fasciculo nº9- 1970-80.pmd

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fasciculo nº9- 1970-80.pmd
Acontecimentos no Brasil e no Mundo
Nos governos de Ernesto Geisel e
Jo o Batista Figueiredo, a partir da crise
internacional do petr leo, iniciou-se um
processo de “abertura lenta, gradual e
segura”. Houve um desgaste pol tico e
econ mico com ndices inflacion rios
crescentes. A abertura pol tica trouxe a
volta ao pluripartidarismo, al m da realiza o de elei es diretas para governador, em 1982, e a decreta o da anistia.
Em 1985, a Campanha das “Diretas
J ” tomou conta do Brasil. Pol ticos dos
rec m-fundados partidos como PMDB,
PDT, PT, PC do B engajaram-se numa
luta atrav s da imprensa, por m a emenda Dante de Oliveira foi derrotada no
Congresso. Mais uma vez, indiretamente, foi eleito Tancredo Neves (PMDB) e
Sarney (PFL) para presidente e vice.
Tancredo adoeceu e morreu. Sarney
assumiu o governo com a proposta de
uma grande reforma do estado. No seu
governo, foi promulgada uma nova cons-
na Bahia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
72
BORGES, Sebastião Wenceslau. Memoriando. Passos:3ed, Editora São Paulo,2003
do
LEMOS, Gustavo José. Nos Passos da Saudade. Passos, Editora São Paulo, 1999.
MAIA, Marcio Lemos Soares. Álbum de Passos, 1984: monografia da cidade de
Passos. São Paulo: Cigel, 1984.
NEGRÃO, Helio Soares, Registros I, Histórias e Memórias-1764-1986
Memórias-1764-1986. Flexopress,
Papéis Ltda,1991
Jornais O Sudoeste e A Gazeta de Passos.
EXPEDIENTE
Especial editado pelo Jornal Folha da Manhã e Fundação de Ensino Superior de Passos - FESP
J ORNAL FOLHA DA MANHÃ
Carlos Antônio Alonso Parreira - Diretor Jornalístico
Maria das Graças Lemos - Diretora Comercial
FESP/UEMG
Prof. Fábio Pimenta Esper Kallas - Presidente do Conselho Curador
Moeda de Aço
Inoxidável de
1985. Ela valia 5
cruzeiros e foi
cunhada em
homenagem à
agricultura de
exportação
brasileira.
EDIÇÃO
EDIÇÃO:: Carlos Antônio Alonso Parreira/ Profª. Selma Tomé
PESQUISA E REDAÇÃO: Profª. Leila Maria Suhadolnik
Oliveira Pádua Andrade
REVISÃO: Prof. José dos Reis Santos
IMA
GENS E FO
TOGRAFIA
IMAGENS
FOT
OGRAFIA:: Prof. Diego Vasconcelos
DESIGN GRÁFICO
A E MOLDURA
MOLDURA:: Profª. Heliza Faria
GRÁFICO,, CAP
CAPA
Fascículo 09/10 - Janeiro de 2009
titui o, em 1988, chamada por Ulisses Guimar es
de “Constitui o Cidad ”,
pois concedia amplos direitos sociais.
Do ponto de vista econ mico, o governo Sarney
foi um desastre: uma sucess o de Planos econ micos
como Cruzado, Cruzado I e
II, Bresser e Ver o que n o
conseguiram vencer o problema inflacion rio e nem o
fen meno da concentra o
de renda.
O rock explode no pa s e
as bandas nacionais fazem
sucesso nos anos 80: Blitz, Paralamas
do Sucesso, Tit s, RPM, Cazuza, Engenheiros do Havai, Capital Inicial, Biquini
Cavad o, Ultraje a Rigor,
Kid Vinil, Ira!, Bar o Vermelho, Camisa de V nus,
Leo Jaime, Legi o Urbana e Kid Abelha revolucionam a m sica brasileira.
Em 1982, entra em
funcionamento a usina
hidrel trica de Itaipu.
Em 7 de outubro de
1984, nasce o primeiro
beb de proveta no
Brasil.Em outubro de
1988, criado o estado
de Tocantins.
Mundo
Nos anos 1970 e
1980, a disputa da guerra
fria foi transferida para o
espa o com a corrida espacial. Os gastos
foram enormes, tanto da URSS como dos
EUA. Em 1969, os americanos aterrisaram na lua.
Em 1989, o mundo socialista comeou a desmoronar como
um castelo de cartas a
partir da queda do Muro
de Berlim. V rios pa ses
foram se libertando da
URSS como Let nia,
Est nia, Litu nia e Tchecoslov quia. Est tuas de
L nin e Stalin foram
derrubadas no mundo
inteiro.
A d cada de 70 foi pr spera em criatividade, com os movimentos Disco
(Dance Music), Punk, Rock Progressivo, Glam Rock, Hard Rock,
entre outros, que influenciavam o comportamento
e moda no mundo.
A TV intensifica o processo de globaliza o e dissemina o de id ias, e em
1973, o concerto de Elvis
Presley, “Aloha From Hawai”, tem uma audi ncia estimada de mais de um bilh o de espectadores. O
artista pop Andy Warhol
profetiza que “no futuro, todos ser o famosos durante
15 minutos”.
Os movimentos musicais agitavam o mundo, e
in meras
bandas
d e rock e pop surgiram
nos anos 80.
Dentre os artistas mais carism ticos,
destacam-se Michael Jackson, com o
lbum Thriller , o mais vendido da hist ria, e que tamb m inventou o videoclipe moderno. Madonna, Cyndi Lauper e Tina Turner se
consagraram como rainhas do pop.
Em 1982, a Argentina invade as Ilhas Malvinas. Come a a Guerra
das Malvinas entre Argentina e Gr -Bretanha.
Em fevereiro de 1986,
acontece a apari o do
cometa Halley.
Em meio ditadura, movimentos culturais se formam na cidade, estiA influência da Usina de FFurnas
urnas no crescimento da cidade: o pr
ogresprogresmulando
a literatura, a m sica e o teatro. No cen rio polFESP.
tico,
a for a
so econômico e social. O avanço cultural: a criação da FESP
. A UPES
doe MDB
o crescimento
econ micopassenses.
geram progresso
a .cidade.
a açãoe dos
estudantes secundários
O governopara
de Dr
José
Dr.
Pereira dos Reis: últimas disputas entre PSD, UDN e PTB
Simplicidade e moralidade na
gestão de José Figueiredo
66
A partir do golpe
militar de 1964 e a
imposição do bipartidarismo, a política brasileira restringiu-se a
dois partidos: Arena e
MDB.
Na primeira eleição passense, após a
instalação da ditadura,
foi eleito José Figueiredo que governou
Passos em três mandatos não consecutivos. Seus primeiros
mandatos foram
exercidos durante a
ditadura militar. No
último, após o fim da
ditadura, foi eleito pelo PFL, pois decidiu unir-se à administração do governo estadual de Francelino Pereira
para compor uma política de maior aproveitamento para Passos.
Seu primeiro mandato foi de 1967
a 1970. José Figueiredo, também conhecido como “Zé Magro”, dono do cinema, e seu vice Antônio Pedro Patti
foram eleitos pelo MDB, os “manda-brasa” como eram chamados os integrantes
do MDB. Venceram os candidatos da
Em 1973, o santuário da Penha estava em construção, por iniciativa
do
Monsenhor
José Maria Matias
da Silva, pároco
desde 1955. Um
grupo de devotos
liderados por João
Borges, Sebastião
Faria, Sebastião
Sabino dos Reis e
Sebastião Wenceslau Borges fez uma campanha popular visitando toda a
cidade, casa por casa, conseguindo arrecadar 13 milhões
de cruzeiros para a construção. Além disso, muitas festas e
promoções foram feitas para o término da igreja. Monsenhor Matias usava uma batina preta com detalhes em roxo,
era muito rigoroso, sempre começava seus sermões com uma
frase em latim e não admitia mulheres sem véu na igreja.
ArenaJosé Coelho
Vitor e Manuel
Bruno da Silveira,
em 1966. O segundo mandato
pelo MDB foi de
1977 a 1982 e o
terceiro pelo PFL
de 1989 a 1992.
Os comícios
do MDB aconteciam sempre na Praça do São Benedito, enquanto os
comícios da Arena
aconteciam na Praça da Matriz.
Quando o comício
do MDB terminava, os manda-brasas faziam uma caminhada até o centro cantando e gritando
o nome de seus candidatos, para intimidar os
arenistas.
José Figueiredo foi
carregado pelas ruas do
centro desde o Sindicato Rural, onde foram realizadas as eleições, até
sua residência na Praça
da Matriz. Houve muitos
discursos, inclusive do
vereador mais votado
Waldemar Ribeiro de
Oliveira. A força do
PMDB passense começou a se formar
nessa época, em oposição à ditadura.
Figueiredo tinha um carisma muito
grande, um grande rigor quanto à administração financeira, era controlado, simples, sempre voltado para as pessoas carentes, amava Passos e os esportes. Ganhou o apelido de Zé Pracinha, pois cons-
truiu várias praças que hoje promovem o
lazer do povo passense, como as de São
Benedito, Lúcio Bittencourt, da Penha,
da Saudade, São José no Coimbras e Castelo Branco.
Começou obras importantes.
Construiu uma parte do atual prédio
da Prefeitura, a sede do Tiro de Guerra, abriu a Avenida Arouca, iniciou a canalização e terraplanagem da Avenida
Francisco Avelino Maia.
Nessa mesma época, a prefeitura e a
Câmara Municipal de Passos apoiaram a publicação da obra História de Passos, de Washington Noronha em dois volumes: foi a
primeira publicação da História da cidade.
Washington Noronha era natural de Cabo
Verde e um apaixonado pela História, por
música clássica e óperas e pela palavra
escrita. Foi vereador e colunista dos jornais da época e um incansável pesquisador dos nossos primeiros
documentos, um trabalho
exaustivo de busca e registros, o que o imortalizou
como o primeiro historiador passense.
No primeiro mandato
de Figueiredo foi iniciada a
construção de uma nova rodoviária, onde hoje é o Bloco 07 da FESP, que abriga os
Laboratórios de Enfermagem, Engenharia e Biologia.
O difícil acesso ao local e inadequação do projeto foram muito criticados
pela sociedade, por isso durante a gestão de
Pedro Patti a obra ficou paralisada. O local foi
repassado à FESP, na gestão de Elzo Calixto
Mattar, uma ação política dos vereadores de
situação impedindo que na gestão seguinte a
obra continuasse. José Figueiredo demonstrou um grande descontentamento com o fato.
Anos literários e artísticos
Em 1973, vários jovens escritores ligados a dois
grupos - Grupassos
e Grupoema - idealizaram duas revistas na cidade: Ardeia e Protótipo.
A revista Ardeia divulgava cultura. Teatro, realizações estudantis,
música, literatura,
etc. Eram diretores
Carlos Anselmo Parada, João Pedro
Grilo, Luiz Antonio
Santos, Antonio Alves Vilela.
A revista Protótipo era idealizada por escritores “jovens
de 17 a 21 anos”. Muitos fazem sucesso
no ramo literário. O grupo era formado
por Marco Túlio Costa, Antonio Barreto,
Antonio Rogério Daniel, Carlos Antônio
Alonso Parreira, José Alexandre Gomes
Marino, Iran Freitas Machado, Ricardo Donabella, Marcelo Baldini, Marise Pacheco, Cleber Medeiros e Odilon Toledo
Melo.
As duas revistas sobreviviam com ajuda do comércio local que as patrocinava.
No aniversário do primeiro ano da revista Ardeia, a comemoração foi feita em grande estilo
com o 1º Recital
Ardeia, constando
do programa apresentação de balé
clássico, de piano e
um concerto de violão com Eustáquio
Alves Grilo.
O poeta José G.
Reys publicava seus
poemas e trovas nas
páginas dos jornais
passenses. Gilberto Abreu, autor de
Feto Outonal, também se destaca
como prosador e
poeta da terra.
Com incentivo da prefeitura, no final
da década de 60, começaram a ser forta-
lecidos os grupos de teatro.
O primeiro
festival de teatro aconteceu
em 1969 e a
peça “Cris” de
Antonio Teodoro Grilo foi
a vencedora.
Em 1972,
foi encenada a
peça “Sanctus”
com direção de
Antonio Grilo
e apresentada
pelo Grupo
Alfa. Os principais integrantes foram Gustavo José Lemos, Antonio Grilo, Reinaldo
Fonseca, Zininha Negrão, Gilda Parenti,
Silas Figueiredo e Arlete Porto.
Em 1973, o mesmo grupo montou a
peça “Édipo Rei” de Sófocles também com
direção de Antônio Grilo. Gilda Parenti
interpretou Jocasta, Silas Figueiredo foi Tirésias, Reinaldo Barbosa interpretou
Creonte e Gustavo José Lemos, o Édipo.
Também em 1973, foi encenada pela
primeira vez a “Paixão ao vivo” no adro
da Igreja Matriz que continuou a ser apresentada por mais três anos, quando foi
interrompida.
A inauguração do teatro
Rotar y, em
1980, apresentou o Grupo Alfa com a
peça “Inspetor
Geral”, de Gogol, dirigida por
Reinaldo Fonseca.
A peça
“Pato e Peru”,
contando a história dos nossos coronéis e
suas intrigas
políticas, escrita e dirigida por
Antonio Grilo
em 1981, alcançou o recorde de público
no teatro.
O Grupo Alfa continuou produzindo
e, em 1983, explode com “Eh Ardeia”,
um musical que contou a história da cidade de Passos. “A testemunha de acusação” , de Ágata Christie, e “Os rapazes
da Banda”, de Mart Crowley um texto
forte e um nu artístico pela primeira vez
no teatro, foram apresentações que celebrizaram pessoas ligadas para sempre
ao teatro passense.
Em 1983, Gustavo José Lemos dirigiu “Viva Hollywood”, um musical que
estourou em termos de beleza, público
e valorização de novos talentos como
Lund Vasconcelos, Olinto Silveira, Gilda
e Nivaldo.
71
O Clube Passense de Natação (CPN),
até os anos 60, só
funcionava com a
piscina. Em 1961, o
vice-presidente Dr.
Breno Soares Maia
levantou a necessidade do clube construir
uma sede social, pois
o Passos Clube estava ficando pequeno para a cidade que
crescia a cada ano. Em 1964, iniciou-se a construção com
projeto do arquiteto Daude Jabur. As obras foram executadas lentamente, tendo como presidente Dr. José Francisco
de Oliveira Filho. Para a inauguração da sede social, em
1972, foi realizado um baile com a orquestra do Maestro
Cipó da TV Tupi.
Em 1973, para inauguração do salão de festas, foi encenada a peça “Édipo Rei” pelo grupo Alfa de Teatro tendo
Gustavo José Lemos como protagonista e alcançando um
grande sucesso. Em 1978, o clube trouxe o rei Roberto Carlos e, em 1979, a cantora Clara Nunes.
A popularidade do carnaval de rua
Nos anos 80, houve uma explosão do
carnaval de rua. O prefeito Cóssimo tinha como chefe do Departamento de
Educação e Cultura o professor Silas Figueiredo e Maria José Lemos, que gerenciavam muito bem o projeto.
Desde 1959, existe a Escola de Samba Passense que é uma escola de raiz e
ligada à expressão da cultura popular. Os
primeiros integrantes da presidência foram
Antonio Francisco, Bichinho, Negrão Alfaiate, Jésus e Tião Quirino. Dr. Breno Soares
Maia foi um grande incentivador da escola,
sendo inclusive presidente da agremiação.
Dona Tiana foi a primeira passista da
escola e continuou desfilando, durante muito tempo, na ala das baianas. Beneditão foi
outro integrante que levantava a escola com
seu comando de bateria. Os temas e os
sambas da escola sempre
enalteceram a cultura afro.
No tempo
A escola começou desfilando carnaval
do junto com os blocos carde rua na
navalescos, ainda na Praça
Praça da
da Matriz.
Matriz, haEm 1981, o carnaval
via uma disde rua transferiu-se da
puta muito
grande enPraça da Matriz para a
tre dois carAvenida Arouca. Nesse
navalescos:
ano, só existiam duas esOrestes e
colas: a Passense e a MaEurípedes.
landro é o Gato.
O
s
A história da Malandro
dois sempre
é
o Gato inicia-se com Sr.
se fantasiaCastilho que veio do Rio de
vam para o
Janeiro, durante o impulso
carnaval de rua e do clube, exibindo fantasias riquíssimas e muito
de Furnas. Fixou-se na cielaboradas. Orestes também desfidade e começou a trabalhar
lava na escola de D. Tiana como
como mestre-de-obras da
destaque e havia até torcida orgaconstrução da igreja da Penizada para cada um deles.
nha. Como bom carioca,
70
logo se juntou aos sambistas do alto da
Penha e fundaram a escola de samba, incentivados pelo professor radialista Helio Negrão, que tinha um programa na
Rádio Passos.
Na casa do Sr. Sebastião, o Tião Fogueteiro, eram feitas as fantasias para os
desfiles sob a orientação de Zilá e de uma
turma de integrantes apaixonados como
César Tadeu Elias, Sidney, Hilda Leite,
Cida, Jairo, Robinho e muitos outros. De
1981 até 1984, a Malandro foi campeã
em todos os carnavais.
A Unidos de São Francisco nasceu
na esquina das ruas Jaime Gomes e Onze
de Dezembro, onde a turma das Candeias se reunia. Carlos Roberto Silveira
Barbosa - o Tarzan, Roberto Botica, Wal-
tinho Bangu, Hudson Pangaré, Geraldão,
Cassianinho, Escurinho e outros compraram instrumentos e formaram um bloco
carnavalesco. Do bloco para a escola
foi um pulo. Adotaram as cores da bandeira do município; o vermelho e preto
e o dragão como símbolo. O primeiro
desfile da escola foi em 1983 com o
enredo que homenageava Adoniran Barbosa e o Trem das Onze.
Em 1986, uma ousadia que ficou para a
História. A Unidos contratou um sambista
carioca e importou uma sambista que desfilou de topless. Foi um assombro!
Os dois enredos que marcaram época
foram: “AEIOU, Urca” e “Os grandes carnavais do Rio”, com o samba dos irmãos João e
Gilberto Abreu: “Me beija, beija-flor”.
De 1984 em diante, as escolas de
samba canalizaram a disputa pol tica passense. Enquanto a Unidos do S o Francisco era express o do MDB, a Malandro o
Gato representava v rias vertentes pol ticas. Por isso, a Avenida Arouca ficava
pequena para a luta que se travava nos
tr s dias de folia e, principalmente, depois dela, na apura o dos votos.
A partir de 1989, essas intensas
diverg ncias e a situa o econ mica dif cil do Brasil levou ao esgotamento das
duas escolas. Mas, a Escola Passense resiste e continua apresentando-se anualmente sem luxo, mas com muito samba no p e no cora o.
O mandato tampão de Os festivais
Antônio Pedro Patti
Antônio Pedro Patti, farmacêutico
e bioquímico, era vereador e foi eleito
prefeito de 1970 a 1972, com o vice
Murilo de Pádua Andrade, para um mandato reduzido de dois anos para permitir uma regularidade das eleições, ao
gosto da ditadura militar. Derrotaram os
candidatos da Arena Marcos Joele e Francisco Rogério de Vasconcelos.
Concluiu, instalou e transferiu, ainda que precariamente, a sede da Prefeitura Municipal de Passos, para a sede
Folha da Manh – Refer ncia no jornalismo
O jornal “Folha da Manh ”, que come ou a circular em 16 de janeiro de 1983, foi o primeiro peri dico da cidade confeccionado em off-set com equipamento pr prio. Fundado por Carlos Ant nio Alonso
Parreira (jornalista) e Maria das Gra as Lemos Parreira
(administra o) – que institu ram a Empresa Jornal stica Santa Marta Ltda. –, o jornal utilizou, desde o in cio,
o que havia de mais moderno na ind stria gr fica. Em
1986, com o r pido crescimento, o jornal passou a circular diariamente (de ter a-feira a domingo).
Hoje, al m de Passos, a “Folha da Manh ” distribu da em mais de 20 cidades do Sul e do Sudoeste de
Minas, possuindo sucursais em algumas delas. Com um
parque gr fico ampliado e com profissionais qualificados, a “Folha” uma refer ncia para o jornalismo regional. Todos os dias, o peri dico traz not cias de
v rios munic pios da regi o e, gra as a parcerias com ag ncias noticiosas do pa s,
cobre os principais fatos nacionais e internacionais. Al m da edi o impressa, a
“Folha” disponibiliza tamb m uma edi o on line.
Dr. Breno Soares Maia,
com a taça Jules Rimet
atual. Promoveu uma boa parte de asfaltamento na zona urbana da cidade, expandindo a rede de água e esgoto.
Adquiriu o terreno e construiu o
prédio do então Ginásio Polivalente, em
tempo recorde, canalizando o córrego
nas suas imediações. Iniciou os estudos
para uma Reforma Administrativa e do
Cadastro Municipal de Passos, corrigindo falhas quanto aos impostos cobrados.
Construiu o primeiro ginásio rural do
estado, na Mumbuca.
Os Festivais da Canção de Passos
(FECAP), eram promovidos pela Prefeitura e realizados no Passos Clube. O slogan
do evento e o troféu com o desenho de
um trovador foi idealizado por Dr. Roberto Soares Maia. O apresentador era o professor Wagner Horta. O vencedor do primeiro festival foi João Eudes Piassi com a
música “Clarice”. No segundo a música
vencedora, “Só o amor constrói” ganhou
projeção nacional na voz de Dom e Ravel.
Alguns destaques da organização:
Nilton Santos de Brito, Antonio Grilo,
Dr. Breno Soares Maia, Reinaldo Barbosa Fonseca, Alípio Ferreira Dias, Ezio
Joele, Marcio, Sirlene e Maria das Graças Nogueira, Zé da Beca, Cornélia, Maria Jabace, Marisa Andrade, os Irmãos
Piassi, Zezé Lemos, Ivani, os irmãos Soares Maia.
Algumas músicas não foram premiadas, mas continuam vivas na lembrança
das pessoas. Quem não se lembra de:
“Nasce tanta gente na cidade do meu
ser e eu componho a norma de viver...”.
“Mande pelo vento seu recado, pra
que ela do meu lado seja nossa até morrer...”.
“Moço, eu vim de onde, à tarde o
sol se esconde e onde o sabiá se senta
pra cantar...”.
“Teatral monumental a tal, a gravata
se tornou atriz!”
“Martinha, Martinha, está na hora
de você entrar na linha”.
67
A taça Jules Rimet conquistada pelo futebol brasileiro, no México, foi trazida à Passos, em 1971, por
influência de Dr. Hamilton Lemos de Oliveira, para encerrar o I Campeonato Varzeano. Foi recebida na
Praça da Matriz onde aglomerou uma multidão para vê-la. O presidente da Federação Brasileira de Futebol,
João Havelange acompanhou a visita. À boca pequena, o povo comentava se a taça era a verdadeira ou
uma réplica!
1971- Fundada a Associação Passense de Defesa do Folclore ligada ao Curso de Ciências Sociais da
Fafipa e que, ainda hoje, existe e ampara, sob a coordenação do professor Eurípedes Gaspar de Almeida,
as manifestações folclóricas mais importantes da cidade: as congadas, cavalhadas e moçambiques.
1971- Fundada a Apae de Passos sob a liderança do Lions Clube e de toda a comunidade. O
primeiro presidente da instituição foi o médico Dr. José Hernani Silveira.
Em 1977, foi desativada depois de 56 anos história a Estação de Estrada de Ferro Mogiana. Uma
conseqüência dos anos JK, nos quais a prioridade passou a ser as rodovias para ancorar o sucesso da
indústria automotiva internacional instalada definitivamente no Brasil.
Em 1978, foi fundada a Rádio Independência, a primeira rádio FM de Passos, que colocou definitivamente
a família Piotto na história radiofônica do município. Vivaldo, Ada, Marcelo, Cristina e Ricardo Piotto.
Em 1981, no segundo mandato de José Figueiredo foi construída e inaugurada a Rodoviária da
Praça do Mercado Municipal. O sonho da construção de uma nova estação rodoviária estava realizado e,
também os parques infantis do São Francisco e da Praça Francisco Gomes (esta com ajuda do Rotary
Club). Remodelou a Rua da Santa Casa com a retirada do antigo pontilhão e a construção do tobogã.
Em 1981, Figueiredo fez uma reforma na Praça da Matriz construindo o Coreto. Por isso, o antigo
“pirulito” e placas da época de Dr. Lourenço e Geraldo Maia foram retirados de seus locais originais e
fixados no obelisco ao lado do coreto.
Elzo Calixto Mattar: “o prefeitão”
Elzo Calixto era
um comerciante e arenista muito carismático e apelidado de Neném Mattar. Por ter
uma grande estatura,
quando se candidatou
usou o slogan “prefeitão”.
Venceu os candidatos do MDB, José Figueiredo e Jairo Roberto da Silva. Uma sublegenda da Arena encabeçada por Antonio
Domingos Pereira alavancou os votos do partido que, na época, eram somados dando vitória ao partido e, depois, ao candidato mais votado.
Durante seu mandato, de 1972 a
1976, ampliou a rede de escolas rurais,
construindo nove escolas e os prédios
68
Em 1975, foi demolida
a Igreja Santo Antônio,
após vários protestos
da imprensa e de pessoas ligadas à preservação da memória da
cidade. Mons. Matias
aplicou o dinheiro da
venda das relíquias
como anjos barrocos,
entalhes, imagens,
púlpitos e confessionários na construção do
Santuário da Penha.
O Cônego José Timóteo chegou a Passos em 1962 e encontrou a Paróquia do São Benedito
em situação muito difícil.
Com sua virtuosidade, humildade, inteligência, cultura e
elevado espírito de solidariedade, Cônego Timóteo cativou o
povo passense. Era um professor muito querido da cadeira de
filosofia em vários cursos da FAFIPA. Na sua paróquia, implementou um trabalho de catequese com ajuda das Irmãzinhas da
Imaculada Conceição e um trabalho de atendimento às necessidades dos carentes. Visitava assiduamente os internos da cadeia
pública e da ala coletiva da Santa Casa e construiu, com ajuda
do povo do São Benedito, o
novo templo, a casa paroquial e
o centro de catequese.
das escolas urbanas
São José, Jaime Gomes
e Anexo da Penha.
Promoveu um recadastramento imobiliário e uma reforma administrativa que deu
ares empresariais à
máquina pública. Deu
continuidade à canalização do córrego São
Francisco e ampliou as
redes de água, esgoto
e energia elétrica. Fez
o asfalt a mento da Avenida Comendador Francisco
Avelino Maia e iniciou
a construção, com apoio
do deputado Neif Jabur,
do Ginásio de Esportes
da Barrinha, que hoje
leva seu nome.
É também de sua
gestão a criação e instalação do Serviço Municipal de Saúde em
convênio com INPS e a
construção das primeiras casas populares. Promoveu o I Festival de Arte Viva e inaugurou a Biblioteca Municipal.
No mandato do “prefeitão”, em
1974, foi eleito, pela primeira vez, o de-
putado passense Neif Jabur, que havia
sido vereador por três mandatos consecutivos. Neif foi reeleito deputado em
1978, 1982 e 1986. Foi presidente da
Assembléia Constituinte Mineira formada em 1988 e um importante embaixador das necessidades da cidade. Em
1990, foi eleito deputado federal. Através de seu trabalho foram financiadas
várias obras como, por exemplo, a iluminação do Estádio Starling Soares, a construção dos barracões da Casemg e de oito
ambulatórios no município, a sede própria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município, a
instalação da sede
regional do IPSEMG
e a criação e instalação do Centro Regional de Saúde.
A representação
de Passos foi valorizada com a eleição de
Joaquim de Melo Freire para deputado federal em 1975, prosseguindo nos mandatos de 1979 e 1983.
O passense foi vereador no final dos anos
50 e deputado estadual por três mandatos. Através de seu trabalho foram conseguidos para a cidade muitos empreendimentos como o SESI, Batalhão de Polícia e
várias escolas.
Passos cresce
Em 1975, era criado o
Curso Status Vestibular que
deu origem ao Colégio Status empreendimento familiar do professor Décio Martins Cançado.
Em 14 de maio, foi inaugurado o Hospital Otto
Krakauer, um empreendimento apoiado pela Maçonaria. O primeiro presidente foi Marcos Joele. Início dos trabalhos da Loja Maçônica Deus
Universo e Virtude que é mantenedora de dois centros de atendimento
que engrandecem os passenses: Hospital Otto Krakauer, que atende
pessoas com deficiências mentais e Recanto Geriátrico, que ampara pessoas idosas em regime de internato.
Em 1980, foi criada a Cooperativa Regional dos Suinocultores de
Passos (Coperpassos). Sua primeira diretoria foi composta por Eber Macedo, Expedito Orlandi e Marcio Lemos Soares Maia.
Cóssimo Baltazar de Freitas,
o prefeito professor
O professor Cóssimo Baltazar de
Freitas foi eleito vereador em 1969, pelo
MDB, vice-prefeito de José Figueiredo
em 1977 e prefeito, em 1982, para um
mandato ampliado em dois anos por decreto federal.
As suas principais obras foram a construção de sete centros comunitários de
saúde, término da Reforma do Estádio Starling Soares, construção de 473 casas populares nos bairros mais carentes. Efetuou
a compra e implantação do Pronto Socorro
São Lucas, onde funcionava o Hospital São
Lucas de propriedade do médico Dr. José
Lemos de Barros. No local, foi implantado
o Centro Regional de Saúde através do
Departamento de Saúde e Bem Estar Social, que era chefiado pelo médico Dr. José
Hernani Silveira. Lá, também foram instalados o Laboratório de Análises Clínicas e
o Pronto-Socorro Municipal.
Realizou também um amplo trabalho de alargamento das estradas rurais e
trabalhou para transformar as estradas de
Fortaleza e de Bom Jesus da Penha em
estradas estaduais.
Em seu mandato, foi criada a Assistência Social Municipal e construída a Cadeia Pública no Bairro Aclimação, pois a
antiga cadeia, na Praça Cel Francisco Gomes, sofreu um incêndio e tinha que ser
Uma medida polêmica foi a demolição do prédio da antiga Rodoviária, da Praça do Rosário, por sua originalidade e seu
valor histórico patrimonial. Foi construída, no local, a Casa da Cultura abrigando a
Biblioteca Municipal e os departamentos
de Educação, Esportes e Cultura.
A cidade ganhou novos bairros como
Vila Rica, Umuarama e Exposição. No
Umuarama concentraram-se as residências mais luxuosas com casas ajardinadas,
piscinas, suítes e cercadas por grandes
muros Por outro lado, houve um avanço
do processo de exclusão social ocasionando invasões de áreas públicas ou com
pendências judiciais como o Patrimônio e
a Rua do Valinhos que passaram e ser uma
mostra da realidade brasileira e da crescente concentração de renda.
urgentemente transferida.
Os deputados Joaquim de
Melo Freire e Neif Jabur intermediaram a petição da
obra. Tancredo Neves era o
governador do estado e teria
dito às lideranças passenses
quando pediram a verba para
a Cadeia pública: “Ficaria mais
feliz se vocês tivessem vindo pedir uma escola!”
Progresso e negócios
Em 1969, a Usina Açucareira de Passos foi adquirida pela
Usina Itaiquara de Açúcar e Álcool, originária
de Tapiratiba, São Paulo. Foi construída a fábrica de fermento com
projeto e tecnologia
próprios. Hoje, a Usina produz e vende fermento biológico fresco, açúcar e álcool e oferece uma gama variada de postos de empregos para a cidade de Passos.
Através de uma política de boa vizinhança, a Usina já participou de
vários projetos sociais na cidade como, por exemplo, a doação de
áreas para Prefeitura de Passos para construção dos aterros sanitários
e da Estação de Tratamento de Esgoto, criação de um viveiro de
mudas em parceria com o curso de Ciências Biológicas da FESP e
ainda muitas doações feitas à Santa Casa de Misericórdia de Passos.
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Também nos anos
80, a APAE de Passos
coordenava as Feiras
da Bondade, realizadas no Parque de Exposições com noites
especiais representando a cultura de outros países, com colônias portuguesa, brasileira, libanesa, italiana e dos fazendeiros.
Havia uma verdadeira disputa entre os
descendentes das colônias para mostrar
um trabalho cada vez
melhor e levantar a
sede da instituição.
A história documentada
Em 1984, foi publicado o Álbum de Passos sob a coordenação de Marcio Lemos Soares Maia e do jornal Vale do Rio Grande. O
livro apresentou um levantamento das atividades sociais, culturais, econômicas e políticas da cidade de Passos nos anos 80.