UNISA - UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO COMUNICAÇÃO
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UNISA - UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO COMUNICAÇÃO
UNISA - UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO COMUNICAÇÃO SOCIAL – RÁDIO E TV LUIZ HENRIQUE QUARENTANI JUNIOR EDUCOMUNICAÇÃO NO ENSINO PÚBLICO PAULISTANO: O USO DA RADIOESCOLA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM São Paulo 2012 LUIZ HENRIQUE QUARENTANI JUNIOR EDUCOMUNICAÇÃO NO ENSINO PÚBLICO PAULISTANO: O USO DA RADIOESCOLA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de Bacharel em Rádio e TV da Universidade de Santo Amaro, sob orientação da Professora Ms. Júlia Lúcia de Oliveira Albano da Silva. São Paulo 2012 LUIZ HENRIQUE QUARENTANI JUNIOR EDUCOMUNICAÇÃO NO ENSINO PÚBLICO PAULISTANO: O USO DA RADIOESCOLA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para obtenção do título de Bacharel em Rádio e TV ao Curso de Comunicação Social da Universidade de Santo Amaro – UNISA, sob orientação da Prof. Ms. Júlia Lúcia de Oliveira Albano da Silva. Data de Aprovação: 18/12/2012 BANCA EXAMINADORA __________________________________________________________________ Prof. Ms. Júlia Lúcia de Oliveira Albano da Silva __________________________________________________________________ Prof. Ms. Gabriel de Oliveira Ribeiro do Valle Corrêa ___________________________________________________________________ Prof. Dra. Maria Inês Amarante CONCEITO FINAL: __________________________________________________ Dedicado a todos aqueles que enxergam nos projetos envolvendo mídias na escola, em especial o rádio, como importantes aliados da educação. Quero agradecer, em primeiro lugar, a Deus, pois sem ele eu não teria forças para esta jornada. Aos meus pais (Luiz e Laudenir) e minhas irmãs (Ana Paula e Sabrina) pelo apoio, confiança e amor que depositaram a mim não só neste trabalho, mas na vida. A professora Júlia Lúcia que orientou brilhantemente este trabalho. Sua dedicação e competência a cada orientação me motivavam e me inspiravam cada vez mais. Agradeço também aos professores de Comunicação Social desta universidade, em especial os professores Carlos Francisco (Cazuza) e Carlos da Silva Pinto, que colaboraram também na produção deste trabalho. Aos colegas de classe, que durante quatro anos estiveram juntos comigo nesta jornada. Ao professor Ismar de Oliveira Soares, ao vereador Carlos Neder e a jornalista Zeneida Alves de Assumpção que gentilmente cederam entrevistas para esta monografia. A equipe da DRE de Campo Limpo, em especial a diretora Cristina Fernandes. A professora Maria de Fátima e aos alunos do programa “Nas Ondas do Rádio” da EMEF Fagundes Varella Também não posso esquecer-me dos amigos da EE Octalles Marcondes Ferreira, representados na figura da professora Cleide Milaré. Muito obrigado a todos! RESUMO A presente pesquisa investiga como o uso do rádio dentro de um ambiente escolar, caracterizado por uma radioescola, pode estimular o processo de ensinoaprendizagem entre alunos e professores, tendo como base o programa de educomunicação “Nas Ondas do Rádio” da Secretaria de Educação do Município de São Paulo. Para tanto, foi necessário realizar um resgate sobre as origens do rádio brasileiro e sua relação com a educação escolar por meio de material bibliográfico. A proposta da radioescola nasce a partir de práticas realizadas nos primeiros anos da implantação oficial do rádio no Brasil, que teve como pioneiro Edgard RoquettePinto. A partir deste ponto, inúmeras intervenções envolvendo a mídia rádio e a esfera da educação foram estudadas e trabalhadas ao longo dos anos. Na fundamentação de teórica desta pesquisa, foram articulados o conceito Educomunicação, desenvolvido por Ismar de Oliveira Soares, e o conceito de radioescola e sua aplicação em um ambiente escolar, difundido por Zeneida Alves de Assumpção. Para levantar informações e observar a efetividade de uma radioescola como proposta pedagógica de ensino, foi realizada uma pesquisa de campo na EMEF Fagundes Varella, escola pública selecionada para a pesquisa que adere ao programa municipal há quatro anos e está localizada no bairro de Campo Limpo, zona sul da cidade São Paulo. Neste sentido, como recurso metodológico, foram aplicados três questionários. O primeiro com os oito alunos que participam efetivamente do projeto todos os dias, chamados de alunos produtores. O segundo foi aplicado a cento e vinte e um alunos que não participam efetivamente do projeto, mas que acompanham suas produções, chamados de alunos ouvintes. E por fim um terceiro questionário foi aplicado a nove professores. A partir da observação e análise desta experiência e de outras práticas envolvendo o projeto de educomunicação em rádio, conclui-se que a radioescola é uma proposta pedagógica multidisciplinar estimulante que apresenta potencial para o desenvolvimento de diversas habilidades nos estudantes e que podem tornar diferenciada e prazerosa as vivências dentro do ambiente escolar. Destaca ainda que a Educomunicação faz parte de um processo, no qual as mídias serão cada vez mais utilizadas no contexto da educação, acompanhando as tendências tecnológicas do mundo e inserindo-as no cotidiano do jovem na sala de aula. Palavras chave: radioescola, educomunicação, tecnologia, mídias, escola. ABSTRACT This research investigates how the use of the radio within a school environment, characterized by a school radio, can stimulate the process of teaching and learning belong students and teachers, based on the program educommunication "Nas Ondas do Rádio" of the Secretary of Education of São Paulo. Therefore, it was necessary to perform an history of the origins of brazilian radio and its relation to school education through bibliographic material. The proposal comes from school radio practices performed in the early years of official deployment of radio in Brazil, which was pioneered Edgard Roquette-Pinto. From this point, numerous interventions involving the media radio and the sphere of education were studied and worked over the years. In this theoretical study, we were articulated the concept of Educommunication developed by Ismar de Oliveira Soares, and the concept of school radio and its application in a school setting, infused by Zeneida Alves Assumpcao. To gather information and observe the effectiveness of a school radio as pedagogical education, we conducted a field survey in EMEF Fagundes Varella, public school selected for the research that adheres to municipal program four years ago and is located in the neighborhood of Campo Limpo south of the city São Paulo. In this sense, as a methodology, three questionnaires were applied. The first with eight students participating effectively in the project every day, which called students producers. The second was applied to one hundred twenty-on e students who do not participate effectively in the project, but that accompany their productions, called hearing students. And finally a third questionnaire was administered to nine teachers. From the observation and analysis of this experience and other practices involving the design of educational communication in radio, it is concluded that the school radio is a multidisciplinary educational proposal that presents exciting potential for developing various skills in students and can become differentiated and enjoyable experiences within the school environment. It also emphasizes that Educommunication is part of a process in which the media are increasingly used in the context of education, following the technological trends in the world and placing them in daily youth in the classroom. Keywords: school radio, educommunication, technology, media, school. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – CENA DO FILME “UMA ONDA NO AR”................................. 18 FIGURA 2 – MONTAGEM DA RÁDIO DE RUA NA COMUNIDADE DE SÃO MIGUEL PAULISTA...................................................... 19 FIGURA 3 – RÁDIO DE RUA DURANTE A SUA PRODUÇÃO.................. 19 FIGURA 4 – IMAGENS DO 1º EVENTO EDUCOM.RÁDIO....................... 39 FIGURA 5 – CONVITES DOS EVENTOS EDUCOM.RÁDIO..................... 40 FIGURA 6 – IMAGENS DO 2º EVENTO EDUCOM.RÁDIO....................... 41 FIGURA 7 – ORGANOGRAMA DA ESTRUTURA EDUCACIONAL NO MUNICIPIO DE SÃO PAULO................................................ 44 FIGURA 8 – MAPA DE DISTRIBUIÇÃO DAS DRES................................. 45 FIGURA 9 – MAPA DA ÁREA DE COBERTURA E UNIDADES EDUCACIONAIS DA DRE CAMPO LIMPO.......................... 47 FIGURA 10 – FOTOS DA EMEF FAGUNDES VARELLA......................... 49 FIGURA 11 – ESTÚDIO DE RÁDIO DA EMEF FAGUNDES VARELLA. 50 FIGURA 12 – LOGOTIPO DA RÁDIO RECREIO...................................... 51 FIGURA 13 – MESA DE OPERAÇÃO DA RÁDIO RECREIO................... 52 FIGURA 14 – PLANTA DO PÁTIO DA EMEF FAGUNDES VARELLA.... 53 FIGURA 15 – REGRAS PARA O USO DO ESTÚDIO DE RÁDIO DA EMEF FAGUNDES VARELLA............................................ 54 FIGURA 16 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA I..................... 58 FIGURA 17 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA II.................... 59 FIGURA 18 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA III................... 59 FIGURA 19 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA IV................... 60 FIGURA 20 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA V.................... 60 FIGURA 21 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA VI................... 61 FIGURA 22 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA VII.................. 62 FIGURA 23 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA VIII................. 62 FIGURA 24 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA IX................... 63 FIGURA 25 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XIII................. 66 FIGURA 26 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XIV................. 67 FIGURA 27 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XV.................. 67 FIGURA 28 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XVI................. 68 FIGURA 29 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XVIII............... 70 FIGURA 30 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XIX................. 70 FIGURA 31 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XX.................. 71 FIGURA 32 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXII................ 73 FIGURA 33 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXIII............... 73 FIGURA 34 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXIV.............. 74 FIGURA 35 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXV............... 74 FIGURA 36 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXVI.............. 75 FIGURA 37 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXVII............. 76 FIGURA 38 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXVIII............ 76 FIGURA 39 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXIX.............. 77 FIGURA 40 – GRÁFICO DE RESPOSTAS À PERGUNTA XXX............... 77 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - As diferentes modalidades do rádio............................................... 16 Tabela 2 - Dados das regiões de Campo Limpo e M‟ Boi Mirim..................... 46 Tabela 3 – Relação das escolas por tipo da DRE Campo Limpo.................... 48 Tabela 4 - Definição de perguntas para um questionário............................... 57 Tabela 5 - Respostas abertas da pergunta X................................................. 64 Tabela 6 - Respostas abertas da pergunta XI................................................ 65 Tabela 7 - Respostas abertas da pergunta XII............................................... 66 Tabela 8 - Respostas abertas da pergunta XVII............................................. 69 Tabela 9 - Respostas abertas da pergunta XXI.............................................. 72 Tabela 9 - Respostas abertas da pergunta XXXI............................................. 78 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...................................................................................................... 12 1. AS PRIMEIRAS RELAÇÕES ENTRE O RÁDIO E A EDUCAÇÃO............. 14 1.1. AS DIFERENTES MODALIDADES DO RÁDIO............................. 15 1.2. RÁDIO E EDUCAÇÃO NO MUNDO................................................ 20 1.3. RÁDIO E EDUCAÇÃO NO BRASIL................................................ 21 1.3.1. A RÁDIO SOCIEDADE DO RIO DE JANEIRO................ 21 1.3.2. A RÁDIO UNIVERSIDADE................................................. 24 1.3.3. MOVIMENTO DE EDUCAÇÃO E BASE.......................... 26 1.3.4. O PROJETO MINERVA..................................................... 26 1.3.5. RADIOESCOLAS DE CURITIBA...................................... 28 2. A EDUCOMUNICAÇÃO.................................................................................. 30 2.1. RADIOESCOLA................................................................................ 34 2.2. “NAS ONDAS DO RÁDIO”: EDUCOMUNICAÇÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA EM SÃO PAULO.......................................... 36 3. PESQUISA DE CAMPO NA EMEF FAGUNDES VARELLA....................... 43 3.1. A EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO......................... 44 3.2. BAIRROS E UNIDADES EDUCACIONAIS QUE COMPÕEM A DRE DE CAMPO LIMPO................................................................. 3.3. A ESCOLA MUNICIPAL FAGUNDES VARELLA......................... 46 48 3.3.1. A RÁDIO RECREIO.......................................................... 49 3.4. A PESQUISA.................................................................................... 55 3.4.1. ALUNOS PRODUTORES................................................. 58 3.4.2. ALUNOS OUVINTES........................................................ 66 3.4.3. PROFESSORES................................................................ 72 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 81 REFERÊNCIAS................................................................................................... 84 ANEXOS.............................................................................................................. 90 APÊNDICES....................................................................................................... 130 12 INTRODUÇÃO Segundo pesquisa sobre os Motivos da Evasão Escolar 1, de 2009, produzida pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior motivo que afasta o jovem da escola é o desinteresse. O resultado aponta que o aluno não se sente motivado e acaba deixando os estudos como a segunda opção. Para eles, a escola continua com a mesma proposta pedagógica clássica, sem algo que possa atraí-los de volta aos estudos, como por exemplo, a não utilização de novas tecnologias no ensino. Então, a partir desse resultado, fez-se uma reflexão: como a escola pode lançar mão de estratégias pedagógicas que possam fazer o jovem sentir-se interessado a estudar e ao mesmo tempo afastá-lo da violência, que predomina as periferias das grandes cidades? Uma das saídas é o que acontece atualmente no município de São Paulo. No ano de 2004 foi promulgada a lei “EDUCOM – Educomunicação pelas ondas do rádio”, que posteriormente passou a se chamar “Nas Ondas do Rádio” e que autoriza o funcionamento de rádios escolares (ou radioescolas) dentro de unidades escolares municipais. Os equipamentos são cedidos pela administração pública e a gestão é realizada por alunos e professores. Essa é uma forma de reaproximação do estudante com a unidade escolar, além de tornar as atividades curriculares muito mais interessantes e envolventes. Partindo desse princípio, o problema dessa pesquisa foi investigar como a radioescola da Escola Municipal de Ensino Fundamental Fagundes Varella, localizada no bairro de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, pode estimular o processo de ensino-aprendizagem de alunos e professores. Para tanto, o presente trabalho de conclusão de curso foi dividido em três capítulos. No Capítulo 1, por meio de recursos bibliográficos, encontramos as primeiras relações do rádio com a educação, tanto no mundo, quanto no Brasil. Em nosso país, essa relação se inicia juntamente nos primeiros anos após a primeira transmissão oficial de rádio, que ocorreu no ano de 1922. Com a regulamentação da 1 Disponível em: http://www.cps.fgv.br/cps/tpemotivos/ 13 publicidade e o reconhecimento do seu potencial político e comercial, o rádio a partir dos anos 30 voltou-se para um lado mercadológico, deixando de lado sua essência educativa. Porém, a partir deste episódio e em diversos momentos da história do país, observamos que essa relação não foi esquecida e que ainda continuou com diversos projetos. O capítulo 2 foi reservado para abordarmos os conceitos e práticas da Educomunicação, encontrados principalmente na obra “Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação”, do pesquisador Ismar de Oliveira Soares, que nos forneceu os conceitos para conhecer e analisar os princípios da Educomunicação, sua prática na construção de ecossistemas comunicativos abertos nos espaços educativos e a sua participação como política pública na cidade de São Paulo. Uma das vertentes de um projeto educomunicativo no ambiente escolar é a radioescola. Por isso, recorreram-se as obras “A radio no espaço escolar: para falar e escrever melhor” e “Radioescola: uma proposta para o Ensino de Primeiro Grau”, ambas da jornalista Zeneida Alves de Assumpção, pois analisam o rádio como ferramenta interdisciplinar de ensino, possibilitando ao educando o conhecimento das linguagens midiáticas, das culturas e da construção da realidade, além de prepará-lo, por meio de produção e execução de programação radiofônica, para o exercício da cidadania. Neste capítulo também discorreremos sobre a lei EDUCOM, de autoria do vereador Carlos Neder, que padroniza e incentiva a utilização das radioescolas nas unidades escolares públicas municipais de São Paulo. Além das obras citadas utilizadas, outros questionamentos surgiram e, portanto, houve a necessidade de entrevistar Soares, Assumpção e Neder, que gentilmente colaboraram com depoimentos para este trabalho. O capítulo 3 foi reservado para a pesquisa de campo na EMEF Fagundes Varella. Por meio de aplicação de questionários, analisamos a relação de professores e alunos com a radioescola a fim de apontar se esse projeto realmente estimula e torna diferenciado o processo de ensino-aprendizagem. 14 CAPÍTULO 1 As primeiras relações entre o Rádio e a Educação "O rádio é a escola dos que não têm escola. É o jornal de quem não sabe ler; é o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre; é o animador de novas esperanças, o consolador dos enfermos e o guia dos sãos desde que o realizem com espírito altruísta e elevado." Edgard Roquette-Pinto 15 Para chegarmos aos conceitos de radioescola e até mesmo políticas públicas agregadas a este veículo nos dias de hoje, precisamos saber e buscar no passado como tudo começou. A seguir serão analisadas as primeiras relações do rádio com a educação, em um primeiro momento em âmbito mundial e posteriormente como se deu essa relação em nosso país. 1.1. AS DIFERENTES MODALIDADES DO RÁDIO Antes de iniciar as análises da relação entre rádio e educação pelo mundo e no Brasil é necessário observar que ao longo deste texto surgirão algumas modalidades do termo rádio. Portanto, é imprescindível que logo no início do mesmo possamos identificar e diferenciar cada um deles: Modalidade Função Legislação Como a própria terminologia indica, esta Rádio Comercial modalidade de rádio está voltada para a veiculação de programas com Constituição Federal 1988: - Inciso XII do art. 49 objetivos - § 1º, 2º e 3º do art. 223 comerciais. A Rádio Educativa radiodifusão educativa destina-se 3 documentos: à transmissão de programas educativo-culturais, - Decreto-Lei 236, de 28 de que, além de atuar em conjunto com os fevereiro de 1967; sistemas de ensino, visa à educação básica e - Decreto 2.108, de 24 de superior, dezembro de 1996; à educação permanente e à formação para o trabalho, além de abranger - as atividades de divulgação educacional, 651, de 15 de abril de 1999. cultural, pedagógica e de Portaria Interministerial orientação profissional. 3 documentos: Rádio Universitária A legislação brasileira sobre radiodifusão não - Decreto-Lei 236, de 28 de faz referência funcional ou conceitual sobre as fevereiro de 1967; rádios universitárias. Pela legislação atual, as - Decreto 2.108, de 24 de universidades possuem competência para a dezembro de 1996; execução dos serviços de radiodifusão e as - rádios das universidades são enquadradas 651, de 15 de abril de 1999. como educativas. Portaria Interministerial 16 Radioescola ou Rádio Escolar A Radioescola, utilizando-se de um sistema de *Não há comunicação educativa por circuito interno, (Na cidade de São Paulo, deverá ocorrer dentro da escola, envolvendo desde 2004, existe a lei professores como 13.941/04 que autoriza o instituição social do saber, deverá contribuir uso do rádio nas escolas para a execução, operacionalização, a fim de municipais. Porém a lei é que por o e aluno alunos. A escola produza e execute a programação. adesão e não compulsória.) Rádio comunitária é um tipo especial de emissora de rádio FM, de alcance limitado a, no máximo, 1 km a partir de sua antena transmissora, criada para proporcionar informação, cultura, entretenimento e lazer a Rádio Comunitária pequenas comunidades. Trata-se de uma pequena estação de rádio, que dará condições à comunidade de ter um canal Lei 9612/98 de comunicação inteiramente dedicado a ela, abrindo oportunidade para divulgação de suas ideias, manifestações culturais, tradições e hábitos sociais. Por webradio entende-se a emissora Webrádio radiofônica que pode ser acessada por meio ou de uma URL (Uniform Resource Locator), um NetRádio endereço na internet, não mais por uma Não há frequência sintonizada no dial de um aparelho receptor de ondas hertzianas. Tabela 1: As diferentes modalidades do rádio Excluindo a Radioescola/Rádio Escolar e a Webrádio/NetRádio, todas as outras modalidades do rádio descritas são regidas por uma legislação para poder entrar em operação legalmente. O rádio foi concebido oficialmente no Brasil em 1922, para iniciar seu processo de popularização na década de 30. Era um móvel gigantesco e pesado, que durante muitos anos reuniu famílias ao seu redor. Como retratado no filme “A Era do Rádio” (Radio Days, 1986) de Woody Allen, o meio rádio tinha as suas estrelas e arrastava multidões para o teatro, onde eram produzidos alguns de seus programas. Cada ouvinte tinha seus “heróis” e programas favoritos. 17 Com a chegada da televisão e posteriormente da internet, o rádio dividiu espaço e seguidores. Hoje com 90 anos de idade aqui no Brasil, esse veículo de comunicação precisou se reinventar ao longo de sua história, senão acabaria engolido por seus novatos concorrentes. Segundo Cyro Cesar (2005, p. 199-211), foram diversas as fases que o meio rádio teve de enfrentar para se renovar em nosso país: Década de 50: A televisão, inaugurada em 1950, tirava do rádio os recursos econômicos e profissionais para sua implantação e levava seus principais talentos para administrar e produzir sua programação, além de ficar com boa parte das verbas existentes na época. Década de 60: A troca das válvulas por transistores, tornando o rádio um móvel mais barato e leve em relação a TV. Década de 70: A chegada da frequência modulada (FM) 1, com objetivos políticos, oferecendo maior abrangência de sinal e qualidade de som. Década de 80: O rádio passa por um processo de “americanização”, surgindo os locutores mais despojados (os disc jóqueis – dj‟s), com humor sempre em boa forma, hábeis em combinar vozes bem moduladas com permanente agilidade na locução, atraindo assim um público mais jovem. Nessa mesma década surge a satelitização do sinal, ou seja, as rádios começaram a transmitir sua programação via satélite2, permitindo melhor qualidade no áudio, além de aumentar suas verbas publicitárias. Década de 90 em diante: A chegada da internet na década de 90 e sua popularização nos anos 2000 fizeram com que a maioria das emissoras de rádio hertzianas virassem rádios on-line, ou seja, transmitiam sua programação também através da internet. Surgiram também as webrádios, com conteúdos exclusivamente na web. A preocupação com a informação local também crescia. Muitas comunidades vislumbravam no meio rádio uma saída para abrir espaço para a cultura e a informação local de uma forma rápida e democrática, formando-se assim as rádios comunitárias. O papel social e a capacidade de gerar mudanças pela rádio 1 A Rádio Difusora FM de São Paulo foi a primeira rádio do país a transmitir sua programação em FM no ano de 1970. 2 Um dos pontos fracos da satelitização do sinal é a veiculação de programação local em cadeia nacional. 18 comunitária foram retratados no filme “Uma Onda no Ar” (2002) de Helvécio Ratton, que aborda a história da Rádio Favela de Belo Horizonte. Na trama, um grupo de jovens decide se unir e montar seu próprio meio de comunicação, difundindo na comunidade a cultura e a reivindicação de igualdade. Isso fazia com que os moradores da Vila Nossa Senhora de Fátima se envolvessem com o rádio, pelo fato de divulgar acontecimentos do próprio bairro. Figura 1. Cena do filme Uma Onda no Ar, Helvécio Ratton, 2002. Outro exemplo para ilustrar a questão das rádios comunitárias e a necessidade de difundir acontecimentos locais é o Núcleo de Comunicação Comunitária de São Miguel Paulista3, localizado na zona leste de São Paulo. O NCC São Miguel no Ar, além de produzir jornais comunitários, possui uma rádio de rua, que nada mais é que uma rádio ao vivo, sem antenas ou transmissores: a programação é feita através de microfones e caixas de som ligadas no meio de uma feira livre a cada 2 meses. A proposta da rádio é unir a população em debates e informá-la de acontecimentos gerais, tornando assim essa experiência viva e dinâmica. 3 No dia 13 de abril de 2012 o pesquisador desta monografia esteve na palestra e lançamento do livro “Educomunicação em Movimento” na Universidade Cruzeiro do Sul em São Miguel Paulista, São Paulo. Na ocasião, o autor pode conhecer o núcleo de comunicação comunitária “São Miguel no Ar”, além de aprofundar conceitos e estabelecer contatos para a produção desta pesquisa. Foto: Levi Mendes Junior Foto: Levi Mendes Junior 19 Foto: Levi Mendes Junior Figura 2. Montagem da Rádio de Rua na comunidade de São Miguel Paulista, São Paulo, 2012. Figura 3. Rádio de Rua durante sua produção, projeto do NCC São Miguel no Ar, 2012. Também foi na educação que o rádio encontrou uma forma de se reinventar: sua difusão em ambientes acadêmicos, como nas universidades, e como ferramenta pedagógica de ensino, nas escolas. 20 1.2. RÁDIO E EDUCAÇÃO NO MUNDO A bibliografia em língua portuguesa sobre a relação do veículo rádio e a educação no mundo é escassa, porém segundo a pesquisadora Zeneida Alves Assumpção (2009), o rádio já foi muito utilizado para fins instrucionais na maioria dos países desenvolvidos do mundo a partir da segunda metade do século XX. Conforme Morgan apud Assumpção (2009, p. 39) a primeira radioescola surgiu no ano de 1958 na Tailândia. “A rádio produziu, na época, programas sobre conteúdos instrucionais direcionados para alunos que frequentaram aulas nas primeiras a décimas séries escolares”. Em 1964, essa ideia chegou ao Quênia e no ano de 1972 na Itália, onde “68% das escolas primárias e 36% das escolas secundárias também faziam uso do rádio como complementação da sala de aula” (Assumpção, 2009, p. 39). Já na América Latina: “a Escola Radiofônica Santa Maria (República Dominicana) produziu e veiculou programas de alfabetização direcionados aos camponeses. Na Bolívia, as Escolas Radiofônicas Nossa Senhora dos Burgos e São Rafael construíram e veicularam programas sobre a educação fundamental integral, especificamente, programas de alfabetização e programas direcionados a promoção humana e ao desenvolvimento da comunidade, na concepção da educação libertadora. As Escolas Radiofônicas populares do Equador e a Rádio Mensaje (Equador) produziram e veicularam, também, programas sobre a educação fundamental integral e programação visando à promoção humana e o desenvolvimento da comunidade. Os programas sobre a promoção humana e o desenvolvimento da comunidade fizeram também parte da grade de programação das Escolas Radiofônicas da Ação Cultural Popular (Colômbia), Instituto de Cultura Popular (Argentina) e Rádio La Voz de La costa (Chile). O Instituto Costariquenho de Ensino Radiofônico (Costa Rica) construiu programas voltados ao Ensino Supletivo sobre a Educação Geral.” (ASSUMPÇÃO, 2009, pg. 41) Anos antes, em outubro de 1947, a rádio Sutatenza da Colômbia entrava no ar. Idealizada pelo padre católico José Joaquín Salcedo Guarin, foi considerada a primeira rádio comunitária do mundo e atingia uma população de oito mil camponeses. “Para ouvir as transmissões, os camponeses organizavam-se em grupos com cerca de 20 pessoas, acompanhados por monitores locais, com o apoio de cartilhas impressas. A programação incluía higiene, saúde básica, leitura, escrita, operações elementares de matemática, técnicas de aumento de produtividade agrícola e mensagens de estímulo ao reconhecimento da dignidade pessoal.” (GHENDINI, 2009, pg.35) 21 Para Ghendini (2009, p.36) a fórmula para educar pessoas via rádio deu muito certo e logo a emissora começou a receber contribuições financeiras de diversos lugares: grupos católicos europeus, Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento. O projeto foi copiado para diversos países latinoamericanos, como Honduras, Nicarágua, El Salvador, Peru, Bolívia e Argentina. A Sutatenza ficou no ar por mais de 40 anos, quando os financiamentos externos se esgotaram e a rádio foi vendida a Cadena Radial Caracol, a maior rede de emissoras comerciais da Colômbia. As experiências positivas no mundo refletiram no Brasil e os projetos envolvendo o meio rádio com a educação também foram produzidos por aqui. Mas para chegar até esses projetos, precisamos entender qual foi o ponto de partida da interrelação rádio e educação. 1.3. RÁDIO E EDUCAÇÃO NO BRASIL O uso do rádio como ferramenta de educação não é um fenômeno recente aqui no Brasil. Vejamos a seguir alguns exemplos dos primeiros projetos que envolveram o meio rádio com a educação em nosso país. 1.3.1. A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro As primeiras experiências educativas empregando o meio rádio surgiram no Brasil na década de 20, juntamente com a implantação oficial desse meio. “Oficialmente, o rádio é inaugurado a 7 de setembro de 1922, como parte das comemorações do centenário da Independência, quando, através de 80 receptores especialmente importados para a ocasião, alguns componentes da sociedade carioca puderam ouvir em casa o discurso do Presidente Epitácio Pessoa. A Westinghouse havia instalado uma emissora, cujo transmissor, de 500 watts, estava localizado no alto do Corcovado. Durante alguns dias, após a inauguração, foram transmitidas óperas diretamente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.” (ORTRIWANO, 1985, p. 13) 22 O pioneiro da rádio educativa foi Edgard Roquette-Pinto, que junto com antigos amigos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, criaram a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. “Em abril de 1923, na Academia Brasileira de Ciências, na antiga Escola Politécnica do Rio de Janeiro, Roquette-Pinto e Henrique Morize objetivaram a criação da estação Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Foi a primeira estação da América do Sul a direcionar suas atividades radiofônicas para o âmbito da educação e não para o divertimento, sendo a primeira rádio escola4 a tentar unir o erudito e o popular dentro de uma programação, que incluía, em 4 de junho de 1923, a ópera Rigolleto de Verdi, numa versão completa.” (RANGEL, 2010, p.93) Edgard Roquette-Pinto enxergava o rádio como um instrumento de transformação educativa. “Conferências científicas, música erudita e análise dos fatos políticos e econômicos marcam as primeiras transmissões da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro” (FERRARETTO, 2001, p.98). No início dessas transmissões, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro não havia, até então, uma grade definida de programação: “Apesar do empenho e do idealismo de Roquette-Pinto e de seus associados, a radiodifusão nasce de maneira precária. Em seus primeiros meses de funcionamento, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro operou sem uma programação definida e com emissões esporádicas.” (FERRARETO, 2001, p.96) Em outubro de 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro começa a se profissionalizar. Programas educativos dos mais variados formatos são produzidos. Com pouco tempo no ar, observava-se a importância de levar a educação pelo meio rádio como uma maneira diferente de educar a população, apesar de que o rádio estava nascendo como meio de elite, e não de massa, “e se dirigia a quem tivesse poder aquisitivo para mandar buscar no exterior os aparelhos receptores, então muito caros” (ORTRIWANO, 1985, p. 14). Por mais que tivesse uma programação elitista, onde se ouvia concertos musicais, poesias e palestras culturais, Roquette-Pinto acreditava desde o início que o rádio se transformaria em um veículo de comunicação de massa. “E devido a essa certeza e à vontade de divulgar a ciência pelas camadas populares, muitas iniciativas foram tomadas no sentido da implantação efetiva da radiodifusão no Brasil” (ORTRIWANO, 1985, p. 14), como: 4 Grifo nosso 23 “O projeto de educação popular pelo rádio via Rádio Sociedade do Rio de Janeiro trazia como proposta um leque diário de programas com atividades educativas que se estendiam desde os cursos de literatura brasileira, francesa e inglesa, às aulas de esperanto, complementadas com as aulas de rádio-telegrafia e de telefonia. Eram proferidas aulas de silvicultura prática, lições de história natural, física, química, italiano, frânces, inglês, português, geografia e até palestras seriadas. Teatro e música.” (RANGEL, 2010, p.94) Em 7 de setembro de 1936, devido as dificuldades financeiras enfrentadas, principalmente por competir com as rádios comerciais, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi doada ao Ministério de Educação e Saúde. Segundo Ortriwano (1985, p.15) após o regulamento dos decretos nº 20.047 e 21.111 de 1932, que regulamentavam a publicidade no rádio, as emissoras radiofônicas passaram a ser “empresas” e começaram a se preocupar em ser mais popularescas, voltando os seus conteúdos para uma visão mais mercadológica e menos educativa. Na data da entrega, o responsável pelo ministério, Gustavo Capanema, aproveitou a oportunidade e em discurso oficial anunciou que “a entrega da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro ao governo federal representava a entrega de um valioso patrimônio dedicado à cultura do país” (SALGADO, 1946 apud RANGEL, 2010, p.99) “Assim, o rádio educativo, na perspectiva da Rádio Sociedade, afirmava-se como um veículo de políticas públicas destinado a organizar e difundir culturalmente, num todo orgânico, os conhecimentos reveladores da identidade nacional como a língua, os costumes e a história.” (RANGEL, 2010, p.99) Com a entrega da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro ao Governo Federal, foi criado o Serviço de Radiodifusão do Ministério da Educação e Saúde. No artigo 50 da lei nº 378 de 13 de janeiro de 1937 ficou definido que as emissoras comerciais deveriam reservar um espaço em sua programação para divulgar textos criados pelo próprio Ministério. “Uma vez organizado o Serviço de Radiodifusão Educativa, ficam as estações radiodifusoras que funcionam em todo o país, obrigadas a transmitir, em cada dia, durante 10 minutos, no mínimo seguidos ou parcelados, textos educativos, elaborados pelo Ministério de Educação e Saúde, sendo pelo menos metade do tempo de irradiação noturna.” (SAINTCLAIR, 1970 apud RANGEL, 2010, p.102) Podemos observar a partir deste episódio que o uso do meio rádio como ferramenta de educação começa a ganhar importância e destaque pelo próprio governo federal. 24 E tudo isso se inicia com Roquette-Pinto, que se consolidava como grande nome da rádio educativa no país. Com a experiência da Rádio Sociedade, continuou a desenvolver seus projetos educativos em outros lugares. “Após fundar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, Roquette-Pinto organizou uma outra emissora, no Distrito Federal: a Rádio Escola Municipal (hoje Rádio Roquette-Pinto), que se instalou em 1928, no edifício da Praça da República, próximo ao Campo de Santana. Esta emissora buscou dar continuidade as tarefas de radioescola desenvolvidas até então, estreitando os vínculos de acesso do povo às culturas popular e erudita.” (RANGEL, 2010, p.101) Portanto, a ideia do rádio no ambiente escolar, como veremos no capítulo 2, nasce com Roquette-Pinto, que acreditava no poder desse veículo de comunicação como instrumento de educação e que já nas primeiras décadas revelava a sua capacidade de estabelecer diálogo com cidadãos com baixo nível de escolaridade nos lugares mais longínquos do país. “Sua tomada de posição na formulação de um pensamento voltado para a constituição do campo pedagógico no Brasil encontrou no rádio educativo sua razão mais eficaz de existir. Com o rádio educativo fazia expandir a educação formal aonde ela não podia chegar, sobretudo, nas regiões interioranas, saltando obstáculos aparentemente insuperáveis, característicos do atraso social e econômico do país. O rádio educativo como poderoso instrumento da escola na luta contra o analfabetismo.” (RANGEL, 2010, p.100) A radiodifusão educativa só crescia e alcançava outros espaços, quando em 1950 chegou ao nível universitário. 1.3.2. A Rádio Universidade Segundo o pesquisador Luiz Arthur Ferraretto (2001, p.140), “as emissoras universitárias constituem, hoje, parcela significativa da atual rede de radiodifusão educativa.” Das 164 emissoras de rádio educativas do país, 56 são universitárias 5. Foi assim que por volta de 1950, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, surge a ideia de montar a primeira rádio universitária. 5 Dados atualizados em 30/09/2011 e retirados do site do Ministério das Comunicações. 25 “No dia 1º de julho de 1950, a reitoria da universidade obtém uma autorização para operar uma estação de radiotelefonia voltada à transmissão educativa. Poderia transmitir em ondas curtas os dados de seu observatório astronômico, palestras e ensinamentos. Estavam proibidas, no entanto, emissões de caráter recreativo, incluindo-se qualquer tipo de programação musical, o que acabaria acarretando problemas no futuro. Janeiro de 1951 marca o início do primeiro período de transmissões da emissora.” (FERRARETTO, 2001, p.140) Porém, no ano de 1953 a rádio descumpriu o acordo de não transmitir programação musical, devido o maestro e professor Armando Albuquerque adquirir um piano e difundir suas músicas. A rádio operou até o último dia do ano de 1953. “Algumas semanas depois, o reitor Elyseu Paglioli vai ao Rio de Janeiro e obtém do presidente Getúlio Vargas a garantia de uma concessão em ondas médias. No dia 18 de novembro de 1957, às 20h, entrava no ar em caráter definitivo a Rádio Universidade.” (FERRARETTO, 2001, p.140) A Rádio Universidade funciona até os dias de hoje, sendo que, segundo Ferraretto (2001, p. 140), a música erudita ocupa dois terços da programação da emissora, com o restante sendo dedicado à divulgação de artes, ciência, cultura e notícias em geral. A criação da Rádio Universitária do Rio Grande de Sul foi um marco importante na história da radiodifusão educativa, pois foi a primeira rádio universitária do país, difundindo a informação e a cultura no espaço acadêmico, possibilitando assim a criação de outras rádios universitárias, como por exemplo: em 1962 a Rádio Universitária AM da Universidade Federal de Pernambuco; em 1965 a Rádio Universitária da Universidade Federal de Goiás, em 1977 a Rádio USP da Universidade de São Paulo, em 1981 a Universitária FM da Universidade Federal do Ceará e em 1991 a Rádio Unesp da Universidade Estadual Paulista. Vale lembrar que a importância do rádio em espaços universitários já vinha sido observada no meio da década de 30. No 2º artigo do decreto nº 6.283 de 25 de janeiro de 1934, que cria a Universidade de São Paulo (USP), vemos que um dos 4 fins da universidade é “realizar obra social de vulgarização das ciências, das letras e das artes por meio de cursos sintéticos, conferências, palestras, difusão pelo rádio6, filmes científicos e congêneres”. (Decreto nº 6.283 de 25 de janeiro de 1934) 6 Grifo nosso 26 1.3.3. Movimento de Educação de Base No ano de 1961 foi criado, por decreto presidencial, o Movimento de Educação de Base (MEB). Encabeçado pela Igreja Católica, o movimento era supervisionado pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tinha como objetivo utilizar-se do rádio para educar as pessoas que viviam nas zonas rurais do Norte e do Nordeste. “As escolas radiofônicas visavam, na época, à conscientização, mudança de atitudes e instrumentação das comunidades. Conscientização para o MEB significava o reconhecimento pelo educando de seus valores, da significação vivencial de seu trabalho e de pessoa no mundo. A mudança de atitudes era entendida como disposição à ação consciente e livre, a partir da compreensão e crítica de situações concretas. A instrumentação representava a informação e a habitação nos instrumentos de análise: ler, escrever e interpretar textos com situações e vocabulários específicos do meio rural, distinguir e identificar relações existentes entre as instituições e estruturas sociais, econômicas, políticas e religiosas, operações matemáticas essenciais ao conhecimento e utilização de legislação e as potencialidades econômicas da comunidade que viviam.” (ASSUMPÇÃO, 1999, p. 33) Com isso é possível notar como a religião também começa a explorar o meio rádio para doutrinar a população, principalmente nas regiões onde os indicadores socioeconômicos são baixos e apontam índices abaixo da linha de pobreza. Hoje diversas religiões utilizam de meios de comunicação, não apenas para conscientizar a população, mas para conquistar mais fiéis e propagar seus ensinamentos. 1.3.4. O Projeto Minerva No ano de 1970 o Governo Militar cria o programa Minerva 7, cujo objetivo era que todas as emissoras de rádio do país retransmitissem esse programa, no intuito de educar as pessoas por meio do rádio. Segundo o próprio governo, o rádio e a televisão solucionariam imediatamente os problemas educacionais existentes. 7 Minerva era deusa romana das artes e da sabedoria. Seu pai Júpiter, após engolir a deusa Métis (Prudência), pediu a Vulcano que abrisse sua cabeça com o seu machado, para acabar com a dor de cabeça que ele sentia. Da cabeça de Júpiter saiu Minerva já adulta. Normalmente a deusa portava escudo, lança e armadura, pois representava também a guerra de forma estratégica e diplomática. 27 “No dia 4 de outubro de 1970, o Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação e Cultura começa a operar o Projeto Minerva. Eram cinco horas semanais, com 30 minutos diários de segunda a sexta, e uma hora e 15 minutos aos sábados e domingos. A Rádio MEC 8, do Rio de Janeiro, gerava a programação educativa, via Embratel, para todo o país, à exceção das áreas não cobertas pela rede de telecomunicações, onde as emissoras recebiam fitas gravadas para emissão nos mesmos horários. Nos estados, os circuitos da Agência Nacional auxiliavam na retransmissão dos programas que, em grande parte, correspondiam ao período equivalente do Primeiro Grau.” (FERRARETTO, 2001, p.162) O veículo rádio foi escolhido por diversos fatores: por ser mais barato em relação a outro meio, como a televisão, tanto para um cidadão comum adquirir quanto para a produção e veiculação de programas. Era mais abrangente fisicamente, pois com a parceria da Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicação), chegava a lugares distantes dos grandes centros. Tinha abrangência social, pois o veículo rádio, como visto anteriormente, estabelecia diálogo com os cidadãos de todas as classes sociais e nível de escolaridade, por fim, também contava com o potencial da sua linguagem em explorar o imaginário: o rádio, que dispensa o uso da imagem, cria diversas sensações na imaginação do receptor através da voz do locutor, que segundo a autora Júlia Lúcia de Oliveira (1999), “A voz faz presente o cenário, os personagens e suas intenções; a voz torna sensível o sentido da palavra, que é personalizada pela cor, ritmo, fraseado, emoção, atmosfera e gesto vocal”. O ponto frágil apontado pelos pesquisadores do Projeto Minerva e que culminou em seu fim, sem dúvida, foi a centralização dos programas de caráter regional e sua veiculação em nível nacional. “Com o projeto Minerva aconteceu a centralização da programação regional e a descaracterização do público. Por exemplo, o curso de noções básicas do curso primário, produzido pela FEPLAM 9 para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, era veiculado pelo Minerva, para todo o país, com o título de curso de capacitação ao ginasial.” (LUCKESI, 1986, p. 55) Havia a necessidade do ouvinte se identificar com o conteúdo, o formato e o apresentador. Esta identificação em alguns casos não ocorria, gerando dificuldades 8 Rádio MEC, antiga Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, hoje está incorporada a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) 9 Fundação Educacional Padre Landell de Moura, criada em 1967, vinculada a Rádio Universidade do Rio Grande do Sul, cobria os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sua programação se concentrava em quatro grandes áreas: cultura geral, educação cívico-social, desenvolvimento rural e educação profissional. 28 no processo de aprendizagem. Apesar desse problema, o programa ficou quase 20 anos no ar, quando no dia 16 de outubro de 1989 foi descontinuado. 1.3.5. Radioescolas de Curitiba Uma das primeiras e boas experiências envolvendo o meio rádio em espaços escolares, como proposta pedagógica de ensino, aconteceu na cidade de Curitiba na metade da década de 90. Em dezembro de 1994 a secretaria municipal de educação de Curitiba implantou o projeto de Radioescola, baseado nos estudos da pesquisadora e jornalista Zeneida Alves de Assumpção. Funcionava assim: “A Radioescola foi implantada inicialmente em três escolas. Ela era arrojada por contemplar a interatividade simultânea entre escolas. Essa interatividade é proporcionada por linhas LSP (linhas de som permanente). A programação produzida por alunos no estúdio (estação geradora) da Radioescola sob orientação de professores, era transmitida simultaneamente a outras escolas que também tinham radioescolas em circuito fechado, em horários determinados. Ocorria, então, comunicação simultânea entre os microfones dessas rádios, que eram localizadas nas escolas de diversos bairros.” (ASSUMPÇÃO, 2012, Informação verbal10) O projeto teve como base a tese de mestrado de Assumpção, que logo em seguida se transformaria no livro “Radioescola: uma proposta para o ensino de primeiro grau”. O programa teve duração de seis anos, quando em 2000 foi descontinuado. As experiências e transformações socioeducativas vividas por alunos e professores durante os seis anos de radioescola foram relatadas no livro “A radio no espaço escolar: para falar e escrever melhor”, da mesma autora. Ambos os livros citados foram utilizados como referência para esta pesquisa. Destacamos até aqui alguns dos muitos projetos envolvendo a mídia rádio com propostas educativas. Como visto, essa relação é antiga, tendo como ponto de partida o pioneirismo de Edgard Roquette-Pinto e sua Rádio Sociedade. 10 Entrevista com Zeneida Alves de Assumpção concedida para esta pesquisa via email. A entrevista na íntegra encontra-se em anexo. 29 As relações de um veículo de comunicação com a educação se intensificaram no Brasil ao longo dos anos: além de rádios, foram criadas TVs, jornais, blogs e sites especializados a divulgar conteúdos educativos. A relação de práticas comunicativas com a educação fez surgir uma nova teoria, que veremos no próximo capítulo. 30 CAPÍTULO 2 A Educomunicação "O que urge é, na verdade, garantir ao jovem a possibilidade de sonhar, não exatamente com um mundo fantástico e seguro que lhe seja dado pelos adultos, mas com um mundo que ele mesmo seja capaz de construir, a partir de sua capacidade de se comunicar.” Ismar de Oliveira Soares 31 A aproximação dos campos da Comunicação e da Educação fez surgir uma nova teoria: a Educomunicação. O pioneiro dos estudos aqui no Brasil é o pesquisador Ismar de Oliveira Soares1, que a define como: “O conjunto das ações voltadas ao planejamento e implementação de práticas destinadas a criar e desenvolver ecossistemas comunicativos abertos e criativos em espaços educativos, garantindo, desta forma, crescentes possibilidades de expressão a todos os membros das comunidades educativas.” (SOARES, 2003, p. 22) A pesquisadora Ângela Schaun acredita que a Educomunicação, como ciência formada pela interrelação da Comunicação e Educação, produz novos agenciamentos coletivos, que se multiplicam e repercutem uma expressão que se movimenta em vários âmbitos, produzindo a comunicação. “A questão da Educomunicação busca ressignificar os movimentos comunicativos inspirados na linguagem do mercado da produção de bens culturais, mas que vão se resolver no âmbito da educação como uma das formas de reprodução de organização de poder da comunidade, como um lugar de cidadania, aquele índice do qual emergem novas esteticidades e eticidades (modos de perceber e estar no mundo).” (SCHAUN, 2002, p. 15) O termo Educomunicação começou a ser utilizado aqui no Brasil a partir do ano de 1999 após o Núcleo de Comunicação e Educação (NCE) da Universidade de São Paulo (USP) publicar na revista Contato2 uma pesquisa feita em 12 países da América Latina trabalhos desenvolvidos nas áreas da comunicação e educação. O relatório final apontou que “a educação e a comunicação já haviam alcançado uma densidade própria e se afirmavam como um campo de prática ou intervenção social com grande potencial transformador” (SOARES, 2011, p. 35) Mas ainda segundo Soares, as práticas educomunicativas já existiam e eram praticadas desde a metade do século passado: “A prática educomunicativa já estava na sociedade, ela já vinha sendo implementada desde a metade do século XX em diante por um movimento social com práticas chamadas alternativas, tanto de educação, como de comunicação, e isso que é forte, mas que estava fragmentado em experiências de um, de outro e de outro, experiências numerosissímas, mas cada um dando um nome para essa experiência. O que aconteceu em 1999 foi uma articulação dessas experiências a partir de um referencial teórico. 1 Professor da Escola de Comunicações e Artes da USP e Coordenador do NCE (Núcleo de Comunicação e Educação da ECA/USP) 2 Revista lançada em Brasília pelo senador Artur da Távola no ano de 1999. Hoje a revista não está mais em circulação. 32 Então a pesquisa disse que faz-se na América Latina e no Brasil tais tipos de práticas, que tem tais fundamentos e produz tais consequências e isso merece ter uma designação e merece ser considerado um fato social novo. Então o que a USP fez e a pesquisa do NCE foi reconhecer uma realidade dada, difundir esses reconhecimento e permitir que as pessoas no país passassem a se encontrar já com essa denominação, e aquilo que era fragmentado e isolado passou a ser articulado.” (SOARES, 2012, Informação verbal3) Durante dez anos essa nova teoria foi cada vez mais estudada e viu-se que um novo profissional estava surgindo no mercado, forçando assim no ano de 2009 a necessidade de criar a primeira Licenciatura em Educomunicação. “A investigação acadêmica do NCE-USP partiu da evidência de que transformações profundas vinham ocorrendo no campo da constituição das ciências, em especial as humanas, incluindo a área que abrigava a interface Comunicação/Educação, notando, ademais, uma verdadeira derrubada de fronteiras entre as disciplinas. Ao seu final, a investigação concluiu que efetivamente um novo campo do saber, absolutamente interdisciplinar e com certa autonomia em relação aos tradicionais campos da educação e da comunicação, mostrava indícios de sua existência, e que já pensava a si mesmo, produzindo uma metalinguagem, elemento essencial para sua identificação como objeto interdisciplinar de conhecimento.” (SOARES, 2011, pg. 35) No mesmo ano, após a aprovação da resolução nº 36/2009, a Universidade Federal de Campina Grande cria o primeiro curso de Comunicação Social com habilitação em Educomunicação do país4. Outro bacharelado em Educom está em fase de aprovação na Universidade Estadual de Santa Catarina. Isso demonstra que só cresce a necessidade de termos profissionais capacitados em não só colocar em prática projetos pedagógicos que utilizem as novas mídias, mas estudar a relação da educação com os meios de comunicação. Surge, então, a figura do educomunicador, um profissional que agirá nas áreas do “magistério (o professor da área da comunicação), da consultoria (o assessor para projetos de comunicação educativa) e da pesquisa (analista e sistematizador de experiências em educomunicação)” (SOARES, 2011, p.67). A educomunicação está presente na mídia, nas empresas e até mesmo em nossas famílias. Para esta monografia, a análise será feita a partir das práticas educomunicativas efetuadas no ambiente escolar. 3 Entrevista concedida ao autor no dia 15 de junho de 2012 no prédio central da Escola de Comunicações e Artes da USP. A entrevista na íntegra encontra-se em anexo a este trabalho. 4 O bacharel em Educomunicação utiliza os meios de comunicação para gerar conteúdo de informação e educação. Integra equipes que desenvolvem projetos educacionais em TV, internet ou em jornal. Pesquisa e compartilha conteúdo com outros alunos em bate-papo on-line, videoconferência, blog e rádio, entre outros. 33 “O Campo da Educomunicação é compreendido, portanto, como um conjunto de ações que permitem que educadores e estudantes desenvolvam um novo gerenciamento, aberto e rico, dos processos comunicativos dentro do espaço educacional e de seu relacionamento com a sociedade. O Campo da Educomunicação incluiria, assim, não apenas relacionamentos de grupos (a área da comunicação interpessoal), mas também atividades ligadas ao uso de recursos de informações no ensinoaprendizagem (a área das tecnologias educacionais), bem como o contato com os meios de comunicação de massa (área de educação para os meios de comunicação) e seu uso e manejo (área de produção comunicativa).” (SOARES, 2002, p. 264) Soares propõe que a relação da Educomunicação com a escola seja planejada em três âmbitos diferentes: “1) No âmbito da gestão escolar: convida a escola a identificar e a rever as práticas comunicativas que caracterizam e norteiam as relações entre a direção, os professores e os alunos; 2) No âmbito disciplinar: sugere que a Comunicação, enquanto linguagem, processo e produto cultural se transforme em conteúdo disciplinar, ou seja, em objeto específico do currículo no âmbito da área denominada “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”; 3) No âmbito transdisciplinar: propõe que os educandos se apoderem das linguagens midiáticas, ao fazer o uso coletivo e solidário dos recursos da comunicação tanto para aprofundar seus conhecimentos quanto para desenhar estratégias de transformação das condições de vida à sua volta.” (SOARES, 2011, p. 19) As práticas educomunicativas e seus resultados foram observados pelo Ministério da Educação, que no ano de 2008 incorporou a Educomunicação ao programa federal “Mais Educação”. Este programa é voltado aos alunos que estão em vulnerabilidade social e para estudantes de séries onde há maior índice de evasão e/ou repetência. O objetivo é aumentar a oferta educativa, a jornada escolar e a diminuição das desigualdades educacionais nas escolas públicas, por meio de atividades que foram organizadas em macrocampos, como: Acompanhamento Pedagógico, Meio Ambiente, Esporte e Lazer, Direitos Humanos em Educação, Cultura e Artes, Cultura Digital, Promoção da Saúde, Investigação no Campo das Ciências da Natureza e Educação Econômica. As práticas desenvolvidas no macrocampo Educomunicação são: Jornal Escolar, Radioescola, Histórias em Quadrinhos, Fotografia e Vídeo. O programa atualmente atende 14.995 escolas e um total de 3.067.644 estudantes por todo o Brasil5. 5 Dados disponíveis no site do Ministério da Educação. Ano de referência: 2011. 34 Como visto, uma das vertentes da Educomunicação é a radioescola, que utiliza o meio rádio como proposta pedagógica para educar alunos e auxiliar professores no processo de aprendizagem. Vamos analisar no próximo tópico o que é uma radioescola, seus benefícios e as habilidades que ela desenvolve. 2.1. RADIOESCOLA Como vimos no capítulo anterior a radioescola se caracteriza em circuito interno dentro do ambiente escolar. Sendo modalidade de um projeto educomunicativo, Assumpção (1999) especifica esse meio: “Esta rádio chega à escola pelo serviço de alto-falantes ou por um sistema de linhas telefônicas privativas. As rádios que se utilizam de alto-falantes possuem geralmente como equipamentos um gravador, um amplificador, um toca-discos, um microfone e cornetas (alto-falantes). Com esse meio de comunicação simples, os educandos poderão produzir seus próprios programas radiofônicos. A Radiescola é uma grande aliada da educação, desde que o professor saiba como utilizá-la no ensino-aprendizagem.” (ASSUMPÇÃO, 1999, p. 47) Mas diante de um cenário onde encontramos computadores, smartphones e tablets, por que utilizar o meio rádio? A pesquisadora Júlia Lúcia de Oliveira 6 define que o baixo custo de implantação, simplicidade no manuseio dos equipamentos e na produção são fatores relevantes, mas a versatilidade, a agilidade, a abrangência e a capacidade de efetiva interação aliada ao potencial sedutor e instigador de um texto essencialmente sonoro que suspende a imagem e instiga a imaginação, revela o porquê essa prática de utilizar o meio rádio está aumentando dentro das escolas e consolidada entre educadores e educandos. Além desses fatores citados, segundo Assumpção (1999, 87-88), a radioescola também promove: a) A democratização da comunicação; b) A familiarização com a linguagem radiofônica das emissoras comerciais e educativas AM e FM; c) O intercâmbio de informação e comunicação interescolares, ampliando o conhecimento cultural e pedagógico das escolas receptoras; d) O conhecimento técnico e artístico da linguagem radiofônica utilizado pelos emissores (desmistificando os meios de comunicação de massa); 6 Artigo apresentado à sessão de temas livres durante o XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação na UERJ de 5 a 9 de setembro de 2005. 35 e) O conhecimento das mensagens elaboradas (por meio da edição) e em seu estado bruto, envolvendo o conteúdo e os interesses da empresa radiofônica quanto aos aspectos políticos, econômicos, sociais e ideológicos, os quais interferem na divulgação da informação; f) A socialização do discente, por meio do trabalho radiofônico em equipe; g) A sugestão de novos temas a serem desenvolvidos (assuntos indicados pelos próprios emissores e receptores), conforme a observação e experimentação vivenciada durante a pesquisa do meio. (ASSUMPÇÃO, 1999, p.87-88) Além disso, a radioescola também favorece: A organização dos alunos em grupos, reforça a criatividade, a espontaneidade, a autoconfiança, o espírito crítico e a argumentação dos participantes, oportunizando narrativas sobre relatos orais (informativo, envolvendo pesquisas, entrevistas, debates), peças radiofônicas; contos e histórias infantis (dramatizados); declamação de poemas e poesias (extraídos dos conteúdos programáticos). (ASSUMPÇÃO, 2009, p. 73) Durante a realização de uma radioescola, os alunos desenvolvem duas funções interdependentes: emissores e receptores. Ou seja, mesmo o receptor é convidado a participar por meio de sugestões, entrevistas e até mesmo projetos que envolvam a radioescola. Diante da proposta dialógica da radioescola, os papéis estanques de emissores e receptores não se adéquam. Portanto, este modelo de comunicação onde um grupo reduzido emite para uma série de pessoas que só ouvem é questionado no projeto da radioescola. No que diz respeito ao aluno “emissor”, aquele que participa efetivamente na elaboração das produções radiofônicas, este desenvolve habilidades para “a escolha, reflexão, pesquisa do tema, conhecimento do perfil dos debatedores/entrevistados, construção da estrutura da entrevista que podem ser realizadas durante os debates” (ASSUMPÇÃO, 2009, p. 73). Isso cria no aluno um espírito de exercício da cidadania. “A construção da cidadania passa necessariamente pelas expressões comunicativas[...]” (ASSUMPÇÃO, 2009 apud GOMES, 2001). Outras competências do aluno “emissor”: domínio da linguagem escrita e falada, saber lidar com múltiplas tarefas e estar atento aos acontecimentos que se dá ao seu redor, tanto no ambiente escolar como fora dos muros da escola. Já o aluno “receptor” “desenvolve competências e habilidades da audiência (saber ouvir) e da eloquência (o saber falar, saber argumentar)” (ASSUMPÇÃO, 2009, p.75). Para isso, ele precisa prestar atenção e saber o que o seu colega “emissor” está querendo transmitir. 36 Acompanhando a importância que a radioescola vem desenvolvendo nas escolas, o custo baixo que tem e a melhora que se obtém em curto prazo no processo de ensino-aprendizagem, políticas públicas vem sendo desenvolvidas unindo o veículo rádio e a escola. Alguns exemplos como a secretaria de estado da educação do Mato Grosso, a secretaria municipal de educação de Curitiba e a secretaria municipal de educação de São Paulo nas últimas décadas adotaram o meio rádio como mais uma forma de educar. Vejamos a seguir o exemplo da cidade de São Paulo. 2.2. “NAS ONDAS DO RÁDIO”: EDUCOMUNICAÇÃO COMO POLÍTICA PÚBLICA EM SÃO PAULO O programa “Nas Ondas do Rádio” é uma proposta pedagógica implantada nas escolas municipais de São Paulo com o objetivo de utilizar o rádio no processo de ensino-aprendizagem, por meio dos conceitos da Educomunicação. Inicialmente chamado de “Educom.rádio – Educomunicação pelas Ondas do Rádio” o projeto foi implantado no ano de 2001 através de uma parceria com o Núcleo de Comunicação e Educação da USP. Essa parceria apontou resultados positivos e por isso, no ano de 2004, a então prefeita Marta Suplicy sancionou a lei Educom 7, que em agosto de 2005 seria regulamentada pelo então prefeito José Serra. A lei, de nº 13.941/04, em seu 1º artigo diz: Art. 1º Fica instituído o Programa EDUCOM - Educomunicação pelas ondas do rádio, no âmbito da Administração Municipal. §1º Para os fins presentes da lei, entende-se por educomunicação o conjunto dos procedimentos voltados ao planejamento e implementação de processos e recursos da comunicação e da informação, nos espaços destinados à educação e à cultura, sob a responsabilidade do Poder Público Municipal, inclusive no âmbito das Subprefeituras e demais Secretarias e órgãos envolvidos. §2º Visa o Programa instituído por esta lei ampliar as habilidades e competências no uso das tecnologias, de forma a favorecer a expressão de todos os membros da comunidade escolar, incluindo dirigentes, coordenadores, professores, alunos, ex-alunos e demais membros da comunidade do entorno. §3º O Programa de que trata esta lei e o conceito de educomunicação contemplam a análise crítica e o uso educativo-cultural, não apenas do rádio, mas de todos os recursos da comunicação, garantindo-se, para tanto, 7 Projeto de Lei nº556/02 do vereador Carlos Neder - PT 37 uma gestão democrática de tais processo e recursos, de forma a facilitar a aprendizagem e o exercício pleno da cidadania. A partir de então o programa torna-se lei municipal. Vale lembrar que é uma lei por adesão e não compulsória, o que significa que as escolas não são obrigadas a implantar o projeto. Dentre os objetivos dessa nova lei, encontrados no artigo 2º da mesma, destacam-se os incisos: I – desenvolver e articular práticas de educomunicação, incluindo a radiodifusão restrita, a radiodifusão comunitária, bem como toda forma de veiculação midiática, de acordo com a legislação vigente, no âmbito da administração municipal; II – incentivar atividades de rádio e televisão comunitária em equipamentos públicos, nos termos da legislação vigente; IV – incentivar atividades de educomunicação relacionadas à introdução dos recursos da comunicação e da informação nos espaços públicos e privados voltados à educação e à cultura; VI – incorporar, na prática pedagógica, a relação da comunicação com os eixos temáticos previstos nos parâmetros curriculares; IX – aumentar o vínculo estabelecido entre os equipamentos públicos e a comunidade, nas ações de prevenção de violência e de promoção de paz, através do uso de recursos tecnológicos que facilitem a expressão e a comunicação. No ano de 2009, cinco anos após a sua implementação, o projeto EDUCOM passou a se chamar “Nas Ondas do Rádio”. No mesmo ano, a Secretaria Municipal de Educação publicou a portaria 5792/09 definindo normas complementares e procedimentos para a implementação do projeto nas Escolas Municipais de Educação Infantil – EMEIs, Escolas Municipais de Ensino Fundamental – EMEFs, Centros Integrados de Educação de Jovens e Adultos – CIEJAs, Escolas Municipais de Educação Especial – EMEEs e Escolas Municipais de Ensino Fundamental e Médio – EMEFMs. No artigo 2º dessa portaria, foram definidos os objetivos gerais do programa “Nas Ondas do Rádio”: I – Promover o protagonismo infanto-juvenil por meio das tecnologias da informação e da comunicação; II – Contribuir para o desenvolvimento da competência leitora e escritora e das expressões comunicativas dos alunos; III – Possibilitar o desenvolvimento da expressão comunicativa; IV – Contribuir para a integração entre professores, alunos e comunidade. Para que a escola possa ter o programa “Nas Ondas do Rádio” como projeto pedagógico, é necessário preencher um relatório que contenha justificativa, 38 objetivos, conteúdos e articulação com o projeto pedagógico, procedimentos metodológicos, cronograma e recursos materiais, para ser avaliado por uma equipe técnica da Secretaria Municipal de Educação. Conforme o segundo parágrafo do artigo 4º da mesma portaria, as atividades do programa “Nas Ondas do Rádio” podem ser desenvolvidas dentro do horário regular das aulas ou em ampliação ao tempo de permanência do aluno na escola. Visando essa presença do aluno na escola no contraturno, para que o mesmo possa aumentar seu conhecimento e desenvolver outras atividades, no dia 27 de maio de 2011 foi decretada a portaria 2750/11 que cria o programa “Ampliar”, que tem como objetivo ampliar, de forma gradual, a permanência dos alunos nas escolas, através de atividades de programas e projetos já existentes. O artigo 2º da portaria determina que os objetivos do programa são: I – Ampliar o tempo de permanência do aluno na escola, por meio de ações sistematizadas de caráter educacional que promovam: a) A melhoria do desenvolvimento e das aprendizagens dos alunos; b) O protagonismo dos alunos; c) O enriquecimento curricular; d) A melhoria do convívio II – Assegurar momentos de organização de estudos de recuperação paralela para os alunos com aproveitamento insuficiente; III – Potencializar o uso de todos os recursos e espaços disponíveis ampliando os ambientes de aprendizagem para alunos e professores. Os projetos e programas já existentes que fazem parte do programa “Ampliar” são, segundo o artigo 4º da mesma portaria: I – Projetos envolvendo os Laboratórios de Informática Educativa; II – Projetos envolvendo as Salas de Leitura; III – Programa de Estudos de Recuperação; IV – Bandas e Fanfarras; V – Esporte Escolar; VI – Xadrez; 8 VII – Nas Ondas do Rádio ; VIII – Aluno Monitor Por se tratar de um projeto que foi instituído em 2004, alguns parágrafos da lei do programa “Nas Ondas do Rádio” encontram-se defasados. Por isso, o mandato do vereador Carlos Neder organizou duas audiências públicas no Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo, para a atualização da lei: os encontros sobre o EDUCOM.RÁDIO - atualização da Lei 13.941/04. 8 Grifo Nosso 39 “A ideia de você trazer o rádio também como instrumento pra dentro da escola é exatamente em função das próprias características da escola. Então se a escola é um espaço por excelência de ensino formal e de você constituir novas lideranças, nada mais acertado que utilizar esse instrumento para propiciar aos professores, aos educadores, aos trabalhadores e alunos de modo interativo, discutir a grade curricular, discutir a inserção ou não da escola naquele ambiente em que ela está, inclusive discutindo as causas da violência e ao mesmo tempo propiciando o surgimento de novas lideranças que vejam na democratização dos meios de comunicação e atuação em um novo mercado que vai se constituir no país. Então foi correto pensar a rádio num primeiro momento com essa característica de uma rádio analógica, só que de 2004 para 2012 transcorreram 8 anos e houve toda uma mudança do enfoque, o surgimento de novas tecnologias, o barateamento, inclusive, daquilo que poderia ser ofertado nas escolas, de tal maneira que isso nos levou a repensar o programa para além da questão do rádio e da rádio analógica e veio daí a perspectiva nossa de atualização da lei.” (NEDER, 2012, Informação Verbal9) O dia 24 de maio de 2012, data do 1º encontro, contou com a participação de representantes da Secretaria Municipal de Educação, de escolas e de pessoas interessadas na área. No evento, foi discutido alterações na legislação, como o uso de novas tecnologias e contratação de profissionais que se dediquem integralmente ao projeto. Na ocasião, o autor desta pesquisa pode propor a bancada uma maior participação de profissionais da área da comunicação no projeto, como radialistas, jornalistas e produtores, para auxiliar na produção de projetos de radiodifusão dos alunos e dos professores. A equipe do vereador recebeu sugestões dos presentes e abriu um canal de comunicação na internet para receber propostas da população. Coube ao vereador analisar as propostas e redigir um novo documento, que seria Fotos: Luiz Henrique Quarentani Junior apresentado no 2º encontro. Figura 4: Imagens do 1º evento Educom.rádio. 9 Entrevista concedida ao autor em 13 de agosto de 2012 no gabinete do próprio vereador. A entrevista na íntegra está anexa a este trabalho. 40 Figura 6. Convites dos eventos Educom.radio Figura 5: Convites dos eventos Educom.rádio. No dia 22 de junho de 2012, novamente no Palácio Anchieta, o vereador Carlos Neder apresentou o novo projeto de lei no 2º encontro sobre EDUCOM.radio. O espaço foi aberto para todos: representantes da secretaria municipal de educação, escolas e público interessado na área. Representantes da USP também participaram do evento, representados na figura do professor pesquisador Ismar de Oliveira Soares. 41 As principais alterações da lei foram: a) Desenvolvimento de práticas educomunicativas não restritas apenas para a radiodifusão, mas com abertura para mídias audiovisuais, digitais e impressas; b) Os projetos passam a ser produzidos não apenas na pasta da Educação (nas escolas), mas também nas secretarias de Saúde, Esportes, Meio Ambiente e Assistência Social. c) Mudança do nome oficial da lei de “EDUCOM – Nas Ondas do Rádio” para “EDUCOM – Nas Ondas da Educomunicação”. O objetivo é modernizar a lei, utilizando-se ainda do rádio, mas também de outras mídias, assim como afirma o vereador Neder: Fotos: Luiz Henrique Quarentani Junior “Então a proposta é que nós continuemos com o rádio, mas que outras tecnologias sejam incorporadas no dia a dia das escolas, porque essa é a tendência natural: inclusão digital, trabalhar com o conceito das redes sociais, desenvolver o protagonismo infantojuvenil, formar novas lideranças, fazer com que a legislação hoje existente no país seja efetivamente aplicada, inclusive que nós tenhamos massa crítica para uma forte pressão sob o Congresso Nacional e futuramente para outras instâncias do Poder Executivo, para que haja essa democratização dos meios de comunicação no país, aumentando o papel dos Estados e Municípios na gestão dessas políticas de Educação e Comunicação democráticas.” (NEDER, 2012, Informação verbal10) Figura 6: Imagens do 2º evento Educom.rádio. 10 Entrevista concedida ao autor em 13 de agosto de 2012 no gabinete do próprio vereador. A entrevista na íntegra está anexa a este trabalho. 42 Até a conclusão da redação desta pesquisa, o projeto de lei ainda estava em tramitação na Câmara Municipal. Segundo o vereador Carlos Neder, a lei seria votada pelos vereadores e, se aprovada, entraria em vigor ainda no ano de 2012. Podemos perceber que com quase 11 anos da primeira parceria da Educomunicação com a Administração Pública, a necessidade de ter o veículo rádio nas escolas municipais de São Paulo só cresce e mostra a importância que esse meio de comunicação pode contribuir para a formação do jovem de hoje, do século XXI, como relata Soares: “No cotidiano da escola, o Educom mobilizou e continua mobilizando grupos de alunos que se voltam para a produção midiática de forma colaborativa, ampliando as formas de expressão e movimentando os recreios. Algumas escolas optam por produções mais sofisticadas, como o tratamento sonoro de conteúdos disciplinares, incluindo, em muitos casos, o resgate da memória de professores e personalidades do bairro, ou, ainda, a produção de documentários radiofônicos sobre a vida da escola ou sua relação com o entorno.” (SOARES, 2011, p.39) As mudanças de comportamento de jovens e adolescentes em contato com essas as práticas educomunicativas foram avaliadas pelo jornalista Fernando Rossetti, que observou: “Nos projetos educomunicativos os jovens ampliam ainda mais o vocabulário e seu repertório cultural; aumentam suas habilidades de comunicação; desenvolvem competências de trabalho em grupo, negociação de conflitos e planejamento de projetos e melhoram o desempenho escolar. Esse movimento também se manifesta institucionalmente: surgem grêmios estudantis, novas ONGs, cooperativas de trabalho, grupos juvenis de intervenção comunitária, periódicos, projetos conjuntos entre professores e estudantes.” (ROSSETTI, 2005, p.31) Analisando a importância da Educomunicação, sua participação como política pública na cidade de São Paulo e os benefícios que programas educomunicativos trazem para os jovens estudantes, pesquisamos em uma escola municipal da região do Campo Limpo, que possui o projeto “Nas Ondas do Rádio”, como o rádio atua no processo de ensino-aprendizagem de alunos e professores. 43 CAPÍTULO 3 Pesquisa de campo na EMEF Fagundes Varella “O que eu tenho a dizer é que foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo na escola. Proporcionou novas amizades, pude conhecer mais sobre a área que eu quero fazer, que é Rádio e TV, e um monte de coisa. Na escola onde estou atualmente, nós fizemos teatro, a gente precisou mexer com equipamentos de som. Eu escrevi também uma peça, então me ajudou, está me ajudando e vai me ajudar em muita coisa.” Rubens Rocha, 15 anos (ex-participante do programa “Nas Ondas do Rádio” da EMEF Fagundes Varella) 44 Antes de entrarmos na parte de pesquisa de campo desse trabalho, é fundamental conhecermos a estrutura educacional do município de São Paulo e os dados da região de Campo Limpo, onde está localizada a escola municipal Fagundes Varella, que foi escolhida como objeto de pesquisa para esta monografia. 3.1. A EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO São Paulo é a cidade mais populosa do Brasil. Segundo dados do censo de 2010, o município tem uma população estimada em 11.253.503 de pessoas. Para organizar uma metrópole com tantos habitantes, a pasta de Educação necessita de uma mega estrutura: Figura 7: Organograma da estrutura educacional no município de São Paulo. Fonte: Site da Secretaria de Educação de São Paulo 45 A atual secretária de Educação do município, Célia Regina Guidon Falótico, articula funções com o Conselho Municipal de Educação. Subordinado a ela, temos o secretário adjunto, João Thiago de Oliveira Poço. A chefe de gabinete, Lilian Dal Morin, tem a sua disposição 4 assessorias: Jurídica, Comunicação e Imprensa, Técnica de Planejamento e Especial Sala CEU, além de uma divisão administrativa da secretaria e o CONAE (Coordenadoria Geral dos Núcleos de Ação Educativa). A rede municipal de educação conta com cerca de 1 milhão de estudantes espalhados por 2.560 escolas. Para manter um canal de comunicação efetiva entre as orientações do gabinete e as escolas, existem as DREs: Diretorias Regionais de Educação. São elas que mantêm a organização das escolas de uma determinada região, além de facilitar a administração das unidades escolares e tornar possível o desenvolvimento de atividades. Por ser uma cidade tão populosa e com enorme extensão territorial, foi necessário subdividir São Paulo em 13 DREs: Butantã, Campo Limpo, Capela do Socorro, Freguesia do Ó/Brasilândia, Guaianases, Ipiranga, Itaquera, Jaçanã/Tremembé, Penha, Pirituba, Santo Amaro, São Mateus e São Miguel Paulista. A EMEF Fagundes Varella pertence à DRE de Campo Limpo. Figura 8: Mapa da distribuição de DREs. Fonte: Site da Secretaria de Educação de São Paulo 46 Outros dados da rede1: - 84,5 mil funcionários, entre professores e de Quadro de Apoio Escolar (QAE); - 931.463 alunos (9,2% da população da cidade); - 2.015 escolas de educação infantil; - 545 escolas de ensino fundamental; 3.2. BAIRROS E ESCOLAS QUE COMPÕEM A DRE DE CAMPO LIMPO A área de cobertura da DRE de Campo Limpo não cobre apenas as Unidades Educacionais do bairro que leva o seu nome. Estão incorporadas nessa subdivisão os bairros do Jardim Ângela e Jardim São Luís (pertencentes à subprefeitura do M Boi Mirim); Capão Redondo e Vila Andrade (pertencentes à subprefeitura de Campo Limpo). A seguir alguns dados das regiões que compõem a DRE 2: DRE CAMPO LIMPO Região (Subprefeitura) Campo Limpo M’Boi Mirim Nº Distrito habitantes Campo Limpo 211.361 Capão Redondo 268.729 Vila Andrade 127.015 Área total (km²) 12,80 13,60 10,30 Densidade Demográfica (Hab/Km²) 16513 19759 12332 Jardim Ângela Jardim São Luís 295.434 267.871 37,4 24,7 7899 10845 Total 1.170.410 98,80 11846 São Paulo 11.253.503 1.509 7458 Tabela 2: Dados das regiões de Campo Limpo e M’Boi Mirim Juntas, as regiões do Campo Limpo e de M‟Boi Mirim agregam cerca de 10,5% da população e 6,5% da área total da cidade de São Paulo. A densidade demográfica, que é o número de habitantes por quilômetros quadrados, supera a média da cidade e chega a 11.846 hab/km². A DRE de Campo Limpo está localizada na Avenida João Dias, altura do nº 3800. Sob sua jurisdição estão 116.746 alunos e 9735 educadores 3, entre professores e funcionários. Também está sob sua coordenação um total de 313 Unidades Educacionais, como vemos no mapa: 1 Informações retiradas do site da Secretaria Municipal de Educação. Data de referência: 31/08/2012 Dados do Site da Prefeitura de São Paulo e do IBGE (2010) 3 Dados do site da Secretaria Municipal de Educação. Data de referência: 31/08/2012. 2 47 Figura 9: Mapa da área de cobertura e Unidades Educacionais da DRE de Campo Limpo. Taxa de proporção: 15% Fonte: Site da Secretaria de Educação de São Paulo A DRE cobre não apenas escolas de Ensino Fundamental e Infantil, mas outros tipos de escolas também: 48 Tabela 3: Relação das escolas por tipo da DRE de Campo Limpo. Fonte: Site da Secretaria de Educação de São Paulo No total, 42 escolas da DRE estão produzindo projetos educomunicativos. O autor dessa monografia, com documento oficial de autorização emitido pela secretaria municipal de Educação para pesquisa, foi até a escola municipal Fagundes Varella investigar de que maneira o meio rádio pode estimular o processo de ensino aprendizagem entre alunos e professores. Mas para isso precisamos conhecer a escola que foi escolhida para análise, além de sua rádio. 3.3. A ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL FAGUNDES VARELLA A EMEF Fagundes Varella está localizada na Avenida Augusto Barbosa Tavares, nº 716, no bairro Jardim Maria Sampaio, na região do Campo Limpo. Sua escolha para esta monografia foi feita junta a DRE, já que a escola está aberta a projetos extracurriculares e por possuir a radioescola há cerca de quatro anos, tempo considerável para a realização da pesquisa, pois o projeto já está bem concretizado. Fotos: Luiz Henrique Quarentani Junior 49 Figura 10: Fotos da EMEF Fagundes Varella. A escola oferece turmas de 1ª a 8ª séries nos períodos da manhã e tarde e no período noturno oferece turmas de Ensino para Jovens e Adultos. São 1.150 alunos e 80 educadores (entre professores e funcionários). No total, são dezessete salas de aula, uma sala de leitura, uma sala de informática, uma quadra e um estúdio de rádio. 3.3.1. Rádio Recreio A radioescola da EMEF Fagundes Varella existe há quatro anos e tem como responsável a POIE (Professor Orientador de Informática Educativa) Maria de Fátima Barbosa Santos (mais conhecida entre professores e alunos como Fátima). No início do projeto, a radioescola não tinha nenhum vínculo com o programa “Nas Ondas do Rádio”. A proposta nasceu de um trabalho de intervenção na comunidade, a pedido da Secretaria Municipal de Educação. 50 “Era um projeto dentro de uma plataforma da internet e as crianças tinham que participar, montar o projeto e a partir daí eles tinham que montar uma proposta de intervenção na comunidade deles. Eles optaram por falar do lixo e aí nós levamos até o final e quando chegou ao final eles teriam de apresentar essa proposta de intervenção. E qual seria? Porque eles já tinham estudado tudo sobre a condição da escola deles, da comunidade deles, que precisava melhorar e como é que eles iam passar isso? Como eles iriam intervir? Algumas escolas fizeram levantamento de algum espaço próximo a escola e que estava ruim, entraram em contato com a subprefeitura, mas os nossos não. Os nossos inventaram a rádio.” (SANTOS, 2012, Informação verbal4) Após formatar o trabalho de intervenção em um programa de rádio, a professora e os alunos gravaram a programação em um CD e apresentaram para a comunidade escolar. “Alguns alunos diziam: “- Ah não, nós vamos fazer rádio, porque daí a gente consegue falar através da caixa de som com os outros alunos para eles não sujarem, para eles manterem o espaço limpo”. Então a partir daí montamos a programação, que foi gravada em um CD e nós levamos um rádio para lá, com a caixa de som, e fizemos o primeiro dia de rádio. Foi isso. E aí foi muito interessante, porque as crianças queriam participar mais.” (SANTOS, 2012, Informação verbal5) O interesse e o fascínio dos estudantes pelo novo meio de comunicação da escola foi crescendo, o que estimulou no segundo ano do projeto o diretor a montar um Foto: Luiz Henrique Quarentani Junior estúdio só para as transmissões internas daquela que seria a radioescola. Figura 11: Estúdio de rádio da EMEF Fagundes Varella. 4 Entrevista concedida ao autor em 03 de setembro de 2012 na EMEF Fagundes Varella. Entrevista na íntegra está em anexo a este trabalho. 5 Entrevista concedida ao autor em 03 de setembro de 2012 na EMEF Fagundes Varella. Entrevista na íntegra está em anexo a este trabalho. 51 Até então a radioescola não tinha um nome oficial. Por isso foi realizado um concurso envolvendo a comunidade escolar para a escolha. Os alunos deixavam sua opinião dentro de uma caixinha no pátio. O nome vencedor foi “Rádio Recreio” e o aluno, que era da 6ª série, ganhou um prêmio, além de ter seu nome publicado no blog da escola6. Também foi produzido um logotipo para a Rádio Recreio e um novo concurso foi promovido. Dessa vez um aluno da 8ª série foi o vencedor e o próprio desenhou um Imagem 12: Logotipo da Rádio Recreio. Foto: Luiz Henrique Quarentani Junior grafite na parede do estúdio. Figura 12: Logotipo da Rádio Recreio. A cada ano o projeto crescia quando no ano de 2011 foi incorporado oficialmente ao programa “Nas Ondas do Rádio”. Atualmente 8 alunos de 5ªs, 7ªs e 8ªs séries fazem parte da equipe de produção e são nomeados “alunos monitores”. O critério de participação desses alunos é o interesse: no início do ano letivo o projeto é divulgado em toda a escola, e o aluno que se sentir interessado e tiver disponibilidade de horário no contraturno é 6 http://www.emeffagundesvarella.blogspot.com.br 52 incorporado. A Rádio Recreio funciona nos períodos da manhã e da tarde, exclusivamente durante os intervalos. Não há uma grade de programação fixa e as temáticas dos programas giram em torno de esportes, músicas e variedades. Os próprios alunos buscam a informação em jornais, revistas e sites da internet. Há também um espaço na programação para avisos e lembretes da direção, coordenação e secretaria, como eventos e reunião de pais. Os próprios alunos que fazem parte da produção da radioescola operam os equipamentos. No estúdio encontramos um computador, microfones, mesa de som, Foto: Luiz Henrique Quarentani Junior potência e uma caixa acústica para retorno. Figura 13: Mesa de operação da Rádio Recreio. Interligadas ao estúdio, seis caixas acústicas fazem a propagação dos programas no pátio. Um ponto forte da EMEF Fagundes Varella é que o pátio onde os estudantes ficam na hora do intervalo é separado das salas de aula, diferentemente de outras escolas públicas que existem na cidade. Isso significa que o som reproduzido pelas caixas da radioescola não interferem e, portanto, não atrapalham as aulas de outros professores que não estão em intervalo. 53 Figura 14: Planta do pátio da EMEF Fagundes Varella. Arte: Luiz Henrique Quarentani Junior O processo de criação dos programas é iniciado na sala de informática. Toda semana existe uma reunião de pauta, sob a supervisão da professora Fátima. Os alunos escrevem o roteiro em uma folha de papel e logo em seguida já a transcrevem no computador, em um modelo de lauda radiofônica pré-existente. A partir daí, com a lauda pronta, eles iniciam o processo de gravação e edição no software Audacity7. Com o programa finalizado, os alunos salvam o conteúdo em um dispositivo móvel e o levam até ao estúdio de rádio. Há sempre um rodízio nas funções dentro deste projeto, que é marcado pelo processo colaborativo, ou seja, todos são responsáveis pela criação e viabilização dos programas veiculados e pelo funcionamento da Rádio Recreio como um todo, processo esse fundamental para a construção de um projeto educomunicativo: 7 O Audacity é um software de edição e gravação de áudio 100% gratuito. O programa conta com recursos profissionais e vários efeitos, além de ser facilmente manuseado. Download em: http://audacity.sourceforge.net/?lang=pt 54 “Para o projeto educomunicativo vale muito mais a pena você ter um estúdio de multimeios a serviço de uma comunidade e que todos trabalhem ali de forma colaborativa do que ter um conjunto de equipamentos na mão dos indivíduos, porque o conjunto de equipamentos na mão de indivíduos reforça a perspectiva do uso individual, da propriedade privada, enquanto que o trabalho coletivo vai na direção do consórcio, da solidariedade, da operação e especialmente da gestão democrática dessa área complexa que é a área comunicativa.” (SOARES, 2012, Informação verbal8) O aluno que monta a programação, também pode fazer a locução e também editar. Há toda uma organização colaborativa entre eles mesmos, desde a pré-produção Foto: Luiz Henrique Quarentani Junior até a veiculação dos programas, inclusive no gerenciamento do estúdio de rádio 9: Figura 15: Regras para o uso do estúdio de rádio da EMEF Fagundes Varella. 8 Entrevista concedida ao autor no dia 15 de junho de 2012 no prédio central da Escola de Comunicações e Artes da USP. A entrevista na íntegra encontra-se em anexo a este trabalho. 9 Cartaz está fixado na parede da sala de rádio e foi redigido pelos próprios alunos. 55 Nesse projeto há uma proposta dialógica na qual o ouvinte é também coautor da programação: os alunos receptores, ou seja, aqueles que não fazem parte da produção efetiva da radioescola e são apreciadores da mesma também podem participar por meio de declamação de poemas e por outras demais intervenções. Um dos desafios a serem enfrentados pela equipe da Rádio Recreio é o envolvimento por parte dos professores de outras disciplinas. Atualmente ocorrem participações esporádicas e em datas específicas. O projeto não está restrito aos discentes, ou seja, é desejável a participação efetiva dos professores de diferentes disciplinas. Afinal, isso vai ao encontro com o que nos explica o Dr. Ismar de Oliveira Soares: “Se uma escola quer adotar a Educomunicação ela tem que pensar na relação entre direção-professores-alunos, alunos-direção, por exemplo, todo esse conjunto e a comunidade no entorno. Então pensar Educomunicação é pensar as práticas de relacionamento na escola, por isso que nós falamos na área da administração, na área da didática dos conteúdos e na área interdisciplinar que são as áreas próprias da didática, porém que não estão incluídas em áreas específicas do conhecimento, mas são transversais. A questão do meio-ambiente é uma questão transversal, a questão da ética é uma questão transversal. Na verdade a educação se dá muito mais nos termos transversais do que nos termos curriculares. E a Educomunicação vai trabalhar justamente esses três universos: curricular, transversal e administrativo.” (SOARES, 2012, Informação verbal10) Outro ponto é a divulgação dos programas produzidos. A comunidade em torno da escola não consegue acompanhar os programas. Porém para resolver este problema os alunos já estão criando uma midiateca e toda a programação estará disponível no blog da escola. Uma saída que podemos apontar é a criação de uma radioescola na rede mundial de computadores. Além de não exigir licenças de órgãos federais, as webrádios têm custo reduzido, abrangência ilimitada e múltiplas ferramentas de interação e compartilhamento. 3.4. A PESQUISA A pesquisa de campo na EMEF Fagundes Varella foi realizada durante os meses de agosto e setembro de 2012. O objetivo geral foi investigar de que maneira o meio rádio, caracterizado por uma radioescola, dentro de um ambiente de ensino 10 Entrevista concedida ao autor no dia 15 de junho de 2012 no prédio central da Escola de Comunicações e Artes da USP. A entrevista na íntegra encontra-se em anexo a este trabalho. 56 pertencente à DRE de Campo Limpo pode estimular o processo de ensinoaprendizagem de alunos e professores por meio dos conceitos da Educomunicação. Além disso, os objetivos específicos pretenderam analisar a relação dos alunos e professores em contato com a Rádio Recreio, verificar e compreender de que maneira uma radioescola melhora a comunicação interna e verificar a eficiência da mesma a partir de um exemplo concreto de ensino-aprendizagem. Utilizou-se a metodologia mista, ou seja, a aplicação de métodos quantitativos e qualitativos durante a pesquisa de campo. Alguns autores defendem que a pesquisa quantitativa também, de certo modo, pode ser qualitativa: “a pesquisa moderna deve rejeitar como uma falsa dicotomia a separação entre estudos „qualitativos‟ e „quantitativos‟, ou entre ponto de vista „estatístico‟ e „não estatístico‟. Além disso, não importa quão precisas sejam as medidas, o que é medido continua a ser uma qualidade”. (GOODE; HATT, 1973 apud RICHARDSON, 2011, p. 79) Além disso, Richardson também analisa que: “O aspecto qualitativo de uma investigação pode estar presente até mesmo nas informações colhidas por estudos essencialmente quantitativos, não obstante perderem seu caráter qualitativo quando são transformadas em dados quantificáveis, na tentativa de se assegurar a exatidão no plano dos resultados” (RICHARDSON, 2011, p. 79) Foram selecionados alunos e professores da escola, já que são o foco desta pesquisa. Para colher dados de todos os pesquisados foi escolhida a técnica de aplicação de questionários. Para Antônio Carlos Gil: “Pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.” (GIL, 1999, p. 128) Para Richardson (2011), há uma série de vantagens por optar na aplicação de questionários em pesquisas: atinge um grande número de pessoas simultaneamente, garante o anonimato e mais facilidade e rapidez na tabulação dos dados. Para aplicá-los, optou-se pela ferramenta Docs do Google. Ela permite que sejam elaborados questionários online, que podem ser abertos simultaneamente em vários 57 computadores. Após o questionário ser finalizado pelo entrevistado, as respostas são enviadas diretamente para a sua conta do Google e os dados são automaticamente tabulados em uma planilha do Excel. Enfatiza-se aqui a rapidez e sustentabilidade, uma vez que suprimiu a necessidade de impressão dos questionários e permitiu agilidade na tabulação dos dados colhidos. No caso desta pesquisa, todos os questionários foram respondidos na sala de informática da escola, sob a supervisão do autor. Em sua construção, foram utilizados três tipos de questões: abertas, fechadas e dependentes. Para Gil (1999): Perguntas Abertas Perguntas Fechadas Perguntas Dependentes - Apresenta-se a pergunta e - Apresenta-se um conjunto de - Quando é apresentada é deixado um espaço em alternativas branco para que a pessoa para que seja escolhida a que escreva sem restrição. melhor preestabelecidas uma questão que depende representa da resposta dada a outra uma questão situação ou ponto de vista. respondida. anteriormente Podem ser abertas ou fechadas. Tabela 4: Definição de perguntas para um questionário. Nesse sentido, foram aplicados na escola três questionários: a) Alunos produtores: avaliar se houve melhora na aprendizagem a partir do contato desses alunos por meio da radioescola; b) Alunos ouvintes: avaliar se o que é produzido pela radioescola é absorvido e aprovado pelos demais alunos; c) Professores: observar se para eles o uso dos meios de comunicação nas aulas é relevante, além de avaliar o uso coletivo da radioescola para trabalhos interdisciplinares; Com todos os dados colhidos, chegou a hora de fazer as análises. Por se tratar de uma escola com mais de mil alunos e oitenta educadores, configurou-se um desafio na aplicação dos questionários aos alunos ouvintes e professores, já que muitos estavam em aula e por isso não tinham disponibilidade para responder. Por isso foi feita uma amostragem não probabilística. Para a pesquisadora Manolita Correia Lima: 58 “Nas pesquisas de campo, as amostragens não probabilísticas são frequentemente utilizadas em virtude da inacessibilidade do pesquisador ao universo total que compõe a população-alvo da pesquisa. Nesse caso, o pesquisador baseia-se nos resultados de uma pesquisa exploratória, que lhe permite estabelecer critérios capazes de justificar as razões que determinaram a escolha dos elementos que irão compor a amostra.” (LIMA, 2008, p. 106) Ainda segundo Lima (2008, p. 106), as amostragens não probabilísticas estão divididas entre intencional e por conveniência. Para esta pesquisa, pelos motivos anteriormente citados, foi utilizada a por conveniência, “cujos elementos da pesquisa são selecionados de acordo com a conveniência do pesquisador (pessoas que estão ao seu alcance, dispostas a responder o questionário, por exemplo)”. Por isso, para não interferir nas atividades da escola, o questionário dos alunos ouvintes foi aplicado no início das aulas de informática de algumas séries e em datas que estivessem em consonância com a disponibilidade do autor. Assim os alunos respondiam o questionário, cada um em seu computador. Em relação aos professores, foi realizado o mesmo processo, porém o questionário foi aplicado a aquele que se dispusesse a respondê-lo, sempre no início das reuniões pedagógicas que acontecem semanalmente na escola. Os resultados da pesquisa de campo foram esses: 3.4.1. Alunos produtores O primeiro questionário foi aplicado a todos os oito alunos que fazem parte da atual produção da Rádio Recreio. Foram feitas doze perguntas, sendo oito fechadas e quatro abertas: I) Qual a sua idade? 12% 12% 38% 13% 25% 10 anos 11 anos 13 anos 14 anos 15 anos Figura 16: Gráfico de respostas à pergunta I. 59 II) Em qual série você estuda? 38% 24% 5ª série 7ª série 38% 8ª série Figura 17: Gráfico de respostas à pergunta II. III) Há quanto tempo faz parte da Rádio Recreio? (pergunta aberta) 38% 62% Menos de 1 ano 1 ano ou mais Figura 18: Gráfico de respostas à pergunta III. Podemos observar que a série e a idade dos alunos que fazem a produção da Rádio Recreio são bem diversificadas. Os alunos que estudam no período da manhã, que são os de 7ªs e 8ªs séries, são responsáveis pela radioescola no período da tarde; já os alunos que estudam no período da tarde, que são os de 5ª série, são os responsáveis no período da manhã. A maioria dos estudantes possui certa vivência em, pois 63% estão nesse projeto há cerca de um ano ou mais. Isso também revela que o projeto é estimulante, já que eles participam voluntariamente da Rádio Recreio, de segunda a sexta, por todo esse tempo. Outro apontamento: ausência de alunos no projeto que pertencem ao ciclo I do Ensino Fundamental, ou seja, de 1ª a 4ª série. A Rádio Recreio é aberta a todos os estudantes da escola, e seria interessante a participação dos mesmos já nessa fase escolar, para se familiarizarem com esse tipo de mídia. 60 IV) De um modo geral, suas notas melhoraram após sua entrada na Rádio Recreio? 38% 62% Sim Não Figura 19: Gráfico de respostas à pergunta IV. Para 62% dos alunos, o contato com a radioescola fez com que suas notas melhorassem. Para 38% não. Isso revela que para a maioria dos alunos a Rádio Recreio beneficiou na aprendizagem e isso refletiu nas avaliações. Porém esse poderia ser maior, já que para 3 alunos o convívio no projeto não auxiliou e não deu um suporte necessário para que suas notas progredissem. V) Depois de fazer parte do projeto da Rádio Recreio, você passou a acompanhar mais as notícias que se passam ao redor do mundo? 0% Sim 100% Não Figura 20: Gráfico de respostas à pergunta V. Todos os alunos declararam que estão acompanhando mais as notícias, já que eles precisam estar bem informados para compartilhar a informação com outros alunos. Cria se neste sentido uma nova relação com os meios de comunicação, entende-se que a leitura, a escuta ou a navegação torna-se crítica. 61 Um exemplo disso é o caso de programas esportivos produzidos. Em uma das visitas deste autor até a escola, pode-se observar que durante o processo de elaboração do programa sobre esportes os alunos estavam eufóricos: procuravam notícias sobre a rodada do Campeonato Brasileiro de futebol que havia terminado e discutiam sobre as publicações da mídia. Tudo isso para relatarem com exatidão e imparcialidade o que havia acontecido. Essa busca pela informação, quase que diária, cria-se o hábito de estarem conectados com o mundo e compartilhar com outras pessoas aquilo que, para eles, é relevante. VI) Você encontra mais facilidade para escrever textos e redações? 13% Sim 87% Não Figura 21: Gráfico de respostas à pergunta VI. O resultado apontou que a maioria encontrou mais facilidade ao escrever textos e redações depois que entrou em contato com a radioescola. Ao falar em público, o aluno produtor que fica responsável pela locução se preocupa em falar corretamente, e para isso acontecer, ele precisa ter um bom domínio na escrita, já que isso refletirá em sua oratória: “Quando o educando participa como emissor e receptor simultaneamente da Radioescola, como agente ativo desse suporte pedagógico, ele próprio vai se preocupar em ler e falar melhor, sem erros gramaticais e com fluência verbal. A fluência verbal poderá ser adquirida pelo educando, através da prática da locução. Essa prática será prazerosa para ele, porque os colegas dele estão o escutando. Para falar melhor, sem erros gramaticais e com fluência, ele precisa saber escrever o texto, utilizando as normas gramaticais corretas, sinônimos das palavras, concordâncias (verbal e pronominal) corretas; frases com sujeito + verbo + predicado, etc. Assim, a cultura escolar será mais satisfatória por parte do alunado.” (ASSUMPÇÃO, 2012, Informação verbal11) 11 Entrevista com Zeneida Alves de Assumpção concedida para esta pesquisa via email. Íntegra em anexo. 62 VII) As habilidades que você desenvolve participando na rádio melhoraram os seus estudos? 38% 62% Sim Não Figura 22: Gráfico de respostas à pergunta VII. Para 62% dos alunos a participação no projeto desenvolve de alguma forma habilidades que melhoram seu desempenho escolar. Isso significa que as horas investidas em pesquisas, elaboração de pautas, redação de textos, organização de horários, planejamento de futuras transmissões, além da responsabilidade, seriedade e comprometimento, refletem durante a hora de estudar, seja na classe ou em casa. Não podemos deixar de lado o índice dos alunos que responderam que as habilidades desenvolvidas na radioescola não refletem nos estudos: 38% deles não revertem essa prática que desenvolvem no projeto ao modo que estudam. Mas isso não significa que o aluno sairá prejudicado ou que a radioescola atrapalhe nesse sentido. VIII) Você se sente mais estimulado para participar das atividades da escola? 0% Sim 100% Figura 23: Gráfico de respostas à pergunta VIII. Não 63 Todos os alunos responderam que se sentem mais estimulados a participarem das atividades propostas pela escola. A Rádio Recreio, por se tratar de uma atividade diferenciada e tem o papel de ensinar, possibilita ao aluno desenvolver trabalhos escolares fora do ambiente de sala de aula: “A Radioescola não é aula. Os alunos não estão sentados um atrás do outro. A Radioescola possibilita mobilidade dos alunos no espaço físico. A programação é construída em equipe, onde todos falam, todos discutem a programação. O professor não precisa “cobrar” leitura e escrita correta. Essas habilidades fluem com os conhecimentos que vão adquirindo com o cotidiano “radiofônico”. Os próprios alunos se “policiam” sobre seus erros gramaticais. Eles mesmos se “cobram” e “cobram” do colega a vez de falar, de discutir. Há interesse por parte deles, em mostrar maior quantidade de produção radiofônica. O inverso ocorre em sala de aula, onde não há interesse com as atividades. O trabalho com a Radioescola possibilita o desenvolvimento de outras habilidades: atenção com as tarefas/cumprir metas; saber ouvir os colegas; saber escutar a programação; análise crítica da programação e da própria tarefa; respeitar a vez de falar; sociabilidade; responsabilidade; iniciativa própria; companheirismo; espírito de equipe.” (ASSUMPÇÃO, 2012, Informação verbal12) IX) O seu relacionamento com colegas, professores e demais pessoas da escola melhorou após participar do projeto? 13% Sim 87% Não Figura 24: Gráfico de respostas à pergunta IX. Para a maioria, o relacionamento com colegas, professores e funcionários melhorou. Por se tratar de uma atividade diária, que exige que o aluno fique um turno inteiro ao convívio de outros alunos e de professores, faz com que o seu relacionamento se estreite e com isso cria-se vínculos afetivos entre eles. “A radioescola imita a mídia radiofônica, ao se valer de um dos cinco sentidos do corpo humano: a audição. Porém, na Radioescola, aluno e 12 Entrevista com Zeneida Alves de Assumpção concedida para esta pesquisa via email. Íntegra em anexo. 64 professor vão além de ouvir, como ocorre na mídia radiofônica. Eles aprendem ou aprimoram a habilidade de escutar “a programação”. Ao escutar estarão compreendendo o que produziram. Ao atuarem (professor e alunos) como emissores e receptores ativos dessa comunicação, perceberão de que o trabalho em grupo, a equipe é relevante, então precisarão ser parceiros nessa interface mídia-educação. Não se faz nenhum produto midiático (programas para a Radioescola) sem equipe que „fale a mesma língua‟. Ou seja: cooperação de todos.” (ASSUMPÇÃO, 2012, Informação verbal13) Portanto, é imprescindível que em um trabalho colaborativo como este haja harmonia de ambas as partes para que, além das relações interpessoais se intensifiquem e melhorem, haja um produto final satisfatório. X) O que o atraiu para participar da Rádio Recreio? ALUNO RESPOSTA A respostas e perguntas B as palhaçadas C a professora estava divulgando no começo do ano ai eu me interessei D o que me atraiu a participar da rádio recreio foi saber que eu poderia ajudar as outras pessoas e passar notícias para outras pessoas. E As pessoas falaram que era legal e interessante aí eu resolvi entrar na radio. F eu ouvi dizer que era interessante aí foi que surgiu a ideia de vir fazer a Rádio Recreio. G Porque todos em minha volta me incentivaram a fazer parte do projeto. Fiz um teste vim o primeiro dia e gostei. H quando vi ao redor do meus amigos todos quizerao participar e me comvidarao e eu quis esperimentar. Tabela 5: Respostas abertas da pergunta X. Na segunda pergunta aberta deste questionário, os alunos puderam justificar o porquê fazem parte deste projeto atualmente. Muitos optaram por fazer parte da radioescola porque outros colegas disseram que era “legal” e “interessante”. Analisando as respostas, a maioria das experiências aponta que o ambiente da 13 Entrevista com Zeneida Alves de Assumpção concedida para esta pesquisa via email. Íntegra em anexo. 65 radioescola é divertido, estimulante, prazeroso e didático. A soma desses fatores resulta na participação e permanência dos alunos neste projeto. XI) O que tem a dizer sobre a Rádio Recreio? ALUNO RESPOSTA A musicas e piadas B Nada C que um ambiente legal de se trabalhar, muito agradável e aprendi muito com a radio D Foi e é uma coisa boa, me ajudou em muitas coisas me ajudou a enxergar o mundo de outra maneira de uma forma diferente. E A radio Recreio é muito interessante gosto muito de participar da rádio é muito legal. F A radio Recreio é ótima adoro fazer a programação e é ótimo ser aluna monitora e poder fazer a rádio. G É um projeto que é diferente e bom para a minha auto estima. H o projeto bom. Tabela 6: Respostas abertas da pergunta XI. Na terceira pergunta aberta do questionário, os alunos puderam escrever livremente sobre o que acham da radioescola da qual eles fazem parte. A maioria diz ser que é “bom”, “diferente” e que gostam muito de participar. Interessante observar a resposta do aluno C: ele enxerga a participação dele na rádio a uma atividade natural e rotineira como uma ocupação, ao utilizar o verbo “trabalhar” em sua resposta. XII) Se não estivesse participando do projeto, o que você estaria fazendo neste horário? ALUNO RESPOSTA A Lição B as tarefas de casa a lição 66 C iria fica em casa sem fazer nada D Estaria fazendo curso de "aventura selvagem". E Estaria cuidando da minha ou estaria em casa mexendo no computador ou na rua. F Eu estaria em casa na rua ou mexendo na internet. G Treino de futebol. H dormindo ou jogando futebol. Tabela 7: Respostas abertas da pergunta XII. Na última pergunta aberta do questionário os alunos responderam onde estariam se não participassem do projeto hoje. Muitos deles estariam com o tempo vago, sem fazer nada, a ponto de estarem dormindo ou utilizando o computador. A proposta da radioescola alicerçada nos fundamentos educomunicativos é justamente essa: reaproximar o jovem da escola, com atividades estimulantes, e ao mesmo tempo afastá-lo da violência, já que o tempo em que ele passaria na escola no contraturno aprendendo e desenvolvendo atividades pertinentes ao projeto radioescola é o mesmo tempo em que ele poderia estar nas ruas em contato com a violência. 3.4.2. Alunos ouvintes O segundo questionário foi aplicado aos alunos ouvintes, ou seja, aqueles que não fazem parte da produção da Radio Recreio efetivamente, que acompanham o que é transmitido e fazem participações esporádicas. No total, 121 alunos de ambos os sexos se dispuseram a responder este questionário. Foram realizadas oito perguntas, sendo seis fechadas e duas dependentes abertas: XIII) Qual a sua idade? 9% 3% 2% 3% 10 anos 23% 11 anos 12 anos 60% 13 anos 14 anos 15 anos Figura 25: Gráfico de respostas à pergunta XIII. 67 Os alunos que se dispuseram a responder se enquadram na faixa dos 10 aos 15 anos de idade, ou seja, de diferentes séries. O questionário foi aplicado para os alunos que estudam nos dois períodos em que a radioescola funciona (manhã e tarde), podendo assim aferir a efetividade da radioescola em sua totalidade. XIV) Você conhece a rádio interna que existe em sua escola? 3% Não Sim 97% Figura 26: Gráfico de respostas à pergunta XIV. Dos 121 alunos, 117 conhecem a Rádio Recreio. Os outros 4 alunos, como não conhecem ou nunca ouviram a rádio, finalizaram o questionário. A partir deste ponto, a pesquisa terá como base a resposta dos 117 alunos que conhecem a radioescola. XV) Você acompanha a programação da rádio? 18% Sim 82% Não Figura 27: Gráfico de respostas à pergunta XV. Dos 117 alunos que conhecem a Rádio Recreio, 82% deles acompanham a programação. Durante os intervalos eles, além de fazerem suas refeições, acompanham aquilo que é propagado pelas caixas acústicas, seja no formato de 68 música ou de notícia. Isso significa que o aluno, mesmo realizando outra atividade, presta atenção naquilo que é divulgado, característica fundamental e exclusiva do rádio: a versatilidade, ou seja, ao acompanhar a programação radiofônica, o ouvinte pode realizar outras atividades. Assumpção, em entrevista para esta monografia, dá exemplos dessa “mobilidade” do rádio, só que em outras categorias: a dos caminhoneiros, taxistas e motoristas de ônibus. Esse nicho profissional utiliza o rádio, enquanto dirigem, como uma espécie de companhia, além de não os deixarem dormir. Eles estão dirigindo grandes veículos ou transportando vidas e estão ouvindo rádio, tudo ao mesmo tempo, e mesmo assim conduzem seus veículos sem nenhuma interrupção visual, já que utilizam apenas a audição para escutar o locutor. Diferentemente de utilizar outra tecnologia ao dirigir, como smartphones e tablets, o que causaria fatalidades, já que o motorista para acessar essas tecnologias precisaria desviar a atenção, mesmo que por poucos segundos, para as telas desses aparelhos. XVI) Você aprova a programação da rádio? 13% Sim 87% Não Figura 28: Gráfico de respostas à pergunta XVI. Na quarta pergunta, os alunos responderam se aprovam ou não a programação da rádio, independentemente de acompanharem efetivamente ou não a programação. A grande maioria entrevistada aprova o conteúdo que é divulgado, revelando assim que o trabalho realizado pelos oito alunos produtores, com orientação da professora Fátima, é satisfatório. Os 15 alunos que não aprovam foram direcionados a responder a primeira pergunta dependente aberta do questionário, portanto tiveram liberdade para expressar aquilo que o desagrada na programação. 69 XVII) O que mudaria na Rádio? ALUNO RESPOSTA A por que o son da rádio é muito baixo e as músicas são meio chatas poderia ser mais legais. B C colocaria mais volume e mais musica Sem resposta. D as musicas porque sao muito chatas e sao muito repitidas. E F As músicas, as programações, as informações e as pessoas. eu queria que alguns monitores fossem em cada sala pergutarem qual musica vocÊ preferia;;; é que pasasse mais rock G pq eu nao monitoro H O SOM I Sem resposta. J as musicas K M AS MUSICAS ... QUE PASSASE AS MUSICAS QUE A GENTE EMSAIA NA SALA COM A PROFESSORA BRUNA Eu mudaria as musicas de Rock. N TEM UMS TIPO DE MUSICAS QUE NAO ROLA O nada; L Tabela 8: Respostas abertas da pergunta XVII. Se eles não aprovam, então o que mudariam? A maioria das respostas se referiu ao estilo de música que é veiculada. Por ser uma escola com mais de mil alunos, existem diferentes gostos de estilos musicais, passando pelo rock „n roll e indo até o funk. Uma das respostas que vale a observação é do aluno “F”. Ele sugere à equipe a realização de uma pesquisa em cada sala para averiguar qual o gosto musical de cada aluno. Cabe aos alunos produtores realizar essa investigação, a fim de conhecer e traçar uma programação que contemple os anseios da audiência sem perder de vista os propósitos da Rádio Recreio, aumentando ainda mais o número de alunos que aprovam a programação e tornar a radioescola mais democrática. 70 XVIII) Você colabora, de alguma forma, com as produções de programas para a rádio? 28% Sim 72% Não Figura 29: Gráfico de respostas à pergunta XVIII. A maioria dos alunos conhece a Rádio Recreio, aprovam sua programação, porém não participam de forma ativa. Só 33 alunos que responderam o questionário fazem algum tipo de participação, seja na declamação de poemas ou em participações esporádicas, como na produção de programetes. Os outros 84 alunos cumprem a função de receptores, já que ouvem o que é transmitido na radioescola, mas não se manifestam. XIX) Por que não participa de forma efetiva? Outros 15% Não sou aluno monitor 21% 21% 25% 18% Não tenho interesse Não tenho tempo Não sabem/Não responderam Figura 30: Gráfico de respostas à pergunta XIX. Os 33 alunos que colaboram de alguma forma responderam o motivo pelo qual não participam de forma efetiva na segunda pergunta dependente do questionário. E as justificativas foram diversas: muitos deles não têm tempo (por estarem fazendo curso ou cuidando de algum parente), não há interesse ou simplesmente não 71 responderam. Relevante apontar que 25% afirmam não participar por não serem monitores. Isso revela a percepção funcionalista da comunicação, ou seja, há sempre um emissor para muitos receptores que devem apenas receber e assimilar a informação. No entanto, como sinalizou Bertold Brecht, o rádio é um meio de mão dupla, ou seja, quem recebe também é um emissor: “E para ser agora positivo, quer dizer, para descobrir o positivo da radiodifusão, uma proposta para mudar o funcionamento do rádio: é preciso transformar o rádio, convertê-lo de aparelho de distribuição em aparelho de comunicação. O rádio seria o mais fabuloso meio de comunicação imaginável na vida pública, um fantástico sistema de canalização. Isto é, seria se não somente fosse capaz de emitir, como também de receber; portanto, se conseguisse não apenas se fazer escutar pelo ouvinte, mas também pôr-se em comunicação com ele.” (BRECHT, 2005, p.42 ) XX) Já ficou sabendo de eventos da escola pela rádio? 25% Sim 75% Não Figura 31: Gráfico de respostas à pergunta XX. A última pergunta do questionário teve como objetivo detectar se a Rádio Recreio cumpria o papel de meio de informação, ou seja, quis saber dos alunos ouvintes se eles já se informaram de eventos realizados pela escola, como: reunião de pais, festas diversas e funcionamento da escola em horários especiais. A maioria respondeu que sim. Esses comunicados geralmente são impressos em bilhetes, o que gera gasto de recursos, como tinta de impressora e papel, além de tempo, já que um funcionário fica responsável por levar esses bilhetes em cada sala de aula. Com a divulgação dessa informação pelos microfones da Rádio Recreio não há esse tipo de gasto, além de poder repassar o comunicado para um grande número de alunos ao mesmo tempo, já que os mesmos de encontram no horário do intervalo. Isso ressalta a importância de uma comunicação interna efetiva, revelando uma das características do rádio: o imediatismo. Para o jornalista Emílio Prado, o rádio 72 “possui características como instantaneidade, a simultaneidade e a rapidez. Todas elas contribuem assim para fazer do rádio o melhor e mais eficaz meio a serviço da transmissão de fatos atuais. Em vista de tudo isso, é fácil concluir que o rádio é o meio informativo mais adequado.” (PRADO, 1985, p. 18) 3.4.3. Professores O terceiro questionário foi respondido por nove professores de diferentes disciplinas e ambos os sexos. Foram realizadas onze perguntas, sendo sete fechadas, duas abertas e duas dependentes fechadas. XXI) Há quanto tempo ministra aulas nesta escola? (pergunta aberta) PROFESSOR RESPOSTA A 4 anos B C 12 anos 26 anos D 13 anos E 20 anos F 3 anos G 20 anos H 4 anos I Há quase 24 anos Tabela 9: Respostas abertas da pergunta XXI. A primeira pergunta tem como objetivo detectar há quanto tempo os professores lecionam na EMEF Fagundes Varella. Vale observar aqui que quase a metade dos entrevistados leciona na escola há 20 anos ou mais. Isso significa que esses profissionais vivenciaram todas as mudanças físicas, pedagógicas e administrativas que a escola percorreu nas últimas décadas. Também permite cogitar que é um local agradável para trabalhar, já que estão por todo este tempo ministrando aulas no mesmo lugar. 73 XXII) Trabalha com meios de comunicação em suas aulas? 0% Sim 100% Não Figura 32: Gráfico de respostas à pergunta XXII. Todos os entrevistados afirmaram que usam algum tipo de meio de comunicação nas aulas, seja vídeo (trechos de filmes, noticiários, programas de TV), áudio (trechos de músicas e programas de rádio), impressos (jornais, revistas, panfletos) e a própria internet. Tal prática, como explica a jornalista Ynaray Joana da Silva, indica que a educação formal nos dias de hoje já não pode mais prescindir o uso dos meios de comunicação de massa: “Já não é mais possível ignorar a presença dos meios de comunicação na vida dos estudantes. Trata-se de uma realidade para a qual a escola começa a despertar. A sociedade moderna habituou-se a obter informação através da televisão, do rádio, do jornal ou da internet, muito mais do que pelos livros. Como exigir que o jovem – que, no seu cotidiano, tem seus sentidos todos estimulados e interage com as mais diversas linguagens – canalize sua atenção para aulas exclusivamente expositivas?” (SILVA, 2001, p.135) XXIII) Considera importante o uso das mídias (rádio, jornal, televisão e internet) na educação? 0% Sim 100% Não Figura 33: Gráfico de respostas à pergunta XXIII. 74 Todos os entrevistados consideram que o uso das mídias na educação é importante. Os próprios professores afirmam isso com base na pergunta feita anteriormente, já que todos eles utilizam os meios de comunicação nas aulas e das mais variadas formas. Portanto seu uso é indispensável e torna-se essencial no mundo midiático que os jovens de hoje estão imersos. XXIV) Considera importante a escola utilizar de uma rádio como mais uma estratégia pedagógica para educar crianças e adolescentes? 0% Sim 100% Não Figura 34: Gráfico de respostas à pergunta XXIV. Todos os entrevistados julgam importante a escola onde lecionam utilizar-se de uma rádio como mais uma estratégia para educar os estudantes. Dispor de mais uma ferramenta no espaço de trabalho, que acrescente conhecimento de forma prazerosa e estimulante, como a Rádio Recreio fomenta, é fundamental para criar alternativas que reaproximem o jovem da escola. XXV) Conhece a rádio interna que existe em sua escola? 0% Sim 100% Figura 35: Gráfico de respostas à pergunta XXV. Não 75 A Rádio Recreio é conhecida por todos. Todos tem ciência de sua existência, já que 8 dos 9 entrevistados lecionam na escola há 4 anos ou mais, tempo em que a radioescola está implantada. Portanto, a maioria deles acompanhou o nascimento e a concretização do projeto. XXVI) O(A) senhor(a) participa dos projetos da rádio de sua escola? 22% Sim 78% Não Figura 36: Gráfico de respostas à pergunta XXVI. A partir de respostas obtidas anteriormente e diante do resultado acima obtido, uma pergunta se impõe: se todos os professores trabalham com meios de comunicação nas aulas, consideram o seu uso importante na educação e apoiam o uso de uma rádio na escola como mais uma estratégia para educar os estudantes, então por que 78% dos entrevistados não participam dos projetos da Rádio Recreio? Segundo o pesquisador Marcos Baltar, para que um projeto radiofônico na escola dê certo e tenha continuidade, é indispensável à colaboração de todos. Além disso, a rádio escolar também pode transformar a maneira de ministrar aulas com atividades diversificadas: “É importante destacar que a rádio escolar deve ser desenhada a partir da participação democrática de toda a comunidade escolar, que pode sugerir tipos de programas e quadros de seu interesse. É interessante também que os professores da escola vejam a rádio escolar como possibilidade de dar um tratamento diferenciado aos conteúdos de suas disciplinas, de preferência no âmbito tridimensional: conceitual, procedimental e atitudinal.” (BALTAR, 2008, p. 572) 76 XXVII) O(A) senhor(a) usa os programas de rádio produzidos na escola como parte de suas aulas? 22% Sim 78% Não Figura 37: Gráfico de respostas à pergunta XXVII. Os professores afirmaram que usam os meios de comunicação em sala de aula, entre eles o rádio, porém a maioria respondeu que não usa os programetes produzidos pelos alunos da Rádio Recreio. Também não produzem seus próprios programas para a radioescola como uma atividade diferenciada. Os 22% que usam os programetes produzidos existentes ou criam os seus próprios foram direcionados a responder a primeira pergunta dependente do questionário. XXVIII) Observou melhora no processo de ensino-aprendizagem? 0% Sim 100% Não Figura 38: Gráfico de respostas à pergunta XXVIII. Dos 22% que afirmaram usar os programetes da Rádio Recreio durante as suas aulas foram questionados se houve melhora no processo de ensino-aprendizagem. Para todos eles, houve sim. 77 XXIX) Já foi convidado para dar entrevista na rádio? 0% Sim Não 100% Figura 39: Gráfico de respostas à pergunta XXIX. Interessante observar a partir desta questão é que nenhum professor foi convidado a participar de algum programa produzido na Rádio Recreio. Vimos em respostas anteriores que o professor não procura a radioescola para executar nenhum tipo de atividade, porém nesta pergunta analisamos que os alunos produtores também não procuram seus professores para que participem da programação. XXX) E se fosse convidado a participar da programação, aceitaria o convite? 11% Sim 89% Não Figura 40: Gráfico de respostas à pergunta XXX. A segunda pergunta dependente questiona se o professor que fosse convidado participaria da programação. Todos eles afirmaram que participariam. O que podemos analisar seria talvez a falta de iniciativa de ambas as partes. O professor procurar a radioescola para desenvolver atividades, mas também os alunos produtores irem atrás de seus mestres para incentivá-los no uso coletivo da Rádio Recreio e também para se familiarizarem com o projeto. 78 XXXI) Qual sua opinião sobre a Rádio Recreio da EMEF Fagundes Varella? PROFESSOR RESPOSTA A MUITO BOA! É uma grande iniciativa, desenvolvida pela POIE Fátima e os alunos monitores e que tem sido importante para os alunos; infelizmente ainda não foi apropriada pelos demais professores da UE em suas respectivas disciplinas ou em um projeto coletivo. Acho maravilhoso! É um momento de total interação. Acredito que está pautada muito em músicas, pois não há um envolvimento da sala de aula com a Rádio. Muitos professores dizem sobre a importância, mas resistem e se negam a trabalhar de forma mais estreita. Caso fosse considerada importante, seria um dos pilares do Projeto Pedagógico e não o é. Sequer há material necessário para o desenvolvimento adequado dessa atividade no laboratório. Sem resposta. B C D E F G H I É bem legal, pois proporciona a integração entre os alunos. Tenho uma posição muito positiva quanto ao conteúdo e quanto ao desempenho dos alunos de ciclo II envolvidos no projeto, inclusive no ano passado tivemos bons resultados o que contribuiu para avanços significativos também no Ensino Médio e na vida pessoal dos alunos. É um excelente projeto que envolve todos os alunos e favorece a melhoria da qualidade da aprendizagem. Na aprendizagem por projetos, os alunos são protagonistas, atuam como co-autores. Criam autonomia para compartilhar conhecimentos. Tabela 10: Respostas abertas da pergunta XXXI. A última pergunta do questionário foi aberta e teve como meta conhecer a opinião dos professores sobre a Rádio Recreio. A maioria das respostas foram positivas, ou seja, muitos acham o projeto bom, excelente, maravilhoso e importante. No entanto, algumas observações são necessárias. Primeiro a resposta do entrevistado “B”: ele acredita que o projeto é bom para os alunos, porém afirma que o mesmo não foi apropriado para os demais professores da escola. Como vimos anteriormente, a radioescola é democrática, seu uso é livre por todos os membros da unidade escolar e quem vai apropriar e determinar seu uso para a disciplina é o próprio professor interessado em utilizá-la em consonância com os alunos produtores e a professora Fátima. O entrevistado “D” faz uma crítica a radioescola ao afirmar que o foco são as músicas, e por este motivo, a sala de aula não se envolva tanto com o projeto. Outra crítica é em relação aos professores, já que para ele muitos colegas de trabalho consideram o projeto importante, porém não o utilizam da forma que deveriam. Se 79 esse envolvimento fosse estabelecido, seria uma das bases fundamentais para tornar o projeto mais consolidado. O entrevistado “G” observa o bom desempenho dos alunos do ciclo II, de 5ª a 8ª série, envolvidos no projeto. Cita que no ano de 2011 obtiveram bons resultados que contribuíram até na vida pessoal dos alunos e no prosseguimento dos estudos nas séries subsequentes. Um exemplo disso é o ex-aluno Rubens Rocha14, que atualmente cursa o 1º ano do Ensino Médio. Ele participou como aluno produtor da Rádio Recreio no ano de 2011 e essa participação fez com que desenvolvesse diversas habilidades. Atualmente ele estuda em outra escola, e lá participa na criação de peças teatrais e no manuseio de aparelhos eletrônicos em diversos eventos. O carinho e a fascinação que Rubens Rocha criou pela Rádio Recreio foram tanto, que neste ano, mesmo não estudando mais na EMEF Fagundes Varella, teve que pedir permissão ao diretor da escola e para a professora Maria de Fátima Barbosa a retornar ao projeto da Rádio Recreio e auxiliar os demais oito alunos que fazem parte da produção atualmente. Por fim, e analisando as respostas dadas para esta questão, vale a pena refletir naquilo que diz o pesquisador Adilson Citelli: “Enquanto o ritmo das aulas e o tempo dos discursos didáticos insistem na adoção de procedimentos discursivamente fechados, de pouca ou nenhuma plasticidade signica, orientados na perspectiva do que poderíamos chamar, respeitada a força da metáfora, de “mundo industrial”, os alunos dialogam crescentemente com as linguagens não-escolares, referentes a “revolução digital”, desenvolvendo, em consequência, outras formas de perceber, ver e sentir as coisas: desenha-se um novo tipo de sensorium.” (CITELLI, 2004, p. 161) Importante lembrar que, durante os quatro anos em que a radioescola está implantada, esta é a primeira pesquisa que foi realizada e que ouviu alunos e professores para saber suas opiniões sobre a Rádio Recreio. Por este motivo, o autor desta pesquisa se comprometeu a enviar todos os dados obtidos nesta pesquisa de campo para a coordenação pedagógica e para a professora Fátima, a fim de avaliarem o andamento da radioescola existente e buscar alternativas, a partir desta pesquisa, para melhorarem o seu desempenho e uso pelos demais membros da comunidade escolar. 14 Entrevista concedida para o autor em 03 de setembro de 2012 na sala de informática da EMEF Fagundes Varella. A entrevista na íntegra encontra-se em anexo a este trabalho. 80 Essa nova relação do jovem com o rádio, sobretudo na escola, reforça a necessidade de resgatar as origens desse meio de comunicação e a partir dessas práticas pedagógicas inclusivas, transformá-lo: “O rádio, como suporte, considerando todas as características de consumo midiático de parte dos jovens, pode somar-se a qualquer outro suporte multimídiatico. Na verdade, já está presente em boa parte dos modernos smartphones que saem da indústria. Talvez o grande problema no relacionamento rádio e jovens venha a ser o tradicional modelo de distribuição de conteúdo, linear, com decisão centralizada de programação, sem possibilidade de interação ou exposição pessoal mínima. Possivelmente dessa provocação do grupo jovem, que ainda desconhece seu poder nesta sociedade do consumo, possa começar o processo de reinvenção do rádio.” (CUNHA, 2010, p.185) 81 CONSIDERAÇÕES FINAIS Como pudemos observar ao longo desta pesquisa, o meio rádio passou por diversas reinvenções ao longo do tempo para poder se adaptar a sociedade altamente midiática que vivemos atualmente. Como visto, não durou nem uma década para o rádio deixar de lado sua essência educativa para se tornar um produto mercadológico. Os anos se passaram, mas a educação sempre vinha de alguma forma se relacionando com o rádio: o Movimento de Educação de Base, o projeto Minerva, as rádios educativas e universitárias são exemplos disso em diferentes momentos da história do país. A importância de levar o rádio pra dentro da escola também foi observada. A radioescola é um projeto que hoje está multiplicado em várias escolas do país e faz um resgate as origens do rádio. A proposta adotada pela Secretaria Municipal de Educação da cidade de São Paulo, desde o ano de 2004, prova que o rádio vem ganhando força, principalmente entre os jovens dentro do ambiente escolar. A sua utilização como prática de inclusão, seja na parte pedagógica, quanto na parte comportamental, vem estimulando educadores e educandos a desenvolver inúmeras competências. A partir da pesquisa de campo realizada na EMEF Fagundes Varella, que é uma das várias escolas que desenvolvem práticas educomunicativas a partir da lei EDUCOM na cidade, concluímos que a radioescola é uma atividade diferenciada, tem o poder de despertar diversas habilidades em toda a comunidade escolar e torna o processo de ensino-aprendizagem muito mais estimulante. A começar pelos alunos produtores da Rádio Recreio: eles são os que mais se beneficiam com o projeto. Estão na escola em tempo integral aprendendo, já que se soma o tempo em que ele estuda normalmente em sala de aula mais o tempo em que ele se dispõe ao projeto. Podemos observar também que para maioria dos participantes, que está há um bom tempo produzindo a Rádio Recreio, houve melhora significativa das notas nas avaliações. Eles estão percebendo, acompanhando e compartilhando aquilo que é notícia, não só na sua região, mas no mundo. Também possuem mais facilidade ao escrever textos e redações, se sentem muito mais estimulados a participarem das atividades propostas pela unidade escolar, já que o sentimento de pertencer à escola torna-se mais evidente e com 82 isso o seu relacionamento com os diversos membros da comunidade escolar melhoraram. Os alunos ouvintes, que de longe não podemos chamar mais de receptores, pois não cumprem o papel apenas de receber a mensagem, também são estimulados a participarem da programação. Eles sabem da existência da radioescola, da sua importância, do que é transmitido e alguns muitas vezes participam da produção esporadicamente. Também são informados sobre acontecimentos que ocorrem dentro dos próprios muros da escola e isso evidencia a importância de uma comunicação interna efetiva: saber o que se passa dentro da escola, das atividades que são propostas e dos eventos que são produzidos. Percebemos aqui que se quebra o modelo funcionalista da comunicação, quando um grupo pequeno de emissores transmite informação para muitos receptores. A comunicação deixa de ser unidirecional e passa a ser dialógica, ou seja, quem recebe a informação também pode participar democraticamente das transmissões. Mas há também um contraponto: apesar da Radio Recreio promover todas essas transformações sociais e educativas dentro do espaço escolar, ela ainda não chega a ser um veículo de comunicação que abrace todos os personagens da escola. Um exemplo disso são os professores. Eles, por sua vez, possuem uma importante ferramenta de ensino ao seu dispor, porém não a utilizam como deveriam ou desconhecem o seu potencial. Por meio dos resultados obtidos na pesquisa entendemos que há uma contradição: todos os entrevistados trabalham com meios de comunicação em suas disciplinas, mas a maioria não se utiliza da Rádio Recreio nas aulas. Mas a radioescola também pode chegar fora dos muros da escola. O acesso a computadores com internet banda larga na sala de informática somada à facilidade de criação de sites e blogs na rede faz com que todo o conteúdo divulgado na Rádio Recreio seja acessado por qualquer usuário no planeta. Isso significa que não só os próprios alunos, parentes dos alunos, ex-alunos, professores e funcionários da escola possam acompanham a programação, mas pessoas de diferentes cidades podem ter uma visão interna de como é a EMEF Fagundes Varella, saber de projetos que a escola promove, e partir disso interagir e trocar experiências. Visando essa divulgação e do importante retorno daquilo que é promovido para a comunidade escolar, os alunos produtores, após as visitas do autor a escola, 83 retomaram as publicações no blog oficial. Já podemos encontrar não só fotos e notícias dos eventos que ocorrem, mas algumas produções radiofônicas também. Podemos observar também a importância que a administração pública dá ao projeto, quando foram realizadas na metade do ano duas audiências públicas para atualizar a lei que rege o programa “Nas Ondas do Rádio”. Foram ouvidos representantes de escolas, da USP e da sociedade em geral. Isso revela a vontade de continuar com o projeto e poder cada vez mais aprimorá-lo. Com o exemplo da radioescola, não se deve mais deixar de não falar em utilizar as tecnologias da informação e comunicação na escola. Os jovens de hoje vivem em um universo digital paralelo e isso precisa ser explorado no cotidiano da sala de aula. A partir do contato com uma mídia como o rádio, pouco utilizada pelo jovem perante as outras mídias como a televisão e internet, faz com que ele se familiarize com o meio, possa extrair conhecimento dele e até mesmo buscar novas formas de como utilizá-lo e reinventá-lo. 84 REFERÊNCIAS Bibliografia ADEVE, José Luiz et al. Educomunicação em Movimento. São Paulo: Fundação Tide Setúbal, 2012. ASSUMPÇÃO, Zeneida Alves. A Rádio no Espaço Escolar: Para Falar e Escrever Melhor. 1. ed. São Paulo: Annablume, 2009. ________________________. Radioescola: uma proposta para o ensino de primeiro grau. 1. ed. São Paulo: Annablume, 1999. BALTAR, Marcos. 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Carta de Agradecimento Prezado Luiz Henrique Quarentani Junior, Agradecemos a todos(as) pela participação no Encontro sobre EDUCOM.RÁDIO: atualização da Lei nº 13941/04 (24/05/12). Aproveitamos a oportunidade para reiterar a continuidade dos trabalhos no próximo dia 22 de Junho de 2012, sexta-feira, das 13:30 às 17:00 horas, na Câmara Municipal de São Paulo, Auditório Prestes Maia – 1º andar. Lembramos, ainda, que as propostas de alteração da Lei nº13941/04 poderão ser encaminhadas até 15 de Junho, para o Gabinete do Vereador Carlos Neder ([email protected]). Certo de contar com sua participação, aceite, antecipadamente, protestos de estima e consideração. Carlos Neder Vereador - PT 92 ANEXO III PROGRAMAÇÃO DO II ENCONTRO SOBRE EDUCOM.RADIO 93 ANEXO IV CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO DO I ENCONTRO SOBRE EDUCOM.RADIO 94 ANEXO V CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO DO II ENCONTRO SOBRE EDUCOM.RADIO 95 ANEXO VI PROTOCOLO DE ENTREGA DE VOLUMES PARA PRÉ-BANCA 96 ANEXO VII LEI Nº 13.941, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2004 PROGRAMA “EDUCOMUNICAÇÃO PELAS ONDAS DO RÁDIO” (Projeto de Lei nº 556/02, do Vereador Carlos Neder - PT) Institui o Programa EDUCOM-Educomunicação pelas ondas do rádio, no Município de São Paulo, e dá outras providências. MARTA SUPLICY, Prefeita do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 16 de dezembro de 2004, decretou e eu promulgo a seguinte lei: Art. 1º Fica instituído o Programa EDUCOM-Educomunicação pelas ondas do rádio, no âmbito da Administração Municipal. § 1º Para os fins da presente lei, entende-se por educomunicação o conjunto dos procedimentos voltados ao planejamento e implementação de processos e recursos da comunicação e da informação, nos espaços destinados à educação e à cultura, sob a responsabilidade do Poder Público Municipal, inclusive no âmbito das Subprefeituras e demais Secretarias e órgãos envolvidos. § 2º Visa o Programa instituído por esta lei ampliar as habilidades e competências no uso das tecnologias, de forma a favorecer a expressão de todos os membros da comunidade escolar, incluindo dirigentes, coordenadores, professores, alunos, exalunos e demais membros da comunidade do entorno. § 3º O Programa de que trata esta lei e o conceito de educomunicação contemplam a análise crítica e o uso educativo-cultural, não apenas do rádio mas de todos os recursos da comunicação, garantindo-se, para tanto, uma gestão democrática de tais processos e recursos, de forma a facilitar a aprendizagem e o exercício pleno da cidadania. Art. 2º Os objetivos do Programa são: I - desenvolver e articular práticas de educomunicação, incluindo a radiodifusão restrita, a radiodifusão comunitária, bem como toda forma de veiculação midiática, de acordo com a legislação vigente, no âmbito da administração municipal; II - incentivar atividades de rádio e televisão comunitária em equipamentos públicos, nos termos da legislação vigente; III - capacitar, em atividades de educomunicação, os dirigentes e coordenadores de escolas e equipamentos de cultura do Município, inclusive no âmbito das Subprefeituras e demais Secretarias e órgãos envolvidos, assim como professores, estudantes e demais membros da comunidade escolar; 97 IV - incentivar atividades de educomunicação relacionadas à introdução dos recursos da comunicação e da informação nos espaços públicos e privados voltados à educação e à cultura; V - capacitar os servidores públicos municipais em atividades de educomunicação; VI - incorporar, na prática pedagógica, a relação da comunicação com os eixos temáticos previstos nos parâmetros curriculares; VII - apoiar a prática da educomunicação nas ações intersetoriais, em especial nas áreas de educação, cultura, saúde, esporte e meio ambiente, no âmbito das diversas Secretarias e órgãos municipais, bem como das Subprefeituras; VIII - desenvolver ações de cidadania no campo da educomunicação dirigidas a crianças e adolescentes; IX - aumentar o vínculo estabelecido entre os equipamentos públicos e a comunidade, nas ações de prevenção de violência e de promoção da paz, através do uso de recursos tecnológicos que facilitem a expressão e a comunicação. Art. 3º Para implementar o Programa instituído por esta lei, caberá ao Poder Executivo a constituição de um Comitê Gestor, cuja composição e competências específicas serão definidas em decreto. § 1º Fica assegurada a participação no Comitê Gestor das diversas Secretarias afetas ao programa, de representantes de universidades que desenvolvam pesquisas e práticas de educomunicação, de grêmios estudantis das escolas municipais e demais entidades representativas da comunidade escolar, do Sindicato dos Jornalistas, do Sindicato dos Radialistas e de entidades voltadas ao desenvolvimento da prática da comunicação educativa. § 2º A composição do Comitê Gestor deverá observar a paridade entre a representação da sociedade civil com relação aos demais segmentos. Art. 4º Fica autorizado o aporte de recursos de instituições públicas ou privadas, interessadas em financiar o Programa EDUCOM-Educomunicação pelas ondas do rádio. Art. 5º As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. Art. 6º Esta lei será regulamentada no prazo de 60 (sessenta) dias, contados de sua publicação. Art. 7º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 28 de dezembro de 2004, 451º da fundação de São Paulo. MARTA SUPLICY, PREFEITA 98 LUIZ TARCÍSIO TEIXEIRA FERREIRA, Secretário dos Negócios Jurídicos LUÍS CARLOS FERNANDES AFONSO, Secretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico MARIA APARECIDA PEREZ, Secretária Municipal de Educação CELSO FRATESCHI, Secretário Municipal de Cultura Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 28 de dezembro de 2004. RUI GOETHE DA COSTA FALCÃO, Secretário do Governo Municipal 99 ANEXO VIII DECRETO Nº 46.211, DE 15 DE AGOSTO DE 2005 Regulamenta o Programa EDUCOM - Educomunicação pelas ondas do rádio, instituído no Município de São Paulo pela Lei nº 13.941, de 28 de dezembro de 2004. JOSÉ SERRA, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei, D E C R E T A: Art. 1º. O Programa EDUCOM - Educomunicação pelas ondas do rádio, instituído no Município de São Paulo pela Lei nº 13.941, de 28 de dezembro de 2004, será implementado nos termos deste decreto. Art. 2º. Para os fins deste decreto, considera-se educomunicação a inter-relação entre processos e tecnologias da informação e da comunicação e as demais áreas do conhecimento e da vida social, ampliando as habilidades e competências e envolvendo diversas linguagens e formas de expressão para a construção da cidadania. Art. 3º. A prática educomunicativa será desenvolvida por meio de projetos destinados a: I - possibilitar a alfabetização midiática da população; II - ampliar o acesso da população atendida pelo sistema de educação e cultura do Município às tecnologias da informação e da comunicação; III - promover a gestão dos estúdios de rádio ou de multimeios disponibilizados tanto nas unidades educacionais quanto nos equipamentos de cultura da Prefeitura do Município de São Paulo, propiciando que a população colabore com o Poder Público na difusão de informações de interesse da educação, saúde, esporte, cultura e meio ambiente; IV - capacitar crianças e adolescentes para o uso da linguagem radiofônica e dos demais recursos da comunicação, considerando as particularidades das comunidades envolvidas, respeitada a legislação em vigor; V - incentivar especialmente a prática da radiodifusão de interesse público, mediante projetos nas áreas de rádio e televisão comunitárias; VI - implementar formas coletivas de expressão como as festas populares e folclóricas e a dança, que resgatam a identidade coletiva, expressa na cultura popular. 100 Art. 4º. Compete às Secretarias Municipais de Educação, Cultura, Saúde, Esportes, Lazer e Recreação e do Verde e Meio Ambiente, bem como aos demais órgãos municipais e às Subprefeituras: I - incluir as práticas educomunicativas em seus planejamentos anuais; II - designar funcionários devidamente capacitados para implementá-las e coordenálas; III - destinar recursos financeiros para as despesas decorrentes. Art. 5º. No caso específico da Secretaria Municipal de Educação, o Programa EDUCOM - Educomunicação pelas ondas do rádio será desenvolvido precipuamente nas unidades educacionais, articulado ao seu projeto pedagógico, na perspectiva de se instalar uma rede de comunicação que estimule a utilização de diferentes linguagens, em especial a radiofônica, na formação da competência comunicativa e da construção da leitura e da escrita. Parágrafo único. As atividades do Programa EDUCOM deverão integrar o Programa "São Paulo é uma Escola", sendo desenvolvidas prioritariamente em horário extraescolar. Art. 6º. Incumbe, ainda, à Secretaria Municipal de Educação: I - assegurar o equipamento de produção e transmissão radiofônica às escolas municipais já beneficiadas pelo programa em desenvolvimento; II - ampliar, gradativamente, o número de escolas envolvidas no programa, abrangendo os membros da comunidade escolar e do entorno, inclusive os diretores, coordenadores pedagógicos, professores, servidores, alunos e ex-alunos; III - assegurar a manutenção do equipamento que produz e transmite os programas radiofônicos nas escolas municipais já beneficiadas e nas que virão a fazer parte do programa; IV - promover, por meio da Diretoria de Orientação Técnica da Secretaria Municipal de Educação, cursos de formação inicial e continuada a todos os envolvidos; V - acompanhar e avaliar, por intermédio das Coordenadorias de Educação, as atividades desenvolvidas no programa. Art. 7º. As Secretarias e órgãos envolvidos poderão firmar convênios ou acordos de cooperação com instituições públicas ou privadas para a viabilização do Programa EDUCOM. Art. 8º. Fica constituído, no âmbito da Prefeitura do Município de São Paulo e vinculado à Secretaria Municipal de Educação, o Comitê Gestor encarregado da implantação e implementação do programa de que trata este decreto. 101 § 1º. No prazo máximo de 30 (trinta) dias a contar da publicação deste decreto, o Comitê Gestor será constituído, devendo ser integrado, por 1 (um) representante de cada uma das seguintes Secretarias, segmentos e entidades da sociedade civil, na seguinte conformidade: I - Secretaria Municipal de Educação; II - Secretaria Municipal da Saúde; III - Secretaria Municipal de Cultura; IV - Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação; V - Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente; VI - instituições de ensino superior com experiência em docência e pesquisa na área de educomunicação; VII - grêmios estudantis das escolas municipais; VIII - professores da Rede Pública Municipal de Ensino; IX - Sindicato dos Jornalistas; X - Sindicato dos Radialistas; XI - entidades voltadas ao desenvolvimento da prática da comunicação educativa. § 2º. Cada representante contará com um suplente. § 3º. O Comitê Gestor elegerá seu Presidente, Vice-Presidente e Secretário Executivo para mandato de 1 (um) ano, renovável por uma vez. § 4º. O mandato dos demais membros do Comitê Gestor será de 2 (dois) anos, renovável por uma vez. § 5º. O Comitê Gestor reunir-se-á, ordinariamente, uma vez a cada 2 (dois) meses e, extraordinariamente, quando convocado por seu Presidente. § 6º. As atividades do Comitê Gestor não serão remuneradas. Art. 9º. São competências do Comitê Gestor: I - definir diretrizes gerais para a implantação e implementação do programa; II - sugerir ações educomunicativas a serem promovidas pelas Secretarias e órgãos municipais; III - credenciar instituições prestadoras de serviço ou universidades candidatas às ações de formação; 102 IV - acompanhar e avaliar os programas desenvolvidos pelas Secretarias e órgãos municipais, objetivando seu redimensionamento; V - estabelecer contatos com a Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, a fim de viabilizar o desenvolvimento do programa. Art. 10. As despesas decorrentes da execução deste decreto correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. Art. 11. Este decreto entrará em vigor na data de sua publicação. PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 15 de agosto de 2005, 452º da fundação de São Paulo. JOSÉ SERRA, PREFEITO JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI, Secretário Municipal de Educação Publicado na Secretaria do Governo Municipal, em 15 de agosto de 2005. ALOYSIO NUNES FERREIRA FILHO, Secretário do Governo Municipal 103 ANEXO IX PORTARIA 5792/09 DE DEZEMBRO DE 2009 Define normas complementares e procedimentos para a implementação do “Programa nas Ondas do Rádio”, nas Escolas Municipais de Educação Infantil – EMEIs, Escolas Municipais de Ensino Fundamental – EMEFs, Centros Integrados de Educação de Jovens e Adultos – CIEJAs, Escolas Municipais de Educação Especial – EMEEs, Escolas Municipais de Ensino Fundamental e Médio – EMEFMs , e dá outras providências O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições legais e, CONSIDERANDO: - o disposto na Lei Federal nº 9.394/96, em especial, no inciso X do art. 3º ; - o contido na Lei Municipal nº 13.941/04 que institui o “Programa Pelas Ondas do Rádio”, regulamentada pelo Decreto nº 46.211/05 ; - a possibilidade de articulação do Programa com outros de natureza curricular que integram a Política Educacional da Secretaria Municipal de Educação; - a necessidade de desenvolver ações que promovam o protagonismo infantojuvenil, por meio da Comunicação Midiática e o uso das tecnologias para produção midiática; RESOLVE: Art. 1º - O “Programa nas Ondas do Rádio”, desenvolvido sob a coordenação de educadores das U.E que mantêm a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, adotará as seguintes estratégias de implementação: I- Incentivo à elaboração de projetos Educomunicativos nas Unidades Educacionais que envolvam a linguagem impressa (jornal, mural, jornal comunitário, fotografia, fanzine, história em quadrinhos), radiofônica (rádios escolares), audiovisuais (cinema, vídeo) e digitais (blog, podcast), além de outras formas de comunicação que atendam a evolução tecnológica; II – Formação dos participantes do programa, por meio de cursos e formação continuada envolvendo professores, alunos e funcionários de cada Unidade Educacional. III – Produção de material didático e demais recursos utilizados e produzidos nos cursos e formação continuada. Art. 2º - São objetivos gerais do “Programa nas Ondas do Rádio”, além dos contidos na pertinente legislação em vigor: 104 I – Promover o protagonismo infanto-juvenil por meio das tecnologias da informação e da comunicação; II – Contribuir para o desenvolvimento da competência leitora e escritora e das expressões comunicativas dos alunos; III – Possibilitar o desenvolvimento da expressão comunicativa; IV – Contribuir para a integração entre professores, alunos e comunidade. Art. 3º - São objetivos específicos do “Programa nas Ondas do Rádio” no que se refere às expectativas de aprendizagem: I – Na Educação Infantil: a) Contribuir para a apropriação das diversas linguagens que circulam no meio sociocultural, tanto as verbais quanto as artísticas; b) Contribuir para a exploração de recursos tecnológicos e midiáticos; c) Contribuir para o desenvolvimento da expressividade e da exploração da linguagem verbal das crianças por meio da vivência de experiências com as linguagens midiáticas; II – No Ensino Fundamental/EJA e Médio: a) Contribuir para o desenvolvimento das competências leitora e escritora e da expressão comunicativa dos alunos; b) Contribuir para o desenvolvimento de competências para o uso das tecnologias na comunicação; c) Ampliar o universo cultural e intelectual do participante proporcionando atividades de pesquisa em diferentes fontes de produção de textos e de informação; d) Desenvolver atividades e projetos voltados para a inclusão midiática e tecnológica dos alunos. III – Na articulação com as áreas do conhecimento: a) Possibilitar o aperfeiçoamento da leitura e da escrita por meio de atividades voltadas à produção colaborativa de pautas para as produções envolvendo as várias linguagens da comunicação; b) Promover o desenvolvimento das competências comunicativas, do trabalho em equipe, da vivência ética e do uso das tecnologias informatizadas; c) Contribuir para a formação global no desenvolvimento de produções que possibilitem a inclusão dos temas transversais dos Parâmetros Curriculares 105 Nacionais, a saber: Meio Ambiente, Orientação Sexual, Saúde, Pluralidade Cultural, Ética e Trabalho e Consumo. IV – Na Informática Educativa: a) Promover ações voltadas a conscientizar os diferentes públicos das Unidades Educacionais no uso educativo e ético da produção cultural disponibilizada na Internet; b) Desenvolver projetos que utilizem softwares nas produções midiáticas (editor de texto, áudio, vídeo, fotografia, etc.); c) Promover a publicação das produções da comunidade educativa em meios digitais, tais como blogs, podcast, videocast; d) Desenvolver atividades de pesquisa de conteúdo na internet para produção de pautas para programas de rádio, produções em vídeo, textos para blog e para publicações impressas tais como (jornal mural, fanzine, jornal comunitário). V – No desenvolvimento de atividades com alunos com necessidades educacionais especiais: a) Capacitar professores e alunos para o uso das linguagens e recursos para o desenvolvimento de produção midiática no espaço escolar e para publicação de conteúdos e produções desenvolvidas pelos alunos na internet. Parágrafo Único – O “Programa Nas Ondas do Rádio”, terá suas atividades desenvolvidas em consonância com o Projeto Pedagógico das Unidades Educacionais e com as Diretrizes Curriculares da Secretaria Municipal de Educação. Art. 4º - As Unidades Educacionais interessadas em aderir o “Programa nas Ondas do Rádio” deverão elaborar seus Projetos Especiais de Ação – PEAS como parte integrante do Projeto Pedagógico da Escola, contendo: I- Justificativa; II – Objetivos; III – Conteúdos e articulação com o Projeto Pedagógico; IV – Procedimentos metodológicos; V – Cronograma das turmas; VI – Recursos materiais; VII – Acompanhamento e avaliação; VIII – Referências bibliográficas; 106 IX – Parecer da Equipe Técnica; X – Homologação do Supervisor Escolar § 1º - Poderão desenvolver o “Programa nas Ondas do Rádio”: Professor de Educação Infantil e Ensino Fundamental I, Professor de Ensino Fundamental II e Médio e demais funcionários da Unidade Educacional; § 2º - As atividades dos projetos pertencentes ao “Programa nas Ondas do Rádio”, poderão ser desenvolvidas dentro do horário regular de aulas ou em ampliação ao tempo de permanência do aluno na escola, nas suas várias especificidades e linguagens conforme segue: rádio escolar, jornal mural, jornal comunitário, fotografia, cinema e vídeo; blog, podcast; § 3º - As escolas poderão desenvolver o projeto Agência de Notícias Imprensa Jovem para atividades de cobertura de eventos, produção e publicação de conteúdo informativo para a comunidade escolar que poderá ser veiculado nos rádios escolares, jornal mural, blog, entre outros; § 4º - Os projetos vinculados ao “Programa nas Ondas do Rádio”, nas suas várias especificidades e linguagens desenvolvidas em horário complementar ao das aulas regulares, observarão as seguintes orientações: a) Poderão ser formadas uma ou mais turmas na Unidade Educacional; b) Cada turma será formada, preferencialmente, com no mínimo de 15 (quinze) alunos; c) As atividades com as turmas deverão ser distribuídas no decorrer da semana, perfazendo um total de 4 (quatro) a 10 (dez) horas-aulas semanais, para o atendimento às turmas; d) Poderão ser organizados ambientes próprios tais como estúdios de rádio para o desenvolvimento das atividades propostas; e) Caberá à Equipe Técnica oferecer as condições de infra-estrutura para o desenvolvimento das atividades e incentivar a integração do Programa às diferentes Áreas de Conhecimento e espaços pedagógicos; f) Os participantes do “Programa nas Ondas do Rádio”, terão acesso ao Laboratório de Informática Educativa em horários pré-estabelecidos pelo Diretor da Escola para realização de pesquisa, produção e publicação de textos. § 5º - O Professor será remunerado a título de Jornada Especial de Trabalho Excedente – TEX, nos termos da legislação vigente. Art. 5º Caberá: I – Ao Diretor de Escola da Unidade Educacional: 107 a) Encaminhar o projeto ao Conselho de Escola para apreciação e aprovação por seus membros e enviá-lo a DRE para análise e homologação do Supervisor Escolar; b) Assegurar, acompanhar e avaliar em conjunto com o Coordenador Pedagógico e o Professor envolvido, a efetiva realização do projeto na Unidade Educacional, considerando sua importância como instrumento pedagógico complementar; II – Ao Coordenador Pedagógico: a) Orientar, acompanhar e avaliar o desenvolvimento do projeto na Unidade Educacional; b) Encaminhar anualmente dados estatísticos do projeto à Diretoria Regional de Educação – Divisão de Orientação Técnico-Pedagógica, contendo as seguintes informações: Professores e demais Funcionários participantes e sua habilitação; número total de alunos da Unidade Educacional; número de alunos envolvidos no projeto. III – Ao Professor e demais Educadores envolvidos: a) Construir em conjunto com o Coordenador Pedagógico, instrumentos de registro que possibilitem o acompanhamento e avaliação do projeto; b) Participar de congressos e eventos quando convidado pela Diretoria Regional de Educação ou por DOT/SME, desde que não haja prejuízo para o desenvolvimento das atividades cotidianas da Unidade; c) Acompanhar as turmas envolvidas no “Projeto Imprensa Jovem Agência de Notícia” integrante do “Programa nas Ondas do Rádio”, em eventos de cobertura jornalística realizados na Cidade de São Paulo, desde que hão haja prejuízo para o desenvolvimento das atividades cotidianas na Unidade. Art. 6º - Os casos omissos ou excepcionais não contemplados nesta Portaria, serão resolvidos pela Equipe Técnica da Unidade Educacional em conjunto com o Supervisor Escolar, ouvida, se necessário, a DOT/SME. Art. 7º - Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. 108 ANEXO X PORTARIA 2750/11 DE 27 MAIO DE 2011 Regulamenta o Decreto nº 52.342 de 26/05/11 que institui o Programa “Ampliar” nas Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino e dá outras providências. O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições legais e, CONSIDERANDO: - o disposto no Decreto nº 52.342, de 26/05/11, que institui o Programa Ampliar nas Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino; - o compromisso da Administração Municipal de ampliar, gradativamente, o tempo de permanência dos alunos nas escolas, disposto no Programa de Metas da Cidade de São Paulo – Agenda 2012, estabelecida pela Emenda nº 30 à Lei Orgânica do Município de São Paulo; - o compromisso da Administração Municipal com o alcance das metas de aprendizagem para os alunos do Ensino Fundamental estabelecidas no Plano Plurianual do Município de São Paulo (Lei e artigo); RESOLVE: Art. 1º - O Programa “Ampliar” nas Unidades Educacionais da Rede Municipal de Ensino, instituído pelo Decreto nº 52.342, de 26/05/11, observará os dispositivos constantes na presente Portaria. Art. 2º - O Programa “Ampliar” deverá ser implantado gradativamente nas Unidades Educacionais terá como objetivos: I – ampliar o tempo de permanência do aluno na escola, por meio de ações sistematizadas de caráter educacional que promovam: a) a melhoria do desenvolvimento e das aprendizagens dos alunos; b) o protagonismo dos alunos; c) o enriquecimento curricular; d) a melhoria do convívio. II – assegurar momentos de organização de estudos de recuperação paralela para os alunos com aproveitamento insuficiente; III – potencializar o uso de todos os recursos e espaços disponíveis ampliando os ambientes de aprendizagem para alunos e professores. 109 Art. 3º - O Programa “Ampliar” será constituído de atividades curriculares de caráter educacional envolvendo, com prioridade, atividades de recuperação de aprendizagem, bem como atividades de cunho social, esportivo ou cultural, articuladas ao Projeto Pedagógico da escola. Art. 4º Deverão integrar o Programa Ampliar, os programas e projetos já existentes na Rede Municipal de Ensino, em especial: I – Projetos envolvendo os Laboratórios de Informática Educativa; II – Projetos envolvendo as Salas de Leitura; III – Programa de Estudos de Recuperação; IV – Bandas e Fanfarras; V – Esporte Escolar; VI – Xadrez; VII – Nas Ondas do Rádio; VIII – Aluno Monitor Parágrafo Único – Além dos programas e projetos mencionados no “caput” deste artigo, as Unidades Educacionais poderão optar por projetos próprios, de caráter educacional, desenvolvidos a partir de uma necessidade apontada no Projeto Pedagógico. Art.5º - O Programa Ampliar destina-se, prioritariamente, aos alunos matriculados nas Escolas de Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino, organizadas em dois turnos diurnos ou dois turnos diurnos e um noturno, e consiste na oferta de atividades curriculares em ampliação ao seu tempo de permanência na Escola para, até, 7 (sete) horas diárias. § 1º – Nas atividades de enriquecimento curricular programadas para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos com aproveitamento insuficiente será priorizado o atendimento aos matriculados nos 4ºs anos do Ciclo I ao 4ºs anos do Ciclo II do Ensino Fundamental. § 2º - As turmas do Programa “Ampliar”, serão formadas com, no máximo: a) 20(vinte) alunos, nas Escolas Municipais de Ensino Fundamental e de Ensino Fundamental e Médio, respeitadas as disposições específicas vigentes; b) 05(cinco) alunos, nas Escolas Municipais de Educação Especial; § 3º – As atividades serão oferecidas em horário diverso ao da escolarização, caracterizando-se como contraturno e poderão variar de uma a cinco sessões semanais com uma ou duas horas de duração cada. 110 § 4º - Para os alunos envolvidos a duração das atividades será computada em horas-relógio, incluindo a organização das turmas, alimentação, higienização, fluxo de entrada e saída. § 5º - As Unidades Educacionais com três turnos diurnos ou quatro turnos poderão ampliar o horário de atendimento aos alunos mediante projetos específicos a serem aprovados pelo Conselho de Escola, com manifestação da Diretoria Regional de Educação – DRE. § 6º - O Programa “Ampliar” poderá ser realizado nas Escolas Municipais de Educação Infantil – EMEIs, mediante justificativa fundamentada da Unidade Educacional e aprovação do Conselho de Escola, ficando condicionado à autorização prévia da respectiva Diretoria Regional de Educação – DRE e da Secretaria Municipal de Educação – SME – DOT. § 7º - As Unidades Educacionais vinculadas aos Centros Educacionais Unificados – CEUs integrarão o Programa “Ampliar”, observadas as normatizações e especificidades próprias desses equipamentos. Art. 6º - O Programa “Ampliar” será estruturado em 5(cinco) Etapas a saber: I – Etapa 1 – Diagnóstico das necessidades dos alunos, levantamento dos projetos oferecidos pela Unidade e condições para sua continuidade para implantação de novos; II – Etapa 2 – Gerenciamento do Programa e levantamento dos professores interessados na sua adesão, bem como da necessidade de contratação de especialistas das áreas envolvidas; III – Etapa 3 - Planejamento das Ações com definição dos projetos que terão continuidade ou serão desenvolvidos na Unidade Educacional; IV – Etapa 4 - Execução e acompanhamento do Programa; V – Etapa 5 – Avaliação e possíveis readequações do Programa. Art. 7º - Caberá a cada Unidade Educacional, de acordo com as suas necessidades e possibilidades, organizar os horários e as atividades propostas para os Ciclos I e II do Ensino Fundamental, sintetizando-as em um único Programa, que deverá conter: I – Justificativa; II – Objetivos Gerais do Programa “Ampliar” na U.E.; III – Metas Gerais do Programa “Ampliar” na U.E.; IV – Indicação dos Projetos que comporão o Programa; V – Carga Horária do Programa e de cada Projeto; 111 VI – Cronograma das turmas; VII– Recursos materiais e humanos; VIII – Previsão trimestral de gastos; IX - Referências bibliográficas; X – Parecer da Equipe Técnica; XI– Aprovação do Conselho de Escola; XII – Manifestação do Supervisor Escolar; XIII – Homologação do Diretor Regional de Educação. Art. 8º - Em conformidade com as disposições vigentes, as atividades que compõem o Programa “Ampliar” serão ministradas por: I - “Professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental I” e “Professores de Ensino Fundamental II e Médio”, interessados e em exercício na Unidade Educacional, em horário além da sua carga horária regular, percebendo a remuneração das horas-aula correspondentes como Jornada Especial de HorasAula Excedentes – JEX, respeitados os limites previstos na Lei 14.660, de 26/12/07 e observadas as disposições do Decreto nº 49.589, de 09/06/08. II – Professores designados para as atividades relativas aos programas oferecidos pela Secretaria Municipal de Educação nos termos do artigo 4º desta Portaria. III – Especialistas dos CEUs; IV - Especialistas para as demais atividades curriculares mencionadas no artigo 4º desta Portaria, observada a legislação aplicável, mediante credenciamento com regras a serem definidas oportunamente. Parágrafo Único – Para os docentes mencionados nos incisos I e II deste artigo, a discussão e elaboração do Programa, bem como as atividades de formação docente serão remuneradas como Jornada Especial de Trabalho Excedente – TEX, não devendo exceder a 4 (quatro) horas-aula mensais para o professor em Jornada Especial Integral de Formação – JEIF e 6(seis) horas mensais para o professor em Jornada Básica do Docente - JBD, observado o limite previsto na Lei nº 14.660/2007. Art. 9º - Caberá à Equipe Gestora da Unidade Educacional a implantação e o acompanhamento do Programa em todas as suas etapas, em especial: I – elaborar o plano de adesão ao Programa que atenda a todos os critérios, articulando o desenvolvimento das atividades programadas com o Projeto Pedagógico; 112 II – divulgar o Programa à comunidade escolar, em especial, ao corpo docente com o objetivo de ampliar sua participação na realização das atividades complementares; III – inscrever os alunos em consonância com os critérios estabelecidos para o Programa; IV – encaminhar os profissionais que atuarão no Programa para a formação específica, assegurando o seu constante aprimoramento; V – controlar a freqüência diária dos alunos inscritos no Programa; VI – assegurar os registros de cada uma das etapas bem como a avaliação periódica e final dos resultados, visando ao redimensionamento do Programa. Art. 10 - Definida a adesão ao Programa “Ampliar”, cada Unidade Educacional deverá enviá-lo à respectiva Diretoria Regional de Educação, que terá, dentre outras, a incumbência de: I – cadastrar os Projetos de cada Unidade Educacional no sistema EOL, observadas as regras estabelecidas pela SME; II – acompanhar a sua implantação e implementação; III – avaliar semestralmente seus resultados, propondo, se necessário, os devidos ajustes; IV – manifestar-se sobre a continuidade ou não dos Projetos em execução para o ano subseqüente; V- Informar a DRE, por meio de memorando, até o final do ano letivo as decisões quanto à manutenção e continuidade dos programas e a definição de quais não terão continuidade. VI – propor atividades de formação dos profissionais envolvidos. Parágrafo Único – O Supervisor Escolar, após análise, deverá emitir parecer favorável ao Programa com posterior homologação do Diretor Regional de Educação. Art. 11 - A Secretaria Municipal de Educação apoiará as Diretorias Regionais de Educação na implantação e desenvolvimento do Programa, bem como na formação dos profissionais envolvidos. Parágrafo Único – Caberá ao Centro de Informática –SME/CI a criação e orientação quanto aos mecanismos necessários para assegurar o cadastro dos programas de cada Unidade Educacional envolvida. Art. 12 – Os professores participantes dos Projetos farão jus a certificado que será computado para fins de Evolução Funcional desde que as horas sejam cumpridas no 113 decorrer de, no mínimo, 08 (oito) meses, perfazendo um total de 144 (cento e quarenta e quatro) horas anuais. § 1º - Serão consideradas horas efetivamente trabalhadas aquelas destinas à formação específica, somadas às de desenvolvimento de atividades com alunos. § 2º - Excepcionalmente no ano de sua implantação, poderão ser emitidos certificados relativos a projetos que totalizarem 06 (seis) meses e 60 (sessenta) horas. Art. 13 – Os Centros Educacionais Unificados – CEUs – participarão do Programa “Ampliar” por meio da integração de suas atividades às programadas pelas Unidades Educacionais que o compõem e/ou do entorno. Parágrafo Único – Compete às Equipes Gestoras dos equipamentos educacionais envolvidos, a articulação de seus planos de trabalho, visando a efetivação das atividades do Programa. Art. 14 - Ficam mantidos até o término de sua vigência os editais e contratos para desenvolvimento de atividades em Unidades Educacionais, firmados sob a égide do Decreto nº 46.210/05. Art. 15 – Os casos omissos ou excepcionais serão resolvidos pelas Diretorias Regionais de Educação, ouvida a Secretaria Municipal de Educação. Art. 16 – Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. 114 ANEXO XI PROJETO DE LEI Nº 293/2012 PROJETO DE LEI Nº 293/2012 Dispõe sobre o Programa EDUCOM – nas Ondas da Educomunicação no Município de São Paulo, e dá outras providências.. A CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO DECRETA: Artigo 1º - Fica instituído o Programa EDUCOM – nas Ondas da Educomunicação no âmbito da Administração Municipal. § 1º - Para os fins da presente lei, entende-se por Educomunicação o conjunto de ações e procedimentos voltados ao planejamento e implementação de processos e recursos tecnológicos e midiáticos da comunicação e da informação, nos espaços destinados à educação, cultura e sustentabilidade das políticas públicas, sob a responsabilidade do Poder Público Municipal, inclusive no âmbito das Subprefeituras e demais Secretarias e Órgãos envolvidos no Programa. § 2º - Visa o Programa instituído por esta lei promover a educação, cultura, cidadania, sustentabilidade e ampliar as habilidades e competências no uso de tecnologias de comunicação e informação, de forma a favorecer a expressão de todos os dirigentes, coordenadores, educadores, demais servidores e membros da comunidade escolar, incluindo alunos, ex-alunos e membros das comunidades do entorno, das Unidades da Secretaria Municipal de Educação e de outras Secretarias e Órgãos envolvidos. § 3º - O Programa de que trata esta lei e o conceito de Educomunicação contemplam a análise crítica e o uso educativo, cultural e social de todos os recursos de tecnologias da comunicação e informação, garantindo-se, para tanto, o fortalecimento do protagonismo infanto-juvenil e uma gestão democrática de tais processos e recursos, de forma a facilitar a aprendizagem e o exercício pleno da cidadania em todos os espaços educativos, formais e não-formais. Artigo 2º - Os objetivos do Programa são: I - desenvolver e articular práticas educomunicativas por meio da radiodifusão, mídias audiovisuais, digitais, impressas, de acordo com a legislação vigente, no âmbito da administração municipal; 115 II - incentivar atividades audiovisuais, digitais, impressas, de radiodifusão e televisão comunitária em equipamentos públicos, nos termos da legislação vigente; III – capacitar de modo continuado em conceitos de Educomunicação, uso de tecnologias e atividades educomunicativas, os dirigentes, coordenadores, educadores, demais servidores e membros das comunidades envolvidos no Programa na educação básica e nas políticas públicas desenvolvidas no âmbito das diversas Secretarias e Órgãos participantes, inclusive das Subprefeituras. IV - capacitar outros servidores públicos municipais interessados em atividades de Educomunicação para o desenvolvimento das ações de que trata esta Lei; V - incorporar, na ação educomunicativa, a relação da comunicação e da informação com os eixos temáticos previstos na legislação vigente, nos parâmetros curriculares e nos planos das Secretarias e Órgãos participantes do Programa; VI - apoiar a prática da Educomunicação nas ações intersetoriais e comunitárias, em especial nas áreas de educação, cultura, saúde, esporte e meio ambiente, no âmbito das diversas Secretarias e Órgãos municipais, incluindo as Subprefeituras, bem como nas mídias comunitárias; VII - desenvolver ações educomunicativas voltadas ao fortalecimento da cidadania e do protagonismo infanto-juvenil, que contemplem as preconizadas no Estatuto da Criança e do Adolescente; VIII - incentivar atividades de Educomunicação relacionadas às linguagens impressas (jornal, jornal comunitário, mural, fotografia, fanzine, história em quadrinhos), radiofônica e televisiva (rádios e televisões escolares), audiovisuais (cinema, vídeo), digitais (blog, podcast) e a outras formas de comunicação e informação que atendam à evolução tecnológica, a fim de incentivar a introdução e o uso efetivo desses recursos nos espaços públicos e da sociedade. IX - aumentar o vínculo estabelecido entre os equipamentos públicos e a comunidade, nas ações de prevenção de violência, de promoção da cultura de paz e da sustentabilidade sócio-ambiental, por meio do uso de recursos tecnológicos que facilitem a expressão e a comunicação; X - manter intercâmbio, trocar experiências e desenvolver atividades conjuntas, de cunho intersetorial, com outros conselhos gestores que atuam em políticas públicas no âmbito de cada subprefeitura. Artigo 3º - Para implementar e acompanhar o Programa instituído por esta lei, caberá ao Poder Executivo a constituição de um Conselho Gestor Municipal do EDUCOM, cuja composição e competências específicas serão definidas em decreto. 116 § 1º - Fica facultada a possibilidade de constituição de Conselho Gestor Local do EDUCOM, vinculado a cada uma das subprefeituras, observando-se o disposto nesta lei e em seu decreto regulamentador. § 2º - Fica assegurada a participação no Conselho Gestor Municipal do EDUCOM de dirigentes, coordenadores, educadores, demais servidores e membros das comunidades envolvidos no Programa, incluindo estudantes da rede municipal de ensino e demais entidades representativas da comunidade escolar, na educação básica e nas políticas públicas desenvolvidas no âmbito das diversas Secretarias e Órgãos participantes, de representantes de universidades que desenvolvam pesquisas e práticas de Educomunicação, de sindicatos de trabalhadores e de entidades e movimentos da sociedade cívil voltados ao desenvolvimento da prática da comunicação educativa, bem como de representação dos Conselhos Gestores Locais de que trata o parágrafo anterior. § 3º - A composição do Conselho Gestor Municipal e dos Conselhos Gestores Locais do EDUCOM deverá observar a paridade entre a representação da sociedade civil com relação aos demais segmentos. Artigo 4º - O Executivo manterá atualizado Cadastro de membros do Conselho Gestor Municipal e de Conselhos Gestores Locais do EDUCOM e promoverá, periodicamente, Encontro Municipal do EDUCOM – nas Ondas da Educomunicação, com a finalidade de propiciar a troca de experiências e de recolher sugestões para a melhoria das políticas públicas afetas ao Programa, na forma a ser estabelecida em decreto. Parágrafo único – O Encontro Municipal do EDUCOM – nas Ondas da Educomunicação, previsto no caput deste artigo, poderá ser precedido de encontros regionais com o mesmo caráter. Artigo 5º - Fica autorizado o aporte de recursos de instituições públicas e privadas interessadas em financiar o EDUCOM – nas Ondas da Educomunicação, em atividades de formação, em ações educativas e na realização de eventos, outras atividades e ações relacionados ao Programa. Artigo 6º - As despesas decorrentes da aplicação desta lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias das Secretarias e Órgãos participantes, suplementadas se necessário. Artigo 7º - Esta lei será regulamentada no prazo de 60 (sessenta) dias, contados de sua publicação. 117 Artigo 8º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário, em especial a Lei n.º 13.941, de 28 de dezembro de 2004. Sala das Sessões, Às Comissões Competentes. CARLOS NEDER Vereador – PT 118 ANEXO XII TERMO DE COMPROMISSO DE CESSÃO DE DIREITOS DE PARTICIPAÇÃO INDIVIDUAL: ISMAR DE OLIVEIRA SOARES 119 ANEXO XIII TERMO DE COMPROMISSO DE CESSÃO DE DIREITOS DE PARTICIPAÇÃO INDIVIDUAL: VEREADOR CARLOS NEDER 120 ANEXO XIV TERMO DE COMPROMISSO DE CESSÃO DE DIREITOS DE PARTICIPAÇÃO INDIVIDUAL: PROF. MARIA DE FÁTIMA BARBOSA SANTOS 121 ANEXO XV TERMO DE COMPROMISSO DE CESSÃO DE DIREITOS DE PARTICIPAÇÃO INDIVIDUAL: ALUNO RUBENS ROCHA 122 ANEXO XVI TRAMITAÇÃO DO PROJETO DE LEI Nº 293 – 2012 123 ANEXO XVII AUTORIZAÇÃO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO 124 125 126 ANEXO XVIII JUSTIFICATIVA DO PROJETO DE LEI 293/2012 127 128 ANEXO XIX REPORTAGENS DO EVENTO EDUCOM NO SITE DA CÂMARA DE SÃO PAULO 129 130 APÊNDICES APÊNDICE I PRÉ-PROJETO DE TCC (APRESENTADO A PRÉ-BANCA EM 19/06/2012) 1. Tema Educomunicação nas escolas públicas de São Paulo: o uso do rádio como ferramenta pedagógica no processo ensino-aprendizagem. 2. Descrição O trabalho de conclusão de curso será na modalidade de monografia. O autor vai investigar de que maneira o rádio atua no processo de ensino-aprendizagem nas escolas municipais de São Paulo. Para isso, serão utilizadas as metodologias de pesquisas bibliográfica e de campo, além de entrevistas e eleição de uma escola municipal para análise. 3. Problema Segundo pesquisa sobre os Motivos da Evasão Escolar 1, de 2009, produzida pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior motivo que afasta o jovem da escola na cidade de São Paulo é o desinteresse. O resultado é que o aluno não se sente motivado e acaba deixando os estudos como a segunda opção. Para eles, a escola continua com a mesma proposta pedagógica clássica, sem algo que possa atraí-los de volta aos estudos, como por exemplo, a não utilização de novas tecnologias no ensino. A região do Campo Limpo, selecionada para desenvolver a pesquisa desta monografia, está inserida na região sul da cidade de São Paulo e encontra-se como um local considerado violento. Segundo dados divulgados pela Secretaria de 1 Disponível em: http://www.fgv.br/cps/tpemotivos/ (acesso em 05/04/2012 às 15h00) 131 Segurança Pública de São Paulo2, no segundo trimestre de 2011 a região liderava o ranking de maior índice de vítimas de homicídio doloso da cidade, além de figurar em segundo lugar em número de roubos, tráfico de entorpecentes, estupro e lesão corporal dolosa. Os jovens têm contato com as drogas, criminalidade e a prostituição. A grande questão é como a escola pode lançar mão de estratégias pedagógicas que possam fazer o jovem se interessar pela escola e ao mesmo tempo se afastar da violência. O rádio na escola, inserido como política pública na cidade de São Paulo desde 2004, é uma forma de reaproximação desse jovem com a unidade escolar. Portanto, o problema dessa pesquisa é: como o rádio dentro de uma escola municipal pertencente à Diretoria Regional de Ensino do Campo Limpo pode estimular o processo de ensino-aprendizagem de alunos e professores? 4. Hipótese Em relatório anual das atividades da Secretaria Municipal de Educação de 2009, elaborado pelo secretário da pasta na época, Alexandre Schneider, revela a satisfação e aprovação do mesmo em utilizar o meio rádio como ferramenta de apoio nas instituições de educação do município. Segundo a pesquisa citada anteriormente sobre os Motivos da Evasão Escolar, os jovens desinteressados pela escola apontam que uma solução para atraí-los novamente ao espaço escolar seria a ampliação do Ensino Técnico Profissionalizante e a inclusão das tecnologias da comunicação e informação nas escolas. Portanto, a hipótese é: o rádio, como meio tecnológico de comunicação e informação, demonstra que sua utilização no ambiente escolar desenvolve a formação de um senso crítico, faz com que o sujeito tenha mais acesso à informação e à cultura, reaproxima este jovem da escola e faz com que o processo de ensinoaprendizagem fique muito mais estimulante. 2 Disponível em: http://www.estadao.com.br/especiais/geografia-do-crime-em-sao-paulo,143380.htm (acesso em 06/05/2012 às 11h25) 132 5. Hipóteses Secundárias 1) O rádio melhora a comunicação interna. Todas as ações produzidas no espaço escolar são reproduzidas na rádio. Assim, há uma integração com todos os membros da escola; 2) O rendimento do aluno melhora. A partir do momento em que o estudante entra em contato com o rádio, seja na produção ou na recepção dialógica, ele amplia seu conhecimento, uma vez que torna-se sujeito atuante de um processo de efetiva comunicação; 3) Novas formas de aprendizagem. Com o uso de uma nova tecnologia como o rádio, os educadores dispõem de mais uma forma de ensinar. 6. Objetivo Geral Investigar de que maneira o meio rádio dentro de um ambiente escolar pertencente à Diretoria Regional de Campo Limpo pode estimular o processo de ensinoaprendizagem de alunos e professores por meio dos conceitos da Educomunicação. 7. Objetivos Específicos 1) Analisar a relação dos alunos e professores em contato com o rádio inserido no ambiente escolar; 2) Verificar de que maneira um rádio melhora a comunicação na escola; 3) Verificar a eficiência do rádio no processo de ensino-aprendizagem. 8. Justificativa Social Segundo a pesquisa “Geração Interativa na Ibero-América: crianças e adolescentes diante das telas”3 realizada pela Fundação Telefônica em 2009, aponta que o jovem brasileiro tem seus próprios meios de construir a comunicação, seja criando blogs ou perfis em redes sociais. Essa comunicação é produzida fora da escola por meio de tecnologias digitais e revelando assim que a maioria das escolas não incentiva o 3 Disponível em: http://www.educared.org/educa/arquivos/web/biblioteca/LivroGGII_Port.pdf (acesso em 16/04/2012 às19h15) 133 protagonismo juvenil e o acesso à informação. A grande questão é trazer essa comunicação para dentro da escola, utilizando-se dos princípios educomunicativos. Na obra “Mídia e Escola: Perspectivas para Políticas Públicas” 4, resultado de uma pesquisa do jornalista Fernando Rossetti com parceria da Unicef5, aponta que “em projetos de Educomunicação nas escolas os jovens ampliam ainda mais o vocabulário e seu repertório cultural; aumentam suas habilidades de comunicação; desenvolvem competências para trabalho em grupo, para negociação de conflitos e para planejamentos de projetos e melhoram o desempenho escolar.” (ROSETTI, 2005, p.31) Portanto, dentro de uma escola e através dos princípios de Educomunicação, o meio rádio é um importante exemplo de como estreitar a relação dos jovens com a educação e ao mesmo trazer a comunicação para o ambiente escolar. A maioria das pesquisas sobre o tema escolhido são, em sua maioria, voltadas para a área da Pedagogia, neste sentido, uma pesquisa como essa na área do Radialismo é de importante contribuição para o universo da Comunicação Social. 9. Justificativa Pessoal Escolhi o tema pois me identifico com os campos da comunicação e da educação. Em um primeiro momento, foi pensado fazer uma monografia em relação a Educomunicação num todo, discorrendo sobre blogs, rádios e jornais no ambiente escolar. Conversando com alguns professores, e principalmente com a minha orientadora, Júlia Lúcia, decidi focar no veículo rádio. Descobriu-se que na cidade de São Paulo há uma lei que aprova o uso do rádio na escola. Intitulado de “Nas Ondas do Rádio”, o programa está presente em diversas escolas municipais. A região escolhida para a pesquisa foi a de Campo Limpo, por ser de fácil acesso, por estar inserida em uma das zonas da cidade onde há altos índices de evasão escolar e por ser pouco estudada no mundo acadêmico. 4 Disponível em: http://www.redecep.org.br/publicacoes/midia_escola_web.pdf (acesso em 16/04/2012 às 20h20) 5 Fundo das Nações Unidas para a Infância (do inglês United Nations Children’s Fund) 134 10. Referencial Teórico Os autores consultados para a pesquisa inicialmente são: Luiz Arthur Ferraretto (2001) que dentre outros assuntos, analisa na obra “Rádio: o veículo, a história e a técnica” a chegada do rádio no Brasil na década de 20 e suas primeiras relações com a educação, que foram iniciadas com Edgar Roquette-Pinto. Também aborda os outros caminhos que o meio rádio seguiu na educação nas décadas de 50 a 80, como a Rádio Universitária da Universidade Federal de Porto Alegre e o programa educativo federal “Projeto Minerva”. Outro autor consultado será Jorge Antonio Rangel que na obra “Edgar RoquettePinto”(2010) fala das relações de Roquette-Pinto com a educação, dando ênfase a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro e evidenciando que esse é o embrião do que seria hoje a radioescola. A obra “Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação” (2011) de Ismar de Oliveira Soares nos fornecerá os conceitos para conhecer e analisar os princípios da Educomunicação, sua prática na construção de ecossistemas comunicativos abertos nos espaços educativos e a sua participação como política pública na cidade de São Paulo. Na obra também encontramos diversas pesquisas na área da comunicação/educação que dão suporte no desenvolvimento desta monografia. O autor Adilson Citelli e sua obra “Comunicação e Educação: a linguagem em movimento” (2005) aborda a abertura da escola para a utilização de novas tecnologias da informação e comunicação. Para fomentar o contexto da Educomunicação, a obra “Mídia e Escola: Perspectivas para políticas públicas” (2005) do jornalista Fernando Rossetti evidencia como projetos educomunicativos beneficiam o processo de ensino-aprendizagem no espaço escolar. A autora Zeneida Alves de Assumpção e sua obra “A rádio no espaço escolar” (2009) também será consultada, pois analisa o rádio como ferramenta interdisciplinar de ensino, possibilitando ao educando o conhecimento das linguagens midiáticas, das culturas e da construção da realidade. Outra obra de Assumpção será “Rádioescola: uma Proposta para o Ensino de Primeiro Grau” (1999) que propõe a implantação do rádio em circuito interno nas escolas do Ensino Fundamental 6 com o 6 A partir da nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) o Ensino Fundamental, juntamente com o Ensino Médio, passam a compor a Educação Básica, que tem como finalidade assegurar aos alunos sua formação comum indispensável para o exercício da cidadania. Leia mais em: 135 objetivo de que a comunicação educativa prepare o aluno através da produção e execução de uma programação radiofônica, para o exercício da cidadania. Outras obras que darão suporte a pesquisa são: “A informação no rádio: grupos de poder e a determinação dos conteúdos” (1985) de Gisela Ortriwano e “Rádio: Oralidade Mediatizada” (1999), de Júlia Lúcia de Oliveira. Para a produção da pesquisa que será realizada na escola, será utilizado como referência a obra “Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade” (2002) de Maria Cecília de Souza Minayo. Outra obra que também irá contribuir para o desenvolvimento da pesquisa é “Elaboração de Projetos de Pesquisa” (1987) do autor Antônio Carlos Gil. 11. Procedimentos e Técnicas Metodológicas O autor, com documento oficial de autorização da Secretaria Municipal de Educação, vai a uma escola da rede municipal pertencente à Diretoria Regional de Educação de Campo Limpo investigar de que maneira o rádio influenciou na melhoria do processo de ensino-aprendizagem de professores e alunos. Para isso, será aplicado um questionário com alunos e professores e será feita uma análise qualitativa dos dados colhidos. Também serão entrevistados a atual secretária de Educação do município de São Paulo, Célia Regina Guidon Falótico; o coordenador do projeto “Nas Ondas do Rádio”, Carlos Lima; a coordenadora local do projeto “Nas Ondas do Rádio” da região de Campo Limpo, Cristina Massei; o coordenador dos núcleos de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo, Ismar de Oliveira Soares e o vereador que criou o projeto “Nas Ondas do Rádio”, Carlos Neder. Andamento das entrevistas já agendadas: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/es_tempointegral/escola_ferias_pt02.pdf (acesso em 02/05/2012 às 11h05) 136 Entrevistado Data e Local Breve currículo Possui graduação em PEDAGOGIA pela Universidade de São Paulo (1994). Pós Graduação em Tecnologias 29/06/2012 na Aprendizagem, no SENAC SP (2010). Atualmente é Cristina Barroco formadora de professores e gestores da Diretoria Massei Fernandes Regional de Educação Campo Limpo. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Tecnologias na DRE Campo Limpo Aprendizagem. Doutor em Ciência da Comunicação pelo CCA (Centro de Comunicação e Artes) da ECA-USP, com Mestrado (IA-UNESP, 2003) e graduação em Artes/Música, possui Licenciatura Plena em Educação Artística e Especialização em Tecnologia da Educação (PUC-SP). Marciel Consani Atualmente é professor de Produção Audiovisual da Fundação dos Rotarianos de São Paulo (Faculdades Integradas Rio Branco), coordenador da equipe de formadores do Programa “Nas Ondas do Rádio” da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo e 15/06/2012 participa dos projetos de EaD desenvolvidos pelo NCE ECA-USP (Núcleo de Comunicação e Educação) da ECA-USP. Tem experiência em produção de materiais didáticos nas áreas de Mídia e Artes e atua, principalmente, na formação de educadores. Possui graduação em Medicina pela Universidade de São Paulo (1979) e mestrado em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Campinas (2001). Atualmente é Carlos Neder especialista em saúde - médico da Prefeitura do Município de 22/06/2012 São Paulo, afastado de suas funções para o exercício de Câmara mandato de vereador. Tem experiência na área de saúde Municipal coletiva, com ênfase em administração pública. Foi Secretário de São Municipal de Saúde de São Paulo, no Governo Luiza Erundina Paulo (90/92), Vereador e Deputado Estadual. Autor do projeto “Educom.Rádio”. Bacharel em Geografia e Licenciado em História pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, SP (1965). Jornalista formado pela Faculdade Casper Líbero (1970). Mestre (1980) e Doutor em Ciências da 137 Comunicação (1986) pela Universidade de São Paulo, com pos-doutorado, em 2000, pela Marquette University Milwaukee,WI, USA. Coordena, desde 1996, o NCE- Núcleo de Comunicação e Educação da ECA-USP. Atualmente, é Ismar de Oliveira avalista de projetos de pesquisa da FAPESP, na área da 15/06/2012 Soares Educomunicação. É professor titular da Universidade de São ECA-USP Paulo. Membro de Comitê Gestor da Lei Educom da Prefeitura do Munícipio de São Paulo e Supervisor do Projeto Mídias na Educação do Ministério da Educação, no Estado de São Paulo. Coordena a implementação da Licenciatura em Educomunicação junto à Escola de Comunicações e Artes da USP. Os demais entrevistados, até o fechamento deste pré-projeto, estão em fase de agendamento de entrevista, devido a problemas de agenda. 138 APÊNDICE II EMAIL TROCADO COM A FUNDAÇÃO TIDE SETÚBAL 139 APÊNDICE III FOTOS DO EVENTO “EDUCOMUNICAÇÃO EM MOVIMENTO” 140 APÊNDICE IV EMAILS TROCADOS COM A EQUIPE DO VEREADOR CARLOS NEDER 141 142 143 144 APÊNDICE V TROCA DE EMAILS COM DR. ISMAR DE OLIVEIRA SOARES 145 APÊNDICE VI ENTREVISTA TRANSCRITA COM DR. ISMAR DE OLIVEIRA SOARES Nome do contato: Ismar de Oliveira SOARES Cargo ocupado: Coordenador do Núcleo de Comunicação e Educação da USP e professor titular da ECA-USP *** Entrevista realizada em 15/06/2012 no prédio da ECA-USP Link da entrevista no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=VPjSDiu9ZLo LUIZ - O termo Educomunicação passou a ser difundido no fim dos anos 90 aqui no Brasil pelo senhor. De lá para cá, mais de uma década se passou. Qual análise você pode fazer em relação à evolução processual do conceito de Educomunicação em nosso país? ISMAR – Bom, o que não deixa de ser extraordinário foi o fato de que a conclusão de uma pesquisa feita entre 1997 e 1999 que foi difundida por uma revista que se editava na época em Brasília alcançasse uma repercussão tão forte no país, de forma a permitir que 10 anos após a divulgação da pesquisa já estava sendo criado na própria USP uma licenciatura, um curso profissionalizante voltado para este conceito. Simultaneamente no nordeste, em Campina Grande, se criava uma bacharelado em uma Universidade Federal e em Santa Catarina, na Universidade Estadual de Santa Catarina, se criava uma licenciatura a distância. Isso pra dizer que o mundo universitário, que é muito crítico, ele trabalha como um elefante branco né, toma com muita rapidez uma decisão muito forte de reconhecer a existência de um campo profissional e de, portanto, começar a formar pessoas para a aplicação desse conceito nas várias áreas em que ele já está presente na sociedade, então esse é um fato importante. Agora, por que isso aconteceu? Na verdade, não se trata exatamente da divulgação de um conceito pela USP que alcança o país e a própria universidade a se rever. A prática educomunicativa já estava na sociedade, ela já vinha sendo implementada desde a metade do século XX em diante por um movimento social com prática chamadas alternativas, tanto de educação, como de educação, e isso que é forte, mas que estava fragmentado em experiências de um, de outro e de outro, experiências numerosissímas, mas cada um dando um nome para essa experiência. O que aconteceu em 1999 foi uma articulação dessas experiências a partir de um referencial teórico. Então a pesquisa disse que faz-se na América Latina e no Brasil tais tipos de práticas, que tem tais fundamentos e produz tais consequências e isso merece ter uma designação e merece ser considerado um fato social novo. Então o que a USP fez e a pesquisa do NCE foi reconhecer uma realidade dada, difundir esses reconhecimento e permitir que as pessoas no país passassem a se encontrar já com essa denominação, e aquilo que era fragmentado 146 e isolado passou a ser articulado. Então imediatamente em 2004 cria-se uma rede chamada “CEP”, constituída por doze organizações. Ela adota a Educomunicação e começa a trabalhar a partir dela e isso em todos os cantos do país. E tem uma atuação tão forte que chega a influenciar o Ministério da Educação num programa chamado “Mais Educação”. Então neste momento nós temos no Brasil 3.500 escolas públicas que desenvolvem 5.500 projetos usando o rádio, vídeo, historinhas em quadrinhos e tendo como referência o manual de educomunicação preparado pela rede CEP. Nós estamos assistindo a difusão do conceito de várias formas. Temos uma revista chamada “Comunicação & Educação”, editada pela USP e que já tem 17 anos, e que além de ter esse tempo de permanência ininterrupta, tem sido um espaço de divulgação e discussão da interrelação comunicação e educação. Então são muitos fatores e entre esses fatores eu agregaria, o último deles, que o fato de uma área fora do meio educacional formal, mas que trabalha com a educação não formal, que é o Ministério do Meio-Ambiente, havia adotado a Educomunicação também, especialmente para as 330 áreas de preservação ambiental do país. Eles organizando Educomunicação ali eles vão discutindo com as camadas populares moradoras dessas regiões esses conceitos. Então essas são algumas das razões pra difusão dessa prática pelo país e o reconhecimento dela. LUIZ - Segundo a pesquisa do IBOPE sobre o uso da internet no Brasil, divulgada no último dia 11 de junho, revelou que o número total de pessoas com acesso a internet em qualquer ambiente ( domicílios, trabalhos, lanhouses, escolas e outros locais) chegou a marca histórica de 82,4 milhões. Isso se dá pela popularização do acesso a internet e também pelo uso de dispositivos móveis para conexão, como tablets e smartphones. Como os projetos de Educomunicação estão se preparando para acompanhar a expansão desse acesso? ISMAR – As tecnologias elas estão na base da proposta educomunicativa independentemente da sua qualidade. A Educomunicação vai se preocupar com práticas educomunicativas e o início foi o mimeógrafo. O início foi a dança. O início foi o canto. E claro que com as tecnologias avançando, em termos de acessibilidade, em termos de interatividade, ela vem trazendo mais possibilidades de engajamento de grupos de pessoas. Então hoje nós temos ampla possibilidade de acesso a tecnologias anteriormente reservada a poucos, isto é, houve uma democratização do acesso as tecnologias e isso tem permitido a partir de 2000, e isso veio ampliar a difusão das práticas educomunicativas, com o ingresso de um novo sujeito social que eram os tecnólogos que eram as pessoas, nas próprias escolas, por exemplo, eram encarregadas de trabalhar com as novas tecnologias e anteriormente a tecnologia foi pensada como um instrumento a favor da prática do docente. No entanto, a educomunicação trouxe essa tecnologia para a prática discente, isto é, professor e aluno juntos trabalhando. No caso, a gente vem afirmar que a popularização da internet e das tecnologias digitais favorecem a prática 147 educomunicativa e por outro lado coloca uma questão pra ser debatida: trata-se das questões de políticas públicas. As políticas públicas estão favorecendo a difusão das tecnologias, mas nem todas as políticas públicas tem uma preocupação de um impoderamento social dessas tecnologias. Um projeto muito interessante é o projeto de um computador por aluno, por exemplo. Ele reforça muito o uso individual do equipamento, é uma tecnologia a serviço de um individuo, de um cidadão, quando a Educomunicação trabalha sempre o coletivo. Para o projeto educomunicativo vale muito mais a pena você ter um estúdio de multimeios a serviço de uma comunidade e que todos trabalhem ali de forma colaborativa do que ter um conjunto de equipamentos na mão dos indivíduos, porque o conjunto de equipamentos da mão de indivíduos reforça a perspectiva do uso individual, da propriedade privada, enquanto que o trabalho coletivo vai na direção do consórcio, da solidariedade, da operação e especialmente da gestão democrática dessa área complexa que é a área comunicativa. Então a tecnologia favorece de um lado, mas cria um problema do outro e esse problema é um problema de confrontação ideológica a respeito da tecnologia da sociedade contemporânea. LUIZ - O uso de ferramentas comunicacionais nas escolas vem crescendo através da Educomunicação: sites, blogs, murais, rádios e até projetos em vídeo. Como você vê isso? ISMAR – Bom, essa proliferação ela faz parte do destino que a sociedade vem dando para as tecnologias. Essa aproximação da sociedade com relação a tecnologia se dá de muitas formas. Existe uma primeira forma que a gente chama de midiatização: essa midiatização torna em mim, em você e em todos nós consumidores de mídias. Então nós cumprimos um papel: consumir. E os vendedores desses equipamentos vão, naturalmente, motivar-nos e darão sempre benefícios. Nós temos muitos benefícios que a interatividade que os equipamentos proporcionam para entretenimento, por exemplo, para o uso do mercado, para compras e vai ser nesse sentido que a sociedade vai incentivar o uso individual para que mais equipamentos sejam vendidos e também o mercado fique mais ágil e cumpra, portanto, um papel social determinado: são os funcionários das tecnologias. Existe no segundo capítulo que é a tecnoinformação. Ela é aquela que permite que nós conheçamos os equipamentos e sejamos experts neles. Esse entendimento pode ser dado pela escola, ela tem condições de fazer isso. Mas existe um terceiro capítulo que é a Educomunicação. A Educomunicação não se contenta na tecnoinformação, mas ela pensa no empoderamento dos grupos sociais a partir de metas estabelecidas e as metas sempre diz respeito a prática da cidadania. Então diante das tecnologias eu posso ser um simples consumidor com amplo acesso e brincar. Eu posso ser um conhecedor dessas tecnologias e estar a serviço delas, até ser um promotor delas. E eu posso ingressar no mundo da Educomunicação, quando eu me apodero socialmente delas pra dar um destino de práticas cidadãs. 148 LUIZ - Você faz parte do comitê gestor da Lei EDUCOM aqui na cidade de São Paulo. Por que usar o meio rádio como ferramenta no processo de ensinoaprendizagem? ISMAR – Quando se instituiu o EDUCOM.rádio em 2001 havia a hipótese de iniciarmos o trabalho com a informática e com a internet. No entanto nós vislumbramos naquele momento que nós estaríamos reforçando atividades individuais, celebrando e fazendo aulas a capacidade individual de competição entre os dominadores dessas tecnologias. Então nós preferimos uma tecnologia muito mais antiga, que exigira o trabalho coletivo, especialmente a valorização de instrumentos imediatos da comunicação: uma delas é a voz. Segundo: a mixagem da voz da criança com a voz do professor, a voz do especialista, a voz do produtor cultural, do músico. Então esses dois contextos, a valorização do individuo trabalhando grupalmente, e o rádio nós sempre imaginamos como um trabalho grupal, e a mixagem de sentidos e vozes numa produção, era aquilo que permitiria alcançarmos o objetivo do EDUCOM que era reduzir a violência. Nós não entramos na prefeitura de São Paulo na área pedagógica, para melhorar a aprendizagem dos conteúdos, nós entramos pra melhorar a aprendizagem comportamental. Pra isso o rádio é muito melhor do que outros meios, do que o próprio vídeo, do que a própria internet e assim por diante. O que aconteceu com o EDUCOM.radio ao longo do tempo foi uma aproximação entre a linguagem radiofônica e a informática através da webradio, por exemplo. Então nós tivemos a continuação do EDUCOM dentro da perspectiva da mixagem midiática e hoje a prefeitura continua trabalhando de uma forma muito adequada através de distintos projetos e continuando como meta a redução da violência, especialmente agregar professor e aluno em projetos colaborativos, hoje até envolvendo a própria educação infantil. LUIZ - Em seu livro “Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação” você relata que uma educação eficiente precisa inserir-se no cotidiano dos estudantes e não ser apenas um simulacro. Que para fazer sentido para eles, deve partir de um projeto de educação que caminhe no mesmo ritmo que acompanhe e que entenda o jovem. Você acredita que a partir de um projeto educomunicativo um estudante, principalmente de uma escola pública, possa se sentir estimulado, possa ser mais participativo e possa assimilar mais aquilo que está aprendendo? ISMAR – A experiência tem demonstrado que sim. Na verdade quando nos encontramos com agentes que tem contato direto com as escolas, por exemplo, minutos antes de iniciarmos essa entrevista eu me encontrei com um cidadão que veio participar de uma banca aqui na ECA e ele dizia “Professor, lá na EMEF Florestan Fernandes lá na Zona Sul nós temos um projeto originário do EDUCOM em que se trabalha com rádio, se trabalha com vídeo, se trabalha com informática e 149 tal e é modelo para uma rede de escolas do Brasil inteiro e grupos do Brasil inteiro têm vindo a essa escola na Zona Sul, na periferia de São Paulo”. Bom, isso está mostrando a autonomia que os grupos infantis e juvenis alcançam com o domínio dessa área. No caso de São Paulo, chegamos até num interregno de administração logo depois que a Marta Suplicy deixou o poder e o Serra assumiu houve dois anos de avaliação do projeto e nesses dois anos um grupo de escolas reuniu professores e alunos e criou uma ONG pra cuidar da Educomunicação pra cuidar daquela região, já que a prefeitura estava um pouco hesitante em trabalhar e eles mesmos (professores e alunos) criaram a organização para oferecer a formação entre eles. Então se você vier a São Paulo, por exemplo, na feira do livro e Campus Party você vai encontrar grupos de adolescentes da prefeitura, vestidos com suas camisetas, fazendo a cobertura educomunicativa. Então a gente tem visto, não só na prefeitura de São Paulo, mas no Brasil inteiro essa realidade: crianças e adolescentes se apoderando, ganhando autonomia e quando eles ganham autonomia, eles não se confrontam com os adultos, eles se tornam colaborativos e a partir disso eles acabam influenciando todo o processo de uma escola. O Ministério da Educação e o Ministério do Meio-Ambiente tem um projeto chamado “Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio-Ambiente” que reúne, a cada 2 anos, 50.000 adolescentes pelo Brasil inteiro e a união deles se faz pela Educomunicação. O objetivo deles é chegar a Brasília, depois de 2 anos de trabalho nos municípios, nos estados e na União para fazer propostas de mudanças em favor do ambiente permeado pela Educomunicação, então isso ficou muito evidente. LUIZ - No mesmo livro você propõe que a Educomunicação na escola seja planejada em três âmbitos diferentes: no âmbito da gestão escolar, no âmbito disciplinar e no âmbito transdisciplinar. Quanto um projeto educomunicativo melhora as relações interpessoais em uma escola? ISMAR – As relações interpessoais na escola elas estão num contexto do lugar que as pessoas ocupam na escola, porque cada indivíduo necessita sentir-se bem acolhido no espaço que lhe cabe. Então professor entre os professores, aluno entre os alunos, os professores na relação com os alunos e se estabelece hierarquias esses processos e essas hierarquias tem poder de motivar ou dissuadir. Motivar a aprendizagem e dissuadir a indisciplina. Na verdade a escola é um jogo de poder, de influências, de pressões e jogo de realizações também. No caso, nós não podemos imaginar a Educomunicação só na relação professor-aluno. Se uma escola quer adotar a Educomunicação ela tem que pensar na relação entre direção-professoresalunos, alunos-direção, por exemplo, todo esse conjunto e a comunidade no entorno. Então pensar Educomunicação é pensar as práticas de relacionamento na escola, por isso que nós falamos na área da administração, na área da didática dos conteúdos e na área interdisciplinar que são as áreas próprias da didática, porém que não estão incluídas em áreas especificas do conhecimento, mas são transversais. A questão do meio-ambiente é uma questão transversal, a questão da 150 ética é uma questão transversal. Na verdade a educação se dá muito mais nos termos transversais do que nos termos curriculares. E a Educomunicação vai trabalhar justamente esses três universos: curricular, transversal e administrativo. Portanto dizer se uma escola é mais ou menos educomunicativa somente poderá ser afirmado depois de examinar esses três contextos. LUIZ – E pra finalizar, a última pergunta é: você acredita que a Educomunicação deveria ganhar mais espaços nas universidades? Não só como cursos de licenciatura e bacharelado, mas também presente na grade de cursos como Pedagogia? ISMAR – Sim, a Pedagogia pra você ter uma ideia, um curso de Pedagogia tem ao redor de 3800 horas. Dessas 3800 horas, a média dos cursos de Pedagogia de licenciatura é que se dê apenas 80 horas para as tecnologias. As tecnologias não ocupam mais do que 2,5% da grade de formação de um professor. Se nós entendermos que os alunos vivem na era da informação, na civilização midiática e os professores também, nós vamos perceber que esse fato já é um conteúdo escolar. No entanto a escola oculta isso aos alunos, entendendo que esse universo é o universo do entretenimento. Dentro desse universo do entretenimento existe algumas coisinhas pra aprender né: como ligar um televisor, como usar um datashow, são algumas questões pequenas, mas a educação não assume a cultura que o mundo vive hoje. Ela ainda está vivendo a cultura do século XIX, do iluminismo e isso é um fato, que foi o mundo da desfragmentação dos conteúdos, por exemplo. E nesse sentido, faz-se necessário hoje uma revolução na prática da formação de professores, e na verdade o estado brasileiro e os conselhos estaduais de educação ainda não descobriu isso e isso se torna nesse momento um grande espaço de discussão. Nesse momento, por exemplo, neste ano o conselho estadual de educação de São Paulo aprovou uma diretriz pra formação de educadores. Desconhece completamente essa realidade, porque os formatadores desses processos são educadores que se formaram no século XX e eles ainda tem aquela visão iluminista de educação. De tal forma que o profissional de educomunicação, o licenciado em educomunicação, são pessoas que vão ingressar num universo ainda adverso, muitas escolas ainda não sabem pra que serve esse educomunicador. No entanto, eu acredito que a sociedade vai fazer a educação enxergar diferente, caberá a sociedade dizer pro sistema educacional que ele tem que mudar, não são os educadores, Para os educadores, quando eles olham pro sistema, eles olham a partir dos seus próprios olhares, antigos olhares. É a sociedade, são os jovens que vão ter que dizer pro mundo universitário que mudanças tem que ter na formação dos futuros professores. Nós entendemos que todo professor tinha que ser um educomunicador. O profissional de educomunicação será um assessor a mais, porém é o professor do cotidiano que tem que ter a prática educomunicativa. Imaginamos que essa é a batalha para os próximos 10 anos. 151 APÊNDICE VII FOTOS DA ENTREVISTA COM DR. ISMAR DE OLIVEIRA SOARES 152 APÊNDICE VIII EMAILS TROCADOS COM A DRA. ZENEIDA ALVES DE ASSUMPÇÃO 153 154 APÊNDICE IX ENTREVISTA COM A DRA. ZENEIDA ALVES DE ASSUMPÇÃO (POR EMAIL) Nome do contato: Zeneida Alves de ASSUMPÇÃO Cargo ocupado: Professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Paraná) *** Entrevista realizada em 30/07/2012 por email. LUIZ - Na obra “A rádio no espaço escolar” você enumera as habilidades que uma radioescola desenvolve nos alunos, tantos os emissores, quanto os receptores. Ao entrar em contato com esse projeto pedagógico, os professores também desenvolvem algumas habilidades? Quais? ZENEIDA - Sem dúvida, a Radioescola poderá também desenvolver diversas habilidades nos professores, inclusive a de saber escutar. Por que isto ocorre? A radioescola imita a mídia radiofônica, ao se valer de um dos cinco sentidos do corpo humano: a audição. Porém, na Radioescola, aluno e professor vão além de ouvir, como ocorre na mídia radiofônica. Eles aprendem ou aprimoram a habilidade de escutar “a programação”. Ao escutar estarão compreendendo o que produziram. Ao atuarem (professor e alunos) como emissores e receptores ativos dessa comunicação, perceberão de que o trabalho em grupo, a equipe é relevante, então precisarão ser parceiros nessa interface mídia-educação. Não se faz nenhum produto midiático (programas para a Radioescola) sem equipe que “fale a mesma língua”. Ou seja: cooperação de todos. A divulgação de notícias e de temas educativo-culturais exige responsabilidade de todos. Essa responsabilidade, esse espírito de equipe permeia o cumprimento da pauta, pesquisa, entrevista, locução, produção, edição, veiculação, etc. Essas habilidades poderão contribuir com a cultura escolar, através da mediação Radioescola e práticas pedagógicas, priorizando a crítica social do aluno e também do professor em consonância coma as culturas e escolar e midiática. LUIZ - Na mesma obra você reserva um capítulo para falar a respeito da oralidade e da escrita. Você acredita que essas são as bases iniciais e fundamentais para que o aluno, a partir delas, possa desenvolver outras habilidades? 155 ZENEIDA - A criança antes de andar, ela começa a balbuciar “palavras”. Há uma disputa na família (mães, pais, avós, tias) para que ela pronuncie primeiramente esses substantivos. Se a criança balbuciar mama. Essa palavra (mama) já se transformou em “Mamãe”, na concepção do imaginário da mãe da criança. O que isso significa? Que todos estão preocupados (primeiramente) com a fala da criança. A fala/oralidade é um dos fatores importantes na nossa cultura. A nossa cultura é oral. A escrita e a leitura não ficam para trás ou, em menor, consideração. Dá-se valor imenso para a alfabetização e à escrita. Nesse sentido, considero a Radioescola de capital relevância para a educação escolar. Com ela, é possível o professor articular as duas culturas: escolar e midiática. Por que a considero importante? Primeiramente quanto ao aspecto da cultura escolar e segundo quanto ao aspecto da cultura midiática. A cultura escolar é o escopo da escola. A escola como instituição social do saber instituído e legitimado alicerça-se nessa cultura (não é sem razão, que nas escolas existem: projetos políticos pedagógicos, conteúdos programáticos, ementas de cursos, avaliação, o discurso pedagógico. O controle comportamental/disciplina dos alunos, através de uma carteira atrás da outra; 20 a 40 alunos por sala). Nessa cultura, o educando precisa saber “trabalhar” a oralidade. É exigido dele, leitura de textos didáticos (em voz alta para que toda a turma ouça a fluência verbal dele); a leitura silenciosa (para que ele possa interpretar e compreender o texto). A leitura vem engajada com a escrita. Preconiza-se, na cultura escolar, que quem sabe ler, sabe escrever. Haja vista o velho adágio popular: “Escreveu, não leu, pau comeu!” Com a Radioescola como projeto pedagógico, o professor poderá explorar e desenvolver mais aprimoradamente estas duas habilidades: oralidade e escrita. De que forma? Quando o educando participa como emissor e receptor simultaneamente da Radioescola, como agente ativo desse suporte pedagógico, ele próprio vai se preocupar em ler e falar melhor, sem erros gramaticais e com fluência verbal. A fluência verbal poderá ser adquirida pelo educando, através da prática da locução. Essa prática será prazerosa para ele, porque os colegas dele estão o escutando. Para falar melhor, sem erros gramaticais e com fluência, ele precisa saber escrever o texto, utilizando as normas gramaticais corretas, sinônimos das palavras, concordâncias (verbal e pronominal) corretas; frases com sujeito + verbo + predicado, etc. Assim, a cultura escolar será mais satisfatória por parte do alunado. Embora, haja uma cobrança para o aluno por parte do professor sobre essa cultura escolar, ela se concretiza na Radioescola de forma mais sedutora e agradável. A Radioescola não é aula. Os alunos não estão sentados um atrás do outro. A Radioescola possibilita mobilidade dos alunos no espaço físico. A programação é construída em equipe, onde todos falam, todos discutem a programação. O professor não precisa “cobrar” leitura e escrita correta. Essas habilidades fluem com os conhecimentos que vão adquirindo com o cotidiano “radiofônico”. Os próprios alunos se “policiam” sobre seus erros gramaticais. Eles mesmos se “cobram” e “cobram” do colega a vez de falar, de discutir. Há interesse por parte deles, em mostrar maior quantidade de produção radiofônica. O inverso ocorre em sala de 156 aula, onde não há interesse com as atividades. O trabalho com a Radioescola possibilita o desenvolvimento de outras habilidades: atenção com as tarefas/cumprir metas; saber ouvir os colegas; saber escutar a programação; análise crítica da programação e da própria tarefa; respeitar a vez de falar; sociabilidade; responsabilidade; iniciativa própria; companheirismo; espírito de equipe. LUIZ - Diante de um cenário onde os supercomputadores e o smartphones são os maiores produtos de consumo entre os jovens, por que utilizar o meio rádio, que é quase um veículo centenário no Brasil, para educar? ZENEIDA - Nenhuma tecnologia envelhece ou será substituída por outra. O mesmo ocorre com rádio hertziano. Essa mídia foi criada no mundo há mais de cem anos (1896) e no Brasil (1923), há mais de 70. O rádio, apesar de seus 126 anos, continua um “velhinho” prazeroso por despertar a imaginação em seus ouvintes, em fazê-los sonhar. Essa é uma das características que ele jamais perderá, além da mobilidade. Embora centenário, o rádio está presente em qualquer lugar. Ele não me atrapalha, se eu sintonizá-lo dirigindo o meu carro, por exemplo. O mesmo já não ocorre com o computador, internet e/ou celular. Essas tecnologias embora recentes, não me permitem acessá-las, enquanto dirijo o meu carro pelo centro de Curitiba e/ou pela rodovia, destino Ponta Grossa, onde trabalho. Seria uma irresponsabilidade minha tentar o acesso a essas “novas” tecnologias, dirigindo. Com o rádio, isso é possível. Eu posso ouvir músicas, noticiários, prestação de serviços, enquanto percorro os 110 km da rodovia, entre Curitiba e Ponta Grossa. Ele não causará nenhum problema a mim e nem a terceiros. Ao contrário, a voz dos locutores/apresentadores espantará o meu sono, impedindo-me dormir ao volante. Basta prestar atenção nos caminhoneiros, taxistas, motoristas de ônibus (pequenas e grandes distâncias) e demais profissionais noturnos. Para esses profissionais, o rádio além de companhia, não os deixa dormir. A programação radiofônica noturna privilegia esse nicho profissional. Para a educação escolar (que se alicerça na cultura escolar, seja presencial e a distância) o rádio é uma das mídias de grande valor e facilidade. Ele acompanhou as tecnologias. Temos hoje rádios on-line e webradios. A primeira, sem nenhum custo para a escola que queira acessá-lo. Basta ligar o computador e acessar sua programação, selecionando o que interessar à prática pedagógica. As rádios educativas (Rádio MEC-RJ, é uma delas) e as rádios universitárias brasileiras também. Elas oferecem excelente programação cultural e educativa. As rádios Deutsche-Welle (Alemanha) e Nederlan (Holanda) produzem programações de ótima qualidade. Os documentários poderiam ser trabalhados interdisciplinarmente em sala de aula. Essas emissoras estão on-line. Para ter acesso a elas, necessitam-se apenas de um computador, vontade e interesse do professor. 157 Outra modalidade são as webradios. Com elas há possibilidade da participação e interatividade do internauta-rádio. O aluno e o professor poderão interagir com elas. Ou, então, criar uma webrádio nos espaços escolares e fazer a mediação pedagógica. Sabe-se que as escolas (a maioria delas possui sala de informática). Montar um estúdio de webradioscola é algo muito fácil. Basta adquirir um computador, uma mesa de áudio entre oito a 16 canais, microfones. As APMs (Associação de pais e mestres) ou o MEC, através do Projeto Mais Educação, poderão contribuir nesse “empreendimento educativo”. LUIZ - Difundido pelo Dr. Ismar de Oliveira Soares, o termo “Educomunicação” vem crescendo constantemente nas escolas do Brasil. Projetos envolvendo música, dança, teatro, fotografia e o audiovisual são as bases para aproximar o jovem do ambiente escolar e afastá-lo da violência, bem como melhorar o processo de ensino-aprendizagem. O que uma radioescola pode extrair dos conceitos da Educomunicação? ZENEIDA - Prefiro o termo mídia-educação, também denominado pela UNESCO, em 1960, por educação para as mídias. Segundo a UNESCO: “Por educação para as mídias convém entender o estudo e a aprendizagem dos meios modernos de comunicação e expressão; considerados como parte de um campo específico e autônomo de conhecimentos na teoria e na prática pedagógicas, o que é diferente de sua utilização como auxiliar para o ensino e aprendizagem em outros campos de conhecimentos tais como as matemáticas, a ciência e a geografia” (Éducation sux medias. Paris, UNESCO, p. 1984, 7 apud livro: Mídia e Educação, autor Jacques Gonnet, Edições Loyola, 2004). A mídia-educação se faz presente na educação escolar há muito tempo e anterior às indicações da UNESCO (1960), mediante os trabalhos pedagógicos do psicólogo e educador francês Célestin Freinet e do médico-educador polonês Janusz Korczak. Freinet foi o mentor do jornal escolar (década de 1920). Os trabalhos desses dois educadores foram alicerçados na Pedagogia da Escola Nova. Ambos defensores dela. A Escola Nova ou Escolanovista surgiu na Europa, em 1920. Essa nova concepção pedagógica veio contrapor a Pedagogia Tradicional, que considerava o aluno como mero executor das tarefas determinadas pelo professor. A Escola Nova apresenta o aluno como partícipe da educação, valorizando a criatividade dele, inclusive através da pesquisa educacional realizada por ele. O ensino- aprendizagem busca apoio através do estudo do meio. O espaço físico de estudo deixa de ser apenas o da escola, aliando-se ao espaço físico da comunidade. O jornal escolar criado por Freinet vem atender ao apelo dessa Nova escola. Da mesma forma ocorre com os alunos de Korczak. Enquanto, os alunos de Freinet produziam jornais escolares por meio de pesquisas na comunidade, na aldeia, onde 158 se localizava a escola; os alunos de Korczak construíam notícias para “três jornais: Semanário; A Pequena Supervisão e Maly em Przeglad” (ver em Liana Gottieb, 2001 – “O educomunicador Janusz Korczak). Ao trabalhar a Radioescola numa visão de mediação (cultura escolar e cultura midiática), alunos e professores precisam entender de que as mídias (rádio, televisão, jornal, revista), consideradas bens simbólicos, estão sujeitas à venda, porque são mercadorias. Elas vendem respectivamente: tempo e espaço por pertencerem a grandes grupos econômicos/empresas jornalísticas. Assim, se valem das Teorias do Jornalismo: Teoria da Agenda; Newsmaking; Gatekeeper e outras. Os participantes da Radioescola (alunos e professores) precisam compreender que a Radioescola (representando a mídia radiofônica), embora não venda tempo, está alicerçada na cultura escolar (a qual norteia a educação escolar). Transportando as Teorias do Jornalismo para a Radioescola, teríamos o seguinte quadro: o trabalho radiofônico (Radioescola) do aluno deverá contemplar pauta com temas relacionados à educação escolar (há uma agenda; um agendamento do que é mais importante veicular na Radioescola, sobre o conteúdo escolhido dessa educação escolar). Para o desenvolvimento desses temas, o aluno deverá fazer um planejamento, pesquisa, saber ler, escrever, falar, ter espírito de equipe (ou seja: a produção/newsmaking). Por último, os temas construídos pelos alunos antes da transmissão pela Radioescola, deverão ser submetidos à supervisão do professor da turma e/ou coordenador da Radioescola. Ocorre então, o gatekeeper (porteiro). Ou seja: “os porteiros” poderão ser: professores da turma; coordenador da Radioescola ou gestores da escola. Essa equipe que terá o poder decisório sobre a edição e sobre a transmissão da produção dos alunos. Resumindo: alunos e professores “utilizam-se” as Teorias do Jornalismo, mesmo sem conhecê-las. Ao compreender esse processo produtivo da programação da Radioescola, o estudante compreenderá também os processos produtivos e o “fazer jornalístico” das emissoras radiofônicas, demais mídias e das empresas jornalísticas que mantém essas mídias. A mediação radioescola e cultura escolar permitirão o desenvolvimento da crítica social dos participantes da Radioescola. LUIZ - Em 2004, na cidade de São Paulo, foi homologada a lei “Nas ondas do rádio”, que autoriza o uso do rádio nas escolas municipais, como projeto pedagógico de ensino. A lei em 2012 chega ao seu 8ª ano e tem a adesão da grande maioria das escolas da rede. O exemplo da cidade de São Paulo, porém, não foi seguido nas demais capitais do país. Diante desse cenário midiático que vivemos hoje, você acredita que há algum tipo de resistência, ou até mesmo preconceito por parte de alguns educadores que impossibilitem o uso de mídias na educação? 159 ZENEIDA - Eu conheço essa proposta. Antes do surgimento dela, a Prefeitura Municipal de Curitiba, através da Secretaria Municipal de Educação implantou a Radioescola, no início de dezembro de 1994, um mês após minha defesa de Mestrado intitulada: Radioescola: uma proposta para o ensino de primeiro grau, que se transformou num livro. Na época, eu era assessora de imprensa da Prefeitura de Curitiba, atuando na Secretaria de Educação. Eu estava afastada de minhas atividades trabalhista tanto da UEPG, quanto da Prefeitura de Curitiba para a conclusão de pesquisa de Mestrado. Ao retornar às minhas atividades rotineiras em ambas as instituições, a Secretaria de Educação solicitou minha autorização para implantar a minha proposta defendida no Mestrado nas escolas municipais. A Radioescola foi implantada inicialmente em três escolas. Ela era arrojada por contemplar a interatividade simultânea entre escolas. Essa interatividade é proporcionada por linhas LSP (linhas de som permanente). A programação produzida por alunos no estúdio (estação geradora) da Radioescola sob orientação de professores, era transmitida simultaneamente a outras escolas que também tinham radioescolas em circuito fechado, em horários determinados. Ocorria, então, comunicação simultânea entre os microfones dessas rádios, que eram localizadas nas escolas de diversos bairros. Essa proposta pedagógica ficou atuante até 2000 (pesquisa em lato sensu originou o um dos meus livros: A Rádio no espaço escolar). Acredito que não há resistência por parte dos professores contra a radioescola. Para você ter a ideia da não resistência, esse ano (2012), professores de ensinos: fundamental e médio, município de Ponta Grossa, há 110 km de Curitiba (capital do Estado do Paraná), onde se localiza a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), da qual sou docente do Departamento de Comunicação (Jornalismo), me procuraram para eu auxiliá-los a criarem radioescolas. Outro detalhe: Estive esse ano (2012) proferindo palestras sobre radioescola em dois eventos nos municípios de Ponta Grossa/PR e Santa Maria/RS sobre: Mídia Educação. Nesses eventos, muitos professores apresentaram e discutiram trabalhos sobre radioescolas que estão coordenando. Há, portanto, interesse por parte deles, em trabalhar com radioescola como prática pedagógica. O problema não está com os professores. O problema está na descontinuidade administrativa tanto das escolas quanto do poder público. Nas minhas pesquisas sobre radioescola (especialmente a de Mestrado) a descontinuidade administrativa é o primeiro problema para a desarticulação de quaisquer projetos. Acredito, que a radioescola é uma das propostas que mais atrai professores por ser uma proposta prazerosa tanto para os alunos, quanto para os próprios professores, porque a radioescola contempla as culturas: escolar e midiática. Através dela, o aluno tem prazer em falar e escrever melhor. O aluno (criança, adolescente ou jovem) gosta de “soltar” a imaginação, gosta de “brilhar como holofotes”. A radioescola e a idade permitem ao alunado “esse brilho imaginativo”. 160 APÊNDICE X ENTREVISTA TRANSCRITA COM VEREADOR CARLOS NEDER Nome do contato: Carlos Alberto Pletz NEDER Cargo ocupado: Vereador no município de São Paulo *** Entrevista realizada em 13/08/2012 no gabinete do próprio vereador LUIZ – Como surgiu a ideia de criar o projeto de lei 556/02 que instituiu o rádio como ferramenta pedagógica de apoio nas escolas municipais? NEDER – Bom, a iniciativa primeiro foi do poder executivo durante a gestão da exprefeita Marta Suplicy, foi feito um acordo com a USP, sobretudo com a ECA e por meio desse acordo se implantou um programa inovador na cidade de São Paulo chamado EDUCOM: Educação e Comunicação pelas ondas do rádio. Por meio desse acordo, que era um convênio guarda-chuva com a USP, que contemplava possibilidade de vários termos aditivos, foram contratados profissionais que deram assessoria a formulação da proposta em âmbito do executivo municipal, inclusive para a capacitação de professores, trabalhadores e alunos interessados em desenvolver o programa. O que nós fizemos, e o nosso mérito se resume a isso, foi ter consolidado a proposta na forma de um projeto de lei que depois acabou sendo aprovado e sancionado pela prefeita, de tal maneira que mudanças de governo e orientação político-partidárias não interferissem na continuidade do programa. Então nós entendemos que foi importante a apresentação do projeto e sua transformação em lei em 2004 com essa característica, embora o mérito inicial tenha sido do executivo na sua relação com a USP. LUIZ – Qual a importância do meio rádio no processo de ensinoaprendizagem? NEDER – O rádio foi um instrumento importante no processo de incentivo a prática cidadã em diferentes momentos da história do país, como fator de mobilização, conscientização e de discussão de políticas públicas, mas ele foi utilizado muito precariamente com essa característica de participação da sociedade civil na definição de sua linha editorial. Vem daí todo o movimento que nós fizemos para regulamentar as rádios comunitárias do município de São Paulo. Eu inclusive aprovei a lei que instituiu a rádio comunitária no município, junto com um vereador do PSDB, mas infelizmente depois o governo ingressou com uma ação de declaração de inconstitucionalidade, dizendo que esse tema só poderia ser tratado 161 no Congresso Nacional. Nós defendemos a ideia de que é preciso democratizar a questão da proposta de marco legal hoje no país, fazendo com que os Estados e os Municípios assumam crescentemente um papel na regulamentação do uso desses instrumentos de comunicação, entre eles o rádio, mas também a TV comunitária e outras modalidades, e que também possam contribuir pelo processo de fiscalização para que não se deturbe esse caráter comunitário que nós pretendemos pra rádio, TV e outros instrumentos de comunicação, mas isso pensando na cidade e pensando nos bairros e nas regiões. A ideia de você trazer o rádio também como instrumento pra dentro da escola é exatamente em função das próprias características da escola. Então se a escola é um espaço por excelência de ensino formal e de você constituir novas lideranças, nada mais acertado que utilizar esse instrumento para propiciar aos professores, aos educadores, aos trabalhadores e alunos de modo interativo, discutir a grade curricular, discutir a inserção ou não da escola naquele ambiente em que ela está, inclusive discutindo as causas da violência e ao mesmo tempo propiciando o surgimento de novas lideranças que vejam na democratização dos meios de comunicação e atuação em um novo mercado que vai se constituir no país. Então foi correto pensar a rádio num primeiro momento com essa característica de uma rádio analógica, só que de 2004 para 2012 transcorreram 8 anos e houve toda uma mudança do enfoque, o surgimento de novas tecnologias, o barateamento, inclusive, daquilo que poderia ser ofertado nas escolas, de tal maneira que isso nos levou a repensar o programa para além da questão do rádio e da rádio analógica e veio daí a perspectiva nossa de atualização da lei. LUIZ – Diante de um cenário que temos hoje com tablets, smartphones e computadores, por que optar pelo rádio como política pública? NEDER – Eu acho que se nós analisarmos a redação que foi dada ao projeto, e o projeto deu entrada agora no mês de junho, e uma das mudanças inclusive que foram discutidas exaustivamente com participação de representantes da secretaria municipal da educação, com representantes dos alunos, com trabalhadores e com o pessoal que está nas escolas, inclusive interagindo com o conceito do CEU, que é o Centro Educacional Unificado, que articula política de educação com cultura, esportes, lazer, recreação e futuramente com outras políticas públicas, foi nós não nos prendermos a questão do rádio. Inclusive em decorrência disso mudou-se a proposta da denominação do programa, antes era EDUCOM: Educomunicação nas ondas do rádio e nós evoluímos para EDUCOM, quer dizer, a Educomunicação como sendo o centro do enfoque da política, não nos prendendo mais a tecnologia do rádio. Então a proposta é que nós continuemos com o rádio, mas que outras tecnologias, como essas que você citou, sejam incorporadas no dia a dia das escolas, porque essa é a tendência natural: inclusão digital, trabalhar com o conceito das redes sociais, desenvolver o protagonismo infantojuvenil, formar novas lideranças, fazer com que a legislação hoje existente no país seja efetivamente 162 aplicada, inclusive que nós tenhamos massa crítica para uma forte pressão sob o Congresso Nacional e futuramente para outras instâncias do Poder Executivo, para que haja essa democratização dos meios de comunicação no país, aumentando o papel dos Estados e Municípios na gestão dessas políticas de Educação e Comunicação democráticas. LUIZ – Como você enxerga o projeto hoje 8 anos após a sua implementação? NEDER – O projeto é vitorioso, evidente que você depende da vontade política do Poder Executivo de fazer isso numa escala maior, eu acho que nós vencemos uma etapa inicial que a iniciativa partia só do Poder Executivo. Hoje você tem protagonismo juvenil que há alunos, inclusive, demandando a implantação desse programa em várias outras escolas e equipamentos sociais e nós temos uma tendência a que se exija agora do próximo governante a ser eleito, independente da sua filiação partidária, que esse projeto seja implantado em todas as unidades da rede da Educação, mas não apenas da rede Educação, mas nós gostaríamos que outras secretarias pudessem se apropriar desse potencial que está contido no projeto. Veio daí a ideia de nós termos não só um Conselho Gestor que integre as diferentes políticas públicas e secretarias em âmbito municipal, mas que isso seja feito também em cada uma das subprefeituras com a criação de Conselhos Gestores em âmbito regional e local. Então esta integração de cultura com educação, esportes, lazer e recreação, saúde, combate a violência, isso tem uma tendência a acompanhar um movimento pela descentralização da gestão das políticas e do orçamento na cidade e a expectativa nossa é que esse novo projeto, que começa a tramitar agora na câmara, ele nos ajude a fazer com que essa política não fique confinada na área da Educação e em alguns equipamentos educacionais, mas nós queremos que isso chegue ao conjunto da rede da Educação e das demais secretarias, mas pra isso vai ter de ser uma política de governo e não apenas algo que dependa da vontade do secretário/secretária de Educação. LUIZ – Você comentou de um projeto em parceria com um vereador do PSDB de municipalização das rádios comunitárias de São Paulo. Isso tem alguma relação com projeto EDUCOM? NEDER – Eu acho que isso é uma tendência de médio/longo prazo. E foi um vereador do PT e outro do PSDB apresentando juntos. Infelizmente o governo em uma gestão acabou inviabilizando a aplicação na prática desse projeto, entrando com uma ação de declaração de inconstitucionalidade no STF arguindo que esse tipo de política deveria ser definida no Congresso Nacional e não poderia ser de iniciativa parlamentar, mas há muita controvérsia. Nós apresentamos o projeto naquele momento, já sabendo que uma das contribuições que ele poderia dar era incentivar o debate sobre que medida a Câmara Municipal e os municípios poderiam 163 legislar sobre esse tema, e nós vamos continuar pressionando para que na mudança do marco legal que se discute hoje em Brasília, em relação às concessões de rádio, televisão com fins muitas vezes de uso por religiões, por igrejas, por políticos ou com fins privados lucrativos, que haja um controle maior por parte da sociedade na destinação desses recursos que em última instância são de interesse do conjunto da sociedade e não só daqueles segmentos ou grupos econômicos que foram se apropriando dessas propostas. 164 APÊNDICE XI FOTO DA ENTREVISTA COM O VEREADOR CARLOS NEDER 165 APÊNDICE XII ENTREVISTA COM A PROFESSORA MARIA DE FÁTIMA BARBOSA SANTOS Nome do contato: Maria de Fátima Barbosa SANTOS Cargo ocupado: Professora na EMEF Fagundes Varella *** Entrevista realizada em 03/09/2012 na EMEF Fagundes Varella LUIZ - Quantos alunos a escola possui? FÁTIMA - Segundo site da secretaria municipal de Educação, são 1150 alunos. LUIZ - Quantos anos o projeto “Nas ondas do Rádio” está implementado nesta escola? FÁTIMA - 4 anos. Acho que mais ou menos 4 anos. LUIZ - Como ele surgiu? FÁTIMA – Isso que foi interessante, nós desenvolvemos o projeto que era de SME (Secretaria Municipal de Educação). Era um projeto dentro de uma plataforma da internet e as crianças tinham que participar, montar o projeto e a partir daí eles tinham que montar uma proposta de intervenção na comunidade deles. Eles optaram por falar do lixo e aí nós levamos até o final e quando chegou ao final eles teriam de apresentar essa proposta de intervenção. E qual seria? Porque eles já tinham estudado tudo sobre a condição da escola deles, da comunidade deles que precisava melhorar e como é que eles iam passar isso? Como eles iriam intervir? Algumas escolas fizeram levantamento de algum espaço próximo a escola e que estava ruim, entraram em contato com subprefeitura, mas os nossos não. Os nossos inventaram a rádio. “Ah não, nós vamos fazer rádio, porque daí a gente consegue falar através da caixa de som com os outros alunos pra eles não sujarem, pra eles manterem o espaço limpo” então a partir daí montamos a programação, que foi gravada em um CD e nós levamos um rádio pra lá, com a caixa de som, e fizeram o primeiro dia de rádio. Foi isso. E aí foi muito interessante, porque daí as crianças queriam participar mais. No segundo ano o diretor da escola montou a sala de rádio e aí que veio o projeto “Nas Ondas do Rádio”: quando tinha que formalizar mesmo, porque esse projeto já estava rolando há algum tempo e não tava com uma proposta, não tinha passado por ninguém: nem por conselho de escola, nem supervisão, por ninguém. Então no ano passado eu montei o projeto oficial pro “Nas Ondas do Rádio” e foi assim que aconteceu. A rádio não possuía um nome, então fizemos o concurso pro nome. As crianças tinham que deixar o nome dentro de uma caixinha e o vencedor ganhou um prêmio e também uma publicação no blog, nos meios de comunicação da escola. Depois nós fizemos outro concurso que foi do 166 grafite da sala de rádio. Aí outra criança da 8ª série na época, e que já não estuda mais aqui, ele que venceu e o mesmo fez o grafite. Porque eles montaram na sala de informática uma ideia do que seria, daí nós avaliamos, e quem avaliou? Os meninos da rádio “Ah esse aqui tá legal, então vamos escolher este”. Nós compramos as tintas e o próprio aluno vencedor fez o grafite. LUIZ - Quantos alunos atualmente o projeto possui? Qual a idade deles e de que série são? FÁTIMA - Tem uma média de 8 alunos. Eles são de 5ª s, 7ªs e 8ªs séries. LUIZ - Qual o critério de escolha para os alunos participarem do projeto? Os melhores são escolhidos ou os que estão mais afim? FÁTIMA - Aqueles que estão mais afim. No começo do ano nós divulgamos o projeto e aqueles que estão interessados participam. LUIZ - Qual o nome da rádio? Como foi feita a escolha do nome? FÁTIMA - Rádio Recreio. A escolha do nome foi feita através de um concurso com todos os alunos da escola e um garoto da 6ª série foi o vencedor. Na ocasião ele ganhou um prêmio. LUIZ - Quais os tipos de formato de programas são produzidos? Notícias? Musical? Variedades? FÁTIMA - Notícia, musical, esportes... Eles colocam poemas também, eles colocam informações, informativo da escola né... LUIZ - Existe uma grade de programação? FÁTIMA - Não há. LUIZ - Como são elaborados os programas? Existe uma reunião de pauta? FÁTIMA - Existe. É, como eles estão fazendo agora (alunos no momento da entrevista estavam na frente do computador). Eles sentam, montam a pauta do programa no papel e já montam a pauta no computador . Depois eles já começam a gravar no Audacity. Aí eles pegam um arquivo de música, coloca e apresenta essa música. É feito assim. LUIZ - Como os programas são produzidos? Em estúdio próprio ou na sala de informática? E quem faz a edição? FÁTIMA - São produzidos na sala de informática e os próprios alunos fazem a edição, com o auxílio da professora. 167 LUIZ - Como são reproduzidos os programas? Na hora do intervalo ou em outros horários? Tem programa ao vivo? FÁTIMA - Somente na hora do intervalo. Não tem programa ao vivo, mas tem participação ao vivo, de repente eles usam o microfone pra fazer uma participação, mas um programa em si não há. LUIZ - A comunidade tem acesso para poder acompanhar os programas da rádio? Como por exemplo: blog, facebook, youtube... FÁTIMA - Não. Pra blog sim, mas nosso blog hoje está parado. LUIZ - A rádio conta com a participação de outros professores? FÁTIMA - Há uma participação esporádica, ela não é constante, mas em algumas datas específicas eles participam de alguma forma. LUIZ - Muitos alunos desistiram do projeto ou acontece o contrário: muitos querem participar? Por que? FÁTIMA - Então, a demanda no início é grande, muitos alunos querem participar, porém é assim: como não é uma atividade só lúdica, porque eles precisam escrever, eles precisam ler, então muitos alunos deixam de participar. E também há a questão do horário, por ser pós aula ou pré aula, então acho que inviabiliza muitas vezes também. Mas quem fica são aqueles que tem muito interesse e disponibilidade de tempo. LUIZ - Há um rodízio de funções entre os alunos? FÁTIMA - Ah isso gera até briga (risos). Hoje mesmo foi a briga, mas no bom sentido, porque quem vai fazer a programação dos pequenos, quem vai fazer a programação dos grandes. Eles se organizam assim “Oh, hoje nós vamos fazer a programação dos pequenos, depois dos grandes” e quem vai gravar né. Tem uns que dizem “Ah num dá, sua voz não dá, então é melhor que eu fale”, mas eles se organizam sim. LUIZ - O modelo da radioescola se assemelha ao das rádios comerciais? FÁTIMA - Acho que bem pouco, sabia... Nós usamos como exemplo algumas coisas, mas acredito que eles tenham o jeito deles. LUIZ - De que forma a rádio melhorou a aprendizagem dos alunos? FÁTIMA - Então, na aprendizagem especificamente, eu nunca ouvi muito aqui sobre isso, dos outros professores. O que a gente ouve é na questão do comportamento. Mudou muito o comportamento. A postura dele como monitor, como aluno da rádio 168 em relação aquilo que ele era antes. Agora, ele fica mais prestativo, então efetivamente isso vai aparecer na aprendizagem. É dessa forma que eu vejo. Tem alguns relatos que os meninos avançaram, e que estão mais atentos. LUIZ - Você observou nos alunos se melhorou o trabalho em grupo? FÁTIMA - Sim, eles conseguem até resolver conflitos. Até questão de conflito entre o grupo dele e outro grupo ele já tem outro olhar. LUIZ - Qual o maior desafio para manter o estímulo nesses alunos a continuar participando do projeto? FÁTIMA - O projeto por ser uma atividade diferente do que eles fazem em outro período, em sala de aula, então acho que por isso ele já convida a esses meninos a participarem. Por ser rádio, por eles poderem usar o computador, usar a internet, então isso já é um meio. Outra coisa: por conta desse poder de liderança, porque ele adquire dentro do grupo dele. Porque ele é o monitor , ele se sente diferente e isso faz com que ele continue, porque é interessante pra ele também. O aluno que está na rádio como aluno monitor também pode ser mestre de cerimônia. E na escola nós precisamos de mestre de cerimônia né. Interessante são esses alunos no dia da apresentação deles. É que é assim: eles precisavam ler a pauta pra saber o que iriam falar. E foram morrendo de medo, um até disse “Não vou conseguir chegar lá na frente, eu vou travar”. Resultado: fizeram excelentemente. Na hora que terminou, o aluno me disse “Olha professora, se a gente tivesse que fazer denovo a gente fazia”. Então quer dizer, eles evoluem muito né, é uma aprendizagem pra vida, profissionalmente, você não acha? E eles estão aprendendo né. Eles estão ali brincando de fazer rádio, vamos pensar assim né, mas eles estão passando informação, eles estão escrevendo, porque o objetivo geral aqui da nossa escola é leitura e escrita. Então ele é obrigado a ler e a escrever. E eu tenho alunos não alfabéticos na rádio e que fazem rádio. Por isso é muito interessante. 169 APÊNDICE XIII ENTREVISTA COM O ALUNO RUBENS ROCHA PEREIRA Nome do contato: Rubens Rocha PEREIRA Cargo ocupado: Ex-participante do projeto “Nas Ondas do Rádio” na EMEF Fagundes Varella *** Entrevista realizada em 03/09/2012 na EMEF Fagundes Varella LUIZ – Qual a sua idade? RUBENS – 15 anos. LUIZ – Qual série você estuda atualmente? RUBENS – 1º ano do Ensino Médio. LUIZ – Com quantos anos você entrou nesse projeto da rádio? RUBENS – Na época eu tinha 14 anos e estava na 8ª série. LUIZ – E por quanto tempo você ficou nesse projeto? RUBENS – Foi cerca de 8 meses. LUIZ – E como era o dia a dia aqui da rádio? RUBENS – Era bem legal, todo mundo tinha amizade, então todo mundo conseguia falar um com o outro bem, nos comunicávamos bem. LUIZ – E qual era sua função aqui na rádio? RUBENS – A gente tinha o projeto que era o “Jornal Mural”, que produzia notícias pra ficar semana toda no mural e também fazia a programação. LUIZ – E você fazia a locução, a pauta, como é que era? RUBENS – Eu fazia a pauta. LUIZ – Então você era o responsável por fazer tudo? Aí você pesquisava? RUBENS – Sim eu pesquisava, as vinhetas, assuntos... 170 LUIZ – E você gostava? RUBENS – Gostava. E até porque se eu não gostasse não faria. LUIZ – Como eram as suas notas antes de entrar no projeto? Eram baixas ou eram boas? RUBENS – Minhas notas sempre foram boas. E mesmo participando todos os dias na rádio elas permaneceram boas. LUIZ – E você observou alguma melhora pra escrever textos e redações? RUBENS – Melhora. Ajuda né, porque antes eu tinha até dificuldades pra me comunicar e pra escrever um texto a gente precisa nos comunicar direito e ir atrás. Agora melhorou. LUIZ – Por que você entrou no projeto? RUBENS – Eu entrei no projeto por que eu me interessei, tive interesse desde quando começou, só que quando começou eu não tinha chances de entrar porque eu estudava a tarde. Depois eu fiquei sabendo que abriu vaga, pedi pra me avisarem o dia que abriu, aí eu me interessei e entrei. LUIZ – E o que você tem a dizer sobre essa rádio? RUBENS – O que eu tenho a dizer é que foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo na escola. E também foi a das melhores que eu participei. Pelo pouco que eu vi nas outras escolas, essa foi a melhor que eu pude ver. Porque aqui tem toda uma estrutura boa. LUIZ – E se você não tivesse nesse projeto da rádio, aonde você estaria? O tempo que você passou aqui fazendo rádio, em qual lugar você estaria? RUBENS – Certamente eu estaria em um estúdio. Eu toco guitarra. Ou também estaria jogando bola, estaria gastando tempo com outra coisa. LUIZ – E o que essa rádio proporcionou na sua vida? RUBENS – Muita coisa. Proporciona muitas coisas: novas amizades, pude conhecer mais sobre a área que eu quero fazer, que é Rádio e TV, um monte de coisa interessante que tá me ajudando hoje também. Na escola onde estou atualmente, nós fizemos teatro, a gente precisou de mexer com equipamentos de som. Eu escrevi também uma peça, então me ajudou com muitas coisas, está me ajudando e vai me ajudar em muita coisa. 171 APÊNDICE XIV 10 5ª anos série 1 ano Não Sim Sim Não Sim Sim respostas e perguntas musicas e piadas 11 5ª anos série 1 ano Não Sim Sim Sim Sim Não as palhaçadas nada 15 8ª anos série 4 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim 15 8ª anos série 2 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim 14 8ª anos série 2 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim a professora estava divulgando no começo do ano asi eu me interessei O que me atraiu a participar da Rádio Recreio foi saber que eu poderia ajudar as outras pessoas e passar notícias para outras pessoas. 12) Se não estivesse participando do projeto, o que você estaria fazendo neste horário? 11) O que tem a dizer sobre a Rádio Recreio? 10) O que o atraiu para participar da Rádio Recreio? 9) O seu relacionamento com colegas, professores e demais pessoas da escola melhorou após participar do projeto? 8) Você se sente mais estimulado para participar das atividades da escola? 7) As habilidades que você desenvolve participando na rádio melhoraram os seus estudos? 6) Você encontra mais facilidade para escrever textos e redações? 5) Depois de fazer parte do projeto da Rádio Recreio, você passou a acompanhar mais as notícias que se passam ao redor do mundo? 4) De um modo geral, suas notas melhoraram após sua entrada na Rádio Recreio? 3) Há quanto tempo faz parte da rádio? 2) Em qual série você estuda? 1) Qual a sua idade? RESULTADOS DA PESQUISA COM ALUNOS PRODUTORES lição as tarefas de casa a lição que um ambiente lega de se trabalhar, muito agradável e aprendi iri fica em muito com a casa sem radio fazer nada Foi e é uma coisa boa, me ajudou em muitas coisas me ajudou a enxergar o mundo de outra maneira de uma forma diferente. Estaria fazendo curso de "aventura selvagem" . Estaria A Rádio cuidando Recreio é da minha As pessoas muito ou estaria falaram que interessante em casa era legal e , gosto mexendo interessante muito de no aí eu resolvi participar da computad entrar na rádio é or ou na rádio. muito legal. rua. 13 7ª 9 anos série meses Sim 15 7ª 9 anos série meses Sim 13 7ª 9 anos série meses Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Eu ouvi dizer que era interessante aí foi que surgiu a ideia de vir fazer a Rádio Recreio. Porque todos em minha volta me incentivara m a fazer parte do projeto. Fiz um teste, vim o primeiro dia e gostei. quando vi ao redor do meus amigos todos quizerao participar e me comvidarao e eu quis esperimenta r. A Rádio Recreio é ótima, adoro fazer a programaçã o e é ótimo ser aluna monitora e poder fazer a rádio. o projeto bom. 12) Se não estivesse participando do projeto, o que você estaria fazendo neste horário? 11) O que tem a dizer sobre a Rádio Recreio? 10) O que o atraiu para participar da Rádio Recreio? 9) O seu relacionamento com colegas, professores e demais pessoas da escola melhorou após participar do projeto? 8) Você se sente mais estimulado para participar das atividades da escola? 7) As habilidades que você desenvolve participando na rádio melhoraram os seus estudos? 6) Você encontra mais facilidade para escrever textos e redações? 5) Depois de fazer parte do projeto da Rádio Recreio, você passou a acompanhar mais as notícias que se passam ao redor do mundo? 4) De um modo geral, suas notas melhoraram após sua entrada na Rádio Recreio? 3) Há quanto tempo faz parte da rádio? 2) Em qual série você estuda? 1) Qual a sua idade? 172 Eu estaria em casa, na rua ou mexendo na internet. É um projeto que é diferente e bom para a minha Treino de auto estima. futebol. dormindo ou jogando futebol. 14 anos 11 anos 11 anos 11 anos 11 anos 13 anos 12 anos 11 anos 12 anos Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim 11 anos Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim Sim Sim Sim por tem varias musicas que eu gosto 8) Já ficou sabendo de eventos da escola pela rádio? 7) Por que não participa de forma efetiva? 6) Você colabora, de alguma forma, com as produções de programas para a rádio? 5) O que mudaria na rádio? 4) Você aprova a programação da rádio? 3) Você acompanha a programação da rádio? 2) Você conhece a rádio interna que existe em sua escola? 1) Qual a sua idade? 173 APÊNDICE XV RESULTADOS DA PESQUISA COM ALUNOS OUVINTES Sim 174 12 anos 12 anos 10 anos 11 anos 10 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim Sim Sim Não 11 anos Sim Sim Não por que o son da rádio é muito baixo e as músicas são meio chatas poderia ser mais legais. Sim 11 anos Sim Sim Sim Sim 11 anos Sim Sim Sim Sim colocaria mais volume e mais musica Não Sim Sim porque eu nao fui chamada e tanbem tenho vergonha de faser por que já tem produtores para a rádio. porque eu esto sempre estudando por que nao sou aluno munitor Sim Sim Sim 12 anos 11 anos 11 anos 11 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim 11 anos 10 anos 11 anos 11 anos 12 anos 11 anos 11 anos 12 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Sim 11 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 13 anos 12 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Não Não Sim Não Não Sim Não Não Não Não Não Sim 10 anos Sim Sim Não 12 anos 11 anos 12 anos Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim 13 anos 12 anos 12 anos 12 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim as musicas porque sao muito chatas e sao muito repitidas. As músicas, as programações, as informações e as pessoas. Não Não Não Não Não Sim Sim Não Não Não Sim Não Não Não porque eu não sou aluno munitor porque eu nao fui chamada por que nao tenho tempo eu nao sei eu nao sei porque nao faço proguama de radio por que eu estou,estudando no horario da radio Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim 175 13 anos Sim Não Sim 12 anos 12 anos 11 anos 13 anos 12 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim 11 anos Sim Sim Não eu queria que alguns monitores fossem em cada sala pergutarem qual musica vocÊ preferia;;; é que pasasse mais rock pq eu nao monitoro Não Sim Não Não Não Não Não Não Não Sim Não Sim Não 12 anos 12 anos 12 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim 13 anos 12 anos Sim Sim Sim Sim Não Sim 12 anos Sim Sim Sim Sim Não eu acho a radio muito legal,eu nao mudaria nada. Não 12 anos Sim Sim 12 anos 12 anos 13 anos 12 anos 12 anos 12 anos 11 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 11 anos 12 anos 11 anos 12 anos 12 anos 12 anos 13 anos 12 anos 11 anos 9 anos 11 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim 13 anos 11 anos 12 anos 12 anos Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Não Não OS SOM nada; as musicas AS MUSICAS ... Sim Não Sim Sim Não Não Sim Não Sim Não Sim Não Não Não Não Sim Não Sim Não Sim Sim Não Não Não Não Não Não Não Sim por que estou em sala de aula no horario da radio PORQUE EU NÃO ERA DA RÁDIO por que a radio é para os monitores Sim Sim Não Sim Não Sim Não PRQR QUE EU NAO SOU DA RADIO porque eu nao tenho tempo porque nao gosto -' NÃO eu nao gosto PQ EU NÃO GOSTO SIM. Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim 176 12 anos 12 anos 14 anos 15 anos Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Sim Sim Sim 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 13 anos 12 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim 13 anos 12 anos 15 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim as musicas As musicas as musicas Não Sim Não Sim Sim Não Não Não Não Não Não Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim Não 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos 12 anos Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim 12 anos Sim Sim Não 12 anos 14 anos 12 anos 12 anos Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Não Sim Sim Sim QUE PASSASE AS MUSICAS QUE A GENTE EMSAIA NA SALA COM A PROFESSORA BRUNA Não Não Não Não Não Não Não Eu mudaria as musicas de Rock. Não TEM UMS TIPO DE MUSICAS QUE NAO ROLA Não Sim Não Sim porque eu nao posso NÃO. por que nao; tenho tem po NÃO PORQUE NÃO EU NÃO QUERO E NEM ADIANTA ME OBRIGAR porque não Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não sim por que não Sim Sim Sim Sim INGLÊS geogreaf 12 a anos Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim 12) Qual sua opinião sobre a Rádio Recreio da EMEF Fagundes Varella? 9) Observou melhora no processo de ensino-aprendizagem? 8) O(A) senhor(a) usa os programas de rádio produzidos na escola como parte de suas aulas? 7) O(A) senhor(a) participa dos projetos da rádio de sua escola? 6) Conhece a rádio interna que existe em sua escola? 5) Considera importante a escola utilizar de uma rádio como mais uma estratégia pedagógica para educar crianças e adolescentes? 11) E se fosse convidado a participar da programação, aceitaria o convite? Sim 10) Já foi convidado para dar entrevista na rádio? 4 ANOS Sim 4) Considera importante o uso das mídias (rádio, jornal, televisão) na educação? 3) Trabalha com os meios de comunicação nas suas aulas? 2) Há quanto tempo ministra aulas nesta escola? 1) Qual disciplina o(a) senhor(a) leciona? 177 APÊNDICE XVI RESULTADOS DA PESQUISA COM PROFESSORES MUITO BOA! É uma grande iniciativa, desenvolvida pela POIE Fátima e os alunos monitores e que tem sido importante para os alunos; infelizmente ainda não foi apropriada pelos de mais professores da UE em suas respectivas disciplinas ou em um projeto coletivo. 178 recupera ção 26 paralela. anos. ENSINO FUNDA MENTA LI Leitura e Polivalê ncia historia Sim Sim Sim Sim Não Não 13 ANOS Sim Sim Sim Sim Sim Sim 20 anos Sim Sim Sim Não Não 3anos Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Sim Sim Não Sim Professo r Polivale nte 4 anos Sim Sim Sim Sim Não Não Leitura e Polivalê 20 ncia anos Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim Não Não Acho maravilhoso! É um momento de total interação. Acredito que está pautada muito em músicas, pois não há um envolvimento da sala de aula com a Rádio. Muitos professores dizem sobre a importância, mas resistem e se negam a trabalhar de forma mais estreita. Caso fosse considerada importante, seria um dos pilares do Projeto Pedagógico e não o é. Se quer há material necessário para o desenvolvimento adequado dessa atividade no laboratório. é bem legal pois proporciona a integração entre os Não alunos Tenho uma posição muito positiva quanto ao conteúdo e quanto ao desempenho dos alunos de ciclo II envolvidos no projeto, inclusive no ano passado tivemos bons resultados o que contribuiu para avanços significativos também no Ensino Médio e na vida Sim pessoal dos alunos. É um excelente projeto que envolve todos os alunos e favorece a melhoria da qualidade da Sim aprendizagem. 179 Portugu ês Há quase 24 anos Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim Na aprendizagem por projetos, os alunos são protagonistas, atuam como coautores. Criam autonomia para compartilhar conhecimentos. 180 APÊNDICE XVII MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS PRODUTORES Link do questionário na web: https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dGdQQzVLQjRlb3lreW9RWVZMTFNvYVE6MQ 1) Qual a sua idade? * 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos 17 anos 181 2) Em qual série você estuda? * 1ª série 2ª série 3ª série 4ª série 5ª série 6ª série 7ª série 8ª série 3) Há quanto tempo faz parte da rádio? * 4) De um modo geral, suas notas melhoraram após sua entrada na Rádio Recreio? * Sim Não 5) Depois de fazer parte do projeto da Rádio Recreio, você passou a acompanhar mais as notícias que se passam ao redor do mundo? * Sim Não 6) Você encontra mais facilidade para escrever textos e redações? * Sim Não 7) As habilidades que você desenvolve participando na rádio melhoraram os seus estudos?* Sim Não 8) Você se sente mais estimulado para participar das atividades da escola? * Sim Não 182 9) O seu relacionamento com colegas, professores e demais pessoas da escola melhorou após participar do projeto? * Sim Não 10) O que o atraiu para participar da Rádio Recreio? * 11) O que tem a dizer sobre a Rádio Recreio? * 12) Se não estivesse participando do projeto, o que você estaria fazendo neste horário? * Enviar Tecnologia Google Docs Denunciar abuso - Termos de Serviço - Termos Adicionais 183 APÊNDICE XVIII MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS OUVINTES Link do questionário na web: https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dGRKQkRYSGpPbm5URy05TTJ0WXI3YlE6MQ 1) Qual a sua idade? * 6 anos 7 anos 8 anos 9 anos 10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos 15 anos 16 anos 17 anos 184 2) Em qual série você estuda? * 1ª série 2ª série 3ª série 4ª série 5ª série 6ª série 7ª série 8ª série 3) Você conhece a rádio interna que existe em sua escola? * Rádio Recreio Fagundes Varella. (Se você não conhece a rádio, não é necessário mais responder este questionário. Desça até ao final da página e clique em "Enviar".) Sim Não 4) Você acompanha a programação da rádio? Sim Não 5) Você aprova a programação da rádio? (Caso sua resposta seja SIM, vá para a pergunta 7. Caso a resposta seja NÃO, vá para a pergunta 6.) Sim Não 6) O que mudaria na rádio?* (Só responda essa pergunta caso sua resposta tenha sido NÃO na pergunta nº 5.) 185 7) Você colabora, de alguma forma, com as produções de programas para a rádio? (Caso sua resposta seja SIM, vá para a pergunta 8. Caso a resposta seja NÃO, vá para a pergunta 9.) Sim Não 8) Por que não participa de forma efetiva?* (Só responda essa pergunta caso sua resposta tenha sido SIM na pergunta nº 7.) 9) Já ficou sabendo de eventos da escola pela rádio? (Exemplo: comunicados da direção, reunião de pais, eventos da escola, etc.) Sim Não Enviar Tecnologia Google Docs Denunciar abuso - Termos de Serviço - Termos Adicionais 186 APÊNDICE XIX MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES Link do questionário na web: https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dFJ6ekEwYjhHT3hBM2VseXRkSG8tSVE6MQ 1) Qual disciplina o(a) senhor(a) leciona? * 2) Há quanto tempo ministra aulas nesta escola? * 3) Trabalha com os meios de comunicação nas suas aulas? * Exemplo: vídeos com trechos de filmes, músicas, programetes de rádio, imagens, etc. Sim Não 4) Considera importante o uso das mídias (rádio, jornal, televisão) na educação? * Sim Não 187 5) Considera importante a escola utilizar de uma rádio como mais uma estratégia pedagógica para educar crianças e adolescentes? * Sim Não 6) Conhece a rádio interna que existe em sua escola? * (Rádio Recreio Fagundes Varella. Caso não conheça a rádio, não é necessário mais responder este questionário. Desça até o final da página e clique em "Enviar".) Sim Não 7) O(A) senhor(a) participa dos projetos da rádio de sua escola? Sim Não 8) O(A) senhor(a) usa os programas de rádio produzidos na escola como parte de suas aulas? (Caso sua resposta seja SIM, vá para a pergunta 9. Caso a resposta seja NÃO, vá para a pergunta 10.) Sim Não 9) Observou melhora no processo de ensino-aprendizagem? (Só responda essa pergunta caso sua resposta tenha sido SIM na pergunta nº 8.) Sim Não 10) Já foi convidado para dar entrevista na rádio? (Caso sua resposta seja SIM, vá para a pergunta 12. Caso a resposta seja NÃO, vá para a pergunta 11.) Sim Não 11) E se fosse convidado a participar da programação, aceitaria o convite? (Só responda essa pergunta caso sua resposta tenha sido NÃO na pergunta nº 10.) Sim Não 188 12) Qual sua opinião sobre a Rádio Recreio da EMEF Fagundes Varella? Enviar Tecnologia Google Docs Denunciar abuso - Termos de Serviço - Termos Adicionais 189 APÊNDICE XX CRONOGRAMA ANUAL DE TRABALHO 2012 ATIVIDADE mar abr mai jun jul ago set out nov dez Levantamento X X X Bibliográfico Leitura e X X X Fichamento das Obras Elaboração de X X X Projeto de Pesquisa Revisão X X X Bibliográfica Análise Crítica X X X do Material Entrevistas e X X X X X Pesquisa de Campo Redação X X X X X X X Pré-Banca X Defesa X Orientação X X X X X X X X Programada