volume11, nº 1

Transcrição

volume11, nº 1
ISSN 1679-5954
Revista da Associação Brasileira de Ensino Odontológico - volume 11 - número 1 - janeiro/junho - 2011
REVISTA DA
ABENO
Associação Brasileira de Ensino Odontológico
ABENO
volume 11
número 1
janeiro/junho
2011
Associação Brasileira de Ensino Odontológico
ABENO
Associação Brasileira de Ensino Odontológico
Copyright © Associação Brasileira de Ensino Odontológico, 2005
Todos os direitos reservados .
Proibida a reprodução no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorização
da ABENO .
Catalogação-na-publicação
(Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo)
Revista da ABENO/Associação Brasileira de Ensino Odontológico . – Vol . 1, n . 1, (jan .-dez . 2001) .
– São Paulo : ABENO, 2001Semestral
ISSN# 1679-5954
A partir de 2005, vol . 5, n . 1 a publicação passa a ser semestral .
1 . Odontologia (Periódicos) I . Associação Brasileira de Ensino Superior (São Paulo)
II . ABENO
CDD 617 .6
BLACK D05
ABENO
Associação Brasileira de
Ensino Odontológico
Presidente Maria Celeste Morita
Rua Pernambuco, 540 - 1º andar
Clínica Odontológica da UEL
CEP: 86020-120
Centro - Londrina - PR
E-mail: [email protected]
Site: www.abeno.org.br
apoio para esta edição:
Sumário
Publicação oficial da
Associação Brasileira de
Ensino Odontológico
DIRETORIA (2010 a 2014)
Presidente
Maria Celeste Morita
Vice-Presidente
Adair Luiz Stephanello Busato
Secretário Geral
Luiz Sérgio Carreiro
1a Secretária
Vânia Regina Camargo Fontanella
Tesoureira Geral
Elisa Emi Tanaka Carloto
1a Tesoureira
Maura Sassahara Higasi
COMISSÃO DE ENSINO
Ana Isabel Fonseca Scavuzzi
Cresus Vinícius Depes de Gouveia
Elaine Bauer Veeck
José Ranali (Presidente)
José Tadeu Pinheiro
Maria Ercília de Araújo
Mário Uriarte Neto CONSELHO FISCAL
João Humberto Antoniazzi (Presidente)
José Galba de Menezes Gomes
Léo Kriger
Lino João da Costa
Omar Zina
Revista da Abeno
Editor Científico
José Luiz Lage-Marques
Conselho Editorial
Carlos de Paula Eduardo (FO-USP)
Carlos Eduardo Francischone (FOB-USP)
Célia Marisa Rizzatti Barbosa (UNICAMP)
Cinthia Pereira M. Tabchoury (UNICAMP)
Cláudio Luiz Sendyk (FO-USP)
Daniela Lemos Carcereri (UFSC)
Eduardo Saba Chujfi (UNICASTELO)
Elaine Quedas Assis (UNICID e Uni.Guarulhos)
Elisa Emi Tanaka (UEL)
Élito Araújo (UFSC)
Euloir Passanezi (FOB-USP)
Fernando Ricardo Xavier da Silveira (FO-USP)
João Marcelo Ferreira de Medeiros (UNITAU)
Jorge Abrão (FO-USP)
José Eduardo de Oliveira Lima (FOB-USP)
José Ranali (FOP-UNICAMP)
Liliane Soares Yurgel (PUC-RS)
Lucimar Aparecida Britto Codato (UEL)
Luiz Carlos Pardini (FORP-USP)
Luiz Roberto Augusto Noro (UFRN)
Marco Antonio Bottino (UNESP-SJCampos)
Marco Antonio Campagnoni (FOAR)
Maria Ercília de Araújo (USP)
Maria Inês Barreiros Senna (UFMG)
Maura Sassahara Higasi (UEL)
Roberto Brandão Garcia (FOB-USP)
Roberto Miranda Esberard (FOAR-UNESP)
Rodney Garcia Rocha (FO-USP)
Simone Tetu Moysés (UFPar)
Sylvio Monteiro Júnior (UFSC)
Vania Ditzel Westphallen (PUC-PR)
Indexação
A Revista da ABENO - Associação Brasileira de
Ensino Odontológico está indexada nas seguintes
bases de dados:
BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia;
LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde.
v. 11, n. 1, janeiro/junho - 2011
Editorial
Experiências exitosas na saúde fortalecem o ensino
Maria Celeste Morita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Anais da 46ª Reunião Anual - 2011
Comissão Organizadora Local. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Programação Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde,
PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia
Artigos Selecionados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Resumos Selecionados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Vídeos Selecionados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Artigos
Contribuição do PET-Saúde para a área de odontologia da UFPR na
consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos
municípios de Curitiba e Colombo-PR
Contribution of the PET-Health program to UFPR’s Dentistry area in
consolidating the national curriculum guidelines and the Unified Health
System (SUS) in the cities of Curitiba and Colombo, PR
Marilene da Cruz Magalhães Buffon, Denise Siqueira de Carvalho, Edevar
Daniel, Helvo Slomp Junior, Giovana Daniela Pecharki, Cristhiane
Aparecida Mariot, Cássio Murilo Ferreira, Gisele Blitzkow S. dos Santos,
Joelcio Santos Madureira Junior, Débora Cássia da Costa Massaro, Maria
Carolina Mosimann, Rita Helena Bergami, Larissa Cristiane Geraldo, Lícia
Kiyomi Kamoi Kai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Vivência da odontologia no PET-Saúde da Família da UFAL.
Aprendizado de ações coletivas baseado no ensinopesquisa-extensão acadêmicos
The dentistry experience of the PET-Family Health Program at UFAL.
Learning public health actions based on academic teaching-researchingextension principles
Antonio Carlos de Souza Neto, Adeane Loureiro de Almeida, Paulo Rosa
dos Santos Junior, Izabel Maia Novaes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Formação profissional em odontologia: percepção discente da
interação curricular
Professional dentistry training: students’: perception of curricular
interaction
Mariana Gabriel, Elisa Emi Tanaka. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensinoaprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de
metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem
The portfolio as a facilitating strategy of the teaching-learning process
for dentistry training. Suitability of teaching methods using the virtual
environment for learning
Myrna Maria Arcanjo Frota, Léa Maria Bezerra de Menezes, Carlos Henrique
Alencar, Lidiane da Silva Jorge, Maria Eneide Leitão de Almeida. . . . . . . . . . . 23
Revista da ABENO • 11(1):3-4
3
Inserção do aluno de odontologia no SUS:
contribuições do Pró-Saúde
Insertion of the dental student in the SUS:
contributions of the Pro-Health program
Simone Dutra Lucas, Andréa Clemente Palmier, João
Henrique Lara do Amaral, Marcos Azeredo Furquim
Werneck, Maria Inês Barreiros Senna . . . . . . . . . . . . . . . 29
PET-Saúde/Vigilância - UNISC: A relação com o
ensino Odontológico
PET-Health/Surveillance - UNISC: Relationship with
dental teaching
Tassia Silvana Borges, Alexandre Daronco, Charlene do
Santos Silveira, Eduardo Chaida Sonda, Beatriz Baldo
Marques, Fabiana Battisti, Cristiane Pimentel
Hernandes Machado, Alexandre Rauber, Marcos
Moura Baptista dos Santos, Lia Gonçalves Possuelo. . . . 35
Integração Acadêmica e Multiprofissional no
Pet-Saúde: Experiências e Desafios
Academic and Multiprofessional Integration in the
PET – Health Program: Experiences and Challenges
Tarcísio Angelo de Oliveira Sobrinho, Carla Patrícia
Perpétua Medeiros, Mariana Ribeiro Maia, Tatiana
Carvalho Reis, Leonardo de Paula Miranda, Patrícia
Ferreira Costa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde: formação baseada nos pressupostos
das Diretrizes Curriculares Nacionais
Education Program through Health Work: training
based on the assumptions of the National
Curriculum Guidelines
Elisa Ribeiro de Oliveira, Lucimar Aparecida Britto
Codato, Suely Tsuha Massaoka, Mariana Gabriel . . . . . . 43
Pró-Saúde – Odontologia/UNISC: experiências e
contribuições na formação profissional
Pro-Health – Dentistry/UNISC: experiences and
contributions to professional training.
Apresentação de vídeo educativo do projeto de
extensão: “diagnóstico, tratamento e
epidemiologia das doenças da cavidade bucal LEBU”, do Departamento de Odontologia da
Universidade Estadual de Maringá - PR
Presentation of an educational video of the extension
project, “diagnosis, epidemiology and treatment of
oral cavity diseases - LEBU,” Department of
Dentistry, State University of Maringá - PR
Wilton Mitsunari Takeshita, Lilian Cristina Vessoni
Iwaki, Liogi Iwaki Filho, Mariliani Chicarelli da Silva,
Neli Pieralisi, Vanessa Cristina Veltrini, Wesley
Fernando Ferrari. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Formação em odontologia e interdisciplinaridade:
o Pró-Saúde da UFSC
Interdisciplinarity and dentistry training: UFSC’s
Pro-Health program
Daniela Lemos Carcereri, Cláudio José Amante, Marynes
Terezinha Reibnitz, Gianina Salton Mattevi, Grasiela
Garret da Silva, Ana Clara Loch Padilha, Inês
Beatriz da Silva Rath . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Programa de teleodontologia da UFMG
UFMG teledentistry program
Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha Peixoto,
Simone Dutra Lucas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
A percepção de acadêmicos de odontologia sobre
o PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande/MS, 2009
Dentistry students’ perceptions of the PET-Health
UFMS/SESAU Program, Campo Grande, MS, 2009
Milca Lopes de Oliveira, Tenile Carvalho Coelho. . . . . . 76
ApêndiceS
Índice de artigos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
Índice de resumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
Normas para apresentação de originais . . . . . . . . 136
Micheli Chabat da Silva, Beatriz Baldo Marques,
Magda de Sousa Reis, Renita Baldo Moraes. . . . . . . . . . . 47
Odontologia no PET-Saúde: pesquisa e
integração ensino, serviço e comunidade
Dentistry in the “PET-Saúde” Project: research and
integration of teaching, service and community
Wanda Terezinha Garbelini Frossard, Lucimar
Aparecida Britto Codato, Maura Sassahara Higasi,
Márcia Maria Benevenuto de Oliveira, João
Paulo Menck Sangiorgio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4
Revista da ABENO • 11(1):3-4
EDITORIAL
Publicação oficial da
Associação Brasileira de
Ensino Odontológico
Experiências exitosas na saúde fortalecem
o ensino
E
ste número da Revista da ABENO tem um relevante significado para o ensino de Odontologia no país. Em cada um dos trabalhos publicados é possível
perceber o imenso movimento que faz a educação odontológica na busca de
responder aos desafios de aproximar o ensino das necessidades da população
brasileira.
Os artigos sistematizam os resultados dos trabalhos apresentados durante a I
Mostra de Experiências Exitosas de Projetos do Programa de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), Programa de Educação pelo Trabalho para a saúde (PET-Saúde) e do Programa Nacional de Telessaúde da area
de Odontologia (Teleodontologia), em Florianópolis, durante a 46ª Reunião da
ABENO entre os dias 10 e 13 de agosto de 2011.
Tratou-se de um evento paralelo, extremamente necessário para o conhecimento dos benefícios que foram alcançados pelas Instituições de Ensino Superior
em parceria com os Serviços de Saúde, visando à qualificação profissional para o
SUS. Tal entendimento é fundamental porque, além de a Mostra ter oportunizado
a socialização desses resultados, havia a necessidade de identificar e pontuar o que
tem dado certo, uma vez que são realizados importantes investimentos do governo
federal, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do
Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Pan Americana de Saúde.
Para esse evento foram recebidos 105 trabalhos, que incluíam artigos científicos, resumos expandidos e vídeos relacionados a experiências positivas vivenciadas
pelos referidos Projetos. Uma comissão docente assessora avaliou os trabalhos,
tendo como critério a seleção daqueles que relatavam os benefícios para a formação dos alunos, o envolvimento discente, a avaliação de modificações curriculares,
experiências multiprofissionais desenvolvidas e as ações voltadas para a integração
ensino, serviços e comunidade.
Foram selecionados 62 trabalhos para a Mostra, cujos autores são oriundos de
25 Instituições de Ensino Superior, localizadas em 15 Unidades Federadas do
Brasil. Portanto, a Mostra contou com participantes de todas as regiões do Brasil.
Esse foi um grande diferencial da Mostra que conseguiu permitir o diálogo e
congregar, em um mesmo espaço, sujeitos oriundos de diferentes realidades socioeconômicas, culturais e sanitárias do Brasil.
Além disso, a dinâmica da Mostra permitiu um contato muito próximo entre
os participantes, o que favoreceu as trocas de experiências e o despertar para
novas possibilidades exitosas de atuação dentro dos Projetos Pró-saúde, Pet-saúde
e de Teleodontologia.
A ABENO se sente honrada por ter sediado um Evento da magnitude da I
Mostra e por poder publicar o registro desse momento histórico do ensino Odontológico brasileiro. Agradece em especial aos formuladores de políticas públicas
que acreditaram e investiram na capacidade de resposta da area. Como o leitor
poderá perceber, há uma clara convergência de objetivos entre a missão da ABENO e os propósitos dos Projetos representados na Mostra: ambos buscam realizar
ações de aprimoramento da formação profissional, que resultem em melhorias
na atenção à saúde da população.
Maria Celeste Morita
Presidente da ABENO
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5
46a Reunião Anual da Associação
Brasileira de Ensino Odontológico
Tema central: A Formação Odontológica e o Mundo do Trabalho
Florianópolis - SC - 10 a 13 de agosto de 2011
Comissão Organizadora local
Coordenador:
Comissão Científica
Cleo Nunes de Sousa
Daniela Lemos Carcereri (Presidente)
Lúcia Schaefer Ferreira de Mello
Calvino Reibnitz Júnior
Cláudio José Amante
Inês Beatriz da Silva Rath
Mirelle Finkler
Secretaria
Maria Helena Pozzobon
Maria Inês Meurer
Tesoureiro
Mauro Amaral Caldeira de Andrada
Programação Geral
Dia 10 – QUARTA-FEIRA
•08h30: Recepção e entrega de material
•08h30 às 18h00: “I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde e PET Saúde na área de
Odontologia”
•12h00 às 17h00: Apresentaçâo de Posteres
•14h00: “Avaliação do ENADE – Odontologia 2010”
Profa. Ana Isabel Fonseca Scavuzzi - UEFS/UNIME/Comissão de Ensino ABENO
Profa. Claudia Maffini Griboski - Diretora da DAES/INEP
Prof. Leo Kriger - PUC-PR / UTP / Comissão Assessora do ENADE
•16h00: Intervalo
•16h30 às 17h30: “Processo de Acreditação de Cursos de Odontologia no MERCOSUL”
Prof. Sérgio Roberto Kieling Franco - UFRG / Presidente da Comissão Nacional de
Avaliação da Educação Superior (CONAES)
Profa. Maria Celeste Morita - UEL / Comissão Assessora de Odontologia ENADE
2010/2011
Prof. Lino João da Costa - UFPB / Comissão Assessora de Odontologia ENADE
2010/2011
Prof. Cresus Vinicius D. de Gouveia - UFF / Comissão Assessora de Odontologia ENADE
2010/2011
•17h30 às 18h30: Reunião Paralela: Encontro de Professores de Odontologia do MERCOSUL
Coordenação: Prof. Lino João da Costa - UFPB/Comissão Assessora de Odontologia
ENADE
•20h00: Abertura Oficial - Solenidade e Coquetel
6
Revista da ABENO • 11(1):6-8
Dia 11 – QUINTA-FEIRA
•08h00 às 17h00: Apresentação de Posteres
•08h30: “Geração Y e a Graduação em Odontologia”
Prof. Paulo Afonso Caruso Ronca - Diretor do Instituto Esplan/SP
•10h30: Intervalo
• 11h00: “Uso de Tecnologia da Informação e Comunicação: Uma Nova Área da Odontologia
Aplicada ao Ensino”
Profa. Ana Estela Haddad - Diretora de Programas - Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação na Saúde do Ministério da Saúde / USP.
•14h00 às 15h30: “Experiências exitosas dos Projetos Pró-Saúde e PET Saúde”
•15h30: Intervalo
•16h00: “A Formação Profissional para Gestão: na Academia, na Política e na Administração”
Prof. João Carlos Caetano - Universidade Federal de Santa Catarina
•16h40: “Trabalho no Serviço Público e Formação Odontológica”
Prof. Paulo Sávio Angeiras de Góes - Coordenador do Curso de Especialização em Odontologia e
Saúde Coletiva FOP-UPE
•16h30 às 17h30: Reunião Paralela: Reunião de Coordenadores de Residência em Odontologia
Coordenação: Prof. Daniel Rey de Carvalho - Diretor do Curso de Odontologia da
Universidade Católica de Brasilia
Dia 12 – SEXTA-FEIRA •08h00 às 17h00: Apresentação de Posteres •08h30 às 17h00: Reunião Nacional de Teleodontologia
•08h30: “Mercado de Trabalho em Odontologia – Uma Avaliação Externa”
Prof. José Pastore - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP
•10h30: Intervalo
•11h00 às 12h00: Simpósio J&J: “Atualização e Cenário Atual do Ensino sobre o Controle Químico Diário
do Biofilme”
Prof. Dr. Claudio Mendes Pannuti
•14h00: “A Residência Multiprofissional e a Inserção do Cirurgião-Dentista”
Profa. Ana Estela Haddad - Diretora de Programas - Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação na Saúde do Ministério da Saúde / USP.
Profa. Jeanne Liliane Marlene Michel - Coordenadora Geral de Residencias de Saúde - CGRS/
DHR/SESu/MEC
•15h00: “Saúde Bucal no Brasil: Panorama Atual e Perspectivas Futuras”
Prof. Gilberto Alfredo Pucca Junior - Coordenador Nacional de Saúde Bucal do Ministério da
Saúde
•16h00: Intervalo
•16h00: “Seminário Ensinando e Aprendendo”
•16h30: “Formação para o Ensino na Saúde: Órgão de Fomento (CAPES) e a Formação Docente”
Prof. Livio Amaral - Diretor de Avaliação da CAPES
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7
Prof. Adair Luiz Stefanello Busato - Coordenador do Curso de Odontologia da Universidade
Luterana do Brasil (ULBRA)
Profa. Maria Celeste Morita - Presidente da ABENO
•18h00: Reunião da Comissão de Ensino; Reunião do Conselho Fiscal
Dia 13 – SÁBADO
•08h30: Reunião da Diretoria e da Comissão de Ensino
•10h00: Assembléia Geral
•12h00: Encerramento
I Mostra de Experiências Exitosas
dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e
Telessaúde da área de Odontologia
Florianópolis - SC - 10 e 11 de agosto de 2011
Comissão de Avaliadores
Daniela Lemos Carcereri (UFSC)
Elaine Quedas Assis (UNICID e Uni. Guarulhos)
Elisa Emi Tanaka (UEL)
Lucimar Aparecida Britto Codato (UEL)
Luiz Roberto Augusto Noro (UFRN)
Maria Ercília de Araújo (USP)
Maria Inês Barreiros Senna (UFMG)
Maura Sassahara Higasi (UEL)
Apoio
8
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se
Contribuição do PET-Saúde para
a área de odontologia da UFPR
na consolidação das Diretrizes
Curriculares Nacionais e do SUS, nos
municípios de Curitiba e Colombo-PR
Marilene da Cruz Magalhães Buffon*, Denise Siqueira de Carvalho**, Edevar Daniel***,
Helvo Slomp Junior****, Giovana Daniela Pecharki*, Cristhiane Aparecida Mariot*****,
Cássio Murilo Ferreira******, Gisele Blitzkow S. dos Santos******, Joelcio Santos
Madureira Junior******, Débora Cássia da Costa Massaro*******, Maria Carolina
Mosimann*******, Rita Helena Bergami*******, Larissa Cristiane Geraldo*******,
Lícia Kiyomi Kamoi Kai*******
* Professora Adjunto do Departamento de Saúde Comunitária da
Universidade Federal do Paraná
** Professora Adjunto do Departamento de Saúde Comunitária Coordenadora do PET- Saúde Curitiba
*** Professor Assistente do Departamento de Saúde Comunitária Coordenador dos Programas de Residência: Multiprofissional em
Saúde da Família e Medicina de Família e Comunidade
**** Professor Assistente do Departamento de Saúde Comunitária Coordenador do PET- Saúde Colombo
***** Professora Assistente do Departamento de Saúde Comunitária
****** Secretaria Municipal de Saúde de Colombo
******* Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba
RESUMO
O PET-Saúde veio consolidar as parcerias entre a
UFPR e as Secretarias Municipais de Saúde de Colombo e de Curitiba. Essa integração conta ainda com a
participação dos Programas de Residências da UFPR:
Multiprofissional em Saúde da Família e Medicina de
Família e Comunidade no município de Colombo. As
atividades têm por objetivo a formação de um profissional com visão integral do processo saúde-doença e
com prática humanizada da assistência à saúde individual e coletiva. Os acadêmicos e bolsistas/voluntários
do PET-Saúde, sob orientação e acompanhamento de
preceptores, tutores, e residentes, participam de diversas atividades nas USF, incluindo: participação nas
reuniões de equipe, nos programas e oficinas, territorialização, visitas domiciliares, atenção integral às famílias por meio de ações educativas, preventivas e
clínico-restauradoras, realização de atividades educativas e preventivas em equipamentos sociais, como
escolas, creches, abrigos e centros de convivência.
Além disso, está sendo conduzida uma pesquisa em
duas fases para avaliar as condições de saúde bucal de
escolares e seus familiares que residem nas áreas de
abrangências das USF que participam do PET-Saúde.
Com relação aos resultados parciais da pesquisa, verificou-se que, dos 593 escolares avaliados em Curitiba,
44,0% apresentaram alta severidade à cárie dentária.
E no município de Colombo, dos 798 escolares avaliados, 36,6% apresentaram alta severidade à doença.
Por meio do PET-Saúde, as atividades desenvolvidas
possibilitam uma integração entre o ensino e o serviço,
buscando sempre a disseminação do conhecimento e
a formação de profissionais generalistas com capacidade de atender as demandas sociais.
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Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos
municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM,
Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK
Descritores
Sistema Único de Saúde. Saúde Bucal. Saúde da
Família.
D
esde 2002, encontra-se em vigência as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCNs) dos Cursos de
Graduação em Odontologia e estas sinalizam para
uma mudança paradigmática na formação de profissional crítico, capaz de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, e de levar em conta a realidade
social. As DCNs definem, em relação ao perfil do formando egresso/profissional, que o cirurgião-dentista
tenha formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção por
saúde, com base no rigor técnico e científico.
O Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde) é um programa dos Ministérios
da Saúde e Educação, destinado a viabilizar o aperfeiçoamento e a especialização em serviço, bem como
a iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos,
respectivamente, aos profissionais e estudantes da
área da saúde, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde – SUS.10 Este programa busca
aprimorar o ensino de práticas de saúde oferecido a
acadêmicos de cursos da área de saúde, incluindo a
Odontologia, nas atividades desenvolvidas junto às
Unidades de Saúde (U.S.) principalmente as Unidades com Estratégia em Saúde da Família.
O PET-Saúde veio consolidar as parcerias entre a
Universidade Federal do Paraná (UFPR) e as Secretarias Municipais de Saúde dos municípios de Colombo
(SMS-Colombo) e de Curitiba (SMS-Curitiba) em março de 2009, fortalecendo a proposta de inserção estudantes de graduação dos cursos da área de saúde o
mais precocemente possível em Unidades de Saúde da
Família (USF). O Município de Colombo, encontra-se
localizado na Região metropolitana de Curitiba, com
área de 198,7Km2. Possui uma população em torno de
213.027 (Censo 2010) sendo o 8º município em população no Paraná, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) = 0,764. O Município de Curitiba, capital
do Estado do Paraná, ocupa uma área de 434.967Km2.
Possui uma população em torno de 1.851.215 (Censo
2010), com IDH = 0,787. Os cursos da área da saúde
da Universidade Federal do Paraná já vinham de longa
data desenvolvendo atividades junto às Unidades de
Saúde. No entanto, foi a partir do Projeto do PETSaúde que surgiu a iniciativa de atividades conjuntas e
um movimento maior de integração interna entre os
cursos de saúde da UFPR. Desde então, são desenvol10
vidas atividades pelos estudantes do curso de odontologia, sob a supervisão de preceptores (profissionais
de saúde da rede municipal) e tutores (professores da
UFPR). As USFs dos municípios se transformaram no
campo de atuação desses atores que integram o programa, propiciando um rico processo de troca de saberes bem como a vivência na Atenção Primária.
Levando em conta os preceitos que regem o SUS
(dentre eles o acesso universal e equânime ao atendimento, a integralidade das ações de saúde, bem como
a hierarquização, a regionalização e a descentralização
de serviços), estas atividades, em parceria com as Secretarias de Saúde dos municípios de Colombo e de Curitiba (SMS-Curitiba) tem por objetivo a formação de um
profissional com visão integral do processo saúde-doença e com prática humanizada da assistência à saúde individual e coletiva. Partindo das diretrizes curriculares
do curso buscou-se um eixo comum ao campo de atuação sendo selecionado à promoção de saúde e a prevenção de doenças como foco de integração profissional.
O programa busca também a formação de um profissional de saúde crítico, reflexivo, preparado para atuar
em equipe e para atuar no mercado de trabalho atual.
Sob esta ótica, Merhy et al.14 (2006) afirmam que
pesar de o Sistema Único de Saúde (SUS) ser amparado
pela Constituição Federal e regulamentado por Leis, são
grandes os obstáculos para sua consolidação, os quais se
relacionam à necessidade de substituição de uma prática – que, por muitas décadas, foi arraigada nos aspectos
curativos, na assistência hospitalar e na super especialidade – por outra prática que valoriza a integralidade, o
cuidado humanizado e a promoção da saúde. O principal indício de que será possível implantar um novo modelo de atenção está na formação profissional condizente com as novas necessidades das práticas em saúde.
Teixeira e Paim17 (1996) expressam que, embora a
formação profissional seja condicionante dos serviços
de saúde, este funciona como determinante da formação, o que implica a necessidade de mudanças no sistema de saúde e na concepção da sociedade, para que
seja possível reorientar a formação. Impõe-se, portanto, um grande desafio às instituições comprometidas
com a formação de profissionais para a área da saúde,
pois é preciso considerar que as ações de saúde se desenvolvem em cenários complexos e extremamente
heterogêneos, e que devem ter como foco as necessidades de saúde da comunidade, e, como norte, a construção do SUS.7 Na busca de se favorecer a formação
de sujeitos com visão ampliada de saúde, ativos e comprometidos com a transformação da realidade, consi-
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Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos
municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM,
Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK
derando a complexidade que a caracteriza, faz se necessário introduzir novas formas de organizar e
produzir o conhecimento, até então representado pela
disciplinaridade, fragmentação do objeto e crescente
especialização.1 Na integração PET-Saúde UFPR e o
Município de Colombo, também participam as Residências: Multiprofissional em Saúde da Família e a
Medicina de Família e Comunidade, ambas da UFPR
e tem como cenário de prática as Unidades de Saúde
do Município de Colombo. Neste contexto, o trabalho
em equipe multiprofissional constitui uma importante
ferramenta na abordagem das múltiplas dimensões
que envolvem as ações de saúde, e o desafio é produzir
um novo saber, oriundo dos processos de reflexão a
respeito da complexa tarefa do cuidado às necessidades de saúde das pessoas, famílias e comunidade.13
MATERIAL E MÉTODOS
Os Programas PET-Saúde/UFPR nos municípios
de Curitiba e Colombo foram submetidos ao Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP) da UFPR e aprovados sob
o registro 772.107.09.08.
Nos referidos programas ocorre a inter-relação de
acadêmicos das disciplinas de Saúde Coletiva do curso
de Odontologia da UFPR com monitores bolsistas/voluntários selecionados que já realizaram essas disciplinas. Os monitores auxiliam o preceptor e professor nas
atividades previstas que serão descritas posteriormente.
Em Curitiba, os acadêmicos de Odontologia e bolsistas/voluntários estão com atividades PET-Saúde em
seis Unidades de Saúde com Estratégia em Saúde da
Família do município:
• US Estrela,
• US Tarumã,
• US Umbará,
• US Vila Esperança,
• US Lotiguaçu e
• US Vila Leonice.
No município de Colombo, os acadêmicos de
Odontologia e bolsistas/voluntários estão com atividades PET-Saúde em três Unidades de Saúde com
Estratégia em Saúde da Família:
• US Jardim das Graças,
• US Alexandre Nadolny,
• US São Domingos.
Nestas Unidades de Saúde, os alunos também contam com o apoio das residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e a
Medicina de Família e Comunidade- UFPR que atuam
no referido município.
Os acadêmicos e bolsistas/voluntários do PET-Saúde, juntamente com os residentes, participam das atividades em todas as fases, do planejamento à avaliação.
Todo material didático-pedagógico utilizado é confeccionado pelos acadêmicos e monitores bolsistas, sob
orientação e supervisão dos preceptores, tutores, monitores e residentes. As atividades são desenvolvidas
utilizando as instalações físicas da USF, das escolas e
salões de igrejas dentro da área de abrangência da USF.
Para o planejamento das ações, os acadêmicos e
bolsistas do PET-Saúde:
• Observam a estrutura e funcionamento de cada
U.S. Conhecem in loco, a proposta da ESF, o planejamento local, o controle social, programas
desenvolvidos pela Unidade, e como ocorre a integração com a comunidade;
• Participam do processo de territorialização de
micro-áreas de acordo com a programação existente e do início de acompanhamento da equipe
local nos trabalhos de área.
• Realizam visitas domiciliares e aplicam um estudo
de caso da família escolhida (referente à fase 2 da
pesquisa PET-Saúde) com acompanhamento das
equipes, fazendo correlação do estudo da família
com a comunidade e a sociedade de um modo geral.
• Participam das reuniões da equipe, discussão de
casos e levantamento de outros dados necessários
para o estudo de caso;
• Desenvolvem outros levantamentos epidemiológicos para maior compreensão do local e suas
necessidades.
• Prestam atenção integral às famílias com ações:
educativas, preventivas e clínico-restauradoras.
• Realizam atividades educativas e preventivas nas
escolas, creches, abrigos e centros de convivência.
• Participam das oficinas dos programas: gestantes,
puericultura e hiperdia, juntamente com os residentes.
E para avaliar as condições de saúde bucal de escolares e seus familiares, residentes nas áreas de abrangências das Unidades de Saúde que participam do
PET-Saúde nos municípios de Colombo e Curitiba, está
sendo realizada uma pesquisa dividida em duas fases:
• 1ª fase - Coleta de dados de estimativa rápida
para avaliação de severidade da doença cárie dentária em escolares de 1º e 4º (7 a 10 anos) de escolas municipais de Curitiba e Colombo
• 2ª fase - Coleta de dados de famílias de escolares
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Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos
municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM,
Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK
com alta severidade de cárie em Curitiba e Colombo.
A estimativa rápida para avaliação da severidade
de doença cárie considerou os seguintes aspectos:
• presença de cárie evidente em decíduos,
• presença de cárie evidente em permanentes,
• lesões brancas (cárie inicial),
• presença evidente de biofilme dental (placa bacteriana),
• presença evidente de sangramento gengival,
• fatores retentivos de biofilme dental (exs: raízes
residuais, cálculo, má posição dos dentes).
E os critérios para determinação de severidade de
doença cárie foram os seguintes (adaptado de Pattussi et al., 2006; Folayan et al., 2008):
• Alta severidade de cárie: 03 (três) ou mais lesões
cariosas, incluindo lesão branca.
• Média severidade de cárie: até 02 (duas) lesões
cariosas, incluindo lesão branca.
• Baixa severidade: nenhuma cárie evidente ou lesão branca de cárie.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com relação aos resultados parciais no que tange
à pesquisa do PET-Saúde, verificou-se que, dos 593
escolares avaliados em Curitiba, 261 (44,0%) apresentaram alta severidade à cárie dentária. E no município
de Colombo, dos 798 escolares avaliados, 292 (36,6%)
apresentaram alta severidade à doença. Os dados dos
escolares e familiares estão em fase de sistematização,
análise e interpretação.
Os familiares dos escolares avaliados em Curitiba e
Colombo e classificados com alta severidade de cárie
dentária estão recebendo visitas domiciliares para avaliação do contexto familiar: condições de moradia, hábitos
de higiene e alimentares e avaliação das condições de
saúde bucal. Do início de implantação do PET-Saúde em
2009, até o momento, foram avaliadas cerca de 110 famílias e os dados estão sendo sistematizados e analisados.
Na tentativa de reorganizar a atenção básica em
saúde em substituição à prática assistencial vigente,
voltada para a cura de doenças, e também buscando
redução de custos e minimização de conflitos sociais,
o Ministério da Saúde5 assumiu, em 1994, o desafio de
incorporar em seus planos de ações e metas prioritárias o Programa Saúde da Família (PSF). Embora rotulado como programa, o PSF, por suas especificidades, foge à concepção usual dos demais programas
concebidos pelo MS, pois não é uma intervenção ver12
tical e paralela às atividades dos serviços de saúde. Pelo
contrário, caracteriza-se como estratégia (ESF) que
possibilita a integração e promove a organização das
atividades em um território definido com o propósito
de enfrentar e resolver os problemas identificados.
Para que os bolsistas/voluntários do PET-Saúde e
acadêmicos do curso de Odontologia possam compreender porque a Estratégia em Saúde da Família (ESF)
incorpora e reafirma as diretrizes e os princípios básicos
do SUS e se alicerça sobre três grandes pilares: a família,
o território e a responsabilização, além de ser respaldado
pelo trabalho em equipe; ele participa do processo de
territorialização de micro-áreas de risco e realizam visitas
domiciliares e aplicam um estudo de caso da família escolhida com acompanhamento das equipes, fazendo
correlação do estudo da família com a comunidade e a
sociedade de um modo geral. Para a ESF, a família deve
ser entendida de forma integral e em seu espaço social,
abordando seu contexto sócio econômico e cultural,
considerando que é nela que ocorrem interações e conflitos que influenciam diretamente a saúde das pessoas.6
As diretrizes da Estratégia Saúde da Família tiveram como objetivo romper com o comportamento
passivo das equipes de saúde e estender as ações de
saúde para toda a comunidade. Suas ações devem ser
interdisciplinares. A equipe deve também se responsabilizar pela população adstrita em seu território,
resgatando os vínculos de compromisso e de co-responsabilidade entre ela e a população, reorganizando
a atenção básica e garantindo a oferta de serviços
dentro dos princípios de universalidade, acessibilidade, integralidade e equidade do SUS.
O trabalho das equipes de Saúde da Família está
fundamentado nos referenciais teóricos de vigilância
e promoção da saúde. Assim, devem atuar a partir da
oferta organizada de serviços, planejando seu processo de trabalho de forma não somente a atender à demanda que vem espontaneamente aos serviços de
saúde, mas, especialmente, a desenvolver ações para
as pessoas que ainda não conhecem ou não frequentam o serviço de saúde. Para tanto, é necessário que
conheçam o seu território e as pessoas moradoras nessa área e tenham como rotina de trabalho a realização
da visita domiciliar. De acordo com Vasconcelos18,19
(2001), as equipes devem atuar na perspectiva de ampliar e fortalecer a participação popular e o processo
de desenvolvimento pessoal e interpessoal. Para isso,
o trabalhador em saúde deve ter disponibilidade interna de se envolver na interação com os usuários e o
compromisso de utilizar a comunicação como instru-
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Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos
municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM,
Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK
mento terapêutico e promotor da saúde. Nesse sentido, indivíduos e famílias devem ser assistidos antes do
surgimento de problemas e agravos a sua saúde.
Por meio da integração com as Equipes de Saúde
da Família (ESF), os bolsistas/voluntários do PET-Saúde e acadêmicos foram levados a conhecer a realidade
do novo modelo de assistência à saúde, participando
de atividades freqüentemente realizadas com a população e promovendo novas ações de educação e promoção em saúde. Esta vivência propicia o aprendizado
ao bolsista/voluntário tornando-o apto a trabalhar
com as atividades de promoção em Saúde, regulares e
de qualidade bem como procedimentos preventivos e
clínicos reabilitadores prioritários junto às Unidades
de Saúde da Família (USF) e suas áreas de abrangência,
que se configuram como campo de atuação, sob a ótica a crescente importância que a estratégia de Saúde
da Família assume no contexto da saúde nacional, o
que justifica a necessidade de se formar profissionais
com perfil e capacitados para atuar de acordo com o
modelo da atenção primária em saúde.
A partir da implantação do SUS, o trabalho educativo necessitou ser reestruturado de forma a contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população. Passou a ser pautado pelo entendimento da
determinação social do processo saúde e doença, enfatizando que as inserções dos indivíduos nos meios
de produção, refletem-se nos diferentes riscos de adoecer e morrer; pela adoção de um processo pedagógico problematizador, que valorize a reflexão crítica
do cotidiano e pelo reconhecimento do direito à saúde como um valor inalienável do indivíduo.18,19 Nesse
sentido, o Ministério da Saúde vem apontando a necessidade de investimentos na Estratégia Saúde da
Família e na educação popular em saúde como proposta a ser desenvolvida pelas equipes de saúde.
A educação em saúde passou a ser vista como uma
importante estratégia de transformação social, devendo
estar vinculada às lutas sociais mais simples e ser assumida
pela equipe de saúde, reorientando as práticas de saúde
e as relações que se estabelecem entre o cotidiano e o
saber da saúde. Ao refletir sobre a educação do futuro,
Assmann4 (1998) afirma que “educar é fazer emergir vivências do processo educativo”. Nesse sentido, a educação
deve propiciar experiências de aprendizagem e de criatividade para construir conhecimentos e desenvolver
habilidades para acessar fontes de informação sobre assuntos variados. A educação em saúde deve estar voltada
para entender a educação não só como melhoria pedagógica, necessária para desenvolver a reflexão crítica, mas
voltada para o compromisso da transformação social.
O Programa de Residência Multiprofissional em
Saúde da Família e o PET-SAÚDE da UFPR estão atuando conjuntamente em US com ESF no município de
Colombo em relevantes ações em saúde. Um delas é
promover atenção integral à saúde da gestante e do
feto. A atividade ocorre durante a primeira consulta de
pré-natal, realizada semanalmente para um grupo de
três a quatro gestantes, e também por meio de oficina
para as gestantes. A primeira consulta do pré-natal é
realizada pela enfermeira e inclui atividades de educação em saúde. Em seguida, a(o) cirurgiã(ão) dentista
residente e a acadêmico(a) de Odontologia realizam:
instrução de higiene bucal, orientação sobre as doenças
bucais mais prevalentes, as mudanças que ocorrem na
cavidade bucal da gestante e a importância da saúde
bucal para a saúde da gestante e do feto, a gestante
também é encaminhada para atendimento odontológico, caso necessário. Já a oficina de gestantes é realizada mensalmente com atividades educativas da odontologia, enfermagem, nutrição, atenção farmacêutica e
medicina. Por meio dessa experiência, verifica-se que
a inserção da odontologia na equipe multiprofissional
possibilita a criação do vínculo com as gestantes, favorecendo o autocuidado, além de propiciar aos profissionais a troca de saberes, aspecto de suma importância
para um efetivo trabalho multiprofissional. Para o acadêmico de Odontologia o conhecimento da relação
entre as condições de vida da gestante e seus agravos à
saúde bucal, bem como, da organização da atenção à
saúde bucal da gestante no município de Colombo.
Outra atividade realizada em parceria entre os programas é a proposta de trabalho sobre A Educação em
Saúde realizada em grupos com obesidade; pois a obesidade é um problema de saúde pública, devido sua alta
incidência e prevalência, por isso a atenção primária à
saúde deve ser resolutiva para alcançar a promoção da
saúde e prevenção da obesidade e redução do peso. Este
estudo é realizado na US Jardim das Graças com a equipe de residentes multiprofissional em Saúde da Família
e o Programa de Educação Tutorial para a Saúde (PETSAÚDE), com atividades de de educação em saúde com
um grupo de crianças e adolescentes obesos identificados nas consultas com a nutricionista residente. Com
vistas às ações de educação em saúde multiprofissional,
a equipe de saúde formou um grupo com reuniões mensais, o qual se reúne no Centro de Convivência, próximo
à U.S. para trocar experiências sobre alimentação saudável junto à Nutricionista residente. A Odontologia
(residente e acadêmicos) abordam a prevenção de cá-
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Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos
municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM,
Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK
ries e doenças periodontais, orientando sobre o uso
racional do açúcar e incentivando e orientando sobre a
higiene bucal. A farmacêutica aborda a medicação para
perda de peso: indicações e contra-indicações. Percebese assim, que a educação em saúde no grupo não está
somente focada na doença (obesidade), apontando
como principal foco a qualidade de vida do usuário
inserido no meio (família e comunidade).
Na perspectiva da promoção da saúde, as práticas
educativas assumem um novo caráter, uma vez que seu
eixo norteador é o fortalecimento da capacidade de
escolha dos sujeitos. No entanto, para que isso ocorra,
as informações sobre saúde necessitam serem trabalhadas de forma simples e contextualizadas, instrumentalizando as pessoas para fazerem escolhas mais
saudáveis de vida. Nesse sentido, Libâneo12 (1994),
conceitua a prática educativa como o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências
culturais que os tornam aptos a atuar no meio social
e a transformá-lo. Para que as pessoas possam fazer
escolhas mais saudáveis de vida, é necessário que haja
um processo de interação entre o conteúdo teórico e
a experiência de vida de cada um e o estabelecimento
da confiança e da vinculação do usuário ao serviço de
saúde e ao profissional. Ao desencadear um diálogo
com o usuário, o trabalhador da saúde deve certificarse de que ele entenda o conteúdo que está sendo discutido ou informado, pois, caso não isso não ocorra,
a sua saúde pode estar sendo colocada em risco em
razão do não estabelecimento do processo comunicativo. Mesmo tendo sido questionadas nos últimos anos,
as práticas educativas ainda seguem um modelo autoritário, em que os trabalhadores da saúde continuam
a fazer prescrições sobre o comportamento mais adequado para ter saúde e a população acata sem questionar ou relacionar esses conteúdos à sua realidade.
Ainda hoje, vemos que as práticas educativas nos serviços de saúde obedecem a metodologias tradicionais
e não se preocupam com a criação de vínculo entre
os trabalhadores em saúde e a população.
Com a inserção do Programa foi possível o reconhecimento, a partir da apropriação da realidade local, da
condição de vida da população e seus agravos à saúde.
O estabelecimento da relação entre perfil de grupo
populacional e condições de vida subjetivas, a partir do
estudo de um caso familiar. A percepção da importância do levantamento das necessidades das famílias como
base para as ações de Promoção, Prevenção e Recuperação da Saúde na ESF. O estabelecimento da devida
correlação entre as ações de saúde objetivando seu pla14
nejamento, execução, registro e avaliação como meios
de sistematização, organização e evolução dos mesmos.
A evidenciação da importância das ações de Educação
em Saúde, de caráter eminentemente relacional (tecnologias leves), desenvolvidas na ESF. A compreensão
sobre o papel fundamental dos profissionais de saúde
coletiva em face da sua responsabilidade, compromisso,
solidariedade, habilidade técnica e capacidade de atuação multiprofissional voltada para uma ação conjunta
e totalizadora da ESF. E o aumento no interesse para a
pesquisa, por meio da análise de dados e das demandas
suscitadas, para uma maior efetividade nas ações de
saúde de modo geral. Bem como conhecer a rotina e
os programas odontológicos desenvolvidos dentro de
uma Unidade de Saúde.
Dentre os diversos espaços dos serviços de saúde,
Vasconcelos18,19 (1999) destaca os de atenção primária
como contexto privilegiado para desenvolvimento de
práticas educativas em saúde. Considerando as especificidades destes serviços que têm como base o estabelecimento do vínculo com a comunidade adscrita
e a ênfase nas ações preventivas promocionais. Nesta
perspectiva a educação em saúde tem sido cada vez
mais requisitada, considerando o baixo custo e as possibilidades de impacto no âmbito público e coletivo.
Neste contexto as atividades desenvolvidas pelo PETSaúde contemplam com ênfase as ações de educação
em saúde por toda a equipe, pois considera estas atividades imprescindíveis para que ocorram mudanças de
hábitos e de comportamento que resultem na adoção
de medidas preventivas aos agravos à saúde bucal, contribuindo com a mudança do perfil epidemiológico.
CONCLUSÃO
A vivência proporcionada pelo PET-Saúde integrada ao Programa de Residência Multiprofissional em
Saúde da Família tem possibilitado uma excelente atividade prática propiciando a inserção dos estudantes
o mais precocemente possível em USF, além de ampliar
os horizontes para uma realidade no campo da saúde
coletiva, bem como a relação entre equipes e profissionais de saúde. As atividades realizadas viabilizam experiências concretas pertinentes a formação do acadêmico de saúde trabalhando-se nos marcos de uma ética
comunitária aplicada, de modo impactante, instituindo uma ação voltada à promoção em saúde, sob a ótica da formação de profissionais capazes e comprometidos com a realidade local e social. Dessa forma, as
atividades desenvolvidas possibilitam uma integração
entre o ensino e o serviço, buscando sempre a dissemi-
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Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos
municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM,
Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK
nação do conhecimento e a universidade cumpre o
seu papel de formar profissionais generalistas com capacidade de atender as demandas sociais.
ped Clin Integr. 2004;4(1):47-51.
3. Andrade SM, Soares DA, Cordoni Júnior LC. (orgs.). Bases da
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4. Assmann H. Reencantar a educação: rumo à sociedade apren-
ABSTRACT
Contribution of the PET-Health program to
UFPR’s Dentistry area in consolidating the national
curriculum guidelines and the Unified Health System
(SUS) in the cities of Curitiba and Colombo, PR
The PET-Health program consolidates the partnership between UFPR and the Department of Health
in the cities of Colombo and Curitiba. This integration
also includes the participation of UFPR Residency
Programs: Multidisciplinary in Family Health and
Family and Community Medicine programs in the city
of Columbo. The activities are aimed at training a professional with a comprehensive approach to the
health-disease process and with the ability to practice
humane healthcare at the individual and collective
levels. Students and monitors, under the guidance and
supervision of tutors, mentors, and residents participate in various activities in the USF, including: participation in group meetings, programs and workshops, assignment of regions and home visits, and
comprehensive family care through educational, preventive and clinical-restorative actions, besides educational and preventive activities in social facilities such
as schools, daycare centers, shelters and community
centers. In addition, a study is being conducted in two
phases to evaluate the oral health status of the schoolchildren and their families who reside in areas covered
by the USF taking part in the PET-Health program.
With respect to the partial results of the survey, it was
found that 44.0% of 593 schoolchildren in Curitiba
had highly severe dental caries, and in the city of Columbus, 36.6% of 798 schoolchildren showed a highly severe degree of the disease. PET-Health activities
enable integration between teaching and service, always striving to disseminate knowledge and to train
general practitioners able to meet social demands.
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Recebido em 07/07/2011
Integrada de duas Universidades Privadas. Pesq Bras Odonto-
Aceito em 25/07/2011
Revista da ABENO • 11(1):9-15
15
Vivência da odontologia no PET-Saúde
da Família da UFAL. Aprendizado de
ações coletivas baseado no ensinopesquisa-extensão acadêmicos
Antonio Carlos de Souza Neto*, Adeane Loureiro de Almeida***, Paulo Rosa dos Santos
Junior**, Izabel Maia Novaes****
* Cirurgião-dentista graduado pela UFAL, ex-bolsista do Programa
** Graduando de Odontologia da UFAL, atual bolsista do Programa
*** Cirurgiã-dentista graduada pela UFAL, especialista em Saúde
Pública pela UGF, Preceptora do Programa
**** Mestre em Saúde Coletiva pela UFPE, Professora da Disciplina
Saúde Coletiva, Tutora da Odontologia do Programa
RESUMO
O ensino da Odontologia contemporânea pauta-se
pelo tripé acadêmico do ensino, da pesquisa e da extensão. Baseando-se nesses princípios, o Programa de
Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde)
busca fazer a ligação do ensino teórico com a vivência
prática, levando os alunos para fora dos muros da faculdade com a extensão, e estimulando-os também a
realizar a pesquisa. Assim, o presente trabalho tem
como objetivos relatar as atividades desenvolvidas segundo os objetivos do PET-Saúde da Família, as dificuldades e resultados esperados das ações propostas,
assim como apontar as dificuldades encontradas para
o seu desenvolvimento. Desde sua implantação até os
dias atuais, o PET-Saúde da Família da UFAL realiza
seleções anuais de alunos, tendo como pré-requisito a
aprovação na disciplina Saúde Coletiva II da grade
curricular, além de capacitações teórico-práticas, seguidas do estágio propriamente dito, onde a teoria apreendida seria aplicada à prática. Como resultados podem ser citados a diminuição de procedimentos
curativos e aumento dos procedimentos preventivos,
o incentivo à pesquisa, a apresentação de trabalhos de
vivência em congressos e o despertar do interesse pela
carreira acadêmica. Conclui-se que a realidade encontrada nas USF diverge dos conteúdos teóricos apreendidos quando observadas questões relacionadas à cobertura da população, acesso aos Serviços de Saúde,
precárias condições de moradia, baixos níveis de escolaridade e de poder aquisitivo, porém conclui-se ainda
16
que o PET-Saúde da Família propõe mudanças nessa
situação, fazendo-se presente o acolhimento humanizado do paciente, olhar holístico do ser, tendo a saúde
como multifatorial e de tratamento multidisciplinar.
Descritores
Saúde Coletiva. Odontologia. Experiência.
O
ensino da Odontologia contemporânea pauta-se
pelo tripé acadêmico do ensino, da pesquisa e da
extensão. Baseando-se nesses princípios, o Programa
de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde)
busca fazer a ligação do ensino teórico com a vivência
prática, levando os alunos para fora dos muros da faculdade com a extensão, e estimulando-os também a
realizar a pesquisa. O PET-Saúde gera a integração
ensino-serviço-comunidade, direcionadas para o fortalecimento de áreas estratégicas para o Sistema Único
de Saúde – SUS e, de acordo com seus princípios e
necessidades, o Programa tem como pressuposto a educação pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores,
preceptores (profissionais dos serviços) e estudantes de
graduação da área da saúde, sendo uma das estratégias
do Programa Nacional de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em implementação no país desde 2005.1 Além disso, o próprio programa leva à educação em saúde bucal, componente
do processo de promoção da saúde, com características
específicas, seja como prática, seja como campo de conhecimento.3 Baseando-se nisso, demonstrar a vivência
Revista da ABENO • 11(1):16-8
Vivência da odontologia no PET-Saúde da Família da UFAL. Aprendizado de ações coletivas baseado no ensino-pesquisa-extensão acadêmicos • Souza Neto AC, Almeida AL, Santos Junior PR, Novaes IM
e os êxitos alcançados, além de todo o processo para
que os mesmos ocorressem, torna-se interessante.
OBJETIVOS
Assim, o presente trabalho tem como objetivos
relatar as atividades desenvolvidas segundo os objetivos do PET-Saúde da Família, as dificuldades e resultados esperados das ações propostas, dentre elas as
palestras educativas sobre assuntos ligados à qualidade de vida, promoção da saúde e prevenção das doenças, aplicações tópicas de flúor, ações curativas,
vinculados aos objetivos do próprio PET-Saúde, assim
como apontar as dificuldades encontradas para o seu
desenvolvimento, possibilitando um feedback e com
isso uma melhoria tanto do Programa quanto do Sistema Único de Saúde, garantindo assim que a universalidade, a equidade e a integralidade, além da participação popular, descentralização, regionalização,
hierarquização, sejam apreendidas e vivenciadas.3,4,5
MATERIAIS E MÉTODOS
A metodologia utilizada foi a seguinte: em seu primeiro ano de implantação, 2009, o PET-Saúde Odontologia realizou a seleção dos alunos que iriam participar, sendo necessário ter cumprido a matéria Saúde
Coletiva III. Após a seleção houveram dois momentos:
o embasamento teórico, a partir do levantamento de
como funcionam os Serviços Públicos de Saúde na
Secretaria Estadual de Saúde, e, principalmente, da
Estratégia Saúde da Família no município de Maceió,
capacitação em parceria com o SESC-Alagoas com o
tema “Promoção da Saúde”, e multidisciplinar com
alunos, preceptores e tutores das demais áreas da saúde (medicina, enfermagem, psicologia, serviço social,
nutrição e farmácia), e suas comparações com a realidade, seja no que deveria ser feito, seja no que se tem
sido feito para com os serviços de Atenção Básica de
Saúde, demonstrando assim, as diretrizes do SUS; e
em seguida, o momento prático, que se deu através
da inserção dos alunos nas Unidades de Saúde da Família (USF), visita de apresentação, leitura de prontuários, informes e dados referentes às condições socioeconômicas da população, reconhecimento e
mapeamento de área, confecção de mapa falante, palestras educativas seguidas de escovação em grupo
com as crianças que estudavam na escola e na creche
adjuntas a USF, palestras preventivas sobre cuidados
bucais relacionados a gravidez com as gestantes, participação das reuniões do programa HIPERDIA, realizando palestras com hipertensos e diabéticos. Também houve a realização de sala de espera, avaliando
os cuidados de saúde geral e relacionando-os com a
saúde bucal, dentre outras atividades, além da inserção em eventos do Ministério da Saúde, como o SBBrasil 2010, tanto na calibração como no momento
da pesquisa epidemiológica. Salienta-se que reuniões
periódicas com todos os participantes do PET-Saúde
Odontologia eram organizadas com o intuito de compartilhar as experiências já vivenciadas, além de estimular a realização de uma pesquisa em cada USF.
Já no segundo ano, 2010, houve uma nova seleção
de alunos, e a inclusão de duas novas USF. Paralelamente à pesquisa que estava sendo realizada, três novas
linhas de pesquisa foram instituídas para o PET-Saúde
de todas as especialidades da saúde: humanização, controle social e mortalidade infantil, juntamente com
reuniões para definir os caminhos para as linhas de
pesquisas, capacitações com professores da própria
Universidade, e fóruns de discussão para acompanhar
e desenvolver as pesquisas. Com isso, além das palestras
educativas de saúde geral e saúde bucal, também houveram capacitações com a linha de pesquisa escolhida,
a humanização, para os profissionais da USF, para os
técnicos e agentes comunitários de saúde, e para a
população usuária. Essa etapa é preconizada e baseada
pelo Programa Nacional de Humanização, que existe
de desde 2003, e visa contagiar trabalhadores, gestores
e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da
humanização, fortalecer iniciativas de humanização
existentes, desenvolver tecnologias relacionais e de
compartilhamento das práticas de gestão e de atenção,
aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de
atenção e de gestão, implementar processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados
no SUS e experiências coletivas bem-sucedidas.5 Já em
2011, houve uma nova seleção, dando continuação às
pesquisas gerais e específicas. Salienta-se também que,
nesses três anos, houveram reuniões periódicas para
troca de experiências, avaliação das ações realizadas
nas USF, além do estímulo para que a interdisciplinaridade e o atendimento multiprofissional acontecessem, fosse por ser um dos princípios do Programa,
fosse pela necessidade de uma real mudança nas atitudes dos profissionais da saúde.
RESULTADOS
Dessa vivência, a inserção da Odontologia como parte integrante no cuidado integral do ser humano e também de forma coletiva, a multidisciplinaridade das especialidades da saúde de forma efetiva, a saída do
cirurgião-dentista do ambiente ambulatorial (tratando
Revista da ABENO • 11(1):16-8
17
Vivência da odontologia no PET-Saúde da Família da UFAL. Aprendizado de ações coletivas baseado no ensino-pesquisa-extensão acadêmicos • Souza Neto AC, Almeida AL, Santos Junior PR, Novaes IM
usuários individualmente em atividades curativas) para
o ambiente externo da área abrangida pela USF (atingindo o coletivo com ações preventivas), o acontecimento da interdisciplinaridade com os grupos do PET-Saúde
de outras áreas da saúde, tais como enfermagem, farmácia, serviço social, nutrição, entre outras, a execução das
pesquisas específica e geral, a promoção da saúde, a
prevenção de agravos como a cárie dentária e a periodontite, a diminuição de procedimentos curativos e
aumento dos procedimentos preventivos são resultados,
e por assim dizer, êxitos alcançados neste Programa.
Ainda podem ser citados o estímulo à pesquisa e a participação de outros projetos de extensão, a apresentação
de trabalhos de vivência em congressos e o despertar do
interesse pela carreira acadêmica, além da troca de experiências de cunho popular, da aquisição de segurança
na realização de procedimentos ambulatoriais curativos
e palestras preventivas coletivas e a participação em levantamentos epidemiológicos, como o SBBrasil 2010.
CONCLUSÃO
Conclui-se que, por mais que as propostas do Programa sejam voltadas para a melhoria da formação do aluno
e para o estreitamento da relação entre Universidade e
os Serviços de Saúde, percebe-se que a realidade encontrada nas USF diverge dos conteúdos teóricos apreendidos quando observadas questões relacionadas à cobertura da população, acesso aos Serviços de Saúde,
precárias condições de moradia, baixos níveis de escolaridade e de poder aquisitivo. Ademais, a constante falta
de material para realização dos procedimentos preventivos e curativos. Apesar disso, ainda pode-se concluir que
o PET-Saúde da Família veio fomentar a mudança dessa
situação, visto que a saúde possui caráter multifatorial,
sendo necessária a intervenção multiprofissional; também se faz presente o acolhimento humanizado do paciente, juntamente com a mudança do olhar sobre o
mesmo, passando a ser de forma generalista (olhar holístico), e não específico como antes; propõe-se o empoderamento da população, partindo do princípio do
protagonismo dos sujeitos da PNH,5 tornando-a ativa nas
suas decisões e na busca de solução desses problemas.
Por fim, conclui-se que a finalidade maior é a melhoria
no nível de qualidade de vida da população.
ABSTRACT
The dentistry experience of the PET-Family Health
Program at UFAL. Learning public health actions based
on academic teaching-researching-extension principles
The teaching of modern dentistry is guided by the
tripod of academic teaching, research and extension.
18
Based on these principles, the Education Program
through Health Work (PET-Health) seeks to link theoretical to practical experience, taking students beyond
the walls of the college with the extension leg of the tripod, and also encouraging them to perform research
activities. Thus, this study aimed at reporting the activities
developed according to the objectives of the PET-Family
Health program, and the difficulties and expected results
of proposed actions, as well as identifying problems encountered in the development of these activities. From
the time it was establishment until today, UFAL PETFamily Health conducts an annual selection of students,
with the prerequisite of being approved in the discipline
of the Public Health II curriculum, in addition to having
theoretical and practical training. This selection is followed by the internship itself, where theory is applied to
practice. The results that can be underscored are the
decrease in curative procedures and the increase in preventive care, the encouraging of research, the presentation of work experience in conventions and the awakening of interest in academic pursuits. We can conclude
that the reality found in Family Health Centers (USF)
differs from the theoretical contents grasped when issues
related to population coverage, access to health services,
poor living conditions, and low schooling and purchasing power levels are observed. However, the study concludes that PET-Family Health proposes changes in this
situation, by urging humanistic care of patients, and striving to be holistic, thus focusing on health as multifactorial and multidisciplinary.
Descriptors
Health. Dentistry. Experience. §
REFERÊNCIAS Bibliográficas
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18/05/2011; acessado em 24/06/2011. Disponível em http://
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saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.cfm?id_area= 1342.
Revista da ABENO • 11(1):16-8
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
Formação profissional em odontologia:
percepção discente da interação
curricular
Mariana Gabriel*, Elisa Emi Tanaka**
*Estudante do curso de mestrado em Clínica Odontológica da
Universidade Estadual de Londrina
**Coordenadora do Curso de Odontologia da Universidade Estadual
de Londrina/UEL
Resumo
Há algum tempo se faz necessária à mudança nos
currículos de odontologia do Brasil, com um modelo
de ensino voltado ao mercado de trabalho na qual o
estudante tenha a excelência técnica associada a um
pensamento crítico. Em 2005 ocorreu a mudança do
currículo tradicional para o transdisciplinar na Universidade Estadual de Londrina, orientados pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais de 2002 o qual almeja que o estudante consiga articular conceitos e
necessidades específicas de cada caso. Com o objetivo
de avaliar qual a percepção discente da mudança curricular ocorrida foi aplicado um questionário com
questões extraídas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE aos estudantes do quinto ano do Curso de Odontologia da primeira e segunda turma do currículo transdisciplinar e a última
turma do currículo tradicional (n = 148). Os resultados foram analisados e quantificados pelo software
estatístico SPSS versão 15.0 e Excel 2007 que possibilitou cruzar os dados das três turmas e fazer uma análise comparativa e nesse momento de renovação as
variações entre as turmas foram pertinentes para
apontar algumas mudanças ocorridas, como por
exemplo, o avanço na atuação em conjunto com outras áreas profissionais, maior compreensão de processos, tomada de decisão e resolução de problemas
no âmbito de sua área de atuação. Esses avanços não
se devem apenas a mudança metodológica, mas a uma
transformação na cultura pedagógica da instituição
que ainda está em fase de construção por meio de
ações que visam orientar adequações necessárias para
um efetivo currículo integrado.
Descritores
Educação em Odontologia. Avaliação Educacio-
nal. Estudantes de Odontologia.
E
star em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vista à construção de
uma identidade, que é também uma identidade profissional.8
O modelo de ensino superior odontológico brasileiro é predominantemente centrado na formação
técnica,9 com dificuldades para encontrar e universalizar soluções adequadas à realidade do país.
Sendo assim a educação superior deve assumir a
formação de competências para atuar na solução dos
problemas da Saúde Bucal do País.2 O objetivo é que
o aluno adquira a excelência técnica associada a um
pensamento crítico para saber o quê fazer, quando
fazer, como fazer, onde fazer, por que e para quem
fazer o que significa estabelecer um diagnóstico ampliado da situação. Preparando o profissional para
a solução dos problemas e ser ativo na construção
do seu conhecimento, conduzindo, de maneira contínua, em direção a uma formação integral e mais
humana.
Para a proposição do novo modelo de profissional
a ser formado deve ser analisado o mercado de trabalho, com suas tendências e indicações, e associar aos
dados epidemiológicos atualizados, visando um profissional mais completo em ações não apenas reproduzindo técnicas consagradas da profissão, mas assimilando as reais necessidades para desviar o foco da
doença e passar para a saúde do individuo.
Vários marcos legais históricos do Brasil1 proporcionaram transformações nas últimas décadas mediante institucionalização do Sistema Único de Saúde
(SUS) o que direcionou a formação em Odontologia
para a agregação de novos conhecimentos e tecnolo-
Revista da ABENO • 11(1):19-22
19
Formação profissional em odontologia: percepção discente da interação curricular • Gabriel M, Tanaka EE
gias até chegar ao modelo de ensino hoje observado.
Por outro lado, somente estas medidas não garantem por si só que a Universidade se integre ao
seu meio, identifique-se com seus problemas e influa
para mudar a realidade social. É necessário tratar,
especificamente, da questão da mudança do conteúdo e das práticas. Estas não são decorrência automática de qualquer mudança metodológica, mas
demandam uma transformação na cultura pedagógica da instituição.2
Em 2005 houve a mudança do currículo na Universidade Estadual de Londrina na qual temos módulos integradores das áreas de conhecimento. Não
há hierarquia entre essas áreas. O trabalho baseia-se
no planejamento coletivo dos programas e em evidências científicas educacionais, que dão suporte a
essa integração.10
Essas ações foram avaliadas e propostas coletivamente pelos docentes de várias áreas e após sua implantação inicial concorreu e foi contemplado com
recursos do Programa Nacional de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde)5 que
tem por objetivo subsidiar os cursos que se propuseram a realizar mudanças curriculares, incentivando a
integração ensino-serviço, visando à reorientação da
formação profissional assegurando uma abordagem
integral do processo saúde-doença com ênfase na
atenção básica.
O objetivo desse trabalho é conhecer a percepção
que o acadêmico de odontologia da UEL faz dessa
mudança, ou seja, se o estudante consegue identificar
esses novos conceitos, nos quais destacam a importância do aluno no seu processo de aprendizagem, a
responsabilidade do profissional da área de saúde
com as necessidades sociais, a atuação interdisciplinar
do cirurgião dentista e se as mudanças na orientação
teórica, nos cenários de prática e nas orientações pedagógicas estão surtindo efeito em seu produto final.
vido mediante pesquisa e um formulário aplicado aos
estudantes de odontologia da primeira (turma 64 –
n = 50) e segunda turma (turma 65 – n = 44) do currículo transdisciplinar e a última turma (turma 63 –
n = 54) do currículo tradicional da Universidade
Estadual de Londrina. A participação na pesquisa foi
voluntária, com obtenção do termo de Consentimento Livre e Esclarecido de cada sujeito.
As questões foram extraídas do questionário do
ENADE, Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes,3 composto por dez questões de múltiplas escolhas com cinco alternativas, as quais abordam a
percepção que o estudante faz referente à contribuição do curso na sua formação profissional e como a
instituição formadora influenciou para o desenvolvimento das competências necessárias a sua formação.
Os resultados foram analisados e quantificados
pelo software estatístico SPSS versão 15.0 e Excel 2007
que possibilitou cruzar os dados das três turmas e
fazer uma análise comparativa.
Resultados e Discussão
Após realizar a tabulação dos resultados foi possível
observar as seguintes respostas das turmas avaliadas:
Para a maioria dos estudantes a principal contribuição do curso foi à aquisição de formação profissional (Tabela 1). Tendo em vista que um dos principais problemas com os quais os recém-formados se
deparam é a dificuldade de ingressar no mercado de
trabalho de suas profissões,11 é fundamental que a
Universidade norteie esse processo fornecendo subsídios para orientar o estudante em suas decisões por
meio de indicadores e vivências práticas da profissão.
No momento atual passamos por uma desmistificação do serviço público, que com a priorização das
Políticas Públicas de Saúde Bucal, proporcionaram
diversas possibilidades de trabalho, com vínculo público exclusivo, vínculos públicos parciais e os que
não possuem vínculo empregatício com o serviço público, mas são credenciados pelo Sistema Único de
Saúde – SUS.7
Ter a percepção das possibilidades de atuação pro-
Metodologia
O método utilizado para esse trabalho baseou-se
em um estudo quantitativo e comparativo desenvolTabela 1 - Média das respostas das três turmas.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Turma 63
C
85,18%
A
42,59%
B
42,59%
B
44,44%
B
46,29%
B
35,18%
B
40,74%
B
40,74%
CeD
33,33%
B
44,44%
Turma 64
C
90.00%
A
30,00%
B
44,00%
B
56,00%
B
52,00%
B
52,00%
B
40,00%
C
40,00%
C
64,00%
C
56,00%
Turma 65
C
79,54%
B
50,00%
B
54,54%
B
38,63%
B
61,36%
B
54,54%
B
38,63%
C
38,63%
C
47,72%
C
47,72%
20
Revista da ABENO • 11(1):19-22
Formação profissional em odontologia: percepção discente da interação curricular • Gabriel M, Tanaka EE
fissional pode contribuir positivamente na inserção
no mercado de trabalho do recém-formado mesmo
que sua opção seja pautada na atuação privada.
Quanto à atuação ética, com responsabilidade social, para a construção de uma sociedade includente
e solidária as turmas 63 e 64 acreditam que o Curso
contribuiu amplamente, já à turma 65 a maioria acredita ter contribuído parcialmente. Se relacionarmos
os inúmeros problemas de Saúde Bucal que o Brasil
vive no momento atual e o papel da Universidade
como instrumento de inclusão proporcionando ações
coletivas de grande peso social, observamos que embora exista um avanço ainda estamos em déficit para
um modelo social homogêneo. Essa postura mais crítica por parte do estudante aponta o aumento do
nível de compreensão com a realidade da saúde pública, certamente devido à aproximação com diferentes eixos de atuação do profissional da saúde que o
estudante está sendo apresentado durante a sua formação, evidencia também a transformação na postura por meio de profissionais mais comprometidos
com a sociedade.
Em relação à organização, expressão, comunicação do pensamento, raciocínio lógico e análise crítica
as três turmas na sua maioria acreditam que o curso
contribuiu parcialmente, de acordo com uma das
mudanças de paradigmas que ocorreu na organização curricular deve-se buscar estabelecer uma nova
relação entre professor-aluno, em que o docente seja
capaz de incluir os estudantes como componentes
ativos no processo ensino-aprendizagem motivados e
cientes da sua importância, buscando caminhos alternativos em que o professor é facilitador e mediador
desse processo.6
Porém para que estas mudanças se concretizem é
necessário transformações da rotina docente e por
este motivo encontram-se muitas resistências por parte dos professores, o que o causa no estudante certa
insegurança em assumir a responsabilidade de sua
formação.
Quanto à compreensão de processos, tomada de
decisão e resolução de problemas no âmbito de sua
área de atuação a maioria também respondeu que o
curso contribuiu parcialmente, no entanto observamos maior porcentagem positiva, nessa alternativa,
da turma 65, mostrando que a integração dos módulos está cada vez mais favorecendo a resolubilidade
clinica desejada capacitando o estudante a atuar com
rigor técnico e cientifico associado pensamento crítico buscando a saúde. A autoconfiança está diretamente relacionada ao desenvolvimento da competência
de tomada de decisão que deve ser baseada em raciocínio lógico para construção de diagnóstico ampliado. Saber diagnosticar favorece a tomada de decisão,
pois permite uma abordagem completa da situação
fazendo com que os procedimentos sejam suportados
e realizados de maneira mais segura e correta.
Atuação em equipes multi, pluri e interdisciplinares e observação, interpretação e análise de dados e
informação, os estudantes da turma 63 responderam
em menor quantidade que foi contemplada em relação à turma 64 e 65, sendo essa proporção já esperada, pois as turmas do currículo transdisciplinar foram
contempladas com o programa de educação tutorial
em saúde PET-Saúde, uma estratégia do Pró-Saúde
que proporciona a aproximação e a integração ensino-serviço como uma forma de aprendizagem fazendo com que o estudante conheça a organização, planejamento e gestão dos serviços de saúde do
município e região, além de atuar diretamente com
a população em equipes multidisciplinares ampliando seus conhecimentos e articulando com a promoção de saúde por meio de indicadores epidemiológicos de diversas áreas colhidos dentro das Unidades
Básicas de Saúde que os estudantes atuam.
Essa aproximação com a epidemiologia associada
à vivência das Unidades e territórios de abrangência
também favoreceu a observação, interpretação, análise de dados e informação, as três turmas acreditam
terem sido contempladas.
Na questão da utilização de procedimentos de
metodologia científica e de conhecimentos tecnológicos para a prática da profissão a maioria se sente
parcialmente contemplados. A mudança curricular
orienta que seja elaborado um trabalho de conclusão
de Curso sob orientação docente,4 objetivando estimular o raciocínio crítico aplicado e global desde o
primeiro ano.
A Universidade busca através de projetos de ensino,
extensão e iniciação cientifica recursos para proporcionar aos estudantes melhor contato com inovações
tecnológicas no exercício da profissão, no entanto a
demanda de recursos algumas vezes é insuficiente.
Em relação à assimilação crítica de novos conceitos as respostas foram menos favoráveis das turmas 64
e 65, talvez devido à dificuldade de compreender que
mais do que conhecer técnicas e desenvolver habilidades sofisticadas a graduação deve fornecer subsídios para se conseguir desviar o foco da doença e
passar para a saúde do individuo e para isso se faz
necessário saber articular conceitos das ciências básicas dentro da prática clínica.
Revista da ABENO • 11(1):19-22
21
Formação profissional em odontologia: percepção discente da interação curricular • Gabriel M, Tanaka EE
Considerações Finais
Tendo em vista a fase de transição curricular que
o curso de odontologia da Universidade Estadual de
Londrina vivência a avaliação discente é satisfatória.
Os estudantes em sua maioria se sentem contemplados ou parcialmente contemplados aos questionamentos propostos durante a avaliação em relação a
sua formação.
Mudanças significativas na visão discente puderam ser observadas, um senso mais crítico em relação
à formação nas turmas do currículo transdisciplinar
em comparação ao tradicional, apontando a evolução
na autonomia adquirida durante a formação.
Avanços na prática da profissão demonstram que
a Universidade está conseguindo avançar com a mudança proposta, embora existam dificuldades, os estudantes estão mais próximos da realidade do país e
mais competentes nas suas atividades.
Esses avanços não se devem apenas a mudança metodológica, mas a uma transformação na cultura pedagógica da instituição que ainda está em fase de construção por meio de ações que visam orientar adequações
necessárias para um efetivo currículo integrado e para
isso as avaliações devem continuar acontecendo.
areas, greater understanding of processes, professional decision making and problem solving. This
progress is not just a methodological change, but a
transformation in the teaching culture of the institution, still being constructed through actions designed
to guide necessary adjustments for an effective integrated curriculum.
Descriptors
Education, Dental. Educational Measurement.
Students, Dental. §
Referências Bibliográficas
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Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Eduel, 2001.
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4. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE- CES 3,
de 19/02/2002. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais
Abstract
Professional dentistry training: students’ perception
of curricular interaction
A change in Brazil’s Dentistry curriculum is long
overdue. Its teaching model should be geared toward
the job market, in which the student can associate
technical expertise with critical thinking. In 2005,
there was a change from the traditional Flexnerian to
the transdisciplinary curriculum at the State University of Londrina, guided by the National Curriculum
Guidelines of 2002, the aim of which was to enable
students to interconnect the concepts and specific
needs of each case. In order to ascertain students’
perceptions of curriculum changes, a survey with
questions taken from the National Survey of Student
Performance (ENADE) was applied to fifth year Dentistry students (n=148) from the first and second class
of the transdisciplinary curriculum and from the last
class of the traditional curriculum. The results were
analyzed and quantified by SPSS version 15.0 and
Excel 2007 statistical software that allowed cross referencing the data from the three classes and making
a comparative analysis. At a time of renewal such as
this, the variations between classes have made it possible to identify some changes, such as the progress
made in joint operations with different professional
22
do curso de Graduação em Odontologia. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, 04 de março de 2002.
Seção 1, p. 10.
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Revista da ABENO • 11(1):19-22
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
O portfólio como estratégia facilitadora
do processo de ensino-aprendizagem
para a formação em odontologia.
Adequação de metodologias de ensino
utilizando o ambiente virtual de
aprendizagem
Myrna Maria Arcanjo Frota*, Léa Maria Bezerra de Menezes**, Carlos Henrique
Alencar***, Lidiane da Silva Jorge****, Maria Eneide Leitão de Almeida**
*Aluna do Curso de Graduação de Odontologia/FFOE/UFC
**Professora Adjunta do Curso de Odontologia/FFOE/UFC
***Professor substituto da Faculdade de Medicina/UFC
****Aluna do Programa de Pós-Graduação em Odontologia/UFC
RESUMO
A busca de conhecimento, a criatividade e a produção escrita são incentivadas quando se utiliza o
portfólio como instrumento de aprendizagem. Esse
trabalho tem como objetivo avaliar o portfólio como
um instrumento facilitador do processo de ensinoaprendizagem para a formação em Odontologia.
Trata-se de uma pesquisa descritiva e transversal, realizada no semestre letivo de 2010.2 no Curso de
Odontologia/UFC. Foi aplicada aos acadêmicos regularmente matriculados nas disciplinas de Metodologia Científica aplicada a Odontologia I e Saúde
Coletiva II, totalizando 60 alunos e aos 03 professores
das referidas disciplinas. A coleta de dados foi feita
por meio de questionários eletrônicos utilizando-se a
lista de email cadastrado no ambiente virtual de
aprendizagem. Para análise, as informações obtidas
foram organizadas em um banco de dados no Excel
e posteriormente, analisados no programa estatístico
Epi-info versão 3.5.1. A pesquisa foi submetida à apreciação e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa,
protocolo nº 157/10. Analisando os questionários dos
alunos, 100% avaliaram o portfólio como excelente
ou bom como método de avaliação; Cerca de 98,3%
dos discentes afirmaram que o portfólio é melhor em
termos de aprendizagem que as provas tradicionais;
e 100% dos alunos afirmaram que a metodologia de
ensino-aprendizagem utilizando o portfólio facilita o
processo de aprendizagem. Todos os professores acre-
ditam que é maior o rendimento dos alunos quando
é usado o portfólio e que este facilita a aprendizagem.
Concluiu-se que a utilização do portfólio é um instrumento pedagógico válido, bem aceito pelos alunos e
que pode ser empregado no ensino odontológico.
DESCRITORES
Ensino. Educação em Odontologia. Avaliação
Educacional.
O
Pró-Saúde tem como objetivo geral contribuir
para a promoção das políticas de inclusão social
e educação permanente em saúde, por meio da reorientação da formação profissional de trabalhadores
em saúde bucal e da integração dos processos de geração de conhecimentos, ensino-aprendizagem e
prestação de serviços de saúde à população, com foco
na atenção básica e ênfase no direito à saúde e no
cuidado e proteção à vida.
A adequação das metodologias de ensino, permitindo melhorias no desempenho acadêmico dos alunos e professores, estimulando o processo de educação permanente por meio de seminários e oficinas de
capacitação tem sido uma proposta permanente do
Projeto Pró-Saúde e especificamente, no projeto proposto pelo Pró-Saúde II que contemplou os cursos de
Farmácia, Odontologia e Psicologia da Universidade
Federal do Ceará em 2008, que possui como um dos
seus objetivos específicos, estimular novas metodolo-
Revista da ABENO • 11(1):23-8
23
O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias
de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem • Frota MMA, Menezes LMB, Alencar CH, Jorge LS, Almeida MEL
gias de estudos através de mecanismos interativos de
aprendizagem.
Dessa forma, destaca-se o uso dos ambientes virtuais de aprendizagem, pois as tecnologias de informação e comunicação possuem novas maneiras de
atuar no ensino, praticando a modalidade do ensino
à distância, que contribui para o processo de ensinoaprendizagem e facilita a comunicação entre professores e alunos. Nesse contexto, foi implementado o
uso do portfólio educacional como objeto de estudo
para os acadêmicos através do ambiente virtual de
aprendizagem, o SOLAR desenvolvido em 2002 pelo
Instituto UFC Virtual da Universidade Federal do Ceará e utilizado no Curso de Odontologia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE),
inicialmente, a partir de 2009 na disciplina de Saúde
Coletiva II (6º semestre) e em 2010, na disciplina de
Metodologia Científica Aplicada a Odontologia I (1º
semestre).
A prática de elaboração de portfólio também foi
adotada na Universidade de São Paulo. Bim-Junior e
Tomita (2008) concluíram que a percepção sobre o
processo ensino-aprendizagem mostrou aspectos críticos, éticos e cotidianos da vida acadêmica, sendo o
portfólio uma maneira de problematizar diferentes
eventos inerentes à formação profissional possibilitando a compreensão que leva ao aprendizado.
Numa pesquisa desenvolvida por Tangi e Dantas
da Silva (2008) no Curso de Enfermagem, Rio de
Janeiro, cujo objetivo foi demonstrar as potencialidades e dificuldades da utilização do portfólio reflexivo
como instrumento de aprendizagem, apontou que
um dos maiores dilemas para os estudantes foi a dificuldade mediada pela comunicação escrita quando
chamados aos relatos de suas trajetórias de vida tanto
pessoais, como nas travessias de aprendizagem ao longo do Curso de Graduação em Enfermagem.
Pode-se entender o portfólio como instrumento
facilitador da construção e reconstrução do processo
ensino-aprendizagem que permite o aluno refletir
sobre a realidade local, identificando os problemas e
analisando-os criticamente. A busca de conhecimento, a criatividade e a produção escrita são incentivadas
de modo que o aluno deverá trilhar seu próprio conhecimento acompanhado pelo professor que avaliará esse caminhar.
Segundo Hernández (2000), o Portfólio é o continente de diferentes classes de documentos (notas
pessoais, experiências de aula, trabalhos pontuais,
acompanhamento do processo de aprendizagem, conexões com outros temas fora da escola, representa24
ções visuais, dentre outros) que proporciona uma
reflexão crítica do conhecimento construído, das estratégias utilizadas, e da disposição de quem o elabora em continuar aprendendo.
Historicamente, esse instrumento vem se constituindo com diversas nomenclaturas que se diferenciam de acordo com suas finalidades e espaços geográficos. Dentre os mais correntes estão: porta-fólios,
processo-fólios, diários de bordo e dossiê. Esse instrumento já se apresenta com algumas classificações:
portfólio particular, de aprendizagem, demonstra­
tivo e, recentemente, passa-se a incluir o webfólio
(Alves, 2006).
O Portfólio é esse instrumento que reflete a trajetória desse saber construído. Também possibilita aos
alunos e professores uma compreensão maior do que
foi ensinado (Vieira, 2002).
Também é muito utilizado como meio de avaliação, esta concentra a atenção de todos (dos alunos de
um mesmo grupo, dos professores e dos orientadores)
nos trabalhos importantes dos alunos. O processo estimula o questionamento, a discussão, a suposição, a
proposição, a análise e a reflexão. Fazendo com o que
os alunos aprendam cada vez mais sobre os assuntos
discutidos em sala de aula, e não sejam simples ouvintes do processo e sim, participadores ativos.
Segundo Alvarenga (2001), o Portfólio tem como
maior objetivo ajudar o estudante a desenvolver a
habilidade de avaliar seu próprio trabalho.
Esse trabalho tem como objetivo avaliar o portfólio como um instrumento facilitador do processo de
ensino-aprendizagem para a formação em Odontologia, assim como as facilidades e dificuldades que os
alunos enfrentaram na confecção do portfólio; o grau
de aceitação do portfólio em relação aos alunos e suas
opiniões acerca desde método de ensino; identificar
as vantagens do portfólio em relação às provas tradicionais e identificar as vantagens e dificuldades dos
professores em avaliar o portfólio.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa descritiva e transversal,
realizada em Fortaleza no semestre letivo de 2010.2
no Curso de Odontologia/FFOE/UFC.
Foi aplicada aos acadêmicos regularmente matriculados nas disciplinas de Metodologia Científica
aplicada a Odontologia I e Saúde Coletiva II, totalizando 60 alunos e aos 03 professores das referidas
disciplinas ao final do período letivo.
A coleta de dados foi feita por meio de questionários eletrônicos utilizando-se a lista de email cadastra-
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O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias
de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem • Frota MMA, Menezes LMB, Alencar CH, Jorge LS, Almeida MEL
do no ambiente virtual de aprendizagem, portanto,
como critério de inclusão dos estudantes e professores, era necessário estar matriculado no SOLAR.
Como critério de exclusão dos professores, aqueles
que davam aula esporadicamente nas referidas disciplinas e não acompanhavam os alunos no SOLAR,
foram excluídos.
Para avaliar a facilidade de compreensão do instrumento como um todo e de cada item isoladamente foi realizado um teste piloto para a validação dos
questionários, sendo identificados 03 professores e
10 alunos para realizarem o referido teste. Esse grupo
sugeriu modificações, relataram as dificuldades que
tiveram, e usaram sinônimos para as palavras com
possibilidade maior de incompreensão chegando-se
à versão final do questionário.
Para análise estatística, as informações obtidas foram digitadas e organizadas em um banco de dados
no Excel e posteriormente, analisados no programa
estatístico Epi-info versão 3.5.1 para Windows. As
variáveis foram descritas com freqüência absoluta
simples e por classe, juntamente com as respectivas
freqüências relativas (percentuais) simples e acumulativas.
A pesquisa foi submetida à apreciação e aprovada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo nº
157/10. Foi aplicado um Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido para os alunos e professores.
RESULTADOS
Analisando os questionários dos alunos, 100%
avaliaram o portfólio como excelente ou bom como
método de avaliação.
Dos discentes analisados, 61,7% afirmaram que
tem dificuldade em confeccionar o portfólio.
Cerca de 60,3% dos alunos afirmam que a maior
dificuldade em confeccionar o portfólio foi devido a
necessidade de pesquisar artigos científicos e a capacidade de síntese.
Para 98,3% dos discentes o portfólio é melhor em
termos de aprendizagem que as provas tradicionais e
88,3% se sentem motivados em realizar o portfólio
em outras disciplinas.
Quando indagados se sentem seguros para estudarem sozinhos, 46,7% dos alunos responderam que
não se sentem preparados para tal; Um pouco mais
da metade dos alunos (51,7%) conseguiu realizar as
atividades propostas para a confecção do portfólio
com facilidade.
A maioria (93,3%) dos alunos considerou que o
tempo dado para a execução do portfólio foi suficien-
te e 100% dos alunos afirmaram que a metodologia
de ensino-aprendizagem utilizando o portfólio facilita o processo de aprendizagem.
Dos professores analisados, dois destes são professores de Saúde Coletiva II e um de Metodologia Científica aplicada à Odontologia I.
Todos os professores acreditam que é maior o rendimento dos alunos quando é usado o portfólio e que
este facilita a aprendizagem tanto individual como do
grupo.
Os professores analisados consideram que o tempo dado para a execução do portfólio foi suficiente e
todos eles não tiveram dificuldades em avaliar o portfólio.
Quando indagados se consideraram que os alunos
tiveram dificuldade de confeccionar o portfólio, um
professor relatou que os alunos tiveram dificuldade
em realizar o portfólio e não se sente motivado em
empregar esse método de ensino-aprendizagem em
outras disciplinas.
DISCUSSÃO
Segundo Krozeta (2008), a auto-avaliação, proporcionada pela construção do portfólio de ensino,
pode ser utilizada como um dos instrumentos de
aprendizagem e conseqüentemente mudança na formação profissional. Assim, é possível perceber que o
elevado grau de aceitação do portfólio se dá pela promoção da auto-estima, da motivação, do exercício da
autonomia, da responsabilidade e do compromisso
do aluno diante de seus dados que essa auto-avaliação
proporciona.
Entretanto, a maioria dos alunos questionados
afirmou que teve dificuldades em confeccionar o Portfólio. Essa dificuldade está relacionada ao fato dos
estudantes estarem predispostos a aulas expositivas
que, segundo Lemos (2005), são apontadas como
preferida pelos mesmos, que acham a posição de ouvinte mais confortável.
O antigo modelo pedagógico era centralizado na
figura do professor; por conseqüência, a interferência criativa e crítica dos alunos, e até mesmo dos professores, era limitada (Freitas, 2009). Essa problemática é compreensível quando analisamos o modelo
educacional presente na maioria das universidades
brasileiras, modelo este ambientado em aulas expositivas e sem a participação ativa dos estudantes. O
Portfólio pode preencher essa lacuna, a partir de mudanças nas metodologias de ensino, permitindo melhorias no desempenho acadêmico dos alunos e professores, estimulando o processo de educação
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O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias
de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem • Frota MMA, Menezes LMB, Alencar CH, Jorge LS, Almeida MEL
permanente por meio de seminários e oficinas de
capacitação. Essa proposta tem sido permanentemente encorajada pelo Projeto Pró-Saúde.
Outras dificuldades apontadas pelos estudantes
tais como, a pesquisa de artigos e capacidade de síntese podem ser explicadas como reflexo da “educação
bancária” recebida ao longo da vida em que o professor é o detentor do saber e o aluno é considerado
uma tabula rasa, sendo o conhecimento transmitido
verticalmente e sem estímulo à outras fontes de pesquisa. Percebeu-se que a pesquisa de artigos é uma
dificuldade que os estudantes enfrentam no início de
sua vida acadêmica, mas com o emprego do ambiente virtual de aprendizagem e familiarização dos estudantes com as ferramentas da internet, essa dificuldade tem sido superada; Além disso, os alunos têm a
oportunidade de exercitar sua capacidade de comunicação escrita e se tornarem sujeitos ativos no processo de aprendizagem.
Ressalta-se a importância do estímulo à pesquisa
e a capacidade de escrever e analisar o material investigado que é proporcionado na confecção do portfólio porque são características necessárias ao estudante para a realização do Trabalho de Conclusão do
Curso (TCC).
O ambiente virtual de aprendizagem, o SOLAR,
tem se mostrado muito bem aceito pelos alunos da
UFC, quando contabilizados o número de acesso dos
usuários. A aproximação do ambiente virtual de
aprendizagem com novas metodologias de ensino,
como o Portfólio, tem se mostrado de grande valia
para facilitar o processo de ensino-aprendizagem e
impulsionar a formação em Odontologia.
Entretanto, faz-se necessário descrever que o SOLAR, apresenta uma interfase em que é possível encontrar várias ferramentas de interação, como fórum,
chat, e-mail e webconferência; ferramentas de apoio
e publicação de material didático como bibliografia,
material de apoio, espaço destinado ao repositório de
aulas; ferramentas de portfólios individuais e de grupo, para compartilhamento de informações. Nessa
perspectiva, é importante perceber que além do espaço destinado para abrigar o portfólio, o aluno dispõe de mecanismo de comunicação e interação com
outros alunos e professores, permitindo a troca de
saberes e experiências, além da opção de poder compartilhar sua produção escrita na área pública em que
todos poderão acessar o portfólio individual. Acreditamos que essas facilidades proporcionadas pelo ambiente virtual também tenham motivado os alunos no
processo de confecção do portfólio, pois permite a
26
comunicação rápida e segura das informações entre
os membros participantes.
A quase totalidade dos alunos considera o Portfólio melhor em termos de aprendizado que as provas
tradicionais e diante disso se sentem motivados em
realizá-lo em outras disciplinas.
O Portfólio pode ser usado como fonte de estudo,
por conter as principais dúvidas e respostas, bem
como resumos de pesquisas bibliográficas realizadas
(Krozeta,2008), podendo portanto, auxiliar estudantes que não se sentem motivados a estudarem sozinho
e realizaram as atividades propostas para a confecção
do portfólio com facilidade.
Torres (2008), afirma que uma das principais dificuldades observadas pelos alunos analisados em seu
estudo foi o pouco tempo dado para a confecção do
Portfólio, entretanto no presente estudo a maioria
dos alunos considerou que o tempo dado para a execução do portfólio foi suficiente, já que em média
possuem três meses e meio para sua confecção a partir do início do semestre até seu término.
Há uma necessidade de mudanças na graduação
do cirurgião-dentista para que seja possível formar
os profissionais de forma generalista, humanista,
crítica e reflexiva. Atualmente, nos cursos de graduação em Odontologia os currículos possuem uma
enorme carga horária, não havendo tempo para estudo, o que resulta no repasse de conteúdos prontos
e acabados, sem espaço para argumentação e dúvidas (Lazzarin, 2007).
O resultado apresentado em que 100% dos alunos
afirmaram que a metodologia de ensino-aprendizagem utilizando o portfólio facilita o processo de
aprendizagem, revela que a adoção de metodologias
ativas devem ser implementadas no projeto político
pedagógico do referido Curso, pois têm permitido
uma maior autonomia dos estudantes, interação entre alunos e professores e estimulado a criatividade e
à pesquisa.
Um pouco menos da metade dos alunos acredita
não está preparado para estudar sozinho, portanto o
professor tem papel fundamental no processo de
ensino-aprendizagem agindo como um catalisador
ou um promotor da aprendizagem e da troca de experiência.
O desafio do professor é abrir e não fechar o diálogo com seus alunos, entendendo a “Universidade”
como um amplo território da multiplicidade e variedade de conhecimentos, para além de uma instituição
da sociedade civilizatória. Nesse contexto, o portfólio
permite o “feedback” do professor e o aluno se sente
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O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias
de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem • Frota MMA, Menezes LMB, Alencar CH, Jorge LS, Almeida MEL
mais seguro e confiante para fazer as modificações
sugeridas ou necessárias ao desenvolvimento do material produzido.
A prática do portfólio pode, ainda, proporcionar
aos professores o trabalho processual, fazendo com
que pratiquem o ensino de maneira significativa, isso
explica o maior rendimento dos alunos e a aceitação
dos professores a esse novo método de ensino-aprendizagem na odontologia, pois quando é usado o portfólio a aprendizagem tanto individual como do grupo é facilitada.
A avaliação dos alunos também se dá de forma
processual e isso faz com que o portfólio seja melhor
em termos de ensino-aprendizagem que as provas
tradicionais.
Os professores no presente estudo não mostraram
dificuldades em avaliar o portfólio, no entanto, entendemos que há constrições de tempo e pressões por
instrumentos padronizados, mas em sua realidade
cada professor pode encontrar possibilidades dentro
de suas limitações e expectativas.
I and Public Health II, totaling 60 students and three
teachers of these disciplines. Data collection was performed by electronic questionnaires using a list of
email addresses registered at a virtual learning site.
For analysis purposes, the information obtained was
organized into an Excel database and later analyzed
by a statistics program, Epi-info version 3.5.1. The
research was submitted for evaluation and was approved by the Ethics Committee in Research, protocol 157/10. Analyzing the students questionnaires,
100% assessed the portfolio as an excellent or good
evaluation method; 98.3% of these said that the portfolio was better than traditional tests, when the focus
is on learning; and 100% of the students declared that
the methodology of teaching and learning using the
portfolio facilitates the learning process. All the professors believe that student efficiency is greatest when
the portfolio is used and that it facilitates learning. It
was concluded that the portfolio is a worthy education
tool that is well accepted by students and that can be
used in dental education.
CONCLUSÕES
A utilização do portfólio é um instrumento pedagógico válido, aceito pelos alunos e pelos professores
e que pode ser facilmente empregado no ensino
odontológico.
Considera-se que os benefícios alcançados com o
uso do portfólio na graduação são inegáveis, pois reflete o progresso de cada aluno na compreensão da
realidade e de seu contexto de trabalho, na aquisição
e organização dos conteúdos adquiridos e ao mesmo
tempo, possibilita ao professor perceber os avanços e
as transformações ocorridas durante a construção do
conhecimento dos seus alunos ao longo das disciplinas ou módulos ministrados.
DESCRIPTORS
Teaching. Education, Dental. Educational Measurement. §
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ABSTRACT
The portfolio as a facilitating strategy of the
teaching-learning process for dentistry training.
Suitability of teaching methods using the virtual
environment for learning
The search for knowledge, creativity, and writing
production are encouraged when a portfolio is used
as a learning tool. This study aims to evaluate the
portfolio as a facilitator of the teaching-learning process for dentistry training. A descriptive and cross-sectional survey was held in the second semester of 2010,
in the Dentistry School at UFC. A questionnaire was
applied to regularly enrolled academics in the disciplines of Scientific Methodology applied to Dentistry
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28
Revista da ABENO • 11(1):23-8
Aceito em 25/07/2011
Inserção do aluno de odontologia no
SUS: contribuições do Pró-Saúde
Simone Dutra Lucas*, Andréa Clemente Palmier**, João Henrique Lara do Amaral***,
Marcos Azeredo Furquim Werneck****, Maria Inês Barreiros Senna*****
* Professora adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Minas Gerais, doutora em saúde pública
** Professora assistente da Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Minas Gerais, doutoranda em saúde coletiva
*** Professor adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Minas Gerais, doutor em saúde coletiva
**** Professor associado da Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Minas Gerais, doutor em odontologia social
***** Professora adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Minas Gerais, doutora em educação
RESUMO
O objetivo deste trabalho é descrever a experiência
da disciplina Ciências Sociais Aplicadas à Saúde (CSAS)
da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal
de Minas Gerais (FO-UFMG). Em resposta às recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais para os
cursos de graduação em Odontologia e do Programa
Nacional de Reorientação da Formação Profissional
em Saúde (Pró-Saúde), desde 2004, a FO-UFMG tem
se mobilizado para mudar seu currículo, dando atenção especial à diversificação dos cenários de aprendizagem. Em 2007, a Disciplina de CSAS foi reformulada,
permitindo a inserção dos discentes no Sistema Único
de Saúde (SUS) no início de sua formação profissional,
quando a realidade e a prática do SUS são os objetos
do ensino. Esse movimento reforçou as expectativas de
que essa inserção é viável. Espera-se que as mudanças
na disciplina funcionem como um projeto piloto, subsidiando outras iniciativas que visem uma maior aproximação dos estudantes à prática profissional, e que
sirva de parâmetro na organização e planejamento de
outros conteúdos vinculados à saúde coletiva a serem
incluídos na formação profissional.
anos 60. Foram realizados três seminários sobre o ensino odontológico na América Latina fomentados
pela Organização Pan-americana da Saúde (OPAS),
Fundação Kellogg e Associação Latinoamericana das
Faculdades de Odontologia (ALAFO). Os seminários
cumpriram seus propósitos, pois reuniram informações sobre as condições do ensino e mobilizaram alguns cursos de Odontologia no desenvolvimento de
ações com o objetivo de inovar na formação dos recursos humanos na área da saúde.13 Nessa mesma
década, e nas duas seguintes, o ensino odontológico
foi marcado pelas propostas de modernização dos
currículos dos cursos de graduação emanadas do Conselho Federal de Educação (CFE).10 Entre elas destacam-se:
a)formação profissional para a realidade brasileira,
b)perfil profissional generalista capaz de aplicar
a filosofia preventiva e social aos problemas de
saúde,
c) valorização e compreensão da participação popular e da abordagem multisetorial,
d)prática extramuros sob supervisão em instituições
públicas com valorização da integração ensinoserviço.7
Descritores
Ciências Sociais. Currículo. Ensino. Odontologia.
SUS.
No contexto das mudanças curriculares uma estratégia importante foi a articulação da formação
profissional com as políticas de saúde e com o sistema
de atenção à saúde. Buscava-se a integração ensinoserviços o que levou à adesão de escolas de Odontologia brasileiras ao Programa de Inovações de Ensino
N
o Brasil, o movimento de mudança na formação
profissional dos cirurgiões dentistas remonta aos
Revista da ABENO • 11(1):29-34
29
Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde • Lucas SD, Palmier AC, Amaral JHL, Werneck MAF, Senna MIB
e Serviços Odontológicos, coordenado pela OPAS e
Fundação KELLOG. Esse programa financiava experiências docente-assistenciais na América Latina com
ênfase na simplificação da Odontologia.12
No campo da atenção à saúde, nas décadas de 70
e 80, o Brasil viveu o movimento da Reforma Sanitária
culminando com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) que dentre as suas atribuições destaca-se o
ordenamento da formação de recursos humanos para
a área da saúde.3
Na educação superior, na década de 90, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que estabeleceu o princípio da flexibilização
curricular em substituição à rigidez dos currículos
mínimos. O processo de discussão sobre as mudanças
dos currículos mínimos dos cursos de graduação foi
iniciado, em dezembro de 1997, pela Secretaria de
Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação com a abertura do edital n°4/97 para envio de
proposta pelas Instituições de Ensino Superior (IES)
para a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).11
As DCN para os cursos de graduação em Odontologia, aprovadas em 2002, apontam na direção da
diversificação de cenários no SUS quando recomendam que a formação profissional deve incluir o sistema de saúde do país, a atenção integral à saúde e o
trabalho em equipe.4 O relatório da 3ª Conferência
Nacional de Saúde Bucal sinaliza na mesma direção
quando valoriza os convênios entre as instituições
formadoras e os serviços de atenção à saúde bucal
como oportunidade de aproximação dos estudantes
dos modelos assistenciais e da realidade social da
população.5
Um componente importante de mudança na formação depois da promulgação das DCN para a área
da saúde é o Programa Nacional de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) do Ministério da Educação e Ministério da Saúde. Ele foi
lançado em 2005, e tem como objetivo geral
do com os princípios do programa está amparada na
seleção da proposta do curso na sua primeira edição.
Um dos objetivos propostos pela candidatura do curso ao Pró-Saúde é o fortalecimento e o avanço do seu
processo de mudança curricular. A elaboração da
nova matriz curricular tem considerado o perfil epidemiológico da população brasileira, a produção
científica sobre as iniciativas de mudança na formação nas profissões da saúde, e as políticas para a educação e a saúde. A necessidade de ampla participação
e co-responsabilização da comunidade universitária
com a mudança curricular, as experiências acumuladas pelo curso, a busca de consensos, e a mudança
na formação entendida como processo em que se
reconhece os limites humanos e de infra-estrutura;
são os outros elementos que têm balizado as proposições apresentadas pelo curso.
Nesse processo tem sido dada atenção especial à
estratégia da diversificação dos cenários de aprendizagem uma vez que estes permitem uma aproximação dos estudantes das reais condições de saúde das
comunidades. Os distintos cenários têm um potencial efeito indutor de transformação para o curso
uma vez que revelam a contradição entre as condições sociais e os modelos de prática com enfoque
predominante nos aspectos biológicos. Favorecem o
desenvolvimento de uma formação mais crítica. O
Pró-Saúde dá importância aos cenários de prática,
não só pelas possibilidades de transformação apresentadas por essa proposta como pela demanda de
acesso das populações beneficiárias dos programas e
iniciativas das instituições formadoras de recursos
humanos para a saúde.
O cenário de prática diz respeito,
“à incorporação e à inter-relação entre métodos didáticos,
pedagógicos, áreas de prática e vivências, utilização de
tecnologias e habilidades cognitivas e psicomotoras. Inclui
também a valorização dos preceitos morais e éticos orientadores de condutas individuais e coletivas. Eles se relacionam também aos processos de trabalho, ao deslocamento
“incentivar transformações do processo de formação, ge-
do sujeito e do objeto do ensino e à revisão da interpreta-
ração de conhecimentos e prestação de serviços à popula-
ção das questões referentes à saúde e à doença, em que se
ção, para abordagem integral do processo de saúde/do-
considera sua dinâmica social”.9
ença”.6
A Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Minas Gerais (FO-UFMG), a partir de
2004, em resposta às DCN e em sintonia com o PróSaúde, tem se mobilizado para uma alteração na sua
matriz curricular. A perspectiva da mudança de acor30
Dessa forma, o espaço físico, os equipamentos sociais e dos serviços, e os programas são condições
necessárias para o desenvolvimento do ensino e da
atenção à saúde. As instituições que participam da
formação – universidade e serviço – imprimem um
novo significado para a natureza e os conteúdos das
Revista da ABENO • 11(1):29-34
Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde • Lucas SD, Palmier AC, Amaral JHL, Werneck MAF, Senna MIB
práticas. Assim, supera-se a utilização dos serviços de
caráter exclusivamente instrumental, fazendo dos cenários externos um prolongamento do espaço institucional da universidade. Trabalha-se também com a
concepção de território que implica, além do componente geográfico, as condições de vida da população,
perfil epidemiológico, acesso aos serviços de saúde,
disponibilidade de equipamentos sociais, grau de mobilização e organização da população, e ações de caráter inter-setorial. Soma-se a essas possibilidades a
formação no processo de trabalho da equipe multiprofissional. Propõe-se dessa forma responder propositivamente ao alerta de que na formação de recursos
humanos a incerteza, os conflitos de valor e a singularidade das situações reais da prática não raras vezes
escapam de soluções técnicas pré-definidas.14
Fundamentalmente, a intencionalidade primeira
de como e porque se compartilham os cenários de
aprendizagem com o serviço é a mudança no processo de formação profissional. O maior ou menor sucesso dessas iniciativas é diretamente dependente do
quanto os sujeitos venham a se despir dos preconceitos ainda muito presentes nas relações interinstitucionais. Outro elemento de fundamental importância,
nessa linha de trabalho, é dar oportunidade à inserção à prática desde o início do curso. O objetivo deve
ser oferecer um significado necessário aos conteúdos
curriculares tradicionalmente vinculados aos primeiros períodos da formação.
A reformulação da Disciplina de Ciências Sociais
Aplicadas à Saúde (CSAS) foi uma das iniciativas do
curso. Buscava-se a transformação de uma disciplina
com enfoque eminentemente conceitual e fragmentado em sala de aula, para uma disciplina que apresentasse um eixo temático consistente e que envolvesse atividades práticas de inserção do discente no
SUS no começo da formação profissional. Antes dessa mudança, os estudantes participavam de uma única visita às unidades básicas de saúde (UBS) no início das atividades clínicas do quarto período do
curso. Uma segunda oportunidade de contato com
o SUS, essa mais efetiva, consistia na participação
dos estudantes no Estágio Supervisionado no último
período da formação.
Originalmente, de 1982 até meados da década de
90, a disciplina de CSAS com conteúdos de Sociologia, Antropologia e Psicologia era ministrada por
professores da área de ciências humanas, a saber, assistentes sociais, sociólogos e docentes da área da Psicologia. Ao longo do tempo, os conteúdos foram assumidos por uma cirurgiã-dentista com formação na
área da Saúde Coletiva; em função da escassez destes
profissionais na UFMG com disponibilidade para
apoiar os cursos não vinculados às ciências humanas.
A decisão pela mudança dos conteúdos caminhou
na direção de oferecer subsídios na área da Saúde
Coletiva como aporte teórico capaz de iluminar experiências de inserção à prática no SUS e na comunidade. A disciplina busca enfatizar os problemas de
saúde da população, a organização e estrutura disponíveis para a superação destas questões e o processo
de trabalho que caracterizam o modelo de atenção à
saúde vigente. Com a proposta de mudança foram
incorporados docentes com formação em Saúde Coletiva. Há expectativa de que as alterações na disciplina funcionem como um projeto piloto subsidiando
outras iniciativas. Pretende-se uma maior aproximação dos estudantes à prática profissional desde o início da formação. Esse movimento reforçou a idéia de
que essas inserções são viáveis na proposta de mudança curricular do curso.
O novo projeto da disciplina foi elaborado por um
grupo de trabalho formado por docentes com formação em saúde coletiva, sanitaristas da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, dentre eles os Coordenadores de Saúde Bucal, representantes do Centro de
Educação em Saúde (CES) e gerentes de UBS.
O objetivo deste trabalho é sistematizar a experiência da FO-UFMG com a disciplina CSAS ministrada
no segundo período do Curso de Odontologia relatando a inserção dos estudantes no SUS.
MATERIAL E MÉTODOS
A disciplina de CSAS é obrigatória, com uma carga horária de 45 horas. A equipe é composta por
quatro docentes de dois departamentos da Unidade.
O plano de ensino e o caderno de textos constituem
o material didático disponibilizado. O plano de ensino apresenta as atividades que serão desenvolvidas
ao longo do semestre, método, critérios de avaliação,
roteiros para atividades práticas e bibliografia. O
caderno de textos apresenta bibliografia básica e
complementar.
Os objetivos da disciplina são conhecer e discutir
as concepções do processo saúde/doença em distintos grupos sociais e compreender os determinantes
sociais de saúde. Desse modo, o eixo estruturador da
disciplina é o tema processo saúde/doença. Deste
tema derivam outros conteúdos correlacionados.
A aprendizagem significativa observando as condições da aprendizagem de adultos, a utilização de
metodologias ativas e a diversificação dos cenários de
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Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde • Lucas SD, Palmier AC, Amaral JHL, Werneck MAF, Senna MIB
aprendizagem podem ser consideradas características da disciplina. As atividades com a participação dos
estudantes acontecem em sala de aula e os cenários
são o SUS e a comunidade.
A aprendizagem significativa trata da relação entre a nova informação e a estrutura de conhecimento
do estudante, o que ela já conhece.8 No processo também são fundamentais a diversificação dos cenários,
a construção permanente das informações e a valorização da prática.1 Na disciplina fez-se a escolha pela
problematização que consiste na aproximação crítica
da realidade servindo-se dela como ocasião/desafio
para a aprendizagem.
No campo das estratégias de ensino são utilizadas
aulas expositivas dialogadas, estudo dirigido e de textos, atividades em grupos onde participa um docente
tutor, atividade interativa nos cenários de prática e
socialização de produtos. O tutor é aquele que acompanha e revê a prática discente e facilita o processo
de ensino-aprendizagem, não qualquer processo, mas
aquele centrado no estudante. Dele espera-se a competência para facilitar o processo do aprender a
aprender e que tenha uma compreensão clara da prática desenvolvida pelos alunos.2
Não diferentemente de outras experiências a avaliação do processo de ensino aprendizagem é de difícil operacionalização. Nesse sentido, o corpo docente da disciplina tem trabalhado na busca de uma
coerência cada vez maior entre os procedimentos de
avaliação e os objetivos do ensino. Até o momento, a
avaliação dos estudantes é feita no contexto de cada
grupo. Eles são avaliados na produção escrita, na habilidade de exposição e análise das situações observadas, e na coerência das conclusões considerando o
aporte trazido pela literatura. Na socialização dos produtos em sala de aula observa-se a clareza na exposição das idéias, a capacidade de síntese, e a organização lógica entre o registro das observações, a
habilidade crítica e as conclusões.
A dinâmica da disciplina intercala as atividades
de concentração em sala de aula com dispersão nos
cenários.
Durante as atividades de concentração, em sala
de aula, busca-se a motivação dos estudantes para a
construção do conhecimento científico dos temas
abordados considerando as experiências do cotidiano e a prática social. É feito um levantamento das
representações dos discentes sobre os conteúdos
curriculares, entre eles: processo saúde-doença e o
SUS. A seguir, faz-se o estudo dirigido da literatura
disponível e a problematização das representações
32
do grupo. Artigos científicos e textos oficiais são utilizados nessa fase. A discussão é feita em grupos de
até vinte estudantes.
O passo seguinte é a preparação dos alunos para
o desenvolvimento das atividades nas UBS. Neste sentido, foram elaborados roteiros, previamente testados, sobre cada conteúdo objeto das práticas nos cenários. Após cada atividade no campo de prática os
estudantes elaboram uma síntese entre as impressões
previamente construídas e o que foi observado nos
cenários. Estimula-se, com isso, que os discentes possam identificar as maiores ou menores aproximações
entre as primeiras elaborações construídas pelo grupo e a prática social vigente. Desse modo, a realidade
torna-se mediadora da aprendizagem.
Tendo em vista os objetivos da disciplina trabalham-se as seguintes temáticas:
• o conceito de saúde dos usuários e trabalhadores
do SUS;
• o acolhimento, a visita domiciliar, o processo de
trabalho e a gestão local nas UBS;
• os recursos materiais e humanos; e
• a infra-estrutura da atenção à saúde.
As atividades são desenvolvidas em dez UBS localizadas em três Distritos Sanitários apoiadas pelo gestor local e trabalhadores. Durante as visitas domiciliares, os alunos são acompanhados pelos Agentes
Comunitários de Saúde (ACS). As ações compreendem a realização de uma enquete sobre o conceito
de saúde dos diferentes sujeitos, a coleta de informações sobre a gestão e o processo de trabalho, o registro da estrutura física, dos recursos materiais, humanos, a participação nas atividades de acolhimento e a
realização de visitas domiciliares.
Nas UBS os estudantes são acompanhados por
profissionais dos serviços. Na educação médica, a figura do profissional que auxilia na formação tem
recebido diferentes denominações entre elas supervisor, mentor, preceptor e tutor.2 O esforço dos autores culminou com uma proposta de padronização na
utilização desses termos que a nosso ver não consegue
responder ao perfil da atividade do profissional do
serviço no caso específico da disciplina. Entretanto,
oferece elementos suficientes para inicialmente situar essa atuação no conjunto das ações que se espera
de um preceptor, quais sejam a de dar suporte, compartilhar experiências, reduzir a distância entre a
teoria e prática favorecendo a execução das ações
durante as atividades de ensino.
Revista da ABENO • 11(1):29-34
Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde • Lucas SD, Palmier AC, Amaral JHL, Werneck MAF, Senna MIB
RESULTADOS
A experiência com a disciplina tem mostrado que
apenas um número reduzido dos estudantes se considera usuários dos serviços de atenção à saúde, por
não compreenderem a diversidade de ações do sistema. Os alunos, na sua maioria, não projetam o serviço público como espaço preferencial para a atuação
como profissionais de saúde. As informações que detêm sobre o SUS são aquelas veiculadas pela mídia.
Após o reconhecimento dos cenários de prática as
impressões anteriormente registradas sobre o SUS
começam a ser substituídas por percepções mais positivas, e de surpresa diante do que foi observado.
A concepção de saúde como perfeito estado de
equilíbrio das funções, órgãos e sistemas como normalidade fisiológica e mental prevalece entre os estudantes. A doença é percebida como um rompimento desse estado de equilíbrio. Os estudantes identificam
diferentes percepções do processo saúde/doença entre os trabalhadores da UBS e usuários. O mesmo
acontece entre diferentes categorias profissionais. De
forma bastante particular os usuários das UBS relacionam a doença com a falta de condições para o
trabalho. Quanto à saúde bucal os discentes se surpreendem com o fato de algumas pessoas relatarem
ausência de doença bucal mesmo entre aquelas que
afirmam já ter se submetido a alguma intervenção
odontológica. Esta atividade propicia reconhecer diferentes formulações do conceito saúde/doença nas
diferentes classes sociais permitindo compreender os
significados da determinação social da saúde. Buscase que o aluno também se situe no contexto de sua
origem social e reflita sobre o que tem determinado
a formulação do próprio conceito de saúde/doença.
A participação no acolhimento e as visitas domiciliares colocam os estudantes em contato com atividades extremamente importantes à percepção dos
tipos de problemas e demandas da população assim
como o seu enfrentamento diante da capacidade de
resposta do SUS. O acolhimento desnuda a complexidade do acesso aos serviços de saúde, as diferentes
demandas dos usuários e trás à tona a questão das
condições agudas. Mostra também aspectos do processo de trabalho não reconhecidos pelo estudante
permitindo o exercício da dúvida em relação aos papéis a serem desempenhados por diferentes profissionais. As visitas domiciliares, além de revelar a estratégia não reconhecida pela maioria dos estudantes
onde profissionais do serviço se deslocam até a residência das famílias, permite a constatação, in loco, das
condições de vida e sua relação com as condições de
saúde. As duas experiências revelam a importância
da compreensão de que, para além da biologia humana, as condições de vida das pessoas, valores e hábitos, estilos de vida e ambiente, e a organização política e social interferem diretamente na situação de
saúde da população. Introduz-se, assim, um conceito
absolutamente novo para os estudantes: o da determinação social da saúde.
DISCUSSÃO
O caminho metodológico proposto pela disciplina
atende aos pressupostos das DCN e aos princípios do
Pró-Saúde de produzir uma aprendizagem que tenha
a realidade e a prática do SUS como objetos do ensino.
Vivenciar o processo de trabalho das UBS propicia o
surgimento, para o estudante, de um conceito de trabalho que supera a ação centrada no profissional, na
consulta clínica odontológica, na prescrição de medicamentos e solicitação de exames complementares.
Permite a incorporação de outros educadores, no processo de formação, como os profissionais ligados aos
serviços. Possibilita, também, o desenvolvimento da
capacidade crítica do estudante de Odontologia facilitando a reformulação de conceitos e a conseqüente
criação de novos conhecimentos.
Quanto aos atores do serviço de saúde, estes atribuem importância à inserção dos futuros profissionais no SUS, mesmo no início do Curso de Odontologia quando as suas contribuições são limitadas; por
compreenderem que se pode formar um profissional
mais capacitado para atuar na saúde pública.
O Pró-Saúde potencializou os esforços que vinham sendo implementados com o objetivo de promover a mudança da matriz curricular na FO-UFMG.
No caso específico da disciplina de CSAS houve um
fortalecimento das ações e motivação dos professores
com pronta resposta da parte da Coordenação de
Saúde Bucal do Município de Belo Horizonte. A abertura dos novos cenários de prática para a disciplina
foi pactuada no contexto e desdobramentos do PróSaúde incluindo a realocação e aquisição de equipamentos para os cenários do Estágio Supervisionado
do nono período do curso. Outro avanço importante
foi a mudança da disciplina de CSAS do segundo para
o primeiro período na nova matriz curricular atendendo à expectativa de inserção dos estudantes à prática desde o início da formação. Mais imediatamente,
a experiência da disciplina de CSAS servirá de parâmetro na organização e planejamento de outros conteúdos vinculados à saúde coletiva a serem incluídos
na formação profissional.
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Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde • Lucas SD, Palmier AC, Amaral JHL, Werneck MAF, Senna MIB
CONCLUSÕES
Considera-se que a experiência da disciplina incorpora os três eixos do Pró-Saúde:
a)orientação teórica devido ao seu referencial teórico que é o processo saúde/doença;
b)cenários de prática pela integração ensino-serviço
e diversificação dos cenários de aprendizagem e
c) orientação pedagógica por meio da adoção de
metodologias ativas de ensino-aprendizagem e
pela análise crítica da atenção primária.
ABSTRACT
Insertion of the dental student in the SUS:
contributions of the Pro-Health program
The aim of this study was to describe the experience of the Social Sciences Applied to Health (CSAS)
discipline of the Dental School of the Federal University of Minas Gerais (FO-UFMG). In response to the
National Curriculum Guidelines for the dental undergraduate course and the National Program of Reorientation of Health Professional Training (PróSaúde), the FO-UFMG has been undergoing
curriculum reform since 2004. Special attention has
been given to the range of scenarios in the teaching
process. In 2007, the CSAS discipline was changed,
allowing the insertion of the students into the Unified
Health System (SUS) as of the beginning of their
training, when reality and SUS practice are the teaching subjects. This movement reinforced the expectation that this insertion is viable. It is hoped that the
changes in the discipline will be used as a pilot project,
supporting other initiatives that aim at putting students closer to professional practice and and that
serve as a model in the organization and planning of
other subjects related to public health, to be ultimately included in professional training.
Descriptors
Social Sciences. Curriculum. Teaching. Dentistry.
Unified Health System (SUS). §
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34
Revista da ABENO • 11(1):29-34
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
PET-Saúde/Vigilância - UNISC: A
relação com o ensino Odontológico
Tassia Silvana Borges*, Alexandre Daronco*, Charlene do Santos Silveira*, Eduardo Chaida
Sonda*, Beatriz Baldo Marques**, Fabiana Battisti***, Cristiane Pimentel Hernandes
Machado***, Alexandre Rauber****, Marcos Moura Baptista dos Santos*****, Lia
Gonçalves Possuelo******
* Bolsistas do PET Saúde/Vigilância – Universidade de Santa Cruz
do Sul - UNISC
** Professora do Curso de Odontologia da Universidade de Santa
Cruz do Sul – UNISC
*** Preceptoras do PET Saúde/Vigilância –Universidade de Santa Cruz
do Sul- UNISC
**** Professor do Departamento de História e Geografia- Universidade
de Santa Cruz do Sul – UNISC
***** Coordenador do Grupo PET-Vigilância em Saúde-Universidade de
Santa Cruz do Sul - UNISC
****** Tutora Acadêmica do PET Saúde/ Vigilância – Universidade de
Santa Cruz do Sul - UNISC
RESUMO
O Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde - PET-Saúde/Vigilância - foi implantado na
Universidade de Santa Cruz do Sul, no município de
Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, com duas linhas
de atenção: Atenção a Saúde do Trabalhador e Estratégias de Prevenção em Tuberculose. A magnitude da
tuberculose explicita a necessidade de que não somente o médico, mas toda a equipe de saúde, incluindo o Cirurgião-Dentista, façam as identificações de
possíveis casos de tuberculose e orientem corretamente seus pacientes. Material e Método: Por meio de
reuniões semanais os acadêmicos foram divididos em
grupos e realizaram o mapeamento de casos de Tuberculose (TB) nos anos 2000 a 2010. Concluída esta
etapa foram realizadas capacitações para as equipes
das Estratégias de Saúde de Família do município e
palestras nas escolas da rede púbica de ensino além
de campanhas na praça, no asilo municipal e no presídio regional, realizando busca de sintomáticos respiratórios. Resultados: Foram encontrados 523 casos
de TB notificados no município. Nas capacitações
foram mobilizadas 142 profissionais de saúde nas
ESFs do município. Discussão: A distribuição, o modo
de contágio e as formas de apresentação das doenças
são de grande importância para o Cirurgião Dentista,
sendo o PET Vigilância grande auxiliar na formação
de tal profissional. Conclusão: Programas de ensino
para saúde que orientem uma formação diferenciada
vêm ao encontro das necessidades pungentes não
somente da população como do Sistema de Saúde
como um todo.
Descritores
Odontologia. Vigilância. Tuberculose. Epidemiologia.
O
Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde - PET-Saúde/Vigilância - foi implantado
na Universidade de Santa Cruz do Sul-UNISC, no
município de Santa Cruz do Sul-RS, com duas linhas
de atenção: Atenção a Saúde do Trabalhador e Estratégias de Prevenção em Tuberculose. O PET-Saúde/
Vigilância tem como pressuposto a educação pelo
trabalho, e é destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da Vigilância em Saúde,
caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como
de iniciação ao trabalho e vivências direcionadas aos
estudantes dos cursos de graduação desta área. Tal
programa direciona suas atividades de acordo com as
ações do Sistema Único de Saúde-SUS, tendo em pers-
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Marques BB, Battisti F, Machado CPH, Rauber A, Santos MMB, Possuelo LG
pectiva as necessidades dos serviços como fonte de
produção de conhecimento e pesquisa nas instituições de ensino. Fazem parte do PET-Saúde/Vigilância - Tuberculose, acadêmicos dos cursos de Medicina,
Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Farmácia e
Odontologia.
A tuberculose (TB) é uma doença de amplitude
mundial, cujo principal agente etiológico é o Mycobacterium tuberculosis.5 A Organização Mundial da
Saúde (OMS) estima que ocorreram em torno de 9,4
milhões de casos de TB em todo o mundo no ano de
2009.7 A mortalidade associada a esta doença ainda
registra valores muito elevados: 1,7 milhões de mortes
no ano de 2009, o que representa um total de 4.700
mortes/dia. O Brasil é um dos 22 países responsáveis
por 80% dos casos de TB do mundo.3
O Estado do Rio Grande do Sul (RS) em 2009
atingiu uma taxa de incidência de 48 casos/100.000
habitantes. A cidade de Porto Alegre é uma das capitais brasileiras que apresenta as maiores taxas de incidência, chegando a 118 casos/100.000 habitantes.
Santa Cruz do Sul é um município da região central
do estado do RS e está entre os 15 municípios prioritários para o controle da TB, onde a incidência chega
a 50 casos/100.000 habitantes, além de apresentar
taxas de cura menores que as recomendadas pelo
Ministério da Saúde.4
A magnitude da patologia explicita a necessidade
de que não somente o médico, mas toda a equipe de
saúde, incluindo o Cirurgião-Dentista, façam a identificação de possíveis casos de tuberculose e orientem
corretamente seus pacientes. Não obstante, o desconhecimento sobre a tuberculose leva o CirurgiãoDentista a não reconhecer ou não orientar adequadamente aqueles que atende. Tal fato advém de sua
formação acadêmica, na qual tal patologia não é abordada. Outro ponto que merece destaque é a relevância que a epidemiologia tem para profissionais de
saúde, podendo auxiliar na atuação em prevenção de
doenças pelo conhecimento de suas características.2
O presente artigo tem por objetivo, através de relato acerca das atividades realizadas por acadêmicos
do PET-Saúde/Vigilância, demonstrar como tal projeto pode ampliar a formação em Odontologia tanto
no que tange um maior conhecimento a respeito de
uma doença infecciosa de suma relevância quanto no
entendimento da epidemiologia como ferramenta de
prevenção e promoção de saúde.
MATERIAIS E MÉTODOS
Realizam-se reuniões semanais para discutir o an36
damento do trabalho e propor novas atividades dentro do grupo PET-Saúde/Vigilância, sendo que em
algumas destas é realizada divisão do grande grupo
em equipes menores para executar determinadas
tarefas. A primeira tarefa proposta foi o mapeamento de todos os casos de TB desde o ano 2000 até o
ano de 2010 no município de Santa Cruz do Sul,
buscando os dados no local de referência para o tratamento da TB e no Sistema de Informações sobre
Agravo de Notificação do Ministério da Saúde (SINAM). Após, realizou-se o geoprocessamento dos
casos utilizando o sistema software Google Earth. Na
etapa seguinte os padrões de pontos de ocorrência
dos eventos foram inseridos no AutoCadMap sobre
o mapa base de logradouros e bairros fornecido pela
Prefeitura Municipal e posteriormente os pontos
marcados foram exportados para o TerraView ver.
3.5.0, um Sistema de Informações Cartográficas
(SIG), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No TerraView foram realizadas as análises geoespaciais e a produção dos mapas
temáticos. Este projeto foi previamente submetido à
apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa Cruz do Sul e aprovado sob protocolo número 2764/10.
Finalizada tal atividade, foram localizados os
bairros do município com maior incidência de TB.
Na etapa seguinte, realizaram-se capacitações para
equipes das ESFs do município, abrangendo também o município de Venâncio Aires com capacitação
para os Agentes de Saúde do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS). As capacitações se
realizaram em dias alternados, sendo que todo o
material foi confeccionado pelos acadêmicos, como
slides para as apresentações, folders e cartilhas explicativas para os ACS. Cada capacitação foi previamente agendada com as enfermeiras responsáveis
pela equipe em horários adequados para as mesmas
e para os acadêmicos.
Outra importante atividade desenvolvida pelo
grupo foram as palestras nas escolas públicas de ensino fundamental e médio do município com o intuito de melhorar a qualidade de informação referente
à TB entre crianças e adolescentes. Estas palestras
também foram preparadas pelos próprios bolsistas e
ministradas dependo da disponibilidade destes e das
escolas. Para estas atividades foram disponibilizados
os microscópios para visualização do Bacilo de Koch,
correlacionando assuntos vistos em sala de aula com
aspectos importantes sobre a tuberculose.
Foram realizadas campanhas no município no
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Marques BB, Battisti F, Machado CPH, Rauber A, Santos MMB, Possuelo LG
intuito de divulgar e conscientizar a população sobre
a importância da TB e a busca pelos sintomáticos respiratórios. Para estas atividades foram selecionados
locais estratégicos, como a praça principal da cidade,
o asilo municipal e o presídio regional. Nestas ocasiões foram distribuídos os folders explicativos da TB
e feita a busca de sintomáticos respiratórios identificando indivíduos com tosse persistente por mais de
3 semanas. A coleta do escarro para realização da
baciloscopia foi também realizada.
RESULTADOS
Foram encontrados nestes 10 anos 523 casos notificados de TB no município, compreendendo área
rural e urbana. A primeira parte do estudo conseguiu
levantar dados importantes como identificação do
local de maior prevalência como sendo o Presídio
Regional da cidade de Santa Cruz do Sul-RS.
Munidos de informações acerca da epidemiologia
da Tuberculose na cidade, os acadêmicos realizaram
capacitações com as equipes de saúde. Desde o mês
de março de 2011 tais capacitações são realizadas com
profissionais Médicos, Odontólogos, Auxiliares de
Saúde Bucal, Enfermeiras, Técnicas de Enfermagem
e Agentes Comunitárias de Saúde. O PET-Saúde/Vigilância teve como resultado das capacitações a mobilização de 142 pessoas das dez ESFs do município
e 88 alunos nas capacitações realizadas nas escolas.
A busca de sintomáticos respiratórios em campanhas na praça principal da cidade, no asilo municipal
e no presídio regional foram feitas realizando-se 30
baciloscopias entre os sintomáticos respiratórios, todas negativas. O resultado alcançado pelo PET-Saúde/Vigilância-Tuberculose está sendo divulgado nos
jornais de circulação local, em programas de televisão, em congressos com resumos elaborados pelos
acadêmicos e em produções de artigos com os resultados obtidos nas pesquisas.
Com as capacitações percebemos que os profissionais começaram a modificar a forma de ver a tuberculose nos dias atuais. Na prática do Cirurgião- Dentista pouco esta doença é comentada ou lembrada, o
que fez os dentistas do município lançarem a proposta de capacitações específicas para os mesmos, trazendo como sugestão modificar o prontuário dos pacientes, o qual não consta perguntas sobre os sintomas da
TB. Lembramos que a TB, AIDS, Hepatite e Herpes
são doenças infecto-contagiosas associadas a profissão
do Cirurgião-Dentista. Por este motivo, devemos saber que as medidas de controle de infecção devem
ser praticadas com rigor. O risco de contrair doenças
e infecções em atendimentos odontológicos está diretamente ligado a não observância de preocupações
universais de biossegurança, temos algumas medidas
a serem tomadas:
• Em relação ao paciente: Anamnese.
• Em relação à equipe: Uso de Equipamento de
Proteção Individual.
Estas observações foram levantadas para reafirmar
a importância do Cirurgião Dentista frente a situações
como estas.
DISCUSSÃO
O entendimento epidemiológico desenvolvido a
partir da pesquisa permite ao acadêmico compreender a importância de ações de prevenção,5 não somente sobre a doença na qual o trabalho foi pautado,
mas também no que se refere a qualquer patologia.
A distribuição, o modo de contágio e as formas de
apresentação das doenças são de grande importância
para o Cirurgião-Dentista, sendo o PET-Saúde/Vigilância grande auxiliar na formação de tal profissional.
As capacitações que se realizam para equipes de
saúde trazem o ambiente acadêmico para próximo
da realidade de trabalho que o futuro profissional irá
vivenciar. Tal aproximação permite a formação de
uma consciência crítica ampla, capaz de compreender não somente o funcionamento do atendimento
no serviço de saúde, como também peculiaridades do
mesmo. Dentre os aspectos que interferem no desenvolvimento das ações de controle das doenças pelas
equipes de profissionais que compõem a rede básica
de saúde, apontam-se a qualificação profissional. Mesmo com a implantação da ESF, tem se observado uma
inabilidade dos profissionais para abordar a problemática de algumas questões nos municípios brasileiros.1 Com programas de educação semelhantes ao
PET-Saúde, tal vicissitude pode ser superada em vista
do trabalho desenvolvido com as equipes de saúde e
à formação de profissionais com formação mais direcionada às necessidades da realidade.
CONCLUSÕES
A Odontologia está intimamente relacionada a
este tema, pois a tuberculose é uma doença presente
em nosso meio, transmitida pelo ar, que tem sintomas
característicos e que se tratada corretamente tem
cura. A proposta que surgiu dos dentistas do município é uma prova de que cada vez mais devemos nos
envolver com esta temática. O PET-Saúde/Vigilância
é uma forma de integrar toda a comunidade acadê-
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Marques BB, Battisti F, Machado CPH, Rauber A, Santos MMB, Possuelo LG
mica e a rede de serviço, fazendo com que todos participem incessantemente na busca pela proteção,
promoção e recuperação da saúde.
O ensino odontológico necessita de programas de
educação para formação de profissionais que atuem
além do simples agir em lesões bucais, é preciso uma
visão ampliada do ser humano. Isto inclui a compreensão de algumas doenças sistêmicas como a tuberculose e habilidade para lidar com ferramentas e
dados epidemiológicos.
Por conseguinte, o PET-Saúde/Vigilância e programas de ensino para saúde que orientem uma formação
diferenciada vêm ao encontro das necessidades pungentes não somente da população como do Sistema de
Saúde como um todo. Da mesma maneira, é importante frisar que programas como PET-Saúde impelem
o estudante a não somente resgatar seu conhecimento,
como a buscar novos saberes. Embora manifestações
bucais da tuberculose decorram usualmente da implantação do bacilo existente no escarro resultante da
expulsão de bactérias pela tosse, sendo a linha mediana do dorso da língua, o palato e lábios como sítios
mais prevalentes,5 tal conhecimento, embora assaz relevante, é desconhecido para grande parcela de profissionais odontólogos. Graças a pesquisa realizada,
acadêmicos da área puderam não somente lapidar seu
saber, como desenvolver novos conhecimentos a partir
das indagações que o trabalho suscitou.
were given in the schools of the public education network, in addition to campaigns in the square, at the
municipal asylum and in the regional prison, in search
of people exhibiting symptomatic breathing. A total
of 523 cases of TB were found in the municipal district,
and were notified. In the training sessions, 142 ESF
health professionals were engaged in the municipal
district. Discussion: The distribution, the infection
and the manner of presentation of diseases are of great
importance for Dentists, and PET/ Surveillance is of
great help in the training of a professional. Conclusion: Health-oriented teaching programs that guide a
distinctive form of training for health professionals
address the acute needs not only of the population
but also of the Health System as a whole.
Descriptors
Dentistry. Surveillance.Tuberculosis. Epidemiology. §
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ABSTRACT
PET-Health/Surveillance - UNISC: Relationship
with dental teaching
The Education through Health Work Program /
Surveillance (PET-SAÚDE/Vigilância) was implemented at the University of Santa Cruz do Sul in the
municipal district of Santa Cruz do Sul, Rio Grande
do Sul, guided by two lines of attention: Attention to
Worker’s Health and Strategies of Tuberculosis Prevention. The magnitude of tuberculosis clearly expresses the need for not only the doctor, but also the
whole health team, including the Dentist, to identify
possible cases of tuberculosis and guide patients correctly. Method: Students got together in weekly meetings and were divided into groups; they performed
the mapping of tuberculosis cases (TB) in the years
2000 to 2010. Once this stage was concluded, training
sessions were held for the Family Health Strategy
(ESF) teams of the municipal district, and lectures
38
2011 Jan 13]. Avaible from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/
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Revista da ABENO • 11(1): 35-8
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
Integração Acadêmica e
Multiprofissional no Pet-Saúde:
Experiências e Desafios
Tarcísio Angelo de Oliveira Sobrinho*, Carla Patrícia Perpétua Medeiros**, Mariana
Ribeiro Maia***, Tatiana Carvalho Reis****, Leonardo de Paula Miranda*****, Patrícia
Ferreira Costa******
* Acadêmico do curso de graduação de medicina da Universidade
Estadual de Montes Claros, MG – UNIMONTES. Voluntário do
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde
** Acadêmica do curso de graduação de medicina da UNIMONTES.
Bolsista do PET-Saúde
*** Acadêmica do curso de graduação de ciências biológicas da
UNIMONTES. Voluntária do PET-Saúde
**** Acadêmica do curso de graduação de enfermagem da
UNIMONTES. Voluntária do PET-Saúde
***** Cirurgião-dentista da Secretaria Municipal de Saúde de Montes
Claros, Minas Gerais. Preceptor do PET-Saúde
****** Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros,
Minas Gerais. Preceptora do PET-Saúde
RESUMO
O objetivo deste estudo foi descrever as experiências da equipe de trabalho do PET-Saúde desenvolvidas na Unidade Básica de Saúde Independência
I. Trata-se de um relato de experiência retrospectivo,
descritivo e inovador por possibilitar transcorrer sobre o tema da integração acadêmica e multiprofissional no PET-Saúde. As atividades foram desenvolvidas pelos acadêmicos e preceptores dos cursos de
ciências biológicas, educação física, enfermagem,
medicina e odontologia. O trabalho multidisciplinar
visou ao atendimento integral, que foi ofertado por
meio de serviços de promoção da saúde e prevenção
de doenças, com vistas à melhoria da qualidade de
vida dos usuários. Dentre as ações realizadas, destacam-se a realização interdisciplinar de grupos de
educação em saúde, visitas domiciliares e atendimento clínico. Como desafios, a equipe encontrou
a incompatibilidade curricular e a falta de um projeto político-pedagógico consistente que favoreça a
atuação multiprofissional. Para superar essas dificuldades, foram realizados planejamentos prévios das
ações a serem desenvolvidas, assim como a correspondência de horários disponíveis, a fim de a equi-
pe melhor se preparar para execução das atividades,
realizando a troca de experiências e compartilhamento do conhecimento acadêmico. Conclui-se que
apesar dos avanços na construção da formação multiprofissional, os desafios só serão superados após
plena integração entre os cursos das ciências da saúde de modo a permitir a maior compatibilidade e
flexibilidade curricular.
DESCRITORES
Programa Saúde da Família. Educação Superior.
Sistema Único de Saúde.
O
Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) foi criado tendo como objetivo a integração ensino-serviço
e a reorientação da formação profissional, assegurando uma abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na Atenção Básica e promovendo transformações na prestação de serviços à população.1
Entretanto, a formação universitária ainda está
centrada numa visão fragmentária no campo da disciplinaridade, fator que dificulta a formação de profissionais que saibam articular-se com outras áreas da
Revista da ABENO • 11(1):39-42
39
Integração Acadêmica e Multiprofissional no PET-Saúde: Experiências e Desafios • Oliveira Sobrinho TA,
Medeiros CPP, Maia MR, Reis TC, Miranda LP, Costa PF
saúde e que conheçam a realidade das comunidades
atendidas pela Estratégia Saúde da Família (ESF).2
Essa realidade direciona para a necessidade de uma
reorientação curricular efetiva e integrada entre os
cursos de saúde.3
Como não é possível mudar o paradigma sanitário
e o sistema de saúde sem atuar na formação dos profissionais, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN)
dos cursos da área da saúde estão buscando formar
profissionais generalistas com uma visão crítica capaz
de atender as necessidades sociais de saúde.4
O Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde) se insere como uma estratégia do
Pró-Saúde, que incentiva a formação de grupos de
aprendizagem tutorial no âmbito da ESF, por meio
da iniciação ao trabalho multiprofissional e interdisciplinar dos estudantes dos cursos de graduação na
área da saúde, constituindo-se como uma iniciativa
intersetorial direcionada para o fortalecimento da
integração ensino-serviço no âmbito da atenção básica. Iniciativas como as do PET-Saúde buscam atender
o que é preconizado tanto nas diretrizes para a formação dos profissionais da saúde, quanto nas diretrizes para o exercício profissional no SUS.5
A união de profissionais de diversas áreas da saúde
no trabalho em equipe é apontada como o elemento
base para a consolidação da ESF, aprimorando relacionamentos interpessoais e articulando saberes. Essas
equipes foram adotadas na ESF, justamente para que
este modelo de atenção permita a articulação entre
diferentes saberes na prática da assistência à saúde.6,7
No trabalho multiprofissional, ocorre a troca de
experiências sob a ótica de uma abordagem integral
e resolutiva, o que viabiliza o planejamento de ações
de saúde mais eficazes. A construção do trabalho cooperativo apresenta-se como uma ferramenta eficaz
para o fazer em grupo, porém, implica em superar
muitos obstáculos.8
Como a inserção de equipes multiprofissionais na
atenção primária é uma iniciativa inovadora que se
configura como um desafio, estudos que discorram
acerca dessa vivencia são importantes, a fim de contribuir na sua consolidação. Sendo assim, este estudo
objetiva descrever as experiências, reflexões, desafios
e contribuições da integração e atuação acadêmica e
multiprofissional de uma equipe de trabalho do PETSaúde, vivenciadas em uma unidade da ESF.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de
experiência, o qual se configura como inovador por
40
possibilitar transcorrer sobre o tema da integração
acadêmica e multiprofissional no PET-Saúde.
As atividades foram desenvolvidas na unidade de
saúde da ESF Independência I, situada na cidade de
Montes Claros, Minas Gerais, durante o período compreendido entre Abril de 2010 e Maio de 2011, sob a
coordenação de três preceptores (um dentista, uma
enfermeira e uma médica, todos pertencentes à referida equipe de saúde) e atuação de acadêmicos de
diferentes períodos dos seguintes cursos da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES:
• ciências biológicas,
• educação física,
• enfermagem,
• medicina e
• odontologia.
Houve ainda o envolvimento de agentes comunitários de saúde na realização de algumas atividades.
As ações promovidas se inseriram na própria dinâmica de funcionamento da ESF e contemplaram
um público diversificado, englobando as várias fases
do ciclo de vida, a saber:
• crianças,
• gestantes,
• adolescentes,
• adultos,
• idosos,
• hipertensos e diabéticos,
• todos usuários adscritos no território da unidade
de saúde abordada.
É importante ressaltar que houve a realização prévia de grupos de discussão acerca de temas relevantes
relacionados à prática, destacando-se os princípios da
ESF, territorialização e andragogia, assim como ocorreu o planejamento conjunto das atividades a serem
desenvolvidas. Os grupos promovidos se embasaram
na busca da vivência cotidiana do usuário e as atividades clínicas resgataram o conhecimento científico
adquirido na academia, sempre buscando acrescentar mais aprendizado ao estudante, por meio de sua
inserção no cenário de prática da atenção primária
em saúde.
RESULTADOS
O trabalho multidisciplinar realizado nesse período visou ao atendimento integral, que foi ofertado
por meio de serviços de promoção da saúde e prevenção de doenças, com vistas à melhoria da qualidade
de vida dos usuários. Dentre as ações realizadas, des-
Revista da ABENO • 11(1):39-42
Integração Acadêmica e Multiprofissional no Pet-Saúde: Experiências e Desafios • Oliveira Sobrinho TA,
Medeiros CPP, Maia MR, Reis TC, Miranda LP, Costa PF
tacam-se a realização interdisciplinar de grupos de
educação em saúde, visitas domiciliares e atendimento clínico.
Nas atividades de educação em saúde, foi adotada
a metodologia de grupos operativos, operacionalizada por meio de encontros com participação de um
número reduzido de usuários com características em
comum. Os temas abordados foram escolhidos buscando contemplar a demanda do território, para grupos pré-definidos pela unidade, tais como:
• diabetes,
• hipertensão,
• planejamento familiar,
• gestação,
• idosos e
• saúde mental, com ênfase na promoção e proteção da saúde.
Com o propósito de estreitar o vínculo entre as
famílias e a equipe da ESF e do PET-Saúde, foram
realizadas visitas domiciliares. Estas atividades permitiram a apresentação da equipe do PET-Saúde aos
usuários, bem como a proposta de realização de um
planejamento integrado que envolvesse a comunidade, fortalecendo a diretriz do controle social. Exemplo satisfatório desta atuação foi o resgate dos pacientes com transtorno mental, que estavam afastados da
unidade e que passaram a integrar um grupo de BemEstar em Saúde, realizado mensalmente pela equipe.
Os discentes tiveram a oportunidade de acompanhar os atendimentos clínicos realizados pelos profissionais da equipe, preceptores do PET-Saúde (médico, odontólogo e enfermeira). As práticas se
constituíram de consultas de pré-natal, puerpério,
puericultura, saúde da mulher e demanda espontânea. No decorrer da realização dessas atividades, houve a troca de experiências e o esclarecimento de dúvidas. Ao auxiliar os preceptores, os estudantes
tiveram a possibilidade de aplicar os conhecimentos
teóricos adquiridos na academia.
Como desafios, a equipe evidenciou a incompatibilidade curricular e a falta de um projeto políticopedagógico institucional consistente que favorecesse
a atuação das várias classes profissionais. Para superar
essas dificuldades, foi elaborado um Planejamento
Estratégico Situacional das ações a serem desenvolvidas, englobando, inclusive, a correspondência dos
horários de disponibilidade dos participantes envolvidos no processo, a fim de garantir à equipe uma
melhor preparação e execução das atividades, tendo
sempre como foco uma prática transdiciplinar.
DISCUSSÃO
Observa-se, pela literatura, que o trabalho em
equipe é a base para ações integrais na saúde9 e condição necessária para atender com qualidade as necessidades dos usuários de acordo com a variabilidade
de situações.10
Destaca-se que tanto os grupos operativos quanto
as visitas domiciliares possibilitaram o estreitamento
do vínculo com os usuários. Segundo Souza et al.
(2003)11 e Teixeira et al. (2000),12 o vínculo é conseqüência de uma relação mais próxima da população
com a equipe de saúde por conseqüência das visitas
domiciliares, que facilita a adesão da população ao
serviço de saúde. A população sente-se melhor cuidada, pois a equipe intervém com visão mais ampliada
pelo conhecimento da população, estimulando sua
autonomia e participação no tratamento, numa relação de respeito e valorização das particularidades,
inclusive co-responsabilizando a população pelo seu
próprio bem-estar.
O acompanhamento das atividades clinicas inserem-se como uma das estratégias do Pró-Saúde, relacionada mais especificamente ao eixo cenários de práticas, o PET-Saúde busca incentivar a interação ativa
dos estudantes e docentes dos cursos de graduação
em saúde com os profissionais dos serviços e com a
população. Ou seja: induzir que a escola integre, durante todo o processo de ensino-aprendizagem, a
orientação teórica com as práticas de atenção nos serviços públicos de saúde, em sintonia com as reais necessidades dos usuários do Sistema Único de Saúde.13
A incompatibilidade curricular e a falta de um
projeto político-pedagógico para atuação das várias
classes profissionais foram verificadas neste trabalho.
Segundo Pedrosa et al. (2001),14 o PSF constitui-se de
equipes multiprofissionais que devem atuar em uma
perspectiva interdisciplinar. Os membros da equipe
articulam suas práticas e saberes no enfrentamento
de cada situação identificada para propor soluções
conjuntamente e intervir de maneira adequada, já
que todos conhecem a problemática.
CONCLUSÃO
A experiência proporcionada pelo PET-Saúde aos
acadêmicos dos diversos cursos da área da saúde permite vivenciar e atuar nas unidades das ESFs, contribuindo para a interação acadêmica e atuação transdiciplinar e multiprofissional dos mesmos. A aquisição
de novos aprendizados propiciada é extremamente
relevante para uma formação diferenciada, o que torna o futuro profissional mais preparado para enfren-
Revista da ABENO • 11(1):39-42
41
Integração Acadêmica e Multiprofissional no PET-Saúde: Experiências e Desafios • Oliveira Sobrinho TA,
Medeiros CPP, Maia MR, Reis TC, Miranda LP, Costa PF
tar o mercado de trabalho.
Nesse sentido, destaca-se que houve uma satisfatória integração entre os atores durante o processo
de trabalho relatado, tanto no que diz respeito à relação docente-discente, quanto à interação academia
e serviço. Deve-se enfocar que, apesar dos avanços
alcançados com a proposta de uma atuação profissional diversificada e interdisciplinar, os desafios mencionados só deverão ser superados após a plena integração entre os cursos das ciências da saúde, de modo
a permitir, dessa forma, uma maior flexibilidade e
compatibilidade curricular.
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4. Silva RPG, Rodrigues RM. Sistema Único de Saúde e a gradu-
ABSTRACT
Academic and Multiprofessional Integration in the
PET – Health Program: Experiences and Challenges
The purpose of this study was to describe the experiences of the PET – Health staff at the Independencia I Basic Health Center. It is a retrospective, descriptive and innovative experience-based report that
makes it possible to address academic and multiprofessional integration in the PET – Health program. The
related activities were developed by students and instructors of Biology, Physical Education, Nursing,
Medicine and Dentistry. The multidisciplinary work
focused on full-time treatment offered through health
promotion and diseases prevention services to increase the life quality of users. Among the actions performed, we can highlight the forming of interdisciplinary health education groups, home visits and
clinical treatment. Among the challenges, the team
came up against curriculum incompatibility and lack
of a consistent political-pedagogical project favoring
multiprofessional performance. To overcome these
difficulties, prior planning of actions to be developed
and matching of schedule availability was undertaken
so that the team could be better prepared to perform
its activities, exchange experiences and share academic knowledge. In conclusion, despite advances regarding the development of multiprofessional training, the
challenges can only be overcome after the full integration of health science courses, to promote greater curriculum compatibility and flexibility.
ação em enfermagem no Paraná. Rev Bras Enferm 2010;
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DESCRIPTORS
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Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
42
Revista da ABENO • 11(1):39-42
Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde: formação baseada
nos pressupostos das Diretrizes
Curriculares Nacionais
Elisa Ribeiro de Oliveira*, Lucimar Aparecida Britto Codato**, Suely Tsuha Massaoka**,
Mariana Gabriel***
*Discente do curso de Odontologia da Universidade Estadual de
Londrina
**Docentes do Departamento de Medicina Oral e Odontologia
Infantil da Universidade Estadual de Londrina
***Pós-graduanda do Programa de Mestrado em Clínica Odontológica
da Universidade Estadual de Londrina
RESUMO
Este trabalho objetiva correlacionar os pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para
o curso de Odontologia com as atividades desenvolvidas por alunos de Odontologia, integrantes do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PETsaúde) da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
As DCN apontam que a formação profissional deve
estar atrelada às necessidades da população, daí a
necessidade da diversificação dos cenários de práticas
e do fortalecimento da parceria e da interação entre
ensino-serviço e comunidade. Nesta integração, os
benefícios são bilaterais, pois formam-se profissionais
com perfil adequado às necessidades dos serviços e o
processo ensino-aprendizagem acontece nos espaços
onde ocorrem as práticas de saúde, que favorecem a
formação de futuros profissionais com mais conhecimento e comprometimento para o enfrentamento
das reais necessidades de saúde da população. Neste
contexto, o PET-Saúde muito contribui para esta integração e, consequentemente, para a implementação das DCN porque possibilita que o discente pratique o conteúdo aprendido na graduação, por meio
do trabalho em diversificados cenários de práticas,
incentivando-o a pesquisar, trabalhar em equipes
multiprofissionais, desenvolver a comunicação, a reflexão, gerenciar serviços e tomar decisões, sempre
contextualizadas a realidade que o aluno está inserido
e vivenciando no dia-dia dos serviços de saúde.
DESCRITORES
Educação em Odontologia. Sistema Único de Saúde. Formação de Recursos Humanos.
P
rimeiramente, para esclarecimento, a autora
principal desse estudo, graduanda em Odontologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL),
integrante do Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde (Pet-saúde) da UEL, por meio de leituras visando a escolha de tema para o Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC), identificou a relação entre os pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) com os trabalhos desenvolvidos pelo PETSaúde que motivaram este estudo que busca
correlacionar os pressupostos das DCN com as atividades desenvolvidas no Pet-saúde.
Na Odontologia, o modelo de formação sempre
foi voltado para a prática liberal, com ênfase na necessidade de aperfeiçoamento e especialização em
áreas exclusivamente técnicas.1 Porém, essa formação
especialista e curativa se distancia cada vez mais do
modelo assistencial de saúde vigente no país, no qual
se procura a prevenção, a promoção e a assistência à
saúde, sempre atreladas à realidade vivenciada pela
população.2
Para o enfrentamento dessa realidade, verificouse a necessidade de buscar melhorias na formação
profissional, por meio de currículos com princípios
mais integradores, baseados em temas geradores ou
complexos, que funcionassem como eixos transversais, com o objetivo de formar cidadãos conscientes,
Revista da ABENO • 11(1):43-6
43
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde: formação baseada nos pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais • Oliveira
ER, Codato LAB, Massaoka ST, Gabriel M
éticos, autônomos, críticos e transformadores.3
Logo, a reestruturação do currículo odontológico
é necessária para a formação de profissionais que voltem a sua práxis às necessidades requeridas pelo quadro epidemiológico, em meio à historicidade do processo saúde-doença-cuidado.4 Para tanto, é necessário
repensar o processo ensino-aprendizagem, tanto sob
o aspecto dos conteúdos programáticos (“o que” ensinar) como dos processos de ensino (“como” ensinar).5
É fato que uma prática educativa humanizada na
área da Saúde coloca o homem como centro do processo de construção da cidadania, comprometida e
integrada à realidade social e epidemiológica, às políticas sociais e de saúde, oportunizando a formação
profissional contextualizada à realidade da população que busque a resolução e o enfrentamento das
necessidades identificadas.6
Procurando atender às necessidades dos usuários
do Sistema Único de Saúde (SUS) e também à observância dos seus princípios de universalidade, equidade e integralidade, o Ministério da Educação e as
Comissões de Especialistas de Ensino elaboraram as
DCN, almejando auxiliar a formação acadêmica atrelada a referenciais epidemiológicos, sociais, econômicos e culturais de seu meio, com o propósito de dirigir a sua atuação para a transformação dessa
realidade em benefício da sociedade.
Neste contexto, a implantação das DCN foi fundamental para a reorientação da formação profissional, porque apontou a necessidade dos cursos da área
da saúde incorporarem aos seus projetos pedagógicos
o arcabouço teórico do SUS, com valorização dos postulados éticos e da cidadania, que favorecem a formação profissional de acordo com referenciais nacionais
e internacionais de qualidade.7
As DCN sinalizam a necessidade de maior integração entre ensino e serviços de saúde e configuram-se
como elemento de convergência entre os setores de
saúde da educação. Nesta integração, os benefícios
são bilaterais, pois formam-se profissionais com perfil
adequado às necessidades dos usuários e dos serviços
e o processo ensino-aprendizagem acontece nos espaços onde ocorrem as práticas de saúde, o que favorece a formação de futuros profissionais mais sensíveis, com mais conhecimento e comprometimento
para o enfrentamento das reais necessidades de saúde
da população, pois o aluno tem a oportunidade de
vivenciar e participar do dia-dia dos serviços.8,9,10
Neste momento, era fato que não se esperavam
transformações espontâneas das Instituições de Ensi44
no Superior (IES) na direção assinalada pelo SUS,
sem que houvesse estímulos adicionais que favorecessem avanços das IES na formação profissional que
facilitassem o alcance dos objetivos propostos, em
busca de uma atenção à saúde mais equânime, de
qualidade, atrelada às necessidades de cada população específica.11
Para auxiliar o suprimento dessa demanda, foram
lançados no Brasil o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde e o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Petsaúde) que apóiam técnica e financeiramente os
cursos de graduação que se dispuseram a realizar mudanças no processo de formação profissional. Tais
programas objetivam a integração ensino-serviços,
contribuem para a formação profissional e favorecem
a implementação das DCN.12,13,14
Neste sentido, o Pet-saúde muito tem auxiliado a
formação profissional, pois nele os alunos têm a oportunidade de praticar o que é preconizado nas DCN:
aprender a aprender, que engloba aprender a ser,
aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender
a conhecer, favorecidos pela integração ensino serviços e comunidade.
Como consequência desses avanços na formação
profissional, espera-se melhorias na integralidade da
atenção, na qualidade e humanização do atendimento prestado à população.15
Importante destacar que os objetivos gerais propostos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais: atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e educação
permanente15,16 estão sendo praticados pelos alunos
do Pet- Saúde da UEL, em atividades que possibilitam
aos discentes a integração com os serviços de saúde,
por meio da prática e da utilização do conhecimento
que vem sendo adquirido na graduação, contextualizado à realidade vivenciada pelos alunos nos diferentes espaços onde se produz saúde. Desta forma, o
aluno interage com a comunidade praticando atenção à saúde e comunicação, participa de programas
sociais, de pesquisas científicas, trabalha em equipes
multiprofissionais, que incluem discentes de outros
cursos da saúde e também profissionais da rede de
serviços.
Neste sentido, segundo Segura et al.17 as atividades
extramuros favorecem a formação profissional por
meio da articulação, integração com os serviços de
saúde e da inserção dos alunos na realidade contextual da população. Tais atividades possibilitam aos
acadêmicos o conhecimento das estruturas organiza-
Revista da ABENO • 11(1):43-6
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde: formação baseada nos pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais • Oliveira
ER, Codato LAB, Massaoka ST, Gabriel M
cionais, administrativas, gerenciais e funcionais dos
serviços públicos de saúde; a participação no atendimento à população; a compreensão das políticas públicas de saúde e do papel do profissional de saúde e
o conhecimento dos parâmetros e instrumentos de
planejamento utilizados nos projetos de saúde.17
Junior et al.18 complementam que as atividades
extramurais são importantes para o processo educativo, cultural e científico porque articulam ensino e
pesquisa de forma indissociável e viabilizam a ação
transformadora entre a universidade e a sociedade,
porque favorecem a formação de um futuro profissional comprometido com a realidade social.
ing him to research, work in multidisciplinary teams,
develop communication and reflection, manage services and make decisions.
DESCRIPTORS
Dental Education. Unified Health System. Human Resources Formation. §
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CONCLUSÃO
As atividades desenvolvidas pelos alunos do Petsaúde da UEL estão em consonância com os pressupostos das DCN, o que aponta a relevância desse projeto para a formação profissional atrelada às
necessidades da população. Além disso, o PET-saúde
tem favorecido a integração ensino-serviço que, além
de preconizada pelas DCN, é fundamental para o
desenvolvimento das competências requeridas pelas
DCN.
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rumo da saúde para a Odontologia. Revista Abeno 2005; 5(1)
ABSTRACT
Education Program through Health Work:
training based on the assumptions of the National
Curriculum Guidelines
This study aims to correlate the underlying assumptions of the National Curriculum Guidelines
(DCN) for the Dentistry Course with the activities
developed by Dentistry students, members of the
Education Program through Health Work (PETHealth) of the State University of Londrina. The DCN
suggest that professional education should be geared
to the needs of the population; hence there is a need
for diversification of practical scenarios, for the
strengthening of partnerships and for interaction between teaching, service and community. In this integration, the benefits are bilateral; professionals with
a profile suited to the needs required for services are
trained, and the teaching-learning process occurs in
spaces where there are health practices, which favor
the training of future professionals with greater
knowledge and commitment to face the real health
needs of the population. In this context, PET-Health
has contributed to this integration and consequently
to the implementation of the DCN, because it allows
the student to practice the contents learned in college, by working in many spaces of practice, encourag-
32-9.
7. Haddad AE, Morita MC, Pierantoni CR, Brenelli SL, Passarella
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Revista da ABENO • 11(1):43-6
45
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde: formação baseada nos pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais • Oliveira
ER, Codato LAB, Massaoka ST, Gabriel M
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46
Revista da ABENO • 11(1):43-6
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
Pró-Saúde – Odontologia/UNISC:
experiências e contribuições na
formação profissional
Micheli Chabat da Silva*, Beatriz Baldo Marques**, Magda de Sousa Reis***, Renita Baldo
Moraes****
*Acadêmica do curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz
do Sul – RS
**Professora Coordenadora do PRÓ-SAÚDE I – Odontologia/UNISC
***Professora Coordenadora do PRÓ-SAÚDE I – Odontologia/UNISC
****Professora Coordenadora do PRÓ-SAÚDE I – Odontologia/UNISC
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi realizar uma pesquisa com os acadêmicos do curso de Odontologia da
Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), que
desenvolveram alguma atividade no bairro, através do
PRÓ-SAÚDE, onde foi questionado se esta atividade
contribuiu para sua formação profissional. A educação superior deve estar atrelada à realidade da população e a responsabilidade das ações de Promoção de
Saúde deve ser integrada entre os indivíduos, comunidades, profissionais de saúde e instituições que
prestam serviço de saúde. É de fundamental importância essa integração com os serviços, pois desta forma se cria habilidades para trabalhar em democracia,
para o desenvolvimento de uma visão crítica e de competências culturais. Os dados foram coletados a partir
de 51 instrumentos de pesquisa aplicados. Dos acadêmicos entrevistados, 99% responderam que a motivação do PRÓ-SAÚDE trouxe benefício para a sua vida.
Destes, 53% apontou dimensão profissional como o
benefício mais significativo, seguidos de 35,2% em
termos de dimensão social, e 11,8% de destaque para
a dimensão pessoal. Outro dado levantado na entrevista com os acadêmicos foi de que 60,9% pretendem
iniciar sua vida profissional preferencialmente na
rede pública, 25,4% prioritariamente em consultório
ou clínica privada e talvez rede pública, 11,8% somente em consultório ou clínica privada, e 1,9% somente
na rede pública. Desta forma, reafirma-se a importância do PRÓ-SAÚDE para a formação de profissionais
capacitados a trabalharem na rede pública.
DESCRITORES
Odontologia. Odontologia Preventiva. Educação
em Odontologia. Saúde. Odontologia Comunitária.
A
s práticas de saúde através de ações curativas de
caráter individual mostram-se cada vez mais ineficazes para solução de problemas que afetam a cavidade bucal, como a cárie dentária e a doença periodontal. Formar um profissional apto a perceber suas
limitações, desafios e potencialidades frente às reais
necessidades da população, é o que tem motivado
setores responsáveis pela formação dos profissionais
de saúde bucal, Ministério da Educação, Ministério
da Saúde e as instituições de educação superior, a não
poupar esforços e determinar Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCNs) para os Cursos de Graduação em
Odontologia. Toda essa mudança é baseada na motivação e convicção de que o Sistema Único de Saúde
(SUS) necessita de profissionais conscientes e motivados em seus postos de trabalho.
As DCNs instituem como perfil do egresso do curso de Odontologia, um profissional generalista, humanista, crítico e reflexivo para atuar em todos os
níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico
e científico. Este profissional deverá estar capacitado
a realizar atividades referentes à saúde bucal da população pautado em princípios éticos, legais e na
compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da realidade.
O currículo do curso de Odontologia da UNISC
está organizado de tal maneira que busca a formação
do acadêmico de forma integral, estimulando o com-
Revista da ABENO • 11(1):47-50
47
Pró-Saúde – Odontologia/UNISC: experiências e contribuições na formação profissional • Silva MC, Marques BB, Reis MS, Moraes RB
prometimento com os problemas enfrentados pela
sociedade, e oportunizando ao acadêmico uma reflexão sobre seu papel transformador frente à sociedade. Para intensificar esta formação, após concorrer
ao edital do PRO-SAUDE I, a UNISC iniciou suas atividades odontológicas, no bairro Santa Vitória, no
ano de 2010, quando os acadêmicos se inseriram no
programa através de disciplinas, estágios curriculares
e projetos de extensão.
O programa tem o objetivo de ampliar a integração desde os primeiros semestres do curso, entre acadêmicos, professores da universidade e com os profissionais que integram a rede de serviços de saúde
do município de Santa Cruz do Sul, mais especificamente com a equipe de profissionais das Estratégias
de Saúde da Família.
Este trabalho verificou, portanto, o impacto que
o Programa Nacional de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde teve sobre os acadêmicos do
curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz
do Sul.
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo realizado foi quantitativo observacional
transversal descritivo, com objetivo de investigar e
descrever as experiências e contribuições do PRÓSAUDE na formação profissional. Os sujeitos da pesquisa foram os estudantes do curso de Odontologia,
da Universidade de Santa Cruz do Sul inseridos nas
atividades desenvolvidas no bairro Santa Vitória,
onde se programou ações do PRÓ-SAÚDE.
Os dados foram coletados a partir de um questionário com 13 questões abertas e fechadas. Estas abordavam o semestre em que os acadêmicos estavam
matriculados, o número de vezes que atuou no programa, o tipo de atividade desenvolvida e se havia
ouvido falar no programa antes de iniciar suas atividades. Também foram abordadas questões referentes
às DCNs, percepção do acadêmico em relação às atividades realizadas no Programa, dimensão que o acadêmico sentiu maior benefício.
Participaram da pesquisa 51 acadêmicos, regularmente matriculados no curso de Odontologia, da
UNISC de Santa Cruz do Sul no RS. Estes realizaram
atividades através de disciplinas, estágios curriculares
ou através de projetos de extensão. A participação da
pesquisa foi voluntária, com a obtenção do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido de cada sujeito,
sem identificação revelada dos participantes.
Foi realizado anteriormente ao início da coleta de
dados, o projeto piloto onde o instrumento de pes48
quisa foi aplicado a 10 participantes para avaliar se as
perguntas foram elaboradas adequadamente. O retorno do projeto piloto foi positivo, com todos participantes conseguindo interpretar de forma correta o
questionário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O instrumento de pesquisa, respondido por 51
acadêmicos regularmente matriculados no 7° e 9°
semestre do curso de Odontologia da UNISC. A idade dos entrevistados variou de 20 anos a 34 anos. Dos
participantes, 35,2% foram realizar atividades no bairro através do PRÓ-SAÚDE menos de cinco vezes;
27,6% de seis a nove vezes e 37,2% dez vezes ou mais.
As atividades desenvolvidas ocorreram em sua
maioria através de disciplinas curriculares (Periodontia e Cirurgia), seguida dos Estágios Supervisionados
(Estágio Supervisionado Odontopediátrico, e Estágio
Supervisionado II) e Projetos de Extensão (Atenção
à Saúde da Criança e do Adolescente). Destas atividades, a maior parte deu-se através do atendimento clínico à população, seguido por visitas domiciliares e
trabalhos de educação em saúde diretamente com a
comunidade.
Os acadêmicos foram questionados se antes de
desenvolverem as atividades através do PRÓ-SAÚDE
tinham conhecimento do programa. A maioria
(84,4%) já havia ouvido falar do mesmo na Universidade, tendo sido orientado quanto ao local, o tipo de
atividade que seria realizado, o público alvo e os objetivos do programa, e 15,6% nunca haviam ouvido
falar do PRÓ-SAÚDE antes de iniciarem suas atividades.
Quando questionados sobre seu conhecimento
acerca das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs):
54,9% conhecem muito pouco, 35,3% não conhecem
e apenas 9,8% conhecem. Quanto à relação entre as
Diretrizes Curriculares Nacionais e o Programa de
Reorientação da formação Profissional: 84,4% não
souberam dizer se há relação e 15,6% afirmaram haver relação entre eles. Quando questionados sobre
qual a relação existente, os acadêmicos citaram o envolvimento com o ensino, comunidade e extensão, e
a promoção de saúde. Além disso, houve também o
relato da busca por uma aprendizagem interdisciplinar, formação continuada, formação de novos profissionais comprometidos com a saúde das pessoas, não
somente bucal, mas a saúde geral da comunidade.
Nas entrevistas, 80,4% responderam que sentiram
diferença em atender no bairro, frente ao Programa
enquanto 19,6% (Gráfico 1) não perceberam diferen-
Revista da ABENO • 11(1):47-50
Pró-Saúde – Odontologia/UNISC: experiências e contribuições na formação profissional • Silva MC, Marques BB, Reis MS, Moraes RB
ça destas atividades quando comparadas ao atendimento na clínica de Odontologia da Universidade.
Para os que perceberam a diferença as mais citadas
foram: complexidade dos casos encontrados na comunidade, classe econômica, diferença de instrução
sobre saúde dos pacientes, entre outros.
Em relação à aproximação do acadêmico com os
demais profissionais de saúde, 54,9% sentiram tal
aproximação com os profissionais enquanto 45,1%
não perceberam sua presença. Esses profissionais estão vinculados com: agentes comunitários de Saúde,
enfermagem, medicina, nutrição e fisioterapia.
As condições de trabalho como infraestrutura,
equipamentos e materiais utilizados foram também
avaliados e 27,4% dos acadêmicos responderam que
local de atendimento das ações do PRÓ-SAÚDE é
semelhante ao serviço público, enquanto 72,6% responderam que não vêem semelhança. As principais
diferenças apontadas pelos acadêmicos, é que o tempo de atendimento para acolhimento e vínculo com
os pacientes é maior no PRÓ SAÚDE e os materiais
utilizados são superiores aos que encontramos nos
serviços públicos de saúde.
Após a conclusão do curso, 60,9% (Gráfico 2) dos
participantes pretendem iniciar com emprego preferencialmente na rede pública e depois trabalhar em
consultório particular ou clínica privada, 25,4% pretendem iniciar prioritariamente em consultório particular, ou clínica privada e talvez na rede pública,
11,7% pretendem iniciar sua vida profissional somente em consultório particular ou clínica privada e 1,9%
pretendem trabalhar somente na rede pública.
Os acadêmicos foram questionados se o desenvolvimento dessa atividade trouxe algum benefício para
a vida, 98,1% responderam sim, sendo a dimensão
profissional o benefício mais percebido entre os acadêmicos, seguindo pelo benefício social (através do
convívio com pessoas de realidade diferente) e apenas 1,9% responderam que não (Gráfico 3).
De acordo com a pesquisa realizada, o Programa
Nacional de Reorientação da Formação Profissional
em Saúde possibilita uma forma nova de atuação para
os acadêmicos do curso de Odontologia, sendo um
ponto positivo a divulgação e esclarecimento da Universidade em relação a esse Programa. Desta forma,
a maioria dos acadêmicos ao iniciar suas atividades
junto à comunidade já tinha de forma clara qual seria
a população atingida, as características da comunidade em que trabalhariam, e os objetivos do Programa.
Um grande número de acadêmicos percebeu diferenças em atender nos bairros quando comparado à clí-
Perceberam diferença
Não perceberam diferença
19,60%
80,40%
Gráfico 1 - Diferença de atendimento percebida pelos
acadêmicos na clínica de Odontologia/UNISC e no bairro onde se desenvolve ações do Pró-Saúde – Santa Cruz
do Sul / RS
1,90%
11,70%
60,90%
25,40%
Somente na rede pública
Somente em consultório particular ou clínica privada
Prioritariamente em consultório particular ou em
clínica privada e talvez na rede pública
Iniciar com emprego preferencialmente na rede pública
Gráfico 2 - Interesse de atuação dos acadêmicos após a
conclusão da graduação. Santa Cruz do Sul / RS
1,90%
Trouxe benefício
Não trouxe benefício
98,10%
Gráfico 3 - Benefícios percebidos pelos acadêmicos do
Curso de Odontologia na atuação junto ao Pró-Saúde –
Santa Cruz do Sul / RS
nica da Universidade, mostrando desta forma que
apresentam um olhar voltado para uma Odontologia
comunitária, onde se tem como ênfase a atenção básica, mas não se deixa de lado os conhecimentos técnicos e científicos.
O número de acadêmicos que pretendem iniciar
suas atividades profissionais preferencialmente na
rede pública vem crescendo com o passar dos anos.
Esse interesse, reflexo do mercado de trabalho e de
um currículo voltado para a realidade em que muitos
profissionais enfrentam após a conclusão da graduação, faz com que os acadêmicos busquem informações para atuarem mais ligados com a comunidade,
Revista da ABENO • 11(1):47-50
49
Pró-Saúde – Odontologia/UNISC: experiências e contribuições na formação profissional • Silva MC, Marques BB, Reis MS, Moraes RB
com uma formação profissional de qualidade. Neste
sentido, o PRÓ-SAÚDE vem contribuindo significativamente no novo olhar do acadêmico em suas atuações na comunidade.
Em relação aos benefícios trazidos pela realização
de atividades através do PRÓ-SAÚDE, as respostas foram favoráveis, comprovando o benefício para o acadêmico, que possui a oportunidade de atuar direto com
a comunidade, de forma integral, em disciplinas, estágios e projetos. Neste momento também se pode desenvolver poder transformador enquanto acadêmicos
que se envolvem em ações sociais, não só com a saúde
bucal, mas sim a saúde geral e bem estar do paciente,
suprindo desta forma as necessidades da população,
com escuta adequada. As visitas domiciliares possibilitam conhecer a realidade das famílias atendidas, conseguindo desta forma ampliar a visão geral e desenvolver as ações da melhor maneira possível. A comunidade
é a principal beneficiada com o Programa, pois futuramente esses acadêmicos serão os profissionais da rede,
e conseqüentemente estarão capacitados a trabalhar
nesse espaço, sabendo enfrentar as dificuldades encontradas e anseios vividos pela comunidade.
important, because it builds the skills needed to work
democratically, and to develop a critical vision and
cultural capabilities. The data was collected through
51 questionaires; 99% of the students interviewed
answered that their PRO-HEALTH activities brought
benefits to their life; 53% of these students pointed
out the professional benefits as the most significant
plus factor; 35.2% answered that the most significant
gains were the social benefits; and 11.8% highlighted
the personal benefits as most significant. Among the
students interviewed, 60.9% intend to start their professional life preferentially in public service, 25.4%
give priority to working in a private office or clinic or
perhaps public service, 11.8% intend to work only in
a private office or clinic, and 1.9% intend to work only
in public services. Accordingly, we can see the importance of PRO-HEALTH in training professionals
skilled to work in public service.
DESCRIPTORS
Dentistry. Preventive Dentistry. Dentistry Education. Health. Community Dentistry. §
REFERÊNCIAS Bibliográficas
CONCLUSÃO
Ressalta-se a importância deste trabalho, pois desta maneira os acadêmicos podem perceber que a saúde pública vem crescendo a cada ano, e precisamos
de profissionais capacitados para atuarem nesta área.
O Programa Nacional de Reorientação da Formação
Profissional teve uma adesão entre os acadêmicos, e
a devida importância, sendo considerada uma experiência válida, que contribuiu de forma significante
para o seu crescimento profissional e pessoal.
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Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Gradu-
ABSTRACT
Pro-Health – Dentistry/UNISC: experiences and
contributions to professional training
The purpose of this paper was to conduct a survey
among dentistry students of the Universidade de
Santa Cruz do Sul (UNISC) who develop any sort of
activity within the PRO-HEALTH (PRÓ-SAÚDE) program. The question asked was if this activity contributed to his/her professional training. Higher education must be tied to the reality of the population, and
the responsability of health promotion actions must
be integrated among persons, communities, health
professionals and institutions that provide health
services. This integration with health services is very
50
ação em Odontologia. Conselho Nacional de Educação/Câmera de Educação Superior – Brasília: Conselho Nacional de
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Revista da ABENO • 11(1):47-50
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
Odontologia no PET-Saúde: pesquisa
e integração ensino, serviço e
comunidade
Wanda Terezinha Garbelini Frossard*, Lucimar Aparecida Britto Codato*, Maura Sassahara
Higasi*, Márcia Maria Benevenuto de Oliveira*, João Paulo Menck Sangiorgio**
*Docente e tutora do Projeto PET-saúde da Universidade Estadual
de Londrina
**Pós-graduando do Programa de Mestrado em Clínica Odontológica
da Universidade Estadual de Londrina
RESUMO
O objetivo deste trabalho é mostrar ações acadêmicas assertivas fora do âmbito da academia no curso de Odontologia da Universidade Estadual de
Londrina (UEL) com a participação dos acadêmicos
da área da saúde no Programa de Educação pelo
Trabalho para a Saúde (Pet-saúde). Em 2010, o programa Pet-Saúde UEL aconteceu em três etapas: a
territorialização da área de atuação, o estudo do referencial teórico sobre a prática do aleitamento materno e a participação dos estudantes na coleta de
dados nacional sobre práticas alimentares no primeiro ano de vida. Em seguida, ocorreu a avaliação
do programa e a divulgação dos trabalhos realizados
em eventos científicos. Em relação ao inquérito realizado, verificou-se que: os índices de aleitamento
materno exclusivo e aleitamento materno predominante estão próximos de 50%; o consumo de alimentos com açúcar é elevado para a faixa etária estudada
e que o uso da chupeta e da mamadeira interfere no
processo da amamentação em crianças menores de
seis meses de idade, favorecendo o desmame precoce (p = 0,00). Além disso, concluiu-se que a participação dos estudantes do curso de odontologia da
UEL no Projeto Pet-saúde tem favorecido transformações nos processos de geração de conhecimentos,
contribuído para a prestação de serviços à população
e possibilitado maior integração entre ensino-serviço e a comunidade.
Descritores
Educação Superior. Educação em Odontologia.
Aleitamento Materno.
O
s desafios impostos pelas Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCN), aprovadas em 2002, e a necessidade de avançar em relação à qualificação do
egresso1 fez com que o Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) realizasse mudanças em 2004, com a adoção de um currículo integrado, visando à formação ampliada do aluno, a
interdisciplinaridade e a atenção integral.
É fato que a formação acadêmica para o curso de
Odontologia deve estar atrelada a referenciais epidemiológicos, sociais, econômicos e culturais de seu
meio, dirigindo sua atuação para a transformação
dessa realidade em benefício da sociedade.2,3,4
Neste sentido, o curso tem buscado a diversificação de cenários de práticas por meio do fortalecimento da integração ensino-serviço e comunidade para
avançar em relação à formação acadêmica em consonância com a realidade dos serviços de saúde.
Um desses cenários foi à adesão do curso de odontologia da UEL ao Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet-Saúde), que tem facilitado o
aprendizado e a iniciação ao trabalho, por meio de
estágios, que favorecem a formação profissional em
consonância com as necessidades da população. O
Pet-saúde é financiado pelos Ministérios da Saúde e
Educação e, desde seu primeiro Edital, em 2009, os
cursos da área da saúde da UEL têm participado ativamente das atividades do referido programa.
O Programa Pet- saúde UEL, no ano de 2010 e
2011, além de buscar a formação profissional nos locais onde efetivamente ocorrem as práticas de saúde,5
objetivou contribuir com a redução da morbimortalidade infantil por meio da ampliação da prática do
aleitamento materno e da melhora da formação profissional dos cincos cursos da área da saúde da UEL
Revista da ABENO • 11(1):51-4
51
Odontologia no PET-Saúde: pesquisa e integração ensino, serviço e comunidade • Frossard WTG, Codato LAB,
Higasi MS, Oliveira MMB, Sangiorgio JPM
na rede primária de atenção à saúde dos municípios
de Cambé, Ibiporã e Londrina, localizados na região
norte do PR.
O Objetivo deste trabalho é mostrar ações acadêmicas assertivas fora do âmbito da academia no curso
de Odontologia da UEL.
METODOLOGIA
O Pet-saúde da UEL é composto por estudantes
de graduação dos cursos de enfermagem, farmácia e
bioquímica, fisioterapia, medicina e odontologia, regularmente matriculados nas últimas séries, totalizando 300 estudantes. O número de estudantes do curso
de odontologia que participam são 120 e desses, 43
são monitores. Além deles, compõe o grupo 60 preceptores, que são profissionais pertencentes às equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) que orientam os alunos em suas Unidades Básicas de Saúde
(UBS) e 10 tutores acadêmicos, professores da UEL,
que produzem ou orientam a produção de conhecimento na área de atenção básica à saúde. O grupo
Pet-saúde da UEL de Londrina, Cambé e Ibiporã é
composto por 370 participantes.
Em 2010, o programa Pet-saúde da UEL aconteceu em três etapas:
• a territorialização,
• o estudo do referencial teórico sobre a prática do
aleitamento materno e a participação dos alunos
na coleta de dados nacional sobre práticas alimentares no primeiro ano de vida e
• a avaliação do programa e divulgação dos trabalhos realizados em eventos científicos.
1ª fase
Inicialmente, a fim de conhecerem a área de
abrangência das UBS em que atuavam, os estudantes
de odontologia, juntamente com preceptores e alunos de outros cursos da área da saúde, realizaram a
territorialização da região, por meio de passeios ambientais, conversas com agentes comunitários de saúde e informantes chaves. Além disso, acessaram os
principais sistemas de informação sobre a Atenção
Básica de seu território para maior conhecimento da
prevalência e incidência dos diversos agravos na região de sua atuação.
2ª fase
Os discentes aprofundaram-se no estudo do referencial teórico sobre as práticas do aleitamento materno, foram treinados para aplicar um questionário,
já validado, sobre práticas alimentares das crianças no
52
primeiro ano de vida, que faz parte do Projeto Amamentação e Municípios do Instituto de Saúde de São
Paulo,6 nos municípios de Londrina, Cambé e Ibiporã. A participação dos alunos do curso de Odontologia na pesquisa de campo ocorreu em agosto de 2010,
durante a segunda etapa da campanha de vacinação
contra poliomielite, em conjunto com os estudantes
dos cursos de medicina, fisioterapia, enfermagem,
farmacie e bioquímica. Para o cálculo das amostras
nas três localidades foi considerado a prevalência da
amamentação em cada município integrante do projeto, o número de Postos de Vacinação e o número
de crianças menores de um ano que foram vacinadas
em cada UBS, tendo como base as planilhas de Campanhas de Vacinação do ano anterior. O instrumento
para a coleta de dados foi composto por questões
fechadas sobre o consumo nas últimas 24 horas de
leite materno, outros tipos de leite e outros alimentos,
incluindo água, chás e outros líquidos além de hábitos
de sucção não nutritiva e características da população.
Os sujeitos de pesquisa foram os acompanhantes das
crianças menores de um ano de idade, no dia Nacional de Vacinação, que concordaram em participar da
mesma, após a leitura do consentimento livre-esclarecido. Este estudo recebeu parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa.
Além disso, os discentes levantaram nas UBS em
que atuavam, crianças menores de 6 meses e fizeram
o monitoramento do aleitamento materno, por meio
de visitas semanais às mães com o propósito de estimulá-las para a prática do aleitamento materno.
3ª fase
No final do ano letivo de 2010, o programa foi
avaliado pelos acadêmicos, preceptores e tutores
através de um questionário com questões abertas e
fechadas direcionado para cada modalidade de participante.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A participação dos estudantes do curso de Odontologia da UEL no Projeto Pet-saúde tem possibilitado
transformações nos processos de geração de conhecimentos, contribuindo para a prestação de serviços
à população e possibilitado maior integração entre
ensino-serviço e a comunidade.
Tal integração é fundamental e indispensável para
a implementação das DCN, pois para aprender saúde,
como base na realidade socioeconômica, cultural e
sanitária de cada território é preciso participar dos
espaços onde se produz saúde.3,5,7,8 Nesse sentido, a
Revista da ABENO • 11(1):51-4
Odontologia no PET-Saúde: pesquisa e integração ensino, serviço e comunidade • Frossard WTG, Codato LAB,
Higasi MS, Oliveira MMB, Sangiorgio JPM
Tabela 1 - Avaliação do programa Pet-Saúde pelos estudantes e preceptores participantes de Londrina, Cambe e Ibipo-
rã/PR, em 2010.
Estudantes
O Pet-Saúde possibilitou:
CT
Preceptores
CNT
CT
CNT
Aproximar-se mais à realidade dos serviços de saúde
79,9
18,4
95,8
4,2
Conhecer melhor a realidade de vida da população
84,6
12,0
87,5
1,2
Adquirir noções sobre os sistemas de informações epidemiológicas do município
78,5
14,4
72,9
27,1
Conhecer os principais indicadores de saúde criança
57,5
32,4
77,1
22,9
Conhecer as principais ações referentes à saúde da crianças desenvolvidas na rede básica de saúde
64,1
27,1
72,9
27,1
Facilidade na relação com os alunos das outras áreas da saúde
65,3
26,5
79,2
20,8
CT - Concordo totalmente / CNT - Concordo, mas não totalmente.
realização do processo de territorialização, realizada
na primeira fase do programa, foi fundamental para
o conhecimento da realidade e das necessidades de
cada região.
Somado a isso, o fato do processo ensino-aprendizagem ocorrer nos espaços onde as práticas de saúde acontecem, favorece a formação de profissionais
mais sensíveis, com maior comprometimento para o
enfrentamento das reais necessidades de saúde da
população, pois o aluno tem a oportunidade de vivenciar e participar do dia-dia dos serviços.2,3,5,7
Além disso, o aprendizado e o trabalho conjunto
entre estudantes, preceptores e tutores de outras áreas da saúde, têm auxiliado uma maior integração entre os acadêmicos dessas áreas, como mostra os resultados da avaliação do programa realizado pelos
estudantes e preceptores (Tabela 1)
Na segunda fase do programa, os estudantes participaram da pesquisa de campo nos Postos de vacinação durante o Dia Nacional da Campanha de Vacinação e, do total da amostra estimada, realizaram
88,91%, 92,2% e 93,06% entrevistas com mães ou
acompanhantes de crianças menores de um ano de
idade em Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamente, totalizando nos três municípios 2723 questionários
respondidos.
Os resultados mostraram em crianças menores de
seis meses de idade que o aleitamento materno exclusivo (AME) foi de 40,56%, 41,12% e 42,91% em
Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamente. Quando somado ao aleitamento materno predominante
(AMP) este índice foi de 52,81%, 51,98% e 52,70%
em Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamente.
Os dados obtidos de AME e AMP, quando comparados ao trabalho de Vannuchi et al.9 (2005), mostram
que, apesar do aumento significativo de 15% ao longo da última década no município de Londrina-PR,
estes dados ainda estão aquém do preconizado pela
Organização Mundial da Saúde para o milênio.9
O uso da chupeta e da mamadeira, além de contribuir para as más oclusões na dentadura decídua,10,11,12,13,14 mostrou que interfere no processo da
amamentação em crianças menores de seis meses de
idade, favorecendo o desmame precoce nas três localidades (p = 0,00) . Esses achados estão de acordo com
os estudos de Cotrim et al.12 (2002), em São Paulo e
Soares et al.13 (2003) no Rio de Janeiro.
O consumo de alimentos adoçados e a ingestão
de refrigerantes ocorreu em 33,89%, 30,74% e
33,45% e em 8,11%, 7,26% e 10,96% em Londrina,
Cambé e Ibiporã, respectivamente. Esses dados são
preocupantes, uma vez que a dieta rica em sacarose,
um dos responsáveis pela cárie dentária,14,15 mostra-se
elevado para a faixa etária estudada.
CONCLUSÃO
A participação de alunos do Curso de Odontologia da UEL no programa Pet-saúde mostrou-se efetiva
para o processo ensino-aprendizagem, favoreceu o
reconhecimento da realidade da população, possibilitou o trabalho multiprofissional e permitiu que vivenciassem a pesquisa.
O monitoramento das mães em aleitamento materno, estimulando a prática, foi a estratégia encontrada pelos acadêmicos do programa para contribuir
com a redução da mortalidade infantil.
ABSTRACT
Dentistry in the “PET-Saúde” Project: research and
integration of teaching, service and community
The aim of this study was to show the assertive
academic actions performed outside the academic
scope of the dentistry course at the State University
of Londrina (UEL), with the participation of health
Revista da ABENO • 11(1):51-4
53
Odontologia no PET-Saúde: pesquisa e integração ensino, serviço e comunidade • Frossard WTG, Codato LAB,
Higasi MS, Oliveira MMB, Sangiorgio JPM
field students enrolled in the Tutorial Education Program (PET) promoted by the Health and Education
Ministry. In 2010, the “PET-Saúde UEL” program was
conducted in three stages: marking off the work area,
theoretical reference study on the breastfeeding practice, and participation of students in gathering national data on eating habits in the first year of life.
Next, the program was evaluated and the studies presented in scientific events were disseminated. Regarding the survey, it was found that: the rates of exclusive
and predominant breastfeeding are close to 50%, that
the consumption of sugar-based foods is high for the
age group studied, and that the use of pacifiers and
bottles interferes with the process of breastfeeding in
children under six months of age and favors early
weaning (p =0.00). Furthermore, it was concluded
that the participation of dentistry students in the
“PET-Saúde UEL” project has promoted changes in
the processes of broadening knowledge, contributing
to public services and enabling greater integration
between teaching, health service and community.
pelo Trabalho para a Saúde- PET-SAÚDE. Acesso em 10/09/10
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54
Revista da ABENO • 11(1):51-4
Aceito em 25/07/2011
Apresentação de vídeo educativo do
projeto de extensão: “diagnóstico,
tratamento e epidemiologia das
doenças da cavidade bucal - LEBU”,
do Departamento de Odontologia da
Universidade Estadual de Maringá - PR
Wilton Mitsunari Takeshita*, Lilian Cristina Vessoni Iwaki**, Liogi Iwaki Filho***, Mariliani
Chicarelli da Silva**, Neli Pieralisi****, Vanessa Cristina Veltrini*****, Wesley Fernando
Ferrari******
* Doutor em Radiologia Odontológica – FOSJC/UNESP/São José
dos Campos. Professor Adjunto de Estomatologia e Radiologia
do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de
Maringá – UEM e Faculdade Ingá. Maringá. Paraná. Brasil
** Doutora em Radiologia Odontológica – FOP/UNICAMP/
Piracicaba. Professora Adjunto de Estomatologia e Radiologia
do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de
Maringá – UEM. Maringá. Paraná. Brasil
*** Doutor em Diagnóstico Bucal, professor associado de Cirurgia
do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de
Maringá
**** Mestre em Periodontia USP-Bauru, Professora Assistente de
Estomatologia e Radiologia do Departamento de Odontologia da
Universidade Estadual de Maringá – UEM. Maringá. Paraná. Brasil
***** Doutora em Patologia pela FOUSP. Professora de Patologia do
Departamento de Odontologia da UEM
****** Cirurgião-dentista, graduado pela Universidade Estadual de
Maringá
Resumo
Objetivo: divulgar o Projeto e seus serviços aos municípios da 15ª Regional de Saúde, alertar o telespectador a respeito do auto-exame, mostrar ao profissional da Odontologia a importância da iniciativa em se
realizar biópsias e exames histopatológicos quando
necessário (diante de determinados diagnósticos presuntivos), salientar o valor da interdisciplinaridade
na Odontologia, reiterar a importância e grandiosidade dos resultados obtidos quando diferentes esferas (Universidade e Regional de Saúde) trabalham
em busca de um bem comum: a qualidade de vida do
paciente. Metodologia: para a confecção do vídeo, fo-
ram gravadas imagens de palestras, do acolhimento
dos pacientes na clínica odontológica, das consultas,
dos exames pré-operatórios e dos procedimentos cirúrgicos, bem como dos trabalhos realizados pelos
profissionais da assistência social, psicologia, fonoaudiologia, pedagogia e nutrição. Imagens com o trabalho junto à comunidade externa e com a explicação
audiovisual do auto-exame foram editadas. Resultados:
o trabalho resultou em um vídeo que explorou de
forma educativa e dinâmica um trabalho que vem
sendo realizado há 15 anos pelo Projeto LEBU, em
parceria com a 15ª Regional de Saúde. Didaticamente conseguiu explicar a importância em se fazer o
Revista da ABENO • 11(1):55-61
55
Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade
bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV,
Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF
auto-exame bucal em busca de estruturas que não
estejam em seu padrão normal. Conclusão: colaborou
fortemente para a contemplação de um dos compromissos do LEBU, que é entrelaçar de forma prática e
real a Universidade (Departamento de Odontologia)
com as necessidades da sociedade (15ª Regional de
Saúde do Paraná) de forma sensível a seus problemas,
colaborando na reflexão, construção e difusão dos
valores da cidadania.
Descritores
Auto-exame. Diagnóstico Precoce. Câncer Bucal.
H
á muitos anos, o ensino na área da Saúde apresenta uma série de lacunas a serem superadas
frente à desigualdade social da população, não somente brasileira como mundial, no qual muitos indivíduos
não usufruem dos avanços tecnológicos. Sendo assim,
a reforma educacional é fundamental para que ocorra uma aprendizagem transformadora dos envolvidos
no cenário do sistema básico de saúde. Para que isso
ocorra há a necessidade de mudança no perfil dos
egressos que passam pelas instituições de ensino.
O curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá, foi um dos pioneiros a inovar o seu
ensino, e nos seus projetos de extensão não poderia
ser diferente, onde desde 1995 foi criado um Projeto
de extensão inter e multidisciplinar intitulado: ”Diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da
cavidade bucal – LEBU”, que atende pessoas portadoras de alguma lesão em boca, desde seu diagnóstico ao tratamento e acompanhamento. Esses pacientes
o procuram espontaneamente ou são encaminhados
por profissionais da saúde das Unidades Básicas de
Saúde (UBS) municipais, o que o tornou referência
dentro da 15ª Regional de Saúde do Paraná, composta atualmente por 30 municípios.
O Projeto está organizado em ações divididas em
três eixos: o primeiro é o eixo assistencial voltado para
o diagnóstico e tratamento das lesões que acometem
a cavidade bucal, possibilitando o levantamento dos
dados epidemiológicos destas doenças. Favorece também ação de apoio psicossocial aos usuários, nos casos
necessários, como de cirurgia, comunicação de resultados de exames histopatológicos e encaminhamentos sociais (benefício da prestação continuada, auxílio alimentação); o segundo é o eixo da prevenção
que enfoca as atividades de educação e promoção
comunitária, compreendendo atividades de divulgação, orientação e prevenção para o bem estar bucal;
56
por último vem o eixo da sistematização do conhecimento, no qual, os acadêmicos dos 3º, 4º, e 5º anos
do curso de graduação, residentes em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais, docentes e técnicos
administrativos do Departamento de Odontologia da
Universidade Estadual de Maringá e afins, organizam
os estudos nos diversos âmbitos que esta temática possibilita para publicações em revistas e/ou congressos,
semanas acadêmicas, encontros, seminários e outros
meios de divulgação. Existe no Projeto, uma busca
constante pela construção permanente da indissociabilidade entre extensão, ensino e pesquisa.13
No Projeto são diagnosticados diversas lesões, que
segundo a OMS (2002) podem ser subdivididas em
cistos odontogênicos e não odontogênicos, tumores
odontogênicos, patologias epiteliais, patologias das
glândulas salivares, tumores/lesões dos tecidos moles, patologias ósseas, estomatodermopatologias, doenças infecciosas, doenças inflamatórias e outras.15
Dentre as diversas lesões podemos citar o câncer bucal devido o seu caráter de alta morbidade.
O número de casos de câncer aumentou consideravelmente em todo o mundo, principalmente a partir do século passado, configurando-se, na atualidade,
como um dos mais importantes problemas de saúde
pública mundial.20 O câncer bucal possui uma predominância nos países em desenvolvimento, em especial na classe com níveis socioeconômicos mais baixos, ou seja, em pacientes que possuem maiores
dificuldades de acesso ao sistema privado de saúde,
portanto dependentes do sistema público, no qual
costuma ocorrer uma espera longa pelo atendimento,
favorecendo um diagnóstico tardio, cujo tratamento
é mais agressivo, com um prognóstico desfavorável,
reduzindo assim sua qualidade de vida e aumentando
as taxas de mortalidade. A estimativa nacional para
2010/2011 o aponta como o 7° mais incidente, mostrando uma expectativa de 10330 casos novos em homens e 3790 em mulheres.12
O quadro atual de risco do câncer bucal no Brasil
e suas tendências mostram relevância no âmbito da
saúde pública, e evidenciam a necessidade contínua
de realizações de pesquisas sobre este tema, buscando
informações de qualidade sobre sua distribuição de
incidência e mortalidade, as quais são essenciais para
o desenvolvimento de políticas de saúde adequadas
que visem o seu controle no país.12
Além disso, o conhecimento adquirido nas últimas
décadas a respeito dos fatores de risco associados à
etiopatogenia do câncer vem tornando possível iden-
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Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade
bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV,
Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF
tificar quais os indivíduos mais susceptíveis a desenvolver a doença, tornando-os alvo de ações preventivas.
Stahl et al.19 (2004), relataram em seu trabalho de
pesquisa que campanhas sobre câncer bucal têm contribuído para conscientização da população a respeito
dos fatores de risco e colaboram para o aprimoramento do conhecimento dos profissionais de saúde, principalmente os profissionais da Odontologia, com relação a esta patologia. Elango et al.8 (2011), acrescentam
ainda que condutas de auto-exame de boca têm contribuído para diminuir a prevalência de câncer bucal.
Hertrampf et al.11 (2011), relataram em um estudo
longitudinal, que a melhora do conhecimento dos
Cirurgiões-dentistas a respeito dos fatores que predispõe o câncer bucal contribui para diminuir os valores
de prevalência do mesmo. Por isso, o desenvolvimento de um vídeo de apresentação do Projeto LEBU se
fez necessário, principalmente no que concerne as
ações preventivas de promoção de saúde.
Em vista disso, com finalidade de aprimorar a sistematização do conhecimento e a prevenção, contemplando o segundo e terceiro eixos, foi elaborado uma
apresentação em vídeo com os seguintes objetivos:
divulgar o Projeto e seus serviços aos municípios da
15ª Regional de Saúde, alertar o telespectador a respeito do auto-exame bucal, mostrar ao profissional
da Odontologia a importância da iniciativa em se realizar biópsias e exames histopatológicos quando necessário (diante de determinados diagnósticos
presuntivos), salientar o valor da inter e multidisciplinaridade na Odontologia, reiterar a importância
e grandiosidade dos resultados obtidos quando diferentes esferas (Universidade e Regional de Saúde, por
exemplo) trabalham em busca de um bem comum:
a qualidade de vida do paciente.
Metodologia
Após discussões com a equipe inter e multidisciplinar que atua no projeto, para a confecção do vídeo,
foram gravadas imagens de palestras, do acolhimento
dos pacientes na clínica odontológica, das consultas,
dos exames pré-operatórios e dos procedimentos cirúrgicos, bem como dos trabalhos realizados pelos
profissionais da assistência social, psicologia, fonoaudiologia, pedagogia e nutrição, já que o projeto é
multidisciplinar, levando o aluno a aprender a trabalhar em conjunto com outras áreas da saúde.
A equipe de filmagens também teve acesso a depoimentos de pessoas vinculadas ao Projeto de diferentes formas, como o da coordenadora, o de uma
aluna participante durante a graduação e pós-graduação e o depoimento de um paciente. As imagens com
o trabalho junto à comunidade externa e com a explicação audiovisual do auto-exame bucal foram inseridas. A rotina das disciplinas de Radiologia, Estomatologia, Cirurgia e Patologia também foram apresentadas,
uma vez que o projeto atua não somente de forma
multidisciplinar, mas também interdisciplinar.
Todos os docentes e acadêmicos que apareceram
no vídeo concordaram em ter sua imagem vinculada
ao Projeto, da mesma maneira que os pacientes exibidos não só concordaram como estimularam a iniciativa,
tendo em vista que um maior número de indivíduos
terá conhecimento dos cuidados bucais a serem tomados no dia-a-dia e dos serviços oferecidos pelo Projeto.
Resultado
Todo e esforço empregado durante aproximadamente 6 meses, resultou em um vídeo que explorou
de forma educativa e dinâmica um trabalho que vem
sendo realizado há 15 anos pelo Projeto LEBU, em
parceria com a 15ª Regional de Saúde. Didaticamente
conseguiu explicar a importância para o indivíduo em
realizar o auto-exame bucal em busca de estruturas
que não estejam em seu padrão normal. Mostrar o
esforço da equipe em manter e/ou devolver ao paciente a função normal do sistema estomatognático, por
meio da prevenção e promoção da saúde bucal. O
trabalho foi avaliado de maneira positiva. O plano de
filmagens, montado a partir de um texto pré-determinado, facilitou as atividades. A receptividade por parte
dos pacientes foi grande e enriquecedora. O apoio por
parte dos acadêmicos e docentes foi crucial para o
resultado final. Por fim, a parceria com o Programa
Nacional de Reorientação da Formação Profissional
em Saúde - Pró-Saúde que disponibilizou recursos para
viabilizar a realização do Projeto, possibilitando alcançar os objetivos pretendidos com o vídeo.
Discussão
Embora ao longo do tempo, a fim de melhorar a
qualidade e abrangência, o modelo de Saúde Pública
no Brasil tenha sofrido uma série de mudanças, ainda
são necessárias profundas transformações, e para que
isso venha a ocorrer, é preciso haver também transformações no processo de formação e desenvolvimento dos profissionais da área da saúde, que somente
ocorrerá se mudarmos a forma de como cuidar, tratar
e acompanhar a saúde de nossos pacientes, conseguido por meio de mudanças também nos modos de
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Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade
bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV,
Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF
ensinar e aprender. Assim, é fundamental que os atores envolvidos no ensino, principalmente na área da
saúde, tenham em mente que o seu papel é formar
cidadãos que possam enxergar o paciente como um
todo, e se preocupe não somente em tratar as doenças, mas principalmente em preveni-las, devendo os
envolvidos com a academia, se aproximarem cada vez
mais da comunidade e do serviço.
Como já mencionado, não somente em função da
busca de aproximação com a comunidade, o projeto
de extensão: “Diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal – LEBU”, desde
1995, executa diagnósticos, tratamento e/ou acompanhamento de pessoas portadoras de alguma lesão
em boca, estando dividido em três eixos:
• assistencial,
• prevenção e
• sistematização do conhecimento.
O eixo assistencial do Projeto contempla o diagnóstico e tratamento do indivíduo com lesões bucais
e necessita de uma equipe multidisciplinar que trabalha de forma integrada, objetivando a eliminação
da doença com manutenção da qualidade de vida do
paciente. Fazem parte dessa equipe de profissionais:
cirurgiões-dentistas, médicos (cirurgiões de cabeça e
pescoço, oncologistas, radioterapeutas), enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, assistentes sociais, sem destacar nenhuma dessas figuras,
que em suas áreas de competência, trabalham e cooperam no atendimento ao paciente.2,5 Neste eixo, os
acadêmicos aprendem a trabalhar em equipe e visualizar o paciente como um todo e não apenas uma
boca a ser tratada.
Com relação ao segundo eixo do Projeto, o da
prevenção, os acadêmicos desenvolvem uma visão
moderna da área que é a valorização da saúde e não
da doença, realizando isso por meio de ações educativas, tentando mudar valores e comportamentos dos
pacientes. Os participantes do Projeto têm o dever de
orientar os pacientes quanto ao malefício do fumo,
álcool, exposição excessiva ao sol, da importância de
uma boa higiene e saúde bucal, da integridade dos
dentes e aparelhos protéticos, os benefícios da alimentação balanceada, orientações quanto à importância e técnica de auto-exame bucal a fim de se evitar
o aparecimento de inúmeras doenças.17
Com relação à prevenção para a melhoria da expectativa de vida da população, medidas devem ser
tomadas a fim de incentivar atitudes preventivas em
58
relação ao câncer, como o controle do consumo de
tabaco e álcool, a adoção de dieta rica em vegetais e
frutas frescas, além de uma maior qualidade nos serviços de diagnóstico e tratamento dos pacientes com
câncer bucal e de faringe.1,3,4,21 O exame clínico da
boca, principalmente dos pacientes com hábitos nocivos como álcool e cigarro, deve ser sistemático e
indivíduos com lesões suspeitas devem ser imediatamente encaminhados à consulta especializada em
centros de referência para realização dos procedimentos diagnósticos necessários. É importante também que o fumo e o álcool, que são fatores passíveis
de intervenção por programas de prevenção primária
que realizem ações legislativas, educativas e econômicas com o objetivo de reduzir o acesso ou a exposição
da população a esses fatores.6,14,15,17
Segundo Eadie et al.7 (2009), três são os fatores
que desestimulam o paciente a procurar auxílio e
orientação profissional:
• seu pequeno conhecimento a respeito do assunto,
• sua pouca percepção do risco e
• seu medo a respeito dos aspectos negativos desse
diagnóstico.
Por conseguinte, os envolvidos no Projeto, mais
especificamente os acadêmicos, aprendem que todos
os membros de uma equipe multiprofissional integrada atuam não só curativamente, mas podem ressaltar
os aspectos preventivos das lesões bucais; bem como,
a busca de uma boca saudável pode ser favorável para
o desempenho do tratamento, visto que é íntima a
relação de condições inflamatórias bucais crônicas e
a saúde geral.
Ainda no segundo eixo tem-se a promoção de saúde, no qual Stahl et al.19 (2004), realizaram uma pesquisa para avaliar resultados de campanhas de prevenção do câncer bucal na população e nos
profissionais da Odontologia. Os autores concluíram
que a campanha contribuiu para a população atentar
para alterações de boca e quando detectada entrar
em contato com profissionais da área, haja vista que
desconheciam o fato de que os Cirurgiões-dentistas
são responsáveis pelo exame de câncer bucal. Além
disso, a população se apresentou mais conhecedora
da importância do diagnóstico precoce para um melhor prognóstico da doença. Com relação aos profissionais da Odontologia a campanha contribuiu para
mudanças de rotina clínica, principalmente na discussão da doença com seus pacientes no que concerne o diagnóstico precoce e uma atenção maior para
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Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade
bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV,
Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF
pequenas lesões de boca. Nesta linha de conclusão,
o material em vídeo elaborado contempla algumas
vertentes desse processo, apresentando o trabalho
desenvolvido no Projeto pelos diferentes profissionais participantes e ensinado o paciente a valorizar e
realizar o auto-exame bucal.
Na sistematização do conhecimento contemplando o terceiro eixo, trabalhos de levantamento epidemiológicos são necessários, uma vez que diferentes
grupos populacionais podem apresentar diferentes
prevalências para determinadas lesões.15 No trabalho
de Rioboo-Crespo et al.18 (2005), estudando a prevalência de lesões bucais em crianças, concluíram que
a candidíase bucal apresentou maior prevalência, sendo esta justificada em função da presença de um sistema imunológico imaturo nas crianças.
Ainda na sistematização do conhecimento, Gajendra et al.10 (2006) relataram em seu trabalho de pesquisa que na formação dos profissionais da Odontologia existem lacunas no conhecimento de fatores de
risco do câncer bucal. Cannick et al.4 (2005), avaliaram o grau de conhecimento dos alunos de uma Faculdade de Odontologia do Sul da Califórnia a respeito do câncer bucal, e observaram que apesar do
aumento do nível de conhecimento dos alunos com
o avanço das séries, o ensino deve dar mais ênfase
também na educação a respeito do tema câncer bucal,
pois os índices de mortalidade tendem a diminuir se
os Cirurgiões-dentistas tiverem maior conhecimento
dos fatores de prevenção e detecção precoce do câncer bucal. Além disso, no trabalho de Epstein et al.9
(2008) os autores relataram a importância de um trabalho realizado com estudantes de Odontologia, em
que realizaram uma campanha de uma semana para
avaliação de pacientes e esclarecimentos a respeito
do câncer bucal. Eles concluíram que a semana foi
importante para reforçar a análise da região de cabeça e pescoço e tecidos moles bucais por parte dos
alunos e divulgação para a comunidade a respeito do
diagnóstico precoce e auto-exame. Sendo este tipo de
campanha rotina para os nossos acadêmicos.
Frente a tudo o que foi exposto, para maiores esclarecimentos, contemplando o segundo e terceiro
eixos, buscou-se o desenvolvimento de um vídeo com
finalidade de apresentar aos profissionais da saúde e
à população, o Projeto LEBU e suas competências,
sendo uma das várias ferramentas utilizadas como mecanismo de divulgação e busca por uma mudança de
conduta frente a alterações bucais. O vídeo consta de
depoimentos de pessoas vinculadas ao Projeto, como
o da coordenadora, o de uma aluna participante durante a graduação e pós-graduação e o depoimento
de um paciente. Apresenta também imagens com trabalho junto à comunidade externa e com a explicação
audiovisual do auto-exame. A rotina das disciplinas de
Radiologia, Estomatologia, Cirurgia e Patologia.
A produção do material envolveu seis meses de
trabalho entre gravações internas (imagens clínicas),
externas e a edição do vídeo, no qual foi possível perceber a importância da dedicação, atenção e cuidado
por parte da equipe de filmagens e por parte dos
participantes do Projeto, já que independente de imagens e pessoas, o protagonista deveria sempre ser o
Projeto LEBU. Isto se refletirá diretamente no telespectador, motivo principal do trabalho.
Conclusões
Assim, fica nítida a importância da parceria entre
a 15ª Regional de Saúde, as Unidades Básicas de Saúde
dos municípios participantes, o Projeto LEBU, a Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Maringá, os acadêmicos, os docentes, os demais profissionais
envolvidos, os pacientes e acima de tudo a viabilização
de recursos financeiros feito pelo Programa Nacional
de Reorientação da Formação Profissional em Saúde
- Pró-Saúde, sem o qual todo o trabalho acima descrito
não seria possível. O material desenvolvido salienta a
importância do auto-exame bucal e também divulga o
Projeto, cuja busca pela preocupação com o ser humano como um todo. A ausência de quaisquer partes
acima citadas na engrenagem formada para a realização da tarefa resultaria no desvio do objetivo ou até
mesmo na impossibilidade de conclusão da mesma.
Foi um trabalho que possibilita pontos positivos principalmente ao telespectador, alvo principal do trabalho. Com isso colaborando fortemente para a contemplação de um dos compromissos do LEBU, que é
entrelaçar de forma prática e real a Universidade (Departamento de Odontologia) com as necessidades da
sociedade (15ª Regional de Saúde do Paraná) de forma
sensível a seus problemas, colaborando na reflexão,
construção e difusão dos valores da cidadania.
Agradecimentos
À Universidade Estadual de Maringá instituição
em que foi desenvolvido o vídeo, à Imagem Vídeo
produtora do vídeo, ao PRÓ-SAÚDE, aos docentes,
funcionários, alunos e pacientes que tornaram esse
Projeto viável.
Revista da ABENO • 11(1):55-61
59
Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade
bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV,
Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF
Abstract
Presentation of an educational video of the
extension project, “diagnosis, epidemiology
and treatment of oral cavity diseases - LEBU,”
Department of Dentistry, State University of
Maringá - PR
Objective: To present the project and its services to
cities in the 15th Regional Health Area, alert viewers
to self-examinations, show the dental professional the
importance of the initiative to perform biopsies and
histopathological exams when needed (presumptive
diagnosis), emphasize the value of interdisciplinarity
in dentistry, reiterate the importance and impressiveness of the results obtained when different spheres
(University and Regional Health area) work in pursuit
of a common good: the quality of life of patients. Methodology: In order to make the video, images were recorded of lectures, the reception of patients in the
dental clinic, consultations, preoperative examinations and surgical procedures, and the work done by
professionals in social work, psychology, speech therapy, teaching and nutrition. Images with the outside
community and the visual explanation of self-examination were also included. Results: The work resulted
in a video that instructionally and dynamically explored the work being done by the LEBU project for
the past15 years, in partnership with the 15th Regional Health area. The video was able to render a didactic explanation of the importance of performing selfexamination in search of structures that do not follow
a normal pattern. Conclusion: The video greatly contributed to highlighting one of the LEBU commitments, which is to dovetail, in a practical and real
manner, the University (Department of Dentistry)
with the needs of society (15th Regional Health area
of Paraná), demonstrating sensitivity to the population’s health problems by collaboration toward the
reflection, construction and dissemination of citizenship values.
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Revista da ABENO • 11(1):55-61
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
61
Formação em odontologia e
interdisciplinaridade: o Pró-Saúde
da UFSC
Daniela Lemos Carcereri*, Cláudio José Amante**, Marynes Terezinha Reibnitz***,
Gianina Salton Mattevi****, Grasiela Garret da Silva*****, Ana Clara Loch Padilha******,
Inês Beatriz da Silva Rath*******
* Membro do Comitê Gestor do Pró-Saúde, Tutora do PET-Saúde e da
Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade
Federal de Santa Catarina/UFSC. Subcoordenadora do Programa de
Pós-Graduação em Odontologia da UFSC
** Pró-Reitor de Assuntos Estudantis da UFSC
*** Chefe do Departamento de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de
Saúde de Florianópolis-SC. Membro do Comitê Gestor do Pró-Saúde da
UFSC
**** Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Odontologia da UFSC – Área de concentração Odontologia em Saúde
Coletiva
***** Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFSC –
Área de concentração Odontologia em Saúde Coletiva
****** Acadêmica do Curso de Graduação em Odontologia da UFSC, Membro
do Comitê Gestor do Pró-Saúde, Representante Discente no Colegiado
do Curso
******* Coordenadora do projeto Pró-Saúde do Curso de Graduação em
Odontologia da UFSC
RESUMO
Na última década, a formação de profissionais de
saúde tem sido reformulada com políticas de educação e de saúde promovidas pelos Ministérios da Educação e Cultura e da Saúde. Este artigo apresenta a
experiência do Curso de Graduação em Odontologia
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
na implantação do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde.
Como processo indutor, o programa direcionou as
mudanças com vistas à integração ensino-serviço e à
utilização de novas metodologias de ensino-aprendizagem, enfatizando a atenção básica. Na área de
Odontologia, tais movimentos mostram-se necessários tendo em vista que, historicamente, tanto o sistema formador como o mercado de trabalho foram
regidos pela iniciativa privada. Na UFSC, as atividades
foram estruturadas em conformidade com os três eixos de desenvolvimento do Programa e impulsiona62
ram o movimento de reforma curricular. O Pró-Saúde
foi fundamental para a indução desse processo de
mudança em uma perspectiva interdisciplinar, trazendo contribuições em todos os eixos.
DESCRITORES
Formação de Recursos Humanos. Educação em
Odontologia. Recursos Humanos em Odontologia.
N
a última década, a formação de profissionais de
saúde tem sido reformulada com base em políticas de educação e de saúde promovidas em parceria
por dois ministérios: o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e o Ministério da Saúde (MS). Essas políticas sinalizam na direção de uma reforma curricular
imprescindível nos cursos de graduação da área da
saúde.3,8
Em 2002, ocorreu a homologação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação
Revista da ABENO • 11(1):62-70
Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG,
Padilha ACL, Rath IBS
em Odontologia (DCN), que preconizam formação
generalista que atenda às reais necessidades da população brasileira, contemplando a atuação do cirurgião-dentista em equipes multiprofissionais e interdisciplinares.7
As DCN assinalam que, desde a graduação, o cirurgião-dentista deve ser preparado para atuar em
equipes de saúde, conforme as necessidades da realidade do sistema de saúde vigente no país.14 A abordagem multidisciplinar objetiva habilitar equipes de
estudantes para encorajarem famílias e comunidades
a aceitarem assumir responsabilidades no controle de
seus problemas de saúde e no seu autocuidado, como
também, para ampararem os esforços dessas comunidades nesse sentido. Particularmente, a Odontologia,
que sempre manteve um distanciamento das demais
profissões de saúde, necessitará reaproximar-se e desenvolver oportunidades de aprendizado no que se
refere a essa forma de trabalhar.10
Campos et al.9 (2009) relatam que o aprender não
é passivo, mas sim ativo. Neste sentido, não há apenas
uma realidade, porque cada um apreende uma situação de acordo com a aptidão que tem de percebê-la
e a transforma a partir do conjunto de conhecimentos
antecedentes, vivências e motivação que possui para
aprender determinado tema. Para isso, há que elaborar, transformar e integrar o novo conhecimento aos
seus saberes prévios, ampliando o enfoque do sistema
educacional de maneira a contemplar não somente
o ensino, mas também o aprendizado do aluno.
Aproximar a formação de médicos, cirurgiõesdentistas, enfermeiros e demais profissionais de saúde constitui um desafio no sentido de não somente
direcioná-la à realidade do Sistema Único de Saúde
(SUS), mas também de, através desse, aproximá-la das
necessidades da população do país. Para isso é importante implementar transformações ideológicas, políticas e pedagógicas em todas as instituições formadoras de profissionais de saúde no Brasil.2 Na área de
Odontologia, tais movimentos mostram-se necessários, tendo em vista que, historicamente, tanto o sistema formador como o mercado de trabalho foram
regidos pela iniciativa privada.
Nesse sentido, as políticas indutoras da formação
em Odontologia, como o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Prósaúde)6 e o Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde (PET-Saúde),5 propostas em parceria
pelo MEC e MS, mostram-se oportunas e necessárias.
O Quadro 1, a seguir, apresenta um breve histórico
de eventos marcantes para o ensino de Odontologia
no Brasil.19
Atualmente, observam-se sinais de mudança no
panorama do trabalho odontológico, destacando-se
a redução do exercício liberal estrito, a popularização
dos sistemas de odontologia de grupo, o aumento do
percentual de profissionais com vínculo público, sobretudo com o crescimento expressivo dos postos de
trabalho na rede pública de serviços de odontologia.
A inclusão do cirurgião-dentista no Programa Saúde
da Família (PSF) e o surgimento dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) na rede do SUS
têm grande impacto nesses números.15
Tanto formadores como estudantes apresentam
Quadro1- Eventos históricos que marcaram o ensino da
Odontologia.
Ano
Evento
1884
Início do ensino oficial da Odontologia no Brasil
1910
Publicação do relatório de Abraham Flexner (Estados
Unidos) – modelo biomédico (flexneriano)
1917
Bertrand Dawson (Inglaterra) – ações coletivas e
preventivas
1940
Criação e reforma de diversos cursos da Saúde
(América Latina)
1955
Reunião OPAS – redirecionar bases da formação e
da produção dos serviços de saúde
1956
Criação da ABENO
1960
Críticas recorrentes ao modelo flexneriano
Início do movimento da Reforma Sanitária Brasileira
1970
Expansão e interiorização dos cursos de odontologia
Movimentos da Medicina Comunitária e Integração
Docente-Assistencial (Ensino-Serviço)
1978
Reunião de Alma-Ata – “Saúde para Todos” e “Estratégia de Atenção Primária”
1980
Primeiras reformulações de currículo: atividades de
extensão
1986
VIII Conferência Nacional de Saúde
I Conferência Nacional de Saúde Bucal
1988
Constituição Federal – Saúde na Constituição
Regulamentação do Sistema Único de Saúde
1990
Sancionada Lei Orgânica da Saúde
1993
II Conferência Nacional de Saúde Bucal
2002
Aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para
o Curso de Odontologia
2003
Criação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da
Educação na Saúde
2004
III Conferência Nacional de Saúde Bucal
Criação do Fórum Nacional de Educação das Profissões na Área da Saúde (FNEPAS)
2005
Criação do Pró-Saúde (SGTES)
2008
Criação do PET-Saúde e UNA-SUS (SGTES)
Fonte: Souza (2010, p. 49)
Revista da ABENO • 11(1):62-70
63
Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG,
Padilha ACL, Rath IBS
conceitos em construção a respeito do papel do cirurgião-dentista na saúde coletiva. O que mostra que é
imprescindível uma estreita relação entre o ensino
superior e os serviços públicos de saúde, de maneira
que se complementem alguns vazios na formação e
na prática dos cirurgiões-dentistas na Equipe Saúde
da Família (ESF).13
Devem ser articuladas redes de aprendizado que
abranjam a academia e os serviços,para alcançar o
objetivo de atender as demandas prementes e melhorar a assistência à saúde da população, mediante
maior capacitação dos profissionais.9,2
O direcionamento de atividades pedagógicas para
os ambientes ditos “extramuros” pode contribuir com
as atividades multidisciplinares, que são pouco desenvolvidas no contexto da instituição de ensino.19
Percebe-se como um desafio à integração dos
“mundos” da educação e do trabalho a superação da
resistência e dos preconceitos que um nutre em relação ao outro. A integração tem como objetivo fundamental o compartilhamento de saberes entre esses
dois polos durante a formação profissional, promovendo uma estreita relação entre teoria e prática de
forma contextualizada. Para isso, deve haver reflexões
e práticas, nas quais o conhecimento está associado a
uma realidade específica de seu próprio espaço físico.2,1
A integralidade norteia a formação de um profissional mais justo, ético, humano, independentemente do mercado de trabalho em que ingressará, se público ou privado.12
O processo saúde-doença poderá ser abordado
adequadamente somente quando tratado de maneira
integral, pois é um fenômeno complexo e não limitado ao campo biológico.10 Para alcançar esse ideal é
necessário ampliar a base conceitual da ação de cada
profissional e, também, a conformação de equipes
para a atuação multidisciplinar, buscando imprimir
maior potência a cada ação. Dessa forma, segundo
Souza,19 para alcançar esse objetivo é importante que
os estudantes percebam, desde o início de sua formação profissional, a referência e contrareferência e
estejam em contato com um processo de trabalho
pautado nos princípios da integralidade.
O PRÓ-SAÚDE foi elaborado com base nas DCN
para a área da saúde e no Sistema Nacional da Educação Superior, buscando sintonizar a formação em
saúde às necessidades sociais, considerando as dimensões históricas, culturais e econômicas da população.6
Sua finalidade é formar profissionais com perfil
adequado às necessidades sociais e isto implica fo64
mentar a capacidade de aprender a aprender, trabalhar em equipe, comunicar-se, ter agilidade diante
das situações, ter capacidade propositiva e habilidade
crítica.2
Alguns fatores parecem influenciar a presença da
interdisciplinaridade:18
• Complexidade dos problemas;
• compatibilidade de paradigmas;
• atitude do sujeito de abertura ao novo, de engajamento ético e político, de valorização de outros
saberes, reconhecimento da própria incompetência;
• diálogo, cooperação, articulação, afinidades pessoais, objeto e projeto comum;
• estrutura institucional favorável;
• desenvolvimento de competências para lidar com
problemas novos, e com soluções por vezes parciais e provisórias;
• a existência de equipe multiprofissional;
• e processo de produção e reprodução do conhecimento com a participação dos diversos sujeitos
que produzem saberes a respeito do objeto de
estudo (p. 40)
Para Demo11 (2007, p. 20),
“as medidas principais da aprendizagem devem ser o saber
pensar e o aprender a aprender, que farão da escola o
centro da mudança que levará a sociedade à era do conhecimento”.
O Curso de Graduação em Odontologia da UFSC
reorientou, em 2005, o seu Projeto Pedagógico,20 no
qual se ressalta que o curso tem como objetivos a contextualização, investigação e ensino dos saberes e fazeres da Odontologia, necessários para formar cirurgiões-dentistas habilitados para o exercício de uma
profissão contemporânea, promotora de saúde e fundamentada nos preceitos da ética, da moral, da ciência, da filosofia e, principalmente, voltada para realidade da população brasileira. Em 2006, o Curso de
Graduação em Odontologia da UFSC foi contemplado pelo PRÓ-SAÚDE,6 o que implicou o início do
processo de reforma curricular do curso no primeiro
semestre de 2007. Esse novo encaminhamento apontou a necessidade de utilização de novas metodologias
educacionais e de reorganização da matriz curricular.21
A Integração Ensino-Serviço vivenciada pelo Curso de Graduação em Odontologia da UFSC e pela
Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis16
Revista da ABENO • 11(1):62-70
Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG,
Padilha ACL, Rath IBS
(SMS) está consoante com as DCN, atendendo os
demais preceitos atuais de formação profissional em
saúde. Com essa finalidade, têm sido desenvolvidas
novas metodologias de ensino-aprendizagem, como
a utilização de abordagens que orientam a participação ativa dos estudantes e propõem uma avaliação
processual frente à proposta de ensino.19, 20 Este artigo
apresenta a experiência do Curso de Graduação em
Odontologia da UFSC na implantação do Pró-Saúde,
trazendo reflexões em torno do percurso vivenciado
desde a sua implantação.
Um pouco da nossa história:
ações do Pró-Saúde Odontologia UFSC
O Pró-Saúde, na UFSC, seguiu a estrutura do Programa, o qual se divide em três eixos de desenvolvimento.
O Eixo A – Orientação Teórica – compreende
projetos de educação permanente,4 realização de oficinas de capacitação para auxiliares de saúde bucal
(ASB) e técnicos de saúde bucal (TSB), capacitação
para os profissionais de saúde da SMS. Estão contemplados neste eixo:
• análise e discussão do perfil epidemiológico do
Município de Florianópolis, contribuindo com o
Plano Municipal de Saúde;
• integração/expansão do Fórum de Experiências
Exitosas Multiprofissionais da SMS; e
• produção de material didático-pedagógico.
Esse eixo contempla ainda a produção de conhecimento, com criação de infraestrutura para as atividades de investigação nas UBS, e o apoio a pesquisas
sobre a atenção básica em parceria com o PET-Saúde.
O Eixo B – Cenário de Prática – prevê o projeto
de rede de referência e contrarreferência em educação em saúde e atenção odontológica e a implantação
do prontuário odontológico informatizado na UFSC.
Até o momento, foram realizadas: a ampliação da área
física das UBS, a diversificação dos cenários de prática e a construção de protocolos de atuação multiprofissional a agravos de maior prevalência, envolvendo
estudantes, professores e profissionais da SMS.
O Eixo C – de Orientação Pedagógica – envolve
ações como capacitação pedagógica para integração
básico/clínica e em metodologias ativas para professores e profissionais que atuam nos diferentes cenários de prática. Para análise crítica do ensino na atenção básica, foi implementado um processo efetivo de
participação e diálogo com as disciplinas envolvidas,
bem como monitoramento e avaliação das atividades
realizadas.
Os recursos financeiros aportados para o PróSaúde foram alocados para a instrumentalização da
rede básica; apoio às oficinas; recursos para viabilização de seminários e elaboração de material didático;
apoio para infraestrutura local; editoração e impressão gráfica de material didático e de resultados de
investigação, como pôsteres, entre outros.
Espaços de integração
A implementação do projeto vem implicando a
construção de espaços de integração entre as diversas
dimensões envolvidas no processo:
• a integração ensino-serviço-comunidade;
• a integração do Curso de Graduação com a PósGraduação em Odontologia e do Curso de Graduação em Odontologia com outros Cursos de
Graduação da área da Saúde;
• a integração das diferentes disciplinas em clínicas
integradas de baixa, média e alta complexidade;
e, por fim,
• a integração do discente à proposta.
A integração ensino-serviço-comunidade materializou-se principalmente na realização de Seminários
de Integração Ensino-Serviço-Comunidade (SIESC)
envolvendo a participação de docentes, profissionais
técnico-administrativos, discentes e gestores da UFSC,
da SMS e da Secretaria Estadual de Saúde (SES/SC),
profissionais da rede (cirurgiões-dentistas, TSBs,
ASBs), Coordenadores de Cursos de Odontologia de
outras Instituições de Ensino Superior de Santa Catarina, representantes de Conselhos Comunitários e
autoridades de órgãos de representação de classe.
Esses Seminários foram fundamentais para a implantação da reforma curricular, dando visibilidade à nova
filosofia de ensino-aprendizagem e permitindo construir uma compreensão sobre ela. Os Seminários foram realizados com a presença de professores convidados para abordar diferentes temáticas. O I SIESC,
realizado em novembro de 2007, contextualizou a
política de formação na área da saúde no Brasil e no
mundo, discutiu o conceito de saúde e o papel do
SUS enquanto política pública de saúde. No II SIESC,
realizado em agosto de 2008, foi debatida a temática
da integralidade como eixo estruturante de diretrizes
curriculares para cursos de graduação em odontologia, seus desafios para o ensino e para o serviço. Através de conferências e discussões em grupos formados
por integrantes do ensino e do serviço promoveu-se
o encontro de saberes e práticas. O III SIESC, reali-
Revista da ABENO • 11(1):62-70
65
Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG,
Padilha ACL, Rath IBS
zado em junho de 2011, discutiu os desafios e perspectivas do Pró-Saúde e abordou também a temática
específica da utilização de fluoretos em Odontologia.
No que se refere à integração do Curso de Graduação em Odontologia com a Pós-Graduação em
Odontologia, observa-se que essa transcorre em diferentes cenários, contemplando o ensino, a pesquisa
e a extensão. A seguir são ilustrados três exemplos:
• O projeto “Atenção Odontológica a pacientes internados no HU/UFSC” tem como objetivo a atuação da odontologia em ambiente hospitalar e
vem trazendo benefícios à comunidade assistida,
permitindo melhor entendimento da interrelação entre a saúde bucal e a saúde geral, além da
valorização da inserção da odontologia no ambiente hospitalar;
• o Projeto “Escola Profa. Laura Lima”, na linha
programática de atenção à saúde integral da criança e do adolescente, tem como áreas temáticas a
Educação e a Saúde. Este projeto de extensão capacita graduandos e pós-graduandos de Odontologia para a prática de educação comunitária em
saúde, proporcionando-lhes aprendizado e trazendo benefícios para a comunidade;
• o projeto “NAPADF - Núcleo de Atendimento a
Pacientes com Deformidade Facial”, envolve diferentes especialidades da Odontologia e da Medicina. O Núcleo atende pacientes com deformidades faciais congênitas, na sua maioria crianças
e adolescentes com fissura de lábio e/ou palato.
O atendimento é realizado por estagiários de graduação e pós-graduação sob supervisão dos professores, desenvolvendo ações promotoras de saúde, educativas, preventivas e reabilitadoras.
No que se refere à integração do Curso de Graduação em Odontologia com outros Cursos de Graduação da área da Saúde é preciso ressaltar que, inicialmente, a relação serviço/ensino era mediada pelo
Programa Docente Assistencial (PDA), através de
convênio firmado entre UFSC e SMS desde 1989. Posteriormente, com aumento do número de cursos e
de estudantes, houve necessidade de ampliar essa relação e criou-se a Rede Docente Assistencial (RDA),
que reúne representantes de todos os Cursos de Graduação em Saúde, o Departamento de Saúde Pública,
os Cursos de Residência da UFSC e o PET-Saúde. Visando a oferecer a oportunidade da vivência da multiprofissionalidade, os estágios de Odontologia foram
então organizados de modo que os estudantes tivessem contato com os diferentes cursos de graduação,
66
em especial com os cursos de enfermagem e medicina, também contemplados pelo edital Pró-Saúde I.
Posteriormente, os Cursos de Psicologia, Farmácia, Serviço Social, Nutrição e Educação Física foram
contemplados pelo edital Pró-Saúde II, sendo possível
ampliar essa integração. A participação da Odontologia no PET-Saúde I e II configura-se numa outra oportunidade de formação multiprofissional. A distribuição dos estágios na Rede de Saúde da SMS16 está
apresentada na Figura 1, evidenciando a organização
na lógica da multiprofissionalidade.
No que concerne à integração das diferentes disciplinas em clínicas integradas de baixa, média e alta
complexidade, aponta-se que, após a realização da
oficina sobre essa temática, sucedeu-se um período
de diversas reuniões e intensas discussões, o qual findou na organização das clínicas por complexidade.
Para sua estruturação buscou-se uma organização por
núcleos, envolvendo diagnóstico, procedimentos clínicos e especialidades. Para cada núcleo foram definidas as áreas de competências, representadas por
diferentes disciplinas e especialidades, de acordo com
a complexidade e o desenvolvimento das habilidades
dos graduandos.
Com relação à integração dos discentes à proposta; observa-se a participação ativa dos discentes do
Curso de Odontologia nesse projeto, através de avaliações semestrais realizadas junto à coordenação do
Curso, o que contribuiu para a concretização das
adaptações necessárias e para o sucesso na implantação da nova proposta pedagógica. Os acadêmicos
participam de todas as atividades propostas, tais como,
seminários e oficinas e, através de seu site na internet,
disponibilizam informações para a comunidade acadêmica. Ainda observa-se a adesão discente no colegiado do Curso e no Comitê Gestor do Pró-Saúde.
Reflexões sobre o percurso vivido
Desde 2005, temos vivenciado um processo intenso de ação-reflexão-ação sobre as atividades realizadas
no âmbito do Pró-Saúde/UFSC. A Figura 2 explicita
a complexidade desse processo, que transcorre em
diferentes tempos e espaços, reúne profissionais da
educação e da saúde, busca cada vez mais a participação da comunidade e compartilha distintos objetivos.
Ao relacionar os conceitos bakhtinianos à realidade
vivenciada durante o processo de implantação do PróSaúde na UFSC, apresentamos e refletimos sobre alguns de seus inúmeros cronotopos.
Revista da ABENO • 11(1):62-70
Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG,
Padilha ACL, Rath IBS
Figura 1 - Mapa de distribuição
dos locais de estágio por curso.
Florianópolis, SC, 2010. Fonte:
PMF-SMS (2010)
Dimensão macrocronotópica do
processo de reforma curricular - PróSaúde
Segundo Rodrigues17 (2009), a expressão cronotopo foi cunhada pelo filósofo russo Mikhail Bakhtin,
ao estudar os aspectos do tempo e do espaço a partir
do romance grego. Sua origem está, portanto, ligada
à teoria literária.
Ao analisar a dimensão cronotópica da escola,
Rodrigues17 (2009, p.186) destaca que:
A escola é um cronotopo extremamente complexo constituído por uma multiplicidade de cronotopos, que, de um
lado, envolvem o aspecto temporal [...] Por outro lado,
com relação ao aspecto espacial, a escola é um todo que,
se olhado de fora, não possibilita a visão dos pequenos
cronotopos que existem dentro dela [...] Para se ver bem
(analisar) um deles, é preciso se aproximar sem perder de
vista que o espaço escolhido está inserido numa dimensão
macrocronotópica.
A gestão do Pró-Saúde requer um olhar para esses
diferentes tempos-espaços, ao mesmo tempo independentes e interligados entre si. Cada ponto destacado na figura envolve uma equipe de pessoas com
determinado ritmo de trabalho, com saberes e crenças
provenientes de sua constituição pessoal e profissional. É preciso saber elencar prioridades, gerir o tempo
de forma a garantir que todos os pontos sigam avançando em suas ações, sem perder de vista a necessária
Revista da ABENO • 11(1):62-70
67
Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG,
Padilha ACL, Rath IBS
Tempo/espaço para
Integração UFSC SMS Comunidade
Tempo/espaço para Gestão do Processo
Tempo/espaço para Integração
com outros cursos de Graduação
Tempo/espaço da Integração
da Graduação e Pós Graduação
Tempo/espaço para Construção
de Núcleos de Competências
Tempo/espaço para Integração Básico-Clínica
Figura 2 - Dimensão macrocronotópica do processo de reforma curricular - Pró-saúde Odontologia UFSC. Fonte: Adap-
tado de Rodrigues (2009)
interação para atingir os objetivos que são comuns. É
sem dúvida um processo que encerra elevado grau de
complexidade, pois diferentes demandas e diferentes
pontos de vista se encontram e se confrontam nesses
tempos-espaços de discussão/ação.
Algumas dificuldades foram transpostas como,
por exemplo, agregar novos atores ao grupo gestor;
outras, no entanto, ainda estão a requerer empenho
constante, como a de lidar com a gestão financeira
do Programa. É, portanto, tarefa para muitos e por
muito tempo.
A realização dos SIESCs foi estratégica e configurou a oportunidade de problematizar junto aos envolvidos o cenário atual da formação em saúde no
Brasil e no mundo, deslocando assim a discussão do
fórum local. Tais Seminários contribuíram para diminuir as resistências à proposta de mudança curricular
e, mais que isso, promoveram a integração, angariando adeptos tanto no ensino como no serviço.
A integração ensino-serviço-comunidade tem na
RDA uma grande fortaleza. Trata-se de um espaço de
articulação interinstitucional UFSC/SMS, no qual é
discutida e encaminhada a operacionalização dos diferentes projetos propostos em parceria, voltados
para potencializar a formação em saúde para o SUS.
68
É um espaço legalmente constituído e que conta com
a legitimidade necessária para desenvolver suas atividades. Através da RDA são promovidos os Seminários
Pró-Saúde, nos quais cada curso pode relatar o andamento de seus projetos, bem como conhecer e compartilhar a realidade de outros cursos.
O envolvimento da UFSC e, em especial, da Odontologia, nos projetos Pró-Saúde, PET-Saúde, Residência Multiprofissional em Saúde da Família, Residência
Multiprofissional em Saúde em âmbito hospitalar,
UNASUS, e TELESSAÚDE facilita a nossa integração
com os demais cursos de graduação da área da saúde.
Todos esses projetos são de natureza multiprofissional
e promovem reuniões e eventos que sinergicamente
potencializam a construção da interdisciplinaridade.
Este é, sem dúvida, um diferencial da UFSC na operacionalização do Pró-Saúde, evidenciando a vocação
para o trabalho interdisciplinar.
A integração graduação e pós-graduação ocorre
através do Estágio Docência e de outros estágios do
currículo da graduação; atividades de pesquisa e extensão como ação estratégica para preparar docentes
para atuar nessa nova lógica. A atuação dos bolsistas
do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (REUNI) junto
Revista da ABENO • 11(1):62-70
Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG,
Padilha ACL, Rath IBS
aos graduandos também proporciona um momento
rico para o futuro professor do Curso de Graduação
em Odontologia, que tem a oportunidade de vivenciar o dia a dia da profissão, contribuindo para o enfrentamento das dificuldades apresentadas.
Um grande desafio está em potencializar o eixo C
– orientação pedagógica. Desconstruir o paradigma
cartesiano que fragmentou saberes em diferentes disciplinas é uma tarefa árdua e que requer tempo e
persistência. Ainda que algumas estratégias tenham
sido implementadas com sucesso, como é o caso da
formação das clínicas por complexidade, novas estratégias precisam ser formuladas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora tenham ocorrido movimentos significativos de reflexão crítica sobre os modelos tradicionais
de formação profissional nas áreas de Medicina e Enfermagem, em relação à Odontologia, existe um atraso histórico, que vem sendo revisto através de um
movimento de reaproximação das diferentes especialidades odontológicas e da odontologia com os demais cursos da área da saúde. É necessário daqui para
frente reunir esforços para que possamos integrar a
saúde bucal dentro do novo contexto de ação interdisciplinar e multiprofissional, formando um profissional com perfil adequado às necessidades do mundo contemporâneo. Este movimento vem sendo
muito desafiador, tendo em vista a dificuldade em
integrar professores com perfil especialista numa lógica de ensino generalista e interdisciplinar.
O percurso vivido aponta que o Pró-Saúde se mostrou fundamental para indução desse processo de
mudanças, suscitando avanços no “serviço” e no “ensino”. Além dos recursos financeiros atrelados ao PróSaúde, para a realidade da UFSC, o Programa foi
importante na medida em que evidenciou que tais
mudanças compunham uma política pública. Nesse
sentido, foi um respaldo essencial para a defesa dos
princípios norteadores e, em alguma medida, contribuiu para que o discurso da mudança não fosse personificado na figura dos gestores do Programa, do
Curso e/ou dos Departamentos de Ensino. Da mesma
forma, o PET-Saúde trouxe a possibilidade da articulação da academia com o serviço, além de propiciar
a aproximação dos demais cursos da área da saúde.
Nesse sentido, os programas de Residência têm propiciado aos egressos dos cursos uma nova perspectiva
de trabalho, tanto em relação à diversificação dos
cenários de prática,,como no convívio profissionalacademia-serviço-comunidade.
Ainda há que se trabalhar para vencer resistências,
transformar o pensamento através da reflexão, da
avaliação dos resultados obtidos e da implementação
das reformulações necessárias para se obter um egresso cirurgião-dentista com as características e qualidades desejadas para o desempenho de suas funções,
dentro dos princípios norteadores do SUS.
Os projetos envolvidos no Pró-Saúde e nos demais
programas têm sido apresentados em diferentes eventos científicos tais como: Reuniões da Associação Brasileira de Ensino Odontológico - ABENO, Congresso
Internacional de Odontologia de São Paulo - CIOSP,
Rede Unida, ABRASCO, Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica – SBPqO, a Expo-SGTES – Trabalho e Educação na Saúde, do MS e na Semana de
Ensino Pesquisa e Extensão da UFSC – SEPEX, entre
outros, dando visibilidade ao Programa e ao processo
de reforma curricular da UFSC.
O Pró-Saúde no Curso de Odontologia da UFSC
alavancou processos interdisciplinares já presentes na
instituição desde a década de 70, os quais ocorriam
de maneira isolada, a partir de iniciativas particulares
de alguns docentes, sendo fundamental para a indução do processo de mudança na formação em odontologia na UFSC, na perspectiva multiprofissional e
interdisciplinar, e trazendo contribuições nos três eixos de desenvolvimento do Programa.
ABSTRACT
Interdisciplinarity and dentistry training: UFSC’s
Pro-Health program
In the last decade, the training of health professionals was restructured with education and health policies
promoted in partnership by the Ministries of Education
and Culture and Health. This article presents the experience of the Undergraduate Dentistry Course of the
Federal University of Santa Catarina (UFSC) gained in
implementing the National Redirection of Vocational
Training in Health - Pro-Health. As an inductive process, it led to changes, aiming at integrating learning
and health service and at using new methods of teaching and learning, emphasizing primary care. In the
field of dentistry, these movements seemed necessary,
considering that, historically, both the educational system and the labor market were governed by private
initiative. In UFSC, the activities were structured in
accordance with the three axes of development presented by the program, and drove the movement to
reform the curriculum. Pro-Health was essential for
inducing the process of change in an interdisciplinary
perspective, offering contributions across all axes.
Revista da ABENO • 11(1):62-70
69
Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG,
Padilha ACL, Rath IBS
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Recebido em 07/07/2011
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Aceito em 25/07/2011
70
Revista da ABENO • 11(1):62-70
Programa de teleodontologia da UFMG
Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha Peixoto*, Simone Dutra Lucas**
*Doutora em Dentística Restauradora, Professora da Faculdade de
Odontologia da UFMG
**Doutora em Saúde Pública, Professora da Faculdade de
Odontologia da UFMG
Resumo
Introdução: O programa de Teleodontologia da
Faculdade de Odontologia da UFMG teve início em
2005 com o Projeto BH Telessaúde. Atualmente o
programa conta também com outros dois: um desenvolvido na Faculdade de Medicina e o outro no Hospital das Clínicas, ambos da UFMG. Objetivo: Aproximar profissionais dos serviços de saúde e alunos do
conhecimento produzido na Universidade resultando em aprimoramento das práticas profissionais e ao
mesmo tempo diminuindo o número de encaminhamentos de pacientes para distantes centros especializados e promovendo atualização ou mesmo uma segunda opinião aos profissionais. Descrição da atividade:
O programa conta com duas atividades: videoconferências e teleconsultorias. As videoconferências do
BH Telessaúde são realizadas mensalmente e tem duração de uma hora e meia. Na Faculdade de Medicina
as videoconferências são quinzenais e levam uma
hora. Tanto a Faculdade de Medicina quanto o Hospital das Clínicas realizam teleconsultorias on line e
off line. Considerações finais: O projeto de extensão
apresenta um série de atividades muito relevantes por
propiciar uma atualização permanente à distância
através de videoconferêcias e teleconsultorias aos profissionais de saúde e aos estudantes da UFMG. Entretanto, o programa tem uma capacidade de alcance
bem maior considerando seu ilimitado potencial. A
telemática tem uma relevância social inquestionável
à medida que encurta distâncias, estimula a integração dos docentes e discentes com o serviço, amplia o
conhecimento e melhora o desempenho dos profissionais da saúde.
Descritores
Telessaúde. Odontologia. Educação.
P
ercebe-se no cenário atual do desenvolvimento
tecnológico uma promessa explicita de importantes contribuições para os projetos da área de saú-
de. O compartilhamento de conhecimentos acena
com a possibilidade de uma assistência mais segura e
renovação e aprimoramento permanente sobre a capacitação dos profissionais.5,3 Para tal, a telemática
sendo definida como a “manipulação e utilização da
informação pelo uso combinado de computador, seus
acessórios e meios de comunicação” se destaca e se
firma como um instrumento político e estratégico
neste objetivo das ações de saúde. Quando esta ferramenta é empregada a serviço da saúde ela adota o
nome de e-saúde ou mais comumente telessaúde. A
OMS do século XXI considera que a principal expectativa referente à saúde coletiva será alcançada por
meio da melhoria do acesso aos recursos disponíveis.
Nessa perspectiva a telessaúde se coloca imprescindível e indispensável para o alcance dessa meta de
abrangência da assistência à população no que se refere à sua saúde.
Várias são as modalidades da prática de telessaúde:
telemedicina, teleenfermagem e teleodontologia. A
aplicação desta prática vem sendo usada tanto como
a teleeducação voltada quer seja para a educação permanente de profissionais quanto para alunos de graduação, e a teleconsultoria que se refere à assistência
aos trabalhadores de saúde de regiões remotas com
disponibilização de laudos ou segunda opinião de
especialistas locados em pólos centrais. A teleeducação, no que tange às videoconferências, na graduação, pode propiciar interação professor/aluno “on
line” e também, através das teleconsultorias “on line”
ou “off line”, recursos certamente muito úteis, também, nos estágios rural ou urbano fora dos espaços
da Universidade.6 Como suporte assistencial, aproxima o profissional do serviço do profissional da universidade, que com isto contribui com uma assistência
mais respaldada e, portanto, mais efetiva.
A proposta se coloca como relevante, pois aproxima docentes de profissionais já habilitados que estão
nos serviços e nem sempre têm oportunidade de atualizar seus conhecimentos ou mesmo ouvir uma se-
Revista da ABENO • 11(1):71-5
71
Programa de teleodontologia da UFMG • Peixoto RTRC, Lucas SD
gunda opinião quando têm dúvidas nas situações
clínicas enfrentadas.4
A aproximação da universidade e sociedade tem
sido cada vez mais ambicionada, pois, abre um caminho de mão dupla. Assim, o programa de Teleodontologia tem potencial para ocupar o importante papel
de ligação da universidade com a sociedade, contribuindo na melhoria da assistência prestada e direcionando a produção de conhecimentos para atender às
reais necessidades da população.
A experiência da Faculdade de Odontologia com
essa tecnologia iniciou-se em 2005 através do projeto
de extensão “Telessaúde Bucal”, em parceria com a
Prefeitura de Belo Horizonte.6,2 Nesse projeto são realizadas videoconferências mensais para as equipes
de saúde bucal dos centros de saúde de Belo Horizonte. As videoconferências abordam temas de interesse dos profissionais do serviço, em função da sua
necessidade de atualização, da Universidade, na busca em divulgar o conhecimento nela produzido e
também da coordenação de saúde bucal do município que, através do projeto, compartilha discussões
de interesse geral e estabelece um caminho de transformação de suas práticas.
Optou-se, posteriormente, pela criação de um
programa constituído de três projetos alocados, além
da Prefeitura de Belo Horizonte, na Faculdade de
Medicina e Hospital das Clinicas ambos da UFMG .
O programa traz, além das vantagens citadas acima,
projeção e visibilidade a essa tecnologia levando os
diferentes setores da faculdade e dos serviços a identificarem seu potencial de aplicação e aproveitamento em suas ações. Os projetos foram implementados
de forma progressiva e contemplam e/ou devem contemplar:
• A realização de videoconferências e teleconsultorias;
• A capacitação do corpo discente da disciplina Estágio Supervisionado e de outras disciplinas da
Faculdade de Odontologia para que possam usufruir de mais esse recurso;
• A viabilização da produção de recursos pedagógicos para disponibilizar a diferentes disciplinas,
projetos, profissionais, estudantes e ao público em
geral, seja em processos de educação permanente
seja em ações educativas e informativas;
• Consolidar e reforçar as ações da Liga Acadêmica
de Telessaúde da UFMG – LITEL. Essa liga congrega estudantes das Faculdades de Medicina,
Enfermagem e Odontologia, e até o momento está
sediada na escola de Medicina e tem pouco im72
pacto nas demais unidades por não existir ainda
nas mesmas uma adequada estrutura de suporte
para as ações desenvolvidas.
Entre os objetivos do programa de teleodontologia destacam-se:
• Explorar a telemática como instrumento de suporte assistencial e de educação permanente na
Odontologia através de videoconferências e teleconsultorias;
• Fornecer aos alunos da FO/UFMG, educação permanente e supervisão à distância nas ações realizadas dentro e fora da Faculdade (internato/
projetos);
• Fornecer educação permanente e suporte assistencial aos profissionais do serviço;
• Capacitar docentes e discentes da Faculdade de
Odontologia na aplicação da telemática;
• Consolidar e reforçar as ações da “Liga Acadêmica de Telessaúde da UFMG – LITEL;
• Disponibilizar as videoconferências já realizadas
para a comunidade acadêmica;
• Apresentar o projeto em eventos científicos.
MATERIAL E MÉTODOS
Até o presente momento as videoconferências da
Odontologia têm sido realizadas na Faculdade de Medicina da UFMG e Secretaria Municipal de Saúde de
Belo Horizonte limitando o acesso aos nossos estudantes, professores e funcionários. As videoconferências realizadas na Faculdade de Medicina contam com
a participação de 50 municípios. A secretaria municipal de saúde de Belo Horizonte possui aproximadamente 150 Unidades Básicas de Saúde em condições
de participar das videoconferências realizadas neste
município.2,1 É importante ressaltar que a disciplina
Estágio Supervisionado conta com estudantes em algumas destas Unidades tanto do interior do Estado
como em Belo Horizonte. As videoconferências são
realizadas mensalmente na Secretaria Municipal de
Saúde de Belo Horizonte e quinzenalmente na Faculdade de Medicina com duração média de 90 e 60
minutos respectivamente. Após a exposição do docente abre-se a discussão com os participantes com o
objetivo de sanar dúvidas sobre o cotidiano do trabalho em saúde.7
O projeto BH Telessaúde equipou a rede assistencial com a tecnologia de telemática e a Rede Nacional
de Telessaúde implantou nos municípios selecionados, os insumos tecnológicos necessários para seu
funcionamento. A Faculdade de Odontologia, através
Revista da ABENO • 11(1):71-5
Programa de teleodontologia da UFMG • Peixoto RTRC, Lucas SD
250
226
189
200
Número de participantes
156
150
134
113
100
106
50
110
106
123
34
dez/10
nov/10
out/10
set/10
ago/10
jul/10
jun/10
mai/10
mar/10
abr/10
0
fev/10
RESULTADOS
As atividades da coordenadora do projeto, junto
à Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte,
consistem da organização de videoconferências mensais destinadas a cerca de 150 Unidades Básicas de
Saúde. A partir dos temas sugeridos pelos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte ela convida um profissional, preferencialmente
da UFMG, para proferir a videoconferência mensal e
o acompanha no dia da sua realização. Este projeto
atinge, em média, 50 Unidades Básicas de Saúde e
cerca de 100 profissionais por videoconferência como
pode ser observado no Gráfico 1.
As atividades desenvolvidas pela coordenadora do
programa junto à Faculdade de Medicina da UFMG
envolvem a organização e acompanhamento de videoconferências quinzenais e teleconsultorias. A partir
dos temas sugeridos pelos profissionais de 50 municípios participantes do projeto ela convida um profissional, preferencialmente da UFMG, para proferir a
videoconferência e o acompanha no dia da sua realização. O número de municípios e de participantes
varia em média entre 15 e 50 respectivamente como
pode ser observado no Gráfico 2.
As teleconsultorias desenvolvidadas na Faculdade
de Medicina são geradas a partir de dúvidas que levam
os profissionais do interior do Estado de Minas Gerais
a solicitarem uma segunda opinião de especialistas.
A coordenadora do projeto encaminha tais demandas
para os especialistas e retorna aos solicitantes com as
respostas emitidas pelos mesmos. Os temas mais demandados pelos profissionais são patologia e cirurgia
como mostra o Gráfico 3.
Os três teleconsultores lotados no Hospital das
Clínicas estão cadastrados e respondem às dúvidas de
profissionais de aproximadamente 600 municípios
do Estado de Minas Gerais, diferentes daqueles alocados na Faculdade de Medicina. A indicação destes
consultores se deu em reunião realizada com a vicediretora da Faculdade de Odontologia juntamente
com a coordenadora do projeto do Hospital das Clínicas e coordenadora do Teleodontologia. A indica-
Datas das videoconferências
Gráfico 1 - Número de Unidades de Saúde e de profis-
sionais participantes das videoconferências realizadas no
projeto Telessaúde Bucal da PBH em 2010.
25
20
15
10
5
0
21
15
9
4
4
4
2
1
1
1
1
1
Pa
to
lo
g
Ci ia
ru
rg
S u ia
po
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Pe te
di
at
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cl
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ia
t
r
i
M
at a
e
Pr riais
e
Fa ven
r m çã
ac o
ol
og
ia
do presente programa organiza e subsidia as ações
relacionadas à saúde bucal. Fica a cargo deste projeto
a organização da seleção de conteúdos, de consultores, do agendamento e do fluxo de contatos para a
obtenção de teleconsultorias e emissão de segunda
opinião tanto no sistema off line como on line. Pelo
fato de não termos uma equipe de professores em
esquema de plantão para o projeto são realizadas predominantemente teleconsultorias off-line.
Atualmente os alunos do Estágio Supervisionado
contam com aulas teóricas sobre o Teleodontologia
e mecanismo de acesso à plataforma no tocante a videoconferência e teleconsultoria. Pretende-se ampliar a formação de outros discentes para o uso desta
ferramenta.
Pretende-se estabelecer na Faculdade de Odontologia um espaço equipado com a tecnologia necessária para gerar as videoconferências. Esse espaço atenderá não só o Teleodontologia como também outros
possíveis projetos que necessitarão desse suporte tecnológico. Com a instalação dos equipamentos na Faculdade de Odontologia a participação dos estudantes de diferentes períodos do curso poderá ser
ampliada tanto para disciplinas extra-muros como
intra-muros. Profissionais do serviço serão também
convidados a participar o que propiciará uma maior
aproximação entre os mesmos e a comunidade da
Faculdade de Odontologia. É importante destacar
que esta já possui os insumos técnicos para viabilizar
essa proposta e um técnico treinado para o projeto.
Gráfico 2 - Distribuição das teleconsultorias realizadas
pelo Projeto de Teleodontologia na Faculdade de Medicina da UFMG, segundo o tema, no período de 2007 a
2009.
Revista da ABENO • 11(1):71-5
73
Programa de teleodontologia da UFMG • Peixoto RTRC, Lucas SD
87
75
20/10/2010
06/10/2010
22/09/2010
8
Gráfico 3 - Número de
municípios e de profissionais
participantes das
videoconferências realizadas
no Projeto Rede Nacional
de Telessaúde/Faculdade de
Medicina em 2010.
17/11/2010
15
16
9
08/09/2010
16/06/2010
20
11
12
60
50
35
25/08/2010
6
14
02/06/2010
21/04/2010
14
07/04/2010
10/03/2010
26
16
13
17
35
51
28/07/2010
14
13
9
24/02/2010
6
24/03/2010
34
14/07/2010
28
11/08/2010
55
30/06/2010
45
19/05/2010
58
05/05/2010
43
69
55
03/11/2010
74
10/02/2010
Número de participantes
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
ção teve como base a quantidade de a qualidade das
teleconsultorias respondidas por estes profissionais.
O número de telconsultorias deste projeto, realizadas
em 2009 e 2010 pode ser observado no Gráfico 4.
DISCUSSÃO
Por se tratar de uma metodologia moderna de
ensino/aprendizagem é avaliado, na última videoconferência do semestre, o impacto desta tecnologia
nas práticas profissionais da equipe de saúde bucal
através da resposta de um questionário on-line. Investiga-se se o uso da telemática contribuiu na resolução
de dúvidas enfrentadas no dia a dia dos alunos e profissionais.
CONCLUSÕES
Observa-se que o projeto é muito relevante por
propiciar uma atualização ou mesmo segunda opinião para profissionais que muitas vezes atuam em
áreas distantes da capital o que pode dificultar a participação em cursos para atualizar o conhecimento.
No entanto o programa tem uma capacidade de alcance bem maior do que a apresentada nos últimos
tempos.
Finalmente, destacamos que a telemática encurta
distâncias, estimula a integração dos docentes e discentes com o serviço, amplia o conhecimento e melhora
o desempenho dos serviços o que lhe confere inegável
relevância social na medida em que atinge profissionais, estudantes e usuários dos serviços de saúde.
ABSTRACT
UFMG teledentistry program
Introduction: The Teledentistry program of the
School of Dentistry at the Federal University of Minas
Gerais (UFMG) began in 2005 with the BHTelehealth
project. Besides this project, the Teledentistry pro74
Número de
teleconsultorias
Datas das videoconferências
400
350
300
250
200
150
100
50
0
365
122
2o semestre/2009
Período
Ano 2010
Gráfico 4 - Número de Teleconsultorias realizadas pelo
Projeto de Teleodontologia no Hospital das Clínicas no
segundo semestre de 2009 e durante o ano de 2010.
gram works with two others: one developed at the
School of Medicine and another at the University
Hospital (UFMG). Objectives: Provide professionals of
dental health services and students with the knowledge produced in the University, resulting in the updating and improvement of professional practices,
and, at the same time, decreasing the need to refer
patients to distant specialized centers, and providing
professionals with an updated or even second opinion. Description of activity: the program has two telehealth activities: videoconferences and teleconsultations. The BH Telehealth’s videoconferences occur
once a month and last an hour and a half. The School
of Medicine’s videoconferences are held fortnightly
and last one hour. Both the School of Medicine and
the University Hospital hold online and offline teleconsultations. Final considerations: This extension
project has a relevant set of activities, insofar as it
provides ongoing distance learning through videoconferences and teleconsultations to public health
professionals and UFMG students. However, the program has been used at too low a rate, considering its
unlimited potential. Telematics has unquestionable
social relevance since it shortens distances, encourages professor and student integration with public
Revista da ABENO • 11(1):71-5
Programa de teleodontologia da UFMG • Peixoto RTRC, Lucas SD
service, extends knowledge and improves health professional performance.
4. Litwin E. Educação à distância: temas para o debate de uma
nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
5. Masotti AS, Jardim JJ, Oshima H, Pacheco JFM. Ensino a dis-
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188(2):67-70
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
Revista da ABENO • 11(1):71-5
75
A percepção de acadêmicos de
odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/
SESAU, Campo Grande/MS, 2009
Milca Lopes de Oliveira*, Tenile Carvalho Coelho**
*Doutora em Saúde Pública, tutora do PET-Saúde UFMS/SESAU
2009-2011
**Cirurgiã-dentista. Acadêmica PET-Saúde UFMS/ SESAU 2009-2010
RESUMO
Introdução: O Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde - PET-Saúde, deve estimular a formação
de profissionais e docentes de elevada qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica, bem como a
atuação profissional pautada pelo espírito crítico, pela
cidadania e pela função social da educação superior,
orientados pelo princípio da indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão. Com o Convênio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) com
a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), criou-se o
Programa com sete cursos no ano de 2009, em duas
linhas de pesquisa. Objetivos: relatar a percepção de
acadêmicos do curso de Odontologia da UFMS sobre
o PET-Saúde 2009 e seu impacto na formação acadêmica. Material e Métodos: Relato de experiência tendo
como fontes de dados relatórios mensais de acadêmicos de Odontologia do PET-Saúde 2009 e documentos
de acompanhamento dos mesmos. Resultados: Dos 60
acadêmicos de sete cursos da área da Saúde, cinco cursavam Odontologia e desses, três eram bolsistas. Constata-se um impacto relevante na formação acadêmica,
pois os aspectos multiprofissionalidade, integração teoria e prática, produção de conhecimentos na área da
Saúde Coletiva, princípios do SUS, funcionamento de
uma UBSF, capacidade de diálogo, respeito aos colegas
e tomada de decisões, ficaram evidentes. Acredita-se
que a satisfação em ser petiano tenha sido um elemento motivador e de sensibilização para a atuação e o
aprendizado. Conclusões: Espera-se que Instituições de
Ensino Superior e Secretarias de Saúde dos Municípios
sejam bastante permeáveis à integração universidadeserviço-comunidade.
DESCRITORES
Saúde da Família. Atenção Primária à Saúde.
Aprendizagem.
76
O
Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde - PET-Saúde, é um instrumento que viabiliza programas de especialização e aperfeiçoamento em serviço dos profissionais da saúde, assim como
de iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos aos estudantes dessa área, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele
deve servir como estímulo para a formação de profissionais e docentes com elevada qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica, bem como
uma atuação profissional pautada pelo espírito crítico, pela cidadania e pela função social da educação
superior, orientados pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (BRASIL,
Port. Nº 1802, 2008).
As diretrizes curriculares dos cursos da área da
saúde recomendam a inserção precoce e responsável
dos acadêmicos nos serviços de saúde, permitindo
assim que profissionais da atenção básica orientem e
supervisionem estudantes de graduação, tendo o serviço público de saúde como cenário de ações de
aprendizagem vivenciadas na prática.
O compromisso social das instituições de ensino
superior contribui para que ações voltadas ao tripé
ensino-pesquisa-extensão sejam construídas em ação
intersetorial, envolvendo profissionais e acadêmicos
em propostas que fortaleçam a formação e ações no
serviço com vistas à promoção da saúde. A inserção
precoce de universitários em diferentes espaços sociais é necessária à formação integral e prepara-os
para a atuação profissional.
Para a execução do PET-Saúde, em 2009, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS),
em Campo Grande, foi firmado Convênio com a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), para delimitar
o cenário de atuação dos acadêmicos nas Unidades
Básicas de Saúde da Família, dar anuência na escolha
Revista da ABENO • 11(1):76-80
A percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande/MS, 2009 • Oliveira ML, Coelho TC
dos preceptores, apontar necessidades que pudessem
ser inseridas na rotina dos petianos junto às equipes
das unidades escolhidas como sede das ações.
Esse estudo tem por objetivo relatar a percepção
de acadêmicos do curso de Odontologia da UFMS
sobre o PET-Saúde 2009 e seu impacto na formação
acadêmica.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um relato de experiência tendo como
fontes de dados relatórios mensais de acadêmicos de
Odontologia do PET-Saúde 2009 no Convênio
UFMS/SESAU, e documentos de acompanhamento
dos mesmos. Nesse estudo, os acadêmicos participantes do PET-Saúde 2009 UFMS/SESAU são denominados petianos.
RESULTADOS
Um pouco de histórico
Em outubro de 2008, tiveram início as atividades
vinculadas ao PET-Saúde UFMS/SESAU, com a
conformação de um grupo de docentes de cursos
da área de saúde interessados em participar que se
autodenominou Grupo de Condução do PET-Saúde. Esses docentes se voluntariaram a estudar a
Portaria Nº 1.802/2008 – MS/MEC e deram os primeiros passos na divulgação, no processo seletivo
dos alunos, na escolha dos preceptores, na definição de tutores e temas de pesquisas a serem desenvolvidos. Duas docentes do Grupo manifestaram
interesse pela tutoria e houve anuência. O Programa começou a ser estruturado e as minutas dos
Projetos começaram a ser desenhadas pelas tutoras
de cada linha de pesquisa, sempre com a colaboração de professores do Grupo de Condução e por
servidores da Estratégia Saúde da Família da SESAU, para que as ações atendessem necessidades
dos serviços e dos usuários das áreas que viriam a
participar dos Projetos.
O processo de seleção dos acadêmicos foi sendo
estruturado (currículo e entrevista), paralelamente, bem como a busca de um espaço e de infra-estrutura física que acolhesse o PET-Saúde UFMS/
SESAU 2009, o qual foi instalado na Faculdade de
Medicina como estratégia para sensibilização do
curso de medicina. Os processos burocráticos ficaram alocados na Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PREG).
Muitas reuniões se seguiram para um melhor entendimento do Programa com os docentes do Grupo
de Condução e com a PREG. Seguiu-se a construção
do Núcleo de Excelência, da Comissão Gestora e seus
respectivos Regimentos.
Apresentando os preceptores e os
acadêmicos
De acordo com a orientação da SESAU, os grupos
PET-Saúde foram alocados no Distrito Sul, em seis
unidades de saúde da Família. Por negociações com
a SESAU, é no Distrito Sul que a UFMS concentra a
maior parte das atividades práticas vinculadas aos diversos cursos da saúde.
As linhas de pesquisas escolhidas foram:
1. Educação em Saúde e Controle Social;
2. Avaliação do Projeto Viver Legal.
As tutoras, respectivamente, bióloga, doutora em
saúde pública e, enfermeira e doutora em saúde pública.
A composição do grupo de preceptores para a
primeira linha de pesquisa contava com uma assistente social, três enfermeiras, um médico e uma odontóloga. Na segunda linha de pesquisa havia dois odontólogos e quatro enfermeiros.
O grupo PET-Saúde foi composto por 60 acadêmicos e foram organizados nos grupos por ordem de
classificação e com a preocupação em se conformar
grupos multidisciplinares, levando-se em conta, ainda,
a disponibilidade de seus horários. Os acadêmicos que
cursavam Odontologia eram em número de 5, representando 8,3% do número total de participantes, e
deles, três eram bolsistas. Coincidentemente, todos os
acadêmicos do curso de Odontologia participaram da
linha de pesquisa Educação em Saúde e Controle Social. Levando-se em consideração apenas esse, os acadêmicos representaram 16,7%, do total de 30 alunos.
Atividades Realizadas
Os ”petianos” foram orientados, entre vários aspectos, a participar de projetos e iniciativas já existentes nos serviços de saúde, criar novas propostas de
trabalho dentro das duas linhas de pesquisas e que
tivessem vínculo com as prioridades das equipes de
saúde da família, vivenciando uma prática interdisciplinar e multiprofissional na perspectiva de qualificar
ainda mais sua formação.
No mês de maio de 2009 houve a Aula Inaugural
PET-Saúde, um evento que convidou todos os cursos
da área da saúde, realizada no teatro Glauce Rocha/
UFMS, para conhecerem o Programa PET-Saúde. Em
agosto do mesmo ano houve o I Encontro dos grupos
PET-Saúde de Mato Grosso do Sul, com a participação
Revista da ABENO • 11(1):76-80
77
A percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande/MS, 2009 • Oliveira ML, Coelho TC
70
Gráfico 01 - Quantitativo
Nº de acadêmicos
Nº de acadêmicos bolsistas
60
de alunos por curso e alunos
bolsistas PET-Saúde
UFMS/SESAU, Campo
Grande, 2009.
60
50
40
30
24
20
20
13
10
0
5
1
1
8
8
3
Ed. Física Enfermagem Farmácia
3
Fisioterapia
6
Medicina
5
3
5
3
Odontologia Psicologia
do PET-Saúde da Universidade Federal da Grande
Dourados/Dourados-MS, inserido na programação
da Mostra Comemorativa dos 10 anos de Saúde da
Família em Campo Grande, onde os petianos puderam relatar as experiências vividas e também apresentar vários trabalhos científicos.
Como uma das primeiras atividades, foi realizada
uma Oficina de sensibilização (20h), com a participação de todos os alunos e preceptores, organizada pela
tutora da linha de pesquisa Educação em Saúde e
Controle Social para apreensão de conceitos relativos
à área de educação em saúde.
Os acadêmicos eram convocados para reuniões
quinzenais em horário alternativo – das 11h às 12h,
ou das 17h às 19h, e até aos domingos -, o que possibilitou a integração dos componentes do grupo - alunos, tutora e preceptores. Houve diversos encontros
para orientação quanto à elaboração de trabalhos
científicos e apresentações em Eventos. Foram realizadas, ainda, as atividades inerentes à linha de pesquisa ”Educação em Saúde e Controle Social”, como:
• levantamento bibliográfico,
• coleta de dados e
• participação de ações educativas dentro das Unidades de Saúde da Família parceiras do Projeto.
Total
relevantes para o andamento da referida linha de
pesquisa, elaboração de relatórios e resumos para
eventos científicos, dentre outros.
A percepção dos acadêmicos de
Odontologia
Na percepção dos petianos da Odontologia ficam
evidentes potencialidades e fragilidades do Programa.
a)Potencialidades
Sobre Conhecimentos adquiridos na prática
A criação do PET- Saúde foi de fundamental importância
para a saúde pública, pois mantém um vínculo dos futuros
profissionais da área da saúde com a Saúde coletiva, já que
em ambiente da sala de aula, o que realmente existe é a
teoria, deixando, na maioria das vezes, o aluno sem a real
noção do impacto e da relevância que é na prática o exercício dessas ações (Acadêmico 1).
Através do PET-Saúde, tivemos a oportunidade de conhecer não só na teoria mas também na prática o funcionamento das unidades básicas de saúde da família(UBSF)
bem como seus deveres com a população e os direitos da
comunidade em relação aos atendimentos oferecidos
(Acadêmicos 2 e 3).
A rotina semanal dos petianos incluía um total de
8 horas, conforme preconizado pela Port. Nº.
1.802/2008. Nelas estavam incluídas as atividades nas
Unidades (4h). Os alunos puderam participar das
reuniões do Conselho da Unidade, verificando sua
dinâmica de funcionamento; reconhecimento do território da Unidade, identificação das ações educativas
em saúde desenvolvidas pelos diversos componentes
das equipes. Nas outras 4 horas complementares, foram feitas atividades relacionadas à pesquisa de temas
78
Sobre Multiprofissionalidade
A integração dos cursos é um dos pontos mais importantes
desse projeto, sendo o multiprofissionalismo essencial
para uma verdadeira integralidade (um dos mais importantes princípios doutrinários do SUS) (Acadêmico 1).
(...) estamos certos de que multidisciplinariedade torna o
trabalho muito mais produtivo (Acadêmicos 2 e 3).
Revista da ABENO • 11(1):76-80
A percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande/MS, 2009 • Oliveira ML, Coelho TC
A proposta de interdisciplinaridade entre os acadêmicos
de diversos cursos e entre os funcionários das UBSFs tem
sido seguida a risca, resultando em produção de conhecimento e experiências demonstradas em cada reunião e
propiciando a coleta de dados para a pesquisa do Controle Social (Acadêmico 4).
Orgulho em ser petiano
Sinto-me muito lisonjeada em poder fazer parte dessa primeira e nova geração intitulados por nós de Petianos e
creio que esse é o primeiro passo de uma caminhada com
muitas dificuldades, porém também de grandes e importantes conquistas (Acadêmico 1).
Sentimo-nos privilegiados por estarmos inseridos no PETSaúde, hoje somos uma grande família de amigos, unidos
pela mesma causa, que vem a ser o fortalecimento do nosso sistema único de saúde contribuindo para que o mesmo,
em sua universalidade, eqüidade, integralidade possa cativar seus usuários (Acadêmicos 2 e 3).
Atividades vinculadas à linha de pesquisa
Outro aspecto relevante é o maior conhecimento sobre o
Controle Social e o verdadeiro papel do Conselho Gestor
na unidade, em seu poder de tornar o funcionamento da
mesma melhor em todos os sentidos, tanto organizacional,
quanto em respeito às doutrinas do SUS. Observamos também a alienação de grande parte dos usuários sobre o
papel deste conselho e principalmente na ínfima participação nas reuniões. Sendo este um projeto árduo que o
grupo PET- Saúde deve desenvolver (esclarecer e conscientizar essa comunidade sobre o seu papel dentro da unidade) (Acadêmico 1).
b) Fragilidades
(...) a dificuldade maior em manter esse ponto (multiprofissionalismo) é a flexibilidade de horários, já que são cursos com uma grande carga horária (Acadêmico 1).
É difícil todos os envolvidos terem a mesma disponibilidade de horário para realizar as atividades devido à carga
horária dos diferentes cursos de graduação, para estarem
todos na mesma hora e no mesmo lugar, por exemplo.
Esse talvez seja o maior obstáculo que o PET-Saúde enfrenta. Apesar disso, os acadêmicos mostram-se abertos
ao diálogo e bem flexíveis para tomadas de decisões quanto aos horários de reuniões e metas para cumprir (Acadêmico 4).
DISCUSSÃO
A inserção dos acadêmicos de Odontologia participantes do PET-Saúde UFMS 2009 nos serviços de
saúde, atuando de forma organizada e orientada por
profissionais da rede, traz elementos que agrega qualificação na formação desses futuros profissionais, ao
inseri-los precocemente em atividades, práticas e vivências vinculadas às políticas de saúde pública e está
de acordo com os objetivos estabelecidos na Portaria
Interministerial Nº 1.802/2008.
O PET-Saúde estabelece meios para que os acadêmicos desse curso concluam sua graduação preenchendo uma série de requisitos, tais como formação
humanista, integral, crítica e reflexiva, para atuar em
diferentes níveis de atenção à saúde, com base no
rigor técnico e científico, qualificando ainda mais a
sua formação. O PET-Saúde ajudou a compreender
aspectos das realidades social, cultural e econômica
das áreas onde eles estavam inseridos. Os acadêmicos
também foram capazes de desenvolver ações de prevenção e promoção de saúde, em nível coletivo de
forma integrada com acadêmicos de outros cursos,
com benefícios mútuos.
O PET-Saúde, ainda, possibilitou o desenvolvimento de aspectos de liderança, comunicação, trabalho em equipe multiprofissional ligada à Estratégia de Saúde da Família (ESF), de forma
interdisciplinar, possibilitando encontros e aprendizagem, evidenciando dificuldades e favorecendo
a descoberta de formas de atuação com foco na
promoção da saúde. Foi possível identificar nos
acadêmicos participantes uma maior iniciativa, a
criatividade e cidadania. Compartilhar saberes e
interagir de maneira dinâmica, entendendo que
todos têm papel fundamental na manutenção da
saúde e defesa da vida foi, sem dúvida, um elemento motivador.
Buscando uma aproximação com as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de Odontologia o PET-Saúde permitiu, ainda, o estímulo de
práticas de estudo independente, visando uma progressiva autonomia intelectual e profissional levar os
alunos dos cursos de graduação em saúde a aprender
a aprender que engloba aprender a ser, aprender a fazer,
aprender a viver juntos e aprender a conhecer, permitindo
a construção de perfil acadêmico com conteúdos,
competências e habilidades através de vivências na
integração ensino-serviço, no conceito ampliado de
saúde, nos princípios e diretrizes do Sistema Único
de Saúde (SUS), dentre eles, o atendimento integral,
com prioridade para as atividades preventivas, sem
Revista da ABENO • 11(1):76-80
79
A percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande/MS, 2009 • Oliveira ML, Coelho TC
prejuízo dos serviços assistenciais e participação da
comunidade.
Conhecer e utilizar métodos e técnicas de investigação e a elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos contribuiu para planejar e administrar serviços
de saúde comunitária através de atividades extra-unidades inseridos nas equipes da ESF com vistas à construção da cidadania através de atitudes e valores correspondentes à ética profissional e ao compromisso
com a sociedade.
CONCLUSÕES
Considerando as falas dos petianos constata-se um
impacto relevante na formação acadêmica, pois tendo como cenário do PET-Saúde a Atenção Básica e
como referenciais as DCNs e a portaria N° 1.802, os
aspectos multiprofissionalidade, integração teoria e
prática, produção de conhecimentos na área da Saúde Coletiva, princípios do SUS, funcionamento de
uma UBSF, capacidade de diálogo, respeito aos colegas e tomada de decisões, ficaram evidentes.
Ficou evidenciado, também, a apreensão de aspectos do Controle Social e sua importância para a
gestão da Unidade, objeto da primeira linha de pesquisa apresentada.
Acredita-se que a satisfação em ser petiano tenha
sido um elemento motivador e de sensibilização para
a atuação e o aprendizado decorrente da inserção
precoce em UBSFs no processo de formação acadêmica. Pode-se inferir que essa satisfação seja o fato
de pertencer a um grupo seleto de acadêmicos dispostos aos desafios e possibilidades que o novo possa trazer.
Espera-se que o diferencial na aprendizagem e
na formação desses acadêmicos sensibilize seus pares na busca de novos conhecimentos e de Projetos
que os qualifiquem para uma atuação profissional
competente e cidadã. Que esse diferencial estimule
os cursos a incorporarem em disciplinas e/ou módulos de maneira mais precoce a inserção dos acadêmicos em atividades práticas e vivências na Atenção Básica. Espera-se ainda que as Instituições de
Ensino Superior atentem para uma maior institucionalização de Projetos com esse perfil, e que as Secretarias de Saúde dos Municípios sejam bastante
permeáveis à integração universidade-serviço-comunidade, pois as atividades extra-muros têm o potencial de preparar o profissional que o Sistema de
Saúde e a sociedade precisam.
ABSTRACT
Dentistry students’ perceptions of the PET-Health
UFMS/SESAU Program, Campo Grande, MS, 2009
Introduction: The PET-Health program should encourage the training of professionals and professors
that have high technical, scientific, technological and
academic qualification, as well as professional performance driven by critical thinking, citizenship and the
social role of higher education, guided by the principle of indivisibility of teaching, research and extension. There was an agreement between the Federal
University of Mato Grosso do Sul (UFMS) and the
Municipal Health Department (SESAU) that led to
the creation of a seven-course program in 2009, in
two lines of research. Objectives: To report the perception of Dentistry students from UFMS concerning the
PET-Health 2009 and its impact on academic education. Material and Methods: An account of an experience, supported by monthly reports by Dentistry students about the PET-Health 2009 and accompanying
documents of these students as the data sources. Results: There were 60 students from seven courses in
the area of Health; five were attending Dentistry
courses, and three were scholarship students. There
was a significant impact on academic training, insofar
as aspects of multiprofessional integration of theory
and practice, health-based knowledge production,
SUS principles, operation of a UBSF, dialogue skills,
respect for colleagues and decision-making were all
put into evidence. It is believed that the satisfaction
of participating in the a PET program has motivated
and sensitized students for work and learning. Conclusions: It is hoped that institutions of higher education
and municipal health departments will be open to the
integration of university-community-service.
DESCRIPTORS
Family Health. Primary Health Care. Learning. §
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2001. Institui Diretrizez Curriculares Nacionais para o Curso
de Odontologia. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2008.
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2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde - PET - Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2008.
Recebido em 07/07/2011
Aceito em 25/07/2011
80
Revista da ABENO • 11(1):76-80
Resumos Selecionados
A participação do PET-Saúde/
Saúde da Família na formação de
uma equipe de agentes de saúde
mirins para combate à dengue
Apresentador: Adriana Ferreira de Menezes
Autores: Adriana Ferreira de Menezes, Lucianna
Leite Pequeno
Instituição: UNIFOR
INTRODUÇÃO
O Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde) consiste em uma estratégia conjunta dos Ministérios da Saúde e da Educação, destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial em
áreas estratégicas e prioritárias para o Sistema Único
de Saúde (SUS), por meio de atividades de ensino,
pesquisa e extensão (BRASIL, 2010). O Projeto de
Extensão de uma das equipes do PET-Saúde/Saúde
da Família, da Universidade de Fortaleza (UNIFOR),
intitula-se “Implementação das atividades do Programa Saúde na Escola (PSE) com os alunos do Programa Mais Educação (PME), da escola Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati, Regional VI, Fortaleza, CE”. A
ideia desse projeto de extensão surgiu principalmente em virtude de a escola estar localizada no território
de atuação da Unidade Básica de Saúde do PET e ter
sido contemplada com o PSE, assim como pela característica multidisciplinar da composição desta equipe, sendo constituída de alunos dos cursos de Enfermagem, Nutrição, Odontologia, Medicina, Farmácia
e Terapia Ocupacional, facilitando a realização das
atividades previstas pelo PSE. O referido programa
foi lançado em 2007 pelo Decreto Presidencial (BRASIL, 2007) com a finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública por
meio de ações de promoção, prevenção e atenção à
saúde. O PSE, além avaliação clínica, psicossocial,
nutricional, de saúde bucal e do cartão de vacinas dos
escolares, aborda temáticas como: dengue, DST/
Aids, drogas, entre outras pactuadas no plano de
ação, conforme recomendação da coordenação nacional do programa e necessidades identificadas a
partir da entrevista com os estudantes. Em decorrência da epidemia de dengue instalada no município
de Fortaleza e no estado do Ceará no primeiro semestre de 2011, bem como por ser esta temática um dos
eixos prioritários definidos pela coordenação nacional do PET-Saúde, o fortalecimento e a ampliação das
ações de combate à dengue foram incluídos como
prioridade no plano de ação do PSE para o primeiro
semestre de 2011. Nesse sentido, a equipe do PETSaúde/Saúde da Família, em seguimento à realização
das atividades do projeto de extensão, propôs explorar essa temática de maneira mais participativa, diversificada e divertida, com a realização de uma gincana
de combate à dengue com a participação dos alunos
do PSE. Dessa forma, este trabalho consiste em um
relato de experiência acerca dos vários momentos
vivenciados pela equipe de alunos do PET e do PSE,
especificamente durante realização de umas das tarefas dessa gincana que foi a formação de uma equipe
de Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins para atuarem
no combate à dengue, tornando-os atores sociais desse processo no seu território.
OBJETIVOS
Relatar a experiência da participação dos alunos
de uma das equipes do PET-Saúde/Saúde da família
da UNIFOR, na formação de uma Equipe de Agentes
Sanitaristas de Saúde Mirins, no combate à dengue,
enquanto atividade do projeto de extensão.
MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho consiste em um relato de experiência vivenciado por uma das equipes do PET- Saúde/
Saúde da Família da UNIFOR, durante a realização
das atividades do projeto de extensão em relação à
temática dengue. A experiência foi desenvolvida na
escola Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati, localizada
no bairro Jardim das Oliveiras, Regional VI, FortalezaCE, envolvendo os alunos do PSE, matriculados no
Programa Mais Educação (PME) dessa escola, os
quais estavam participando de uma gincana de combate à dengue, realizada pela equipe do PET. Entre
as tarefas da gincana estava contemplada a da formação de uma Equipe de Agentes Sanitaristas de Saúde
Mirins entre os alunos participantes. A formação dessa equipe foi conduzida pelos participantes do PET
e aconteceu durante o mês de maio de 2011. Os encontros foram realizados duas vezes por semana, as
quartas e quintas-feiras, no turno da tarde, das 13h às
17h. A equipe do PET também contou com a parceria
e o apoio dos agentes sanitaristas de saúde da área,
dos monitores do PME e do PSE, assim como da própria escola nesse processo de formação dos alunos
para atuarem no combate à dengue. Durante a formação da equipe de agentes sanitaristas de saúde
mirins, foram realizados os seguintes momentos sis-
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
tematizados: 1- Exposição dialogada, ministrada pela
coordenadora dos agentes sanitaristas de saúde da
área para os alunos do PSE sobre a importância do
trabalho do Agente Sanitarista de Saúde (ASS) na
comunidade, definição sobre a realização do trabalho, dificuldades, desafios e benefícios, principalmente em relação à dengue. 2- Motivação e convite aos
alunos do PSE para participarem da formação da
equipe de Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins, com
a devida autorização formal dos pais. 3- Preenchimento de um formulário padrão pelos participantes. Este
formulário foi elaborado pela equipe do PET para
identificar dados em relação à situação dos casos de
dengue na rua de cada participante (numero de casos
de pessoas com dengue, tipo de dengue, numero de
casas com focos) servindo como um relatório sobre a
dengue nessas ruas a serem visitadas posteriormente.
4- Oficina de Educação e Saúde ministrada pela equipe do PET com o objetivo de orientar sobre como
evitar a dengue, os principais sintomas, sinas e riscos
da doença, como proceder em casos suspeitos e o
tratamento indicado, assim como também correlacionar a dengue com o lixo, associando aos aspectos de
preservação do meio ambiente. 5- Oficina realizada
pela equipe do PET para os participantes da gincana
e para monitores do PSE para elaboração de material
e atividades educativas como cartazes, panfletos, faixas, músicas e vídeos para serem entregues e apresentados durante as visitas nas casas juntamente com os
agentes sanitaristas de saúde. 6- Mutirão da dengue
nas ruas selecionadas de acordo com os relatórios
preenchidos pelos participantes. Os alunos foram divididos em duplas, cada dupla, acompanhada de um
agente sanitarista de saúde da área, realizou visitas às
casas, observando inicialmente a metodologia de trabalho do agente da área, objetivando a detecção dos
focos nas residências e repasse das orientações sobre
a dengue para as famílias, assim como também entrega de material educativo. 7- Encerramento das atividades na escola Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati
com a presença da equipe do PET, coordenadora dos
agentes sanitaristas de saúde da área, coordenador e
monitores do PME e do PSE, diretora da escola e
alunos participantes. Durante esse evento, houve a
premiação dos alunos ganhadores da gincana, entrega de certificados, enfatizando a importância da atuação desses escolares como Agentes Sanitaristas de
Saúde Mirins na comunidade, proporcionando-lhes
conhecimento para atuação como multiplicadores de
ações saúde, assim como os tornando corresponsáveis
pela continuidade e permanência dessas ações no
82
combate à dengue no seu território.
RESULTADOS
Como resultado dessa experiência, obteve-se a
participação de todos os momentos da gincana. Apesar de ter sido um número pequeno de alunos, foi
possível observar características importantes para o
trabalho em equipe como liderança, integração, assiduidade, coesão, proporcionando o desenvolvimento
adequado das atividades previstas e facilitando o entrosamento entre os participantes, e destes com a
equipe do PET, monitores do PME e do PSE, agentes
sanitaristas de saúde e, principalmente, com a comunidade. Houve sensibilização e envolvimento por parte da equipe formada no que diz respeito ao quadro
epidemiológico de dengue na comunidade e ao compromisso da continuidade das ações de combate a
essa doença no seu território, mesmo com o término
da gincana.
CONCLUSÃO
Acredita-se que experiências como essas possam
contribuir para reforçar a proposta do PET-Saúde/
Saúde da Família quando permite o fortalecimento
da proposta da educação pelo trabalho para saúde,
aproximando cada vez mais esse setor da educação.
A atuação da equipe multidisciplinar do PET composta por alunos dos cursos de Enfermagem, Nutrição,
Medicina, Farmácia, Terapia Ocupacional e Odontologia permitiu maior integralidade das ações desenvolvidas, inclusive inserindo o PET-Saúde/Saúde da
Família em outros programas, como o PME e o PSE,
exercitando a intersetorialidade, a atuação em outros
espaços sociais, além da unidade de saúde como a
escola e o território da própria comunidade, ajudando a reorientar e consolidar as práticas de saúde baseadas nos princípios do Sistema Único de Saúde.
Descritores
Educação em Saúde. Relações Comunidade-Instituição. Dengue.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial 421 de 03
de Março de 2010. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde-PET SAÚDE e dá outras providências. Brasília, 2010.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Saúde na Escola. Série B.
Textos Básicos de Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Brasília:
Ministério da Saúde, 2009.
3. Brasil. Gabinete da Presidência da Republica. Decreto n. 6.286
de 05 de dezembro de 2007. Institui o Programa Saúde na
Escola-PSE e dá outras providências. Brasília, 2007.
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da área de Odontologia
Percepção da necessidade de
prótese por idosos durante a
campanha de vacinação da gripe
H1N1 no município de Pelotas:
estudo exploratório
Apresentador: Analu Sparrenberger Manéa
Autores: Analu Sparrenberger Manéa, Renata Zolin
Flores, Leandro Leitzke Thurow, Mariane
Baltassare Laroque, Alex Ferreira Teixeira,
Eduardo Dickie de Castilhos, Tania Izabel
Bighetti
Instituição: Univesidade Federal de Pelotas
O
aumento da expectativa de vida no Brasil e no
mundo é um fenômeno bem estabelecido, devido ao avanço dos estudos na área da saúde, bem
como da melhora na qualidade de vida. A proporção
de pessoas com 60 anos ou mais está crescendo mais
rapidamente que a de qualquer outra faixa etária em
todo o mundo. Em 2025, estima-se a existência de
aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais
de 60 anos. Nessa perspectiva, o Brasil deverá ocupar
a 5ª posição entre as nações com maior contingente
de idosos, com 34,4 milhões de pessoas com idade
acima de 60 anos. No Rio Grande do Sul, a população
com mais de 60 anos de idade representa 13% do
total de 10.914.042 habitantes e no município de Pelotas 14% do total de 345.179 habitantes. E diante
deste envelhecimento da população é importante
que as políticas públicas de saúde atentem para este
fato. O idoso brasileiro, de um modo geral, apresenta muitos problemas bucais, devido à ausência de
programas específicos que atendam às necessidades
desta faixa etária e à herança de uma prática cirúrgico-restauradora e mutiladora, em que pouco se produzia em termos de promoção de saúde em níveis
populacionais, bem como valores culturais. Este fato
se comprova pelo elevado índice de edentulismo.
Através do Levantamento das Condições de Saúde
Bucal da População Brasileira (SB Brasil 2003) demonstrou-se que 66,5% da população brasileira usam
prótese total superior, 42,5% usam prótese total inferior e 19% usam próteses parciais em uma das arcadas.
A efetiva organização da Atenção Básica em Saúde
nos princípios do Sistema Único de Saúde a partir da
Estratégia da Saúde da Família exige o conhecimento
das reais necessidades da população sob sua responsabilidade, o que implica na implementação de abordagens mais amplas e complexas do que as centradas
no cuidado curativo. A Coordenação de Saúde Bucal
da Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas, com o
apoio da Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Pelotas, realizou um estudo piloto com o
objetivo de estimar o uso e necessidade de prótese
em pessoas com 60 anos ou mais, a partir da percepção dos entrevistados. A perspectiva é que estes dados
possam contribuir no debate para uma reorganização
e dimensionamento do serviço odontológico, possibilitando um serviço adequado a esta faixa etária, com
ações que devem incluir atividades de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação. O estudo, do tipo
observacional transversal descritivo, foi realizado em
três Unidades Básicas de Saúde (UBS) – Bom Jesus,
Dunas e Sítio Floresta –, onde acadêmicos do curso
de Odontologia do grupo PET-Saúde (Programa de
Educação pelo Trabalho para a Saúde) estão inseridos. Os acadêmicos aplicaram um questionário estruturado aos idosos que compareceram às UBS durante o dia da Campanha de Vacinação contra gripe
H1N1, ocorrida no dia 30/04/2011. Os idosos aceitaram participar da pesquisa por livre vontade, mediante autorização. O instrumento apresentava linguagem adequada ao perfil da comunidade. Houve
treinamento dos entrevistadores, com 4 horas de duração. As fichas foram conferidas e numeradas, os
dados digitados (dupla digitação) e tabulados. Os
resultados encontrados permitem a descrição de um
perfil aproximado dos idosos das áreas. Foram entrevistados 154 idosos, sendo que 76 da UBS Bom Jesus
(4,2% do total de 1.833 da área de abrangência); 42
da UBS Sítio Floreta (7,8% do total de 537 da área de
abrangência) e 35 da UBS Dunas (5,9% do total de
597 da área de abrangência). As faixas de idade de 60
a 69 anos representaram 56,9% da amostra, de 70 a
79 anos, 34,6% e 80 anos ou mais, 8,5%. Os dados
levantados mostraram que 50,3% não possuíam dentes naturais. Utilizavam próteses parciais removíveis
17,5% da amostra, sendo apenas superior apenas inferior e superior e inferior, 7,1%, 8,4% e 2% respectivamente. A amostra do estudo foi composta por 154
idosos de um total de 48.687 habitantes residentes em
Pelotas com idades de 60 anos ou mais. Das 47 Unidades Básicas de Saúde existentes no município, foram coletados dados em apenas três das UBS. A faixa
etária predominante no estudo foi dos 60 aos 79 anos.
A situação epidemiológica de saúde bucal do município segundo dados da ampliação da amostra do SB
Brasil 2003, revelou que na faixa etária de 65 a 74
anos, cada indivíduo possuía em média 22,42 dentes
perdidos, sem reabilitação protética. Neste estudo,
81% dos entrevistados declararam-se edêntulos em
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da área de Odontologia
pelo menos uma arcada e 75,3% usavam prótese total.
Entre os edêntulos/usuários de prótese total, 24%
declararam necessidade de fazer ou substituir a prótese. Embora com característica exploratória, os resultados do presente estudo indicaram a necessidade
formal de procedimentos odontológicos nem sempre
é percebida por idosos edêntulos, mas que a demanda por reabilitação protética existe, merece ser investigada e que sejam estabelecidos critérios para a sua
oferta. Estes critérios devem considerar aspectos biológicos, socioeconômicos e culturais; mas também a
percepção da necessidade pelos indivíduos, visto que
o sucesso do tratamento depende não só da qualidade do serviço ofertado, como também da cooperação
e conhecimento sobre as limitações e cuidados de
quem vai recebê-lo. A alta prevalência de indivíduos
que se declararam edêntulos pode ser considerada
um problema de saúde pública, o que reforça a idéia
da implantação de políticas, visando à melhoria da
qualidade de vida dos idosos. Em relação à saúde bucal, isto pode se dar com a confecção de próteses na
atenção básica, como também com a oferta de procedimentos especializados para casos específicos (próteses sobre implantes). Isto poderia ampliar o acesso
à assistência odontológica para grupos populacionais
que têm como porta de entrada apenas os planos de
saúde ou consultórios particulares, opções economicamente determinadas e socialmente excludentes.
Dentro deste contexto que se deve refletir sobre a
necessidade de reorganização do serviço, não só de
medidas reabilitadoras para sanar problemas existentes, mas também com ênfase em ações educativas
voltadas para promoção de saúde. No mais, a incorporação de um serviço de prótese dentária devidamente dimensionado para a demanda existente no
setor público é uma medida viável e que deveria ser
encarada pelos setores responsáveis, com a perspectiva de melhorar a saúde bucal e o bem estar do idoso, proporcionando adequada função mastigatória,
uma aparência mais agradável, melhorando a autoestima, a capacidade de fonação, além de contribuir
para sua reinserção ao meio social.
Descritores
Acesso aos Serviços de Saúde. Saúde Bucal. Assistência Odontológica para Idosos.
AGRADECIMENTOS
Adrine Maciel da Rosa; Andressa Spohr; Aryane
Marques Menegaz; Bibiana Bauer Barcellos; Cacia
Signori Caroline da Silva; Jean Wegner Machado Heverson Luiz da Costa Rebello; Luciane Missio; Morgana Favetti; Raquel da Silva Zuccolotto; Rocheli
84
Colcente; Tamara Horn; Tamiris Czervinski; Thais
Marcus Carriconde Fripp; Thiago Dias Campão.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Ministério da Saúde. Projeto SB Brasil 2003: condições de saúde bucal da população brasileira 2002-2003: resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
2. Rosa, A.G.F., Castellanos, R.A., Pinto, V.G. Saúde bucal na terceira idade. RGO, 41: 97-102, 1993.
3. Chagas, I. J.; Nascimento, A. & Silveira, M. M., 2000. Atenção
odontológica a idosos na OCM: Uma análise epidemiológica.
Revista Brasileira de Odontologia, 57: 332-335.
4. Opas – OMS. Envelhecimento ativo: uma política de saúde /
World Health Organization; tradução Suzana Gontijo. – Brasília: Organização Pan Americana da Saúde, 2005. 60p: il.
5. Datasus. Caderno de Informações de Saúde. Disponível em:
http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/rs.htm
Pró-Saúde: ação indutora de
mudanças na formação e
estruturação de cursos na área
da saúde
Apresentador: Bárbara Morais Arantes
Autores: Bárbara Morais Arantes, Vânia Cristina
Marcelo, Maria Goretti Queiroz
Instituição: Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal de Goiás
INTRODUÇÃO
O conhecimento acadêmico não é um conjunto
isolado de informações, mas um conjunto comprometido com uma determinada visão do mundo, que
se manifesta no próprio processo de investigação do
real,1 assim sendo, na formação acadêmica, o docente mais que passar conhecimentos específicos, deve
trabalhar na perspectiva da formação do cidadão,
contextualizando técnicas, conhecimentos e habilidades, considerando os indivíduos com ética e sensibilidade. Estas exigências demandam novas posturas
e atitudes por parte de docentes, pessoal técnico-administrativo e discentes dos cursos de graduação. Estes novos objetivos de formação profissional foram
explicitados a partir da Lei de Diretrizes e Bases e de
Diretrizes Curriculares Nacionais que substituíram as
antigas grades curriculares.2 De modo geral os docentes da área da saúde, e particularmente os da odontologia, tiveram uma formação extremamente tecnicista e pouco contato com áreas da didática,
pedagogia e planejamento. A Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (FO/UFG)
aderiu ao Programa Nacional de Reorientação da
Formação do Profissional em Saúde (Pró-Saúde) em
2005. A partir de 2006 iniciou a reestruturação de sua
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da área de Odontologia
matriz curricular visando formação compatível com
as exigências das Diretrizes Curriculares Nacionais
para os cursos de Graduação em Odontologia
(DCNO),2 ou seja, um Cirurgião-dentista com formação técnico-científica, generalista, humanística, crítica, ética e reflexiva, além de buscar uma maior aproximação com a realidade da população e as
necessidades dos serviços públicos de saúde. Uma
análise de estudos sobre reforma curricular nos mostra que esse processo esbarra em dificuldades bem
mais profundas que a simples mudança dos itens curriculares. Passa por elementos como resistência por
parte do corpo docente e técnico-administrativo às
mudanças, deficiência no fluxo de gestão das instituições, da excessiva burocratização dos processos de
trabalho, nas falhas dos processos comunicacionais
existentes, nos organogramas obsoletos, enfim na
inadequação da estrutura administrativa.3 A experiência da FO/UFG apresenta-se como emblemática
da realidade da maioria das Instituições de Ensino
Superior (IES), que buscam alternativas para conseguir efetivar mudanças, mas que não disponibilizam
de mecanismos para fazê-las. São evidentes as dificuldades para realizar atividades de educação permanente junto a docentes e pessoal Técnico-administrativo de modo a estimular novos olhares e
possibilidades de atuação diferentes das tradicionais.
Embora as instâncias superiores das Universidades
estimulem as mudanças, estas na maioria dos casos
não dispõem de recursos para a realização de atividades que atendam as especificidades de cada curso ou
área do saber. Desta forma, o Pró-Saúde se constituiu
em um eficiente mecanismo indutor das mudanças
desejadas ao estimular a reflexão sobre a formação e
as necessidades de adequação às necessidades da realidade, e principalmente por permitir a cada IES a
utilização de recursos de modo a atender suas necessidades específicas. Na FO/UFG a avaliação das modificações curriculares visando uma nova formação
para os estudantes4 passa necessariamente pela análise de aspectos estruturais e de capacitação de pessoal. As mudanças só foram passíveis de serem efetivadas
por terem acontecido, paralelamente, a adequação
de aspectos estruturais de equipamentos, a reforma
administrativa e o apoio na educação permanente de
pessoal por intermédio das atividades desenvolvidas
pela Comissão de Ensino (posteriormente denominada Núcleo Docente Estruturante – NDE). Esta análise foi objeto de três trabalhos de iniciação científica,
desenvolvidos de 2008 a 2011, cujo objetivo geral foi
o de analisar as mudanças curriculares e estruturais
acontecidas na FO/UFG.
OBJETIVO GERAL
Analisar o papel do Pró-Saúde como estratégia
indutora das mudanças curriculares e estruturais
acontecidas na FO/UFG, a partir de 2006.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Analisar a nova matriz observando seus avanços na
formação dos egressos; identificar as ações do Núcleo
Docente Estruturante (NDE) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (FO/UFG)
e sua influência na reestruturação da nova matriz curricular da FO/UFG, bem como na educação permanente dos docentes; identificar a relação entre a reforma administrativa da FO/UFG e a reestruturação
curricular do curso; identificar os principais desafios
encontrados durante o processo; identificar aspectos
potencializadores da reforma administrativa e educação permanente na mudança curricular; oferecer sugestões que colaborem na melhoria e otimização das
práticas adotadas pela administração da instituição; e
subsidiar a reforma curricular da FO/UFG.
MATERIAIS E MÉTODO
Utilizou-se uma abordagem mista com aspectos
quantitativos e qualitativos. Como instrumental da
pesquisa foi feita análise documental com levantamento em portarias, memórias, Projeto Pedagógico
do Curso (PPC) da FO/UFG, Diretrizes Curriculares
Nacionais para os cursos de Odontologia e Projeto
do Programa Nacional de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde; entrevistas narrativas semiestruturadas gravadas, transcritas e analisadas a partir
da categorização referente a cada quesito proposto
e/ou exigido pelas DCNO. Os dados foram examinados com o uso da análise de conteúdo.3 Foram sujeitos desta pesquisa estudantes de diferentes períodos
do curso, docentes e técnicos da FO/UFG. A pesquisa estendeu de 2008 a 2011, tendo sido aprovada pelo
Comitê de Ética em Pesquisas da UFG em suas diferentes etapas (protocolos nº 132/2008, 011/2009 e
090/2010).
RESULTADOS
Como principais resultados destacam-se a importância dos mecanismos de financiamento advindos
do Pró-Saúde que permitiram implementar ações tais
como melhoria do espaço físico, aquisição de equipamento, contratação de consultorias administrativas e
pedagógicas, além de apoio à pesquisas e participação
em eventos científicos; foi possível o registro dos processos de mudança por intermédio de relatórios, artigos científicos e filmes; aconteceu a criação, elimi-
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da área de Odontologia
nação e modificação de disciplinas; a transversalização
de conteúdos; a mudança de enfoque em especialidades tradicionais da odontologia para disciplinas
integradoras; a aproximação aos serviços de saúde
por meio da ampliação dos cenários de práticas e da
adoção de novas tecnologias de informação, permitindo a regulação dos pacientes e implantação do
prontuário eletrônico; adoção de estratégias participativas como foco central da metodologia de ensinoaprendizagem; contratação de uma empresa de consultoria para a reforma administrativa; criação do
NDE como mecanismo de subsídios às mudanças dos
processos formativos; construção participativa do
novo PPC; nomeação de uma Comissão visando reformular o Regimento Interno da FO/UFG.
CONCLUSÃO
O currículo e o PPC apresentam características
inovadoras, mais adequadas às DCNO e aos objetivos
dos eixos do Pró-Saúde, configurando evidentes avanços na formação dos egressos. As ações do Núcleo
Docente Estruturante (NDE) puderam fortalecer as
propostas de mudanças e constituíram-se em um
apoio concreto aos docentes. A gestão participativa
configura-se como única estratégia possível para permitir a noção de pertencimento capaz de dar suporte
às transformações radicais. A efetivação de reformas
administrativas é fator potencializador para a adequação às novas necessidades de mudanças de cenários
e incorporação de novas tecnologias. Os principais
desafios que ainda permanecem estão associadas a
questões estruturais da Universidade como a falta de
pessoal técnico qualificado e à implementação das
mudanças organizacionais propostas. As mudanças só
foram possíveis pelo fato de a FO/UFG ter aderido
ao Pró-Saúde e ter neste um forte apoio pedagógico
e financeiro.
Descritores
Organização e Administração. Educação Superior. Currículo.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Chaves SM. A aprendizagem do estudante universitário em
saúde: descortinando práticas, buscando alternativas. In: Estrela C. Metodologia Científica - Ciência. Ensino. Pesquisa. São
Paulo: Artes Médicas; 2005. p. 741-748.
2. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de
Graduação em Odontologia. Resolução Nº CNE/CES 3, de 19
de fevereiro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, Seção
1- p10. Brasil. (04 de março de 2002).
3. Backes A, Silva RPG, Rodrigues RM. Reformas curriculares no
ensino de graduação em enfermagem: processos, tendências
e desafios. Cienc Cuid Saude 2007; 6(2):223-230.
86
4. Anastasiou LGC, Alves LP. Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula.
Joinville: Univille; 2004.
5. Bardin L. Análise de conteúdo. Portugal: Edições; 1977. 70 p.
A equipe multidisciplinar do
PET-Saúde na construção da
humanização em uma unidade de
Saúde da Família de Maceió-AL
Apresentador: Beatriz Santana de Souza Lima
Autor: Beatriz Santana de Souza Lima
Instituição: Universidade Federal de Alagoas
O
Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde) em Alagoas foi iniciado em
2009 com 12 grupos tutoriais tendo como matriz o
campus UFAL/Maceió, tendo como objetivo a educação em saúde. Em sua segunda etapa o PET-Saúde II
teve como eixo central a participação popular e a
humanização da atenção à saúde e combate a mortalidade infantil. Teve como metodologia a criação de
grupos multidisciplinares, com estudantes e profissionais de diferentes cursos trabalhando juntos em unidades de saúde da família do município de Maceió.
A equipe multidisciplinar inserida na Unidade de
Saúde Prof. Robson Cavalcante de Melo, utilizando
uma metodologia própria, buscou através de oficinas,
questionários e entrevistas o foco de suas ações. Obtiveram como resultado a necessidade de trabalhar e
estimular a humanização do serviço. É importante
ressaltar que todo esse processo foi uma construção
coletiva de todos os funcionários da unidade de saúde
e participantes do PET, para melhoria da qualidade
do serviço e das relações interpessoais.
Estágios curriculares no SUS:
experiências da Faculdade de
Odontologia da UFRGS
Apresentador: Cristine Maria Warmling
Autores: Cristine Maria Warmling, Eloá Rossoni,
Fernando Neves Hugo, Ramona Fernanda
Toassi, Vânia Aita de Lemos, Sonia Maria
Blauth de Slavutzky, Solange Bercht,
Ângela Antunes Nunes, Arisson Rocha da
Rosa
Instituição: Faculdade de Odontologia Universidade Federal do Rio Grande
do Sul
U
m dos objetivos principais das propostas de mudança de paradigma no ensino odontológico do
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da área de Odontologia
país tem sido o de conformar o perfil profissional do
cirurgião-dentista de modo a torná-lo mais ajustado
às exigências ditadas pelo Sistema Único de Saúde.
Mas, esse é um modelo de formação incipiente e que
ainda carece de consensos em torno do modo como
formar esses profissionais. O objetivo deste artigo é
descrever e avaliar processos pedagógicos, técnicos e
políticos produzidos no percurso de implantação dos
estágios curriculares de odontologia da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul, apontando aspectos envolvidos nas experiências de reorientação da formação do cirurgião-dentista para sua atuação no Sistema Único de Saúde.
Foram analisadas produções escritas e depoimentos
de docentes, documentos e relatórios institucionais
e pesquisas escolares. As redes de atenção e ensino
em saúde bucal encontram-se em processo de estruturação, desafios precisam ser superados: expansão
limitada da atenção primária à saúde e, consequentemente, dos campos de estágios; necessidade de
avanços nas discussões sobre o papel, atribuições e
institucionalizações do preceptor/trabalhador e do
tutor/docente; as incompreensões, ainda persistentes, a respeito dos estágios, tanto na instituição de
ensino superior como na gestão e nos serviços do SUS;
questões de financiamento; discurso hegemônico da
clínica liberal-privatista e seus reflexos no embate
constante entre tutores/preceptores e discentes; limites impostos pelo desenho fragmentado da rede
de atenção em saúde.
Pró-Saúde e PET-Saúde –
reorientando a formação
profissional na saúde
Apresentador: Daniela Jorge Corralo
Autores: Daniela Jorge Corralo, Maria Salete
Sandini Linden, Miriam Lago Magro,
Carla Beatrice Crivellaro Gonçalves,
Lia Mara Wibelinger, Bernadete Maria
Dalmolin, Mônica Krahl, Maria Lúcia Dal
Magro, Evânia Luiza Araújo, Paulo do
Prado Funk, Alberi Grando, Jairo Caovilla,
Camila Zimmermann Rabello
Instituição: Universidade de Passo Fundo Faculdade de Odontologia
H
istoricamente, os cursos da área da saúde trabalham de forma individualizada, com foco na
especialidade e afastados das necessidades básicas de
saúde da população. Os sistemas de saúde, em sua
maioria, estão subordinados a um modelo de atenção
hegemônico, com o predomínio de práticas individualistas, curativas, centradas em doença e atendimentos hospitalares. As equipes de saúde, na rede pública,
compõem-se, basicamente, por força da necessidade
de trabalho. Este panorama tem sido discutido em
diferentes instâncias (educação, saúde, sociedade) e
a reorientação da formação de recursos humanos
para a área da saúde se mostra fundamental para a
mudança do enfoque no tratamento da saúde e para
o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, cumprindo com os seus princípios, principalmente o da
integralidade, e atendendo às necessidades de saúde
da população. As Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) (2001/2002) visam a mudança na formação
profissional na saúde, agregando trabalho coletivo,
integrando ensino-serviço e atuando em equipes desde o início dos cursos. É proposta das DCNs
(2001/2002) que os profissionais egressos dos cursos
da área da saúde possuam uma formação generalista,
humanista, crítica e reflexiva, atuando em todos os
níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico
e científico, pautados em princípios éticos, legais e
na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a
transformação da realidade em benefício da sociedade. O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), em parceria com a Secretaria de Educação Superior (SESU) e com o Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do
Ministério da Educação (MEC), e com o apoio da
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), tem
incentivado as Instituições de Ensino Superior (IES)
na consolidação desta reorientação da formação dos
profissionais através de programas como o Pró-Saúde
(Programa Nacional de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde) e o PET-Saúde (Programa de
Educação pelo Trabalho para a Saúde). A Universidade de Passo Fundo (UPF) foi contemplada pelo
Pró-Saúde I, em 2005/2006, estando envolvido o Curso de Medicina. E, em 2007/2008, foi novamente
contemplada, com o Pró-Saúde II, tendo como diferencial a integração/participação de diversos cursos
da área da saúde, estando envolvidos os cursos de
Enfermagem, Odontologia, Educação Física, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia, Medicina Veterinária, Serviço Social e o curso de
Medicina, articulados com a rede municipal de serviço de saúde. As metas do projeto são a integração dos
cursos, a adequação das unidades de ensino-serviço
e, a produção de conhecimentos. Algumas metodo-
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da área de Odontologia
logias sugeridas são: a utilização de processos de
aprendizado ativo (nos moldes da educação de adultos); aprender fazendo e com sentido crítico na análise da prática clínica; e, eixo do aprendizado na própria atividade dos serviços. A diversificação nos
cenários de práticas, incluindo vários ambientes e
níveis de atenção; a interação com a comunidade e
alunos, assumindo responsabilidade crescente mediante a evolução do aprendizado; e, a importância
do trabalho conjunto das equipes multiprofissionais
devem ser estimulados no processo de ensino-aprendizagem. As ações dos cursos da área da saúde da UPF
desenvolvidas na comunidade, em parceria com o
serviço e visando a reorientação da formação profissional tem ocorrido de forma mais concreta entre os
cursos das áreas da Medicina, Enfermagem, Odontologia e Farmácia, cursos que integram o PET-Saúde.
Com o objetivo de ampliar a inserção, a experimentação, a vivência e o conhecimento dos acadêmicos
do curso de Odontologia da Universidade de Passo
Fundo (FOUPF) na rede de serviços do município de
Passo Fundo-RS, além dos bolsistas acadêmicos ligados ao PET-Saúde, tem sido desenvolvida uma experiência de inserção da grade curricular (Odontologia
em Saúde Coletiva/III nível) nas atividades de Unidades Básicas de Saúde (UBS). Foram selecionadas
quatro UBS do município, as quais possuem preceptores das áreas da Odontologia, Medicina e Enfermagem, sendo elas Jaboticabal, Lava-Pés, Nenê Graeff e
Mattos. Noventa (90) alunos cursando Odontologia
em Saúde Coletiva II, III nível, foram divididos em
duplas e desenvolveram atividades nas UBS por um
período de quatro semanas, em turnos diversos. As
atividades foram organizadas pelos preceptores, seguindo a lógica local do serviço (visitas domiciliares,
ações coletivas, atendimento individual, preenchimento de prontuários e outros documentos, observação da dinâmica do serviço). Através do relato dos
diferentes atores pode ser percebido que a experiência tem proporcionado para preceptores, acadêmicos
e professores uma nova abordagem em saúde e um
desafio nas concepções de ensino e aprendizagem.
As atividades desenvolvidas nas UBS pelos acadêmicos do curso de Odontologia está resultando em mudanças na formação do profissional, o que pode ser
percebido pelas falas dos alunos: “...a gente vê mais a
prática mesmo...” “...O cuidado que devemos ter com
a população em geral, o respeito e a vontade de querer que algo mude na vida deles...”, referindo-se ao
ensino/aprendizagem na prática; “...convivemos com
médicos, enfermeiros e técnicos...” “...Foi uma expe88
riência boa, mesmo não tendo um profissional da
nossa área no local...”, relacionando com a experiência multiprofissional; “...ajuda os acadêmicos a perderem o medo do ‘monstro do SUS’, o qual na maioria
das vezes nos é mostrado como ineficaz e até injusto...”; referindo-se à inserção junto ao serviço nos
primeiros semestres do currículo. “...acho ruins os
locais, distantes e perigosos...” “...ficamos perto da
população e da realidade em que se encontram...” “...
há muita coisa boa e os materiais não são tão ruins
nos como dizem...”, relacionando com a realidade
diferente da vivida diariamente pelo acadêmico. O
maior desafio, contudo, é de que a proposta de mudança atue a favor da saúde da população, fortalecendo a relação entre o processo de produção de conhecimento e o processo de tomada de decisão sobre
políticas e programas de saúde, contribuindo para a
consolidação dos princípios do SUS. Integrar ensinoserviço com foco na atenção básica é um grande desafio para as áreas da saúde. A FOUPF está buscando
quebrar paradigmas e atuar realmente inserida nas
equipes multidisciplinares. Considerando que a superação de uma rede de serviços que trata, de maneira equivocada, da doença, para uma rede de Saúde,
orientada para as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, depende efetivamente de recursos humanos capacitados para tal, o papel das IES na
formação deste profissional da saúde é incontestável.
O Pró-Saúde e o PET-Saúde têm se mostrado, portanto, de absoluta relevância para a mudança nas ações
de saúde no município de Passo Fundo/RS e para a
reorientação da formação profissional na saúde dos
cursos da UPF envolvidos.
Levantamento epidemiológico
das condições em saúde bucal no
município de Maringá-PR
Apresentador: Flavia Tanaka
Autores: Flávia Tanaka, Letícia Moraes Porto
Padovez, Eraldo Schunk Silva, Cynthia
Junqueira Rigolon.
Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de
Maringá, UEM, CESUMAR
A
literatura científica nacional tem apresentado
dados epidemiológicos sobre as condições de
saúde bucal da população com quadros altamente
dinâmicos, os quais deixam transparecer a passagem
de um panorama de alta prevalência da doença cárie
para alguns cenários de controle dessa patologia.
A atenção odontológica inicialmente centrada no
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da área de Odontologia
tratamento reabilitador de alto custo e extremamente limitado, passou a ser mais abrangente com a inclusão cada vez maior de procedimentos educativos
e preventivos, contribuindo para a redução dos índices das doenças bucais. Alguns pesquisadores destacaram o uso do flúor nos dentifrícios e na água de
abastecimento público como responsáveis pela melhor condição bucal observada na atualidade.
A eficiência dos programas adotados pode ser medida pelos resultados dos estudos epidemiológicos,
os quais contemplam dados que permitem conhecer
a real condição de saúde bucal e as prioridades de
uma comunidade, pois estas diferem entre si de uma
região para outra dentro de um mesmo país. Sob esta
ótica, o planejamento das políticas públicas deve estar
pautado no conhecimento dos problemas e necessidades da população, direcionando melhor os recursos disponíveis. A Organização Mundial da Saúde
recomenda que estudos desse tipo sejam realizados a
cada cinco anos, com o objetivo de acompanhar e
monitorar a distribuição, tendências e severidade das
doenças (OMS, 1997).
Tanaka em 2004 avaliou a prevalência de cárie
dentária em escolares da rede pública de ensino da
zona urbana de Maringá, a pesquisa seguiu as recomendações do manual do Coordenador do Projeto
do SB Brasil - Condições de saúde bucal da população
Brasileira (Brasil, 2004). Foi utilizada no estudo uma
amostra no total de 610 escolares de 6 e 12 anos de
idade. O resultados mostraram um índice ceo-d médio de 1,8 aos 6 anos e um CPO-D médio de 1,5 aos
12 anos, e estavam livres de cárie 47,7% e 50% dos
escolares aos 6 e 12 anos respectivamente. Quando
observado os componentes do índice de forma separada verificou-se uma participação discreta do componente “P” (dente perdido), mostrando uma tendência positiva dos serviços odontológicos em manter
os dentes decíduos e permanentes. Aos 12 anos o
componente “O” (dente obturado) (1,1) se sobrepõe
ao componente “C” (dente cariado) (0,4) mostrando
uma situação de relativo acesso aos serviços curativos
essenciais. Observou-se ainda que 21,6% e 23,7% da
população de 6 e 12 anos respectivamente, concentrava os maiores índices de cárie, confirmando assim
o fenômeno de polarização da doença.
O presente estudo objetivou identificar as condições de saúde bucal da população de Maringá-Paraná
e subsidiar o planejamento e avaliação nessa área.
Contribuindo para a estruturação de um sistema de
vigilância epidemiológica em saúde bucal no referido
município.
Adotou-se como referência metodológica a proposta da OMS e as recomendações do Projeto SB
Brasil 2010. No total, foram examinadas 898 pessoas,
entre crianças (5 e 12 anos), adolescentes (15 a 19
anos), adultos (35 a 44 anos) e idosos (65 a 74 anos)
para onze (11) setores censitários da cidade da Maringá, anteriormente, utilizados na Pesquisa de Amostra por Domicílios (PNAD 2009). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UEM sob número de
protocolo 0278-09. Todos os participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. Os participantes foram examinados nas
escolas e residências sob luz natural com a utilização
das sondas da OMS e espelhos bucais. O trabalho de
campo envolveu seis profissionais e suas respectivas
anotadores. A coleta de dados foi realizada entre os
dias 01 de maio a 29 de setembro de 2010. A pesquisa focou a produção de informações relativas aos principais agravos bucais, às condições socioeconômicas,
à utilização de serviços odontológicos e morbidade
bucal autoreferida e à autopercepção de saúde bucal.
Os Levantamentos Epidemiológicos nacionais
realizados em 2003 e 2010 demonstraram uma melhora na condição bucal dos brasileiros. Para se verificar a cárie dentária utilizou-se o índice CPO-D. Os
resultados demonstraram na dentição decídua que o
índice ceo-d foi 1,1. Sendo o componente obturado
o mais prevalente, indicando um maior acesso a serviços odontológicos. Apresentaram-se livres de cárie
62,2%. Na idade de 12 anos, utilizada mundialmente
para avaliar o ataque de cárie logo no início da dentição permanente identificou-se um CPO-D igual a
0,9, atingindo a meta preconizada pela OMS para
2010. Entre os adolescentes de 15 a 19 anos a média
de dentes afetados foi 2,5. Este valor mais alto do
índice CPO-D tem sido um achado comum em outros
estudos no Brasil e no mundo. No que diz respeito
aos adultos e idosos, apresentaram um CPO-D igual
a 16,1 e 27,5, respectivamente.
As condições gengivais foram avaliadas pelo Índice Periodontal Comunitário. Os resultados indicaram
que o percentual de indivíduos sem nenhum problema periodontal foi de
A presença de sangramento foi mais comum aos
12 anos e entre os adolescentes, sendo as formas mais
graves da doença periodontal presentes nos adultos.
Quanto ao uso de prótese dentária na faixa etária de
65 a 74 anos 66,7% utilizavam prótese total.
Os resultados da presente pesquisa permitem concluir que a para as idades de 5, 12 e 15 a 19 anos a
prevalência de cárie pode ser considerada baixa. A
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da área de Odontologia
meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde para o ano 2010 já foi alcançada aos doze anos e
está muito próxima de ser atingida aos cinco e que
quando foram comparados os dados dos levantamentos epidemiológicos realizados em Maringá (1991,
1994 e 2003) houve acentuada redução na prevalência de cárie dentária aos 5 e 12 anos de idade. Novos
estudos incluindo indicadores de caráter social são
relevantes para conhecer os fatores preditivos da doença e orientar os que decidem no campo da saúde.
Descritores
Epidemiologia. Levantamentos em Saúde Bucal.
Cárie Dentária.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. BALDANI, M. H.; NARVAI, P. C.; ANTUNES, J. L. F. Cárie
dentária e condições sócio-econômicas no Estado do Paraná,
Brasil, 1996, Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.18, n.3,
p.755-763, 2002.
2. BRASIL. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de
Atenção Básica. Área Técnica de Saúde Bucal. Projeto SB Brasil: condições de saúde bucal da população brasileira. Resultados principais. Brasília, DF, 2004.
3. MEDEIROS, U. V.; WEYNE, S. C. A doença cárie dentária no
Brasil e no mundo. UFES R. Odontol. Vitória, V.3, n.1, p. 88-95,
2001.
4. TANAKA, F. Prevalência de cárie dentária em crianças de 6 e
12 anos de idade de escolas públicas do município de Maringá
– PR, Dissertação de Mestrado Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG – PR, 2004.
5. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Oral health surveys: basics methods, 4 ed., Geneva: WHO, 1997.
O Programa de Educação pelo
Trabalho para Saúde (PET-Saúde)
como indutor de inovações
pedagógicas: a experiência
do curso de Odontologia da
Universidade Estadual de Feira de
Santana, Bahia.
Apresentador: Graciela Soares Fonseca
Autores: Graciela Soares Fonseca, Ana Áurea Alécio
de Oliveira Rodrigues
Instituição: UEFS
A
evolução das práticas odontológicas e as novas
concepções sobre a efetividade da atenção em
saúde bucal exigem profissionais críticos, capazes de
trabalhar em equipe e de levar em conta a realidade
social. A proposta é conceber cirurgiões-dentistas
com perfil generalista, com sólida formação técnicocientífica, humanística e ética, orientada para a promoção de saúde. Nesse propósito, mudanças estão
90
sendo instituídas no ensino superior, buscando a integração com os serviços de saúde e com a comunidade, para favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Cita-se o Programa de Educação pelo Trabalho
para a Saúde, o PET-Saúde, como forte indutor de
inovação pedagógica. O presente trabalho relata a
experiência da Universidade Estadual de Feira de
Santana, Bahia, salientando as mudanças geradas no
Curso de Odontologia, no intuito de oferecer subsídios para que o programa seja implementado e aperfeiçoado em outras localidades do país. Observa-se
que foram alcançados resultados significativos com a
incorporação do PET-Saúde, evidenciando o potencial transformador, o que coopera para sua consolidação e expansão.
O lúdico no projeto “A Universidade a Serviço da Saúde”
Apresentador: Helena Maria Antunes Paiano
Autores: Helena Maria Antunes Paiano, Eliane
Ramin, Luiz Carlos Miguel, Denise
Vizzotto
Instituição: Universidade da Região de Joinville –
UNIVILLE
O
Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) foi lançado em 2005 pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Educação. O programa visa incentivar a
transformação do processo de formação, geração de
conhecimento e prestação de serviços à população
para uma abordagem integral do processo saúde doença. O eixo central é a integração ensino-serviço,
com a conseqüente inserção dos estudantes no cenário real de práticas, a Rede do Sistema Único de Saúde, com ênfase na atenção básica, desde o início de
sua formação. A UNIVILLE em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Joinville aprovou o seu
projeto “A UNIVERSIDADE A SERVIÇO DA SAÚDE”
em 2008. Este projeto tem como área de atuação o
bairro Jardim Paraíso, cuja localização é próxima ao
Campus da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE). O objetivo do projeto é proporcionar à sociedade profissionais habilitados para responder às
necessidades da população brasileira e à operacionalização do Sistema Único de Saúde. Enfatizar a educação em saúde capacitando a equipe de profissionais
das unidades de saúde do Jardim Paraíso I e II, professores e alunos do curso de Odontologia a utilizar
técnicas educacionais alternativas mais eficazes. Para
atingir este objetivo torna-se necessário integrar a
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da área de Odontologia
educação e a participação comunitária de forma dinâmica, mediante estratégias ligadas ao teatro, música, feiras, dias da saúde e dinâmica de grupo. As atividades de promoção e educação em saúde são
desenvolvidas através dos jogos educativos, desenvolvidos pelos alunos nas oficinas de capacitação profissional, supervisionados pelos professores da disciplina de Odontologia Coletiva da UNIVILLE. O teatro
é educativo por natureza. Permite ao sujeito observarse, favorecendo o auto-conhecimento como também
as relações estabelecidas na sociedade. “O teatro vem
do jogo, e não deixa de ser um jogo, uma vez que
envolve pessoas compartilhando uma experiência à
parte da realidade, dentro de delimitações de espaço,
tempo e regras”. É por meio da educação que se processa o pleno desenvolvimento humano. No contexto
educacional crianças e jovens articulam o conhecimento dos sentimentos, do corpo e da imaginação,
desenvolvendo uma auto-estima positiva. (MEYER,
2002) Ao utilizar técnicas teatrais, como instrumento
de informações em saúde, evita-se o caráter arbitrário,
autoritário, paternalista e manipulador de valores e
práticas de saúde. Esta reflexão, feita por LEME
(2005), justifica a utilização do teatro como método
de promoção de saúde. Sua pesquisa propõe a estruturação de um campo teórico em Educação em Saúde
realizado através do exercício da teatralidade. A utilização do elemento teatral como estratégia educacional pode ser um recurso facilitador da compreensão
de fenômenos que envolvem inter-relações pessoais
e contribui para o melhor entendimento do fenômeno educativo, promovendo sua permanente ação,
significação e reconstrução coletiva. Reconhecer que
a formação de profissionais em saúde abrange esferas
cognitivas, afetivas e sociais é investir na diversidade
e “formar, utilizando diferentes linguagens, estratégias e recursos. Traduz a intenção de desenvolver espaços e cenários formativos, que valorizem os sujeitos
e seus saberes prévios” RUIZ-MORENO (2005). Durante três anos consecutivos, os alunos do curso de
odontologia vêm desenvolvendo vários tipos de jogos
educativos e outras ações através do estímulo teatral.
Essas aulas são divididas em duas etapas: a primeira
etapa consiste da capacitação dos graduandos de
odontologia com 20 horas/aula. Esta etapa visa principalmente a socialização, a criação teatral, a utilização de exercícios e jogos teatrais baseados nos conceitos de Viola Spolin (2001). Objetiva integração,
socialização, e desenvolvimento de conceitos básicos,
referentes ao fazer teatral; capacitação em teatroeducação, criação, desenvolvimento, e finalização dos
projetos de teatro, teatro-educação e jogos educativos. Todos os trabalhos são desenvolvidos direcionados à informação sobre questões de saúde, enfatizando a prevenção em saúde oral. A segunda etapa do
projeto é a atuação na comunidade dos acadêmicos
nas escolas do Jardim Paraíso. Nesta etapa busca-se a
interação com a comunidade e a aplicação dos conceitos de prevenção e promoção em saúde, através
dos jogos educativos previamente desenvolvidos pelos
alunos. Processos de reflexão ocorrem periodicamente, visando a intensificação da experiência entre os
graduandos e os professores responsáveis pela supervisão do estágio. Desse modo, incorpora-se ao processo de formação, dos alunos do curso de Odontologia,
uma abordagem integral do processo saúde-doença
e da promoção de saúde. Também favorece a troca
de experiências entre os acadêmicos de Odontologia,
os professores do curso, os professores do ensino fundamental, e com profissionais de outras áreas de atuação em saúde, ampliando a abrangência do projeto
e promovendo a integralidade e a interdisciplinaridade. Busca-se, principalmente, beneficiar a formação
dos profissionais de saúde que, por receber um tipo
de capacitação diferenciada, amplia sua capacidade
de comunicação com a comunidade, ampliando suas
ações como educador e promotor de saúde. A comunidade também é beneficiada, pois tem acesso a ampliar seu conhecimento do processo saúde-doença de
modo natural, o que possibilita uma maior absorção
da informação. Outro benefício é a humanização do
profissional de saúde que, através de técnicas que
incentivam a sensibilidade e o trabalho em equipe,
pode experimentar ser um educador sem, entretanto,
ter que se portar com o tecnicismo que socialmente
sua profissão sempre impõe. Os acadêmicos aplicam
e testam a efetividade do conhecimento adquirido
pela comunidade antes e após participarem de campanhas de educação em saúde, aonde os indivíduos
são abordados de forma alternativa e lúdica, proporcionando uma ampliação de seu conhecimento em
conceitos de saúde. Como resultado temos a formação de cidadãos-profissionais, na área da saúde bucal,
críticos e reflexivos capacitados a desenvolver suas
práticas voltadas para a promoção e manutenção da
saúde, constituindo-se em agentes promotores de saúde. Profissionais com posturas criativas de construção
do conhecimento, tendo como referência as necessidades dos usuários, que são extremamente dinâmicas. É fundamental que a aprendizagem em saúde
signifique mais do que uma retenção de informações.
O exercício da prática de educação popular em saúde
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
pressupõe abertura, disponibilidade para ouvir o outro, pois, o ato participativo é humanizante. O essencial é ajudar o ser humano a ajudar-se, é fazê-lo agente de sua transformação.
Descritores
Educação. Saúde. Profissionais de Saúde.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Ceccim, Ricardo Burg; FERLA, Alcindo Antonio. Educação e
saúde: ensino e cidadania como travessia de fronteiras. Trab.
Educ. Saúde, v. 6 n. 3, p. 443-456, nov.2008/fev.2009.
2. Ruiz-Moreno, L. et al.l. Jornal Vivo: relato de uma experiência
de ensino-aprendizagem na área da saúde. Interface (Botucatu) vol.9, no. 16, Botucatu Sept./Feb. 2005. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141432832005000100021&script=sci_arttext
3. Meyer, Ana Maria. O teatro como um recurso psicopedagógico
Alternativo para a criança na escola. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Faculdade De Educação, dissertação
de mestrado, 2002.
4. Leme, Alexandre de Oliveira. Promoção de Saúde em cena:
considerações teóricas para uma prática teatral de Educação
em Saúde. Dissertação, Universidade de São Paulo. Faculdade
de Saúde Pública. São Paulo; 2005. 116 p.
5. Spolin, Viola . Jogos Teatrais. O fichário de Viola Spolin . São
Paulo: Editora Perspectiva, 2001.
Atividades desenvolvidas no
projeto “A Universidade a Serviço
da Saúde”
Apresentador: Helena Maria Antunes Paiano
Autores: Helena Maria Antunes Paiano, Eliane
Ramin, Luiz Carlos Miguel, Denise
Vizzotto
Instituição: Universidade da Região de Joinville –
UNIVILLE
A
UNIVILLE, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Joinville, aprovou o projeto “A
UNIVERSIDADE A SERVIÇO DA SAÚDE” pelo PróSaúde II em 2008. Este projeto foi elaborado por uma
equipe de professores dos cursos de Odontologia e
Farmácia, visando a integração dos cursos no processo de formação dos acadêmicos. O Projeto é realizado
no bairro Jardim Paraíso, localizado próximo ao Campus da Universidade da Região de Joinville. O objetivo do projeto é incentivar a transformação do processo de formação, geração de conhecimento e prestação
de serviços à população para uma abordagem integral
do processo saúde-doença. O eixo central é a integração ensino-serviço, com a conseqüente inserção dos
estudantes no cenário real de práticas, a Rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Enfatizar a educação em
92
saúde, capacitando profissionais das unidades de saúde, professores e alunos dos cursos envolvidos a utilizar técnicas educacionais alternativas. Elaborar modelo de prática farmacêutica no âmbito da atenção
básica, visando à integralidade na atenção à saúde e
o desenvolvimento desta assistência, considerando as
peculiaridades regionais, articulado com as demais
profissões de saúde e visando o desenvolvimento do
SUS. As atividades são desenvolvidas junto às unidades básicas de saúde do Jardim Paraíso I e II, contemplando uma comunidade com aproximadamente 10
mil pessoas. Essas duas unidades representam a sede
da articulação ensino-serviço e nucleia as ações do
Pró-Saúde II com abrangência no bairro. A unidade
básica de saúde do Jardim Paraíso I é responsável por
960 famílias e a do Jardim Paraíso II por 965 famílias.
Este bairro tem, como característica, uma população
jovem: 26% na faixa etária de 0 a 9 anos, 21% de 10
a 19 anos e 20% de 20 a 29 anos, sendo que 48% da
população total do bairro tem uma renda de 1 a 3
salários mínimos (IPPUJ, 2008). A metodologia utilizada nestes três anos de projeto: criação da Comissão
Gestora Local com discussões sobre todas as ações de
saúde desenvolvidas no bairro e necessidades da unidade básica, quanto à adequação física, visando à inserção de estudantes no desenvolvimento das atividades neste local; capacitações com todos os docentes
e discentes do curso de Odontologia e Farmácia sobre
os objetivos do projeto; conhecimento da área de
abrangência das unidades de saúde do Jardim Paraíso I e II pelos alunos, identificando os determinantes
sócio-econômicos do processo saúde-doença; realização de territorialização pelos estudantes de Farmácia
e Odontologia, acompanhando a equipe de saúde da
família no bairro, contribuindo para a elaboração do
mapa inteligente como instrumento auxiliar para atuação das agentes de saúde e como auxiliar no planejamento anual de todas as ações da unidade de saúde;
atuação dos estudantes de Odontologia e Farmácia
com a equipe de saúde da unidade no trabalho de
educação em saúde com os idosos, abordando temas:
saúde oral, uso de medicamentos, alimentação saudável, adesão ao tratamento, uso racional de plantas
medicinais; treinamento para as agentes comunitárias de saúde sobre o manejo de pacientes analfabetos
ou com dificuldades cognitivas, quanto à utilização
de medicamentos, realizado por alunos de Farmácia;
atividade de integração, atuação prática, e capacitação, junto aos profissionais de saúde pelos estudantes
de Odontologia e Farmácia, visando minimizar dificuldades detectadas pelos profissionais responsáveis
Revista da ABENO • 11(1):81-132
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
pelo setor, em relação a todo o aspecto, que circunda
o trabalho com a comunidade; realização de levantamentos epidemiológicos de CPO-D e ceo-d (de dentes
cariados, perdidos e obturados) das crianças nas escolas do bairro Jardim Paraíso: Escola Municipal Dr.
Hans Dieter Schmidt, Escola Municipal Silvio Sniecikovski, CEI Bem-Me-Quer e CEI Paraíso da Criança
pelos alunos do 30 ano de Odontologia; educação,
orientação em saúde bucal e escovações supervisionadas para crianças de alto e baixo risco de cárie nas
escolas do bairro pelos alunos do 30 e 40 ano de odontologia, semanalmente, no período matutino e vespertino; realização de visitas domiciliares à famílias
em risco de adoecer na micro área 6, área de ocupação, junto ao público de crianças de zero a cinco anos
realizando exames, diagnóstico, tratamento destas
crianças, orientação sobre saúde bucal, dieta, técnicas
de escovação, uso do flúor; agendamento de atividades educativas com as mães desta micro-área e pesquisa sobre o conhecimento de hábitos de higiene
oral; desenvolvimento de campanhas de Promoção
de Saúde Bucal (câncer bucal e outras); atendimento
individual em consultório odontológico para a comunidade nas Unidades de Saúde do Jardim Paraíso I,
II e clínicas da UNIVILLE. Com a implementação do
Pró-Saúde II, busca-se intervir no processo formativo
para que a graduação desloque o atual eixo da formação, centrado na assistência individual, prestada em
unidades especializadas, para um processo sintonizado com as necessidades sociais, levando em conta as
dimensões históricas, econômicas e culturais da população. Desta forma pretende-se a formação de cidadãos-profissionais críticos e reflexivos capacitados
a desenvolver suas práticas voltadas para a promoção
e manutenção da saúde, constituindo-se em agentes
promotores de saúde. Profissionais com posturas criativas de construção do conhecimento, tendo como
referência, as necessidades dos usuários, que são extremamente dinâmicas.
Descritores
Educação. Saúde. Equipe de Saúde.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional
em Saúde – PRÓ-SAÚDE- Brasília – DF-2007
2. Projeto Pró-Saúde II elaborado pela UNIVILLE, 2008.
3. Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento
Sustentável de Joinville, 2008.
4. Projeto Político Pedagógico do Curso de Odontologia UNIVILLE, 2002
Experiência da faculdade de
odontologia da UFMG no PETSaúde da Família
Apresentador: João Henrique Lara do Amaral
Autores: João Henrique Lara do Amaral, Andréa
Clemente Palmier, Mara Vasconcelos,
Mauro Henrique Nogueira Guimarães
Abreu
Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG
INTRODUÇÃO
O Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde da Família (PET-Saúde) da Universidade Federal de Minas Gerais e Secretária Municipal da Saúde de Belo Horizonte (PET-Saúde/UFMG/SMSA/
PBH) teve início no ano de 2009, atendendo à necessidade de qualificar em serviço os profissionais da área
da saúde, e oportunizar a formação dos estudantes
de graduação pela experiência cotidiana do trabalho
no Sistema Único de Saúde (SUS). O PET-Saúde é
parte do esforço institucional do Programa Nacional
de Reorientação da Formação Profissional em Saúde
(Pró-Saúde), dos Ministérios da Educação e da Saúde,
que visa a reorientação da formação profissional sustentada pelo princípio da integralidade do cuidado
segundo as necessidades da população, com ênfase
na atenção primária, e na transformação do processo
de produção do conhecimento. A segunda, e não
menos importante referência na proposição do PETSaúde, são as Diretrizes Curriculares Nacionais
(DCN) para a formação dos profissionais da saúde.
Fundamentalmente, o PET-Saúde estrutura as ações
dos grupos tutoriais segundo as necessidades de saúde e de produção de conhecimento localmente determinadas. São princípios do PET-Saúde/UFMG/
SMSA/PBH a formação profissional em saúde para o
trabalho em equipe, a ênfase na integralidade do cuidado, a humanização, e a valorização da pesquisa
como estratégia para impulsionar o processo de ensino-aprendizagem e avaliação. O projeto atua na
perspectiva do desenvolvimento das competências
gerais comuns aos profissionais da saúde como indicam as DCN. De forma conseqüente com esses objetivos os grupos tutoriais são de caráter multiprofissional no que tange ao corpo de tutores e conjunto de
estudantes. A composição dos grupos obedece ao critério da maior diversidade de cursos entre os estudantes, independentemente da formação do tutor e da
área de atuação profissional dos preceptores. Os grupos tutoriais, além da pesquisa, promovem uma grande variedade de ações segundo as necessidades locais,
Revista da ABENO • 11(1):81-132
93
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
principalmente de promoção à saúde. Os campos de
atuação do projeto PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH
foram definidos por consenso entre a UFMG e a
SMSA/PBH. No Curso de Odontologia da UFMG a
implantação do PET-Saúde coincidiu com a mobilização da comunidade acadêmica para a tarefa de rever a matriz curricular considerando o que preconizam as DCN e os princípios e objetivos do Pró-Saúde.
Objetivo
Este trabalho visa relatar a experiência da Faculdade de Odontologia da UFMG (FO/UFMG) com o
PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH, compartilhar as reflexões dos professores tutores oriundos do curso
sobre o desenvolvimento do programa, e discutir os
desafios que se colocam para a formação profissional
do cirurgião-dentista.
Materiais e Método
É apresentado o perfil de composição e atuação
dos grupos tutoriais, da participação de docentes e
estudantes da FO/UFMG, e as primeiras contribuições do PET-Saúde na identificação de fragilidades a
serem superadas pelo currículo de graduação.
Resultados
Na elaboração do projeto PET-Saúde/UFMG/
SMSA/PBH, participaram professores da UFMG, técnicos da Gerência de Assistência e do Centro de Educação em Saúde da SMSA/PBH. Os 14 grupos tutoriais estão presentes em 16 unidades de atenção
primária à saúde (APS) distribuídas entre sete distritos sanitários do município de Belo Horizonte. Em
2011 participam do projeto 17 professores tutores, 84
profissionais preceptores, 168 estudantes bolsistas e
um número variável de estudantes não bolsistas. Entre os 14 grupos tutoriais, alguns incorporam dois
professores tutores. Os grupos atuam em três campos
de interesse do SUS: avaliação das Linhas de Cuidado
por Ciclos de Vida - saúde da criança, da mulher e do
idoso; Promoção de Modos de Vida Saudáveis e Interface Saúde Ambiente. Os estudantes são oriundos
de 11 áreas profissionais incluindo cursos da UFMG
que ainda não implantaram estágio na Estratégia Saúde da Família. Participam prioritariamente estudantes dos primeiros períodos dos cursos estimulando a
iniciação à prática profissional desde o começo da
formação, e com perfil mais receptivo ao que propõe
o programa. Entre os estudantes bolsistas 14 são do
Curso de Odontologia. Assim como os estudantes da
FO/UFMG têm a oportunidade de participar de grupos sob a supervisão de tutores e preceptores das diversas áreas da saúde, três tutores oriundos da FO/
UFMG acompanham estudantes e preceptores de 11
94
categorias profissionais. Desde o momento de implantação do PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH, três
professores tutores da FO/UFMG desenvolvem suas
ações junto à linha Interface Saúde Ambiente em
duas unidades de APS. Com a Interface Saúde e Ambiente se propõe o estudo dos componentes socioambientais na compreensão e determinação do processo
saúde doença. No primeiro ano do PET-Saúde/
UFMG/SMSA/PBH foi aprovada nos Comitês de Ética em Pesquisa da UFMG e da SMSA/PBH uma pesquisa visando conhecer as percepções sobre a relação
entre saúde e ambiente de usuários, agentes comunitários de saúde e profissionais do serviço. Considerando os resultados da investigação, no ano seguinte, foi
desenvolvida uma pesquisa-ação com os objetivos de
avaliar os riscos ambientais à saúde de domicílios das
áreas de abrangência das unidades de saúde, e de
propor, de forma compartilhada com a população,
ações visando à redução desses riscos. As iniciativas
no campo da promoção à saúde nesses dois grupos
tutoriais foram diversificas incluindo projeto de adequada destinação de resíduos sólidos, orientação de
famílias com crianças portadoras de doenças respiratórias crônicas, atenção à saúde de escolares incluindo a organização do acesso à atenção odontológica,
avaliação do fluxo de pacientes que recebem a vacina
anti-rábica na unidade de saúde, avaliação da adesão
da população à campanha de vacinação anti-rábica
de cães e gatos, participação em projeto para a saúde
sexual de adolescentes, e formação em primeiros socorros para cuidadores vinculados a uma das Unidades Municipais de Educação Infantil. Outro conjunto
de ações se refere à participação dos grupos tutoriais
em projetos assistenciais, campanhas de imunização
e programas de educação permanente da SMSA/
PBH. A maioria dessas ações continua presente no
terceiro ano de vigência do PET-Saúde/UFMG/
SMSA/PBH. O planejamento nos grupos tutoriais
inclui a organização de atividades de capacitação para
estudantes, preceptores e tutores. Entre os temas
abordados destacam-se aqueles relativos à interface
saúde ambiente, metodologia científica e promoção
à saúde. O PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH tem
oportunizado uma experiência quase que totalmente
nova para estudantes e professores do Curso de Odontologia, que é de desenvolver a formação profissional
do cirurgião-dentista de forma articulada com outros
profissionais da saúde, não só pelo desenho do programa, mas principalmente, pelos princípios o que
regem. Essa experiência não é a primeira na FO/
UFMG se for considerado um projeto de ensino mul-
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da área de Odontologia
tiprofissional de dimensão bastante reduzida desenvolvido no início da última década, e outros de cunho
extensionista, de pouca visibilidade, em razão da falta de clareza sobre o papel da extensão no processo
de formação profissional. Pela distância que a FO/
UFMG ainda guarda de experiência dessa natureza,
o PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH tem se tornado um
espaço de formação diferenciada para estudantes e
professores. Atualmente, na graduação, as oportunidades de integração com outras áreas estão restritas
às disciplinas de Ciências Sociais Aplicadas à Saúde
no 2º período do curso e de Estágio Supervisionado
no 9º período. De forma positiva, o envolvimento dos
estudantes do curso com as atividades dos grupos tutoriais, e o grau de interação alcançado com representantes de outras profissões da área da saúde, leva
a crer que existe um potencial de mudança a ser explorado durante a graduação. Além disso, o programa
tem possibilitado a formação dos professores em temas diversificados de caráter multiprofissional, em
conteúdos pertinentes aos projetos de pesquisa e ao
processo de ensino-aprendizagem e avaliação. Esses
professores passam então a defender a necessidade
de abertura de espaço na matriz curricular para o
desenvolvimento de habilidades para o trabalho em
equipe, e percebem a importância dos programas de
desenvolvimento docente como condição necessária
para a tarefa de ensinar. Nota-se ainda que o PETSaúde/UFMG/SMSA/PBH amplia o campo de atuação do cirurgião-dentista, uma vez que as necessidades de atenção á saúde, antes cobertas por
determinada área profissional, demandam a contribuição da formação na área da Odontologia. Finalmente, PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH tem colaborado na identificação de conteúdos necessários à
formação do cirurgião-dentista, tendo em vista principalmente o desenvolvimento de habilidades gerais
comuns aos profissionais da área da saúde.
Conclusão
Para docentes e estudantes da FO/UFMG os princípios e desafios formulados pelas DCN e pelo PróSaúde tornam-se experiências do cotidiano no PETSaúde/UFMG/SMSA/PBH. O convívio durante o
período da graduação com outras áreas profissionais
da saúde descortina um conjunto bastante rico de
alternativas de integração no trabalho em equipe, e
de atividades no campo da promoção à saúde. Ao
mesmo tempo em que se evidencia a distância entre
estudantes e professores do curso de práticas e reflexões já exploradas por outros profissionais, percebese no corpo discente abertura e disposição para de-
senvolver as habilidades necessárias que permitam a
ele ocupar o lugar que lhe cabe na rede de cuidados.
Quanto aos professores já integrados ao PET-Saúde,
a disposição pela mudança do processo de formação
profissional já antecede a experiência no projeto, o
que desautoriza uma generalização para a totalidade
do corpo docente. Cabe a esses professores interferir
diretamente na avaliação e proposição de mudanças
no curso de graduação, socializar suas experiências e
a determinação de que o cirurgião-dentista seja formando em conformidade com os princípios do SUS.
Além disso, o conhecimento compartilhado no espaço pedagógico do PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH é
passível de ser transposto com adaptações para o cotidiano da prática docente.
Descritores
Equipe Interdisciplinar de Saúde. Educação em
Saúde. Currículo.
REFERÊNCIAS bibliográficas
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de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares
Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Brasília,
DF, 19 fev. 2002. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/
cne/arquivos/pdf/CES032002.pdf > . Acesso em: 29 jan. 2008
2. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa
Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde
– Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial / Ministério da Saúde, Ministério da Educação – Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 88 p.
3. Brasil. Ministério da Educação e do Desporto, Ministério da
Saúde. Portaria Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de
2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde – PET-Saúde. Diário Oficial da União, Poder Executivo,
Brasília, DF, 27 ago. 2008. Coluna 1. p. 27. Disponível
em: < http://www.prosaude.org/leg/pet-saude-ago2008/1portariaINTERMINISTERIAL-1.802-26agosto2008-PET-Saude.pdf > Acesso em 23 jun. 2011.
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CRL. A experiência do Programa de Educação pelo Trabalho
em Saúde da UFMG: o caso da interface saúde/ambiente.
Educação em Foco. 2009;12(13):13-27.
Integração/Interação: postura
crítica do estudante.
Apresentador: Joyce Cristina Chevi da Rocha
Autores: Joyce Cristina Chevi da Rocha, Messias
Aragão Gondim, Maria Isabel de Castro
de Souza, Teresa Cristina Ávila Berlinck,
Maria Eliza Barbosa Ramos
Instituição: UERJ
T
endo em vista as mudanças ocorridas no perfil da
demanda das necessidades populacionais, bem
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da área de Odontologia
como, no preparo e capacitação de profissionais que
atendem a este cenário, o Ministério da Educação e
Associações de Ensino Superiores desenvolveram um
novo modelo curricular através das novas Diretrizes
Curriculares Nacionais. Para implementação deste
novo conceito o Ministério da Saúde e o Ministério da
Educação propuserem o Pró-Saúde, como mola motivacional das Instituições de Ensino Superior no Brasil. Com intuito de contribuir para o planejamento e
implantação da reforma curricular da Faculdade de
Odontologia da UERJ, foi objetivo deste estudo avaliar
a opinião dos alunos, a respeito de cada disciplina
cursada, abordando a seguinte questão: “As estratégias
utilizadas na disciplina cursada desenvolveram uma
postura crítica dos alunos?” Foi realizado um questionário informatizado, com perguntas fechadas. O aluno só poderia escolher uma resposta entre as opções:
sempre, frequentemente, esporadicamente e nunca.
As disciplinas eletivas não foram avaliadas. O número
total de alunos que estudavam na FO-UERJ em 20101, período da avaliação, era de duzentos e doze (212)
alunos. Mas somente cento e oitenta e dois (182), participaram do trabalho. Estes alunos eram do segundo
ao oitavo período e, como é uma avaliação do período
anterior ao que o aluno estava cursando, os alunos do
primeiro período não responderam ao questionário
e também não foram analisadas as disciplinas do oitavo período. A amostra final foi composta de cento e
cinqüenta estudantes (150), o que corresponde a,
aproximadamente, oitenta e dois por cento (82%) do
total de alunos selecionados.
Os resultados totais demonstraram uma resposta
positiva, onde quarenta e seis por cento (46%) dos
alunos responderam que sempre tiveram postura crítica, trinta e um por cento (31%) dos alunos responderam que freqüentemente se mostraram críticos em
relação ao que foi apresentado, dezesseis por cento
(16%) dos alunos disseram que esporadicamente tinham uma postura crítica e sete por cento (7%) dos
alunos responderam que não desenvolveram postura
crítica. Há a necessidade de modificações pontuais
sobre essa questão, principalmente nas disciplinas
que obtiveram os piores resultados entre todas, para
a construção da nova grade curricular que será implantada.
Pode-se concluir que atualmente os jovens têm
uma postura crítica, denominada até de geração Y, e
que os Docentes do Curso de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro estimulam e propiciam estratégias para que esta postura seja exteriorizada.
96
Descritores
Odontologia. Educação em Saúde. Prática de
Ensino-Aprendizagem
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Almeida M, Feurwerker L, Llanos M. A educação dos profissionais de saúde na América Latina: teoria e prática de um
movimento de mudança. São Paulo: Hucitec/ Buenos Aires:
Lugar Editorial/ Londrina:Editora UEL; 1999.
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2003;7(13):149-52
O PET-Saúde como instrumento
de re-orientação do ensino em
odontologia: a experiência da
Universidade Federal do Espírito
Santo
Apresentador: Karina Tonini dos Santos
Autores: Karina Tonini dos Santos, Caroline
Marinho Gonçalves, Raquel Baroni de
Carvalho
Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo
A
s Diretrizes Curriculares Nacionais e a consolidação do SUS levaram as instituições de ensino superior em saúde no Brasil a reformular seus currículos,
deixando de formar profissionais apenas tecnicistas
para formar profissionais voltados também para a realidade social, econômica, política e cultural do Brasil.
O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre
o processo de re-orientação do ensino em saúde/
odontologia, relatando a experiência do Programa de
Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde),
iniciado na UFES em 2010. O PET-Saúde foi criado
pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação, dando a oportunidade aos acadêmicos a vivenciarem o trabalho multidisciplinar dentro
das Unidades de Saúde. As atividades extramuros propiciam um maior conhecimento, por parte dos alunos,
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da área de Odontologia
que experimentam a estrutura dos serviços públicos
de saúde, a participação no atendimento à população,
a compreensão das políticas de saúde/ saúde bucal, o
papel do cirurgião-dentista no serviço público, bem
como o contexto social no qual futuramente o acadêmico poderá se inserir. O PET-Saúde oferece também
um espaço de reflexão por meio das trocas de abordagens e experiências entre a realidade vivenciada
pelos profissionais e os conhecimentos trazidos pelos
alunos nos moldes acadêmicos. Conclui-se que para
efetivação do SUS, os alunos dos cursos de saúde precisam de uma formação mais ampla, em ambientes
diferenciados, com experiências inovadoras, atividades coletivas e não somente a prática tradicional realizada em clínica de ensino de especialidades.
do Pró-Saúde, tem se mobilizado para implementar
mudanças no seu currículo de graduação com ênfase
na integralidade do cuidado à saúde, a prática cotidiana, na adoção de novos cenários de aprendizagem
e de métodos de ensino participativos. Neste contexto, em 2007, a disciplina Ciências Sociais Aplicadas à
Saúde (CSAS), ofertada no 2° período do curso, foi
reformulada com o objetivo de propiciar a inserção
dos estudantes nos serviços públicos de saúde no início da sua formação profissional, assumindo a realidade e a prática do SUS como objetos de ensino. Cabe
ressaltar que esta nova proposta para a disciplina foi
elaborada por um grupo de docentes com formação
em saúde coletiva e profissionais da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, MG.
Objetivo
Contribuições do Pró-Saúde para
inovação do currículo do curso de
Odontologia da UFMG
Apresentar as inovações curriculares implementadas na disciplina Ciências Sociais Aplicadas à Saúde
do curso de Odontologia da UFMG.
Apresentador: Simone Dutra Lucas
Autores: Andréa Clemente Palmier, João Henrique
Lara do Amaral, Marcos Azeredo Furquim
Werneck, Maria Inês Barreiros Senna,
Simone Dutra Lucas
Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG
São descritas as inovações curriculares destacando
os fundamentos da proposta atual quanto a objetivos
de formação, conteúdos, métodos de ensino e avaliação.
INTRODUÇÃO
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para
os cursos de graduação em Odontologia, aprovadas
em 2002, apontam na direção da diversificação de
cenários no Sistema Único de Saúde (SUS) quando
recomendam que a formação profissional deve incluir o sistema de saúde do país, a atenção integral à
saúde e o trabalho em equipe. O relatório da 3ª Conferência Nacional de Saúde Bucal (2004) sinaliza na
mesma direção quando valoriza os convênios entre
as instituições formadoras e os serviços de atenção à
saúde bucal como oportunidade de aproximação dos
estudantes dos modelos assistenciais e da realidade
social da população. Um componente importante de
mudança na formação depois da promulgação das
DCN para a área da saúde é o Programa Nacional de
Reorientação da Formação Profissional em Saúde
(Pró-Saúde) do Ministério da Educação e Ministério
da Saúde. Ele foi lançado em 2005, e tem como objetivo geral “incentivar transformações do processo de
formação, geração de conhecimentos e prestação de
serviços à população, para abordagem integral do
processo de saúde/doença”. A Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FOUFMG), em resposta às recomendações das DCN e
Metodologia
Resultados
Originalmente, de 1982 até meados da década de
90, a disciplina de CSAS, com conteúdos de Sociologia, Antropologia e Psicologia era ministrada por
professores da área de ciências humanas, a saber, assistentes sociais, sociólogos e docentes da área da Psicologia. Ao longo do tempo, os conteúdos foram assumidos por uma cirurgiã-dentista com formação na
área da Saúde Coletiva. A reformulação da disciplina
CSAS foi uma das primeiras iniciativas do curso no
âmbito do Projeto Pró-Saúde da FO-UFMG. A superação do enfoque conceitual e fragmentado dos conteúdos foi buscada com a definição de um eixo estruturador: o processo saúde/doença. Deste tema
derivam outros conteúdos correlacionados, organizados em quatro módulos: 1) representação social do
processo saúde doença; 2) organização da atenção
primária do SUS em Belo Horizonte; 3) organização
do acesso e acolhimento; 4) determinação social do
processo saúde doença. Além disso, buscava-se o desenvolvimento de atividades práticas, com a inserção
dos estudantes, no começo da sua formação profissional, nos serviços públicos de saúde. Antes dessa
mudança, os estudantes participavam de uma única
visita às Unidades Básicas de Saúde (UBS) no início
das atividades clínicas do quarto período do curso.
Uma segunda oportunidade de contato com o SUS,
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da área de Odontologia
essa mais efetiva, consistia na oferta do Estágio Supervisionado no último período da formação. A composição de equipe com cinco docentes com formação
em saúde coletiva foi uma decisão importante para
viabilizar as mudanças. A dinâmica da disciplina intercala as atividades de concentração em sala de aula
com dispersão nos cenários. Durante as atividades de
concentração busca-se a motivação dos estudantes
para a construção do conhecimento científico dos
temas abordados considerando as experiências do
cotidiano e a prática social. Utilizam-se distintas estratégias de ensino (grupos de discussão, vídeos, seminários, apresentação de trabalhos, atividade interativa nos cenários de prática e socialização de
produtos). Após cada atividade no campo de prática
os estudantes elaboram uma síntese com as impressões previamente construídas e o que foi observado
nos cenários. Estimula-se, com isso, que os discentes
possam identificar as maiores ou menores aproximações entre as primeiras elaborações construídas pelo
grupo e a prática social vigente. Desse modo, a realidade torna-se mediadora da aprendizagem. As atividades de dispersão são desenvolvidas em dez UBS
localizadas em três Distritos Sanitários apoiadas pelo
gestor local e trabalhadores. As ações compreendem
a realização de uma enquete sobre o conceito de saúde dos diferentes sujeitos (usuários e trabalhadores
da UBS), a coleta de informações sobre a gestão e o
processo de trabalho, o registro da estrutura física,
dos recursos materiais, humanos, a participação nas
atividades de acolhimento e a realização de visitas
domiciliares. Durante as visitas domiciliares, os alunos são acompanhados pelos Agentes Comunitários
de Saúde (ACS). Até o momento, a avaliação dos estudantes é feita no contexto de cada grupo. Eles são
avaliados na produção escrita, na habilidade de exposição e análise das situações observadas, e na coerência das conclusões considerando o aporte trazido
pela literatura. Na socialização dos produtos em sala
de aula observa-se a clareza na exposição das idéias,
a capacidade de síntese, e a organização lógica entre
o registro das observações, a habilidade crítica e as
conclusões. Mais recentemente, a disciplina se configurou como um campo para a formação de docentes
na área de saúde coletiva, com a inclusão dos alunos
da pós-graduação da FO-UFMG.
Conclusão
O caminho metodológico proposto pela CSAS
atende aos pressupostos das DCN e aos princípios do
Pró-Saúde de produzir uma aprendizagem que tenha
a realidade e a prática do SUS como objetos do ensi98
no. Vivenciar o processo de trabalho das UBS propicia
o surgimento, para o estudante, de um conceito de
trabalho que supera a ação centrada no profissional,
na consulta clínica odontológica. Permite incorporação de outros educadores, no processo de formação,
como os profissionais ligados aos serviços. Possibilita,
também, o desenvolvimento da capacidade crítica do
estudante de Odontologia facilitando a reformulação
de conceitos e a conseqüente criação de novos conhecimentos. Quanto aos atores do serviço de saúde,
estes atribuem importância à inserção dos futuros
profissionais no SUS, mesmo no início do Curso de
Odontologia quando as suas contribuições são limitadas; por compreenderem que se pode formar um
profissional mais capacitado para atuar na saúde pública. O Pró-Saúde potencializou os esforços que vinham sendo implementados com o objetivo de promover a mudança da matriz curricular na FO-UFMG.
No caso específico da disciplina de CSAS houve um
fortalecimento das ações e motivação dos professores
com pronta resposta da parte da Coordenação de
Saúde Bucal do Município de Belo Horizonte. A abertura dos novos cenários de prática para a disciplina
envolveu desdobramentos no contexto do Pró-Saúde
incluindo a realocação e aquisição de equipamentos
para os cenários do Estágio Supervisionado do nono
período do curso. Outro avanço importante foi a mudança da disciplina de CSAS do segundo para o primeiro período na nova matriz curricular atendendo
à expectativa de inserção dos estudantes à prática
desde o início da formação. Espera-se que as inovações citadas subsidiem outras iniciativas que visem
uma maior aproximação dos estudantes da prática
profissional, e que sirva de parâmetro na organização
e planejamento de outros conteúdos vinculados à
saúde coletiva a serem incluí¬dos na formação profissional. Considera-se que a experiência da disciplina
incorpora os três eixos do Pró-Saúde: a) orientação
teórica devido ao seu referencial teórico que é o processo saúde/doença; b) cenários de prática pela integração ensino-serviço e diversificação dos cenários de
aprendizagem e c) orientação pedagógica por meio
da adoção de metodologias ativas de ensino-aprendizagem e pela e análise crítica da atenção primária.
DESCRITORES
Currículo. Odontologia. SUS.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Batista N et al.. O enfoque problematizador na formação de
profissionais da saúde. Rev Saúde Pública 2005; 39 (2) 231-237.
2. Brasil. Lei n. 8080 – 19 set. 1990. Dispõe sobre as condições
para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organi-
Revista da ABENO • 11(1):81-132
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
zação e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá
outras providências. Diário Oficial, Brasília, 20 set. 1990.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. 3ª
Conferência Nacional de Saúde Bucal, Brasília, DF, de 29 de
julho a 1º de agosto de 2004 – Relatório Final. Disponível em:
http://www.saude.sc.gov.br/Eventos/ConferenciaSaudeBucal/relatorio_nacional.pdf
4. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa
Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde
– Pró-Saúde. Série C. Projetos, Programas e Relatórios. Brasília,
DF, 2005.
5. Conselho Federal de Educação. Resolução no. 04, de 03 de
setembro de 1982. Fixa os mínimos de conteúdo e duração do
curso de Odontologia. Ministério da Educação e Cultura. Diário Oficial, 16/09/1982
PET-Saúde UNIFOR no combate à
dengue através da reciclagem
Apresentador: Lucianna Leite Pequeno
Autores: Lucianna Leite Pequeno, Ivana dos Santos
Fonseca, Laís Aguiar de Oliveira, Natali
Sales Martins, Lauana Rocha Bonfim
Instituição: UNIFOR
INTRODUÇÃO
A dengue é um dos principais problemas de saúde
pública no mundo. No Brasil, as condições socioambientais são favoráveis à expansão do Aedes aegypti.
O aumento de sua ocorrência tem se tornado bastante preocupante para toda a sociedade, principalmente para as autoridades de saúde, em virtude da necessidade de aumento da capacidade dos serviços para
atender pessoas acometidas com as formas mais graves da doença (Barreto, 2008). Deter o vetor é o único método viável de intervenção no controle da dengue, pois ainda não há vacina nem tratamento
específico para combatê-la Existe um grande problema no combate ao mosquito, pois sua reprodução
ocorre em qualquer recipiente utilizado para armazenar água, como por exemplo, pneus, folhas de plantas, caixas d’água e garrafas, tanto em áreas sombrias
como ensolaradas. Esse fator facilita a disseminação
da doença (Ministério da Saúde, 2011). A destinação
final do lixo é um dos maiores problemas dos centros
urbanos e a reciclagem de resíduos sólidos está entre
as principais soluções para esse problema (Hisatugo,
2007). Resíduos sólidos são problemas sanitários, ambiental, econômico e estético; são materiais heterogêneos (inertes, minerais e orgânicos) que vêm da
ação humana e da natureza, que podem ser utilizados
parcialmente, gerando proteção a saúde pública e
economia de recursos naturais. Não devemos enxergar o lixo como algo sujo e inútil em sua totalidade.
O lixo pode ser fonte de riqueza e precisa ser separado para ser reciclado. Portanto, é preciso quebrar a
cadeia de transmissão, eliminando o mosquito dos
locais onde se reproduzem. Para a prevenção e medidas de combate à dengue, há a necessidade de se
executar medidas de controle que exigem a participação e a mobilização de toda a comunidade, caso
contrário, as ações isoladas poderão ser insuficientes
para acabar com os focos da doença (Medronho,
2008). Medidas educativas são necessárias na produção de atitudes diferentes, modificando hábitos para
contribuir para o avanço da conscientização sobre a
problemática socioambiental, produzindo sujeitos
atentos e participativos na melhoria da qualidade de
suas vidas (Tavares, 2003). O Programa de Educação
pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) consiste em
uma estratégia conjunta dos Ministérios da Saúde e
da Educação, destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial em áreas estratégicas e prioritárias
para o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de
atividades de ensino, pesquisa e extensão (BRASIL,
2010). O Programa tem como pressuposto a educação
pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores, preceptores (profissionais do serviço) e estudantes de
graduação da área da saúde, sendo uma das estratégias do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em
implementação no país desde 2005. O PET-Saúde
objetiva integrar ensino-serviço-comunidade, viabilizando o aperfeiçoamento e a especialização em serviço, bem como a iniciação ao trabalho, aos estágios
e a vivências, dirigidos, respectivamente, aos profissionais e estudantes da área da saúde, de acordo com
as necessidades do SUS. Em decorrência da epidemia
de dengue instalada no município de Fortaleza e no
estado do Ceará no primeiro semestre de 2011, bem
como por ser esta temática um dos eixos prioritários
definidos pela coordenação nacional do PET-Saúde,
o fortalecimento e a ampliação das ações de combate
à dengue foram incluídos como prioridade no plano
de ação das atividades do Pet-Saúde da Universidade
de Fortaleza (UNIFOR).
Objetivo
Relatar a experiência dos alunos do PET-Saúde da
UNIFOR no desenvolvimento de um projeto de educação em saúde para a prevenção da dengue durante
o acolhimento odontológico do Centro de Saúde da
Família (CSF) Edmar Fujita da Secretaria Executica
Regional (SER) VI da Secretaria Municipal de Saúde
de de Fortaleza, CE.
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
Materiais e Método
Trata-se de um relato de experiência, em uma CSF
de Fortaleza- Ceará, realizada durante o acolhimento
em saúde bucal com usuários do Sistema Único de
Saúde (SUS), no período de epidemia da dengue no
município de Fortaleza e foi realizado de fevereiro a
abril de 2011. A atividade educativa ocorreu semanalmente com a participação de integrantes do PETSaúde envolvendo alunos dos cursos de odontologia,
fonoaudiologia e terapia ocupacional, juntamente à
equipe de saúde bucal da Prefeitura Municipal de
Fortaleza, integrante de uma equipe de saúde da família do C.S.F. Edmar Fujita, que fica no bairro Boa
Vista. O acolhimento odontológico divide-se em três
etapas: a primeira, uma atividade de caráter educativo geral e/ou específico; a segunda, o exame de necessidades odontológicas; e a terceira, o agendamento clínico para tratamento odontológico. Durante a
etapa de caráter educativo, cada aluno, com a vivência
de sua áreas de atuação, elaborou atividdaes de ducaçao em saúde, utilizando exposiçoes interativas, cartazes, panfletos, sobre a temática da dengue, seus
sintomas e formas de prevení-la. A seguir, falou-se
sobre os cuidados com o descarte do lixo e maneiras
de reaproveitá-lo, que é uma forma de prevenir a dengue, já que o lixo pode se tornar criadouro do mosquito transmissor da doença. Para se estimular o aproveitamento do lixo, realizou-se uma demonstração
prática de como se fabricar brinquedos e utensílios
domésticos e de decoração a partir do lixo reciclável,
reaproveitando materiais que seriam descartados no
lixo doméstico. Os alunos utilizaram garrafas pet,
cola, bandejas de isopor, papel e tesoura. Passo a passo, foi demonstrado como fazer porta-jóias, portaretratos, bombonieres, lembrancinhas de aniversário, etc. Depois, distribuíram-se esses mesmos
materiais como base para que os usuários pudessem
confeccionar seus próprios objetos.
na continuidade do projeto para reutilização de outros
materiais que, normalmente, vão para o lixo.
Conclusão
Oa alunos do PET-Saúde da UNIFOR perceberam
que o trabalho multiprofissional motiva e amplia o
olhar para os problemas de saúde e que se faz necessário que os trabalhadores da saúde atuem de forma
interdisciplinar, abordando assuntos em suas atividades educativas que estão além de suas áreas específicas
de atuação. Pôde-se notar ainda que se utilizar de
mecanismos ligados a práticas cotidianas da população aproxima profissional/usuário e desperta maior
interesse para educação em saúde, uma vez que existe a tendência de haver maior interesse dos pacientes
pelo atendimento clínico, pela cura da doença, pelo
remédio e não pela priorização da prevenção de problemas. Essa visão mais abrangente gera possibilidades e amplia os conhecimentos de forma dinâmica.
Descritores
Dengue. Odontologia e Educação e Saúde. Reciclagem.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Brasil. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Controle
da Dengue. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/saude/area.cfm?id_area= 920 > . Acesso em: 13 jun. 2011.
2. Barreto, Maurício L.; Teixeira, Maria Glória. Dengue no Brasil:
situação epidemiológica e contribuições para uma agenda de
pesquisa. Estudos Avançados: São Paulo, v. 22, n. 64, 14 out.
2008.
3. Hisatugo, Erika; Marçal Júnior, Oswaldo. Coleta seletiva e reciclagem como instrumentos para conservação ambiental: um
estudo de caso em Uberlândia, MG. Sociedade & Natureza
(online): Uberlândia, v. 19, n. 2, 2007.
4. Medronho, Roberto de Andrade. Dengue no Brasil: desafios
para o seu controle. Cad. Saúde Pública: Rio de Janeiro, v. 24,
n. 5, maio 2008.
5. Tavares, Carla; Freire, Isa Maria. “Lugar do lixo é no lixo”:
estudo de assimilação da informação. Ciência da Informação:
Brasília, v. 32, n. 2, 2003.
Resultados
Durante as atividades de ducaçao em saúde sobre
a doença dengue e a fabricação dos objetos a partir do
material reciclável, os usuários do SUS participantes
do acolhimento odontológico se mostraram atenciosos e participativos, relatando experiências individuais
vivenciadas sobre o tema, diferente do que normalmente acontecia quando se fazia educação em saúde
apenas com exposições orais; antes, independente do
tema, os usuários se mostravam desinteressados, dispersos e ansiosos por suas consultas clínicas. Foi também despertada a curiosidade e a empolgação na execução dos utensílios, demonstrando interesse inclusive
100
Pró-Saúde e PET-Saúde em uma
UBASF: a percepção dos gestores
e profissionais de saúde
Apresentador: Lucianna Leite Pequeno
Autores: Lucianna Leite Pequeno, Renata
Cavalcanti Machado Costa, Sharmênia
de Araujo Soares Nuto, Ticiana Campos
Damasceno, Ticiane Pedrosa de Moura
Instituição: UNIFOR
INTRODUÇÃO
Ao considerar que a Política Nacional de Atenção
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
Básica (Brasil, 2006) atribui ao Ministério da Saúde a
função de articular, junto ao Ministério da Educação,
estratégias de indução a mudanças curriculares nos
cursos de graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais com perfil adequado à Atenção Básica, o Programa Nacional de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde (PRÓ-Saúde) foi
lançado por meio da Portaria Interministerial MS/
MEC nº 2.101, de 03 de novembro de 2005, com o
objetivo principal da integração ensino-serviço, garantindo a reorientação da formação profissional e
assegurando uma abordagem integral do processo
saúde-doença com ênfase na Atenção Básica, promovendo transformações na prestação de serviços à população (Brasil, 2009). Posteriormente, como forma
de fortalecimento do já existente PRÓ-Saúde, foi criado o Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde), instituído pela Portaria Interministerial MS/MEC N° 1.802/08, de 26 de agosto de
2008, com o objetivo de formar grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da Estratégia Saúde da Família, caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem
como de iniciação ao trabalho e vivências dirigidos
aos estudantes das graduações em saúde, de acordo
com as necessidades do Sistema Único de Saúde
(SUS). Conforme a legislação vigente do Programa,
o monitoramento e a avaliação dos grupos fundamenta-se em algumas diretrizes, incluindo a participação
dos alunos em atividades de ensino, pesquisa e extensão (Brasil, 2009). As iniciativas do PRÓ-Saúde e PETSaúde, assim como outras que ampliem a relação
ensino-serviço, devem ser fortalecidas, uma vez que a
articulação entre as Instituições de Ensino Superior
(IES) e o sistema de saúde potencializa respostas às
necessidades concretas da população brasileira, mediante a formação de recursos humanos, a produção
do conhecimento e a prestação dos serviços com vistas ao fortalecimento do SUS (Brasil, 2008). A Universidade de Fortaleza (UNIFOR), em parceria com
a Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza, foi contemplada em 2008 com os programas PRÓ-Saúde e
PET-Saúde, os quais possuem projetos envolvendo as
Unidades Básicas de Saúde da Família (UBASF), da
Secretaria Executiva Regional VI e dos cursos de graduação do Centro de Ciências da Saúde, incluindo
Ciências da Nutrição, Educação Física, Enfermagem,
Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina,
Odontologia e Terapia Ocupacional. A avaliação,
como componente da produção de conhecimento
em saúde tem hoje grande relevância nas iniciativas
voltadas para sua interpretação nas diversas dimensões do SUS. Esta deve fornecer suporte aos processos
decisórios no âmbito do sistema de saúde, subsidiar
a identificação de problemas e a reorientação de
ações e serviços desenvolvidos, avaliar a incorporação
de novas práticas sanitárias na rotina dos profissionais
e mensurar o impacto das ações implementadas pelos
serviços e programas sobre o estado da saúde da população (Oliveira, 2009). Sabe-se o quanto a institucionalização da avaliação em saúde é necessária para
o adequado acompanhamento de programas, projetos e ações. Neste contexto, surge a necessidade de
conhecer como gestores e profissionais de saúde avaliam a inserção dos alunos dos Projetos PRÓ-Saúde e
PET-Saúde, bem como as atividades desenvolvidas por
estes conforme objetivos dos programas.
OBJETIVO
Conhecer a percepção dos gestores e profissionais
da saúde da UBASF Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati acerca da inserção de alunos do PRÓ-Saúde e
PET-Saúde da UNIFOR.
MATERIAIS E MÉTODO
Realizou-se estudo qualitativo por meio de entrevistas semiestruturadas, aplicadas a 19 profissionais
de nível superior, previamente selecionados de forma
intencional. O critério de inclusão foi o início do seu
trabalho na unidade de saúde no ano anterior a 2008,
de forma a garantir que todos os entrevistados estivessem presentes durante a inclusão dos projetos.
Foram excluídos os profissionais que trabalhavam no
turno noturno e os que se encontravam no período
de férias ou licença maternidade durante a coleta de
dados. A amostra final foi composta de 16 profissionais, sendo quatro cirurgiões-dentistas, quatro médicos, seis enfermeiros e dois gestores. A análise qualitativa ocorreu por meio da análise de conteúdo,
preconizada por Bardin (2002). Por meio da análise
de conteúdo, construíram-se quatro categorias de
análise: Conhecimento sobre os projetos e seus objetivos; Processo de inserção dos alunos na UBASF e na
comunidade; Benefícios dos projetos: realidade ou
utopia; O que precisa ser aprimorado. Para a realização das entrevistas, os sujeitos foram informados
quanto aos objetivos do estudo e, após os esclarecimentos, aceitaram participar voluntariamente a partir da assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da UNIFOR, processo N°128/2010.
RESULTADOS
A apresentação dos resultados foi possível conforme as categorias de análise apresentadas anterior-
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101
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
mente. Conhecimento sobre os projetos e seus objetivos - Quando indagados sobre a compreensão que
tinham dos projetos PRÓ-Saúde e PET-Saúde e dos
seus objetivos, a maioria dos sujeitos não apresentou
consistência em sua resposta. Sobre o conhecimento
acerca dos objetivos dos projetos para a UBASF, a
maioria respondeu conhecer, embora também sem
propriedade; outros não conheciam. Alguns dos entrevistados mostraram-se indiferentes a implantação
das ações do PRÓ-Saúde e do PET-Saúde na UBASF
(25% e 12,5% respectivamente), porém a grande
maioria apresentou-se de maneira positiva frente à
questão, considerando excelente (PRÓ - Saúde
18,8%; PET-Saúde 37,5%) e bom (PRÓ - Saúde 56,3%
e PET- Saúde 50,0%). Processo de inserção dos alunos
na UBASF e na comunidade - A ausência de integração dos alunos com os demais profissionais da unidade que não estejam desempenhando a função de
preceptoria foi relatada. Este fato pode ser um dos
determinantes para resistência destes profissionais
em aderir às mudanças propostas pelos projetos de
intervenção, principalmente aquelas relacionadas ao
modelo assistencial centrado na doença. Em relação
à aceitação da comunidade, a maioria dos entrevistados afirmou que a população tinha recebido a inserção dos estudantes nos serviços de forma positiva,
porém houve divergência de pensamentos no que diz
respeito ao entendimento de que os alunos em questão faziam parte dos projetos ou se estes estiveram
inseridos como estagiários do local. Benefícios do
projeto: realidade ou utopia - Quando indagados sobre os benefícios proporcionados pelos projetos, os
sujeitos não discorreram muito sobre tema, restringindo-se à reforma da estrutura física da unidade, à
oferta de serviços assistenciais e individuais; alguns
relataram desconhecimento sobre aspectos que melhoraram na UBASF e na comunidade. Os benefícios
foram identificados pela maioria dos entrevistados,
destacando-se o que mais foi relatado: maior escuta
do paciente; população mais participativa e informada; reforma da estrutura física; aumento do número
de procedimentos realizados na unidade; inclusão de
novos profissionais formando a equipe ampliada de
saúde; presença de atividades diferenciadas; a vinda
de novas tecnologias provenientes da parceria com a
IES; e a melhoria na qualidade dos serviços. No entanto, a contribuição oferecida pelos projetos não foi
evidenciada, ou não imperceptível para todos. Quando perguntados diretamente sobre a percepção dos
benefícios do PRÓ-Saúde para a melhoria da infraestrutura da UBASF, a maioria dos entrevistados mos102
trou satisfação com a reforma, classificando-a como
excelente (6,3%), boa (75%), regular (12%) e indiferente (6,3%). Apesar disso, quando questionados
sobre as principais dificuldades encontradas em decorrência da inserção dos alunos, bem como da execução das ações previstas no PRÓ-Saúde e no PETSaúde, os entrevistados citaram principalmente a
estrutura física em decorrência da indisponibilidade
de salas. Outros obstáculos também foram citados,
como: ausência de tempo dos profissionais da unidade; pouca integração entre o planejamento dos cursos
e projetos; insuficiente continuidade das atividades;
carência de material e ausência de estacionamento
para os alunos no local. No que diz respeito à melhoria da qualificação e da educação permanente dos
profissionais que atuam na UBASF, a maior parte dos
entrevistados afirmou que estas têm sido proporcionadas pelo PRÓ-Saúde e PET-Saúde. O que precisa
ser aprimorado - Os profissionais entrevistados acreditavam que os aspectos a serem aprimorados para
melhor atender às necessidades do serviço e à formação dos profissionais de saúde eram: maior divulgação
dos projetos durante as rodas de gestão da unidade,
de modo que os objetivos pudessem ser discutidos
com todos os profissionais que atuavam na UBASF;
atualização científica dos profissionais; adequação da
carga horária dos profissionais para atender os alunos
fora do seu horário de trabalho e treinamento envolvendo os profissionais da unidade.
CONCLUSÃO
Na busca pelo aumento da inserção da formação
da graduação em saúde no SUS, os projetos PRÓSaúde e PET-Saúde têm resultado em avanços e desafios. A inserção dos alunos para a adequação das diretrizes curriculares nacionais está sendo
proporcionada e fortalecida pela atuação em saúde
coletiva. Em relação à percepção dos profissionais de
saúde e gestores da UBASF, ainda é preciso melhorar
no que diz respeito à infraestrutura para melhor atender a inserção dos alunos. A maioria dos entrevistados
de fato não sabia o que eram esses projetos, indicando uma possível falta de divulgação por parte dos seus
integrantes e/ou pouco interesse dos profissionais
que não estavam diretamente envolvidos. Embora
alguns profissionais não reconhecessem a devida importância dos projetos para a UBASF, mais que a oportunidade desses profissionais estarem engajados ou
desta fazer parte do PRÓ-Saúde e PET-Saúde, houve
melhoria no processo de trabalho, na qualificação dos
profissionais envolvidos, nos protocolos de atendimento e, consequentemente, na qualidade dos servi-
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
ços ofertados, adequando as atividades desenvolvidas
pelos projetos às necessidades da unidade.
Descritores
Programas Nacionais de Saúde. Avaliação de Programas e Projetos de Saúde. Serviços de Integração
Docente-Assistencial.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. . Portaria 648/2006. Política
nacional de atenção básica. Série Pactos pela Saúde 2006; v. 4.
Brasília, 2006.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho
e da Educação na Saúde. Programa Nacional de Reorientação
da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde. Brasília, 2009.
3. Brasil. Ministério da Saúde.Portaria Interministerial nº 1.802/
MS/MEC. Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde
(PET-Saúde). Diário Oficial da União nº 165. Brasília, 27ago.
2008; Seção 1, p 27.
4. Oliveira Darmet al.. A Utilização da Informação em Saúde Pelo
Enfermeiro: Cenário de Integração entra Ensino e Serviço. 61°
Congresso Brasileiro de Enfermagem. Transformação Social e
Sustentabilidade Ambiental; 2009 dez. p.1592-1594; Ceará,
Brasil.
5. Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002. 225p.
Inserção do graduando do curso
de odontologia no PET Saúde
da Família da Universidade de
Fortaleza
Apresentador: Lucianna Leite Pequeno
Autores: Lucianna Leite Pequeno, Mariana
Ramalho de Farias, Karol Silva de Moura,
Maria Albertina Rocha Diógenes
Instituição: UNIFOR
INTRODUÇÃO
O Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde) foi instituído pela Portaria Interministerial dos Ministérios da Saúde e da Educação
MS/MEC Nº 1.802, de 26 de agosto de 2.008 e posteriormente regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 03 de março de 2010 (Brasil, 2008;
2010). O Programa tem como pressuposto a educação
pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores, preceptores (profissionais do serviço) e estudantes de
graduação da área da saúde, sendo uma das estratégias do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em
implementação no país desde 2005. O PET-Saúde
objetiva integrar ensino-serviço-comunidade, viabilizando o aperfeiçoamento e a especialização em serviço, bem como a iniciação ao trabalho, aos estágios
e a vivências, dirigidos, respectivamente, aos profissionais e estudantes da área da saúde, de acordo com
as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, o PET-Saúde está dividido em áreas temáticas: PET Saúde da Família; PET Vigilância e PET
Saúde Mental. A experiência apresentada por este
trabalho é o PET Saúde da Família. Cada grupo PETSaúde/Saúde da Família é formado por um tutor
acadêmico, 30 estudantes e seis preceptores. Na Universidade de Fortaleza (UNIFOR), o projeto ocorre
pela implementação dos Sistemas Locais Saúde-Escola na Secretaria Executiva Regional VI do município
de Fortaleza, Ceará, integrando a Estratégia de Saúde
da Família com o ensino de graduação nas áreas de
Ciências da Nutrição, Educação Física, Enfermagem,
Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina,
Odontologia e Terapia Ocupacional. O PET-Saúde/
Saúde da Família da UNIFOR, inicialmente, para o
ano de 2009, foi estruturado em três grupos, envolvendo seis Centros de Saúde da Família (CSF). Conforme previsto em edital para o biênio 2010-2011,
mais um grupo foi criado, totalizando quatro, sob a
tutoria, cada um, de docentes da UNIFOR, sendo dois
do curso de Odontologia, com pós-graduação em
Saúde Coletiva, um do curso de Medicina com pósgraduação em Medicina de Família e Comunidade e
Saúde Pública e um do curso de enfermagem, com
pós-graduação em Educação em Saúde. As atividades
são desenvolvidas em oito CSF, do município de Fortaleza, sob preceptoria de 24 profissionais da Estratégia Saúde da Família e do Núcleo de Apoio à Saúde
da Família, sendo doze enfermeiros, seis odontólogos, quatro médicos, um farmacêutico e um psicólogo, responsáveis por cerca de 120 alunos. As equipes
se constituem e atuam de forma a garantir não somente o multiprofissionalismo, mas a interdisciplinaridade para o desenvolvimento de ações como: inserção comunitária, por meio da apropriação do
território e do desenvolvimento de projetos de extensão junto à comunidade adscrita; participação no
serviço de saúde, a partir da observação e coparticipação da atenção ofertada e da construção de protocolos que permitam a reorientação dos serviços, conforme as necessidades da comunidade e de acordo
com os princípios e diretrizes do SUS; educação permanente e co-gestão do processo de trabalho no território, mediante o desenvolvimento de atividades de
ensino direcionadas aos alunos e profissionais do serviço por meio de discussões teórico-vivenciais. Os estudantes, sempre sob orientação dos preceptores e
tutores, desenvolvem também projetos de pesquisa,
Revista da ABENO • 11(1):81-132
103
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
objetivando a qualificação da atenção básica e reestruturação das redes de atenção à saúde, conforme
os ciclos de vida. Considerando a necessidade de sensibilização e formação de recursos humanos em saúde
com perfil adequado às necessidades e às políticas do
país e à urgente implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação da área da
saúde, surgiu o interesse em compreender como esse
processo ocorre em relação aos acadêmicos do curso
de Odontologia da UNIFOR.
Objetivo
Relatar a experiência da inserção do graduando
do curso de Odontologia nas atividades de ensino,
pesquisa e extensão, do Programa de Educação pelo
Trabalho para a Saúde da Universidade de Fortaleza.
Materiais e Método
Relato de experiência, de caráter descritivo, dos
processos de seleção e inserção, conduzidos pela coordenação do Programa, bem como das atividades
desenvolvidas pelos alunos do curso de Odontologia
no PET-Saúde/Saúde da Família da UNIFOR. A descrição da experiência refere-se ao período de 2009 a
2011. Para a sistematização dos dados, foram consultadas as fichas de cadastro do Sistema de Informação
Gerencial do PET (SIGPET), os relatórios semestrais
elaborados entre 2009 e 2011, os projetos de pesquisa registrados pelo Comitê de Ética e os projetos de
extensão cadastrados na Vice-Reitoria de Extensão.
Resultados
Durante o período analisado, participaram do
PET-Saúde/Saúde da Família cerca de 60 estudantes
do curso de Odontologia da UNIFOR, abrangendo
alunos matriculados do quarto ao décimo semestre.
Desse total, 35 eram monitores bolsistas. Em relação
aos projetos de extensão, foram desenvolvidos 37 projetos, os quais abordaram diversos temas consoantes
as demandas identificadas durante o diagnóstico situacional da comunidade, do serviço de saúde e dos
espaços sociais adscritos (UNIFOR, 2009; 2010; 2011).
As atividades realizadas pelos projetos de extensão
foram: educação em saúde nas escolas, creches e sala
de espera das unidades de saúde; implantação da pósconsulta no ambulatório de hipertensão arterial sistêmica e diabetes melittus; implantação da sala de
espera em ambulatório de puericultura; implantação
do grupo de educação em saúde para gestantes; atividades educativas e lúdicas como meio de socialização de idosos; divulgação e esclarecimentos sobre o
SUS; promoção e prevenção de saúde para adolescentes; ações antitabagistas; formação de grupo de hipertensos e diabéticos; oficina permanente de acolhi104
mento às gestantes; como identificar, prevenir e
cuidar riscos ocupacionais do agente comunitário de
saúde; criação do grupo de idosos; promoção da saúde infantil; saúde sexual e reprodutiva para adolescentes; acolhimento e sala de espera; programa saúde
na escola; capacitação dos conselheiros locais de saúde; reestruturação do comitê territorial de prevenção
e combate à violência contra a criança e o adolescente; nutrição e odontologia – uma prática interdisciplinar; prevenção de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho; promoção e prevenção de DST/
HIV/AIDS; implantação do tratamento diretamente
observado (TDO) para os portadores de tuberculose;
capacitação de agentes comunitários de saúde; crescimento e desenvolvimento infantil; aleitamento materno; imunização; preenchimento do cartão vacinal;
tuberculose; hanseníase; hipertensão; políticas públicas de saúde; estratégia de saúde da família; papel do
agente comunitário de saúde; capacitação para cuidadores de idosos (UNIFOR, 2009; 2010; 2011). É
importante ressaltar que os alunos do curso de Odontologia realizaram as atividades juntamente com os
demais componentes do grupo, contemplando outras áreas da graduação em saúde, proporcionando e
fomentando assim o trabalho interdisciplinar. Quanto às atividades de pesquisa, desenvolveram-se 53 projetos de pesquisa, contemplando as seguintes temáticas: avaliação da inserção dos alunos da graduação na
atenção básica; avaliação da qualificação da atenção
básica na estratégia de saúde da família; processamento de dados demográficos, socioeconômicos e epidemiológicos da ficha A por micro-áreas; abordagem
problematizadora de educação alimentar com grupo
de adolescentes; territorialização; avaliação da gestão
local sobre acolhimento, participação social e promoção da saúde; puericultura coletiva: atuação interdisciplinar de integrantes do PET-saúde; risco ocupacional dos agentes comunitários de saúde; contexto das
ações e estratégias dos trabalhadores de saúde na
atenção à saúde da criança; atenção básica e condições crônicas como eixo estruturante das redes de
atenção à saúde; percepções dos usuários sobre o acolhimento; atenção à saúde da criança: a comunidade
ampliada de pesquisa dos agentes comunitários de
saúde; análise da qualidade dos registros nas fichas
de investigação domiciliar de óbitos infantil e fetal;
direitos humanos e violência intrafamiliar e a sua relação com a mortalidade materna e infantil; percepção de jovens sobre gravidez na adolescência; percepção da família sobre a influência do vínculo familiar
no desenvolvimento sexual de adolescentes; atenção
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
à saúde do adolescente; percepção dos usuários do
CAPSad sobre a dependência de crack e outras drogas; perfil epidemiológico de DST encontradas na
cavidade oral em profissionais do sexo; perfil do planejamento familiar de pacientes de um centro de
saúde da família; avaliação do processo de assistência
domiciliar ao idoso; avaliação da prática de educação
em saúde para adolescentes na rede básica de saúde
da Regional VI (UNIFOR, 2009; 2010; 2011). Dessa
forma, foram apresentados em eventos locais e nacionais 171 trabalhos científicos, evidenciando o estímulo e a capacidade de produção científica dos participantes do PET.
A contribuição do PET-saúde
na saúde do idoso através da
formação de grupos na atenção
básica
Conclusão
A própria história denuncia que os idosos sempre
foram desassistidos de benefícios legais, sendo alvo
de preconceito até os dias atuais, o que se torna um
grande obstáculo para uma plena e sociável vivência
da velhice. Os cuidados para uma pessoa idosa devem
visar à manutenção de seu estado de saúde, com uma
expectativa de vida ativa máxima possível, junto aos
seus familiares e à comunidade, com independência
funcional e autonomia. A Política de Promoção da
Saúde determina o desenvolvimento de um conjunto
de ações de saúde no âmbito individual e coletivo que
abrangem: a promoção, a proteção, o diagnóstico, a
reabilitação e manutenção da pessoa idosa. Visando
atender às necessidades do Sistema Único de Saúde,
as Instituições de Ensino Superior vem criando novos
projetos político pedagógicos, que promovam de forma responsável a inserção de graduandos nas comunidades, a fim de que se formem profissionais com
visão ética, humanista e política, visão crítica-reflexiva
e criativa, cuidados à saúde centrado no sujeito do
cuidado, saber e agir compartilhado em um trabalho
em equipe, valorização da subjetividade por meio de
uma escuta ativa e capacidade de atuação compartilhada e articulada. Enfim, um profissional com um
novo saber fazer e saber ser em saúde. Através do
Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde –
PET-Saúde, acadêmicos da Universidade Federal da
Paraíba- UFPB formaram um grupo de idosos na Unidade de Saúde Família Timbó II, no município de
João Pessoa- PB. A criação de grupos de idosos constitui uma forma de inclusão social e veiculação de
ações em saúde. A formação deste grupo tem por
objetivo proporcionar a socialização de idosos cujos
vínculos sociais encontram-se fragilizados, por meio
de ações que levam à promoção da saúde física, social
e mental.
A partir das experiências vivenciadas, concluiu-se
que o aluno do curso de Odontologia da UNIFOR, a
partir da aproximação com o campo da atenção básica, desenvolveu uma visão integrada e ampliada do
cuidado ao usuário. O PET-Saúde/Saúde da Família
UNIFOR fortalece, a partir da integração de ensino,
pesquisa e extensão, os processos formativos diferenciados para os acadêmicos do curso de Odontologia,
agregando saber e reflexão crítica sobre a realidade
do território e as necessidades sociais em saúde, contribuindo para formação de futuros profissionais
comprometidos e em busca de mudanças sociais efetivas.
Descritores
Estudantes de Odontologia. Odontologia, Pesquisa sobre Serviços de Saúde.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial 1802 de
26 de Agosto de 2008. Institui o Programa de Educação pelo
Trabalho para a Saúde-PET SAÚDE. Brasília, 2008.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial 421 de 03
de Março de 2010. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde-PET SAÚDE e dá outras providências. Brasília, 2010.
3. Universidade de Fortaleza. Centro de Ciências da Saúde. Coordenação do Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde. Relatório Semestral. Fortaleza, 2009.
4. Universidade de Fortaleza. Centro de Ciências da Saúde. Coordenação do Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde. Relatório Anual. Fortaleza, 2010.
5. Universidade de Fortaleza. Centro de Ciências da Saúde. Coordenação do Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde. Relatório Semestral. Fortaleza, 2011.
Apresentador: Luiza Helainne Pinto Narciso de
Souza
Autores: Luiza Helainne Pinto Narciso de Souza,
Clarissiane Serafim Cardoso, Rianne Keith
Bernardo da Silva, Josicléia Vieira de
Abreu, Alexandre Medeiros Figueiredo
Instituição: Universidade Federal da Paraíba - UFPB
INTRODUÇÃO
OBJETIVOS
O objetivo é relatar a experiência de estudantes
Revista da ABENO • 11(1):81-132
105
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
do PET-Saúde da UFPB, na formação de um grupo
de idosos na USF Timbó II. As principais estratégias
de ação foram: o desenvolvimento de habilidades pessoais no sentido de proporcionar-lhes autonomia; e
fornecer informações que os tornassem aptos para
mudanças de comportamento e atitudes produtoras
de saúde.
METODOLOGIA
Adotou-se o método da problematização, no qual
os temas surgem como práticas na vida das pessoas.
Com essa proposição, as práticas educativas sugeridas
no grupo, deixam de ter um caráter coercitivo, para
propiciar a construção de um projeto educativo pautado na comunicação, confiança e envolvimento das
pessoas. Para isso, foram realizados encontros semanais com os idosos, nos quais os acadêmicos realizaram atividades dinâmicas, dialogaram e debateram
assuntos pré-determinados pelos integrantes dos grupos como, por exemplo, medidas para o envelhecimento saudável, promoção da saúde, atividade física,
além de avaliação das condições físicas e psíquicas. As
atividades foram desenvolvidas no segundo semestre
de 2010.
RESULTADOS
Através de atividades lúdicas como: dinâmicas,
brincadeiras, danças, alongamentos e relaxamentos,
foram promovidas a socialização, a integração e a valorização sócio-cultural, permitindo aos mesmos, diversão e conhecimento. Com a execução de trabalhos
manuais exercitou-se a atividade motora, visual e a
auto-estima dos idosos. Já através da oficina de culinária, estimulou-se a promoção de uma alimentação
saudável. O fato dos temas relacionados à saúde terem
sido sugeridos pelo próprio grupo, foi possível atender algumas de suas necessidades, tais como: práticas
nutricionais adequadas, incontinência urinária, higiene bucal e cuidado com as próteses, tabagismo,
lombalgias, acompanhados de exercícios relacionados aos temas e relaxamentos, de modo a aproveitar
o potencial de cada estudante dentro da sua área de
atuação. Um dos pontos fortes da vivência foi a inserção da atividade de dança no grupo. A princípio os
idosos rejeitaram a proposta, em especial os homens,
alegando não ter mobilidade e talento para a dança,
sugerindo que a dança é uma atividade para jovens.
Foi enfocado sempre que a atividade seria adequada
às suas limitações e que consistiria de uma atividade
prazerosa e com movimentos fáceis. Outro destaque
nas reuniões foram as oficinas de atividades manuais
nas quais os idosos puderam produzir enfeites natalinos para suas casas. Este tipo de atividade os fez per106
ceber as potencialidades criativas e de trabalho, gerou
satisfação e permitiu trabalhar os movimentos finos
e precisos das mãos e dedos. Tal trabalho possibilitou
a promoção de saúde a partir da inserção de atividade
física e de acordo com relatos dos integrantes do grupo conseguiu contribuir para a melhoria do humor
e auto-estima dos mesmos. É válido ressaltar a importância desta ação, pela mesma ter sido desenvolvida
por uma equipe multidisciplinar em saúde, composta
por uma Enfermeira, uma Dentista e um Agente Comunitário de Saúde, possibilitando diversos olhares
sobre um mesmo tema, o que somado à estratégia de
roda de conversa, potencializou a construção de um
grupo que oferece voz e vez a todos, sem distinções,
criando assim, um espaço dinâmico de cuidado e saber científico e popular.
CONCLUSÃO
Conclui-se que os grupos da terceira idade são
imprescindíveis para promover o envelhecimento
saudável e a inclusão social dos idosos, porquanto
que, os estimulam a desenvolverem atividades que os
reconhecem como seres ativos na sociedade. Para os
acadêmicos esses espaços têm se tornado um cenário
de ensino/aprendizagem. O grupo comunitário voltado para os idosos é uma forma de “escapar” dos
problemas do dia-a-dia, já que alguns membros desabafavam sobre problemas domésticos e da própria
comunidade, problemas como o uso e o tráfico de
drogas. Desta forma, a equipe buscou recuperar, manter e promover autonomia, auto-cuidado e o bem
estar da pessoa idosa. O PET- Saúde proporciona práticas que se fazem importantes para complementar a
formação acadêmica, tornando os futuros profissionais mais aptos para o trabalho, e o fato do grupo de
estudantes serem de cursos distintos, contribuiu nesse processo. Dentre todos os aprendizados, a sensibilidade para o cuidado com o próximo mostra-se como
o desenvolvimento de maior potencial. Com o grupo
de idosos da Unidade de Saúde da Família Timbó II,
o olhar dos estudantes para com a terceira idade mudou; buscou-se compreender os conflitos e dificuldades daquela idade; respeitando e aprendendo lições
da vasta experiência de vida. Não cabe somente à
família zelar pelo bem estar do idoso, é responsabilidade da comunidade, e do Poder Público. Inserido
nessa perspectiva, o trabalho no PET promove saúde
e é um meio de se fazer valer a cidadania. Portanto,
é na Atenção Primária que o idoso deverá encontrar
apoio, para que, através de uma participação comunitária, possa apoderar-se de práticas que aumentem
o controle sobre os determinantes da sua saúde, me-
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da área de Odontologia
lhorando a sua qualidade de vida. Palavras-chave:
saúde do idoso, atenção básica, saúde coletiva.
Implantação da Teleodontologia
no Amazonas
Apresentador: Marcia Gonçalves Costa
Autores: Márcia G. Costa, Cleinaldo A. Costa,
Eliane Aranha, Lioney Cabral, Diego
Regalado, Valber Martins
Instituição: Universidade do Estado do Amazonas
OBJETIVO
Cumprir os objetivos do Organização Mundial da
Saúde (OMS) de combate às iniqüidades de saúde de
indivíduos e da população. A implantação da Teleodontologia/ Telessaúde gradativa nos 62 municipios
do Estado do Amazonas, visa ainda, valorizar a inclusão na Constituiçào de 1988 do reconhecimento da
saúde como um direito de todo cidadão e dever do
Estado, assim como para a criação do Sistema Único
de Saúde (SUS), fundado nos objetivos de solidariedade e universalidade.
METODOLOGIA
A Teleodontologia, sob uma visão mais ampla, não
só se referia a intercâmbios por videoconferências,
mas também incluía trocas mediadas por linhas telefônicas e aparelhos de fax. Na década de 1990, muitas
mudanças ocorreram na velocidade e nos meios de
transferir dados, o que instigou os clínicos e especialistas a validar a Teleodontologia moderna, incitandoa a entrar com sucesso nesta nova era.
Acredita-se que a educação e assistência a distância podem contribuir para a solução do problema
bucal no Brasil. Tem como objetivo desenvolver as
três áreas da odontologia: 1. Cuidado especializado,
através da consultoria, sem deslocamento do especialista e nem do paciente; 2. Educação permanente
mediada por teleconferência (rádio) ou videoconferência (televisão); e 3. Comunicação dentista-laboratório (complicações ou estética).
A Implantação do Teleodontologia em Parintins,
município do Amazonas aconteceu através da participação das coordenadoras da Teleodonto de Universidade de Odontologia de São Paulo (USP) Erika
Serqueira e Dr. Rosangela Chao. e os coordenadores
de Teleodonto Márcia Gonçalves Costa e alunos da
Liga de Teleodonto do Pólo de Telemedicina da Amazônia e de Parintins (Dra. Leandra e ex-aluna Dimice
atuando agora como profissional), em setembro de
2008.
No entanto, a expansão da Teleodontologia e o
interesse por parte dos profissionais da área Odontológica aqui no Amazonas, surge a partir da integração
entre professores do curso de Odontologia da Universidade do Estado do Amazonas e a relevância dada
aos cursos ministrados aos cirurgiões-dentistas e equipe multidisciplinar aos profissionais moradores desses municípios em que a distância geográfica é um
fator limitante, para realização de atendimentos especializados, em janeiro de 2011.
De acordo com a proposta do Projeto Nacional
de Telessaúde, que visa a implementação da Atenção
Básica, e capacitação de profissionais de saúde sobre
temas relevantes a Saude da Família/Saúde Bucal
reuniram-se na Escola Superior de Ciências da saúde,
representantes da Saúde Bucal - SUSAM, Dra Melissa
Kavati e Dr. Cassio e SEMSA, Dr. Sergio Machado,
com a Coordenação do Pólo de Telemedicina, Dr.
Cleinaldo Costa e Coordenadora de Teleodontologia,
cirurgiã-dentista Márcia Costa para primeira reunião
com a finalidade de que no dia 24 janeiro, firmassem
parceria com a Telessaúde para capacitação de profissionais da Odontologia e áreas afins, abordando
temas relevantes promovidos pela Escola Técnica do
SUS – ETSUS., implementando as atividades do Pólo
de Telemedicina da Amazônia, que é desenvolver atividades também na área de Odontologia – chamada
Teleodontologia.
Após março de 2011, criou-se rotina de atendimentos especializados através da disponibilidade do
especialista em Estomatologia Lioney Cabral, promovendo palestras sobre Lesões cancerígenas e criando
rotina de teleconsultas as quintas – feiras.
Na área de orientação a tratamento de pacientes
especiais para equipe multidisciplinar, Profa Eliane
Aranha realiza rotina mensal de palestras, colocando
em prática a teleducação na Odontologia.
Na promoção em Saúde, a coordenação de TELEODONTOGIA atua na teleconsultoria e teleducação
funcionando de forma sistemática para atendimento
as demandas diárias.
RESULTADOS ALCANÇADOS PELA
TELEODONTOLOGIA DO AMAZONAS
• Parceria com Faculdade Federal de Minas gerais
– UFMG – teleducação; 10 videoconferencias
transmitidas para o Amazonas;
• 12 palestras de especialistas em temas nas especialidades de: Dentistica, Cirurgia Buco – Maxilo –
Facial, Oclusão, Saúde Coletiva, e Estomatologia.
• 03 teleconsultas, devido a recente implantação.
• parcerias com diversos projetos tais como: Universidade Cidadã e Jovem doutor, ambos de extensão
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107
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da área de Odontologia
e aprovados no MEC, no Observatório da criança
e adolescentes, qu visam a formação de multiplicadores de saúde.
• participação em 02 duas Semanas UEA de Odontologia da universidade.
• Alcance a 28 cirurgiões-dentistas, 15 auxiliares de
saúde bucal de 26 municípios interessados e participantes nas palestras ministradas por videoconferências. Além de agentes comunitários de saúde, que integram as equipes de saúde da família.
• Reconhecimento no Programa Brasil Sorridente,
em visita do Coordenador Nacional de Saúde bucal ao Pólo de Telemedicina da Amazônia, no dia
14 de junho.
• Divulgação do Teleodontologia e implantação do
Brasil Sorridente Indígena no Amazonas na Reunião de parceria da Telessaúde e o Canadá, sobre
saúde indígena.(16 de junho)
CONCLUSÃO
• propicia enquanto ser humano e social, a formação do cidadão, do profissional e do profissionalcidadão;
• possibilita um diálogo aberto entre Universidade
e as Comunidades ao articular o saber popular e
as práticas sociais das Comunidades como saber
acadêmico e a prática social da vida universitária;
• busca a promoção de ações de caráter multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar, dentro
de um processo de implantação gradativa, que
resulte na integração e envolvimento com reconhecimento recíproco das Comunidades e a Universidade.
Políticas públicas de incentivo à
aproximação ensino-serviço nos
cursos de saúde: a experiência
da Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto-USP
Apresentador: Maria da Gloria Chiarello de Mattos
Autores: Maria da Gloria Chiarello de Mattos,
Marlívia Gonçalves de Carvalho Watanabe,
Janete Cinira Bregagnolo, Marisa
Semprini, Maria do Carmo Gullaci
Guimarães Caccia Bava
Instituição: Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto-USP
INTRODUÇÃO
Diante dos desafios enfrentados recentemente
para a consolidação do Sistema Único de Saúde- SUS
e da Atenção Primária em Saúde-APS (1) como seu
108
eixo estruturante, conformou-se a necessidade de
mudança na educação visando formar profissionais
que, ao desenvolverem ações de atenção em saúde,
considerem a situação clinica individual, o contexto
familiar, sócio-cultural e econômico das pessoas, os
recursos disponíveis no setor saúde e intersetorial,
desenvolvendo o planejamento e as ações nos serviços
de saúde a partir da realidade vivida e em equipe
interdisciplinar. Além disso, entende-se que a rede de
serviços de atenção básica deve se constituir em um
campo de práticas onde os vários cursos de formação
de profissionais de saúde deveriam inserir seus alunos.
Em 2004 a Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto-Universidade de São Paulo (FORP/USP) implantou uma nova estrutura curricular que visava,
entre outras ações, aproximar a formação profissional
da realidade social e dos serviços do SUS. Para tanto,
foram instituídas disciplinas com atividades desenvolvidas junto a unidades de Saúde da Família do Distrito Oeste do município, desde os primeiros anos do
curso, com complexidade e carga horária crescentes,
finalizando com 120 horas de estágio desenvolvido
em 4 semanas consecutivas por estudante no último
ano (2). Tal iniciativa visa, assim, contribuir para o
desenvolvimento da compreensão, por parte do estudante, do SUS, do trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar, do processo saúde-doença
como resultante de determinantes biológicos e sociais, da integralidade da atenção como eixo norteador da atenção em saúde, do processo de gestão dos
serviços e da responsabilização pelo cuidado enquanto profissional de saúde.
Ao participar do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde-Pró-Saúde
(3), lançado em 2005 pelo Ministério da EducaçãoMEC e Ministério da Saúde-MS, a FORP-USP e a Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto-SMSRP foram contempladas com recursos financeiros
que permitiram adequar as unidades de saúde para
que os estudantes pudessem ser incorporados às atividades desenvolvidas pelas equipes. O Programa
tornou-se importante impulsor para o processo de
mudanças curriculares visando a aproximação com
os serviços, pois em muitos locais o grande entrave
tem sido a falta de infra-estrutura nas unidades de
saúde para receber estudantes das diversas áreas, principalmente da Odontologia, a qual necessita de aparatos tecnológicos específicos para o desenvolvimento de parte de suas ações, principalmente
cirúrgico-reabilitadoras.
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da área de Odontologia
Em 2008, a USP-Campus Ribeirão Preto e a SMS-RP
iniciaram sua participação no Programa de Educação
pelo Trabalho para a Saúde- PET-Saúde (4), com um
projeto envolvendo os cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional. A primeira versão do projeto contou com cinco grupos
tutoriais, sendo que em 2010 esse número aumentou
para sete, incluindo, no total, duzentas e cinqüenta e
nove pessoas, entre docentes, profissionais e estudantes, distribuídos em cinco unidades de ensino superior e treze unidades de saúde.
OBJETIVO
Neste contexto, pretende-se descrever e analisar
a experiência proporcionada pelos Programas PróSaúde e PET-Saúde na formação de profissionais pela
FORP-USP.
METODOLOGIA
Para a análise do impacto desses programas na
formação dos estudantes foram utilizados os relatórios de avaliação das referidas disciplinas (2006-2009)
e os relatórios semestrais do PET-Saúde (USP/SMSRibeirão Preto) entre 2010 e 2011.
RESULTADOS
No período de 2006 a 2009, os resultados mostraram que a maioria dos estudantes relatou opiniões
boas ou ótimas em relação às disciplinas desenvolvidas junto aos serviços de saúde: atendimento das expectativas (72,0 a 82,1%), compreensão do trabalho
em equipe (87,4 a 91,9%), carga horária (65,8 a
82,4%), contribuição para a formação profissional
(80,2 a 92,9%), articulação dos conteúdos (68,4 a
81,1%), importância do conteúdo desenvolvido (76,5
a 89,4%) e estratégias didático-pedagógicas (73,8 a
92,4%). Houve dois aspectos em que esses valores
foram menores, porém ainda representando a maioria: bibliografia utilizada (51,3 a 62,3%) e instalações
das unidades de saúde (54,3 a 63,9%). Entre os aspectos positivos apontados, destacam-se a possibilidade
de compreender a Estratégia Saúde da Família
(22,1%) e o trabalho em equipe (14,7%). Quanto aos
aspectos que ainda necessitam ser melhorados, grande parte dos estudantes não fez nenhuma indicação
(50,3%), porém, ainda aparece a necessidade de melhorar a infra-estrutura das unidades de saúde
(14,2%). Observando-se a distribuição no decorrer
dos anos, verifica-se melhora a partir de 2008, quando
foram implementadas as primeiras ações do Pró-Saúde. Em relação às contribuições para a formação,
foram destacadas a interação multiprofissional
(21,4%), a possibilidade de vivenciar outros aspectos
profissionais (18,7%) e experiências que extrapolam
a saúde bucal (18,7%).
Os relatórios do PET-Saúde apontam como reflexo positivo do programa a contribuição na ampliação
da cobertura de ações de promoção de saúde nas
unidades, a educação permanente dos trabalhadores,
a oportunidade de aproximação com a realidade dos
serviços de saúde e atuação multiprofissional dos estudantes, a aproximação ensino-serviço, entre outros.
Foram também apontados aspectos que dificultam o
desenvolvimento do projeto e que merecem esforço
conjunto para seu aprimoramento, como a diferença
no estágio de aproximação com os serviços dos diferentes cursos, a dificuldade de conciliação dos horários de trabalho e aulas para o desenvolvimento de
atividades complementares por parte de trabalhadores e estudantes, grade-horário dos cursos não favorecendo atividades conjuntas, espaços físicos insuficientes em algumas unidades e distância da gestão no
processo de integração ensino-serviço.
CONCLUSÃO
A interação ensino/serviço na formação em
Odontologia é imprescindível, diante da atual conjuntura social, política, educacional e de mercado de
trabalho. Os programas Pró-Saúde e PET-Saúde têm
sido primordiais para viabilizar e motivar o desenvolvimento das atividades de ensino-aprendizagem junto
aos serviços de saúde do curso de Odontologia da
FORP-USP. Tais experiências favoreceram a aproximação, tanto da instituição de ensino como dos estudantes, com os serviços e profissionais de saúde, bem
como com os demais cursos do Campus USP – Ribeirão
Preto, apontando em reflexos importantes na formação de um profissional de saúde melhor preparado
para enfrentar a realidade dos serviços e das demandas de saúde da população. Daí a importância da
continuidade desses programas para que essas ações
se consolidem dentro das instituições de ensino e dos
serviços de saúde.
REFERÊNCIAS bibliográficaS
1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM 699 de 22 de março
de 2006. Aprova e regulamenta o pacto pela saúde. Brasília,
DF, 2006.
2. Watanabe, Marlivia Gonçalves de Carvalho. Mudanças curriculares no curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia
de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Um olhar
para a aproximação com os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde. Ribeirão Preto: USP, 2007. 222 p. Tese (Livredocência) – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Pró-saúde:
programa nacional de reorientação da formação profissional
em saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005. 77 p. (Série
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da área de Odontologia
C. Projetos, Programas e Relatórios)
4. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria
Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008. Institui o
Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET Saúde. Brasília, DF, 2008.
Programa de educação pelo
trabalho para a saúde da
Universidade de São Paulo campus Capital: a experiência da
região do Butantã, São Paulo
Apresentador: Maria Ercilia de Araujo
Autores: Maria Ercilia de Araujo, Simone Rennó
Junqueira, Fátima Corrêa
Instituição: Universidade de São Paulo
INTRODUÇÃO
O modelo biomédico, proposto em 1910 por
Abraham Flexner, de transformar o ensino na área
da saúde em um modelo científico, tem se mostrado
limitado na solução dos problemas de saúde da população, desde o final do século XX. A conceituação
do processo saúde-doença ampliou-se, em razão do
reconhecimento do papel dos determinantes sociais
da saúde (DSS), representando novo desafio para os
formuladores de políticas públicas de saúde.
A vivência nos cenários de prática preconizada nos
novos paradigmas da educação superior possibilita a
associação entre teoria e prática na formação de profissionais. Em sala de aula, os DSS podem ser mais
bem compreendidos após a vivência de estudantes
em territórios vinculados aos serviços de saúde. Assim,
é o serviço, em sua prática concreta, que mostra que
o contexto socioeconômico não é externo ou alheio
à saúde, mas é intrínseco, mediador.
Considerando as necessidades de mudanças da
formação profissional em saúde, foi recentemente
implantado no Brasil, por parte do Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, o
Programa de Reorientação da Formação dos Profissionais de Saúde – PRÓ-SAÚDE.
Desde 2006, a Escola de Enfermagem, Faculdades
de Medicina e Odontologia da Universidade de São
Paulo (USP) conduzem a reorientação curricular,
apoiadas pelo PRÓ-SAÚDE. Esse programa tem estimulado discussões para que a reestruturação curricular considere o contexto do trabalho como importante definidor do processo de formação; os cenários de
prática como loci privilegiados para a geração de questões norteadoras da aprendizagem e a formação em
saúde norteada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
110
Entretanto, a desejada aproximação com os serviços de saúde necessitava de uma maior articulação,
para que não fosse uma via de mão única. Uma forma
de incentivar a inserção de instituições de ensino nas
Unidades de Saúde (US) foi a criação, pelos Ministérios da Saúde e da Educação, do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde). Este
programa é destinado a viabilizar o aperfeiçoamento
dos profissionais no serviço e a iniciação de estudantes ao trabalho favorecendo o ensino interdisciplinar.
A articulação entre novos conceitos e práticas de
saúde tem sido um dos elementos propulsores da mudança pretendida na formação superior e nos modelos assistenciais. No âmbito do ensino, o Programa de
Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde),
dos Ministérios da Saúde e da Educação, dirigido aos
estudantes dos cursos de graduação e preceptores dos
serviços públicos, tutoriados por docentes, tem como
pressuposto a educação pela vivência no ambiente de
trabalho e caracteriza-se como instrumento para o
fortalecimento da atenção básica.
Assim, aquelas mesmas Unidades participantes do
PRÓ-SAÚDE, por meio dos Cursos de Enfermagem,
Medicina, Odontologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, participam do PET-Saúde
2009-2010, com suas respectivas disciplinas vinculadas à Atenção Primária em Saúde. Os objetivos dessa
proposta são: 1) aprimorar a participação dos alunos
de graduação no ensino de campo das disciplinas de
Atenção Primária em Saúde e a aproximação com os
profissionais da rede por meio de um projeto comum;
2) fortalecer o processo de reconhecimento das necessidades de saúde da população adstrita das Unidades de Saúde; 3) vivência em atividades acadêmicas
que fortalecem a compreensão do trabalho em equipe, da atuação generalista e das ações de promoção
à saúde como eixos da Estratégia Saúde da Família;
4) realizar um inquérito domiciliar sobre necessidades de saúde das famílias do território das US.
Este trabalho descreve as experiências vivenciadas
pelos integrantes do PET-Saúde USP Capital, enquanto estratégia de integração ensino-serviço, a fim de
registrar e divulgar o trabalho articulado e, por isso,
desafiador, em que diferentes áreas de formação da
saúde se articularam para a concretização de um projeto comum, em consonância com o SUS.
OBJETIVO
A partir de projeto comum pretendeu-se aprimorar a participação de alunos no ensino de campo da
saúde coletiva, fortalecer o processo de reconhecimento de necessidades de saúde da população adstri-
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da área de Odontologia
ta às UBS e promover a criação de tecnologias interdisciplinares de atenção.
METODOLOGIA
Pesquisa qualitativa com análise etnográfica sobre
os dois anos de participação do grupo no Programa.
Os instrumentos de produção de informação foram
a análise documental e a observação participante, a
partir dos diários de campo. O PET Saúde/USP-Capital se desenvolveu pela parceria entre Universidade
e Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo.
Resultados e discussão
No período 2009-2010 congregou seis áreas profissionais da saúde em quatro Unidades Básicas de
Saúde (UBS) com Estratégia de Saúde da Família. No
biênio seguinte, foram dez categorias profissionais
em mais duas UBS. Ao todo, já participaram 342 pessoas, sendo 216 alunos dos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, odontologia, nutrição, educação física,
farmácia e psicologia. Em 2009-2010, participaram do
Programa, 96 estudantes bolsistas (medicina, odontologia, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia e
terapia ocupacional), 48 preceptores das UBS e 8
tutores. Em 2010-2011 foram 120 alunos, 60 preceptores, 10 tutores e 1 coordenador. As atividades realizadas foram: reconhecimento do território de abrangência das UBS, seminários de alinhamento
conceitual (estudantes, preceptores e tutores); estudo de necessidades de saúde da população por meio
de inquérito domiciliar e debates para ampliação e
criação de tecnologias interdisciplinares de atenção.
Além disso, foram realizados dois Seminários de
alinhamento conceitual com os temas: “Territorialização e Saúde” e “Desafios da Atenção Básica no SUS
e Necessidades em Saúde”. Reuniões técnicas em cada
US permitiram que os alunos freqüentassem todos os
serviços da US, acompanhassem o fluxo dos usuários
e organizassem ações pontuais e específicas de educação em saúde, de acordo com a demanda da US. A
avaliação pelos graduandos indicou a valorização do
trabalho em equipe, ao atuarem em conjunto com
alunos e preceptores de formação profissional distintas. O inquérito domiciliar possuía informações sobre
o modo de vida e trabalho, indicadores de saúde (alimentação, morbidade, deficiência, medicação) e uso
dos serviços de saúde. Foram entrevistadas 1.455 famílias, num total de 5.545 indivíduos. Foi possível
caracterizar as formas de trabalhar e de viver dessas
pessoas, seu ambiente domiciliar e entorno, recursos
de saúde acionados, hábitos e atividades que realizam,
problemas de saúde e de funcionalidade que enfren-
tam. Essas informações têm um potencial de transformação da realidade epidemiológica no território e
servirão para o planejamento de ações interdisciplinares de atenção primária em saúde.
O desafio de integrar alunos de distintos cursos
de graduação aos serviços de saúde, formando ‘equipes PET multiprofissionais’ não foi pequeno. As dificuldades encontradas relacionaram-se à falta de recursos (material de apoio, impressão de formulário),
localização dos serviços (deslocamento dos alunos
para as US distantes da sua unidade de ensino) e acadêmicas (horários incompatíveis entre estudantes e
deles com a equipe das US).
A partir de projeto comum e de seminários de
alinhamento conceitual, pretendeu-se aprimorar a
participação interdisciplinar de alunos no ensino de
campo da saúde coletiva, fortalecer o processo de
reconhecimento de necessidades de saúde da população adstrita às UBS e promover a criação de tecnologias interdisciplinares de atenção. Universidade e
serviços de saúde articularam-se de maneira objetiva
e construtiva, o que fortaleceu as experiências de educação permanente na região onde o projeto foi desenvolvido. O aprofundamento da integração com os
serviços facilitou acolher as demandas de qualificação
da Atenção Básica e aumentou a interlocução entre
profissionais da rede e da Universidade, assim como
tornou o ensino mais articulado à realidade assistencial do Sistema Único de Saúde em nível regional. A
riqueza do debate sobre necessidades de saúde tem
articulado ensino e assistência com importante protagonismo de preceptores e sensibilizado futuros profissionais para o trabalho na atenção básica em saúde.
Universidade e serviços de saúde articularam-se
de maneira objetiva e construtiva, o que fortaleceu as
experiências de educação permanente na região
onde o projeto foi desenvolvido. O aprofundamento
da integração com os serviços facilitou acolher as demandas de qualificação da Atenção Básica e aumentou a interlocução entre profissionais da rede e da
Universidade, assim como tornou o ensino mais articulado à realidade assistencial do Sistema Único de
Saúde em nível regional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência favoreceu o ensino interdisciplinar
em saúde, ao possibilitar aos estudantes o exercício
da participação em estudos da realidade de vida, trabalho e saúde de usuários dos serviços e em propostas
assistenciais compartilhadas, o que cria condições favoráveis para maior qualificação da atenção em saúde
prestada tanto nesses serviços, que são campos de
Revista da ABENO • 11(1):81-132
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
práticas para o projeto, como naqueles onde esses
futuros profissionais vierem a se inserir. As limitações
encontradas tornaram-se temas para elaboração de
estratégias e/ou oportunidades para compreender a
prática profissional e a necessidade da reformulação
acadêmica da formação em saúde.
No âmbito do ensino, o Programa de Educação
pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) contribui
para formação do futuro trabalhador e para o fortalecimento da atenção básica. O PET Saúde/USPCapital se desenvolveu pela parceria entre Universidade e Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo,
em Unidades Básicas de Saúde (UBS) com Estratégia
de Saúde da Família. Este trabalho pretende analisar
a participação no Programa. Trata-se de pesquisaação, que visa conhecer e intervir na realidade sobre
a qual se pesquisa; com análise documental das atividades realizadas (reconhecimento do território, seminários de alinhamento conceitual; estudo de necessidades de saúde da população por meio de
inquérito domiciliar e debates para a criação de tecnologias interdisciplinares de atenção). Em 20092010 foram 96 estudantes (medicina, odontologia,
enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia
ocupacional), 48 preceptores das UBS e 8 tutores. Em
2010-2011 foram 120 alunos (agregaram-se alunos da
farmácia, educação física, nutrição e psicologia), 60
preceptores, 10 tutores e 1 coordenador. Foi possível
caracterizar as formas de trabalhar e de viver de quase 2.000 famílias, recursos de saúde acionados, hábitos e atividades que realizam, problemas de saúde e
de funcionalidade que enfrentam. Universidade e
serviços de saúde articularam-se de maneira objetiva
e construtiva, o que fortaleceu as experiências de educação permanente, assim como tornou o ensino mais
articulado à realidade assistencial do Sistema Único
de Saúde. A riqueza do debate tem articulado ensino
e assistência com importante protagonismo de preceptores e sensibilizado estudantes para o trabalho
na atenção básica em saúde.
Descritores
Educação superior. Processo Saúde-Doença. Atenção Primária à Saúde.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Buss, P. M.; Pellegrini Filho, A. (2007). A saúde e seus determinantes sociais. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 17(1), 7793.
2. Hellmann, D. B. (2010). Flexner at 100: the pyramid, a new
organizational metaphor for academic medical centers. American Journal of Medicine, 123(7), 571-572.
3. Paim, J. S. (1993). Marco de referência para um programa de
112
educação continuada em Saúde Coletiva. Revista Brasileira de
Educação Médica, 17, 1-44
Experiencia de consolidação do
PET Saúde da Família na UABSF
Parque Atheneu – Goiânia-GO
Apresentador: Maria Goretti Queiroz
Autores: Maria Goretti Queiroz, Cinthia Brito
de Souza, Marinalva Pereira Carvalho,
Newillames Gonçalves Nery, Renata
Caixeta, Patrícia Rogana Gonçalves,
Regiane Christine da Silva
Instituição: Faculdade de Odontologia – UFG
INTRODUÇÃO
O Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde na Estratégia Saúde da Família (PET Saúde/
SF) destina-se a fomentar grupos de aprendizagem
tutorial na Estratégia Saúde da Família (ESF) (BRASIL, 2010). Foi criado a partir da necessidade de estimular o processo de integração ensino-serviço-comunidade e a capacitação pedagógica, onde
profissionais que desempenham atividades no âmbito
da Atenção Básica em Saúde possam orientar estudantes de graduação, no serviço público de saúde. O
PET Saúde/SF foi instituído, através de portaria conjunta - Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS), Secretaria de Atenção à
Saúde (SAS/MS) e Secretaria de Educação Superior
(SES/MEC) e tem como pressuposto a educação pelo
trabalho, objetivando qualificar, em serviço, os profissionais de saúde, bem como a propiciar a iniciação
ao trabalho e vivências aos acadêmicos dos cursos de
graduação na área da saúde, de acordo com as demandas do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL,
2010).
Atendendo ao Edital n° 18, de 16 de setembro de
2009 a Universidade Federal de Goiás (UFG) em conjunto com Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia
(SMS) elaborou projeto coletivo que foi aprovado em
janeiro de 2010. Esse projeto tem como objetivo promover a articulação ensino-serviço-comunidade e
ensino-pesquisa-extensão no âmbito da Estratégia da
Saúde da Família, da SMS-Goiânia, mediante o trabalho multi e interdisciplinar entre os cursos da área da
saúde da UFG e trabalhadores do SUS para a (re)
orientação da atenção básica. Esse projeto está sendo
desenvolvido desde 2010, com término previsto para
2012. Tem como eixo norteador as atividades de ensino, pesquisa, extensão, de educação permanente e
a reorientação do modelo de atenção à saúde confor-
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da área de Odontologia
me demandas identificadas em oficinas locais realizadas com as equipes de saúde da família dos Distritos
Sanitários Norte, Leste e Campinas Centro. As unidades de saúde da SMS onde estão sendo realizado o
projeto são a UABSF da Vila Pedroso, Santo Hilário,
Recanto das Minas Gerais, Parque Atheneu, Leste
Universitário, São Judas Tadeu, Guanabara I e III.
OBJETIVOS
Este trabalho objetiva relatar a inserção das atividades do PET Saúde/SF da UFG SMS na Unidade de
Atenção Básica à Saúde da Família (UABSF) Parque
Atheneu, nos anos de 2010 e 2011.
MATERIAIS E MÉTODO
O relato de experiência será feito a partir da percepção dos integrantes do grupo. Análise dos documentos oficiais e das memórias das atividades elaboradas pelos bolsistas e preceptores do PET.
RESULTADOS
O Grupo Tutorial PET Saúde/SF Parque Atheneu
é composto por doze acadêmicos oriundos dos cursos
de educação física, enfermagem, farmácia, medicina,
nutrição e odontologia da Universidade Federal de
Goiás (UFG) bem como uma tutora da Faculdade de
Odontologia/UFG, e seis preceptores - profissionais
de saúde da UABSF Parque Atheneu (unidade 201),
atuando em equipe multiprofissional.
A inserção do grupo PET Saúde/SF na referida
unidade de saúde, ocorreu através de capacitação do
grupo abordando temáticas como: PET Saúde/SF,
SUS/ESF, bem como a dinâmica de funcionamento
da unidade de saúde e o bairro em questão, constituindo um processo formativo para os acadêmicos
participantes.
Posteriormente, o grupo se reuniu para definir
estratégias de apresentação do grupo PET Saúde/SF
aos servidores, usuários e comunidade. Inicialmente
foi proposta a construção do mural PET Saúde/SF
destinado a divulgação das ações realizadas na unidade e dos resultados obtidos, assim como a troca de
informações entre os integrantes do grupo tutorial.
Foi realizada uma oficina de integração com o grupo
e com os servidores da unidade de saúde. Nessa oficina foram identificados as necessidades e os problemas enfrentados pela população. Por meio da oficina
foi possível identificar os problemas eram percebidos
pelos diferentes profissionais da unidade, demonstrando haver uma sintonia na percepção dos mesmos
sem, no entanto, haver comunicação entre os profissionais que ali atuavam. O fato dos problemas da região ser tratados isoladamente por diferentes equipes
de trabalho estabelecia dificuldades que impediam e
retardavam o desenvolvimento de ações conjuntas
que determinariam melhorias significativas no ambiente de trabalho e na qualidade do atendimento
prestado à população. A valorização dos profissionais
de saúde e o estabelecimento de vínculos entre as
diferentes equipes demonstravam que a integração
entre o ensino e serviço seria um desafio, mas que
poderia e merecia ser superado.
Visando identificar os problemas do bairro e as
necessidades de saúde da área de abrangência foi
elaborado um questionário, contendo perguntas
abertas, aplicado na forma de entrevistas individual
e coletiva. Foram realizadas 74 entrevistas individualmente e 14 coletivas totalizando a participação aproximada de 130 pessoas. As respostas obtidas junto com
as prioridades elencadas na oficina de integração serviram para elaborar a programação das atividades
promocionais que estão sendo executadas pelo grupo
Pet- Saúde Parque Atheneu.
Dessa oficina foram priorizados os equipamentos
sociais onde seriam desenvolvidas as atividades de
promoção da saúde no bairro. Foi criado grupo de
gestante e elaborado um cronograma de educação
continuada com os Agentes Comunitários de Saúde
(ACS). Para essa atividade os ACS identificaram os
temas que deveriam ser abordados nesses encontros.
Outra atividade que auxiliou estabelecer vínculo entre os participantes do grupo PET e desses com os
usuários e os trabalhadores da unidade de saúde foi
a Sala de Espera. Na sala de espera da unidade era
exposto um tema sobre cuidados com a saúde, que se
repetia durante toda a semana, nos períodos matutino e vespertino. Cada tema era preparado por um
bolsista que também era responsável por confeccionar material educativo e o mural.
Outra forma de inserção do grupo PET Saúde/SF
na comunidade local foi por meio de visitas domiciliares. Estas servem como um importante instrumento de educação em saúde e contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos. A assistência
prestada aos moradores durante as visitas promove
mudanças de comportamento, essenciais à promoção
da saúde.
Semestralmente é realizada uma reunião onde são
apresentadas as atividades desenvolvidas pelos integrantes do PET e onde se estabelece as novas prioridades. Nessas reuniões participam todos os profissionais dessa unidade, diretoria técnica e administrativa
da unidade e do Distrito sanitário Leste, além de representantes da Coordenação da Estratégia Saúde da
Família – SMS.
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da área de Odontologia
CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
A partir dos resultados preliminares, o grupo conclui que a experiência pode contribuir positivamente
para uma atuação profissional pautada nas reais necessidades dos usuários do SUS. A atenção à saúde
construída por meio da comunidade, universidade e
o serviço é a forma que mais valoriza a atenção básica
no modelo proposto e corresponde ao marco inicial
junto ao processo de reorientação da formação profissional na área da saúde.
Após um ano de atuação pode-se perceber uma
maior autonomia tanto dos bolsistas, quanto dos preceptores na construção das atividades propostas e na
busca de soluções dos problemas encontrados.
Um desafio que ainda permanece para o grupo
tutorial é a mobilização da comunidade para participar do planejamento das ações.
Em todas as áreas da saúde, um dos desafios a ser
enfrentado é realizar mudanças na formação. Diversas são as perspectivas e iniciativas de mudanças na
formação dos profissionais da saúde, tanto na graduação, quanto na pós-graduação e educação permanente, as quais incluem a reflexão e transformação
da interface ensino, trabalho e realidade do Sistema
Único de Saúde (SUS). Com as propostas de mudança na formação dos profissionais de Saúde, orientadas
pelas Leis Diretrizes e Bases da Educação, Diretrizes
Curriculares e estimuladas pelo Ministério da Saúde
por meio do Programa de Reorientação da Formação
Profissional em Saúde (Pró-Saúde), pretende-se chegar à formação de profissionais críticos, capazes de
aprender a aprender, de trabalhar em equipe, de levar
em conta a realidade social para realizar uma atenção
humanizada e de boa qualidade. Mudanças na universidade também são necessárias para que a instituição esteja aberta às demandas sociais e seja capaz de
produzir conhecimento relevante e útil para a construção do sistema de saúde. Como a formação de
profissionais de saúde está ligada à produção dos cuidados e serviços em saúde, pretende-se, também,
transformar o modelo de atenção, fortalecer a promoção e a prevenção, oferecer atenção integral e
estimular a autonomia dos sujeitos na produção da
saúde (Feuerwerker, 2005).
Assim, refletindo sobre as relações entre o ensino,
serviços de saúde e comunidade nasceu a Mostra Parceria Ensino–Serviço–Comunidade (MOPESCO),
promovida pela Universidade Federal de Goiás,
(UFG). As Faculdades de Enfermagem, Medicina,
Odontologia, Nutrição e posteriormente a de Farmácia da UFG estabeleceram uma agenda de trabalho
orientada à formação para o SUS por meio da abertura de espaços para inovações, debates e reflexão.
Foram identificadas algumas estratégias a serem desenvolvidas com a finalidade de ampliação e fortalecimento desta parceria. Neste contexto está inserida
a Mostra da Parceria Ensino-Serviço-Comunidade /
UFG (MOPESCO) que tem como objetivo identificar
e divulgar as ações de parceria ensino-serviço-comunidade junto a docentes, gestores, trabalhadores, estudantes, comunidade e representantes dos movimentos sociais, atendendo aos princípios do
Pró-Saúde, visando fortalecer os esforços para a reorientação da formação em saúde.
A MOPESCO é uma ação de extensão dos cursos
participantes do Pró-Saúde I e II da UFG constituindo
um espaço de troca entre o ensino, o serviço e a co-
Descritores
Multiprofissional. Acadêmicos. Participação Comunitária. Política de Saúde.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho
e da Educação na Saúde. Portaria Conjunta No- 2, de 3 De
Março De 2010. Brasília, 2010. Disponível em: < http://portal.
saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/edital_7_marco_
de_2010.pdf > . Acesso em: 27 ago 2010.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria
Interministerial no- 1.802, Diário Oficial da União. Seção 1,
nº. 165, quarta-feira, 27 de agosto de 2008. Brasília, 2008. Disponível em: < http://www.prosaude.org/leg/pet-saudeago2008/1-portariaINTERMINISTERIAL-1.802-26agosto2008-PET- Saúde. Pdf > . Acesso em: 27 agosto 2010.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria
conjunta nº. 3, de 30 de janeiro de 2009. Disponível
em: < http://www.prosaude.org/leg/pet-saude-jan2009/selecionados_PET_saude_2009.pdf > .
4. Brasil. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. PET Saúde: Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde. Brasília, 2009.
Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/saude/
profissional/area.cfm?id_area= 1597 > .
Parceria Ensino Serviço
Comunidade: um caminho com
diferentes olhares
Apresentador: Maria Goretti Queiroz
Autores: Maria Goretti Queiroz, Tatiana Oliveira
Novais, Maria de Fátima Nunes, Jacqueline
Rodrigues Lima, Veruska Prado Alexandre,
Lucilene Maria Sousa, Vânia Cristina
Marcelo, Simone Caetano
Instituição: Faculdade de Odontologia – UFG
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da área de Odontologia
munidade para mostrar as práticas em saúde realizadas no serviço com o protagonismo dos alunos e da
comunidade. Ela é anualmente planejada pela Comissão Gestora Local (CGL) e a sua coordenação é
assumida por um dos cursos participantes, com o
apoio dos demais.
Os objetivos da MOPESCO são: divulgar e partilhar as ações da parceria ensino-serviço-comunidade,
buscando fortalecer a reorientação da formação em
saúde e da educação permanente; criar espaços de
diálogo para planejamento, acompanhamento e avaliação das ações desenvolvidas; oportunizar a identificação de espaços nos âmbitos gestão, atenção, educação, organização e controle social no SUS; resgatar
os conhecimentos desenvolvidos a partir das práticas
dos movimentos sociais e comunidade conjugando
com o saber científico e a prática da atenção à saúde
dos serviços; desencadear ações de educação permanente para favorecer a implementação das mudanças
curriculares e melhoria das práticas da atenção à saúde no SUS, com ações de ensino-pesquisa-extensão;
favorecer a convivência multiprofissional e intersetorial.
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho é apresentar a MOPESCO como estratégia pedagógica de integração entre
o ensino, serviço e comunidade, por meio de um vídeo que apresenta a IV MOPESCO realizada em novembro de 2010.
MÉTODOS
Essa experiência exitosa será relatada na perspectiva de algumas de suas organizadoras, abordando a
integração, diálogo e aproximação entre o ensino,
serviço e comunidade. Para a construção do presente
texto utilizou-se de análise documental dos Anais deste evento, que estão disponíveis no sítio www.odonto.
ufg.br/mopesco, além dos relatórios técnicos do Prósaúde da Faculdade de Odontologia.
RESULTADOS
Desde a organização desta Mostra há a preocupação pedagógica do envolvimento da comunidade,
estudantes e professores das diversas unidades acadêmicas da área da saúde, trabalhadores de saúde, participantes da Comissão de Integração Ensino Serviço,
gestores das secretarias de saúde do Estado de Goiás
e do Município de Goiânia. Ela acontece ao final do
segundo semestre letivo. É um espaço onde é possível
o diálogo entre o trabalho e a educação e são apresentadas experiências desenvolvidos junto aos serviços e comunidade, não apenas da UFG, mas de todas
as pessoas sensibilizadas para a melhoria do SUS.
A MOPESCO tem como desafio a mobilização da
comunidade para trazê-la para dentro da Universidade e dos serviços de saúde de forma participativa e
protagonista nas discussões sobre a formação, serviços de saúde, gestão e atenção à saúde. Entendendo
que essas discussões devem ser necessariamente permeadas pela cultura, educação e política.
Destaca-se ainda a consolidação da Mostra como
espaço para a articulação de saberes, para a educação
popular e potencializadora da re-orientação da formação e da atenção à saúde.
A I MOPESCO foi realizada nos dias 29,30 de novembro e 01 de dezembro de 2007 e representou um
marco na consolidação da parceria entre as faculdades envolvidas com o Pró-Saúde e demais parceiros
internos e externos à UFG. O evento contou com uma
programação intensa, com: rodas de conversa, painéis, pôsteres dialogados e comunicações coordenadas. E com atividades complementares, dentre elas:
Cinema, Tenda Paulo Freire e a Trilha da vida entre
outras. A I MOPESCA teve 900 inscrições, 80 trabalhos inscritos e 73aprovados. Destes trabalhos, 49 foram apresentados como pôsteres dialogados e 24
comunicações coordenadas.
A II MOPESCO foi realizada nos dias 17 e 18 de
novembro de 2008 com o mesmo formato da I Mostra.
Neste evento participaram 800 inscritos. Foram inscritos 137 trabalhos e 105 aprovados, sendo 71 pôsteres dialogados e 34 comunicações coordenadas.
Entre os dias 23 a 25 de novembro de 2009 foi
realizada a III MOPESCO com o tema SUS a nossa
casa! Simultaneamente aconteceram a Tenda Paulo
Freire, a Exposição de trabalhos do Programa de Educação pelo trabalho para a Saúde UFG/SMS, Mesa de
debate; urgência odontológica no SUS e a I PAVESCO
– Mostra da produção áudio-visual do ensino-serviço
e comunidade.
Já na IV MOPESCO, destacam-se: a Mostra Fotográfica “SUS: Diferentes olhares”; Oficinas; Painéis;
II PAVESCO – Produção Audiovisual da Parceria
Ensino-Serviço-Comunidade; Rodas de conversa; Trabalhos Dialogados. As Modalidades de trabalhos são:
Relato de experiência, Pesquisa, Produção Audiovisual (PAVESCO), Produção Literária, Produção Musical, Produção Teatral, Produção de Material Educativo, Produção Fotográfica). Na IV MOPESCO, em
2010, contou com mais 1.100 inscrições, a grande
maioria de Goiânia e de cidades do interior e inscrições de outros estados, como Pará, São Paulo, Mato
Grosso, Alagoas, Bahia, Tocantins e Distrito Federal.
Neste ano (2011) a MOPESCO está na sua quinta
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da área de Odontologia
edição, com o tema: “O SUS que fazemos, o SUS que
queremos”.
O formato no qual a MOPESCO é construída permite o diálogo entre os diferentes participantes a
partir de suas experiências. As oficinas são voltadas
para a disseminação e ampliação do debate sobre o
tema proposto. Os temas são escolhidos a partir da
consulta entre os vários parceiros da Mostra. Os painéis permitem o dialogo a respeito de um tema a
partir de pontos de vista particulares ou experiências
de modo a explorar variados aspectos. Nas rodas de
conversa se reúnem os convidados do ensino, serviço
e comunidade que provocam e coordenam o debate
com os participantes da roda. Os trabalhos selecionados são reunidos por temas e distribuídos em rodas
de diálogo, onde todos são apresentados e debatidos
pelos próprios participantes.
CONCLUSÃO
Esta Mostra se constitui como lugar privilegiado
onde é aguçada a percepção dos participantes acerca
do cotidiano do cuidado e do ensino, e estes têm
contato com experiências do próprio serviço e de
outras unidades de ensino. Nesta Mostra se estimula
a produção coletiva de conhecimento, estimulando
o trabalho em equipe. Há a construção de espaços de
cidadania, aonde profissionais do serviço e docentes,
usuários e o próprio estudante vão estabelecendo seus
papéis sociais na confluência de seus saberes e práticas, modos de ser, fazer e de ver o mundo.
O desafio da MOPESCO é conservar o seu formato, pois não é mais um evento científico, mas um espaço de troca e construção de saberes alternativo e
com identidade própria.
Descritores
Acordos de cooperação para a formação. Educação continuada. Formação de recursos humanos em
saúde.
REFÊRENCIAS bibliográficas
1. Feuerwerker, L. Modelos tecnoassistenciais, gestão e organização do trabalho em saúde: nada é indiferente no processo de
luta para a consolidação do SUS. Interface -Comunic., Saúde.
Educ., Local, v. 9, n. 18, p. 489-506, 2005. Disponível
em: < http://www.scielo.br/pdf/icse/v9n18/a03v9n18.pdf > .
Acesso em: 28 jan. 2007.
Educação em saúde –
estratégia de cuidado integral e
multiprofissional para gestantes
Apresentador: Maria Luiza Alves Araújo
Autores: Maria Luiza Alves Araújo, Ariany Paula
Medeiros, Sara Zuculin, Evelin Gonçalves
Souza, Paula Ferreira Barros, Talita
Boaventura, Patricia Helena Costa
Mendes, Ana Paula Ferreira Maciel,
Mariano Fagundes Neto
Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros
O
Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde (PET-Saúde) objetiva iniciar os estudantes das graduações em saúde no trabalho da Estratégia
Saúde da Família, oportunizando a vivência das ações
desenvolvidas na atenção básica à saúde. Dentre estas
atividades, destaca-se a educação em saúde que integra o saber científico com o popular. Um dos grupos
prioritários que deve ser alvo da atividade de educação em saúde na Estratégia Saúde da Família é o grupo de gestantes, por se tratar de um período em que
a mulher está mais susceptível a receber informações
e modificar o comportamento. O objetivo deste trabalho é expor uma experiência de cuidado integral
e multiprofissional, utilizando-se a educação em saúde como ferramenta para a adoção de novos hábitos
em saúde por parte de um grupo de gestantes assistidas por uma equipe da Estratégia Saúde da Família.
O projeto foi realizado no mês de janeiro de 2011 na
Equipe de Saúde da Família Independência III, localizado no município de Montes Claros/MG, tendo
como agentes facilitadores os acadêmicos da área da
saúde da Universidade Estadual de Montes Claros,
participantes do PET-Saúde, bem como os profissionais de saúde, que integram a equipe, sendo também
preceptores do programa. O curso foi estruturado em
sete oficinas, abordando temas chaves para as gestantes. Esse projeto foi de grande importância tanto para
as gestantes, que avaliaram de forma positiva a atividade, quanto para os acadêmicos, que puderam adquirir conhecimentos de forma crítica e multidisciplinar.
2. Brasil. Pró-Saúde. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde. Portaria Interministerial Nº
2.101, de 3 de Novembro de 2005. Institui o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – PróSaúde - para os cursos de graduação em Medicina, Enfermagem e Odontologia. Disponível em: < http://abennacional.
org.br/direducacao/portarias/portariaprosaude21010.
pdf > . Acesso em: 26 maio 2007.
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da área de Odontologia
Saúde do trabalhador: uma
experiência de educação em
saúde vivenciada pelo PET-Saúde
Independência III - Montes
Claros/MG
PET Saúde/Vigilância em saúde a análise do perfil da dengue
do município de Londrina como
eixo estruturante do processo de
formação
Apresentador: Maria Luiza Alves Araújo
Autores: Ana Cecília Versiani Duarte Pinto, Iram
Alkmim Cerqueira, Felipe Ribeiro Néri,
Marisa Carvalho Martins, Patrícia Helena
Costa Mendes, Ana Paula Ferreira Maciel,
Mariano Fagundes Neto
Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros
Apresentador: Mariana Gabriel
Autores: Maria Luiza Hiromi Iwakura Kasai, Maria
Angelina Zequim Neves, Leia Pereira,
Thiago Henrique Martins, Mayra Frasson
Paiva, José Maria Balbo, Raquel Carvalho
de Sousa, Larissa Fernandes Leite, Rafael
Algusto Rafaelli, Josiane Cristina Morelli,
Laíssa Yumi Saita, Mariana Gabriel
Instituição: Universidade Estadual de Londrina
A
tualmente, o Ministério da Saúde desenvolve políticas públicas e incentiva ações em saúde voltadas para grupos vulneráveis, dentre estes o gênero
masculino e os trabalhadores. Tais grupos procuram
pouco as unidades de atenção primária à saúde ficando mais predispostos a agravos de doenças possivelmente evitáveis. Nesse sentido, uma importante ferramenta utilizada na estratégia saúde da família é a
educação em saúde, uma vez que a compreensão dos
condicionantes do processo saúde-doença oferece
subsídios para a adoção de hábitos saudáveis. O presente trabalho tem por objetivo descrever, através de
um relato de experiência, uma atividade de educação
em saúde, relacionada às Doenças Sexualmente Transmissíveis, voltada para um grupo de homens trabalhadores de uma empresa de construção civil. A ação foi
realizada por acadêmicos e preceptores do PET-Saúde
da Estratégia Saúde da Família Independência III do
município de Montes Claros/MG. A atividade de educação em saúde foi avaliada satisfatoriamente tanto
pelos trabalhadores, que destacaram positivamente o
fato de a ação ter sido desenvolvida em ambiente de
trabalho, como pelos acadêmicos, que tiveram a oportunidade de vivenciar o trabalho em equipe e intersetorial. Pode-se concluir que a atenção à saúde do trabalhador é uma importante estratégia para atingir a
população masculina em idade produtiva, prevenindo
doenças e melhorando a qualidade de vida. Além disso, iniciativas como o PET-Saúde estão em consonância com a integralidade da assistência proposta pelo
SUS, através de ações multidisciplinares que buscam
a efetividade da atenção primária.
INTRODUÇÃO
O Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde – PET Saúde/ Vigilância em Saúde (PET Saúde/VS) tem como pressuposto a educação pelo trabalho e é destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da Vigilância em Saúde
caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como
de iniciação ao trabalho e vivências direcionadas aos
estudantes dos cursos de graduação na área da saúde,
de acordo com as necessidades do SUS, tendo em
perspectiva a inserção das necessidades dos serviços
como fonte de produção de conhecimento e pesquisa nas instituições de ensino.
Em 2009, a Universidade Estadual de Londrina
participou do programa PET Saúde com 300 acadêmicos dos cinco cursos da área da saúde do Centro
de Ciências da Saúde (Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina e Odontologia). Em continuidade
ao trabalho desenvolvido e certos de que experiências
podem contribuir para aprendizagens plurais, extrapolando o limite instrumental/técnico/científico
característico dos currículos tradicionais dos Cursos
da área da Saúde, o projeto PET Saúde/VS visou estreitar a relação entre a academia e os serviços de vigilância em Saúde por meio da participação dos acadêmicos dos cinco cursos junto às ações de
COMBATE A DENGUE do município de Londrina.
Em 2010 a Universidade Estadual de Londrina em
parceria com a Secretaria Municipal de Saúde teve
aprovado projeto que objetivava aproximar os estudantes dos 5 cursos da área da Saúde da Universidade
Estadual de Londrina com a temática Dengue.
A opção dos participantes do PET Saúde/VS foi
desenvolver os projetos de pesquisa e ensino no tema
DENGUE justificando-se pela necessidade de refor-
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da área de Odontologia
çar o enfrentamento de possível epidemia de dengue,
reduzir o número de pessoas infectadas e doentes,
consequentemente a diminuição dos casos graves e
até mesmo de óbitos, através do desencadeamento de
ações efetivas desenvolvidas pelos diversos setores da
Rede Municipal de Saúde e da Sociedade Civil Organizada e, desta forma, atendendo à recomendação da
Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde
(Brasil, 2009).
Das doenças re-emergentes a de maior importância é a Dengue. Até 1967, a doença era considerada
erradicada pela ausência do Aedes aegypti no país. A
presença do Aedes aegypti foi registrada no município em 1986 e os primeiros casos da doença foram
registrados em 1994. Desde então, ocorreram episódios epidêmicos da doença, inclusive com casos fatais.
Considerando este panorama, as ações do PET Saúde/VS serão extremamente importantes para consolidar a qualificação da formação profissional e inserilos de forma decisiva nas Políticas Nacionais de
Vigilância em Saúde e redução da dengue e outras
endemias.
OBJETIVO
Consolidar a formação dos estudantes dos cursos
de Odontologia, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia
e Medicina com a diversificação/otimização dos espaços para a discussão/vivência interdisciplinar e
transdisciplinar, para a análise da situação de saúde
na lógica da Vigilância em Saúde, bem como estimular a pesquisa, fortalecer a produção científica, sistematizando e publicando os resultados aferidos.
MATERIAIS E MÉTODO
Após a apropriação do conhecimento teórico,
através de estudos embasados por pesquisa bibliográfica, leituras, discussão de casos e momentos de discussão em encontros semanais, no primeiro ano as
atividades foram desenvolvidas em etapas e, como
primeira ação, o reconhecimento do território, através da Territorialização, que permite conhecer de
modo mais aprofundado, como vivem e como se organizam social, econômica e culturalmente as pessoas que estão nas áreas atingidas pela dengue e conhecer a área de atuação dos agentes de combate a
dengue. Na sequência, o conhecimento das principais fontes de informação da Atenção Básica, Epidemiológicas e Assistenciais mais utilizadas pelo setor
de Vigilância em Saúde da SMS e Comitê de combate
a dengue o que possibilitou aos estudantes realizarem
o levantamento do perfil de morbimortalidade da
população por diferentes regiões do município em
relação a dengue. Também foram realizadas visitas de
118
observação e acompanhamento para compreensão
do funcionamento e padrão de utilização dos serviços
de atendimento a dengue pela população por diferentes regiões do município. A atividade final do primeiro ano do Projeto foi a realização de pesquisa
entre os estudantes do Curso de Odontologia cujo
objetivo foi avaliar o nível de conhecimento dos estudantes do curso de Odontologia da Universidade
Estadual de Londrina a respeito da dengue. Para esta
pesquisa foi aplicado questionário estruturado às cinco séries do curso de Odontologia, com 21 questões
de múltipla escolha. Após devidamente informados
acerca dos objetivos da pesquisa, todos os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Posteriormente, foi entregue aos estudantes
o gabarito com as respostas comentadas. Nesta pesquisa os alunos envolvidos no Projeto tiveram a oportunidade de cumprirem mais uma etapa que foi a
tabulação, análise comparada, discussão dos resultados e disseminação da informação.
RESULTADOS
A atividade realizada nos espaços geográficos compreendidos pelas áreas de abrangência das Unidades
de Saúde – Territorialização - os alunos dos cursos
participantes puderam reconhecer os limites espaciais, barreiras geográficas (antrópicas, sociais e naturais), acesso à UBS, ocupações irregulares e áreas
ambientalmente frágeis (áreas de risco ambiental).
Eles entrevistaram profissionais das Unidades de Saúde, pacientes e moradores das áreas de abrangência
onde realizaram a atividade, agentes comunitários de
saúde (ACS’s) e os agentes do controle de endemias
(ACE’s), buscando entender as relações entre os espaços geográficos e os processos de saúde/doença,
bem como a integração (ou não) das ações de combate a dengue entre os ACS’s e ACE’s. O resultado
desta vivência foi apresentado na III MOSTRA CIENTÍFICA DO CCS/UEL, evento promovido pela Universidade Estadual de Londrina/Centro de Ciências
da Saúde, em dezembro de 2010 para estimular a
Iniciação Científica e que foram apresentados oito
painéis resultantes das experiências dos alunos: Reconhecimento espacial e observação de fatores de
risco para a dengue na área de abrangência do Centro
de Saúde Anibal Siqueira Cabral - UBS Cafezal; Vigilância em Saúde com enfoque na educação para o
trabalho; Processo de Territorialização da Área de
Abrangência do Centro de Saúde Municipal Dr. Eugênio Molin; Territorialização da Área de Abrangência da UBS Itapoã, com enfoque na Vigilância em
Saúde; Reconhecimento ambiental da Área de Abran-
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da área de Odontologia
gência do Centro Municipal de Saúde Dr. Ody Silveira; Análise da Territorialização e da Vigilância em
Saúde com enfoque no combate à Dengue na UBS
Central do Município de Jataizinho; O Território
como aprendizado e Estudo sobre atual situação epidêmica de Dengue no Território do Centro de Saúde
Municipal Dr. Aroldo Marques Sardenberg - UBS Vila
Brasil do Município de Londrina. A pesquisa aplicada
aos estudantes do Curso de Odontologia mostrou que
as questões que apresentaram o maior número de
acertos foram às relacionadas ao conhecimento comum com média de acertos de 76,9% e questões de
conhecimento específico, a média de acertos entre as
séries foi de 38,0%. Os estudantes da quinta série não
demonstraram conhecimento superior às outras séries tanto nas questões de conhecimento comum,
quanto nas de conhecimento específico. Os resultados desta pesquisa foram apresentados no 24º Congresso Odontológico de Bauru, realizado em maio de
2011.
CONCLUSÃO
As atividades realizadas até o momento objetivaram mostrar o papel que o projeto PET Saúde/Vigilância em Saúde vem proporcionando na formação
intelectual de caráter individual e coletivo de acadêmicos dos cursos envolvidos desde a inscrição do projeto até o seu primeiro ano de vigência. Utilizando da
síntese de relatos de experiências, buscou-se correlacionar as horas de estudo teórico, atividades realizadas em campo, palestras com profissionais de diferentes áreas da saúde, com a mudança no nível de
percepção de atuação dos futuros profissionais da
saúde nos diversos níveis de complexidade do SUS e
também o entendimento de todo o complexo que
envolve o cuidado à saúde de uma população. Inicialmente com a proposta de elaboração de um projeto
que abordasse a Vigilância em Saúde no Município
de Londrina, pôde-se observar a dimensão que um
único tema consegue alcançar. Abordar o tema “Dengue” tornou-se completamente pertinente para inserir os alunos na lógica da Vigilância em Saúde. Com
um grupo heterogêneo composto de alunos dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia, Medicina e Odontologia, Tutores e Preceptores, desenvolveu-se o trabalho multiprofissional,
interdisciplinar e transdisciplinar, com troca de experiências e vivências. A carência de conhecimento sobre o assunto era algo compartilhado por todos, em
mais de um aspecto da doença, seja ela no epidemiológico, comportamento do vírus, tratamento clínico,
peculiaridades do vetor, diagnóstico precoce, conhe-
cimento de sintomatologias inicias e trabalho já realizado pelo Município e Ministério da Saúde. Os resultados até aqui apresentados demonstram a
necessidade de se fortalecer a aprendizagem voltada
a Vigilância em Saúde, preparando melhor o futuro
profissional.
Descritores
Dengue. Vigilância. Educação em Saúde.
Bibliografia consultada
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde.
Departamento de Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue /
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 160 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos).
2. Londrina. Prefeitura do Município. Secretaria Municipal de
Saúde. Plano municipal de saúde de Londrina – 2008-2011.
Londrina: ASMS, 2008.
3. Londrina. Prefeitura do Município de Londrina. Secretaria de
Planejamento. Diretoria de Planejamento. Gerência de Pesquisa e Informações. Perfil do Município de Londrina – 2008.
Londrina/PR: Secretaria de Planejamento, 2008.
4. Londrina. Secretaria Municipal de Saúde. Conselho Municipal
de Saúde. Relatório Anual de Gestão da Saúde – Ano 2008.
Londrina/PR: Secretaria Municipal de Saúde, 2008.
Relato de experiência de
formação do Conselho Gestor em
USF da cidade de Maceió
Apresentador: Marília Tenório
Autores: Marília Tenório
Instituição: UFAL
C
omo meio de introduzir os acadêmicos de diversas áreas no meio do serviço público como experiência profissional foi criado o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde que é
regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421,
de 03 de março de 2010, Como uma das ações intersetoriais direcionadas para o fortalecimento de áreas
estratégicas para o Sistema Único de Saúde - SUS, de
acordo com seus princípios e necessidades, o Programa tem como pressuposto a educação pelo trabalho.
(Ministério da Saúde,2011). O PET- Saúde tem como
objetivo além de trabalhar áreas específicas de cada
curso de graduação, envolver também o aluno além
de seu campo de atuação, trabalhando em conjunto
com outras áreas para promover o melhor para a comunidade em que atuam. Com este intuito foram
desenvolvidos três eixos a serem trabalhados: controle social, humanização e mortalidade infantil.
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119
Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
O tema selecionado para nossa unidade foi controle social e nosso intuito era o trabalho de formação
do conselho gestor da Unidade Básica de Saúde Frei
Damião iniciou-se juntamente com a implementação
do Pet-Saúde II na unidade. Ao reunir o grupo misto,
composto por acadêmicos de Odontologia e Enfermagem e seus respectivos preceptores, foi realizado
uma avaliação sobre qual dos 3 eixos citados anteriormente melhor se encaixaria nas necessidades da unidade e então foi estabelecido o eixo do controle social, já que o conselho gestor local há
aproximadamente 8 anos, encontrava-se desativado,
sendo nossa objetivo principal reativá-lo e deixá-lo em
condições operantes.
A estratégia utilizada a princípio foi a realização
de grupo de estudo entra as alunas, dando enfoque
no tema para compreender do que se tratava e qual
a melhor forma de introduzi-lo. Em seguida, realizouse uma apresentação para todos na unidade para que
pudessem de maneira geral visualizar qual seria o
trabalho que o PET-Saúde pretendia executar, levando conhecimento amplo de controle social. A partir
desta apresentação formou-se uma comissão interna
para formação doconselho gestor composta por acadêmicos do PET, preceptores e funcionários da unidade que dispuseram-se a participar. Com esta comissão foram realizadas reuniões quinzenais para
trabalhar temas previamente selecionados, como
controle social (conselhos e conferências), princípios
do SUS, NOBS, Leis 8080 e 8142, pacto pela saúde,
que foram discutidos de maneira interativas e dinâmicas, sendo sempre realizada aplicação de questionários para servir de avaliação do método e direcionar
os próximos encontros e a maneira de aplicar o conhecimento adquirido na comunidade. Encerrando
este ciclo de entendimento na unidade, passou-se a
trabalhar com a comunidade, convidando-os através
de cartazes colocados em pontos estratégicos das
micro-áreas do Frei Damião a participar de palestrar,
reuniões ofertadas pelos integrantes do PET e por
convidados.
Relato de Experiência PET Atividades específicas
Apresentador: Marília Tenório
Autores: Marília Tenório
Instituição: UFAL
D
entre as atividades de educação e promoção de
saúde o nosso objetivo principal ao longo de
nossa caminhada era priorizar a atenção básicas as
120
crianças, desta forma a maior parte delas foram desenvolvidas nas escolas e creches da comunidade do
Frei Damião, no Benedito Bentes II.
O PET Odontologia é um dos desmembramentos
do Pet geral e não diferente do contexto como um
todo, tem como objetivo inserir a Odontologia dentro
de um conceito mais amplo e social. Desta forma incentivando aos acadêmico a estender sua área de atuação além do consultório odontológico. Uma das
prioridades do Pet Odontologia consiste no incentivo
a educação e promoção em saúde. A educação em
saúde é um campo multifacetado, para o qual convergem diversas concepções, das áreas tanto da educação,
quanto da saúde, as quais espelham diferentes compreensões do mundo, demarcadas por distintas posições político-filosóficas sobre o homem e a sociedade.
O nosso enfoque principal consiste em instruções
sobre higiene bucal, desta forma fazíamos uso de jogos e músicas educativas sobre o tema para que pudéssemos atrair a atenção das crianças, tornando o
momento mais lúcido e proporcionando o aprendizado da mesma de forma mais interativa. Além disso
orientávamos utilizando escova e macromodelo sobre
o método de escovação, uso de fio dental, dentre outras orientações que contribuíam para o estabelecimento da manutenção de boa saúde bucal. Dando
continuidade a atividade, posteriormente era realizada a escovação supervisionada, bem como aplicação
tópica de flúor e seleção de casos mais urgentes que
deveriam ser encaminhados para a unidade básica de
saúde Frei Damião.
Nossas atividades não ficaram restritas apenas com
as crianças, foram realizadas apresentações para os
agentes comunitários de saúde do PSF Frei Damião
a respeito das principais doenças bucais e também de
outros assuntos que não envolviam a Odontologia em
si, temas estes como a anemia falciforme e outros.
Vídeo “Dia-a-dia da clínica
ampliada do curso de Odontologia
Universidade Estadual de
Maringá-PR”
Apresentador: Marina de Lourdes Calvo Fracasso
Autores: Marina de Lourdes Calvo Fracasso, Renata
Correa Pascotto, Mirian Marubayashi
Hidalgo, Carina Gisele Costa Bispo,
Vanessa Cristina Veltrini
Instituição: Universidade Estadual de Maringá - PR
O
projeto pedagógico do Curso de Odontologia
da Universidade Estadual de Maringá – PR tem
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
como meta a formação de um cirurgião dentista com
sólida formação generalista, adequado às necessidades de saúde da população, à política de saúde vigente no país e ao mercado de trabalho, contemplando
20% da sua carga horária curricular em atividades de
estágio supervisionado, vinculada a uma comunidade
de alto risco social. Dentre muitos projetos desenvolvidos no curso, a integração entre as atividades do
estágio supervisionado em saúde coletiva e o atendimento clínico intramuros possibilitou trabalhar na
intervenção do processo saúde-doença de uma comunidade com altas demandas, na perspectiva da Clínica Ampliada, permitindo a construção coletiva de um
fluxograma que tornasse ágil o atendimento clínico
para estes usuários. O atendimento odontológico na
Clínica Ampliada é desenvolvido por equipe composta por acadêmicos do 3º e 5º séries, apoiada por uma
equipe multidisciplinar de docentes da área de Odontologia, Pós – graduandos do Mestrado em Clínica
Integrada e Assistente Social. A partir do acolhimento o usuário segue um fluxo de atendimento, com o
objetivo central para elaboração de um plano de tratamento individualizado, integrado e mais próximo
a realidade do usuário. Posteriormente, o paciente é
direcionado aos acadêmicos, para o tratamento reabilitador, respeitando a complexibilidade dos procedimentos e áreas de atuação de cada série. Dentro
deste contexto, tornou-se necessário a elaboração de
um portifólio de documentos específicos para a Clínica Ampliada, dentre eles se destaca: cartão de atendimento, termo de ciência, cartão de agendamento,
prontuário clínico único, fichas de referência e contra-referência, ficha de alta e questionário de satisfação do paciente. Com o objetivo da divulgação, calibração e treinamento de todos os envolvidos neste
atendimento e a partir da necessidade de se criar um
material didático mais dinâmico, interessante e significativo para as propostas da Clínica Ampliada intramuro, o Grupo PET-Odontologia-UEM aceitou o
desafio de elaborar um vídeo para melhorar o entendimento sobre a organização e funcionamento da
clínica ampliada da UEM direcionada para os acadêmicos, docentes e agentes universitários. Conclui-se,
portanto, que a documentação institucional, por
meio de vídeo, das atividades desenvolvidas no âmbito da Clinica Ampliada, representa uma boa estratégia para divulgação do atendimento clínico de forma
transparente, objetiva e acessível a todos os atores
envolvidos no atendimento a população. Além do
mais, permite a troca de experiências e saberes com
outras entidades educacionais.
Portifólio de documentos da
clínica ampliada do curso de
odontologia da UEM
Apresentador: Mitsue Fujimaki Hayacibara
Autores: Mitsue Fujimaki Hayacibara, Luciene
Silvério Padilha, Cristiane Muller Calazans,
Arivaldo de Jesus Vicente, Laurindo Zanco
Furquim, Vera Lúcia Pereira Correa,
Raquel Sano Suga Terada
Instituição: Universidade Estadual de Maringá
INTRODUÇÃO
O Curso de Odontologia da UEM, desde 1992,
vem discutindo e tentando operacionalizar a proposta pedagógica inovadora à época, de um Currículo
Integrado que visa a formação do profissional generalista, voltado às necessidades da população. A pertinência desse enfoque foi realçada pela convergência
com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Odontologia, estabelecidas em 2002. Vários
projetos, propostas e iniciativas vem sendo executadas ao longo dos anos e mais recentemente, em 2007,
as discussões ganharam força com a criação da “Clínica do PSF”. Esta foi resultado das necessidades levantadas com as atividades de territorialização do
Estágio Supervisionado, e esta clínica é hoje denominada “Clínica Ampliada”, pois visa o atendimento
integral das necessidades, tem o objetivo de produzir
saúde e autonomia aos indivíduos e comunidade. Estes avanços são fruto de um trabalho coletivo de docentes, agentes universitários e discentes que, entendendo a necessidade de um campo de práticas no
qual o futuro profissional pudesse se espelhar construíram um modelo de atendimento para as clínicas
de graduação baseado nos pressupostos da clínica
ampliada.
Muitas iniciativas têm propiciado o fortalecimento do movimento por mudanças no processo de formação profissional na área da saúde como o PróSaúde, o PET-Saúde, a Política Nacional de
Humanização, Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, dentre outras, e tem impulsionado
este caminhar no Curso de Odontologia da UEM.
A partir de 2009, várias mudanças na rotina das
clínicas de graduação vêm ocorrendo de maneira lenta e gradativa e para tanto, uma série de documentos
tem sido elaborados. Desta maneira, o objetivo deste
trabalho é apresentar um portifólio de documentos
da Clínica Ampliada da UEM, que tem o papel de
assegurar a divulgação, entendimento, documentação e motivação dos atores envolvidos na atenção
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
odontológica para um cuidado resolutivo, humanizado e integral.
MATERIAIS E MÉTODO
Foram consultadas as memórias das reuniões semanais do Colegiado Permanente de Avaliação da
Clínica Ampliada (COPACA), relatórios dos eventos
realizados e todos os documentos elaborados por esse
grupo de trabalho. Após análise, foram selecionados
os principais documentos que representassem avanços no processo de implementação da Clínica Ampliada.
RESULTADOS
Colegiado Permanente de Avaliação da
Clínica Ampliada (COPACA)
O COCAPA é composto por docentes, discentes
e agentes universitários e teve início em 2009, quando
foram realizadas 26 reuniões. Já em 2010, ocorreram
33 reuniões. E para 2011, o grupo estabeleceu 35 encontros. Estes tem sido o espaço para a discussão dos
processos de trabalho, o momento para pensar as
mudanças e é onde ocorre o fortalecimento do grupo
para os avanços conseguidos na implementação da
Clínica Ampliada.
Portifólio de documentos
Dentre os vários documentos desenvolvidos pelo
COPACA, pode-se destacar: 1- Prontuário Único do
paciente, elaborado com a participação de todas as
áreas da Odontologia, incluindo a odontopediatria;
2- Manual da Clínica Ampliada, primeiro material de
capacitação produzido em 2010, que contém o Fluxograma da Clínica Ampliada, a descrição da operacionalização do atendimento, Fases do planejamento
integrado que auxilia o aluno a elaborar um plano de
tratamento integrado, Critérios para a indicação de
procedimentos de acordo com as séries, áreas e grau
de complexidade, Fichas de referência e contra-referência e Ficha de alta; 3- Instrutivo da Clínica Ampliada, material produzido em 2011, que contem a nova
ficha de avaliação do desempenho dos alunos em
clínica da graduação, contemplando os propósitos de
avaliação por competência, painel com as informações sobre a organização do atendimento na Clínica
Odontológica da UEM, questionário de satisfação do
usuário pré e pós-atendimento, roteiro para seminários de planejamento integrado de casos clínicos das
equipes de trabalho, composição das equipes composta por alunos do 3º., 4º. e 5º. anos, tutorados por
mestrandos do Programa de Pós-Graduação em
Odontologia Integrada e orientador por docentes,
Regulamento da Clínica Ampliada e informações sobre o papel do controle social. Inicialmente a propos122
ta passou pela fase de sensibilização e informação,
para num segundo momento apoiar a implementação e organização, e por fim, realizar a avaliação das
mudanças, tendo como meta alcançar o comprometimento dos atores envolvidos com a Clínica Ampliada e a autonomia dos usuários na manutenção de sua
saúde. Assim, todos os documentos elaborados tem
se mostrado fundamentais para apoiar este processo
que está em andamento.
Principais avanços
A formação do profissional de saúde passa por
uma educação para além do domínio técnico-científico, mas também deve incluir práticas com relevância
social, buscando a qualidade de saúde da população,
tanto nos aspectos epidemiológicos do processo saúde-doença, quanto nos aspectos de organização da
gestão e estruturação do cuidado à saúde (Cecim &
Feuerwerker, 2004). A concretização da Clínica Ampliada é cada vez mais vital para qualificar os serviços
de saúde. Esta experiência tem dado subsídios para
uma nova visão do cuidado integral aos alunos de
graduação e pós-graduação, já que este é um dos cenários de práticas vivenciados durante o Curso de
Odontologia.
Além disso, a Clínica Ampliada tem proporcionado a vivência de uma gestão colegiada, no formato de
roda, que se traduz pela valorização de cada ator e
pelo desenvolvimento do potencial individual. Dentre os avanços, podemos citar a maior resolutividade
dos problemas, menor dificuldade nos enfrentamentos e conflitos e maior comprometimento e satisfação
de todos neste processo de construção coletiva.
Uma tradução possível para o significado do trabalho em Clínica Ampliada está contida no verbo
tecer. Tecer, abrir, começar, costurar, pintar, unir, fiar
e entrelaçar. Um novo modo de trabalhar. Uma forma
diferente de tecer as sutis relações humanas, profissionais, de saberes, do ensino com o serviço e a comunidade, visando uma atenção integral. Um desafio
e tanto que tem sido o norte daqueles que lutam pela
consolidação do SUS.
CONCLUSÃO
Assim, conclui-se que a gestão colegiada, ou em
forma de roda, tem permitido os circuitos de troca,
aprendizagem recíproca e reflexão crítica, construção de novas práticas e formas de se relacionar, além
de ajudar a diminuir as resistências à mudança, conseguir o envolvimento e a inclusão de um maior número de integrantes, mantendo este processo dinâmico em constante aprimoramento. Além disso, a
partir desta forma de gestão foi possível construir co-
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da área de Odontologia
letivamente documentos que tem sido essenciais para
a implementação da Clínica Ampliada e para que o
processo de qualificação do cuidado ocorra de maneira sustentável.
Descritores
Odontologia. Sistema Único de Saúde. Humanização da Assistência.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Brasil. Ministério a Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da atenção e Gestão do SUS.
Clínica Ampliada e Compartilhada/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS – Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
2. Cecim, RB, Feuerwerker, LCM. O Quadrilátero da Formação
para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle
Social.: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 14(1):41- 65, 2004.
3. Hayacibara MF, Terada RSS, Takeshita WN. (org.) Manual da
Clínica Ampliada do Curso de Odontologia da Universidade
Estadual de Maringá: Clichetec, 2010.
Implementação do Pró-Saúde no
Curso de Odontologia da UEM
Apresentador: Raquel Sano Suga Terada
Autores: Raquel Sano Suga Terada, Mitsue Fujimaki
Hayacibara, Luiz Fernando Lolli, Cynthia
Junqueira Rigolon, Mariliani Chicarelli da
Silva, Mirian Marubayashi Hidalgo
Instituição: Universidade Estadual de Maringá
E
ste trabalho objetivou relatar a implantação do
Pró-saúde no curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e as atividades realizadas até o ano 2010. Trata-se de um estudo documental retrospectivo de consulta a relatórios técnicos
e financeiros das duas cartas acordos do projeto. Uma
equipe de seis docentes do Departamento de Odontologia da UEM se encarregou de avaliar todo o material e relacionar as principais ações desenvolvidas.
Neste processo, foram fundamentais as constituições
de comitês gestor e de acompanhamento e a contratação de assessorias administrativa e pedagógica de
recursos humanos. Dentre as ações, destacam-se a
atuação nas atividades extramurais, a re-inserção de
acadêmicos nos serviços municipais de saúde de Maringá, o estabelecimento de parceria com a Secretaria
de Saúde de Marialva, a criação da Clínica Ampliada
em Odontologia, os fóruns para relato de experiência
e avaliação, os levantamentos epidemiológicos e o
projeto de heterocontrole das águas de abastecimento público de Maringá. Conclui-se que a implantação
do Pró-Saúde serviu como marco inicial do processo
de mudança com a constituição de uma massa crítica
de docentes engajados na formação dos profissionais
de saúde e trabalhando de forma colegiada. Persistem
como desafios a integração multiprofissional e a mudança do paradigma curativista para o de promoção
de saúde.
Inserção do aluno de odontologia
no SUS: contribuições do PróSaúde
Apresentador: Simone Dutra Lucas
Autores: Andréa Clemente Palmier, João Henrique
Lara do Amaral, Marcos Azeredo Furquim
Werneck, Maria Inês Barreiros Senna,
Simone Dutra Lucas
Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG
O
objetivo deste trabalho é descrever a experiência da disciplina Ciências Sociais Aplicadas à
Saúde (CSAS) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FO-UFMG). Em
resposta às recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Odontologia e do Programa Nacional de Reorientação da
Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), desde
2004, a FO-UFMG tem se mobilizado para mudar seu
currí¬culo, dando atenção especial à diversificação
dos cenários de aprendizagem. Em 2007, a Disciplina
de CSAS foi reformulada, permitindo a inserção dos
discentes no Sistema Único de Saúde (SUS) no iní¬cio
de sua formação profissional, quando a realidade e a
prática do SUS são os objetos do ensino. Esse movimento reforçou as expectativas de que essa inserção
é viável. Espera-se que as mudanças na disciplina funcionem como um projeto piloto, subsidiando outras
iniciativas que visem uma maior aproximação dos estudantes à prática profissional, e que sirva de parâmetro na organização e planejamento de outros conteúdos vinculados à saúde coletiva a serem incluí¬dos
na formação profissional.
Programa de Teleodontologia
da UFMG
Apresentador: Simone Dutra Lucas
Autores: Simone Dutra Lucas, Rogéli Tiburcio da
Cunha Peixoto
Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG
INTRODUÇÃO
O programa de Teleodontologia da Faculdade de
Odontologia da UFMG teve início em 2005 com o
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
Projeto BH Telessaúde. Atualmente o programa conta também com outros dois: um desenvolvido na Faculdade de Medicina e o outro no Hospital das Clínicas, ambos da UFMG.
Objetivo
Aproximar profissionais dos serviços de saúde e
alunos do conhecimento produzido na Universidade
resultando em aprimoramento das práticas profissionais e ao mesmo tempo diminuindo o número de
encaminhamentos de pacientes para distantes centros especializados e promovendo atualização ou mesmo uma segunda opinião aos profissionais.
Descrição da atividade
O programa conta com duas atividades: videoconferências e teleconsultorias. As videoconferências do
BH Telessaúde são realizadas mensalmente e tem duração de uma hora e meia. Na Faculdade de Medicina
as videoconferências são quinzenais e levam uma
hora. Tanto a Faculdade de Medicina quanto o Hospital das Clínicas realizam teleconsultorias on line e
off line.
Considerações finais
O projeto de extensão apresenta um série de atividades muito relevantes por propiciar uma atualização permanente à distância através de videoconferêcias e teleconsultorias aos profissionais de saúde e aos
estudantes da UFMG. Entretanto, o programa tem
uma capacidade de alcance bem maior considerando
seu ilimitado potencial. A telemática tem uma relevância social inquestionável à medida que encurta
distâncias, estimula a integração dos docentes e discentes com o serviço, amplia o conhecimento e melhora o desempenho dos profissionais da saúde.
Programa de teleodontologia
da UFMG
Apresentador: Simone Dutra Lucas
Autores: Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha Peixoto,
Simone Dutra Lucas
Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG
INTRODUÇÃO
Percebe-se no cenário atual do desenvolvimento
da tecnologia da informação e comunicação uma promessa explícita de importantes contribuições para os
projetos da área de saúde. O compartilhamento de
conhecimentos acena com a possibilidade de uma
assistência mais segura com renovação e aprimoramento permanente sobre a capacitação dos profissionais. Para tal, a telemática sendo definida como a
“manipulação e utilização da informação pelo uso
124
combinado de computador, seus acessórios e meios
de comunicação” se destaca e se firma como um instrumento político e estratégico neste objetivo das
ações de saúde. Quando esta ferramenta é empregada a serviço da saúde ela adota o nome de e-saúde ou,
mais comumente, telessaúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) do século XXI considera que a
principal expectativa referente à saúde coletiva será
alcançada por meio da melhoria do acesso aos recursos de maior e melhor qualidade disponíveis na área
de saúde para a maior parte da população. Nessa perspectiva, a telessaúde se coloca indispensável para o
alcance dessa meta de abrangência da assistência à
população no que se refere à sua saúde. Várias são as
modalidades da prática de telessaúde: a telemedicina,
a teleenfermagem e a teleodontologia. A aplicação
desta prática vem sendo usada como teleeducação
objetivando a educação permanente de profissionais
que atuam nos serviços públicos e de alunos de graduação nas faculdades ligadas à área da saúde. Também a teleconsultoria tem sido utilizada como recurso de assistência aos trabalhadores de saúde de regiões
remotas com disponibilização de laudos ou segunda
opinião de especialistas locados em pólos centrais. A
teleeducação na graduação pode propiciar interação
professor/aluno on line no que tange às videoconferências e também, através das teleconsultorias on line
ou off line, como recursos certamente muito úteis,
especialmente, nos estágios rural ou urbano fora dos
espaços da Universidade. Como suporte assistencial,
aproxima o profissional do serviço ao conhecimento
produzido na universidade, que com isto contribui
com uma assistência mais respaldada e, portanto,
mais efetiva. A proposta se coloca como relevante,
pois aproxima docentes de profissionais já habilitados
que estão nos serviços e nem sempre têm oportunidade de atualizar seus conhecimentos ou mesmo ouvir uma segunda opinião quando têm dúvidas nas
situações clínicas enfrentadas. A aproximação da universidade e sociedade tem sido cada vez mais ambicionada, pois, abre um caminho de mão dupla. Assim,
o programa de Teleodontologia tem potencial para
ocupar o importante papel de ligação da universidade com a sociedade, contribuindo na melhoria da
assistência prestada e direcionando a produção de
conhecimentos para atender às reais necessidades da
população. A experiência da Faculdade de Odontologia com essa tecnologia iniciou-se em 2005 através
do projeto de extensão “Telessaúde Bucal”, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte. Posteriormente, foi criado um programa constituído de três
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
projetos alocados, além da Prefeitura de Belo Horizonte, na Faculdade de Medicina e Hospital das Clinicas, ambos da UFMG.
OBJETIVOS
a)realizar videoconferências e teleconsultorias;
b)capacitar o corpo discente da disciplina Estágio
Supervisionado e de outras disciplinas da Faculdade de Odontologia para que possam usufruir
mais desse recurso;
c)viabilizar a produção de recursos pedagógicos a
serem disponibilizados a diferentes disciplinas,
projetos, profissionais, estudantes e ao público em
geral, seja em processos de educação permanente,
seja em ações educativas e informativas;
d)consolidar e reforçar as ações da Liga Acadêmica
de Telessaúde da UFMG – LITEL. Essa liga congrega estudantes das Faculdades de Medicina,
Enfermagem e Odontologia, e até o momento,
está sediada na escola de Medicina e tem pouco
impacto nas demais unidades por não existir ainda
nas mesmas uma adequada estrutura de suporte
para as ações desenvolvidas;
e)explorar a telemática como instrumento de suporte assistencial e de educação permanente na
Odontologia através de videoconferências e teleconsultorias;
f)fornecer aos alunos da FO/UFMG, educação
permanente e supervisão à distância nas ações
realizadas dentro e fora da Faculdade (internato/
projetos);
g)propiciar educação permanente e suporte assistencial aos profissionais do serviço;
h)disponibilizar as videoconferências já realizadas
para a comunidade acadêmica;
i) apresentar o projeto em eventos científicos.
METODOLOGIA
Participam das videoconferências realizadas na
Faculdade de Medicina cerca de 50 municípios do
estado de Minas Gerais. Na Secretaria Municipal de
Saúde de Belo Horizonte há 147 Unidades Básicas de
Saúde em condições de participar das videoconferências realizadas neste município. É importante ressaltar que a disciplina Estágio Supervisionado ministrada no 9º período da FOUFMG conta com estudantes
em algumas destas Unidades tanto no interior do Estado como em Belo Horizonte. As videoconferências
são realizadas mensalmente na Secretaria Municipal
de Saúde de Belo Horizonte e quinzenalmente na
Faculdade de Medicina com duração de 90 e 60 minutos respectivamente. Após a exposição do confe-
rencista abre-se a discussão com os participantes com
o objetivo de sanar dúvidas sobre o cotidiano do trabalho em saúde. Ambas seguem um cronograma proposto no início de cada semestre, com temas sugeridos pelos participantes do programa sempre em
horários pré-estabelecidos. O projeto BH Telessaúde
equipou a rede assistencial com a tecnologia de telemática e a Rede Nacional de Telessaúde implantou
nos municípios selecionados, os insumos tecnológicos necessários para seu funcionamento. A Faculdade
de Odontologia, através do presente programa organiza e subsidia as ações relacionadas à saúde bucal.
Fica a cargo deste projeto a organização da seleção
de conteúdos para as videoconferências, de consultores, do agendamento e do fluxo de contatos para a
obtenção de teleconsultorias e emissão de segunda
opinião tanto no sistema off line como on line. Pelo
fato de não termos uma equipe de professores em
esquema de plantão para o projeto são realizadas predominantemente teleconsultorias off-line. Atualmente os alunos do Estágio Supervisionado contam com
aulas teóricas sobre Teleodontologia e mecanismo de
acesso à plataforma no tocante a videoconferência e
teleconsultoria. Busca-se ampliar a formação de outros discentes para o uso desta ferramenta. Pretendese estabelecer na Faculdade de Odontologia um espaço equipado com a tecnologia necessária para
gerar as videoconferências. Esse espaço atenderá não
só o Teleodontologia como também outros possíveis
projetos que necessitarão desse suporte tecnológico.
Com a instalação dos equipamentos na Faculdade de
Odontologia a participação dos estudantes de diferentes períodos do curso poderá ser ampliada tanto
para disciplinas extra muros como intra muros. Profissionais do serviço serão também convidados a participar o que propiciará uma maior aproximação
entre os mesmos e a comunidade da Faculdade de
Odontologia. As atividades da coordenação do projeto, junto à Secretaria Municipal de Saúde de Belo
Horizonte, consistem da organização e acompanhamento de videoconferências mensais destinadas às
Unidades Básicas de Saúde. A partir dos temas sugeridos pelos profissionais da Secretaria Municipal de
Saúde de Belo Horizonte são convidados um conferencista, preferencialmente da UFMG, e um profissional do serviço para proferir a videoconferência. Já
as atividades desenvolvidas pela coordenação do projeto junto à Faculdade de Medicina da UFMG envolvem a organização e acompanhamento de videoconferências quinzenais e ainda das teleconsultorias. A
partir dos temas sugeridos pelos profissionais dos mu-
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da área de Odontologia
nicípios participantes do projeto, convida-se um ministrador, preferencialmente da UFMG, para proferir
a videoconferência. As teleconsultorias desenvolvidas
na Faculdade de Medicina são geradas a partir de
dúvidas que levam os profissionais do interior do estado de Minas Gerais a solicitarem uma segunda opinião de especialistas. A coordenação encaminha tais
demandas para os especialistas e o retorno aos solicitantes é feito com as respostas emitidas pelos consultores. O Hospital das Clínicas realiza teleconsultorias
e conta com três teleconsultores cadastrados que respondem às dúvidas de profissionais de aproximadamente 600 municípios do estado de Minas Gerais,
distintos daqueles alocados na Faculdade de Medicina.
RESULTADOS
No ano de 2010, o projeto desenvolvido junto à
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte atingiu, em
média, 43 Unidades Básicas de Saúde e cerca de 120
profissionais por videoconferência. Nas videoconferências da Faculdade de Medicina, o número de municípios e de participantes variou entre 15 e 50, respectivamente. Nas teleconsultorias realizadas junto à
Faculdade de Medicina os temas mais demandados
pelos profissionais foram patologia e cirurgia. O número de teleconsultorias do projeto desenvolvido
junto ao Hospital das Clínicas foi de 122 e 365 em
2009 e 2010, respectivamente. Por se tratar de uma
metodologia moderna de ensino/aprendizagem, a
avaliação do impacto destas tecnologias nas práticas
profissionais das equipes de saúde bucal são realizadas através de um questionário on-line.
CONCLUSÕES
O programa de extensão apresenta um série de
atividades muito relevantes por propiciar uma atualização permanente à distância através de videoconferêcias e teleconsultorias aos profissionais de saúde e
aos estudantes da UFMG, especialmente àqueles que
se encontram em áreas distantes dos grandes centros.
Entretanto, o programa tem uma capacidade de alcance bem maior considerando seu ilimitado potencial. Finalmente destacamos que a telemática tem
uma relevância social inquestionável à medida que
encurta distâncias, estimula a integração dos docentes e discentes com o serviço, amplia o conhecimento
e melhora o desempenho dos profissionais da saúde.
DESCRITORES
Telessaúde. Odontologia. Educação.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Masotti AS, Jardim JJ, Oshima H, Pacheco JFM. Ensino a distância em odontologia via internet: o que está sendo produzi-
126
do no Brasil? Rev Odonto Ciênc. 2002 Jan./Mar.; 17(35):96-102
2. Cook J, Austen G, Stephens C. Videoconferencing: what are
the benefits for dental practice? Br Dental J. 2000 Jan;
188(2):67-70
3. Moraes MAS, Cavalcanti CAT, Sá EMO, Drumond MM. Telessaúde bucal: uma concepção diferente de teleodontologia. In:
Santos AF, Souza C, Alves HJ, Santos SF, editors. Telessaúde:
Um instrumento de suporte assistencial e educação permanente. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. p. 95-128
4. Litwin E. Educação à distância: temas para o debate de uma
nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
5. Moraes MAS, Drumond MM, Resende EJC, Santos SF, Cavalcanti CAT, Sá EMO. Teleodontología: Educación permanente
a distancia. Latin Am J Telehealth. 2009 Abr. 1(1): 97-104.
O trabalho interdisciplinar:
desafios e conquistas do PET
Saúde da Prainha sob o olhar da
odontologia
Apresentador: Janaína Espíndola
Autores: Janaína Espíndola, Luiza Schmidt, Débora
Martini, Thaise Goronzi, Rafael Sebold,
Daniela Carcereri
Instituição: UFSC
O
Programa de Educação pelo Trabalho (PET –
Saúde da Família), criado em 2008 através de
parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério
da Educação, e orientado pela regulamentação do
Sistema Único de Saúde (SUS), tem como objetivo a
integração entre diferentes cenários de ensino aprendizagem, incentivando o acadêmico de graduação a
conhecer o Sistema e a desenvolver ações. O Programa insere estudantes em locais de atuação profissional, propiciando experiência interdisciplinar voltada
para o trabalho com a comunidade e incentiva a qualificação do profissional de saúde através do contato
com a academia e da realização de pesquisas no âmbito da atenção primária de saúde. Vem somar esforços potencializando as ações do Programa Pró-saúde
que visa a reorientação da formação em saúde na
direção do SUS. O Centro de Saúde (CS) do bairro
Prainha, em Florianópolis-SC, é cenário de prática de
um Grupo Pet Saúde da Família. É composto por
acadêmicos de Medicina, Psicologia, Serviço Social,
Educação Física, Odontologia e Enfermagem, por
preceptores que atuam como profissionais da Estratégia de Saúde da Família (médico, enfermeiro e cirurgião-dentista) e do Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (assistente social, psicólogo e educador físico) e uma professora tutora da UFSC. O presente
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da área de Odontologia
trabalho apresenta o relato das ações desenvolvidas
pelo grupo Pet-saúde da Família no Centro de Saúde
da Prainha, envolvendo 6 cursos de graduação da área
da saúde da UFSC, trabalhadores da SMS e comunidade, ressaltando ações pedagógico-assistenciais desenvolvidas na área de Odontologia. O CS Prainha
compreende uma construção de dois andares, possuindo 31 salas, sendo que 2 delas são exclusivas para
atendimento odontológico. Nele atuam três equipes
de saúde da família responsáveis por três áreas de
abrangência (130, 131, 132). Trata-se de uma unidade
docente-assistencial onde atuam estudantes de oito
diferentes cursos da área da saúde por meio das disciplinas de interação Comunitária e /ou de estágios.
As atividades desenvolvidas caracterizam-se como
atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão na perspectiva interdisciplinar, contribuindo assim para a formação de profissionais com perfil adequado ao trabalho
na atenção básica e comprometidos com as demandas
sociais da comunidade.
Os estudantes de odontologia participam das seguintes atividades:
Atividades de ensino
São desenvolvidas no centro de saúde e na comunidade de acordo com os pressupostos da Estratégia
Saúde da Família. Destacam-se: participação em reuniões de planejamento (de área e gerais do CS), em
grupos de atenção, acompanhamento de visitas domiciliares, atividades coletivas em escolas e creches
(epidemiológicas, educativas, preventivas e tratamento restaurador atraumático); oficinas de oroscopia
destinadas a estudantes de medicina, participação no
acolhimento, conhecimento do trabalho desenvolvido pelos diferentes setores do CS tais como a farmácia,
a sala de vacina, marcação de consultas, a recepção,
serviços da equipe de enfermagem e medicina; e o
atendimento clínico odontológico.
Atividades de pesquisa
A Odontologia participa da realização das duas pesquisas que estão em andamento no CS Prainha. A
primeira tem por objetivo conhecer a percepção dos
usuários em relação à qualidade dos serviços prestados no CS, possibilitando a reavaliação do atendimento e dos serviços. A coleta de dados utilizou questionários com perguntas objetivas e subjetivas. As
estudantes aplicaram os questionários na comunidade auxiliadas pelos agentes comunitários de saúde.
Um banco de dados foi organizado e atualmente o
grupo se dedica à análise dos mesmos. A segunda
pesquisa tratará da percepção dos usuários e profissionais de saúde sobre o processo saúde-doença.
Como metodologia serão utilizados os círculos de
cultura propostos por Paulo Freire. Atualmente o
grupo encontra-se em fase de capacitação para aplicação do método.
Atividades de extensão
São atividades desenvolvidas em horários distintos
das atividades de ensino e que envolvem a participação na comunidade. Um exemplo é o Fórum de Saúde que tem por objetivo proporcionar uma maior
articulação entre os profissionais de saúde e a comunidade. Mostra-se fundamental para a construção de
um planejamento em saúde voltado para o atendimento das necessidades dos usuários. Além disso,
pretende sensibilizar usuários e trabalhadores para
a criação do Conselho Local de Saúde do bairro. Em
agosto de 2010 foi realizado o primeiro Fórum que
contou com a participação de 35 pessoas, entre profissionais, moradores do bairro e estudantes PET.
Percebeu-se que a participação desses nos espaços de
discussão ainda é reduzida. Reafirma-se, portanto, a
necessidade de divulgação sobre a importância dos
espaços de controle social, considerando que a participação social dos usuários na gestão dos serviços
de saúde é essencial para a qualificação do trabalho
nos Centros de Saúde e para a democratização do
conhecimento e construção da cidadania. Esse trabalho foi apresentado na Semana de Pesquisa e Extensão (SEPEX) da UFSC como forma de refletir
sobre a temática.
Programa Saúde na Escola – PSE
Articula os diferentes profissionais e estudantes em
torno da temática configurando-se como excelente
campo para o planejamento e desenvolvimento de
ações interdisciplinares.
Outras atividades como: participação em campanhas de vacinação, de prevenção de câncer de mama,
ações relativas à saúde do idoso e saúde da mulher.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O PET Saúde gerou oportunidades de vinculação
entre os profissionais da saúde e os bolsistas da área
de Odontologia. Possibilitou refletir sobre a realidade
de ampliar o acesso dos usuários do CS Prainha à
saúde e à educação e estimulou a participação social.
Além disso, o fato do PET Saúde da Família da Prainha
contar com a participação de profissionais que atuam
no NASF, fortaleceu a construção de um trabalho
integrado e voltado para a interdisciplinaridade.
Destaca-se a contribuição para ressignificação do
ensino na medida em que possibilita a utilização de
instrumentais teóricos e técnicos aprendidos na academia e também propicia um olhar diferenciado para
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da área de Odontologia
o SUS e, em especial, para a atenção primária de saúde.
Por fim, cabe ressaltar que foram muitos os desafios encontrados para a atuação deste grupo PET,
entre eles, a pouca disponibilidade de horários dos
participantes e a formação acadêmica voltada para a
especificidade. Estes aspectos dificultaram o estabelecimento de atividades multiprofissionais e a consolidação da interdisciplinaridade. Questão esta que
continua sendo um dos maiores desafios do programa
PET- Saúde da Família no CS Prainha.
Descritores
Formação de Recursos Humanos. Serviços de Integração Docente-Assistencial. Educação em Odontologia.
REFERÊNCIAS bibliográficas
1. Baltazar, Mariângela M. de M.; MOYSÉS, Samuel Jorge; BASTOS, Carmem Célia B. C. Profissão, docente de Odontologia:
o desafio da Pós-Graduação na formação de professores. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v.8, n.2, p. 285-303,
jul.-out. 2010.
2. Campos, Francisco Eduardo de et al.. O SUS como Escola: a
responsabilidade social com a atenção à saúde da população
e com a aprendizagem dos futuros profissionais de saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 33, n. 4,
p.513-514, out./dez. 2009.
3. Morita, Maria Celeste; HADDAD, Ana Estela. Interfaces da área
da Educação e da Saúde na perspectiva da formação e do trabalho das equipes de Saúde da Família. In: MOYSÉS, Simone
Tetu; KRIGER, Léo, MOYSÉS, Samuel Jorge (Orgs.). Saúde
Bucal das Famílias: Trabalhando com Evidências. São Paulo: Artes
Médicas, 2008. p. 268-276.
4. Morita, Maria Celeste; HADDAD, Ana Estela; ARAÚJO, Maria
Ercília. Perfil atual e tendências do cirurgião-dentista brasileiro. Maringá: Dental Press, 2010. p. 17-19. Disponível em: < http://
cfo.org.br/wp-content/uploads/2010/04/PERFIL_CD_BR_
web.pdf > . Acesso em: 20 set. 2010.
Atuação do PET-Saúde no trabalho
em equipe em uma unidade de
Saúde da Família
Apresentador: Rianne Keith Bernardo da Silva
Autores: Rianne Keith Bernardo da Silva
Instituição: UFPB
INTRODUÇÃO
Durante as atividades do PET-Saúde realizadas na
Unidade de Saúde da Família Grotão II, a qual se
localiza no bairro Grotão, João Pessoa – PB, os estudantes deste programa tiveram a oportunidade de
atuar no contexto do Hiperdia, realizando atividades
semanais na USF e construindo conhecimento sobre
as práticas de serviço em saúde no contexto da Atenção Primária. Sendo assim, a participação ativa dos
128
estudantes nestas atividades possibilitou que os mesmos se tornassem sujeitos atuantes do processo de
produção do cuidado juntamente com as equipes.
Nos protocolos de atendimento aos usuários da atenção básica preconizados pelo Ministério da Saúde
observa-se freqüentemente a importância da abordagem multiprofissional. Uma vez que a hipertensão
arterial é uma doença multifatorial, que envolve
orientações voltadas para vários objetivos, seu tratamento poderá requerer o apoio dos diversos profissionais da saúde. No entanto, no início das nossas
atividades na Unidade, percebemos a existência de
problemas na organização do trabalho da equipe que
se configurava como um entrave para as ações do
Hiperdia. Durante estas ações, era perceptível que
alguns profissionais acumulavam mais atribuições
que outros, gerando uma divisão de trabalho injusta,
resultando na desorganização do atendimento e insatisfação do usuário. A partir disto, pode-se observar
que, o simples fato dos profissionais atuarem em um
mesmo espaço não significa que eles constituam uma
equipe. Para que sejam considerados como tal, eles
precisam estar organizados para atender o usuário
em sua integralidade, tomando para si o dever de
cuidar. Reconhecendo assim que, para contornar os
obstáculos do trabalho em saúde, é importante que
sejam levados em consideração as opiniões e olhares
de todos os atores daquela realidade.
OBJETIVO
o presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência dos estudantes do PET-Saúde nas atividades
interdisciplinares do Hiperdia na USF Grotão II e a
sua atuação no contexto do trabalho em equipe, no
que se refere ao planejamento de ações, organização
do cuidado, divisão de tarefas e avaliação contínua do
processo de trabalho. Um dos principais desafios era
transformar o Hiperdia numa atividade na qual todos
os profissionais da equipe e estudantes do PET-Saúde
participassem de forma ativa no decorrer das ações,
estando engajados e, ao mesmo tempo, comprometidos com a produção do cuidado, fazendo com que os
mesmos se sentissem co-responsáveis pela eficácia do
serviço. A intenção era que houvesse uma cooperação
mútua entre os membros da equipe e estudantes do
PET-Saúde, evitando assim que, alguns se sobrecarregassem mais que os outros – problema que contribuía
para que o atendimento não fosse realizado como
deveria, gerando uma demora na realização de consultas e entrega de medicação.
METODOLOGIA UTILIZADA
As atividades foram desenvolvidas durante o perí-
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da área de Odontologia
odo que vai de agosto a novembro de 2010 e contaram
com a participação dos estudantes do PET-Saúde, de
profissionais da Unidade, tais como a médica, a enfermeira, a auxiliar de enfermagem e as Agentes Comunitárias de Saúde. Como o trabalho em equipe é
fundamental para que as ações em saúde presentes
na Estratégia de Saúde da Família possam obter impacto na comunidade, de acordo com os princípios
da Integralidade, Universalidade e Resolutividade
preconizados pelo SUS, percebe-se a necessidade de
que os profissionais entendam essa importância e
que, em conjunto, busquem estratégias para desenvolver o trabalho em saúde de acordo com a realidade da população assistida, tendo em vista as suas limitações, potencialidades e carências mais urgentes,
possibilitando assim a promoção do cuidado de forma
integral. Para obter tal êxito foi fundamental a realização de reuniões de equipe, para a discussão do papel de cada integrante nas atividades do Hiperdia, na
tentativa de se buscar estratégias eficazes para a melhor organização do trabalho, proporcionando uma
melhor resultado das ações inerentes ao programa.
Neste sentido, o Protocolo de Hipertensão Arterial e
Diabetes Mellitus representou um elemento norteador das atitudes a serem tomadas através de seus objetivos. Outro fator importante foi o planejamento de
ações interdisciplinares realizado pelos estudantes do
PET-Saúde junto aos profissionais de saúde, levando
em consideração as atribuições de cada um. A partir
das discussões e reflexões realizadas, foram feitas algumas pactuações importantes para que as atividades
obtivessem o sucesso desejado, como, por exemplo,
a divisão de tarefas entre a equipe e estudantes. Todos
tiveram a oportunidade de contribuir com suas idéias
e sugestões sobre o assunto caracterizando um planejamento baseado nos olhares de todos os profissionais. Após as reflexões, foram anotadas as sugestões
que pareciam mais oportunas para a realidade da
Unidade, fazendo-se as devidas atribuições a cada
profissional no que se refere às ações do Hiperdia dali
em diante.
RESULTADOS
A partir das mudanças e estratégias tomadas pela
equipe, constatamos que a divisão de tarefas e a cooperação entre seus membros favoreceram a melhoria
do atendimento aos pacientes hipertensos e diabéticos de acordo com o protocolo de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus elaborado pelo Ministério da Saúde. Através do diálogo e das constantes
atividades desenvolvidas em grupo, aos poucos foi
possível criar uma relação de companheirismo, que
fez com que os profissionais enxergassem os estudantes do PET-Saúde como parceiros, além de sujeitos
atuantes no serviço proporcionado pela USF aos seus
usuários. A atuação em atividades de cunho multidisciplinar possibilitou a todos os envolvidos a oportunidade de conhecer as contribuições especificas das
diferentes áreas, essa integração garantiu a articulação de diversos saberes e profissionais da saúde - aspectos fundamentais para o desenvolvimento do trabalho em equipe numa Unidade de Saúde da Família.
A cooperação mútua em torno de um objetivo coletivo possibilitou a criação de um ambiente de trabalho
mais agradável no qual cada membro sentiu-se importante para o restante do grupo e para o desenvolvimento das atividades na USF. Isto contribuiu para que
houvesse uma maior satisfação do profissional, o que
trouxe mais motivação para o trabalho e com isso,
conseqüentemente, uma melhora no seu desempenho profissional. Ao longo das atividades, o que via-se
era uma equipe inteira trabalhando com um mesmo
objetivo, um colaborando com o outro e todos juntos
com uma finalidade em comum: o cuidado. Ficou
mais do que provado que com o trabalho em equipe
sendo desempenhado de forma adequada, o que antes era um trabalho individualista e estressante para
os profissionais, poderia se transformar em um momento de promoção à saúde, com direito à satisfação
profissional e sentimento de parceria entre os membros da equipe.
CONCLUSÃO
Nessa perspectiva percebe-se que a relação entre
profissionais de saúde é um aspecto de relevância no
processo de adesão às ações de um determinado programa como o Hiperdia. Para tanto, é necessário que
a equipe possua momentos destinados à reflexão e à
pactuação de ações, onde cada profissional possa interferir/opinar no processo de planejamento de atividades a serem desenvolvidas na Unidade. Daí a
importância de que o profissional de saúde inserido
na Estratégia de Saúde da Família possua a visão mais
adequada do que é o trabalho em equipe dentro do
seu contexto, a partir deste entendimento, será possível a reorientação de práticas em busca de melhorias
dentro no serviço prestado à comunidade. Portanto
é necessário que cada membro do grupo se identifique com as ações desenvolvidas e visualizem a si próprios como seres indispensáveis para que as metas e
os objetivos almejados sejam alcançados. Deve-se destacar que a realização de reuniões com todos os profissionais da unidade é uma ferramenta de significativa importância para que se possa discutir sobre
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da área de Odontologia
determinadas questões que levem à concretização de
objetivos e metas cruciais para promover o cuidado.
Como no caso do Hiperdia, por exemplo, a reunião
realizada com a equipe foi fundamental para que o
atendimento realizado exclusivamente naquele dia
fosse reorientado, de forma que houvesse um acompanhamento mais eficiente de cada usuário e um
melhor controle da entrega de medicamentos. A participação dos estudantes do PET – Saúde foi importante no sentido de contribuir em todas as etapas do
processo. Desde as reflexões até a implementação das
ações. Esse “botar a mão na massa” como mais um
membro da equipe tem sido um diferencial em relação à aprendizagem e na conquista do reconhecimento do trabalho.
Descritores
Saúde da Família. Serviços de Saúde. Qualidade
da Assistência à Saúde.
Saúde dos adolescentes: relato
de experiência do PET-Saúde
2010/2011
Apresentador: Helena Maria Antunes Paiano
Autores: Martha Maria Vieira Salles Artilheiro,
Selma Cristina Franco, Tatiane Karoline
Gazolla, Andréia Karin Lovera, Helena
Maria Antunes Paiano, Ana Carolina
Rudey, Denise Vizzoto
Instituição: Universidade da Região de Joinville
O
Programa de Educação pelo Trabalho para a
Saúde é um projeto político-pedagógico apoiado pelos Ministérios da Saúde e da Educação, Secretaria Municipal de Saúde e UNIVILLE dentro da
política de reorientação da formação de profissionais
de saúde que busca a inserção dos acadêmicos de
Medicina e Odontologia na rede básica junto às equipes de Saúde da Família, na medida em que este cenário propicia reflexões críticas sobre o modelo assistencial, as possibilidades e limites do modelo
flexneriano e do uso da tecnologia, a necessidade de
se atuar intersetorialmente, o trabalho em equipe
multidisciplinar e multiprofissional, entre outros.
Tem como proposta a saúde do adolescente, área esta
cuja política municipal de atenção à saúde não está
estabelecida, apesar do município de Joinville possuir
uma rede básica estruturada e composta por 56 unidades de saúde, no âmbito municipal, não se construiu, até o momento, uma política de assistência
voltada para as necessidades sentidas deste grupo etário. Entende-se que esta política deva ser implantada
130
na forma de ações programáticas organizadas a partir
da rede básica e segundo os princípios do SUS, a partir das necessidades identificadas pelos próprios adolescentes. Entende-se que esta política deva ser implantada na forma de ações programáticas organizadas
a partir da rede básica e segundo os princípios do
SUS, a partir das necessidades identificadas pelos próprios adolescentes. Face a esta realidade, a realização
de um diagnóstico das necessidades sentidas de saúde
deste grupo etário, praticamente desassistido na atualidade na grande maioria dos municípios brasileiros,
constitui etapa fundamental para subsidiar o planejamento de qualquer tipo de intervenção no âmbito
da Saúde Pública.O objetivo é possibilitar a compreensão dos determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos e ecológicos do viver, adoecer
e morrer das pessoas, dentro da organização do Sistema Único de Saúde (SUS). pós o diagnóstico das
necessidades de saúde dos adolescentes, com avaliação do perfil sócio-demográfico, da identificação das
principais necessidades e/ou problemas de saúde geral/bucal e acesso aos serviços de saúde, foi elaborada
uma proposta de intervenção educativa, construída
pelos preceptores, acadêmicos, professores das escolas, equipes das unidades de saúde e adolescentes. As
atividades foram desenvolvidas semanalmente em 4
instituições de ensino fundamental público: Rosa Maria Berezoski do Jardim Paraíso I/II, Pauline Parucker
do Boehmerwaldt, Ana Hilda Krischs do Dom Gregório e Lacy Luíza Flores do Itinga Continental, localizadas na periferia de Joinville, com 2.060 alunos, do
60 ao 90 ano. Entre as atividades realizadas, houve
sensibilização para a importância das reuniões periódicas entre todos os participantes do PET-Saúde, pesquisa e aprofundamento sobre os temas: saúde bucal/
alimentação; sexualidade/DST/planejamento familiar; violência/drogas; saúde mental e hábitos saudáveis (atividades físicas, lazer e risco de doenças crônicas). A pesquisa foi aprovada no COEP 116/10 e após
a autorização dos pais ou responsáveis, foram realizadas as atividades com os adolescentes: levantamento
de dados como peso, altura, pressão arterial e índice
de massa corporal; distribuição aos alunos da Caderneta do Adolescente do Ministério da Saúde com seus
respectivos dados; o Inquérito Saúde dos Escolares,
contendo 33 perguntas a respeito dos temas citados
anteriormente. Os dados foram sistematizados no
programa Epidata. Em relação aos resultados, do total de 566 questionários aplicados, 254 (45%) dizem
respeito a ESF do Jardim Paraíso I/II; 108 (19%) a
ESF do Boehmerwaldt; 103 (18%) a ESF Dom Gregó-
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rio e 101 ou 18% a ESF do Itinga Continental. Quanto a procura pelos serviços de saúde, a maioria (418
ou 74%) procurou o serviço. Destes, 252 procuraram
serviços públicos como o posto de saúde, 87relataram
a procura pelo pronto atendimento, 45 pelo pronto
socorro, enquanto 66 procuraram o consultório privado, 38 procuraram outros serviços não especificados, enquanto 146 (26%) relataram não ter procurado e 2, 0% não responderam. Quanto a saúde bucal,
286 ou 50% classificaram como regular e 265 (37%)
como boa. Destes, 137 (24%) relataram ir ao dentista
mais de 2 vezes ao ano ou de 6/6 meses e 98 (17%)
procura o profissional todo mês . 10 ou 2% classificaram como ruim, mesmo que 106 (19%) procuram o
dentista uma vez ao ano e 145 ou 26% apenas quando
dói, enquanto 78 ou 14% nunca vai, 5 (1%) não responderam e não foi encontrado dado para 2, 0% da
amostra. Quando perguntado sobre o motivo da procura, a dor foi relatada por 19% da amostra e 15%
para colocar aparelho dentário. Já para restaurar/
obturar, extração dentária, tratamento de canal e sangramento de gengivas, foi de 12%, 8%, 4,% e 2%
respectivamente, sendo 15% por outros motivos. Em
relação ao que estraga os dentes, 81% relataram a
falta de higiene e quando perguntado sobre como
realiza a limpeza a maioria da amostra (97%), relatou
que costuma limpar os dentes e a boca com escovação
com pasta de dente após as refeições e 76% relataram
escovar a língua. Apesar de 53% ter relatado que a
falta do fio dental estraga os dentes, apenas 49% relatou utilizar o mesmo. Ainda, 59% utilizam enxagüatório bucal e/ou bochecho com flúor e 5% utilizam
outras modalidades. Também 66% da amostra relataram que a alimentação inadequada estraga os dentes.
Assim, as ações desenvolvidas pelo PET-Saúde em
2010 propiciaram a articulação entre ensino, pesquisa e extensão, gerando conhecimentos com aplicabilidade concreta. A receptividade de todos incentivou
as intervenções propostas, sendo que diretores e professores relataram melhora significativa no auto cuidado e interesse dos alunos sobre os temas propostos.
Para 2011 estão previstas atividades dinâmicas sobre
promoção de saúde, além de esclarecimento de dúvidas sobre os temas e o inquérito epidemiológico
(CPO-D) aos 12 anos. Será elaborado um relatório
como subsídio para uma proposta de programa no
âmbito municipal contendo ações de promoção, proteção e recuperação da saúde do adolescente. Conclui-se que o projeto propiciou o aprendizado inter
e multidisciplinar a todos os envolvidos, incentivo a
pesquisa e trabalhos científicos, mas principalmente
despertar o acadêmico para uma reflexão crítica da
co-responsabilidade do “fazer” saúde e da efetiva inserção da sua práxis na Atenção Primária.
Vídeos Selecionados
Vídeo de divulgação do Conselho
Local de Saúde - Mandacaru/
Maringá-PR
Autores: Margareth Calvo Pessutti Nunes, Andréia
Medeiros Pires Maruiti, Cleide Maria Luiz
Santiago, Osvaldo Fagundes Dias
Instituição: UEM - Universidade Estadual de
Maringá
O
s Conselhos Locais de Saúde em Maringá foram
criados em 2001, com o objetivo de estarem mais
próximos das comunidades e de suas necessidades,
organizando uma política municipal de saúde com
legitimidade de toda a população. O Conselho Local
de Saúde – Mandacaru, iniciou suas atividades neste
período também, acolhendo as necessidades dos usuários moradores da região e trabalhadores da unidade de saúde.
Como esta participação da comunidade na gestão
dos serviços de saúde é algo muito recente, ainda não
se tem uma atuação e entendimento por parte dos
conselheiros e da comunidade como um todo de qual
é o papel do conselho local de saúde. Neste sentido,
o objetivo da produção do vídeo sobre a atuação do
conselho é de divulgar e sensibilizar a comunidade
local sobre o papel deste e como podem participar
na construção da política de saúde em conjunto com
o órgão gestor. A partir de 2008 a UEM, Complexo
de Saúde que fica geograficamente na área de abrangência deste conselho e em especial o Departamento
de Odontologia que desenvolve ações com os acadêmicos nesta área (visitas domiciliares, prevenção e
orientação de higiene bucal no Centro de Educação
Infantil e atendimento clínico dos casos classificados
como prioridade, discussão de casos com a equipe 21
da Estratégia Saúde da Família) conquistou uma vaga
no Conselho, sentindo a necessidade de divulgar as
ações deste também para os acadêmicos que participam de uma reunião anual do conselho. A partir des-
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Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde
da área de Odontologia
ta necessidade, os representantes do conselho local
no Comitê Gestor do Pró-Saúde da Odontologia, solicitaram a produção do vídeo para divulgar este,
como uma das deliberações da plenária da reunião
do Conselho. Sendo aprovado pelo Comitê Gestor,
foi elaborado um roteiro para produção do vídeo.
Com o vídeo deseja-se realizar uma compilação do
trabalho realizado pelo conselho explorando de forma rica, educativa e dinâmica. Deseja-se que alcance
também a divulgação do conselho na sala de espera
da Unidade Básica de Saúde, motivando a comunidade a participar das reuniões e decisões de forma organizada e coletiva, esclarecendo que a atuação do
conselho não tem caráter individualista, mas de toda
uma população adstrita, com vistas à construção de
um SUS que dá certo. Além de poder utilizá-lo didaticamente junto aos acadêmicos de odontologia nas
disciplinas que integram a Saúde Coletiva e no Estágio
Supervisionado que atuam nos Equipamentos de Saúde da região.
Mestres do Sorriso
Autores: Angéllica Falcão Leite, Renata Lúcia Cruz
Cabral, Valdenice de A. Menezes, Rossana
Barbosa Leal, Leógenes Maia, Petrônio
Martelli
Instituição: Faculdade ASCES
A
verdadeira formação profissional não deve almejar apenas o aspecto técnico-científico, tem que
ser mais ampla, preocupando-se com aspectos sociais
e humanistas, formando profissionais que não visem
unicamente o “contexto curativo”, mas que vejam o
paciente como um todo. Com base nessa premissa e
com uma visão interdisciplinar o “Mestres do Sorriso”,
Projeto de Extensão da Faculdade ASCES, integra
alunos dos cursos de Odontologia, de Enfermagem e
de Fisioterapia, cujo objetivo é a utilização de atividades lúdicas por meio de músicas educativas e de brincadeiras com crianças em ambiente nosocomial, visando à prevenção e a promoção em saúde,
realizando orientações acerca dos cuidados de higiene geral e bucal; além de proporcionar o sorriso e a
alegria, ajudando crianças e acompanhantes a enfrentar a tensão desencadeada pela enfermidade e internação. O Projeto funciona como Atividade Complementar e as visitas realizadas semanalmente na
pediatria do Hospital Regional do Agreste, CaruaruPE. Antes das atividades práticas, são realizadas aulas
teóricas com os alunos-integrantes, a fim de orientálos sobre as atividades práticas, nos mais diversos as-
132
suntos, incluindo: biossegurança, abordagem das
crianças e seus responsáveis, pintura de rosto, desenvolvimento de músicas (paródias) e brincadeiras lúdico-educativas, sendo ministradas por uma equipe
de professores de Odontologia e Enfermagem, e por
uma Psicóloga; cabendo aos participantes do Projeto
o desenvolvimento de brincadeiras nos leitos com as
crianças hospitalizadas, utilizando o lúdico, a brincadeira para realizar orientações sobre saúde geral e
bucal, incluindo a distribuição de kits de higiene bucal, seguida da escovação supervisionada. Diversos são
os resultados alcançados, podendo ser considerados
os seguintes aspectos: o impacto da experiência na
Instituição preparando o aluno para uma atuação
profissional em equipe, por integrar alunos dos cursos de Odontologia, Enfermagem e Fisioterapia, atuação esta, alicerçada em um processo de aprendizado
que reforça o aspecto humanista e social da formação
profissional dos discentes; o alcance social do “Mestres do Sorriso” que recebe diversas solicitações para
a realização das atividades educativas, junto a Programas de cunho social-educativo; tornado-se ainda prudente destacar o estímulo à pesquisa através do desenvolvimento de Trabalhos de Pesquisas, com
trabalhos enviados a Congressos e Pré-projetos elaborados para a realização de Trabalhos de Conclusão de
Curso (TCCs). Contudo, uma vez que o perfil profissional extrapola a formação técnico-científica e preocupa-se numa visão holística com os aspectos sóciohumanos, o “Mestres do Sorriso” além do aporte de
promoção em saúde, também integra estudantes,
acompanhantes e pacientes hospitalizados, procurando minimizar as tensões inerentes ao ambiente
nosocomial, totalizando atualmente cerca de 3.000
crianças assistidas desde o início do Projeto.
Revista da ABENO • 11(1):81-132
Índice de artigos
v. 11, n. 1, janeiro/junho - 2011
Autores
Alencar, Carlos Henrique . . . . . . . . . . . . 23
Almeida, Adeane Loureiro de. . . . . . . . . 16
Almeida, Maria Eneide Leitão de. . . . . . 23
Amante, Cláudio José . . . . . . . . . . . . . . . 62
Amaral, João Henrique Lara do. . . . . . . 29
Battisti, Fabiana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Bergami, Rita Helena . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Borges, Tassia Silvana. . . . . . . . . . . . . . . . 35
Britto Codato, Lucimar Aparecida. . 43, 51
Buffon, Marilene da Cruz Magalhães. . . . 9
Carcereri, Daniela Lemos. . . . . . . . . . . . 62
Carvalho, Denise Siqueira de . . . . . . . . . . 9
Coelho, Tenile Carvalho. . . . . . . . . . . . . 76
Costa, Patrícia Ferreira . . . . . . . . . . . . . . 39
Daniel, Edevar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Daronco, Alexandre. . . . . . . . . . . . . . . . .35
Ferrari, Wesley Fernando . . . . . . . . . . . . 55
Ferreira, Cássio Murilo . . . . . . . . . . . . . . . 9
Frossard, Wanda Terezinha Garbelini . . 51
Frota, Myrna Maria Arcanjo . . . . . . . . . . 23
Gabriel, Mariana . . . . . . . . . . . . . . . . 19, 43
Geraldo, Larissa Cristiane. . . . . . . . . . . . . 9
Higasi, Maura Sassahara . . . . . . . . . . . . . 51
Iwaki Filho, Liogi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Iwaki, Lilian Cristina Vessoni . . . . . . . . . 55
Jorge, Lidiane da Silva. . . . . . . . . . . . . . . 23
Kai, Lícia Kiyomi Kamoi . . . . . . . . . . . . . . 9
Lucas, Simone Dutra. . . . . . . . . . . . . 29, 71
Machado, Cristiane Pimentel
Hernandes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Madureira Junior, Joelcio Santos . . . . . . . 9
Maia, Mariana Ribeiro. . . . . . . . . . . . . . . 39
Mariot, Cristhiane Aparecida . . . . . . . . . . 9
Marques, Beatriz Baldo. . . . . . . . . . . 35, 47
Massaoka, Suely Tsuha. . . . . . . . . . . . . . . 43
Massaro, Débora Cássia da Costa . . . . . . . 9
Mattevi, Gianina Salton. . . . . . . . . . . . . . 62
Medeiros, Carla Patrícia Perpétua . . . . . 39
Menezes, Léa Maria Bezerra de . . . . . . . 23
Miranda, Leonardo de Paula . . . . . . . . . 39
Moraes, Renita Baldo. . . . . . . . . . . . . . . . 47
Mosimann, Maria Carolina. . . . . . . . . . . . 9
Novaes, Izabel Maia. . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Oliveira Sobrinho, Tarcísio Angelo de. . 39
Oliveira, Elisa Ribeiro de. . . . . . . . . . . . . 43
Oliveira, Márcia Maria Benevenuto de. . 51
Oliveira, Milca Lopes de. . . . . . . . . . . . . 76
Padilha, Ana Clara Loch. . . . . . . . . . . . . 62
Palmier, Andréa Clemente . . . . . . . . . . . 29
Pecharki, Giovana Daniela . . . . . . . . . . . . 9
Peixoto, Rogeli Tiburcio Ribeiro da
Cunha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Pieralisi, Neli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Possuelo, Lia Gonçalves. . . . . . . . . . . . . . 35
Rath, Inês Beatriz da Silva. . . . . . . . . . . . 62
Rauber, Alexandre. . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Reibnitz, Marynes Terezinha. . . . . . . . . . 62
Reis, Magda de Sousa. . . . . . . . . . . . . . . .47
Reis, Tatiana Carvalho. . . . . . . . . . . . . . . 39
Sangiorgio, João Paulo Menck . . . . . . . . 51
Santos Junior, Paulo Rosa dos. . . . . . . . . 16
Santos, Gisele Blitzkow S. dos. . . . . . . . . . 9
Santos, Marcos Moura Baptista dos . . . . 35
Senna, Maria Inês Barreiros . . . . . . . . . . 29
Silva, Grasiela Garret da . . . . . . . . . . . . . 62
Silva, Mariliani Chicarelli da. . . . . . . . . . 55
Silva, Micheli Chabat da . . . . . . . . . . . . . 47
Silveira, Charlene do Santos. . . . . . . . . . 35
Slomp Junior, Helvo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Sonda, Eduardo Chaida . . . . . . . . . . . . . 35
Souza Neto, Antonio Carlos de. . . . . . . . 16
Takeshita, Wilton Mitsunari . . . . . . . . . . 55
Tanaka, Elisa Emi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Veltrini, Vanessa Cristina. . . . . . . . . . . . . 55
Werneck, Marcos Azeredo Furquim. . . . 29
Educação em
Odontologia. . . . . . 19, 23, 43, 47, 51, 62
Educação Superior. . . . . . . . . . . . . . . 39, 51
Ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23, 29
Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Estudantes de Odontologia. . . . . . . . . . . 19
Experiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Formação de Recursos Humanos. . . 43, 62
Odontologia. . . . . . . . . . . 16, 29, 35, 47, 71
Odontologia Comunitária. . . . . . . . . . . . 47
Odontologia Preventiva. . . . . . . . . . . . . . 47
Programa Saúde da Família . . . . . . . . . . 39
Recursos Humanos em Odontologia. . . 62
Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Saúde Bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Saúde Coletiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Saúde da Família. . . . . . . . . . . . . . . . . 9, 76
Sistema Único de Saúde . . . . . . . . . 7, 39,43
SUS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Telessaúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Tuberculose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Vigilância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Educational Measurement . . . . . . . . 19, 23
Epidemiology. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Experience. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Family Health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9, 76
Family Health Program. . . . . . . . . . . . . . 39
Health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16, 47
Health Systems. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Higher Education . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Human Resources
Formation. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43, 62
Learning. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Mouth Neoplasms . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Oral Health . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Preventive Dentistry. . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Primary Health Care. . . . . . . . . . . . . . . . 76
Self-Examination. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Social Sciences. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Students, Dental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Surveillance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Teaching. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23, 29
Telehealth. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Tuberculosis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Unified Health System. . . . . . . . . . . . 39, 43
Unified Health System (SUS). . . . . . . . . 29
Descritores
Aleitamento Materno. . . . . . . . . . . . . . . .51
Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Atenção Primária à
Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Auto-exame . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Avaliação Educacional. . . . . . . . . . . . 19, 23
Câncer Bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Ciências Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Currículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Diagnóstico Precoce . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Descriptors
Breast feeding . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Dental Education. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Community Dentistry . . . . . . . . . . . . . . . 47
Curriculum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Dental Education. . . . . . . . . . . . . . . . 43, 62
Dental Staff. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Dentistry. . . . . . . . . . . . . . 16, 29, 35, 47, 71
Dentistry Education. . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Early Diagnosis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Education. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Education, Dental . . . . . . . . . . . . . . . 19, 23
Education, Higher. . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Revista da ABENO • 11(1):133
133
Índice de resumos
v. 11, n. 1, janeiro/junho - 2011
Autores
A
D
L
Abreu, Josicléia Vieira de . . . . . . . . . . . 105
Abreu, Mauro Henrique Nogueira
Guimarães. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Alexandre, Veruska Prado. . . . . . . . . . . 114
Amaral, João Henrique
Lara do . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93, 97, 123
Aranha, Eliane. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Arantes, Bárbara Morais . . . . . . . . . . . . . 84
Araújo, Evânia Luiza . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Araujo, Maria Ercilia de. . . . . . . . . . . . . 110
Araújo, Maria Luiza Alves. . . . . . . . 116,117
Artilheiro, Martha Maria Vieira
Salles. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Dalmolin, Bernadete Maria. . . . . . . . . . . 87
Damasceno, Ticiana Campos . . . . . . . . 100
Dias, Osvaldo Fagundes. . . . . . . . . . . . . 131
Diógenes, Maria Albertina Rocha. . . . . 103
Laroque, Mariane Baltassare. . . . . . . . . . 83
Leal, Rossana Barbosa. . . . . . . . . . . . . . 132
Leite, Angéllica Falcão. . . . . . . . . . . . . . 132
Leite, Larissa Fernandes . . . . . . . . . . . . 117
Lemos, Vânia Aita de. . . . . . . . . . . . . . . . 86
Lima, Beatriz Santana de Souza. . . . . . . 86
Lima, Jacqueline Rodrigues . . . . . . . . . 114
Linden, Maria Salete Sandini. . . . . . . . . 87
Lolli, Luiz Fernando . . . . . . . . . . . . . . . 123
Lovera, Andréia Karin. . . . . . . . . . . . . . 130
Lucas, Simone Dutra. . . . . . . . 97, 123, 124
B
Balbo, José Maria. . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Barros, Paula Ferreira. . . . . . . . . . . . . . 116
Bava, Maria do Carmo Gullaci
Guimarães Caccia. . . . . . . . . . . . . . . . 108
Bercht, Solange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Berlinck, Teresa Cristina Ávila . . . . . . . . 95
Bighetti, Tania Izabel. . . . . . . . . . . . . . . . 83
Bispo, Carina Gisele Costa. . . . . . . . . . .120
Boaventura, Talita . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
Bonfim, Lauana Rocha . . . . . . . . . . . . . . 99
Bregagnolo, Janete Cinira. . . . . . . . . . . 108
C
Cabral, Lioney . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Cabral, Renata Lúcia Cruz . . . . . . . . . . 132
Caetano, Simone. . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Caixeta, Renata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Calazans, Cristiane Muller. . . . . . . . . . . 121
Caovilla, Jairo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Carcereri, Daniela. . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Cardoso, Clarissiane Serafim. . . . . . . . . 105
Carvalho, Marinalva Pereira. . . . . . . . . 112
Carvalho, Raquel Baroni de . . . . . . . . . . 96
Castilhos, Eduardo Dickie de . . . . . . . . . 83
Cerqueira, Iram Alkmim. . . . . . . . . . . . 117
Corralo, Daniela Jorge. . . . . . . . . . . . . . . 87
Corrêa, Fátima. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
Correa, Vera Lúcia Pereira . . . . . . . . . . 121
Costa, Cleinaldo A. . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Costa, Márcia Gonçalves. . . . . . . . . . . . 107
Costa, Renata Cavalcanti Machado. . . . 100
134
E
Espíndola, Janaína. . . . . . . . . . . . . . . . . 126
F
Fagundes Neto, Mariano. . . . . . . . 116, 117
Farias, Mariana Ramalho de. . . . . . . . . 103
Figueiredo, Alexandre Medeiros . . . . . 105
Flores, Renata Zolin. . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Fonseca, Graciela Soares. . . . . . . . . . . . . 90
Fonseca, Ivana dos Santos. . . . . . . . . . . . 99
Fracasso, Marina de Lourdes Calvo . . . 120
Franco, Selma Cristina. . . . . . . . . . . . . . 130
Funk, Paulo do Prado . . . . . . . . . . . . . . . 87
Furquim, Laurindo Zanco. . . . . . . . . . . 121
G
Gabriel, Mariana . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Gazolla, Tatiane Karoline . . . . . . . . . . . 130
Gonçalves, Carla Beatrice
Crivellaro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Gonçalves, Caroline Marinho. . . . . . . . . 96
Gonçalves, Patrícia Rogana. . . . . . . . . . 112
Gondim, Messias Aragão. . . . . . . . . . . . . 95
Goronzi, Thaise. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Grando, Alberi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
H
Hayacibara, Mitsue Fujimaki. . . . . 121, 123
Hidalgo, Mirian Marubayashi. . . . 120, 123
Hugo, Fernando Neves. . . . . . . . . . . . . . 86
J
Junqueira, Simone Rennó. . . . . . . . . . . 110
K
Kasai, Maria Luiza Hiromi Iwakura . . . 117
Krahl, Mônica Krahl . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Revista da ABENO • 11(1):134-5
M
Maciel, Ana Paula Ferreira . . . . . . 116, 117
Magro, Maria Lúcia Dal. . . . . . . . . . . . . . 87
Magro, Miriam Lago . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Maia, Leógenes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Manéa, Analu Sparrenberger. . . . . . . . . 83
Marcelo, Vânia Cristina. . . . . . . . . . 84, 114
Martelli, Petrônio. . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
Martini, Débora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Martins, Marisa Carvalho. . . . . . . . . . . . 117
Martins, Natali Sales. . . . . . . . . . . . . . . . .99
Martins, Thiago Henrique. . . . . . . . . . .117
Martins, Valber. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Maruiti, Andréia Medeiros Pires. . . . . . 131
Mattos, Maria da Gloria
Chiarello de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Medeiros, Ariany Paula. . . . . . . . . . . . . 116
Mendes, Patricia Helena Costa. . . 116, 117
Menezes, Adriana Ferreira de. . . . . . . . . 81
Menezes, Valdenice de A. . . . . . . . . . . . 132
Miguel, Luiz Carlos . . . . . . . . . . . . . . 90, 92
Morelli, Josiane Cristina . . . . . . . . . . . . 117
Moura, Karol Silva de . . . . . . . . . . . . . . 103
Moura, Ticiane Pedrosa de. . . . . . . . . . 100
N
Néri, Felipe Ribeiro. . . . . . . . . . . . . . . . 117
Nery, Newillames Gonçalves. . . . . . . . . 112
Neves, Maria Angelina Zequim. . . . . . . 117
Novais, Tatiana Oliveira. . . . . . . . . . . . . 114
Nunes, Ângela Antunes. . . . . . . . . . . . . . 86
Nunes, Margareth Calvo Pessutti . . . . . 131
Nunes, Maria de Fátima. . . . . . . . . . . . .114
Nuto, Sharmênia de Araujo Soares. . . .100
O
Oliveira, Laís Aguiar de. . . . . . . . . . . . . . 99
P
Padilha, Luciene Silvério. . . . . . . . . . . . 121
Padovez, Letícia Moraes Porto . . . . . . . . 88
Paiano, Helena Maria
Antunes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90, 92,130
Paiva, Mayra Frasson . . . . . . . . . . . . . . . 117
Palmier, Andréa Clemente . . . . 93, 97, 123
Pascotto, Renata Correa . . . . . . . . . . . . 120
Peixoto, Rogéli Tiburcio da Cunha . . . 123
Peixoto, Rogeli Tiburcio Ribeiro
da Cunha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
Pequeno, Lucianna
Leite. . . . . . . . . . . . . . . . . . 81, 99, 100,103
Pereira, Leia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Pinto, Ana Cecília Versiani Duarte. . . . 117
Q
Queiroz, Maria Goretti . . . . . . 84, 112, 114
R
Rabello, Camila Zimmermann. . . . . . . . 87
Rafaelli, Rafael Algusto. . . . . . . . . . . . . 117
Ramin, Eliane. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90, 92
Ramos, Maria Eliza Barbosa . . . . . . . . . . 95
Regalado, Diego. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Rigolon, Cynthia Junqueira. . . . . . . 88, 123
Rocha, Joyce Cristina Chevi da. . . . . . . . 95
Rodrigues, Ana Áurea Alécio
de Oliveira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Rosa, Arisson Rocha da. . . . . . . . . . . . . . 86
Rossoni, Eloá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
Rudey, Ana Carolina . . . . . . . . . . . . . . . 130
S
Saita, Laíssa Yumi. . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
Santiago, Cleide Maria Luiz . . . . . . . . . 131
Santos, Karina Tonini dos. . . . . . . . . . . . 96
Schmidt, Luiza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
Sebold, Rafael. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126
Semprini, Marisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Senna, Maria Inês Barreiros . . . . . . 97, 123
Silva, Eraldo Schunk . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Silva, Mariliani Chicarelli da. . . . . . . . . 123
Silva, Regiane Christine da. . . . . . . . . . 112
Silva, Rianne Keith Bernardo da. . 105, 128
Slavutzky, Sonia Maria Blauth de . . . . . . 86
Sousa, Lucilene Maria. . . . . . . . . . . . . . 114
Sousa, Raquel Carvalho de. . . . . . . . . . 117
Souza, Cinthia Brito de. . . . . . . . . . . . . 112
Souza, Evelin Gonçalves . . . . . . . . . . . . 116
Souza, Luiza Helainne Pinto
Narciso de. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Revista da ABENO • 11(1):134-5
Souza, Maria Isabel de Castro de . . . . . . 95
T
Tanaka, Flávia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Teixeira, Alex Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . 83
Tenório, Marília. . . . . . . . . . . . . . . 119, 120
Terada, Raquel Sano Suga. . . . . . . 121, 123
Thurow, Leandro Leitzke . . . . . . . . . . . . 83
Toassi, Ramona Fernanda. . . . . . . . . . . . 86
V
Vasconcelos, Mara. . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Veltrini, Vanessa Cristina. . . . . . . . . . . . 120
Vicente, Arivaldo de Jesus. . . . . . . . . . . 121
Vizzotto, Denise. . . . . . . . . . . . . . 90, 92,130
W
Warmling, Cristine Maria . . . . . . . . . . . . 86
Watanabe, Marlívia Gonçalves
de Carvalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
Werneck, Marcos Azeredo
Furquim. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97, 123
Wibelinger, Lia Mara. . . . . . . . . . . . . . . . 87
Z
Zuculin, Sara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
135
Normas para apresentação
de originais
I.Missão - A Revista da ABENO - Associação Brasileira
de Ensino Odontológico é uma publicação quadrimestral que
tem como missão primordial contribuir para a obtenção de
indicadores de qualidade do ensino Odontológico, respeitando
os desejos de formação discente e capacitação docente, com
vistas a assegurar o contínuo progresso da formação profissional
e produzir benefícios diretamente voltados para a coletividade.
Visa também produzir junto aos especialistas a reflexão e análise
crítica dos assuntos da área em nível local, regional, nacional e
internacional.
II.Originais - Os originais deverão ser redigidos em
português ou inglês e digitados na fonte Arial tamanho 12, em
página tamanho A4, com espaço 1,5 e margem de 3 cm de cada
um dos lados, perfazendo o total de no máximo 17 páginas,
incluindo quadros, tabelas e ilustrações (gráficos, desenhos,
esquemas, fotografias etc.) ou no máximo 25.000 caracteres
contando os espaços.
III.Ilustrações - As ilustrações (gráficos, desenhos,
esquemas, fotografias etc.) deverão ser limitadas ao mínimo
indispensável, apresentadas em páginas separadas e numeradas
consecutivamente em algarismos arábicos. As respectivas
legendas deverão ser concisas e localizadas abaixo e precedidas
da numeração correspondente. Nas tabelas e nos quadros a
legenda deverá ser colocada na parte superior. As fotografias
deverão ser fornecidas em mídia digital, em formato tif ou
jpg, tamanho 10 x 15 cm, em no mínimo 300 dpi. Não serão
aceitas fotografias em Word ou Power Point. Deverão ser
indicados os locais no texto para inserção das ilustrações e de
suas citações.
IV.Encaminhamento de originais - Solicita-se o
encaminhamento dos originais de acordo com as especificações
descritas no item II para o endereço eletrônico www.abeno.
org.br. A submissão “on-line” é simples e segura pelo padrão
informatizado disponível no site, no ícone “Revista Online”.
Somente opte pelo encaminhamento pelo correio diante
da necessidade de publicação de ilustrações em formato
tif/jpg e alta resolução (veja especificações no item III).
Endereço: Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino
Odontológico - Rua Pernambuco, 540 - 1º andar - Clínica
Odontológica da UEL. CEP: 86020-120, Centro - Londrina - PR
V. A estrutura do original
1. Cabeçalho: Quando os artigos forem em português,
colocar título e subtítulo em português e inglês; quando
os artigos forem em inglês, colocar título e subtítulo em
inglês e português. O título deve ser breve e indicativo
da exata finalidade do trabalho e o subtítulo deve
contemplar um aspecto importante do trabalho.
2.Autores: Indicação de apenas um título universitário
e/ou uma vinculação à instituição de ensino ou pesquisa
que indique a sua autoridade em relação ao assunto.
3.Resumo: Representa a condensação do conteúdo,
expondo metodologia, resultados e conclusões, não
excedendo 250 palavras e em um único parágrafo.
4.Descritores: Palavras ou expressões que identifiquem
o conteúdo do artigo. Para sua determinação, consultar
a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS”
(http://decs.bvs.br) (no máximo 5).
136
5.Texto: Deverá seguir, dentro do possível, a seguinte
estrutura:
a)Introdução: deve apresentar com clareza o objetivo do
trabalho e sua relação com os outros trabalhos na mesma
linha ou área. Extensas revisões de literatura devem ser
evitadas e quando possível substituídas por referências
aos trabalhos bibliográficos mais recentes, onde certos
aspectos e revisões já tenham sido apresentados.
Lembre-se que trabalhos e resumos de teses devem
sofrer modificações de forma a se apresentarem
adequadamente para a publicação na Revista, seguindose rigorosamente as normas aqui publicadas.
b)Material e métodos: a descrição dos métodos usados
deve ser suficientemente clara para possibilitar a
perfeita compreensão e repetição do trabalho, não
sendo extensa. Técnicas já publicadas, a menos que
tenham sido modificadas, devem ser apenas citadas
(obrigatoriamente).
c)Resultados: deverão ser apresentados com o mínimo
possível de discussão ou interpretação pessoal,
acompanhados de tabelas e/ou material ilustrativo
adequado, quando necessário. Dados estatísticos devem
ser submetidos a análises apropriadas.
d)Discussão: deve ser restrita ao significado dos
dados obtidos, resultados alcançados, relação do
conhecimento já existente, sendo evitadas hipóteses
não fundamentadas nos resultados.
e)Conclusões: devem estar baseadas no próprio texto.
f)Agradecimentos (quando houver).
6.Abstract: Resumo do texto em inglês. Sua redação
deve ser paralela à do resumo em português.
7.Descriptors: Versão dos descritores para o inglês.
Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores
em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no
máximo 5).
8.Referências bibliográficas: Devem ser ordenadas
alfabeticamente, numeradas e normatizadas de acordo
com o Estilo Vancouver, conforme orientações publicadas
no site da “National Library of Medicine” (http://www.
nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html). Para as
citações no corpo do texto deve-se utilizar o sistema
numérico, no qual são indicados no texto somente os
números-índices na forma sobrescrita. A citação de
nomes de autores só é permitida quando estritamente
necessária e deve ser acompanhada de número-índice
e ano de publicação entre parênteses. Todas as citações
devem ser acompanhadas de sua referência bibliográfica
completa e todas as referências devem estar citadas no
corpo do texto. As abreviaturas dos títulos dos periódicos
deverão estar de acordo com o “List of Journals Indexed
in Index Medicus” (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/
query.fcgi?db=journals). A exatidão das referências
bibliográficas é de responsabilidade dos autores.
VI. Endereço - E-mail, telefone e fax de todos os autores.
Obs.: Qualquer alteração de endereço, telefone ou e-mail deve
ser imediatamente comunicada à Revista. §
Revista da ABENO • 11(1):136

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