OGLOBO
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OGLOBO (1904-2003) Roberto Marinho ELA GOURMET PEDRO HENRIQUES PANCs Frejat SABORES PARA CONHECER A cozinha peruana vale uma excursão, mas não deslumbra. LUIZ HORTA CANÇÕES DE AMOR As plantas alimentícias não convencionais ganham espaço em menus de chefs que buscam sair da mesmice. Uma taça de Madeira no fim do jantar traz felicidade. Roqueiro exercita o lado romântico na música, mas na vida foge do óbvio: troca as flores por uma boa conversa. COLUNISTAS EXCLUSIVO O advogado-geral da União, Fábio Osório, deve ser mais um demitido pelo presidente interino, Michel Temer. Osório deu “carteirada” para usar jatinho da FAB e foi omisso no caso da troca de comando da EBC. PÁGINA 3 MÍRIAM LEITÃO Governo Temer ou acerta muito ou erra feio. PÁGINA 22 MERVAL PEREIRA Falta prudência ao governo do cauteloso Temer. PÁGINA 4 ANCELMO GOIS Impeachment já foi decidido por um voto. PÁGINA 19 LUIZ ANTÔNIO NOVAES Temer faz “governo de salvação” dos privilegiados. PÁGINA 2 ZUENIR VENTURA Brasil vira o país do futuro no condicional. PÁGINA 13 GUILHERME FIUZA Patrulha se cala com Maria Silvia no BNDES. PÁGINA 12 ADRIANA CARRANCA Corrupção mina o Estado e o distancia dos cidadãos. PÁGINA 26 Só para Porto Alegre Governo restringe voos de Dilma O governo Michel Temer decidiu restringir ao trecho Brasília-Porto Alegre-Brasília os deslocamentos de Dilma com aviões da FAB. Ela chamou a medida de escandalosa. PÁGINA 6 A PF pediu o arquivamento do inquérito sobre o deputado Pedro Paulo (PMDB), candidato a prefeito do Rio que foi acusado de agredir a ex-mulher. Para a PF, não há provas contra ele. PÁGINA 17 Acima da inflação Planos de saúde vão subir 13,57% Pelo 13º ano seguido, os planos de saúde terão reajuste acima da inflação. A ANS, que regula o setor, anunciou percentual de 13,57% em 2016. Em dois anos, a alta é de 29%. PÁGINA 21 (1942-2016) MUHAMMAD ALI Lenda do boxe, sofria do Mal de Parkinson, desde 1984. PÁGINA 29 _ Propina a Renan, Sarney e Jucá foi de R$ 70 milhões Afirmação de Sérgio Machado está registrada em delação premiada Ex-presidente da Transpetro disse à Lava-Jato ter dado R$ 30 milhões ao presidente do Senado em troca de sua manutenção no cargo; de acordo com ele, dinheiro desviado pagou campanhas e despesas pessoais O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado afirmou em delação premiada que pagou mais de R$ 70 milhões desviados da subsidiária da Petrobras ao presidente do Senado, Renan Calheiros, ao senador Romero Jucá e ao ex-presidente Sarney, todos do PMDB, informa JAILTON DE CARVALHO. Só a Renan foram destinados R$ 30 milhões, segundo o delator. A propina, em troca da manutenção do ex-aliado no cargo, teria sido usada para financiar campanhas e gastos pessoais. Machado, que se comprometeu a devolver R$ 100 milhões, disse que o esquema funcionou de 2003 ao ano passado. Renan negou ter recebido dinheiro e disse que não indicou Machado. Jucá nega a acusação, e Sarney não foi encontrado. PÁGINA 3 Dúvida razoável CHICO Ministro: centrão age por ‘safadeza’ O ministro da Transparência, Torquato Jardim, disse em entrevista a um jornal do Piauí, em maio, que o chamado Centrão, base atual do governo Temer, atua “em nome da corrupção e da safadeza”. PÁGINA 7 Secretária da Mulher pode cair — O senhor está olhando pra mim? Suspeita de desvio de verba quando era deputada, a secretária da Mulher, Fátima Pelaes, pode perder o cargo. Temer disse que cabe à bancada feminina, que a indicou, decidir. PÁGINA 8 Odebrecht relatou gastos com Dilma Em negociação de delação, executivos da empreiteira disseram ter pagado cabeleireiro; presidente nega EXCLUSIVO Executivos da Odebrecht afirmaram, na negociação de delação premiada, que pagaram “despesas de imagem” da presidente afastada, Dilma Rousseff, entre as quais o cachê do cabeleireiro Celso Kamura, conta GUILHERME AMADO. Como re- velou O GLOBO, a informação também consta de emails trocados por investigados e apreendidos pela Lava-Jato. Os executivos da Odebrecht, que ainda vão prestar depoimentos formais, disseram que os valores para tais gastos foram repassados ao mar- Agressão à ex-mulher PF não acha provas contra Pedro Paulo oglobo.com.br EXCLUSIVO/PALAVRA DE DELATOR JORGE BASTOS MORENO Temer decide demitir chefe da AGU RIO DE JANEIRO OBITUÁRIO NANA MORAES Irineu Marinho (1876-1925) ERIC FEFERBERG/AFP SÁBADO, 4 DE JUNHO DE 2016 ANO XCI - Nº 30.252 Jovem de 16 anos sofreu dois estupros coletivos PÁGINA 19 ACREDITE SE QUISER Garoto de 10 rouba carro e é morto Japonês de 7 é encontrado em floresta Um menino de 10 anos morreu baleado por um PM após roubar um carro em SP. A polícia diz ter revidado tiros dados pelo garoto. A versão será apurada. PÁGINA 10 Após seis dias numa floresta sem comer, o japonês Yamato Tanooka, de 7 anos, foi encontrado. Os pais tinham deixado o garoto na estrada como castigo. PÁGINA 28 3ª Edição • Preço deste exemplar no Estado do Rio de Janeiro • R$ 4,00 • Circulam com esta edição: Segundo Caderno e Ela queteiro João Santana, preso juntamente com a mulher dele, Mônica Moura. Dilma reagiu dizendo que as informações são “descabidas”. Funcionários da Odebrecht relataram também propina para Anderson Dornelles, ex-assessor de Dilma. PÁGINAS 4 e 6 2 l O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 Página 2 GOVERNO EM EXERCÍCIO GOVERNO PARALELO [email protected] Família, família Depois do bônus, o ônus. Nos últimos dias, foram interrogados, incluídos em processos, ou sofreram novas denúncias e sanções, a mulher e a filha de Cunha — que afirmaram, sim, ter cartão e/ou conta internacional autorizados pelo chefe da família —, a filha de Dirceu, os filhos de Sérgio Machado e, novamente nas manchetes, os de Lula. Até Michelzinho, de 7 anos, apareceu — mas por herança antecipada: nada a ver com Lava-Jato. Contra o relógio Meirelles quer a reforma do INSS, mas, segundo auditoria recente do TCU, as aposentadorias dos servidores públicos já estão em risco sistêmico. O déficit atuarial dos estados chegava a 50% do PIB em 2014. Na esfera federal, a 20% do PIB, e, na municipal, a 10%. Naquele ano, 454 planos tiveram resultado negativo de R$ 48,7 bilhões. Sem alarde O tucano Aloysio Nunes, novo líder do governo no Senado, não é, nem de longe, André Moura, líder na Câmara. Mas também está citado na Lava-Jato. Já foi um Com Temer, tudo é possível. Até mesmo a transparência derrubar ministros da Transparência... Fita banana Fátima Pelaes, a “ministra" de Temer que demorou tanto a entrar, já pode ter que pedir para sair. Outra vez A “presidenta” voltou. Pelo menos, na EBC... Silêncio secular LUIZ ANTÔNIO NOVAES CONEXÃO SÃO PAULO COM MARA BERGAMASCHI EQUILÍBRIO PRECÁRIO MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL/2-6-2016 Quando não pode mais negar que o Brasil estava em franca recessão, pois o desemprego campeava, Dilma aprovou no Congresso, em outubro de 2015, o Programa de Proteção ao Emprego. O PPE permitia às indústrias em dificuldades reduzir o salário e a jornada. Para não serem demitidos, os trabalhadores — já atingidos por cortes no seguro-desemprego — aceitariam perder até 15% da renda. Menos de um ano depois, com 11,4 milhões de desempregados, nem é preciso dizer que o tardio PPE se mostrou inútil. Mas ele serve como contraponto à vitória de Temer na Câmara, na quarta-feira, primeira e única a contar com o voto do PT. Na calada da noite, foi aprovado um aumento para o funcionalismo que consumirá, por baixo, R$ 53 bilhões em três anos. De quebra, foram criados 14 mil novos cargos. Ficou evidente o uso de dois pesos e duas medidas com que os governos Dilma e Temer, inacreditavelmente unidos neste ponto, tratam o trabalhador da iniciativa privada e o estatal, em especial a alta burocracia de Brasília, capital com a maior renda per capita do país (por que será?). Com a perspectiva de severa recessão por mais dois anos, enquanto milhões de chefes de família sem estabilidade, mesmo humilhando-se à redução de salário, vão para a rua, o funcionalismo não só mantém intocável o emprego, como recebe garantia de aumentos até 2018, que chegam, em algumas categorias, a 41%. O Planejamento defendeu os reajustes afirmando que estão dentro da Temer. Na posse do ministro da Transparência meta (o rombo de R$ 170 bilhões), abaixo da inflação e representam o “sacrifício do funcionalismo”. Será esta a lógica do “governo de salvação nacional”? Quem está sendo salvo pelo Planalto, que deveria fazer o ajuste fiscal, são os privilegiados, não tão poucos, de sempre. A começar pela cúpula do Judiciário — cujo salário foi reajustado de R$ 33 mil para R$ 39 mil. Teto que, como é praxe, valerá mais cedo ou mais tarde para parlamentares, ministros e o próprio presidente. Se há razões técnicas para explicar os aumentos, com os quais Temer pretendeu se blindar dos sindicatos petistas e ainda afagar instituições estratégicas como STF, PGR, TCU e a Justiça Federal de Moro —, moralmente elas são indefensáveis. O que se esperava era um esforço de governança à altura das aflições do país. Não se reivindica isonomia para cima, mas para baixo: que Brasília buscasse austeridade e respeitasse o sufoco pelo qual passa a maioria da sociedade. Antes de tudo, deveríamos ter visto o prometido corte de cargos comissionados e a contenção ou suspensão de despesas da máquina, além de alguma medida urgente contra o desemprego. Mas o presidente interino preferiu seguir gastando o cheque especial infinito do Estado — o mesmo que derrubou Dilma. Acostumado à bolha do mundo político, Michel Temer começou a governar com ministros e líderes investigados na Lava-Jato, sem mulheres, negros e minorias e sem Cultura. Agora, numa semana em que poderia capitalizar o perigoso cerco da Lava-Jato à rival Dilma, ele novamente consegue atrair para si grande repercussão negativa. Se quiser cair na real, na próxima vez que for a São Paulo, Temer — ou alguém de sua entourage — deveria andar de Uber. Os educados motoristas, constataria, são metalúrgicos, gerentes, engenheiros, advogados, contadores, jovens que largaram a faculdade e até secretárias. Todos desempregados há um ano ou menos. Não é incomum encontrar um que, inseguro, peça desculpas e confidencie que é seu primeiro dia de profissional do volante. Mesmo trabalhando mais de 12 horas num trânsito caótico, eles ainda se consideram privilegiados por terem um carro seminovo e um bom celular conectado ao Waze, capazes de lhes permitir “levar a comida para casa”. O que diriam da sorte do servidor desempregado Aldemir Bendine? Tendo renunciado na segunda-feira à presidência da Petrobras, já no dia seguinte seus seis meses de salário integral, relativos à quarentena, foram garantidos pela Comissão de Ética da Presidência. Algo em torno de R$ 160 mil por mês — sem contar mais de R$ 60 mil da aposentadoria do Banco do Brasil. A turma do Palácio dirá que é um ato normal e tecnicamente perfeito. Com e-mails já protegidos por um século pela Casa Civil, Jorge Messias, o “Bessias” do grampo de Lula com Dilma, teve esta semana reunião fechada com o presidente da Comissão de Ética — cujo mandato dura mais um ano. Levado para o exílio dourado no Alvorada, “Bessias” será testemunha no processo do STF em que Dilma é acusada de obstruir a Justiça. Mais um sucesso João Santana teve uma alegria na cadeia: seu candidato a presidente ganhou com 2/3 dos votos na República Dominicana. Santana foi preso pela PF no meio da campanha. Adversários continuam chamando o publicitário de “experto en procesos electorales mafiosos.” Alô, alô, Janot Afinal, qual a resposta para a pergunta feita por Renan no grampo com Sérgio Machado: quem pagou a Duda Mendonça no exterior em 2002? Nova vanguarda A única categoria em SP que “parou a produção” no 11 de maio contra o “golpe” foi a dos funcionários da Funerária Municipal. Virou xodó da esquerda do PT. Orai por nós Bumlai sempre chamou a atenção pelo jeito piedoso de ser. Na segunda, pediu “misericórdia” a Moro e prometeu jamais esquecer o juiz em suas orações. Sistema bicameral Os grampos dos senadores tornam baixa a Câmara Alta. E a Baixa — de Cunha, Moura e Maranhão — é baixíssima faz tempo. oglobo.com.br As mais vistas no site O GLOBO Por dentro _ _ 2 Dois senadores já admitem rever voto a favor do impeachment 3 Família dispensa advogada que defendia vítima de estupro coletivo 4 Vídeo: ‘Queria que eles esperassem a justiça de Deus. Me sinto um lixo’ 5 Merval Pereira: Na conta da Petrobras MÁRCIA FOLETTO ARQUIVO PESSOAL 1 ‘Ela voltou à comunidade. Ainda ficou de safadeza’, diz suspeito de estupro coletivo Dramas. Vinicius Sassine e o fotógrafo Michel Filho, em hospital de Fortaleza Apuração delicada E m janeiro, O GLOBO noticiava: por falta de avião da FAB, um coração deixou de ser transportado para o transplante em um menino de 12 anos. O garoto morreu dias depois. O drama provocou uma persistente e detalhada busca por informações nos últimos meses sobre o sistema de transporte aéreo de órgãos destinados ao transplante. Com base em levantamento por meio da Lei de Acesso, dezenas de entrevistas e viagem ao Nordeste para ver de perto o funcionamento de uma central de atendimento a quem espera por um doador, o repórter VINICIUS SASSINE deparou-se com um paradoxo esta- tal: se faltam voos para corações e outros órgãos, não faltam para autoridades em viagens de serviço e retorno à residência. A apuração teve cuidado redobrado. Técnicos do setor evitam comentar falhas com receio de afugentar doadores. A série de reportagens, que começa amanhã na editoria País, mostra que muitos órgãos se perdem por falta de estrutura logística, mas o Brasil ainda é um dos campeões mundiais em transplantes. — O desafio foi manter a fidelidade aos fatos, envolvendo um sistema tão complexo como é o de transplantes no país. Os êxitos não impedem que se apontem os problemas — disse Vinicius. Loterias O leitor deve checar os resultados em agências oficiais e no site da CEF porque, com os horários de fechamento do jornal, os números aqui publicados, divulgados sempre no fim da noite pela CEF, podem eventualmente estar defasados. l LOTOMANIA Retoques finais. A estação do metrô Nossa Senhora da Paz, em Ipanema: após a obra, que fechou a praça com tapumes, inauguração será em 1º de agosto As mais compartilhadas _ 1 Temer pede aprovação ainda hoje de reajuste para Judiciário 2 Dois senadores já admitem rever voto a favor do impeachment 1.663 03 l 10 l 15 l 28 l 32 l 36 l 41 l 43 l 47 l 52 l 53 l 55 l 63 l 66 l 67 l 68 l 72 l 77 l 86 l 90 l LOTOFÁCIL 3 Cientistas fazem primeiros testes com vacina universal contra o câncer 4 Gente Boa: OAB vai propor cota para transexual em concurso 1.370 02 04 05 07 08 11 13 14 l l l l l l l l 17 18 20 21 22 24 25 l l l l l l l 5 Cerveró diz que Dilma sabia de propina de Pasadena para petistas QUINA 4.100 02 l 19 l 54 l 60 l 76 l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO País l 3 ESCÂNDALOS EM SÉRIE O propinoduto do PMDB _ Sérgio Machado diz ter desviado R$ 70 milhões da Transpetro para Renan, Sarney e Jucá ANDRE COELHO/9-12-2015 JAILTON DE CARVALHO [email protected] -BRASÍLIA- Em depoimentos da delação premiada, Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, disse que distribuiu mais de R$ 70 milhões em propina de contratos da estatal para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o senador Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-senador José Sarney (PMDB-AP), entre outros líderes do PMDB. Segundo Machado, o valor mais expressivo, de R$ 30 milhões, foi destinado a Renan, o principal responsável pela indicação dele para a presidência da Transpetro, subsidiária da Petrobras e maior empresa de transporte de combustível do país. Machado disse ainda que repassou aproximadamente R$ 20 milhões para Sarney durante o período que esteve à frente da estatal. Romero Jucá, que ficou uma semana como ministro do Planejamento do governo Michel Temer, também recebeu aproximadamente R$ 20 milhões. Machado fala sobre altas somas em propinas com autoridade. A partir do acordo de delação, ele próprio se comprometeu a devolver aproximadamente R$ 100 milhões, fortuna acumulada com desvios de contratos entre grandes empresas e a Transpetro. ESQUEMA DUROU DE 2003 A 2015 Machado disse que abasteceu também as contas dos senadores Edison Lobão (PMDB-MA) e Jader Barbalho (PMDB-PR). As acusações são consideradas devastadoras porque Machado indicou os contratos fraudados e os caminhos percorridos pelo dinheiro até chegar aos parlamentares. Relatou que o dinheiro era desviado de contratos firmados entre a Transpetro e grandes empresas. O esquema funcionou durante todo o período que ele esteve à frente da Transpetro, de 2003 até o ano passado. A estrutura de arrecadação de propina e lavagem de dinheiro seguiu os padrões tradicionais. Os recursos passavam por várias pessoas até chegar ao políticos mencionados por Machado. Em alguns casos, a propina foi entregue diretamente ao interessado. Machado deixou claro, ainda, que o dinheiro era para custear campanhas eleitorais e para pagar despesas pessoais. O ex-presidente da Transpetro disse que arrecadava e repassava a propina porque achava ser esta a missão dele, ou seja, garantir retorno financeiro ao grupo político responsável pela sustentação dele à frente da estatal. Renan indicou Machado para a presidência da Transpetro em 2003, no início do primeiro mandato do ex-presidente Lula, e o manteve apoio à permanência dele no cargo até ano passado, mesmo depois de ter sido acusado por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, de receber propina. A indicação teria ainda apoio de Jucá, Sarney e Lobão, entre outros líderes do PMDB. A combinação dos grampos feitos por Machado com os depoimentos dele e do filho, Expedito Machado, deixa Renan, Sarney e Jucá em situação extremamente delicada. Nas conversas gravadas por Machado, Renan, Jucá e Sarney aparecem discutindo meios de barrar as investigações da Operação Lava-Jato. Num dos diálogos, Renan defende mudança na Segundo delator, encontro na casa de Jader discutiu repasse de US$ 6 milhões ao PMDB Renan Calheiros. O delator diz que o presidente do Senado recebeu R$ 30 milhões desviados da Transpetro lei para dificultar delações premiadas. Jucá fala no impeachment de Dilma Rousseff como uma forma de “estancar a sangria” da Lava-Jato. Sarney sugere a escalação dos advogados César Asfor Rocha, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça, e Eduardo Ferrão para conversar com o ministro Teori Zavascki, relator da LavaJato no Supremo Tribunal Federal (STF). RENAN E JUCÁ RESPONDEM A INQUÉRITOS As gravações já resultaram na demissão de Jucá do Ministério do Planejamento e de Fabiano Silveira, do Ministério da Transparência. Numa das conversas, também gravadas por Machado, Fabiano Silveira foi flagrado orientado Renan a sonegar informações e, com isso, atrapalhar o andamento da Lava-Jato. Renan e Jucá já são alvos de inquéritos abertos desde a primeira fase da operação. Machado decidiu fazer acordo de delação depois que o dono de uma empreiteira indicou uma conta usada por ele para movimentar dinheiro de propina. A conta, aberta num banco na Suíça, era administrada por Expedito Machado, que vivia em Londres. Expedito também fez acordo de delação e confirmou boa parte das declarações do pai sobre a movimentação da propina. O nome de Machado apareceu já na primeira fase da LavaJato. Paulo Roberto Costa, o primeiro delator, disse que o ex-presidente da Transpetro recebia dinheiro desviado dos cofres públicos. Ele próprio, Costa, disse ter entregado R$ 500 mil em espécie na casa de Machado. Coluna do Moreno JORGE BASTOS MORENO TEMER DEFENDE RESPEITO À CARTA O presidente interino, Michel Temer, em telefonema a esta coluna, reafirmou o que já havia dito antes ao blog do Moreno sobre sua indignação com as notícias de que estaria pedindo celeridade ao processo de impeachment da presidente Dilma. Isso mostra o grau de preocupação de Temer com as reações a essa tentativa, manifestadas pelo presidente do Senado, através de nota. É bem verdade que Temer falou ao GLOBO bem antes da nota de Renan. Cerveró revela que jantou com Renan e negociou propina Já se disse e repetiu-se aqui: xingue o Temer, mas não se diga nunca, nem de brincadeira, que ele tenta agir contra a Constituição. — Isso é o que mais me deixa caceteado. A minha tese sempre foi a de defender o princípio constitucional de respeito à independência dos Poderes. Jamais viria de mim, uma pessoa que já presidiu a Câmara por três vezes, qualquer tentativa de interferir em atribuições exclusivas do Legislativo. Acho essas notícias até um desrespeito a mim. Mesmo diante da acusação, Machado se manteve no cargo até fevereiro de 2015, em clara demonstração de força política. Ao deixar a estatal, resistiu às investigações. Só mudou de ideia e decidiu colaborar depois que o filho Expedito entrou na mira do Ministério Público Federal. Sem saída, Machado passou a gravar conversas com seus antigos aliados. Logo depois de gravar alguns de seus principais interlocutores, ele fechou acordo de delação com o MPF. Os acordos de Machado e do filho foram homologados por Teori na semana passada. A partir de agora, a Procuradoria-Geral da República deverá aprofundar as investigações sobre cada acusação do ex-presidente da Transpetro. Procurado pelo GLOBO, Renan negou que tenha recebido dinheiro de Machado: “Jamais recebi vantagens de ninguém e sempre tive com Sérgio Machado relação respeitosa e de estado”, disse o senador, segundo um de seus assessores. Renan também disse que “nunca indicou ninguém para a Petrobras ou para o setor elétrico”. O GLOBO tentou, sem sucesso, falar com Antônio Carlos de Almeida Castro, advogado de Sarney e Lobão. Em nota, Juca disse que “nega o recebimento de qualquer recurso financeiro por meio de Sérgio Machado ou comissões referentes a contratos realizados pela Transpetro”. l NA WEB bit.ly/1PmM7DN Infográfico: os políticos investigados na Operação Lava-Jato -RIO E BRASÍLIA- Em sua delação premiada, Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, revelou ter participado de um jantar em meados de 2006 na casa do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) em que foi discutido um repasse de propina de US$ 6 milhões a políticos do PMDB, em troca de apoio político para ele permanecer na diretoria internacional da estatal. Segundo Cerveró, da reunião participaram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL); Paulo Roberto Costa, também ex-diretor da Petrobras; e Jorge Luz. Cerveró disse ter sido convidado para o jantar por Sérgio Machado, expresidente da Transpetro. Cerveró também revelou que, em 2012, foi chamado ao gabinete de Renan Calheiros. O senador reclamou por não estar recebendo propina da BR Distribuidora, onde Cerveró trabalhava naquele momento. O delator contou ter avisado a Renan que não estava participando de esquema de corrupção na BR. Segundo ele, Renan respondeu que, então, deixaria de lhe dar apoio político. Renan disse ontem que nunca esteve reunido com Cerveró. Jader afirmou que o jantar jamais aconteceu e que ele não tem qualquer relação com Cerveró. O presidente do PMDB, senador Romero Jucá, disse que desconhece qualquer reunião para tratar do assunto. A Polícia Federal indiciou o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) e seu ex-assessor Luís Carlos Batista Sá, apontado como seu braço-direito, num dos inquéritos da Operação Lava-Jato. O inquérito policial já foi concluído e entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por julgar parlamentares, mas sem o indiciamento de Renan Calheiros, que foi investigado no mesmo processo. No relatório, a PF não explica por que poupou Renan, mas o intima a depor em 14 de junho, “a título de diligência complementar”. Aníbal e Luís Carlos foram indiciados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A investigação foi motivada pelas delações de Paulo Roberto Costa. Segundo ele, Aníbal, em nome de Renan, patrocinou os interesses dos práticos do porto de Santos, em negociação com a Petrobras em 2008. Em troca, Aníbel e Renan teriam recebido propina. l Queda a jato Evolução Afagos Esconde o ruim Há ministros caindo por causa da Lava-Jato. Mas tem um que deverá cair nas próximas horas por causa de um jato. Isto mesmo: um jato. Trata-se de Fábio Osório, advogado-geral da União, que provocou um fuzuê ao tentar embarcar esta semana para Curitiba, na Base Aérea. Negado o pedido, Osório deu uma carteirada nos oficiais da Aeronáutica, dizendo ter status de ministro de Estado. A confusão chegou ao gabinete do presidente. Para complicar ainda mais a situação de Osório, Temer descobriu que Toffoli só revogou a sua decisão de demitir o presidente da EBC nomeado por Dilma porque o advogado-geral da União, que deveria fazer a defesa do governo, estava nessa fatídica viagem a Curitiba. Agora, até o padrinho do advogado, o ministro Eliseu Padilha, está pedindo sua cabeça ao presidente. Temer evoluiu da carta para o telegrama. Deputados da base governista ficaram contentes em receber do presidente interino telegramas de agradecimento após a aprovação da nova meta fiscal, na semana passada, e da DRU, esta semana. “Há tempos não se via uma gentileza desta”, disse Heráclito Fortes a Temer, no jantar concorrido que ofereceu ao vice na quinta. Dilma, no ato da Praça XV, ficou feliz com a presença significativa de artistas que foram lhe dar apoio, particularmente com o reencontro com a atriz Bete Mendes, ex-presa política como ela, expulsa do PT por ter votado em Tancredo Neves no colégio eleitoral contra Paulo Maluf. Emocionou-se com a declaração de apoio do diretor Daniel Filho e, também, com a do músico Tico Santa Cruz. Chama a atenção a seletividade da defesa de Dilma Rousseff ao tratar da audioteca de Sérgio Machado. O governo afastado quer pôr para tocar a gravação em que Romero Jucá diz ao ex-presidente da Transpetro que era preciso instalar Michel Temer no Planalto para conter a sangria da Lava-Jato. Mas prefere deletar aquela em que Renan Calheiros relata a Machado os esforços de Dilma para obter a ajuda do presidente do Supremo na contenção de danos da operação. Assédio A conversa de uma hora de Dilma com Pezão tratou mais do tratamento que o governador faz para combater o câncer, o mesmo que ela fez em 2010. Na parte política, Dilma reafirmou sua luta para reaver o mandato e, sobre isso, contou ao amigo que o senador Cristovam Buarque estaria sofrendo uma pressão desumana do governo atual para não mudar o seu voto. No aquecimento Longe das câmeras, os operadores políticos de Michel Temer dão de barato que o governo não pedirá nada de extraordinário ao Congresso antes da conclusão do processo de impeachment. Até lá, só irão a voto projetos que pouco ou nada afetam os interesses dos parlamentares e de suas bases. Fora os agrados, que vão continuar. Foco mundial É cada vez mais provável que a votação do impeachment de Dilma no Senado ocorra mesmo no dia da abertura das Olimpíadas, 5 de agosto. Com a presença e a atenção do Universo voltadas todas para o país. oglobo.globo.com/pais/moreno l O GLOBO 4 l País l ESCÂNDALOS EM SÉRIE [email protected] MERVAL PEREIRA | _ Executivos dizem que Odebrecht pagou despesas pessoais de Dilma | Falta prudência Cabeleireiro afirma que João Santana, preso por caixa 2, pagou serviços DIVULGAÇÃO GUILHERME AMADO [email protected] A redução dos prazos para a definição final do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff não prejudica em nada sua defesa, pois não são necessários 15 dias para se apresentar uma defesa ou uma acusação por escrito de um assunto que não tem novidades. Mas é uma proposta no mínimo inábil, pois dá margem a que a acusação de golpe parlamentar ganhe contornos de veracidade. N a verdade, os dois lados deveriam estar interessados em apressar o processo, pois não serve de nada alongar o prazo, e o país precisa andar para a frente. A presidente afastada não melhora sua atuação pretérita, nem emite sinais futuros de mudança de mentalidade, para oferecer esperanças a senadores que possam mudar de posição. São raros os que se encontram em dúvida sobre a decisão a tomar, pois não há muito a pensar nesse assunto. O crime de responsabilidade cometido pela presidente Dilma está caracterizado, e não é possível relativizar essa má conduta, a não ser para aqueles que consideram uma bobagem o equilíbrio fiscal. Além do mais, diante do descalabro do país, não há nada que indique que o retorno da presidente afastada vá trazer algum tipo de mudança na sua visão de mundo ou na sua maneira de governar. Portanto, além do fato criminoso passível de impeachment em si, há o conjunto da obra, que, se não pode ser imputado oficialmente, influencia naturalmente a decisão dos senadores. E seria uma grande irresponsabilidade trazer de volta ao governo aquela que foi afastada num longo processo decisório que não recebeu nenhum fato novo que possa modificá-lo. Nem mesmo os críticos do início do governo Temer têm razão suficiente para preferir Dilma a ele, a não ser os ideológicos ou os que têm, por razões específicas, simpatia pela presidente afastada. Esse grupo anda fazendo muito alarde, mas creio que os petistas mais consequentes sabem que é impossível a Dilma recuperar a capacidade de governar que nunca teve. Tanto que o melhor que podem oferecer em troca do apoio é a garantia de que ela renunciará ao mandato e convocará novas eleições. Ora, se é para tal, por que não faz isso agora mesmo, abrindo caminho para que o governo Temer estabilize-se? Claro que o que move a presidente afastada e seus poucos seguidores (?) é um espírito de vingança contra o vice, que consideram traidor. Mas, em política, esse sentimento de revanU che tende a não ser Os pontos-chave duradouro, e para o PT o melhor mesmo é se livrar do fardo que Dilma Rousseff repreA redução dos prazos no senta e recomeçar seu processo de impeachment posicionamento na de Dilma não prejudica em oposição, torcendo nada sua defesa, mas é para que Temer erre proposta no mínimo inábil. bastante nestes pouco mais de dois anos. Nesse intervalo, alOs dois lados deveriam guns senadores busestar interessados em cam se posicionar para apressar o processo. O país troca de favores, de um precisa andar para a frente. lado ou de outro. Não parece, no entanto, que existam razões realmente ponderáveis paNão há nada que indique ra fazer o cenário polítique o retorno de Dilma vá co retroceder. Mesmo trazer mudança na sua as críticas ao governo visão de mundo ou maneira interino têm que ter o de governar. sentido de mantê-lo caminhando para frente, evitando novos erros. O processo de escolha dos assessores mais diretos continua ignorando regras básicas de prudência, quando não descuida da ética pura e simplesmente. Essa nova secretária para política das mulheres, ex-deputada Fátima Pelaes, já causara estranhamento ao ser escolhida, pelo posicionamento contrário ao aborto mesmo em caso de estupro. Não bastasse isso, no entanto, ela é acusada pelo Ministério Público de ter desviado dinheiro de emendas parlamentares para empresas fantasmas, e ficado com parte dele. Mesmo que possa ser uma acusação ainda não comprovada, e fruto de uma disputa política, como alega, não é saudável para um governo interino arriscar sua reputação com uma nomeação polêmica como essa. Também o advogado Torquato Jardim, colocado por Temer no Ministério da Transparência em substituição a um nada transparente assessor de Renan Calheiros, deu entrevista recente com comentários céticos em relação à Lava-Jato e com críticas pesadas à classe política. Não parece uma figura que pacifique o cenário do governo interino. Estranhamente, anda faltando prudência ao presidente Temer, tido e havido como um político cauteloso e experiente. l 1 2 3 oglobo.globo.com/blogs/ blogdomerval Sábado 4 .6 .2016 -BRASÍLIA E SÃO PAULO- Executivos da Odebrecht relataram na negociação de suas delações premiadas que a empreiteira pagou despesas pessoais da presidente afastada, Dilma Rousseff, que permitiram a ela cuidar da própria imagem. Entre as despesas está o cachê do cabeleireiro Celso Kamura, conforme revelado ontem pelo colunista do GLOBO Merval Pereira. Investigadores da LavaJato tratam com cautela a informação, porque não há certeza de que a construtora vai incluir ou detalhar a informação nas próximas fases do processo de colaboração. Na negociação, os diretores da Odebrecht afirmaram que valores relacionados à imagem da presidente foram repassados ao marqueteiro João Santana, que se responsabilizou pelo pagamento dos profissionais e serviços contratados. Mônica Moura, mulher de João Santana, já afirmou nas negociações de sua delação premiada que o casal recebeu pagamentos da Odebrecht por caixa dois (recursos não contabilizados pela campanha). Para integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, no entanto, mesmo que a Odebrecht inclua a informação nas próximas fases da delação, serão necessários mais elementos para que seja possível abrir inquérito para investigar o favorecimento pessoal de Dilma. Uma das possibilidades cogitadas é a delação de João Santana e de Mônica Moura. Caso os dois confirmem o caso ou surjam novos documentos que comprovem o que foi dito pela Odebrecht, a investigação poderá avançar. — Criminalmente, é necessário que haja mais elementos para que seja aberto um inquérito — explicou um investigador com acesso à negociação com a Odebrecht. Atualmente, os cerca de 50 executivos da Odebrecht que se propuseram a fazer a dela- Ato contra o impeachment. Dilma cumprimenta público durante evento contra seu afastamento em Porto Alegre ção estão na fase de negociação. A próxima etapa será a entrega dos anexos da colaboração, quando é feita uma síntese de cada um dos pontos prometidos na negociação. Só depois disso são colhidos os depoimentos, para que a delação seja homologada pelo Supremo Tribunal Federal. KAMURA DIVULGA NOTA Em São Paulo, o cabeleireiro Celso Kamura informou ontem, por nota, que os serviços prestados a Dilma Rousseff eram pagos pela própria presidente e pela agência Pólis, de propriedade de João Santana, responsável pelas campanhas de Dilma em 2010 e 2014 e preso pela Lava-Jato. O marqueteiro e a mulher dele, Mônica Moura, respondem a processo por corrupção e lavagem de dinheiro por terem recebido dinheiro da Odebrecht dentro e fora do país. Segundo a nota de Kamura, os “deslocamentos e atendimentos de corte e coloração prestados à presidente afastada Dilma Rousseff, mensalmente ou bimestralmente, foram contratados e pagos pessoalmente por ela”. Quando os serviços tinham o objetivo de preparar Dilma para pronunci- amentos oficiais e campanhas eleitorais, cabia à empresa de Santana pagar pelo serviço e por passagens e hospedagem, de acordo com o cabeleireiro. Ontem, o colunista Merval Pereira informou que cada ida do cabeleireiro ao Planalto custava R$ 5 mil. “O valor cobrado para cada trabalho realizado foi muito inferior ao citado nas referidas notícias”, afirmou Kamura, em nota. Pessoas próximas ao cabeleireiro contam que ele cobrava R$ 1 mil da presidente pelo corte e pelo tingimento do cabelo quando a atendia em caráter pessoal. Dilma pagava em dinheiro ou cheque pessoal. Os valores cobrados eram maiores quando Kamura viajava para atendê-la em campanhas ou pronunciamentos. Na nota, o cabeleireiro acrescentou que “foram emitidas notas fiscais para todos esses trabalhos (prestados para empresas de Santana), devidamente declaradas ao Fisco, estando totalmente de acordo com a legislação brasileira”. “Celso Kamura sempre se pautou pela transparência e clareza em toda a sua trajetória profissional”, concluiu a nota. Em Brasília, políticos de oposição a Dilma afirmaram que os pagamentos a Celso Kamura com recursos desviados da Petrobras mostram um vínculo direto dela com o esquema de corrupção. — É uma vinculação direta. Não tem nada mais direto do que gasto de ordem pessoal. Não é possível que ela vá alegar que não sabe quem pagou o cabeleireiro — afirmou o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO). A senadora Ana Amélia (PPRS) avalia que a informação poderá influenciar votos na Casa pelo afastamento definitivo de Dilma. Ela acredita que novos dados poderão surgir. — Isso revela que vamos certamente chegar cada vez mais perto. Espero que a Lava-Jato mostre tudo que ocorreu, e claro que isso terá influência sobre o julgamento aqui no Senado — afirmou Ana Amélia. O senador petista Lindbergh Farias (RJ), por sua vez, disse acreditar que a informação é falsa, e que será preciso apresentar provas da informação. — Tenho certeza de que isso é mentira. Quero ver se tem alguma prova. A presidente Dilma é uma pessoa honrada que foi afastada por uma quadrilha parlamentar — afirmou. l Petista afirma que acusações são ‘descabidas’ Dilma diz ter comprovantes de pagamentos a cabeleireiro Em nota divulgada no Facebook, a presidente afastada, Dilma Rousseff, negou que tenha pagado despesas pessoais com dinheiro desviado da Petrobras ou que soubesse de esquemas de corrupção na estatal. De acordo com a assessoria da presidente, o cabeleireiro Celso Kamura foi contratado diversas vezes desde a campanha presidencial de 2010, com verba da produtora e também com dinheiro da então presidente para serviços particulares. “Celso Kamura foi contratado pela própria presidenta para serviços particulares, sendo remunerado pessoalmente por -BRASÍLIA- acesse 140 BANGU SHOPPING Rua Fonseca, 240 SHOPPING METROPOLITANO BARRA Av. Embaixador Abelardo Bueno, 1.300 CASCADURA Av. Dom Helder Camara, 9.783 ela. Estão em poder da presidenta os comprovantes de pagamento devido aos deslocamentos (de São Paulo ou Rio de Janeiro para Brasília) e aos serviços prestados por Celso Kamura”. A nota reforça que a contratação de Kamura, em 2010, aconteceu quatro anos após a compra da refinaria de Pasadena. “Todas as despesas pessoais da senhora presidenta da República têm origem comprovada”, diz a nota. Ontem, o colunista Merval Pereira, do GLOBO, mostrou que documentos em posse da Procuradoria-Geral da República revelam pagamentos de itens pessoais de Dilma pelo esquema montado na Petrobras, como as idas de Kamura a Brasília, que custavam R$ 5 mil cada. Mensagens trocadas entre pessoas envolvidas com fraudes na Petrobras mostram ainda que “a ministra” sabia dos acertos feitos pelos advogados para aquisição da refinaria nos Estados Unidos. Dilma, por meio da assessoria, diz que as informações são “mentirosas e descabidas”. “Jamais, em tempo algum, qualquer despesa pessoal da presidenta Dilma Rousseff foi paga por esquemas ilícitos ou provenientes de corrupção”, diz a nota. Questionada sobre as notas fiscais que podem comprovar os pagamentos a Kamura, a assessoria de Dilma informou que não teria condições de fornecer os dados ontem porque a equipe estava em Porto Alegre, onde a petista participou de dois eventos, e as notas estão em Brasília. A assessoria de Dilma informou ainda que as notas serão anexadas à ação judicial que Dilma deverá impetrar contra O GLOBO. CARDOZO FALA EM “MALDADE” José Eduardo Cardozo, ex-advogado-geral da União e atual advogado da presidente afastada, afirmou que “é uma maldade” associar o esquema de corrupção na Petrobras aos gastos pessoais de Dilma. — A presidente gostou (dos serviços de Kamura) e passou a pagar o Kamura pessoalmente — disse ele. — Quando era trabalho profissional, era (pago) pela produtora. Fora disso, ela pagava do próprio bolso a passagem e o custo do Kamura — afirmou Cardozo. O advogado de Dilma disse que trata-se de “mais uma tentativa de intimidação da defesa” da presidente afastada, na qual também estariam incluídas a redução dos prazos para votar o impeachment e a proibição de Dilma de utilizar aviões da Força Aérea Brasileira. — Associar Pasadena, em 2006, à eleição em 2010 é uma maldade, uma perversidade — disse Cardozo, garantindo que a presidente tem todos os recibos dos pagamentos ao cabeleireiro. Em delação premiada, o exdiretor da Petrobras Nestor Cerveró também acusou Dilma de saber de pagamentos de propina a petistas a partir de contratos da estatal. “Dilma Rousseff tinha todas as informações sobre a refinaria de Pasadena”, disse o depoente. A delação também atesta “que Dilma Rousseff acompanhava de perto os assuntos referentes à Petrobras e que “conhecia com detalhes os negócios da Petrobras”, como consta do depoimento prestado em 7 de dezembro de 2015. l NA WEB glo.bo/1VC3t5K Leia a íntegra da nota da presidente afastada acesse 140 SHOPPING BOULEVARD SÃO GONÇALO Av. Presidente Kennedy, 425 SÃO GONÇALO SHOPPING Av. São Gonçalo, 100 IRAJÁ Av. Monsenhor Felix, 1.154 Sábado 4 .6 .2016 l País l O GLOBO l 5 6 l O GLOBO l País l Sábado 4 .6 .2016 ESCÂNDALOS EM SÉRIE _ Diretores da Odebrecht relatam repasses a ex-assessor de Dilma Executivos da empresa deram informação em acordo para delação ALAN MARQUES/FOLHAPRESS/03-11-2010 GUILHERME AMADO [email protected] Executivos da Odebrecht citaram Anderson Dornelles, ex-assessor da presidente afastada Dilma Rousseff, como destinatário do recebimento de dinheiro da construtora. A afirmação foi feita na fase preliminar da negociação da delação premiada e ainda terá que ser detalhada nos anexos da colaboração, a serem entregues pelos advogados da Odebrecht até o fim do mês. Ainda não há consenso dentro da própria empreiteira se a delação ligará Dilma à entrega desses recursos. Os executivos têm dado informações conflitantes à força-tarefa da Lava-Jato sobre os repasses. Numa das situações descritas, Dornelles teria pedido o dinheiro diretamente à construtora. Em outro momento, executivos também falaram que a própria presidente teria pedido ajuda para Dornelles. A exemplo da informação de que Dilma teve despesas pessoais pagas pela construtora, os investigadores da operação têm sido cuidadosos com o que têm ouvido. — É comum haver afirmações na fase da negociação que não se concretizam nas etapas posteriores — alertou uma fonte envolvida nas conversas. Em março, um sócio de Dornelles foi alvo da Operação Xepa, a 26ª fase da Lava-Jato, por suspeita de receber R$ 50 mil da Odebrecht. A Polícia Federal levou Franzoni coercitivamente para depor em Porto Alegre, com o objetivo de esclarecer a suspeita de entrega de R$ 50 mil para um endereço dele em Brasília. Franzoni é sócio de Dornelles no Red Bar, empreendimento dentro do estádio do Internacional, o Beira-Rio, CORTES Governo limita voos de petista Número de assessores especiais também foi reduzido CATARINA ALENCASTRO E EDUARDO BARRETTO -BRASÍLIA- [email protected] -BRASÍLIA E PORTO ALEGRE- A Sempre por perto. Anderson Dornelles é apontado como destinatário de dinheiro da Odebrecht em Porto Alegre. O Red Bar foi o pivô da saída de Dornelles do cargo de assessor de Dilma em janeiro deste ano, devido ao temor no Palácio do Planalto que ele aparecesse na delação de executivos da Andrade Gutierrez, construtora responsável pela reforma e administração da parte do Beira-Rio em que fica o bar. Oficialmente, Anderson disse em janeiro que deixava o cargo de assessor porque iria casar. Assessores e ministros do Planalto afirmaram, no entanto, que ele e Dilma tiveram uma dura conversa sobre o Red Bar, que teria resultado na sua saída. Dornelles, de 36 anos, conheceu Dilma ainda em Porto Alegre, aos 13. Ele a assessorou durante todo o governo Lula, sendo o responsável por carregar a bolsa e o tablet de Dilma. Era ele também que atendia o celular da presidente. Chamado por ela de “menino”, gostava de mostrar a outros funcionários do Palácio do Planalto sua intimidade com a presidente. A proximidade era tanta que alguns entendiam que Dilma o tinha como um filho. Nos últimos meses, a relação entre os dois esfriou a tal ponto que Dilma faltou ao casamento. O GLOBO não conseguiu contato com Dornelles nem Franzoni. l Casa Civil limitou ontem o deslocamento da presidente afastada Dilma Rousseff com aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB) a idas e vindas de Porto Alegre, cidade onde a petista tem família. Dilma também terá de reduzir dos atuais 35 para 15 o número de assessores especiais que estão a seu serviço. Os cerca de 130 funcionários que trabalham diariamente no Palácio da Alvorada, residência oficial, serão mantidos. Outra mudança a que Dilma terá de se adaptar é o financiamento das viagens de seus assessores, que passarão a receber uma diária e não mais contarão com cartões corporativos. A justificativa para a restrição das viagens, segundo uma fonte da Casa Civil, é que Dilma, como está afastada, não tem uma agenda oficial e portanto não “faz sentido’’ que ela tenha direito a deslocamento ilimitado. O Mercado B vai trazer para a Barra o clima alternativo das feiras de arte acompanhado das delícias dos mercados de comida. Em um antigo supermercado, você vai encontrar alguns dos melhores restaurantes da cidade e os food trucks mais badalados. E mais, artistas plásticos reconhecidos internacionalmente irão interagir com grandes chefs criando performances únicas. O evento ainda terá diversas atrações musicais, obras de arte, instalações, produtores artesanais, espaço infantil e muito mais.Tudo em um ambiente estimulante e multicolorido com artistas expondo seus trabalhos nas esquinas de cada restaurante. Não perca, esse evento vai conquistar todos os seus sentidos. PATROCÍNIO: Siga @mercadob.rj no instagram APOIO: PARTICIPAÇÃO: REALIZAÇÃO: O parecer foi produzido a partir de uma consulta feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que havia sido extinto por Dilma e foi recomposto pelo presidente interino Michel Temer. A Casa Civil explicou que, se Dilma quiser fazer uma viagem que não seja para Porto Alegre, ela pode solicitar ao GSI, que irá analisar caso a caso. Em ato contra o presidente interino, Michel Temer, em Porto Alegre, Dilma Rousseff criticou o parecer e disse que está tendo o seu direito de defesa “cerceado”: — Um governo interino cujo objetivo é proibir que eu viaje. É um escândalo que eu não possa viajar pro Rio, pro Pará, pro Ceará. Eu não posso pegar um avião, porque não tem segurança, é a Constituição que manda . A defesa de Dilma pediu em recurso ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, a ampliação do prazo para alegações finais para além do que tinha sido cogitado inicialmente pela comissão. Caso o pedido seja aceito, a decisão final sobre o destino de Dilma poderia ficar até para setembro e não em julho, como poderia ocorrer com os prazos previstos pela comissão. l l País l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO l 7 NOVO GOVERNO _ Ministro liga ‘centrão’, que apoia Temer, a ‘safadeza’ O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim, declarou não acreditar que a Operação Lava-Jato provoque mudanças concretas no Brasil e fez críticas aos partidos políticos, a que chamou de "balcão de negócios", e ao "centrão", grupo que reúne 13 legendas no Congresso, que pressiona o presidente interino Michel Temer “em nome da corrupção e FH: delação de Cerveró ‘não tem qualquer fundamento’ Ex-presidente nega ligação de filho com firma citada por delator O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o conteúdo da delação do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró à Lava-Jato “não tem qualquer fundamento”. O delator afirmou que, por orientação do ex-presidente da estatal Philippe Reichstul, fechou negócio com uma empresa vinculada a Paulo Henrique Cardoso, filho de FH, entre 1999 e 2000. Em carta, Reichstul afirmou que “o processo de escolha de parceiros durante minha gestão na Petrobras sempre foi pautado por critérios que priorizavam exclusivamente os interesses da companhia”. Já FH, negou, por meio de nota em rede social, que o filho tenha ligações com a empresa citada por Cerveró, a PRS Participações. “Notícias veiculadas pela mídia a propósito de delação do senhor Nestor Cerveró sobre o governo FHC não têm qualquer fundamento. Paulo Henrique Cardoso nunca foi ligado à empresa PRS, nunca ouviu falar dela nem, portanto, teve qualquer relação comercial com a referida empresa, nem, muito menos, teve algo a ver com compras da Petrobras”, diz o texto publicado. FH completou que “jamais interferiu ou orientou aquisições pela Petrobras durante os dois mandatos que exerceu como Presidente da República”. Petistas e tucanos defenderam que as informações que pesam contra Paulo Henrique Cardoso sejam investigadas. Parlamentares ressaltaram que não se pode culpar alguém antes de haver provas concretas para tal. l -SÃO PAULO- Correção A informação de que a Secretaria de Estado de Proteção e Defesa do Consumidor (Seprocom) do Rio possui um total de 450 cargos comissionados, publicada na edição de 27 de maio pelo GLOBO, estava incorreta. Ela fora repassada pelo promotor do Ministério Público, Vinicius Cavaleiro. Anteontem, Cavaleiro informou à reportagem ter se equivocado pois teria somado o número de cargos comissionados na Seprocom com o de outras secretarias. l acesse 140 GUANABARA (SHOPPING GUANABARA BARRA) Av. das Américas, 3.501 PARQUE SHOPPING SULACAP Av. Marechal Fontenelle, S/N CAMPOS DE GOYTACAZES (BOULEVARD SHOP. CAMPOS) Av. Jornalista Roberto Marinho, 221 da safadeza". As declarações foram dadas em 18 de maio, treze dias antes de ele assumir a pasta, mas publicadas pelo “O Diário do Povo do Piauí” anteontem, dia de sua posse. Torquato assumiu o ministério após a demissão de Fabiano Silveira, flagrado em conversa orientando o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a não antecipar informações à Lava-Jato. — O que mudou com o impeachment de Collor? O que mudou no Brasil depois da CPI do Orçamento quando os sete anões foram cassados? O que mudou com o mensalão? O que vai mudar com a Lava-Jato? — argumentou o novo ministro. — Enquanto o mensalão es- GIVALDO BARBOSA Em entrevista, antes de assumir, titular da Transparência disse não acreditar que Lava-Jato mudaria o país Cético. O ministro Torquato Jardim tava sendo condenado, a LavaJato estava sendo operada. Eles aconteceram ao mesmo tempo. O ministro reclamou da mobilização do “baixo clero” do Congresso que, segundo ele, “se reúne contra o presidente Temer”: — Partido político hoje é uma central de negócios, todos com o mesmo programa, todos querem a mesma coisa. Você tem 35 partidos políticos no TSE, 28 no parlamento, 28 fazendo manobra para ganhar dinheiro, ganhar cargo público. Já se formou um novo centrão, com quase 20 partidos, 350 deputados para fazer pressão no presidente Michel Temer para conseguir mais cargos. É isso que é o partido político hoje no Brasil, um balcão de negócios — disse. — Isso não é governabilidade, é em nome da corrupção e da safadeza. l 8 l O GLOBO l País l Sábado 4 .6 .2016 NOVO GOVERNO _ Após denúncia, Temer diz que nomeação depende de deputadas Secretária das Mulheres teria feito parte de ‘articulação criminosa’ EVARISTO SA/31-5-2016 CATARINA ALENCASTRO E EDUARDO BARRETTO CANTORIA A base unida, em torno da viola Temer relaxa enquanto aliados cantam sertanejo [email protected] Depois da revelação do suposto envolvimento da ex-deputada Fátima Pelaes num esquema de desvio de emendas parlamentares, o presidente interino, Michel Temer, decidiu dar à bancada feminina a prerrogativa de resolver se manterá ou não a indicação dela para a Secretaria das Mulheres. Se houver recuo na indicação, ele pode não nomeá-la, já que a nomeação ainda não foi efetivada. Pelaes, presidente reconduzida do PMDB Mulher, foi apontada em 2011 pelo Ministério Público Federal como integrante de uma “articulação criminosa” para desviar R$ 4 milhões de suas emendas parlamentares a uma ONG fantasma no Amapá, seu estado. O dinheiro seria para fomentar o turismo no estado por meio de treinamento de 1,9 mil agentes em Macapá. A ex-deputada aparece na Operação Voucher. A denúncia foi publicada ontem pelo jornal “Folha de S. Paulo”. “A parlamentar (Pelaes) teria ainda escolhido as pessoas que ministrariam os cursos oferecidos no âmbito do convênio, que aparentemente sequer foram realizados”, diz o pedido de abertura de inquérito do então procuradorgeral da República, Roberto Gurgel, ao JÚNIA GAMA E MARIA LIMA [email protected] -BRASÍLIA- -BRASÍLIA- N Na mira. Indicada para a Secretaria da Mulher, Fátima Pelaes foi alvo de denúncia em 2011 Supremo Tribunal Federal. Gurgel também afirmou que Fátima Pelaes fazia reuniões constantes com servidores do Ministério do Turismo para “agilizar a liberação das verbas do convênio”. Em 2013, o inquérito foi aberto, mas desde o ano passado tramita na Justiça Federal do Amapá, já que Pelaes deixou de ser deputada e perdeu o foro privilegiado. Os sigilos fiscal, bancário e telefônico de Fátima Pelaes foram quebrados. Um auxiliar de Temer argumenta que a notícia é velha e já era conhecida pelo presidente. Além disso, não foi aberto processo contra a ex-parlamentar. No entanto, há um reconhecimento de que a publicação do fato se soma à declaração sobre estupro, considerada infeliz por interlocutores de Temer. O presidente interino, no entanto, delegou a solução desse caso ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a quem Fátima será subordinada, caso sua nomeação seja efetivada. — Aquilo foi um desastre. Mas Temer está deixando isso fermentar, vai dar para o Alexandre cuidar — pontuou um assessor de Temer. l o jantar para cerca de 45 deputados do PSB e outros partidos ontem a noite, na casa do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), o presidente interino, Michel Temer, inaugurou uma nova fase — cantada — de relação com a base. Na presença de parte de seus ministros, Temer pediu para o deputado cantor Sérgio Reis (PRB-SP) usar a viola e cantar um de seus clássicos, “Chalana”. Disse que estava há 20 dias no governo e precisava relaxar porque “a coisa está muito pesada”. Todos cantaram, mas o convidado principal, contido, só aproveitou a cantoria. O único momento em que se falou de política foi quando o presidente interino fez um discurso de agradecimento aos deputados pelas vitórias na votação da DRU e da nova meta fiscal. Nessa fala ele pediu “coerência” com o momento difícil que o país atravessa e que todos votem pensando unicamente em benefício da população, independente de interesses partidários. Além de deputados , estavam presentes os ministros Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), Mendonça Filho (Educação), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Bruno Araújo (Cidades). — O presidente agradeceu as votações e disse que temos que ter coerência naquilo que formos votar, que o momento agora é de pensarmos no povo, que temos que nos unir todos e votar pelo que for pelo bem da população, independente de partidos — contou Sérgio Reis. O deputado cantor disse que foi um encontro “muito bacana”: — O presidente disse: que bom que você trouxe a viola e vou descontrair. O ministro Eliseu Padilha revelou-se um cantor, Padilha entoou os clássicos do sertanejo “Pinga ni mim” e “Menino da Porteira”. l Supremo tem 194 processos com alto grau de sigilo Decisão do tribunal é acabar com tramitação oculta na Corte O Supremo Tribunal Federal (STF) informou ontem que 194 processos foram ajuizados de forma oculta na Corte. Esse é o mais alto grau de sigilo que um processo pode ter. Não é possível ao cidadão sequer verificar a existência da ação, porque ela não aparece no andamento processual do tribunal. Em breve, esses processos passarão a ser sigilosos, um grau menor de segredo, em que aparece o número da ação e as iniciais do investigado. O fim dos processos sigilosos foi determinado na semana passada por resolução assinada pelo presidente do tribunal, ministro Ricardo Lewandowski. Atualmente, os dados de todos os processos ocultos estão sendo inseridos no sistema do tribunal manualmente. Não há previsão de quando o procedimento estará concluído. A probabilidade é de que a maior parte dos processos ocultos sejam referentes à Operação Lava-Jato. Isso porque, dos 194 contabilizados, 121 estão no gabinete do ministro Teori Zavascki, que é o relator dos processos sobre os desvios da Petrobras. A praxe é de que a Procuradoria Geral da República já envie os processos para o tribunal com esse grau de sigilo. Desde que a resolução foi baixada, isso não aconteceu mais. l -BRASÍLIA- acesse 140 BOULEVARD RIO SHOPPING Rua Barão de São Francisco, 236 SHOPPING NOVA AMÉRICA Linha Amarela, Saída 5 e Metrô Del Castilho GUANABARA ALCÂNTARA Av. Jornalista Roberto Marinho, 221 l País l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO l 9 Esquerda no Rio: juntos apenas em eventual 2º turno Freixo, Molon e Jandira fecham acordo de apoio mútuo para a prefeitura; candidatura do PCdoB terá aliança com PT FERNANDA KRAKOVICS [email protected] Pré-candidatos à prefeitura do Rio no campo da esquerda, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e os deputados federais Alessandro Molon (Rede) e Jandira Feghali (PCdoB) fecharam ontem um acordo de apoio mútuo em eventual segundo turno nas eleições municipais deste ano. Apesar de disputarem o mesmo eleitorado, eles disseram não cogitar a união em uma Pré-candidato, Molon negocia aliança com PV e PPS Ex- petista tentará conquistar eleitorado de centro O deputado federal Alessandro Molon (Rede-RJ) se reúne na próxima segunda-feira com PV e PPS para tentar fechar uma aliança em torno de sua précandidatura à prefeitura do Rio. — Não é tarefa fácil vencer eleição no Rio de Janeiro contra a máquina do PMDB, contra a força e o dinheiro do PMDB, então é preciso que essa conversa (Rede, PCdoB, PSOL e PT) seja ampliada, que envolva outras forças progressistas e envolva também aqueles que não se identificam com nenhuma força política. A representação (política) está em crise, os partidos políticos todos estão em crise, é preciso conversar sobretudo com quem não se identifica com nenhum partido político — disse Molon, após reunião com os Marcelo Freixo (PSOL) e Jandira Feghali (PCdoB). Molon foi o deputado federal mais votado pelo PT no Rio e deixou o partido no ano passado, após 18 anos. Ele não tinha apoio na legenda para disputar a prefeitura, porque o partido estava fechado com o PMDB. Ao se filiar à Rede, Molon afirmou, na ocasião, ter tomado a decisão por não perceber no horizonte possibilidades reais de serem feitas correções de rumos necessárias para o PT, em uma referência aos escândalos de corrupção que atingiram o partido nos últimos anos. Ele enfrenta resistência em parte do eleitorado de esquerda pelo fato de a ex-senadora Marina Silva, fundadora da Rede, ter apoiado o senador Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno das últimas eleições presidenciais. Aliados de Molon minimizam esse fato, afirmando que a trajetória do deputado é conhecida. A aposta do ex-petista é conquistar também o eleitorado de centro. Dividida no primeiro turno, a esquerda aposta na profusão de candidaturas para levar a disputa para o segundo turno. Nesse caso, seria formada uma frente anti-PMDB. PMDB LANÇARÁ PEDRO PAULO A exoneração do secretário municipal de Governo do Rio, Pedro Paulo (PMDB), foi publicada na última quarta-feira no Diário Oficial. Ele vai disputar a prefeitura do Rio na eleição deste ano. Com a saída da administração municipal, ele reassume o mandato de deputado federal. Pedro Paulo pediu exoneração da pasta para atender a legislação eleitoral, que determina que candidatos deixem cargos públicos quatro meses antes do primeiro turno, que acontecerá no dia 2 de outubro. Ele manteve a candidatura mesmo após as acusações de que agrediu a ex-mulher Alexandra Marcondes. Em fevereiro, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, determinou abertura de inquérito para investigar se ele praticou o crime de lesão corporal. l mesma chapa. — As três candidaturas são legítimas. Há uma unidade construída, de diálogo, mas não em uma chapa única. Nós não éramos uma coisa só e nos dividimos. Pelo contrário, somos coisas diferentes, com caminhos próprios, e estamos nos organizando em uma pauta e em um debate permanente sobre a cidade — afirmou Freixo, descartando a possibilidade de uma chapa única. Os três disseram estar confiantes de que um deles chega- rá ao segundo turno. Até o momento, a disputa tem oito pré-candidatos. — Está explícito, absolutamente claro, nossa unidade no segundo turno das eleições do Rio, o que não é pouca coisa. Teremos uma relação fraterna e de altíssimo nível (no primeiro turno) nas redes sociais e na rua — afirmou Jandira, após reunião de quase três horas, da qual também participou o presidente do diretório regional do PT, Washington Quaquá, que é prefeito de Maricá. O plano inicial do PT e do PCdoB era apoiar a pré-candidatura do secretário municipal de Governo do Rio, Pedro Paulo (PMDB). O desembarque ocorreu depois que o peemedebista reassumiu seu mandato de deputado federal para votar a favor do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, seguindo orientação do diretório regional do PMDB. Os comandos do PT e do PCdoB decidiram então lançar a pré-candidatura de Jandira. l REPRODUÇÃO/INTERNET Aliança. Molon, Jandira e Freixo apostam em nome da esquerda no 2º turno 10 l O GLOBO l País l 2ª Edição Sábado 4 .6 .2016 Menor de 10 anos é morto por PMs em São Paulo depois de furtar carro Amigo de 11 anos, que estava no veículo, diz que vítima foi executada após ser rendida MARCOS ALVES SÉRGIO ROXO E STELLA BORGES [email protected] -SÃO PAULO- O menino Ítalo de Jesus Siqueira, de 10 anos de idade, suspeito de roubar um carro, foi morto por policiais militares no Morumbi, bairro nobre da Zona Sul de São Paulo, na noite de quinta-feira. O caso gerou reação de defensores de diretos humanos e dos órgãos de controle da polícia. A Polícia Civil, responsável pela investigação, não descarta execução. Um garoto de 11 anos que estava dentro do carro disse, em depoimento, que o seu amigo foi morto após estar rendido. O menino que dirigia o carro foi baleado e morreu na hora. O outro garoto estava no banco de trás e foi detido, sem oferecer resistência, segundo os policiais. Ele sofreu escoriações. Em depoimento, no Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), os policiais disseram ter disparado porque o menino de 10 anos atirou antes contra eles. De acordo com a polícia, a arma calibre 38 apreendida no carro tinha três cápsulas disparadas. A polícia descobriu que essa arma foi roubada no dia 19 de abril de 2015 de um segurança durante um assalto a um caminhão de carga na cidade de Jundiaí (SP). Os dois policiais militares que fizeram a abordagem realizaram um disparo cada. MENOR MUDA VERSÃO EM DEPOIMENTO Em um primeiro depoimento, ainda na noite quinta-feira, o menino de 11 anos contou que o seu amigo deu dois tiros com o carro em movimento, e um terceiro após colidir com o ônibus. Esse depoimento foi dado apenas na presença da mãe e após o garoto ficar três horas em poder dos policiais, antes de chegar à sede do DHPP. O garoto foi chamado para um novo depoimento ontem. Nele, mudou a versão. Disse que os três disparos ocorreram antes da batida, segundo o advogado Ariel de Castro, membro do Conselho estadual de Direitos Humanos, que acompanhou o depoimento. — Ele contou que o policial chegou próximo, pulou da moto e atirou na cabeça. Podemos até concluir pelo depoimento que pode ter ocorrido, sim, uma execução — disse Ariel. No novo depoimento, o garoto contou ainda que levou um tapa na cara de um dos policiais e que foi ameaçado. O PM teria dito a ele, após a abordagem, que ele precisaria indicar o local onde estava a sua mãe. Se ele não fizesse isso, seria morto. O DHPP ofereceu ao garoto e à mãe dele a possibilidade de entrarem no programar de proteção à testemunha. Mas eles não aceitaram. O menino não foi encaminhado para a Fundação Casa porque a legislação brasileira só prevê medidas socioeducativas para crianças a partir de 12 anos de idade. Os PMs contaram que faziam o pa- Perfil ÍTALO DE JESUS SIQUEIRA ‘Ele gostava de cantar, e dizia que ia me sustentar’ Mãe conta que menor queria ser cantor como o pai, MC Bocão, que está preso desde 2013 LUIZA SOUTO E DIMITRIUS DANTAS [email protected] -SÃO PAULO- Em dez anos de idade fo- Desespero. Cintia Ferreira Francelino, mãe de Ítalo, chora ao saber da morte do filho enquanto espera a liberação do corpo no IML de SP REPRODUÇÃO/TV GLOBO Acidente. Carro usado pelos menores: veículo foi furtado em condomínio da Zona Sul “Me surpreende que um menino (...) que mal consegue alcançar o pedal tenha capacidade para fugir atirando” Júlio César Fernandes Neves Ouvidor das polícias de SP trulhamento de moto em uma rua do Morumbi, por volta das 19h de quintafeira, quando avistaram o carro roubado. Durante a perseguição, o garoto que dirigia o carro perdeu o controle e bateu num ônibus, momento em que os PMs teriam atirado contra o garoto. O carro havia sido furtado de um condomínio na região. As duas crianças haviam pulado o muro do prédio e, ao chegarem à garagem, viram um veículo estacionado com a chave no contato. Sem dificuldade, eles conseguiram sair pelo portão do condomínio. Segundo o menino de 11 anos, o seu amigo tinha dificuldades de trocar a marcha do carro, o que chamou a atenção dos policiais. De acordo com o DHPP, a dupla já havia realizado três crimes. Em janeiro, eles tentaram roubar um bicicleta no Parque do Ibirapuera. Em abril, praticaram furtos num hotel e, no dia 28 de maio, roubaram um condomínio. Em nenhum dos casos anteriores, usaram arma de fogo. Para o ouvidor das polícias de São Paulo, Júlio César Fernandes Neves, a versão de que o menino conseguiu atirar e dirigir o carro ao mesmo tempo deve ser vista com desconfiança. — Me surpreende que um menino de 10 anos, que mal consegue alcançar o pé no pedal de um carro, tenha capacidade para fugir e sair atirando — disse. A Corregedoria da Polícia instaurou inquérito administrativo. Ao analisar o caso no início da noite de ontem, antes do depoimento do menino de 11 anos, a diretora do DHPP, Elisabete Sato, foi cauteloso e evitou descartar qualquer possibilidade para a morte: — Neste início (de investigação) absolutamente nada é descartado. Todas as possibilidades serão investigadas. Eu não tenho (ainda) elementos para afirmar que houve isso ou aquilo. Para Sato, os exames de perícia é que vão definir as circunstância do crime. Foi coletado um par de luvas que estava sendo usado pelo garoto, que passará por exame residuográfico para verificar a existência de pólvora. Também deve ser feita a reconstituição do caso. Sobre a conduta dos policiais militares, a diretora do DHPP também evitou avaliar se o procedimento foi correto, mas destacou que o carro roubado tinha películas escuras e estava com o vidro fechado, o que os impediria de saber que quem estava ao volante era um menino de 10 anos. l ram três passagens em abrigos públicos. Não se sabe ao certo os motivos que o levaram aos cuidados do Estado, mas algumas vezes Ítalo de Jesus Siqueira chegou lá sem a companhia do pai ou da mãe, que estavam presos. O pai, até hoje numa penitenciária, responde por tráfico. A mãe, agora faxineira, passou anos atrás das grades acusada de roubo. Era a avó Zenaide, uma manicure de 56 anos, quem cuidava dele e dos seus irmãos. Segundo mais velho de quatro irmãos, Ítalo cresceu no Morro do Piolho, um amontoado de barracos de onde é possível observar altos edifícios de classe média, na Zona Sul da cidade. Ali, enquanto brincava principalmente de carrinho, sonhava em seguir os passos do pai, o MC Bocão, como era conhecido Fernando de Jesus Siqueira até ser preso em 2013. — Ele gostava de cantar. Fazia as próprias letras e dizia que ia me sustentar — diz Cintia Ferreira Francelino, a mãe. No processo que responde na Justiça, o pai de Ítalo se diz inocente e que foi acusado por policiais porque já tinha antecedentes criminais. Hoje separada do pai de Ítalo, Cintia ganha R$ 400 por mês. O garoto estudava num colégio estadual da região. Estava no segundo ano do ensino fundamental. Os vizinhos dizem que Ítalo era um garoto esperto e bem humorado. Gostava de brincar na lan house da favela. Ítalo alternava jogos infantis com o GTA, game em que o personagem rouba carros e anda pela cidade realizando missões. Para pagar o uso dos computadores, faria pequenos furtos. Mas também fazia bicos. Ao lado do garoto de 11 anos que estava no carro, costumava trabalhar de engraxate no Aeroporto de Congonhas, perto da favela. Por quatro vezes, o barraco onde morava pegou fogo, obrigando a família a mudar de endereço dentro da mesma favela. Ontem, ainda no IML à espera da liberação do corpo, Cintia falava que Ítalo era carinhoso com os irmãos. — Ele não fazia mal a ninguém, pelo contrário, era muito carinhoso — disse a mãe. O corpo de Ítalo foi liberado do IML apenas início da noite. Será velado e enterrado no Cemitério São Luiz, na Zona Sul. l Mortes de cinco da mesma família no RS podem ter motivo passional Uma das vítimas tinha relatado ameaças; drogas foram encontradas A investigação sobre a morte de cinco pessoas da mesma família no bairro Jardim Itu-Sabará, na Zona Norte de Porto Alegre, aponta, de forma preliminar, para hipótese de execução, nos moldes de um crime passional, já que quatro dos corpos tinham marcas de tiro na cabeça. A avaliação é do diretor do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção acesse 140 SÃO JOÃO DO MERITI (SHOPPING GRANDE RIO) Estrada Antonio Sendas, 111 SHOPPING VIA PARQUE Av. Ayrton Senna, 3.000 AMÉRICAS SHOPPING Av. das Américas, 15.500 à Pessoa (DHPP), delegado Paulo Grillo. No entanto, a motivação ainda é desconhecida. — Pelas circunstâncias, se moldaria a uma motivação passional — afirmou Grillo, que tem acompanhado as investigações: — Mas nada pode ser excluído — acrescentou o delegado, ao não descartar outras hipóteses. De acordo com Grillo, foram encontradas drogas embaixo do corpo de uma das vítimas — Valmir Felipe Figueiro —, e o calibre da arma utilizada não é comum em execuções relacionadas ao tráfico de drogas. — Não sabemos se o cirme foi planejado. Ainda permanece envolto em um mistério e vai exigir demais dos policiais — afirmou. A hipótese de que o crime tenha relação com o tráfico de drogas só não foi totalmente descartada porque foram encontradas trouxinhas de maconha e papelotes de cocaína. Os mortos foram identificados como Lourdes Felipe, de 64 anos, mãe de Valmir, de 29 anos, e de Luciane Felipe Figueiro, de 32 anos, além de Jo- ANDERSON FETTER/RBS Violência. Carro da perícia em frente à casa onde cinco pessoas foram mortas ão Pedro, de 5 anos, e Miguel, de menos de um mês de idade, filhos de Luciane. BEBÊ ESTAVA SOB CORPO DA MÃE As cinco pessoas foram encontradas mortas dentro de casa no bairro Jardim Itú Sabará, na Zona Norte de Porto Alegre, na tarde da última quinta-feira. O bebê não tinha marcas de tiros, mas estava com o corpo em- baixo da mãe. A perícia acredita que a criança pode ter morrido sufocada ou com fome. — A única pessoa que tinha dois tiros, além do tiro na cabeça, um no braço, que poderia ser de defesa, é a moça (Luciane). De resto, não é oficial, não temos nada nesse sentido de algum sinal que indicasse luta — acrescentou Grillo. A família era de Santa Catari- na e viajava com frequência para o estado de origem, o que não fez os vizinhos desconfiarem do sumiço. Todos achavam que eles tinham viajado. O último contato telefônico feito pela família, identificado pela polícia, foi no dia 24 de maio. O que aponta, segundo a investigação, que o crime possa ter acontecido nove dias antes de ser descoberto. Os corpos já apresentavam estado de decomposição. Os corpos só foram localizados após a filha de uma das vítimas, que não morava com o restante da família, ser avisada pelos vizinhos, que deram falta da família na quinta-feira. A filha tinha contato esporádico com os familiares. Ela será ouvida pela Polícia Civil dentro da investigação. De acordo com informações do 20º Batalhão de Polícia Militar, o chamado sobre o ocorrido foi feito por volta do meio-dia Nenhuma porta foi arrombada, e a arma do crime não foi localizada, apenas munições de calibre 22. As investigações dão conta que uma das vítimas teria relatado ameças de um antigo relacionamento. — Família de classe baixa, todos moravam naquela casa. Não trabalhavam, sobreviviam de uma pensão que o marido (de Lourdes Felipe) deixava — completou o delegado. A polícia acredita que os depoimentos de familiares e vizinhos possam dar maiores detalhes sobre a vida da família, assim como trazer pistas para a identificação dos autores. Imagens de câmeras de segurança do bairro também são analisadas. Um celular encontrado no local será examinado, assim como impressões digitais encontradas na casa. (Do G1) l acesse 140 JACAREPAGUÁ (PREZUNIC CENTER) Estr. Marechal Miguel Salazar Mendes de Moraes, 906 MADUREIRA SHOPPING Estrada do Portela, 222 TIJUCA Rua Conde de Bonfim, 604 ITABORAÍ SHOPPING Rod. Gov. Mario Covas, BR 101, KM 205 Sábado 4 .6 .2016 Dos Leitores | oglobo.com.br/participe Eu-repórter O GLOBO Autocrítica | Das redes sociais facebook.com/jornaloglobo _ facebook.com/jornaloglobo REPRODUÇÃO/WONDERCREW.COM “Há um desnível no asfalto. Por isso, a água fica acumulada, atrapalhando a travessia na faixa de pedestres” NA EDIÇÃO DE ONTEM: _ twitter.com/jornaloglobo DIVULGAÇÃO AFP Marcelo de Barros, sobre a dificuldade na travessia da Rua Lucídio Lago, esquina com a Rua Arquias Cordeiro, no Méier, quando chove. No local, há rampa para cadeirantes, que não pode ser usada com o alagamento. A Secretaria de Conservação e Serviços Públicos informou que vai vistoriar o local e programar os reparos. | “Não é para impor seus gostos ao restante da sociedade?” Daniel Silveira “Força! Não perca a energia positiva que sempre passa!” Mãe cria linha de bonecas após filho dizer que ‘meninos não choram’ Louise Sousa Susana Naspolini, do ‘RJ TV’, se afasta para tratar câncer de mama Cartas e e-mails “Não merecem a guarda da criança” @Bryanckyzytho ‘Fomos longe demais’, diz pai de menino achado após seis dias perdido | As cartas, contendo telefone e endereço do autor, devem ser dirigidas à seção Dos Leitores. O GLOBO, Rua Irineu Marinho 35, CEP 20233-900. Pelo fax, 2534-5535 ou pelo e-mail [email protected] _ RESJUSTE DO FUNCIONALISMO a Dar aumento para o funcionalismo público, neste momento, é vergonhoso. Mais uma decepção da atitude do governo Temer. Alegar que o aumento está contemplado nos R$ 170 bilhões foi uma oportunidade perdida de reduzir este déficit. A não ser que alguém o julgue pequeno e que não seja necessário reduzi-lo. Alegar também que este aumento vai “pacificar” o funcionalismo, pergunto, então: quem vai pacificar os 11 milhões de desempregados? A atitude não condiz com o momento atual. Definitivamente, Brasília é uma ilha da fantasia em que os representantes dos brasileiros vivem em outro planeta. LUIZ FERNANDO DE SOUZA LIMA RIO _ a Como o sr. parece ser um homem de coragem, presidente Temer, já aumentou o funcionalismo, só para causar inveja ao PT, manda aí uns 30% ou 40% de aumento também para a rapaziada do INSS. Isso vai fazer com que a turma de lá morra de inveja do seu poderio econômico, e também da sua coragem em resolver os assuntos do país com garra e energia. Mas, cuidado com os políticos! Esses não são confiáveis. PAULO CESAR PHILOT BARRADAS RIO Judiciário. Ainda assim, querem ser respeitados. Por quê? OSWALDO CRUZ GRIBEL MAR DE ESPANHA, MG _ a O país está em crise financeira e o governo autoriza aumento para o funcionalismo federal, entre ele, o Judiciário. Como se os nossos magistrados ganhassem pouco, como se não tivessem auxílio-moradia, auxílio-educação e outro benefícios que outros servidores, igualmente concursados, não têm. Os salários do Judiciário são os melhores do Estado, mas, mesmo assim, recebem aumento. Gostaria que a agilidade em que os mesmos têm aumentos fosse transformada em rapidez no andamento dos processos que se arrastam por anos a fio, sem solução. ROBERTO CASTELLO BRANCO RIO a O reajuste do Judiciário, aprovado pela Câmara, não recompõe a inflação de 2015/2016. Ela corrige bem abaixo do que deveria, os dez anos de inflação, desde 2006. É fácil fazer o cálculo: se somássemos a inflação de dez anos seriam 70% de aumento, e não 40%, até 2019, como foi aprovado. MARIA LUCIA FREITAS RIO _ _ MOEDA DA ÉTICA a Com aval do governo, Câmara a A criação de mais de 14 mil vagas, o autoriza aprovação de reajuste do funcionalismo, inclusive dos marajás do Executivo e do Judiciário, aqueles que com salários de R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil ainda têm auxílio-moradia, transporte, dois meses de férias etc. Tudo com impacto de R$ 64 bilhões nas contas públicas. Depois, a culpa é do salário mínimo e dos velhinhos do INSS. Onde estão os paneleiros? FLÁVIO R. FONSECA MENDES, RJ _ a “O Judiciário brasileiro é um dos mais caros do mundo”, segundo o artigo “Na contramão do Brasil” (3/6), escrito por Reis Freire, vice-presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, e que por isto não pode ser acusado de não saber o que está falando sobre aumento de salários no momento em que o país vive a sua pior crise econômica. Quem vai pagar a abismal dívida contraída pelos governantes será o povo brasileiro, e não os membros do aumento de salários para uma casta de servidores, a utilização dos recursos do BNDES para bancar obras biliardárias em outros países são a prova cabal de que não falta dinheiro nos cofres. O tão propalado déficit público deve se referir a uma outra moeda, essa sim, em falta no âmbito do nosso governo. Refiro-me à moeda valiosíssima da ética, da decência e da seriedade no tratamento da coisa pública. MARCELO SALDANHA RIO _ QUEM SABE? a O governo interino de Michel Te- mer, ao montar seu Ministério com nomes envolvidos na Lava-Jato, dois dos quais já afastados na esteira de escândalos, fornece munição à atual oposição para a devolução do poder a Dilma Rousseff. Pode ser, por outro lado, que o presidente interino, ao efetivar as nomeações, aposte num pragmatismo de resultado sutil e fora MARCELO PRATES/3-8-1983 MORTE DE GUITARRISTA CHOCA PAÍS Há 10 anos, músico da banda de Tico Santa Cruz morreu ao tentar fugir de assalto no Rio. Estados de pires na mão 30 ANOS PARA QUITAR DÍVIDAS No final da década de 90, União deu a 23 estados e 182 municípios novo prazo. Newton Cruz O JULGAMENTO EM 1992 Acusado pela morte do jornalista Alexandre von Baumgarten, general foi inocentado. acervo.oglobo.globo.com PAULO ROBERTO GOTAÇ RIO _ LÁ E NÃO AQUI a O leitor José Buzak (2/6) se refere à presidente afastada, Dilma Rousseff, dizendo que ela faz maldades. Mas acredito que não seja isto. Ela só está fazendo direitinho o dever de casa, repetindo o número 6 do decálogo do Lenin: colabore para o esbanjamento do dinheiro público; coloque em descrédito a imagem do país, especialmente no exterior, e provoque pânico e desassossego na população por meio da inflação. Pois é, ele escreveu isto em 1913. ROSA MARIA MENDONÇA RIO coletivos. Estes, sim, sem a devida regulação da agência. Imagino que se o Brasil fosse um país realmente decente, a lógica deveria ser justamente oposta. Ou seja, o percentual dos planos individuais é que deveria nortear o reajuste dos coletivos. Sem medo de errar, o dos planos coletivos, com certeza, vai para a casa dos 20%. Roubo com o aval do governo. LUIZ NIEMEYER RIO _ a Uma vergonha esse reajuste dos planos de saúde de 13,57% autorizado pela ANS, bem acima da inflação acumulada até abril, de 9,28%. Será que ninguém do Ministério Público ou de órgãos de defesa do consumidor vai se manifestar? RONALDO GOMES FERRAZ RIO _ FUGIR AO TEMA POLUIÇÃO VISUAL a “Foge ao tema do processo mostrar que isso (o impeachment) foi uma grande farsa?” indagou José Eduardo Cardozo acerca da não inclusão de transcrição da conversa gravada entre Sérgio Machado e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) no dito processo. O ex-advogado-geral da União e agora advogado de Dilma poderia nos responder: e quanto às delações de Delcídio Amaral e Nestor Cerveró? Foge ao tema do processo mostrar que o PT organizou um projeto criminoso de poder, na definição do ministro Celso de Mello (STF), para assaltar o Estado? Dois pesos e duas medidas: é este o poder de retórica de Cardozo. ELIAS MENEZES NEPOMUCENO, MG _ VALE A PENA a Valeria a pena o novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, cobrar alguns dos esclarecimentos de há muito devidos pela sra. Maria das Graças Foster, no exercício da presidência da estatal. PAULO E. DE MELLO BAPTISTA RIO _ PLANOS DE SAÚDE a Parece até piada. A ANS, agência que regula os planos de saúde no Brasil e que também é responsável para avaliar os índices de reajustes dos planos individuais, baseia-se nos reajustes efetuados nos planos a Ao decretar a volta da poluição visual por anúncios publicitários, o prefeito Eduardo Paes reafirma sua tendência de afrontar a opinião pública. No mesmo tom situa-se a imposição da horrorosa e malfadada ciclovia, cujo desastrado projeto anulou a belíssima vista do mar em toda a extensão da Avenida Niemeyer. Sugiro que seja demolida. MARIA A. BORGES RIO _ FALTA URBANIZAÇÃO a A Estrada da Boiúna, na Taquara, nunca recebeu obras de urbanização e saneamento básico. Com as obras da Transolímpica, a via, que já era péssima, ficou pior. A prefeitura me informou que obras seriam executadas ao final das obras da Transolímpica. Para indignação dos moradores, a obra que está sendo realizada não contempla saneamento básico e urbanização. O consórcio Rio Olímpico (Invepar, Odebrecht TransPort e CCR) está fazendo um calçamento de péssima qualidade, que não contempla o passeio e as demais necessidades da via. A prefeitura fez fotos aéreas da região, para readequar o IPTU. Deveria usar a mesma tecnologia para certificar-se das obras necessárias na via. Utilizar tecnologia somente para aumentar a arrecadação é, no mínimo, desonesto. SOLANGE DE FREITAS CARVALHO RIO P. 4: “Delator: dívida eleitoral de Dilma foi paga com verba da Presidência.” “...alimentar o imaginário acusatório e a previa condenação...” Erro de grafia: falta do acento. Certo: “...e a prévia...” _ P. 5: “Gilmar autoriza prosseguimento de investigação contra Aécio.” “‘Tenho a absoluta convicção de que, ao final, ficará provado, mais uma vez, a minha inocência...’” Erro de concordância (gênero). Certo: “‘_ ...ficará provada...’” P. 24: “Ex-ministro da Justiça vai defender Trabuco.” “Ao todo, dez pessoas foram indiciadas, entre elas Lutero Fernandes do Nascimento, braço direito do ex-secretário da Receita Federal, Otacílio Cartaxo.” Erro de grafia. Certo: “...Lutero Fernandes do Nascimento, braço-direito...” _ P. 25: “Kroton fará oferta para comprar Estácio de Sá.” “...a nova onda de consolidação deverá se concentrar entre as 200 grandes empresas do mercado, que detém 65% dos estudantes.” Erro de concordância/grafia. Certo: _ “...que detêm 65%...” P. 25: “Kroton fará oferta para comprar Estácio de Sá.” “...e agora a tendência é de que predominem...” Crítica: “de” a mais. Certo: “...tendência é que predominem “as combinações de negócios”. _ P. 29: “O batismo/Moscou – 1980/Rio 2016/Maratona Olímpica – de Moscou ao Rio.” “...porém deixaram a cargo das suas federação esportivas...” Falta do plural. Certo: _ “...suas federações...” P. 29: “O batismo/Moscou – 1980/Rio 2016/Maratona Olímpica – de Moscou ao Rio.” “...João chegara em Moscou para buscar...” Erro de regência. Certo: “...chegara a_ Moscou para buscar...” P. 29: “O batismo/Moscou – 1980/Rio 2016/Maratona Olímpica – de Moscou ao Rio.” “O Estádio Lênin estava lotado na tarde de sexta feira...” Erro de grafia: falta do hífen. Certo: “estava lotado na tarde de sexta-feira...” _ P. 29: “O batismo/Moscou – 1980/Rio 2016/Maratona Olímpica – de Moscou ao Rio.” “Um feito notável que chamou pouca atenção pelo atleta vir espremido entre figuras tão estelares foi o 4º lugar do camiseta 78 nos 400 metros.” Combinação inadequada. Certo: “...por o atleta vir...” Melhor: “...por vir o atleta...” Este é o resumo da crítica realizada e supervisionada pelo professor Ozanir Roberti, sob a coordenação do jornalista Aluizio Maranhão, editor de Opinião do GLOBO. A crítica completa é distribuída todos os dias na Redação. LEIA A ÍNTEGRA DA COLUNA NA WEB oglobo.com.br Há 50 anos 4 de junho de 1966 Hoje no Acervo O GLOBO Detonautas do alcance da percepção do cidadão comum, que não conhece as catacumbas de Brasília. Quem sabe? _ _ l 11 Tancredo e Golbery ARTICULAÇÕES EM MINAS Em 1983, no ocaso da ditadura, os dois visitaram colégio do Caraça. Bispos de São Paulo lançam manifesto contra o divórcio Objeto plástico e não chiclete de bola matou o estudante Os bispos de São Paulo lançaram manifesto condenando a introdução do divórcio no nôvo Código Civil, que está em vias de ser aprovado pela Câmara Federal. No documento, os prelados alertam a opinião pública “diante da possibilidade de se introduzirem em nossa legislação civil inovações que venham afetar a estrutura da família”. Salientam que o Código Civil Brasileiro pode ser aperfeiçoado. Consideram, porém, que obra de tal porte e responsabilidade deve ser empreendida sòmente após profundos estudos por parte de especialistas. Foi um objeto plástico, semelhante à tampa de uma caneta esferográfica, e não chiclete de bola, o que motivou a morte do estudante Temístocles de Carvalho, ocorrida dia 31 do mês passado, no Hospital Getúlio Vargas. A versão inicial, dada pelo irmão e acompanhante do menor ao hospital, Sr. Sirlei José de Carvalho, funcionário do 3º Distrito da Prefeitura de São João de Meriti de que Temístocles morrera sufocado por um chiclete de bola, foi desautorizada pelo laudo do exame cadavérico do IML, que atestou como causa da morte “asfixia por plástico” provocada por obstrução da traquéia. Product: OGlobo 12 PubDate: 04-06-2016 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_L User: Lcsr Time: 06-03-2016 21:39 Color: C K Y M l O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 OGLOBO | Opinião | Denúncias aprofundam desgaste de imagem de Dilma A presentada ao país pelo presidente Lula como a “mãe do PAC”, a gerente inflexível e eficiente, Dilma Rousseff governou no Planalto durante cinco anos e de lá foi afastada pelo processo de impeachment em andamento no Senado com a imagem profissional bastante abalada. Lula conseguiu elegê-la como garantia de continuidade dos bons momentos do seu governo. Mas nada de importante deu certo: a gerente não conseguiu destravar os investimentos públicos, listados no Programa de Aceleração do Crescimento, e a economista de formação conduziu um dos maiores desastres da história do país, devido à aplicação do mirabolante “novo marco macroeconômico”. Restou de patrimônio para Dilma a imagem de “mulher honrada”, como brada seu advogado no processo de impeachment, José Eduardo Cardozo. Mas este ativo também já havia sofrido arra- Delação de ex-diretor da Petrobras sobre a compra de Pasadena vai contra a ideia de que a presidente é uma pessoa ‘honrada’ sendo injustiçada naria de Pasadena, no Texas, pela estatal, Cerveró foi responsabilizado por Dilma, presidente da República, pelo mau negócio — prejuízo de US$ 792,3 milhões à estatal. Na delação liberada pelo STF, ele é direto: Dilma tinha conhecimento de todos os detalhes da compra da refinaria. Negócio que gerou propinas, já comprovadas. Cerveró admite que ela deveria saber que políticos recebiam dinheiro desviado da Petrobras. Ele não tem provas. Evidências, porém, não faltam, e há pelo menos um testemunho de que a presidente da República tentou obstruir a Justiça na Operação Lava-Jato. Segundo o senador Delcídio Amaral, a presidente tratou com ele da barganha na indicação de um ministro para o STJ, Marcelo Navarro, em troca da aceitação do pedido de habeas corpus do empreiteiro Marcelo Odebrecht. Acrescente-se o telefonema grampeado pela Justiça em que Dilma nhões. Afinal, como a presidente do Conselho de Administração da Petrobras desde janeiro de 2003 não tomara conhecimento do bilionário esquema de superfaturamento de contratos com empreiteiras para financiar políticos de PT, PP e PMDB? A pergunta sempre pairou sobre Dilma, e agora, a partir da divulgação pelo Supremo da delação premiada do ex-diretor da estatal Nestor Cerveró, ela desaba de vez sobre a presidente afastada. Diretor da área internacional da empresa quando da compra mais que suspeita da refi- e Lula tratam do termo de nomeação do ex-presidente para a Casa Civil, a fim de protegê-lo da Lava-Jato com o foro privilegiado do STF. Outra obstrução. A antiga imagem de Dilma sofre, também, com a revelação, pelo GLOBO, de que dinheiro do petrolão, portanto surrupiado da estatal, financiou gastos pessoais da presidente, como o deslocamento de São Paulo para Brasília do cabeleireiro Celso Kamura para atendê-la. E fica ainda mais degradada depois de reportagem de “Época”, em que o lobista Benedito Oliveira Neto diz que Giles Azevedo, assessor próximo de Dilma, teria pagado dívida de campanha com dinheiro da Secretaria de Comunicação. O PT não quer um desfecho rápido para o impeachment, por apostar no desgaste do presidente interino, Michel Temer. Mas revelações que começam a surgir, e não só na Lava-Jato, também não ajudam a presidente afastada. l Possível vitória da filha de Fujimori é ameaça ao Peru N a reta final das eleições peruanas, a filha do ex-ditador Alberto Fujimori, preso por violação de direitos humanos e corrupção, lidera as pesquisas de intenção de voto, com seis pontos percentuais de vantagem sobre o rival Pedro Pablo Kuczynski, ou simplesmente PPK. Segundo a consultoria Ipsos, um quinto dos eleitores está indeciso, o que torna o resultado imprevisível na reta final do processo eleitoral. O PIB peruano, revela o FMI, cresceu 3,3% em 2015 e deve avançar para 3,7% este ano. A inflação está sob controle, tendo alcançado 3,5% no ano passado, com projeção de queda para 3,1% em 2016. Já o desemprego deve permanecer estável em 6%. Num quadro como mori foi condenado em vários processos por corrupção e crimes humanitários, inclusive a morte de 25 pessoas, sequestros e tortura durante seu governo (1990-2000). Embora Keiko tenha passado boa parte da campanha tentando se desvincular da imagem do pai, há temores de que a candidata possa de algum modo indultá-lo. A volta do “fujimorismo” é tida como um retrocesso perigoso, ao ponto de até mesmo a candidata de esquerda, Veronika Mendoza, terceira colocada no primeiro turno, anunciar o apoio a PPK, numa campanha de voto útil. Kuczynski também recebeu o respaldo de Lourdes Flores Nano, líder do Partido Popular Cristão. Keiko, porém, possui uma boa estrutura parti- esse, a principal preocupação dos eleitores é com a insegurança, sobretudo nas periferias das principais cidades, o que tem favorecido Keiko Fujimori, que adotou o mesmo tom belicoso do pai em sua retórica contra a delinquência. Pesquisa local mostra que quase 90% da população acreditam que será vítima de algum crime nos próximos 12 meses. Em muitos aspectos, o discurso beligerante de Keiko evoca o do pai, que em sua gestão decretou “guerra” contra a guerrilha e acabou condenado por violação de direitos humanos. A candidata, de 41 anos, chegou mesmo a defender a pena de morte para pedófilos, e prometeu colocar o Exército no combate ao crime. Desde 2009, o ex-presidente Alberto Fuji- dária, e seu partido, o Fuerza Popular, tem maioria no Parlamento. Ela conseguiu manter uma vantagem em relação a PPK, mesmo depois de o segundo líder em sua agremiação, Joaquin Ramirez, se ver obrigado a renunciar, após autoridades peruanas anunciarem que o investigam por lavagem de dinheiro. Outros membros da coalizão de Keiko são acusados de ligação com o tráfico de drogas. As chances de vitória de Keiko preocupam, dentro e fora do Peru. Além do temor de uma guinada truculenta e autoritária na política, pesam igualmente os danos que o “fujimorismo” poderá causar a uma economia saudável e articulada comercialmente com países vizinhos, por meio da Aliança do Pacífico. l GUILHERME FIUZA Patrulha recatada e do lar T emer deu posse a Maria Silvia na presidência do BNDES. Silêncio na patrulha progressista. Explicando melhor: o presidente Michel Temer empossou na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o maior orçamento público do país, a economista Maria Silvia Bastos Marques, executiva de renome consagrada no Brasil e no exterior. Silêncio sepulcral na claque progressista, humanitária e feminista. Tentando de outra forma: o BNDES, um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo, alvo de vários inquéritos sobre tráfico de influência do PT, com destaque para as tramoias do ex-ministro Fernando Pimentel para eleger Dilma Rousseff, e de Lula para alegrar suas empreiteiras de estimação, foi colocado por Michel Temer nas mãos de uma executiva séria e brilhante, que vai combater a farra com o dinheiro do contribuinte. Outrora febril, a patrulha progressista, agora recatada e do lar, vira-se de lado e dorme. Quando alguém tenta despertá-la, ela pergunta sonolenta: mas e o Cunha? Se já era difícil explicar o que o Cunha tem a ver com as calças, que dirá com as saias. Melhor não contrariar. Para os brasileiros da resistência democrática, irmanados à quadrilha de Dilma e Lula contra os golpistas, mulher de verdade é Erenice, Gleisi, Ideli, Rosemary, Rosário, Graça, Belchior e as demais heroínas que fizeram história na Era Rousseff. Gosto não se discute. Melhor passar à próxima notícia: Michel Temer empossa Pedro Parente na presidência da Petrobras. Silêncio ensurdecedor na patrulha moralizadora contra o novo governo. Em se tratando de moral, vale explicar com paciência: o governo dos abutres que vieram atacar os cordeiros indefesos do PT colocou um dos melhores executivos do país, reconhecido nacional e internacionalmente, para gerir a empresa usada por Lula e Dilma para patrocinar o maior escândalo da história da República. Alguém cometeu de novo a indelicadeza de acordar a patrulha do bem, exausta da luta sem tréguas contra os conservadores malvados, e a reação veio na bucha: mas e o Cunha? Aí Michel Temer demite sumariamente os suspeitos de seu governo. Um careta, conservador, que não tem noção de solidariedade. Dilma nunca fez isso. Sempre procurou manter seus picaretas de fé a salvo, como é o caso do supracitado Fernando Pimentel. E jamais negou apoio público aos companheiros mensaleiros e aos guerreiros do povo brasileiro presos no assalto à Petrobras. É aí que mora o perigo, bravos democratas que resistem contra Temer: vocês não podem aceitar assim, de bico calado, a entrega escandalosa da Petrobras a Pedro Parente. Vocês já pensaram nas consequências disso? Quantos doleiros e tesoureiros progressistas ficarão à míngua? Quantas eleições presidenciais e parlamentares deixarão de ser compradas, desempregando milhares de funcionários de gráficas Fale com O GLOBO PRESIDENTE Roberto Irineu Marinho VICE-PRESIDENTES João Roberto Marinho - José Roberto Marinho _ OGLOBO é publicado pela Infoglobo Comunicação e Participações S.A. DIRETOR - GERAL: Frederic Zoghaib Kachar _ DIRETOR DE REDAÇÃO E EDITOR RESPONSÁVEL AGÊNCIA O GLOBO DE NOTÍCIAS Venda de noticiário: (21) 2534-5656 Banco de imagens: (21) 2534-5777 Pesquisa: (21) 2534-5779 Atendimento ao estudante: (21) 2534-5610 PUBLICIDADE Noticiário: (21) 2534-4310 Classificados: (21) 2534-4333 MARCELO Aí Michel Temer demite sumariamente os suspeitos de seu governo. Um careta, conservador, que não tem noção de solidariedade fantasmas, agências de publicidade de fachada, marqueteiros espertos e jornalistas de aluguel, fora a crise no mercado da mortadela? Vocês não devem estar se lembrando quem é Pedro Parente, caros gladiadores da resistência democrática. Então compreendam a gravida- Geral e Redação (21) 2534-5000 Jornais de Bairro: (21) 2534-4355 Missas, religiosos e fúnebres: (21) 2534-4333. Plantão nos fins de semana e feriados: (21) 2534-5501 Loja: Rua Irineu Marinho 35, Cidade Nova International sales: Multimedia, Inc. (USA). Tel: +1-407 903-5000 E-mail: [email protected] de da coisa: quase 20 anos atrás, Pedro Parente foi um dos principais guardiões da implantação de uma barbaridade chamada Lei de Responsabilidade Fiscal. Não estão ligando o nome à pessoa? Ora, bravos guerreiros do bem, foi essa maldita excrescência que derrubou a nossa impoluta presidenta. Entenderam o golpe? Pedro Parente, colocado pelo governo branco, velho e conservador de Temer para tomar conta da maior empresa nacional, tramou a queda de Dilma lá atrás, nos anos 90. Esses golpistas pensam em tudo. Junto com a gangue que fez Classifone (21) 2534-4333 Relacionamento com o Assinante: www.portaldoassinante.com.br ou pelos telefones 4002-5300 (capitais e grandes cidades) e 0800-0218433 (demais localidades), de 2ª a 6ª feira, das 6h30m às 19h, e aos sábados, domingos e feriados, das 7h às 12h Twitter: @falecom_OGLOBO. Facebook: facebook.com/clubeoglobo Assinatura mensal com débito automáti- o Plano Real (página infeliz da nossa história, passagem desbotada na memória), esse ardiloso previu que um dia os companheiros chegariam ao poder, e criariam uma maravilha chamada contabilidade criativa — que é você conquistar a liberdade de gastar sem culpa o dinheiro dos outros. E foi assim que Dilma caiu. Só porque foi flagrada fraudando a responsabilidade fiscal para manter os bonzinhos no poder, isto é, roubando honestamente — o que para os brancos, velhos, chatos, bobos, feios, recatados e do lar, é crime. Esse talvez tenha sido o golpe mais doloroso. Se você e o seu grupinho depenam a Petrobras para enriquecer a elite vermelha, a polícia descobre tudo, e você cai por causa por causa de uma fraude fiscal — praticamente um roubo de galinha perto das obras completas —, tem que reclamar mesmo. Era só o que faltava a autora de tal façanha passar à história pedalando. Mais respeito, por favor — como pediu aquele pessoal simpático em Cannes. Também não é para desesperar. O companheiro Al Capone passou pelo mesmíssimo problema. Um dos maiores gangsteres da história, já ia passando aos livros como um reles sonegador fiscal. Mas a resistência democrática contra o golpe trabalhou bem lá em Chicago, e Capone hoje é reconhecido mundialmente em toda a sua magnitude. Isso há de acontecer também com Dilma, Lula e o PT. Não esmoreçam. l Guilherme Fiuza é jornalista Para assinar (21) 2534-4315 ou oglobo.com.br/assine co no cartão de crédito, ou débito em contacorrente (preço de segunda a domingo), para RJ/MG/ES: normal, R$ 95,33; promocional, R$ 83,90 VENDA AVULSA/Estados Dias úteis: RJ, MG e ES: R$ 4,00; SP e DF: 4,00; demais estados: 5,50; Domingos: RJ, MG e ES: R$ 5,00; SP: R$ 5,50; DF: 7,00; demais estados: 10,00 Carga tributária federal aproximada de 20% ATENDIMENTO AO LEITOR De 2ª a 6ª feira, das 6h30m às 19h, e aos sábados, domingos e feriados, das 7h às 12h, Tel: (21) 2534 5200 oglobo.com.br/faleconosco O GLOBO é associado: ANJ - IVC - GDA - SIP - WAN Ascânio Seleme EDITORES EXECUTIVOS Chico Amaral, Paulo Motta e Silvia Fonseca _ Rua Irineu Marinho 35 - Cidade Nova - Rio de Janeiro, RJ CEP 20.230-901 Tel: (21) 2534-5000 Fax: (21) 2534-5535 _ Princípios editoriais do Grupo Globo: http://glo.bo/pri_edit a EDITORES - País: Alan Gripp - [email protected] Rio: Rolland Gianotti - [email protected] Economia: Flávia Barbosa - fl[email protected] Mundo: Sandra Cohen [email protected] Sociedade: William Helal [email protected] Segundo Caderno: Fátima Sá - [email protected] Esportes: Márvio dos Anjos - [email protected] Fotografia: Claudio Versiani - [email protected] Arte: Rubens Paiva - [email protected] Opinião: Aluizio Maranhão - [email protected] Acervo e Qualificação: Gustavo Villela - [email protected] a SUPLEMENTOS - Boa Viagem: Léa Cristina - [email protected] Rio Show: Inês Amorim - [email protected] Ela: Renata Izaal - [email protected] Revista O GLOBO: Ana Cristina Reis - [email protected] Bairros: Milton Calmon Filho - [email protected] Site: Eduardo Diniz - [email protected] Videojornalismo: Roberto Maltchik - [email protected] Desenvolvimento de Plataformas: Maíra Carvalho - [email protected] a SUCURSAIS - Brasília: Sergio Fadul - [email protected] São Paulo: Aguinaldo Novo - [email protected] O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 l 13 OGLOBO ZUENIR VENTURA _ O modo verbal de nosso tempo O país já foi muito pior, como durante as ditaduras — a do Estado Novo e a dos militares — mas não tão imprevisível e surpreendente como agora. Quando leitores me perguntam “o que vai acontecer?”, eu respondo: “Se souber, fala comigo, porque eu também não sei”. São tantos os imponderáveis que qualquer previsão corre o risco de ser desmentida daqui a pouco. Vivemos um momento de aceleração do tempo, de vertigem, em que os acontecimentos se precipi- tam e mudam mais que seleção de Dunga e ministério de Temer — a cada hora um titular dos dois times é substituído. E essa incerteza não é só dos observadores, é também de calejados atores do processo. Quando é que os experientes senadores José Sarney e Renan Calheiros, catedráticos em esperteza, poderiam supor que o amigo e protegido Sérgio Machado era um homem-bomba capaz de, com traição, causar tantos estragos em suas biografias? Antes se dizia: “Não fale certas coisas ao telefone”. Agora, não se deve falar nem consigo mesmo trancado no banheiro: parece que já há chuveiros que, quando abrem, acionam um gravador. O grande Stefan Zweig, com seu livroexaltação “Brasil, país do futuro”, de 1941, se esqueceu de acrescentar que era um futuro do subjuntivo, que vem sempre acom- panhado de um “se”. Deixa de ser um país do futuro, se atender a determinadas condições, se cumprir tais e tais exigências, se.... Senão, corre o risco de daqui a 75 anos continuar sendo o país do futuro. No famoso poema “Se”, de Rudiard Kypling, que embalou a adolescência de minha geração, há mais de 30 “se”, ou seja, de metas a cumprir para que alguém possa considerar-se um verdadeiro homem : “se, enganado, não mentir ao mentiroso”/ “Se, odiado, ao ódio E se o TSE cassar a chapa Dilma-Temer? E se Eduardo Cunha conseguir se safar mais uma vez? E se o Senado não aprovar o impeachment da presidente? Malandros de Rolex LUIZ FERNANDO JANOT De frente para o futuro O momento é propício para fazer uma reflexão sobre as transformações comportamentais que estão ocorrendo no mundo contemporâneo e as suas consequências na estruturação das cidades. Os significativos avanços tecnológicos dos meios de comunicação promoveram a superação dos limites territoriais, encurtaram distâncias, aproximaram civilizações e alteraram consideravelmente hábitos estratificados nas sociedades tradicionais. Por sua vez, o determinismo financeiro que predomina na economia globalizada trouxe consigo regras que afetam diretamente certos valores culturais consolidados. As intervenções urbanas e arquitetônicas espalhadas pelo mundo afora mostram a tendência de privilegiar os aspectos econômicos e financeiros acima de qualquer outro valor. Poucas coisas escapam dessa lógica implacável do mercado que tem como lema a aplicação indiscriminada do pragmatismo de resultados imediatos na organização espacial das cidades. Não obstante a aceitação generalizada dessa tendência, pode-se afirmar, com segurança, que a cidade do século XXI deverá incorporar novos paradigmas no seu processo de desenvolvimento urbano. Pensando nisso, o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) promoveu recentemente um conjunto de seminários, com abrangência nacional, visando discutir e apresentar os meios factíveis para a construção de um ambiente urbano digno para a sociedade brasileira. Das conclusões desse evento extraímos alguns aspectos relevantes e esperamos que os mesmos sejam contemplados nos programas dos candidatos às eleições municipais. Dentre eles, destacamos a afirmação de que a justiça social depende necessariamente da gestão democrática da cidade, da universalização da infraestrutura urbana e da oferta de serviços públicos prioritários. Os investimentos públicos em mobilidade urbana devem privilegiar o transporte de massa sobre trilhos, visto que o modelo rodoviário se torna, a cada dia, incompatível com os conceitos de cidade sustentável. No processo de planejamento urbano deve-se considerar que o pedestre vem antes do carro, a calçada antes da rua e o transporte público antes do privado. Da mesma forma, entende-se que os conjuntos habitacionais para a população de baixa renda somente devem ser implantados em áreas urbanizadas, evitando-se, por conseguinte, a formação de guetos sociais nas periferias das grandes cidades. A expansão indefinida do tecido urbano não pode continuar sendo tolerada. As favelas consolidadas ANDRÉ MELLO E m 399 da era antes de Cristo, Sócrates foi julgado por um grupo de 501 cidadãos, escolhidos por sorteio. Cabia ao próprio acusado defender-se. O libelo contra o velho Sócrates era vago. Em suma, acusavam-no de corromper a juventude. Sócrates não era um pensador inofensivo. Ele possuía a coragem de dizer o que pensava. Havia pouco, os atenienses “descobriram” a democracia. Tanto assim que batizaram a nova ideia, segundo a qual as pessoas deveriam manifestar as suas opiniões, a fim de que a sociedade caminhasse de acordo com a vontade da maioria de seus membros. Tratava-se de um conceito revolucionário. Não havia democracia no mundo antigo. Mandava o rei, o soberano, o sacerdote. A democracia, contudo, trazia profundos desafios. O julgamento de Sócrates se relacionou precisamente a esse tema. Sócrates não oferecia respostas. Seu famoso estilo consistia em questionar. Ele apresentava uma série de questões ao interlocutor e, a partir daí, chegava a novas conclusões. Muito popular entre os jovens, o filósofo incitava um importante questionamento: haveria, de verdade, democracia? Atenas era uma democracia ou os políticos (outra palavra de origem grega) tratavam o povo como um rebanho? Segundo Sócrates, os humanos eram dotados de qualidades distintas e alguns gozavam da aptidão para liderar. Outros, não. Para Sócrates, o coman- JOÃO GONDIM G No processo de planejamento urbano deve-se considerar que pedestre vem antes do carro, a calçada antes da rua e o transporte público antes do privado que fazem parte do contexto urbano e da cultura das nossas cidades precisam ser urbanizadas e regularizadas. Deverá ser facilitado um crédito imobiliário para as famílias pobres sem a intermediação dos costumeiros agentes institucionais. Afinal, as melhorias habitacionais fazem parte do universo da urbanização das favelas. As cidades metropolitanas, por sua vez, não podem prescindir de um modelo de articulação política que responda solidariamente aos diversos problemas de mobilidade urbana, de habitação, de saneamento, de meio ambiente e de saúde pública. Nesse sentido, é preciso resgatar imediatamente o planejamento urbano integrado e com ele os projetos completos de urbanismo e de arquitetura como meio de aumentar a qualidade das obras, re- duzir os custos e evitar os reajustes que alimentam a corrupção habitual na execução das obras. Concursos de projetos também devem ser incentivados como critério para a licitação de determinadas obras públicas. Enfim, as cidades devem ser planejadas permanentemente como uma função de Estado, e não apenas como uma ação isolada e específica de cada governo. Para que essas premissas se tornem viáveis, é indispensável firmar um compromisso solidário entre o governo federal e as administrações estaduais e municipais visando estabelecer metas conjuntas para a universalização dos serviços públicos e a consolidação dos modelos integrados de planejamento urbano. Se houver, de fato, a necessária articulação política e uma pressão efetiva da sociedade, certamente esses objetivos serão contemplados sem grandes dificuldades. Cabe-nos, portanto, propor e cobrar resultados o mais rápido possível. O presente momento se mostra extremamente oportuno para tal iniciativa. l Luiz Fernando Janot é arquiteto e urbanista [email protected] Mais um julgamento para Sócrates JOSÉ ROBERTO DE CASTRO NEVES te esquivares” e assim por diante. Esses são os “se” condicionais. Mas são os “se” de ações hipotéticas, aquelas possíveis ou até prováveis, as que mais inquietam e afligem hoje o mundo político. Por exemplo: e se o TSE cassar a chapa Dilma-Temer? E se Eduardo Cunha conseguir se safar mais uma vez? E se o Senado não aprovar o impeachment da presidente afastada? E se a bala de Sérgio Moro atingir todos os que estão na sua lista de investigados? E se fracassar definitivamente o pacto de Romero Jucá para “estancar a sangria” da operação? E se a República não resistir à “República de Curitiba”? Mas vamos parar de pessimismo. O Brasil é maior do que a crise, sempre dá a volta por cima, é abençoado etc etc. Vai dar tudo certo, se Deus quiser e se a Lava-Jato deixar. l do deveria ser entregue apenas aos competentes, assim como a filosofia ficaria ao encargo dos filósofos e os sapatos, aos sapateiros. Esse discurso era corrosivo. Tanto naquela época, quanto hoje. Pode-se, ainda, dizer que o filósofo questionava a possibilidade de o povo, que ele metaforicamente chamava de gado, ser conduzido por políticos demagogos (mais um termo grego). A democracia, assim, poderia ser perigosa, pois um político hábil levaria a massa para onde quisesse. Se o filósofo estivesse aqui, certamente indagaria: existe democracia sem educação? É justo usar de escudo 50 milhões de votos contra qualquer acusação? condenação que a todos parecia injusta. O filósofo optou por respeitar o Estado e as suas ordens. A democracia grega morreu pouco depois de Sócrates. Atenas foi dominada pela vizinha Esparta, onde jamais floresceu a democracia, e, depois, pelos macedônios. O governo do povo, ao menos formalmente, apenas voltou a existir com a Revolução Americana de 1776. Até hoje, a democracia não é uma conquista estabelecida na civilização. Os recentes acontecimentos políticos que paralisam o Brasil reclamam um novo julgamento para Sócrates. Se o filósofo estivesse aqui, certamente indagaria: existe democracia sem educação? É justo usar de escudo 50 milhões de votos contra qualquer acusação? O Congresso Nacional não foi eleito também pelo povo? Por que o povo ontem votou de uma forma, mas no dia seguinte vai às ruas reclamar de seu próprio voto? As campanhas para um cargo público visam a difundir ideias ou simplesmente a arrebanhar? O futuro da democracia encontra-se intimamente ligado à educação. Sem um povo instruído, consciente da responsabilidade de seu voto, a democracia é uma farsa. Há, ainda, outro ensinamento evidente: ainda que os derrotados, quem quer que sejam eles, sintam-se injustiçados, cabe a eles beber a cicuta. l Outra forma de ver a crítica de Sócrates era compreendê-la como um importante alerta: para votar, deve haver educação. A capacidade para se manifestar deve ser desenvolvida e aprimorada. O homem necessita de instrução, deve ser municiado de informação para que nele floresça um senso crítico. Sem discernimento, o povo torna-se um alvo fácil para a manipulação. Mesmo sem uma acusação clara, Sócrates foi condenado à morte. Antes de beber a amarga cicuta, cercado de seus discípulos, foi dado a Sócrates a opção de fugir da José Roberto de Castro Neves é professor de Direito cidade — e, por consequência, escapar daquela da PUC e da FGV anhou manchete nos últimos dias a voz de prisão dada por uma juíza no Rio de Janeiro a um advogado que, mediante falsificação de notas fiscais, ajuizou diversas ações contra companhias áreas, por furto de relógios Rolex na bagagem de seus clientes. O golpe, extremamente frágil e até certo ponto infantil, conseguiu ter êxito em algumas ações, mas, como se diz, o advogado foi “pego com a boca na botija”. Seria essa prática, de forjar documentos, uma exceção? Infelizmente, não. Atualmente, na Justiça estadual do Rio de Janeiro, existem milhares de ações que não correspondem a um direito legítimo. Seus autores ou não sabem da existência da ação em seu nome ou estão em conluio com seus advogados. É comum ainda, uma mesma pessoa ter diversas ações. É aquele sujeito que não passa um dia sem ter o seu telefone mudo, um débito inexistente na conta bancária ou a luz cortada. Trata-se de um verdadeiro azarado, se isso fosse verdade. Existem, também, os casos do cidadão que nunca se incomodou com o seguro que lhe é cobrado em débito automático, mas agora pede a devolução desses valores, além, é claro, da indenização pelo “grave” abalo psicológico sofrido pela “insegurança” de mexerem na sua conta sem seu consentimento, diga-se, por vários anos. Criou-se uma cultura litigante no carioca, que por vocação já é um ser politizado. No entanto, vieram as distorções e o uso indevido da máquina judiciária. Surgiram os deCriou-se “aduma cultura nominados vogados agressolitigante no res” e os “litigancarioca, que tes profissionais”, andam de por vocação que mãos dadas, fajá é um ser bricando ações. No início, as empolitizado presas, temerosas com o volume assustador de processos, faziam acordos, em valores altos e indiscriminadamente. Atualmente, o quadro mudou. As empresas e o Judiciário se aparelharam e conseguem identificar essas ações fabricadas. As empresas não fazem mais acordos nessas ações e, ainda, informa-se ao Ministério Público e à OAB para a instauração dos procedimentos legais contra os advogados “agressores”. O Judiciário, por seu turno, tem criado seus instrumentos de relativização das indenizações, principalmente para os autores profissionais e contumazes. É corrente não conceder o tão desejado “dano moral” para aqueles que não procuraram previamente os canais comuns de atendimento das empresas. O Judiciário é reativo nas suas ações, com a solução dos problemas vindo sempre a reboque. A imaginação e a vilania de alguns advogados são pródigas, sempre encontram alguma fraqueza das empresas. Criou-se um mercado de exploração, onde é comum não existir nada a reivindicar. Faz-se uma fumaça de um pseudodireito violado e conta-se com a ineficiência do Judiciário e das empresas. Mas, decisões como esta do caso Rolex demonstram a nossa fase do Judiciário, mais investigativo, pois são casos de polícia. O cidadão deve sempre desconfiar quando lhe vendem uma ação de ganho fácil. Pode estar entrado numa grande furada. l João Gondim é advogado 14 l O GLOBO l País l Sábado 4 .6 .2016 neste dia dos namorados, compre seu presente nos shoppings aliansce e concorra a ingressos para viver a experiência dos Jogos Olímpicos Rio 2016. aliansce.com.br Flávio Canto é medalhista olímpico e fundador/presidente do Instituto Reação. ESCOLHA O SHOPPING ALIANSCE MAIS PERTO DE VOCÊ Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO Rio l 15 COFRE VAZIO Obstáculo no fim da linha _ Inadimplência do estado ameaça conclusão de obras do metrô para os Jogos CUSTODIO COIMBRA/15-12-2015 LUIZ GUSTAVO SCHMITT E RENAN FRANÇA [email protected] O cenário que parecia estar encaminhado ganhou ares de preocupação. A dois meses da Olimpíada, a inadimplência do estado com a União ameaça a conclusão da Linha 4 do metrô (Barra-Ipanema), um dos compromissos do Rio para os Jogos. O empréstimo de R$ 989 milhões do BNDES ainda não foi liberado porque precisa do aval do Tesouro Nacional. E ele só será dado se o estado apresentar documentos que comprovem sua capacidade de honrar compromissos financeiros, o que ainda não foi feito. Em nota, o estado informou ontem que o empréstimo é “primordial” para o término das obras do metrô, que já têm 95% de execução. A inauguração da Linha 4 está marcada para 1º de agosto, quatro dias antes dos Jogos. Ontem, o secretário estadual de Transportes, Rodrigo Vieira, disse, em entrevista ao “RJ-TV”, da Rede Globo, que a obra não pode atrasar nem mais um dia. A secretaria estadual de Transportes afirma que “aguarda o aval final do Ministério da Fazenda para a contratação do financiamento, já aprovado pelo BNDES”. No entanto, o banco e o Tesouro Nacional esclarecem que o empréstimo ainda não foi autorizado porque o governo do Rio não apresentou as garantias. Nos bastidores do Palácio Guanabara, comentase que não há solução técnica para o problema. O estado tem dificuldades de caixa para pagar as dívidas com o governo federal. Anteontem, o secretário de Fazenda, Julio Bueno, e a procuradora-geral do Estado, Lucia Lea, estiveram no Ministério da Fazenda. Segundo uma fonte do governo estadual, uma das propostas estudadas seria liberar o dinheiro por meio de uma Medida Provisória do presidente interino, Michel Temer (PMDB). O mecanismo abriria caminho para o Rio se endividar, de modo a cumprir um compromisso olímpico. Contudo, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) impede a concessão de crédito a estados inadimplentes. — Não é uma questão do estado. Essa obra diz respeito à imagem do país no mundo. Todos aguardam a conclusão, ainda que seja difícil. A solução será política e vai ser dada pela União. A bola está com o Ministério da Fazenda — disse uma alta fonte do Palácio Guanabara. SEM MARGEM PARA ENDIVIDAMENTO Outra questão polêmica que pode dificultar o acesso aos recursos é o limite de endividamento do estado. No fim do mês passado, um relatório de gestão fiscal dos primeiros quatro meses do ano indicava que o governo teria estourado o teto de 200% da relação entre a dívida e a receita líquida. Porém, o estado recalculou esse número, trazendo o endividamento do Rio de volta ao patamar permitido pela LRF. Com isso, a proporção entre a dívida e a receita seria de 191%. No entanto, esse número pode variar, já que uma parte dos empréstimos foi contraída em moeda estrangeira. De acordo com um balanço publicado no Diário Oficial, há pelo menos 23 empréstimos contratados junto a organismos inter- Corrida contra o tempo. Obras na Estação São Conrado: inauguração da Linha 4 do metrô, que ligará Ipanema à Barra da Tijuca, está marcada para o dia 1º de agosto nacionais como BID, Bird e CAF. Entre eles, está o financiamento para o programa de despoluição da Baía de Guanabara, feito em 1994. Os problemas de inadimplência do Rio com a União se agravaram na semana passada, quando o estado deixou de pagar uma parcela de R$ 8 milhões de um contrato com uma agência francesa de fomento. O compromisso teve de ser pago pelo Tesouro Nacional, deixando o Rio numa espécie de lista de maus pagadores. Para a economista Margarida Gutierrez, professora da UFRJ, o Rio relaxou no controle das contas públicas, e o governo federal foi cúmplice: — O Estado do Rio relaxou. Muitos empréstimos foram tomados para pagar despesa de pessoal, quando, na verdade, deveriam ter sido investidos para ter retorno. Isso mostra que o desarranjo fiscal é enorme, e o governo federal foi negligente, permitindo tudo isso. Professor de Finanças do Ibmec, Gilberto Braga se disse contrário a qualquer acordo político que facilite que o Estado do Rio contraia mais dívidas sem estar adimplente com a União: — Se houver uma decisão política, eu não concordo. Cria-se um casuísmo. A decisão, embora necessária do ponto de vista da mobilidade para a Olimpíada, cria um tratamento diferenciado do governo federal para com o Rio, quando deveria haver endurecimento neste momento. Dentro do processo de reestruturação, o estado deveria apresen- tar um plano mostrando que está colocando as contas no lugar. Amanhã, podem aparecer outros estados pedindo ao governo o mesmo tratamento — opinou. PREFEITURA JÁ TEM PLANO B A Secretaria estadual de Fazenda admite que o atraso no pagamento da dívida com a União ocorre devido à crise e à absoluta escassez de recursos. Somente este ano, o governo terá de pagar R$ 10 bilhões, sendo 70% à União e o restante a bancos públicos e organismos financeiros internacionais. A Fazenda diz que busca geração de receitas extraordinárias para suprir o rombo, enquanto prepara “medidas importantes de cortes de despesa”. O ex-secretário municipal de Transportes Rafael Picciani, que assumiu ontem como secretário executivo de Coordenação de Governo do Rio, acredita que o metrô ficará pronto a tempo dos Jogos. Mas, caso isso não aconteça, ele diz que a prefeitura já tem um plano B: — Temos o plano de contingência do BRT, que está pronto. Eu espero que não precise ser utilizado porque a população seria muito sacrificada. Como a parte física da obra está pronta, eu tenho confiança em que haverá essa liberação de crédito. Procurado pelo GLOBO, o Consórcio da Linha 4 não se manifestou sobre a possibilidade de o empréstimo do BNDES não ser liberado. As empreiteiras Queiroz Galvão e Odebrecht, que lideram a execução das obras, também não se pronunciaram. l U EDUCAÇÃO PRESERVADA ARRESTO DA DEFENSORIA NÃO SAIU DO FUNDEB O dinheiro arrestado anteontem do cofre do governo estadual para pagar salários da Defensoria Pública não incluía recursos destinados ao Fundeb, destinado exclusivamente à educação. O Tribunal de Justiça autorizou sequestro de R$ 49 milhões do cofre estadual, preservando recursos de áreas essenciais como educação, saúde e segurança pública. Na quinta-feira, a Justiça negou um novo sequestro das contas que garantiria o pagamento ontem (terceiro dia útil) aos outros servidores do Executivo. O tribunal estendeu decisão de maio para suspender a ação civil pública da Federação das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos do Estado (Fasp), que havia recorrido à 8ª Vara de Fazenda Pública. Com isso, os servidores do estado, com exceção do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria, receberão salário no décimo dia útil. l O GLOBO 16 l Rio l RIO Previsão Os ventos marítimos associados a uma frente fria que se afasta pela costa deixam muitas nuvens espalhadas pelo Rio. O sol até aparece, mas a temperatura fica amena e chove de forma isolada. HOJE Ontem Mínima Máxima 17,3˚ Alto da Boa Vista 27,9˚ Realengo PROBABILIDADE DE CHUVA 17°/24° 16°/27° 17°/27° 17°/26° Alta 17°/30° 18°/30° 18°/31° Alta 28° 19°/32° 19°/32° 19°/33° Alta 18° Santo Antônio 18° de Pádua TERÇA 19°/22° 18°/25° 19°/24° 17°/24° Alta QUARTA 16°/20° 15°/22° 16°/21° 15°/20° Alta QUINTA 13°/22° 12°/25° 13°/24° 13°/22° Baixa SEXTA 14°/24° 13°/27° 13°/27° 14°/25° Alta 10° de Mauá 19° do Sul Valença 27° Volta 26° Praias Impróprias (informações Inea): Botafogo, São Conrado, Barra (Quebra-Mar) e Guaratiba. Ondas Ondas de 0,5m a 1,0m. Ondulação de sul. Melhores locais: Grumari, Prainha, Macumba e Barra (informações Ricosurf) Maré Baixa Hora 1h36m 8h53m 14h36m 21h28m Altura 1,1m 0,1m 1,2m 0,3m Ventos Vento de sudoeste/sul a sul/sudeste, entre 10km/h e 30km/h. Rajadas de até 55km/h. Pressão atmosférica de 1.015hPa. 14° 27° SERRANA 22° Nova Friburgo 12° Teresópolis Santa Maria Madalena 28° Casimiro 27° de Abreu 20° 20° 28° Campos 19° MUNDO 18° AMÉRICA DO SUL Mín. Máx. São Francisco de Itabapoana NORTE São Fidélis 17° Resende Temperatura mínima (C) Temperatura máxima (C) 20° 27° São João 28° da Barra 19° 20° Porto Alegre 8°/ 15° 10° 5° 10° 20° -4° 16° 5° 7° 3° 22° 17° 13° 26° 12° 24° 13° 26° 12° Amanhã Mín. Máx. C S C S S S C S S 14° 4° 9° 19° -4° 16° 4° 10° 5° 0h 22° 17° -2h 0h 11° 27° -1,5h 12° -1h 24° -2h 0h 12° 25° -2h 0h 13° AMÉRICA DO NORTE/CENTRAL 24° 15° Macaé BRASIL Chuva moderada a forte em São Paulo 15°/ 20° Chuva (mm) S S C S S S S S C Assunção Bogotá Buenos Aires Caracas La Paz Lima Montevidéu Quito Santiago 26° 17° TEMPERATURAS MÁXIMAS 34˚/36˚ 24° Itaperuna Hoje 26° Redonda Barra 29° 25° Cachoeiras 28° Rio das quase todo o Sudeste, no 23° 18° de Macacu do Piraí 18° Petrópolis Paraná, em Mato Grosso do 20° Ostras 13° 27° Barra SUL 26° Sul, no litoral do Nordeste e Silva Jardim 25° Mansa 17° 27° Duque 21° no extremo norte do país. Búzios 19° LAGOS de Caxias 25° Dia de sol nas demais áreas 26° 17° 25° Niterói 18° Araruama Cabo Frio 25° do Sul, na Bahia e do norte Rio de 19° 18° Mangaratiba 27° 19° de Minas ao Tocantins. 26° Janeiro 26°Maricá Saquarema 16° 20° Angra 25° 20° METROPOLITANA Macapá Fortaleza dos Reis Boa Vista 18° 25° 24° / 35° 24°/ 31° Natal 24°/ 32° Paraty 18° 23°/ 30° São Luís Belém 25°/ 32° Manaus João 24°/ 33° BALANÇO DE MAIO NO RIO DE JANEIRO 23°/ 32° Pessoa 22°/ 29° Porto Velho A passagem de fortes frentes frias pelo Sudeste influenciaram o Teresina Recife 23°/ 33° 24°/ 34° tempo no Rio. Ainda assim, maio de 2016 terminou com chuva um 23°/ 28° Palmas pouco abaixo da média. A temperatura ficou dentro da normalidade. Rio Branco Maceió 23°/ 38° 22°/ 28° 23°/ 32° ESTAÇÃO DO RIO DE JANEIRO (Praça Mauá) Fonte: INMET Aracaju Salvador Brasília Cuiabá 23°/ 31° 23°/ 30° 13°/ 30° 20°/ 32° 2016 Vitória Campo Grande 22°/ 29° Média 20,2 20,6 74,0 27,0 27,0 15°/ 25° Belo Horizonte 53,2 18°/ 26° Goiânia Rio de Janeiro 16°/ 33° 16°/ 27° Crescente Cheia Minguante Nova 12/6 20/6 27/6 5/6 37˚/40˚ Bom Jesus do Itabapoana 18°/27° 17° Acima de 40˚ 25° Porciúncula 17° 20°/29° 22° Visconde Poente 17h15m Alta SENSAÇÃO TÉRMICA/RIO SEGUNDA 27° Baixa ZONA OESTE 29° Paraíba Lua Alta ZONA NORTE AMANHÃ Sol Nascente 6h28m ZONA SUL Sábado 4 .6 .2016 Florianópolis 10°/ 18° Cid. do México Havana Los Angeles Miami Montreal Nova York Orlando Washington DC C C S C S C C S 11° 24° 17° 25° 11° 15° 23° 21° 23° 35° 31° 33° 23° 28° 34° 26° C C S C C C C C 10° 23° 17° 25° 14° 17° 24° 22° 23° 31° 31° 33° 23° 27° 33° 28° -3h -1h -4h -1h -1h -1h -1h -1h C S S S C C C S S S C N S 15° 16° 13° 14° 12° 10° 7° 12° 11° 13° 8° 13° 16° 21° 26° 26° 27° 24° 23° 20° 26° 21° 27° 22° 19° 21° S S S S C C C S S S S S S 14° 17° 15° 14° 15° 11° 8° 14° 10° 15° 6° 14° 17° 20° 28° 26° 26° 25° 25° 19° 27° 23° 28° 15° 21° 22° +5h +6h +5h +5h +5h +5h +5h +4h +4h +5h +6h +5h +5h EUROPA Amsterdã Atenas Barcelona Berlim Bruxelas Frankfurt Genebra Lisboa Londres Madri Moscou Paris Roma ÁSIA Jerusalém Pequim Tóquio S 26° 39° S 16° 32° S 16° 25° S 22° 33° +5h S 16° 33° +11h S 16° 21° +12h Cairo S 29° 45° Johannesburgo S 3° 19° S 23° 40° +5h S 3° 18° +5h ÁFRICA OCEANIA Sydney S: sol C 13° 17° N: nublado C 10° 16° +14h C: chuvoso Ne: neve Mais informações sobre o tempo NA INTERNET Curitiba 9°/ 18° oglobo.com.br/servicos/tempo/ PREVISÃO 31˚/33º 28˚/30˚ 25˚/27˚ 22˚/24˚ 18˚/21˚ 13˚/17˚ Abaixo de 12˚ Sol Parcialmente nublado Nublado Sol com pancadas de chuva Despesas do estado com servidores requisitados triplicaram Gasto equivalia a R$ 7 milhões há 14 anos. Em 2015, chegou a R$ 22,5 milhões CARINA BACELAR [email protected] Os gastos do governo estadual com funcionários requisitados de órgãos públicos da União, de municípios e de outros estados têm crescido nos últimos 14 anos. Em 2002, primeiro ano disponível para consulta no Portal da Transparência, foram consumidos para esta finalidade R$ 3 milhões, que, em valores corrigidos, dariam R$ 7,3 milhões. No ano passado, foram gastos R$ 22, 5 milhões. Como O GLOBO revelou ontem, o estado paga dois salários aos secretários de Fazenda, Julio Bueno; de Educação, Wagner Victer; de Agricultura, Christino Áureo, e ao presidente do Rioprevidência, Gustavo Barbosa, que são oriundos de outros órgãos. Em 2007, quando começou a gestão de Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão (ambos do PMDB), o valor já estava em R$ 7,9 milhões (ou R$ 14,7 milhões, com a correção). Entre 2014 e 2015, houve uma leve queda no valor destinado às requisições: de R$ 22,94 milhões para R$ 22,510 milhões. O governo estadual informou que não vai se pronunciar sobre o assunto. DESPESA LONGEVA O governo paga o vencimento do estado aos servidores requisitados e faz o repasse referente à quantia que eles receberiam em seus órgãos de origem. Como acumulam dois salários, os três secretários e o presidente do Rioprevidência recebem vencimentos totais que ultrapassam os tetos federal (R$ 33,7 mil) e estadual (R$ 27 mil). A prática ocorre há anos. O secretário Wagner Victer recebe dois salários desde que entrou na administração estadual, em janeiro de 1999, como secretário de Energia, da ANDREA BELOCH HASKARÁ A família convida para a reza de 30º dia (shloshim) de falecimento da nossa amada ANDREA, 2ª feira, dia 6 de junho, às 19h., na Sinagoga ARI - Rua General Severiano, 170, Botafogo. Indústria Naval e do Petróleo do governo Anthony Garotinho. Saiu em abril de 2002 do cargo e, de janeiro de 2003 a dezembro de 2006, voltou ao posto. Desde então, presidiu a Cedae e a Faetec, e, desde 16 de maio, comanda a pasta da Educação. Ao GLOBO, Victer confirmou que tem seu salário de engenheiro da Petrobras reembolsado pelo governo desde que entrou no setor público. Ele disse ganhar R$ 30 mil por mês pelo posto na estatal e não quis comentar o assunto. De acordo com o Portal da Transparência, os gastos com a cessão de Victer são mais elevados: só em 2015, chegaram a R$ 659,9 mil. Bueno, por sua vez, atuou “como secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviçosdesde o início do governo Sergio Cabral, em 2007”, como consta em sua biografia no site da Secretaria de Fazenda. Por meio de sua assessoria de imprensa, ele reconheceu ontem que recebeu R$ 49 mil mensais Nublado com chuvas Na Fazenda. Bueno recebe salário duplo desde 2007 como executivo da Petrobras, além dos R$ 16,579 mil pelo cargo de secretário. O Portal da Transparência aponta um valor maior. Em 2015, segundo a ferramenta, o Rio pagou R$ 987,5 milhões à Petrobras para tê-lo como secretário. Em nota, a assessoria do secretário disse que Bueno não comentaria o próprio salário, e explicou que os pagamentos “não foram determinados pelo secretário e atendem às regras da petrolífera e do governo estadual". Já Áureo, que está no estado desde 1999, quando começou a presidir a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural), ganha R$ 32 mil CREMAÇÕES em até 10x 0800 022 1650 ou concessionariareviver.com Na Educação. Victer está no setor público desde 1999 mensais como executivo do Banco do Brasil, reembolsados pelo governo do Rio. Gustavo Barbosa preside o Rioprevidência desde janeiro de 2011, segundo o site. Só em 2015, a Caixa Econômica recebeu R$ 635,6 mil referentes ao seu cargo do governo do estado. No cargo atual, ganha R$ 16.579,79. O acúmulo de salários foi alvo de críticas por parte da oposição ao governo. O deputado Eliomar Coelho (PSOL) vai protocolar um projeto de lei limitando a remuneração dupla de servidores cedidos ao teto estadual (hoje de R$ 27 mil). A prática, entretanto, divide especialistas. Para o consultor econômico e ex-secretário adjunto do Ministério do Planejamento Raul Velloso, ela é “sadia” e estimula a “oxigenação do setor público”. Já Ricardo Macedo, coordenador adjunto da graduação em Economia do Ibmec, defende que “ainda que preliminarmente", é preciso discutir a estrutura do setor público: — Se você está em uma determinada função e sai dela, você deveria pedir uma licença não remunerada. A gente tem que fazer uma revisão grande sobre essas questões de gestão. Temos elevado muitos gastos nessa área — diz. l AGRADECIMENTO Ana Alice Dannemann de Azevedo, Alexandre Dannemann Vieira e Ana Luíza, Antônio Dannemann Vieira, seus primos Peter Dirk, Maria Thereza Siemsen e família, Gert Egon e Anna Maria Dannemann e família, profundamente consternados pelo falecimento do querido Geraldo Dannemann, convidam para a missa em intenção de sua alma que será celebrada na segunda-feira, dia 06 de junho, às 20:00h, na Igreja São José da Lagoa, Av. Borges de Medeiros, 2735 – Lagoa – RJ. R$ 192 Mais informações: LEO PINHEIRO/VALOR/10-07-2014 A família de Jorge Fernando Loretti agradece o carinho, a dedicação, o profissionalismo, a competência e o apoio incondicional da equipe do CTI do CHN - Complexo Hospitalar de Niterói. GERALDO DANNEMANN Além de assistência funerária completa, a Reviver oferece serviços de cremação no Cemitério São Francisco Xavier (Caju). Confie na tradição e profissionalismo de quem sempre está com você. Geada LEO PINHEIRO/VALOR/06-05-2016 LARGURA SERVIÇOS DE CREMAÇÃO A PREÇOS ACESSÍVEIS Chuvas com trovoadas Avisos Fúnebres e Religiosos 2534-4333 Plantão sábado / domingo 2534-5501 1 1 1 2 2 2 2 2 3 3 3 3 col. col. col. col. col. col. col. col. col. col. col. col. (4,6 cm) (4,6 cm) (4,6 cm) (9,6 cm) (9,6 cm) (9,6 cm) (9,6 cm) (9,6 cm) (14,6 cm) (14,6 cm) (14,6 cm) (14,6 cm) ALTURA R$ R$ 3 cm 4 cm 5 cm 3 cm 4 cm 5 cm 7 cm 8 cm 4 cm 6 cm 7 cm 10 cm 1.125,00 1.500,00 1.875,00 2.250,00 3.000,00 3.750,00 5.250,00 6.000,00 4.500,00 6.750,00 7.875,00 11.250,00 1.518,00 2.024,00 2.530,00 3.036,00 4.048,00 5.060,00 7.084,00 8.096,00 6.072,00 9.108,00 10.626,00 15.180,00 2534-4333 • Para outros formatos consulte: , de 2ª a 6ª feira, das 8 às 20h. • Loja: Rua Irineu Marinho, 35, Cidade Nova, de 2ª a 6ª feira, das 9 às 18h. • Plantão final de semana / feriados: 2534-5501, Sábado, das 10 às 17h. Sábado, das 10 às 16h para demais dias. Domingo, das 16 às 19h. Pa amento à vista somente em dinheiro ou che ue. Avisos Fúnebres e Religiosos 2534-4333 Plantão sábado / domingo 2534-5501 l Rio l Sábado 4 .6 .2016 2ª Edição O GLOBO l 17 PF sugere arquivamento de inquérito contra Pedro Paulo Veja estas e outras ofertas no Caderno de Veículos Peugeot 2008 aut. Delegado diz que não há como confirmar agressão de deputado à ex-mulher R$ 70.880,00 DOMINGOS PEIXOTO/21-01-2015 LUIZ ERNESTO MAGALHÃES [email protected] O delegado Luciano Soares Leiro, da Polícia Federal de Brasília, sugeriu à Procuradoria Geral da República (PGR) que arquive o inquérito no qual o deputado federal Pedro Paulo Carvalho (PMDB), pré-candidato à prefeitura do Rio, é acusado de agredir a ex-mulher. Na avaliação do delegado, não é possível afirmar se Pedro Paulo agrediu a empresária Alexandra Mendes Marcondes durante uma discussão ocorrida em fevereiro de 2010. A informação foi divulgada ontem pelo site da revista “Época”. As peças do inquérito, que se encontra sob sigilo da Justiça, estão com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que não tem prazo para se manifestar sobre o caso. Ele pode decidir encaminhar o processo para análise do ministro Luiz Fux, que relata o caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ou pedir mais diligências à PF. PERÍCIA INDEPENDENTE É CITADA O caso passou a tramitar no STF em fevereiro, quando Janot pediu a abertura do inquérito em foro privilegiado, já que o acusado é deputado federal. Em seu relatório, Leiro relembra detalhes do processo original contra Pedro Paulo. O delegado menciona um laudo independente encomendado pela defesa do político e assinado pelo perito Roger Ancelotti. Já foi divulgado que essa análise indica que Pedro Paulo é quem teria sido agredido e sofrido lesões. Leiro cita ainda uma defesa feita por escrito pelo deputado e apresentada em dezembro do ano passado, quando o caso ainda tramitava em primeira instância no Tribunal de Justiça do Rio. Pedro Paulo negou qualquer agressão, lembra o delegado: “Ele salientou que, ao contrário, foi agredido e somente se defendeu”. AGO Peugeot Você encontra essa oferta na página 21 no Classificados de Veículos. Novo Jeep Renegade Flex Aut. R$ Confira! AGO Jeep Você encontra essa oferta na página 22 no Classificados de Veículos. Mercedes Benz GLA 200 R$ Confira! AB Intercar Investigado. Pedro Paulo disse esperar conclusão do inquérito “para que o episódio seja definitivamente esclarecido” No relatório enviado à PGR, o delegado observou que tanto Alexandra Mendes Marcondes quanto Pedro Paulo se submeteram a exames de corpo de delito. No entanto, escreveu Leiro, peritos diferentes atenderam o casal, mas nenhum deles fez exames em ambos. Com isso, “os laudos não possibilitam, com a certeza devida, constatar como os fatos ocorreram”, diz um trecho do documento da PF. O parecer encaminhado a Janot data de 19 de maio, quando o deputado ainda ocupava a Secretaria Executiva de Coordenação de Governo do município. Nome preferido de Eduardo Paes para concorrer à sua sucessão, Pedro Paulo deixou o cargo na prefeitura no início desta semana, por exigência da legislação, para poder disputar as eleições de outubro. Por meio de uma nota, o deputado Pedro Paulo informou que aguarda a conclusão do CNJ analisará processo de assédio moral contra juíza Magistrada é acusada de expor servidores a situações abusivas e constrangedoras O plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu ontem, por unanimidade, analisar o processo contra a juíza Edna Carvalho Kleemann, da 12ª Vara Federal do Rio, acusada de assédio moral pelo Sindicato dos Servidores das Justiças Federais no Estado do Rio (Sisejufe). O caso havia sido arquivado pelo Órgão Especial do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), que, na ocasião, avaliou ser uma “hipótese típica de dificuldade de relacionamento interpessoal no ambiente de trabalho, sem configurar assédio moral” e recomendou que ela procurasse apoio psicológico para melhorar o convívio com os servidores. De acordo com o sindicato, funcionários da 12ª Vara Federal estariam sendo expostos, de forma reiterada, a situações constrangedoras e abusivas, tais como a proibição de ingestão de alimentos sólidos durante a jornada de trabalho e de rir enquanto estivessem prestando atendimento no balcão. Ainda segundo as denúncias, eles também sofriam ameaças de abertura de procedimento disciplinar caso solicitassem, por exemplo, licença por doença de algum parente. Para a ministra Nancy Andrighi, corregedora nacional de Justiça, há indícios de que a inquérito “para que o episódio seja definitivamente esclarecido.” O deputado lembrou que está à disposição da Procuradoria Geral da República e do Supremo Tribunal Federal. DIFERENTES VERSÕES Em seu site, “Época” lembrou que a ex-mulher de Pedro Paulo prestou depoimento à Polícia Federal no dia 11 de abril em Brasília e, na ocasião, apresentou uma versão diferente daquela que havia dado à Polícia Civil do Rio em 2010, quando disse ter sido agredida. Na capital, ela declarou que, na verdade, as agressões partiram dela, depois de ter encontrado objetos de uma outra mulher no apartamento onde o casal morava. “No dia seguinte, (Alexandra) teve uma discussão com Pedro Paulo e, segundo diz, chegou ‘a bater nele com a mão, desferindo tapas’. O delegado perguntou se houve agressão do deputado. Alexandra respondeu que não, ‘ele apenas se defendia, me empurrando muitas vezes, e cheguei a cair. Disse que se machucou, mas ainda deu ‘tapas nas costas do marido, que tentava sair’”, relata a reportagem. O episódio envolvendo Pedro Paulo deu origem a uma guerra de versões. Em um primeiro momento, quando o caso veio a público, em outubro do ano passado, o deputado chegou a dar declarações minimizando o episódio, afirmando que qualquer um, durante uma briga conjugal, pode se exaltar. — Quem não tem discussões e perde o controle? — questionou Pedro Paulo em novembro de 2015. Antes do episódio de 2010, Alexandra já havia registrado, em 2008, uma queixa contra Pedro Paulo, na qual acusou o deputado de ameaçá-la. l CARIOCATURAS Lan Novo HB20 1.0L Comfort 2016 R$ 40.499,00 AGO Hyundai Você encontra essa oferta na página 20 no Classificados de Veículos. GLA 200 STYLE 2016 R$ Confira! O Mercedes Você encontra essa oferta na página 19 no Classificados de Veículos. Onix LS 1.0 2016/2016 A partir de R$ 37.990,0 Simcauto Você encontra essa oferta na página 12 no Classificados de Veículos. Hilux SR Cabine Dupla 15/16 juíza tenha cometido faltas funcionais que podem caracterizar afronta à Lei Orgânica da Magistratura Nacional (Loman) e ao Código de Ética da Magistratura Nacional, especificamente no que diz respeito aos deveres de independência e cortesia. “Verifica-se que o tratamento dispensado pela juíza requerida aos seus servidores (...) ultrapassou os limites da dificuldade de relacionamento interpessoal, caracterizando rigor excessivo na condução da rotina de trabalho no seu gabinete”, afirmou a corregedora em seu parecer, que votou pela abertura de “procedimento revisional para análise de uma possível adequação da sanção disciplinar à hipótese dos autos”. A revisão disciplinar analisará se há necessidade de instauração de procedimento disciplinar contra a magistrada. ATAQUE A PORTEIRO No ano passado, a juíza foi acusada de ofender o porteiro Jaílson Trindade Andrade em um e-mail enviado à síndica de seu prédio: “Quero, exijo e não vou descansar enquanto este bolo de banha trabalhar no condomínio, já que sou eu, proporcionalmente, quem paga o salário deste funcionário relapso e desidioso”. Jaílson entrou com uma ação por danos morais contra a magistrada. A 12ª Vara Federal informou, em nota, que as representações contra a juíza já foram julgadas, e que a magistrada não se pronunciará sobre o caso. l Você encontra essa oferta na página P03 do Classificados do Carro etc Premium. A partir de R$ 149.900,00 Inter Japan Você encontra essa oferta na página 14 no Classificados de Veículos. Lancer 0km R$ Confira! Yen Motors Você encontra essa oferta na página P02 do Classificados do Carro etc Premium. Nissan Sentra R$ Confira! “Assim qualquer um é baixinho” _ AB San Diego [email protected] Você encontra essa oferta na página 02 no Classificados de Veículos. Classificados do Rio. Achou de verdade. classificadosdorio.com.br 2534-4333 Onix LT 1.0 2016 (R7i) A partir de R$ 42.990,0 Sabenauto Você encontra essa oferta na página 11 no Classificados de Veículos. 18 l O GLOBO l Rio l Cultura machista Sábado 4 .6 .2016 A coleguinha Sandra Coutinho, correspondente da TV Globo em Nova York, conta que, esta semana, houve um debate na escola da filha, e o tema foi o estupro coletivo no Rio. A filha dela está no ensino secundário de uma escola pública. ANCELMO GOIS A exposição “Das virgens em cardumes e da cor das auras”, que abre hoje, no Museu Bispo do Rosário, na Colônia Juliano Moreira, no Rio, terá cinco registros inéditos de Arthur Bispo do Rosário (1909-1989), feitos pelo fotógrafo francês Jean Manzon. Veja um deles, ao lado. As fotos fizeram parte de um ensaio fotográfico para a revista “O Cruzeiro”, em 1943. ANA CLÁUDIA GUIMARÃES, DANIEL BRUNET E TIAGO ROGERO Outra... Sabe o Prêmio de Humor, que Fábio Porchat está criando para laurear as melhores peças e artistas de humor em cartaz no Rio? Pois bem, estreia em março de 2017 e não haverá prêmios de “Melhor ator” e “Melhor atriz”. Serão unidos em “Melhor performance”: — Qual a diferença entre atriz e ator? Nenhuma. E tem o feminismo, a luta por direitos iguais. Resolvi unir numa categoria só — diz ele, que está bancando o prêmio do próprio bolso, sem patrocínio, sem lei de incentivo. É. Pode ser. LUCIANO LIMA O Rio de Paz faz um ato contra o abuso sofrido pelas mulheres, segunda, na Praia de Copacabana: 420 calcinhas, doadas pela Duloren, serão estendidas na areia, representando o número de mulheres estupradas a cada 72 horas no Brasil. U Zona Franca O promotor Leandro Navega lança o livro O livro da Dorrit “Herança moral”, segunda, na Amperj. Fabrizio e Luiza Sassi inauguram, hoje, a Dia 22, será lançado “O instante certo”, da coleguinha Dorrit Harazim, pela Companhia das Letras. Conta histórias de algumas célebres fotos e sua influência no rumo da História. Na lista, a foto feita pelo americano Eddie Adams (1933-2004), que mostra, em fevereiro de 1968, durante a Guerra do Vietnã, a EDDIE ADAMS/ARQUIVO execução de um vietcongue pelo general Nguyen Ngoc Loan (1930-1998). Scuola Di Cultura, em São Francisco, Niterói. Daniel Apolonio, sócio da Domingues Lopes PORQUE HOJE É SÁBADO... ...é dia de apreciar a beleza desta maria-leque-do-sudeste (Onychorhynchus coronatus), uma espécie ameaçada de extinção, fotografada no Observatório de Aves da Fazenda Murycana, em Paraty (RJ). Trata-se de um momento raro porque, na maior parte do tempo, esse lindo penacho na cabecinha dela fica recolhido. A maria-leque recebeu uma anilha com um código, foi medida, pesada e imediatamente devolvida à natureza. Que Deus proteja o nosso verde e a nós não desampare jamais. l Pescador confirma ter visto australiano “Não tenho dúvida de que era o turista desaparecido”. A afirmação foi feita ontem ao GLOBO pelo pescador que disse à polícia ter visto, no último dia 22, o australiano Rye Hunt, de 25 anos, na Ilha de Cotunduba, localizada a cerca de 900 metros da Pedra do Leme. Ele reafirmou que o estrangeiro estava com vários ferimentos e parecia “transtornado”: queria água e dizia que havia chegado ao local nadando. Apesar disso, não teria pedido ajuda para ir embora. Também ontem, a Polícia Civil informou que tripulantes de um barco de pesca entraram em contato com a Marinha para avisar que encontraram um corpo boiando a oito quilômetros da orla de Ipanema, perto da Ilha Rasa. Sua roupa — bermuda e camiseta — seria semelhante à usada por Rye. O pescador que garante ter encontrado Rye na Ilha de Cotunduba contou que estava em um barco com a namorada quando o viu sentado em uma pedra. Ele, que pediu anonimato, contou que o reconheceu alguns dias depois, ao ver fotos em notícias sobre o desaparecimento do australiano. — O rapaz olhava fixamente para minha embarcação. Tinha vários cortes pelo corpo: provavelmente se feriu ao encostar em mariscos presos às pedras da ilha. Eu e minha namorada ficamos assustados, pois era um homem for- Calcinhas na praia Essa investigação da PF, que aponta a eventual compra de uma portaria no governo Dilma em favor da Caoa, alcança a imagem de um dos executivos mais cultuados do país: Antônio Maciel Neto, 59 anos, presidente do grupo investigado. Ativista político em 1986 e 1987, quando presidiu a Associação dos Engenheiros da Petrobras, ele chegou a dirigir a Ford do Brasil, entre 1999 e 2006. Há um ano, o Cadastro Nacional de Adoção, da CNJ, passou a incluir estrangeiros na fila para adotar crianças brasileiras. Até agora, 158 gringos foram cadastrados — a maioria italianos, 82, seguidos pelos franceses, 25. Desde então, 13 crianças brasileiras já foram adotadas por estrangeiros. O jornal “Daily News”, de Nova York, publicou, ontem, que funcionários da NBC, uma das maiores redes de televisão dos EUA, estão se recusando a vir para o Rio, nos Jogos, por medo do... zika. A rede quer mandar para cá uns 2.000 funcionários, incluindo estrelas, como Matt Lauer, apresentador do “The today show” desde 1997. DAYANA RESENDE [email protected] MARINA BRANDÃO* [email protected] Não escapa ninguém Bambini Medo do zika Tripulação de barco avisa à Marinha que achou corpo a oito quilômetros da costa JEAN MANZON Viva Bispo! www.oglobo.com.br/ancelmo te e não parava de nos encarar. Ele desceu para perto da água e fez gestos pedindo água. Pedi a ele que não pulasse no mar, senão arrancaria com o barco. Peguei uma garrafa mineral de 1,5 litro e arremessei. Ele bebeu tudo de uma vez só. Conversamos muito rapidamente em inglês, perguntei de onde era e como havia chegado à ilha. Ele respondeu que era da Austrália e que tinha nadado até lá. Achei estranho, já que Cotunduba é de difícil acesso, as ondas entram com força e cobrem as pedras da ilha. Mas em nenhum momento ele me pediu socorro. Quando parou de falar, voltou a se sentar, com olhar perdido — disse o pescador. BUSCAS NO MAR Equipes da Marinha realizaram buscas na orla da Zona Sul, mas não encontraram pistas do australiano. No Rio para ajudar na investigação sobre o caso, o tio e a namorada de Rye, Michael Wholdhan e Bonnie Cuthbert, disseram ontem que ainda esperam encontrá-lo com vida. — Obviamente, estamos apreensivos, mas, ainda assim, muito esperançosos. A esta altura é difícil falar sobre expectativas, porém espero que ele esteja vivo e saudável em algum lugar — afirmou Bonnie. Ela disse ainda que planejava encontrar o namorado na Europa: Rye e o amigo Mitchell Sheppard saíram da Austrália no dia 7 de abril para uma viagem pelo mundo e já haviam passado por Tailândia, Argentina e Paraguai e pelas cidades brasileiras de Foz do Iguaçu, Florianópolis e São Paulo. l * Estagiária, sob a supervisão de Leila Youssef VIAGEM CONTURBADA OS DIAS QUE ANTECEDERAM O DESAPARECIMENTO DE RYE HUNT, SEGUNDO RELATOS DA POLÍCIA E DE TESTEMUNHAS Advogados, foi nomeado presidente da comissão de direito do trabalho do IAB. Admar Branco leciona Revisão e Redação Jornalística, na Facha, a partir de 11 de junho. Ana Andreazza, da Fashion MKT, aposta em novos criadores como Augustana e John Bags. GaleRio lança a campanha Criarte EixoRio para arrecadar material de desenho e pintura. A Colher de Pau, de Lucy Kaner, lança brigadeiro de colher em minixícara de chocolate Oi Futuro lança o “Permanências e destruições”. Antônio Torres coordena o ciclo “África: olhares ficcionais da ABL”, terça, na ABL. ‘Divina comédia’ O enredo do Salgueiro será “A divina comédia do carnaval”. É para homenagear três dos maiores carnavalescos da história, que foram da escola: Fernando Pamplona, Arlindo Rodrigues e Joãosinho Trinta. Merecem. Sobra dinheiro A crise passa longe da Alerj. A Assembleia do Rio planeja gastar R$ 139,4 milhões na reforma do Edifício Lucio Costa, mais conhecido como Banerjão, no Centro do Rio. É que lá será sua nova sede administrativa. O consórcio que venceu a licitação é formado por Kiir e JL, empresa paranaense que construiu o presídio de Catanduvas. Hora da xepa Seis cidades do Brasil receberão, hoje, uma ação para cozinhar a “xepa”, aquela comida que, por não se enquadrar nos padrões comerciais, é descartada. No Rio, o “Disco Xepa Day” será na Praça Xavier de Brito, na Tijuca, e na Almirante Júlio de Noronha, em Copacabana. A ação começou na Alemanha, em 2012, quando centenas de voluntários fizeram, com toneladas de vegetais, um sopão que foi servido gratuitamente numa praça de Berlim. Rye e Mitchell se hospedam em um hostel na Rua do Lavradio. Eles visitam os pontos turísticos tradicionais e até conhecem a Rocinha. Os amigos Rye Hunt, de 25 anos, e Micthell Sheppard, de 22, partem da Austrália no dia 7 de abril para uma viagem de seis meses ao redor do mundo. Depois de passarem por Tailândia, Argentina e Paraguai, os australianos chegam ao Brasil. Eles visitam Foz do Iguaçu, Florianópolis e São Paulo antes de desembarcarem no Rio, em 16 de maio. Na noite de 20 de maio, os amigos, segundo a polícia, consomem uma droga conhecida como MDMA, uma variação de ecstasy, e vão até a casa noturna Raízes da Lapa. Na festa, eles têm alucinações e imaginam que desconhecidos tentam matá-los. Seguranças os levam de volta para o hostel, já na manhã do dia 21. Ainda apavorados, os australianos decidem antecipar a viagem que fariam à Bolívia. Mas, no aeroporto, Rye começa a achar que Mitchel também quer matá-lo e pega um táxi rumo a Copacabana. Rye é abordado por uma mulher que lhe oferece um apartamento para alugar. Ele paga US$ 200 por três dias de locação, deixa seus pertences no imóvel e sai sem informar seu destino. No dia seguinte, um domingo, um pescador telefona para a PM e diz ter visto um estrangeiro transtornado, cheio de ferimentos, na Ilha da Cotunduba, a cerca de 900 metros da Pedra do Leme. O estrangeiro informava, por meio de gestos, que estava com sede e dizia que havia chegado à ilha nadando. O pescador lhe deu uma garrafa de 1,5 litro de água mineral, que ele bebeu de uma vez só. Um barco de pesca informa à Marinha, via rádio, que um corpo boiava a oito quilômetros da orla de Ipanema, perto da Ilha Rasa, na última quarta. Mas buscas realizadas até ontem não o localizaram. Ilustrações André Mello l Rio l Sábado 4 .6 .2016 RENATO MIRANDA/TV GLOBO ÚLTIMOS DIAS DE MICHELE Taís Araújo, 37 anos, a atriz, faz aqui uma das últimas fotos na pele de Michele, sua personagem em “Mr. Brau”. Na quinta passada, a talentosa gravou o último episódio da segunda temporada da série, que fica no ar até agosto O GLOBO l 19 Diretora da Faetec é baleada por bandidos que invadiram campus Vítima foi atingida ao se assustar com grupo e arrancar com carro FOTO DE LEITOR GISELLE OUCHANA [email protected] JOÃO RAMALHO/TV GLOBO NO GRAMADO DO TETRA Nos EUA para a Copa América, Galvão Bueno posa com Eric Faria, o repórter, e Álvaro Santana, o câmera, no Rose Bowl, estádio no qual o Brasil ganhou o Tetra, em 1994. Ao lado dos colegas, Galvão relembrou a conquista REPRODUÇÃO U Ponto Final Esta é para quem acha que, nesta altura do campeonato, um voto no Senado pode decidir o futuro de Temer e Dilma: Andrew Johnson (1808-1875), primeiro presidente dos EUA a sofrer um processo de impeachment, escapou da degola por um voto. Como Dilma, ele sucedeu um presidente popular, Abraham Lincoln (1809-1865), e viveu às turras com o Congresso. Johnson foi declarado culpado por 35 votos e inocente por 19. Mas eram necessários 36 votos, dois terços dos senadores, para tirá-lo do poder. e-mail: [email protected] Fotos: [email protected] Hoje na web oglobo.com.br/rio Saiba como colaborar com o conteúdo do GLOBO. Envie informações, fotos e vídeos para (21) 99999-9110. l WHATSAPP: glo.bo/1YJ2MIi l FACEBOOK: Confira as notícias do GLOBO na rede social. facebook.com/jornaloglobo l TWITTER: Siga as notícias de Rio no microblog. twitter.com/OGlobo_Rio l EU-REPÓRTER: Envie seu flagrante. Ele pode virar notícia. oglobo.com.br/participe Saiba tudo sobre a preparação para as Olimpíadas. l RIO 2016: oglobo.com.br/rio/rio-2016 Um bando de dez a 15 criminosos em fuga atirou ontem, pouco depois do meio-dia, na professora Janete Rosa Nascimento, que estava em seu carro no estacionamento da Escola Especial Favo de Mel, dentro da Faetec de Quintino. Ela foi atingida duas vezes no abdômen pelos bandidos, depois de se assustar com a presença deles no campus da unidade e tentar escapar. Janete, que é diretora adjunta do colégio e tem 58 anos, dirigiu até a Clínica da Família, que fica próximo do local, e, de lá, foi transferida para o Hospital estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, onde está internada. Testemunhas afirmam que havia traficantes com fuzis, mas não se sabe ainda o calibre das balas que feriram a vítima, cujo estado de saúde é considerado estável. INSEGURANÇA É PROBLEMA RECORRENTE O Clio usado pela professora ficou com três perfurações de bala. A falta de segurança do lugar é uma velha reclamação de alunos e professores. Ontem mesmo, estudantes, pais e servidores da fundação estiveram na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), para discutir as más condições da unidade e apontaram a violência como um dos principais problemas. Segundo a Polícia Militar, os criminosos estavam fugindo do Morro da Covanca, que fica próximo da Faetec. Homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) tinham feito pela manhã uma operação na comunidade. Os bandidos teriam chegado ao terreno da escola dirigida por Janete, voltada para crianças com necessidades especiais, por uma área de mata na favela. A polícia acredita que eles pretendiam roubar o carro usado pela professora para escapar do cerco. Logo após o ataque contra a professora, de acordo com testemunhas, os criminosos conseguiram roubar outro veículo, modelo Prisma, que passava pela Rua Clarimundo de Melo, principal rua do bairro. A PM fez buscas para tentar capturar os bandidos, mas até a noite de ontem não havia informações sobre o paradeiro deles. O patrulhamento foi reforçado e, à tarde, havia várias viaturas policiais estacionadas nas proximidades da Faetec. Segundo PMs e quem vive na região, a área é considerada de risco. Pelas redes sociais, moradores reclamaram ontem da escalada da violência em Quin- Violência. O Clio da diretora adjunta de uma unidade especial na Faetec: perfurações de bala tino. “Não tem segurança nenhuma. Houve dois assaltos no bairro em menos de uma semana, fora os que não vemos e não viram nota”, escreveu um deles. “Antigamente, a rapaziada respeitava escolas e igrejas. O Rio de Janeiro está entregue às baratas!”, afirmou outro morador. Outra mensagem lamentava o ocorrido: “Meu Deus! Que triste!” Por meio de nota, a direção da Faetec se pronunciou sobre o caso. “Lamentamos e repudiamos o ocorrido com a diretora adjunta da Escola Especial Favo de Mel, professora Janete Rosa Nascimento, e estamos acompanhando de perto o seu estado de saúde”, diz o comunicado, acrescentando que a direção “está prestando toda a assistência à servidora e à sua família”. Afirma ainda que a profissional foi “vítima da violência de bandidos que fugiam de uma operação policial”. Ontem, a Faetec dispensou seus funcionários e suspendeu as aulas das unidades do complexo para colaborar com o trabalho da polícia, que foi para o local investigar o caso. A instituição informou que também negociou com os alunos que estão ocupando escolas do campus a total liberação do espaço, com a garantia de que depois poderão retomar o movimento sem qualquer impedimento. ALUNOS DENUNCIAM ESTUPROS Durante o encontro na Alerj pela manhã, um estudante disse ao site G1 que há relatos de estupros. — Qualquer um passa na portaria, não há nenhum controle — afirmou. Com a greve de funcionários terceirizados, que estão com salários atrasados devido à crise do estado, a situação teria se agravado. O novo presidente da Faetec, Alexandre Vieira, reconheceu que há problemas estruturais e disse que as melhorias dependiam da saída dos alunos que participam da ocupação do local. A aluna Eduarda Silva questionou o diretor: — Por que é preciso que os alunos saiam? A necessidade é imediata. Vieira prometeu que terá um plano de segurança dentro de seis meses. l Jovem foi estuprada por grupos diferentes em dois momentos Segundo a polícia, de dez a 12 homens violentaram a adolescente ELENILCE BOTTARI [email protected] A polícia já sabe que a jovem de 16 anos que sofreu um estupro coletivo no Morro da Barão, na Praça Seca, foi atacada por pelo menos dois grupos diferentes (somando de dez a 12 agressores) e em dois momentos distintos. Aos poucos, eles estão sendo identificados pelos agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav). De acordo com as investigações, depois de um baile funk, a adolescente seguiu, por volta das 7h do último dia 21, para uma casa na comunidade, acompanhada de Raí de Souza, de 22 anos, com quem teve relações sexuais, e do jogador de futebol Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20, além de mais uma jovem. Por volta de 10h, os três foram embora, deixando a adolescente para trás. Mais tarde, traficantes passaram pelo local e, ao verem a menina desacordada, decidiram levá-la para uma outra casa, chamada de “abatedouro” e utilizada pela quadrilha para a prática de sexo. De acordo com a polícia, o traficante Moisés Camilo de Lucena foi quem carregou a adolescente para o imóvel, onde, THIAGO FREITAS além dele, de seis a oito bandidos a estupraram. Abandonada na casa, ela foi encontrada no local à noite, segundo as investigações, por Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos, Raí e um terceiro traficante, identificado apenas como Jefinho. — De acordo com os depoimentos, Raí chegou a se perguntar o que ela estaria fazendo ali. Nesse momento, aconteceu o segundo estupro — disse a delegada Cristiana Bento, da Dcav. — A adolescente foi estuprada primeiro por traficantes. Ela se lembra de ter acordado numa outra casa, o “abatedouro”, no momento em que Moisés a segurava. Mais tarde, na noite do mesmo dia, foi vítima pela segunda vez, agora de Raí, Raphael e Jefinho, que ainda filmaram aquelas imagens que circularam nas redes. Liberdade. Solto por falta de provas, Lucas deixa a prisão no complexo de Gericinó: ele continuará a ser investigado CELULAR DE SUSPEITO É ACHADO A Dcav localizou o celular de Raí com o qual foi gravado o vídeo da vítima e agora pretende descobrir quem divulgou as imagens na internet. Em depoimento, o suspeito havia dito que, por medo, jogara o aparelho fora. A delegada Cristiana Bento, no entanto, desconfiou da versão de Raí e conseguiu um mandado de busca e apreensão na Justiça para um endereço em Madureira que o suspeito costumava frequentar. — Vamos analisar agora os vídeos e postagens, para ver se encontramos mais provas e para saber se a divulgação partiu do celular dele ou do de outra pessoa — disse Cristiana. Ontem, Lucas Perdomo Duarte Santos, um dos três suspeitos presos sob a acusação de participação no estupro coletivo — os outros são Raí e Raphael —, foi libertado. De acordo com a advogada do jogador, Renata Barcelos, a liberação aconteceu por volta das 18h30m. Ele estava no complexo penitenciário de Gericinó. Quando deixou o presídio, Lucas, que continua sendo in- “A adolescente foi estuprada por traficantes. Mais tarde, na noite do mesmo dia, ela foi vítima pela segunda vez” Cristiana Bento Delegada vestigado, afirmou que teve pesadelos e pretende retomar sua carreira de atleta — ele jogava no Boavista, time de Saquarema, da primeira divisão do Campeonato Carioca. Segundo a advogada, Lucas está abatido psicologicamente e quer deixar tudo para trás. — Agora é bola para frente, está provado que sou inocente — afirmou o rapaz aos jornalistas, antes de seguir para casa, com a família. A ordem de soltura foi expedida pela Justiça na noite da quinta-feira, mas ele só foi li- berado na noite de ontem. O motivo, segundo a defesa do jogador, foi a demora do oficial de Justiça do Fórum de Bangu, responsável por levar alvarás de soltura ao complexo penitenciário de Gericinó, para reunir documentos relativos a outros presos. Familiares de Lucas estavam desde cedo na porta da penitenciária. Na quinta-feira, a delegada Cristiana Bento já havia pedido à Justiça a revogação da prisão de Lucas, por achar que não há provas suficientes contra ele. No entanto, frisou que o atleta continuará sendo investigado, mesmo fora da prisão: — Ainda é cedo para afirmar que Lucas é inocente. Pedi a revogação de sua prisão temporária porque não há provas suficientes de sua suposta participação no estupro coletivo. Raí aparece no vídeo em que a vítima está nua e desacordada; Lucas não. Não há testemunhas que indiquem a presença dele no local do crime. A delegada já sabe os apelidos de outros envolvidos. Cinco suspeitos já identificados permanecem foragidos. l 20 l O GLOBO l Rio l Sábado 4 .6 .2016 Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO Economia ADRIANO MACHADO/REUTERS/19-5-2016 Petrobras Câmbio PÁG. 22 PÁG. 24 R$ 3,527 PARENTE DIZ QUE NÃO VAI PRIVATIZAR ESTATAL Novo presidente da petrolífera afirma que decisão é da União, mas que assunto não está sendo debatido l 21 Foi o valor de fechamento do dólar, uma queda de 1,70% após os EUA divulgarem dados fracos sobre o mercado de trabalho PESO NO ORÇAMENTO Pressão nos planos de saúde _ ANS fixa reajuste de 13,5%, superando a inflação pela 13ª vez. Em dois anos, alta chega a 29% DAIANE COSTA [email protected] A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) fixou em 13,57% o aumento para os planos de saúde individuais. É o 13º ano seguido em que o reajuste fica acima da inflação, que foi de 9,28% nos 12 meses terminados em abril. O aumento anunciado ontem é o maior já autorizado pela reguladora e está em vigor desde maio. Ele atinge cerca de 8,3 milhões de beneficiários. O percentual é válido para os planos de saúde contratados a partir de janeiro de 1999 ou adaptados à Lei nº 9.656/98. Veio bastante parecido com o teto de aumento estabelecido pela agência no ano passado, que foi de 13,55%. Em dois anos, os planos já subiram 29%. Na conta, a ANS considera a média dos aumentos aplicados pelas operadoras aos contratos de planos coletivos com mais de 30 usuários, que são de livre negociação. De acordo com a ANS, as operadoras aplicaram reajustes nos planos coletivos que chegaram a 34,36%. Para Renata Vilhena, advogada especialista em direito à saúde, os reajustes estipulados pela próprias operadoras para os planos coletivos são abusivos e acabam se refletindo no percentual estabelecido para os planos individuais. — As reclamações na Justiça contra os planos aumentam cada vez mais: são consumidores insatisfeitos com descredenciamentos abusivos de hospitais e médicos, negativas de atendimentos e a demora na autorização de tratamentos emergenciais. O valor é muito alto para o pouco retorno em qualidade de atendimento que o paciente recebe — observa a advogada. REAJUSTE SÓ NA DATA DO CONTRATO Na avaliação da pesquisadora em saúde suplementar do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), a advogada Joana Cruz, esse modelo de reajuste é, na prática, uma autorregulação, já que a intensidade do aumento é ditada pelo mercado de planos de saúde coletivos. Para Joana, enquanto o teto ficar acima da inflação oficial, o beneficiário será onerado. Nas contas do economista do FGV/Ibre André Braz, os gastos com planos de saúde comprometem 3,34% do orçamento familiar, peso similar ao da energia elétrica. — Esse ano, a diferença entre o IPCA e o reajuste máximo que pode ser aplicado diminuiu em relação ao ano passado. O problema é que o custo de vida como um todo aumentou. A ANS precisa passar a regular os planos coletivos, e o reajuste dos individuais tem de guardar relação com o custo de vida do consumidor. Do contrá- EVOLUÇÃO DOS PREÇOS Reajuste anual dos planos de saúde Inflação TETO AUTORIZADO PELA ANS ACUMULADO NOS 12 MESES ATÉ ABRIL DE CADA ANO Em dois anos, os planos aumentaram 29% 20 16,77% 15 13,55% 11,75% 10 8,71% 6,77% 7,98% 8,07% 9,27% 8,89% 5,76% 7,69% 6,61% 5 5,26% 5,42% 13,57% 11,69% 6,76% 5,48% 5,04% 4,63% 6,73% 7,93% 7,69% 5,26% 2009 2010 9,65% 9,28% 8,17% 6,51% 5,53% 9,04% 6,49% 6,28% 2013 2014 5,1% 3% 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2011 2012 Fontes: ANS e IBGE rio, continuará sendo penoso — explica Joana. O reajuste pode ser aplicado só a partir da data de aniversário do contrato, que corresponde ao mês em que ele foi assinado. Se tiver sido em maio, o usuário terá de pagar o aumento retroativo. Além da correção anual, os planos podem sofrer o reajuste por mudança de faixa etária, que ocorre cada vez que o beneficiário muda de idade e se enquadra em uma nova faixa de cobrança pré-definida em contrato. Ambos os aumentos podem coincidir no mesmo mês, e a aplicação dos dois é permitida. A aplicação do reajuste de forma gradual dilui o impacto desses aumentos sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), explica Braz. Mas, no acumulado de 2016, os planos de saúde serão responsáveis por 0,45 ponto percentual da inflação do ano, estima o economista. Em 2015, os planos tiveram variação um pouco menor, de 12,15%, de acordo com o IBGE. A manutenção pela ANS do mesmo percentual de reajuste aplicado no ano passado surpreendeu o pesquisador da FGV: — Eu esperava algo maior, porque a inflação do ano passado praticamente dobrou em rela- 2015 2016 Editoria de Arte ção ao ano anterior, e os custos das operadoras seguem pressionados. A ANS ressaltou que o índice de reajuste dos planos, diferentemente do IPCA, é um índice de custos dos serviços e da quantidade de insumos consumidos. INFLAÇÃO MÉDICA É MAIOR, DIZEM SEGURADORAS Segundo Braz, historicamente, os serviços sobem acima da inflação média: — O setor de saúde é ainda mais afetado por ser um segmento que incorpora avanços de tecnologia e usa profissionais altamente capacitados e especializados. Solange Beatriz Palheiro Mendes, presidente da FenaSaúde, associação que reúne as seguradoras, disse que a correção definida pela ANS nos últimos anos não vem cobrindo as despesas assistenciais dos planos. Segundo a entidade, a inflação médica é , em média, duas vezes superior à inflação geral que mede os demais preços da economia. De 2007 a 2015, enquanto o IPCA acumulou alta de 64,5%, a despesa assistencial per capita em saúde cresceu 129,2%, diz a entidade. A Abramge, que representa os planos de saúde, não se manifestou. l U MAU ATENDIMENTO ANS SUSPENDE VENDAS DE 18 PLANOS DA UNIMED RIO A Agência Nacional de Saúde Suplementar suspendeu as vendas de 35 modalidades de planos médicos de oito operadoras devido a negativa e demora no atendimento de usuários. Desse total, 18 — mais da metade — são da Unimed-Rio. Também foram punidas com suspensões a Unimed Montes Claros, Federação das Cooperativas de Trabalho Médico no Norte, Associação de Beneficência São Cristóvão, Unimed Norte/Nordeste, Medisanitas Brasil Assistência Integral à Saúde, Unilife e Santa Casa Sorocaba. A suspensão vale a partir do próximo dia 10. Procuradas, apenas Unimed-Rio e Santa Casa Sorocaba tiveram porta-voz encontrado. A Unimed-Rio disse que as suspensões não trazem impacto sobre o atendimento aos seus clientes. A Santa Casa Sorocaba informou que ainda não havia sido notificada pela reguladora. (Daiane Costa e estagiária Júlia Cople) 22 l O GLOBO l Economia l Sábado 4 .6 .2016 ‘Não vim para cuidar de privatização’, diz Pedro Parente [email protected] MÍRIAM LEITÃO A rádio, presidente da Petrobras afirma que foco é reduzir dívida RAMONA ORDOÑEZ | | COM ALVARO GRIBEL (DE SÃO PAULO) Os dois lados No governo Temer, não há meio termo. Ou ele acerta muito ou erra feio. O problema é como Temer, desagradando um pouco a tanta gente, terá apoio para a travessia que será tempestuosa. O cientista político Marcus Melo, da UFPE, não acredita que haja probabilidade de a Dilma voltar, mas compara a relação da opinião pública com o presidente Michel Temer a uma lua de mel numa ilha sujeita a tsunamis. M arcus Melo acha que dois tsunamis ameaçam Temer: a Lava-Jato e a ação no TSE. Qualquer um desses eventos pode levar ao fim antecipado do seu governo, mesmo que passe pelo teste da votação do impeachment. Alguns dos erros que Temer cometeu foi por considerar que o mais importante agora era construir alianças no Congresso, qualquer que fosse a ficha do parceiro. A opinião pública está sensível à pauta do combate à corrupção, portanto, escolhas que possam fazer sentido do ponto de vista político têm potencial de gerar reações da sociedade. Foi o que derrubou dois ministros nos 18 primeiros dias de governo. Quando escolheu a professora Flávia Piovesan, com seu bom currículo, para a Secretaria de Direitos Humanos, parecia ter entendido a pauta atual. Quando escolheu a ex-deputada Fátima Pelaes, com suas controvérsias, para a Secretaria da Mulher, pareceu querer afrontar o movimento feminista. Esta semana foi possível ver a confirmação de dois dos acertos na posse dos novos presidentes do BNDES e da Petrobras, que assumiram dando novas diretrizes ao banco de investimento e à estatal. Ao mesmo tempo, houve o aumento para o funcionalismo que tornou mais pesada a conta de gastos fixos do país no meio do abismo fiscal. Parece que convivem em Temer duas personalidades. O aumento salarial dos funcionários públicos pode ser muito justo em inúmeros casos, olhados isoladamente, mas o moU mento de austeridade Os pontos-chave tornou a pressa em aprovar os reajustes uma prova de que o presidente interino não Parece que convivem em entendeu o que ele Temer duas mesmo vem fazendo. personalidades, ou ele A PEC de limitação acerta muito ou erra feio dos gastos ainda não foi para o Congresso, mas ela estabelecerá que os Aliança do governo com o gastos não poderão ser Congresso não pode ser superiores à inflação do afronta aos desejos da ano anterior. Isso ensociedade gessa a administração, aumenta a indexação da economia, mas se justifica em momento Aumento do funcionalismo de emergência fiscal. abalou a coerência do No ano que vem, as ajuste fiscal, prioridade do despesas seriam corripaís neste momento gidas então em 7%, que é a inflação projetada pelo mercado para 2016. Como o país estará vivendo em 2017 uma taxa possivelmente menor — algo como 5,5% nas projeções do mercado — haveria um pequeno ganho real. Mas o governo Temer acaba de aumentar as despesas fixas, com o salário do funcionalismo. O governo Dilma aprovou reajustes na reta final e instruiu sua base a aprovar a urgência. Para criar dificuldades para o governo do seu vice, Dilma assinou no próprio dia 11 de maio, quando foi votado seu afastamento, outros aumentos salariais para categorias de grande poder de pressão, como auditores da Receita, delegados da Polícia Federal, médicos do INSS. Ela colocou vários explosivos no caminho de Temer, e ele instalou outras. Mandou aprovar os que estavam no Congresso, mesmo sem regime de urgência, e agora enfrentará pressões das categorias não contempladas. No primeiro momento, o governo nem sabia o custo da decisão. O próprio governo Temer quis iniciar uma era de explicitação de números quando pediu autorização para o déficit de R$ 170,5 bilhões. Os assessores da presidente afastada disseram que o cálculo está exagerado. Não está. O governo Temer chegou ao resultado depois de constatar que os dados de Dilma eram fictícios. Partiam da premissa de que haveria um aumento real de receita de 9% em ano de recessão, o que é inviável. As despesas obrigatórias estavam subestimadas em R$ 40 bilhões, por exemplo: R$ 5 bilhões nas despesas de pessoal, R$ 10 bilhões na previdência, R$ 5 bilhões no Loas. É difícil errar tanto em despesa obrigatória. Havia R$ 30 bilhões de pagamento a mais do PAC, sendo R$ 12,5 bilhões de serviço já foi executado. A ideia da equipe econômica era que, ao revelar o tamanho do déficit deixado por Dilma, e propor a PEC do controle dos gastos, o governo estaria enfrentando de frente o debate difícil dos limites das despesas do Estado. Um trem da alegria de aumentos salariais no momento não ajuda a dar coerência a este discurso. l 1 2 3 _ oglobo.com.br/economia/miriamleitao [email protected] O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, garantiu que não existe qualquer plano de se discutir a privatização da estatal no governo do presidente interino, Michel Temer. Em entrevista à Rádio Gaúcha, o executivo reafirmou que sua missão é “resgatar” a empresa e que terá como foco aumentar a produção de petróleo no pré-sal e reduzir o alto nível de endividamento. — Não vim para cuidar de privatização da Petrobras. Não é este meu mandato. Não vou perder tempo com essa questão porque não é uma questão que está madura para uma discussão na sociedade. O que é minha missão é o resgate da empresa — disse. — Nós queremos não ser apenas a maior empresa brasileira, queremos ser a melhor empresa brasileira. O presidente da Petrobras reafirmou que a privatização não é um tema em questão: — (A privatização) é uma decisão de acionista controlador. E eu não vejo essa discussão acontecer no governo. E não foi parte da conversa do presidente Temer comigo. Na entrevista à rádio, Parente voltou a garantir que não haverá indicações políticas na nomeação de diretores. — Não haverá indicação de partidos para diretores, não faz sentido partidos estarem indicando diretores numa empresa que tem uma missão técnica de grande responsabilidade de explorar e produzir petróleo. Isso já acabou. Não há diretores hoje aqui na empresa indicados por partidos políticos e não haverá enquanto eu estiver aqui — garantiu. AJUDA NA LAVA-JATO O executivo destacou que a questão mais urgente e que será seu foco é continuar o equacionamento da dívida da estatal (R$ 450 bilhões), e conseguir sua redução a um nível mais compatível com a geração de caixa. Ele voltou a descartar a possibilidade de uma capitalização, dada a situação difícil do Tesouro Nacional: — Se o problema foi gerado dentro da companhia, nós temos que gerar os meios para resolver. E isso passa por desinvestimentos, que incluem a venda de alguns ativos. Mas a gente acha que pode trabalhar na linha de fazer parcerias, onde já temos experiências de su- | Opinião | REGISTROS DO DISCURSO de posse de Pedro Parente na Petrobras fica o correto diagnóstico sem rodeios de que a estatal foi vítima de uma “quadrilha organizada”. SEM DÚVIDA, mas também cabe registro o entendimento de Parente de que, além da roubalheira, ajudou a quebrar virtualmente a empresa a incompetência no mau planejamento e em escolhas erradas na hora de investir. UMA COISA se relaciona com a outra. cesso no upstream (exploração e produção). Há outras empresas de economia mista que têm experiência de sucesso, uma delas é o Banco do Brasil. Parente também voltou a garantir que a companhia conti- nuará contribuindo com as investigações da Lava-Jato e fazendo as apurações internas. — Todo apoio está sendo dado e vai continuar a ser dado para que todas as questões apareçam e venham à superfície e qualquer um que tenha feito coisas que não são corretas, ilegais, será realmente punido. Com relação à política de preços dos combustíveis, o presidente voltou a garantir que a companhia terá total autonomia a tomar decisões que serão puramente empresariais: — (A definição dos preços) tem que ser como é, natural, uma decisão empresarial. A gente tem custos para produzir, precisa fazer investimentos, tem que dar o retorno adequado aos nossos acionistas. E o principal acionista, não é o Tesouro Nacional, é a sociedade brasileira. Esse conjunto de coisas, como em qualquer empresa, faz com que a empresa tenha que pensar com autonomia nos preços que cobra para quem fornece. Parente voltou a criticar a atual política de conteúdo local, previsto na Lei de Partilha de exploração no pré-sal, que obriga a Petrobras a ser operadora única e ter, no mínimo, 30% de participação. l Crédito a estados não será de valor elevado Empréstimo da União aos muito endividados exigirá contrapartidas MARTHA BECK [email protected] BÁRBARA NASCIMENTO [email protected] -BRASÍLIA- A costura que a equipe econômica estuda para ajudar os estados em maiores dificuldades financeiras — Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais — envolve um amplo programa de recuperação fiscal em troca da concessão de empréstimos da União. Segundo integrantes do governo, a ideia é que esses estados se comprometam com duras medidas de controle de gastos que teriam de ser implementadas num prazo acertado com o Tesouro Nacional. O valor global dos empréstimos — que poderiam ser usados para investimentos ou para pagar as despesas atrasadas, dependendo de acordo — também está em discussão, mas os técnicos adiantam que não será uma cifra elevada, nem cobrirá nenhum rombo globalmente. No caso do Rio, o déficit das contas chega hoje a quase R$ 20 bilhões, sendo R$ 12 bilhões apenas com o Rio Previdência. Segundo os técnicos da área econômica, o valor que a União poderia repassar a todos os governadores juntos não chegaria nem ao total do déficit do Rio. A concessão de empréstimos, que requer alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), não é a saída considerada ideal pelo governo federal, mas seria a única forma de ajudar os três estados. Para eles, não basta a solução que está sendo trabalhada para todos os outros: renegociar as dívidas com a União por 20 anos, com uma carência de até 12 meses, além de alongar as dívidas com o BNDES por dez anos. No início de 2016, quando o então ministro da Fazenda Nelson Barbosa retomou o diálogo com os estados que havia sido paralisado por seu antecessor Joaquim Levy, o governo chegou a considerar a adoção de um programa de re- cuperação fiscal semelhante ao recentemente adotado pelos Estados Unidos para Porto Rico, que se declarou inadimplente e tem hoje uma dívida de US$ 70 bilhões. Depois de um acordo fechado entre democratas e republicanos no Congresso americano, o estado associado vai renegociar seus débitos e será acompanhado por uma comissão que vai verificar o cumprimento de contrapartidas que serão oferecidas nessa negociação. COMPROMISSO DO BNDES Os secretários de Fazenda enviaram ontem ao Ministério da Fazenda suas propostas de alteração no projeto de lei que foi encaminhado por Barbosa ao Congresso para renegociar as dívidas estaduais com a União. Além de uma carência de dois anos para o pagamento dos débitos (algo que a União deve rejeitar), os estados querem um alívio imediato para dívidas com o BNDES. Na proposta encaminhada à Fazenda, eles pedem que o pagamento de juros ao banco de fomento fique suspenso por quatro anos. A ajuda via BN- DES já estava sinalizada no projeto original, mas, agora, os governadores querem que ela se torne um compromisso mais explícito do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. A secretária de Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão, afirmou que a carência com os juros do BNDES depende de uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN): — Já há uma indicação positiva do BNDES, mas isso tem que ficar mais explícito no acordo com a União. Os estados querem que a carência para as dívidas com a União seja de 100% por 24 meses. Isso, no entanto, teria um impacto de cerca de R$ 70 bilhões sobre as contas públicas. Para os técnicos, no entanto, essa proposta é inviável, e o máximo de carência que poderia ser dado para o pagamento das dívidas com a União é de até 12 meses. No projeto original, a ideia era dar um desconto de 40% no valor das dívidas por um prazo de dois anos. No entanto, com o agravamento da situação dos estados e a troca de governo, o alívio será maior. l Tarcísio Godoy será presidente do IRB Brasil MARISA CAUDURO/“VALOR ECONÔMICO”/12-2-2008 Ele foi substituído por Eduardo Guardia na secretaria executiva da Fazenda MARTHA BECK E BÁRBARA NASCIMENTO [email protected] O comando da secretaria executiva do Ministério da Fazenda trocará de mãos. O diretor-executivo de produtos da BM&FBovespa, Eduardo Guardia, assumirá o cargo no lugar de Tarcísio Godoy — que vai assumir a presidência do instituto de resseguros IRB Brasil RE. A notícia surpreendeu integrantes da própria Fazenda, mas já estava combinada entre o ministro Henrique Meirelles e Godoy. Meirelles sempre quis que Guardia, com quem tem grande afinidade, fosse para a secretaria-executiva. No entanto, havia amarras na BM&FBovespa que impediam o novo secretário de -BRASÍLIA- Novo posto. Na Fazenda, Godoy foi contra reajuste dos servidores públicos ser anunciado junto com o ministro. Assim, Godoy, que tem ampla experiência em gestão pública e já comandou o Tesouro Nacional e, mais recentemente, a secretaria-executiva do exministro Joaquim Levy na Fazenda, foi convidado para ocupar o posto temporariamente. Segundo integrantes da equi- pe econômica, Godoy gostou do ritmo de trabalho com Meirelles e chegou a trabalhar para permanecer no cargo. No entanto, o ministro não mudou de ideia. Tanto o ministro quanto Godoy protestaram internamente no governo contra a aprovação pela Câmara dos Deputados de vários projetos de lei que reajus- taram os salários de servidores públicos. As propostas terão impacto de R$ 53 bilhões nas contas públicas entre 2016 e 2018. Guardia é graduado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e doutor em economia pela Universidade de São Paulo (USP). Ele já foi secretário do Tesouro Nacional do governo Fernando Henrique Cardoso, secretário-adjunto de Política Econômica da Fazenda e também secretário de Fazenda de São Paulo. Como secretário-executivo, ele se tornará agora responsável por uma das agendas mais importantes para o governo no momento: a renegociação das dívidas dos estados com a União. Secretários de Fazenda estaduais que se reuniram com Godoy no início da semana para tratar desse assunto também ficaram surpresos com a troca. Um deles afirmou que chegou a conversar com o atual secretário na manhã de ontem e não ouviu nada sobre a chegada de Guardia. l l Economia l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO Ex-coordenador da Receita é preso por corrupção Bradesco pode ser processado nos EUA Escritório de Los Angeles estuda abrir ação por danos na Operação Zelotes Marcelo Fisch é acusado de fraudar licitações da Casa da Moeda GUILHERME PINTO/EXTRA/28-8-13 ANA PAULA RIBEIRO [email protected] -SÃO PAULO- O escritório de advoca- cia americano Glancy Prongay & Murray LLP, com sede em Los Angeles, estuda abrir um processo contra o Bradesco por eventuais perdas de investidores decorrentes do possível envolvimento da instituição financeira na Operação Zelotes, da Polícia Federal (PF), que investiga esquema de vendas de sentença no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Os advogados vão avaliar se o banco violou alguma lei federal do mercado acionário americano. “O GPM está preparando uma ação judicial em nome de investidores afetados”, afirmou o escritório em comunicado. Assim como aconteceu com a Petrobras — por causa da Operação Lava-Jato —, é possível que outras bancas americanas sigam o mesmo caminho e acionem o banco brasileiro por supostos prejuízos no mercado de ações dos Estados Unidos. Na terça-feira, 31 de maio, a Polícia Federal indiciou o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, outros dois executivos do banco e mais sete pessoas, por suposto envolvimento nos esquemas do Carf. A PF apontou os crimes de corrupção passiva, organização criminosa, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Os outros dois executivos do banco indiciados pela PF são o vice-presidente, Domingos Figueiredo Abreu, e o diretor-financeiro do banco, Luiz Carlos Angelotti. A PF investiga se o banco pagou algum tipo de propina ao grupo que operava um esquema de facilitação para reverter multas fiscais por meio de recursos no Carf. Conselheiros, ex-conselheiros e escritórios de advocacia estão envolvidos nessa investigação. O Bradesco admitiu que seus executivos foram procurados por um escritório de consultoria que atuava com os esquemas fraudulentos, mas diz que não o contratou. E afirma ainda que, Sede da Casa da Moeda. Segundo Polícia Federal, crimes movimentaram mais de R$ 6 bilhões de dinheiro público. Quadrilha atua desde 2008 GABRIELA VALENTE [email protected] MARLEN COUTO [email protected] -BRASÍLIA E RIO- A Polícia Federal prendeu ontem o ex-coordenador-geral de Fiscalização da Receita Federal Marcelo Fisch e sua mulher, Mariangela Defeo Menezes, por corrupção ativa em licitações e contratos da Casa da Moeda. O órgão fabrica os lacres e selos de controle de recolhimento de impostos pelos setores de bebidas e cigarros, respectivamente. A Operação Esfinge desarticulou uma quadrilha que fraudava certames, desviava recursos públicos e lavava dinheiro desde 2008. Os crimes movimentaram mais de R$ 6 bilhões. Somente as propinas teriam ultrapassado R$ 70 milhões, de acordo com a PF. Cerca de 30 policiais federais e 12 servidores da Corregedoria Geral do Ministério da Fazenda cumpriram seis mandados de busca, cinco em São Paulo e um em Brasília. As duas prisões preventivas ocorreram na capital federal. Não foram realizadas buscas na Casa da Moeda. Um dos alvos da operação foi o escritório de consultoria Enigma, que teria recebido cerca de R$ 70 milhões de uma empresa investigada por fraude a uma licitação na Casa da Moeda sem prestar os serviços contratados. Para a Polícia Federal, a Enigma teria servido de fachada para intermediar o pagamento de propina aos envolvidos no esquema. Segundo agentes da PF, a consultoria é propriedade de Mario Nicoli Filho, especialista em autenticação de selos fiscais. Ele foi preso em flagrante e indiciado ontem, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, por posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, cuja pena pode variar de três a seis 31/05 0,2136% 01/06 0,2043% 02/06 0,1953% Selic: 14,25% Correção da Poupança Até 03/05/12 A partir de 04/05/12 ÍNDICE 0,7180% 0,6589% 0,6270% 0,6260% 0,6655% 0,6939% 0,7111% 0,6872% 0,6634% 0,6685% 0,6547% 0,7053% 0,7053% 0,7053% 0,6963% DIA 18/06 19/06 20/06 21/06 22/06 23/06 24/06 25/06 26/06 27/06 28/06 29/06 30/06 01/07 02/07 ÍNDICE 0,7180% 0,6589% 0,6270% 0,6260% 0,6655% 0,6939% 0,7111% 0,6872% 0,6634% 0,6685% 0,6547% 0,7053% 0,7053% 0,7053% 0,6963% Obs: Segundo norma do Banco Central, os rendimentos dos dias 29, 30 e 31 correspondem ao dia 1º do mês subsequente. Dezembro -3,9% Janeiro -6,79% Fevereiro +5,91% Março +16,9% Abril +7,7% Maio -10,1% R$ 788 R$ 788 R$ 880 R$ 880 R$ 880 R$ 880 R$ 953,47 R$ 1.052,34 R$ 1.052,34 R$ 1.052,34 R$ 1.052,34 R$ 1.052,34 Obs: * O valor do salário mínimo a partir de 1º de janeiro de 2016 é de R$ 880. ** Piso para empregado doméstico, entre outros. IMPOSTO DE RENDA IR NA FONTE JUNHO 2016 Base de cálculo R$ 1.903,98 De R$ 1.903,99 a 2.826,65 De R$ 2.826,66 a 3.751,05 De R$ 3.751,06 a 4.664,68 Acima de R$ 4.664,68 feita a tributação do produto. Fisch foi um dos responsáveis pela contratação da empresa Sicpa, que assinou, em 2008, um primeiro contrato, com dispensa de licitação, para o Sicobe, vigente a partir de 2009, quando ele ainda ocupava a função de coordenador-geral da Fiscalização. De acordo com as investigações, em 2009, sua mulher, Mariangela, abriu a empresa MDI Consultoria em Gestão de Pessoas LTDA. Foram rastreados repasses de US$ 15 milhões destinados a MDI realizados por outra empresa de consultoria, sediada nos EUA, e que seria de propriedade de um representante da Sicpa. O GLOBO apurou que a Sicpa possui outros contratos com a Casa da Moeda também investigados. Em fevereiro de 2015, quando Jorge Rachid reassumiu a secretaria da Receita Federal, Fisch foi nomeado chefe da Divisão de Controles Fiscais Especiais da Coordenação-Geral de Fiscalização. A assessoria de Rachid ressalta que ele era chefe de um departamento de um homem só. Em resposta ao GLOBO, os assessores da Receita disseram que ele era o único auditor fiscal lotado na divisão naquele momento. “Ao tomar conhecimento de que este (Fisch) constava como investigado na Operação Vícios, o secretário o exonerou da função em 3/7/2015. Desde então, o auditor fiscal se desligou da Receita Federal e passou a ter exercício na Escola de Administração Fazendária, a Esaf”, afirmou a secretaria, que ressaltou que Rachid não é investigado. Segundo a PF, para reunir provas e desbaratar a quadrilha, os investigadores usaram métodos “extraordinários”, como grampo telefônico. l INSS/JUNHO BOVESPA SAL. MÍNIMO SAL. MÍNIMO (FEDERAL)* (RJ)** TR 18/06 19/06 20/06 21/06 22/06 23/06 24/06 25/06 26/06 27/06 28/06 29/06 30/06 01/07 02/07 FRAUDES COMEÇARAM EM 2008 Desde então, os policiais investigaram como o dinheiro da propina foi lavado. Ontem, Fisch e a mulher foram indiciados e denunciados por crimes de corrupção ativa e passiva. Desde julho do ano passado, ele e os demais suspeitos já estavam com os bens sequestrados por ordem da Justiça Federal. Os principais envolvidos na investigação também tiveram os sigilos fiscais e bancários quebrados O foco do contrato investigado é o Sistema de Controle da Produção de Bebidas, o Sicobe. Ele prevê a instalação — nas linhas de produção de bebidas como cervejas, refrigerantes, sucos e água mineral — de equipamentos contadores de produção. Esse mecanismo controla, registra, grava e transmite os dados da produção à Receita Federal, para que seja ÍNDICES Indicadores DIA anos de reclusão. A Operação Esfinge é um desdobramento da Operação Vícios, que, em julho passado, cumpriu mandados de busca em 23 endereços em empresas e gabinetes do edifício sede da Receita Federal, em Brasília, e na Casa da Moeda. Na época, a PF já sabia do esquema de corrupção em contratos de R$ 6 bilhões com a Casa da Moeda e previa que o pagamento de propina poderia chegar a R$ 100 milhões, distribuídos a 12 funcionários públicos. Os policiais apuravam o direcionamento num processo licitatório do sistema que calcula o imposto que tem de ser pago por fábricas de bebidas. Na época, o alvo principal já era Marcelo Fisch. Ele comandou a fiscalização da Receita Federal por seis anos. E foi na gestão dele que o primeiro contrato que teria sido direcionado para uma empresa do esquema foi assinado. Alíquota Parcela a deduzir Isento 7,5% 15% 22,5% 27,5% — R$ 142,80 R$ 354,80 R$ 636,13 R$ 869,36 Deduções: a) R$ 189,59 por dependente; b) dedução especial para aposentados, pensionistas e transferidos para a reserva remunerada com 65 anos ou mais: R$ 1.903,98; c) contribuição mensal à Previdência Social; d) pensão alimentícia paga devido a acordo ou sentença judicial. Obs: Para calcular o imposto a pagar, aplique a alíquota e deduza a parcela correspondente à faixa. Esta nova tabela só vale para o recolhimento do IRPF este ano. A correção da terceira parcela do IRPF de 2016, que vence no dia 30 de junho, é de 2,11%. Salário de contribuição (R$) Até 1.556,94 de 1.556,95 a 2.594,92 de 2.594,93 a 5.189,82 Alíquota (%) 8 9 11 Obs: Percentuais incidentes de forma não cumulativa (artigo 22 do regulamento da Organização e do Custeio da Seguridade Social). Trabalhador autônomo Para o contribuinte individual e facultativo, o valor da contribuição deverá ser de 20% do salário-base. Contribuição mensal mínima de R$ 176,00 (para o piso de R$ 880,00) e máxima de R$ 1.037,96 (para o teto de R$ 5.189,82) UFIR Junho R$ 1,0641 Obs: foi extinta UFIR/RJ Junho R$ 3,0023 Obs: A Unif foi extinta em 1996. Cada Unif vale 25,08 Ufir (também extinta). Para calcular o valor a ser pago, multiplique o número de Unifs por 25,08 e depois pelo último valor da Ufir (R$ 1,0641). (1 Uferj = 44,2655 Ufir-RJ) DÓLAR Índice Variações percentuais Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril 4450,45 4493,17 4550,23 4591,18 4610,92 4639,05 No ano Últ. 12meses 1,01% 9,62% 0,96% 10,67% 1,27% 1,27% 0,90% 2,18% 0,43% 2,62% 0,61% 3,25% 9,93% 10,48% 10,67% 10,71% 9,39% 9,28% IGP-M (FGV) Índice Variações percentuais (8/94=100) Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio 617,044 624,060 632,114 635,349 637,434 642,651 No mês No ano Últ. 12meses 0,49% 10,54% 1,14% 1,14% 1,29% 2,44% 0,51% 2,97% 0,33% 3,30% 0,82% 4,15% 10,54% 10,95% 12,08% 11,56% 10,63% 11,09% IGP-DI (FGV) Índice Variações percentuais (8/94=100) UNIF CÂMBIO No mês Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril 607,441 610,128 619,476 624,366 627,060 629,345 No mês No ano Últ. 12meses 1,76% 8,91% 1,19% 10,21% 0,44% 10,70% 1,53% 1,53% 0,43% 2,78% 0,36 % 3,15% BRADESCO NÃO VÊ OSCILAÇÕES “O Bradesco considera prestados os esclarecimentos devidos sobre os episódios recentes. E não entende ter havido oscilações relevantes no preço dos papéis da instituição nesta semana para justificar a movimentação dos investidores no sentido de uma ação judicial”, afirmou o banco em nota. Em seu site, logo na página de abertura, o escritório de advocacia americano Glancy Prongay & Murray LLP, publicava ontem uma chamada falando da ideia de entrar com uma ação na Justiça americana, e colocava-se à disposição de investidores que eventualmente tenham se sentido lesados pela oscilação das ações dos papéis do banco brasileiro após a divulgação do indiciamento de seus altos executivos por envolvimento na Zelotes. Essa prática foi muito usada por outros escritórios contra a Petrobras, que enfrenta uma série de ações na Justiça dos EUA. l Zelotes. Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, foi indiciado pela PF IPCA (IBGE) (12/93=100) além disso, foi derrotado por unanimidade no julgamento no Conselho. Com a ação no Carf, o banco tentava reverter uma autuação da Receita Federal da ordem de R$ 3 bilhões. Após o indiciamento dos executivos, na terça-feira, os recibos de ações do Bradesco (ADRs, na sigla em inglês) negociados no mercado acionário dos Estados Unidos fecharam em queda próxima de 6%, cotados a US$ 6,24. No Brasil, as ações preferenciais transacionadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerraram o pregão em queda de 5%. Ontem, as ações preferenciais do Bradesco encerraram o pregão com alta de 0,50%, a R$ 24,07. Na véspera da divulgação do indiciamento dos executivos do banco, os papéis fecharam cotados a R$ 24. Na bolsa americana Nasdaq, os ADRs do banco brasileiro eram negociadas a US$ 6,77, com valorização de 8,5% em relação ao valor de fechamento do dia do indiciamento. Procurado ontem, o Bradesco informou, por meio de comunicado, que não considera que as oscilações verificadas em seus papéis, tanto no mercado local, como nos Estados Unidos, foram relevantes para justificar uma ação judicial. BLOOMBERG INFLAÇÃO Trabalhador assalariado l 23 10,58% 10,64% 10,70% 11,65% 11,07% 10,46% Dólar comercial (taxa Ptax) Paralelo (São Paulo/CMA) Diferença entre paralelo e comercial Dólar-turismo esp. (Banco do Brasil) Dólar-turismo esp. (Bradesco) EURO Euro comercial (taxa Ptax) Euro-turismo esp. (Banco do Brasil) Euro-turismo esp. (Bradesco) Compra R$ Venda R$ 3,5403 3,45 -2,55% 3,44 3,5409 3,67 3,65% 3,62 3,30 3,76 Compra R$ Venda R$ 4,0097 3,9020 3,74 4,0118 4,1137 4,26 OUTRAS MOEDAS Cotações para venda ao público (em R$) Franco suíço Iene japonês Libra esterlina Peso argentino Yuan chinês Peso chileno Peso mexicano Dólar canadense 3,61647 0,0331050 5,12609 0,253858 0,537854 0,00516398 0,189819 2,72698 FONTE: MERCADO Obs: As cotações de outras moedas estrangeiras podem ser consultadas nos sites www.xe.com/ucc e www.oanda.com. BOLSA DE VALORES: Informações sobre cotações diárias de ações e evolução dos índices Ibovespa e IVBX-2 podem ser obtidas no site da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), www.bovespa.com.br CDB/CDI/TBF: As taxas de CDB e CDI podem ser consultadas nos sites de Anbima (www.anbima.com.br) e Cetip (www.cetip.com.br). A Taxa Básica Financeira (TBF) está disponível no site do Banco Central (www.bc.gov.br). Para visualizá-la, clicar em “Economia e finanças” e, posteriormente, em “Séries temporais” FUNDOS DE INVESTIMENTO: Informações disponíveis no site da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), www.anbima.com.br. Clicar em “Fundos de investimento” IDTR: Pode ser consultado no site da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização (Fenaseg), www.fenaseg.org.br. Clicar na barra “Serviços” e, posteriormente, em FAJ-TR. Selecionar o ano e o mês desejados ÍNDICE DE PREÇOS: Outros indicadores podem ser consultados nos sites da Fundação Getulio Vargas (FGV, www.fgv.br), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, www.ibge.gov.br) e da Anbima (www.anbima.com.br) 24 l O GLOBO l Economia l Sábado 4 .6 .2016 OCDE: Brasil só sai da Dados fracos de emprego nos EUA fazem dólar cair a R$ 3,527 crise com eleições Recuo foi de 1,7%. Geração de vagas no país em maio decepcionou RICHARD DREW/AP ANA PAULA RIBEIRO [email protected] Dados frustrantes do mercado de trabalho americano fizeram o dólar cair em escala global, ontem. No Brasil, a moeda americana encerrou os negócios cotada a R$ 3,527, um recuo de 1,7% ante o real. Na semana, a queda acumulada foi de 2,30%. O otimismo dos investidores atingiu também a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que subiu 1,47%, aos 50.619 pontos. Desde a sexta-feira da semana passada, os ganhos chegaram a 3,20% no Ibovespa. A economia dos Estados Unidos criou em maio o menor número de vagas em mais de cinco anos, fazendo com que os investidores reduzissem as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central do país) elevará os juros em junho — movimento que levou a um enfraquecimento do dólar. Nervosismo. Operadores no pregão de Nova York: bolsas no mundo caíram com dúvidas nos EUA Após a divulgação desse dado, caiu de 22% para 6% a probabilidade de au- inteiro, e aqui não foi diferente, com a avançou 2,02% (R$ 8,57). Essa valorizamento das taxas de juros na próxima moeda registrando mínimas sequen- ção ocorre mesmo com a queda do prereunião do Comitê Federal de Política ciais — afirmou Jefferson Luiz Rugik, ço do petróleo no mercado internacioMonetária do Fed, marcada para os superintendente da Correparti Corre- nal. O barril do tipo Brent recuava dias 14 e 15 de junho. tora de Câmbio. 0,56%, a US$ 49,76. A criação de vagas fora do setor No câmbio, o comportamento do A Vale fechou em forte alta, depois agrícola dos EUA ficou em mercado doméstico acompa- de o minério de ferro registrar a priU apenas 38 mil no mês passanha o movimento externo. O meira valorização em cinco dias na do, abaixo até das previsões Números índice “dollar index”, que mede China (alta de 3,94%, a US$ 50,08 a tomais pessimistas. Economisa força do dólar contra uma nelada). A Vale ON subiu 8,62% (R$ tas consultados pela Reuters cesta de dez moedas, recuava 16,24), enquanto a PNA teve elevação esperavam criação de 164 mil 1,72% próximo ao horário de de 7,67% (R$ 12,62). vagas. Foi o menor ganho encerramento dos negócios no No setor bancário, o Banco do Brasil desde setembro de 2010, inmercado de câmbio no Brasil. ON avançou 2,36%, enquanto o Itaú formou ontem o DepartaUnibanco PN teve pequena variação DE CHANCE mento de Trabalho. O goverOTIMISMO NA BOLSA positiva de 0,26%. As ações do BradesDE O FED no informou que a greve de Subir os juros Na Bolsa, além dos fatores exter- co subiram 0,50%, mesmo depois que um mês na operadora de tenos, a alta está relacionada ao um escritório de advocacia americano básicos. lefonia Verizon deprimiu o aumento da confiança do inves- anunciou que estuda entrar com uma Antes, essa crescimento de vagas em 34 possibilidade tidor para o médio e longo pra- ação contra o banco devido ao possímil. A geração de postos de zos, o que ajuda no processo de vel envolvimento no caso Zelotes. era de 22% trabalho em maio ficou bem recuperação dos mercados, na O Ibovespa, no entanto, foi na contraabaixo das 123 mil vagas avaliação do analista Raphael mão do mercado externo, que reagiu de abertas em abril. Figueredo, da Clear Corretora: forma negativa à piora dos dados ameApesar da baixa geração de — O dado ruim nos Estados ricanos. Os indicadores divulgados postos, a taxa de desemprego Unidos beneficia as moedas de trouxeram incertezas sobre a solidez da nos EUA recuou de 5% para países emergentes. Um segun- economia dos Estados Unidos e, conseMIL VAGAS 4,7%, a menor marca em quado ponto é o indício de que o quentemente, do ritmo da atividade NOS EUA se nove anos. Os movimentos O resultado de setor corporativo está reto- global. Em Wall Street, o índice Dow Jodo mercado, no entanto, remando alguns planos, o que nes caiu 0,18%, enquanto o S&P 500 remaio ficou fletiram mais o baixo número deixa uma visão mais positiva cuou 0,29%. Na Europa, a Bolsa de Lonabaixo dos de vagas criadas. dres fechou com pequena alta de 123 mil postos para o longo prazo. — Depois da divulgação dos Entre as ações brasileiras, a 0,39%, mas o CAC 40, da Bolsa de Paris, criados fora do dados de emprego, o dólar Petrobras ON subiu 1,2% (R$ caiu 0,99%, e o DAX, de Frankfurt, teve setor agrícola passou a afundar no mundo 10,81), enquanto o papel PN desvalorização de 1,03%. l em abril -SÃO PAULO E RIO- 6% 38 Moreira quer mudanças em concessões GIVALDO BARBOSA/29-7-2013 Responsável por parcerias diz que taxa de retorno será definida por mercado Para entidade, sem isso, não haverá consenso para aprovar reformas FERNANDO EICHENBERG Especial para o GLOBO [email protected] -PARIS- Na previsão da Organiza- ção para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que agrupa 35 países — a maioria do bloco de países desenvolvidos —, o Brasil não terá condições de sair da “recessão profunda” e de retomar o caminho do crescimento econômico até que ocorram novas eleições. O clima político atual impossibilita, na análise da instituição, a adoção de reformas urgentes e necessárias para o país. Essa é a opinião do economista Jens Arnold, diretor da OCDE para o Brasil, que, em conversa com o GLOBO, confirmou e ampliou os prognósticos feitos para o país no relatório da instituição divulgado esta semana. Na quarta-feira, a OCDE piorou suas projeções para a economia brasileira. Para este ano, a previsão para o resultado do PIB passou de queda de 4% para retração de 4,3%. Já para o ano que vem, a expectativa passou de variação nula para um tombo de 1,7%. Para a economia mundial, a previsão para 2016 foi mantida: expansão “decepcionante” de 3%. — Em nosso relatório, o cenário base é o de que, até que ocorram novas eleições no Brasil, vai ser difícil criar o consenso necessário para implementar as reformas de que o país necessita. Por mais que haja muitas propostas saídas ultimamente do governo, que coincidem em grande parte com as recomendações que a OCDE fez no passado, a pergunta é: até que ponto estas medidas serão implementadas? Uma coisa é o governo anunciar planos, outra coisa é criar o consenso e a força política necessários para fazê-las passar pelo Congresso, que es- [email protected] DANILO FARIELLO ANA PAULA RIBEIRO [email protected] organizadores e órgãos de segurança como um evento de baixo risco. Já a Olimpíada envolverá 20,1 mil atletas de 206 países, concentrados praticamente em uma cidade — só alguns jogos de futebol serão realizados em outras localidades —, o que torna os riscos elevados. E os Jogos Paralímpicos irão mobilizar outros 7,5 mil esportistas. — Será a maior operação do mundo — afirmou o executivo. -SÃO PAULO- Os Jogos Olímpicos devem trazer ao Rio mais de 1,5 milhão de visitantes durante o período da competição, incluindo os Jogos Paralímpicos. A Latam Brasil, companhia aérea oficial dos Jogos, espera transportar 25% desse contingente (cerca de 375 mil pessoas) e, para isso, montou um plano operacional que inclui espaços para check-in dentro da Vila Olímpica, um esquema especial para o transporte de equipamentos esportivos e atendimento voltado a um maior número de pessoas com deficiência, além da programação de voos extras. Para toda essa estrutura, está investindo R$ 20 milhões. — É um evento maior que a Copa do Mundo e com uma complexidade logística e de bagagens muito maior. Além disso, há riscos de segurança, de atentados, pela exposição de todas as delegações no evento — disse o diretor de Serviços e Inovação da Latam, Eduardo Costa. A Copa do Mundo de 2014 mobilizou 2,5 mil atletas de 32 países, que se distribuíram por 12 cidades, e era considerada pelos VOOS SEM SERVIÇO DE BORDO A Latam terá 100 voos extras que terão o Rio como destino ou ponto de partida. Mas esse número pode chegar a 300. Além disso, seis aeronaves ficarão disponíveis como contingência. Para os passageiros, está prevista a facilitação do endosso de passagens entre as companhias aéreas, o que já foi feito durante a Copa. Nos voos à capital fluminense com até 60 minutos de duração, não haverá serviço de bordo. O passageiro receberá um kit com lanche, um bombom e água. A aérea vai usar um esquema similar ao aplicado nos Jogos Pan-Americanos de Toronto (Canadá) para o transporte de bagagens (equipamentos) fora do padrão, e que muitas vezes não podem ser transportadas em esteiras. Para evitar atrasos no embarque, a Latam ainda investiu na compra de cadeiras de rodas para o transporte de cadeirantes no interior das cabines, treinamento da equipe e aluguel de plataformas elevatórias para o transporte das cadeiras dos passageiros para a área de carga. l [email protected] O governo interino de Michel Temer está trabalhando em um “minucioso levantamento” para definir quais os próximos projetos de infraestrutura a serem leiloados ao setor privado, que está participando diretamente desse processo. Responsável pela reorganização das concessões de infraestrutura, o secretário executivo do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), Wellington Moreira Franco, esteve ontem na sede da Associação Brasileira da Infraestrutura e da Indústria de Base (Abdib) para reunião com empresários do setor. Na visão de Moreira, os principais problemas dos projetos que a gestão Dilma Rousseff não conseguiu leiloar estão nas taxas de retorno e em questões ambientais. Ele criticou a “tendência de a taxa de retorno ser fixada pela própria autoridade”, o que “não é compatível com a vida”. — Quem determina o preço é o mercado. O fato de o dono querer não significa que o produto vai ser vendido pela vontade de um só, (esse) é um dos problemas que vamos resolver. A respeito das “questões ambientais”, ele disse considerar que um empreendimento “não pode ficar paralisado por meses, até anos, por uma não decisão”, referindo-se à morosidade dos órgãos de controle ambiental em processos anteriores. — Precisamos decidir, respeitando o meio ambiente — disse. O encontro foi o primeiro de uma agenda de reuniões com o empresariado, cuja -SÃO PAULO E BRASÍLIA- Sugestões. Moreira Franco, do Programa de Parcerias, terá agenda de reuniões com empresários finalidade é colher sugestões para a modelagem do novo programa de concessões. — Queremos fazer um levantamento das questões que travaram as parcerias em diversas áreas. Queremos agilizar essa saída (de projetos do papel) — declarou Moreira, explicando que esse mapeamento contará também com a participação das agências reguladoras. Perguntado sobre qual deve ser o papel do BNDES no novo programa de “parcerias”, Moreira afirmou que ele será “importante, mas não há condições de repetir o papel que desempenhou até agora”. — Há uma discussão sobre o tamanho das condições financeiras e operacionais. Queremos e precisamos que haja sinergia (entre os agentes) — disse. SÓ UM PORTO DO PARÁ VAI A LEILÃO Um dia depois de se reunir com representantes do setor portuário, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, decidiu ontem que só um, dos seis terminais de carga no Pará que seriam leiloados na próxima semana se- rá, de fato, ofertado aos concorrentes. Essa área que continua no leilão do dia 10 será arrendada para movimentação de fertilizantes em Santarém. Os cinco terminais de granéis sólidos — principalmente para movimentar bens agropecuários para exportação — não têm uma nova data para serem leiloados. Segundo nota oficial do ministério, enquanto as outras áreas não forem a leilão, “a modelagem dos editais poderá ser reavaliada com o objetivo de tornar a concessão mais atrativa e adequada à demanda”. Segundo Willen Manteli, presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), são necessários ajustes no edital, quanto aos riscos transferidos para os empreendedores e à possibilidade de o governo alterar os contratos unilateralmente. — Pelas condições apresentadas, dificilmente empresas sérias vão investir — disse Manteli, depois de ter encontrado Quintella acompanhado de 16 empresários que atuam no setor. l ENTIDADE REBATE MINISTRO O economista disse que seria uma boa notícia se o relatório da OCDE fosse desmentido em suas previsões, mas duvidou de um cenário otimista. — Estamos mais ou menos na espera, mas, a priori, temos dúvidas de que o cenário político possa dar, neste momento, as condições para a implementação destas mudanças, que seriam enormes para o Brasil. Nos últimos anos, o Brasil não fez muitas reformas estruturais — sublinhou. Sobre as críticas do ministro das Relações Exteriores brasileiro, José Serra, que disse que o relatório da OCDE não tinha “sofisticação de análise”, Jens Arnold rebateu: — Não conhecemos o futuro melhor que outros, mas fazemos nossas previsões baseadas nos possíveis cenários que imaginamos e com as informações que temos. Seguimos a situação brasileira há muitos anos, eu pessoalmente há seis anos, e acredito que conheço a economia brasileira bastante bem. Conhecemos bem os dados do Brasil. l Latam investe R$ 20 milhões em operação para os Jogos Companhia terá check-in na Vila Olímpica e mais de 100 voos extras ROBERTA SCRIVANO tá extremamente dividido e polarizado neste momento — avalia Jens Arnold. Entre as reformas necessárias para o Brasil, Arnold cita um importante ajuste fiscal, “não somente de curto prazo, mas incluindo também variáveis estruturais como a reforma do sistema previdenciário”. Ele defende, ainda, a desvinculação dos benefícios ao salário mínimo. — O país poderia ter alcançado 25% mais de redução das desigualdades nos últimos trés anos se isso tivesse sido aplicado — destaca. Para ele, o país precisa, ainda, de um melhor foco no uso do BNDES, com uma redução no volume de empréstimos do banco de fomento. Arnold sugere também maior integração do país na economia mundial: — O Brasil segue sendo uma economia relativamente fechada, e necessita se abrir mais, reduzir barreiras alfandegárias, e também repensar regras internas. Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO Mundo l 25 ELEIÇÕES PERUANAS _ ENTREVISTA Pedro Pablo Kuczynski ‘Ameaça de o Peru se mediocrizar’ O ex-ministro, ex-banqueiro de investimento, primo de Jean-Luc Godard e músico alerta para o risco que vê na eleição de Keiko Fujimori, filha do encarcerado Alberto Fujimori, apontada como favorita para o 2º turno do pleito presidencial amanhã CARLOS CUÉ E JACQUELINE FOWKS Do “El País” O que acontece no Peru? Por que um país que encarcerou um ex-autocrata está prestes a eleger sua filha ? Há uma percepção de uma onda de criminalidade parcialmente causada pela droga, e ela (Keiko Fujimori) dá a impressão, por ser a filha do seu pai, de que irá conter a insegurança. Além disso, o fujimorismo tem uma quantidade impressionante de recursos nem indagados nem explicados. Parte vem de dinheiro acumulado no exterior quando eles governavam, pela corrupção. A família do secretário-geral do partido (investigado pela agência antidrogas dos EUA) também parece contribuir muito. l O empresariado peruano aceitou Keiko Fujimori? O grande empresariado sempre esteve apaixonado por Fujimori, e quando (seu sucessor Alejandro) Toledo entrou, os empresários ficaram em pânico, mas quando ele me colocou como ministro (da Economia), se acalmaram. l Difunde-se a ideia de que o senhor é o establishment e que Fujimori defende os pobres. Por quê? Não sei se todos a veem assim. Eles têm uma máquina de marketing político impressionante nas zonas mais pobres. Ela sabe se vender bem, como o pai, que ia pelos povoados num tratorzinho. Também é verdade que ela é uma mulher jovem, 41 anos, e eu sou um senhor muito mais velho (77). l A idade jogou contra? Ajudou a jogar, certamente não é meu ponto forte. Já expliquei que minhas tias viveram até os 98, mas claro, eu não sou filho de minhas tias (ri). l cinco pontos abaixo. O que houve? Houve um congressista eleito (aliado do próprio PPK) que começou a dizer coisas contra nós, e nos custou. Depois aproveitaram o fato de que fui cinco dias aos EUA e fizeram campanha em cima disso. Foram pequenos erros. Por que a imagem de Alberto Fujimori resiste, apesar de ele estar preso? A verdade é que eu não entendo isso. Muitos acreditam que Fujimori acabou com o terrorismo e que está preso injustamente. O Peru depois de 1990 ficou traumatizado pela hiperinflação do governo de Alan García e pelo terrorismo (do grupo Sendero Luminoso) a partir de 1980. Keiko fica pendurada na memória do pai, há a ideia de que ele restabeleceu a segurança no Peru, e como a criminalidade sobe, agora querem votar na filha. l O autoritarismo é bem visto no país? A América Latina tem antecedentes muito conhecidos de autoritarismo, do México à Argentina, e o Peru não é exceção a isso. Apesar de haver uma nova geração no Peru que tem uma visão distinta. l Por que Fujimori é uma ameaça para a democracia? O senhor realmente teme um narco-Estado? O narco-Estado está crescendo todos os dias, com um Judiciário que não está bem dirigido, a informalidade trabalhista, muito alta. Além disso, a droga se transferiu para cá pelo Plano Colômbia, que a tirou de lá. No fujimorismo, há vários congressistas que aparentemente estão muito próximos desse grupo. Quando começou o segundo turno, o senhor estava na frente. Agora, Ex-banqueiro. Kuczynski com a vice, Mercedes Araoz, em discurso em Arequipa: para ele, rival não tem consistência na economia l O que acontecerá se vencerem? Vamos ter um governo sem muita imaginação no aspecto econômico, muitos gestos duros para frear a criminalidade sem ir fundo no problema, a pobreza. A ameaça é que o Peru irá se mediocrizar. l Foi prejudicado pelo fato de ter apoiado Keiko em 2011? Apoiei porque Chávez vinha ao Peru (apoiar Humala). Agora tudo mudou. Humala afinal não foi por esse caminho. Eu não sou antiesquerda nem pró-direita, é um mito que criaram. Gosto muito do apoio da esquerda, mas não do chavismo. “Keiko vai tirar Fujimori da prisão, com certeza; vai esperar um pouco, mas vai tirá-lo” Quero que o Peru aproveite seu potencial. Como é possível que, após 25 anos de crescimento econômico, dez milhões de pessoas não tenham água, e ninguém se preocupe com isso, exceto quem não tem? Um país sem serviços básicos é inviável. O milagre econômico de que se fala não chegou aos pobres? Há frustração porque as coisas não funcionam, não houve infraestrutura. As pessoas moram no morro, não têm água nem ruas. Está tudo bem atrasado em relação às expectativas que o crescimento gera. Mas dá para fazer, temos 4% de dívida (em relação ao PIB), a Espanha está em 100%. l l Foi prejudicado por participar de em- l Teria apoiado Verónika Mendoza se ela chegasse ao segundo turno? Primeiro teria falado sobre seu programa, para ver no que consistia. l Qual é sua motivação para disputar a Presidência em vez de aproveitar vida e a sua fortuna? l l AFP/2-6-2016 AS ÚLTIMAS PESQUISAS DIFERENÇA ENCURTOU NA RETA FINAL DATUM CPI 52,1% (-0,8)* GFK 50,3% (-1,9) 48,4% (+3,2) 49,7% (+1,9) KUCZYNSKI MARGEM DE ERRO: Fonte: Reuters 2,2 pontos 2,3 pontos 2,3 pontos * Em relação à pesquisa anterior Nos debates, Keiko transmitiu mais ambição pela vitória? Ela tem bastante entusiasmo, sem dúvida. Mas se eu lhe disser: “Senhora Fujimori, articule seu programa econômico sem escutar a gravação que lhe fazem e sem ler o cartão”, não vai dizer. Acredito que sabe se vender, assim como o velho, mas eu também sei: uma pessoa de 77 anos que concorre a uma coisa destas e está pau a pau com ela, sem ter gastado grande coisa… l Se Keiko Fujimori chegar ao poder, vai tirar o pai da prisão? Vai tirá-lo, com certeza; vai esperar um pouco, mas vai tirá-lo. l 51,6% (-3,2) KEIKO 47,9% (+0,8) presas e ter sido banqueiro? Fala-se muito disso. Quando eu estava no First Boston, a primeira emissão de títulos da Espanha em Nova York fui eu quem fiz, a fusão do BBVA fui eu quem fiz; o primeiro fundo na Coreia, em Taiwan... Eu não era um banqueiro tradicional, e sim um pioneiro dos mercados emergentes de 30 anos atrás. Editoria de Arte Mas o senhor disse que também o tiraria da prisão. Mas não falamos de indulto, e sim que cumpra o resto da pena em seu domicílio; eles estão pensando em anular o julgamento e tirá-lo pela porta da frente. l l FUJIMORISMO EM JOGO BRENO SALVADOR [email protected] P or dificuldades ou oportunidades de trabalho, mais de 40 mil peruanos vivem hoje no Brasil. Muitos vieram após o governo Alberto Fujimori (1990-2000), atualmente na cadeia por uma série de crimes de corrupção e lesaHumanidade. Sua filha, Keiko, polarizou internamente a disputa com discursos populistas e sofrendo acusações de que pretende libertálo da prisão. Os que saíram também não escondem: o sobrenome Fujimori é o que mais está em jogo no segundo turno, amanhã. Aqui, a tô- Keiko, em nome do pai Mais do que demandas sobre segurança, educação e economia, o sobrenome da favorita nas eleições peruanas é o principal aspecto citado por imigrantes no Brasil na hora da votação nica se repete: Keiko deve responder pelo pai. — Votei no fujimorismo em 1990. Falavam de honradez, trabalho e tecnologia. Do nada fez um choque de preços. Estava vendendo o Peru. Manipulava tudo — diz Pablo Macário, chef de uma casa de frango assado à moda peruana na Zona Oeste do Rio. Pablo apoiou Julio Guzmán, economista inabilitado no primeiro turno. Agora, defende Kuczynski, apoiado por vários ex-candidatos contra Keiko. — Não gosto dele, mas é conhecido, é respeitado. Minha irmã vota em Keiko. Só espero que invistam em educação. Na votação no primeiro turno, em abril, Keiko foi alvo de um protesto na Praia de Botafogo, Zona Sul do Rio. Dezenas de peruanos, entre eles a especialista em Relações Internacionais Vanina Montalvo, exibiram carta- zes e faixas dizendo “Não a Keiko” e “Contra a ditadura”. — Nós a rejeitamos não só por ser filha de um corrupto e criminoso que atentou contra os direitos humanos, mas por estar rodeada pelo mesmo grupo que destruiu o país — diz Vanina. Amanhã, muitos se reunirão num colégio no bairro para um “voto útil” em Kuczynski. Há dois anos no Rio, o engenheiro industrial Iván Pavleti- ch simpatizou com a terceira colocada, a deputada Verónika Mendoza, “porque ela defende a inclusão social de minorias como os indígenas e os LGBT”. — A maioria dos partidos, historiadores e intelectuais apoiou Kuczynski não por compartilhar sua ideologia, mas para impedir a volta do fujimorismo. O jornalista Christian Rissi cobra do próximo governo empenho na segurança, promessa de Keiko. Mas critica que ela tenha 11 ex-aliados no Congresso processados por narcotráfico. — Infelizmente, o povo é muito ignorante, aceita votar em troca de dinheiro ou bens. Já o engenheiro naval William Cipriano celebra um segundo turno sem a esquerda. Há quase 15 anos no Rio, afirma que Fujimori “acabou com o caos” no país e alavancou a economia, mas lembra seu autogolpe de 1992 e “o segundo mandato com logística de narco-Estado”. — Keiko carrega seu passado obscuro. Mas hoje o Peru é um dos países que mais crescem nas Américas. Com a guinada ao mercado de Fujimori, há geração de empregos. Quem ganhar será bom neste ponto. l 26 l O GLOBO l Mundo l Sábado 4 .6 .2016 Macri é internado em Buenos Aires com arritmia cardíaca [email protected] ADRIANA CARRANCA Presidente argentino se sentiu mal durante encontro com jornalistas | | Corrupção e desenvolvimento Dois encontros globais inéditos ocorreram, quase paralelamente, há coisa de duas semanas: a Cúpula Anticorrupção, em Londres, e a Cúpula Mundial Humanitária, em Ancara. Anunciados com alarde, ambos os encontros tiveram pouca repercussão, engolfados por uma avalanche de novos casos de corrupção, revelados principalmente pelos Panama Papers, e sucessivos desdobramentos da maior crise humanitária de que se tem notícia, que expõem a urgência de medidas concretas e o descabido da retórica vazia a que costumam se resumir esses encontros. S eu esvaziamento expõe o descrédito no sistema internacional. A primeira cúpula mundial anticorrupção foi recebida com descrença, a começar pelo anfitrião, o Reino Unido, cujos territórios ultramarinos servem de hub para evasão de impostos e esconderijo para donos de dinheiro sujo — segundo revelaram os Panama Papers, mais da metade das empresas offshore criadas pela Mossack Fonseca foram registradas nas Ilhas Virgens Britânicas. Apenas 11 governantes foram à cúpula, segundo o premier David Cameron “a maior demonstração de vontade política para abordar a corrupção em muitos e muitos anos”. Apenas seis deles, entre os quais alguns dos países mais corruptos — Afeganistão, Quênia e Nigéria — além de Reino Unido, França e Holanda comprometeram-se em tornar públicos os registros de beneficiários (como o deputado afastado Eduardo Cunha, do PMDB) das chamadas “trusts” que administram dinheiro público no exterior, principal demanda do encontro. Os EUA preferiram não se comprometer. A maior economia do mundo é também o terceiro país mais fácil para abrir uma offshore, atrás de Suíça e Hong Kong, segundo o Tax Justice Network. Outros 40 países aceitaU ram compartilhar informações apenas com as “autoOs pontos-chave ridades competentes”, algo com que os líderes do G20 já haviam se comprometiPrimeira cúpula mundial do em 2014. Nada novo. anticorrupção foi recebida Considerando-se que os com descrença casos de corrupção transnacionais muitas vezes envolvem governos e autoriCorrupção faz com que dades, tampouco se trata criminosos ocupem espaço de conquista relevante. “A deixado pelo Estado menos que grupos da sociedade civil tenham acesso aos registros, quem irá garantir que a lei está sendo Temas cruciais foram aplicada?”, questionou a ignorados na Cúpula Corruption Watch, que inMundial Humanitária vestiga grandes casos. O principal produto da cúpula foi a Declaração Global Contra a Corrupção, divulgada pelo governo britânico como “a primeira” do gênero, ignorando a Convenção da ONU sobre o tema, de 2003, e assinada por 140 países. O encontro terminou com o anúncio de outro: um fórum global sobre recuperação de ativos, marcado para 2017. Internamente, EUA e Reino Unido têm discutido reformas em reação às revelações dos Panama Papers. Mas, com a possibilidade de saída do Reino Unido da União Europeia e a chegada de um governo conservador pós-Cameron, assim como nos EUA com Trump, é improvável que estes países continuem preocupados com isso. A corrupção afeta largamente os países mais vulneráveis — de onde sai a maior parte do dinheiro roubado para os paraísos fiscais nos EUA, Reino Unido, Suíça. É uma espécie de Robin Hood às avessas. Afeta o crescimento da economia, gera desigualdade, rouba empregos, interfere em todos os aspectos da vida, como acesso a transporte público, eletricidade, educação, saúde. Mas, principalmente, corrói a credibilidade dos governos e confiança nas instituições, inclusive na polícia e na Justiça, e afeta os padrões de ética dos cidadãos. Em última instância, distancia-os do Estado e cria espaço para que grupos criminosos ocupem o vácuo — do Afeganistão à Síria ao Brasil. Segundo o Fundo Monetário Internacional, a corrupção rouba da economia global US$ 2 trilhões por ano. É equivalente a 200 vezes o que os países ricos prometeram no ano passado para responder à crise na Síria e 103 vezes o valor anual (US$ 19,3 bilhões) pedido pela ONU para atender a todas as crises humanitárias juntas. No ano passado, apenas 56% desse valor foi financiado. O déficit foi tema central da Cúpula Mundial Humanitária, que embora tenha reunido pessoas de 173 países, não contou com a presença de nenhum chefe de Estado ou governo. Do labirinto de 200 salas onde se deram encontros paralelos saíram mais promessas que, como outras, continuarão sendo descumpridas. E temas cruciais, como a violação sistemática de governos às leis internacionais, principalmente na crise de refugiados, foram ignorados. O sistema internacional vive uma crise de credibilidade e de responsabilidade, que precisa ser atacada, sob pena de ruir. l -BUENOS AIRES- Após sofrer uma arritmia cardíaca, o presidente argentino, Mauricio Macri, foi internado às pressas ontem em Buenos Aires. Ele foi levado a uma clínica do bairro portenho de Olivos após sentir um desconforto durante um encontro com jornalistas. Macri, de 57 anos, passou por um procedimento de precaução chamado arteriografia, uma espécie de radiografia dos vasos sanguíneos. Ele foi internado numa unidade de tratamento coronariano e tinha expectativa de liberação em poucas horas. “Ao concluir a atividade prevista, por volta das 19h30m, a Unidade Médica Presidencial decidiu realizar uma revisão na Clínica Olivos”, diz um comunicado emitido pela Casa Rosada. “Após constatar que a arritmia fora revertida, foi decidido que o presidente permaneceria no local por mais algumas horas para observação”. Durante a tarde, funcionários do governo haviam negado que o presidente tivesse tido qualquer problema de saúde, e divulgaram imagens do encontro, reproduzidas pela revista “Caras”. De acordo com o jornalista Walter Curia, um dos presentes, "Macri não demonstrou nenhum mal-estar, apenas parecia mais cansado". HERANÇA KIRCHNERISTA O problema aconteceu no mesmo dia em que foi divulgado um informe minucioso sobre a herança recebida dos go- AFP/2-6-2016 Emergência. Macri e o ministro do Exterior alemão, Frank-Walter Steinmeier vernos kirchneristas (20032015), que revela centenas de dívidas com fornecedores e empresas contratadas, obras interrompidas por falta de verba e desvios de fundos durante o governo da ex-presidente Cristina Kirchner. Seu gabinete também gastou, segundo o informe, mas de 2,2 bilhões de pesos (R$ 558 milhões) em publicidade oficial, o dobro do aprovado pelo Congresso. Com 219 itens, o relatório “Estado do Estado” — publicado na página oficial da Casa Rosada — indica que, quando Macri assumiu, em dezembro do ano passado, os cofres públicos es- tavam “em um estado de quase paralisia e sufocados por uma situação macroeconômica cada vez mais delicada”. No documento, também aparecem contratações e pagamentos para a construção de casas que nunca foram feitas — ou foram construídas em áreas sem serviços básicos, que não eram habitáveis. “Apenas em 2015, 13,544 bilhões de pesos (R$ 3,435 bilhões) destinados a habitações foram gastos em obras que nada tinham a ver com a construção de casas. Além disso, em dezembro de 2015, as obras financiadas pelo Estado levavam cinco meses paralisadas”. Na área de educação, o documento mostra que o governo devia mais de 3 bilhões de pesos (R$ 760 milhões) a universidades, e professores de sete províncias recebiam menos que o salário mínimo. O Ministério de Desenvolvimento Social, por sua vez, tinha dívidas de 500 milhões de pesos (R$ 126 milhões). O governo Macri também encontrou, ao assumir, “forças de segurança mal equipadas e remuneradas. “Em dezembro de 2015, o Estado não sabia nem quantas armas tinha, onde elas estavam e, pior, quem as tinha”. PATRIMÔNIO DE CRISTINA SUBIU Em outra revelação do seu último ano como presidente, Cristina aumentou seu patrimônio em 20%, segundo relatório do Escritório Anticorrupção obtido pelo jornal “La Nácion”. A exmandatária, que tem sete imóveis em seu nome, declarou 77 milhões de pesos (cerca de R$ 19 milhões), 13 milhões a mais que os 64 milhões registrados na declaração do ano anterior. Ela e o filho Máximo foram acusados formalmente de aceitar subornos em atividades criminosas investigadas no caso Los Sauces — por supostamente receber propina de Lázaro Báez e Cristóbal López, vencedores de licitações de obras públicas. A ex-presidente já não tem mais uma dívida com a companhia construtora de Lázaro, preso há dois meses por lavagem de dinheiro. l AFP 1 2 3 facebook.com.br/adriana.carranca.oficial instagram.com/adrianacarranca/ twitter.com/adrianacarranca Tragédia. Equipe do Crescente Vermelho retira cadáveres de imigrantes em praia na cidade de Zuwarah. Mais de cem pessoas se afogaram durante travessia Centenas de desaparecidos após naufrágio Guarda Costeira grega resgata 340; na Líbia, 104 corpos são encontrados Centenas de refugiados e imigrantes foram resgatados de um barco que naufragou no Mediterrâneo durante uma enorme operação da Guarda Costeira grega nas imediações da ilha de Creta. Segundo o porta-voz do órgão, Nikos Lagadianos, pelo menos 340 pessoas foram resgatadas, mas a Organização Internacional para as Migrações (OIM) afirma que o barco deixou a África com pelo menos 700 imigrantes a bordo, o que representaria centenas de refugiados mortos ou não registrados. Pelo menos quatro mortes foram registradas pelas autoridades gregas. As equipes de busca e resgate incluíram quatro navios que seguiram para o local do naufrágio, a cerca de 140 quilômetros -ATENAS- de Creta, em território que seria de responsabilidade do Egito. As autoridades gregas não souberam precisar as nacionalidades dos resgatados, ou mesmo o local de partida da embarcação, feita de madeira. — Pelos relatos que ouvimos dos resgatados, o barco partiu da Costa da África — afirmou Lagadianos. — As informações que temos a respeito do número de pessoas no barco ainda são pouco claras. Ouvimos que o barco poderia ter entre 400 e 500 passageiros, mas esse número não pode ser confirmado. Com a aproximação do verão, traficantes de seres humanos tentam aproveitar o bom tempo para realizar a travessia entre a África e a Europa, o que dificulta os esforços das autoridades para precisar quantos barcos estão partindo diariamente da Líbia e quantos conseguem chegar a seu destino final. Segundo Frederico Soda, que comanda o escritório da OIM em Roma, o bom tempo também estimula o uso de barcos de madeira, que são capazes de carregar um número de passageiros consideravelmente superior ao dos botes de borracha. A maior parte dos sobreviventes foi levada pelo navio norueguês Clipper Hebe, que auxiliou as equipes gregas, ao porto de Augusta, na Sicília. Outros refugiados resgatados seguiram para o Egito e para Malta. SEMANA TRÁGICA Enquanto a Guarda Costeira grega trabalhava no resgate nos arredores de Creta, na costa da Líbia, equipes da Crescente Vermelha retiravam corpos de imigrantes que se afogaram em águas próximas à cidade de Zuwarah, no Oeste do país. Segundo o porta-voz da organização Mohammed alMosrati, entre os mortos há 75 mulheres, seis crianças e 36 homens. — Até quinta-feira à noite, encontramos 104 corpos de migrantes, mas tememos que o balanço aumente — afirmou o coronel Ayub Qasem, portavoz da Marinha da Líbia. O porta-voz da Guarda Costeira de Trípoli disse que nenhum barco de imigrantes foi interceptado nos últimos dois dias, e os mares mais revoltos impediram a saída de patrulhas. De acordo com al-Mosrati, os corpos encontrados não estavam em estado de decomposição, o que indicavam que eles deveriam ter se afogado nas últimas 48 horas. O portavoz lembrou que os fortes ventos e as correntes marítimas podem ter deslocado os corpos, o que dificultaria a tarefa de determinar onde o naufrágio teria acontecido. Mais de mil pessoas já se afogaram tentando cruzar o Mar Mediterrâneo desde 25 de maio. O acordo entre a Turquia e a União Europeia reforçou a segurança no Mar Egeu, obrigando migrantes a se arriscarem na travessia a partir do Norte da África l l Mundo l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO l 27 França prevê prejuízo bilionário com inundações Chuvas já obrigaram mais de 20 mil a deixarem suas casas no país, que vai decretar estado de catástrofe -PARIS- Enquanto a França adota medidas para lidar com as fortes chuvas que assolam o país, causando enchentes em diversas cidades da região central, a Associação da Indústria Francesa de Seguros (AFA, na sigla em francês) calcula que o prejuízo com as inundações deve superar os registrados nas cheias do ano passado, que custaram € 600 milhões às seguradoras. Ontem o nível do Rio Sena se aproximou de 6,5 metros, superando os 6,15 metros registrados durante a enchente de 1982, e se aproximando mais do recorde de 8,68 metros, registrado em 1910. — É muito provável que os custos sejam maiores do que os das inundações de outubro, que causaram danos avaliados em € 600 milhões — afirmou o presidente da AFA, Bernard Spitz. A enchente obrigou museus como o Louvre e o d’Orsay a fecharem suas portas para garantir que obras de arte de valor inestimável pudessem ser deslocadas com segurança. Tanto o tráfego de barcos quanto uma linha de metrô que acompanha o curso do rio estão suspensos. Ao longo do Sena, autoridades ergueram barreiras de segurança, e moradores das casas nas margens do rio foram orientados a esvaziarem seus porões. Na estação de mêtro Pont-Neuf, agentes de segurança utilizaram sacos de areia para proteger o local de inundações, enquanto no subúrbio de Longjumeau, equipes de resgate usaram canoas e caiaques para percorrer as ruas alagadas. Além do corpo de uma mulher de 86 anos, encontrado numa casa inundada em Souppes-surLoing, na quinta-feira, um homem que cavalgava se afogou depois de ser arrastado pela água que transbordou de um rio em Evry-Gregy-sur-Yerre, ao sul de Paris. Pelo menos 15 mortes em decorrências das chuvas na Europa já foram registradas, em países como Romênia e Bélgica. No Sul da Alemanha, seis pessoas morreram na região de Simbach, incluindo três mulheres que ficaram presas em uma casa alagada. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, enviou condolências às famílias. Alguns vilarejos no centro da França enfrentaram as piores enchentes em um século, e a ministra do Meio Ambiente, Ségolène Royal, afirmou temer que mais corpos sejam encontrados quando o nível das águas baixar — o que pode demorar semanas, segundo especialistas. Mais de 20 mil pessoas foram obrigadas a se deslocar devido às cheias e, de acordo com a companhia elétrica Enedis, mais de 19 mil lares estão com o fornecimento de energia cortado em todo o país. Já em Paris, a prefeita Anne Hidalgo ordenou o fechamento de parques e pôs ginásios à disposição para abrigar vítimas da enchente. Segundo a prefeita, as inundações já causaram problemas à economia da cidade, mas nenhum cidadão foi deslocado da capital. O Ministério do Meio Ambiente, entretanto, já admite a possibilidade de cortes no fornecimento de energia e eventuais deslocamentos de moradores em Paris. O presidente francês, François Hollande, afirmou que um estado de catástrofe natural será decretado após uma reunião da equipe de governo na próxima quarta-feira. MUDANÇAS CLIMÁTICAS Cientistas entrevistados pela Associated Press concluíram que as enchentes que assolam a Europa são um claro sinal de aquecimento global. De acordo com Chris Field — que coordenou a elaboração de um relatório para o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em 2012 —“uma atmosfera mais quente é capaz de reter mais água, e como consequência, as chuvas tornam-se mais pesadas”. Já Michael Oppenheimer, da Universidade de Princeton, foi mais duro em sua previsão: — Chuvas fortes? Inundações? Acostumem-se! Com as mudanças climáticas, essa é a nova realidade. l JEROME DELAY/AP Curiosos. Multidão na Ponte de Alma observa aumento no volume do Rio Sena, em Paris. Nível das águas já superou o registrado durante a enchente de 1982 PASCAL ROSSIGNOL/REUTERS Memória A HISTÓRICA ENCHENTE QUE MARCOU PARIS Perigo. Carro abandonado na margem do Sena é submerso pela inundação Eleição expõe cenário de caos em Roma Candidata de movimento antissistema surge como favorita -ROMA- Uma greve de 24 horas que deixou o centro histórico repleto de pilhas de lixo; um sistema de transporte ineficaz, que deixa boa parte da periferia da cidade praticamente inacessível e que coleciona dívidas que ultrapassam €1 bilhão; ruas e estradas esburacadas que já causaram 1.400 acidentes automobilísticos desde o início do ano; um histórico de ligações da prefeitura com o crime organizado que forçou o então prefeito Ignazio Marino a renunciar no fim do ano passado; e um acúmulo de dívidas que se es- tende por décadas e hoje ultrapassa €12 bilhões. Esse é o legado que o aguarda o próximo prefeito de Roma, que será escolhido nas urnas amanhã. A frustração com os partidos tradicionais deu espaço para o crescimento do Movimento Cinco Estrelas (M5S, na sigla em italiano) — uma das principais legendas antiestablishment da Europa. Sua candidata, a advogada Virginia Raggi, surge como a favorita nas pesquisas, com pelo menos cinco pontos percentuais de vantagem sobre Roberto Giachetti, do Partido Democrata, que busca se recuperar após o escândalo envolvendo Marino, da mesma legenda, afastado por irregularidades na contabilidade municipal. — Meu nome e minha trajetória são garantias de competên- U cia e honestidade — diz Giachetti. — E os romanos compreendem o enorme esforço que fizemos para limpar o partido. TESTE DE FOGO PARA O M5S Analistas acreditam que uma vitória de Raggi na capital poderia impulsionar o M5S rumo a uma inédita vitória nas eleições nacionais. No entanto, a dificuldade da tarefa também representa um risco para as aspirações políticas do novo partido. — Até agora, o M5S só governa cidades pequenas, atuando como uma das principais forças de oposição em nível nacional — disse ao “Wall Street Journal” Franco Pavoncello, professor de Ciência Política na Universidade John Cabot. — Roma, para o bem ou para o mal, será seu teste de fogo. Ciente da descrença do eleitorado nos políticos após os escândalos, Raggi tem apostado na transparência como principal bandeira, afirmando que o M5S “não deve favores a ninguém” e “tem as mãos livres para limpar a cidade”. Seus detratores, no entanto, se concentram em dois pontos para tentar impedir sua vitória: sua passagem pelo escritório de advocacia de Cesare Previtti, ex-ministro de Silvio Berlusconi condenado por corrupção; e sua falta de experiência para governar o “monstro” em que se transformou a capital italiana. — Os políticos experientes foram suficientemente maduros para governar Roma? Claro que não. Nós, que governamos com os cidadãos, estamos preparados para mudá-la e levá-la de volta ao normal — rebateu ela. l A enchente no Rio Sena de 1910 foi a maior catástrofe natural do século XX em Paris. A inundação na capital francesa e nos arredores deixou cinco mortos. As fotografias mostram ruas cheias de água e grandes jardins transformados em lagos. Em sete dias, o rio variou entre os 4 metros de profundidade e o seu máximo histórico: 8,62 metros, atingidos em 28 de janeiro. Na periferia, a água tomou fábricas e armazéns. Da noite para o dia, milhares de trabalhadores ficaram sem suas fontes de renda. No total, mais de 14 mil edifícios foram afetados em toda a capital. Os danos equivaleriam, hoje, a 380 milhões de euros. Nem mesmo os porões do Palácio Bourbon, sede da Assembleia Nacional, escaparam. No centro de Paris, a enchente atual ainda está longe disso. A estátua usada como referência para medir o nível do Sena, o Zuavo, na Ponte de Alma, tinha ontem a água na altura do quadril. Em 1910, a água chegava aos ombros. Na inundação histórica, o Sena só recuperou seu curso em 15 de março. O metrô foi reaberto em abril. Animais foram transferidos a uma área distante — uma operação que resultou na morte de uma girafa, o mascote dos parisienses. E, só após mais algumas semanas, a vida na cidade voltou ao normal. AFP/19-5-2016 Favorita. A candidata do Movimento Cinco Estrelas, Virginia Raggi, despontou nas pesquisas sobre a eleição para a prefeitura de Roma após escândalo envolvendo o então prefeito Ignazio Marino, do Partido Democrata. Ela rebate acusações de inexperiência ao prometer transparência 28 l O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 Sociedade EDUCAÇÃO Pente-fino nas bolsas _ MEC vai avaliar eficácia de 830 mil benefícios, no valor de R$ 1,1 bilhão, e não descarta cortes RENATA MARIZ [email protected] PAULA FERREIRA [email protected] -BRASÍLIA E RIO- O Ministério da Educação (MEC) vai passar um pente-fino em cerca de 830 mil bolsas ofertadas pela pasta de forma pulverizada, por meio de mais de dez programas vinculados a diferentes diretorias, ao custo de R$ 1,1 bilhão por ano. O levantamento do total desses benefícios foi feito pela nova cúpula do ministério, que assumiu após o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Agora, a equipe vai observar com lupa os incentivos para identificar aqueles que, eventualmente, não estão sendo bem aplicados. Especialistas em educação elogiam a iniciativa, mas pedem cautela quanto aos critérios de avaliação e estão preocupados com a possível extinção dos recursos. Além disso, os educadores destacam a necessidade de conduzir o processo de maneira transparente. O alvo principal da verificação são 690 mil bolsas destinadas a professores e gestores do ensino básico. O restante, algo em torno de 140 mil bolsas, também deverá passar pelo mesmo processo, mas como beneficia basicamente estudantes, a ordem é deixá-las para um segundo momento. A equipe não descarta fazer cortes e vai se debruçar sobre os programas com gastos mais expressivos para verificar sua gestão e, principalmente, indica- dores de melhoria na educação. Outro fator que levou a pasta a priorizar a reO pente-fino foi determinado pelo ministro da visão dos benefícios destinados à formação de Educação, Mendonça Filho, nomeado mês passa- professores foi o último programa na área lando pelo presidente interino, Michel Temer. A rela- çado pelo ex-ministro Aloizio Mercadante. Em ção de bolsas apontadas no levantamento é exten- março, ao apresentar dados mostrando que cersa. Há incentivos de R$ 200 a R$ 800 pagos a volun- ca de 40% dos docentes da rede pública não são tários que atuam como alfabetizadores de jovens e formados na disciplina em que lecionam, Meradultos dentro do programa Brasil Alfabetizado, cadante anunciou 105 mil vagas gratuitas de lipor exemplo. Na iniciativa Escola da Terra, cujo cenciatura a esses profissionais para o segundo objetivo é qualificar os professores do semestre deste ano. U campo, os valores variam de cerca de R$ Distribuídas por cursos a distância 750 a R$ 1,1 mil. O Saberes Indígenas na ofertados pela Universidade Aberta do Números Escola, para formar os docentes das aldeiBrasil (81 mil vagas), pelos institutos feas, tem bolsas de R$ 200 para o professor, derais (4 mil) e nas universidades públiaté R$ 1,5 mil, para o coordenador do pro690 MIL cas de todo o país (20 mil), o programa jeto, que é ligado a uma instituição de enteve pouco mais de três mil interessaAUXÍLIOS sino superior. No Pacto Nacional pela Aldos — 2,8% do total de vagas. São fabetização na Idade Certa, as bolsas varidestinados a am de R$ 200 a R$ 1,5 mil, dependendo da ESPECIALISTAS PEDEM CAUTELA professores e função do profissional de educação. Para a especialista em educação Cleuza gestores do Entre as críticas da nova cúpula do Repulho, a medida é importante, mas deve ensino MEC à administração do PT está a forser feita com cuidado. Ela questiona quais básico. ma de gerir os programas. Embora recoserão os critérios para considerar que um nheça que cada bolsa tem uma lógica projeto teve, ou não, um bom resultado. A própria de funcionamento, a dispersão 140 MIL educadora destaca ainda que é importante das iniciativas dentro da pasta poderá assegurar que o recurso continue na pasta INCENTIVOS ser revista. Desde que assumiu, no ene seja investido em outra frente. São para tanto, a nova equipe vem pisando em —É preciso saber quais os critérios estudantes, e ovos sobre mudanças radicais, especiusados para efetivação das bolsas. Quais devem ser almente em programas de grande resão? Se o Ideb da turma de determinado revistos em percussão social, como o Fies e Pronaprofessor aumentou? É preciso ver quanum segundo tec, que beneficiam estudantes. to tempo esse professor está lá, por momento. exemplo. É muito difícil estabelecer um critério para dar ou tirar uma bolsa. E caso haja cortes, que esse recurso continue na Educação em outros projetos, principalmente na educação básica. Há criança esperando creche, vaga na pré-escola — argumenta Cleuza. — Se tem problema, é importante avaliar , mas a questão é redirecionar esse investimento. O programa PIBID, por exemplo, tem ajudado professores que estão em formação e tem dado muito certo. A superintendente do “Todos Pela Educação”, Alejandra Meraz Velasco, aprova a iniciativa, mas destaca que é necessário transparência: — Precisamos entender como vai ser essa avaliação. É necessário fazer a verificação não só em um nível operacional de como os recursos estão sendo utilizados, mas levar em conta o impacto que a bolsa tem no sucesso dos programas. O importante é que essa avaliação seja transparente. Ações para aperfeiçoar a gestão e otimizar recursos são bemvindas, mas a educação precisa ser preservada. Na esteira da reforma administrativa determinada pela presidente afastada Dilma Rousseff, que previa a extinção de 20% dos cargos comissionados da pasta, o MEC vai diminuir o número destes postos e reduzir estruturas. Das sete secretarias da pasta, a que mais perderá musculatura é a Secadi, de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Não pela importância, argumentam os novos gestores, mas por ter cinco diretorias em vez de três, como nas demais secretarias. l Diretor-geral do Impa vence Prêmio Louis D. RETORNO À CIVILIZAÇÃO KYODO/ REUTERS Marcelo Viana é o primeiro brasileiro a ganhar a maior láurea científica da França CESAR BAIMA [email protected] Diretor-geral do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana é um dos vencedores da edição deste ano do Grande Prêmio Científico Louis D., apontado atualmente como a mais prestigiosa láurea científica da França. Concedido desde 2000 pelo Institut de France, congregação das cinco mais importantes, e seculares, academias francesas, esta é a primeira vez que o prêmio vai tanto para um brasileiro quanto para um matemático. A cerimônia de entrega está marcada para a próxima quarta-feira, dia 8 de junho, em Paris. Viana vai dividir a honraria — e os 450 mil euros (cerca de R$ 1,8 milhão) que vêm com ela — com o francês, e também matemático, François Labourie, da Universidade de Nice. Ambos se destacaram por seus trabalhos na área de geometria e sistemas dinâmicos, tema da edição deste ano, e pelos projetos apresentados na sua inscrição, já que 90% do valor do prêmio devem ser aplicados em pesquisa e apenas 10% ficam com os vencedores. — É uma distinção acadêmica enorme e um reconhecimento do trabalho que fazemos aqui no Impa — comemora Viana, acrescentando que o dinheiro do prêmio também vem em boa hora. — Estes recursos são muito bem-vindos na situação atual. Com ele, vamos financiar durante quatro a cinco anos um projeto de colaboração que vai contar com a participação de 12 jovens matemáticos, metade brasileiros e metade franceses, para estudo de sistemas dinâmicos. Além disso, vou abrir espaço para outros matemáticos brasileiros e franceses apresentarem propostas de pesquisas colaborativas em outras áreas. “Longe demais”. Takayuki Tanooka, pai de Yamato, admitiu à imprensa local ter cometido excessos ao abandonar o filho e prometeu ser um pai melhor daqui para frente Instinto de sobrevivência Menino de 7 anos deixado na estrada pelos pais, como forma de punição, é reencontrado depois de passar seis dias na floresta sozinho, bebendo água e dormindo entre dois colchões de abrigo militar desocupado A ssim que encontrou, por acaso, o menino japonês de 7 anos que ficou perdido na floresta durante seis dias, o militar responsável pelo retorno de Yamato Tanooka à civilização deu a ele dois bolinhos de arroz. Faminto, o garoto devorou a comida. Segundo o soldado, a criança estava numa cabana militar a seis quilômetros do local onde foi deixado. Seis dias depois de ter sido abandonado na floresta por seus pais, que queriam lhe dar uma lição, o garoto não derramou nenhuma lágrima ao ser encontrado ontem (quinta à noite no Brasil). Seu retorno foi celebrado no Japão, cuja população estava em suspense desde a notícia do desaparecimento, que gerou intensas discussões sobre como educar crianças com disciplina. Militares expressaram admiração pela perseverança de Yamato, que subiu uma encosta íngreme para chegar à cabana. Ele estava desidratado e com arranhões em braços e pernas, mas nada grave, segundo os médicos. No último sábado, com o objetivo de repreendê-lo por atirar pedras em outras pessoas, os pais de Yamato pararam o carro no meio de uma estrada na ilha de Hokkaido, à beira de uma floresta habitada por ursos, e deixaram o menino lá. Minutos depois, quando voltaram, não encontraram a criança. Yamato caminhou alguns quilômetros, até encontrar uma cabana desocupada numa área de escavação militar. A porta estava aberta, não havia eletricidade ou comida, mas ele dormiu aninhado entre colchões no chão, para se aquecer, e bebeu água de uma torneira do lado de fora da cabana durante dias, segundo a imprensa local. PAIS NÃO ESTÃO SOB INVESTIGAÇÃO Enquanto isso, uma grande operação de busca, que envolveu 180 pessoas e cães farejadores, não encontrou pistas do menino. O soldado que o encontrou não fazia parte da equipe, mas, ao ser visto por ele, Yamato logo se identificou. Na porta do hospital para onde o menino foi levado de helicóptero, o pai de Yamato pediu desculpas, agradeceu a todos e prometeu ser um pai melhor daqui para frente. Ele a a mãe da criança não estão sob investigação pelo ocorrido. — Meu ato excessivo forçou meu filho a viver momentos muito difíceis. Fomos longe demais — admitiu Takayuki Tanooka, que pediu desculpas às equipes de resgate e a todos “por ter criado tantos problemas”, antes de contar sobre o reencontro com o menino: — Pedi perdão. Ele assentiu com a cabeça. Seus lábios estavam um pouco secos. É extraordinário que esteja são e salvo. l Vitória. Yamato, de 7 anos, sobreviveu por seis dias na floresta KYODO/REUTERS -TÓQUIO- CRÍTICAS À FUSÃO DE MINISTÉRIOS E a alegria de Viana não é à toa. Assim como muitos outros cientistas brasileiros, ele está preocupado com os crescentes cortes nos investimentos em pesquisas no país e a recente fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o das Comunicações promovida pelo presidente interino Michel Temer. — O MCTI era uma história de sucesso, um time que estava ganhando e mexeram — lamenta. — Já estamos sofrendo com o corte de verbas e esta fusão, artificial, será ainda pior para a ciência. Foi uma ideia muito ruim juntar o ministério com o das Comunicações, que na realidade não tem nada a ver com ciência e pesquisa. l O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 3ª Edição l 29 Esportes Obituário _ Muhammad Ali, 74 anos. O maior boxeador de todos os tempos Medalhista olímpico, campeão mundial e ativista, lutador se recusou a ir à Guerra do Vietnã “E u odeio esse urso velho, grande e feio.” O desafio de Cassius Marcellus Clay ao ex-presidiário e campeão dos pesos-pesados Sonny Liston já continha o tom provocativo que se tornou marca registrada. Em 25 de fevereiro de 1964, Clay, aos 22 anos, enfrentava um oponente maior, mais forte e mais experiente, porém menos ágil e menos inteligente. A maioria dos 8.927 espectadores duvidava que Clay passasse do primeiro assalto e poucos viram o soco com que o desafiante derrubou Liston no sexto round: foi rápido demais. Liston era o franco favorito na bolsa de apostas e o vitorioso Clay foi à forra: “Agora comam suas palavras. Ajoelhemse diante de mim". Seu primeiro título mundial iniciou a era do boxe espetáculo. Quando estreou como profissional, em outubro de 1960, Clay acabara de conquistar a medalha de ouro nas Olimpíadas de Roma. Em 61 lutas profissionais, perdeu apenas cinco. No mesmo ano do primeiro título mundial, Clay anunciou sua conversão ao islamismo e mudou o nome para Muhammad Ali. Em 1967 foi proibido de lutar e teve seus títulos anulados por se recusar a servir o Exército e ser contra a Guerra do Vietnã. A Suprema Corte anulou as punições em 1970, mas Ali perdeu a primeira tentativa de reconquistar a faixa para Joe Frazier. No dia de 8 de março de 1971, com transmissão pela TV no Brasil, Frazier manteve o título mundial e derrotou Ali numa luta emocionante no Madison Square Garden em Nova York, do primeiro ao último minuto. Foi o primeiro duelo entre os dois pugilistas: Frazier, um ex-açougueira, e Ali, neto de escravo foragido. No 15º assalto, o demolidor Frazier levou o adversário à lona e só com extremo sacrifício Ali conseguiu ir até o final da luta, considerada por alguns como "A luta no século", conforme relatou O GLOBO na edição do dia seguinte. Em 1973, Ali dobrou-se ante Ken Norton, mas no ano seguinte, arrasou Frazier e recuperou o título contra George Foreman. Muhammad Ali acabou encontrando seu maior adversário no Mal de Parkinson, doença agravada pelo muitos socos recebidos ao longo da carreira. Nascido na cidade de Louisville, em Kentucky, nos Estados Unidos, com o Conquista. Muhammad Ali venceu George Foreman na “Luta do século” REUTERS Título. Muhammad Ali nocauteia o adversário Sonny Liston, em 1964, e ganha o seu primeiro título mundial “Aquele que não tem coragem suficiente para aceitar riscos, não irá conquistar nada na vida.” nome de Cassius Marcellus Clay Jr, deu seus primeiros socos no boxe quando tinha 12 anos de idade. Na época, teve sua bicicleta nova, presente do pai, roubada. Falando com um policial, Joe Martin, que também era treinador de boxe, disse que daria uma surra no ladrão e ouviu: “Antes disso, é melhor você aprender a boxear”. O garoto Cassius não perdeu tempo, e depois de seis meses treinando com Martin, venceu sua primeira luta de boxe. Ainda como amador, Cassius Clay conseguiu seu primeiro grande feito aos 18 anos, quando conquistou a medalha de ouro na Olimpíada, na categoria meiopesado, ao ganhar na final do experientepolonês Zbigniew Pietrzykowski. Na volta aos EUA, apesar de ter sido Serena a um título de Steffi Graf PHILIPPE LOPEZ/AFP Com 21 títulos de Grand Slam, americana vai à final em Paris e pode alcançar a lenda alemã Mais uma final. Serena devolve a bola na vitória sobre holandesa na semi DJOKOVIK X MURRAY Entre os homens, o número 1 do tênis, Novak Djokovic, terá pelo terceiro ano consecutivo a chance de conquistar Roland Garros, o único título de Grand Slam que lhe falta. O sérvio já venceu 11 vezes, somando Aberto da Austrália, dos EUA e Wimbledon, e perdeu três finais (2012, 2014 e 2015) no saibro francês. Seu rival vai ser o mais habitual das últimas finais, o britânico Andy Murray. Esta será a sétima decisão de Grand Slam entre os dois, e o placar aponta vantagem de 4 a 2 para Djokovic. Na semifinal, o sérvio atropelou o jovem austríaco Dominic Thiem, que chegou ao torneio como 15º do ranking e fez surpreendente campanha. Ontem, seu sonho acabou numa derrota por 3 a 0 para o sérvio (6/2, 6/1 e 6/4). Na outra semifinal, Murray, número 2 do mundo, bateu o atual campeão de Roland Garros, Stan Wawrinka, por 3 a 1 (6/4, 6/2, 4/6 e 6/2). l por nocaute. Outra luta histórica foi nas Filipinas, ao derrotar novamente Joe Frazier em 1975. Depois, perdeu o título em 1978 para Leon Spinks, e o recuperou ao bater o mesmo lutador e se aposentou. Fora do boxe, revelou que sofria do Mal de Parkinson em 1984, e usou a fama para ajudar nas pesquisas. Ali ganhou diversos prêmios e condecorações pelos seus feitos e foi eternizado em livros e filmes. Muhammad Ali morreu na madrugada de hoje, aos 74 anos, em um hospital de Phoenix, no Arizona. l NA WEB ACERVO O GLOBO Flamengo e Bauru fazem hoje, às 14h10m, em Marília, o quarto jogo da final do NBB. O rubro-negro lidera a série por 2 a 1. Se vencer hoje, garante o tetracampeonato do torneio. Rede TV e Sportv transmitem. Se o Bauru vencer e empatar a série, a quinta partida será no próximo sábado, também às 14h10m, na Arena Carioca 2, na Barra. Até aqui, os jogos foram equilibrados: o Flamengo venceu o primeiro (83 a 77), e o Bauru, o segundo (85 a 80). Na terceira partida, disputada no dia 28 de março, o time carioca chegou a abrir 18 pontos de vantagem, mas acabou vencendo por apenas 89 a 85. — Os dois times se conhecem muito bem e sabem o que o outro vai fazer. Por isso, vai depender da intensidade durante o jogo e no ob- acervo.oglobo.globo.com Na Luta do Século, Ali vence Foreman em 74 Flamengo pode conquistar o tetra do NBB hoje -MARÍLIA, SP- traliana Samantha Stosur também por 2 a 0 (6/2 e 6/4). Encontro. Joe Frazier e Muhammad Ali em pose relembrando velhos desafios recebido com festa por uma multidão em sua cidade-natal, um fato marcou a sua batalha pelos direitos dos negros e igualdade racial. Em sua biografia, conta que entrou em um restaurante cheio de brancos, pediu um hambúrguer, mas não foi atendido. “Sou Cassius Clay, campeão olímpico”, explicou. A alegria deu lugar à decepção, e o boxeador acabou jogando a sua medalha olímpica no Rio Ohio. Em 1964, após vencer Sonny Liston, em Miami, e se tornar campeão mundial dos pesos-pesados, grita: “Eu sou o maior”. Pouco depois disso, chegou a se aliar a Malcom X, defensor do nacionalismo negro. Em 1974, na hoje República Democrática do Congo, após apanhar quase toda a luta, venceu George Foreman Atual tricampeão, rubro-negro lidera a série final contra o Bauru por 2 a 1 -PARIS- Uma das marcas aparen- temente inalcançáveis do tênis pode ser igualada hoje, a partir das 10h. A americana Serena Willians, detentora de 21 troféus de Grand Slams, entra em quadra para fazer a final de Roland Garros contra a espanhola Garbiñe Muguruza, que nunca venceu um dos quatro principais torneios do mundo. A Bandsports transmite. Se conquistar pela quarta vez na carreira o Aberto da França, Serena igualará os 22 Grand Slams da lendária tenista alemã Steffi Graf. A recordista histórica de slams é a australiana Smith Court, com 24 troféus. Uma marca bastante possível de ser alcançada pela americana. Para chegar à decisão, a americana derrotou ontem a holandesa Kiki Bertens, que apesar de ser apenas a 58ª do mundo, vendeu caro a derrota por 2 sets a 0 (7/6 e 6/4). Na outra semifinal, a espanhola Muguruza venceu a aus- AFP NEIL LEIFER jetivo que traçamos — avaliou o pivô JP Batista, do Flamengo. — Sabemos que o ginásio estará lotado aqui em Marília, mas sabemos passar por esse tipo de situação. Do lado do Bauru, o receio de que a disputa seja encerrada hoje não vai fazer com que a equipe fique na defensiva. — Sabemos que é matar ou morrer. Não podemos cometer muitos erros, mas também precisamos de coragem para chegar no ataque e decidir — afirmou o ala Alex. GOLDEN STATE SAI NA FRENTE Nos Estados Unidos, a NBA também está em seus momentos decisivos: Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers se reencontram amanhã, às 21h (horário de Brasília) em Oakland, na Califórnia, para o segundo jogo da final. A ESPN transmite. O Golden State, atual campeão, venceu o primeiro jogo, na quinta-feira, por 104 a 89, mesmo com uma atuação abaixo do esperado de seus dois principais jogadores, Stephen Curry e Klay Thompson. l Congoleses disputarão os Jogos do Rio Os dois judocas integrarão o time de refugiados criado pelo COI para a Olimpíada Os congoleses Popole Misenga e Yolande Bukasa, que vivem no Brasil desde 2013, vão disputar a Olimpíada do Rio pelo Time dos Atletas Olímpicos Refugiados, criado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Os nomes dos dez escolhidos foram divulgados ontem. Além deles, o time terá cinco atletas do Sudão do Sul, dois da Síria, e um da Etiópia, praticantes de judô, natação e atletismo. Popole e Yolande vieram ao Rio para disputar o Mundial de judô, mas tiveram problemas com a comissão técnica do Congo, que confinou os dois no hotel, sem documentos ou dinheiro. Os refugiados participarão da festa de abertura dos Jogos com a bandeira olímpica e terão a queniana Tegla Loroupe, ex-recordista mundial da maratona, como chefe de missão. Também se hospedarão na vila dos atletas. l 30 l O GLOBO l Esportes l Sábado 4 .6 .2016 BRASILEIRO [email protected] CARLOS EDUARDO MANSUR Deixou chegar | | Última chance de recomeçar FUROR INTERINO Fla tenta conter euforia sobre Zé Ricardo sem descartar permanência no comando. Diretor diz que clube mantê-lo-á na comissão mesmo que contrate novo técnico O time brasileiro que estreia hoje na Copa América, contra o Equador, tem só três remanescentes da última Copa do Mundo. É, disparado, o recorde de transformação dentre as principais equipes do mundo. Algumas delas, diga-se, fizeram Mundial pior do que o Brasil, casos de Espanha e Itália. O dado é revelador: época após época, a rotina da seleção brasileira é o eterno recomeço. GILVAN DE SOUZA/FLAMENGO E liminada na primeira fase em 2014, goleada pela Holanda por 5 a 1, a Espanha vai à Eurocopa com 13 jogadores que vieram ao Brasil — mesmo número da Itália, que também caiu na fase de grupos há dois anos. São dois países atrás da renovação, mas tendo como pilar uma espinha dorsal com vivência em grandes torneios. Chamase continuidade, algo que o Brasil raramente tem. De tão trágico que foi o desfecho da Copa em casa, era esperada escassez de sobreviventes, embora nem sempre desprezar experiências seja o correto. Mas a questão não é exclusiva do atual ciclo, com Dunga à frente. Em apenas três Mundiais o Brasil levou dez remanescentes ou mais da Copa anterior. Em dois deles, ganhou. A maior dificuldade do nosso ansioso futebol é evitar rupturas traumáticas. É cultural. Tanto que também já vencemos com trabalhos recém-iniciados. Mas não há lição tão rica quanto a de 1994. Tentou-se mudar tudo após fraca campanha de 1990, na Itália. No fim, o time derrotado de Lazaroni foi a base para a construção da seleção do tetra. Aqui, vive-se a cada derrota o clamor por uma revolução. Foi o que se encomendou a Mano Menezes após a queda do time de Dunga, em 2010. O imediatismo interrompeu o trabalho dois anos depois, e veio Felipão. Passado o desastre da Copa, voltou Dunga. E o seu ciclo atual é cheio de transformações: da primeira convocação, há menos de dois anos, ele conservará na Copa América só nove nomes. Meia lista foi alterada em relação ao grupo que, há um ano, jogou o torneio continental no Chile. Boa parte do elenco atual vive um vestibular. É normal que jogadores oscilem em sua forma, é justo constatar que o último Mundial deixou uma herança limitada para edificar o futuro. Mas é fato que a instabilidade persegue a seleção. Em 2014, descontada a ansiedade por ganhar a Copa em casa, previa-se que teríamos “uma geração mais madura em 2018”. Dela, pouco restou. Os cortes em série atrapalham Dunga. Mas, dos desfalques recentes, apenas Luiz Gustavo e Neymar estavam em 2014. Foi o técnico quem, pouco a pouco, foi mudando de ideia quanto a Jéfferson, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo, por exemplo. Ter ao menos alguns deles ajudaria na transição. A realidade que cerca um treinador de seleção brasileira é muito peculiar. Aqui, ainda se produz jogador em escala com raro paralelo no mundo. Há sempre uma nova esperança, um novo “esse aí é seleção”. E como valorizamos o individual, acreditamos que cada promessa solucionará os problemas de um time que nunca se forma. Inebriado pelo novo candidato a herói, o país pressiona por mudanças, em especial após derrotas. É correto estar aberto a novas possibilidades, mas não promover revoluções periódicas. O momento pede definições. A presença marcante de jovens olímpicos, traço do grupo atual, é, segundo Dunga, mais do que um teste para os Jogos do Rio: é a busca por novas opções. Movimento saudável, mas feito em torno de um time titular recente, nada consolidado. Esta Copa América, que pelo calendário original simplesmente não existiria, caiu do céu para um equipe que precisa se montar e treinar. O amistoso com o Panamá indicou caminhos, e Dunga pode, sim, fazer o time evoluir. Philippe Coutinho tem vocação para dar cadência a um futebol apressado, fruto da escola brasileira recente. O esquema com volantes leves segue na agenda de Dunga, ao menos contra rivais menos ameaçadores. E Casemiro talvez ajude a melhorar a saída de bola. É possível sair da campanha nos Estados Unidos com uma seleção melhor e mais consolidada do que entrou. É urgente que saia. Porque depois será tarde demais para um novo recomeço. l OS REMANESCENTES Jogadores que disputaram a Copa do Mundo de 2014 e vão jogar Copa América ou Euro-2016 Alemanha Itália Espanha França Inglaterra Argentina Brasil 14 13 13 12 11 11 3 Pupilo. Autor do gol contra o Vitória, Felipe Vizeu treina no Ninho. O atacante trabalhou com Zé Ricardo no sub-20 e, juntos, foram campeões da Copa SP EDUARDO ZOBARAN [email protected] Nesta vida todo mundo é interino. Essa é a filosofia adotada pelo Flamengo para postergar uma decisão sobre o futuro de Zé Ricardo no cargo de treinador do time profissional. Uma coisa, no entanto, é certa: ele dificilmente voltará a trabalhar com a categoria sub-20 do rubro-negro, onde estava desde 2014 antes de ser pinçado aos profissionais, há uma semana. — Eu não acredito que ele voltará a trabalhar nas divisões de base do Flamengo. Se não ficar no cargo de treinador, permanecerá na comissão com um cargo de auxiliar para ganhar experiência entre os profissionais — opinou o vicepresidente de futebol do clube, Flávio Godinho. Zé Ricardo acumula duas vitórias em dois jogos. Ele levou o time ao G-4, mas o clube tenta conter a euforia em nome do treinador. É comum torcedores lembrarem de outros interinos que conquistaram sucesso no clube. Paulo César Carpegiani, Carlinhos, Jayme de Almeida e Andrade fazem parte deste rol. Garantindo ao novato um posição na comissão permanente, o clube pretende prepará-lo para, se não dessa vez, dirigir o time no futuro. Para Felipe Vizeu, campeão com Zé Ricardo na Copa São Paulo em janeiro e autor do gol sobre o Vitória, o treinador está concentrado e à vontade. — Ele sempre nos pergunta o que achamos melhor, porque não conhece muito os jogadores mais experientes. Ele tenta conversar o máximo um pouquinho com um, com outro, para saber a opinião dos outros jogadores — revelou o centroavante. BUSCA PELO GERENTE Se não garante a permanência do treinador no cargo, o clube já acena com alguma estabilidade. Além de voltar a dirigir o CRONOLOGIA 10/11/2014 Então técnico do Sub-15, Zé Ricardo assume o Sub-20 do Flamengo. 25/1/2016 Zé Ricardo é campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior. 15/5/2016 Muricy Ramalho sofre arritmia cardíaca e é afastado do trabalho. 26/5/2016 Zé Ricardo assume comando do elenco profissional rubro-negro. time amanhã, contra o Palmeiras, em Brasília, Zé Ricardo não deve ser surpreendido com sua saída do comando antes do jogo contra o Figueirense, no dia 12. Antes da partida em Florianópolis, Zé Ricardo e a torcida do Flamengo já devem conhe- Botafogo perto da equipe ideal VIÍTOR SILVA/SSPRESS/BOTAFOGO Ricardo Gomes afirma que elenco do clube está completo e pede regularidade na escalação Animado com a chegada de reforços como o volante Dudu Cearense e o atacante chileno Gustavo Canales, o técnico do Botafogo, Ricardo Gomes, se diz confiante no futuro da equipe, que enfrenta amanhã o Santos, no Pacaembu. Ricardo afirmou ontem que o desafio agora é evitar trocas constantes na escalação. — É legal quando o torcedor entra no estádio e já conhece o time, e esse não é o nosso caso no Brasileiro. Quando toda hora você muda a escalação, não dá certo. A minha cobrança aqui é para jogar oito ou dez vezes com o mesmo time. No Carioca, conseguimos isso, mas jogar com quatro, cinco ou seis mudanças tem um peso muito negativo — avaliou. O treinador garantiu que não acha necessário realizar novas contratações. — Já temos um time na teoria, sim, e temos que fazer desses jogadores um novo time. Não é só os que estão chegando, mas também os que estão aqui e se- cer quem é o novo gerente de futebol. O responsável pelo cargo terá a função de se aproximar da comissão técnica e, especialmente, dos jogadores. O contratado deve ser um exatleta com perfil de liderança. Ele trabalhará em conjunto com o diretor executivo de futebol, Rodrigo Caetano. — Estamos fazendo entrevistas. Já falamos com duas pessoas e ainda vamos nos reunir com outras três. Em breve vamos anunciar um nome — desconversa Godinho, que, entre os já ouvidos, falou com Ricardo Rocha, que já descartou a proposta rubro-negra. Além do gerente, o clube busca também dois zagueiros para solucionar um problema identificado na pré-temporada. A expectativa é que um deles, vindo do mercado nacional, esteja disponível para o jogo contra o Figueirense. O outro só poderá ser inscrito após a abertura da janela de transferência, em 20 de junho. l Givanildo é demitido do América-MG Quatro clubes já trocaram de técnico em cinco rodadas do Brasileiro Confiante. Para Ricardo Gomes, o Botafogo não precisa de novos reforços rão recuperados para ajudar também — afirmou. CHILENO CHEGA AO CLUBE O Botafogo, em 16º lugar no Brasileiro, está com vários jogadores no departamento médico, como Jefferson, Carli, Airton e Diogo Barbosa. Os dois últimos têm previsão de retorno em breve, no jogo contra o Vitória, no próximo dia 12 de junho. Enquanto isso, o chileno Gustavo Canales chegou ao Rio na madrugada de ontem e foi ao clube para realizar exames médicos. A contratação só será oficializada depois da avaliação do departamento médico, com previsão para ser divulgada na segunda-feira, mas o jogador, de 34 anos, já posou com a camisa do clube e deve assinar contrato até o final de 2017. Por ser estrangeiro, Canales só poderá jogar a partir da abertura da janela de transferência internacional, no dia 20 de junho. l Nem o título de campeão mineiro deste ano foi suficiente para segurar Givanildo Oliveira no cargo de técnico do América-MG, onde estava desde setembro de 2014. O treinador não resistiu à derrota da noite de quintafeira para a Ponte Preta e foi demitido ontem. O clube mineiro é o lanterna do Campeonato Brasileiro, com apenas dois pontos. Esta foi a quarta troca de técnico em cinco rodadas da Série A. Na quinta, o Coritiba havia anunciado o desligamento de Gilson Kleina. Antes, Atlético-MG e Flamengo já haviam trocado de treinador: Muricy Ramalho deixou o Fla por problemas de saúde, enquanto Diego Aguirre saiu do Galo após a eliminação na Libertadores. Ele comandou o Atlético-MG na estreia do Brasileiro, com vitória sobre o Santos. l l Esportes l Sábado 4 .6 .2016 2ª Edição O GLOBO BRASILEIRO SÉRIE B Exorcismo FANTASMA DE CHAPECÓ Vasco recebe Goiás e quer decolagem FICHA DO JOGO CHAPECOENSE: Danilo, Gimenez, Marcelo, Thiego e Dener Assunção; Josimar (Moisés), Cleber Santana e Hyoran ; Lucas Gomes, Silvinho e Bruno Rangel. FLUMINENSE: Diego Cavalieri, Jonathan, Gum, Henrique e Giovanni; Edson, Douglas, Cícero e Gustavo Scarpa; Richarlison e Fred. JUIZ: Ricardo Marques Ribeiro (Fifa-MG). LOCAL: Arena Condá (Chapecó). HORÁRIO: 20h30m. TRANSMISSÃO: Sportv e Rádios Globo e CBN. Flu mantém formação para reverter retrospecto incômodo: nas 4 vezes em que encarou o time catarinense, só perdeu Invicto e a três jogos de recorde, Jorginho pede atenção hoje em São Januário Invicto há 32 partidas, a apenas três de igualar a maior série da história do clube sem derrotas, o Vasco é ultrafavorito a conseguir o acesso para a Série A do Brasileiro do ano que vem e mesmo para ficar com o título da Série B. Mesmo que seja impossível rejeitar o favoritismo, o técnico Jorginho sabe que um momento de oscilação deve vir mais cedo ou mais tarde e quer que o time aproveite o bom começo para disparar na ponta. Com quatro vitórias e um empate nas primeiras cinco rodadas, a equipe recebe o Goiás hoje, às 16h30m, em São Januário. — É um momento extremamente importante, para que possamos criar uma gordura. Vai ser muito bom se a gente conseguir permanecer com essa invencibilidade por mais tempo. Melhor ainda será conseguir isso fazendo bons jogos e atingindo nossos objetivos. Essa equipe tem encarado todos os jogos com uma final do campeonato. Essa também é uma das nossas virtudes — disse o técnico após o treino de ontem, enaltecendo o adversário. — Goiás tem jogadores experientes, como nós. Vai ser um dos grandes concorrentes para ficar no G-4. É claro que pode nos vencer. O lateral Mádson e o meia Andrezinho, ausente das últimas partidas por lesão, treinaram novamente on- NELSON PEREZ/FLUMINENSE Força no ataque. Richarlison disputa a bola com o zagueiro Marlon em Santa Catarina: jovem de 19 segue no time titular no duelo desta noite contra a Chape leiro, o técnico Levir Culpi repetirá uma escalação: o Fluminense será o mesmo que empatou com o Atlético-MG, em Belo Horizonte, na última quarta-feira — teoricamente um bom resultado, mas relativizado pelo fato de o rival ter usado um time praticamente reserva. — Temos mais um jogo difícil fora de casa, mas, com a qualidade da nossa equipe, temos tudo para sair com um bom resultado — disse o sempre otimista Gustavo Scarpa, um dos melhores do time na quarta-feira. — Não sei se está faltando tranquilidade, mas temos que caprichar um pouco mais. Fomos muito bem contra o Atlético, criamos boas chances e não aproveitamos. Estamos no caminho certo. No treino de ontem, Levir mais uma vez se concentrou nas bolas paradas. O técnico mostrou preocupação com a velocidade do ataque da Chapecoense, que tem Lucas Gomes — que defendia o Fluminense no ano passado —, Silvinho e o artilheiro Bruno Rangel, que já marcou seis gols em cinco partidas e divide a artilharia do Brasileiro com Grafite, do Santa Cruz. — O time deles é rápido, temos que tomar cuidado com o contra-ataque quando perdermos a bola — gritou o técnico durante o treino. MARANHÃO NO GRUPO Levir contará, no banco, com a presença do meia-atacante Maranhão, recém-contratado, que viajou com o time. O técnico elogiou o jogador (que veio da própria Chapecoense): — O Maranhão tem ótima qualidade técnica, mas ainda não está entrosado com o elenco e com nossa forma de jogar. Com a facilidade que tem, rapidamente vai se adaptar. Já pode participar deste jogo, se for possível. É um ótimo jogador. l Brasileiro - Série A Internacional Grêmio Corinthians Flamengo Palmeiras Chapecoense Santa Cruz Fluminense São Paulo Ponte Preta Figueirense Atlético-MG Vitória Cruzeiro Santos Botafogo Coritiba Sport Atlético-PR América-MG 13 10 10 10 9 9 8 8 7 7 6 6 5 5 4 4 4 4 4 2 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 4 3 3 3 3 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 0 3 2 2 1 1 3 3 2 2 1 1 1 1 1 2 0 1 1 1 2 0 1 1 2 2 1 1 2 2 3 3 3 3 3 3 5 9 8 6 11 10 11 5 4 5 6 4 6 5 4 3 6 2 4 4 1 4 3 4 6 7 6 5 4 7 6 6 9 8 6 5 9 5 9 8 V V D D D V E E D V E E V E V E D E E D V V V E V E V D E D E D E D E V E D D E V V V V D E E V V D D E E E D D D D V E V D V V V V D E D V V E D V D D D V D D P - Pontos ganhos; J - Jogos; V - Vitórias; E - Empates; D - Derrotas; GP - Gols pró; GC - Gols contra; N - Não jogou acesse 140 CENTRO - RJ Av. Passos, 42, 44 e 46 SHOPPING JARDIM GUADALUPE Av. Brasil, 22.155 CABO FRIO (SHOPPING PARK LAGOS CABO FRIO) Av. Henrique Terra, 1.700 HOJE 16:00 Atlético-PR 20:30 Corinthians 20:30 Chapecoense x Santa Cruz x Figueirense x Fluminense AMANHÃ 11:00 11:00 16:00 16:00 16:00 16:00 18:30 Santos América-MG Grêmio Flamengo Vitória Sport Cruzeiro x x x x x x x Botafogo Figueirense Ponte Preta Palmeiras Internacional Atlético-MG São Paulo Internacional Ponte Preta Fluminense São Paulo x x x x América-MG Chapecoense Grêmio Atlético-PR Botafogo Coritiba Palmeiras Atlético-MG Figueirense Santa Cruz x x x x x x Vitória Sport Corinthians Cruzeiro Flamengo Santos OS ARTILHEIROS CLASSIFICAÇÃO 6 gols Grafite (Santa Cruz) e Bruno Rangel (Chapecoense) EQUIPE 4 gols Rafael Moura (Figueirense) e Kieza (Vitória) 3 gols Gabriel Jesus (Palmeiras), Felipe Azevedo (Ponte Preta) e Luan (Grêmio) Série A SEXTA RODADA P J V E D GP GC ÚLTIMOS JOGOS SÉTIMA RODADA 11/6 16:00 16:00 18:30 21:00 12/6 11:00 11:00 16:00 16:00 16:00 19:00 6 gols Grafite, Santa Cruz Rebaixamento Libertadores Rebaixamento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 FICHA DO JOGO VASCO: Jordi, Madson, Luan, Rodrigo e Júlio César; Marcelo Mattos, Julio dos Santos, Andrezinho (Éder Luís) e Nenê; Thalles e J. Henrique. GOIÁS: Renan; Anderson Salles, Wesley Matos, Alex Alves e Jefferson; Wendel, Ramires, Thalles e Léo Sena; Rossi e Cléo. JUIZ: Antônio do Prado (SP). LOCAL: São Januário. HORÁRIO: 16h30m. TRANSMISSÃO: Premiere e Rádios Globo e CBN. tem sem problemas e devem ser titulares. Mas Jorginho não quis confirmar a escalação de ambos desde o início. — Os dois não sentiram nada, mas ainda vamos analisar e conversar com a parte física para saber se eles possuem condições de jogo. Vamos avaliar se eles vão começar jogando ou no banco. O time tem uma intensidade muito grande nos jogos e temos que ter cuidado, as semanas estão sendo desgastantes, com muitos jogos. Por isso, estamos segurando um ou outro jogador. A estratégia está dando certo e estamos nos saindo bem. JOGO 50 DE NENÊ A partida de hoje é especial também para o meia Nenê. Artilheiro disparado da Série B com oito gols em cinco partida, o ídolo da torcida completa 50 jogos pelo Vasco. Nenê esteve presente em 31 dos 32 jogos da série invicta do time. Desde que chegou a São Januário, em agosto do ano passado, ele já participou de 49 partidas, tendo marcado 24 gols (15 na atual temporada) e dado 17 assistências. Ou seja, em quase todo jogo do Vasco há um gol do time com sua participação. — Estou no Vasco há menos de dez meses, mas a identificação com o clube e a torcida é tão grande que me sinto em casa, muito feliz. E espero que esse jogo número 50 fique marcado com uma vitória — disse o camisa 10 vascaíno, em declaração divulgada pelo seu site. l Série B CLASSIFICAÇÃO EQUIPE Jorginho. Técnico manteve dúvida na escalação PAULO FERNANDES/VASCO Em oitavo lugar no Campeonato Brasileiro, com oito pontos, o Fluminense enfrenta hoje uma equipe que começou melhor na competição e está um ponto e duas colocações acima. Seria um empate técnico se a Chapecoense não fosse um fantasma na vida recente do tricolor: em quatro confrontos realizados desde a chegada da equipe catarinense à Série A, em 2014, foram quatro vitórias da Chape, com 10 gols marcados contra quatro do Flu. O jogo está marcado para as 20h30m, na Arena Condá, em Chapecó, com transmissão do Sportv. Pela primeira vez neste Brasi- l 31 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Vasco Atlético-GO Bahia Brasil Criciúma CRB Luverdense Paraná Náutico Avaí Ceará Joinville Londrina Oeste Goiás Paysandu Vila Nova Bragantino Tupi Sampaio Corrêa SEXTA RODADA P J V E D GP GC ÚLTIMOS JOGOS 13 12 11 11 10 9 9 9 7 7 7 6 6 5 5 5 4 4 3 1 5 5 6 6 5 5 6 6 5 5 5 5 5 5 5 6 6 5 5 5 4 4 3 3 3 3 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 0 2 2 1 0 3 3 1 1 1 3 3 2 2 2 1 1 0 1 0 1 1 1 1 2 1 1 2 2 2 1 1 2 2 3 4 3 4 4 12 7 9 7 6 6 8 5 8 8 9 4 4 5 5 6 7 3 7 1 4 4 5 3 3 7 7 5 4 6 8 4 4 6 7 13 10 7 7 13 V V V V E D E V V V V E E E E D D D D D V V D E V D D V D E D V V V D V D D V D V V E V D V V E V V D E E D E D D V D D E D V E V V E E E D V E E E D D E E D E P - Pontos ganhos; J - Jogos; V - Vitórias; E - Empates; D - Derrotas; GP - Gols pró; GC - Gols contra; N - Não jogou Inglaterra Espanha Ibra e Vardy aquecem mercado Fiscal pede absolvição de Messi O Manchester United, de José Mourinho, deve acertar a contratação do atacante Ibrahimovic, ex-PSG, antes da Eurocopa, que começa na próxima sexta-feira, na França. A informação é da Para Raquel Amado, da receita espanhola, o atacante argentino do Barcelona não tem culpa das fraudes de 4,1 milhões de euros, as quais ela atribui a Jorge, pai dele. No Sky Sports. Já o jornalista Stuart James, do “The Guardian”, divulgou no twitter que o Arsenal pagará a multa rescisória para ter o atacante Vardy, do Leicester, contra a vontade do campeão inglês. entanto, o promotor Mario Maza manteve Messi entre os acusados, por considerar inverossímil que o argentino nada soubesse. Promotoria e defesa ainda se manifestarão antes da decisão do juiz. ONTEM 21:30 Bahia Vila Nova Brasil Náutico 3x0 0x0 1x1 x Paysandu Paraná Luverdense Joinville x x x x x x Criciúma Ceará Tupi Goiás CRB Bragantino x x x x x x x x x x S. Corrêa Náutico Avaí Oeste Brasil Atlético-GO Londrina Bahia Vasco Vila Nova HOJE 16:00 16:00 16:00 16:30 21:00 21:00 Oeste S. Corrêa Londrina Vasco Avaí Atlético-GO SÉTIMA RODADA TERÇA 19:15 19:15 19:15 19:15 19:15 19:15 21:30 21:30 21:30 21:30 CRB Paysandu Bragantino Tupi Criciúma Paraná Ceará Goiás Joinville Luverdense acesse 140 COPACABANA Rua Barata Ribeiro, 181 DUQUE DE CAXIAS (PREZUNIC CENTER) Rua José de Alvarenga, 95 NOVA IGUAÇU Av. Nilo Peçanha, 639 SULACAP (PARQUE SHOPPING SULACAP) Av. Marechal Fontenele, s/nº ESPORTES ZÉ RICARDO JOGO PARA MARCAR BOA FASE Recomeçar de novo SÁBADO 4.6.2016 3ª EDIÇÃO oglobo.com.br PÁGINA 30 Carlos Eduardo Mansur PÁGINA 30 ROBYN BECK/AFP OS CAMPEÕES URUGUAI 15 ARGENTINA 14 BRASIL 8 2 2 1 1 1 PARAGUAI PERU Preparação. Dunga orienta jogadores antes de treino em Los Angeles: estreia na Copa América, às 23h, deve ter Jonas, como centroavante, Casemiro e Philippe Coutinho no time CHILE Copa América À LUZ DO EQUADOR No palco do tetra, seleção estreia contra atual líder das eliminatórias H CARLOS EDUARDO MANSUR [email protected] á bem mais de uma razão para olhar com especial curiosidade a estreia de hoje da seleção brasileira na Copa América, às 23h (horário de Brasília), em Los Angeles, contra o Equador. Além de ser a seleção em campo, buscando evoluir coletivamente em meio à rotina de raras chances de treinos nas eliminatórias, chamam a atenção alguns jogadores que estarão colocando em jogo o espaço de que desfrutarão em futuras convocações. E, como se não bastasse, também será posta à prova a força do adversário, vice-líder das eliminatórias e próximo rival do Brasil quando a disputa por um lugar na Copa da Rússia recomeçar, em setembro. O jogo de hoje, no estádio Rose Bowl, palco da final da Copa de 1994, terá transmissão da TV Globo e do Sportv. A sucessão de cortes faz com que alguns jogadores, inclusive do time titular, enxerguem na competição uma chance de afirmação. A começar por um dos últimos a chegar aos Estados Unidos. Campeão da Liga dos Campeões, Casemiro só se apresentou após a final da disputa europeia. Chegou com a cotação em alta e, após o corte de Luiz Gustavo, por causa de problemas familiares, herdou um lugar no time que vai enfrentar o Equador, hoje. Com ele, Dunga pode solucionar uma ques- tão tática da seleção: um bom passe na saída de bola. Nas eliminatórias, quando lançou mão da dupla de volantes formada por Luiz Gustavo e Fernandinho, o time teve dificuldades para iniciar as jogadas. Fernandinho não foi convocado para a Copa América e, com Luiz Gustavo de titular no amistoso com o Panamá, Dunga testou uma variação tática: Elias ou Renato Augusto buscavam a linha de zagueiros para a saída de bola, adiantando Luiz Gustavo. Com Casemiro, dono de bom passe, este exercício pode não ser necessário. do Rio de Janeiro. Assim, a seleção começa hoje a disputa nos Estados Unidos com um homem mais afeito ao jogo BRASIL: Alisson, Daniel Alves, dentro da área: Jonas, embora Marquinhos, Gil e Filipe Luís; o atacante do Benfica não se Casemiro, Elias, Renato restrinja a ficar na área. Augusto, Willian e Philippe O restante do time terá coCoutinho; Jonas. mo base a mais recente rodaEQUADOR: Domínguez, da das eliminatórias, que Paredes, Achilier, Erazo e consolidou Elias e Renato AuAyoví; Noboa, Gaibor, Fidel gusto como peças importanMartínez e Jefferson Montero; tes no meio-campo, fazendo Miler Bolaños e Enner a transição da defesa para o Valencia. ataque. Os dois, junto a WilliJUIZ: Julio Bascuñán (Chile). an e Philippe Coutinho, vão LOCAL: Rose Bowl, Los formar a linha de quatro meiAngeles. SEM NEYMAR, UM 9 as por trás de Jonas, no 4-1HORÁRIO: 23h (de Brasília). Outro jogador olhado com especial 4-1 que Dunga tem adotado TRANSMISSÃO: Rede Globo para iniciar as partidas. atenção hoje será Philippe Coutie Sportv. nho. Escalado pelo lado esquerdo Há outra mudança forçada na na zaga: Miranda sente docontra o Panamá, ocupa a vaga do cortado Douglas Costa. No amistores musculares e dará lugara a so, teve sua atuação mais participativa pela sele- Marquinhos, que fará dupla com Gil. ção brasileira, ajudando a construir jogadas pelo O Equador terá a base que faz ótima campanha setor esquerdo e, também, buscando o centro do nas eliminatórias. Para o ataque, foram convocacampo. Ajudou a cadenciar e dar pausa à seleção dos dois jogadores atuam no futebol brasileiro: Miler Bolaños, do Grêmio, e Juan Cazares, do Atléem determinados momentos. Após usar Neymar como “falso 9” nas mais re- tico-MG. O zagueiro Erazo, também do Atlético, é centes rodadas das eliminatórias, o Brasil chega à outro que joga no Brasil. O time é treinado por Copa América sem o seu principal jogador. Prefe- Gustavo Quinteros, nascido na Argentina mas riu preservá-lo para a disputa dos Jogos Olímpicos também dono de nacionalidade boliviana. l FICHA DO JOGO COLÔMBIA BOLÍVIA ÚLTIMOS GANHADORES 1989 1991 1993 1995 1997 1999 Brasil Argentina Argentina Uruguai Brasil Brasil 2001 2004 2007 2011 2015 Colômbia Brasil Brasil Uruguai Chile PRIMEIRA RODADA ONTEM - SANTA CLARA GRUPO A EUA X COLÔMBIA HOJE, 18H - ORLANDO COSTA RICA X PARAGUAI HOJE, 20H30M - SEATTLE GRUPO B HAITI X PERU HOJE, 23H - PASADENA BRASIL X EQUADOR AMANHÃ, 19H - CHICAGO GRUPO C JAMAICA X VENEZUELA AMANHÃ, 21H - GLENDALE MÉXICO X URUGUAI SEGUNDA, 20H - ORLANDO GRUPO D PANAMÁ X BOLÍVIA SEGUNDA, 23H - SANTA CLARA ARGENTINA Fonte: Conmebol X CHILE Editoria de Arte Pneu Aro 14” a partir de 177 R$ ,00 Á VISTA TUDO EM ATÉ ATENDIMENTO EXCLUSIVO 2461-0300 WIDMEN.COM.BR PROMOÇÃO VÁLIDA ATÉ 30/06/2016. OU EM ATÉ 10X IMAGENS MERAMENTE ILUSTRATIVAS Fifa acusa Blatter e Valcke de enriquecimento ilícito PNEU MECÂNICA SUSPENSÃO FREIO PNEUS FABRICADOS PELA PIRELLI Os dois ex-dirigentes teriam amealhado US$ 80 milhões ilegalmente nos últimos cinco anos Uma investigação interna da Fifa apontou que o ex-presidente Joseph Blatter, o ex-secretáriogeral Jérôme Valcke e seu adjunto, Mattias Kattner, fizeram uso de estratégias de enriquecimento pessoal que totalizaram U$ 80 milhões (cerca de R$ 288,8 milhões na cotação atual) nos últimos cinco anos. — As evidências parecem revelar um esforço coordenado dos três antigos oficiais de alto escalão da Fifa para enrique- cerem a si mesmos através de aumentos de salário, bônus pela Copa do Mundo e outros incentivos — explicou Bill Burck, um dos advogados que conduzem a investigação. De acordo com a investigação, Blatter, Valcke e Kattner receberam U$ 23,4 milhões (R$ 84,5 milhões) de prêmios especiais pela realização da Copa da África do Sul, em 2010, quatro meses após a competição. O pagamento dos bônus ocorreu “aparentemente sem uma disposição de contrato”, segundo a entidade. Há outras situações suspeitas, como a renovação dos contratos de Valcke e Kattner, assinada em 2011 e válida até AP Chuva de grana. Blatter está afastado do futebol por seis anos, desde 2015 2019. Os novos acordos garantiram a ambos cláusulas especiais que lhes permitiriam receber, somados, quase U$ 28 milhões (R$ 101 milhões) caso deixassem de trabalhar na Fifa. AUTORIDADES ALERTADAS A entidade informou ainda ter compartilhado o resultado de sua investigação interna com as autoridades suíças e americanas, que seguem atrás de mais evidências de esquemas de corrupção na gestão da dupla Blatter-Valcke na entidade. Na quinta-feira, a polícia suíça realizou uma busca nos escritórios da Fifa, em Zurique, recolhendo documentos e arquivos eletrônicos. l SEGUNDO CADERNO OGLOBO Fantasia da História Mexicano Álvaro Enrigue lança na Flip o romance ‘Morte súbita’, que revisita os séculos XVI e XVII para refletir sobre o presente PÁGINA 6 SÁBADO 4.6.2016 oglobo.com.br ‘ESPERO CONSEGUIR ME EXERCITAR NO BRASIL OU ENTÃO VOU VOLTAR GORDO DE TANTA CERVEJA’ IRVINE WELSH INGA KJER/AP/7-11-2013 ANDRÉ MIRANDA andre.miranda @oglobo.com.br Welsh. Entre as décadas de 1970 e 1980, ele viveu os excessos típicos daquela época: de origem proletária, pulou entre dúzias de trabalhos, foi usuário de drogas, chegou a ser preso e tocou em banda punk. Mas, depois, acabou escolhendo “a vida, um emprego, uma carreira...”, esses conselhos dados em seu primeiro romance, “Trainspotting”, lançado em 1993. O livro narra a vida P assados 20 anos do sucesso de “Trainspotting” nos cinemas, a frase mais célebre do filme precisa de um novo complemento: “Escolha a vida, escolha um emprego, escolha uma carreira, escolha uma família, escolha a porra de uma televisão grande...” e escolha passar as tardes fazendo ginástica em Miami! Autor do livro homônimo que deu origem ao longa-metragem e de outras histórias sobre sociopatas e suas obsessões, praticamente todas elas passadas na Escócia, Irvine Welsh optou por uma mudança gigante de ares em seu nono romance. Intitulado “A vida sexual das gêmeas siamesas” (semana que vem nas livrarias brasileiras, pela editora Rocco), o livro é ambientado numa Miami consumista, com suas beldades de corpos esbeltos e bronzeados e seus artistas querendo vender vanguarda em shopping center. As drogas são outras, o clima é outro, mas no fundo Welsh, uma das grandes estrelas da 14ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa no fim do mês, segue escrevendo sobre vícios. — O exercício físico é um tipo de vício, sim. Você entra numa rotina, se sente mais satisfeito, mais motivado e gera endorfina — contou Welsh, em entrevista por telefone ao GLOBO, com seu carregadíssimo sotaque escocês. — Eu comecei a me exercitar para combater o estresse e meio que me tornei um viciado. O bom é que, quando você se exercita regularmente, pode comer o que quiser. É péssimo quando eu me machuco e tenho que parar de fazer exercício, porque aí eu tenho que controlar a alimentação. Gosto dessa mistura de ginástica com liberdade para comer. Espero conseguir me exercitar no Brasil ou então vou voltar gordo de tanta cerveja. No caso, o declarado apreço por cerveja é o que mais se aproxima da imagem que se tem de te uma nazista da boa forma, a segunda uma jovem artista insegura e acima do peso. O livro começa com um encontro casual entre as duas: Lucy enfrenta um sujeito armado, e Lena acaba filmando a cena com seu celular, uma imagem que depois vai parar em todas as TVs e torna Lucy uma celebridade passageira. Na história, enquanto uma fica obcecada pela outra, a mídia acompanha atentamente o caso de uma irmã siamesa que quer sair com um namorado, mas obviamente não consegue fazer isso sozinha. — Lucy e Lena são dois opostos, quase extremos. As pessoas tendem a dizer que Lucy é terrível, é quase uma nazista, e Lena é tão legal. Mas você pode enxergar o contrário. A ideia era polarizar essas duas mulheres. Quem adora fazer ginástica costuma adorar a Lucy — diz Welsh. — Já as irmãs siamesas eu vejo como uma tragédia de duas pessoas que não podem fazer nada separadas. Talvez um dia eu escreva uma história só sobre isso. As muitas descrições sobre Miami que estão presentes no livro vêm de um período em que o próprio Welsh viveu na cidade. Ele mora há sete anos nos EUA, a maior parte do tempo em Chicago, cidade natal de sua mulher: — Miami é muito diferente de onde eu venho. Na Escócia a cultura DE CORPO EM MIAMI destrutiva de um grupo de amigos viciados em heroína e se tornou extremamente popular graças à sua adaptação para o cinema, sob direção de Danny Boyle. Dali em diante, Welsh tornou-se um ídolo da cultura pop. Outros de seus livros, como “Ecstasy” (1996) e “Filth” (1998), também já foram adaptados para o cinema, e muitos repetem personagens e a temática de violência, drogas e perdição presente em “Trainspotting”. “Pornô” (2002), por exemplo, narra o que aconteceu dez anos depois com os pirados do primeiro livro, enquanto “Skagboys” (2012) mostra o que aconteceu antes. Mas, em seu nono romance, o autor escocês quis deixar a fria e formal Edimburgo e se virou para a quente e despojada Miami. As protagonistas de “A vida sexual das gêmeas siamesas” são Lucy e Lena, a primeira uma professora de academia bissexual e fissurada pelo corpo, praticamen- mais consciência do corpo e têm um vício no consumismo americano. É tudo mais físico, você fica mais preocupado com a forma do que em Edimburgo e até Chicago, em que as pessoas acabam ficando presas atrás de laptops. Você sai na rua e vê as modelos da Condé Nast e os artistas. Acho que o clima quente ajuda a criar esse comportamento de rua que não há em outras cidades. Há muitos brasileiros lá. E vocês gostam de festas. “TRAINSPOTTING 2” A CAMINHO Welsh, contudo, passa de dois a três meses por ano em sua Edimburgo, exatamente onde estava durante esta entrevista: — Sempre, quando venho para cá, eu reparo no quanto sou escocês. Gostaria de ter uma daquelas máquinas de teletransporte de “Jornada nas estrelas”, para poder me materializar mais rápido do outro lado do Atlântico. Mas não acho um grande problema viver nos Estados Unidos. Neste ano haverá eleição e será divertido. Trump e Hillary são as pessoas mais odiadas da América. Se houvesse um concurso para escolher o pior, seria duro. No início de 2017, mais ou menos quando um novo presidente assumir o governo americano, está previsto o lançamento de “Trainspotting 2”, novamente com Danny Boyle na direção. Aguardado há anos, o projeto está sendo rodado neste momento, com os atores do primeiro filme, entre eles Ewan McGregor. O ponto de partida é o livro “Pornô”, em que Welsh oferece a seus velhos personagens um novo vício, o da pornografia. — O “Pornô” serve como ideia, mas haverá mudanças, até porque a indústria pornográfica mudou muito desde que escrevi o livro, por causa da internet — explica Welsh, que vai reprisar o personagem que interpretou no primeiro filme, um traficante de drogas. — Eu terei que ir até o set para rodar. É uma participação apenas. Já na Flip, a participação de Welsh será maior. Um dos mais populares nomes do evento, ele estará na mesa “Na pior em Nova York e Edimburgo”, no dia 30, às 21h30m, ao lado de Bill Clegg, autor americano que já escreveu relatos autobiográficos sobre dependência química. A venda dos ingressos começou ontem.l Ídolo da cultura pop desde a publicação de ‘Trainspotting’, escritor escocês estará na Flip para lançar ‘A vida sexual das gêmeas siamesas’, um romance ambientado na ensolarada cié dade americana sobre a relamais verbal, em Miami ção de uma personal trainer as coisas são mais visuais. Lá as pessoas têm obsessiva e uma artista insegura l O GLOBO 2 l Segundo Caderno l [email protected] MARCIO TAVARES D’AMARAL | | Sábado 4 .6 .2016 Gente Boa | CLEO GUIMARÃES Email: [email protected] e Blog: http://blogs.oglobo.globo.com/gente-boa/ COM MARIA FORTUNA E FERNANDA PONTES FOTOS DE MARCOS RAMOS | A tristeza dos santos Diz-se que um santo triste é um triste santo. É um jogo de palavras, talvez indique alguma coisa que não sabemos a respeito dessas pessoas que têm o difícil trabalho de representar junto de Deus a santidade da humanidade inteira. Quando Jesus esteve entre nós elevou ao divino a nossa natural imperfeição. Ele acreditou nisso. Nós é que não. Os que chamamos “santos” são os que não têm dúvida. Vão pela porta estreita. Redimem nossa falta de coragem moral. De modo que um santo triste não é um triste santo. Um santo triste é a própria tristeza de Deus. H á tempos montei aqui uma trupe maltrapilha para lutar contra a tristeza de Deus. Ele, que se mostrou como brisa leve, talvez tenha dificuldades com o nosso ar sufocante. Devíamos estar profundamente perturbados por essa saturação. Pela maneira irresponsável com que tratamos, hoje, a vida e o mundo. Mas parece que vamos bem excitados pelas possibilidades ilimitadas de ter coisas, de gozarmos de todos os prazeres para sermos felizes. Felizes? Não conseguimos olhar em volta? Ver a navegação desesperada dos povos da água? A tristeza raivosa das velhinhas na chuva, acusandonos pelo confinamento em que as pusemos nos acampamentos da miséria? Não temos olhos para a horrível pobreza da vida atirada no lixo, vivendo do lixo? — Andei chamando os meus filósofos para nos fazerem entender. Está difícil para eles. Talvez seja a hora de os místicos, que também alistei, tentarem seu gesto de claridade. Por isso pensei nos santos. Que, desconfio, andam tristes. Os místicos olham para o mundo de maneira extraordinária. Não o veem para fora, com os olhos da cara. Fecham os olhos. Veem dentro de si mesmos o que vai dentro do mundo. Fazem com essa visão coisas que nossas línguas pobres chamam de milagres. E dizem coisas que nossos ouvidos ruidosos não conseguem entender. Falam a língua da ternura de Deus. Pensamos que é poesia, comparamos seus ditos com os dos outros poetas, e dizemos: é bom! E pronto. Está entendido. Não, não está. Passou por fora do nosso ouvido profundo. Mas alguns compreendem. E tentam dizer a quem não soube ouvir. Aos mais pobres dos pobres, os que não ouvem o som da ternura de Deus. Os santos tentam fazer isso por nós. E em troca os veneramos. Fazemos imagens deles. E, postos para fora, diante de nós como qualquer outra coisa, esquecemos seu trabalho amoroso. Tanto esforço para nos lembrarem da santidade a que fomos convidados! — Mas insistem. Só me pergunto se hoje os olhos que se voltam para dentro, para ver o mundo mais verdadeiro, não estarão nublados de lágrimas. Se a tristeza não se deposita nesses olhos abertos sobre o que está aquém e além das coisas, do mundo imediato e sem relevo em que nos agrada viver, sem saudades de Deus. Se a tristeza de Deus não traz cegueira ao mundo. Santo Tomás, o dominicano que viu a procissão dos anjos, era grande de corpulência. E, fora das suas aulas, um homem silencioso. Olhava para Deus para ver melhor o mundo. Seus confrades lhe botaram o apelido de “grande boi mudo”. E um dia resolveram lhe pregar uma peça. Entraram na sua cela gritando que tinham visto um boi que voava! O santo correu para ver essa maravilha. E os irmãos zombaram de tamanha ingenuidade. Tomás ficou triste. Preferia acreditar que um boi voasse a admitir que seus irmãos mentissem. — Pobre Tomás! Quantos bois contaria hoje no nosso céu! Ainda acreditaria numa humanidade que ama — devia amar — a verdade? São Francisco, o pobrezinho de Assis, que rezava cantando pelas estradas da Úmbria, fundou uma ordem para reunir os que fossem capazes de ver a alegria de Deus, e viver com essa avalanche de ternura sobre toda a criação. Homens, mulheres, bichos, tudo se mistura na luz da alegria de Deus. Até a morte, a irmã morte. — Lá um dia alguns dos seus irmãos, que certamente se consideravam “realistas”, decidiram que era muita santidade para estar à frente de uma casa que precisava de dinheiro para cumprir sua missão. A pobreza voluntária, pensavam, não mantém uma instituição de pé. E deram um golpe de estado. Derrubaram o santo, tomaram o poder na Ordem dos mendicantes. São Francisco se exilou no monte Subiaco, nas grutas em que gostava de cantar à face de Deus. Queimou toda a tristeza. E voltou, de alma nova como são novas as manhãs. Amanheceu de novo a comunidade que criara. Morreu em paz. — Voltaria hoje? Conseguiria queimar todas as suas lágrimas, para ver de novo, ouvir de novo a brisa suave na voz dos seus passarinhos? Permitiríamos que voltasse? Talvez preferíssemos deixá-lo no seu exílio. A alegria de Deus nos pesa, hoje. Parece uma loucura com a qual não sabemos lidar. Não há remédio para ela. Precisamos com urgência assustada cuidar da tristeza dos santos. Da insuportável tristeza de Deus. l Em cena. Lenine e sua banda apresentam o show “Carbono” no Espaço Cultural BNDES: noite de sucessos e clima de afeto no palco e nos bastidores A GRANDE FAMÍLIA Lenine faz show no Centro cercado pelos seus amores: os três filhos e os netos, Tom e Luna JOSÉ EDUARDO AGUALUSA 3ª MARCUS FAUSTINI 4ª 5ª 6ª FRED FLÁVIA ZÉLIA COELHO OLIVEIRA DUNCAN SAB MARCIO TAVARES D'AMARAL DOM FERNANDO GABEIRA Maior evento de decoração da cidade, o Casa Cor volta ao coração da Zona Sul na próxima edição. No ano passado, a mostra aconteceu na Villa Aymoré, na Glória, depois de dois anos seguidos na Barra. Em outubro, ela vai se instalar num casarão na Rua Marquês de São Vicente, na Gávea, que pertence à família de Celso Rocha Miranda, um dos donos da extinta PanAir. Como é a casa Em estilo eclético, com elementos da arquitetura colonial e muitas referências da arquitetura clássica, a mansão tem mais de mil metros quadrados e fica num enorme terreno, com direito a lago e jardim projetado por Burle Marx. ‘Vai lá só pra você ver!’ Os filhos. João, Bernardo e Bruno Os netos. Tom e Luna com o avô N O cantor, que chama o neto de “Toroncontoncho”, está acostumado com a zona das crianças, afinal, não é a primeira vez que elas tomam conta do pedaço. Tom e Luna adoram ir a shows e crescem nas coxias, já que o pai, João Cavalcanti, também é músico. o camarim de Lenine não tem essa de concentração, não — e os netos do compositor, Tom, de 6 anos, e Luna, de 5, chegaram bagunçando os bastidores do Espaço BNDES, onde ele fez o show “Carbono”, anteontem. l “Vovô, o que é aquilo ali?”, perguntou Luna, de olho grande no bolo de chocolate que estava sobre a mesa. Não sobrou pedra sobre pedra. Vovô Lenine olhava os dois cheio de orgulho e, na hora da foto, foi ensanduichado pela dupla. l João, claro, estava lá, ao lado do irmão Bernardo. O clima era de afeto e carinho também no palco — Bruno Giorgi, além de ser um dos produtores do disco do pai, toca guitarra na banda dele. PÉ NA JACA NA FESTA DA FIRMA PÁPRICA FOTOGRAFIA / DIVULGAÇÃO Nova moradora de São Conrado — ela está alugando o apartamento de Carolina Dieckmann, que se mudou para o Joá —, Grazi Massafera foi bem recebida no prédio, de frente para a praia. Mas tem moradora proibindo o marido de ir sozinho à piscina. É que, para evitar marcas nas costas, Grazi costuma desamarrar a parte de trás do biquíni quando pega sol deitada de bruços. A rapaziada fica bem ouriçada. Tudo OK Deram em nada as reclamações feitas ao Conar por causa da grafia “digitau”, da campanha dos serviços digitais do Itaú. Consumidores alegaram que a “licença ortográfica” do comercial poderia confundir as crianças e induzi-las ao erro, mas o banco informou que a propaganda foi dirigida aos adultos. O Conar concordou com a defesa e lembrou que o uso de neologismos é comum na publicidade. As mais de trinta denúncias foram arquivadas. Chama olímpica O revezamento da tocha olímpica completou um mês e já coleciona casos curiosos em sua travessia pelo país. Numa cidade de Pernambuco, um condutor queria porque queria levar a tocha num braço, e o falcão de estimação no outro. Na Paraíba, o pedido foi para acender a fogueira da festa junina com a chama olímpica. Ambos vetados: animais na rota podem se assustar e causar acidente, e acender fogueira com a tocha não teria aprovação do COI. Filme. Marcos Veras vive funcionário de RH : visão bem humorada do mundo corporativo O nome dela é Gal P Gal Costa vai ser a atração especial do show da turnê do Prêmio da Música Brasileira, em julho, na Sala Cecilia Meireles. A cerimônia de premiação acontece no Teatro Municipal, em junho, e depois o Prêmio viaja pelo país com o show em homenagem a Gonzaguinha e uma série de participações especiais. Gal só cantará na apresentação na Sala, que será dirigida por José Maurício Machline. ara Marcos Veras deveria ser proibido entrar com celular nas confraternizações de trabalho. “Teria menos constrangimentos no dia seguinte”, dizia ele, no set do filme “Festa da firma”, em que vive um funcionário de RH encarregado de organizar a festança de final de ano da empresa para melhorar o clima entre os seus funcionários. l O diretor André Pellenz (do campeão de bilheteria nos cinemas “Minha mãe é uma peça”) conta que a ideia do longa veio a partir da frase que acabou virando o título do filme. “A partir dela, a gente buscou uma história que mostrasse não só os bastidores de uma festa da firma, como também da própria empresa”, diz. l 2ª Fim do mistério “A gente vê de tudo nessas festas, né? Um dando em cima do outro, gente de mau humor porque está indo obrigado, gente que espera o ano inteiro para enfiar o pé na jaca. As pessoas vão se iden- Carnaval 2017 Estagiária. Giovanna Lancelloti: sotaque tificar”, garante Veras. “O mico clássico é a bebedeira, porque você tem que voltar no dia seguinte. Beber e vomitar é pior que subir na mesa pra dançar”. l Giovanna Lancellotti também está no elenco. Ela vive uma estagiária do interior e emprestou seu sotaque para a personagem — é a primeira vez que a atriz, nascida em Ribeirão Preto, não precisa mudar o jeito de falar para um trabalho. Coreógrafo da cerimônia de abertura do Pan de 2007, disputado no Rio, Renato Vieira assinou com a Portela e vai ser o responsável pela comissão de frente da escola no carnaval. Renato estreou na Sapucaí com a Grande Rio em 2002 e foi um dos jurados da “Dança dos Famosos”, do “Domingão do Faustão”. Rio $urreal Uma prosaica coxinha de galinha está custando R$ 9 no BB Lanches, no Leblon. l Segundo Caderno l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO VEJA A PROGRAMAÇÃO COMPLETA NO CELULAR OU ACESSE NO SITE: rioshow.com.br OS DESTAQUES DE HOJE DA PROGRAMAÇÃO CULTURAL Cinema ‘Vida selvagem’ Show Kiko Horta e Marcelo Caldi Show Erasmo Carlos Uma família nada convencional O som mágico da sanfona Entre sucessos e novidades Dirigido por Cédric Kahn, o longa francês “Vida selvagem”, que tem sessão especial na “Mostra 90 anos”, no Odeon, conta a história de Paco (Mathieu Kassovitz, na foto), um homem que vê sua vida mudar quando a mulher decide deixar o campo para se mudar com os filhos para a cidade. Sentindo-se traído, ele sequestra as crianças e as leva para viver em meio à natureza. Os dois acordeonistas acompanham a Orquestra de Sopros Pro Arte no show de lançamento do disco “Duas sanfonas e uma orquestra”, que homenageia a música nordestina. No repertório, canções de compositores como Sivuca, Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Djavan. Com abertura da banda Fuzzcas, o tremendão Erasmo Carlos apresenta o show de seu disco mais recente, “Gigante gentil”. O bad boy da Jovem Guarda e eterno parceiro de Roberto Carlos toca também os maiores sucessos de seus 50 anos de carreira, como “Festa de arromba”, “Minha fama de mau” e “Gatinha manhosa”. ONDE: Cine Odeon. Praça Floriano 7, Centro. QUANDO: Sáb, às 20h40m. QUANTO: R$ 18. CLASSIFICAÇÃO: 14 anos. l 3 ONDE: Espaço Cultural Escola Sesc. Av. Ayrton Senna 5.677, Jacarepaguá (3214-7402).QUANDO: Sáb, às 19h30m. QUANTO: Grátis (distribuição de senhas às 18h30m). CLASSIFICAÇÃO: Livre. O Bonequinho viu AÇÃO ‘A assassina’ ONDE: Imperator. Rua Dias da Cruz 170, Méier (2597-3897). QUANDO: Sáb, às 21h30m. QUANTO: R$ 30. CLASSIFICAÇÃO: 16 anos. Teatro ‘Tropicalistas, o musical’ Ritual antropofágico com toque Dzi Croquette Com o seu estilo contemplativo e introspectivo, o cineasta Hou Hsiao-hsien demonstra mais uma vez ser um artesão na construção de imagens abstratas que ilustram o drama de personagens contidos. Mario Abbade DRAMA ‘Campo Grande’ A cineasta Sandra Kogut destaca representantes de classes sociais diversas por meio de um olhar destituído de maniqueísmo. O filme tem muitas qualidades, como a atuação do elenco e determinação da diretora em não fazer concessões a um tom sentimental. Daniel Schenker DRAMA A vida do coreógrafo, diretor, cantor, ator e bailarino Ciro Barcelos está ligada à história do movimento tropicalista. A constatação é do próprio artista, que bem jovem fugiu de casa “em busca dos discos voadores, dos festivais de música de São Paulo e de tudo aquilo que dizia a música ‘Baby’, de Caetano Veloso”. — Sou um remanescente da Tropicália: minha adolescência foi acontecendo através dela, ela estava ali enquanto eu fazia o “Dzi Croquettes”. Logo virei amigo de Caetano, morei com Gal Costa... E acalentava a vontade de falar deste tema — diz Ciro, que assina roteiro e direção de “Tropicalistas, o musical”, que estreia hoje no Teatro Carlos Gomes. Mas, se caiu como luva, o projeto do espetáculo não veio fácil. Ciro recebeu o convite para encená-lo a apenas três semanas da estreia. Apesar de o elenco já estar a postos, apenas a trilha sonora de Tim Rescala estava pronta. — Tenho trabalhado 24 horas por dia. Não durmo há semanas. — observa Ciro, que partiu de sua história para montar a da protagonista, interpretada por Isadora Medella, que é absorvida por um ritual antropofágico com referências ao manifesto de Oswald de Andrade, à obra de Lygia Clark e a textos dele e de Zé Celso Martinez e Jorge Mautner. (Paula Lacerda) ONDE: Teatro Carlos Gomes. Praça Tiradentes s/nº, Centro (22150556). QUANDO: Qui a sáb, às 19h. Dom, às 18h. Até 19 de junho. QUANTO: R$ 40. CLASSIFICAÇÃO: 14 anos. FOTOS DE DIVULGAÇÃO ‘O outro lado do paraíso’ André Ristum (“Meu país”) recria o caldeirão brasileiro pouco antes do golpe de 1964 pelos olhos de um menino cujo pai (Eduardo Moscovis) leva a família de Minas para Brasília, onde adquire consciência política. Baseado em livro autobiográfico de Luiz Fernando Emediato. Sérgio Rizzo DRAMA ‘Ponto zero’ José Pedro Goulart aborda o doloroso rito de passagem de um adolescente. Abalado pela crise familiar, ele se mostra cada vez mais desnorteado – sensação realçada pela câmera instável. No elenco, cabe elogiar Patrícia Selonk, Eucir de Souza e, em especial, Sandro Aliprandini. Daniel Schenker COMÉDIA ‘Uma loucura de mulher’ A condução previsível da história e os exageros (evidenciados, em especial, nos figurinos) prejudicam o resultado dessa comédia de Marcus Ligocki Júnior, que começa nos bastidores do poder, em Brasília, e assume perfil mais romântico ao migrar para o Rio. Daniel Schenker COMÉDIA MUSICAL ‘Rock em Cabul’ Teatro ‘A salto alto – Entre gentilezas e extermínios’ Show Tiê Show Nando Reis Novas canções, a mesma voz leve Um banquinho e um violão Acrobacias circences e crítica social dão o tom do espetáculo “A salto alto — Entre gentilezas e extermínios”, que a companhia Circo no Ato leva à Fundição Progresso. A montagem parte da fábula de Cinderela, mas ela é toda desconstruída: fada, princesa e príncipe têm novos sentidos. A cantora e compositora Tiê leva ao palco do Teatro Rival o show de “Esmeraldas”, seu terceiro trabalho de estúdio, com canções como “A noite”, “Mínimo maravilhoso” e “Isqueiro azul”. O repertório da artista também traz músicas dos seus dois primeiros álbuns, “Sweet jardim” (2009) e “A coruja e o coração” (2011). O músico traz ao Rio a turnê “Ao vivo — No recreio”, na qual apresenta os maiores hits de seus mais de 30 anos de carreira, em formato voz e violão. Além de faixas da época dos Titãs, como “Os cegos do castelo”, ele toca “O segundo sol” e “All Star”, entre outras. ONDE: Espaço Armazém (Fundição Progresso). Rua dos Arcos 24, Lapa (2210-2190). QUANDO: Sex e sáb, às 20h. Dom, às 19h. Até 26 de junho. QUANTO: R$ 20. CLASSIFICAÇÃO: Livre. ONDE: Teatro Rival. Rua Álvaro Alvim 33/37, Centro (2240-4469). QUANDO: Sáb, às 21h. QUANTO: R$ 60 (lounge) e R$ 80 (mesa). CLASSIFICAÇÃO: 18 anos. ONDE: Metropolitan. Av. Ayrton Senna 3.000, Barra (2430-5100). QUANDO: Sáb, às 22h30m. QUANTO: De R$ 90 a R$ 200. CLASSIFICAÇÃO: 15 anos. A desconstrução de Cinderela Os bons momentos de Bill Murray salvariam a comédia, se roteiro e direção fossem menos ineptos. Um desastre na carreira de Barry Levinson (o cineasta de “Rain Man”), que desenha afegãos e americanos igualmente truculentos, caricaturais. Ely Azeredo FANTASIA ‘Warcraft — O primeiro encontro de dois mundos’ É educativo descobrir que existe bondade e maldade entre Orcs e humanos. Mas isso se aprende em cinco minutos de “Warcraft”. Todo o resto são efeitos especiais para apresentar uma mitologia difícil (e insossa) para quem não está acostumado ao gênero. André Miranda E SE TUDO EM QUE VOCÊ ACREDITAVA SOBRE SUA FAMÍLIA FOSSE MENTIRA? Classificados do Rio. Achou de verdade. classificadosdorio.com.br / 2534-4333 4 l O GLOBO l Segundo Caderno l Sábado 4 .6 .2016 Os destaques de hoje na TV FOTOS DE DIVULGAÇÃO Globo, 9h Acende a fogueira No “É de casa”, os apresentadores Ana Furtado, André Marques (foto), Patrícia Poeta e Zeca Camargo entram no ritmo da quadrilha com festa junina cheia de dicas e show da banda Calcinha Preta. Natalia Castro [email protected] Telecine Premium, 22h History, 21h45m TV Cultura, 19h55m Nat Geo, 13h15m ‘S.O.S. Mulheres ao mar’ ‘Gigantes do Brasil’ ‘Ilustrando a História’ ‘Mundo monumental’ Ao saber que a ex-noiva de André (Reynaldo Gianecchini) vai acompanhá-lo em um cruzeiro, Adriana (Giovanna Antonelli) recrutas suas amigas e vai atrás do namorado. Uma superprodução do canal, a série mostra a trajetória de quatro empresários brasileiros: Francesco Matarazzo, Percival Farquhar, Giuseppe Martinelli e Guilherme Guinle. O programa destaca a trajetória do compositor austríaco Mozart, relembrando desde a sua infância até a publicação de suas primeiras composições, passando pelas viagens pela Europa. O programa propõe um olhar sobre maravilhas naturais e construções épicas. A estreia mostra o empenho de um grupo em proteger uma região da Amazônia que sofre devido ao clima. Horóscopo POR CLAUDIA LISBOA (21/3 a 20/4) Elemento: Fogo. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Libra. Regente: Marte. Ao ser tomado pelo bom humor, você tem maior compreensão das coisas. Assim, trabalha melhor e fica de bem com a vida. É tempo de amenizar dificuldades levando a vida com um toque de alegria. LIBRA (23/9 a 22/10) Elemento: Ar. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Áries. Regente: Vênus. Quando você sente mais dificuldade em se relacionar, as práticas que visam a cuidar melhor de si podem ajudá-lo a encontrar o seu centro. É tempo de confiar na força que emana de seu coração. TOURO (21/4 a 20/5) Elemento: Terra. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Escorpião. Regente: Vênus. A doçura também pode ser utilizada como um instrumento que, como um ímã, atrai aquilo que deseja para si. É tempo de cultivar a afetividade, construindo relações que lhe oferecem estabilidade. ESCORPIÃO (23/10 a 21/11) Elemento: Água. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Touro. Regente: Plutão. Em vez de ficar a um passo do descontrole, você pode aproveitar a força extra para realizar melhor aquilo que está sendo dominado pela preguiça. É tempo de aproveitar a energia acumulada. GÊMEOS (21/5 a 20/6) Elemento: Ar. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Sagitário. Regente: Mercúrio. O interesse em experimentar novos métodos de trabalho pode fazer com que você ache maneiras de organizar melhor a rotina. É tempo de atentar para novidades que podem facilitar a vida. SAGITÁRIO (22/11 a 21/12) Elemento: Fogo. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Gêmeos. Regente: Júpiter. A impulsividade unida à impaciência pode colocar tudo a perder. Portanto, evite ações precipitadas para saber a hora certa de agir. É tempo de desenvolver a paciência para agir com mais assertividade. CÂNCER LEÃO (21/6 a 22/7) Elemento: Água. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Capricórnio. Regente: Lua. Este é o momento de dar prioridade às atividades que são exercidas com prazer, porque trazem ânimo e qualidade de vida. É tempo de deixar em segundo plano o que for menos importante. CAPRICÓRNIO (22/12 a 20/1) Elemento: Terra. Modalidade: Impulsivo. Signo complementar: Câncer. Regente: Saturno. (23/7 a 22/8) Elemento: Fogo. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Aquário. Regente: Sol. Apesar de todos os esforços, há ocasiões em que a insegurança é grande e parece paralisá-lo diante das dificuldades. É tempo de não ser tomado pelo desânimo gerado pela baixa confiança. AQUÁRIO Passar o tempo decidindo qual a melhor coisa a fazer pode lhe trazer cansaço. Talvez seja mais saudável permitir que alguém o ajude. É tempo de poder dividir a responsabilidade com outros. (21/1 a 19/2) Elemento: Ar. Modalidade: Fixo. Signo complementar: Leão. Regente: Urano. O equilíbrio ajuda na tomada de consciência que efetua uma boa crítica sobre o que se é ou não capaz de fazer. É tempo de estimular a autoestima tornando-se consciente do seu próprio valor. Logodesafio POR SÔNIA PERDIGÃO VIRGEM (23/8 a 22/9) Elemento: Terra. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Peixes. Regente: Mercúrio. Neste momento, dizer o que pensa sem se esquecer da delicadeza pode ser bom para não deixar dúvidas. É tempo de entender que atitudes suaves têm potencial de solucionar problemas. PEIXES (20/2 a 20/3) Elemento: Água. Modalidade: Mutável. Signo complementar: Virgem. Regente: Netuno. Ao dar atenção e cuidado a seus relacionamentos, você se fortalece, pois sua força e seu brilho estão na sua capacidade de unir. É tempo de se destacar por aquilo que melhor sabe fazer. Foram encontradas 35 palavras: 15 de 5 letras, 14 de 6 letras, 6 de 7 letras, além da palavra original. Com a sequência de letras AR foram encontradas 19 palavras. Instruções: Encontrar a palavra original utilizando todas as letras contidas apenas no quadro maior. Com estas mesmas letras formar o maior número possível de palavras de 5 letras ou mais. Achar outras palavras (de 4 letras ou mais) com o auxílio da sequência de letras do quadro menor. As letras só poderão ser usadas uma vez em cada palavra. Não valem verbos, plurais e nomes próprios. Solução: derme, dreno, endro, herói, hímen, honor, médio, menor, moído, morno, nédio, ordem, reino, ródio, rondó; dominó, enorme, enredo, idôneo, inerme, meeiro, meneio, moedor, moinho, moreno, remedo, remido, rodeio, romeno; demônio, medonho, moderno, remédio, remendo, renhido; REDEMOINHO. Com a sequência de letras AR: ardor, árido, armeiro, armênio, arminho, arre, arredio, arreio, arremedo, arrimo, arroio, dinar, erário, horário, maré, marido, marinho, marino, raro. ÁRIES Expediente EDITORA: FÁTIMA SÁ [email protected] l EDITORES ASSISTENTES: CRISTINA FIBE [email protected], EDUARDO FRADKIN [email protected], EDUARDO RODRIGUES [email protected], GABRIELA GOULART [email protected], HELENA ARAGÃO [email protected] l DIAGRAMAÇÃO: MARIANA MORGADO, PAULA FABRIS E TOMÁS BREVES l TELEFONES: REDAÇÃO: 2534-5703 l PUBLICIDADE: 2534-4310 [email protected] l CORRESPONDÊNCIA: Rua Irineu Marinho 35, 2º andar. CEP: 20233-900 l Segundo Caderno l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO DIVULGAÇÃO [email protected] DOIS A FAVOR COM FLORENÇA MAZZA, ANNA LUIZA SANTIAGO E RAFAELA SANTOS NÃO PODE ISSO E AQUILO Por conta das restrições impostas pela Classificação Indicativa, as cenas de Tancinha e Apolo em “Haja coração” serão bem mais leves do que as de 1987, em “Sassaricando”. O romance deles é marcado por grande atração sexual, mas naquela época a patrulha era menor. Veja você. 10 0 Para Marcelo Serrado, pelo Carlos Eduardo de “Velho Chico”, novela de Benedito Ruy Barbosa. O personagem, um sujeito nascido para ser coadjuvante na vida, já é um prato cheio para um ator. E ele está fazendo muito bem. Para o festival de tortas na cara em “Êta mundo bom!”. Anteontem, na mesa de doces do casamento frustrado (outra repetição), havia mais de um bolo para cada ator atirar. Chaaaato... Maria Prata entrevistou o estilista Nicolas Ghesquière para o “Mundo S.A.”, da GloboNews. Eles falaram sobre o trabalho dele na marca francesa Louis Vuitton. O programa vai ao ar esta noite O diretor de “1 contra todos”, Breno Silveira, com Júlio Andrade, o protagonista, nos bastidores de gravação da série. A estreia será no dia 17, no Fox Action, do Fox+ Bálcãs Estão interrompidas Olha que bacana. Um leitor da Bósnia-Herzegovina escreveu para cá contando que aprendeu português assistindo a novelas do Brasil. Ele mantém um site de debates. Lá, conversa com conterrâneos e interessados da Croácia, de Montenegro e da Sérvia. O endereço é http://www.forum.hr/ showthread.php?t=887908. A previsão é que as gravações da série sobre os Mamonas Assassinas, da Record, sejam retomadas no próximo dia 11. Os trabalhos recomeçarão pelas sequências de shows, que serão rodadas no ginásio Thomeuzão, em Guarulhos. Serão usados cerca de 200 figurantes e, posteriormente, efeitos de computação gráfica para multiplicar a plateia. ÉO AMOR Luiz Villaça trabalha no roteiro da terceira temporada de “Três Teresas”, série estrelada por Denise Fraga e dirigida por ele no GNT. Foi uma encomenda do canal. Além disso, dirigirá “Há vagas para o amor” e supervisiona “De perto ninguém é normal”, protagonizada por Júlia Rabello. ARQUIVO PESSOAL AQUI, O HAITI DIVULGAÇÃO SOBRE MODA PATRÍCIA KOGUT l 5 Luciano Huck está em Porto Príncipe, no Haiti, gravando com o Exército Brasileiro para o seu “Caldeirão”. A foto é nas ruas da capital Cultura de TV Territórios Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, que costumam fazer citações em suas novelas, repetirão a dose em “A lei do amor”. Otávio Augusto será o senador Venturini. É uma referência a Dom Lázaro Venturini, personagem de Lima Duarte em “Meu bem meu mal”. E Titina Medeiros foi batizada de Ruth Raquel, como as gêmeas de “Mulheres de areia”. Lorena Comparato, que fará a novela das 19h “Rock story”, também estará em “Os TOCs de Dalila”. A série é do Multishow. ... E mais Denise Saraceni quer gravar as externas da novela das 21h antes das Olimpíadas, quando o trânsito estará complicado. Uma das locações é o Parque Madureira. É lá que se passará a ação da praça de São Dimas, cidade da ficção. Só um pedacinho do lugar será replicado no Projac. Hamilton Vaz Pereira Cinema Juliano Cazarré será um chefe da máfia no filme “Virando a mesa”, estrelado por Bruno Gagliasso. Marco Luque também integra o elenco. O longa está previsto para o ano que vem. Adiantado Daniel Ortiz já entregou 42 capítulos de “Haja coração” à produção. E 30 deles estão gravados. NA WEB patriciakogut.com O mundo da televisão passa por aqui. Visite. DIVULGAÇÃO O ALQUIMISTA DO TEATRO Ciclo de leituras na Cidade das Artes revisita quatro décadas da obra do diretor do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone ALINE MACEDO [email protected] L “Trate-me leão”. Perfeito Fortuna, Nina de Pádua, Regina Casé, José Paulo Pessoa e Patricya Travassos na montagem dos anos 1970 Dramaturgo. Hamilton Vaz Pereira comanda ciclo DIVU INA RIST ÃO/C LGAÇ observando, e vou tecendo personagens, trajetórias, monólogos, diálogos, que eu não sei exatamente para que servem. Em um determinado momento, vou juntando lé com cré e, quando vejo, tenho um espetáculo. É então que começo a procurar colegas, dinheiro, teatro — diz Vaz Pereira, procurando explicar seu processo de criação. Luana Martau, do humorístico “Tá no ar”, faz parte do elenco jovem que participa da primeira leitura. A atriz, que afirma ter o trabalho do Asdrúbal Trouxe o Trombone como referência, acredita ATO GRAN á se vão mais de 40 anos e “uns 20 textos” escritos desde que, junto ao grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, Hamilton Vaz Pereira pintou na cena teatral, levando para o palco umas transas diferentes, com jovens assaltando o armário de bebidas dos pais para tomar Vat 69, curtindo um som na vitrola e ficando doidões de Mandrix em meio a um passeio pelas esquinas do Rio. Ícone cultural da época em que o regime militar começava a afrouxar a pressão sobre os artistas, “Trate-me leão”, que estreou em 1977, será a primeira peça apresentada no ciclo de leituras “O cão comendo mariola — Para ler e para ouvir”, que revisita a obra de Vaz Pereira na sala III da Cidade das Artes. A partir de hoje, a cada sábado do mês de junho, o diretor e dramaturgo comanda a leitura de uma peça diferente, uma para cada década de sua carreira, sempre às 20h. O projeto nasceu quando ele começou a revisitar sua obra com o objetivo de organizar o acervo para publicação. O único texto disponível em livro é justamente o clássico que abre o ciclo. As leituras seguem com “Ataliba, a gata safira”, escrita nos anos 1980 em parceria com Fausto Fawcett (dia 11); “Nardja Zulpério”, que será lida pela própria Regina Casé, intérprete do monólogo durante a década de 1990 (dia 18); e “A Leve, o próximo nome da Terra”, uma utopia futurística em que o planeta é rebatizado como Leve, em consonância com um novo espírito humano (dia 25). — Eu fico em casa, mexendo o meu caldeirão, anotando coisas, que o público atual não vai ter dificuldade em se identificar com as questões colocadas por “Trate-me leão". — As gírias transportam para uma outra época, mas os anseios dos jovens, ou a sensação de estar perdido no mundo político permanecem. É bacana ver como continuamos buscando uma forma de mudar o mundo. l “O CÃO COMENDO MARIOLA — PARA LER E OUVIR” ONDE: Cidade das Artes — sala III. Av. das Américas, 5.300 (4003-1212). QUANDO: De hoje a 25/6, aos sábados, às 20h. QUANTO: R$ 20. CLASSIFICAÇÃO: Livre. MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DO RIO DE JANEIRO, SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA, FUNDAÇÃO TE ATRO MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO E SICPA BR ASIL apresentam BALLET E ORQUESTRA SINFÔNICA DO THEATRO MUNICIPAL PIOTR I. TCHAIKOVSKY MÚSICA • JAVIER LOGIOIA REGÊNCIA JUN 10, 14, 15, 17 E 18 20H JUN 11 E 12 17H APOIO PATROCÍNIO REALIZAÇÃO COREOGRAFIA YELENA PANKOVA, BASEADA NA CRIAÇÃO ORIGINAL DE MARIUS PETIPA E LEV IVANOV INFORMAÇÕES E INGRESSOS (21) 2332 9191 www.theatromunicipal.rj.gov.br 6 l O GLOBO l Segundo Caderno l Sábado 4 .6 .2016 Sublinhado Novo livro do escritor português explora relação entre homem, animal e máquina - “Animalescos”/ Gonçalo M. Tavares/ Editora Dublinense “no final do século, os homens sem se mexerem aproximam-se de um limite e por isso há muitos que escondem a cabeça debaixo de um barruço que lhes tapa as orelhas e parte dos olhos, há mesmo quem se tape por completo e finja ser cego e assim entre no novo século” Volume faz parte da Coleção Gira, dedicada a autores lusófonos Romance engenhoso do mexicano Álvaro Enrigue, convidado da Flip, atravessa continentes e séculos para narrar as origens da modernidade DIVULGAÇÃO/ZONY MAYA A INVENÇÃO DO PRESENTE GUILHERME FREITAS [email protected] “A descrição de uma obra de arte, assim como o relato de um sonho, interrompe e arruína a narração”, escreve Álvaro Enrigue a certa altura de “Morte súbita” (Companhia das Letras). A frase pode ser lida como uma provocação a quem se arriscar a resumir o engenhoso romance que o autor mexicano apresentará na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa em 29 de junho. Uma descrição possível, mas insuficiente, começaria pela cena de abertura de “Morte súbita”. Em 1599, num dia ensolarado em Roma, o pintor italiano Caravaggio e o poeta espanhol Francisco de Quevedo se enfrentam em uma partida de pallacorda — ancestral do tênis. Um dos eixos do romance é a insólita cadeia de eventos que junta na quadra o inventor da pintura moderna e o escritor que encarnou o conservadorismo do Império Espanhol. Não menos insólita é a bola do jogo, feita com os cabelos de Ana Bolena, a rainha da Inglaterra decapitada em 1536. CONQUISTA DA AMÉRICA A partir dessa premissa fantasiosa, “Morte súbita” se expande no tempo e no espaço, convocando um elenco de figuras históricas decisivas das origens da modernidade, na transição do século XVI para o XVII. Como em um jogo de tênis, o romance se alterna entre Caravaggio e Quevedo. A história do pintor abre caminho para reis e rainhas de Itália, Inglaterra e França, papas e burocratas do Vaticano, artistas e mecenas. A narrativa sobre o poeta conduz o leitor às intrigas da corte espanhola e à sangrenta conquista da civilização asteca de Moctezuma pelo navegador Hernán Cortés. Tudo isso em apenas 250 páginas, alinhavadas por um narrador que, enquanto recebe e-mails alarmados da editora, vai se enredando cada vez mais nas pesquisas para o livro. — Este não é um romance histórico. É um romance com Caravaggio, com Cortés, com Moctezuma, mas não sobre eles. É uma meditação, em chave de ficção, sobre o mundo em que nós vivemos — diz Enrigue, nascido no México em 1969 e radicado nos EUA, onde é professor de literatura na Universidade de Princeton. Enrigue situou o ro- “Morte súbita” mance na vi- Álvaro Enrigue rada do sécu- ROMANCE lo XVI para o Trad. Sérgio XVII porque Molina. Ed. aquele foi “o Companhia momento em das Letras, que se inven- 256 pgs. tou grande R$ 44,90 parte do que vai mal em nosso mundo”, diz. Cita a formação do sistema bancário, com o fim da condenação religiosa ao lucro, e os primeiros passos da globalização, com os entrepostos comerciais europeus na América. — Os habitantes do século XVI enfrentaram desafios parecidos com os nossos. Para eles, com as navegações, a Terra se tornou redonda como uma laranja. Assim como nós, com os aviões e a internet, eles achavam que tinham o mundo na palma da mão — diz Enrigue, autor de mais sete livros de ficção, todos inéditos no Brasil, e casado com a escritora mexicana Valeria Luiselli, que também estará na Flip. “Morte súbita” explora a origem violenta da globalização ao narrar a queda de Tenochti- ............................................................. tlán, antiga capital do Império Asteca e atual Cidade do México, pelas mãos de Cortés, o espanhol bruto que tinha como lema a frase “minha bola direita é o Santo Padre, e a esquerda é o Sacro Imperador Carlos I”. Mas também mostra o fascínio despertado na Europa pelas culturas americanas, por meio de objetos que deslumbram Caravaggio, como um conjunto de mitras indígenas feitas de penas coloridas. — A Europa moderna não pode ser compreendida sem levar em conta a América, mas essa é uma herança que ainda precisamos reivindicar. Porque o capital que financiou a modernidade europeia veio das colônias, claro. Mas também pelo aporte das culturas americanas à Europa — diz Enrigue. — Para autores latino-americanos, parece que ainda é mais importante ser publicado na Espanha do que em seu próprio país. É como se o centro continuasse a ser a metrópole. Essas e outras reflexões sobre o presente surgem no romance com um tom irônico e inventivo, que recusa as convenções do realismo. A meio caminho entre a ficção e o ensaio, “Morte súbita” parece ser a resposta de Enrigue a outra provocação que aparece no livro: a de que uma obra de arte só mereceria ser lembrada “se alterasse a linha que a História vai desenhando”: — Noventa por cento do que se conta no livro é real, inclusive o mais inverossímil. Meu desafio foi tornar a História um pouco mais razoável. l Álvaro Enrigue. “Os habitantes do século XVI enfrentaram desafios parecidos com os nossos”, diz o autor mexicano l Segundo Caderno l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO l 7 Sem tradução Publicado há 50 anos, livro da poeta americana, inédita no Brasil, ganhou Pulitzer - “Viva ou morra”/ Anne Sexton Nascida em 1928, a poeta americana Anne Sexton lutou contra a depressão durante toda a vida e fez dessa luta um dos temas centrais de sua obra. Publicou os primeiros poemas ainda jovem, em revistas como “New Yorker” e “Harper’s”. Em oficinas de literatura na Universidade de Boston, conheceu Sylvia Plath, com quem costuma ser comparada. Em 1966, lançou seu livro mais aclamado, “Live Crítica O suicídio assombra o quinto romance do goiano André de Leones. Não é fácil viver e morrer em Goiás. No interior, na capital, em qualquer lugar. Cristiano é o protagonista-câmera de “Abaixo do paraíso”. Sempre na companhia dele, o leitor tentará encontrar o propósito de viver. Durante uma semana, de segunda a segunda. E somos todos — protagonista, personagens e leitores — fugitivos de um assassinato involuntário. Se o início é titubeante, quando ainda não temos certeza se a escrita continuará sendo pura pose, com seus cortes supostamente bacanas, aos poucos o narrador nos fisga. Impõe ritmo com capacidade ímpar de cavar atmosferas desoladoras. Apartamentos mal ajambrados, velhos quartos de hotel e de motel, bares vazios. Roupas mofadas, cinzas pelo chão, tapetes surrados. São tristes os cenários urbanos, mesmo dentro da modernidade de Brasília. O autor de “Dentes negros” escreve livros que conversam entre si. A trama roteirizada parece ter como partida e destino a cidade da infância, a pequena Silvânia. O que está enraizado? Primeiro, a narrativa da memória que traba- ROMANCE DE UM PAÍS EM TRÂNSITO lha entre o flashback fluente e o presente pegajoso. Entram aí as histórias que constituem uma comunidade mínima e provinciana: fofocas, boatos, ouvir dizer, reconstituir casos da vida alheia em detalhes nem sempre verificáveis. No paraíso terreno, goiano e infernal, a amizade e o sexo são componentes de redenção. O imaginário bíblico está por todos os lados. No título, na epígrafe colhida em Jó, no nome do pai (Lázaro), na volta do filho pródigo à casa paterna. Nossa personagem principal vive “dias de aflição” entre Goiânia, Anápolis, a capital federal e Silvânia. Deambula, esbarra em outras solidões e dialoga (sem falsear) para contar parte da cultura do CentroOeste brasileiro. “Abaixo do paraíso” traz também elementos de narrativa policial, quase sem querer. Os crimes estão ligados à política estadual, o que dá um toque de atualidade ao romance. A violência pontual do protagonista entra em contraste com a bruta- SÉRGIO DE SÁ “ABAIXO DO PARAÍSO” AUTOR: André de Leones EDITORA: Rocco PÁGINAS: 256 PREÇO: R$ 29,50 COTAÇÃO: Ótimo lidade ignorante que o autor enxerga como traço regional. No olhar antropológico, há espaço pra uma sensibilidade de paixões e amores exagerados. Sim, o Centro-Oeste não se dá a compreender com facilidade. No retorno à família, inclusive em relação carnal proibida, Cristiano encontra conforto. Está longe dos lugares onde se bebe demais, onde se corre demais. Na manhã do último dia, pai, madrasta, meia-irmã, Cristiano e melhor amigo comem juntos o milho transformado em pamonhas. Comunhão. Todos contam histórias. De amigos que se mataram e que morreram em alta velocidade. São sobretudo confissões, acertos de conta com o passado. André de Leones, 36 anos, hoje morador de São Paulo, é capaz de misturar tempos narrativos de forma, na maior parte das vezes, sutil. Tem um ótimo timing para diálogos, com raras derrapagens. Encontrou no cerrado sua paisagem inspiradora, seu tronco retorcido e vivo. Mistura urbano e rural para dar conta de um país indefinido, em trânsito, ainda tosco e já antenado. Como seu personagem principal, desfere chutes intuitivos que tomam rumo certeiro. “Abaixo do paraíso” é seu melhor livro. Recorda o pequi. O leitor estranha, aproxima-se desconfiado, vê o amarelo vibrante, sente o cheiro forte, lambe o fruto, acaricia. E aprende, pela linguagem de um narrador prodigioso, que não deveria morder. A isca estará sempre a uma distância perigosa. Chegar ao caroço significa dor, sombra, morte simbólica. Daí a necessidade inerente de escapar. O autor foge até de retratar Brasília como a cidade da sujeira política. O romance transcorre nesse fio entre o prazer da carne e os espinhos (dor lancinante na língua e no céu da boca), entre uma cultura previsível e a incerteza envolvida no risco de partir. Abocanhar o pequi é uma forma de suicídio. Por enquanto, a deriva. Por quê? A resposta está no começo e no final do romance, reverberando a canção: “Ainda é cedo”, diz o jovem Cristiano. Ainda é cedo para morrer. Nunca tarde para ler. l Sérgio de Sá, autor de “A reinvenção do escritor” (Editora UFMG), é professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília Loredano Raduan Nassar Escritor mineiro, ganhador do Prêmio Camões 2016 FASE RACIONAL COMPRO LIVROS E CDS A Fase do 3º Milênio, da Imunização Racional, anunciada há séculos passados e revelada agora pela cultura racional nos livros UNIVERSO EM DESENCANTO UM OUTRO LADO DA HISTÓRIA or die”, premiado com o Pulitzer de poesia no ano seguinte. Os poemas do volume têm os versos livres, o tom confessional e os temas autobiográficos marcantes de sua carreira, que teve fim precoce em 1974, quando ela cometeu suicídio, aos 45 anos. No Brasil, apesar de seus livros nunca terem sido traduzidos, vida e obra da poeta inspiraram a peça teatral “Sexton”, que estreou em 2013. Outros Livros e CDs 2215-3528 ou 2532-3646 Classificados do Rio. Achou de verdade. classificadosdorio.com.br / 2534-4333 EM MEIO À CRISE, O SALÃO DO LIVRO DA RESISTÊNCIA LEONARDO CAZES [email protected] N um contexto de crise econômica, suspensão do principal programa governamental de compra de obras literárias e de queda expressiva na produção de livros infantis e juvenis no Brasil, como mostrou a pesquisa sobre o mercado editorial em 2015 divulgada na quartafeira passada, o Salão do Livro para Crianças e Jovens, organizado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), chega à maioridade como um espaço “de resistência e de defesa da cultura escrita”, nas palavras da secretária-geral Beth Serra. A 18ª edição do Salão está mais enxuta do que em anos anteriores, reflexo das dificuldades enfrentadas pelas editoras desde o ano passado. Ainda assim, estão previstos cerca de 30 lançamentos de livros entre os dias 8 e 19 de junho no Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova. A entrada custará R$ 6. Um dos destaques da programação é a presença de uma comitiva de autores, ilustradores e especialistas da Espanha, país homenageado neste ano. Beth conta que haverá uma exposição de livros nas quatro línguas faladas em diferentes regiões: espanhol, catalão, basco e galego. Outro destaque são as bibliotecas. Haverá espaços para bebês, crianças e adolescentes, como nos anos anteriores, além do espaço do ilustrador, onde artistas desenham nas paredes na frente das crianças. A novidade de 2016 é a Biblioteca Olímpica, com obras infantis de 50 países que participarão dos Jogos Olímpicos, em agosto. — Os países estarão representados nas suas línguas, com obras cedidas pelos nossos parceiros. O que é a Olimpíada? É um evento que nasce com o desejo de paz, um armísticio. Nossa missão é contribuir para a paz através dos livros, permitir que as crianças conheçam o outro a partir das suas histórias — diz Beth. A notícia que o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) tinha sido suspenso chegou durante a edição passada do Salão. Na época, a FNLIJ escreveu uma carta aberta pedindo que a decisão fosse revista, o que não aconteceu. Em 2015, apenas o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) adquiriu obras e até aumentou suas compras em comparação com o ano anterior. Beth questiona a opção pelos didáticos em detrimento das obras literárias infantis e juvenis. Ela lembra a longa tradição da literatura para crianças e jovens no Brasil, iniciada por Monteiro Lobato e seguida por Ziraldo, Ana Maria Machado e Lygia Bojunga: — Quantitativamente, o gasto com o PNBE é muito menor do que o do PNLD. O livro didático não forma leitor, é o livro de literatura que vai formar o leitor. O exemplo está nos nossos índices de leitura. O PNBE foi criado em 1998 e teve continuidade. A suspensão é terrível. Para retomar um programa desses é complicado. l 8 l O GLOBO l Segundo Caderno l Sábado 4 .6 .2016 DIVULGAÇÃO/INSTITUTO AUGUSTO BOAL REPRODUÇÃO Na Espanha. O diretor Augusto Boal em 1977; ao lado, trecho de carta de Fernanda Montenegro, em abril de 1984 Exposição no IMS apresenta pela primeira vez as cartas trocadas pelo diretor teatral Augusto Boal enquanto esteve fora do país, entre 1971 e 1986 CORRESPONDÊNCIA DO EXÍLIO LEONARDO CAZES [email protected] “E sta carta está meio esculhambada. Se eu for parar para caprichar, nunca que termino. Um grande abraço pra você, pra Cecília e pra todos aí. Aliás, meio na brincadeira, outro dia comecei a botar letra num chorinho do Francis Hime que é mais ou menos assim”, escreve Chico Buarque para o diretor teatral Augusto Boal, então exilado em Lisboa, em uma carta datada de 25 de julho de 1975. Em seguida, Chico mostra o rascunho dos versos do que viria a ser a canção “Meu caro amigo”. No ano seguinte, Boal recebeu uma fita cassete com a música. É a fita onde o amigo manda notícias do Brasil e “um beijo na família, na Cecília e nas crianças”. A carta e a gravação estão na exposição “Meus caros amigos — Augusto Boal — Cartas do exílio”, que abre hoje no Instituto Moreira Salles (IMS) e apresenta pela primeira vez a correspondência do diretor e criador do Teatro do Oprimido com amigos, poetas, escritores, atores e intelectuais. As cartas compreendem o período entre 1971 e 1986 e fazem parte do acervo do Instituto Augusto Boal, comandado pela viúva do diretor, Cecília Boal. — As cartas são individuais e coletivas ao mesmo tempo, pois A ARTE CHAMA A ATENÇÃO PARA VAZIOS DA CIDADE ‘Permanências e destruições’ ocupa ilha de Luz del Fuego, torre abandonada de Niemeyer na Barra e espaço no Alemão NANI RUBIN [email protected] D esde 1967, quando Luz del Fuego foi assassinada por dois pescadores, a Ilha do Sol, na Baía de Guanabara, perdeu o brilho. A casa onde a bailarina morou e criou a primeira associação de naturismo do país encontra-se em ruínas; o terreno à volta, abandonado. Hoje e amanhã, no entan- trazem observações do contexto histórico, cultural e político do momento em que foram escritas — afirma o curador Eucanaã Ferraz. — O assunto principal é o trabalho, o teatro. Tudo gira em torno disso. As cartas também deixam entrever o carinho dele pelos interlocutores. Augusto Boal assumiu a direção do Teatro de Arena em 1956, a convite de Sábato Magaldi e Zé Renato. O grupo promoveu uma revolução estética no teatro brasileiro nas décadas de 1950 e 1960 e, após o golpe de 1964, seus membros passaram a sofrer com cerco da ditadura militar. Em fevereiro de 1971, Boal foi preso e torturado por dois meses. Após deixar a prisão, partiu to, o local será “despertado”. A artista Aleta Valente, cujo trabalho gira em torno de autorrepresentação e sexualidade, instalará ali a Ilha do Sol Photo Studio, provocando os visitantes a posarem nus, com ela, numa ação que tem o propósito de recuperar a memória do lugar e criar “uma confusão entre mito e veracidade”. — Quero trazer os corpos nus para dentro da ilha de novo, como uma espécie de ressuscitação, e conseguir que as pessoas se questionem sobre a relação com seu próprio corpo — diz ela. A performance é uma das três que acontecerão no local, dando início à segunda edição de “Permanências e destruições”, do Programa de Arte Pública do Oi Futuro (permanenciasedestruicoes.com.br). As outras são de Jonas Arrabal e Ronald Duarte — Arrabal proporá ao visitante ficar num bote a 20 metros da ilha, num distanciamento cujo objetivo é chamar a atenção para a Baía; Duarte fará uma instalação nas rochas. — Este ano, pensamos, como conceito, em espaços que não só estivessem em estado de abandono, mas que tivessem múltiplas camadas de interpretação, colocando um embate entre realidades — diz o curador João Paulo Quintella. para o exílio em Buenos Aires. — Ele era muito otimista, muita gente falava que ele podia ser preso, mas o Boal não acreditava — lembra Cecília, em um dos depoimentos em vídeo da exposição. Os anos fora do país foram muito produtivos para Boal. Na Argentina, ele desenvolveu a estrutura teórica do Teatro do Oprimido. Cinco anos depois, com o golpe militar no país, o diretor e a família foram obrigados a se exilar novamente, agora em Lisboa. No entanto, o passaporte de Boal tinha sido cassado pela ditadura brasileira. As cartas mostram sua angústia com a situação: multiplicavam-se os convites do exterior por causa da repercussão do seu trabalho, mas ele não podia atendê-los. Foi preciso entrar com um processo contra o governo para conseguir o documento. Após dois anos em Portugal, Boal se mudou para Paris, onde pôde criar um centro para pesquisa e difusão do Teatro do Oprimido. É neste período que ele recebe uma carta da atriz Fernanda Montenegro, escrita no dia da votação da emenda pelas eleições diretas para presidente, em abril de 1984: “Espero que, ao acordar, as ‘Diretas-já’ tenham sido aprovadas. O Congresso está cercado pelo exército. Dizem que pra proteger as instituições! Deus nos acuda. Censura geral”. É o caso também da Torre H, na Barra. O prédio residencial de 37 andares foi projetado nos anos 1970 por Oscar Niemeyer, e jamais concluído. O imenso esqueleto cilíndrico faz um contraponto às obras aceleradas na Zona Oeste da cidade. — É uma estrutura impossível de não ser percebida e ao mesmo tempo é fantasmática. Muito impressionante, para uma quantidade de concreto como aquela — observa Quintella. VENOSA MOSTRA PERFORMANCE E INTERVENÇÃO Lá, em dois fins de semana deste mês (dias 11/12 e 18/19), os artistas Angelo Venosa, Daniel Albuquerque, Janaina Wagner, Igor Vidor, Anton Steenbock e a dupla This Land Your Land se utilizarão da arquitetura desabitada para promover ações. Vidor, por exemplo, instalará uma cama elástica em cima da torre, criando uma experiência única, de reverberar a altura no próprio corpo. Já Venosa, escultor consagrado, vai mostrar uma performance e uma intervenção escultórica. Na primeira, um copo de água será transferido de mão em mão até atingir o topo; na segunda, o pequeno espaço da porta de um apartamento até a janela será percorrido Apesar da torcida de Fernanda, a emenda não passou, e Boal só retornou ao Brasil em 1986, após o início da redemocratização. Sua correspondência mostra que a ditadura que o torturou e exilou lhe causou imensa dor, mas não impediu o desenvolvimento da sua arte. l “AUGUSTO BOAL — CARTAS DO EXÍLIO” ONDE: Instituto Moreira Salles (Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea). QUANDO: Abertura hoje, às 17h; de ter. a dom., das 11h às 20h; até 21/8. QUANTO: Entrada franca. CLASSIFICAÇÃO: Livre. NA WEB oglobo.com.br/cultura Veja fotos e cartas de Augusto Boal no exílio através de um túnel de tecido. — A primeira é uma ação muito simples, banal, uma maneira de experimentar no corpo o que é aquele prédio, sentir a escala — diz Venosa. — Já com o túnel quero fazer a arquitetura sumir em volta, promover uma experiência do local que drible a arquitetura. Nos dias 25 e 26, o projeto será concluído com ações no Morro do Alemão. O objetivo, ali, é outro: qualificar um terreno para torná-lo espaço de lazer. — Em vez de convidar um artista para responder ao espaço com uma ideia, o “Permanências” entra como uma mão a mais para movimentar uma roda já existente ali — diz Quintella, que estabeleceu uma parceria com o Raízes em Movimento, instituto formado por moradores, e com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, que desenvolve uma disciplina de urbanização alternativa no local. l “PERMANÊNCIAS E DESTRUIÇÕES” ONDE: Ilha do Sol, Torre H e Morro do Alemão. QUANDO: De hoje a 26 de junho. Programação completa no site permanenciasedestruicoes.com.br. QUANTO: Grátis. CLASSIFICAÇÃO: Livre. DIVULGAÇÃO Ilha do Sol. Local onde morou Luz del Fuego terá ações hoje e amanhã ARNALDO BLOCH: a coluna volta a ser publicada no dia 11 de junho OGLOBO SÁBADO 4.6.2016 oglobo.com.br DESIGN MARINA RIBAS CRIOU UM MÉTODO QUE INVESTIGA AS EXPERIÊNCIAS AFETIVAS PARA DECORAR A CASA. PÁGINAS 4 E 5 GENTE COMO A GENTE A ATRIZ NATALIE PORTMAN DIZ QUE FAZ MALABARISMOS PARA SE DIVIDIR ENTRE O CINEMA E A FAMÍLIA. PÁGINA 18 ROQUEIRO DELICADO PARA FREJAT, A BELEZA DO AMOR ESTÁ EM SUA COMPLEXIDADE: MELHOR DO QUE MANDAR FLORES, É TRATAR O OUTRO COM CARINHO. PÁGINAS 2 E 3 CAMISA NANA MORAES (R$ 479) Osklen 2 l O GLOBO l ela l Sábado 4 .6 .2016 ROQUEIRO DELICADO JACQUELINE COSTA [email protected] s traços são másculos, a voz é grave e rouca, as rugas e alguns poucos ent a. cab elos bra nco s tam inte ress ant e e me alim . bém marcam presença Sempre tem assunto. tor, posi com e ta sso à arris Cantor, guit Frejat sabe que faz suce anos, é Roberto Frejat, aos 54 as mulheres. com beça caesse posum tipão. Só pelo olhar, — Acho que tenho uma tanto acho rioca pode se transformar tura masculina. Não me o com , ado o don ach aban me or num mai feio, mas também não o paro da música que fez com Tem também a postura ito. bon louo quanceiro Cazuza, quanto num os de palco ou a que tenh aria o puco apaixonado que limp do estou me comunicand pé a iria que e rô as dão met cois s do Essa trilhos nte. ame blic no m mulhedo Rio a Salvador. Foi assi uma sensação para as o fotoPasdia em que Nana Moraes res de que é um homem. o, moç mau de ura nça . grafou. Fez cara sam um a cert a seg vestir o sabe óat hist Frej na o... eal moç bom Tem, sim, sex app o. personagem. mas não é nada planejad ria, r: falta lhe aliFôlego parece não É o meu jeito de ser. Não Ele . vida na sannem o, pen nem no palc mento e nem trabalho estrada tivo — não para de pôr o pé na do nisso. Não é um obje gravar sua mupara shows, não deixa de diz ele, que revela que diu deci s, Aliá e nem de compor. lher é, sim, ciumenta. a a cada viveu gravar uma música nov Muito novo, Frejat con , “Mais eira ta prim A es. mes dois ami gos gay s. Ele con com (fiita sexualido que tudo”, ainda inéd que isso o fez ter uma s), ana sem s dua cou pronta há dade muito tranquila. ao lado. que ele apresenta na página — Vários amigos tiveram ca, o aMais uma balada românti unonalizar porque, na verd raci perg refuque é a deixa para uma de, o primeiro ímpeto era itáinev mas a, made graç ta meio sem tar, achar esquisito, ver . A resComevel: “Você é romântico?” neira preconceituosa. ”: e posta é meio que um “não a conviver com o Cazuza cei tem te gen a aos 18 — Na verdade, com o Ezequiel Neves que r amo de por s gen ana um as ima anos e foi muito bac ipasão meio óbvias, estereot a ca foi pro blemátic o. nun que um , taldas . Qua ndo voc ê vive siPra mim, foi fácil. Pra eles me as il história de amor mesmo, vez tenha sido mais difíc com s mai to garo mui uma são tuações entender. Hoje, vejo que a plex as e pro fun das do muito aberta. Ao mesmo tada é que co o ran ço gente imagina. É lógi tem po, vejo um velh você vê tinham muito bonito quando daquelas pessoas que que o idos l casa rme de um de eno s história culd ade difi a um to. mui sexualicontinu a se gos tand o ver outras formas de avô Minha mãe conta que meu adade como normais. ixon apa nte com ame era complet Sexo, para ele, melhora último do pela minha avó até o Frejat até fala mai s po. tem o a um ro hor : dia. Não me con side devagar, para explicar mel ca nao, tem pes soa mui to rom ânti — Você fica mais calm dar man vou , pres “Ah os a que la cois menos ansiedade, men delicaflores”. Mas sou um cara o fica melhor : tanto pro Tud sa. de tido her. do e atencioso no sen homem quanto pra mul fico filhos tratar a pessoa bem. Não . E Pai do tipo que leva os ento grud ce a sou pare não o, e que com mimand ico méd ao te gen , tam bém não gos to de iões de escola, ele diz que reun — mim grudenta em cima de hoje, anda angustiado. fade bou s (aca mai no diz o geminia — Criar filho é a coisa 21 de cipa lzer aniv ersá rio, no dia difí cil do mu ndo, prin carinho maio). — Abraçar para te no mom ento que eles men do cola ir Cometudo bem, mas dorm estão passando agora. porque iões, não rola. Ain da mai s çam a ter as próprias opin que ta. con — o tem rent você calo e sou ria vida próp a um e pode Ele não dá a receita para medir o ponto até ond está há impor casamento longo, mas interferir. Eu não quero Aliria resá emp quer a você às vezes, 29 anos com , mas a, nad dois eça ce Pellegatti, mãe de seus de r das coisas e isso com sabe nte ha vida filhos — Rafael (estuda a incomodá-los. A min s dua de te gran itia esFilosofia e inte na estrada não me perm que Julia, de de semana em bandas), de 20 anos, e fins nos tar a gou sem16. Rindo, Frejat, que che outros pais estavam, mas grafia cursar seis meses de Geo capre estive presente. de uê de porq o na UFRJ, conta Filho de mãe descendente tudo: neses e pai descensar de papel passado e polo us jude em , Frejat — A gente se conheceu dente de árabes católicos idimos , é do 87. No ano seguinte, dec se diz organizado. Em casa sermos casa 95, Em con morar juntos. tipo que troca lâmpada, cheio saco de tava eu . ário que por ta porta de arm onde leda Alice chegar à cidade — Dou um trato na casa ao cara ndo eu tava tocando, dizer gal. Nin gué m che ga dize her mul ha min a mbo é rebi do hotel que que o problema é da ta oue ouvir um “Tá bom, con parafuseta e leva um dida ca to. a ele, tra”. Começou a ficar cha nheiro. Não rola — avis tor elha Voltando à música, o can que não come carne verm rock do ção stica, gera giná da é anos, faz — que 18 os e desd que m. anos 80 e que fez canções de musculação e massage ória para ajudam a contar a hist Frejat diz que não liga que bra lem — bom is mui tos casa grifes, mas dá valor a um tar can de o s gost feito seu tem u , descobri mamente Ulti e. cort coao , em histórias de amor logo seus ternos com Camargo : solo meçar seu trabalho São Paulo. dão bem, — Can to amo res que Beber, ele diz que bebe o, amocert dão não que o, cert só se estiver entre amigos. mas s, ávei que res doentes, amores saud —Não sou uma pessoa os os tindo beagressivos, doces. Tod bebe todo dia, mas qua é ntal ime sent que ho erso Ten pos. O univ bo é para ficar alto. to do ámui to rico e exp õe mui num ambiente confort r esta s toda que é o ser humano, em vel e confiável. os os tod em e as qua lida des Ele é puro êxtase. l isso é seus defeitos. Acho que O NANA MORAES CANTOR DE TODOS OS TIPOS DE AMOR Coordenação: Gilberto Júnior.es. Edição de Moda: Bebel Mora mento Beleza: Josef Chasilew. Trata s. de Imagem: Ana Maria Rodrigue Video: Orlando Ávila. SUÉTER (R$ 479) VR. Calça (R$ 2.300) Ermenegildo Zegna. Anéis Monica Pondé (R$ 795) e Antonio Bernardo (R$ 830). Botas (acervo) Editora: Renata Izaal ([email protected]) Coordenador de moda: Gilberto Júnior ([email protected]) Diagramação: Anderson Barboza ([email protected]) Telefone/Redação: 2534-5000 Publicidade: 2534-4310 E-Mails: [email protected] | [email protected] – oglobo.com.br/ela | facebook.com/ElaOGlobo twitter.com/cadernoela | www.instagram.com/cadernoela ANA CRISTINA REIS VOLTA A ESCREVER NO DIA 18 DE JUNHO l ela l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO l 3 ROQUEIRO DELICADO NANA MORAES FREJAT PRA RECOMEÇAR BERNARDO ARAUJO [email protected] “H oje eu acordei com sono/ Sem vontade de acordar/ O meu amor foi embora/ E só deixou pra mim/ Um bilhetinho todo azul com seus garranchos...” Emoldurando a genialidade de Cazuza, o DNA de Roberto Frejat, um moleque de 20 anos, está em pérolas como “Bilhetinho azul”, parceria da dupla registrada no primeiro disco do Barão Vermelho, de 1982. Em 34 anos de rock’n’roll, o guitarrista convertido em (bom) cantor não serviu exclusivamente ao amor — já cantou “Declare guerra”, “Fúria e folia” e “Pedra, flor e espinho”, entre outras —, mas sua essência é a do homem e artista delicado, sensível. Muitos sucessos do Barão, com e sem o parceiro Caju (como ele chama Agenor Miranda de Araújo Neto), seguem a vertente, como a derramada “Por você”, a obra-prima “Todo amor que houver nessa vida” e até a despeitada “Não amo ninguém”. Na carreira solo, iniciada em 2001 com “Amor pra recomeçar”, o homem dos figurinos e das guitarras impecáveis deixa mais claro seu pendor para o romantismo, desde aquela canção (“Desejo que você tenha a quem amar/ E quando estiver bem cansado/ Ainda exista amor pra recomeçar”, parceria dele com Maurício Barros e Mauro Sta. Cecília) até pérolas mais recentes, como a inédita “Mais do que tudo”, impressa na foto ao lado. Nesta, o parceiro EXCLUSIVO MAIS DO QUE TUDO (Roberto Frejat e Alvin L.) QUERO QUE ELA SEJA LINDA ALTA E USE MINISSAIA QUERO QUE ELA PARE O TRÂNSITO E PROVOQUE UM MAREMOTO NA PRAIA ´é outro veterano do rock brasileiro, o letrista Alvin L., que escreveu os versos “E tudo o que eu posso te dar/ É solidão com vista pro mar”, do sucesso “Não sei dançar”, de Marina. Uma união de lobos em pele de cordeiro: o espírito punk de Alvin, que assina canções como “Freiras lésbicas assassinas do inferno” (gravada por sua antiga banda, os Sex Beatles, e por Dinho Ouro Preto no projeto Vertigo) e já integrou o grupo Vândalos, com o rock-é-rock-mesmo de Frejat, que reza pela cartilha de monolitos do gênero como os Rolling Stones (cujos shows no Brasil abriu em 1995, com o Barão) e o The Who. EU QUERO QUE ELA FALE LÍNGUAS E SEJA VIAJADA EU QUERO QUE ELA TENHA TUDO E NUNCA LIGUE PRA NADA UMA PRINCESA NA MESA E UMA FERA NA CAMA E MAIS DO QUE TUDO EU QUERO QUE ELA DIGA QUE ME AMA QUERO QUE ELA USE CORES E ESCOLHA SEMPRE A MAIS BONITA SEJA UM HARÉM NUMA SÓ E SERÁ SEMPRE A FAVORITA DE CAETANO A TIM MAIA No show atual, Frejat bem poderia seguir o caminho fácil (e até óbvio) de enfileirar sucessos de sua autoria e deixar o povo cantar, mas a persona do artista não vai por aí. Há duas semanas, na Fundição Progresso, ele começou com os clássicos “Divino maravilhoso” e “Você não entende nada”, de Caetano Veloso, para só então mandar “Maior abandonado”, de sua própria lavra. Um medley do ídolo Tim Maia deixa mais do que claras as segundas intenções: antes de mais nada, a paixão. Afinal, todo mundo tem um ponto fraco. l NA WEB VÍDEO oglobo.com/ela No site do Ela, os bastidores do ensaio com Frejat PALETÓ (R$ 1.190) e calça (R$ 499) VR. Camisa (R$ 398) Richards. Gravata (R$ 595) Ermenegildo Zegna. Óculos (R$ 798) Giorgio Armani na Lunetterie SEJA IMPOSSÍVEL PROS OUTROS E SEMPRE FÁCIL PRA MIM QUE NÃO QUEIRA COMPROMISSO MAS FIQUE COMIGO ATÉ O FIM UMA PRINCESA NA MESA E UMA FERA NA CAMA E MAIS DO QUE TUDO EU QUERO QUE ELA DIGA QUE ME AMA DIA DOS NAMORADOS NO SHOPPING LEBLON CONCORRA A 100 PARES DE INGRESSOS PARA OS JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016. De 01/06 a 12/06 a cada R$800,00 em compras, troque por 1 cupom e concorra a 2 ingressos para os Jogos Olímpicos Rio 2016. Serão sorteados 100 pares de ingressos, 10 pares por dia. Sorteios a partir do dia 04/06. Participe! Regulamento completo no site e no stand da promoção (2° piso). Promoção exclusiva para residentes na cidade do Rio de Janeiro. Promoção Autorizada - Certificado de Autorização SEAE n° 06/0213/2016. 4 l O GLOBO l ela l Sábado 4 .6 .2016 FOTOS DE LEO MARTINS MARINA RIBAS em uma das três camas que ficam na sala de seu apartamento na Gávea A DESIGNER MARINA RIBAS ABRE A SUA CASA E FALA SOBRE OS CONCEITOS DE ARQUITETURA EMOCIONAL E N’ON D’ECOR LÍVIA BREVES [email protected] H á dois anos, a designer Marina Ribas encarou o seu novo apartamento: um espaço vazio, aberto e pronto para receber uma nova história. Um grande cubo branco (com vista para a Lagoa e o verde, e ainda com pátios e varandas) era o lugar perfeito para aplicar a sua arquitetura emocional, conceito que criou e que leva para a decoração a in- timidade e as vivências do morador. Hoje, o apartamento em que mora com o marido Fred Gelli, também designer, é um reflexo das histórias dos dois, harmonizado por uma estética afinada. É aconchegante e cool, daqueles que dá vontade de tirar o sapato e se esparramar. Tem um mix de móveis de design contemporâneo, memorabília, obras de arte assinadas por Marina (como as instalações com cadeiras da série “Intrestrutura”), miudezas coletadas em vi- agens, instrumentos musicais, um altar budista e muitas plantas no teto, no chão, na parede. — Trouxemos nossas bagagens, nossos acervos de vida, nossos afetos. E isso é o que faz com que os ambientes nos tragam felicidade. A nossa casa tem que nos despertar bemestar — conta Marina, e continua. — Este apartamento é uma soma de vidas, da minha e a do Fred, pessoas com muitas histórias e móveis. O principal para dar certo foi oferecer liberdade e espaço para o ou- NA SALA, peças de design, obras de arte assinadas por Marina, móveis herdados e plantas: tudo harmoniza tro, além da aceitação das necessidades e dos gostos individuais. Não lutamos contra o acervo do outro, adicionamos, combinamos, juntamos. Aceitamos as histórias anteriores e criamos uma nova, resignificando as coisas. Além de sofás, poltronas de Sergio Rodrigues e Charles Eames e ainda uma cadeira-arte Red and Blue de Gerrit Thomas Rietveld, há três camas na sala de estar. As peças fazem parte da trajetória do casal, itens que eles não queriam dis- Oferta válida até 11/06/2016. A MISTURA DE VÁRIOS AFETOS LEO MARTINS Sofá Lazio R$ a partir de 1.790,00 à vista ou em 3x Outros padrões sob encomenda CASASHOPPING BL. C - 2º PISO • 3329-3080 maisondesign.com.br pensar. A solução com um quê inusitado, porém certeira no quesito “sinta-se em casa”, foi pensada porque Marina e Fred tinham tanto carinho por elas que passá-las adiante não era uma possibilidade. — A minha cama de solteira, que amo, é mais alta e ficou na altura da janela que dá para a mata. Encaixou perfeitamente. Virou um espaço gostoso para a leitura. No ambiente onde colocamos o piano do Fred está uma outra maior, de casal, onde fico deitada ouvindo-o tocar. Nas festas que fazemos, elas são concorridas: todos querem ficar esparramados nelas — comenta a designer. A casa tem uma tendência ao colecionismo. Além de móveis, conchas trazidas de praias pelo mundo e penas, há uma cristaleira com insetos secos, como besouros e borboletas, quase todos encontrados sem vida dentro do apartamento. — Começamos a guardar os bichinhos por acaso. Volta e meia nos deparávamos com um deles e, de tão lindos, não tinha coragem de jogar fora, como normalmente aconteceria. Fiz o oposto: coloquei em um lugar de destaque — diz. Para montar os ambientes, Marina leva em conta a luz, a brisa e a forma. — É arquitetura e não feng shui, vale frisar — explica ela, que já levou o seu conceito para empresas e, agora, pretende fazer projetos residenciais. A ideia é que o morador en- contre em casa um lugar de alegria, conforto e identidade. Arquitetura emocional não é algo que pode ser construído para uma pessoa, precisa ser feito junto com a pessoa. Algumas casas possuem ambientes “doentes”, aqueles que nunca estão arrumados, viram espaço para entulhar coisas. Marina explica que estes locais só são curados quando o dono também se envolve. — O primeiro passo é entrevistar as pessoas que moram ali para entender a dinâmica do ambiente. Conhecer as movimentações e as necessidades do espaço — explica ela, que segue fazendo um diagnóstico, lista o acervo da pessoa e, só depois, pensa na construção do décor da casa. — A minha ideia é fazer com que as pessoas sejam melhores a partir do lugar onde moram. Marina chama o seu trabalho também de non d’ecor, uma metodologia própria e intuitiva, que, ela explica, foi desenvolvida após anos atuando no mercado de moda, fazendo visual merchandising e interiores de lojas. — O cliente relata suas angústias e desejos. Observo o ambiente, que sempre fala por si. A minha narrativa é uma resposta a este cenário. Penso que se você não é feliz na sua casa, também não será fora dela. Ou então vai precisar estar sempre fora — destaca Marina. Afinal, não há lugar como o nosso lar. l Sábado 4 .6 .2016 A MISTURA DE VÁRIOS AFETOS l ela l O GLOBO FOTOS DE MARINA RIBAS QUARTO do casal é espaçoso para ambos terem conforto. Pendurado, o vestido de noiva de Marina O PÁTIO da casa, onde, aliás, fica a quarta “cama de estar” CADEIRAS garimpadas em antiquários, caçambas e doadas ao redor da mesa de jantar; ao fundo, a cama de solteira que virou lugar preferido para a leitura l 5 LEO MARTINS 6 l O GLOBO l ela l Sábado 4 .6 .2016 LINIKER: cantor já confessou que escrevia cartas de amor, mas não tinha coragem de entregá-las LEILA PENTEADO CORRESPONDÊNCIA AMOROSA É MOTE PARA EVENTOS E PARA A OBRA DE ARTISTAS É HORA DE FALAR DE AMOR RENATA IZAAL [email protected] O português Fernando Pessoa, sob o heterônimo de Álvaro de Campos, cunhou a descrição elementar sobre a correspondência amorosa: “Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.” Mas o ridículo parece ensaiar um retorno. Em tempos de comunicação instantânea via aplicativos, quem diria, as cartas de amor pipocam aqui e ali no Rio: no sábado, a cravista Rosana Lanzelotte comanda o concerto “Cartas Leopoldinas” na Sala Cecília Meireles. O mote: os 200 anos da chegada da Missão Artística Francesa ao Brasil e, que amor, o aniversário do noivado do príncipe Pedro de Alcântara com a princesa Leopoldina. As cartas dela serão lidas no concerto (saiba mais na página ao lado). Já na segunda-feira, a Go, Writers, uma escola itinerante de criação em escrita, promove um curso na Casa Ipanema para “amadores”. Nada a ver com o grau de profissionalismo dos escritores, mas com sua capacidade de amar e expressar sentimentos no papel. A partir das cartas de amor de gente como Yoko Ono e Karl Marx, os alunos aprendem a técnica colocando no papel suas experiências amorosas. — Esse retorno às cartas de amor é um sinal. Podemos perceber o inconsciente coletivo vibrando nessa necessidade de se falar de amor. — afirma a psicanalista Beatriz Breves, presidente da Sociedade da Ciência do Sentir, que estuda os sentimentos e as sensações humanas. — No momento em que a comunicação é fugaz, em que tudo é descartável e impessoal, a carta traz a ideia do permanente. Ao contrário do corta e recorta da escrita no computador, uma carta de amor fala de uma ligação afetiva mais profunda, sólida, personalizada e presente. Ela afirma que o amor prevalece — explica Beatriz. Expoente da nova geração da black music brasileira, o cantor Liniker, líder da banda Liniker e os Caramelos, já confessou em entrevistas que, mais jovem, escrevia cartas de amor, mas não tinha coragem de entregá-las. Assim, passou a dedicar-se à música para externar seus sentimentos. Mais ou menos o que diz o Go, Writers em sua página no Facebook: “tem coisa que só sai da gente por escrito.” — De fato, podemos olhar para esses eventos em torno das cartas de amor como um grito de socorro. Se vivemos um cotidiano violento, se as relações são vazias e não há delicadeza entre as pessoas, faz sentido querer falar de amor. Assim, fala-se da questão humana, porque o amor traz com ele uma série de experiências, como as angústias, o sofrimento, as alegrias, a aceitação... — conta Beatriz. O amor está no ar no Rio de tal forma que já extrapola as cartas. No dia 11, véspera do Dia dos Namorados, acontece uma nova edição da festa Novo Romance. Segundo os organizadores, a ideia é “trabalhar a afeição profunda ao outro, a ponto de estabelecer um vínculo afetivo intenso, capaz de doações próprias”. l Agenda amorosa Cartas Leopoldinas: Sala Cecília Meireles, sábado, 20h Go, writers para amadores: Casa Ipanema, segunda, 19h Festa Novo Romance: Topo do Rio, 11 de junho, 23h30m l ela l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO l 7 A PARTIR da esquerda, a cravista Rosana Lanzelotte, o violinista Felipe Prazeres e a atriz Carol Castro REPRODUÇÕES É HORA DE FALAR DE AMOR UMA PRINCESA APAIXONADA B asta percorrer os livros de História do Brasil para se perceber que à Imperatriz Leopoldina é atribuído um papel secundário. Dela, quase nada se sabe, além da narrativa triste que dá conta da desilusão amorosa que viveu com um marido que não tinha pudor em levar a público as suas relações extraconjugais. De olho nesse triste legado, a cravista Rosana Lanzelotte aproveitou o aniversário de 200 anos do noivado de Leopoldina e Pedro para trazer à cena a personalidade da aristocrata. No concerto“Cartas Leopoldinas”, que acontece hoje à noite na Sala Ce- cília Meireles, as cartas da Imperatriz ganham leitura da atriz Carol Castro entre peças musicais de Neukomm, Kozeluch e do próprio Dom Pedro I, autor do “Hino da Independência”. — Leopoldina é sempre retratada como uma mulher triste. Mas ela era culta, conhecia música e tinha interesse em política. — conta Rosana, que destaca a importância das cartas para a compreensão da vida de Leopoldina. — O roteiro do concerto se situa entre 1816 e 1822, uma época feliz na vida dela, que escrevia sobre amor, música e a consciência de seu papel na corte. l ANSIOSA PELO CASAMENTO E PELO MARIDO “BELO” O acordo de casamento entre Leopoldina e Pedro foi firmado em 1916. A união do herdeiro do trono português com uma Habsburgo era vista como uma oportunidade de colocar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves no mapa das relações internacionais. Cheia de expectativas em relação ao marido prometido e ao novo país, Leopoldina escreveu: “O Rio de Janeiro é a capital do novo reino e meu bom papai me prometeu em casamento ao futuro rei, o Príncipe D. Pedro”. Sua viagem a partir de Viena, teve escala na Itália, onde ela embarcou no navio que a trouxe ao Rio. Leopoldina não escondia a ansiedade (“Não vejo a hora de chegar ao Brasil”) e derretia-se por Pedro a quem conhecia apenas por um retrato em forma de medalhão que lhe fora dado pelo Marquês de Marialva: “Pedro é extraordinariamente belo, tem olhos magníficos e um belo nariz. Gosto até dos seus lábios, mais grossos que os meus. Estou enlouquecida, olho para o retrato sem cansar. Tão belo quanto Adônis!,” escreveu a austríaca. Chegada ao país em 1817, ela escrevia à Viena amorosa e contente: “Todos são anjos de bondade, especialmente meu querido Pedro”. l LEOPOLDINA: paixão pela música CONTENTE COM A VIDA MUSICAL NA CORTE PORTUGUESA L eopoldina preparou-se para vir ao Brasil. Ciente de que a corte portuguesa instalada no Rio gostava de música, ela trouxe consigo um rico acervo de partituras, com obras de Mozart, Beethoven, Schubert, Neukomm e Kozeluch, que hoje integram a Coleção Teresa Cristina Maria, doada por Dom Pedro II à Biblioteca Nacional. A música era uma paixão da austríaca: — Nas cartas, a princesa Leopoldina mostra-se contente ao saber que havia uma cena musical no Rio. Ela constantemente escrevia à família em Viena contando de suas experiências musicais no Rio — diz Rosana, reafirmando que a cidade tinha, de fato, uma vida musical fértil com a presença do austríaco Sigismund Neukomm e do Padre José Maurício, na Real Capela. Já vivendo no Brasil, ela escreveu sobre o músico, seu conterrâneo: “Posso contar com a graça de ter a presença nesta corte do pianista Sigismund von Neukomm, austríaco como eu. Ele chegou em 1816 com o Duque de Luxemburgo, mas já constava na lista dos artistas da Missão francesa desembarcada poucas semanas antes. Neukomm foi um dos discípulos mais apreciados por Joseph Hadyn e era muito amigo de minha mãe.” l EM OBRA DE Simplício de Sá, Leopoldina, D. Pedro I e os filhos DIVULGAÇÃO TV GLOBO/CAIUÁ FRANCO CAROL CASTRO figurinos de época e estudo dos textos de Leopoldina CAROL CASTRO LERÁ AS CARTAS DE LEOPOLDINA: ‘UMA MULHER INTELIGENTE, ENGAJADA E FORTE’ A atriz Carol Castro fará a leitura das cartas de Leopoldina no concerto. No espetáculo, ela e o elenco usarão figurino inspirado nas roupas de época e confeccionado por alunos de Moda da Universidade Veiga de Almeida. Como você se preparou para a leitura? Tentei me aprofundar na história da Leopoldina. Li a corres- l pondência dela, que foi uma mulher inteligente, engajada e sofrida, mas forte. Perdeu um filho e não fraquejou. Foi um breve mergulho nessa parte da nossa história. l Há algum momento particularmente tocante nas cartas? A relação de Leopoldina com a maternidade é bonita. Quando dá à luz a primeira filha, ela se revela muito amorosa, afirmando como a Maria da Glória herdara os seus olhos azuis e chamando aquele momento de “celestial”. Como quase todas as mulheres, ela aparece na história como uma coadjuvante, mas além do papel de mulher e Imperatriz, Leopoldina também era interessada em política. Algumas cartas deixam clara a sua influência na independência do Brasil. Sua rotina para o concerto é muito diferente da de atriz? A música tem um processo diferente do teatro. Nós atores ensaiamos juntos por bastante tempo até a estreia do espetáculo. Já os músicos estudam sozinhos quase sempre e têm poucos encontros antes do concerto. Para o espetáculo de hoje, eu fiz o meu primeiro ensaio ao lado de todos os músicos apenas ontem. (R. I.) l l 8 l O GLOBO l ela l Sábado 4 .6 .2016 A HISTÓRIA DE CLAUDE E CLARISSE TROISGROS: DO COMEÇO “ERRADO” AO CASAMENTO MARCO ANTONIO REZENDE O CUPIDO ACERTOU NA COZINHA JACQUELINE COSTA [email protected] N o dia 2 de fevereiro de 2017, Claude Troisgros e Clarisse Sette Troisgros fazem uma década juntos. A data já está, como em todos anos, bloqueada na agenda do chef. Neste dia, curtem um jantar a dois e dormem no Copacabana Palace. Mas Clarisse lembra, rindo, que eles começaram errado. E segue contando a história dos dois: — Eu era gerente do GNT e ele fazia parte do casting, como ainda faz. Eu negociava contratos e a parte comercial. Teve o episódio de uma viagem para a África do Sul que gerou um mal-entendido e eu bati o pé e disse que iria cancelar a viagem. Naquele momento, ele começou a me detestar. Mas, à tarde, Claude me ligou, revendo sua posição. O capítulo seguinte foi uma reunião com a equipe do programa para planejar a tal viagem. Clarisse, 43, disse que Claude, 60, mal conseguiu disfarçar o desconforto quando soube que ela também embarcaria: — Eu, ato contínuo, relaxei quando resolvemos aquele mal-entendido. Só que ele foi super frio ao descobrir que eu ia. Acho que ficou com vontade de desistir de novo! No dia do embarque, Claude se manteve educado, mas distante. Clarisse conta que chegou toda fofa porque a situação do trabalho, afinal, já havia sido resolvida. Passaram uma semana juntos. — O Claude é muito fácil de lidar e eu também. Não tínhamos mais motivos para brigar. Tudo funcionou e a gente ficou muito próximo. Quando voltamos, ele me procurou. Foi tinhoso, insistente. Como Claude é muito sedutor, foi muito difícil não me envolver . Apesar de sedutor, o chef não sabia dizer “Eu te amo”. Ele mesmo conta que foi com Clarisse que aprendeu a dizer essas palavras tão mágicas para qualquer relacionamento, seja amoroso ou familiar. — Por uma questão cultural, na França a gente não se abre muito para os outros. Até meus 20 e poucos, meus pais nem deixavam eu me abrir. Nunca tinha dito “Eu te amo” nem para o meu pai, nem para minha mãe, nem para os meus filhos. Já a Clarisse, até por conta dos anos de terapia, fala isso o tempo todo e pra todo mundo. Outro dia, escrevi “Eu te amo” no final de uma mensagem para a minha filha e ela respondeu perguntando se eu tinha bebido! — ri. Terapia de casal os dois já fizeram. Mas o inusitado é que foi antes do casamento, que aconteceu em 2009. Claude é pai de Thomas, de 34, e Carolina, de 32. Clarisse tem Julia, de 25, e Bento, de 14. — Foi fundamental. Como as coisas aconteceram muito rápido com a gente, era normal fazer de tudo pra se adaptar ao outro. Só que aí os defeitos ficam escondidos. Foram só três sessões, mas elas criaram um vínculo que nos deixou muito seguros para o movimento que estavámos fazendo — afirma Clarisse. Para os dois, o papo de “preservar a individualidade” não é lugar comum. Vivem isso de uma forma bem natural. — Saio para jantar com amigos homens e não tem nenhuma questão. O Claude, por outro lado, não tem uma vida social tão individualizada. Só que ele ama viajar. Se não posso ir junto, ele pega a moto e vai pra Búzios. Além disso, todo ano, faz uma viagem de um mês com algum amigo. — Uma das melhores coisas é liberdade com respeito. Cada um pode fazer as suas coisas, sem se sentir preso — ele diz. Quando não combinam em ARQUIVO PESSOAL CLAUDE E CLARISSE em casa. Abaixo, o casal no dia do casamento, em 2009, com os filhos de cada um. Do lado esquerdo, os de Clarisse. Do direito, os de Claude algo, negociam. Claude é organizadíssimo. De Clarisse, já não se pode dizer o mesmo. — É o jeito dela, mas me acostumei. Eu coloco tudo no mesmo lugar: chave, óculos, celular. Vejo um esforço grande da parte dela para melhorar. E aí Clarisse admite que tem mesmo tentado mudar: — Sou o contrário dele, mas me esforço para ser mais organizada. Fico atenta para não mudar nada de lugar. Quando a gente viaja, ele chega ao ponto de querer saber a hora que vou acordar no dia seguinte. — Gosto de me programar. Mas a única coisa que me irrita mesmo é atraso, porque francês é todo certinho nisso — diz ele. Enquanto Claude continua com o programa “Que marravilha”, no GNT, e com os restaurantes do grupo que leva seu nome, Clarisse fez, há seis anos, um mudança brusca na vida profissional. E o chef foi fundamental para isso: — Trabalhava com TV e mudei para o Terceiro Setor. Não seria possível se o Claude não tivesse atento à minha angústia. Fui ficando desconfortável com esse novo modelo de mercado corporativo e foi ele quem me mostrou o que eu não estava conseguindo ver — lembra Clarisse, que hoje é diretora voluntária do abrigo Lar Luz e Amor, em Bonsucesso, e diretora administrativa da ONG Movimento Humanos Direitos. l Nos Classificados do Rio achou uma oportunidade, achou de verdade. Ofertas atuais com fotos e navegação inteligente. classificadosdorio.com.br 2534-4333 l ela l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO l 9 REPRODUÇÕES A CIDADE vista do Peninsula, um dos hotéis mais luxuosos de Paris A VERSÃO FRANCESA DO PENINSULA MISTURA O CLÁSSICO E A TECNOLOGIA SOB O CÉU DE PARIS A FACHADA do hotel, que fica perto do Arco do Triunfo GILBERTO JÚNIOR [email protected] Q uando se está num quarto, com um closet confortável, no qual basta um toque — no tablet, que fica logo na mesinha de cabeceira — para abrir e fechar a cortina, acender e apagar a luz e controlar a temperatura, é difícil criar coragem para deixar tudo para trás. Mas estamos em Paris e o hotel Peninsula, vizinho do Arco do Triunfo, é muito mais do que um “controle remoto" eficiente — e produtos de banho da grife Oscar de La Renta disponíveis na banheira. O L'Oiseau Blanc, um dos restaurantes do espaço, por exemplo, tem uma vista da cidade de tirar o fôlego (pense na Torre Eiffel toda iluminada — existe coisa mais romântica?). A piscina coberta — e com cascata — é um luxo. Acrescente à lista o spa, com oito cabines privadas (incluindo duas suítes para casais), e salas de ginástica. E fique pronto para esbarrar a qualquer momento com uma es- trela na recepção. Que tal deparar-se com Kendall Jenner, a meia-irmã supermodelo da socialite Kim Kardashian, prendendo os cabelos antes de enfrentar um grupo animado de fãs e paparazzi que a esperavam na calçada. Mas nem a presença de um dos integrantes do clã Kardashian-Jenner consegue ofuscar a instalação “Dancing Leaves”, com 800 folhas de cristais artesanais criadas pelo ateliê Lasvit, da República Tcheca, disposta no lobby. Tudo no Peninsula é opulento. l A IMPONENTE escadaria logo na recepção PRÉDIO FOI NO PASSADO O HOTEL MAJESTIC, QUE HOSPEDOU GERSHWIN O prédio, uma construção do século XIX com detalhes haussmanianos e neoclássicos, foi no passado o Hotel Majestic, inaugurado em 1908 — foi no local que o compositor americano George Gershwin fez “progressos consideráveis", na primavera de 1928, no poema sinfônico “An american in Paris”. O Peninsula Paris passou a funcionar em 2014, após uma restauração que incluiu as facilidades dos anos 2000. Esta unidade é recente se comparada à primeira da rede, administrada pela companhia The Hongkong and Shanghai Hotels, que abriu as portas em 1928, em Hong Kong. Não à toa, é possível detectar os “genes” asiáticos aqui ou ali na versão parisiense. O restaurante Lili parece ser um pedaço da China dentro do edifício, com destaque no menu para o dim sum. Na seara da gastronomia, o Le Lobby, o “coração” de todo hotel Peninsula, serve, com bastante estilo, um chá da tarde animado, com biscoitos de figo, bolinhos ingleses e rabanada francesa. l O QUARTO é elegante e high-tech Shopping Village Mall - 21 3252 2570 A PISCINA do hotel é dessas de tirar o fôlego Diamond Collection 10 l O GLOBO l ela l EM UM RELACIONAMENTO SÉRIO. R$500,00 em compras = 01 PAR DE INGRESSOS E BOAS RISADAS, NO STAND UP COMEDY NO TEATRO BRADESCO DO VILLAGEMALL. Sábado 4 .6 .2016 l ela l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO l 11 A DIOR levou seu desfile cruise 2017 para o Palácio de Blenheim RIO, HAVANA E LONDRES FORAM OS DESTINOS DA TURMA DA MODA PÉ NA ESTRADA A turma da moda viajou como nunca nas últimas semanas. Depois de Havana (cenário do desfile cruise 2017 da Chanel) e Rio (a Louis Vuitton mostrou sua mais recente coleção em Niterói), a Inglaterra foi o destino. A Dior armou seu es- petáculo no Palácio de Blenheim: a ideia era misturar os estilos francês e britânico. E deu liga. Na passarelas, decotes sinuosos, gargantilhas fortes e reinterpretação do clássico tailleur Bar, além de uma rica estamparia e um trabalho interessante de volumes. A dupla suíça Lucie Meier e Serge Ruffieux segue no comando criativo desde a saída de Raf Simons. l REPRODUÇÕES GILBERTO JÚNIOR [email protected] REUTERS A GUCCI mostrou seu cruise 2017 na Abadia de Westminster TONS PASTEL e militarismo na coleção cruise da Chanel UMA EXPLOSÃO DE CORES CUBA DOS MEUS SONHOS A N Abadia de Westminster, em Londres, foi palco para o estilista Alessandro Michele apresentar o excêntrico cruise 2017 da Gucci. Foram 96 modelos e uma explosão de cores, com o tradicional mix de referências que o estilista italiano faz como poucos. Michele investiu em peças cheias de personalidades — ou vai dizer que uma saia xadrez com um cãozinho bem no centro passaria em branco? Não faltaram brilhos, florais e toques masculinos. O look segue com perfume vintage, mas com a cara das ruas de hoje. l os últimos tempos, Cuba vem servindo como locação para grandes ensaios. Sempre atento, o alemão Karl Lagerfeld levou a apresentação cruise da Chanel para Havana. Com Gisele Bündchen na primeira fila, a maison francesa jogou suas fichas no militarismo (o verde, não à toa, despontou como uma das cores mais relevantes da coleção), na questão dos gêneros (o guarda-roupa do homem é uma inspiração forte) e na alfaiataria. Os tons pastel também têm sua importância, assim como os vestidos festivos. l A caravana da Louis Vuitton, capitaneada pelo estilista Nicolas Ghesquière, teve dias animados no Rio de Janeiro. Só se falou do desfile cruise que a casa armou no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, o MAC, e nas festinhas. Na madrugada da última terça-feira, dois dias após o show, a etiqueta francesa se manteve nos noticiários — agora, nas páginas policiais: assaltantes levaram oito bolsas, o carro-chefe da etiqueta, avaliadas em R$ 431 mil. Mas voltando o foco para a moda, Ghesquière esteve no Brasil em 2015 para fazer seu trabalho de pesquisa. Visitou o Rio, São Paulo, Brasília e Inhotim. A coleção tem forte apelo esportivo-futurista e uma energia street que impressiona. O francês interpretou as curvas de Oscar Niemeyer, que projetou o MAC, em peças com babados. “Admiro tanto o poder da convicção de Oscar Niemeyer. Sua visão, sua radicalidade, sua utopia mesmo. Ser capaz de apresentar uma coleção de moda num espaço tão arquitetonicamente poderoso é uma experiência sensorial”, disse Ghesquière em comunicado oficial. Os artistas Hélio Oiticica e Aldemir Martins também são referências. “Para mim, a questão principal era como incorporar em minha coleção esses elementos que fazem parte da cultura brasileira, sem esquecer que sou apenas um visitante que traz suas próprias referências culturais parisienses e francesas ao momento”. l FOTOS DE LEO MARTINS ROUPA FRANCESA COM GINGA BRASILEIRA A VUITTON fez desfile comentado no MAC 12 l O GLOBO l ela l Sábado 4 .6 .2016 Apresenta O LOCAL NÃO TEM ESTACIONAMENTO. PARA SEU MAIOR CONFORTO, VÁ DE TÁXI. Patrocinador Media Partner Transportadoras Oficiais Apoio Realização Sábado 4 .6 .2016 ESPECIALISTA EM LUXO DESCOBRE A ESPIRITUALIDADE NA CAPITAL MUNDIAL DO YOGA PASSAGEM PARA A ÍNDIA JAYME DRUMMOND Especial para O Globo [email protected] U -RISHIKESH, ÍNDIA- m belo dia recebi o convite de uma amiga para ir à Índia. Ela, ao contrário de mim, é uma pessoa tranquila, mística, que não come carne e pratica meditação dirigindo no trânsito da Lagoa-Barra às seis da tarde. Ela não chega a ser xiita: bebe, sai para dançar e tem um lado zen caviar que eu adoro. O roteiro já estava fechado, era pegar ou largar, e eu acabei topando. Começamos por Rishikesh, uma cidadezinha no norte do país, aos pés dos Himalayas, banhada por um Rio Ganges com águas límpidas e esverdeadas que descem diretamente da nascente. Sem ter muita ideia de onde tinha ido parar, descobri que ali era a Capital Mundial do Yoga e local de refúgio dos Beatles, onde encontraram inspiração para compor mais de 40 músicas, incluindo o White Album. Trata-se de um dos destinos sagrados para os hindus, que realizam cerimônias religiosas às margens do rio, entoadas por cantos, roupas em tons alaranjados, incensos e fogo. Nas pacatas ruas da cidade, o comércio é simples, com poucas lojas e farmácias de produtos naturais. Por ali, circulam calmamente algumas vacas, mochileiros e neo hippies europeus. A maioria dessas pessoas se hospeda em Ashrams, lugares de oração onde também é possível dormir e comer. Para meu deleite, fiquei hospedado a 45 minutos dali, no alto de uma montanha, no Ananda Spa in the Himalayas, um dos melhores spas do mundo, que tem assíduos como Oprah Winfrey e Príncipe Charles. Para quem quiser equilibrar corpo e mente, pode começar se consultando com um médico Ayurveda, que traça seu perfil de acordo com os três doshas: Vata, Pitta ou Kapha. Aproveitei para tirar uma casquinha e tentar alguma receita pras minhas crises de sinusite. Eis que umas gotas e uma pílula natural, vendidas nas farmácias por onde passei, se tornaram a solução de um problema que carrego há anos. Milagre? Não. A medicina Ayurveda é a mais antiga do mundo e considerada medicina oficial em um país com mais de 1 bilhão de habitantes. Cada dosha dominante requer um tipo de alimentação específica. Uns podem leite, outros não podem; uns podem quente, outros frio, e daí por diante. Diariamente, o chef prepara três cardápios para quem quiser seguir a dieta ideal. Um quarto cardápio, com pratos elaborados da cozinha indiana e internacional, também está à disposição. No primeiro dia, tentei a tal dieta no almoço, mas à noite comi tudo e mais um pouco! Entendi que estar em paz significa fazer o que você quer e não ficar se privando de nada. O chef adorou minha ideia e o sommelier também. Descobri o Sula, um sauvignon blanc produzido na região de Mumbai que virou meu mantra em todas as refeições. Entre as massagens, me permiti ser feliz e acabei me esbaldando com os 200 tipos de tratamentos do spa, com óleos quentes e outras feitas a quatro mãos. E o Yoga, bem, confesso que virei adepto. Desde então, pratico toda a semana. l l ela l O GLOBO l 13 JAYME DRUMMOND AULAS diárias de ioga: “virei adepto” 14 l O GLOBO l ela l Sábado 4 .6 .2016 FOTOS DE ANDRÉ NAZARETH O SÓCIOS ANDRÉ PIVA E VANESSA BORGES INVESTEM NAS CORES E NOS MÓVEIS DE DESIGN CONTEMPORÂNEO PARA DAR MAIS ESTILO À APARTAMENTO NA ORLA O LIVING se prolonga na varanda envidraçada e se conjuga com a sala de jantar. Ao lado, o escritório com portas de venezianas SOBRE a mesa de jantar, a luminária de Ingo Maurer KRAJCBERG e Sergio Rodrigues convivem num dos ambientes NO QUARTO do filho, conforto na cama elevada e na grande estante laqueada SEM QUEBRA- QUEBRA SUZETE ACHÉ [email protected] Representante Oficial Ipanema Barão de Jaguaripe, 93 21 3162 4876 CasaShopping Bloco D, sala I 21 3410 0367 Fábrica | Showroom [email protected] 21 2253 9444 D ar mais cor e modernidade aos ambientes desse dúplex de 700m² em São Conrado foram os pedidos dos moradores aos arquitetos André Piva e Vanessa Borges. A reforma teve intervenções pontuais mas nada de quebra-quebra. — O apartamento é de dois andares, porque integra dois pisos, mas não é uma cobertura. Eles queriam que tivesse cara de casa, então a maior mudança foi na integração da varanda ao resto da área social. Fechamos tudo com vidro, unificando o piso, que está revestido de travertino — explica André Piva. O living, ampliado, tem agora vários ambientes de convivência, a maioria com móveis da Etel e do Arquivo Contemporâneo, com várias obras de arte, inclusive uma escultura de Krajcberg. Mas um dos destaques do decór é a luminária da sala de jantar, de Ingo Maurer, chamada “Lacrima del pescatore”, uma espécie de rede com pequenos cristais. Uma parte da sala de TV deu lugar ao escritório, contíguo à sala de jantar, com portas de venezianas para dar mais privacidade. No pavimento superior do apartamento ficam os quartos, que foram renovados, especialmente os dos filhos. Há uma sala de ginástica estrategicamente separada do quarto principal por um biombo de madeira. Nesse andar, a varanda foi mantida para deixar a brisa do mar entrar livremente. — A decoração era infantil demais, e eles já estão mais crescidos. O piso é de tábua corrida, para dar mais conforto. E um detalhe interessante é que troquei todas as esquadrias, que agora são de madeira. Na varanda optamos por chaises para apreciar a vista — contam os arquitetos, que acreditam que o projeto de iluminação trouxe um estilo contemporâneo aos ambientes. l l ela l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO ANEL SHOJI , da Voya, R$ 4.800 l 15 ANEL PLÊIADES, ANEL TRÊS da H.Stern, preço sob consulta Pedras, da Monte Carlo, R$ 890 ANEL LABIRINTO, da Lisht, R$ 5.495 ANEL ANEL DA Sara Joias, R$ 37.000 ANEL BLACK Bird, da Suka Braga, R$ 4.500 Amsterdam Sauer, preço sob consulta ANEL SWAROVSKI , R$ 1.650 ANEL FRANCESCA Romana Diana, R$ 390 ANEL DE cipó, da Maria Oiticica, R$ 75 ANEL PLATE, da Animale, R$ 5.690 RELUZENTE LÍVIA BREVES [email protected] ANEL VIBE , do Antonio Bernardo, R$ 7.990 ANEL TULIPA, da Lívia Canuto, R$ 1.200 A lgumas joias têm a capacidade de ofuscar os olhos: elas brilham — e fazem quem as usa cintilar junto. Assim são os anéis desta página : eles têm poder, são capazes de parar o trânsito, a festa, a praia, o tapete vermelho. De rubi ou diamante, de ouro ou de cipó, cravejado ou clean, clássico ou ultramoderno, vai dizer que você não parou por um tempinho nesta página para decidir qual deles mais combina com você? l ANEL OURIÇO, do Atelier Schiper, R$ 13.800 ANEL QUARTZO Fumê, da Bohö, R$ 7.200 DE 1 A 12/6 COMBINE COM SEU AMOR, DOS PÉS AO CORAÇÃO. R$ 700 = EM COMPRAS 2 pares de sandálias Ipanema para o casal.* * Promoção válida de 1 a 12/6 e limitada a 2 pares por CPF, durante o período da promoção ou até o término do estoque de 1.200 unidades (RDB) e 600 unidades (RDL) de cada modelo. Confira o regulamento completo nos sites riodesignbarra.com.br e riodesignleblon.com.br. Imagens meramente ilustrativas, consulte as cores disponíveis no balcão de trocas. RIODESIGNBARRA.COM.BR RIODESIGNLEBLON.COM.BR 16 l O GLOBO l ela l Sábado 4 .6 .2016 ISABELA CAPETO REPRODUÇÕES LÍVIA BREVES INTERINA PARA ELE, PARA ELA, PARA ELX SELO O AMOR ESTÁ NO AR Pense em uma estilista que espalha amor por onde costura. Isabela Capeto é assim. São dela as ilustrações românticas até dizer chega que colorem algumas das páginas desta edição. Onde tiver o desenho da Capeto, você já sabe: uma história de amor será contada. ALGUÉM VIU ELE POR AI? Procura-se! Um broche em forma de cachorrinho feito em malha de ouro amarelo, olhos de esmeralda e focinho em ônix preto. A joalheria francesa Van Cleef & Arpels acaba de lançar uma campanha mundial, #MissingPreciousPuppy, para encontrar esta peça, que faz parte da coleção “La Boutique” e é a única que falta para completar a linha criada em 1966 e que reunia nove bichinhos-joias. A data redonda, 20 anos, fez com que a Uncle K mudasse um pouco o seu conceito. Focada no público feminino até então, agora é para todos. Com o manifesto “All genders, all generations, all situations”, foram lançados bolsas, mochilas e acessórios unissex, sem diferenciação de idade e com design que favorece a liberdade do movimento. BRUNO DEBIZE CHRISTY BARLEY BORBULHANTE Um cooler feito para garrafas de champanhe — Taittinger, por favor. Este carrinho lindo foi ideia do escritório carioca de design Muui e será sorteado na Casa Carandaí, no Jardim Botânico, durante esta semana. Como se não bastasse o novo cardápio de café da manhã da déli de Janjão Garcia, com sorte ainda pode-se levar essa belezinha para casa. OS GYPSETTERS VÃO GOSTAR A inspiração é o alto astral carioca. Os personagens podem ser famosos (tem Chico Buarque e Caetano Veloso) ou anônimos, como a menina acima. Pintados em cores vibrantes com canetinhas, a arte do designer gráfico Bruno Debize vai colorir o Carrousel do Louvre, em Paris, no fim do ano. Mas, por quanto, elas fazem parte da mostra “Coletivo 148", que abre dia 16 de junho, no espaço Idélli, em Botafogo. Já conhece a Manu Manu Brand? A marca de Manoela Abitbol, que é herdeira da família Elle et Lui, lança a nova coleção na terça-feira, no Fashion Mall Store, o espaço que o shopping abre para as melhores neolabs da 50 of f De R$ 7.990,00 por R$ 3.995,00 (69 Diamantes) De R$ 2.590,00 por R$ 1.295,00 (3 Diamantes) De R$ 3.990,00 por R$ 1.995,00 De R$ 399,00 por R$ 199,50 www.liorjoias.com.br / liorracheljoias 21 98731.5919 Barra Shopping: 21 3387.0444 I Plaza Niterói: 21 3601.2078 I Rio Sul: 21 2244.9999 ZAPPING EU VEJO CORES EM VOCÊ cidade. São peças que seguem a tendência do ciganismo em macacões, saias mídi, vestidos com mangas sino e conjuntinhos. Os decotes também são generosos e as estampas sempre com bastante cor. PRESENTE PARA QUEM GOSTA DE BAILAR A caixa aqui ao lado é também um convite à dança. A coleção de inverno da Capi é inspirada no Jazz e para o Dia dos Namorados a ideia é sair dançando juntinho. Os que comprarem presente para os amados lá podem levar esta embalagem luxo junto. Além disso, a marca preparou uma trilha bacanérrima no spotify, em parceira com a Tecla Music, que junta hits como Let’s Get It On (Marvin Gaye) e Let’s Stay Together (Al Green) para animar a noite. DECORAÇÃO QUE VARIA DE ACORDO COM O SOL Uma cortina que muda a intensidade da cor junto com a variação de luz do exterior. Assim é a CAIXA Let’s Dance, da marca Capi confeccionada pela Cortinaria, em Ipanema. A novidade foi feita para um projeto das arquitetas Patrícia Landau e Carolina Escada, mas pode ser uma boa ideia para outros ambientes. ENTROU NO BANHO CACHEADA; SAIU DE LÁ LISA Um Shampoo que alisa as madeixas. Praticidade é isso aí. Foi Ana Paula Gomes, do Ophicina do Cabelo, que desenvolveu o tratamento. Em 20 minutos, o cabelo fica liso. A durabilidade? Três meses. LUZ, CÂMERA, AÇÃO: O FIGURINO DO CINEMA Como são criados os figurinos dos filmes é o tema do curso “Figurino para cinema”, que começa na quarta-feira, no POP. l ela l Sábado 4 .6 .2016 O GLOBO l 17 COMBINAÇÃO: Les Infusions Iris Cedre, da Prada, R$ 599 (100 ml) REPRODUÇÕES DO MAR: Blu Mediterraneo Ginepro di Sardegna, da Acqua di Parma, R$ 520 (150ml) GEL FLUIDO: REPRODUÇÕES Esfoliante Nettoyant Gommant Pour Le Visage, da Sisley, R$ 605 CLÁSSICO: NOTAS QUENTES: VERSÁTIL: Wood Sage & Sea Salt Cologne, de Jo Malone, R$ 600 (100ml) Shower Gel Red Musk, da The Body Shop, R$ 59 Leave-in OneUnited, da Redken, R$ 142 TODOS OS TIPOS DE FIOS: Xampu Amino Acid, da Kiehl’s, R$ 94 UMBU: Loção revigorante L'Occitane au Brésil, R$ 49 SEM ÓLEO: Hidratante Dramatically Different, da Clinique, R$ 105 LIMPEZA PROFUNDA: BRANT BROTHERS: conjunto de corretivos da M.A.C. com Peter e Harry Brant. R$ 163 BELEZA PARA USAR A DOIS A TALITA DUVANEL [email protected] s prateleiras de cosméticos estão perdendo o gênero, ou melhor, ganhando o que os americanos gostam de chamar de gender neutral (gênero neutro) ou genderless (sem gênero). Produtos exclusivamente femininos ou masculinos começaram a ser coisa do passado em diversas coleções de moda e agora são também no nécessaire. “Várias empresas estão mergulhando fundo no marketing sem gênero, promovendo produtos que historicamente eram vendidos para um sexo específico e, hoje, são apresentados da forma mais neutra possível”, escreveu a analista de marketing da empresa de pesquisa NPD Group, Larissa Jensen, no blog do grupo. É o caso, principalmente, de marcas bastante influenciadas pelo cenário fashion que viram uma invasão genderless sem precedentes em desfiles de temporadas recentes. A M.A.C., gigante de maquiagem do Canadá, por exemplo, convidou os irmãos Peter e Harry Brant, dois jovens descolados da alta sociedade nova-iorquina para criarem uma coleção para mulheres e homens vaidosos compartilharem. São corretivos (afinal, olheira ou marca de acne não escolhe sexo, cor ou idade), preenchedor de sobrancelhas e iluminador. Outra marca bastante presente em semanas de moda, e agora mais do que nunca influenciada pela onda do gender neutral, a Redken lançou o leave-in OneUnited e fez questão de colocar os dois sexos nas peças publicitárias, enfatizando que, hoje em dia, disputar espaço no banheiro é démodé. ANOS 90 Não é de hoje, no entanto, que a moda e a beleza acompanham a discussão social sobre gênero. Quem viveu os anos 90 provavelmente lembra bem do CK One, perfume da Calvin Klein que atendia a meninos e meninas, e que foi um sucesso estrondoso de venda. Definitivamente, o maior exemplo de genderless beauty das últimas décadas. Apesar de a fórmula ser conhecida, no entanto, as iniciativas foram pontuais. Segundo Larissa, há apenas alguns anos grandes nomes estão fazendo esforços mais pungentes para dinamitar a fronteira de sexo. “Sempre haverá espaço para a feminilidade clássica no mercado, mas vai ser interessante ver como as marcas mais tradicionais vão adotar esse conceito de gender neutral”. l LHA Cleasing Gel, da SkinCeuticals, R$ 49,90 CRESCIMENTO DOS FIOS: Revitrat Effluvium, da Dermage, R$ 139 18 l O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 MUSA DA DIOR, A ISRAELENSE NATALIE PORTMAN FALA SOBRE BELEZA, FEMINISMO, MATERNIDADE E PARIS ALIQUE PARA CHRISTIAN DIOR PARFUMS UMA ATRIZ COM OPINIÃO GILBERTO JÚNIOR [email protected] D esde 2014, Natalie Portman vive em Paris. Faz aquele discurso corriqueiro dizendo que a cidade é “bonita, com lugares incríveis” e conta que está encantada com a Fundação Louis Vuitton e com o Palais de Tokyo. Mas diz que o clima é muito diferente de Los Angeles, onde morava. — Em Paris, temos muito vento, chuva, frio... Então, hidratar a pele é extremamente importante — comenta a atriz israelense. Natalie fala como uma verdadeira embaixadora de beleza. E não é mero acaso. Há algumas estações, ela representa os produtos da Dior, como o batom Rouge, o perfume Miss Dior e mais recentemente a base Diorskin Forever. — Para mim, beleza é um mix de senso de humor e gentileza — aponta Natalie, que tem a mãe como referência neste segmento: — Ela é muito natural. l OS SEGREDOS DE BELEZA DE NATALIE CONCILIAR A FAMÍLIA E A CARREIRA P N restes a completar 35 anos — seu aniversário é na quinta-feira —, a estrela ainda tem o tempo a seu favor. Fala que seu grande segredo é o mix de dieta vegana, bastante água e zero café. Ah, e uma bela noite de sono. — Pode parecer simples, mas engajar-se em algo que você ama e lhe faça feliz ajuda muito. Felicidade é um ótimo negócio para o rosto — sugere. — É realmente útil reconhecer que todo mundo se sente inseguro de vez em quando. Certamente me auxilia. Com frequência, a coisa que deixa a mulher balançada pode ser seu maior trunfo e definir seu visual: um espaço entre os dentes, uma marca de nascença... atalie não ganhou somente o prêmio de melhor atriz pelo filme, conheceu também o bailarino e coreógrafo Benjamin Millepied no set. Ela, inclusive, trocou LA pela capital francesa por causa do marido (eles se casaram em 2012): Benjamin assumiu a direção do balé da Ópera de Paris, em 2014. Em fevereiro, no entanto, o bailarino anunciou que estava abandonando a companhia. Segundo o jornal “The Guardian”, a família — que incluiu o filho do casal, o pequeno Aleph, de 4 anos — voltará para os Estados Unidos no próximo mês. — Não sei o que o futuro trará, mas por agora o trabalho do meu marido é em Paris, que é onde vamos ficar — desconversa. Natalie, que já participou de alguns episódios da saga “Star wars”, interpretou a namorada do super-herói Thor e uma stripper em “Closer — Perto demais", brinca que faz malabarismo para equilibrar a rotina de estrela de cinema com as obrigações de mãe. — Como todas as mulheres que trabalham — minimiza. — Tento me organizar, planejar. Os horários de uma atriz são bem incomuns, com vantagens e desvantagens. Mas é bom ter um momento para si. Às vezes, esquecemos disso por estarmos ocupados com trabalho, família e tudo o mais. Gosto de fazer uma ótima massagem, ler um livro. l ROMANCE NO SET Natalie Portman faz parte do mesmo grupo de Marion Cotillard, Charlize Theron e Jennifer Lawrence: todas têm laços estreitos com a Dior — leia-se bons contratos. Elas fazem campanhas e usam as peças mais emblemáticas da etiqueta no tapete vermelho. — Vestir um look de red carpet é como entrar num papel — derrete-se. Curiosamente, cada integrante do quarteto maravilha (Natalie, Charlize, Jennifer e Marion) tem um Oscar no currículo — o da israelense veio em 2011 por seu desempenho em “Cisne negro”, de Darren Aronofsky. l APRENDEU A TRABALHAR DURO EM HARVARD N o fim do ano passado, Natalie Portman deu uma sacudida na internet ao aparecer, numa foto, caracterizada como Jacqueline Kennedy. Ela será a protagonista do filme “Jackie”, com estreia prevista para 2017. Natalie não deu detalhes sobre o longa de Pablo Larrain, mas falou sobre sua estreia atrás das câmeras: ela dirigiu a película “De amor e trevas”, baseada no livro homônimo do escritor israelense Amós Oz. — Sempre respeitei os diretores e tive a oportunidade de trabalhar com alguns dos mais incríveis ao longo da minha carreira, mas esta experiência me fez perceber o quão difícil o trabalho é. Acho que serei mais paciente e atenciosa com o processo na próxima vez que estiver atuando — discorre. Formada em Psicologia em Harvard, a atriz revela que aprendeu a trabalhar duro na universidade. — E a ter a coragem de expressar minha opinião mesmo com pessoas bem mais inteligentes do que eu — acrescenta Natalie. A educação de meninas é um assunto que lhe interessa: — É a causa mais próxima do meu coração. Sinto-me tão sortuda por ter frequentado a escola. Muitas garotas não têm essa oportunidade. Isso afeta o resto de suas vidas. Educação é realmente uma maneira poderosa de mudar a realidade de meninas e mulheres no mundo. Além de tudo, Natalie é generosa e consciente. l REPRODUÇÃO NATALIE PORTMAN: é a estrela da base OGLOBO SÁBADO 4.6.2016 oglobo.com.br LUIZ HORTA A SEDUÇÃO DOS MELHORES VINHOS PORTUGUESES. PÁGINA 2 AO MESTRE, COM CARINHO AS LIÇÕES DE ROLAND VILLARD SEGUNDO SEUS DISCÍPULOS. PÁGINA 6 Nós somos PANCs As plantas alimentícias não convencionais caíram nas graças dos chefs e estão nos menus dos restaurantes mais cotados do Rio e de São Paulo. Páginas 2 e 3 2 l O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 UM QUADRO de PANCs: coentro da Mata Atlântica, folha de acerola, jambu, bilimbi, flor-de-ipê, vinagreira, curry, peixinho e ora-pro-nóbis LEO MARTINS/PRODUÇÃO LOU BITTENCOURT Luiz Horta Portugal combina com chuva E stava em Lisboa e chovia. Não é uma frase linda? (também é o título de um ótimo livro sobre Eça, do embaixador Dario de Castro Alves). E só choveu, o tempo inteiro, na semana que passei lá. Mas a tarefa era provar vinhos, tanto fazia o clima. Fui ser parte do júri internacional do Portugal Wine Challenge. Não sou fã de pontos e prêmios em vinhos, há uma síndrome de Muttley: “medalhas, medalhas, medalhas”, que nem sempre coincidem com a qualidade. Claro, há medalhas significativas e há prêmios anedóticos, no estilo “vinho grande prata no grande concurso de Ulan Bator”, “ouro supremo no festival de Cabernets do Mundo realizado num resort da Tailândia”. Aberrações para enganar o consumidor, que vê aquele selinho colado e compra o vinho “premiado” sem se dar conta do valor real do destaque. Já fiquei repetitivo. Meu lema continua sendo que o prazer vem primeiro, há vinhos deliciosos em momentos certos, os que combinam com o clima, a comida e o lugar. Num dia quente, sentado num parque, o troféu vai para um Beaujolais fresquinho e não há grande Bordeaux pontuado que o supere. Uma tacinha de Madeira ou Porto no fim do jantar, num sofá, batendo papo moroso, numa noite fria, outra felicidade. Mas admito, pela profissão, um valor em provar sem saber o que se bebe e classificar, a hora da verdade para quem avalia. Acaba sendo um belo exercício de afinação do próprio gosto. Vinhos de que gosto muito, provados sem ver o rótulo, costumam me surpreender, positiva ou negativamente. Conto isto para entrar no assunto da coluna. O Portugal Wine Challenge, evento anual promovido pela Vinhos de Portugal, a entidade que divulga, promove e anima os vinhos portugueses de maneira exemplar pelo mundo, é uma seleção criteriosa. Este ano, éramos 20 convidados: um grupo de alemães, japoneses, americanos, russos, poloneses, australianos, ingleses, brasileiros (devo ter esquecido alguma nacionalidade, o concurso era abrangente). É uma grande chance para conhecer e aprender. Foram provadas mais de 1.500 garrafas em três geladas manhãs de uma primavera que não chegou, em Lisboa, Santarém e na região da Bairrada. Houve masterclasses de vinhos brancos e tintos e visita a produtores da Bairrada, co-anfitriã do evento este ano. E foi na Bairrada, hospedado no Curia Palace, uma volta nostálgica às estações de águas da infância, pois o hotel é exatamente um cenário assim, com fonte de água medicinal e tudo, que tive uma das grandes surpresas da viagem, os vinhos de Campolargo. E D Portugal continua firme na sua tarefa de seduzir Já tinha bebido rótulos de Carlos Campolargo em várias ocasiões, nos encontros da Mistral (que acontece no Rio na quarta, com estes vinhos presentes) aqui no Brasil e por aí, pelo mundo. Não tinha prestado atenção do jeito certo, não tinha me concentrado. Como o personagem é singular, o grupo de jurados foi levado em ritmo de trote pelos corredores da vinícola, com ele berrando as informações (seu “não, não, não!” com que respondia a perguntas que achava mal formuladas virou “meme” da viagem entre os jornalistas) e servindo freneticamente os vinhos. Visitar o Campolargo é como ser apanhado num tornado só com um guarda-chuva dobrável. E vale a pena. Abriu uma magnum do Rol de Coisas Antigas, um amplo blend de uvas tintas, de 2005, sedoso e perfeito. Serviu um espumante surpreendente, que não chega ao Brasil, o Borga 2006, com todo aquele aroma de confeitaria francesa dos bons champanhes, e se preparou para a cartada final, o espetacular Campolargo branco 2010, um vinho só da casta Cercial, com complexidade mineral, muito longo, perfeito, talvez um dos melhores vinhos bebidos na viagem inteira. Mesmo depois desta visita consegui me maravilhar com outras coisas, Portugal continua firme na sua tarefa de seduzir. Filipa Pato e o marido William Wouters, sócios da “Vinhos Doidos”, prepararam uma surpresa, um porta-mala de carro com uma degustação pop-up, cheia de garrafas. Alguns vinhos conhecidos de Filipa (como o Nossa Calcário, tinto e branco, duas aulas da tal mineralidade. Os dois são importados pela Casa Flora e o nome “Nossa” foi pego por Filipa por causa da expressão de espanto brasileira). Um vinho de ânfora, o Post-Quercus (pós-carvalho), feito no estilo vinho laranja com a casta Bical, denso, especiado e sem peso e amargor que costumam aparecer em laranjas amadorísticos. O Curia Palace é hotel irmão do Bussaco, alguém descobriu que o bar do hotel vendia os Buçaco tintos e brancos por taça e mais, tinha uma dezena de safras antigas de ambos na adega. Meu generoso companheiro de júri, Guilherme Rodrigues, propiciou uma festa que só enófilos entenderão, naquele saguão meio lúgubre, que faria os olhos de Stanley Kubrick brilharem, mandou abrir garrafas e fomos provando 2001, 2002, 2003, quase coincidindo com as horas da madrugada. Antes que o espaço acabe, preciso falar dos resultados do concurso. Eles estão on-line, mas à mesa no jantar de gala final havia uma garrafa de Madeira, o Henriques & Henriques 15 years old Boal. Era a última noite, continuava chovendo, eu tinha frio, precisava subir ao palco para entregar um prêmio e cometi a autoindulgência de ir bebendo, sem pressa e sem dó. Era um medalha de ouro, só soube depois. Dentro de mim já não chovia. Que matinho é esse? ELÍVIA BREVES / [email protected] D Tudo é mato até que se prove o contrário — ou que é gostoso. Primeiro, foram as alfaces, a couve, a rúcula, enfim, tudo o que se encontra nas feiras. Agora, as plantas alimentícias não convencionais, as PANCs, fazem a cabeça dos chefs, levando espécies como Ebeldroega e sálvia-peixinho D para os menus. Andar pelos pastos e florestas olhando o que brota faz parte da rotina do chef Isaías Neries, que comanda o Parador Lumiar. O interesse pelo que não é vendido na feira vem desde a infância passada em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, quando acompanhava a mãe que era a rezadeira da cidade. Ervas e folhas ditas estranhas faziam parte das receitas dela, tanto para cozinhar quanto para curar. Anos depois e já chef, foi natural para Isaías levar folhinhas de vique para um purê de cará, preparar o coração da bananeira como se fosse uma carne-seca ou fazer a massa do ravióli usando a folha do jambu-do-mato. — Começo experimentando e perguntando para as pessoas. Depois, pesquiso em livros, tentando identificar as folhas, para saber se posso utilizá-las — conta Isaías, que já passou a cultivar plantas que eram vistas como invasoras. — Com a serralha, no ano passado, foi assim. Os meninos que cuidam da horta arrancavam e jogavam fora, diziam que não servia para nada. Mas resolvi testar e comecei a usar no preparo de uma massa. Hoje, cultivamos. O chef Ivan Ralston já pesquisava as PANCs antes de abrir o Tuju, na Vila Madalena, em São Paulo. Frequentava os encontros do Centro de Cultura Culinária Câmara Cascudo e acabou se encantando tanto pelo que descobria que elas viraram as protagonistas do restaurante. — Plantamos mais de 350 variedades de PANCs. Temos uma estufa, canteiros e carrinhos para cultivá-las. Fora a nossa produção, contamos ainda com mais de 20 fornecedores. E sempre que posso, eu saio pela cidade à procura delas — comenta Ivan, que lista beldroega, pelo sabor; ora-pró-nobis, pela textura carnuda; e serralha, pelo amargor, como as preferidas. TOUR EM BUSCA DAS PLANTAS Uma das referências de Ivan é Neide Rigo, “uma forager que entende muito do assunto”, elogia. Há anos, ela experimenta, descobre e cataloga os matinhos que encontra e divulga no blog Come-se. A pesquisadora comanda o passeio Pancnacity, em que caminha com um grupo colhendo as plantas desconhecidas e monta um almoço. — As PANCs não são um grupo de plantas coeso e homogêneo. Há espécies nativas, exóticas, cultivadas, espontâneas. Há folhas, frutos, vagens e grãos. São plantas que não encontramos facilmente nos mercados, mas que em determinados lugares podem ser convencionais — explica Neide. — A finalidade do tour não é só colher, mas também reconhecer. No momento, estou adorando as flores da Moringa Oleífera, as vagens imaturas do nabo forrageiro e as verdes do feijão-espada. Inês Braconnot acaba de abrir o Ró, restaurante de comida raw sofisticada no Jardim Botânico. Lá, as PANCs serão frequentes. Pesquisadora do tema há dois anos, ela conta que essas plantinhas não são difíceis de encontrar, mas que as pessoas geralmente não sabem que elas são comestíveis. — Muitas são consideradas matos espontâneos, ou seja, plantas que crescem nos nossos quintais, que temos a mania de considerar daninhas. Também são PANCs as partes dos alimentos que geralmente dispensamos. Como nas bananas, das quais não utilizamos os corações ou umbigo. Eu gostaria de ter só estas plantas no restaurante — comenta a chef de comida crua, que, nesta semana, recebeu em seu restaurante coentro-daMata-Atlântica, folha de acerola, jambu, bilimbi, flor-de-ipê, vinagreira, curry, peixinho e ora-pro-nóbis. Editora: Renata Izaal. Diagramação: Anderson Barboza. E-mail redação: [email protected] Redação: 2534-5000. E-mail publicidade: [email protected] Publicidade: 2534-4310. Correspondência: Rua Irineu Marinho 35, 1º andar. Cep: 20230-901. O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 NO RÓ, que acaba de abrir, Inês Braconnot destaca as PANCs em seu menu 100% cru, como na salada do dia, que será sempre diferente e com plantas pouco conhecidas LEO MARTINS DIVULGAÇÃO/CAROL GHERARDI NO TUJU, o tartare de carne leva a folha “peixinho frito” (também chamada de lambari da horta) e botarga O chef Rafa Costa e Silva, do Lasai, conta que até nos drinques já colocou algumas. Entre as preferidas estão bertalha, beldroega, hibisco e salicórnia. Com um menu sempre em movimento, a chance de ir ao restaurante e se deparar com um nome diferentão no cardápio é altíssima. No Zazá Bistrô, o novo chef Rodrigo Tristão colocou uma tortinha de PANCs no cardápio. Nela, ele do almeirão ao caruru. No Naga, tem a salada Nagayama, que usa o shissô, conhecido como manjericão japonês, em pratos como o carpaccio de barriga de salmão que vem sobre as folhinhas. De volta ao Brasil depois de uma temporada no Noma, em Copenhague, o chef Carlos Cordeiro está comandando o Insólito Butique Hotel, em Búzios. Ele resolveu reproduzir aqui o que aprendeu com o chef René Redzepi: valorizar o que a natureza oferece, levando em conta a sazonalidade. Nesse caminho, pretende colocar mais de cem tipos de algas comestíveis no menu, além de plantas que crescem próximas do mar. Além disso, Carlos montou suas hortas no hotel, uma convencional e outra dedicada às PANCs. Em suas receitas, calêndula, ixora, alface-do-mar, capuchinha e bredo-da-praia surpreendem. — Escolhi plantar e caçar espécies da nossa flora local de Búzios ao assumir a cozinha do Insólito. Desde que cheguei aqui, em março, costumo colher várias delas por onde ando. E também cultivo na nossa horta, que já tem quiaboroxo, couve-de-bruxelas, cravina rendada, bor- l 3 DIVULGAÇÃO/TOMÁS RANGEL NO INSÓLITO , o chef Carlos Cordeiro criou o prato que leva alface americana braseada, beterraba, ricota e broto de maniche, calêndula e ixora ragem, beterraba Golden, almeirão-verde, mostarda-roxa, couve-toscana, cenoura red, físalis, girassol, calêndula, maxixe-rosa, nirá, lavanda e amor-perfeito. Estamos fechando uma parceria com um biólogo para levar os mais de cem tipos diferentes de algas comestíveis que existem no mar de Búzios para a cozinha — conta Carlos, que acredita que usar as PANCs é o maior dever dos chefs. — Há 80 anos, existiam mais de 490 diferentes tipos de alface pelo mundo. Hoje temos apenas 36. O cenário atual é alarmante. É nossa obrigação trazer novas espécies a fim de diversificar e fortalecer o nosso meio ambiente e o produtor. SEMENTES CRIOULAS Teresa Corção, d’O Navegador, aprendeu sobre as não convencionais a partir da cozinha familiar. Suas não convencionais saem tanto de lavouras plantadas com sementes crioulas como de brotinhos que pipocam naturalmente. — São plantas que geram um menor impacto no meio ambiente. Não é à toa que, na Dinamarca, os chefs usam há muito tempo — diz ela. A chef Ana Ribeiro é famosa por sua cozinha cheia de matinhos. Foi uma das primeiras a colocar o caruru no pão ou levar a beldroega para quiches e patês. No próximo dia 25, aliás, ela dará um curso sobre as PANCs em São Paulo, no Congresso de Empreendedores de Gastronomia Saudável. — Eu uso as PANCs há muito tempo. Nós, mineiros, temos o hábito de usá-las no dia a dia. São plantas que nascem espontaneamente em quintais, hortas, terrenos baldios, cantinhos de calçadas, frestas de paredes — conta Ana, que pede ajuda a biólogos, mateiros, raizeiros, benzedeiras e pessoas com sabedoria popular de camponês para saber se um matinho pode ou não ir para a comida. Os passeios de Ana em busca das não convencionais é em boa parte por espaços urbanos. — Eu as encontro em vários lugares, das improváveis Avenida Presidente Vargas e Central do Brasil até o pé de um poste no condomínio Península, na Barra da Tijuca — lista ela, que tem como preferidos beldroega, ora-pro-nóbis, taioba, malva, begônia, serralha, pincel de estudante e dente-de-leão. Lydia Gonzalez, do Bar d’Hotel, é quase uma discípula de Ana Ribeiro. Ela conta que foi Ana quem a mostrou o quanto é vasto o mundo PANC. Hoje, ela é apaixonada pelo lírio-do-brejo, e ainda usa trevo-roxo, cariri, taioba e tiririca na cozinha. — O lírio-do-brejo é uma raiz muito perfumada, parece um gengibre. Adoro a azedinha pela acidez. Ela me lembra o sabor do limão — conta Lydia, que, para surpreender os convidados, já fez uma ceia de Natal só com PANCs. Helena Rizzo, do Maní, em São Paulo, começou a se interessar por PANCs quando conheceu o biólogo Valdely Ferreira Kinupp, autor, junto com Harri Lorenzi, do livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais no Brasil” (Ed. Plantarum), lançado em 2014, em que a dupla cataloga 351 espécies — sim, há PANCs profundas, aquelas que vão bem além da ora-pro-nóbis e da taioba. Resultado de uma pesquisa que durou mais de dez anos, o livro, fica a dica, é citado pelos chefs como a publicação “tem-que-ter” para quem busca saber mais sobre o assunto. SALADA COM VITÓRIA-RÉGIA — Soube das PANCs em 2013, quando fui visitar o Jardim Botânico Plantarum, em Nova Odessa, interior de São Paulo, e o Valditely estava lá com o Harri. A gente fez um almoço com o que colhemos no jardim. Lembro de ter preparado, ali na hora, um prato com vitória-régia. Foi assim que comecei a pesquisar. Aos poucos, descobri outras plantas e passei a incorporá-las à cozinha do Maní — lembra Helena. Além de encontrar fornecedores de algumas espécies, Helena esbarra com outros de maneira natural: um passeio na praia, do qual voltou com a bolsa cheia de lírio-do-brejo, ou uma volta pelo jardim de casa, onde crescem capuchinhas. — Usar estes ingredientes é bacana por vários aspectos. Primeiro, pelo gustativo. A maioria dessas plantas têm gostos incríveis, variam bastante o paladar. E também pelo fator nutritivo. Elas crescem em abundância. Só não são mais usadas por desconhecimento. Sem falar que, ao usá-las, contribuímos para um tipo de agricultura menos nociva — garante ela, que tem uma paixão especial pela taioba. Um viva para a diversidade. Na cozinha e fora dela. 4 l O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 ELUIZA BARROS/ [email protected] D BACALHAU DA JULIANA REIS D Pedro Henriques Comida peruana é sobrestimada Na família da jovem chef Juliana Reis, uma receita de bacalhau simples de fazer é a campeã do fim de semana FOTOS DE MÔNICA IMBUZEIRO A comida peruana está na moda e Lima converteuse na nova Meca gastronômica. Dos 50 melhores restaurantes latino-americanos do ranking da revista britânica “Restaurant”, nove acomodam-se na capital do Peru; entre eles, os primeiro (Central), terceiro (Astrid & Gastón) e quinto (Maido) lugares da lista. A “Restaurant” é uma publicação doutrinária antípoda da tradição culinária francesa e propagadora de escola alimentar politicamente correta. É panfleto de louvação à cozinha conceitual e aos bons profissionais antenados, tatuados, holísticos e xamânicos, embora nem todos os avalizados caibam nessas caricaturas. De longe, desconfiávamos de agigantamento no culto aos restaurantes limenhos. In loco, atestamos a demasia. A oferta é consistente; porém, não na dimensão exaltada. Na maioria dos estabelecimentos, há um conjunto de excessos de ingredientes e/ou de caldos, que, frequentemente, estorva os sabores dos produtos que deveriam se distinguir. Tem muita poluição na mistureba de matérias-primas secundárias, como se os chefs sentissem a compulsão de ejacular, freneticamente, os seus singulares insumos. A atual saga da culinária peruana começou em 1994, quando Gastón Acurio e a sua mulher alemã Astrid Gutsche inauguraram o Astrid & Gastón, e, posteriormente, mais de 30 estabelecimentos em 11 países. Pelos pioneirismo e papel exercido na difusão da gastronomia peruana, Gastón Acurio é o personagem proeminente de lá. A sua principal casa, contudo, encontra-se aquém da reputação alastrada. De entradas, o ceviche de corvina — com leite de tigre, abóbora e milho — era normal. Já os camarões — com papa mortero (purê?), molho chupe (sopa?), ovo e salada de favas — mostraram-se desequilibrados pelo cúmulo de coadjuvantes. De pratos, saciamos a curiosidade de provar o cuy, um roedor apreciado no país com gosto que lembra remotamente coelho. O bichinho apresentou-se bem temperado e assado. E ainda um lindo robalo, com batata-doce, creme de milho, suco de vôngoles e caldo de jamón Joselito, o príncipe dos patas negras. Esse prato, ao juntar creme, suco e caldo, sintetiza a cultura de exageros que queremos, criticamente, explicitar. O peixe nada ganhou com a aluvião de sumos. Por fim, a expressão simbólica do descomedimento que foi a bomba de chocolate; esfera oca do tamanho de uma bola de futsal recheada de musse de banana, carambola e outras doçainas. O menu degustação, talvez, seja mais contido e superior. E D Vale a pena excursionar pelos restaurantes limenhos, desde que as esperanças não se acorrentem aos fetichismos O restaurante mais valorado de Lima é o Central, cujas reservas precisam de dois a três meses de antecedência. É templo também de casal, com os “xamãs” Virgilio Martínez e Pía León à frente. Ali, impera a observância mística aos ingredientes andinos e amazônicos, onde os manás se submetem a conceitos biológicos e antropológicos. Os menus, de 12 e 17 cursos, exibem-se nas versões “Alturas e Ecossistemas Mater e Vegetal”, e há harmonizações com vinhos — alguns peruanos — não memoráveis e com néctares, infusões e extratos, para os que desprezam bebidas alcoólicas. Os pratos organizam-se em função da altitude em que as iguarias se encontram. Por exemplo, o “Tallo Extremo”, formado por saúco (sabugueiro) e pelos tubérculos oca e mashwa, é repasto com componentes resgatados a 2.875 metros de altura. A soma das excentricidades e mitificações proporciona experiência incomum, mas não transcendente. Há prazeres sofisticados na exploração das variedades insólitas, mas não maravilhamentos. O Maido é casa nikkei que conjuga as cozinhas japonesa e peruana. Optamos por um cortejo de niguiris (sushis), regado pelo cítrico saquê Nanbu Bijin Tokubetsu Junmai. Ótimos os niguiris, notadamente o de barriga de salmão e molho de pimenta-amarela, o de foie gras com sal de Maras e o de muchame de polvo e azeite iqueño. O animado território do chef Mitsuharu Tsumura correspondeu às expectativas. Quem as excedeu fora o Osso Carnicería & Salumeria, que abriu, em 2013, como empório de carnes e, hoje, incorpora um restaurante. As figura e trajetória do chef-açougueiro Renzo Garibaldi são de cinema. O seu grande desempenho é encantar cortes americanos de angus e wagyu de altíssimo padrão. Os saborosos embutidos renovam-se diariamente. Pedimos ainda “flanken”, um assado de tira de angus temperado em molho de soja e sal de Maras, e ribs de porco californiano em salsa barbecue. Depois, o recomendado pelo chef: o formidável bife de ancho de wagyu de Idaho. Para compatibilizar, o elegante vinho tinto francês Château Phélan Ségur 2010, um clássico Saint-Estèphe. De sobremesa, a delicada “Osso mess”, com merengue, morangos, sorvete de creme, chantilly, caramelo e toucinho. Tudo ao balanço sedoso de Bob Marley e Peter Tosh. Além desses, visitamos o Rafael, o Malabar e o La Mar Cebichería Peruana, este também de Gastón Acurio e replicado em São Paulo. Nenhum marcante, mas todos decentes sob perspectivas domadas. O Rafael é o mais sólido. E o La Mar espiritualiza tardes de fastio. A bebida nacional é o pisco, e os vinhos locais da uva quebranta ainda se alfabetizam. Em suma, a culinária peruana vigora-se e vale a pena excursionar pelos restaurantes limenhos, desde que as esperanças não se acorrentem aos fetichismos e aos deslumbramentos fáceis das bíblias gastronômicas. A CHEF Juliana Reis (à esquerda), do Epifania Oriental, em jantar com os irmãos Felipe e Ricardo, a mãe, Zezê, e o sobrinho, Davi, de dez anos É só a artista plástica Zaza Reis, mãe da chef Juliana Reis, abrir a porta de sua casa no Flamengo para o clima de descontração tomar conta do ambiente: a yorkshire Gaia é a primeira a fazer festa para os convidados. É noite de quarta-feira, mas poderia muito bem ser um domingo de tarde, graças ao jeito de bem com a vida da família, que aproveita sempre os feriados e datas especiais para dar uma pausa na rotina movimentada de todos. — Normalmente, eu só consigo ver um ou o outro — conta Zaza sobre os quatro filhos, Juliana, Felipe, Ricardo e Ana (que vive em Paris e, por isso, não pode estar presente), e o neto, Davi, de dez anos. — Quando a gente se reúne é uma data especial, e o bacalhau é o predileto de todo mundo, diz ela, que costuma preparar o peixe em uma grande panela ao invés de levá-lo ao forno. — Acho que fica mais saboroso, não resseca — comenta. A receita é simples e prática, como toda comfort food que se preze, e atravessa gerações: vem desde Cecília, mãe de Zaza, que vive em Brasília. E também foi por meio do prato que Juliana teve suas primeiras memórias de contato com a cozinha. — Sempre gostei do ato de cozinhar e comecei assim, ajudando na montagem do bacalhau — relembra Juliana, que, no entanto, só foi descobrir sua vocação muito tempo depois, quando cursava Ciências Sociais, meio que por acaso. —Resolvi virar vegetariana, o que não durou muito porque gosto de bacon — brinca. — Mas foi por causa dessa fase que comecei a procurar receitas para fazer em casa — explica ela, que, uma vez com o interesse despertado, rapidamente conseguiu um estágio no Zazá Bistrô, em Ipanema. Não demorou muito, aos 22 anos, Ju comandava a sua própria cozinha, em um bistrô no Flamengo. Agora, aos 28, ela é a mente por trás de três casas na Zona Sul: o Epifania Oriental Contemporâneo, com unidades no Leme e em Botafogo, e o Manifesto BCA (a sigla é para “bar e cozinha artesanal”), também no Leme. Por trás do sucesso, além do talento da chef, está o apoio BACALHAU DA JULIANA REIS SERVE 4 PESSOAS • INGREDIENTES 350g de bacalhau dessalgado 200g de batatas descascadas em rodelas grossas • 1 pimentão verde em rodelas finas • 4 tomates em rodelas • 2 cebolas brancas em rodelas • Azeitonas pretas a gosto • Azeite de boa qualidade • Sal e pimenta-do-reino • 100ml de molho de tomate • • • Em uma panela, arrume em camadas na sequência: batatas, bacalhau, cebola, pimentão, tomate, azeitonas, temperos e um pouco de molho de tomate. • Repita a operação até terminar tudo. • Coloque para cozinhar em fogo médio até que as batatas estejam macias e cozidas. • Sirva com arroz branco. dos irmãos mais velhos: Ricardo, de 36 anos, participou da primeira empreitada, no Flamengo. Depois, o administrador Felipe, de 40, resolveu abandonar a vida no escritório para investir suas fichas na caçula da família. — É porque a gente é maluco — resume Juliana sobre a abertura de tantos restaurantes em tão pouco tempo (o Manifesto BCA foi inaugurado há três meses, enquanto o Epifania de Botafogo completou cinco). Apesar de garantir que o restaurante é, “sem sombra de dúvida”, muito mais estressante do que os seus empregos anteriores, Felipe não demonstra arrependimento quando fala do trabalho da irmã. — É um orgulho vê-la trabalhar. Em pouco tempo, conseguiu criar algo muito atraente — diz ele, que é interrompido apenas para a irmã poder deixar clara a admiração mútua: — Se não fosse ele do meu lado... Felipe é exigente, quer fazer tudo certinho, e é fera na administração, o que eu não sou — confessa. Zaza, é claro, também não poderia deixar de dar os seus pitacos de vez em quando. Artista plástica, ela auxiliou na decoração de todos os restaurantes e está prestes a completar um painel para o Epifania Oriental de Botafogo. — Eu sou o controle de qualidade. Estou nos restaurantes o tempo todo. — diverte-se a mãe da chef, que é paulista, mas acabou tendo filhos manauaras, brasilienses e cariocas, por conta do emprego do pai de Juliana, Maurício, na Vale do Rio Doce. Foi durante a temporada em Manaus, 38 anos atrás, que ela ganhou a mesa em torno da qual a família hoje costuma se reunir. A madeira maciça, cheia de desenhos na borda e nas cadeiras, deixa claro que ali tem história. — Tinha uns amigos indianos, e eles importaram a mesa para mim. É feita de sândalo, uma madeira macia, para poder ser talhada. Mesmo sendo grande, resolvi mantê-la quando me mudei para este apartamento. — A verdade é que na família todo mundo gosta de cozinhar, mas quem tem o dom mesmo é a Juliana — encerra. O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 l 5 JAPA POP: LUCIANA FRÓES nigri do chef Sanz, no Sushi Leblon FOTOS DE DIVULGAÇÃO Sanz e sua flor elétrica Ele é espanhol, comanda um dos mais prestigiados japoneses de Madri e de Málaga, o Kabuki, e tudo o que sabe aprendeu com Misasao Kikuchia, mestre do sushi que cozinhou no Palácio Imperial do Japão. É Ricardo Sanz, que estará no Rio (pela segunda vez) de terça a sexta, assinando o menu comemorativo dos 30 anos do Sushi Leblon, em banquete para poucos hashis. Apesar da formação clássica, Sanz aposta é na vanguarda: vai ter sushi de tutano com caviar, peixe branco com toucinho, ovos fritos com ouriço e usuzukuri com flor “elétrica”, seja lá o que isso for. É bom reservar com antecedência: 2512-7830 . Menino do Rio Marcelo Schambeck é o maior nome da gastronomia gaúcha com o seu Del Barbieri, bistrô no centro de Porto Alegre (vive lotado), instalado em uma antiga barbearia que foi de seu pai. Daí o nome. Dono de uma cozinha única, esse jovem chef (surfista nas horas vagas) faz releituras modernas e equilibradas de pratos tipicamente regionais, com matérias-primas vindas de pequenos produtores. O mais premiado dos chefs gaúchos já andou pelas cozinhas de Helena Rizzo, Roberta Sudbrack, Pedro Siqueira (o jantar a quatro mãos foi espetacular) e andou pela França, Índia, Paquistão... O melhor de tudo é que Schambeck está vindo para o Rio, mais precisamente para a praia de Botafogo, onde assumirá a cozinha do novo hotel Yoo2, da rede gaúcha Intercity (daí o chef!), projeto bacanérrimo do escritório de Philippe Starck. A partir do mês que vem, Marcelo Schambeck será o mais novo menino do Rio. DIVULGAÇÃO/DRAUSIO TUZZOLO Abaixo o salmão! Essa trilogia de encher os olhos é obra de Shin KoiKe, mestre dos sushis, sashimis e usuzukuris, que está trazendo para o Rio o seu Sakagura A1, hit paulistano, que funcionará no Vogue Gourmet, na Barra, loja de 400 metros quadrados, com projeto de Pedro Paranaguá. Koike, que é também embaixador da culinária japonesa no Brasil, ficou maravilhado com o que viu nos mercados de peixes da cidade: Balzaquiano e carioca — Encontrei pargos, robalos, cavalinhas, sardinhas, xereletes... Agora, me diz: por que servem tanto salmão no Rio? — alfineta ele. Fechei com o Koike: abaixo o salmão! O quitute mais clonado do país, o Escondidinho, a bem equacionada combinação de purê de aipim, carne-seca e requeijão, tudo junto, misturado e gratinado, fez 30 anos de ótimos serviços prestados. “Vejo cópias grosseiras, horríveis”, lamenta Edmea Falcão, sócia da Academia da Cachaça, berço (e ninguém tasca) do prato. Que bonita a O quiosque do Cozan festa, pá Agora, aos suquinhos! No dia 10, começa a Festa dos Santos Populares Portugueses na Praça XV, Paço Imperial e CCBB: muita música, arte, literatura e gastronomia, com direito a aula do chef Alexandre Henriques, da Gruta de Santo Antônio. Sabe a Jeffrey, cervejaria carioca que já criou até uma versão de loura e morena só para combinar com os sanduíches da Roberta Sudbrack? Está lançando agora a Vâr, uma coleção de quatro versões de sucos de uvas naturais, de parreirais da Serra Gaúcha, com variedades como Niágara Branca, Niágara Rosa, Francesa e Bordô (de cores, odores e sabores distintos). “A Niágara Branca cai bem num café da manhã ou acompanhando saladas verdes ou ainda com peixe fresco grelhado”, sugere Gilson Val, um dos sócios da marca. Apesar da cor, a tal Niágara, a da foto, é uma uva. CAMILLA MAIA La nave aportou O Planetário acaba de ganhar um bistrô que promete: o La Nave, nas mãos do chef Daniel Pinho (“produzo ´até a linguiça”), projeto de Ricardo Campos e carta de vinhos de Paulo Nicolay. Parada certíssima. Os ventos alíseos da Bretanha chegaram à praia de Copacabana, trazidos pelo chef Olivier Cozan. Ele repaginou um quiosque do Posto 3, transformando-o no Alizé, simpático restaurante (sim, é um) de peixes e frutos do mar. Tem bobó, bacalhau, lagosta, caçarolas de mexilhões com fritas, ostras frescas, saladinhas frescas... Como bom atleta que é, Cozan brinda caminhantes, corredores e ciclistas com um café da manhã recheado de delícias e opções mais leves para a turma do treino. Das 6h às 10h da manhã, Alizé e Olivier estarão a postos. Vale conferir, e a qualquer hora do dia, da tarde, da noite... 6 l O GLOBO Sábado 4 .6 .2016 SELFIE com o mestre: Villard e alguns dos chefs que estagiaram no Le Pré Catelan, de onde está de partida GUITO MORETO/ PRODUÇÃO LOU BITTENCOURT Odos chefe chefs DIVULGAÇÃO/BIANCA GUEDES ELUCIANA FRÓES [email protected] D FÁBIO SEIXO/21-10-2008 E nquanto os salões do Le Pré Catelan ferviam, o francês E Roland Villard D formava, em sua amazônico à francesa: tambaqui com baroa defumada. Genial cozinha, uma geração de craques. De malas prontas para uma temporada na França, ele se reúne com os pupilos e relembra ensinamentos preciosos para cozinheiros. SABOR “Mais acidez, meninos, comida tem que ter acidez!”, bradava “le chef ”, de colher em punho, abrindo panelas e provando os feitos de seus pupilos. Mais de 200 aspirantes à cozinha passaram pelos ensinamentos de Roland Villard ao longo de quase duas décadas de comando do Sofitel (posto, aliás, do qual ele acaba de se desligar). Batiam à sua porta (na verdade, cozinha) por curiosidades, fantasias (”confundiam com glamour!”) e também por paixão, vocação e, voilà!, profissão. Hoje, esses pupilos afiados estão por aqui, por ali, acolá... A carioca Tábata Bonardi foi parar em Lyon, na França, onde detém o titulo de primeira (e única) chef mulher à frente de um restaurante de Paul Bocuse. Não é pouco. Claudio Procópio, outro aprendiz do mestre, virou chef sensação na Amazônia. Nem precisa ir longe, basta olhar a foto acima e legendar: Pablo Ferreyra (chef do Térèze), Ricardo Lapeyre (da Brasserie Lapeyre), Elia Scramm (Laguiole), Willian Halles (Caesar Park), Paula Prandini (Emporio Jardim). E outros nomes caberiam nesse “selfie” Willian Halles, o mais longevo dos parceiros (uma década dividindo fogões) de Roland, conta que a primeira coisa que o chef lhe perguntou ao TRILOGIAS, uma das marcas da cozinha do chef Roland Villard pedir um estágio, foi “ você é casado? Se for, aviso, seu casamento pode acabar. Cozinha é dedicação integral. Pensa nisso?” Não deu outra. Em dois meses de cozinha, a união entrou em ebulição. — Felizmente, achei o ponto certo para lidar com os dois lados. Mas o começo foi duríssimo, pensava em cozinha até dormindo. Quem aguenta isso?— conta Halles, head chef do Caesar Park. Com Pablo Ferreyra, do Hotel Santa Teresa, Roland foi direto ao ponto: “A remuneração é pequena, mas os ganhos profissionais serão grandes, prometo”. Dito e feito. Para Pablo, não teria escola melhor. Elia Schramm, Laguiole, diz que foi ali onde aprendeu o kit de sobrevivência numa cozinha. Componentes? Postura, disciplina, organização, superação, espírito de equipe e... paladar: E D “ Prove tudo e não confie em ninguém. Paladar é a arma do cozinheiro!” — “Prove tudo o que fizer, não confie em ninguém, nem em mim!” , dizia o Roland, que complementava: “Paladar é a principal arma do cozinheiro” — diz Elia. É um cardápio de lembranças recheado de ensinamentos, agradecimentos e pitadas indigestas. Ah, se as panelas falassem.. — Numa noite de salão lotado, uma bandeja com oito pratos já servidos foi parar no chão. Um desastre! Foi a única vez que vi Roland gritar — lembra Paula Prandini, do Empório Jardim. Ricardo Lapeyre, apesar de brasileiro, só foi conhecer os sabores amazônicos com Villard, que há dez anos assinou uma genial sequência de pratos onde brilhavam tambaquis, pirarucus, filhotes, jambus e tucupis, manipulados com técnica francesa. Inesquecível, como outras centenas de pratos feitos por esse francês de Saint Etienne, que desembarcou no Rio, vindo da África, para passar dois anos. Gostou tanto que foi ficando, ficando... e lá se vão 19 anos (e mais dez quilos, segundo ele). — Me sinto brasileiro, minha historia de vida é aqui — diz o chef com o pé no avião para uma temporada na França. Mas ele promete que volta.