreendedor Corporativo
O empreendedor corporativo tem ficado mais em evidência nos últimos anos,
devido à necessidade das grandes organizações de se renovarem, inovarem e
criarem novos negócios. São geralmente executivos muito competentes, com
capacidade gerencial e conhecimento de ferramentas administrativas. Trabalham de
olho nos resultados para crescer no mundo corporativo. Assumem riscos e têm o
desafio de lidar com a falta de autonomia já que nunca terão o caminho 100% livre
para agir. Isso faz com que desenvolvam estratégias avançadas de negociação. São
hábeis comunicadores e vendedores de suas ideias. Desenvolvem seu ‘networking’
dentro e fora da organização. Convencem as pessoas a fazerem parte de seu time,
mas sabem reconhecer o empenho da equipe. Sabem se autopromover e são
ambiciosos. Não se contentam em ganhar o que ganham e adoram planos com
metas ousadas e recompensas variáveis. Se saírem da corporação para criar o
43
próprio negócio podem ter problemas no início, já que estão acostumados com as
regalias e o acesso a recursos do mundo corporativo.
O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor
para as pessoas. Envolve-se em causas humanitárias com comprometimento
singular. Tem um desejo imenso de mudar o mundo criando oportunidades para
aqueles que não têm acesso a elas. Suas características são similares às dos
demais empreendedores, mas a diferença é que se realizam vendo seus projetos
trazerem resultados para os outros e não para si próprios. Os empreendedores
sociais são um fenômeno mundial e, principalmente em países em desenvolvimento,
como o Brasil, têm um papel social extremamente importante, já que através de
suas ações e das organizações que criam preenchem lacunas deixadas pelo poder
público. De todos os tipos de empreendedores é o único que não busca desenvolver
um patrimônio financeiro, ou seja, não tem como um de seus objetivos ganhar
dinheiro. Prefere compartilhar seus recursos e contribuir para o desenvolvimento das
pessoas.
O empreendedor por necessidade cria o próprio negócio porque não tem
alternativa. Geralmente não tem acesso ao mercado de trabalho ou foi demitido. Não
resta outra opção a não ser trabalhar por conta própria. Geralmente se envolve em
negócios
informais,
desenvolvendo
tarefas
simples,
prestando
serviços
e
conseguindo como resultado pouco retorno financeiro. É um grande problema social
para os países em desenvolvimento, pois apesar de ter iniciativa, trabalhar
arduamente e buscar de todas as formas a sua subsistência e a dos seus familiares,
não contribui para o desenvolvimento econômico. Na verdade, os empreendedores
por necessidade são vítimas do modelo capitalista atual, pois não têm acesso a
recursos, à educação e às mínimas condições para empreender de maneira
estruturada. Suas iniciativas empreendedoras são simples, pouco inovadoras,
geralmente não contribuem com impostos e outras taxas, e acabam por inflar as
estatísticas empreendedoras de países em desenvolvimento, como o Brasil. Sua
existência, em grande quantidade, é um problema social que, no caso brasileiro,
ainda está longe de ser resolvido.
44
3.3.1.5 O Empreendedor Herdeiro (Sucessão Familiar)
O empreendedor herdeiro recebe logo cedo a missão de levar à frente o
legado de sua família. Empresas familiares fazem parte da estrutura empresarial de
todos os países, e muitos impérios foram construídos nos últimos anos por famílias
empreendedoras, que mostraram habilidade de passar o bastão a cada nova
geração. Mais recentemente, porém, tem ocorrido a chamada profissionalização da
gestão de empresas familiares, através da contratação de executivos de mercado
para a administração da empresa e da criação de uma estrutura de governança
corporativa, com os herdeiros opinando no conselho de administração e não
necessariamente assumindo cargos executivos na empresa.
O desafio do empreendedor herdeiro é multiplicar o patrimônio recebido. Isso
tem sido cada vez mais difícil. O empreendedor herdeiro aprende a arte de
empreender com exemplos da família, e, geralmente, segue seus passos. Muitos
começam bem cedo a entender como o negócio funciona e a assumir
responsabilidades na organização, e acabam por assumir cargos de direção ainda
jovens. Alguns têm senso de independência e desejo de inovar, de mudar as regras
do jogo. Outros são conservadores e preferem não mexer no que tem dado certo.
Esses extremos, na verdade, mostram que existem variações no perfil do
empreendedor herdeiro. Mais recentemente, os próprios herdeiros e suas famílias,
preocupados com o futuro de seus negócios, têm optado por buscar mais apoio
externo, através de cursos de especialização, MBA, programas especiais voltados
para empresas familiares, com o objetivo de não tomar decisões apenas com base
na experiência e na história de sucesso das gerações anteriores.
3.3.1.6 O “Normal” (Planejado)
Toda teoria sobre o empreendedor de sucesso sempre apresenta o
planejamento como uma das mais importantes atividades desenvolvidas pelos
empreendedores. E isso tem sido comprovado nos últimos anos haja vista que o
planejamento aumenta a probabilidade de um negócio ser bem-sucedido e, em
consequência, levam mais empreendedores a usarem essa técnica para garantir
melhores resultados. O empreendedor que “faz a lição de casa”, que busca
minimizar riscos, que se preocupa com os próximos passos do negócio, que tem
uma visão de futuro clara e que trabalha em função de metas é o empreendedor
45
aqui definido como o “normal” ou planejado. “Normal” do ponto de vista do que se
espera de um empreendedor, mas não, necessariamente, do que se encontra nas
estatísticas gerais sobre a criação de negócios (a maioria dos empreendedores
ainda não se encaixa na categoria “normal”). Então, o empreendedor normal seria o
mais completo do ponto de vista da definição de empreendedor e o que a teria como
referência a ser seguida, mas que na prática ainda não representa uma quantidade
considerável
de
empreendedores.
No
entanto,
ao
se
analisar
apenas
empreendedores bem-sucedidos, o planejamento aparece como uma atividade bem
comum nesse universo específico, apesar de muitos dos bem-sucedidos também
não se encaixarem nessa categoria.
Podemos perceber que existem diversos tipos de empreendedores e que não
podemos rotulá-los, pois, cada empreendedor possui um perfil, uma forma de
atuação diferenciada, por isso não tem como criar um padrão de empreendedor,
pois o empreendedor pode ser qualquer um.
3.4 MICROEMPREENDEDOR
A palavra crédito é originária do latim creditum, e dentre os seus significados
está a “segurança de que alguma coisa é verdadeira; confiança; boa reputação; em
sentido econômico; a cessão de mercadoria, serviço ou importância em dinheiro,
para pagamento futuro ou a facilidade de obter empréstimos” (Dicionário on line
Priberam, 2013).
Assim como o termo micro, que advém do grego mikrós, e significa algo,
“pequeno ou curto” (Dicionário on line Priberam, 2013). Deste modo poderíamos
definir o microcrédito como a concessão de pequenos empréstimos.
[...] a concessão de empréstimos de baixo valor a pequenos
empreendedores informais e microempresas sem acesso formal ao sistema
financeiro tradicional, principalmente por não terem como oferecer garantias
reais. É um crédito destinado à produção (capital de giro e investimento) e é
concedido com o uso de metodologia específica. (BARONE ET AL, 2002, p.
11).
Entretanto microcrédito é algo muito mais abrangente do que apenas
conceder empréstimos de pequenos valores, pois existem várias peculiaridades
envolvidas, que vão desde o público-alvo a ser atingido, o modo como será
46
concedido o crédito, e até os objetivos econômicos e sociais que se pretende
alcançar através desta linha de crédito.
O microcrédito é um dos serviços da área do microfinanças. Deste modo se
faz necessário abordar o conceito de microfinanças antes de se aprofundar no
conceito de microcrédito, pois é comum haver certa confusão entre o conceito de
microcrédito e o conceito de microfinanças (BARONE, et al, 2002).
“O conceito de microfinanças é entendido pela maioria dos autores como
todos os serviços financeiros destinados à população de baixa renda, voltados a
pequenas atividades produtivas ou não” (FOLSTER, 2010, p. 22).
Ou seja, microfinanças, é um conceito com maior abrangência, sendo o
microcrédito e o microcrédito produtivo orientado, apenas um dos serviços do
microfinanças.
Microfinanças é um campo novo e em acelerado desenvolvimento, no qual
se combinam mecanismos de mercado, apoio estratégico do Estado e
iniciativas comunitárias com o objetivo de estruturar serviços financeiros
sustentáveis para a clientela de baixa renda, sejam indivíduos, famílias ou
empresas (formais e informais) (PARENTE, 2005 apud ALVES, 2009, p.
24).
Todavia o conceito de microcrédito, muitas vezes é confundido com o
conceito de microfinanças. “Isso ocorre quando o único serviço de microfinanças
disponível é o crédito e, como visto hoje, o microcrédito, como o principal produto
dentro da microfinanças” (BARONE et al, 2002, p. 12). Devido a este motivo é
comum microcrédito e microfinanças serem tratados como sinônimos, apesar de não
serem sinônimos de fato.
3.4.1 Histórico de Microcrédito
Em sua fase inicial, microfinanças era algo praticado exclusivamente por
Organizações Não-Governamentais (ONGs) especializadas e de alguns bancos,
dentre os quais o que alcançou maior destaque foi o Grameen Bank (Bangladesh),
idealizado pelo professor Muhammad Yunus, que através de seu programa de
microcrédito produtivo orientado, lhe rendeu o Prêmio Nobel da Paz no ano de 2006.
Essas instituições começaram a surgir na década de 1970, desafiaram a
visão tradicionalista na concessão do crédito e abriram um novo precedente em um
ambiente que, até então, ficava à margem dos serviços financeiros. A partir deste
47
momento o microcrédito passou a ser mais conhecido como uma modalidade de
crédito diferenciada.
É preciso construir e criar instituições para ajudar os empreendedores, pois
são eles que fazem as coisas acontecerem. Todo ser humano é um
empreendedor em potencial e como todos podem ser empreendedores,
precisam de instituições financeiras diferentes das tradicionais. Dessa forma
o crédito deve ser visto como um dos itens dos direitos humanos, porque
tudo o que precisa ser feito necessita de dinheiro (YUNUS, 1997, apud
OLIVEIRA, 2007, p. 31).
Ao focar na base da pirâmide social e empresarial, o acesso ao crédito pode
ser utilizado como ferramenta de inclusão social. Os produtos criados pelo setor de
microfinanças não são apenas cópias dos oferecidos pelo sistema financeiro
tradicional (bancos comerciais e financeiros); fazem parte de uma filosofia onde o
crédito é visto como um direito, pois o acesso a ele leva ao desenvolvimento do
indivíduo e de sua unidade produtiva (ZOUAIN; BARONE, 2004).
O crédito produtivo ao incentivar um aumento no investimento e na
propensão marginal a consumir, o nível de emprego na economia tende a
ser mais elevado, conforme afirma a teoria keynesiana. Com esse incentivo
ao surgimento e a continuidade das microempresas, o microcrédito
possibilita uma maior demanda por mão-de-obra, tendo em vista, que esses
pequenos empreendimentos se utilizam mais de capital humano do que
tecnologia. Em consequência, o índice de desemprego se retrai,
principalmente entre os mais pobres com menor escolaridade. Os
incrementos na renda familiar, oriundo dos novos postos de trabalho,
beneficiam famílias retirando muitas pessoas da linha da pobreza e
elevando sua renda até um valor social compatível com a necessidade
familiar (FILHO; LUZ, 2013, p. 08).
No sistema Capitalista, é possível distinguir dois extremos nas organizações,
de um lado estão empresas que buscam maximizar seus lucros, visando os
interesses dos acionistas. De outro lado estão as empresas sem fins lucrativos, que
por sua vez tem objetivo social (YUNUS; MOINGEON; ORTEGA, 2010).
A figura 2 demonstra a influência de ambos os modelos sobre o negócio
social.
48
Figura 2: Negócios sociais: Empresas que visam lucro vs organizações sem
fins lucrativos
Fonte: Yunus; Moingeon; Ortega, 2010.
O negócio social visa maximizar o lucro, ao mesmo tempo em que gera
impacto social. Segundo Yunus; Moingeon; Ortega (2010), no modelo de negócios
sociais o lucro excedente volta para o próprio negócio, na forma de: preços mais
atraentes e competitivos, melhores produtos e serviços, entre outras medidas que
ajudam todos os envolvidos na organização. Ao contrário dos negócios que visam
lucro, onde o excedente enriquece apenas alguns poucos.
Foi com esta filosofia que foi criado o Grameen Bank, adotando uma
metodologia centrada em empréstimos pequenos sem garantias, taxas de juros
próximas às que são praticadas no mercado, negócios de curtíssimo prazo e uso do
agente de crédito para ir ao cliente, demonstrou-se que a maioria dos pobres,
geralmente excluídos do financiamento formal, pode, de fato, representar um nicho
de mercado rentável para serviços bancários, com benefícios para a sociedade.
3.4.2 Público-Alvo
Devido à intensa precarização das relações de trabalho no mundo capitalista
ocasionada pelo processo de globalização, crescem as estatísticas do desemprego
e agravam-se as desigualdades socioeconômicas nos países em desenvolvimento
assim como o Brasil. Diante dessa realidade, o trabalho informal vem se expandindo
na economia, como alternativa de superação do desemprego e de prover as
necessidades essenciais de consumo da família (FILHO; LUZ, 2013).
49
A informalidade, de acordo com Sgreccia (2006), é constituída por pessoas
que trabalham por conta própria, não possuindo registros de seus empreendimentos,
que normalmente são pequenos e com poucos funcionários. Esses pequenos
negócios informais e as empresas de pequeno porte propiciam a geração de
emprego e renda na economia, pelo fato de absorver capital humano em maior
quantidade do que nas grandes empresas que demandam mais tecnologias e
menos trabalhadores.
Se pararmos de pensar nos pobres como vítimas ou como um fardo e
começarmos a reconhecê-los como empreendedores incansáveis e criativos
e consumidores conscientes de valor, um mundo totalmente novo de
oportunidades se abrirá (PRAHALAD, 2010, p. 47).
O empreendedorismo pode ser considerado uma das formas de inclusão
social, pois são necessários novos negócios para suprir a necessidade de novos
postos de trabalho, principalmente, para os desempregados das camadas menos
favorecidas da sociedade, que possuem baixo grau de escolaridade mínima,
impossibilitando-os de trabalhar em grandes companhias, sendo estes o principal
público-alvo do microcrédito produtivo orientado, trabalhadores informais que
desenvolvem alguma atividade produtiva.
Conforme Sgreccia (2006), o microcrédito pode contribuir para a inclusão
social, pois faz com que todas as classes sociais tenham acesso ao crédito e
alguma chance de se inserir no mercado de trabalho, seja como autônomo ou como
assalariado.
O microcrédito produtivo orientado permite aos agentes produtivos de baixa
renda o acesso ao crédito, garantindo a sustentabilidade do negócio e afetando as
condições de vida dos familiares beneficiários dessa atividade creditícia. “O
microcrédito representa uma forma de democratizar o acesso ao dinheiro, livrando
os microempreendedores dos agiotas (CALDAS, 2005 apud FILHO; LUZ, 2013, p.
06)”.
Muitas vezes sem ter acesso ao crédito para manter ou expandir seus
negócios o empreendedor recorre aos agiotas que praticam taxas de juros muito
acima das taxas do mercado, o que inviabiliza seus negócios.
Segundo Costantin (2002), o programa de microcrédito é um instrumento de
transformação social importante nos países em desenvolvimento com uma grande
desigualdade de distribuição de renda, como é o caso do Brasil. Este programa
50
aliado com outras políticas públicas é uma das alternativas para a minimização da
pobreza, através da geração de emprego e renda na sociedade.
3.4.3 A Metodologia do Microcrédito
Mesmo apresentando diferenças no que diz respeito à constituição jurídica e
aos modelos de negócio envolvidos, o que identifica a diversidade de ofertantes
desta linha específica é a adoção de metodologias de concessão de crédito e
mitigação de riscos baseadas no conceito de microcrédito produtivo orientado.
Essas metodologias envolvem, costumeiramente, a substituição das garantias reais
por colaterais sociais para controlar a inadimplência, como é o caso do aval solidário
ou o aval de vizinhança; bem como uma forma específica de entrega do crédito,
envolvendo a utilização da figura do agente de crédito como intermediador entre a
instituição e o solicitante do crédito, em vista da necessidade deste orientar e
assessorar o tomador quanto à sua própria necessidade de crédito produtivo e
quanto ao uso dos recursos emprestados (DINIZ, 2010).
A principal característica deste modelo é o relacionamento sistemático e
frequente entre a instituição de microcrédito e o tomador, por meio do agente de
crédito, cuja função é dar apoio à gestão do negócio e capacitação do cliente.
Fazendo do microcrédito um tipo de negócio com características bastante
específicas, dentro do mercado de crédito, pois visa reduzir o risco adotando
metodologias que substituem garantias patrimoniais, registros contábeis e projetos
formais por sistemas baseados na confiança pessoal e grupal, no conhecimento
informal sobre o cliente e seu negócio, e nas relações pessoais entre agentes e
clientes, a partir de informações sobre o cliente e seu negócio coletadas e
acompanhadas in loco pelos agentes de crédito (PARENTE, 2003).
3.5 O AGENTE DE CRÉDITO
A utilização do agente de crédito começou a se difundir a partir do sucesso
obtido pelo Grameen Bank (GREVE, 2002, MONZONI NETO, 2006). Este modelo
serviu de base para o Brasil na criação e definição do modelo de microcrédito
produtivo orientado brasileiro (MPO).
51
De acordo com Monzoni Neto (2006), modelo é caracterizado pelo
relacionamento capacitado, efetivo, frequente entre a instituição de microcrédito e o
empreendedor, por meio da figura do agente de crédito.
A regulamentação do MPO define a metodologia, como sendo baseada no
relacionamento direto com os empreendedores no local onde é exercida a atividade
econômica. A legislação prevê que o atendimento ao empreendedor deve ser feito
por pessoas treinadas para realizar o levantamento socioeconômico e prestar
orientação educativa sobre o planejamento do negócio, para definição das
necessidades de crédito e de gestão voltadas para o desenvolvimento do
empreendimento, prevê também que o contato com o empreendedor deve ser
mantido durante o período do contrato de crédito, buscando seu melhor
aproveitamento e aplicação, bem como o crescimento e sustentabilidade da
atividade econômica. Como se vê, a legislação, praticamente, determina a existência
do agente de crédito para aqueles que desejam ofertar o MPO (DINIZ, 2010).
Greve (2002) afirma que é na atuação do agente de crédito que consta o
diferencial em relação ao processo tradicional de concessão de crédito, pois o
agente de crédito desenvolve um papel duplo, atuando, tanto a favor da IMF quanto
do microempreendedor. Para a IMF ele faz a promoção de produtos, captação,
seleção e monitoramento da carteira de clientes, além de produzir pareceres,
autorizar a renovação de crédito e ser responsável pela recuperação dos créditos
dos inadimplentes (TONETO JR; GREMAUD, 2002, KWITKO 2003).
Já para o microempreendedor ele dá apoio à gestão do negócio
acompanhando e atuando como consultor e educador (MACHADO, 2002, GREVE,
2002). Uma das atividades mais importantes do agente de crédito é possibilitar a
criação de uma rede de apoio entre os clientes, ou formação dos grupos solidários,
visando suprir as deficiências de registros contábeis e a falta de garantias formais,
comumente utilizados nos processos tradicionais de crédito, substituindo-as pela
utilização de relações de confiança e solidariedade entre clientes (DINIZ, 2010).
Segundo Parente (2003) os agentes de crédito coletam as informações em
processos informais que ajudam a manter os grupos solidários, formando uma
estrutura de capital social, que substitui ativos patrimoniais, em geral não existentes
em comunidades carentes. Sendo assim, quanto melhor a capacidade de uma IMF
avaliar o capital social, maior será a possibilidade de obter resultados positivos no
52
microcrédito, pois essa capacidade depende diretamente da proximidade com a
comunidade (PAIM, 2002).
Portanto, o desempenho eficiente do agente de crédito dependerá,
fortemente, de sua inserção na comunidade do microempreendedor. Por meio de
sua
atuação
na
comunidade
será
possível
levantar
dados
sobre
o
microempreendedor e o potencial da sua atividade de negócio. O microcrédito se
apoia nas relações pessoais entre o agente e a comunidade, o que diminui os custos
de seleção e monitoramento, procedimentos típicos dos mecanismos informais de
financiamento (TONETO JR; GREMAUD, 2002).
Apesar de o aprofundamento dos vínculos entre o agente e a comunidade ser
extremamente importante, por outro lado há o risco constante de clientelismo, ou
seja, o direcionamento dos empréstimos baseados mais em relações pessoais do
que na oportunidade do negócio em si, principalmente quando o agente é também
membro da comunidade (TONETO JR; GREMAUD, 2002).
Ainda de acordo com os autores, devido a toda essa responsabilidade, além
de ser necessário que o agente tenha uma boa qualificação, o mesmo também deve
contar com uma estrutura de incentivos adequada, vinculada tanto ao nível de
operações como à qualidade destas.
Porém, segundo Gibbons; Meehan, (2001) apud Diniz (2010) isso faz com
que o custo operacional do agente de crédito se torne crítico, podendo chegar até a
70% do total de despesas administrativas de uma IMF. A situação se agrava se
forem levadas em consideração a concorrência direta de financeiras e factorings,
que focam no crédito ao consumidor, mas não utilizam o agente de crédito, nos
mesmos moldes do microcrédito (GREVE, 2002).
Deste modo, Toneto Jr e Gremaud, (2002) afirmam que a questão da
avaliação do desempenho do agente de crédito é extremamente importante para o
negócio do microcrédito, em geral, as medidas mais aceitas para avaliar o
desempenho e a produtividade do agente de crédito são o número médio de
tomadores ativos por agente e o valor médio da carteira de empréstimos por agente
(GIBBONS; MEEHAN, 2001 apud DINIZ, 2010). Entretanto as comparações
referentes a este, segundo índices, são difíceis porque variam de acordo com a
metodologia de empréstimos, o nível de pobreza dos tomadores e as condições
locais.
53
Fontes; Diogo; Marchesini (2003), ao compararem o desempenho dos
agentes de crédito para diversos tipos de instituições que atuam em microcrédito,
instituições governamentais, ONG’s, OSCIP’s e SCM’s concluíram que o valor médio
emprestado por mês não é um indicador adequado para, isoladamente, analisar o
desempenho dos agentes de crédito, pois o resultado pode estar condicionado ao
montante dos recursos disponíveis. Sendo assim, a média da quantidade de
contratos de créditos concedidos por agente seria, então, um indicador mais
adequado.
Em relação ao índice de créditos por agente, para Gibbons e Meehan (2001)
os valores ideais de uma IMF variam entre 300 e 500 clientes por agente
(independente da metodologia de empréstimos).
Nichter et al. (2002), ao debaterem um estudo que compara a produtividade
de agentes de crédito brasileiros com outros países da América Latina, afirmam que
a produtividade dos agentes de crédito é consideravelmente menor entre as IMF’s
brasileiras, com exceção das IMF’s da Região Nordeste que apresentaram melhor
desempenho em relação a esse indicador, devido em parte à metodologia de grupo
de solidariedade.
O fato é que as IMF’s no Brasil têm utilizado os agentes de crédito
praticamente como o único canal de distribuição, além de que é o contexto brasileiro
apresenta algumas desvantagens com relação a essa prática.
Para os autores o custo relativamente alto dos agentes de crédito no Brasil
está associado com a utilização frequente de agentes de crédito com formação
universitária, o que não acontece internacionalmente. Ainda, segundo os autores, o
crédito no Brasil não é costumeiramente oferecido de porta em porta, o que gera
desconfiança nos clientes.
3.5.1 O Microcrédito Nas Instituições
Por se tratar de um tipo de negócio com características específicas, o
microcrédito tem se expandido através do trabalho extensivo de empresas e
instituições especializadas. No Brasil, aliado ao fato de a regulamentação do
microcrédito ainda ser recente as IMF’s também carecem do que Nichter et al.
(2002) denominam de “efeito demonstração”. Instituições de sucesso na área
exerceriam um “efeito demonstração” para o mercado ao apresentarem estratégias
54
comprovadas, modelos operacionais e práticas de negócio que podem ser
aprendidos e adotados por outros interessados em iniciar as suas atividades no
setor.
Segundo os autores, muitas IMF’s no Brasil não seguem padrões contábeis
tradicionais, o que prejudica o cálculo de indicadores de desempenho e a publicação
de resultados financeiros e inviabilizam esse efeito.
Segundo Diniz (2010) o mercado microfinanceiro que era restrito aos atores
tradicionais (ONG’s, OSCIP’s, SCM’s e Cooperativas de Crédito), recentemente
passou a ter participação de novos atores, que são os bancos comerciais que
passaram a investir em produtos e serviços específicos para clientes de baixa renda
oferecendo, em diversos casos, a oferta de microcrédito. Se até pouco tempo as
ONGs dominavam o universo de microfinanças, as instituições financeiras
tradicionais, e particularmente os bancos comerciais, tendem a crescer a sua fatia
de participação nos próximos anos. Rhyne e Otero (2006) apud Diniz (2010)
apontam três tipos distintos de bancos atuando seriamente com microfinanças:

Os que se especializaram neste mercado, muitas vezes induzidos pelas suas
políticas de responsabilidade social;

Os que enxergam a microfinanças como mais uma entre as suas várias linhas de
negócio;

Os bancos estatais, para os quais microfinanças são objetos de realização de
políticas públicas.
Tendo em vista as vantagens de escala, o acesso abundante a fundos, a
extensão de sua presença através de agências e outros postos de atendimento, e o
domínio de uma complexa rede através de base tecnológica sofisticada, os bancos
tradicionais tem potencial para alavancar e modificar significativamente o mercado
financeiro voltado para a população de baixa renda.
Seja por meio da criação de subsidiárias especializadas, ou por meio de
ativos incorporados em outras carteiras, atuando sozinhos ou em parceria com
instituições micro financeiras (IMF’s), ou até mesmo adquirindo IMF’s que já
alcançaram sucesso, o cenário de microfinanças tende a contar com a participação
cada vez maior de bancos comercias, sejam eles de médio ou grande porte, atuando
nacionalmente ou internacionalmente (DINIZ, 2010).
55
Uma das razões para o crescimento da participação dos bancos comerciais
no mercado de microfinanças, embora não determinante, foi a Resolução 3109 do
CMN, de 24 de julho de 2003, depois transformada em Lei 10.735, de 11 de
setembro de 2003, obrigando os bancos a destinarem 2% dos seus depósitos à vista
a operações de microcrédito, caso contrário tais recursos teriam de permanecer
depositados sem remuneração (DINIZ, 2010).
3.5.2 Problemas de Focalização, Alcance e Eficiência
Conforme relatam Toneto Jr e Gremaud (2002), dependendo de como for a
atuação dos bancos comerciais, a política do microcrédito pode apresentar uma
série de problemas de focalização, alcance e eficiência. Pelo fato dessa política
muitas vezes não atingir o público-alvo, favorecendo camadas de renda mais
elevadas que por sua vez já estão inseridas no mercado, essas dificuldades
encontradas no programa referem-se o dilema sustentabilidade versus a focalização.
A necessidade de cobrir os custos operacionais e obter lucro, ou seja, a
necessidade da sustentabilidade pode fazer com que as instituições se afastem dos
mais pobres, do foco principal. Por este motivo existe a necessidade de se
programar políticas públicas que auxiliem o microcrédito a atingir o público ao qual
se foi destinado, evitando o enfoque nos microempreendedores firmados no
mercado e que estão fora da linha da pobreza, priorizando o atendimento àqueles
que se encontram à margem do sistema creditício (FILHO; LUZ, 2013).
De modo geral, os programas de microcrédito apresentam taxas de juros
nominais mais baixas que as dos agiotas, porém devido a inúmeros requisitos
pedem juros reais mais elevados. Assim, acabam afastando muitos pobres desse
segmento, tendo em vista que o prazo de pagamento se torna menor e com isso as
parcelas se elevam. É necessário que o governo utilize medidas de incentivo, como
por exemplo, oferecer descontos nas parcelas para quem cumprir com as
obrigações em dia, dentre outros. Só assim o microcrédito pode realmente minimizar
o problema de alcance e se tornar mais eficiente no cumprimento de seu objetivo
(FILHO; LUZ, 2013).
Este programa de crédito popular produtivo será mais eficiente se o foco
desses empréstimos realmente conseguir abranger os mais pobres, para que todas
as vantagens venham a acontecer na sociedade. Também são necessárias políticas
56
que auxiliem as instituições a se tornarem sustentáveis com capital suficiente para
ampliar os clientes ativos, para que maiores parcelas das pessoas de baixa renda
sejam atendidas e beneficiadas (FILHO; LUZ, 2013).
A evolução do debate acerca do público-alvo do microcrédito levou ao
surgimento de duas correntes, definidas por Gulli (1998) apud Lima (2009) como
poverty lending e financial system. A primeira abordagem é a favor da provisão de
serviços financeiros como um meio para o combate à pobreza e ao ‘empowerment’
da população de baixa renda. Deste modo, considera-se legítimo que as IMF’s
recebam doações e subsídios para se sustentarem. Além disso, acredita-se que o
microcrédito deve ser função dos governos, das ONGs e dos doadores, pelo temor
de que o setor privado ignore os clientes mais pobres. Para atingir esses objetivos,
as IMF’s, muitas vezes, devem oferecer serviços complementares (não financeiros)
(LIMA, 2009).
Já a segunda abordagem acredita que as IMF’s devem ter como foco a
provisão sustentável de serviços financeiros à população excluída do sistema
bancário tradicional. O público-alvo não deve ser necessariamente, a população de
baixa ou baixíssima renda, já que para conseguir sustentabilidade é necessário à
aplicação de taxas de juros um pouco mais altas e de custos operacionais mais
baixos, o que, de modo geral, inviabiliza um esforço de mobilização da instituição
para focalização na clientela mais pobre. Os defensores dessa abordagem
acreditam que o microcrédito deveria ser alvo do setor privado com uma visão
comercial, já que apenas esse setor possui os recursos necessários para alavancar
o crescimento das IMFs e de sua base de clientes (LIMA, 2009).
Porém, os críticos desse modelo argumentam que há um risco de desvio de
missão no processo de transformação de ONGs em instituições financeiras, já que
as IMF’s com fins lucrativos não têm as mesmas motivações que as ONGs no que
se refere ao combate à pobreza, à redução do desemprego ou à promoção do
desenvolvimento. Argumenta-se, também, que a busca por sustentabilidade ou
lucratividade pode impedir que o foco seja realmente a clientela de mais baixa renda
(LIMA, 2009).
57
3.5.3 O Trade-Off Entre Focalização e Sustentabilidade
Segundo IBAM (2001), a sustentabilidade financeira fundamenta-se em dois
níveis: a capacidade de alavancar recursos para o fundo e sua política de crédito,
que é capaz de tornar a instituição autônoma e atingir rapidamente seu ponto de
equilíbrio, e no que se refere à política de crédito, a sustentabilidade depende da
cobrança de juros que cubram os custos totais de execução do programa e de um
sistema eficiente de recuperação dos empréstimos, de modo a manter baixas as
taxas de inadimplência (PASSOS ET AL. 2002).
A ideia do trade-off entre sustentabilidade e focalização tem origem na
percepção de que a população mais pobre não apresenta condições de pagar taxas
de juros mais elevadas, necessárias para cobrir os custos das IMFs. De acordo com
essa percepção, as instituições sustentáveis não poderiam focar nos clientes mais
pobres, sob risco de sacrificar sua saúde financeira, enquanto aquelas que recebem
doações poderiam cobrar taxas de juros subsidiadas e atender exclusivamente à
população mais pobre (LIMA, 2009).
Para Ledgerwood (1999) apud Lima (2009), é possível servir aos mais pobres
de forma sustentável, porém o tempo para que a instituição se torne sustentável
financeiramente será menor quando os seus clientes forem ativos economicamente,
ou seja, quando eles não estiverem entre os mais pobres. Todavia se a instituição
escolher atender o núcleo duro da pobreza, os doadores devem estar
comprometidos a apoiá-la por um período mais longo.
Por outro lado, há autores como Harper (2001) apud Lima (2009) que não
acreditam na existência desse trade-off, pois acreditam que os mais pobres são
perfeitamente capazes de pagar as taxas de juros mais altas e ter empreendimentos
bem-sucedidos,
A tese central de Harper é que o retorno dos investimentos nos pequenos
negócios costuma ser mais alto do que nos maiores, pois estes apresentam
produtividade marginal decrescente do capital, o que reforça a ideia de que as
microfinanças estão voltadas para os micronegócios, cujos donos são pessoas com
micro rendimentos (HARPER, 2001 apud LIMA, 2009), já que apenas esses
negócios apresentam retorno suficientemente alto para o pagamento das taxas de
juros necessárias para cobrir os custos das IMF’s.
Teoria também defendida por Parente que explicita:
58
para o público-alvo do microfinanças, o acesso oportuno e ágil ao crédito é
mais importante do que o custo desse dinheiro, isto é, as taxas de juros
cobradas pelos empréstimos. A razão para isso é que a produtividade
marginal do capital é extremamente alta nos microempreendimentos
(PARENTE, 2002, p. 35).
Os
pequenos
negócios,
normalmente,
possuem
elevadas
taxas
de
rentabilidade e giro rápido, resultando em um investimento de alto retorno, capaz de
ser alavancado financeiramente, mesmo com o alto custo de capital de terceiros
(SOUZA, 2006).
A teoria econômica, através da lei dos rendimentos decrescentes explana, de
modo mais genérico, o motivo de os pequenos negócios serem capazes de pagar
taxas de juros que, muitas vezes, grandes negócios teriam dificuldades.
Empreendedores de baixa renda, especialmente os comerciantes, podem gerar
grandes benefícios com unidades adicionais de capital, diferentemente dos negócios
altamente capitalizados, porque seu investimento inicial é muito pequeno (SOUZA,
2006).
Ainda de acordo com Souza (2006) a metodologia do microcrédito possibilita
a redução dos custos de transação e de oportunidade do tomador de crédito,
reduzindo ao máximo a burocracia e fazendo com que o agente de crédito vá até ao
cliente
evitando
seu
deslocamento
e consequente ausência
do trabalho,
proporcionando uma compensação entre o custo financeiro e os custos de transação
e oportunidade.
Em estudos realizados por Rhyne, Vogel e Christen, com ano base na análise
de onze instituições de microfinanças, verificou-se que entre as IMFs com boa
performance, não havia nenhuma correlação entre o nível de pobreza dos clientes e
a viabilidade financeira da instituição. Para Rhyne (1998) apud Lima (2009), essas
instituições desenvolveram métodos tão padronizados e eficientes de atendimento à
clientela, que permitiu até mesmo os clientes mais pobres se tornaram capazes de
cobrir os seus custos. A questão estaria, portanto, na capacidade das instituições de
oferecer eficientemente os serviços, de forma a reduzir seus custos e,
consequentemente, suas taxas de juros (LIMA, 2009).
Ainda de acordo com Rhyne (1998) apud Lima (2009), a sustentabilidade e o
atendimento aos mais pobres são variáveis que se complementam, pois apenas as
IMFs que forem sustentáveis financeiramente conseguirão ter acesso ao funding de
59
que elas necessitam para aumentar o tamanho da clientela e consequentemente
atingir os mais pobres.
Harper (2001) apud Lima (2009) define que uma das “regras de ouro” da
microfinanças é que o acesso ao crédito é mais importante do que o seu custo para
os pequenos tomadores de empréstimos. Muitas vezes, para proporcionar melhores
condições de acesso, as IMFs, além do bom gerenciamento e da inovação,
precisam cobrar taxas de juros mais altas. Entretanto, isso não significa que a
população de renda mais baixa deva ser excluída dos programas.
No Brasil, por exemplo, a experiência de limitar a taxa de juros praticada no
microcrédito, operado com recursos do governo federal, a 2% ao mês para o
tomador final, mostrou-se inviável, fazendo o governo flexibilizar essa posição, e
permitindo aplicação de taxas, na ponta final, de até 4% ao mês (ALVES; LOPES;
MELO, 2009).
Segundo Camargo et al. (2004) as taxas de juros cobradas em operações de
microcrédito variam em torno de 3% a 5% ao mês, pois, em 90,91% das
organizações as taxas encontram-se dentro deste intervalo. A taxa média
encontrada, de 4% ao mês, está abaixo das opções que, normalmente, o
microempreendedor encontra no mercado (principalmente o informal), como crédito
pessoal e agiota.
Assim sendo, praticar uma taxa de juros adequada, que garanta essa
sustentabilidade, favorece a manutenção da equidade na oferta de capital. Do
contrário, praticar taxas que não permitam a auto sustentação da instituição
operadora, inevitavelmente, levará esta ao encerramento prematuro de suas
atividades, reduzindo, dessa forma, a oferta de capital àqueles que não têm acesso
às instituições financeiras convencionais (ALVES; LOPES; MELO, 2009).
É importante ressaltar que o objetivo dos programas de microcrédito é permitir
o acesso ao crédito àqueles que não são assistidos pelo sistema financeiro
tradicional. Sendo que este público, em sua maioria, já utiliza mercados informais de
crédito nos quais empreendedores de baixa renda tomam e pagam recorrentemente
empréstimos informais, a taxas de juros muito mais elevadas que qualquer
instituição de microcrédito formal cobraria. (ALVES; LOPES; MELO, 2009).
60
3.5.4 O Microcrédito no Brasil
A lei 10.735, de 11 de setembro de 2003, estabelece a aplicação de recursos
correspondentes a 2% dos depósitos à vista captados pelos bancos comerciais
exclusivamente em operações de microcrédito (PIMENTEL; KERSTENETZKY,
2008). Segundo os autores, esta lei prevê que se tais recursos não forem utilizados
pelos bancos, estes deverão devolvê-los ao Banco Central. Os potenciais
beneficiários podem ser pessoas físicas e empreendedores de baixa renda.
Os gestores de políticas públicas que desejam minimizar as estatísticas do
desemprego devem encontrar soluções consistentes para liberar e
fortalecer o potencial empreendedor do maior número de pessoas com
talento para negócios gerando renda e ampliando as formas de ocupação
na sociedade (KANDIR, 1998 apud FILHO; LUZ, 2011, p. 05).
A iniciativa do governo federal teve como principais objetivos: facilitar e
ampliar o acesso ao crédito entre os microempreendedores formais e informais,
visando à geração de renda e trabalho; facilitar e ampliar o acesso aos serviços
financeiros (conta corrente, poupança, seguros, créditos), e a redução nas taxas de
juros nos financiamentos.
Para Giambiagi (2000), a existência do governo é necessária para guiar,
corrigir e complementar o sistema de mercado que, sozinho, não é capaz de
desempenhar todas as funções econômicas. Portanto, de acordo com tal premissa,
o governo deve promover diversas políticas com o intuito de permitir a inclusão
social e distribuir melhor a renda do país. Dentre elas, o microcrédito vem crescendo
e se destacando por gerar efeitos benéficos à sociedade e a economia.
No entanto, a partir de dados obtidos em 2006 e 2007 junto ao Banco Central
do Brasil, observa-se que os recursos vêm sendo muito pouco utilizados pelas
instituições financeiras. De um total de R$ 2,8 bilhões disponíveis, apenas R$ 70,5
milhões foram de fato aplicados em dezembro de 2007 (cerca de 2,5%).
“Apesar das expectativas otimistas da lei 10.735, os dados apontam para a
baixa utilização dos recursos, que estiveram de um modo geral, significativamente
abaixo de 8% nos anos de 2006 e 2007” (PIMENTEL; KERSTENETZKY, 2008, p.
06). O que deixa evidente a falta de interesse por parte das instituições financeira na
utilização destes recursos.
Pereira (2007) afirma que, o microcrédito é um segmento de crédito que
possui uma responsabilidade com a camada da população sem acesso ao crédito
61
para investimento em atividades informais e de pequeno porte, inclusive as de
economia solidária. É uma atividade que possui metodologia específica e métodos
de garantia diferenciados daqueles utilizados no sistema de crédito bancário
convencional. O mercado de financeiro não possui informações perfeitas sobre suas
transações e isso pode acarretar riscos para as instituições financeiras.
Os problemas de informação nesse mercado surgem pelo fato de uma das
partes envolvidas no contrato ter mais informações relevantes que a outra.
Essa falta de informação no que se refere ao cumprimento dos contratos
pode ser maléfica para o setor creditício podendo acarretar a ineficiência,
prejudicando a sustentabilidade do programa devido à inadimplência que é
a consequência desse efeito. (VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2000 apud
FILHO; LUZ, 2011, p. 10).
Os bancos comerciais optam por deixar os recursos parados no Banco
Central, pelo fato de não conhecerem o perfil dos clientes potenciais de microcrédito,
o que faz com que considerem os riscos da operação sejam elevados. Essa
incerteza eleva os custos de transação que englobariam despesas incorridas pelos
bancos no intuito de chegar até os clientes, como custos de deslocamento e custos
administrativos (PIMENTEL; KERSTENETZKY, 2008).
De modo geral, as instituições têm pouco ou nenhum conhecimento a respeito
das características dos clientes potenciais já que muitos são pequenos
empreendedores informais fora do sistema financeiro tradicional. As despesas com
captação de informações representam custos que são considerados para que se
possa
garantir
a
sustentabilidade
financeira
das
operações
(PIMENTEL;
KERSTENETZKY, 2008).
Conforme observam Toneto Jr e Gremaud (2002), o fato de haver assimetrias
de informação pode gerar problemas como a seleção adversa e o risco moral. O
primeiro se refere à possibilidade de a instituição de microcrédito selecionar o cliente
de pior qualidade, ou seja, não pagador. Isto ocorre antes da assinatura dos
contratos serem firmados entre a instituição e o tomador do crédito.
Ainda de acordo com os autores, o segundo acontece logo após a realização
do contrato entre as partes e se dá pela impossibilidade de o credor observar as
ações realizadas pelo contratante que podem afetar a capacidade de pagamento do
contrato. Como, por exemplo, o tomador utilizar o crédito em outra ação que não a
estipulada no contrato e com isso aumentar a probabilidade de ocorrer riscos de
inadimplência. (FILHO; LUZ, 2013).
62
Para que esses riscos sejam minimizados, o governo deve promover cursos
de qualificação tanto aos tomadores, para que os recursos sejam alocados de forma
a gerar eficiência no negócio, quanto às instituições ofertantes, para que a análise
de concessão seja realizada de forma a diminuir os problemas de informação e com
isso os índices de inadimplência (FILHO; LUZ, 2013).
Após a criação da lei 11.110, no ano de 2005, que regulamentou o
microcrédito no Brasil, o governo federal vem adotando iniciativas que visam
estimular as operações de microcrédito por bancos comerciais, umas dessas
iniciativas é o PNMPO (Plano Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado) que por
meio do programa CRESCER, passou a desenvolver operações de microcrédito
através de seus bancos estatais, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e
Banco do Nordeste, adotando a metodologia do microcrédito produtivo orientado,
iniciando uma nova etapa no desenvolvimento do microcrédito no Brasil.
3.6 MERCADO BANCÁRIO
Após muitas reformas e reestruturações ocorridas nas últimas décadas,
segundo Romero (2008), o sistema financeiro brasileiro (SFB) ainda hoje mostra
incapacidade para impulsionar o desenvolvimento econômico no país, já que o que
torna o sistema financeiro fundamental para promover o desenvolvimento é a
atividade de intermediação e criação de crédito, o que no ponto de vista do autor é
algo que ainda carece de melhorias. Para melhor compreender os impactos das
mudanças ocorridas na dinâmica atual do SFB, é preciso, porém, entender, o
contexto em que elas foram introduzidas.
O início da década de 1980 foi um período de muitas mudanças no cenário
econômico tanto mundial como nacional. Conflitos consecutivos de capital, de oferta,
de demanda e de juros causaram grande diminuição da liquidez internacional, o que
acarretou no aumento da inflação no Brasil, crescimento da dívida externa e
deterioração das contas fiscais do governo brasileiro (ROMERO, 2008).
De acordo com o autor, devido a este cenário as fontes de recursos para
financiamento que operavam até então se tornaram escassas, o setor público e o
capital externo assim como, a própria demanda por financiamento também foi
reduzida, como efeito da incerteza na economia, fatores estes que marcaram os
63
anos 1980, caracterizado como um período de baixo crescimento econômico e alta
inflação. Todavia esse período foi considerado mais crítico para a população do que
para as instituições financeiras, já que as mesmas não sofreram tanto com esse
período e foram capazes de continuar obtendo lucros.
Diferentemente de outros países que passaram por situação parecida, no
caso do Brasil, os recursos foram mantidos nos bancos, que não perderam os
depósitos à vista, caracterizados como o principal item do seu passivo. Carvalho
(2005, p.333) afirma que, “esse arranjo não apenas permitiu a sobrevivência do
sistema bancário doméstico sob alta inflação como acabou mesmo por abrir-lhe
novas oportunidades de lucro”.
Já que, segundo o autor, a inflação incentivava uma aceleração na circulação
da moeda, o que gerava um ganho de agilidade na realização de pagamentos e
movimentação de recursos, e quanto maior a velocidade na movimentação dos
recursos, menor a perda gerada pela inflação, tendo em vista a perda de poder
aquisitivo da moeda. Devido a esse cenário, as instituições financeiras brasileiras se
beneficiaram ao realizarem financiamentos para o setor público, pois a política
monetária vigente na época focava na emissão de títulos públicos de curta
maturação e altas taxas de juros.
O Banco Central garantia a recompra dos títulos do governo em caso de
déficit de reserva, isentando o investimento em títulos públicos, proporcionando a
essas aplicações de curto prazo, um risco praticamente nulo, e alto retorno. Dessa
maneira foi possível garantir a solidez e a competitividade do SFB, o que se
confirmaria durante a década de 1990.
Entretanto, mesmo apresentando alta eficiência em relação à agilidade dos
sistemas de pagamentos, continuava ineficiente na alocação de recursos para
investimentos e incentivo à atividade produtiva, mesmo incessantes tentativas de
melhora nesse aspecto. Esse fenômeno caracteriza o que Carvalho (2005) chama
de “Paradoxo Brasileiro”.
A maioria das reformas realizadas a partir de 1990 tinha por objetivo
solucionar
problemas
de
solvência
vividos
por
alguns
bancos
nacionais,
pincipalmente os públicos e privados estaduais. Essas reformas buscavam fortalecer
o SFB e gerar ganho de eficiência dos bancos na geração de crédito. Além de
aprimorar o controle monetário e restringir o aumento da dívida pública, o que fazia
64
parte do projeto de ajuste fiscal tido como base fundamental para a implantação do
Plano Real (BARROS DE CASTRO, 2005).
A década de 1990 começa sendo marcada por um momento favorável no
contexto macroeconômico internacional. O Plano Real implantado em 1994
promoveu a estabilização monetária com sucesso, fato que permitiu a retomada do
crescimento econômico, motivado pelo crescimento das atividades de crédito e,
aliada a diminuição das operações de títulos. Todavia a queda nas altas taxas de
inflação ocasionou ao SFB uma perda de importante fonte de receita proveniente
das transferências inflacionárias (ROMERO, 2008).
Para atenuar os efeitos dessas perdas, os bancos promoveram o aumento
das operações de crédito, o aumento da oferta de crédito, aliada a suposta
inexperiência dos bancos nesse tipo de atividade e a falta de recursos técnicos
eficientes para avaliar os riscos, ocasionou em alto índice de inadimplência
demonstrando a incapacidade de alguns agentes do SFB em operar com lucro em
cenários de baixa inflação (ROMERO, 2008).
Além das dificuldades de adaptação das instituições neste novo contexto,
muitos já estavam em situação crítica no momento de estabilização. Os bancos
estaduais eram o que se mostravam mais críticos, pelo fato de financiarem os
governos estaduais durante longo período, não havia quase nenhuma restrição ao
volume de financiamento permitido, o que configurava uma armadilha (ROMERO,
2008).
Romero (2008), afirma também que o abuso nos endividamentos tornava os
fluxos de caixa dos Estados insuficientes para cumprir suas obrigações com as
dívidas contraídas junto aos bancos, acarretando em problemas de liquidez. Fato
que gerou em 1995 a criação do PROER – Programa de Estímulo à Reestruturação
do Sistema Financeiro Nacional – e o PROES – Programa de Incentivo à Redução
do Setor Público Estadual na Atividade Bancária – para assistir e financiar os
processos de fusões e aquisições, bem como a reorganização das instituições
financeiras envolvidas com objetivo principal de promover a aquisição de bancos
ameaçados de quebra por bancos, que se mostraram mais sólidos, o que ocasionou
uma expressiva queda do número de instituições financeiras públicas que estavam
entre as maiores financiadoras da atividade produtiva e acabou por concentrar a
base do SFB em número reduzido de instituições bancárias.
65
Ainda, de acordo com o autor, o estabelecimento de um maior volume de
capital para a constituição de novos bancos, a criação de incentivos para a fusão,
incorporação e transferência de controle acionário, e um movimento de abertura do
SFB para a entrada e instituições financeiras estrangeiras, argumentando que a
competição externa estimularia um aumento de eficiência dos bancos e a
concorrência elevaria e baratearia as operações de crédito, reforçando ainda a
estabilidade do SFB foram outras medidas adotadas pelo PROER.
Entretanto, os efeitos da entrada de bancos multinacionais mostraram-se
ambíguos. De fato, houve um fortalecimento do sistema, ainda que outros resultados
sejam controversos. Por outro lado, a inadimplência continuou concentrada nos
bancos públicos por atuarem em áreas de mercado mais arriscadas, e não cobertas
pelos bancos multinacionais (como o credito agrícola, por exemplo). No período de
aumento do crédito pós-Real, verificou-se um crescimento menor do índice de
inadimplência nos bancos internacionais, o que vai ao encontro do que argumentam
Mathieson e Roldos (2001) apud Romero (2008). De acordo com os autores as
instituições estrangeiras exercem o chamado cherry picking, ou seja, atraem os
melhores clientes.
Conforme Romero (2008), essa situação garantia maior estabilidade para
esses bancos em relação aos bancos públicos que acabavam prejudicados. Em
relação ao spread bancário, foi largamente defendido que a entrada de maior
competição contribuiria para a sua queda. O que se constatou, porém, foi um
aumento desse spread.
Nesse contexto, o principal meio de incentivo ao crédito se mostra na redução
da taxa de juros real, que modificaria a estrutura de incentivos do sistema financeiro
brasileiro. A redução diminuiria o custo do crédito e incentivaria a mudança na
maneira de atuação dos bancos, que visando manter seu nível de rentabilidade
compensariam essa queda com o aumento do crédito.
No entanto, apesar da queda da taxa de juros básica no Brasil, a partir de
julho de 2005 foi verificado que entre 2001 e 2006 a taxa de juros real histórica foi
mantida em torno do mínimo de 9% (BRESSER-PEREIRA, 2005). Após esse
período também foi possível perceber que, mesmo no caso de queda nos juros
reais, não há indícios suficientes que essa queda levaria a uma reversão do padrão
concentrador de recursos evidenciado pelo sistema financeiro brasileiro, atualmente.
66
De acordo com Martins (2012), a concentração do setor é tida pelos agentes
reguladores da econômica como indicador de falta de competição, sendo
considerado um dos possíveis fatores do aumento do custo de crédito no país. No
final
de
2011,
os
cinco
maiores
conglomerados
financeiros
detinham
aproximadamente 77% dos ativos totais, 76% do mercado de crédito e 80% do
volume de depósitos do sistema financeiro.
O colapso do sistema financeiro mundial em 2008, acompanhado do processo
de consolidação da indústria bancária em todo o mundo têm gerado grandes
discussões a respeito dos custos e benefícios de um sistema financeiro mais
concentrado. O ponto central dessa discussão está na relação entre competição
bancária e estabilidade financeira (MARTINS, 2012).
Ainda segundo Martins (2012) pouco tem sido discutido sobre as
consequências de um sistema bancário mais concentrado sobre o poder de mercado
dos bancos e sobre os custos da intermediação financeira no futuro. Os recentes
avanços tecnológicos, regulatórios e institucionais, aliados ao surgimento de fontes
alternativas de financiamento e a desregulamentação financeira vêm diminuindo a
diferença de informações e os custos de mudança existentes entre as instituições
financeiras e seus clientes e credores ocasionando a redução do monopólio da
informação, assim como a redução nas barreiras de entrada no mercado financeiro,
embora, a percepção atual a respeito do nível de competição na indústria financeira
está mais associada a questões regulatórias, barreiras de entrada e na atuação de
bancos públicos do que na concentração do setor bancário.
A maioria das instituições, além do crédito, oferecem diversos produtos e
serviços. Atuam tanto como bancos comerciais quanto como bancos de investimento
e possuem autorização para atuar em todo o território brasileiro. Contudo, apenas os
grandes bancos de varejo estão fisicamente presentes nos pequenos mercados
locais. Deste modo a maior parte das instituições financeiras atua apenas nos
grandes centros econômicos tornando a estrutura do setor bancário muito distinto.
3.6.1 Crédito
Segundo Lemes Júnior, et.al. (2002), o crédito surgiu nas sociedades antigas
que se voltavam para as atividades rurais e agrícolas, e em longo prazo, o plantio e
a colheita eram os fatores que determinavam a necessidade de antecipação de
67
entrega de sementes e implementos agrícolas aos produtores. Após esse período,
mais precisamente, na Grécia Antiga, com o surgimento do dinheiro, as atividades
comerciais originaram as primeiras instituições bancárias que começaram a realizar
operações de crédito de diversas formas, embora de modo bem diferente dos
praticados atualmente.
Schrickel (1995), afirma que crédito é todo ato de vontade ou disposição de
alguém de destacar ou ceder, por tempo determinado, parte de seu patrimônio a um
terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente,
após terminar o prazo estipulado. Sendo este um ato de vontade, sempre caberá ao
cedente do patrimônio à decisão de cedê-lo ou não. E que esse processo, por
envolver expectativa, está associado à noção de risco.
O conceito atual de crédito é a disposição de alguém ceder, temporariamente,
parte de seu patrimônio ou prestar serviços a um ou mais terceiros, com a
expectativa de receber de volta o valor cedido ou receber pagamento, depois de
decorrido o período estipulado, na sua integralidade ou em valor correspondente. É
a troca de bens presentes por bens futuros. Este crédito pode ser utilizado como
ferramenta para incrementar e facilitar a realização de vendas de bens e serviços e
é responsável por grande parte dos resultados (LEMES JUNIOR, et.al., 2002).
Do ponto de vista do economista Karl Marx (2003) o crédito é um importante
mecanismo no processo de crescimento já que flexibiliza o acúmulo de capital,
facilitando o que o autor denominou de “reprodução ampliada” em que o acúmulo de
capital gera mais acúmulo de capital, por meio do processo denominado pelo autor
de “mais valia”, em que o detentor dos meios de produção se vale da força de
trabalho dos trabalhadores para obter mais capital.
Já Schumpeter (1982) considera o crédito indispensável para o rompimento
da inércia do processo de reprodução simples, chamada por ele de “fluxo circular”
em que a renda fica restrita aos mesmos segmentos.
Segundo o autor, o banqueiro se coloca entre os que desejam formar novas
combinações de produção e os possuidores de meios produtivos. Trata-se do
fenômeno de desenvolvimento, mas apenas quando nenhuma autoridade central
dirige o processo social. Assim, o banqueiro permite a realização de novas
combinações, autoriza as pessoas, por assim dizer, em nome da sociedade, a
formá-las. É o foro da economia de trocas (SCHUMPETER, 1982).
68
Furtado (1983) considera que há uma interligação entre as atividades
inovadoras e o acúmulo de capital, já que a inovação quase sempre resulta da
busca das empresas por meios de aplicar recursos acumulados. Por necessitarem
de investimentos em pessoal especializado, novos equipamentos, entre outros
gastos, a criação de inovações tecnológicas coloca em destaque o papel da
acumulação de capital.
De acordo com Romero (2008), destacam-se pelo menos três aspectos
básicos pelos quais o crédito e o sistema financeiro desempenham um papel central
para o desenvolvimento:
1) a propulsão do investimento e acúmulo de capital;
2) o financiamento das atividades inovadoras;
3) a redução da concentração de recursos e rompimento da dinâmica centroperiferia.
Reduzir a concentração de recursos financeiros nos centros aliando à
expansão do crédito na periferia impulsiona o crescimento dessas regiões. A
amplitude com que acontece esse processo será de acordo com a liquidez do
mesmo, sendo também influenciado pelas regras e a configuração do sistema
financeiro. (ROMERO, 2008).
Diante do exposto, o crédito pode ser considerado de central importância para
o desenvolvimento econômico, não apenas por seu impacto direto no processo de
acumulo de capital e seus reflexos na distribuição de renda e atividade inovadora,
mas também por exercer grande influência na formação de expectativas, já que se
for bem empregado, e garantir bons resultados dos investimentos, produz um
aumento do otimismo na economia. (ROMERO, 2008).
E por este motivo a concessão do crédito deve obedecer aos critérios que
visam amenizar o risco de frustração dessas expectativas e contribuir para a
utilização benéfica do crédito.
3.6.2 Os “CS” do crédito
A análise da concessão de crédito é baseada em critérios cujas literaturas
especializadas em administração financeira recomendam que são diretrizes
tradicionais e subjetivas, conhecidas como os 5 “C’s” do crédito. Isto se dá para a
69
real definição da capacidade de crédito dos clientes solicitantes, sendo eles: o
caráter, capacidade, o capital, o colateral e as condições.
De acordo com Gitman (2002), o caráter é definido como sendo o histórico do
solicitante ao crédito quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras,
contratuais e morais. Os dados históricos de pagamentos e quaisquer causas
judiciais pendentes ou concluídas contra o cliente seriam utilizados na avaliação do
seu caráter.
Para Droms e Procianoy (2002), o caráter se refere à integridade moral do
solicitante do crédito e se o mesmo está disposto a dar o seu melhor empenho para
honrar o compromisso assumido. Especialistas em crédito enfatizam que o caráter
do solicitante é uma das mais importantes preocupações ao se tomar uma decisão
de concessão de crédito.
Hoji (1999) afirma que o caráter é o item mais importante na análise de
crédito. A avaliação do caráter do cliente, apesar do elevado grau de subjetividade,
por se referir a aspectos morais e éticos é de suma importância já que é esta análise
que vai determinar aspectos como a integridade ética ou honestidade para saldar
compromissos financeiros.
O levantamento de dados históricos pode contribuir para avaliação do caráter.
Se o caráter do cliente não for aceitável, os outros itens da análise estarão bastante
prejudicados. O caráter é o principal fator para a decisão e concessão do crédito,
sendo também um dos mais difíceis de ser analisado.
Vale ressaltar que não há taxas de juros ou garantias que compensem o risco
de efetuar empréstimos às pessoas, reconhecidamente, desonestas. Analisando
comportamentos evidenciados na vida pessoal e profissional, busca-se avaliar a
imagem que o cliente desfruta junto às pessoas com as quais convive ou negocia.
Gitman (2002) define capacidade como sendo o potencial do cliente para
liquidar o crédito solicitado. É comum a utilização de análises dos demonstrativos
financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez e de endividamento para
avaliar a capacidade do solicitante de crédito.
Droms e Procianoy (2002) relatam que a capacidade de pagamento se refere
à capacidade financeira da empresa ou indivíduo solicitante de cumprir os
requeridos prazos e valores de crédito solicitado. Mesmo as melhores intenções não
podem compensar à ausência da capacidade financeira.
70
Lemes Júnior, et.al. (2002) definem que a capacidade considera se os ganhos
ou o desempenho operacional e financeiro do cliente irão possibilitar a geração de
recursos para realizar o pagamento do compromisso pretendido. No caso de
pessoas jurídicas, os demonstrativos financeiros são extremamente úteis para o
cálculo dos índices de liquidez e do endividamento. Já para a análise de pessoas
físicas são também importantes as comprovações de rendimentos e compromissos
assumidos.
Segundo Hoji (1999), só a determinação de pagar, ou seja, o caráter, não
será válido se o cliente não possuir a capacidade de saldar seus compromissos
financeiros.
O capital refere-se ao comprometimento do patrimônio líquido com valores
exigíveis da empresa e respectivos índices de lucratividade. Para as pessoas físicas,
a existência de comprometimento de seus ganhos, como prestações mensais,
aluguéis, consórcios etc., pode mostrar insuficiência de recursos para pagamento do
crédito pretendido (LEMES JÚNIOR, et.al., 2002).
Droms e Procianoy (2002) conceituam o colateral como uma garantia, que
pode ser oferecida pelo solicitante do crédito. Já Lemes Junior, et.al. (2002),
afirmam que o colateral leva em conta o que o cliente pode oferecer como garantia,
real ou não, do crédito, se possui bens e outros recursos disponíveis para cobrir o
valor exigido pela transação.
As garantias constituem um complemento à operação de crédito, levando em
consideração, primeiramente, o caráter do cliente e a capacidade de pagamento do
próprio negócio. As garantias geram maior comprometimento com a operação, mas
não pagam o crédito. São importantes fatores de pressão em caso de atraso de
pagamento, uma vez que o cliente também está correndo risco de perder algo.
Gitman (2002) descreve condições como sendo as categorias econômicas e
empresariais vigentes, assim como circunstâncias particulares que possam interferir
em qualquer das partes envolvidas na negociação.
As condições avaliam o grau de exposição aos possíveis efeitos de
ocorrências externas sobre a capacidade do cliente para pagar suas dívidas, como
por exemplo, influências de variação no nível da atividade econômica, agressividade
da concorrência etc. No caso de pessoa física é importante considerar como os
71
ganhos estão condicionados às variações da atividade econômica, nível de
emprego, estabilidade no emprego, etc. (LEMES JUNIOR, et.al., 2002).
De acordo com BLATT (1999, p. 48), ainda temos, os C’s modernos do
crédito que são: o conglomerado, a consistência, a comunicação e o controle, além
dos 3 novos C’s que se referem a concorrência, custos e caixa.
O
conglomerado
diz
respeito
à
análise
financeira
de
controladas,
controladoras, coligadas e interligadas. Para que seja possível fazer uma análise
mais apurada com relação ao pleiteante do crédito, a empresa deve ser analisada
no âmbito do grupo de empresas que a contenha. No caso de pessoas físicas, o
conglomerado inclui uma análise de crédito do grupo familiar, considerando-se o
cônjuge e demais familiares dependentes ou não (BLATT, 1999).
Ainda de acordo com o autor a consistência faz menção à escolha e o
gerenciamento do alvo de mercado, ou seja, a escolha do alvo correto, que, de fato,
depende da política do credor, da conjuntura econômica, da estrutura do cliente etc.
Enquanto Comunicação faz jus à correta e ágil obtenção e análise de informações
cadastrais, estruturais, contábeis e econômico-financeiras do pleiteante do crédito.
(BLATT, 1999)
Já o controle refere-se ao acompanhamento, gerenciamento e administração
do crédito concedido, tendo em vista que todo crédito gera uma obrigação a ser
cumprida em determinado prazo, e que, neste prazo, a situação geral do cliente
pode se alterar. Detectar problemas logo em seu início no que se diz respeito ao
crédito concedido pode vir a ser o caminho para evitar que determinado crédito se
torne problemático (BLATT, 1999).
No aspecto concorrência, o cliente deve ter os produtos corretos para o
mercado adequado ou não resistirá aos rigores da concorrência no curto prazo.
Deve estar apto a competir no calendário, no serviço, na qualidade e, em alguns
casos, na tecnologia. É preciso que o credor conheça a natureza e o nível da
competição a que estão sujeitos cada um de seus clientes (BLATT, 1999).
Já no que tange à questão dos custos, o solicitante deve possuir uma boa
gestão de custos, do contrário, poderá sofrer um significativo ataque em suas
receitas. São notórios os casos de empresas que faliram por ter o seu proprietário
priorizado somente as receitas deixando para segundo plano a respectiva
administração e controle de custos (BLATT, 1999).
72
Referente ao caixa pode-se dizer que geração de caixa é uma medida da
viabilidade de uma empresa. As fontes de caixa devem ter capacidade de suportar o
gasto de capital, os dividendos e as variações no capital circulante. Sob risco de o
saldo de tesouraria do cliente ficar comprometido. Para fins de concessão de crédito,
é muito mais importante saber se o cliente gera caixa, e qual a qualidade e
consistência deste caixa do que saber se ele gera lucro ou prejuízo (BLATT, 1999).
Tais critérios para concessão podem ser aplicados nos mais diversos tipos de
crédito. Alguns critérios, inclusive, recomendam que sejam aplicados em qualquer
concessão de crédito realizada, enquanto outros, dependendo do caso, podem ficar
a critério de quem concede.
3.6.3 Tipos de Crédito
Este capítulo visa trazer uma breve explanação sobre as modalidades de
créditos mais comuns na economia brasileira, sejam estes para pessoas físicas ou
pessoas jurídicas.
De acordo com Melo (2011), a operação de crédito bancário e/ou empréstimo
é um contrato entre o cliente e a instituição financeira em que o cliente recebe
determinado valor que deverá ser devolvido ao banco em prazo determinado, sendo
acrescidos os juros acertados. Os recursos liberados no empréstimo podem ter ou
não destinação específica. Dentre os mais comuns estão o financiamento, o
desconto bancário, a antecipação, a cédula de crédito, o capital de giro, o crédito
direto ao consumidor (CDC), o crédito rural, e por fim, o microcrédito.
Também, segundo o autor, o financiamento trata-se de um contrato entre o
cliente e a instituição financeira, mas com fim específico, como, por exemplo,
adquirir um veículo ou bem imóvel. Cobrar ou não juros sobre o valor financiado fica
a critério da instituição financiadora, de acordo com o valor e o tempo de
pagamento. É uma modalidade de crédito que se aplica tanto a pessoas físicas
quanto a pessoas jurídicas e o bem financiado fica como garantia e alienado à
instituição que cede o crédito.
Já o desconto bancário é uma operação comum dos bancos em que se
adiantam créditos de terceiros para clientes, deduzindo-se os juros da operação
mediante a cessão do crédito. A operação de desconto é realizada somente sobre
de títulos de crédito, que representam soma líquida e certa, e de fácil recuperação
73
ao banco. O banco antecipa ao cliente o valor dos ativos, deduzidos os juros,
repassando apenas o valor líquido, que em geral é creditado em conta corrente
(MELO, 2011).
Deste modo o contrato de desconto bancário pode ser considerado o contrato
em que o banco, deduz do montante, antecipadamente, os juros, comissões e
despesas, creditando para o cliente o saldo restante, recebendo por endosso o título
sacado contra terceiros com vencimento futuro, como boletos emitidos contra
terceiros e cheques pré-datados, com vencimento futuro, caso o terceiro não cumpra
com suas obrigações, a responsabilidade pelo pagamento da quantia utilizada cabe
a quem efetuou o desconto, no caso o cliente (MELO, 2011).
A antecipação é o negócio jurídico, bancário, em que o banco adianta para
seu cliente determinado valor em troca de uma garantia real consistente em títulos,
mercadorias ou direitos. Essa garantia pode ser constituída por títulos, valores
mobiliários, ações, debêntures, etc. Geralmente ocorre quando o empresário precisa
de capital de imediato, já que os juros são menores do que os oferecidos para
desconto, por se tratar de um recurso da empresa e não de terceiros (MELO, 2011).
Melo (2011) afirma também que a Cédula de Crédito Bancário é o título de
crédito emitido, por pessoa física ou jurídica, em favor de instituição financeira, com
promessa de pagamento em dinheiro, derivada de operação de crédito de qualquer
modalidade. A instituição que cede o crédito deve integrar o Sistema Financeiro
Nacional, sendo permitida a emissão da Cédula de Crédito Bancário em favor de
instituição com domicilio no exterior, desde que a obrigação esteja exclusivamente
sob as leis e os foros brasileiros. Poderá ser emitida com ou sem garantia, real (o
bem constante na cédula) ou fidejussória (os avalistas que assinam a cédula em
conjunto com o tomador do crédito).
Ainda segundo o autor, o capital de giro é um empréstimo de curtíssimo
prazo, de modo a simplificar os procedimentos operacionais, para os clientes
tradicionais. Neste produto se estabelece um contrato fixo contendo as regras deste
empréstimo e permitindo a transferência de recursos ao cliente a partir de um
simples e-mail, telefonema ou fax garantindo o limite para este tipo de empréstimo
que já é previamente estabelecido por contrato, evitando, assim, que o cliente
necessite assinar um novo contrato cada vez que precisar de capital. Todavia, isso
74
só ocorre caso o cliente deseje aumentar seus limites de crédito, neste caso é
assinado um novo contrato com atualização dos valores.
O Crédito rotativo ou cheque especial é um valor-limite que o banco
disponibiliza ao cliente para eventuais emergências. Geralmente é movimentado
diretamente pelos cheques emitidos pelo cliente, desde que não haja saldo
disponível na conta corrente de movimentação, mas também é permitido o saque
deste valor. À medida que é disponibilizado o saldo novamente na conta, estes são
utilizados para cobrir o saldo devedor da mesma. Para o cliente, o produto garante
uma liquidez imediata para suas emergências. Os juros sobre esse produto são
calculados diariamente sobre saldo devedor e cobrados normalmente, no primeiro
dia útil do mês seguinte ao da movimentação (MELO, 2011).
O Crédito direto ao consumidor – CDC é o crédito concedido por uma
instituição financeira aos seus clientes, pessoas físicas e jurídicas para aquisição de
bens e serviços. Sua maior utilização, em geral, é para a aquisição de veículos e
eletrodomésticos. O bem adquirido, sempre que possível, serve como garantia da
operação, entretanto esse tipo de operação não necessita estar vinculada a um
bem. É permitida a contratação, mesmo nos casos em que os clientes não
justifiquem o motivo da contratação, porém nesses casos os valores disponibilizados
são menores. Os prazos dos CDC variam normalmente de 03 a 60 meses, nos
casos de financiamento e é possível financiar de 10 a 100% do bem (MELO, 2011).
Nesta categoria também se enquadram os empréstimos pessoais, como os
créditos automáticos, créditos salário e o crédito consignado, onde a empresa
pagadora através de convênio com a instituição financeira efetua o desconto do
valor acordado pelo funcionário junto à instituição financeira e faz o repasse do valor
a mesma. Essa modalidade, geralmente, se aplica a servidores públicos, mas
funcionários de empresas privadas também podem fazê-lo, caso a empresa em que
trabalham possua convênio com algum banco (MELO, 2011).
O autor discorre também sobre o crédito diretíssimo, que é o tipo de operação
em que a financeira fica responsável pelo gerenciamento das vendas a prazo do
lojista, assumindo todos os riscos de um eventual não pagamento por parte dos
clientes. Já que não se atribui qualquer garantia ao estabelecimento, os juros
praticados nessa modalidade de CDC são mais altos. Embora exista uma perda
financeira com os encargos cobrados pela financeira na compra das vendas a prazo,
75
para o lojista, essa modalidade de CDC elimina o risco de inadimplência, o que não
deixa de ser interessante. É o caso das compras realizadas por cartão de crédito,
onde a financeira cobra uma porcentagem sobre o valor da venda, entretanto, o
lojista recebe o valor, independentemente do pagamento ou não do valor, pelo
cliente em questão.
Financiamento de capital fixo: a constante preocupação com a inflação faz
com que as Instituições Financeiras tornem a concessão de financiamentos,
preferencialmente, restrita aos prazos mais curtos, mesmo porque, com exceção dos
recursos externos, é muito difícil de obter internamente quem esteja disposto a
aplicar recursos a prazos mais longos e, portanto, dar funding (consolidação de
débitos de curto prazo, através da emissão de novos débitos de longo prazo,
manobra esta realizada com o objetivo de garantir a saúde financeira da empresa no
período do investimento) para as operações de longo prazo. Deste modo, os
financiamentos com essas características, geralmente são realizados por entidades
e instituições financeiras governamentais (MELO, 2011).
O autor define o crédito rural como o fornecimento de recursos financeiros
para aplicação exclusiva em atividades agropecuárias que tem por objetivos:
Incentivar os investimentos rurais realizados por produtores e suas associações, tais
como as cooperativas. Possibilitar o custeio da produção, seu armazenamento e sua
posterior comercialização de maneira oportuna, e eficiente. Consolidar, de maneira
geral, o setor rural gerando ganho de competitividade. Estimular a melhoria dos
meios de produção, aumentando a produtividade rural e aprimorando o padrão de
vida dos envolvidos em atividades rurais (MELO, 2011).
Por fim, para Melo (2011), o microcrédito é caracterizado por empréstimos de
pequenos valores, destinados a trabalhadores informais, microempreendedores,
empresários individuais e microempresas.
3.7 INADIMPLÊNCIA
A adimplência, ou seja, o cumprimento no pagamento de dívidas tem uma
função social muito importante, pois permite o retorno do capital ao mercado. E isso,
consequentemente, gera emprego e possibilita uma política de crédito mais flexível
com maior prazo de contratação.
76
A lei e a doutrina estabelecem que os contratos devem ser cumpridos.
Quando a vontade é manifestada obriga o contratante, referindo-se ao princípio de
que “o contrato faz lei entre as partes”, tendo como principal finalidade a segurança
dos negócios.
Porém, a exceção, ou seja, o inadimplemento, o não cumprimento da
obrigação, vem acontecendo de forma corriqueira. Em regra, as obrigações são,
voluntariamente, cumpridas seja, espontaneamente por iniciativa do devedor, seja
após a interpelação feita pelo credor. Mas nem sempre é assim.
Qualquer que seja a prestação prometida o devedor está obrigado a cumprila, tendo o credor o direito de receber exatamente o bem, serviço ou valor estipulado
na convenção, não sendo obrigado a receber coisa diversa.
Destarte, passamos a desenvolver o estudo definindo as características do
inadimplemento, sendo que este pode ser absoluto e relativo.
3.7.1 Inadimplemento absoluto
O artigo 389 do Código Civil estabelece que “não cumprida a obrigação,
responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária,
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos e honorários de advogado”.
O referido artigo trata do inadimplemento absoluto que ocorre quando a
obrigação não foi cumprida nem poderá sê-lo de forma útil ao credor. Observa-se a
incidência dos juros e da atualização monetária como consequência natural do
completo ressarcimento dos danos. A atualização monetária não constitui nenhum
acréscimo, mas apenas uma forma de evitar a desvalorização da moeda pela
inflação. A correção monetária é uma forma de reparar o prejuízo sofrido pelo
credor. O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar as
perdas e danos, nos termos do aludido art. 389.
3.7.2 Inadimplemento relativo
O inadimplemento é relativo no caso de mora do devedor, ou seja, quando
ocorre cumprimento imperfeito da obrigação, como, por exemplo, o pagamento fora
da data aprazada.
77
3.7.3 Negociação e créditos inadimplidos
As pessoas, mesmo sem perceber, estão sempre negociando, por meio de
relacionamentos interpessoais, muito embora nem sempre chegam ao ponto alto da
negociação que é o acordo.
Blatt explicita que “um cobrador bem-sucedido deve saber como atacar, deve
fazer qualquer coisa para obter o seu dinheiro, sempre no limite legal e moral. A
realidade é que o cobrador está lidando com seres humanos, não robôs” (BLATT,
1999, p.106).
Já para Sebenius,(1998, p.82-86).
Negociação é um processo científico, na medida em que estabelecemos o
problema conjunto que deve ser resolvido: criar, reivindicar e sustentar um
valor ao longo do tempo; mas se a maneira como esse problema conjunto é
resolvido mistura ciência e arte, o processo é muito criativo e oportunista,
visto que se está pedindo tudo que é possível obter em determinada
situação.
Ury (1998, p. 70-74) comenta que:
Ouvir alguém é a concessão mais barata que há; todos nós temos profunda
necessidade de ser compreendidos, e, ao satisfazer essa necessidade,
você pode fazer com que a negociação tome outro rumo. Ouvir requer
paciência e autodisciplina. Ouvir não é fácil, mas pode ser algo valioso;
proporciona uma janela para o pensamento da outra parte. Permite que
você envolva a outra parte em uma tarefa conjunta – entender seu
problema, fazendo com que ela fique mais disposta a ouvi-lo.
Para Blatt (1999), todas as empresas têm que lidar com clientes
problemáticos. Não somente com o pagador lento, para quem todas as técnicas
existentes podem ser exigidas para assegurar o pagamento, como também com o
cliente que está em dificuldades financeiras, e que por isso terá empecilhos para
efetuar o pagamento.
Para as empresas não só é necessário averiguar se o tomador de recursos é
proprietário de garantias necessárias, mas, é indispensável reconhecer a
capacidade de pagamento no futuro, que nos dirá se ele terá ou não solvência para
a quitação dos empréstimos.
Tendo como pano de fundo esta realidade, a maioria das empresas deve
adotar técnicas mais acuradas na análise e negociação dos créditos liberados aos
seus clientes para evitar ou diminuir as situações de inadimplência e até de
insolvência.
78
Com isso a negociação nos leva a um desafio, que requer, para ser
conduzido, o trabalho de profissionais especializados.
Na visão de empresários conscientes, que estão em frequência com o mundo
dos negócios e com as variações do mercado financeiro, ações de prevenção bem
simples efetuadas antes da venda evitam o surgimento da inadimplência.
Para que o processo de concessão de crédito ou de venda seja mais bem
elaborado devemos levar em conta alguns parâmetros como o perfil dos clientes e
sua quantidade média, o valor da venda ou do crédito, os custos de elaboração das
pesquisas cadastrais, a rapidez do processo total, a imagem da empresa e a
quantidade de pessoal envolvido, dados estes que são essenciais ao bom
andamento do processo.
Mas a prevenção, apesar dos custos na sua elaboração, ainda é a melhor
maneira de evitar o problema da inadimplência, pois com a utilização de mínimos
recursos são evitados grandes prejuízos.
Mesmo tendo sido o crédito concedido profissionalmente, cercado de todas as
precauções, com um preço competitivo e com uma completa análise de crédito,
podemos ter a ocorrência da falta de pagamento e o consequente prejuízo. Será,
então, preciso refletir sobre os fatores causadores desta inadimplência, bem como a
maneira mais viável para resolver o problema.
3.8 RESPONSABILIDADE SOCIAL
Existem
vários
fatores
que
podem
ter
originado
o
conceito
de
responsabilidade social. Em um contexto da globalizado e de mudanças na
sociedade surgiram novas preocupações e expectativas dos cidadãos, dos
consumidores, das autoridades públicas e dos investidores em relação às
organizações.
Os indivíduos e as instituições, como consumidores e investidores, passaram
a dar maior relevância a atividades desenvolvidas pelas empresas e também a
pressiona-las
quanto
à
contribuição
das
mesmas
no
desenvolvimento
socioeconômico das comunidades onde estão inseridas, a observância de requisitos
ambientais e exigindo a entidades reguladoras, legislativas e governamentais a
produção de meios legais apropriados e a vigilância da sua aplicação.
79
Diante desta nova realidade, as organizações buscaram uma nova diretriz
para obtenção de lucro, pois as vantagens oferecidas em relação a valores
já não são suficientes o bastante para a obtenção de um mercado
consumidor. A qualidade do produto está pautada pela relação da empresa
com a sociedade e seu comportamento ético e esses fatores determinam o
comportamento dos consumidores (PAES, 2003, p. 25).
Ou seja, o grau de aceitação de uma empresa tem ligação direta com o modo
em que a mesma se relaciona com o meio onde está inserida.
Segundo
Mifano
(2002),
a
responsabilidade
social
empresarial
das
organizações surgiu num contexto em que há uma crise mundial de confiança nas
empresas. Por este motivo, as organizações empresariais passaram a promover um
discurso politicamente correto, baseado na ética, implementando ações sociais que
podem trazer ganhos em condições de qualidade de vida e trabalho para a classe
trabalhadora ou, apenas, podem se tornar um mero discurso de marketing
empresarial desvinculado de uma prática socialmente responsável.
Todavia existe um conceito de responsabilidade social mais abrangente, que
envolve um maior número de atores e mais interação entre os mesmos, que é a
responsabilidade social corporativa.
A responsabilidade social corporativa é o comportamento ético e
responsável na busca de qualidade nas relações que a organização
estabelece com todos os seus stakeholders, associado direta e
indiretamente ao negócio da empresa, incorporada à orientação estratégica
da empresa e refletida em desafios éticos para as dimensões econômicas,
ambiental e social. (KARKOTLI, 2006, p.63)
Deste modo podemos enxergar a responsabilidade social corporativa como o
conjunto amplo de ações que beneficiam a sociedade e as corporações que são
tomadas pelas empresas, levando em consideração a economia, educação, meio
ambiente, saúde, transporte, moradia, atividades locais e governo. Essas ações
otimizam ou criam programas sociais, trazendo benefício mútuo entre a empresa e a
comunidade, melhorando a qualidade de vida dos funcionários, quanto à sua
atuação da empresa e da própria população, conforme nos mostra a figura 3.
80
Figura 3: Contexto da Governança Corporativa
Fonte: Vianna; Lino,( 2011p.34)
De
acordo
desenvolvimento
com
este
sustentável
conceito
planeja
uma
nos
organização
seus
negócios
voltada
um
para
o
horizonte
multidimensional, que engloba e asseguram os direitos civis, políticos, econômicos,
sociais, culturais e ambientais. Neste sentido, todos fazem parte de um sistema de
obtenção de uma economia solidária.
A percepção, por parte do empresariado, sobre a importância de um
desenvolvimento sustentado vem gerando uma postura que se contrapõe a cultura
de maximização dos lucros. O chamado capitalismo social proporciona novas formas
de relação entre empresas, funcionários, comunidades e clientes. (FERNANDES
2000). Ambos passaram a compartilhar objetivos e resultados visando otimização e
manutenção dos recursos necessários a sustentabilidade dos negócios.
Devido a este panorama, as empresas passaram a se reestruturar buscando
se adequar a esta nova realidade. As pressões sociais e restrições impostas faz com
que as empresas procurem formas de reduzir seu impacto ambiental e melhorar sua
imagem frente a sua responsabilidade social (CORAL, 2002).
81
As organizações escolhem seus ambientes, e passam a ser condicionadas
por eles, necessitando adaptar-se aos mesmos para conseguirem sobreviver e
crescer (FERNANDES 2000).
As transformações econômicas, políticas e culturais que acontecem na
sociedade tornam-se, então, determinantes das novas posturas empresariais,
forçando as organizações a se submeterem às novas regras do mercado e quebrar
paradigmas (MULLER 2003).
Para o Instituto Ethos (2005) a Responsabilidade Social Corporativa tem
evidenciado, por meio de diversas pesquisas, uma série de benefícios para as
empresas que a introduzem em seu planejamento, como a redução de custos,
melhora de produtividade, crescimento de receitas, valorização da imagem
institucional, fidelização do consumidor e longevidade.
Entretanto, existem críticas sobre a forma com que algumas organizações
desenvolvem seus programas de responsabilidade social. Há empresas que
começam programas de RSE visando o benefício comercial que ocorre com o
aumento da sua reputação com o público ou com o governo.
Friedman(1970) sugere que as empresas que existem apenas para maximizar
os lucros são incapazes de defender os interesses da sociedade como um todo.
As organizações que implementam a RSE se beneficiam da proteção e
fortalecimento da imagem da marca e da sua reputação, favorecendo a imagem da
organização, pois a credibilidade passa a ser uma importante vantagem, um
diferencial competitivo no mundo globalizado.
A RSE adotou discursos de defesa da cidadania, da democracia, da
participação social, da solidariedade e da parceria para o enfrentamento da “questão
social” como uma estratégia ideológica, visando facilitar a ampliação de seus níveis
de acumulação. Assim, o termo cidadania foi banalizado e aparece de forma
genérica em seu discurso, tanto como democracia e solidariedade.
“A expressão “cidadania empresarial”, largamente utilizada para demonstrar
as ações de preocupação social dos empresários, serve apenas para legitimar seu
discurso” (MENEZES, 2010, p. 511-512).
A responsabilidade Social Empresarial atrai investidores, já que muitos
investidores individuais e institucionais sabem que há um maior retorno nas
empresas socialmente responsáveis, os programas de responsabilidade social saem
82
de uma perspectiva de “bondade” empresarial e recaem em uma estratégia de
negócio, gerada pelas exigências do público-consumidor. Este novo posicionamento
da sociedade convoca as empresas a incluir considerações éticas e sociais em suas
práticas de marketing (KOTLER; KELLER, 2006).
Há críticas também quanto à responsabilidade social corporativa, Fischer
(2005) atribui a responsabilidade pelo desenvolvimento humano a todos os atores
sociais, estejam eles inseridos em organizações públicas ou empresariais bem como
na sociedade civil. A responsabilidade não é exclusiva das empresas. Segundo a
autora, as iniciativas de responsabilidade social por parte de empresas respondem
mais a uma exigência mercadológica do que a uma conscientização da necessidade
de mudança de valores universais.
Responsabilidade Social é um dos fenômenos de mercado proveniente da
globalização da economia. Ao longo dos ciclos históricos, tivemos a empresa
orientada sucessivamente para o produto, para o mercado e depois para o cliente.
Agora a empresa encontra-se orientada para o social (BICALHO, 2003).
Ao aceitarem o desafio que esses princípios representam as empresas que
desejam atuar e adotar práticas de responsabilidade social contribuindo
para a criação de uma sociedade mais prospera mais justa e fraterna, além
de ficarem mais próximas de mercados que valorizam e priorizam produtos
e empresas parceiras do desenvolvimento sustentado, que associa à
dimensão econômica também as dimensões social e ambiental (KARKOTLI,
2006, p. 116-117).
Todavia a Responsabilidade Social vem movimentando um grande número de
organizações, e tem se mostrado como uma opção em busca da sustentabilidade.
Muller (2003), afirma que a sociedade tem exigido que as empresas explicitem suas
ações de responsabilidade social e por isso surgiu, a necessidade de se definirem
modelos em que se possa medir o grau de responsabilidade social das
organizações.
3.8.1 Indicadores
Jannuzzi (2001, p. 15) afirma que “o Indicador Social é um instrumento
operacional para monitoramento da realidade social, para fins de formulação e
reformulação de políticas públicas. É algo indispensável na realização de atividades
de planejamento público e de formulação de políticas sociais em todas as esferas do
governo, sendo também utilizados por instituições privadas que praticam a
83
Responsabilidade Social. Por meio de Indicadores Sociais são criadas e
desenvolvidas ações de cunho social.
Indicadores sociais são instrumentos que conferem poder à sociedade civil,
desde o processo de discussão da natureza das políticas governamentais,
dos programas públicos e dos projetos de ação social até o monitoramento,
o direcionamento e a avaliação dos mesmos. Em tese, com a produção e a
disseminação das estatísticas públicas, os indicadores sociais ganharam
visibilidade na sociedade e conferiram a ela o poder de interagir no
panorama social e político (MULLER, 2003. p. 107).
Muller (2003), afirma que a forte pressão em busca de transparência nas
ações empresariais, criou-se uma grande quantidade de códigos de conduta,
princípios, técnicas de auditoria e critérios de avaliação. Algumas instituições
desenvolveram mecanismos e padrões de medição de suas ações e resultados, a
partir de modelos desenvolvidos especificamente para avaliar e divulgar informações
de cunho social.
A princípio, as informações eram restritas em aspectos financeiros e,
superficialmente ao meio ambiente. No entanto o aumento da relevância em relação
transparência forçou as empresas a prestarem informações mais precisas e
complexas. Foi necessário incluir as ações do campo social e, assim, contemplar
dados referentes ao tripé do desenvolvimento sustentável abrangendo o econômico,
o ambiental e o social.
Para corroborar neste processo, foram elaborados modelos de indicadores de
práticas de responsabilidade social. Dentre os quais podemos destacar os modelos
criados pelo Global Reporting Initiative (GRI), o Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas (Ibase) e o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade
Social (Instituto Ethos).
3.8.2 Global Reporting Initiative
A Global Reporting Initiative (GRI) foi constituída em 1997, pela Coalition for
Environmentally Responsible Economies (CERES) em parceria com o Programa de
Desenvolvimento das Nações Unidas, cujo objetivo é equiparar relatórios sociais e
de sustentabilidade aos relatórios financeiros, assim como construir uma base
comum sobre a qual se possa instituir uma estrutura consistente para a divulgação
de informações sobre as dimensões econômicas, ambientais e sociais. A GRI
também desenvolve e dissemina um conjunto de diretrizes aplicáveis à elaboração
84
de relatórios de sustentabilidade através do GRI Guidelines, o Sustainability
Reporting Guidelines.
O processo de construção das Diretrizes para a Elaboração de Relatórios
sobre Sustentabilidade envolveu inúmeros stakeholders, que se reuniram para
elaborar a sua primeira versão, datada de março de 1999. Nos anos seguintes, as
Diretrizes passaram por criteriosas revisões, num processo de plena transparência e
acessibilidade, e atualmente as Diretrizes encontram-se traduzidas em oito idiomas,
sendo que a GRI produz periodicamente boletins informativos para manter
atualizada a sua rede de mais de 2.500 stakeholders.
A GRI sugere 103 indicadores diferentes, os quais são agrupados nos termos
das três dimensões que convencionalmente definem o desenvolvimento sustentável:
a econômica, a ambiental e a social.
3.8.3 Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas
O IBASE é uma organização não governamental, suprapartidária, sem fins
lucrativos e sem vinculação religiosa, reconhecida como de utilidade pública federal,
estadual e municipal (IBASE, 2002). Suas ações demonstram comprometimento
com relação à defesa dos direitos humanos, à justiça, ao bem-estar e ao
fortalecimento da democracia.
A missão do IBASE (2002) é atuar estrategicamente no desenvolvimento de
uma sociedade plenamente democrática, sem miséria, pobreza, desigualdade,
negação dos direitos humanos ou quaisquer outras formas de exclusão social.
O IBASE desenvolve Programas de Ação com os seguintes focos: Políticas
Públicas
e
Globalização,
Processos
Sociais
de
Inclusão,
Participação
e
Desenvolvimento Local Sustentável, além de Transparência e Responsabilidade
Social, foco desta dissertação.
Uma de suas prioridades políticas é, justamente, estimular o exercício da
responsabilidade social, não apenas das empresas, mas também do Estado e dos
cidadãos. Para tanto, o Programa Transparência e Responsabilidade Social objetiva
sensibilizar empresas, governos e sociedade no enfrentamento da pobreza e das
desigualdades, através da transparência no orçamento público e no balanço social
das empresas (IBASE, 2002).
85
3.8.4 Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial
O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização
sem fins lucrativos fundado no ano de 1998. Os Indicadores Ethos de
Responsabilidade Social podem ajudar as empresas a trilhar o caminho da
responsabilidade social corporativa, já que uma empresa que se associa ao Instituto
Ethos passa a ter acesso a informações atualizadas a respeito de ações
empresariais socialmente responsáveis, além de receber apoio técnico no
gerenciamento de seus negócios.
Sua missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerirem seus
negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de
uma sociedade mais próspera e justa (ETHOS, 2002).
Para alcançar seus objetivos, o Instituto Ethos (2000) oferece aos associados
uma série de produtos e orientações que buscam auxiliar as empresas a
compreender e incorporar o conceito de responsabilidade social, mobilizando-as
para implementação de políticas e práticas que atendam a elevados critérios éticos.
(MUELLER, 2003)
A disseminação da prática da responsabilidade social é prioridade para o
Instituto Ethos que se propõe a participar de seminários e encontros que promovam
a discussão da temática e a troca de experiências. Em busca de capacitação e de
instrumentalização, o Instituto Ethos procurou formar parcerias com entidades
internacionais (MULLER, 2003).
Visando fortalecer a cultura da responsabilidade social no Brasil, o Instituto
Ethos criou os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, e o Guia de
Elaboração de Relatório e Balanço Social de Responsabilidade Social Empresarial.
Os Indicadores Ethos foram criados de seguindo alguns parâmetros de
pesquisa e benchmark de normas e certificações, nacionais e internacionais.
Utilizou-se a ISO 9000, a ISO 14000, a SA 8000 e também a AA 1000.
Durante o processo de sua criação foram referenciados também os princípios
e diretrizes da GRI. Após pesquisar os indicadores mais adequados à prática da
responsabilidade social corporativa, a própria equipe do Instituto Ethos desenvolveu
os indicadores em parceria com outros profissionais, com empresas e com a
Fundação Ação Vida e Natureza (MULLER, 2003).
86
De acordo com Grajew (2001), os indicadores têm como principal objetivo
apresentar para o setor empresarial e a sociedade em geral o que é
responsabilidade social, sua abrangência e profundidade. Antes de ser uma
ferramenta
de
avaliação,
é
um
instrumento
didático
que
busca
inserir,
definitivamente, as práticas socialmente responsáveis na agenda das organizações.
Por meio dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, a empresa pode
avaliar, e planejar suas ações de responsabilidade social em busca da excelência e
a sustentabilidade de seus negócios. Sendo possível verificar o estágio em que se
encontram as práticas de responsabilidade social na empresa e aprimorá-las quando
necessário (MULLER, 2003).
A primeira versão dos Indicadores Ethos surgiu em junho de 2000, sendo que
a edição de 5 mil exemplares se esgotou em menos de um ano. Atualmente já foram
criados modelos de indicadores sociais baseados nos modelos do Instituto Ethos,
como é o caso do modelo apresentado por Karkotli (2006), criado a partir de estudos
desenvolvidos pelo Instituto Ethos.
TEMAS
COMPROMISSOS ÉTICOS
TRANSPARÊNCIA
E
VALORES
INDICADORES
ENRAIZAMENTO NA CULTURA ORGANIZACIONAL
DIÁLOGO DOS STAKEHOLDERS
RELAÇÕES COM A CONCORRÊNCIA
BALANÇO SOCIAL
RELAÇÕES COM SINDICATOS
PÚBLICO INTERNO
GESTÃO PARTICIPATIVA
PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS E BONIFICAÇÕES
COMPROMISSO COM O FUTURO DAS CRIANÇAS
VALORIZAÇÃO DA DIVERSIDADE
COMPORTAMENTO FRENTE A DEMISSÕES
87
COMPROMISSO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL E
EMPREGABILIDADE
CUIDADO COM SAÚDE, SEGURANÇA E CONDIÇÕES DE
TRABALHO
PREPARAÇÃO PARA APOSENTADORIA
CONHECIMENTO SOBRE IMPACTO NO MEIO AMBIENTE
MINIMIZAÇÃO DE ENTRADAS E SAÍDAS DE MATERIAIS NA
MEIO AMBIENTE
EMPRESA
RESPONSABILIDADE SOBRE O CICLO DE VIDA DOS
PRODUTOS E SERVIÇOS
COMPROMETIMENTO SOBRE O IMPACTO NO MEIO
AMBIENTE
CRITÉRIO DE SELEÇÃO DE FORNECEDORES
TRABALHO INFANTIL NA CADEIA PRODUTIVA
RELAÇÕES COM OS TRABALHADORES TERCEIRIZADOS
PRÁTICAS ANTICORRUPÇÃO E PROPINA
LIDERANÇA E INFLUÊNCIA SOCIAL
PARTICIPAÇÃO EM PROJETOS SOCIAIS GOVERNAMENTAIS
S/ CLIENTES
POLITICA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO
EXCELÊNCIA NO ATENDIMENTO
CONHECIMENTO DOS DANOS POTENCIAIS DOS PRODUTOS
E SERVIÇOS
GERENCIAMENTO IMPACTO EMPRESA JUNTO A
COMUNIDADE
ADE
COMUNID
CONSUMIDORE
FORNECEDORES
APOIO AO DESENVOLVIMENTO DE FORNECEDORES
RELAÇÕES COM ORGANIZAÇÕE ATUANTES NA
88
COMUNIDADE
MECANISMO DE APOIO A PROJETOS SOCIAIS
ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO NA ÁREA SOCIAL
MOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS PARA INVESTIMENTO
SOCIAL
RECONHECIMENTO/APOIO TRABALHO VOLUNTÁRIO DOS
FUNCIONÁRIOS
SOCIEDADE
GOVERNO E
CONTRIBUIÇÕES PARA CAMPANHAS POLITICAS
PRATICAS ANTICORRUPÇÃO E PROPINA
LIDERANÇA E INFLUÊNCIA SOCIAL
PARTICIPAÇÃO EM PROJETOS SOCIAIS GOVERNAMENTAIS
Quadro 4: Indicadores Sociais
Fonte: Elaborado por Instituto Ethos, 2005.
O modelo que consiste em um questionário composto de indicadores é
dividido em sete temas: valores e transparência; público interno; meio ambiente;
fornecedores; consumidores/clientes; comunidade; governo e sociedade, que
permitem fazer uma avaliação mais concisa do grau de responsabilidade social das
empresas.
Cada um destes sete temas é composto por ações sociais que são
desenvolvidas pelas organizações. Por meio dos indicadores busca-se mensurar a
efetividade e o alcance das ações sociais desenvolvidas pelas mesmas e a partir
dos resultados obtidos é possível medir em que áreas a empresa desenvolve mais
ações sociais e que áreas necessitam melhorias, sendo uma ferramenta
imprescindível para empresas que visam à responsabilidade social, pois permite não
só a mensuração, mas também o controle das ações sociais desenvolvidas.
89
3.8.5 Ações sociais
Segundo Coelho (2000) novas combinações de antigos conceitos como
caridade, filantropia e ação social começaram a surgir por meio de diferentes
formas de organização da sociedade civil, particularmente com a criação dos
movimentos sociais e das organizações sem fins lucrativos (conhecidas como
organizações não governamentais e terceiro setor), sugerindo a realocação e a
transformação das funções dos diferentes atores sociais.
Na evolução deste processo surgiu um novo ator social: as empresas, que
desenvolvem programas, projetos e ações sociais visando à educação, a
promoção social, a saúde, a criança e ao adolescente, o meio ambiente e a
cultura, entre outros (MUELLER, 2003).
Muller (2003) também afirma que, com o passar dos anos, a ação
humanitária mais simples, baseada na religião (a caridade) evoluiu para um
relacionamento mais complexo, em que a principal característica é a intenção de
apoiar a cidadania participativa. Devido a este panorama surgem a filantropia
empresarial e a empresa cidadã, comprometida com a promoção da cidadania e o
desenvolvimento da comunidade por meio do investimento social privado.
O cenário de mudanças aceleradas, aliado ao agravamento dos problemas
sociais, o bem-estar da sociedade passou a depender da participação direta das
empresas na adoção de ações sociais isoladas, no estabelecimento de parcerias
e, inclusive, na formulação e implantação de projetos sociais próprios, o princípio
destas ações decorre da prática de ações filantrópicas, as quais se desenvolveram
através das atitudes e ações individuais de alguns empresários (MULLER, 2003).
Com o passar do tempo as ações de filantropia evoluíram do caráter de caridade
para a noção de consciência social, de bem comum e de dever cívico.
Filantropia trata basicamente de ação social externa da empresa, tendo
como beneficiário principal a comunidade em suas diversas formas (conselhos
comunitários, organizações não governamentais, associações comunitárias etc.).
A Responsabilidade Social foca a cadeia de negócios da empresa e engloba
preocupações com um público maior (acionistas, funcionários, prestadores de
serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio-ambiente),
cujas demandas e necessidades a empresa deve buscar entender e incorporar em
seus negócios. Assim, a Responsabilidade Social trata diretamente dos negócios
90
da empresa e como ela os conduz (ETHOS, 2002).
O Instituto Ethos (2002) define ação social das empresas como qualquer
atividade realizada pela empresa para atender às comunidades em suas diversas
formas (conselho comunitário, organizações não governamentais, associações
comunitárias, etc.), em áreas como assistência social, alimentação, saúde,
educação, cultura, meio ambiente e desenvolvimento comunitário.
O relacionamento das empresas brasileiras com a questão social teve início
com a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas – ADCE, em
1960, que propagou a importância da ação social dessas instituições (FERREIRA;
BARTOLO, 2005).
Porém, só a partir do início dos anos 90, é que algumas organizações
começaram a levar a sério esta questão e a divulgar sistematicamente em
balanços e relatórios sociais as ações realizadas que resultassem em benefícios à
comunidade, ao meio ambiente e a seus funcionários (CAMPOS, 2007).
Uma ação social bem conduzida proporciona a qualquer empresa posição
de destaque na sociedade onde atua e pode ser fator decisivo na autopreservação
empresarial. Dependendo dos resultados dos projetos sociais por ela financiados,
a empresa reforça sua imagem, torna-se mais conhecida e vende mais. Seus
produtos, serviços e, sobretudo sua marca ganha maior visibilidade, aceitação e
potencialidade (BERTONCELLO; JUNIOR 2007).
Com melhor entendimento do alcance e dos impactos de uma ação social,
investidores e doadores teriam mais um motivo para manter ali seus investimentos
e contribuir para a continuidade da ação transformadora, para que dela possam se
beneficiar (OLIVEIRA, 2008).
Para Melo Neto e Froes (2001) há uma grande diferença entre as ações de
responsabilidade social e as ações de filantropia.
Logo, os autores afirmam que a responsabilidade social está diretamente
relacionada com a promoção da cidadania, com a sustentabilidade e a autos
sustentabilidade das comunidades, enquanto a filantropia é baseada em ações
assistencialistas cujo objetivo é contribuir para a sobrevivência de grupos sociais
desfavorecidos.
Outra característica mencionada pelos autores se refere à extensão das
ações de responsabilidade social, considerando que as mesmas abrangem toda a
91
cadeia de negócios da empresa, ou seja, o grupo de stakeholders.
Filantropia
Responsabilidade Social
Ação individual e voluntária
Ação coletiva
Fomento da caridade
Fomento da cidadania
Base assistencialista
Base estratégica
Restrita a empresários filantrópicos e abnegados
Extensiva a todos
Prescinde de gerenciamento
Demanda gerenciamento
Decisão individual
Decisão consensual
Quadro 5: Diferenças entre a filantropia e a responsabilidade social
Fonte: Melo Neto e Froes, (2001 p.28).
Enquanto as ações de filantropia se restringem ao âmbito dos empresários
filantrópicos, concretizando-se através de doações a grupos ou entidades, a
filantropia decorre de uma ação individual e voluntária. A responsabilidade social
parte, assim, de uma ação que visa o coletivo e tem por objetivo transformar uma
dada realidade, promovendo, principalmente, a inclusão social (MULLER, 2003).
3.8.6 Inclusão social
Sassaki, (1997, p. 83) acredita que “a inclusão social é o meio pelo qual a
sociedade se adapta para incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com
necessidades especiais, ao mesmo tempo em que estas se preparam para
assumir seus papéis na sociedade”.
De acordo com o autor, se faz necessário uma mudança na sociedade, pois
a mesma deve compreender que precisa ser capaz de atender às necessidades
de seus membros, e tratar estes como parceiros na discussão de problemas e
soluções.
Todavia estabelece que isso não seja algo que ocorre com facilidade. Para
o autor a inclusão social é um processo que contribui para a construção de um
novo tipo de sociedade, por meio de transformações, que podem incorrer nos
espaços físicos das cidades, meios de transporte, nas políticas públicas, na
mentalidade das pessoas, sejam elas: jovens, adultas ou idosas.
92
Faleiros (2006) alerta que a questão da inclusão social está extremamente
ligada à exclusão.
Já Costa (2006) afirma que a expressão “exclusão social” é utilizada hoje de
maneira generalizada. Percebemos, portanto, que não há consenso entre os
especialistas quanto ao sentido da mesma.
Martins (2002) explicita que a exclusão social pode ser entendida como
resultado de uma mudança da sociedade a partir do desenvolvimento capitalista. É
a expressão da incerteza e insegurança teórica na compreensão dos problemas
sociais da sociedade contemporânea.
Segundo Faleiros (2006), a exclusão é reflexo da desigualdade social,
característica marcante do capitalismo. Resulta da relação de exploração de uns
sobre os outros, dentre os que possuem mais poder sobre os que possuem menor
poder aquisitivo. Essa exploração pode ser econômica, política ou cultural e está
inserida na organização e participação na vida social, proporcionando benefícios
para uns em detrimento de outros. Fato que representa a relação existente entre a
exclusão e inclusão. Uma não existe sem a outra, num movimento constante
marcado por conflitos.
Para Martins (2002) a questão é muito mais social do que econômica. As
políticas compensatórias oferecidas são até certo ponto necessárias na tentativa
de amenizar os efeitos cruéis deste modelo econômico. Entretanto, o autor
considera que optar por essas políticas só confirma e legitima a exclusão, que não
deve ser vista como uma novidade, pois sempre existiu nas sociedades
tradicionais.
A exclusão moderna é um problema social pelo fato de abranger a todos os
cidadãos, desde os que são privados do básico para viver com dignidade aos que
convivem com o terror da incerteza quanto ao próprio destino e ao destino dos
filhos e dos próximos.
Martins
acredita
que,
a
verdadeira
exclusão,
portanto,
está
na
desumanização própria da sociedade contemporânea que, ou nos torna
condizentes com esta situação, ou nos torna indiferentes em relação aos que não
têm um teto, não têm trabalho e, sobretudo, não têm esperança (MARTINS, 2002).
Para enfrentar os processos de exclusão social existentes, se faz necessário
criar estratégias de inclusão social. Um caminho pode ser o da política social,
93
sejam estas públicas: desenvolvidas pelo Estado ou privadas: desenvolvidas por
empresas e instituições. Essas políticas devem procurar criar ações que
possibilitem a seus usuários se tornarem protagonistas de suas próprias histórias,
considerando principalmente os princípios da Constituição Federal de 1988,
regidos pelos direitos sociais e pela cidadania.
Para Mota (2007) a inclusão e a cidadania, apesar de serem considerados
processos utópicos por alguns autores, também são considerados processos que
buscam de alguma forma reverter ou amenizar os efeitos provocados pelos
processos de exclusão social que representam uma negação da cidadania. De
acordo com a autora, para reverter esses processos se faz necessário pensar em
maneiras para reduzir a desigualdade, na efetivação de direitos, em justiça social
e no acesso a bens e serviços.
É responsabilidade do poder público viabilizar a inclusão social, realizando,
para tanto, ações essenciais para o desenvolvimento da cidadania. Estas ações
devem contemplar não apenas a renda, mas também o acesso às políticas e aos
serviços sociais. Seria essa a função da inclusão social, vista como uma
possibilidade de enfrentamento da
situação de
exclusão por meio da
implementação de políticas sociais (MOTA, 2007).
A partir dessa mudança de enfoque, não se trata mais de resgatar os
“desviantes” ou “incapacitados”, mas de lutar por formas dignas de inclusão social
para o conjunto da população. [...] Uma política realmente cidadã deve procurar
“excluí-los da precariedade”, protegendo-os do mundo abjeto do ganho e do lucro
imediato
e
possibilitando
o
desenvolvimento
de
suas
criatividades
e
potencialidades (POCHMANN, 2004).
A sociedade precisa atender às necessidades de seus membros mais
necessitados e buscar meios de incluí-los em seus sistemas sociais. A inclusão
social é um processo que permite transformar a sociedade utilizando-se de
políticas que tenham como objetivo, o reconhecimento da cidadania, o
fortalecimento da autoestima, das relações sociais e a elevação da renda,
envolvendo o homem como um todo (MOTA, 2007).
Deste modo, é preciso levar em conta as necessidades humanas e não
apenas os interesses de aspectos econômicos, mas também os aspectos
ambientais e sociais, como é defendido no conceito do triple bottom line. De
94
acordo com este conceito a integração de quesitos econômicos, sociais e
ambientais é capaz de promover a sustentabilidade.
3.8.7 Sustentabilidade
O crescimento é inevitável, entretanto se continuarmos crescendo de
maneira desordenada como acontece atualmente é grande o risco de nosso
planeta entrar em colapso. É necessário criar estruturas para suportar este
crescimento, buscando maneiras de produzir mais, reciclar mais, conscientizar
mais, e consumir menos, pois os recursos naturais são limitados. “Criamos uma
economia que não pode sustentar o progresso econômico, uma economia que não
pode nos conduzir ao destino desejado” (BROWN, 2003, p. 06).
Há um novo paradigma da sustentabilidade que propõe uma nova dinâmica
e ordem para a sociedade atual, relacionando principalmente à interação e
cooperação entre governos, empresas e sociedade civil organizada na construção
de uma sociedade mais justa e sustentável.
Uma sociedade é sustentável, “ao atender, simultaneamente, aos critérios
de relevância social, prudência ecológica e viabilidade econômica, os três pilares
do desenvolvimento sustentável” (SACHS, 2002, p.35).
É com base nesta lógica que as empresas devem adotar políticas e práticas
de sustentabilidade, buscando, incorporar estrategicamente aos seus negócios as
dimensões, econômica, ambiental e social do desenvolvimento sustentável,
apoiando-se na integração destes três quesitos, constituindo o tripé conhecido
como triple-bottom line.
Figura 4: Triple bottom line.
Fonte: Alledi Filho ET al. (2003) apud Oliveira, et al, (2012 p.73).
95
O conceito do Triple Bottom Line surgido do estudo realizado por Elkington
(1994), no inglês, é conhecido por 3P (People, Planet e Profit); traduzido para o
português, seria PPL (Pessoas, Planeta e Lucro) (OLIVEIRA, ET AL. 2012).
Ao realizarmos uma análise individual, tem-se: o Econômico, que visa é a
criação de empreendimentos viáveis e atraentes para os investidores; o Ambiental,
que se propõe a analisar a interação de processos com o meio ambiente sem lhe
causar danos permanentes; e o Social, cujo objetivo é o estabelecimento de ações
justas para trabalhadores, parceiros e sociedade. Estes três pilares juntos se
relacionam de tal forma que a interseção dos mesmos, resultaria no alcance da
sustentabilidade (OLIVEIRA, et al, 2012).
O conceito de sustentabilidade está extremamente ligado ao conceito de
responsabilidade social das organizações. Desta forma a ideia de sustentabilidade
adquire contornos de vantagem competitiva.
Segundo Porter (1989) normalmente as companhias têm uma estratégia
económica e um estratégia de responsabilidade social e o que elas devem ter é uma
estratégia só. Uma consciência sustentável, por parte das organizações pode
significar uma vantagem competitiva e trazer benefícios para as mesmas.
A adoção de práticas empresariais sustentáveis é uma realidade possível e
que está ao alcance de todos. Na conjuntura tecnológica e científica dos
dias de hoje, para uma empresa se tornar sustentável é algo que está mais
relacionado às questões culturais e a paradigmas carregados ao longo de
anos do que a capacidade intelectual e econômica de construir novos
modelos de desenvolvimento (ZAMBOM; RICCO, 2010, p.121).
O desenvolvimento sustentável pode ser uma oportunidade para novos
negócios. O crescimento dos níveis de desenvolvimento humano tem proporcionado
maior poder de compra para as pessoas que se encontram na base da pirâmide da
economia e pode ser refletida no crescimento do consumo e o consequente
aumento na oferta de produtos e serviços a mercados, anteriormente, inexplorados.
Com a melhoria das condições de vida da população criou-se um ambiente
propício para o desenvolvimento de novos negócios.
Para Zambom; Ricco, (2010) a base da pirâmide ainda é uma demanda
reprimida, que pode ser um alvo importante para as novas tecnologias e para o
desenvolvimento de novos negócios, quer exijam ou não uma nova estrutura para a
atividade empresarial.
96
[...] os inovadores concorrem contra o não-consumo – ou seja, eles
oferecem um produto ou serviço a pessoas que de outra forma seriam
deixadas totalmente de fora ou permaneceriam mal atendidas pelos
produtos existentes. Essa é a segunda razão pela qual a base da pirâmide
oferece melhores mercados para negócios crescentes [...]. Quando trazem
um produto inovador para clientes que eram mal atendidos ou até mesmo
ativamente explorados, estes ficam encantados por terem produtos simples
com funcionalidade modesta (HART, 2006, p.127).
As populações mais pobres representam um novo desafio gerencial para as
grandes organizações. Tornou-se evidente que há um grande mercado potencial a
ser atendido na base da pirâmide (HART, 2006). Neste contexto é possível
encontrar oportunidades para fazer dos mercados de baixa renda uma possibilidade
de expansão e criação de novos negócios.
Almeida (2002) diz que a sustentabilidade exige um novo paradigma:
orgânico, holístico e integrador. E é desta forma que a referida empresa se
posiciona, na medida em que acredita que a sustentabilidade é um conjunto e que
todos os aspectos são interligados e interativos.
Isto fez as empresas repensarem seu posicionamento, passando a direcionar
seus esforços também para novas oportunidades, até então ignoradas ou
desconhecidas. (ZAMBOM; RICCO, 2010).
Deste modo, um esforço sistemático voltado para a sustentabilidade e para
inovação, pode representar uma alternativa para mercados altamente competitivos e
até mesmo saturados, como é o caso do mercado bancário brasileiro que é bastante
competitivo, mas que ainda não explora todo o potencial existente na base da
pirâmide.
97
4 METODOLOGIA
De acordo com Gil (2008) o objetivo da ciência é checar a veracidade de
determinados fatos. Para tal, o método científico acadêmico necessita de
comprovação de determinado conhecimento como cientifico por meio de métodos e
técnicas.
A metodologia indica como se deve fazer a pesquisa ao qual foi proposta,
onde o pesquisador deverá escolher a maneira como irá organizar as diversas
informações para testar as hipóteses que foram levantadas ou para descrever
alguns fenômenos.
Neste capítulo, serão abordados os métodos e técnicas utilizados para a
elaboração desta pesquisa, tendo como tópicos: Os tipos de pesquisa utilizados,
bem como a forma de coleta e análise dos dados.
4.1 TIPOS DE PESQUISA
Quanto à natureza da pesquisa, pode se afirmar que ela é do tipo ‘aplicada’. A
pesquisa aplicada tem como objetivo “gerar conhecimento para aplicação prática e
dirigida à solução de problemas específicos” (SOUZA; FIALHO; OTANI, 2007, p.38).
Conforme Santaella,
A motivação principal das pesquisas aplicadas, por seu lado, está na
contribuição para resolver um problema. Para tal, ela aplicará
conhecimentos já disponíveis, mas das aplicações podem resultar não
apenas a resolução do problema que a motivou, mas também a ampliação
da compreensão que se tem do problema, ou ainda a sugestão de novas
questões a serem investigadas (SANTAELLA, 2001, p.140).
Quanto à abordagem, utilizou-se a pesquisa qualitativa, pois não requer o uso
de métodos e técnicas estatísticas. A pesquisa qualitativa, segundo Souza; Fialho e
Otani,
“[...] é uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito [...]. O ambiente
natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o
instrumento chave [...]. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados
indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais da
abordagem” (2007, p. 38).
98
A abordagem qualitativa, conforme Marconi e Lakatos (2001, p. 109) permite
elaborar
“relações
entre
caraterísticas
observáveis,
ou
experimentalmente
determináveis, de um objeto de estudo denominado: leis teóricas ou simplesmente
teoria”.
As pesquisas que utilizam da abordagem qualitativa possuem a facilidade
de poder descrever a complexidade de uma determinada hipótese ou
problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e
classificar processos de mudanças (OLIVEIRA, 2001, p. 117).
Trata-se de pesquisa exploratória, haja a vista a abordagem de várias
questões expostas neste estudo. Devido a peculiaridades envolvidas na gestão do
microcrédito e a grande variedade de questões a serem abordadas, recomenda-se
explorar os assuntos aqui apresentados sem grande aprofundamento.
A pesquisa exploratória proporciona maior proximidade com o problema,
visando a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Procura aprimorar
ideias ou descobrir intuições. Possui um planejamento flexível envolvendo
em geral levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado e análise de exemplos
similares. Assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e
estudos de caso. (GIL, 1996 apud SILVA; KARKOTLI, 2011, p. 10 e 11).
Esse tipo de pesquisa é recomendado para pesquisadores que possuem
pouco conhecimento sobre o assunto pesquisado, pois, geralmente há pouco ou
nenhum estudo publicado sobre o tema (COLLIS; HUSSEY, 2005).
Por se tratar de um tema ainda recente na literatura, ainda não há muitos
estudos publicados a respeito do microcrédito produtivo orientado.
Quanto aos seus procedimentos, a pesquisa é bibliográfica. De acordo com
Gil (1991) a pesquisa bibliográfica é elaborada a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material
disponibilizado na Internet. É um procedimento importante que contribuiu para a
explanação dos conceitos de microcrédito, assim como o histórico, o público-alvo e a
situação atual no Brasil.
Por sua vez a pesquisa documental é aquela que é elaborada a partir de
materiais que não receberam tratamento analítico.
A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa
bibliográfica, não sendo fácil por vezes distingui-las. A pesquisa bibliográfica
utiliza fontes constituídas por material já elaborado, constituído basicamente
por livros e artigos científicos localizados em bibliotecas. A pesquisa
99
documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem
tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas,
relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas,
tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de televisão, etc.
(FONSECA, 2002, p. 32 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 37).
Foi concretizada pesquisa documental na empresa, através de relatórios
internos, além de informações disponibilizadas e meios eletrônicos acerca do
assunto abordado, com o objetivo de expor e compreender de maneira mais efetiva
a situação que se apresenta, além de levantamento de dados que foi realizado no
segundo semestre de 2015 com objetivo de proporcionar maior aprofundamento no
tema de estudo.
Levantamento: envolve a interrogação direta de pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer acerca do problema estudado para, em
seguida, mediante análise qualitativa, identificar as conclusões
correspondentes aos dados coletados (GIL, 1999 apud SILVA; KARKOTLI,
2011, p. 12).
O processo de levantamento das informações foi por entrevistas de roteiro
semiestruturado com a parte relevante envolvidas no processo de análise do
microcrédito no Banco do Empreendedor, com o intuito e de obter informações mais
detalhadas sobre a análise deste processo, sendo esta de suma importância para a
conclusão deste estudo de caso.
Conforme expõe Dencker,
O estudo de caso pode compreender análise de registros, observação de
acontecimentos, entrevistas estruturadas e não-estruturadas ou qualquer
outra técnica de pesquisa. Seu objeto pode ser um indivíduo, um grupo,
uma organização, um conjunto de organizações, ou até mesmo uma
situação (DENCKER, 2000, p. 127).
O estudo de caso é indicado para esta investigação, pois de acordo com Gil,
(1999) a maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias.
Por sua flexibilidade, é sugerido nas fases iniciais da pesquisa de temas complexos,
assim como, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. É,
portanto, utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento. A coleta de dados
geralmente é feita por mais de um procedimento, entre os mais usados estão: a
observação, análise de documentos, a entrevista e a história da vida.
100
4.2 COLETAS DE DADOS
A coleta de dados deste estudo está ajustada em livros, artigos científicos,
documentos internos e externos da empresa que são disponibilizados na internet,
além da realização de entrevistas com funcionário responsável pela analista de
microcrédito do Banco do Empreendedor.
As informações retiradas dos livros e artigos científicos serão utilizadas para
abordar o tema da pesquisa, seus objetivos e conceitos a respeito da análise
abordada trazendo mais credibilidade e segurança acerca das informações sobre a
análise do processo de microcrédito produtivo orientado e as ferramentas da análise
de processos.
O Banco do Empreendedor disponibilizou documentos internos onde a
pesquisadora teve acesso à mesa de análise do microcrédito, os normativos a
respeito do procedimento operacional utilizados pela analista para realizar a
liberação do crédito, visando obter o maior detalhamento possível acerca deste tipo
de análise.
A entrevista aplicada com a analista do microcrédito do Banco do
Empreendedor pode ser considerada etapa trivial para conclusão deste estudo.
Optou-se por roteiro de entrevista semiestruturado, para coletar dados primários,
pois nesse caso é possível um maior aprofundamento em questões que a
pesquisadora considere mais relevante enquanto está se aplicando a entrevista,
permitindo, inclusive, a inclusão de outros questionamentos durante a mesma.
É recomendada nos estudos exploratórios a entrevista informal que visa
abordar realidades pouco conhecidas pelo pesquisador. É o tipo de
entrevista menos estruturada possível e só se distingue da simples
conversação porque tem como objetivo básico a coleta de dados. Utilizamse como informantes-chaves, que podem ser especialistas no tema em
estudo, líderes formais ou informais, personalidades e outras. (GIL, 1999
apud SILVA; KARKOTLI, 2011, p. 19).
A escolha da analista para se aplicar a entrevista se deu pelo fato da
entrevistada ser a pessoa mais capacitada para explicar como essa metodologia de
análise se aplica no Banco do Empreendedor.
Além destas técnicas, também se optou pela observação participante que
ocorre por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado, para
recolher as ações da envolvida em seu contexto natural, considerando sua
101
perspectiva e seus pontos de vista (CHIZZOTTI, 2001). A observadora assume o
papel de um membro do grupo e constitui elemento fundamental para a pesquisa. É
utilizada de forma exclusiva ou conjugada a outras técnicas. Pode-se definir a
observação como o uso dos sentidos com vistas a adquirir conhecimentos do
cotidiano (GIL, 1999).
4.3 FORMAS DE ANÁLISE
De acordo com Netto (2006), a análise propriamente dita é realizada em três
níveis: a interpretação, a explicação e a especificação. A etapa da interpretação é
considerada essencial para a análise da pesquisa. Sendo assim, é possível afirmar
que a análise interpretativa dos dados levou em consideração três aspectos
fundamentais: os resultados alcançados no estudo; a fundamentação teórica; e a
experiência pessoal do investigador.
Para facilitar a interpretação dos dados, é utilizada a categorização por
pessoa individual. A categorização, por si própria, é um procedimento para agrupar
dados, considerando a parte comum existente entre eles, classificando-os por
semelhança ou analogia. Sendo assim, na categorização foram listadas as treze
perguntas, e, abaixo delas as suas devidas respostas.
4.4 ANÁLISE GERAL
A análise geral tem como objetivo refletir sobre as respostas obtidas durante a
entrevista, a fim de alcançar resultados que possam auxiliar de alguma forma a
formulação da proposta de melhoria do setor de análise e o reflexo na inadimplência
do Banco do Empreendedor.
Quando se interroga a pessoa que faz análise do microcrédito a mesma, tem
um olhar crítico sobre a sua atuação e o método utilizado. Assim sendo, através da
entrevista foi possível identificar as possíveis barreiras da análise, as dificuldades
por não ter treinamento, material didático voltado para esta área de análise do
microcrédito.
Através da entrevista realizada foi também possível perceber que o setor de
análise do microcrédito do Banco do Empreendedor realiza o seu papel na medida
102
do possível, porém, a base é que tem que melhorar. Além disso, o Banco do
Empreendedor não cobra o que é ensinado, deixando por conta do agente e do
auxiliar do agente de crédito. Portanto, as respostas obtidas comprovaram a
hipótese apontada na definição do problema.
4.5 RESULTADO DA PESQUISA
5. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMAS ENCONTRADOS
Com base nas respostas recolhidas através da entrevista, é possível perceber
algumas questões que podem ser trabalhadas pela empresa, cujo aprimoramento
contínuo é o objetivo principal:

A falta de comprometimento do agente de crédito e do auxiliar, com a parte
do levantamento de dados dos clientes, além de verificar a veracidade do
mesmo,
pois
encontra-se
diversas
divergências
nos
documentos
apresentados ao comparar-se com o LSE.

Outro ponto analisado é o preenchimento do LSE, pois faltam dados do
Empreendedor e sua Família, residência, renda familiar mensal, gastos
familiares mensais, conta corrente, física e jurídica, cartões de crédito,
qualificação (experiências anteriores ao negócio; grau de instrução; se fez
algum curso; o comportamento do empreendedor); dados do empreendimento
(características
do
patrimonial
empreendimento,
do
negócio;
histórico
do
histórico
empreendimento,
de
vendas,
situação
condições
de
comercialização, principais clientes, principais fornecedores, considerações
sobre a concorrência, quadro de pessoal, registro e controle da empresa,
receitas operacionais mensais, custos variáveis, custos fixos, garantias).

A falta de padronização da empresa com os documentos e a forma correta de
preenchimento do LSE também causa divergência entre o analista e o as
agentes de créditos e coordenadores.
103
5.1 ÁREA DE ANÁLISE DO BANCO EMPREENDEDOR
A atual analista do setor de análise de crédito do Banco do Empreendedor é
formada em administração de empresa pelo Centro Universitário Estácio de Sá, no
ano de 2011.
Sua trajetória no Banco do Empreendedor iniciou em 2008 como estagiárias e
no ano de 2009 foi contratada como auxiliar administrativo sendo que no ano de
2013 passou a ser analista, e, assim, permanece até então.
A área de análise de crédito do Banco do Empreendedor surgiu com a
necessidade de melhorar a liberação do crédito e diminuir a inadimplência e
melhorar a carteira de risco.
Para ser um analista entende-se que é preciso estar cursando ou ser formado
na área de administração ou economia, para compreender melhor o ambiente
econômico que está vivenciando para que, posteriormente, possa se realizar uma
boa análise do crédito, ter uma vivência da organização e saber como a empresa
funciona, conhecendo seus colaboradores, compreendendo como funciona o setor
de cobrança, para que assim, se saiba quais as dificuldades na hora de cobrar de
um cliente.
A área de análise de crédito é subordinada diretamente ao gerente geral, pois
não existe o cargo de Gerente de Operações. O gerente geral é o responsável direto
pelo setor e é subordinado ao Diretor Superintendente, pois o mesmo acompanha
diretamente a carteira de risco da organização.
O setor de análise de crédito não possui subordinado, e sim uma parceria
com o setor de contratos, pois através da decisão do analista é que o setor de
contratos poderá emitir o contrato, cheque e boletos para os clientes que se
encontram aguardando uma posição sobre o seu empréstimo.
5.2 COMO OCORREM O PROCESSO DA ANÁLISE DE MICROCRÉDITO
O agente de crédito lança a proposta na mesa de análise e o analista começa
a realizar a análise através do LSE (levantamento socioeconômico) que compreende
os dados familiares, dados do empreendimento, análise através dos 5Cs do crédito
104
do parecer técnico. Abre-se, assim, a documentação do cliente para comparar com
os dados apresentados no LSE, e caso os dados estejam corretos voltam para o
LSE, ocorrendo a continuação da análise que, consequentemente, verificam-se as
sobras de gasto familiar, ou seja, se são condizentes tais gastos. Compara-se
novamente com os documentos a fim de avaliar a sua veracidade. Analisa-se o
histórico do empreendimento: Quando começou e onde começou. Verifica-se o
faturamento da empresa dos últimos meses, os custos da empresa, a capacidade
mensal do negócio. Se tudo estiver dentro dos critérios de análise, o credito é
aprovado pelo analista e repassado ao setor de contratos.
Se os valores solicitados passarem de R$: 5.000,00 (Cinco mil Reais) utilizase o sistema SCR.
Este sistema se refere a um banco de dados que registra os empréstimos e
financiamentos que as pessoas físicas e jurídicas possuem perante as instituições
financeiras. Com este órgão de consulta, o analista de crédito avalia o risco que
cada cliente pode trazer para a empresa. Ou seja, nos casos em que o tomador já
possui sua renda comprometida em outras instituições financeiras, o crédito pode
ser negado.
Conforme o Bancoob (2011), as informações remetidas ao SCR são de
exclusiva responsabilidade das instituições financeiras, inclusive, no que diz respeito
às inclusões, correções, exclusões, marcações sub judice, ao registro de medidas
judiciais e de manifestações de discordância apresentadas pelos contratantes e são
enviadas ao Banco Central mensalmente. As instituições financeiras integrantes do
SCR podem ter acesso aos dados consolidados das operações de crédito de
clientes, desde que formalmente autorizadas por estes.
Desta forma, para consultar o Sistema de Informação de Crédito é necessário
que o cliente autorize formalmente que a instituição verifique seus valores
registrados perante o SCR.
Segundo o Banco Central (2011) o Sistema de Informação de Crédito do
Banco Central é o maior cadastro brasileiro baseado em informações positivas e
contém dados sobre o comportamento dos clientes no que se refere às suas
obrigações contraídas no sistema financeiro. Esses dados são compartilhados com
as instituições participantes, contribuindo para diminuir a inadimplência e melhorar a
gestão do risco de crédito.
105
Neste sentido, é possível perceber que o SCR é uma importante ferramenta
para as instituições financeiras na gestão de suas carteiras de crédito. Este avalia o
futuro tomador e dá suporte à inadimplência. Isso porque, o devedor fica registrado
com dívida vencida no Sistema de Informações de Crédito, consequentemente,
tendo problemas futuros com novos créditos que solicitará.
Mas esse produto de consulta é utilizado em caso de dúvida no LSE e nos
valores acima de R$: 5.000,00 (cinco mil reais), pois, pode-se solicitar uma nova
visita do agente de crédito e seu coordenador para apuração de mais dados.
Nesse período o contrato fica na mesa em estado de espera até ser
apresentado os documentos solicitados, ou caso esteja tudo dentro das normas de
análise do Banco e o parecer for favorável é aprovado o crédito e enviado para o
setor de contratos para emissão do mesmo.
106
No (quadro 6) o mapeamento do processo que está em fase melhoria.
Quadro 6: Mapeamento de processo
Fonte: Fonte elaborada pelo autor, 2015.
107
5.3 O PAPEL DO ANALISTA DENTRO DA ORGANIZAÇÃO É ESTRATÉGICO
O papel do analista dentro da organização é estratégico, pois visa não deixar
passar contratos de riscos que podem ser futuros contratos inadimplentes. A
organização preza muito pela análise do analista, pois este é um profissional
preparado para atuar sobre pressão e ser imparcial na sua decisão.
Ao se fazer análise do tomador, o analista quer extrair o máximo de
veracidade dos documentos apresentados, pois não é só o fato de emprestar, mas
sim de não endividar a família que está solicitando. O papel da organização junto ao
do analista é ver a rentabilidade que aquele empréstimo vai gerar na vida do
tomador.
E isto tem reflexo direto na inadimplência, pois quando a análise não é bem
realizada, não é bem fundamentada e acaba comprometendo a renda da família,
acaba-se colocando-o em situação de risco e levando-o a ser um inadimplente, pois
quando está ocorrendo a análise e o analista não verifica a viabilidade econômica do
negócio do cliente, isso pode gerar um inadimplente. É esta viabilidade que vai
mostrar se a empresa é rentável, se tem condições de se pagar a longo, médio e
curto prazo ou se esses empréstimos já estavam provisionados nas contas da
empresa.
Quando não analisado o mercado onde a empresa está inserida, não
verificando o período de sazonalidade da empresa, isto pode ocasionar em outro
fator que pode acarretar inadimplentes.
Por isso que a análise é tão importante: para verificar esses pequenos
detalhes que nas vendas não ocorrem e podem gerar, futuramente, uma carteira
com déficit.
Atualmente não existem cursos específicos para analista de microcrédito
orientado. Existe para operadores de análise de crédito de financeiras. A busca
constante de como melhorar a análise de crédito se dá por meio de bibliografias
voltadas para área, artigos científicos, e tutoriais de vídeos e a troca de experiências
com outras instituições do país.
As informações remetidas ao SCR são de exclusiva responsabilidade das
instituições financeiras, inclusive, no que diz respeito às inclusões, correções,
exclusões, marcações sub judice, ao registro de medidas judiciais e de
108
manifestações de discordância apresentadas pelos contratantes, e que são enviadas
ao Banco Central mensalmente.
As instituições financeiras integrantes do SCR podem ter acesso aos dados
consolidados das operações de crédito de clientes, desde que formalmente
autorizadas por estes. Desta forma, para consultar o Sistema de Informação de
Crédito, é necessário que o cliente autorize formalmente, que a instituição verifique
seus valores registrados perante o SCR.
Segundo o Banco Central (2011), o Sistema de Informação de Crédito do
Banco Central é o maior cadastro brasileiro baseado em informações positivas e
contém dados sobre o comportamento dos clientes no que se refere às suas
obrigações contraídas no sistema financeiro. Esses dados são compartilhados com
as instituições participantes, contribuindo para diminuir a inadimplência e melhorar a
gestão de risco de crédito.
Neste sentido, é possível perceber que o SCR é uma importante ferramenta
para as instituições financeiras na gestão de suas carteiras de crédito. Este avalia o
futuro tomador e dá suporte à inadimplência, isso porque, o devedor fica registrado
com dívida vencida no Sistema de Informações de Crédito tendo, assim, problemas
futuros com os novos créditos que solicitará.
109
6 PROPOSTAS DE MELHORIAS
Como solução para estes problemas identificados foi estudada uma proposta
de melhoria que seria a padronização das informações, aos funcionários de
atendimento, que no caso serão os agentes de créditos e seus auxiliares, pois se
existisse esse processo padronizado não ocorreriam tantas falhas na análise do
crédito, estimulando no agente de crédito o senso crítico, a responsabilidade com o
crédito emprestado, a responsabilidade social sobre aquele cliente. Ocorreriam,
também, visitas ao longo do empréstimo, não só quando o cliente atrasa, mas sim
fazer a função do Microcrédito produtivo orientado, pois atualmente só se empresta
o dinheiro e não se realiza o acompanhamento desse cliente.
Outro ponto é ver se realmente aquele empréstimo foi, de fato, produtivo para
o empreendimento, se ele conseguiu alcançar o seu objetivo com aquele
empréstimo, se era um capital de giro ou era para melhorar a produção ou serviço,
isso implica em dar o suporte necessário ao cliente, sanando dúvidas, por exemplo,
de como produzir um fluxo de caixa simples, controle melhor do estoque, auxiliar o
cliente caso veja nessas visitas que o mesmo pode estar se endividando e,
consequentemente, vir a ser um inadimplente com os seus fornecedores. Além
disso, também incentivar o cliente a procurar cursos na sua área de atuação ou
indicar vídeos, apresentar informativos, isto ajudaria o empreendedor a entender
melhor o mercado onde está inserido.
Outro ponto de sugestão de melhoria seria a visita do analista aos clientes
que tenham dúvidas sobre o LSE. Entretanto, como possuímos vinte e quatro
unidades espalhadas pelo Estado isso dificultaria ainda mais a análise. Portanto, o
que poderia ser feito é ir uma vez a cada regional e explicar a importância da
legalidade, da responsabilidade e do preenchimento correto do LSE, ainda que
todos tenham essa consciência de como deveria ser preenchido, mas, de forma a
fazê-los entender a missão e visão da organização que é ajudar a gerar renda aos
pequenos que não tem chance nas grandes financeiras.
A análise do crédito visa emprestar sem endividar o empreendedor, assim, é
necessário que os campos sejam preenchidos corretamente e que as informações
prestadas pelos clientes sejam verdadeiras. Por isso acredita-se que só emprestar o
dinheiro não ajuda, pois a grande maioria dos pequenos empreendedores tem o
110
sonho de não ser mais funcionário, mas não sabe como ser patrão, não sabe lidar
com investimentos, custos, lucros. Logo se faz de suma importância fazer um
acompanhamento ao cliente, durante todo o financiamento para mostrar que não o
queria só como mais um cliente, mas sim como cliente permanente.
Outro ponto de melhoria deveria ser o controle do prazo de entrega dos
documentos, pois apesar de existir uma agenda mensal das liberações, que não
fosse mais permitido ao agente, ao auxiliar e nem ao coordenador, passar do prazo
estipulado
pela
gerência.
111
JAQUELINE BATISTA
Nome da Organização: BANCO DO EMPREENDEDOR
Data de elaboração do P. A.:05/11/2015
PLANO DE AÇÃO
PORQUE FAZER (WHY) - META: PARA REDUZIR OS CONTRATOS INADIMPLENTES DO BANCO DO EMPREENDEDOR
WHAT
HOW
WHO
WHERE
WHEN
HOW MUCH
HOW
O QUE
FAZER
COMO FAZER
QUEM FARÁ
ONDE
PRAZO
CUSTO/INVEST.
COMO SERÁ FEITO
Melhorar a Análise do Crédito
112
Criação de um
manual de
Analista e
padronização das Gerência
informações
Verificar se o
tomador é avalista
de outro contrato,
e se o avalista
Analista
não é tomador
para não ter
contrato cruzado
Consultar o
Serasa
Usar o check list
de acordo com o
LSE
Planejamento 6 meses
Levantando dados dos seguintes
Não mensurável setores: Cobrança, Análise de
no momento
Crédito, Auxiliar e Agente de
Crédito e Gerência
Setor de
Análise
Cada contrato
leva em média
60 minutos
Uma análise de
contrato pode
Através da pesquisa no próprio
custa a empresa sistema que fornece esses
por contratoR$: dados
30,00
Analista
Sistema
Serasa
Consultar o
sistema 5
minutos
Custa por
Consulta
R$:2,50
Agente de
Crédito e
Analista para
conferência
Sistema
Sip/Web,
através do
Tablet
Preenchimento
de acordo com o Não mensuravel Usar o sistema Sip/Web que
LSE, uns 40
no momento
fornece esse check list
minutos
Coletar mais
dados de contato,
Agente de
como telefone
Crédito e Aux.
fixo, e-mail,
De Agente
página, redes
sociais
Visita ao
Cliente e na
unidade de
atendimento
Em média 60
minutos
Visitar um cliente
cada quilometro
rodado custa
R$:0,95 para
empresa, por
telefone não
passa dos
R$:0,30
Através do sistema da Amcred.
Através da visita in loco, onde
todos os dados devem ser
levantados. E todos os dados
levantados devem ser
averiguado pelo Auxiliar para ver
a veracidade dos dados.
113
Consultar os
Fornecedores
Visitar um cliente
Por telefone uns cada quilometro
Através de
10 minutos, em rodado custa
Agente de
Contatos
visita
R$:0,95 para
Crédito e Aux.
Telefonicos e dependendo do empresa, por
De Agente
visitas
local em média telefone não
60 minutos
passa dos
R$:0,31
Através da visita in loco, onde
todos os dados devem ser
levantados. E todos os dados
levantados devem ser
averiguado pelo Auxiliar para ver
a veracidade dos dados.
Visitar um cliente
cada quilometro
rodado custa
R$:0,95 para
empresa, por
telefone não
passa dos
R$:0,32
Através da visita in loco, onde
todos os dados devem ser
levantados. E todos os dados
levantados devem ser
averiguado pelo Auxiliar para ver
a veracidade dos dados.
Por telefone uns
Verificar os dados
Através de
10 minutos, em
Agente de
de contato dos
Contatos
visita
Crédito e Aux.
conhecidos e dos
Telefonicos e dependendo do
De Agente
avalistas
visitas
local em média
60 minutos
114
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Perante o exposto, há um ambiente cada vez mais competitivo, isso
demonstra a necessidade das empresas de ficarem atentas às mudanças que
ocorrem no mercado e se aprimorarem, invariavelmente. Com isso, as instituições
precisam buscar ferramentas e estratégias que garantam a obtenção de resultados
positivos, juntamente com a satisfação de seus clientes.
Neste contexto, a análise de crédito aparece como um dos elementos
fundamentais para a sobrevivência da organização, pois cumpre o papel decisivo
quando se fala em aumentar a rentabilidade e minimizar riscos. Por seu intermédio,
é possível que a empresa conceda crédito melhorando seus resultados. Ao realizar
a análise de crédito, no momento de conceder o crédito, a organização obtém
informações detalhadas de seus clientes, podendo mensurar sua capacidade de
saldar a dívida que está assumindo, bem como avaliar os riscos que esta operação
oferece.
A busca de informações relevantes e confiáveis, aliadas a correta
interpretação e capacidade de julgamento dos analistas de crédito traz melhor
segurança à tomada de decisão e reduz, consideravelmente, os riscos de
inadimplência assumidos pela empresa.
Desta forma, este trabalho teve como objetivo geral analisar o processo da
análise de liberação do microcrédito ao microempreendedor, luz da responsabilidade
social, que é emprestar sem comprometer o orçamento do microempreendedor,
incentivar o mesmo a produzir de forma orientada a utilização deste recurso pelo
Banco do Empreendedor.
Através dos estudos efetuados verificou-se que a maioria dos tomadores
inadimplentes são aqueles em que os créditos foram aprovados infringindo alguma
norma estabelecida pela empresa. Desta forma, recomenda-se que a análise seja
mais criteriosa e que as regras sejam seguidas rigorosamente, com a implantação
do manual com as informações padronizadas da instituição o risco de emprestar
sem retorno será diminuído, pois todos seguiram a mesma linha de filosofia da
organização e com isso não terão mais levantamento de dados diferenciados de
cada agente, todos serão padrão.
115
Como conclusão, constatou-se que o estudo realizado possibilitou o
conhecimento dos pontos que precisam ser melhorados na instituição pesquisada.
Sendo assim, faz-se necessário efetuar uma análise de crédito criteriosa antes de
concedê-lo, pois esta contribui diretamente com a liberação de um crédito mais
consciente e a diminuição do índice de inadimplência da empresa e o impacto na
vida dos microempreendedores podendo dar continuidade a geração de renda e
sustentabilidade.
116
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130
APÊNDICE
QUESTIONÁRIO
1. Qual o seu cargo no Banco do Empreendedor?
R: Atualmente sou analista do Microcrédito Produtivo Orientado. Comecei na análise
do programa Juro Zero.
2. Qual a sua formação acadêmica?
R: Sou bacharel em Administração de Empresas, desde ano de 2011.
3. A quem o setor de análise de crédito é subordinado?
R: Estamos subordinados diretamente ao gerente geral e ao diretor superintendente,
pois eles participam de forma direta sobre a análise, caso não haja concordância
entre o analista e o agente de crédito, passa-se o processo para eles analisarem e
darem o parecer.
4. Existe alguma área subordinada ao setor de análise de credito?
R: Não existe uma subordinação e sim setores ligados, pois, por exemplo, se o
analista solicitar uma revisita ao agente de crédito, o contrato fica parado na mesa
de análise e o setor de contratos não pode conferir a documentação e o cliente
também fica em espera para saber quando será liberado o seu contrato.
5. Quais os atributos necessários para ser um analista de crédito?
R. Cursar ou já ser formado em ensino superior na área de administração ou
economia, ter um tempo mínimo na organização para entender como funciona a
empresa, principalmente no setor da cobrança, pois é ali que sabemos há onde
131
erramos ao analisar o crédito e onde podemos melhorar. Tem que ter conhecimento
do perfil dos agentes de créditos e saber interpretar o relatório de risco,
comprometimento, persistência e ser imparcial.
6. Qual é a missão e objetivos do analista para o Banco do Empreendedor?
R: No meu ponto de vista não endividar o cliente, no âmbito familiar, porque missão
do banco é emprestar o dinheiro que o cliente possa pagar. Analisar e emprestar de
forma consciente.
7. Qual foi o impacto no Banco quando começou a utilizar o sistema de análise
de crédito?
R: Com a implantação do setor de análise, ainda não se sabe dizer, pois o setor é
novo e ainda não deu tempo para comparar em relação aos anos anteriores, pois a
demanda é grande e com a instalação da crise não foi possível mensurar o antes e o
depois, mas acreditamos que deve ter melhorado. Para isso que o setor foi
implantado.
8. Como você descreve o processo de análise do microcrédito no Banco do
Empreendedor?
R: O processo é lançado na mesa, o analista abre o LSE (levantamento
socioeconômico) e começa a sua análise, os 5CS do parecer técnico. Abrem-se,
assim, os documentos e compara com o LSE, quanto que foi a sobra do gasto
familiar. Vê-se o histórico do empreendimento, os dados da atividade, faturamento e
quando o valor é acima de 5.000,00 é analisado o SCR e é visto como é a vida
financeira do cliente. O uso do SCR é somente em último caso, para não influenciar
na minha tomada de decisão. Analisa-se o estoque do cliente, e caso ocorra algo
fica-se em espera para melhorar a situação do risco. E vemos, a partir daí a
capacidade de pagamento, as referenciais, se tem demanda, qual a relação deles
com os fornecedores, se apresentam referências, pois isso ajuda muito para análise.
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9. Existem cursos para capacitar o analista de crédito?
R: Não encontramos cursos específicos voltados para área do microcrédito, mais há
tutoriais na internet e textos que, geralmente, são curtos e que não nos dão uma
menção maior do assunto.
10. Devido a sua experiência, a empresa possui mecanismos/modelos
adequados? Eles são utilizados?
R: Sim. Utilizam o SCR para análise para os créditos acima de R$: 5.000,00
relatórios de riscos de classificação de riscos, os 5Cs do parecer técnico do crédito,
o sistema SIP que nos gera relatórios comparativos.
11. Qual é o papel do analista de crédito diante da gestão?
R: Que este faça uma análise bem cautelosa, verificando se existe atividade
apresentada, a capacidade e a necessidade do crédito. E se apresentou a garantia
compatível que se enquadra dentro do regulamento.
12. O analista possui um papel estratégico na empresa? Qual seria?
R. Acredito que sim. Caso contrário, não teríamos implantado este setor, pois a
empresa quer emprestar mais com qualidade e quantidade, desde que não aumente
a carteira de risco e nem o índice de inadimplência.
13. Qual a importância da análise do crédito para inadimplência?
R: Primeiramente ao se fazer uma análise bem-feita não gera inadimplência, já
diminui o risco. Um capital de risco mais explicado: o analista sugere que os agentes
deveriam extrair o máximo de informação de seus clientes, porque se por algum
motivo esse cliente vir a ficar inadimplente o setor de cobrança tem como localizar
este cliente e seus avalistas. O setor de análise verifica os dados apresentados
pelos agentes e compara com o levantamento socioeconômico e verifica a
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veracidade do mesmo, mas não temos como confirmar se aqueles dados, tais como
telefone, e-mails são verdadeiros. Temos de confiar no que o agente nos apresenta.