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Petróleo Preocupa Retomada Global
Enquanto as revoltas no norte da África e Oriente Médio aconteciam em países
sem grande importância na produção da principal fonte de energia do mundo, o
petróleo, a sirene de alerta extremo para os países ocidentais se mantinha semi acesa.
Bastaram os opositores de Muammar Gadhafi, chefe de Estado da Líbia, revoltarem-se
contra o governo, para que ela ficasse completamente acesa. Não em razão das
centenas de mortes de civis líbios, mas sim pelo fato do país em questão ser membro
da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e o quarto maior produtor
petrolífero africano.
A preocupação não é com a possibilidade de novas crises de petróleo, como
aquelas verificadas na década de 70, visto que, embora existam alguns sinais de
insatisfações populares, é pouco provável que a Arábia Saudita, maior produtor de
petróleo do mundo, seja um novo palco das revoltas espalhadas pelo mundo árabe. No
entanto, a disparada do preço do petróleo verificada nos últimos dias coloca em xeque
a recuperação da economia mundial.
Petróleo mais caro tem como consequência menor renda disponível para
consumo e investimento, além de, possivelmente, causar prejuízos no quadro de
inflação e confiança mundial. Estima-se que a cada US$ 10 de aumento nos preços de
barris de petróleo, a economia mundial perca meio ponto percentual de crescimento.
Nos EUA, estimativas sugerem que o preço do petróleo na casa dos US$ 100 faça com
que o consumidor corte seus gastos em 5% do Produto Interno Bruto (PIB).
As suspensões da produção petrolífera divulgadas na Líbia – o país está
produzindo menos 1,2 milhão de barris diários – criam incertezas nos países europeus
em função da dependência europeia pelo petróleo líbio. O continente europeu, que
ainda sofre com as sequelas deixadas pela crise financeira, possui refinarias
preparadas para o tipo de petróleo produzido na Líbia, o petróleo leve, e a substituição
desse tipo de petróleo por um de tipo mais pesado, como aquele produzido na Arábia
Saudita, não é uma tarefa fácil. Dessa forma, o risco de desabastecimento se eleva,
refletindo em uma alta no preço do petróleo europeu Brent.
Figura 1 – Evolução do Preço do Barril de Petróleo Tipo Brent
Fonte: Folha.com (adaptado)
As incertezas não se restringem aos europeus - preço do petróleo mais caro
pode barrar a retomada das atividades econômicas e a melhoria nos indicadores de
confiança dos EUA, conquistadas com as medidas de estímulo para economia norteamericana adotadas pelo Fed. Além disso, Brasil e China, grandes consumidores
mundiais de energia, devem passar a ter maiores dificuldades nos seus respectivos
programas de controle inflacionário com a elevação dos preços do petróleo.
Portanto, embora as autoridades sauditas afirmem que a OPEP está pronta para
suprir um eventual desabastecimento petrolífero, uma alta prolongada nos preços dos
barris de petróleo colocará em risco a retomada do crescimento da confiança e da
atividade econômica mundial, além de criar novas dificuldades para o controle
inflacionário por parte dos países em forte desenvolvimento econômico.

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