Uma Escola feita a mão - Pontual Centro de Ensino
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Uma Escola feita a mão - Pontual Centro de Ensino
Uma Escola feita a mão Organização Maria Luisa Marigo Glauce Pagan 2014 Volume VI Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou em partes sem autorização prévia. Índice Apresentação ........................................................................................... 05 Dedicatória ............................................................................................... 06 Geografia e educação ambiental ............................................................ 07 Professor Diogo Lamonica Ser pesquisador ou cientista? ................................................................ 14 Professora Francielle P.da Silva Educação musical através da prática de banda infanto-juvenil: um estudo de caso ................................................................................................................... 21 Professor Henrique Lima de Oliveira e Professor Tiago Jose Gonçalves Patriotismo no esporte ............................................................................ 29 Professora José Eduardo Vicente Senhor dos anéis: mito, história e fantasia ........................................... 31 Professora Juliana Murari A jornada do herói ................................................................................... 40 Professor Leandro Ragazzi Fotografia: sob o “olhar da alma” .......................................................... 46 Professor Paulo Sergio Tio Água: questão de vida ou morte ............................................................. 56 Professor Rodolfo Funfas Teatro corpo e expressão ........................................................................ 65 Professora Talita Cristina Cavalcante Cavanha Assessoria de imprensa ......................................................................... 69 Professora Laís Cardoso Estações de Aptidão VI 3 4 Estações de Aptidão VI Apresentação O projeto Estações de Aptidão alia duas grandes condições do aprendizado. A decisão para vida profissional e a oportunidade científica de produzir conhecimento. Em 2014 passamos por todas as áreas do conhecimento de forma construtiva e o resultado está aqui, sendo compartilhado com toda a comunidade escolar. Estações de Aptidão VI 5 Os nossos professores e alunos de forma generosa, dividem conosco o resultado do seu incessante trabalho. Professores das Estações de Aptidão 6 Estações de Aptidão VI Professor Diogo Lamonica Graduado em Geografia – UEL. Pós Graduado em Análise e Educação Ambiental - UEL. Professor de Geografia e Estudos Ambientais do Colégio Pontual, no ensino fundamental e médio. GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 1 - Introdução “A natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a ganância.” Mahatma Gandhi “A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em todas as suas folhas.” Johann Goethe Nesse abrir de olhos de nosso novo século, eis que finalmente o discurso ambiental e a preocupação geral do homem a respeito do meio ambiente ganham a devida importância. Questões ambientais presentes na fala dos principais líderes mundiais, as questões ambientais hoje orientam políticas e vão permeando nosso modo de vida, os produtos que consumimos, o uso consciente de bens naturais e etc. Claro que esta importância não foi dada como fruto do acaso, uma vez que os problemas ambientais gerados pelo nosso modo de vida repercutiram negativamente, causando alterações significativas na superfífice de nosso planeta. Em nosso cotidiano escolar, a introdução da educação ambiental vem como resposta à preocupação mundial com o meio ambiente. Cabe a nós, educadores e escola, atuarmos como agentes modificadores da sociedade, procurando orientar as novas gerações, bem como, os erros do passado. Estações de Aptidão VI 7 Nessa linha de raciocínio, pudemos, no segundo semestre de 2014, desenvolver, nas dependências do Colégio Pontual, localizado em Londrina-PR, o projeto Geografia e Educação Ambiental, que teve como objetivo trabalhar os problemas ambientais e formar uma postura crítica em nossos alunos frente a nosso modo de vida. 2 - Desenvolvimento O projeto Geografia e Educação Ambiental foi oferecido no espaço pedagógico conhecido como Estações de Aptidão. Nesse espaço, todas as sextas-feiras, os alunos do Colégio Pontual participam de diferentes projetos, ofertados semestralmente. Nas Estações de Aptidão procuramos fomentar a aproximação do aluno ao conhecimento, oferecendo aulas práticas e teórico-reflexivas, tornando o sujeito mais ativo no processo de aprendizagem. Nesse mesmo horizonte, em nosso projeto trouxemos aos alunos atividades práticas, como o trabalho de campo e exercícios de análise ambiental, além da interpretação de obras de arte e filmes. Nos sub-ítens abaixo encontram-se algumas das atividaes executadas durante os seis meses de projeto. 2.1 – Crítica à sociedade de consumo Nas atividades geradoras de discussão sobre o tema, procuramos não trazer verdades prontas aos alunos, trablhando de forma a conduzi-los a uma ou várias conclusões finais. Primeiramente, foi apresentado aos alunos o documentário Story os Stuff, produzido nos EUA, em 2007, escrito por Annie Leonard e Jonah Sachs. Nesse documentário, os autores procuram fazer uma dura crítica à sociedade de consumo norteamericana e aos impactos sociais e ambientais que ela causa em seu país e no resto do mundo. 8 Estações de Aptidão VI Imagem 1 – Story of Stuff. Documentário produzido nos EUA em 2007. Após as reflexões produzidas pelo documentário, os alunos foram levados a interpretar as imagens do artista britânico Banksy. Este artista, mais conhecido por seus grafites e obras feitas em muros ao acaso em Londres, possui um forte tom crítico ao capitalismo, à geopolítica das guerras e à sociedade de um modo consumo no geral. Abaixo estão algumas das obras apresentadas aos alunos. Imagem 2 – Grafite do artista plático Banksy. Estações de Aptidão VI 9 Imagem 3 – Gravura em pedra do artista plático Banksy. Imagem 4 – Grafite do artista plático Banksy. 10 Estações de Aptidão VI 2.2 – o colapso ambiental de uma civilização: a história da ilha de pascoa Imagem 5 - Moais, Ilha de Pascoa, Polinésia, Oceano Pacífico. Segundo pesquisas de arqueólogos, a Ilha de Pascoa, localizada no Oceano Pacífico, que atualmente pertencente ao Chile, há cerca de 3 séculos, abrigou uma civilização com uma complexa divisão do trabalho. A vida social dos habitantes da ilha, em um dado momento, atigiu grande complexidade religiosa, que os levou à contrução dos Moais, grandes estátuas inteiriças de rocha. A construção das estátuas dispendia numerosa mão-de-obra, tempo e recursos da ilha. Hoje, evidências arqueológicas mostram que a construção dos moais pode ter levado a utilização intensiva dos já limitados recursos naturais disponíveis naquele ambiente, como árvores, necessárias à rolagem das estátuas. Tal fato levou os habitantes da ilha a padecerem de fome, estinguindo tal civilização. 2.3 – Trabalho de campo Para melhor compreender os exercícios e debates em sala, foi realizado um trabalho de campo com os alunos na nascente do Córrego Água Fresca e suas imediações, localizado na porção central da cidade de londrina-PR. Estações de Aptidão VI 11 Imagem 6 – Professor e alunos em trabalho de campo. Imagem 7 – Alunos em trabalho de campo. Nesse encontro, os alunos observaram a dinâmica de processos naturais e a interferência do homem sobre eles, como a intensificação da erosão no vale. No trabalho de campo, os alunos observaram também os impactos da urbanização aos cursos d’água. 12 Estações de Aptidão VI 3 - Conclusão Em nosso período atual, as questões ambientais vem ganhando notoriedade e adentrando nossa vida política e social. Nesse ínterim, a educação ambiental ganha terreno e vem aos poucos tornando-se o alicerce de uma nova geração, precocupada com o desenvolvimento do homem e com os danos causados ao meio ambiente. No colégio Pontual, localizado em Londrina-PR, foi nos dada a oportunidade de oferecer, no segundo semestre de 2014, no espaço pegógico Estações de Aptidão, o projeto Geografia e Educação Ambiental, que objetivou o aprendizado das dinâmicas dos problemas ambientais e a formulação de uma postura crítica dos alunos frente ao nosso modo de vida. 4 - Referências Comissão mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991, 2ª ed. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível online em: http://www.ibge.gov.br/home. MENDONÇA, Francisco de Assis. Geografia e meio ambiente. São Paulo, Contexto, 1993. Estações de Aptidão VI 13 Professora Francielle P.da Silva Licenciada em Ciências Biológicas pelo Instituto Filadélfia de Londrina. Especialização em Gestão e Educação Ambiental pela Esap. Professora da rede particular de ensino na cidade de LondrinaPr. SER PESQUISADOR OU CIENTISTA? Ao longo da história, muitas pesquisas foram realizadas e grandes foram os pesquisadores que nos auxiliaram, e fizeram de suas pesquisas, história, e ponta pé inicial para novos estudos. A profissão de pesquisador vem aumentando sua importância ao longo dos anos. Com sua eficácia, tem se tornado vital à atividade empresarial, governamental e social. Vivemos um momento muito significativo dessa profissão. Profissão que é um privilégio. Trabalhar com e em pesquisa amplia, aprofunda, detalha e diversifica os horizontes do conhecimento, de modo que o pesquisador sempre está estudando um novo assunto, um novo segmento, uma nova forma de ver a questão. Ser pesquisador é ouvir verdadeiramente, analisar e transmitir de maneira clara, objetiva e neutra tudo o que aprende-se para um uso produtivo e benéfico a toda a sociedade. Basicamente, pesquisador é aquele profissional que faz pesquisa. Se o pesquisador quer saber a resposta de uma pergunta, faz uma pesquisa e elabora uma resposta. Não precisa ser cientista para fazer isso. Já o cientista, faz uma pesquisa a partir do resultado, das conclusões obtidas, discute dentro de um corpo teórico maior, procurando avançar em um determinado campo do conhecimento. Nesse contexto, o modelo de educação atual não deve se limitar a formar alunos para dominar determinados conteúdos, mas estimulá-los a pensar, refletir, propor soluções sobre 14 Estações de Aptidão VI problemas e questões atuais, trabalhar e cooperar uns com os outros. O ambiente escolar é o local ideal para o favorecimento da formação de seres críticos e participativos, conscientes de seu papel nas mudanças sociais. Saber pesquisar e selecionar as informações para, a partir delas, construir o conhecimento, tornou-se uma real necessidade da atual sociedade. Segundo Miguel Nicolelis (2004), citado por Knapp (2007) “O Brasil está caindo num fosso educacional. Se não mudarmos de atitude, não haverá mais volta. “Sem investir no potencial humano, é melhor esquecer a ideia de fazer o Brasil crescer” O projeto objetivou que o aluno adquirisse conhecimento teórico científico sobre a vida dos grandes pesquisadores da ciência, bem como fazer com que o aluno formulasse, e experimentasse teorias que comprovem uma ideia, além de saber as principais diferenças entre pesquisadores e cientistas. 1 - Metodologia A forma com a qual os alunos trabalharam para atingir os objetivos propostos ao longo do ano foi peculiar a cada semestre. No primeiro semestre de 2014, o grupo do projeto era composto em sua maioria por alunos do ensino médio, o que fez com que a pesquisa, produção, interpretação, e debates sobre os textos apresentados fosse cada vez mais complexa. Os alunos foram divididos em grupos para pesquisaram conceitos gerais, dados estatísticos sobre os principais pesquisadores da Ciências Química, Física e Biológica. Ao final do estudo cada grupo teve o tempo de 45 minutos para apresentar em forma de seminários os dados coletados a todos os alunos do projeto. A partir destas informações teóricas obtidas, pontuamos algumas questões relevantes para os debates, como: O que são as ciências? Quem faz ciência? Como ela está dividida? Quem contribuiu para a humanidade com sua pesquisa? O Estações de Aptidão VI 15 que é metodologia científica? Porque alguns pesquisadores demoraram tantos anos para chegar ou não à conclusões? Profissão pesquisador: O que é? Quais os benefícios? Como o Brasil incentiva a pesquisa científica? Quais os órgãos públicos e privados financiam pesquisas no Brasil e como ocorre? Os próprios alunos conduziram os debates, o que foi enriquecedor para todo o grupo do projeto, pois, a partir deste ponto, observamos maturidade nas discussões dando ao colega a oportunidade de discordar das opiniões citadas. Ficou claro o poder de argumentação dos alunos diante de um debate. Ao final dos debates, houve a apresentação da Mostra das Estações de Aptidão. Todos os alunos do projeto se empenharam muito para este evento, pois através dele puderam transmitir o conteúdo obtido, e até mesmo levantar questionamentos e informações sobre como anda a pesquisa no Brasil. A fim de despertar no aluno a iniciativa de ser questionador e pesquisador, de forma a transmitir o conhecimento obtido aos demais, os alunos foram a campo, e visitaram a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA SOJA, onde tiveram contato com a maior instituição de pesquisa pública no Brasil. Fig.1: Alunos do 2° semestre do projeto. 16 Estações de Aptidão VI Fig. 2: Aula prática – Montagem dos experimentos, e realização da pesquisa. No segundo semestre, o projeto era composto em sua maioria por alunos do ensino fundamental 2, o que permitiu uma mudança no rumo da pesquisa. Os alunos deram continuidade a pesquisa iniciada no primeiro semestre, porém o foco da pesquisa se baseou na prática do pesquisador. Sendo assim, assistimos a dois documentários fundamentais para o enriquecimento do estudo: Os Grandes Gênios da Ciências: Issac Newton, Albert Einstein, Galileu Galilei, Stephen Hawking, que tratou de apresentar aos alunos, de forma dinâmica, a contribuição desses pesquisadores para a humanidade, e como essas pesquisas nos influenciam nos dias de hoje. Foram realizados novos debates e seminários a fim de que os alunos apresentassem suas opiniões sobre a profissão pesquisador e cientista. Neste semestre também colocamos em prática diversos experimentos, de modo que os alunos tiveram de fazer análises diariamente, a fim de que obtivessem resultados ao final do semestre. Conseguimos então observar o empenho de todos, a dedicação em apresentar essa aptidão à pesquisa cientifica. Estações de Aptidão VI 17 Para conclusão do trabalho, ao final de cada semestre, os alunos apresentaram seus conhecimentos para uma banca, composta por três professores que avaliaram para os quais nossos alunos puderam transmitir o conhecimento obtido. 2 - Resultados Os dados coletados durante e da execução do projeto, foram relevantes para os dois grupos de alunos, tanto do primeiro semestre quanto do segundo semestre. Os alunos do primeiro semestre perceberam que a ciência é muito mais do que conceitos. Fazer ciência é estar diretamente ligado com métodos científicos. O pesquisador executa, cuida do método, cumpre o planejado, tem um bom cronograma, busca por objetivos, é organizado e comedido e com um esforço apenas razoável constrói um perfil competente. Em compensação torna-se mais burocrático, menos criativo. Mas é o que constrói os resultados. O cientista difere-se do pesquisador pela aptidão de ver os problemas relevantes e fazer boas perguntas. Além da intuição aguçada e sensibilidade refinada, o cientista naturalmente é cético e crítico. Requer-se um esforço sobrecomum e uma mente sempre aberta para novas abordagens e experiências. Já o grupo do segundo semestre, obteve, na prática, resultados de seus experimentos, como por exemplo, observaram que, para manutenção da vida de alguns seres vivos, não somente a umidade e temperatura são relevantes, mas como toda microbiota em nosso planeta. 18 Estações de Aptidão VI 3 - Conclusão Ao longo de muitas etapas, várias conclusões foram citadas pelos alunos. Abaixo destacamos duas : “... mas, a pesquisa do projeto despertava mais interesse, porque a gente ia lá, ia coletar dados, ia ter que ir atrás, ia acompanhar o que acontecia com as coletas que a gente fez, então envolvia muito mais ...”...” Julia Batista “A profissão de pesquisador ainda é vista com muitas restrições”. Gabriel Portel “...a escola tinha que ter projetos de pesquisa sempre, é um novo ramo de aula que poderíamos ter, assim ficaríamos acostumados a pesquisar, seja qual for a área...” Leonardo Ramos Conclui-se, portanto, com a realização desse projeto, que os alunos não realizam pesquisas científicas de forma mais ativa por não saberem realizá-las e por não contarem com o apoio e orientação dos docentes. Quando estes desenvolvem projetos, os alunos ficam envolvidos e interessados em realizar pesquisas de forma mais séria. Uma escola deve favorecer a formação de cidadãos conscientes e atuantes, possibilitar o desenvolvimento da capacidade de pensar, raciocinar, descobrir e resolver problemas, de forma envolvente e que possibilite a satisfação de seus alunos. Estações de Aptidão VI 19 4 - Referências DEMO, Pedro. Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2004. BACHELARD, Gaston. A noção de obstáculo epistemológico. A formação do espírito científico: contribuição para uma psicanálise do conhecimento. RJ: Contraponto, 1996 ROSENFELD, Marina & COSTA, Karina. Alunos de ensino médio são preparados para área de pesquisa. Folha online. http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/index.htm KNAPP, Laura. Ciência e cidadania. Scientific American Brasil, ed.59, abril 2007. WANDERLEY, Eliane Cangussu. Feiras de ciências enquanto espaço pedagógico para aprendizagens múltiplas, dissertação de mestrado, CEFET-MG, 1999. 20 Estações de Aptidão VI Professor Henrique Lima de Oliveira Graduado em Música pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Especialista em Produção e criação para radio e televisão pela Faculdade Pitágoras de Londrina. Professor Tiago Jose Gonçalves Graduado em Música pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). EDUCAÇÃO MUSICAL ATRAVÉS DA PRÁTICA DE BANDA INFANTOJUVENIL: UM ESTUDO DE CASO Resumo O presente artigo aborda a prática da educação musical desenvolvida no Colégio Pontual, localizado na cidade de Londrina-PR, no ano de 2014, através da oficina de prática de banda infanto-juvenil – trabalho desenvolvido por intermédio das Estações de Aptidão -. A referida oficina trata da prática musical coletiva voltada para o repertório de música popular nacional e internacional, propiciando aos alunos o contato com diversos instrumentos musicais. Essa atividade tem como objeto de análise os quatro bimestres do ano de 2014, tendo sido lecionada pelos professores Henrique Lima e Tiago José. PALAVRAS-CHAVE: prática de banda, música, didática, ensino, produção musical Estações de Aptidão VI 21 1 - Introdução A música tem espaço fundamental no cotidiano infantojuvenil, no entanto a experiência musical ainda é limitada à escolas de músicas e bandas de garagem. A utilização da prática de banda, nos moldes bandas de garagem, no âmbito da escola passa, então, a ser um diferencial e a sua utilização na educação musical tradicional proporciona uma melhor elucidação de conceitos musicais. Entre as mais diversas práticas educacionais, o uso de instrumentos musicais, em formação tradicional de banda, proporciona ao aluno a experimentação musical das mais diferentes formas. De acordo com Sacristán (1999, p. 94) “é necessário considerar que a educação não é uma atividade univocamente orientada que admite opções diferentes de acordo com as finalidades específicas às quais se propõe”. Projetos sociais, relacionados à área musical, são noticiados com frequência nos meios de comunicação, mostrando resultados significativos de transformações sociais em contextos de pobreza com pessoas que não tiveram acesso à educação. Então por que não utilizarmos a música no contexto escolar a fim de haver também esta transformação do indivíduo preparando para as escolhas do futuro? Não é necessário ver a música como a salvação da educação, mas, sim, como um meio de auxiliar o indivíduo em seu crescimento como cidadão. A partir dessas reflexões foi proposta a oficina “Prática de Banda”, com o objetivo de proporcionar aos alunos o contato com diversos instrumentos musicais e a sociabilização através da música. 2 - Princípios da educação musical Segundo o educador musical Keith Swanwick (2003), há alguns princípios que devem nortear o ensino musical em um contexto escolar. No primeiro princípio o autor recomenda considerar a música como discurso, trazendo a consciência 22 Estações de Aptidão VI musical do último para o primeiro plano. A menor unidade musical significativa é a frase ou gesto, não um intervalo, tempo ou compasso, ou seja, não devemos ensinar de início as relações intervalares e construção, mas, sim, a música como um discurso; no caso, o resultado final de intervalos e tempos, para posteriormente o professor dar o significado aos elementos presentes na música. O segundo princípio que o autor coloca é: considerar o Discurso Musical dos Alunos. Nessa teoria não seria correto basear didaticamente as aulas na premissa de que ensinaremos música para pessoas que não sabem música. Todos já tiveram um contato com música, cantando, apreciando, ou até mesmo batendo o pé escutando uma canção ou batendo palmas nos cânticos das igrejas. Até as tribos mais isoladas tem suas práticas musicais. Portanto, não se ensina a música como algo novo (no sentido de que nunca tiveram o contato com música), o papel do educador musical é dar suporte para uma continuidade do aprendizado que já se inicia desde quando a mãe começa a cantar para a criança dentro de seu próprio útero. Desse modo, o aluno já vem com uma bagagem de conhecimento musical, assim o professor pode partir do que o estudante já conhece e para construir novos conhecimentos. Essas premissas garantem uma grande ferramenta para aceitação do conteúdo didático na sala de aula, pois o professor inicia as aulas com um assunto do qual os alunos já possuem um conhecimento prévio. No terceiro princípio o autor propõe que haja fluência musical do início ao final. O educador que não planeja suas aulas corretamente, dificilmente conseguirá alcançar como resultado um aprendizado significativo. Uma aula bem planejada, além de beneficiar os alunos, dá uma maior segurança ao professor na hora de lecionar. Mesmo que uma atividade não funcione, se a aula foi bem planejada certamente o professor terá outro recurso para dar continuidade ao assunto da aula. Estações de Aptidão VI 23 3 - Prática de ensino Uma das metodologias que pode ser empregada no ensino de música é a pratica de banda em conjunto, muito difundida pelo educador musical Luiz Eduardo Guarilha, em que o professor utiliza um repertório de músicas populares, sem ser exigido qualquer domínio técnico do instrumento. As músicas são muitas vezes rearranjadas em sua estrutura rítmica e melódica, como por exemplo: um ritmo de bateria, onde na canção original é executado por um único músico, nesta prática é dividido em várias linhas, cada linha é tocada por um aluno, ou seja, um ritmo de bateria que muitas vezes possue cinco linhas diferentes, executadas por um único músico, é dividido para vários alunos, assim, o processo integral é facilitado e o aluno consegue executar uma linha rítmica antes complexa. Nos instrumentos melódicos também é utilizada a mesma prática, por exemplo; uma canção popular que possui três acordes - tríades - na sua execução, tem os mesmos fragmentados por notas, divididos entre os alunos, sendo que cada nota da tríade é executada por um estudante, no violão, piano, baixo ou qualquer instrumento melódico, neste caso o ritmo também é reescrito para facilitar a execução. 4 - Considerações finais Durante o projeto na estação de aptidão, no ano de 2014, abordamos conteúdos musicais como: Duração, Timbre, Intensidade, Densidade, Ritmo e Melodia. Com o intuito de que os alunos tivessem uma compreensão mais refinada dos termos e técnicas utilizadas na prática instrumental. Com isso, a execução musical do grupo foi facilitada, e nós professores exploramos ao máximo a musicalidade individual de cada aluno. 24 Estações de Aptidão VI No Primeiro semestre, fizemos uma apresentação do projeto na quadra do colégio. Dividimos o grupo em três bandas e executamos canções do gênero Pop Rock Nacional e Internacional. Encerramos o primeiro semestre com apresentação musical para a banca examinadora, tendo escolhido, juntamente com os alunos, músicas com referência à Copa do Mundo, que estava acontecendo no mesmo período. No segundo semestre, trabalhamos com os alunos a prática de banda utilizando o recurso da trilha sonora como acompanhamento. Foi evidenciado aos alunos a importância de manter o mesmo tempo musical quando se toca um instrumento, sem acelerar ou diminuir para não se desencontrar com o áudio. Enceramos as atividades anuais com a apresentação do grupo com os playbacks. Uma ótima experiência tanto para nós professores quanto para os alunos que vivenciam e participaram de uma banda musical. Ensaio Estações de Aptidão VI 25 Ensaio Ensaio Ensaio 26 Estações de Aptidão VI Ensaio Ensaio Estações de Aptidão VI 27 5 - Referências DOMINGUES, Luiz Eduardo Guarilha. O ensino coletivo de música a partir da formação de uma banda de garagem. Monografia. Curso de Especialização em música Lato Sensu . Universidade do Rio de Janeiro, 2009 SACRISTÁN, José Gimeno. Poderes instáveis em educação. Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 1999. SWANWICK, Keith. Ensinando Música Musicalmente. Tradução. Alda Oliveira e Cristina. Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003. 28 Estações de Aptidão VI Professor José Eduardo Vicente Formado em Fisioterapia pelo Instituto de Ensino Superior de Londrina-INESUL. Tem Pós-Graduação em Treinamento Desportivo: Preparação para Competição. No momento atua como Fisioterapeuta de Ginástica Laboral e como orientador das Estações de Aptidão, Ensino Médio e Fundamental do Pontual Centro de Ensino. PATRIOTISMO NO ESPORTE “Patriotismo no Esporte” foi o tema escolhido depois da eliminação da seleção Brasileira de Futebol pela Alemanha na Copa do Mundo 2014. Algumas situações nos levaram a tentar entender: como alguns jogadores conseguem trocar a sua pátria amada representando outros países? Até onde lutaríamos pelo nosso país? Neste semestre o objetivo será criar uma discussão sobre o tema, por meio da qual tentaremos entender os motivos que levam atletas a trocar de cidadania. Estações de Aptidão VI 29 Através de pesquisas utilizando a mídia, obtivemos notícias recentes sobre novos atletas que passaram a representar outros países. Muitas discussões foram levantadas sobre a falta de apoio do país aos atletas em geral. O assunto, ao final, nos levou a política, já que o esporte deveria ser financiado pelo governo, e em ano de eleição, muitas reflexões foram criadas. Após muitos debates e opiniões divergentes, chegamos à conclusão de que o nosso Brasil é um país que oferece pouco apoio ou possibilidades, nos tornando um pouco descrentes em relação ao termo PATRIOTISMO. 30 Estações de Aptidão VI Professora Juliana Murari Licenciada em Filosofia pela Universidade Estadual de Maringá. Mestre em Educação por meio do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Maringá. Professora da rede particular de ensino de londrina desde 2008. Especializada em estudos relacionados à Grécia antiga e sobre as epopeias homéricas. SENHOR DOS ANÉIS: MITO, HISTÓRIA E FANTASIA No segundo semestre de 2014, realizamos o projeto Senhor dos anéis: mito, história e fantasia. O objetivo principal do estudo foi estudar a mitologia dos povos germânicos e escandinavos, com o intuito de desvendar suas influências nas obras de Tolkien: Senhor dos anéis e Hobbit. O projeto foi dividido em três fases. Primeiramente os alunos conheceram os aspectos históricos e geográficos do povo nórdico, compreendendo não só quando e onde viviam, mas também os costumes que tinham. Também investigaram quem foram os vikings e porque foram objetos de inúmeras lendas. Em seguida, os discentes conheceram os mitos originais nórdicos e seus principais deuses. Estudaram a cosmologia e buscaram por mitos relacionados a anéis e suas possíveis maldições. Após terem trabalhado com a história e a mitologia do povo nórdico, passaram para a segunda parte do projeto, na qual analisaram as obras de Tolkien. Foram observados os enredos dos filmes da saga Senhor dos anéis, seus principais personagens e conflitos,t juntos assistimos ao filme que foi sucesso de bilheteria e colocamos a mitologia nórdica na indústria cinematográfica. Estações de Aptidão VI 31 A terceira etapa do projeto consistiu em comparar as criações de Tolkien com os mitos originais. O intuito era perceber até que ponto as obras do escritor contemporâneo foram influenciadas pelos mitos medievais. 1 - A mitologia nórdica A mitologia nórdica faz referência a uma religião pagã, anterior à existência do cristianismo em muitos locais. Ela narra sobre as crenças e as lendas dos povos escandinavos, assim como os islandeses, noruegueses e dinamarqueses. Também são histórias compartilhadas por tribos do norte da Germânia. A mitologia foi transmitida oralmente principalmente durante a Era Viking, e o atual conhecimento sobre ela é baseado especialmente nos Eddas e outros textos medievais escritos pouco depois da cristianização. Os mitos de Prose Edda falam sobre os deuses nórdicos e seus feitos. Eddas (ou Edda), é o nome dado ao conjunto de textos encontrados na Islândia, originalmente em verso, que permitiram iniciar o estudo e a compilação das histórias referentes aos personagens da mitologia nórdica. Escrito por Snorri Sturluson, por volta de 1220 d.C. No folclore escandinavo estas crenças permaneceram por mais tempo, em áreas rurais algumas tradições são mantidas até hoje, recentemente revividas ou reinventadas e conhecidas como Ásatrú ou Odinismo. A mitologia remanesce também como uma inspiração na literatura assim como no teatro e no cinema. 2 - Deuses e deusas Os deuses nórdicos são divididos em três raças: os Esirs, os Vanirs e os Jotnar. Os Esirs estão mais ligados à guerra e às facetas dos seres humanos, etc. Os Vanirs estão mais conectados com a Terra, representando a fertilidade e as forças naturais benéficas aos seres humanos. Houve uma vez 32 Estações de Aptidão VI uma grande guerra entre os Esirs e os Vanirs, mas a paz foi restabelecida e os Vanirs vieram morar com os Esirs. Os Jotnar, a terceira raça de Deuses, viviam em constante batalha contra os Esirs, não há e nem nunca haverá paz entre eles. Os Jotnar representam as forças naturais destrutivas, por isso que estarão sempre em conflito com os Esirs, que representam a sociedade e a ordem. Assim como o fogo e o gelo se misturaram para que o mundo pudesse ser formado, essa interação entre o caos e a ordem mantém o mundo equilibrado, ou seja, a grande árvore do mundo: Ygdrasill. Yggdrasil ou Ygdrasill, era uma grande árvore (um freixo) que, na mitologia escandinava, representava o eixo do mundo. Nas suas raízes, que se espalhavam pelos Nove Mundos, cujas mais profundas estavam situadas em Nifheim, ficavam os mundos subterrâneos habitados por povos hostis. O tronco era Midgard, o mundo material dos homens; a parte mais alta, que se dizia tocar o Sol e a Lua, chamava-se Asgard “A Cidade Dourada”, a terra dos Deuses, e Valhala (“O Salão dos Mortos”), local onde os guerreiros eram recebidos após terem morrido, com honra, durante as batalhas. Estações de Aptidão VI 33 Odin Devido ao seu amor pela batalha, é o principal deus da mitologia nórdica - nascida em países do norte da Europa, como Suécia, Dinamarca e Islândia. Odin é o mais velho e sábio dos deuses. Com só um olho bom, ele vive com dois corvos em seus ombros: Huginn (pensamento) e Muninn (memória), que simbolizam a busca pelo conhecimento. Loki 34 Estações de Aptidão VI “Pai das Mentiras” é parte gigante, parte deus. Às vezes é mostrado como irmão de Thor, mas, na mitologia tradicional, é irmão adotivo de Odin. Tem caráter maligno, mas traz equilíbrio ao panteão dos deuses. Frigg Frigg, mulher de Odin, a deusa da fertilidade veste um manto que parece com as nuvens - e que muda de cor de acordo com seu humor. Representa a feminilidade, era invocada pelas mulheres nos partos. Thor Estações de Aptidão VI 35 Thor, o deus do trovão, é filho de Odin com outra deusa (Fjorgyn). Muito forte, tem como arma um martelo mágico. É o grande guerreiro dos deuses contra seus principais inimigos, os gigantes de gelo. Balder Outro filho de Odin e Frigg, é o mais belo, misericordioso e justo dos deuses. Espalha paz por onde quer que ande. Por ser o deus mais amado e popular, tornou-se um dos alvos preferidos das intrigas de Loki. Njord 36 Estações de Aptidão VI Njord, protetor dos navegadores, escolheu viver em Asgard após firmar uma paz com Odin. Os que o adoram navegam tranqüilos e têm boa sorte no nascimento dos filhos. Freya Freya, filha de Njord e Skadi, deusa do amor e da luxúria, é uma mulher sensual. Amante de magia e feitiçaria, ela pode tomar a forma de um pássaro para viajar ao mundo dos mortos e trazer profecias. Freyr Freyr, o irmão de Freya, é o deus da abundância. Decide quando a chuva cai, dá fartura aos frutos da terra, é invocado na paz e na prosperidade. Além disso, possui um barco capaz de carregar todos os deuses. Estações de Aptidão VI 37 3 - O senhor dos anéis A literatura fantástica de Tolkien é repleta do que denomina-se mitologia resignificada, ou adaptada. Mistura, além da mitologia nórdica, a céltica, com um ar romancista medieval; as runas tolkenianas também são baseadas no alfabeto escandinavo. É fundamental analisar as criaturas que aparecem na trilogia, como a Aranha Gigante (Laracna), os Trolls, os Orcs. As histórias que fizeram tanto sucesso no cinema e na literatura tiveram por base a fantasia Medieval, com magos, bruxos, anões, elfos, trolls e dragões. Todo esse universo fantástico partiu do conjunto de várias obras mitológicas anteriores, e cria, ao final, uma obra contemporânea campeã de bilheteria, como o Senhor dos Aneis e o Hobbit. 4 - Conclusão Pode-se concluir que os alunos compreenderam que cada cultura traz consigo uma infinidade de riquezas de ensinamentos. Que a mitologia nórdica encontra-se entre as mais antigas e tradicionais do mundo e que até hoje vários mitos que ela traz são ainda respeitados e usados para explicar uma série de fatos. 38 Estações de Aptidão VI Os educandos entenderam que, muitas vezes, a indústria cinematográfica faz um uso inadequado desses mitos, distorcendo-os, e que, por vezes, seria mais interessante lêlos em sua forma original; o que aguçou neles o interesse pela leitura. Além disso, os alunos se interessaram pela história e pela tradição de um povo tão diferente do nosso. 5 - Referências A.S. Franchini / Carmen Seganfredo. As melhores histórias da mitologia nórdica. Porto alegre, 2006. http://deusesdasmitologias.blogspot.com.br/p/nordicos.html http://deuseseherois.webnode.com.br/mitologia-nordica/ http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-sao-osprincipais-deuses-nordicos http://www.templodeavalon.com/modules/mastop_ publish/?tac=mitologia_n%F3rdica http://www.vopus.org/pt/gnose/antropologia-gnostica/amitologia-nordica.html https://books.google.com.br/books?id=rFVQ73HT_ Estações de Aptidão VI 39 Professor Leandro Ragazzi Bacharelado em Letras pela Universidade Estadual de Londrina – UEL. Pós graduado em Arte e educação pelo instituto de estudos avançados de pós-graduação – ESAP. Professor de Literatura do Colégio Pontual, no ensino médio. A JORNADA DO HERÓI 1 – Objetivos O objetivo deste projeto é capacitar os alunos, por meio de textos e filmes, a entenderem o conceito de herói, desde a antiguidade clássica até os dias de hoje. Em seguida, deverão criar seus próprios heróis, com identidade brasileira. 2 – Desenvolvimento do projeto •Heróis de ontem, hoje e do amanhã: Para melhor lidar com (e aceitar) a sua pequenez e limitações, o homem criou os heróis, esses seres que, na Antiguidade Clássica, eram semi-deuses; depois, heróis de carne e osso; e, nos tempos modernos, super-heróis, já distantes de um Hércules ou de um Aquiles, mas sempre com os mesmos ideais a alcançar: a justiça, a paz, o bem. •Desejamos ser heróis: Todos nós temos heróis, todos nós sonhamos com heróis, todos nós desejamos ser heróis ... mas, afinal, o que é isso de ser herói? Existem mesmo heróis (e super-heróis!), ou eles são uma criação da Humanidade para explicar o inexplicável, para aceitar o que não é óbvio, para lembrar a fragilidade do ser humano? 40 Estações de Aptidão VI •Herói Grego: Na Antiguidade Clássica, os heróis eram semi-deuses, filhos de deuses que se tinham unido a seres humanos, apresentando assim uma dupla faceta: sobrenatural (com poderes extraordinários) e humana (com pontos fracos). O herói grego era falível e mortal; os deuses não erravam nem morriam. Muitos dos atributos destes heróis refletiam-se nos fenômenos naturais: a força do vento, a turbulência do mar, o calor do sol, a magia da lua. •Super heróis fictícios: O século XX assistiu ao nascimento dos super-heróis da ficção. Estes cresceram tanto mais quanto foram projetados pela crescente importância e divulgação dos meios de comunicação de massas. Rádio, imprensa escrita e TV aumentaram o seu impacto junto dum público que, muitas vezes, confunde a ficção com a realidade, esquecendo que aqueles são personagens fictícios. •O fantástico e o humano: Alguns destes super-heróis, que voltam a misturar o lado humano com um lado fantástico, sobrenatural, terão um aproveitamento político e histórico que lhes garante mais visibilidade. Foi o caso do Capitão América, com a II Guerra Mundial. Os programas de rádio, as séries de televisão, mas, sobretudo, as tiras de banda desenhadas das revistas e jornais tornaram conhecidos um Tarzan (desde 1912), um Zorro (1919), um Flash Gordon (1934) - este num cenário espacial -, um Fantasma (1936), o primeiro super-herói a surgir em BD com uniforme e máscara, e, muito especialmente, um Super-Homem (1938), que acaba por dar nome a toda uma galeria de super-heróis que defendem o Bem e combatem o Mal. •A jornada do herói: O conceito de herói está associado aos códigos ideológicos e éticos da cultura dominante em certa época histórica e numa determinada sociedade. Embora seja um único tipo de personagem, ele apresenta Estações de Aptidão VI 41 variações de acordo com a espécie de relato. Assim, podese falar nos seguintes tipos de heróis: épico, trágico, do conto maravilhoso, o anti-herói, o antagonista e o superherói. Com o projeto “A Jornada do Herói” aprendemos mais sobre os heróis modernos e clássicos em 12 passos. Apresentação 1. Mundo Comum 2. Chamado à Aventura 3. Recusa do Chamado 4. Encontro com o Mentor 5. Travessia do Primeiro Limiar Conflito 6. Testes, Aliados e Inimigos 7. Aproximação da Caverna Oculta 8. Provação 9. Recompensa Resolução 10.Caminho de Volta 11.Ressurreição 12.Retorno com o Elixir 42 Estações de Aptidão VI Depois dos passos anteriores, assim que os alunos entenderam o conceito de herói na história da humanidade, partiram para uma parte prática, desenvolveram histórias com heróis brasileiros. Criando o esboço. Um esboço os ajudou a definir o arco da narrativa - o início, o desenvolvimento da trama e dos personagens, a criação dos eventos principais que podem levar ao clímax, e então o desfecho. Estações de Aptidão VI 43 Personagens. Cada história tem personagens principais e secundários. É importante que o aluno os faça interessantes e os introduza de modo apropriado. Existem vários tipos de personagens. O protagonista tem de ser nosso herói ou heroína, personagem principal. O conflito. O conflito é o grande problema que o herói deve enfrentar, e geralmente é a razão para a existência da história. O clímax. O clímax é o ponto de maior tensão. O desfecho. O clímax já passou, o problema foi resolvido, e quaisquer pontas soltas foram amarradas. 3 – Conclusão Culturas orientais e ocidentais apresentam muito em comum no que se refere à descrição mitológica ou religiosa da criação do Universo. A presença de ascensão e queda, tanto de entidades divinas quanto humanas, percorre a história dessas civilizações. Nesse contexto as histórias a respeito de heróis são profundas e eternas. Elas ligam os nossos próprios anseios, desgostos e paixões às experiências dos que vieram antes de nós, de modo que podemos aprender algo a respeito da essência do significado de ser humano, e também nos ensinam de que forma estamos ligados aos grandes ciclos dos mundos naturais e espirituais. 44 Estações de Aptidão VI 5- Referências CAMPBELL, JOSEPH. O herói de mil faces. Editora Cultrox/ Pensamento Ltda. São Paulo; 1989. CHEVALIER, JEAN. GHEERBRANT, ALAIN. Dicionário de símbolos. Editora José Olympio. Rio de Janeiro; 1982. MOISÉS, MASSAUD. A análise literária. Editora Cultrix. São Paulo; 1987. CARVALHO, HENRIQUE. http://viverdeblog.com/jornada-doheroi/ Estações de Aptidão VI 45 Professor Paulo Sergio Tio Arquiteto, urbanista, ilustrador, kirigamista, cenógrafo, professor e artista plástico. Graduado em Arquitetura & Urbanismo pela Universidade Estadual de Londrina e Curso de Aperfeiçoamento em Gerenciamento de Projetos pela FATEC/ CPLAN – SP. FOTOGRAFIA: SOB O “OLHAR DA ALMA” Durante todo o século XX, com a popularização da fotografia, do cinema e da televisão, o mundo teve que se acostumar a uma avalanche de imagens, sem precedentes na história. Com o passar dos anos, nos adaptamos a estas avalanches, que se tornaram mais pontuais, mas não menos contundentes. As imagens estão em todos os lugares, nos anúncios de revistas, televisão, vitrines, letreiros, veículos ou na comunicação visual das cidades. Elas se espalham e se reestruturam de diversas maneiras, impressas, em projeções holográficas, tridimensionais ou digitais, não importa como apareçam, tentam nos cativar a todo custo. Tal abundância de imagens no mundo moderno e a maneira que elas nos chegam, dão a exata medida de quão virtuais e abstratas se tornaram. Com o avanço das tecnologias de captura de imagem e sua democratização, nos tornamos compulsivos com relação a seus registros. Queremos sempre registrar qualquer imagem e compartilhá-la nos sites de relacionamento. Esta atitude de exposição narcísica, que envia e pede de volta o reflexo da própria imagem, através dos olhos alheios, nos distancia de um mundo que poderia estar recheado de sensibilidade e de novas experiências sensoriais, para a aproximação de um vazio, que por si só não consegue se materializar. No limite de 46 Estações de Aptidão VI seu esvaziamento está a nossa percepção, também carente de conhecimento e de um olhar mais profundo. Oliver Sacks1 nos dá um parâmetro de como se adaptar, em um mundo quase que exclusivamente visual: “Podemos simplesmente ver, com os olhos da mente”. 1 - Imagens são mediações entre homem e mundo Antes de falarmos mais especificamente sobre fotografia é sempre interessante discorrer sobre um método que revolucionou a escrita para deficientes visuais – o Braille. O método Braille que conhecemos hoje nasceu de uma adaptação a um conjunto de códigos que Charles Barbier, um capitão do exército francês, em 1819, criou para atender a um pedido de Napoleão. Eram códigos que auxiliavam os soldados em mensagens noturnas, e estes os usavam em completa escuridão. No entanto, não houve uma satisfatória adaptação entre seus subordinados. Barbier levou então seu invento ao Instituto Nacional dos Jovens Cegos de Paris. Entre os alunos que assistiram a apresentação, encontrava-se Louis Braille (1809 - 1852). Este, propondo algumas alterações, sendo, de imediato, recusadas por Barbier, resolveu modificar totalmente o sistema de escrita noturna criando o sistema de escrita padrão – o Braille. O Sistema Braille é um modelo de lógica, de simplicidade e de polivalência. Podemos dizer que com esta invenção, os deficientes visuais tiveram escancaradas as portas da cultura, de novas ordens sociais, morais e, além de tudo, libertou-os da “escuridão mental” que viviam imersos. Oliver Wolf Sacks é um biólogo, neurologista e escritor anglo-americano. Professor de neurologia e psiquiatria na Universidade de Columbia. Sacks é o autor de vários best-sellers, incluindo várias coleções de estudos de casos de pessoas com distúrbios neurológicos. 1 Estações de Aptidão VI 47 Com a alfabetização dos deficientes visuais, estes começaram a entrar no mercado de trabalho e ascender socialmente. Cada um, pouco a pouco, foi resgatando sua cidadania e se tornando cada vez mais independente. Dentro deste contexto, podemos dizer que, de modo geral, tanto para deficientes quanto para não deficientes, buscamos sempre alguma independência, seja financeira, política ou social. Indo mais além, a despeito do que foi relacionado, a mais almejada, por qualquer deficiente motor, visual, auditivo, entre outros, é a independência física. Esta busca para suprir qualquer deficiência que se tenha, seja por intermédio do uso de aparelhos auditivos, cadeira de rodas, da linguagem de sinais, Braille ou softwares com dispositivos de voz, são algumas das metas para se chegar à independência e consequente aceitação na sociedade. A fotografia pode e tem o poder de ser um instrumento de inclusão, para quem tenha ou não algum tipo de deficiência. A característica mais comum é a de ter a capacidade de estimular a memória das pessoas e fazê-las ter um olhar subjetivo sobre estes espaços criados de tempo e lugar, transformando e materializando-os. Além disso, pode ainda servir como ferramenta de comunicação, na exploração de seus múltiplos significados, códigos e técnicas. Não conseguimos pensar a fotografia dissociada da palavra imagem, e esta, atualmente, está vinculada sempre a algum canal de comunicação. Com a proliferação de todo e qualquer tipo de dispositivo digital de captura de imagem, percebemos um duplo fenômeno: ao mesmo tempo em que a fotografia ganha uma projeção cada vez maior no seu campo de atuação, também acaba se tornando completamente banalizada. Todos os dias novas mídias são criadas, e com recursos cada vez mais interessantes; são máquinas que capturam imagens no escuro total, compensam ou reduzem automaticamente luz e brilho, enviam imagens para outros aparelhos em tempo real, enfim, vivemos numa era em que o aqui e agora pode ser materializado e manipulado em poucos segundos. 48 Estações de Aptidão VI A banalização das imagens é algo que nos preocupa, com certeza, mas é preciso considerar que estas novas tecnologias também acabam criando e adaptando novos modos de pensar a fotografia. Então, de fato, devemos pensar que há um grande descompasso entre a sua quantidade e o entendimento de seus significados. Uma necessidade é premente, aliar todas estas novas tecnologias à novas práticas de fotografia, por meio de um pensamento científico: Imagens são mediações entre homem e mundo. O homem ”existe”, isto é, o mundo não lhe é acessível imediatamente. Imagens têm o propósito de representar o mundo. Mas, ao fazêlo, interpõem-se entre mundo e homem. Seu propósito é serem mapas do mundo, mas passam a ser biombos. O homem, ao invés de se servir das imagens em função do mundo, passa a viver em função das imagens. Não mais decifra as cenas da imagem como significados do mundo, mas o próprio mundo vai sendo vivenciado como conjunto de cenas.(FLUSSER, 2002, P.9). Juan Torres, fotógrafo espanhol, trabalhou por mais de 30 anos como repórter fotográfico, até que, aos poucos, foi perdendo a visão, devido à síndrome de Behçet. Hoje tem apenas 10% da visão. Talvez, durante os tempos em que conseguia enxergar plenamente, ele tenha encarado as imagens como mapas do mundo e não como biombos. Motivo pelo qual, após perder 90% da visão continuou a caminhar pela vida, tranquilo e devidamente seguro por onde quer que fosse. Em 2010, organizou em Madrid, uma exposição intitulada “Imagens para tocar”, feitas em chapas de alumínio de três milímetros e com alto relevo. Eram todas em preto e branco e continham, além do relevo das fotos, mensagens em Braille. O intuito da exposição era que os deficientes visuais pudessem desfrutar das fotos e cada vez mais se interessar por fotografia. Estações de Aptidão VI 49 Ao virmos uma imagem congelada em uma foto, podemos ter a impressão de termos apreendido o tempo naquele pequeno suporte físico do papel fotográfico, se a “virmos” por intermédio do trabalho de Torres, poderemos ter uma experiência tátil. Se, além de tudo, esta mesma imagem fosse reproduzida em uma televisão ou monitor de computador chegaríamos à conclusão de que a sua apreensão, em termos apenas materiais, é virtual; se pensássemos ainda em uma imagem projetada dentro de uma câmara escura2, teríamos uma experiência relacionada exatamente com o presente, seria uma imagem que não foi “capturada”, ao contrário, ela está ali naquele exato momento em que se projeta dentro do equipamento, mas que não é mais a mesma no instante seguinte. Em qualquer equipamento ou suporte em que a imagem esteja estampada a veremos como grãos, luz, fótons, elétrons, gases ou moléculas. Se tivermos a real noção de como estas imagens nos chegam, se pudermos “tateá-las”, independente do suporte usado, talvez, mais concretamente, tenhamos a percepção de sua existência real. Caso contrário, se nos embriagarmos nesta avalanche de imagens que o mundo moderno nos propõe, cada vez mais teremos um estreito relacionamento com elas e, cada vez menos o poder de imaginá-las, reprocessá-las e modificá-las. De acordo com Flusser (2002, p.9), a “imaginação torna-se alucinação e o homem passa a ser incapaz de decifrar imagens, de reconstituir as dimensões abstraídas”. Fotografias imaginativas de Evgen Bavcar, filósofo, fotógrafo e teórico da Arte, nos trazem à tona que podemos, sim, ver com os “olhos da mente”; ou seria melhor, da alma? Bavcar ficou cego em sua infância, de certa maneira, suas fotos também trazem de volta as imagens gravadas de seu passado. Câmara escura ou Câmera escura - é um tipo de aparelho óptico baseado no princípio de mesmo nome, o qual esteve na base da invenção da fotografia no início do século XIX. Ela consiste numa caixa (ou também sala) com um buraco no canto, a luz de um lugar externo passa pelo buraco e atinge uma superfície interna, onde é reproduzida a imagem invertida. 2 50 Estações de Aptidão VI O fato de ser um deficiente visual não o impede de maneira alguma, de transformar suas fotos em momentos de pura sensibilidade e poesia; Bavcar as tornam táteis, próximas, confirmando-as através do toque, por este motivo simples é que talvez sejam verdadeiras. A fotografia nos possibilita esta transposição do imaginário para o real e vice-versa. O olhar, aquele que vem da alma pode sim, nos aproximar de uma existência real. Para mim, a única possibilidade de me assegurar da existência é um corpo-a-corpo permanente do objeto da percepção com o sujeito que percebe. Na minha qualidade de fotógrafo, tento considerar a câmara escura como espaço infinito em que as imagens podem surgir. Também nossa terra é uma câmara escura onde os astrofísicos podem às vezes observar as estrelas diretamente, mas no mais das vezes às cegas, com a ajuda de instrumentos e da imaginação, conforme observa o astrofísico Peter Von Balmoos. ‘A obscuridade do momento vivido’ não diz respeito somente aos cegos, mas a toda humanidade em busca do infinito. [...] Eis o que poderia dizerse do ato fotográfico, principalmente quando se trata de puro ato mental. Sendo assim, jamais consigo responder à pergunta que alguém me faz: ‘Como é que eu sou?’ – mas respondo com retardamento, fazendo uma foto; e às vezes essa demora me permite ir um pouco além do visível. (BAVCAR, 2003) O empobrecimento do olhar, a proliferação da imagemclichê nos dá bem a medida desta distância que nos separa deste mundo banal e cotidiano, com outro que almejamos, de comunicação mútua, troca e sensação de existência real. Nenhum equipamento que possa gerar alguma imagem, um celular, computador ou máquina fotográfica, poderá pensar por nós. O ato em si é mental, é imaginário e também real, um gesto de corte, que atua sobre a duração, a continuação do mesmo. “A foto aparece dessa maneira, no sentido forte, como uma fatia, uma fatia única e singular de espaço-tempo, literalmente cortada ao vivo”. (DUBOIS, 1993, p.161) O que seria a memória para cada um de nós e como poderíamos explicá-la através da fotografia? Memória é uma Estações de Aptidão VI 51 atividade psíquica e podemos encontrar na fotografia seu equivalente tecnológico moderno. Se pensarmos a fotografia mais como atividade mental do que ótica e ainda, se a pensarmos como algo separado de nossa memória psíquica, denominando-a como memória-fotográfica, poderíamos então, dissolver a idéia de espaço-tempo. Podemos então, pegar uma fatia de nossa memória-fotográfica e simplesmente voltar ao limite de nossa lembrança, naquele exato momento do corte. Talvez a fotografia nos transporte nesta espécie de “túnel do tempo”, mas ela não irá mais nos modificar, pois estamos lá e aqui, ao mesmo tempo, mas conscientes do nosso presente. 2 - A fotografia para ser vista, sentida e imaginada A professora e pesquisadora Mirian Celeste Martins possui vários estudos relacionados ao ensino da arte nas escolas. Ela propõe duas ações fundamentais: o desvelar e o ampliar. O desvelar, segundo a autora, é dar espaço para a expressão da criança, em toda sua vazão, no que se refere ao seu repertório sonoro, gestual, de falas e imagens. O ampliar norteia o caminho para a criança enriquecer seu repertório pessoal. O professor é importantíssimo neste processo, e junto com a criança, compartilha das descobertas e fracassos; sua cumplicidade leva-o a elogiá-la e/ou incentivá-la em todos os momentos em que for necessário. A artista citada abaixo é referência para qualquer área: •Desenho, pintura, escultura e performance: Lygia Clark3; Lygia Clark – A trajetória de Lygia Clark faz dela uma artista atemporal e sem lugar muito bem definido dentro da Hitória da Arte. Artista brasileira, uma das fundadoras do grupo Frente, em 1954 e precursora do neoconcretismo no Brasil. Seus trabalhos tinham a intenção de desvincular o lugar do espectador dentro da instituição da Arte, e aproximá-lo de um estado onde: o mundo se molda, passa a ser constante transformação. 3 52 Estações de Aptidão VI Mas por que falar de uma artista que se relaciona com desenho, pintura, escultura e performance quando o assunto é fotografia? Bem, em termos práticos, tudo está relacionado como exercício do olhar. Quando desenhamos ou pintamos exercitamos nossa percepção com o que está sendo retratado através dos traços e das cores, quando esculpimos algo, seja com argila, madeira ou qualquer outro tipo de material, materializamos tridimensionalmente o que carregamos dentro de nossas mentes. Vale então lembrar que, com a fotografia, podemos misturar todas estas técnicas de maneira objetiva. Os cegos fotografam tateando, ouvindo, imaginando, enfim, aproximam seus mundos com os de outras pessoas através de suas vivências, percepções adquiridas e elaboradas ao longo de suas vidas. Dentro da arte podemos estimular cada criança a desenvolver seus potenciais. Com um desenho qualquer estamos criando uma “estória” que pode virar uma foto ou um vídeo, com uma escultura podemos visualizar uma cena em vários ângulos, enfim, a fotografia entra como mais um componente desta engrenagem toda. Ao longo de toda a história humana o homem sempre criou coisas para auxiliá-lo na sua vida, tais como a roda, ferramentas para caça, o nankin, carros movidos à combustão, o avião e, hoje, ainda continuamos a criar cada vez mais e mais novos objetos, sejam eles físicos ou virtuais; como iremos nos apropriar deles e “montar” o mundo em que vivemos é a questão. 3 - Considerações finais Sempre que nos referimos à questão da educação, devemos ter a concreta ideia de que a arte, assim como qualquer linguagem (português, matemática, história, etc.), é fundamental ao desenvolvimento de uma criança. Isto também se aplica para qualquer área de conhecimento, como por Estações de Aptidão VI 53 exemplo, a medicina ou a advocacia, pois com a arte a criança vai exercitar a percepção, a construção de significado a partir da leitura de mundo. A arte é uma forma de criação de linguagens – a linguagem visual, a linguagem musical, a linguagem cênica, a linguagem da dança e a linguagem cinematográfica, entre outras. Toda linguagem artística é um modo singular de o homem refletir – reflexão/reflexo – seu estar-no-mundo. Quando o homem trabalha nessa linguagem, seu coração e sua mente atuam juntos em poética intimidade. (Martins, 1998, p.41) Fundamentado nisto é que incluímos a fotografia como ferramenta para esta “construção de mundo”. Enquanto ferramenta de inclusão social, devemos sempre ter em mente que a fotografia, muito mais do que apreender uma imagem pode comunicar muito. Este ato de comunicar tem relação direta com o ato de fotografar; assim como diz Flusser, (2002,p.29) “quem ao observar os movimentos de um fotógrafo munido de aparelho (ou de um aparelho munido de fotógrafo) estará observando movimento de caça”. O olhar do fotógrafo escolherá a sua “caça” e a ela dará o seu enfoque, sua estratégia em capturá-la. Para os deficientes visuais, adquirir este “olhar de caçador” e a possibilidade de mostrar que são capazes de executar algo, tido por muitos como impossível, tem sentido de libertação, de independência. Os exemplos de Torres e Bavcar mostram-nos que as possibilidades em fotografia são infinitas. O “olhar” de cada um é que diferenciará o trabalho. Talvez seja por isso que existiam tantos fotógrafos cegos e sabidamente talentosos, pois, em detrimento do lixo visual que, nós videntes somos obrigados a “digerir” todos os dias, ao contrário, os cegos vão além desta questão óptica, montam suas estratégias com “olhos de caçador”, mas ao final, elaboram suas imagens com os “olhos da alma”. 54 Estações de Aptidão VI 4 - Referências BAVCAR, Evgen. O Corpo, Espelho Partido da História. In: NOVAIS, Adalto (Org.) O homem-máquina. A ciência manipula o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta – Ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002. DUBOIS, Philippe. O Ato Fotográfico e outros ensaios. Campinas, SP: Papirus, 1993. MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998. ONU - www.onu.org.br Associação Fluminense de Amparo aos Cegos – AFAC http:// www.afac.org.br/louis.htm Estações de Aptidão VI 55 Professor Rodolfo Funfas Graduando em Química. Sempre apaixonado por ciências cursou Física por dois anos, na Universidade Estadual de Londrina, onde foi apresentado a Química; curso que o encantou e começou a estudar, na mesma universidade. Hoje, leciona a matéria, de Química, com intuito de apresentar aos alunos conhecimentos sobre o mundo que os cercam, sempre utilizando temas relacionados com o cuidado ambiental e pessoal. ÁGUA: QUESTÃO DE VIDA OU MORTE “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.” Albert Einstein O ensino de Ciências tem sido estudado e discutido há algum tempo, sendo que diversas metodologias já foram empregadas na prática do ensino-aprendizagem com o objetivo de atingir o aluno e estimulá-lo. Durante o ensino de Ciências encontra-se algumas barreiras e preconceitos, que foram criados previamente pelo, e no, aluno a partir das interações sociais como amigos e familiares que, de certa forma os desencorajam a se interessarem por esta área do conhecimento. Conceitos, símbolos e a presença efetiva da Matemática são alguns fatores que assustam discentes. Durante o ano de 2014, utilizamos duas abordagens diferentes com objetivo de quebrar paradigmas e apresentá-los à Química de uma maneira mais tangível. No primeiro semestre, trabalhamos com a utilização de um tema transversal para contextualizá-los com aplicações da Química na sociedade e, assim, perceber que a Química não é uma Ciência inerte. 56 Estações de Aptidão VI Como tema norteador, estudamos a água, sob o título “Água: questão de vida ou morte. ”pudemos relacionar conceitos químicos, necessidade social e biológica e como um químico atua no seu tratamento. Na primeira aula os alunos (Figura 1) foram apresentados ao laboratório, ressaltando os cuidados que devemos ter no manuseio de reagentes e utilização de equipamentos. Figura 1 – Alunos do projeto Água: questão de vida ou morte. Começamos com a construção de representações da molécula de água, reconhecendo sua composição e estrutura (Figura 2) e, desta maneira, conseguir reconhecer a simbologia que é utilizada para representá-la. Figura 2 – Representação da molécula de água e exemplares produzidos pelos alunos. Estações de Aptidão VI 57 De posse dos conceitos químicos que definem a água, determinamos algumas propriedades físicas tais como: ponto de fusão e ebulição e densidade. Utilizando equipamentos como balança, proveta e termômetro (Figura 3) os alunos conseguiram obter dados que foram posteriormente comparados com valores teóricos. Figura 3 – Balança, proveta e termômetro. O uso de literatura especializada é importantíssimo, pois fez com que as aulas não se tornassem práticas aleatórias de laboratório e demonstra que o trabalho de um pesquisador/ cientista é sempre orientado por teorias e práticas anteriores. Aula após aula aprofundávamos os conceitos químicos como sua polaridade e sua utilização como um solvente universal. Devido a característica polar das ligações entre os átomos de hidrogênio (H) e oxigênio (O) e sua geometria molecular (angular), encontramos na molécula de água um momento dipolar que a classifica como uma molécula polar, e devido a isso, a água só dissolve compostos polares. Com essa bagagem teórica discutimos alguns problemas ambientais que ocorrem devido ao descarte incorreto de resíduos industriais e tragédias ambientais ocasionadas por derramamento de petróleo. Para ilustrar a solubilidade de composto em água, realizamos um experimento denominado “chuva de ouro”, que ilustra a incapacidade da água solubilizar alguns compostos sólidos, e, além disso, colocá-los em contato com algumas técnicas laboratoriais. 58 Estações de Aptidão VI O experimento consiste no preparo de duas soluções distintas, uma de iodeto de potássio (KI) e outra de nitrato de chumbo (Pb(NO3)2), ambos sais solúveis em água, porém, com a mistura das duas soluções, há uma reação química que produz nitrato de potássio (KNO3), um sal solúvel em água à temperatura ambiente, e iodeto de potássio (PbI2), um sal amarelo insolúvel à temperatura ambiente (reação abaixo). 2 KI(aq) + Pb(NO3)2(aq) → PbI2(s) + 2 KNO3(aq) Para solubilizar o sal, utilizamos de uma fonte de calor (bico de Bünsen) e a solução resultante foi resfriada em repouso para formação de cristais com brilho dourado (Figura 4). Figura 4 – Produção de cristais de iodeto de chumbo. Após a formação dessa base teórica, debatemos sobre a utilização, obtenção, tratamento e cuidados que temos de ter com a água. Debates foram realizados, pesquisas foram feitas, levantamento de leis e considerações feitas por orgãos internacionais e governamentais sobre esse bem tão valioso. Estações de Aptidão VI 59 É comum, devido à nossa realiadade, não nos preocuparmos com o consumo da água, usá-la sem dó nem piedade, às vezes nos preocupamos com a conta, mas não com medo de acabar. Quebrar essa ilusão foi um dos objetivos, o que se tornou notável com a falta de água que ocorria, em paralelo, em São Paulo, sendo que alguns alunos até ouviram em casa que algum parente que vive lá passava por dificuldades por falta de água. Mas de onde vem essa água? Rios, lagos, esgotos? Quais os processos utilizados no tratamento e controle de qualidade dela? A água que consumimos é retirada de manaciais que possuem características físico-quimicas diferenciadas dependendo da região e, para não haver problema no consumo, a água passa por uma série de tanques nos quais são realizados procedimentos químicos e físicos para tratá-la e purificá-la. Os locais em que realizam tais procedimentos são chamados de Estação de tratamento de água (ETA), que no Paraná é gerenciada pela SANEPAR (http://site.sanepar.com. br/). Abaixo está representada a sequência realizada pela água desde a sua coleta até chegar às casas (Figura 5). Figura 5 – Etapas realizadas no tratamento da água. 60 Estações de Aptidão VI Passado o momento de aprendizagem, chegou a hora de ensinar. Todo esse trabalho foi resumido e apresentado para a comunidade escolar em um dia destinado para os alunos assumirem o papel de professores. Durante a mostra (Figura 6), os alunos apresentaram alguns experimentos realizados, se puseram com agentes atuantes e divulgaram as ideias trabalhadas, principalmente em relação ao consumo consciente da água. Figura 6 – Apresentação dos alunos para a comunidade escolar. No segundo semestre a abordagem da Química foi diferente. Aproveitando o sucesso de um canal da internet chamado Manual do Mundo (http://www.manualdomundo.com. br/), foram realizadas experiências escolhidas pelos próprios alunos (Figura 7). Estações de Aptidão VI 61 Figura 7 – Alunos do 2° semestre. Todas as experiências tinham que passar por três momentos: seleção do material, conferir se há disponibilidade de reagentes e vidrarias, e caso não haja onde comprar, explicar o conceito químico envolvido, sendo que o próprio grupo deveria explicar para a turma, e a realização. A cada aula um grupo apresentou o seu experimento, utilizando um nome fictício, como por exemplo a serpente do faraó, que consiste em uma reação de combustão de pastilhas de sacarose (C12H22O11) misturada com bicarbonato de sódio (NaHCO3) e etanol (C2H6O) produzindo um aumento considerável no volume devido à liberação de gás carbônico (Figura 8). Figura 8 – Antes e após a reação. 62 Estações de Aptidão VI Outro grupo apresentou uma reação química de oxirredução como a varinha do Harry Potter, sendo essa uma reação que ocorre entre o permanganato de potássio (KMnO4) e o etanol (C2H6O) na presença de ácido sulfúrico (H2SO4) produzindo uma reação exotérmica, que devido ao calor libera um chumaço de algodão entra em combustão (Figura 9). 2C2H6O(l) + KMnO4(s) + 2H2SO4(aq) → 2C2H4O(aq) + Mn2SO4(aq) + 4H2O(l) + K2SO4(aq) Figura 9 – Realização da experiência varinha do Harry Potter. Essa forma prática de aprender a Química ajuda a quebrar os bloqueios impostos pelos alunos, livros e fórmulas, e mostra que a existência dessa matéria não é só para termos mais uma disciplina escolar, mas, sim, uma prática necessária, interessante e infinita. As Estações de Aptidão possibilitam isso. Estações de Aptidão VI 63 Referências ATKINS, Peter, LORETTA, Jones; Princípios de Química, Questionando a vida moderna e o meio ambiente, Porto Alegre: Bookman, 2001. MATEUS, Alfredo Luis; Química na cabeça;Belo Horizonte: UFMG, 2008. http://site.sanepar.com.br/ www.manualdomundo.com.br/ Figuras 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9: acervo pessoal Figura 2 (esquerda): com/2013/03 https://professoraleonilda.wordpress. Figura 5: http://educando.sanepar.com.br/ensino_fundamental/ o-tratamento-da-%C3%A1gua 64 Estações de Aptidão VI Professora Talita Cristina Cavalcante Cavanha Licenciatura em Educação Artística/ Artes Visuais pela Universidade Estadual de Londrina. Participou dos grupos teatrais Piperotti, contadores de estórias e atenção. Professora de Artes da rede particular de ensino na cidade de Londrina-Pr. TEATRO CORPO E EXPRESSÃO A Arte presente no cenário escolar deve ser vista como manifestação espontânea e auto expressiva, valorizando a livre expressão e a sensibilidade para o experimento artístico como orientação que visam ao desenvolvimento do potencial criador da criança e do adolescente. Dentre a diversidade das manifestações da arte, o teatro consiste na execução de uma atividade milenar, cujo objetivo é alimentar o intelecto humano e incentivar uma ampliação na visão que temos do mundo a nossa volta. Essa arte estrutura-se em uma tríade composta por artistas, produção e público. Com base nessa tríade, se desenvolvem as mais belas artes que se manifestam no espaço teatral, fazendo com que viajemos por um mundo de novos conhecimentos e prazeres, ao mesmo tempo em que nos faz desenvolver a analisar o questionamento, a curiosidade e o prazer de entender as coisas de uma forma mais profunda e sistêmica. Assim podemos dizer que, o teatro é o instrumento que resgata o homem de um estado linear cultural e o faz aventurar-se por um estado mais profundo, complexo, inovador e excitante. Seus pensamentos, modo de ver, sua percepção e sua cognição são largamente ampliadas fazendo com que responda melhor aos seus anseios e ao cotidiano do meio onde Estações de Aptidão VI 65 vive, agregando potencialidades relacionadas a valores sociais, educacionais e o bem-estar coletivo. Pensando nisso os objetivos do projeto teatro, corpo e expressão são: 1 - Objetivos gerais •Ampliar a ação formadora social e intelectual dos educandos, melhorando a interação social com a vida e com o mundo ao redor para assim favorecer as relações harmônicas desses indivíduos em sociedade. 2 - Objetivos específicos •Abrir espaço ao aluno na busca por um conhecimento sistêmico, uma análise efetiva, uma ampliação nos aspectos de sua vida como cultura, realidade, política, social e artística; •Atuar de forma disciplinadora tendo o teatro como mecanismo de condução para expressar a liberdade dos alunos. •Formação de um grupo onde a cooperação e construção estarão presentes na criação de suas personagens, cenas e espetáculo. A proposta do projeto foi seguir uma linha ludopedagógica, utilizando nas aulas as técnicas do Naturalismo de Constantin Stanislavisk, além de exercícios de improvisação, técnicas vocais, sempre através de dinâmicas de grupo, estudos de textos e exercícios de relaxamento. Contato com teóricos, pensadores e criadores contemporâneos como Bertold Brecht, Augusto Boal, William Shakespeare, Anton Tchékhov, Antunes Filho e Viola Spolin. 66 Estações de Aptidão VI Durante o projeto as aulas seguiram a seguinte estrutura: 1.Aquecimento físico e expressão corporal para que o aluno tenha consciência do seu próprio corpo como presença consciente da realidade, com o aprendizado da convivência coletiva saudável. 2.Jogos teatrais – o objetivo dos jogos é sempre promover a integração do grupo. 3.Expressão vocal – capacitar a voz para representação no espaço cênico. 4.Improvisações e estudo de texto para construção da personagem. 5.Relaxamento e interiorização para conscientização da força e valores singulares do aluno. 6.Finalização – montagem do espetáculo como resultado do trabalho desenvolvido durante o curso. Para a montagem, cada aluno criou seu próprio personagem, a história foi se desenrolando aula após aula, desenvolvendo os adereços, figurinos e cenários para a montagem. Alguns alunos não quiseram participar atuando, e estes assumiram o papel de fotógrafos, cinegrafistas, e técnicos de sonoplastia. Esse suporte foi de fundamental importância para o sucesso da peça. Os participantes do projeto puderam perceber todas as etapas da criação de um espetáculo teatral. Sendo, assim para a banca das estações, produzimos uma leitura cênica, o público recebeu vendas, para que, com os olhos vendados, suas percepções fossem aumentadas, transportando cada observador para o ambiente das historias, o grupo se manteve no palco, interpretando apenas com a voz e criando efeitos de sons com instrumentos musicais para ambientalizar as ações. Para a apresentação foram convidados os alunos do fundamental I, a apresentação foi muito divertida e dinâmica, o grupo pode perceber algumas dificuldades como a necessidade Estações de Aptidão VI 67 de um ensaio no local da apresentação e um espaço com o lugar mais adequado. Porém todos gostaram muito e curtiram a peça. O projeto permitiu que os alunos desenvolvessem uma conscientização da importância da linguagem cênico-corporal no cotidiano, assim como a apreciação e livre fruição da arte no que se diz respeito ao campo das artes cênicas. “Não deixe sua vida ficar muito séria, viva como se estivesse em um jogo. Saboreie tudo que conseguir, as derrotas e as vitórias, a força do amanhecer e a poesia do anoitecer.” R. Shinyashiki 68 Estações de Aptidão VI Professora Laís Cardoso Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). Especialização em Comunicação Popular e Comunitária pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Repórter em emissora de televisão na cidade de Ibiporã-Pr. ASSESSORIA DE IMPRENSA O projeto Assessoria de Imprensa tem como objetivo trabalhar com a divulgação de todos os projetos que fazem parte das estações de aptidão. Para que os alunos pudessem desenvolver tal atividade, tiveram de entender todas as técnicas jornalísticas. Dessa forma, eles puderam sentir na prática como funciona o dia a dia desse profissional, que está cada vez mais em evidência no mercado de trabalho. Para começar as atividades, os alunos aprenderam como escrever textos jornalísticos. O primeiro a ser trabalhado foi o texto para o jornal impresso, justamente porque esse é o texto mais completo que o assessor de imprensa irá desenvolver. Eles conheceram como funciona a estrutura desse tipo de notícia. Foi explicado que no primeiro parágrafo deve-se descrever o lide, respondendo as cinco questões: Quem? Onde? Por que? Quando? Como?. Isso ocorre porque é no primeiro parágrafo que o jornalista busca prender o leitor, para que ele se interesse a ler o restante da notícia. Por fim, eles puderam apreender como devem estruturar um texto jornalístico. Depois, eles tiveram a oportunidade de aprender sobre a história do fotojornalismo no Brasil. De acordo com a pesquisadora em fotografia Déborah Borges, o primeiro periódico ilustrado com fotografias foi publicado em 1990, intitulado Revista da Semana, mas o marco na história das Estações de Aptidão VI 69 revistas ilustradas foi o surgimento da revista O Cruzeiro, principal do Brasil no século XX. Começou a ser publicada em 1928 pelos diários associados de Assis Chateubriand. Após esse período, pode-se perceber a expansão desse tipo de veículo de comunicação. Hoje, o fotojornalismo se tornou essencial dentro do campo de trabalho de um jornalista. Após a explicação de como surgiu, e da importância do fotojornalismo, os alunos puderam experimentar na prática como funciona esse trabalho. Eles fizeram fotografias do colégio e puderam perceber a diferença entre uma foto comum e a fotografia feita por um fotojornalista, pois essa imagem deve conter uma informação e ser um completo para o texto que estará na reportagem. O próximo passo foi conhecer como funciona o radiojornalismo. Baseando-se no trabalho sobre rádio no Brasil, elaborado pela jornalista e professora de Radiojornalismo vinculada à Universidade de São Paulo (USP), Gisela Swetlana Ortriwano (2003), foi explicado que a primeira transmissão de rádio no Brasil ocorreu no dia 7 Setembro de 1922, fazendo parte das comemorações do Centenário da Independência, “[...] O discurso de abertura da Exposição Internacional do Rio de Janeiro foi transmitido pelos 80 receptores especialmente importados para a ocasião”. (ORTRIWANO, 2003, p. 66). Dessa forma, eles puderam compreender como o rádio ganhou um importante espaço no jornalismo. Após essa atividade, os alunos produziram uma entrevista de rádio. Eles se dividiram em duplas, criaram uma pauta e fizeram a entrevista como se fosse para uma rádio. Dessa forma compreenderam como esse trabalho é desenvolvido no dia a dia do jornalista. Por último, os alunos aprenderam sobre o telejornalismo e sua relevância para a sociedade. Segundo Juciara Novaes de Mello, esse novo veículo de comunicação do jornalismo surgiu em 1950, com forte influência americana. A autora explica ainda que durante 18 anos O Repórter Esso, que já tinha feito sucesso no rádio, foi referência para os telejornais criados por outras emissoras. Após esse período, a televisão se 70 Estações de Aptidão VI popularizou cada vez mais no Brasil, e a maioria das pessoas passou a ver as notícias jornalísticas através desse veículo de comunicação. Atualmente a televisão teve de se reinventar, pois, com ascensão da internet, os espectadores passaram a buscar informações em notebook, tablets, celulares, dentre outros. Através dessas aulas, os alunos puderam compreender as principais características do jornalismo, e estar capacitados para entender melhor como trabalha um Assessor de Imprensa. Durante as aulas eles também aprenderam a enxergar esses veículos de comunicação de maneira mais crítica. Esse objetivo foi alcançado através da mídia-educação, que busca estudar a relação entre a comunicação e a educação. Amídia-educação tem por objetivo a formação de receptores mais críticos e criativos sobre os meios de comunicação. Para além deste objetivo, quando a mídia-educação é utilizada na perspectiva da comunicação comunitária, a sua finalidade se expande. Nesse sentido, Luiza Deliberador (2011) explica que através da articulação da práxis da mídia-educação com os pressupostos da comunicação comunitária e utilizando as linguagens de mídias distintas, pode-se alcançar o objetivo de tornar esses educandos mais participativos e comprometidos com sua realidade. Diante da midiatização presente em nossa sociedade, e do importante papel que os meios de comunicação exercem sobre as relações dos indivíduos e nos rumos da sociedade, a relação entre comunicação e educação vem sendo amplamente discutida, já que os jovens tem se baseado no que é retratado pela mídia para a construção de sua própria realidade. Luiza Deliberador (2012) afirma que a família e a escola também tem assumido esse papel. Por isso, é necessário que se pense em uma educação que utilize tais meios de comunicação, tornando esses jovens ativos e críticos nesse processo, e que sejam capazes de negociar com o que é retratado pelos veículos de comunicação, questionando-os, quando necessário. Estações de Aptidão VI 71 Referências DELIBERADOR, Luiza Yamashita. Comunicação comunitária, mídia-educação e cidadania. In: FANTIN, Mônica; RIVOTELLA, Pier Cesare (Org.). Cultura digital e escola: pesquisa e formação de professores. São Paulo: Papiros, 2012. p. 283-308. DELIBERADOR, Luiza Yamashita. Importância de oficinas na prática de mídia-educação na perspectiva da comunicação comunitária, 2011. Disponível em: http://www2.intercom.org.br/ navegacaoDetalhe.php?potion=trabalho&id=39155. Acessado em: 05 de fevereiro de 2015. MELLO, Jaciara Novaes. Telejornalismo no Brasil, 2013. Disponível em: http://www.bocc.ubi.pt/pag/bocc-melotelejornalismo.pdf Acessado em: 11 de fevereiro de 2015. ORTRIWANO, Gisela Swetlana. Radiojornalismo no Brasil: fragmentos de História, 2013. Disponível em: http://WWW.USP. BR/REVISTAUSP/56/10-GISELA.PDF. Acessado em: 15 de fevereiro de 2015. BORGES, Déborah. História do Fotojornalismo no Brasil, 2013. Disponível em: < http://professor.ucg.br/siteDocente/ admin/arquivosUpload/14299/material/Hist%C3%B3ria%20 do%Fotojornalismo%20no%20Brasil.pdf>. Acessado em: 11 de fevereiro de 2015. 72 Estações de Aptidão VI Ficha Técnica Apresentação: Estações de Aptidão VI Autores •Diogo Lamonica •Francielle P.da Silva •Henrique Lima de Oliveira •José Eduardo Vicente •José Eduardo Vicente •Juliana Murari •Leandro Ragazzi •Paulo Sergio Tio •Rodolfo Funfas •Talita Cristina Cavalcante Cavanha •Tiago Jose Gonçalves Organização: Maria Luisa Marigo Capa: Lucas Magalhães Benossi Projeto Gráfico: Lucas Magalhães Benossi Revisão: Glauce Pagan Tipologia: Arial, 12 Número de Páginas: 73 Pontual Centro de Ensino - Uma escola feita a mão... Rua Tupi, 455 - Centro - Londrina PR - 43 3321 6757 www.pontuallondrina.com.br - facebook.com/pontuallondrina Estações de Aptidão VI 73 Não é fácil reunir todo o conhecimento que se produz em nosso Colégio durante um ano letivo. Criatividade e inovação são propósitos do nosso trabalho. Em 2015 fizemos mais um compilado destas experiências para que toda a comunidade escolar desfrute das nossas conquistas com nossos projetos nas Estações de Aptidão. Aproveitem esta oportunidade, este livro vai levá-los aos corredores do Pontual em seus momentos de maior criatividade. Pontual Centro de Ensino - Uma escola feita a mão... Rua Tupi, 455 - Centro - Londrina PR - 43 3321 6757 www.pontuallondrina.com.br facebook.com/pontuallondrina