Religiosidade Popular - Righi Picinin Comunicação Empresarial
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Religiosidade Popular - Righi Picinin Comunicação Empresarial
JIF FÁTIMA Mary Lane Vaz / Jornal de Opinião JORNAL INTERAGINDO COM Outubro/2010 Em Destaque Religiosidade Popular: devoção do povo a serviço da fé Fenômeno sócio-cultural de caráter religioso, a Religiosidade Popular é dotada de inúmeras manifestações de fé, configurando-se como objeto de estudos e debates no universo da Igreja. Para falar sobre este assunto, o Jornal Interagindo com Fátima entrevistou o teólogo Afonso Murad , licenciado em Pedagogia e Filosofia e doutor em Teologia Sistemática. Autor de vários livros e artigos, Irmão Murad publicou obras como Aquele que passeia em nós e Maria, toda de Deus e tão humana. Afonso Murad JIF: Como o sr. define a Religiosidade ou Devoção Popular? Afonso Murad: Do ponto de vista sociológico e cultural, várias religiões têm um âmbito oficial, definido pelas autoridades religiosas e outro estabelecido pela massa da população (de forma devocional). É interessante observar que isso não acontece só no Cristianismo. Há fenômenos como este no Hinduísmo, no Budismo, até no Islamismo. A religiosidade popular ou devoção popular se traduz nas diversas manifestações que normalmente não passam pelo controle oficial do culto, não pertencem à liturgia. No caso da Igreja Católica, são as autoridades oficiais da Igreja (de acordo com a hierarquia interna) que delimitam, organizam e dão forma às manifestações litúrgicas, enquanto a devoção popular é mais flexível. Ela é criada e se recria, se acrescenta. Eu diria que é como uma massa que vai se moldando em consonância com o momento histórico. JIF: Há uma controvérsia quanto aos valores difundidos nas manifestações de religiosidade popular. O sr. considera temeroso o desvirtuamento que estas práticas podem gerar dentro da fé católica? Afonso Murad: Há um risco de desvirtuamento tanto na liturgia, quanto na devoção popular. No caso da liturgia atual, seria cair em um formalismo religioso terrível. A liturgia é a expressão da comunidade reunida em sinto- nia com a grande comunidade da Igreja. Não é somente a precisão dos ritos que vai garantir o processo litúrgico. No caso da devoção popular, o risco que existe hoje é uma proliferação de devoções sem nenhum limite. Considero preocupante a multiplicação de devoções, as mais absurdas. As correntes difundidas atualmente pela internet são exemplo disso. Neste tipo de devoção, a corrente deve ser multiplicada para muitas pessoas e se alguém a interromper, há a crença de que uma maldição recairia sobre a pessoa que a “quebrou”, ou seja, um absurdo! JIF: Como o sr. avalia a Religiosidade Popular, levando-se em conta seus aspectos positivos e negativos? Afonso Murad: Com relação à religiosidade popular, nós devemos evitar dois extremos. O primeiro é achar que tudo aquilo que é religiosidade popular é bom porque põe o povo dentro da Igreja. Isto é um equívoco. Há manifestações de religiosidade popular que precisam ser purificadas, que necessitam da imposição de limites, pois são absurdas. Transformam a fé religiosa numa prática mágica e traem o Evangelho de Jesus, pois perdem a centralidade do mesmo. “Dentro da devoção popular há valores maravilhosos, como: fidelidade, dedicação, generosidade, atuação conjunta.” O outro extremo que observo são aquelas pessoas pretensamente intelectualizadas que acham que tudo da religiosidade popular é ruim, é ignorância do povo. Isto não é verdade. Dentro da devoção popular há valores maravilhosos, como: fidelidade, dedicação, generosidade, atuação conjunta (pois muitas manifestações populares são comunitárias). Valores como esses são lindíssimos e fortalecem os laços entre as pessoas. Outro aspecto interessante são os projetos que associam um gesto devocional às campanhas sociais, para ajudar pessoas necessitadas. O Papa Paulo VI, em um documento maravilhoso sobre o culto a Maria, diz que as manifestações devocionais são marcadas pelo tempo e pela cultura. Por isso, elas têm que ser transformadas, revitalizadas. O Cristianismo saudável é marcado por uma complementação entre a liturgia e a devoção popular. As duas vertentes têm que ser compreendidas como um movimento dinâmico. É a comunidade reunida que celebra a fé de maneiras diferentes. DEVOÇÃO MARIANA JIF: Como o sr. definiria, em linhas gerais, a Devoção Mariana? Afonso Murad: O culto à Maria se manifesta de duas maneiras: na liturgia e na devoção. Na liturgia, ele aparece nas festas, memórias sobre Maria. Por exemplo: festa da Imaculada Conceição, Maria Mãe de Deus (dia 1º de janeiro), da Visitação (31 de maio). São todos estes momentos litúrgicos especiais, onde na celebração eucarística são feitas leituras, orações e cantos apropriados. A mesma coisa acontece com a Oração das Horas e Ofício Divino, onde são escolhidos salmos específicos. Isso compõe o que chamamos de liturgia. Quanto às manifestações devocionais, as práticas mais comuns são o terço e a consa- 2 gração à Maria. É interessante observar que o culto devocional não advém só do povo. Há manifestações promovidas por congregações religiosas e isto é muito comum na Devoção Mariana. JIF: Há manifestações de devoção à Maria que não são coerentes com a liturgia católica? Afonso Murad: Sim. O Papa Paulo VI - em um documento sobre o culto à Maria - diz que devem ser banidas da prática do catolicismo todas aquelas manifestações que são contrárias às legítimas celebrações da fé católica, ou seja: a centralidade de Jesus e a importância da Bíblia. Estes aspectos são centrais e devem iluminar a prática devocional. As práticas exageradas, com tendências mágicas, que nos afastam de Jesus e da palavra de Deus não são bem vistas pela Igreja. Não podem ser aceitas devoções que apregoam imposições. As manifestações devocio- “Grande parte das pessoas identifica Maria como a mãe do céu, a nossa mãe divina.” nais devem ser livres para os fiéis. Quando há imposição, a devoção assume características massivas, pouco explícitas, cunhadas no exagero e na intolerância. Por exemplo, esta tendência de dizer que Maria é mais poderosa que Jesus. Trata-se de um conceito equivocado. Nosso grande interces- sor é Jesus. O autor e realizador de nossa fé é Jesus. Nós temos que compreender o culto à Maria, a partir da centralidade do culto a Jesus, do culto à Trindade. JIF: No universo cristão, o louvor à Maria é ponto forte no apelo popular. Na sua opinião, o que motiva o povo a cultivar esta idolatria? Afonso Murad: No contexto latino-americano tem muitas causas. Primeiro, há a valorização de um catolicismo mais emotivo. O próprio crescimento da renovação carismática possibilitou isso. Naturalmente, o culto mariano é mais emocional do que racional. Na América Latina, a figura da mãe ainda é muito importante culturalmente. O culto mariano é muito forte porque integra esta perspectiva materna. De fato, se lançarmos um olhar para outras culturas, como a germânica, onde a figura da mãe não é tão destacada assim, a Devoção Mariana é menor. Outro fator que motiva a Devoção Mariana é a valorização dos elementos explicitamente católicos no confronto com os evangélicos, no que diz respeito à Maria, à eucaristia, à liturgia, à figura do papa. Neste aspecto, a perspectiva Mariana é reforçada até inconscientemente frente à religião evangélica. Isso é um fator histórico real que deve ser levado em conta atualmente no Brasil. Veja esta entrevista na íntegra no site da Paróquia: www.paroquiansfatima.com.br Manifestações Devocionais A Devoção Mariana é marcada por inúmeras manifestações populares. No Brasil, as mais conhecidas são: ROSÁRIO O rosário é um tipo de culto à Maria que faz parte da religiosidade popular. Muitas pessoas perguntam qual a diferença entre o rosário e o terço. O rosário é uma manifestação devocional que praticamente se completou no século XV, composta por 150 ave-marias divididas em três grandes blocos de mistérios. Na língua portuguesa, pelo fato de rezarmos 1/3 do bloco de mistérios de cada vez, se adotou a expressão terço. Na língua espanhola, se usa rosário. O Papa João Paulo II acrescentou a estas 150 Ave-Marias, outro grupo de mistérios, chamados mistérios luminosos, ou da luz. Então, na realidade, hoje, nós não rezamos 1/3, mas ¼ do rosário (composto atualmente por 4 blocos de mistérios e 200 Ave-Marias). Os Papas Paulo VI e João Paulo II abordavam este tema, destacando o seguinte: a oração do rosário não pode ser imposta a ninguém. Tem que se mostrar a beleza desta prática, pois ela nos faz meditar sobre o mistério da vida de Jesus. É uma oração vocal que transporta a nossa mente para o mistério de Deus. O rosário é a manifestação mais comum do culto devocional à Maria. Talvez, isso, se dê pelo fato de ser uma oração vocal, repetitiva, simples, difundida facilmente, principalmente nos países latinos e mediterrâneos. Fonte: Irmão Afonso Murad Vide “Mistérios do S. Rosário” na primeira página desta publicação. CONGADO O congado (também conhecido como “congada” ou “congo”) é uma manifestação devocional afro-brasileira, que remonta ao século XVIII. Criado pelos negros africanos, o congado surgiu inspirado na lenda do escravo Chico-Rei e teve início na antiga capela de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Na época, este tipo de mescla cultural era apoiado pelas autoridades locais como forma de acalmar os ânimos e manter a ordem nas senzalas, uma vez que os reinados de congo faziam a alegria dos escravos. Os festejos do congado mesclam prática religiosa católica com dança representativa da coroação dos reis do Congo. É um movimento cultural marcado por um ritual de danças, cantos, cortejos, levantamento de mastros, coroações e cavalgadas que acontecem na festa de Nossa Senhora do Rosário, no mês de outubro. A identidade do Congado é brasileira e suas celebrações estão presentes no país de norte a sul, das formas mais variadas. Os autos se concentram mais no Sudeste, principalmente em Minas Gerais, onde a tradição se mantém forte. As homenagens devocionais apresentadas são conhecidas como: guardas do congo e de Moçambique, os catopês, os caboclinhos, os marujos e o ticumbi. A guarda do congo é a mais antiga existente nas confrarias em louvor à Nossa Senhora do Rosário. As primeiras informações sobre este evento datam de 1760, feitas pelo padre jesuíta João Antônio Andreoni. Fonte: site InfoEscola: www.infoescola.com/folclore/congado/ Côrtes, Gustavo – Dança, Brasi! Festas e danças populares – Editora Leitura – Ano 2.000 Festejo representando Coroação dos Reis do Congo 3 Heloísa Pereira / Arquivo PNSF Investidura de Novos Ministros da Eucaristia Novos Ministros Extraordinários da Comunhão foram investidos por Padre Tadeu, durante a celebração da missa no último dia 12 de setembro, às 19 horas. Como se trata de ministério de grande importância, os candidatos se prepararam através de curso específico para receberem o encargo litúrgico e agora poderão atuar como agentes de comunhão na Igreja. A Paróquia Nossa Senhora de Fátima dá boas-vindas e apresenta à comunidade seus novos ministros: Alda Maria Rocha, Francisco José Penna, Maria Conceição Lemos Del Prete, Maura Pellizzaro Dias Afonso, Nancy Marcondes Pinheiro, Orildo de Almeida Fontes, Pedro Cardoso de Oliveira Arquivo PNSF Encontro no Parque congrega paroquianos JIFFÁTIMA JORNAL INTERAGINDO COM Mistérios do S. Rosário Mistérios gozosos (segundas e sábados) 1. Anunciação do anjo a Maria 2. Visita de Maria a Santa Isabel 3. Nascimento de Jesus 4. Apresentação de Jesus no templo 5. Encontro do Menino Jesus no templo Rito de investidura dos novos ministros Paróquia Nossa Senhora de Fátima Mistérios luminosos (quintas-feiras) 1. Batismo de Jesus no Jordão 2. Bodas de Cana 3. Anúncio do Reino de Deus 4. Transfiguração de Jesus 5. Instituição da Eucaristia Missas: De segunda a quinta: 07h e 19h Sextas: 07h e 18h Sábados: 08h30 (crianças) e 18h Domingos: 08h; 10h30; 19h (jovens) Mistérios dolorosos (terças e sextas-feiras) 1. Agonia de Jesus no horto 2. Flagelação de Jesus 3. Jesus é coroado de espinhos 4. Jesus carrega a cruz 5. Morte de Jesus na cruz Confissões: Individuais: segunda e quinta-feira às 18h Comunitárias: véspera da 1ª sexta-feira do mês, às 15h e 19h30 Secretaria: De segunda a sexta: de 8h às 11h e de 14h às 17h Sábados: de 09h às 11h Apresentação do grupo Arautos do Gueto 4 O Encontro no Parque, ocorrido no último dia 18 de setembro, no Parque Rosinha Cadar, foi marcado por muita alegria e diversão. Realizado pelas Paróquias Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora da Consolação e Correia, o evento foi inteiramente gratuito e teve duração das 8:30 às 15 horas. A comunidade paroquiana prestigiou a festa, partilhando momentos de lazer e cultura. A programação artística foi o ponto alto do Encontro. As pessoas presentes puderam conferir a apresentação das bandas da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Também marcaram presença os grupos: Arautos do Gueto, da Vila Cascalho, que agitou a festa com o som rítmico de seus tambores e os Sarandeiros, grupo de dança folclórica do Colégio Santo Agostinho. Contadores de histórias da Guarda Municipal e outras atividades, como o bingo (com premiação de prendas doadas) também divertiram os participantes do evento. Para a criançada não faltou diversão, com cama elástica, pula-pula e piscina de bolinhas. As barraquinhas de comida e bebida também agradaram em cheio. Padre Tadeu e Frei Agenor ficaram satisfeitos com a integração das famílias e com a união de esforços das duas Paróquias para a realização da festa. Parabéns às Pastorais envolvidas na produção do evento. Mistérios gloriosos (quartas-feiras e domingos) 1. Ressurreição de Jesus 2. Ascensão de Jesus ao céu 3. Descida do Espírito Santo 4. Assunção de Maria Santíssima ao céu 5. Coroação de Maria Santíssima Endereços: Praça Carlos Chagas – Santo Agostinho Belo Horizonte / MG - Cep.: 30170-020 Telefax: 31 3291-5053 Site: www.paroquiansfatima.com.br Expediente O Jornal Interagindo com Fátima é uma publicação trimestral da Paróquia Nossa Senhora de Fátima. Praça Carlos Chagas, 33 – Lourdes Belo Horizonte / MG – 30.170-020 Fone: (031)3291-5053 Site: www.paroquiansfatima.com.br E-mail: [email protected] Pároco: Padre Tadeu Edição: Righi Picinin Comunicação Empresarial [email protected] Diagramação e Impressão: Gráfica Lanna Tiragem: 1.000 exemplares Paróquia Nossa Senhora de Fátima Nº 10 - Outubro de 2010 Acontece No intuito de aplicar, em nossa paróquia, o Projeto de Evangelização da Arquidiocese, o Conselho Pastoral decidiu, no que tange à religiosidade popular, incentivá-la no que ela tem de legítimo, através de uma catequese adequada. Para tando, os três últimos meses deste ano, no que eles têm de particularidade, serão a ela dedicados. E o Interagin- Editorial do com Fátima será um dos veículos de aprofundamento da catequese. Outubro é um mês de profunda devoção mariana, com duas vertentes importantes na culto popular: o rosário e o congado. Vejam, então, a marvilhosa entrevista de Irmão Murad e o artigo sobre congado. Neste número temos a notícia da investidura dos novos Ministros de Eucaristia. É um ministério de suma importância também no sentido de que eles devem ser agentes de comunhão no nosso meio. Temos, também, a alusão ao Encontro no Parque promovido pela Pastoral Familiar das Paróquias N. Sra. da Consolação e Correia e N. Sra. de Fátima. Foi um sábado agradabilíssimo. Houve, inclusive, fechando o Encontro, uma coreografia belíssima, feita pelos Sarandeiros, a respeito do congado e como homenagem a N. Sra. do Rosário. Em novembro, o jornal será sobre a devoção às almas. Um agradecimento sincero ao Irmão Murad e a todos os que trabalharam para esta edição. Pe. Judas Tadeu Vivas, pároco.