plano diretor municipal de condeixa-a-nova
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1ª REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CONDEIXA-A-NOVA CÂMARA MUNICIPAL DE CONDEIXA-A-NOVA ESTUDOS DE CARACTERIZAÇÃO Volume I FEVEREIRO de 2009 (corrigido em Julho de 2012/ Setembro 2013) 1ª REVISÃO DO ESTUDOS DE CARACTERIZAÇÃO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CONDEIXA-A-NOVA FEVEREIRO de 2009 (corrigido em Julho de 2012/ Setembro 2013) Volume I CÂMARA MUNICIPAL DE CONDEIXA-A-NOVA Na capa: (1) “Buracas”, Casmilo, (2) Habitação contemporânea, Mata, (3) Canhão fluviocársico, rio de Mouros (4) Casa-Museu Fernando Namora, Condeixa-a-Nova (5) Rua da Condeixinha, Condeixa-a-Nova (6) Campo agrícola, Mata (7) Igreja Matriz, Condeixa-a-Nova (8) Castellum, Alcabideque (9) Rio do Cais, Condeixa-a-Nova (10) Ruínas de Conímbriga, Condeixa-a-Velha (11) Vala do Paul do Arzila (12) Habitação recuperada, Mata CID - Centro de Incubação e Desenvolvimento Rua António Champalimaud, Lote 1 1600-546 LISBOA PORTUGAL T 21 456 98 70 F 21 456 98 79 [email protected] www.plural-planeamento.pt ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO E ENQUADRAMENTO ........................................................................................................................................................ 1 1.1 ÂMBITO ................................................................................................................................................................................................. 1 1.2 ENQUADRAMENTO LEGAL ................................................................................................................................................................. 3 1.3 CONTEÚDO E ORGANIZAÇÃO DO PLANO ....................................................................................................................................... 5 1.4 OBJETIVOS GERAIS ............................................................................................................................................................................ 9 1.5 FASEAMENTO .................................................................................................................................................................................... 10 2. CONDEIXA-A-NOVA E O CONTEXTO REGIONAL .................................................................................................................................. 13 2.1 CONTEXTO TERRITORIAL E DEMOGRÁFICO ................................................................................................................................ 13 2.2 O CONCELHO DE CONDEIXA-A-NOVA – CONSIDERAÇÕES GERAIS ......................................................................................... 16 3. INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL DE HIERARQUIA SUPERIOR ...................................................................................... 25 3.1 PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO ........................................................................... 25 3.2 PLANO SECTORIAL DA REDE NATURA 2000 ................................................................................................................................. 27 3.2.1 SIC PAUL DE ARZILA ................................................................................................................................................................ 28 3.2.2 ZPE PAUL DE ARZILA ............................................................................................................................................................... 33 3.3 PLANO DE BACIA HIDROGRÁFICA DO MONDEGO ....................................................................................................................... 38 3.4 PLANO DE ORDENAMENTO DA RESERVA NATURAL DO PAUL DE ARZILA .............................................................................. 41 3.5 PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO FLORESTAL DO CENTRO LITORAL ............................................................................ 42 3.6 PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DO CENTRO ..................................................................................... 47 3.7 PLANO ESTRATÉGICO NACIONAL DE TURISMO (PENT) ............................................................................................................. 57 4. PLANOS MUNICIPAIS, COMPROMISSOS E INTENÇÕES ..................................................................................................................... 60 4.1 PLANOS E ESTUDOS EFICAZES OU EM ELABORAÇÃO NO CONCELHO DE CONDEIXA-A-NOVA .......................................... 60 4.1.1 PLANO DE PORMENOR DA ZONA INDUSTRIAL DE CONDEIXA-A-NOVA ........................................................................... 60 4.1.2 PLANO MUNICIPAL DE DEFESA DA FLORESTA CONTRA INCÊNDIOS .............................................................................. 61 4.1.3 PLANO MUNICIPAL DE EMERGÊNCIA E PROTEÇÃO CIVIL ................................................................................................. 61 4.1.4 PLANO ESTRATÉGICO – CONDEIXA 2020 ............................................................................................................................. 63 4.2 COMPROMISSOS E INTENÇÕES ..................................................................................................................................................... 64 4.3 PRETENSÕES E SUGESTÕES ......................................................................................................................................................... 66 4.4 SÍNTESE CONCLUSIVA ..................................................................................................................................................................... 68 5. ANÁLISE DEMOGRÁFICA......................................................................................................................................................................... 69 5.1 UM TERRITÓRIO COM UMA DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DESIGUAL .................................................................................. 70 5.2 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO: COMPORTAMENTOS E FATORES EXPLICATIVOS. CARACTERIZAÇÃO DA EVOLUÇÃO POPULACIONAL ....................................................................................................................................................................................... 74 5.3 HIERARQUIA SEGUNDO A DIMENSÃO DOS LUGARES: UM PADRÃO ESPACIAL CONCENTRADO ........................................ 80 5.4 FATORES DA DINÂMICA DEMOGRÁFICA ....................................................................................................................................... 84 5.5 ESTRUTURA DA POPULAÇÃO: SEXO E IDADES ........................................................................................................................... 91 5.6 CONDIÇÃO PERANTE A ATIVIDADE ECONÓMICA, OCUPAÇÃO DOS ATIVOS, EMPREGO E DESEMPREGO ...................... 101 5.7 MOBILIDADE PENDULAR E RESIDENCIAL - COMPLEMENTARIDADES INTERCONCELHIAS ................................................. 106 5.7.1 ENTRADAS EM CONDEIXA-A-NOVA ..................................................................................................................................... 108 5.7.2 SAÍDAS DE CONDEIXA-A-NOVA............................................................................................................................................ 108 5.8 OFERTA DE FORMAÇÃO, NÍVEL DE INSTRUÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO EMPREGO .............................................................. 111 6. ESTRUTURA PRODUTIVA E BASE ECONÓMICA ................................................................................................................................ 114 6.1 ESTABELECIMENTOS E EMPREGO .............................................................................................................................................. 114 6.2 SETORES DE ATIVIDADE ECONÓMICA ........................................................................................................................................ 118 6.2.1 AGRÍCOLA, PECUÁRIA E FLORESTA ................................................................................................................................... 118 6.2.2 INDÚSTRIA E CONSTRUÇÃO CIVIL ...................................................................................................................................... 119 6.2.3 COMÉRCIO E SERVIÇOS ....................................................................................................................................................... 122 6.2.4 TURISMO E LAZER ................................................................................................................................................................. 124 6.3 PRINCIPAIS PROJETOS E INVESTIMENTOS RECENTES ........................................................................................................... 127 7. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA ............................................................................................................................................................. 129 7.1 ENQUADRAMENTO BIOFÍSICO ...................................................................................................................................................... 129 7.1.1 CLIMATOLOGIA ....................................................................................................................................................................... 129 7.1.2 GEOLOGIA ............................................................................................................................................................................... 135 7.1.3 HIDROGEOLOGIA ................................................................................................................................................................... 146 7.1.4 RADIOATIVIDADE NATURAL ................................................................................................................................................. 153 7.1.5 RECURSOS HÍDRICOS ........................................................................................................................................................... 156 7.1.6 MORFOLOGIA ......................................................................................................................................................................... 171 7.1.7 CARACTERIZAÇÃO BIOCLIMÁTICA, BIOGEOGRÁFICA, FITOGEOGRÁFICA, FITO-EDAFO-CLIMÁTICA E FITOSSOCIOLÓGICA DO CONCELHO ........................................................................................................................................... 174 7.2 VALORES NATURAIS....................................................................................................................................................................... 178 7.2.1 ÁREAS PROTEGIDAS - RESERVA NATURAL DO PAUL DE ARZILA (RNPA) .................................................................... 178 7.2.2 REDE NATURA 2000 ............................................................................................................................................................... 183 7.2.3 ZONAS HÚMIDAS DA CONVENÇÃO RAMSAR ..................................................................................................................... 185 7.2.4 RESERVA BIOGENÉTICA DO CONSELHO DA EUROPA ..................................................................................................... 185 7.2.5 OUTROS VALORES NATURAIS ............................................................................................................................................. 186 7.3 UNIDADES DE PAISAGEM .............................................................................................................................................................. 191 7.4 POTENCIAIS DISFUNÇÕES AMBIENTAIS ..................................................................................................................................... 195 7.4.1 POLUIÇÃO HÍDRICA ............................................................................................................................................................... 195 7.4.2 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA .................................................................................................................................................... 196 7.4.3 POLUIÇÃO SONORA............................................................................................................................................................... 197 7.4.4 MONOCULTURAS FLORESTAIS............................................................................................................................................ 199 8. SISTEMA URBANO .................................................................................................................................................................................. 201 8.1 INTEGRAÇÃO DE CONDEIXA-A-NOVA NO SISTEMA URBANO NACIONAL, REGIONAL E SUB-REGIONAL .......................... 202 8.2 SISTEMA URBANO DE CONDEIXA-A-NOVA.................................................................................................................................. 206 8.2.1 METODOLOGIA ....................................................................................................................................................................... 207 8.2.2 POVOAMENTO E DIMENSÃO DEMOGRÁFICA DOS CENTROS URBANOS ...................................................................... 209 8.2.3 CENTRALIDADE/ ACESSIBILIDADE ...................................................................................................................................... 214 8.2.4 FUNÇÕES CENTRAIS DO SETOR PRIVADO ........................................................................................................................ 215 8.2.5 FUNÇÕES CENTRAIS DO SETOR PÚBLICO ........................................................................................................................ 221 8.3 DEFINIÇÃO DOS NÍVEIS HIERÁRQUICOS DO SISTEMA URBANO DE CONDEIXA-A-NOVA .................................................... 224 9. USO E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO .................................................................................................................................................... 229 9.1 OCUPAÇÃO DO SOLO ..................................................................................................................................................................... 229 9.2 POVOAMENTO E EVOLUÇÃO URBANÍSTICA ............................................................................................................................... 235 9.2.1 FORMAS DE POVOAMENTO ................................................................................................................................................. 236 9.2.2 DINÂMICA URBANÍSTICA E ESTADO DE CONSERVAÇÃO ................................................................................................ 238 9.2.3 ANÁLISE URBANÍSTICA DO TERRITÓRIO............................................................................................................................ 243 9.2.4 CARACTERIZAÇÃO DOS AGLOMERADOS .......................................................................................................................... 251 10. HABITAÇÃO ........................................................................................................................................................................................... 263 10.1 O PARQUE HABITACIONAL: INDICADORES FUNDAMENTAIS DE DIAGNÓSTICO ................................................................. 264 10.1.1 POPULAÇÃO, ALOJAMENTOS, FAMÍLIAS, EDIFÍCIOS E INDICADORES MÉDIOS DE OCUPAÇÃO ............................. 264 10.1.2 ÉPOCAS DE CONSTRUÇÃO E DINÂMICAS DE CRESCIMENTO ...................................................................................... 270 10.1.3 TIPO E FORMAS DE OCUPAÇÃO DOS ALOJAMENTOS E EDIFÍCIOS SEGUNDO O NÚMERO DE PISOS E CONDIÇÕES DE ACESSO ............................................................................................................................................................... 271 10.1.4 CONDIÇÕES DE HABITABILIDADE ..................................................................................................................................... 275 10.1.5 REGIME DE OCUPAÇÃO E ENCARGOS COM A HABITAÇÃO .......................................................................................... 277 10.1.6 ESTADO DE CONSERVAÇÃO DO PARQUE EDIFICADO .................................................................................................. 279 10.1.7 AVALIAÇÃO DAS CARÊNCIAS HABITACIONAIS ................................................................................................................ 280 10.1.8 ESTIMATIVAS DO CRESCIMENTO DO PARQUE HABITACIONAL POSTERIORES A 2001 ............................................ 285 10.1.9 SÍNTESE CONCLUSIVA ........................................................................................................................................................ 286 11. EQUIPAMENTOS COLETIVOS ............................................................................................................................................................. 289 11.1 METODOLOGIA .............................................................................................................................................................................. 290 11.2 CONSIDERAÇÕES DE DESTAQUE .............................................................................................................................................. 294 11.3 EQUIPAMENTO EDUCATIVO ........................................................................................................................................................ 296 11.3.1 A REDE EDUCATIVA MUNICIPAL (ANO LETIVO 2006/2007) ............................................................................................. 296 11.3.2 PONTO DE SITUAÇÃO DO REORDENAMENTO EDUCATIVO EM CURSO (INCLUINDO EXPECTATIVAS PARA O ANO LETIVO 2010/2011) ........................................................................................................................................................................... 301 11.4 EQUIPAMENTOS DE SOLIDARIEDADE E SEGURANÇA SOCIAL .............................................................................................. 302 11.4.1 APOIO À INFÂNCIA E JUVENTUDE: CRECHES E ATL ...................................................................................................... 302 11.4.2 APOIO À TERCEIRA IDADE: LARES, CENTROS DE DIA E APOIO DOMICILIÁRIO ......................................................... 304 11.4.3 REABILITAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA E DE DOENTES DO FORO MENTAL .................. 307 11.4.4 NECESSIDADES DE APOIO SOCIAL IDENTIFICADAS NO PROGRAMA REDE SOCIAL ................................................ 308 11.5 EQUIPAMENTO DE SAÚDE ........................................................................................................................................................... 308 11.5.1 CENTROS DE SAÚDE E EXTENSÕES ................................................................................................................................ 308 11.5.2 FARMÁCIAS ........................................................................................................................................................................... 310 11.6 EQUIPAMENTO DESPORTIVO ..................................................................................................................................................... 310 11.7 EQUIPAMENTO CULTURAL .......................................................................................................................................................... 312 11.8 EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA E PROTEÇÃO CIVIL ............................................................................................................. 315 11.9 OUTROS EQUIPAMENTOS ........................................................................................................................................................... 315 11.10 SÍNTESE CONCLUSIVA ............................................................................................................................................................... 315 12. VALORES CULTURAIS ......................................................................................................................................................................... 319 12.1 PATRIMÓNIO CLASSIFICADO ...................................................................................................................................................... 321 12.2 PATRIMÓNIO EM VIAS DE CLASSIFICAÇÃO .............................................................................................................................. 327 12.3 PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO ................................................................................................................................................... 328 12.4 OUTRO PATRIMÓNIO COM INTERESSE ..................................................................................................................................... 334 12.4.1 ARQUITETURA RELIGIOSA ................................................................................................................................................. 335 12.4.2 ARQUITETURA CIVIL ............................................................................................................................................................ 340 12.4.3 ESTRUTURAS DE APOIO ..................................................................................................................................................... 345 12.5 CONJUNTOS COM INTERESSE ................................................................................................................................................... 346 12.6 VALORES ETNOGRÁFICOS, ARTESANATO E GASTRONOMIA ................................................................................................ 346 13. REDE VIÁRIA E TRANSPORTES .......................................................................................................................................................... 349 13.1 REDE RODOVIÁRIA ....................................................................................................................................................................... 349 13.1.1 INSERÇÃO NACIONAL, REGIONAL E LOCAL..................................................................................................................... 349 13.1.2 REDE VIÁRIA CONCELHIA ................................................................................................................................................... 354 13.1.3 PERSPETIVAS DE EVOLUÇÃO............................................................................................................................................ 364 13.2 TRANSPORTE PÚBLICO DE PASSAGEIROS .............................................................................................................................. 367 13.3 DIAGNÓSTICO DA MOBILIDADE NO CONCELHO DE CONDEIXA-A-NOVA ............................................................................. 373 14. INFRAESTRUTURAS URBANAS .......................................................................................................................................................... 376 14.1.1 INFRAESTRUTURAS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ..................................................................................................... 377 14.1.2 INFRAESTRUTURAS DE DRENAGEM E TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS ........................................................... 380 14.1.3 RECOLHA E TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................................................................................... 382 14.1.4 INFRAESTRUTURAS ELÉTRICAS, DE COMUNICAÇÃO E GASISTAS ............................................................................. 386 15. RISCOS NATURAIS E TECNOLÓGICOS ............................................................................................................................................. 389 15.1 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS ..................................................................................................................................................... 391 15.2 RISCOS NATURAIS ........................................................................................................................................................................ 393 15.2.1 CHEIAS E INUNDAÇÕES ...................................................................................................................................................... 393 15.2.2 RISCO SÍSMICO .................................................................................................................................................................... 394 15.2.3 MOVIMENTOS DE MASSAS ................................................................................................................................................. 395 15.3 RISCOS TECNOLÓGICOS ............................................................................................................................................................. 395 15.3.1 ACIDENTES GRAVES DE TRÁFEGO RODOVIÁRIO .......................................................................................................... 395 15.3.2 ACIDENTES NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE MATÉRIAS PERIGOSAS ................................................................... 396 15.3.3 ACIDENTES GRAVES DE TRÁFEGO AÉREO ..................................................................................................................... 396 15.3.4 COLAPSO DE TÚNEIS, PONTES E INFRAESTRUTURAS ................................................................................................. 396 15.3.5 ACIDENTES INDUSTRIAIS ................................................................................................................................................... 397 15.3.6 INCÊNDIOS URBANOS ......................................................................................................................................................... 397 15.3.7 ACIDENTES COM GÁS ......................................................................................................................................................... 398 15.4 RISCOS MISTOS ............................................................................................................................................................................ 398 15.4.1 INCÊNDIOS FLORESTAIS .................................................................................................................................................... 398 15.4.2 ACIDENTES DE POLUIÇÃO ................................................................................................................................................. 398 16. AVALIAÇÃO DO PDM EM VIGOR......................................................................................................................................................... 400 16.1 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS, MEDIDAS E AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO ........................................................................ 400 16.1.1 AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DOS OBJETIVOS ESTRATÉGICOS, MEDIDAS E AÇÕES DO PDM ................................. 404 16.2 PROPOSTAS DE ORDENAMENTO TERRITORIAL ...................................................................................................................... 415 16.2.1 SOLO URBANO ..................................................................................................................................................................... 422 16.2.2 SOLO RURAL......................................................................................................................................................................... 430 16.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................................................ 435 17. SÍNTESE ................................................................................................................................................................................................. 436 ANEXO 1 - LEVANTAMENTO FUNCIONAL DO CENTRO URBANO DE CONDEIXA-A-NOVA, 2008 .................................................... 441 ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1: Esquema do faseamento do processo de elaboração da 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova ............................................. 12 Figura 2: Região Centro e Sub-região de Baixo Mondego ............................................................................................................................. 13 Figura 3: Distrito de Coimbra e Grande Área Metropolitana de Coimbra ....................................................................................................... 14 Figura 4: Freguesias do concelho de Condeixa-a-Nova ................................................................................................................................. 16 Figura 5: Distribuição da população por dimensão de lugar (em n.º de hab.), em 2001, no concelho de Condeixa-a-Nova ........................ 16 Figura 6: População empregada, segundo Setores de Atividade Económica, no Baixo Mondego e em Condeixa-a-Nova (2001) .............. 20 Figura 7: População empregada por setores de atividade no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1981 e 2001 ....................................... 20 Figura 8: Movimentos pendulares das saídas e entradas do concelho da Condeixa-a-Nova ........................................................................ 22 Figura 9: Movimentos Pendulares no concelho de Condeixa-a-Nova ............................................................................................................ 23 Figura 10: Condeixa-a-Nova no contexto do PRN2000 .................................................................................................................................. 24 Figura 11: Habitats do Sítio Paul de Arzila...................................................................................................................................................... 29 Figura 12: ZPE Paul de Arzila ......................................................................................................................................................................... 34 Figura 13: Sub-regiões do PROF CL no concelho de Condeixa-a-Nova....................................................................................................... 43 Figura 14: Extrato do Mapa síntese do PROF - CL para a zona do concelho de Condeixa-a-Nova.............................................................. 47 Figura 15: Modelo Territorial ........................................................................................................................................................................... 55 Figura 16: Modelo Territorial – Baixo Mondego .............................................................................................................................................. 56 Quadro 17: Região Centro – Principais Recursos, Fatores Distintivos e Objetivos ....................................................................................... 59 Quadro 18: Região Centro - Proposta de potenciais ações a aprofundar ...................................................................................................... 59 Figura 19: Pretensões e sugestões apresentadas na consulta pública, agrupadas por categorias, em % ................................................... 66 Figura 20: Distribuição das pretensões e sugestões, apresentadas na consulta pública, por freguesia ....................................................... 68 Figura 21: População residente nos concelhos da sub-região do Baixo Mondego, em 2001 ........................................................................ 70 Figura 22: População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991.......................................................................... 71 Figura 23: População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001.......................................................................... 71 Figura 24: População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1981, 1991 e 2001 ................................................... 72 Figura 25: Evolução da população residente no concelho de Condeixa-a-Nova entre 1981 e 2001 ............................................................. 75 Figura 26: População residente no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1960 a 2001 ..................................................................................... 75 Figura 27: Evolução da população residente no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2007 ................................................................ 75 Figura 28: População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1981 a 2001 .............................................................. 76 Figura 29: Variação da população residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1981 a 2001........................................... 77 Figura 30: Variação da população residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1981 a 2001........................................... 78 Figura 31: População residente por lugar no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 ................................................................................ 80 Figura 32: Hierarquia segundo a dimensão dos lugares no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 .......................................................... 83 Figura 33: População residente por lugar no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 ................................................................................ 84 Figura 34: Variação da população residente por lugar no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2001 ................................................. 84 Figura 35: Evolução da taxa de natalidade, taxa de mortalidade e taxa de crescimento em Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2005 ................ 85 Figura 36: Crescimento natural por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 .............................................................. 88 Figura 37: Taxas de natalidade e de mortalidade por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 (‰) ....................................... 90 Figura 38: Taxas de natalidade e de mortalidade por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 (‰) ....................................... 90 Figura 39: Taxas de natalidade, de mortalidade e de crescimento natural por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 (‰) 90 Figura 40: Taxas de natalidade, de mortalidade e de crescimento natural por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 (‰) 90 Figura 41: População concelho no concelho de Condeixa-a-Nova, segundo os grandes grupos etários, em 1981, 1991 e 2001 ............... 92 Figura 42: Pirâmide etária da população residente no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2001 ....................................................... 94 Figura 43: Pirâmide etária da população residente no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1981 a 2001 ....................................................... 96 Figura 44: Pirâmide etária da população residente no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1950 a 2001 ....................................................... 96 Figura 45: Pirâmide etária da população residente por freguesia, de 1991 a 2001 ....................................................................................... 98 Figura 46: Situação da população residente perante a atividade económica, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 ....................... 101 Figura 47: Evolução da população por setores de atividade económica, em Condeixa-a-Nova, entre 1981 e 2001 .................................. 103 Figura 48: Movimentos pendulares de e para o concelho de Condeixa-a-Nova, por motivo de deslocação, em 2001 ............................... 108 Figura 49: Mobilidade residencial para e de Condeixa: população residente em Condeixa que 5 anos e 10 anos antes residia noutros concelhos ................................................................................................................................................................................... 110 Figura 50: População residente no concelho de Condeixa-a-Nova, segundo o nível de ensino atingido, em 2001 .................................... 112 Figura 51: Níveis de qualificação do pessoal ao serviço no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2005 ....................................................... 113 Figura 52: Estabelecimentos e emprego, por setores de atividade, em Condeixa-a-Nova, segundo a CAE-Rev.2, em 2005 .................... 116 Figura 53: Zona Industrial de Condeixa-a-Nova, espaço existente e previsto e empresas localizadas em meados de 2008 ..................... 121 Figura 54: Temperatura mensal média de quatro estações climatológicas nas proximidades do concelho de Condeixa-a-Nova .............. 130 Figura 55: Temperatura mensal média dos valores máximos em quatro estações climatológicas nas proximidades do concelho de Condeixa-a-Nova ....................................................................................................................................................................... 131 Figura 56: Temperatura mensal média dos valores mínimos em quatro estações climatológicas nas proximidades do concelho de Condeixa-a-Nova ....................................................................................................................................................................... 131 Figura 57: Precipitação média mensal para o conjunto das estações referenciadas e analisadas para as estações localizadas nos espaços Este/Sul e Norte/Oeste. ............................................................................................................................................................. 132 Figura 58: Valores anuais de frequência média e velocidade média na estação climatológica de Coimbra (I IGUC) ................................. 134 Figura 59: Valores anuais de frequência média e velocidade média na estação climatológica de Coimbra - Bencanta ............................. 134 Figura 60: Síntese das unidades litoestratigráficas do concelho de Condeixa-a-Nova ................................................................................ 135 Figura 61: A plataforma de Conímbriga resultante da deposição de um tufo calcário ................................................................................. 144 Figura 62: Recursos Geológicos ................................................................................................................................................................... 146 Figura 63: Caudais médios mensais para Alcabideque no período 1992/93 a 2002/03 .............................................................................. 147 Figura 64: Caudais de bombagem ............................................................................................................................................................... 148 Figura 65: Rebaixamento por bombagem ..................................................................................................................................................... 148 Figura 66: Profundidade de captação ........................................................................................................................................................... 150 Figura 67: Escoamento subterrâneo ............................................................................................................................................................. 151 Figura 68: PH em águas superficiais e subterrâneas ................................................................................................................................... 152 Figura 69: Condutividade em águas superficiais e subterrâneas ................................................................................................................. 153 Figura 70: Radiação gama total .................................................................................................................................................................... 154 Figura 71: Bacias hidrográficas ..................................................................................................................................................................... 158 Figura 72: Densidade de drenagem .............................................................................................................................................................. 159 Figura 73: Zonas Ameaçadas pelas Cheias e pontos críticos ...................................................................................................................... 168 Figura 74: Unidades Morfoestruturais de Portugal Continental .................................................................................................................... 169 Figura 75: Sistemas Aquíferos do concelho de Condeixa-a-Nova .............................................................................................................. 169 Figura 76: Modelo Digital do Terreno ............................................................................................................................................................ 172 Figura 77: Exposições solares ...................................................................................................................................................................... 173 Figura 78: Unidade de Paisagem - Beira Litoral: Leiria – Ourém – Soure .................................................................................................... 192 Figura 79: Unidade de Paisagem – Maciço Calcário Coimbra - Tomar ........................................................................................................ 195 Figura 80: Sistema urbano, acessibilidade e povoamento em Portugal ....................................................................................................... 203 Figura 81: Sistema Urbano da Região Centro .............................................................................................................................................. 206 Figura 82: Distribuição geográfica da população por lugar, em 2001........................................................................................................... 212 Figura 83: Curva de Zipf - Escalonamento Urbano de Condeixa-a-Nova, 2001 (Dimensão demográfica dos centros urbanos) ................ 213 Figura 84: Hierarquia dos Centros Urbanos, de acordo com o nº de Funções Centrais do Setor Privado, em 2008 .................................. 217 Figura 85: Hierarquia dos Centros Urbanos, de acordo com o número de Funções Centrais do Setor Público, em 2010 .......................... 223 Figura 86: Sistema Urbano do concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 ........................................................................................................... 228 Figura 87: Ocupação do solo na sub-região Baixo Mondego ....................................................................................................................... 231 Figura 88: Ocupação do solo segundo as Áreas predominantes ................................................................................................................. 232 Figura 89: Ocupação do solo por Áreas predominantes ............................................................................................................................... 233 Figura 90: Aproveitamento Hidrogarícola do Baixo Mondego, no concelho de Condeixa-a-nova ............................................................... 235 Figura 91 : Número de pedidos de licenças de obras, entre 2003 e junho de 2010, por freguesia e tipo de intervenção ........................... 239 Figura 92: Peso de cada tipo de intervenção (2003 - junho de 2010) .......................................................................................................... 240 Figura 93 : Número de pedidos de licenças de obras, entre 2003 e 2009, por tipo de intervenção e ano .................................................. 240 Figura 94: Áreas edificadas consolidadas, por intervalo de número de edificios ......................................................................................... 247 Figura 95: Aglomerados servidos por rede de abastecimento de água e rede de sanemaento .................................................................. 249 Figura 96: Crescimento Urbano da Vila de Condeixa ................................................................................................................................... 265 Figura 97: Variação da População e dos Alojamentos, por freguesia, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1991 e 2001 (%) ............ 266 Figura 98: Número de pessoas/família, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 ..................................................................... 268 Figura 99: Edifícios segundo a época de construção, no concelho de Condeixa-a-Nova, (em %) .............................................................. 270 Figura 100: Formas de Ocupação dos Alojamentos no Concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 (%) ........................................... 272 Figura 101: Edifícios segundo o número de pisos, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2001 ...................................................................... 273 Figura 102: Edifícios por condições de acessibilidade a pessoas com mobilidade condicionada, .............................................................. 274 Figura 103: Alojamentos familiares ocupados (%) como residência habitual por existência de infraestruturas urbanas, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 ....................................................................................................................................................... 275 Figura 104: Regime de ocupação dos alojamentos familiares clássicos, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 .............................. 277 Figura 105: Estado de conservação dos edifícios, por necessidades de reparação, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 ............ 279 Figura 106: Carências habitacionais (em n.º de alojamentos), no concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia, em 2001 ....................... 284 Figura 107: Estimativas dos alojamentos familiares clássicos e da população residente, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 2001 e 2009 ........................................................................................................................................................................................... 285 Figura 108: Distribuição da população por grupos etários entre 1991 e 2009 no concelho de Condeixa-a-Nova e no Baixo Mondego .... 295 Figura 109: Distribuição dos equipamentos educativos no município de Condeixa-a-Nova no ano letivo de 2006/2007 ........................... 297 Figura 110 : Estrutura Administrativa da Rede Viária Concelhia .................................................................................................................. 358 Figura 111 : Estado de Conservação por Categoria Administrativa ............................................................................................................. 359 Figura 112: Distâncias Entre a Sede de Concelho e os Principais Pólos Geradores ................................................................................... 364 Figura 113: Esquema indicativo das linhas de transporte coletivo de passageiros ...................................................................................... 369 Figura 114: Síntese esquemática do transporte escolar ............................................................................................................................... 371 Figura 115: Movimentos pendulares de e para o concelho de Condeixa-a-Nova ........................................................................................ 373 Figura 116: Movimentos pendulares de e para o concelho de Condeixa-a-Nova, por motivos de trabalho e de estudo, em 2001 ............ 373 Figura 117: População Servida ..................................................................................................................................................................... 381 Figura 118: Circuitos de recolha indiferenciada de RSU .............................................................................................................................. 385 Figura 119: A perigosidade do concelho segundo o PROT Centro .............................................................................................................. 390 Figura 120: Categorias do solo urbano do PDM em vigor ............................................................................................................................ 420 Figura 121: Categorias do solo rural do PDM em vigor ................................................................................................................................ 421 Figura 122: Áreas edificadas consolidadas e em consolidação (AEC), tendo em conta os perímetros urbanos em vigor ......................... 424 Figura 123: Quantificação do solo rural ........................................................................................................................................................ 430 Figura 124: Ocupação do solo por Áreas predominantes ............................................................................................................................. 432 Figura 125: Planta de Ordenamento do PDM em vigor ................................................................................................................................ 433 Figura 126: Ocupação do solo (2009) ........................................................................................................................................................... 434 Figura 127: Ordenamento do PDM em vigor (1994) ..................................................................................................................................... 434 ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1: Organização do PDM ....................................................................................................................................................................... 8 Quadro 2: Variação da população residente e densidade populacional na região Centro e suas sub-regiões, bem como nos concelhos do Baixo Mondego, entre 1991 e 2001 ............................................................................................................................................. 15 Quadro 3: Área, População Residente em 2001, Evolução da População Residente entre 1981 e 2001 e Densidade Populacional nas freguesias do concelho de Condeixa-a-Nova .............................................................................................................................. 17 Quadro 4: Distribuição da população residente na região do Centro e na sub-região do Baixo Mondego, em 1991 e 2001, por grupos etários .......................................................................................................................................................................................... 19 Quadro 5: Nível de escolaridade da população dos concelhos da sub-região Baixo Mondego, em 2001 (%) .............................................. 21 Quadro 6: Movimentos pendulares originados pelo concelho para os concelhos da sub-região do Baixo Mondego (Saídas) ..................... 22 Quadro 7: Movimentos pendulares para o concelho de Condeixa-a-Nova dos concelhos da sub-região do Baixo Mondego (Entradas) .... 22 Quadro 8: Orientações de gestão específicas para o SIC Paul de Arzila ...................................................................................................... 31 Quadro 9: Orientações de gestão gerais para o SIC Paul de Arzila ............................................................................................................... 31 Quadro 10: Condições e critérios de avaliação de incidências ambientais para o SIC Paul de Arzila .......................................................... 32 Quadro 11: Anexo I da Diretiva 79/409/CEE, e Migradoras não incluídas no Anexo I ................................................................................... 35 Quadro 12: Outras Aves do Anexo I da Diretiva 79/409/CEE e Migradoras não incluídas no Anexo I .......................................................... 35 Quadro 13: Orientações de gestão para a ZPE Paul de Arzila ....................................................................................................................... 36 Quadro 14: Condições e critérios de avaliação de incidências ambientais para a ZPE Paul de Arzila ......................................................... 38 Quadro 15: Funções principais das Sub-regiões do PROF CL que abrangem Condeixa-a-Nova ................................................................. 44 Quadro 16: Composição (em valores percentuais dos espaços arborizados por sub-região homogénea) ................................................... 46 Quadro 17: Loteamentos com Alvará não concretizados, junho de 2010 ...................................................................................................... 65 Quadro 18: População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1981, 1991 e 2001.................................................. 73 Quadro 19: População residente no concelho de Condeixa-a-Nova e variação populacional, de 1960 a 2001 ............................................ 75 Quadro 20: População residente no concelho de Condeixa-a-Nova e variação populacional de 1991 a 2009 ............................................. 76 Quadro 21: Variação da População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1981 e 2001 .................................... 79 Quadro 22: População residente segundo a dimensão dos lugares no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 ........................... 80 Quadro 23: Nados-vivos por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2005 .......................................................................... 86 Quadro 24: Óbitos por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2005 ................................................................................... 86 Quadro 25: Movimentos da população no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2005.......................................................................... 87 Quadro 26: Movimentos da população por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 .................................................. 89 Quadro 27: Crescimento efetivo no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 ............................................................................................... 91 Quadro 28: Grandes grupos etários no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1981, 1991 e 2001 ................................................................... 92 Quadro 29: Grandes grupos etários na região Centro, em 1991 e 2001 ........................................................................................................ 93 Quadro 30: Índice de envelhecimento e coeficiente de dependência por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001.... 95 Quadro 31: Evolução da população segundo a condição perante a atividade económica em Condeixa-a-Nova, entre 1991 e 2001 ........ 102 Quadro 32: Evolução dos indicadores do mercado de trabalho, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1991 e 2001 ............................ 102 Quadro 33: População residente empregada segundo o setor de atividade económica, em Condeixa-a-Nova, por freguesia, em 2001 .. 104 Quadro 34: Emprego por ramo de atividade no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 .......................................................................... 104 Quadro 35: Evolução do emprego (pessoas ao serviço), no concelho de Condeixa-a-Nova, no período 1995-2005 ................................. 105 Quadro 36: Características do desemprego no concelho de Condeixa-a-Nova, em 11/2007 e 5/2010 ...................................................... 106 Quadro 37: Movimentos pendulares de e para o concelho de Condeixa-a-Nova por motivos de trabalho e de estudo, em 2001 ............. 107 Quadro 38: Entradas e saídas diárias no concelho de Condeixa-a-Nova, por motivos de trabalho e estudo, por principais origens e destinos, em 2001 ...................................................................................................................................................................... 109 Quadro 39: Variação da taxa de analfabetismo entre 1991 e 2001.............................................................................................................. 112 Quadro 40: Evolução das habilitações escolares do pessoal ao serviço no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1995 e 2005 ............... 112 Quadro 41: Evolução do emprego e dos estabelecimentos, no concelho de Condeixa-a-Nova, no período 1995-2005 ............................ 115 Quadro 42: Evolução do número de estabelecimentos e do emprego no concelho de Condeixa-a-Nova, no período 1995-2005, por Atividades (CAE-Rev.2) ............................................................................................................................................................. 115 Quadro 43: N.º de Pessoas segundo a dimensão do estabelecimento, por atividade, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2005 ............... 117 Quadro 44: Variação do n.º de pessoas segundo a dimensão do estabelecimento, em Condeixa-a-Nova, entre 1995 e 2005 ................. 117 Quadro 45: Indicadores da Atividade Agrícola do Concelho de Condeixa-a-Nova, 1989 e 1999 ................................................................ 119 Quadro 46: Evolução do número de estabelecimentos e do emprego, nos setores da “Indústria Transformadora e da Construção”, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1995 e 2005 ................................................................................................................... 120 Quadro 47: Listagem dos estabelecimentos industriais existentes no concelho de Condeixa-a-Nova, em 7/2007..................................... 121 Quadro 48: Evolução do emprego e estabelecimentos no setor “Comércio e Serviços” em Condeixa-a-Nova, entre 1995 e 2005 ........... 124 Quadro 49: Unidades de Alojamento Turístico existentes no Concelho de Condeixa-a-Nova, 2008 .......................................................... 126 Quadro 50 Evolução do emprego e estabelecimentos no setor “Alojamento e Restauração” em Condeixa-a-Nova, 1995/2005 ............... 126 Quadro 51: Projetos apoiados ao abrigo do QCA III (FEDER), até 2005, por principais áreas de intervenção ........................................... 127 Quadro 52: Estações climatológicas analisadas e respetivos intervalos temporais ..................................................................................... 130 Quadro 53: Valores da precipitação média mensal e anual ......................................................................................................................... 131 Quadro 54: Valores médios mensais de precipitação agrupados para o conjunto das estações ................................................................ 132 Quadro 55: Pedreiras do concelho de Condeixa-a-Nova ............................................................................................................................. 145 Quadro 56: Valores médios de radiação gama total ..................................................................................................................................... 155 Quadro 57: Valores médios do teor de urânio e de tório .............................................................................................................................. 156 Quadro 58: Classificação dos cursos de água segundo o Índice Hidrográfico ............................................................................................. 157 Quadro 59: Sistemas Aquífero no concelho de Condeixa-a-Nova ............................................................................................................... 170 Quadro 60: Valores estimados dos níveis sonoros ....................................................................................................................................... 198 Quadro 61: Áreas ocupadas por pinheiro-bravo e eucalipto......................................................................................................................... 200 Quadro 62: População residente por dimensão dos lugares, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 .................................... 211 Quadro 63: Evolução da população do concelho de Condeixa-a-Nova, por centro urbano, entre 1991 e 2001 ......................................... 211 Quadro 64: Número de Ordem dos Centros Urbanos, de acordo com a sua Dimensão Demográfica, em 2001 ........................................ 214 Quadro 65: Ligações viárias diretas entre os centros urbanos (apenas com uma mudança de estrada) de Condeixa-a-Nova, 2008 ....... 215 Quadro 66: Número de Unidades Funcionais por Função Central do setor privado, por centro urbano, em 2008 ..................................... 216 Quadro 67: Número de Ordem dos Centros Urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Setor Privado, 2008 ................................ 217 Quadro 68: Nº de Ordem das Funções Centrais pela frequência de ocorrência nos centros urbanos ........................................................ 218 Quadro 69: Local de Aquisição de Bens ou prestação de Serviços (1ª Escolha)......................................................................................... 220 Quadro 70: Local de Aquisição de Bens ou prestação de Serviços (2ª Escolha)......................................................................................... 221 Quadro 71: Funções Centrais do Setor Público no concelho de Condeixa-a-Nova, por centro urbano, em 2010 ...................................... 222 Quadro 72: Número de ordem dos Centros Urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Setor Público, em 2010 ............................ 223 Quadro 73: Número de pedidos de licenças de obras, entre 2003 e junho de 2010, por freguesia e tipo de intervenção .......................... 239 Quadro 74: Número e áreas das Áreas Edificadas Consolidadas e em consolidação, por número de edificios ......................................... 244 Quadro 75: Situação atual das infraestruturas urbanas de abastecimento de água e de saneamento por aglomerado ............................. 245 Quadro 76: População e Alojamentos familiares do concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia, em 1991 e 2001 ................................ 266 Quadro 77: Variação das famílias e da sua Dimensão Média, no concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia entre 1991 e 2001 ........ 267 Quadro 78: Evolução do número de pessoas por família, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1991 a 2001 ...................................... 268 Quadro 79: Evolução dos Edifícios, por freguesia, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1981 e 2001 ................................................. 269 Quadro 80: Evolução dos Indicadores Médios de Ocupação, entre 1991 e 2001 ........................................................................................ 269 Quadro 81: Edifícios segundo a época de construção, por freguesia, no concelho de Condeixa-a-Nova (em %) ...................................... 270 Quadro 82: Tipo de Alojamentos no concelho de Condeixa-a-Nova, 1991 e 2001 ...................................................................................... 271 Quadro 83: Formas de Ocupação dos Alojamentos Clássicos, no concelho de Condeixa-a-Nova, 1991 e 2001 (em %) .......................... 273 Quadro 84: Edifícios segundo o número de pisos, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2001 ...................................................................... 274 Quadro 85: Alojamentos familiares ocupados como residência habitual segundo a dotação infraestruturas urbanas, por freguesia (%) em 2001 ........................................................................................................................................................................................... 276 Quadro 86: Famílias que partilham o alojamento e Famílias em alojamentos sobrelotados, no concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia, em 2001 .................................................................................................................................................................... 277 Quadro 87: Entidade proprietária dos alojamentos e existência de encargos por compra, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2001......... 278 Quadro 88 - Encargos por compra de habitação, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 .................................................................. 278 Quadro 89 - Escalões de Renda dos alojamentos clássicos arrendados, ocupados como residência habitual no concelho de Condeixa-aNova, em 2001 ........................................................................................................................................................................... 279 Quadro 90: Estado de conservação dos edifícios de Condeixa-a-Nova, por freguesia, em 2001 ............................................................... 280 Quadro 91: Carências habitacionais, por freguesia, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 .............................................................. 283 Quadro 92: Grelha metodológica com tipificação dos Equipamentos de Utilização Coletiva ...................................................................... 291 Quadro 93: População do concelho de Condeixa-a-Nova, por grupo etário, em função da tipologia do equipamento ou nível de ensino, em 1991, 2001 e 2009 ..................................................................................................................................................................... 293 Quadro 94: Distribuição dos equipamentos educativos do concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia e níveis de ensino, no ano letivo 2006/2007 .................................................................................................................................................................................. 297 Quadro 95: Rede educativa do Município de Condeixa-a-Nova, no ano letivo 2006/2007 .......................................................................... 298 Quadro 96: População escolar do concelho de Condeixa-a-Nova, por nível de ensino, no ano letivo 2006/2007 ...................................... 299 Quadro 97: Nº de alunos do município de Condeixa-a-Nova, no ano letivo 2006/2007 ............................................................................... 299 Quadro 98: Estabelecimentos de ensino (expetativas da autarquia), relativamente a 2010/2011 ............................................................... 302 Quadro 99: Creches no concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 ..................................................................................................................... 303 Quadro 100: Atividades de Tempos Livres (ATL) no concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 ........................................................................ 304 Quadro 101: Lares no Concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 ....................................................................................................................... 305 Quadro 102: Centros de Dia no Concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 ........................................................................................................ 305 Quadro 103: Apoio Domiciliário no Concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 ................................................................................................... 306 Quadro 104: Síntese das Valências de Apoio aos Idosos no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2010 ..................................................... 306 Quadro 105 - Centro de Saúde e Extensões no concelho de Condeixa-a-Nova, 3/2008 ............................................................................ 309 Quadro 106: Número e área (m2) dos equipamentos desportivas do concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia, 2010 ........................ 311 Quadro 107:Dimensão Funcional Útil, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2010.......................................................................................... 311 Quadro 108. Dimensão funcional Útil recomendada e existente, de acordo com tipologia, 2010................................................................ 312 Quadro 109: Equipamento Cultural e de Recreio no concelho de Condeixa-a-Nova, 2010......................................................................... 313 Quadro 110: Associações culturais, recreativas e desportivas, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 02/2008 ........................................ 314 Quadro 111: Equipamento de Segurança e Proteção Civil, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2010......................................................... 315 Quadro 112: Sítios arqueológicos inventariados........................................................................................................................................... 329 Quadro 113: Principais Ligações à Rede Exterior ........................................................................................................................................ 351 Quadro 114: Distâncias da Sede de Concelho aos Principais Pólos Geradores ......................................................................................... 353 Quadro 115: Extensões Viárias por Categoria Administrativa ...................................................................................................................... 357 Quadro 116: Rede Viária Concelhia - Inventário Físico e Acessibilidades ................................................................................................... 360 Quadro 117: Rede Viária Concelhia - Inventário Físico e Acessibilidades ................................................................................................... 361 Quadro 118: Acessibilidade via ferroviária entre Coimbra e as principais cidades do país ......................................................................... 370 Quadro 119: Principais Características dos Reservatórios do Sistema de Alcabideque .............................................................................. 379 Quadro 120: Principais Características das ETAR do concelho de Condeixa-a-Nova ................................................................................. 381 Quadro 121: Circuitos de recolha indiferenciada de RSU ............................................................................................................................ 384 Quadro 122: Evolução do número de consumidores e consumo de eletricidade entre 2000 e 2004, no concelho de Condeixa-a-Nova... 387 Quadro 123: Riscos de origem natural, tecnológica e mistos analisados no âmbito do PMEPC ................................................................. 392 Quadro 124: Objetivos Gerais e Estratégicos definidos no PDM em vigor .................................................................................................. 405 Quadro 125: Medidas e ações operacionais definidos no PDM em vigor .................................................................................................... 410 Quadro 126: Quantificação das categorias de solo urbano do PDM em vigor ............................................................................................. 423 Quadro 127: Quantificação dos perímetros urbanos em vigor, das áreas edificadas consolidadas e das áreas livres dos perímetros urbanos, por aglomerado urbano............................................................................................................................................... 425 Quadro 128: Avaliação do regulamento do PDM em vigor – solo rural ........................................................................................................ 431 ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS Fotografia 1: Afloramento de calcários dolomíticos em Vila Seca ................................................................................................................ 136 Fotografia 2: Calcários margosos e margas do Toarciano, Serra de Maria Pares ....................................................................................... 137 Fotografia 3: Deslizamento rotacional na unidade alternante de calcários margosos e margas, Serra de Maria Pares ............................. 138 Fotografia 4: Calcários margosos e margas, Serra da Pêga ........................................................................................................................ 138 Fotografia 5: Calcários cristalinos e calcários margosos, Estrada entre Furadouro e Peixeiro.................................................................... 139 Fotografia 6: Calcários cristalinos e calcários margosos, Casmilo ............................................................................................................... 139 Fotografia 7: Calcários cristalinos e calcários margosos, ribeira da Várzea (Furadouro) ............................................................................ 139 Fotografia 8: Arenitos argilosos brancos e cinzentos, Sul de Condeixa-a-Nova .......................................................................................... 139 Fotografia 9: Afloramentos dos calcários margosos concrecinados acinzentados em Rebolia de Baixo ................................................... 140 Fotografia 10: Afloramento das areias e argilas vermelhas, Anobra ............................................................................................................ 141 Fotografia 11: Aspeto dos depósitos tufo-traveníticos, Condeixa-a-Nova .................................................................................................... 141 Fotografia 12: Aspeto exterior da nascente de Bendafé, unidade calcários dolomíticos e dolomias com intercalações pelíticas .............. 147 Fotografia 13: Nascente da Arrifana ............................................................................................................................................................. 149 Fotografia 14: Captação hídrica da nascente de Olho de Mó ....................................................................................................................... 149 Fotografia 15: Nascente dos Barreiros (Ega) ................................................................................................................................................ 149 Fotografia 16: Nascente Velha, Eira-Pedrinha .............................................................................................................................................. 149 Fotografia 17: Drenagem superficial e sub-superficial em Eira Pedrinha ..................................................................................................... 160 Fotografia 18: Registo de cheia centenária, Zambujal ................................................................................................................................. 163 Fotografia 19: Registo de cheia centenária, Poço ........................................................................................................................................ 163 Fotografia 20: Representação da inundação nos terrenos agrícolas envolventes ao Lagar, Zambujal ....................................................... 163 Fotografia 21: Campos agrícolas inundáveis contíguos à estrada que liga Ega a Campizes ...................................................................... 164 Fotografia 22: Habitação particular construída na linha de água, Casal Barreiros ...................................................................................... 164 Fotografia 23: Registo da cheia centenária, Traveira ................................................................................................................................... 166 Fotografia 24: Pormenores relativos ao estrangulamento da linha de água proveniente do Alto da Anaia ................................................. 166 Fotografia 25: Depressão calco-margosa , Zambujal .................................................................................................................................. 171 Fotografia 26: Colina gresosa, Serra do Círculo ........................................................................................................................................... 171 Fotografia 27: Fundo aplanado da depressão de Alcabideque (declive<5%) em contraste com os relevos dos calcários dolomíticos .... 173 Fotografia 28: Área de elevado valor ecopaisagístico, Casmilo ................................................................................................................... 186 Fotografia 29: Manchas florestais com presença de quercíneas, Ribeira de Bruscos ................................................................................. 186 Fotografia 30: Vegetação calcícola, estrada para o Furadouro .................................................................................................................... 188 Fotografia 31: Corredor ecológico, rio Ega ................................................................................................................................................... 188 Fotografia 32: Buracas de Casmilo ............................................................................................................................................................... 190 Fotografia 33: Senhora do Círculo ................................................................................................................................................................ 190 Fotografia 34: Vista da Serra Maria Pares para o vale de Zambujal ............................................................................................................ 190 Fotografia 35: Vista da Serra do Círculo para Casmilo ................................................................................................................................. 190 Fotografia 36: Grandes manchas florestais, Casal do Missa ........................................................................................................................ 192 Fotografia 37: Vales Férteis, Relves ............................................................................................................................................................. 192 Fotografia 38: Vegetação calcícola, Serra do Círculo ................................................................................................................................... 194 Fotografia 39: Campo agrícola com solos castanho avermelhado, Mata ..................................................................................................... 194 Fotografia 40: Fonte de poluição sonora, Autoestrada A1 ............................................................................................................................ 199 Fotografia 41: Fonte de poluição sonora e atmosférica, pedreira, Vale de Janes ........................................................................................ 199 Fotografia 42: Culturas anuais, Vala do Paul ................................................................................................................................................ 230 Fotografia 43: Olival, Póvoa das Pegas ........................................................................................................................................................ 230 Fotografia 44: Ocupação herbácea-arbustiva ............................................................................................................................................... 231 Fotografia 45 :Eucaliptal, Bendafé ................................................................................................................................................................ 231 Fotografia 46: Carvalhais, Furadouro ............................................................................................................................................................ 231 Fotografia 47: Casario tradicional (São Fipo)................................................................................................................................................ 241 Fotografia 48: Habitação unifamiliar (Mata) .................................................................................................................................................. 241 Fotografia 49: Habitação unifamiliar (Relves) ............................................................................................................................................... 241 Fotografia 50: Habitação coletiva (Condeixa-a-Nova) .................................................................................................................................. 241 Fotografia 51: Casa senhorial (Atadoa) ........................................................................................................................................................ 241 Fotografia 52: Edifícios em mau estado de conservação (Eira Pedrinha) .................................................................................................... 242 Fotografia 53: Anobra – edificado no cruzamento da EM605 com a EM605-1 ............................................................................................ 252 Fotografia 54: Anobra – ocupação urbana ao longo da EM 605-1 e habitação em construção ................................................................... 252 Fotografia 55: Inculca – vista geral ............................................................................................................................................................... 252 Fotografia 56: Venda da Luísa ...................................................................................................................................................................... 252 Fotografia 57: Belide – casario visto de Casével .......................................................................................................................................... 253 Fotografia 58: Belide – ER347 ...................................................................................................................................................................... 253 Fotografia 59: Bendafé – vista geral do edificado ......................................................................................................................................... 254 Fotografia 60: Bendafé – rua com vista para a igreja matriz ........................................................................................................................ 254 Fotografia 61: Condeixa-a-Nova – frente urbana junto à Igreja Matriz ......................................................................................................... 254 Fotografia 62: Condeixa-a-Nova – frente urbana junto à Praça da República ............................................................................................. 254 Fotografia 63: Condeixa-a-Nova – acesso à Praça do Município ................................................................................................................. 254 Fotografia 64: Condeixa-a-Nova – Av. Visconde de Alverca ........................................................................................................................ 254 Fotografia 65: Condeixa-a-Nova – Av. 25 de Abril ........................................................................................................................................ 255 Fotografia 66: Condeixa-a-Nova – Rua Wenceslau Martins Carvalho ........................................................................................................ 255 Fotografia 67: Condeixa-a-Nova – Rua da Condeixinha .............................................................................................................................. 255 Fotografia 68: Condeixa-a-Nova – Rua da Condeixinha ............................................................................................................................. 255 Fotografia 69: Condeixa-a-Nova – Parque Verde Urbano ............................................................................................................................ 255 Fotografia 70: Condeixa-a-Nova – Biblioteca Municipal ............................................................................................................................... 255 Fotografia 71: Barreira – rua principal ........................................................................................................................................................... 256 Fotografia 72: Pocinhos - habitações ............................................................................................................................................................ 256 Fotografia 73: Condeixa-a-Velha – Rua da Fonte......................................................................................................................................... 256 Fotografia 74: Condeixa-a-Velha – Largo Costa Alemão ............................................................................................................................. 257 Fotografia 75: Eira Pedrinha – vista geral ..................................................................................................................................................... 257 Fotografia 76: Alcabideque – Casa recuperada ............................................................................................................................................ 257 Fotografia 77: Ega – Vista geral .................................................................................................................................................................... 258 Fotografia 78: Furadouro – vista geral .......................................................................................................................................................... 259 Fotografia 79: Sebal - rua .............................................................................................................................................................................. 260 Fotografia 80: Sebal - loteamento ................................................................................................................................................................. 260 Fotografia 81: Vila Seca - rua ........................................................................................................................................................................ 260 Fotografia 82: Bruscos – vista geral .............................................................................................................................................................. 261 Fotografia 83: Zambujal - rua ........................................................................................................................................................................ 261 Fotografia 84: Zambujal - habitações ............................................................................................................................................................ 261 Fotografia 85: Ruínas de Conímbriga (Museu, Casa dos Repuxos e Fornalha Romana) ........................................................................... 321 Fotografia 86: “Castellum” de Alcabideque ................................................................................................................................................... 322 Fotografia 87: Capela de N. Sr.ª da Lapa ..................................................................................................................................................... 323 Fotografia 88: Palácio dos Figueiredos ......................................................................................................................................................... 324 Fotografia 89: Palácio Lemos ........................................................................................................................................................................ 324 Fotografia 90: Igreja Matriz de Ega ............................................................................................................................................................... 325 Fotografia 91: Paço dos Comendadores ....................................................................................................................................................... 325 Fotografia 92: Pelourinho de Ega .................................................................................................................................................................. 326 Fotografia 93: Casa das Colunas .................................................................................................................................................................. 326 Fotografia 94: Casa de São Tomé ................................................................................................................................................................ 327 Fotografia 95: Igreja Matriz do Sebal ............................................................................................................................................................ 327 Fotografia 96: Igreja Matriz de Anobra .......................................................................................................................................................... 335 Fotografia 97: Igreja Matriz de Belide ........................................................................................................................................................... 335 Fotografia 98: Igreja Matriz de Bendafé ........................................................................................................................................................ 335 Fotografia 99: Igreja Matriz de Condeixa-a-Nova ......................................................................................................................................... 336 Fotografia 100: Capela de N. Sr.ª do Amparo ............................................................................................................................................... 336 Fotografia 101: Cruzeiro (adro da Capela de N. Sr.ª Amparo) ..................................................................................................................... 336 Fotografia 102: Igreja Matriz de Condeixa-a-Velha....................................................................................................................................... 337 Fotografia 103: Capela de Sta M.ª Madalena (Alcab.) .................................................................................................................................. 337 Fotografia 104: Capela de S. Sebastião (Atadoa)......................................................................................................................................... 337 Fotografia 105: Capela de Sta Isabel (B. V. Cima) ....................................................................................................................................... 337 Fotografia 106: Capela de N. Sr.ª da Piedade (Eira Pedrinha) ..................................................................................................................... 337 Fotografia 107: Capela de Sto António (Poço).............................................................................................................................................. 337 Fotografia 108: Capela de S. Martinho (Ega)................................................................................................................................................ 337 Fotografia 109: Capela de Sto António (Arrifana) ......................................................................................................................................... 337 Fotografia 110: Capela de S. João (Casével) ............................................................................................................................................... 337 Fotografia 111: Capela de S. Pedro (S. Fipo) ............................................................................................................................................... 337 Fotografia 112: Igreja Matriz do Furadouro ................................................................................................................................................... 338 Fotografia 113: Capela do Marco (Cadaval) ................................................................................................................................................. 338 Fotografia 114: Capela de S. Paulo (Casmilo) .............................................................................................................................................. 338 Fotografia 115: Igreja Matriz de Vila Seca .................................................................................................................................................... 338 Fotografia 116: Capela Espírito Santo (Vila Seca)........................................................................................................................................ 338 Fotografia 117: Capela de S. J. Batista (Alcouce) ........................................................................................................................................ 338 Fotografia 118: Capela de Sto António (Beiçudo) ......................................................................................................................................... 338 Fotografia 119: Capela de N. Sr.ª da Conceição (Bruscos) .......................................................................................................................... 338 Fotografia 120: Capela de Sta Vitória (Traveira)........................................................................................................................................... 338 Fotografia 121: Igreja Matriz do Zambujal..................................................................................................................................................... 339 Fotografia 122: Capela de Sta Cristina (Póvoa de Pegas) ........................................................................................................................... 339 Fotografia 123: Capela de Janeanes ............................................................................................................................................................ 339 Fotografia 124: Casa dos Pereira Coutinho (Belide) .................................................................................................................................... 340 Fotografia 125: Casa com alpendre em Bendafé.......................................................................................................................................... 340 Fotografia 126: Casa da Quinta do Travaz ................................................................................................................................................... 340 Fotografia 127: Casa Senhorial Bacelar ....................................................................................................................................................... 340 Fotografia 128: Casa dos Sás ....................................................................................................................................................................... 340 Fotografia 129: Palácio Conde de Podendes................................................................................................................................................ 340 Fotografia 130: Casa Museu Fernando Namora ........................................................................................................................................... 341 Fotografia 131: Casa das Ferrans ................................................................................................................................................................. 341 Fotografia 132: Edifício da antiga da Câmara Municipal .............................................................................................................................. 341 Fotografia 133: Casa da Criança .................................................................................................................................................................. 342 Fotografia 134: Casa do Povo ....................................................................................................................................................................... 342 Fotografia 135: Edifício da antiga Escola Primária Conde de Ferreira ......................................................................................................... 342 Fotografia 136: Hospital D. Ana Laboreiro d´Eça.......................................................................................................................................... 342 Fotografia 137: Pousada de Santa Cristina .................................................................................................................................................. 342 Fotografia 138: Monumento aos Combatentes ............................................................................................................................................. 343 Fotografia 139: Edifícios Habitacionais, em Condeixa-a-Nova ..................................................................................................................... 343 Fotografia 140: Edifício habitacional em Alcabideque .................................................................................................................................. 343 Fotografia 141: Casa da Família Costa Alemão ........................................................................................................................................... 343 Fotografia 142: Casa de campo/ Quinta na Atadoa ...................................................................................................................................... 343 Fotografia 143: Casa dos Alpendres em Avessada ...................................................................................................................................... 343 Fotografia 144: Casa Brasonada em Ega ..................................................................................................................................................... 344 Fotografia 145: Casa rural com alpendre em Casmilo .................................................................................................................................. 344 Fotografia 146: Casa da família Carvalho ..................................................................................................................................................... 344 Fotografia 147: Casa Matos .......................................................................................................................................................................... 344 Fotografia 148: Casa das Palmeiras ............................................................................................................................................................. 344 Fotografia 149: Casa Agrícola em Ventosa .................................................................................................................................................. 344 Fotografia 150: Casa agrícola Sotto Mayor................................................................................................................................................... 344 Fotografia 151: Casa rural com alpendre em Alcouce .................................................................................................................................. 345 Fotografia 152: Casa com alpendre em Mata ............................................................................................................................................... 345 Fotografia 153: Ponte sobre o Rio de Mouros .............................................................................................................................................. 345 Fotografia 154: Fonte em Bruscos ................................................................................................................................................................ 345 Fotografia 155: Fonte no Zambujal ............................................................................................................................................................... 345 Fotografia 156: Lavadouro em Condeixa-a-Velha ........................................................................................................................................ 345 Fotografia 157: Moinho de vento ................................................................................................................................................................... 345 Fotografia 158: Nora em Atadoa ................................................................................................................................................................... 345 1. INTRODUÇÃO E ENQUADRAMENTO 1.1 ÂMBITO Decorridos 10 anos após a entrada em vigor do PDM de Condeixa-a-Nova (ratificado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 12/94, de 25 de fevereiro), a Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova deliberou, em 19 de janeiro de 2004, dar início ao processo de revisão do PDM, tendo como base os seguintes fatores: 1. Necessidade de adequação à evolução das condições económicas, sociais, culturais e ambientais do município; 2. Necessidade de atualização das disposições vinculativas dos particulares; 3. Necessidade de clarificação e correção de situações de enquadramento ambíguo e de contradições evidentes detetadas; 4. Necessidade de articulação com novos instrumentos de nível nacional (como o Plano de Ordenamento da Reserva Nacional do Paul da Arzila) e com estratégias mais abrangentes (como o sistema urbano de Coimbra); 5. Necessidade de adequação ao novo quadro legal entretanto produzido a partir da lei de bases de ordenamento do território e desenvolvimento urbano; 6. Possibilidade de dispor de informação estatística atualizada; 7. Possibilidade de dispor de cartografia digital atualizada. Essencialmente, este processo tem por finalidade a adequação do Plano à realidade concelhia, que foi ao longo dos últimos anos objeto de significativas transformações, a identificação e definição de elementos estruturantes do território, a supressão de deficiências e omissões detetadas e o agilizar da gestão do Plano, de modo a garantir um ordenamento do território mais adequado à realidade atual do Concelho. Um outro fator preponderante na decisão de rever o PDM prende-se com a atual necessidade de digitalização dos Planos Municipais de Ordenamento do Território por forma a tornar a gestão do território mais eficiente e menos discricionária. O presente relatório é elaborado no âmbito da 1ª Revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) de Condeixa-a-Nova e diz respeito aos Estudos de Caracterização (1ª Fase). Nesta fase é efetuada uma recolha de informação o mais completa e direcionada possível, por forma a assegurar uma compreensão aprofundada da realidade atual do território no que se refere às características físicas – ambientais e urbanísticas –, sociais e económicas e, ainda, às relações com a envolvente. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 1 Este trabalho teve em consideração, entre outros elementos, um conjunto de estudos elaborados pela Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, no âmbito da revisão do PDM, assim como a Carta Educativa. Estes documentos foram facultados pela Câmara Municipal. Refira-se ainda que, para acompanhamento da presente revisão do PDM de Condeixa-a-Nova, foi criada uma comissão que integra diferentes entidades institucionais com responsabilidades específicas sobre o ordenamento do território. A Comissão Mista de Coordenação (CMC) foi constituída por Despacho n.º 25324/2004, publicado a 9 de dezembro, e é presidida pelo representante da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, integrando as seguintes entidades: Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro; Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova; Instituto de Conservação da Natureza; Direção Regional de Agricultura da Beira Litoral; Direção Geral das Florestas; Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica; Instituto Português do Património Arquitetónico; Instituto Português de Arqueologia; Direção Regional de Cultura do Centro; ICP – ANACOM; Direção Regional do Centro do Ministério da Economia; Direção Geral doTurismo; Instituto das Comunicações de Portugal; Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação; Instituto das Estradas de Portugal; Direção Geral dos Transportes Terrestres; Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais; ANA, EP – Aeroportos e Navegação Aérea, EP; Guarda Nacional Republicana; Serviço Nacional dos Bombeiros e Proteção Civil; Brigada de Explosivosda PSP; Administração Regional de Saúde; Direção Regional de Educação do Centro; Instituto do Desporto de Portugal; Centro Regional de Segurança Social de Castelo Branco; Transgás; 2 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração de Pessoas com Deficiência; EDP – Empresa Distribuidora Local de Energia; Câmara Municipal de Coimbra; Câmara Municipal de Montemor-o-Velho. Um número significativo destas entidades e organismos foi entretanto objeto de reformulação institucional, tendo mesmo algumas sido extintas. Importa relembrar que este documento tem como data de referência fevereiro de 2009 (apesar do Anexo e algumas peças desenhadas terem sido elaboradas anteriormente), tendo sido completado em julho de 2010 e corrigido em julho de 2012. Neste último momento foram integradas as alterações decorrentes da emissão de pareceres por parte das entidades que compõem a CMC e apenas efetuadas atualizações das temáticas que, por falta de informação disponível, não foram tratadas em 2009 e 2010. 1.2 ENQUADRAMENTO LEGAL O procedimento de Revisão do PDM é enquadrado pelo disposto no Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão do Território (RJIGT) estabelecido no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de fevereiro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 181/2009, de 7 de agosto. Assim, e de acordo com a legislação referida que atualmente regulamenta os Planos Municipais de Ordenamento do Território (PMOT), o Plano Diretor Municipal “estabelece a estratégia de desenvolvimento territorial, a política municipal de ordenamento do território e de urbanismo e as demais políticas urbanas, integra e articula as orientações estabelecidas pelos instrumentos de gestão territorial de âmbito nacional e regional e estabelece o modelo de organização espacial do território municipal.” Este Plano é de elaboração obrigatória. Refira-se contudo que o referido Regime Jurídico foi objeto de quatro alterações ao longo dos últimos 11 anos, sistematizando-se em seguida as principais matérias sobre as quais incidiram: O Decreto-Lei n.º 310/2003, de 10 de dezembro, veio introduzir no domínio da elaboração e aprovação dos PMOT “alguns ajustamentos pontuais com o objetivo de conferir maior celeridade aos procedimentos, no reforço dos princípios enunciados pela mencionada lei de bases e com vista a assegurar o efetivo cumprimento do dever de ordenar o território”; O Decreto-Lei n.º 316/2007, de 19 de setembro, introduz alterações mais profundas no articulado do RJIGT, procurando alcançar de forma mais eficaz “a simplificação e a eficiência dos procedimentos de elaboração, alteração e revisão dos instrumentos de gestão territorial de âmbito municipal que se afiguram necessárias em função da dinâmica dos processos económicos, sociais e ambientais de desenvolvimento territorial e da operatividade que se pretende conferir ao sistema 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 3 de gestão territorial.” Note-se que com este diploma se procura um incremento da responsabilização dos municípios em matéria de ordenamento do território e urbanismo, passando a ratificação dos PDM pelo Governo a possuir caráter excecional; O Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de fevereiro, altera a necessidade de prever intervenção governamental em matéria de suspensão de PMOT e de estabelecimentos de medidas preventivas, introduzindo ainda a figura de correções materiais dos IGT; O Decreto-Lei n.º 181/2009, de 7 de agosto, visou essencialmente, suprimir algumas dúvidas interpretativas que persistiam nos anteriores diplomas “procurando eliminar quaisquer focos de dúvida jurídica quanto à redação dos preceitos efetivamente em vigor”. Em 2005, na sequência da publicação do Decreto-Lei n.º 310/2003, foi publicada a Portaria n.º 138/2005, de 2 de fevereiro, que fixa os elementos que acompanham os PMOT, para além dos expressamente previstos no RJIGT, atendendo ao respetivo objeto e conteúdo material. Em maio de 2009 foram publicados três diplomas essenciais que visam regulamentar e operacionalizar o RJIGT, conforme previsto no Decreto-Lei n.º 380/99: Decreto Regulamentar n.º 9/2009, de 29 de maio, que define os conceitos técnicos a utilizar pelos instrumentos de gestão territorial nos domínios do ordenamento do território e do urbanismo; Decreto Regulamentar n.º 10/2009, de 29 de maio, que define as características da cartografia a utilizar nos instrumentos de gestão territorial, bem como na representação de condicionantes; Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de maio, que estabelece os critérios de classificação e requalificação do solo, bem como os critérios e as categorias de qualificação do solo rural e urbano. A par da Revisão do PDM, e conforme referido acima, deverá decorrer o procedimento de Avaliação Ambiental. Com a publicação do Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de junho, foram transpostas para a ordem jurídica nacional as diretivas europeias referentes à avaliação ambiental de planos e programas. Assim, e de acordo com o disposto no RJIGT constitui elemento de acompanhamento do PDM o “Relatório Ambiental, no qual se identificam, descrevem e avaliam os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes das aplicação do plano e as suas alternativas razoáveis que tenham em conta os objetivos e o âmbito de aplicação territorial respetivos”. Importa também frisar a necessidade de integrar a temática do Ruído, em conformidade com o disposto no Regulamento Geral do Ruído (RGR, Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de janeiro) que atribui às câmaras municipais a responsabilidade de elaborarem “mapas de ruído para apoiar a elaboração, alteração e revisão dos planos diretores municipais”, competindo-lhes ainda “estabelecer nos PMOT a classificação, a delimitação e a disciplina 4 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) das zonas sensíveis e das zonas mistas”. Os Mapas de Ruído constituem um dos elementos que acompanha o PDM, nos termos da Portaria n.º 138/2005, de 2 de fevereiro, alterada com a publicação do RGR. Os conteúdos material e documental do PDM vêm expressos no RJIGT, bem como na Portaria n.º 138/2005. 1.3 CONTEÚDO E ORGANIZAÇÃO DO PLANO De acordo com o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão do Território (RJIGT, Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de fevereiro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 181/2009, de 7 de agosto), no que diz respeito ao conteúdo material, o artigo 85º determina que o PDM, “define um modelo de organização municipal do território nomeadamente estabelecendo: a) A caracterização económica, social e biofísica, incluindo da estrutura fundiária da área de intervenção; b) A definição e caracterização da área de intervenção identificando as redes urbana, viária, de transportes e de equipamentos de educação, de saúde, de abastecimento público e de segurança, bem como os sistemas de telecomunicações, de abastecimento de energia, de captação, de tratamento e abastecimento de água, de drenagem e tratamento de efluentes e de recolha, depósito e tratamento de resíduos; c) A definição dos sistemas de proteção dos valores e recursos naturais, culturais, agrícolas e florestais, identificando a estrutura ecológica municipal; d) Os objetivos de desenvolvimento estratégico a prosseguir e os critérios de sustentabilidade a adotar, bem como os meios disponíveis e as ações propostas; e) A referenciação espacial dos usos e das atividades nomeadamente através da definição das classes e categorias de espaços; f) A identificação das áreas e a definição de estratégias de localização, distribuição e desenvolvimento das atividades industriais, turísticas, comerciais e de serviços; g) A definição de estratégias para o espaço rural, identificando aptidões, potencialidades e referências aos usos múltiplos possíveis; h) A identificação e a delimitação dos perímetros urbanos, com a definição do sistema urbano municipal; i) A definição de programas na área habitacional; j) A especificação qualitativa e quantitativa dos índices, indicadores e parâmetros de referência, urbanísticos ou de ordenamento, a estabelecer em plano de urbanização e plano de pormenor, bem como os de natureza supletiva aplicáveis na ausência destes; 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 5 l) A definição de unidades operativas de planeamento e gestão, para efeitos de programação da execução do plano, estabelecendo para cada uma das mesmas os respetivos objetivos, bem como os termos de referência para a necessária elaboração de planos de urbanização e de pormenor; m) A programação da execução das opções de ordenamento estabelecidas; n) A identificação de condicionantes, designadamente reservas e zonas de proteção, bem como das necessárias à concretização dos planos de proteção civil de caráter permanente; o) As condições de atuação sobre áreas críticas, situações de emergência ou de exceção, bem como sobre áreas degradadas em geral; p) As condições de reconversão das áreas urbanas de génese ilegal; q) A identificação das áreas de interesse público para efeitos de expropriação, bem como a definição das respetivas regras de gestão; r) Os critérios para a definição das áreas de cedência, bem como a definição das respetivas regras de gestão; s) Os critérios de perequação compensatória de benefícios e encargos decorrentes da gestão urbanística a concretizar nos instrumentos de planeamento previstos nas unidades operativas de planeamento e gestão; t) A articulação do modelo de organização municipal do território com a disciplina consagrada nos demais instrumentos de gestão territorial aplicáveis; u) O prazo de vigência e as condições de revisão.” Este artigo, define ainda que “não obstante a existência dos índices, parâmetros e indicadores de natureza supletiva a que alude a alínea j) do número anterior, são diretamente aplicáveis às operações urbanísticas a realizar em zona urbana consolidada, como tal identificada no plano, os índices, parâmetros e indicadores de referência para elaboração do plano de urbanização ou de plano de pormenor, nas seguintes condições: a) Tenha decorrido o prazo de cinco anos sobre a data de entrada em vigor do plano diretor municipal, sem que haja sido aprovado o plano de urbanização ou o plano de pormenor; b) Os índices e parâmetros de referência estabelecidos no plano diretor municipal definam os usos e a cércea máxima a observar, bem como os indicadores relativos à definição da rede viária e do estacionamento.” 6 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Em termos do conteúdo documental, o RJIGT estabelece, no seu artigo 86º, que: 1. “O plano diretor municipal é constituído por: a) Regulamento; b) Planta de ordenamento, que representa que representa o modelo de organização espacial do território municipal, de acordo com os sistemas estruturantes e a classificação e qualificação dos solos e ainda as unidades operativas de planeamento e gestão definidas; c) Planta de condicionantes, que identifica as servidões e restrições de utilidade pública em vigor que possam constituir limitações ou impedimentos a qualquer forma específica de aproveitamento. 2. O plano diretor municipal é acompanhado por: a) Estudos de caracterização do território municipal; b) Relatório, que explicita os objetivos estratégicos e as opções de base territorial adotadas para o modelo de organização espacial, bem como a respetiva fundamentação técnica, suportada na avaliação das condições económicas, sociais, culturais e ambientais para a sua execução; c) Relatório ambiental, no qual se identificam, descrevem e avaliam os eventuais efeitos significativos no ambiente resultantes da aplicação do plano e as suas alternativas razoáveis que tenham em conta os objetivos e o âmbito de aplicação territorial respetivos; d) Programa de execução, contendo designadamente disposições indicativas sobre a execução das intervenções municipais previstas, bem como sobre os meios de financiamento das mesmas. A publicação da Portaria n.º 138/2005, de 2 de fevereiro, vem estabelecer os demais elementos que devem acompanhar o PDM, nomeadamente: a) “Planta de enquadramento regional, elaborada a escala inferior à do plano diretor municipal, com indicação dos municípios limítrofes, centros urbanos mais importantes, principais vias de comunicação e outras infraestruturas relevantes e grandes equipamentos que sirvam o município, bem como a delimitação da área de intervenção dos demais instrumentos de gestão territorial em vigor para a área do município; b) Planta da situação existente, com a ocupação do solo, à data de elaboração do plano; c) Relatório e ou planta com a indicação das licenças ou autorizações de operações urbanísticas emitidas, bem como das informações prévias favoráveis em vigor, substituível por declaração de câmara municipal comprovativa da inexistência dos referidos compromissos urbanísticos na área do plano; 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 7 d) Carta da estrutura ecológica municipal; e) Participações recebidas em sede de discussão pública e respetivo relatório de ponderação.” Esta 1ª revisão do PDM de Condeixa-a-Nova dá resposta ao conteúdo material e documental definidos por lei, abordando as diversas temáticas referidas, que se encontram tratadas nos elementos que constituem e acompanham o Plano. A sua organização, na presente revisão, é explicada de seguida. Acresce referir que a publicação do Decreto-lei n.º 9/2007, de 17 de janeiro, que aprova o Regulamento Geral do Ruído, introduz uma alteração à Portaria n.º 138/2005, acrescentando o Mapa do Ruído como um dos elementos que acompanham o Plano. Dando resposta ao conteúdo estabelecido na legislação em vigor para os PDM, a 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova apresenta a seguinte organização: Quadro 1: Organização do PDM VOLUMES PEÇAS ESCRITAS PEÇAS DESENHADAS VOLUME I - Estudos de Caracterização 1. Introdução e Enquadramento 2. Condeixa-a-Nova e o Contexto Regional 3. Instrumentos de Gestão Territorial de Hierarquia Superior 4. Planos Municipais, Compromissos e Intenções 5. Análise Demográfica 6. Estrutura Produtiva e Base Económica 7. Caracterização Biofísica 8. Sistema Urbano 9. Uso e Ocupação do Território 10. Habitação 11. Equipamentos Coletivos 12. Valores Culturais 13. Rede Viária e Transportes 14. Infraestruturas Urbanas 15. Riscos Naturais e Tecnológicos 16. Avaliação do PDM em vigor 17. Síntese - Anexo - Pretensões e sugestões apresentadas durante a prévia consulta pública e posteriormente V1.01 - Planta de Enquadramento Regional (1:250 000) V1.02 - Planos, Compromissos e Intenções (1:25 000) V1.03 - Análise Biofísica - Síntese Fisiográfica (1:25 000) V1.04 - Análise Biofísica - Valores Naturais (1:25 000) V1.05 - Análise Biofísica - Potenciais Disfunções Ambientais (1:25 000) V1.06 - Situação Existente - Uso e Ocupação do Solo (1:25 000) V1.07 - Equipamentos Coletivos (1:25 000) V1.08 - Valores Culturais (1:25 000) V1.09 - Rede Rodoviária - Estrutura e Hierarquização Atuais (1:25 000) V1.10 - Rede Rodoviária - Inventário Físico (1:25 000) V1.11 - Infraestruturas Urbanas - Rede de Abastecimento de Água (1:25 000) V1.12 - Infraestruturas Urbanas - Rede de Drenagem e Tratamento de Águas Residuais (1:25 000) V1.13- Infraestruturas Urbanas - Recolha e Tratamento de Resíduos Sólidos (1:25 000) V1.14 - Infraestruturas Urbanas – Infraestruturas elétricas e gasistas (1:25 000) V1.15 - Riscos Naturais e Tecnológicos (1:25 000) V1.16 – Avaliação do PDM – Análise urbanística (1:25 000) VOLUME II - Relatório de Proposta – Objectivos, Estratégia e Síntese de Proposta - Relatório Ambiental - Programa de Execução - Relatório de Compromissos Urbanísticos - Relatório com a Ponderação da Discussão Pública - Mapa de Ruído - Carta Educativa V2.01 – Compromissos Urbanísticos (1:25 000) V2.02 - Estrutura Ecológica Municipal (1:25 000) V2.03 - Rede Rodoviária - Hierarquização Funcional Proposta (1:25 000) 8 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) VOLUMES VOLUME III PEÇAS ESCRITAS V3.1.1 - Planta de Ordenamento - Classificação e Qualificação do solo (1:25 000) V3.1.2 - Planta de Ordenamento - Classificação acústica (1:25 000) V3.2.1 - Planta de Condicionantes – Outras condicionantes e servidões (1:25 000) V3.2.2 - Planta de Condicionantes – RAN e e Obras de aproveitamento hidroagrícola (1:25 000) V3.2.3 - Planta de Condicionantes – REN (1:25 000) V3.2.4 - Planta de Condicionantes - Perigosidade de risco de incêndio e áreas ardidas (1:25 000) - Regulamento VOLUME ANEXO PEÇAS DESENHADAS - - Estrutura Urbana dos Aglomerados (1:5 000) 1.4 OBJETIVOS GERAIS A 1ª revisão do PDM de Condeixa-a-Nova tem por objetivos gerais: Proceder à articulação do PDM, nesta sua 1ª revisão, com os Instrumentos de Gestão Territorial hierarquicamente superiores que abrangem o concelho; Agilizar a gestão do Plano Diretor Municipal e proceder à sua articulação com outros Planos Municipais em vigor ou em elaboração, nomeadamente o Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios e o Plano Municipal de Emergência; Ajustar o Plano à realidade do Concelho, nomeadamente através da correção de situações desadequadas e do enquadramento de novos investimentos programados; Especificar um modelo estratégico de atuação que estabeleça ações distintas para a promoção de um desenvolvimento sustentado do concelho, tendo em atenção a sua diversidade territorial e as mudanças operadas nos últimos anos, fruto sobretudo da melhoria da acessibilidade; Ajustar os perímetros urbanos em função do crescimento verificado e previsto e promover a requalificação de alguns aglomerados, propondo, sempre que se justifique, a criação de espaços verdes e de novas áreas de equipamentos de utilização coletiva; Rever os princípios e regras de preservação do património cultural, e promover a proteção e valorização dos núcleos históricos, procurando assegurar a defesa do património edificado do Concelho; Repensar a estratégia de ordenamento florestal do Concelho, apostando na função de produção, condicionando a ocupação urbana em áreas rurais e isoladas e regulamentando de forma conveniente as ocupações e utilizações possíveis em espaço florestal; 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 9 Apostar no sistema multifuncional rural do Concelho: agrícola, florestal e de conservação da natureza, considerando a agricultura como recurso primordial nas várzeas dos principais cursos de água, a floresta de produção como função silvícola principal e a conservação da natureza através da proteção da Reserva Natural do Paul de Arzila e da Serra da Senhora do Círculo e Serra de Janeanes como veículos da promoção dos valores naturais do território; Rever os princípios e regras de conservação da natureza, através da adequação das restrições e permissões de ocupações e utilizações nas áreas rurais, por forma a preservar o ambiente e o património natural e paisagístico do Concelho; Promover a diversificação da base económica, fomentando a autonomia funcional do concelho; Definir e disponibilizar um quadro normativo e um programa de investimentos públicos municipais e estatais, adequados ao desenvolvimento do concelho; Proceder à reestruturação da Rede Viária tendo em consideração o traçado de novas infraestruturas viárias na definição da proposta de ordenamento; Estabelecer um ordenamento adequado e equilibrado que seja articulado com os concelhos vizinhos evitando descontinuidades territoriais. Adequar o PDM à nova legislação em vigor. Um outro fator preponderante na decisão de rever o PDM prende-se com a atual necessidade de digitalização dos Planos Municipais de Ordenamento do Território por forma a tornar a gestão do território mais eficiente e menos discricionária. A 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova deverá constituir, acima de tudo, uma oportunidade para pensar o Concelho a médio/longo prazo, de uma forma integrada e global face ao contexto regional. O processo de revisão deverá ser pautado por uma atitude participativa por parte dos intervenientes no processo de planeamento, permitindo que a procura de soluções, alicerçada em estudos de caracterização, seja, antes de mais, o estabelecimento de um compromisso entre as diversas visões sobre as realidades-problema do Concelho. 1.5 FASEAMENTO A elaboração da 1ª revisão do Plano Diretor Municipal de Condeixa-a-Nova obedece ao seguinte faseamento: 1ª Fase – Caraterização e Diagnóstico - corresponde ao período de recolha da informação necessária à compreensão da situação atual do Concelho, no que se refere às condições físicas, urbanísticas, sociais e económicas. Com base na informação recolhida é, então, efetuado o diagnóstico da situação atual, identificando os principais constrangimentos e potencialidades do 10 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Concelho. Esta fase integra ainda um período para introdução de alterações resultantes das análises efetuadas pela Câmara e pelas entidades que integram a Comissão Mista de Coordenação (CMC); 2ª Fase – Proposta de Plano – esta fase encontra-se dividida em dois momentos: a elaboração de uma Proposta Preliminar de revisão do PDM, e, posteriormente, a Proposta de revisão do PDM, a decorrer após a receção do parecer da Câmara relativo à Proposta Preliminar. No primeiro momento é desenvolvida uma proposta centrada nas questões do solo urbano, sendo também elaborada uma primeira Planta de Ordenamento, assim como a Planta de Condicionantes. As componentes relativas ao solo rural, assim como o regulamento do Plano serão desenvolvidos no segundo momento; 3ª Fase – Projeto do Plano – nesta fase serão introduzidas todas as alterações resultantes da apreciação pela Câmara Municipal. Será ainda programada a execução do plano, bem como estruturado o seu projeto de financiamento; 4ª Fase – Projeto do Plano para Discussão Pública – esta fase decorre após a receção dos pareceres das entidades que integram a CMC; 5ª Fase – Projeto do Plano para aprovação pela Assembleia Municipal – a ser preparada após a receção dos resultados da ponderação da discussão pública. Serão introduzidas no Projeto de Plano todas as alterações resultantes dos pareceres das entidades e da ponderação dos resultados da discussão pública; 6ª Fase – Plano para publicação – a preparação do processo para efeitos de publicação em Diário da República, decorrerá após a aprovação pela Assembleia Municipal. Assinala-se ainda a existência de períodos intercalares, em que são apreciados, pela CMC, Câmara Municipal e por outras entidades, os elementos do Plano entregues na respetiva fase. O faseamento é esquematizado na figura seguinte: 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 11 Figura 1: Esquema do faseamento do processo de elaboração da 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova Assinatura do Contrato Início dos Trabalhos Entrega da 1ª Fase Caraterização e Diagnóstico Aprovação da 1ª fase Entrega da 2ª Fase Proposta de Plano da 1ª revisão do PDM de Condeixa-a-Nova Receção do parecer da CM Entrega da 3ª Fase Projeto de Plano da 1ª revisão do PDM de Condeixa-a-Nova para envio às entidades Entrega da 4ª Fase Projeto de Plano da 1ª revisão do PDM de Condeixa-a-Nova para Discussão Pública Entrega da 5ª Fase Projeto de Plano da 1ª revisão do PDM de Condeixa-a-Nova para Assembleia Municipal Receção dos pareceres da CMC Receção dos resultados da discussão pública Aprovação em Assembleia Municipal Entrega da 6ª Fase Plano da 1ª revisão do PDM Condeixa-a-Nova para publicação 12 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 2. CONDEIXA-A-NOVA E O CONTEXTO REGIONAL A avaliação do grau de integração de determinada parcela do território no contexto nacional e regional é um exercício essencial para a avaliação das reais possibilidades de desenvolvimento, bem como para a identificação das condicionantes externas. Com efeito, o conhecimento destes dois fatores é indispensável à aplicação de estratégias de gestão e de intervenção no território regional que permitam o aproveitamento integrado das especificidades de cada território concelhio. A peça desenhada n.º 01: Planta de Enquadramento Regional, enquadra espacialmente o concelho de Condeixa-a-Nova no contexto regional. 2.1 CONTEXTO TERRITORIAL E DEMOGRÁFICO O concelho de Condeixa-a-Nova está integrado na Região Centro e na sub-região do Baixo Mondego, da qual fazem parte os concelhos de Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Mealhada, Mira, Montemor-o-Velho, Mortágua, Penacova e Soure (Figura 2), conforme a nova organização territorial publicada no Decreto-Lei n.º 68/2008, de 14 de abril, que a partir desta data passou a incluir os concelhos da Mealhada e de Mortágua. Figura 2: Região Centro e Sub-região de Baixo Mondego1 Legend Cont_Conc_NUTIII_CAOP2008_HG73 <all other values> NUTIII Baixo Mondego Baixo Vouga Legend Beira Interior Norte Beira Interior Sul Cont_Conc_NUTIII_CAOP2008_HG73 <all other values> NUTIII Cova da Beira Dão-Lafões Baixo Mondego Médio Tejo Baixo Vouga Oeste Beira Interior Norte Pinhal Interior Norte Beira Interior Sul Pinhal Interior Sul Cova da Beira Pinhal Litoral Dão-Lafões Serra da Estrela Médio Tejo Fonte: CAOP – Carta Administrativa Oficial Portuguesa, 2008 Oeste Pinhal Interior Norte Pinhal Interior Sul Pinhal Litoral 1 Serra da Estrela Organização territorial de acordo com o Decreto-Lei n.º 68/2008, de 14 de abril. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 13 O município de Condeixa-a-Nova, pertence ainda ao Distrito de Coimbra, juntamente com os concelhos de Arganil, Cantanhede, Coimbra, Figueira da Foz, Góis, Lousã, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Penela, Soure, Tábua e Vila Nova de Poiares. O concelho de Condeixa-a-Nova ocupa uma posição relativamente central no distrito, tendo os concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Penela e Soure como fronteira. Ocupa assim um lugar muito favorável relativamente à sede de distrito. Condeixa-a-Nova faz também parte Figura 3: Distrito de Coimbra e Grande Área Metropolitana de Coimbra da Grande Área Metropolitana de Coimbra, que engloba os seguintes concelhos: Coimbra, Figueira da Foz, Cantanhede, Montemor-o-Velho, Soure, Mealhada, Penacova, Lousã, Miranda do Corvo, Mira, Tábua, Mortágua, Vila Nova de Poiares, Penela e Góis. Acresce referir que Condeixa-a-Nova pertence à recentemente criada Comunidade Intermunicipal do Baixo Mondego (CIM-BM), em conjunto com Distrito de Coimbra Área Metropolitana de Coimbra Fonte: CAOP – Carta Administrativa Oficial Portuguesa, 2008 os concelhos de Cantanhede, Coimbra, Figueira da Foz, Mealhada, Mira, Montemor-o-Velho, Mortágua, Penacova e Soure, com vista à realização de interesses comuns aos municípios que a integram e ainda à Terras de Sicó - Associação de Desenvolvimento, juntamente com os municípios de Alvaiázere, Ansião, Penela, Pombal e Soure. Esta última constitui um projeto intermunicipal de parcerias pelo desenvolvimento do território, centrado no maciço da Serra de Sicó, a favor do desenvolvimento local e das suas populações, concentrando esforços no marketing global, no estudo e promoção de produtos turísticos, na organização de espaços e novas oportunidades de mercado, na generalização e diversificação de pequenos investimentos nos vários setores da economia, do social e da cultura. Nos últimos anos, foram introduzidas algumas melhorias nas mais diversas áreas (acessibilidades, especialmente na componente interna, equipamentos, infraestruturas básicas, etc.) que constituem o sustentáculo para o desenvolvimento efetivo do Concelho. De acordo com os dados dos Censos 2001, a população residente na região Centro aumentou na última década censitária, essencialmente em resultado do acréscimo generalizado de população em torno dos núcleos urbanos de maior importância, particularmente na faixa litoral da região. A disparidade existente entre o litoral e o interior, 14 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) continua a ser por demais evidente, tendo-se, inclusivamente, agravado, com uma concentração populacional nas sub-regiões do Baixo Vouga, Baixo Mondego e Pinhal Litoral, que representa mais de metade da população regional. Em 2001, a sub-região do Baixo Mondego, conforme a nova divisão adiminstrativa, representava, aproximadamente, 20,8% da população da região do Centro, e Condeixa-a-Nova possuía um total de 15340 habitantes, representativos de 4,1% da população desta sub-região e cerca de 0,86% do total regional. Os concelhos que mais contribuíram para o quantitativo populacional do Baixo Mondego foram, como seria de esperar, Coimbra, com cerca de 40% do total populacional da sub-região, e Figueira da Foz, com 16,9%, já que constituem os concelhos que integram as principais cidades da região. Os restantes concelhos apresentam contribuições relativamente baixas de população residente, assumindo Mortágua o valor mais baixo (10379 habitantes). Os 371439 habitantes do conjunto de concelhos da sub-região distribuíam-se, em 2001, pelos 2424,7 Km2, conduzindo a um valor de densidade populacional de 153,2 hab/km2, um valor bastante superior à densidade populacional verificada na Região Centro, que, à mesma data, era de, aproximadamente, 75,3 hab/km 2. Em 2001, os valores mais altos deste indicador na sub-região em análise, verificaram-se nos concelhos de Coimbra (464,7 hab/km2 ), da Mealhada (187,5 hab/km2) e da Figueira da Foz (165,1 hab/km2 ). Quadro 2: Variação da população residente e densidade populacional na região Centro e suas sub-regiões, bem como nos concelhos do Baixo Mondego, entre 1991 e 20012 Unidade Geográfica Região Centro Baixo Vouga Baixo Mondego Cantanhede Coimbra Condeixa-a-Nova Figueira da Foz Mealhada Mira Montemor-o-Velho Mortágua Penacova Soure População Residente 1991 2001 1721650 1782178 350424 385724 357792 371439 37140 139052 13027 61555 18272 13257 26375 10662 16748 21704 37910 148443 15340 62601 20751 12872 25478 10379 16725 20940 Área (km2) 23674,1 1693,41 2424,7 390,9 319,4 138,7 379,1 110,7 124,0 229,0 251,2 216,7 265,1 Densidade Pop. (hab/Km2) 1991 2001 72,7 75,3 206,9 227,8 147,6 153,2 95,0 435,3 93,9 162,4 165,1 106,9 115,2 42,4 77,3 81,9 97,0 464,7 110,6 165,1 187,5 103,8 111,3 41,3 77,2 79,0 Fonte: CAOP - Carta Administrativa Oficial Portuguesa, 2008; Instituto Nacional de Estatística (INE) – Portugal, Censos 1991 e 2001. 2 Integra a nova administração territorial, incluindo na sub-região do Baixo Mondego os concelhos de Mealhada e Mortágua. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 15 2.2 O CONCELHO DE CONDEIXA-A-NOVA – CONSIDERAÇÕES GERAIS O concelho de Condeixa-a-Nova ocupa uma área de 138,7 km2, o que equivale a cerca de Figura 4: Freguesias do concelho de Condeixa-a-Nova 5,7% da área total da sub-região do BaixoMondego, e é constituído por 10 freguesias: Anobra, Belide, Bendafé, Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha, Ega, Furadouro, Sebal, Vila Seca e Zambujal. De acordo com a tipologia das áreas urbanas definidas pela Direção Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano (DGOTDU) e pelo Instituto Nacional de Estatística (INE)3, as freguesias de Condeixa-aNova, de Condeixa-a-Velha e de Sebal são consideradas Áreas Predominantemente Urbanas e a freguesia de Belide é considerada Fonte: CAOP, 2008 como Área Mediamente Urbana. As restantes freguesias são classificadas como Áreas Predominantemente Rurais. Além da vila de Condeixa-a-Nova, que é indubitavelmente o Figura 5: Distribuição da população por dimensão de lugar (em n.º de hab.), em 2001, no concelho de Condeixa-a-Nova maior centro urbano do Concelho, abrangendo 5000 lugares de outras freguesias, na rede urbana 4000 destaca-se o aglomerado de Ega, já que as 3000 restantes povoações, são, na generalidade, de 2000 menores dimensões. 4165 3268 3023 2423 1701 760 1000 0 Da análise da estrutura do povoamento concelhio (Figura 5), quanto à distribuição da população por dimensão de lugar, verifica-se 0 Menos de De 100 a 100 199 De 200 a 499 De 500 a De 1000 a De 2000 a 999 1999 4999 Pop. Isolada Fonte: INE – Portugal, Censos 2001 que o grosso da população do concelho de Condeixa-a-Nova assenta em lugares de pequena dimensão, englobando grande parte dos aglomerados urbanos do Concelho, sendo que apenas a vila de Condeixa-a-Nova se destaca, enquadrando-se no escalão “de 3 158ª Deliberação do Conselho Superior de Estatística, de 3 de julho de 1998, publicada no Diário da República, IIª Série, de 11/09/1998; e na 185ª Deliberação do Conselho Superior de Estatística, de 15 de março de 2000, publicada no Diário da República, IIª Série, de 17/04/2000. 16 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 2000 e 4999 habitantes”, representando cerca de 21,3% (3268 habitantes) da população do Concelho. No contexto sub-regional também se regista uma maior concentração de população em lugares de dimensão demográfica inferior a 1999 habitantes, sendo que as cidades de Coimbra e Figueira da Foz, se assumem como os grandes pólos populacionais. Da análise do Quadro 3 distinguem-se, fundamentalmente, três freguesias entre as dez, e que são precisamente as freguesias onde se inserem os principais centros urbanos do Concelho: Condeixa-a-Nova (25,9% da população residente em 2001), Condeixa-a-Velha (21,6% da população residente, em 2001) e Ega (18,8% da população residente em 2001). Em conjunto, estas três freguesias representam cerca de 66% da população residente no Concelho. A vila de Condeixa-a-Nova concentra os serviços e equipamentos de maior importância e constitui, em termos percentuais, o maior pólo aglutinador de população residente. Neste Concelho, os 15.340 residentes em 2001, distribuídos pelos seus 138,7 Km2 representavam uma densidade populacional de 110,6 hab/km2, valor significativamente elevado no contexto da região em que se insere (75,3 hab/km2), mas ainda bastante abaixo do valor registado na sub-região do Baixo Mondego (153,2 hab/km2). Quadro 3: Área, População Residente em 2001, Evolução da População Residente entre 1981 e 2001 e Densidade Populacional nas freguesias do concelho de Condeixa-a-Nova Unidade Geográfica Área (Km2) Anobra 16,4 Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila Seca Zambujal Total 0,8 3,8 3,5 24,2 32,6 14,4 12,2 12.5 18,4 138,7 % 11,8% 0,6% 2,7% 2,5% 17,4% 23,5% 10,4% 8,8% 9,0% 13,3% 100,0% População Residente 2001 1357 279 117 3980 3318 2882 223 1793 962 429 15340 Crescimento Pop. (%) % Densidade Populacional 81/91 91/01 81/01 8,8% 1,8% 0,8% 25,9% 21,6% 18,8% 1,5% 11,7% 6,3% 2,8% 100,0% 82,8 356,8 31,0 1145,7 137,2 88,5 15,5 146,9 76,9 23,3 110,6 -5,8 4,7 -14,3 8,2 4,3 -6,2 -14,8 1,5 -12,3 -18,6 -1,7 12,1 -11,4 -2,5 49,8 38,3 7,0 -19,2 -4,2 -2,5 -14,0 17,8 5,6 -7,3 -16,4 62,1 44,3 0,4 -31,2 -2,8 -14,5 -30,0 15,7 Fonte: CAOP, 2008; Instituto Nacional de Estatística (INE) – Portugal, Censos 2001 Também no Quadro 3 está representada a evolução da população residente em todas as freguesias entre 1981, 1991 e 2001. O principal facto que sobressai da análise deste quadro é o aumento demográfico ocorrido no Concelho na última década censitária (+17,8%), acréscimo registado em quatro das dez freguesias que constituem o Concelho, tendo as restantes perdido população. Este aumento assume grande expressão na freguesia de Condeixa-a-Nova, onde o incremento foi na ordem dos 50%, bem como na freguesia de Condeixaa-Velha, com cerca de mais 38% da população verificada em 1991. Este aumento de população verificou-se 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 17 apenas na última ação censitária, sendo que entre 1981 e 1991 a população diminuiu cerca de 1,7% (-230 habitantes). Em termos absolutos, durante o intervalo de 20 anos analisado (1981-2001), o Concelho ganhou um total de 2083 habitantes, correspondentes a 15,7% da população que possuía em 1981. As freguesias de Condeixa-aNova e Condeixa-a-Velha, com aumentos populacionais de 62,1% e 44,3%, foram as que registaram acréscimos mais acentuados. Apesar do aumento generalizado da população residente no Concelho, existem freguesias que registaram grandes perdas populacionais neste intervalo, como é o caso de Furadouro (-31,2%) e Zambujal (30%). É de salientar que o esvaziamento verificado em algumas freguesias é, em parte, justificado na transferência de residência para a área de influência da Vila, visto o aumento verificado na Vila e arredores ser bastante superior ao registado ao nível concelhio. A evolução populacional é também resultado do comportamento das componentes de crescimento. Com efeito, não obstante o crescimento efetivo ter sido positivo entre 1991 e 2001, ele deveu-se, em grande parte, ao crescimento migratório positivo (entraram no Concelho 22,7% do total populacional), correspondendo ao valor mais alto registado tanto na sub-região como na região centro, e ao crescimento natural negativo (os óbitos foram superiores aos nascimentos em 5%), apresentando um dos valores mais baixos da sub-região do Baixo Mondego. Desta forma, como o saldo migratório é bastante positivo, consegue compensar em muito o valor negativo do saldo natural, registando-se assim um acréscimo populacional no Concelho, tal como já tinha sido referido. Assim sendo, e conforme os dados do anuário estatístico da região Centro, em 2005, o concelho de Condeixa-aNova possuía uma taxa de natalidade de 10,4‰, a mais elevada da sub-região, e uma taxa de mortalidade, de 12,0‰, um valor algo elevado no contexto sub-regional. Quanto aos índices de evolução da estrutura etária registados em Condeixa-a-Nova, refira-se que o índice de envelhecimento tem vindo aumentar nas últimas décadas, sendo que em 2001, Condeixa-a-Nova, tinha, sensivelmente, 128 idosos por cada 100 jovens, um valor relativamente baixo quando comparado com os restantes concelhos da sub-região. Em consequência do envelhecimento da população, o índice de dependência de idosos registado em Condeixa-a-Nova viu este indicador a decrescer, tendo verificado em 2001 um valor de 28,2%, um pouco superior à média sub-regional de 27,7%. Por seu turno, a taxa de natalidade, é um dos fatores que se reflete diretamente no decréscimo do índice de dependência de jovens, indiciando um peso menor das faixas etárias mais jovens na sua estrutura populacional. Em Condeixa-a-Nova, entre 1991 e 2001, não se registou uma diminuição significativa, na medida em que passou dos 25 para os 22 dependentes por cada 100 ativos. Quanto ao índice de dependência total, que relaciona a população das faixas etárias dependentes com a população ativa, sofreu, assim, um decréscimo pouco significativo, passando dos 55,7 para os 50,3%, indicando 18 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) que, em 2001, em Condeixa-a-Nova existiam cerca de 50 indivíduos dependentes por cada 100 indivíduos ativos. Relativamente à evolução da distribuição e à própria distribuição da população por grupos etários, o concelho de Condeixa-a-Nova apresentou perda relativa de população nos grupos etários mais jovens, à semelhança de todos os restantes concelhos da sub-região do Baixo Mondego. De 1991 para 2001, houve então um grande envelhecimento da população associado à perda de importância dos estratos da população jovem e ao crescimento da população idosa. Em 2001, o concelho de Condeixa-a-Nova tinha uma percentagem de população idosa (18,8%) perfeitamente enquadrada no valor da sub-região, que nesta data era de 18,7%, sendo que ao nível da população mais jovem, o concelho de Condeixa-a-Nova era um dos concelhos da sub-região que detinha uma das maiores percentagens deste grupo na sua estrutura etária, 14,7% da sua população tinha menos de 14 anos de idade. Quadro 4: Distribuição da população residente na região do Centro e na sub-região do Baixo Mondego, em 1991 e 2001, por grupos etários Unidade Geográfica Cantanhede 37.140 Coimbra 139.052 Condeixa-a-Nova 13.027 Figueira da Foz Mealhada 61.555 18.272 Mira 13.257 Montemor-o-Velho Mortágua 26.375 10.662 Penacova 16.748 0-14 18,9 18,0 18,6 17,9 16,1 17,9 18,9 19,8 18,1 19,7 19,0 Soure 21.704 16,0 REGIÃO CENTRO Baixo Mondego Total 2.258.768 357.792 1991 Grupos Etários 15-64 64,6 66,8 65,2 69,2 64,2 66,6 66,4 64,8 64,8 63,7 63,5 16.725 2001 Grupos Etários 0-14 15-64 15,0 65,5 13,8 67,5 14,0 66,1 13,8 69,6 14,7 66,5 13,6 66,9 15,2 66,8 14,9 66,2 13,9 65,2 12,0 66,9 13,8 66,0 >65 16,5 15,2 16,2 12,9 19,7 15,5 14,7 15,4 17,1 16,6 17,5 Total 2.348.397 371.439 >65 19,4 18,7 19,9 16,5 18,8 19,5 18,0 18,8 20,9 21,1 20,3 64,0 20,0 20.940 12,0 25,0 37.910 148.443 15.340 62.601 20.751 12.872 25.478 10.379 63,0 Fonte: INE – Portugal, Recenseamentos Gerais da População, 1991 e 2001 Analisando a distribuição da população ativa empregada do concelho de Condeixa-a-Nova pelos três setores de atividade constata-se uma afetação maioritária ao setor terciário (70%), face aos setores secundário (28%) e primário (2%), tendo este último vindo a sofrer uma redução progressiva. Esta distribuição também se verifica na região e, de forma semelhante, na sub-região do Baixo Mondego. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 19 Nos últimos 20 anos, a estrutura económica do concelho de Condeixa-a-Nova tem sofrido algumas alterações, verificando-se uma clara Figura 6: População empregada, segundo Setores de Atividade Económica, no Baixo Mondego e em Condeixa-a-Nova (2001) diminuição de ativos afetos ao setor primário e um Sub-região Baixo Mondego contínuo reforço dos setores secundário e 5% terciário. 29% Com efeito, em 1981, a repartição sectorial dos 66% ativos fazia-se de forma mais ou menos Condeixa-a-Nova equilibrada, ainda que o setor terciário já fosse 2% dominante na economia concelhia, representando 28% cerca de 38,1% da população ativa, enquanto que, em 2001, esse valor cresceu para os 69,8%. 70% Em contrapartida, o setor primário que, há Primário quarenta anos atrás afetava 68,6% da população ativa, representa hoje, apenas 2,2% da população Secundário Terciário Fonte: INE - Portugal ativa, constituindo um setor quase em extinção no concelho de Condeixa-a-Nova. Figura 7: População empregada por setores de atividade no concelho de Condeixaa-Nova, entre 1981 e 2001 2001 1991 1981 0% 10% 20% Primário 30% 40% 50% 60% Secundário 70% 80% 90% 100% Terciário Fonte: INE - Portugal Relativamente à população ativa (empregada e desempregada) refira-se que abrange cerca de 46% (7014 habitantes) do total populacional do Concelho, e que à data da última ação censitária, a taxa de desemprego andava na ordem dos 5,5%, valor um pouco superior ao verificado em 1991 (5,1%). Intimamente ligado à população com atividade económica, está o grau de qualificação e as habilitações literárias, que constitui um fator primordial no arranque e na sustentação de processos de desenvolvimento. 20 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Entre 1991 e 2001, o concelho de Condeixa-a-Nova assistiu a uma diminuição tímida da sua taxa de analfabetismo – que passou dos 14,6%, para os 11,8% - à semelhança do que aconteceu em todo o Baixo Mondego. Contudo, a taxa registada por Condeixa-a-Nova continua a ser uma das mais altas da sub-região cuja média se situa nos 9,4%. Quadro 5: Nível de escolaridade da população dos concelhos da sub-região Baixo Mondego, em 2001 (%) Nível de Ensino Atingido Zona Geográfica Baixo Mondego Cantanhede Coimbra Condeixa-a-Nova Figueira da Foz Mealhada Mira Montemor-o-Velho Mortágua Penacova Soure Básico Total Nenhum 371.439 37.910 148.443 15.340 62.601 20.751 12.872 25.478 10.379 16.725 20.940 Taxa de Analfabetismo Secundário Médio Superior 9,1 13,8 0,8 13,7 9,4 9,3 9,9 9,4 11,1 14,4 9,6 9,7 10,1 9,6 9,6 12,0 16,5 14,6 16,6 10,2 12,2 13,1 7,6 11,0 14,2 0,4 1,3 0,6 0,7 0,6 0,4 0,3 0,3 0,2 0,4 8,4 23,1 12,3 10,6 4,9 9,2 6,2 3,7 5,1 6,4 11,0 6,4 11,8 10,2 8,4 10,4 13,6 11,1 11,4 16,9 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo 14,3 31,4 10,1 15,0 11,2 17,1 14,2 12,3 15,0 17,2 16,6 15,7 20,5 41,7 28,4 36,4 34,8 29,0 40,8 39,4 33,5 45,0 39,3 13,2 9,6 9,6 11,8 14,5 13,0 14,0 13,3 13,5 9,6 Fonte: INE - Portugal O nível de escolaridade do concelho de Condeixa-a-Nova é relativamente baixo face ao contexto sub-regional, já que, em 2001, 17,1% da população residente não tinha qualquer nível de ensino (contra 14,3% da sub-região), apenas 0,6% possuía um grau de escolaridade médio (a sub-região apresentava 0,8%) e 12,3% tinha terminado com sucesso o ensino superior (face aos 13,7% apresentados pelo Baixo Mondego). Contudo, o Concelho apresenta valores mais favoráveis do que a sub-região, no que se refere à população com o Ensino Básico e Secundário terminado (70% contra os 64,4% registados pelo Baixo Mondego). A baixa percentagem de população com cursos médios - que é válida para Condeixa-a-Nova, mas também para a maior parte do país, - faz sobressair a necessidade de que seja feito um investimento considerável, quer a nível municipal, quer sub-regional, em cursos médios e profissionalizantes, fundamentais ao desenvolvimento da estrutura produtiva. A avaliação do grau de integração económica de um concelho no quadro regional, assim como as interdependências territoriais, passa pelo fluxo de pessoas, bens e capitais que se estabelece entre o Concelho e o exterior. De acordo com os dados obtidos no Instituto Nacional de Estatística, referentes aos Censos de 2001, o concelho de Condeixa-a-Nova gerou um total de 8905 deslocações, sendo 26% relacionadas com estudo e 74% por motivos de trabalho. Refira-se que, do total de deslocações, 90% tiveram como destino a subregião do Baixo Mondego e 49% (4335 deslocações internas) como origem e destino o concelho de Condeixa-aNova (3010 – Trabalho, 1325 – Estudo). No que diz respeito aos movimentos pendulares com destino ao 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 21 concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001, foram contabilizadas um total de 5591 deslocações: 75% por razões profissionais e as restantes 25% relacionadas com a atividade escolar. Do total, 94% tiveram como origem concelhos da sub-região e as 1325 deslocações internas (já referidas anteriormente) representavam 25% das deslocações para a sub-região do Baixo Mondego. Veja-se os esquemas representativos dos principais fluxos pendulares, com destino a Condeixa-a-Nova: Figura 8: Movimentos pendulares das saídas e entradas do concelho da Condeixa-a-Nova Baixo Mondego Baixo Mondego (94%) (90%) Condeixa-aNova Pinhal Litoral (2,3%) Pinhal Interior Norte (3,1%) Pinhal Interior Norte Pinhal Litoral (1,9%) (1,3%) Outros Outros (1,6%) (5,8%) Fonte: INE - Portugal Quadro 6: Movimentos pendulares originados pelo concelho para os concelhos da sub-região do Baixo Mondego (Saídas) Quadro 7: Movimentos pendulares para o concelho de Condeixa-aNova dos concelhos da sub-região do Baixo Mondego (Entradas) Concelho Trabalho Estudo Concelho Trabalho Estudo Condeixa-a-Nova 3010 1325 Condeixa-a-Nova 3010 1325 Coimbra 2513 826 Coimbra 502 24 Soure 128 36 Soure 301 14 Figueira da Foz 39 3 Montemor-o-Velho 51 11 Montemor-o-Velho 41 1 Cantanhede 12 0 Mealhada 27 0 Figueira da Foz 11 0 Cantanhede 17 1 Mira 4 0 Outros 34 1 Outros 12 0 Total 5809 2193 Total 3903 1374 Fonte: INE - Portugal Os movimentos no interior do Concelho são, muito expressivos, o que indicia alguma independência do Concelho do ponto de vista económico e funcional, mas também alguma capacidade em polarizar os concelhos vizinhos, fruto da proximidade a Coimbra. Para além disso, o concelho de Condeixa-a-Nova manifesta ainda alguma capacidade em atrair população na sua envolvente territorial, manifestando uma ligação mais forte aos concelhos de Coimbra e Soure. 22 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Concluindo, em 2001, o concelho de Condeixa-a-Nova possuía um saldo pendular negativo de –3314 deslocações, associado a um saldo negativo de -890 deslocações por motivos de estudo e de -2424 postos de trabalho. Este resultado é indicador da grande dependência do Concelho relativamente à estrutura produtiva e económica de municípios adjacentes e da inexistência de equipamentos de ensino superior, médio e profissionalizante, tão importantes para a consolidação da estrutura económica do Concelho. Figura 9: Movimentos Pendulares no concelho de Condeixa-a-Nova Total Saídas Estudo Entradas Trabalho 0 2000 4000 6000 8000 10000 Fonte: INE - Portugal A questão das acessibilidades e transportes é fundamental para a integração do Concelho ao nível supra local, já que constitui um fator que, tantas vezes, condiciona ou fomenta afinidades e complementaridades entre regiões, facilitando a sua afirmação regional. Esta só pode ser concretizada através do estabelecimento de uma rede de transportes e acessibilidades realmente eficaz, em que se proceda à articulação dos níveis regional e nacional. Situado na faixa litoral da Região Centro, o concelho de Condeixa-a-Nova é, direta ou indiretamente, servido por um conjunto relativamente diversificado de ligações ao exterior, as quais, atendendo às funções desempenhadas, à estrutura viária existente e à sua inserção territorial, assumem, naturalmente, uma importância fundamental no contexto da rede concelhia. O Concelho é servido diretamente pelo IP1-A1 (lanço Leiria - Coimbra) através do Nó de Condeixa – localizado cerca de 3.0km a Norte da Sede de Concelho – o qual, atendendo à estrutura viária existente e à sua inserção territorial, assegura as funções de maior relevo a este nível. Com um traçado paralelo a este, a EN1 (IC2) – aproximadamente coincidente com o da EN1 desclassificada – atravessa longitudinalmente a região central do território e, apesar da sua limitada capacidade, assume igualmente uma enorme importância, quer a nível regional, quer nacional, assegurando, entre outras, ligações próximas a Coimbra (a Norte), ao IC8 (Pombal) e a Leiria (IC36 e IC1-A8). 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 23 Na direção Nascente, região com maiores condicionalismos de natureza orográfica e, logo, com uma densidade viária mais reduzida, as ligações de maior importância são asseguradas pelo atual traçado do IC3 (lanço Tomar Coimbra) que, a nível concelhio, é constituído pela conexão entre as EN 342 e EN347 e a EN1 (IC2), através do Nó da Faia. A EN342 (Soure - Arganil), igualmente integrada na Rede Nacional Complementar, atravessa transversalmente as zonas Poente e Nascente do Figura 10: Condeixa-a-Nova no contexto do PRN2000 território – estabelecendo articulação com os dois eixos anteriormente mencionados – e desempenha, neste contexto, funções de nível essencialmente local, enquanto a ER4 347 (Condeixa - Montemor-oVelho/EN341) e ER347-1 (Condeixa - Alvorge/ER348) – que serve tangencialmente a zona Sudeste do Concelho –, desempenham funções equiparadas, embora com maior relevância no caso da ER347, quer pela sua inserção central radial na estrutura da rede, quer pelo peso específico das relações existentes com os concelhos de Montemor-o-Velho e da Figueira da Fonte: EP- Estradas de Portugal Foz. Referência final para a ER1-7 (Condeixa Taveiro/EN341) que constitui uma alternativa ao IP1-A1 no acesso à Zona Industrial de Taveiro e ao IC2 (Coimbra Sul). 4 Vias integradas na categoria das Estradas Regionais. 24 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 3. INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL DE HIERARQUIA SUPERIOR Neste capítulo pretende-se fazer um enquadramento do concelho de Condeixa-a-Nova nos Instrumentos de Gestão Territorial de âmbito supramunicipal, com incidência no seu território. Assim, será efetuada uma síntese dos planos que se encontram eficazes, focando os seus principais objetivos e opções, bem como uma breve referência àqueles que se encontram em elaboração, com o intuito de agilizar a articulação do PDM, na sua 1ª revisão, com os restantes Instrumentos de Gestão Territorial. No território concelhio existem os seguintes instrumentos de planeamento de âmbito supramuncipal eficazes: Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT); Plano Rodoviário Nacional 2000; Plano sectorial da Rede Natura 2000; Plano de Bacia Hidrográfica do Mondego; Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Paul de Arzila; Plano Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral. O PNPOT é um importante documento de índole estratégica e por isso merece uma breve análise no presente documento, uma vez que constitui o quadro de referência para os planos diretores municipais. Relativamente ao PRN 2000, este é devidamente considerado no capítulo relativo à Rede Viária e Transportes, pelo que se opta por não o desenvolver aqui. No que se refere a planos que ainda não se encontram eficazes há a referir o Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro, que se reveste de uma fulcral importância no atual panorama de planeamento e desenvolvimento regional, e que por isso, apesar de não ter sido ainda publicado, se encontra igualmente sistematizado. Acresce o Plano de Gestão de Bacia da Região Hidrográfica 4, referente aos rios Vouga, Mondego e Lis, também em elaboração, pelo Despacho n.º 19079/2009 de 18 de Agosto. No final do presente capítulo, e apesar de não constituir um plano vinculativo, é feita uma análise sintética do Plano Estratégico Nacional do Turismo no que diz respeito às orientações definidas para a região Centro. 3.1 PROGRAMA NACIONAL DA POLÍTICA DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO No quadro vigente do regime jurídico dos instrumentos de gestão territorial, o “Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território”, aprovado pela Lei nº 58/2007 de 4 de setembro e retificado pela Declaração de 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 25 Retificação nº 80-A/2007, constitui um instrumento de desenvolvimento territorial, de natureza estratégica e de âmbito nacional. De acordo com o disposto no RJIGT, o PNPOT “ estabelece as grandes opções com relevância para a organização do território nacional, consubstancia o quadro de referência a considerar na elaboração dos demais instrumentos de gestão territorial (PROT e PDM) e constitui um instrumento de cooperação com os demais estados-membros para a organização do território da União Europeia” e “ estabelece as opções e diretrizes relativas à conformação do sistema urbano, das redes, das infraestruturas e equipamentos de interesse nacional, bem como a salvaguarda e valorização das áreas de interesse nacional em termos ambientais, patrimoniais e de desenvolvimento rural”. A linha de rumo que o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território pretende imprimir ao País, para o Portugal 2025, sistematiza-se em seis Objetivos Estratégicos, que se complementam e reforçam reciprocamente: 1. Conservar e valorizar a biodiversidade e o património natural, paisagístico e cultural, utilizar de modo sustentável os recursos energéticos e geológicos e prevenir e minimizar os riscos; 2. Reforçar a competitividade territorial de Portugal e a sua integração nos espaços ibérico, europeu e global; 3. Promover o desenvolvimento policêntrico dos territórios e reforçar as infraestruturas de suporte à integração e à coesão territoriais; 4. Assegurar a equidade territorial no provimento de infraestruturas e de equipamentos coletivos e a universalidade no acesso aos serviços de interesse geral, promovendo a coesão social; 5. Expandir as redes e infraestruturas avançadas de informação e comunicação e incentivar a sua crescente utilização pelos cidadãos, empresas e administração pública; 6. Reforçar a qualidade e a eficiência da gestão territorial, promovendo a participação informada, ativa e responsável dos cidadãos e das instituições. Para cada objetivo estratégico, enunciaram-se diferentes linhas de intervenção polarizadas pelos respetivos Objetivos Específicos, sendo que cada um destes objetivos se corporiza num conjunto de Medidas. O PNPOT, no capítulo das orientações estratégicas para as Regiões consubstancia, para as sub-regiões do Centro um vasto conjunto de opções para o desenvolvimento do território que deverão estar presentes aquando da definição do modelo de desenvolvimento para o concelho de Condeixa-a-Nova. 26 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 3.2 PLANO SECTORIAL DA REDE NATURA 2000 A criação da Rede Natura 2000 resulta de duas diretivas comunitárias: a Diretiva 79/409/CEE, relativa à proteção das aves selvagens – Diretiva das Aves, e a Diretiva n.º 92/43/CEE, de 21 de maio, relativa à preservação dos habitats naturais, da fauna e da flora selvagens – Diretiva Habitats. Em Portugal, a transposição para a ordem jurídica interna foi inicialmente efetuada pelo Decreto-Lei n.º 226/97, de 27 de agosto, que estabelecia a criação de ZEC – Zonas Especiais de Conservação (baseado nos sítios de importância comunitária – SIC) e as ZPE – Zonas de Proteção Especial. Seguidamente, procedeu-se à aprovação da Lista Nacional de Sítios (1ª fase – SIC), através da resolução de Conselho de Ministros n.º 142/97, de 28 de agosto. Posteriormente, com o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, essa transposição para a ordem jurídica interna da Diretiva das Aves e da Diretiva Habitats foi revista, visando a regulamentação, num único diploma, das disposições emergentes dessas diretivas. Por fim, surgiu a 2ª lista nacional de sítios, com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 76/2000, de 5 de julho, e o estabelecimento de Zonas de Proteção Especial - ZPE para o Continente com o Decreto-Lei n.º 384B/99, de 23 de setembro. Uma vez que o Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, não transpõe na íntegra as disposições das Diretivas para o ordenamento jurídico português, tornou-se necessário proceder a ajustes e alterações através do Decreto-Lei n.º 49/2005, de 24 de fevereiro. Segundo o Decreto-Lei n.º 49/2005, os instrumentos de gestão territorial aplicáveis nas ZEC e nas ZPE devem garantir a conservação dos habitats e das populações das espécies em função dos quais as referidas zonas foram classificadas. Porém, quando a totalidade ou parte das ZEC e ZPE se localizam dentro dos limites de áreas protegidas, classificadas nos termos da lei, o objetivo previsto no número anterior é assegurado através de planos especiais de ordenamento das áreas protegidas (art. 8º, ponto 2), neste caso conforme é mencionado no subcapítulo relativo ao PORNPA. A Rede Natura 2000 é objeto de um plano sectorial, elaborado nos termos do Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de setembro e da Resolução do Conselho de Ministros n.º 66/2001, de 6 de junho, aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008, de 21 de julho, tendo em conta o desenvolvimento económico e social das áreas abrangidas e estabelecendo orientações para: a) A gestão territorial nos sítios da lista nacional de sítios, nos sítios de importância comunitária, nas ZEC e nas ZPE; b) As medidas referentes à conservação das espécies da fauna, flora e habitats. Neste contexto, o concelho de Condeixa-a-Nova inclui o SIC Paul de Arzila (PTCON0005) e a ZPE Paul de Arzila (PTZPE0005), ambos abrangidos territorialmente pela Reserva Natural do Paul de Arzila. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 27 3.2.1 SIC Paul de Arzila Segundo a ficha de caracterização do Plano sectorial da Rede Natura 2000, o vale do Baixo Mondego foi, ao longo de milénios uma imensa zona húmida, proporcionando condições para o desenvolvimento de variadas comunidades animais e vegetais. Com a colmatação, a “conquista” de terras ao rio e a posterior transformação em áreas de agricultura intensiva, restam hoje algumas zonas húmidas, que têm assegurado a continuidade mínima entre as comunidades representativas. Este Sítio é uma dessas últimas zonas húmidas, com fatores geográficos, extensão e cobertura vegetal adequados à fixação e desenvolvimento de diversas comunidades. O Sítio compreende uma zona central de paul e uma área envolvente, que funciona como faixa de proteção. É atravessado por três valas mas, devido ao aparecimento de água à superfície e ao facto das cotas a montante serem mais baixas 2/3 m que a jusante, encontra-se alagado durante quase todo o ano. Assim, é óbvia a importância significativa dos habitats ripícolas e aquáticos, nomeadamente as galerias ribeirinhas mediterrânicas dominadas por salgueiros (Salix salvifolia subsp. salvifolia) (92A0) e as águas eutróficas permanentes paradas ou lentas com comunidades vasculares dulciaquícolas (3150). É um Sítio importante para a conservação da fauna aquática e ribeirinha, sendo de destacar a lontra (Lutra lutra), o lagarto-de-água (Lacerta schreiberi) e algumas espécies de peixes, como o ruivaco (Rutilus macrolepidotus) e a boga (Chondrostoma polylepis). De seguida, apresenta-se a cartografia do Sítio e dos respetivos Habitats, as listagens das espécies que importa proteger, assim como os fatores de ameaça e orientações de gestão apontadas para o Sítio. Habitats naturais e seminaturais constantes do anexo B-I do Dec. Lei n.º 49/2005 3130 - Águas estagnadas, oligotróficas a mesotróficas, com vegetação da Littorelletea uniflorae e ou da Isoëto-Nanojuncetea; 3150 - Lagos eutróficos naturais com vegetação da Magnopotamion ou da Hydrocharition; 3270 - Cursos de água de margens vasosas com vegetação da Chenopodion rubri p.p. e da Bidention p.p.; 3280 - Cursos de água mediterrânicos permanentes da Paspalo-Agrostidion com cortinas arbóreas ribeirinhas de Salix e Populus alba; 4030 Charnecas secas europeias; 5230* Matagais arborescentes de Laurus nobilis; 6410 Pradarias com Molinia em solos calcários, turfosos e argilo-limosos (Molinion caeruleae); 6420 Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio-Holoschoenion; 6430 Comunidades de ervas altas higrófilas das orlas basais e dos pisos montano a alpino; 91E0* Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae, Salicion albae); 28 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Habitats naturais e seminaturais constantes do anexo B-I do Dec. Lei n.º 49/2005 9230 Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica; 9240 Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis; 92A0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba; 9330 - Florestas de Quercus suber. A negrito: habitats prioritários Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 Figura 11: Habitats do Sítio Paul de Arzila5 Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 5 Analisando os habitats, presentes no concelho de Condeixa-a-Nova, com os ortofotomapas e com a carta de ocupação do solo (COS’90 adaptada e atualizada nas zonas edificadas para o PMDFCI) constata-se que os habitats identificados como 9330+4030 correspondem a manchas de pinheiros bravos e olival. No que se refere às manchas identificadas como sendo os habitats 91E0*+ 92A0 verifica-se a presença de Salix alba, Populus alba, Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 29 Código Espécies da Fauna constantes do anexo B-II do Dec. Lei n.º 49/2005 de 24/02 Anexos 1083 1116 1135 1259 1221 1355 Lucanus cervus Chondrostoma polylepis Rutilus macrolepidotus Lacerta schreiberi Mauremys leprosa Lutra lutra II II II II, IV II, IV II, IV Código Outras Espécies dos Anexos B-IV e B-V do Dec. Lei n.º 49/2005 de 24/02 Anexos Narcissus bulbocodium Ruscus aculeatus Discoglossus galganoi Hyla arborea Rana perezi Triturus marmoratus Genetta genetta Felis silvestris V V IV IV V IV V IV FLORA FAUNA Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 Fatores de ameaça Poluição difusa de origem agrícola (uso de adubos e fitofármacos); Poluição industrial e doméstica proveniente de áreas a montante do Sítio, com consequente eutrofização; Drenagem; Presença de espécies da flora infestantes; Florestações com espécies de rápido crescimento (eucalipto); Expansão da vegetação aquática, que prejudica a existência de espécies da fauna e flora associadas a este meio; Implantação de vias de comunicação. Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 No Paul de Arzila as orientações de gestão são especialmente dirigidas para a manutenção da zona húmida, tendo em vista a conservação de habitats ripícolas e aquáticos e espécies da flora e da fauna associadas, entre as quais alguns endemismos e espécies ameaçadas. 30 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 8: Orientações de gestão específicas para o SIC Paul de Arzila Orientações de Gestão Habitats e espécie alvo das orientações de gestão Monitorizar, manter / melhorar qualidade da água Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água Condicionar expansão do uso agrícola Condicionar uso de agroquímicos /adotar técnicas alternativas Condicionar uso de agroquímicos /adotar técnicas alternativas em áreas contíguas ao habitat Condicionar drenagem Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes 3130; 3150; 3270; 3280; 6410; Lacerta schreiberi; Lutra lutra; Mauremys leprosa, Chondrostoma polylepis; Rutilus macrolepidotus (considerando como valores de referência os limites previstos para as “águas de ciprinídeos”, de acordo com o disposto no Dec.-Lei nº 236/98, de 1 de agosto) Chondrostoma polylepis; Lacerta schreiberi; Lutra lutra; Mauremys leprosa; Rutilus macrolepidotus 3130; 3270; 3280; 91E0*; 9230; 92A0; Chondrostoma polylepis; Lacerta schreiberi; Lutra lutra; Mauremys leprosa; Rutilus macrolepidotus 9330 Lacerta schreiberi; Lutra lutra 3130; 3150; 3270; 3280; 6410; Chondrostoma polylepis; Lacerta schreiberi; Lutra lutra; Mauremys leprosa; Rutilus macrolepidotus 3130; 6410; 6420; 91E0*; Mauremys leprosa 3150; 3270; 4030; 5239; 9240; 9330 Chondrostoma polylepis; Rutilus macrolepidotus (implementar programas de controlo e erradicação de espécies vegetais exóticas invasoras das margens das linhas de água e encostas adjacentes, promovendo a sua substituição por espécies autóctones) Lacerta schreiberi (remover espécies vegetais exóticas pelo menos numa faixa de 50 m para cada lado das linhas de água); Mauremys leprosa (controlar introduções furtivas de espécies animais potenciais competidoras) Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 Quadro 9: Orientações de gestão gerais para o SIC Paul de Arzila Orientações de Gestão Agricultura e Pastorícia Silvicultura Construção e Infraestruturas Habitats e espécie alvo das orientações de gestão Salvaguardar de pastoreio 91E0*; 9230; 9330 Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos Lutra lutra (promover a manutenção/criação de sebes e bordaduras de vegetação natural na periferia das zonas húmidas Outros condicionamentos específicos a práticas agrícolas em áreas contíguas ao habitat 3150; 3270; 3280 Adotar práticas silvícolas específicas 91E0*; 9230; 9240; 92A0; 9330 Condicionar a florestação 9330 Efetuar desmatações seletivas 6410; 6420 Promover a regeneração natural 91E0*; 9230; 9240; 9330 Reduzir risco de incêndio 5230*; 91E0*; 9230; 9240; 9330; Chondrostoma polylepis; Lacerta schreiberi; Lutra lutra; Mauremys leprosa; Rutilus macrolepidotus Incrementar sustentabilidade económica de atividades com interesse para a conservação 9230; 9240; 9330 Apoiar tecnicamente o alargamento de estradas e a limpeza de taludes Lacerta schreiberi (adjacentes às linhas de água, de forma a não aterrar/destruir as margens das linhas de água e a vegetação aí existente) 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 31 Orientações de Gestão Assegurar caudal ecológico Condicionar a construção de infraestruturas Condicionar expansão urbano-turística Reduzir mortalidade acidental Lutra lutra (passagens para fauna e sinalizadores em rodovias; implementar dispositivos dissuasores da passagem e entrada da espécie nas pisciculturas) Condicionar a construção de açudes em zonas sensíveis 91E0*; Chondrostoma polylepis; Rutilus macrolepidotus Condicionar captação de água Chondrostoma polylepis; Lutra lutra; Mauremys leprosa; Rutilus macrolepidotus (nas zonas mais sensíveis e durante os meses de menor pluviosidade) Interditar circulação de viaturas fora dos caminhos estabelecidos Ordenar acessibilidades Ordenar atividades de recreio e lazer Ordenar prática de desporto da natureza Outros usos e Atividades Reduzir mortalidade acidental Regular dragagens e extração de inertes (dragagens) Regular uso de açudes e charcas Orientações específicas Habitats e espécie alvo das orientações de gestão Chondrostoma polylepis; Lutra lutra; Mauremys leprosa; Rutilus macrolepidotus 4030; 5230*; 9330 Lacerta schreiberi (na construção de novas estradas ou alargamento das existentes, evitar proximidade às linhas de água) 4030; 5230*; 9330 Lutra lutra; Mauremys leprosa (ordenar expansão urbanoturística de forma a não afetar as áreas mais sensíveis) 5230* 4030; 5230*; 9240; 9330 Mauremys leprosa (em áreas mais sensíveis, associadas às zonas húmidas) Chondrostoma polylepis; Rutilus macrolepidotus (desportos associados a cursos de água) Lutra lutra (utilização de grelhas metálicas em artes de pesca, que impossibilitam o acesso da lontra ao interior do engenho) Mauremys leprosa (interditar a extração de inertes nas zonas coincidentes com áreas de reprodução) Chondrostoma polylepis; Rutilus macrolepidotus (interditar extração de inertes nos locais de reprodução da espécie, em qualquer época do ano. Nos restantes locais, condicionar durante a primavera) Mauremys leprosa (salvaguardar os charcos temporários do gado; evitar a mobilização dos charcos temporários localizados em terrenos agrícolas) Controlar a predação e/ou parasitismo e/ou a competição inter- específica Criar alternativas à colheita de espécies, promovendo o seu cultivo 3130 Manter / recuperar habitats contíguos 6410; 6430; 91E0*; 9240 Chondrostoma polylepis; Rutilus macrolepidotus Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 Quadro 10: Condições e critérios de avaliação de incidências ambientais para o SIC Paul de Arzila Avaliação de Impacte Ambiental Projeto Emparcelamento rural c/s infraestruturação para regadio Agricultura, Silvicultura e Aquicultura 32 Reconversão de terras não cultivadas há mais de 5 anos para agricultura intensiva Desenvolvimento agrícola com infraestruturação de rega e drenagem Florestação / Reflorestação com espécies de rápido crescimento> 5ha (* = qualquer área) Análise de Incidências Ambientais X X X X 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Avaliação de Impacte Ambiental Projeto Industria da Energia Projetos de infraestruturas Turismo Desflorestações destinadas à conversão para outro tipo de utilização das terras Energias renováveis (eólica, do mar, solar) Operações de loteamento urbano, incluindo a construção de unidades comerciais de dimensão relevante e parques de estacionamento, não abrangidos por PMOT Construção de estradas municipais Análise de Incidências Ambientais X X X X Hotéis e apartamentos turísticos localizados fora de zonas urbanas e urbanizáveis delimitadas em PMOT ou plano especial de ordenamento do território X Parques de campismo Parques temáticos X X Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 3.2.2 ZPE Paul de Arzila Segundo a ficha de caracterização do PSRN 2000, como já foi referido, o Paul do Arzila é uma zona húmida, com fatores geográficos, extensão e cobertura vegetal adequados à fixação e desenvolvimento de diversas comunidades, principalmente aves que utilizam esta área quer como local de nidificação, quer como refúgio de inverno ou, ainda, para repouso e alimentação durante as migrações. O paul possui grande valor durante a migração outonal de passeriformes, destacando-se o rouxinol-dos-caniços (Acrocephalus scirpaceus), a felosa-dos-juncos (Acrocephalus schoenobaenus), a felosa-poliglota (Hippolais polyglotta) e a felosa-musical (Phylloscopus trochilus). A nível nacional, destaca-se a sua importância como local de refúgio para anatídeos invernantes, assim como local de reprodução para aves de caniçal, nomeadamente garça-pequena (Ixobrhychus minutus), rouxinol-grande-dos-caniços (Acrocephalus arundinaceus) e felosaunicolor (Locustella luscinioides). De seguida, apresenta-se a cartografia, as listagens das espécies que importa proteger, assim como os fatores de ameaça e orientações de gestão apontadas para a ZPE Paul de Arzila. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 33 Figura 12: ZPE Paul de Arzila Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 34 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 11: Anexo I da Diretiva 79/409/CEE, e Migradoras não incluídas no Anexo I Código A022 A023 Espécie Ixobrychus minutus Nycticorax nycticorax Anexo I Sim Sim A026 Egretta garzetta Sim A029 A073 A081 A092 A124 Ardea purpurea Milvus migrans Circus aeruginosus Hieraaetus pennatus Porphyrio porphyrio Sim Sim Sim Sim Sim A131 Himantopus himantopus Sim A229 A246 - Alcedo atthis Lullula arborea Passeriformes migradores de matos e bosques Passeriformes migradores de caniçais e galerias ripícolas Sim Sim - - Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 Quadro 12: Outras Aves do Anexo I da Diretiva 79/409/CEE e Migradoras não incluídas no Anexo I Código A031 A052 A053 A054 A080 A118 A142 A153 A210 A212 A224 A247 A249 Espécie Ciconia ciconia Anas crecca Anas platyrhynchos Anas acuta Circaetus gallicus Rallus aquaticus Vanellus vanellus Gallinago gallinago Streptopelia turtur Cuculus canorus Caprimulgus europaeus Alauda arvensis Riparia riparia Anexo I Sim Sim Sim - A251 Hirundo rustica - A256 A257 Anthus trivialis Anthus pratensis - A259 Anthus spinoletta - A260 A261 Motacilla flava Motacilla cinerea - A262 Motacilla alba - A271 A272 A285 Luscinia megarhynchos Luscinia svecica Turdus philomelos Sim A290 Locustella naevia A292 Locustella luscinioides A295 Acrocephalus schoenobaenus A297 Acrocephalus scirpaceus A298 Acrocephalus arundinaceus 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 35 Código A300 A309 A310 A319 A322 A341 A351 Espécie Hippolais polyglotta Sylvia communis Sylvia borin Muscicapa striata Ficedula hypoleuca Lanius senator Sturnus vulgaris Anexo I Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 Fatores de ameaça Poluição industrial, doméstica e poluição difusa de origem agrícola (uso de adubos e fitofármacos); Presença de espécies da flora infestantes; Drenagem; Eutrofização; Expansão da vegetação aquática, que prejudica a existência de espécies da fauna e flora associadas a este meio. As orientações de gestão para a ZPE Paul de Arzila são dirigidas prioritariamente para a conservação das aves aquáticas (anatídeos, ardeídeos e limícolas) e passeriformes migradores de caniçais. Neste âmbito, deverá ser encarada como fundamental a manutenção de superfícies de água livre, de maciços arbóreos e galerias ripícolas, e de áreas de orizicultura. Complementarmente, deverá ser assegurada a manutenção de manchas florestais da área envolvente do paul. Consequentemente, deverão ser viabilizados e disponibilizados mecanismos que promovam um desenvolvimento rural assente em práticas agrícolas e florestais adequadas, assegurando a conservação dos valores da ZPE Paul de Arzila. As orientações de gestão a seguir identificadas decorrem da transposição das orientações associadas a um conjunto de espécies consideradas como mais representativas da ZPE "Espécies alvo de orientações de gestão" e que, uma vez tidas em conta, levarão à conservação não só dessas espécies, mas de todas as espécies de aves de conservação obrigatória nesta área. Quadro 13: Orientações de gestão para a ZPE Paul de Arzila Orientações de Gestão Agricultura e Pastorícia Assegurar a manutenção de usos agrícolas extensivos Condicionar a intensificação agrícola Assegurar mosaico de habitats Restringir uso de agroquímicos /adotar técnicas alternativas Conservar / promover sebes, bosquetes e arbustos Manter olival tradicional existente 36 Habitats e espécie alvo das orientações de gestão Hieraaetus pennatus; Lullula arbórea; Milvus migrans Ardea purpurea; Circus aeruginosus; Egretta garzetta; Hieraaetus pennatus; Ixobrychus minutus; Milvus migrans; Nycticorax nycticorax Hieraaetus pennatus; Milvus migrans; Passeriformes migradores de caniçais e galerias ripícolas; Passeriformes migradores de matos e bosques Passeriformes migradores de matos e bosques 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Orientações de Gestão Silvicultura Habitats e espécie alvo das orientações de gestão Promover a manutenção de prados húmidos Hieraaetus pennatus; Milvus migrans Conservar / recuperar povoamentos florestais autóctones Promover áreas de matagal mediterrânico Hieraaetus pennatus; Milvus migrans; Passeriformes migradores de matos e bosques Hieraaetus pennatus; Passeriformes migradores de matos e bosques Hieraaetus pennatus; Lullula arborea; Passeriformes migradores de matos e bosques Milvus migrans Ardea purpurea; Egretta garzetta; Hieraaetus pennatus; Himantopus himantopus; Milvus migrans; Nycticorax nycticorax Circus aeruginosus; Hieraaetus pennatus; Himantopus himantopus; Porphyrio porphyrio Ardea purpurea; Egretta garzetta; Hieraaetus pennatus; Himantopus himantopus; Milvus migrans; Nycticorax nycticorax Condicionar a florestação Reduzir risco de incêndio Condicionar a construção de infraestruturas Construção e Infraestruturas Outros usos e atividades Condicionar expansão urbano-turística Reduzir mortalidade acidental associada a linhas de transporte de energia Condicionar intervenções nas margens e leito de linhas de água Implementar gestão cinegética compatível com conservação espécie Interditar o uso de chumbo na atividade cinegética Ordenar / Regulamentar a atividade de observação de espécies da fauna Circus aeruginosus; Hieraaetus pennatus; Milvus migrans Ardea purpurea; Circus aeruginosus; Hieraaetus pennatus; Himantopus himantopus; Milvus migrans; Nycticorax nycticorax Ordenar atividades de recreio e lazer Circus aeruginosus; Himantopus himantopus; Passeriformes migradores de caniçais e galerias ripícolas; Porphyrio porphyrio Incrementar sustentabilidade económica de atividades com interesse para a conservação Todas as espécies Manter / melhorar qualidade da água Condicionar drenagem Conservar / recuperar vegetação ribeirinha autóctone Orientações Específicas Ixobrychus minutus; Porphyrio porphyrio Conservar / recuperar vegetação palustre Controlar os níveis de água nas zonas de nidificação Criar novos locais de reprodução, conservar/recuperar os existentes Criar pontos de água: charcas e bebedouros artificiais Impedir introdução de espécies não autóctones /controlar existentes Promover a manutenção de prados húmidos Ardea purpurea; Circus aeruginosus; Egretta garzetta; Himantopus himantopus; Ixobrychus minutus; Nycticorax nycticorax; Passeriformes migradores de caniçais e galerias ripícolas; Porphyrio porphyrio Ardea purpurea; Circus aeruginosus; Ixobrychus minutus; Nycticorax nycticorax; Passeriformes migradores de caniçais e galerias ripícolas; Porphyrio porphyrio Ixobrychus minutus; Milvus migrans; Nycticorax nycticorax; Passeriformes migradores de caniçais e galerias ripícolas; Porphyrio porphyrio Ardea purpurea; Circus aeruginosus; Ixobrychus minutus; Nycticorax nycticorax; Passeriformes migradores de caniçais e galerias ripícolas; Porphyrio porphyrio Ardea purpurea; Himantopus himantopus; Porphyrio porphyrio Circus aeruginosus; Himantopus himantopus; Porphyrio porphyrio Hieraaetus pennatus; Milvus migrans Passeriformes migradores de matos e bosques Hieraaetus pennatus; Milvus migrans Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 37 Quadro 14: Condições e critérios de avaliação de incidências ambientais para a ZPE Paul de Arzila Avaliação de Impacte Ambiental Projeto Agricultura, Silvicultura e Aquicultura Industria da Energia Projetos de infraestruturas Emparcelamento rural c/s infraestruturação para regadio Reconversão de terras não cultivadas há mais de 5 anos para agricultura intensiva X Desenvolvimento Agrícola com infraestruturação de rega e drenagem Florestação / Reflorestação com espécies de rápido crescimento 5ha (* = qualquer área) Desflorestações destinadas à conversão para outro tipo de utilização das terras X Análise de Incidências Ambientais X X X Instalações Industriais destinadas ao transporte de gás, vapor e água quente e transporte de energia elétrica por cabos aéreos Energias renováveis (eólica, do mar, solar) X X Operações de loteamento urbano, incluindo a construção de unidades comerciais de dimensão relevante e parques de estacionamento, não abrangidos por PMOT Construção de estradas municipais X X Barragens e açudes X Fonte: http://www.icn.pt/psrn2000 3.3 PLANO DE BACIA HIDROGRÁFICA DO MONDEGO Os Planos de Bacia Hidrográfica integram os planos sectoriais de ordenamento do território e têm por principal objetivo a definição de uma política de planeamento adequada, visando a valorização, a proteção e a gestão equilibrada dos recursos hídricos, assim como, a sua correta articulação com o desenvolvimento regional através da racionalização de usos. Estes Planos, que devem ser entendidos como um instrumento dinâmico, suscetível de ser atualizado, têm uma vigência de oito anos, devendo ser iniciado o processo de revisão no prazo máximo de seis anos. Estes Planos assentam “numa abordagem conjunta e interligada de aspetos técnicos, económicos, ambientais e institucionais”, e pretendem “estabelecer de forma estruturada e programática uma estratégia racional de gestão e utilização” das bacias hidrográficas em questão, em consonância com os pressupostos de ordenamento do território e de proteção e conservação ambiental. Dadas as especificidades técnicas e a exaustividade do documento faz-se apenas uma breve referência a alguns aspetos genéricos que se consideram de maior pertinência, frisando-se, contudo, que as disposições constantes no Plano de Bacia deverão ser tidas em linha de conta ao longo de todo o processo de revisão do PDM. 38 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) O concelho de Condeixa-a-Nova é abrangido pelo Plano de Bacia Hidrográfica do Mondego (PHB), ratificado pelo Decreto Regulamentar n.º 9/2002, de 1 de março. A bacia hidrográfica do Mondego possui uma área total de 6645km2, abrangendo a totalidade do Concelho. As bacias das ribeiras da costa atlântica dos concelhos de Pombal e Figueira da Foz têm respetivamente 32 km2 e 25 Km2 de área. Trata-se da segunda maior bacia integralmente nacional. Está inserida entre as bacias dos rios Vouga e Douro, a Este e a Norte, e entre as bacias dos rios Tejo e Lis, a Sul. Os seus principais afluentes são os rios Dão, Alva, Ceira e Arunca. O PBH do Mondego apresenta um diagnóstico da situação existente nesta bacia hidrográfica, define os objetivos ambientais de curto, médio e longo prazos, delineia propostas de medidas e ações e estabelece a programação física, financeira e institucional das medidas e ações selecionadas, tendo em vista a prossecução de uma política coerente, eficaz e consequente de recursos hídricos, bem como, define normas de orientação com vista ao cumprimento dos objetivos enunciados. O PBH do Mondego caracteriza os principais problemas identificados relativamente à articulação do Ordenamento do Território com o Ordenamento do Domínio Hídrico, que são os seguintes: Principais Problemas Identificados Num universo de 710 captações foram identificadas em áreas de territórios artificializados, 52 captações sobrepostas em espaço urbano proposto e 3 afetas a espaços industriais propostos; Situações de sobreposição entre biótopos Corine e espaços artificializados, tendo sido apurado um total de 2954 ha de espaço urbano e 394 ha de espaço industrial; Situações de sobreposição entre espaços artificializados e zonas de proteção especial, totalizam 3 ha em áreas urbanas e 10 ha em áreas industriais; Situações de sobreposição entre os espaços urbanos e as áreas dos sítios da Lista Nacional de Sítios integrados no processo de Rede Natura 2000, constatou-se que é a ocupação urbana que mais conflitua com estas áreas, tendo-se contabilizado um total de 656 ha (Paul de Arzila, inserido no concelho de Condeixa-a-Nova) De acordo com os principais problemas identificados relativamente à articulação do Ordenamento do Território com o Ordenamento do Domínio Hídrico, a Conservação da Natureza e Proteção e minimização dos efeitos de cheias, secas e poluição acidental, aspetos considerados mais importantes no âmbito da revisão do PDM, e de forma a agir para solucionar esses problemas, foram delineados, no PBH do Mondego, Objetivos Estratégicos, que se apresentam de seguida. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 39 Objetivos Estratégicos – Articulação do domínio hídrico com o ordenamento do território Preservar as áreas do domínio hídrico; Promover o estabelecimento de condicionamentos aos usos do solo, nos troços em que o uso não seja compatível com os objetivos de proteção e valorização ambiental dos recursos; Promover a definição de diretrizes de ordenamento, visando a proteção do domínio hídrico, a reabilitação e renaturalização dos leitos e margens e de uma forma mais geral, das galerias ripícolas, dos troços mais degradados e do estuário; Assegurar a elaboração dos planos de ordenamento para as albufeiras. Objetivos Estratégicos – Conservação da Natureza Assegurar a proteção dos meios aquáticos e ribeirinhos com interesse ecológico, a proteção e recuperação de habitats e condições de suporte das espécies nas linhas de água e no estuário; Promover a salvaguarda da qualidade ecológica dos sistemas hídricos e dos ecossistemas, assegurando o bom estado físico e químico e a qualidade biológica, nomeadamente através da integração da componente biótica nos critérios de gestão da qualidade da água; Promover a definição de caudais ambientais e evitar a excessiva artificialização do regime hidrológico visando garantir a manutenção dos sistemas aquáticos, fluviais, estuarinos e costeiros; Promover a preservação e ou recuperação de troços de especial interesse ambiental e paisagístico, das espécies e habitats protegidos pela legislação nacional e comunitária, e nomeadamente das áreas classificadas, das galerias ripícolas e do estuário. Objetivos Estratégicos – Proteção e minimização dos efeitos de cheias, secas e poluição acidental Promover a minimização dos efeitos económicos e sociais das secas e das cheias, no caso de elas ocorrerem, e dos riscos de acidentes de poluição; Promover a adequação das medidas de gestão em função das disponibilidades de água, impondo restrições ao fornecimento apenas quando as reservas disponíveis atinjam um nível excessivamente baixo, e promovendo a racionalização dos consumos apontando para consumos unitários mínimos; Promover o ordenamento das áreas ribeirinhas sujeitas a inundações e o estabelecimento de cartas de risco de inundação e promover a definição de critérios de gestão, a regularização fluvial e a conservação da rede hidrográfica, visando a minimização dos prejuízos; Promover o estabelecimento de soluções de contingência em situação de poluição acidental, visando a minimização dos efeitos. O território concelhio de Condeixa-a-Nova encontra-se abrangido pela Unidade Homogénea de Planeamento 4 – Baixo Mondego. A Estratégia para a implementação dos planos de bacia hidrográfica estabelece um Programa para o Ordenamento e Gestão do Domínio Hídrico (Programa 06) assente num subprograma base (B1 – Domínio Hídrico), um subprograma complementar (C1 – Gestão da rede hidrográfica) e um subprograma específico (E1 – Estuário do Mondego). Para o Concelho em estudo salientam-se as medidas apontadas para o subprograma base (B1 - Domínio hídrico), nomeadamente o estabelecimento de regras/medidas para restrição à ocupação: 40 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Bacias drenantes das origens de água superficiais destinadas a produção de água para consumo humano; Áreas de recarga dos aquíferos que constituem origens de água subterrâneas destinadas a produção de água para consumo humano; Perímetros de proteção das captações de água subterrâneas destinadas a produção de água para consumo humano; Zonas inundáveis. Quanto ao Subprogramas complementares, C1 - Gestão da rede hidrográfica, consiste na avaliação da necessidade de intervenções na rede hidrográfica e sua execução envolvendo, nomeadamente, limpeza de margens, desassoreamento das linhas de água, regularizações fluviais e respetivos acompanhamentos de obras. 3.4 PLANO DE ORDENAMENTO DA RESERVA NATURAL DO PAUL DE ARZILA O ordenamento do território da Reserva é assegurado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 75/2004 de 19 de junho, que aprova o Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Paul de Arzila (PORNPA). Constituem objetivos gerais do PORNPA: Proteger os valores naturais e científicos nela contidos; Proteger e conservar os elementos da flora e da fauna específica, os respetivos habitats e a biodiversidade dos ecossistemas; Monitorizar e estabelecer medidas necessárias à conservação dos habitats e das populações de espécies de acordo com a Diretiva n.º 92/43/CEE, do Conselho, de 21 de maio (Diretiva Habitats), e à conservação de aves selvagens de acordo com a Diretiva n.º 79/409/CEE, do Conselho, de 2 de abril (Diretiva Aves); Adotar mecanismos e medidas conducentes à manutenção e incremento de atividades compatíveis e de suporte ao uso sustentável dos recursos. Constituem objetivos específicos do PORNPA: O estabelecimento de uma área de proteção total, com zonas de água permanente, essencial à conservação das populações de aves aquáticas e paludícolas; O estabelecimento de áreas de proteção parcial e complementar, como zona de minimização de impactes exteriores e onde se promoverá a adequação das práticas agrossilvo-pastoris à gestão sustentável dos recursos e conservação dos habitats; O ordenamento dos usos e acessibilidades, protegendo as zonas sensíveis e promovendo a utilização preferencial de estruturas e áreas periféricas. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 41 Na área de intervenção do PORNPA encontram-se identificadas as seguintes áreas sujeitas a regime de proteção, assinaladas na planta de síntese e que deverão ser tidas em consideração aquando da proposta de ordenamento do Plano Diretor Municipal. São elas: Área de proteção total; Área de proteção parcial; Área de proteção complementar; Áreas de intervenção específica. Para além destas áreas, há a considerar as “Áreas não sujeitas a regime de proteção” que são todas aquelas onde, sem prejuízo da demais legislação em vigor, não é aplicado qualquer nível de proteção no âmbito do PORNPA. Incluem os solos com vocação para o processo de urbanização e edificação, compreendendo os terrenos urbanizados e de urbanização programada, bem como os solos afetos à estrutura ecológica necessária ao equilíbrio do sistema urbano. 3.5 PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO FLORESTAL DO CENTRO LITORAL Atendendo às orientações da Lei de Bases da Política Florestal, o ordenamento e gestão florestal serão feitos através dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal, que deverão explicitar as práticas de gestão a aplicar aos espaços florestais. A adoção destes instrumentos constitui o contributo do setor florestal para os instrumentos de gestão territorial, em geral, e para os planos municipais de ordenamento do território, em particular, no que concerne à ocupação, uso e transformação do solo nos espaços florestais, uma vez que, de acordo com a hierarquia destes instrumentos, as ações e medidas propostas nos PROF são integradas naqueles planos. Constituem objetivos gerais dos PROF: a avaliação das potencialidades dos espaços florestais, do ponto de vista dos seus usos dominantes; a definição do elenco de espécies a privilegiar nas ações de expansão e reconversão do património florestal; a identificação dos modelos gerais de silvicultura e de gestão dos recursos mais adequados; a definição das áreas críticas do ponto de vista do risco de incêndio, da sensibilidade à erosão e da importância ecológica, social e cultural, bem como das normas específicas de silvicultura e de utilização sustentada dos recursos a aplicar nestes espaços. O Plano Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral (PROF CL), aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 11/2006, de 21 de julho, é um plano sectorial de ordenamento do território que vigora por um período máximo 42 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) de 20 anos, podendo ser sujeito a alterações periódicas, a efetuar de 5 em 5 anos, ou a alterações intermédias, sempre que a ocorrência de um facto relevante o justifique. O PROF CL apresenta um diagnóstico da situação existente na região e efetua uma análise estratégica que permite definir objetivos gerais e específicos, delinear propostas de medidas e ações, assim como definir normas de intervenção para os espaços florestais e modelos de silvicultura aplicáveis a povoamentos tipo, dando cumprimento aos objetivos enunciados. Objetivos Gerais do PROF CL Promover e garantir um desenvolvimento sustentável dos espaços florestais; Promover e garantir o acesso à utilização social da floresta, promovendo a harmonização das múltiplas funções que ela desempenha e salvaguardando os seus aspetos paisagísticos, recreativos, científicos e culturais; Constituir um diagnóstico integrado e permanentemente atualizado da realidade florestal da região; Estabelecer a aplicação regional das diretrizes estratégicas nacionais de política florestal nas diversas utilizações dos espaços florestais, tendo em vista o desenvolvimento sustentável; Estabelecer a interligação com outros instrumentos de gestão territorial, bem como com planos e programas de relevante interesse, nomeadamente os relativos à manutenção da paisagem rural, à luta contra a desertificação, à conservação dos recursos hídricos e à estratégia nacional de conservação da natureza e da biodiversidade; Definir normas florestais ao nível regional e a classificação dos espaços florestais de acordo com as suas potencialidades e restrições; Potenciar a contribuição dos recursos florestais na fixação das populações ao meio rural. O PROF CL estabelece várias sub-regiões homogéneas, três das quais abrangem o Figura 13: Sub-regiões do PROF CL no concelho de Condeixa-a-Nova concelho de Condeixa-a-Nova. Para cada sub-região estabelece uma hierarquização de funções de acordo com as potencialidades e os constrangimentos. No quadro seguinte efetua-se uma síntese das principais funções das sub-regiões abrangidas pelo concelho de Condeixa-a-Nova. Fonte: PROF CL, Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas, 2006 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 43 Quadro 15: Funções principais das Sub-regiões do PROF CL que abrangem Condeixa-a-Nova Sub-região Homogénea Funções 1ª Função 2ª Função Gândaras Sul 3ª Função 1ª Função 2ª Função Produção Recreio, enquadramento e estética da paisagem Proteção Silvopastorícia, caça e pesca nas águas interiores Proteção Justificação Objetivos Específicos Elevado potencial de produção lenhosa Presença de Matas Nacionais junto à costa. Proximidade de grandes centros populacionais. Potencial para a criação de massas florestais com elevados valores estético e recreativo, com maior incidência Proteção das regiões litorais e do solo (agricultura intensiva). Risco de erosão das vertentes dos vales dos principais cursos de água Boa aptidão para a Silvopastorícia, com importante densidade de gado caprino. Potencial cinegético (caça menor). Aptidão para pesca (rio Nabão) Risco de erosão devido às características pedológicas (calcários) da região assim como das vertentes dos vales dos principais cursos de água Adequar o coberto florestal nas zonas prioritárias à utilização para recreio; Adequar a gestão dos espaços florestais às necessidades de proteção da rede hidrográfica, ambiental, microclimática e contra a erosão eólica; Desenvolver a atividade silvo-pastoril: 44 Dotar as zonas com bom potencial para recreio com infraestruturas de apoio; 3ª Função Definir as zonas com elevado potencial para o desenvolvimento de atividades de recreio e com interesse paisagístico e elaborar planos de adequação destes espaços ao uso para recreio; Recuperar os troços fluviais degradados. Sicó e Alvaiázere Formações cársicas com interesse paisagístico e de recreio, nomeadamente, grutas, lapas, algares e escarpas Adequar os espaços florestais à crescente procura de atividades de recreio e de espaços de interesse paisagístico: Recreio, enquadramento e estética da paisagem Diversificar a ocupação dos espaços florestais arborizados com espécies que apresentem bons potenciais produtivos; Aumentar o nível de gestão dos recursos silvo-pastoris e o conhecimento sobre a atividade silvo-pastoril; Integrar totalmente a atividade silvo-pastoril na cadeia de produção de produtos certificados; Aumentar a atividade associada à caça: Aumentar o conhecimento do potencial cinegético da região; Aumentar o número de áreas com gestão efetiva e a rendibilidade da atividade cinegética e manter a integridade genética das espécies cinegéticas; Aumentar o nível de formação dos responsáveis pela gestão de zonas de caça; Desenvolver a prática da pesca nas águas interiores: Identificar as zonas com bom potencial para o desenvolvimento da atividade da pesca e desenvolver o ordenamento dos recursos piscícolas; Dotar todas as zonas prioritárias para a pesca identificadas no inventário com infraestruturas de apoio (por exemplo acessos e pontos de pesca) enquadradas com as do recreio e criar zonas concessionadas para a pesca; Aumentar o nível de gestão dos recursos apícolas e o conhecimento sobre a atividade apícola e integrar a atividade na cadeia de produção de produtos certificados; Recuperar as áreas em situação de maior risco de erosão; Adequar os espaços florestais à crescente procura de atividades de recreio e de espaços com interesse paisagístico: Definir as zonas com bom potencial para o desenvolvimento de atividades de recreio e com interesse paisagístico e elaborar planos de adequação destes espaços ao uso para recreio nas zonas identificadas; Dotar as zonas prioritárias para recreio e com interesse paisagístico com infraestruturas de apoio; Adequar o coberto florestal nas zonas prioritárias para a utilização para recreio e com interesse paisagístico; Controlar os impactes dos visitantes sobre as áreas de conservação. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Sub-região Homogénea Funções Justificação Objetivos Específicos 1ª Função Proteção Região litoral sujeita em parte ao efeito de salsugem. Proteção de espaços agrícolas valiosos (agricultura nas margens do rio Mondego) Dunas Litorais e Baixo Mondego 2ª Função Recreio, enquadramento e estética da paisagem Proximidade de grandes centros populacionais. Paisagens com elevados valores estéticos e recreativos, salientando-se as galerias ripícolas e os pauis 3ª Função conservação Importante e extensa zona húmida, com presença de habitat de flora e de fauna com elevado valor de conservação Adequar a gestão dos espaços florestais às necessidades de proteção da rede hidrográfica, ambiental, microclimática e contra a erosão eólica; Adequar os espaços florestais à crescente procura de atividades de recreio e de espaços de interesse paisagístico: Definir as zonas com bom potencial para o desenvolvimento de atividades de recreio e com interesse paisagístico e elaborar planos de adequação destes espaços ao uso para recreio nas zonas identificadas; Dotar as zonas prioritárias para recreio e com interesse paisagístico com infraestruturas de apoio; Dotar as zonas prioritárias para recreio e com interesse paisagístico com infraestruturas de apoio; Controlar os impactes dos visitantes sobre as áreas de conservação; Adequar a gestão dos espaços florestais às necessidades de conservação dos habitats, da fauna e da flora classificados; Recuperar os troços fluviais degradados; Desenvolver a prática da pesca nas águas interiores associada ao aproveitamento para recreio nos espaços florestais: Identificar as zonas com bom potencial para o desenvolvimento da atividade da pesca e desenvolver o ordenamento dos recursos piscícolas; Dotar todas as zonas prioritárias para a pesca identificadas no inventário com infraestruturas de apoio (por exemplo, acessos e pontos de pesca) e criar zonas concessionadas para a pesca; Aumentar o nível de gestão dos recursos apícolas e o conhecimento sobre a atividade apícola e integrar a atividade na cadeia de produção de produtos certificados. Fonte: PROF CL, Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas, 2006 O bom ordenamento dos espaços florestais requer uma diversidade compartimentadora, articulada com as ordens funcionais e com a composição estética da paisagem, e tudo isto sustentado numa base económica que assegure a conservação e exploração dos recursos associados ao uso florestal. Preconiza-se para a região do PROF, a prazo, a alteração do panorama atual em termos de composição dos maciços florestais arborizados, que deve conduzir a uma maior diversidade, isto sem colocar em questão a sustentabilidade económica dos espaços florestais. Este objetivo deverá ter em conta também a especificidade de cada subregião e as suas funções. No quadro seguinte apresenta-se o cenário proposto para a evolução a médio e longo prazo, da composição dos espaços arborizados para cada uma das sub-regiões homogéneas. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 45 Quadro 16: Composição (em valores percentuais dos espaços arborizados por sub-região homogénea) Sub-região homogénea Espécie Pinheiro bravo Sobreiro Eucalipto Gândaras Sul Estimativa atual Metas 2025 Metas 2045 82 <1 15 70 1 15 Carvalhoalvarinho 1 Carvalhocerquinho 7 4 2 71 11 Carvalhoalvarinho 2 Carvalhocerquinho 5 2 7 2 56 1 13 3 Carvalhoalvarinho 3 Carvalhocerquinho 18 2 4 60 2 15 Carvalhoalvarinho 1 Carvalhocerquinho 10 7 5 68 9 Carvalhoalvarinho 2 Carvalhocerquinho 8 2 8 3 35 25 10 4 Carvalhoalvarinho 5 Carvalhocerquinho 20 3 4 1 Carvalhos Outras resinosas Outras folhosas Pinheiro bravo Eucalipto 2 <1 79 13 4 Dunas Litorais e Baixo Mondego Carvalhos Pinheiro manso Outras folhosas Outras resinosas Outras folhosas Sobreiro Eucalipto Azinheira Sicó e Alvaiázere 1 3 3 58 1 16 2 19 Carvalhos Pinheiro manso Puras folhosas 1 3 Fonte: PROF CL, Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas, 2006 Os PROF definem corredores ecológicos que contribuem para a formação de metapopulações de comunidades da fauna e flora, tendo como objetivo conectar populações, núcleos ou elementos isolados, e integram os principais eixos de conexão delimitados no mapa síntese com uma largura máxima de 3 km. As normas a aplicar, no âmbito do planeamento florestal, são as consideradas para as funções de proteção e de conservação, nomeadamente a subfunção de proteção da rede hidrográfica, com objetivos de gestão e intervenções florestais ao nível da condução e restauração de povoamentos nas galerias ripícolas, bem como a subfunção de conservação de recursos genéticos, com objetivos de gestão da manutenção da diversidade genética dos povoamentos florestais e manutenção e fomento dos próprios corredores ecológicos. Os corredores ecológicos serão objeto de tratamento específico no âmbito dos Planos de Gestão Florestal (PGF) e devem ainda contribuir para a definição da estrutura ecológica municipal no âmbito dos PMOT. Estes corredores serão compatibilizados com as redes regionais de defesa da floresta contra os incêndios (RDFCI), sendo estas de caráter prioritário. 46 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 14: Extrato do Mapa síntese do PROF - CL para a zona do concelho de Condeixa-a-Nova Fonte: PROFCL, Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas, 2006 Para efeitos de planeamento florestal local, o PROF-CL estabelece que a dimensão mínima a partir da qual as explorações florestais privadas são sujeitas a plano de gestão florestal é de 25 hectares para o concelho de Condeixa-a-Nova. 3.6 PLANO REGIONAL DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO DO CENTRO A elaboração do Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROT Centro) foi determinada pela RCM n.º 31/2006, de 23 de março. Aguarda-se ainda a publicação do Plano, tendo-se assumido a versão do documento que data de dezembro de 2009 (submetida à apreciação da Comissão Mista de Coordenação). Apesar de constituir um instrumento de hierarquia superior, que pretende enquadrar a política de desenvolvimento territorial da região, o sucesso e a implementação do PROT encontram-se fortemente condicionados pela forma como se venham a desenvolver os PMOT, e em particular os PDM (e a gestão urbanística decorrente da sua aplicação). Do ponto de vista do PROT é fundamental que os planos municipais “quantifiquem o uso e ocupação do território em termos de limites mínimos e máximos - entre os mínimos que viabilizam infraestruturas, equipamentos, funções centrais de pólos urbanos e os máximos que não comprometem os recursos naturais disponíveis e mobilizáveis (designadamente o sistema ecológico metropolitano), nem sejam desajustados à procura real de espaços adaptados aos diversos usos e atividades.”. Sendo o PROT um plano bastante exaustivo e detalhado, do qual se faz em seguida apenas uma muito breve súmula, frisa-se que as suas orientações estarão sempre subjacentes ao desenvolvimento dos princípios e 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 47 propostas de intervenção a apresentar no âmbito do processo de Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova, independentemente do facto de a elas se fazer referência ou não no presente documento. Uma vez que o PROT Centro encontra-se ainda em elaboração, é de realçar que a Proposta de Modelo Territorial, a seguir sistematizada, pode vir a ser alvo de alterações. A proposta do PROT Centro teve por base uma visão estratégica desenvolvida com base nas seguintes problemáticas: Enquadramento estratégico do QRE-Centro; Proposta de geo-estratégia territorial; Valorizar estrategicamente os ativos específicos de internacionalização da Região; Viabilizar a transição sustentada na região para a Sociedade Inclusiva do Conhecimento; Visão estratégica territorialmente diferenciada para o mundo rural; Valorizar complementaridades e sinergias entre recursos turísticos suscetíveis de reconhecimento de procura; Valorizar os recursos culturais e patrimoniais como ativos específicos de afirmação; Valorizar o potencial de energias renováveis da Região como fator de diferenciação competitiva; Organizar e valorizar o potencial para o policentrismo; Potenciar a biodiversidade e as suas mais valias ambientais; Implementar políticas de prevenção e mitigação de riscos; Uma estratégia para os territórios de baixa densidade. A concretização desta visão para a Região é explicitada na Proposta de Modelo Territorial, através da territorialização das principais orientações estratégicas. A construção do Modelo Territorial para a região Centro foi desenvolvida com a seguinte abordagem: A. Texturas e estruturas do modelo territorial - análise do território com base numa reflexão em torno das texturas e estruturas territoriais, sendo que: a “textura” enfatiza os indicadores físicos associados às caraterísticas naturais (relevo, rede hidrográfica, climas), de paisagem, dos principais usos agrícolas e florestais, e das áreas sujeitas a regimes de proteção ambiental e/ ou de perigosidade natural ou tecnológica, integrando ainda a análise as variáveis demográficas. Esta divide-se em: “textura” biofísica e “textura” demográfica e de povoamento; 48 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) a “estrutura” aborda aspetos relacionados com as variáveis económicas (emprego), polaridades urbanas, infraestruturas arteriais de mobilidade e parâmetros de vulnerabilidade social e de exposição ao risco. Esta divide-se em: Concentrações residenciais e de emprego e rede viária, Nucleações urbanas, relações funcionais e redes. B. Sistemas estruturantes do modelo territorial - constituem plataformas de integração de conhecimento consideradas necessárias para a formulação das representações síntese do modelo, que assentam em 1. Sistemas produtivos - Prospetiva económica e inovação – a estratégia de desenvolvimento territorial preconizada alicerça-se em 3 grupos territoriais distintos mas complementares: Territórios com forte capacidade de produção e vocação para disseminação de conhecimento e de novas tecnologias (Baixo Vouga, Baixo Mondego e Cova da Beira); Territórios com vocação para apropriação de conhecimento e de novas tecnologias (Pinhal Litoral, Dão-Lafões e o Eixo Interior); Territórios de baixa densidade cujas características requerem políticas públicas que reforcem a articulação com os principais núcleos de desenvolvimento. O desenvolvimento da região Centro deverá basear-se na articulação diferenciada dos papéis deste territórios partindo das suas especificidades. - Desenvolvimento rural e atividades agroflorestais – o modelo territorial passa pela destinção entre as áreas de produção agrícola (e florestal) orientadas para o mercado e as restantes áreas. Desta forma, e numa perspetiva global, o espaço agrícola ou florestal deve ser classificado em três grandes grupos: produção agrícola, produção florestal e outras áreas parcialmente ocupadas com atividades não direcionadas para o mercado, sendo que estas últimas devem classificar-se consoante a principal vertente da sua utilização dominante, a saber: produção florestal, reserva ambiental e conservação da natureza (floresta de conservação e proteção ou outros espaços naturais), e outras atividades territoriais (caça, pesca, iniciativas desportivas e ambientais, turismo, entre outras). A valorização da produção agrícola (e florestal) obriga a passar da perspetiva de uma agricultura indiferenciada para a noção de produto-marca-território, criando assim espaços agrícolas competitivos e que contribuam para o desenvolvimento rural. - Turismo – a proposta de modelo territorial para o desenvolvimento turístico da Região Centro assenta num conjunto de pressupostos orientadores, que importa explicitar para compreender o alcance do modelo proposto: 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 49 Para além da intervenção ativa nos processos de promoção de âmbito nacional, a componente proposta para o modelo territorial de rotas multitemáticas e de exploração de complementaridades de recursos, exigirá competências profissionalizadas de promoção regional, não suscetíveis de serem asseguradas pelo modelo institucional, até agora prevalecente, caracterizado pela atomização; A transversalidade do desenvolvimento turístico e a sua transformação como instrumento de reconversão produtiva e socioeconómica de territórios em perda demográfica e produtiva requer: i) a existência de fatores de atratividade e de competências de gestão; ii) a definição rigorosa de segmentos de mercado; iii) a garantia de condições de acessibilidade e mobilidade; iv) a consolidação de produtos turísticos suscetíveis de assegurar a sustentabilidade dos fatores de atratividade; v) a disseminação de práticas de hospitalidade entre a população local; Os efeitos multiplicadores de rendimento e de emprego que tendem a alargar a influência da atividade turística, para além dos espaços que apresentam fatores de atratividade, devem ser tidos em conta; O reforço da capacidade empresarial no setor é fundamental, assim como assegurar a essa capacidade empresarial uma maior intervenção no desenho de estratégias de organização de oferta, de valorização de recursos e de captação de mercados. O PROT Centro reforça a criação e consolidação de rotas regionais e o desenvolvimento de atividades de animação, que associem o recreio e o lazer com o património cultural e ambiental (natural), como forma de potenciar os produtos estratégicos definidos no Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT). Condeixa-a-Nova é referenciada como integrando uma das Zonas Turísticas de Interesse (ZTI) identificadas no modelo territorial como áreas de reconhecida valia nacional e internacional, do ponto de vista turístico, devido ao seu interesse histórico, patrimonial e urbano (Batalha, Conímbriga / Condeixa e os centros históricos das capitais de distrito). Nestas áreas deve-se privilegiar o investimento público e privado que permita a qualificação urbana, ambiental e paisagística tal como previsto no PENT. Condeixa inscreve-se na tipologia – Centralidade Urbano Turística – por ser um centro que desempenha um papel âncora no apoio e desenvolvimento de serviços de apoio à atividade turística, por via da importância nacional de Conímbriga, principal entrada no eixo da Romanização, ao longo do IC3 – Conímbriga Rabaçal/Penela – Santiago da Guarda/Ansião – Rominha/Alvaiázere – Anfiteatro da Bobadela/Oliveira do Hospital. 2. Sistema urbano As apostas estratégicas e a construção do modelo territorial baseiam-se num conjunto de fudamentos que devem constituir-se como referencial para o desenvolvimento do Sistema Urbano da Região Centro: 50 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) O sistema urbano está polarizado por um pequeno núcleo de cidades. Em torno de cada cidade há um território onde gravitam outras aglomerações urbanas e espaços rurais, definindo territórios polarizados, que se organizam em torno de mobilidades para o trabalho e usufruto de comércio e serviços estruturando sub-sistemas urbanos; Os sub-sistemas urbanos não são estruturas fechadas, mas espaços de articulação de geometria variável, havendo um potencial de concertação estratégica regional e com as regiões adjacentes que deve ser dinamizado; Os sub-sistemas urbanos lideram as redes de internacionalização regional. Dominantemente organizadas a partir da base económica e das redes de conhecimento (redes tecnológicas e de investigação e formação avançada); Os sub-sistemas urbanos estabelecem um contexto apropriado para conceber projetos estruturantes, para consolidar estratégias concertadas e para contratualizar as diferentes realizações sectoriais. O sub-sistema urbano de Coimbra/Baixo Mondego integra os centros urbanos de Figueira da Foz, Montemor-o-Velho Cantanhede, Mealhada, Penacova, Lousã, Miranda do Corvo e Condeixa-a-Nova. Coimbra destaca-se claramente pela oferta formativa e base tecnológica, ligado à universidade secular, mas também nas funções administrativas, de saúde e de comércio e serviços. Polariza um conjunto de centros urbanos vizinhos que asseguram a função habitacional de suporte, onde se integra Condeixa-a-Nova. A influência dos serviços mais avançados, designadamente na área da saúde, estende-se a um extenso território. 3. Sistema de acessibilidades e transportes As opções estratégicas de atuação sobre o sistema de transportes e logística da região procuram responder às necessidades de reorientação do atual modelo territorial que passam por: Consolidar a rede de infraestruturas de transporte e logística de suporte à afirmação externa dos principais sistemas urbanos regionais; Concluir a rede básica de infraestruturas de transporte de suporte à melhoria da acessibilidade intrarregional; Reorganizar a oferta de serviços de transporte público de âmbito sub-regional e local de modo a ganhar eficácia e eficiência das necessidades de mobilidade da população. Em termos de consolidação e otimização, o modelo territorial preconizado pelo PROT – Centro assenta em quatro corredores estruturantes (Corredor do Litoral; Corredor do Interior (incluindo IC31); Corredor Aveiro – Vilar Formoso; Corredor Figueira da Foz -Castro Daire), todos eles de cariz rodo-ferroviário, os quais devem 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 51 desempenhar um papel fundamental na realização do potencial de desenvolvimento e internacionalização da base económica regional e, inclusivamente, na própria conectividade entre os principais sistemas urbanos da Região. Em matéria de construção e qualificação, o modelo territorial preconizado pelo PROT – Centro define quatro Eixos Prioritários de Coesão (Tomar/ Coimbra - IC36; Covilhã/ Coimbra - IC6; Oliveira do Hospital/ Fornos de Algodres(Guarda) - IC7; Castelo Branco/ Pombal - IC8; Covilhã/ Viseu - IC6-IC7-IC37), todos eles de cariz rodoviário, os quais se revelam absolutamente necessários para mitigar os défices de integração espacial, económica e social que ainda se verificam em vastas parcelas do território regional. A materialização dos Eixos Prioritários de Coesão deverá assentar na concretização dos Itinerários Complementares previstos no âmbito do Plano Rodoviário Nacional, admitindo otimizações no traçado aí sugerido por este instrumento que contribuam para a racionalização dos custos de construção e para a minimização de impactes ambientais Referência ainda para a via férrea que assume na estratégia de acessibilidades e transportes da região um papel relevante na criação de condições de mobilidade intrarregião e da sua articulação com o exterior. As opções fundamentais passam por maximizar as condições de ancoragem do TGV na região, clarificando a articulação dos pontos de ligação a Aveiro, Coimbra e Leiria com as vias e transportes existentes numa lógica de valorização da intermodalidade e por minimizar impactes ambientais do atravessamento do cordão litoral pelo traçado do TGV, entre outras. 4. Sistema de Proteção e Valorização Ambiental A Estrutura Regional de Proteção e Valorização Ambiental (ERPVA) faz parte integrante do modelo territorial e consiste no conjunto de áreas com valores naturais e sistemas fundamentais para a proteção e valorização ambiental, tanto na ótica do suporte à vida natural como às atividades humanas. A ERPVA é constituída por áreas de mais valia ambiental e corredores ecológicos. Nas áreas de mais valia ambiental distinguem-se as áreas classificadas (Rede Nacional de Áreas Protegidas, Rede Natura 2000, IBAs e outras derivadas de convenções internacionais), e as que abrangem áreas que possuem valor para a conservação da natureza (biótopos naturais de valor) como sejam as áreas agroflorestais e outros sistemas biogeográficos, não classificados. Consideram-se dois tipos de corredores ecológicos: os corredores ecológicos estruturantes, que assentam nas principais linhas de água da Região e na zona costeira; os corredores identificados nos Planos Regionais de Ordenamento Florestal, que constituem os Corredores Ecológicos Secundários. Estes corredores assumem uma extrema importância, na medida em que 6 Transformando-se, em Coimbra, como variante sul-nascente (ou seja, o PRN deve contemplar à volta de Coimbra uma Circular Regional Envolvente de Coimbra). 52 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) salvaguardam a ligação e os intercâmbios genéticos entre diferentes áreas nucleares de conservação, promovendo a continuidade espacial e a conectividade das componentes da biodiversidade em toda a Região. A implementação do modelo territorial deverá também ser acompanhada da promoção das seguintes medidas mais específicas: Dar prioridade à construção de infraestruturas ligadas ao saneamento e ao tratamento de águas residuais nas áreas identificadas como problemáticas/conflituosas; Salvaguardar as áreas onde a qualidade da água é superior impedindo assim a sua contaminação; Perceber a paisagem como um recurso de suporte da atividade do homem, promotor da qualidade de vida das populações e do desenvolvimento; Reconhecer e inverter a descaracterização e degradação da paisagem, proporcionada pela extração de recursos não ordenada, escombreiras, escavações, lixeiras, vazadouros, desenho e manutenção desadequada das estradas municipais e caminhos vicinais, cursos de água descontínuos e degradados; Reconhecer e inverter os padrões de paisagem pobres, resultantes da ineficiência no ordenamento das matas de suporte e florestas de produção; do espaço agrícola desordenado e sebes de compartimentação descontinuadas; do uso ineficiente dos solos agrícolas; do crescimento desordenado dos perímetros urbanos e urbanização difusa ao longo das vias de comunicação, resultando na perda de unidade dos aglomerados; Reconhecer e inverter as paisagens urbanas indefinidas e periurbanas descaracterizadas e degradadas, ambas sem capacidade de criar espaços exteriores atrativos; Aceitar e aproveitar as oportunidades referentes às paisagens, como o valor da identidade das suas várias unidades, que é elementar para a sustentabilidade dos povoamentos; a diversidade e qualidade; o valor cénico das paisagens ordenadas; a valorização da paisagem como fator de melhoria da qualidade do ambiente, do nível de vida e das condições de vida das populações, promovendo o desenvolvimento do recreio, da saúde, da economia locais; Promover o ordenamento e organização das paisagens do centro do país, valorizando a sua diversidade; Assegurar a contenção da expansão dos núcleos urbanos, em áreas técnica e cientificamente identificadas como vulneráveis às ações energéticas do mar, no caso das litorais, ou vulneráveis aos efeitos antropogénicos genéricos, nas imediações de áreas ambientalmente sensíveis no território regional; 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 53 Desenvolver o turismo de natureza/interior; Requalificação e valorização do estuário e das zonas húmidas do Baixo Mondego ( Paul do taipal, paul de Arzila e Paul da Madriz); Promover a instalação/conservação da galeria ripícola, promover o tratamento das águas residuais antes do lançamento ao meio hídrico e promover condições que permitam a migração/circulação das espécies ao longo das linhas de água. 5. Sistema de riscos naturais e tecnológicos Foram identificados cinco espaços de risco (Litoral, interface Litoral/Interior, Alto Vouga e do Médio e Alto Mondego, Maciço Central e Beira Serra Sul e Raiano) que representam espaços de associação tipológica e de grau de incidência, com incidência na análise, gestão e operacionalização dos riscos. Condeixa-a-Nova, integra o Espaço de interface Litoral/Interior, onde transparece a elevada suscetibilidade relacionada com os processos de geodinâmica externa, nomeadamente os movimentos de massa e as cheias/inundações, e com menor incidência a sismicidade. Constitui ainda um espaço em que as condições meteorológicas extremas refletem índices elevados de suscetibilidade relacionados com as ondas de calor e frio, e com os incêndios florestais. Este espaço é ainda identificado pela expressão elevada a muito elevada da suscetibilidade relacionada com o transporte mercadorias perigosas, distribuição energética, bem como da decorrente das atividades industriais e comerciais com matérias perigosas. Reflete ainda pontualmente a perigosidade relacionada com áreas mineiras abandonadas ou degradadas. A vulnerabilidade social versus a densidade populacional exposta apresenta índices elevados, nomeadamente a norte, e reflete o caráter policêntrico da estruturação e organização municipal. A região Centro caracteriza-se pela sua diversidade de âmbitos geográficos e também por uma dicotomia litoral/ interior que, genericamente, é reconhecida por todos. Esta opõe as Terras Baixas do Litoral – grosso modo o Baixo Vouga, Baixo Mondego e Pinhal Litoral – às montanhas e planaltos da Cordilheira Central e das Beiras Alta e Baixa. Estas diferenças levam à necessidade de serem definidas Unidades Territoriais (UT), como espaços geográficos relevantes para a definição de políticas públicas de base territorial enquadráveis nos IGT e para a formulação de orientações estratégicas de suporte à territorialização de políticas não enquadráveis em IGT, que, ao nível sub-regional contribuem para a operacionalização dos objetivos contidos no PROT Centro. É apresentado de seguida o Modelo Territorial. 54 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 15: Modelo Territorial Fonte: Proposta do PROT Centro - CCDR-C, dezembro de 2009 O PROT Centro define quatro unidades territoriais das quais se destacam as unidades funcionalmente relevantes: Centro Litoral; Dão-Lafões e Planalto Beirão; Beira Interior; Pinhal Interior e Serra da Estrela. O Centro Litoral é constituído por três sub-sistemas funcionalmente relevantes, sendo que Condeixa-a-Nova localiza-se no Sub-sistema urbano de Coimbra /Baixo Mondego. Esta estrutura resulta de dois princípios de organização: o primeiro deriva do quadro biofísico da região e o segundo associa a relação entre a rede viária arterial e as principais nucleações urbanas. O denominado “Eixo Coimbra - Figueira da Foz” constitui uma relação de forte complementaridade funcional, reforçada pelas novas acessibilidades viárias. Coimbra constitui a maior aglomeração urbana/funcional da região, estendendo-se pelas duas margens do Mondego e estabelecendo eixos de contiguidade urbana ao longo da EN1 em direção à Mealhada para Norte, e a Condeixa-a-Nova, para Sul, e a ligações pontuais aos nós do eixo paralelo do IP1/A1. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 55 Figura 16: Modelo Territorial – Baixo Mondego Fonte: Proposta do PROT Centro - CCDR-C, dezembro de 2009 A concretização regulada do modelo tendencial requer a elaboração de um “Esquema de Coerência Territorial” que fixe as questões mais importantes à escala alargada da urbanização e da infraestruturação, por um lado, e da defesa das qualidades biofísicas e paisagísticas do Baixo Mondego e do Cordão Litoral. Esse plano deve centrar-se em questões de âmbito supramunicipal, das quais se destacam: Estruturação da aglomeração de Coimbra, cujo território ainda está dentro dos limites do município de Coimbra (revisão do PDM em curso); A estruturação urbana sobre o eixo da EN1/IC1/A17 entre Coimbra, Mealhada e Anadia; A estruturação urbana de Montemor-o-Velho, dando legibilidade ao tecido urbano e relevo aos valores culturais e paisagísticos existentes, acautelando conflitos entre o quadro biofísico e a dinâmica construtiva; A estruturação urbana do aglomerado da Figueira da Foz, na margem Sul do Mondego, e a ligação ao nó do IC1/A17 na zona de Cova/Gala, ligação ao porto, e proteção da zona das salinas da Ilha da Murraceira; Em toda a faixa Litoral, o controlo da pressão urbanística junto aos nós do IC1/A17, prevendo graves conflitos de dotação infraestrutural (entre a autoestrada e a retícula de vias que suporta a urbanização linear de baixa densidade) e de excesso da carga urbana em amplas zonas caracterizadas por 56 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) sensibilidades ambientais (orla costeira, dunas, lagoas, pinhais) e presença do minifúndio agrícola misturado com a residência; A importância hídrica, agrícola e ambiental e a dimensão territorial da planície fluvial do Mondego (Campo do Mondego e sistema hídrico, Mondego e afluentes e Paul de Arzila), aconselham a produção de diretivas para a qualificação da urbanização dispersa e infraestruturação de água e saneamento ao longo das EN341 e EN111 e outras vias secundárias, salvaguardando e valorizando as áreas estratégicas de produção agrícola de regadio. As normas gerais identificam os princípios gerais de enquadramento que consubstanciam a filosofia de regulação e de gestão territorial que suporta a proposta de modelo territorial para a Região Centro, enquanto as normas específicas definem o conjunto de orientações a respeitar pelas diferentes entidades públicas cuja intervenção é considerada necessária para a concretização do modelo territorial, com aplicação generalizada a todo o território da Região. As normas de base territorial, por sua vez, sistematizam as orientações que devem preferencialmente aplicar-se nas diferentes Unidades Territoriais consignadas na proposta de modelo territorial. Por forma a evitar repetições, estas normas serão devidamente consideradas no relatório da proposta de revisão do PDM, uma vez que é nesse âmbito que elas assumem grande importância. 3.7 PLANO ESTRATÉGICO NACIONAL DE TURISMO (PENT) O setor do turismo em Portugal tem vindo a crescer de forma muito significativa, quer em termos de oferta de alojamento e entretenimento, de número de viagens, e de número de visitas e turistas. Esta realidade tem a ver com o facto de Portugal possuir uma envolvente privilegiada para a consolidação da atividade turística, nomeadamente em função dos seus recursos naturais, culturais e humanos. O turismo é hoje, considerado um setor estratégico prioritário para Portugal não só pelas receitas externas que proporciona, como também pelo potencial que encerra para o combate ao desemprego, para a valorização do património natural e cultural do país, para a melhoria da qualidade de vida da população e para a atenuação das assimetrias regionais. A atual visão para o turismo nacional, patente no Plano Estratégico Nacional de Turismo, aponta para que “Portugal deverá ser um dos destinos de maior crescimento na Europa, através do desenvolvimento baseado na qualificação e competitividade da oferta, transformando o setor num dos motores de crescimento da economia nacional.” Esta ambição é fortemente legitimada quando se dá a conhecer que “Portugal é o 17º destino turístico mais competitivo do mundo”, segundo o Foro Económico Mundial (in DN digital de 4 de março de 2009). 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 57 O PENT tem como horizonte temporal o ano de 2015 e surge da necessidade de uma visão e estratégia nacionais capazes de integrar de forma coerente as diversidades e diferenças associadas à complexidade da atividade turística. A implementação do PENT é materializada em cinco Eixos Estratégicos, os quais requerem a implementação de 11 projetos. No Eixo I – Território, Destinos e Produtos foram identificados 10 produtos que, em conjunto, contribuem para a coesão da estratégia para o setor, na medida em que contribuem para a geração de emprego, a atração de investimentos, a diferenciação de Portugal como destino, a diversificação da oferta e a rapidez da operacionalidade. Os 10 produtos turísticos estratégicos selecionados são: 1 – Sol e Mar 2 – Circuito turístico (Touring) Cultural e Paisagístico 3 – Estadias de Curta duração em cidade (City Break) 4 – Turismo de Negócios 5 – Turismo de Natureza 6 – Turismo Náutico 7 – Saúde e Bem-estar 8 – Golfe 9 – Conjuntos turísticos integrados e turismo residencial 10 – Gastronomia e Vinhos As características e infraestruturas de cada região refletem-se, à luz do PENT, num conjunto específico de produtos a potenciar, permitindo a capitalização da sua vocação natural. Dada a forte concentração da atividade turística nos pólos Algarve, Lisboa e Madeira, considera-se fulcral para a diversificação da oferta turística o desenvolvimento desta atividade em todo o país, dando-se prioridade aos seguintes pólos turísticos: Açores, Douro, Serra da Estrela, Oeste, Leiria-Fátima, Alqueva, Litoral Alentejano e Porto Santo. Os objetivos para a Região Centro são naturalmente vastos e, o facto do concelho de Condeixa-a-Nova não integrar nenhum dos seis pólos de desenvolvimento turístico, não permite extrair objetivos específicos para este município. Para a Região Centro, o grande objetivo é o crescimento em número de turistas e em valor. A estratégia prevê o cross selling com a Região de Lisboa e Norte. A atração de turistas estrangeiros será feita através dos produtos Touring e Turismo de Natureza. O crescimento do turismo na Região Centro deverá ter como base os produtos Touring e Turismo de Natureza, que deverão ser complementados, conforme os casos, por quatro produtos: Resorts Integrados e Golfe, no pólo Oeste e por “Saúde e Bem-estar” e ”Gastronomia e Vinhos”, no conjunto da região. São de destacar os pólos de desenvolvimento do Oeste, Serra da Estrela e Leiria Fátima, assim como o cross selling com Lisboa e com o Porto para aumentar a percentagem de turistas estrangeiros. 58 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 17: Região Centro – Principais Recursos, Fatores Distintivos e Objetivos Principais recursos . Fátima; . Templos, castelos e mosteiros; . Vilas típicas e costeiras; . Praias; . Campos de Golfe (pólo do Oeste); . Cidades e Aldeias Históricas; . Serras; . Qualidade e diversidade de águas minerais Fatores distintivos . Fátima e Coimbra; . Serra da Estrela; . Triângulo Óbidos, Nazaré, Alcobaça; . Relação com o Oceano Atlântico; . Proximidade a Lisboa e Porto. . Grutas; . Gastronomia Conceito de desenvolvimento/Objetivo . Crescimento em número de turistas e valor – mais nacional que internacional; . Região para passear e cross-selling com Lisboa e o Porto; . Atração de turistas estrangeiros através da aposta nos produtos Touring e Turismo de Natureza; . Destino prioritário para o Touring, Turismo de Natureza e Gastronomia e Vinhos. Fonte: PENT Para melhorar o desempenho da região é necessário criar um conjunto de iniciativas ao nível do desenvolvimento de produtos, assim como ações transversais a todos os produtos, que complementem e diversifiquem a oferta turística. De destacar a criação de rotas temáticas para potenciar o desenvolvimento do Touring. Quadro 18: Região Centro - Proposta de potenciais ações a aprofundar Touring e Turismo de Natureza Fatores distintivos Principais ações a desenvolver Ações transversais Saúde e Bem-estar e Gastronomia e Vinhos (toda a região) Resorts integrados e Turismo Residencial e Golfe (pólo Oeste) . Património natural . Proximidade a Lisboa (pólo Oeste) . Monumentos históricos e religiosos . Campos de Golfe (pólo Oeste) . Fátima . Qualidade e diversidade das águas termais . Aldeias típicas . Gastronomia . Parques Naturais . Grutas . Desenvolver rotas temáticas . Potenciar o desenvolvimentop de Resorts Integrados no pólo . Recuperar e requalificar edifícios, núcleos Oeste históricos e paisagens naturais. . Desenvolver o pólo da Serra da Estrela .Promover a recuperação e adaptação de . Potenciar uma oferta termal moderna edifícios classificados para unidades de . Realizar cross-selling com Lisboa (pólo oeste) e Porto alojamento (hotéis de charme) . Qualificar a oferta hoteleira . Reforçar a qualidade do serviço, ordenamento do território e proteção do ambiente . Melhorar as acessibilidades rodoviárias (estradas secundárias) Fonte: PENT 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 59 4. PLANOS MUNICIPAIS, COMPROMISSOS E INTENÇÕES Neste capítulo pretende-se fazer uma síntese dos planos eficazes com implicações no concelho de Condeixa-aNova, focando os seus principais objetivos e opções, assim como efetuar uma breve referência àqueles que se encontram em elaboração, procurando, desta forma, agilizar a articulação do PDM na sua 1ª revisão com os restantes Instrumentos de Gestão Territorial de âmbito municipal. As pretensões resultantes da prévia consulta pública e os compromissos e intenções para o Concelho são também objeto de análise. A informação disponível encontra-se sistematizada na peça desenhada n.º 02: Planos, Compromissos e Intenções. 4.1 PLANOS E ESTUDOS EFICAZES OU EM ELABORAÇÃO NO CONCELHO DE CONDEIXA-A-NOVA No concelho de Condeixa-a-Nova, para além do PDM (cuja análise é feita em capítulo próprio), encontra-se em vigor o Plano de Pormenor da Zona Industrial de Condeixa-a-Nova. No que diz respeito a planos a elaborar, constitui uma intenção da Câmara o Plano de Pormenor dos Silvais, situado em Condeixa-a-Nova, que ainda não tem uma área associada definitiva. Há ainda que referir o Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios de Condeixa-a-Nova (PMDFCI), aprovado em 2007, e o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil de Condeixa-a-Nova (PMEPC), de 2010, que embora não se tratem de IGT, possuem orientações que se revestem de enorme importância no contexto do PDM. Por fim, é de destacar, pela relevância que assume na definição de estratégias e de objetivos de intervenção no contexto local, o Plano Estratégico de Condeixa-a-Nova – “Condeixa 2020: O futuro começa hoje” - instrumento com o qual o PDM se deverá coadunar e articular. Segundo o PDM em vigor, é ainda de referir a existência de um Plano Geral de Urbanização elaborado em 1980, com alterações efetuadas em 1991, que continha orientações para o desenvolvimento urbanístico da Vila e sua expansão, mas que, no entanto, nunca foi implementado. De seguida, faz-se uma análise mais pormenorizada das opções de cada um dos Planos Municipais em vigor. 4.1.1 Plano de Pormenor da Zona Industrial de Condeixa-a-Nova Este plano foi aprovado em Assembleia Municipal a 15 de abril de 1998, tendo sido publicado no D.R. nº 102, Série II, Declaração n.º 148/98, de 4 de maio de 1998. 60 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) O Plano de Pormenor da Zona Industrial de Condeixa-a-Nova apresenta como objetivo principal o estabelecimento de regras e orientações a que deverá obedecer a ocupação e uso do solo dentro dos limites da sua área de intervenção. Este tem sido executado através de diversas operações de loteamento e obras de urbanização. A verificação, por parte da Câmara, da existência de uma certa falta de flexibilidade em termos de tipologias previstas (dimensão de lote e tipo de implantação), leva à necessidade de ampliação da área afeta ao PP e sua consequente alteração, por forma a permitir, no futuro, a instalação de atividades industriais que requerem lotes de grandes dimensões. 4.1.2 Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios Os Planos de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PMDFCI) são definidos pelo Decreto de Lei nº 124/06 de 28 de junho, alterado pelo Decreto-Lei n.º 17/2009, de 14 de janeiro como instrumentos que contêm medidas necessárias à defesa da floresta contra incêndios e, para além das medidas de prevenção, incluem a previsão e o planeamento integrado das intervenções das diferentes entidades envolvidas perante a eventual ocorrência de incêndios. Têm de ser elaborados de acordo com o Plano Nacional de Prevenção e Proteção da Floresta Contra Incêndios e com o respetivo Plano Regional de Ordenamento Florestal, devendo obedecer à estrutura estabelecida pelo Ministério da Agricultura, Pescas e Florestas na Portaria n.º 1185/04 de 15 de setembro agora revogada pela Portaria n.º 1139/06. A elaboração do PMDFCI prevê através de atividades concretas melhorar os meios de prevenção, deteção e combate a Incêndios Florestais, assim como estabelecer propostas de planeamento e ordenamento das áreas florestais. Desta forma, pretende-se com o Plano de Defesa da Floresta conjuntamente com o Gabinete Técnico Florestal intervir em 4 áreas distintas no território: prevenção; pré supressão; supressão e reabilitação. Em suma, pretende-se com este documento dotar o município de um levantamento dos fatores mais relevantes para a prevenção e combate de fogos florestais assim, como lançar as bases para uma política municipal de florestal, concertada com a realidade local preservando as pessoas e bens do flagelo que são os incêndios florestais sem adiar a defesa dos recursos florestais. O PMDFCI de Condeixa-a-Nova encontra-se aprovado desde outubro de 2007, integrando já as disposições decorrentes da publicação da Portaria n.º 1139/2006, de 25 de outubro. 4.1.3 Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil O PMEPC foi elaborado com o intuito de definir “orientações relativamente ao modo de atuação dos vários organismos, serviços e estruturas a empenhar em operações de proteção civil”, por forma a “minimizar os efeitos de um acidente grave ou catástrofe sobre as pessoas, bens e o ambiente”, tendo como área de intervenção o 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 61 concelho de Condeixa-a-Nova. O Plano, em vigor, deverá ser objeto de revisão a cada dois anos sendo recomendada a realização de exercícios frequentes de forma a testar a sua operacionalidade. De entre os vários princípios que pautam as atividades de proteção civil, e que, naturalmente o PMEPC adota, merecem destaque o princípio de prevenção e precaução, segundo o qual os riscos devem ser antecipados de forma a eliminar as suas causas ou reduzir as suas consequências, e o princípio da unidade de comando, que determina que todos os agentes atuam, no plano operacional, articuladamente sob um comando único, sem prejuízo da respetiva dependência hierárquica e funcional. Em termos de organização, este Plano integra quatro partes distintas: uma primeira que consiste num enquadramento geral do plano, em que se abordam questões relacionadas com o âmbito da sua aplicação e enquadramento legal; uma segunda relativa à organização da resposta; uma terceira referente às diversas áreas de intervenção, entidades envolvidas e forma de atuação; e por fim uma parte que integra toda a informação complementar, com particular destaque para a identificação dos riscos em presença no concelho. Constituem objetivos gerais do PMEPC: “Providenciar, através de uma resposta concertada, as condições e os meios indispensáveis à minimização dos efeitos adversos de um acidente grave ou catástrofe; Definir as orientações relativamente ao modo de atuação dos vários organismos, serviços e estruturas a empenhar em operações de Proteção Civil; Definir a unidade de direção, coordenação e comando das ações a desenvolver; Coordenar e sistematizar as ações de apoio, promovendo maior eficácia e rapidez de intervenção das entidades intervenientes; Inventariar os meios e recursos disponíveis para acorrer a um acidente grave ou catástrofe; Minimizar as perdas de vidas e bens, atenuar ou limitar os efeitos de acidentes graves ou catástrofes e restabelecer o mais rapidamente possível, as condições mínimas de normalidade; Assegurar a criação de condições favoráveis ao empenhamento rápido, eficiente e coordenado de todos os meios e recursos disponíveis num determinado território, sempre que a gravidade e dimensão das ocorrências o justifique; Habilitar as entidades envolvidas no Plano a manterem o grau de preparação e de prontidão necessário à gestão de acidentes graves ou catástrofes; Promover a informação das populações através de ações de sensibilização, tendo em vista a sua preparação, a assumpção de uma cultura de autoproteção e o entrosamento na estrutura de resposta à emergência.” 62 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Refira-se que no capítulo relativo à articulação com instrumentos de planeamento e ordenamento do território, e no que à articulação com o PDM concerne, é referida a importância de ter em consideração este documento na nova Planta de Condicionantes. No contexto da revisão do PDM o principal contributo do PMEPC é ao nível da disponibilização de informação relativa à análise de riscos, uma vez que permitirá orientar a proposta de ordenamento do concelho no sentido de minimizar e disciplinar a ocupação de áreas de maior perigosidade de ocorrência de acidentes ou catástrofes, procurando assim diminuir o risco associado. A análise detalhada dessa componente será feita no âmbito do Capítulo 15. 4.1.4 Plano Estratégico – Condeixa 2020 As profundas transformações verificadas no território concelhio de Condeixa-a-Nova, ao longo destes últimos vinte anos, das quais se destaca, em particular, a passagem de uma sociedade predominantemente rural e apoiada em atividades agropecuárias, a uma sociedade urbana, em que passaram a predominar as atividades terciárias e secundárias, nem sempre foram acompanhadas em termos de evolução do ordenamento do território, que não se ajustou, de forma equilibrada, a esta nova realidade. O Plano Estratégico de Condeixa-aNova é então elaborado, em 2007, no intuito de constituir um instrumento orientador da política autárquica para a próxima década, procurando, por um lado, controlar os impactes negativos e, por outro, aproveitar as oportunidades. O quadro que se segue sistematiza as principais orientações do Plano. VISÃO ESTRATÉGICA Objetivos Estratégicos Globais A. Competitividade Económica B. Valorização Territorial e Ambiental C. Potencial Humano e Desenvolvimento Social Objetivos Específicos A1. Concelho competitivo, favorável à inovação e conhecimento A2. Um destino turístico valorizado e multifacetado A3. Um Concelho de alimentação saudável B1. Um centro urbano com melhores acessibilidades B2. Uma urbe polinucleada B3. Um território com qualidade ambiental C1. Um ambiente favorável ao emprego e à inovação C2. Um centro integrador e solidário C3. Um centro criativo 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 63 PROGRAMA DE INTERVENÇÃO Medidas Projetos Âncora A1. Apoio à competitividade, desenvolvimento tecnológico e inovação Parque de Atividades Económicas A2. Desenvolvimento do turismo e do lazer Circuito Condeixa 2020 A3. Promoção dos produtos locais Nova Feira: Montra do Concelho B1. Acessibilidades rodoviárias e transportes CIP – Circular Interior Poente B2. Requalificação urbana Programa de Valorização da Rede Urbana Complementar de Condeixa B3. Ambiente Reforço das Infraestruturas Ambientais C1. Emprego, qualificação e profissionalização dos recursos humanos Gabinete de Formação Profissional e Integração no Mercado de Trabalho C2. Inclusão e equidade social Forúm Condeixa C3. Cultura e património Conímbriga 2020 4.2 COMPROMISSOS E INTENÇÕES Além do Plano de Pormenor que a Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova tem intenção de elaborar existe um conjunto de outros projetos ou intenções previstas que, pelos seus impactes em termos da gestão e desenvolvimento do território concelhio, interessa destacar devendo ser objeto de análise e, eventualmente, contemplados no atual processo de revisão. No que diz respeito a equipamentos, encontram-se previstas algumas intervenções, a destacar: Centro Desportivo, em Condeixa-a-Nova; Centro Cultural Fernando Namora, a localizar na Quinta de São Tomé, em Condeixa-a-Nova; Centro Escolar, em Condeixa-a-Nova, que prevê o aproveitamento de infraestruturas escolares existentes; Central de Autocarros, em Condeixa-a-Nova; Relocalização do Bombeiros Voluntários, em Condeixa-a-Velha. Relativamente à rede viária encontram-se em estudo as seguintes vias: IC2; IC3; Variante à EN 341/ 347; Circular Sul de Condeixa-a-Nova; 64 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Circular Externa Poente de Condeixa-a-Nova. Ainda no que diz respeito às acessibilidades e com implicações no território concelhio, há a referir o atravessamento da rede de alta velocidade (RAVE). No domínio do turismo existe a intenção de criar um Parque de Campismo, no concelho, e um Parque de Caravanismo nas proximidades da Quinta de São Tomé. Destaque ainda para a intenção de concretização de alguns projetos/intervenções propostas no âmbito da Agenda21 Local, e com relevância do ponto de vista do ordenamento do território, nomeadamente a implementação de uma rede ciclável e da rede municipal de mobilidade sustentável e a requalificação ambiental de Silvais (a articular com o eventual Plano de Pormenor a desenvolver para esta área). A Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova recebeu ao longo dos últimos anos alguns projetos de loteamento para submeter a aprovação. Estes concentram-se sobretudo na Vila de Condeixa-a-Nova e nos aglomerados que integram a sua área de expansão e que são abrangidos pelo perímetro urbano da sede de concelho. Referência ainda para alguns compromissos urbanísticos que, apesar de não possuírem ainda um vinculo legal, foram assumidos pela Câmara Municipal. Um dos quais diz respeito à construção de um hotel nas proximidades das Ruínas de Conímbriga (já licenciado). Na peça desenhada dos Planos, Compromissos e Intenções, foram assinaladas as intenções consideradas mais relevantes para o desenvolvimento socioeconómico do Concelho ou que assumam uma expressão territorial significativa (quando a localização tenha sido disponibilizada). Foram representados os loteamentos urbanos com alvará emitido que ainda não tenham sido ocupados por edificações, integrados em zonas consolidadas ou representados na base cartográfica e ainda os compromissos urbanísticos (sem vinculo legal). Quadro 17: Loteamentos com Alvará não concretizados, junho de 2010 N.º de Alvará Freguesia Nome 02/1987 José Maria Afonso Rodrigues e outros Condeixa-a-Velha 02/1993 Joaquim Santos Valente Anobra 02/1999 Município de Condeixa-a-Nova - ZIL Sebal 04/2000 Urbanização Quinta da Cerejeira Condeixa-a-Nova/ Sebal 02/2001 Urbanização da Valada Condeixa-a-Velha 02/2004 Município de Condeixa-a-Nova - ZIL Sebal 05/2004 Pedro Miguel Ventura Anobra 02/2005 José Ivo Madeira da Silva Sebal 02/2006 Urbanização Quinta dos Poços Condeixa-a-Nova 03/2006 Urbanização da Sra das Dores Condeixa-a-Velha 01/2007 01/2008 Lar Doce Viver Vila Seca Condeixa-a-Velha Jonaticivil- Sociedade Construções Imobiliária Unipessoal, Lda. Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 65 Para além destes compromissos é ainda de referir como Infraestrutura Hidroagrícola, o Aproveitamento Hidroagrícola do Baixo Mondego, no qual não ocorreu até à data qualquer intervenção no que respeita a novas infraestruturas, tratando-se, no entanto, de áreas com grande potencial agrícola onde já se pratica regadio. 4.3 PRETENSÕES E SUGESTÕES A legislação em vigor, no âmbito dos Planos Municipais de Ordenamento do Território, consagra a participação pública dos cidadãos no processo de planeamento, devendo para tal a Câmara Municipal facilitar o acesso de todos os interessados aos elementos relevantes para que possam conhecer o estado dos trabalhos e formular sugestões. Dentro desta filosofia, a revisão do PDM tem que ser também precedida de uma consulta pública, processo que no caso da revisão do PDM de Condeixa-a-Nova, decorreu entre 28 de março e 26 de abril de 2003. Por este motivo a Câmara Municipal tem vindo a aceitar sugestões e pretensões entregues fora desse período. As participações recebidas até 2007, num total de 293 (identificadas individualmente em volume anexo), podem agrupar-se nas seguintes categorias: Pretensões particulares para outras mudanças de classe/ categoria de espaço; Pretensões para exclusão da REN e desafetação da RAN; Pretensões para exclusão da REN; Pretensões para desafetação da RAN; Pretensões da Administração Local. O agrupamento das pretensões por categorias evidenciou, desde logo, que a grande maioria corresponde a pretensões particulares para alteração do solo rural para solo urbano. A figura seguinte indica a percentagem que cada tipo de pretensão representa no total das pretensões apresentadas. Figura 19: Pretensões e sugestões apresentadas na consulta pública, agrupadas por categorias, em % 1% Pretensões particulares para mudança de classe/categoria de espaço 28% Pretensões para desafectação da RAN 45% 5% Pretensões para exclusão da REN Pretensões para exclusão da REN e desafectação da RAN 21% Pretensões da Administração Local Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 66 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) É de referir que das 293 pretensões apresentadas à Câmara Municipal, praticamente todas têm como objetivo garantir, por parte dos particulares, a possibilidade de edificação através da reclassificação do solo rural para urbano e/ou da exclusão de REN e/ou desafetação de RAN. Chama-se a atenção para o facto de terem sido consideradas, na determinação das pretensões de exclusão de REN e/ou desafetação de RAN, as propostas de RAN e REN brutas desenvolvidas no âmbito da Revisão do PDM. Do total das pretensões, 54% estão associadas à exclusão de REN e/ou desafetação de RAN. Assinala-se ainda a existência de apenas duas pretensões para reclassificação do solo como espaço industrial. Grande parte das pretensões encontram-se assinaladas na peça desenhada de Planos, Compromissos e Intenções7, o que permite obter uma leitura espacial sobre as situações que predominam e os locais de maior pressão. Assim sendo, ressalta a incidência destas pretensões na freguesia de Condeixa-a-Velha com 71 (cerca de 24%), das 293 pretensões recebidas. Ressalve-se que apesar destas se localizarem na freguesia de Condeixa-a-Velha, grande parte delas estão associadas às áreas de expansão da Vila de Condeixa-a-Nova. Também as freguesias de Ega, Sebal e Anobra se destacam das demais. Como seria de esperar, a maioria das propostas apresentadas surge na envolvente dos perímetros urbanos existentes ou, no caso da Vila de Condeixa-a-Nova, dentro do perímetro, mas integradas em áreas classificadas como Zona Verde de Proteção, normalmente associadas à RAN e REN, facto que, muitas vezes, leva os proprietários a considerarem que os seus terrenos, estando próximos de zonas urbanas ou de zonas infraestruturadas, são, legitimamente, propensos à edificação. Por falta de informação no que diz respeito à sua localização, não foi possível associar duas pretensões às respetivas freguesias. As entidades da Administração Local a apresentarem sugestões/pretensões foram as seguintes: A Junta de Freguesia de Anobra solicita a ampliação/ manutenção do perímetro urbano nos lugares de Lameira de Baixo, Perdigueira, Inculca e Casal do Cabrito; A Junta de Freguesia de Vila Seca pretende a ampliação do perímetro urbano no lugar do Casal de Balaus. Todas as pretensões/sugestões recebidas serão ponderadas, tanto ao nível individual, como ao nível de uma abordagem global. Contudo, tal não significa que venham a ser atendidos todos os intentos dos requerentes, uma vez que a análise técnica a efetuar incidirá, essencialmente, sobre perspetivas de ordem estratégica e de viabilidade física, económica, social e ambiental. 7 Não foram assinaladas 40 pretensões por não disporem de mapa de localização ou pela escala ou qualidade do mapa assim não o permitir. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 67 Figura 20: Distribuição das pretensões e sugestões, apresentadas na consulta pública, por freguesia 80 71 70 64 58 60 50 46 40 30 26 20 9 7 10 4 1 4 2 1 0 Anobra Belide Bem da Fé Condeixa- Condeixaa-Nova a-Velha Ega Furadouro Sebal Sebal Vila Seca Zambujal ? Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 4.4 SÍNTESE CONCLUSIVA O crescimento urbanístico que o concelho de Condeixa-a-Nova observou no decorrer dos últimos anos trouxe consigo os fenómenos associados à pressão urbanística não apenas sobre o solo urbano, mas também sobre a ocupação do solo rural. A falta de planos municipais eficazes, particularmente no que diz respeito à área afeta ao perímetro urbano de Condeixa, levou a que a ocupação das áreas urbanas de expansão se processasse de forma desconexada, sem haver uma estratégia de ocupação do território planeada. Relativamente às pretensões apresentadas durante o período de prévia consulta pública, a maior pressão verifica-se na envolvente da Vila de Condeixa-a-Nova e nas freguesias de Ega, Sebal e Anobra, sendo que a maioria corresponde a pretensões para alteração do Solo Rural para Solo Urbano. Ressalve-se que, apesar da sua importância enquanto elementos de dinamização do processo de planeamento e de aproximação do Plano às necessidades da população, não há qualquer obrigatoriedade na aceitação ou na aplicação destas pretensões. 68 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 5. ANÁLISE DEMOGRÁFICA Hoje em dia, a população é um denominador de muitos indicadores no domínio do económico, social e urbanístico. A informação sobre o número e a estrutura atual e futura da população tornou-se, nos tempos atuais, um fator importante no planeamento a todos os níveis, sendo um instrumento imprescindível para os decisores. Ao nível do ordenamento do território, a importância do conhecimento da população e da sua estrutura é inquestionável. Com efeito, o ordenamento do território municipal, ao visar proporcionar uma evolução/ocupação tão harmoniosa quanto possível, através da preparação de soluções atempadas para as situações com que se defrontam, bem como uma gestão racional dos recursos de que dispõe, é obrigado a quantificar e qualificar a população, enquanto principal agente da transformação do território. Alguns dos objetivos do PDM, como o da programação dos equipamentos coletivos e infraestruturas urbanas, a delimitação de perímetros urbanos, bem como a estimativa das necessidades habitacionais, passam pela avaliação do número de habitantes a servir. Esse dimensionamento terá de ser feito, com base na população esperada no horizonte temporal do mesmo. A população a servir deverá, então, ser avaliada por um modelo adequado e com o grau de rigor necessário ao fim em vista. A caracterização demográfica apresentada na presente revisão do PDM de Condeixa-a-Nova é a que foi elaborada no âmbito da Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, datada e aprovada em 2007 e realizada pela empresa PensarTerritório, Lda. O conteúdo retirado tem a numeração e designação de “2.1 Análise demográfica global” (da pág. 29 à 60). Dada a atualidade da caracterização, baseada nos dados estatísticos oficiais mais recentes, a autarquia e a equipa do PDM entenderam não se justificar a realização de uma nova caracterização, pelo que, sendo a Carta Educativa um instrumento e documento da autarquia, assim como o presente relatório do PDM, se decidiu adotar um único documento de caracterização demográfica do Município, que de seguida se apresenta. No entanto, para a melhor articulação com as restantes temáticas do PDM, foi necessário introduzir ligeiras adaptações, nomeadamente: i) os quadros e figuras foram renumerados e, por inerência, retiraram-se todas as referências em texto com a numeração constante na Carta Educativa; ii) foram feitas ligeiras mudanças no posicionamento dos quadros e figuras, de forma a otimizar o ajuste à formatação do texto do PDM; iii) não se integrou o conteúdo das páginas 43 à 47, designadamente o Quadro 8, em 2002 por ser um assunto que é retomado no capítulo “Sistema Urbano” do presente relatório e cuja informação é bastante mais atual (2008, resultante de inquéritos às Juntas de Freguesia); iv) o ponto “2.1.6 O Futuro: tendências de crescimento” será introduzido no âmbito do Relatório da Proposta do PDM, na próxima fase dos trabalhos. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 69 Por indicação da Autarquia, apenas se introduziram dados mais atuais (2006 e 2007) relativamente à População Residente, proveniente das Estimativas Provisórias da População Residente Intercensitárias. do Instituto Nacional de Estatística. 5.1 UM TERRITÓRIO COM UMA DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DESIGUAL Condeixa-a-Nova com os seus 15340 habitantes (dados de 2001), apresentava-se como um dos concelhos com menor número de residentes na Sub-região do Baixo Mondego. No contexto deste território só o município de Mira apresentava um menor Figura 21: População residente nos concelhos da sub-região do Baixo Mondego, em 2001 número de habitantes (12872). Os municípios que possuem uma cidade (Coimbra, Figueira da Foz e Cantanhede) têm nesta Sub-região um número de residentes elevado (148443, 62601 e 37910, respetivamente). Mas, se em termos dos quantitativos de população o município apresentava uma reduzida importância (4,5% do total da Sub-região), na década de noventa registou um forte acréscimo do número de residentes (17,8%), valor claramente superior ao observado nos outros municípios que também viram a sua população residente aumentar (Coimbra, Cantanhede e Figueira da Foz), já que os acréscimos foram menos expressivos (6,8%, 2,1% e 1,7%, respetivamente). Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Esta inserção regional é semelhante à observada dez anos antes aquando da realização do recenseamento populacional, sendo de destacar, no entanto, uma tendência no sentido de um ligeiro reforço da população no Concelho onde se localiza a maior cidade do território (Coimbra), uma vez que sendo a relação em 1991, de 42,3% passou a ser, em 2001, de 43,6%. O concelho de Condeixa-a-Nova foi o único dos restantes concelhos que também reforçou o seu peso na população da sub-região, tendo passado a representar 4,5% dos residentes (em 1991, o peso era de 4,0%). Esta dinâmica deve ser entendida no quadro de relações de mobilidade interna entre local de residência e local de trabalho e tendo em conta os preços que a habitação tem vindo a atingir em Coimbra. 70 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) A análise da distribuição dos valores de população residente nas dez freguesias que integram na atualidade Condeixa-a-Nova permite distinguir grupos de freguesias que apresentam comportamentos demográficos semelhantes no período intercensitário mais recente. No essencial, a análise da distribuição da população evidencia quatro grupos de freguesias. As freguesias de Condeixa-a-Nova (sede de concelho), Condeixa-aVelha e Ega são no período em análise sempre as mais populosas. Representam no conjunto 66,4% da população do Município. Condeixa-a-Nova é a freguesia que tem maior número de residentes em 2001 (3980), representando cerca de ¼ (25,9%) da população concelhia. As outras duas freguesias correspondem a 21,6% e a 18,8% dos residentes (3318 e 2882, respetivamente). Sendo a evolução da população diferenciada nas dez freguesias desde 1991, apenas estas freguesias (e também Anobra) verificaram, como veremos, um acréscimo de população na década de noventa. Por comparação, em 1991, o total de residentes era no conjunto das três freguesias mais populosas de 7748 indivíduos e o peso relativo de 59,5%. Ocorreu, assim, um reforço da população que beneficiou as freguesias que tinham o maior número de residentes. Destaca-se, contudo, o comportamento da freguesia sede de concelho. Figura 22: População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 Figura 23: População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 71 72 2000 1000 0 Zambujal Vila Seca Ega Condeixa-aVelha Condeixa-aNova Bendafé Belide Anobra Zambujal 3000 Zambujal 4000 Vila Seca 5000 Vila Seca 2001 Sebal 0 Sebal 1000 Sebal 2000 Furadouro 3000 Furadouro 4000 Furadouro 5000 Ega Condeixa-aVelha Condeixa-aNova Bendafé Belide Anobra 1991 Ega Condeixa-aVelha Condeixa-aNova Bendafé Belide Anobra Figura 24: População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1981, 1991 e 2001 1981 5000 4000 3000 2000 1000 0 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 18: População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1981, 1991 e 2001 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila Seca Zambujal Total 1981 1285 301 140 2455 2300 2870 324 1844 1125 613 13257 1991 1210 315 120 2656 2399 2693 276 1872 987 499 13027 2001 1357 279 117 3980 3318 2882 223 1793 962 429 15340 Fonte: INE-Portugal, Censos 1981, 1991 e 2001 Um segundo grupo é formado pelas Freguesias do Sebal e Anobra, contíguas às freguesias anteriormente referidas e localizadas a Noroeste. Estas freguesias representam, em 2001, cerca de 20,5% dos residentes num total de 3150 habitantes (1793 e 1357 residentes, respetivamente). A Freguesia de Sebal representa 11,7% dos residentes do Concelho e Anobra 8,8%. Estas freguesias e as do grupo anterior representam, assim, mais de 4/5 dos residentes no Concelho em 2001 (13330 indivíduos correspondentes a 86,9%). Vila Seca constitui um terceiro grupo, mas com peso populacional menor. Com efeito, representa apenas 6,3% dos residentes a que correspondem 962 indivíduos. Nas restantes quatro freguesias (Zambujal, Belide, Furadouro e Bendafé) residem os restantes 1048 habitantes que correspondem a 6,8% dos residentes. Efetivamente, a localização periférica em relação aos principais eixos rodoviários que estruturam o território, associada à topografia (no caso do Furadouro e Zambujal) poderão ser elementos que permitem entender o fraco peso populacional (1048 residentes). Regista-se, assim, um padrão territorial polarizado sobretudo pela freguesia de Conceixa-a-Nova e pelas freguesias contíguas (Condeixa-a-Velha a Sul e Ega a Oeste). As Freguesias de Condeixa-a-Nova e Condeixaa-Velha, apresentando os maiores quantitativos populacionais descritos, parecem capitalizar as vantagens da posição privilegiada à cidade de Coimbra e também o facto de tratar-se, no primeiro caso, da freguesia sede de Concelho. A proximidade a Coimbra permite entender a forte urbanização que tem vindo a ocorrer nestas freguesias (constitui exemplo a construção da Urbanização Nova Conímbriga na Freguesia de Condeixa-a-Velha onde muitas famílias têm vindo a fixar residência). Destaca-se, assim, a importância que as relações funcionais a Coimbra têm tido na procura crescente de habitação em função dos valores praticados na maior cidade do Centro do país. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 73 Esta repartição da população é já evidente na análise dos dados relativos a 1981 e 1991. Sendo os quantitativos populacionais menores em 1981, as Freguesias de Condeixa-a-Nova e Condeixa-a-Velha tinham menos população que a Freguesia de Ega, freguesia que apresentava o maior quantitativo de residentes em 1981. Com efeito, os 2870 residentes representavam 21,6% do total do Concelho. Em conjunto, estas três freguesias representavam já mais de metade da população do Município (57,5%, num total de 7625 habitantes), valor entretanto ligeiramente reforçado. Mas, a freguesia de Ega tem vindo a perder peso no contexto concelhio, uma vez que passou a representar em 2001 apenas 18,8% dos residentes quando vinte anos antes representava 21,6%. No caso das restantes freguesias, destaca-se o caso de Anobra, que mesmo tendo perdido peso em termos relativos, passando de 9,7% para 8,8%, foi a única a par do núcleo das mais populosas a ver a sua população crescer (de 1285 para 1357 habitantes). A estrutura de povoamento regista assim uma estabilidade nas dez freguesias do município de Condeixa-a-Nova desde os anos oitenta do século passado. Apresentando a Sub-região do Baixo Mondego uma repartição desigual da população por Município, também no caso de Condeixa-a-Nova se verifica uma oposição entre a freguesia sede de Município, as Freguesias de Condeixa-a-Velha, Ega, Sebal e Anobra, que apresentam uma localização privilegiada, e as restantes com uma localização mais periférica (Este, Sudeste e Oeste) tendo em atenção os quantitativos populacionais. Mas, globalmente todas as freguesias deste Concelho beneficiam de uma localização e posição privilegiadas no contexto do território do Centro Litoral e de uma boa acessibilidade a Coimbra. 5.2 EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO: COMPORTAMENTOS E FATORES EXPLICATIVOS. CARACTERIZAÇÃO DA EVOLUÇÃO POPULACIONAL A consideração para o concelho de Condeixa-a-Nova dos valores de população residente desde os anos oitenta do século XX permite uma leitura em termos evolutivos, ao mesmo tempo que possibilita igualmente algumas reflexões sobre as características do território. Uma primeira ideia decorre do facto de a posição privilegiada no contexto do Centro Litoral e a proximidade à cidade de Coimbra se traduzir, entre 1981 e 2001, num forte acréscimo populacional. Efetivamente, desde 1981 até 2001 o Município ganhou 2083 habitantes (15,7%), num processo que os dados das décadas anteriores já deixavam antever, uma vez que desde 1960 este território tem mantido ou mesmo aumentado a sua população. O fenómeno emigratório português do passado recente não tem tido consequências na evolução populacional do Concelho. Ainda assim, a perda populacional observada entre 1981 e 1991 no Município (menos 230 habitantes) e na generalidade das freguesias deve ser entendida no contexto do quadro evolutivo que caracteriza a população portuguesa desde os anos sessenta do século XX. Esta tendência foi invertida na década mais recente, tal como os dados relativos a 2001 mostram, uma vez que se verifica um forte acréscimo populacional de 17,76% (2313 habitantes). Assim, entre 1981 e 2001, o Concelho registou uma quebra populacional de cerca de 1,7%, com uma diminuição de 230 habitantes (de 13257 residentes para 13027). Os dados de 2001 traduzem uma evolução que inverteu a 74 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) tendência com um acréscimo de 2313 residentes (17,8%) desenhando uma tendência de crescimento que tem vindo a configurar-se desde a segunda metade do século XX. Figura 25: Evolução da população residente no concelho de Condeixa-a-Nova entre 1981 e 2001 Figura 26: População residente no concelho de Condeixa-aNova, de 1960 a 2001 20000 20000 15000 15000 10000 10000 5000 5000 0 1981 1991 2001 0 1960 1970 1981 1991 2001 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Quadro 19: População residente no concelho de Condeixa-a-Nova e variação populacional, de 1960 a 2001 Anos 1960 1970 1981 1991 2001 População residente 13555 12865 13257 13027 15340 Variação populacional (%) – -5,09 3,05 -1,73 17,76 Fonte: INE-Portugal, Censos, 1960 a 2001 Neste contexto e numa análise conjunta do último período intercensitário até ao ano de Figura 27: Evolução da população residente no concelho de Condeixa-aNova, de 1991 a 2007 2007 observa-se que, com exceção do ano de 1997, onde o crescimento populacional foi nulo, a tendência é para um aumento sustentado do número de indivíduos. Com efeito, entre 1991 e 2007 o acréscimo foi de 4395 habitantes (33,7%), ou de mais 2082 tendo por referência o ano de 2001 (13,6%). O acréscimo foi mais expressivo desde a segunda metade dos anos noventa. A evolução para os anos mais recentes (desde Nota: Este gráfico foi alterado relativamente ao original proveniente da Carta Educativa porque foram introduzidos os dados populacionais do concelho em 2006 e 2007 Fonte: INE-Portugal, Censos e Estimativas Intercensitárias 2002) perece indiciar uma tendência de 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 75 abrandamento no crescimento da população, já que a variação anual tem vindo a diminuir (de 2,8% entre 2001 e 2002 para 1,81% entre 2008 e 2009). Quadro 20: População residente no concelho de Condeixa-a-Nova e variação populacional de 1991 a 2009 Anos 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 População residente 13027 13278 13429 13564 13766 13960 13960 14479 14763 15133 15340 15771 16115 16459 16759 17089 17422 17737 18058 Variação populacional (%) – 1,93 1,14 1,01 1,49 1,41 0,00 3,72 1,96 2,51 1,37 2,81 2,18 2,13 1,82 1,97 1,95 1,81 1,81 Nota: Este quadro foi alterado relativamente ao quadro original proveniente da Carta Educativa porque foram introduzidos os dados populacionais do Concelho de 2006 a 2009 Fonte: INE-Portugal, Censos e Estimativas Intercensitárias As dez freguesias do Concelho apresentam, nas últimas duas décadas do século XX, dinâmicas demográficas distintas, sendo que os acréscimos populacionais verificados na década de noventa são, em geral, mais expressivos que as quebras. Figura 28: População residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1981 a 2001 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 76 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) No essencial, distinguem-se tendo em atenção o peso populacional das freguesias dois tipos de tendências para a década mais recente, comportamentos já detetados entre 1981 e 1991 se bem que com menor intensidade. As freguesias de Condeixa-a-Nova e Condeixa-a-Velha são as que registam os maiores acréscimos populacionais na última década (49,9% e 38,3%), valores claramente superiores ao acréscimo de Ega que apresenta também um quantitativo de população expressivo (com 7% de residentes). Também a freguesia de Anobra regista um aumento expressivo, mesmo sendo inferior aos maiores acréscimos descritos (12,2%). a 1991no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1981 a 2001 Figura 29: Variação da população residente por 1981 freguesia Variação ente 1981 e 1991 80 60 40 % 20 8,19 4,65 4,30 1,52 0 -20 -5,84 -6,17 -14,29 -12,27 -14,81 -18,60 Zambujal Vila Seca 1991 a 2001 Variação entre 1991 e 2001 Variação populacional Sebal Furadouro Ega Condeixa-aVelha Condeixa-aNova Bendafé Belide Anobra -40 Média 80 60 49,85 38,31 40 % 20 12,15 7,02 0 -20 -11,43 -2,50 -4,22 -2,53 -14,03 -19,20 Variação populacional 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Zambujal Vila Seca Sebal Furadouro Ega Condeixaa-Velha Condeixaa-Nova Bendafé Belide Anobra -40 Média 77 1981 a 2001 Variação entre 1981 e 2001 80 62,12 60 44,26 40 % 20 5,60 0,42 0 -2,77 -14,49 -16,43 -40 -30,02 Variação populacional Vila Seca Sebal Furadouro Ega Condeixa-aVelha Condeixa-aNova Bendafé Belide Anobra -31,17 Zambujal -7,31 -20 Média Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Figura 30: Variação da população residente por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1981 a 2001 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 78 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 21: Variação da População residente por freguesia no concelho de Condeixa-aNova, entre 1981 e 2001 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila Seca Zambujal Total 1981-1991 Nº % -75 -5,84 14 4,65 -20 -14,29 201 8,19 99 4,30 -177 -6,17 -48 -14,81 28 1,52 -138 -12,27 -114 -18,60 -230 -1,73 1991-2001 Nº % 147 12,15 -36 -11,43 -3 -2,50 1324 49,85 919 38,31 189 7,02 -53 -19,20 -79 -4,22 -25 -2,53 -70 -14,03 2313 17,76 1981-2001 Nº % 72 5,60 -22 -7,31 -23 -16,43 1525 62,12 1018 44,26 12 0,42 -101 -31,17 -51 -2,77 -163 -14,49 -184 -30,02 2083 15,71 Fonte: INE-Portugal, Censos, 1981, 1991 e 2001 As restantes freguesias registam decréscimos que, em termos absolutos, se refletem entre menos 3 a 79 residentes (Bendafé, Vila Seca, Belide, Furadouro, Zambujal e Sebal). Destaca-se o caso da Freguesia do Sebal, não pelo valor absoluto da perda de população (menos 79 residentes), mas por ser a quarta freguesia em número de habitantes (1793) e por ser a principal área industrial do Município. Por outro lado, os acréscimos de população são mais expressivos na última década, facto que traduz a dinâmica socioeconómica observada sobretudo nas freguesias sede de concelho e de Condeixa-a-Velha. O dispositivo territorial expressa, assim, um nítido fenómeno de concentração da população na sede de concelho e nas freguesias contíguas de Condeixa-a-Velha e de Ega, e também nas Freguesias do Sebal (mesmo tendo uma ligeira quebra de residentes) e de Anobra (maior proximidade a Coimbra), e uma perda populacional nas restantes freguesias, destacando-se os casos do Furadouro, Zambujal e Belide pelas perdas relativas e sobretudo pelos quantitativos populacionais menores destas freguesias. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 79 5.3 HIERARQUIA SEGUNDO A DIMENSÃO DOS LUGARES: UM PADRÃO ESPACIAL CONCENTRADO A consideração dos valores da população por lugar complementa a análise da evolução e distribuição realizada. Os dados relativos a 2001 revelam a existência para o concelho de Condeixa- Figura 31: População residente por lugar no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 a-Nova de 70 lugares num total de 15340 habitantes. Estes lugares são de pequena dimensão, uma vez que apenas o lugar de Condeixa-a-Nova tem uma população superior a 2000 habitantes (3268). Acresce que dos restantes 69 lugares apenas três apresentam uma população superior a 500 habitantes (Palhacana, Ega e Eira Pedrinha). Esta repartição da população por lugar traduz ainda assim um padrão de povoamento concentrado e dominado pela sede de concelho que representa 21,3% (3268 indivíduos) dos residentes do Município. Considerando a população em lugares com 500 e mais habitantes aquele valor passa a ser de 37,1% num total de 5691 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 indivíduos. Quadro 22: População residente segundo a dimensão dos lugares no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 Freguesia Anobra Lugar Anobra Caneira Casal da Légua Casal da Amieira Casal das Figueiras Casal de São João Casal do Carrito Inculca Lameira Venda da Luisa Residual Total 80 População residente 1991 2001 436 417 111 60 47 63 42 43 45 30 101 148 138 132 32 49 158 133 95 180 5 102 1210 1357 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Freguesia Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Belide População residente 1991 2001 315 279 Total 315 279 Bendafé Total Casal da Estrada Castel Condeixa-a-Nova Travaz Residual Total Alcabideque Ameixeira Atadoa Avessada Bom Velho de Baixo Bom Velho de Cima Casal Novo Cabaneiras Condeixa-a-Velha Eira Pedrinha Palhacana Poço Salgueiro Senhora das Dores Valada Residual Total Arrifana Campizes Casal do Missa Casével Ega Rebolia Relves São Fipo Serrazina Vale Janes Residual Total Cadaval Grande Casmilo Furadouro Vale Janes Residual Total Alqueves Avenal Casal da Estrada Dadas 120 120 − 44 2240 25 347 2656 365 55 144 95 29 35 68 147 395 506 94 38 93 207 128 − 2399 311 374 281 417 754 179 74 116 65 62 60 2693 34 140 64 − 38 276 88 208 68 68 117 117 106 139 3268 43 424 3980 353 68 112 85 28 26 72 150 439 648 901 25 64 149 124 74 3318 278 378 284 469 874 180 69 180 58 56 56 2882 7 119 41 39 17 223 67 242 111 107 Lugar 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 81 Freguesia Vila Seca Zambujal Lugar Fornos de Castel Moinho da Palha Palhagões Rapoila Ribeira Ródão Sebal Sebal Pequeno Sobreiro Venda da Luisa Residual Total Alcouce Beiçudo Bruscos Casal dos Balaus Mata Traveira Vila Seca Residual Total Fonte Coberta Póvoa de Pegas Serra de Janeanes Zambujal Residual Total Total População residente 1991 2001 91 124 42 60 76 77 40 46 110 131 76 71 252 282 60 64 202 202 246 129 245 80 1872 1793 176 189 122 80 297 273 88 89 42 63 144 127 116 136 2 5 987 962 51 33 73 70 60 55 315 269 − 2 499 429 13027 15340 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Assim, dos 70 lugares, apenas 1 apresenta uma população superior a 1000 habitantes (o lugar sede de freguesia). Por outro lado, 66 lugares apresentam uma população inferior a 500 habitantes, sendo que 31 têm menos de 100 habitantes. Os quantitativos populacionais correspondentes são de respetivamente 8889 e 1701 habitantes. Estes valores traduzem a existência de um povoamento concentrado na sede de concelho e em algumas sedes de freguesia, a par de um conjunto de lugares de dimensão mais pequena. Por outro lado, para além das freguesias a que correspondem os quatro lugares de maiores dimensões (Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha e Ega), as freguesias que apresentam os menores quantitativos de população apresentam um povoamento dominado por lugares de pequena dimensão. Mas, mesmo naquelas freguesias, os restantes lugares são de pequena dimensão. A consideração da evolução da população por lugar indica que apenas os quatro lugares de maiores dimensões registaram um acréscimo de residentes entre 1991 e 2001 (1028 habitantes em Condeixa-a-Nova, 807 em 82 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Palhacana, 120 em Ega e 142 em Eira Pedrinha), numa tendência que encontrará explicação na dinâmica de expansão de construção no contexto da proximidade a Coimbra e da própria evolução da sede de freguesia. Das restantes freguesias mais populosas, o lugar de Anobra registou uma ligeira quebra de população (-19 residentes) entre 1991 e 2001. Um outro aspeto destaca a existência de um desigual número de lugares por Figura 32: Hierarquia segundo a dimensão dos lugares no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 freguesia, sendo que as freguesias com maior número de lugares são as de Condeixa-a-Velha (15) e Sebal (14). Belide e Bendafé são, pelo contrário, as freguesias que têm um menor número de lugares (1). As freguesias com um maior número de lugares evidenciam uma tendência nas características do povoamento do Concelho que associa um maior número de lugares a dimensões de população inferiores. Por outro lado, Condeixa-a-Nova com um número de lugares reduzido (4), apresenta uma população concentrada na sede de freguesia, já que o quantitativo do lugar sede representa 82,1% da população da respetiva freguesia. Por comparação, as Freguesias de Condeixa-a-Velha, Ega, Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Sebal e Anobra apresentam um dispositivo territorial mais equilibrado, uma vez que não só registam um maior número de lugares (15 10, 14 e 10, respetivamente), como também os lugares apresentam dimensões populacionais semelhantes, uma vez que os lugares sede representam 13,2%, 30,3%, 15,7% e 30,7% da população das respetivas freguesias. Os elementos a destacar indicam quantitativos populacionais pouco importantes por lugar, estando a população relativamente repartida pelos lugares. A freguesia sede do Município não apresenta este comportamento, aparecendo a população fortemente concentrada no lugar sede. A evolução ocorrida na última década reforçou sobretudo a população que habitava nas freguesias mais populosas e os respetivos maiores aglomerados populacionais. O lugar de Condeixa-a-Nova continua, contudo, a ser, em 2001, o lugar de maior dimensão, tendo 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 83 reforçado o quantitativo de população. Os lugares da freguesia de Condeixa-a-Velha são no contexto concelhio os que mais aumentaram a população. Figura 33: População residente por lugar no concelho de Condeixa-aNova, em 1991 Figura 34: Variação da população residente por lugar no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2001 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 5.4 FATORES DA DINÂMICA DEMOGRÁFICA A análise da evolução dos valores da natalidade entre 1991 e 2005 para o concelho de Condeixa-a-Nova revela um comportamento irregular expresso em ligeiros aumentos e decréscimos. A consideração do número de nados-vivos mostra, no entanto, uma tendência geral que se expressa num número de nascimentos anual superior à centena na década de noventa, e mesmo superior à centena e meia nos últimos anos do século passado e até ao ano de 2005. Na primeira metade dos anos noventa observam-se os menores valores de nados-vivos, sendo que em 1991 e 1992 o número de nascimentos foi de 110 e 109, respetivamente. Os anos de 2000, 2002, 2003 e 2004 registaram os valores mais elevados no período em análise (193, 187, 187 e 188, respetivamente). A tendência observada para os anos mais recentes traduz, assim, após o aumento verificado desde 1991, uma certa estabilidade do número de nados-vivos em torno das duas centenas. 84 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 35: Evolução da taxa de natalidade, taxa de mortalidade e taxa de crescimento em Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2005 20 15 10 5 ‰ 0 -5 -10 -15 -20 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Taxa de natalidade Taxa de mortalidade Taxa de crescimento natural Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 85 Quadro 23: Nados-vivos por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2005 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila Seca Zambujal Total 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total 6 0 1 41 13 23 0 18 5 3 110 6 1 1 29 20 30 3 14 4 1 109 9 2 0 43 17 19 1 19 6 1 117 6 3 1 36 21 24 0 7 9 2 109 11 4 0 39 21 31 0 14 10 4 134 14 3 2 40 23 19 0 18 6 0 125 8 1 2 49 24 24 5 22 5 2 142 10 2 0 52 28 31 2 11 7 5 148 6 4 1 45 41 28 1 18 6 1 151 16 3 1 78 33 30 3 20 4 5 193 9 1 0 43 41 20 2 12 11 2 141 12 4 1 58 62 23 1 17 7 2 187 10 3 0 42 72 29 1 20 8 2 187 14 2 0 54 65 27 0 12 10 4 188 11 2 0 26 80 23 0 21 7 3 173 148 35 10 675 561 381 19 243 105 37 2214 Fonte: INE Quadro 24: Óbitos por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2005 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila Seca Zambujal Total 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total 14 5 1 39 22 29 6 15 14 9 154 13 3 3 37 16 35 2 27 13 6 155 12 0 1 50 29 38 3 14 16 14 177 9 4 2 46 30 40 9 23 20 16 199 15 5 1 34 28 31 3 32 6 13 168 19 1 2 44 29 33 5 19 11 7 170 25 1 3 53 31 37 7 28 26 4 215 13 7 4 47 25 31 3 28 11 5 174 10 2 3 48 25 49 5 25 15 10 192 23 5 3 57 23 38 5 11 12 12 189 14 2 4 42 32 32 6 23 13 6 174 18 3 3 47 29 29 7 19 19 7 181 19 3 1 47 19 48 3 26 15 11 192 15 4 0 40 34 33 5 24 15 10 180 12 5 2 55 23 53 6 28 9 6 199 231 50 33 686 395 556 75 342 215 136 2719 Fonte: INE 86 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 25: Movimentos da população no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2005 Anos Natalidade (N) 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Nº 110 109 117 109 134 125 142 148 151 193 141 187 187 188 173 Taxa de Natalidade (TN) ‰ 8,44 8,21 8,71 8,04 9,73 8,95 10,17 10,22 10,23 12,75 9,19 11,86 11,60 11,42 10,32 Mortalidade (M) Nº 154 155 177 199 168 170 215 174 192 189 174 181 192 180 199 Taxa de Mortalidade (TM) ‰ 11,82 11,67 13,18 14,67 12,20 12,18 15,40 12,02 13,01 12,49 11,34 11,48 11,91 10,94 11,87 Crescimento Natural (CN) Nº -44 -46 -60 -90 -34 -45 -73 -26 -41 4 -33 6 -5 8 -26 Taxa de Crescimento Natural (TCN) ‰ -3,38 -3,46 -4,47 -6,64 -2,47 -3,22 -5,23 -1,80 -2,78 0,26 -2,15 0,38 -0,31 0,49 -1,55 Fonte: INE Uma análise mais detalhada da evolução ocorrida desde a década de noventa indica um acréscimo da taxa de natalidade entre 1991 e 1995 (de 8,44‰ para 9,73‰), uma quebra até 1996 (8,95‰), novo aumento até ao ano de 2000 (maior taxa de natalidade do período considerado: 12,75‰), diminuição em 2001 (para 9,19‰), aumento em 2002 (11,86‰), a que se segue uma ligeira diminuição até ao ano de 2005 (10,32‰), facto que parece indiciar uma tendência de certa estabilidade da taxa de natalidade em torno dos 11,00‰. Por outro lado, destaca-se o facto de os valores da taxa de natalidade serem na maioria dos anos superiores a 10,00‰, e, como veremos, serem nos anos de 2000, 2002 e 2003 superiores aos valores da taxa de mortalidade (que apresenta resultados entre 10,00‰ e 15,00‰). A análise da evolução no mesmo período de tempo do número de óbitos destaca, igualmente, um comportamento irregular, superando os valores em grande parte dos anos da década de noventa e princípio da primeira década do atual século, também a centena e meia. Este número é mesmo superior às duas centenas no ano de 1997 (215 óbitos), valor mais expressivo do período em análise, aproximando-se, por outro lado, das duas centenas em 1994 (199 óbitos), 1999 e 2003 (192) e em 2005 (199). Nos anos mais recentes o número de óbitos estabiliza em torno dos 200. A taxa de mortalidade apresenta, assim, entre 1991 e 2002 uma evolução com oscilações, sendo que até 1994 os valores de mortalidade sofreram um acréscimo (de 11,82‰ para 14,67‰), uma quebra acentuada em 1996 (12,18‰), novo aumento em 1997 para 15,40‰ a que se segue uma diminuição, sendo que a taxa de mortalidade era de 11,87‰ no ano de 2005. Esta descrição revela o comportamento irregular da taxa de mortalidade em grande parte da década de noventa, tendência que não se regista desde finais desta década, 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 87 uma vez que se observa uma certa tendência para os valores de taxa de mortalidade estabilizarem em torno dos 11,00‰. Mas, se até ao ano de 1997 se regista um aumento, apresentando neste ano a taxa de mortalidade o valor mais elevado do período (15,40‰), a partir deste ano os dados revelam uma evolução que materializa uma quebra desta taxa, uma vez que o valor relativo a 2004 é dos mais baixos de toda a série considerada (10,94‰). Por outro lado, a natalidade apresenta continuamente valores inferiores aos registados pela mortalidade, facto que se traduz num crescimento natural negativo em grande parte do período. A perda populacional com maior significado ocorre na década de noventa, com valores com algum significado (mesmo que inferiores a 7‰), verificando-se mesmo uma inversão desta tendência nos últimos anos desta década apesar de os valores de crescimento natural continuarem a ser negativos (em torno aos 3‰). Os primeiros anos do novo século registam taxas de crescimento natural que nalguns anos são positivas (2000, 2002 e 2004), mesmo tratando-se de acréscimos naturais reduzidos (4, 6 e 8 indivíduos, respetivamente). A análise anteriormente realizada da evolução demográfica no concelho de Condeixa-a-Nova indiciava estas tendências ao nível da dinâmica natural da população, ao mesmo tempo que permite também pensar que algumas freguesias terão comportamentos diferentes que traduzirão um poder de atração diferenciado sobre populações exógenas (nomeadamente de Coimbra). Assim, considerando uma outra escala espacial de análise sublinha-se, para o ano de 2001, o crescimento natural positivo que Figura 36: Crescimento natural por freguesia no concelho de Condeixa-aNova, em 1991 e 2001 as freguesias de Condeixa-a-Nova e Condeixa-a-Velha apresentam, tendo presente que as restantes oito freguesias deste Município revelaram um crescimento natural negativo com decréscimos naturais entre -1 (Belide) e -12 (Ega) indivíduos. Em 1991, por comparação, a Freguesia de Condeixa-a-Velha registou um decréscimo natural (-9 indivíduos), ao passo que a Freguesia do Sebal apresentou um Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 crescimento natural ligeiramente positivo (3 indivíduos). 88 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 26: Movimentos da população por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 1991 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-aNova Condeixa-aVelha Ega Furadouro Sebal Vila Seca Zambujal Total Natalidade (N) Taxa de Natalidade (TN) Nº 6 0 1 2001 Mortalidade (M) Taxa de Mortalidade (TM) Crescimento Natural (CN) Taxa de Crescimento Natural (TCN) Natalidade (N) Taxa de Natalidade (TN) Mortalidade (M) Taxa de Mortalidade (TM) Crescimento Natural (CN) Taxa de Crescimento Natural (TCN) ‰ 4,96 0,00 8,33 Nº 14 5 1 ‰ 11,57 15,87 8,33 Nº -8 -5 0 ‰ -6,61 -15,87 0,00 Nº 9 1 0 ‰ 6,63 3,58 0,00 ‰ 14 2 4 Nº 10,32 7,17 34,19 Nº -5 -1 -4 ‰ -3,68 -3,58 -34,19 41 15,44 39 14,68 2 0,75 43 10,80 42 10,55 1 0,25 13 5,42 22 9,17 -9 -3,75 41 12,36 32 9,64 9 2,71 23 0 18 5 3 110 8,54 0,00 9,62 5,07 6,01 8,44 29 6 15 14 9 154 10,77 21,74 8,01 14,18 18,04 11,82 -6 -6 3 -9 -6 -44 -2,23 -21,74 1,60 -9,12 -12,02 -3,38 20 2 12 11 2 141 6,94 8,97 6,69 11,43 4,66 9,19 32 6 23 13 6 174 11,10 26,91 12,83 13,51 13,99 11,34 -12 -4 -11 -2 -4 -33 -4,16 -17,94 -6,13 -2,08 -9,32 -2,15 Fonte: INE 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 89 Os comportamentos descritos devem ser contextualizados no âmbito dos valores absolutos da população residente e no quadro da história do Concelho e do território. Efetivamente, é a freguesia mais populosa que revela uma tendência de evolução favorável da dinâmica natural na década mais recente, já que tendo presente, quer para 1991 quer para 2001, os resultados das taxas de natalidade e de mortalidade e correspondente crescimento natural, é esta freguesia que apresenta uma evolução favorável traduzida num acréscimo populacional. Os dados de 1991 já deixavam antever esta evolução, já que a dinâmica natural foi nas restantes freguesia e à exceção do Sebal negativa. Para o ano mais recente apenas as freguesias sede do Município e de Condeixa-a-Velha apresentam uma taxa de natalidade que supera a mortalidade. Destacam-se, pela negativa, os comportamentos que as restantes freguesias que apresentam os maiores quantitativos populacionais revelam (Ega, Sebal e Anobra apresentam, no contexto, taxas de crescimento natural menos desfavoráveis, ainda assim traduzindo uma perda populacional -4,16‰, -6,13‰ e -3,68‰, respetivamente). Figura 37: Taxas de natalidade e de mortalidade por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 (‰) Figura 38: Taxas de natalidade e de mortalidade por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 (‰) Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Figura 39: Taxas de natalidade, de mortalidade e de crescimento natural por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 (‰) Figura 40: Taxas de natalidade, de mortalidade e de crescimento natural por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 (‰) Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 90 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) A consideração da dinâmica das migrações internas para o concelho de Condeixa-a-Nova no ano de 2001, revela uma dinâmica semelhante à descrita com base no crescimento natural. Efetivamente, se o crescimento natural é ligeiramente negativo em 2001 (-33 indivíduos), o mesmo não se verifica ao analisar, quer o saldo das migrações internas, quer o saldo das migrações totais, que apresentam respetivamente valores positivos de 1258 e 1518 pessoas. Os imigrantes provenientes do estrangeiro representavam 1,7% da população residente, valor ligeiramente inferior ao registado no Continente (2,4%). Isto significa que o crescimento efetivo está relacionado sobretudo com a atração de população de outros territórios de Portugal. Quadro 27: Crescimento efetivo no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 Unidade Natalidade (N) Mortalidade (M) Crescimento Natural (CN) I Concelho I Estrangeiro E Concelho Saldo das Migrações Internas (SMI) Saldo da Migrações Totais (SMT) Crescimen -to Efetivo (CE) Condeixaa-Nova 141 174 -33 1 917 260 659 1258 1518 1485 Fonte: INE, Censos 2001, Lisboa Assim, a dinâmica demográfica positiva apresentada por Condeixa-a-Nova, em 2001, reflete as diferentes componentes da demografia (crescimento natural e saldo migratório), destacando-se o facto de apenas o saldo migratório ser positivo. O saldo das migrações, quer internas quer totais, regista efetivamente valores superiores ao crescimento natural, característica que traduz a capacidade de atração de populações que o Município de Condeixa-a-Nova apresenta. As razões que permitirão entender estes comportamentos devem ser procuradas quer na dinâmica económica do Concelho e no quadro produtivo, quer na posição que o este ocupa no contexto regional e a inserção numa área dinâmica do Centro Litoral, e a proximidade à cidade de Coimbra. 5.5 ESTRUTURA DA POPULAÇÃO: SEXO E IDADES A análise da evolução da população deve contemplar também o estudo das pirâmides etárias. Estas representações gráficas traduzem não apenas a imagem da população num dado momento, mas permitem uma leitura da perspetiva histórica dos acontecimentos que marcam a população representada ao longo de décadas de vida das gerações mais antigas. Consideram-se, para efeitos de análise, as pirâmides etárias relativas a 1991 e 2001 para as diferentes freguesias do Município de Condeixa-a-Nova, centrando a atenção nos respetivos perfis populacionais. Em paralelo, apresentam-se alguns índices que resumem o comportamento da estrutura etária da população. Conjuntamente com os dados avançados para a dinâmica natural da população permitem contextualizar e refletir sobre as principais características da população. A primeira conclusão a retirar da análise dos valores da população por escalão etário parece ser a crescente diminuição das classes mais jovens, prosseguida pelo aumento das classes mais idosas, o que espelha de modo 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 91 bastante claro a crescente tendência para o envelhecimento da população. Procedendo-se a uma análise mais pormenorizada dos grupos etários, verificamos que no Concelho a população adulta (25-64 anos) e a idosa (mais de 65 anos) sofreram um aumento desde 1981 (de 66,4% para 73,6%), enquanto que a população jovemadulta (15-24) e a jovem (0-14) decresceram no mesmo período (de 33,6% para 26,4%), facto que traduzindo um duplo envelhecimento que caracteriza a generalidade das sociedades dos países desenvolvidos deve merecer reflexão dada a rapidez em que se passou de uma sociedade com uma população jovem para uma outra envelhecida (a população de 65 anos ou mais representava 18,8% da população total em 2001). Considerando a evolução desde 1981 pode concluir-se que nem mesmo a posição privilegiada que o Concelho apresenta no contexto do Centro Litoral e a proximidade a Coimbra motiva algum rejuvenescimento da população, mesmo tendo em atenção a dinâmica económica observada neste território do Litoral. Esta evolução traduz uma perda de 16,3% de população jovem e um acréscimo de população de 65 ou mais anos (23,5%) entre 1981 e 2001. Por outro lado, a população jovem-adulta aumentou neste período 2,0%, facto que retrata a dinâmica demográfica anterior. Para o período mais recente detetam-se alguns comportamentos singulares. Figura 41: População concelho no concelho de Condeixa-a-Nova, segundo os grandes grupos etários, em 1981, 1991 e 2001 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Quadro 28: Grandes grupos etários no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1981, 1991 e 2001 Grupos etários 0 - 14 anos 15 - 24 anos 25 - 64 anos 65 anos ou mais Total 1981 Nº 2691 1768 6465 2333 13257 1991 % 20,30 13,34 48,77 17,60 100 Nº 2099 1838 6528 2562 13027 2001 % 16,11 14,11 50,11 19,67 100 Nº 2252 1804 8402 2882 15340 % 14,68 11,76 54,77 18,79 100 Fonte: INE-Portugal, Censos 1981, 1991 e 2001 92 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Efetivamente, a análise dos resultados da estrutura etária para Condeixa-a-Nova sublinham para o último período intercensitário, uma evolução demográfica no sentido do rápido envelhecimento da população, tendência que deve motivar uma séria reflexão, mesmo tendo presente que é menos expressiva que a registada para a Região Centro, alinhando aliás com a evolução registada em Portugal e nos países desenvolvidos. Com efeito, entre 1991 a 2001 mesmo aumentando o número de jovens em 7,3%, verifica-se em termos estruturais uma diminuição da população jovem (o grupo dos 0 aos 14 anos regista em termos estruturais uma diminuição de cerca de 1,4%), tendência que continua no grupo etário dos jovens adultos (15-24 anos), ocorrendo um decréscimo superior (cerca de 2,4%). A par da diminuição do peso da população jovem ocorre um aumento relativo em 4,7% da população adulta (2564 anos). A população idosa (65 anos ou mais) regista uma ligeira quebra em termos estruturais (-0,9%). Estes resultados expressam as alterações na variação populacional para os quatro grupos etários, já que o grupo dos jovens sofreu um acréscimo de 7,3%, o dos jovens-adultos uma diminuição de 1,8%, ao passo que o grupo dos 25 a 64 anos e dos 65 ou mais anos registaram um forte acréscimo (28,7% e 12,5%, respetivamente). Globalmente, como se viu o Concelho teve um acréscimo populacional expressivo de 17,8%. Quadro 29: Grandes grupos etários na região Centro, em 1991 e 2001 Grupos etários 0 - 14 anos 15 - 24 anos 25 - 64 anos 65 anos ou mais Total 1991 Nº 328 396 263 785 843 044 286 425 1 721 650 2001 % 19,07 15,32 48,97 16,64 100 Nº 352 388 322 118 1 217 213 456 678 2 348 397 % 15,01 13,72 51,83 19,45 100 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Tendo por comparação a evolução da estrutura demográfica para o período anterior (1981 a 1991), sublinha-se o facto de a tendência de envelhecimento não se ter reforçado, já que a diminuição dos jovens foi mais expressiva nesta década (-22,0% contra 7,3% nos anos 90). Mas, ao mesmo tempo, o acréscimo de população de 65 ou mais anos foi mais marcado na década mais recente (12,5% contra 9,8%). Estes resultados se não permitem concluir por uma inversão do comportamento descrito, indiciam um abrandamento na forma como a evolução da população se tem vindo a fazer. Por comparação, os valores obtidos para a Região Centro são idênticos, apresentando também para a classe dos 65 anos ou mais valores semelhantes (19,4% contra 18,8% no Concelho). A análise da Figura 42 denota um envelhecimento da população, que se traduz por um estreitamento da base (024 anos) e um alargamento sobretudo do grupo entre os 25 e os 59 anos. Também o topo da pirâmide (70-79 anos) apresenta um número de indivíduos superior em 2001. Ao decréscimo da população pertencente às classes etárias mais jovens (sobretudo dos 5 aos 19 anos) corresponde, naturalmente, um aumento da 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 93 população idosa (a partir dos 20 anos o número de indivíduos total é superior em 2001 em relação a 1991), não havendo diferenças significativas por sexo. No escalão etário dos 55 aos 59 anos, para o sexo masculino, e dos 80 aos 84, para o sexo feminino verifica-se um decréscimo da população. O escalão Figura 42: Pirâmide etária da população residente no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1991 a 2001 etário dos idosos apresenta valores ligeiramente superiores em 2001. O escalão etário dos 25 aos 39 anos apresenta um número muito maior de indivíduos no ano mais recente. Um último comentário sublinha o facto de o escalão etário dos 0 aos 4 anos para ambos os sexos ser não só superior em 2001, como apresenta mais indivíduos do que o escalão etário seguinte, facto que pode indiciar uma tendência de rejuvenescimento da população que só o futuro poderá confirmar. O perfil da pirâmide, indiciando elementos de envelhecimento da população, traduz também o comportamento das variáveis do crescimento efetivo que refletem, como vimos, a dinâmica socio-económica e a proximidade a um centro urbano de importância nacional. Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Os valores do índice de envelhecimento refletem esta evolução, uma vez que para o total da população passou de 122,1% em 1991 para 128,0% em 2001. Isto significa que por cada 100 jovens existiam 122 e 128 idosos em 1991 e 2001, respetivamente. Trata-se de valores superiores ao observados no Continente, já que esta relação era no Continente de 69,5% em 1991, evoluindo para 104,5% em 2001. Considerando os valores por sexo, o escalão etário das mulheres apresenta índices de envelhecimento superiores e mais expressivos (153,7% contra 103,1%, sendo que em 1991 eram de 145,5% e 99,0%, respetivamente). Os valores registados para o Continente são, nos dois anos e para ambos os sexos, inferiores. Esta evolução traduz a dinâmica natural da população em que as mulheres morrem menos e também migram em menor número. 94 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 30: Índice de envelhecimento e coeficiente de dependência por freguesia no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila Seca Zambujal Total H 1991 110,5 80,0 100,0 64,6 87,3 101,9 268,8 90,3 167,7 237,5 99,0 Índice de envelhecimento (%) M HM 2001 1991 2001 1991 2001 134,7 122,7 195,1 116,7 161,5 193,3 154,5 200,0 111,5 197,2 171,4 1000,0 271,4 250,0 221,4 61,8 137,1 122,8 100,4 92,0 69,7 110,3 97,6 98,8 82,8 125,2 144,7 181,1 123,4 152,8 300,0 263,2 427,3 265,7 370,0 115,7 132,9 161,0 111,1 137,4 245,2 236,2 221,5 200,8 230,8 333,3 283,9 386,4 263,6 362,5 103,1 145,5 153,7 122,1 128,0 H 1991 59,4 53,5 51,3 51,0 51,0 52,7 80,8 54,0 55,0 55,1 53,7 Coeficiente de dependência (%) M HM 2001 1991 2001 1991 52,9 65,9 55,2 62,6 50,0 53,8 75,0 53,7 48,7 56,4 78,8 53,8 45,0 50,8 47,0 50,9 42,1 51,1 41,5 51,1 50,5 58,7 60,5 55,8 53,7 92,0 93,5 86,5 49,6 60,4 53,5 57,3 48,0 60,2 68,3 57,7 66,7 78,3 84,3 66,9 47,6 57,5 52,8 55,7 2001 54,0 62,2 62,5 46,1 41,8 55,5 72,9 51,6 58,2 75,8 50,3 0 a 14 1991 2001 17,8 13,4 16,5 12,9 10,0 12,0 16,8 16,4 17,0 16,1 16,0 14,1 12,7 9,0 17,3 14,3 12,2 11,1 11,0 9,3 16,1 14,7 HM (%) 15 a 64 1991 2001 61,5 64,9 65,1 61,6 65,0 61,5 66,3 68,4 66,2 70,5 64,2 64,3 53,6 57,8 63,6 66,0 63,4 63,2 59,9 56,9 64,2 66,5 65 e + 1991 2001 20,7 21,7 18,4 25,4 25,0 26,5 16,9 15,1 16,8 13,4 19,8 21,6 33,7 33,2 19,2 19,7 24,4 25,7 29,1 33,8 19,7 18,8 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 95 A análise comparativa das pirâmides etárias relativas a 1981 e 2001 reforça os comentários anteriormente realizados. Tomando os valores de 1981 como referência, observam-se perfis de população semelhantes aos descritos anteriormente. A perda de população nos escalões etários jovens (0 a 19 anos) está bem expressa na pirâmide de 1981. Os perfis foram, entretanto, alterados, facto que reflete os aspetos anteriormente referidos. A consideração da pirâmide relativa ao ano de 1950 sublinha a tendência de envelhecimento da população, uma vez que os escalões etários jovens perderam população (entre os 0 e os 24 anos), sendo que a partir dos 25 anos existem mais indivíduos em 2001. As classes etárias correspondentes aos idosos refletem esta tendência de forma clara. Figura 43: Pirâmide etária da população residente no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1981 a 2001 Figura 44: Pirâmide etária da população residente no concelho de Condeixa-a-Nova, de 1950 a 2001 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 A evolução ocorrida nas décadas mais recentes reflete, assim, um cenário de marcado envelhecimento da população (mesmo tendo em atenção alguns elementos que poderão inverter as tendências do passado recente) que deve motivar, desde logo, a definição de novas políticas de desenvolvimento privilegiando não só a vertente social de apoio aos idosos e às crescentes necessidades ao nível da saúde e da participação na sociedade, mas 96 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) também de investimento em atividades que permitam fixar população, valorizando o quadro produtivo e o património natural e histórico-cultural do Município. A leitura dos resultados do coeficiente de dependência ajuda também a refletir sobre a necessidade de definir políticas ativas no que diz respeito à população. Efetivamente, ocorreu uma diminuição do valor deste coeficiente entre 1991 e 2001, de 55,7% para 50,3%, o que significa que para cada 100 indivíduos potencialmente ativos em 1991 e 2001 existiam respetivamente 56 e 50 não ativos. Quer isto dizer que não só ocorreu uma diminuição do peso dos não ativos em relação aos potencialmente ativos, mas também que, como vimos, são cada vez menos os jovens e mais os idosos no concelho de Condeixa-a-Nova, facto que deve ser considerado na interpretação deste coeficiente. Naturalmente, pelo que foi dito, esta tendência é mais acentuada no caso do sexo masculino dado que os valores do coeficiente de dependência são geralmente superiores nas mulheres. A título de comparação, os valores do Continente refletindo a mesma realidade, revelam tendências ainda mais visíveis no sentido da relação dos não ativos ser menor em relação aos ativos, uma vez que o número de ativos é maior. Esta leitura deve ser realizada com algum cuidado, já que diminuindo o número de jovens não se verifica uma evolução no mesmo sentido dos idosos, logo as políticas sociais tenderão a ter mais peso nas estratégias de desenvolvimento dos territórios. Traduzindo a análise das pirâmides etárias para as diferentes freguesias do concleho, um quadro geral de diminuição da população nos escalões etários correspondentes aos jovens e aumento nos outros dois grupos (e, sobretudo, no escalão dos adultos), deve sublinhar-se a semelhança do perfil populacional observado nas freguesias que se identificaram como sendo as mais populosas (Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha, Ega, Sebal e Anobra). Mas, de forma evidente se observa que as Freguesias de Condeixa-a-Nova e Condeixa-aVelha caracterizam uma população com um nítido fenómeno de rejuvenescimento da população, uma vez que os escalões etários dos jovens, e, em particular, dos 0 aos 4 anos apresentam um quantitativo de indivíduos em 2001 muito superior. A Freguesia de Ega também apresenta neste escalão etário um número de indivíduos maior no ano de 2001. Mas, por comparação nos escalões dos 5 aos 24 anos o número de pessoas é em 1991 superior. Anobra reflete de forma clara a proximidade a Coimbra, dado que os escalões dos adultos-jovens (sobretudo dos 20 aos 29 anos) apresentam um número de indivíduos maior no último recenseamento. No caso da pirâmide referente à Freguesia do Sebal, sendo os perfis semelhantes destaca-se a existência nos escalões etários dos jovens e jovens-adultos (0 a 29 anos) de um menor número de indivíduos em 2001. Para os restantes escalões etários os perfis para ambos os sexos são semelhantes nos dois anos considerados. Por outro lado, a análise do perfil das pirâmides etárias para as restantes freguesias que se caracterizam, como se viu, por apresentar reduzidos quantitativos populacionais, revelam comportamentos que põem em destaque um cenário caracterizado pelo evidente envelhecimento da população, dado o marcado perfil regressivo que as 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 97 pirâmides etárias revelam. Este comportamento traduz de alguma forma a posição que estas freguesias apresentam no contexto do Município. Figura 45: Pirâmide etária da população residente por freguesia, de 1991 a 2001 Freguesia de Anobra Freguesia de Belide Freguesia de Bendafé Freguesia de Condeixa-a-Nova Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 98 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) (continuação) Freguesia de Condeixa-a-Velha Freguesia de Ega Freguesia de Furadouro Freguesia de Sebal Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 99 (continuação) Freguesia de Vila Seca Freguesia de Zambujal Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Neste quadro, as Freguesias de Condeixa-a-Nova e de Condeixa-a-Velha apresentam os menores índices de envelhecimento do Município (92,0% e 82,8%, respetivamente), inferiores mesmo ao valor do Continente (104,5%), facto que deve ser destacado, apesar de continuar a ser um resultado elevado que reflete o evidente envelhecimento da população. Ega, Sebal e Anobra apresentando valores mais elevados (152,8%, 137,4% e 161,5%, respetivamente), revelam comparativamente comportamentos menos favoráveis, dado serem freguesias populosas. As restantes freguesias apresentam índices de envelhecimento mais elevados, entre 197,2% em Belide e 370,0% no Furadouro. As freguesias localizadas a Sudeste no setor de serra apresentam os índices de envelhecimento mais expressivos do Município (Zambujal tem um valor próximo do Furadouro: 362,5%). Globalmente, estes valores refletem a dinâmica populacional e económica da área e o enquadramento no seio do Centro Litoral. Em síntese e como se procurou demonstrar, a população do Concelho tem envelhecido, acompanhando aliás a tendência de quase todo o país, mesmo sendo detetados alguns comportamentos no sentido de algum rejuvenescimento populacional nas freguesias com maiores quantitativos populacionais. Este facto parece estar relacionado segundo os especialistas não só com a mudança de mentalidades, o que se reflete na diminuição do número de filhos por casal, mas também na procura de melhores condições de vida por parte da população ativa jovem e em idade de procriar que encontra, mais facilmente, na sede de freguesia e nas freguesias “industriais” 100 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) ou com empregos terciários do município de Condeixa-a-Nova, trabalho, habitação e melhores condições sociais e culturais. 5.6 CONDIÇÃO PERANTE A ATIVIDADE ECONÓMICA, OCUPAÇÃO DOS ATIVOS, EMPREGO E DESEMPREGO Integrado estatisticamente na sub-região do Baixo Mondego, o concelho de Condeixa-a-Nova, é um Concelho de génese rural (basicamente apoiado nas atividades agropecuárias), mas que nos últimos 20 anos passou por profundas transformações a todos os níveis da sociedade e do território, ao ponto de, hoje, se afirmar, como um Concelho essencialmente urbano, onde predominam as atividades terciárias e secundárias. As transformações sentidas tiveram repercussões, entre outras, ao nível da distribuição da população residente perante a atividade económica. Em 2001, os 15340 residentes no concelho de Condeixa-a-Nova, agrupavam-se da seguinte forma, quando analisados em função da sua condição perante a atividade económica: 45% dos residentes tinham atividade económica, 40% não desenvolviam atividade económica e os restantes 15% eram crianças e jovens até aos 14 anos. Relativamente à década anterior, registou-se uma importante evolução, no sentido do aumento de quase 5% da população com atividade económica (em 1991 era de 40%) e da diminuição em quase 8% da população inativa (em 1991 era de 47,5%). Figura 46: Situação da população residente perante a atividade económica, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 15% 39% População até 14 anos População com actividade económica População sem actividade económica 46% Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 À data de março de 2001, a população ativa total em Condeixa-a-Nova totalizava os 7014 indivíduos, sendo a taxa de atividade (45,7%) ligeiramente inferior à da sub-região do Baixo Mondego (46,8%). Do mesmo modo, a taxa de desemprego (5,5%), no mesmo momento, era inferior à do Baixo Mondego (6,4%), traduzindo uma posição semelhante do mercado de emprego local relativamente à sub-região onde Condeixa-a-Nova se integra. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 101 Quadro 31: Evolução da população segundo a condição perante a atividade económica em Condeixa-a-Nova, entre 1991 e 2001 1991 Condição perante a Atividade Económica População com Atividade Económica (População Ativa) População sem Atividade Económica Empregada Desempregada Total Estudante Doméstica Reformada Incapacitados p/ o trabalho Outras Total População Total do Concelho 2001 N.º % N.º % 4995 271 5266 1167 1286 3174 112 453 6192 13027 94,9 5,1 100,0 18,8 20,8 51,3 1,8 7,3 100,0 - 6626 388 7014 1054 806 3293 614 307 6074 15340 94,5 5,5 100,0 17,4 13,3 54,2 10,1 5,1 100,0 - Fonte: INE-Portugal, Censos 1991; Rede Social – Diagnóstico Social de Condeixa-a-Nova Entre 1991 e 2001, verificou-se um aumento da população ativa tanto em termos relativos, passando de 40,6% para 45,7%, como em termos absolutos (mais 1748 ativos). Esse crescimento (33%) terá sido possível graças a alterações estruturais na repartição etária da população que favorecem os escalões em idade ativa (para o qual contribuiu o aumento expressivo do movimento migratório – em 2001, o saldo migratório de Condeixa-a-Nova foi o maior do Baixo Mondego e na ordem dos 23%) e uma entrada progressiva de mão de obra feminina no mercado de trabalho (o desemprego feminino diminuiu). No mesmo período, a população sem atividade económica (reformados, domésticas, etc.) também diminuiu (passou de 47,5%, em 1991, para 40%, em 2001, ou seja, menos 118 indivíduos sem atividade económica). Quadro 32: Evolução dos indicadores do mercado de trabalho, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1991 e 2001 Indicadores População Total População Empregada População Desempregada População Ativa (%) Taxa de Atividade Feminina (%) Taxa de Desemprego (%) Taxa de Desemprego Feminina (%) Condeixa-a-Nova 1991 2001 13027 15340 4995 6626 271 388 40,4 45,7 31,2 39,5 5,1 5,5 9,0 7,3 Baixo Mondego 1991 2001 328858 340309 136532 149108 8553 10194 44,1 46,8 35,7 41,3 5,9 6,4 8,5 8,3 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Na distribuição sectorial dos ativos observa-se hoje uma preponderante afetação ao setor terciário (70%), face aos setores secundário (28%) e primário (2%), concordante, em termos estruturais, com a repartição sectorial do Baixo Mondego, e em consonância com a estrutura mais corrente dos sistemas económicos, onde é preponderante o setor terciário, seguido do secundário e, por fim, pelo primário. 102 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Nos últimos 20 anos, a estrutura económica do concelho de Condeixa-a-Nova tem sofrido expressivas e estruturais alterações, verificando-se uma clara diminuição de ativos afetos ao setor primário e um contínuo reforço dos setores secundário e terciário. Com efeito, em 1981, a repartição sectorial dos ativos fazia-se de forma mais ou menos equilibrada, ainda que o setor primário não fosse dominante na economia concelhia: representava cerca de 30,5% da população ativa, enquanto que, em 2001, esse valor decresceu para os 2,2%. Em contrapartida, o setor terciário que, há vinte anos atrás afetava 38,1% da população ativa, representa, hoje, 70% da população ativa, constituindo-se, assim, como o setor mais representativo em Condeixa-a-Nova. Por sua vez, o setor secundário tem vindo a aumentar o seu peso relativo, ainda que a um ritmo mais lento que o do setor terciário: em 1981, representava 31,4% da população ativa, tendo esse valor subido em 1991 para os 34,9% e apresentando em 2001 um valor muito próximo ao registado nas duas décadas anteriores (28,1%). Figura 47: Evolução da população por setores de atividade económica, em Condeixa-a-Nova, entre 1981 e 2001 Fonte: INE-Portugal, Censos 1981, 1991 e 2001 Ao nível das freguesias, os grandes grupos a salientar relativamente à afetação da população aos setores de atividade económica, são: freguesias com peso superior ao do Concelho em termos de ativos no setor primário (>2,2%): Furadouro e Zambujal; freguesias com um peso significativo de ativos no setor secundário (>28,1%): todas, menos Condeixaa-Nova, Condeixa-a-Velha e Vila Seca; freguesias com um número de ativos no setor terciário superior à média concelhia (>69,8%): Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha e Vila Seca. Esta distribuição define claramente as freguesias urbanas, mais terciarizadas (Condeixa-a-Nova e Condeixa-aVelha) e as freguesias rurais (Zambujal e Furadouro). 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 103 Quadro 33: População residente empregada segundo o setor de atividade económica, em Condeixa-a-Nova, por freguesia, em 2001 Unidade Territorial Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro :Sebal Vila Seca Zambujal Condeixa-a-Nova Setores de Atividade Económica Primário 2,2 0,9 0,0 0,4 3,1 2,7 21,7 1,8 1,3 6,1 2,2 Secundário 43,3 32,1 33,3 19,8 23,5 34,8 36,2 34,6 26,1 32,1 28,1 Terciário 54,5 67,0 66,7 79,7 73,3 62,5 42,0 63,6 72,6 61,8 69,8 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 Em 2001, a atividade económica desenvolvida no Município gerou um total de 4202 empregos. Os ramos que maiores volumes de emprego afetavam eram o comércio grosso e a retalho (17%), a construção (14%) e a fabricação de outros produtos minerais não metálicos (indústria cerâmica). Os ramos da educação e da saúde e ação social, educação e a Administração pública também tinham afetações significativas (8,4%, 7,3% e 6,8%, respetivamente). Quadro 34: Emprego por ramo de atividade no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 Ramo de atividade Agricultura, produção animal, caça e silvicultura Pesca Indústrias extrativas com exceção da extração de produtos energético Indústrias alimentares, das bebidas e do tabaco Indústria têxtil Indústria do couro e dos produtos de couro Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras Indústrias de pasta, de papel e cartão e seus artigos; edição e impressão Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas ou artificiais Fabricação de outros produtos minerais não metálicos Indústrias metalúrgicas de base e de produtos metálicos Fabricação de máquinas e de equipamentos, N.E. Fabricação de equipamento elétrico e de ótica Fabricação de material de transporte Indústrias transformadoras, N.E. Produção e distribuição de eletricidade, de gás e água Construção Comércio grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis, motociclos e de bens de uso pessoal e doméstico Alojamento e restauração (restaurantes e similares) Transportes, armazenagem e comunicações Atividades financeiras Atividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas Administração pública, defesa e segurança social (obrigatória) Educação Saúde e ação social Outras atividades e serviços coletivos, sociais e pessoais Famílias com empregados domésticos Total N.º 134 5 54 213 59 3 42 9 45 475 38 20 12 8 15 6 592 % 3,2 0,1 1,3 5,1 1,4 0,1 1,0 0,2 1,1 11,3 0,9 0,5 0,3 0,2 0,4 0,1 14,1 717 17,1 230 171 57 165 285 306 353 97 91 4202 5,5 4,1 1,4 3,9 6,8 7,3 8,4 2,3 2,2 100,0 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 104 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) O emprego mais recente (pessoas ao serviço), de acordo com os Quadros de Pessoal, aumentou mais de metade (53%) no espaço de apenas uma década (1995 a 2005), ou seja, neste período, mais 950 pessoas passaram a trabalhar em empresas por conta de outrem. Este acréscimo de trabalhadores por conta de outrem foi repartido pela maioria das atividades, à exceção das atividades ligadas aos setores da “Agricultura, Produção Animal, Caça e Silvicultura”, às Atividades Extrativas e às “Atividades Financeiras”, que, no mesmo período, apresentaram uma variação negativa. Por sua vez, as atividades que mais cresceram, em termos relativos, ao nível do emprego, foram a “Educação”, as “Atividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços às Empresas”, os “Outros Serviços Coletivos Sociais e Pessoais”, e os “Transportes, Armazenagem e Comunicações”, todas com taxas de crescimento acima de 300%. Esta evolução, confirma e reforça a tendência para a terciarização da economia do Concelho, sendo certo que todas as atividades ditas terciárias, com exceção das “Atividades Financeiras”, registaram incrementos ao nível do emprego. Quadro 35: Evolução do emprego (pessoas ao serviço), no concelho de Condeixa-a-Nova, no período 1995-2005 Atividades (CAE Rev.2) N.º Pessoas Peso da Atividade 2005 25 1995 2005 Taxa Var. (%) A Agricultura, P.animal, Caça, Silvicultura. 1995 43 2,4 0,9 -41,9 C Indústrias Extrativas 82 50 4,6 1,8 -39,0 D Industrias Transformadoras 775 857 43,2 31,2 10,6 E Prod. Distrib. Eelect., Gás, Água 4 0 0,2 0,0 -100,0 F Construção 129 247 7,2 9,0 91,5 G Comércio Grosso e a Retalho 294 563 16,4 20,5 91,5 H Alojamento, Restauração 102 142 5,7 5,2 39,2 I Transportes, Armaz. e Comunicações 47 211 2,6 7,7 348,9 J Atividades Financeiras 45 41 2,5 1,5 -8,9 K Act. Imobili. Alug. Serv. Empresas. 16 110 0,9 4,0 587,5 L Adm. Publica, Defesa, Segurança Social 8 36 0,4 1,3 350,0 M Educação 3 26 0,2 0,9 766,7 N Saúde e Ação Social 230 353 12,8 12,9 53,5 O O. Act. Serv. Colec. Sociais e Pess. 18 1796 85 2746 1,0 100,0 3,1 100,0 372,2 52,9 Total Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. O desemprego, à imagem de outros indicadores, não tem penalizado de forma excessiva o concelho de Condeixa-a-Nova, quando comparado com outros concelhos da sub-região. Segundo dados do INE, relativos aos Censos 2001, a taxa de desemprego em 2001 (5,5%), é ligeiramente superior à registada em 1991 (5,1%), mas inferior à do Baixo Mondego, em 2001 (6,4%). A leitura dos dados disponibilizados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional, relativos a novembro de 2007 e maio de 2010, relativamente ao desemprego, permite conhecer a sua evolução e suas características 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 105 mais recentes em Condeixa-a-Nova, que, no ano mais recente, totalizavam os 536 indivíduos, mais 68 pessoas do que em 2007. Do conjunto dos desempregados, mais de metade são mulheres (56%) e 85% dos mesmos procura o seu ”1º emprego” e a maioria situa-se entre os 25 e 54 anos (70%). É de extrema importância sublinhar que cerca de 36% dos desempregados possui o ensino secundário e/ou superior, valor que diminuiu significativamente entre 2007 e 2010), e mantendo-se superior aos cerca de 27% que possui até ao 4º anos de escolaridade, correspondentes ao atual 1º Ciclo do Ensino Básico. Quadro 36: Características do desemprego no concelho de Condeixa-a-Nova, em 11/2007 e 5/2010 Características Sexo Grupo Etário Categoria Níveis de escolaridade Descrição 2007 (novembro) 2010 (maio) N.º % Nº % Homens 195 41,7 236 44,0 Mulheres Jovens (<25 anos) 273 58,3 300 56,0 80 17,1 64 11,9 Adultos (25 a 54 anos 305 65,2 376 70,1 Adultos (> 55 anos) 83 17,7 96 17,9 1º Emprego 72 15,4 31 5,8 Novo Emprego 396 84,6 505 94,2 < 1º CEB 18 3,8 15 2,8 1º CEB 102 21,8 130 24,3 2º CEB 66 14,1 76 14,2 3ºCEB 79 16,9 122 22,8 Secundário 99 21,2 129 24,1 Superior 104 22,2 64 11,9 468 - 536 - Total desempregados Fonte: Instituto do Emprego e Formação Profissional, Desemprego Registado por Concelho - Estatísticas Mensais Embora não se conhecendo os dados oficiais da população atual com e sem atividade económica, os dados mais recentes do desemprego de Condeixa-a-Nova não fazem antever, no atual cenário conjuntural menos positivo do país, uma taxa muito diferente da registada em 2001, já que, embora com um número de empregados superior, também se estima que a população de Condeixa seja bastante superior à de 2001 (o INE Estimava, para 31 dezembro de 2009, 18058 pessoas). Desta forma, Condeixa evidencia uma consistente estrutura económica, capaz de impedir o aumento do desemprego, ao contrário do que se tem verificado um pouco por todo o país. 5.7 MOBILIDADE PENDULAR E RESIDENCIAL - COMPLEMENTARIDADES INTERCONCELHIAS Um aspeto essencial na análise socioeconómica de um determinado território é a avaliação do seu grau de integração e de interdependências territoriais com a envolvente regional. Essa avaliação só pode ser feita com 106 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) recurso ao estudo dos fluxos de pessoas, bens e capitais que se estabelecem entre o Concelho e todo o restante território regional e nacional. Apesar do sistema estatístico nacional não se encontrar vocacionado para a apreensão das dinâmicas económicas intermunicipais, é possível captar algumas tendências, nomeadamente a mobilidade, através da análise dos fluxos de pessoas, partindo dos movimentos pendulares casa/trabalho e casa/escola. A título de enquadramento, refira-se que a análise da mobilidade (que mede as deslocações pendulares), é feita utilizando os dados estatísticos dos Recenseamentos Gerais da População (INE), nos quais a desagregação dos movimentos de entradas e saídas se faz em duas vertentes, nomeadamente "por motivo" e “espacialmente”. Assim, o motivo desagrega-se em estudo ou trabalho e espacialmente, as deslocações são para o interior e para o exterior do Concelho. Numa abordagem inicial e genérica, os dados estatísticos relativos aos fluxos pendulares de e para o concelho de Condeixa-a-Nova, permitem constatar que, num Concelho com 15340 indivíduos residentes, trabalham e estudam 5591 pessoas, das quais 77,5% residem no Concelho e os restantes 22,5% são residentes de outros concelhos, maioritariamente de concelhos vizinhos. Quanto à mobilidade pendular, Condeixa-a-Nova, segundo dados de 2001, gerou um total de 8905 deslocações, das quais 74%, por motivo de trabalho, e os restantes 26% por motivo de estudo. Dos que se deslocaram por motivo de estudo, 1325 permaneceram no Concelho e 954 dirigiram-se para o exterior, essencialmente para Coimbra (826 pessoas), Soure (36 pessoas), Penela (13 pessoas) e Porto (10 pessoas); dos que se deslocaram por motivo de trabalho, 3010 não necessitaram de sair do Concelho para aceder ao seu posto de trabalho, embora 3616 o fizessem diariamente. Quadro 37: Movimentos pendulares de e para o concelho de Condeixa-a-Nova por motivos de trabalho e de estudo, em 2001 MOVIMENTOS PENDULARES Motivo Trabalho Estudo Total ENTRADAS em Condeixa-a-Nova De CondeixaDe outros a-Nova concelhos Total 3010 1192 4202 SAÍDAS de Condeixa-a-Nova Para Condeixa- Para outros a-Nova Concelhos Total 3010 3616 6626 1325 64 1389 1325 954 2279 4335 1256 5591 4335 4570 8905 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 Com um volume diário bastante significativo de entradas mas, sobretudo, de saídas do concelho de Condeixa-aNova, o saldo que resulta daqueles movimentos perfaz um total de 3314 indivíduos a desfavor de Condeixa-aNova. Ou seja, ao número de deslocações diárias a partir de outros concelhos, para Condeixa-a-Nova (1256 deslocações) é subtraído o número de deslocações dos residentes em Condeixa-a-Nova para o exterior (4570 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 107 deslocações) traduzindo-se num saldo pendular negativo de -3314. Este saldo é revelador da grande dependência de Condeixa-a-Nova face à oferta de ensino e de emprego, existente na envolvente, sobretudo em Coimbra. Figura 48: Movimentos pendulares de e para o concelho de Condeixa-a-Nova, por motivo de deslocação, em 2001 Total Estudo Trabalho -4000 -2000 0 Saídas 2000 4000 Entradas 6000 8000 Saldo Pendular 10000 Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 5.7.1 Entradas em Condeixa-a-Nova A capacidade atrativa de Condeixa-a-Nova por motivos de emprego é exercida essencialmente sobre os residentes de Coimbra (502 trabalhadores) e Soure (301 trabalhadores) que se deslocam a Condeixa-a-Nova para trabalhar, devido à proximidade física, mas também às fortes relações de vizinhança que existem entre estes concelhos. As deslocações diárias para estudo no Concelho de Condeixa-a-Nova são significativas (1389 deslocações), embora a esmagadora maioria corresponda a deslocações internas (1325 estudantes), sendo que as restantes (entradas em Condeixa por motivo de estudo), mas que não são expressivas, têm origem, essencialmente, em Coimbra (24 alunos), Soure (14 alunos) e Montemor-o-Velho (11 alunos). 5.7.2 Saídas de Condeixa-a-Nova A atração exercida sobre os residentes de Condeixa-a-Nova por motivos de trabalho é dominada, como seria de esperar, por Coimbra (2513 residentes), sendo secundada pelos concelhos vizinhos de Soure (128 trabalhadores), Pombal (123 trabalhadores). 108 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Relativamente às saídas, verifica-se que o principal recetor de estudantes de Condeixa-a-Nova é o concelho de Coimbra (826 alunos). Soure e Penela atraem alguns estudantes (36 e 13 alunos, respetivamente). A polarização de Coimbra é inquestionável. Quadro 38: Entradas e saídas diárias no concelho de Condeixa-a-Nova, por motivos de trabalho e estudo, por principais origens e destinos, em 2001 MOTIVO TRABALHO ENTRADAS (Total) Condeixa-a-Nova Coimbra Soure Pombal Penela Montemor Miranda do Corvo Ansião Outros concelhos SAÍDAS (Total) Condeixa-a-Nova Coimbra Soure Pombal Lisboa Leiria Penela Montemor-o-Velho Outros concelhos MOTIVO ESTUDO N.º 4202 3010 502 301 71 57 51 40 39 131 6626 3010 2513 128 123 113 61 52 41 585 % 100 71,6 11,9 7,2 1,7 1,4 1,2 1 0,9 3,1 100 45,4 37,9 1,9 1,9 1,7 0,9 0,8 0,6 8,8 N.º 1389 1325 24 14 11 6 % 100 95,4 1,7 1 0,8 0,4 Condeixa-a-Nova Coimbra Soure Penela Porto Lisboa 9 2279 1325 826 36 13 10 9 0,6 100 58,1 36,2 1,6 0,6 0,4 0,4 Outros concelhos 60 2,6 ENTRADAS (Total) Condeixa-a-Nova Coimbra Soure Montemor-o-Velho Penela Outros concelhos SAÍDAS (Total) Fonte: INE-Portugal, Censos 2001 Em síntese, os fluxos de pessoas que se estabelecem entre Condeixa-a-Nova e a sub-região em que este se insere são de bastante importância, evidenciando fortes relações de complementaridade, sendo especialmente importante a relação que se estabelece com a capital de distrito, com a qual se estabelecem elevados movimentos pendulares residência-trabalho, que encontram paralelo com o crescimento urbanístico que o Concelho tem experimentando nos últimos anos. Diariamente entram em Condeixa-a-Nova 1256 indivíduos para trabalhar e/ou estudar (dos quais 526 provêm de Coimbra – 42%) e saem 4570 indivíduos (dos quais 3339 com destino a Coimbra – 73%), sendo que o diferencial entre estes dois movimentos dá um saldo desfavorável ao Concelho de 3314 indivíduos. Noutra perspetiva, a mobilidade residencial, avaliada pelos dados do INE, que permitiram quantificar as pessoas residentes em Condeixa, em 2001, que 5 anos e 15 anos antes residiam noutros concelhos, permite evidenciar a capacidade atrativa deste Concelho ao nível habitacional. Com efeito, as deslocações pendulares já evidenciam a enorme complementaridade existente em termos económicos entre Condeixa e alguns concelhos vizinhos (com Coimbra em destaque). No presente caso, a mobilidade residencial, reforça aqueles sinais. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 109 Entre 1995 e 2001 fixaram-se 1917 novos habitantes no Concelho, provenientes, sobretudo de municípios limítrofes, nomeadamente, Coimbra (1403 pessoas); Montemor-o-Velho (8 pessoas); Soure (81 pessoas), Penela (26 pessoas), Miranda do Corvo (18 pessoas) ou mais distantes, nomeadamente Pombal (32 pessoas), Lisboa (31 pessoas), Viseu (22 pessoas), Figueira da Foz (16 pessoas) e Sintra (13 pessoas). Pelo contrário, deixaram de residir no Concelho, entre 1995 e 2001, 659 pessoas, destacando-se Coimbra e Soure como os maiores recetores de população proveniente de Condeixa. Ainda assim, o saldo foi favorável a Condeixa-aNova. Na década de 90, enquadrada pelo contexto recessivo do crescimento natural, a dinâmica de crescimento populacional, inserindo-se na evolução da estrutura funcional do sistema urbano polarizado pela cidade de Coimbra, teve essencialmente origem no saldo migratório francamente positivo verificado neste Concelho. As boas acessibilidades do município de Condeixa-a-Nova a Coimbra, a existência de terrenos e habitação a preços relativamente baixos no Concelho, aliadas ao congestionamento populacional e consequente diminuição do nível de qualidade de vida da cidade de Coimbra, estarão na origem da expansão da função residencial para o concelho de Condeixa-a-Nova. É de referir, também, que esta capacidade atrativa fez-se notar, sobretudo, depois de 1995. Dez anos antes, no período que decorre entre 1985 e 1991, o município tinha acolhido apenas 509 novos residentes em paralelo com a saída de 355 indivíduos para residir noutros municípios. Figura 49: Mobilidade residencial para e de Condeixa: população residente em Condeixa que 5 anos e 10 anos antes residia noutros concelhos Coimbra Montemor-o-Velho Coimbra Montemor-o-Velho # # 165 242 # # 12 19 1043 209 16 # 4 # 52 24 # Soure 36 8 3 9 18 # Soure 105 # Miranda do Corvo Condeixa-a-Nova 30 # Penela Mobilidade Residencial (1985-1991) 19 81 26 Miranda do Corvo Condeixa-a-Nova # # Penela Mobilidade Residencial (1995-2001) Fonte: FCTUC, Laboratório de Urbanismo, Transportes e Vias de Comunicação do Departamento de Engenharia Civil 110 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 5.8 OFERTA DE FORMAÇÃO, NÍVEL DE INSTRUÇÃO E QUALIFICAÇÃO DO EMPREGO A instrução (qualificação dos recursos humanos no plano escolar) e a qualificação profissional (nível de competências) são condições essenciais para a qualificação do tecido económico, para sustentar processos de desenvolvimento e proporcionar a melhoria da qualidade de vida das populações. A avaliação da disponibilidade de estruturas capazes de proporcionar a transformação da mão de obra potencial em mão de obra qualificada é um aspeto que deve ser considerado em abordagens como esta. A oferta de recursos de competências sustenta-se no sistema formal de ensino e no sistema de formação (ensino profissional,...) que exerce uma função de complemento do primeiro, compensando a desadequação existente entre a oferta do sistema de ensino e a procura do sistema produtivo, sendo esta a maior causa dos desajustamentos entre oferta e procura no mercado de trabalho. Em Condeixa-a-Nova existem, atualmente, três entidades que asseguram a formação profissional: o Instituto Técnico Artístico Profissional (ITAP), a Santa Casa da Misericórdia (SCM) e a Associação da Ega. O ITAP, cuja criação se encontra alicerçada precisamente no acréscimo das necessidades sentidas a nível concelhio (da população em geral, de agentes económicos e de associações), assegura o ensino profissional e tecnológico. No ano letivo 2006/2007, o único curso ministrado teve 22 alunos. Entre as ações de formação profissional desenvolvidas pela SCM saliente-se, no âmbito do Projeto Luta Contra a Pobreza, o Espaço Mulher. Este, criado em 2001 e funcionando até 2004, encontrava-se exclusivamente orientado para a população feminina e tinha como objetivo aumentar as qualificações profissionais de mulheres subescolarizadas ou sub-qualificadas. Recentemente, a Autarquia em parceria com a Associação Industrial Portuguesa, promoveu Projeto DIQUAL-QA – um curso que visou a formação e aumento das competências dos dirigentes técnicos superiores e funcionários em geral do município. Sendo a generalização do acesso e uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC) pela população, condição essencial para o desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento, foram criados dois espaços públicos de sociabilização dos cidadãos com as TIC. Deste modo, procura-se promover uma maior igualdade no acesso às TIC e aumentar as competências informáticas da população, diminuindo a problemática da infoexclusão. Estes espaços encontram-se em funcionamento na Casa Museu Fernando Namora e na Biblioteca Municipal. O espaço internet da Casa Museu Fernando Namora, em funcionamento desde novembro de 2005, tem registado um crescimento do número de utentes, atingindo um total de 1.617 utentes (média de 147 utentes por mês), desde a sua abertura. A taxa de analfabetismo de Condeixa-a-Nova era de 11,8%, em 2001. Esta taxa era ligeiramente mais baixa do que a registada em 1991 (14,6%), ainda que superior à do Baixo Mondego (9,4%), mas aproximada da média da Região Centro (11%). Era ainda mais elevada quando comparada com o País (9%). 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 111 Quadro 39: Variação da taxa de analfabetismo entre 1991 e 2001 Unidade Territorial Portugal Centro Baixo Mondego Condeixa-a-Nova 1991 11,0 14,0 11,2 14,6 2001 9,0 11,0 9,4 11,8 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Em Condeixa-a-Nova, os níveis de instrução Figura 50: População residente no concelho de Condeixa-a-Nova, 12% 17%em 2001 segundo 1% o nível de ensino atingido, e de qualificação do emprego apresentam 15% níveis ainda relativamente baixos. Em 2001, 53% da população residente não possuía 15% mais do que o 1º ciclo do ensino básico 12% 1% 17% 9% 36% 10% (antigo ensino primário), sendo que destes, 9% 17% não possuía qualquer nível de ensino. 36% 10% Não obstante este cenário menos positivo, Nenhum nív el ensino 1º CEB 2º CEB importa salientar que a população com Ensino Secundário Ensino Médio Ensino Superior 3º CEB Fonte: INE-Portugal , Censos 2001 frequência do ensino superior no Baixo Nenhum nív el ensino 1º CEB 2º CEB Ensino Secundário Ensino Médio Ensino Superior Mondego (15,0%) ou em Condeixa (12,3%) é consideravelmente superior aos valores médios nacionais (10,8%). A análise anterior referia-se à totalidade da população concelhia. Quando analisada a formação escolar do pessoal ao serviço, de acordo com os Quadros de Pessoal, o retrato mais recente (2005), traduzido no quadro seguinte, coincide obviamente com o quadro geral, ainda que mais positivo, sendo possível salientar alguns aspetos, nomeadamente: i) o 1º ciclo do ensino básico é o nível de ensino mais representativo ao nível da população empregada (cerca de 26%) e apenas 1% do pessoal ao serviço não possuía qualquer escolaridade; ii) o peso do pessoal ao serviço com Ensino Médio ou Superior, representa apenas 9,1% da população empregada. Quadro 40: Evolução das habilitações escolares do pessoal ao serviço no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1995 e 2005 Níveis de Ensino < Ensino Básico 1º Ciclo 2º Ciclo 3º Ciclo Ensino secundário Bacharelato Licenciatura Ignorado Total 1995 2005 n.º % n.º % 42 880 390 225 152 35 55 17 1796 2,3 49,0 21,7 12,5 8,5 1,9 3,1 0,9 100,0 31 705 590 528 448 68 180 196 2746 1,1 25,7 21,5 19,2 16,3 2,5 6,6 7,1 100,0 Variação n.º % -11 -175 200 303 296 33 125 179 950 -26,2 -19,9 51,3 134,7 194,7 94,3 227,3 1052,9 52,9 Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. 112 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 3º CEB Apesar de o cenário global, relativo aos níveis de instrução da população empregada no município, estar ainda longe de ser o desejável, interessa salientar a evolução ocorrida entre 1995 e 2005 (dados mais recentes conhecidos), sobretudo porque se assistiu à diminuição do peso dos trabalhadores com menores níveis de instrução a favor dos de maior nível (o ensino médio e superior aumentaram 175%). A análise do nível de qualificações, o qual tem em conta, para além das Figura 51: Níveis de qualificação do pessoal ao serviço no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2005 habilitações, a complexidade das tarefas desempenhadas é fundamental para a avaliação global dos recursos humanos, sendo que estes podem revelar-se como uma importante mais-valia no arranque e sustentação de processos de desenvolvimento (se qualificados), ou uma dificuldade a ultrapassar (se pouco habilitados). Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Embora no emprego seja ainda representativo o emprego não qualificado (encarregados, mestres, praticantes e aprendizes e profissionais não qualificados), que concentra 23% do total e o emprego semiqualificado (18%), são especialmente assinaláveis os níveis de qualificação mais elevados. Com efeito, o conjunto formado pelos profissionais qualificados, altamente qualificados, quadros médios e superiores totaliza 57% do emprego por conta de outrem total. A evolução ocorrida nos últimos 10 anos (1995-2005) concretizou-se no sentido desejável, isto é, diminuiu o peso dos profissionais não qualificados (eram 26% em 1995) e aumentaram os níveis mais elevados de qualificação, nomeadamente, o conjunto formado pelos profissionais qualificados, altamente qualificados, quadros médios e superiores totalizava, em 1995, 51%, do emprego total, menos seis pontos percentuais que dez anos depois. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 113 6. ESTRUTURA PRODUTIVA E BASE ECONÓMICA O conhecimento da estrutura económica e empresarial de qualquer território é sempre importante enquanto base da atuação municipal, no domínio da política de apoio à atividade económica, nomeadamente ao nível dos apoios às atividades existentes ou a atrair para o Concelho, como sejam a concessão de incentivos à instalação de novas empresas e à melhoria das infraestruturas e de equipamentos. Muita da informação utilizada para caracterizar a estrutura económica do Concelho, nomeadamente, a análise da estrutura da ocupação da população empregada e do número de estabelecimentos por setores de atividade, segundo a CAE-Rev.2, é proveniente dos Quadros de Pessoal, gabinete de estratégia e Planeamento (GEP), do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. De acordo com o regime legal vigente (Dec. Lei n.º 332/93, de 25 de setembro), as entidades abrangidas pelo seu âmbito de aplicação, estão obrigadas ao envio anual, durante o mês de novembro, ao Instituto de Desenvolvimento e Inspeção das Condições de Trabalho (IDICT), do mapa dos Quadros de Pessoal, com dados atualizados, referentes ao mês de outubro anterior. O tratamento e apuramento estatístico, a que estes dados são sujeitos, constituem a base mais atualizada a nível concelhio, de entre as estatísticas que incidem sobre as atividades industriais. Esta fonte estatística considera o emprego no setor formal da economia, ou seja, aquele que tem lugar em unidades empresariais com pessoas ao serviço, excluindo, por isso, as empresas em nome individual, o que resulta numa subavaliação, quer do total dos estabelecimentos, quer do total de pessoas ao serviço e, sobretudo, no âmbito dos setores primário e terciário, onde as empresas em nome individual, sem pessoal, e a função pública (no caso de setor terciário) apresentam um peso elevado. Contudo, dado ser a informação mais recente e desagregada por ramo de atividade, é relevante na análise da atividade económica concelhia. 6.1 ESTABELECIMENTOS E EMPREGO As dinâmicas do mercado de trabalho da população residente em Condeixa encontram-se intimamente relacionadas com a bacia de emprego regional, polarizada pela cidade de Coimbra e têm registado uma evolução francamente positiva nos últimos anos. O emprego gerado em dez anos, entre 1995 e 2005 aumentou em mais de metade (53%), atingindo, em 2005, os 2746 efetivos e o número de estabelecimentos, no mesmo período, cresceu 120%, passando de 186 unidades em 1995 para 410, em 2005. O facto do crescimento demográfico relativo de Condeixa ser claramente inferior ao emprego criado no Concelho é um importante indicador que permite aferir o efetivo dinamismo do tecido económico, sobretudo das indústrias transformadoras, da construção, do comércio e, particularmente, dos serviços prestados às empresas, que aumentaram expressivamente os seus efetivos. 114 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 41: Evolução do emprego e dos estabelecimentos, no concelho de Condeixa-a-Nova, no período 1995-2005 Emprego Estabelecimentos 1995 2005 1796 186 2746 410 Var.(%) 1995/2005 52,9 120,4% Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. A atividade económica do Concelho8, à data de 2005, evidencia uma concentração do emprego, no segmento formal da economia (empresas com pessoal ao serviço), em torno de quatro principais setores, os quais representam 74% do emprego total: o setor das “Indústrias Transformadoras”, que concentra cerca de 31,2% da população empregada e é secundado pelos setores do “Comércio por grosso e a retalho” (20,5%), da “Saúde e Ação Social” (12,9%) da “Construção” (9%). Destes quatros setores, os que registaram o maior incremento, em termos relativos, entre 1995 e 2005, foram o setor do “comércio por grosso e a retalho” e a “Construção”, ambos com um crescimento de 92%. A “Saúde e Ação Social” cresceu 53% e a “Indústria Transformadora”, que já era o maior setor empregador em 1995, cresceu apenas 11%. Outros setores tiveram crescimentos relativos extraordinários como a “Educação” (766%), as “Atividades Imobiliárias, Alugueres e Serviços às empresas” (588%), as “outras atividades e serviços coletivos sociais e pessoais” (372%) e a “Administração Pública, Defesa e Segurança Social” (350%). Quadro 42: Evolução do número de estabelecimentos e do emprego no concelho de Condeixa-a-Nova, no período 1995-2005, por Atividades (CAE-Rev.2) Atividades (CAE Rev.2) A C D E F G H I J K L M N O Agri., P.animal, Caça, Silvicult. Industrias Extrativas Indústrias Transformadoras Prod. Distrib. Eelect., Gás, Água Construção Comércio Grosso e a Retalho Alojamento, Restauração Transportes, Armaz. e Comunic. Atividades Financeiras Act. Imobili. Alug. Serv. às Empr. Adm. Pub, Defesa, Seg. Social Educação Saúde e Ação Social O. Act. Serv. Colec.Sociai. e Pes. Total Estabelecimentos Peso da Total atividade 1995 2005 1995 2005 4 9 2,2 2,2 4 5 2,2 1,2 35 44 18,8 10,7 1 0 0,5 0,0 12 46 6,5 11,2 71 136 38,2 33,2 25 42 13,4 10,2 8 51 4,3 12,4 4 8 2,2 2,0 9 19 4,8 4,6 1 2 0,5 0,5 1 6 0,5 1,5 8 29 4,3 7,1 3 186 13 410 1,6 100,0 3,2 100,0 Var. (%) 95-2005 125,0 25,0 25,7 -100,0 283,3 91,5 68,0 537,5 100,0 111,1 100,0 500,0 262,5 333,3 120,4 Emprego Peso da Total atividade 1995 2005 1995 2005 43 25 2,4 0,9 82 50 4,6 1,8 775 857 43,2 31,2 4 0 0,2 0,0 129 247 7,2 9,0 294 563 16,4 20,5 102 142 5,7 5,2 47 211 2,6 7,7 45 41 2,5 1,5 16 110 0,9 4,0 8 36 0,4 1,3 3 26 0,2 0,9 230 353 12,8 12,9 18 1796 85 2746 1,0 100,0 3,1 100,0 Var. (%) 95-2005 -41,9 -39,0 10,6 -100,0 91,5 91,5 39,2 348,9 -8,9 587,5 350,0 766,7 53,5 372,2 52,9 Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. 8 Refere-se apenas ao emprego no setor formal da economia, ou seja, aquele que tem lugar em unidades empresariais com pessoas ao serviço, excluindo, por isso, as empresas em nome individual. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 115 Em 2005, a estrutura do emprego é acompanhada, de perto, pela estrutura dos estabelecimentos. Com efeito, a concentração sectorial faz-se aproximadamente nos setores referidos no parágrafo anterior, tal como se pode constatar pela figura seguinte, ainda que com pesos diferenciados, pois em termos de estabelecimentos, o setor do “Comércio por Grosso e a retalho” é o setor mais representativo (33% dos estabelecimentos), seguido por quatro setores, todos com pesos muito semelhantes, em torno dos 10/12%, nomeadamente os “Transportes, Armazenagem e Comunicações”, a “Construção”, as “Indústrias Transformadoras” e o “Alojamento e Restauração”. Neste domínio, ainda, as maiores dinâmicas de crescimento (dos estabelecimentos) registaram-se nos “Transportes, Armazenagem e Comunicações” (538%), na “educação” (500%), nas “outras atividades e serviços coletivos sociais e pessoais” (333%), na “construção” (283%) e na “Saúde e Ação Social” (262%). Figura 52: Estabelecimentos e emprego, por setores de atividade, em Condeixa-a-Nova, segundo a CAE-Rev.2, em 2005 Estabelecimentos L 0% K 5% Emprego A M 1% N O 7% 3% 2% C D 1% 11% J L 11% 2% I 1% K F J M 1% N 13% A 1% C 3% 2% O D 31% 4% 1% I 13% H 10% G 34% 8% H 5% G 21% F 9% LEGENDA: A - Agricultura, produção animal, caça e silvicultura; C – Indústrias Extrativas; D - Indústrias transformadoras; F – Construção; G - Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis, motociclos e de bens de uso pessoal e doméstico; H - Alojamento e Restauração; I Transportes, Armazenagem e Comunicações; J - Atividades Financeiras; K - Atividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas; L – Administração Pública, Defesa e Segurança Social; M - Educação ; N - Saúde e ação social ; O - Outras act. de serviços colectiv., Sociais e Pessoais; Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. A evolução registada ao nível do emprego e dos estabelecimentos traduz um aspeto essencial para o desenvolvimento do Concelho, que tem a ver com o robustecimento da sua atividade económica, que para além da importância da indústria transformadora, viu aumentar nos últimos anos as atividades de apoio e suporte empresarial, nomeadamente as já referidas “Transportes, Armazenagem e Comunicações” e as “Atividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas”. Porém, o desenvolvimento social também não tem sido negligenciado, a julgar pelos aumentos, também expressivos, dos setores nesta área, nomeadamente da “ Educação “, Saúde e ação social” e de “ Outras atividades de serviços à coletividade, Sociais e Pessoais. 116 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quanto à dimensão média dos estabelecimentos, que se situava, em 2005, nos 7 trabalhadores, constatava-se que os estabelecimentos mais pequenas (com entre 1 e 4 trabalhadores concentravam o maior volume de emprego (22%), seguidos pelos estabelecimentos com entre 20 e 49 pessoas (15%). Com mais de 100 trabalhadores apenas existiam no Concelho 4 estabelecimentos, os quais concentravam 25% do emprego. Quadro 43: N.º de Pessoas segundo a dimensão do estabelecimento, por atividade, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2005 Atividade A C D F G H I J K L M N O Total 1a4 pessoas 5a9 pessoas 16 6 66 59 186 73 79 10 23 9 7 28 48 132 25 38 19 22 5 50 24 597 10 a 19 pessoas 15 57 29 77 20 38 12 13 16 21 14 9 372 33 11 321 20 a 49 pessoas 22 198 60 58 24 50 a 99 100 a 149 150 a 199 pessoas pessoas pessoas 127 200 a 249 pessoas 174 207 51 110 56 52 20 190 66 41 423 335 127 364 207 Total 25 50 857 247 563 142 211 41 110 36 26 353 85 2746 Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. Numa década (1995 e 2005), a evolução ocorrida neste âmbito traduziu-se no aumento do volume de emprego em quase todos os escalões de dimensão dos estabelecimentos, exceto nos estabelecimentos com dimensão entre 100 a 149 trabalhadores, e de 20 a 49 trabalhadores que, nesse período, registaram uma diminuição de 66,8% e 13,1%, respetivamente. A maior variação surgiu nos pequenos estabelecimentos, nos quais se registou um aumento de 130% (em 1995 trabalhavam 260 pessoas em estabelecimentos com dimensão entre 1 e 4 pessoas e, em 2005, esse valor ascendeu aos 597 trabalhadores). Foi depois de 1995 que se fixaram no Concelho os três maiores estabelecimentos industriais do Município. Quadro 44: Variação do n.º de pessoas segundo a dimensão do estabelecimento, em Condeixa-a-Nova, entre 1995 e 2005 N.º pessoas 1995 2005 Tx. Var. (%) Peso 1995 (%) Peso 2005 (%) 1a4 260 597 129,6 14,5 21,7 5a9 199 372 86,9 11,1 13,5 10 a 19 296 321 8,4 16,5 11,7 20 a 49 487 423 -13,1 27,1 15,4 50 a 99 171 335 95,9 9,5 12,2 100 a 149 383 127 -66,8 21,3 4,6 150 a 199 0 364 - 0,0 13,3 200 a 249 0 207 - 0,0 7,5 Total 1796 2746 52,9 100,0 100,0 Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 117 6.2 SETORES DE ATIVIDADE ECONÓMICA 6.2.1 Agrícola, pecuária e floresta9 Não diferindo das tendências observadas desde 1981, na generalidade do território nacional, o processo de terciarização da economia registou em Condeixa um impacte relevante, em detrimento das atividades associadas à agricultura e pecuária. O setor primário representava, em 2001, 2,2% da população ativa (dimensão inferior aos valores médios do Baixo Mondego, com 5,3%), quando em 1991 correspondia a 12% e em 1981, a 30,5%. A vinha e o olival são as principais culturas produzidas. A produção vinícola, de 3.200 hl. (2,9% do Baixo Mondego), tem-se mantido regular nos últimos anos, sendo dirigida sobretudo para o vinho de mesa (80%), mas com um crescimento contínuo da produção de vinho regional. Na pecuária, a suinicultura, associada ao crescimento da transformação e comércio de carnes de porco no Concelho, tem-se revelado uma oportunidade para contrabalançar a diminuição da produção de bovinos. Uma grande extensão do território de Condeixa é parte integrante de uma das maiores manchas florestais da Europa, que tem vindo a ser reduzida paulatinamente, sobretudo pela ocorrência de incêndios. As atividades relacionadas com o aproveitamento florestal diminuíram nos dois últimos decénios. Mesmo não tendo a relevância de outros tempos, a pluriatividade continua a desempenhar um papel importante para a subsistência de muitas famílias, que ainda colhem, de pequenas parcelas de terreno, os cereais e produtos hortícolas para seu consumo durante o ano. A generalidade dos terrenos agrícolas, que representam ainda mais de 1/5 do território concelhio, apresenta uma boa produtividade, incentivando o consumo próprio, particularmente nas freguesias de cariz mais rural (Anobra, Belide e Ega), por parte da população mais idosa e com baixos rendimentos. Este papel preponderante que a atividade agrícola, ainda hoje, assume, encontra-se muito associado a questões de ordem cultural, sendo relevante para a sustentação de rendimentos familiares. Apesar da expressão reduzida, já referida, no tecido económico concelhio, as atividades agrícolas apresentam uma maior relevância em freguesias como Zambujal, Furadouro e Vila Seca, onde são comercializados os excedentes. Tradicionalmente conhecida pela sua vocação agrícola, saliente-se igualmente Eira Pedrinha e Alcabideque, na freguesia de Condeixa-a-Velha, pela qualidade dos seus produtos hortícolas. 9 Texto extraído do documento” Condeixa 2020. O futuro começa hoje! “(Plano Estratégico), Relatório Final, julho de 2007 118 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 45: Indicadores da Atividade Agrícola do Concelho de Condeixa-a-Nova, 1989 e 1999 Indicadores Explorações com SAU SAU (ha) SAU/Superfície do Concelho (%) Dimensão média da exploração (ha) Produtores agrícolas Produtores agrícolas com mais de 65 anos Tempo de trabalho agrícola (de 0 a 50%) 1989 1998 3718 26,7 1,9 1987 21,3 31,7 1999 1167 2933 21,1 2,5 1164 33,6 41,8 Tx. Variação(%) -41,6 -21,1 -21,0 31,6 -41,4 57,7 31,9 Fonte: INE, Recenseamentos Gerais da Agricultura, 1989 e 1999 Condeixa-a-Nova integra a área geográfica de produção do Queijo Rabaçal (DOP)10, nomeadamente as freguesias de Condeixa-a-Velha, Ega, Furadouro, Vila Seca e Zambujal. O uso da Denominação de Origem (Despacho n.º 12/94, de 26 de janeiro) obriga a que o queijo seja produzido de acordo com as regras estipuladas no caderno de especificações, o qual inclui, designadamente, as condições de produção do leite, higiene da ordenha, conservação do leite e fabrico do produto. A rotulagem deve cumprir os requisitos da legislação em vigor, mencionando também a Denominação de Origem, devendo ostentar a marca de certificação da respetiva entidade certificadora. Esta classificação é uma garantia de qualidade e os produtos assim classificados, são importantes produtos de valorização turística. Por sua vez, também os vinhos produzidos no concelho de Condeixa-a-Nova podem usar a menção "Vinho Regional” seguido da indicação geográgica (IG) “Beira Atlântico" e a indicação complemtar da sub-região “Terras de Sicó” (Portaria nº 238-A/2011, de 16 de junho), devem seguir as tecnologias de elaboração e as práticas enológicas tradicionais, bem como as legalmente autorizadas. A riqueza natural dos mostos produzidos é a garantia da boa matéria-prima, a qual otimiza uma produção em qualidade. A produção de vinhos na sub-região remonta ao tempo dos romanos e a sua qualidade foi sendo alvo de destaque ao longo da nossa história. Por ambos os motivos, também os Vinhos “Terras de Sicó” merecem uma destacada apropriação turística. 6.2.2 Indústria e Construção civil O setor secundário tem vindo a diminuir a sua importância na estrutura da população ativa, representando, em 2001, 28% do total concelhio, enquanto em 1991 correspondia a 35% ativos, sendo que esta diminuição se fez em favor das atividades terciárias. Em 2001, de acordo com os dados dos Censos 2001, a indústria transformadora representava 61% do emprego no secundário e a construção os restantes 39%, embora no total do emprego concelhio, a indústria representasse 22% do emprego total. 10 Condeixa-a-Nova, Penela, Soure, Alvaiázere, Ansião e Pombal. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 119 Em 2005, a indústria transformadora, segundo os Quadros de Pessoal (pessoal ao serviço), evidencia-se claramente como o subsetor mais importante do secundário, representando 78% do emprego, sendo a construção responsável pelos restantes 22% do setor secundário. A evolução do setor da construção, no decénio 1995-2005, materializou-se num acréscimo de 283% de estabelecimentos e de 91,5% do emprego. Na indústria transformadora, o crescimento foi bastante mais moderado (26% nos estabelecimentos e 11% no emprego). Quadro 46: Evolução do número de estabelecimentos e do emprego, nos setores da “Indústria Transformadora e da Construção”, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1995 e 2005 Atividades (CAE Rev.2) D F Indústrias Transformadoras Construção Sub-Total Indústria e Construção Total concelhio Estabelecimentos Peso da Total atividade 1995 2005 1995 2005 35 44 18,8 10,7 12 46 6,5 11,2 47 186 90 410 100,0 100,0 Var. (%) 95-2005 25,7 283,3 91,5 120,4 Emprego Peso da Total atividade 1995 2005 1995 2005 775 857 43,2 31,2 129 247 7,2 9,0 904 1796 1104 2746 100,0 100,0 Var. (%) 95-2005 10,6 91,5 22,1 52,9 Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. Resultado de uma forte tradição concelhia, os produtos cerâmicos, particularmente as peças decorativas, (inspiradas nas faianças dos Séc. XVII e XVIII), destacam-se na estrutura produtiva local: a forte especialização nestes artigos, aliada a um reforço do investimento e de inovação tecnológica, permitiu consolidar a sua implantação nos mercados nacional e internacional. Releve-se ainda a indústria alimentar, associada à transformação e comercialização de carne de suíno e a recente instalação de uma empresa multinacional de produtos farmacêuticos (FarmaLab) na zona industrial11. A construção civil e as obras públicas têm apresentado, no último decénio, um dinamismo muito positivo, resultado, por um lado, dos avultados investimentos efetuados sobretudo pela administração local em infraestruturas e equipamentos de apoio à população, suprindo carências estruturais e, por outro lado, pelo planeamento de novas urbanizações na periferia da Vila que têm marcado o crescimento demográfico que caracteriza Condeixa nos últimos anos12. Os investimentos recentes por parte da autarquia na infraestruturação e na dotação equipamental da Zona Industrial de Condeixa (ZIC) e na melhoria de alguns acessos rodoviários que a servem, contribuíram, de modo evidente, para desenvolver condições mais favoráveis para as empresas já existentes, representando também um fator de atratividade para a localização de novas unidades e para a relocalização de outras, como é o caso recente da multinacional espanhola OCHOA (que se encontrava em Coimbra).. A esta dinâmica, há que somar a 11 Retirado do “Plano Estratégico de Condeixa-a-Nova”, Relatório final, julho de 2007. 12 Idem 120 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) sua localização privilegiada e a facilidade de acesso aos principais pólos económicos do país, pelos bons acessos rodoviários, agilizando a receção e o escoamento de produtos13. Figura 53: Zona Industrial de Condeixa-a-Nova, espaço existente e previsto e empresas localizadas em meados de 2008 Fonte: PECN, Relatório final, julho/2007 (atualização das empresas efetuada pela PLURAL em agosto/2008, conforme informação da CMCN) O quadro seguinte, com a informação fornecida pelo Ministério da Economia e da Inovação, sistematiza a distribuição dos estabelecimentos industriais existentes em Condeixa-a-Nova, por freguesia, assim como a inventariação das atividades que as mesmas desenvolviam, à data de julho de 2007. Quadro 47: Listagem dos estabelecimentos industriais existentes no concelho de Condeixa-a-Nova, em 7/2007 Freguesia Anobra Belide Nº de indústrias 6 1 Sebal 17 Furadouro 3 Ega 13 13 Atividades Panificação (3); carpintaria mecânica (2); lavagem e classificação de areias e saibro (1) Serralharia civil, ferraria e afins Fabricação de emulsões de asfalto e materiais similares de revestimento. e cobertura e outros derivados do petróleo e carvão (1); padaria e pastelaria (1); panificação (2),; fabricação de colchões e assentos (1); fabricação de artigos de porcelana e grés fino (1); produção de pavimento e revestimento cerâmico vidrado (1); fabrico de revestimento cerâmico vidrado (1); fabricação de azulejos (1); fabricação de artigos de ornamentação de faiança, porcelana e grés fino (1); fabrico de louça artística e decorativa (1); ); fabricação de artigos de porcelana e grés fino (1); fabricação de ladrilhos, mosaicos e placas de cerâmica (1); fabrico de ladrilhos (1); fabricação de artigos de mármore e rochas similares (1); transformação de rochas ornamentais (1); fabricação de vassouras, escovas e pincéis (1). Quebra, britagem e classificação de pedra (1); fabrico de betão pronto (1); fabricação de aparelhos para ventilação, ar condicionado e refrigeração e frigorificação (1) Quebra, britagem e classificação de pedra (2); panificação (4); produção de aguardentes não preparadas (2); serração de madeiras (2); carpintaria (1); fabricação de artigos de porcelana e grés fino (1); fabricação de artigos de cimento e marmorite (1) Idem 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 121 Freguesia Nº de indústrias Condeixa-a-Nova 19 Condeixa-aVelha 8 Vila Seca 3 Zambujal 2 Total Atividades Produção de azeite, moagem de cereais e alimentos compostos para animais (1); extração de óleo de sementes oleaginosas e refinação de óleos vegetais e azeite (1); fabrico de pão e pastelaria (2); panificação (3); confeção de vestuário em série (1); serração de madeiras (1); fabricação de mobiliário de madeira e operações conexas (1); artes gráficas (1); fabricação de produtos farmacêuticos (1); fabricação de artigos de faiança decorativa (1); olaria de barro (1); serralharia civil, ferraria e afins (2); fabricação de outras máquinas não elétricas e seus acessórios (1); serração de madeiras e fabrico de carroçarias (1); fabrico de reboques para máquinas agrícolas (1) Panificação (3); produção de aguardentes não preparadas (1); tanoaria (1); fabricação de mobiliário de madeira e operações conexas (1); fabrico de louça regional e painel decorativo (1); olaria de barro (1) Panificação (1); destilaria de aguardente (1); produção de aguardentes não preparadas (1) Panificação (1); Fabricação de cadeiras e assentos, fabricação de mobiliário de cozinha em madeira, fabricação de mobiliário de madeira para outros fins (1); 72 Fonte: Ministério da Economia e da Inovação, DRECentro No total do Concelho estão registados como existentes, 72 estabelecimentos industriais, que se distribuem por nove das dez freguesias concelhias (a exceção é Bendafé), tendo um volume mais expressivo as freguesias de Condeixa-a-Nova (19 estabelecimentos), Sebal, onde se localiza a ZIC (17 estabelecimentos), e Ega (13 estabelecimentos). Na sequência do protagonismo que a ZIC tem vindo a assumir como prioridade para o desenvolvimento económico do Concelho, a expansão e a consolidação do Parque Empresarial/Industrial poderá assumir um papel preponderante no contexto da Plataforma Logística Polinucleada do Centro (inserida recentemente no programa “Portugal Logístico”), dando seguimento à promoção e à internacionalização do tecido produtivo local14. 6.2.3 Comércio e serviços O dinamismo das atividades comerciais e de serviços é evidente na estrutura da população ativa que, em 2001, representava 70% da mão de obra concelhia, quando em 1991 representava 53%. Esta evolução, está, contudo, em consonância com a tendência atual de terciarização dos sistemas económicos, materializada na retração do setor primário e na expansão dos setores comerciais e de serviços. No Baixo Mondego, apenas Coimbra apresenta valores mais elevados. Sendo inegável a evolução no sentido da terciarização do Concelho, interessa realçar a evolução ocorrida em apenas dez anos (1995-2005), tanto ao nível do emprego (105%), como ao nível do número de estabelecimentos (135%). 14 Retirado do “Plano Estratégico de Condeixa-a-Nova”, Relatório final, julho de 2007. 122 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) De acordo com os Quadros do Pessoal, em 2005, as atividades terciárias ocupam 57% do emprego formal (por conta de outrém) do Concelho. Dentro destas, o ”Comércio por grosso e a retalho” é a principal atividade geradora de emprego (36% dos trabalhadores), seguida da “Saúde e Ação Social” (23%) e dos “Transportes, Armazenagem e Comunicações” (13,5%). Só estas três atividades ocupam 72% dos trabalhadores do setor terciário. O crescimento protagonizado por Condeixa-a-Nova ao longo dos últimos anos reflete-se sobretudo neste tipo de atividades, em íntima articulação com a função residencial crescentemente desempenhada pela Vila e espaço circundante. Mas também nos serviços públicos, que constituem uma componente importante do emprego (Câmara Municipal, Escolas, Tribunal, Registo Civil, Centro de Emprego, Centro de Saúde e serviços ligados às questões sociais – IPSS). O importante crescimento observado nestes últimos, designadamente nos serviços sociais, reflete a melhoria das condições de vida das populações, expressas numa maior oferta de serviços de educação, saúde, desporto, cultura. Também tem vindo a desenvolver-se paulatinamente outros serviços, nomeadamente serviços qualificados de apoio às empresas, o que decorre, também, da instalação de unidades na Zona Industrial com maiores e mais exigentes necessidades deste tipo de serviços. Com efeito, é um facto que: com exceção das “Atividades Financeiras”, todas as atividades terciárias registaram incrementos tanto ao nível do número de estabelecimentos como do emprego, entre 1995 e 2005. Os maiores crescimentos relativos ao nível do emprego foram registados pela “educação” (767%), as “atividades imobiliárias, alugueres e serviços às empresas (588%), as “outras atividades e serviços coletivos sociais e pessoais” (372%) e a “Administração Pública, Defesa e Segurança Social” (350%). A importância das atividades industriais no concelho de Condeixa-a-Nova tem tido efeitos diretos no terciário de apoio à produção, que se encontra, igualmente, em fase de expansão, nomeadamente nas atividades logísticas. Com efeito o setor dos “Transportes, Armazenagem e Comunicações” é o 3º mais representativo em termos de volume de emprego concelhio no setor terciário, sendo certo que todas as atividades de apoio à produção, com exceção das “atividades financeiras”, registaram uma evolução positiva no emprego, entre 1995 e 2005. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 123 Quadro 48: Evolução do emprego e estabelecimentos no setor “Comércio e Serviços” em Condeixa-a-Nova, entre 1995 e 2005 Atividades (CAE Rev.2) Estabelecimentos Peso da Total atividade 1995 2005 1995 2005 71 136 54,6 44,4 G Comércio Grosso e a Retalho H Alojamento, Restauração 25 42 I Transportes, Armaz. e Comunic. 8 51 6,2 16,7 J Atividades Financeiras 4 8 3,1 2,6 K Act. Imobili. Alug. Serv. às Empr. 9 19 L Adm. Pub, Defesa, Seg. Social 1 2 0,8 M Educação 1 6 0,8 N Saúde e Ação Social 8 29 O O. Act. Serv. Colec.Sociai. e Pes. Total 19,2 6,9 6,2 13,7 Emprego Peso da Var. (%) Total atividade 95-2005 1995 2005 1995 2005 294 563 91,5 38,5 35,9 102 142 68 13,4 9,1 Var. (%) 95-05 91,5 39,2 537,5 47 211 6,2 13,5 348,9 100 45 41 5,9 2,6 -8,9 111,1 16 110 2,1 7,0 587,5 0,7 100 8 36 1,0 2,3 350,0 2,0 500 3 26 0,4 1,7 766,7 9,5 262,5 230 353 30,1 22,5 53,5 6,2 3 13 2,3 4,2 333,3 18 85 2,4 5,4 372,2 130 306 100,0 100,0 135,4 763 1567 100,0 100,0 105,4 Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. Excetuando alguns estabelecimentos mais qualificados no centro da Vila, a maioria das unidades de comércio a retalho são de pequena dimensão e de natureza familiar, com pequenas áreas de influência, o que também é resultado da grande proximidade a Coimbra, a qual funciona como um fator inibidor da afirmação de algumas atividades. Embora cobrindo um vasto leque de funções, estão essencialmente direcionados para o comércio de produtos alimentares e vestuário. A aprovação recente do URBCOM, visando o apoio a projetos de urbanismo comercial para a modernização das empresas, constitui uma oportunidade de importância fundamental para o fortalecimento das atividades de restauração e do comércio local, permitindo a modernização dos estabelecimentos do centro de Condeixa, a diversificação da empregabilidade e a sustentação futura do setor, fidelizando consumidores e revitalizando as práticas de consumo local, em particular do pequeno comércio tradicional, contribuindo para o desenvolvimento económico concelhio. 6.2.4 Turismo e Lazer A inserção de Condeixa no quadro turístico regional e nacional processa-se em dois planos: i) pela proximidade a Coimbra e presença das ruínas de Conímbriga e ii) pela existência de uma unidade hoteleira, pertencente a uma rede de unidades de prestígio (Pousadas de Portugal). A visibilidade turística de Condeixa, tal com se refere no Diagnóstico do Plano Estratégico de Condeixa, está ligada, efetivamente, à notoriedade que as Ruínas de Conímbriga foram adquirindo como referência patrimonial da história da romanização na Península Ibérica, não obstante se venha assistindo a uma diminuição tendencial dos fluxos de visitantes. 124 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Conímbriga é o “ex-líbris” turístico de Condeixa-a-Nova, embora o município possua outros valores relevantes e potencialmente exploráveis do ponto de vista turístico, embora de valia bastante mais modesta, nomeadamente o Paúl de Arzila, as Buracas de Casmilo, a Casa-Museu Fernando Namora. O potencial turístico do concelho não se esgota porém no complexo das Ruínas de Conímbriga e na “Rota da Romanização” que lhe está associada, possuindo Condeixa-a-Nova outros recursos com significativa valia de aproveitamento turístico, nomeadamente o seu património cultural, natural e paisagístico (conforme explicitado com detalhe nos capítulos 7.2 e 10), os quais podem contribuir para desenvolver o destino Condeixa. A Serra de Janeanes, o parque verde da ribeira de Bruscos e outros, constituem valores que deverão ser explorados com vista à implementação de atividades ligadas ao turismo sustentável. Também a proximidade a Coimbra não deve ser descurada, sobretudo atendendo à crescente relevância que a procura turística (nacional e estrangeira) assume neste concelho. Refira-se ainda a este propósito, o facto de Condeixa pertencer, juntamente com outros cinco concelhos, à unidade bio-geográfica da serra de Sicó, que deu origem a um projeto, em desenvolvimento, que visa a definição de uma estratégia de dinamização turística conjunta para aquele território, também associado à já referida “Rota da Romanização”. A oferta de equipamentos e serviços turísticos é, contudo, um domínio onde subsistem algumas lacunas que, de acordo com Plano Estratégico de Condeixa-a-Nova, têm condicionado o desenvolvimento deste setor. A capacidade de alojamento existente consiste em: 3 Pensões, a Pousada de Santa Cristina, 1 Casa de Campo e 1 unidade de Turismo Rural, sendo que destes, a Pousada, a Casa de Campo e o Turismo Rural estão classificados pelo Turismo de Portugal, I.P., o que, para além de constituir uma garantia da qualidade do serviço prestado aos turistas, constitui igualmente uma referência para os empresários do setor. Considera-se de especial importância o incremento da capacidade de alojamento em quantidade e diversidade que permita acolher mais turistas e com perfis de procura diferenciados. Note-se que para além da satisfação da potencial procura por parte de turistas que pretendem visitar o concelho, existe também uma procura latente por parte dos visitantes, e mesmo peregrinos, que se dirigem a Fátima, sobretudo desde que foi assinado o protocolo que estabelece a “Rota de Peregrinação das Carmelitas a Fátima”, e que liga Coimbra ao Santuário, atravessando, naturalmente, o coenlho de Condeixa. Nesta perspetiva de reforço da oferta de alojamento, encontra-se em construção o Hotel Coníbriga Park (***), em Condeixa-a-Velha, que dada a sua localização privilegiada (central e de boa acessibilidade), a cerca de 10km de Coimbra e junto do IC3 e a sua tipologia, se considera que virá colmatar a carência de unidades de alojamento deste nível. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 125 Quadro 49: Unidades de Alojamento Turístico15 existentes no Concelho de Condeixa-a-Nova, 2008 Localização Pensões: - Casa de Hóspedes Ruínas - Residencial Avenida - Residencial Borges Pousada de Portugal: (Santa Cristina) Hotel: - Hotel Conímbriga Park *** (intenção) Casas de Campo: - Casa de Manuel Fernandes Turismo Rural: - Casa do Lagar Nº de Quartos Nº de camas 20 14 11 40 20 20 45 90 Condeixa-a-Velha 60 120 Vila Seca 4 6 Bendafé 4 8 Condeixa-a-Nova Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova; Turismo de Portugal, I.P. A outro nível, estão previstos um Centro de Acolhimento, na área do Paúl de Arzila, e um parque de campismo, cuja concretização melhorará e diversificará significativamente a oferta de alojamento do Concelho. Face à existência de um conjunto de solares e casas apalaçadas reconhece-se o potencial deste concelho para a criação de empreendimentos turísticos direcionados para aquele tipo de imóveis pré-existentes, nomeadamente nas vertentes de Turismo de Habitação e Turismo em Espaço Rural. Para enquadrar o cenário descrito, saliente-se a evolução ocorrida no setor “Alojamento e restauração” ao nível do emprego e dos estabelecimentos das empresas com pessoal ao serviço. Tanto num caso como no outro, registou-se um acréscimo significativo tanto ao nível do emprego (+ 39%) e dos estabelecimentos (+75%) entre 1995 e 2005. Salienta-se apenas a importância do crescimento dos estabelecimentos de bebidas, que mais do que duplicaram em 10 anos. Quadro 50 Evolução do emprego e estabelecimentos no setor “Alojamento e Restauração” em Condeixa-a-Nova, 1995/2005 Alojamento e Restauração Estabelecimentos hoteleiros Parques de campismo e outros locais de alojamento de curta duração Restaurantes Estabelecimentos de bebidas Cantinas e fornecimento de refeições ao domicílio Total Emprego Total 1995 2005 30 24 Var. (%) 95-2005 -20,0 Estabelecimentos Total Var. (%) 1995 2005 95-2005 2 1 -50,0 0 1 - 0 1 - 52 19 1 102 60 46 11 142 15,4 142,1 1000,0 39,2 15 7 1 24 19 18 3 42 26,7 157,1 200,0 75,0 Fonte: Quadros de Pessoal, GEP do Ministério do Trabalho e da Solidariedade. 15 Ainda não integra a tipificação do DL nº 39/2008, de 7 de março (novo regime Jurídico dos Empreendimentos Turísticos), cuja reclassificação foi permitida até 31/12/2010. 126 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 6.3 PRINCIPAIS PROJETOS E INVESTIMENTOS RECENTES Condeixa-a-Nova verificou, nos últimos anos, um desenvolvimento assinalável ao nível das condições de bemestar social dos seus habitantes, beneficiando particularmente dos instrumentos de financiamento dos três Quadros Comunitários de Apoio. Os investimentos realizados permitiram colmatar muitas das carências existentes, nomeadamente a nível infraestrutural e da dotação de equipamentos em áreas como a saúde, a ação social, a educação, o desporto, a cultura, a administração, as acessibilidades rodoviárias, o saneamento básico e a utilização das TIC. Quadro 51: Projetos apoiados ao abrigo do QCA III (FEDER), até 2005, por principais áreas de intervenção Área de Intervenção Investimento Total (euros) Comparticipação comunitária Acessibilidades e Transportes Ambiente e saneamento Básico Qualificação dos aglomerados urbanos Equipamentos e infraestruturas locais Total 2.186.901 4.797.084 4471.033 10.313.435 21768.453 1.214.412 3.116.586 2.503.808 6.633.083 13.467.843 Taxa de Comparticipação média (%) 55,5 65,0 56,0 64,3 61,9 Fonte: CCDR Centro e Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova, 2006 Apresentam-se, de seguida, os de maior dimensão e visibilidade: O Complexo Municipal de Piscinas (concluído em 2004) é um dos exemplos mais emblemáticos não só pelo impacto na população local, como também representou o investimento mais elevado em projetos municipais desenvolvidos com apoio comunitário. O equipamento, integrando uma nave de 2000m2, compreende a piscina principal, com dimensões para competições oficiais (21x25m) e um tanque de aprendizagem (16x6m), bem como um edifício de apoio; O Parque Verde da Ribeira de Bruscos (concluído em 2006), com uma área de 45000 m 2, dispõe de um conjunto amplo de valências, as quais permitem atividades que vão desde o ar livre, ao recreio ativo e passivo, à prática desportiva informal ao contacto direto com a natureza. A nova Biblioteca Municipal, inaugurada no dia 25 de Abril de 2008, compreende cerca de 12000 documentos. Possui uma área aproximada de 6500m2, é constituída por setores distintos para crianças e adultos e por uma sala polivalente que permite a exploração de material multimédia. O Centro Escolar de Condeixa-a-Nova, em funcionamento desde o início do ano letivo 2009/2010; O Campo de Futebol com relvado sintético, inserido no Complexo Desportivo de Condeixa, com uma área aproximada de 8000 m2. Reabilitação acessos rodoviários importantes contribuindo para a melhoria das acessibilidades, com especial destaque para a reabilitação da EN347-1, entre Ansião, Rabaçal e Zambujal que se 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 127 encontrava muito degradada e da EN1-7, que melhorou as ligações a Coimbra e que se constitui também como uma das alternativas ao tráfego do IC2/EN1. O projeto do Centro Cívico de Condeixa-a-Nova consistiu na requalificação da área envolvente aos Paços do Concelho, tendo sido construído um parque de estacionamento subterrâneo com capacidade para 170 lugares e um edifício com 14 espaços comerciais, que contribuiu para revitalizar e renovar o centro urbano e, ainda, o arranjo urbano da Praça entre a Câmara Municipal e o Palácio da Justiça. A requalificação urbana e a remodelação de diversos arruamentos da vila, em particular na recuperação dos espaços e do património edificado, têm permitido manter a imagem da vila de meados do século passado e potenciado os percursos a pé. Por último refira-se ainda a concretização de alguns projetos de iniciativa municipal e de relevância na melhoria da dotação do concelho de serviços e estruturas, nomeadamente: Balcão Integrado de Atendimento (implementado no âmbito da modernização administrativa); instalações dos Serviços Municipais e Arquivo Municipal; Horto Municipal; beneficiação da rede viária, nomeadamente no interior dos aglomerados (Condeixaa-Nova, Alcabideque, etc.). 128 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 7. CARACTERIZAÇÃO BIOFÍSICA A caracterização biofísica visa sistematizar os aspetos estruturantes da paisagem e o funcionamento do território, no sentido de identificar e diagnosticar os valores presentes, as aptidões do território enquanto suporte de atividades humanas e, também, as potencialidades os condicionalismos existentes sob o ponto de vista biofísico e paisagístico. Através da análise de diversas variáveis, designadamente de enfoque físico, ecológico e cultural, referentes a elementos passivos em ordenamento do território, e, em função das suas características intrínsecas e das características socioeconómicas do local de ocorrência, é possível determinar a aptidão ou potencialidade biofísica para o desenvolvimento de ações de ordenamento. Assim, é possível alcançar conclusões que fundamentem uma intervenção adequada, obrigatoriamente compatível com a permanência dos valores presentes e que limite potenciais impactes negativos. A implementação de estratégias de desenvolvimento sustentável implica garantir a permanência dos valores que determinam a qualidade da paisagem e a sustentabilidade dos sistemas físico e ecológico, considerados essenciais para um modelo territorial de referência. Acompanham este capítulo as peças desenhadas n.º 03, 04 e 05 que dizem respeito, à Síntese Fisiográfica, Valores Naturais e Potenciais Disfunções Ambientais. 7.1 ENQUADRAMENTO BIOFÍSICO 7.1.1 Climatologia As condições climáticas do espaço que integra o concelho de Condeixa-a-Nova são marcadas pela influência mediterrânea caracterizada por verãos com temperaturas elevadas, luminosidade forte, grande insolação e carência de chuva e, por invernos em que a aragem marítima atlântica ameniza a amplitude anual. Não deixa contudo de se registar um contraste térmico e pluviométrico entre os meses de verão e os meses de inverno pontuados pela passagem de frentes frias ou de massas de ar húmidas de influência atlântica. Para a caracterização climática do município incluíram-se os registos disponíveis dos elementos como temperatura, vento, precipitação, humidade relativa, insolação, nebulosidade e nevoeiros. Foram utilizadas sempre que possível séries normais, embora nem sempre homogeneizadas temporalmente, complementadas por séries inferiores de registos, indicando-se neste caso o número de anos com dados. Na tabela seguinte aparecem sintetizadas as estações e os intervalos temporais das séries de registos considerados, para os diferentes elementos climáticos: 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 129 Quadro 52: Estações climatológicas analisadas e respetivos intervalos temporais Estação Tipo de Registo Séries de Dados Utilizados Nº de Anos das Séries Utilizadas 1961-1990 30 1961-1990 30 1980/81 a 2001/2002 1980/81 a 2001/2002 1972/73 a 2001/2002; 1969/70 1982/83 22 22 Condeixa Degracias Humidade Relativa; Insolação; Nebulosidade; Precipitação; Temperatura; Vento Humidade Relativa; Insolação; Nebulosidade; Precipitação; Temperatura; Vento. Precipitação Precipitação Louçainha/ Outeiro Precipitação; Temperatura Miranda do Corvo/ Carapinhal Precipitação 1979/80 a 1996/97 18 Penela Santo Varão Precipitação Precipitação; Temperatura 30 30; 30 Soure Taveiro Precipitação Precipitação 1972/73 a 2001/2002 (1971/72 a 2001/2002)*; 1962/63 a 1991/92 1972/73 a 2001/2002 1979/80 a 1996/97 Coimbra-Bencanta Coimbra IGUC 30; 14 30 18 * em falta dados do ano hidrológico 1999/2000 Fonte: Instituto de Meteorologia Temperatura - Nas figuras a seguir apresentadas, estão representados os valores mensais médios das temperaturas em quatro estações climatológicas, bem como os valores mensais médios máximos e mínimos. As quatro estações são exteriores ao Concelho e procuram ilustrar os aspetos orográficos e a influência atlântica, nomeadamente ao longo do vale do rio Mondego. Figura 54: Temperatura mensal média de quatro estações climatológicas nas proximidades do concelho de Condeixa-a-Nova Fonte: Instituto de Meteorologia Observa-se contraste semelhante na temperatura média mensal nas quatro estações entre os meses julho a setembro e dezembro a fevereiro, ressaltando os valores inferiores em 2 a 3º na estação de Louçainha, localizada a Sudeste do município, os quais ilustram a influência da altitude. Esta mesma influência parece ser observável para as temperaturas mensais médias das máximas da mesma estação; os valores mensais médios das máximas e mínimas para a estação de S. Varão parecem ser influenciados pelo número limitado de dados. 130 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 55: Temperatura mensal média dos valores máximos em quatro estações climatológicas nas proximidades do concelho de Condeixa-a-Nova Fonte: Instituto de Meteorologia Figura 56: Temperatura mensal média dos valores mínimos em quatro estações climatológicas nas proximidades do concelho de Condeixa-a-Nova Fonte: Instituto de Meteorologia Precipitação – Os valores de precipitação encontrados para enquadrar o município de Condeixa-a-Nova resultaram da análise dos valores de 10 estações com tutelas diferentes e representando séries temporais não homogéneas. Na quadro seguinte está representado o valor da precipitação média mensal e anual nas estações consideradas. Quadro 53: Valores da precipitação média mensal e anual Fonte: Instituto de Meteorologia 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 131 A análise dos resultados mostra a influência do relevo na precipitação (Louçainha – Outeiro, Degracias e Coimbra-IGUC) com valores médios anuais >1000mm, em contraste com os valores <950mm a Noroeste da carta e que materializam no concelho de Condeixa-a-Nova os espaços para ocidente das Serras e planaltos calcários. Na figura abaixo surgem representadas as precipitações médias mensais para o conjunto das estações e para o conjunto das estações localizadas a Este e Sul e a Norte e Oeste. O conjunto das estações formado por Degracias, Penela, Louçainha/Outeiro, Miranda do Corvo/Carapinhal e Coimbra IGUC apresenta genericamente valores superiores à média de conjunto no período outubro a fevereiro, para nos restantes meses não se observar clara distinção de valores de precipitação. Figura 57: Precipitação média mensal para o conjunto das estações referenciadas e analisadas para as estações localizadas nos espaços Este/Sul e Norte/Oeste. Fonte: Instituto de Meteorologia No quadro seguinte estão representados os valores médios mensais de precipitação. A análise dos valores permite salientar que entre 61 e 66% da precipitação anual está concentrada nos cinco meses entre outubro e fevereiro; aos quatro meses menos chuvosos (junho a setembro) correspondem valores acumulados baixos que variam entre 9,5 (Penela) e 12% da precipitação média anual. Quadro 54: Valores médios mensais de precipitação agrupados para o conjunto das estações Fonte: Instituto de Meteorologia 132 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Os valores mais elevados dos máximos de precipitação em 24h disponíveis para as estações estão registados na Louçainha com 101,3mm com e em Degracias com 135,2mm. Insolação – os dados registados em Coimbra nas estações de Bencanta e IGUC quando transpostos para o Concelho demonstram a influência altimétrica, registando-se no IGUC um valor médio anual de cerca de 2570 horas de insolação em contraste com os valores de Bencanta, correlacionáveis com a área noroeste do Concelho, onde não se ultrapassa as 2425 horas. Na primeira estação, nos meses de julho e agosto, registamse valores superior a 300 horas/mês, valor nunca atingido no vale do Mondego, sendo que, em ambas as estações, no período novembro a março se observam valores <200 horas/mês com mínimos em janeiro de 123 horas/mês (Bencanta) e de 137,5 horas/mês (IGUC). Humidade relativa – os valores registados no IGUC revelam entre outubro e junho registos superiores 75% com máximos médios de 80%. A oscilação média diária pode atingir 25%. No período entre julho e setembro os valores médios diários oscilam entre 72 e 75%, podendo atingir valores inferiores a 50% às 15h. Os dados registados em Bencanta, correlacionáveis com os verificados nos vales do rio Ega e no Paul de Arzila, registam valores médios diários entre outubro e junho de 70 a 85% e valores nos restantes meses entre 60 e 80%. Nebulosidade e dias com nevoeiro – os valores encontrados para o IGUC e Bencanta em Coimbra podem transpor-se para as zonas ocidentais e Norte do concelho de Condeixa-a-Nova sendo que: a nebulosidade é genericamente menor às 9h na primeira estação; os valores mínimos de 2/10 registam-se na estação de Bencanta em julho e agosto por comparação com 3/10 no IGUC, valor médio às 18h. Estima-se que se registem na zona ocidental cerca de 70 dias/ano com nevoeiro (IGUC 73,4 dias/ano; Bencanta 44,1 dias/ano), sendo janeiro o mês com valor superior (8 dias). Geadas e granizo/saraiva – os registos de geada são claramente influenciados pela orografia e exposição solar, estimando-se 4 dias/ano. Os registos médios anuais de dias com granizo/saraiva são de 5. Vento – os registos da frequência e da velocidade média mensal do vento para as várias direções nas estações de Bencanta e IGUC em Coimbra salientaram: a maior frequência e velocidade dos ventos na estação de maior altitude e localizada a Este, bem como a elevada frequência entre outubro e março dos ventos do quadrante SE (>25%); a elevada representatividade dos ventos do quadrante Noroeste em ambas as estações, sendo claramente dominantes entre abril e setembro; na estação do vale do Mondego a frequência de ventos W nos meses de junho a setembro (>10%), e de ventos Sul, Sudeste e Este nos meses de novembro a fevereiro (>(15%); no IGUC a presença constante e com frequência >10%, de ventos de SW; 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 133 a presença, em Bencanta, de velocidades do vento >6Km/h segundo todas as direções nos meses de fevereiro, março e abril; presença na estação localizada a Este, de ventos com velocidade >8Km/h durante quase todo o ano, independentemente da direção, bem como de ventos do quadrante E com velocidades entre 13 e 16Km/h, bem como de ventos dos quadrantes Este (Nordeste, Este, Sudeste) com velocidades >10Km/h nos meses de novembro a abril. Figura 58: Valores anuais de frequência média e velocidade média na estação climatológica de Coimbra (I IGUC) 40 N 30 NW NE 20 10 W 0 Frequência média E SW Velocidade média SE S Fonte: Instituto de Meteorologia Figura 59: Valores anuais de frequência média e velocidade média na estação climatológica de Coimbra - Bencanta N 40 NW 30 NE 20 10 W 0 Frequência média E SW Velocidade média SE S Fonte: Instituto de Meteorologia Classificação climática - de acordo com a Classificação Climática de Köppen, o clima de Condeixa-a-Nova é do tipo Csb, isto é, mesotérmico húmido, com estação seca no verão, o qual é moderadamente quente mas extenso . Este tipo climático é caracteristicamente mediterrânico, com influência oceânica. Do relatório do Plano da Bacia Hidrográfica do Mondego, segundo a classificação de Thornhtwaite, conclui-se que em Condeixa-a-Nova o clima é do tipo C2 B’2 s a’, em que: 134 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) C2 - representa um tipo climático do regime hídrico anual com características “Sub-húmido chuvoso”; B’2 - representa um tipo climático do regime térmico anual com características “Mesotérmicas”; s - representa um tipo climático do regime hídrico sazonal com “Moderada deficiência de água no verão”; a’ representa um tipo climático do regime hídrico sazonal com “Pequena concentração térmica no verão”. 7.1.2 Geologia 7.1.2.1 Geologia regional No âmbito dos materiais aflorantes no concelho de Condeixa-a-Nova integram-se nas unidades da Orla MesoCenozóica Ocidental Portuguesa e apresentam idades compreendidas entre o Jurássico Inferior (Lias), com cerca de 200 Ma, e a atualidade, através dos depósitos fluviais. Figura 60: Síntese das unidades litoestratigráficas do concelho de Condeixa-a-Nova Fonte: Carta Geológica de Portugal (Folhas 19C e 19D, adaptado) 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 135 Conforme a figura apresentada aparecem de forma sintética as unidades litoestratigráficas reconhecidas no município e que têm expressão nas características, morfológicas, hidrográficas e hidrogeológicas, na ocupação e uso do solo, e na exploração de recursos. Assim passam a descrever-se: Calcários dolomíticos e dolomias - localmente com intercalações pelíticas do Sinemuriano e Lotaringiano. Representados na área oriental (freguesias de Vila Seca, Bendafé, Condeixa-a-Velha (p.p.) e a oriente do Zambujal, a que corresponde uma expressão espacial de 23,5 Km2. São facilmente reconhecidos pelos relevos marcados, pela cor típica do solo (castanhos), pela cobertura vegetal com floresta ou carrascal, pelas formas de dissolução cársica com expressão na fraca drenagem superficial com escoamento subterrâneo. São constituídos por bancadas decimétricas a localmente métricas de calcários dolomíticos e dolomias ferruginosos, com tons amarelados, com espaçamento médio de diáclases de 50cm. Localmente na base observam-se termos brechoides e níveis lenticulares pelíticos que podem atingir espessuras métricas. Para o topo da unidade há um ganho progressivo no caráter margoso e perda do dolomítico, registando-se uma estratificação mais notória e regular. Quando percutidos os materiais apresentam-se compactos e pouco alterados quando não nas imediações de formas cársicas de dissolução ou fraturas abertas. Esta unidade é genericamente representada por um monoclinal ligeiramente inclinado para ocidente Fotografia 1: Afloramento de calcários dolomíticos em Vila Seca (15º) sendo afetado por fraturas principais com direção Nordeste-Sudoeste e Oeste/Noroeste- Este/Sudeste. A esta unidade estão associados processos de instabilidade resultantes da queda de blocos e/ou deslizamentos translacionais, nomeadamente em zonas carsificadas ou fraturadas, e ainda movimentos localizados de abatimento e colapso relacionados com a evolução das formas cársicas subterrâneas (ex. Algar da Janela) ou com a drenagem regressiva. Alternância de calcários margosos e margas do Carixiano, Domeriano e Toarciano - representados ao longo de uma faixa aproximadamente meridiana nas freguesias de Zambujal e Condeixa-a-Velha e com uma representação superficial de 8,6 Km2. São facilmente reconhecidos pela topografia deprimida, pelos tons cinzentos amarelados, pela fraca cobertura vegetal predominantemente arbustiva ou herbácea e ainda pelas formas de erosão hídrica em ravinas e barrancos. 136 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Assentando concordantemente sobre a unidade anterior ou em confronto lítico/morfológico quando determinado pelo jogo tectónico, esta unidade apresenta a ocidente Fotografia 2: Calcários margosos e margas do Toarciano, Serra de Maria Pares uma linha de marcação morfológica nítida, em costeira, pela maior resistência dos calcários do Aaleniano. Constituídos por alternâncias centimétricas ou decimétricas de termos carbonatados e margosos. Esta unidade apresenta termos em que os pólos carbonatados e margosos têm representação variável e observa-se na sequência genérica da unidade espessuras com representação volumétrica variável dos termos. Os termos carbonatados e calco-margosos apresentam à percussão resistência desde muito compactos a medianamente compactos, estados de alteração entre pouco alterado a medianamente alterado. Os termos margo-calcários demonstram à superfície aspetos concrecionados, localmente ferruginosos, com valores centimétricos na espessura dos estratos e no diaclasamento e valores de alteração de medianamente alterados a alterados; estes termos ganham a pouca profundidade características de maior resistência e menor grau de alteração. Os termos margosos que podem registar conjuntos com espessuras métricas apresentam genericamente valores um diaclasamento próximo a muito próximo, e estados de alteração alterados a muito alterados. Os estratos dispõem-se em monoclinal, com pendor médio de 12º para ocidente, e são afetados por fracturação Norte-Sul, como a que realça o graben de Choisinha, Nordeste-Sudoeste e Noroeste-Sudeste a Este-Oeste. Nesta unidade é muito frequente a observação de deslizamentos rotacionais nomeadamente na proximidade de falhas. Estes movimentos podem ter volumetria e profundidade da superfície de rotura muito variável (ex. Norte e Sul de Alcabideque, Fonte Coberta, serra de Maria Pares). Relacionado com o caráter alternante entre materiais com diferentes competências, a esparsa cobertura vegetal, a baixa permeabilidade vertical e a exposição solar são observáveis frequentes formas de erosão hídrica sob a forma de ravinas e barrancos a que se associam na base depósitos de acumulação com algum grau de consolidação. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 137 Fotografia 3: Deslizamento rotacional na unidade alternante de calcários margosos e margas, Serra de Maria Pares Fotografia 4: Calcários margosos e margas, Serra da Pêga Calcários cristalinos e calcários margosos do Aaleniano, Batoniano e Bajociano - determinam uma morfologia marcante, que corresponde às Serras e planaltos calcários, em que aparecem incisos importantes vales fluviais e no qual os alinhamentos estruturais são determinantes. Apresentam em termos paisagísticos uma coloração amarelada e são cobertos por vegetação arbustiva e localmente por floresta. Estão representados na freguesia de Condeixa-a-Velha pelos relevos das serras da Avessada, Ponte, e de Alconcere, na parte ocidental da freguesia do Zambujal pela serra de Pega, Maria Pares e Janeanes, em quase toda a freguesia do Furadouro, e no extremo sul e sudeste da freguesia da Ega, com uma representação espacial de cerca de 34 Km2. São constituídos por calcários margosos compactos, com espessura decimétricas, e alternando com alguns níveis de margosos. Quando percutidos revelam-se compactos e apresentam estado de alteração genericamente pouco alterado. O afastamento entre diaclasamento pode considerar-se afastado a muito afastado. Superiormente aparecem representados calcários cristalinos compactos a muito compactos cinzentos, esbranquiçados e amarelados com espessuras decimétricas a centimétricas e com afastamento de diáclases entre afastada a medianamente próximas. Estes calcários podem apresentar uma granulometria grosseira, com numerosos intraclastos e bioclastos, ou uma granulometria fina micrítica. O estado de alteração e diaclasamento é muito influenciado pela proximidade de alinhamentos estruturais induzindo um claro mergulhar para ocidente da atitude dos estratos, com valores que podem registar 80º, ou dobramentos com maior ou menor raio de abertura. Os principais alinhamentos estruturais têm direção Norte-Sul no limite ocidental da Serra da Avessada e da Ponte, com prolongamento sul com direção Nordeste-Sudoeste nas serras de Alcoucere, Cruto, Círculo e Vale 138 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Janes. A direção de fracturação Noroeste-Sudeste a Oeste/Noroeste¬Este/Sudeste está bem representada, condicionando vales incisos. Associada a esta unidade estão descritas várias formas relacionadas com a carsificação como sejam lapiás preenchidos ou não por depósitos avermelhados argilo-conglomeráticos (Casmilo, Serra do Círculo) as dolinas (Casmilo, Peixeiro, Serra do Círculo), os vales secos, as reculées, os canhões fluviocársicos (rio de Mouros, vale dos Covões), as lapas (vale da Pia), as exsurgências em Arrifana, Olho da Mó e Vale Janes. Os processos de instabilidade maior estão relacionados com abatimentos e colapsos cársicos ligados à drenagem subterrânea, quedas de blocos e tombamentos, ou ainda, associados à carsificação em vertentes declivosas. Fotografia 5: Calcários cristalinos e calcários margosos, Estrada entre Furadouro e Peixeiro Fotografia 6: Calcários cristalinos e calcários margosos, Casmilo Fotografia 7: Calcários cristalinos e calcários margosos, ribeira da Várzea (Furadouro) Fotografia 8: Arenitos argilosos brancos e cinzentos, Sul de Condeixa-a-Nova Arenitos argilosos brancos e cinzentos do Cretácico inferior a médio - estão representados na área central e a sudoeste nas freguesias de Condeixa-a-Velha, Furadouro e Ega a que corresponde uma expressão superficial próxima de 9 Km2. Esta unidade é reconhecida pelas colinas suaves de tons claros com elevada cobertura vegetal. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 139 É constituída por níveis lentículares de materiais areno-argilosos, localmente ferruginosos, a que se associam níveis arenosos grosseiros e conglomeráticos. A fração arenosa é dominantemente quartzosa sendo a fração argilosa arcósica a que corresponde uma baixa a média plasticidade. A unidade apresenta-se à superfície friável a que origina frequentes e profundas formas de erosão hídrica sob a forma de barracos, nomeadamente por alteração da drenagem natural ou pela alteração da cobertura vegetal. Calcários margosos concrecionados acinzentados do Cenomaniano superior - a unidade, com cerca de 2,8 Km2 de expressão superficial, aparece representada nas freguesias de Condeixa-a-Velha e Ega e materializa formas topográficas marcadas em termos hipsométricos e de declive como acontece a Sudoeste de Condeixa-aNova, em Ega na Rebolia. Representados por níveis margosos cinzentos com formas concrecionadas mais carbonatados alternando Fotografia 9: Afloramentos dos calcários margosos concrecinados acinzentados em Rebolia de Baixo com níveis carbonatados arenosos pulverulentos ou com níveis lutíticos acastanhados. Com uma organização heterogénea dos termos líticos, horizontal e vertical, observam-se desde estratos muito compactos quando percutidos a estratos pouco compactos a friáveis, o mesmo corresponde ao estado de alteração com afloramento pouco alterados a muito alterados. Arenitos finos do Turoniano - Santoniano englobando os arenitos finos micáceos do Grés do Furadouro e os arenitos finos de tons variegados dos Grés de Oiã - representados à superfície em 4,1Km2, nas freguesias de Condeixa-a-Velha, Condeixa-a-Nova e Ega. Com limitados afloramentos, dada a cobertura agrícola e florestal, apresentam tons acastanhados, avermelhados, acinzentados e arroxeados e caráter pouco compacto a friável. Representados por corpos arenosos localmente grosseiros, arenosos-siltosos micáceos ou corpos arenoargilosos com caráter plástico. São reconhecidas estruturas planares e entrucruzadas entre corpos e localmente observam-se carapaças ferruginosas. 140 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Areias e argilas vermelhas do Campaniano superior – Maastrichiano englobando corpos areno-silto-argilosos e Fotografia 10: Afloramento das areias e argilas vermelhas, Anobra silto-argilosos com cores avermelhadas, esbranquiçadas e acinzentadas. Localmente, na base, aparecem corpos areno-conglomeráticos, reconhecidos níveis e argilosos são muito compactos ou com cimento carbonatado; na zona de Anobra observam-se blocos rolados com diâmetro superior 30cm de grés silicioso. A unidade é caracterizada por uma baixa permeabilidade vertical, apresenta genericamente um comportamento pouco compacto a friável e um caráter plástico moderado a elevado. Existem corpos avermelhados a esbranquiçados argilo-arenosos que exibem um claro comportamento plástico e expansivo dada a presença de minerais argilosos com elevada atividade. As areias e argilas vermelhas aparecem superficialmente representadas em cerca de 25 Km2 essencialmente nas freguesias de Ega, Sebal e Anobra. Areias, argilas e conglomerados, do Paleogénico e Miocénico indiferenciados - estão representadas superficialmente em cerca de 8 Km2, nas freguesias de Ega, Belide, Sebal e Anobra. Constituídas por níveis acastanhados, alaranjados e arroxeados de materiais conglomeráticos, areno-siltosos e argilosos. Aparecem representados níveis conglomeráticos e arenosos compactos a muito compactos, com baixo grau de alteração, a que se sobrepõem corpos granulometricamente mais finos em que a fração argilosa ganha relevância com caráter pouco compacto a friável e Fotografia 11: Aspeto dos depósitos tufo-traveníticos, Condeixa-a-Nova alterados a muito alterados. Esta unidade patenteia uma baixa permeabilidade vertical sendo que, os níveis mais finos podem apresentar um caráter moderadamente plástico. Depósitos tufo-travertínicos do Plio-Quaternário - estão representados nas freguesias de Condeixa-a-Velha, Condeixa-a-Nova e Sebal numa extensão próxima de 5 Km2. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 141 Estes materiais materializam uma importante superfície de acumulação sensivelmente regular onde se desenvolvem as áreas urbanas de Condeixa-a-Velha e Condeixa-a-Nova e ainda Avenal e Sobreiro. O recorte da superfície tufo-travertínica adquire maior importância pelos vales incisos das ribeiras de Eira-Pedrinha, Condeixa e do rio de Mouros e pelas exsurgências associadas da Lapa, Fonte do Amores (Silvães), Avenal e em Eira-Pedrinha as nascentes Velha, Fonte do Gato, do Serrado e Raposeira. Representados por espessuras variáveis que podem atingir 25m em Condeixa-a-Velha e menos de 3m nos afloramentos mais ocidentais esta unidade contém desde materiais arenosos e pelíticos carbonatados vacuolares, pouco compactos a friáveis com restos vegetais, a materiais estratiformes travertínicos castanhoacinzentados muito compactos; localmente observam-se lentículas arenosas e conglomeráticas. O grau de alteração desta unidade é determinada pela relação entre a fração carbonatada e pelítica, sendo que, os termos travertínicos apresentam-se genericamente sãos ou pouco alterados e os termos pelíticos muito alterados a decompostos; a porosidade pode registar valores entre 8 e 30% na dependência da carsificação. Depósitos cascalhentos areno-argilosos do Plio-Quaternário - estão representados por materiais superficiais revelando alguma maturidade. Constituídos por corpos, com expressão volumétrica local, conglomeráticos, areno-conglomeráticos, arenosos e pelíticos com tons acastanhados, amarelados, esbranquiçados ou alaranjados. São materiais friáveis muitas vezes na dependência da evolução fluvial ou coluvial em vertente e para os quais é difícil estabelecer características de estado in situ uniformes. Depósitos aluvionares - associados à dinâmica e evolução fluvial recente. Têm especial desenvolvimento a oeste do Concelho nas freguesias de Ega, Sebal e Anobra, em que se supõe poderem ultrapassar espessuras decamétricas, constituindo o suporte principal das atividades agrícolas. A Este estes depósitos têm especial desenvolvimento no vale do rio de Mouros entre Zambujal e Fonte Coberta e no rio Bruscos. 7.1.2.2 Formações geológicas particularmente interessantes Atendendo à descrição efetuada no capítulo anterior a propósito da Geologia, conclui-se que o Concelho apresenta aspetos únicos nesta componente morfológica (e paisagística) do território. Da análise apresentada destaca-se duas unidades particularmente específicas do Concelho: os Tufos de Condeixa e o Maciço calcário da Serra de Sicó-Alvaiázere, que se descrevem de seguida. Tufos de Condeixa Os Depósitos tufo-travertínicos da Carta de Geologia incluem-se nas povoações de Condeixa-a-Nova, Condeixaa-Velha e Conímbriga, entre outras. A planura destas áreas resultou da deposição de tufos calcários nas épocas 142 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) mais recentes, possuindo exsurgências cársicas que drenam as águas subterrâneas do Norte do Maciço de Sicó. Estes tufos são de vários tipos e espessuras. Nalguns casos, como acontece perto de Conímbriga e Condeixa-a-Velha, constituem espessas camadas com duras fácies travertínicas, ainda não há muito anos utilizadas como rochas ornamentais em edifícios públicos e que, até à década de sessenta, permitiram a muitas pessoas viver do talhe de mós para moinhos. Mas, se o interesse económico dos tufos calcários de Condeixa é hoje restrito, o interesse científico é imenso, como o autor Lúcio Cunha expõe16: “O valor patrimonial dos Tufos de Condeixa assenta tanto nas suas particularidades sedimentológicas e paleontológicas como no seu significado geomorfológico. Antes de mais, os tufos constituem um importante registo da evolução paleoambiental regional, uma vez que guardam vestígios testemunhais tanto da evolução dos processos de carsificação nas áreas de alimentação como das condições geomorfológicas, paleoclimáticas, paleohidrológicas e paleontológicas da área de deposição. Por outro lado, [...] os tufos têm também um enorme significado em termos de recursos naturais para o desenvolvimento. No caso dos Tufos de Condeixa têm particular significado a disponibilidade de água e a fertilidade dos solos que fizeram desta área um dos principais centros abastecedores de produtos hortícolas à cidade de Coimbra, até há cerca de uma dezena de anos atrás.” Mais à frente o autor acrescenta: “Em função das características petrográficas dos tufos e, particularmente, da sua elevada permeabilidade, as formas cársicas têm um desenvolvimento relativamente rápido. Do conjunto de formas aqui geradas referiremos o canhão do Rio de Mouros, posterior em grande parte, ao desenvolvimento dos travertinos de Condeixa a Velha e cuja posição justificou a escolha do sítio para implantação da cidade romana de Conímbriga, as grutas e abrigos sob rocha., particularmente desenvolvidas na zona de contacto entre o tufo e a rocha mãe calcária ou gresosa, as pequenas dolinas, que localmente denunciam abatimentos posteriores à época de ocupação romana e os lapiás, por vezes de dimensão métrica, hoje quase sempre enterrados por formações detríticas de remobilização.” 16 CUNHA, Lucio (2000). “O Quaternário, a morfologia cársica e o património ambiental: exemplos no setor setentrional do Maciço de Sicó” In Estudos do Quaternário, n.º 3, p. 111-118. ISSN. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 143 Figura 61: A plataforma de Conímbriga resultante da deposição de um tufo calcário Maciço calcário da Serra de Sicó-Alvaiázere O pequeno Maciço de Sicó-Alvaiázere, com cerca de 430km2, apresenta uma paisagem sui generies de pedras, escarpas, vegetação escassa mas característica, grutas e exsurgências marginais de água, cuja origem remete fundamentalmente para os processos cársicos iniciados ainda no Jurássico e que foram marcados por diferentes intensidades relacionadas com vicissitudes tectónicas e, sobretudo, com os sucessivos ambientes bioclimáticos registados na região. Ao período Quaternário, apesar de representar uma porção muito reduzida do tempo total envolvido (inferior a 2%), se deve o desenvolvimento dos processos fluviocársicos e cársicos da Época Quaternária, tendo originado as formas geomorfológicas mais espetaculares e com maior valor patrimonial, como é o caso de muitas lapiás, de algumas dolinas ou dos majestosos canhões fluviocársicos. Mas os ex libris dos sistemas cársicos são as cavidades subterrâneas, apesar de se saber ainda pouco sobre elas. 7.1.2.3 Recursos geológicos Segundo os elementos fornecidos pela Direção Geral de Energia e Geologia e pela Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova os recursos geológicos existentes e potenciais no Concelho são os seguintes: Recurso hidromineral potencial, em Arrifana; Pedreira n. º 2786 – denominada Pedreira de S. Gardão, exploração de calcário; Pedreira n. º 5575 – denominada Vale da Covadas, exploração de areia; Pedreira da “Blocking” (designação do explorador); Pedreira da “Agrepor” (designação do explorador); 144 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Pedreira da “Sorgila - Sociedade de Argilas SA”; Pedreira do Vale da Pia, exploração de calcário; Pedido de concessão mineira, denominado Alto da Serra Norte, para exploração de caulino; Pedido de concessão mineira, denominado Alto da Serra Sul, para exploração de caulino; Pedido de concessão mineira, denominado Tapada, para exploração de caulino. Para além desta informação está também disponível no sítio do INETI, mais propriamente, no Sistema Nacional de Informação Geocientífica, uma Base de Dados de Pedreiras que inclui a informação que se segue referente a pedreiras no Concelho. Quadro 55: Pedreiras do concelho de Condeixa-a-Nova N.º de identificação da pedreira 5801 5575 4691 Nome Explorador Substância Barrio Vale das Covadas Pedreira do Vale da Pia "ArgilaCentro" Argilas Comuns Entidade Licenciadora/Ano do licenciamento Câmara Municipal/1995 "Alpha Centro" Areias Comuns "Terrazul Agregados" Estado da pedreira Freguesia Ativa Ega Câmara Municipal/1993 Ativa Anobra Calcários DGGM/1994 Ativa Ega 4638 Cova do Milho Joaquim Pita Calcários DGGM/1970 Ativa 4107 Vinhas da Ameixeira António Jesus Pita Calcários DGGM/1970 Ativa 3936 Eira Velha nº 2 António Rebelo Raio Calcários DGGM/1969 Baixa Exploração Condeixa-aVelha Condeixa-aVelha Condeixa-aVelha 3530 Anobra Fábrica de Cerâmica Argus Argilas DGGM/1968 Ativa Anobra 3529 Alto da Serra nº 2 Fábrica de Cerâmica Argus Argilas DGGM/1969 Anobra 3302 Relvinha 4 José Maria Ramos Marques Calcários DGGM/1967 3202 Relvinha nº 3 Júlio Manaia Calcários DGGM/1967 Ativa Baixa Exploração desde 1972 Baixa Exploração desde 1972 3134 Relvinha nº 2 Salustiano Duarte Ribeiro Calcários DGGM/1967 Ativa Furadouro Condeixa-aVelha Furadouro Furadouro 3125 Pedregais José Martins Novo Calcários DGGM/1967 Baixa Exploração desde 1977 3115 Junot Salustiano Duarte Ribeiro Calcários DGGM/1967 Ativa Furadouro 3084 Condeixa-a-Velha nº 2 "Pardal Monteiro" Calcários DGGM/1989 Ativa Condeixa-aVelha 3050 Enxorreiras Júlio Coelho da Costa Calcários DGGM/1966 Ativa Ega 2786 Pedreira de S. Gardão "Terrazul Agregados" Calcários DGGM/1994 Ativa Furadouro 2164 Pedreiras Luís Augusto da Silva Calcários DGGM 2156 Condeixa-a-Velha Manuel Jesus Pita Calcários DGGM/1973 Baixa Exploração desde 1973 Baixa Exploração desde 1973 Condeixa-aVelha Condeixa-aVelha Fonte: http://e-geo.ineti.pt 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 145 Figura 62: Recursos Geológicos *Pedreira não titulada segundo o artigo 5º do anexo VII do Decreto-Lei n.º 340/2007 de 12 de outubro. Fonte: DGEG, março 2008; Câmara Municipal de Condeixa-a-nova, novembro 2008 7.1.3 Hidrogeologia 7.1.3.1 Hidrodinâmica O município de Condeixa-a-Nova apresenta claros contrastes hidrogeológicos baseados nas características litológicas, na fracturação e na presença de formas de dissolução favoráveis ao escoamento subterrâneo. A oriente, na unidade lítica calcários dolomíticos e dolomias com intercalações pelíticas, a permeabilidade é determinada pelas condições de fracturação e pela presença de formas cársicas de lapiás e algares, com a construção de escoamento subterrâneo com direção genérica para Este-Oeste. 146 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Fotografia 12: Aspeto exterior da nascente de Bendafé, unidade calcários dolomíticos e dolomias com intercalações pelíticas A unidade constituída pela alternância de calcários margosos e margas parece evidenciar baixa permeabilidade vertical com níveis produtivos a pouca profundidade e na dependência da alimentação de oriente. Na figura seguinte estão representados os valores de caudal máximo, médio e mínimo mensais da nascente de Alcabideque no período 1992/93 a 2002/03. Há uma clara repartição sazonal, sendo notório o contraste anual na dependência do regime de precipitação e da limitada bacia de alimentação. Figura 63: Caudais médios mensais para Alcabideque no período 1992/93 a 2002/03 Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 Os calcários e calcários margosos das serras e planaltos calcários exibem permeabilidade afeta à fracturação e à carsificação sob a forma de lapiás, dolinas, algares e uvalas o que se traduz numa circulação hipogeia, essencialmente Sudeste-Noroeste e Norte-Sul, com tradução na elevada produtividade e pequenas variações no caudal dinâmico em bombagem (ver figuras seguintes). São exemplo desta produtividade as exsurgências como Arrifana (unidade litológica de calcários cristalinos e calcários margosos), Vale Janes, Olho da Mó, em Ega. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 147 Figura 64: Caudais de bombagem Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 Figura 65: Rebaixamento por bombagem Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 148 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Fotografia 13: Nascente da Arrifana Fotografia 14: Captação hídrica da nascente de Olho de Mó Fotografia 15: Nascente dos Barreiros (Ega) Fotografia 16: Nascente Velha, Eira-Pedrinha A ocidente destaca-se, pela elevada capacidade de infiltração, a unidade arenitos argilosos brancos e cinzentos, a que se associa uma produtividade condicionada pelos níveis superiores impermeáveis. Apresenta, genericamente, pequenos a médios rebaixamentos por bombagem e parece constituir o aquífero em exploração na zona de Anobra dada a elevada profundidade de captação, conforme se pode verificar pela figura apresentada de seguida. Na zona da Ega (Barreiros) estão identificadas duas nascentes no contacto com as unidades “Calcários margosas concrecionadas acinzentadas e Arenitos Finos”. A unidade “Areias e argilas vermelhas”, a qual tem elevada representação superficial no Concelho, exibe genericamente uma baixa permeabilidade vertical e moderada permeabilidade horizontal, o que constitui uma limitação à recarga de aquíferos profundos. As captações localizadas nesta unidade revelam uma baixa produtividade, impondo a exploração a níveis mais profundos. Localmente existem níveis mais produtivos que parecem associados à fracturação. A unidade constituída por “Areias, argilas e conglomerados” evidencia baixa capacidade de infiltração e pouca produtividade eventualmente na dependência da elevada cimentação de alguns níveis representados. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 149 A unidade tufo-travertínicas apresenta grande capacidade de infiltração pela elevada porosidade e caráter vacular genericamente exibido, determinando algumas das captações e exsurgências históricas do Concelho (Lapa, Fonte dos Amores, Nascente Velha, Gato, Serrado e Raposeira) apesar de pouco produtivas. As figuras com a representação da profundidade de captação e o caudal de bombagem ilustram a baixa produtividade associada a captações nesta unidade, bem como o caráter superficial da exploração. Figura 66: Profundidade de captação Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 Os dados acima mencionados conjuntamente com os do rebaixamento por bombagem, apresentam o caudal e a variação entre nível hidrostático e hidrodinâmico em bombagem, assim como, a profundidade dos níveis produtivos de captação. Estes resultados ilustram uma generalização das condições em furos, no Concelho e área envolvente, independentemente do tipo, tempo e época do ano da bombagem. Os 113 pontos permitiram a transposição espacial de classes de caudal de bombagem, profundidade de captação e rebaixamento. A análise permite salientar: a elevada produtividade associada à nascente de Arrifana e na área de Alcabideque; a elevada profundidade necessária a captações produtivas, nomeadamente a ocidente, sendo que, as unidades calcários dolomíticos e dolomias com intercalações pelíticas, alternâncias de calcários margosos e margas e os depósitos tufo-travertínicos apresentam os valores menos significativos; 150 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) os elevados valores de rebaixamento verificados a oriente na unidade calcários dolomíticos e dolomias com intercalações pelíticas e a ocidente na unidade areias e argilas vermelhas. Na figura seguinte são representados, de forma esquemática, os vetores principais de escoamentos subterrâneos bem como as nascentes na sua dependência. Figura 67: Escoamento subterrâneo Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 7.1.3.2 Análise química das águas superficiais e subterrâneas Foi realizada uma avaliação de diversos pontos de água no espaço do município, com vista à caracterização de parâmetros expeditos, designadamente pH e condutividade elétrica; na amostragem, realizada no inverno de 2003/2004, incluíram-se nascentes, poços e linhas de água, num total de 74 pontos. Os valores de pH registados variaram entre o mínimo de 5,7 e o máximo de 8,8. Predominam os valores no intervalo 7 a 8, com média de 7,6 ± 0,7, traduzindo a provável influência das litologias carbonatadas que ocorrem no espaço do Concelho. Esse mesmo facto é saliente nos valores obtidos para a condutividade elétrica, os quais se situam no intervalo de 130 a 1125 µS cm-1, com predominância do intervalo 300 a 700 µS cm-1. A média é de 566 ± 192 µS cm-1, como se pode verificar nas figuras a seguir apresentadas. Não obstante os valores registados para a condutividade serem relativamente elevados, é provável que traduzam uma elevada mineralização natural proveniente da percolação das rochas carbonatadas, e não contaminação de origem antrópica. Esta possibilidade, compatível com os valores registados para o pH, é reforçada pela observação de linhas de água como a ribeira de Bruscos, com origem em Alcabideque, a qual atravessa o espaço do Concelho 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 151 sem alteração significativa dos valores de condutividade e de pH. O mesmo ocorre para o rio de Mouros e afluentes. Pelo exposto, e na base da informação obtida, as águas superficiais e subterrâneas do Concelho aparentam não registar indícios significativos de contaminação. Esta conclusão, que deve ser tido como preliminar uma vez que se baseia em parâmetros de determinação expedita, poderá ser futuramente confirmada através da seleção de um conjunto de pontos de água representativos para análise química e bacteriológica completa. Figura 68: PH em águas superficiais e subterrâneas Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 152 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 69: Condutividade em águas superficiais e subterrâneas Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 7.1.4 Radioatividade Natural A presença de elementos químicos radioativos nas rochas e solos, em concentrações variáveis e dependentes de fatores geológicos, constitui um fator de risco ambiental. Para averiguar a exposição à radioatividade natural no município de Condeixa-a-Nova, realizou-se um estudo com detetores de radiação gama de campo total (Saphymo SPP2), e de espectrómetro de radiação gama portátil (Exploranium GR130G)17. Com os primeiros foi efetuada a caracterização do fundo radiométrico característico das diferentes unidades geológicas, bem como avaliada a eventual presença de anomalias radiométricas associadas a litologias ou estruturas geológicas específicas. A utilização de espectrómetro de raios gama permitiu, em fase posterior, avaliar das concentrações de urânio características das unidades litostratigráficas. 17 Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 153 A avaliação efetuada com cintilómetros de raios gama de campo total foi registada em 193 locais representativos das diferentes litologias, conforme se representa na seguinte figura: Figura 70: Radiação gama total Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 Na tabela seguinte aparecem expressos os valores médios de radiação gama total (em choques por segundo – cps) observados nas diversas unidades geológicas do município, e correspondente desvio-padrão. Com N indica-se o número de observações (as unidades com menor expressão não foram objeto de análise). 154 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 56: Valores médios de radiação gama total Unidade Calcários dolomíticos e dolomias com intercalações pelíticas Alternância de calcários margosos e margas Calcários cristalinos e calcários margosos Arenitos argilosos brancos e cinzentos Calcários concrecionados acinzentados Arenitos finos Areias e argilas vermelhas Areias, argilas e conglomerados Depósitos tufo-travertínicos Depósitos cascalhentos areno-argilososos N 19 15 37 44 51 15 10 2 Radiação gama total (cps) 41 ± 12 46 ± 13 37 ± 20 65 ± 30 53 ± 16 60 ± 18 59 ± 29 40 ± 6 Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 A análise conjunta dos resultados permite destacar que as rochas carbonatadas apresentam os níveis de radiação gama mais baixos, entre 37 a 46 cps em média18. Os depósitos tufo-travertínicos, de afinidade carbonatada, apresentam níveis de radiação total ligeiramente superiores aos das rochas carbonatadas mais antigas (59 cps em média). As unidades detríticas apresentam fundo radiométrico em geral mais elevado do que as carbonatadas, com a exceção das muito grosseiras. Na generalidade dos casos observaram-se valores médios da ordem dos 52 a 65 cps, inferiores para a unidade de cascalheiras (40 cps). Os valores pontuais mais elevados registados, da ordem dos 150 cps, corresponderam a níveis de caráter argiloso. O estudo efetuado não mostrou a presença de anomalias radiométricas associadas a qualquer das litologias ou estruturas geológicas, designadamente caixas de falha. Em 122 locais efetuou-se, igualmente, a caracterização in situ dos teores de urânio e tório presentes nas rochas, através de espectrómetro de raios gama portátil. Dos valores médios do teor de urânio e de tório observados nas diversas unidades geológicas do Concelho, e correspondente desvio-padrão (N indica o número de observações, sendo que as unidades com menor expressão não foram objeto de análise), pode-se concluir: em nenhuma das unidades é excedido o teor médio de urânio estimado para a crusta continental superior e que é de 2,8 ppm; as rochas carbonatadas mostram teores médios de urânio entre 0,9 e 1,9 ppm, enquanto as unidades detríticas exibem concentrações ligeiramente superiores, entre 2,0 e 2,5 ppm; as unidades detríticas salientam-se das carbonatadas de forma mais vincada no que respeita aos teores de tório, conforme expectável, registando concentrações médias entre 4,9 e 6,2 ppm (a média crustal é de cerca 10 ppm), contra 0,6 a 2,8 ppm daquelas; 18 Para efeitos comparativos, é de referir que as rochas que apresentam composição próxima da média crustal geram, neste mesmo equipamento, níveis de radiação da ordem dos 100 cps. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 155 os depósitos tufo-travertínicos constituem a exceção, com concentração média de tório de 5,9 ppm, o que explica o seu fundo radiométrico mais elevado, próximo do das rochas detríticas, enfatizando a fração detrítica presente. Quadro 57: Valores médios do teor de urânio e de tório Unidade Calcários dolomíticos e dolomias com intercalações pelíticas Alternância de calcários margosos e margas Calcários cristalinos e calcários margosos Arenitos argilosos brancos e cinzentos Calcários concrecionados acinzentados Arenitos finos Areias e argilas vermelhas Areias, argilas e conglomerados Depósitos tufo-travertínicos Depósitos cascalhentos areno-argilososos N 14 9 23 22 - U 1.6 ± 0.8 1.9 ± 0.8 0.9 ± 0.7 2.5 ± 1.7 - Th 0.6 ± 1.1 2.8 ± 3.6 1.3 ± 1.8 4.9 ± 4.6 - 37 10 7 - 2.0 ± 1.4 2.2 ± 2.5 1.7 ± 1.0 - 5.9 ± 3.7 6.2 ± 3.5 5.9 ± 7.2 - Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 Em termos conclusivos pode-se afirmar que as unidades que ocorrem no município de Condeixa-a-Nova apresentam conteúdos em elementos radiogénicos inferiores à média crustal e são inexistentes anomalias radiométricas. Tomando estes dados em conta, e comparando com contextos geológicos análogos (designadamente o caso de Coimbra), conclui-se ser muito reduzido o risco de exposição à radioatividade natural no espaço do Concelho. Esta avaliação preliminar poderá ser confirmada, futuramente, através da medição dos níveis de radão num número significativo de habitações representativas do município. 7.1.5 Recursos hídricos 7.1.5.1 Recursos hídricos superficiais De acordo com o “Índice Hidrográfico e Classificação Decimal dos Cursos de Água de Portugal” (MHOP, 1981) aparecem representados no município de Condeixa-a-Nova os cursos de água e respetiva expressão espacial que transparecem na tabela e figura seguinte. No município estão representadas duas bacias hidrográficas principais cujos cursos de água ou seus afluentes drenam para o rio Mondego (Índice 701): o rio Arunca através da Vala da Granja/rio Ega/rio de Mouros ou ribeira de Caráglio Seco (701 05) e a Vala de Pereira, do Paul de Arzila ou ribeira de Cernache (701 07). A Norte aparece representada a bacia hidrográfica que drena para o vale de Avenal – Anobra, tendo a jusante o Paul de Arzila. A área desta bacia representada no Concelho é de 27,4 Km 2, sendo que é repartida Por dois espaços: um mais a montante e que drena parcialmente os relevos calcários dolomíticos orientais em Alcouce e Casal de Balaus; outro a jusante na transição das platitudes dos tufos e travertinos (Eira Pedrinha, 156 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Cernache/Avenal) para as colinas gresosas (após a confluência das ribeiras de Eira Pedrinha, Casconha, Cernache e de Vale Cântaro, estas últimas com essencial desenvolvimento hidrográfico no município vizinho de Coimbra). Quadro 58: Classificação dos cursos de água segundo o Índice Hidrográfico Fonte: MHOP, 1981 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 157 Figura 71: Bacias hidrográficas Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 Com uma representação de cerca de 98,5 Km2, a bacia de drenagem do sistema Vala da Granja, rio Ega, rio de Mouros, ribeira de Caráglio Seco pode ser dividido em 4 subunidades hidrográficas: A drenagem esquerda representada pela ribeira de Bruscos e de Condeixa bastante diversa e contrastada, que escoam os calcários dolomíticos do espaço oriental, a depressão calco-margosa de Alcabideque, as platitudes tufo-travertínicas de Condeixa, antes de confluir no vale aberto do rio Ega; A drenagem por parte do rio de Mouros da depressão calco-margosa do Zambujal e dos relevos carbonatados através de canhões fluvio-cársicos em direção ao vale aberto nas colinas gresosas a jusante de Condeixa-a-Velha; A drenagem das serras e planaltos calcários através das ribeiras do Vale do Madrinhal e da Cova do Vale do Milho, a montante da Arrifana; 158 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) A drenagem, após as confluências anteriores, do relevo aberto e suave das colinas gresosas do rio de Mouros e Ega alimentados na margem esquerda pelas ribeiras do Gaio, da Ega e da Nascente do Olho. Drenando o limite ocidental do município (cerca de 13 Km2) e alimentando os rios Anços e Arunca identifica-se a drenagem montante das ribeiras do Regato, de S. Tomé, da Milhariça e da Venda Nova, tendo o escoamento uma direção genérica Este-Oeste Sabendo que a hidrografia no município de Condeixa-a-Nova é reflexo de aspetos morfológicos, litológicos, nomeadamente quando relacionados com formas cársicas e fluvio-cársicas, estruturais e climáticas considerouse apropriado a análise da distribuição espacial da densidade de drenagem superficial numa área padrão (1Km2). Os resultados transparecem na figura seguinte, tendo-se obtido em que se obtiveram valores no intervalo [526 - 9698m/Km2], sendo que os maiores valores de escorrência superficial se registam na vertente ocidental das serras e planaltos calcários, nomeadamente, na margem esquerda do rio de Mouros, e no da ribeira de Cernache/Vala de Arzila. Figura 72: Densidade de drenagem Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 159 Genericamente regista-se um valor médio na classe (3000-4000m/Km2), podendo-se observar os menores valores de escoamento superficial nas vertentes orientais das serras e planaltos calcários, na drenagem montante dos relevos calcários dolomíticos, mas essencialmente nas platitudes tufo-travertínicas na área de Condeixa ou localmente nas colinas gresosas, como se pode verificar pela foto. Os valores de escoamento reconhecidos para o rio Ega e ribeira da Malga (período 1972/73 a 1984/85) demonstram um regime contrastado de escoamento Fotografia 17: Drenagem superficial e sub-superficial em Eira Pedrinha entre os meses de inverno e verão (DGRAH, 1986). Assim, para um valor de escoamento anual médio no rio Ega próximo de 55000m3, cerca de 60% correspondem aos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, registando este último mês o valor máximo mensal de 12259m3. Os valores médios mensais para os meses de julho, agosto e setembro são de escoamentos mensais inferiores a 500m3. Na ribeira da Malga, com um valor anual médio de cerca de 2000m3 de escoamento, cerca de 25% deste corresponde ao mês de fevereiro e 55% ao período Dezembro-Fevereiro. Os meses com caudal entre 30 e 55m3 distribuem-se entre junho e setembro. A comparação com o regime de escoamento nas exsurgências de Alcabideque e Arrifana denota um atraso destas para os valores médios mensais, sendo que nas exsurgências os maiores caudais se distribuem entre janeiro e março e os menores nos meses de setembro e outubro (DRARN-Centro, 1997). Estão reconhecidas no município algumas áreas com vulnerabilidade decorrente de episódios de cheia/inundação. Assim, são referenciadas as seguintes áreas: sopé da serra da Ponte, em Alcabideque; a montante do IC2, na Arrifana; no rio Ega, a montante da confluência com a ribeira de Condeixa, aí afetando vias e edificações em Campizes e Sebal e com extensão até Belide. Outros locais de difícil escoamento superficial podem ser assinalados: no rio de Mouros a jusante do Zambujal até à Fonte Coberta; junto à ponte do Ródão, no Avenal; na ribeira de Condeixa, a montante de Sebal. 160 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 7.1.5.2 Zonas ameaçadas pelas cheias No âmbito da revisão da Reserva Ecológica Nacional do município de Condeixa-a-Nova, visando a delimitação da área sensível das Zonas Ameaçadas pelas cheias, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra elaborou um estudo sobre esta temática, datado de 2005. O município de Condeixa-a-Nova apresenta problemas de escoamento superficial em resultado de condicionantes morfológicas, litológicas e hidrogeológicas. As condições de escoamento superficial a Este e nas serras calcárias são frequentemente condicionadas pela circulação hipogea, e por platitudes de natureza tectónica ou na dependência da resistência à erosão dos materiais. A Ocidente, os vales e digitações de rio de Mouros, da ribeira de Bruscos e da ribeira de Cernache/Vala de Arzila, são enquadrados por unidades genericamente gresosas, e apresentam formas abertas com declives inferiores a 2%, determinando um reduzido gradiente de escoamento hidráulico. Por outro lado, na área urbana de Condeixa-a-Nova, o enquadramento morfológico e litológico origina níveis de platitude que remetem as dificuldades de escoamento superficial para as alterações antrópicas, nomeadamente pela artificialização de canais, impermeabilização superficial ou construção a cotas negativas. A prévia avaliação do município permite salientar dois aspetos: a concentração temporal de precipitação provoca inúmeras dificuldades de drenagem superficial, e, ainda, a importância dos níveis de cheia com retorno centenário as quais inundam vastas áreas. Metodologia Para a avaliação das condições de drenagem superficial e a estimação das zonas ameaçadas pelas cheias foi estabelecida a seguinte metodologia: Elaboração de um questionário para levantamento de: Zonas imersas Registos máximos e médios dos níveis nas zonas imersas Tempo médio de imersão e período de retorno Causas locais atribuídas às cheias/inundações Evidências locais de dificuldades de escoamento Elementos naturais ou construídos afetados Levantamento de campo de: Registos epigráficos de níveis de cheia; Registos de evidências de cheia em edifícios; Depósitos e formas sedimentares associados a cheias e inundações; 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 161 Recolha de informação sobre condições críticas de drenagem superficial junto de: Bombeiros Voluntários; Serviço Municipal de Proteção Civil. O questionário foi ministrado de forma direta e anónima às populações locais. O acumulado de informação permite traçar os limites das áreas com registo de cheias à escala 1/25000 ou 1/10 000 (na área urbana de Condeixa-a-Nova), identificar as condições temporais e de altura dos níveis de cheia/inundação, prever os níveis para cheias com retorno à década ou século, identificar áreas em que prevalecem dificuldades de escoamento e que não resultam do transbordo de linhas de água, assinalar pontos críticos que materializam edifícios ou vias afetadas, condições de estrangulamento na secção de vazão, com ou sem refluxo para montante. Delimitação das áreas e identificação de pontos críticos A delimitação das áreas ameaçadas pelas cheias foi efetuada considerando como unidade territorial a bacia hidrográfica. Deste modo, o estudo é apresentado pelas seguintes bacias hidrográficas: (i) Bacia Hidrográfica de Vala da Granja, rio Ega, rio de Mouros e ribeira de Caráglio Seco; (ii) Bacia Hidrográfica de Condeixa ou de Bruscos ou; (iii) Bacia Hidrográfica da Vala de Pereira, do Paul de Arzila ou da ribeira de Cernache. (i) Bacia hidrográfica de Vala da Granja, Rio Ega, Rio de Mouros e Ribeira de Caráglio Seco A Sudeste do município de Condeixa-a-Nova enquadra-se uma área frequentemente afetada pelas cheias da ribeira de Caráglio Seco, situadas nas freguesias do Zambujal e Condeixa-a-Velha, passando pelo Zambujal, Póvoa de Pegas, Fonte Coberta e Poço. A área afetada é essencialmente ocupada por campos agrícolas, e caminhos não asfaltados, à exceção das povoações de Poço e Fonte Coberta onde se verifica a inundação de habitações particulares com alguma regularidade. Os levantamentos realizados na freguesia do Zambujal, revelaram a existência de registos históricos da chamada cheia centenária em que a altura da água ultrapassa os 2 m, tendo uma coluna de água com altura média superior a 1 m. 162 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Fotografia 18: Registo de cheia centenária, Zambujal Fotografia 19: Registo de cheia centenária, Poço Fotografia 20: Representação da inundação nos terrenos agrícolas envolventes ao Lagar, Zambujal O tempo médio de permanência em imersão está situado entre os dois dias a uma semana, dependendo da continuidade e intensidade da precipitação. Na povoação de Fonte Coberta, a informação recolhida revelou a existência de cheias que mais recorrentemente inundam os pisos inferiores de duas habitações contíguas ao rio de Mouros. Já na povoação de Poço, freguesia de Condeixa-a-Velha, a população fez também referência à cheia centenária com alturas de água semelhantes às presenciadas no Zambujal, isto é, com 2 m. Consegue-se ainda diferenciar essa marca máxima, da chamada cheia recorrente, cujo valor máximo de altura atinge 1,5 m e da altura média de 70 cm. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 163 Fotografia 21: Campos agrícolas inundáveis contíguos à estrada que liga Ega a Campizes Fotografia 22: Habitação particular construída na linha de água, Casal Barreiros Nas freguesias de Condeixa-a-Velha, Ega, Sebal e Belide assinala-se a maior extensão sujeita a cheias. É uma área de ocupação essencialmente agrícola, atravessada por inúmeras linhas de água como o rio de Mouros, a ribeira de Condeixa e o rio Ega. Ainda em Condeixa-a-Velha, as informações recolhidas junto da população destacam a esporádica interrupção rodoviária da estrada que liga Salgueiro a Arrifana. Já na freguesia de Ega, os levantamentos revelam a existência de várias situações a considerar. Ao km 31 da EN 342 (Soure-Condeixa), pode destacar-se a acumulação frequente de águas pluviais na estrada, o que afeta a circulação automóvel nesse local. A altura máxima da água varia entre 30 a 50 cm, com uma altura média na zona imersa na ordem dos 20 cm. Os tempos médios de permanência em imersão dependem invariavelmente da continuidade e intensidade da precipitação, visto que se trata de um problema de insuficiente escoamento superficial, e situam-se entre a 1 as 6 horas. Para além da estrada, há 3 habitações afetadas por esta acumulação de águas. Na mesma linha de água, a jusante, no Casal dos Barreiros, pode constatar-se a construção de uma habitação na linha de água, como se pode ver na figura acima apresentada, o que provoca a inundação dos campos adjacentes e a instabilidade estrutural de muros delimitadores. A altura máxima de água acumulada encontra-se entre 70 cm a 1 m. O tempo médio de permanência em imersão é de cerca de 24 horas, com curtos períodos de retorno. As restantes situações existentes nesta freguesia afetam essencialmente a áreas agrícolas, com valas e linhas de água que, segundo a população, se encontram frequentemente obstruídas. As informações fornecidas por habitantes da freguesia de Sebal revelam que existem pelo menos três habitações que são afetadas com o aumento de caudal da ribeira de Condeixa, e que a altura máxima de água na zona imersa se situa entre 50cm e 1m. O tempo médio de permanência em imersão é de uma semana, não se podendo nunca dissociar este valor da quantidade de precipitação associada à bacia da Ribeira de Condeixa. 164 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Para além das habitações, são afetadas várias construções de apoio agrícola e também um tanque público. A chamada reta do Sebal (ER347) fica também frequentemente intransitável pelas dificuldades de drenagem Na freguesia de Belide (Casével), mais propriamente na Rua do Casal, pode constatar-se que o pavimento da estrada principal subiu cerca de 30 cm em relação às habitações adjacentes, e devido à falta de escoamento adequado, verifica-se a inundação de três habitações, bem como garagens, arrumos e construções de apoio agrícola. A altura máxima de água é de cerca de 30 cm, existindo o registo de uma inundação em que a água atingiu os 50 cm. Os tempos médios de permanência em imersão podem atingir 6 horas e, segundo a população, é uma situação que se verifica anualmente. Nas serras calcárias assinalam-se duas pequenas áreas em que as cheias afetam, esporadicamente, a circulação automóvel junto à povoação do Furadouro, bem como nos campos agrícolas adjacentes. Ambos os casos estão relacionados com a mesma linha de água (Cova de Vale Milho). Neste caso, pode destacar-se a presença de depósitos superficiais de baixa permeabilidade, provocando recorrentemente a formação de uma pequena lagoa (entrevistas realizadas identificaram o aproveitamento para bebedouro de animais). (ii) Bacia Hidrográfica da Ribeira de Condeixa ou de Bruscos A Nordeste do Município identifica-se uma área ameaçada pelas cheias da Ribeira de Bruscos e do seu afluente, a Ribeira das Cabras. Esta área que se estende pelas freguesias de Vila Seca e Condeixa-a-Velha, afeta as povoações de Bruscos, Beiçudo, passando por Alcabideque, Atadoa, entrada na área urbana da freguesia de Condeixa-a-Nova. A informação recolhida através de inquéritos realizados em Bruscos, foi comprovada por registos de cheias naquela área com valores máximos de altura de água da ordem dos 1,5 m, e para a cheia recorrente valores que variam entre os 30 e os 100 cm, com tempos médios de imersão entre 24 a 48 horas, sempre dependentes da continuidade e intensidade da precipitação associada à Ribeira de Bruscos. É também uma área onde a ocupação é essencialmente agrícola, existindo uma situação recorrente de inundação de uma habitação particular na povoação de Beiçudo e de várias habitações na mesma situação em Traveira, (ver foto em baixo). Este último caso, deve-se essencialmente à deficiente drenagem da linha de água proveniente do Alto da Anaia que atravessa a povoação. Como se pode ver, nas fotos seguintes, o estrangulamento da secção de escoamento provoca a inundação das habitações e da capela. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 165 Fotografia 23: Registo da cheia centenária, Traveira Fotografia 24: Pormenores relativos ao estrangulamento da linha de água proveniente do Alto da Anaia (iii) Bacia Hidrográfica da Vala de Pereira, do Paul de Arzila ou da Ribeira de Cernache A Norte do Município, nas freguesias de Sebal e Anobra, pode identificar-se uma área que se encontra no raio de influência da Ribeira de Cernache, que desagua nas valas do Paul de Arzila. Na freguesia de Sebal, mais propriamente na povoação de Avenal destaca-se a inundação recorrente das várias habitações contíguas à ribeira e a montante da ponte de Avenal. Os levantamentos realizados nesta área revelam um período de retorno de 5 anos para as cheias que afetam estas habitações. Os valores máximos da altura de água são da ordem de 1 a 1,5 m, com valores médios da coluna de água, na zona imersa, de 70 cm. Na povoação do Sobreiro há relatos de acumulação de águas pluviais que afetam a circulação rodoviária na estrada que atravessa esta povoação. Nos campos aluviais perto da Laranjeira ocorre com alguma frequência a inundação de uma habitação. Na área que diz respeito ao Paul de Arzila, verifica-se a inundação dos campos agrícolas e de caminhos não asfaltados que atravessam os campos. 166 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Recomendações Na área a montante de Poço considera-se para as zonas ameaçadas pelas cheias, a compatibilização de usos com a dissuasão de construção na área inundável. Na Fonte Coberta e Poço, a adoção de medidas de minimização de danos em algumas habitações; No Furadouro a redefinição da passagem hidráulica que afeta a EN609; Na área da Arrifana, a elevação do perfil da estrada que liga a Salgueiro ou a melhoria da passagem hidráulica; Em Ega, considera-se importante a limitação das áreas para nova edificações. Junto à EN342 há que considerar o dimensionamento da passagem hidráulica evitando situações de refluxo no escoamento superficial que afeta habitações. No Casal dos Barreiros a minimização dos efeitos provocados pela edificação na linha de água; Na zona de Sebal, a dissuasão de construção na área inundável e a adoção de medidas de minimização de danos em algumas habitações e construções de apoio agrícola; Em Casével, na Rua do Casal, o dimensionamento do escoamento das águas pluviais que afetam três habitações; Em Traveira, o desincentivo de ocupação edificada em área com dificuldade de escoamento pluvial e a adoção de medidas de minimização das condições de escoamento superficial; No Beiçudo, a eliminação do estrangulamento na secção de vazão provocado pelo alargamento da EN342; Na área do Avenal, a limpeza e desobstrução das linhas de água, bem como a limitação de edificação nas áreas inundáveis em Avenal – Sobreiro. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 167 Figura 73: Zonas Ameaçadas pelas Cheias e pontos críticos Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 7.1.5.3 Recursos hídricos subterrâneos Os recursos hídricos subterrâneos desempenham um importante papel no abastecimento de água às populações, na rega e na indústria. Mesmo em zonas onde são escassos, podem ser fundamentais para assegurar o abastecimento a pequenos núcleos urbanos ou industriais, a explorações agropecuárias ou a regadios de pequenas explorações agrícolas. Em Portugal Continental, a distribuição dos recursos hídricos subterrâneos está intimamente relacionada com as ações geológicas que moldaram o território. Com efeito, as grandes Unidades Hidrogeológicas para o nosso território estabelecidas pelo Instituto da Água (INAG) correspondem desde logo às 4 unidades morfoestruturais em que o país se divide - o Maciço Antigo (ou Maciço Ibérico ou Maciço Hespérico), a Orla Mesocenozóica Ocidental (ou Orla Ocidental), a Orla Mesocenozóica Meridional (ou Orla Meridional) e a Bacia Terciária do TejoSado (ou Bacia do Tejo-Sado). Condeixa-a-Nova encontra-se na Bacia Mesocenozóica Ocidental. 168 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) As bacias mesocenozóicas, ocupadas essencialmente por rochas detríticas ou carbonatadas, pouco ou nada afetadas por fenómenos de Figura 74: Unidades Morfoestruturais de Portugal Continental metamorfismo, apresentam os aquíferos mais produtivos e com recursos mais abundantes em Portugal Continental. Na Bacia Mesocenozóica Ocidental, o INAG identificou 27 sistemas aquíferos individualizados, onde as principais formações são constituídas por rochas detríticas do Terciário e Quaternário (areias, areias de duna, terraços, aluviões, etc.), arenitos e calcários do Cretácico e calcários do Jurássico. Os critérios que o INAG utilizou para a definição dos sistemas aquíferos assentarem em bases científicas e naturais consideradas “aceitáveis” e tiveram em conta Fonte: INAG as necessidades dos futuros utilizadores. Para isso, procuraram que os vários subsistemas que os constituem estivessem relacionados dinamicamente Figura 75: Sistemas Aquíferos do concelho de Condeixa-a-Nova entre si, de modo a que qualquer modificação no estado de um deles pressupusesse repercussões nas restantes. Para além disso, em função dos objetivos e da escala de trabalho, a definição dos sistemas aquíferos foi orientada de modo a que os mesmos pudessem constituir unidades de inventário e de gestão. Para o concelho de Condeixa-a-Nova identificam-se quatro Sistemas Aquíferos distintos, designados em função da área que abarcam (não coincidente com a do Concelho). São eles: Sistema Aquífero de Condeixa-Alfarelos, Sicó-Alvaiázere, Louriçal e Penela-Tomar. Fonte: Mapa inferido dos elementos disponíveis no INAG Os quadros que seguem, respeitantes à Hidrogeologia dos Sistemas Aquíferos presentes em Condeixa-aNova, são disponibilizados pelo INAG, tendo-se, no entanto, procedido a restrições de conteúdo que visaram incluir apenas a informação respeitante ao Concelho. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 169 Quadro 59: Sistemas Aquífero no concelho de Condeixa-a-Nova Sistema aquífero de Condeixa-Alfarelos Formações Aquíferas Dominantes Litologias Dominantes Características Gerais Produtividade (l/s) Parâmetros Hidráulicos Funcionamento Hidráulico Direção dos Fluxos Balanço Hídrico Fácies Qúimica Arenitos Finos de Lousões, Calcários Apinhoados da Costa de Arnes (Cretácico); Arenitos de Carrascal (Cretácico) Arenitos Finos de Lousões: arenitos finos muito micáceos passando a arenitos grosseiros a muito grosseiros; Calcários Apinhoados da Costa de Arnes: calcários, calcários margosos, arenitos calcários e margas; Arenitos de Carrascal: arenitos mais ou menos argilosos, finos a grosseiros, conglomeráticos e argilas arenosas. A espessura conhecida das formações aquíferas é de 300 m Sistema aquífero essencialmente poroso, multicamada em que as três unidades aquíferas são independentes do ponto de vista hidráulico e, como tal, apresentam cargas hidráulicas diferentes e águas com características químicas distintas. Sistema livre a confinado (semiconfinado?) Mediana=2,7 Mediana da transmissividade=78 m²/dia O sistema recebe recarga direta através da precipitação que cai sobre a superfície dos afloramentos permeáveis do setor sul O escoamento orienta-se, predominantemente, para norte, até à planície aluvionar do rio Mondego Entradas conhecidas=3 hm³/ano; saídas conhecidas=3 hm³/ano Predomínio de cloretada sódica Sistema aquífero de Sicó-Alvaiázere Formações Aquíferas Dominantes Litologias Dominantes Características Gerais Produtividade (l/s) Parâmetros Hidráulicos Funcionamento Hidráulico Direção dos Fluxos Balanço Hídrico Fácies Qúimica Calcários e dolomitos (Batoniano e Bajociano) Calcários margosos muito compactos, margas e calcários compactos, calcários cristalinos, calcários dolomíticos, cuja espessura total é da ordem dos 450 m Sistema aquífero cársico, muito heterogéneo Mediana=4 A transmissividade (m²/dia) varia entre 4 e 570 Podem considerar-se dois setores principais distintos: um setor W correspondente à linha de relevos Sicó-Rabaçal e, a E, um setor correspondente à linha de relevos serra de Ansião-Alvaiázere; as zonas mais produtivas são as que se situam perto das principais zonas de drenagem Setor oriental: os níveis decrescem no sentido N-S, o que indica um escoamento no sentido das nascentes mais meridionais (Agroal e Mendacha) Recarga=135 hm³/ano; saídas=120 hm³/ano Bicarbonatada cálcica Sistema aquífero do Louriçal Formações Aquíferas Dominantes Arenitos do Carrascal, Calcários Apinhoados da Costa de Arnes, Arenitos Finos de Lousões (Cretácico)19 Produtividade (l/s) Parâmetros Hidráulicos Funcionamento Hidráulico Direção dos Fluxos Balanço Hídrico Arenitos do Carrascal: arenitos mais ou menos argilosos, finos a grosseiros; Calcários Apinhoados da Costa de Arnes: calcários, calcários margosos e margas; Arenitos Finos de Lousões: arenitos finos muito micáceos que passam a grosseiros a muito grosseiros; as formações cretácicas atingem espessuras superiores a 200 m. Sistema multiaquífero constituído por três subsistemas: Cretácico, Miocénico e Plio-Quaternário. O Subsistema Cretácico, onde se inclui o Concelho, é essencialmente poroso, de produtividade média, multicamada, livre a confinado. Subsistema Cretácico: entre 27,5 e 40 Subsistema Cretácico: Transmissividade entre 86 e 1007 m²/dia. Sistema aquífero bastante complexo, com alguma drenância entre as unidades adjacentes. Subsistema Cretácico: escoamento longo, profundo e lento, em direção ao mar Subsistema Cretácico: entradas=7 hm³/ano, saídas=7 hm³/ano; Fácies Qúimica Subsistema Cretácico: bicarbonatada sódica Litologias Dominantes Características Gerais 19 Para além destes, o INAG refere para este Sistema Aquífero, “Formações do Miocénico e Paleogénico indiferenciados” e “Depósitos Plio-quaternário”, ambos da Era Cenozóica. No entanto, na Carta Geológica de Portugal encontramos para o Concelho na área deste Sistema Aquífero, formações apenas da Era Mesozoica (Período Cretácico e Jurássico). Omitiram-se assim as formações da Era Cenozóica, que se deverão encontrar noutro Concelho. 170 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Sistema aquífero de Penela-Tomar Formações Aquíferas Dominantes Litologias Dominantes Características Gerais Produtividade (l/s) Parâmetros Hidráulicos Funcionamento Hidráulico Direção dos Fluxos Balanço Hídrico Fácies Qúimica Dolomitos, calcários e calcários dolomíticos (Liásico) Dolomitos, calcários compactos, calcários dolomíticos compactos, por vezes com intercalações margosas. Relativamente à espessura conhece-se um valor máximo de 243 m Sistema aquífero cársico Mediana=1,7 (fora da zona de exsurgências) Transmissividade a variar entre 1 e 100 m²/dia (captações com pequeno caudal); entre 350 e 850 m²/dia (captações perto das exsurgências) Podem considerar-se duas zonas, em termos de produtividade: uma fora da zona de exsurgências, com caudais menores; outra, perto de exsurgências importantes, com caudais bastante elevados. Existe conexão com o sistema aquífero Sicó-Alvaiázere Setor norte: drenagem principal efetuada pela nascente de Alcabideque; setor central: drenagem para a região de Avelar; setor sul: drenagem para sul Recursos hídricos subterrâneos renováveis de 26 hm³/ano Predomínio de bicarbonatada cálcica; sulfatada cálcica e mistas Fonte: INAG 7.1.6 Morfologia Do ponto de vista morfológico ressaltam dois confrontos no Concelho: o existente, a Este entre as depressões calco-margosas e as serras e planaltos calcários e, a Oeste, entre as serras e planaltos calcários com as colinas gresosas. Fotografia 25: Depressão calco-margosa , Zambujal Fotografia 26: Colina gresosa, Serra do Círculo A distribuição hipsométrica permite salientar os valores registados nos relevos centrais de Rabaçal (473m), Maria Pares (364m), Senhora do Círculo (406m), Marco do Cruto (366m), Serra de Pêga (326m), bem como nos relevos a oriente na Volta do Monte (318m), Almaroz e Montalvão (315m). Os primeiros valores materializam o triângulo central das Serras e planaltos calcários os quais se prolongam para a serra da Avessada. Os segundos valores expressam os relevos calcários dolomíticos no limite oriental do município. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 171 Na área urbana e peri-urbana de Condeixa são observáveis as platitudes hipsométricas das classes 60-100m e 40-60m, materializadas pelos tufos e travertinos, as quais aparecem incisas por cursos de água com sazonalidade de escoamento. Para jusante, e enquadrados por colinas que não ultrapassam, a Norte, os 126m no Alto da Serra e, a Sul, os 146m junto a Rebolia, desenvolvem-se os vales abertos do Rio de Mouros, Ribeira de Bruscos e Ribeira de Cernache/Vala de Arzila, onde se regista o valor mínimo de 6m de cota. Os declives superiores caracterizam as vertentes dos relevos centrais das serras e planaltos calcários, fazendo antever as propriedades resistentes dos maciços e simultaneamente o controlo estrutural com movimentações de componente vertical. Ainda com declives superiores a 15% surgem os rebordos dos níveis aplanados (declives genericamente inferiores a 5%) na área de Condeixa. Figura 76: Modelo Digital do Terreno Condeixa-a-Nova 172 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Sobressaem ainda, pelos declives menores que 5%, as áreas deprimidas a Ocidente de Zambujal e em Alcabideque (fundos aplanados de depressões calco-margosas de Fotografia 27: Fundo aplanado da depressão de Alcabideque (declive<5%) em contraste com os relevos dos calcários dolomíticos significado cársico na dependência da menor resistência à erosão dos materiais líticos). Os declives inferiores a 5% materializam, a ocidente, os vales e digitações de rio de Mouros, ribeira de Bruscos e ribeira de Cernache/Vala de Arzila, enquadrados pelas colinas gresosas cretácicas e terciárias. As classes da exposição solar e respetiva tradução espacial estão representadas na figura seguinte. Foram consideradas sem exposição característica as áreas com declives inferiores a 5%. Figura 77: Exposições solares Fonte: Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 173 Os resultados demonstram a relativa expressão das áreas com menor exposição solar (Norte e Este), cerca de 1/3 da área total do Concelho. Ressalta na análise espacial a boa exposição de áreas como Zambujal, Bruscos, Condeixa-a-Velha, Condeixa-a-Nova, S. Fipo, Rebolia, Casal do Missa, Belide, Sebal e Anobra bem como toda a área sem exposição característica entre os vales do Rio de Mouros e Vala de Arzila. Áreas como Alcouce, Traveira, Mata, Furadouro, Fonte Coberta, Poço e, pontualmente, em Ega e Arrifana, apresentam menor grau de exposição solar. Áreas extensas correspondendo aos relevos calcários, apresentam vales incisos com declives pronunciados em que vertentes opostas apresentam valores de horas de insolação muito diferentes. 7.1.7 Caracterização bioclimática, biogeográfica, fitogeográfica, fito-edafo-climática e fitossociológica do concelho 7.1.7.1 Caracterização bioclimática A bioclimatologia é a ciência ecológica que estuda a relação entre o clima e a distribuição das comunidades vegetais. A importância da definição de parâmetros e índices bioclimáticos que permitam determinar o bioclima e o horizonte bioclimático de um dado território assenta desde logo na sua estreita correlação com mudanças no coberto vegetal, com fronteiras de vegetação potencial natural. Atendendo à importância que pode ter a identificação bioclimática para o Concelho, esta foi feita com base no trabalho de Rivas-Martínez20, tendo-se concluído que Condeixa-a-Nova se inclui no seguinte Bioclima e Horizonte Bioclimático: Mediterrânico Pluviestacional Oceânico Mesomediterrânico Inferior Sub-húmido Superior. 7.1.7.2 Caracterização biogeográfica A Biogeografia é uma ciência multidisciplinar que estuda a distribuição geográfica dos seres vivos, procurando entender os padrões de organização espacial e os processos que conduziram a tais padrões. Relaciona o meio físico com o biológico, pelo que se serve de informações geradas por ciências complementares, como a corologia vegetal, a geologia, a bioclimatologia ou a fitossociologia. Um dos seus objetivos é o estabelecimento de um modelo tipológico hierárquico do território com expressão espacial relevante para o ordenamento biológico do território e, em particular, para o planeamento do coberto vegetal. O concelho de Condeixa-a-Nova, de acordo com a análise do trabalho de COSTA et al.21, compreende dois subsetores biogeográficos: o Subsetor Beirense Litoral, a Noroeste e o Subsetor Oeste Estremenho, mais concretamente o Superdistrito Estremenho, na parte restante do Concelho. 20 In: http://www.ucm.es/info/cif/book/bioc/bioc2.pdf 174 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Embora o Subsetor Beirense Litoral seja essencialmente silicioso, possui algumas ilhas litorais. Encontra-se maioritariamente no andar mesomediterrânico, com exceção do vale do baixo Mondego a Oeste de Coimbra, que se encontra no termomediterrânico e ombroclima sub-húmido a húmido. Estende-se a partir das areias e arenitos de Leiria até à Ria de Aveiro, penetrando pelo vale do Mondego até à serra do Açor. Incluirá ainda uma faixa a Noroeste do concelho de Condeixa-a-Nova. Segundo COSTA et al.:22 “O Narcissus scaberulus é uma espécie endémica deste território, sendo os híbridos Quercus x coutinhoi (Q. robur x Q. faginea subsp. broteroi), Quercus x andegavensis (Q. robur x Q. pyrenaica) e Quercus x neomarei (Q. pyrenaica x Q. faginea subsp. broteroi) quase exclusivos do Beirense Litoral. Erica cinerea, Halimium alyssoides, Halimium ocymoides e Pseudarrhremnatherum longifolium são espécies diferenciais desta unidade. É a área por excelência dos carvalhais termófilos de carvalho-roble: Rusco aculeati-Quercetum roboris viburnetosum tini. A sua orla arbustiva é uma comunidade endémica em que domina o azereiro (Prunus lusitanica) - Frangulo alnaePrunetum lusitanicae - que muitas vezes se encontra em contacto já com o amial mesofítico ScrophularioAlnetum glutinosae. O urzal Ulici minoris-Ericetum umbellatae é uma das etapas regressivas do carvalhal mais abundantes. Contudo, grande parte do território é ocupada pelos bosques de sobreiro - Asparago aphylliQuercetum suberis - e pelas suas etapas subseriais: Erico-Quercetum lusitanicae e Lavandulo luisieri-Ulicetum jussiaei ulicetosum minoris. A subassociação ulicetosum minoris da associação Lavandulo luisieri-Ulicetum jussiaei é endémica do Beirense Litoral, assim como os bosques do Arisaro-Quercetum broteroi quercetosum roboris que se encontram nos calcários descalcificados desta área.” O Subsetor Oeste-Estremenho é um território onde predominam as rochas calcárias duras do Jurássico e Cretácico com algumas bolsas de arenitos cretácicos, sendo a maioria dos seus endemismos comuns com o Arrabidense. Encontra-se em grande parte do concelho de Condeixa-a-Nova. Segundo COSTA et al.23, este Subsetor: “(…) possui alguns táxones exclusivos como Armeria welwitschii subsp. welwitschii, Rhynchosinapis monensis subsp. cintrana, Dianthus cintranus subsp. barbatus, Limonium laxiusculum, Limonium multiflorum, Saxifraga cintrana, Ulex jussiaei var. congestus. Por outro lado são diferenciais do território Bartsia aspera, Cistus albidus, Delphinum pentagynum, Fumana thymifolia, Genista tournefortii, Phlomis lychitis, Prunella x intermedia, Prunella vulgaris subsp. estremadurensis, Quercus x airensis, Salvia sclareoides, Sideritis hirsuta var. hirtula, Ulex densus. Predominam as séries de vegetação dos carvalhais de carvalho cerquinho (Arisaro-Quercetum broteroi — > Melico arrectae-Quercetum cocciferae — > Phlomido lychitidis-Brachypodietum phoenicoides — > Salvio 21 COSTA, José Carlos, AGUIAR, Carlos, CAPELO, Jorge Henrique, LOUSÃ, Mário e NETO, Carlos, 1998. Biogeografia de Portugal Continental, Quercetea. Vol. 0, pp. 1-56. In: http://www.isa.utl.pt/files/pub/ensino/cdocente/biogeografiaQuercetea.pdf 22 COSTA, José Carlos, AGUIAR, Carlos, CAPELO, Jorge Henrique, LOUSÃ, Mário e NETO, Carlos, 1998. Biogeografia de Portugal Continental, Quercetea. Vol. 0, pp. 1-56. In: http://www.isa.utl.pt/files/pub/ensino/cdocente/biogeografiaQuercetea.pdf 23 Idem 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 175 sclaareoidis-Ulicetum densi) e dos sobreirais (Asparago aphylli-Quercetum suberis — > Erico-Quercetum lusitanicae — > Lavandulo luisieri-Ulicetum jussiaei). As orlas dos carvalhais Vinco difformis-Lauretum nobilis, Leucanthemo sylvaticae-Cheirolophetum sempervirentis, Lonicero hispanicae-Rubetum ulmifoliae prunetosum insititioidis, os tojais Salvio sclareoidis-Ulicetum densi ulicetosum densi e Daphno maritimi-Ulicetum congesti, a associação dunar Armerio welwitschii-Crucianellietum maritimi e a comunidade casmofítica aero-halina Limonietum multiflori-virgatae são endémicas deste Subsetor. A aliança Calendulo-Anthirrinion linkiani com a associação Sileno longiciliae-Anthirrhinetum linkiani, a comunidade nitrófila de muros Centranthi rubiAnthirrhinetum linkiani e o juncal de solos calcários mal drenados Juncetum acutifloro-valvati, apesar de comuns com o Arrabidense, tem a maior expressão nesta unidade (…)”. O Superdistrito Estremenho situa-se no andar mesomediterrânico inferior húmido a sub-húmido. É essencialmente calcícola, possuindo algumas bolsas de arenitos. Integra uma cadeia de serras calcárias de baixa altitude que não ultrapassam os 670 m, nomeadamente as serras do Sicó, Rabaçal, Alvaiázere, Aire, Candeeiros e Montejunto. Segundo COSTA et al.24: “(…) Asplenium ruta-muraria, Biarum arundanum, Cleonia lusitanica, Micromeria juliana, Narcissus calcicola, Quercus rotundifolia e Scabiosa turolensis são táxones que ocorrem neste Superdistrito e ajudam a caracterizálo. Além das séries de vegetação do carvalho-cerquinho (Arisaro-Querceto broteroi S.) e do sobreiro (Asparago aphylli-Querceto suberis S.), possui uma outra série florestal original. Esta série mesomediterrânica sub-húmida é encimada por bosques de azinheiras instaladas em solos derivados de calcários cársicos (Lonicero implexaeQuercetum rotundifoliae — > Quercetum cocciferae-airensis — > Teucrium capitatae-Thymetum sylvestris). A vegetação rupícola calcícola (Asplenietalia petrachae-Narciso calcicolae-Asplenietum ruta-murariae) tem um caráter algo distinto no contexto da Província. O juncal e a vegetação rupícola calcícola assinaladas para o Subsetor são vulgares neste Superdistrito. (…)”. 7.1.7.3 Caracterização fitogeográfia O concelho de Condeixa-a-Nova integra as seguintes zonas fitogeográficas de acordo com o proposto por João Amaral Franco (“Nova Flora de Portugal”, 1984): Centro-Oeste arenoso, que compreende os espaços de aluvião dos rios Ega e Vala do Paul de Arzila e Centro Oeste calcário, que integra os espaços de relevo cársico. De acordo com o “Plano da Bacia Hidrográfica do Mondego, 1ª Fase” (2001), das análises realizadas foi verificado que “as zonas Fitogeográficas de maior sensibilidade sob o ponto de vista dos habitats são as do Centro Oeste Calcário e do Centro Oeste Arenoso (embora a primeira eventualmente com maior diversidade 24 COSTA, José Carlos, AGUIAR, Carlos, CAPELO, Jorge Henrique, LOUSÃ, Mário e NETO, Carlos, 1998. Biogeografia de Portugal Continental, Quercetea. Vol. 0, pp. 1-56. In: http://www.isa.utl.pt/files/pub/ensino/cdocente/biogeografiaQuercetea.pdf 176 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) global)” (pág. 42), precisamente as zonas Fitogeográficas onde se inclui o Concelho. Evidentemente, este aspeto deverá ser ponderado no sentido de se incrementarem os cuidados com os habitats existentes. 7.1.7.4 Caracterização fito-edafo-climática Na Carta Ecológica Fito-Edafo-Climática de J. Pina Manique e Albuquerque25 são considerados Andares, em função da altitude, Zonas Fitoclimáticas e Zonas Edafo-climáticas. Condeixa-a-Nova compreende a seguinte estratificação: Andar: Basal: compreende os espaços situados entre as cotas 0 e 400m; Submontano: compreende os espaços situados entre as cotas 400 e 700m; Zonas fitoclimáticas: Mediterrâneo-Atlântica x Atlante-Mediterrânea (variante Litoral): a Noroeste do concelho; Mediterrâneo-Atlântica (variante Litoral): a Sul e Sudeste do Concelho, nas zonas mais serranas; Zonas edafo-climáticas: Aluvio-mediterrânicas: nos espaços de aluviões a Noroeste; Calcomediterrânicas: nas zonas cársicas mais serranas. 7.1.7.5 Caracterização fitossociológica A classificação fitossociológica compreende as seguintes unidades hierárquicas: divisão, classe, ordem, aliança; associação. Das quatro Alianças distintas definidas por Braun-Blanquet al26 para Portugal, o Concelho inclui-se na Aliança Quercion faginae. A enorme área da Aliança Quercion fagineae, também designada por Quercion broteri, é caracterizada pela presença da espécie Quercus faginea (Carvalho cerquinho), que terá ocupado grande parte do Sul e Centro do continente e ainda uma zona do Alto Douro. No concelho de Condeixa-a-Nova, a aliança Quercion fagineae inclui a Associação Arisareto-Quercetum faginae. Com efeito, esta estende-se desde o Tejo para Norte até ao Mondego27, tratando-se de uma Associação dominada pelo Quercus faginea. As formações consideradas como resultantes da degradação de florestas da associação Arisareto-Quercetum fagineae, originam frequentemente florestas com presença abundante de Quercus coccifera (carrasco), como acontece, por exemplo, na Mata da Abufarda. Formações ainda mais 25 ALBUQUERQUE, J. PINA MANIQUE (1954) -Carta Ecológica de Portugal. Direção Geral dos Serviços Agrícolas. Lisboa. 26 BRAUN-BLANQUET, J., A.R. PINTO DA SILVA & A. ROZEIRA (1956) - Résultats de deux excursions géobotanique à travers le Portugal septentrional & moyen II. Chenaies à feuilles caduques (Quercion occidentale) et chenaies à feuilles persistentes (Quercion faginae) au Portugal. Agron. Lusit. 18 (3): 167234. 27 Hoje em dia não se encontram povoamentos naturais desta Associação, aparecendo apenas algumas parcelas mais ou menos intactas, e a restante área da associação foi substituída pela agricultura ou pelas extensas arborizações de pinheiro-bravo e de eucalipto, por estados de degradação da floresta “Clímax”, onde se realça a presença do Quercus coccifera. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 177 degradadas como os matos que ocorrem nos estratos superior ou no sub-coberto dos pinhais e eucaliptais, são também frequentes no concelho. 7.2 VALORES NATURAIS Nos valores naturais estão incluídos os valores classificados legalmente, como a Reserva Natural e a Rede Natura 2000 e aqueles que resultam das visitas ao concelho, como as vistas panorâmicas ou os percursos paisagísticos. 7.2.1 Áreas Protegidas - Reserva Natural do Paul de Arzila (RNPA) Este Paul situa-se numa das digitações da planície aluvial do Mondego, cerca de 11 km a Oeste de Coimbra, na margem esquerda do rio, com uma orientação de Norte/Noroeste-Sul/Sudeste, e faz parte dos concelhos de Condeixa-a-Nova (freguesia de Anobra), Coimbra e Montemor-o-Velho. A Reserva abrange uma área de 535 hectares constituindo uma zona baixa e húmida com cerca de 150 hectares, que se alonga por parte do curso da ribeira de Cernache, no sentido Norte-Sul, sendo atravessada por três valas que confluem em frente à povoação de Arzila, Fotografia 1: Reserva Natural do Paul de Arzila, concelho de Condeixa-a-Nova indo desaguar ao rio Mondego. Apesar das obras de drenagem, o vale manteve sempre características de Paul, não só devido às exsurgências, mas também ao facto de serem as cotas a montante, dois a três m mais baixas que a jusante. A Reserva tem um comprimento máximo de cerca de 4 km, sendo a largura máxima de cerca de 2,5 km com uma altitude que varia entre os 5 e os 87 m, estando situada numa zona de transição florística atlântico- mediterrânea, onde ocorrem espécies próprias de cada uma destas influências. A Reserva Natural do Paul de Arzila (RNPA) foi criada através do Decreto-Lei n.º 219/88 de 27 de junho. A criação da Reserva tem por fins: a) Proteger e conservar os valores naturais e científicos nela contidos; b) Proteger os elementos geomorfológicos e da flora e fauna específicas, residente e migrante, e os respetivos habitats; 178 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) c) Promover o ordenamento do seu território para que o seu uso seja feito sem prejuízo dos fins referidos nas alíneas anteriores; d) Promover a divulgação dos seus valores naturais, estéticos e científicos e criar condições para que seja visitada de forma ordenada para fins recreativos e científicos pelo público nacional e estrangeiro. A Reserva foi sujeita a uma reclassificação, mantendo o mesmo estatuto, pelo Decreto-Regulamentar n.º 45/97 de 17 de novembro. Segundo esta legislação, são objetivos específicos da Reserva Natural: a) Proteger e conservar o seu valor natural e científico; b) Promover e divulgar os seus valores naturais, estéticos e científicos; c) Ordenar e disciplinar a sua visitação. A RNPA possui plano de ordenamento aprovado e publicado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 75/2004, de 19 de junho, como foi exposto no capítulo referente aos “Instrumentos de gestão territorial de hierarquia superior”. 7.2.1.1 Caracterização geológica28 Na RNPA é possível identificar as seguintes unidades geológicas: areias e argilas de Taveiro, formação argilo gresosa e conglomerática do Bom Sucesso; terraços fluviais, aluviões e coluviões. Nenhuma destas unidades apresenta valor geológico com características de relevância ou excecionalidade, nem existem acidentes geológicos notáveis ou de interesse regional ou nacional. 7.2.1.2 Flora e Vegetação29 A riqueza florística da Reserva Natural do Paul de Arzila evidencia-se no seu extenso elenco de espécies, que atinge mais de trezentas plantas. Este elevado número encontra paralelo na sua diversidade, pois pela sua situação geográfica e características climáticas e edáficas, esta área apresenta espécies xerófilas e espécies higrófilas além de, em termos mais latos, surgir uma ecotonia entre a região Mediterrânica e a Região Eurossiberiana, com a presença de espécies próprias de cada uma delas, dado que esta área se situa biogeograficamente no Subsetor Beirense-Litoral do Setor Divisório Português da Província Gaditano-OnuboAlgarviense. Encontra-se assim, um pouco inesperadamente, “a Aveleira (Corylus avellana L.), o Carvalhoalvarinho (Quercus robur L.), o Feto-real (Osmunda regalis L.) e até o raro Selo-de-Salomão (Polygonatum 28 ICN, “Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Paul de Arzila”, Coimbra, 2003 29 Idem As referências às espécies presentes na RNPA constituem citações do Volume I- Caracterização do Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Paul de Arzila” 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 179 odorantum L.) em locais húmidos e sombrios, enquanto que nas áreas mais secas e quentes se podem encontrar o Carvalho-cerquinho [Quercus faginea Lam. ssp broteroi (Coutinho) A. Camus], o Sobreiro (Quercus suber L.), o Rosmaninho [Lavandula stoechas L. ssp pedunculata (Miller) Samp. ex Rozeira], as estevas (Cistus sp.), etc. Apesar da existência de alguns endemismos - Agrimónia bastarda [Sanguisorba hybrida (L.) Nordbog], Rosmaninho [Lavandula stoechas L. ssp pedunculata (Miller) Samp. ex Rozeira], Galium broterianum Boiss. & Reuter, etc. - ou de maior especificidade em termos de habitat, considerou-se que, em termos qualitativos, não ocorrem na RNPA/ZPE Paul de Arzila valores de destaque ao nível das espécies.” A área pode ser dividida em duas zonas distintas: Zona Florestada – “Ocupa grande parte das encostas que ladeiam o paul; e é composta principalmente por Pinheiro-bravo (Pinus pinaster Aiton), Eucalipto (Eucalyptus globulus Labill.), Sobreiro (Quercus suber L.) e Carvalho-cerquinho [Quercus faginea Lam. ssp broteroi (Coutinho) A. Camus], este constituindo também uma mancha quase estreme, e ainda o Carvalho-alvarinho (Quercus robur L.); no sub-bosque, encontra-se com frequência, o Medronheiro (Arbutus unedo L.), o Espinheiro-alvar (Crataegus monogyna Jacq.), o Sabugueiro (Sambucus nigra L.), o Loureiro (Laurus nobilis L.), a Gilbardeira (Ruscus aculeatus L.), diversas espécies de tojos (Ulex sp.), urzes (Erica sp.), estevas (Cistus sp.) e trepadeiras; os estratos herbáceos e muscinal são igualmente ricos;” Zona Paludosa – “Ocupa o fundo do vale e é constituída principalmente por caniço [Phragmites australis (Cav.) Trim. ex Steudel ssp. australis], Bunho (Scirpus lacustris L. ssp. Lacustris), tabúas (Typha sp.), juncos (Juncus sp.) e grande quantidade de espécies herbáceas; ainda nesta zona ocorrem formações arbóreas e arbustivas, compostas por maciços de Salgueiro-preto (Salix atrocinerea Brot.), bosquetes de amieiros (Alnus glutinosa Gaertner) e exemplares algo dispersos de freixos (Fraxinus angustifolia Vahl.), ulmeiros (Ulmus sp.), choupos-negros (Populus nigra L.) e outros salgueiros (Salix sp.).” Relativamente à vegetação presente na RNPA/ZPE Paul de Arzila, a sua paisagem vegetal é diversificada, “englobando várias Séries de Vegetação, tanto climatófilas como edafófilas. Assim, as comunidades vegetais existentes vão desde as Classes Quercetea Ilicis (onde se englobam os sobreiros), Cisto-Lavanduletea (matos com estevas e rosmaninho), xéricas e heliófilas, às Classes Potametea (comunidades com nenúfares), Artemisietea vulgaris (vegetação nitrófila, vivaz, com ervas altas e trepadeiras), higrófilas e por vezes ciáfilas. O grande destaque vai para as formações aluvionares e ripícolas, como a Associação Ficario-Fraxinetum angustifoliae (com freixo-de-folha-estreita, ulmeiro e salgueiro-preto) e, principalmente, para a Associação GalioAlnetum glutinosae (bosque de amieiros e salgueiros com presença de feto-real e de Galium broterianum), consideradas extremamente raras” em Portugal, encontrando-se os poucos exemplares existentes muito alterados. Contudo pode afirmar-se que na RNPA estes se apresentam em excelente estado de conservação. 180 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Fotografia 2: Scirpus lacustris (bunho) Fotografia 3: Salix atrocinerea (salgueiro negro) Fonte:www.plant-identification.co.uk Por fim, a vegetação paludícola – aquática, helófita e anfíbia - encontra-se “representada por diversas Associações de que se destaca a Lemnetum minoris (comunidade de lentilhas-de-água) que surge nomeadamente nas valas e charcos, a Myriophyllum-Nupharetum (comunidade com erva-pinheirinha e nenúfares), fragmentária nas valas e completa nos lagos do paul, indicadora da qualidade a água e, principalmente as Associações Scirpo-Phragmitetum (comunidade de caniço e bunho) e Typho-Scirpetum (comunidade de bunho e tábua) que ocupam quase todo o paul (nomeadamente a primeira, sendo a sua distribuição determinada pela profundidade e qualidade da água)”. 7.2.1.3 Fauna30 Pelas suas características de ecossistema de zona húmida, a RNPA proporciona habitats de grande importância que são procurados e utilizados por uma grande diversidade de espécies animais. Além das espécies residentes são muitas as que utilizam o paul apenas durante parte do seu desenvolvimento, ou que utilizam o paul como ponto de paragem durante as suas migrações. Estão referenciadas até agora, 207 espécies de Invertebrados, pertencentes a 5 Classes: Turbelários (1 espécie), Moluscos (30 espécies), Anelídeos (4 espécies), Aracnídeos (1 espécie) e Insetos (171 espécies). Relativamente as Classes de Vertebrados estão referenciadas 181 espécies, cuja distribuição é a seguinte: Peixes - Estão referenciadas 15 espécies. Segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados, existe 1 espécie com estatuto de Vulnerável, 1 espécie com o de Insuficientemente Conhecida e 1 com o de Comercialmente Ameaçada. No Anexo III da Convenção de Berna, encontram-se 3 espécies; no Anexo B II da Diretiva Habitats 30 ICN, “Plano de ordenamento da Reserva Natural do Paul de Arzila”, Coimbra, 2003 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 181 encontram-se igualmente 3 espécies. Destacamos a ocorrência de 2 endemismos ibéricos – o Barbo (Barbus bocagel) e a Boga (Chondrostoma polylepis) – e 1 endemismo lusitano – Ruivaco (Rutilus macrolepidotus). Anfíbios - Foram identificadas até a data 8 espécies; encontram-se todas ao abrigo da Convenção de Berna, pertencendo 6 ao Anexo III e 2 ao Anexo II; a Diretiva Habitats abrange 1 espécie do Anexo B II e 2 do Anexo B IV. Destacamos a ocorrência de 3 endemismos ibéricos - Tritão-de-ventre-laranja (Triturus boscai), Râ-defocinho-ponteagudo (Discoglossus galganoi) e Sapinho-de-verrugas-verdes (Pelodytes ibericus). Répteis - Encontram-se referenciadas 11 espécies; estão todas abrangidas pela Convenção de Berna, sendo 8 do Anexo III e 3 do Anexo II; na Diretiva Habitats encontram-se 3 espécies – 2 no Anexo B II e 1 no Anexo B IV. E de salientar a existência de 1 endemismo ibérico: o Lagarto-de-água (Lacerta schreiberi). Aves - Os resultados dos diversos estudos e contagens, permitem-nos referenciar, até a data, um total de 126 espécies. Segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados, 1 espécie é considerada Em Perigo, 8 Fotografia 4: Ardea purpurea (garça vermelha) espécies tem estatuto Vulnerável, 6 tem estatuto de Rara e 5 o de Insuficientemente conhecida. Das 126 espécies, 117 encontram-se ao abrigo da Convenção de Berna, sendo 35 do Anexo III e 82 do Anexo II; 55 espécies pertencem ao Anexo II da Convenção de Bona; encontramse ainda 17 espécies abrangidas pela Diretiva Aves. Merecem destaque a Águia-pesqueira (Pandion haliaetus), o Goraz (Nycticorax nycticorax), a Garça-vermelha (Ardea purpurea), a Águia-sapeira (Circus aeruginosus), a Águia-calcada (Hieraaetus pennatus), a Cigarrinharuiva (Locustella luscinioides), a Águia-cobreira (Circaetus gallicus), o Garçote (Ixobrychus minutus), o Milhafre-preto (Milvus migrans), e a Fotografia 5: Lutra lutra (lontra) Narceja (Gallinago gallinago). Mamíferos - Registaram-se até agora 21 espécies de mamíferos. Segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados, 2 espécies tem estatuto de Vulnerável e 2 espécies o de Insuficientemente conhecida. Encontramse abrangidas pela Convenção de Berna 13 espécies — 9 no Anexo III e 4 no Anexo II; 4 espécies pertencem ao Anexo II da Convenção de Bona e 1 ao Anexo B II da Diretiva Habitats. Destaca-se a presença de 2 endemismos ibéricos: o Musaranho-de-dentes-vermelhos (Sorex granarius) e o Rato-das-hortas (Mus spretus); destaque ainda para a Lontra (Lutra lutra) e o Gato-bravo (Felis silvestris). 182 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 7.2.1.4 Valores paisagísticos31 Na Reserva Natural do Paul da Arzila (RNPA) diferencia-se duas unidades paisagísticas: Campo e Monte. A unidade Campo corresponde à zona que, geomorfologicamente, constitui a planície aluvial, sujeita a inundação, com encharcamento permanente em alguns locais. Os solos são evoluídos, com origem aluvionar, hidromórficos, com textura mediana a pesada. Nesta unidade diferenciam-se, quanto ao uso do solo: área de incultos, onde se distingue uma área central ocupada por um denso caniçal (com pequenos lagos e nascentes no interior), uma área menor de bunhal e áreas dispersas de bosquetes aluvionares e ripícolas, de espécies arbóreas características das margens dos rios e de zonas húmidas, localizadas essencialmente nas orlas. A área agrícola, situada a Norte e a Sul, caracteriza-se, numa parte significativa da área, por um sistema agrícola de produção intensiva, onde predomina a cultura do milho utilizando média tecnologia e, numa pequena área, a cultura do arroz, onde é utilizada alta tecnologia. A unidade Monte, corresponde às encostas que ladeiam a planície aluvial, caracterizadas quanto à pedologia essencialmente por solos mediterrânicos pardos a avermelhados, de materiais não calcários, para-hidromórficos, e por solos litólicos, de arenitos finos a grosseiros, não húmicos, pouco evoluídos. Quanto ao uso do solo, distinguem-se: área florestal, que constitui o tipo de ocupação do solo predominante, coincidente com as zonas de declive mais acentuado e caracterizado, essencialmente, por áreas de folhosas autóctones e áreas de resinosas e folhosas exóticas com sub-coberto de espécies autóctones; área agrícola, que surge em declives menos acentuados, circundando os núcleos urbanos, onde se desenvolve um sistema policultural tradicional, constituído por parcelas de culturas hortícolas com vinha em bordadura, árvores de fruto e oliveiras dispersas; e área urbana, constituída por aglomerados e construções dispersas, de localização adjacente às estradas municipais existentes. Das áreas acima mencionadas, concelho de Condeixa-a-Nova abrange a unidade Monte. 7.2.2 Rede Natura 2000 A criação e descrição da Rede Natura 2000, assim como a exposição do seu Plano sectorial são efetuadas no capítulo “Instrumentos de gestão territorial de hierarquia superior”. Nos sub-capítulos seguintes é feita uma breve caracterização dos SIC PTCON0005 – Paul de Arzila e da Zona de Proteção Especial – Paul de Arzila, enquanto valores naturais presentes no concelho de Condeixa-a-Nova. 31 ICN, “Plano de ordenamento da Reserva Natural do Paul de Arzila”, Coimbra, 2003 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 183 7.2.2.1 Sítio de Importância Comunitária PTCON0005 – Paul de Arzila (666ha) Este sítio é uma zona húmida integrada no sistema do Baixo Mondego e que, em conjunto com outros pauis, constitui um grupo de áreas importantes para a conservação da natureza numa zona de grande intensificação agrícola. É um sítio com características muito importantes para a conservação da lontra (Lutra lutra) e de algumas espécies de peixes como o ruivaco (Rutilus macrolepidotus), destacando-se ainda a presença do lagarto-d' água (Lacerta schreiberi) e da boga (Chondrostoma polylepis). Para além do interesse desta área como habitat de nidificação e de invernada de avifauna aquática assim como um ponto importante na escala migratória utilizada por diversas espécies de passeriformes palustres. Habitats naturais do anexo I da Diretiva «Habitats»: 3130 - Águas estagnadas, oligotróficas a mesotróficas, com vegetação da Littorelletea uniflorae e ou da IsoëtoNanojuncetea; 3150 - Lagos eutróficos naturais com vegetação da Magnopotamion ou da Hydrocharition; 3270 - Cursos de água de margens vasosas com vegetação da Chenopodion rubri p.p. e da Bidention p.p.; 3280 - Cursos de água mediterrânicos permanentes da Paspalo-Agrostidion com cortinas arbóreas ribeirinhas de Salix e Populus alba; 4030 Charnecas secas europeias; 5230* Matagais arborescentes de Laurus nobilis; 6410 Pradarias com Molinia em solos calcários, turfosos e argilo-limosos (Molinion caeruleae); 6420 Pradarias húmidas mediterrânicas de ervas altas da Molinio-Holoschoenion; 6430 Comunidades de ervas altas higrófilas das orlas basais e dos pisos montano a alpino 91E0* Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion incanae, Salicion albae) 9230 Carvalhais galaico-portugueses de Quercus robur e Quercus pyrenaica 9240 Carvalhais ibéricos de Quercus faginea e Quercus canariensis 92A0 Florestas-galerias de Salix alba e Populus alba 9330 - Florestas de Quercus suber Espécies da fauna constantes do anexo II da Diretiva «Habitats»: Lutra lutra – lontra Lucanus cervus – cabra loura Lacerta schreiberi - lagarto-de-água 184 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Mauremys leprosa - cágado Chondrostoma polylepis - boga Rutilus macrolepidotus – ruivaco 7.2.2.2 Zona de Proteção Especial – Paul de Arzila O paul possui grande valor durante a migração outonal de passeriformes, destacando-se a felosa-dos-juncos (Acrocephalus schoenobanus), a felosa-poliglota (Hippolais polyglotta) e a felosa-musical (Phylloscopus trochilus). A nível nacional, destaca-se a sua importância como local de refúgio para anatídeos invernantes, assim como local de reprodução para aves de caniçal, nomeadamente garça-pequena (Ixobrhychus minutus), rouxinol-grande-dos-caniços (Acrocephalus arundinaceus) e felosa-unicolor (Locustella luscinioides). De entre as espécies alvo de orientações de gestão que ocorrem na ZPE Paul de Arzila destacam-se o guardarios (Alcedo atthis), a garça vermelha (Ardea purpurea), a águia sapeira (Circus aeruginosus) e o garçote (Ixobrychus minutus). 7.2.3 Zonas Húmidas da Convenção Ramsar A Convenção sobre Zonas Húmidas constitui um tratado intergovernamental adotado em 1971, na cidade iraniana de Ramsar. Por esse motivo, esta Convenção é geralmente conhecida como "Convenção de Ramsar", e representa o primeiro dos tratados globais sobre conservação da Natureza. Portugal ratificou esta Convenção em 1980, tendo como obrigações: Designar áreas para inclusão na Lista de Zonas Húmidas de Importância Internacional. Estes sítios são reconhecidos a partir de critérios de representatividade do ecossistema, de valores faunísticos e florísticos e da sua importância para a conservação de aves aquáticas e peixes; Elaborar planos de ordenamento e de gestão para as zonas húmidas, com vista à sua utilização sustentável; Promover a conservação de zonas húmidas e de aves aquáticas, estabelecendo reservas naturais, e providenciar a sua proteção apropriada. O Paul de Arzila integra a Lista de Sítios Ramsar desde 9 de maio de 1996. 7.2.4 Reserva Biogenética do Conselho da Europa O Paul de Arzila também é classificado como Reserva Biogenética do Conselho da Europa, desde fevereiro de 1990. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 185 Trata-se da única Reserva Biogenética existente no Concelho e cuja conservação depende sobretudo de um controle eficaz da invasão do caniço (Phragmites australis). 7.2.5 Outros valores naturais A marcação de valores naturais, (peça desenhada n.º 4) resulta da identificação de aspetos considerados importantes, através da observação empírica do território. Em Condeixa-a-Nova destaca-se essencialmente os seguintes pontos: a importante área florestal com presença de quercíneas, a Mata da Abufarda, os corredores ecológicos, a “Área de elevado valor ecopaisagístico”, assim como locais com interesse paisagístico, vistas panorâmicas, percursos com interesse paisagístico. Área de elevado valor ecopaisagístico A área delimitada abrange parte do Maciço Calcário Sicó-Alvaiázere e distingue-se pela espetacularidade e originalidade da paisagem cársica que lhe é inerente. Destaca-se também a importância económica da água que circula no seu interior, a profusão de grutas e a riqueza de biodiversidade que fazem deste território um espaço de elevado valor ambiental. Manchas florestais com presença de quercíneas Tal como é referido para a Mata da Abufarda, originalmente, o coberto vegetal desta zona terá sido uma floresta de carvalhos onde dominava o Quercus faginea (carvalho-cerquinho) associado ao Quercus ilex (azinheira) e ao Quercus suber (sobreiro). Com a intervenção antrópica, essa floresta foi sendo substituída por pinhais bravos, como acontece a Oeste do Concelho. No entanto, a zona Leste do Concelho preserva ainda manchas significativas das quercíneas originais da floresta mediterrânea, acima mencionadas. Fotografia 28: Área de elevado valor ecopaisagístico, Casmilo 186 Fotografia 29: Manchas florestais com presença de quercíneas, Ribeira de Bruscos 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Mata da Abufarda Originalmente, esta mata, também designada como Mata da Alfarda ou Mata da Avessada) terá sido uma floresta de carvalhos onde dominava o Quercus faginea (carvalho-cerquinho) associado ao Quercus ilex (azinheira) e ao Quercus suber (sobreiro). No substrato arbustivo, observam-se ainda muitas espécies de características mediterrânicas, entre as quais o Arbutus unedo (medronheiro), o Rhamnus alaternus (sanguinhodas-sebes), a Lonicera etrusca (madressiva-caprina), o Olea europaea L. var. sylvestris (zambujeiro) e a Smilax aspera (legação). De assinalar também a presença da espécie Hyacinthoides hispanica (jacinto dos campos), uma planta característica dos matos de quercíneas ou dos matos portugueses em geral. A atividade humana exercida nesta mata foi alterando a sua composição, sobretudo a partir da ocupação romana, através de cortes sistemáticos de carvalhos para lenha e madeira de construção, e a plantação de pinhais, que terão conduzido a uma acidificação do solo que contribuiu para o desenvolvimento de vegetação arbustiva e subarbustiva estranha às zonas calcárias, tal como o Ulex ssp. (tojo), a Erica scoparia L. ssp. azorica (urze) ou a Erica lusitanica (torga). Também a plantação dos Cupressus sempervirens (ciprestes), Olea europaea var. europaea (oliveiras) e Eucalypus globulus (eucaliptos) contribui para a alteração do coberto vegetal original. Contudo, embora alterada, a Mata da Abufarda ainda conserva numerosas espécies características da floresta mediterrânica. Nas zonas superiores, devido particularmente ao corte de exemplares do Quercus faginea (carvalho-cerquinho), verifica-se o aparecimento de grandes clareiras ocupadas por densos matos de Quercus coccifera (carrasco) e Arbutus unedo (medronheiro), um património valioso que merece atenção especial. Foi realizada uma recolha nesta mata32, concretamente no cerro a Sudoeste de Alcabideque. Embora não tenha sido exaustiva, permitiu tirar algumas conclusões sobre a vegetação existente, de cariz mediterrânico, algumas vezes a pender para as espécies xerófitas, mas também com outras introduzidas. Registaram-se as seguintes plantas: Medronheiro (Arbutus unedo); Roselha grande (Cistus albidus), Pilriteiro (Crataegus monogyna subsp. brevispina); Cipreste-de-Lambert (Cupressus macrocarpa); Zambujeiro (Olea europaea var. sylvestris); Pinheiro manso (Pinus pinea); Carvalho-cerquinho (Quercus faginea subsp. broteroi); Sanguinho das sebes (Rhamnus alaternus subsp. alaternus); Roselha (Cistus albidus x crispus); Sargaço (Cistus salvifolius); Trovisco-fêmea (Daphne gnidium); Rozeira (Lavandula luisieri); Carrasco (Quercus coccifera); Tomilho (Thymus villosus). Corredores ecológicos Os corredores ecológicos são sistemas abertos que desempenham um papel importante no controlo do escoamento hídrico e dos sedimentos, na interceção de nutrientes, na redução de processos erosivos, na 32 Recolha efetuada pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 187 diversidade de espécies florísticas e faunísticas e na valorização estética das paisagens. Para além disso, têm uma importante função económica, permitindo a utilização dos seus recursos por diversos agentes económicosociais. Os corredores ecológicos abrangem não só o sistema de drenagem superficial e margens, mas também todo o sistema adjacente de influência ripícola e vida animal associada, o que cartograficamente foi representado por uma faixa de 20 m a partir do leito dos cursos de água. A sua delimitação não é rigorosa pois é conforme a secção considerada. A sua elaboração foi feita com análise nos ortofotomapas conjuntamente com as visitas ao concelho, tendo sido assinalado os cursos de água com galeria ripícola ou vestígios dela e/ou o leito de curso de água bastante marcado no terreno e com importância no ciclo da água. Fotografia 30: Vegetação calcícola, estrada para o Furadouro Fotografia 31: Corredor ecológico, rio Ega Vegetação calcícola O Maciço Sicó-Alvaiázere, como maciço calcário que se trata, é uma espécie de reino da pedra, revestido de forma descontínua com formações arbustivas, vulgarmente designada como sendo “Vegetação calcícola”, em que o carrasco (Quercus coccifera) é a espécie mais representada, para além do medronheiro (Arbutus unedo), pilriteiro (Crataegus monogyna subsp. brevispina), sanguinho das sebes (Rhamnus alaternus subsp. alaternus), tomilho (Thymus villosus) entre outras, que encontram na secura da superfície muita da justificação para a sua presença e abundância relativa. Locais com interesse paisagístico No Concelho existem alguns “Locais com interesse paisagístico”, que se evidenciam pela morfologia do território, pela vegetação, pelas vistas e/ou pela presença de património construído. Estas áreas apresentam elevada aptidão para pontos/zonas de recreio e lazer. Destacam-se: Buracas de Casmilo, ladeada por grandes escarpas, esta interessante formação geológica corresponde ao que resta de várias salas de uma gruta existente no interior do monte, resultando do 188 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) abatimento da parte central de uma conduta que deixou a descoberto as suas partes laterais extremas. Têm sido atribuídas a estas formas três tipos de origem: (i) resultantes de galerias hipogeias; (ii) devido à erosão das margens côncavas dos meandros; ou (iii) devido ao trabalho de gelifracção diferencial, correspondendo as “buracas” a rochas mais porosas e portanto mais “gelivas”. Alguns autores admitem mesmo a ocorrência destes três tipos de processos; Campos de Lapiás, Casmilo, integrando também a paisagem cársica do vale das Buracas do Casmilo, encontra-se um campo de lapiás, um “deserto de pedras” que configura à paisagem um cenário árido. O campo de lapiás tem origem na infiltração e consequente ação corrosiva da água sobre o calcário o que torna esta formação geológica bastante singular; Algar de Arrifana, localizada perto da povoação da Arrifana, é composto por duas salas, cada uma com 10 m de altura e 8 m de comprimento. Surgiu pela ação de infiltração das águas através de uma diaclase. Canhão fluviocársico, a jusante da povoação do Poço e até ao setor mais ocidental da plataforma de Conímbriga, o rio dos Mouros atravessa o afloramento calcário do Jurássico médio, onde escava um pequeno mas imponente canhão fluviocársico. Com cerca de 3,5 km de extensão, as vertentes abruptas do vale chegam a atingir, no setor jusante, alturas da ordem dos 50 m. Nestas vertentes podem encontrar-se pequenas lapas e abrigos sob rocha escavadas tanto nos calcários jurássicos, como nos tufos quaternários que os encimam. As águas, embora só percorram este rio durante a época de chuvas, podem formar caudais violentos devido aos declives acentuados, de que dão testemunho as típicas marmitas de gigante que ornamentam o fundo do leito; Gruta da Lapinha, trata-se de uma das grutas mais baixas do Concelho, com uma altura que varia entre os 10 cm e os 2,5 m, ao longo de 20 m de desenvolvimento horizontal e contém uma queda de água com aproximadamente 1,5m de altura por 6m de largura. Essa água provém de um ribeiro que atravessa a Vila: vindo da Senhora das Dores, percorre a Praça da República (Rio do Cais) e, por fim, chega à Lapinha. A gruta possui ainda um lago interior com cerca de 4m de diâmetro onde se encontram duas colunas de pedra, edificadas possivelmente no início do século XX, com objetivo decorativo. Por se encontrar num terreno particular, esta gruta é de acesso condicionado. Senhora do Círculo, é um relevo tectónico fortemente assimétrico. Apesar do seu cume não ultrapassar os 406 m, dali dominam-se não apenas as paisagens cársicas do Vale das Buracas e da Serra do Rabaçal, visíveis para oriente, mas também uma vasta área onde se vislumbra a costa da Figueira da Foz e os campos do Mondego, permitindo, como nenhum outro sítio, uma leitura da paisagem. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 189 Fotografia 32: Buracas de Casmilo Fotografia 33: Senhora do Círculo Vistas panorâmicas O Concelho apresenta dois tipos de relevo: um bastante plano e homogéneo, sendo escassos os pontos de vista dominantes para a paisagem envolvente, outro declivoso e ondulado que permite obter excelentes panorâmicas para a paisagem envolvente. Destas destacam-se as seguintes: Serra do Círculo, para todo Concelho; Serra Maria Pares para a Serra do Rabaçal e para o vale de Zambujal; Póvoa das Pêgas, para o vale do Zambujal e para a Serra Maria Pares; Peixeiro e Cadaval Grande para o vale do rio Ega e da ribeira de Cernache; Casal Balaus para Coimbra (CM 1183). Fotografia 34: Vista da Serra Maria Pares para o vale de Zambujal 190 Fotografia 35: Vista da Serra do Círculo para Casmilo 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Percursos com interesse paisagístico Para além de pontos específicos de observação de vistas panorâmicas já mencionadas, existem “Percursos” ao longo de algumas estradas e caminhos, a partir dos quais é possível percecionar o território e a paisagem. No Concelho, este tipo de percuros centra-se na envolvente da Serra do Circulo ou seja na zona abrangida pelo Maciço de Sicó. Aqui, todas as estradas e caminhos têm interesse paisagístico devido às formas cársicas da paisagem e à particularidade da vegetação arbustiva (vegetação calcícola) e arbórea (vegetação quercínea). Para além desta zona, assinala-se também os percursos envolventes à Vala do Paul de Arzila, no limite Norte do Concelho. 7.3 UNIDADES DE PAISAGEM A definição de Unidades de Paisagem (UP) surge da análise conjunta de vários fatores intervenientes na paisagem. O processo de marcação passa pela definição de macro-unidades com base nas características litológicas/geomorfológicas, climatológicas e de relevo do território, após o que se desce a um nível de classificação mais operativo, com base nas restantes características consideradas, de que ressaltam o uso atual do solo e as suas potencialidades de utilização. Para efetuar este capítulo, consultou-se uma obra de referência nesta área: “Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental”, Universidade de Évora, DGOTDU, Volume III e IV, 2002. Segundo este documento, o concelho de Condeixa-a-Nova insere-se em duas Unidades de Paisagem: UP 60 – Beira Litoral: Leiria – Ourém - Soure, parte do concelho de Condeixa, mais concretamente a freguesia de Ega, Belide, Sebal e Anobra insere-se nesta unidade: paisagem de transição e de ligação entre o Norte e o Sul (Beira Litoral já com fortes laivos de Estremadura), entre maciços calcários a nascente e o litoral a Poente. Paisagem amena, de morfologia suave, entrecortada por vales férteis onde serpenteiam os rios Lis, Lena, Arunca (este com afluentes no concelho de Condeixa-a-Nova), a ribeira de Carnide um troço do Rio Nabão. Nas encostas macias marca uma presença importante a oliveira e grandes manchas de pinhal e eucaliptal, como acontece em grande parte da freguesia de Ega. Esta unidade de paisagem apresenta-se no geral com fraca identidade. Apesar de ter sido utilizada e moldada por comunidades humanas desde há muito e de ter sido palco de acontecimentos históricos que marcaram o país, atualmente não consegue transmitir uma informação coerente e clara acerca deles, como exceções muito pontuais (como é o caso do mosteiro da Batalha). Pode afirmar-se que a unidade manifesta uma razoável coerência de usos, com exceções evidentes nos principais centros urbanos (frequente ocupação edificada de vales, de terrenos férteis e de encostas muito inclinadas) e em grandes manchas florestais. A sua “riqueza biológica”, será média a baixa. Se, por um lado o 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 191 padrão da paisagem rural é no geral variado (o que pressupõe uma boa capacidade de suporte para a diversidade de espécies vegetais e animais), por outro lado são conhecidos sérios problemas relacionados com ecossistemas fundamentais para essa biodiversidade (nomeadamente poluição e degradação dos leitos e margens das principais linhas de água) e não se encontram referências à presença de espécies raras e/ou com elevado valor para a conservação (com exceção da Sítio Natura 2000 de Azabuxo). Fotografia 36: Grandes manchas florestais, Casal do Missa Fotografia 37: Vales Férteis, Relves Figura 78: Unidade de Paisagem - Beira Litoral: Leiria – Ourém – Soure Fonte: “Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental”, 2002 192 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) UP 67 – Maciço Calcário Coimbra – Tomar, esta unidade surge a Sul de Coimbra e diferencia-se das terras baixas a Ocidente pelo seu relevo mais movimentado e pela secura dos calcários, do qual se destacam algumas serras. Destes relevos calcários destaca-se a serra de Sicó, correspondendo a um volume rochoso de formas arredondadas que se eleva a nascente de Pombal até aos 533 m de altitude. A vegetação autóctone é rala e rasteira e, ao longe, parece esbranquiçada devido à presença constante de lajes e barrocos calcários. As árvores surgem frequentemente cobertas de musgos e fetos, o que indica ainda a forte influência atlântica. Os cinzentos são a cor dominante da paisagem, tanto devido ao calcário, como pelo domínio do olival. Ao longo do ano há mudanças cromáticas significativas, devido à caducidade dos carvalhos e aos ciclos culturais dos sistemas agrícolas dominantes (passam por períodos em que sobressaem as manchas castanho avermelhado forte dos solos recentemente mobilizados). Nas zonas mais baixas, planas e férteis surge um mosaico agrícola em parcelas relativamente pequenas, compartimentadas por sebes e muros. O pinhal bravo ocupa as encostas mais declivosas e também integra o mosaico agrícola nas áreas inclinadas e menos férteis. Nas situações de “serra”, com relevo mais pronunciado, algumas áreas foram armadas em socalcos para instalação de olival, mas atualmente encontram-se na sua maior parte abandonadas. O padrão de povoamento está diretamente relacionado com a fertilidade do solo e com as vias de comunicação. O pastoreio faz-se apenas nas áreas mais agrestes onde o gado ovino beneficia das pastagens naturais de onde provém um queijo característico desta paisagem – o queijo do Rabaçal (o aglomerado do Rabaçal situa-se a Sul da freguesia de Zambujal). Da presença de extensas áreas florestais com claras deficiências de ordenamento tem resultado a ocorrência de incêndios frequentes que deixam fortes marcas na paisagem, situação em que o concelho de Condeixa-a-Nova é uma exceção. A identidade desta unidade está estreitamente associada ao relevo e ao domínio do calcário, ainda que as características mais específicas de uma paisagem cársica não se encontrem tão claramente expressos nesta unidade como na das “Serras de Aire e Candeeiros”. A generalização de sistemas florestais largamente difundidos pelo país (pinhais bravos e eucaliptais), bem como as numerosas e recentes construções com tipologias muito diferentes das tradicionais (na sua maioria edificadas por emigrantes na Europa), são responsáveis pela baixa identidade atual destas paisagens. A vegetação calcícola presente é um aspeto importante em termos de “riqueza biológica” que, no geral, se pode classificar de média, chegando a elevada em situações mais particulares (Sítio da Rede Natura 2000 – Sítio Sicó-Alvaiázere). 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 193 Não se assinalam incoerências gritantes na relação entre os usos atuais e as características biofísicas que os suportam. No entanto, há que referir situações menos equilibradas devido ao abandono agrícola, à redução da pecuária (pastagens seminaturais pobres) e à expansão desordenada de sistemas florestais. Quanto a aspetos sensoriais, nada de especial há a assinalar nesta unidade de paisagem com características rurais relativamente banais. Nas áreas mais elevadas, as sensações de um certo desconforto (mais frescas e ventosas, secas e com escassa vegetação) são de certo modo compensadas pela tranquilidade e vistas interessantes que daí se desfrutam, sendo a Serra do Círculo um exemplo disso. Em termos de orientações para a gestão, são de estender a toda a unidade algumas medidas e ações de caráter geral indicadas para o Sítio Sicó-Alvaiázere, da Rede Natura 2000: Estabelecer medidas de proteção de algumas manchas de vegetação com maior interesse, como habitats naturais prioritários em substrato calcário, carvalhais, azinhais e sobreirais; Condicionar as obras de regularização hidráulica, nomeadamente consolidação das margens, desassoreamento, corte de vegetação marginal, ao mínimo e, caso venham a ser efetuadas, orientálas na perspetiva da manutenção das condições ecológicas; Elaborar e executar um modelo de gestão de matos, de modo a desempenharem um papel mais significativo num regime de uso múltiplo: proteção da fauna e da flora, apicultura, pecuária extensiva, pastagens, lenha e proteção contra fogos. Haverá ainda a acrescentar a necessidade de um ordenamento e de uma equilibrada gestão florestal, tendo em conta a conservação acima referida dos restos de vegetação natural, aumentando a biodiversidade e reduzindo os riscos de incêndio. Ações de sensibilização e de regulamentação relativamente a novas construções ou à recuperação e ampliação de edifícios existentes poderão contribuir para a valorização da paisagem. Fotografia 38: Vegetação calcícola, Serra do Círculo 194 Fotografia 39: Campo agrícola com solos castanho avermelhado, Mata 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 79: Unidade de Paisagem – Maciço Calcário Coimbra - Tomar Fonte: “Contributos para a Identificação e Caracterização da Paisagem em Portugal Continental”, 2002 7.4 POTENCIAIS DISFUNÇÕES AMBIENTAIS A análise apoiou-se num inquérito efetuado às Juntas de Freguesia do Concelho, pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, em 2005. Com base nessa análise, exceto para a freguesia de Bendafé que não respondeu ao inquérito, chegou-se às conclusões a seguir apresentadas quanto à poluição hídrica, poluição atmosférica, poluição sonora e outras disfunções. 7.4.1 Poluição Hídrica Resultante da análise dos inquéritos, conclui-se que o Rio Ega, Rio dos Mouros, a Ribeira de Condeixa e a Ribeira de Cernache são os cursos de água mais poluídos devido ao deficiente tratamento dos efluentes provenientes de indústrias (por exemplo, queijarias do Rabaçal). Deste modo, as principais razões para a deterioração da qualidade da água, quer nos meios hídricos superficiais quer nos meios hídricos subterrâneos, resultam da inexistência de drenagem e/ou tratamento de esgotos numa 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 195 parte significativa do Município. Só através das intervenções sugeridas nos referidos capítulos será possível resolver os problemas ambientais causados pela descarga de efluentes não tratados, mencionados sistematicamente no inquérito efetuado às juntas de freguesia. Importa sublinhar que seja assegurado o cumprimento da Diretiva Quadro da Água, através do cumprimento da Lei da Água – Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro. A abordagem combinada consignada na referida Diretiva Quadro obriga não só ao controlo das descargas dos efluentes, mas também ao controlo dos parâmetros de qualidade dos meios recetores. De facto, no ano 2015 fica-se obrigado a atingir o bom estado químico e ecológico para as águas superficiais e o bom estado quantitativo e químico para as águas subterrâneas. Justifica-se, pois, que as soluções que vierem a ser implementadas resultem de um cuidadoso processo de planeamento ao nível do Concelho, em que sejam considerados de uma forma integrada aspetos relativos aos custos da rede de drenagem e das ETAR, eficiência tecnológica e ao cumprimento da legislação vigente. 7.4.2 Poluição Atmosférica A rede de monitorização do ar a nível nacional apresenta uma malha bastante larga, encontrando-se em Coimbra e em Leiria as estações de monitorização mais próximas do Município de Condeixa. Assim, para avaliar a situação relativamente a esta componente foi realizada uma inspeção local que complementou as informações provenientes dos inquéritos à população. Foram identificadas algumas situações que merecem referência: Poluição atmosférica no Furadouro proveniente das poeiras resultantes das atividades na pedreira do Vale de Janes; Maus odores em Condeixa-a-Nova provocados pela fábrica de tratamento de bagaço de azeitona “Indoliva”; Poluição atmosférica e maus odores na freguesia de Anobra resultantes da proximidade do Aterro Sanitário de Coimbra; Poluição atmosférica em Condeixa-a-Nova decorrente do tráfego do IC2 e da A1. Poluição atmosférica proveniente de várias industrias em laboração, nomeadamente as indústrias cerâmicas. A exploração de inertes traz vários tipos de problemas. Além da alteração da topografia e da paisagem, em geral, verifica-se a existência de montes de terra e de desperdícios bem como de pilhas de materiais já extraídos. Em alguns casos, o ruído e as poeiras podem provocar graves perturbações, que se tornam ainda mais complicadas, com a ocupação urbana desordenada na envolvente. Os efeitos das poeiras tornam-se ainda mais problemáticos durante as britagens, cobrindo a vegetação, as estradas e os aglomerados num raio de 196 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) centenas de metros da exploração. Os riscos de erosão natural do solo nas zonas onde se localizam as pedreiras são relativamente elevados. Nas áreas onde o declive é mais acentuado, a velocidade de escoamento é maior, e devido a serem zonas sem coberto vegetal, o efeito erosivo é mais evidente. O Decreto-Lei n.º 340/2007, de 12 de outubro, aprova o regime jurídico da pesquisa e exploração de massas minerais (revogando o Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de outubro). Com o PARP – Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística -, documento técnico constituído pelas medidas ambientais e pela proposta de solução para o encerramento e a recuperação paisagística das áreas exploradas, poderá permitir controlar os impactes negativos provocados por este tipo de exploração. As principais pedreiras do Concelho com impacte negativo distribuem-se da seguinte forma: Sangardão, freguesia do Furadouro, exploração de calcário, de grandes dimensões e com grande impacte na paisagem; Vale da Covadas, freguesia de Anobra, exploração de areia. Quanto aos odores provocados pela indústria de bagaço da azeitona (Indoliva) foram recolhidas as seguintes informações: os odores surgem durante determinados períodos de tempo (cerca de 3 a 4 meses) associados às épocas de laboração. Entretanto terá sido apresentada uma reclamação à CCDR-Centro e neste momento estão em curso negociações para que a indústria abandone a sua atual localização. A queixa apresentada foi remetida para a entidade licenciadora (o Ministério da Economia) que procedeu a uma vistoria de que resultou a imposição de um conjunto de medidas para minorar os efeitos adversos desta unidade. Em 2007 foi realizada nova vistoria e não foram identificados quaisquer problemas. Quanto à poluição atmosférica proveniente das várias indústrias em laboração, nomeadamente as indústrias cerâmicas, foi consultada a CCDR-Centro. A informação obtida relativamente aos principais poluentes atmosféricos que decorrem da atividade destas indústrias, nomeadamente os fluoretos, mostra que não há incumprimento da legislação em vigor. É de notar que esta informação é enviada à CCDR duas vezes por ano pelas próprias indústrias, não sendo feita a correspondente monitorização para verificação dos valores apresentados. 7.4.3 Poluição sonora Verifica-se que a principal causa do ruído resulta do tráfego do IC2. É nas freguesias da Ega, Belide e Condeixaa-Nova que se registam os principais problemas. Tendo em consideração os dados que caracterizam a distribuição de tráfego apresentados nas tabelas abaixo apresentadas, foi feita uma estimativa do ruído de acordo com os métodos desenvolvidos pela Federal Highway Administration (USA). 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 197 Os níveis sonoros contínuos equivalentes, ponderados A, LAeq foram obtidos para diferentes distâncias ao eixo da via (refletindo as diferentes situações de ocupação do solo verificadas na realidade) e para diferentes tipos de revestimento existentes entre a berma da via de tráfego e os potenciais recetores. Estes valores constantes nas figuras seguintes, quando comparados com os estipulados no Decreto-Lei 9/2007 para zonas mistas, ultrapassam os níveis desejados (período diurno LAeqmax=65dB(A); período noturno LAeqmax=55dB(A)). Quadro 60: Valores estimados dos níveis sonoros Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 Dadas as características das zonas atravessadas pelo IC2, julga-se inadequado a construção de infraestruturas, como barreiras sonoras, para a mitigação destes impactes. Seria importante considerar a possibilidade do afastamento do tráfego, através da construção de uma variante. 198 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Fotografia 40: Fonte de poluição sonora, Autoestrada A1 Fotografia 41: Fonte de poluição sonora e atmosférica, pedreira, Vale de Janes 7.4.4 Monoculturas Florestais A inspeção local realizada localmente aponta para algumas alterações no tipo de coberto vegetal e os inquéritos referem uma crescente eucaliptização do concelho de Condeixa-a-Nova. A informação recolhida sobre este assunto junto da Direção Geral dos Recursos Florestais e do Instituto Nacional de Estatística consta dos quadros seguintes. A elevada incerteza dos valores associados à 3ª revisão da fotografia aérea deve-se ao facto destes resultarem de uma extrapolação (extrapolação que teve em consideração algumas amostras do concelho de Condeixa-a-Nova) realizada a partir das informações conhecidas sobre o distrito de Coimbra. De acordo com estes dados, com um elevado grau de incerteza, pode dizer-se que há uma diminuição das áreas ocupadas por pinheiro-bravo e olival e um aumento da área ocupada por eucalipto. Por outro lado, as extensas manchas de pinhais revelam uma reduzida diversidade paisagística e biológica dos territórios por elas ocupadas. No concelho de Condeixa-a-Nova, a área desta espécie florestal tem vindo a diminuir mas acompanhada por um aumento de área de eucalipto, como já foi referido, em detrimento, muitas das vezes, de espécies ecologicamente mais diversificadas. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 199 Quadro 61: Áreas ocupadas por pinheiro-bravo e eucalipto Fonte: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2005 200 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 8. SISTEMA URBANO No âmbito da legislação vigente (RJIGT) “o plano diretor municipal define um modelo de organização municipal do território, nomeadamente estabelecendo “(...) b) A definição e caracterização da área de intervenção identificando as redes urbana, viária, de transportes e de equipamentos de educação, de saúde, de abastecimento público e de segurança, bem como os sistemas de telecomunicações, de abastecimento de energia, de captação, de tratamento e abastecimento de água, de drenagem e tratamento de efluentes e de recolha, de depósito e tratamento de resíduos. “ (Art.º 85º, alínea b). Mais à frente o mesmo diploma acrescenta: ”A identificação e delimitação dos perímetros urbanos, com a definição do sistema urbano municipal” (idem, alínea h). A distribuição de bens pressupõe contactos frequentes com outros centros. A ligação entre os vários centros, feita por um conjunto de fluxos (pessoas, mercadorias, capitais, informação), permite constituir uma rede. Chama-se sistema urbano ou rede urbana, ao conjunto de centros e respetivas áreas de influência ligados por relações hierárquicas de dependência. O estabelecimento de uma hierarquia de centros urbanos, no âmbito de um Plano Diretor Municipal, tem subjacente a necessidade de definição de um correto zonamento e de uma adequada utilização e gestão do território abrangido, fomentando a melhoria das condições de vida dos habitantes. Com efeito, a definição da hierarquia dos centros urbanos de um concelho é fundamental enquanto instrumento que deverá servir de orientação à implantação espacial de equipamentos e de atividades económicas promotores de desenvolvimento e atenuadores das desigualdades espaciais, favorecendo o desenvolvimento de relações intercentros e atenuando a atual dependência polarizadora das sedes concelhias. Assim, a definição da hierarquia dos centros urbanos de um concelho deverá funcionar como a base para o seu desenvolvimento na medida em que deverá permitir a definição, para cada nível hierárquico proposto, da sua função de apoio às atividades económicas e de ponto de concentração de equipamentos coletivos, tendo em vista harmonizar níveis de conforto desejáveis. Os centros urbanos são os aglomerados que, além de servirem a economia local e a sua população residente, constituem centros dinamizadores para uma área de influência, em função dos postos de trabalho, dos equipamentos, dos serviços públicos e privados neles existentes ou a criar e que são localizados estrategicamente no espaço, representando aceitáveis níveis de acessibilidade. O nível de cada centro é determinado pelo nível de funções nele existentes e, geralmente, a importância funcional de um centro é proporcional ao número dos seus habitantes. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 201 Na dependência direta, na definição do nível hierárquico, está a centralidade (medida pela distância) de cada lugar, em relação à população que serve e são as atividades terciárias (comércio e serviços), as que possuem maiores requisitos de centralidade. A diferenciação de níveis hierárquicos de centros reflete, essencialmente, a periodicidade da procura pelos setores económicos e pela população residente de equipamentos, serviços e bens. Assim: i) a procura diária de primeira necessidade deve ser satisfeita nos centros de centralidade inferior (centros básicos) e de fácil acesso; ii) a procura especializada e esporádica e/ou excecional deve ser satisfeita nos centros hierarquicamente superiores. A posição hierárquica de alguns centros é, muitas vezes, conferida pela sua importância administrativa que, por sua vez, obriga à ocorrência de equipamentos e serviços capazes de conferir uma certa capacidade atrativa e não tanto pelas dinâmicas demográficas existentes e/ou pela importância de outros indicadores de desenvolvimento. 8.1 INTEGRAÇÃO DE CONDEIXA-A-NOVA NO SISTEMA URBANO NACIONAL, REGIONAL E SUBREGIONAL No âmbito do Modelo Territorial definido para Portugal, no horizonte 2025, no Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território, foram definidos 4 vetores de identificação e organização espacial dos recursos territoriais, sendo que um deles é o Sistema Urbano. Na figura seguinte, que identifica a estrutura do sistema urbano nacional também está associada a Acessibilidade e conectividade Internacional (outros dos 4 vetores identificados e com uma estreita interligação) constituindo, assim, a estrutura determinante da organização do território nacional. Neste contexto da definição do modelo territorial de Portugal, identificaram-se os 4 grandes motores da competitividade do país, todos localizados no litoral, num dos quais Condeixa-a-Nova se integra, nomeadamente: 1. o Arco Metropolitano do Noroeste, em que o Porto se afirma como a capital do Noroeste e como o núcleo da conurbação do Norte Litoral; 2. o Sistema Metropolitano do Centro Litoral, polígono policêntrico, em que se destacam Coimbra, Aveiro, Viseu e Leiria; 3. o Arco Metropolitano de Lisboa, centrado na capital e na área metropolitana mas com uma estrutura complementar crescentemente policêntrica, com quatro sistemas urbanos sub-regionais (Oeste, Médio Tejo, Lezíria e Alentejo Litoral) e prolongando a sua influência em direção a Évora; 202 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 4. o Arco Metropolitano do Algarve, polinucleado mas tendencialmente linear, projetando o seu dinamismo para o interior e ao longo da Costa Vicentina e do rio Guadiana. Figura 80: Sistema urbano, acessibilidade e povoamento em Portugal Fonte: PNPOT O sistema urbano da Região Centro enquadra-se num território extenso, entre um litoral urbano, dinâmico e fragmentado e um interior rural, pouco denso e regressivo/ em despovoamento. Em termos de inserção inter-regional, a Região Centro é um território de charneira entre as metrópoles de Lisboa e Porto, e liga-se às regiões espanholas de Castela-Leão e da Estremadura. O sistema urbano regional está polarizado por um pequeno número de cidades, que são os pilares do policentrismo regional - Aveiro, Coimbra, Leiria, Viseu, Guarda, Covilhã e Castelo Branco. Em torno de cada uma destas cidades há um território onde gravitam outras aglomerações urbanas e espaços rurais. Estes 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 203 territórios polarizados, organizam-se em torno das deslocações pendulares para o trabalho e o usufruto de comércio e serviços. Estes conjuntos estruturam sub-sistemas urbanos. De acordo com o PROT Centro (dezembro de 2009), o sistema urbano regional apresenta-se estruturado em sub-sistemas urbanos, seguidamente identificados. Ao longo do Litoral desenvolve-se uma extensa mancha urbana estruturada em três sub-sistemas urbanos: O sub-sistema Aveiro e Ílhavo-Vagos-Oliveira do Bairro-Águeda-Albergaria-Ovar é polarizado pela cidade de Aveiro, que se afirma pela oferta de serviços na área do conhecimento (ensino superior, estruturas de base tecnológica e de investigação), mas também pelas funções administrativas, sociais e de comércio e serviços privados. Constitui uma centralidade com uma forte vocação industrial, com intensa inter-relação com a área metropolitana do Porto e com uma forte componente logística decorrente do Porto de Aveiro. O sub-sistema de Coimbra integra núcleos como Figueira da Foz, Montemor-o-Velho, Cantanhede, Mealhada, Penacova, Lousã, Miranda do Corvo e Condeixa-a-Nova. Coimbra destaca-se claramente pela oferta formativa, ligada à universidade, mas também nas funções administrativas, de saúde e de comércio e serviços. Polariza um conjunto de centros urbanos vizinhos que asseguram a função habitacional de suporte, como é o caso de Condeixa-a-Nova. A influência dos serviços mais avançados, designadamente na área da saúde, estende-se a um extenso território. Figueira da Foz mostra a sua especialização nos serviços turísticos. O sub-sistema Leiria - Marinha Grande estrutura-se em função de Leiria e assenta num relacionamento produtivo histórico ligado à indústria vidreira, que tem vindo a registar uma melhoria assinalável. Mantém inter-relações com o norte da Área Metropolitana de Lisboa, particularmente com Nazaré, Alcobaça, Fátima e Tomar. Leiria é um centro de emprego e de funções administrativas e de comércio e serviços, enquanto o eixo Nazaré-Alcobaça-Fátima-Tomar evidencia uma oferta na área do turismo e do património. Pombal polariza o espaço de intermediação entre Leiria e Coimbra e localiza-se num local estratégico de ligação ao interior. O sub-sistema urbano de Viseu é fortemente polarizado por este núcleo urbano, embora à sua volta gravitem outras aglomerações urbanas, bem como pequenos centros de cariz rural, cujos habitantes estão diariamente ligados por diversos motivos (trabalho, consumo e uso de serviços coletivos). Viseu é uma cidade média com uma dimensão razoável no contexto nacional, com uma localização privilegiada e com um forte dinamismo comercial e industrial. Neste sub-sistema gravitam núcleos como Mangualde, Tondela e Nelas, com uma forte presença da atividade industrial e São Pedro do Sul onde sobressai o termalismo. A influência deste aglomerado urbano dilata-se para norte em direção a Lamego e para sul em direção a Oliveira do Hospital - Seia-Gouveia. 204 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) O sub-sistema / eixo urbano da Beira Interior desenvolve-se ao longo da A23 e abrange Guarda - Belmonte, Covilhã, Fundão e Castelo Branco. É constituído por núcleos que distam entre si apenas alguns minutos e polarizam as áreas envolventes de baixa densidade. Este eixo é profundamente marcado por atividades industriais tradicionais, como o têxtil e os lacticínios, embora apresente atualmente uma estrutura funcional diversificada, como uma vocação turística ligada sobretudo ao sistema montanhoso Serra da Estrela - Serra da Gardunha e aos valores patrimoniais existentes. Guarda e Castelo Branco sobressaem pelas funções administrativas, Covilhã pelos serviços do conhecimento ligados à oferta de ensino universitário, Fundão pela produção local de excelência como a cereja e Belmonte com uma forte presença da indústria têxtil. A cidade da Guarda, com a sua posição de charneira entre duas importantes vias (A23 e A 25), a que acresce a linha ferroviária e a futura plataforma logística, tem um importante papel de ligação entre o litoral e o resto da Europa, muito especialmente com Espanha. Por outro lado, a norte, o Douro Património Mundial abre novas oportunidades de relacionamento. A cidade de Castelo Branco, com o reforço das interconexões com o litoral e Lisboa, evidencia tendências para privilegiar as suas ligações com Pombal e Leiria e com a metrópole. As redes de concertação com Portalegre, e com o Norte Alentejano, também constituem uma oportunidade a desenvolver. A poente da Serra da Estrela aparece um eixo urbano em consolidação, baseado no segmento da estrada da Beira, Oliveira do Hospital – Seia - Gouveia, suportado num relacionamento económico que estrutura uma área interior da região. Tem um importante papel de consolidação de um espaço intersticial, onde na ausência de um núcleo polarizador, emergem estes três centros urbanos que se complementam. Este eixo urbano sustenta-se economicamente na atividade industrial tradicional e na oferta de produtos e de turismo local. Em termos de redes, desenvolve relacionamentos quotidianos (movimentos casa-trabalho e casa-escola) sobretudo com Viseu e relacionamentos funcionais de nível hierárquico superior preferencialmente com Coimbra. Ao longo do IC8 surge uma nuvem de pequenos centros urbanos – Eixo Urbano do Pinhal Sul, de pequena dimensão e fraca capacidade de polarização, num contexto demográfico claramente regressivo. A Região Centro “é um território de múltiplas geometrias de relacionamento. Aveiro balança entre Viseu e Coimbra e articula-se com a metrópole do Porto. Leiria oscila entre a Região Centro e o Oeste e Vale do Tejo. Castelo Branco tende cada vez mais para ocidente e para a metrópole de Lisboa, enquanto a Guarda pende para ocidente e pode vir a interligar-se com o Douro. Viseu é um território de intermediação entre o litoral e o interior e Coimbra entre as duas metrópoles” (PROT Centro). Esta multiplicidade de relacionamentos está evidenciada na Figura seguinte, na qual se apresenta a síntese do sistema urbano da região centro. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 205 Figura 81: Sistema Urbano da Região Centro Fonte: Proposta do PROT Centro - CCDR-C, dezembro de 2009 8.2 SISTEMA URBANO DE CONDEIXA-A-NOVA Inserido numa região com uma rede urbana policêntrica e estruturada em sistemas urbanos sub-regionais, Condeixa-a-Nova sofreu, nos últimos anos, profundas transformações na sua estruturação urbana. A mais marcante consistiu no amplo e rápido crescimento urbano da Vila de Condeixa, que se justificou pela conjugação de dois fatores: i) por um lado, pela proximidade espacial à cidade de Coimbra - a de maior dinamismo no sistema urbano-metropolitano em que se insere, levando à integração de Condeixa-a-Nova no processo de suburbanização da capital de distrito; ii) por outro lado, pelo reforço da centralidade no contexto concelhio, em virtude da crescente concentração e diversificação de equipamentos, serviços e atividades económicas, o que tem gerado movimentos para a sede concelhia de natureza residencial e laboral, especialmente com origem no exterior do município mas também nas freguesias rurais, em processo de despovoamento. A articulação destes fatores explica o dinamismo revelado pela aglomeração urbana de Condeixa, evidenciada pela concentração, em 2001, de aproximadamente 6 400 habitantes (área do centro urbano delimitada pelo perímetro urbano), mais 54% do que em 1991, onde se enquadra o surgimento de novas urbanizações de dimensão apreciável (Nova Conímbriga e a Quinta do Barroso). Não obstante estas novas urbanizações, este crescimento urbano tem sido condicionado pelo espaço canal rodoviário da EN1 (IC2) que atravessa 206 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) longitudinalmente o Concelho e cuja dificuldade de transposição explica que, historicamente, o crescimento urbano da vila, embora em mancha circundante, denote maior resistência no sentido poente. Assiste-se à proliferação de um amplo conjunto de lugares (conceito do INE) que gravitam em torno da Vila, consequência da expansão difusa desta e emergência/ consolidação de lugares detentores de uma certa autonomia (p.e. Ega, Sebal, Eira Pedrinha). Esta é, portanto, uma realidade conducente à afirmação e consolidação de um sistema urbano concelhio policêntrico, que evidencia, todavia, a existência de uma oposição entre uma rede de centros urbanos mais densa a Noroeste, no Campo do Mondego, em contraponto à sua rarefação a Sudeste, na área serrana. Efetivamente na serra prevalece um povoamento de baixa densidade, cujos aglomerados estão pouco integrados no sistema urbano, em resultado da imposição dos condicionamentos físicos que dificultam e afastam estes do centro urbano sede de concelho. O sistema urbano de Condeixa-a-Nova evidencia configurações urbanas diferenciadas, como se evidenciará seguidamente. 8.2.1 Metodologia O conceito de “lugar”, subjacente aos dados estatísticos oficiais do INE é o conjunto de edifícios contíguos ou próximos, com 10 ou mais alojamentos, a que corresponde uma designação. O conceito abrange, a nível espacial, a área envolvente onde se encontram serviços de apoio (escola, igreja, etc). Para efeitos do presente PDM, considera-se “centro urbano” todo o espaço, mais ou menos, edificado, delimitado por perímetro urbano, no qual se desenvolvem atividades humanas – residenciais, comerciais, de serviços (públicos e privados), de equipamentos de utilização coletiva. Estes centros podem deter maior ou menor importância no sistema urbano concelhio (rede de centros urbanos que estabelecem entre si relações de dependência e se organizam de forma hierárquica) e podem integrar mais do que um lugar (de acordo com conceito do INE). Para a definição da hierarquia dos centros urbanos do concelho do Condeixa-a-Nova definiram-se, como critério de seleção: 1. todos os lugares sedes de freguesia; 2. todos os lugares com mais de 200 habitantes, 3. lugares contíguos, delimitados pelo mesmo perímetro urbano com população superior a 200 habitantes. Da aplicação destes critérios resultou a seleção de dezassete centros urbanos, listados seguidamente por ordem alfabética: 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 207 Alcabideque Anobra (sede de freguesia) Arrifana Avenal (inclui lugares de Avenal, Casal do Paraíso, Portela, Rodão e Sobreiro) Belide (sede de freguesia) Bendafé (sede de freguesia) Campizes Casal do Missa Casével Condeixa-a-Nova (integra lugares das freguesias de: Condeixa-a-Nova: Barreira, Casal da Estrada, Castel, Condeixa-a-Nova, Gorgulhão, Pocinhos e Travaz; Condeixa-a-Velha: Atadoa, Cavaneiras, Condeixa-a-Velha, Palhacana, Sr.ª das Dores e Valada; Ega: São Fipo; Sebal: Casal da Estrada, Fornos de Castel e Ribeira) Ega (sede de freguesia) Eira Pedrinha Furadouro (sede de freguesia) Sebal (sede de freguesia de Sebal, Dadas e Quinta da Arrocha) Venda da Luísa Vila Seca (sede de freguesia de Vila Seca e Bruscos) Zambujal (sede de freguesia) Sobre a definição destes lugares, impõem-se as seguintes notas: Nos casos em que se registou a aglutinação de lugares, por uma questão de simplificação e facilidade na sua referenciação, optou-se por designar o centro urbano com o nome do lugar que possuía mais população em 2001 (casos de Avenal, Condeixa-a-Nova, Sebal e Vila Seca); O centro urbano de Condeixa-a-Nova incorpora o centro urbano de Condeixa-a-Velha, apesar deste ser sede de freguesia, pelo facto de ambos serem limitados pelo mesmo perímetro urbano; Os lugares de Casal do Paraíso e Portela (centro urbano Avenal), Quinta da Arrocha (centro urbano Sebal) e Barreira, Gorgulhão e Pocinhos (centro urbano de Condeixa-a-Nova) não foram identificados como lugares pelo INE, tendo sido incluídos na População Residual. 208 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) No caso do centro urbano Vila Seca, este inclui também o lugar de Bruscos, apesar de ser exceção aos critérios definidos inicialmente, pois estes dois lugares não estão integrados no mesmo perímetro urbano. No entanto, este facto deve-se a questões físicas do território mas existe um relacionamento funcional que justificou esta opção. Os indicadores utilizados na determinação da hierarquia dos centros urbanos foram: Dimensão Demográfica; Acessibilidade/Centralidade; Funções Centrais do Setor Privado; Funções Centrais do Setor Público. Apresentam-se de seguida as definições das expressões utilizadas ao nível da dinâmica funcional, nomeadamente: Função Central - tipo de empresa comercial ou de serviços que exerce a sua atividade a partir de um ponto central relativamente à população que serve; Unidade funcional - cada unidade da função central. Os dados demográficos reportam a 2001 (XIV Recenseamento Geral da População, INE) os das funções centrais do setor público e os das funções centrais do setor privado foram fornecidos pela Câmara Municipal, em colaboração com as Juntas de Freguesia e datam de 2008. 8.2.2 Povoamento e dimensão demográfica dos centros urbanos Um dos primeiros indicadores a avaliar é a dimensão demográfica, a qual permite iniciar a abordagem à definição de diferentes níveis hierárquicos. Com efeito, a diferenciação dos níveis hierárquicos dos lugares, pela importância das suas funções, está muito ligada à importância das funções demográficas dos próprios aglomerados. Assim, a dinâmica do aparecimento de funções centrais relaciona-se com as flutuações populacionais. Uma das primeiras considerações a fazer sobre o povamento/ocupação humana do território de Condeixa tem a ver com questões de morfologia. Com efeito, a presença de grandes áreas planas (altitudes inferiores a 100 m) nos setores Noroeste e Central, facilitou a implantação de vias de comunicação (as quais se destacam pela sua importância ao nível dos fluxos nacionais, designadamente a A1, a EN1/IC2 e o IC3) e, em consequência, também a ocupação humana, em oposição, o setor Sul-Sudeste, é o que apresenta a menor densidade viária e humana, na medida em que se caracteriza pela presença de declives mais acentuados (altitudes superiores a 350m). 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 209 Estas condicionantes físicas têm vindo, efetivamente, a refletir-se na estrutura do povoamento observando-se, uma diferenciação clara: o setor Noroeste caracteriza-se pela presença de núcleos residenciais de maior dimensão e com a maior área de implantação de construído, aos quais não será alheia a proximidade em relação ao Município de Coimbra, enquanto que no setor Sueste se destacam os núcleos residenciais de menores dimensões e, também, mais isolados. Neste contexto, salienta-se o crescimento bastante significativo das áreas residenciais no setor central, já que este se assume como dormitório do núcleo urbano da cidade de Coimbra. A evolução demográfica mais recente do município de Condeixa-a-Nova materializou-se no aumento do número de habitantes em 2313 indivíduos, tendo passado de 13027, em 1991, para os 15340 habitantes, em 2001, o que representou uma variação populacional de 17,8%. A explicação para esta dinâmica populacional reside no facto de algumas freguesias, essencialmente Condeixa-a-Nova e Condeixa-a-Velha, funcionarem como áreas residenciais em expansão. Porém, este crescimento é um fenómeno recente (última década), uma vez que entre os anos de 1981 e 1991 se registou um ligeiro decréscimo (-1,7%). No entanto, entre os anos de 1991 e 2001 apenas quatro freguesias acompanharam a dinâmica demográfica positiva do Município, designadamente Condeixa-a-Nova (49,9%), Condeixa-a-Velha (38,3%), Anobra (12,2%) e Ega (7%). Assim, nos últimos Censos, a Freguesia de Condeixa-a-Nova assumia-se como a mais populosa do Município, com 3980 residentes, seguindo-se, com valores bastante próximos, a Freguesia de Condeixa-aVelha, com 3318 habitantes. Com valores significativamente inferiores surgem, as Freguesias de Ega, Sebal e Anobra que apresentavam 2882, 1793 e 1357 habitantes, respetivamente, sendo de referir que nas restantes freguesias a população residente não ultrapassava os 1000 habitantes. Numa avaliação breve e global à totalidade dos lugares do Concelho (de acordo com conceito e dados do INE), num cenário de crescimento populacional na ordem dos 18% referidos, registou-se um muito ligeiro acréscimo do número de lugares (passaram de 68, em 1991, para 70 em 2001), contudo o traço mais significativo da evolução foi o incremento registado nos lugares com entre 100 e 199 habitantes (16 em 1991 e 22 em 2001), em detrimento tanto dos lugares mais pequenos (menos de 100 habitantes) e dos lugares com entre 200 e 499 habitantes. Em 2001 surge um novo lugar com entre 500 e 999 habitantes (Palhacana/Urbanização Nova Conímbriga), inserido na área urbana de Condeixa-a-Nova, consequência do já referido fenómeno de expansão da vila. 210 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 62: População residente por dimensão dos lugares, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 1991 Escalões de Dimensão N.º Lugares População residente Menos de 100 hab. De 100 a 199 hab. De 200 a 499 hab. De 500 a 999 hab. Mais de 1000 hab. População Residual/Isolada Total Concelho 34 16 15 2 1 68 2059 2150 4621 1260 2240 697 13027 2001 % N.º Lugares População residente % 15,8 16,5 35,5 9,7 17,2 5,4 100,0 31 22 13 3 1 70 1701 3023 4165 2423 3268 760 15340 11,1 19,7 27,2 15,8 21,3 5,0 100 Fonte: INE-Portugal, Recenseamentos Gerais da População, 1991 e 2001. No mesmo período, a evolução demográfica ocorrida ao nível dos centros urbanos considerados nesta abordagem (17 centros urbanos identificados anteriormente) não foi uniforme, sendo que cerca de metade destes centros registaram acréscimos populacionais e a outra metade perdas demográficas. Contudo tanto os ganhos como as perdas registaram intensidades diferentes, que interessa salientar. Assim, dos 17 centros urbanos, aqueles que registaram: a) acréscimos muito significativos foram Condeixa-a-Nova (54%), Eira Pedrinha (28%) e Sebal (22%); b) acréscimos moderados e pouco expressivos foram Ega (16%), Casével (12,5%), Avenal (6%), Campizes (1,1%) e Casal do Missa (1,1%); c) decréscimos pouco expressivos e moderados foram Vila Seca (-1,1%), Bendafé (-2,5%), Alcabideque (-3,3%), Anobra (-4,4%), Venda da Luisa (-9,4%), Arrifana (-10,6%), Belide (-11,4%) e Zambujal (-14,6%); d) decréscimos muito significativos foi Furadouro (-36%). Quadro 63: Evolução da população do concelho de Condeixa-a-Nova, por centro urbano, entre 1991 e 2001 Centro Urbano População 2001 População 1991 N.º Peso no total Concelho (%) Taxa de Variação 91/2001 (%) 365 436 311 353 417 278 2,3 2,7 1,8 -3,3 -4,4 -10,6 486 315 120 374 281 417 4156 754 506 64 515 279 117 378 284 469 6401 874 648 41 3,4 1,8 0,8 2,5 1,9 3,1 41,7 5,7 4,2 0,3 6,0 -11,4 -2,5 1,1 1,1 12,5 54,0 15,9 28,1 -35,9 Alcabideque Anobra Arrifana Avenal Belide Bendafé Campizes Casal do Missa Casével Condeixa-a-Nova Ega Eira Pedrinha Furadouro 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 211 Centro Urbano População 2001 População 1991 N.º Peso no total Concelho (%) Taxa de Variação 91/2001 (%) 320 341 413 315 389 309 409 269 2,5 2,0 2,7 1,8 21,6 -9,4 -1,0 -14,6 9974 350 2703 13027 12430 336 2574 15340 81,0 2,2 16,8 100 24,6 -4 -4,8 17,8 Sebal Venda da Luisa Vila Seca Zambujal População Total dos centros População Residual População dos Restantes lugares População total do Concelho Fonte: INE-Portugal, Recenseamentos Gerais da População, 1991 e 2001 Os 17 centros urbanos enumerados representavam 81% da população concelhia em 2001 (mais quatro pontos percentuais que em 1991), sendo que os restantes aglomerados (aqueles que não são considerados nesta abordagem pela manifesta falta de dimensão demográfica e funcional) representavam 16,8% da população concelhia, bem como a população que vive isoladamente (população residual) representava 2,2%. Figura 82: Distribuição geográfica da população por lugar, em 2001 Lam e ira # # # In c ulc a C ane ira C as al d o C arr ito C as al d e Am i eira # C as al d as F igu eir as C as al d a Lé gua # # # C as al d e Sã o J oã o Ano bra # # # Pal hag õe s R ódã o # # R apo ila # Alq uev e s Ven da d a Lu ís a Bel ide # # # # Av en al Sob rei ro # #Seb al P equ en o #M oínho da P alh a C as al d a Es tra da # #Seb al G ran de # Eira Pe drin ha # Sen ho ra Tr av az #D ada s # C am pi ze s C as al d o M is s a #C as al d os Ba lau s Bom V elh o de B aix o das D or es Av es s a da # C ond eix a # -a- N ov a# # # # Alc o uc e C av an eir as C#as tel # # Bom V elh o de C i m a #Atad oa # Bem d a F é # Pal hac a na Val ada #Alc a bid equ e # C ond eix a -a- Ve lha Fo rn os de C a s te l # # São Fi po # # # Sal gue iro Ega Bru s c os # # Arr ifana #Am e ix eir a # Bei ç udo # # M ata #Ser raz in a 0-11 # R ebo lia #Póv o a de P eg as #Fu ra dou ro # Val e J ane s 221-429 639-847 #Tr av ei ra #Poç o 12-220 430-638 # Vila Sec a C as al N o v o #R elv es # Fo nte C o ber ta #C ada v al G ran de #C as m ilo # Ser ra d e J ane an es #Za m bu jal 848-1057 1058-1266 1267-1475 1476-3268 Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova (Trabalho de estágio de Susana Margarida Lopes de Almeida) 212 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) O centro urbano de Condeixa-a-Nova é o grande pólo demográfico do Concelho, concentrando mais de 2/5 da população total do município (41,7%). Com pesos incomparavelmente mais baixos, surgem os centros urbanos de Ega (5,7%), Eira Pedrinha (4,2%), Avenal (3,8%) e Casével (3,1%). Todos os restantes aglomerados têm pesos que oscilam indiscriminadamente entre os 2,7% (Anobra e Vial Seca) e os 0,3% (Furadouro). Em função da sua dimensão populacional, os centros urbanos foram escalonados graficamente na figura e quadro seguintes, sendo que a figura permite destacar o essencial na evolução ocorrida entre 1991 e 2001, nomeadamente o facto de o centro urbano de Condeixa-a-Nova ter sido o que, efetivamente, registou um muito significativo acréscimo demográfico. Figura 83: Curva de Zipf - Escalonamento Urbano de Condeixa-a-Nova, 2001 (Dimensão demográfica dos centros urbanos) 7000 6000 População residente (Nº) 5000 4000 3000 2000 1000 Ega Eira Pedrinha Avenal Casével Anobra Vila Seca Sebal Alcabideque Venda da Luisa Casal do Missa Belide Arrifana Zambujal Bendafé Furadouro 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10 Centros Urbanos 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 1991 Campizes Condeixa-a-Nova 0 2001 Fonte: INE-Portugal, Recenseamentos Gerais da População, 2001 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 213 Quadro 64: Número de Ordem dos Centros Urbanos, de acordo com a sua Dimensão Demográfica, em 2001 Nº de ordem Centros urbanos População 2001 1º Condeixa-a-Nova 6401 2º Ega 874 3º Eira Pedrinha 648 4º Avenal 515 5º Casével 469 6º Anobra 417 7º Vila Seca 409 8º Sebal 389 9º Campizes 378 10 Alcabideque 353 11º Venda da Luisa 309 12º Casal do Missa 284 13º Belide 279 14º Arrifana 278 15º Zambujal 269 16º Bendafé 117 17º Furadouro 41 Fonte: INE-Portugal, XIV Recenseamento Geral da População, 2001 8.2.3 Centralidade/ Acessibilidade Numa tentativa de avaliação do grau de acessibilidade no interior de Condeixa-a-Nova, entre os 17 lugares, contabilizaram-se as ligações diretas (l.d.) rodoviárias entre os centros urbanos (e não distâncias quilométricas), com apenas uma mudança de estrada. De acordo com o quadro seguinte, que tem esta informação sistematizada, o centro urbano que regista o maior número de ligações diretas, logo o centro urbano mais central/acessível é Condeixa-a-Nova (13 l.d.). Os centros imediatamente mais acessíveis são Ega e Sebal (ambos com 9 l.d.), Campizes, Casével, Belide e Vila Seca (todos com 8 l.d.), traduzindo esta distribuição a forte acessibilidade do território concelhio a Poente da A1, em detrimento dos setores nascente e sul, também bastante menos povoados e com os condicionamentos físicos conhecidos. 214 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Anobra √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ Zambujal Vila Seca Total de Ligações √ √ √ Venda da Luisa Sebal Eira Pedrinha Furadouro Ega Casével √ 5 √ 4 √ 5 √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ 8 √ 13 √ 9 √ √ Casal do Missa 6 √ 8 √ 3 √ 8 √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ 1 √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ Sebal Venda da Luisa √ √ √ √ √ √ √ Furadouro Vila Seca √ √ √ Campizes Ega Eira Pedrinha √ √ √ Belide Casével Condeixa-a-Nova Casal do Missa √ Arrifana Avenal Bendafé Campizes √ Condeixa-a-Nova Alcabideque Bendafé Belide Avenal Arrifana Anobra Centro Urbano Alcabideque Quadro 65: Ligações viárias diretas entre os centros urbanos (apenas com uma mudança de estrada) de Condeixa-a-Nova, 2008 2 √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ 2 √ √ √ √ √ √ √ √ √ 9 √ 5 √ 8 Zambujal Total de ligações 0 5 4 5 6 8 3 8 1 8 13 9 2 2 9 5 8 0 √ Assinala a existência de ligação direta entre dois lugares com apenas uma mudança de estrada. 8.2.4 Funções Centrais do Setor Privado O escalonamento urbano de uma rede de centros, tendo por base unicamente as dinâmicas demográficas, resultaria incompleto, se não fosse analisada a situação dos núcleos urbanos ao nível da oferta de bens, serviços e equipamentos, quer do setor privado, quer do setor público. As funções centrais que representam o resultado da iniciativa empresarial de entidades privadas (indivíduos e grupos económicos) assumem-se como os grandes indicadores da importância funcional de cada centro. Esta imagem resulta da grande flexibilidade da iniciativa privada que se adapta com certa facilidade e rapidez às variações e às potencialidades de cada lugar em termos de importância demográfica e económica. A diferente importância dos lugares relaciona-se não só com o número de funções centrais existentes mas também com o tipo de funções asseguradas em cada um. Consideram-se funções centrais do setor privado aquelas que se referem sobretudo a serviços privados e unidades comerciais retalhistas. A sua localização dependerá da existência de uma procura que as justifique. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 215 A análise funcional teve como suporte a quantificação das funções centrais do setor privado/ centralidade funcional, a análise do tipo de funções/ frequência de ocorrência e a avaliação da polarização funcional/ interdependências funcionais. Centralidade Funcional Distinguindo funções banais diretamente ligadas à satisfação das populações, apresentando, por isso, uma localização que valoriza a proximidade, e anormais (mais raras) exigindo limiares populacionais mais expressivos e uma localização que privilegia sobretudo os aglomerados mais importantes, de forma clara se distingue o comportamento do centro urbano de Condeixa-a-Nova dos restantes. Com efeito, considerando os diversos tipos de funções existentes, o centro urbano de Condeixa é o que apresenta as funções mais especializadas e raras. Verifica-se, assim, uma correspondência entre o centro urbano de Condeixa-a-Nova, de características marcadamente urbanas, e os lugares de menor dimensão e o tipo de funções existentes. Mercearia/Taberna Mercearia/Minimercado Padaria Café/Pastelaria Restaurante Barbeiro/ Cabeleireiro Florista Materiais de Construção Material elétrico Oficina de Automóveis/Motos Móveis e decorações Pronto-a-Vestir Bar/Discoteca Farmácia Seguros Táxi Posto telefónico Posto de Correio Bomba Gasolina Quinta de Eventos Estaleiro/Empresa const. civil Turismo Espaço Rural Funções Centrais Unidades Funcionais 3 2 5 1 1 2 1 1 1 1 1 1 2 1 1 2 1 2 2 2 1 1 1 2 1 2 1 1 4 2 a) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 5 2 2 2 3 5 7 4 1 2 5 4 5 2 2 6 9 125 - ZAMBUJAL 1 2 3 1 1 1 1 1 2 1 2 1 1 1 1 1 VILA SECA VENDA DA LUISA SEBAL EIRA PEDRINHA FURADOURO 1 1 1 1 1 2 1 12 20 EGA CASÉVEL CASAL DO MISSA CAMPIZES BENDAFÉ 1 1 2 1 6 1 1 1 2 1 1 BELIDE AVENAL ARRIFANA ALCABIDEQUE FUNÇÕES URBANAS ANOBRA CENTROS URBANOS CONDEIXA-A-NOVA Quadro 66: Número de Unidades Funcionais por Função Central do setor privado, por centro urbano, em 2008 14 25 2 2 2 1 1 1 2 1 3 4 10 11 1 4 4 3 4 7 11 a) Por ser uma lista relativamente ampla e para não tornar este Quadro muito extenso e desequilibrado, as Funções Centrais de Condeixa-a-Nova, encontram-se em Anexo. Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 216 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Com exceção de Condeixa, que possui um amplo leque de funções centrais (aproximadamente 125), os outros centros urbanos possuem relativamente poucas funções centrais e, sobretudo, banais. O quadro seguinte sistematiza a dotação funcional de cada centro urbano do Concelho. 10º 10º 10º 10º 10º 9º 9º 8º 8º 8º 7º 6º 5º 4º 3º 2º 1º Figura 84: Hierarquia dos Centros Urbanos, de acordo com o nº de Funções Centrais do Setor Privado, em 2008 125 Condeixa-a-Nova Ega Anobra Sebal Zambujal Casével Belide Venda da Luisa Campizes Alcabideque Vila Seca Furadouro Eira Pedrinha Casal do Missa Bendafé Avenal Arrifana 14 12 10 7 6 5 4 4 4 3 3 2 2 2 2 2 0 50 100 150 Funções centrais (nº) Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova Quadro 67: Número de Ordem dos Centros Urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Setor Privado, 2008 N.º de Ordem 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º Centros Urbanos Condeixa-a-Nova Ega Anobra Sebal Zambujal Casével Belide Alcabideque Campizes Venda da Luisa Furadouro Vila Seca Arrifana Avenal Bendafé Casal do Missa Eira Pedrinha Funções Centrais (F.C.) 125 14 12 10 7 6 5 4 3 2 Unidades Funcionais (U.F.) a) 25 20 11 11 9 7 5 5 4 4 4 2 3 5 2 2 a) Não é possível saber o número devido ao seu grande volume. Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 217 Tipo de Funções Centrais/ frequência de ocorrência A diferente importância dos lugares relaciona-se não só com o número de funções centrais existentes, como também pelo tipo de funções asseguradas em cada um. Os centros urbanos de Condeixa, com exceção do centro urbano de Condeixa-a-Nova, apresentam um desenvolvimento funcional relativamente incipiente, sendo dotados maioritariamente de funções banais/ de aquisição diária e com um caráter muito local, sendo que a função mais frequente é o café/pastelaria (existe em 15 dos 17 centros urbanos), seguida da mercearia, das oficinas de reparação de automóveis e da padaria. Quadro 68: Nº de Ordem das Funções Centrais pela frequência de ocorrência nos centros urbanos Função Central Café/Pastelaria Mercearia/Minimercado Oficina de Automóveis/Motos Padaria Mercearia/Taberna Restaurante Barbeiro/ Cabeleireiro Materiais de Construção Táxi Posto telefónico Posto de Correio Farmácia Florista Pronto-a-Vestir Bomba Gasolina Estaleiro/Empresár. Construção civil Material elétrico Móveis e decorações Bar/Discoteca Seguros Quinta de Eventos Turismo Espaço Rural Nº de Ordem da F.C pela frequência de ocorrência 1º Nº de lugares onde ocorre a F.C. 15 2º 3º 9 8 4ª 5 5º 4 6º 3 7º 2 Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova (Juntas de Freguesia) Polarização funcional/ Interdependências funcionais Com o objetivo da avaliação de polarização funcional dos aglomerados e do grau de interdependências funcionais, recorreu-se a um pequeno questionário às Juntas de Freguesia, onde se solicitava a identificação dos locais de aquisição de bens ou prestação de serviços da população residente nos principais lugares das freguesias, independentemente de a função central existir ou não no respetivo lugar. Dado o caráter do questionário (abrangente, não necessariamente exaustivo, respondido por diferentes pessoas) não se podem considerar os resultados exatos, devendo considerar-se este contributo, um exercício globalmente 218 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) indicativo e de pendor mais qualitativo, mas muito útil, pois permite identificar as principais “dependências” em termos estruturais. Para o efeito, selecionaram-se 15 funções centrais diferenciadas de acordo com três ritmos de procura, assim distribuídas: 1. Banais/ de aquisição diária – Mercearia/Minimercado, Café, Restaurante, Cabeleireiro/Barbeiro, Jornais/Revistas; 2. Semibanais / de aquisição ocasional - Vestuário/Calçado, Agência Bancária, Supermercado, Consultório Médico privado, Farmácia; 3. Anormais/ de aquisição excecional – Mobiliário, Material Informático, Automóveis, Agência de Seguros, eletrodomésticos; Nos quadros seguintes estão patentes os locais de aquisição (1ª e 2ª escolhas) de bens ou de prestação de serviços que, de forma sucinta, permitem extrair as seguintes conclusões: grande autonomia funcional do concelho de Condeixa-a-Nova. Verifica-se uma predominância clara da procura de bens e aquisições de serviços, sobretudo os semibanais e os anormais, em Condeixa-a-Nova (ver quadro com 1ª escolha); muitos casos de escolha exclusiva num só local (não foi identificada uma 2ª escolha), predominantemente em Condeixa e nos centros urbanos de residência (ver quadros com 1ª e 2ª escolhas); estreita ligação/ dependência funcional a Coimbra. Não obstante a evidente autonomia de Condeixa-a-Nova, é, contudo, bastante forte a ligação funcional a Coimbra (inevitável não só por ser o grande centro administrativo e económico da Região Centro, mas também pela proximidade geográfica que facilita as deslocações). Naturalmente a sua capacidade polarizadora exerce-se para as funções semibanais (vestuário/calçado, supermercado, consultório privado), mas sobretudo pelas funções de caráter excecional (material informático, automóveis e grandes eletrodomésticos); as funções banais/ de aquisição diária (sobretudo, mercearia, café, restaurante) são normalmente satisfeitas nos centros urbanos de residência ou em lugares geograficamente próximos, mesmo que por vezes tenham uma dimensão populacional inferior; inexistência de centros internos polarizadores, alternativos a Condeixa-a-Nova que possuam áreas de influência que ultrapassem o próprio centro urbano. Apenas Ega polariza Casal do Missa e Casével na função “restaurante” e Sebal polariza Venda da Luisa para a função “farmácia” e para a função “restaurante” (na Zona Industrial de Condeixa). Mesmo que noutras funções (não incluídas nas 15 selecionadas) possua alguma capacidade de polarização, continua a não poder considerar-se alternativas efetivas a Condeixa; 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 219 para as funções centrais selecionadas, o centro urbano de Anobra salienta-se dos demais por ser o que consegue proporcionar o maior número de funções, tendo, por isso, menor dependência face ao centro urbano de Condeixa-a-Nova ou a Coimbra; para além de Coimbra, existência de pequenos focos de polarização externa (Soure, Penela e Miranda do Corvo): i) Soure polariza Bendafé e Eira Pedrinha para a a função “mobiliário” e Furadouro para a Função “supermercado”; Figueiró do Campo polariza Belide nas funções farmácia” e Cabeleireiro/barbeiro; ii) Penela (Lugar de Rabaçal), polariza Zambujal na função “restaurante”; iii) concelho de Miranda do Corvo polariza Vila Seca na função “restaurante”. Em Coimbra, destaca-se particularmente o Parque Industrial de Taveiro, local de aquisição (de 1º e 2ª escolha) de alguns bens de consumo (vestuário/calçado, mobiliário, supermercado, jornais e revistas). SEBAL VENDA DA LUISA VILA SECA ZAMBUJAL CUR CDX CDX CUR CUR CUR CUR CDX CDX CDX CUR Ega Ega CDX CUR Z.I.CDX CDX CDX F. C. CBR CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CUR CDX CUR Restaurante CUR CBR CDX Cabeleireiro / Barbeiro CUR CDX CDX EGA FURADOURO EIRA PEDRINHA CONDEIXA-ANOVA CUR CDX CUR CDX CUR CASÉVEL CDX CDX CUR CUR CUR CDX CUR CDX Café CASAL DO MISSA BENDAFÉ CDX CUR CUR CUR CDX CUR CDX CUR Mercearia/Minimercado CUR CDX CDX CDX* CAMPIZES BELIDE CUR AVENAL ARRIFANA Funções Centrais ANOBRA Centros Urbanos ALCABIDEQUE Quadro 69: Local de Aquisição de Bens ou prestação de Serviços (1ª Escolha) CBR CUR CDX P* Jornais / Revistas CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX Vestuário /Calçado CUR CDX CDX CDX CBR* CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX Agência Bancária CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX* CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX Consultór Médico priv. Supermercado CBR CDX CDX CDX CBR CBR CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CBR CDX CDX CDX Farmácia CUR CDX CDX CDX F.C CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CUR Sebal CDX CDX Mobiliário CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CBR* CDX CDX CDX CDX Material Informático CBR CBR CDX CDX CBR CDX CDX CDX CDX CDX CDX CBR CDX CDX CBR CBR CDX Automóveis CDX CBR CDX CBR CBR CBR CDX CDX CDX CDX CDX CBR CDX CBR CDX CBR CBR Agência de Seguros CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CBR CDX CDX CDX Eletrodomésticos CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CDX CBR CDX CBR CDX CDX CDX 220 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Mercearia/Minimercado Casal CBR S.João CDX* Soure Café Casal CBR S.João CDX Arrifana Restaurante Z.I. CDX CDX Ega Cabeleireiro / Barbeiro CDX CBR CDX CBR CBR* CBR CBR CDX Jornais / Revistas Vestuário /Calçado CDX Pereira CBR Ega CDX CDX CDX CDX CDX CBR Supermercado CDX* CBR CBR* CDX CBR CDX Farmácia CDX Mobiliário CUR CBR Material Informático CDX CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR Vale Janes CBR VENDA DA LUISA VILA SECA/BRUSCO S ZAMBUJAL Sebal M. C. CDX CBR CDX CUR CBR CBR CBR CDX CBR Soure CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR CDX CBR CBR CBR CDX CBR Soure CBR CBR CBR CBR CBR Soure CBR P* CBR CBR CBR CBR CBR Sebal CDX CUR Z.I. CDX CDX CBR Consultório Médico priv. Automóveis CDX CBR Agência Bancária Agência de Seguros CBR SEBAL FURADOURO EIRA PEDRINHA EGA CONDEIXA-ANOVA** CASÉVEL CASAL DO MISSA CAMPIZES BENDAFÉ BELIDE AVENAL ARRIFANA Funções Centrais ANOBRA Centros Urbanos ALCABIDEQUE Quadro 70: Local de Aquisição de Bens ou prestação de Serviços (2ª Escolha) CBR CBR CBR CBR CBR CBR CDX CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR CDX CDX CBR CDX CDX CDX CBR CUR Eletrodomésticos CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR CBR CDX CBR* CDX CBR CBR CUR – Centro Urbano de Residência; CDX - Condeixa-a-Nova; CDX* - Barreira; CBR – Coimbra; CBR* - Taveiro; F.C. - Figueiró do Campo (concelho de Soure); P* - Concelho de Penela (lugar de Rabaçal) Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova (Juntas de Freguesia). 8.2.5 Funções Centrais do Setor Público As funções centrais do setor público são aquelas que dizem respeito essencialmente a serviços e equipamentos de uso coletivo e, enquanto tal, possuem uma componente social muito importante. A sua localização depende maioritariamente de fatores administrativos, muito embora esteja subjacente à sua localização a tentativa de racionalização económica dos investimentos públicos. A caracterização funcional dos centros pela ocorrência de equipamentos coletivos transmite frequentemente uma imagem desajustada da importância real do lugar central. Muito facilmente se pode constatar a existência de casos em que a dinâmica demográfica e socioeconómica de um centro não corresponde ao nível de equipamentos públicos existentes, quer por defeito, quer por excesso. Daí que a análise dos Centros Urbanos pela ocorrência de funções centrais do setor privado, deva ser feita em conjunto com as funções centrais do setor público. Nesta análise não se consideraram os serviços públicos porque, dadas as características do Concelho, a sua quase totalidade se localiza na sede concelhia. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 221 A dotação de equipamentos sociais do concelho de Condeixa-a-Nova colocará, naturalmente, a sede concelhia em primeiro plano, bastante destacada dos restantes Centros Urbanos. A ocorrência de funções centrais do setor público, por centro urbano, está representada no quadro seguinte. Pré-escolar (JI) EB 1º ciclo EB 2, 3º ciclos Escola Secundária ENSINO ZAMBUJAL VILA SECA VENDA DA LUISA SEBAL FURADOURO EIRA PEDRINHA CONDEIXA-A-NOVA CASÉVEL CASAL DO MISSA CAMPIZES BENDAFÉ BELIDE AVENAL ARRIFANA ANOBRA FUNÇÕES URBANAS ALCABIDEQUE CENTROS URBANOS EGA Quadro 71: Funções Centrais do Setor Público no concelho de Condeixa-a-Nova, por centro urbano, em 2010 SAÚDE Centro de Saúde Unidade de Saúde Familiar Extensão de Saúde Farmácia Posto Farmacêutico Móvel AÇÃO SOCIAL Lar da 3ª Idade Centro de Dia ATL Creche CAO-APPACDM Unidade de Saúde Mental DESPORTO Pequeno Campo Jogos Grande Campo Jogos Pavilhões/Salas de Desporto Piscinas CULTURA Biblioteca Museu Cine-Teatro Galeria (exposições) Salão de Festas Rádio regional Posto de Turismo Associação SEGURANÇA PÚBLICA GNR Bombeiros/INEM Proteção Civil Total Funções Centrais 2 7 1 3 2 2 2 1 2 28 8 3 0 6 4 4 3 Assinala a existência de uma Função Central, independentemente se existe apenas uma ou mais unidades. Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 222 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 72: Número de ordem dos Centros Urbanos, de acordo com as Funções Centrais do Setor Público, em 2010 N.º de Ordem Centros Urbanos Funções Centrais (F.C.) 1º Condeixa-a-Nova 28 2º 3º Ega Anobra 8 7 4º Sebal Venda da Luisa 6 5º 6º Vila Seca Eira Pedrinha Avenal 3 7º Zambujal Alcabideque Casével Belide 2 Bendafé Campizes Arrifana Casal do Missa 1 Furadouro 0 8º 9º 4 Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 7º 7º 7º 7º 7º 7º 6º 6º 6º 5º 5º 5º 4º 3º 2º 1º Figura 85: Hierarquia dos Centros Urbanos, de acordo com o número de Funções Centrais do Setor Público, em 2010 27 Condeixa-a-Nova Ega Anobra Sebal Vila Seca Venda da Luisa Eira Pedrinha Casével Avenal Alcabideque Zambujal Casal do Missa Campizes Bendafé Belide Arrifana 8 7 6 4 4 4 3 3 3 2 2 2 2 2 2 0 5 10 15 20 25 30 Funções centrais (Nº) Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 223 8.3 DEFINIÇÃO DOS NÍVEIS HIERÁRQUICOS DO SISTEMA URBANO DE CONDEIXA-A-NOVA Do conjunto da análise realizada anteriormente, identificam-se como principais aspetos do sistema urbano concelhio os seguintes: primeiro, o sistema urbano de Condeixa-a-Nova é policêntrico mas desequilibrado, por duas ordens de fatores: i) espacialmente, pois a morfologia do território municipal assim o determina, existindo uma clara dicotomia entre o setor Noroeste e o setor Sudeste, fortemente determinados pelas baixas e pelas altas altitudes, que num sentido e noutro determinaram ao longo do tempo que a ocupação humana, e consequente apetrechamento funcional/ económico e social, se fizesse na área plana em detrimento da área serrana. Assim, assiste-se a uma proliferação de lugares no setor noroeste, em crescente expansão, e a um mais reduzido conjunto de lugares em tendencial processo de regressão/ despovoamento; ii) funcionalmente (nível de dotação de funções urbanas) pois verifica-se uma excessiva polarização do centro urbano de Condeixa-a-Nova, em processo de expansão (entre 1991 e 2001, este aumentou em 2245 habitantes), não existindo verdadeiros centros urbanos intermédios que funcionem como alternativa à sede concelhia. Apesar de existirem três centros melhor apetrechados (Ega, Sebal e Anobra), eles não conseguem contudo satisfazer as necessidades da população residente para a maioria das funções urbanas (sobretudo as de caráter privado), para além de possuirem volumes populacionais muito inferiores ao centro urbano de Condeixa (este centro concentra 42% da população do Concelho, enquando Ega, Sebal e Anobra, todos juntos apenas aglutinam 11% da população concelhia); segundo, a proximidade a Coimbra pode ser considerada um fator determinante (causa e consequência) do atual sistema urbano municipal, também por duas ordens de razões: i) Condeixa ao ser um palco privilegiado do processo de suburbanização de Coimbra, para uma população que trabalha predominantemente em Coimbra, com necessidades de unidades comércio e serviços mais exigentes em qualidade e diversidade, tem “obrigado” ao desenvolvimento e diversificação funcional da Vila de Condeixa; ii) a acrescentar a este facto, as relativas pequenas distâncias a percorrer entre a maior parte dos centros de Condeixa e Coimbra (sobretudo os dos setor Noroeste), tem impedido/condicionado um maior desenvolvimento dos centros urbanos locais; terceiro, o sistema urbano possui alguns pequenos pólos de atração externa, para alguns bens de consumo, nomeadamente: Parque Industrial de Taveiro (Coimbra), Soure, Penela, Miranda do Corvo, ainda que de pequena importância. No caso dos três últimos pólos referidos, estes exercem 224 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) atração para funções muito pontuais. A procura de lugares dos concelhos vizinhos é fundamentalmente feita pelos residentes dos centros urbanos do município de Condeixa, mais distanciados tanto de Condeixa, como de Coimbra (em termos gerais, Belide e Furadouro desloca-se a Soure, Vila Seca desloca-se a Miranda do Corvo e Zambujal a Penela). Soure é ainda procurado especificamente pela população de Eira Pedrinha e Bendafé para a função “mobiliário”. De acordo com os critérios utilizados, o sistema urbano de Condeixa-a-Nova é, presentemente constituído por cinco níveis, sendo que no primeiro se encontra apenas Condeixa-a-Nova, no segundo integram-se 3 centros (Ega, Anobra e Sebal), no terceiro incluem-se 8 centros urbanos, no quarto nível agrupam-se 5 centros urbanos, sendo que três dos quais são as sedes de freguesia de Belide, Bendafé e Furadouro e, no último nível, todos os restantes pequenos lugares do Concelho (identificados na Planta de Ordenamento e limitados por perímetro urbano). Em termos teóricos, o nível de cada centro é determinado essencialmente pelo nível (e número) de funções nele existentes e, geralmente, a importância funcional de um centro está relacionada diretamente com o número dos seus habitantes. Na dependência direta, na definição do nível hierárquico, está a centralidade de cada lugar, em relação à população que serve e são as atividades terciárias (comércio e serviços), bem como os equipamentos de utilização coletiva os que possuem maiores requisitos de centralidade. Neste sentido, os níveis hierárquicos do sistema urbano de Condeixa-a-Nova resultaram da ponderação da importância funcional e demográfica de cada centro. A avaliação da centralidade dos centros urbanos permitiu confirmar aquela hierarquia, sobretudo dando consistência aos centros urbanos dos primeiros níveis, que grosso modo, são efetivamente os que apresentam as maiores centralidades. Este último, foi um contributo de caráter complementar, após se ter verificado que não há praticamente relações de dependência funcional entre os centros, dado o seu reduzido desenvolvimento funcional; apenas existem relações fortes de cada centro com a sede concelhia (e a centralidade de Condeixa-a-Nova foi claramente comprovada). Neste sentido, será sobretudo importante considerar-se a centralidade/acessibilidade na eventual alteração do sistema urbano (a definir na fase da proposta do Plano), em consonância com a estratégia de desenvolvimento do município, em articulação com os vários domínios temáticos. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 225 A primeira aproximação à hierarquia dos Centros Urbanos do concelho de Condeixa-a-Nova é a seguinte: Níveis Hierárquicos Hierarquia dos Centros Urbanos Existente Centro Complementar Principal Condeixa-a-Nova Centro Complementar de segundo nível Ega, Anobra, Sebal Centro Complementar de terceiro nível Eira Pedrinha, Casével, Avenal, Vila Seca, Zambujal, Alcabideque, Venda da Luisa, Campizes Centro Complementar de quarto nível Belide, Casal do Missa, Arrifana, Bendafé, Furadouro Centro Complementar de Quinto Nível Restantes lugares O primeiro nível - Centro Complementar Principal é constituído pela sede concelhia (Condeixa-a-Nova), facto que decorre, em primeiro plano, e fundamentalmente, da sua importância administrativa, sendo polarizadora de todo o funcionamento municipal, pois é aqui que se concentram o comércio e serviços privados e os equipamentos coletivos e serviços públicos de nível superior, estando direcionada para servir uma procura mais especializada e esporádica, sendo paralelamente, em termos demográficos, o primeiro pólo concelhio (concentrava, em 2001, cerca de 42% da população total do Concelho). Em 2001 possuía 6442 residentes e detinha, em 2008, 125 funções centrais do setor privado e 27 funções centrais do setor público (equipamentos de utilização coletiva). O segundo nível - Centro Complementar de Segundo Nível é constituído por Ega, Anobra e Sebal. Embora estes centros se destaquem em termos funcionais dos restantes centros urbanos do município, não conseguem ainda constituir-se como alternativa à sede de concelho para quase nenhuma função comercial e/ou de serviços. Estes centros urbanos possuem uma dimensão populacional que, embora também se destaquem da maioria dos restantes lugares do Concelho, se distanciam enormemente do centro urbano de Condeixa, apresentando valores que variam entre os 874 habitantes, de Ega, e os 389 habitantes de Sebal. As funções privadas oscilam entre as 14 e 10 funções comerciais, de serviços de Ega e Sebal, respetivamente e as funções públicas, entre as 8 e 6 funções, também de Ega e Sebal. O terceiro nível - Centro Complementar de Terceiro Nível é constituído pelos Centros Urbanos de Eira Pedrinha, Casével, Avenal, Vila Seca, Zambujal, Alcabideque, Venda da Luisa, Campizes. Nestes centros a população oscila entre 648 e os 269 residentes, as funções centrais do setor privado variam entre as 2 e as 6 e as funções centrais do setor público entre as 2 e as 4 funções centrais. Eira Pedrinha destaca-se pelo seu volume populacional, contudo o seu apetrechamento funcional, no momento, é quase inexistente. O quarto nível - Centro Complementar de Quarto Nível - é constituído pelos centros urbanos de Belide, Casal do Missa, Arrifana, Bendafé, Furadouro, centros urbanos que são caracterizados por uma fraca importância funcional, apesar de três deles serem sedes de freguesia (dois na zona serrana - Furadouro e Bendafé e um - 226 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Belide, na fronteira do município de Condeixa com o concelho de Soure). As funções existentes neste nível são, na sua maioria, as que servem uma procura diária e local (posto telefónico, café, táxi, etc.) e os equipamentos coletivos que possuem são do nível mais básico, como por exemplo o campo de futebol, a associação, etc.. O quinto nível - Restantes lugares - é contituído pelo grupo de lugares de reduzida dimensão, com fraca ou nula dinâmica funcional, mas com dimensão territorial à escala do Plano, sendo delimitados por perímetro urbano. Sendo esta a hierarquia urbana atual, está apta a sofrer alterações decorrentes da evolução e discussão das propostas a apresentar, sobretudo ao nível da estratégia de desenvolvimento municipal, como também ao nível urbanístico e das infraestruturas viárias, podendo vir a configurar-se, em termos futuros, uma nova hierarquia de centros. Na proposta final estará sempre presente a importância da hierarquização dos Centros Urbanos enquanto estrutura orientadora da implantação espacial de equipamentos coletivos e de atividades económicas promotoras de desenvolvimento e atenuadoras das desigualdades espaciais. Neste sentido, é muito provável que a nova proposta venha a sugerir a junção dos atuais níveis 3 e 4, na perspetiva da sua dotação funcional e desenvolvimento futuros, permitir a igualdade de oportunidades (equidade e coesão territorial) a todos os centros urbanos. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 227 Figura 86: Sistema Urbano do concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 Nota: A sede de freguesia de Condeixa-a-Velha integra o centro urbano de Condeixa-a-Nova 228 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 9. USO E OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO 9.1 OCUPAÇÃO DO SOLO Este capítulo, além da análise da Ocupação do solo, efetua também uma abordagem ao projeto do Aproveitamento Hidroagrícola do Baixo Mondego, pela sua importância em termos de promoção da agricultura no concelho, caso venha a ser implementado. Análise da ocupação do solo A elaboração deste tema assenta na Carta de Ocupação do Solo elaborada pela Câmara Municipal, no âmbito do Plano de Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, que por sua vez teve como base a COS’90 – Carta de Ocupação do Solo (CNIG, 1990). O concelho de Condeixa-a-Nova assistiu nos últimos anos a um elevado crescimento urbanístico, o que levou inevitavelmente à desatualização da COS’ 90 e obrigou por parte da câmara à necessidade de proceder à sua atualização, principalmente no que se refere às áreas edificadas, na envolvente dos aglomerados. Assim sendo, obtém-se a carta de ocupação do solo do PDM (peça desenhada n.º 06: Situação Existente - Uso e Ocupação do Solo), que constitui uma ferramenta de base, fundamental para o ordenamento do solo rural e urbano e que, simultaneamente, dá resposta à alínea b) do número 1 da Portaria n.138/2005, de 2 de fevereiro. Para a elaboração da Carta foi tida como base a legenda do COS’90, porém houve ajustes necessários à realidade do concelho de Condeixa. São eles: As “Culturas anuais” surgem agregadas (sequeiro e regadio), pois para o posterior ordenamento rural não se revela pertinente a diferenciação; A “Ocupação herbácea-arbustiva” corresponde à agregação das pastagens naturais pobres e à vegetação arbustiva baixa (matos), à vegetação esclerofítica carrascal, à vegetação arbustiva alta e floresta degradada ou de transição e ao olival abandonado; Na área florestal são diferenciadas as espécies com maior expressão e importância ecológica no Concelho: “Azinheira”, “Carvalho”, “Eucalipto”, “Pinheiro bravo” e “Pinheiro manso”. Posto isto, as classes de ocupação do solo agregam-se em vários usos dominantes, designadamente: Áreas artificiais, onde se integram os seguintes subespaços: “Urbano-industriais”: são incluídas áreas urbanas consolidadas, áreas urbanas descontínuas com expressão espacial e zonas industriais de grande dimensão ocupadas; 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 229 “Infraestruturas rodoviárias”: resume-se à autoestrada A1, que atravessa o Concelho de Norte a Sul, com um grande impacte na paisagem; “Exploração mineira”: uma pedreira de grandes dimensões, de exploração de calcário (“Agrepor”), a Sul do Concelho. Áreas Agrícolas, que incluem os subespaços: “Culturas anuais”: parcelas de grande dimensão, geralmente sem habitação associadas e com pavilhões de apoio à atividade agrícola e com utilização de mecanismos próprios para rega, quando se tratam de culturas de regadio. São também incluídas áreas nas franjas dos aglomerados com agricultura de subsistência. “Vinha”: “cultura com áreas pouco significativas, com uma progressiva redução de expressão no Concelho, não se refletindo contudo na produção de vinho; “Olival”: cultura com alguma expressão, surge disperso pelo Concelho, com especial incidência na freguesia do Zambujal; “Pomar”: com pouca expressão no Concelho, surgindo situações pontuais na freguesia de Ega, localizados no vale do rio Ega. Fotografia 42: Culturas anuais, Vala do Paul Fotografia 43: Olival, Póvoa das Pegas Áreas Florestais dividem-se em: “Azinheira”: com pouca expressão territorial, mas com importante valência ecológica, surge em pequenas manchas na zona do Maciço Calcário Sicó-Alvaiázere; “Eucalipto”: não tem uma presença significativa, no entanto tem vindo a ganhar importância com a sua plantação aquando da substituição de pinheiros bravos; “Pinheiro Bravo”: extensos povoamentos florestais puros de Norte a SE do Concelho; “Pinheiro Manso”: corresponde a manchas de reduzidas dimensões, dispersas pelo território, no entanto o pinheiro manso é uma presença constante no Concelho, misturado com os povoamentos de pinheiros bravos e carvalhos, “Carvalho”: espécie com uma forte presença, essencialmente no Maciço Calcário Sicó-Alvaiázere. 230 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Áreas Naturais, incluem-se os seguintes subespaços: Fotografia 44: Ocupação herbácea-arbustiva “Ocupação herbácea-arbustiva” – correspondem aos extensos matos associados ao Maciço Calcário Sicó-Alvaiázere, onde se encontram espécies tipicamente mediterrâneas, medronheiro (Arbutus tais unedo), como carrasco (Quercus coccifera), urze (Erica spps), tomilho (Thymus (Rhamnus vulgaris), sanguinho-das alaternus), zambujeiro sebes (Olea europaea), roselha-grande (Cistus albidus), etc; “Folhosas”: zonas marginais a campos de cultivo associadas a linhas de água, ou campos agrícolas abandonados em zonas pantanosas, onde proliferam espécies arbóreas pertencentes à flora típica de galeria ripícola – amieiros (Alnus spps.), freixos (Fraxinus spps.), choupos (Populus spps.), etc. -, com especial incidência na zona da Ribeira de Cernache e da Ribeira de Condeixa. Fotografia 45 :Eucaliptal, Bendafé Fotografia 46: Carvalhais, Furadouro A análise do uso e ocupação do solo atendeu ainda, a outras fontes, nomeadamente a dados estatísticos da Direção Geral de Recursos Florestais (1995) que possibilitam uma ideia aproximada de como é, em termos quantitativos, a ocupação do solo no Figura 87: Ocupação do solo na sub-região Baixo Mondego Os dados estatísticos da Direção Geral dos Recursos Florestas, sob a designação de Inventário Florestal Nacional (IFN), referem-se a uma aplicação informática disponível no respetivo floresta 5% 2% Concelho. 33% incultos 49% improdutivos agricultura 1% 10% social águas interiores Fonte: Direção Geral das Florestas, 1995, AreaStat sítio, com a denominação AreaStat. Nesta 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 231 aplicação consta uma estimativa das áreas conforme a ocupação do solo, sendo baseada numa amostra de 130 000 fotopontos, obtidos por fotointerpretação da cobertura aero-fotográfica de 1995. A análise da figura permite verificar que as classes predominantes de ocupação do solo, na sub-região do Baixo Mondego, onde se localiza o Concelho em estudo são: a Floresta (49%) sendo claramente a dominante, a Agricultura (33%), os Incultos (10%) e com representatividade exígua, verificam-se os Improdutivos (1%) e as Águas Interiores (2%). É também de salientar a expressão significativa do item “Social”, com 5% da área. De igual modo ao analisar a figura e o gráfico resultante da análise da peça desenhada n.º 6, concluí-se que predominam as “Áreas florestais” seguidas das “Áreas agrícolas”, enquanto as “Áreas naturais” e as “Áreas artificiais” ocupam áreas semelhantes. Figura 88: Ocupação do solo segundo as Áreas predominantes 15% 32% Área agricola Área artificial Área florestal Área natural 41% 12% As “Áreas florestais” correspondem às grandes manchas de pinhal bravo que atravessam transversalmente o Concelho. As “Áreas naturais” predominam na zona de serra (Maciço Calcário Sicó-Alvaiázere) com a ocupação herbécea-arbustiva. As “Áreas agrícolas” surgem nas zonas de vale com especial incidência nas aluviões da Vala do Paul de Arzila (rio Ega e ribeira de Condeixa). Por sua vez, é também na zona mais baixa do Concelho que surgem as maiores “Áreas artificiais”, resultado da maior presença de aglomerados urbanos e zonas industriais. 232 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 89: Ocupação do solo por Áreas predominantes Fonte: Adaptado do COS’90 Aproveitamento Hidroagrícola do Baixo Mondego O Aproveitamento Hidroagrícola do Baixo Mondego (AHBM) corresponde a uma extensa planície de origem aluviaI, entre as cidades de Coimbra e Figueira da Foz, que perfaz uma área aproximada de 14.000 ha. Desenvolve-se ao longo do vale do riο Mondego – o vale principal - e por algumas ramificações laterais, que constituem os seus afluentes - οs vales secundários - casos dos rios Cemache, Ega, Anunca e Pranto, na margem esquerda, e Anca e Foja, na margem direita. Este Αproveitamento é dividido em três zonas; uma a montante (de Coimbra a TentúgaI, onde se insere o concelho de Condeixa-a-Nova), outra média (de Tentúgal a Ereira) e outra a jusante (de Ereira à foz do Mondego). Administrativamente está disperso por cinco concelhos do distrito de Coimbra: Montemor-o-Velho; Figueira da Foz; Coimbra; Soure e Condeixa-a-Noνa. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 233 Trata-se de um Αproveitamento classificado como obra do Grupo 11, de iniciativa estatal, nos termos do D.L. n.º 269/82, de 10 de Julho, republicado pelo D.L. n.º 86/2002, de 6 de Abril, que traduzem o Regime Jurídico das Obras de Aproveitamento Hidroagrícola. Ο ΑΗΒΜ é uma obra de interesse regional com eIevada importância para ο desenvoIvimento agrícola da região, cujas infraestruturas hidroagrícoIas e respectivos equipamentos pertencem ao domínio público do Estado. Α gestão, cοnserνação e exploração destas infraestruturas está a cargo da Associação de Beneficiários da Obra de Fomento Hidroagricola do Βaixo Mondego. Ο ΑΗΒΜ foi deIineado visando a reconversão das culturas agrícolas, ο decréscimo nο consumo de meios de produção, a generalização das novas tecnoIogias visando a intensificação e o aumento da produção, ο acréscimo de produtividade, bem como a criação de novos empregos no sector primário. Promove também a regularização do fomecimento de água e ο controlo de cheias. Estes objectivos têm vindo a ser concretizados, em particular nο vale central, com a impIementação de um sistema de rega e drenagem, a reaIização do emparceIamento da propriedade e a reconνersão cuIlural. Νο conceIho de Condeixa-a-Nova localiza-se parte do Bloco n.º 12, Ega e ΑrziΙa (vaIes secundários do rio Mondego), com uma área total com cerca de 720 ha, não tendo ocorrido ainda quaIquer intervenção nο que respeita à criação de infraestruturas. Tratam-se, nο entanto, de áreas com grande potencial agrícola onde já se pratica ο regadio, embora de forma algo imperfeita. Os organismos anteriores à Direcção Geral Agricultura e Desenvolvimento Rural adquiriram vários prédios neste BIoco, para facilitar ο processo das οperações de emparcelamento rural, mas que na prática ainda não surtiram efeito para o avanço da sua construção. 234 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 90: Aproveitamento Hidrogarícola do Baixo Mondego, no concelho de Condeixa-a-nova Fonte: DGADR 9.2 POVOAMENTO E EVOLUÇÃO URBANÍSTICA Neste subcapítulo pretende-se fazer uma análise da estrutura urbana concelhia, assim como da dinâmica construtiva e da evolução dos aglomerados à luz do Plano Diretor Municipal em vigor, tendo, ainda, em atenção o desenvolvimento dos sistemas construtivos e da linguagem arquitetónica. Desta forma, a componente seguinte apoia-se, essencialmente, na observação feita no local, em elementos bibliográficos e na informação integrante no PDM em vigor. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 235 9.2.1 Formas de Povoamento Importa, antes de mais, perceber como se estruturou o povoamento na área do concelho de Condeixa-a-Nova. Como se sabe, a concentração da população num determinado território está diretamente ligada às características geomorfológicas e biofísicas do território objeto de povoamento. Implantado na zona central do país, o concelho de Condeixa-a-Nova localiza-se numa zona de transição entre o Norte e Centro. O Concelho, em si, apresenta duas realidades distintas. Uma associada às freguesias de Ega, Belide, Sebal e Anobra, apresentando uma paisagem de transição e de ligação entre o Norte e o Sul (Beira Litoral já com fortes laivos de Estremadura), entre maciços calcários a Nascente e o litoral a Poente. Esta, caracteriza-se ainda por possuir uma paisagem amena, de morfologia suave, entrecortada por vales férteis, destacando-se a presença da oliveira e das grandes manchas de pinhal e eucaliptal. O maciço calcário entre Coimbra e Tomar apresenta uma outra realidade, que se diferencia das terras baixas, a Ocidente, pelo seu relevo mais movimentado e pela secura dos calcários, do qual se destacam algumas serras, como a de Sicó, que corresponde a um volume rochoso de formas arredondadas que se eleva a nascente de Pombal até aos 533 m de altitude. A região concelhia é abarcada pela bacia hidrográfica do Mondego, destacando-se dois cursos de água principais que drenam para o rio Mondego e que, de certa forma, contribuíram para a fixação de alguns dos aglomerados: o rio Arunca, através da Vala da Granja, Ega, Mouros ou Ribeira de Caráglio Seco e a Vala de Pereira, do Paul de Arzila, ou Ribeira de Cernache. A orografia é outro fator que condiciona fortemente a distribuição da população, traduzindo-se no concelho de Condeixa-a-Nova, genericamente, em densidades mais elevadas, nas zonas mais planas associadas à existência de terrenos agrícolas e de boas acessibilidades, e em densidades menores nas zonas mais acidentadas, sendo assim menos favoráveis à construção, particularmente nas zonas Sul e Este do Concelho. Verifica-se, efetivamente, uma maior pressão urbana nas áreas mais planas e mais vocacionadas para a agricultura especialmente na envolvente próxima à Vila. De uma forma geral, verifica-se a existência de uma estrutura urbana fortemente marcada pela rede viária que, em termos de povoamento, resulta na formação de contínuos urbanos ao longo dos eixos viários, patente sobretudo na envolvente à Vila de Condeixa-a-Nova e na zona Noroeste do Concelho. É no entanto possível identificar uma outra realidade, associada a uma ocupação urbana mais concentrada, muitas vezes resultante da existência de uma orografia mais acidentada, em particular, na zona Sul do Concelho, designadamente, nas freguesias de Furadouro, Zambujal e ainda na zona Sul das freguesias de Ega e de Vila Seca. Na generalidade, o povoamento processa-se de uma forma dispersa nas zonas de ocupação recente, que não se encontram enquadradas por loteamentos urbanos. 236 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Como é possível constatar, a rede viária assume um papel preponderante na estrutura e hierarquização da rede urbana, sendo que vias como a EN1/ IC2, o IC3, a ER347, a ER347-1, a ER1-7 e a EN342, assumem-se como os principais eixos de apoio e de ligação de alguns aglomerados urbanos. Efetivamente, este tipo de povoamento, que se estrutura em função e/ou ao longo de um eixo viário importante, levou a que algumas das vias referidas atravessem zonas centrais de alguns aglomerados, acabando por gerar diversos conflitos entre a circulação viária e a vivência local (acessos às diferentes propriedades marginais à via, circulação pedonal, atravessamentos, etc.). São exemplos disso Ega, Bruscos e Vila Seca, ou ainda Sebal e Belide atravessados, respetivamente, pela EN342 e pela ER347. Outra questão problemática diz respeito à EN1/ IC2 que se apresenta como uma barreira entre o centro da Vila e as suas áreas de expansão, a Poente. Outra questão associada a este tipo de povoamento diz respeito ao facto destes aglomerados não apresentarem, muitas vezes, um núcleo central evidente, acabando por se interligar, não sendo fácil reconhecer a sua delimitação. Estas situações levam a que, por vezes, seja difícil a identificação de aglomerados que, pelas suas características e dimensão, possam assumir-se como estruturantes na rede urbana concelhia. Em 2001, apenas a vila de Condeixa-a-Nova tinha mais de 1000 habitantes e apenas 3 aglomerados apresentavam valores superiores a 500 habitantes (Eira Pedrinha, Palhacana e Ega). É de realçar que destes, Ega e, com menor destaque, Eira Pedrinha se assumem como centros urbanos independentes já que Palhacana cresceu como área de expansão associada à Vila de Condeixa-a-Nova. Dai que, por vezes, se verifique uma distribuição da população, não estruturada em núcleos urbanos coesos, levando a que exista um número, que se pode considerar excessivo, de lugares de pequena dimensão. Constitui um claro exemplo disso os lugares que se distribuem na envolvente imediata da Vila e que integram o seu perímetro urbano. Este tipo de povoamento dificulta a análise da rede urbana e a própria delimitação dos perímetros urbanos. Como tal, fará sentido que a abordagem ao Concelho, se faça, quando necessário, em função da agregação de lugares que, no seu conjunto, formam uma espécie de aglomerações dentro das quais, alguns lugares, se destacam com um nível funcional mais elevado. A Vila de Condeixa-a-Nova representava, em 2001, 21% do total de população concelhia, enquanto os 3 aglomerados referidos, com mais de 500 habitantes, assumiam um peso de 15,8%. Apesar de se registarem 31 aglomerados, com menos de 100 habitantes (11,1% da população), 22, entre 100 e 200 habitantes (19,7% da população), e apenas 13, entre 200 e 500 habitantes, estes últimos representam 27,2% da população, com destaque para Anobra, Alcabideque, Condeixa-a-Velha, Campizes e Casével que assumem valores superiores a 350 habitantes. O facto de existirem 53 aglomerados com menos de 200 habitantes, denota a existência de alguma dispersão populacional, verificando-se ainda que a Vila e os aglomerados de 200 a 500 habitantes concentram a maior parte da população. A disposição dos aglomerados não obedece, na generalidade, a regras de estruturação urbana específicas, sendo que, neste Concelho, não são muitos os exemplos do aglomerado tradicional que se desenvolve, 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 237 geralmente, em torno de igrejas, de praças ou de ruas principais, apresentando, normalmente, uma maior consistência, com zonas perfeitamente consolidadas e de morfologia orgânica ou regular. Verifica-se que esta noção de núcleo urbano parece estar mais presente na zona Sul - especialmente em alguns aglomerados mais concentrados como Furadouro, Zambujal ou Casmilo – onde os edifícios se justapõem e se organizam segundo os seus traçados, do que na zona a Noroeste e, particularmente, na envolvente à Vila de Condeixa-a-Nova, onde o povoamento disperso, de características lineares/tentaculares, se traduz no território por extensos contínuos edificados, em que os lugares se interligam, dificultando a sua delimitação espacial. As habitações são, maioritariamente, unifamiliares e os edifícios, nas zonas mais antigas, surgiram de forma espontânea e linear, permitindo o desencadear de arruamentos, que, por vezes, surgem estreitos e sinuosos, numa adaptação ao cadastro e à topografia, existindo, contudo, a preocupação de salvaguardar os terrenos com melhor aptidão agrícola. As zonas de expansão mais recente, desenvolveram-se, naturalmente, na periferia dos aglomerados, em torno dos conjuntos urbanos originais ou ao longo dos arruamentos e vias mais importantes. Estas situações normalmente conduzem à criação de espaços intersticiais, que muitas vezes são votados ao abandono, ou constituem impasses no tecido urbano, de resolução difícil. Com a ocupação das áreas periféricas dos aglomerados, vem-se assistindo gradualmente à desertificação e à degradação dos núcleos mais antigos, a que está associada a descaracterização provocada pela introdução de novas linguagens arquitetónicas importadas e distintas das locais. Verifica-se, no entanto, o aparecimento de algumas construções novas no interior da estrutura urbana consolidada, associadas ao processo de renovação urbana como seria desejável. No que diz respeito à Vila de Condeixa-a-Nova, identifica-se a existência de um número significativo de loteamentos urbanos que, no entanto, surgem, na maior parte das situações, descontextualizados e sem aparente intervenção de conjunto. Além das habitações unifamiliares, verifica-se a existência de um número significativo de habitações coletivas de 3 a 5 pisos. Esta expansão resulta, sobretudo, do crescimento da sede de Concelho, resultante do êxodo verificado nos aglomerados mais periféricos e do acentuar da sua propensão a centro de apoio urbano à cidade de Coimbra. 9.2.2 Dinâmica Urbanística e Estado de Conservação Efetuou-se uma análise dos dados relativos ao licenciamento de obras particulares, entre 2003 e junho de 2010, tendo sido feita a distinção por ano, freguesia e tipo de intervenção. Foram utilizados dados fornecidos pela Câmara Municipal, pelo que estes devem ser analisados como intenções de intervenção, já que, em alguns casos, as intervenções poderão não ter ocorrido efetivamente, tendo sido considerados os seguintes tipos de intervenção: Construção, Reconstrução, Ampliação e Alteração. Assinala-se o registo de apenas um pedido para demolição na freguesia de Condeixa-a-Nova. 238 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Na figura seguinte apresentam-se, assim, os dados relativos ao número de licenças por freguesia no intervalo temporal referido. Figura 91 : Número de pedidos de licenças de obras, entre 2003 e junho de 2010, por freguesia e tipo de intervenção 800 704 700 600 500 400 300 208 200 100 144 92 71 4 12 12 10 0 3 1 0 Anobra Belide 5 0 0 Bem da Fé 19 4 31 826 28 3 Condeixa-a- Condeixa-aNova Velha Construção 0 131 119 120 25 20 Ega Reconstrução 33 4 2 2 1 5 Furadouro Sebal 9 30 8 6 13 20 3 5 4 Vila Seca Zambujal Ampliação 37 Total Alteração Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova. A análise da Figura 91 permite evidenciar as freguesias de Sebal e Condeixa-a-Velha como aquelas que apresentam as maiores dinâmicas construtivas (com 25,7% e 20,8% do total de intervenções, respetivamente). Este facto resulta da proximidade a Condeixa-a-Nova verificando-se, inclusivamente, que as áreas de expansão que integram o perímetro urbano da Vila são, em grande parte, abrangidas por estas duas freguesias. As freguesias de Ega e Condeixa-a-Nova seguem-se-lhes com respetivamente 168 e 206 intervenções, verificando-se que as freguesias de Belide, Bendafé, Furadouro e Zambujal são as que registam o menor número de intervenções. Quadro 73: Número de pedidos de licenças de obras, entre 2003 e junho de 2010, por freguesia e tipo de intervenção Freguesia Construção Reconstrução Ampliação Alteração Total Anobra 92 4 12 12 120 Belide 10 0 3 1 14 Bem da Fé 5 0 0 0 5 Condeixa-a-Nova 71 4 19 31 125 Condeixa-a-Velha 144 8 26 28 206 Ega 120 3 25 20 168 Furadouro 4 2 2 1 9 Sebal 208 5 33 9 255 Vila Seca 30 8 6 13 57 Zambujal 20 3 5 4 32 Total 704 37 131 119 991 Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 239 Durante o período em análise, as construções representaram 71,0% do total de intervenções efetuadas, as reconstruções 3,7%, as ampliações 13,2% e as alterações 12,0% Figura 92: Peso de cada tipo de intervenção (2003 - junho de 2010) Construção 4% 12% 13% Reconstrução Ampliação Alteração 71% Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova. É então possível constatar que as construções representaram a maior fatia dos pedidos efetuados. No entanto, verifica-se que a dinâmica do Concelho em termos construtivos é relativamente baixa, considerando que, entre 2003 e junho de 2010, o Concelho registou apenas 704 novas edificações e 37 reconstruções. Em termos de variação ao longo dos anos em análise, é possível constatar que, no que diz respeito a novas construções, houve, até 2009, um decréscimo significativo no número de pedidos. Figura 93 : Número de pedidos de licenças de obras, entre 2003 e 2009, por tipo de intervenção e ano 180 Construção 160 Reconstrução 140 Ampliação 120 Alteração 100 80 60 40 20 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova. No que respeita a projetos de loteamento urbano constata-se no terreno a existência de alguma dinâmica, além da entrada de pedidos na Câmara, particularmente, na envolvente mais imediata à Vila, abrangendo as freguesias de Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha e Sebal. No entanto, o pico de crescimento ocorrido, através de operações de loteamento, verificou-se entre 1995 e 2000, registando-se, entre 2001 e 2008, a emissão de um total de 19 alvarás de loteamento. 240 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) No que diz respeito a tipologias, na generalidade, a grande maioria das habitações são moradias unifamiliares com 1 ou 2 pisos, quer em banda, quer em lote próprio, verificando-se ainda a existência de anexos ou pavilhões de apoio à atividade agrícola. As áreas de expansão com maior impacte, no território concelhio, resultam de operações de loteamento que se concentram na envolvente imediata à Vila, garantido, embora sem uma estratégia de conjunto, uma ocupação do solo planeada. Estas integram situações de moradias unifamiliares bem como habitação coletiva com cérceas que vão dos 2 aos 5 pisos. No Concelho tipologias de encontram-se, construção essencialmente, distintas. A quatro primeira, Fotografia 47: Casario tradicional (São Fipo) correspondente à casa tradicional, característica de uma arquitetura popular. É ainda possível encontrar nos núcleos mais antigos vestígios intactos desta arquitetura popular, caracterizada pela sobriedade, simplicidade e rudeza da linguagem. Será de realçar que algumas destas casas que ainda permanecem intactas estão votadas ao abandono ou afetas a funções menos nobres. São, geralmente, casas térreas, de fachada simples em que as portas e janelas se alinham, em número e ordem que variam. Como segunda tipologia, tem-se a moradia unifamiliar, correspondente, na generalidade, a construções Fotografia 48: Habitação unifamiliar (Mata) Fotografia 49: Habitação unifamiliar (Relves) relativamente recentes, localizadas nas zonas envolventes ao núcleo antigo, ou mesmo, no centro das povoações, resultantes de um processo de renovação urbana ou de preenchimento. Já os edifícios de habitação coletiva, com 3 ou mais pisos, surgem com particular incidência Fotografia 50: Habitação coletiva (Condeixaa-Nova) Fotografia 51: Casa senhorial (Atadoa) na Vila de Condeixa-a-Nova e na sua envolvente. Por último, uma referência às diversas casas senhoriais e brasonadas, que surgem 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 241 espalhadas um pouco por todo o território concelhio, algumas integradas na estrutura urbana dos aglomerados, outras disseminadas pelo espaço rural, em quintas. Estas são características de uma arquitetura tradicional mais erudita, e correspondem a moradias de famílias nobres ou importantes. Distinguem-se pela sua dimensão, pelo acabamento, pelos materiais que empregam e pela forma como são trabalhados. É de assinalar que alguns destes imóveis encontram-se abandonados, sem qualquer tipo de uso, ou em situação precária em virtude de utilizações pouco dignas ou de intervenções que têm sido levadas a cabo. A exploração turística, assim como a atribuição de outros tipos de uso (nomeadamente institucionais), poderão constituir formas de promover a sua salvaguarda. De uma forma ou de outra, é importante que se intervenha, caso contrário perder-se-ão valores patrimoniais importantes. O estado de conservação dos aglomerados não depende somente das condições de habitabilidade dos edifícios, mas também da qualidade estética do conjunto em que se inserem. Paradoxalmente, a melhoria nas condições de habitabilidade conduz, por vezes, à destruição arquitetónica de alguns núcleos primitivos dentro dos aglomerados. No concelho de Condeixa-a-Nova, esta situação assumiu algum significado em grande parte dos aglomerados onde se verifica, por um lado, a descaracterização do edificado de cariz tradicional e, por outro, a introdução de novas linguagens arquitetónicas que quebram a imagem de conjunto nos núcleos edificados mais antigos. Em alguns casos, estes núcleos têm vindo a ser abandonados, ficando os edifícios votados ao abandono. É necessário implementar medidas que permitam inverter esta tendência, promovendo a recuperação destes imóveis, à luz dos parâmetros e das necessidades atuais, pois só assim se poderá evitar o abandono das zonas antigas e a redução da ocupação em áreas periféricas. As edificações novas localizam-se, tendencialmente, nas zonas envolventes ao núcleo antigo, ao longo dos eixos viários, ou em alguns casos, em zonas centrais, correspondendo a operações de renovação urbana. Constata-se então a existência de diferentes realidades patentes em cada aglomerado levando, naturalmente, a que o edificado habitado se encontre, em termos de estado de conservação, de modo geral, Fotografia 52: Edifícios em mau estado de conservação (Eira Pedrinha) razoável, enquanto, e como já foi referido, a parte mais antiga dos aglomerados se encontra em algumas situações com construções devolutas e, consequentemente, em pior estado de conservação. Nas zonas de expansão, que se concentram sobretudo na envolvente à Vila de Condeixa-a-Nova, os edifícios, por serem de construção mais recente, encontram-se em bom estado de conservação. Segundo as estatísticas dos Censos 2001, no Concelho apenas 2.4% dos edifícios foram classificados como muito degradados, sendo essa percentagem mais elevada na freguesia de Vila Seca, onde 242 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) atingia 0.6% dos edifícios. Com base no trabalho de campo realizado é ainda de referir a existência de alguma dinâmica em termos de recuperação, a título particular, de edificado. 9.2.3 Análise Urbanística do Território Previamente a ser delineada uma estratégia em termos de enquadramento das áreas edificadas no solo urbano ou no solo rural, torna-se premente a aferição da situação urbanística do território em questão. Efetivamente, o Decreto-Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de maio, e o PROT Centro vêm reforçar a necessidade de se avaliar a execução física da urbanização e da edificação. Para tal, o procedimento adotado passou pela delimitação das áreas edificadas consolidadas e em consolidação (AEC) e pela identificação das áreas servidas de infraestruturas urbanas, cuja metodologia e análise são apresentadas de seguida. Entenda-se como áreas edificadas consolidadas e em consolidação os polígonos que envolvem núcleos edificados, onde predomina a contiguidade ou grande proximidade entre os edifícios existentes, acrescidos dos espaços de colmatação e das áreas não edificadas com uso urbano estabilizado. O PROT Centro não determina critérios específicos no que diz respeito a à delimitação destas áreas, tendo-se recorrido à seguinte metodologia: 1. Definição de um buffer de 25 m em torno das construções existentes com área de implantação superior a 30m2; 2. Identificação das áreas que integram mais de 10 edifícios; 3. Definição de um buffer de 50 m em relação ao eixo das vias urbanas; 4. Cruzamento das áreas identificadas no ponto 2 com as áreas resultantes do ponto 3; 5. Integração de frentes de 50 m (em relação ao eixo das vias), que não se encontram edificadas, mas cuja extensão é inferior a 70 m, exceto nos casos em que exista alguma condicionante legal; 6. Aferição da existência de outras áreas edificadas consolidadas a uma distância inferior a 20 m da área edificada consolidada nuclear, por forma a ponderar a sua aglutinação; 7. Consideração das áreas que já integram o perímetro urbano em vigor; 8. Integração de equipamentos coletivos ou outras áreas que já apresentem algum tipo de comprometimento legal, que se encontrem a menos de 50 m da área edificada consolidada nuclear. A aplicação desta metodologia permitiu então identificar as áreas edificadas que deverão ser enquadradas em solo urbano ou em solo rural, analisando-se de seguida algumas das suas características. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 243 Por forma a ter-se uma leitura mais completa da ocupação edificada do território, optou-se por diferenciar as AEC em 6 intervalos, no que diz respeito ao número de edifícios abrangidos, aos quais se encontram associados o número de AEC que integra cada intervalo definido, o intervalo de áreas (mínima e máxima) verificado, assim como a área total abrangida pelas AEC. Quadro 74: Número e áreas das Áreas Edificadas Consolidadas e em consolidação, por número de edificios Número de Edifícios Número de AEC Intervalo de áreas (ha) Área total (ha) 10 a 20 15 0,8 a 2,9 21,2 21 a 50 19 1,1 a 7,0 51,4 51 a 100 23 4,2 a 21,1 156,7 101 a 500 20 8,6 a 30,9 365,4 501 a 1000 2 35,7 e 43,8 79,4 ≥1001 2 87,1 e 425,3 512,4 Total 81 1186,5 É de destacar que o número de AEC associado a cada intervalo não apresenta diferenças significativas, exceto nos intervalos com mais de 500 edifícios, o que reforça a constatação que o concelho de Condeixa-a-Nova tem um número signiticativo de aglomerados de pequenas dimensões. Como seria de esperar as AEC de maior dimensão dizem respeito aos aglomerados de Condeixa-a-Nova33 e Ega (com mais de 1000 edifícios), seguidas de Casével e Avenal34 (entre 501 e 1000 edifícios). O cruzamento destas áreas com os perímetros urbanos em vigor (representado na Figura 94, uma vez que não foram delimitados aglomerados rurais, no atual PDM em vigor, permite efetuar dois tipos de análise: o grau de consolidação dos aglomerados existentes (em paralelo com a identificação da existência de áreas livres em solo urbano) e o reconhecimento da existência de áreas edificadas, com as características referidas, que não se encontram enquadradas nos perímetros urbanos em vigor, aspetos que se encontram aprofundados no capitulo da Avaliação do PDM em vigor. Efetivamente, ao observarmos a figura, é possível verificar que existem aglomerados que integram uma única AEC enquanto outros integram várias, com características semelhantes ou não, percebendo-se de uma forma mais imediata os vazios urbanos. É ainda possível observar na figura o edificado que não foi integrado nas AEC constatando-se que, no que diz respeito à existência de áreas de edificação dispersa (polígonos exteriores às áreas edificadas consolidadas e em consolidação em que se verifica disseminação do edificado), a sua delimitação não tem expressão no concelho de Condeixa-a-Nova. A aferição do grau de urbanização do território, além da delimitação das AEC, centra-se ainda noutra componente que diz respeito à identificação das áreas servidas por infraestruturas urbanas, no que diz 33 Avessada/ Barreira/ Casal da Estrada/ Castel/ Condeixa-a-Nova/ Eira Pedrinha/ Gorgulhão/ Pocinhos/ Travaz/ Atadoa/ Cavaneiras/ Condeixa-a-Velha/ Palhacana/ Salgueiro/ Senhora das Dores/ Valada/ São Fipo/ Fornos de Castel/ Ribeira 34 Avenal/ Casal do Paraíso/ Portela/ Rodão/ Sobreiro 244 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) respeito ao abastecimento de água e drenagem de esgotos, uma vez que todos os aglomerados se encontram servidos por rede viária e rede elétrica. O quadro seguinte sistematiza a representação desta informação feita na Figura 95. Quadro 75: Situação atual das infraestruturas urbanas de abastecimento de água e de saneamento por aglomerado Tipo de infraesturuturas urbanas Rede de abastecimento de água Rede de saneamento Situação atual Aglomerados Existente total Casal das Amoreiras/ Casal das Figueiras, Ameixeira, Poço, Casal do Missa, Presa, Rebolia, Cadaval Grande, Furadouro, Peixeiro, Vila Pouca, Fonte Coberta, Serra de Janeanes, Alqueves, Casal da Torre, ZI do Sangardão e Moinho da Palha Existente parcial Alvogadas, Anobra, Casal do Carrito, Venda da Luísa, Belide, Avessada, Condeixa-a-Nova, Eira Pedrinha, Salgueiro, Alcabideque, Arrifana, Campizes, Casével, Ega, Relves, Serrazina, Vale de Janes, Avenal, Casal da Légua/ Pagalhões, Rapoila, Sebal/ Dadas/ Quinta da Arrocha, Sebal Pequeno, ZI de Condeixa-a-Nova, Traveira e Póvoa de Pêgas Existente+remodelação parcial Casal dos Balaus Remodelação total Alcouce e Bom Velho de Cima Remodelação parcial Bendafé, Bom Velho de Baixo, Bruscos e Vila Seca Remodelação+projeto de remodelação parcial Caneira/ Inculca Projeto de remodelação parcial Casal de São João/ Perdigueira, Casal Seco, Lameira de Baixo, Lameira de Cima, Casal Novo, Casmilo, Beiçudo, Mata e Zambujal Existente total Alvogadas, Casal das Amoreiras/ Casal das Figueiras, Avessada, Eira Pedrinha e Casal da Torre Existente+projeto parcial Casal de São João/ Perdigueira e Ega Existente parcial Anobra, Casal do Carrito, Venda da Luísa, Belide, Condeixa-a-Nova, Alcabideque, Campizes, Casével, Avenal, Moinho da Palha, Sebal / Dadas/ Quinta da Arrocha, Sebal Pequeno e ZI de Condeixa-a-Nova Em construção total Bom Velho de Cima e Alcouce Em construção parcial Bendafé, Bom Velho de Baixo, Bruscos, Casal dos Balaus e Vila Seca Em construção + projeto parcial Caneira/ Inculca Projeto total Lameira de Cima Projeto parcial Não existente Lameira de Baixo, Casal Novo, Arrifana, Casmilo, Beiçudo, Mata e Zambujal Alqueves, Casal Seco, Salgueiro, Ameixeira, Poço, Casal do Missa, Presa, Rebolia, Relves, Serrazina, Vale de Janes, ZI do Sangardão, Cadaval Grande, Furadouro, Peixeiro, Casal da Légua/ Pagalhões, Rapoila, Vila Pouca, Traveira, Fonte Coberta, Póvoa de Pêgas e Serra de Janeanes É possível constatar, a partir de uma leitura geral da Figura 95, que o Concelho é mais bem servido em termos de abastecimento de água do que saneamento de águas residuais. Efetivamente, existe um número significativo 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 245 de aglomerados que não possuem rede de saneamento, em particular na zona Sul do Concelho, sendo que a Este e no limite Norte encontram-se em construção algumas redes. Apesar de alguns aglomerados terem prevista a construção destas infraestruturas em projeto, a zona Sul do Concelho continua a ser a mais desfavorecida. O cruzamento destas componentes (áreas edificadas consolidadas e em consolidação e áreas servidas por infraestruturas urbanas) vai sem dúvida contribuir para uma revisão do ordenamento do solo urbano mais rigorosa. 246 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 94: Áreas edificadas consolidadas, por intervalo de número de edificios 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 247 Figura 95: Aglomerados servidos por rede de abastecimento de água e rede de sanemaento35 35 A rede de abastecimento de água de Alqueves, Casal da Torre, ZI do Sangardão e Moinho da Palha não se encontra representada, uma vez que a informação cartográfica ainda não foi disponibilizada. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 249 9.2.4 Caracterização dos Aglomerados A este nível far-se-á uma análise da estrutura urbana dos aglomerados, particularmente da sua evolução recente, identificando a posição de cada núcleo face às redes urbana e viária e identificando, sempre que possível, as áreas preferenciais de ocupação. Como já foi referido, a estrutura urbana dos diversos aglomerados que constituem o Concelho varia, apresentando estes, em geral, uma estrutura mais nucleada na zona a Sul do Concelho, do que no restante território concelhio onde, de uma forma geral, se verifica uma maior dispersão do edificado. Este tipo de povoamento aparenta, em algumas situações, um tipo de ocupação recente e de rápido desenvolvimento, em que as construções se apoiam nos caminhos existentes. É então possível concluir que foram os caminhos préexistentes que determinaram uma ocupação espontânea, e não uma vontade de organização do espaço. Esta situação encontra-se necessariamente associada à atividade económica (a agricultura) e à estrutura da propriedade (que se caracteriza por ser pequena e muito fragmentada). Por outro lado, nos núcleos edificados mais antigos e centrais, surgem algumas situações de disposição de edifícios em banda, originando ruas com frentes urbanas consolidadas. Muitas vezes o que dificulta o processo de requalificação dos núcleos originais, é o facto das edificações não possuírem áreas compatíveis com as necessidades atuais. Verifica-se, por um lado, a existência de um conjunto de aglomerados cujos limites são claramente identificáveis e, por outro, um tipo de ocupação urbana que, como já foi referido, induz a uma rede urbana constituída, não por um conjunto de aglomerados, segundo o conceito tradicional em que este se desenvolve a partir de um núcleo central, mas sim, por contínuos edificados. É importante focar, uma vez mais, o gradual abandono a que têm sido votados alguns edifícios tradicionais, particularmente nos núcleos mais antigos. De seguida, e em resultado dos trabalhos de campo efetuados, da análise do PDM em vigor e dos Censos de 1991 e de 2001, pretende-se efetuar uma breve abordagem dos principais aspetos que caracterizam a estrutura urbana de cada aglomerado e a sua evolução, assim como identificar, sempre que possível, as alterações mais significativas verificadas nestes últimos anos, sob a vigência do Plano Diretor Municipal. 9.2.4.1 Anobra A freguesia de Anobra, situa-se no extremo Norte do Concelho e ocupa uma área total de 16.4 km2. Com 1357 habitantes apresentava, em 2001, uma densidade populacional de 82.8 hab/km2, verificando-se um acréscimo de 12.1%, relativamente a 1991. É abrangida por parte da Reserva Natural do Paul da Arzila, que se estende para os concelhos de Montemor-o-Velho e Coimbra, com os quais faz fronteira. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 251 O aglomerado de Anobra assume um formato linear desenvolvendo-se, sobretudo, ao longo da EM605-1 que estabelece a ligação com a ER1-7 a Nascente, sendo ainda atravessado pela Fotografia 53: Anobra – edificado no cruzamento da EM605 com a EM605-1 EM605, a Poente. O seu crescimento não terá sido condicionado pela orografia uma vez que esta zona do Concelho apresenta-se bastante plana. O núcleo edificado mais consolidado desenvolveuse junto à igreja, sendo que a restante ocupação urbana, apoiada na via municipal e nos caminhos existentes, processou-se de uma forma relativamente dispersa apresentando espaços intersticiais. A sua expansão mais recente, efetuou-se igualmente de uma forma Fotografia 54: Anobra – ocupação urbana ao longo da EM 605-1 e habitação em construção dispersa, sobretudo, ao longo das estradas municipais. O edificado de cariz tradicional encontra-se de uma forma geral descaracterizado, verificando-se também a existência de edifícios dissonantes, quer em termos de linguagem arquitetónica, quer em termos de materiais de construção, resultante de uma ocupação mais recente, que nem sempre respeita e se enquadra no conjunto edificado já existente. Os edifícios têm, na generalidade, 1 ou 2 pisos, embora existam alguns de 3 pisos. Além de Anobra, integram ainda a freguesia, os lugares de Caneira, Casal da Légua, Casal da Amieira, Casal das Figueiras, Casal de São João, Casal do Carrito, Casal Seco, Fotografia 55: Inculca – vista geral Fotografia 56: Venda da Luísa Inculca, Lameira de Cima, Lameira de Baixo, Perdigueira e Venda Luísa, este último situado a Sul de Anobra, sendo que parte dele integra a freguesia de Sebal. Apresentam um povoamento tendencialmente disperso, alinhado ao longo de vias e caminhos, acabando por criar, em algumas situações, contínuos urbanos. Assinala-se ainda um número significativo de habitações dispersas que se encontram ao longo da estrada de acesso ao aglomerado de Casal do Carrito que não se encontram integradas em perímetro urbano. Destes aglomerados, em termos populacionais, destaca-se o da Venda da Luísa com 180 habitantes. Esta freguesia integra ainda parte da área classificada como espaço industrial no PDM em Vigor que se encontra desocupada. 252 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 9.2.4.2 Belide A freguesia de Belide é a menor do concelho de Condeixa-a-Nova, apresentando uma área total de 0.8 km2. Fotografia 57: Belide – casario visto de Casével Em termos de efetivo populacional apresentava, em 2001, 279 habitantes e uma densidade populacional de 356.8 hab/km2, registando-se um decréscimo populacional de -11.4%, relativamente a 1991. Situa-se no limite Noroeste do Concelho, fazendo fronteira com Montemor-o-Velho e Soure e apresenta uma orografia suave, sendo atravessada pelo rio Ega, ao qual se encontra associada uma vasta planície agricultada. É atravessada, em termos de rede viária, pela ER347. O aglomerado de Belide, assente numa vasta planície, encontra a sua Fotografia 58: Belide – ER347 estrutura urbana apoiada na ER347 e num conjunto de vias que se distribuem perpendicularmente a esta para Sudoeste, uma vez que o desenvolvimento deste se encontra condicionado a Nordeste pelo rio Ega e respetivos campos agrícolas. É possível identificar a existência de um núcleo edificado mais consolidado junto à igreja, sendo que a restante ocupação urbana se processou de forma dispersa. A sua expansão tem vindo a ocorrer, sem qualquer tipo de planeamento, ao longo das vias existentes, pormovendo, inclusivamente, a sua ligação ao aglomerado de Casével, pertencente à freguesia de Ega. Assinala-se ainda a existência de um parque de merendas próximo da capela. O edificado encontra-se de uma forma geral bastante descaracterizado. Este aglomerado é, sem dúvida, um bom exemplo do tipo de povoamento descrito anteriormente, que se caracteriza por possuir uma ocupação dispersa e linear, levando a que os aglomerados se interliguem, criando contínuos edificados ao longo de eixos viários. A presença de uma orografia plana, juntamente com a estreita ligação à atividade agrícola, foram alguns dos aspetos que terão contribuído fortemente para que tal acontecesse. Predominam os edifícios de 1 a 3 pisos. 9.2.4.3 Bendafé A freguesia de Bendafé, no limite Este do Concelho, ocupa uma área total de 3,8 km2, constituindo a segunda menor freguesia do Concelho. No que diz respeito a população, é a freguesia que apresentava, em 2001, menor efetivo populacional, com apenas 117 habitantes, tendo perdido, relativamente a 1991, apenas 3 habitantes, apresentando uma densidade populacional de 31hab/km2. Verifica-se a existência de declives menos suaves nesta área do Concelho, associados à Serra do Rabaçal. Em termos de rede viária, é atravessada pela EM566. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 253 Esta sede de freguesia apresenta, ao contrário das anteriores, um núcleo edificado bastante consolidado, muito provavelmente resultante da existência de declives mais acentuados, patentes na distribuição dos Fotografia 59: Bendafé – vista geral do edificado edifícios pelas encostas. A própria Igreja de Nossa Senhora da Ajuda situase num ponto alto, destacando-se e, tal como seria de esperar, verifica-se a existência de algumas ruas declivosas ao longo das quais se distribui o casario. O aglomerado é servido e atravessado, a Sul, pela EM566, onde se verifica a existência de alguma ocupação mais dispersa. O edificado encontra-se, de um modo geral, bastante descaracterizado, pela presença de linguagens arquitetónicas, que já nada têm a ver com a Fotografia 60: Bendafé – rua com vista para a igreja matriz arquitetura tradicional desta região, predominando os edifícios de 2 pisos (existindo, no entanto, alguns com 1 e 3 pisos). Assinala-se ainda a existência de uma casa adaptada a turismo rural, designada de “Casa do Lagar” e de um parque infantil, situado junto ao edifício da Escola Primária. 9.2.4.4 Condeixa-a-Nova A freguesia de Condeixa-a-Nova fica situada junto à fronteira Norte do Fotografia 61: Condeixa-a-Nova – frente urbana junto à Igreja Matriz Fotografia 62: Condeixa-a-Nova – frente urbana junto à Praça da República Fotografia 63: Condeixa-a-Nova – acesso à Praça do Município Fotografia 64: Condeixa-a-Nova – Av. Visconde de Alverca Concelho, apresentando uma localização bastante central e uma área total de 3.5 km2. Abrange a Vila de Condeixa-a-Nova e como seria de esperar é a freguesia que apresentava, em 2001, o maior efetivo populacional, registando 3980 habitantes. É de realçar o crescimento verificado nesta última década, com uma variação positiva de 50%, relativamente a 1991. A sua área reduzida confere-lhe uma densidade populacional muito alta de cerca de 1145.7 hab/km2 e constitui uma das freguesias mais bem servidas em termos de acessibilidades, com bons acessos à AE1, ao IC2, ao IC3 e à ER347, o que lhe permite deslocações rápidas dentro do Concelho e para os concelhos vizinhos. 254 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) A Vila de Condeixa-a-Nova, apresenta um núcleo consolidado, cujo centro se encontra associado à Praça da República, com uma Fotografia 65: Condeixa-a-Nova – Av. 25 de Abril Fotografia 66: Condeixa-a-Nova – Rua Wenceslau Martins Carvalho Fotografia 67: Condeixa-a-Nova – Rua da Condeixinha Fotografia 68: Condeixa-a-Nova – Rua da Condeixinha frente definida pela Casa dos Sás, aos Largos Rodrigo Fonseca Magalhães e Artur Barreto, onde se situam respetivamente a Igreja Matriz e o edifício dos Paços do Concelho que, atualmente, alberga parte dos serviços da Câmara Municipal, e, nas traseiras deste, à Praça do Município, inaugurada em 2002. Este núcleo desenvolveu-se para Norte, com destaque para a Rua da Condeixinha, Rua 25 de Abril, onde se situa o antigo edifício da Câmara Municipal e que estabelece ao acesso ao Palácio dos Lemos e à Pousada de Santa Cristina, a Rua Wenceslau Martins Carvalho e a Rua Manuel Ramalhão. A Sul da Praça da República, e com um desenvolvimento um pouco diferente, assinalam-se a Rua de D. Elsa Franco Sotto Mayor, onde se encontra a Casa Museu Fernando Namora, a Av. Dr. Simão da Cunha e a Av. Visconde de Alverca. Em termos de ocupação urbana, o centro da vila apresenta, como seria de esperar, realidades distintas, verificandose a existência de conjuntos edificados com estrutura mais orgânica, particularmente a Norte, enquanto a Sul, é possível encontrar eixos viários que se desenvolvem de forma mais linear e que garantiram uma ocupação urbana mais estruturada e organizada. Fotografia 69: Condeixa-a-Nova – Parque Verde Urbano Fotografia 70: Condeixa-a-Nova – Biblioteca Municipal Em termos de equipamentos, a Vila concentra grande parte deles, destacando-se, a Sul, as Piscinas Municipais e o Pavilhão Desportivo de Condeixa, associados a outras estruturas como o Centro Escolar e a Escola C+S de Condeixa. Imediatamente a Este é possível encontrar o Mercado Municipal, cuja envolvente corresponde a uma 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 255 nova área de expansão da Vila, associada ao Parque Verde Urbano, que promoveu a criação de um espaço de estadia de qualidade e a requalificação de parte da ribeira de Bruscos. Esta ribeira atravessa a Vila, onde a presença da água em meio urbano é constante, verificando-se, inclusivamente, a adaptação de inúmeros locais por forma a permitir a sua passagem pelas ruas e sob o edificado. A Norte, próximo da EB 2, 3 de Condeixa, e associada à EB 1/ JI, destaque para a Biblioteca Municipal. A freguesia de Condeixa-aNova integra ainda os lugares Fotografia 71: Barreira – rua principal de Gorgulhão, situado a Norte Fotografia 72: Pocinhos habitações da Vila, Barreira, Casal da Estrada, Pocinhos e Travaz, situados a Poente da EN1/IC2. A ocupação urbana processase, de um modo geral, de forma dispersa apresentando alguns pequenos núcleos orgânicos. Assinala-se, no entanto, a existência de algumas situações distintas resultantes de operações de loteamento, cuja ocupação urbana apresenta uma estrutura predefinida e pensada, destacando-se, pela dimensão, o loteamento recentemente implementado no lugar de Barreira, junto ao Intermarché. Os edifícios têm, maioritariamente, 2 a 3 pisos, verificando-se, no entanto, a existência, com menor expressão, de edifícios de com 4 a 7 pisos (predominando os de 4), facto que reforça a constatação do crescimento de oferta de habitação coletiva nas áreas de expansão associadas à Vila. 9.2.4.5 Condeixa-a-Velha Esta freguesia ocupa grande parte da zona Este do Concelho, sendo a segunda maior, possuindo uma área total de 24,2km2. Apresentava, em Fotografia 73: Condeixa-a-Velha – Rua da Fonte 2001, um efetivo populacional de 3318 habitantes, que se traduz numa densidade populacional de 137,2 hab/km2, tendo-se verificado, tal como em Condeixa-a-Nova, um acréscimo significativo de população, relativamente a 1991 (+38.3%). Em termos de rede viária, é diretamente servida pela EN1/IC2, pelo IC3, que estabelece a ligação a Penela, e ainda pela EN342, que serve a zona Este e liga Condeixa a Miranda do Corvo. 256 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) A sede de freguesia encontra-se a Sul da Vila de Condeixa-a-Nova e constitui um núcleo habitacional de pequena dimensão, em que o edificado se distribui linearmente ao longo de caminhos existentes, com maior Fotografia 74: Condeixa-a-Velha – Largo Costa Alemão incidência na rua que estabelece o acesso ao lavadouro municipal (Rua da Fonte), onde é ainda possível encontrar frentes urbanas com um número significativo de habitações com arquitetura tradicional. Imediatamente a Sul encontra-se o Complexo museológico das Ruínas de Conímbriga que se encontra praticamente ligado ao aglomerado. Fazem ainda parte desta freguesia os aglomerados de Atadoa, Avessada, Cabaneiras, Eira Pedrinha, Palhacana, Salgueiro, Senhora Fotografia 75: Eira Pedrinha – vista geral das Dores e Valada que se encontram integrados no perímetro urbano de Condeixa-a-Nova, tal como o aglomerado de Condeixa-aVelha. A ocupação urbana apresenta-se de uma forma dispersa, formando contínuos urbanos ao longo das vias, surgindo, em algumas situações, pequenos núcleos antigos que assumem um formato mais orgânico. Os aglomerados de Alcabideque, Ameixeira, Bom Velho de Baixo, Bom Velho de Cima, Casal Novo e Poço, apresentam-se como Fotografia 76: Alcabideque – Casa recuperada independentes da Vila e distribuem-se pela restante área da freguesia, possuindo pequenos núcleos orgânicos com alguma construção dispersa na envolvente, exceto Alcabideque que se destaca pela sua dimensão e, apesar de possuir também uma estrutura orgânica, desenvolveu-se ao longo de um eixo viário principal que atravessa o aglomerado. Destaque para o Aqueduto Romano de Conímbriga e o "Castellum" que se encontram num espaço que foi requalificado e onde é possível encontrar um parque infantil. Referência ainda para um núcleo edificado que, apesar de pertencer a esta freguesia, encontra-se integrado no perímetro urbano de Arrifana que pertence à freguesia de Ega. Os edifícios de 1 e 2 pisos são predominantes e encontram-se, em geral, bastante descaracterizados. 9.2.4.6 Ega Abrange a zona a Oeste do Concelho, constituindo a maior freguesia de Condeixa-a-Nova com uma área total de 32.6 km2. Apresentava, em 2001, uma densidade populacional de 88.5 hab/km2, uma vez que a população ali 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 257 residente era de 2882 habitantes, tendo-se verificado um acréscimo de 7% em relação a 1991. É atravessada pela AE1, pela EN1/ IC2 e pela EN342 que estabelece o acesso ao concelho de Soure. O aglomerado de Ega assume destaque na rede urbana do Concelho, pela sua dimensão e pelo seu efetivo populacional (874 habitantes, em 2001). Os declives suaves e a forte ligação à atividade agrícola, mais uma vez, levaram a que a ocupação urbana se processasse apoiada nos caminhos existentes, formando contínuos urbanos que conduziram à formação de espaços intersticiais no interior do perímetro Fotografia 77: Ega – Vista geral urbano, verificando-se a existência de vários campos agrícolas no seu interior. O desenvolvimento urbano de Ega apresenta como eixo principal a EN342, integrando ainda os lugares de Barreiros, Casal da Fonte e Casal da Cruz. Este tipo de povoamento leva a que não seja evidente a localização do centro do aglomerado. Assinala-se, no entanto, a existência de uma mancha de equipamentos que abrange o largo de São Martinho, alvo de uma requalificação urbana, assim como o centro social, a associação recreativa e desportiva, o centro de saúde, um campo de jogos, um parque infantil e a junta de freguesia. Destaque ainda para o Paço dos Comendadores, situado num ponto alto e que se encontra a ser reabilitado. A Norte de Ega é possível encontrar os aglomerados de Campizes e Casével, de maior dimensão, Casal do Missa, a Poente, Casal da Torre, imediatamente a Nordeste, São Fipo, que integra o perímetro urbano de Condeixa-a-Nova, e Arrifana, a Este, apresentando todos um tipo de povoamento semelhante ao de Ega. A Sul encontram-se os aglomerados de Rebolia de Cima, Rebolia de Baixo, Relves, São Fipo, Serrazina e Vale Janes, de menores dimensões. Os edifícios apresentam, na generalidade, 1 a 2 pisos, verificando a existência de alguns edifícios com 3 pisos. Esta freguesia abrange ainda duas áreas que se encontram classificadas como espaço industrial no PDM em vigor, encontrando-se desocupadas, e ainda parte de uma área classificada como espaço de indústria extrativa, que se encontra em exploração. 258 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 9.2.4.7 Furadouro A freguesia do Furadouro situa-se a Sul e abrange a Serra do Circulo, sendo a zona do Concelho de Condeixaa-Nova que apresenta declives mais acentuados, num contraste evidente com as planícies agrícolas existentes a Norte. Com uma área total de 14.4 km2 e uma população que, em 2001, era de 223 habitantes, esta freguesia apresenta a densidade populacional mais baixa do Concelho (15.5 hab/km2). É de referir que o Furadouro foi a freguesia que perdeu mais população, entre 1991 e 2001, sofrendo um decréscimo de 19.2%. Bastante condicionado pela existência de declives acentuados, o aglomerado do Fotografia 78: Furadouro – vista geral Furadouro apresenta um núcleo edificado consolidado, onde é ainda possível encontrar vários edifícios de cariz tradicional, embora se encontrem bastante descaracterizados, e os tradicionais muros de pedra. Além da sede de freguesia, fazem ainda parte do Furadouro os aglomerados de Cadaval Grande, Peixeiro e Casmilo. Destaca-se este último, pela sua dimensão e efetivo populacional superior às verificadas na sede de freguesia. Efetivamente, Casmilo apresenta-se, na Serra do Circulo, como o aglomerado mais desenvolvido, apresentando um núcleo antigo orgânico, onde o casario de pedra e os muros tradicionais são recorrentes, verificando-se as mesmas características nos aglomerados existentes nesta zona do Concelho. Assinala-se também a existência de algumas habitações com interesse arquitetónico que se encontram relativamente bem conservadas. Os edifícios apresentam, maioritariamente, 2 pisos. 9.2.4.8 Sebal A freguesia de Sebal fica situada na zona Nordeste do Concelho, ocupando uma área total de 12.2 km 2. Esta zona apresenta declives suaves e um tipo de povoamento semelhante ao existente nas freguesias de Anobra e Ega. É atravessada, a Sul, pela AE1 e ainda pela EN347 que permite a ligação ao concelho de Montemor-oVelho, a Noroeste. Apresentava, em 2001, uma população de 1793 habitantes, que lhe confere uma densidade populacional de 146.9 hab/km2. Verificou-se, relativamente a 1991, um decréscimo populacional pouco significativo de 4.2%. A sede de freguesia é o aglomerado de Sebal que se localiza, a Sul, próximo da Vila de Condeixa-a-Nova. Este aglomerado apresenta um núcleo edificado relativamente consolidado que se apoia no eixo viário principal que o atravessa e em caminhos secundários que divergem deste. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 259 No centro é possível encontrar uma zona de Fotografia 79: Sebal - rua Fotografia 80: Sebal - loteamento equipamentos que abrange a associação recreativa e cultural, a casa do povo, a junta de freguesia, o jardim infantil, um parque infantil, um campo de jogos e uma zona de estadia. Apesar do edificado se encontrar de uma forma geral descaracterizado é, ainda, possível encontrar edifícios nobres com interesse arquitetónico, alguns deles, em bom estado de conservação (Casa dos Matos, Casa das Palmeiras, Casa da família A. Carvalho). Na sua envolvente imediata encontram-se os pequenos lugares de Moinho da Palha, Dadas e Quinta de Rocha, onde se verifica alguma ocupação mais dispersa. Destaque para Dadas, onde se encontra em implementação um loteamento urbano de vivendas com alguma dimensão. Fazem ainda parte desta freguesia os aglomerados de Alqueves, Avenal, Ródão e Sobreiro, sendo que estes três últimos se encontram abrangidos por um único perímetro urbano, situando-se no limite Nordeste. Sebal Pequeno e parte do aglomerado de Venda da Luísa, encontram-se imediatamente a Norte, enquanto Rapoila e Pagalhões situam-se a Noroeste. Associados ao perímetro urbano da Vila de Condeixa-a-Nova assinalam-se os aglomerados de Casal da Estrada, Fornos de Castel e Ribeira. Destaque para o loteamento que se encontra em implementação entre Barreira e Fornos de Castel. Nestes aglomerados, de uma forma geral, os edifícios apresentam, maioritariamente, 1 ou 2 pisos. Assinala-se ainda a existência de Zona Industrial de Condeixa-a-Nova, que se encontra abrangida por um plano de pormenor em vigor. 9.2.4.9 Vila Seca Situada no limite Este do Concelho, abrange parte da Serra do Rabaçal, Fotografia 81: Vila Seca - rua apresentando uma área de 12.5 km2. Com uma população que, em 2001, era de 962 habitantes, apresenta uma densidade populacional baixa (76.9 hab/km2). É atravessada pela EN342, que permite a ligação, a Este, ao concelho de Miranda do Corvo. A presença da Serra do Rabaçal, como seria de esperar, determina a existência de áreas onde os declives são mais acentuados. 260 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) O aglomerado de Vila Seca caracteriza-se por possuir um pequeno núcleo edificado, que se desenvolveu a Norte da EN342, verificando-se a existência de algumas edificações dispersas na sua envolvente. Imediatamente a Oeste, encontra-se o aglomerado de Bruscos, de maior dimensão, onde a ocupação urbana, ao contrário de Vila Seca, se desenvolve linearmente, apoiando-se nos caminhos existentes, resultando em contínuos urbanos que acabam por criar espaços vazios no interior do perímetro. Fotografia 82: Bruscos – vista geral Esta freguesia integra ainda os lugares de Alcouce e Casal dos Balaus, situados a Norte, Beiçudo, Mata e Traveira, a Sudoeste e Sul. Os edifícios apresentam, maioritariamente, 2 pisos. 9.2.4.10 Zambujal Situada na zona Sudeste do Concelho, com uma área total de 18.4 km2, Fotografia 83: Zambujal - rua abrange parte da Serra do Circulo, onde apresenta declives mais acentuados, verificando-se a existência de zonas mais planas associadas ao vale do rio de Mouros que se desenvolve a Este da Serra. É atravessada pela ER347-1 que estabelece a ligação ao concelho vizinho de Penela. Segundo os Censos, registou, na última década, um decréscimo de população de 14%, apresentando, em 2001, 429 habitantes e uma densidade populacional de 23.3 hab/km2. O aglomerado do Zambujal destaca-se, na zona Sul do Concelho, pela sua dimensão, caracterizando-se por possuir um núcleo edificado consolidado Fotografia 84: Zambujal - habitações assente numa rede de caminhos orgânica. Verifica-se, no entanto, a existência de algumas edificações dispersas na sua envolvente e o seu crescimento encontra-se condicionado, a Oeste, pela passagem do rio de Mouros. O edificado, encontra-se, de uma forma geral, bastante descaracterizado. Assinala-se ainda a existência de uma Grande Rota que estabelece a ligação entre o Zambujal e Penela. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 261 Integram também esta freguesia os aglomerados de Fonte Coberta e Póvoa das Pêgas, situados a Norte, e Serra de Janeanes, a Oeste. Este último aglomerado destaca-se por possuir um núcleo antigo que interessa preservar. Os edifícios possuem, na sua maioria, 1 e 2 pisos. 262 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 10. HABITAÇÃO A questão habitacional é um dos principais fatores que levam à transformação do território, daí a importância da sua integração no âmbito do Plano Diretor Municipal. De acordo com a atual legislação (RJIGT), “estabelece a estratégia de desenvolvimento territorial, a política municipal de ordenamento do território e de urbanismo e as demais políticas urbanas, (...)” (Art.º 84º, n.º 1), no âmbito da qual deverá enquadrar-se a política de habitação do município. Mais à frente, o mesmo diploma explicita, no artigo relativo ao conteúdo material do Plano, que o “Plano Diretor Municipal define um modelo de organização municipal do território, nomeadamente estabelecendo: (...) i) a definição de programas na área habitacional; (...)” (Art.º 85º, do mesmo diploma). As características da problemática da habitação combinadas com o quadro legal e administrativo das atuações autárquicas nesta matéria e com as normas estabelecidas no Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de setembro, recomendam que os PDM desenvolvam os respetivos conteúdos baseando-se em três pontos essenciais: 1. Caracterização da situação - O objetivo desta componente é o de reunir, de forma operacionalizável, o conjunto de informações sobre as situações e os processos definidores da situação existente, nomeadamente na vertente das situações de carência 2. Estimativa dos parâmetros de planeamento - Os parâmetros de planeamento destinam-se a estabelecer o enquadramento quantificado da intervenção camarária no setor da habitação. Eles fazem a articulação entre o estudo da situação existente e a definição das medidas a tomar com base nos instrumentos disponíveis e nas necessidades previsíveis no período de vigência do Plano. 3. Orientação e medidas de política (definição de programas) - Esta componente consiste na apresentação de propostas/programas ao nível da política de habitação, da produção de habitação social, da reabilitação do parque existente, etc. O presente Relatório integra o ponto 1 - Caracterização da Situação. Dentro deste capítulo autonomizam-se dois sub-capítulos: a) O Parque Habitacional: Indicadores Fundamentais de Diagnóstico, que aborda os seguintes temas: População, alojamentos, famílias, edifícios e indicadores médios de ocupação; Épocas de construção e dinâmicas de crescimento; Tipo de alojamentos, formas de ocupação e edifícios segundo o número de pisos; Condições de habitabilidade; Regime de ocupação e encargos com a habitação; Estado de conservação do parque edificado 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 263 b) Avaliação das Carências Habitacionais, onde é sistematizado e sintetizado, de forma operacional, o conteúdo do ponto anterior e onde são quantificadas as carências habitacionais, por freguesia, em março de 2001. O presente capítulo integra já os Resultados Definitivos do XIV Recenseamento Geral da População e IV da Habitação, cujas designações mais frequentes se apresentam de seguida: ALOJAMENTOS FAMILIARES ALOJAMENTOS CLÁSSICOS RESIDÊNCIA HABITUAL USO SAZONAL OU SECUNDÁRIO ALOJAMENTOS NÃO CLÁSSICOS VAGOS BARRACAS OUTROS NOTAS: Alojamentos Familiares (Total) = Alojamentos Clássicos + Alojamentos Não Clássicos. Alojamentos das Famílias Residentes = Alojamentos de Residência Habitual + Alojamentos Não Clássicos. Alojamentos Familiares Ocupados = Alojamentos de Residência Habitual + Aloj. de Uso Sazonal ou Secundário. A abordagem realizada neste capítulo foi, tanto quanto possível, dirigida aos objetivos a atingir, embora a informação disponível nem sempre esteja adaptada à análise aprofundada da problemática habitacional. Tanto por um motivo, como pelo outro, sugere-se que se considere, sobretudo, o cálculo das carências habitacionais estruturalmente indicativo. 10.1 O PARQUE HABITACIONAL: INDICADORES FUNDAMENTAIS DE DIAGNÓSTICO 10.1.1 População, alojamentos, famílias, edifícios e indicadores médios de ocupação População e Alojamentos O parque habitacional do concelho de Condeixa-a-Nova era constituído, em março de 2001, por 6715 alojamentos familiares, suporte habitacional de 15340 pessoas e 5434 famílias, sendo que dos alojamentos familiares existentes, aproximadamente 4/5 eram ocupados como residência habitual. Relativamente à década anterior registou-se um acréscimo de 1250 alojamentos (23%) e um ganho de 2313 indivíduos (18%). No contexto regional, e em termos de evolução recente, o concelho de Condeixa-a-Nova apresenta comportamentos distintos relativamente ao Baixo Mondego, tanto em termos demográficos, como habitacionais. Efetivamente, em termos demográficos, entre 1991 e 2001, enquanto que no Baixo Mondego se registou um incremento populacional de apenas 4%, o concelho de Condeixa-a-Nova viu aumentar muito significativamente 264 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) os seus efetivos, em cerca de 18%, situação idêntica ao que aconteceu ao nível do parque habitacional. Com efeito, a sub-região do Baixo Mondego registou um aumento do seu parque habitacional de cerca de 16%, enquanto que Condeixa-a-Nova evidenciou sinais de maiores dinâmicas construtivas, apresentando uma variação de 23%, mais 7 pontos percentuais que a sub-região que o integra. Internamente, os comportamentos demográfico e do parque habitacional das freguesias do Concelho, entre 1991 e 2001, não verificaram um padrão uniforme, tendo-se registado os comportamentos seguintes: crescimentos positivos, tanto da população como dos alojamentos em apenas quatro freguesias: Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha, Anobra e Ega; decréscimo demográfico e dos alojamentos em simultâneo, das freguesias de Belide, Furadouro, Sebal e Zambujal (freguesias em recessão demográfica e construtiva); dinâmicas demográficas negativas em contraposição a um crescimento do parque habitacional no caso das freguesias de Bendafé e Vila Seca. O aspeto mais marcante, para além das assimetrias registadas nas evoluções demográficas e do parque habitacional, registadas na década de 90 pelas dez freguesias do Concelho, foi o reforço da polarização Figura 96: Crescimento Urbano da Vila de Condeixa das freguesias que integram a Vila. Com efeito, a freguesia de Condeixa-a-Nova aumentou em 50% o seu volume populacional e em 55% o seu parque de alojamentos; por sua vez, a freguesia de Condeixaa-Velha cresceu 38% em termos demográficos e 51% em termos do parque habitacional. Esta evolução será o resultado da combinação de dois fatores: i) proximidade a Coimbra e integração de Condeixa no processo de suburbanização da capital de distrito; ii) o efetivo reforço da Fonte: Plano Estratégico de Condeixa-a-Nova, 2007 centralidade da vila de Condeixa-a-Nova no contexto concelhio, em virtude da forte concentração de equipamentos, serviços e atividades económicas, o que tem proporcionado movimentos centrípetos tanto de matiz habitacional como de natureza laboral, em detrimento das freguesias mais isoladas e rurais (Furadouro, Zambujal e Bendafé). São estes fenómenos que estão ilustrados na figura e quadro seguintes onde se contrapõe o crescimento relativo da população versus o crescimento relativo dos alojamentos, por freguesia. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 265 Figura 97: Variação da População e dos Alojamentos, por freguesia, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1991 e 2001 (%) Zambujal Vila seca Sebal Grande Furadouro Ega Condeix a-a-Velha Condeix a-a-Nov a Bem da Fé Belide Anobra -20,0 -10,0 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 % População Alojamentos Fonte: INE - Portugal, Censos 1991 e 2001 Quadro 76: População e Alojamentos familiares do concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia, em 1991 e 2001 População Freguesias Alojamentos familiares 1991 2001 Tx.Var (%) 1991 2001 Tx.Var (%) Anobra 1210 1357 12,1 469 587 25,2 Belide 315 279 -11,4 154 124 -19,5 Bendafé 120 117 -2,5 50 75 50,0 Condeixa-a-Nova 2656 3980 49,8 1060 1639 54,6 Condeixa-a-Velha 2399 3318 38,3 965 1453 50,6 Ega 2693 2882 7,0 1118 1248 11,6 Furadouro 276 223 -19,2 160 137 -14,4 Sebal 1872 1793 -4,2 778 747 -4,0 Vila seca 987 962 -2,5 403 453 12,4 Zambujal 499 429 -14,0 308 252 -18,2 13027 328858 15340 340309 17,8 3,5 5465 144521 6715 167124 22,9 Total do Concelho Baixo Mondego 15,6 Fonte: INE - Portugal, Censos 1981, 1991 e 2001 266 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Famílias A diminuição da dimensão média das famílias, sobretudo nas últimas décadas, é um fenómeno extensível à generalidade do território nacional. A análise destas alterações no âmbito da análise do setor habitacional de um território é tanto mais importante quanto se sabe que estes fenómenos têm implicações óbvias na produção de habitação: quanto menor for a dimensão média das famílias, maiores serão as necessidades de habitação (nº de alojamentos disponíveis). Entre 1991 e 2001, a dimensão média das famílias de Condeixa-a-Nova sofreu uma evolução, no sentido da sua diminuição, ainda que ligeira, passando de 3,0 pessoas/família, em 1991, para 2,8 pessoas/família, em 2001. Esta evolução ocorreu fruto de um crescimento mais acelerado das famílias (25%) do que das pessoas (18%). De um modo geral, os fatores explicativos para esta evolução estão diretamente relacionados com o acréscimo das taxas de divórcio, bem como com a crescente tendência para a constituição de famílias sem núcleo (apenas um indivíduos, sobretudo idosos a viverem sozinhos). Para se compreender o efeito que esta diminuição da dimensão média das famílias tem na produção de habitação, explore-se o seguinte exemplo: se em 1991, para um universo de 1000 pessoas eram necessários 333 alojamentos, em 2001 seriam necessários, para o mesmo universo, mais 24 ou seja, 357 alojamentos. O mesmo raciocínio deverá ser aplicado no cálculo das necessidades futuras de habitação, se a dimensão média das pessoas/família continuar a diminuir. Quadro 77: Variação das famílias e da sua Dimensão Média, no concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia entre 1991 e 2001 Famílias Freguesias Pessoas/Família 1991 2001 Tx.Var (%) 1991 2001 Anobra 413 523 26,6 2,9 2,6 Belide 117 106 -9,4 2,7 2,6 Bendafé 41 46 12,2 2,9 2,5 Condeixa-a-Nova 752 1267 68,5 3,5 3,1 Condeixa-a-Velha 812 1204 48,3 3,0 2,8 Ega 928 1043 12,4 2,9 2,8 Furadouro 104 82 -21,2 2,7 2,7 Sebal 652 635 -2,6 2,9 2,8 Vila seca 338 357 5,6 2,9 2,7 Zambujal 189 171 -9,5 2,6 2,5 4346 110915 5434 123353 25,0 11,2 3,0 3,0 2,8 2,8 Total do Concelho Baixo Mondego Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 267 A figura seguinte traduz claramente a evolução ao nível da dimensão das famílias em apenas uma década, em que se evidencia um claro aumento das famílias mais reduzidas (com entre 1 e 3 indivíduos) ao contrário do que acontece com as famílias numerosas, com 5 ou mais pessoas, em que se verifica a sua diminuição, em quase um quarto (-19,3%). Figura 98: Número de pessoas/família, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 1 pessoa 2000 1500 1000 5 ou + pessoas 2 pessoas 500 0 4 pessoas 3 pessoas 1991 2001 Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001 Em ambos os anos (1991 e 2001), as famílias constituídas por duas pessoas são as que existem em maior número (um peso no total em torno dos 30%). Quadro 78: Evolução do número de pessoas por família, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1991 a 2001 N.º de pessoas 1991 2001 N.º % N.º % Taxa de Variação (%) 1 pessoa 611 14,1 828 15,3 35,5 2 pessoas 1288 29,7 1683 31,0 30,7 3 pessoas 1041 24 1483 27,3 42,5 4 pessoas 902 20,8 1031 19,0 14,3 5 ou + pessoas 498 11,5 402 7,4 -19,3 Total 4340 100 5427 100,0 25,0 Fonte: INE- Portugal, Censos 1991 e 2001 Edifícios Em 2001, o concelho de Condeixa-a-Nova detinha um parque edificado composto por 5588 edifícios, tendo registado, relativamente a 1991, um incremento de 9% (+ 468 edifícios), valor muito diferente do crescimento do número de alojamentos que se cifrou nos 23% (+1250 alojamentos), cujo diferencial encontra justificação no 268 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) predomínio da construção em altura no centro urbano de Condeixa-a-Nova, aliás, onde se registou o grande crescimento do parque habitacional. Quadro 79: Evolução dos Edifícios, por freguesia, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 1981 e 2001 Freguesias 1991 2001 Anobra 458 563 22,9 Belide 145 116 -20,0 Bendafé 50 74 48,0 Condeixa-a-Nova 850 1000 17,6 Condeixa-a-Velha 927 1083 16,8 Ega 1083 1203 11,1 Furadouro 160 137 -14,4 Sebal 746 716 -4,0 Vila seca 393 445 13,2 Zambujal 308 251 -18,5 5120 5588 9,1 Total Tx. Var. (%) Fonte: INE - Portugal, Censos 1991a 2001 Indicadores médios de ocupação Os níveis de ocupação dos alojamentos podem ser, genericamente, avaliados, a partir de indicadores médios, tendo por base os alojamentos clássicos ocupados como residência habitual por famílias clássicas. O concelho de Condeixa-a-Nova registando valores médios idênticos à sub-região em que se insere, apresentava, em 2001, 1,0 família por alojamento, 2,8 pessoas por alojamento, 0,5 pessoas por divisão e 5,1 divisões por alojamento. Representando valores médios, estes indicadores escondem, obviamente, situações críticas, nomeadamente situações de famílias que partilham o mesmo alojamento, bem como a existência de alojamentos superlotados e de situações de falta de condições de habitabilidade, como se terá oportunidade de observar, mais adiante. Quadro 80: Evolução dos Indicadores Médios de Ocupação, entre 1991 e 2001 Indicadores Unidade geográfica Concelho Condeixa-a-Nova Baixo Mondego Região Centro Divisões/ Alojamento 1991 2001 4,8 5,1 4,5 5,0 4,8 4,9 Famílias/ Alojamento 1991 2001 1,0 1,0 1,1 1,0 1,0 1,0 Pessoas/ Alojamento 1991 2001 2,9 2,8 3,0 2,8 3,0 2,8 Pessoas/ Divisão 1991 2001 0,6 0,5 0,7 0,6 0,6 0,6 Fonte: INE - Portugal, Censos 1991 e 2001 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 269 10.1.2 Épocas de construção e dinâmicas de crescimento Desde 1970 até à atualidade (março 2001), construiu-se quase dois terços (61%) do parque edificado existente no concelho de Condeixa-a-Nova (edifícios de habitação, de comércio e serviços e mistos), refletindo a relativa juventude daquele. No entanto, verifica-se que 17% dos edifícios do Concelho são anteriores a 1945, ou seja existe uma proporção significativa de edifícios muito próximos do termo da sua idade técnica limite ( ± 70 anos) . Figura 99: Edifícios segundo a época de construção, no concelho de Condeixa-a-Nova, (em %) Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 Através do quadro seguinte é possível verificar que as épocas de construção dos edifícios do concelho de Condeixa-a-Nova não distam muito das da região em que se insere, pois 55% dos edifícios da região do Baixo Mondego são posteriores a 1970, registando-se, em Condeixa-a-Nova, apenas mais seis pontos percentuais em relação a esse valor. Internamente, as freguesias cuja evolução relativa mais recente (posterior a 1981) foi mais significativa na década de 80 foram Belide, Condeixa-a-Nova e Furadouro. As restantes freguesias possuem pesos significativos de edifícios construídos durante a década de 90. Quadro 81: Edifícios segundo a época de construção, por freguesia, no concelho de Condeixa-a-Nova (em %) Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila seca Zambujal Total do Concelho Baixo Mondego Edifícios 563 116 74 1000 1083 1203 137 716 445 251 5588 113989 Antes 1919 9,8 3,4 23,0 10,5 10,8 7,1 16,8 11,3 11,2 7,2 9,9 6,9 1919 a 1945 6,2 5,2 17,6 7,6 9,1 5,4 29,9 4,9 6,3 6,4 7,4 11,0 1946 a 1960 13,3 6,9 12,2 10,5 8,9 12,7 6,6 9,2 9,0 9,2 10,5 13,2 1961 a 1970 17,4 14,7 4,1 7,5 10,5 14,4 8,8 9,4 13,3 10,0 11,5 14,2 1971 a 1980 17,1 19,0 5,4 17,2 18,3 23,3 16,8 21,6 17,8 13,9 19,0 19,0 1981 a 1990 12,4 29,3 13,5 25,0 15,2 18,4 11,7 17,9 14,6 10,8 17,6 18,9 1991 a 2001 23,8 21,6 24,3 21,7 27,1 18,7 9,5 25,7 27,9 42,6 24,0 17,0 Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 270 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 10.1.3 Tipo e formas de ocupação dos alojamentos e edifícios segundo o número de pisos e condições de acesso Tipo de alojamentos O parque habitacional do concelho de Condeixa-a-Nova é constituído, quase na totalidade, por alojamentos clássicos (99,5%), não tendo qualquer significado o peso e o número de alojamentos não clássicos. Em 2001, existiam 6 alojamentos não clássicos (alojamentos improvisados). Este cenário, referindo-se aos quantitativos em questão, é relativamente melhor que o registado uma década antes (em 1991, existiam 16 alojamentos não clássicos), sendo certo que este fenómeno é pouco relevante no contexto global. No entanto, falar-se em alojamentos clássicos não quer dizer, forçosamente, que existam condições dignas de habitabilidade, pois poderão existir outros contextos que perturbem a habitabilidade, como a partilha de um mesmo alojamento, situações de sobrelotação ou degradação do alojamento. Quadro 82: Tipo de Alojamentos no concelho de Condeixa-a-Nova, 1991 e 2001 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila seca Zambujal Total Alojamentos Clássicos 1991 2001 468 586 153 124 50 75 1059 1634 962 1453 1113 1248 160 137 774 747 403 453 308 252 5450 6709 Barracas e Outros 1991 2001 1 1 1 1 5 3 5 4 15 6 Total 1991 469 154 50 1060 965 1118 160 778 403 308 5465 2001 587 124 75 1639 1453 1248 137 747 453 252 6715 Fonte: INE - Portugal, Censos1991 e 2001 Formas de Ocupação Dadas as características do concelho de Condeixa-a-Nova, a residência habitual é, obviamente, predominante (80%), não possuindo especial relevância o peso dos alojamentos com uso sazonal ou secundário (10%), nem os fogos devolutos (10%). A evolução mais recente (1991/2001) ditou basicamente a manutenção do peso dos alojamentos de residência habitual em detrimento da proporção fogos vagos e de uso sazonal. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 271 Residência habitual Uso sazonal ou Secundário Vagos Figura 100: Formas de Ocupação dos Alojamentos no Concelho de Condeixa-a-Nova, em 1991 e 2001 (%) 2001 9,7 1991 10,8 2001 10,4 1991 10,0 2001 79,9 1991 79,2 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 % Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 Ao nível das formas de ocupação dos alojamentos, o concelho de Condeixa-a-Nova apresenta uma estrutura semelhante à sub-região em que se insere (Cf. Quadro seguinte), ainda que apresente um peso de alojamentos ocupados como residência habitual ligeiramente superior em 8 pontos percentuais, ao que se verifica no conjunto sub-regional. Ao contrário, na sub-região o uso sazonal e secundário é superior, em 8 pontos percentuais, ao peso registado em Condeixa-a-Nova, justificando a apetência que determinados concelhos da sub-região têm para a fixação de segundas residências, muitas vezes de pessoas que saíram do Concelho (concelhos mais fortemente penalizados pelo despovoamento). Condeixa, pelo contrário, continua a fixar e a atrair população, motivo pelo qual a residência habitual é amplamente maioritária. Nas formas de ocupação dos alojamentos ao nível das freguesias, são de salientar os seguintes comportamentos: freguesias com peso superior ao do Concelho em termos de residência habitual (>79,9%): Anobra, Belide, Condeixa-a-Velha, Ega e Sebal; freguesias com um peso de fogos vagos superior ao do Concelho (> 9,7%): Bendafé, Zambujal, Anobra e Condeixa-a-Nova; freguesias com maior componente de fogos afetos ao uso sazonal ou secundário (>10,4%): Furadouro e Condeixa-a-Nova. 272 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 83: Formas de Ocupação dos Alojamentos Clássicos, no concelho de Condeixa-a-Nova, 1991 e 2001 (em %) Residência Habitual 1991 2001 88,0 82,8 75,8 83,1 82,0 61,3 70,1 76,3 84,1 82,5 82,8 83,3 65,0 59,9 83,2 84,7 83,4 78,8 61,4 67,9 79,2 79,9 73,9 71,8 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila seca Zambujal Total do Concelho Baixo Mondego Uso Sazonal ou Secundário 1991 2001 3,4 5,6 9,2 8,9 12,0 8,0 13,6 12,6 8,8 9,8 10,8 9,2 12,5 35,8 6,8 9,9 9,4 10,4 15,9 5,2 10,0 10,4 14,6 18,3 Vagos 1991 8,5 15,0 6,0 16,3 7,1 6,4 22,5 9,9 7,2 22,7 10,8 11,5 2001 11,6 8,1 30,7 11,1 7,7 7,5 4,4 5,4 10,8 27,0 9,7 9,9 Total Alojamentos (N.º ) 1991 2001 468 586 153 124 50 75 1059 1634 962 1453 1113 1248 160 137 774 747 403 453 308 252 5450 6709 144021 166552 Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 Edifícios segundo o número de pisos Fazendo jus à sua matriz rural e à tipologia dominante neste contexto, o parque edificado do Concelho, segundo os dados do INE, é predominantemente constituído por edifícios com dois pisos (50%) e um piso (40%), existindo, num total de 5588 edifícios, apenas 149 edifícios com quatro ou mais pisos (2,7%), estando estes últimos situados, maioritariamente nas freguesias de Condeixa-a-Nova e Condeixa-a-Velha. Importa salientar que o conceito de piso utilizado pelo INE36 difere do mesmo conceito do PDM em vigor, pelo que de acordo com cada um deles a caracterização dos edifíios segundo o número de pisos levaria a leituras ligeiramente distintas. Assim, de acordo com o conceito do PDM em vigor, os edifícios mais altos (com seis ou mais pisos) teria um volume bastante inferior ao que ditam os dados estatísticos do INE. Figura 101: Edifícios segundo o número de pisos, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2001 N.º Edifícios 5000 4000 3000 2000 1000 0 1 piso 2 pisos 3 pisos 4 pisos 5 pisos 6e+ Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 36 Conceito de Piso (INE)- “Cada um dos planos habitáveis ou utilizáveis do edifício, qualquer que seja a sua relação com o nível do terreno”; Conceito de Piso (PDM em vigor)- “Número de pavimentos do alçado de maior altura e maior comprimento do edifício, com exceção do andar recuado e do sótão, se este corresponder a um simples aproveitamento do vão da cobertura, e do (s) piso (s) de cota (s) inferior (es) ao do arruamento que serve o edifício e a partir do qual se define a cota de soleira, quando, cumulativamente: - este(s) piso(s), relativamente ao alçado oposto e no mesmo plano, não sobressaia(m) mais do que 1m em relação à cota do arruamento fronteiro; - o alçado de maior altura se situe no tardoz do lote e se defronte totalmente com espaço livre privado.” 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 273 Quadro 84: Edifícios segundo o número de pisos, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2001 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila seca Zambujal Total 1 Piso 2 Pisos 3 Pisos 4 Pisos 5 Pisos 6 Pisos ou mais 417 70 8 132 366 641 37 376 57 104 2208 127 45 60 482 591 529 100 317 380 139 2770 19 1 6 279 86 32 0 22 8 8 461 0 0 0 71 0 1 0 1 0 0 73 0 0 0 21 1 0 0 0 0 0 22 0 0 0 15 39 0 0 0 0 0 54 Total edifícios 563 116 74 1000 1083 1203 137 716 445 251 5588 Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 Edifícios segundo as condições de acessibilidade a pessoas com mobilidade condicionada Um aspeto cada vez mais central para a qualidade de vida da população é a existênvia de condições de acesso aos edifícios públicos e habitacionais e a eliminação de todos os obstáculos que possam prejudicar a mobilidade de pessoas com mobilidade condicionada. Em 2001, o retrato de Condeixa-a-Nova no que respeita às condições de acessibilidade à generalidade dos edifícios, traduzia-se na existência de 449 edifícios com rampas de acesso, de 3.665 edifícios sem rampas de acesso mas acessíveis e, por último, a 1.474 edifícios, correspondentes a 26% do total, que não possuíam rampas de acesso e sem acesso possível. Figura 102: Edifícios por condições de acessibilidade a pessoas com mobilidade condicionada, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2001 449 edifícios (8%) Tem rampas de acesso 1474 edifícios (26%) Não tem rampas de acesso e é acessível 3665 edifícios (66%) Não tem rampas de acesso e não é acessível Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 274 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Atendendo a que, na mesma data, a população residente com deficiência representava 10% da população concelhia, pode considerar-se que o quadro global, nesta matéria, já era satisfatório. Contudo, a publicação de instrumentos legais37 posteriores a 2001, que visam o direito de pessoas com deficiência a acederem livremente ao meio construído, terá tido algumas repercussões nos edifícios construídos após 2006, pelo que se espera que a situação atual possa ser mais positiva. 10.1.4 Condições de Habitabilidade As condições de habitabilidade são um importante indicador de avaliação de qualidade de vida da população. Podem ser avaliadas, genericamente, através dos seguintes indicadores: dotação de infraestruturas básicas (eletricidade, abastecimento de água e saneamento básico); instalações existentes nos alojamentos (instalações de banho ou duche e sistema de aquecimento); tipo de ocupação (simples ou partilhada); índices de lotação (sub ou sobrelotação). No âmbito do serviço de infraestruturas (eletricidade, abastecimento de água canalizada e instalações sanitárias38) o Concelho está praticamente coberto (cf. Figura seguinte). Este é um domínio que conheceu melhorias significativas na última década, pois em 1991: 2,0% dos alojamentos não possuíam eletricidade (contra 0,3% em 2001), 13% não possuíam abastecimento de água canalizada (contra 1,4% em 2001) e 21% não possuíam instalações sanitárias (contra 5,4% em 2001). Figura 103: Alojamentos familiares ocupados (%) como residência habitual por existência de infraestruturas urbanas, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 37 Decreto-Lei nº 163/2006, de 8 de agosto, Lei nº 46/2006 de 26 de agosto e a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das pessoas com Deficiência, ratificada pelo Estado português, em 2009. 38 De acordo com o INE (inclui as situações de ligação à Rede Pública de Esgotos, bem como a ligação a Sistema Paricular de Esgotos) 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 275 Em 2001, relativamente à situação específica de cada freguesia, verificam-se algumas situações de referenciar, como é o caso das freguesias de Furadouro, Anobra, Bendafé e Zambujal, que apresentam maiores carências relativas ao nível da dotação de infraestruturas urbanas, conforme ilustram os dados do quadro seguinte. Quadro 85: Alojamentos familiares ocupados como residência habitual segundo a dotação infraestruturas urbanas, por freguesia (%) em 2001 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila seca Zambujal Total do Concelho Alojamentos * Eletricidade Com 99,4 100,0 100,0 99,8 99,9 99,5 96,3 99,8 100,0 100,0 99,7 486 103 46 1252 1199 1040 82 633 357 171 5369 Sem 0,6 0,0 0,0 0,2 0,1 0,5 3,7 0,2 0,0 0,0 0,3 Água canalizada Com 97,1 100,0 100,0 99,5 98,9 98,1 86,6 99,2 99,2 98,2 98,6 Sem 2,9 0,0 0,0 0,5 1,1 1,9 13,4 0,8 0,8 1,8 1,4 Instalações Sanitárias Com Sem 86,4 13,6 98,1 1,9 89,1 10,9 99,1 0,9 96,2 3,8 93,8 6,3 69,5 30,5 95,1 4,9 93,6 6,4 90,1 9,9 94,6 5,4 * Alojamentos familiares ocupados como residência habitual Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 Relativamente às instalações existentes nas habitações a situação, é hoje, francamente satisfatória, embora não sendo ainda a desejável, atendendo a que cerca de 7,8% dos alojamentos de residência habitual não tem instalações de banho ou duche. Contudo, é de assinalar a evolução claramente positiva registada na última década, atendendo a que, em 1991, cerca de 25% dos alojamentos não possuía este tipo de instalações. Relativamente a sistema de aquecimento39, é de registar que 8% dos alojamentos (427 alojamentos) não possuíam, em 2001, qualquer tipo de aquecimento (central e não central) e, dos sistemas existentes, o grande predomínio é, naturalmente, a lareira (70%). A ocupação partilhada de um alojamento (mais de uma família por alojamento), bem como a existência de situações de sobrelotação, denunciam, na maior parte dos casos, a ausência de condições dignas de habitabilidade. No concelho de Condeixa-a-Nova existiam, em 2001, 99 famílias que partilhavam alojamento e 411 famílias a residir em fogos com divisões a menos para a população que nelas residia (alojamentos sobrelotados). Em termos da distribuição espacial destes fenómenos, é a freguesia de Anobra que regista o maior volume de ocupação partilhada, enquanto que os casos de sobrelotação existem, indiscriminadamente, em todas as freguesias do Concelho, embora, em termos absolutos, os maiores registos se verifiquem nas freguesias de Condeixa-a-Nova, Ega , Condeixa-a-Velha e Anobra. 39 Inclui sistema de aquecimento central (em apenas 376 alojamentos, em 2001) e o aquecimento não central (lareira, aparelhos fixos e aparelhos móveis) 276 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 86: Famílias que partilham o alojamento e Famílias em alojamentos sobrelotados, no concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia, em 2001 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila seca Zambujal Total do Concelho Ocupação Partilhada (N.º de famílias) 61 6 13 10 5 4 99 Sobrelotação (N.º de famílias) 62 5 110 76 78 3 52 20 5 411 Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 10.1.5 Regime de Ocupação e Encargos com a Habitação O regime de ocupação predominante (dos alojamentos familiares clássicos de residência habitual) dos alojamentos de Condeixa-a-Nova é o do “ocupante proprietário” (90%), sendo o arrendamento representado por apenas 8% dos alojamentos familiares clássicos (428 Figura 104: Regime de ocupação dos alojamentos familiares clássicos, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 Arrendamento Outros 2% 8% fogos). Em Portugal e de um modo geral, o regime de arrendamento (e subarrendamento) ainda é meramente residual e Condeixa não se afasta desse cenário. Os “outros” casos (96 alojamentos) apresentam valores sem relevância, representando apenas 2% do total de Ocupante proprietário 90% Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 alojamentos familiares clássicos. Em 2001, das famílias que são proprietárias e ocupantes dos alojamentos, apenas menos de 1/3 tem encargos com a aquisição da habitação e os restantes 70% dos mesmos não tem qualquer encargo. Na mesma data, dos cerca de 25% dos alojamentos, cuja entidade proprietária é outra que não o próprio ocupante, o grande volume (71%) é propriedade de particulares ou empresas privadas. Nesta data, os restantes fogos eram propriedade de ascendentes ou descendentes em 1º ou 2º graus (23%) e do Estado (5,3%). O peso das restantes entidades é residual. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 277 Quadro 87: Entidade proprietária dos alojamentos e existência de encargos por compra, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2001 Entidade Proprietária Nº % Com encargos por compra 1450 30 Sem encargos 3389 70 Sub-total 4839 100 Ascendentes ou descendentes em 1º ou 2º grau 121 23,1 Particulares ou empresas privadas 371 70,8 Empresas públicas 2 0,4 Estado, Inst. Públicos. Autónomos, Seg. Social, Outras Inst. s/fins lucrati. 28 5,3 Ocupante proprietário Outra Entidade Autarquia Local - - Cooperativas de Habitação 2 0,4 524 100 5363 - Sub-total Total Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 Os ocupantes proprietários que possuíam em 2001, encargos com a aquisição de habitação, representavam, como se referiu, menos de 1/3 dos alojamentos (30%). Destes, cerca de 8% tinha um encargo mensal inferior a €60 e 13% um encargo superior a €600. Quase 1/3 dos ocupantes proprietários dos alojamentos com encargos por compra das suas habitações tinham uma despesa mensal de entre €300 e €500. No seu conjunto, dos 1450 alojamentos cujos proprietários possuíam encargos de compra, aproximadamente 39% pagava menos de €250. Quadro 88 - Encargos por compra de habitação, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 Escalões Menos 59,86 € De 59,86 a 99,75 € De 99,76 a 149,63 € De 149,64 a 199,51 € De 199,52 a 249,39 € De 249,40 a 299,27 € De 299,28 a 399,03 € De 399,04 a 498,79 € De 498,80 a 598,55 € De 598,56 ou mais € Total Nº 110 100 108 127 124 102 249 218 119 193 1450 % 7,6 6,9 7,4 8,8 8,6 7,0 17,2 15,0 8,2 13,3 100,0 Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 No âmbito do parque habitacional arrendado, que representa, no município de Condeixa-a-Nova, apenas 8% dos alojamentos familiares de residência habitual, os escalões de renda mensal não são, de um modo geral, elevados, sendo que 24% paga rendas inferiores a €35 e só 18% paga rendas superiores a €300. 278 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 89 - Escalões de Renda dos alojamentos clássicos arrendados, ocupados como residência habitual no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 Escalões Menos 14,96 € De 14,96 a 34,91 € De 34,92 a 99,75 € De 99,76 a 199,51 € De 199,52 a 299,27 € De 299,28 a 498,79 € De 498,80 ou mais € Total Nº 63 41 51 91 107 67 8 428 % 14,7 9,6 11,9 21,3 25,0 15,7 1,9 100,0 Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 10.1.6 Estado de Conservação do parque edificado É um dado adquirido que a reabilitação e recuperação de edifícios antigos no espaço nacional é meramente residual, num contexto em que o mercado imobiliário dos alojamentos novos ocupa o grosso das negociações imobiliárias. Efetivamente, “em Portugal, a recuperação de imóveis representa apenas 6% do investimento no setor da construção, muito afastado dos 33% da média europeia” (Jornal Público, 2/2/2004). A Vila de Condeixaa-Nova, não tinha porque distanciar-se deste cenário. Recorrendo aos dados já apresentados, em que se constatou que, em apenas uma década (1991/2001), o número de edifícios aumentou 9% (+468 edifícios), aos quais correspondeu um acréscimo de 23% do número de fogos (+ 1250 alojamentos), relacionando-os com os edifícios que em 2001, necessitavam de obras, constata-se que existem aqui dois cenários discordantes. Efetivamente, sendo certo que a maioria (52%) dos edifícios, em 2001, não necessita de obras de reparação, é, no entanto, bastante significativo o peso dos edifícios que precisa de reparação (46% - 2577 edifícios) e o número dos edifícios muito degradados (134 edifícios). Não obstante os referidos 2577 edifícios a necessitarem de reparação, em 2001, destes 62% referiam-se a pequenas reparações, 26% a reparações médias e só 11% a grandes reparações. Figura 105: Estado de conservação dos edifícios, por necessidades de reparação, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 Muito degradado 2% Com Sem necessidade de necessidade de reparação reparação 46% 52% Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 O estado de conservação é variável quando analisada a sua distribuição por freguesia: Ega, Condeixa-a-Velha e Condeixa-a-Nova são as freguesias, em termos gerais, que possuem os seus edifícios em melhor estado de 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 279 conservação; ao contrário, Furadouro, Sebal e Zambujal são as que apresentam as maiores necessidades de reparações no edificado. As situações de maior degradação, em termos relativos, encontram-se nas freguesias de Bendafé e Vila Seca. Quadro 90: Estado de conservação dos edifícios de Condeixa-a-Nova, por freguesia, em 2001 Estado de conservação Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila Seca Zambujal Total do Concelho Nº % Sem necessidade de reparação 53,6 49,1 48,6 57,7 58,6 70,6 11,7 23,5 42,2 19,5 2877 51,5 Com necessidade de reparação 45,5 49,1 40,5 39,8 39,8 27,3 84,7 76,1 49,9 76,9 2577 46,1 Muito degradado Total 0,9 1,7 10,8 2,5 1,6 2,1 3,6 0,4 7,9 3,6 134 2,4 563 116 74 1000 1083 1203 137 716 445 251 5588 100,0 Grandes Reparações40 35 4 6 44 47 33 12 24 29 57 291 - Fonte: INE - Portugal, Censos 2001 No seu conjunto, em 2001, 8% do parque edificado estava degradado, sendo que o INE contabilizou 291 edifícios que necessitavam de grandes reparações e outros 134 que se classificaram de muito degradados. Contudo esta era a situação em 2001, e passados aproximadamente 8 anos, a atual situação poderá ter contornos ligeiramente distintos (para uma análise mais atualizada ver subcapítulo Erro! A origem da eferência não foi encontrada.). 10.1.7 Avaliação das Carências Habitacionais O parque habitacional é uma área de estudo onde a análise global de números é perigosa e só permite uma aproximação à realidade, para além da frequente falta de adequação da informação estatística à análise aprofundada do problema. No entanto, apresenta-se uma análise, em termos estruturais, das situações de carência. No presente caso, quando se fala em défices/carências habitacionais não se está a referir a falta absoluta de alojamentos, mas a falta adequada às necessidades da população, em função dos escalões de rendimento. Consideram-se, então, défice/carência habitacional, situações em que: a) Famílias vivem em alojamentos não clássicos; b) 40 famílias partilham fogos; As “Grandes Reparações” encontram-se dentro do Item “Com necessidade de reparação”. 280 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) c) famílias que, vivendo sozinhas em fogos clássicos, sobreocupam-nos por falta de divisões assoalhadas; d) famílias vivem em fogos obsoletos (potencialmente degradados). Existem vários critérios utilizados no cálculo de carências habitacionais (estáticas). Por razões de consenso é utilizado, estruturalmente, o de Abílio Cardoso41, que considera que as carências quantitativas resultam da "soma das famílias em alojamentos não clássicos com metade do excesso de famílias (ou indivíduos isolados) sobre fogos no parque partilhado e com um terço das famílias que não partilhando, sobreocupam as suas habitações", à qual se adiciona a componente dinâmica da depreciação do parque habitacional (1/3 dos fogos anteriores a 1932). Assim, para efeitos de cálculo das carências habitacionais no Concelho, utilizou-se a seguinte fórmula: CQ = FanC + 1/2FFP + 1/3FS + 1/3 Fa1932 CQ = Carência Quantitativa FAnC = Famílias em Alojamentos não Clássicos FFP = Famílias em Fogos Partilhados FS = Fogos Sobrelotados Fa1932 = Fogos de construção anterior a 1932 Os alojamentos não clássicos, são todos aqueles que não correspondem aos padrões de habitabilidade socialmente aceites (barracas, improvisações, construções rudimentares de madeira, instalações móveis, entre outros). Consideram-se, portanto, carências todas as situações existentes contabilizadas. Existiam, à data dos Censos 2001, 6 alojamentos não clássicos, nos quais viviam 6 famílias. As situações de partilha ocorrem quando um alojamento familiar é ocupado, como residência habitual, por mais de uma família. Existiam, à data dos Censos de 2001, 99 famílias em fogos partilhados. Os fogos sobrelotados são aqueles em que existe défice de divisões em relação às pessoas que nele residem. Existiam, à data dos Censos 2001, 411 famílias em fogos sobrelotados. A obsolescência do parque habitacional (componente qualitativa dinâmica) tenta captar a depreciação do parque, quantificando as necessidades de substituição dos fogos que vão atingindo o termo da vida útil, isto é, quando começam a faltar alguma ou algumas funções e/ou surgem deficiências no desempenho global (degradação). Este indicador é representado por parte dos alojamentos de construção anterior a 1932. À data dos Censos 2001, existiam 510 fogos anteriores a 1932. 41 Planeamento Municipal e a Habitação, Coleção CCRN, Escher, Nov.1991 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 281 A ponderação feita nos quatro indicadores tem a ver com a necessidade de consideração de algumas situações. Assim, a ponderação feita no segundo e terceiro indicadores (1/2 Famílias em Fogos Partilhados + 1/3 Fogos Superlotados) está a considerar a existência de casos de partilha de alojamentos por pessoas consideradas como famílias diferentes e que podem não necessitar de alojamentos independentes, enquanto jovens casais que ficam em casa dos pais por dificuldade de acesso a uma habitação são consideradas como fazendo parte da família daqueles. O conceito de núcleo familiar seria mais operacional, mas o cada vez maior número de famílias sem núcleos, impede o conhecimento das carências reais de alojamento para os utentes destes fogos. Acresce, ainda, a possível ocorrência de situações de dupla contagem, devido ao facto de que fogos partilhados poderem estar sujeitos a superlotação crítica. No caso da "Obsolescência do Parque Habitacional" um indicador difícil de contabilizar é representado por 1/3 dos edifícios de construção anterior a 1932 (considerando-se a idade técnica limite de ± 70 anos). A ponderação feita neste indicador contempla a eventual tripla contagem devido à possível hipótese de os fogos mais antigos poderem registar, paralelamente, situações de partilha, as quais, por sua vez, poderão ocorrer, em simultâneo, com situações de superlotação crítica. De acordo com esta metodologia, à data do último Recenseamento Geral da População e da Habitação (2001), existia no Concelho de Condeixa-a-Nova, um défice de, aproximadamente, 362 fogos (cerca de 5,4% do parque de alojamentos clássicos) e as freguesias com maior peso de carências habitacionais, naquela data, eram Anobra, Furadouro e Sebal. Tendo em consideração que naquela data 650 fogos se encontravam devolutos, afigura-se, e numa visão simplista, fácil de concluir que, se estes fogos estivessem no mercado, não existiriam em teoria carências de alojamento. Obviamente que a referência à utilização dos fogos devolutos é pouco legítima na medida em que quando se fala em défice/carências habitacionais não se está a referir a falta absoluta de alojamentos, mas a falta adequada às necessidades da população em função dos escalões de rendimento. Os fogos identificados como “carência”, referem-se exclusivamente a situações de barracas e outras improvisações, a fogos com ocupação partilhada (mais de uma família por fogo), a situações de falta de assoalhadas para a população residente (sobrelotação) e fogos (teoricamente) degradados, com idades superiores a 70 anos, onde as condições de habitabilidade não serão as ideais. Mas porque, à exceção das barracas e outras improvisações (6 fogos e 6 famílias), as situações identificadas anteriormente não terão de ser forçosamente casos de carência, foram feitas ponderações (explicadas anteriormente). Os fogos devolutos, dos quais 219 para venda e 71 para aluguer, não serão provavelmente destinados à população residente nos alojamentos referidos anteriormente, daí referir-se que se considera carência quando 282 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) há falta de alojamento a custos adequados aos escalões de rendimento da população e não à falta absoluta de casas que, como se sabe, não é o caso do concelho de Condeixa-a-Nova. Obviamente que neste contexto, devem considerar-se situações de carência habitacional mais premente e preocupante os casos de alojamentos não clássicos, nomeadamente as barracas e outras improvisações, que no caso e, em 2001, eram 6, nos quais residiam 54 famílias. Como se referiu no início deste sub-capítulo, o parque habitacional é uma área de estudo onde a análise global de números pode ser perigosa e só permite uma aproximação da realidade, para além da frequente falta de adequação da informação estatística à análise aprofundada do problema, tendo por este mesmo motivo de usarse vias indiretas e aplicação de ponderações numa tentativa de aproximação à realidade. Daí que, os valores apresentados sejam, obviamente, indicativos. Por freguesia, a distribuição de carências habitacionais é a que se pode observar nem seguida. Quadro 91: Carências habitacionais, por freguesia, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 Freguesias Alojamentos Clássicos Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila seca Zambujal Total 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) (N.º) 586 124 75 1634 1453 1248 137 747 453 252 6709 Carências Habitacionais (alojamentos) N.º % 66 5 3 80 67 60 8 45 19 10 362 11,3 4,0 4,0 4,9 4,6 4,8 5,8 6,0 4,2 4,0 5,4 283 Figura 106: Carências habitacionais (em n.º de alojamentos), no concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia, em 2001 Um conhecimento exaustivo das situações de carência extravasa a escala do PDM, mas é naturalmente importante conhecer, num contexto de necessidade de resposta social. Deste ponto de vista, essencial para o conhecimento e tentativa de resolução das carências habitacionais existentes, o Pré-Diagnóstico Social de Condeixa-a-Nova apresentou como principais constrangimentos em matéria de habitação os seguintes: 75 alojamentos sem água canalizada 389 habitações sem banho ou duche elevado número de habitações degradadas inexistência de habitação social para atribuir aos munícipes carenciados elevado número de novas habitações com barreiras arquitetónicas os projetos que já decorreram no concelho e os que muito pontualmente apoiam situações na área da habitação não dão resposta às necessidades locais diminuto investimento na área habitacional do concelho no âmbito da ação social local e como principais potencialidades em matéria de habitação, as seguintes: parque habitacional em crescimento localização geográfica estratégica e concelho limítrofe da cidade de Coimbra evolução positiva das condições de habitabilidade 284 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) elevada oferta habitacional, com preços mais baixos que a cidade de Coimbra mercado de arrendamento a ser cada vez mais explorado Em síntese, a Rede Social destacou alguns aspetos essenciais do parque habitacional e/ou edificado, que consistem na presença de várias situações de condições de habitabilidade deficitárias (falta de abastecimento de água canalizada e inexistência de instalação de banho ou duche em algumas habitações, assim como existência de um elevado número de habitações degradadas, potenciais casos de carência habitacional), por um lado, e por outro, a incapacidade institucional de apoio social (habitação social) às famílias mais carenciadas. 10.1.8 Estimativas do crescimento do parque habitacional posteriores a 2001 Concordando com as estimativas populacionais do INE entre 2001 e 2009, também as estimativas do parque habitacional clássico do mesmo Instituto42, dão conta que o concelho de Condeixa-a-Nova entre 2001 e 2008 terá registado um significativo incremento ao nível dos nº de alojamentos clássicos, na ordem dos 19%, com uma variação ligeiramente superior à população estimada no mesmo período (16%). Figura 107: Estimativas dos alojamentos familiares clássicos e da população residente, no concelho de Condeixa-a-Nova, entre 2001 e 2009 20 000 18 000 16 000 14 000 12 000 10 000 8 000 6 000 4 000 2 000 0 2001 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Alojamentos familiares Clássicos 6 709 7 264 7 416 7 602 7 689 7 836 8 014 População Residente 15340 16115 16459 16759 17089 17422 17737 Alojamentos familiares Clássicos 2009 18058 População Residente A confirmarem-se (já no próximo momento censitário,em 2011) ambas as estimativas, manifesta-se evidente, só pelos valores em questão, a importante e crescente capacidade atrativa de Condeixa-a-Nova e a inerente responsabilidade deste município em acolher o melhor possível quem escolhe este Concelho para residir, tanto ao nível do ordenamento do território, como das respostas institucionais de apoio necessárias à nova população. 42 INE-Portugal, Anuário Estatístico da Região Centro, 2009 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 285 10.1.9 Síntese Conclusiva O parque habitacional do concelho de Condeixa-a-Nova era constituído, em março de 2001, por 6715 alojamentos familiares, suporte habitacional de 15340 pessoas volumes que, comparativamente à década anterior significaram um acréscimo de 1250 alojamentos (23%) e um ganho de 2313 indivíduos (18%). Tanto num caso como no outro, Condeixa-a-Nova registou ritmos de crescimento bastante superiores aos verificados pelo Baixo Mondego. O crescimento do parque habitacional tem sido consequência de dois fatores essenciais: por um lado a proximidade a Coimbra e a integração de Condeixa no processo de suburbanização da capital de distrito e, por outro, o efetivo reforço da centralidade da vila de Condeixa-a-Nova no contexto concelhio, em virtude da forte concentração de equipamentos, serviços e atividades económicas, o que tem proporcionado movimentos centrípetos tanto de matiz habitacional como de natureza laboral, em detrimento das freguesias mais isoladas e rurais. Em 2001, o concelho de Condeixa-a-Nova detinha um parque edificado composto por 5588 edifícios, tendo registado, relativamente a 1991, um incremento de 9% valor muito diferente do crescimento do número de alojamentos, cujo diferencial encontra justificação no predomínio da construção em altura no centro urbano de Condeixa-a-Nova, aliás, onde se registou o grande crescimento do parque habitacional. O concelho de Condeixa-a-Nova registando valores médios idênticos à sub-região em que se insere, apresentava, em 2001, 1,0 família por alojamento, 2,8 pessoas por alojamento, 0,5 pessoas por divisão e 5,1 divisões por alojamento. Desde 1970 até à atualidade (março 2001), construiu-se quase dois terços (61%) do parque edificado existente no concelho de Condeixa-a-Nova (edifícios de habitação, de comércio e serviços e mistos), refletindo a relativa juventude daquele. No entanto, verifica-se que 17% dos edifícios do Concelho são anteriores a 1945, ou seja existe uma proporção significativa de edifícios muito próximos do termo da sua idade técnica limite ( ± 70 anos) . O parque habitacional do concelho de Condeixa-a-Nova era constituído, em 2001, quase na totalidade, por alojamentos clássicos (99,5%), não tendo qualquer significado o peso e o número de alojamentos não clássicos (6 alojamentos não clássicos/improvisados). Dadas as características do concelho de Condeixa-a-Nova, a residência habitual é, obviamente, predominante (80%), não possuindo especial relevância o peso dos alojamentos com uso sazonal ou secundário (10%), nem os fogos devolutos (10%). A evolução mais recente (1991/2001) ditou a manutenção do peso dos alojamentos de residência habitual em detrimento da proporção fogos vagos e de uso sazonal. 286 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Fazendo jus à sua matriz rural e à tipologia dominante neste contexto, o parque edificado do concelho de Condeixa-a-Nova, é predominantemente constituído por edifícios com dois pisos (50%) e um piso (40%), existindo, num total de 5588 edifícios, apenas 149 edifícios com quatro ou mais pisos (2,7%), estando estes últimos situados, maioritariamente nas freguesias de Condeixa-a-Nova e Condeixa-a-Velha. Em 2001, o retrato de Condeixa-a-Nova no que respeita às condições de acessibilidade à generalidade dos edifícios por pessoas com mobilidade condicionada, traduzia-se num quadro global satisfatório, sendo que a população com deficiência representava 10% da população concelhia. Naquela data, existiam 449 edifícios com rampas de acesso, 3.665 edifícios sem rampas de acesso mas acessíveis e, por último, 1.474 edifícios, correspondentes a 26% do total, que não possuíam rampas de acesso e sem acesso possível. No entanto, a publicação de instrumentos legais posteriores a 2001, que visam o direito de pessoas com deficiência a acederem livremente ao meio construído, terá tido algumas repercussões nos edifícios construídos após 2006, pelo que se espera que a situação atual possa ser mais positiva. No âmbito do serviço de infraestruturas (eletricidade, abastecimento de água canalizada e saneamento básico) o Concelho está praticamente coberto, sendo um domínio que conheceu melhorias significativas na última década. Relativamente às instalações existentes nas habitações a situação, é hoje, francamente satisfatória, embora não sendo ainda a desejável, atendendo a que cerca de 7,8% dos alojamentos de residência habitual não tem instalações de banho ou duche. Relativamente a sistema de aquecimento (central e não central), é de registar que apenas 8% dos alojamentos não possuíam, em 2001 qualquer tipo de aquecimento. A ocupação partilhada de um alojamento (mais de uma família por alojamento), bem como a existência de situações de sobrelotação, denunciam, na maior parte dos casos, a ausência de condições dignas de habitabilidade. No concelho de Condeixa-a-Nova existiam, em 2001, 99 famílias que partilhavam alojamento e 411 famílias a residir em fogos com divisões a menos para a população que nelas residia. O regime de ocupação predominante (dos alojamentos familiares clássicos de residência habitual) dos alojamentos de Condeixa-a-Nova é o do “ocupante proprietário” (90%), sendo o arrendamento representado por apenas 8% dos alojamentos familiares clássicos (428 fogos). 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 287 Em 2001, das famílias que são proprietárias e ocupantes dos alojamentos, apenas menos de 1/3 tem encargos com a aquisição da habitação e os restantes 70% dos mesmos não tem qualquer encargo. Na mesma data, dos cerca de 25% dos alojamentos, cuja entidade proprietária é outra que não o próprio ocupante, o grande volume (71%) é propriedade de particulares ou empresas privadas. Nesta data, os restantes fogos eram propriedade de ascendentes ou descendentes em 1º ou 2º graus (23%) e do Estado (5,3%). O peso das restantes entidades é residual. A maioria dos edifícios (52%) encontrava-se em bom estado de conservação, em 2001, isto é, não necessitava de obras de reparação, no entanto, não deixa de ser bastante significativo o número dos edifícios que precisavam de reparações - 2577 edifícios (embora destes só 11% necessitasse de grandes reparações) e o número dos edifícios muito degradados - 134 edifícios. De acordo com a metodologia utilizada no presente estudo, que entra com a ponderação das seguintes situações: famílias que vivem em alojamentos não clássicos, famílias que partilham fogos, famílias que, vivendo sozinhas em fogos clássicos, sobreocupam-nos por falta de divisões assoalhadas e famílias que vivem em fogos obsoletos (potencialmente degradados), obteve-se um défice de, aproximadamente, 362 fogos no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2001 (cerca de 5,4% do parque de alojamentos clássicos) e as freguesias com maior peso de carências habitacionais, naquela data, eram Anobra, Furadouro e Sebal. Considerando que o parque habitacional do concelho de Condeixa-a-Nova não possui situações patológicas de destacar, importa contudo referir aquelas que, apesar disso, ainda não contribuem para a imagem desejável do município nesta matéria e que se referem, basicamente, às situações de ausência de condições dignas de habitabilidade e aos casos de degradação do parque habitacional e edificado. Este cenário tem-se mantido, em grande parte, porque tem persistido a incapacidade institucional de apoio social (habitação social) às famílias mais carenciadas. A evolução estimada pelo INE relativamente aos alojamentos familiares clássicos, entre 2001 e 2008, a confirmar-se no próximo momento censitário (2011), sublinha a contínua capacidade atrativa deste município, materializada no crescimento, em sete anos, de 19% de alojamentos. Na próxima fase do PDM, ao valor de carência quantitativa obtido, será acrescentado o número previsível de fogos necessários para colmatar as necessidades que vão surgir no decurso da vigência do presente PDM, determinadas, por sua vez, pela população esperada no horizonte do Plano. 288 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 11. EQUIPAMENTOS COLETIVOS O nível de desenvolvimento socioeconómico de qualquer população mede-se não só pelo nível de rendimento, condições de habitabilidade, etc., mas também pelas possibilidades de acesso a uma determinada gama de equipamentos coletivos, cabendo ao Estado (Poder Central e/ou Local) garantir que todos os indivíduos tenham acesso a esses equipamentos. Os equipamentos coletivos possuem uma componente determinante ao nível do tecido social, no sentido em que promovem a qualidade de vida da população ao assegurarem a otimização do acesso à educação, à saúde, à segurança social, ao desporto, à cultura e ao lazer, sendo, também, fundamentais no apoio prestado à atividade económica. Para além da componente social, são normalmente elementos polarizadores do espaço envolvente, funcionando como referências nos percursos e na paisagem urbana. A este papel determinante na organização do território acresce também a enorme importância na imagem e projeção exterior do espaço/território onde se localizam. Esta dupla função dos equipamentos coletivos reflete-se de alguma forma na competitividade dos lugares, concelhos e regiões. Assim, pode considerar-se que os equipamentos coletivos são, paralelamente, consequência e causa do processo de desenvolvimento económico e social de qualquer território. O local onde se vive não pode ser um fator de penalização em domínios básicos da vida coletiva. A dotação de níveis mínimos de qualidade de vida e de prestação de serviços é o suporte da estabilidade territorial. Um território equitativo, em termos de desenvolvimento e de condições de bem-estar, possibilitará melhores oportunidades de emprego e de habitação. O local onde se vive deve ser fruto de uma escolha individual e não de uma imposição penalizadora. Desta forma, importa prosseguir a dotação de infraestruturas e equipamentos de modo a criar condições materiais equitativas de acesso e usufruto aos serviços e funções urbanas, sobretudo no interior do país e nos espaços mais marginalizados. A sua disseminação pelo território concelhio não é, naturalmente, viável pelo que deve optar-se por uma distribuição equilibrada, em função da dinâmica económica e social do Concelho, de forma a ser possibilitado o acesso fácil aos seus potenciais utilizadores. É, neste sentido, que se fez a análise da situação atual e, em fase posterior, serão ponderadas as tendências futuras, em termos de necessidades para cada equipamento, de acordo com o cenário demográfico adotado no Plano Diretor Municipal. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 289 11.1 METODOLOGIA Os equipamentos coletivos considerados no âmbito das propostas do PDM são os seguintes: - Equipamentos de Educação - Equipamentos de Saúde - Equipamentos de Solidariedade e Segurança Social - Equipamentos Desportivos - Equipamentos Culturais - Equipamentos de Segurança e Proteção Civil. É pelo seu caráter de satisfação das necessidades mais básicas do ser humano que os equipamentos elencados anteriormente são mais pormenorizadamente caracterizados, tanto na fase dos Estudos de Caracterização, como na fase de Proposta. Por outro lado, é também a sua área de irradiação à freguesia que justifica que sejam mais pormenorizadamente avaliados, no presente, e programados e dimensionados para o futuro, no sentido da equidade territorial e coesão social. Por fim, também por serem aqueles que, na maioria dos casos, necessitam de maiores áreas de implantação e que, por esse motivo, devem ser tidos em conta nos instrumentos de gestão territorial. Existem outros equipamentos que são apenas cartografados e elencados na categoria de “Outros Equipamentos”, como mais-valias na dotação global do município, nomeadamente pelo: i) seu caráter transversal a todos os municípios (equipamentos de administração e outros serviços púbicos ou equipamentos religiosos); ii) ou pelo seu caráter de irradiação municipal - existência de um único equipamento por município (por regra), como por exemplo praça de touros, um equipamento desportivo especializado, ou um campo de feiras; iii) ou por não satisfazerem necessidades consideradas básicas da população, embora muito importantes com fatores de bem estar social e de competitividade e imagem dos lugares, como os equipamentos de recreio ou lazer. A informação disponível encontra-se cartografa na peça desenhada n.º 07: Equipamentos Coletivos. Na grelha seguinte, apresentam-se os equipamentos considerados de satisfação de necessidades básicas da população (destacados a cor) e, portanto, os que são abordados seguidamente e na fase de Proposta e os outros equipamentos que existem ou poderão vir a existir no território municipal (trata-se de uma grelha genérica e de enquadramento). Na coluna das tipologias não se esgotam, naturalmente, as valências possíveis (as 290 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) tipologias existentes são dadas como exemplos). Na sequência deste capítulo, como na Planta de Equipamentos de Utilização Coletiva, virá retratada a dotação do município de Condeixa-a-Nova. Quadro 92: Grelha metodológica com tipificação dos Equipamentos de Utilização Coletiva Equipamentos de: . EDUCAÇÃO . SAÚDE Hospital, Centro de Saúde, Extensão de Saúde (excluem-se as Farmácias) . SOLIDARIEDADE E SEGURANÇA SOCIAL Creche, ATL, Lar, Centro de Dia, Centro de Noite, Residências, Unidades de apoio a Deficientes, Apoio Domiciliário, Unidade de Cuidados Continuados Integrados, … . SEGURANÇA E PROTEÇÃO CIVIL Forças de Segurança (GNR, PSP), Corpo de Bombeiros, Forças Armadas, INEM, Sapadores florestais, Cruz Vermelha, Autoridades Marítimas e Aeronáuticas,… . Prestação de serviços à coletividade . ADMINISTRAÇÃO E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS . CULTURA . RECREIO E LAZER . Prática pela coletividade de atividades Tipologias Jardim-de–infância, Escola Básica, Escola Secundária, Escola Básica e Secundária, Escola Profissional, Escola Artística, Ensino Superior (Universitário ou Politécnico) . DESPORTO Tribunal, Conservatória do Registo Civil e Predial, Repartição de Finanças, Junta de Freguesia, Casa do Povo, Câmara Municipal, Serviços Municipalizados, Posto de Turismo, Correios, Associação de Municípios, DREN, Administração regional de Saúde, Governo Civil, Sede de Parque Natural, … Museu, Cinema, Teatro, Biblioteca, Salão de Festas, Centro Cultural, Espaço Internet, Galeria, … Praça de Touros, Parque Radical, Parque Aquático, Circuito de Manutenção, Associação Recreativa, … - Equip. Desportivos de Base Formativos: Pequenos Campos de Jogos, Grandes Campos de Jogos, Pavilhões Desportivos e Salas de desporto Polivalente, Piscinas (cobertas e descobertas), Pista de Atletismo - Equip. Desport. de Base Recreativos (*) - Equip. Desport. Especializados ou monodisciplinares - Instalações Desportivas Especiais para o Espetáculo Desportivo . RELIGIÃO/ CULTO Igreja, Cemitério, convento, seminário, … . Apoio à atividade . COMERCIO económica Feiras, Mercados, … (*) Estes equipamentos devem ser integrados na tipologia “Equipamentos de Recreio e Lazer”, que é mais abrangente e que, por isso, faz sentido que esteja individualizada: a) Recintos, pátios, minicampos e espaços elementares destinados à iniciação aos jogos desportivos, aos jogos tradicionais e aos exercícios físicos; b) Espaços e percursos permanentes organizados e concebidos para evolução livre, corridas ou exercícios de manutenção, incluindo o uso de patins ou bicicletas de recreio; c) Salas e recintos cobertos, com área de prática de dimensões livres, para atividades de manutenção, lazer, jogos recreativos, jogos de mesa e jogos desportivos não codificados; d) As piscinas cobertas ou ao ar livre, de configuração e dimensões livres, para usos recreativos, de lazer e de manutenção. A análise realizada assenta, sempre que possível, na avaliação de duas componentes relativamente às carências atuais e, posteriormente, das necessidades futuras de equipamentos de utilização coletiva: Necessidades quantitativas, que deverão traduzir um ajustamento entre a população utilizadora, específica para cada tipo de equipamento, e o equipamento necessário; Necessidades de melhorias qualitativas, de acordo com o estado de conservação atual dos edifícios e com a existência de instalações próprias ou provisórias/adaptadas. A necessidade de melhorias "qualitativas" é representada pelos edifícios em mau estado de conservação e em instalações provisórias/adaptadas, sendo consideradas como carência "quantitativa". Com efeito, estas unidades 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 291 não estarão nas condições normais de funcionamento, representando muitas vezes perigo, devendo ser, progressivamente, substituídas. Estas situações associadas a outras, em que há subutilização de determinados espaços, deverão conduzir a soluções de melhor gestão e não forçosamente, de mais construção, como normalmente se procede. Os critérios utilizados nos Estudos de Caracterização estão em conformidade com as "Normas para a Programação e Caracterização de Equipamentos Coletivos" da Direção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano, Edição Revista e Atualizada, maio 2002. Estas normas constituem apenas uma base de trabalho de caráter indicativo e relativo, não devendo ser analisadas de forma linear e mecânica. Caso a caso são feitas as adaptações necessárias, de acordo com as características e enquadramento das áreas e equipamentos em estudo. Os dados populacionais de base datam de 2001. No caso das escolas, os dados referem-se ao ano letivo 2006/2007 (extraídos da Carta Educativa do Município que data de 2007), e os dados dos restantes equipamentos datam do primeiro trimestre de 2010. A metodologia e faseamento utilizados no decurso da elaboração do PDM é a seguinte: 1. na presente Fase (1ª), faz-se a análise da situação atual e determinam-se as carências existentes; 2. na 2ª Fase, será desenvolvida a proposta de novos equipamentos que se prevê virem a ser necessários durante a vigência deste Plano, em função do cenário demográfico adotado e do modelo de desenvolvimento proposto para o território concelhio. Sendo os equipamentos coletivos destinados à utilização de toda a população concelhia, com o fim último de satisfazer as necessidades básicas da população, a análise do dimensionamento de cada tipologia de equipamento face à população que se destina servir, exige, em alguns casos, o conhecimento da idade da população, por grupos etários específicos. Com efeito, se os equipamentos de saúde, desportivos e culturais são dimensionados tendo por base a população concelhia total, já os equipamentos de segurança social se destinam a populações específicas, nomeadamente crianças, jovens e idosos. Tendo em conta esta necessidade, apresenta-se, no quadro seguinte, a população por idades para as tipologias de equipamentos ou níveis de ensino considerados nesta abordagem que respondem a idades específicas. 292 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 93: População do concelho de Condeixa-a-Nova, por grupo etário, em função da tipologia do equipamento ou nível de ensino, em 1991, 2001 e 2009 Nível de Ensino e/ou Tipologia do Equipamento Escalão etário 0 – 2 anos 3 – 5 anos 6 – 9 anos 10 – 11 anos 12 – 14 anos Subtotal (população jovem) 15 – 17 anos > 65 anos (população idosa) População total do concelho Creche Jardim-de-Infância Escola Básica Escola Básica Escola Básica Ensino Secundário Lares e Centros de Dia População 1991 356 354 566 293 530 2099 579 2562 13027 População 2001 527 458 539 299 429 2252 466 2882 15340 Taxa de Variação 1991/2001 (%) 48,0 29,4 -4,8 2,0 -19,1 7,3 -19,5 12,5 17,8 População 200943 - 2800 3905 18058 Fonte: INE-Portugal, Recenseamentos Gerais da População, 1991 e 2001 Foram identificadas algumas situações que devem ser mencionadas desde logo, de modo a que a leitura do presente capítulo seja devidamente esclarecedora e necessariamente ponderada, nomeadamente: 1. A abordagem da “situação atual” deveria utilizar dados oficias (dos Recenseamentos Gerais da População), contudo, no presente momento (julho de 2010) está-se a meses do próximo momento censitário (março de 2011) e o desfasamento temporal entre os dois momentos (os dados populacionais de base datarem de 2001 e os dados relativos à utilização dos equipamentos datam de 2010) pode acarretar leituras desajustadas da realidade. Desta forma, as taxas de cobertura apuradas, se utilizados os dados oficiais de 2001, poderão ser significativamente diferentes, sobretudo se se considerar que os dados mais recentes e conhecidos do INE (Estimativas Provisórias Intercensitárias da População Residente) indicam que em 2009, o concelho de Condeixa-a-Nova possuía mais 2718 habitantes do que em 2001. Os dados referidos estão apenas disponíveis para o total do Concelho e por grandes grupos funcionais, pelo que, nos casos em que foi possível, utilizaram-se os dados de 2009 do INE, mesmo sabendo-se que são Estimativas e não dados reais. Caso a caso fazem-se as extrapolações necessárias, no sentido da avaliação o mais correta/ajustada possível à realidade, sendo que em cada caso, este facto é referido no texto. 2. O concelho de Condeixa aderiu ao Programa Rede Social, estando em plena implementação o Plano de Desenvolvimento Social. A Resolução do Conselho de Ministros n. º 197/97, de 18 de novembro, define a Rede Social com “um fórum de articulação e congregação de esforços baseados na adesão livre por parte das autarquias e das entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos que nela queiram participar. Estas entidades deverão concertar esforços com vista à erradicação ou atenuação da pobreza e da exclusão e à promoção do desenvolvimento social”. 43 Estimativas da População Residente Intercensitárias, INE 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 293 Os objetivos específicos que norteiam a Rede Social, são: induzir o diagnóstico e o planeamento participados, promover a coordenação das intervenções ao nível concelhio e de freguesia, procurar soluções para os problemas das famílias e pessoas em situação de pobreza e exclusão social, formar e qualificar agentes envolvidos nos processos de desenvolvimento local, no âmbito da Rede Social, promover uma cobertura adequada do Concelho por serviços e equipamentos e potenciar e divulgar o conhecimento sobre as realidades concelhias. A adesão a este Programa e a sua implementação deverão vir a contribuir para a eliminação gradual das carências detetadas ao nível da dotação dos equipamentos coletivos, com especial relevância para os equipamentos sociais. Nos casos oportunos tarzem-se para o presente documento, todas as questões levantadas naquele programa que tenham implicações ou possibilidade de tradução na abordagem seguidamente realizada. 3. Na sequência do que foi dito no ponto anterior, importa salientar que a avaliação realizada é eminentemente quantitativa, como aconselha a abordagem a fazer no âmbito de um PDM, facto que por si só justifica que possa existir uma leitura relativamente diferente/complementar da realidade, muito embora, as abordagens atuais existentes (Carta Educativa, Programa Rede Social, Plano Estratégico e presente relatório do PDM), sublinhem os aspetos estruturais dos vários domínios. Assim, admitem-se situações não identificadas de carência e/ou desajuste entre a oferta e a procura existentes. Contudo, a Rede Social é, claramente, o Programa potencial para uma visão e uma futura intervenção qualitativa e “personalizada”, neste e noutros domínios. 11.2 CONSIDERAÇÕES DE DESTAQUE O concelho de Condeixa-a-Nova encontra-se, em termos globais e quantitativos, razoavelmente dotado de equipamentos e serviços de utilização coletiva, quando avaliados e dimensionados em função da população residente e, conforme os casos, dos estratos etários potencialmente utilizadores de alguns equipamentos. Em todo o caso, há alguns domínios onde se deverá ampliar a dotação atual. A este contexto, acresce o facto de as tendências demográficas mais recentes apontarem, em termos nacionais e regionais, para o aumento do peso da população idosa e para a diminuição da proporção da população jovem, ou seja, para o tendencial envelhecimento da população. Esta evolução é especialmente importante quando se estão a prever equipamentos a médio prazo. Neste sentido, as tendências de evolução desenhadas são importantes alertas, por um lado, para o sistema de proteção social, pois é, significativamente, crescente o número de cidadãos "não produtivos" ou a atingir a idade da reforma e a necessitar de pensões, lares de terceira idade, assistência domiciliária, hospitais, medicamentos; e, por outro lado, o abrandamento da pressão dos jovens apresenta-se como uma oportunidade estratégica para a melhoria qualitativa dos equipamentos de apoio à população jovem. 294 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Efetivamente, e de acordo com o já mencionado na Caracterização Demográfica, o concelho de Condeixa-aNova está a registar um tendencial envelhecimento da sua pirâmide etária, materializado duplamente, tanto ao nível do esvaziamento da base (de 1991 para 2009, a população jovem passou de 16,1% para 15,5% da população total do Concelho), bem como do empolamento do topo (no mesmo período, a população idosa, que representava 19,7% da população total em 1991, viu ascender este valor para 21,6%, em 2009). Contudo, não obstante esta evolução nas duas décadas referidas, as estimativas provisórias do INE apontam para o rejuvenescimento da base da pirâmide. Não obstante este cenário, a evolução da distribuição e a própria distribuição da população por grupos etários no concelho de Condeixa-a-Nova acompanham, estruturalmente, a região em que o Concelho se insere, embora, em termos gerais, o Concelho possua uma maior proporção de jovens mas também uma maior proporção de idosos do que a sub-região do Baixo Mondego. Figura 108: Distribuição da população por grupos etários entre 1991 e 2009 no concelho de Condeixa-a-Nova e no Baixo Mondego Fonte: INE-Portugal, Censos 1991 e 2001; Estimativas Intercensitárias Na ótica da distribuição espacial dos equipamentos coletivos (ver peça desenhada n.º 10), salienta-se a maior concentração de equipamentos coletivos e, naturalmente os de ordem superior, nas freguesias que integram a vila (Condeixa-a-Nova e Condeixa-a-Velha) e que as freguesias de Ega e Sebal são as segunda e terceira melhor equipadas do Concelho. Em simultâneo, as freguesias de Furadouro, Bendafé, Belide e Zambujal, são bastante menos dotadas quando avaliadas somente do ponto de vista dos equipamentos educativos, de solidariedade e segurança social, de saúde, desportivos e culturais. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 295 11.3 EQUIPAMENTO EDUCATIVO Em conformidade com a legislação vigente nesta matéria a “Carta Educativa” sustenta a definição da Política Educativa a nível autárquico. O concelho de Condeixa-a-Nova tem a sua Carta Educativa homologada. Tendo em consideração que este instrumento possui não só o diagnóstico da rede educativa municipal, como apresenta propostas de reordenamento da rede escolar, bem como, de acordo com o quadro legal em vigor, deve integrar o Plano Diretor Municipal, a análise sucinta, que se apresenta de seguida, é totalmente retirada daquele documento (Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007) e a caracterização reporta ao ano letivo 2006/2007. Havendo uma proposta de reordenamento educativo em curso, entendeu-se que, no essencial, se deveria caracterizar o contexto educativo que deu origem às propostas, portanto, o ano letivo 2006/2007, sendo que no subcapítulo 11.3.2 se faz um breve ponto de situação sobre a evolução do reordenamento em curso e as consequências, no parque educativo, no ano letivo 2010/2011. 11.3.1 A rede educativa municipal (ano letivo 2006/2007) Com uma distribuição territorial que privilegia o setor noroeste e central, em detrimento do setor sul/sudeste, a rede educativa do Município de Condeixa-a-Nova integrava, 25 estabelecimentos dos diferentes níveis de ensino, disponibilizando o 1º CEB e a Educação Pré-escolar um número de estabelecimentos bastante idêntico, respetivamente, 11 e 10 estabelecimentos. Os restantes quatro estabelecimentos de ensino encontravam-se distribuídos pelos 2º e 3º CEB (2 estabelecimentos), Ensino Secundário e Ensino Profissional. A distribuição dos equipamentos educativos de Condeixa-a-Nova refletia o padrão de povoamento concelhio, privilegiando-se, num caso e noutro, o setor noroeste e central, mais intensamente povoado e onde se localizam a maioria dos estabelecimentos de ensino. As freguesias de Bendafé, Furadouro e Zambujal, as menos povoadas do Concelho, não possuiam nenhum estabelecimento de ensino. 296 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 94: Distribuição dos equipamentos educativos do concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia e níveis de ensino, no ano letivo 2006/2007 Freguesias Anobra Belide Bendafé Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila Seca Zambujal Total Nº de estabelecimentos 2 1 − 7 3 5 − 6 1 − 25 Educação Pré-escolar Particular sem Pública fins lucrativos 1 − 1 1 3 − 3 − 1 − 9 − 1 − 1º CEB 2 e 3ºCEB E.Secundário E. Profissional Pública Pública Pública Privada − 2 − 1 − 1 − − − − 2 − 1 − 1 1 1 − 1 2 2 − 3 1 − 11 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Figura 109: Distribuição dos equipamentos educativos no município de Condeixa-a-Nova no ano letivo de 2006/2007 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Relativamente à natureza jurídica, era de referir a presença de dois estabelecimentos de ensino pertencentes à rede particular, um que integrava a Educação Pré-escolar, cuja frequência era de 48 crianças, e outro o Ensino Profissional, que correspondiam à totalidade da oferta do Município. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 297 Quadro 95: Rede educativa do Município de Condeixa-a-Nova, no ano letivo 2006/2007 Freguesia Anobra Belide Nível de ensino Educação Pré-escolar 1º CEB 1º CEB Educação Pré-escolar 1º CEB Condeixa-a-Nova 2º e 3º CEB Ensino Secundário Ensino Profissional Educação Pré-escolar Condeixa-a-Velha 1º CEB Educação Pré-escolar Ega 1º CEB Educação Pré-escolar Sebal 1º CEB Vila Seca 1º CEB Designação JI Anobra EB1 Anobra EB1 Belide JI Condeixa-a-Nova JI Santa Casa da Misericórdia EB1 Condeixa-a-Nova EB2,3 Condeixa-a-Nova Escola Secundária com 3º CEB Fernando Namora Escola Secundária com 3º CEB Fernando Namora Instituto Técnico, Artístico e Profissional de Coimbra (ITAP) JI Eira Pedrinha EB1 Alcabideque EB1 Eira Pedrinha JI Casével JI Ega JI São Fipo EB1 Arrifana EB1 Ega JI Avenal JI Sebal JI Venda da Luísa EB1 Avenal EB1 Sebal EB1 Venda da Luísa EB1 Bruscos Rede Pública Pública Pública Pública Particular * Pública Pública Pública Pública Privada Pública Pública Pública Pública Pública Pública Pública Pública Pública Pública Pública Pública Pública Pública Pública * Sem fins lucrativos Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Quanto à população escolar que frequentava os diferentes estabelecimentos de ensino no Município, verificavase que, tal como seria de esperar, eram os níveis de ensino inseridos na escolaridade obrigatória que apresentavam um número de alunos mais elevado. Deste modo, no ano letivo 2006/2007, de um total de 1660 alunos matriculados nos diferentes níveis de ensino presentes no território municipal, 36,5% frequentavam os 2º e 3º CEB (605 alunos matriculados), enquanto que 31,6% frequentavam o 1º CEB (525 alunos). Com valores significativamente inferiores observava-se a frequência de 309 crianças na Educação Pré-escolar (18,6%) e o Ensino Secundário, que contava com 199 alunos (12%). Por último, e com apenas 22 alunos matriculados, deve ser referido o Ensino Profissional, cuja frequência correspondia a apenas 1,3% do total da população escolar. 298 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 96: População escolar do concelho de Condeixa-a-Nova, por nível de ensino, no ano letivo 2006/2007 Freguesias Total alunos Anobra 44 Pré-escolar 1º CEB 2º e 3º CEB Nº estabelec. Nº crianças Nº estabelec. Nº alunos 1 16 1 28 1 41 Belide 41 Bendafé 0 C.-a-Nova 1222 2 156 1 240 C.-a-Velha 72 1 22 2 50 Ega 117 3 69 2 48 3 46 3 94 1 24 11 525 Furadouro 0 Sebal 140 Vila Seca 24 Zambujal 0 Total 1660 10 309 Ensino Secundário Ensino Profissional Nº estabelec. Nº alunos Nº estabelec. Nº alunos Nº estabelec. Nº alunos 2 605 1 199 1 22 2 605 1 199 1 22 Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Porém, em virtude da relação entre o número de salas de aula disponíveis e o número de alunos matriculados em cada nível de ensino, as taxas de ocupação registavam valores bastante distintos, constatando-se que o 1º CEB apresentava a taxa de ocupação mais elevada (97,2%), o que parecia demonstrar uma reduzida oferta de espaços letivos. Seguiam-se, com valores muito idênticos, a Educação Pré-escolar e os 2º e 3º CEB, nos quais se identificavam taxas de ocupação de 72,7% e 70%, respetivamente. Por outro lado, e ainda no que dizia respeito à Educação Pré-escolar, é de referir que a taxa de ocupação era mais elevada nos estabelecimentos da rede pública (74,6%), comparativamente à taxa de ocupação observada no único estabelecimento de Educação Pré-escolar afeto à rede particular (64%). Por último, as taxas de ocupação dos estabelecimentos do Ensino Secundário e do Ensino Profissional traduziam o caráter não obrigatório destes níveis de ensino, apresentando valores de 59,2% e 19,6%, respetivamente. Quadro 97: Nº de alunos do município de Condeixa-a-Nova, no ano letivo 2006/2007 Nível de Ensino Capacidade 425 540 864 336 112 2277 Educação Pré-Escolar 1º CEB 2º e 3º CEB* Ensino Secundário Ensino Profissional Total Número de alunos 309 525 605 199 22 1660 Taxa de Ocupação 72,7 97,2 70,0 59,2 19,6 ─ Fonte: Carta Educativa de Condeixa-a-Nova, 2007 Estas taxas de ocupação refletiam um conjunto de profundas alterações que se têm vindo a verificar nos últimos anos letivos. Deste modo, no que concerne à Educação Pré-escolar, foi possível observar um aumento significativo do número de crianças a frequentar este nível de ensino, designadamente no decorrer da última 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 299 década. Para este incremento dos quantitativos escolares contribuiu, por um lado, a consciencialização de que a Educação Pré-escolar se assume como uma etapa fundamental da educação básica de qualquer ser humano e, por outro, a crescente participação da mulher no mercado de trabalho, o que dificulta a conciliação entre emprego e acompanhamento familiar. Por seu turno, ao nível do 1º CEB, e após uma diminuição contínua do número de alunos no decorrer da década de 90, observou-se um incremento da população escolar, situação que originou uma insuficiência de espaços letivos, passando a oferta a não se adequar à procura, nomeadamente no setor urbano. Importa referir que a totalidade dos estabelecimentos de Educação Pré-escolar da rede pública, excetuando o JI Condeixa-a-Nova e o JI Ega, apresentavam apenas uma sala de atividade, correspondente a uma capacidade máxima de 25 crianças por estabelecimento. De igual modo, no 1º CEB observava-se a presença de três estabelecimentos de ensino com apenas um espaço letivo, facto que os transformou, por razões meramente pedagógicas, nos principais alvos do processo de reorganização da rede educativa. Tendo em conta que o diagnóstico da rede educativa do Município de Condeixa-a-Nova não se esgota na análise dos valores de população escolar e das taxas de ocupação, apresenta-se, de seguida, uma síntese dos principais indicadores que caracterizavam o setor da Educação neste território (ano letivo 2006/2007): - Tendo como objetivo a igualdade de acesso ao ensino da totalidade dos alunos, o Município de Condeixa-aNova, à semelhança da esmagadora maioria dos Municípios portugueses, oferecia aos alunos economicamente desfavorecidos um conjunto de auxílios que passam pela comparticipação na alimentação e no material escolar, baseado num critério de discriminação positiva. No ano letivo 2006/2007, 255 crianças inscritas na Educação Pré-escolar usufruíram de auxílios económicos, enquanto que no 1º CEB esse valor era de apenas 40 alunos. No que diz respeito aos 2º e 3º CEB 126 alunos beneficiaram de subsídio, enquanto que no Ensino Secundário foram 23 os alunos abrangidos pela ação social escolar. O Município de Condeixa-a-Nova concedeu, ainda, apoio económico aos alunos que necessitavam de transporte escolar, auxílio disponível para os 2º e 3º CEB e Ensino Secundário, num total de 259 alunos subsidiados, o que representou 32,2% do total de alunos que frequentavam ambos os níveis de ensino. O processo de formação escolar dos alunos, para além da componente letiva, deverá integrar um conjunto de outras atividades, designadamente de complemento curricular no 1º CEB ou extracurricular nos 2º e 3º CEB e no Ensino Secundário. Assim, no ano letivo 2006/2007, a totalidade dos estabelecimentos de ensino disponibilizaram um conjunto diversificado deste tipo de atividades. Assim, é de salientar que no 1º CEB se encontrava em desenvolvimento o Programa de Expressão Físico-Motora, enquanto que nos 2º e 3º CEB e no Ensino Secundário as atividades extracurriculares se encontravam enquadradas no Programa de Desporto Escolar com uma frequência de 347 alunos. 300 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) No que concerne ao aproveitamento escolar referente ao ano letivo 2005/2006, a retenção no 1º CEB era de 2,1%, embora, e tal como se tem vindo a observar na globalidade do território nacional, os 2º e 3º CEB (15,6%) e o Ensino Secundário (33,3%) registem os valores mais elevados. Diretamente relacionado com o aproveitamento escolar encontra-se o abandono escolar, sendo de referir que no Município de Condeixa-a-Nova foi possível observar a ocorrência de 15 casos nos 2º e 3º CEB. Por seu turno, relativamente aos alunos com necessidades educativas especiais, no ano letivo 2006/2007, 112 alunos apresentavam NEE, valor que correspondia a 6,84% da totalidade da população escolar do Município. Deste modo, nos 2º e 3º CEB 62 alunos foram sinalizados como portadores de necessidades educativas especiais, enquanto que nos estabelecimentos de ensino do 1º CEB esse valor foi de 40 alunos, o que correspondeu a 10,3% e 8,4%, respetivamente, do total de alunos afetos a estes níveis de ensino. De referir, ainda, que nos restantes níveis de ensino os valores foram, manifestamente, mais reduzidos, com quatro crianças inscritas na Educação Pré--escolar (1,3%) e apenas dois alunos matriculados no Ensino Secundário (1,0%). Embora não se reflita na análise da rede educativa, o Ensino Recorrente deve ser assinalado, observando-se, no ano letivo 2006/2007, a frequência de 168 alunos distribuídos pelas EB2,3 Condeixa-a-Nova (24 alunos) e pela Escola Secundária com 3º CEB Fernando Namora (144 alunos). Por outro lado, será, ainda, de referir que, na Escola Secundária com 3º CEB Fernando Namora, a formação de adultos funciona, desde setembro de 2006, como CRVCC, observando-se a inscrição de 54 adultos naquele ano letivo. As transformações que ocorreram nas últimas décadas, em especial ao nível demográfico e de acessibilidades, e da própria conceção do sistema de ensino, tornaram desajustada a rede educativa existente no Município de Condeixa-a-Nova, a qual se baseia ainda, no essencial, na rede educativa herdada do denominado “Plano Centenário”, cujos critérios eram a proximidade da população escolar aos estabelecimentos de ensino, num quadro económico-social e infraestrutural caracterizado por uma rede de acessibilidades deficitária e por volumes populacionais muito superiores aos de hoje. 11.3.2 Ponto de situação do reordenamento educativo em curso (incluindo expectativas para o ano letivo 2010/2011) No ano letivo 2010/2011, a rede Educativa de Condeixa, conforme era expectativa desta Autarquia, deveria ter funcionado, ainda na referida fase de transição, com os estabelecimentos de ensino que se apresentam seguidamente, os quais se encontram identificados na Planta de Equipamentos. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 301 Quadro 98: Estabelecimentos de ensino (expetativas da autarquia), relativamente a 2010/2011 Freguesia Estabelecimento de Ensino Anobra Belide Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Sebal Vila Seca - JI de Anobra - EB1 de Anobra - EB1 de Belide - JI “Casa da Criança” da SCM - EB1/JI, nº 1 - Centro Escolar (EB1/JI, nº 2) - EB2,3 de Condeixa-a-Nova - ES Fernando Namora - JI de S. Fipo - EB1 de Eira Pedrinha - EB1/JI de Ega - JI de Sebal - JI de Venda da Luísa (poderá encerrar) - JI de Avenal (poderá encerrar) - EB1 de Venda da Luísa - EB1 de Avenal - EB1 de Sebal - EB1 de Bruscos Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 11.4 EQUIPAMENTOS DE SOLIDARIEDADE E SEGURANÇA SOCIAL Com o objetivo de satisfazer as necessidades de grupos sociais mais carentes ou escalões etários mais dependentes, as instituições de solidariedade e segurança social baseiam a sua ação na tentativa da satisfação das necessidades específicas das crianças, dos jovens e dos idosos. No Concelho de Condeixa-a-Nova, essa ação passa designadamente por: apoio à infância e juventude: creches; centros ATL apoio à população idosa: lares; centros de dia; apoio domiciliário; apoio a pessoas com deficiência. 11.4.1 Apoio à Infância e Juventude: Creches e ATL As creches destinam-se a acolher crianças dos 3 meses até aos 2 anos de idade, durante as horas de trabalho dos pais, visando proporcionar igualdade de oportunidades a todas as crianças, nomeadamente as que concorrem para o desenvolvimento físico, emocional, intelectual e social. A existência de equipamento de apoio à infância, em especial no período que antecede a escolaridade obrigatória, torna-se fundamental em áreas onde se verificam elevadas taxas de atividade feminina. De acordo com as normas de programação para este equipamento, a área de irradiação deve estender-se à freguesia e a população base não deverá ser inferior a 5000 habitantes. A unidade mínima não deverá ter menos de 5 crianças, nem a máxima mais de 35. A taxa de cobertura deverá ser, de acordo com os objetivos da Administração Central, de 33%, até 2010. 302 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Existem quatro creches no município de Condeixa-a-Nova, três das quais localizadas na freguesia de Condeixaa-Nova e uma em Condeixa-a-Velha. Em janeiro de 2010, prestavam apoio a 128 crianças, embora o Município dispusesse de capacidade ligeiramente superior para apoiar a população deste escalão etário (a 134 crianças). De um modo geral, estes estabelecimentos apresentam um bom estado de conservação. A avaliação puramente quantitativa esconde naturalmente outras questões, tanto ou mais importantes, que se prendem com a capacidade da oferta satisfazer as necessidades da procura, o que no caso de Condeixa-a-Nova isso não parece acontecer. Apesar de o Concelho possuir capacidade superior aos apoios que presta presentemente (conforme informação de janeiro de 2010), o relatório de Diagnóstico do Programa Rede Social refere a “Baixa cobertura de equipamentos na área da Infância” como uma das fragilidades do Concelho, referindo como causas para esse facto: i) a inexistência de uma rede de creches familiares; ii) o facto de os equipamentos existentes possuírem horários rígidos; iii) a existência de listas de espera nos vários equipamentos; iv) as elevadas mensalidades dos equipamentos privados e, ainda, v) o facto de algumas crianças residentes em Condeixa frequentarem equipamentos de concelhos vizinhos. Quadro 99: Creches no concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 Freguesia Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Total Entidade Proprietária/Instituição Santa Casa da Misericórdia SCM (Casa da Criança de D. Elsa Sotto Mayor) Privado (“Falua”) Privado (“Pintainhos de Ouro”) Capacidade (nº crianças) 48 35 25 26 134 Nº de crianças 48 34 20 26 128 Fonte: MTSS, Carta Social, última atualização em janeiro 2010 ( www.cartasocial.pt) Considerando que em 2009, Condeixa-a-Nova poderia ter aproximadamente seis centenas de crianças com idade para frequentar este tipo de estabelecimento44, o Concelho apresenta uma taxa de cobertura (aproximada) de 20%, encontrando-se ainda abaixo da dotação mínima exigida pelo Estado até 2010, que é de 33%. Em tese, o município de Condeixa-a-Nova deveria ter em 2010, e no caso de se confirmarem os dados populacionais estimados para 2009, uma oferta superior da valência creche, em aproximadamente 8 dezenas de crianças, para cumprir os objetivos traçados pela Administração Central. Os centros de atividades de tempos livres (ATL) destinam-se a acolher crianças com idade compreendida entre a idade legal de ingresso no ensino básico e os 12 anos e funcionam em dois grupos - manhã e tarde. Nestes centros são desenvolvidas atividades de animação socio-recreativa com o objetivo de prevenir situações sociais de risco. 44 Com base nas Estimativas Provisórias da População Residente Intercensitárias, do INE, aplicou-se a 2009, o mesmo peso da população dos 0 aos 2 anos existente em 2001. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 303 Os critérios de dimensionamento oficiais não apresentam valores indicativos, apenas aconselham a existência destas unidades em situações de elevada percentagem de mão de obra feminina e situações de risco social. Existem, no concelho de Condeixa-a-Nova três unidades de ATL, todas localizadas na freguesia de Condeixaa-Nova. A recente abertura do Centro Escolar (EB1/JI nº 2) permitiu uma maior dotação a este nível. Se antes dele, o Concelho apresentava carências (havia sobrelotação nos dois ATL existentes), em 2010, o Concelho ainda possui oferta disponível, o que permite traçar um quadro positivo nesta matéria. Quadro 100: Atividades de Tempos Livres (ATL) no concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 Freguesia Entidade Proprietária Condeixa-a-Nova Cáritas Diocesana de Coimbra Total - Estabelecimento ES com 3º CEB EB n.º1 EB n.º3 Capacidade (Nº alunos) 80 80 100 260 Nº utentes 60 80 71 211 Fonte: MTSS, Carta Social, última atualização em janeiro 2010 ( www.cartasocial.pt) A eventual dotação de mais unidades deverá forçosamente atender ao reordenamento da rede educativa, nomeadamente aos quatros territórios educativos e às necessidades específicas de cada um. Contudo, reiterese que, atualmente, o município ainda tem oferta disponível para cerca de 50 crianças. 11.4.2 Apoio à terceira idade: lares, centros de dia e apoio domiciliário É cada vez mais preocupante, generalizada e problemática, a questão do envelhecimento demográfico e, por consequência, do apoio à 3ª Idade, com todos os problemas que lhes são inerentes. Estas questões começam a ser tratadas/consideradas com mais acuidade, impondo-se o equacionamento do conjunto de condições, que forçosamente terão de vir a ser criadas, de resposta a este fenómeno. O chamado envelhecimento demográfico levanta múltiplos problemas, amplamente conhecidos, nomeadamente a redução de parte dos ativos criará dificuldades acrescidas no financiamento das pensões de reforma, porá em perigo o equilíbrio dos orçamentos de proteção social e aumentará a necessidade de serviços especializados de alojamento. Entre outras consequências, aparentemente mais importantes, coloca-se, precisamente, a questão que interessa nesta abordagem, da "necessidade de serviços especializados de alojamento". O recurso ao Lar obriga ao abandono das casas e, normalmente, têm implícita uma maior dependência dos idosos. Os Centros de Dia têm por objetivo evitar o isolamento dos idosos, favorecendo as relações pessoais e permitem colocar, à disposição dos idosos, formas de ajuda adequadas à sua situação, não obrigando, desta forma, ao abandono das suas casas. O Apoio Domiciliário é considerado a forma mais eficaz e económica de 304 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) resolver o problema do apoio à população idosa, não só por não implicar o abandono do meio familiar, com as consequências psicológicas e sociais que daí advêm, como também a sua existência é menos dispendiosa do que a manutenção de lares. A ajuda domiciliária pode incluir serviços de alimentação, higiene e conforto, assim como trabalhos caseiros e percursos ao ar livre. No concelho de Condeixa-a-Nova existe já uma importante rede de apoio social aos idosos, nomeadamente três lares, seis centros de dia e é prestado apoio domiciliário a todo o Concelho através de duas instituições (Santa Casa da Misericórdia de Condeixa-a-Nova e Centro Social Polivalente/Associação Desportiva Recreativa de Ega). A distribuição dos estabelecimentos é relativamente equilibrada, atendendo a que o setor sul-sudeste, de um modo geral mais desfavorecido e menos povoado, também está dotado de equipamentos de apoio aos idosos Vila Seca e Zambujal possuem centros de dia e o apoio domiciliário também é aqui prestado. As freguesias de Belide, Bendafé, Furadouro e Sebal não possuem qualquer equipamento de apoio social a este escalão da população. Quadro 101: Lares no Concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 Entidade Proprietária Capacidade N.º Utentes Lar e Centro de Dia de Condeixa-a-Nova SCM 130 129 Doce Viver – Alojamento Sénior Doce Viver –lar de idosos, Lda 40 31 Equipamento da Casa de Repouso de N. Sra do Amparo Total Casa de Repouso de N. Sra do Amparo 30 30 200 190 Freguesia Estabelecimento Condeixa-a-Nova Vila Seca Ega Fonte: MTSS, Carta Social, última atualização em janeiro 2010 ( www.cartasocial.pt) Quadro 102: Centros de Dia no Concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 SCM Capacidade (N.º utentes) 12 N.º de Utentes 10 SCM 35 30 SCM Centro Social Polivalente/Associação Desportiva Recreativa de Ega SCM SCM 15 15 30 30 15 10 117 15 10 110 Freguesia Estabelecimento Entidade Proprietária Anobra Centro de Dia de Anobra Lar e Centro de Dia de Condeixa-aNova Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega Vila Seca Zambujal Centro Social Polivalente/ Ass. Desportiva Recreativa de Ega Centro de Dia de Vila Seca Centro de Dia de Zambujal Total Fonte: MTSS, Carta Social, última atualização em janeiro 2010 ( www.cartasocial.pt) 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 305 Quadro 103: Apoio Domiciliário no Concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 Freguesia Estabelecimento Condeixa-a-Nova Lar e Centro de Dia de Condeixa-a-Nova Centro Social Polivalente/Associação Desportiva Recreativa de Ega Total Ega Capacidade (N.º utentes) N.º de Utentes Entidade Proprietária 70 69 Santa Casa da Misericórdia 35 35 Centro Social Polivalente/Associação Desportiva Recreativa de Ega 105 104 Fonte: MTSS, Carta Social, última atualização em janeiro 2010 ( www.cartasocial.pt) Não obstante a dotação no limite quantitativo das três valências (Lar, Centro de Dia e Apoio Domiciliário), nomeadamente no que se relaciona com o ajustamento entre a oferta e a procura, há sinais de carências, embora não facilmente quantificáveis. Efetivamente, por um lado, a utilização quase no limite da oferta disponível, é por si só, indicativo de insuficiência; por outro lado, os documentos do Programa Rede Social mencionam a existência de listas de espera, bem como a utilização dos equipamentos concelhios por população de outros concelhos. Quadro 104: Síntese das Valências de Apoio aos Idosos no concelho de Condeixa-a-Nova, em 2010 Tipologia Lar Centro e Dia Apoio Domiciliário Total Capacidade Instalada 200 117 105 422 Nº de Utentes 190 110 104 404 % de Utilização 95% 94% 99% 96% Fonte: MTSS, Carta Social, última atualização em janeiro 2010 ( www.cartasocial.pt) Em 2009, aproximadamente 10% da população idosa45 do concelho de Condeixa-a-Nova recebia apoio social (404 idosos), o que no quadro nacional é manifestamente pouco, pois a população idosa continua a aumentar e a viver mais tempo, incrementando de forma significativa os índices de dependência de idosos. Outro aspeto a considerar ainda neste âmbito prende-se com o facto de este ser um domínio que deverá, vir a ser cada vez mais exigente em termos de estruturas físicas e humanas de apoio, a julgar pela evolução tendencial da estrutura etária concelhia (regional e mesmo nacional). Ainda, por outro lado, a sociedade tem de estar preparada paras as necessidades dos velhos do futuro. Com efeito, um facto relevante é o de se ter de considerar que os idosos deste século têm características diferentes dos velhos de gerações mais antigas, essencialmente porque têm mais saúde e vão adquirindo, progressivamente, níveis de instrução mais elevados. Com efeito, se as pessoas, atualmente, vivem mais anos, importa que os vivam, também, com mais qualidade, sendo evidente que a sociedade tem de se adaptar a estas mudanças e criar novos padrões de consumo e novas respostas sociais adaptados a esta nova realidade. 45 População Idosa Estimada em 2007 (INE-Estimativas da População Residente Intercensitárias) 306 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 11.4.3 Reabilitação e integração de pessoas com deficiência e de doentes do foro mental Em 2001, a população com deficiência representava 10% da população concelhia (1475 pessoas), apresentando diferentes tipos de deficiência: auditiva (10%), visual (27%), motora (20%), mental (23%), paralesia cerebral (1% e outras deficiências (19%). Para além da crescente necessidade de integração destas pessoas na vida coletiva a melhor resposta será aquela que, favorecendo essa integração, contribui para a crescente eliminação de situações discriminatórias. Por outro lado, as respostas institucionais a esta parcela da população, é outro elemento fundamental, para a sua melhor integração e apoio social. O concelho de Condeixa-a-Nova possui duas instituições destinadas à população com deficiência. O Centro de Actividades Ocupacionais de Condeixa-a-Nova pertence à APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) e a sua intervenção baseia-se numa ”perspectiva integrativa e globalizante, em que todo o processo de intervenção se centra na valorização positiva e contínua da evolução pessoal e individual” (Pré-Diagnóstico Social, Conselho Local de Acção Social de Condeixa-a-Nova). O Centro de Atividades Ocupacionais Condeixa-a-Nova pertence à APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental) e a sua intervenção baseia-se numa ”perspetiva integrativa e globalizante, em que todo o processo de intervenção se centra na valorização positiva e contínua da evolução pessoal e individual” (Pré-Diagnóstico Social, Conselho Local de Ação Social de Condeixa-a-Nova). A população-alvo é composta por jovens e adultos de ambos os sexos, a partir dos 15 anos, com qualquer grau de deficiência. O âmbito geográfico de intervenção para além do Concelho estende-se a outros concelhos vizinhos. As atividades que desenvolvem são a ocupacional e a formação profissional. Em 2005, na área ocupacional apoiavam 37 indivíduos e na área profissional apoiavam 13 formandos. O centro dispõe também de “Lavandaria Social” e está aberto a toda a comunidade. A Casa de Saúde Rainha Santa Isabel é uma IPSS e localiza-se perto do centro da vila de Condeixa-a-Nova e a sua ação passa pela prevenção, tratamento e reabilitação de doentes em Saúde Mental e Psiquiatria, numa visão integral da pessoa. A instituição dedica-se exclusivamente ao setor psiquiátrico, acolhendo unicamente mulheres de qualquer parte do país e a unidade de Condeixa enquadra-se no setor psicogeriátrico e engloba doentes mentais crónicas na terceira idade e em situação de longo internamento. Em fevereiro de 2008, a Casa de Saúde integrava 300 mulheres, sendo esta a capacidade máxima da unidade. Não obstante a existência destas instituições, considera-se que ainda não são as suficientes para a população residente, sobretudo fazendo-se sentir de modo particular, a inexistência de um Lar Residencial para as pessoas portadoras de deficiência. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 307 11.4.4 Necessidades de apoio social identificadas no Programa Rede Social Em consonância com a análise mais quantitativa e mais atualizada realizada no presente documento de caracterização do PDM, as principais conclusões/propostas de intervenção no domínio social presentes nos documentos do Programa Rede Social do Município de Condeixa-a-Nova (2006), reforçam as principais fragilidades identificadas e definem necessidades de intervenção prioritária, nomeadamente: creches, rede de creches familiares, espaços alternativos para jovens, loja social, equipa multidisciplinar de apoio social direto, bolsa de voluntariado social, lar de idosos, lar residencial para deficientes, unidade de saúde de cuidados continuados e revitalização da escola de Pais e Avós. Das componentes abordadas no presente estudo, destacam-se as fragilidades identificadas na Rede Social46: Creches e rede de creches familiares Espaços alternativos para jovens Lar de idosos Lar residencial para deficientes . Baixa cobertura de equipamentos na área da Infância . Inexistência de Rede de creches familiares . Equipamentos existentes com horários rígidos . Listas de espera nos equipamentos existentes . Crianças residentes em Condeixa a frequentarem equipamentos de concelhos vizinhos . Equipamentos privados de elevada mensalidade. . Insuficiência de centros de ATL para crianças e jovens . Desadequação dos horários de ATL face ao período pós-letivo . Ausência de espaços alternativos integrados, de educação e lazer dirigidos a jovens . Insuficiência de lares de idosos no Concelho, . Os (poucos) lares existentes, para além da população local, também apoiam residentes de outros concelhos . Alguns idosos sem qualquer apoio diurno e noturno . Idosos em situação de dependência . Equipamentos pouco dinâmicos e inovadores . Inexistência de Lar Residencial para pessoas portadoras de deficiência . Crescimento do nº de pessoas portadoras de deficiência . População deficiente sem apoio institucional noturno . Famílias sem capacidade de resposta 11.5 EQUIPAMENTO DE SAÚDE O equipamento de saúde considerado integra as seguintes tipologias: Centros de Saúde Extensões do Centro de Saúde Farmácias 11.5.1 Centros de Saúde e Extensões Os equipamentos de saúde existentes no Concelho enquadram-se exclusivamente no âmbito dos cuidados de saúde primários (Centro de Saúde, Unidade de Saúde Familiar e Extensão de Saúde). 46 Fonte: CMCN (Programa rede Social -Proposta de Diagnóstico Social de Condeixa-a-Nova, 2006) 308 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Os centros de saúde constituem o primeiro nível de contacto da população com os serviços de saúde, cujo objetivo é o diagnóstico e a resolução de situações de doença que não necessitem de cuidados especializados. Em termos indicativos, os Centros de Saúde deverão localizar-se nas sedes de concelho. As extensões destes centros justificam-se em zonas de fraca acessibilidade da área de influência do centro de saúde e, geralmente, correspondem à área geográfica da freguesia. Existe um Centro de Saúde em Condeixa-a-Nova que engloba 3 extensões do mesmo nas freguesias de Anobra, Ega e Sebal (foi fechada recentemente a Extensão de Saúde de Vila Seca) e uma Unidade de Saúde familiar (USF) coincidindo com as freguesias que registam os maiores volumes populacionais do Concelho, com exceção de Condeixa-a-Velha (dada a proximidade física, os utentes desta freguesia são abrangidos pelo Centro de Saúde e pela Unidade de Saúde Familiar). Estão inscritos no total das valências 17330 utentes e são prestadas, em média, 345 consultas/dia. O estado de conservação destes equipamentos é, na maior parte dos casos, bom. Os cuidados de saúde secundários são prestados pelo Centro Hospitalar de Coimbra (CHC), que constitui o hospital de referência para o Concelho e que se encontra a uma distância-tempo de aproximadamente 11 minutos do Centro de Saúde de Condeixa, sendo que no contexto da sub-região do Baixo Mondego, é o CS que se encontra a menor distância do CHC. Quadro 105 - Centro de Saúde e Extensões no concelho de Condeixa-a-Nova, 3/2008 Freguesia Condeixa-a-Nova Tipologia Centro de Saúde – sede Utentes Inscritos Tipo de Instalações Estado de Conservação 15278 Próprias Bom Unidade de Saúde Familiar Anobra Extensão de Saúde 821 Adaptadas (c/ construção de raiz) Bom Ega Extensão de Saúde 731 - Bom Sebal Extensão de Saúde 500 Adaptadas (Casa do Povo) Razoável Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova Considerando a atual dotação do município nesta matéria, o rácio habitantes/unidades de saúde é de 3611 (2009). Pode-se, assim, afirmar que a população de Condeixa estará, em termos quantitativos, bem servida no que respeita à oferta destes serviços. Numa avaliação de pendor mais qualitativo, o Programa Rede Social identificou como uma fragilidade importante do município e, por esse motivo, uma das prioridades de intervenção nesta matéria, a necessidade de uma Unidade de Cuidados Continuados, justificada por alguns fatores essenciais do ponto de vista da autarquia, nomeadamente: a falta de serviços específicos no âmbito da reabilitação e autonomização do 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 309 doente/dependente, significativo número de doentes com alta médica e sem reunirem as condições no domicílio, famílias negligentes e ausentes, inexistência de apoio domiciliário integrado, índice de dependência de idosos elevado, entre outros. 11.5.2 Farmácias A implantação de farmácias, segundo a legislação em vigor (Portaria 1430/2007, de 2 de novembro), está condicionada à capitação de pelo menos 3500 habitantes/farmácia e a uma área de irradiação de 250m, sendo esta capitação a que confere a “melhor cobertura farmacêutica”. As seis farmácias existentes no Concelho localizam-se nas freguesias de Anobra (1), Condeixa-a-Nova (2), Condeixa-a-Velha (1), Ega (1) e Sebal (1). Em relação à capitação farmácia/habitantes, o Concelho responde, atualmente, com o volume populacional de 2001, no aos critérios estabelecidos, pois para a população residente de então (15340 habitantes), seriam necessárias apenas 4,4 farmácias. Também atendendo dados populacionais do INE (Estimativas Provisórias da População Residente Intercensitárias), para 2009, que estima que o concelho possuísse cerca de 18.060 habitantes, se verifica que a dotação de farmácias se mantém ajustada às necessidades de acordo com os critérios da “melhor cobertura farmacêutica”, em consonância com a legislação vigente. 11.6 EQUIPAMENTO DESPORTIVO Na análise da situação dos equipamentos desportivos do concelho de Condeixa-a-Nova consideram-se todas as áreas desportivas existentes, cujo acesso à prática desportiva é permitido à população em geral, incluindo os recintos integrados no parque escolar. Estas áreas, designadas de “Área Desportiva Útil “ou “Dimensão Funcional Útil”, referem-se às superfícies delimitadas pelo traçado do jogo ou prática, acrescidas das áreas de segurança mínimas necessárias. Segundo as Normas para a Programação de Equipamentos Coletivos (GEPAT) e em conformidade com as recomendações do Conselho da Europa e do Conselho Internacional para a Educação Física e o Desporto (UNESCO), deve ser atribuída a quota global de 4 m2 de superfície desportiva útil (também designada de Dimensão Funcional Útil) por habitante. Evidentemente que se trata de uma base normativa sem caráter rígido e que deve adaptar-se, com a necessária flexibilidade às variáveis específicas de cada território. No Concelho predominam os pequenos campos de jogos (15), seguidos pelos pavilhões/salas de desporto (6), pelos grandes campos de jogos (5) e pelas piscinas cobertas e descobertas (4). 310 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Todas as freguesias do Concelho possuem pelo menos uma instalação desportiva, com exceção de Zambujal que não possui nenhuma. Não obstante este cenário, verificam-se grandes desigualdades espaciais na distribuição destes equipamentos, mesmo sem ser feita a aferição com a população residente de cada freguesia. Esta aferição não é realizada porque não existindo dados populacionais por freguesia para 2009 e estimando-se que a população entre 2001 e 2009 tenha aumentado em 2718 indivíduos, não seria correto utilizar dados com momentos temporais tão desfasados. Quadro 106: Número e área47 (m2) dos equipamentos desportivas do concelho de Condeixa-a-Nova, por freguesia, 2010 Freguesias Grandes Campos de Jogos N.º Área (m2) 1 5000 2 13957 2 10000 Anobra Belide Pequenos Campos de Jogos N.º Área (m2) 1 800 Pavilhões e Salas de Desporto N.º Área (m2) Piscinas (cobertas e descobertas) N.º Área (m2) Área Total (m2) 800 5000 Bendafé 1 360 6 5617 2 2700 2 4050 1 375 2 1925 Furadouro 1 900 Sebal 1 800 2 1000 1800 Vila Seca 1 800 1 342 1142 15 15252 6 4417 Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha Ega 360 4 1216 23490 4425 11925 900 Zambujal Total 5 28957 4 1216 49842 Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova Quadro 107:Dimensão Funcional Útil, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 Freguesias População 2001 População 2009 Área Desportiva 2010 Anobra 1357 800 Belide 279 5000 Bendafé 117 360 Condeixa-a-Nova 3980 23490 Condeixa-a-Velha 3318 4425 Ega 2882 18058 11925 Furadouro 223 900 Sebal 1793 1800 Vila Seca 962 1142 Zambujal 429 0 15340 49842 Total Área útil/habitante 2009 2,8 Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 47 Superfície Desportiva Útil ou Dimensão Funcional Útil 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 311 No seu conjunto, estima-se que a relação área desportiva útil/habitante mais próxima da realidade atual (2010) se cifra nos 2,8 m2, encontrando-se significativamente abaixo da área indicada oficialmente, que é de 4m2. Para além deste facto, constata-se que existe ainda uma grande discrepância entre a distribuição tipológica recomendada e a existente no município, destacando-se o peso, bastante abaixo, do recomendado ao nível dos espaços desportivos ao ar livre e, por outro lado, o excesso, em termos relativos das áreas afetas a pavilhões desportivos e salas de desporto polivalente. Os planos de água, neste conjunto, também apresentam área em excesso. Refira-se contudo que a implementação prevista do Complexo Desportivo de Condeixa, no qual se prevê a instalação de um campo de relvado sintético, irá contribuir decerto para o atenuar desta insuficiência. Quadro 108. Dimensão funcional Útil recomendada e existente, de acordo com tipologia, 2010 Tipologias Ar livre Salas de Desporto Superfícies de plano de água Área Recomendada (%) 95% 2 a 2,5% 1,5% Área Existente em Condeixa-a-Nova (%) 88,7 8,9 2,4 Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova. Não obstante esta dotação que, segundo os valores de referência oficiais, é insuficiente, é importante pôr em evidência outras instalações desportivas que o Concelho possui, mas que assumem um caráter recreativo e que, por isso, não entram na contabilização da Dimensão Funcional Útil48. Contudo, assumem-se como importantes espaços/equipamentos de apoio à população local para uma prática desportiva mais informal e recreativa, tanto ou mais importante, sendo “fundamental a disponibilização de condições de recreio e desporto no espaço público residencial e designadamente nas vizinhanças de Proximidade” (António Batista Coelho, Infohabitar, Nov.2009). Como equipamentos desportivos/recreativos existem em Condeixa-a-Nova os seguintes: campo de mini-golfe e polidesportivo (ambos no Parque Verde), um mini-campo junto ao centro de saúde, um polidesportivo na urbanização Nova Conímbriga, uma piscina descoberta (em Ega) e um campo de tiro. Tendo em consideração a dotação atual e as expectativas do continuado crescimento demográfico, o concelho de Condeixa-a-Nova deverá, no futuro, ampliar a sua dotação de equipamentos desportivos, devendo direcionar os investimentos para as instalações desportivas ao ar livre. 11.7 EQUIPAMENTO CULTURAL A rede de equipamentos culturais de Condeixa é relativamente reduzida, no entanto, existem alguns equipamentos de qualidade e com reconhecimento à escala regional e até nacional, como é o caso do Museu Monográfico das Ruínas de Conímbriga (a sua finalidade é a preservação e a investigação dos achados 48 Superfície delimitada pelo traçado do jogo ou prática, acrescida das áreas de segurança mínimas necessárias. 312 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) arqueológicos das ruínas), em Condeixa-a-Velha e a Casa Museu Fernando Namora (dá a conhecer o trajeto da vida e a personalidade artística multifacetada de Fernando Namora), na vila de Condeixa. Para além destes equipamentos, destaca-se, ainda, a Biblioteca Municipal que oferece ao público um acervo muito significativo, com várias áreas de interesse: filosofia, literatura (portuguesa e estrangeira), história (portuguesa e universal), desporto, arte, religião, ciências, ciências sociais, psicologia, biografias. Organizada em três principais secções, de acordo com diferentes faixas etárias - infantil, juvenil e adulta - a biblioteca constitui um espaço de leitura e de estudo bastante aprazível e favorece o contacto com as novas tecnologias, possibilitando o acesso dos utentes à Internet. Existem ainda alguns espaços de exposições (Galeria Manuel Filipe, na Casa Museu Fernando Namora e o Foyer do Cine-teatro dos Bombeiros Voluntários de Condeixa), um Micro-Complexo Museológico de Artes e Ofícios, uma rádio regional, o posto de turismo e três salões de festas (em quintas privadas). Estão previstos, nesta matéria, a construção do Centro Cultural Fernando Namora na Quinta de S. Tomé, em Condeixa-a-Nova. Quadro 109: Equipamento Cultural e de Recreio no concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 Tipologia Cine-Teatro dos Bombeiros Voluntários de Condeixa-a-Nova Biblioteca Municipal de Condeixa Casa Museu Fernando Namora Museu Monográfico de Conímbriga Micro Complexo Museológico de Artes e Ofícios Salão de Festas: Quinta do Clero (privado) Quinta das Abertas (privado) Quinta do Travaz (privado) Centro de Exposições: - Casa Museu Fernando Namora - Galeria Manuel Filipe - Foyer do Cine-teatro (Bombeiros Voluntários de Condeixa) Rádio Regional do Centro (os estúdios) Posto de Turismo (nas Instalações da Câmara Municipal) Nº de Unidades 1* 1 2 3 Freguesia e Lugar Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Velha, Condeixa-a-Velha Zambujal, Zambujal Condeixa-a-Velha, Bom Velho de Baixo Ega, São Fipo Condeixa-a-Nova, Casal da Estrada 3 Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Nova 1 1 Condeixa-a-Velha Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Nova * Não se encontra licenciado para a realização de espetáculos. Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova A competitividade gerada pela cidade de Coimbra, neste como noutros domínios, poderá condicionar de certa forma um maior desenvolvimento da rede de equipamentos culturais ou outros. Contudo, o equipamento cultural, enquanto estrutura física fixa, não traduz, necessariamente, a atividade cultural de um concelho ou região, estando esta, sobretudo, dependente de uma política autárquica de promoção cultural e do dinamismo dos grupos e das associações culturais e recreativas. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 313 É, com efeito, uma realidade, que a atividade associativa do Concelho é marcada pela existência de um vasto conjunto de associações, com incidência para as atividades desportivas, culturais e recreativas (cf. Quadro seguinte), contando-se mais de quatro dezenas de associações. Quadro 110: Associações culturais, recreativas e desportivas, no concelho de Condeixa-a-Nova, em 02/2008 Freguesia Anobra Belide Bendafé Condeixa-a Nova Condeixa-a-Velha Ega Furadouro Sebal Vila Seca Zambujal, Lugar Anobra Casal da Légua Casal S. João Belide Bendafé Barreira Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Nova Condeixa-a-Nova Alcabideque Atadoa Avessada Bom Velho de Cima Eira Pedrinha Eira Pedrinha Nova Conímbriga Sra. das Dores Ameixeira Arrifana Campizes Casal do Missa Casével Ega Rebolia São Fipo Vale de Janes Casmilo Avenal Casal da Estrada Casével Sebal Sebal Sebal Sobreiro Venda da Luísa Alcouce Bruscos Casal Balaus Traveira Vila Seca Zambujal Associação União Desportiva de Anobra Associação Desportiva de Palhagões e Casal da Légua Associação Desportiva Recreativa e Cultural de Casal S. João Centro Social e Cultural de Belide Associação Recreativa e Cultural de Bendafé Centro Cultural e Recreativo de Barreira Núcleo Sportinguista de Condeixa Casa do Benfica de Condeixa Clube de Condeixa Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de Condeixa Serviços Sociais dos Trabalhadores da Câmara Municipal Núcleo de Espeleologia de Condeixa Centro Cultural e Recreativo de Alcabideque Associação Cultural e Desportiva de Atadoa e Atadoinha Centro Cultural de Avessada Associação Desportiva Bom Velho de Cima Rancho Folclórico e Etnográfico de Eira Pedrinha Comissão de Melhoramentos de Eira Pedrinha Associação de Moradores da Urbanização Nova Conímbriga Associação Recreativa e Cultural de Sra. das Dores Associação Cultural e Desportiva de Ameixeira Associação Desportiva e Recreativa de Arrifana Centro Desportivo de Campizes Associação Desportiva de Casal do Missa Clube de Caça e Pesca de Casével Centro Social de Ega Associação Desportiva e Recreativa de Rebolia Centro Cultural e Recreativo de São Fipo Associação Cultural e Recreativa de Vale de Janes Centro Recreativo e Cultural de Casmilo Associação Desportiva de Avenal Associação de Fornos Ribeira e Casal da Estrada União Desportiva de Casével Centro Recreativo e Cultural de Sebal Pequeno Casa do Povo de Sebal Grupo Desportivo de Sebal Clube Desportivo de Sobreiro Associação Desportiva Recreativa e Cultural de Venda da Luísa Associação Desportiva de Alcouce Centro Cultural e Recreativo de Bruscos Associação Recreativa e Cultural de Casal Balaus Associação Desportiva de Traveira União Recreativa de Vila Seca Associação de Jovens da Freguesia de Zambujal Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 314 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 11.8 EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA E PROTEÇÃO CIVIL Os equipamentos de segurança pública considerados são a PSP/GNR e os Bombeiros. A manutenção da segurança e ordem públicas e a proteção e defesa da propriedade privada, bem como a regulação e controlo do trânsito, são asseguradas pela Polícia de Segurança Pública (PSP), no caso de áreas urbanas com mais 10000 habitantes, e pela GNR, no caso das áreas rurais ou em aglomerados com menos de 10000 habitantes. Os equipamentos dos Bombeiros, designados por Quartéis destinam-se a efetuar missões de socorro, nomeadamente no combate ao fogo, no transporte de feridos, etc. As instituições de prevenção e segurança existentes no concelho de Condeixa-a-Nova são a GNR, e os Bombeiros/INEM e a Proteção Civil, todos localizados na freguesia de Condeixa-a-Nova. O posto da GNR possui instalações próprias, de dimensão suficiente para as necessidades, possui 26 efetivos e encontra-se em bom estado de conservação. As instalações dos Bombeiros são consideradas reduzidas e encontram-se em razoável estado de conservação, no entanto, já está prevista a sua relocalização. Quadro 111: Equipamento de Segurança e Proteção Civil, no concelho de Condeixa-a-Nova, 2010 Tipo de Unidade Posto da GNR (Posto / EPNA / EPF) Quartel de Bombeiros Freguesia N.º de efetivos Tipo de Instalações Estado de Conservação Dimensão Condeixa-a-Nova 26 Próprias Bom Suficiente Condeixa-a-Nova 112 Próprias Razoável Reduzidas Fonte: Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova 11.9 OUTROS EQUIPAMENTOS Para além dos equipamentos abordados nos pontos anteriores e pelas razões oportunamente referidas, o município de Condeixa-a-Nova é detentor de outros equipamentos, localizados na Planta de Equipamentos e que vão desde os Religiosos (igrejas, capelas, cemitérios), os de Lazer e Recreio (espaços desportivos de base recreativos, associações), Administração e Outros Serviços Públicos e Comerciais (mercados). 11.10 SÍNTESE CONCLUSIVA Condeixa-a-Nova é um concelho razoavelmente equipado quando dimensionado com a população residente, contudo, a contínua pressão demográfica exercida sobre este Concelho tem sido mais rápida do que a capacidade institucional de dar resposta às necessidades emergentes. Existem, alguns domínios em que se deverá intervir, de modo a dar uma resposta mais adequada às necessidades atuais e previsíveis da população. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 315 Na ótica da distribuição espacial dos equipamentos coletivos, salienta-se a maior concentração de equipamentos coletivos e, naturalmente os de ordem superior nas freguesias que integram a vila (Condeixa-a-Nova e Condeixa-a-Velha) e que as freguesias de Ega e Sebal são as segunda e terceira melhor equipadas do Concelho. As freguesias de Furadouro, Bendafé, Belide e Zambujal, são menos dotadas, possuindo apenas um equipamento de utilização coletiva (somente considerando os equipamentos de educação, solidariedade e segurança social, saúde, desportivos e culturais). Uma avaliação-síntese, por equipamentos, permite as seguintes afirmações: 1. Ao nível do setor da educação, o Concelho encontra-se relativamente bem dotado face aos quantitativos populacionais em presença, embora a rede educativa se encontre desajustada das atuais necessidades educativas. Com uma distribuição territorial que privilegia o setor noroeste e central, em detrimento do setor sul/sudeste, a rede educativa do Município de Condeixa-a-Nova integra, presentemente, 25 estabelecimentos dos diferentes níveis de ensino, disponibilizando o 1º CEB e a Educação Pré-escolar um número de estabelecimentos bastante idêntico, respetivamente, 11 e 10 estabelecimentos. Os restantes quatro estabelecimentos de ensino encontram-se distribuídos pelos 2º e 3º CEB (2 estabelecimentos), Ensino Secundário e Ensino Profissional. O reordenamento da rede escolar preconizado na Carta Educativa do município aponta para grandes transformações na rede de equipamentos escolares, sobretudo ao nível do pré-escolar e do 1º ciclo: criação de 4 territórios educativos (Belide, Condeixa-aNova, Sebal e Vila Seca) e a criação de seis centros educativos, dois dos quais a construir de raiz. 2. Os serviços de saúde no concelho de Condeixa-a-Nova são prestados pelo Centro de Saúde, pela Unidade de Saúde Familiar e pelas três extensões localizadas em Anobra, Ega, Sebal. O estado de conservação dos equipamentos é, na sua maioria, bom. Os cuidados de saúde secundários são prestados pelo Centro Hospitalar de Coimbra, que constitui o hospital de referência para o Concelho e que se encontra a uma distância-tempo de aproximadamente 11 minutos do Centro de Saúde de Condeixa. Existem 6 farmácias no Concelho distribuídas pelas freguesias de Anobra (1), Condeixa-a-Velha (1), Condeixa-a-Nova (2), Ega (1) e Sebal (1), consideradas suficientes a uma adequada cobertura farmacêutica face à população residente. Da análise global e quantitativa, considera-se que o Concelho está bem dotado de equipamentos de saúde quando dimensionados com a população residente, contudo, é uma necessidade prioritária uma unidade de saúde de cuidados continuados face às características da população local. 3. Ao nível do apoio social nos seus diferentes domínios, há a registar, no apoio à infância, a existência de quatro creches no município de Condeixa-a-Nova, todas localizadas no centro urbano de Condeixa-a-Nova. Em janeiro de 2010, prestavam apoio a 128 crianças, valor que face à população esperada em 200949 com 49 Valor estimado e o mais atualizado que existe a nível oficial. 316 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) idade para frequentar este tipo de estabelecimento50, se traduziria numa taxa de cobertura (aproximada) de 20%, bastante abaixo da dotação mínima exigida pelo Estado até 2010, que é de 33%. Numa análise global, consideram-se insuficientes as creches existentes. Ao nível das Atividades de Tempos Livres, existem três equipamentos que prestam este serviço, considerados suficientes para as necessidades da população (ainda há oferta disponível para cerca de 5 dezenas de crianças). No apoio à 3ª idade, existe uma rede considerável, embora seja considerada insuficiente para as necessidades da população idosa local. Existem três lares, seis centros de dia e é prestado Apoio Domiciliário a todo o Concelho através de duas instituições (Santa Casa da Misericórdia de Condeixa-aNova e Centro Social Polivalente/Associação Desportiva Recreativa de Ega). A distribuição dos estabelecimentos é relativamente equilibrada, atendendo a que o setor sul-sudeste, de um modo geral mais desfavorecido e menos povoado, também está dotado de equipamentos de apoio aos idosos -Vila Seca e Zambujal possuem centros de dia e o apoio domiciliário também é aqui prestado. Contudo, existem ainda freguesias que não possuem qualquer equipamento de apoio social a idosos (Belide, Bendafé, Furadouro e Sebal). No seu conjunto, os equipamentos e as valências de assistência à terceira idade (lares, centros de dia e apoio domiciliário), apoiam apenas 10% da população com mais de 65 anos do Concelho, o que é manifestamente insuficiente. Não só a dotação atual, como o tendencial envelhecimento da população, deverá vir a exigir uma muito maior dotação do Concelho a este nível. No caso do apoio às pessoas com deficiência, não obstante a existência de duas instituições de apoio, destaca-se a inexistência de Lar Residencial para pessoas portadoras de deficiência. 4. Na oferta de equipamento desportivo salienta-se a tipologia designada por “pequenos campos de jogos” (15), os quais são seguidos pelos pavilhões/salas de desporto (6), pelos grandes campos de jogos (5) e pelas piscinas cobertas e descobertas (4). A área desportiva útil do município é de 49.850 m2, a qual é considerada insuficiente mediante a aplicação do valor oficial internacional que dá indicação para o desejável cumprimento de 4m2/habitante. Estima-se que Condeixa-a-Nova não ultrapasse os 2,8m2/habitante (a julgar pelos dados populacionais do INE para 2009 e as áreas desportivas existentes em 2010). Por outro lado, Condeixa apresenta ainda um distanciamento relevante da distribuição tipológica das áreas desportivas, apresentando défice de áreas ao ar livre e excesso de pavilhões e salas de desporto. Os 2,8 m2/habitante escondem, contudo, situações bastante assimétricas. 5. A rede de equipamentos culturais de Condeixa é relativamente reduzida, no entanto, existem alguns equipamentos de qualidade e com reconhecido destaque à escala regional e até nacional, como é o caso do Museu Monográfico das Ruínas de Conímbriga e a Casa Museu Fernando Namora. Para além destes, destaca-se, ainda, a Biblioteca Municipal, alguns espaços de exposições (Galeria Manuel Filipe, na Casa 50 Com base nas Estimativas da População Residente Intercensitárias, do INE, aplicou-se a 2007, o mesmo peso da população dos 0 aos 2 anos existente em 2001. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 317 Museu Fernando Namora e o Foyer do Cine-teatro dos Bombeiros Voluntários de Condeixa), o microcomplexo museológico de Artes e Ofícios, uma rádio regional, o posto de turismo e três salões de festas (em quintas privadas). Estão previstos, nesta matéria a construção do Centro Cultural Fernando Namora na Quinta de S. Tomé, em Condeixa-a-Nova. 6. Os equipamentos de segurança e proteção civil existentes em Condeixa-a-Nova são a Guarda Nacional Republicana, os Bombeiros/INEM e a Proteção Civil. O posto da GNR possui instalações próprias, de dimensão suficiente para as necessidades, conta com 26 efetivos e encontra-se em bom estado de conservação. As instalações dos Bombeiros são consideradas reduzidas e encontram-se em razoável estado de conservação, estando, no entanto, já prevista a sua relocalização. 7. Os outros equipamentos existentes do município integram-se nas seguintes categorias: Religiosos, Recreio e Lazer, Administração e Serviços Públicos e Comerciais. Em síntese, estamos em presença de um concelho razoavelmente equipado quando dimensionado com a respetiva população, contudo, o continuado crescimento demográfico, confirmando a capacidade atrativa de Condeixa-a-Nova, não tem sido acompanhado pela capacidade institucional de dar resposta às necessidades emergentes, havendo, por isso, espaço para: reordenamento da rede educativa (em implementação, conforme a Carta Educativa do município); ampliação da dotação de equipamentos sociais de apoio tanto a jovens (creches) como aos idosos; ampliação dos serviços de saúde (dotação de uma Unidade de Saúde de Cuidados Continuados e de uma Unidade Móvel de Saúde) ampliação e diversificação da rede de equipamentos desportivos. As expectativas da continuação do crescimento demográfico de Condeixa-a-Nova no horizonte do PDM vão exigir a ampliação da rede de equipamentos de utilização coletiva existentes, de forma a poderem responder adequadamente às necessidades decorrentes da pressão demográfica esperada. 318 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 12. VALORES CULTURAIS Neste capítulo far-se-á uma abordagem do território concelhio no que diz respeito ao património arquitetónico e arqueológico, tendo em vista a sua salvaguarda, valorização e divulgação. São ainda identificados alguns conjuntos com interesse pela sua unidade, integração na paisagem ou pelo seu valor histórico. Condeixa-a-Nova possui um expressivo conjunto de imóveis com valor patrimonial que testemunham as diversas épocas de ocupação do seu território. No contexto da revisão do PDM, não se pretende fazer uma abordagem exaustiva sobre esta temática, sendo preocupação central a identificação dos principais valores culturais em presença, de forma a que, no âmbito da definição das estratégias de desenvolvimento e do modelo de ordenamento se definam orientações e normas com vista às sua preservação e dinamização. O Homem criou, ao longo dos tempos, obras que constituem um património que importa estudar, proteger e divulgar. Durante várias décadas assistiu-se a uma progressiva destruição deste património, por ignorância, abandono ou desprezo, em detrimento das novas formas de cultura importadas e estandardizadas que não conseguiam dialogar em harmonia com as formas tradicionais próprias do meio envolvente. Contudo, nas últimas décadas tem-se assistido a uma consciencialização crescente da importância que assume a defesa do património cultural assistindo-se, progressivamente, à inventariação, valorização e salvaguarda de edifícios, conjuntos e locais com valor próprio ou de enquadramento. O concelho de Condeixa-a-Nova guarda ainda vestígios da vida dos povos que, ao longo dos séculos, o ocuparam, possuindo um património rico e variado. O seu património cultural extravasa o conjunto de imóveis classificados, face à presença de diversos edifícios, não só de arquitetura erudita, mas de feição mais popular, bem como diversos vestígios arqueológicos, que urge proteger. Quanto à legislação existente sobre esta matéria, o conceito e o âmbito de Património Cultural vêm definidos na Lei n.º 107/2001 de 8 de setembro, que atualizando a Lei n.º 13/85, estabelece as bases da política e do regime para a sua proteção e valorização desta realidade da maior importância para a compreensão, salvaguarda e estruturação da identidade nacional e para a democratização da cultura. As disposições da Lei n.º 107/2001 aplicam-se apenas à classificação de bens culturais imóveis que mereçam a designação de monumento nacional ou de interesse publico e, quando assim seja previsto na legislação de desenvolvimento desta lei, aos bens classificados como de interesse municipal. Há ainda a considerar o Decreto-Lei n.º 309/ 2009, de 23 de outubro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 115/2011, de 5 de dezembro, que estabelece os procedimentos de classificação dos bens imóveis de interesse cultural, bem como o regime 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 319 jurídico das zonas de proteção e do plano pormenor de salvaguarda, o Decreto-Lei n.º 140/ 2009, de 15 de junho, que estabelece o regime jurídico dos estudos, projetos, relatórios obras ou intervenções sobre bens culturais classificados ou em vias de classificação, e o Decreto-Lei n.º 138/ 2009, de 15 de junho, que cria fundo de salvaguarda do Patrimonio Cultural. No âmbito da legislação aplicável, consideram-se imóveis com valor cultural os que, do ponto vista histórico, arqueológico, artístico, científico, social ou técnico, são particularmente notáveis pela sua antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade, e por isso devem ser objeto de especial proteção e valorização. Assim sendo, a proteção legal destes bens tem por base a sua classificação e inventariação, podendo ser classificados de acordo com a seguinte hierarquia: de interesse nacional, sejam monumentos, conjuntos ou sítios, adotando-se a designação “Monumento Nacional”, quando representam um valor cultural de significado para a Nação. Podem ainda incluir bens culturais imóveis incluídos na lista do património mundial; de interesse público quando representam ainda um valor cultural de importância nacional, mas para os quais o regime de proteção inerente à classificação como de interesse nacional se mostra desproporcionado; de interesse municipal quando representam um valor cultural de significado predominante para um determinado município. A proteção legal dos bens com valor cultural classificados é fixada por Decreto, quando se trate de monumento nacional, por Portaria quando se trate de um bem com interesse público, e por competência da Câmara Municipal quando são de interesse municipal. Estes bens imóveis classificados ou em vias de classificação, beneficiam na sua envolvente de um zona de proteção de 50 m contados a partir dos limites externos do imóvel, fixada automaticamente com o início do procedimento de classificação, sendo recomendado que estes disponham ainda de uma zona especial de proteção (ZEP), fixada por Portaria, onde é indicada a área sujeita a servidão e os encargos por ela impostos. Esta ZEP pode incluir zonas non aedificandi. O Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de outubro introduz ainda o conceito de zona especial de proteção provisória que “é fixada quando a zona geral de proteção se revele insuficiente ou desadequada para a proteção e valorização do bem imóvel”. A caracterização dos valores culturais teve como base, para além do trabalho de campo realizado, a consulta de documentação diversa, nomeadamente a disponibilizada pelos organismos da administração central com tutela sobre o património cultural (DRCC, IGESPAR), bem como a que consta do PDM em vigor. Todo este conjunto de valores culturais foi identificado na peça desenhada n.º 08. 320 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 12.1 PATRIMÓNIO CLASSIFICADO No concelho de Condeixa-a-Nova existem dez imóveis classificados: dois Monumentos Nacionais, seis Imóveis de Interesse Público e dois Imóveis de Interesse Municipal. Monumentos Nacionais Ruínas de Conímbriga - Arqueologia/ Cidade (Condeixa-a-Velha) (Decreto de 16 de junho de 1910, DG n.º 136, de 23 de junho de 1910, ZEP - DG n.º 277, II Série, de 25 de novembro de 1971); Aqueduto Romano de Conímbriga e do "Castellum" de Alcabideque - Arquitetura Civil/ Aqueduto (Condeixa-a-Velha) (Decreto n.º 47508, DG n.º 20, de 24 de janeiro de 1967, ZEP - DG n.º 277, II Série, de 25 de novembro de 1971). Ruínas de Conímbriga (Condeixa-a-Velha) – situadas na via que ia de Olisipo (atual Lisboa) a Bracara Augusta (atual Braga), correspondem a um núcleo urbano romano do Ocidente hispânico com vestígios de pré-fixação céltica (anteriores ao Séc. I a.C.) e posterior ocupação suévica (depois do Séc. V). Este núcleo é compreendido pelo fórum, pela basílica, pela cúria e lojas comerciais, pelas termas, pelo aqueduto, pela insulae (prédios urbanos com mais de um piso e desenvolvidos em torno de um pátio interior), e pela domus com peristilum (como são exemplo a Casa dos Repuxos, construída no séc. II sobre outra pré-existente, a Casa Cantaber e uma Basílica Paleocristã). Fotografia 85: Ruínas de Conímbriga (Museu, Casa dos Repuxos e Fornalha Romana) Este conjunto resulta de três intervenções fundamentais: (i) séc. I a.C., sob Augusto, datando desta fase o forum tardo-republicano (templo sobre criptopórtico, basílica, cúria e lojas comerciais), as termas (de conceção préaugustiana), o aqueduto e um primeiro traçado urbano regular, que respeitou algumas estruturas arquitetónicas habitacionais pré-romanas; (ii) séc.I d.C., com os Flávios, a cidade sofre uma revolução urbanística, destruindo o forum imperial que mais tarde é de novo edificado, as termas vitruvianas, e o traçado da estrutura urbana envolvente; (iii) fim do séc.III d.C, com o declínio do Império Romano, é construída uma muralha com 1500 m de extensão, que reduz o perímetro da Cidade, com entrada feita através de uma estrutura abobadada com duas 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 321 portas ladeadas por torreões e percorrida por duas passagens para evacuação de água, canalizada por uma escavação para evitar infiltrações na base da muralha. Nesta época é ainda efetuada a remodelação do balneário e construídas a maioria das “grandes” casas da cidade, com abundantes materiais decorativos, com especial destaque para os mosaicos, escultura e pintura mural. Entre os vestígios da ocupação suévica, encontram-se as ruínas do que deve ter sido uma Basílica Paleocristã (séc. V/VI), fruto de transformação e reutilização de uma domus. A muralha existente, robusta mas extremamente rústica, é feita de blocos grossos talhados irregularmente e mal paramentados, aproveitando alguns materiais doutras construções. A altura das muralhas, 5 a 6,5 m, induz algumas dúvidas sobre a sua funcionalidade militar. Em 1873, dá-se início às escavações arqueológicas de Conímbriga e em 1962 é inaugurado o Museu Monográfico de Conímbriga com objetos encontrados desde então, que vão ilustrando a evolução histórica deste lugar, entre finais do segundo milénio antes de Cristo e o séc. VI da era Cristã. Aqueduto Romano de Conímbriga e do "Castellum" de Alcabideque (Condeixa-a-Velha) – com início no largo da aldeia de Alcabideque, Fotografia 86: “Castellum” de Alcabideque servia de captação e transporte de água para Conímbriga. A zona de captação de água é constituída por uma represa com vestígios de aparelho romano e por uma torre de captação (Castellum de Alcabideque). A Torre tem planta retangular e câmara inferior coberta por abóbada de canhão e extradorso em arco abatido. O aqueduto segue a direção Nordeste – Sudoeste, até à Serra da Ponte, e daí continua ao longo da vertente, ora de forma subterrânea ora assente em sapata junto ao solo. Este aqueduto foi construído no séc. I d.C, no âmbito do plano de urbanização da época de Augusto, e mais tarde, já na época de Cláudio, passou a funcionar como esgoto, passando a distribuição de água a ser feita por canos de chumbo. Após a construção de duas cisternas, entre o séc. III e IV, no período suevo-visigótico, o aqueduto foi cortado. Após perder a sua funcionalidade, o “Castellum” subsiste atualmente enquanto exemplo da engenhosa construção romana. 322 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Imóveis de Interesse Público Capela de Nossa Senhora da Lapa/ Capela da Lapinha - Arquitetura Religiosa/ Capela (Condeixa-aNova) (Decreto n.º 67/97, DR n.º 301, de 31 de dezembro de 1997); Palácio dos Figueiredos/ Paços do Concelho de Condeixa-a-Nova Fotografia 87: Capela de N. Sr.ª da Lapa - Arquitetura Civil/ Palácio (Condeixa-a-Nova) (Decreto n.º 735/74, DG n.º 297, de 21 de dezembro de 1974); Palácio dos Lemos/ Palácio Sotto Maior - Arquitetura Civil/ Palácio (Condeixa-a-Nova) (Decreto n.º 735/74, DG n.º 297, de 21 de dezembro de 1974); Igreja de Nossa Senhora da Graça / Igreja Matriz de Ega Arquitetura Religiosa/ Capela (Ega) (Decreto n.º 40 361, DG n.º 228, de 20 outubro de 1955); Paço dos Comendadores de Ega/ Paço da Ordem de Cristo - Arquitetura Civil/ Paço (Ega) (Decreto n.º 5/2002, DR n.º 42, de 19 de fevereiro de 2002); Pelourinho de Ega - Arquitetura Civil/ Pelourinho (Ega) (Decreto n.º 23 122, DG n.º 231, de 11 de outubro de 1933); Villa Romana do Rabaçal - Arqueologia/ Villa (Zambujal) (Portaria n.º 431-D/2013, DR n.º 124 de 1 julho de 2013). Capela de Nossa Senhora da Lapa/ Capela da Lapinha (Condeixa-a-Nova) – situada no interior da Vila, na encosta da Lapa, perto da escadaria do mesmo nome, está integrada num interessante conjunto composto por vegetação e casas antigas. Construída no séc. XVII, integra uma imponente frontaria com portal de verga reta, com a data de 1669 inscrita, encimado por óculo e torre sineira. No interior, o espaço é diferenciado, sendo a capela-mor de planta quadrada e coberta por uma cúpula simples, abrigando um retábulo de madeira com colunas jónicas e uma pintura da Anunciação no teto. A atual capela foi construída em 1598 sobre uma capela do séc. XV edificada com esmolas e donativos de António de Almeida. Mais tarde, em 1669, foi construído o corpo da capela, tendo, nesse ano, Manuel André e sua mulher mandado revestir o interior da capela-mor a azulejos e pintar o arco triunfal. Palácio dos Figueiredos/ Paços do Concelho de Condeixa-a-Nova (Condeixa-a-Nova) - implantado junto à igreja matriz e envolvido por um amplo espaço público – onde também se encontra um monumento de homenagem aos combatentes da 1ª Grande Guerra –, é um imponente edifício de tipologia arquitetónica maneirista. É um palacete residencial seiscentista de planta retangular e irregular, onde a fachada principal tem os vãos 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 323 distribuídos assimetricamente e o portal se destaca pelo brasão com escudo de inspiração francesa decorado com elementos vegetalistas. A fachada posterior difere da principal na volumetria dos corpos e no formato dos vãos, sendo composta por três corpos de volumes assimétricos com vãos em arco. O pátio, permite o acesso à galeria do andar nobre é feito por duas escadarias. Ao longo do tempo este edifício foi sofrendo alterações, tendo sido saqueado e incendiado pelo exército francês em Fotografia 88: Palácio dos Figueiredos 1811, e reconstruído em meados do séc. XIX, após ter sido comprado por Albino Justiniano de Carvalho. No séc. XX, o palácio é doado ao Hospital da vila e à Fundação Dona Ana Laboreiro d´Eça, funcionando nele desde então até 1986, o Tribunal da Comarca de Condeixa, diversos serviços e comércio, oficinas de marceneiro, armazéns, consultório médico, o clube de Condeixa, biblioteca pública, local de culto e a sede da Junta de Freguesia. Mais tarde, o edifício foi adquirido pela autarquia para acolher as instalações da Câmara Municipal, tendo ficado concluída a adaptação em 1990, mantendo o pátio e a galeria com as colunas toscanas e as escadarias de acesso, tendo apenas desaparecido o seu revestimento azulejar. Mais recentemente foram efetuadas algumas intervenções no âmbito da modernização administrativa da Câmara Municipal. Palácio dos Lemos/ Palácio Sotto Maior (Condeixa-a-Nova) – localizado no interior da Fotografia 89: Palácio Lemos Vila, é um edifício de estilo barroco que apresenta alguma preocupação na resolução formal dos elementos compositivos e decorativos existentes na zona central da fachada principal. Este palácio, com dois pisos e com o portal ladeado por colunas coríntias e encimado por varanda, tem o corpo central rematado por empena triangular e brasão, e a restante fachada com aberturas retangulares no piso térreo e janelas de sacada ao nível do primeiro piso. A construção primitiva deste edifício remonta ao séc. XVII, sendo que na segunda metade do séc. XVIII, o bispo-conde D. Francisco de Lemos Faria Pereira Coutinho manda duplicar a fachada e construir a entrada central com dupla escadaria de 324 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) acesso ao andar nobre, para acolher hóspedes de alta sociedade, entre eles D. Miguel, D. Maria, D. Fernando, D. Pedro V, Rei D. Carlos, Infante D. Afonso e outros. Em 1920, após ter sido adquirido pelo Dr. Cândido Sotto Maior, foram feitas importantes obras de beneficiação. Igreja de Nossa Senhora da Graça / Igreja Matriz de Ega (Ega) - Fotografia 90: Igreja Matriz de Ega implantado num morro sobranceiro à vila, e envolvida por edifícios e vegetação, nas proximidades do Paço dos Comendadores, foi construída entre o séc. XVI e XIX pelo Mestre Marcos Pires (portal, arco triunfal) e pelo Mestre Diogo de Castilho (abóbada da capelamor), a um estilo arquitetónico manuelino. É um edifício, que apesar de intervenções oitocentistas, conserva ainda o portal primordial representativo de um naturalismo de feição barroca e um arco triunfal com pinturas quinhentistas, descobertas na década de 40 do séc. XX sob o revestimento de azulejos e altares colaterais. Com planta longitudinal simples formada por nave, capela-mor, torre sineira e anexos, tem na fachada principal um portal em arco com troncos entrelaçados, ladeado por toros torcidos continuados em arco policêntrico ornado com cogulhos e rematado por Cruz de Cristo. No Fotografia 91: Paço dos Comendadores interior, o revestimento da nave é de azulejos, para a qual se abrem duas capelas com pilastras caneladas, e cobertura em cúpula. Esta igreja, durante a segunda metade do séc. XX, foi sujeita a diversas obras de beneficiação. Paço dos Comendadores de Ega/ Paço da Ordem de Cristo (Ega) também designado por Castelo Paço de Ega ou Paço acastelado, foi construído no séc. XVI, no local outrora ocupado pelo Castelo de Ega fundado no séc. XII pela Ordem do Templo. Implantado numa zona sobranceira a toda a povoação, ostenta influências medievais na sua feição sóbria e fechada, traços muçulmanos no pátio de expressão autónoma e decorações de gosto Manuelino. Com planta de formato em U, definindo pátio central, é de volumetria maciça, simples e austera. O pátio permite o acesso ao piso térreo, onde se localizavam funções agropecuárias, e ao primeiro piso, que acolhia a área residencial. A entrada é única e feita através de um portal simples com moldura em cantaria e com verga superior em asa de cesto. Os vãos apresentam grande simplicidade, demonstrando o caráter utilitário do edifício. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 325 Pelourinho de Ega (Ega) – implantado num espaço ajardinado, à entrada da povoação, tem a base assente sobre um soco de um degrau sobre a qual se Fotografia 92: Pelourinho de Ega eleva a coluna de arestas chanfradas, de secção hexagonal, cujo espessamento nas extremidades esboça a base e o capitel. Na face da coluna verifica-se o vestígio da marca de uma argola e de um pequeno gancho de ferro, e ainda, a data de 1698 inscrita. Sobre este fuste desenvolve-se o remate em feitio de pinha cónica, com a representação do escudo nacional e esfera armilar, da cruz de Avis e de um brasão desconhecido. É um Pelourinho de pinha do séc. XVI onde os elementos da gramática decorativa manuelina são tratados com grande simplicidade. Em 1993, o pelourinho foi deslocado para a atual localização, tendo-lhe sido removidos os degraus. Villa Romana do Rabaçal (Zambujal) - trata-se de vestígios encontrados de uma villa romana edificada entre os séculos III e IV d. C.. Estes contemplam uma área residencial do complexo, decorada com painéis de mosaicos completos, o peristilo de planta octogonal e uma zona termal. Imóveis de Interesse Municipal Casa das Colunas - Arquitetura Civil/ Casa (Condeixa-a-Nova) (Decreto n.º 735/74, DG n.º 297 de 21 de dezembro de 1974); Casa de São Tomé - Arquitetura Civil/ Casa (Condeixa-a-Nova) (Decreto n.º 735/74, DG n.º 297 de 21 de dezembro de 1974); Casa das Colunas (Condeixa-a-Nova) – adossada a outros Fotografia 93: Casa das Colunas edifícios habitacionais, tem a fachada principal escalonada, sendo o piso térro mais avançado, com balcão assente sobre arcarias coberto por alpendre e suportado por colunas toscanas. Este alpendre foi removido em 2005, contudo subsistem ainda dois arcos. Construída no séc. XVII, atualmente esta casa encontra-se em avançado estado de degradação, correndo risco de derrocada. Casa de São Tomé (Condeixa-a-Nova) – este edifício encontra-se em muito mau estado de conservação, no entanto, ostenta uma traça arquitetónica bastante interessante representativa de setecentos e duas aberturas de estilo manuelino. Desenvolvido em dois pisos e com planta em forma de U, integra uma capela na ala direita, com avance de um pequeno corpo com telhado de duas águas com torre sineira e pedra de armas emoldurada com ornatos e volutas. O resto do edifício, já sem cobertura, representa o resto das paredes existentes, com 326 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) janelas de sacada no piso nobre e duas janelas de molduras torsas no corpo da capela. Esta casa teve origem no séc. XVI, por ostentar aberturas manuelinas, e alterada, mais tarde, em 1705 e em 1859. Fotografia 94: Casa de São Tomé 12.2 PATRIMÓNIO EM VIAS DE CLASSIFICAÇÃO No concelho de Condeixa-a-Nova, encontra-se em vias de classificação: Fotografia 95: Igreja Matriz do Sebal Igreja Matriz do Sebal - Arquitetura Religiosa/ Igreja (Sebal) (Despacho de 24 de fevereiro de 2010, ZEP - Despacho de 24 de fevereiro de 2010). Igreja Matriz do Sebal (Sebal) - trata-se de um edifício construído no séc. XVI e alterado nos séc. XVIII e séc. XIX, localizado no limite do aglomerado. Possui planta longitudinal composta por nave, capela-mor e duas capelas laterais. Na fachada principal tem empena triangular e portal retangular decorado por volutas encimado por óculo. A torre sineira é imponente e encontra-se adoçada à capela-mor. No interior, a capela-mor, reconstruída no séc. XVIII, apresenta altar em talha dourada e as capelas laterais têm abóbadas em cantaria. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 327 12.3 PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO As considerações feitas a propósito do património construído aplicam-se, genericamente, também ao património arqueológico. O património arqueológico constitui uma mensagem viva, das comunidades desaparecidas no tempo, e como tal, a integração dos valores arqueológicos, como herança cultural, é essencial no âmbito do ordenamento do território, não podendo o desenvolvimento futuro do concelho ser realizado à custa da destruição das memórias do passado. Os valores arqueológicos materializam-se em ruínas, objetos e fragmentos que jazem no solo. Uma vez daí retirados, embora salvaguardados e constituindo sempre um importante testemunho, perdem grande parte do seu valor enquanto conhecimento para o estudo e para a compreensão da evolução das sociedades humanas, passando apenas a peças de museu. Por este motivo, existe uma preocupação crescente em preservar os lugares onde se sabe, ou se suspeita, que existem ruínas ou objetos arqueológicos. A lavoura mecânica, os projetos de reconversão agrícola, a florestação intensiva, a abertura e o alargamento de estradas e caminhos rurais, podem trazer efeitos devastadores para os sítios arqueológicos, daí a importância das cartas arqueológicas, que devem ser previamente consultadas. Deve dar-se, ainda, particular atenção às envolventes de castelos, igrejas paroquiais e santuários, que geralmente estão associados a manifestações mais remotas. Uma das medidas mais importantes, é sem dúvida, a sensibilização da população para a importância de todo um espólio móvel e imóvel, que constitui a memória dos povos. A Câmara Municipal tem desempenhado um importante papel na defesa do património e na construção e preservação da integridade histórica do seu concelho, com a sensibilização da população, evitando ainda, que interesses especulativos provoquem não só demolições e revolvimentos, mas também a construção de edifícios de qualidade duvidosa e, portanto, com impacte negativo. Os sítios arqueológicos refletem a história de uma comunidade anterior, independentemente do seu valor científico e do seu estado de conservação, pelo que é importante que se aposte na prevenção contra a destruição desta herança cultural. O concelho de Condeixa-a-Nova possui um considerável número de sítios arqueológicos inventariados, apresentando um elevado potencial histórico-científico. O material existente permite desde já um conhecimento razoável da evolução e fixação dos povos no concelho. De seguida é apresentada a listagem relativa ao património arqueológico existente no concelho de Condeixa-aNova, conforme consta do inventário do IGESPAR, contemplando os estudos de relocalização e georeferenciação dos sítios já conhecidos. 328 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 112: Sítios arqueológicos inventariados Nº CNS Designação Período Tipo de Sítio Freguesia I 24898 Anobra Romano Povoado Anobra II 24914 Currais Romano Villa Bendafé Povoado Condeixaa-Nova Achado(s) Isolado(s) Condeixaa-Nova III 32872 Castelo Idade do Bronze e Idade do Ferro IV 7464 Condeixa-aNova Romano V 30071 Condeixa-aNova - Praça da República/ Largo Rodrigo da Fonseca VI 16430 Quinta de Silvães Moderno Palácio Condeixaa-Nova Romano Casal Rústico Condeixaa-Nova 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) Descrição Embora a atual povoação de Anobra não se encontre num ponto claramente estratégico, esta zona, pela sua localização e fertilidade, deve ter representado um papel preponderante na história da região. Vários fragmentos muito abundantes de tegulae, pesos de tear, bordo de dollium, fragmento de pavimento de opus signinum, tijolo de coluna, numa extensão de ± 1 ha. Um dos proprietários diz que o seu avô encontrou fragmentos de mosaico. O sítio localiza-se num outeiro fronteiro à Capela de Nossa Senhora da Piedade, na margem direita da linha de água que vai desaguar à Ribeira de Cernache. O outeiro, com vegetação densa constituída por mato de carrasqueiras, carvalhos, pinheiros mansos e oliveiras, apresenta algumas clareiras com vegetação rasteira bem como afloramentos de tufo calcário. Santos Conceição refere unicamente que "frente ao lugar [de Eira Pedrinha], e do lado da capela, eleva-se um morro que o povo chama "o Castelo" [CONCEIÇÃO, 1983, pp.188-189]. Em visita (23-05-08) de relocalização foi confirmada a existência de materiais arqueológicos - nomeadamente fragmentos de cerâmica calcítica atribuível à Idade do Ferro - não obstante a má visibilidade do terreno. No decorrer de trabalhos arqueológicos efetuados junto ao limite norte da Igreja Matriz, identificou-se a antessala que precedia o acesso à capela privada do palácio dos Sãs, situada no interior da igreja matriz. Foi identificada a antiga porta de acesso, entaipada, e o pavimento em tijoleira, idêntico ao localizado no interior da capela das almas. Na sondagem 2 situada na zona da paragem dos autocarros, identificou-se um nível de ocupação, caracterizado por uma expressiva concentração cerâmica de caráter utilitário (faianças, vidrados, etc.) e uma moeda ilegível, espólio associável às atividades económicas (feira da louça) que durante a idade média tinham lugar nesta zona da vila. Identificou-se um conjunto de cerâmica de construção do período romano nos terrenos a noroeste da Quinta dos Silvães, sobranceiros à estrada que liga Condeixa à Eira Pedrinha e nas proximidades do Bairro do Gorgulhão. Os materiais encontram-se dispersos por uma área reduzida com menos de 6000m2 de extensão máxima, estando muito provavelmente destruídos pelas construções recentes em torno da Quinta de Silvães. Os materiais espalham-se também pelos terrenos inclinados da encosta do vale da Ribeira do Paúl, fruto de escorrimentos seculares. Apesar da sua proximidade à Vila Condeixa e às ruínas de Conímbriga, o sítio encontrava-se inédito e aumenta o número de habitats romanos conhecidos em torno da urbe. Com base apenas no tipo, quantidade e qualidade dos materiais recolhidos e na área de dispersão, é difícil adivinhar a natureza do assentamento romano existente no local. Poderia tratarse de um casal ou de uma quinta, dada a falta de mais informações bibliográficas e orais do aparecimento de outros elementos arquitetónicos imponentes no local. 329 Nº CNS Designação Período Tipo de Sítio Freguesia Descrição VII 7466 Alcabideque Romano Aqueduto Condeixaa-Velha A zona de captação de água é constituída por uma represa com vestígios de aparelho romano e uma torre de captação, o castellum, de planta retangular. Tem uma câmara inferior coberta por abóbada de canhão, com o extradorso em arco abatido. O aqueduto toma a direção ENE/OSO até a Serra da Ponte e daí continua ao longo da vertente. O aqueduto ora é subterrâneo ora assenta numa sapata junto ao solo, até aos últimos 170m onde passa a correr sobre arcos (atualmente existe um) e mais tarde sobre um paredão, acabando nas termas a Sul, com uma extensão total de 3 550m. VIII 7475 Algar Romano Achado(s) Isolado(s) Condeixaa-Velha Cerâmica de construção. IX 7467 Atadoa Romano Achado(s) Isolado(s) Condeixaa-Velha - X 19644 Barroco Paleolític oe Neolítico Achado(s) Isolado(s) Condeixaa-Velha Neste local foi efetuada uma prospeção arqueológica de superfície, cinco sondagens manuais e uma sondagem mecânica, no âmbito de ação preventiva devido à construção de um empreendimento privado. No terreno encontrava-se plantada uma vinha. A estratigrafia encontrava-se alterada não só devido a esse facto, como ao posterior amanho da mesma. Para além de diversos fragmentos de sílex, trazidos para o local devido à movimentação de terras, não foram identificados quaisquer outros vestígios arqueológicos. XI 30952 Bico da Muralha Romano Muralha Condeixaa-Velha - XII 7473 Carrascal Romano Achado(s) Isolado(s) Condeixaa-Velha Fragmentos de tegulae. XIII 31966 Condeixa-aNova - Rua de Tomar Romano Necrópole Condeixaa-Velha Os trabalhos de acompanhamento realizados na área permitiram identificar uma área associada à necrópole da cidade de Conímbriga. Fragmentos de tijoleira e tégula Eira Pedrinha Neolítico Antigo e Calcolític o Condeixaa-Velha Eira Pedrinha reúne uma série de grutas e abrigos com interesse arqueológico. O "Covão d'Almeida" foi utilizado como necrópole desde o Neolítico Final/Calcolítico até ao Bronze Final, como provam as cerâmicas brunidas e restante espólio. Foi escavado durante os anos 40, por Carlos Teixeira e Mendes Correia. Condeixaa-Velha "O adro da capela e terrenos adjacentes assentam no rebordo de uma plataforma dos tufos calcários de Condeixa" [PESSOA, 1986, p.61]. Segundo Conceição, [CONCEIÇÃO, 1983, pp.188-189] o núcleo da estação romana situar-se-ia no campo superior e ligado à capela de Nª Sª da Piedade. Em frente ao lugar, e do lado da capela, eleva-se um morro que o povo chama "o Castelo" [CONCEIÇÃO, 1983, pp.188-189]. Os vestígios [tijolos segmentares de coluna e pavimento de opus signinum] foram detetados durante os trabalhos de alargamento do adro e restauro da capela efetuados em 1937 [CORREIA; GONÇALVES, 1953, p.83]. "Em volta foram encontradas sepulturas, formadas de tijolos romanos, que seriam de época medieval ou posterior. Uma na barreira do campo citado apresentava forma antropomórfica; aquelas que se encostavam ao topo da capela eram retangulares, paralelas e justapostas, divididas pelos mesmos tijolos, tendo como Castro, tijolos perfurados semelhantes aos que se encontram, da época romana, sobre os canos de XIV XV 330 2196 24913 Nª Srª da Piedade Romano Necrópole Villa 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Nº CNS Designação Período Tipo de Sítio Freguesia Descrição esgotos, para dreno das águas superficiais." " Nos muros destruídos apareceram algumas pedras visigóticas, de decoração geométrica, que foram para o Museu Machado de Castro. Ficou uma no arco cruzeiro que mostra cinco círculos, cada um com a sua sexifólia, disposta em cruz" [CONCEIÇÃO, 1983]. XVI 7474 Ponte da Sancha Romano Ponte Condeixaa-Velha XVII 7463 Reconcos Romano Achado(s) Isolado(s) Condeixaa-Velha - XVIII 7471 Revolta Seca Romano Achado(s) Isolado(s) Condeixaa-Velha Tegulae. Há notícia oral de terem sido achados mosaicos nos anos de 1950. Ponte da via de acesso a Conímbriga. Cidade Condeixaa-Velha Cidade romana de origem indígena cuja ocupação remonta, pelo menos, ao Bronze Final. O povoado foi lugar central na área do Baixo Mondego no período orientalizante, mantendo-se ao longo de toda a Idade do Ferro como um dos maiores oppida do centro do país. Conquistada provavelmente em 136 a.C., durante as campanhas de décimo Júnio Bruto, a cidade será alvo de uma importante renovação urbanística sob o principado de Augusto, que se vai estender a finais do século I: fórum, primeiras termas públicas (cerca de 12 a.C.), muralha, anfiteatro, ampliação do fórum com a construção de uma basílica de três naves (ao longo do período júlio-claudiano), novas termas, remodelação das antigas e do fórum (ao longo do período flávio-trajânico). No decurso das épocas antoniniana e severiana é particularmente notável a evolução da arquitetura doméstica, bem patente em algumas casas, como a dos repuxos. A tetrarquia promove a construção de uma imponente muralha que é a principal marca paisagística do sítio e que conserva evidências de todos os períodos, sendo especialmente importantes os mosaicos. No século V, a cidade foi vítima de várias incursões suévicas, tendo entrado em paulatina decadência até ao seu abandono definitivo que deve ter ocorrido, algures por volta do século IX. XIX 251 Ruínas de Conímbriga Idade do Bronze Final, Idade do Ferro e Romano XX 7470 Valada Romano Achado(s) Isolado(s) Condeixaa-Velha Um apito romano de prata. XXI 7468 Vinhal Romano Achado(s) Isolado(s) Condeixaa-Velha Cerâmica de construção. XXII 7478 Barrios de Baixo Romano Achado(s) Isolado(s) Ega Cerâmica de construção, incluíndo tijolos de coluna e pesos de tear XXIII 24910 Carreirinha Romano Achado(s) Isolado(s) Ega Cerâmica doméstica e de construção entre a qual apenas dois fragmentos de tegulæ Terreno plantado de vinha e oliveira a cerca de 400 m do Casal do Cabo. No local existiria talvez um casal, certamente relacionado com a possível "villa" de Pedrogãos, uma vez que os dois sítios distam entre si cerca de 500 a 600 m. Local onde se encontrou um vaso cerâmico e uma asas do mesmo, bem como outros vestígios cerâmicos, mas que após uma sondagem não se identificou nada mais. XXIV 24755 Casal Cuco Romano Habitat Ega XXV 17109 Costeiras Neolítico Achado(s) Isolado(s) Ega XXVI 4407 Ega Romano Indetermina do Ega - XXVII 7481 Fornos de Castel Neolítico Achado(s) Isolado(s) Ega Achado isolado referido no PDM de Condeixa-a-Nova (RCM n.º 12/94, de 25 de fevereiro). 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 331 CNS Designação Período Tipo de Sítio Freguesia Descrição XXVIII 20359 Largo da Feira de São Martinho Romano, Moderno e Contemp orâneo Cidade Ega O Largo da Feira de São Martinho integra a Igreja Matriz de Ega, classificada como Imóvel de Interesse Público e cuja fundação é atribuida aos Templários. XXIX 7479 Moroiços Romano Villa Ega XXX 7476 Pedrógãos Romano Achado(s) Isolado(s) Ega 16989 Abrigo 1 de Vale dos Covões Paleolític o Médio e Paleolític o Superior Abrigo Furadouro 19179 Senhora do Circulo Idade do Bronze e Idade do Ferro Povoado Fortificado Furadouro Povoado fortificado profundamente alterado por construções recentes (igreja, adro e estrada). Existem alguns vestígios de muralha. Nº XXXI XXXII XXXIII 32871 Castelo / Outeiro do Castelo / Castro do Outeiro XXXIV 7480 Moira XXXV XXXVI 332 12194 24752 Olival da Miquinhas Selão Mosaicos, cerâmica de construção e doméstica comum. Fragmentos de tegulae e de cerâmica comum.Talvez tenha sido aqui encontrado um denário ibérico de 105 80/72 aC, cuja exata procedência todavia não é garantida. O abrigo situa-se no leito de uma linha de água, temporária, que neste local apresenta uma quebra de nível que, por sua vez origina uma cascata. Trata-se de um abrigo pouco profundo, com uma posição original relativamente aos já conhecidos na região. As suas dimensões são de 15m de comprimento, por 9 de profundidade. Idade do Ferro e Romano Povoado Sebal O sítio localiza-se numa pequena elevação pouco destacada na paisagem, a norte do lugar de Moinho da Palha, ocupada por parcelas cultivadas, limitadas por pinhal e eucaliptal. Já havia sido referenciado por Santos Conceição (1983:250) como "Outeiro do Castelo" que atestava a presença de "louça castreja"; Miguel Pessoa (1986: 57-58) designa-o como "Castro do Outeiro" não conseguindo determinar-lhe a localização exata. Mais recentemente, os arqueólogos António Manuel de Carvalho Lima e José Argüello Menéndez localizaram o sítio, conhecido localmente por Castelo, onde "ocorre não só abundante cerâmica romana de construção (tegulae e imbrices) como também abundante material lítico, préhistórico. Não foi identificada cerâmica comum" Lima; Argüello Menéndez (2005). Romano Achado(s) Isolado(s) Sebal Cerâmica de construção e um peso de tear. Sebal A estação arqueológica foi descoberta quando se procedeu ao retiro de entulho para nivelar um caminho de acesso a uma propriedade de cultivo. Ocupa quatro parcelas que se estendem no sentido Este-Oeste, encontrando-se a parcela norte lavrada, onde foram encontrados materiais de época romana, sobretudo de construção. Não parecem existir quaisquer estruturas, dado que o terreno já se encontrava muito revolvido. Na parcela sul, o arranque de oliveiras, levou à destruição de uma bolsa que parecia conter uma sepultura, bem como a remoção de pedras de um muro. Em ambas as parcelas é possível visualizar à superfície várias tessellae, de diversos tamanhos, na maioria pretas e brancas. Sebal Achado de um aplique de asa de sítula, dos inícios do séc. III, realizado no decurso de trabalhos agrícolas. [PESSOA, Ibidem]. Trata-se de um aplique de espelho triangular, em forma de mascarão. Rosto grosseiro, ovalado, em relevo; os detalhes anatómicos resumem-se a dois grandes círculos côncavos, no lugar dos olhos; ao redor do rosto, uma coroa radial. Uma larga franja onde Romano Romano Villa Achado(s) Isolado(s) 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Nº CNS Designação Período Tipo de Sítio Freguesia Descrição se desenha uma quadrícula irrregular envolve o mascarão e toca a aba. Travessão com larga moldura segmentada e dividida por um sulco transversal. Anel de suspensão descentralizado, com sinais de degaste [PINTO, 2002, p. 330, nº 217, Est. 145]. Na reedição da monografia de Condeixa-a-Nova, por José M. Gaspar, lê-se: "Venda da Luísa - É tradição popular ter existido um povoado, em recuados séculos, na propriedade denominada Pinhal Manso. De facto, essa antiga povoação existiu. Basta uma pouco profunda escavação do terreno, para serem encontrados muitos fragmentos de tijolos e louça de pasta esbranquiçada, o que leva a crer que era de origem romana. Tais vestígios evidenciam larga ocupação destes lugares por aquele povo. Por volta de 1980, o Padre Amilcar Neves, da Ega, descobriu por ali um valioso vaso antigo". Dispersão de cerâmicas finas, cerâmicas de construção (telhas) e uma lasca de quartzito retocada numa área de 500 m quadrados, atualmente cultivada. XXXVII 4626 Venda da Luisa Romano Mancha de Ocupação Sebal XXXVIII 17119 Alcouce Moderno Medieval ? Casal Rústico Vila Seca XXXIX 7483 Cascalheira Romano Achado(s) Isolado(s) Vila Seca Cerâmica de construção, incluindo tijolos de coluna e opus signinum. XL 7482 Mouredos Romano Achado(s) Isolado(s) Vila Seca Tegulae. Romano Habitat Vila Seca A estação arqueológica situa-se em posição dominante sobre a povoação de Alcouce, estendendo-se pela suave encosta que desce para N-NE. Zona de terrenos férteis. Ventos predominantes de Oeste Recolheram-se alguns fragmentos de cerâmica romana de construção, nomeadamente tegulae. Buracas do Casmilo Indetermin ado (Préhistória) Arte Rupestre Zambujal No interior de duas cavidades foi identificada uma pintura e uma gravura. 7487 Covão da Povóa Romano Vestígios Diversos Zambujal Pedras aparelhadas, cerâmica de construção, cerâmica doméstica comum. XLIV 24968 Galega do Pragal Romano Habitat Zambujal Entre a encosta dos calcários liássicos e a Várzea, em terreno de cultivo de cereais com oliveiras. Recolheramse fragmentos de tegulae, imbrices, tijoleira e cerâmica comum, bastante abundantes. XLV 7484 Lameiros Romano Vestígios Diversos Zambujal Mosaicos, cerâmica comum, um anel de bronze, um fragmento de almofariz de mármore. XLI 24786 XLII 33694 XLIII Tojeira XLVI 24954 Monte da Pêga Idade do Ferro Povoado Zambujal XLVII 24966 Mouroiços Romano Indetermina do Zambujal 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) Numa área bastante extensa (350m2) surgiram fragmentos de cerâmica de aspeto pré-romano, nomeadamente, cerâmica cinzenta; recolheu-se também uma peça de arenito(?), com uns sulcos, provavelmente usada como afiador. Os afloramentos calcários confundem-se com eventuais sistemas defensivos; todavia uma ligeira lomba, arqueada, do lado oeste, detetável na fotografia aérea, parece poder interpretar-se como vestígios de muralha. Terreno plano argiloso, assente em calcários do Jurássico Inferior. Situa-se próximo do rio Carálio Seco. Terreno de cultivo com oliveiras, à beira da estrada para o Zambujal, 100 m a poente do cemitério desta freguesia. Cerâmicas de construção e doméstica romanas 333 Nº CNS Designação Período Tipo de Sítio Freguesia XLVIII 24969 Porta d' Angere Romano Habitat Zambujal XLIX 24967 Vale da Porta Romano Habitat Zambujal L 11396 Vale das Buracas Paleolític oe Romano Depósito Zambujal Descrição Terreno ligeiramente inclinado, assente em calcários liássicos, situado no vale do Carálio Seco, na confluência deste rio com a via romana. Poder-se-à dizer que neste ponto se faz a separação entre os terrenos férteis do Rabaçal e os, mais pobres, do Zambujal. Predominam, como culturas, a oliveira, a vinha e pequenas parcelas com sequeiro. A cerca de duas milhas, para norte, do local do achado do marco miliário, milha VIII. O interesse arqueológico do local sobressai, de modo evidente, na cobertura aérea do voo da USAF, não só por índices topográficos mas, sobretudo, pela confluência de alinhamentos fósseis neste ponto Fragmentos de tegulae e de cerâmica doméstica e escória. Segundo a memória de alguns proprietários da zona, encontravam-se neste local, até aos inícios da década de setenta, "três pedras: duas com letras; uma era um cilindro (miliário?) e as outras esquinudas, com 1,50 m de altura e 30 centímetros de espessura". O local situa-se numa encosta de terrenos calcários margosos do Liássico.Terreno de cultivo com algumas oliveiras. Os materiais - cerâmicas de construção e doméstica romanas - encontram-se ao fim da serventia que vem da estrada que se dirige para Janeanes numa pequena área no sopé da encosta. Depósitos sedimentares com vestígios arqueológicos: lascas, lamelas e utensílios (denticulados, raspadeiras e uma peça esquirolada; recolha anterior de peças foliáceas; cerâmica pré-histórica e romana, vestígios líticos e faunísticos. Fonte: IGESPAR 12.4 OUTRO PATRIMÓNIO COM INTERESSE Tendo como base de trabalho o PDM em vigor, o inventário efetuado pelo Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR), o trabalho efetuado pela Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra (FCTUC) e o trabalho de campo efetuado pelos técnicos da equipa, foram identificados alguns imóveis que se considera possuírem valor patrimonial, devendo, por isso, ser preservados. Alguns destes imóveis assinalados possuem linhas marcadamente urbanas, outros são de feição mais rural, encontrando-se exemplos de Arquitetura Religiosa, Arquitetura Civil (Pública e Privada) e Estruturas de Apoio. 334 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 12.4.1 Arquitetura Religiosa Para além dos imóveis que se encontram classificados, salientam-se, desde já, alguns exemplos que constituem importantes testemunhos da Arquitetura Religiosa do concelho de Condeixa-a-Nova. Para facilitar a análise, optou-se por fazer uma abordagem das Igrejas/ Capelas por freguesia, visto estarem presentes na maioria dos aglomerados. Na freguesia de Anobra, referência para a Igreja Matriz de Anobra, localizada na sede da freguesia e também designada de Igreja de São Pedro. Apresenta planta Fotografia 96: Igreja Matriz de Anobra longitudinal composta por nave, capela-mor e capela lateral. Na fachada principal o portal é retangular e encimado por vitral. No interior, o altar-mor e a capela da pia batismal oitavada são de estilo manuelino (séc. XVI) e destaque para diversas esculturas com interesse: St.ª Luzia, Stª Catarina e Nossa Senhora, entre outras. Na freguesia de Belide destaque para a Igreja Matriz de Belide, consagrada à Senhora da Saúde e constituída por nave, capela-mor, capelas laterais e torre sineira. Na freguesia de Bendafé, a Igreja Matriz é um bom exemplar de arquitetura religiosa, de devoção a Nossa Senhora da Ajuda. Fotografia 97: Igreja Matriz de Belide Fotografia 98: Igreja Matriz de Bendafé Situada num extremo do aglomerado, está implantada num adro sobrelevado que permite ampla vista sobre envolvente. Construída no séc. XVIII, e decorada com peças de santuário algo valiosas, sofreu alterações no séc. XIX (coro, frontaria e torre) e no séc. XX (pavimentos e porta lateral). A data de 1837 está inscrita na porta de acesso ao coro. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 335 Na sede de concelho, em Condeixa-a-Nova destaque para dois exemplares de arquitetura religiosa, encontrando-se na zona mais Fotografia 99: Igreja Matriz de Condeixa-aNova Fotografia 100: Capela de N. Sr.ª do Amparo central da Vila a Igreja Matriz de Condeixa-aNova, de devoção a Santa Cristina, num local em perfeita harmonia com outros imóveis de grande interesse patrimonial, e a Capela de Nossa Senhora do Amparo, disposta para um pequeno largo calcetado e com as traseiras adossadas a um edifício, é de corpo simples, tem campanário lateral e um pórtico retangular ladeado por duas pequenas aberturas, encimado por óculo. Relativamente à Igreja Matriz, é importante destacar que é representativa de vários Fotografia 101: Cruzeiro (adro da Capela de N. Sr.ª Amparo) estilos arquitetónicos (manuelino, renascentista, neoclássico, neo-renascentista), tendo sido foi mandada construir por D. Manuel I no séc. XVI, aquando da sua passagem por Condeixa-a-Nova, e reconstruída no séc. XIX, após o incêndio causado pelas invasões Francesas. É uma igreja de nave única, com capelas laterais de diferentes épocas e capela-mor com abóbada de forma estrelada ao estilo manuelino, com ornatos renascentistas nas chaves. A fachada principal é do tipo neoclássico rural. Nesta freguesia refira-se ainda o cruzeiro implantado no adro da Capela de Nossa Senhora do Amparo, composto por três elementos em pedra e assente numa base quadrangular, implantada no alinhamento do muro de proteção ao largo da capela. Na freguesia de Condeixa-a-Velha existem diversos exemplares de arquitetura religiosa, destacando-se sete imóveis religiosos, distribuídos pelos diversos lugares que compõem esta freguesia. A Igreja Matriz de Condeixaa-Velha é o imóvel que assume maior destaque, de devoção a São Pedro, constituindo um interessante exemplar do séc. XVI de traça manuelina, com capelas laterais ao estilo renascentista. Há testemunhos que comprovam a sua existência em 1227, como uma das seis que dava maiores proventos no reinado de D. Sancho II, e que em meados do séc. XVI estava arruinada, data em que foi reconstruída. A capela-mor e os portais são os elementos mais antigos da sua composição, resultantes da reconstrução quinhentista. Na fachada principal integra um portal de arco redondo, encimado por óculo circular e nicho. 336 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Para além da Igreja Matriz refira-se a Capela de Santa Maria Madalena em Alcabideque, de corpo simples, com campanário lateral e fachada revestida de azulejos, a Capela Fotografia 102: Igreja Matriz Fotografia 103: Capela de de Condeixa-a-Velha Sta M.ª Madalena (Alcab.) de São Sebastião em Atadoa, junto à ribeira de Bruscos, a Capela de Santa Isabel em Bom Velho de Cima, de corpo simples e campanário lateral tem um retábulo de pedra em alto relevo do séc. XVI, a Capela de Nossa Senhora da Piedade em Eira Pedrinha, implantada num local isolado integra torre sineira adossada, tendo sido reformada no séc. XVIII e alterada no séc. XX, a Capela de Santo António em Poço, junto a um arruamento, com pórtico retangular ladeado por duas janelas e encimado por uma cruz e a Capela de São Romão em Salgueiro, junto ao IC2, com sino lateral e cruz no cimo. Fotografia 104: Capela de S. Sebastião (Atadoa) Fotografia 105: Capela de Fotografia 106: Capela de N. Sr.ª Fotografia 107: Capela de Sto Sta Isabel (B. V. Cima) da Piedade (Eira Pedrinha) António (Poço) Na freguesia de Ega há a referir alguns exemplares de arquitetura religiosa, sendo que na sede de freguesia encontra-se, para além da Igreja Matriz, classificada como Imóvel de Interesse Público, a Capela de São Martinho, com retábulo neoclássico do séc. XIX, esculturas do séc. XV e XVI e tetos de medalhões pintados. Nesta freguesia destaque ainda para a Capela de Santo António em Arrifana, a Capela de São João em Casével e a Capela de S. Pedro em São Fipo. Fotografia 108: Capela de S. Martinho (Ega) Fotografia 109: Capela de Sto Fotografia 110: Capela de S. Fotografia 111: Capela de S. António (Arrifana) João (Casével) Pedro (S. Fipo) 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 337 Na freguesia de Furadouro destacam-se a Igreja Matriz do Furadouro, que já sofreu algumas alterações desde a época da sua construção, preservando no entanto dois altares e pedra do séc. XVII, bem como diversas esculturas da época, a Capela do Marco em Cadaval, que integra apenas uma porta encimada por uma pequena cruz e a Capela de S. Paulo, integrada num largo da aldeia de Casmilo possuindo torre sineira adossada. Fotografia 112: Igreja Matriz do Furadouro Fotografia 113: Capela do Marco (Cadaval) Fotografia 114: Capela de S. Paulo (Casmilo) Nesta freguesia procedeu-se ainda à identificação do Cruzeiro existente no largo principal de Casmilo, composto por uma pequena cruz de remates elaborados, assente sobre base quadrangular também em pedra. Na freguesia de Vila Seca existem sete imóveis de Fotografia 115: Igreja Matriz de Vila arquitetura religiosa a referir. Na sede da Seca Fotografia 116: Capela Espírito Santo (Vila Seca) Fotografia 117: Capela de S. J. Batista (Alcouce) freguesia, encontram-se a Igreja Matriz, de devoção a São Pedro, e a Capela do Espírito Santo, que em bom estado de conservação e localizada num amplo largo a Norte da zona Fotografia 118: Capela de Sto António (Beiçudo) Fotografia 119: Capela de N. Fotografia 120: Capela Sr.ª da Conceição (Bruscos) de Sta Vitória (Traveira) central do aglomerado, tem na fachada principal uma porta retangular em verga curva, ladeada por duas janelas e encimada por uma pequena cruz. A igreja matriz, de traços barrocos, foi construída no séc. XIV e reconstruída no séc. XVIII, por Bartolomeu Barrabás. Implantada num adro calcetado, 338 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) tem planta longitudinal de nave única capela-mor e Fotografia 121: Igreja Matriz do Zambujal Fotografia 122: Capela de Sta Cristina (Póvoa de Pegas) Fotografia 123: Capela de Janeanes mais estreita. A fachada principal apresenta-se delimitada por cunhais apilastrados, coroados com pináculos, e rasgada por portal em arco abatido, encimado por espaldar recortado, encimado por janela com o mesmo perfil. A abódoda do batistério data do séc. XVI. Nesta freguesia há ainda a destacar a Capela de São João Batista em Alcouce, de aspiração barroca, apresenta um portal em arco abatido encimado por frontão e óculo circular, teto em madeira e retábulo ornamentado e pintado com motivos florais, a Capela de Santo António em Beiçudo, a Capela de Nossa Senhora da Conceição, a Capela de Nossa Senhora do Rosário em Mata, com pequeno adro dianteiro delimitado por muro e acesso por portão, e Capela de Santa Vitória em Traveira, com torre sineira adossada e portal em pedra de verga curvilínea ladeado por duas aberturas. Procedeu-se também à identificação do Cruzeiro existente no aglomerado de Vila Seca, diante da Igreja Matriz, composto coluna de secção circular encimado por cruz grega e escudo nacional, assente numa base em pedra. Por fim, na freguesia de Zambujal procedeu-se à identificação da igreja matriz e de duas capelas. A Igreja Matriz do Zambujal / Igreja de Nossa Sr.ª do Pranto, situada no centro da povoação, teve origem entre o séc. XVIII. É uma Igreja simples que mantém algumas cantarias setecentistas, destacando-se no interior, a existência do coro-alto em madeira, assente em colunas com pias de água benta adossadas, o teto da capela-mor em caixotões com pinturas de inspiração rococó e dois nichos góticos nas paredes da nave. Refira-se ainda a Capela de Santa Cristina em Póvoa de Pêgas, implantada num local isolado, num adro sobrelevado, tem corpo simples e pórtico ladeado por janelas e encimado por uma cruz, e em Serra de Janeanes a Capela de Janeanes, localizada no largo principal, na união das três ruas de acesso à aldeia, constituindo uma presença marcante. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 339 12.4.2 Arquitetura Civil Os imóveis inventariados como representativos de Arquitetura Civil no concelho de Condeixa, integram exemplares de arquitetura civil privada e pública, sendo os Fotografia 124: Casa dos Pereira Coutinho (Belide) primeiros referentes a imóveis de caráter habitacional e os segundos de utilização pública, cuja existência comprova a importância que o Concelho teve no passado. Destacam-se, assim, os imóveis que, pelas suas tipologias arquitetónicas, constituem bons exemplos e possuem interesse arquitetónico no contexto concelhio. Na freguesia de Anobra foi identificada uma casa de merecido destaque, a Casa da Melhora em Sobreiro. Esta casa situada junto à EM605, num local isolado, está integrada na Quinta da Melhora de Baixo, juntamente com uma capela, celeiro e Fotografia 125: Casa com alpendre em Bendafé jardins. No interior da sede de freguesia de Belide, salienta-se a Casa dos Pereira Coutinho, que embora esteja em estado de ruína, após ter sido inteiramente devastada por um incêndio, integra uma tipologia arquitetónica bastante nobre, com brasão de armas da família a encimar a Fotografia 126: Casa da Quinta do Travaz Fotografia 127: Casa Senhorial Bacelar Fotografia 128: Casa dos Sás Fotografia 129: Palácio Conde de Podendes entrada principal. Em Bendafé, refira-se a existência de uma Casa com alpendre, desenvolvida em dois pisos e com alpendre apoiado em colunas de secção circular e telhado diferenciado, e que está integrada num interessante conjunto da zona central da aldeia. Condeixa-a-Nova, sede do concelho, é onde se verifica maior ocorrência de exemplares de arquitetura civil, concentrando diversas casas nobres e os principais serviços e equipamentos de utilização coletiva. São exemplo, como testemunho da população nobre que viveu em Condeixa, a Casa da Quinta do Travaz, conhecida no séc. XVII por Solar dos Francos, tendo mais tarde, no séc. XVIII, transitado para a família Tavares 340 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) de Carvalho. Esta casa, reconstruída no séc. XIX, conserva ainda restos do séc. anterior e alguns azulejos “Delft” com paisagens do séc. XVII. Na frontaria integra brasão com as armas dos Tavares de Carvalho. A Casa Senhorial Bacelar, com origem no séc. XVII, foi reconstruída no séc. XIX. Integra uma Capela e encontra-se envolvida por um amplo jardim. A Casa dos Sás, chegou a ser um dos maiores solares do país, ocupando o antigo terreiro, atual Praça da República. De frontaria imponente, tinha 23 janelas e um brasão da família dos Sás ao centro. Após ter sido grandemente atingida pelas invasões francesas e ter ficado em ruína, em 1930, parte da sua propriedade foi expropriada para alargar a praça e implementar novas ruas. A atual construção resulta do aproveitamento de parte do edifício, já no séc. XX, mantendo no entanto o brasão e alguns elementos das cantarias do edifício original. O Palácio Conde de Podendes foi reconstruído no séc. XIX num estilo setecentista. Até 1834 serviu para hospício de frades antoninos – franciscanos e, mais tarde, alojou por diversas vezes pessoas régias, entre as quais, D. Pedro V e D. Luis I. Com origem no séc. XVII, faz parte de uma quinta, encontrando-se envolvido por zona ajardinada. Fotografia 130: Casa Museu Fernando Namora Fotografia 131: Casa das Ferrans Fotografia 132: Edifício da antiga da Câmara Municipal A Casa Museu Fernando Namora está situada na zona central da Vila. Construída no final do séc. XIX para fins habitacionais, mais tarde, em 1913, foi alterada para albergar atividades comerciais ao nível do piso térreo (lanifícios, calçado, retrosaria e tipografia), e no final do séc. XX foi remodelada para instalar a atual Casa Museu. Com dois pisos de volumetria e pequena área envolvente, com acesso por portão lateral, a entrada no edifício é feita por duas portadas duplas com vidraças e por uma porta com pequeno óculo, no segundo piso. Nas traseiras existe um alpendre ao longo de todo o alçado, sobre três janelas e uma porta envidraçada, e que dá acesso a um pequeno pátio calcetado com canteiros. Na zona a Noroeste da Vila, em Barreira, encontra-se a Casa das Ferrans, uma belíssima construção de tipologia isolada com jardim envolvente que se encontra devoluta. Tem ao nível do primeiro piso um alpendre apoiado em colunas e no piso térreo, arcos de verga curva. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 341 Ainda na sede concelhia, são de destacar alguns exemplares de Fotografia 133: Casa da Criança Fotografia 134: Casa do Povo arquitetura civil pública, como o edifício dos antigos Paços do Concelho, uma construção edificada no séc. XIX que se desenvolve em dois pisos, e da qual atualmente resta apenas a fachada, com frontão triangular a encimar a entrada principal, uma vez que todo o seu interior foi objeto de uma profunda alteração com o intuito de aí instalar os Serviços Municipais da Autarquia (inauguração em maio de 2010). A Casa da Criança está situada nas proximidades do Palácio Sotto Mayor, albergando uma creche e jardim de infância. É um interessante exemplar do séc. XX, construído num terreno doado pela Senhora D. Elsa Sotto Mayor. Inaugurada em 1955 pelo Dr. Bissaya Barreto, enquanto presidente da Junta de Província da Beira Litoral, mais tarde, em 1987, foi doada pela Assembleia Distrital à Misericórdia com a obrigação de manter a atividade. Fotografia 135: Edifício da antiga Escola Primária Conde de Ferreira Fotografia 136: Hospital D. Ana Laboreiro d´Eça Esta casa constitui, com outras casas da criança fomentadas pelo criador do Portugal dos Pequenitos de Coimbra, uma importante série tipológica exclusiva da Beira Litoral. Situada junto à ribeira de Bruscos, num terreno cedido pela autarquia, a Casa Fotografia 137: Pousada de Santa Cristina do Povo possui uma traça elegante e funcional, representativa do Estado Novo. Inaugurada em 1956, está integrada na zona histórica da Vila. Tendo sido fundada pelo capitão Pires da Rocha, em 1941. O edifício da antiga Escola Primária Conde de Ferreira, é representativo de um estilo arquitetónico integrado no conjunto de escolas Conde Ferreira. Construída no séc. XX, atualmente integra a Galeria Manuel Filipe e a Junta de Freguesia de Condeixa-a-Nova. Diante deste edifício encontra-se o Hospital D. Ana Laboreiro d’Eça, um edifício também do séc. XX, inaugurado em 1927. De planta longitudinal simétrica, é composto por um corpo central com dois pisos e vários corpos de um único piso. 342 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Atualmente, com uso turístico, a Pousada de Santa Cristina é um exemplar do séc. XVI, tendo sofrido profundas alterações no séc. XIX. Inserido na rede de Pousadas de Portugal, desde a década de 90, este palácio pertenceu à nobre família dos Fotografia 138: Monumento aos Combatentes Almadas. Na primeira metade do séc. XIX foi transformado em hospedaria, e posteriormente serviu de orfanato para crianças pobres e asilo para idosos sem lar, tendo sido finalmente transformado numa pousada. Ainda na Vila de Condeixa, refira-se o Monumento aos Combatentes da I Grande Guerra, implantado diante dos atuais Paços do Concelho (imponente Palácio dos Figueiredos), e que foi erguido na segunda metade do séc. XX, no âmbito do conjunto de marcos espalhados por todo o país, em homenagem aos combatentes da I Grande Guerra. Para além dos imóveis referidos, assinala-se ainda para a existência de diversos edifícios Fotografia 139: Edifícios Habitacionais, em Condeixa-a-Nova habitacionais na Vila, representativos do séc. XX, num estilo arquitetónico bastante característico da sua época de construção, conforme se pode observar pelos exemplos da Fotografia 139. Na freguesia de Condeixa-a-Velha há a destacar um Edifício habitacional em Alcabideque do séc. XIX, dois edifícios situados no aglomerado de Atadoa: Casa da Família Costa Alemão, uma bonita construção do séc. XIX, e a Casa de campo/ Quinta na Atadoa; e a Casa dos alpendres em Avessada que, apesar de se encontrar em ruína, ainda conserva os alpendres apoiados em colunas dóricas. Fotografia 140: Edifício habitacional Fotografia 141: Casa da Família em Alcabideque Costa Alemão 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) Fotografia 142: Casa de campo/ Quinta na Atadoa Fotografia 143: Casa dos Alpendres em Avessada 343 Em Ega há a referir uma Casa com brasão de armas a encimar a entrada principal, situada no interior da povoação, nas proximidades do Paço dos Comendadores e, na freguesia do Furadouro, em Casmilo, uma Casa rural com alpendre. Fotografia 144: Casa Brasonada em Ega Fotografia 145: Casa rural com alpendre em Casmilo Na freguesia de Sebal, no aglomerado de Sebal, existem três bons exemplos de arquitetura civil privada do séc. XIX, designadamente a Casa Senhorial da família A. Carvalho, uma construção nobre com dois pisos que denota uma certa austeridade e simplicidade, a Casa dos Matos, com planta em L, pátio na parte posterior e brasão a encimar a entrada principal, e a Casa das Palmeiras, de vãos com verga em arco abatido, que se situa num extremo do aglomerado, rodeada por jardim. Ainda nesta freguesia, destaque para duas casas de cariz rural, existentes nas proximidades de Avenal: Casa agrícola em Ventosa e Casa Agrícola Sotto Mayor. Estas casas encontram-se em mau estado de conservação e pertencem à Quinta Sotto Mayor. Fotografia 146: Casa Fotografia 147: Casa da família Carvalho Matos 344 Fotografia 148: Casa das Palmeiras Fotografia 149: Casa Agrícola em Ventosa Fotografia 150: Casa agrícola Sotto Mayor 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Na freguesia de Vila Seca, são de destacar uma Casa rural com alpendre em Alcouce e uma Casa com alpendre em Mata, de corpo simples alpendre tem apoiado o em Fotografia 151: Casa rural com alpendre em Alcouce Fotografia 152: Casa com alpendre em Mata Fotografia 153: Ponte sobre o Rio de Mouros colunas. Por último e ainda no âmbito da arquitetura civil refira-se a Ponte sobre o Rio de Mouros em Fonte Coberta, na freguesia de Zambujal. 12.4.3 Estruturas de Apoio Como estruturas de apoio são referenciados Fontanários/ Fontes, Lavadouros, Moinhos e Noras. Na planta procedeu-se à identificação de dois Fontanários: um em Bruscos, junto à ribeira, detentor de uma linguagem novecentista e decorado por volutas, dois pináculos laterais e um central, e outro no Zambujal implantado no largo da igreja, construído no séc. XX ao estilo modernista; um Lavadouro em Condeixa-a-Velha, que integra uma estrutura porticada de pilares quadrangulares construída em 1939; vários Moinhos de Água existentes na Vila de Condeixa-a-Nova; um Moinho de Vento de madeira e pedra situado na freguesia do Zambujal; e uma Nora em Atadoa, junto à ribeira de Bruscos, um engenho agrícola constituído por diversos elementos em ferro, com a função de elevar a água da ribeira. Contudo, refira-se que as estruturas de apoio a salvaguardar não se esgotam nos elementos identificados, por poderem existir outros, também de merecido destaque, apesar de não terem sido contemplados no inventário efetuado. Fotografia 154: Fonte Fotografia 155: Fonte em Bruscos no Zambujal Fotografia 156: Lavadouro em Condeixa-a-Velha 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) Fotografia 157: Moinho Fotografia 158: Nora de vento em Atadoa 345 12.5 CONJUNTOS COM INTERESSE São identificados alguns Conjuntos notáveis de imóveis que, pela sua unidade, pela sua integração na paisagem ou pelo seu valor histórico, considera-se importante a sua proteção e conservação. No caso de Condeixa-a-Nova assinalam-se os seguintes conjuntos: Núcleo antigo de Bendafé; Núcleo antigo de Condeixa-a-Nova; Núcleo antigo de Atadoa; Núcleo antigo de Bom Velho de Cima; Núcleo antigo de Condeixa-a-Velha; Núcleo antigo do Poço; Núcleo antigo de Casmilo; Núcleo antigo do Furadouro; Núcleo antigo da Mata; Núcleo antigo da Serra de Janeanes. Trata-se de conjuntos edificados que integram os núcleos antigos de alguns aglomerados de Condeixa-a-Nova, destacando-se o Núcleo antigo da Vila de Condeixa-a-Nova por conservar ainda a sua estrutura urbana original e por integrar um conjunto significativo de exemplos da arquitetura tradicional, assim como casas e palácios senhoriais e património religioso e civil que deve ser preservado. 12.6 VALORES ETNOGRÁFICOS, ARTESANATO E GASTRONOMIA O âmbito dos recursos “histórico-culturais” promove a articulação entre as componentes arqueológicas, paisagísticas e/ou arquitetónicas do património construído. Estes recursos integram um vasto e valioso leque de edifícios de valor patrimonial, vestígios arqueológicos, bem como alguns conjuntos urbanos que constituem conjuntos edificados com importância histórica e arquitetónica, anteriormente identificados. Contudo, também os fatores de identidade, autenticidade e afirmação na região são constituídos, em grande parte, de usos, costumes e tradições culturais que, na ótica dos recursos, contribuem para aumentar os níveis de atratividade do território e constituem-se como importantes valores culturais locais. Assim, a crescente valorização das manifestações culturais tradicionais é um fator vantajoso para um concelho que mantém vivas diversas feiras, festas e romarias. Estas manifestações culturais, bem como a gastronomia, o artesanato, os produtos agroalimentares tradicionais e os próprios museus existentes, constituem um património identitário que promove aspetos diferenciadores da cultura local e regional. 346 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) As feiras são espaços privilegiados de convívio, para além de que permitem permutar, comprar e vender toda a especie de géneros alimentícios e mercadorias de uso corrente. A sua origem confunde-se muitas vezes com a malha do próprio tempo, documentando hábitos e modos de vida e testemunhando, paralelamente, a evolução de gostos e mentalidades. No concelho de Condeixa-a-Nova realizam-se diversas feiras, de periodicidade variável, que reúnem uma boa oferta comercial, chamando a si um vasto público. As feiras anuais são a Feira Anual de S. Martinho (freguesia da Ega - 11 de Novembro), a Feira Anual de S. Brás (freguesia da Ega - 02 de Fevereiro) e a Feira do Queijo Rabaçal, embora esta obedeça a uma rotatividade distribuída pelos diversos concelhos que integram a ADSICÓ. As Feiras Mensais são a Feira da Barreira (freguesia de Condeixa-a-Nova - dia 4), a Feira do Sebal (freguesia de Sebal - dia 19) e a Feira da Ega (freguesia de Ega — dia 11). Semanalmente realizam-se feiras em Condeixa-a-Nova às 3ª, 6ª e sábados. As romarias, como na maioria do país, realizam-se, em Condeixa-a-Nova, predominantemente nos meses de verão. A sua origem pode encontrar justificação no calendário litúrgico ou instituir-se como forma de devoção ao santo padroeiro da terra, apresentando um cunho genuinamente popular. Enquanto acontecimentos sócioculturais festivos, as romarias atraem muitos populares e estão, frequentemente, associadas a feiras francas. Todos os anos, no início de Agosto, realiza-se em Belide a romaria da Senhora da Saúde, uma das mais concorridas do concelho de Condeixa-a-Nova. Ao cumprimento das obrigações religiosas alia-se, nesta festa, os bombos e o fogo-de-artifício, o almoço e o passeio calmo pelas tendas de brinquedos e objectos miúdos, com os tradicionais vendedores de tremoços, pinhões, nozes e figos secos. À noite, o baile encerra o dia de festejos. O concelho conta ainda com outra romaria de destaque, a Senhora do Círculo na freguesia do Furadouro, que todos os anos ocorre no segundo domingo depois da Páscoa. Manda a tradição que os romeiros subam ao cimo da Serra do Círculo afluindo à capela. Ao final da tarde, desce-se o monte em direcção à Arrifana e, aí, realizase um baile. Ao nível da gastronomia, as potencialidades de Condeixa-a-Nova não são abundantes, contudo incluem-se no seu receituário mais tradicional, algumas confecções de destaque, sendo que o prato mais conhecido e emblemático é o cabrito assado em forno de lenha, com guarnição de batatas assadas e grelos cozidos, sendo que em algumas freguesias do concelho, este prato cede lugar à chanfana de cabra acompanhada com batata cozida. Nas pastagens do concelho abunda a erva-de-Santa-Maria que confere ao leite um travo inconfundível, daí que sejam também muito apreciados os produtos que a partir dele se fabricam, como o licor de leite ou o afamado Queijo do Rabaçal. O seu fabrico ocorre, além do Rabaçal, na freguesia do Zambujal (mas também na do Furadouro e na da Bendafé) onde é ainda, essencialmente, um processo artesanal. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 347 Ao nível da doçaria, é de referir a escarpiada (confeccionada no forno, à base de massa de pão, açúcar amarelo, azeite e canela). Produzem-se, também, outros produtos de referência característicos da região: o vinho de Vila Seca, o mel, o azeite e os frutos secos, com particular destaque para a noz. A qualificação de produtos tradicionais, detentores de nome protegido no espaço comunitário, vem contribuir para divulgar as potencialidades dos vários territórios do país. Assim, as normas europeias vieram regulamentar o processo de produção de sabores regionais, o qual fica completo com o controlo e certificação que garante a genuinidade e qualidade de produtos. A origem, assim como os fatores naturais e físicos que influenciam diretamente a sua produção são aspetos centrais para a proteção de um nome. O concelho de Condeixa-a-Nova integra a zonas de produção do Queijo Rabaçal (DOP), nomeadamente as freguesias de Condeixa-a-Velha, Ega, Furadouro, Vila Seca e Zambujal. Esta classificação é uma garantia de qualidade e os produtos assim classificados, são importantes produtos de valorização turística. Por sua vez, também a área geográfica51 dos Vinhos “Terras de Sicó” integra o concelho de Condeixa-a-Nova. Aqueles, pertencentes à sub-região do "Vinho Regional Beiras" (Portaria nº 158/93, de 11 de Fevereiro), devem seguir as tecnologias de elaboração e as práticas enológicas tradicionais, bem como as legalmente autorizadas. A riqueza natural dos mostos produzidos é a garantia da boa matéria-prima, a qual otimiza uma produção em qualidade. Também os Vinhos Terras de Sicó merecem uma destacada apropriação turística. No que ao artesanato diz respeito, o concelho de Condeixa-a-nova apresenta, como cartão-de-visita do artesanato local, a cerâmica artística, inspirada na cerâmica tradicional portuguesa dos séculos XVII e XVIII. Não obstante, e a par deste artesanato mais industrializado, persiste por todo o concelho um artesanato rudimentar que surpreende pela variedade e simplicidade dos materiais usados, bem como pela destreza e técnicas ancestrais dos artesãos que o executam. É o caso dos tapetes e carpetes, legados pela afamada tradição de tecelagem de Bendafé ou das miniaturas em madeira de Anobra, à escala de brinquedo, cadeiras, carroças, juntas de bois e outros motivos, importados directamente do quotidiano. Por fim, os museus, que reúnem espólios respeitantes a temas da identidade deste concelho, região e país e são importantes meios de preservação das memórias do passado e recursos culturais de excelência. Contam-se 3 museus no concelho da Condeixa-a-Nova, cujo destaque incide no Museu Monográfico das Ruínas de Conímbriga, o qual tem por missão a preservação e a investigação dos achados arqueológicos das ruínas, e na Casa Museu Fernando Namora, que dá a conhecer o trajeto da vida e a personalidade artística multifacetada dessa grande figura da cultura portuguesa, que foi Fernando Namora. O terceiro museu – Micro Complexo Museológico de Artes e Ofícios, localiza-se no Zambujal e expõe o espólio etnográfico da vinha, do azeite e do queijo. 51 Alvaiázere, Ansião, Condeixa-a-Nova, Penela, Soure e algumas fregueias dos concelhos de Miranda do Corvo, Pombal e Figueiró dos Vinhos. 348 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 13. REDE VIÁRIA E TRANSPORTES Neste capítulo procede-se à caracterização das infraestruturas viárias e do sistema de transportes do Concelho de Condeixa-a-Nova, nomeadamente, no que diz respeito à sua rede rodoviária e ao serviço de transporte público existente, tendo por objetivo a sua análise funcional e operacional. Metodologicamente, esta caracterização foi desenvolvida com base numa recolha de elementos diversos, processada a diferentes níveis: contactos com técnicos da autarquia; contactos com outras entidades (EP, SA, operadores de transportes, etc.); visitas ao concelho; consulta de dados estatísticos, estudos e publicações existentes. A identificação dos principais estrangulamentos e deficiências existentes, bem como das suas perspetivas de evolução a prazo, servirá de alicerce ao desenvolvimento de uma estratégia de intervenção que, no âmbito e horizonte temporal da presente Revisão do PDM, possibilite uma melhoria efetiva da sua qualidade e eficácia. Assim, nesta 1ª fase, foram analisados os aspetos relacionados com a sua inserção na rede exterior, acessibilidades servidas, estrutura e hierarquia atual, as características físicas e geométricas dos troços (extensões, perfis transversais, traçado, pavimentação, etc.) e o grau de acessibilidade interna proporcionado, salientando ainda os aspetos mais significativos quanto às suas perspetivas de evolução. Por último, foi igualmente caracterizado o serviço de transporte público coletivo que serve o Concelho, tendo em particular atenção a oferta e a qualidade do serviço prestado, bem como as condições de articulação e interface. 13.1 REDE RODOVIÁRIA 13.1.1 Inserção Nacional, Regional e Local 13.1.1.1 Principais Ligações à Rede Exterior As funções desempenhadas pelas vias, nomeadamente no que se refere aos níveis de acessibilidades servidos, apresentam-se como fator determinante no estabelecimento da sua adequada hierarquização, devendo ser analisada a sua adequação à estrutura, características e importância dos troços que a constituem. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 349 Deste modo, a análise da sua inserção na rede exterior possibilita a compreensão das relações estabelecidas com os principais pólos de geração/atração de deslocações, condicionadas, em larga medida, pela qualidade das respetivas ligações. Situado em plena Região Centro – sub-região do Baixo Mondego – o concelho de Condeixa-a-Nova é servido por um conjunto diversificado de ligações ao exterior, as quais, atendendo às funções desempenhadas, à estrutura viária existente e à sua inserção territorial, assumem, naturalmente, uma importância fundamental no contexto da rede concelhia. Neste âmbito, e no que respeita à rede atual, são de salientar os seguintes aspetos: o Concelho é servido diretamente pelo IP1-A1 (lanço Leiria - Coimbra) através do Nó de Condeixa – localizado cerca de 3.0km a Norte da sede de concelho – o qual, atendendo à estrutura viária existente e à sua inserção territorial, assegura as funções de maior relevo a este nível, beneficiando da elevada capacidade e dos padrões de mobilidade proporcionados; este Itinerário Principal (IP) integra a Rede Nacional Fundamental e de Autoestradas e estabelece a ligação longitudinal entre os principais pólos urbanos situados ao longo da faixa litoral do País, bem como a articulação com os principais eixos transversais que servem o seu interior (por exemplo IP3, IC8 ou IP6), proporcionando desta forma um vasto conjunto de ligações; com um traçado paralelo a este, a EN1 (IC2) – aproximadamente coincidente com o da EN1 desclassificada – atravessa longitudinalmente a região central do território e, apesar da sua limitada capacidade, assume igualmente uma enorme importância, quer a nível regional, quer nacional, assegurando, entre outras, ligações rápidas a Coimbra (a Norte), ao IC8 (Pombal) e a Leiria (IC36 e IC1-A8); refira-se que este Itinerário Complementar (IC) constitui uma alternativa ao IP1-A1 no estabelecimento de algumas ligações de maior distância e importância, uma vez que beneficia de isenção de portagem, aspeto que assume particular relevância na escolha de percursos por parte do tráfego pesado de mercadorias, o que tem como consequência direta a manutenção de elevados volumes de atravessamento, circunstância que assume um impacte particularmente perturbador na travessia urbana da Vila de Condeixa-a-Nova; na direção Nascente, região com maiores condicionalismos de natureza orográfica e, logo, com uma densidade viária mais reduzida, as ligações de maior importância são asseguradas pelo atual traçado do IC3 (lanço Tomar - Coimbra) que, a nível concelhio, é constituído pela conexão entre as EN 342 e EN347 e a EN1 (IC2), através do Nó da Faia; 350 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) para além de acessibilidades locais (Penela) e regionais (Pinhal Interior e Médio Tejo), a sua conexão com o IC8 a Sul (Nó de Avelar), proporciona ligações a Castelo Branco e Portalegre (IP2) e a Espanha através da Fronteira do Caia, aspeto que assume enorme relevância como fator de desenvolvimento concelhio e regional; Quadro 113: Principais Ligações à Rede Exterior Principais Ligações Asseguradas (Nível) Via Nacional / Internacional IP1/A1 Regional Local Lisboa Coimbra Pombal Alentejo e Algarve Aveiro (Baixo Vouga) Região Norte Leiria (Pinhal Litoral) Front. Valença e V. Formoso EN1 (IC2) Soure 3) Coimbra Pinhal Interior Norte 1) Pombal Pinhal Litoral Oeste 2) EN347 (IC3) Front. Caia (Badajoz) Médio Tejo Penela Pinhal Interior S/N Beira Interior Sul Alto Alentejo EN342 Pinhal Interior Norte Soure Miranda do Corvo ER347 Montemor-o-Velho Figueira da Foz ER347-1 Ansião 1) Através da EN17 ("Estrada da Beira"); 2) Ligação ao IC36 e IC1-A8; 3) Via EN348; a EN342 (Soure - Arganil), igualmente integrada na Rede Nacional Complementar, atravessa transversalmente as zonas Poente e Nascente do território – estabelecendo articulação com os dois eixos anteriormente mencionados – e desempenha, neste contexto, funções de nível essencialmente local; por seu turno, as ER52 347 (Condeixa - Montemor-o-Velho/EN341) e ER347-1 (Condeixa Alvorge/ER348) – que serve tangencialmente a zona Sudeste do Concelho –, desempenham funções equiparadas à anterior, embora com maior relevância no caso da ER347, quer pela sua inserção central radial na estrutura da rede, quer pelo peso específico das relações existentes com os concelhos de Montemor-o-Velho e da Figueira da Foz. 52 Vias integradas na categoria das Estradas Regionais; 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 351 Referência final para a ER1-7 (Condeixa - Taveiro/EN341) que constitui uma altenativa ao IP1-A1 no acesso à Zona Industrial de Taveiro e ao IC2 (Coimbra Sul). Relativamente à Rede Municipal, esta integra um conjunto significativo de vias que asseguram ligações exteriores de importância secundária a nível concelhio, servindo sobretudo o acesso de zonas mais periféricas aos concelhos limítrofes. De entre estas, destacam-se as asseguradas a partir do quadrante Noroeste pela EM605 e pelos CM1096 e CM1113 e, na zona Nascente (freguesias de Vila Seca e Bendafé), pela EN110 desclassificada e pela via Y (sem classificação administrativa atribuída) que servem ligações de atravessamento à cidade de Coimbra e a Cernache (EN1 /IC2), respetivamente. 13.1.1.2 Análise das Acessibilidades Externas A acessibilidade entre dois locais é sempre determinada em função da distância e das características das infraestruturas viárias que os unem. Deste modo, a análise que seguidamente se efetua traduz as acessibilidades mais favoráveis entre a Vila de Condeixa-a-Nova e os principais pólos geradores de importância nacional, regional e local, tendo por base as distâncias registadas e a rede rodoviária existente. A localização geográfica do Concelho e o facto de a região ser servida por alguns importantes itinerários da Rede Nacional Fundamental e Complementar, conferem-lhe condições favoráveis de acessibilidade rodoviária, situação que deverá evoluir substancialmente com a implementação, a curto/médio prazo, de alguns itinerários planeados no âmbito do PRN2000 em vigor53 (ver ponto 12.2.3). Assim, é possível constatar os bons níveis de acessibilidade relativamente aos dois principais pólos de nível nacional, sendo as respetivas ligações favorecidas quer pela distância moderada a que se encontram – decorrente da sua localização geográfica –, quer pelas excelentes condições de mobilidade proporcionadas pela autoestrada A1. Esta circunstância é, contudo, condicionada quer pela sua inserção territorial, quer pelos atrasos na concretização de alguns itinerários (por exemplo IC2 e IC3) que deveriam proporcionar ligações mais vantajosas54 a diversos quadrantes do território nacional (caso do interior centro), asseguradas presentemente por vias que, em parte do seu traçado, não garantem padrões de utilização e mobilidade adequados a estas funções. 53 Plano Rodoviário Nacional: Dec. Lei nº 222/98, de 17 de julho, alterado pela Lei nº 98/99 e pelo Dec. Lei nº 182/2003; 54 Com redução significativa dos custos de deslocação/transporte, como consequência direta, quer da menor extensão das viagens, quer da isenção de portagens em parte substancial dos percursos; 352 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Refira-se que, no que diz respeito às acessibilidades de maior distância na direção Sul, a EN1 (IC2) constitui ainda uma alternativa a considerar (pela ligação ao IP1/A1 no Nó de Aveiras de Cima), uma vez que, apesar de apresentar padrões de qualidade claramente deficitários, beneficia da isenção de pagamento de portagem e, até, de um ligeiro encurtamento da distância a percorrer (da ordem dos 10 km, no caso de Lisboa). Quadro 114: Distâncias da Sede de Concelho aos Principais Pólos Geradores Nível Designação Hierárquico Nacional Regional Fronteiras Principais Vias (km) Utilizadas Lisboa 185 IP1-A1 Porto 125 IP1-A1 Algarve (Faro) 425 IP1-A1, IC10-A15, IC3/IC11-A13, IP1-A2, IC4-A22 Coimbra 1) Aveiro 12 EN1 (IC2) 67 IP1-A1, EN235 Viseu 105 IP1-A1, IP3 61 IP1-A1 Castelo Branco 140 IC33), IC8, IP2-A23 Montemor-o-Velho 20 ER347, EN347 Figueira da Foz 36 ER347, EN347, IP3-A14 Soure 12 EN342 Pombal 27 EN1 (IC2) Penela 16 EENN342/347 (IC3) Miranda do Corvo 18 EN342 Valença 235 IP1-A1/A3 Vilar Formoso 210 IP1-A1, IP3, IP5-A25 Caia 245 IC33), IC8, IP2-A23, EN18 (IP2), EN/ER246, IP7-A6 Leiria Local Distância 2) 1) Alternativa via IP1-A1 e IC2 = 16km; 2) 51km via EN1 (IC2); 3) Traçado assegurado pelas EENN342, 347 e 110; A nível regional, a localização periférica relativamente à cidade de Coimbra – sede de distrito e, destacadamente, o pólo mais importante a este nível – e, mesmo, as distâncias moderadas relativamente a Leiria e Aveiro, constituem um fator bastante positivo. A prazo, é expectável que a gradual implementação (ou beneficiação) dos principais eixos viários que servem a Região Centro contribua para a sua melhoria e, em função das alternativas criadas e da inerente redução dos volumes de tráfego que utiliza a rede atual, viabilize a requalificação do atual traçado da EN1 (IC2) de acordo com parâmetros adequados à sua inserção em meio urbano, ao contrário do que se verifica hoje na travessia do perímetro de Condeixa-a-Nova, onde representa uma barreira física de elevado impacte. Em contrapartida, a acessibilidade local, traduzida nas ligações às sedes dos restantes concelhos limítrofes, bem como às cidades da Figueira da Foz e de Pombal, com a reduzida dimensão física desta área territorial tem como consequência natural a existência de distâncias relativamente reduzidas, fator que, em diversos casos, 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 353 não reflete diretamente padrões de mobilidade e acessibilidade adequados face ao tipo e importância das relações de proximidade existentes. Por último, assinale-se a distância considerável a que se situam as principais fronteiras internacionais consideradas, fator que, nos casos de V. Formoso e Caia (Elvas), se acentua negativamente em virtude das características inadequadas de parte das vias que asseguram estas ligações, aspeto que assume uma relevância muito significativa como fator de desenvolvimento económico do Concelho e da região em que se insere, a qual apresenta uma elevada densidade de usos industriais. Esta análise teve por referência a sede de concelho que, para além da sua localização territorialmente central, beneficia da proximidade aos eixos viários mais importantes. Logo, em função da estrutura interna da rede concelhia, os padrões de acessibilidade são, naturalmente, inferiores nas zonas mais periféricas e com conexões menos favoráveis a estes. 13.1.2 Rede Viária Concelhia 13.1.2.1 Estrutura e Hierarquização Atual A rede viária do concelho de Condeixa-a-Nova (representada na peça desenhada n.º 09: Rede Rodoviária Estrutura e Hierarquização Atuais) é composta por dois níveis hierárquicos principais, diferenciados quanto à respetiva categoria administrativa, a saber: Rede Nacional – trata-se de vias que integram a Rede Fundamental - Itinerários Principais (IP) e a Rede Complementar – Itinerários Complementares (IC), Estradas Nacionais (EN), Estradas Regionais (ER) e Estradas desclassificadas sob jurisdição da EP, SA, classificadas de acordo com o PRN2000 em vigor; Rede Municipal – esta integra as Estradas Regionais (ER) e as Estradas desclassificadas no âmbito do PRN2000 sob jurisdição da autarquia, bem como as Estradas Municipais (EM), Caminhos Municipais (CM) e outras vias sem classificação. Refira-se que, no que diz respeito aos troços desclassificados/ a desclassificar – como consequência de opções de planeamento já previstas no anterior PRN85 –, a implementação do PRN2000 terá um impacte insignificante na extensão dos troços integrados na Rede Nacional através da sua municipalização. Face ao prazo de vigência da presente Revisão do PDM e sendo expectável que a sua passagem à competência da autarquia venha a ocorrer ao longo desse período, consideraremos, para efeitos da presente análise, a totalidade das vias desclassificadas como parte integrante da Rede Municipal. 354 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quanto à ER347, reintegrada na Rede Nacional na categoria das Estradas Regionais, é de referir que, não estando ainda claramente definido o respetivo estatuto de competência, esta poderá, tal como previsto no Decreto-Lei referido (art. 13º), vir igualmente a fazer parte da Rede Municipal, mediante protocolo a celebrar com a autarquia em condições semelhantes às estabelecidas relativamente às EN desclassificadas, à semelhança do que já aconteceu com a ER 1-7 e a ER347-1. Por fim, no que diz respeito à Rede Municipal, é de salientar que a classificação administrativa em vigor resulta de legislação antiga – Decreto-Lei 42271 (de 20/5/59) e Decreto-Lei 45552 (de 30/1/64) – e desajustada face à atual estrutura da rede concelhia e, consequentemente, a existência de um número significativo de vias não classificadas, as quais, para efeitos de análise, entendemos designar através de letras (vias A a Ar). Tal como referido, a região central do território é atravessada pelo IP1-A1 (Autoestrada Lisboa/Porto) que serve Condeixa-a-Nova a uma distância reduzida e assume, naturalmente, um papel fundamental ao nível das suas acessibilidades externas. Dadas as suas limitações de acesso, restringidas ao Nó de Condeixa (ligação à EN1 (IC2)), não desempenha quaisquer outras funções a nível interno. Da Rede Nacional Complementar fazem parte três troços que desempenham um papel estruturante no contexto da sua rede viária. Para além das ligações exteriores asseguradas (ver ponto anterior), assumem a nível interno funções bastante diferenciadas: a EN1 (IC2) – com um traçado aproximadamente paralelo ao do IP1-A1 – constitui, conforme já referido, uma alternativa a este no estabelecimento de algumas ligações externas. A nível local, desempenha funções estruturantes como eixo distribuidor no atravessamento longitudinal de toda a sua zona central e, inclusivé, ao perímetro urbano da Vila de Condeixa, aspeto que se traduz numa descontinuidade entre o seu núcleo consolidado e as áreas de expansão situadas a Poente; o atual IC3 – constituído por dois troços das EN342 e EN347 – desenvolve-se na direção Nascente a partir de Condeixa-a-Nova (Nó da Faia/ EN1 (IC2)) e, para além das ligações às sub-regiões do Pinhal Interior, assume igualmente um papel relevante ao nível da distribuição interna das deslocações nesta zona do Concelho; por seu turno, a EN342 (Soure - Condeixa - Arganil) é formada por dois troços distintos que se articulam com a EN1 (IC2) e com o eixo EN342/ EN347 (IC3) no atravessamento transversal do Concelho. Ao longo do seu traçado, estabelece conexões com diversos troços da Rede Municipal – por exemplo EM607 e EM 607-1 (Ega), EM566-1 e EN110 desclassif. (próximo de Vila Seca) – e, dado o seu prolongamento ao exterior, assume igualmente funções de importância supramunicipal. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 355 No que diz respeito às Estradas Regionais, importa salientar as funções desempenhadas por cada um dos três troços a nível interno: a ER1-7 desenvolve-se na direção Norte a partir de Condeixa-a-Nova e, para além dos núcleos urbanos de Avenal e Sobreiro, estabelece conexão com a EM607 e, deste modo, acessibilidade à freguesia de Anobra (EM605); a ER347 apresenta um traçado radial aproximadamente perpendicular ao troço Poente da EN342 – com a qual entronca junto ao Nó da Faia – e desempenha funções equiparadas a esta, servindo as freguesias de Sebal e Belide; Por fim, a ER347-1 diverge da EN347 (IC3) na direção Sul e constitui a principal acessibilidade à freguesia de Zambujal, situada no extremo Sudeste do Concelho. De entre as EN desclassificadas serão de salientar as funções desempenhadas pelo troço da EN1 desclassif. que se desenvolve a Norte da “Circular Interna” de Condeixa-a-Nova o qual, para além da continuidade a esta via urbana, serve o acesso ao aglomerado de Eira Pedrinha e uma ligação alternativa à EN1 (IC2) nas proximidades de Orelhudo (concelho de Coimbra). Relativamente ao troço da EN110 desclassif. que percorre tangencialmente o extremo Nascente do território, para além das já mencionadas anteriormente, não desempenha qualquer função de relevo a nível local. A restante Rede Municipal abrange um conjunto de vias bastante heterogéneo, quer em termos físicos, quer funcionais. De facto, para além de diversas ligações exteriores de importância secundária – com destaque para a EM605 e para os CM1096 e CM1113 –, no contexto das deslocações intraconcelhias a sua importância decorre das funções desempenhadas no acesso aos principais núcleos urbanos ou a outros pólos concelhios (por exemplo sedes de freguesia ou zona industrial) e, nalguns casos, de funções de caráter exclusivamente urbano, como sucede no caso das vias estruturantes da Vila de Condeixa-a-Nova. Esta análise, servirá de enquadramento a uma proposta de hierarquização funcional da rede, diretamente relacionada com as funções desempenhadas pelas vias (independentemente da sua categoria administrativa), constituindo matéria a tratar em fase posterior, tendo por objetivo concreto a definição de níveis hierárquicos com diferentes exigências operacionais e, logo, das suas adequadas características físicas, geométricas, condições de ocupação e acesso marginal, aspetos a contemplar ao nível do Regulamento do Plano. 356 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 13.1.2.2 Caracterização Física Extensões Viárias A rede viária inventariada englobou a totalidade dos troços que desempenham funções relevantes no contexto da rede concelhia, nomeadamente, todos os que asseguram acessibilidade a aglomerados urbanos, não se considerando relevante nem conveniente, neste âmbito, a consideração de vias com funções exclusivamente urbanas, de acesso local a propriedades isoladas ou integradas na rede florestal. Assim, a extensão total da rede considerada é da ordem dos 190km, a que corresponde uma densidade viária global de 1348m/km2, valor que, apesar da reduzida dimensão do Concelho, se deve considerar como bastante elevado e revelador de um satisfatório grau de cobertura territorial, sobretudo se tivermos em conta a orografia acidentada e a reduzida densidade de inúmeras áreas rurais e florestais. As zonas Oeste e Sudeste, com uma estrutura viária mais rarefeita, apresentam as principais insuficiências a este nível. Este facto permite igualmente concluir que existe uma significativa dispersão na ocupação do solo numa parcela considerável do território, como sucede nas zonas Noroeste e central do Concelho, circunstância que tem como consequência uma estrutura viária confusa e de difícil diferenciação em termos funcionais. Por outro lado, as principais debilidades estruturais derivam da configuração acentuadamente radial da rede (centrada na Vila de Condeixa) e, frequentemente, da inexistência de troços que assegurem o fecho de malhas e o estabelecimento de ligações transversais adequadas entre zonas significativas do território. Quadro 115: Extensões Viárias por Categoria Administrativa Extensão Tipos de Vias (km) Rede Nacional 58.2 30.8% Fundamental (IP) 13.1 22.5% Complementar (IC + EN) 29.2 50.1% Estradas Regionais (ER) 15.9 27.3% Rede Municipal 130.6 69.2% antigas EN's 6.6 5.1% 43.2 33.1% 80.8 61.9% Estradas Municipais (EM) Caminhos Municipais (CM) Total 1) 188.8 1) Engloba as vias não classificadas 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 357 A sua repartição relativamente à categoria administrativa denota o peso significativo assumido pelas vias da Rede Nacional (31% do total) na estrutura da rede concelhia, as quais, com exceção do IP1-A1 (23% da sua extensão), desempenham um papel fundamental, quer ao nível das acessibilidades externas, quer na distribuição de diversas deslocações internas. Figura 110 : Estrutura Administrativa da Rede Viária Concelhia 31% 43% 3% 23% Rede Nacional antigas EN's EM´s CM´s Em termos funcionais, esta repartição permite concluir que a rede se apresenta relativamente bem estruturada – sobretudo, se excluirmos o IP1-A1 como parte integrante da rede local/concelhia –, com as extensões mais elevadas a corresponderem às vias que asseguram predominantemente funções distribuidoras ou de acesso local (sistemas secundário e terciário), fator que limita a ocorrência de sobreposições funcionais significativas ao longo das vias coletoras, correspondentes ao sistema primário. No que diz respeito à Vila de Condeixa-a-Nova (destacadamente, o principal pólo gerador), apesar dos condicionalismos impostos pelo atravessamento do seu perímetro urbano pela EN1 (IC2), esta beneficia duma localização estratégica no contexto da rede, com os eixos viários mais importantes a desenvolverem-se radialmente a partir do seu perímetro, ou com acesso situado na sua periferia próxima, servindo, portanto, de forma adequada as suas acessibilidades a diferentes níveis. Por seu turno, o grau de cobertura proporcionado pela Rede Municipal (cerca de 130km) é bastante significativo, em diversos casos formada por ramificações dos eixos nacionais e com alguns troços de hierarquia inferior (CM), a desempenharem um papel complementar no acesso a lugares de menor dimensão, ou na interligação entre troços de maior importância na estrutura da rede. Saliente-se ainda a existência de uma rede relativamente extensa de caminhos rurais e florestais (em terra batida), na sua maioria, com características adequadas às funções desempenhadas, assumindo um papel fundamental no apoio às diversas explorações rurais e áreas florestais existentes. 358 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) O tipo e o estado de conservação dos pavimentos constituem importantes fatores na avaliação qualitativa da rede, com repercussões ao nível da sua capacidade, segurança, economia e conforto de utilização. Com o objetivo de caracterizar a rede viária concelhia relativamente a estes aspetos, bem como às suas características geométricas, foi efetuado, em 2008, um levantamento exaustivo (peça desenhada n.º 10: Rede Rodoviária - Inventário Físico) que consistiu na recolha de elementos respeitantes a troços homogéneos significativos. Os quadros seguintes apresentam uma síntese deste inventário, bem como a identificação das acessibilidades servidas por cada um dos troços. Da sua leitura, constata-se que a quase totalidade dos troços inventariados (num total de 188.8km) se encontra pavimentada em betuminoso (96%), constituindo os troços em calçada, de reduzida extensão, existentes no interior de alguns aglomerados (menos de 1% do total), as exceções mais relevantes. Pela relevância que alguns deles apresentam no contexto da rede e, também, como elemento base ao desenvolvimento de propostas futuras de intervenção, foram igualmente considerados alguns troços não pavimentados, os quais representam cerca de 4.6% da extensão total da Rede Municipal. Figura 111 : Estado de Conservação por Categoria Administrativa 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Rede Nacional Betuminoso Bom ant. EN's Bet/Calçada Regular EM´s Bet Mau/Obras CM´s Terra Bat. Relativamente ao seu estado de conservação, verifica-se que a maioria dos troços que a constituem se apresentam em bom (BB = 89% do total) ou regular (BR = 6.6%) estado, o que configura um cenário francamente positivo, consequência de diversas intervenções de beneficiação levadas a efeito por parte da autarquia num passado recente. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 359 Quadro 116: Rede Viária Concelhia - Inventário Físico e Acessibilidades Via Extensão Larg. FR Tipo/Estado do Pavimento (km) (km) (m) BB BR BM/Ob CR Pontos Extremos e Intermédios TB Rede Nacional IP1-A1 EN1 (IC2) EN342/347 (IC3) EN342 " ER1-7 ER347 ER347-1 sub Total (Rede Nacional) 13.1 9.3 5.5 6.9 7.5 5.8 6.4 3.7 58.2 31% 2 x 7.5 13.1 7.5 - 10.5 9.3 7.0 5.5 7.0 6.9 7.0 7.5 6.0 5.8 5.5 6.4 6.0 3.7 58.2 100% LC Soure, EN1 (IC2)/Nó de Condeixa, LC Coimbra LC Soure, Arrifana , EN342 (IC3)/Nó da Faia, Condeixa-a-Nova, LC Coimbra LC Penela, EN342, Cond.-a-Velha, Condeixa-a-Nova, EN1 (IC2)/Nó da Faia troço Poente: LC Soure, Ega, EN1 (IC2)/Nó da Faia, Condeixa-a-Nova troço Nasc.: EN342/347 (IC3), Vila Seca, ant EN110, LC Miranda do Corvo Condeixa-a-Nova/EN1 (IC2), Avenal , LC Coimbra Condeixa-a-Nova/EN1 (IC2), Sebal, Belide, LC Soure LC Penela (lig EN347 (IC3)), Zambujal (prox), LC Penela (Rabaçal) 3.2 2.2 0.8 0.4 6.6 5% 1.7 8.8 1.9 5.4 2.0 1.1 11.3 4.2 2.6 0.7 3.5 43.2 33% 3.1 1.7 4.8 1.6 1.2 1.7 2.1 1.1 5.5 - 6.0 5.5 7.0 7.0 EN1 (IC2), Arrifana ; Condeixa-a-Nova ("Circ. Interna "), LC Coimbra LC Coimbra, EN342 (prox Vila Seca) EN342 (IC3), Condeixa-a-Nova ("Circ. Interna ") EN342 (IC3), Conímbriga ("Ruínas Romanas") Rede Municipal ant EN1 1) ant EN110 ant EN342 ant EN342-2 sub Total (antiga EN) EM565 EM566 EM566-1 EM605 EM605-1 EM606 EM607 EM607-1 EM607-2 EM608 EM609 sub Total (EM) CM1096 CM1096-2 CM1113 CM1113-1 CM1174 CM1175 CM1177 CM1178 CM1179 CM1180 CM1181 CM1182 CM1182-1 CM1183 CM1184 Vias n/classif. A B C D E F G H 360 4.5 4.0 - 5,5 4.0 - 4.5 5.0 5.5 4.0 - 4.5 4.5 - 5.52) 4.5 - 5.0 6.5 - 7.5 5.0 4.5 - 5.0 2.4 4.2 3.3 1.7 3.1 1.5 4.0 - 4.8 4.5 - 4.8 5.0 5.0 - 5.5 4.0 - 5.0 5.0 - 5.5 3.5 - 4.0 4.0 3.5 4.0 - 5.2 3.0 - 4.53) 4.0 - 5.0 n. Inv. 4.0 - 5.0 4.5 - 5.0 1.7 0.8 2.0 0.5 1.5 0.4 0.8 0.6 3.5 - 4.0 4.5 4.5 - 5.0 5.0 3.0 4.5 4.0 4.0 3.2 2.2 0.8 0.4 6.6 100% 1.7 8.3 1.2 5.4 2.0 0.7 10.3 4.2 2.6 0.5 3.5 40.4 94% 2.6 1.1 4.8 1.2 1.2 1.7 2.1 1.1 0.3 0.7 0.2 0.4 1.0 0.2 2.4 6% 0.5 0.6 0.2 0% 0.9 0.2 0.4 0.5 1.5 0.4 0.8 0.6 0.4 0.2 0.8 0.8 0.6 0.6 0.2 0% LC Montemor-o-Velho, C. Légua, Venda da Luísa, EM607 ("Zil") CM1096, Rapoila , ER347 (Belide) ER347 (Sebal), Campizes (EM607-1), LC Soure CM1113, Casal do Missa EM605 (Casal S. João ), Casal das Figueiras EM605, Casal do Carrito (via B) EN1 (IC2)/Arrifana , EM607 (Ega) EN1 (IC2), Serrazina (via Ah) EN1 (IC2), Cadaval Grande EN242, Traveira , LC Penela (C. Azenha ) EN347 (IC3), Fonte Coberta, Póvoa das Pêgas , ER347-1 Zambujal (EM565), ER347-1, Serra de Janeanes (via Ao) 1.5 CM1182 (Serra de Janeanes ), LC Penela (Chanca ) ant EN110, C. Balaus, EM566 (Alcouce ), EN342 (Vila Seca) EM609 (Furadouro), Casmilo (via Ao) 2.4 4.2 3.3 2.3 1.5 ER347-1, Zambujal Condeixa-a-Nova, Alacbideque (prox), Bem da Fé, Alcouce, ant EN110 EM566, Alcabideque , EN342 LC Coimbra, Casal S. João , Anobra, EM607 EM605 (Anobra), ER1-7 LC Coimbra (Vila Nova ), ER1-7 (Avenal ) EN1 (IC2), Rebolia, EN342 (Ega), ER347 (Sebal), "Zil", ER1-7 (Avenal) EN342/EM607 (Ega), Campizes, ER347 (Casével ) EM607 ("Zil"), C. Estrada, Condeixa-a-Nova/EN1 (IC2) Condeixa-a-Nova ("Circ. Interna" ), Condeixa-a-Velha ant EN1 (Arrifana ), Peixeiro, Furadouro (CM1184) 1.0 EM605 (Inculca ), Lameira de Baixo/Cima , LC Coimbra (EM605) CM1175 (C. Carrito ), LC Coimbra Anobra (EM605), CM1096 (Casal da Légua ) EM605, EM605-1 (Anobra) EM605, Venda da Luísa (CM1096) EM607 ("Zil"), CM1096 (prox Venda da Luísa ) ER1-7, Rodão , EM607 (Sobreiro ) ER1-7, EM606 (Avenal ) 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 117: Rede Viária Concelhia - Inventário Físico e Acessibilidades Via Extensão Larg. FR Tipo/Estado do Pavimento (km) (km) (m) I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z Aa Ab Ac Ad Ae Af Ag Ah Ai Aj Ak Al Am An Ao Ap Aq Ar 1.7 1.2 1.2 1.3 1.0 0.3 1.1 0.3 0.7 1.4 0.8 2.1 1.4 0.8 0.7 0.4 3.5 0.6 0.4 0.4 0.2 1.0 1.5 1.6 0.8 1.2 0.9 0.2 0.7 3.2 1.3 0.9 1.9 0.4 0.6 1.3 5.0 5.0 4.0 - 5.0 n. Inv. 3.5 6.0 sub Total (CM + n/class.) sub Total (Rede Municipal) 80.8 62% 130.6 69% 63.0 8.4 78% 10% 110.0 10.8 84% 8% TOTAL 188.8 168.2 10.8 2.2 89% 1% 5.5 - 7.04) 3.5 5.0 4.0 - 4.5 3.5 - 5.0 4.5 - 5.5 3.0 3.0 n. Inv. 3.5 4.5 4.0 4.0 4.5 4.0 n. Inv. 3.0 - 4.5 4.5 - 6.0 4.0 4.5 3.0 - 4.0 5.0 3.5 - 4.0 4.5 n. Inv. 3.5 4.5 3.5 5.0 4.0 BB BR BM/Ob CR TB 1.7 1.2 1.2 0.3 0.5 0.3 1.1 0.3 0.4 0.9 0.6 2.1 1.4 0.1 1.0 0.5 0.3 0.5 0.2 0.7 0.7 0.4 3.5 0.6 0.4 0.4 0.2 1.0 1.2 1.3 0.8 1.2 0.3 0.3 0.9 0.2 0.7 3.2 1.3 0.9 1.9 0.4 0.6 1.3 6% 2.0 2% 2.2 2% Pontos Extremos e Intermédios 1.4 2% 1.6 1% 6.0 7% 6.0 5% 1.6 6.0 ER347/EM607-1 (Casével ), CM1113 ER347 (prox Casével ), via J EM607, Sebal Pequeno, CM1096 (Venda da Luísa ) Sebal Pequeno (via K), ER347 ER347 (prox Sebal Grande ), Moinho da Palha, via L ER347 (prox Sebal Grande ), EM607 ER347, Ribeira, EM607-2 (Casal da Estrada ) ER347, via O ant EN1, Eira Pedrinha , via R ant EN1, Eira Pedrinha , Sra. da Piedade , via T (Avessada ) via R (Eira Pedinha ), EM566 (Sra. das Dores ) ant EN342, Valada , EM566, Avessada, LC Coimbra ant EN342, Ordens , via V via U, Alcabideque (EM566-1) EM566 (prox Bom Velho de Baixo ), LC Coimbra EM566, Bom Velho de Baixo CM1183 (prox Vila Seca), EM566 (prox Bem da Fé), LC Coimbra EN342 (Bruscos ), via Y EN342, Vila Seca CM1113-1 (Casal do Missa ), LC Soure CM1113-1 (Casal do Missa ), LC Soure ER347, Qta do Cangalho , EM607 ant EN1 (Arrifana ), Ameixeira, Salgueiro, ant EN1 ant EN1 (Salgueiro ), Condeixa-a-Velha (EM608), ant EN342-1 CM1177 (Qta da Ordem ), CM1178 EM607 (Rebolia de Baixo ), CM1178 (Serrazina ) EM607 (Rebolia de Cima ), LC Soure EM607 (Reives ), LC Soure EN1 (IC2), Presa, LC Soure EN1 (IC2) (Vale de Janes ), CM1184 (prox Casmilo ) CM1179 (Cadaval Grande ), via Al via Al, "Sra do Círculo" CM1182 (Serra de Janeanes ), CM1184 (Casmilo ) CM1181, Poço CM1181, CM1181 (prox Póvoa das Pêgas ) CM1181 (Fonte Coberta ), ER347-1 0.8% 3% 1) dois troços distintos; 2) FR = 6.0 - 7.0m entre Sebal e "Zil"; 3) "Ponte Filipina" c/2.0m; 4) Pte. Ribª Bruscos c/2.5m; Tipo e Estado de Conservação dos Pavimentos: BB - Betuminoso Bom; BR - idem Regular; BM/Ob - idem Mau/em Obras; TB - Terra Batida 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 361 Assim, são de salientar as boas condições apresentadas pela totalidade das vias da Rede Nacional – com o troço Poente da EN342 a ser alvo de intervenção de beneficiação recente –, bem como pela esmagadora maioria das EN desclassificadas e EM, no seu conjunto, com 94% dos troços em bom estado de conservação. Relativamente à restante Rede Municipal (CM e vias não classificadas) verifica-se que a esmagadora maioria dos troços apresenta igualmente condições bastante razoáveis. Nos troços em estado regular (10.4%) ou mau (apenas 2.5%) – em diversos casos, correspondentes a troços objeto de instalação de infraestruturas – deverão ser, atempadamente, planeadas as necessárias intervenções de beneficiação. Em termos qualitativos, importa salientar as insuficiências registadas ao nível da marcação rodoviária por pintura, sinalização vertical e colocação de guardas de segurança, aspetos para os quais deverá ser dada especial atenção, sobretudo nos troços que efetuam travessias de aglomerados urbanos, bem como naqueles que apresentam maiores condicionalismos em termos de traçado, como se verifica em diversos casos. Por fim, refira-se a escassa aplicação de mecanismos limitadores da velocidade na travessia de aglomerados urbanos, bem como de medidas de ordenamento e de requalificação do espaço urbano, à semelhança das planeadas para a zona central de Condeixa-a-Nova. Este tipo de intervenções deverá permitir uma demarcação clara da via relativamente ao espaço adjacente – tal como sucede, a título de exemplo, na travessia urbana de Venda da Luísa pelo CM1096 –, envolvendo, entre outras, a construção de passeios, a delimitação de zonas de parqueamento, ou a implementação de passadeiras sobrelevadas para travessia de peões, permitindo atenuar os efeitos indesejáveis decorrentes da partilha da via pelos diferentes modos de transporte e tipos de utentes. De um modo geral, verifica-se que as melhorias introduzidas nos últimos anos ao nível da Rede Municipal (através da sua pavimentação e/ou beneficiação), permitiram um acréscimo da sua extensão e importância no contexto da rede, com benefícios claros ao nível da mobilidade e das acessibilidades locais, e possibilitaram o fecho de malhas viárias significativas. Características Geométricas e de Ocupação Marginal As características geométricas das vias - perfil transversal, perfil longitudinal e traçado em planta -, tal como as suas condições marginais de ocupação - travessias urbanas, conflitos com peões ou veículos estacionados, etc. - têm igualmente uma influência determinante nas condições de operação da rede viária, com reflexos diretos ao nível dos parâmetros enunciados anteriormente. Numa análise sucinta, verifica-se que a maior parte dos troços da Rede Nacional apresentam dimensões adequadas às características do tráfego servido e à sua inserção territorial, sendo contudo de assinalar o 362 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) dimensionamento do atual traçado do IC3 (EN342/ EN347) – com perfil simples e 7.0m de faixa de rodagem –, algo limitado face à sua importância estratégica e às funções que assume. Relativamente à Vila de Condeixa-a-Nova, a implementação num passado recente do Nó da Faia e do traçado variante à EN342 (IC3) permitiu assegurar a funcionalidade do seu núcleo central, salvaguardando a existência de conflitos significativos entre o tráfego local e os volumes de atravessamento servidos por este eixo. Contudo, o “lay-out” e o dimensionamento deste nó rodoviário resulta numa articulação deficiente entre a rede viária estruturante da Vila – em particular, da sua “Circular Interna” – e as zonas de expansão situadas a Poente, circunstância que é de sobremaneira agravada pelo já mencionado “efeito barreira” introduzido pela EN1 (IC2), eixo em que persiste um elevado tráfego de atravessamento, em larga medida, induzido pela proximidade ao Nó de Condeixa do IP1-A1. Quanto à Rede Municipal, apesar de algumas operações de beneficiação levadas a cabo num passado recente, subsistem ainda características físicas algo limitativas ao nível do perfil transversal de algumas delas (faixa de rodagem inferior a 4.5m ou, mesmo, 4.0m) as quais, face às reduzidas solicitações por parte do tráfego que as utiliza, asseguram de forma razoável as respetivas funções. Por fim, são igualmente de assinalar os estrangulamentos motivados pelo atravessamento de diversos aglomerados, com impactes negativos ao nível da sua qualidade de vivência urbana e, em simultâneo e proporcionalmente à importância das funções desempenhadas, da capacidade e condições de utilização rodoviárias. Estes aspetos, deixam antever a necessidade de adoção de medidas de ordenamento adequadas (de que já mencionámos alguns exemplos) ou, nas situações mais sensíveis, a eventual implementação de variantes a alguns dos núcleos mais importantes, devendo esta opção colocar-se, em primeira instância, no que diz respeito às vias com maiores exigências em termos de mobilidade/velocidade e uma utilização mais intensiva por parte de tráfego de passagem (vias dos sistemas primário e secundário). 13.1.2.3 Análise das Acessibilidades Internas Neste ponto efetua-se uma análise das acessibilidades intraconcelhias, nomeadamente, das ligações entre Condeixa-a-Nova e as restantes 9 sedes de freguesia – as mais relevantes em termos de geração de deslocações –, baseada nas respetivas distâncias, estrutura e características da rede existente. A análise efetuada, permite concluir pelo elevado grau de acessibilidade de que beneficia a quase totalidade das sedes de freguesia, situando-se as mais periféricas – Vila Seca e Zambujal, situadas no extremo Nascente 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 363 do território – a distâncias inferiores a 10km e, em ambos os casos, servidas por vias integradas na Rede Nacional com excelentes padrões de mobilidade. Figura 112: Distâncias Entre a Sede de Concelho e os Principais Pólos Geradores C Condeixa-a-Velha O N Anobra, Ega, Sebal, Zona Industrial (Zil), "Conímbriga" D E Belide, Bem da Fé, Furadouro I X A Vila Seca, Zambujal (kms) 2.5 5 7.5 10 12.5 Atendendo à localização geográfica de Condeixa-a-Nova, esta circunstância constitui um fator extremamente positivo em termos de mobilidade interna, sendo justificada pela reduzida dimensão do território, pela configuração acentuadamente radial da rede viária concelhia e, globalmente, pelas razoáveis características de grande parte das vias utilizadas. Saliente-se que, embora o grau de dependência relativamente à sede de concelho (associada a serviços, equipamentos, emprego, ensino, etc.) constitua um fator determinante na matriz de mobilidade interna, é de referir que alguns aglomerados urbanos territorialmente mais periféricos mantêm igualmente relações de proximidade com concelhos limítrofes, com a cidade de Coimbra a assumir uma elevada polaridade relativamente à totalidade do concelho de Condeixa-a-Nova, geradora de um conjunto significativo de deslocações regulares/pendulares diárias. 13.1.3 Perspetivas de Evolução No que diz respeito às perspetivas de evolução da rede viária, decorrentes das intervenções previstas, quer a nível nacional e regional, com a gradual implementação do PRN2000, quer a nível local, através da construção de novas vias ou da beneficiação das existentes, assumem particular relevância aquelas que mais diretamente se relacionam com a melhoria da mobilidade e das acessibilidades concelhias. 364 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Assim, a concretização dos diversos investimentos planeados ao nível da Rede Nacional que serve a Região Centro e, em particular a Sub-região do Baixo Mondego, deverá traduzir-se numa melhoria sensível das suas acessibilidades externas, com reflexos diretos nos padrões de mobilidade concelhia. Por iniciativa da Administração Central, salientam-se os seguintes investimentos: o novo traçado do IP3 entre Coimbra (IC2) e Viseu (IP5/A25) – a integrar na Rede Nacional de Autoestradas no âmbito da “Concessão AE Centro” –, com benefício para as acessibilidades ao Interior Norte e à fronteira de Vilar Formoso, via IP5/A25; a gradual implementação do IC3, em particular, do lanço Tomar - Coimbra, cuja concretização possibilitará, entre outros aspetos, uma reafectação dos fluxos longitudinais de atravessamento ao concelho de Condeixa – cuja principal alternativa é presentemente assegurada pelo IC2, com impactes extremamente negativos; Considerando os aspetos que mais diretamente afetam o Concelho, a solução adotada (em fase de Estudo Prévio e com DIA emitida em 9/5/08) pode descrever-se da seguinte forma: a Sul (sublanço Avelar/IC8 - Penela) o traçado selecionado (solução 1), desenvolve-se a Nascente do território concelhio e terá como ponto de acesso mais próximo o nó de Penela; o nó de ligação a Condeixa (solução 1B) situa-se igualmente no exterior do território concelhio (prox. de Almalaguês), tal como a maior parte do traçado de ligação à EN1 (IC2), que apenas interfere tangencialmente com uma área situada a Norte dos aglomerados de Casal dos Balau e Bom Velho de Cima; o final da solução estabelece um nó com a EN1 (IC2), coincidente com o acesso ao Nó de Condeixa do IP1-A1; a médio prazo (em fase de estudo prévio e definição de corredores), a construção de um traçado de raíz para o IC2 entre Leiria (Sul) - Coimbra (Sul), estando em estudo um conjunto de soluções e alternativas cuja principal diferenciação consiste na opção adotada em termos de alinhamento – a Nascente ou a Poente – relativamente à sede de concelho e à atual EN1 (IC2); independentemente da solução a adotar, o seu posicionamento relativamente à malha urbana de Condeixa-a-Nova, bem como as restrições que o IC2 terá em termos de ligações à rede local (exclusivamente através dos respetivos nós), permitem concluir que a mais valia representada por este eixo (em conjunto com o IC3) derivará, essencialmente, do desvio de parte substancial do atual tráfego de atravessamento, uma vez que a sua atratividade relativamente ao tráfego gerado localmente poderá ser diminuta; 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 365 a Sul, destaque-se a conclusão do IC36 (“Circular Sul de Leiria”, a integrar a futura “Concessão Litoral Oeste”) através da construção do lanço Leiria Nascente/IP1 - IC2/Parceiros, infraestrutura de importância vital na articulação entre o IP1-A1 e o IC1-A8 nesta direção; a Variante à EN341/347 que estabelecerá a ligação entre o IP3-A14 (Nó de Montemor-o-Velho), a ER347 (ligação a Condeixa) e a EN341 a Nascente de Alfarelos (ligação a Coimbra Sul), envolvendo a construção de um viaduto sobre o Vale do Rio Mondego com uma extensão aproximada de 3.0km; de acordo com a recente DIA (29/2/08), foi escolhida a solução C (variante à EN341) que, devido às condicionantes impostas pela transposição à ZPE do “Paul de Arzila”, inflete significativamente para Sul, formando um “arco” entre Alfarelos, Figueiró do Campo/ER347 (próximo de Belide) e Vila Pouca do Campo (EN341, próximo de Taveiro); deste modo, a zona Norte do Concelho (freguesias de Belide, Sebal e, sobretudo, Anobra) será atravessada por este traçado numa extensão considerável55, embora sem qualquer nó de acesso direto a esta infraestrutura. Refira-se que, na sequência da recente conclusão do lanço Louriçal - Mira do IC1-A17 (“Concessão Litoral Centro”), a implementação da variante à EN341/347 assumirá um papel relevante no acesso concelhio à Figueira da Foz e à faixa litoral situada a Norte, constituindo o IC1 (A17/A29) uma alternativa ao IP1-A1. Face a estas perspetivas, a área em estudo beneficiará de um potencial acrescido, com a concretização destes investimentos a assumir uma importância relevante no âmbito das suas acessibilidades, reduzindo o grau de dependência relativamente à utilização de algumas das vias atuais em inúmeras deslocações e, logo, com reflexos diretos em termos de desenvolvimento económico e da sua inserção territorial. Neste âmbito, assumem particular relevo os impactes expectáveis relativamente ao troço urbano da EN1 (IC2), com um elevado grau de congestionamento (acentuado nos períodos de ponta), limitações significativas impostas por uma ocupação marginal intensiva e características físicas desajustadas às exigências funcionais inerentes ao atravessamento do perímetro urbano de Condeixa-a-Nova. Por iniciativa da autarquia, para além da beneficiação de algumas estradas e caminhos municipais, está planeado ou em curso um conjunto de investimentos com relevância sobretudo no âmbito das acessibilidades e da mobilidade urbana da Vila de Condeixa-a-Nova: 55 366 De acordo com os elementos disponibilizados pela autarquia e pelo EP, um dos traçados em estudo para o IC2 (corredor Poente) interfere diretamente com a Variante à EN341/347 (Sol. C) no troço compreendido entre o CM1096 (prox Venda da Luísa) e a EM605 (a Sul de Anobra); 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) a designada “Circular Sul” que permitirá a estruturação da zona urbana situada entre o Nó da Faia, a EM608 (acesso a Condeixa-a-Velha) e o acesso Nascente à atual EN342 (IC3); a “Circular Poente” que envolverá o seu perímetro urbano através da interligação entre a EN342 (S. Fipo), a ER347, a EM607-2 (Casal da Estrada), a ER1-7 (a Norte de Barreira), a atual EN1 (IC2) – nas proximidades ao acesso ao Nó de Condeixa do IP1-A1 e com o futuro IC3 – e o troço da EN1 desclassif. (próximo de Eira Pedrinha), que efetua o fecho da “Circular Interna” a Norte. Para além da distribuição de diversas deslocações locais, estas vias permitirão segregar parte substancial do tráfego de atravessamento à sua zona central, bem como – no caso da “Circular Poente” – a articulação entre os diversos eixos radiais que atravessam as zonas de expansão mais recentes, situadas a Poente da EN1 (IC2) e, logo, a criação de uma malha viária devidamente hierarquizada e a estruturação desta área urbana. Este conjunto de intervenções, configuram desde já um cenário bastante positivo, beneficiando a articulação entre alguns dos eixos viários mais importantes da rede concelhia, sendo desejável que, nalguns casos (por exemplo Vila de Condeixa-a-Nova), possam ser complementadas com a adoção de medidas de ordenamento e gestão adequadas (circulação, estacionamento, etc.), que viabilizem, por exemplo, a realização de operações de requalificação do espaço público, potenciando em termos efetivos o investimento efetuado. No caso das intervenções que envolvam a construção de novos troços ou a retificação dos existentes, a definição em tempo útil das respetivas soluções de traçado, tendo em vista a sua consideração no âmbito da presente revisão e o desenvolvimento de propostas que conduzam à sua correta articulação com a restante rede, elemento determinante na otimização das acessibilidades concelhias. Neste âmbito, será essencial a auscultação prévia das diferentes entidades envolvidas, no sentido de permitir a salvaguarda dos espaços canais indispensáveis à sua implementação, bem como uma adequada planificação dos investimentos previstos, quer em termos temporais, quer quantitativos. 13.2 TRANSPORTE PÚBLICO DE PASSAGEIROS Dado que as matérias que envolvem as políticas de transporte incidem sobre um território mais abrangente, não se pode ignorar a influência da escala regional. Assim, sempre que se considerar necessário far-se-á referência a esse nível de serviço, embora extravase, em certa medida, as competências do Município. Transporte Rodoviário de Passageiros O serviço de transporte coletivo rodoviário do concelho de Condeixa-a-Nova é assegurado, essencialmente por dois operadores – a TRANSDEV (ex RBL) e a JOALTO –, sendo constituído por um conjunto relativamente vasto de carreiras regulares interurbanas e regionais. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 367 Apresenta-se de seguida uma breve descrição dos tipos de serviço de transportes rodoviários de passageiros que abrangem o Concelho, dando-se especial enfoque ao serviço local: Serviço de longo curso – é aquele em que os destinos proporcionados extravasam largamente os limites, quer do concelho, quer da região, e caracteriza-se, normalmente, por um reduzido número de paragens intermédias. Em Condeixa-a-Nova não existe este serviço, tendo os passageiros que se deslocar a Coimbra, onde o número de destinos é bastante elevado. Serviço Regional – promove, quer a ligação entre os principais núcleos urbanos de concelhos vizinhos, quer a ligação entre estes núcleos urbanos e os principais pólos geradores de fluxo (atividades económicas, equipamentos, etc.) existentes na região; o número de paragens é por norma elevado, sendo vulgar este serviço ter características urbanas quando se está em presença de contínuos urbanos. Os serviços regionais que abrangem o concelho de Condeixa-a-Nova, fazem ligações aos seguintes locais: Coimbra, Montemor-o-Velho, Soure, Ansião e Penela. Estas carreiras asseguram, igualmente, o serviço local, uma vez que são efetuadas paragens intermédias nos aglomerados urbanos situados ao longo dos eixos viários percorridos. O percurso destas carreiras é feito ao longo dos principais eixos viários, verificando-se, uma disposição radial relativamente ao centro de Condeixa-a-Nova. Com exceção das linhas Coimbra/Condeixa-a-Nova e Coimbra/Pedrógão Grande, que em média fazem entre 2 a 3 circulações por hora, as restantes carreiras apresentam um número de circulações diárias muito reduzido, o que revela uma fraca cobertura temporal. Serviço Local – possui, normalmente, características puramente urbanas, estando por norma limitado ao perímetro do Concelho, ou apenas ao perímetro urbano da sede de concelho, servindo os seguintes objetivos: i) ligação entre as zonas centrais dos principais núcleos populacionais existentes num concelho, promovendo assim as ligações internas; ii) ligação entre os principais núcleos urbanos (principalmente a sede de concelho) e as suas coroas envolventes, garantindo uma boa acessibilidade. Como já foi referido, o serviço local é também assegurado pelo serviço regional, ao longo dos eixos viários percorridos. Os principais aglomerados a beneficiar desta situação são: Anobra, Ega, Arrifana, Serra de Janeanes, Casal Novo, Bruscos e Zambujal. Para além da enorme polaridade exercida pela Cidade de Coimbra – geradora de inúmeras deslocações pendulares associadas a emprego, serviços, estabelecimentos de ensino, etc. –, este serviço garante uma cobertura territorial razoável a nível concelhio – com exceção da sua zona Sul – e, sobretudo, ligações entre a generalidade das freguesias e a Vila de Condeixa-a-Nova. O número de aglomerados não servidos pelo 368 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) transporte coletivo de passageiros é reduzido, equivalendo a uma população de cerca de 380 habitantes, o que representa apenas 2,5% da população residente no Concelho. Por outro lado, verifica-se que a quase totalidade destas carreiras têm pontos terminais ou intermédios na Sede de Concelho, com o serviço prestado a nível local a ser assegurado por paragens intermédias nos aglomerados urbanos situados ao longo dos eixos viários percorridos. Figura 113: Esquema indicativo das linhas de transporte coletivo de passageiros Saliente-se que as duas carreiras regionais que percorrem o limite Nascente do Concelho (via EN110 desclassif.) assumem uma importância relativamente diminuta a nível concelhio, uma vez que não efetuam qualquer interface eficaz que permita o estabelecimento de ligações locais ao restante território concelhio. Observando a configuração da rede servida por estas carreiras constata-se que, apesar da cobertura territorial que garante, o escasso número de circulações diárias disponíveis na maior parte delas – com exceção das linhas Coimbra/Condeixa (Joalto) e Coimbra/Pedrógão Grande (Transdev) –, permite concluir que se trata de um serviço adaptado a níveis de procura relativamente diminutos e com necessidades de mobilidade muito 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 369 específicas, como sucede no caso do acesso da população estudantil aos estabelecimentos de ensino situados em Condeixa-a-Nova ou Coimbra. Em síntese, atendendo às características geográficas do território e à ocupação do solo, bastante dispersa nalgumas zonas, implicando um esforço significativo no sentido da prestação de um serviço deste tipo, podemos considerar como médio/ reduzido o grau de cobertura do serviço. Em termos de infraestruturas de apoio, o Concelho não dispõe de qualquer terminal rodoviário que permita apetrechar o serviço de melhores condições de comodidade para os utentes, sendo igualmente de assinalar a quase total ausência de abrigos adequados junto das paragens situadas ao longo dos percursos servidos, o que representa igualmente um fator de fraca atratividade e de desconforto de utilização. Transporte Ferroviário de Passageiros Apesar do concelho de Condeixa-a-Nova não ser servido diretamente pelo transporte ferroviário, beneficia duma relativa proximidade à Estação de Alfarelos (Granja do Ulmeiro) e às duas estações de Coimbra. Estas três estações permitem a ligação ferroviária a grande parte de Portugal Continental, nomeadamente ligação direta a Lisboa, Porto e Faro, sendo que a ligação a Lisboa pode ser efetuada por duas linhas distintas, a linha do Oeste (regional) e a linha do Norte, embora a primeira não tenha ligação direta a Lisboa, sendo necessário efetuar transbordo nas Caldas da Rainha. A linha do Norte permite um rápido acesso às três principais cidades do país, sendo que o tempo de deslocação é o que se demonstra no quadro seguinte. Quadro 118: Acessibilidade via ferroviária entre Coimbra e as principais cidades do país Porto Entre 00:56 e 01:05 07:48 N.º de circulações diárias em dias úteis 18 Lisboa Entre 01:45 e 02:10 07:45 21 Faro Entre 5:10 e 06:36 06:45 2 Destino Tempo de viagem Início da circulação Fonte: CP, com tratamento da Plural De salientar que o número de circulações diárias para Lisboa e Porto, em dias úteis, é bastante elevado e que o tempo de viagem é bastante atrativo (cerca de 2 horas para Lisboa e uma hora para o Porto). Condeixa encontra-se, assim, numa posição priveligiada, no que respeita ao transporte ferroviário, uma vez que, através das estações referidas, é possível efetuar a ligação aos principais centros urbanos do país. Este facto pode ser uma mais-valia para o município, atraindo habitantes, turistas, investidores, entre outros, se se apostar na melhoria da acessibilidade entre Condeixa e Coimbra. 370 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 114: Síntese esquemática do transporte escolar Transporte escolar No que se refere ao transporte escolar, a Autarquia dispõe de um Plano de Transportes Escolares, destinado a garantir transporte aos alunos que frequentam o ensino básico e secundário na Sede de Concelho ou em estabelecimentos do 1º Ciclo situados noutras sedes de freguesia. Este serviço abrange horários e zonas não servidas pelo transporte público regular, incluindo alguns lugares isolados, e é assegurado pelas carreiras regulares atrás mencionadas (com acesso através de passe específico) e, nas zonas lugares sem cobertura de transporte público, através da realização de “Circuitos Especiais” (protocolados com os operadores locais), estabelecidos exclusivamente com este objetivo, bem como através da utilização de meios próprios da autarquia. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 371 Neste sentido, são disponibilizados pela Câmara Municipal quatro veículos, que percorrem vários trajetos, transportando um total de 175 alunos. A ilustração anterior identifica o número de alunos transportados em autocarros da Câmara Municipal, por aglomerado, e o número de alunos transportados por tipo de estabelecimento de ensino. Uma última referência para a questão das condições de acessibilidade e mobilidade para a população com mobilidade reduzida, vericando-se em Condeixa-a-Nova que os autocarros não são adaptados (não têm pisos rebaixados, nem rampas de acesso, nem locais próprios para transporte de cadeiras de rodas). No entanto, a autarquia assegura o transporte escolar a 2 crianças. Táxis Por fim, referência para o serviço de transporte público prestado pelos táxis licenciados no Concelho, os quais apresentam uma importância significativa no transporte esporádico de passageiros com necessidades específicas não asseguradas pela oferta em transporte coletivo. O Concelho dispõe de um contingente de 13 veículos – 6 em Condeixa-a-Nova, 2 em Ega, 1 em Anobra, Condeixa-a-Velha, Furadouro, Sebal e Zambujal – estando aberto um concurso para a atribuição de uma licença em Vila Seca. Nas freguesias de Belide, Bendafé e Rabaçal, não se regista a presença deste serviço. Motorização e Mobilidade da População O nível de motorização das famílias e as características associadas à sua mobilidade são um fator fundamental para caracterizar as necessidades da população e o seu sistema de deslocações preferenciais. A Metro Mondego realizou, recentemente, um Inquérito à Mobilidade na Área de Influência do Sistema de Mobilidade do Mondego, onde se insere, o concelho de Condeixa-a-Nova, ao qual não foi até ao momento possível ter acesso, uma vez que o estudo ainda não se encontra devidamente validado. Assim, os dados apresentados de seguida são referentes ao último Recenseamento Populacional do INE (2001). No total registaram-se em Condeixa-a-Nova 10 161 movimentos pendulares com origem e destino no Concelho, distribuídos conforme apresentado na Figura 115Erro! Auto-referência de marcador inválida.. 372 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 115: Movimentos pendulares de e para o concelho de Condeixa-a-Nova Figura 116: Movimentos pendulares de e para o concelho de Condeixa-a-Nova, por motivos de trabalho e de estudo, em 2001 4000 3616 Saídas de Condeixa-aNova 45% Dentro de Coindeixa-aNova 43% N.º de deslocações 3500 3010 3000 2500 2000 1325 1500 1192 954 1000 500 64 0 Entradas em Condeixa-aNova 12% Dentro de Coindeixa-a-Nova Entradas em Condeixa-a-Nova Trabalho Saídas de Condeixa-a-Nova Estudo Fonte: INE, Censos de 2001 Os valores apresentados permitem concluir que o número de entradas no concelho de Condeixa-a-Nova é bastante inferior ao de saídas, sendo indicador da fraca atratividade deste pólo. Esta diferença deve-se, tanto, às deslocações para os estabelecimentos de ensino fora do Concelho, como às deslocações por motivos de trabalho. As pessoas que se deslocam a Condeixa-a-Nova por motivos de trabalho têm maioritariamente origem em Coimbra (42%) e em Soure (25%). Relativamente às saídas, cerca de 70% tem como destino Coimbra. No que se refere às deslocações por motivos de estudo, verificou-se que cerca de 92% dos estudantes que saem do Concelho têm como destino Coimbra. Dos 64 que entram no Concelho para estudar, 44% são oriundos de Coimbra, 25% Soure, 20% Montemor-o-Velho e 11% vêm de Penela. Estes dados revelam a importância dos fluxos de pessoas que se estabelecem entre Condeixa-a-Nova e a zona envolvente, evidenciando fortes relações de complementaridade, nomeadamente com Coimbra, com a qual se processa um volume relevante de movimentos pendulares residência - trabalho e residência - estabelecimento de ensino. Em síntese, diariamente entram em Condeixa-a-Nova 1256 indivíduos para trabalhar e/ou estudar e saem 4570 indivíduos, o que representa um saldo desfavorável para o Concelho de -3314 indivíduos. 13.3 DIAGNÓSTICO DA MOBILIDADE NO CONCELHO DE CONDEIXA-A-NOVA Tratando-se de um concelho com efetivos populacionais baixos, quando comparado com Coimbra, a questão da mobilidade em Condeixa-a-Nova apresenta problemas distintos das regiões mais densamente povoadas e prioridades de intervenção também substancialmente diferentes. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 373 Sendo assim, e percebendo-se que o diagnóstico da situação existente é sempre o ponto de partida para a posterior apresentação de soluções, considerou-se que a aferição da qualidade da mobilidade no concelho de Condeixa-a-Nova se poderia efetuar atendendo a 5 fatores fundamentais. 1. Qualidade de serviço da rede viária – O concelho é atravessado por cinco eixos viários da Rede Nacional – IP1-A1, EN1 (IC2), IC3 (constituído pela EN342 e EN347), EN342 -, e três Estradas Regionais - ER1-7, ER347, ER347-1 –, que asseguram as principais ligações ao exterior. A localização geográfica do concelho e o facto de a região ser servida por alguns importantes itinerários da Rede Nacional Fundamental e Complementar, garantem os desejáveis padrões de utilização e mobilidade. As acessibilidades internas à sede de concelho são favorecidas pela configuração radial da rede, pela dimensão do concelho e, globalmente, pelas razoáveis características de grande parte das vias utilizadas. As estradas que atravessam o concelho servem de forma adequada a totalidade do território municipal. 2. Qualidade do serviço dos transportes públicos e identificação qualitativa dos constrangimentos à operação dos mesmos - O serviço dos transportes públicos no concelho tem uma boa cobertura territorial, no entanto, verifica-se a existência de poucas circulações diárias disponíveis – com exceção das linhas Coimbra/Condeixa (Joalto) e Coimbra/Pedrógão Grande (Transdev) –, o que é um fator condicionante da mobilidade, resultado do baixo efetivo populacional existente num número significativo de aglomerados, que acaba por não cativar o investimento por parte das empresas transportadoras na expansão de carreiras de transportes coletivos rodoviários. Efetivamente, a dimensão de alguns aglomerados não justifica a criação de transportes urbanos e as distâncias entre eles associadas ao potencial volume de passageiros transportados torna complexo implementar um sistema de transportes públicos operacional e economicamente sustentável. 3. Condições de deslocação pedonal e noutros modos suaves de transporte individual – Estas deslocações são fundamentalmente determinadas pela estrutura urbana do concelho. Face à reduzida dimensão dos aglomerados e à sua orgânica, (constituindo exceção a vila de Condeixa-a-Nova), compreende-se que no interior destes as deslocações pedonais, e em menor escala em bicicleta, apresentem alguma relevância. Na maior parte dos aglomerados estas deslocações são efetuadas pelos corredores viários, não existindo, de uma forma geral, corredores pedonais ou cicláveis autónomos; verifica-se a ausência de passeios e de condições favoráveis à deslocação de população com mobilidade reduzida. Fora dos aglomerados, ou entre aglomerados, são escassas as deslocações em bicicleta, não existindo quaisquer corredores especificamente destinados a deslocações em modos suaves de transporte. 4. Identificação qualitativa de carências e estrangulamentos à coesão territorial e social - Para além de todas as questões já referidas anteriormente, um dos problemas que claramente se identifica no 374 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) concelho é o atravessamento dos aglomerados por rodovias o que pode constituir uma barreira à livre e segura circulação pedonal dos cidadãos, particularmente nos casos em que as vias são muito movimentadas. Os exemplos mais preocupantes ocorrem com as estradas pertencentes à Rede Rodoviária Nacional por serem, tipicamente, as que apresentam maior tráfego de atravessamento, com destaque para o IC2 (EN1) que atravessa a vila de Condeixa-a-Nova. Referência também para a ER347 que atravessa Sebal e Belide e a EN342 que atravessa Ega no sentido poente e Bruscos no sentido nascente. Uma outra questão são as regras a respeitar para a mobilidade condicionada, questão que é de abordagem um pouco complexa quando muitas vezes não existe separação de tráfego pedonal e motorizado. Contudo, sendo os efetivos populacionais em geral baixos e o tráfego automóvel reduzido nos eixos viários municipais, a partilha do mesmo corredor para ambas as deslocações pode não apresentar problemas de maior na generalidade dos casos. Na vila de Condeixa-a-Nova, por ser sede de concelho e um aglomerado de dimensões claramente superiores aos restantes, e por ser onde se concentram os mais importantes serviços e equipamentos ao nível concelhio, a situação é um pouco diferente verificando-se a segregação destes dois modos de deslocação na maior parte dos arruamentos (exceção feita a algumas áreas do núcleo antigo). Por esta razão, nas suas artérias principais, e nomeadamente nas que servem os principais equipamentos e serviços, deveriam sempre existir passeios com dimensões regulamentares e sem obstáculos, em cumprimento da legislação vigente relativa a acessibilidade e mobilidade condicionada, o que efetivamente não se verifica em muitos casos. 5. Identificação qualitativa da mobilidade em áreas de especial concentração populacional e logística – Esta identificação tem como objetivo compreender se estas áreas, em geral muito procuradas pela população, são facilmente acessíveis. A maior concentração de atividade comercial retalhista, equipamentos públicos ou atividades económicas normalmente geradoras ou atractoras de deslocações localizam-se quase exclusivamente na sede de concelho, bem servida em termos de acessibilidade viária e de conectividade intermunicipal; trata-se também do aglomerado do concelho melhor dotado de transporte público rodoviário. Tendo em atenção tudo o que foi referido, considera-se que atualmente a mobilidade no concelho de Condeixaa-Nova possui algumas limitações do ponto de vista das acessibilidades, em grande medida decorrente dos baixos efetivos populacionais que não justificam investimentos de vulto por parte da administração central e dos operadores de transporte coletivo. Este contexto geo-demográfico determinou uma mobilidade extremamente dependente das rodovias e do transporte individual e onde a importância dos transportes públicos, com exceção do transporte escolar, acaba por não ter uma oferta desejável. A circulação pedonal ou em modos suaves de transporte tem alguma importância ao nível local (aglomerados), e pode ser fomentada com recurso a medidas relativamente simples. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 375 14. INFRAESTRUTURAS URBANAS Um dos principais objetivos do desenvolvimento sustentável consiste na melhoria da qualidade de vida das populações e das condições ambientais, o que resulta, em grande medida, do grau de dotação dos aglomerados urbanos em infraestruturas básicas, nomeadamente, de abastecimento de água, de recolha e tratamento de águas residuais, de recolha e tratamento de resíduos sólidos, elétricas, de comunicação e gasistas. Consequentemente, e por condicionarem também o ordenamento do território, as infraestruturas urbanas requerem um cuidado especial, não só ao nível do seu dimensionamento, mas também no que diz respeito à monitorização da qualidade e do grau de cobertura dos serviços prestados e das necessidades existentes em cada momento, sempre numa ótica de otimização dos sistemas. Desde a data de publicação do atual PDM foram introduzidas algumas melhorias a este nível, destacando-se, neste contexto: ao nível do abastecimento de água, passou a estar abastecida a totalidade da população concelhia; no domínio das águas residuais a dotação de sistemas de saneamento a um vasto conjunto de aglomerados, bem como a construção da ETAR da ZIL e a ampliação da ETAR da sede de concelho; ao nível dos resíduos sólidos urbanos (RSU) o Concelho foi integrado num sistema intermunicipal de recolha e tratamento de RSU, tendo ainda sido construído recentemente um Parque de Resíduos. Contudo, ainda existem alguns constrangimentos a que urge dar solução, nomeadamente no que respeita à drenagem e tratamento de águas residuais, sendo fundamental a implementação dos projetos que se encontram perspetivados. Com a publicação do Decreto-Lei 172/2004, de 17 de julho, foi criado o Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água e Saneamento do Baixo Mondego-Bairrada, gerido pela empresa Águas do Mondego S.A., com o objetivo de tutelar os sistemas de abastecimento de água e de saneamento dos concelhos de Ansião, Arganil, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Góis, Leiria, Lousã, Mealhada, Mira, Miranda do Corvo, Penacova, Penela e Vila Nova de Poiares. O seu objetivo central é a melhoria da qualidade da água de abastecimento e o aumento dos níveis de tratamento de águas residuais, prestando um serviço de qualidade que contribua para o desenvolvimento económico da região, para a qualidade de vida das populações e para a sustentabilidade dos recursos ambientais, garantindo a melhoria das condições de vida, da qualificação ambiental, da preservação dos recursos hídricos, do reforço da atratividade multissectorial e do desenvolvimento regional. Para efeitos de triagem, recolha seletiva, valorização e tratamento de resíduos sólidos urbanos (RSU) foi criado, em 1996 o Sistema Multimunicipal de Tratamento e Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos do Litoral 376 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Centro (Decreto-Lei nº 166/96, de 5 de setembro) cuja gestão e exploração ficou a cargo da ERSUC - Resíduos Sólidos do Centro S.A. e que atualmente serve 36 municípios com praticamente 1 milhão de habitantes distribuídos por cerca de 6.700km2. A ERSUC fixou como objetivos estratégicos: o desenvolvimento de novas infraestruturas de tratamento e deposição de RSU; a selagem e recuperação ambiental de todas as lixeiras existentes na sua área de atuação; a estruturação e arranque do sistema integrado de recolha seletiva; a valorização de resíduos; e o apoio e realização de ações de informação, sensibilização e educação ambiental das populações. Seguidamente procede-se, então, à caracterização da situação atual das Infraestruturas Urbanas no concelho de Condeixa-a-Nova, com base em informação disponibilizada pela Câmara Municipal e pelas entidades com responsabilidade neste domínio, bem como em informação recolhida junto do Instituto Nacional de Estatística. 14.1.1 Infraestruturas de Abastecimento de água A água, enquanto bem insubstituível na totalidade das atividades humanas e componente essencial dos sistemas naturais, requer que sejam impostas regras próprias de gestão, numa abordagem territorial integrada. Os usos múltiplos, por vezes conflituantes, da água, obrigam a uma integração no espaço das utilizações, devendo proceder-se à compatibilização das lógicas e dinâmicas próprias de cada setor e da ação das diversas entidades que participam, direta ou indiretamente, no planeamento, gestão e utilização dos recursos hídricos. Neste sub-capítulo proceder-se-á à caracterização do sistema de abastecimento de água, nomeadamente no que se refere à composição, ao funcionamento e à taxa de cobertura da rede. Em Condeixa-a-Nova, o abastecimento de água encontra-se ainda integralmente a cargo da Câmara Municipal, uma vez que as Águas do Mondego ainda não procederam à integração das infraestruturas. Em 2004, segundo dados das “Estatísticas de Ambiente” do INE, a população servida por água potável atingiu, finalmente os 100% da população do Concelho, sendo o abastecimento assegurado por dois sistemas independentes cuja descrição se faz de seguida. Esta foi uma melhoria significativa já que, de acordo com o Recenseamento Geral da População de 1981, nesse ano apenas 16,5% da população possuía rede de abastecimento de água. A descrição dos sistemas teve como elemento base o Estudo Geral de Abastecimento de Água do concelho de Condeixa-a-Nova, realizado em 1998, com as atualizações decorrentes do fornecimento de alguma informação por parte da CMCN. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 377 14.1.1.1 Sistema de Alcabideque Este sistema é abastecido por duas captações subterrâneas localizadas junto do aglomerado de Alcabideque com uma elevada capacidade produtiva (80l/s). A água proveniente destas captações é elevada para o reservatório R1 de Alcabideque a partir do qual é feito o abastecimento a partir de 2 ramos distintos, o ramo Nascente e o ramo Poente. Antes de ser armazenada no reservatório, a água é conduzida à Estação de Tratamento de Água (ETA) onde é efetuado um tratamento de desinfeção com cloro e descalcificação da água para diminuição do seu teor calcário, com recurso a tanques com resinas, por permuta iónica, com adição de sal. No ramo Nascente a água é elevada até ao reservatório R2 de Alcabideque a partir do qual é feito o abastecimento a parte da freguesia de Condeixa-a-Velha e a estação elevatória (EE) de Vale da Vinha; ao longo deste último percurso é assegurado o abastecimento ao aglomerado de Alcabideque. A água, uma vez atingida a EE de Vale da Vinha, é conduzida ao reservatório de Bruscos (R6), de onde derivam duas condutas de distribuição que abastecem Bendafé e ainda alguns aglomerados das freguesias de Vila Seca e Condeixa-aVelha. Do R6, e na direção do reservatório do Zambujal (R5) parte ainda uma adutora que, com recurso a diversas derivações abastece um conjunto de lugares das freguesias de Condeixa-a-velha, Vila Seca e Zambujal. A partir deste reservatório processa-se o abastecimento ao aglomerado do Zambujal e a elevação da água para o reservatório de S. de Janeanes (R4). Por fim, a partir desta infraestrutura são abastecidos diversos lugares das freguesias do Furadouro e Zambujal, bem como a povoação de Chanca, no concelho vizinho de Penela. No ramo Poente, do reservatório R1 partem duas adutoras: a primeira é responsável pelo abastecimento dos reservatórios da ZIL (R13), de Casével (R14) e de Casal do Carrito (R15), assegurando ainda o abastecimento a Casal do Missa da freguesia de Ega; a segunda assegura o fornecimento de água ao reservatório da Sr.ª das Dores (R12). O reservatório R13 abastece para além da ZIL diversos lugares da freguesia de Sebal. O reservatório R14, abastece parte da freguesia de Anobra e ainda Casal da Légua no concelho de Montemor-o-Velho e o Quinta das Cunhas do concelho de Coimbra. A partir do reservatório R15 é garantindo o abastecimento à freguesia de Belide e a diversos lugares das freguesias de Ega e Sebal. Por fim, é a partir do reservatório R12 que é feito o abastecimento à sede de concelho e diversas povoações das freguesias de Condeixa-a-Nova, Condeixa-aVelha, Ega e Sebal. De referir que ao longo do percurso entre os reservatórios R1 e R12 é assegurado o abastecimento a diversos aglomerados da freguesia de Condeixa-a-Velha. 378 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 119: Principais Características dos Reservatórios do Sistema de Alcabideque Reservatório R1 R2 R4 R5 R6 R12 R13 R14 R15 VV Designação Alacabideque Condeixa-a-Velha Serra de Janeanes Zambujal Bruscos Senhora das Dores ZIL Casal Carrito Casével Vale da Vinha (Casal Novo) Tipo Apoiado Apoiado Apoiado Apoiado Apoiado Elevado Elevado Apoiado Apoiado Apoiado Capacidade 2x300+800 2x250 2x50 2x150 2x250 200 300 2x150 2x150 17,5 Fonte: CMCN, maio de 2008 14.1.1.2 Sistema de Ega Este sistema é abastecido por uma captação subterrânea localizada em Olho de Ega que apresenta uma capacidade de captação de 25l/s. Para além deste existe um outro furo, localizado na mesma zona, que, caso seja necessário, poderá ser integrado no sistema de abastecimento. A água captada é conduzida por bombagem ao reservatório de Olho da Ega (R1), com 100m3 de capacidade de armazenagem, a partir do qual é elevada até ao reservatório de Rebolia (R2), com 150m3. É a partir deste que é garantido o abastecimento aos diversos aglomerados da freguesia de Ega, e ainda a alguns aglomerados do concelho vizinho de Soure. A água captada, antes de ser conduzida ao reservatório R1, é sujeita a um tratamento de desinfeção com cloro na ETA. Apesar do crescimento populacional verificado no Concelho não se observa subdimensionamento do sistema, estando garantidas as condições de abastecimento de água a toda a população. Relativamente à qualidade da água, o tratamento a que esta é sujeita apresenta-se adequado, sendo cumpridos todos os valores estabelecidos na legislação em vigor. De referir que a água captada apresenta uma elevada dureza, o que mesmo com o tratamento a que é sujeita provoca acumulação de calcário nas tubagens, originando frequentes diminuições de secção o que conduz, em alguns casos, a ruturas no sistema. No que concerne a intervenções futuras, encontra-se previsto o abastecimento em alta pelas Águas do Mondego até final de 2009, com recurso às captações da Boavista (na margem direita do rio Mondego), situadas no concelho de Coimbra. A partir destas captações a água será conduzida a um novo reservatório a instalar em Ega que servirá os sistemas de Ega e de Alcabideque, prevendo-se uma capacidade máxima de entrega de 16,6l/s e 70,2l/s, respetivamente. Relativamente a intervenções municipais, a CMCN tem previstas intervenções nos sistemas de abastecimento de Vila Seca, Bruscos, Alcouce, Bendafé e Bom Velho; estas intervenções prendem-se essencialmente com substituição de tubagens existentes, com o intuito de assegurar um serviço de qualidade, em termos de caudais e pressões disponíveis. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 379 Atendendo à informação gráfica que integra o Plano Diretor para a criação dos sistemas multimunicipais de abastecimento de água e saneamento do Centro, disponibilizado pela CMCN e à informação disponibilizada pela empresa Águas do Mondego, elaborou-se a peça desenhada n.º 11: Infraestruturas Urbanas - Rede de Abastecimento de Água, que pretende ilustrar o funcionamento dos sistemas de abastecimento de água do Concelho. 14.1.2 Infraestruturas de Drenagem e Tratamento de águas Residuais Os problemas ambientais resultantes da produção de resíduos são vários e complexos. Mas, apesar de serem uma potencial fonte de poluição, os resíduos podem constituir recursos naturais secundários com consequências económicas e efeitos ambientais diretos de relevância fundamental no delinear de estratégias económicas, de desenvolvimento tecnológico e de consumo. A drenagem e o tratamento de águas residuais são um grave problema a nível nacional. Situações de contaminação das águas (usualmente por falta de tratamento ou tratamento deficiente) e de solos (por saturação) são ainda comuns. Nos últimos anos foram introduzidas algumas melhorias no concelho de Condeixa-a-Nova, nomeadamente através da implementação de novas redes, do aperfeiçoamento das existentes e da construção e melhoria dos equipamentos de tratamento dos efluentes. Neste domínio encontram-se ainda perspetivadas diversas intervenções que visam uma melhoria generalizada dos sistemas de recolha e tratamento de águas residuais em alguns dos aglomerados do Concelho. Neste sub-capítulo procede-se a uma breve caracterização das redes de drenagem de águas residuais no concelho de Condeixa-a-Nova, bem como dos equipamentos e métodos aplicados no tratamento destes resíduos. A percentagem de população do concelho de Condeixa-a-Nova servida por rede de saneamento atingia, em 2007, 77%, valor satisfatório e acima da média regional e sub-regional registada em 2004 pelo INE, ambas de 73%. Já a população servida por ETAR (69%) aproxima-se mais dos valores registados nas duas unidades territoriais, 63% na região Centro e 66% no Baixo Mondego. 380 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 117: População Servida 24% Sem saneamento Com saneamento e sem ETAR 7% Com saneamento e com ETAR 69% Fonte: CMC, 2007 A CMCN assume a responsabilidade da recolha e do tratamento das águas residuais do Concelho, sendo, no entanto, a gestão das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) assegurada pela empresa Águas do Mondego. Atualmente os efluentes produzidos e tratados no concelho de Condeixa-a-Nova são conduzidos a uma das 4 ETAR que se encontram em funcionamento no Concelho (Condeixa-a-Nova, ZIL, Anobra e Eira Pedrinha), ou à ETAR de Figueiró no vizinho concelho de Soure – esta ETAR, em funcionamento desde julho de 2007, serve essencialmente as freguesias de Belide, Ega e Sebal. Está prevista para além da remodelação da ETAR de Anobra, a construção de uma nova ETAR em Arrifana e de uma outra no concelho de Coimbra (sem localização definida) que irá tratar alguns dos efluentes produzidos no Concelho. Não foi possível obter informação adicional relativamente a estas infraestruturas, uma vez que a empresa Águas do Mondego não disponibilizou até ao momento quaisquer tipo de elementos. Quadro 120: Principais Características das ETAR do concelho de Condeixa-a-Nova Data de entrada em funcionamento Capacidade (habitantes equivalentes) Eira Pedrinha 1999 2.300 Condeixa-a-Nova 1987 15.000 Zona Industrial de Condeixa 2004 1.250 Anobra 2003 600 Designação da ETAR Tratamento Remoção dos sólidos grosseiros; Tratamento biológico em arejamento prolongado. Tratamento preliminar (desarenador); Tratamento biológico (oxidação; decantação); Tratamento da fase sólida (espessamento e desidratação das lamas). Tratamento preliminar; Tratamento biológico (pré-tratamento; oxidação; decantação); Tratamento da fase sólida (espessamento e desidratação das lamas). Tratamento da fase líquida (gradagem, decantação, tratamento biológico em lagoa); Tratamento da fase sólida (digestão anaeróbia e desidratação das lamas) Fonte: Águas do Mondego, julho de 2008 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 381 De acordo com a informação disponibilizada pela CMCN, relativa ao Plano Diretor para a criação dos sistemas multimunicipais de abastecimento de água e saneamento do Centro, e pela empresa Águas do Mondego, encontra-se previsto para o sistema em alta a execução da rede de drenagem da zona Poente da freguesia de Anobra. Este sub-sistema passará a integrar 2.135m de intercetores, 1.550m de condutas elevatórias e duas estações elevatórias, estando ainda prevista a execução de obras de remodelação na ETAR de Anobra em 2010. Os efluentes dos cerca de 30% da população que não é servida por ETAR são conduzidos a fossas sépticas individuais. Por todas as questões de deficiente funcionamento geralmente associadas a estas, em particular decorrentes da ausência de manutenção e limpeza regulares, a CMCN tem vindo a fazer um esforço assinalável no sentido de prover os aglomerados com métodos de recolha e tratamento das águas residuais mais eficazes. Foi neste contexto que foram entretanto elaborados projetos para a implementação da rede de saneamento em Vila Seca, Bruscos, Alcouce, Bendafé e Bom Velho. Com a entrada em funcionamento destes sistemas ficará servida com saneamento e ETAR cerca de 75% da população concelhia, prevendo-se a construção de 5 ETAR compactas de oxidação total, uma em Bruscos, que servirá Bruscos e Vila Seca, uma em Alcouce, uma em Bendafé, uma em Bom Velho de Cima e outra em Bom Velho de Baixo. Ambos os projetos já se encontram adjudicados, prevendo-se que a implementação dos projetos venham a ser iniciados ainda durante o primeiro semestre de 2008, estas obras deverão estar concretizadas num prazo de 18 meses. Uma vez implementados estes dois projetos, a população que continuará sem estar servida por rede de drenagem situar-se-á nos 19%, ficando por servir a totalidade da população das freguesias de Furadouro e Zambujal, parte da população residente nas freguesias de Anobra (22%), Condeixa-a-Nova (0,6%), Condeixa-aVelha (11%), Ega (21%), Sebal (21%), Vila Seca (38%), e por fim cerca de 1/3 da população que se encontra dispersa pelo território concelhio. Para além destes, a CMCN lançou já a elaboração de projetos para a rede de drenagem e tratamento de águas residuais de Casal Novo, Mata, Beiçudo, Zambujal e Casmilo, que deverá incluir a execução de um conjunto de ETAR compactas. A peça desenhada n.º 12: Infraestruturas Urbanas - Rede de Drenagem e Tratamento de Águas Residuais, ilustra o funcionamento do sistema, de acordo com a informação disponibilizada pela CMCN e pela Águas do Mondego. 14.1.3 Recolha e Tratamento de Resíduos Sólidos Este é indiscutivelmente um dos domínios em que os municípios têm registado melhorias mais significativas ao longo dos últimos anos. 382 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) De acordo com o Plano Estratégico de Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU II, aprovado pela Portaria n.º 187/2007, de 12 de fevereiro) constituem linhas orientadoras estratégicas essenciais neste domínio: Reduzir, reutilizar e reciclar; Separar na origem; Minimizar a deposição em aterro; “Waste to Energy” para a fração “resto” (não reciclável); “Protocolo de Quioto”: compromisso determinante na política de resíduos; Informação validada a tempo de se poderem tomar decisões, Estratégia de Lisboa: Sustentabilidade dos sistemas de gestão. Para a concretização das linhas oreientadoras referidas acima estabeleceram-se 5 eixos de atuação,a promover entre 2007 e 2016: 1. Eixo I — Prevenção: Programa Nacional; 2. Eixo II— Sensibilização/Mobilização dos cidadãos; 3. Eixo III — Qualificação e otimização da gestão de resíduos; 4. Eixo IV — Sistema de Informação como pilar de gestão dos RSU; 5. Eixo V – Qualificação e otimização da intervenção das entidades públicas no âmbito da gestão de RSU. O sistema de recolha de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) atinge presentemente a totalidade da população concelhia. A recolha indiferenciada dos RSU, da responsabilidade da Câmara Municipal, é efetuada a partir de equipamentos de deposição normalizados, nomeadamente 869 contentores de superfície, com capacidade para 800l, e 410 contentores com 110l de capacidade. A recolha de RSU é realizada segundo 6 grandes circuitos, sendo que o circuito que serve a sede de concelho e a sua envolvente próxima se divide em 5 circuitos mais pequenos (descritos no quadro seguinte). A recolha dos resíduos é feita durante o período diurno nos circuitos das Zonas 1, 2, 3, 4 e 5, e no período noturno nos circuitos da Zona 6. Para a recolha, a CMCN recorre a 3 veículos, com capacidade para recolha de 17, 15 e 7 toneladas, dispondo ainda de um veículo a utilizar em situações de emergência com capacidade para 15 toneladas. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 383 Quadro 121: Circuitos de recolha indiferenciada de RSU Circuito Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4 Zona 5 Zona 6 A Zona 6 B Zona 6 C Zona 6 D Zona 6 E Localidades Servidas Barreira, Zona Industrial, Casal do Paraíso, Avenal, Alqueves, Portela, Sobreiro, Rodão, Anobra, Casal do Carrito, Casal Seco, Casal das Figueiras, Casal da Amieira, Lameira de Baixo, Lameira de Cima, Inculca, Caneira, Casal S. João, Urbanização Cerejeira, Casal dos Pocinhos Venda da Luísa, Sebal Pequeno, Sebal, Campizes, Casal do Missa, Casével, Belide, Rapoila, Palhagões, Casal da Légua São Fipo, Casal da Fonte, Ega, Serrazina, Rebolia de Cima, Rebolia de Baixo, Vale de Janes, Arrifana, Salgueiro, Condeixa-a-Velha (R. da Escola) e Cemitério Salgueiro, Ameixeira, Cadaval Grande, Presa, Peixeiro, Furadouro, Casmilo, Serra de Janeanes, Zambujal, Póvoa das Pegas, Fonte Coberta, Poço, Avessada (“Pipa” Travessa Qta. Areia), Estrada de Tomar, Condeixa (Vila), Edifício Conímbriga, Ribeira (Quinta do Travaz), Rua Casal da Salgada, Rua Casa do Espírito Santo, Vinha Grande (IC2), Pedreiras (Avena) Casal Novo, Beiçudo, Mata, Traveira, Bruscos, Vila Seca, Carreiro, Alcouçe, Casal dos Balaus, Bendafé, Bom Velho Cima, Bom Velho Baixo, Rivolta, Alcabideque, Eira Pedrinha (interior) Eira Pedrinha Rua de Silvais Condeixa-a-Velha (Rua Detrás das Eiras, Rua da Fonte) Arrifana (Lar N.S. Amparo), N. Sra. Das Dores, Rua Deniz Jacinto (Câmara Antiga), Edifício Conímbriga, Lapa(inha), Rua Entre Moinhos, Fundo da Barreira Fornos de Castel, Urb do Barroso, Ribeira, Casal da Estrada. Urb. Nova Conímbriga 1 e 2; Bairro do Ciclo; IC2, Urb. do Coelho, Escolas; Condeixa (Vila) Condeixa Vila, Centro, Mercado, Silvais (Freiras) Caneira, Eira Pedrinha (rua principal), Urb. Quinta da Nogueira, IC2 Senhora das Dores, Cabaneiras, Avessada, Valada, Atadoa, Alcabideque Dias de Recolha 4ª feira e Sábado 3ª e 6ª feiras 2ª e 5ª feiras 4ª feira 2ª e 6ª feiras 3ª e 6ª feiras 2ª. 4ª e 6ª feiras 2ª a Sábado 3ª, 5ª e Sábado 3ª, 5ª e Sábado Fonte: CMCN, agosto 2007 Uma vez recolhidos, os resíduos indiferenciados são encaminhados diretamente para o Aterro Sanitário de Coimbra, gerido pela ERSUC, onde são depositados. A partir deste momento cessa a responsabilidade da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova em termos de RSU, ficando o resto do processo a cargo da ERSUC. Foi no domínio da recolha seletiva de resíduos que se verificaram melhorias mais expressivas ao longo dos últimos anos, decorrentes da instalação de ecopontos um pouco por todo o território concelhio. Até à data, e de acordo com a informação disponibilizada pela ERSUC, foram instalados no Concelho 44 ecopontos completos, 24 vidrões, 1 embalão e 7 pilhões. Os resíuos depositados nestes equipamentos são recolhidos periodicamente por viaturas próprias da ERSUC, que os conduz diretamente à Estação de Triagem, localizada no Aterro Sanitário de Coimbra, onde é realizada a sua triagem e acondicionamento. Os resíduos passíveis de serem reciclados são depositados no Ecocentro, localizado no mesmo local, de onde são encaminhados para posterior valorização; os resíduos que não possam ser valorizados, quer devido à tipologia, dimensão ou degradado estado de limpeza são depositados no Aterro Sanitário. 384 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 118: Circuitos de recolha indiferenciada de RSU Fonte: CMCN, agosto 2007 Entrou recentemente em funcionamento o Parque de Resíduos, situado junto do Estaleiro Municipal, cuja gestão se encontra a cargo da Autarquia e que tem como propósito dar aos muncípes uma nova alternativa de deposição dos resíduos que pelas suas características ou dimensões não possam ser depositados nos contentores distribuídos pelo Concelho. Serve ainda para receber os resíduos resultantes das diversas atividades da Autarquia, nomeadamente os resíduos provenientes do serviço de recolha de monstros domésticos. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 385 A informação apresentada anteriormente é completada pela peça desenhada n.º 13: Infraestruturas Urbanas Recolha e Tratamento de Resíduos Sólidos, na qual foram representados, os contentores e ecopontos existentes, bem como o Parque de Resíduos do município. A Autarquia, em parceria com a ERSUC, tem desenvolvido diversas iniciativas no campo da sensibilização e da educação ambiental junto da população em geral, mas principalmente das camadas mais jovens, no sentido de alertar para o problema dos RSU e para a necessidade de aproveitar, reutilizar e reduzir a produção de resíduos sólidos urbanos, especialmente os recicláveis. 14.1.4 Infraestruturas Elétricas, de Comunicação e Gasistas O processo de avaliação das infraestruturas elétricas, de comunicação e gasistas a efetuar no âmbito da 1ª revisão do PDM de Condeixa-a-Nova deve atender à sua adequação e capacidade de contribuição para os modos de desenvolvimento da comunidade definidos pelos órgãos autárquicos e restantes agentes de desenvolvimento local. Nesta perspetiva, as infraestruturas elétricas, de comunicação e gasistas (IECG) não são um mero serviço prestado por empresas públicas e/ou privadas a entidades/clientes públicos ou particulares, antes constituindo um fator tantas vezes impulsionador ou condicionador de uma determinada política de desenvolvimento. Assim, a existência de IECG de qualidade, fiáveis e a preços competitivos, contribui de forma significativa para a qualificação e atractibilidade do espaço físico a ser ocupado por potenciais investidores. A operacionalização da gestão integrada destas infraestruturas no contexto autárquico pode passar pela constituição de um órgão de coordenação e consulta entre as distribuidoras e a autarquia, visando a tomada de decisões e a definição de estratégicas de desenvolvimento em tempo útil. No âmbito da revisão do PDM será apenas efetuado um breve enquadramento do serviço prestado pelas diversas entidades, já que, as IECG devem ser consideradas no Plano para efeitos de condicionantes à ocupação do território. A informação disponível encontra-se na peça desenhada n.º 14: Infraestruturas Urbanas - Infraestruturas elétricas e gasistas. 14.1.4.1 Infraestruturas Elétricas No concelho de Condeixa-a-Nova o abastecimento de energia elétrica encontra-se assegurado a todos os aglomerados. De acordo com a informação de dezembro de 2009, disponibilizada pela EDP, o fornecimento elétrico é feito, na quase totalidade, com recurso a linhas aéreas, representando a cablagem subterrânea uma percentagem muito reduzida da média e baixa tensão. Na mesma data estavam instalados no concelho 386 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 93 postos de transformação (potência total de 21 120 kVA) e 1 subestação (potência total de 50 000 kVA). No que diz respeito a valores acumulados até dezembro de 2009, verificou-se um consumo total de 55 730 715 kwh associado a 8 928 clientes. No Quadro 122 é apresentada a evolução dos consumos doméstico, agrícola e industrial, assim como do número de consumidores por cada tipo de consumo. Quadro 122: Evolução do número de consumidores e consumo de eletricidade entre 2000 e 2004, no concelho de Condeixa-aNova Setor Doméstico Consumidores 2000 2001 2002 2003 2004 6.208 6.634 6.774 6.942 7.135 14,9% 2000 13.751 Consumo (1000 kwh) 2001 2002 2003 14.397 15.422 16.535 2004 17.811 Tx. Var. 2000-2004 Tx. Var. 2000-2004 29,5% Industrial 314 313 - 305 281 -10,5% 23.194 24.106 24.012 24.989 25.579 10,3% Agrícola 248 260 269 261 266 7,3% 382 472 526 590 528 38,3% Fonte: INE, Anuários Estatísticos No total do consumo de eletricidade no concelho de Condeixa-a-Nova, é o consumo para uso industrial o que assume um maior peso relativo. Para o setor doméstico, a análise do quadro permite verificar que nos últimos anos houve um aumento considerável, tanto do número de consumidores como do consumo de energia elétrica, facto facilmente explicável se se atender às tendências de crescimento de população que se têm vindo a verificar (as Estimativas Anuais da População indicam que o número de residentes em Condeixa-a-Nova aumentou cerca de 8%, entre 2001 e 2005). Este aumento é, no entanto, algo desequilibrado, uma vez que o aumento do consumo não é proporcional ao aumento de consumidores, o que resulta do facto da energia consumida por cada consumidor doméstico ter aumentado cerca de 13%, fruto da evolução das necessidades das famílias e das alterações dos seus padrões gerais de consumo. No caso particular do consumo para uso industrial é possível constatar uma evolução inversa entre número de consumidores e consumo total de eletricidade, o que traduz um aumento de capitação (consumo por consumidor) de cerca de 23% em 2005 face a 2001. Porém, é o setor agrícola que revela um maior desequilíbrio entre consumos totais e número de consumidores, tendo este rácio aumentado cerca de 30% no mesmo período, em grande parte devido à tendencial modernização do setor e consequente aumento das necessidades energéticas. Referência também para um aumento significativo, nestes quatro anos, tanto do número de consumidores como do consumo, o que indicia alguma dinâmica neste setor. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 387 Relativamente à Rede Nacional de Transporte, de acordo com a informação disponibilizada pela Rede Elétrica Nacional, atravessam o concelho de Condeixa-a-Nova as seguintes linhas em exploração: uma linha de 400kV: Batalha – Paraímo; três linha de 220kV: Pereiros – Batalha 1, Pereiros – Batalha 2 e Pereiros – Penela; uma linha de 150kV: Zêzere – Pereiros 1. Encontram-se representadas na peça desenhada n.º 14 as linhas elétricas de média, alta e muito alta tensão existentes no concelho, assim como a subestação. 14.1.4.2 Infraestruturas de Comunicação De acordo com os dados disponíveis no Instituto Nacional de Estatística, considera-se que o concelho de Condeixa-a-Nova está bem servido ao nível de infraestruturas de comunicação. Em 2006, segundo o INE, existiam dos 3.422 postos telefónicos principais56 do Concelho 82% eram residenciais e 18% eram postos profissionais. No mesmo ano o número de acessos telefónicos por cada 100 habitantes era de 23,1, valor significativamente inferior à média do Baixo Mondego (33,5) e da região Centro (30,5). Dada a importância crescente que as comunicações móveis assumiram nos últimos anos, foram efetuados pedidos de informação às três operadoras móveis no sentido de conhecer o grau de cobertura de cada uma no concelho de Condeixa-a-Nova, o seu número de clientes, bem como a localização das respetivas antenas57, no entanto, não foi até à data disponibilizado qualquer tipo de informação, quer por parte das operadoras quer por parte da CMCN. Estes dados serão integrados numa fase posterior, caso venham a ser fornecidos. 14.1.4.3 Infraestruturas Gasistas O Concelho é atravessado, no sentido Sul-Norte, por um gasoduto de 1º escalão Setúbal/Braga, (representado na peça desenhada n.º 14), a partir do qual é feito o abastecimento de gás natural à população da vila de Condeixa e à Zona Industrial de Condeixa-a-Nova, através do Ramal Condeixa-a-Nova/ Coimbra. Existe ainda no concelho uma Estação de regulação de pressão e medição, tendo esta sido ampliada. O abastecimento de gás dos restantes aglomerados do Concelho é feito com recurso ao gás de botija. 56 Posto telefónico principal: linha telefónica que liga o equipamento terminal do assinante à rede pública e que possui acesso individualizado ao equipamento da Central Telefónica. 57 Note-se que, segundo parecer emitido pela ANCOM, as antenas de comunicação móveis não constituem servidão administrativa, todavia, seria conveniente conhecer a sua localização. 388 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 15. RISCOS NATURAIS E TECNOLÓGICOS A temática dos riscos e da proteção civil tem vindo a adquirir ao longo dos anos mais recentes uma relevância crescente. A ocorrência de determinado tipo de fenómenos, de origem natural ou humana, encontra-se intrinsecamente associada à questão da ocupação do espaço e dos danos inerentes à ocorrência desses fenómenos, tendo por isso toda a pertinência que esta temática seja abordada no âmbito da disciplina das intervenções no território. Conforme refere o Guia metodológico para a produção de cartografia municipal de risco e para a criação de SIG de base municipal “a identificação, a caracterização e a avaliação metódica dos riscos naturais, tecnológicos e mistos que condicionam a segurança das comunidades são passos fundamentais no adequado desenvolvimento dos procedimentos de planeamento de emergência e de ordenamento do território”. A reforçar esta ideia a Lei de Bases do Ordenamento do Território considera que “acautelar a proteção civil da população, prevenindo os efeitos decorrentes de catástrofes naturais ou da ação humana”, constitui uma das finalidades da política de ordenamento do território e de urbanismo. De acordo com o PROT Centro, no que se refere ao sistema de riscos é necessário em termos estratégicos, entre outros aspetos efetuar a articulação entre os objetivos e instrumentos de ordenamento do território e as políticas de prevenção e redução de riscos a diversas escalas, nomeadamente à escala municipal. O PROT Centro refere ainda, nas suas normas gerais, que em matéria de riscos “devem ser considerados quatro vetores estratégicos que assegurem a compatibilidade entre o ordenamento do território, uma cultura de segurança e o desenvolvimento físico-urbanístico e socioeconómico: 1. Prevenção e redução da perigosidade: adotar por antecipação um conjunto de políticas e implementar ações que visem uma estratégia global de redução da perigosidade; 2. Redução da vulnerabilidade e mitigação dos riscos: adotar um conjunto de ações ou programas específicos visando limitar os efeitos decorrentes de acidentes graves ou catástrofes, promovendo o alerta, a redução do grau de exposição dos elementos instalados e incrementando a resiliência das populações; 3. Operações de socorro e emergência; 4. Promoção técnica/cientifica e da resistência social dos cidadãos”. É ao nível dos dois primeiros vetores que o PDM poderá dar o seu contributo definindo um modelo de ordenamento que procure minimizar o risco – sempre que tal seja possível no âmbito do ordenamento –, e regulamentando a intervenção no território. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 389 O PROT define cinco espaços risco, que representam espaços de associação tipológica e de grau de incidência, com incidência na análise, gestão e operacionalização dos riscos. O concelho de Condeixa-a-Nova insere-se no “Espaço de interface Litoral/Interior”, tal como descrito no capítulo dos Instrumentos de Gestão Territorial de Hierarquia Superior, para o PROT Centro. No concelho de Condeixa-a-Nova, à escala do PROT, são identificados as seguintes situações de perigosidade: Suscetibilidade a movimentos de massas com caráter residual, dispersa pelo Concelho; Suscetibilidade a inundações no rio Ega e na ribeira de Cernache; Suscetibilidade a incêndios florestais elevada; Suscetibilidade à atividade industrial e comercial com matérias perigosas, na zona Oeste; Suscetibilidade ao transporte de mercadorias perigosas moderada a elevada na maior parte do Concelho e muito elevada a Norte; O atravessamento de um gasoduto de 1º escalão. De referir o reduzido rigor e qualidade da informação cartográfica disponível no PROT, que dificulta uma análise rigorosa. Figura 119: A perigosidade do concelho segundo o PROT Centro Fonte: Proposta do PROT Centro - CCDR-C, dezembro de 2009 390 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Uma vez que o município de Condeixa-a-Nova dispõe de Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil (PMEPC) a análise da componente riscos será feita com recurso à informação que consta desse Plano uma vez que este documento procedeu a uma “Análise de Risco” mais detalhada (dezembro de 2010). O PMEPC foi já parcialmente abordado no subcapítulo 4.1.3, sendo que no presente contexto a análise incidirá, fundamentalmente, sobre a avaliação feita pelo Plano relativamente à suscetibilidade do concelho à ocorrência de acidentes ou catástrofes decorrentes da ocorrência de riscos de ordem natural, tecnológica ou humana. Assim, seguidamente será feita uma breve súmula da análise de riscos feita pelo PMEPC, que conforme este refere é necessária para a “compreensão clara dos perigos suscetíveis de fustigarem o Município de Condeixaa-Nova, essencial para equacionar medidas de intervenção estratégica necessária à sua mitigação, aos programas de resposta/intervenção e de reabilitação/recuperação, bem como os procedimentos adequados ao próprio PMEPC de Condeixa-a-Nova”. De seguida procede-se à identificação e caracterização dos diversos riscos presentes no concelho de Condeixaa-Nova, enfatizando-se que o presente capítulo não pretende constituir uma síntese do PMEPC, mas sim sistematizar os principais riscos identificados, cartografando a sua distribuição no território concelhio, de forma a que a Revisão do PDM possa contribuir para a prevenção da ocorrência de acidentes ou catástrofes com danos para pessoas e bens, e para a minimização dos seus efeitos. 15.1 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS O PMEPC considerou para efeitos de análise de risco a seguinte definição de risco: “é o produto da perigosidade pelo dano potencial” (probabilidade x suscetibilidade x vulnerabilidade) ou seja a “probabilidade de uma perda, o que depende de três fatores: Perigosidade, Vulnerabilidade e Exposição”. A análise do risco resulta então da “combinação entre a probabilidade de ocorrência de um evento não desejável e a magnitude ou severidade das consequências dele resultante”. A metodologia seguida para a análise dos diferentes riscos que poderão ocorrer no concelho não teve em consideração a ocorrência de determinados eventos em particular, optando por “dar prioridade aos perigos e relativizar os riscos. Só pela quantificação e comparação dos riscos com origem nos perigos identificados, será possível incidir os esforços do planeamento nas áreas mais vulneráveis.” O PMEPC procedeu à análise dos riscos identificados no Quadro 123: Riscos de origem natural, tecnológica e mistos analisados no âmbito do PMEPC, embora no âmbito da revisão do PDM haja alguns que não foram tidos em linha de conta por se considerar que não possuem relação manifesta com o âmbito do Plano, não sendo mitigáveis/minimizáveis no domínio do ordenamento do território. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 391 No caso específico do PMEPC de Condeixa-a-Nova a análise efetuada subdivide os riscos em riscos de origem natural, tecnológica - de origem humana - e mistos. Quadro 123: Riscos de origem natural, tecnológica e mistos analisados no âmbito do PMEPC Fonte: Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil de Condeixa-a-Nova, dezembro 2010 Na matriz de avaliação de risco é avaliado o grau de probabilidade de ocorrência do risco, sendo este a combinação entre a probabilidade de ocorrência de um evento não desejável e a magnitude ou severidade das consequências deles resultantes. O grau de gravidade definido, por sua vez, está associado à magnitude ou severidade das consequências resultantes do risco. Refira-se que há riscos que não são cartografáveis e que não se enquadram na metodologia seguida uma vez que afetam de igual modo todo o território do concelho (p.e. vagas de frio e ondas de calor). Assim, de entre os riscos identificados, e mais uma vez, atendendo ao âmbito do PDM, consideraram-se, no concelho de Condeixaa-Nova, apenas os riscos listados de seguida: 1. Riscos Naturais: Cheias e inundações; Riso Sísmico; Movimentos de massas; 2. Riscos Tecnológicos: Acidentes graves de tráfego rodoviário; 392 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Acidentes no Transporte Rodoviário de Matérias Perigosas; Acidentes graves de tráfego aéreo; Colapso de túneis, pontes e infraestruturas; Acidentes Industriais; Incêndios Urbanos; 3. Riscos Mistos: Incêndios florestais; Acidentes de poluição. Apesar do PMEPC não classificar os gasodutos existentes no concelho, em termos de risco, optou-se por considerá-lo como um risco tecnológico no âmbito dos Acidentes com gás. Esta análise é complementada pela peça desenhada n.º 15: Riscos Naturais e Tecnológicos, que integra a cartografia disponivel no PMEPC dos perigos com grau de risco Moderado, Elevado e Extremo. A metodologia seguida para determinação da classe associada a cada uma das tipologias de riscos analisados encontra-se descrita no PMEPC, pelo que se escusa a sua transcrição para o presente documento, até porque, no âmbito da revisão do PDM, o que importa é absorver os resultados da cartografia de risco de forma a apresentar uma proposta de ordenamento que procure minimizar os efeitos por eles causados. Mais uma vez se reforça o facto do tratamento desta temática no âmbito do presente Plano absorver, na íntegra e no que se relaciona com o ordenamento do território, a análise efetuada pelo PMEPC de Condeixa-a-Nova. 15.2 RISCOS NATURAIS Por risco natural entende-se um qualquer fenómeno que seja suscetível de causar acidentes graves ou catástrofes, sobre os quais o Homem tem nula ou reduzida influência. Contudo, embora a generalidade destes fenómenos tenham origem em causas naturais, situações há em que a sua ocorrência se encontra associada, de modo mais ou menos indireto, à atividade humana – por exemplo, a impermeabilização excessiva dos solos é por vezes indissociável da ocorrência de inundações e cheias. 15.2.1 Cheias e Inundações As cheias são por definição “fenómenos naturais extremos e temporários, provocados por precipitações moderadas e permanentes, ou por precipitações repentinas e de elevada intensidade”, podendo este fenómeno aumentar o caudal dos cursos de água, originando o transbordo do leito normal e consequentemente a inundação das margens e áreas adjacentes. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 393 No âmbito da revisão da Reserva Ecológica Nacional, visando a delimitação do sistema “Zonas Ameaçadas pelas Cheias”, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra elaborou um estudo sobre esta temática, datado de 2005. Foi esta a delimitação usada para a apresentação desta área de risco no concelho. Segundo o PMEPC, as principais ocorrências centram-se principalmente em alguns setores associados ao rio de Mouros e à ribeira de Bruscos, que atravessam respetivamente as freguesias de Zambujal, Condeixa-a-Velha, Ega e Sebal e de Vila Seca, Condeixa-a-Velha, Condeixa-a-Nova e Sebal. É de referir que os problemas provocados pela ribeira de Bruscos, no setor da sede de concelho, ficaram resolvidos com as obras de regularização da ribeira. É ainda de referir o setor referente à ribeira de Cernache que atravessa a freguesia de Anobra, também considerado como uma zona ameaçada por cheia. O PMEPC considera a probabilidade de ocorrência de cheias e/ou inundações, no município de Condeixa-aNova, Média, uma vez que estas ocorrem apenas em situações excecionais. Tendo presente as considerações anteriores, considera o PMEPC que o grau de risco face a ocorrência de cheias e inundações é Moderado. 15.2.2 Risco Sísmico Os sismos por norma resultam da “movimentação das falhas geológicas, as quais libertam uma grande quantidade de energia provocando vibrações numa vasta área circundante, causando danos nas construções em função da intensidade da ação sísmica e da resistência e qualidade da construção”. Segundo o PMEPC, o município de Condeixa-a-Nova encontra-se numa zona associada a intensidades sísmicas máximas de VI (“Bastante Forte”), com exceção de Ega, Zambujal e Furadouro, freguesias associadas a intensidades sísmicas máximas de VII (“Muito Forte”), que segundo a mesma escala provoca estragos limitados em edifícios de boa construção, mas mais acentuados em construções frágeis. Relativamente ao nível de intensidade VI é esperado apenas ligeiros danos nas habitações. O território nacional apresenta, na generalidade, uma elevada sismicidade devido à confluência de duas placas tectónicas, contudo, a região centro, face ao restante território, regista um número de epicentros menor e com menores magnitudes associadas. O PMEPC considera então a probabilidade de ocorrência de um sismo com impacto considerável Baixa e o grau de risco Moderado. 394 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 15.2.3 Movimentos de Massas O PMEPC descreve os movimentos de massas como “deslocamento de rochas ou solos devido a ruturas numa superfície inclinada”. A probabilidade de ocorrência de movimentos de vertente encontra-se associada a diversos fatores, entre eles a natureza geológica das formações, a geomorfologia e a presença ou circulação de água. É possível observar, através de uma análise hipsométrica, um contraste entre o setor noroeste (com valores altimétricos inferiores a 100 metros), incluindo as áreas planálticas de baixa altitude localizadas no setor central, e o setor sudeste, onde são observadas as maiores altitudes (com valores que chegam aos 350 metros). Relativamente à distribuição dos declives preferenciais, constata-se que mais de metade do território municipal (52%), com maior preponderância no setor sudeste apresenta declives superiores a 5º, sendo que cerca de 30% do território do município apresenta declives inferiores a 2º. A probabilidade de ocorrência de acidentes desta natureza, é considerada Média-Baixa, e o grau de risco é Moderado. 15.3 RISCOS TECNOLÓGICOS Por riscos tecnológicos, ou de origem humana, entendem-se todos aqueles que se encontram associados a infraestruturas artificiais de origem antrópica ou de atividades humanas. Tal como mencionado para os riscos de origem natural, também os riscos tecnológicos podem não depender em exclusivo da atividade do homem (p.e., condições climáticas adversas podem influir na ocorrência de determinados fenómenos). 15.3.1 Acidentes graves de tráfego rodoviário Os acidentes graves de tráfego estão diretamente relacionados com a rede de infraestruturas rodoviárias presente no território em análise, sendo, na maioria dos casos, de origem humana. Em Condeixa-a-Nova salienta-se o fato deste ser atravessado pelo IP1-A1 (ligação entre Lisboa e Porto) e pela EN1 (IC2), que se desenvolve paralelamente ao IP1, com particular importância na ligação entre Condeixa-aNova e Coimbra, atravessando o perímetro urbano de Condeixa-a-Nova. É também de referir o IC3 que estabelece a ligação entre Setúbal e Coimbra. O PMEPC destaca que não existem pontos negros de acidentes rodoviários no Município, apesar de se verificarem com regularidade acidentes ao longo da rede viária principal, nomeadamente na EN1 (IC2), IC3 e EN342. Optou-se ainda por cartografar o traçado da EN342/A13-1, apesar desta não ter sido identificada no PMEPC, por à data de elaboração desse plano não se encontrar ainda construída. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 395 Tendo em consideração o atrás exposto, a probabilidade de ocorrência deste tipo de acidentes considera-se Elevada, sendo o grau de risco classificado como Extremo. 15.3.2 Acidentes no transporte rodoviário de matérias perigosas De acordo com a legislação portuguesa em vigor são consideradas mercadorias perigosas as substâncias ou preparações que devido à sua inflamabilidade, ecotoxicidade, corrosividade ou radioatividade, por meio de derrame, emissão, incêndio ou explosão, possam provocar situações com efeitos negativos para o Homem e para o Ambiente. Os acidentes associados ao transporte de mercadorias perigosas, pelas consequências que podem ter, necessitam de atenção especial. O PMEPC considera, no concelho de Condeixa-a-Nova, como setores mais sensíveis, perante um acidente com o transporte de matérias perigosas, o IP1-A1, seguido da EN1 (IC2) e IC3, pela importância que refletem como vias de comunicação no território municipal e regional. A probabilidade de ocorrência de acidentes desta natureza, normalmente associados a uma periodicidade incerta e aleatória, foi considerada Média-Alta, em função do fluxo de transporte de matérias perigosas nas principais vias do concelho. O grau de risco é Elevado. 15.3.3 Acidentes graves de tráfego aéreo O crescimento significativo do tráfego aéreo a nível regional, leva a que o risco deste tipo de acidentes constitua uma preocupação para o sistema de proteção civil. Apesar de não existir no concelho nenhuma infraestrutura de apoio a transportes aéreos e aeronaves, a proximidade ao Aeródromo Municipal Bissaya Barreto, localizado no concelho vizinho de Coimbra, torna obrigatória a consideração este tipo de acidentes, uma vez que a zona norte é abrangida pela área de influência deste Aeródromo (constitui um dos corredores de aproximação de aeronaves). Deste modo, O PMEPC considera que a probabilidade de ocorrência de acidentes aéreos no concelho é Médiabaixa, por apenas ocorrer em circunstâncias excecionais. Desta forma, o grau de risco é Moderado. 15.3.4 Colapso de túneis, pontes e infraestruturas Apesar deste tipo de risco não ser frequente, a sua análise é importante pois normalmente está “associada a dois fatores: por um lado a idade e consequente estado de conservação, por outro o escoamento das águas fluviais que arrasta os sedimentos que fixam os pilares de uma ponte”. 396 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Em Condeixa-a-Nova, tal como já referido, há a considerar o IP1-A1, a EN1 (IC2) e o IC3, ganhando este risco importância pelo fato destes eixos constituírem barreiras entre os setores este e oeste do concelho, obrigando a que haja infraestruturas como pontes, túneis e viadutos. Estas são alvo de manutenção, não se verificando registos históricos deste tipo de acidentes, pelo que a probabilidade de ocorrência de um colapso de pontes, túneis e infraestruturas é Baixa. Neste contexto, o grau de risco é considerado Moderado. 15.3.5 Acidentes industriais Tal como referido no PMEPC, qualquer estabelecimento industrial, tendo em consideração os produtos utilizados ou o processo de fabrico, pode ser indutor de acidentes graves de grande escala. No concelho é de referir a existência da Zona Industrial de Condeixa-a-Nova, localizada na freguesia de Sebal, assinalada por constituir uma potencial fonte de risco. Deve ainda ser alvo de atenção, uma pedreira existente na freguesia de Furadouro, pela quantidade de produtos explosivos e inflamáveis ali armazenados, assim como as diversas indústrias espalhadas pelo território municipal. Com base em dados recolhidos, O PMEPC considera a probabilidade de ocorrência de um acidente industrial como Média-baixa, e o grau de risco Moderado. 15.3.6 Incêndios urbanos Apesar de constituir um tipo de risco específico, os incêndios urbanos encontram-se normalmente associados à ação humana, visto que no interior das habitações o perigo é iminente face à disposição e manuseamento de equipamentos de gás e eletricidade (sobrecarga) com manutenção deficiente, chaminés e lareiras obstruídas e falta de prudência na utilização de velas, cigarros e aquecedores. O PMEPC faz uma breve análise ao parque edificado constatando que as freguesias de Zambujal e Belide apresentam uma tipologia de edificado mais recente (grande maioria da construção a datar-se a partir da década de 80), e a mais antiga verifica-se nas freguesias de Furadouro e Bendafé (grande parte da sua construção da década de 40 e anteriores). Refere também que a sede de concelho, apesar de apresentar um edificado relativamente recente, tem ainda alguns setores do núcleo urbano mais antigos, que pelas suas características construtivas e idade, devem ser consideras como áreas vulneráveis. Verifica-se também a existência de uma Corporação de Bombeiros, considerando o PMEPC uma probabilidade de ocorrência deste tipo de riscos Média-Baixa e um grau de risco Moderado. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 397 15.3.7 Acidentes com gás O transporte de gás em conduta (subterrânea) coloca alguns problemas de segurança que necessitam de particular atenção, possuindo por isso mesmo esta temática regulamentação específica. O concelho é atravessado no setor oeste pelo gasoduto de 1º escalão Setúbal/Braga, existindo uma ligação deste ao concelho de Coimbra (ramal Condeixa-a-Nova/Coimbra), presente no setor Norte, que faz o abastecimento à Zona Industrial de Condeixa-a-Nova e seguidamente à Zona Industrial de Cernache (Coimbra). A presença deste tipo de infraestrutura no concelho pode originar uma fuga de gás, resultante, por exemplo de uma rutura. 15.4 RISCOS MISTOS Finalmente, os riscos mistos podem ser considerados uma combinação das categorias de risco descritas anteriormente, nomeadamente de origem natural e ou tecnológica. 15.4.1 Incêndios Florestais Os incêndios florestais têm sido um flagelo recorrente ao longo das últimas décadas um pouco por todo o país. No caso particular de Condeixa-a-Nova, o PMEPC refere que este concelho tem uma área florestal que ocupa cerca de 56% da área total (segundo a COS90), o que considerado juntamente com a existência de algumas áreas mais declivosas com mato denso, leva a que este risco não possa ser desprezado. O setor este é onde o risco de incêndio é mais elevado, em particular na zona sul. O PMEPC considera então a probabilidade de ocorrência de Incêndios Florestais no município de Condeixa-aNova como Média-Alta, uma vez que o registo de incidentes assim o demonstra. Neste contexto, o grau de risco revela-se Elevado. 15.4.2 Acidentes de poluição Este tipo de acidentes, algumas vezes imprevisíveis e consequência de acontecimentos súbitos, podem comprometer a utilização de recursos e colocar em risco a saúde pública, e em casos mais extremos, a própria sustentabilidade ambiental. O Plano da Bacia Hidrográfica do Mondego, considera dois tipos de grupos associados a fontes fixas e móveis. No primeiro são consideradas instalações que apresentam riscos industriais graves: instalações de armazenagem de combustíveis; instalações industriais que descarregam comprovadamente substâncias perigosas; depósitos de resíduos industriais; instalações de tratamento de efluentes ou resíduos; instalações de 398 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) tratamento de resíduos urbanos ou industriais abrangidos; lixeiras municipais não seladas (ativas ou não) e aglomerados populacionais sem qualquer instalação de tratamento de águas residuais, assinalando-se também o gasoduto de alta pressão que, num eventual acidente (incêndio, explosão), potencia a poluição atmosférica através da libertação de gases da combustão. No que diz respeito a riscos móveis, destacam-se os atravessamentos rodoviários e ferroviários sobre as principais linhas de água que se tornam pontos privilegiados de “contaminação” direta, em caso de acidente com veículos de transporte de substâncias poluentes. Relativamente ao concelho de Condeixa-a-Nova, o PMEPC refere que a probabilidade de ocorrência de acidentes de poluição é Média-baixa, em função dos detritos e poluentes das atividades que se constituem como principais fontes de poluição (indústria, comércio, agricultura e atividades domésticas) de onde resultam águas residuais a serem tratadas na fonte, ou reencaminhadas para ETAR. O grau de risco é Moderado. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 399 16. AVALIAÇÃO DO PDM EM VIGOR A presente análise, para além de fundamental para informar a definição de um modelo de desenvolvimento e uma proposta de ordenamento adequados e consentâneos com a realidade presente, permite ir ao encontro de algumas exigências legislativas, nomeadamente na Portaria n.º 1474/2007, de 16 de Novembro, que refere que, a deliberação camarária que determina a revisão do PDM, deve ser acompanhada, na ausência de REOT, de “um relatório fundamentado de avaliação da execução do plano director municipal e de identificação dos principais factores de evolução do município”, designadamente ao nível de “ocupação do solo, compromissos urbanísticos, reservas disponíveis de solo urbano, níveis de infraestruturação, equipamentos, acessibilidades, condicionantes e outros critérios de avaliação relevantes para o município”. Esta avaliação permitirá ainda sustentar eventuais propostas de reclassificação do solo rural como urbano que, conforme sustenta o Decreto Regulamentar n.º 11/2009, de 29 de Maio, deverão ser sustentadas na “avaliação da dinâmica urbanística e da execução do PDM em vigor”. O presente capítulo pretende avaliar a execução das medidas consagradas nesse Instrumento de Gestão Territorial, entendendo-se esta avaliação da sua execução como uma etapa chave do processo de revisão que deverá preceder a definição das propostas do Plano. É a partir desta avaliação que se podem sistematizar as principais incoerências e dificuldades que se colocaram à gestão urbanística durante a vigência do Plano, bem como os casos de sucesso e as orientações e medidas que se pretendem manter ou fomentar. Permite, também identificar as propostas concretas que não foram cumpridas e é a ocasião ideal para avaliar o grau de ocupação dos seus aglomerados. 16.1 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS, MEDIDAS E AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO O Plano Diretor Municipal de Condeixa-a-Nova definiu como base de referência para a estratégia de desenvolvimento quatro objetivos gerais, entendidos como áreas de preocupação do planeamento e gestão urbanística, que foram desagregados em objetivos estratégicos de desenvolvimento. A estes corresponde um conjunto de políticas, medidas e ações que se pretendia que viessem permitir a operacionalização e concretização dos referidos objetivos durante o horizonte do Plano. Apresentam-se de seguida os objetivos estratégicos associados aos respetivos objetivos gerais: 1. Reforçar as caraterísticas de Condeixa-a-Nova como centro de apoio à capital regional, potenciando as interdependências e melhorando a qualidade de vida Este objetivo centra-se criação de condições para a fixação da população mais próximo do local de trabalho e na valorização da localização privilegiada de Condeixa-a-Nova, com potencial para instalação de novas atividades e expansão das existentes. 400 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 1. A criação de novas zonas devidamente urbanizadas, incluindo espaços residenciais e para equipamentos coletivos, com zonas públicas devidamente tratadas e um tratamento paisagístico cuidado. 2. Disponibilização de solo (estratégico) em tempo útil e localizações adequadas para implantação das atividades económicas – preferencialmente nas zonas industriais de Condeixa e Sangardão. 3. A necessidade de elaboração de planos urbanísticos para as zonas escolhidas, de modo a conseguir uma implantação urbana e industrial ordenada e coerente. 4. Uma diversificação do emprego oferecido, com diminuição de dependências. 5. Redução de pontos de conflito e atravessamentos difíceis ao longo da EN1/IC2, EN347 e EN342, através da construção de variantes adequadas na ligação dos futuros IC3 e IP10 ao IC2, a sul e nordeste de Condeixa, facilitando a utilização desta infraestrutura por transportes de carga regionais e internacionais, de forma segregada com a ocupação urbana. 6. Inserção do concelho nas redes regionais, nacionais e internacionais de distribuição de gás, telecomunicações e teleinformática. 7. Apoio à criação de pequenas e médias empresas industriais e de serviços (especializados e de novas tecnologias avançadas) e de instituições de fomento da investigação científica e tecnológica ligadas aos processos produtivos, em localizações adequadas ao tecido urbano (quando compatíveis), ou controlando a sua localização de modo a evitar disfunções do sistema urbano e a diminuir encargos de instalação e exploração, contribuindo também para a estabilidade do emprego no concelho e a melhoria dos produtos fabricados ou transformados no concelho. 2. Considerar o papel fundamental da agricultura, mais do que a floresta Este objetivo tem como referência as cartas da RAN e REN como salvaguarda dos melhores solos agrícolas e de maior valia ecológica, destacando o papel fundamental da atividade agrícola no Baixo Mondego para o desenvolvimento sustentável do concelho. Refere a importância de aumentar o rendimento das atividades agrícolas, silvícolas e pecuárias, através da modernização dos processos produtivos, apontando para a criação de um Centro de Formação Profissional com cursos de natureza diversificada para agricultores. Assinala ainda a importância da floresta, definindo como ações prioritárias: 1. Arborização de áreas nuas e disponíveis, públicas ou privadas – florestação de uso múltiplo. 2. Condução, tratamento e exploração, com melhores técnicas florestais, dos povoamentos existentes. 3.Construção e beneficiação das infraestruturas necessárias. 4. Prevenção e proteção contra fogos. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 401 3. Satisfazer as necessidades básicas da população, quer dos aglomerados urbanos, quer das zonas rurais. Este objetivo aborda várias áreas que vão desde a gestão urbanística, à supressão de carências em infraestruturas urbanas e equipamentos coletivos, referindo ainda a melhoria das acessibilidades e gestão de rede de transportes. Aponta como necessidade: 1. Suprimir as carências existentes em infraestruturas e equipamentos coletivos de forma programada, de acordo com as estratégias de ocupação urbana e industrial definidas pelo município, incentivando e apoiando as iniciativas positivas dos agentes de desenvolvimento urbano, e contrariando aquelas que produzam ou possam produzir efeitos negativos. 2. Programação das infraestruturas de forma coordenada com o planeamento e gestão urbanísticos, suprindo a curto prazo as carências existentes nas redes de saneamento básico. 3. Construção a curto prazo de ETAR domésticas e industriais (incluindo algumas pecuárias), tendo em vista a salvaguarda dos recursos aquíferos e subterrâneos (reservas estratégias a proteger para o futuro) e da qualidade das águas dos Ribeiros de Bruscos, de Cernache e do Paul de Arzila, e dos Rios dos Mouros e Mondego. 4. Garantir a disponibilidade de terrenos devidamente localizados na malha e estrutura urbana de modo a possibilitar a construção de equipamentos necessários, em particular em Condeixa-a-Nova. Eventualmente adquirir ou apoiar a recuperação de imóveis de interesse para equipamentos ou atividades ligadas à cultura, formação técnica profissional e turismo rural. 5. Acompanhamento da gestão do funcionamento dos equipamentos coletivos, com vista a garantir a qualidade dos serviços prestados à população, articulando ainda a sua utilização com as necessidades diversificadas da população em geral (escolas, equipamentos coletivos de recreio e lazer, transportes escolares, horários, ocupação de tempos livres). 6. Programação da construção dos equipamentos em falta e eventual reconversão de algumas unidades existentes, tendo em conta a evolução da estrutura etária da população. 7. Beneficiar (em perfil e traçado) a rede viária principal e secundária, como complemento da estrutura viária regional projetada, melhorando a acessibilidade ao exterior. Controlar a ocupação marginal das vias principais, através de zonas “non aedificandi”, acessos condicionados, em particular fora dos limites urbanos e industriais previstos. 8. Gestão urbanística ativa relativamente à implantação de atividades turísticas, industriais, de armazenagem ou grossistas de distribuição, eventualmente alvo de abordagem específica no processo de planeamento municipal. 9. Continuação da intervenção do município no mercado de solos e no sector da habitação e urbanização. 10. Contenção de comportamentos de sobre-densificação e da dispersão urbana, reduzindo os seus impactes negativos, que se refletem também na sua estrutura e na imagem urbana. 402 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 11. Organização de um sistema de informação e divulgação das potencialidades, apoios e regras de ocupação do solo no concelho, tendo em vista a captação de investimentos e iniciativas. 4. Proteger e valorizar os valores históricos, culturais e ambientais, como recursos naturais do município. Este objetivo destaca o património natural presente no concelho, assinalando a Serra de Alcoucere, Janeanes e Sr.ª do Círculo, o Paul da Arzila e a inserção no Baixo Mondego, assim como o património histórico/ cultural, destacando as Ruínas de Conímbriga. Aponta como necessidade: 1. Salvaguardar e valorizar o património arquitetónico através da definição de uma política específica visando a sua conservação, reabilitação e promoção exterior. 2. Salvaguardar e valorizar os valores paisagísticos do concelho, nomeadamente a utilização do xisto, as paisagens, as áreas florestais de usos múltiplos, os principais vales agrícolas e cumeadas, as margens dos Ribeiros de Bruscos, de Cernache e do Rio de Mouros, estabilizando o uso do solo nas suas áreas de proteção e enquadramento. 3. Promover a elaboração de estudos específicos para as áreas de conservação da natureza – Sr.ª do Círculo, Serra de Janeanes e Mata da Abufarda). 4. Construção de uma nova imagem urbana, especialmente nas áreas paisagisticamente mais sensíveis, tendo em vista assegurar uma elevada qualidade paisagística para os espaços urbanos existentes e para os novos espaços a criar. 5. Elaboração e execução de um Plano específico para as zonas de caça associativa o qual pode incluir as áreas de maior interesse de municípios vizinhos 6. Articulação das ações de apoio à cultura e recreio com as ações de proteção, salvaguarda e reabilitação dos edifícios, e reanimação das áreas urbanas que integram o património arquitetónico, cultural e recreativo mais significativo do concelho. Por sua vez e tal como já referido, estes objetivos foram decompostos em objetivos operacionais que previam a materialização da estratégia de desenvolvimento para o concelho, por intermédio da concretização de medidas e ações. Estas propostas sectoriais foram organizadas em seis áreas temáticas (Infraestruturas básicas; Equipamentos sociais e coletivos; Desenvolvimento económico; Planeamento e administração urbanística; Turismo e meio ambiente; Desenvolvimento sociocultural), que se encontram sistematizadas no subcapítulo seguinte. Neste capítulo avalia-se a execução dos projetos definidos, acabando, eventualmente, por se conseguir determinar o grau de execução dos próprios objetivos e estratégias. Uma nota apenas para as projeções demográficas constantes do PDM. Este considerava que a população futura esperada (presumivelmente no final da década de 90, início da 1ª década do século XXI) corresponderia a 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 403 valores compreendidos entre os 12.000 e os 14.000 habitantes, dos quais 5.000 a 6.000 residentes na sede de concelho, 5.500 a 6.500 na zona norte/poente e, apenas, 1.250 a 1.500 na zona das serras. No entanto, a evolução efetivamente ocorrida superou as espectativas do PDM, tal como se constata a seguir. As projeções do PDM em vigor apresentavam como limite máximo de população concelhia os 14 mil habitantes, quando na realidade se vieram a confirmar, em 2001, 15.340 habitantes. A distribuição por setores do concelho, em termos estruturais, não difere substancialmente do projetado, embora, face ao crescimento que se verificou em termos absolutos, a zona norte/poente ficou dentro do escalão proposto e, tanto a sede concelhia, como a zona das serras, ficaram aquém do que se veio a verificar. Projeções demográficas do PDM em vigor, para 2001 Evolução demográfica ocorrida: População em 2001 Sede de concelho 5.000 a 6.000 habitantes 7.298 habitantes Zona norte/poente 5.500 a 6.500 habitantes 6.311 habitantes Zona das Serras 1 250 a 1 500 habitantes 1.731 habitantes Total do concelho 12.000 a 14.000 habitantes 15.340 habitantes Em síntese, consta-se que o PDM em vigor, apesar de ser ambicioso nos objetivos estratégicos, subavaliou a capacidade atrativa e de fixação populacional de Condeixa-a-Nova, bem como os efeitos induzidos pela crescente integração de Condeixa-a-Nova na Área Metropolitana de Coimbra que se viriam a registar, tendo, sobretudo, atendido à evolução negativa que tinha ocorrido na década anterior (entre 1981 e 1991, o concelho tinha perdido 1,7% de população), quando, na realidade veio a registar um crescimento positivo de 18%, entre 1991 e 2001. 16.1.1 Avaliação da execução dos objetivos estratégicos, medidas e ações do PDM No presente subcapítulo pretende-se avaliar a execução das propostas apresentadas pelo atual PDM nos diversos domínios, procurando desta forma aferir o grau de concretização da estratégia e objetivos de desenvolvimento do Plano, uma vez que a sua operacionalização pressupunha, naturalmente, a implementação dos projetos e intervenções previstos no âmbito das propostas sectoriais. Esta análise será feita definindo para cada objetivo, medida ou ação, o seu grau de execução, aferindo desta forma a sua concretização ou não no período de vigência do PDM. Adotaram-se os seguintes níveis de execução: E (Executado) – Sempre que o objetivo/intervenção tiver sido totalmente ou maioritariamente alcançado ou executado; PE (Parcialmente Executado) – Sempre que o objetivo/intervenção tiver sido apenas parcialmente alcançado ou executado ou que se encontre ainda em execução; NE (Não Executado) – Sempre que o objetivo/intervenção não tiver sido alcançado ou executado. 404 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Refira-se que a execução de algumas das propostas apresentadas não depende da Autarquia, não sendo correto, nesses casos, fazer depender a avaliação da execução de um plano municipal da execução de medidas relativamente às quais o município não possui influência direta. 16.1.1.1 Objetivos Estratégicos de Desenvolvimento Apresenta-se seguidamente a avaliação dos objetivos estratégicos estabelecidos no PDM em vigor, de acordo com os critérios enunciados. Quadro 124: Objetivos Gerais e Estratégicos definidos no PDM em vigor Objetivos Gerais e Estratégicos Grau de execução Observações 1. Reforçar as características de Condeixa-a-Nova como centro de apoio à capital regional, potenciando as interdependências e melhorando a qualidade de vida - Foi alargado o perímetro urbano de Condeixa através de processos de urbanização (por exemplo Urbanizações Nova Conimbriga I e II, Quinta do Barroso, Quinta de São Tomé, Barreira) deixando inclusive regras para um futuro crescimento (Por exemplo 1.1. Criação de novas zonas devidamente zona do mercado e do centro de saúde). urbanizadas, incluindo espaços residenciais e E - Foram criados e construídos novos equipamentos coletivos que espaços para equipamentos coletivos procuraram colmatar a malha urbana ou criar novas áreas urbanas: i) Piscinas Municipais; ii) Estádio Municipal; iii) Zona das escolas com a Escola EB1-JI, EB 2-3 e a Biblioteca Municipal; iv) Novo Centro de Saúde; v) Parque verde da Ribeira de Bruscos. 1.2. Disponibilização de solo em tempo útil e - Foi feito o Plano de Pormenor da Zona Industrial de Condeixa localizações adequadas para implantação das E atividades económicas – preferencialmente no encontrando-se executado em cerca de 62%. interior das zonas industriais - De acordo com o artigo 87º do PDM a Câmara Municipal deveria promover prioritariamente a elaboração de PU ou PP do espaço urbano de Condeixa, Ega, Sebal, Anobra, Belide/Casével, 1.3. Elaboração de planos urbanísticos para as Avenal/Sobreiro e Bruscos/Vila Seca; da Zona de Indústria Ligeira PE zonas estabelecidas de Condeixa e Sangardão; bem como o Plano de Salvaguarda e Proteção do Complexo Histórico/Museológico de Condeixa-a-Velha (Ruínas de Conímbriga). Destes apenas se encontra em vigor o PP da Zona Industrial Ligeira de Condeixa. - Sendo Condeixa-a-Nova um concelho maioritariamente rural, ao longo da vigência do PDM verificou-se uma diversificação no tipo de 1.4. Diversificação do emprego oferecido, com E emprego oferecido nomeadamente ao nível da sede do concelho diminuição de dependências que hoje em dia dispõe de grande parte dos serviços necessários à população. - Foi realizado o IC3 que reduziu os pontos de conflito das EN347 e EN342 na zona da Vila de Condeixa. 1.5. Redução de pontos de conflito e - Por questões técnicas e económicas encontram-se por resolver os atravessamentos ao longo da EN1/IC2, EN347 e pontos de conflito: PE EN342, através da construção de variantes - EN1/IC2, no atravessamento de Condeixa-a-Nova; adequadas - EN342, no atravessamento da Ega; - EN347, no atravessamento do Sebal e de Belide. - Embora nem todo o concelho se encontre servido existe: 1.6. Inserção do concelho nas redes regionais, - Rede de Gás Natural (passando inclusive no concelho parte nacionais e internacionais de distribuição de gás, E do gasoduto); telecomunicações e teleinformática - Redes de telecomunicações móveis e fixas. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 405 Objetivos Gerais e Estratégicos 1.7.Apoio à criação de pequenas e médias empresas industriais e de serviços (novas tecnologias) e de instituições de fomento da investigação científica e tecnológica Grau de execução Observações NE - 2. Considerar o papel fundamental da agricultura, mais do que a floresta 2.1. Aumento do rendimento das atividades agrícolas silvícolas e pecuárias, através da modernização dos processos produtivos 2.2. Criação de um Centro de Formação Profissional que ministre cursos de natureza diversificada para agricultores 2.3. Arborização de áreas nuas e disponíveis – florestação de uso múltiplo 2.4. Condução, tratamento e exploração com melhores técnicas florestais dos povoamentos existentes 2.5.Construção e beneficiação das infraestruturas necessárias 2.6. Prevenção e proteção contra fogos NE - NE - NE - Não existiram ações concretas. NE - E - PE - Foi elaborado o Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, encontrando-se realizadas algumas das ações previstas no plano. 3. Satisfazer as necessidade básicas da população, quer dos aglomerados urbanos, quer das zonas rurais 3.1. Suprimir as carências existentes em infraestruturas e equipamentos coletivos de forma programada 3.2. Programação das infraestruturas de forma coordenada com o planeamento e gestão urbanísticos, suprindo a curto prazo as carências existentes nas redes de saneamento básico 3.3. Construção a curto prazo de ETAR domésticas e industriais (incluindo algumas pecuárias) 3.4. Garantir a disponibilidade de terrenos devidamente localizados na malha e estrutura urbana de modo a possibilitar a construção de equipamentos necessários 3.5. Acompanhamento da gestão do funcionamento dos equipamentos coletivos, articulando a sua utilização com as necessidades diversificadas da população em geral 406 E - Foram criados e construídos novos equipamentos coletivos que procuraram colmatar a malha urbana, criar novas áreas urbanas e responder às necessidades da população: - Piscinas Municipais; - Estádio Municipal; -Zona das escolas com a Escola EB1-JI, EB 2-3 e a Biblioteca Municipal; -Novo Centro de Saúde; -Parque verde da Ribeira de Bruscos; -Construção de diversos polidesportivos em todo o concelho; -Remodelação do parque escolar; -Tribunal; E - Foram projetadas e executadas as obras que permitem 76% de cobertura da rede de saneamento; E - Foram construídas diversas ETAR: sede de concelho, Zona Industrial, Anobra, Arrifana , Vila Seca/Bruscos, Alcouce, Bom Velho e ETAR Intermunicipal em Figueiró do Campo. E - E - 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Objetivos Gerais e Estratégicos Grau de execução 3.6. Programação da construção dos equipamentos em falta e eventual reconversão de algumas unidades existentes E 3.7. Beneficiar (perfil e traçado) a rede viária principal e secundária, como complemento da estrutura viária regional projetada E 3.8. Controlar a ocupação marginal das vias principais (especialmente fora dos aglomerados) através de zonas non aedificandi e acessos condicionados 3.9. Gestão urbanística ativa relativamente à implantação de atividades turísticas, industriais, de armazenagem ou grossistas de distribuição 3.10. Continuação da intervenção do município no mercado de solos e no sector da habitação e urbanização 3.11. Contenção de comportamentos de sobre densificação e da dispersão urbana 3.12 Organização de um sistema de informação e divulgação das potencialidades, apoios e regras de ocupação do solo no concelho Observações - Para além do referido no ponto 3.1 foram, ao longo dos anos, sendo alvo de obras de beneficiação e reconversão edifícios públicos para albergar equipamentos e serviços: - Antiga escola Conde Ferreira – atual Galeria Manuel Filipe e Junta de Freguesia de Condeixa-a-Nova; - Antiga escola Feminina – atual arquivo municipal; - Antigos Paços do Concelhos – Atual Pólo II da Câmara Municipal; - Antiga Quinta de S. Tomé – em construção o futuro Centro de Eventos de Sicó - Poros; - Foram sendo beneficiadas ao longo dos anos as diversas vias Municipais e Nacionais e projetados novos arruamentos: - Abertura do IC3 e ligação à EN1-IC2; - Beneficiação e desclassificação da EN1-7 (atual ER1-7); - Circular Interna de Condeixa-a-Nova; - Beneficiação da via de acesso à ZIL – EM607-2 - e da sua ligação ao Sebal – EM 607; - Beneficiação da via de acesso a Bendafé – EM 566. NE - E - E - E - E - 4. Proteger e valorizar os valores históricos, culturais e ambientais, como recursos naturais do município 4.1. Salvaguardar e valorizar o património arquitetónico através da definição de uma política específica 4.2. Salvaguardar e valorizar os valores paisagísticos do concelho, estabilizando o uso do solo nas suas áreas de proteção e enquadramento 4.3. Promover a elaboração de estudos específicos para as áreas de conservação da natureza – Sr.ª do Círculo, Serra de Janeanes e Mata da Abufarda 4.4. Construção de uma nova imagem urbana, especialmente nas áreas paisagisticamente mais sensíveis 4.5.Elaboração e execução de um Plano específico para as zonas de caça associativa o qual pode incluir as áreas de maior interesse de municípios vizinhos NE - Não existiram ações concretas NE - Não existiram ações concretas NE - E - NE - 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 407 Objetivos Gerais e Estratégicos Grau de execução Observações - Renovação Urbana da sede de concelho - Intervenção em edifícios e espaços públicos de diversas aldeias do concelho: - Recuperação da Casa do Casmilo; - Largo da Igreja da Serra de Janeanes; 4.6.Articulação das Ações de apoio à cultura e - Largo do Cruzeiro no Casmilo; recreio com as Ações de proteção, salvaguarda e - Largo da Igreja do Furadouro; reabilitação dos edifícios, e reanimação das E - Largo da Igreja do Zambujal; áreas urbanas que integram o património - Largo da Igreja do Cadaval; arquitetónico, cultural e recreativo mais - Praça do Município; significativo do concelho - Praça da República; - Recuperação dos antigos paços do Concelho; - Recuperação e reconversão da Quinta de S. Tomé; - Projeto PRAUD para recuperação do edificado de Condeixaa-Velha; Fonte: PDM de Condeixa-a-Nova e CM de Condeixa-a-Nova Tendo presentes os objetivos operacionais estabelecidos pelo Plano importa avaliar, ainda que de forma sucinta, em que medida os anos de vigência do atual PDM contribuíram para a sua concretização: 1. Reforçar as características de Condeixa-a-Nova como centro de apoio à capital regional, potenciando as interdependências e melhorando a qualidade de vida – são indiscutíveis os benefícios retirados da concretização de grande parte dos objetivos estratégicos relativos a este objetivo geral, passando, desde logo, pela constatação do aumento populacional e do parque habitacional deste concelho nas duas últimas décadas. Para o conseguir, Condeixa-a-Nova, embora beneficiando bastante da proximidade geográfica a Coimbra, teve de criar condições de atratividade e bem-estar urbano e social para conseguir as dinâmicas demográficas, sociais e urbanísticas que tem estado a verificar. Condeixa-a-Nova constituiu-se de facto, um centro urbano de apoio a Coimbra, sobretudo, de apoio residencial, para o qual teve necessariamente de criar outras condições de suporte que passaram, grosso modo, pela criação de zonas devidamente urbanizadas, pela disponibilização de solo para o desenvolvimento de atividades económicas (Zona industrial de Condeixa-a-Nova) e pela inserção do concelho em redes regionais e nacionais (Rede de Gás Natural e Redes de telecomunicações móveis e fixas). Ainda assim, mantiveram-se por concluir muitos dos planos urbanísticos propostos, bem como algumas zonas de conflito e atravessamentos ao longo da EN1/IC2 (no atravessamento de Condeixa), EN347 (no atravessamento de Ega) e EN342 (no atravessamento de Sebal e Belide). 2. Considerar o papel fundamental da agricultura, mais do que a floresta – este era um objetivo estratégico legítimo mas de difícil concretização, na medida em que este estava muito mais dependente de medidas e regulamentações nacionais e europeias do que da intervenção da Administração Local. Ainda assim, foram construídas e beneficiadas algumas infraestruturas necessárias, bem como foi elaborado o Plano Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios, o qual já permitiu a concretização de algumas das ações, nele, previstas. 408 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) 3. Satisfazer as necessidade básicas da população, quer dos aglomerados urbanos, quer das zonas rurais – este foi um objetivo amplamente conseguido, porquanto a maioria das propostas foram executadas, ainda que algumas delas sejam imateriais (com incidência sobre a regulamentação, fiscalização, gestão e informação). Com especial relevância, apontam-se os equipamentos coletivos construídos de nível superior (irradiação concelhia), nomeadamente, as Piscinas Municipais, o Estádio Municipal; a Zona das escolas com a Escola EB1/JI, EB2,3 e a Biblioteca Municipal, o Novo Centro de Saúde, o Parque Verde da Ribeira de Bruscos e o Tribunal. Neste âmbito e complementarmente, reconverteram-se (reabilitando-os) alguns edifícios públicos. Também se concretizou a extensão das redes de infraestruturação básica e a melhoria da rede viária municipal. Contudo, as principais concretizações verificaram-se, sobretudo, nos aglomerados urbanos. 4. Proteger e valorizar os valores históricos, culturais e ambientais, como recursos naturais do município - este objetivo só foi parcialmente conseguido, nomeadamente com a renovação urbana da sede de concelho e com as várias intervenções em edifícios e espaços públicos, um pouco por todo o concelho, bem como com a criação de uma nova e requalificada imagem urbana. Também aqui, a tutela externa à câmara de alguns aspetos referentes a este objetivo e as dificuldades económicas para a materialização de outros, foram importantes obstáculos à concretização de alguns dos objetivos propostos. Em suma, e como apreciação global, constata-se que se verificaram ao longo da vigência do PDM bastantes indicadores positivos em matéria de desenvolvimento social, com melhorias na infraestruturação e dotação de equipamentos coletivos nas várias freguesias, em matéria de valorização territorial, proporcionada por um incremento nas acessibilidades, por intervenções em matéria de requalificação urbanística, etc. e em matéria de crescimento económico, materializado num incremento do emprego e das empresas sedeadas no concelho. Porém, este relativo sucesso não se verificou na plenitude das ambições, de então, nomeadamente no maior desenvolvimento das atividades agrícolas, bem como na melhor e mais ajustada proteção e valorização dos valores deste território (históricos, culturais e naturais). Estes dois últimos aspetos deverão ter, na presente revisão do PDM, o tratamento adequado e mais ajustado à realidade atual, no sentido da mais ampla potenciação dos recursos do concelho e, de forma destacada, a valorização desses recursos em prol do desenvolvimento turístico, num quadro de sustentabilidade ambiental. A este nível, será fulcral que a presente Revisão do PDM redefina estratégias de intervenção, consentâneas não apenas com a realidade do concelho, mas sobretudo com o contexto regional, uma vez que cada vez mais os territórios são permeáveis à envolvente, beneficiando em grande medida com a complementaridade e com a criação de sinergias, sendo que Condeixa-a-Nova é disso um claro exemplo no contexto do Baixo Mondego e, com especial destaque, nos seus relacionamentos com Coimbra. Os 18 anos de vigência do PDM, para além de todos os benefícios que, inevitavelmente, trouxeram para a melhoria das condições socioeconómicas da sua população, constituíram um período de aprendizagem fundamental para definição de um novo modelo de desenvolvimento mais realista e sustentado. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 409 16.1.1.2 Medidas e Ações Uma vez aferidos os objetivos estratégicos passa-se então a analisar o grau de concretização dos objetivos operacionais, materializados num conjunto de medidas e ações, que constam das propostas sectoriais sistematizadas no quadro seguinte. Quadro 125: Medidas e ações operacionais definidos no PDM em vigor Medidas e Ações Grau de execução Observações 1. Melhoria da acessibilidade através da conclusão das obras previstas no PRN85, devidamente retificado a) Construção da variante sul a Condeixa e do IC3/EN342, ligando-o ao IC2/EN1 b) Construção da variante nordeste Condeixa e do IC3/EN342, ligando-o ao IP1 c) Construção do IC3 Infraestruturas Básicas d) Construção da passagem desnivelada no cruzamento de Condeixa da EN1/EN342 e) Inclusão no PRN do IP10 (Coimbra-Castelo Branco) E - NE - E E - NE - f) Conclusão das obras da variante à EN342 e seu prolongamento até Lousã/Arganil/IC7 E g) Eventual reclassificação e retificação da EN347 como IC/outras estradas, entre Condeixa e Montemor NE 2. Lançamento de um vasto programa de beneficiação, retificação e alargamento das Estradas e Caminhos Municipais existentes, com base na hierarquia proposta no PDM - Foi executado de acordo o previsto. Há poucos anos é que houve esta proposta para alteração do atual traçado. E - Foi beneficiada a EN342 com melhoria do traçado e foi construído o seu prolongamento até à Lousã (já nos concelhos vizinhos). - Foram sendo beneficiadas ao longo dos anos as diversas vias Municipais e Nacionais e projetados novos arruamentos: - Abertura do IC3 e ligação à EN1-IC2; - Beneficiação e desclassificação da EN1-7 (atual ER1-7); - Circular Interna de Condeixa-a-Nova; - Beneficiação da via de acesso à ZIL – EM6072 - e da sua ligação ao Sebal – EM 607; - Beneficiação da via de acesso a Bendafé – EM 566. - 3. Construção da Central de Camionagem NE 4. Estudo de criação de uma empresa NE intermunicipal de transportes 5. Construção de redes de esgotos com sistema diferenciados de tratamento dos afluentes domésticos a) Construção de ETAR ou fossas sépticas E coletivas em Eira Pedrinha b) Construção de ETAR ou fossas sépticas E coletivas em Anobra c) Construção de ETAR ou fossas sépticas - Toda a parte Norte da Ega está ligada à ETAR de PE coletivas em Ega Figueiró. - Foi construída a rede de saneamento, para servir as d) Dar prioridade ao combate à poluição do populações e evitar a descarga de efluentes no solo PE Paul de Arzila ou em linhas de água, mas falta ainda a construção da ETAR. 410 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Medidas e Ações 6. Abastecimento de água a todo o concelho (complemento, renovação ou reforço) 7. Estudo de sistemas integrados de abastecimento de água ao concelho a partir de captações diferenciadas 8. Melhoria das redes de telecomunicações 9. Melhoria das redes de abastecimento de energia elétrica 10. Ligação à rede de abastecimento por gás natural Grau de execução Observações E - 100% de cobertura da rede de distribuição de água, com melhoria da qualidade da água com a aquisição em Alta à empresa Águas do Mondego. E - E - E - E - NE - E - NE - NE - E - E - E - NE - 1. Equipamentos de Apoio à Infância a) Construção de Creche na Ega Equipamentos Sociais e Coletivos b) Construção de Jardim-de-infância em Condeixa-a-Velha c) Construção de Jardim-de-infância em Vila Seca d) Construção de Jardim-de-infância em Zambujal 2. Equipamentos de Ensino a) Construção de Escola Primária em Condeixa-a-Nova b) Construção de Escola EB23 em Condeixa-aNova 3. Equipamentos de Saúde a) Aumento das especialidades ministradas no Centro de Saúde b) Criação de posto médico ou extensão do Centro de Saúde em Zambujal 4. Equipamentos Desportivos a) Criação do Parque Desportivo de Condeixaa-Nova b) Construção de um recinto polivalente na Ega c) Construção de um recinto polivalente em Belide/Casével d) Construção de um recinto polivalente em Anobra e) Construção de um recinto polivalente em Zambujal f) Construção de um recinto polivalente em Vila Seca g) Construção de piscina ao ar livre na Ega h) Dinamização de circuitos de manutenção, atividades de escutismo, subida às serras, caça, pesca e recreio 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) PE E - A construção do Estádio Municipal – faz parte de uma ideia maior que constituirá o parque desportivo. - NE - E - NE - E - E - E - Foi construído um circuito de manutenção no Parque verde da Ribeira de Bruscos. - Condeixa faz parte de diversos eventos de pedestrianismo/ trail e BTT. - Foi cedida a antiga escola primária de Condeixa-aVelha para a sede do Agrupamento de Escuteiros. - Condeixa faz parte da Rota das Carmelitas – Coimbra/Fátima. - Existem diversos projetos no âmbito das Terras de Sicó para marcação de percursos pedestres. 411 Medidas e Ações Grau de execução Observações 5. Outros Equipamentos a) Construção e melhoramento de sedes de freguesia E b) Construção do Palácio da Justiça c) Ampliação do cemitério de Vila Seca E E - Cedência de uma parte da Antiga Escola Conde Ferreira para a Junta de Freguesia de Condeixa-aNova. - Construção da Junta de Freguesia de Belide. - Desenvolvimento Económico 1. Atividade Agrícola e Florestal a) Defesa dos melhores solos agrícolas (RAN) e do património ecológico (REN) e florestal b) Propor a integração numa região demarcada de vinhos (em conjunto com Coimbra e Miranda do Corvo) c) Apoio a programas de apicultura d) Apoio a ações e programas para florestamentos múltiplos 2. Atividade Industrial a) Ampliação da zona industrial de Condeixa b) Criação da zona industrial de Sangardão c) Tratamento urbanístico e paisagístico das atuais áreas industriais 3. Outras Atividades a) Construção de habitação social e de solo urbanizado a preços moderados Planeamento e Administração Urbanística b) Investigação e promoção das tradições de artesanato 412 1. Planos Municipais a) Elaboração do Plano de Urbanização de Condeixa b) Elaboração do Plano de Pormenor da Zona Industrial do Sangardão c) Elaboração do Plano de Pormenor da ampliação da Zona Industrial de Condeixa d) Elaboração do Plano de Pormenor de Ega e) Elaboração do Plano de Pormenor de Sebal f) Elaboração do Plano de Pormenor de Anobra g) Elaboração do Plano de Pormenor de Belide/Casével h) Elaboração do Plano de Pormenor de Vila Seca/Bruscos i) Elaboração de Planos de Salvaguarda e Proteção para o Espaço de Conservação da Natureza da Srª do Círculo, Serra de Janeanes e Mata da Abufarda E - NE - NE - NE - E NE PE NE PE - Foi realizado o Plano de Pormenor da Zona Industrial que não se encontra totalmente implementado. - A câmara nas suas ações promove o artesanato e as tradições: - Queijo do Rabaçal; - Cerâmica; - Objetos artesanais; - Grupos Etnográficos; - Apoios a iniciativas de recuperação de tradições; - Publicação de Toponímia de Condeixa; - Apoio à ASA – Associação sempre a Aprender que promove a aprendizagem de técnicas. NE - NE - E - NE NE - NE - NE - NE - NE - 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Medidas e Ações Grau de execução Observações Turismo e Meio Ambiente 2. Outros Projetos a) Proposta de classificação de imóveis e conjuntos como património nacional, de interesse público ou valor concelhio PE b) Organização de um banco de dados municipal PE 1. Promoção turística das serras com as suas zonas de conservação da natureza, incluindo a preservação e reabilitação arquitetónica dos povoados serranos 2. Aproveitamento lúdico-turístico do Ribeiro de Bruscos/Cernache e do Rio de Mouros e suas margens, em ligação a rede de percursos pedestres e a atividades de todo-o-terreno 3. Lançamento de projetos ligados ao turismo cinegético, permitindo uma melhor rendibilização de equipamentos turísticos já existentes e a criar – promover o aumento da área coberta e a melhoria das condições das zonas de Caça Turística/Associativa 4. Centros Urbanos Típicos - recuperação de áreas urbanas degradadas e introduzindo o conceito de “aldeias típicas” e “aldeias tradicionais” Desenvolvimento sociocultural 5. Turismo no Espaço Rural – através do incremento do turismo de habitação, do turismo rural e do agroturismo - Proposta de classificação como Imóvel de Interesse Público da Igreja de S. Pedro, Matriz do Sebal. - Proposta de eventual classificação como Imóvel de Interesse Público do núcleo constituído pela Casa da Melhora, capela, celeiro e jardins da Quinta da Melhora de Baixo. - A adaptação da antiga escola feminina como arquivo Municipal. - Aquisição de diverso software de gestão urbanística e carregamento de dados. - Digitalização parcial e sistemática de informação relevante do arquivo histórico que permite buscas de forma mais rápida. - A implementação de um Sistema de Informação Geográfica e o carregamento de dados- E - E - NE - NE - PE - Ao longo da vigência do PDM houve o aparecimento da alguns empreendimentos, embora alguns tenham encerrado - Casa de Campo – Beiçudo; - Casa de Campo – Bendafé; - Turismo de Habitação – Paço da Ega – Ega. 6. Construção de um Parque de Campismo em Existiu um projecto para a construção do Parque de Condeixa, em ligação à promoção da envolvente PE campismo mas não foi construído de Conímbriga 1. Levantamento e divulgação das principais feiras, festas e romarias do concelho, do seu E artesanato, ranchos, bandas e associações 2. Estudo de sítios, conjuntos e edificações a - Em conjunto com o antigo IPA foi feito o considerar como património histórico-cultural, levantamento de informação e a georreferenciação de PE com vista à sua classificação por parte do todos os locais com vestígios arqueológicos IPPAR conhecidos 3. Promoção da imagem milenária de Condeixa, com a sua tradição de antiga importante cidade PE romana Fonte: PDM de Condeixa-a-Nova e CM de Condeixa-a-Nova 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 413 Da sistematização anterior é possível constatar que as propostas sectoriais do PDM têm maior peso nos domínios dos equipamentos e infraestruturas, o que traduz a preocupação dos responsáveis autárquicos de então com a introdução de medidas e concretização de projetos que permitissem suprir carências identificadas e satisfazer algumas necessidades fundamentais para a melhoria das condições de vida das populações. Pode por isso afirmar-se que, embora de forma mais direta e óbvia nuns casos do que noutros, a grande maioria das intervenções possui relevância manifesta no domínio do ordenamento territorial do concelho, na medida em que a sua concretização contribui para a melhoria da qualidade de vida das populações, determinando a maior competitividade de uns territórios face a outros, o que naturalmente influenciará a forma como os espaços concelhios tendem a ser ocupados, sendo expectável que a população opte por espaços melhor dotados de infraestruturas, equipamentos e serviços em detrimento de outros que se revelem mais excêntricos. Embora nem todas as propostas tenham sido implementadas, é possível constatar que aquelas que assumiam um carácter de maior urgência (ao nível da melhoria do nível de serviço das infraestruturas básicas e da dotação de equipamentos) foram em grande parte executadas, o que corresponde a um bom grau de concretização do Plano. Deste modo, destaca-se: 1. Melhoria assinalável no grau de cobertura e nível de serviço alcançado na rede de drenagem e tratamento de águas residuais; a população abrangida por este tipo de infraestrutura passou de 10% em 1991 para praticamente 80% em 2007. 2. O abastecimento de água passou a servir a totalidade da população concelhia, tendo a rede sofrido inúmeras intervenções no decorrer dos últimos anos com vista à melhoria da qualidade do serviço (substituição de condutas, aumento da capacidade dos reservatórios, etc.). 3. Abastecimento com gás natural de grande parte da área urbanizada da sede de concelho, tendo-se superado as expectativas do atual PDM. 4. Melhoria generalizada das condições de acessibilidade e circulação viária, apesar de algumas das intervenções previstas no atual PDM não terem sido concluídas na totalidade (caso do IC3, que se encontra apenas parcialmente executado); no entanto outras intervenções, que não se encontravam previstas no PDM, têm vindo a ser concretizadas ao longo dos anos (circulares de Condeixa). 5. No domínio dos equipamentos coletivos foram supridas a generalidade das carências, apesar de se verificar que alguns dos projetos previstos não foram concretizados, o que em alguns casos decorreu da natural adaptação às mudanças ocorridas no panorama socioeconómico. De destacar ainda a construção de outros equipamentos não previstos e que vieram introduzir melhorias significativas nos serviços prestados à população, nomeadamente o Centro de Saúde, o Mercado Municipal, o Complexo Educativo (JI, EB1,2 e 3), o Quartel da GNR e a Biblioteca Municipal. 414 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) No que diz respeito às restantes áreas de intervenção, assinala-se ainda a ampliação da Zona Industrial de Condeixa no desenvolvimento económico, e as intervenções da Autarquia, em termos de preservação do património histórico, cultural e natural, nomeadamente através da reabilitação urbana da vila de Condeixa-aNova e de alguns aglomerados: Condeixa-a-Velha, Zambujal, Furadouro, Casmilo e Serra de Janeanes. Esta informação deverá ser devidamente tida em linha de conta na fase subsequente da revisão do PDM, aferindo-se, de entre as intervenções previstas mas não concretizadas, quais as que se mantêm pertinentes presentemente, devendo-lhes ser dada prioridade de concretização, uma vez que constituíam já necessidades aquando da proposta do PDM em vigor. 16.2 PROPOSTAS DE ORDENAMENTO TERRITORIAL Tendo já sido avaliadas as propostas do PDM nos diferentes domínios de intervenção considerados, e não obstante estas estarem direta ou indiretamente relacionadas com Ordenamento do Território, pretende-se agora analisar de que forma foi concretizada a Proposta de Ordenamento estabelecida pelo PDM em vigor, vertida na Planta de Ordenamento. Assim, a análise que se efetua de seguida incide sobre uma abordagem geral ao ordenamento proposto pelo PDM e a avaliação da ocupação dos Perímetros Urbanos. Não se procede à avaliação da ocupação das áreas rurais porque o PDM não define regras ou orientações para a ocupação destas áreas com usos agrícolas e florestais limitando-se a impor restrições ou regras relativamente à edificação, quando possível. A peça desenhada n.º 16: Avaliação do PDM – Análise urbanística, pretende sistematizar alguma da informação tratada nos capítulos anteriores, fornecendo um cenário global da situação atual do concelho, por forma a auxiliar a presente avaliação. O relatório do PDM de Condeixa-a-Nova integra um capítulo explicativo do Regulamento e Planta de Ordenamento, fazendo-se de seguida uma breve apresentação dos mesmos. Desta forma, o Regulamento do PDM atual, no seu Capítulo II - Do Ordenamento, Classificação do uso do solo (artigo 4º), considera as seguintes categorias de espaço, em função do uso dominante do solo: 1. Espaços urbanos – são as áreas dotadas de infraestruturas urbanísticas e destinadas predominantemente à edificação. 2. Espaços urbanizáveis – são aqueles onde se admite a edificação de novas áreas urbanas, após a realização das respetivas infraestruturas urbanísticas. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 415 3. Espaços para-urbanos – são espaços de transição entre espaços urbanos e urbanizáveis e espaços agrícolas e florestais, caracterizados por uma ocupação urbana básica, de baixa ou muito baixa densidade, e com manutenção de padrões rurais de ocupação do território. 4. Espaços de equipamento – são espaços ocupados integralmente por um ou vários equipamentos públicos. 5. Espaços verdes (de recreio e lazer) – são áreas verdes afetas ao recreio e lazer da população e que fazem parte da estrutura verde fundamental do Concelho. 6. Espaços industriais – são espaços destinados a atividades transformadoras e respetivos serviços de apoio, possuindo normalmente sistemas próprios de infraestruturas. 7. Espaços para indústrias extrativas – são espaços destinados à extração de materiais inertes, incluindo as áreas destinadas a controlar o impacte sobre os espaços envolventes. 8. Espaços agrícolas – são espaços que abrangem as áreas onde a atividade dominante é a agricultura e ainda os espaços definidos na planta de ordenamento que, pelas sua potencialidades, possam ser explorados agricolamente. 9. Espaços florestais – são espaços onde predomina a produção florestal ou onde esta desejavelmente se deverá realizar. 10. Espaços verdes (de proteção e enquadramento) – são espaços onde predominam as matas e conjuntos arbóreos, cujas funções são as de proteção do meio físico e de enquadramento paisagístico. 11. Espaços culturais e naturais – são os espaços nos quais se privilegiam a proteção dos recursos culturais ou naturais e a salvaguarda dos valores paisagísticos. São ainda os espaços de elevado valor natural e sensibilidade ecológica, ou que enquadram edifícios ou conjuntos classificados, que devem ser mantidos com as suas atuais características, e podem enquadrar equipamentos específicos desde que não ponham em causa aquele uso dominante. 12. Espaços canais – são os espaços destinados à construção das infraestruturas urbanas de interesse geral, bem como as de hierarquia superior, neles se contendo ainda as respetivas faixas de proteção. Por sua vez, no artigo 6º são definidas para os Espaços Urbanos e Urbanizáveis as seguintes subcategorias de espaço, existentes ou a serem definidas em sede de plano de urbanização ou plano de pormenor: Complexo Histórico/ Museológico de Condeixa-a-Velha (Ruínas de Conímbriga) – área delimitada na planta de ordenamento, que corresponde a uma zona classificada pelo seu alto valor histórico, cultural, arqueológico e ambiental, integrando edificações de especial interesse arquitetónico e urbanístico, pelo que deverão ser conservadas, recuperadas e valorizadas as características gerais 416 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) tanto do complexo museológico como das malhas urbanas e as características dos edifícios de maior interesse patrimonial envolventes. Como monumento nacional possui zona especial de proteção. Núcleo Histórico de Condeixa-a-Nova – delimitado por uma faixa para cada lado da linha que liga a Câmara Municipal ao Largo de Rodrigo Fonseca, seguindo pela Praça da República, Rua de Francisco de Lemos até ao Palácio dos Lemos. Trata-se da área mais nobre e característica da sede municipal. Áreas habitacionais ou residenciais – áreas onde domina o uso residencial, incluindo respetivos equipamentos coletivos de apoio local. Estas áreas subdividem-se em função da intensidade de uso admitida (média/ alta e baixa densidade). Nestes espaços é ainda admitida a localização de empreendimentos turísticos, cuja concretização deverá regular-se por normativa específica. Áreas industriais – quando se destinam às atividades industriais transformadoras e respetivos serviços de apoio. Áreas de equipamento – quando se destinam a equipamentos coletivos. Zonas verdes – destinadas à construção de espaços verdes urbanos destinados ao recreio e lazer da população e à proteção e enquadramento paisagísticos. Áreas de terciário – quando se destinam predominantemente à construção de áreas concentradas de comércio e serviços. É também neste capítulo que se estabelece, no artigo 5º, que os espaços urbanos se dividem nas seguintes unidades operativas de planeamento e gestão: Áreas consolidadas – onde existem infraestruturas primárias e consolidadas, estando definidos os alinhamentos dos planos marginais por edifícios que na sua maioria se considerem manter; Áreas a consolidar – onde já existe uma ocupação do solo, com ou sem infraestruturas, onde é indispensável a construção de novas infraestruturas básicas e se admite a reconstrução de edifícios existentes. Verifica-se que há aqui uma confusão no que diz respeito à terminologia de classes de uso do solo, usada no artigo 4º, e categorias de uso do solo, no artigo 6º. Ainda no que diz respeito à classificação e qualificação do solo, é de referir o Capítulo III – Estrutura e planeamento (artigo 29º), onde se estabelece, por um lado, a divisão do território municipal em duas áreas distintas: a vila de Condeixa-a-Nova e a Área exterior à vila e, por outro, as regras de ocupação e os parâmetros urbanísticos das categorias e subcategorias de espaço definidas. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 417 A Vila de Condeixa-a-Nova é então classificada de acordo com as subcategorias de espaço definidas no artigo 6º, relativas aos Espaços Urbanos e Urbanizáveis, enquanto a Área exterior à vila é dividida nas seguintes unidades (artigo 49º): Unidades urbanas residenciais – são áreas destinadas predominantemente à habitação e equipamentos complementares, tais como instalações culturais, recreativas e comerciais; Unidades de ocupação para-urbana - trata-se de uma faixa de 50 m em redor e para o exterior dos limites urbanos dos aglomerados e núcleos à exceção das áreas condicionadas por servidões administrativas; Unidades de Equipamento – esta unidade não tem associado artigo com regulamentação própria; Espaços industriais – áreas exteriores aos aglomerados urbanos afetas à atividade industrial; Espaços para indústrias extrativas – espaços dedicados a atividades de extração de materiais inertes, constituídas por áreas com depósitos ou massas minerais suscetíveis de serem objeto de atividades extrativas economicamente viáveis; Espaços agrícolas - são incluídas todas as áreas que integram a RAN e outras áreas agrícolas complementares; Espaços florestais - são os espaços destinados à produção de material lenhoso, resinas, e outros produtos florestais; Unidades de conservação da natureza - destinam-se a permitir a salvaguarda da estrutura biofísica; Unidades com utilização turística – associadas aos espaços urbanizáveis vocacionados para o desenvolvimento de empreendimentos turísticos. No artigo 51º são definidos os Aglomerados urbanos e núcleos, (apesar destes não serem listados como uma das unidades que integram a Área exterior à Vila), sendo que os Aglomerados urbanos constituem unidades urbanas com uso dominante residencial onde, prioritariamente, deverá verificar-se a existência das infraestruturas urbanas básicas (água, esgotos, eletricidade, recolha de lixos e espaços livres tratados), e os Núcleos são as unidades urbanas residenciais, onde se considera necessário assegurar um crescimento controlado. São considerados Aglomerados urbanos: Ega, Sebal, Anobra, Belide/ Casével, Campizes, Avenal/ Sobreiro, Bruscos/ Vila Seca, Alcabideque, Zambujal, Venda da Luísa, Arrifana, Casal do Missa, Alcouce e Beiçudo. Como se pode verificar, não existe uma correspondência imediata entre as categorias de espaço definidas no Capítulo II e no Capítulo III, no que diz respeito à Área exterior à vila, no entanto, a regulamentação destas, relativamente a regras de ocupação e parâmetros urbanísticos, é feita no Capítulo III. Em relação à Vila de Condeixa-a-Nova, são definidos artigos específicos para Áreas consolidadas, Áreas a consolidar e Áreas 418 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) urbanizáveis, sem que tenha sido anteriormente estabelecida qualquer relação destas com a subcategoria das Áreas habitacionais ou residenciais. Passando agora a analisar a Planta de Ordenamento publicada, assinalam-se as seguintes categorias e subcategorias de espaço: Espaço urbano e urbanizável; Complexo museológico de Conímbriga; Zona de equipamento coletivo; Zona verde de proteção; Espaço industrial; Espaço de industria extrativa; Espaço agrícola; Zona pertencente à RAN; Outros solos agrícolas; Espaço florestal; Espaço natural (conservação da natureza). São classificados como Espaço urbano e urbanizável os seguintes aglomerados: Anobra, Caneira/ Inculca, Casal das Amoreiras/ Casal das Figueiras, Casal de São João, Casal do Carrito, Casal Seco, Lameira de Baixo, Lameira de Cima, Perdigueira, Venda da Luísa, Belide, Bendafé, Alcabideque, Ameixeira, Bom Velho de Baixo, Bom Velho de Cima, Casal Novo, Poço, Arrifana, Campizes, Casal da Torre, Casal do Missa, Casével, Ega, Rebolia, Relves, Serrazina, Vale de Janes, Cadaval Grande, Casmilo, Furadouro, Peixeiro, Alqueves, Avenal, Casal da Légua/ Pagalhões, Dadas, Moinho da Palha, Quinta da Arrocha, Rapoila, Sebal, Sebal Pequeno, Alcouce, Beiçudo, Bruscos, Casal dos Balaus, Mata, Traveira, Vila Seca, Fonte Coberta, Póvoa das Pêgas, Serra de Janeanes e Zambujal. Condeixa-a-Nova, Condeixa-a-Velha, Eira Pedrinha, Avessada e Salgueiro, integram um perímetro urbano único abrangendo áreas afetas às categorias de espaço relativas ao Complexo museológico de Conímbriga (Ruínas de Conímbriga), Zona de equipamento coletivo e Zona verde de proteção, além do Espaço urbano e urbanizável. O Espaço Industrial encontra-se afeto a duas áreas, uma que corresponde à Zona Industrial de Condeixa-aNova e outra à futura Zona Industrial do Sangardão. As categorias que integram o solo urbano do PDM em Vigor encontram-se representadas na figura seguinte. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 419 Figura 120: Categorias do solo urbano do PDM em vigor Fonte: PDM de Condeixa-a-Nova As restantes categorias integram o solo rural, sendo que o Espaço de industria extrativa abrange a pedreira de Sangardão (freguesia do Furadouro). 420 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Figura 121: Categorias do solo rural do PDM em vigor Fonte: PDM de Condeixa-a-Nova De assinalar que os Espaços naturais são uma classe que se sobrepõe às restantes categorias, sendo as regras destes espaços que prevalecem na gestão do território. Verifica-se no computo geral que o solo rural abrange 87% da área do concelho, restando 13% afetos ao solo urbano. Importa referir que a classificação e qualificação do solo feita no Regulamento não corresponde na integra à apresentada na Planta de Ordenamento, havendo, inclusive, diferenças na terminologia adotada. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 421 A Planta de Ordenamento considera ainda as Rodovias e transporte de gás (A. Pressão) que se subdivide em: Rede Rodoviária Nacional – IP1, IC2, IC3, EN342, propondo-se a construção do “IP10”, entre Coimbra e Castelo Branco, a incluir na futura revisão do PRN85, conforme estudos da CCRC; Rede Rodoviária Municipal Principal – EN347, EN1-7, EN110, EN347-1 (quando forem desclassificadas), e as EM566, EM605, EM607 e EM607-2; Rede Rodoviária Municipal Secundária – EM607-1, EM565, EM609, EM566-1, EM606, EM608, EM342-1, CM1180, CM1183, CM1179, CM1113, CM1113-1 e CM1096; Gasoduto. No que diz respeito à Rede Rodoviária, as EN347, EN1-7 e EN347-1 passaram a integrar a categoria de Estadas Regionais, tendo sido desclassificadas a EN110, EN342-2 e troços da EN1, EN342. O PDM em vigor, no seu regulamento, identifica ainda as Servidões administrativas e outras restrições de utilidade pública ao uso do solo (Capítulo II - Secção II, do Regulamento), representadas na Planta de Condicionantes, sendo também definidas regras relativas ao Estacionamento e garagens (Capítulo IV). Uma referência final para os Capítulos V e VI, que dizem respeito à Autorização para construir e compensações para o município e Operações fundiárias do município. Uma última referência para o Capítulo VIII – Disposições Finais e transitórias, onde é determinado, no artigo 87º, que a Câmara Municipal deveria promover a elaboração de PU ou PP do espaço urbano de Condeixa, Ega, Sebal, Anobra, Belide/Casével, Avenal/Sobreiro e Bruscos/Vila Seca; da Zona de Indústria Ligeira de Condeixa e Sangardão, bem como o Plano de Salvaguarda e Proteção do Complexo Histórico/Museológico de Condeixa-aVelha (Ruínas de Conímbriga). 16.2.1 Solo Urbano Tal como já referido, na Planta de Ordenamento do PDM em vigor são definidas, em termos de categorias de espaço do solo urbano: Espaço urbano e urbanizável, Complexo museológico de Conímbriga, Zona de equipamento coletivo, Zona verde de proteção e Espaço industrial. Da apreciação da quantificação do Solo Urbano do PDM em vigor, verifica-se que os perímetros urbanos totalizam 1.883,3ha do território concelhio, conforme consta no quadro seguinte. 422 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 126: Quantificação das categorias de solo urbano do PDM em vigor Subcategorias de Espaço Espaço urbano e urbanizável Complexo museológico de Conímbriga Área (ha) Área (%) 1.425,2 75,7 25,8 1,4 Zona de equipamento coletivo 30,7 1,6 Zona verde de proteção 225,8 12,0 Espaço Industrial Total 175,8 9,3 1.883,3 100,0 Fonte: PDM em vigor Foram delimitados 54 perímetros urbanos, sendo que destes um abrange a Zona Industrial de Condeixa-a-Nova e outro corresponde à Zona Industrial do Sangardão, que nunca chegou a ser implementada. No que diz respeito aos perímetros dos aglomerados, todos, exceto o da vila de Condeixa-a-Nova, encontram-se classificados como Espaços urbanos e urbanizáveis, não sendo feita qualquer tipo de distinção em termos de áreas urbanizadas e urbanizáveis, o que dificultou a gestão destes espaços. A identificação do Complexo museológico das ruínas de Conímbriga, de Zonas de equipamentos coletivos e de Zonas verdes de proteção, foi apenas efetuada no perímetro urbano da Vila, sendo que as áreas de equipamentos correspondem a situações existentes e propostas, com representação à escala do Plano (Escola C+S e Secundária, Complexo Desportivo, Centro de Saúde, Câmara Municipal), enquanto as zonas verdes pretendiam ter uma utilização pública ou agrícola de proteção e enquadramento. A análise urbanística efetuada para o concelho – identificação de áreas edificadas consolidadas e em consolidação (AEC), definidas no subcapítulo 9.2.3 –, permite, tendo em consideração os perímetros urbanos em vigor, efetuar dois tipos de análise: verificar, por um lado, a existência de áreas livres em solo urbano e, por outro, a existência de áreas edificadas que não se encontram enquadradas nos perímetros urbanos em vigor. Efetivamente, ao observarmos a figura seguinte é possível verificar, por um lado, que existem aglomerados cujo perímetro urbano ainda não se encontra totalmente ocupado (áreas representadas a vermelho) e, por outro, a existência de AEC não integradas em perímetro urbano (áreas representadas a verde), normalmente adjacentes a este ou então constituindo núcleos edificados independentes dos perímetros em vigor. O Quadro 127 sistematiza a quantificação das áreas verificadas para cada perímetro urbano em vigor, assim como para alguns pequenos núcleos edificados que não se encontram abrangidos por perímetro nem adjacentes a este, nomeadamente, Alvogadas - Anobra, Presa – Ega e Vila Pouca – Sebal. 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 423 Figura 122: Áreas edificadas consolidadas e em consolidação (AEC), tendo em conta os perímetros urbanos em vigor 424 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Quadro 127: Quantificação dos perímetros urbanos em vigor, das áreas edificadas consolidadas e das áreas livres dos perímetros urbanos, por aglomerado urbano Freguesias Anobra Aglomerados Perímetros Urbanos em Vigor (ha) Áreas Edificadas Consolidadas (ha) Dentro do Fora do Total Perímetro Perímetro Urbano Urbano 7,0 7,0 28,8 1,2 30,1 10,1 1,1 11,2 9,9 2,1 12,1 Áreas livres dentro do Perímetro Urbano (ha) Alvogadas Anobra Caneira/ Inculca C. da Amieira/ C.das Figueiras 51,7 16,0 13,7 22,9 6,0 3,8 Casal de São João/ Perdigueira 19,8 8,7 3,6 12,3 11,1 Casal do Carrito 17,9 7,5 4,2 11,7 10,5 Casal Seco 4,7 1,5 0,2 1,7 3,2 Lameira de Baixo 10,3 3,9 0,5 4,4 6,4 Lameira de Cima 1,8 - 1,0 1,0 1,8 Venda da Luísa 30,0 19,4 4,2 23,6 10,5 Belide 27,3 22,2 5,4 27,6 5,1 Bendafé 23,6 7,2 0,2 7,4 16,4 Condeixa-a-Nova (1)/ Eira Pedrinha/ Avessada/ Salgueiro 793,7 444,8 27,0 471,7 348,9 Alcabideque 33,9 20,2 13,2 33,4 13,7 Ameixeira 9,7 7,6 1,3 8,9 2,1 Bom Velho de Baixo 6,6 2,5 0,0 2,5 4,1 Bom Velho de Cima 8,5 4,3 0,8 5,1 4,1 Condeixa-a-Velha/ Vila Seca Casal Novo 8,4 5,5 0,3 5,8 3,0 Condeixa-a-Velha Poço 6,3 1,7 0,8 2,5 4,6 Ega/ Condeixa-aVelha Arrifana 23,8 17,8 1,9 19,7 6,0 Campizes 28,3 25,2 5,7 30,9 3,1 Casal da Torre 10,5 5,8 0,2 6,0 4,7 Anobra/ Sebal Belide/ Ega Bendafé Condeixa-a-Nova/ Condeixa-a-Velha/ Ega/ Sebal Condeixa-a-Velha Ega Casal do Missa 20,2 11,2 0,6 11,8 9,0 Ega/ Sebal/ Belide Casével 41,9 32,3 3,4 35,7 9,7 Ega/ Condeixa-aVelha Ega 112,5 79,3 7,9 87,1 33,2 Presa Ega Ega/ Furadouro Ega - - 0,4 0,4 - Rebolia 16,6 11,0 2,2 13,2 5,6 Relves 8,5 5,8 3,5 9,3 2,6 Serrazina 6,6 3,7 0,7 4,4 2,9 Vale de Janes 5,5 3,2 4,2 7,4 2,2 ZI do Sangardão 24,8 - - - 24,8 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova - Volume I (versão 7) 425 Freguesias Furadouro Sebal Sebal/ Anobra Sebal Sebal/ Anobra Sebal Vila Seca Zambujal Aglomerados Perímetros Urbanos em Vigor (ha) Áreas Edificadas Consolidadas (ha) Dentro do Fora do Total Perímetro Perímetro Urbano Urbano Áreas livres dentro do Perímetro Urbano (ha) Cadaval Grande 5,6 1,8 0,4 2,3 3,7 Casmilo 19,3 11,7 0,4 12,1 7,6 Furadouro 6,7 4,0 0,3 4,3 2,7 Peixeiro 5,0 1,4 - 1,4 3,6 Alqueves 3,3 1,5 0,6 2,1 1,8 Avenal (2) 54,9 36,1 10,6 46,6 18,8 Casal da Légua/ Pagalhões 14,3 12,0 3,5 15,6 2,3 Moinho da Palha 10,6 6,8 2,3 9,1 3,8 Rapoila 7,6 4,2 0,6 4,8 3,4 39,4 24,8 8,0 32,8 14,6 7,0 4,8 2,4 7,2 2,2 Sebal/ Dadas/ Quinta da Arrocha Sebal Pequeno Vila Pouca - - 3,5 3,5 - ZI de Condeixa-a-Nova 148,4 20,9 2,3 23,3 127,5 Alcouce 27,3 8,5 2,3 10,7 18,9 Beiçudo 5,9 4,4 1,1 5,5 1,6 Bruscos 29,7 24,1 3,0 27,1 5,6 Casal dos Balaus 9,7 7,1 2,1 9,1 2,6 Mata 10,5 4,2 0,4 4,7 6,2 Traveira 9,5 5,6 2,9 8,6 3,9 Vila Seca 23,3 10,0 3,4 13,5 13,2 Fonte Coberta 4,9 2,6 1,6 4,2 2,3 Póvoa de Pêgas 9,8 4,7 2,9 7,6 5,1 Serra de Janeanes 15,1 5,8 0,1 5,9 9,4 Zambujal 32,5 17,6 2,5 20,0 15,0 TOTAL 1883,3 1025,8 162,2 1188,0 857,6 (1) Avessada/ Barreira/ Casal da Estrada/ Castel/ Condeixa-a-Nova/ Eira Pedrinha/ Gorgulhão/ Pocinhos/ Travaz/ Atadoa/ Cavaneiras/ Condeixaa-Velha/ Palhacana/ Salgueiro/ Senhora das Dores/ Valada/ São Fipo/ Fornos de Castel/ Ribeira (2) Avenal/ Casal do Paraíso/ Portela/ Rodão/ Sobreiro Desta análise e do reconhecimento do território, verifica-se que a delimitação do solo urbano, constante no PDM em vigor, nem sempre está adequada à ocupação urbana efetiva. Deste modo é possível verificar que a maioria dos aglomerados cresceu de forma espontânea e em função das vias existentes e das características orográficas do terreno, identificando-se a existência de áreas de expansão não planeadas que não se encontram integradas em perímetro urbano, assim como pequenos aglomerados populacionais que não terão sido considerados no PDM em vigor. Assinala-se, por outro lado, que algumas áreas dos perímetros não foram edificadas, constituindo vazios urbanos (mais ou menos significativos dependendo do aglomerado), cuja manutenção em solo urbano terá de ser devidamente avaliada aquando do desenvolvimento da nova proposta de perímetros urbanos. 426 1ª Revisão do PDM de Condeixa-a-Nova – Volume I (versão 7) Chama-se a atenção para o facto de, muito provavelmente, algumas das áreas edificadas que não se encontram enquadradas em solo urbano, resultarem do regulamento do Plano prever regras de edificação para as Unidades urbanas residenciais na figura de Núcleos, cuja delimitação na Planta de Ordenamento não é totalmente clara, e também permitir a edificação numa faixa de 50 m em redor dos limites urbanos dos Aglomerados urbanos e Núcleos (Unidades de ocupação para-urbana), sendo ainda de referir a definição de uma unidade mínima de parcela para a habitação de apenas 0,5 há, em algumas das categorias do solo rural. É de assinalar que não é evidente a diferença entre Aglomerados urbanos e Núcleos previstos no Plano. Apesar de se verificar a existência de alguns pequenos núcleos edificados não integrados em solo urbano, tal como já referido, é de realçar que apenas três pequenos aglomerados (Alvogadas, Presa e Vila Pouca) não foram enquadrados em solo urbano, facto que sem dúvida contribuiu para uma melhor gestão do território por parte da Autarquia. A análise da dinâmica urbanística, no que diz respeito ao licenciamento de obras particulares e loteamentos com alvará em vigor é feita no capítulo 9.2.2. É de referir que não se encontra disponível a localização georreferenciada do licenciamento de obras particulares. Em termos de adequabilidade dos perímetros urbanos em vigor face às características do terreno, verifica-se, de uma forma geral, que são residuais as áreas que apresentam declives superiores a 25%, como acontece por exemplo na zona sul do perímetro urbano de Vila Seca. Importa, então, identificar as áreas não edificadas em perímetro urbano que, por razões biofísicas, orográficas, etc., não possuem características adequadas à ocupação edificada do solo, e, portanto, devem ser retiradas de perímetro e, simultaneamente, determinar quais as que, sendo adjacentes ao perímetro urbano, apresentam melhores características, sendo potenciais áreas de expansão, caso se venha a concluir pela necessidade da sua definição. É ainda de referir a necessidade de contrariar o desenvolvimento “tentacular” dos aglomerados, isto é, o desenvolvimento ao longo das vias (como acontece, em particular, na zona noroeste do concelho, por exemplo em Casal Carrito e Perdigueira/ Casal de São João), e a dispersão do povoamento e consequente expansão não controlada da ocupação edificada do solo (como acontece, por exemplo, em Vale de Janes, Relves, Casal do Carrito). Esta análise dos perímetros em vigor face à situação atual não pode descurar a hierarquia dos aglomerados, já que a extensão dos perímetros, a dimensão das áreas de expansão e o grau de dotação de equipamentos (e consequentemente a necessidade de reserva de espaço para este uso)