Bioatividade de extratos e óleos vegetais no controle in vitro de

Transcrição

Bioatividade de extratos e óleos vegetais no controle in vitro de
Bioatividade de extratos e óleos vegetais no controle in vitro de Aspergillus flavus
em sementes de amendoim1
2
3
4
5
Celeida Queiroz de Lima , Francisco de Assis Cardoso Almeida , Egberto Araújo , Juliana Ferreira da Silva ,
Ailton Melo de Moraes6 e Dayana Silva de Medeiros7
1
Parte da dissertação do primeiro autor
M.Sc. em Engenharia Agrícola, UAEA/UFCG ([email protected])
3
Prof. UAEA/UFCG ([email protected])
4
Prof. Departamento de fitotecnia da UFPB, Areia, PB, Brasil ([email protected])
5
Mestranda UAEA/UFCG ([email protected])
6
Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S. A. ([email protected])
7
Doutoranda PPGA/CCA ([email protected])
2
Resumo - O amendoim, leguminosa de ciclo curto, resistente à seca e de ampla adaptabilidade, é cultivado em diversas
regiões do mundo. No entanto, as suas sementes podem conter aflatoxina, substancia tóxica para o homem e animais. O
Agricultor, comerciante e industrial reconhece a importância de obter um produto sem contaminação. Este trabalho foi
realizado para identificar produtos naturais como canela, alho e nim em diferentes concentrações de seus extratos, para
controlar o desenvolvimento in vitro do fungo Aspergillus flavus em sementes de amendoim. As sementes obtidas da
Embrapa Algodão foram submetidas a uma análise sanitária para identificação da micoflora e isolamento do Aspergillus
flavus. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 2x4x5+1 representado por sementes
inoculadas e não inoculadas por esporos, quatro extratos vegetais, cinco proporções dos extratos e tratamento controle.
Verificou-se que o extrato de canela nas proporções de 10, 25, 50 e 100% foram as que mais controlaram o desenvolvimento
do fungo, reduzindo a germinação de esporos e o número de unidades formadoras de colônias. Os extratos incorporados ao
meio de cultivo BDA em proporção de 50 e 100% inibiram o crescimento do micélio.
Palavras-clave: Arachis hypogaea, inseticida natural, fungo
Bioactivity of vegetable extracts and oils in in vitro control of Aspergillus flavus
in peanut seeds
Abstract - The peanut is a short-cycle, drought-resistant, widely adaptable legume which is grown in various regions of the
world. However, seeds may contain aflatoxin, a substance toxic to humans and animals. Farmers, traders and the agriculture
industry recognize the importance of obtaining uncontaminated products. The aim of the present study was to identify
natural products such as cinnamon, garlic and neem in different extract concentrations, to control the in vitro development of
the fungus Aspergillus flavus in peanut seeds. Seeds were obtained from the Brazilian Agricultural Company (Embrapa
Cotton) and were subjected to a health test for identification and isolation of the Aspergillus flavus mycoflora. The
experiment was completely randomized, using a 2x4x5+1 factorial arrangement, represented by seeds with inoculated and
un-inoculated spores, four vegetable extracts, five proportions of extract, and one control treatment. It was found that
cinnamon extracts in proportions of 10, 25, 50 and 100% were most effective for the control of fungus development,
reducing fungus spore germination and number of colony forming units. Extracts incorporated into the PDA culture medium
in 50 and 100% proportions inhibited mycelium growth.
Keywords: Arachis hypogaea, natural insecticide, yeast
Introdução
O amendoim (Arachis hypogaea L.) é uma oleaginosa de
grande valor nutricional e seus grãos são empregados
amplamente em escala industrial, na fabricação de produtos
para o consumo interno na elaboração de comidas caseiras
(Queiroz et al., 2006). É uma cultura muito importante por
demandar pequenas áreas, ser de fácil cultivo e ser uma boa
fonte de alimento para a população. No entanto, a produção
deste cultivo é amplamente afetada por pragas e
enfermidades, patologias que compromete partes da planta
como: folhas, raízes, vagens e sementes (Nóbrega &
Suassuna, 2004).
As principais áreas plantadas no mundo correspondem à
China e Índia e, no Brasil, o amendoim é cultivado em todo
país alcançando 306 mil toneladas de amendoim em casca na
safra 2008/2009 plantados em uma área de 113 mil hectares.
A maior produção concentra-se na região Sudeste (244,8 mil
t) e o Estado de São Paulo é responsável por 80% da
produção nacional (Pretti & Carvalho, 2012).
O amendoim é um produto muito susceptível a infestação
por fungos e contaminações por micotoxinas. As aflatoxinas
são produtos metabólicos secundários do Aspergillus
parasiticus e Aspergillus nomius, que contaminam os
cultivos em campo, durante o armazenamento e, também os
produtos alienatários (Prado, 2005).
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.6, n.1, p.13-18, mar. 2012
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As ocorrências de aflatoxinas são maiores no amendoim
por ser produto preferido pelos fungos e também, por atraso
das chuvas durante o período de seca depois colheita
(Fonseca, 2011).
Vários estudos foram conduzidos para identificar à
macrobiótica fúngica e micotoxinas no amendoim
armazenado e, em ensaios decampo; sendo o Aspergillus,
Penicillium e Fusarium principais gêneros encontrados e,
entre as micotoxinas as afatoxinas e o ácido ciclopiazonico
(Pildain et al., 2004; Offiah & Adesiyun, 2007; Nakai et al.,
2008).
O tratamento com produtos químicos sintéticos é um
método comprovadamente eficaz no controle de patógenos
em sementes (Nascimento et al., 2005; Mertz et al., 2009).
Entretanto, estes têm sido empregados de maneira
indiscriminada, estratégia que está se mostrando ineficiente,
uma vez que diversos organismos começam a adquirir
resistências a vários destes produtos, necessitando ser usado
quantidades cada vez maiores (Santos et al., 2006). O
emprego de extratos vegetais pode vir a se tornar promissor
na medida em que compostos secundários presentes na
estrutura química dos mesmos podem ter efeitos inibitórios
sobre a ação de vários fungos. Neste contexto, o controle
biológico do patógeno se apresenta como uma melhor
alternativa (Spadaro & Gullino, 2004).
O presente trabalho foi desenvolvido considerando a
importância da ocorrência do fungo A. flavus em sementes de
amendoim e o destaque desta cultura na conjuntura agrícola
para o estado da Paraíba; compreendendo a necessidade do
controle fitossanitário por meio do emprego de produtos
naturais. O emprego de produtos naturais, extraídos de
vegetais, poderá com o tempo, se constituir em alternativa
para o controle de patógenos associados às sementes, com a
vantagem de reduzir os custos e a ausência do impacto
ambiental causado pelos agroquímicos.
Objetivou-se com o trabalho avaliar os efeitos de distintas
proporções de extratos de folhas de nim (Azadiracta indica),
cascas do caule da canela (Cinnamomum zeylanicum),
bulbos de alho (Allium sativum) e óleo de nim (produto
comercial), no desenvolvimento in vitro (crescimento de
micélio e germinação esporas) de Aspergillus flavus e,
também, a patogenicidade do Aspergillus sobre a qualidade
fisiológica das sementes de amendoim.
Material e Métodos
Localização dos ensaios e origem das sementes e
produtos testados
Os ensaios realizaram-se no Laboratório de
Processamento e Armazenamento de Produtos Agrícolas LAPPA da Universidade Federal de Campina Grande UFCG, em conjunto com os Laboratórios de Fitopatologia e
de Análise de Sementes do Centro de Ciências Agrárias CCA da UFPB, Areia, Paraíba, no período de junho a
dezembro de 2008.
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Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.6, n.1, p.13-18, mar. 2012
Foram utilizadas sementes de amendoim da variedade
BR-1 adquiridas na Embrapa Algodão, Campina Grande,
PB, as quais foram mantidas até a instalação dos ensaios, em
câmara frias no Laboratório de Armazenamento de Produtos
Agrícolas da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola
do Centro de Tecnologia e Recursos Naturais - CTRN da
Universidade Federal de Campina Grande - UFCG.
Os produtos naturais (extratos vegetais) foram obtidos a
partir de folhas de nim (Azadirachta indica) oriundas de uma
plantação (bosque) e de bubilhos de alho (Allium sativum) e
de casca de canela (Cinnamomum zeylanicum) adquiridos
em feira livre, na cidade de Boqueirão, PB. Para a produção
dos extratos foram utilizados 500 g de matéria-prima e 1000
ml de álcool etílico, em uma proporção de 1:2.
Na preparação dos extratos seguiu-se a metodologia
descrita por Almeida et al. (2003). As folhas de nim, após um
período de 24 horas em estufa a 40 ± 2 ºC, e as cascas de
canela foram trituradas em moinho de martelo da Marca
Tecnal e os bulbilhos passados em um espremedor de alho.
Todo o material obtido foi pesado em balança da Marca
Marte, Modelo AS 5500C, em seguida umedecido com uma
-1
pequena quantidade de álcool etílico a 70% v e, finalmente
colocadas em percolador para extração. Também foi
utilizado extrato do nim comercial adquirido na Embrapa
algodão de Campina Grande, PB.
Análise sanitária de sementes de amendoim e isolamento
do fungo
Para isolamento do Aspergillus flavus foi tomada uma
amostra de 200 sementes de amendoim, variedade BR-1, que
esteve armazenada durante 10 dias no LAPPA, onde foi
submetida à incubação pelo emprego de método de papel de
filtro umedecido, em placas de Petri (Ø = 9,5 cm), dentro de
cada uma das placas, as sementes em número de 10, foram
distribuídas, igualmente espaçadas, sobre uma camada
constituída por três folhas sobrepostas de papel de filtro
umedecidas com água destilada esterilizada (ADE).
O ambiente de incubação foi em uma câmara com
temperatura de 22 ± 2 ºC e iluminação (fotoperíodo de 12 h)
proporcionada por lâmpadas N.U.V. (próximo ao
ultravioleta) de 40 w, Marca Phillips®, situadas 40 cm acima
da superfície onde as placas foram distribuídas. No oitavo
dia de incubação, as sementes foram observadas em
microscópio estereoscópico para identificação e contagem
das colônias fúngicas, levando-se em consideração as
características das colônias e a visualização das estruturas
vegetativas e reprodutivas.
O isolamento do fungo, objeto do trabalho, o qual foi
inoculado em meio de cultura BDA (Batata, 200 g; Dextrose,
20 g; Agar-Agar, 17 g; e água destilada, 1000 mL)
esterilizado em autoclave a 121 °C por 30 min, contido em
placas de Petri. A partir do isolado do fungo foram feitos 20
subcultivos em placas de Petri e em tubos de ensaio contendo
meio de cultura de BDA, para a produção de inóculos que
foram utilizados nos experimentos.
Ensaios experimentais
Efeito de extratos vegetais sobre a germinação de esporos
e origem de unidades formadoras de colônias (UFC)
Os extratos vegetais foram utilizados brutos (100%) e
diluídos em água destilada esterilizada (ADE), nas
proporções de 1, 10, 25, 50%, sendo, de cada uma dessas
soluções, vertidos 5 mL em tubos de ensaio onde o A. flavus
se desenvolvia, efetuando-se a agitação dos tubos para se
obter a suspensão dos esporos. Decorrido um período de 24
h foram retiradas de cada tubo de ensaio, com auxilio de uma
pipeta (calibrada para 100 µL), cinco gotas de suspensão de
esporos que foram postas em hemacitômetro (câmara de
Neubauer) e observadas em microscópio composto
(Olympus®, Modelo U-MDOV3) para a contagem de
esporos germinados e não germinados.
Para o ensaio referente às UFC foram vertidos 5 mL das
soluções dos extratos em tubos de ensaios onde as colônias
de A. flavus se desenvolveram, sendo os tubos agitados
manualmente para se obter as suspensões de esporos.
Decorridos 12 horas, foi efetitivada uma diluição em série,
onde se tomou 1,0 mL da suspensão (solução de extratos +
esporos) que foi adicionado em outro tubo de ensaio
contendo 9 mL de ADE (1:10); deste tubo foi também
retirado 1 mL da suspensão e adicionado em outro tubo com
9 mL de ADE (1:100); e, da mesma forma que o anterior, uma
nova diluição (1:1000). Desta nova diluição, cinco alíquotas
de 0,5 mL foram retiradas e colocadas, individualmente,
sobre meio de cultura BDA contido em placas de Petri e
espalhadas por meio de alça de Dgradsky para a cobertura
uniforme da superfície. Decorridas 24 e 48 horas essas placas
foram observadas em aparelho contador de colônias para a
contagem de UFC.
Efeito de extratos vegetais sobre crescimento micelial de
A. flavus
Para a realização desse ensaio os componentes do meio
de cultura BDA foram colocados em erlemayers com
capacidade de 500 mL, sendo adicionadas, em cada
recipiente, quantidades de extrato de modo a constituir as
diferentes proporções dos produtos testados. Em seguida, o
meio de cultura foi esterilizado em autoclave a 121 ºC
durante 30 min. e, despois do esfriamento, próximo ao ponto
de fusão, foi distribuído (20 mL) dentro de placas de Petri.
Após o esfriamento e solidificação do meio de cultura
efetuou-se a repicagem, transferindo-se um disco micelial
(0,2 cm de diâmetro) da margem de uma colônia de A. flavus
plantando-o no centro da superfície do meio de cultura com
as diferentes concentrações dos produtos. As placas de Petri
foram mantidas em ambiente de incubação (câmara) e, a
cada 24 h efetuava-se com auxilio de uma régua milimetrada,
a medição, em dois sentidos, do diâmetro das colônias do
fungo. Para efeito de comparação de tratamentos,
considerou-se o diâmetro das colônias no oitavo dia.
O delineamento experimental foi o inteiramente
casualizado com arranjo fatorial 2x4x5+1 com quatro
repetições, representado por: sementes inoculadas e não
inoculadas com esporas, quatro extratos vegetais, cinco
proporções dos extratos, além de um tratamento testemunha.
O programa utilizado foi o SAEG 5.0 (1997) e, as médias
foram comparadas pelo teste de Tukey e Dunnett (p≤ 0,05).
Resultados e Discussão
Efeito de extratos vegetais sobre a germinação de
esporos, unidades formadoras de colônias (UFC) e
crescimento micelial de A. flavus.
Foram avaliados os efeitos de extratos vegetais em
diferentes proporções sobre conídios (germinação) e micélio
(crescimento) de A. flavus por serem estas as estruturas de
disseminação quando o fungo se estabelece infectando ou
contaminando sementes, grãos e outros produtos vegetais
armazenados.
Os resultados referentes à germinação dos esporos de A.
flavus imersos nos extratos de canela a 1% e no de alho a 25%
diferiram positiva e significativamente da testemunha e, da
mesma forma, os referentes ao número de unidades
formadoras de colônias (UFC) em BDA adicionado dos
extratos de alho a 25 e 100%, de nim folha a 1 e 10%, e de nim
comercial a 1, 10, 25 e 100% (Tabela 1).
Nestes tratamentos que se diferenciaram
significativamente da testemunha registraram-se os maiores
valores de germinação de esporos e dos números de UFC
(Tabela 2), também significativamente diferentes dos
demais tratamentos.
Os conídios imersos em extrato de canela a 10, 25, 50 e
100% e em extrato de nim comercial a 1 e 10 não germinaram
e os menores números de UFC foram no extrato de canela a
10, 25, 50 e 100%.
Quanto ao diâmetro das colônias de A. flavus no oitavo
dia de desenvolvimento as concentrações de 25, 50 e 100%
de todos os extratos e as proporções de nim folha a 10% e de
nim comercial a 1% diferiram significativamente da
testemunha (Tabela 3). Comparando-se os extratos para
cada concentração (Tabela 4), os efeitos foram iguais entre
si, exceto na proporção 10% na qual o diâmetro em extrato de
canela diferiu significativamente dos demais produtos. Na
Tabela 4 pode ser constatado ainda que nas concentrações 50
e 100% de todos os extratos as colônias apresentaram
diâmetro igual a 0,20 cm, não tendo havido, portanto, o
crescimento micelial, pois este foi o valor do diâmetro do
fragmento micelial plantado no meio de cultura quando da
instalação do experimento.
Tendo sido observados efeitos distintos das
concentrações dos extratos sobre a germinação e
crescimento micelial do A. flavus, pode entender-se que a
forma como se estabelece o contato das estruturas fúngicas
com as substâncias potencialmente fungistáticas ou
fungitóxicas encontradas nos extratos são determinantes da
Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa, v.6, n.1, p.13-18, mar. 2012
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atividade antifúngica. Na imersão dos conídios nas soluções
com diferentes proporções de extratos, dar-se o contato
direto desta estrutura fúngica com as substâncias de
potenciais fungistáticas ou fungitóxicas existentes nos
extratos, o que pode causar a inibição da germinação ou a
morte dos esporos.
No ensaio referente às UFC, os esporos foram plantados
em um meio apropriado para promover o desenvolvimento
de fungos, podendo o efeito dos produtos diluídos no meio de
cultura ter se verificado mais sobre os tubos germinativos do
que inibindo a germinação, afetando, dessa forma, o
surgimento e desenvolvimento de colônias. No ensaio
referente ao crescimento micelial, as hifas ao serem
plantadas em BDA + extratos, estando em pleno
desenvolvimento vegetativo, ao alimentarem-se do
substrato absorvem as substâncias de possíveis efeitos
fungistáticos ou fungitóxicos dos extratos vegetais
adicionados previamente ao meio de cultura.
Tabela 1. Diferenças de germinação de esporos imersos em
soluções de extrato vegetais, e de unidades formadoras de
colônias em meio de cultura por A. flavus, com relação ao
tratamento testemunha.
Tratamentos
Canela 1%
Canela 10%
Canela 25%
Canela 50%
Canela 100%
Alho 1%
Alho 10%
Alho 25%
Alho 50%
Alho 100%
Nim folha 1%
Nim folha 10%
Nim folha 25%
Nim folha 50%
Nim folha 100%
Nim comercial 1%
Nim comercial 10%
Nim comercial 25%
Nim comercial 50%
Nim comercial 100%
DMS
CV
Germinação de esporos
(%)
13,07
-0,58
-0,58
-0,58
-0,58
2,47
0,67
21,31
1,02
0,14
-0,03
1,35
2,14
0,25
-0,25
-0,21
-0,20
0,85
5,01
0,13
9,64
165,90
*
ns
ns
ns
ns
ns
ns
*
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
UFC
12,00
-91,25
-90,50
-85,75
-95,50
-38,25
-22,50
165,75
-73,50
133,25
237,25
319,25
15,75
-46,25
-74,50
222,75
249,50
241,75
58,25
188,00
185,85
56,87
ns
ns
ns
ns
ns
ns
ns
*
ns
*
*
*
ns
ns
ns
*
*
*
ns
*
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste de Dunnett
ns Não significativo
DMS = Diferença mínima significativa
CV = Coeficiente de variação
UFC - unidades formadoras de colônias
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Tabela 2. Germinação de conídios de A. flavus previamente
imersos em extratos vegetais e números de Unidades
Formadoras de Colônias (UFC) em meio de cultura de BDA.
Proporções
dos extratos
1%
10%
25%
50%
100%
1%
10%
25%
50%
100%
Extratos
Nim
comercial
Germinação de esporos (%) - DMS = 10,95
3,0 B
1,0 B
14,0 A
0,0 B
1,0 A
2,0 A
0,0 A
0,0 A
3,0 B
0,0 B 22,0 A
1,0 B
1,0 A
2,0 A
0,0 A
6,0 A
0,0 A
1,0 A
0,0 A
1,0 A
Canela
Alho
Nim folha
Números de UFC - DMS = 113,30
72 B
358 A
106 B
428 A
4 B 102 B
134 B
7 C 287 A
81 AB
38 B
13 B
31 BC
1 C 115 B
349 A
372 A
350 A
175 A
262 A
Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas linhas não diferem entre si,
ao nível de probabilidade de 5% pelo teste de Tukey
Os dados obtidos em função da aplicação das proporções não se ajustaram
a modelos de regressão polinomial
DMS = diferença mínima significativa; CV = coeficiente de variação
Tabela 3. Diferenças entre os diâmetros das colônias de A.
flavus no oitavo dia de incubação em meio de BDA
adicionado de extratos vegetais com relação ao tratamento
testemunha (BDA puro).
Tratamentos
Canela 1%
Canela 10%
Canela 25%
Canela 50%
Canela 100%
Alho 1%
Alho 10%
Alho 25%
Alho 50%
Alho 100%
Nim folha 1%
Nim folha 10%
Nim folha 25%
Nim folha 50%
Nim folha 100%
Nim comercial 1%
Nim comercial 10%
Nim comercial 25%
Nim comercial 50%
Nim comercial 100%
DMS
CV
Diferenças de diâmetro
3,02ns
ns
3,82
0,83*
0,24*
0,20*
3,29 ns
ns
3,71
1,99*
0,23*
0,20*
ns
3,25
ns
3,94
2,07*
0,21*
0,20*
2,63*
3,35*
ns
1,99
0,47*
0,25*
0,89
64,99
* Significativo a 5% de probabilidade, pelo teste de Dunnett.
ns Não significativo
DMS = diferença mínima significativa; CV = coeficiente de variação
Tabela 4. Diâmetro das colônias, em cm, de A. flavus no
oitavo dia de incubação em meio de BDA adicionado de
extratos vegetais.
Proporções
dos extratos
1%
10%
25%
50%
100%
Extratos
Canela
Alho
Nim folha
Nim
comercial
2,68 A
7,03 A
1,73 A
0,20 A
0,20 A
3,88 A
5,20 B
2,75 A
0,20 A
0,20 A
2,73 A
4,90 B
2,80 A
0,20 A
0,20 A
2,73 A
4,90 B
2,80 A
0,20 A
0,20 A
Médias seguidas de mesma letra maiúscula, nas linhas, não
diferem entre si ao nível de probabilidade de 5%, pelo teste de
Tukey. Os dados obtidos em função da aplicação das proporções
não ajustaram a modelos de regressão polinomial.
DMS = 2,13 (diferença mínima significativa)
CV = 48,15% (coeficiente de variação)
Os extratos de nim apresentam mais de 40 ingredientes
ativos com reconhecida ação biocida como a azadiractina,
salanina, melantriol e nimbina os limonóides mais
conhecidos (EPAMIG, 2002). Extratos e óleos essenciais de
alho têm comprovada ação fungicida, antibacteriano, e
antiviral, devido a compostos como a alicina, o dialil
dissulfeto e o ajoeno (Dantas, 2007). Estas propriedades se
devem aos diversos terpenoides distribuídos na planta, nas
sementes, folha, casca (Santos et al., 2004; Priyadarsini,
2009)
A canela também possui ingredientes benéficos à saúde
humana e, ação antimicrobiana, sendo constatados efeitos de
seus extratos com relação ao A. flavus (Viegas et al., 2005).
Nos extratos vegetais brutos, como no caso dos utilizados
no presente trabalho, as proporções dessas classes de
substâncias são variáveis quantitativamente. Simões (2004)
e Dias et al. (2006) em estudo da biossíntese dos metabólitos
secundários, constataram que a mesma pode ser influenciada
pelo tipo de solo, local, época, período de coleta da planta,
idade do vegetal, e órgão da planta utilizado, situações
estressantes como queimadas e enchentes principalmente.
Então os valores mais elevados de germinação de
esporos, número de UFC e diâmetro de colônias, verificados
com o emprego de concentrações menores desses extratos,
podem ser devido à quantidade insuficiente, nestas
concentrações, das substâncias que exerçam atividade
antifúngica. Por outro lado, quando os valores mais elevados
de germinação de esporos e número de UFC foram
registrados em concentrações maiores de extratos, pode ter
se verificado nessas concentrações quantidade suficiente de
substâncias estimuladoras da atividade fúngica diminuindo
ou anulando a atividade das substâncias antifúngica. Nos
tratamentos em que os extratos foram adicionados ao meio
de cultura com concentrações de 50 e 100%, não se verificou
o crescimento micelial de A. flavus (Tabela 4), o que pode
significar que em meio de cultura houve o favorecimento das
atividades das substâncias antifúngicas.
Conclusões
1 - Os extratos empregados apresentaram atividade
antifúngica com relação à germinação de esporos, unidade
formadora de colônias (UFC) e crescimento micelial de
Aspergillus flavus.
2 - À medida que se aumentou a concentração dos
extratos vegetais houve uma diminuição da germinação dos
esporos, do número de unidades formadoras de colônias e do
diâmetro das colônias no oitavo dia de incubação.
3 - O extrato de canela nas proporções de 10, 25, 50 e
100% foram os que mais afetaram, reduzindo a germinação
de esporos e o número de unidades formadoras de colônias.
4 - Todos os extratos empregados adicionados ao meio de
cultura BDA (Batata, 200 g; Dextrose, 20 g; Agar-Agar, 17 g;
e água destilada, 1000 mL) nas proporções de 50 e 100%
inibiram o crescimento micelial do fungo.
Referências
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aflatoxin levels in some dairy and food products which
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DANTAS, I.C.; FELISMINO, D.C.; DANTAS, G.D. dos S.
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