Editorial - AFAGO - Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia
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Editorial - AFAGO - Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia
BOLETIM INFORMATIVO DA AFAGO - ASSOCIAÇÃO DOS FILHOS E AMIGOS DE GOUVEIA ANO VI N° 02 - MARÇO- ABRIL2013 Editorial Registrar para não perder Raimundo Nonato de Miranda Chaves Nestes últimos tempos, tenho acompanhado e tenho aplaudido o professor José Moreira exercendo a nobre função de presidir a Comissão Mineira de Folclore – CMFL. Moreira e sua equipe têm se dedicado, com afinco, a missão de despertar a sociedade para a Cultura Popular. O conhecimento que é passado, oralmente, de uma pessoa para outra está acabando. Não há ouvintes e os falantes ao desaparecerem levam o conhecimento consigo. A modernidade rejeita o antigo como inútil, démodé e cafona. São Francisco, reza a lenda, também, não tinha ouvintes e foi falar aos pássaros e aos peixes. Hoje, tem até papa com seu nome. Nós não podemos, na modernidade, falar aos pássaros senão, acabaremos em algum hospício falando para pessoas mais loucas do que supõem sermos. Não temos tribuna para discursar e nem platéia para nos ouvir, mas temos veículos que aceitam e aplaudem nossos causos, isto garante o registro e a disponibilidade do conhecimento até que alguém compreenda a importância e se interesse por ele. A Afago disponibiliza o Boletim Informativo e o site www.afagouveia.org.br. Acredito que a CMFL, também, possa disponibilizar o Boletim Carranca. Então, vamos escrever sobre os Ofícios e sobre seus titulares. Por que não escrever sobre o Alfaiate, sobre o Tropeiro, o Lapidador, o Sapateiro , o Seleiro ... Quem não teve a emoção de entrar na sala de costura do alfaiate e ver, sobre o manequim, o seu paletó de linho branco brilhante, o famoso S-120, ainda sem mangas e pespontado com linha preta, pronto para a prova. O alfaiate toma aquela peça, com carinho, e veste você, gira em sua volta, admirando a própria obra, marcando aqui e ali, com o giz de costureiro, locais de acertos: sobre o ombro, na cintura, no comprimento. Enquanto isto, você sonha com aquele terno pronto, camisa impecavelmente branca com punhos duplos e aquela abotoadura que você ganhou de seu avô quando terminou o curso cientifico, gravata de seda grená, sapato preto brilhando, você é capaz de ver-se nele, como no espelho, tal o brilho. Naquele salão repleto de moças, todas nos seus requintados longos, modelo tomara que caia. E a romântica música de Sergio Balona. Ai você acorda do sonho com a ordem: “levanta o queixo”, emitida pelo seu alfaiate. Eu não vou escrever sobre alfaiate, é apenas uma incursão na zona urbana e estou voltando para minha comunidade ru- ral. Penso escrever sobre Pedro de Neco Custódio exímio trançador de couro; peças produzidas por ele, verdadeiras obras-primas: laços, cabrestos, chicotes de montarias entre outras. Prometo, ainda, na mesma pegada falar de Armindo, arreeiro trazido do Serro por João Baiano para dar manutenção na tralha de tropa. Armindo fazia e reparava cangalhas como ninguém. Sem esquecer do oficio do fazedor de rédeas, arreadores, barrigueiras, cilhas e outras peças de cabelo cortado da cauda ou da crina de animais. O Museu de Artes e Ofícios, em BH, na Praça da Estação, tem admirável coleção de objetos e utensílios usados nos diferentes ofícios. Pode-se conhecê-los navegando no site www.mao.org.br, o Museu Virtual. Fotos e definições esclarecedoras de cada objeto estão à disposição, este trabalho está pronto, a coleção, cada dia, se enriquece com o achado de mais peças. Minha proposta é para pessoas, que, conhecem ou conheceram alguém entendido de um oficio, registrar o saber e o fazer deste oficio. Eu conheci os irmãos Manoel e João Saraiva, residentes na margem do córrego da Água Parada. Eles construíram ou reformaram quase tudo nas fazendas de João Baiano, de moinho, engenho de cana, fabrica de farinha, currais, residências... Eles faziam suas próprias ferramentas, eram especialistas no trato da madeira, então, adquiriam o que era de ferro e faziam: plainas, enxós, graminhos, grovêtas, serras... é uma história a ser contada. Notícias & comentários www.afagouveia.org.br Confiram nas Imagens Flutuantes Acessos www.portalgouveia.com.br Notícias atualizadas de Gouveia. http://www.caminhosdaserra.org.br/ Projetos, fotos e vídeos Comissão Mineira de Folclore Relatórios e reportagens de atividades desenvolvidas a partir de 5 de março de 2012. Edições do informativo Carranca. Destaque para ampla reportagem fotográfica elaborada pelo doutor Raimundo Nonato de Miranda Chaves sobre eventos da 46ª Semana Mineira de Folclore. Selo Unicef - Gouveia 2006 Detalhadas informações sobre relatórios produzidos por crianças e instituições de Gouveia para obterem o Selo Unicef recuperadas, expostas e comentadas pelo professor doutor Raimundo Nonato de Miranda Chaves. Cemitério do Peixe Chamada para artigos e reportagens fotográficas sobre o emblemático Cemitério do Peixe. Aplausos e Apupos Comentários sobre ações necessárias ao desenvolvimento de Comunidades Boletim Informativo Acesso a todas as edições do Boletim Informativo da AFAGO Emancipação de Gouveia Reprodução do album: Gouveia em quatro tempos. São Sebastião do Tigre Vídeos que registram acontecimentos naquela localidade no dia 4 de novembro Cônego Paulo Henrique no Camilinho Visita do Revmo. Cônego Paulo Henrique Soares, titular da Paróquia de Santo Antônio de Gouveia à comunidade do Camilinho no dia 3 de março. Texto e fotos. Mensagens Posicione o cursor na primeira linha de colunas à esquerda onde está escrito “Afago”. Movimente o cursor seguindo a linha horizontal para a direita e desça até a quinta linha onde está escrito “Mensagens”. Para ter certeza confira se a caixa mudou de cor azul para amarelo. Pressione o mouse. Pronto, você terá acesso a notícias e comentários mais recentes sobre Gouveia e o que pensam os gouveianos. Comunique-se com o Boletim da AFAGO. Envie para o endereço [email protected] artigos, comentários, fotos, contos e poesias. Notícias selecionadas Em 27/02/2013 – Hermes Nascimento da Silva Comunica O sitio da Prefeitura de Gouveia já esta funcionando. WWW.gouveia.mg.gov.br Raimundo Nonato de Miranda Chaves: Aplausos, meus e da Afago, ao Diretor Social: Geraldo Augusto Silva, o Dingo, reeleito presidente do Coral “CRESCERE”(Crescer), para o biênio 2013 - 2015. Prefeitos e vice-prefeitos de Gouveia 04/03/2013 Adilson do Nascimento Não posso deixar de fazer justiça a um excelente e atencioso funcionário da câmara municipal que se já havia me atendido muito gentilmente quando estive na secretaria da casa para pesquisar a relação dos ex-presidentes, enviou-me, por email, os nomes dos ex-vice prefeitos, conforme relação abaixo. O nome dele á NIXON SILVA VIEIRA, sendo que esse Silva vem de Celma, de Viano Sapateiro e o Vieira vem de Geraldinho “Tampinha”, meu amigo, antigo motorista de João Grilo e do Ki-Mercado, que durante longos anos transportou tecido da fábrica, para a Estamparia em Contagem. O Nixon, além dessa origem e de outras qualidades, ainda é irmão do Frei Flávio, que às vezes aparece aqui neste espaço. VICE-PREFEITOS DE GOUVEIA Gestão Efigênio Gomes Pereira – 1955 a 1958 Vice: Rômulo Cruz Franchini Gestão Paulo Pedro de Almeida Cezarini – 1959 a 1962 Vice: João de Miranda Ribas Gestão Efigênio Gomes Pereira -1963 a 1966 Vice: Theódulo Alves Prado Gestão Theódulo Alves Prado – 1967 a 1970 Vice: Cupertino Pinto Ribas Gestão Efigênio Gomes Pereira -1971 a 1972 Vice: Osvaldo Nominato Boletim Informativo da AFAGO página 2 Notícias & comentários Gestão Geraldo Manoel Brandão Bittencourt – 1973 a 1976 Vice: Antonino Diniz Neto Gestão Theódulo Alves Prado – 1977 a 1982 Vice: Cupertino Pinto Ribas Gestão Geraldo Manoel Brandão Bittencourt – 1983 a 1988 Vice: Idalino Alves Ribas Gestão Geraldo Eustáquio Ferreira – 1989 a 1992 Vice: Maria das Dores Alves Gestão Geraldo Manoel Brandão Bittencourt – 1993 a 1996 Vice: Theódulo Alves Prado Gestão Alberono de Oliveira – 1997 a 2000 Vice: Geraldo Monteiro Gestão Alvimar Luiz de Miranda – 2001 a 2004 Vice: Antônio Ailton Ribas Gestão Alberone de Oliveira – 2005 a 2008 Vice: Vamir Moreira Gestão Geraldo de Fátima Oliveira – 2009 a 2012 Vice: Alvimar Luiz de Miranda Gestão Geraldo de Fátima Oliveira – 2013 a 2016 Vice: Alfeu Augusto de Oliveira fundamental e conhece as dificuldades de alfabetização de crianças que não tiveram a oportunidade da socialização no pré-escolar. Estive com as crianças, alegres e saudáveis, sempre acompanhadas da profa. Beatriz, na sala de aulas, na hora do lazer, saboreando o feijão tropeiro com arroz preparado pela cantineira Reginalda e, também, no regresso para casa, em ônibus novo, adquirido em 2012, dirigido pelo experiente e atencioso motorista: Eduardo. Gente boa da família Paulino. Rodoviária de Gouveia 11/03/2013 - Raimundo Nonato de Miranda Apupos Não entenda apupo como vaia, mas como um grito de descontentamento pelo tratamento que a administração municipal de Gouveia tem dispensado ao prédio rústico, construído por João Baiano, em 1940, e entregue à comunidade para sede da Escola Estadual Rural Mista de Camilinho. O imóvel está abandonado há mais de ano. A E.E.João Baiano, na mesma localidade não tem sala para professores, não tem sala para instalar o laboratório de informática – os computadores pessoais, doados pelo Proinfo, estão sem uso desde janeiro de 2011 – . O posto de saúde improvisado no imóvel abandonado foi desativado e o atendimento pelo pessoal da saúde acontece na sala de aula. Foto –Paulo Vieira – Assessoria de Comunicação Aplausos 10/03/2013 - Raimundo Nonato de Miranda Chaves Aplausos para o setor municipal de Educação de Gouveia pela criação, em 2013, do ciclo pré-escolar na E.E. Municipal João Baiano. Ali, denominado carinhosamente: Prezinho, com quatorze crianças de quatro e cinco anos. Os de cinco anos iniciarão, em 2014, o primeiro ano do ciclo fundamental. Parabéns, muito especial, para a professora Beatriz Chaves Brandão, que pediu a criação do curso e contatou os pais da crianças convencendo-os a providenciar as matriculas delas. O pré-escolar funciona nas comunidades de Cuiabá, Pedro Pereira, Engenho da Bilia, Vila Alexandre e Riacho dos Ventos. Todos, sob a supervisão da Escola Infantil Zulma Miranda. A professora Beatriz, experiente e dedicada, lecionou durante anos para estudantes do primeiro ano do ciclo Boletim Informativo da AFAGO página 3 Notícias & comentários Papa e Tradição 12/03/2013 - Adilson do Nascimento TRADIÇÃO às vezes pode significar atraso. Com tanta evolução tecnológica para os meios de comunicação em tempo real (twitter, email, facebook etc. etc.) o Vaticano anunciará o famosso “Habemus Papam” por meio de um sinal de fumaça, coisa dos índios, há vários séculos passados. 12/03/2013 - Guido Araujo Tradição vem do Latim, “traditio”, substantivo, ação de entregar, entrega, no sentido comum. No especial, Tradição é, pois, uma entrega, cultural, de alguma coisa de uma geração a outra, ou de pai para filho. Envolve também um valor afetivo e distintivo. Daí cada nação ter certa tradição que outra não tem e que a distingue. Até as familias se diferenciam por suas tradições. Tudo vai desembocar na cultura quando começa a afetar os pilares da sociedade. Se destruídos estes, a sociedade rui. Os estudiosos já fizeram suas teorias e não vou entrar nisto. Mas o que quero dizer, em resposta ao meu amigo e conterrâneo Adilson, é que a fumaça branca do Vaticano vai correr mundo é no twitter, facebook, email, rádio, etc. Coletivamente, contudo, a fumacinha branca funciona melhor que o telefone, email, twitter, etc. Empata com o radio. Todo o povo na Praça de São Pedro terá a noticia do “habemus papam” instantaneamente. A técnica da fumaça não é atraso, é tradição.Perde apenas para a distância. A tecnologia recente veio apenas encurtar a distância, não a eficiênca. A igreja quer significar que a doutrina que recebeu na origem será “entregue” pelo novo papa. A fumaça branca além de ser notícia tem um “plus”. Este plus os meios que você citou não transmitem 12/03/2013 - Adilson do Nascimento Guido, quisera eu que outros também fizessem a réplica. Nada é pior que lançar uma polêmica e não obter resposta. Continuo achando que o “sistema” precisa ser modernizado, até porque hoje sabemos como a fumaça é fabricada. Nos meus tempos de convivência com o Padre Luiz Barroso ele me fazia acreditar que a mudança de cor da fumaça era um milagre 13/03/2013 - Guido Araujo Adilson, também espero que outros deem sua opinião, pois é um assunto que não implica a fé. No meu entender, o Padre Luís Barroso cometeu uma falha misturando fumaça com Espírito Santo. O Papai Noel também é uma mentira para os meninos. Contudo, serve para aguçar a desconfiança do futuro adulto. Meu modo de ver isto é que a verdade deve ser dita ou omitida, nunca substituída por uma mentira. 13/03/2013 - Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro Adilson e Guido, tenho seguido toda a discussão sobre a eleição do novo papa. Digamos que o ‘tempo’ não esteja permitindo que eu passe a maior parte de meus dias diante da tela de meu PC, para que possa entrar na conversação. Quero apenas lhes dizer que, no meu conceito, tradição é tradição e como tal, acho que a fumacinha do Vaticano deve continuar, a despeito de que o mundo tenha mudado e que isso não faça jus ao progresso. Considerando o fato pelo ângulo progressista, estamos mais do que atrasados. Mas ela nada tem a ver com as mudanças e sim com a expectativa e o sentimento. Sem mesclar a minha fé ao fato em questão, a fumacinha para mim é sinal de que o papa está sendo escolhido. Quando negra, o futuro papa não foi eleito. Com ansiedade espero que ela saia branca e, em seguida, o “HABEMOS PAPA”. Acho, até, que hoje a fumacinha aparecerá alva na chaminé. Sentimental como sou, não poderiam esperar outra opinião de minha parte, não é mesmo? 13/03/2013 - Nilson Pereira Machado Adilson, Sr Guido, o contraditório é sempre salutar para uma das partes ou para ambas, quando as duas se completam, esclarecendo duvidas existentes, ou conceitos “adormecidos” no sub consciente de uma da partes.Mas deixemos de lado a tradição, seja ela justa ou não, seja ela ultrapassada ou não, as religiões pelo mundo afora, nunca acompanhou e nem acompanhará a Ciência e nem pode, pois todas se “protegem” num manto de obscuridade, de dogma e que muitas vezes são os responsáveis por manter a crença. Obs. Estou vendo na TV a fumaça branca. Vou interromper o post. Sr Guido expõe mais por favor artigos de sua autoria muito rico.Obrigado Sete Lagoas 13/3/13 15,15 Hs. 13/03/2013 - Adilso do Nascimeto E a fumaça branca saiu anunciando mais uma vitória da Argentina sobre o Brasil, revigorando o ditado de que no conclave quem entra Papa sai Cardeal. O Papa Francisco I, além de ser o primeiro latino americano a se tornar papa é também o primeiro integrante da Companhia de Jesus a alcançar o posto. E olha que neste conclave ele era o único jesuíta presente, já que um segundo, da Indonésia, por problemas de saúde não compareceu 13/03/2013 - Otomano Menezes Doutor Adilson do Nascimento nesta polêmica criada aqui abaixo sobre tradição e que o senhor acaba se superando na última mensagem de agora a pouco, estou com o senhor, sem direito a réplica. 13/03/2013 - Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro Adilson, Guido, Nilson, AFAGO, Minas, Brasil e católicos do Mundo Inteiro, a fumacinha branca saiu pela chaminé e num mesmo instante de suave magia e encantamento o Mundo compreendeu: HABEMUS PAPAM! É o primeiro papa sulamericano e se chamará Francisco I. Argentino, porém simples, cozinha os seus próprios alimentos. Anda de lotações! Carismático, à primeira vista, é jovem nos seus 76 anos. Fará uma Igreja Nova. Reunirá os irmãos em Cristo. E quem sabe, fará com que argentinos e brasileiros se considerem irmãos de verdade, sem frieza, acabando com as diferenças que fazem dois povos de duas nações num mesmo continente, intimamente se estranharem e se digladiarem, principalmente em se tratando do futebol? HABEMUS PAPAM. E... Boletim Informativo da AFAGO página 4 Notícias & comentários Francisco I é argentino.Que nos unamos, pois, irmanados pela mesma alegria! 14/03/2013 – João de Jesus Saraiva Minha querida mestra,Maria Auxiliadora,boa tarde.não desfazendo das demais opiniões abaixo descritas,fico muito feliz com a sua mensagem sobre nosso querido santo papa Francisco,(BEM-VINDO O QUE VEM EM NOME DO SENHOR).Veio em boa hora,onde o mundo se transforma numa velocidade espantosa,e mudanças estas que nem sempre é para o bem,a fumacinha branca vem como um raio de luz para nos alegrar.Jesus Cristo,nosso pai e rei dos reis está sempre ao lado de todos nós mas,sentíamos como órfão até aquele momento em que a chaminé mais observada do mundo estava ali testando também a nossa paciência e nossa fé,saindo fumaça negra em 4 vezes em horários diferentes,quando na 5 votação justamente na hora daquela chuvinha que também é bênçãos do céu,eis que saiu a tão esperada fumaça branca,aí foi só emoção.BEM VINDO AQUELE QUE VEIO EM NOME DO SENHOR 15/03/2013 - Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro Joãozinho, saudades de você que pensava ter me esquecido. Mensageiro da boa nova, como o cognominei, você, honrada e orgulhosamente, cedeu o título que lhe dei à fumacinha branca, que, após quatro nuvens negras, saiu da chaminé do Vaticano para anunciar, não só a mim , mas a toda a humanidade católica ou não a boa nova que tanto esperávamos: O PAPA FOI ELEITO! Naquele momento, sacudidos que fomos por uma força maior, transmitida por nossos pais, quando da eleição de papas anteriores, de emoção choramos. Instante de tão grande magia, quando só tínhamos olhos para a chaminé a espargir a alva fumacinha. Não questionamos a nacionalidade do eleito, não pensamos em mais nada a não ser que a nossa Igreja fundada por Cristo, tendo em Pedro a pedra-mor e o primeiro papa, novamente tinha um chefe. Já não estávamos órfãos. Só passado algum tempo, nos conscientizamos do nome e da nacionalidade do eleito - um jesuíta argentino por nome Jorge, investido do mais alto cargo da Igreja Católica Apostólica Romana que passou a se chamar Francisco e através desse nome nos mostrou a que veio. Quis nos comunicar que como Francisco de Assis veio trazer a humildade e o amor aos pobres. Enquanto os sinos de Roma badalavam, badalavam também todos os sinos católicos do Mundo Inteiro , mas, principalmente, os sinos do Continente Americano do Sul que pela primeira fizera um papa. Os nossos corações em uníssono aos sinos, palpitaram de emoção, quando o novo chefe da Igreja chegou à janela e despido de toda vaidade, ostentando apenas a túnica branca e tendo ao peito o mesmo cordão de cobre com a cruz de Cristo que sempre usou, saudou a multidão em delírio. Pudemos constatar nele a humildade e o carisma. Só nesse momento, como que despertos da magia, compreendemos que chegara o nosso novo chefe, o representante de Cristo, que, inspirado pelo Espírito Santo, veio trazer paz e serenidade a esse mundo tão conturbado pela violência e desamor. Embalados pelo sorriso do Papa Francisco nos recolhemos. Enquanto monologávamos em latim a frase que se tornou tão grata e familiar aos nossos ouvidos, HABEMUS PAPAM, adormecemos, sonhando sonhos de ventura, amor e paz, num amanhã radioso alicerçado pelo carisma piedade e competência do Sumo Pontífice, presente de Deus que acabáramos de receber ! 15/03/2013 - José Moreira de Souza Tardiamente, retomo a questão da tradição.- Nesses dias eu estava cuidando de coisas muito atrasadas, conversas sobre Folclore e Educação. - É um atraso, manter compensações bancárias com o uso do pombo correio. Os “atrasos” têm a ver com as tecnologias e aumento da produtividade do trabalho. Porém, é atraso manter uma agricultura orgânica, no momento em que o aumento da produtividade agrícola inunda o mundo de agrotóxicos? É um atraso ir ao trabalho a pé, se temos meios ágeis de transporte? Mas, quando contemplamos o aumento da obesidade mórbida e endêmica , a proliferação do diabetes, por falta de exercício e a distância cada vez maior entre casa, trabalho, casa centros de saúde, casa centros de lazer, casa escolas, de que lado está o atraso? Nas tecnologias de construção do espaço urbano, ou na formação de economias urbanas sustentáveis? Há tradições e tradições. Para quem acredita no atraso, por trás existe uma tradição que gera a fé de que tudo que é moderno e aumenta a produtividade do trabalho é melhor. Há uma tradição do moderno. A Inglaterra com a revolução industrial criou e expandiu a tradição do moderno, mas ela mesma viu que não poderia abolir a tradição da Realeza, caso contrário o poder imperial ruiria. Nós brasileiros acreditamos, com fé firme e devotamente, que tudo que não é o mais moderno é atraso. Eu já pensei milhares de vezes: Os Estados Unidos da América não questionam a não modernidade da “Casa Branca”. Será que ela está no lugar certo? Aqui nós aceitamos a mudança do centro do Governo do Palácio da Liberdade para a Cidade Administrativa. Somos mais modernos, sem dúvida. Nossa tradição é esta. Não poderemos nos assustar se algum dia um governo mais moderno, resolver mudar a capital de Minas para outro lugar mais moderno ainda. São Paulo já pensou nisso em tempos quase recentes. Nosso desejo, imposto pela tradição de sermos modernos, inventou um ditado: “A vergonha é a herança maior que meu pai me deixou”. No almanaque “Jeca Tatuzinho” que vinha junto com o Biotônico Fontoura, Monteiro Lobato mostrou que Jeca Tatu era muito atrasado, mas depois que tomou Ancilostomina Fontoura e Biotônico Fontoura, mudou de vida; de sitiante pobre virou fazendeiro tão moderno que suas galinhas e porcos alcançaram outra identidade: “Não diz mais porco, é pig; não diz mais galinha, é hen”. É mais chic, dizia-se quando tínhamos que imitar a moderna França; é up-to date diremos hoje porque é assim que se diz em inglês. A tradição da modernidade que nós herdamos desde a Independência é esta: ter vergonha do que nós somos. “A gente não sabemos escolher presidente, a gente não sabemos tomar conta da gente, a gente não sabemos nem escovar os dentes...” Os efeitos disso se mostram no turismo e na balança comercial. A concepção ideológica que opõe atraso ao desenvolvimento – “Eis aí o Sugismundo!” – é, ela mesma, a mais atrasada de todas. Boletim Informativo da AFAGO página 5 Notícias & comentários Animais na Praça 18/03/2013 - Afrânio Gomes Parece que as denuncias sobre os animais na praça já surtiram efeito, foi assunto na reunião dessa segunda feira 18 de março de 2013 na Câmara de Vereadores de Gouveia. 19/03/2013 - Adilson do Nascimento Afrânio, fiquei sabendo que o assunto foi levado à câmara pelo vereador Irineu Bittencourt. Porém, somente levantar o assunto não resolve o problema. Sugiro que a prefeitura, pelo seu órgão competente, apreenda os animais, recolhendo-os a um pátio e cobre uma taxa do proprietário, pela manutenção e liberação dos mesmos e ainda que assinem um termo de conduta se obrigando a que não se repita a invasão dos mesmos às praças públicas. Simples assim! Basta vontade de agir! 19/03/2013 - Guido Araujo Adilson e Afrânio, o tratamento a ser dado a animais soltos na rua, de valor econômico, deve ser o sugerido por Adilson. Pelo visto, Gouveia não deve ter um código. Se não tiver, já está na hora de os vereadores providenciar. Sugestão: para os cachorros de rua: providenciar um canil, depois doar ou sacrificá-los. Para os porcos e galinhas: fazer churrasco para as crianças da APAE. Para os gatos: eliminação imediata, pois transmitem toxoplasmose e raiva, entre outras doenças e não são vacinados nas campanhas oficiais, por dificuldade de manuseio. Além do mais se alimentam das passarinhos Páscoa mais rápido do que um computador?! Como posso não 25/03/2013 - Gil Martins de Oliveira acreditar em Deus se, ontem, diante da bela jacobina vermelha, Com esta mensagem, quero desejar a todos vocês que me encontram, neste espaço, UMA FELIZ E SANTA PÁSCOA. Ele parou no ar, à minha frente, em forma de um lindo beija- DEUS NÃO EXISTE! COMO ASSIM? Como é possível, flor?! Como ignorar a presença de Deus naquelas centenas de lagartas pretas, unidas num só “monte” – uns quinze se hoje, de madrugada Ele me despertou no canto da acauã, centímetros de comprimento por cinco de largura e três de lá na mata ciliar do Serra Azul?! Como negar Deus, se, aos primeiros raios do sol, Ele pisca para mim em milhares de altura –, numa comunhão de esforços, se arrastando lentamente, em busca de pastagem que as deixassem prontas gotículas douradas, prateadas e cristalinas que mais parecem para a grande metamorfose?! Observando-as atentamente, lágrimas das estrelas pendentes da jovem casuarina! Como, se Ele dotou a mim, a você, a Nietzsche, a Hegel, a Marx, a percebi que as “caroneiras” de cima – cada uma medindo Sartre com um cérebro capaz de executar vinte milhões de seus cinco centímetros de comprimento por meio de diâmetro (é arredondada) –, após algum tempo, num solidário bilhões de cálculos por segundo, ou seja, milhões de vezes revezamento, desciam o pequeno “monte ambulante” e se Boletim Informativo da AFAGO página 6 Notícias & comentários posicionavam à frente, prontas para receberem a carga sobre elas. As pequenas antenas da guia iam tateando o espaço à frente e, a qualquer sinal de alerta, o bloco todo ficava imóvel até que tudo fosse resolvido. Fiquei um longo tempo – aposentado pode! – admirando aquele belo exemplo de solidariedade, de cooperativismo, de trabalho em equipe e de genético capaz de gerar um pé de eucalipto, o do tronco liso, que pode alcançar cinquenta metros de altura?! Por mais insensível que possa ser uma pessoa, como não enxergar a presença de Deus nos gestos concretos de amor de uma Madre Tereza, Irmã Dulce, João Paulo II, Chico Xavier e outros tantos?! Ou de uma mãe que, em situação de penúria, união, valores, muitas vezes, tão raros entre nós, humanos. deixa de comer para que sobre mais comida para os filhos?! Como é possível negar a existência de Deus se, no silêncio Como não ver a presença do Criador Supremo nos netinhos que, ao me verem chegar, correm, de braços abertos, ao meu da noite roceira, apenas quebrado pelo melancólico canto do curiango, posso contemplar a silhueta da palmeira macaúba dentro do grande círculo da lua cheia?! E o milagre da multiplicação?! São cerca de oitocentos grãos em uma única espiga de milho, todos vindos de um único grãozinho?! Como encontro gritando alegremente vovôôô?! Como não ver Deus no gesto de um Homem que, ao se deparar com a prostituta ameaçada por seus algozes, prestes a ser apedrejada, conforme mandava a lei de Moisés, derrete-lhes o ódio ao não perceber o dedo de Deus numa sementinha que, na palma dizer: — “Quem não tiver pecado, que atire a primeira de nossa mão, mal dá para ser vista, mas com um potencial pedra”?! Tenhamos todos, uma Santa e Feliz Páscoa! Percorrendo Gouveia 25/03/2013 - Adilson do Nascimento Gil, para você se situar o Hermes Nascimento, de Nova Serrana, que às vezes escreve neste espaço, é meu irmão. O quinto na linha de sucessão do “trono” da dinastia de Joaquim Marços e Raimundão. O Zé de Flora tem ideia de fazer um livro da Afago com a história, os casos e as personagens folclóricas de Gouveia. Como eu vivi Gouveia muito pouco, mas vivi São Roberto intensamente, já passei para ele alguns detalhes da fábrica e da vila operária. Meus irmãos Edila, Irany, Odete e Hermes, todos ex-operários da fábrica, contribuíram com alguns fatos lembrados daquela época de ouro. Você teve sua vivência e ainda pode contar com as lembranças dos seus irmãos. Portanto pode colaborar intensamente. Quando eu leio o seu relato de subir pela estradinha de terra da Água Fria, passando pelo Bateeiro, Mato dos Bois, atém chegar em Datas, eu me vejo, nitidamente, fazendo o mesmo percurso, até o Mato dos Bois e nas barragens, diariamente e até Datas pontualmente, por exemplo, levando uma certidão emitida por Aurélio, para ter firma reconhecida no cartório de Datas, tendo como condução a sola dos pés descalços. Tudo isso é uma história e quando a gente narra ou escreve o Sociólogo José Moreira de Souza abre um largo sorriso. 25/03/2013 - Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro Gil, escrevia sobre a sua mensagem do de 22 e a primeira de hoje, dia 25, quando ao postar a minha, deparei com essa maravilha sobre DEUS. Tecerei meus comentários sobre ela, enquanto, no momento, desejo a você seus familiares e todos da AFAGO e de Gouveia uma feliz e santa Páscoa! Numa junção de sua mensagem anterior com a primeira do dia 25, cheguei à conclusão de que todos os gouveianos das décadas 40, 50 e 60 são afins, não tão somente pelo glorioso firmamento que, um dia, nos acobertou, pelo solo que pisamos, pelo relevo e flora de que nos orgulhamos, mas tão e principalmente pela educação que dos nossos pais recebemos. Em suas mensagens, pude evidenciar muitas coincidências: nascemos no mesmo ano, tivemos por mães mulheres fortes, que nos cobriam de carinhos sem, contudo, deixar de usar a vara para nos corrigir, caso necessário. Mulheres, como D, Izaltina e D. Antônia foram modelo de mães que não se importavam pedir emprego para os filhos, sem salários, com o objetivo único de que aprendessem uma profissão. Elas bem sabiam que mente desocupada é oficina”... Reproduzindo o que diziam “mente desocupada é oficina do diabo”. O primeiro emprego de Guido foi na Lapidação do Sr Aprígio e, como você, Noel foi padeiro na Padaria do Jaques e quer fazia sol ou chuva, levantava-se para, carregando uma cesta enorme, tocar uma buzina de porta em porta com o objetivo de entregar o pão fresquinho. Cabia a mim o dever de arrumar uma casa de dezessete cômodos, varrer e olhe que essa casa, última em que moramos, antes de mudarmos pra Curvelo, a Chapelaria, por papai reconstruída era de chão batido, no qual tinha que salpicar água para evitar a poeira. A esse tempo, Vera já lecionava na Escola Maria Amália de Curvelo. João era bem novo e a caçula tinha apenas dois anos. Mudando-nos para Curvelo, em 23 de maio de 1953, trocamos uma casa confortável àquela época , apesar do piso não acabado, por um barracão de 03 cômodos, cujas paredes meiágua, (nome esdrúxulo, mas assim o diziam,) nos foram úteis para dependurar as cadeiras. Noel e Guido foram trabalhar na bomba de gasolina dos Tolentino, depois passaram à seção de passagens. Enquanto isso, João já mais crescido empurrava um carro enorme de correspondências e encomendas trazidas de BH pelos ônibus e as entregava aos destinatários. Chegaram a dizer à minha mãe que isso era covardia, ao que ela sempre altiva , respondeu:- Ele de nada se queixa e vai continuar lá. O tempo lépido passou .. Guido foi convidado a trabalhar no Banco Mercantil do Brasil, convite mesmo, não houve concurso e de lá fora convocado para a Seção de Câmbio do mesmo Banco no Rio de Janeiro , já que em Minas não havia tal cargo. Noel e João foram para o DER, onde de funcionários passaram a chefes. Porque nomeado chefe de transporte, Noel teve que se mudar para Teófilo Otoni, onde Boletim Informativo da AFAGO página 7 Notícias & comentários havia a vaga e João a chefe de Oficina em Curvelo mesmo. Maria Olímpia crescia em beleza e graça. Vera continuava como professora da Escola Maria Amália e eu” fominha” por primeiro lugar( muito ruim isso) me entregava aos estudos, sem deixar as tarefas domésticas. Infelizmente, Noel faleceu como os outros, deixando apenas duas irmãs e levando consigo uma parte viva da História de Gouveia. Mas aqui estou eu para contá-la desde 1941, juntando-a aos “causos” que ouvi de meus pais. • - Relendo a longa mensagem constatei não ter mencionado muitas coisas, como os sapatos feitos por Zé de Odília, calçados, apenas, para irmos à missa e à Escola. Mas, voltei mesmo porque verifiquei não ter citado o nome de meu pai, Manoel Conceição de Paula, e isso para mim é imperdoável. Contrário à nossa mudança e super desgostoso por nossas acomodações em barração tão minúsculo, quando reconstruíra para nós casa tão grande em Gouveia, papai se empregou na Fábrica de Beneficiamento de Algodão Pereira Diniz. Prestes a fechar as portas pela baixa produção, meu pai garantiu aos donos da empresa acrescentar em muito o número de fardos. De uma inteligência privilegiada, aumentou a produção de 03 fardos para 68 ao dia. Fato inédito! Com o seu salário altíssimo naquele tempo, pelo mecânico que foi e pela gratidão dos proprietários, papai nos tirou do barracão para uma casa decente e confortável, de acordo com a nossa posição de classe média, nem alta, nem baixa. Louvores a meu pai, eterno desconhecido, mas brilhante e terno para com os filhos, mormente para comigo e para com a caçula que já começara a atrair dele toda a atenção! Enciumada, tive que aceitar a divisão do afeto. 04/04/2013 - Raimundo Nonato de Miranda Chaves Uai! Se você nasceu naquele mundão de terras: desde o Córrego da Caatinga até o Engenho da Bilia; desde o Rio Paraúna até a Cachoeira de Barão de Guaicuí, então, você teve muita sorte. Mesmo que isto não tenha ocorrido, mas você teve a segunda chance: tornar-se Glórias do Coral Crescere 27/03/2013 - José Moreira de Souza Hoje, Quarta Feira de Trevas, na cidade de Sabará, o Coral Crescere, acompanhado de orquestra, celebrará o “Ofício de Trevas”. Trata-se de uma das cerimônias mais sublimes da Semana Santa. A igreja no escuro, iluminada apenas por um candelabro de treze velas dispostas em forma de pirâmide. A cada antífona, seguida de uma lição e um salmo, apagam-se duas velas, uma de cada lado. Até alcançar a vela maior localizada no vértice da pirâmide. Quando essa vela é apagada, a igreja se escurece totalmente e as pessoas batem com o livro de lições sobre os bancos, reproduzindo o tremor da terra. A Semana Santa é a maior encenação de símbolos fundamentais da história da humanidade e a Igreja preserva com sabedoria nossa trajetória humana. Não é de espantar que um estudioso como Carl Jung tenha se debruçado atentamente sobre essa simbologia que narra nosso percurso. A encenação da Paixão contém mensagens muito além do contexto mórbido acusado por modernidades desatentas. O hino Crux Fidelis – oh! Cruz da Fidelidade, árvore entre todas a mais nobre! – entoado na sexta feira, data do século V e sublinha o que simboliza “Braços Abertos” – a acolhida sem reservas da amizade com amor pleno. A benção do fogo novo para anunciar a ressurreição é uma das cenas mais carregadas de significado. O mundo vive em trevas. Fogo se faz com fricção de duas pedras que pelo atrito criam chamas ardentes. Essas chamas se propagam nas mechas de algodão e, sopradas crepitam e possibilitam a conservação do fogo – o fogo perene – no Círio Pascal. Haja ciência, domínio da ciência, para sintetizar em símbolos tão precisos o viver humano. Diferentemente dos espetáculos, essas cerimônias pedem compreensão. O elogio à vida espiritual dialoga com todas as religiões que priorizam a via do espírito como conquista da humanidade. São mantras que se repetem, alternam-se, combinam-se deixando a mente flutuar. Anotem, hoje, a partir das 22:00 horas na Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Sabará. Em Santa Luzia, o Ofício de Trevas é celebrado na noite da Sexta Feira da Paixão, após a procissão do enterro. Em Minas Gerais, essas cerimônias se revestem de importância maior por guardarem nossa tradição barroca. Nota: O Coral Crescere tem como diretor nosso conterrâneo, Geraldo Augusto Silva, o Dingo de Vavá, e conta também com a voz de Guido de Oliveira Araújo, neto de Manuel Branco, também nosso conterrâneo. amigo de quem nasceu ali. Então, você está convidado para a Reunião do próximo dia 6, sábado, depois de amanhã, bem ali na esquina da Rua Palmira com a Rua Níquel - Restaurante O Boiadeiro. A reunião dos gouveianos, a partir das 17:00 horas, no Bairro Serra - tudo a ver com Gouveia de onde se pode ver o mundo aos pés do Espinhaço Boletim Informativo da AFAGO página 8 Notícias & comentários Gil trouxe a família e registrou tudo Doutor Raimundo e Gil apreciam o Dicionários da Religiosidade Popular Guido Araújo apresenta Relatório da Afago Adilson do Nacimento comenta a situação financeira da Afago As lindas filhas e esposa do Gil enfeitaram a festa Boletim Informativo da AFAGO página 9 Notícias & comentários Congraçamento continua 12/04/2013 - Marcos Brum Ribas Prezados Dr. Raimundo Nonato, Professor José Moreira de Souza, Guido e Adilson! Por motivos de força maior não pudemos comparecer a reunião da AFAGO, realizada sábado passado no Restaurante Boiadeiro. Peço desculpas pela nossa falta. Pelos relatos, vi que foi proveitosa apesar de poucas pessoas presentes. Acompanhamos, mesmo que de longe, os acontecimentos da AFAGO. Abraços a todos e até o próximo encontro. Att, Marcos, Renata, Elena, Duda e Pedro. 08/04/2013 - João de Jesus Saraiva Adilson peço desculpas por o não comparecimento no encontro da AFAGO,neste sábado passado,estava um pouco resfriado e com febre.Na situação critica em que chegamos,com esta epidemia de dengue,se assim poço dizer,qualquer resfriado seguido de febre agente já fica cabreiro,como diz na nossa terrinha.Mas passou e graças a Deus foi alarme faço.Quanto a serenata em São Roberto,me fez lembrar dos seresteiros Beniditinho Sintruim,ou seja Benedito de Zabel de Janjão,Heli Guimarães,João Antonio de Jota,Edigar nosso grande amigo,de campista.Agora quanto aos seresteiros de Gouveia eu lembro das serenatas nas lindas madrugadas com Zé de Juca,Geraldo de Abreu,Chico Sabernadina,e dos mais novos eu lembro de Zezé de Sinhá,mais conhecido por Zezé coração de luto.estes eu tenho quase certeza que o Gil Martins lembra.Por vezes eu ia no cinema de Juca de Mário nos finais de semana e como o filme acabava muito tarde,eu dormia em casas de parentes em Gouveia e escutava as lindas serenatas que alí eram realizadas.pena que Maria Auxiliadora tenha ido para Curvelo ainda muito nova,mas com certeza ela também já tenha tido este privilégio de ouvir algumas seja em Gouveia ou seja em Curvelo pois fazia parte também de grandes e saudosos seresteiros da Recado bem dado 11/04/2013 - Gil Martins de Oliveira Afrânio, voltando a residir em Gouveia, por que não fundar uma Associação de Participação Popular (APP), junto com pessoas políticas, sim, porém apartidárias? Gente que esteja preocupada apenas com o bem comum? Um bom grupo que possa se fazer presente nas sessões da Câmara Municipal, fiscalizando, acompanhando e sugerindo ... Aqui, em Mateus Leme, — a ONG Palha de Milho é parceira da noite,verdadeiros artistas da nossa época de ouro.Um grande abraço a todos 08/04/2013 - Adilson do Nascimento Joãozinho, de Tarcízio e de D. Luiza Saraiva, você, sem dúvida, é um grande e excelente guardião da memória viva dos tempos áureos da nossa São Roberto. Aquela São Roberto dos carrinhos de guia, que desciam o morro da fábrica, e de puxar lenha, no mato dos bois; dos sacos de canela de ema, jogados lá do alto do morro da usina; dos bagres do Rio São Roberto, apanhados até em peneiras; dos banhos na cachoeirinha e no córrego da reserva, completamente despidos; reserva onde furtávamos, à noite, as frutas de Landulfo Dornas, e ele no dia seguinte infectava os galhos com bosta, para nos impregnar; dos pegadores, em frente ao pensionato, até a Dona Inhã nos mandar ir dormir; dos jogos de volei, inclusive com Yara Ribas, capitã da seleção brasileira; das festas de São Pedro e de primeiro de maio, com farta distribuição de comidas e bebidas; dos Natais de D. Neida, com brinquedos, biscoitos e balas; do cinema de Elias Gomes, com faroeste do tipo “Ardida como Pimnenta”, com Doris Day; do futebol do Padre Serafim, com jogadores fantástico, a exemplo de Dico Tameirão; das festas de casamento, com banquetes fartos, incluídos de tutu com frango frito; do catecismo das catequistas Julinha, do Cauiabá e Raimunda e Conceição Guedes, para que fizéssemos a primeira comunhão, o que fiz em 30 de outubro de 1955, com o Padre Serafim; dos bailes monumentais no clube da fábrica, inclusive os de formatura do ginásio, porque a “cidade” não tinha clube recreativo; do primeiro salário, entregue pelo Vicente Moura e que os nossos pais confiscavam, por inteiro, devolvendo depois uma mixaria; das primeiras paqueras e vamos parar por aqui, pois caso contrário a emoção poderá nos causar uma AVVT - Ansiedade pela Vontade de Voltar no Tempo. APPML — no início, fomos recebidos quase que a pedradas, agora, já se pode falar de uma convivência respeitosa. Aos poucos, os demais cidadãos vão aprendendo o caminho do exercício político. Mas é muito importante que uma associação desse tipo não se renda aos afagos partidaristas. E isso é tarefa muito difícil, mas não impossível de ser concretizada. (Olha, Livro de Mensagens, juro que vou dar uma boa parada com estes meus textos, viu!) Boletim Informativo da AFAGO página 10 Notícias & comentários Família completa com genros e netos. Tradição de volta 13/04/2013 - Adilson do Nascimento Voltando ao tema das tradições que vão se perdendo ao longo dos tempos, com a modernidade que vem acompanhada da violência urbana, uma que fazia enorme sucesso na São Roberto dos anos sessenta do século passado eram as fogueiras comemorativas dos santos do mês de junho. Na rua, em frente às casas daqueles moradores que tinham o nome dos santos, eram armadas as fogueiras e oferecido canjica, quentão, doce de mamão, de várias formas, inclusive um de anéis, (uma fatia fina do mamão, enrolada e presa com linha de costura), além de farto foguetório. No dia 12 de junho, véspera de Santo Antônio, com certeza, essa festa acontecia na casa de Antônio, de Raimundão, Antônio Baiano, Antônio de Paula, Antônio, de Jota, Antônio de Deus etc. No dia 23, véspera de São João, era na casa de João Saraiva, João Paneleiro, João Veloso, João Pintinho, João Paixão etc. Já no dia 28, véspera de São Pedro, as festas eram monumentais. Havia alguns festejos na casa de Pedro Baiano, mas o grande evento era patrocinado pela fábrica, principalmente nos tempos de Pedro Cezarini, cujo nome é Paulo Pedro e acontecia naquela enorme praça em frente ao casarão da gerência, junto à praça de esportes e do caramanchão, onde a banda de música, sob a batuta de Zé Maria, maestro, exibia seu repertório. Ali se içava o mastro com a bandeira tendo de um lado um retrato de São Pedro e do outro os retratos de Santo Antônio e São João. Todo ano era escolhido um novo festeiro, para guardar a bandeira do mastro até o ano seguinte e organizar a comemoração, para a qual a fábrica não limitava os gastos, ou se limitasse o fazia em alto patamar. Tenho que dar razão às pessoas que dizem que eu vivo de passado, mas acontece que eu tenho um passado que foi vivido... e bem! 13/04/2013 - João Saraiva Adilson meu amigo,meu companheiro de varias jornadas,aqui descritas por várias vezes,e com grande alegria que sinto neste momento quando leio esta belissima mensagem que você acaba de escrever aqui neste espaço que só nos traz alegrias.Falando das festas juninas,onde você menciona meu nome entre os Joãos, dentre eles grandes amigos nossos que já se foram,estão vivos João paneleiro e eu para testemunhar estas festas maravilhosas que vivenciamos em São Roberto.Nas fogueiras de São João por exemplo,nos tínhamos uma disputa no bom sentido com queimas de fogos,entre eu e nosso Saudoso João de xanda como era chamado.Eu fazia barulho na rua de baixo mais precisamente na rua da reserva e João de Xanda na rua de cima,mas no final eu perdia pois como José baiano era compadre do João de Xanda ele soltava um foguetão por nome de ronqueira nada mais nada menos de que uma verdadeira bomba caseira artesanal feita de um cilindro torneado na oficina da fábrica.Aquilo era carregado de pólvora preta e enchia aquilo de caco de telhas sei lá pedaço de tijolo e tinha um grande pavio.Quando soltava aquilo,como dizia minha vó dindinha,cruz credo o mundo tá arrasando,moral da historia,eu sempre perdia a batalha.Mas era muito bom era divertido,e na minha casa tinha,canjica,quentão feito de folha de laranja com folha de canela,biscoito de goma,como era chamado naquela época,pé de moleque,biscoito quebraquebra sovado com melado de rapadura,Maria Auxiliadora deva ter degustado pois nas festas de Gouveia não faltava,e também não faltava batata doce nas fogueiras,porque agente tinha que ficar de olho pois você,Antonio Carlos de Adinha seu primo eram verdadeiros ladrãozinho de batatas assadas nas fogueiras,há! deixa pra lá depois contarei o resto. Adilson,já ia esquecendo de tecer um comentário sobre as festas de São João na fazenda Capitão Felizardo,pra não lograr os companheiros do camelinho.como sou amigo do padre Carlos filho de Senhor Levindo,agora poucos anos atrás fui convidado por ele para assistir uma festa de São João lá na fazenda e pude reviver tudo isto,que por sinal uma belíssima festa onde toda a redondeza participa.Serra talhada,camelinho,córrego da Luz e várias comunidades alí se faz presente,já é uma tradição.Sobre estas festas da fazenda eu deixo os comentários com mais detalhes com Milton,Manoel e Raimundo Nonato.Um grande abraço Boletim Informativo da AFAGO página 11 ARTIGOS Efeitos do tabagismo Estatísticas mostram que 200 mil pessoas morrem precocemente no Brasil vitimas de doenças relacionadas com o habito de fumar. O tabagismo é responsável por 25% das mortes por doenças coronarianas, 25% dos óbitos por doenças cerebrovasculares, 90% das que ocorrem por câncer de pulmão, 85% das consequentes da doença pulmonar obstrutiva crônica. O tabagismo também está relacionado a ulcera péptica, hipertensão arterial, aneurisma da artéria aorta, infecções respiratórias graves e impotência sexual. A dependência e os fatores psicológicos dificultam o abandono do cigarro. O tratamento adequado aumenta a chance de largar o habito de fumar e diminui de forma considerável as repercussões provocadas pelo tabagismo com melhora da qualidade de vida e da longevidade. Dr.Cristiano Miranda CRM 34339 Cardiologista Pós graduado em psicologia www.cristianomirandacardiologia.com Prática da meditação promove melhoras cardiovasculares e o bem estar psicológico Um dos problemas que é comum e afeta diretamente o bem estar e longevidade da vida é a hipertensão arterial sistêmica (HAS). Ela pode ser definida de forma simplificada como um aumento da pressão no interior das artérias, sendo ela um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, em especial o AVC (acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como “derrame cerebral”), e o infarto agudo do miocárdio (IAM). Sabe-se que a HAS está relacionada a 40% das mortes por AVC e a 25 % das mortes por IAM.[1],[2],[3] Durante 2006 e 2007 foi feita uma extensa pesquisa para avaliar a maioria dos estudos existentes sobre a meditação transcendental (MT) e sua influência sobre a pressão arterial. Ficou demonstrado que a MT está associada à redução de aproximadamente 5 mmhg na pressão sistólica e 3 mmhg na pressão diastólica, ou seja, uma pressão alterada de 145 x 90 mmhg pode ser reduzida para 140 x 87 mmhg. Em outros estudos a melhora foi ainda maior, reduzindo em até 10.7 mmhg na pressão sistólica e 6.4 mmhg na pressão diastólica. Resultados dessa magnitude ainda podem ser acompanhados de redução significativa no risco futuro de desenvolvimento de doenças do aparelho cardiovascular.3,[4],5 O estresse é outro fator que pode levar ao desenvolvimento da HAS, que por sua vez contribui para o surgimento futuro do IAM e do AVC. Segundo estudos que acompanharam mais de 3000 indivíduos europeus durante sete anos, o estresse crônico pode de fato levar ao desenvolvimento da HAS[5]. Esses estudos foram replicados no estudo CARDIA, que também demonstrou sua influência no desenvolvimento da HAS em até 15 anos após o início do estilo de vida estressante.3 Em outras pesquisas, os resultados indicam que a resposta aguda ao estresse, processada principalmente no nosso sistema nervoso central como uma situação hostil de luta ou de fuga, pode funcionar como um gatilho para a liberação aumentada de hormônios como o cortisol, adrenalina e noradrenalina. Os efeitos diretos desses hormônios são o aumento da frequência cardíaca e da pressão. Uma alternativa para que possamos conseguir uma redução imediata deles é a meditação. A longo prazo ela pode reduzir tanto a pressão arterial como a frequência cardíaca, além de melhorar os níveis glicêmicos. Essa maior coerência do sistema nervoso viabilizada pela meditação, com consequente redução da interpretação hostil de situações corriqueiras, pode melhorar a resposta adaptativa ao estresse, prevenindo as consequências negativas como a hipertensão, o infarto do miocárdico e o AVC.3 , 5 Destacamos ainda entre os benefícios, a prevenção do Alzheimer, redução da perda cognitiva em decorrência do envelhecimento, melhora da empatia, esperança e autoestima, além da redução da ansiedade, da raiva, bem como a melhora significativa da depressão.[6] Entre os estudos que demonstraram os benefícios neurológicos e psicológicos utilizando aparelhos de ressonância magnética relatam que as mudanças significativas na atividade cerebral ocorreram depois de apenas oito semanas de prática meditativa, quando realizada duas vezes por semana, durante pelo menos quinze a vinte minutos. Eles também observaram que entre os que mantêm por vários anos a prática de meditar mais de 30 minutos por dia, os benefícios chegam a ser ainda maiores.6,[7] Assim, temos que os resultados de diversas pesquisas sugerem que a meditação pode levar à melhora clínica de diversas doenças, sejam elas psicológicas ou fisiológicas, além de reduzir o risco de desenvolvimento de doenças crônicas, principalmente as que acometem o coração, o cérebro e as artérias. As pesquisas apontam para reduções surpreendentes de 23% na mortalidade de todas as causas e uma redução de até 30% na taxa de mortalidade cardiovascular. Lembrando que as doenças cardiovasculares estão descritas hoje como a principal causa de morte nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Alguns autores como Schneider, Alexander e Staggers salientam que essas descobertas são bastante significativas, pois previamente só eram encontradas em certas pesquisas que envolviam os fatores de risco para as doenças cardiovasculares e o uso de medicamentos. Esses pesquisadores comparam a MT a uma nova classe de medicamento, com importante impacto na sobrevida, na melhora da qualidade de vida e na promoção da longevidade.3,5 Boletim Informativo da AFAGO página 12 ARTIGOS [1] LOTUFO, Paulo A. Doenças cardiovasculares no Brasil. In: NOBRE, Fernando; SERRANO JR., Carlos (Ed.). Tratado de cardiologia SOCESP. Barueri, SP: Manole, 2005. cap. 1, p. 7-15. [2] LAURENTI, Rui. Mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil. In: NOBRE, Fernando; SERRANO JR., Carlos (Ed.). Tratado de cardiologia SOCESP. Barueri, SP: Manole, 2005. cap. 2, p. 16-21. [3] SCHNEIDER, Robert H.; WALTON, Kenneth G.; SALERMO, John W.; NIDICH, Sanford I. Cardiovascular Disease Prevention and Health Promotion with the Transcendental Meditation Program and Maharishi Consciousness-Based Health Care. National Institute of Health, Bethesda, 16 (3 suppl. 4), S4-15-26, 2006. [4] ANDERSON, James W.; LIU, Chunxu; KRYSCIO, Richard J. Blood Pressure Response to Transcendental Meditation: A Meta- analysis. American Journal of Hypertension, v. 21, n. 3, p. 310-316, mar. 2008. [5] RAINFORTH, Maxwell V et al. Stress Reduction in Patients with Elevated Blood Pressure: A Systematic Review and Metaanalysis. National Institute of Health, Bethesda, 9 (6), 520-528, 2007. [6] CHIESA, Alberto. Zen Meditation: An Integration of Current Evidence. The Journal of Alternative and Complementary Medicine, Bologna, v. 15, n. 5, p. 585-592, maio 2009. [7] NEWBERG, Andrew; WALDMAN, Mark R. Como Deus pode mudar sua mente: um diálogo entre fé e eurociência. São Paulo: Prumo, 2009. Dr.Cristiano Miranda CRM 34339 Uma Poetisa de Capitólio Edna Maria de Oliveira Launay, Professora de Português e Francês, vive na França O Firmamento Sertanejo nos Olhos de meu Pai A Paineira da Matinha Quando penso em meu pai Invade-me uma grande tristeza. A tristeza de meu pai Tornou-se a minha. Meu pai foi um camponês Até os cinqüenta anos. Na fazenda da nossa Matinha, Tinha uma linda paineira. Belas flores a ornavam Maritacas aí pousavam. Um dilúvio engoliu suas terras. A cidade devorou meu pai. Para o céu a paineira se elevava Dessa ferida, ele nunca mais sarou. Como se quisesse tocá-lo Na cidade, à noite, Quando andávamos juntos, Meu pai ia na frente Caminhando rapidamente. Com seus imensos galhos. Suas raízes do solo brotavam E bancos para nós se tornavam. Atrás, eu escutava o seu silêncio. Não via seus olhos Ou verdadeiros alazões Mas os adivinhava. Que para os ares nos alçavam. Eles procuravam o firmamento sertanejo E só encontravam as luzes citadinas. Então, era como se ele me dissesse: Depressa, apaguem essas luzes Que ofuscam minha vista, O que fizeram de nossa paineira? Sob as águas da represa Desapareceu. Nesta noite de luar, Quero ver O meu céu carregado de estrelas Boletim Informativo da AFAGO página 13 ARTIGOS O Peixe e o valente Raimundo Nonato de Miranda Chaves Cemitério do Peixe, 15 de agosto de 1935, foto histórica, propriedade de Celso Rodrigues Vieira, comerciante em Gouveia e produtor rural na comunidade do Tigre. Celso, sorriso fácil, conversa solta, contador de causos, admirador de Genaro, de quem conhece toda a história, mas, sempre acrescenta, com humildade, que conhecedor de verdade da história de Genaro é Luiz Rodrigues. Luiz Rodrigues, nós o conhecemos, hoje, próspero fazendeiro estabelecido nas margens do Rio Congonhas, em outros tempos, conceituado caçador de onças lá pelos lados da Serra Talhada. Aprendeu com o avô materno o conhecido Luiz da Serra. Mas, isto foi há muitos anos, quando o poderoso felino ainda não era bichinho de estimação dos ambientalistas. A foto: de paletó e gravata, o elegante delegado de policia; orgulho e pose que lhe conferem o status de poder maior. De farda militar e chapéu, o indômito sargento Ozório, representante da brava e respeitada corporação dos Caçadores Mineiros. Sargento Ozório era genro de Canequinha – o homem que criou a romaria de São Miguel e Almas –, rico proprietário da fazenda do Vassalo. Casado com Ritinha? — É pode ser! Mas, em primeiras núpcias. Aos oitenta e três anos Ozório se casou novamente com Eufrasina, neta de Canequinha, moçoila ainda, que, certamente, suava com o calor dos desejos, enquanto o ancião dormia. Biologicamente frustrada, mas, economicamente realizada, no presente e no futuro, com a valiosa pensão que lhe garantia aquele casamento. À esquerda e à direita, dois Praças, posição de sentido e fuzis à mão, como deve se mostrar o brioso policial. O último militar, de braços cruzados, pose semelhante ao sargento chefe do grupamento, talvez seja um Cabo. Finalmente, em trajes civis, ladeado pela guarda de honra, a figura mais importante de nossa história: Genaro Genaro, figura histórica na região, contarei dele, agora, os causos que me foram relatados por Celso e, uma segunda etapa, quando me encontrar com Luiz Rodrigues. Genaro se encontrava em pequeno barraco na margem do Rio Cipó, noite quase clara do sertão, lua em quarto crescente. Quando o barraco foi cercado por policiais, lídimos representantes da famosa corporação conhecida como Caçadores Mineiros; era mais um encontro com Genaro. Genaro, homem primitivo, narinas sensíveis, forte característica animal – nariz mais sensível do que os olhos –, percebeu odor entranho. Raciocínio rápido, como um Charles Chan sertanejo, falou para si mesmo: — eu num peidei aqui, galinha num cagou aqui! Aqui tá fedeno, Ih! Sei lá! E, elevando a voz, continuou — Vou encher minha cabacinha dágua e vou durmi. O comandante dos praças ordenou, quase sussurrando, — Fiquem quietos! Vamos aguardar até ele dormir. Genaro caminhou, descansadamente, até o barranco e, com agilidade, saltou para dentro do rio. O praça, atento, percebeu a manobra, correu para junto do rio, levando consigo seus companheiros. Genaro, experiente, sabia que não haveria tempo de fazer a travessia e se movimentou junto ao barranco, protegido pela vegetação e se apoiando nos galhos de ingazeiros que, da margem se projetavam sobre as águas do rio Cipó. Assim, Genaro venceu a correnteza e atingiu o remanso na curva do rio, de onde, mais atento, observava seus perseguidores através dos ramos; a tropa, como é natural, procurava-o na direção rio abaixo, esperavam que a correnteza o arrastasse. Exceto um deles. O mais inteligente? Talvez o mais idiota, observava, caminhando lentamente rio acima. Genaro sentiu que seria descoberto, pouca luminosidade, mas bastante para identifica-lo, se visto de perto. Então, com sagacidade, imaginou um plano para distrair o Praça; Encontrou, ali, um tronco de madeira, possivelmente trazido pela correnteza, talvez um grosso moirão de cerca, ainda com algum pedaço de arame pregado nele. A origem do tronco era o menos importante. Determinado, desgarrou o tronco dos galhos de Ingazeiro e o empurrou para a correnteza. Aquela peça salvadora deslizou na correnteza, logo o praça, enganado, atirou nela, no que foi seguido pelos demais militares. Genaro observava, atentamente, percebeu que um tiro havia atingido a peça de madeira fazendo saltar uma grande lasca, naquele exato momento e, instintivamente, soltou um grito de dor, em seguida o grito de vitória: — Morre cangaceiro! E, ouviu, em resposta, a gargalhada do primeiro, seguida dos demais praças. Sua tática havia funcionado. Depois de algum tempo, Genaro, tranquilo, atravessou o Rio Cipó. Molhado, Boletim Informativo da AFAGO página 14 ARTIGOS com frio, e, injuriado, imaginando que aqueles que o perseguiam deviam, agora, estar aquecidos no seu barraco, possivelmente, comendo seu queijo com rapadura, talvez tenham encontrado a garrafa de cachaça e a carne seca. Em Conceição do Mato Dentro, alguns dias depois, o tenente, chefe do destacamento, ouvia o relato da expedição. Uma das perguntas dele: — Quem gritou: Morre Cangaceiro? Os militares entreolharam, cada um acreditava que fosse o outro e nunca haviam falado a respeito. Ninguém respondeu. A dúvida se instalou no cérebro do tenente. Genaro se safou desta e continuou por aí, de Fechados a Capitão Felizardo, às vezes na Mandaçaia, outras vezes no Tombador. Uma falcatrua aqui, uma briga acolá, um pequeno furto no Cipó, outro maior nas Contendas. Genaro vivia cada dia, hoje, decidiu roubar a besta dourada, de nome Duquesa, propriedade de Betinho Rodrigues. Ele roubava animais para fazer catira e os de qualidade eram ganho certo. Betinho residia na margem direita do rio Paraúna, próximo e pouco acima da foz do Córrego Sepultura, na Mandaçaia. Duquesa era a besta de sela e o orgulho dele, não havia outro animal igual nas proximidades. Nem João Baiano, mais rico e mais poderoso, proprietário de outra besta de nome, também, Duquesa e cor pelo de rato, competia com ele. Mula muito alta, cor baia claro, descanelada, marchadeira, andava trocando as orelhas, isto é, movendo as orelhas, alternadamente, para frente e para trás; característica de animal ágil e atento aos ruídos, vindos de todas as direções. Genaro, experiente, planejou tudo: Noite clara, encontrou a Duquesa, com outros animais, na areia do rio Parauna, aproximou-se com cuidado, levando seu cavalo bem próxima de si, e, com habilidade conseguiu por-lhe o cabresto. A Duquesa era sua. Agora, atravessar o rio Parauna, descer a Serra, atravessar o córrego do Bicho e continuar até as margens do rio Cipó. Calculava chegar lá, ainda, à noite; não deveria ser visto com a besta, conhecida nas redondezas. No Cipó, descansaria durante o dia e à noite rumaria para Santa de Pirapama, onde a venderia por bom preço. O senhor Betinho, irado e inconformado com o roubo da Duquesa fez lá suas diligencias e tudo levava a crer que fora Genaro o autor da trapalhada; então, falava alto e bom som que, encontrando Genaro, daria um tiro nele. Tempos depois, comunidade de Capitão Felizardo, tradicional celebração de São João, o povo aglomerado em frente à Igreja. Genaro avista Betinho Rodrigues que trazia revolver na cinta, bem baixo, apoiado na coxa direita. Não se atemorizou, sorridente, se encaminha em direção a ele. Cumprimenta-o, alegremente, e diz: — Senhor Betinho que beleza de revolver. Revolver como este só homem rico como o senhor pode possuir. Betinho, vaidoso, estimulado por Genaro, saca o revolver, segura-o pelo cano e o oferece a Genaro para examina-lo com calma. Genaro, sempre sorrindo, recebe a arma, abre o tambor, retira as balas e as segura com a mão esquerda, bate, lateralmente, no tambor e o faz girar, examina o cano, comenta sobre as estrias em perfeito estado de conservação, e, fala: — calibre 38, cano longo, Smith e Wesson, cabo de madrepérola, bem lubrificado e pouco usado. Uma joia senhor Betinho, Enquanto falava, Genaro coloca, novamente, as balas no revolver, o aponta para Betinho e fala: — Então, senhor Betinho! Você disse que me daria um tiro no nosso primeiro encontro! Será hoje? Betinho naquela saia justa, sem saber como responder, mas, Genaro não era assassino. Segurou o revolver pelo cano e o ofereceu ao Betinho, nesta altura, mais branco do que menino de apartamento, disse, calmamente: — Senhor Betinho! Dou-lhe sua vida pela sua mula baia! Estamos quites. Deu as costas e saiu tranquilamente. Assim era Genaro, filho de Pedro Satú, mas, no dia 15 de agosto de 1935, lá no Cemitério do Peixe o anjo da guarda cochilou e o sargento Ozório, o genro de Canequinha, botou as mãos nele. Genaro era previdente, ele sabia orações de São Cipriano, trazia consigo amuletos dos Orixás mais poderosos, aprendera mandinga com Pedro Satú. Naquele dia 15 de agosto, no entanto, nada o pode salvar de Ozório. Ele foi preso. Perdeu a liberdade, mas não perdeu a arrogância e falava, para quem quisesse ouvir, que no mês de setembro estaria de volta, precisava plantar sua roça. Sargento Ozório, seu lugar tenente, os dois praças e mais o delegado gozaram, naquele dia, momentos de gloria, haviam aprisionado o facínora; permitiram que todos o vissem, depois, seguiram viagem para a sede do município: Conceição do Mato Dentro. Pernoitaram em um sitio, nas proximidades de Ouro Fino, ali, exigiram do proprietário um quarto sem janelas, para alojar o prisioneiro. Dormiram no paiol de milho, duas camas para os praças e, entre elas, sobre uma enxerga colocada no chão, deitou-se Genaro. Todos, cansados da jornada e seguros de sua força, relaxaram e dormiram profundamente. Genaro estava preparado, ele previra os acontecimentos, e, levantouse, silencioso como um gato, apanhou os dois fuzis e, já fora do paiol de milho encheu de areia os canos das armas, inutilizando-os completamente. Montou no pelo de um cavalo que pastava por ali, e, ainda, levou o cantil de um dos praças. Não que precisasse de água, farta em toda a região, mas o cantil era o seu troféu. Genaro voltou, tranquilamente para o seu barraco. Ele sabia que a tropa, desarmada, não o procuraria naquele e nos próximos dias, e, se o fizesse seria em outros lugares que não sua casa, pensavam que ele não poderia ser tão ousado. Para terminar: Entrou no bico do pinto. Saiu no bico do pato. Causos, contei três. Agora, você conta quatro 26/03/2013 - Guido Araujo Dr. Raimundo, bela a história a do Genaro, contada com arte e por quem conhece a região e seus mistérios. Está faltando a história do Batica. Este Batica tinha um grupo. Alguma coisa dele deve estar registrada em Datas ou Diamantina, embora tenha vivido nos termos de Gouveia. Meu pai contava que, quando ele chegava nas festas de casamento, acabava com tudo. Punha os noivos para servir o jantar para servir o jantar para ele. Recomeçava o baile e punha o povo para dançar, cantando: “esta faca de Batica/ é de quem é/ e todo mundo respondia: “da barriga dos homens e das muié” Boletim Informativo da AFAGO página 15 ARTIGOS Os Custódios Raimundo Nonato de Miranda Chaves Neco Custódio, mulato claro, ou, com mais precisão: três quartos talvez, sete oitavos da raça branca; pele queimada de sol, magro, quase sessenta anos. Mas, não se deixe enganar, ágil como um gato, forte, rijo, suas mãos pareciam garras. Neco trabalhava para Niquinho Miranda, não era empregado fixo, realizava tarefas especiais quando solicitado. Hoje, era um destes dias e Neco, ainda cedinho, entrava, na casa de Niquinho, pela porta dos fundos conforme seu costume. A porta era partida em duas tal que a parte de cima funcionava como janela e a portinhola de baixo, sempre fechada, impedia que as galinhas entrassem na cozinha. Neco girou a tramela da portinhola, entrou e cumprimentou dona Amélia que respondeu com visível mau humor, enquanto, lhe apontava o bule de café sobre o fogão e a pequena caneca esmaltada pendurada perto dali. Esperou que Neco servisse o café e falou: — Quando terminar vai até a sala. Niquinho te espera lá. Niquinho, cenho carregado, mas sempre se alegrava quando recebia Neco Custódio e o cumprimentou: — Como você tem passado meu compadre? E Neco, era um hábito seu, respondeu: — Pois é, seu Niquinho, estou ainda aguentando, só aquela casquinha! — Você já sabe o que me aprontou a Ritinha? Apareceu aí de barriga! — É, ouvi dizer! — O Xisto, pai dela, me confessou que foi aquele mateiro que amansou uma tropa para João Baiano. Segundo me informou o próprio João Baiano, o porqueira mora ali nas imediações da Tapera, saindo na direção do arraial do Sapo. Eu mandei chamar você, meu compadre, porque quero que va busca-lo para mim. Amélia tem um xodó danado com esta menina que, ela praticamente criou. Coma um feijão ferrado, apanha o que precisar e monta meu burro ruão, animal forte, para você arrastar o cabra, amarrado, se for preciso. Tardinha do quarto dia, o sol acabara de se por, Niquinho, como fazia diariamente, sentado no pedestal do grande cruzeiro em frente de sua casa. Já rezara, agora, pensava na Ritinha, no Neco, além dos problemas cotidianos. Quando ouviu a batida da porteira do Córrego Seco. Levantou-se, olhou com atenção e reconheceu a marcha batida do Ruão. Estranho, Neco chegava sem o porqueira, e, Neco não é de fazer as coisas pela metade. Esperou impaciente. Neco apeou vagarosamente como se quisesse adiar, se possível, evitar o encontro com Niquinho. Retirou o embornal de couro, colocado na capoteira, pendurou-o no ombro, dirigiu-se a seu NIquinho e o cumprimentou, assim, meio sem jeito. Niquinho nem respondeu ao cumprimento e perguntou: — Cadê o homem? — Oh seu Niquinho a coisa não se deu conforme nós pensamos. Encontrei o porqueira numa vendinha na estrada do Sapo e, falei que ia levá-lo para reparar a safadeza que tinha feito com Ritinha. Pois o infeliz reagiu, saltou para cima de mim com um punhal, destes curvelanos. Eu negaceei, segurei a munheca dele com a mão esquerda e cortei a barriga dele com minha peixeira. Foi uma vez só e eleBoletim já caiuInformativo no chão estrebuchando. O dono da venda quis se mexer, então, eu, com a faca suja de sangue e de outras coisas, o encarei com disposição, e ele se acalmou. Ai, eu pensei, aquele, ali no chão, não servia mais para casar, era tempo perdido traze-lo conforme o senhor mandou. Por isso cortei só a orelha dele, está aqui no embornal. -- Não quero isto! Desarreia o burro, pede Amélia para lhe servir o jantar, dorme no quartinho do rancho e amanhã você deixa o Ruão arreia outro animal e vai para a fazenda de Pedro Miranda, na barra do Rio Cipó. Fica lá, por uns tempos. Vamos aguardar os acontecimentos. — Oh seu Niquinho, o senhor me desculpa, mas acho que o Ruão não deve ficar no Camilinho. Aqui passa muita gente da Mata e este burro chamou muito a atenção nos lugares que passei. Afinal, mulato claro queimado de sol e magro tem muitos por aqui, mas burro ruão, marchador e grande, só este. Se o senhor concordar eu o escondo lá nos Crioulos, perto de minha casa. De lá, eu continuo a viagem num cavalinho meu, mas não quero ficar lá no Pedro Miranda, ele é muito autoritário e nós podemos nos desentender. O senhor me desculpe, ele é genro do senhor, mas genro por genro eu prefiro ficar na fazenda do Cafundó de João Baiano, com ele eu me entendo melhor. Algum tempo passado tudo continuou calmo, era comum atos de vingança para lavar a honra das donzelas. Neco vendeu o Ruão, com anuência de seu Niquinho, para gente da fazenda Cana Brava, lá pelos lados de Augusto de Lima. Ritinha pariu um garoto forte e saudável e ainda se casou com um primo que ficou conhecido como Tico-tico – avezinha idiota que choca os ovos e trata de filhotes de melro; filhote muito maior do que os pais, que se desdobram trazendo minhocas, larvas, insetos e sementes para alimentar aquela criatura faminta. Às vezes me assusta a lição de minha neta adolescente: Calma vô! É da natureza da avezinha. Mês de maio, safra de milho, este ano, generosa, chuva na hora certa. Niquinho colheu muito milho. Reservou um paiol inteiro para alimentar a porcada, decidiu fazer fubá do outro paiol. As mulheres trabalhavam do nascer ao por do sol, usavam uma peça de madeira em forma de cunha, pouco menos do que um palmo, pendurada no pulso, com ela rasgavam a palha de milho, e com as mãos terminava o trabalho de despalha. Balaio cheio, o milho era levado a um jirau e ali um homem batia, com uma estaca leve; os grãos de milho se soltavam do sabugo e eram recolhidos sobre couro de boi colocado em baixo do jirau. O milho, era abanado com ajuda de uma peneira grossa e, colocado na moega do moinho de pedra. O moinho não parava, dia e noite aquele ruído monótono. A pedra de cima, móvel, rolando sobre a de baixo, fixa, e esmagando os grãos de milho que caiam da moega através de uma bica de madeira. A quantidade que caia? Controlada por dispositivo rústico acionado pela pedra movel. A sacaria de americano cru comprado no armazém da fábrica de São Roberto era cortada e costurada por dona Amélia, na maquininha de mão. Dez alqueires de fubá, medidos e ensacados, carga para cinco mulas, eram colocados nos balaios de taquara, um alqueire por balaio, dois balaios por da AFAGO página 16 ARTIGOS cada mula. Este trabalho mais o transporte e a comercialização eram serviços para compadre Neco Custódio que chegava com o nascer do sol, arriava a tropa, carregava e partia para Gouveia. Fubá não se conserva por muito tempo, compradores eram exigentes e ao menor sinal de azedo ou formação de bolor, a saca era rejeitada. Ano de safra generosa, já disse isto, estou apenas reforçando a informação, todos tinham fubá e, até os economistas sabem, aumentando a quantidade oferecida cai o preço de equilíbrio. Portanto, é recomendável que você reze para chover na sua horta, mas peça, com mais fervor, para não chover na horta do vizinho. Neco Custódio, habilidoso, diligente, mesmo assim conseguiu vender a carga de quatro bestas. Tocou com a outra para Barão de Guaicui. Ali, casa antiga, assoalho de madeira, tabuas largas sobre batentes muito espaçados resultava num piso com alguma flexibilidade. Neco media o fubá em uma quarta de madeira – vinte litros - , enquanto o comprador, falava sobre catira, cantava e dançava em torno da quarta. O sapateado, com batida forte nos calcanhares, flexionava o assoalho e abatia, compactava o fubá despejado na quarta. A quarta, quase cheia, ele interrompia seu Neco e, com as mãos em garra, pressionando o fubá, mostrava e comentava como era rastro de onça. Terminada a peleja, dez quartas de fubá, dois alqueires e mais duas quartas colocadas de dobro sobre os balaios, o comerciante ofereceu: — Então seu Neco! O que o senhor vai comprar? — Acerta a conta do fubá! Respondeu Neco Custódio, com ares de poucos amigos. O comerciante contou os riscos que havia feito na parede ao lado do caixote de fubá e falou: — São dois alqueires e meio, mas a última quarta estava faltando cinco litros. Vou descontar no pagamento. O senhor tem que medir as quartas com fartura senão, o senhor sabe, quando o senhor morrer a terra não vai dar para cobrir a sepultura. Neco recebeu o dinheiro, só então, falou: — Eu preciso de munição para a espingarda: chumbo grosso, chumbo fino e pólvora, meia libra de cada um, mais 30 espoletas. Recebeu a mercadoria, enrolada em jornal velho, colocou na capanga de pano e ia saindo da venda quando foi cobrado pelo vendedor. — Seu Neco! O senhor se esqueceu do pagamento da munição. — Esqueci não senhor! Esta munição é para matar aquela onça safada que fazia rastros no meu fubá. Ainda tem uma pequena sobra para dar alguns tiros e espantar aqueles catireiros sem vergonha que ficam dançando perto da quarta de fubá. Neco Custódio morador dos Crioulos, cabeceiras do Rio da Capivara, tinha quatro filhos: João, Pedro, José e Levindo e, pelo menos, duas filhas: Rita e uma outra casada com Neco de Antonico Teles. Esta história fica para a próxima semana. 04/04/2013 - Gil Martins de Oliveira É, meu caro Raimundo Nonato, os Custódios acabam de me proporcionar uma gostosa viagem pelos costumes e vivências dos nossos ancestrais. Pura e bela obra literária. Parabéns. Amigos de verdade Carolina Chaves Molck - 9 anos 4º. Ano – Colégio Marista Amigos de verdade são aqueles que, quando estamos enrascados eles nos ajudam quando brincamos eles brincam junto e quando choramos se entristecem Quando rimos, florescem, quando amamos, amam junto e compartilham os prazeres da vida Boletim Informativo da AFAGO página 17 ART IGOS TRABALHO INFANTIL X INFANTILIDADE Gil Martins de Oliveira A mídia e os (in)formadores de opinião acabaram criando um monstro chamado trabalho infantil. Mas se prestarmos bastante atenção, ele só está proibido para os excluídos, sabe, aquela gente que continua sem voz e sem vez. Aquelas crianças que vendem balas junto aos carros, nos semáforos vermelhos ou as que acompanham os pais pedintes. Ou ainda, para aquelas que têm que ajudar os pais nos pequenos empreendimentos familiares. Sim, para esse pessoal, toda a força da lei. É um crime, é um absurdo. No entanto, as mesmas pessoas que fizeram as leis e zelam pelo seu cumprimento e todos nós estamos cansados de ver crianças, minipatricinhas e minipatricinhos, trabalhando diariamente nas diversas emissoras de televisão. Será, talvez, porque este tipo de trabalho seja “limpo” e o outro, “sujo”? Mas sujeira não seria roubar? Aqui está mais uma comprovação de que, em nossa pátria, a punição pelo não acatamento das leis só existe para quem não tem “padrinho” com poder de veto. A maior parte dos meus setenta e um anos foi vivida perto de famílias que usaram mão de obra infantil em suas plantações. A maioria das crianças, após as aulas, ajudavam os pais no plantar, no cuidar e no colher. Algumas famílias, às vezes, por ignorância mesmo, impediam os filhos de irem para a escola, o que era e sempre será condenável. Contudo, conheço dezenas desses trabalhadores infantis de outrora que, hoje, são pessoas respeitáveis, responsáveis e dignas. Muitas, inclusive, com curso superior. Certa vez, visitando uma família amiga, aqui da roça, vi uma menina de cinco aninhos, hoje, com seus quarenta, que, em cima de um caixote, junto ao tanque, pelejava para lavar uma blusinha que havia sujado. Essa garota e suas irmãs cresceram em todo sentido, tornando-se pessoas competentes na família e na sociedade. É muito raro se deparar com alguém que tenha começado a trabalhar cedo e caído no mundo do crime. Então, por que não fazer com que os pequeninos aprendam a arrumar sua cama, a cuidar do seu quarto, enxugar o banheiro ou a lavar o seu prato? Que mal há nisso? Sou de opinião que tudo o que existe NA CRIAÇÃO é para ser usado. USADO! O grande problema, fruto, aliás, do nosso livre arbítrio, é o Ab-uso. ABUSO. É neste prefixo, ab-, que mora o problema. Toda criança, no meu entender, deve crescer tendo algum tipo de afinidade com o mundo do trabalho. E se nossos legisladores e governantes não querem ver crianças – nenhuma! – trabalhando, então que criem escolas com tempo integral, mas, por favor, incluindo no currículo, alguma disciplina que possa ajudar o aluno na sua tendência profissional. Louve-se, aqui, o Colégio Padre Eustáquio, em Belo horizonte, que, há cinquenta anos, conserva, na grade curricular, a disciplina Artes Industriais. Em grupos, os alunos se revezam nas habilidades relacionadas com madeira, argila e metal. Antigamente havia eletricidade também. E como eles gostam desses momentos! Tenho absoluta certeza de que, nesse meio século de existência do colégio, muitos ex-alunos escolheram ou deixaram de escolher alguma profissão devido às experiências vividas naquela Sala de Artes Industriais. Banir a EXPLORAÇÃO do trabalho infantil, SIM! Agora, BANIR a criança do mundo do trabalho, NÃO! Educar para o trabalho é tarefa que tem que começar cedo, pois quando realizamos algum tipo de trabalho, crescemos em autoestima e em dignidade. Estamos cheios de marmanjos, por aí, que nada fazem porque nada lhes foi ensinado. Gente que quer emprego, trabalho, não. Tachar o trabalho infantil, pura e simplesmente, como crime, para mim, é INFANTILIDADE, é falta de discernimento e, o que é pior, é educar para a malandragem. Educação para o trabalho não pode ser iniciada na adolescência. Nessa altura dos acontecimentos, a “oficina” já estará ocupada. 18/03/2013 - Adilson do Nascimento Gil, você como sempre brilhante! Eu posso não ser paradigma para o sucesso, mas também não sou exemplo de fracasso e comecei minha vida “profissional” aos onze anos de idade, vendendo lenha puxada do Mato dos Bois, para as donas de casa da vila e chuchu e abóbora para o refeitório da fábrica. Aos quatorze anos eu já tinha uma carteira profissional de menor assinada pela fábrica e aos dezesseis eu já fazia parte dos funcionários de D. Stael, no escritório, e respondia pela folha de salários de todos os operários, efetuando os pagamentos em espécie. Buscar lenha era um trabalho divertido (correndo por aquelas campinas do Amarelo, do Lajeado, do Bateeiro; nadando nas barragens nos riachos, ou nas cachoeiras; apanhando guabiroboa, araticum, jatobá, pequi) e rentável. Junto com vender abóbora me proporcionava angariar “algum” para um cineminha, comuma colega, um pão com salame e pagar a pequena contribuição que era cobrada pelo ginásio. O que ficou de ruim de tudo isso? Absolutamente nada! O que ficou de bom? O início da moldagem da minha experiência e personalidade. Aprendi cedo que o dinheiro não cai como a chuva, nem que em se plantando dá. Mas você não teve infância! Poderia dizer alguém menos avisado. Duvido que uma criança de hoje com tudo que tem à disposição tenha uma infância como eu, meus irmãos e meus contemporâneos tivemos. O excesso de proteção do governo para os chamados excluídos, eu já disse isto aqui, exclui mais do que protege. Por isso é que se vê tanta marginalidade. 18/03/2013 - Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro Gil, Adilson e Joãozinho, comentei a excelente crônica do Gil pelo face. Agora, junto-me a vocês três, para indagar:apesar de trabalharmos, quando crianças, quem pode dizer que teve uma infância melhor que a nossa? Tempo maravilhoso em que, cumprindo nossas rotineiras tarefas, tínhamos por companheiros e cenário: o sol a matizar de cores mil o firmamento, o cristalino dos regatos, a queda das cachoeiras e o verde matiz da relva. É claro que o nosso trabalho não impediu que fizéssemos da natureza também o nosso habitat, curtindo dos pássaros o gorjeio e da brisa o suave toque. Jamais deixamos de estudar e fazer nossas tarefas escolares e de nossos pais aprendemos, pelo trabalho digno e pelo exemplo, todos os valores que nos fazem hoje Boletim Informativo da AFAGO página 18 ARTIGOS seres pensantes e responsáveis. Seres que veem no TRABALHO a força-motriz que nos direciona para o bem e para que sejamos os cidadãos honrados que hoje somos. 22/03/2013 - Gil Martins de Oliveira TRABALHO INFANTIL – 02 Minha saudosa e querida mãe, Isaltina Tameirão de Oliveira, jamais se despreocupou com o futuro dos filhos, no que concerne a trabalho. Aos oito anos, eu já engraxava sapatos, andando de porta em porta ou, nas grandes festas de Gouveia, ali bem na esquina da venda do Zé de Glória. Houve época em que “lavava a égua” como se diz em minha terra. Dos dez aos treze anos, passei por três sapatarias, das diversas existentes em Gouveia. Minha mãe simplesmente chegava até os donos e ia logo pedindo: — “será que você pode deixar meu filho, aí, para aprender ofício? Não precisa pagar nada a ele”. Meu primeiro “estágio” foi com Zé de Odília, depois, passei pela oficina de sapateiro, assim era chamada, do Zé de Dico, e mais tarde, na de Popô. Interessante é observar que, nessa época, Gouveia produzia muito calçado. Tenho duas marcantes cicatrizes no dedo médio da mão esquerda, consequência das escapulidas da afiada faca de sapateiro, ao cortar a sola. Em seguida, fui trabalhar na Padaria do Jacques, vendendo pães nas casas. Durante muito tempo, entreguei pão em Datas. Saía da Padaria, à Rua Laurindo Ferreira, a pé, e puxando um burrinho, com dois balaios cheios de pão, na cangalha, descia o lapeiro do Curtume dos Paulinos, passava por São Roberto, pelo Bateeiro, com a bela Cachoeira, pelo Mato da Companhia que, na verdade, não passava de uma capoeira e seguia estrada afora até chegar “nas” Datas, onde entregava a carga no depósito de pão, retornando em seguida. Nessa mesma época, fui coroinha de Padre José da Mata Machado e, mais tarde, de Padre Serafim, os quais, iniciavam a missa, em latim, dizendo: “Introibo ad altare Dei”, subirei ao altar de Deus; e a gente respondia: “Ad Deum qui laetificat juventutem meam”, ao Deus que alegra a minha juventude. Até hoje, tenho todo o responsório na memória. Nas andanças pelas capelas, criança ainda, sentia-me muito importante, tomando café ou mesmo almoçando na casa do Dr. Rômulo, em São Roberto, do Coronel Cica, no Tigre ou mesmo, na de Dodona ou Dona Doninha, ao lado da Matriz, onde dormi inúmeras vezes, nas quintas-feiras, véspera das primeiras sextas-feiras. Até o sono chegar, jogávamos escopa. Normalmente, em minha casa, nessas ocasiões, mamãe me acordava às três da madrugada. Eu me arrumava e me dirigia até à casa de D. Genilda, que morava no Beco de Jota, para chamar o Eustáquio Miranda, Taquinho, e, juntos, na silenciosa madrugada, subíamos para igreja. Esse tal beco, que ao centro, tinha uma larga canaleta calçada com grandes lajotas para escoar as águas das enxurradas que desciam rumo ao Rio Chiqueiro, divisava com o quintal de Madalena de Deus, no qual havia uma enorme moita de bananeira prata, da qual sempre vinham alguns barulhos não identificados que acabavam contribuindo para que eu apertasse mais o passo. A volta era mais tranquila, pois já estava acompanhado. A partir das quatro horas, Padre Serafim já começava a distribuir a comunhão para os fiéis devotos que trabalhavam na Fábrica de São Roberto e tinham que pegar serviço às seis da manhã. Além das “mordomias” citadas, andava de carro, no jipe do Sr. Oséias ou então, no Austin que Padre Serafim ganhou dos operários da fábrica de tecidos. Além de tudo isso, ainda sobrava tempo para ir à escola, caçar e matar passarinhos e brincar de faroeste nas ruas vazias de minha terra. E mais, buscar lenha lá para as bandas do Pé do Morro, tendo, muitas vezes, a companhia do José Moreira, Zé de Flora. Com balaio alçado pelo braço, vendi muito abacate, laranja, mamão e banana nas portas das casas. Meu avô, João Tameirão, era quem incentivava — para não dizer que obrigava — a gente, nessas ocasiões. Meus irmãos, João e José Antônio, não tiveram vida fácil, pois adolescentes ainda, já trabalhavam junto com papai, Jason, na Lapidação de Diamantes de vovô Aprígio. Sem a ajuda deles, teria sido muito difícil para meu pai sustentar as treze pessoas da família. Dois outros irmãos, Jayme e Romeu, estiveram nas alfaiatarias de Geraldo de Abreu e de Geraldo Cordeiro (Romeu) e na de Antônio Augusto do Pombal (Jayme), também aprendendo ofício. Escola? Era o Grupo Escolar Aurélio Pires. Hum! Não era brincadeira. Para mim, apesar de todas as especializações existentes, hoje em dia, as atuais primeiras séries do Ensino Fundamental não chegam nem perto do que se ensinava e se aprendia naqueles tempos. As professoras eram, realmente, educadoras. Além dos conteúdos, a gente aprendia boas maneiras, civismo, cidadania, amor à pátria, princípios morais e cristãos; fazíamos muitas excursões pelos campos, o que, talvez, tenha contribuído para que muitos homens e mulheres, ex-alunos, hoje, demonstrem tanta afinidade com o meio ambiente. E se a gente quisesse aprontar alguma estrepolia, além da atenção das professoras, lá estava o sempre alerta Chiquinho Aguiar que nada deixava passar. Ele era sineiro, porteiro e disciplinário, funções que desempenhava com escrupulosa responsabilidade. Eis algumas lembranças inesquecíveis, a gente as tratava por Donas: Adalgisa, Zézé Ribas, Ritinha, as filhas de Hemano, dentre as quais destaco Alice Chaves; Marília Gomes, Doca, as queridas Vitalina e Zaíde. São nomes que ficaram carimbados na minha alma, além, é claro, da dirigente espiritual de todas as crianças gouveianas daqueles tempos: Dona Flora. Na verdade, o que eu e meus irmãos somos, hoje, nós o devemos aos nossos pais, principalmente ao desempenho motivacional de mamãe que, com todas as limitações provocadas pela fustigante asma que a atormentava, sempre nos orientou na busca de uma ocupação. “A alma ocupada não é tentada”, dizia-nos sempre. E mais, quando começávamos a receber salário, a ordem dela era: “O primeiro bem que um rapaz deve adquirir é um lote, para construir o seu barraco”. E isto, todos nós seguimos à risca. Tenho certeza absoluta de que o meu conteúdo de ser humano, hoje, seria totalmente diferente, se eu não tivesse apanhado muito de minha mãe. Sim, Dona Isaltina não deixava por menos e eu tinha uma índole bem complicada. Ela conseguiu arrancar de mim muita erva daninha, dentre as quais, tirar as coisas escondido. O “colchão” do nosso berço sempre foi recheado com responsabilidade, respeito, moral, ética e valores cristãos e limites. Graças a Boletim Informativo da AFAGO página 19 ARTIGOS Deus. Preocupa-me, hoje, a permissividade presente em muitos lares. Muitos pais optam por “comprar” o comportamento dos filhos com a moeda corrente chamada bens de consumo. “Se você comer, vai ganhar”... “Se você fizer o dever de casa, vai ganhar”... Quem sabe, a nova lei, aprovada no Congresso Nacional, tornando os direitos empregatícios das empregadas domésticas iguais aos demais, não irá contribuir para que os pais dividam com os filhos as tarefas diárias do lar?! Muitas famílias, certamente, não conseguirão mais garantir o salário de uma doméstica, dentro das novas exigências contratuais. Fato que forçará, obrigatoriamente, mudanças nos hábitos familiares. Um bom momento para que as crianças possam começar aprender a colocar a roupa suja no cesto, a estender a toalha que usou, a guardar os seus sapatos, a arrumar a sua cama, a lavar o prato em que comeu, a deixar banheiro e quarto limpos. Ensinar corresponsabilidade e compartilhamento, eis uma bela forma de se iniciar o Trabalho Infantil, do qual sou fruto, e com muito orgulho. 24/03/2013 - Guido Araujo Gil Martins de Oliveira, você matou a cobra e mostrou o pau. Gostaria de conhecer você, que deve ter um bom papo e saber contar boas histórias. Certa vez sugeri a Maria Auxiliadora escrever suas memórias sobre Gouveia, faria o mesmo a você. Sua lembrança dos lugares, das pessoas e coisas está viva, nítida. Você viveu um período de mudança, principalmente na educação, que passou a ser ensinamento e não formação. Os pais passavam suas experiências ao filho, e este aprendia “fazendo”, num tempo em que não era proibido menino trabalhar. Esse tempo precisa de registro e você tem o dom de contar o fato, é um ótimo cronista, no sentido histórico termo. Você aceita? 25/03/2013 - Gil Martins de Oliveira Prezados amigos e conterrâneos, Adilson, Guido, Hermes, Nilson e Maria Auxiliadora escrever, para mim, é atividade prazerosa, mas quando o assunto é Gouveia, bota prazer nisso. A questão é que minhas lembranças são limitadas. Gostaria de ter a memória do meu irmão, João, este sim, tem muita Gouveia para ser contada. Já sugeri a ele que vá registrando tudo e passando para mim. O fato de, em 1956, eu ter saído de Gouveia rumo ao Seminário de Itaúna, MG, e, em 58, minha família ter-se mudado para Contagem, deixou-me apenas as memórias contidas entre dezembro de 41, quando nasci, a janeiro de 56, quando parti. É bem verdade que foram 14 anos intensamente vividos e bem aproveitados por mim, a partir dali, do número 610, da Rua Laurindo Ferreira. Até hoje, guardo na mente cada palmo daquele chão gouveiano que não cansava de percorrer e dos espaços públicas, das largas, que não existem mais: cadê o Campo do Cemitério, de Raimundo de Carlota, a grande área atrás e ao lado do hospital, da Cruz do Padre, da Cruz das Almas e todas aquelas terras que margeavam o caminho para o Rio Chiqueiro, passando por Raimundo de Carlota? Já sei, gato comeu. Se, o que escrevo e continuar escrevendo, puder ser útil para alguma coisa, que assim seja. Façam bom proveito. Lembranças do padre José 08/04/2013 - Gil Martins de Oliveira Meu caro, Adilson, duas considerações a respeito de publicações suas hoje. A primeira se refere aos intelectuais de primeira linhagem de Gouveia. O máximo que eu poderia almejar seria o posto de coroinha dessa turma. Obrigado pelo conceito, mas não me superestime, por favor. A segunda é referente à bela foto da igrejinha de São Roberto. Quantas e quantas missas acolitei ali, nos tempos do latim e do padre de costa para a assembleia. Numa delas, celebrava o saudoso Padre José da Mata Machado. Era o momento da consagração. Eu já estava de campainha em punho para saudar o erguimento da hóstia consagrada quando, de repente, o velho e rigoroso celebrante percebeu, pelo reflexo na porta do sacrário dourado, que havia um “atrevido” que não se ajoelhara. Padre José, de mãos postas, calma e serenamente, voltou-se para a assembleia e fitando o fiel que continuava de pé, apontou o dedo indicador para o céu e disse, solenemente: — Grande é só Deus! E voltou-se para o altar, dando continuidade à celebração. O homem, que se ajoelhou imediatamente, era ninguém mais nem menos do que o grande Doutor Alexandre Mascarenhas. 08/04/2013 - José Moreira de Souza Gil, bela lembrança do padre José Machado. Ele reina soberano na memória popular de Gouveia. Não apenas pelo nome da praça, mas por inúmeros casos relatados pelos mais velhos para os filhos. No primeiro Prêmio Afago de Literatura, o conto vencedor narrava estórias do padre. Ele simboliza o fim de uma época. Aquele tempo em que o padre era sagrado, sua palavra era respeitada e temida. A ele devemos a construção da capela do Barão, a de São Francisco, a criação do Livro de Tombo que registra a história de Gouveia a partir do ano de sua posse, recuperando até mesmo a história antiga, com nomes dos vigários e párocos, reforma da Matriz desde quando tinha duas torres e a conservação de todos os livros antigos. Quanto aos livros, muitos se perderam por falta de atenção da comunidade e dos vigários. O padre José Machado tinha uma severidade doce. Era, com frequência, enérgico. Não deixava nada sem resposta, mas não privilegiava quem quer que fosse. Dois casos: certa vez, ele estava sem vinho para celebrar. Pediu-me para ir até a casa de Doninha, mãe de Eutália, para pedir uma garrafa de “Vinho Eucarístico”. Eutália presidia a Guarda de Honra e cuidava dos padres lazaristas que vinham a Gouveia uma vez por mês para atender às filhas de Maria – associação presidida por Lourdes Brasil - e à Guarda de Honra; por isso guardava, em casa, vinhos e hóstias. Fui, e dei o recado. Doninha me atendeu, encontrou uma garrafa de vinho já pelo meio e entregou-me com a seguinte mensagem: “Diga ao padre José que não é nada.” Lá fui eu com a meia garrafa e o recado. Dei conta das duas coisas. Aí, o padre deu-me nova incumbência: “Volta lá e diga para ela: ‘eu compro vinho, mas vinho não me compra”. Não entendi o recado, que, certamente, era uma mensagem cifrada; mas não Boletim Informativo da AFAGO página 20 ARTIGOS fui burro para levar de volta a dita mensagem. Por qualquer dúvida, cheguei em casa e narrei o episódio a Tia Flora. E ela assustada: “mas ocê não falou nada, né?” Certamente, tia Flora entendeu melhor o recado. Segundo caso. Era um domingo. O padre celebrava a missa. A igreja estava cheia e como era costume, os homens ocupavam a parte que ficava junto à porta principal ou atrás do altar numa portinha do lado esquerdo que dava acesso à capela do Santíssimo. Um senhor, cujo nome omito, lia um jornal enquanto o sacerdote lia a epístola. Em dado momento, eu notei que o que o padre falava não era latim, mas um bom português. Com a mesma entonação, ouço: “Você não tem fé? Vem à missa para ler jornal?” E voltou à leitura da epístola. A comunidade, certamente, não entendeu nada; a repreensão foi dirigida apenas a um senhor. Quando o padre José queria comentar alguma falta, que era de conhecimento da comunidade ele jamais se referia à pessoa. Certa vez, um senhor entendeu que ele se referia a seu comportamento tido como inadequado. Imediatamente, foi à sacristia, após a missa e perguntou: “O senhor disse isto foi pra mim?” A resposta veio imediata: “Se a carapuça lhe serve, usea.” Eu tenho recordações alegres, todas as vezes que me lembro do padre José. Vejo-o sentado junto ao fogão, ou no escritório pintando cenas do arraial de Nossa Senhora da Glória ou da capela do Tigre. Vejo-o carinhoso com os inúmeros afilhados. Guardo as últimas cenas de sua agonia, assistido pelo Guido – afilhado de uma família do Pedro Pereira. Padre José era um homem de Deus. Isto a Gouveia aprendeu e lhe devota um amor sincero. 08/04/2013 - Adilson do Nascimento Gil, não concordo com você e sei que o rótulo lhe cai muito bem! A foto da igrejinha da fábrica (apenas no facebook pois eu não consegui publicá-la aqui), mostra o cuidado da administração atual com uma relíquia, não só da fábrica, quanto da Gouveia. Vê-se os bancos novos, de madeira, os quadros antigos da via sacra, nas paredes com nova pintura, o altar antigo, todo de mármore e o telhado íngreme. Quanto ao “velho” Alexandre Mascarenhas convivi com ele em três situações: bastante distante, como patrâo do meu pai; menos distante, como meu patrão e completamente próximo, como amigos que fomos, por um longo período, quando, inclusive, sabia de sua artrose no joelho o que o impedia de dobrar o joelho, o que talvez tenha sido a causa de sua permanência de pé, na hora da consagração, até porque ele era católico de boa fé. Porém, na atual Matriz de Santo Antônio, logo na entrada, existem dois profetas em pedra sabão. Um está com o dedo apontado para os céus, como se a dizer: “meu Deus está lá em cima”. O outro tem o braço e o dedo voltados para o lado, como se a dizer: “meu Deus sempre esteve lá na fábrica”. 09/04/2013 - José Moreira de Souza Adilson, a relação entre cobu e biscoito queimado sempre foi muito intensa. Havia as pessoas que residiam na bela vila da fábrica que você descreve com altíssima competência na obra que ainda será publicada; mas, quase todas tinham parentes em Gouveia, com exceção de umas poucas moças que residiam no “convento”. Além disso, um grande número de operárias e operários desciam diariamente serra abaixo a partir das 5 horas da madrugada para o trabalho na fábrica. Eu, ainda muito criancinha, assisti a uma missa na capela da fábrica que foi demolida para dar lugar à residência de Pedro Cesarini e Marlene. Assisti à inauguração da nova capela e ao “batismo do sino”, à inaguração da nova usina da cachoeira, à inauguração do novo pavilhão da fábrica. Tudo isso com a participação da multidão de gente de Gouveia. Dancei também no clube numa festa de ano novo, assisti a e participei de teatro no cinema da fábrica. Enfim, trocas entre Gouveia e a fábrica eram constantes. Vamos à serenata. A banda de Gouveia e de São Roberto era uma e mesma coisa. Zé Maria, o grande maestro, unificava isso, tanto quanto ao coral que cantava na igreja. Certa vez, Geraldo Abreu, me chamou para uma seresta em São Roberto. Zé Maria estava junto, acompanhado de Zé de Juca, Manuel Soares da Luz - maestro da banda de Datas -, Chico de Sá Bernardina. Zé Maria foi até a sala da música, e nós nos reunimos na porta de Samuel, cunhado de Geraldo Abreu. A partir daí a cantoria, melhor a sinfonia seguiu seu trajeto. Casa das Clarinda, casa de Raimunda de Paula, casa de Chico Vieira e subimos rua acima. Após o que, decemos e subimos para Gouveia. São Roberto está para Gouveia como Biribiri, Inimutaba e Cedro estão respectivamente para Diamantina, Curvelo e Paraopeba. As vilas das fábricas eram extensão das cidades que as sustentavam e às quais as fábricas davam vida. Com a criação de Biribiri, o povo de Diamantina tinha o orgulho de visitar todos os fins de semana esse novo espaço e a vida urbana acontecia em Biribiri mais do que na orgulhosa Diamantina. Com a vila do Cedro hoje Caetanópolis - a, então, chamada Vila Paraopeba se projetou tanto que chegou a ter um jornal diário fundado por uns sonhador, Avelino Fóscolo. A indústria têxtil com suas vilas operárias inventaram um modo de vida urbano importantíssimo para a gente compreender as novas cidades que Minas Gerais criou. Vilas se tornaram monumentos de cultura urbana. Não foram apenas espaço de produção mas de valorização do trabalho e de sua “reprodução ampliada”. Eu tenho um relato que narra a chegada em Diamantina de dona Mariana dos Santos, a zeladora do convento de Biribiri. Ele havia viajado ao Rio de Janeiro e retornava. Foram muitos dias de festa desde o Guinda até a “cidade maior” Biribiri. Dona Mariana era mãe do bispo e esse estava sempre presente na vila da fábrica, preferindo a fábrica ao palácio. Em Gouveia, contava-se, - Efigênio negou isto - que, nos tempos do Coronel Sica, os operários não batiam ponto. Tomavam a bênção do coronel e se dirigiam para as máquinas. Hoje as coisas mudaram muito, a fábrica é apenas local de produção e que casa um cuide de si. Pouquíssimas famílias ainda residem na vila da fábrica São Roberto e as trocas da empresa com Gouveia dependem de deliberações na matriz da Cia Industrial de Estamparia. Empresa criada com capital da fábrica de São Roberto, ou seja com o trabalho de toda a Gouveia para engrandecimento de Belo Horizonte e Contagem. 09/04/2013 - Guido Araujo OS PROFETAS Você, Adilson, falou da existência de dois profetas na entrada da atual matriz de Santo Antônio e do significado de seus gestos. Não conheço os ditos profetas nem de nome Boletim Informativo da AFAGO página 21 ARTIGOS nem de vista, mas presumo que devam ser uma imitação dos de Aleijadinho, ou pelo menos de inspiração barroca. Embora confie na sua piedade patriótica, tenho para mim que os gestos admitem outras interpretações. Aponto dois motivos: pela escultura, que é uma obra aberta até certo ponto, admitindo vários significados e por alguns dados que você nos fornece. Com base nos dados - a posição dos profetas “na entrada da igreja”, indica perspectiva de quem entra no templo. Por aí, posso interpretar primeiramente que um deles está apontando com o dedo o ponto de recolhimento das doações e outro indicando onde está o poderoso Recompensador da generosidade, no céu. Por outro lado, na perspectiva de quem sai da igreja, um dos profetas poderia estar pedindo carona e o outro indicando a direção que eles queriam ir, o céu. Ainda temos outras mensagens possíveis. O primeiro estaria dizendo à pessoa que entra ou que sai da igreja: “se você quer ou não ir lá para cima, o céu, veja o que meu colega lhe indica”, e este, com o dedo apontando a terra, para o lado, estaria dizendo,”deixa de imaginar bobagem, gouveiano, abra o olho, olhe onde você está pisando. Cuide de Gouveia desde o Boqueirão até o Paraúna. Cuide de sua história, do Hospital, da Apae, do Asilo, das escolas, de sua casa, de seu irmão, de sua vida e desta sua boa terra. Ó, se você cuidar dela, seu céu começa é aqui. Mas se você não fizer isto, aqui, ó, procê” 09/04/2013 - Adilson do Nascimento Professor José Moreira de Souza, a vantagem de ter você como amigo é meu constante aprendizado. Eu disse, lá em baixo, aqui neste espaço, que não vivi Gouveia, por ter vivido apenas São Roberto, na minha infância, justificando que as duas localidades formavam duas repúblicas distintas, até porque a Gouveia “elitizada” representada pelas famílias da Rua da Frente também não tratava como igual o pessoal das Ruas de Trás. Não discordo de você, nem posso, quando você diz que havia uma “relação intensa” entre cobu e biscoito queimado; da mesma forma, também, que não posso discordar de que a estrada de terra, de madrugada, ficava cheia de pessoas pertencentes às famílias de Gouveia que desciam, a pé, às vezes debaixo de chuva e frio, para buscar seu sustento na fábrica, que era, afinal, a maior e mais consolidada fonte de emprego e renda do município, inclusive expandindo o seu capital para fora dele, adquirindo outras indústrias do ramo, em Contagem e em Diamantina. Famílias da Gouveia operária, jamais da Gouveia “elitizada’. A expressão elitizada que eu trouxe para o meu comentário não era uma coisa estigmatizada e sim subentendida, talvez na mente dos próprios moradores da república da Rua da Frente. Eu, por princípio, acredito que não devo dar aqui nomes das famílias que se consideravam elites, aristocratas, até porque eu poderia estar maculando a imagem de pessoas que “deram a vida” para o crescimento e desenvolvimento da cidade, como um todo, e hoje, por não estarem em nosso meio, não poderiam me contestar. Você, junto com Adélia, foi testemunha (e para você não foi novidade), quando de nosso almoço no Camilinho, na casa de Zico Baiano, na companhia de Manoel e Milton Miranda, de Geraldo Miranda e Diva, de Raimundo Nonato e eu, junto com a Ilda, quando o Raimundo me perguntou se “naqueles tempos” havia uma discriminação entre o pessoal de São Roberto e o pessoal de Gouveia. Ele imaginava a discriminação nesta ordem. Aí foi a vez da Ilda citar, com toda aquela sua franqueza inocente, um caso vivido pessoalmente por ela, quando pretendeu estabelecer um namoro com um rapaz da elite e ele foi “aconselhado” a não prosseguir pelo fato de ela ser uma operária “comedora de algodão”, um termo pejorativo que era usado pela elite menos inteligente e mais agressiva. E olha que a Ilda era aluna do ginásio e o seu pai, além de ter sido vereador, foi um dos poucos e escassos proprietários de automóvel da cidade, naqueles tempos. Eu sofri na pele uma discriminação humilhante, talvez por falta de melhor pensar das pessoas gestoras de certas condutas administrativas. Quando eu cheguei, aos sete anos de idade, ao primeiro ano “adiantado”, do Grupo Escolar Aurélio Pires, aluno oriundo de São Roberto não tinha “direito” à merenda que o grupo oferecia a todos os demais. Eu tinha feito o primeiro ano “atrasado” (olha aí Auxiliadora) na Escola Rural São Roberto e lá a merenda era farta e graciosa. Hoje eu sei que a direção do grupo entendia que os meninos de São Roberto podiam levar as suas próprias merendas. Mas vá explicar isso para uma criança de sete anos que vê trinta dos seus colegas entrarem em uma fila para receber uma caneca de mingau e, tendo ido junto, é retirado dali, sob o argumento de que ele simplesmente... não pode! Essa ridicularidade, nos tempos dos meus irmãos, posteriores aos meus, deixou de existir, penso eu, que pela dependência e submissão do Brasil aos Estados Unidos, quando participava daquela campanha Aliança para o Progresso. Com o tempo, com uma maior aproximação das administrações do novo município emancipado com as administrações da fábrica, quando os gerentes passaram a fazer parte da elite, como prefeito ou vices, essa cultura arrefeceu-se. O advento do ginásio, em 1958, quando em várias das suas formaturas a solenidade e o baile de gala se deram no clube da fábrica, até porque a cidade não dispunha de espaço compatível com o evento, também contribuiu para a aproximação das duas repúblicas. Certa vez Dona Vitalina me disse na presença de João Ribas: - “aristocratas em Gouveia são vocês da fábrica que têm emprego e renda fixos”. Nos meus tempos de adulto as duas “repúblicas” - Gouveia e São Roberto - já conviviam em harmonia, inclusive eu fui o terceiro operário eleito vereador (depois de Chico Vieira e Oséias Nunes) e o primeiro operário eleito presidente da câmara. Portanto, pelo dito, posso lhe fazer uma afirmação e um desafio: uma “relação intensa” tanto pode ser de amor ou de ódio e eu o desafio a me mostrar uma família gouveana que tenha sido formada nos anos cinquenta do século passado e que tenha ou teve como patriarcas um gouveano, da elite e uma operária da fábrica, principalmente que morava em São Roberto. O pessoal da elite casava entre si, até com parente, para preservação da espécie. 09/04/2013 - Maria Auxiliadora de Paula Ribeiro Adilson, Gil, José Moreira, Joãozinho, Guido, meu Deus, foi só em ficar de cama com uma forte febre que me acometeu Boletim Informativo da AFAGO página 22 ARTIGOS logo após a minha mensagem a Dr. Raimundo no dia 07, para vocês crivarem o Sítio de mensagens, sendo 11 do dia 08 e 03 de hoje, dia 09. Isso tudo, apesar de negaram ser intelectuais, na fama dos quais, pego uma carona. Mas a minha febre não foi dengue, não, Joãozinho. Infelizmente, seguindo a saga da família, saga quer dizer lenda medieval,( porém, faço-a verdade plena, incontestável e cruel,) como todos os outros estou que se foram, de coração ou embolia que é também coágulo só que no pulmão, estou tendo pneumonias várias, mas as minhas, com a graça de Deus, não me levarão à terrível embolia. Sou muito teimosa e no meu monólogo com Deus, digo-LHE que me perdoe a ousadia, mas ainda não “aceito” passar deste para o outro Espaço. Deus que me conhece muito bem, compreende-me e sorrindo da minha heresia, sabe ser ela apenas vontade de viver. Perdoando-me, faz-me reerguer, como agora, quando após uns momentos no PC, só em AFAGO, voltarei novamente para o repouso. Um dia apenas de ausência e tantas mensagens, como já lhes disse, com assuntos palpitantes. Li todas e darei pequenas respostas a cada um, porque frágil não vou facilitar, uma vez que já estou a me cansar. Entretanto, rapidamente, direi a Adilson que com ele quero disputar as SERENATAS que não ouvi, apesar de viver cotidianamente, ouvindo os sons musicais que vinham da casa dos Paulino, com as ALVORADAS das festas religiosas de Gouveia às quais, batendo o queixo de frio, Vera me levava para se encontrar com o seu amado, hoje viúvo, Fernando. Devo-lhe dizer também, Adilson, que Gouveia sempre foi preconceituosa, mas, apesar de ser, ocasionalmente, moradora da Rua da Frente, sempre tive nas ruas por você citadas, o meu ponto de referência, pois que se há mesmo que haviam cercos e os havia, eu os furava com meus irmãos, talvez para encontrar nessas ruas as nossas origens. Gil, estou censurando-o pela modéstia quanto a não se admitir exímio escritor. Com você, José estabelecerei uma parceria sobre nossos conhecimentos da vida do Padre José da Mata Machado, ( claro que você sabe muito mais sobre aquele sacerdote enérgico e sisudo, mas de um coração de ouro. Com tristeza como você reconheço que não foi tão somente a Igreja do Rosário e a outra capelinha demolidas, mas também a Igrejinha de São Francisco, relicário, onde foi velado o corpo do nosso Padre José Machado, coisa que não poderia acontecer. Quem sabe estou equivocada quanto ao corpo ser velado nessa capelinha em frente à casa dele? A você, Zé, também contarei um fato acontecido entre o meu avô Joaquim Duro( inteligente, mas, como bebia e fazia bobagens...) e o nosso padre em questão. Contarei com detalhes, talvez, a mesmo fato que você sucintamente mencionou no fim, de sua mensagem. Sobre a discussão dos profetas entre vocês, Adilson e Guido não me imiscuirei, porque conheci muito pouco São Roberto e sua linda capelinha. Bem, acabei respondendo a quase tudo, exceto à mensagem de Adilson do dia 07, sobre a situação financeira da nossa Associação. -Em última análise fechá-la? - Não! Reunamos todos nós que amamos Gouveia. Façamos contribuições extras, símbolo material de amor à terra que Deus nos deu por berço. O perigo do avião. Guido Araujo Fui viajar de avião após meus 63 anos, com os filhos já criados, já quase avô e atendendo a 30 anos de insistência de minha mulher. Finalmente, cedendo também à pressão de meus filhos, viajei e gostei. Entendi por que temia tanto o avião. Quando era criança um teco-teco de São Paulo, sem querosene, caiu no Palmital, onde eu morava. O avião voava rasteiro, com um barulhão danado, e o medo maior era quando ele passava sobre nossas cabeças, tão baixo que a gente via o piloto. Houve gente que se escondeu debaixo das moitas e no “Bambá”,um mato alagadiço que existia entre a estrada de carro e a casa de Alvim Carvalho. Eu tinha medo da fragilidade da máquina. Após voltear, ir e vir por cima da estrada, finalmente desapareceu num aclive, paralelo à igreja, no meio das gabirobas, mais ou menos à distância de um quilômetro da minha casa. O sol estava entrando e todo mundo, de volta dos garimpos, acorreu para o local. Vi um aviãozinho mais amarelo que o piloto que perguntava assustado onde estava. Tinha saído de Belo Horizonte. Achou que estava na periferia de São Paulo, para onde estava indo. Confundiu as pilhas de tijolo cru e queimado da olaria do meu pai com edifícios. Chamava-se João, na boca do povo, Joãozinho. Disse que tentou pousar na estrada, mas o combustível acabara e o avião caiu de inanição. Achei que o homem estava delirando. Mas estava são e salvo. A jardineira do Serro para Diamantina passava de dois em dois dias, quando não enguiçava. Esperou a jardineira e de Diamantina foi para São Paulo. O avião ficou lá no campo, amarrado no chão, cheirando a óleo e sendo depenado de sua casca de pano encerado, usado como capa de chuva por alguns faiscadores. Mas o que eu quis contar mesmo não era isto. Hoje li no Caderno de Informática do Estado de Minas a resposta de Piropo a um temeroso de que os sistemas de controle de aeronaves pudessem ser invadidos. Na resposta ele tranquilizava o medroso, afirmando que a invasão se dava pela internete e estes sistemas não admitem conexão. Aconselhava, “portanto voe tranquilo -ao menos no que toca a ataques via internete”. Bem,vim ao computador para ler algumas novidades no site da CNN e encontro noticia na mesma linha. O jovem Hugo Teso, expiloto alemão, de brinquinho na orelha, leve barba rala, cabelo enrolado em coque atras da cabeça, dizendo a uma cúpula de segurança em Amsterdam que ele desenvolveu um aplicativo de telefone, no Android, capaz de controlar quase todas as funções dos softwares dos aviões, através de sinais de rádio. Usando simulador de voo, demonstrou que pode mudar a velocidade, a altitude e a direção de uma aeronave virtual. Pode até apagar as luzes do cockpit, alterar as informações da tela da cabine de comando. Tudo isto, apertando botãozinho de controle remoto, como você faz com sua televisão.A sorte é que ele é “White Collar”, lado bom em oposição ao “Black Collar”, lado malandro dos hackers. Acho que voar de teco- teco era mais seguro. Só não deixar faltar querosene. Boletim Informativo da AFAGO página 23 RELATORIO DAS ATIVIDADES DA AFAGO NO ANO DE 2012 RELATORIO DAS ATIVIDADES DA AFAGO NO ANO DE 2012 Introdução O ano de 2012 começou com o novo visual do Site afagouveia.org.br. Procurando atingir os objetivos do Estatuto de “propugnar pelo desenvolvimento do Município de Gouveia”, a Afago, no ano de 2012, dirigiu suas ações no sentido de divulgar a cidade, sua gente, seus costumes, sua vida social, econômica, e política e conservar o patrimônio histórico. Maior ênfase foi dada às atividades culturais, ao registro da vida social, do desenvolvimento da cidade, dos costumes. Recuperou documentos e sítios históricos. Trabalhou no apoio de iniciativas das entidades civis do Município e enfatizou o registro e projeção de acontecimentos e festejos de lugarejos da Zona Rural. A limitação de recursos inibiu iniciativas já programadas em anos anteriores e eliminou outras no corrente. De suas principais realizações é o relatório que se segue: I. ÁREA ADMINISTRATIVA a. O ano de 2012 começou com o novo visual do Site afagouveia.org.br. O Dr. Raimundo Nonato de Miranda Chaves, iniciou o ano colocando o site mais prático e atraente. Novos melhoramentos vieram no decorrer do ano. b. Entrega do Prêmio Afago de Literatura – A entrega do prêmio Afago de Literatura de 2011 foi adiada em acordo com a Secretaria Municipal de Educação, para coincidir com a realização da Primeira Semana Literária de Gouveia. Com a realização da Semana em 2012, constou, a entrega, como evento de encerramento das atividades, no Centro Social Dom Paulo Lopes Farias, com a presença de autoridades do Executivo e do Legislativo municipais, professores, estudantes, Diretoria da Afago e Comissão Julgadora. c. Participação ativa na Primeira Semana Literária de Gouveia- A participação da Afago se deu por consultas, e participação do debate com os escritores gouveianos convidados. d. Apoio à reconstituição da Comissão Mineira de Folclore – Ciente das dificuldades enfrentadas pela Comissão Mineira de Folclore, a Afago cedeu sua base material para as reuniões e orientação jurídica para efetivação de sua regularização e. Realização do Encontro de Confraternização - Continua “acontecimento relevante, como hora do abraço, de confraternização”. O primeiro encontro foi realizado no PizzaBar, após Assembléia Geral Ordinária de março/ 2012. A segunda reunião de congraçamento na linha da Reunião de 2011, na chácara dos irmãos Manoel e Milton Miranda, foi patrocinada in totum pelo Diretor José Moreira de Souza, em sua chácara, em Pinhões, Santa Luzia, atingindo plenamente os objetivos da Afago no sentido da alegria, da recreação, do relacionamento descontraído dos associados. Na parte da manhã, os afagueanos se reuniram na Capela do Convento de Macaúbas para uma missa celebrada pelo Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo, celebrando o primeiro aniversário de falecimento de Doutor Waldir de Almeida Ribas. Em seguida se dirigiram à Chácara do Diretor para um almoço variado e lauto. f. Apoio e participação na 46ª. Semana Mineira de Folclore - Conferência do Presidente num dos dias da Semana sobre a escola de Camilinho. A afago apoiou o evento, postando noticias e reportagens fotográficas no seu site. g. Apoio a Entidades Sociais de Gouveia - A Afago contribuiu para conseguir assinaturas para o livro de ouro da APAE, em levantamento de fundo para construção do piso da nova sede. h. Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Rio Parauna – SCBHP, A Afago, membro titular do referido subcomitê, compareceu à reuniões em Conceição do Mato Dentro, Presidente Juscelino e Gouveia, participando efetivamente das discussões. i. Manutenção do Sitio afagouveia.org.br e do Boletim Informativo i. Sitio: repaginado e cognominado “jornal inteligente”, mostrou cara nova em 2012, evidenciando dois objetivos de sua criação: primeiro, divulgar Gouveia, as entidades organizadas de sua sociedade civil, sua gente seus festejos. Segundo, Veicular a opinião do gouveiano, proporcionando ao internauta espaço para opinar, reivindicar ou fazer sua catarse, além de estimular o contato entre gouveianos, no “Livro de Mensagens”. Cumpriu seu papel de, 1. Informar sobre as comunidades rurais, Espinho, Tigre, Cuiabá, Ribeirão de Areia; 2. expor projetos variados de interesse da população. Boletim Informativo da AFAGO página 24 RELATORIO DAS ATIVIDADES DA AFAGO NO ANO DE 2012 ii. Boletim Informativo: com periodicidade bimestral, manteve a qualidade de impressão e de conteúdo na análise e reportagem dos fatos de interesse de Gouveia. Divulgou a cidade, sua gente, seus costumes, seus festejos e comemorações, bem como a história de seus empresários e pioneiros. É distribuído gratuitamente, pelo correio, ao comércio, autoridades municipais, escolas e associados. Distribuído, também, em meio eletrônico para quem se interessar e nos fornecer seu endereço eletrônico. j. Cemitério do Tigre – Por coordenação do Presidente da Afago, os moradores do Tigre e comunidades vizinhas quotizaram-se, reconstruíram os muros e recuperaram o histórico Cemitério do Tigre. Ficou para 2013 a recuperação do túmulo do Coronel Sica. Reportagem, fotos e prestação de contas publicadas no Site da Afago. k. UNICEF – Recuperação, comentários e publicação no Site da Afago. Julgados desaparecidos, os relatórios produzidos por cri- anças e Instituições de Gouveia, para concorrência do Município à obtenção do Selo Unicef, foram recuperados pelo Dr. Raimundo Nonato de Miranda Chaves, junto a Senhora Deolinda Alice dos Santos, de Ouro Preto. l. Reportagens Sociais no Boletim e no Site: i. Bodas de Diamante em Ribeirão de Areia. ii. Bodas de Ouro em Camilinho. iii. Artigos e reportagens sobre o Cemitério do Peixe. iv. Celebração de Nossa Senhora Aparecida na comunidade de Espinho v. Artigos vários sobre educação, política, história e economia. II. CONSELHO FISCAL O Conselho Fiscal executou normalmente sua função e, participou das reuniões mensais realizadas, em conjuntas, com o Conselho de Administração. III. BALANÇO FINANCEIRO Em relação ao exercício findo em 31 de dezembro de 2012 a tesouraria apresentou a seguinte movimentação: Boletim Informativo da AFAGO página 25 RELATORIO DAS ATIVIDADES DA AFAGO NO ANO DE 2012 Julgamos, oportuno e conveniente, tecermos alguns comentários a respeito da nossa movimentação financeira; primeiro alertando para o fato de que a nossa população contribuinte está escassa e atualmente não passa de 40 pessoas, o que impossibilita a associação de exercer o seu papel social em sua plenitude e atender às necessidades, ainda que não financeiras, da sociedade civil gouveana, o que obriga os diretores que já desempenham as suas funções sem qualquer ônus e contribuem com uma parcela superior aos demais sócios comuns, a fazerem uma contribuição complementar para arcar com os custos de impressão dos boletins informativos e com a premiação do Prêmio Afago de Literatura. Temos adotado, por princípio, a exclusão da listagem de sócio contribuinte dos nomes de todos aqueles que deixam de quitar as suas contribuições em dois meses seqüenciais, entendendo que o associado não tem intenção de colaborar e em razão dos altos custos operacionais com emissão de boletos bancários, postagem dos mesmos, taxas bancárias etc. Havemos de observar, ainda, que vários dos nossos trabalhos administrativos são executados pelos próprios diretores que graças às suas habilidades não dependem da contratação de empregados para o funcionamento de secretaria, tesouraria, contabilidade e jurídico, o que sem dúvida dá muito trabalho. Além do mais Marcos e D. Helena Brum Ribas, a exemplo do nosso fundador Dr. Waldir de Almeida Ribas, continuam nos emprestando a sala que nos serve de sede, em um ponto central e supervalorizado da capital, sem cobrança de aluguel. Por último gostaríamos de esclarecer que durante o exercício findo, ou seja, em novembro de 2012, transferimos os nossos recursos financeiros para o Banco Itaú S/A abrindo uma conta na agência da Avenida Antônio Abrahão Caram, 850, na Pampulha, onde os nossos serviços, principalmente de tecnologia, ficaram muito facilitados. I. CONCLUSÃO A Afago, no corrente ano, perseguindo seus objetivos estatutários: a. Realizou os encontros sociais para congraçamento dos gouveianos b. Divulgou Gouveia c. Recuperou história e sítios do Município d. Registrou e discutiu problemas da cidade e. Apoiou as Instituições civis. II. OBSERVAÇÃO Para registro: A diretoria da Afago, representada pelos 10 associados que compõem o Conselho de Administração (7) e o Conselho Fiscal (3) têm dado provas de dedicação e desprendimento. Cada um financiando suas despesas de viagens e estadias quando fora da sede. Além de contribuir, mensalmente, com cota equivalente a quatro vezes a cota do associado comum, para sustentar a publicação do Boletim Informativo e do Prêmio Afago de Literatura. tizada. Sabe juntar as silabas, formar e até pronunciar a palavra, mas ainda tem dúvidas sobre o significado dela. A Afago está se consolidando e, ainda, não tem estrutura que permite projetos mais arrojados. Temos sido prudentes e continuaremos prudentes neste ano de 2013. Limitar-nos-emos ao feijão com arroz, daremos continuidade aos projetos em andamento: Edição do Boletim Informativo, manutenção do Sitio afagouveia.org.br, distribuição do Prêmio Afago de Literatura, realização das reuniões de Congraçamento, apoio e registro de celebrações nas Comunidades, manutenção de parcerias com entidades da sociedade civil e, estimulo ao maior relacionamento com Gouveia, especialmente, com a administração municipal. Acontecimentos relevantes deverão marcar o ano de 2013: 1. Sócios Honorários – O Conselho de Administração, em reunião conjunta com o Conselho Fiscal, decidiu iniciar a formação do quadro de Sócios Honorários da Afago e, para isso, decidiu convidar pessoas de Gouveia, representativas das áreas de Saúde, Educação, Esporte e Música. A entrega de certificados de sócios honorários será realizada em Gouveia, data ainda não determinada, durante solenidade organizada em parceria com a Prefeitura Municipal. 2. A seleção dos estudantes e a entrega do Premio Afago de Literatura deverá ocorrer, durante o segundo semestre, em solenidade organizada em parceria com a Escola Estadual Joviano de Aguiar, sob a competente direção da professora Marilac Mesquita Nunes. 3. Jantar com o Prefeito – O diretor social da Afago: Geraldo Augusto Silva está programando, data ainda não determinada, um jantar para cerca de 80 convidados. Aproximadamente, quinze formam o staff do Prefeito Geraldo de Fátima Oliveira. Este grupo virá de Gouveia e fará para os convidados da Afago uma apresentação do trabalho que vem sendo realizado em Gouveia pela atual administração. O jantar é iniciativa do senhor prefeito municipal, numa consideração especial com a Afago. Não é jantar de adesão, é uma reunião de trabalho e confraternização. Belo Horizonte, 06 de abril de 2013. PROGRAMAÇÃO DE TRABALHOS DA AFAGO NO ANO 2013 A Afago completou seis anos, em dezembro de 2012, Na escala de tempo humana, ainda, é uma criança semi-alfabeBoletim Informativo da AFAGO página 26 Manuel, Geraldo e Diva, sempre atentos e estudiosos. Gil veio da roça trouxe a família e cachos de banana ouro, conhecida em Gouveia como “Dedo de Moça”. Tirou zero sem responder nada errado 1- A senhora Maria de Lourdes Macena, presidente da Comissão Nacional, o senhor Domingos Diniz, vicepresidente da Comissão Mineira de Folclore, juntamente com a senhora Adélia Anis Raies, estiveram presentes na reunião de Congraçamento da AFAGO Mais uma cena do Congraçamento Em qual guerra Napoleão morreu? R: Na última em que ele lutou. 2- Onde foi assinado o Tratado de Tordesilhas? R: No final da folha. 3- Em que estado corre o rio São Francisco? R: Líquido. 4- Qual a principal razão do divórcio? R: O casamento. 5- Qual o principal motivo dos erros? R: As provas. 6- O que nunca se come no café da manhã? R: Almoço e janta. 7- Com o que parece a metade de uma maçã? R: Com a outra metade. 8- Se você jogar uma pedra vermelha em um lago azul, como ela fica? R: Molhada. 9- Como um homem consegue ficar oito dias sem dormir? R: Sem problemas, ele dorme à noite. 10- Como fazer para levantar um elefante com uma só mão? R: Você nunca encontrará um elefante com uma só mão... 11- Se você tiver três maçãs e quatro laranjas em uma mão e quatro maçãs e três laranjas na outra, o que você terá? R: Mãos enormes. 12- Se oito homens levam dez horas para construir uma parede, quanto tempo levariam quatro homens para construí-la? R: Tempo algum, a parede já foi construída. 13- Como você faria para derrubar um ovo cru em um piso de concreto, sem quebrá-lo? R: Da maneira que quiser, pisos de concreto são muito difíceis de se quebrar. Colaboração de Diva Maria de Miranda Boletim Informativo da AFAGO página 27 ARTIGOS VIVAMUS COMO ACEITAR AS FRUSTAÇÕES C omo tudo é impermanente, muda a todo instante, é impossível não nos frustrarmos.Durante nossa existência,seremos surpreendidos por um mundo que acontece diferente do que gostaríamos.A todo instante nos deparamos com dificuldades e desapontamentos, tendo sensação de que não vou dar conta diante dos problemas.Deparamos com perda de alguém que amamos,derrota profissional, desemprego, cm alguma doença grave.Dá uma sensação de frustração.Começamos a perder no útero materno, dos seios da mãe.O problema está como reagimos diante de tudo isso.Posso no entanto garantir que todas as pessoas passam por tudo isto. Enquanto alguns toleram graves situações e apesar da tristezapartem para novas conquistas, outras no entanto à menor dificuldade ficam prostradas,deprimidas.Ocorre que o mundo nem sempre acontece de acôrdo com nossos desejos. O exercício é aprender a lidar com as situações reais no momento presente,gastar menos energia em lamentações, enfatizando em como deveria ser. Por isso que viver no presente é um “presente”, resolvendo o que acontece neste instante, no agora.Podemos ser contrariados, o mundo não existe só para nos satisfazer,temos que transformar, pois viemos aqui para isto.Vocês assistiram o filme :”As Aventuras de Pi”? Vejam. Se não fosse os enormes obstáculos,o personagem não teria sobrevivido. Sempre perguntamos: Por que comigo? As experiências são para todos. Saber que as pessoas e coisas são o que são e não o que eu gostaria que fossem. Não se colocar na postura de vítima, injustiçado, de pobre coitado, não cultivar uma visão tão amarga da vida.Não leve muito a sério nem você, nem a vida.Agradeça pelo ar que respira,por ouvir, falar, andar, enxergar, pelos pais que lhe deram a vida, pelos filhos, amigos e pelas pessoas com a qual temos dificuldades, pois eles é que nos ensinam. Geraldo Augusto Silva SOCIAIS Confiante na Luz Perpétua José Moreira de Souza No dia, 7 de abril, Adélia e eu fomos ao Santuário de Santa Luzia e assistimos à missa. Após a celebração, procuramos o pároco. Tínhamos a missão de entregar-lhe um envelope deixado por Jésus Maria de Paulo, o filho mais novo de Juca de Celina, o emblemático Sacristão da Gouveia. A esposa de Jésus incumbiu-nos dessa missão. Jésus, ao sentir que a vista estava se tornando cada vez mais fraca, passou a guardar todos os meses uma parte do pagamento de aposentadoria para dedicá-lo à santa protetora das vistas. Ao contemplar a luz perpétua, no dia 5 de janeiro, deixou um envelope com um valor considerável tendo em vista as suas posses. O reverendo pároco recomendou-nos colocar o envelope no cofre junto ao altar de Santa Luzia. Nele está escrito: “De Jésus Maria de Paulo – 19 de abril de 1926 – 05 de janeiro de 2013 – para Santuário de Santa Luzia do Rio das Velhas”. Em seguida o padre registrou na agenda paroquial a celebração das missas do próximo domingo – dia 13 de abril – em intenção da alma de Jésus Maria de Paulo. Nessa cidade, em todos os dias 13 de cada mês, os devotos de Santa Luzia se reúnem no santuário para invocar seu nome e proteção, culminando no em dezembro, quando peregrinos de todo o Brasil tornam pequena a cidade. Boletim Informativo da AFAGO página 28 SOCIAIS 01/03/2013 - Adilson do Nascimento Acabo de tomar conhecimento, tardiamente, que faleceu, semana passada, aqui na capital, o ex-dentista da fábrica e de Gouveia e primeiro diretor do Ginásio Santo Antônio, RAIMUNDO BENEDITO DA SILVA. Não tenho maiores detalhes, mas sabia da sua combalidade condição de saúde. Mais uma personalidade que adotou Gouveia como sua e trabalhou por ela que nos deixa e torna ainda mais orfâ uma comunidade carente de batalhadores pela causa alheia. A Dona Diva, sua esposa, antiga professora do Grupo Escolar Aurélio Pires, o nosso pleito de gratidão e as nossas condolências. Faleceu no dia 06 de abril, na cidade de Sete Lagoas a senhora Maria de Lourdes Machado, mais conhecida como Lolota. Lolota era filha de Augusto de Folomena e casada com Antônio Machado, também chamado de “Antônio do Padre”. Faleceu em Gouveia a senhora Ilda Ribas. Era filha de Nonô Ribas e viúva de Idalino Ribas. Não temos a data precisa do falecimento. Notícia de última hora Adilson do Nascimento: Lamento informar o falecimento hoje, pela manhã, em Diamantina, por falência múltipla dos órgãos, de Jair Vieira – 23 abril. 23/04/2013 - João Saraiva À familia Vieira enlutada nossos sentimentos pelo falecimento do nosso Jair Vieira,grande amigo e companheiro desde a vila operária de São Roberto,onde convivemos por longos anos ,nossos sentimentos.João Saraiva e familia. 23/04/2013 - Guido Araujo Adilson, o passamento do senhor Jair Vieira, seu cunhado, certamente, é uma perda para Gouveia e os amigos. Meus sentimentos a você e sua família. Que Deus o tenha em bom lugar e conforte a todos. 19/04/2013 José Moreira de Souza FALECEU, no dia 19 de abril, em Gouveia, AILTON RIBAS e foi sepultado às 17:00 horas. Ailton era uma pessoa maravilhosa. Cuidava dos jardins da Praça padre José Machado com atenção para cada planta. Lamentava toda vez que alguém maltratasse qualquer uma delas. Era o pai das flores. Com o mesmo cuidado, guardava repertório de músicas de salão em Gouveia desde o século XIX. Gente como ele, será sempre lembrado. Imaginem São Pedro recebendo-os com um cesto de flores. É para você, Ailton. Vem cá depressa, Deus quer homenageá-lo. Ele se foi no início da madrugada. A respeito manifestou-se Alex Mendes dos Santos: Nós da Caminhos da Serra sentiremos muito a sua falta, ele que conosco esteve sempre há 13 anos, nas reuniões, caminhadas, navegadas, acampamentos com os meninos, cursos, ...... A Reserva é fruto das suas obras: reconstrução do muro, construção das salas e do galpão, replantio de árvores, na renovação das nascentes e principalmente na iniciação de muitas crianças na botânica. Que ele seja feliz no novo ciclo que se inicia. Alex Boletim Informativo da AFAGO página 29 SOCIAIS Aniversariantes Aniversariantes - Maio Maria da Conceição Matos Sãozinha de Vavá - 1 Maria de Lourdes Gomes - 1 Diego Artur de Miranda – 6 Thiago Henrique de Miranda 08 Aristeu de Oliveira - 9 Gabriela Ribas Oliveira 9 Maria Reginalda de Miranda Lima - 9 Naly Ribas Oliveira - 10 Ilda Monteiro Prado - 10 Jorge Luiz Batista - 10 Elena Berenice Brum Ribas (Mãe Marcos) – 10 Orlando Silva – Xeripe - 10 Luiz Fernando Vieira Trópia - 10 Betânia da Conceição de Miranda 10 Cléuber Alves Monteiro - 11 João Batista de Miranda Filho – 12 José Mário Gomes Pereira - 13 Eliana Aparecida Simões de Miranda – 15 Alisson Miranda Ribas – 15 Liliane Moreira - 15 Nícia Raies Moreira de Souza - 16 Nilson Santos – 16 Nilberto Rocha - 16 Valdene da Conceição Ribas - 16 Lindeia Ribas de Oliveira – 16 Cleber José de Miranda - 17 Zenon de Carvalho - 17 - Noventa anos Raimundo Nonato Miranda Chaves – 20 – Oitenta anos Leonardo de Oliveira Paula - 20 Walison Aparecido Brandão – 20 Fred. Fonteneli de Freitas - 26 Franco Zaghen - 30 Geraldo Moacir de Miranda - 30 Ione Maria Ribas - 31 Aniversariantes mês de junho Juliana Zahen - 1 Andréia Loiola Ribas – 2 Rita Ordália Drumond Monteiro 2 Luiz Carlos Gomes - 3 Adenice Alves Rodrigues – 5 Haroldo Antônio Ribas - 6 Feliciano Cordeiro 9 Cassiana Araújo Santos Miranda – 9 Sílvio Lourenço de Oliveira - 10 Claudio Augusto Pinto de Carvalho - 10 Fabrício de Lima Ávila – 15 Albanor de Oliveira - 17 Lívia Maria Santos Rodrigues – 19 João Martins de Oliveira - 24 Albany Alves de Oliveira - 28 Clever Garcia Regis - 30 Parabéns! Boletim Informativo da AFAGO página 30 Coral Crescere no Convento de Macaúbas Coral Crescere se apresentará no dia 1 de maio a partir das 10:00 horas no Convento de Macaúbas, cidade de Santa Luzia. Esta é mais uma contribuição desse grupo à religiosidade e à cultura mineira. O Coral é presidido por nosso Diretor Social, Geraldo Augusto Silva e conta também com a participação de nosso Secretário. Guido de Oliveira Araújo. Mesmo sem qualquer apoio de políticas públicas, como a famosa Lei de Incentivo à cultura, o grupo se mantém firme. Neste ano, o Coral se apresentou na cidade de Sabará acompanhado por grande orquestra na celebração do Ofício de Trevas, da quarta feira santa. Adiada a data de entrega do Prêmio AFAGO de Literatura A pedido das diretoras das escolas de Gouveia, foi adiada da data de entrega do Prêmio Afago de Literatura. A nova data é o dia 4 de outubro. O Prêmio Afago já se encontra na terceira edição e tem como objetivo divulgar as atividades literárias das crianças e dos jovens de Gouveia. Em cada ano uma das escolas é homenageada. No primeiro ano, foi a Escola Estadual “Aurélio Pires”, em 2012, foi a vez da Escola Estadual “Augusto Aires da Mata Machado”. No presente ano, a homenageada é a Escola Estadual “Joviano de Aguiar”. De domingo e de jiboia O Albanor era estudante de Medicina em Montes Claros. A distância entre Gouveia e Montes Claros ia, para ele, se encurtando aos poucos: o jovem galã não perdia uma oportunidade e nos finais de semana sempre estava em Gouveia. Eram finais de semana passados com a família e os amigos numa rotina que nem rotina parecia, tão curtida era pelo jovem estudante de medicina. Domingo era sol pela manhã. A seguir, uma pelada. Depois, cerveja gelada e almoço. Depois do almoço, uma soneca. Mas o sono do nosso amigo tinha uma particularidade: ele gostava de dormir peladão. Isso mesmo, dormia do jeito que tinha nascido, vestido de Adão. Sua mãe, dona Ritinha, gostava, já nessa época, de reunir na copa as amigas. Era uma boa conversa de tarde domingueira. Tomavam chá, café, comiam rosquinhas, pão de queijo e saboreavam outras delícias, saídas do forno e do “talento culinário” da dona da casa. Mas deliciosas mesmo eram as conversas. Muita conversa! Dizem que as mulheres, quando reunidas, têm a capacidade, só delas, diga-se de passagem, de falar e de ouvir, todas ao mesmo tempo. Mas voltemos ao objetivo desta história: relatar um fim de semana inesquecível para nosso amigo estudante . O Albany, irmão do Albanor, em uma de suas andanças à procura de cristal, tinha encontrado uma jiboia de quase dois metros. Colocou-a então dentro de um saco de aniagem e trouxe o bicho para casa. O animal foi crescendo , comendo ratos, tomando leite. Foi se acostumando com a casa e seus moradores. E passou a viver ali, rastejando-se entre os cômodos, esquecendo as lembranças da vida entre árvores, céu , predadores e presas, vivendo placidamente sua vida de “jiboia-gente”. Mas o Albanor , como estudava em Montes Claros, não sabia da existência da jiboia. Parece que, nos finais de semana, com a casa mais cheia de gente, ela preferia o silêncio de algum cômodo mais isolado, quem sabe até sentisse saudades da vida antiga cujas lembranças iam ficando cada vez mais fugidias... Naquele domingo, o Albany, que sempre gostou de pregar uma peça nos outros, pediu ao Albanilson que o ajudasse a fazer uma surpresa para o irmão estudante. Os dois conversaram, pensaram, mediram os perigos que poderiam ocorrer . Enfim, resolveram partir para o ataque. E foi assim que tudo aconteceu: os dois irmãos agarraram a cobra e a colocaram em cima do colchão...pertinho do Albanor. Bem enrolado, o bicho foi se mexendo, mexendo, enrolando, desenrolando, enrolando de novo, até acordar o dorminhoco peladão... Ao ver aquela jiboia enorme, ali, bem pertinho dele, o cara entrou em pânico total. Pulou da cama e entrou na copa onde a mulherada conversava. Então o Albanor , peladão e bem dotado , agiu com rapidez: puxou a toalha, que estava em cima da mesa, jogou pratos, talheres, copos, xícaras, tudo no chão e se cobriu. Mas a surpresa ainda não tinha acabado: ao se virar para trás, ele viu o Albany dando risadas, com a serpente, mansinha, enrolada em seu pescoço. Perto dele, Albanilson também ria a não poder mais. Vocês já imaginaram o assunto da mulherada naquela que foi a próxima reunião de fim de semana na casa de D. Ritinha? Eu bem que imagino, mas não vou contar não. Deixo isso a cargo de vocês, os leitores deste texto. Texto: Dr Pércio Monteiro Prado Revisão: Professora Maria Ivonete de Lima Ávila Afago vai propor Prêmio das Culturas Populares para gouveiano Gonzaga é escutor de mérito e merece reconhecimento Boletim Informativo da AFAGO página 31 Guardem bem No dia 20 de maio, nosso professor doutor Raimundo Nonato de Miranda Chaves celebra – e nós com ele – a emblemática idade de oitenta anos. Vamos encher a casa dele de mensagens, a caixa de mensagens de parabéns e cantar; Foi no roseiral da esperança Que você hoje colheu Um ano a mais de existência, Foi o Bom Deus que lhe deu. Muitas felicidades, Muita paz e alegria! Se estivéssemos em São Paulo, eu entoaria: Cantiamo al nostro amico Dio gli facia sempre Felice Per longa viiiiiiiiita! Ou em latim Sit tibi lux Felix! Ad multos annos vivat! Boletim da AFAGO Órgão Informativo da Associação do Filhos e Amigos de Gouveia Ano VI – N ° 02-13 - Março-Abril 2013. www.afagouveia.org.br Diretor Responsável – Raimundo Nonato de Miranda Chaves Editoração Gráfica: José Moreira de Souza Crédito das Fotos:Adélia Anis Raies de Souza,Afrânio Gomes, Raimundo Nonato de Miranda Chaves José Moreira de Souza, Paulo Vieira. Diretoria da AFAGO Presidente de Honra: Waldir de Almeida Ribas in Memoriam Presidente: Raimundo Nonato de Miranda Chaves Secretário: Guido de Oliveira Araújo Diretor de Finanças: Adilson Nascimento Patrocinadores: Diretores da AFAGO Comissão Editorial Guido de Oliveira Araújo. José Moreira de Souza Raimundo Nonato de Miranda Chaves IMPRESSO REMETENTE AFAGO - Associação dos Filhos e Amigos de Gouveia Avenida Amazonas 115 - sala 1709 CEP: 30180 - 000 - BELO HORIZONTE - MG
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