Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola
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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Estrutura do estrato lenhoso de uma comunidade arbustiva fechada sobre cordão arenoso na Restinga da Marambaia, RJ. Henrique Machado Dias 2005 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Estrutura do estrato lenhoso de uma comunidade arbustiva fechada sobre cordão arenoso na Restinga da Marambaia, RJ. Henrique Machado Dias Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Botânica. Orientadora: Dra Dorothy Sue Dunn de Araujo. Rio de Janeiro Setembro de 2005 ii Estrutura do estrato lenhoso de uma comunidade arbustiva fechada sobre cordão arenoso na Restinga da Marambaia, RJ. Henrique Machado Dias Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre. Aprovada por: Prof.______________________________ - Orientadora (Dra. Dorothy Sue Dunn de Araujo) Prof. _____________________ (Dr. Fábio Rúbio Scarano) Prof. _____________________ (Dra. Ariane Luna Peixoto) Prof. _____________________ - Suplente (Dr. Rogério Ribeiro Oliveira) Rio de Janeiro 2005 iii Dedico essa dissertação a minha família que muito amo. A minha mãe que muito me inspirou por seu exemplo e dedicação, superando todas as dificuldades e expectativas na criação de seus filhos. iv Agradecimentos O término deste trabalho deve-se a ajuda de vários amigos e pesquisadores, no qual, fico extremamente grato e feliz pela colaboração e paciência de todos. À minha orientadora Dorothy Sue Dunn de Araujo, por ter me aceitado para ser seu bolsista de iniciação na época em que eu era apenas um “embrião” no conhecimento sobre as restingas, e que me deu o total apoio e liberdade de pensar e agir sem cobranças. Foi minha verdadeiramente “mãe” acadêmica ou científica. Ao amigo Cyl Farney Catarino de Sá pelos conselhos e sugestões que me passou, ou melhor, que me passa, orientando e ensinando todas as maneiras de se trabalhar em campo e no herbário, como também abrindo minha mente e mostrando o caminho certo a percorrer nesse meio. Além é claro das divertidas conversas e viagens. A Haroldo Cavalcante de Lima por ter me adotando em sua sala, mesmo não sendo meu orientador da dissertação, mas como um dos meus orientadores acadêmicos. Fico extremamente grato por ter me dado a oportunidade de trabalhar paralelamente em outros projetos e por ter me dado um “teto” na instituição. À Miriam Cristina Alvarez Pereira pelas sugestões feitas ao decorrer deste trabalho, no qual foram de grande importância para o meu aprendizado e conseqüentemente para a minha dissertação. Uma experiência e orientação a mais que me foi passada. Ao Luís Fernando Tavares Menezes por ter me apresentado aquele verdadeiro paraíso, e por ter insistido em me encaminhar na realização primeiramente da monografia e posteriormente a continuação para a dissertação. Aos meus amigos Alexandro Solorzano, Anderson Borges, Daniel Medina Santos, Leonora Cardin e Luís Felipe Umbellino pelas imensas ajudas que deram nas mais diversas idas ao campo, para a árdua e bela tarefa de entrar na área de estudo e terem o prazer de me ajudarem a coletar os dados aqui apresentados, mesmo sabendo que ficariam ao lado de uma das mais belas praias que já viram, e na qual não poderiam se quer entrar. E também pelo divertido ciclo de amizade. Aos colegas que sem saber o que iriam encontrar na área, certamente foram com toda vontade em me ajudar nas coletas destes dados: Angélica Pontes, Douglas Cezário, Ricardo Freitas, Tadeu Shibue, Renata Romano e Maria Aparecida. Ao meu irmão e cunhada (Adriano e Bia) por terem se enfiados nessa furada de tirar um domingo e ir me v ajudar, e ainda serem picados por uma formiga “gigante”, ou melhor, “alienígena”, como também foram Leonora e Anderson. Aos amigos que conheci no JBRJ e na ENBT e que vieram tornando essa “era” mestrado (mesmo vencendo as dificuldades), um local divertido e muito legal de trabalhar, e que também muito me ajudaram e que deixarão saudades nessa “era”, principalmente pelas reuniões extraordinárias que fazíamos semanalmente no “bolinha” e diariamente em outros locais: Marcelinho, João, Pedro, Juan, Ricardo, Dulce, Schumm, Tião, Róbson, Maria, Douglas, Jaqueline, Dudu, Rubem, além dos amigos já citados anteriormente. A Escola Nacional de Botânica Tropical por ter sido a instituição que me admitiu a sua pós-graduação, em especial a professora Ariane L. Peixoto, por ter facilitado a minha presença diária na Escola a partir da estadia que obtive na casa da instituição, fazendo assim, com que houvesse uma maior agilidade no desenvolvimento desta. À professora Rejan Guedes-Bruni pelas suas excelentes sugestões na pré-banca. Aos seguintes pesquisadores por ter determinado as respectivas famílias estudadas: Alexandre Quinet – Lauraceae; André Amorim & Ana Angélica – Malpighiaceae; Arline Oliveira – Euphorbiaceae; Genise Somner – Sapindaceae; Marcelo Souza – Myrtaceae; Maria Fátima Freitas – Myrsinaceae; Róbson Ribeiro & Vidal Mansano – Leguminosae; Cyl Farney C. Sá – Nyctaginaceae; Massimo Bovini – Malvaceae s.l.; Mário Gomes – Rubiaceae. Aos alunos e professores do Laboratório de Ecologia Vegetal – UFRJ, no qual participei como bolsista, e que tive o imenso prazer de trabalhar junto, conhecendo diversas linhas de pesquisas e aprendendo cada vez mais com esse intercâmbio. Ao Exército, em especial ao Campo de Provas da Marambaia, por ter permitido a realização deste estudo dentro de sua área de treinamento, mesmo tendo cuidado em não pisar nos “tijolos quentes”. Ao Laboratório de Geoprocessamento Aplicado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que gentilmente cedeu o mapa de vegetação da Restinga da Marambaia. vi Sumário Resumo ........................................................................................... viii Abstract ........................................................................................... ix Introdução geral ...............................................................................1 Referências bibliográficas .............................................................. 4 Artigo científico ................................................................................7 Introdução .............................................................................8 Materiais & Métodos ............................................................10 Resultados .............................................................................15 Discussão ...............................................................................20 Conclusão ..............................................................................28 Referências bibliográficas .....................................................29 vii Resumo Foi realizado um levantamento estrutural do estrato lenhoso de uma formação arbustiva fechada sobre cordão arenoso na restinga da Marambaia, RJ (23°02’55’’S, 23°02’46’’S; 43°36’32’’W, 43°37’47’’W) e comparada esta com outras comunidades fisionomicamente semelhantes. Utilizou-se o método de intercepto de linha e foram amostrados em 1170m de linha 1938 indivíduos lenhosos 0,50m de altura, distribuídos em 73 espécies e 30 famílias. As famílias com maiores Valores de Importância (VIF) foram Myrtaceae (21%), Nyctaginaceae (7,2%) e Malvaceae (7,1%). Myrtaceae foi à família com maior riqueza (15 sp.) e maior número de indivíduos (379). As espécies que obtiveram o maior VI foram Guapira opposita, Maytenus obtusifolia, Pavonia alnifolia, Aspidosperma parvifolium, Eugenia copacabanensis, Myrrhinium atropurpureum, Manilkara subsericea, Ouratea cuspidata e Erythroxylum ovalifolium. O índice de diversidade na comunidade estudada foi H’= 3,49 e a equidade J= 0,81. A similaridade (Sörenson) entre esse estudo e outro realizado no mesmo tipo de vegetação em Barra de Marica-RJ foi CS=0,37 (qualitativa) e CN=0,15 (quantitativa). Foi constatada uma alta similaridade (CS=0,62) entre esta vegetação e uma floresta de duna na Marambaia, indicando uma forte ligação florística entre elas. A comunidade analisada foi identificada como arbustiva fechada de Myrtaceae por atender aos critérios florísticos, fisionômicos e estruturais na descrição desta. Embora existam semelhanças em relação à riqueza e VI de espécies de Myrtaceae entre a comunidade da Marambaia e a de Maricá, a similaridade entre estas duas formações é baixa, em termos qualitativos e quantitativos, demonstrando uma heterogeneidade ao longo do litoral. Isto tem dificultado a ampla utilização da classificação de comunidades de restinga. viii Abstract This study presents a survey of the woody structure of a closed shrubby formation on a sandy beach ridge at Marambaia Restinga, RJ (23°02’55’’S, 23°02’46’’S; 43°36’32’’W, 43°37’47’’W) and compares this vegetation to other physiognomically similar plant communities. Using the line intercept method, a total of 1170m were sampled, resulting in 1938 woody plants (dbh 0.5cm), belonging to 73 species and 30 families. The families with highest Family Importance Values (FIV) were Myrtaceae (21% of FIV), Nyctaginaceae (7.2%) and Malvaceae (7.1%). Myrtaceae had the most species (15) and also the greatest number of individuals (379). The species with the greatest Importance Values (IV) were Guapira opposita, Maytenus obtusifolia, Pavonia alnifolia, Aspidosperma parvifolium, Eugenia copacabanensis, Myrrhinium atropurpureum, Manilkara subsericea, Ouratea cuspidata and Erythroxylum ovalifolium. Shannon´s diversity index for this community was H´= 3.49 (equability J´= 0.81). Similarity between this community and a similar formation in Barra de Maricá, using Sörenson´s index was CS=0.37 (based on common species) and CN=0.15 (based on species cover). This formation had high similarity (CS=0.62) with a dune forest located near the study site at Marambaia. This closed shrubby formation was classified as a closed Myrtaceae thicket based on floristic, physiognomic and structural parameters. Although this community and that of Maricá are similar in terms of physiognomy and Myrtaceae species richness and FIV, the similarity value is low, both quantitatively and qualitatively terms, revealing a great degree of heterogeneity between plant communities along the coast. This has created a certain amount of difficulty in placing plant communities within existing classification systems. ix Introdução Geral A Mata Atlântica originalmente cobria cem milhões de hectares, e hoje, em virtude da densa ocupação humana e industrialização, resta somente 7,5% dessas florestas (Myers et al., 2000). Dentro desse ameaçado bioma, encontra-se um ecossistema muito especial, e que no qual tem sido destaque em termos de representatividade para a biodiversidade mundial: as Restingas (Araujo & Maciel, 1998). A palavra Restinga é empregada na literatura brasileira tanto para designar áreas de sedimentação quaternária no sentido geomorfológico, quanto para formações vegetais que cobrem as planícies arenosas costeiras (Suguio & Tessler, 1984), desde o oceano até alcançar, de modo geral, as primeiras elevações da Serra do Mar, como ocorre no litoral Sul do estado do Rio de Janeiro (Rizzini, 1997). O solo arenoso, pobre em nutrientes, é um dos fatores limitantes ao estabelecimento de atividades agrícolas em áreas de Restinga, e este fato contribuiu para se manterem relativamente preservadas, em maior ou menor grau, algumas Restingas e suas respectivas comunidades vegetais (Araujo et al. 1998). Porém, com a forte pressão imobiliária sobre estas áreas, inicia-se uma grande alteração nestas comunidades vegetais, afetando toda uma biota pré-existente. As Restingas estão localizadas ao longo de todo o litoral brasileiro, desde a latitude 4º N até 34º S, cujas maiores extensões se dão no litoral do Rio Grande do Sul e nos deltas dos maiores rios das regiões Sudeste e Nordeste. (Lacerda et al., 1993). Ao longo do litoral do estado do Rio de Janeiro, a Restinga da Marambaia constitui um dos poucos refúgios para a fauna e a flora de Restinga (Menezes et al, 1998). O seu bom estado de conservação justifica-se, em parte, pela presença de instalações militares da Marinha e do Exército em toda a sua extensão, as quais, por sua vez, coíbem a caça, a retirada de madeira e areia, e, principalmente, a especulação imobiliária. Somente a partir da década de 90 se começou a intensificar os estudos na Restinga da Marambaia. Por esta razão é que a Restinga da Marambaia possui um menor conhecimento científico em relação a outras formações de Restinga ao longo do estado do Rio de Janeiro, relativo à estrutura e à ecologia dos diferentes tipos de vegetação ali existentes. Os poucos estudos de caráter estrutural da vegetação, realizados na área e publicados, até o momento, foram desenvolvidos por Menezes & Araujo (1999, 2000), os quais visam classificar as comunidades praianas. Menezes & Araujo (2005) descreveram em toda a Restinga da Marambaia onze formações vegetais baseadas, fundamentalmente, na fisionomia, na composição florística e na saturação hídrica do solo, das quais: quatro são herbáceas, quatro arbustivas e três florestais. Nas Restingas do estado do Rio de Janeiro, maior ênfase nos estudos estruturais de vegetação tem sido dada para as comunidades praianas, as organizadas em moitas e as matas de Restinga (e.g., Silva, 1991; Zaluar, 1997; Almeida & Araujo, 1997; Menezes & Araujo, 1999; Assumpção & Nascimento, 2000; Lobão & Kurtz, 2000; Oliveira, 2000; Araujo et al., 2004; Pereira et al., 2004), sendo que as comunidades arbustivas fechadas têm recebido menor ênfase, em decorrência possivelmente, à escassez desse tipo de comunidade nas Restingas fluminenses e/ou pela dificuldade de se trabalhar em seu interior. O único estudo publicado para este tipo de vegetação de Restinga no estado do Rio de Janeiro foi o de Pereira et al. (2001) em Barra de Maricá. Inventariar a flora de uma determinada porção de um ecossistema é o primeiro passo para sua conservação e uso racional, sem o qual um conhecimento mínimo sobre os organismos que o habitam e uma estimativa de quantas espécies podem ser encontradas no local inviabiliza desenvolver qualquer projeto de conservação (Santos, 2003). Por isso, são utilizados métodos quantitativos e qualitativos que permitem tirar conclusões e gerar hipóteses, além de fazer previsões e testá-las através de métodos estatísticos. (Pereira et al. 2001). Sendo assim, nesse estudo, para a análise da estrutura da comunidade estudada, foi utilizado o método de intercepto de linha (Mueller-Dumbois & Ellenberg, 1974; Brower et al., 1998), que pode ser definido como um método de amostragem de vegetação baseado na mensuração de todas as plantas interceptadas por um plano vertical (Canfield, 1941), seguindo critérios de inclusão. No Brasil, poucos estudos têm utilizado este método para descrever comunidades vegetais. A grande maioria deles, porém, provém das Restingas do estado do Rio de Janeiro (Silva 1991; Zaluar 1997; Assumpção & Nascimento, 2000; Pereira et al. 2001; Araujo et al. 2004), embora hajam exemplos também no cerrado (Meirelles et al., 2002). O método é baseado na utilização de um transecto (linha) de uma só dimensão (comprimento), e que consiste na extensão de uma cinta métrica onde é registrada a superposição ou intersecção da copa (ou sua projeção vertical) de cada espécie (MuellerDumbois & Ellenberg, 1974; Brower et al. 1998; McCune & Grace, 2002). No presente estudo, para estimar a cobertura das espécies de plantas lenhosas na comunidade, foi utilizado a metodologia como descrito primeiramente por Canfield (1941) 2 e adaptados por diversos outros autores até os dias atuais (Parker & Savage, 1944; McIntyre, 1953; Floyd & Anderson, 1987; Pontius, 1998). No entanto, são seguidos principalmente os trabalhos de Mueller-Dumbos & Ellenberg (1974) e Brower et al (1998). A cobertura é um dos parâmetros quantitativos de maior importância para amostragens de vegetação (Mueller-Dumbois & Ellenberg, 1974; Floyd & Anderson, 1987). É definida como a porcentagem de alguma superfície coberta pela projeção vertical do perímetro de um organismo (McCune & Grace, 2002). Existem diferentes métodos para estimar os parâmetros estruturais de uma comunidade, baseados em unidades geométricas (e.g., linhas, pontos) ou em unidades geográficas (e.g., quadrantes). Uma comparação entre esses três métodos na estimativa de cobertura foi realizada por Floyd & Anderson (1987), no qual verificaram que os resultados por intercepto de linha foram significativamente melhores, por este método ser mais preciso e requerer menor esforço em termos de tempo, do que os obtidos pelos outros dois métodos, especialmente nas medições de comunidades herbáceas e arbustivas. No método de intercepto de linha, a probabilidade de encontrar determinada espécie vai depender do tamanho das copas dos seus indivíduos. Uma árvore grande, porém rara, tem a probabilidade maior de ser interceptada do que uma planta ocasional, mas pequena. Espécies com maior densidade irão aparecer mais freqüentemente na amostragem do que aquelas que possuem menor densidade, sendo então, o padrão de distribuição espacial das plantas afetando nas estimativas dos parâmetros fitossociológicos (Brower et al, 1998). Esse estudo tem por objetivos descrever floristica, e estruturalmente o estrato lenhoso de uma comunidade arbustiva fechada sobre cordão arenoso na Restinga da Marambaia, na vertente oceânica (vertente Sul); comparar seus resultados com outros trabalhos realizados em diferentes locais de Restinga; além de avaliar a pertinência de classificar a comunidade estudada de acordo com os sistemas de classificação propostos por Araujo & Henriques (1984) e Araujo (1992). Assim, pretende-se colaborar na discussão sobre a nomenclatura utilizada para designar tais formações vegetais, a qual vem sendo dificultada pela deficiência de informações sobre algumas comunidades vegetais de Restinga. 3 Referências bibliográficas Almeida, A.L. & Araujo, D.S.D. 1997. Comunidades vegetais do cordão arenoso externo da Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, Saquarema, RJ. p. 47-63. In: Absalão. R.S. & A.M. Esteves (eds.). Ecologia de praias arenosas do litoral brasileiro. Oecologia Brasiliensis Séries. Vol. 3 PPGE-UFRJ. Rio de Janeiro. Araujo, D.S.D. 1992. Vegetation types of sandy coastal plains of tropical Brazil: A first approximation. p.337 – 347. In: Seeliger. U. (ed). Coastal plant communities of Latin America. Academic Press. San Diego. ____________. & Henriques, R.P.B. 1984. Análise florística das restingas do Estado do Rio de Janeiro. p. 159-194. In: L. D. Lacerda; Araujo, D.S.D.; R. Cerqueira; B. Turcq (org.). Restingas: Origem, Estrutura e Processos. 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Aluno de Mestrado da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. ([email protected]). 3 Docente do Laboratório de Ecologia Vegetal da Universidade Federal do Rio de Janeiro. (dotaraujo@globo com). 2 7 Introdução O conhecimento sobre as formações vegetais presentes no Bioma Mata Atlântica, desempenha papel fundamental na elaboração de estratégias mundiais para a conservação da biodiversidade (Lima & Guedes-Bruni, 1997). Sendo que uma das características mais relevantes encontradas nesses ambientes, é a heterogeneidade das formações vegetais que os compõem, variando desde escala local, refletindo diferentes características do substrato, até eventos dinâmicos naturais, como abertura de clareiras, constituindo então, um mosaico de vegetação (Mantovani, 2003). Em trabalho sobre os hábitats marginais à Mata Atlântica sensu stricto, Scarano (2002), destacou a importância de se estudar comunidades periféricas a este ambiente, como as de Restinga, pois, essas estão sujeitas a uma maior condição de adversidade (e.g. altas temperaturas, períodos de seca, vento constante, alta salinidade e escassez de nutrientes) do que outras comunidades vegetais, e, consequentemente, a sua estrutura e função, às tornam diferentes de quaisquer outros ambientes, tornando-se então, indispensável os estudos em tais locais. Dentre as comunidades periféricas citadas acima, destacam-se as Restingas da costa brasileira, que estão localizadas ao longo de todo o litoral brasileiro, desde a latitude 4º N até 34º S, e que no qual, possuem suas maiores extensões no litoral do Rio Grande do Sul e nos deltas dos maiores rios das regiões Sudeste e Nordeste. (Lacerda et al., 1993). A flora de restinga do Estado do Rio de Janeiro é uma das mais bem levantadas em toda a costa brasileira (Araujo, 2000). Uma maior intensidade de coleta (77% de coletas botânicas realizadas nas restingas fluminenses) tem sido realizada na região que começa a partir da Baía de Guanabara e se estende até o limite do Estado do Espírito Santo (Araujo, 2000). Os demais 23% de coletas foram realizadas ao Sul da Baía de Guanabara até o limite de São Paulo, incluindo, nesta região de abrangência, a Restinga da Marambaia, representando somente 3,2% do total das coletas no Estado alguns anos atrás (Araujo, 2000). Esta situação tem sido melhorada nos últimos anos como pode ser constatado pelo crescente número de coletas (± 1.800) realizadas nos últimos 15 anos (L.F.T.Menezes, com. pess.), tornando-a próxima aos 15% do total de coletas para o estado do Rio de Janeiro. Ao longo do litoral do estado do Rio de Janeiro, a Restinga da Marambaia constitui um dos poucos refúgios para a fauna e a flora de Restinga (Menezes et al, 1998). O seu 8 bom estado de conservação justifica-se, em parte, pela presença de instalações militares da Marinha e do Exército em toda a sua extensão, as quais, por sua vez, coíbem a caça, a retirada de madeira e areia, e, principalmente, a especulação imobiliária. Destaca-se ainda, que mesmo com presença das instalações e práticas militares, o grau de preservação das formações vegetais na Marambaia é, extremamente, significante. Os poucos estudos de caráter estrutural da vegetação, realizados até o momento, na Restinga da Marambaia, foram desenvolvidos por Menezes & Araujo (1999), Menezes (2005) e Souza et al. (dados não publicados), os quais descreveram as comunidades praianas, uma mata de restinga e bem como uma floresta de cordão arenoso, respectivamente. E de acordo com Menezes & Araujo (2005), a Restinga da Marambaia possui 11 formações vegetais baseadas, fundamentalmente, na fisionomia, na composição florística e na saturação hídrica do solo, entre as quais, quatro são herbáceas, quatro arbustivas e três florestais. Nas Restingas do estado do Rio de Janeiro, maior ênfase nos estudos estruturais de vegetação tem sido dada às comunidades praianas, às organizadas em moitas e às matas de Restinga (e.g., Silva, 1991; Zaluar, 1997; Almeida & Araujo, 1997; Menezes & Araujo, 1999; Assumpção & Nascimento, 2000; Oliveira, 2000; Araujo et al., 2004; Pereira et al., 2004), sendo que as comunidades arbustivas fechadas têm recebido menor ênfase, em decorrência, talvez, de sua escassez nas Restingas fluminenses e/ou pela dificuldade de se trabalhar em seu interior. Sendo o único estudo conhecido para este tipo de vegetação no estado do Rio de Janeiro, até o momento, é o realizado por Pereira et al. (2001). Este estudo tem por objetivos: descrever floristica e estruturalmente o estrato lenhoso de uma comunidade arbustiva fechada, sobre a linha de dunas, no cordão arenoso da Restinga da Marambaia, na sua vertente oceânica (face Sul das dunas); comparar estes resultados com outros trabalhos realizados em diferentes locais de Restinga; além de contribuir para aprimoramento e classificação deste tipo de comunidade vegetal. 9 Materiais & Métodos Área de estudo A Restinga da Marambaia está situada, em parte, na Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, bem como nos municípios de Itaguaí e Mangaratiba (Menezes & Araujo, 1999), que se localizam ao Sul do estado do Rio de Janeiro (Figura 1). Uma ampla descrição geomorfológica sobre a origem e evolução da Restinga da Marambaia é encontrada em Menezes & Araujo (1999) e Menezes et al. (2005). Esta unidade fisiográfica é formada pela restinga, propriamente dita, e pela elevação conhecida como Pico da Marambaia (641 metros de altitude). A estreita faixa arenosa, com aproximadamente 40 quilômetros de comprimento no sentido W-E, emerge poucos metros acima do nível médio da maré alta, exceto onde é coberta por dunas, algumas das quais, com até 30 metros de altura (Pereira et al., 1990; Roncarati & Menezes, 2005). Na extremidade Oeste, ela é ligada ao Pico da Marambaia, onde atinge sua maior largura, que é em torno de 3.500 metros. Na parte central desta Restinga ocorre um estreitamento de até 120 metros de largura, devido à remobilização dos sedimentos arenosos através das correntes internas da Baía de Sepetiba. Na extremidade Leste, localiza-se a parte mais próxima ao continente, a ponta de Guaratiba, que possui uma largura aproximadamente de 1.800 metros. Esta extremidade não está ligada ao continente, pois é interrompida pelo Canal do Bacalhau, por onde passam as águas que circulam nos manguezais de Guaratiba, na Baía de Sepetiba (Roncarati & Menezes, 2005). Os dados climáticos são procedentes da estação meteorológica da Marambaia, distante cerca de 500 metros do local de estudo, e correspondem ao período de 1984 a 1995 (Menezes & Araujo, 1999) A temperatura média anual atinge 23,6 °C, sendo fevereiro o mês mais quente, com temperatura média de 26,7 °C, enquanto julho é o mais frio, com temperatura média de 21,0 °C. Não há uma estação seca bem marcada durante o ano. A precipitação média anual é de 1027,2 mm, sendo o mês de agosto o mais seco, com 47,4 mm e março, o mais chuvoso, com 140,6 mm., enquadrando-se no macroclima Aw (Clima Tropical Chuvoso), com temperaturas do ar típicas das áreas litorâneas tropicais, de acordo com a classificação de Köppen (Menezes & Araujo, 2005). O local escolhido para o presente estudo localiza-se à Leste da Restinga, entre a Estação Meteorológica da Marambaia e a Linha 2 ( linha assim designada pelo Exército, na 10 qual, fazem treinamento, rotineiro, de tiros) sobre a linha de dunas, altas e descontinuas, que ocupam boa parte da Restinga, no lado Sul da linha de dunas, voltada para o oceano. A área de estudo possui em torno de 3 quilômetros de extensão paralelo à linha da praia, e distante do portão de entrada da Restinga da Marambaia cerca de 7 quilômetros. As amostragens foram realizadas entre as coordenadas geográficas 23° 02’ 55’’ S; 23° 02’ 46’’ S e 43° 36’ 32’’ W; 43° 37’ 47’’ W (Figura 1). A comunidade estudada é fisionomicamente uma vegetação arbustiva fechada, distante do mar cerca de 200 metros, e tendo início próximo a uma estrada que beira, paralelamente, a comunidade. Perpendicular a esta estrada, no sentido Norte, inicia-se à comunidade estudada, com uma parte plana de aproximadamente 80 metros de comprimento, com pequenas depressões mais úmidas, indo até o início da subida das dunas interioranas e descontínuas (dunas essas que possuem de 20 a 30 metros de altura). Essa subida ocupa um trecho de 150 a 200 metros, aproximadamente, sendo intercalada com algumas depressões maiores, até chegar à crista da duna. A partir daí, há uma queda abrupta de cerca de 30 metros para o lado Norte da linha de dunas, voltada para a baía de Sepetiba. Os arbustos possuem em torno de 4 metros de altura, com alguns indivíduos podendo alcançar até 10 metros, nas depressões das dunas. Em toda a sua extensão, os arbustos frequentemente são ramificados desde a base, possuindo amplas copas que se sobrepõem ou entrelaçam a indivíduos da mesma ou de outras espécies. O estrato herbáceo é constituído por algumas espécies de bromélias terrestres (e.g. Neoregelia cruenta (Graham) L.B.Sm., Quesnelia quesneliana (Brongn.) L.B.Sm., Billbergia amoena (lodd.) Lindl., Vriesea neoglutinosa Mez) e epífitas (e.g. Tillandsia stricta Sol., T. gardineri Lindl.), além de cactos (e.g. Pilosocereus arrabidae (Lem.) Byles & G.D.Rowley, Cereus fernambucensis Lem, Rhipsalis sp.), aráceas (e.g. Philodendron corcovadense Kunth.) e diversas espécies escandentes de malpiguiáceas e sapindáceas. Também ocorrem orquídeas terrestres e epífitas (e.g. Epidendrum denticulatum Barb. Rodr. e Cattleya guttata Lindl.), além de diversas outras famílias, características deste estrato. As comunidades de Restinga mais próximas à área de estudo, de acordo com a classificação de Menezes & Araujo (2005), são: Formação Herbácea Fechada de Cordão Arenoso, Formação Herbácea Aberta de Praia, Formação Herbácea Fechada Inundada. As duas primeiras comunidades já foram descritas estruturalmente por Menezes & Araujo 11 (1999) sob as denominações de arbustiva de Palmae e psamófila-reptante, respectivamente, e se localizam, ao Sul desta comunidade aqui descrita neste estudo. N N Linha 2 ± 2000 m Figura 1: Localização no mapa do Estado do Rio de Janeiro à Restinga da Marambaia. Em seguida uma ampliação da área de estudo, com a localização das amostras (5 linhas perpendiculares à praia no sentido Sul ao Norte). Fonte: Mapa de Cobertura Vegetal: Laboratório de Geoprocessamento Aplicado (LGA) – UFRRJ. 12 Análise da estrutura Nesse estudo, foi utilizado o método de intercepto de linha (Muller-Dumbois & Ellenberg, 1974; Brower et al., 1998), no qual é uma metodologia baseada na mensuração de todas as plantas interceptadas por um plano vertical (Canfield, 1941), estimando a cobertura das espécies lenhosas, e seguindo alguns critérios de inclusão. Floyd & Anderson (1987) verificaram que o resultado obtido com o uso desse método, foi significativamente melhor, quando comparado com os métodos de ponto e quadrante centrado, por sua maior precisão e requerimento de menor esforço de tempo, especialmente nas medições de comunidades herbáceas e arbustivas. No Brasil, poucos estudos têm utilizado o método de intercepto de linha para descrever comunidades vegetais. A grande maioria deles provém das Restingas do estado do Rio de Janeiro (Silva, 1991; Zaluar, 1997; Assumpção & Nascimento, 2000; Pereira et al, 2001; Araujo et al, 2004), embora hajam exemplos também no Cerrado (Meirelles et al., 2002). Na Restinga da Marambaia foi usada como linha base uma estrada que se encontra paralela à linha da costa. Cinco linhas foram colocadas perpendiculares a esta linha base, com 200, 250, 190, 250 e 280 metros de comprimento, respectivamente, sendo subdivididas em intervalos de 10 metros cada, totalizando 117 intervalos (K=117), para fins de determinação de freqüência. As linhas estão distanciadas uma da outra em torno de 500 metros. Essa distância permite detectar melhor a variação florística e estrutural da comunidade estudada, do que se todas as linhas fosse uma única linha contínua formando um bloco, o que seria prejudicial, devido à distribuição agregada de indivíduos em algumas populações (Hetsher & Forrester, 1983). O ponto inicial de cada linha foi localizado entre 10 a 15 metros de distância da estrada para evitar o efeito de borda causado pela presença desta. Em cada linha, para traçar uma reta do ponto inicial até a crista da duna (sentido Sul Norte), utilizou-se uma bússola. Foi considerado como pertencente ao estrato lenhoso os indivíduos com altura igual ou superior a 50 cm e que possuem lenho no seu desenvolvimento secundário. A palmeira Syagrus romanzoffiana foi incluída na amostragem, pois, embora não lenhosa, possui um porte médio de três a quatro metros de altura. Espécies que possuíam, quando jovem, hábito ereto e mais tarde se tornaram arbustos escandentes (e.g. Coccoloba arborescens, Heteropterys coleoptera) foram incluídas na amostragem. Para cada indivíduo amostrado, foi registrada a extensão de copa interceptada pela projeção da linha (o início e o fim da cobertura do indivíduo na cinta métrica), e a sua altura máxima. Pequenas interrupções nas copas dos indivíduos interceptados, foram ignoradas, com exceção daquelas maiores que 50 cm; neste caso, eram medidas as partes, e posteriormente somadas, para evitar a super-estimativa da cobertura do indivíduo. Um mesmo indivíduo que ocorria em dois intervalos era contado como presente em ambos, para não haver super-estimativas dos dados de freqüência. Os dados foram calculados a partir dos parâmetros fitossociológicos, para o método de intercepto de linha, propostos por Brower et al (1998). O Valor de Importância por Família (VIF) foi baseado na riqueza relativa, dominância relativa e densidade relativa, conforme proposto por Mori et al. (1983). Foi utilizado o programa Statistica 6.0 (StatSoft) para outras analises e elaboração de gráficos. Para a análise da similaridade florística entre esta comunidade estudada e outras comunidades de restinga ao longo da costa fluminense e na própria Restinga da Marambaia, foi utilizado o coeficiente de Sorenson (CS), por este ser amplamente aceito na literatura. Também foi utilizado o Sorenson quantitativo (CN), que leva em consideração a abundância de indivíduos (dados estruturais) em cada espécie, para comparar com outra comunidade arbustiva fechada, em Barra de Maricá (Pereira et al., 2001). Esses coeficientes de similaridade, além da diversidade (H’) baseada na abundância das espécies (Shannon) e a equidade (J) (Pielou), em base logarítmica natural, seguem Magurran (1988) e Brower et al (1998). A comparação da diversidade entre comunidades foi feito pelo teste “t” de Hutcheson (Magurran, 1988). O material botânico foi coletado para posterior identificação taxonômica através de comparação em herbário e por meio de consulta da literatura, ou foram enviadas aos especialistas de determinados grupos taxonômicos. O material foi depositado nos herbários do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) e do Instituto de Botânica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (RFA); algumas duplicatas foram enviadas para os herbários da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (RBR) e da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (GUA). Adotou-se o sistema de classificação para as famílias, o Angiosperm Phylogeny Group II (APG II, 2003). Os autores das espécies citadas na tabela fitossociológica seguem Brummitt & Powel (1992). 14 Resultados Nos 1170 metros de linha, foram amostrados 1938 indivíduos pertencentes a 73 espécies, 57 gêneros e 30 famílias. As famílias mais ricas em espécies foram Myrtaceae (15 espécies), Malpighiaceae e Leguminosae (5), Sapindaceae e Myrsinaceae (4), Euphorbiaceae, Malvaceae e Rubiaceae (3), somando 57,5% do total. Das outras 22 famílias, 9 têm 2 spp. e 13 têm 1 spp. A Tabela 1 representa as dez famílias com maiores índices de Valor de Importância por Família (VIF) de forma decrescente. As mirtáceas se destacam tanto em riqueza quanto em número de indivíduos e cobertura, sendo que Celastraceae e Apocynaceae, apesar de estarem representadas por uma espécie cada, obtiveram, por sua vez, um alto VIF devido ao elevado número de indivíduos de cada uma. Na Tabela 2 as espécies estão ordenadas de forma decrescente pelo valor de importância (VI). As primeiras 17 espécies, juntas, representaram 75% do valor de importância. A espécie com maior valor de cobertura relativa foi Guapira opposita seguida de Pavonia alnifolia e Eugenia copacabanensis. Erythroxylum ovalifolium e Byrsonima sericea também se destacaram por suas copas amplas. As espécies com maiores densidade e freqüência relativa foram Maytenus obtusifolia e Aspidosperma parvifolium. O índice de diversidade de Shannon para a comunidade analisada foi de H’= 3,49 e a equidade de Pielou (J) entre as espécies de 0,81. A comunidade arbustiva fechada estudada na Marambaia possui um porte arbustivo baixo (Figura 2), com altura média, em metros, de 2,94 + 1,27 dp (desvio padrão). A maioria dos indivíduos (80%) encontra-se nas classes de alturas entre 1,0 e 4,0 metros. Os indivíduos com maior porte (7,0m) são encontrados nas depressões entre dunas, onde possuem copas bem espaçadas. Esses indivíduos maiores pertencem a um conjunto de 9 espécies (Guapira opposita, Byrsonima sericea, Myrsine guianensis, Myrcia lundiana, Garcinia brasiliensis, Ocotea notata, Maytenus obtusifolia, Eugenia rostrata, Clusia fluminensis), sendo que nenhuma destas espécies são exclusivamente emergentes, pois todas estão igualmente representadas por indivíduos de porte mais baixo. A tabela 4 está representando a similaridade florística, pelo coeficiente de Sörenson (CS), entre esta comunidade estudada e outras comunidades arbustivas e florestais ao longo da Restinga da Marambaia e sendo essa comparação feita a partir de listagem florística (Menezes & Araujo, 2005), excluindo-se as herbáceas. A tabela 5 nos revela comparações entre os valores de importância das espécies mais dominantes na comunidade estudada e de outras comunidades vegetais, sendo duas de restinga e uma de mata de encosta. 15 Tabela 1: Os Valores de Importância por Família (VIF) na Restinga da Marambaia, RJ. VIF (%) porcentagem em relação ao total; S – Riqueza de espécies; N – Número total de indivíduos; CA – Cobertura absoluta em metros. VIF 63,3 21,6 21,5 17,2 16,0 15,8 14,2 11,8 8,5 8,3 101,6 300 Myrtaceae Nyctaginaceae Malvaceae Malpighiaceae Celastraceae Apocynaceae Euphorbiaceae Leguminosae Myrsinaceae Sapindaceae Demais 20 famílias Total VIF (%) 21,1 7,2 7,1 5,7 5,3 5,2 4,7 3,9 2,8 2,7 34,3 100 S 15 2 3 5 1 1 3 5 4 4 30 73 N 379 138 154 84 165 164 88 56 34 28 648 1938 CA (m) 430 218 176 112 114 111 104 38 24 25 502 1854 Histograma de altura 700 600 500 400 300 200 100 0 0 1 2 3 4 5 6 7 Altura (m) Figura 2: Distribuição da freqüência dos indivíduos em relação às alturas em classes (1 – 0,5 1,0m; 2 – 1,0 2,0m; 3 - 2,0 3,0m; 4 – 3,0 4,0m; 5 – 4,0 5,0m; 6 – 5,0 6,0m; 7 – 6,0 7,0m), na Restinga de Marambaia, RJ. 16 Tabela 2: Tabela fitossociológica das espécies encontradas na Restinga da Marambaia. Ind – total de indivíduos; K – número de intervalos com ocorrência da espécie; ; Inter. – soma dos valores de intercepto em metros; RD(%) – densidade relativa; RC(%) – cobertura relativa; RF(%) – freqüência relativa; VI – valor de importância; Col – Números do coletor (H.M.Dias) nos exemplares testemunhos. K ; Inter. RD (%) RC (%) RF(%) VI COL 126 165 138 164 102 109 115 100 63 58 64 47 46 38 44 38 37 44 37 35 22 19 21 15 15 71 84 61 76 61 65 67 57 43 37 43 33 31 31 35 27 24 27 28 12 17 11 13 13 15 240,89 133,33 187,89 129,60 174,65 110,11 73,06 55,29 95,50 108,75 79,20 49,09 50,20 59,13 44,16 63,56 66,75 31,71 20,41 23,93 19,52 26,09 19,64 19,47 14,71 6,50 8,51 7,12 8,46 5,26 5,62 5,93 5,16 3,25 2,99 3,30 2,43 2,37 1,96 2,27 1,96 1,91 2,27 1,91 1,81 1,14 0,98 1,08 0,77 0,77 11,12 6,15 8,67 5,98 8,06 5,08 3,37 2,55 4,41 5,02 3,66 2,27 2,32 2,73 2,04 2,93 3,08 1,46 0,94 1,10 0,90 1,20 0,91 0,90 0,68 5,74 6,79 4,93 6,14 4,93 5,25 5,41 4,60 3,47 2,99 3,47 2,67 2,50 2,50 2,83 2,18 1,94 2,18 2,26 0,97 1,37 0,89 1,05 1,05 1,21 23,35 21,45 20,72 20,58 18,25 15,96 14,72 12,32 11,13 11,00 10,43 7,36 7,19 7,19 7,14 7,08 6,93 5,92 5,11 3,88 3,41 3,07 3,04 2,72 2,66 70 83 53 60 22 73 74 62 90 56 98 72 81 85 49 119 105 100 97 61 107 116 --57 76 Myrtaceae Leguminosae Sapindaceae Myrsinaceae Anacardiaceae Annonaceae Leguminosae Nyctaginaceae 15 16 14 16 13 14 15 12 11 15 13 14 14 12 11 11 19,75 10,66 15,13 8,81 11,61 11,24 11,20 13,88 0,77 0,83 0,72 0,83 0,67 0,72 0,77 0,62 0,91 0,49 0,70 0,41 0,54 0,52 0,52 0,64 0,89 1,21 1,05 1,13 1,13 0,97 0,89 0,89 2,57 2,53 2,47 2,36 2,34 2,21 2,18 2,15 118 108 112 102 --94 80 109 Myrtaceae Myrsinaceae Malpighiaceae Myrtaceae Burseraceae Malpighiaceae 9 11 11 6 10 7 10 8 9 8 6 7 13,33 9,08 6,19 12,60 8,32 8,50 0,46 0,57 0,57 0,31 0,52 0,36 0,62 0,42 0,29 0,58 0,38 0,39 0,81 0,65 0,73 0,65 0,48 0,57 1,89 1,63 1,58 1,54 1,38 1,32 117 104 46 87 95 6 Myrtaceae Clusiaceae Myrsinaceae Rubiaceae Sapindaceae Malpighiaceae Sapindaceae Sapotaceae Euphorbiaceae Marcgraviaceae Myrtaceae Simaroubaceae 6 5 5 7 7 4 5 4 5 5 5 3 7 5 6 5 6 6 5 4 5 5 5 3 6,33 8,92 6,98 5,57 3,72 5,20 5,38 7,43 4,12 3,22 2,82 6,55 0,31 0,26 0,26 0,36 0,36 0,21 0,26 0,21 0,26 0,26 0,26 0,15 0,29 0,41 0,32 0,26 0,17 0,24 0,25 0,34 0,19 0,15 0,13 0,30 0,57 0,40 0,48 0,40 0,48 0,48 0,40 0,32 0,40 0,40 0,40 0,24 1,17 1,07 1,06 1,02 1,02 0,93 0,91 0,87 0,85 0,81 0,79 0,70 114 65 103 68 111 44 110 93 106 52 33 91 Nome da espécie Família Guapira opposita (Vell.) Reitz Maytenus obtusifolia Mart. Pavonia alnifolia A. St.Hil. Aspidosperma parvifolium A. DC. Eugenia copacabanensis Kiaersk. Myrrhinium atropurpureum Schott Manilkara subsericea (Mart.) Dubard Ouratea cuspidata (A. St. Hil.) Engl. Erythroxylum ovalifolium Peyr. Byrsonima sericea DC. Ocotea notata (Nees) Mez Eugenia sulcata Spring ex. Mart. Sebastiania brasiliensis Spreng. Garcinia brasiliensis Mart. Capparis flexuosa (L.) L. Myrcia lundiana Kiaersk. Chaetocarpus myrsinites Baill Pilocarpus spicatus A. St. Hil. Coccoloba arborescens (Vell.) How Esenbeckia grandiflora Mart. Zollernia glabra (Spreng.) Yakovlev Eugenia excelsa O.Berg Coccoloba declinata Mart. Eugenia rotundifolia Casar Pseudobombax grandiflorum (Cav.) Roby. Myrciaria floribunda (Willd.) O. Berg Andira legalis (Vell.) Toledo Allophylus puberulus Radlk. Myrsine gardneriana A. DC. Tapirira guianensis Aubl. Annona acutiflora Mart. Inga marítima Benth. Guapira pernambucensis (Casar) Lundell Neomitranthes obscura (DC.) Silveira Myrsine parvifolia A.DC. Tetrapterys acutifólia Cav. Myrcia recurvata O. Berg Protium brasiliense (Spreng.) Engl. Heteropterys chrysophylla (Lam.) Kunth Eugenia punicifolia (Kunth.) DC. Clusia fluminensis Planch & Triana Myrsine umbellata Mart. Alibertia obtusa K. Schum Paullinia coriaceae Casar Heteropterys coleóptera A. Juss. Cupania emarginata Cambess. Pouteria caimito (Ruiz & Pav) Radlk. Pera glabrata Baill Norantea brasiliensis Choisy Gomidesia martiana O. Berg Simaba cuneata A. St.-Hil & Tul Nyctaginaceae Celastraceae Malvaceae Apocynaceae Myrtaceae Myrtaceae Sapotaceae Ochnaceae Erythroxylaceae Malpighiaceae Lauraceae Myrtaceae Euphorbiaceae Clusiaceae Capparaceae Myrtaceae Euphorbiaceae Rutaceae Polygonaceae Rutaceae Leguminosae Myrtaceae Polygonaceae Myrtaceae Malvaceae Ind 17 Continuação Ind K ; Inter. RD (%) RC (%) RF(%) VI COL Nome da espécie Família Eugenia neonitida Sobral Tocoyena bullata Mart. Arrabidaea conjugata (Vell.) Mart. Stigmaphyllon paralias A. Juss Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glass. Trichilia casaretti C.DC. Capparidastrum brasilianum (DC.) Hutch Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze Matayba intermédia Radlk. Ormosia arbórea (Vell.) Harms Melanopsidium nigrum Cels Pterigota brasiliensis All. Tibouchina sp. Eugenia rostrata O. Berg Ficus sp. Anacardium occidentale L. Ficus hirsuta Schott Senna pendula (Willd.) Irwin & Barneby Psidium cattleianum Sabine Eugenia bahiensis DC. Heisteria sp. Ocotea aff. daphnifolia (Meisn.) Mez Myrtaceae Rubiaceae Bignoniaceae Malpighiaceae Arecaceae 4 4 4 4 3 4 4 3 3 3 2,79 2,14 3,17 1,95 2,10 0,21 0,21 0,21 0,21 0,15 0,13 0,10 0,15 0,09 0,10 0,32 0,32 0,24 0,24 0,24 0,66 0,63 0,60 0,54 0,49 Meliaceae Capparaceae 3 2 3 2 2,08 3,83 0,15 0,10 0,10 0,18 0,24 0,16 0,49 58 0,44 50 Myrsinaceae Sapindaceae Leguminosae Rubiaceae Malvaceae Melastomataceae Myrtaceae Moraceae Anacardiaceae Moraceae Leguminosae 2 2 2 3 1 2 2 1 1 1 1 2 1 2 2 2 2 2 2 1 1 2 3,20 4,85 2,70 1,43 3,00 1,62 1,35 1,08 2,75 2,35 0,45 0,10 0,10 0,10 0,15 0,05 0,10 0,10 0,05 0,05 0,05 0,05 0,15 0,22 0,12 0,07 0,14 0,07 0,06 0,05 0,13 0,11 0,02 0,16 0,08 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,08 0,08 0,16 0,41 0,41 0,39 0,38 0,35 0,34 0,33 0,26 0,26 0,24 0,23 88 41 75 78 51 32 115 25 92 26 66 Myrtaceae Myrtaceae Olacaceae Lauraceae 1 1 1 1 1 1 1 1 0,31 0,25 0,13 0,03 0,05 0,05 0,05 0,05 0,01 0,01 0,01 0,00 0,08 0,08 0,08 0,08 0,15 0,14 0,14 0,13 27 13 43 124 73 espécies 30 famílias 1938 2166,74 100 100 100 113 96 101 45 --- 300 Tabela 3: Comparação entre estudos realizados em diferentes comunidades de restinga ao longo da costa do estado do Rio de Janeiro. Rsp – Riqueza de espécies; Rfam – Riqueza de famílias; >VIF – Maior Valor de Importância por Família, em porcentagem; I.L. intercepto de linha; Ind – Número total de indivíduos; H’- Diversidade; J – Equidade; CS – Similaridade de Sörenson entre os estudos. Autores Este estudo Pereira et al (2001) Zaluar (1997) Silva (1991) Local RJ Marambaia Maricá Macaé Maricá Formação Arb. Fechada Arb. Fechada Moitas Moitas Rsp 73 42 35 39 Rfam 30 22 22 22 >VIF Myrtaceae (21%) Myrtaceae (24%) Myrtaceae (22%) Myrtaceae (25%) Método I.L. 1170m I.L. 350m I.L. 1000m I.L. 1000m Ind 1938 398 507 562 H’ 3,49 2,84 2,92 2,82 18 J 0,81 0,75 0,81 0,76 CS 0,37 0,39 0,46 Tabela 4: Comparação entre esta formação arbustiva fechada aqui estudada, com outras formações vegetais de restinga ao longo de toda a Restinga da Marambaia, através do coeficiente de similaridade de Sörenson (CS). Baseado somente nas lenhosas apresentadas na listagem florística de Menezes & Araujo (2005). Outras formações vegetais na Restinga da Marambaia CS Arbustiva fechada de pós-praia 0,32 Arbustiva aberta não inundável 0,40 Arbustiva aberta inundável 0,13 Floresta inundável 0,15 Floresta de duna 0,61 Floresta de cordão arenoso 0,28 Tabela 5: Comparação entre as 3 e 5 primeiras espécies dominantes pelo Valor de Importância (VI), na tabela fitossociológica, expresso em porcentagem (%) em relação ao total de espécies em cada estudo. Comparação feita com três comunidades de restinga e uma mata de encosta em diferentes locais do Estado do Rio de Janeiro. Riq. sp. – riqueza de espécies, Inds – total de indivíduos. Autores Local RJ Habitat Riq. sp. Inds 3 spp (%VI) 5 spp (%V Araujo et al. (2004) Jurubatiba Restinga 61 sp. 1674 28,19 37,63 Cesar & Monteiro (1995) Picinguaba Restinga 74 sp. 996 24,60 34,12 Este estudo Marambaia Restinga 73 sp. 1938 21,84 34,78 Kurtz & Araujo (2000) Cachoeira de Macacu Mata de encosta 138 sp. 592 14,74 22,29 19 Discussão A vegetação da área estudada é de baixa estatura, com uma altura média de 3,0 metros, e apresentando uma densidade de 1,6 ind./metro de linha. A freqüência de classes de alturas (Figura 2) revelou o esperado para esse tipo de vegetação, com uma grande abundância de indivíduos nas classes intermediárias, e poucos nas classes mais extremas, principalmente nas de maiores alturas (7m), demonstrando, desta maneira, que existem poucos indivíduos emergentes. Este fato, por sua vez, poderia vir a ser prejudicial ao seu desenvolvimento, pois os elementos emergentes estão mais susceptíveis a perturbações de diferentes origens, como por exemplo, a ação de ventos fortes, advindos do oceano, o que é constante na localidade. De modo geral, a comunidade é distribuída continuamente, com praticamente 100% de toda a amostragem coberta por vegetação e consequentemente por matéria orgânica no seu solo. Esse, com aproximadamente 10 cm de profundidade de serapilheira, e bem rico em espécies herbáceas. Dentre as comunidades arbustivas de restinga, seja de dossel aberto (contínuo) ou fechado (descontínuo), nenhum trabalho estrutural consultado obteve uma riqueza tão expressiva, tanto em nível de espécies quanto em nível de famílias, de plantas lenhosas (Fabris et al., 1990; Silva, 1991; Zaluar, 1997; Assumpção & Nascimento, 2000; Pereira et al., 2001; Araujo et al., 2004), do que esta comunidade estudada na Restinga da Marambaia, mesmo havendo diferenças metodológicas e de amplitude da área estudada. A importância da família Myrtaceae em termos de riqueza de espécies para as Florestas Atlânticas do Leste do Brasil tem sido extensamente relatada (Mori et al. 1983; Peixoto & Gentry, 1990; Leitão-Filho, 1993; Barroso & Peron, 1994; Siqueira, 1994; Guedes-Bruni, 1998; Oliveira-Filho & Fontes, 2000), como também foram para as Restingas do Espírito Santo (Pereira et al., 2000), do Rio Grande do Sul (Waechter et al., 2000) e, especialmente do estado do Rio de Janeiro como um todo (Araujo, 2000). Neste estado diversos estudos pontuais, utilizando o método intercepto de linha (Tabela 3), têm demonstrado alta riqueza e abundância desta família, ainda que os estudos tenham sido realizados em fisionomias diferentes e tamanhos amostrais (extensão da linha) igualmente diferentes, o que demonstra a homogeneidade na dominância da família em diferentes regiões de estudos, principalmente em relação ao seu Valor de Importância de Família (VIF). Mori et al., (1983) propõe que a dominância dessa família tenha atingido tal importância nas florestas da costa atlântica, que no qual alegam que tenha ocorrido um 20 centro de evolução da família em tais ambientes (florestas tropicais atlânticas), tais quais, as espécies dessa família tenham invadido seus hábitats periféricos e mais próximos, como o caso das restingas, podendo explicar então, a sua alta abundância e riqueza específica nesse ecossistema, a partir dessa hipótese. As Leguminosae são encontradas em grande abundância e riqueza nas florestas úmidas e secas neotropicais (Gentry, 1982) e encontram-se relacionadas entre as primeiras famílias dominantes (em riqueza e abundância) em estudos estruturais nas florestas úmidas do Brasil (Peixoto & Gentry 1990; Guedes-Bruni, 1998). Também possui alta riqueza de espécies nas formações de Restinga (Araujo 2000). Porém, no presente estudo, está em oitava colocada no VIF, mesmo sendo a segunda família mais rica (5 espécies), o que demonstra que está sendo totalmente influenciada pela sua baixa densidade e consequentemente na sua dominância, o que certamente, a diferenciou no seu resultado final, já que o valor de importância por família (VIF), não só leva em consideração a riqueza, como também, a densidade e a dominância, ambos relativos, ou seja, esse índice nos apresentam os valores estruturais de cada família. Alguns estudos, em restingas, têm revelado dominância estrutural após impactos provenientes de ações antrópicas (e.g. queimadas, retirada de vegetação), tanto para a família (Araujo & Peixoto, 1977), quanto para uma população dela (Cirne & Scarano, 2001). Lewis (1987) ressalta que muitas espécies são elementos característicos apenas de vegetação aberta e perturbada, pois estão bem adaptadas a primeira colonização e exploração de tais ambientes, devido, em parte, às suas associações ou com bactérias fixadoras de nitrogênio ou com ectomicorrizas. Talvez a partir desta teoria, poderíamos afirmar que a espécie não seria uma boa competidora em comunidades arbustivas fechadas de restingas bem preservadas, como é o caso desta aqui estudada, estando então, com uma baixa representatividade estrutural nela. Sendo assim, esses resultados contrariam a afirmação de Gentry (1982), no qual concluiu sobre a alta representatividade da família em ambientes secos e úmidos, o que estruturalmente, não ocorre na área aqui estudada, como também, em diversas outras comunidades de Restingas ao longo da costa Sul-Sudeste do Brasil (Assumpção & Nascimento, 2000; Pereira et al., 2000; Waechter et al., 2000; Pereira et al, 2001). As primeiras 17 espécies nesse estudo na Restinga da Marambaia, que foram consideradas como dominantes pelo VI, possuem diferentes padrões de distribuição cada (Araujo 2000). Porém todas elas estão bem distribuídas pela costa atlântica, principalmente do Sudeste-Sul, com exceção de E. copacabanensis, que é uma espécie restrita ao Estado do Rio de Janeiro (Araujo 2000). Dentre as outras 56 espécies citadas neste estudo 21 (excluindo dez que não foram definidos os padrões), a grande maioria possui distribuição ampla pela costa atlântica (Araujo 2000). Araujo (2000) ressaltou que ca. 80 % das espécies ocorrentes nas restingas do Estado do Rio de Janeiro, também ocorrem na Mata Atlântica sensu stricto, e que as restingas deste Estado, têm uma ligação mais forte com a região norte (Espírito Santo e Sul da Bahia), do que para o sul da costa brasileira, e sendo a restinga da Marambaia, o limite meridional para a distribuição de muitas espécies da região norte. Das espécies amostradas aqui neste estudo, na Restinga da Marambaia (73 espécies), um total de dez espécies não foi verificado os padrões, pois sete não se encontraram na literatura e três estavam a nível genérico somente. Do total restante (63 espécies), 58 espécies possuem distribuição além das fronteiras do Estado, incluindo outros tipos de formações vegetais, além das restingas, e 5 espécies são endêmicas ao Estado do Rio de Janeiro, sendo 4 de mata atlântica e restinga (E. excelsa, I. marítima, E. rostrata, E. copacabanensis) e 1 exclusiva de restinga (M. intermédia). Do total de espécies exclusivas a costa atlântica (23), oito delas (P. alnifolia, M. lundiana, A. acutifólia, N. obscura, C. emarginata, G. martiana, E. neonitida, C. brasilianum), tem seu limite meridional na Restinga da Marambaia (Araujo, 2000). A probabilidade de ocorrência de espécies de ambas as regiões (Sul e Norte), na Restinga da Marambaia é alta, pois ela como um todo, representaria uma barreira à expansão de determinadas espécies, como constatado em Araujo (2000). Barreira essa meridional, para as espécies exclusivas do litoral norte, aonde se encontra as vegetações de ambientes mais secos (com menor pluviosidade) e com muitas formações vegetais abertas (descontínuas). Também servindo, como barreira setentrional para espécies que apresentam preferência de habitats mais úmidos (devido a uma maior pluviosidade), e praticamente de vegetação fechada. Região essa, ao sul da Restinga da Marambaia, onde a encosta da Serra do Mar está chegando bem próximo à linha da costa, permitindo a entrada de espécies típicas de mata ombrófila, o qual pode ser verificado pela quantidade de espécies neste estudo, com ampla distribuição pela costa atlântica (58 espécies). Foi verificada uma boa similaridade (Tabela 4) entre esta comunidade estudada e outra denominada de Floresta de Duna (CS 0,61), que está a ca. de 2.000 metros da comunidade estudada e no qual é caracterizado por árvores de dossel contínuo e de aproximadamente 5 metros de altura. Uma outra comunidade, distante ca. de 25.000 metros desta comunidades estudada, e no qual é denominada de arbustiva aberta não inundada (Menezes & Araujo, 2005), também apresenta uma leve similaridade (CS 0,40), mesmo sendo fisionomicamente e estruturalmente bem diferente (formação de moitas) da 22 aqui apresentada neste estudo. Ambas as áreas comparadas com esta aqui estudada, pode confirmar o que foi exposto no parágrafo anterior, com as formações vegetais abertas (moitas) e fechadas (matas) da Restinga da Marambaia, podendo estar influenciando na entrada de espécies na comunidade aqui estudada e consequentemente na sua estrutura florística. Dentre os estudos estruturais em comunidades vegetais de restinga, citados como referência neste estudo, e tendo como critério de inclusão o estrato lenhoso (ou arbustivoarbóreo), a grande maioria (e.g. Fabris et al., 1990; Zaluar, 1997; Assumpção & Nascimento, 2000; Waechter et al., 2000; Araujo et al., 2004) possuem uma distribuição de dominância de espécies oligárquica a partir do decréscimo do Valor de Importância (VI). Também é verificada para várias outras formações vegetais (e.g. Campbell, 1994; Jarenkow & Waechter, 2001; França & Stehmann, 2004). A comparação descrita na Tabela 5 nos revela o diferencial desta distribuição não-oligárquica, no qual as dominantes estão representadas por uma porcentagem mais eqüitativa de espécies, em relação ao total. Porém, é uma exceção na tabela o estudo realizado em Jurubatiba por Araujo et al. (2004), que foi incluído nesta tabela somente para efeito de comparação. Revela-se um padrão bem interessante para a mata de encosta (Kurtz & Araujo, 2000), com uma dominância eqüitativa de VI na comunidade, que possa ser causada pela sua elevada riqueza e consequentemente sua baixa abundância de indivíduos, que podem estar bem distribuídos na comunidade, gerando assim, um padrão não-oligárquico. Este resultado demonstra que nem todos os estudos estruturais de comunidades vegetais seguem o mesmo padrão oligárquico descrito e comentado por Campbell (1994), para formações florestais da Amazônia. Tokeshi (1993) afirmou que as comunidades vegetais onde as espécies estão bem distribuídas eqüitativamente, em relação à dominância do VI, podem ser o resultado de uma similar competitividade pelo uso de recursos, associados então, a uma superficial declividade na sua dominância estrutural. Campbell (1994) ressalta ainda, que existem debates científicos quanto às causas das comunidades vegetais serem oligárquicas ou não, que pode ser devido a um equilíbrio ou desequilíbrio existente na comunidade estudada. Esse autor considera também que tais comunidades oligárquicas sofreram um desequilíbrio pretérito, e que pode ter sido provocado por ação humana ou natural, pois assim, esse padrão oligárquico aumentaria quanto maior fosse à natureza do distúrbio. Guapira opposita é a espécie com maior valor de importância neste estudo não devido somente à abundância de indivíduos, mas também a sua cobertura, que é quase o 23 dobro da segunda colocada (Maytenus obtusifolia). Ela é caracterizada por amplas copas no emaranhado da comunidade arbustiva, o que aumenta bastante a sua dominância na comunidade. Possui desde um porte subarbustivo até arbóreo, sendo uma espécie amplamente distribuída pelo Brasil, ocorrendo em quase todos os estados e ambientes, principalmente no Bioma Mata Atlântica, onde possui sua maior abundância (Siqueira, 1994; Sá, 2001). Maytenus obtusifolia possui a maior abundância nesse estudo, porém sua cobertura é baixa em relação a outras dominantes. Possui uma alta freqüência relativa, o que indica que os indivíduos estão equitativamente bem distribuídos pela comunidade. Araujo (2000) enfatiza que esta espécie possui uma ampla distribuição pela costa atlântica Leste-Sul sendo entre as dominantes em diversos outros estudos de Restingas (Assumpção & Nascimento 2000; Pereira et al. 2001). Valente & Costa (2001) com base em informações em herbários, citam que a espécie tem uma distribuição ampla pela costa do Brasil, ocorrendo desde o Pará até São Paulo, não chegando até a região Sul do País, nas Florestas Pluviais e Estacionais, o que pode caracterizá-la como típica de ambientes quentes. Uma outra espécie com grande dominância foi Aspidosperma parvifolium, ocupando a segunda posição em relação à densidade e a quarta em VI. Esse decréscimo em VI certamente deve-se à baixa cobertura em relação às outras dominantes, pois possui a metade do valor de cobertura relativa da primeira colocada G. opposita. Essa espécie tem uma alta freqüência relativa, podendo também indicar que possui uma ampla distribuição da população na comunidade estudada. Araujo (2000) cita que essa espécie tem uma ampla distribuição pelas regiões tropicais. No Brasil ocorre em praticamente todos os estados e biomas, apresentando uma grande variedade morfológica, destacando-se entre as espécies com maior variação morfológica da família (Farág, 1996). Zamith & Scarano (2004) estudando a produção de mudas em espécies de Restingas, observaram que A. parvifolium possui sementes aladas, com apêndices, dispostas em frutos deiscentes, o que, por sua vez facilita a dispersão, e cujo padrão morfológico, ao reduzir a velocidade da queda da semente após a deiscência facilite seu transporte pelos ventos a longas distâncias, podendo então, propiciar uma hipótese sobre sua abundância, nesta comunidade estudada, a partir desse padrão de dispersão. Duas outras espécies encontradas nesse estudo, porém com bem menor densidade, também se enquadram nesse tipo de dispersão, Arrabidaea conjugata e Pseudobombax grandiflorum, sendo essa última envolvida por uma paina que facilita ainda mais a sua dispersão (Zamith & Scarano, 2004). Outras espécies como Eugenia punicifolia, Eugenia 24 sulcata, Garcinia brasiliensis e Tapirira guianensis, que também ocorreram com grande abundância nesta comunidade, são consideradas por Zamith & Scarano (2004), como espécies que apresentam ciclos de frutificação em intervalos maiores que um ano, com isso, são denominadas de supra-anuais, podendo explicar a abundância dessas espécies na comunidade a partir do seu ciclo de frutificação, pois se uma espécie se enquadra nesse tipo de reprodução, a probabilidade de dispersão, consequentemente, poderia ajudar a elevar o seu tamanho populacional. Pavonia alnifolia, a terceira espécie com maior VI neste estudo, é restrita ao litoral dos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, no qual é comum ocorrerem nas matas sobre cordão arenoso em Macaé (Araujo et al. 1998), ao mesmo tempo em que é bem representada nesta comunidade estudada na Marambaia. Este táxon consta da Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção do IBAMA (Bovini, 2001). Na baixada de Jacarepaguá, e em quase todo o litoral do estado do Rio de Janeiro, esta espécie encontra-se praticamente extinta, restando em Restingas bem preservadas como as da Marambaia, da Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, no município de Saquarema e ao Norte do estado, no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, município de Macaé (Araujo, 1992). Ressalte-se outro fato relevante: Pavonia alnifolia, ainda que apresentando elevado valor de abundância, expressou uma baixa freqüência neste estudo na Marambaia, o que pode ser explicado pelo fato de uma tendência natural do táxon em agrupar-se em intervalos e o que, por sua vez, pode também sugerir uma hipótese de crescimento clonal para esta população, fato este visualmente observado nesta população para a comunidade estudada. A diversidade obtida na área estudada da Restinga da Marambaia é alta (H’=3,49), quando comparada a outras formações de Restinga ao longo do litoral fluminense (Tabela 3), situando-se na faixa de diversidade das Florestas de Restinga (Pereira et al. 2001). A diferença de valores de diversidade na Tabela 3, reflete-se pelo tipo de vegetação estudado, pela metodologia de amostragem e consequentemente o seu tamanho amostral. Na área estudada, certamente o seu valor da diversidade refletiu o tamanho amostral (ou o comprimento da linha, mais especificamente) empregado e a formação vegetal, já que este estudo foi realizado em uma vegetação arbustiva com dossel fechado e contínuo. Diferentemente de Zaluar (1997) e Silva (1991), que foram realizados em formações arbustivas de moitas, com amplas áreas intercaladas por espaços de solo com areia nua, e o tipo fisionômico e estrutural os principais fatores que influenciam na diversidade das áreas estudadas, mesmo esses possuindo diferentes suficiências amostrais (Tabela 3) pela variação do tamanho amostral de cada estudo. 25 A diversidade aqui encontrada é significativamente diferente (p á 0,001 - teste ‘t’ de Hutcheson) ao encontrado por Pereira et al. (2001) em Barra de Maricá, no qual a diversidade (H’) foi 2,84 nats/ind e eqüidade (J) de 0,75 (Tabela 3). Essa diferença, primeiramente, está relacionada ao comprimento da linha de intercepto, já que neste estudo na Marambaia, o comprimento total foi de 1170m enquanto no de Barra de Maricá foi de 350m. Porém, a suficiência amostral de ambos os estudos, são bem diferentes, devido ao tamanho da área estudada, pois em Barra de Maricá, essa área era bem menor (<1000 metros de extensão) do que essa da Marambaia ( 2000 metros de extensão). Com isso, a abundância de indivíduos na amostragem da Marambaia é quase 5 vezes maior que o referenciado para Barra de Maricá, devido ao tamanho amostral, e conseqüentemente o número de espécies, assim como a proporção de indivíduos distribuídos entre elas é bem diferente, interferindo, assim, nos valores de diversidade e eqüidade das comunidades estudadas. Foi realizado o teste ‘t’ somente entre este estudo na Restinga da Marambaia e o de Barra de Maricá, em decorrência das áreas serem fisionomicamente semelhantes e os métodos de amostragem terem sido semelhantes. Por esta razão, não realizamos o teste entre os outros estudos referenciados na Tabela 3, pois não refletiria um resultado confiável. O índice de similaridade entre esse estudo e o de Barra de Maricá foi de 0,37 para o Sörenson qualitativo (CS) e de 0,15 para o Sörenson quantitativo (C N). Os valores entre as similaridades de Sörenson para a Marambaia e Barra de Maricá (Pereira et al., 2001) são, portanto, baixos para comunidades fisionomicamente semelhantes e geograficamente próximas. Convém destacar, porém, que o tamanho amostral (e a suficiência amostral) nas duas áreas, foram bem diferentes (1170m e 350m de linha, respectivamente) devido ao tamanho da comunidade estudada, e que certamente, a influenciou nos resultados encontrados de similaridades. Dentre os estudos realizados em formações de moitas (Silva 1991; Zaluar 1997) e representados na Tabela 3, a similaridade deles com este realizado na Marambaia é extremamente baixa, em evidente decorrência tanto da distância geográfica entre as comunidades, quanto pelas diferenças entre as formações vegetais, conseqüentemente, pelos seus valores de abundância e riqueza em cada amostragem. Em uma floresta de duna (Menezes, 2005), próxima à descrita neste estudo e realizado um levantamento estrutural por Souza et al. (dados não publicados), na própria Restinga da Marambaia, distante cerca de 2 quilômetros e cortada por uma estrada que leva até a praia, revelou resultados muito similares. Os autores utilizaram metodologia 26 diferente: método de parcelas (Muller-Dumbois & Ellenberg, 1974), com critério de inclusão dos indivíduos de DAP 2,5cm. Nos resultados apresentados naquela área (Souza et al., dados não publicados), foi observado que 80% das espécies amostradas também o foram aqui neste estudo. Através do índice de similaridade de Sörenson (CS), baseado na presença e ausência de espécies, foi verificado que essas duas áreas são muito similares (CS 0,62), não só em termos fisionômicos como também estrutural, ainda que utilizando métodos diferentes, podendo-se dizer, por conseguinte, que essas áreas pertencem a uma mesma formação vegetal. O emprego de metodologias diferenciadas acarretou em não ser usado o índice de Sörenson quantitativo (CN). A comunidade estudada por Souza et al. (dados não publicados) é um pouco similar a esta, ora apresentada em relação às alturas, visto que sua altura média em metros de 4,8 + 1,2 dp (desvio padrão), difere dos resultados deste estudo (2,9 + 1,27 dp). Devem-se levar em consideração, porém, não só as metodologias empregadas em ambos os estudos, como também os locais em que foram realizadas as amostragens. A área de Souza et al. (dados não publicados) apresenta uma duna entre a área inventariada e o oceano, do qual dista ca. de 1000m e na qual minimiza a ação dos ventos fortes advindos do Atlântico. A área aqui estudada, ao contrário, distancia-se 100m da praia e não tem nenhuma barreira à ação dos ventos constantes, constituindo, desta forma, como um provável fator determinante na expressão de sua fisionomia e estrutura. A altura do estrato lenhoso, na comunidade aqui apresentada, é menor do que a estudada por Souza et al. (dados não publicados), e talvez seja devido à proximidade da praia, pois o surgimento delas teriam idades geológicas diferenciadas, inferindo então, no seu tempo e padrão de colonização e desenvolvimento da comunidade. As comunidades vegetais arbustivas das Restingas do estado do Rio de Janeiro têm sido classificadas de acordo com a nomenclatura proposta por Araujo & Henriques (1984) e Araujo (1992), a partir de características estruturais e fisionômicas, ou seja, se elas são formações abertas ou descontínuas e fechadas ou contínuas. A comunidade estudada na Marambaia possui uma alta riqueza de Myrtaceae e apresenta uma média de três metros para o porte arbustivo. Araujo (1992) faz inferências sobre espécies de Restingas características de cada tipo de comunidade, dentre as quais algumas delas foram encontradas na comunidade estudada na Marambaia, como: Aspidosperma parvifolium, espécie com o quarto maior VI neste estudo; Esenbeckia grandiflora, Melanopsidium nigrum e Cupanea emarginata, e que são táxons característicos de comunidades arbustivas fechadas de Myrtaceae. Além disto, algumas espécies dominantes neste estudo na Restinga 27 da Marambaia (Maytenus obtusifolia e Myrrhinium atropurpureum), também dominam na comunidade arbustiva fechada de Myrtaceae em Barra de Maricá (Pereira et al. 2001). Entretanto, a quarta espécie mais importante neste estudo na Marambaia (Aspidosperma parvifolium) além de outras citadas como características da formação arbustiva fechada de Myrtaceae por Araujo (1992), sequer foram amostradas na comunidade em Barra de Maricá por Pereira et al. (2001). Estes resultados, juntamente aos baixos índices de similaridade entre as duas áreas já mencionadas (Marambaia e Barra de Maricá), demonstram como a composição florística pode variar numa distância relativamente pequena, dentro de comunidades fisionomicamente semelhantes (Araujo, 2000). Conclusões A elevada diversidade de espécies encontrada neste estudo, junto a sua alta equidade em termos de dominância estrutural pelo Valor de Importância, pode ser decorrente de fatores históricos, como migração de espécies de formações vegetais próximas à área de estudo, tanto de restinga quanto de mata de encosta, como também pode ser decorrente de um processo ecológico intenso, como a alta competição interespecífica e/ou coexistência entre elas, causada pelo isolamento geográfico da comunidade, devido à fragmentação recente da área. Para corroborar essas hipóteses, são necessários que sejam melhores aprofundados os estudos sobre a dinâmica da comunidade, para posteriormente possa se tirar conclusões mais apuradas. A comunidade vegetal estudada na Restinga da Marambaia foi classificada como arbustiva fechada de Myrtaceae, similar ao thicket de Myrtaceae, por atender aos critérios florísticos, fisionômicos e estruturais propostos na literatura pertinente para a descrição de formações vegetais de Restinga. 28 Referências bibliográficas ALMEIDA, A.L. & ARAUJO, D.S.D. 1997. Comunidades vegetais do cordão arenoso externo da Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá, Saquarema, RJ. p. 47-63. In: Absalão. R.S. & A.M. Esteves (eds.). Ecologia de praias arenosas do litoral brasileiro. Oecologia Brasiliensis Séries. Vol. 3 PPGE-UFRJ. Rio de Janeiro. ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP II. 2003. An up date of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of Linnaean Society 141: 399-436. ARAUJO, D.S.D. 1992. Vegetation types of sandy coastal plains of tropical Brazil: A first approximation. p.337 – 347. In: Seeliger. U. (ed). 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