Uma Escola feita a mão - Pontual Centro de Ensino

Transcrição

Uma Escola feita a mão - Pontual Centro de Ensino
Uma Escola feita a mão
Organização
Maria Luisa Marigo
Glauce Pagan
2014
Volume VI
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução
total ou em partes sem autorização prévia.
Índice
Apresentação ........................................................................................... 05
Dedicatória ............................................................................................... 06
Geografia e educação ambiental ............................................................ 07
Professor Diogo Lamonica
Ser pesquisador ou cientista? ................................................................ 14
Professora Francielle P.da Silva
Educação musical através da prática de banda infanto-juvenil: um
estudo de caso
................................................................................................................... 21
Professor Henrique Lima de Oliveira e Professor Tiago Jose Gonçalves
Patriotismo no esporte ............................................................................ 29
Professora José Eduardo Vicente
Senhor dos anéis: mito, história e fantasia ........................................... 31
Professora Juliana Murari
A jornada do herói ................................................................................... 40
Professor Leandro Ragazzi
Fotografia: sob o “olhar da alma” .......................................................... 46
Professor Paulo Sergio Tio
Água: questão de vida ou morte ............................................................. 56
Professor Rodolfo Funfas
Teatro corpo e expressão ........................................................................ 65
Professora Talita Cristina Cavalcante Cavanha
Assessoria de imprensa ......................................................................... 69
Professora Laís Cardoso
Estações de Aptidão VI
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Estações de Aptidão VI
Apresentação
O projeto Estações de Aptidão alia duas grandes
condições do aprendizado. A decisão para vida profissional e a
oportunidade científica de produzir conhecimento.
Em 2014 passamos por todas as áreas do conhecimento de
forma construtiva e o resultado está aqui, sendo compartilhado
com toda a comunidade escolar.
Estações de Aptidão VI
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Os nossos professores e alunos
de forma generosa, dividem
conosco o resultado do seu
incessante trabalho.
Professores das Estações de Aptidão
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Estações de Aptidão VI
Professor Diogo Lamonica
Graduado em Geografia – UEL.
Pós Graduado em Análise e Educação Ambiental
- UEL.
Professor de Geografia e Estudos Ambientais do
Colégio Pontual, no ensino fundamental e médio.
GEOGRAFIA E EDUCAÇÃO
AMBIENTAL
1 - Introdução
“A natureza pode suprir todas as necessidades do homem,
menos a ganância.”
Mahatma Gandhi
“A natureza é o único livro que oferece um conteúdo valioso em
todas as suas folhas.”
Johann Goethe
Nesse abrir de olhos de nosso novo século, eis que
finalmente o discurso ambiental e a preocupação geral do homem
a respeito do meio ambiente ganham a devida importância.
Questões ambientais presentes na fala dos principais líderes
mundiais, as questões ambientais hoje orientam políticas e vão
permeando nosso modo de vida, os produtos que consumimos,
o uso consciente de bens naturais e etc.
Claro que esta importância não foi dada como fruto do
acaso, uma vez que os problemas ambientais gerados pelo
nosso modo de vida repercutiram negativamente, causando
alterações significativas na superfífice de nosso planeta.
Em nosso cotidiano escolar, a introdução da educação
ambiental vem como resposta à preocupação mundial com o
meio ambiente. Cabe a nós, educadores e escola, atuarmos
como agentes modificadores da sociedade, procurando orientar
as novas gerações, bem como, os erros do passado.
Estações de Aptidão VI
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Nessa linha de raciocínio, pudemos, no segundo semestre
de 2014, desenvolver, nas dependências do Colégio Pontual,
localizado em Londrina-PR, o projeto Geografia e Educação
Ambiental, que teve como objetivo trabalhar os problemas
ambientais e formar uma postura crítica em nossos alunos
frente a nosso modo de vida.
2 - Desenvolvimento
O projeto Geografia e Educação Ambiental foi oferecido
no espaço pedagógico conhecido como Estações de
Aptidão. Nesse espaço, todas as sextas-feiras, os alunos do
Colégio Pontual participam de diferentes projetos, ofertados
semestralmente.
Nas Estações de Aptidão procuramos fomentar a
aproximação do aluno ao conhecimento, oferecendo aulas
práticas e teórico-reflexivas, tornando o sujeito mais ativo no
processo de aprendizagem.
Nesse mesmo horizonte, em nosso projeto trouxemos
aos alunos atividades práticas, como o trabalho de campo e
exercícios de análise ambiental, além da interpretação de obras
de arte e filmes.
Nos sub-ítens abaixo encontram-se algumas das atividaes
executadas durante os seis meses de projeto.
2.1 – Crítica à sociedade de consumo
Nas atividades geradoras de discussão sobre o tema,
procuramos não trazer verdades prontas aos alunos, trablhando
de forma a conduzi-los a uma ou várias conclusões finais.
Primeiramente, foi apresentado aos alunos o documentário
Story os Stuff, produzido nos EUA, em 2007, escrito por Annie
Leonard e Jonah Sachs. Nesse documentário, os autores
procuram fazer uma dura crítica à sociedade de consumo norteamericana e aos impactos sociais e ambientais que ela causa
em seu país e no resto do mundo.
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Estações de Aptidão VI
Imagem 1 – Story of Stuff. Documentário produzido nos
EUA em 2007.
Após as reflexões produzidas pelo documentário, os
alunos foram levados a interpretar as imagens do artista britânico
Banksy. Este artista, mais conhecido por seus grafites e obras
feitas em muros ao acaso em Londres, possui um forte tom
crítico ao capitalismo, à geopolítica das guerras e à sociedade
de um modo consumo no geral. Abaixo estão algumas das
obras apresentadas aos alunos.
Imagem 2 – Grafite do artista plático Banksy.
Estações de Aptidão VI
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Imagem 3 – Gravura em pedra do artista plático Banksy.
Imagem 4 – Grafite do artista plático Banksy.
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Estações de Aptidão VI
2.2 – o colapso ambiental de uma civilização: a história da
ilha de pascoa
Imagem 5 - Moais, Ilha de Pascoa, Polinésia, Oceano Pacífico.
Segundo pesquisas de arqueólogos, a Ilha de Pascoa,
localizada no Oceano Pacífico, que atualmente pertencente ao
Chile, há cerca de 3 séculos, abrigou uma civilização com uma
complexa divisão do trabalho.
A vida social dos habitantes da ilha, em um dado momento,
atigiu grande complexidade religiosa, que os levou à contrução
dos Moais, grandes estátuas inteiriças de rocha. A construção
das estátuas dispendia numerosa mão-de-obra, tempo e
recursos da ilha.
Hoje, evidências arqueológicas mostram que a construção
dos moais pode ter levado a utilização intensiva dos já limitados
recursos naturais disponíveis naquele ambiente, como árvores,
necessárias à rolagem das estátuas. Tal fato levou os habitantes
da ilha a padecerem de fome, estinguindo tal civilização.
2.3 – Trabalho de campo
Para melhor compreender os exercícios e debates em sala,
foi realizado um trabalho de campo com os alunos na nascente
do Córrego Água Fresca e suas imediações, localizado na
porção central da cidade de londrina-PR.
Estações de Aptidão VI
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Imagem 6 – Professor e alunos em trabalho de campo.
Imagem 7 – Alunos em trabalho de campo.
Nesse encontro, os alunos observaram a dinâmica de
processos naturais e a interferência do homem sobre eles, como
a intensificação da erosão no vale. No trabalho de campo, os
alunos observaram também os impactos da urbanização aos
cursos d’água.
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Estações de Aptidão VI
3 - Conclusão
Em nosso período atual, as questões ambientais vem
ganhando notoriedade e adentrando nossa vida política e
social. Nesse ínterim, a educação ambiental ganha terreno e
vem aos poucos tornando-se o alicerce de uma nova geração,
precocupada com o desenvolvimento do homem e com os
danos causados ao meio ambiente.
No colégio Pontual, localizado em Londrina-PR, foi nos
dada a oportunidade de oferecer, no segundo semestre de
2014, no espaço pegógico Estações de Aptidão, o projeto
Geografia e Educação Ambiental, que objetivou o aprendizado
das dinâmicas dos problemas ambientais e a formulação de
uma postura crítica dos alunos frente ao nosso modo de vida.
4 - Referências
Comissão mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento.
Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: Editora da Fundação
Getúlio Vargas, 1991, 2ª ed.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível
online em: http://www.ibge.gov.br/home.
MENDONÇA, Francisco de Assis. Geografia e meio ambiente.
São Paulo, Contexto, 1993.
Estações de Aptidão VI
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Professora Francielle P.da Silva
Licenciada em Ciências Biológicas pelo Instituto
Filadélfia de Londrina. Especialização em Gestão
e Educação Ambiental pela Esap. Professora da
rede particular de ensino na cidade de LondrinaPr.
SER PESQUISADOR OU CIENTISTA?
Ao longo da história, muitas pesquisas foram realizadas e
grandes foram os pesquisadores que nos auxiliaram, e fizeram
de suas pesquisas, história, e ponta pé inicial para novos
estudos.
A profissão de pesquisador vem aumentando sua
importância ao longo dos anos. Com sua eficácia, tem se tornado
vital à atividade empresarial, governamental e social. Vivemos
um momento muito significativo dessa profissão. Profissão que
é um privilégio. Trabalhar com e em pesquisa amplia, aprofunda,
detalha e diversifica os horizontes do conhecimento, de modo
que o pesquisador sempre está estudando um novo assunto,
um novo segmento, uma nova forma de ver a questão.
Ser pesquisador é ouvir verdadeiramente, analisar e
transmitir de maneira clara, objetiva e neutra tudo o que
aprende-se para um uso produtivo e benéfico a toda a
sociedade. Basicamente, pesquisador é aquele profissional
que faz pesquisa. Se o pesquisador quer saber a resposta de
uma pergunta, faz uma pesquisa e elabora uma resposta. Não
precisa ser cientista para fazer isso. Já o cientista, faz uma
pesquisa a partir do resultado, das conclusões obtidas, discute
dentro de um corpo teórico maior, procurando avançar em um
determinado campo do conhecimento.
Nesse contexto, o modelo de educação atual não deve se
limitar a formar alunos para dominar determinados conteúdos,
mas estimulá-los a pensar, refletir, propor soluções sobre
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Estações de Aptidão VI
problemas e questões atuais, trabalhar e cooperar uns com os
outros. O ambiente escolar é o local ideal para o favorecimento
da formação de seres críticos e participativos, conscientes de
seu papel nas mudanças sociais. Saber pesquisar e selecionar
as informações para, a partir delas, construir o conhecimento,
tornou-se uma real necessidade da atual sociedade.
Segundo Miguel Nicolelis (2004), citado por Knapp (2007)
“O Brasil está caindo num fosso educacional. Se não mudarmos
de atitude, não haverá mais volta. “Sem investir no potencial
humano, é melhor esquecer a ideia de fazer o Brasil crescer”
O projeto objetivou que o aluno adquirisse conhecimento
teórico científico sobre a vida dos grandes pesquisadores
da ciência, bem como fazer com que o aluno formulasse, e
experimentasse teorias que comprovem uma ideia, além de
saber as principais diferenças entre pesquisadores e cientistas.
1 - Metodologia
A forma com a qual os alunos trabalharam para atingir
os objetivos propostos ao longo do ano foi peculiar a cada
semestre.
No primeiro semestre de 2014, o grupo do projeto era
composto em sua maioria por alunos do ensino médio, o que fez
com que a pesquisa, produção, interpretação, e debates sobre
os textos apresentados fosse cada vez mais complexa. Os
alunos foram divididos em grupos para pesquisaram conceitos
gerais, dados estatísticos sobre os principais pesquisadores da
Ciências Química, Física e Biológica. Ao final do estudo cada
grupo teve o tempo de 45 minutos para apresentar em forma
de seminários os dados coletados a todos os alunos do projeto.
A partir destas informações teóricas obtidas, pontuamos
algumas questões relevantes para os debates, como: O que
são as ciências? Quem faz ciência? Como ela está dividida?
Quem contribuiu para a humanidade com sua pesquisa? O
Estações de Aptidão VI
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que é metodologia científica? Porque alguns pesquisadores
demoraram tantos anos para chegar ou não à conclusões?
Profissão pesquisador: O que é? Quais os benefícios? Como o
Brasil incentiva a pesquisa científica? Quais os órgãos públicos
e privados financiam pesquisas no Brasil e como ocorre?
Os próprios alunos conduziram os debates, o que foi
enriquecedor para todo o grupo do projeto, pois, a partir deste
ponto, observamos maturidade nas discussões dando ao colega
a oportunidade de discordar das opiniões citadas. Ficou claro o
poder de argumentação dos alunos diante de um debate.
Ao final dos debates, houve a apresentação da Mostra das
Estações de Aptidão. Todos os alunos do projeto se empenharam
muito para este evento, pois através dele puderam transmitir
o conteúdo obtido, e até mesmo levantar questionamentos e
informações sobre como anda a pesquisa no Brasil.
A fim de despertar no aluno a iniciativa de ser questionador
e pesquisador, de forma a transmitir o conhecimento obtido
aos demais, os alunos foram a campo, e visitaram a Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA SOJA, onde
tiveram contato com a maior instituição de pesquisa pública no
Brasil.
Fig.1: Alunos do 2° semestre do projeto.
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Estações de Aptidão VI
Fig. 2: Aula prática – Montagem dos experimentos, e
realização da pesquisa.
No segundo semestre, o projeto era composto em sua
maioria por alunos do ensino fundamental 2, o que permitiu
uma mudança no rumo da pesquisa. Os alunos deram
continuidade a pesquisa iniciada no primeiro semestre, porém
o foco da pesquisa se baseou na prática do pesquisador. Sendo
assim, assistimos a dois documentários fundamentais para o
enriquecimento do estudo: Os Grandes Gênios da Ciências:
Issac Newton, Albert Einstein, Galileu Galilei, Stephen Hawking,
que tratou de apresentar aos alunos, de forma dinâmica, a
contribuição desses pesquisadores para a humanidade, e como
essas pesquisas nos influenciam nos dias de hoje.
Foram realizados novos debates e seminários a fim de
que os alunos apresentassem suas opiniões sobre a profissão
pesquisador e cientista. Neste semestre também colocamos
em prática diversos experimentos, de modo que os alunos
tiveram de fazer análises diariamente, a fim de que obtivessem
resultados ao final do semestre. Conseguimos então observar
o empenho de todos, a dedicação em apresentar essa aptidão
à pesquisa cientifica.
Estações de Aptidão VI
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Para conclusão do trabalho, ao final de cada semestre,
os alunos apresentaram seus conhecimentos para uma banca,
composta por três professores que avaliaram para os quais
nossos alunos puderam transmitir o conhecimento obtido.
2 - Resultados
Os dados coletados durante e da execução do projeto,
foram relevantes para os dois grupos de alunos, tanto do
primeiro semestre quanto do segundo semestre. Os alunos do
primeiro semestre perceberam que a ciência é muito mais do
que conceitos. Fazer ciência é estar diretamente ligado com
métodos científicos. O pesquisador executa, cuida do método,
cumpre o planejado, tem um bom cronograma, busca por
objetivos, é organizado e comedido e com um esforço apenas
razoável constrói um perfil competente. Em compensação
torna-se mais burocrático, menos criativo. Mas é o que constrói
os resultados.
O cientista difere-se do pesquisador pela aptidão de ver os
problemas relevantes e fazer boas perguntas. Além da intuição
aguçada e sensibilidade refinada, o cientista naturalmente
é cético e crítico. Requer-se um esforço sobrecomum e uma
mente sempre aberta para novas abordagens e experiências.
Já o grupo do segundo semestre, obteve, na prática,
resultados de seus experimentos, como por exemplo,
observaram que, para manutenção da vida de alguns seres
vivos, não somente a umidade e temperatura são relevantes,
mas como toda microbiota em nosso planeta.
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Estações de Aptidão VI
3 - Conclusão
Ao longo de muitas etapas, várias conclusões foram
citadas pelos alunos. Abaixo destacamos duas :
“... mas, a pesquisa do projeto despertava mais interesse,
porque a gente ia lá, ia coletar dados, ia ter que ir atrás, ia
acompanhar o que acontecia com as coletas que a gente fez,
então envolvia muito mais ...”...”
Julia Batista
“A profissão de pesquisador ainda é vista com muitas
restrições”. Gabriel Portel
“...a escola tinha que ter projetos de pesquisa sempre, é um
novo ramo de aula que poderíamos ter, assim ficaríamos
acostumados a pesquisar, seja qual for a área...”
Leonardo Ramos
Conclui-se, portanto, com a realização desse projeto, que
os alunos não realizam pesquisas científicas de forma mais
ativa por não saberem realizá-las e por não contarem com o
apoio e orientação dos docentes. Quando estes desenvolvem
projetos, os alunos ficam envolvidos e interessados em realizar
pesquisas de forma mais séria. Uma escola deve favorecer a
formação de cidadãos conscientes e atuantes, possibilitar o
desenvolvimento da capacidade de pensar, raciocinar, descobrir
e resolver problemas, de forma envolvente e que possibilite a
satisfação de seus alunos.
Estações de Aptidão VI
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4 - Referências
DEMO, Pedro. Professor do futuro e reconstrução do
conhecimento. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
BACHELARD, Gaston. A noção de obstáculo epistemológico.
A formação do espírito científico: contribuição para uma
psicanálise do conhecimento. RJ: Contraponto, 1996
ROSENFELD, Marina & COSTA, Karina. Alunos de ensino
médio são preparados para área de pesquisa. Folha online.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/index.htm
KNAPP, Laura. Ciência e cidadania. Scientific American Brasil,
ed.59, abril 2007.
WANDERLEY, Eliane Cangussu. Feiras de ciências enquanto
espaço pedagógico para aprendizagens múltiplas,
dissertação de mestrado, CEFET-MG, 1999.
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Estações de Aptidão VI
Professor Henrique Lima de Oliveira
Graduado em Música pela Universidade Estadual
de Londrina (UEL) e Especialista em Produção e
criação para radio e televisão pela Faculdade
Pitágoras de Londrina.
Professor Tiago Jose Gonçalves
Graduado em Música pela Universidade Estadual
de Londrina (UEL).
EDUCAÇÃO MUSICAL ATRAVÉS DA
PRÁTICA DE BANDA INFANTOJUVENIL: UM ESTUDO DE CASO
Resumo
O presente artigo aborda a prática da educação musical
desenvolvida no Colégio Pontual, localizado na cidade de
Londrina-PR, no ano de 2014, através da oficina de prática de
banda infanto-juvenil – trabalho desenvolvido por intermédio
das Estações de Aptidão -. A referida oficina trata da prática
musical coletiva voltada para o repertório de música popular
nacional e internacional, propiciando aos alunos o contato
com diversos instrumentos musicais. Essa atividade tem como
objeto de análise os quatro bimestres do ano de 2014, tendo
sido lecionada pelos professores Henrique Lima e Tiago José.
PALAVRAS-CHAVE: prática de banda, música, didática,
ensino, produção musical
Estações de Aptidão VI
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1 - Introdução
A música tem espaço fundamental no cotidiano infantojuvenil, no entanto a experiência musical ainda é limitada
à escolas de músicas e bandas de garagem. A utilização da
prática de banda, nos moldes bandas de garagem, no âmbito
da escola passa, então, a ser um diferencial e a sua utilização
na educação musical tradicional proporciona uma melhor
elucidação de conceitos musicais.
Entre as mais diversas práticas educacionais, o uso de
instrumentos musicais, em formação tradicional de banda,
proporciona ao aluno a experimentação musical das mais
diferentes formas. De acordo com Sacristán (1999, p. 94) “é
necessário considerar que a educação não é uma atividade
univocamente orientada que admite opções diferentes de
acordo com as finalidades específicas às quais se propõe”.
Projetos sociais, relacionados à área musical, são
noticiados com frequência nos meios de comunicação,
mostrando resultados significativos de transformações sociais
em contextos de pobreza com pessoas que não tiveram acesso
à educação. Então por que não utilizarmos a música no contexto
escolar a fim de haver também esta transformação do indivíduo
preparando para as escolhas do futuro? Não é necessário ver
a música como a salvação da educação, mas, sim, como um
meio de auxiliar o indivíduo em seu crescimento como cidadão.
A partir dessas reflexões foi proposta a oficina “Prática de
Banda”, com o objetivo de proporcionar aos alunos o contato
com diversos instrumentos musicais e a sociabilização através
da música.
2 - Princípios da educação musical
Segundo o educador musical Keith Swanwick (2003),
há alguns princípios que devem nortear o ensino musical em
um contexto escolar. No primeiro princípio o autor recomenda
considerar a música como discurso, trazendo a consciência
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Estações de Aptidão VI
musical do último para o primeiro plano. A menor unidade
musical significativa é a frase ou gesto, não um intervalo,
tempo ou compasso, ou seja, não devemos ensinar de início
as relações intervalares e construção, mas, sim, a música
como um discurso; no caso, o resultado final de intervalos e
tempos, para posteriormente o professor dar o significado aos
elementos presentes na música.
O segundo princípio que o autor coloca é: considerar o
Discurso Musical dos Alunos. Nessa teoria não seria correto
basear didaticamente as aulas na premissa de que ensinaremos
música para pessoas que não sabem música. Todos já tiveram
um contato com música, cantando, apreciando, ou até mesmo
batendo o pé escutando uma canção ou batendo palmas nos
cânticos das igrejas. Até as tribos mais isoladas tem suas
práticas musicais. Portanto, não se ensina a música como algo
novo (no sentido de que nunca tiveram o contato com música), o
papel do educador musical é dar suporte para uma continuidade
do aprendizado que já se inicia desde quando a mãe começa a
cantar para a criança dentro de seu próprio útero.
Desse modo, o aluno já vem com uma bagagem de
conhecimento musical, assim o professor pode partir do que o
estudante já conhece e para construir novos conhecimentos.
Essas premissas garantem uma grande ferramenta para
aceitação do conteúdo didático na sala de aula, pois o professor
inicia as aulas com um assunto do qual os alunos já possuem
um conhecimento prévio.
No terceiro princípio o autor propõe que haja fluência
musical do início ao final. O educador que não planeja suas aulas
corretamente, dificilmente conseguirá alcançar como resultado
um aprendizado significativo. Uma aula bem planejada, além
de beneficiar os alunos, dá uma maior segurança ao professor
na hora de lecionar. Mesmo que uma atividade não funcione,
se a aula foi bem planejada certamente o professor terá outro
recurso para dar continuidade ao assunto da aula.
Estações de Aptidão VI
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3 - Prática de ensino
Uma das metodologias que pode ser empregada no
ensino de música é a pratica de banda em conjunto, muito
difundida pelo educador musical Luiz Eduardo Guarilha, em
que o professor utiliza um repertório de músicas populares,
sem ser exigido qualquer domínio técnico do instrumento.
As músicas são muitas vezes rearranjadas em sua
estrutura rítmica e melódica, como por exemplo: um ritmo de
bateria, onde na canção original é executado por um único
músico, nesta prática é dividido em várias linhas, cada linha é
tocada por um aluno, ou seja, um ritmo de bateria que muitas
vezes possue cinco linhas diferentes, executadas por um único
músico, é dividido para vários alunos, assim, o processo integral
é facilitado e o aluno consegue executar uma linha rítmica antes
complexa.
Nos instrumentos melódicos também é utilizada a
mesma prática, por exemplo; uma canção popular que possui
três acordes - tríades - na sua execução, tem os mesmos
fragmentados por notas, divididos entre os alunos, sendo que
cada nota da tríade é executada por um estudante, no violão,
piano, baixo ou qualquer instrumento melódico, neste caso o
ritmo também é reescrito para facilitar a execução.
4 - Considerações finais
Durante o projeto na estação de aptidão, no ano de
2014, abordamos conteúdos musicais como: Duração, Timbre,
Intensidade, Densidade, Ritmo e Melodia. Com o intuito de
que os alunos tivessem uma compreensão mais refinada dos
termos e técnicas utilizadas na prática instrumental. Com isso,
a execução musical do grupo foi facilitada, e nós professores
exploramos ao máximo a musicalidade individual de cada aluno.
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Estações de Aptidão VI
No Primeiro semestre, fizemos uma apresentação
do projeto na quadra do colégio. Dividimos o grupo em
três bandas e executamos canções do gênero Pop Rock
Nacional e Internacional. Encerramos o primeiro semestre
com apresentação musical para a banca examinadora, tendo
escolhido, juntamente com os alunos, músicas com referência
à Copa do Mundo, que estava acontecendo no mesmo período.
No segundo semestre, trabalhamos com os alunos a
prática de banda utilizando o recurso da trilha sonora como
acompanhamento. Foi evidenciado aos alunos a importância de
manter o mesmo tempo musical quando se toca um instrumento,
sem acelerar ou diminuir para não se desencontrar com o áudio.
Enceramos as atividades anuais com a apresentação do
grupo com os playbacks. Uma ótima experiência tanto para nós
professores quanto para os alunos que vivenciam e participaram
de uma banda musical.
Ensaio
Estações de Aptidão VI
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Ensaio
Ensaio
Ensaio
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Estações de Aptidão VI
Ensaio
Ensaio
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5 - Referências
DOMINGUES, Luiz Eduardo Guarilha. O ensino coletivo
de música a partir da formação de uma banda de garagem.
Monografia. Curso de Especialização em música Lato Sensu .
Universidade do Rio de Janeiro, 2009
SACRISTÁN, José Gimeno. Poderes instáveis em educação.
Porto Alegre, Artes Médicas Sul, 1999.
SWANWICK, Keith. Ensinando Música Musicalmente. Tradução.
Alda Oliveira e Cristina. Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.
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Estações de Aptidão VI
Professor José Eduardo Vicente
Formado em Fisioterapia pelo Instituto de
Ensino Superior de Londrina-INESUL. Tem
Pós-Graduação em Treinamento Desportivo:
Preparação para Competição. No momento
atua como Fisioterapeuta de Ginástica Laboral e
como orientador das Estações de Aptidão, Ensino
Médio e Fundamental do Pontual Centro de
Ensino.
PATRIOTISMO NO ESPORTE
“Patriotismo no Esporte” foi o tema escolhido depois da
eliminação da seleção Brasileira de Futebol pela Alemanha
na Copa do Mundo 2014. Algumas situações nos levaram a
tentar entender: como alguns jogadores conseguem trocar
a sua pátria amada representando outros países? Até onde
lutaríamos pelo nosso país? Neste semestre o objetivo será
criar uma discussão sobre o tema, por meio da qual tentaremos
entender os motivos que levam atletas a trocar de cidadania.
Estações de Aptidão VI
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Através de pesquisas utilizando a mídia, obtivemos notícias
recentes sobre novos atletas que passaram a representar outros
países. Muitas discussões foram levantadas sobre a falta de
apoio do país aos atletas em geral. O assunto, ao final, nos
levou a política, já que o esporte deveria ser financiado pelo
governo, e em ano de eleição, muitas reflexões foram criadas.
Após muitos debates e opiniões divergentes, chegamos à
conclusão de que o nosso Brasil é um país que oferece pouco
apoio ou possibilidades, nos tornando um pouco descrentes em
relação ao termo PATRIOTISMO.
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Estações de Aptidão VI
Professora Juliana Murari
Licenciada em Filosofia pela Universidade
Estadual de Maringá. Mestre em Educação
por meio do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Estadual de Maringá.
Professora da rede particular de ensino de
londrina desde 2008. Especializada em estudos
relacionados à Grécia antiga e sobre as epopeias
homéricas.
SENHOR DOS ANÉIS:
MITO, HISTÓRIA E FANTASIA
No segundo semestre de 2014, realizamos o projeto
Senhor dos anéis: mito, história e fantasia. O objetivo principal
do estudo foi estudar a mitologia dos povos germânicos e
escandinavos, com o intuito de desvendar suas influências nas
obras de Tolkien: Senhor dos anéis e Hobbit.
O projeto foi dividido em três fases. Primeiramente os
alunos conheceram os aspectos históricos e geográficos do
povo nórdico, compreendendo não só quando e onde viviam,
mas também os costumes que tinham. Também investigaram
quem foram os vikings e porque foram objetos de inúmeras
lendas. Em seguida, os discentes conheceram os mitos originais
nórdicos e seus principais deuses. Estudaram a cosmologia
e buscaram por mitos relacionados a anéis e suas possíveis
maldições.
Após terem trabalhado com a história e a mitologia do
povo nórdico, passaram para a segunda parte do projeto, na
qual analisaram as obras de Tolkien. Foram observados os
enredos dos filmes da saga Senhor dos anéis, seus principais
personagens e conflitos,t juntos assistimos ao filme que foi
sucesso de bilheteria e colocamos a mitologia nórdica na
indústria cinematográfica.
Estações de Aptidão VI
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A terceira etapa do projeto consistiu em comparar as
criações de Tolkien com os mitos originais. O intuito era
perceber até que ponto as obras do escritor contemporâneo
foram influenciadas pelos mitos medievais.
1 - A mitologia nórdica
A mitologia nórdica faz referência a uma religião pagã,
anterior à existência do cristianismo em muitos locais. Ela narra
sobre as crenças e as lendas dos povos escandinavos, assim
como os islandeses, noruegueses e dinamarqueses. Também
são histórias compartilhadas por tribos do norte da Germânia.
A mitologia foi transmitida oralmente principalmente durante
a Era Viking, e o atual conhecimento sobre ela é baseado
especialmente nos Eddas e outros textos medievais escritos
pouco depois da cristianização.
Os mitos de Prose Edda falam sobre os deuses nórdicos
e seus feitos. Eddas (ou Edda), é o nome dado ao conjunto
de textos encontrados na Islândia, originalmente em verso,
que permitiram iniciar o estudo e a compilação das histórias
referentes aos personagens da mitologia nórdica. Escrito por
Snorri Sturluson, por volta de 1220 d.C.
No folclore escandinavo estas crenças permaneceram por
mais tempo, em áreas rurais algumas tradições são mantidas
até hoje, recentemente revividas ou reinventadas e conhecidas
como Ásatrú ou Odinismo. A mitologia remanesce também
como uma inspiração na literatura assim como no teatro e no
cinema.
2 - Deuses e deusas
Os deuses nórdicos são divididos em três raças: os Esirs,
os Vanirs e os Jotnar. Os Esirs estão mais ligados à guerra
e às facetas dos seres humanos, etc. Os Vanirs estão mais
conectados com a Terra, representando a fertilidade e as
forças naturais benéficas aos seres humanos. Houve uma vez
32
Estações de Aptidão VI
uma grande guerra entre os Esirs e os Vanirs, mas a paz foi
restabelecida e os Vanirs vieram morar com os Esirs.
Os Jotnar, a terceira raça de Deuses, viviam em constante
batalha contra os Esirs, não há e nem nunca haverá paz entre
eles. Os Jotnar representam as forças naturais destrutivas,
por isso que estarão sempre em conflito com os Esirs, que
representam a sociedade e a ordem. Assim como o fogo e o gelo
se misturaram para que o mundo pudesse ser formado, essa
interação entre o caos e a ordem mantém o mundo equilibrado,
ou seja, a grande árvore do mundo: Ygdrasill.
Yggdrasil ou Ygdrasill, era uma grande árvore (um freixo)
que, na mitologia escandinava, representava o eixo do mundo.
Nas suas raízes, que se espalhavam pelos Nove Mundos,
cujas mais profundas estavam situadas em Nifheim, ficavam
os mundos subterrâneos habitados por povos hostis. O tronco
era Midgard, o mundo material dos homens; a parte mais alta,
que se dizia tocar o Sol e a Lua, chamava-se Asgard “A Cidade
Dourada”, a terra dos Deuses, e Valhala (“O Salão dos Mortos”),
local onde os guerreiros eram recebidos após terem morrido,
com honra, durante as batalhas.
Estações de Aptidão VI
33
Odin
Devido ao seu amor pela batalha, é o principal deus da
mitologia nórdica - nascida em países do norte da Europa, como
Suécia, Dinamarca e Islândia. Odin é o mais velho e sábio dos
deuses. Com só um olho bom, ele vive com dois corvos em
seus ombros: Huginn (pensamento) e Muninn (memória), que
simbolizam a busca pelo conhecimento.
Loki
34
Estações de Aptidão VI
“Pai das Mentiras” é parte gigante, parte deus. Às vezes é
mostrado como irmão de Thor, mas, na mitologia tradicional, é
irmão adotivo de Odin. Tem caráter maligno, mas traz equilíbrio
ao panteão dos deuses.
Frigg
Frigg, mulher de Odin, a deusa da fertilidade veste um
manto que parece com as nuvens - e que muda de cor de acordo
com seu humor. Representa a feminilidade, era invocada pelas
mulheres nos partos.
Thor
Estações de Aptidão VI
35
Thor, o deus do trovão, é filho de Odin com outra deusa
(Fjorgyn). Muito forte, tem como arma um martelo mágico. É o
grande guerreiro dos deuses contra seus principais inimigos, os
gigantes de gelo.
Balder
Outro filho de Odin e Frigg, é o mais belo, misericordioso
e justo dos deuses. Espalha paz por onde quer que ande. Por
ser o deus mais amado e popular, tornou-se um dos alvos
preferidos das intrigas de Loki.
Njord
36
Estações de Aptidão VI
Njord, protetor dos navegadores, escolheu viver em
Asgard após firmar uma paz com Odin. Os que o adoram
navegam tranqüilos e têm boa sorte no nascimento dos filhos.
Freya
Freya, filha de Njord e Skadi, deusa do amor e da luxúria,
é uma mulher sensual. Amante de magia e feitiçaria, ela pode
tomar a forma de um pássaro para viajar ao mundo dos mortos
e trazer profecias.
Freyr
Freyr, o irmão de Freya, é o deus da abundância. Decide
quando a chuva cai, dá fartura aos frutos da terra, é invocado
na paz e na prosperidade. Além disso, possui um barco capaz
de carregar todos os deuses.
Estações de Aptidão VI
37
3 - O senhor dos anéis
A literatura fantástica de Tolkien é repleta do que
denomina-se mitologia resignificada, ou adaptada. Mistura,
além da mitologia nórdica, a céltica, com um ar romancista
medieval; as runas tolkenianas também são baseadas no
alfabeto escandinavo.
É fundamental analisar as criaturas que aparecem na
trilogia, como a Aranha Gigante (Laracna), os Trolls, os Orcs.
As histórias que fizeram tanto sucesso no cinema e na literatura
tiveram por base a fantasia Medieval, com magos, bruxos,
anões, elfos, trolls e dragões.
Todo esse universo fantástico partiu do conjunto de
várias obras mitológicas anteriores, e cria, ao final, uma obra
contemporânea campeã de bilheteria, como o Senhor dos
Aneis e o Hobbit.
4 - Conclusão
Pode-se concluir que os alunos compreenderam que
cada cultura traz consigo uma infinidade de riquezas de
ensinamentos. Que a mitologia nórdica encontra-se entre as
mais antigas e tradicionais do mundo e que até hoje vários
mitos que ela traz são ainda respeitados e usados para explicar
uma série de fatos.
38
Estações de Aptidão VI
Os educandos entenderam que, muitas vezes, a indústria
cinematográfica faz um uso inadequado desses mitos,
distorcendo-os, e que, por vezes, seria mais interessante lêlos em sua forma original; o que aguçou neles o interesse pela
leitura.
Além disso, os alunos se interessaram pela história e pela
tradição de um povo tão diferente do nosso.
5 - Referências
A.S. Franchini / Carmen Seganfredo. As melhores histórias da
mitologia nórdica. Porto alegre, 2006.
http://deusesdasmitologias.blogspot.com.br/p/nordicos.html
http://deuseseherois.webnode.com.br/mitologia-nordica/
http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quais-sao-osprincipais-deuses-nordicos
http://www.templodeavalon.com/modules/mastop_
publish/?tac=mitologia_n%F3rdica
http://www.vopus.org/pt/gnose/antropologia-gnostica/amitologia-nordica.html
https://books.google.com.br/books?id=rFVQ73HT_
Estações de Aptidão VI
39
Professor Leandro Ragazzi
Bacharelado em Letras pela Universidade
Estadual de Londrina – UEL. Pós graduado
em Arte e educação pelo instituto de estudos
avançados de pós-graduação – ESAP. Professor
de Literatura do Colégio Pontual, no ensino
médio.
A JORNADA DO HERÓI
1 – Objetivos
O objetivo deste projeto é capacitar os alunos, por meio
de textos e filmes, a entenderem o conceito de herói, desde a
antiguidade clássica até os dias de hoje. Em seguida, deverão
criar seus próprios heróis, com identidade brasileira.
2 – Desenvolvimento do projeto
•Heróis de ontem, hoje e do amanhã: Para melhor lidar
com (e aceitar) a sua pequenez e limitações, o homem
criou os heróis, esses seres que, na Antiguidade Clássica,
eram semi-deuses; depois, heróis de carne e osso; e,
nos tempos modernos, super-heróis, já distantes de um
Hércules ou de um Aquiles, mas sempre com os mesmos
ideais a alcançar: a justiça, a paz, o bem.
•Desejamos ser heróis: Todos nós temos heróis, todos
nós sonhamos com heróis, todos nós desejamos ser
heróis ... mas, afinal, o que é isso de ser herói? Existem
mesmo heróis (e super-heróis!), ou eles são uma criação
da Humanidade para explicar o inexplicável, para aceitar
o que não é óbvio, para lembrar a fragilidade do ser
humano?
40
Estações de Aptidão VI
•Herói Grego: Na Antiguidade Clássica, os heróis eram
semi-deuses, filhos de deuses que se tinham unido a
seres humanos, apresentando assim uma dupla faceta:
sobrenatural (com poderes extraordinários) e humana
(com pontos fracos). O herói grego era falível e mortal; os
deuses não erravam nem morriam. Muitos dos atributos
destes heróis refletiam-se nos fenômenos naturais: a força
do vento, a turbulência do mar, o calor do sol, a magia da
lua.
•Super heróis fictícios: O século XX assistiu ao nascimento
dos super-heróis da ficção. Estes cresceram tanto mais
quanto foram projetados pela crescente importância e
divulgação dos meios de comunicação de massas. Rádio,
imprensa escrita e TV aumentaram o seu impacto junto
dum público que, muitas vezes, confunde a ficção com
a realidade, esquecendo que aqueles são personagens
fictícios.
•O fantástico e o humano: Alguns destes super-heróis,
que voltam a misturar o lado humano com um lado
fantástico, sobrenatural, terão um aproveitamento político
e histórico que lhes garante mais visibilidade. Foi o caso do
Capitão América, com a II Guerra Mundial. Os programas
de rádio, as séries de televisão, mas, sobretudo, as tiras
de banda desenhadas das revistas e jornais tornaram
conhecidos um Tarzan (desde 1912), um Zorro (1919),
um Flash Gordon (1934) - este num cenário espacial -,
um Fantasma (1936), o primeiro super-herói a surgir em
BD com uniforme e máscara, e, muito especialmente, um
Super-Homem (1938), que acaba por dar nome a toda
uma galeria de super-heróis que defendem o Bem e
combatem o Mal.
•A jornada do herói: O conceito de herói está associado
aos códigos ideológicos e éticos da cultura dominante
em certa época histórica e numa determinada sociedade.
Embora seja um único tipo de personagem, ele apresenta
Estações de Aptidão VI
41
variações de acordo com a espécie de relato. Assim, podese falar nos seguintes tipos de heróis: épico, trágico, do
conto maravilhoso, o anti-herói, o antagonista e o superherói. Com o projeto “A Jornada do Herói” aprendemos
mais sobre os heróis modernos e clássicos em 12 passos.
Apresentação
1. Mundo Comum
2. Chamado à Aventura
3. Recusa do Chamado
4. Encontro com o Mentor
5. Travessia do Primeiro Limiar
Conflito
6. Testes, Aliados e Inimigos
7. Aproximação da Caverna Oculta
8. Provação
9. Recompensa
Resolução
10.Caminho de Volta
11.Ressurreição
12.Retorno com o Elixir
42
Estações de Aptidão VI
Depois dos passos anteriores, assim que os alunos entenderam
o conceito de herói na história da humanidade, partiram
para uma parte prática, desenvolveram histórias com heróis
brasileiros.
Criando o esboço. Um esboço os ajudou a definir o arco
da narrativa - o início, o desenvolvimento da trama e dos
personagens, a criação dos eventos principais que podem levar
ao clímax, e então o desfecho.
Estações de Aptidão VI
43
Personagens. Cada história tem personagens principais e
secundários. É importante que o aluno os faça interessantes
e os introduza de modo apropriado. Existem vários tipos de
personagens. O protagonista tem de ser nosso herói ou heroína,
personagem principal.
O conflito. O conflito é o grande problema que o herói deve
enfrentar, e geralmente é a razão para a existência da história.
O clímax. O clímax é o ponto de maior tensão.
O desfecho. O clímax já passou, o problema foi resolvido, e
quaisquer pontas soltas foram amarradas.
3 – Conclusão
Culturas orientais e ocidentais apresentam muito em
comum no que se refere à descrição mitológica ou religiosa
da criação do Universo. A presença de ascensão e queda,
tanto de entidades divinas quanto humanas, percorre a história
dessas civilizações. Nesse contexto as histórias a respeito de
heróis são profundas e eternas. Elas ligam os nossos próprios
anseios, desgostos e paixões às experiências dos que vieram
antes de nós, de modo que podemos aprender algo a respeito
da essência do significado de ser humano, e também nos
ensinam de que forma estamos ligados aos grandes ciclos dos
mundos naturais e espirituais.
44
Estações de Aptidão VI
5- Referências
CAMPBELL, JOSEPH. O herói de mil faces. Editora Cultrox/
Pensamento Ltda. São Paulo; 1989.
CHEVALIER, JEAN. GHEERBRANT, ALAIN. Dicionário de
símbolos. Editora José Olympio. Rio de Janeiro; 1982.
MOISÉS, MASSAUD. A análise literária. Editora Cultrix. São
Paulo; 1987.
CARVALHO, HENRIQUE. http://viverdeblog.com/jornada-doheroi/
Estações de Aptidão VI
45
Professor Paulo Sergio Tio
Arquiteto, urbanista, ilustrador, kirigamista,
cenógrafo, professor e artista plástico. Graduado
em Arquitetura & Urbanismo pela Universidade
Estadual de Londrina e Curso de Aperfeiçoamento
em Gerenciamento de Projetos pela FATEC/
CPLAN – SP.
FOTOGRAFIA:
SOB O “OLHAR DA ALMA”
Durante todo o século XX, com a popularização da
fotografia, do cinema e da televisão, o mundo teve que se
acostumar a uma avalanche de imagens, sem precedentes
na história. Com o passar dos anos, nos adaptamos a estas
avalanches, que se tornaram mais pontuais, mas não menos
contundentes.
As imagens estão em todos os lugares, nos anúncios
de revistas, televisão, vitrines, letreiros, veículos ou na
comunicação visual das cidades.
Elas se espalham e se reestruturam de diversas maneiras,
impressas, em projeções holográficas, tridimensionais ou
digitais, não importa como apareçam, tentam nos cativar a
todo custo. Tal abundância de imagens no mundo moderno e
a maneira que elas nos chegam, dão a exata medida de quão
virtuais e abstratas se tornaram. Com o avanço das tecnologias
de captura de imagem e sua democratização, nos tornamos
compulsivos com relação a seus registros.
Queremos sempre registrar qualquer imagem e
compartilhá-la nos sites de relacionamento. Esta atitude de
exposição narcísica, que envia e pede de volta o reflexo da
própria imagem, através dos olhos alheios, nos distancia de
um mundo que poderia estar recheado de sensibilidade e de
novas experiências sensoriais, para a aproximação de um
vazio, que por si só não consegue se materializar. No limite de
46
Estações de Aptidão VI
seu esvaziamento está a nossa percepção, também carente de
conhecimento e de um olhar mais profundo.
Oliver Sacks1 nos dá um parâmetro de como se adaptar,
em um mundo quase que exclusivamente visual: “Podemos
simplesmente ver, com os olhos da mente”.
1 - Imagens são mediações entre homem e mundo
Antes de falarmos mais especificamente sobre fotografia
é sempre interessante discorrer sobre um método que
revolucionou a escrita para deficientes visuais – o Braille.
O método Braille que conhecemos hoje nasceu de uma
adaptação a um conjunto de códigos que Charles Barbier, um
capitão do exército francês, em 1819, criou para atender a um
pedido de Napoleão. Eram códigos que auxiliavam os soldados
em mensagens noturnas, e estes os usavam em completa
escuridão. No entanto, não houve uma satisfatória adaptação
entre seus subordinados. Barbier levou então seu invento ao
Instituto Nacional dos Jovens Cegos de Paris.
Entre os alunos que assistiram a apresentação,
encontrava-se Louis Braille (1809 - 1852). Este, propondo
algumas alterações, sendo, de imediato, recusadas por Barbier,
resolveu modificar totalmente o sistema de escrita noturna
criando o sistema de escrita padrão – o Braille.
O Sistema Braille é um modelo de lógica, de simplicidade
e de polivalência. Podemos dizer que com esta invenção, os
deficientes visuais tiveram escancaradas as portas da cultura,
de novas ordens sociais, morais e, além de tudo, libertou-os da
“escuridão mental” que viviam imersos.
Oliver Wolf Sacks é um biólogo, neurologista e escritor anglo-americano.
Professor de neurologia e psiquiatria na Universidade de Columbia. Sacks é
o autor de vários best-sellers, incluindo várias coleções de estudos de casos
de pessoas com distúrbios neurológicos.
1
Estações de Aptidão VI
47
Com a alfabetização dos deficientes visuais, estes
começaram a entrar no mercado de trabalho e ascender
socialmente. Cada um, pouco a pouco, foi resgatando sua
cidadania e se tornando cada vez mais independente.
Dentro deste contexto, podemos dizer que, de modo geral,
tanto para deficientes quanto para não deficientes, buscamos
sempre alguma independência, seja financeira, política ou
social. Indo mais além, a despeito do que foi relacionado, a
mais almejada, por qualquer deficiente motor, visual, auditivo,
entre outros, é a independência física. Esta busca para suprir
qualquer deficiência que se tenha, seja por intermédio do uso de
aparelhos auditivos, cadeira de rodas, da linguagem de sinais,
Braille ou softwares com dispositivos de voz, são algumas
das metas para se chegar à independência e consequente
aceitação na sociedade.
A fotografia pode e tem o poder de ser um instrumento de
inclusão, para quem tenha ou não algum tipo de deficiência. A
característica mais comum é a de ter a capacidade de estimular
a memória das pessoas e fazê-las ter um olhar subjetivo
sobre estes espaços criados de tempo e lugar, transformando
e materializando-os. Além disso, pode ainda servir como
ferramenta de comunicação, na exploração de seus múltiplos
significados, códigos e técnicas.
Não conseguimos pensar a fotografia dissociada da palavra
imagem, e esta, atualmente, está vinculada sempre a algum
canal de comunicação. Com a proliferação de todo e qualquer
tipo de dispositivo digital de captura de imagem, percebemos
um duplo fenômeno: ao mesmo tempo em que a fotografia
ganha uma projeção cada vez maior no seu campo de atuação,
também acaba se tornando completamente banalizada. Todos
os dias novas mídias são criadas, e com recursos cada vez
mais interessantes; são máquinas que capturam imagens no
escuro total, compensam ou reduzem automaticamente luz e
brilho, enviam imagens para outros aparelhos em tempo real,
enfim, vivemos numa era em que o aqui e agora pode ser
materializado e manipulado em poucos segundos.
48
Estações de Aptidão VI
A banalização das imagens é algo que nos preocupa, com
certeza, mas é preciso considerar que estas novas tecnologias
também acabam criando e adaptando novos modos de pensar
a fotografia.
Então, de fato, devemos pensar que há um grande
descompasso entre a sua quantidade e o entendimento de seus
significados. Uma necessidade é premente, aliar todas estas
novas tecnologias à novas práticas de fotografia, por meio de
um pensamento científico:
Imagens são mediações entre homem e mundo. O homem
”existe”, isto é, o mundo não lhe é acessível imediatamente.
Imagens têm o propósito de representar o mundo. Mas, ao fazêlo, interpõem-se entre mundo e homem. Seu propósito é serem
mapas do mundo, mas passam a ser biombos. O homem, ao
invés de se servir das imagens em função do mundo, passa a
viver em função das imagens. Não mais decifra as cenas da
imagem como significados do mundo, mas o próprio mundo vai
sendo vivenciado como conjunto de cenas.(FLUSSER, 2002,
P.9).
Juan Torres, fotógrafo espanhol, trabalhou por mais
de 30 anos como repórter fotográfico, até que, aos poucos,
foi perdendo a visão, devido à síndrome de Behçet. Hoje
tem apenas 10% da visão. Talvez, durante os tempos em
que conseguia enxergar plenamente, ele tenha encarado as
imagens como mapas do mundo e não como biombos. Motivo
pelo qual, após perder 90% da visão continuou a caminhar pela
vida, tranquilo e devidamente seguro por onde quer que fosse.
Em 2010, organizou em Madrid, uma exposição intitulada
“Imagens para tocar”, feitas em chapas de alumínio de três
milímetros e com alto relevo.
Eram todas em preto e branco e continham, além do
relevo das fotos, mensagens em Braille. O intuito da exposição
era que os deficientes visuais pudessem desfrutar das fotos e
cada vez mais se interessar por fotografia.
Estações de Aptidão VI
49
Ao virmos uma imagem congelada em uma foto, podemos
ter a impressão de termos apreendido o tempo naquele pequeno
suporte físico do papel fotográfico, se a “virmos” por intermédio
do trabalho de Torres, poderemos ter uma experiência tátil. Se,
além de tudo, esta mesma imagem fosse reproduzida em uma
televisão ou monitor de computador chegaríamos à conclusão
de que a sua apreensão, em termos apenas materiais, é virtual;
se pensássemos ainda em uma imagem projetada dentro de
uma câmara escura2, teríamos uma experiência relacionada
exatamente com o presente, seria uma imagem que não foi
“capturada”, ao contrário, ela está ali naquele exato momento
em que se projeta dentro do equipamento, mas que não é mais
a mesma no instante seguinte.
Em qualquer equipamento ou suporte em que a imagem
esteja estampada a veremos como grãos, luz, fótons, elétrons,
gases ou moléculas. Se tivermos a real noção de como estas
imagens nos chegam, se pudermos “tateá-las”, independente
do suporte usado, talvez, mais concretamente, tenhamos a
percepção de sua existência real.
Caso contrário, se nos embriagarmos nesta avalanche
de imagens que o mundo moderno nos propõe, cada vez mais
teremos um estreito relacionamento com elas e, cada vez
menos o poder de imaginá-las, reprocessá-las e modificá-las.
De acordo com Flusser (2002, p.9), a “imaginação torna-se
alucinação e o homem passa a ser incapaz de decifrar imagens,
de reconstituir as dimensões abstraídas”.
Fotografias imaginativas de Evgen Bavcar, filósofo,
fotógrafo e teórico da Arte, nos trazem à tona que podemos,
sim, ver com os “olhos da mente”; ou seria melhor, da alma?
Bavcar ficou cego em sua infância, de certa maneira, suas fotos
também trazem de volta as imagens gravadas de seu passado.
Câmara escura ou Câmera escura - é um tipo de aparelho óptico baseado
no princípio de mesmo nome, o qual esteve na base da invenção da fotografia
no início do século XIX. Ela consiste numa caixa (ou também sala) com um
buraco no canto, a luz de um lugar externo passa pelo buraco e atinge uma
superfície interna, onde é reproduzida a imagem invertida.
2
50
Estações de Aptidão VI
O fato de ser um deficiente visual não o impede de
maneira alguma, de transformar suas fotos em momentos de
pura sensibilidade e poesia; Bavcar as tornam táteis, próximas,
confirmando-as através do toque, por este motivo simples é
que talvez sejam verdadeiras.
A fotografia nos possibilita esta transposição do imaginário
para o real e vice-versa. O olhar, aquele que vem da alma pode
sim, nos aproximar de uma existência real.
Para mim, a única possibilidade de me assegurar da existência
é um corpo-a-corpo permanente do objeto da percepção com
o sujeito que percebe. Na minha qualidade de fotógrafo, tento
considerar a câmara escura como espaço infinito em que as
imagens podem surgir. Também nossa terra é uma câmara
escura onde os astrofísicos podem às vezes observar as
estrelas diretamente, mas no mais das vezes às cegas, com
a ajuda de instrumentos e da imaginação, conforme observa
o astrofísico Peter Von Balmoos. ‘A obscuridade do momento
vivido’ não diz respeito somente aos cegos, mas a toda
humanidade em busca do infinito. [...] Eis o que poderia dizerse do ato fotográfico, principalmente quando se trata de puro
ato mental. Sendo assim, jamais consigo responder à pergunta
que alguém me faz: ‘Como é que eu sou?’ – mas respondo com
retardamento, fazendo uma foto; e às vezes essa demora me
permite ir um pouco além do visível. (BAVCAR, 2003)
O empobrecimento do olhar, a proliferação da imagemclichê nos dá bem a medida desta distância que nos separa
deste mundo banal e cotidiano, com outro que almejamos, de
comunicação mútua, troca e sensação de existência real.
Nenhum equipamento que possa gerar alguma imagem,
um celular, computador ou máquina fotográfica, poderá pensar
por nós. O ato em si é mental, é imaginário e também real,
um gesto de corte, que atua sobre a duração, a continuação
do mesmo. “A foto aparece dessa maneira, no sentido forte,
como uma fatia, uma fatia única e singular de espaço-tempo,
literalmente cortada ao vivo”. (DUBOIS, 1993, p.161)
O que seria a memória para cada um de nós e como
poderíamos explicá-la através da fotografia? Memória é uma
Estações de Aptidão VI
51
atividade psíquica e podemos encontrar na fotografia seu
equivalente tecnológico moderno. Se pensarmos a fotografia
mais como atividade mental do que ótica e ainda, se a
pensarmos como algo separado de nossa memória psíquica,
denominando-a como memória-fotográfica, poderíamos então,
dissolver a idéia de espaço-tempo. Podemos então, pegar uma
fatia de nossa memória-fotográfica e simplesmente voltar ao
limite de nossa lembrança, naquele exato momento do corte.
Talvez a fotografia nos transporte nesta espécie de “túnel do
tempo”, mas ela não irá mais nos modificar, pois estamos lá e
aqui, ao mesmo tempo, mas conscientes do nosso presente.
2 - A fotografia para ser vista, sentida e imaginada
A professora e pesquisadora Mirian Celeste Martins
possui vários estudos relacionados ao ensino da arte nas
escolas. Ela propõe duas ações fundamentais: o desvelar e o
ampliar. O desvelar, segundo a autora, é dar espaço para a
expressão da criança, em toda sua vazão, no que se refere ao
seu repertório sonoro, gestual, de falas e imagens. O ampliar
norteia o caminho para a criança enriquecer seu repertório
pessoal. O professor é importantíssimo neste processo, e junto
com a criança, compartilha das descobertas e fracassos; sua
cumplicidade leva-o a elogiá-la e/ou incentivá-la em todos os
momentos em que for necessário.
A artista citada abaixo é referência para qualquer área:
•Desenho, pintura, escultura e performance: Lygia Clark3;
Lygia Clark – A trajetória de Lygia Clark faz dela uma artista atemporal e
sem lugar muito bem definido dentro da Hitória da Arte. Artista brasileira, uma
das fundadoras do grupo Frente, em 1954 e precursora do neoconcretismo
no Brasil. Seus trabalhos tinham a intenção de desvincular o lugar do
espectador dentro da instituição da Arte, e aproximá-lo de um estado onde:
o mundo se molda, passa a ser constante transformação.
3
52
Estações de Aptidão VI
Mas por que falar de uma artista que se relaciona com
desenho, pintura, escultura e performance quando o assunto é
fotografia?
Bem, em termos práticos, tudo está relacionado como
exercício do olhar. Quando desenhamos ou pintamos
exercitamos nossa percepção com o que está sendo retratado
através dos traços e das cores, quando esculpimos algo,
seja com argila, madeira ou qualquer outro tipo de material,
materializamos tridimensionalmente o que carregamos dentro
de nossas mentes.
Vale então lembrar que, com a fotografia, podemos
misturar todas estas técnicas de maneira objetiva. Os cegos
fotografam tateando, ouvindo, imaginando, enfim, aproximam
seus mundos com os de outras pessoas através de suas
vivências, percepções adquiridas e elaboradas ao longo de
suas vidas. Dentro da arte podemos estimular cada criança
a desenvolver seus potenciais. Com um desenho qualquer
estamos criando uma “estória” que pode virar uma foto ou
um vídeo, com uma escultura podemos visualizar uma cena
em vários ângulos, enfim, a fotografia entra como mais um
componente desta engrenagem toda.
Ao longo de toda a história humana o homem sempre
criou coisas para auxiliá-lo na sua vida, tais como a roda,
ferramentas para caça, o nankin, carros movidos à combustão,
o avião e, hoje, ainda continuamos a criar cada vez mais e
mais novos objetos, sejam eles físicos ou virtuais; como iremos
nos apropriar deles e “montar” o mundo em que vivemos é a
questão.
3 - Considerações finais
Sempre que nos referimos à questão da educação,
devemos ter a concreta ideia de que a arte, assim como
qualquer linguagem (português, matemática, história, etc.), é
fundamental ao desenvolvimento de uma criança. Isto também
se aplica para qualquer área de conhecimento, como por
Estações de Aptidão VI
53
exemplo, a medicina ou a advocacia, pois com a arte a criança
vai exercitar a percepção, a construção de significado a partir
da leitura de mundo.
A arte é uma forma de criação de linguagens – a linguagem
visual, a linguagem musical, a linguagem cênica, a linguagem
da dança e a linguagem cinematográfica, entre outras. Toda
linguagem artística é um modo singular de o homem refletir
– reflexão/reflexo – seu estar-no-mundo. Quando o homem
trabalha nessa linguagem, seu coração e sua mente atuam
juntos em poética intimidade.
(Martins, 1998, p.41)
Fundamentado nisto é que incluímos a fotografia como
ferramenta para esta “construção de mundo”.
Enquanto ferramenta de inclusão social, devemos sempre
ter em mente que a fotografia, muito mais do que apreender
uma imagem pode comunicar muito. Este ato de comunicar
tem relação direta com o ato de fotografar; assim como diz
Flusser, (2002,p.29) “quem ao observar os movimentos de um
fotógrafo munido de aparelho (ou de um aparelho munido de
fotógrafo) estará observando movimento de caça”. O olhar do
fotógrafo escolherá a sua “caça” e a ela dará o seu enfoque,
sua estratégia em capturá-la.
Para os deficientes visuais, adquirir este “olhar de caçador”
e a possibilidade de mostrar que são capazes de executar algo,
tido por muitos como impossível, tem sentido de libertação, de
independência.
Os exemplos de Torres e Bavcar mostram-nos que as
possibilidades em fotografia são infinitas. O “olhar” de cada um
é que diferenciará o trabalho.
Talvez seja por isso que existiam tantos fotógrafos cegos
e sabidamente talentosos, pois, em detrimento do lixo visual
que, nós videntes somos obrigados a “digerir” todos os dias,
ao contrário, os cegos vão além desta questão óptica, montam
suas estratégias com “olhos de caçador”, mas ao final, elaboram
suas imagens com os “olhos da alma”.
54
Estações de Aptidão VI
4 - Referências
BAVCAR, Evgen. O Corpo, Espelho Partido da História. In:
NOVAIS, Adalto (Org.) O homem-máquina. A ciência manipula
o corpo. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta – Ensaios para uma
futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará,
2002.
DUBOIS, Philippe. O Ato Fotográfico e outros ensaios.
Campinas, SP: Papirus, 1993.
MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias; PICOSQUE, Gisa;
GUERRA, M. Terezinha Telles. Didática do ensino de arte: a
língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo:
FTD, 1998.
ONU - www.onu.org.br
Associação Fluminense de Amparo aos Cegos – AFAC http://
www.afac.org.br/louis.htm
Estações de Aptidão VI
55
Professor Rodolfo Funfas
Graduando em Química. Sempre apaixonado
por ciências cursou Física por dois anos, na
Universidade Estadual de Londrina, onde foi
apresentado a Química; curso que o encantou
e começou a estudar, na mesma universidade.
Hoje, leciona a matéria, de Química, com intuito
de apresentar aos alunos conhecimentos sobre o
mundo que os cercam, sempre utilizando temas
relacionados com o cuidado ambiental e pessoal.
ÁGUA: QUESTÃO DE VIDA OU MORTE
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará
ao seu tamanho original.”
Albert Einstein
O ensino de Ciências tem sido estudado e discutido
há algum tempo, sendo que diversas metodologias já foram
empregadas na prática do ensino-aprendizagem com o objetivo
de atingir o aluno e estimulá-lo. Durante o ensino de Ciências
encontra-se algumas barreiras e preconceitos, que foram criados
previamente pelo, e no, aluno a partir das interações sociais
como amigos e familiares que, de certa forma os desencorajam
a se interessarem por esta área do conhecimento. Conceitos,
símbolos e a presença efetiva da Matemática são alguns fatores
que assustam discentes.
Durante o ano de 2014, utilizamos duas abordagens
diferentes com objetivo de quebrar paradigmas e apresentá-los
à Química de uma maneira mais tangível.
No primeiro semestre, trabalhamos com a utilização de
um tema transversal para contextualizá-los com aplicações da
Química na sociedade e, assim, perceber que a Química não é
uma Ciência inerte.
56
Estações de Aptidão VI
Como tema norteador, estudamos a água, sob o título
“Água: questão de vida ou morte. ”pudemos relacionar conceitos
químicos, necessidade social e biológica e como um químico
atua no seu tratamento.
Na primeira aula os alunos (Figura 1) foram apresentados
ao laboratório, ressaltando os cuidados que devemos ter no
manuseio de reagentes e utilização de equipamentos.
Figura 1 – Alunos do projeto Água: questão de vida ou morte.
Começamos com a construção de representações da
molécula de água, reconhecendo sua composição e estrutura
(Figura 2) e, desta maneira, conseguir reconhecer a simbologia
que é utilizada para representá-la.
Figura 2 – Representação da molécula de água e
exemplares produzidos pelos alunos.
Estações de Aptidão VI
57
De posse dos conceitos químicos que definem a água,
determinamos algumas propriedades físicas tais como: ponto
de fusão e ebulição e densidade. Utilizando equipamentos como
balança, proveta e termômetro (Figura 3) os alunos conseguiram
obter dados que foram posteriormente comparados com valores
teóricos.
Figura 3 – Balança, proveta e termômetro.
O uso de literatura especializada é importantíssimo, pois
fez com que as aulas não se tornassem práticas aleatórias de
laboratório e demonstra que o trabalho de um pesquisador/
cientista é sempre orientado por teorias e práticas anteriores.
Aula após aula aprofundávamos os conceitos químicos
como sua polaridade e sua utilização como um solvente
universal. Devido a característica polar das ligações entre
os átomos de hidrogênio (H) e oxigênio (O) e sua geometria
molecular (angular), encontramos na molécula de água um
momento dipolar que a classifica como uma molécula polar, e
devido a isso, a água só dissolve compostos polares. Com essa
bagagem teórica discutimos alguns problemas ambientais que
ocorrem devido ao descarte incorreto de resíduos industriais
e tragédias ambientais ocasionadas por derramamento de
petróleo.
Para ilustrar a solubilidade de composto em água,
realizamos um experimento denominado “chuva de ouro”, que
ilustra a incapacidade da água solubilizar alguns compostos
sólidos, e, além disso, colocá-los em contato com algumas
técnicas laboratoriais.
58
Estações de Aptidão VI
O experimento consiste no preparo de duas soluções
distintas, uma de iodeto de potássio (KI) e outra de nitrato de
chumbo (Pb(NO3)2), ambos sais solúveis em água, porém,
com a mistura das duas soluções, há uma reação química que
produz nitrato de potássio (KNO3), um sal solúvel em água
à temperatura ambiente, e iodeto de potássio (PbI2), um sal
amarelo insolúvel à temperatura ambiente (reação abaixo).
2 KI(aq) + Pb(NO3)2(aq) → PbI2(s) + 2 KNO3(aq)
Para solubilizar o sal, utilizamos de uma fonte de calor
(bico de Bünsen) e a solução resultante foi resfriada em repouso
para formação de cristais com brilho dourado (Figura 4).
Figura 4 – Produção de cristais de iodeto de chumbo.
Após a formação dessa base teórica, debatemos sobre
a utilização, obtenção, tratamento e cuidados que temos de
ter com a água. Debates foram realizados, pesquisas foram
feitas, levantamento de leis e considerações feitas por orgãos
internacionais e governamentais sobre esse bem tão valioso.
Estações de Aptidão VI
59
É comum, devido à nossa realiadade, não nos
preocuparmos com o consumo da água, usá-la sem dó nem
piedade, às vezes nos preocupamos com a conta, mas não
com medo de acabar. Quebrar essa ilusão foi um dos objetivos,
o que se tornou notável com a falta de água que ocorria, em
paralelo, em São Paulo, sendo que alguns alunos até ouviram
em casa que algum parente que vive lá passava por dificuldades
por falta de água.
Mas de onde vem essa água? Rios, lagos, esgotos? Quais
os processos utilizados no tratamento e controle de qualidade
dela?
A água que consumimos é retirada de manaciais
que possuem características físico-quimicas diferenciadas
dependendo da região e, para não haver problema no consumo,
a água passa por uma série de tanques nos quais são realizados
procedimentos químicos e físicos para tratá-la e purificá-la.
Os locais em que realizam tais procedimentos são
chamados de Estação de tratamento de água (ETA), que no
Paraná é gerenciada pela SANEPAR (http://site.sanepar.com.
br/).
Abaixo está representada a sequência realizada pela
água desde a sua coleta até chegar às casas (Figura 5).
Figura 5 – Etapas realizadas no tratamento da água.
60
Estações de Aptidão VI
Passado o momento de aprendizagem, chegou a hora de
ensinar. Todo esse trabalho foi resumido e apresentado para
a comunidade escolar em um dia destinado para os alunos
assumirem o papel de professores. Durante a mostra (Figura
6), os alunos apresentaram alguns experimentos realizados,
se puseram com agentes atuantes e divulgaram as ideias
trabalhadas, principalmente em relação ao consumo consciente
da água.
Figura 6 – Apresentação dos alunos para a comunidade escolar.
No segundo semestre a abordagem da Química foi
diferente. Aproveitando o sucesso de um canal da internet
chamado Manual do Mundo (http://www.manualdomundo.com.
br/), foram realizadas experiências escolhidas pelos próprios
alunos (Figura 7).
Estações de Aptidão VI
61
Figura 7 – Alunos do 2° semestre.
Todas as experiências tinham que passar por três
momentos: seleção do material, conferir se há disponibilidade de
reagentes e vidrarias, e caso não haja onde comprar, explicar o
conceito químico envolvido, sendo que o próprio grupo deveria
explicar para a turma, e a realização.
A cada aula um grupo apresentou o seu experimento,
utilizando um nome fictício, como por exemplo a serpente do
faraó, que consiste em uma reação de combustão de pastilhas
de sacarose (C12H22O11) misturada com bicarbonato de
sódio (NaHCO3) e etanol (C2H6O) produzindo um aumento
considerável no volume devido à liberação de gás carbônico
(Figura 8).
Figura 8 – Antes e após a reação.
62
Estações de Aptidão VI
Outro grupo apresentou uma reação química de
oxirredução como a varinha do Harry Potter, sendo essa uma
reação que ocorre entre o permanganato de potássio (KMnO4)
e o etanol (C2H6O) na presença de ácido sulfúrico (H2SO4)
produzindo uma reação exotérmica, que devido ao calor libera
um chumaço de algodão entra em combustão (Figura 9).
2C2H6O(l) + KMnO4(s) + 2H2SO4(aq)
→
2C2H4O(aq) + Mn2SO4(aq) + 4H2O(l) + K2SO4(aq)
Figura 9 – Realização da experiência varinha do Harry Potter.
Essa forma prática de aprender a Química ajuda a
quebrar os bloqueios impostos pelos alunos, livros e fórmulas,
e mostra que a existência dessa matéria não é só para termos
mais uma disciplina escolar, mas, sim, uma prática necessária,
interessante e infinita. As Estações de Aptidão possibilitam isso.
Estações de Aptidão VI
63
Referências
ATKINS, Peter, LORETTA, Jones; Princípios de Química,
Questionando a vida moderna e o meio ambiente, Porto Alegre:
Bookman, 2001.
MATEUS, Alfredo Luis; Química na cabeça;Belo Horizonte:
UFMG, 2008.
http://site.sanepar.com.br/
www.manualdomundo.com.br/
Figuras 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9: acervo pessoal
Figura 2 (esquerda):
com/2013/03
https://professoraleonilda.wordpress.
Figura 5: http://educando.sanepar.com.br/ensino_fundamental/
o-tratamento-da-%C3%A1gua
64
Estações de Aptidão VI
Professora Talita Cristina Cavalcante
Cavanha
Licenciatura em Educação Artística/ Artes
Visuais pela Universidade Estadual de Londrina.
Participou dos grupos teatrais Piperotti,
contadores de estórias e atenção. Professora de
Artes da rede particular de ensino na cidade de
Londrina-Pr.
TEATRO CORPO E EXPRESSÃO
A Arte presente no cenário escolar deve ser vista como
manifestação espontânea e auto expressiva, valorizando a livre
expressão e a sensibilidade para o experimento artístico como
orientação que visam ao desenvolvimento do potencial criador
da criança e do adolescente.
Dentre a diversidade das manifestações da arte, o teatro
consiste na execução de uma atividade milenar, cujo objetivo
é alimentar o intelecto humano e incentivar uma ampliação na
visão que temos do mundo a nossa volta.
Essa arte estrutura-se em uma tríade composta por
artistas, produção e público. Com base nessa tríade, se
desenvolvem as mais belas artes que se manifestam no
espaço teatral, fazendo com que viajemos por um mundo de
novos conhecimentos e prazeres, ao mesmo tempo em que
nos faz desenvolver a analisar o questionamento, a curiosidade
e o prazer de entender as coisas de uma forma mais profunda
e sistêmica.
Assim podemos dizer que, o teatro é o instrumento
que resgata o homem de um estado linear cultural e o faz
aventurar-se por um estado mais profundo, complexo, inovador
e excitante. Seus pensamentos, modo de ver, sua percepção
e sua cognição são largamente ampliadas fazendo com que
responda melhor aos seus anseios e ao cotidiano do meio onde
Estações de Aptidão VI
65
vive, agregando potencialidades relacionadas a valores sociais,
educacionais e o bem-estar coletivo.
Pensando nisso os objetivos do projeto teatro, corpo e
expressão são:
1 - Objetivos gerais
•Ampliar a ação formadora social e intelectual dos
educandos, melhorando a interação social com a vida e
com o mundo ao redor para assim favorecer as relações
harmônicas desses indivíduos em sociedade.
2 - Objetivos específicos
•Abrir espaço ao aluno na busca por um conhecimento
sistêmico, uma análise efetiva, uma ampliação nos
aspectos de sua vida como cultura, realidade, política,
social e artística;
•Atuar de forma disciplinadora tendo o teatro como
mecanismo de condução para expressar a liberdade dos
alunos.
•Formação de um grupo onde a cooperação e construção
estarão presentes na criação de suas personagens, cenas
e espetáculo.
A proposta do projeto foi seguir uma linha ludopedagógica,
utilizando nas aulas as técnicas do Naturalismo de Constantin
Stanislavisk, além de exercícios de improvisação, técnicas
vocais, sempre através de dinâmicas de grupo, estudos de
textos e exercícios de relaxamento.
Contato com teóricos, pensadores e criadores
contemporâneos como Bertold Brecht, Augusto Boal, William
Shakespeare, Anton Tchékhov, Antunes Filho e Viola Spolin.
66
Estações de Aptidão VI
Durante o projeto as aulas seguiram a seguinte estrutura:
1.Aquecimento físico e expressão corporal para que o
aluno tenha consciência do seu próprio corpo como
presença consciente da realidade, com o aprendizado da
convivência coletiva saudável.
2.Jogos teatrais – o objetivo dos jogos é sempre promover
a integração do grupo.
3.Expressão vocal – capacitar a voz para representação no
espaço cênico.
4.Improvisações e estudo de texto para construção da
personagem.
5.Relaxamento e interiorização para conscientização da
força e valores singulares do aluno.
6.Finalização – montagem do espetáculo como resultado
do trabalho desenvolvido durante o curso.
Para a montagem, cada aluno criou seu próprio
personagem, a história foi se desenrolando aula após aula,
desenvolvendo os adereços, figurinos e cenários para a
montagem.
Alguns alunos não quiseram participar atuando, e estes
assumiram o papel de fotógrafos, cinegrafistas, e técnicos de
sonoplastia. Esse suporte foi de fundamental importância para
o sucesso da peça.
Os participantes do projeto puderam perceber todas as
etapas da criação de um espetáculo teatral. Sendo, assim
para a banca das estações, produzimos uma leitura cênica,
o público recebeu vendas, para que, com os olhos vendados,
suas percepções fossem aumentadas, transportando cada
observador para o ambiente das historias, o grupo se manteve
no palco, interpretando apenas com a voz e criando efeitos de
sons com instrumentos musicais para ambientalizar as ações.
Para a apresentação foram convidados os alunos do
fundamental I, a apresentação foi muito divertida e dinâmica, o
grupo pode perceber algumas dificuldades como a necessidade
Estações de Aptidão VI
67
de um ensaio no local da apresentação e um espaço com o
lugar mais adequado. Porém todos gostaram muito e curtiram
a peça.
O projeto permitiu que os alunos desenvolvessem uma
conscientização da importância da linguagem cênico-corporal
no cotidiano, assim como a apreciação e livre fruição da arte no
que se diz respeito ao campo das artes cênicas.
“Não deixe sua vida ficar muito séria, viva como se estivesse
em um jogo. Saboreie tudo que conseguir, as derrotas e as
vitórias, a força do amanhecer e a poesia do anoitecer.”
R. Shinyashiki
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Estações de Aptidão VI
Professora Laís Cardoso
Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo
pela Universidade Norte do Paraná (UNOPAR).
Especialização em Comunicação Popular e
Comunitária pela Universidade Estadual de
Londrina (UEL). Repórter em emissora de
televisão na cidade de Ibiporã-Pr.
ASSESSORIA DE IMPRENSA
O projeto Assessoria de Imprensa tem como objetivo
trabalhar com a divulgação de todos os projetos que fazem
parte das estações de aptidão. Para que os alunos pudessem
desenvolver tal atividade, tiveram de entender todas as técnicas
jornalísticas. Dessa forma, eles puderam sentir na prática como
funciona o dia a dia desse profissional, que está cada vez mais
em evidência no mercado de trabalho.
Para começar as atividades, os alunos aprenderam como
escrever textos jornalísticos. O primeiro a ser trabalhado foi o
texto para o jornal impresso, justamente porque esse é o texto
mais completo que o assessor de imprensa irá desenvolver. Eles
conheceram como funciona a estrutura desse tipo de notícia.
Foi explicado que no primeiro parágrafo deve-se descrever o
lide, respondendo as cinco questões: Quem? Onde? Por que?
Quando? Como?. Isso ocorre porque é no primeiro parágrafo
que o jornalista busca prender o leitor, para que ele se interesse
a ler o restante da notícia. Por fim, eles puderam apreender
como devem estruturar um texto jornalístico.
Depois, eles tiveram a oportunidade de aprender
sobre a história do fotojornalismo no Brasil. De acordo com
a pesquisadora em fotografia Déborah Borges, o primeiro
periódico ilustrado com fotografias foi publicado em 1990,
intitulado Revista da Semana, mas o marco na história das
Estações de Aptidão VI
69
revistas ilustradas foi o surgimento da revista O Cruzeiro,
principal do Brasil no século XX. Começou a ser publicada
em 1928 pelos diários associados de Assis Chateubriand.
Após esse período, pode-se perceber a expansão desse tipo
de veículo de comunicação. Hoje, o fotojornalismo se tornou
essencial dentro do campo de trabalho de um jornalista.
Após a explicação de como surgiu, e da importância do
fotojornalismo, os alunos puderam experimentar na prática
como funciona esse trabalho. Eles fizeram fotografias do
colégio e puderam perceber a diferença entre uma foto comum
e a fotografia feita por um fotojornalista, pois essa imagem deve
conter uma informação e ser um completo para o texto que
estará na reportagem.
O próximo passo foi conhecer como funciona o
radiojornalismo. Baseando-se no trabalho sobre rádio no Brasil,
elaborado pela jornalista e professora de Radiojornalismo
vinculada à Universidade de São Paulo (USP), Gisela Swetlana
Ortriwano (2003), foi explicado que a primeira transmissão de
rádio no Brasil ocorreu no dia 7 Setembro de 1922, fazendo
parte das comemorações do Centenário da Independência,
“[...] O discurso de abertura da Exposição Internacional do Rio
de Janeiro foi transmitido pelos 80 receptores especialmente
importados para a ocasião”. (ORTRIWANO, 2003, p. 66).
Dessa forma, eles puderam compreender como o rádio ganhou
um importante espaço no jornalismo. Após essa atividade, os
alunos produziram uma entrevista de rádio. Eles se dividiram
em duplas, criaram uma pauta e fizeram a entrevista como se
fosse para uma rádio. Dessa forma compreenderam como esse
trabalho é desenvolvido no dia a dia do jornalista.
Por último, os alunos aprenderam sobre o telejornalismo
e sua relevância para a sociedade. Segundo Juciara Novaes
de Mello, esse novo veículo de comunicação do jornalismo
surgiu em 1950, com forte influência americana. A autora
explica ainda que durante 18 anos O Repórter Esso, que já
tinha feito sucesso no rádio, foi referência para os telejornais
criados por outras emissoras. Após esse período, a televisão se
70
Estações de Aptidão VI
popularizou cada vez mais no Brasil, e a maioria das pessoas
passou a ver as notícias jornalísticas através desse veículo de
comunicação. Atualmente a televisão teve de se reinventar,
pois, com ascensão da internet, os espectadores passaram
a buscar informações em notebook, tablets, celulares, dentre
outros.
Através dessas aulas, os alunos puderam compreender
as principais características do jornalismo, e estar capacitados
para entender melhor como trabalha um Assessor de Imprensa.
Durante as aulas eles também aprenderam a enxergar esses
veículos de comunicação de maneira mais crítica. Esse objetivo
foi alcançado através da mídia-educação, que busca estudar a
relação entre a comunicação e a educação.
Amídia-educação tem por objetivo a formação de receptores
mais críticos e criativos sobre os meios de comunicação. Para
além deste objetivo, quando a mídia-educação é utilizada na
perspectiva da comunicação comunitária, a sua finalidade
se expande. Nesse sentido, Luiza Deliberador (2011) explica
que através da articulação da práxis da mídia-educação com
os pressupostos da comunicação comunitária e utilizando as
linguagens de mídias distintas, pode-se alcançar o objetivo de
tornar esses educandos mais participativos e comprometidos
com sua realidade.
Diante da midiatização presente em nossa sociedade, e
do importante papel que os meios de comunicação exercem
sobre as relações dos indivíduos e nos rumos da sociedade, a
relação entre comunicação e educação vem sendo amplamente
discutida, já que os jovens tem se baseado no que é retratado
pela mídia para a construção de sua própria realidade. Luiza
Deliberador (2012) afirma que a família e a escola também tem
assumido esse papel. Por isso, é necessário que se pense em
uma educação que utilize tais meios de comunicação, tornando
esses jovens ativos e críticos nesse processo, e que sejam
capazes de negociar com o que é retratado pelos veículos de
comunicação, questionando-os, quando necessário.
Estações de Aptidão VI
71
Referências
DELIBERADOR, Luiza Yamashita. Comunicação comunitária,
mídia-educação e cidadania. In: FANTIN, Mônica; RIVOTELLA,
Pier Cesare (Org.). Cultura digital e escola: pesquisa e formação
de professores. São Paulo: Papiros, 2012. p. 283-308.
DELIBERADOR, Luiza Yamashita. Importância de oficinas na
prática de mídia-educação na perspectiva da comunicação
comunitária, 2011. Disponível em: http://www2.intercom.org.br/
navegacaoDetalhe.php?potion=trabalho&id=39155. Acessado
em: 05 de fevereiro de 2015.
MELLO, Jaciara Novaes. Telejornalismo no Brasil, 2013.
Disponível
em:
http://www.bocc.ubi.pt/pag/bocc-melotelejornalismo.pdf Acessado em: 11 de fevereiro de 2015.
ORTRIWANO, Gisela Swetlana. Radiojornalismo no Brasil:
fragmentos de História, 2013. Disponível em: http://WWW.USP.
BR/REVISTAUSP/56/10-GISELA.PDF. Acessado em: 15 de
fevereiro de 2015.
BORGES, Déborah. História do Fotojornalismo no Brasil,
2013. Disponível em: < http://professor.ucg.br/siteDocente/
admin/arquivosUpload/14299/material/Hist%C3%B3ria%20
do%Fotojornalismo%20no%20Brasil.pdf>. Acessado em: 11 de
fevereiro de 2015.
72
Estações de Aptidão VI
Ficha Técnica
Apresentação: Estações de Aptidão VI
Autores
•Diogo Lamonica
•Francielle P.da Silva
•Henrique Lima de Oliveira
•José Eduardo Vicente
•José Eduardo Vicente
•Juliana Murari
•Leandro Ragazzi
•Paulo Sergio Tio
•Rodolfo Funfas
•Talita Cristina Cavalcante Cavanha
•Tiago Jose Gonçalves
Organização: Maria Luisa Marigo
Capa: Lucas Magalhães Benossi
Projeto Gráfico: Lucas Magalhães Benossi
Revisão: Glauce Pagan
Tipologia: Arial, 12
Número de Páginas: 73
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Estações de Aptidão VI
73
Não é fácil reunir todo o conhecimento que se produz em nosso
Colégio durante um ano letivo. Criatividade e inovação são propósitos do
nosso trabalho. Em 2015 fizemos mais um compilado destas experiências
para que toda a comunidade escolar desfrute das nossas conquistas com
nossos projetos nas Estações de Aptidão.
Aproveitem esta oportunidade, este livro vai levá-los aos corredores
do Pontual em seus momentos de maior criatividade.
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