Relatório de Estágio do Curso de Licenciatura em

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Relatório de Estágio do Curso de Licenciatura em
Relatório de Estágio do Curso de Licenciatura em EQUINICULTURA
O CAVALO LUSITANO NA DRESSAGE
COUDELARIA QUINTA DOS CEDROS
LUÍS TIAGO TEIXEIRA DA GRAÇA
Orientadores:
CORONEL MANUEL TELES GRILO – (Orientador Interno)
MIGUEL RALÃO DUARTE – (Orientador Externo)
2011
Relatório de Estágio do Curso de Licenciatura em EQUINICULTURA
O CAVALO LUSITANO NA DRESSAGE
COUDELARIA QUINTA DOS CEDROS
LUÍS TIAGO TEIXEIRA DA GRAÇA
Orientadores:
CORONEL MANUEL TELES GRILO – (Orientador Interno)
MIGUEL RALÃO DUARTE – (Orientador Externo)
2011
Este trabalho não contempla as críticas e correcções sugeridas pelo Júri
Assinatura dos Membros do Júri:
_______________________________________________________
(Presidente do Júri)
_______________________________________________________
(Orientador Interno)
_______________________________________________________
(Orientador Externo)
_______________________________________________________
(Arguente)
Classificação Final: :_______________________________
Agradecimentos
Quero agradecer a todos aqueles que me ajudaram durante esta etapa da minha vida:
 Um obrigado ao Monitor de Equitação David Tainha, um dos meus primeiros
professores de Equitação, e ainda hoje amigo, pois sem ele esta paixão pelos cavalos
provavelmente não teria existido e hoje não estaria a finalizar este curso;
 À Família, ao meu Pai e Mãe, pelo suporte que me deram durante estes três anos e
por terem feito tudo ao seu alcance para que conseguisse atingir os meus objectivos;
 Ao Orientador Externo Miguel Ralão que esteve sempre disponível e me ajudou a
evoluir e a perceber melhor a Equitação;
 Ao Orientador Interno, Coronel Manuel Teles Grilo, pois ajudou-me, da melhor
maneira possível, a atingir um dos objectivos pretendidos neste curso;
 Ao Coronel Balula Cid que infelizmente não acompanhou este meu último ano,
mas cujos ensinamentos estiveram sempre presentes;
 À Professora Rute, sempre disponível para ajudar e querendo sempre o nosso
melhor;
 Aos colegas de casa, de estudo e de noitadas, António, Bia, Vinagre e Xana, que
até no momento mais chato e difícil encontravam matéria para rir;

Um obrigado a todos aqueles que directa ou indirectamente me ajudaram e não
estão aqui referidos.
i
Resumo
Este trabalho tem como fundamentos o estágio final de curso do aluno. É o relatório do
estágio desenvolvido na Coudelaria Quinta dos Cedros, com o cavaleiro Miguel Ralão,
com base no treino do cavalo Lusitano para a Dressage de competição.
O trabalho teórico que se segue pretende descrever a raça Lusitana, na sua história,
aptidões, morfologia e outros pontos relevantes para o enquadramento na Dressage.
Também aborda a maneira de como se deve treinar o cavalo para a Dressage e a
conformação ideal do cavalo para esta modalidade.
O cavalo Lusitano ainda não se situa nos primeiros lugares, mas encontra-se em 8º lugar
no ranking das raças com melhores prestações em Dressage.
Pode-se dizer que o Lusitano é melhor a nível Grande Prémio do que a níveis mais
baixos, pois estes implicam andamentos naturais ainda não melhorados pelo treino.
Palavras-chave: Lusitano; Dressage, Cavalos, Relatório.
ii
Abstract
This work is founded on the final internship of the student's graduation. It is the report
of the work developed at Stud Quinta dos Cedros, with the rider Miguel Ralão, based on
the training of the Lusitanian for Dressage competition.
The theoretical work that follows is intended to describe the Lusitanian breed, in its
history, skills, morphology and other relevant points to the Dressage framework . It also
discusses how to train this breed for dressage and the ideal structure for the dressage
horse.
The Lusitanian horse is not ranked in the first positions, but it is in eighth position in the
ranking of breeds with better performances in Dressage.
You could say that it is better suited for Grand Prix level, instead of the lowest levels
that involve more natural movements not yet improved by adequate training.
Keywords: Lusitan; Dressage; Horses; Report.
iii
Índice Geral
Agradecimentos ................................................................................................................. i
Resumo ............................................................................................................................. ii
Abstract ............................................................................................................................ iii
Índice Geral ..................................................................................................................... iv
Índice de Quadros ............................................................................................................. v
Índice de Figuras ............................................................................................................. vi
Abreviaturas/Acrónimos ................................................................................................. vii
1. Introdução ..................................................................................................................... 1
2. Objectivos ..................................................................................................................... 2
3. Revisão Bibliográfica ................................................................................................... 3
3.1. A Raça Lusitana......................................................................................................3
3.1.1. História ........................................................................................................... 3
3.1.2. Morfologia ...................................................................................................... 4
3.1.3. Aptidão ........................................................................................................... 6
3.2. Critério de selecção para os reprodutores da raça...................................................6
3.2.1. A Inscrição ...................................................................................................... 6
3.2.2. A Aprovação ................................................................................................... 7
3.2.3. Reprodutores Recomendados e Reprodutores de Mérito ............................... 9
3.3. Projecto para a selecção de cavalos Lusitanos no ensino .................................... 10
3.3.1. O Projecto ..................................................................................................... 10
3.3.2. Critério de selecção para o projecto ............................................................. 11
3.3.3. Conjuntos que participam no projecto .......................................................... 11
3.4. Dressage – A Escala de Treino ........................................................................... 12
3.5. Conformação do Cavalo de Dressage .................................................................. 14
4. Descrição do Trabalho Realizado ............................................................................... 17
5. Resultados e Discussão............................................................................................... 20
5.1. A Selecção de Reprodutores ................................................................................ 20
5.2. A Escala de Treino para o Lusitano..................................................................... 20
5.3. Resultado do Lusitano nos vários níveis de Ensino ............................................ 22
5.4. Lusitano vs. KWPN ............................................................................................. 24
5.4.1. Provas cavalos novos .................................................................................... 25
5.4.2. Provas Grande Prémio .................................................................................. 26
6. Conclusões .................................................................................................................. 28
Bibliografia ..................................................................................................................... 29
Glossário ......................................................................................................................... 31
Anexos ............................................................................................................................ 32
Anexo A – Folha de avaliação para as provas de cavalos novos 6 anos (FEI, 2009). 32
Anexo B – Exemplo de uma classificação linear (grelha holandesa) (Fonte: KWPN,
2011). .......................................................................................................................... 33
Anexo C – Continuação de uma classificação linear (grelha holandesa) (Fonte:
KWPN, 2011). ............................................................................................................ 33
iv
Índice de Quadros
Tabela I - Tabela de Pontuações (Fonte: APSL, 2010) .................................................... 8
Tabela II - Conjuntos no projecto e em provas no ano de 2011. .................................... 12
Tabela III - Pontuações dos vários cavalos nos diferentes níveis de provas (Fonte: FEP,
2011) ............................................................................................................................... 22
Tabela IV - As dez raças com melhores prestações em Dressage (fonte: FEI, 2011) .... 25
Tabela V - Resultado do KWPN e do Lusitano nas provas de cavalos novos de 6 anos
(Adaptado de: Hippo online, 2010) ................................................................................ 25
Tabela VI - Resultados do KWPN e do Lusitano nas provas de Grande Prémio (Fonte:
FEI, 2010) ....................................................................................................................... 26
v
Índice de Figuras
Ilustração 1 – Perfil do cavalo enumerando as zonas atrás referidas (Adaptado de:
Zootur, 2010). ................................................................................................................... 6
Ilustração 2 – A: Articulação Lombo-sacral em linha com a Ponta da Anca; B: A
conformação em “7” na garupa do cavalo Lusitano; C: Valores ideais na conformação
do post-mão do cavalo de Dressage; D: Valor ideal na conformação das Espáduas do
cavalo de Dressage (adaptado de: A – Wardrope, 2005; B – Andalusians for you, 2011;
C e D – Santos, 2009). .................................................................................................... 16
vi
Abreviaturas/Acrónimos
APSL – Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro-Sangue Lusitano
C – Complementar
CDN – Concurso de Dressage Nacional
CQC – Coudelaria Quinta dos Cedros
E – Elementar
FEI – Federação Equestre Internacional
FEP – Federação Equestre Portuguesa
GP – Grande Prémio
KWPN – Koninklijk Warmbloed Paardenstamboek Nederland (Real Warmblood Studbook dos Países Baixos)
M – Média
P – Preliminar
PRE – Pura Raça Espanhola
PSL – Puro-sangue Lusitano
vii
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
1. Introdução
O Lusitano é um cavalo que é usado pelo Homem há milhares de anos. Actualmente é
uma raça versátil e usada em muitas modalidades desportivas, como por exemplo, na
Dressage.
A Dressage é uma disciplina Olímpica que tem como objectivo desenvolver
harmoniosamente os potenciais do cavalo, ou seja, os seus andamentos naturais.
A escolha do tema tem por base a importância da raça Lusitana no mundo actual e na
competição moderna. Esta raça está em mudança para melhor se enquadrar como cavalo
de desporto, visto que cada vez mais é procurada nesse sentido.
A primeira parte deste trabalho é referente à caracterização do Lusitano, baseada na sua
história, morfologia e critérios de selecção para a reprodução. Também é referida a
importância do método de trabalho do cavalo – escala de treino, e a morfologia do
cavalo de Dressage.
Na segunda parte será apresentada a descrição do trabalho realizado durante o estágio,
referindo os aspectos mais importantes, dificuldades surgidas e aprendizagens
concretizadas.
Por último, são analisadas as opiniões de vários profissionais da modalidade de
Dressage relativamente aos conceitos da escala de treino aplicados ao Lusitano. São
também comparados os resultados de diferentes cavalos e de diferentes níveis de prova,
de modo a perceber o enquadramento do Lusitano na Dressage.
1
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
2. Objectivos
Os objectivos do presente relatório traduzem-se em:

Abordagem teórica do Lusitano na Dressage;
 Utilização de conhecimentos previamente adquiridos na realização de actividades
e tarefas que visam a preparação para a vida profissional;
 Reflexão sobre o trabalho e experiência desenvolvidos, numa perspectiva de
desenvolvimento profissional.
2
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
3. Revisão Bibliográfica
3.1. A Raça Lusitana
3.1.1. História
Recentemente comprovado através da análise mitocondrial do ADN de animais, sabe-se
que o cavalo Lusitano remonta ao Neolítico (Almeida, s/d) e é utilizado há cerca de
4000 anos como instrumento do Homem, sendo o seu parceiro e ajudante na pastorícia
de outros animais (Vinhas, 2011).
Com origem em Portugal, a raça Lusitana, é de “Sangue Quente”, sendo produto de uma
selecção que remonta há já alguns milhares de anos, tendo assim criado quase como que
uma ligação com o Homem, superior a outras raças, podendo-se afirmar um dos
melhores cavalos de sela do mundo, senão o melhor, na opinião de alguns autores
(APSL, 2011).
Durante vários séculos a selecção desta raça deveu-se às guerras e combates, tornando-o
num cavalo versátil, dócil, com grande agilidade e coragem. Tudo junto originou uma
conveniente “montabilidade” e versatilidade no cavalo Lusitano tornando-se, nos
tempos de hoje, um cavalo de competição nas diversas modalidades hípicas, muito
procurado para o lazer e também como reprodutor, pelo seu carácter e antiguidade
genética (APSL, 2011).
Foi nos inícios do século XVIII que D. João V criou a coudelaria de Alter Real, pois sua
mulher era uma grande apreciadora da Escola Espanhola de Viena. Assim se começou a
criar um cavalo que se enquadrava no modelo do Lusitano (Portugalweb, 2011).
Apenas em 1942 o cavalo da Coudelaria Nacional foi chamado de Lusitano pelos
veterinários que precisavam de um nome para cavalos nascidos em Portugal e com
características que pudessem inscrever no Stud-Book Português.
Foi em 1967 que se passou oficialmente a designar o Lusitano como uma raça
(Portugalweb, 2011).
Actualmente o cavalo Puro-Sangue Lusitano tem um efectivo aproximado de 5 mil
fêmeas reprodutoras por todo o mundo e mais de 50 600 indivíduos (Vicente et al,
2009). Portugal, sendo o berço da raça, tem cerca de metade dos nascimentos, em 2º
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
lugar encontra-se o Brasil com cerca de 43% dos nascimentos, e o resto estende-se por
uma vasta lista de mais de 30 países (Vicente et al, 2009).
Provando a sua versatilidade e qualidade, nos últimos jogos Olímpicos, foi a 2ª raça
mais utilizada pelos concorrentes nas provas hípicas (Vinhas, 2011).
3.1.2. Morfologia
De tipo eumétrico é um cavalo mediolínio, de formas arredondadas e a sua silhueta tem
que ser possível de inscrever num quadrado (APSL, 2011).
A sua altura média ao garrote encontra-se, para as fêmeas, no metro e cinquenta e cinco
centímetros e, para o macho, apenas mais cinco centímetros (APSL, 2011).
Detém, normalmente, uma pelagem ruça ou castanha, mas encontra-se nas mais
variadas pelagens não havendo uma que seja pré-definida para a raça (APSL, 2011).
É um cavalo nobre, com um temperamento generoso, sempre dócil e sofredor, com
andamentos ágeis, elevados e projectados para a frente, mas suaves (APSL, 2011).
CORPO:
1. Cabeça – Perfil levemente subconvexo, bem proporcionada e de comprimento médio.
Olhos grandes e vivos, sobre o elíptico, com expressão e que demonstrem confiança.
Orelhas expressivas, delgadas e de tamanho médio (APSL, 2011).
2. Pescoço – Largo na base, uma ligação estreita com a cabeça, bem inserido nas
espáduas e saindo do garrote sem depressão. Comprimento médio e crinas delgadas
(APSL, 2011).
3. Garrote – Destacado das espáduas, fazendo uma transição suave entre o dorso e o
pescoço, mais elevado que a garupa (APSL, 2011).
4. Peitoral – Musculado, profundo e de amplitude média (APSL, 2011).
5. Costado – Insere-se obliquamente na coluna vertebral, bem desenvolvido e com
costelas levemente arqueadas (APSL, 2011).
6. Espáduas – Bem musculadas, compridas e oblíquas (APSL, 2011).
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
7. Dorso – Serve de união suave entre o garrote e o rim com tendência para o horizontal
(APSL, 2011).
8. Rim – Liga o dorso à garupa de uma forma contínua e harmónica. É curto, largo,
musculado e ligeiramente convexo (APSL, 2011).
9. Garupa – Com a ponta das ancas pouco evidentes, de uma forma ligeiramente oblíqua
e arredondada é forte e bem proporcionada. Crina sedosa longa e abundante sai no
seguimento da curvatura da garupa (APSL, 2011).
10. Membros:

Braço – Musculado e suavemente inclinado;

Antebraço – Musculado e aprumado;

Joelho – Largo e seco;

Canelas – Tendões a destacarem-se, secas e sobre o comprido;

Boletos – Com quase ausência de machinhos, secos e volumosos;

Quartelas – oblíquas e compridas;
 Cascos – Talões pouco abertos e coroa não muito evidente, bem
conformados e proporcionais;

Nádega – Convexa e curta;
 Coxa – Musculosa, sobre o curto e direccionada de maneira a que a
rótula se situe na vertical da ponta da anca;
 Perna – Coloca a ponta do curvilhão na vertical da ponta da nádega.
Encontra-se sobre o comprido;

Curvilhão – Seco, largo e forte;
 Nos membros posteriores encontramos ângulos comparativamente
fechados (APSL, 2011).
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Ilustração 1 – Perfil do cavalo enumerando as zonas atrás
referidas (Adaptado de: Zootur, 2010).
3.1.3. Aptidão
Esta raça tem uma enorme polivalência devido às características evidenciadas no seu
passado.
Destaca-se nas mais diversas disciplinas equestres, tanto em competição, lazer ou
espectáculo (Vicente, s/d).
Por ter uma predisposição para a concentração, destaca-se nos exercícios de alta escola
e a sua grande coragem e “montabilidade” permitem moldar-se nas mais diversas
actividades equestres (APSL, 2011).
Sendo um dos melhores do mundo, quiçá o melhor, no toureio e na equitação de
trabalho, nas restantes e variadas áreas equestres, apesar de completo e versátil, não se
destaca em quase nenhuma (Vicente, s/d).
Com a aposta dos criadores de cavalos Lusitanos para a competição, esta raça destacouse nas várias áreas equestres onde temos o exemplo dos últimos Jogos Olímpicos, sendo
a 2ª raça mais escolhida pelos cavaleiros (Vicente, s/d).
3.2. Critério de selecção para os reprodutores da raça
3.2.1. A Inscrição
A inscrição no Livro de Reprodutores é feita a pedido dos criadores (ou proprietários)
tendo os animais de reunir algumas condições impostas pela APSL (APSL, 2010).
Essas condições obrigam os cavalos a:
6
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça

Estarem inscritos no Livro de Nascimentos (este livro está reservado a
descendentes de progenitores inscritos no Livro de Reprodutores);

Estarem identificados (nome, dependente da letra do ano, e marca de fogo e/ou
microship);

Enquadrarem-se dentro das características do padrão da raça (morfologia);

Terem uma boa conformação e desenvolvimento, não podendo ser portadores de
taras e/ou defeitos de transmissão hereditária;

Serem aptos para a reprodução;

Cumprirem as normas sanitárias que estejam em vigor;

Terem feito as provas morfo-funcionais (APSL, 2010).
3.2.2. A Aprovação
Para ser aceite no Livro de Reprodutores é necessário ser aprovado nas provas morfofuncionais, tendo essa aprovação duas fases em que apenas a primeira é obrigatória
(APSL, 2010).
Primeira fase
Os animais ao terem que se enquadrar dentro das características da raça (como vimos
anteriormente), são primeiro examinados e avaliados segundo os parâmetros da tabela
de pontuação (ver Tabela I) (APSL, 2010).
Essas avaliações dependem do sexo do animal. Se o animal é masculino, é obrigado a
ser avaliado montado, em locais de concentrações publicas, a determinar pela APSL. Se
o animal é feminino, será avaliado à mão em casa do criador (ou proprietário) (APSL,
2010).
No final das avaliações se os animais obtiveram até 72 pontos serão considerados como
Reprodutores de zero estrelas. Ao obterem mais de 72 pontos serão beneficiados como
Reprodutores de uma estrela, podendo o reprodutor macho de zero e uma estrela cobrir
até vinte éguas por ano (APSL, 2010).
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Tabela I - Tabela de Pontuações (Fonte: APSL, 2010)
REGIÕES
COEFICIENTE
Cabeça e Pescoço
1
Espádua e Garrote
1
Peitoral e Costado
1
Dorso e Rim
1,5
Garupa
1
Membros
1,5
Andamentos
1,5
Conjunto de formas
1,5
TOTAL
10
Segunda Fase (facultativa)
Esta Segunda Fase de aprovação para Reprodutores da raça Lusitana destina-se aos
criadores/proprietários que pretendam que os seus animais sejam reprodutores de duas e
três estrelas, podendo então, no caso dos machos, cobrir até 40 éguas por ano (APSL,
2010).
A aprovação nesta fase pressupõe a existência de duas condições a priori: idade do
animal igual ou superior a seis anos e obtenção da aprovação na fase anterior.
Verificadas estas condições, os candidatos são depois julgados em quatro provas
diferentes (APSL, 2010).
Prova Morfológica
São examinados segundo a Tabela de Pontuações, sendo os andamentos avaliados com
os cavalos em liberdade, e também analisados segundo os critérios da grelha holandesa
de classificação (classificação linear – ver Anexo B) (APSL, 2010).
Prova de Ensino
Nesta prova o animal é montado pelo seu cavaleiro habitual e os criadores/proprietários
escolherão a prova de ensino que mais se adequar ao animal em questão, de entre duas:
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
a prova de Ensino FEP (Complementar nível um) ou a prova de Equitação Tradicional
(Debutante de Equitação de Trabalho) (APSL, 2010).
Prova Livre
Esta prova tem de ser executada pelo mesmo cavaleiro que fez a prova de ensino, e
consiste numa prova à escolha do proprietário dentro de qualquer área equestre (APSL).
Terá sempre pelo menos um dos Júris credenciado na área equestre escolhida para fazer
a prova (APSL, 2010).
Teste Montado
É usual a existência, nesta prova, de dois cavaleiros previamente definidos pela APSL,
que montarão o animal e o avaliam individualmente com uma nota (APSL, 2010).
O proprietário pode, se desejar, indicar alguma área equestre específica onde pelo
menos um dos cavaleiros terá de estar habilitado (APSL, 2010).
O resultado das quatro provas resulta da média aritmética das percentagens obtidas em
cada uma dessas provas (APSL, 2010).
Por fim, passado esses quatro testes/provas, o candidato com uma pontuação de 65% até
80% é classificado como Reprodutor de duas estrelas. Acima dos 80% é atribuída mais
uma estrela, ficando então como Reprodutor de três estrelas.
Aqueles que não consigam atingir os 65% (mínimo para subir de categoria como
reprodutores), poderão repetir esta segunda fase mais tarde (APSL, 2010).
3.2.3. Reprodutores Recomendados e Reprodutores de Mérito
Ao
estarem
os
animais
inscritos
no Livro
de
Reprodutores
poderão
os
criadores/proprietários sugerir a obtenção do título de Reprodutor Recomendado (quatro
estrelas) e/ou Reprodutor de Mérito (cinco estrelas), possibilitando-lhe, com a obtenção
desse/desses títulos, ter um número de cobrições ilimitado por ano (APSL, 2010).
Reprodutor Recomendado
O título de Reprodutor de quatro estrelas (Recomendado) premeia as qualidades morfofuncionais do animal (APSL, 2010).
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Esse título é obtido com os bons desempenhos do cavalo na sua vida desportiva,
podendo ser relativo a mais do que uma disciplina equestre (APSL, 2010).
Do ponto de vista da Dressage, tema abordado neste trabalho, o Reprodutor que
pretenda ser Recomendado nesta área deverá:
1.
A nível Nacional classificar-se nos cinco primeiros lugares nas provas do
Campeonato Nacional ou da Taça de Portugal, ao nível Complementar ou superior,
quatro vezes em dois anos ou nos três primeiros lugares, quatro vezes em três anos,
tendo que ser a média das pontuações superiores a 65% (APSL, 2010).
2.
A nível Internacional deverá classificar-se na primeira metade da tabela de
classificação em pelo menos duas provas de nível FEI (APSL, 2010).
Reprodutor de Mérito
O Reprodutor de cinco estrelas será aquele que transmite aos seus descendentes
características acima da média (APSL, 2010).
Para isso, nos caso dos reprodutores machos, terá que ter pelo menos doze descendentes
inscritos no Livro Genealógico em três anos diferentes e/ou ter pelo menos seis
descendentes que tenham ganho o título de Reprodutor (de zero ou mais estrelas)
(APSL, 2010).
Para as Reprodutoras é menos exigente, tendo a candidata apenas que ter pelo menos
quatro produtos inscritos no Livro Genealógico e/ou dois produtos inscritos no Livro de
Reprodutores (APSL, 2010).
3.3. Projecto para a selecção de cavalos Lusitanos no ensino
3.3.1. O Projecto
Este projecto, levado a cabo pela APSL, formou-se em 2002 com o intuito de
demonstrar a funcionalidade e versatilidade do Lusitano (APSL, 2011).
Tendo como objectivo futuro a preparação de uma equipa com cavalos Lusitanos ao
nível de Grande Prémio, os conjuntos encontram-se de momento a trabalhar com a
10
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
treinadora Internacional Martina Hannover, contribuindo assim para a formação (a nível
internacional) de conjuntos com cavalos Lusitanos (APSL, 2011).
3.3.2. Critério de selecção para o projecto
Existindo já cavalos Lusitanos a disputar provas de Dressage, foi criada uma comissão
escolhida pela APSL para analisar todos os resultados dessas provas realizadas nos
últimos dois anos (APSL, 2011).
Os cavalos têm que ter participado nos últimos dois anos em pelo menos dez provas
nacionais (Campeonato Nacional e/ou Taça de Portugal), tendo-se classificado nos três
primeiros lugares pelo menos 25% das vezes (APSL, 2011).
No critério de selecção para cavalos novos, cabe aos criadores escolherem os seus
melhores produtos, com as melhores potencialidades para serem avaliados segundo os
seguintes critérios:

A avaliação morfológica (coeficiente de 1,00);

Uma prova de ensino, a depender da idade do cavalo (coeficiente de 2,5);

A avaliação da treinadora (coeficiente de 3,0);
Após estas três fases, todos aqueles que se classificarem acima dos 60% passarão então
à última fase que contará com a avaliação feita por dois cavaleiros reconhecidos (APSL,
2011).
3.3.3. Conjuntos que participam no projecto
Os conjuntos aqui referidos são todos os conjuntos que participam no projecto em 2011
(APSL, 2011) e fizeram provas federadas no mesmo ano (FEP, 2011).
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Tabela II - Conjuntos no projecto e em provas no ano de 2011.
CAVALEIRO
CAVALO
NÍVEL
Gonçalo Carvalho
RUBI
GP
Luís Azeitona
TAXATIVO
GP
Luís Azeitona
ZUELO
C
Miguel Ralão
REGALO
GP
Nuno Ferro
ARROGANTE
M
Pedro Sousa
COESO
P
Pedro Sousa
CONQUISTADOR COUTADA
P
Ricardo Walenstein
BEM ME QUER
E
Salvador Pessanha
XENOFONTE D’ATELA
C
Shanelle Morgan
ARABESCO
C
Tiago Abecasis
BISCOITO
E
Tiago Albergaria
BARROCO
E
Tiago Albergaria
ZULU
C
3.4. Dressage – A Escala de Treino
Com o aumento das competições equestres, sentiu-se a necessidade de generalizar a
regulamentação, principalmente na Dressage, e criar um método que servisse tanto a
quem treina (treinadores e cavaleiros) como a quem avalia (juízes) (Lupi, 2007).
Desenvolveu-se, então, uma Escala de Treino que foi evoluindo até aos dias de hoje,
servindo agora como um guia para todos, tanto para cavalos novos como para cavalos
mais avançados (Lupi, 2007).
Sendo a Escala de Treino uma temática muito extensa, o que aqui se apresenta é um
breve resumo dos seus conceitos.
São seis os princípios fundamentais deste método de treino e regem-se pela seguinte
ordem: Ritmo, Souplesse, Contacto, Impulsão, Rectitude, Concentração.
São estas as fases que integram a Escala de Treino e que por ordem são aqui definidas:
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Ritmo
É a capacidade do cavalo ter uma passada regular, sempre com a mesma batida,
devendo o tempo e tamanho de cada passada ser igual à seguinte (Lupi, 2007). Sendo a
primeira fase que se pretende obter num treino do cavalo, esse ritmo deve ser
conseguido tanto nos andamentos como nos exercícios (Lupi, 2007).
Ao atingir o Ritmo, compreende-se que o cavalo encontrou um estado de equilíbrio,
devendo assim manter uma atitude e andamentos estáveis (Abreu, 2010).
O doseamento do ritmo depende do tipo de cavalo, sendo que num cavalo mais
“ardente” não é necessário impor muita actividade, tornando-se mais necessário o
controle dos andamentos (Lupi, 2007).
Na Dressage é procurado no Ritmo a sua cadência, ou seja, a calma do ritmo. Tendo um
ritmo mais lento, e atingindo a cadência, os movimentos do cavalo vão-se tornando
mais elevados (Lupi, 2007).
Souplesse
Trata-se da flexibilidade e descontracção do cavalo (Abreu, 2010).
Nesta fase não se trata apenas da flexibilidade lateral e longitudinal que se encontra ao
trabalhar nas diferentes figuras de picadeiro, é também o resultado da empatia entre o
cavaleiro e cavalo (Lupi, 2007).
É nesta fase que começa aparecer e a desenvolver-se o conceito do “Happy Athlete”
(Lupi, 2007).
Contacto
Devendo ser estável, leve, elástico e igual em ambas as rédeas, o Contacto aparece
naturalmente depois de bem consolidadas as duas primeiras fases (Ritmo e Souplesse)
(Lupi, 2007).
Com a evolução, o contacto, vai-se tornando cada vez mais ligeiro e com isso vão
aparecendo os exercícios de concentração (Lupi, 2007).
Impulsão
A vontade que o cavalo tem para avançar, tanto à solicitação do cavaleiro como à
permissão deste, chama-se de Impulsão (Lupi, 2007).
13
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Ao ter as três primeiras fases da Escala de Treino consolidadas e estáveis, poderá pedirse ao cavalo mais actividade resultando então numa maior vontade de avançar com uma
maior entrada dos posteriores (Lupi, 2007).
A maior parte dos cavalos que têm uma impulsão natural, dificultam o ensino quando se
avança na Escala de Treino, tornando-se problemáticos na manutenção do ritmo e da
souplesse. Não basta portanto aproveitar a impulsão natural, é necessário controlá-la
através do treino (Lupi, 2007).
Rectitude
Assim como os Humanos, os cavalos têm um lado mais fraco que outro. A Rectitude
visa o treino do cavalo para o endireitar e desenvolver o seu corpo simetricamente
(Lupi, 2007).
Os posteriores devem seguir a linha dos anteriores, o cavalo inscreve-se correctamente
nas linhas direitas assim como nas linhas curvas, chegando assim às duas rédeas de
igual modo (Lupi, 2007).
Concentração
É o último degrau da Escala de Treino, e exige ao cavalo o encurtamento da base de
sustentação por um avanço dos posteriores (Lupi, 2007).
O peso do cavalo deslocar-se-á mais para o post-mão dando uma maior liberdade ao
ante-mão (Lupi, 2007).
Ao trabalhar nestas fases e ficando elas bem consolidadas, dá-se origem ao cavalo bem
trabalhado, ficando este mais disponível e predisposto no seu todo (músculos,
esqueletos, articulações, espírito, etc) (Lupi, 2007).
Os três primeiros conceitos da Escala de Treino têm uma importância grande no que
toca ao julgamento nas provas de ensino, pois erros nesses três nunca levam notas
superiores a cinco, enquanto erros nas últimas três fases podem variar entre os seis e os
oitos pontos (Abreu, 2010).
3.5. Conformação do Cavalo de Dressage
Todos sabemos que não existem cavalos perfeitos, portanto não há verdades absolutas
quanto à perfeita conformação do cavalo de Dressage (Wardrope, 2005).
14
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Apenas uns centímetros ou diferenças pequenas nos ângulos dos ossos podem provocar
grandes mudanças na habilidade do animal (Wardrope, 2005).
No entanto, a aptidão para a Dressage não passa só pela conformação, também há que
ter em conta a “montabilidade” e o temperamento. Estas características (conformação,
andamentos, “montabilidade”, temperamento, etc) são influenciadas pela genética, mas
a performance desportiva conta muito com o ambiente e treino do cavalo (Lupi, 2007).
Um cavalo com uma estrutura errada para a Dressage poderá melhorar com o trabalho
mas nunca chegará ao topo, ao invés, um cavalo com a estrutura certa, com menos
treino, chegará mais facilmente mais longe (Wardrope, 2005).
Um dos mais importantes requisitos para a Dressage é o cavalo suportar uma grande
percentagem do seu peso do corpo no quarto traseiro (Wardrope, 2005), e por essa razão
começaremos por falar da conformação da parte de trás.
No topo da Dressage todos os cavalos que lá se encontram têm a articulação lombosacral em linha (ou perto) com a ponta da anca (ver Ilustração 2 – A). Isso provoca um
maior acoplamento permitindo assim menos lesões provocadas pela exigência dos
exercícios de Dressage (Wardrope, 2005).
Normalmente têm os posteriores bem direitos, e a soldra encontra-se ligeiramente
afastada do corpo o que permite com um pequeno fechar dos ângulos os posteriores
entrarem bem debaixo da massa (Wardrope, 2005).
Estes cavalos devem ter o Ílio mais perto da horizontal e o fémur deve ser comprido e
perto da vertical (Wardrope, 2005).
Os cavalos mais predispostos para a concentração têm o fémur menos na vertical, como
o caso dos cavalos ibéricos (PSL e PRE), fazendo uma espécie de um “7” na ligação
ponta da anca – ponta da nádega – soldra (ver Ilustração 2 – B), ganhando assim uma
acrescida dificuldade nas extensões (Wardrope, 2005).
Preferivelmente, o cavalo de Dressage deve ter tanto predisposição para a concentração
como para a extensão (Wardrope, 2005), tendo assim os ângulos ideais da inclinação da
garupa cerca de 30º e o fémur perto de 90º (ver Ilustração 2 – C) (Santos, 2009).
O ângulo do curvilhão deve ser bem aberto, aproximando-se de 160º (Santos, 2009).
Na frente do cavalo interessa ter a ponta das espáduas alta, para poder ter ligeireza no
ante-mão (Wardrope, 2005).
A inclinação da escápula deve ser próxima de 62º (ver Ilustração 2 – D) (Santos, 2009)
e o úmero deve ser longo, possibilitando assim ao cavalo dar passadas maiores e mais
longas (Wardrope, 2005).
15
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
A
B
C
D
Ilustração 2 – A: Articulação Lombo-sacral em linha com a Ponta da Anca; B: A conformação
em “7” na garupa do cavalo Lusitano; C: Valores ideais na conformação do post-mão do cavalo
de Dressage; D: Valor ideal na conformação das Espáduas do cavalo de Dressage (adaptado de:
A – Wardrope, 2005; B – Andalusians for you, 2011; C e D – Santos, 2009).
Outro ponto extremamente importante é a liberdade do codilho. Este não deve estar
muito próximo das costelas pois, com o movimento do cavalo, tocará no corpo,
provocando assim um encurtamento do tempo da passada, resultando em passadas mais
curtas (Wardrope, 2005).
No cavalo de Dressage também se pretende a elasticidade. Com elasticidade, o ritmo já
contém cadência, provocando um maior swing, cobrindo então mais terreno a cada
passada. O cavalo torna-se mais estável e facilmente controlável. Na maioria dos
Lusitanos a elasticidade não é um ponto a favor. (Vidigal, 2005).
Em termos mais gerais, o cavalo de Dressage deve apresentar uma altura ao garrote
elevada, o comprimento dos membros deve ser considerável, o pescoço não deve ser
longo, deve ter um peitoral amplo e um dorso comprido. O rim deve ser curto tornandose assim mais forte (Santos, 2009).
Num estudo feito para comparar características do passo, trote e da conformação de
cavalos novos da Alemanha, França e Espanha, conclui-se que as características dos
cavalos Alemães adaptam-se mais às características do cavalo de Dressage (Lupi,
2007).
16
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
4. Descrição do Trabalho Realizado
O Estágio teve início no passado dia 28 de Fevereiro (segunda-feira) e o seu término
verificou-se em 28 de Maio (sábado). Realizou-se nas instalações da Quinta dos Cedros
– Almargem do Bispo, uma quinta dedicada à criação de cavalos Lusitanos. A
supervisão e orientação estiveram a cargo do cavaleiro Miguel Ralão.
O primeiro dia de estágio, por ser segunda-feira, imediatamente a seguir à folga
semanal, foi dedicado a passar os cavalos à guia.
Este método usado pelo cavaleiro tem como finalidade a preparação dos cavalos para o
trabalho que vai ser desenvolvido durante a semana. Alguns cavalos, principalmente
novos, foram também passados à guia, ou a meio da semana ou no fim desta, de acordo
com a sua idade ou forma física. Assim, era possível repor as capacidades físicas e a
energia eventualmente consumidas com o trabalho semanal.
Tendo em conta a sua forma física (debilitação devido à época reprodutiva ou cavalos
novos na Quinta, por exemplo), os cavalos mais avançados eram passados à guia de
manhã e montados à tarde. O objectivo deste trabalho era o desenvolvimento muscular
do cavalo, de forma a suportarem o ritmo de treino pretendido. Este método foi também
adoptado para o cavalo que o aluno levou para o estágio, de modo a que o cavalo
melhorasse a sua condição física.
As principais tarefas a realizar todas as manhãs eram:

Colocar os cavalos na Guia Mecânica;

Preparar os alimentos suplementares para ministrar à tarde;

Passar à guia os cavalos que era necessário;

Efectuar tratamentos a cavalos com alguma lesão ou doença;

Aparelhar e montar cavalos.
A Guia mecânica serve para os cavalos fortalecerem os tendões (piso duro) e era um
pré-aquecimento para o trabalho à guia ou montado. Uma vez que existiam cavalos que
não podiam andar juntos, essa tarefa tinha que ser bem gerida. A limpeza diária dos
cavalos procedia-se antes de andarem na guia mecânica, assim como a colocação de
caneleiras para protecção dos membros. Andavam cerca de 20 minutos.
Os alimentos suplementares ministrados eram as cenouras, beterraba e farelos. As
cenouras e os farelos serviam-se a todos os cavalos diariamente, entre a refeição do
meio-dia e da noite. A beterraba era preparada no período da manhã (por levar água
17
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
quente e necessitar de arrefecer), sendo apenas fornecida a cavalos que se apresentavam
mais magros.
Na maior parte do tempo, o orientador externo do estágio, por trabalhar noutro local,
não se encontrava nas instalações da Quinta durante o período da manhã. Durante essas
ausências, a supervisão era feita pelos funcionários do cavaleiro. Nestas ocasiões, o
trabalho de cada cavalo, para a manhã seguinte, era definido na véspera.
As actividades realizadas à tarde podem resumir-se por:

Aparelhar os cavalos;

Ministrar os suplementos;

Montar o cavalo próprio;

Aulas com o orientador;

Tratamento a cavalos.
As aulas com o orientador eram direccionadas para a Dressage, sendo a maioria com
cavalos Lusitanos. Normalmente, as aulas eram leccionadas em cavalos novos, com o
objectivo
de
estes
entrarem
em
competição
posteriormente.
Procurava-se,
fundamentalmente, o ritmo, a souplesse e o contacto, sempre com uma enorme
preocupação com o desenho das figuras, com a perfeita execução dos exercícios e das
transições harmoniosas entre os diferentes andamentos. Outro ponto ao qual o
orientador deu importância foi a posição do cavaleiro, pois apenas com uma boa posição
a cavalo é que as ajudas podem ser justas, claras e precisas.
Nos dias seis e sete de Abril o Juiz Internacional de Dressage – Stephen Clark
proporcionou um estágio, de modo a que os cavaleiros percebessem como devem
trabalhar os seus cavalos, com o intuito de realizarem melhores prestações em provas.
Como foi facultada a assistência ao estágio do Juiz Internacional, pôde-se comprovar
que a maioria dos cavalos inscritos era de raça Lusitana. No final, o Juiz Stephen Clark
comentou que se encontrava bastante satisfeito com o treino dos cavalos Lusitanos,
dizendo que se encontravam bem trabalhados e deveriam continuar assim.
Foi pedida a ajuda no fim-de-semana de sete e oito de Maio para auxiliar o cavaleiro e
as suas alunas num CDN no Centro Hípico da Beloura. As principais tarefas resumiramse a aparelhar os quatro cavalos e ajudar no aquecimento (tirar caneleiras, limpar o
cavalo, limpar as botas, dar a cartola e o stick). Para além disso, foi prestada ajuda na
alimentação dos cavalos, limpeza das boxes assim como dos corredores, limpeza do
material e sua arrumação.
18
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
O último dia decorreu normalmente, acabando com uma lição na carriére de ensino
com o cavalo Zaire.
19
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
5. Resultados e Discussão
5.1. A Selecção de Reprodutores
A selecção dos reprodutores da raça é extremamente importante para a melhoria e
evolução da raça.
A admissão de reprodutores para o Cavalo Lusitano, como podemos ver na revisão
bibliográfica, não é muito clara nem objectiva.
Na Tabela de Pontuações, em cada parâmetro é dada uma nota de 0 a 10, que
multiplicado pelo coeficiente dá a pontuação do animal. O fenótipo ideal corresponde à
pontuação de 100 pontos. Essas pontuações baseiam-se no padrão da raça.
No padrão da raça admite-se que a cabeça e o pescoço são de comprimento médio, não
existindo qualquer valor ou comparação dizendo qual o comprimento médio. Assim,
cada Juiz deverá, consoante o seu critério e observação, definir qual o comprimento
médio. Essas pontuações mudam de Juiz para Juiz e consoante o local de concurso,
podendo colocar a objectividade e parcialidade do processo em risco.
Para os outros parâmetros da Tabela de Pontuações também se pode colocar a mesma
questão, uma vez que a maior parte das zonas a avaliar segundo o Padrão da Raça, estão
incompletas e, por isso, pouco objectivas e claras.
Numa segunda fase de avaliação (fase facultativa) os reprodutores da raça são avaliados
segundo a grelha holandesa (a mesma que a raça KWPN). Apenas os
proprietários/criadores que queiram que o seu reprodutor dê mais “produtos” por ano irá
a essa fase. Assim, nem todos os reprodutores têm de passar nesta fase. Esta fase é
classificada segundo uma avaliação linear.
Comparando a Tabela de Pontuações com a Grelha Holandesa (ver Anexo B) nota-se
imediatamente um enorme incremento na variedade de parâmetros que esta avalia. No
sistema de avaliação da Grelha Holandesa o animal é avaliado não com base no modelo
ideal da raça, mas sim no que é observado. Deste modo, o animal é avaliado de uma
forma mais clara e concisa.
5.2. A Escala de Treino para o Lusitano
De modo a obter-se um cavalo para a Dressage é importante o uso da Escala de Treino
para trabalhar o animal, pois é o método de treino adequado para esta competição.
20
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Portanto, a pergunta de “Como trabalhar o cavalo Lusitano segundo a Escala de
Treino?” foi feita a alguns cavaleiros, nacionais e internacionais, que trabalham
diariamente esta raça de cavalos e a alguns treinadores que também têm contacto com o
cavalo Lusitano na área da Dressage.
As respostas foram todas bastantes aproximadas, começando sempre por referir que a
escala de treino é um método que se aplica a todas as raças, e deve ser seguido pela
ordem em que se encontra.
Depois também é bastante claro que o importante é os três primeiros degraus da escala
(Ritmo, Souplesse, Contacto), pois tendo estes bem consolidados os últimos três
conceitos (Impulsão, Rectitude, Concentração) aparecem naturalmente com a
continuação de trabalho.
Agora no que respeita o Lusitano, é claro que o que difere das outras raças é a sua
selecção, pois é um cavalo que não foi criado para a competição e a sua morfologia
“foge” um pouco ao que se espera de um cavalo de competição (neste caso para a
Dressage).
Os
Lusitanos
tendem
a
precipitar
fazendo
muitas
passadas
rápidas
mas
consequentemente curtas. Por essa razão é importantíssimo perder tempo no que toca ao
trabalho do ritmo e existe uma concordância que, com o tempo suficiente perdido no
ritmo à procura da cadência, também se consegue ganhar suspensão nas passadas e
mesmo não sendo o melhor cavalo de competição é possível lá chegar.
No que toca ao souplesse todos dizem que o Lusitano erra por excesso, sendo crucial
um controlo desde o início. Muitas vezes vêm-se cavalos que não conseguem manter
uma linha em frente por mais de três metros. Por vezes ao trabalhar, procurando o
souplesse, o cavalo precipita, perde o ritmo ou, ao invés de lateralizar, descai.
Continuando para o último conceito dos três primeiros degraus da Escala de Treino, o
contacto, também neste existe uma consonância. É um cavalo que facilmente se
“encapota”, ou seja, a linha do chanfro passa para trás da vertical. É muito importante
trabalhar e ter os dois primeiros conceitos da escala de treino bem consolidados para
então se trabalhar o contacto sem que isso aconteça. Deve-se sempre manter um ritmo
lento e deixar o cavalo bem livre na frente para evitar esse mal de hiperflectir.
De um modo geral, os entrevistados admitem que é importantíssimo trabalhar, o tempo
que for preciso, até estarem perfeitamente consolidados, nestes três conceitos base da
escala de treino.
21
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Por norma, nos últimos três conceitos da Escala de Treino, o cavalo Lusitano
desenvolve-se bem, a Impulsão é um conceito relativamente fácil de atingir, pois é um
cavalo com vontade de andar, vibrante, mas facilmente controlável. A Rectitude, sendo
um cavalo normalmente de dorso curto assim como o rim e o pescoço grosso e também
curto, não é muito difícil de encontrar. No último grau da Escala encontra-se a
Concentração a que rapidamente o cavalo Lusitano chega: por ser pequeno “fecha-se”
com alguma facilidade.
Em comparação com o Warmblood, por exemplo, o Lusitano demora mais tempo a
desenvolver os primeiros três conceitos da Escala, podendo demorar até aos seis, sete
anos, mas depois desses conceitos consolidados pode tornar-se num cavalo de Grande
Prémio em apenas um ano. Em contrário, o Warmblood mais facilmente consolida os
três primeiros conceitos da Escala, mas depois tem que se gastar mais tempo na
preparação para o nível mais alto da Dressage.
5.3. Resultado do Lusitano nos vários níveis de Ensino
Aqui serão apresentadas as pontuações dos cavalos que fizeram provas em 2011 e
incorporam o projecto de cavalos Lusitanos na Dressage.
Foram seleccionados estes cavalos pois pressupõe-se que sejam os Lusitanos que
actualmente melhor se adaptam à prática desta modalidade a nível nacional.
Tabela III - Pontuações dos vários cavalos nos diferentes níveis de provas (Fonte: FEP, 2011)
Cavalo
Nível de prova
Rubi
Grande Prémio
Taxativo
Grande Prémio
Regalo
Grande Prémio
Zuelo
Complementar
Zulu
Complementar
Pontuações
66,659%
69,660%
66,681%
69,362%
63,500%
64,680%
62,553%
64,260%
63,262%
63,050%
61,192%
62,489%
62,137%
68,547%
66,750%
62,137%
61,453%
Média das Pontuações
68,091%
63,500%
63,069%
65,811%
63,102%
22
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Arabesco
Complementar
Xenofonte D’Atela
Complementar
Arrogante
Médio
Barroco
Elementar
Bem Me Quer
Elementar
Biscoito
Elementar
Conquistador Coutada
Preliminar
Coeso
Preliminar
66,068%
62,750%
66,200%
68,800%
61,170%
61,970%
59,915%
63,417%
57,435%
60,940%
60,351%
65,702%
68,000%
67,667%
67,667%
66,778%
69,000%
68,222%
55,111%
59,778%
59,600%
61,900%
62,290%
64,700%
62,120%
63,140%
62,420%
63,030%
65,606%
67,500%
60,808%
63,027%
67,528%
68,611%
59,097%
63,037%
63,549%
Seria interessante obter os resultados em cavalos novos dos Lusitanos que estão em
Grande Prémio, mas, nem a APSL nem a FEP, têm esses registos.
Assim, foi necessário comparar cavalos novos e cavalos com mais ensino, existindo
muitas variantes diferentes (cavaleiros, treinadores, cavalos, ambiente, local das provas)
a condicionar a formulação de possíveis conclusões. Sendo o número de comparações
reduzido, os resultados não podem ser concisos.
Para tentar chegar a uma conclusão mais objectiva e concreta, comparou-se as
pontuações obtidas com o que foi dito pelos cavaleiros e treinadores de Dressage, sobre
o trabalho do Lusitano segundo a Escala de Treino.
Sabemos que, até ao nível Elementar, os exercícios e figuras pedidas nas provas de
Ensino apenas contêm os três primeiros conceitos da Escala de Treino (Ritmo,
Souplesse, Contacto). No ensino Médio e Complementar os três conceitos anteriores já
têm de estar consolidados, começando a introdução da impulsão, rectitude e
23
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
concentração. No nível Grande Prémio todos esses conceitos já devem estar
perfeitamente firmados.
Com o que foi dito na Escala de Treino relativamente ao Lusitano, sabemos que é mais
complicado em novo, quando ainda não está ritmado, flexível e com um contacto
estável, chegando, depois de firmar essas fases, rápido ao Grande Prémio. Pode-se
afirmar assim que será mais fácil nessa última fase.
Considerando aqui cavalos novos, no nível Preliminar e Elementar encontram-se os
cavalos Barroco, Bem Me Quer, Biscoito, Conquistador Coutada e o Coeso, com idades
compreendidas entre os quatro e os cinco anos. As suas pontuações variam entre
59,097% e 68,611%, perfazendo a média de 64,364%.
No nível Médio e Complementar, com idades entre os seis e os oito anos, encotram-se
Arrogante, Arabesco, Zulu, Zuelo e o Xenofonte D’Atela. As suas pontuações
encontram-se entre os 60,808% e os 67,500%. A sua média é de 64,050%.
No nível do Grande Prémio estão os cavalos Rubi, Taxativo e Regalo. A média das suas
pontuações é de 68,091%, 63,500% e 63,069%, respectivamente. A média de
pontuações para os cavalos de Grande Prémio é assim 65,220%.
De facto, os cavalos novos obtiveram menores pontuações do que os cavalos de Grande
Prémio. Este resultado vai de encontro ao que os cavaleiros responderam – os Lusitanos
têm mais dificuldades nos três primeiros conceitos da escala de treino, melhorando
depois no Ensino mais avançado.
5.4. Lusitano vs. KWPN
A escolha da raça KWPN para a comparação com o Lusitano deve-se ao facto de esta se
encontrar no primeiro lugar do ranking das raças de Dressage (ver Tabela III),
considerando-a, por isso, a raça que mais se aproxima da morfologia e características
pretendidas no cavalo de Dressage. A pontuação deste ranking deve-se às prestações
efectuadas em prova, quer seja dentro ou fora do país de origem do cavalo, este apenas
tem que estar federado.
A comparação destas duas raças baseia-se nas pontuações obtidas em provas de cavalos
novos e no nível Grande Prémio.
24
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Tabela IV - As dez raças com melhores prestações em Dressage (fonte: FEI, 2011)
Rank StudBook
Points
1
Koninklijk Warmbloed Paardenstamboek Nederland
13161
2
Hannoveraner Verband e. V.
11032
3
Danish Warmblood Society
10834
4
Verband der Züchter des Oldenburger Pferdes e.V.
10399
5
Westfälisches Pferdestammbuch e.V.
9795
6
Rheinisches Pferdestammbuch e.V.
9042
7
Swedish Warmblood Association
8336
8
Lusitano
7006
9
Pura Raza Español
6874
10
Verband der Züchter des Holsteiner Pferdes e.V.
6580
5.4.1. Provas cavalos novos
Para comparar o Lusitano com o KWPN, serão mostrados os resultados do campeonato
do mundo de cavalos novos seis anos que ocorreu em Verden (Alemanha) em 2010.
Neste campeonato existem três provas: a prova de qualificação, a pequena final e a
final. Na prova de qualificação apura-se quais os cavalos que vão disputar a pequena
final e a final. À final passam os 12 melhores da prova de qualificação mais os três
melhores da pequena final. É de salientar que os 12 melhores cavalos da prova de
qualificação passam directamente à final, não competem na pequena final. Havendo
apenas dois Lusitanos a competir, nenhum chegou à final, os resultados que se
compararam são apenas o do melhor cavalo KWPN com o melhor Lusitano qualificado
na pequena final.
Este campeonato de cavalos novos não é classificado segundo os mesmos critérios das
provas de nível superior (ver Anexo A). A classificação final é de 0 a 10 pontos.
Tabela V - Resultado do KWPN e do Lusitano nas provas de cavalos novos de 6 anos (Adaptado de:
Hippo online, 2010)
Classificação
Cavalo
Raça
Pontuação
1º
Ziesto
KWPN
8.42
15º
Zaire
Lusitano
7.12
25
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
O cavalo KWPN obteve maiores resultados nas provas de cavalos novos seis anos
porque também se adequam mais à morfologia do cavalo de Dressage. Além disso, nas
provas baixas o que mais importa são os três primeiros conceitos da escala de treino, e
tendo o KWPN uma maior elasticidade (provocando um ritmo com maior cadência e
swing, tornando-se mais constante), o souplesse por isso também é maior e os cavalos
apresentam-se mais estáveis com um contacto mais constante, elástico e permanente.
Como se pode verificar na bibliografia consultada, o Lusitano é mais predisposto para a
concentração – devido à ligação da ponta da anca à ponta da nádega e à soldra ter um
ângulo mais fechado. Como nas provas de cavalos novos o que se procura é a extensão,
o andamento natural (não alterado pelo treino) e o “para diante”, é difícil ao Lusitano
acompanhar os cavalos que, pela sua morfologia (como é o caso do KWPN), o
conseguem fazer sem grande esforço.
5.4.2. Provas Grande Prémio
Para as provas de Grande Prémio procuraram-se as pontuações dos últimos Jogos
Equestres Mundiais. A comparação, tal como para os cavalos novos, é entre o melhor
cavalo da raça KWPN com o melhor Lusitano classificado, considerando-se que para
competir a este nível ambos os cavalos já apresentam toda a Escala de Treino
consolidada.
Tabela VI - Resultados do KWPN e do Lusitano nas provas de Grande Prémio (Fonte: FEI, 2010)
Classificação
Cavalo
Raça
Pontuação
1
Totilas
KWPN
84.043%
35
Rubi
Lusitano
66.766%
O lusitano tem uma maior facilidade nos exercícios de concentração, ajudando-o assim
em alguns exercícios das provas de Grande Prémio.
No entanto, nota-se uma diferença ainda grande de pontuações entre os dois cavalos.
Pode explicar-se este facto por a prova ter corrido mal, mas já vimos anteriormente que
as médias de pontuações deste cavalo Lusitano (Rubi) rondam os 68 %, não se
afastando do resultado obtido nesta prova.
Apesar de a concordância entre cavaleiros e treinadores de que o cavalo Lusitano é
melhor a nível Grande Prémio, e a sua morfologia indicar que é melhor em exercícios
26
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
de concentração (exercícios mais próprios do nível Grande Prémio), ainda não se
aproxima da melhor raça de competição para Dressage.
Foi referido atrás que o Warmblood (neste caso referente ao KWPN) tem mais
dificuldade em consolidar os últimos três conceitos da escala de treino, no entanto
quando consegue atingir esse patamar (toda a escala de treino consolidada – cavalo
ensinado) as suas pontuações aproximam-se da perfeição, no que toca à Dressage, sendo
difícil de igualar. Deve-se muito à sua elasticidade e andamentos “para frente” (que o
Lusitano tem muito pouco). Ao conseguir também o controlo da Concentração torna-se
num cavalo exuberante em prova.
27
Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
6. Conclusões
Cada vez mais há profissionais a apostar no cavalo Lusitano para a competição de
Dressage.
O estágio com um cavaleiro olímpico foi muito favorável à aprendizagem do estagiário.
Poder observar os métodos e treinos de vários cavalos lusitanos ligados à competição de
Dressage foi enriquecedor, ajudando também à elaboração deste relatório.
A realização de aulas diariamente ajudou bastante a evoluir na prática da equitação,
essencialmente na disciplina de Dressage.
A oportunidade de assistir a um estágio com um Juiz Internacional foi importante,
percebendo essencialmente o valor do cavalo Lusitano na competição de Dressage.
O apoio que o estagiário deu no fim-de-semana de provas, trouxe uma maior percepção
de como preparar-se para uma prova de Dressage.
A hipótese de integrar numa equipa ligada à competição de Dressage permitiu ao
estagiário perceber a importância do trabalho em equipa e de como agir no mercado de
trabalho.
A depender dos objectivos gerais da Raça Lusitana é necessário que o critério de
selecção de Reprodutores seja mais objectivo, para poder haver um maior número de
cavalos a competir nesta modalidade e obter melhores resultados.
Os resultados em prova dos Lusitanos aqui demonstrados ainda estão longe do melhor
cavalo de Dressage.
O Lusitano é um cavalo que morfologicamente não se adapta à prática da Dressage de
competição. No entanto consegue competir entre os melhores, estando em oitavo lugar
em 31 raças, no ranking das melhores prestações em Dressage.
Esse resultado deve-se, principalmente, à sua facilidade em aprender, à sua versatilidade
e à “montabilidade” que apresenta, deixando-se assim ensinar com relativa facilidade.
Apesar dos resultados das pontuações obtidas em prova serem pouco concisos, nota-se
uma pequena melhoria dos cavalos novos para o Grande Prémio. Este facto também é
comentado pelos cavaleiros e treinadores. Pode-se afirmar que o Lusitano tem melhores
prestações em prova depois de treinado e os andamentos estarem melhorados. Os seus
andamentos naturais não vão de encontro ao que se procura nas competições de cavalos
novos.
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Glossário
ADN Mitocondrial – ADN localizado na mitocôndria (organelo celular).
Eumétrico – referente à eumetria: qualidade dos animais que representam o peso e
proporções normais da espécie.
Fenótipo – conjunto de caracteres exixtentes num indivíduo, hereditárias ou adquiridas.
Mediolíneo – termo médico que define uma constituição intermédia, entre o brevilíneo e
o longilíneo.
Montabilidade – facilidade com que o cavalo se deixa montar.
Ranking – posição numa escala.
Sangue quente - animais com um temperamento fogoso.
Stud-Book – Livro de registos de cavalos de uma determinada raça cujo os ascendentes
são conhecidos.
Swing – mover-se livremente e com suspensão.
Taras - são sinais externos (geralmente nos membros) de lesões adquiridas que
desvalorizam o animal.
Warmblood – raças de origem, principalmente, europeia com o objectivo de produzir
cavalos para desporto. É uma mistura de cavalos “pesados”, de “sangue frio” com
cavalos finos, de “sangue quente”. Estes cavalos possuem um porte intermédio, não são
tão excitados como os cavalos de “sangue quente” e não são tão dóceis como os de
“sangue frio”.
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Anexos
Anexo A – Folha de avaliação para as provas de cavalos novos 6 anos (FEI, 2009).
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Anexo B – Exemplo de uma classificação linear (grelha holandesa) (Fonte: KWPN, 2011).
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Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça
Anexo C – Continuação de uma classificação linear (grelha holandesa) (Fonte: KWPN,
2011).
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