Relatório de Estágio do Curso de Licenciatura em
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Relatório de Estágio do Curso de Licenciatura em EQUINICULTURA O CAVALO LUSITANO NA DRESSAGE COUDELARIA QUINTA DOS CEDROS LUÍS TIAGO TEIXEIRA DA GRAÇA Orientadores: CORONEL MANUEL TELES GRILO – (Orientador Interno) MIGUEL RALÃO DUARTE – (Orientador Externo) 2011 Relatório de Estágio do Curso de Licenciatura em EQUINICULTURA O CAVALO LUSITANO NA DRESSAGE COUDELARIA QUINTA DOS CEDROS LUÍS TIAGO TEIXEIRA DA GRAÇA Orientadores: CORONEL MANUEL TELES GRILO – (Orientador Interno) MIGUEL RALÃO DUARTE – (Orientador Externo) 2011 Este trabalho não contempla as críticas e correcções sugeridas pelo Júri Assinatura dos Membros do Júri: _______________________________________________________ (Presidente do Júri) _______________________________________________________ (Orientador Interno) _______________________________________________________ (Orientador Externo) _______________________________________________________ (Arguente) Classificação Final: :_______________________________ Agradecimentos Quero agradecer a todos aqueles que me ajudaram durante esta etapa da minha vida: Um obrigado ao Monitor de Equitação David Tainha, um dos meus primeiros professores de Equitação, e ainda hoje amigo, pois sem ele esta paixão pelos cavalos provavelmente não teria existido e hoje não estaria a finalizar este curso; À Família, ao meu Pai e Mãe, pelo suporte que me deram durante estes três anos e por terem feito tudo ao seu alcance para que conseguisse atingir os meus objectivos; Ao Orientador Externo Miguel Ralão que esteve sempre disponível e me ajudou a evoluir e a perceber melhor a Equitação; Ao Orientador Interno, Coronel Manuel Teles Grilo, pois ajudou-me, da melhor maneira possível, a atingir um dos objectivos pretendidos neste curso; Ao Coronel Balula Cid que infelizmente não acompanhou este meu último ano, mas cujos ensinamentos estiveram sempre presentes; À Professora Rute, sempre disponível para ajudar e querendo sempre o nosso melhor; Aos colegas de casa, de estudo e de noitadas, António, Bia, Vinagre e Xana, que até no momento mais chato e difícil encontravam matéria para rir; Um obrigado a todos aqueles que directa ou indirectamente me ajudaram e não estão aqui referidos. i Resumo Este trabalho tem como fundamentos o estágio final de curso do aluno. É o relatório do estágio desenvolvido na Coudelaria Quinta dos Cedros, com o cavaleiro Miguel Ralão, com base no treino do cavalo Lusitano para a Dressage de competição. O trabalho teórico que se segue pretende descrever a raça Lusitana, na sua história, aptidões, morfologia e outros pontos relevantes para o enquadramento na Dressage. Também aborda a maneira de como se deve treinar o cavalo para a Dressage e a conformação ideal do cavalo para esta modalidade. O cavalo Lusitano ainda não se situa nos primeiros lugares, mas encontra-se em 8º lugar no ranking das raças com melhores prestações em Dressage. Pode-se dizer que o Lusitano é melhor a nível Grande Prémio do que a níveis mais baixos, pois estes implicam andamentos naturais ainda não melhorados pelo treino. Palavras-chave: Lusitano; Dressage, Cavalos, Relatório. ii Abstract This work is founded on the final internship of the student's graduation. It is the report of the work developed at Stud Quinta dos Cedros, with the rider Miguel Ralão, based on the training of the Lusitanian for Dressage competition. The theoretical work that follows is intended to describe the Lusitanian breed, in its history, skills, morphology and other relevant points to the Dressage framework . It also discusses how to train this breed for dressage and the ideal structure for the dressage horse. The Lusitanian horse is not ranked in the first positions, but it is in eighth position in the ranking of breeds with better performances in Dressage. You could say that it is better suited for Grand Prix level, instead of the lowest levels that involve more natural movements not yet improved by adequate training. Keywords: Lusitan; Dressage; Horses; Report. iii Índice Geral Agradecimentos ................................................................................................................. i Resumo ............................................................................................................................. ii Abstract ............................................................................................................................ iii Índice Geral ..................................................................................................................... iv Índice de Quadros ............................................................................................................. v Índice de Figuras ............................................................................................................. vi Abreviaturas/Acrónimos ................................................................................................. vii 1. Introdução ..................................................................................................................... 1 2. Objectivos ..................................................................................................................... 2 3. Revisão Bibliográfica ................................................................................................... 3 3.1. A Raça Lusitana......................................................................................................3 3.1.1. História ........................................................................................................... 3 3.1.2. Morfologia ...................................................................................................... 4 3.1.3. Aptidão ........................................................................................................... 6 3.2. Critério de selecção para os reprodutores da raça...................................................6 3.2.1. A Inscrição ...................................................................................................... 6 3.2.2. A Aprovação ................................................................................................... 7 3.2.3. Reprodutores Recomendados e Reprodutores de Mérito ............................... 9 3.3. Projecto para a selecção de cavalos Lusitanos no ensino .................................... 10 3.3.1. O Projecto ..................................................................................................... 10 3.3.2. Critério de selecção para o projecto ............................................................. 11 3.3.3. Conjuntos que participam no projecto .......................................................... 11 3.4. Dressage – A Escala de Treino ........................................................................... 12 3.5. Conformação do Cavalo de Dressage .................................................................. 14 4. Descrição do Trabalho Realizado ............................................................................... 17 5. Resultados e Discussão............................................................................................... 20 5.1. A Selecção de Reprodutores ................................................................................ 20 5.2. A Escala de Treino para o Lusitano..................................................................... 20 5.3. Resultado do Lusitano nos vários níveis de Ensino ............................................ 22 5.4. Lusitano vs. KWPN ............................................................................................. 24 5.4.1. Provas cavalos novos .................................................................................... 25 5.4.2. Provas Grande Prémio .................................................................................. 26 6. Conclusões .................................................................................................................. 28 Bibliografia ..................................................................................................................... 29 Glossário ......................................................................................................................... 31 Anexos ............................................................................................................................ 32 Anexo A – Folha de avaliação para as provas de cavalos novos 6 anos (FEI, 2009). 32 Anexo B – Exemplo de uma classificação linear (grelha holandesa) (Fonte: KWPN, 2011). .......................................................................................................................... 33 Anexo C – Continuação de uma classificação linear (grelha holandesa) (Fonte: KWPN, 2011). ............................................................................................................ 33 iv Índice de Quadros Tabela I - Tabela de Pontuações (Fonte: APSL, 2010) .................................................... 8 Tabela II - Conjuntos no projecto e em provas no ano de 2011. .................................... 12 Tabela III - Pontuações dos vários cavalos nos diferentes níveis de provas (Fonte: FEP, 2011) ............................................................................................................................... 22 Tabela IV - As dez raças com melhores prestações em Dressage (fonte: FEI, 2011) .... 25 Tabela V - Resultado do KWPN e do Lusitano nas provas de cavalos novos de 6 anos (Adaptado de: Hippo online, 2010) ................................................................................ 25 Tabela VI - Resultados do KWPN e do Lusitano nas provas de Grande Prémio (Fonte: FEI, 2010) ....................................................................................................................... 26 v Índice de Figuras Ilustração 1 – Perfil do cavalo enumerando as zonas atrás referidas (Adaptado de: Zootur, 2010). ................................................................................................................... 6 Ilustração 2 – A: Articulação Lombo-sacral em linha com a Ponta da Anca; B: A conformação em “7” na garupa do cavalo Lusitano; C: Valores ideais na conformação do post-mão do cavalo de Dressage; D: Valor ideal na conformação das Espáduas do cavalo de Dressage (adaptado de: A – Wardrope, 2005; B – Andalusians for you, 2011; C e D – Santos, 2009). .................................................................................................... 16 vi Abreviaturas/Acrónimos APSL – Associação Portuguesa de Criadores do Cavalo Puro-Sangue Lusitano C – Complementar CDN – Concurso de Dressage Nacional CQC – Coudelaria Quinta dos Cedros E – Elementar FEI – Federação Equestre Internacional FEP – Federação Equestre Portuguesa GP – Grande Prémio KWPN – Koninklijk Warmbloed Paardenstamboek Nederland (Real Warmblood Studbook dos Países Baixos) M – Média P – Preliminar PRE – Pura Raça Espanhola PSL – Puro-sangue Lusitano vii Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça 1. Introdução O Lusitano é um cavalo que é usado pelo Homem há milhares de anos. Actualmente é uma raça versátil e usada em muitas modalidades desportivas, como por exemplo, na Dressage. A Dressage é uma disciplina Olímpica que tem como objectivo desenvolver harmoniosamente os potenciais do cavalo, ou seja, os seus andamentos naturais. A escolha do tema tem por base a importância da raça Lusitana no mundo actual e na competição moderna. Esta raça está em mudança para melhor se enquadrar como cavalo de desporto, visto que cada vez mais é procurada nesse sentido. A primeira parte deste trabalho é referente à caracterização do Lusitano, baseada na sua história, morfologia e critérios de selecção para a reprodução. Também é referida a importância do método de trabalho do cavalo – escala de treino, e a morfologia do cavalo de Dressage. Na segunda parte será apresentada a descrição do trabalho realizado durante o estágio, referindo os aspectos mais importantes, dificuldades surgidas e aprendizagens concretizadas. Por último, são analisadas as opiniões de vários profissionais da modalidade de Dressage relativamente aos conceitos da escala de treino aplicados ao Lusitano. São também comparados os resultados de diferentes cavalos e de diferentes níveis de prova, de modo a perceber o enquadramento do Lusitano na Dressage. 1 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça 2. Objectivos Os objectivos do presente relatório traduzem-se em: Abordagem teórica do Lusitano na Dressage; Utilização de conhecimentos previamente adquiridos na realização de actividades e tarefas que visam a preparação para a vida profissional; Reflexão sobre o trabalho e experiência desenvolvidos, numa perspectiva de desenvolvimento profissional. 2 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça 3. Revisão Bibliográfica 3.1. A Raça Lusitana 3.1.1. História Recentemente comprovado através da análise mitocondrial do ADN de animais, sabe-se que o cavalo Lusitano remonta ao Neolítico (Almeida, s/d) e é utilizado há cerca de 4000 anos como instrumento do Homem, sendo o seu parceiro e ajudante na pastorícia de outros animais (Vinhas, 2011). Com origem em Portugal, a raça Lusitana, é de “Sangue Quente”, sendo produto de uma selecção que remonta há já alguns milhares de anos, tendo assim criado quase como que uma ligação com o Homem, superior a outras raças, podendo-se afirmar um dos melhores cavalos de sela do mundo, senão o melhor, na opinião de alguns autores (APSL, 2011). Durante vários séculos a selecção desta raça deveu-se às guerras e combates, tornando-o num cavalo versátil, dócil, com grande agilidade e coragem. Tudo junto originou uma conveniente “montabilidade” e versatilidade no cavalo Lusitano tornando-se, nos tempos de hoje, um cavalo de competição nas diversas modalidades hípicas, muito procurado para o lazer e também como reprodutor, pelo seu carácter e antiguidade genética (APSL, 2011). Foi nos inícios do século XVIII que D. João V criou a coudelaria de Alter Real, pois sua mulher era uma grande apreciadora da Escola Espanhola de Viena. Assim se começou a criar um cavalo que se enquadrava no modelo do Lusitano (Portugalweb, 2011). Apenas em 1942 o cavalo da Coudelaria Nacional foi chamado de Lusitano pelos veterinários que precisavam de um nome para cavalos nascidos em Portugal e com características que pudessem inscrever no Stud-Book Português. Foi em 1967 que se passou oficialmente a designar o Lusitano como uma raça (Portugalweb, 2011). Actualmente o cavalo Puro-Sangue Lusitano tem um efectivo aproximado de 5 mil fêmeas reprodutoras por todo o mundo e mais de 50 600 indivíduos (Vicente et al, 2009). Portugal, sendo o berço da raça, tem cerca de metade dos nascimentos, em 2º 3 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça lugar encontra-se o Brasil com cerca de 43% dos nascimentos, e o resto estende-se por uma vasta lista de mais de 30 países (Vicente et al, 2009). Provando a sua versatilidade e qualidade, nos últimos jogos Olímpicos, foi a 2ª raça mais utilizada pelos concorrentes nas provas hípicas (Vinhas, 2011). 3.1.2. Morfologia De tipo eumétrico é um cavalo mediolínio, de formas arredondadas e a sua silhueta tem que ser possível de inscrever num quadrado (APSL, 2011). A sua altura média ao garrote encontra-se, para as fêmeas, no metro e cinquenta e cinco centímetros e, para o macho, apenas mais cinco centímetros (APSL, 2011). Detém, normalmente, uma pelagem ruça ou castanha, mas encontra-se nas mais variadas pelagens não havendo uma que seja pré-definida para a raça (APSL, 2011). É um cavalo nobre, com um temperamento generoso, sempre dócil e sofredor, com andamentos ágeis, elevados e projectados para a frente, mas suaves (APSL, 2011). CORPO: 1. Cabeça – Perfil levemente subconvexo, bem proporcionada e de comprimento médio. Olhos grandes e vivos, sobre o elíptico, com expressão e que demonstrem confiança. Orelhas expressivas, delgadas e de tamanho médio (APSL, 2011). 2. Pescoço – Largo na base, uma ligação estreita com a cabeça, bem inserido nas espáduas e saindo do garrote sem depressão. Comprimento médio e crinas delgadas (APSL, 2011). 3. Garrote – Destacado das espáduas, fazendo uma transição suave entre o dorso e o pescoço, mais elevado que a garupa (APSL, 2011). 4. Peitoral – Musculado, profundo e de amplitude média (APSL, 2011). 5. Costado – Insere-se obliquamente na coluna vertebral, bem desenvolvido e com costelas levemente arqueadas (APSL, 2011). 6. Espáduas – Bem musculadas, compridas e oblíquas (APSL, 2011). 4 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça 7. Dorso – Serve de união suave entre o garrote e o rim com tendência para o horizontal (APSL, 2011). 8. Rim – Liga o dorso à garupa de uma forma contínua e harmónica. É curto, largo, musculado e ligeiramente convexo (APSL, 2011). 9. Garupa – Com a ponta das ancas pouco evidentes, de uma forma ligeiramente oblíqua e arredondada é forte e bem proporcionada. Crina sedosa longa e abundante sai no seguimento da curvatura da garupa (APSL, 2011). 10. Membros: Braço – Musculado e suavemente inclinado; Antebraço – Musculado e aprumado; Joelho – Largo e seco; Canelas – Tendões a destacarem-se, secas e sobre o comprido; Boletos – Com quase ausência de machinhos, secos e volumosos; Quartelas – oblíquas e compridas; Cascos – Talões pouco abertos e coroa não muito evidente, bem conformados e proporcionais; Nádega – Convexa e curta; Coxa – Musculosa, sobre o curto e direccionada de maneira a que a rótula se situe na vertical da ponta da anca; Perna – Coloca a ponta do curvilhão na vertical da ponta da nádega. Encontra-se sobre o comprido; Curvilhão – Seco, largo e forte; Nos membros posteriores encontramos ângulos comparativamente fechados (APSL, 2011). 5 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Ilustração 1 – Perfil do cavalo enumerando as zonas atrás referidas (Adaptado de: Zootur, 2010). 3.1.3. Aptidão Esta raça tem uma enorme polivalência devido às características evidenciadas no seu passado. Destaca-se nas mais diversas disciplinas equestres, tanto em competição, lazer ou espectáculo (Vicente, s/d). Por ter uma predisposição para a concentração, destaca-se nos exercícios de alta escola e a sua grande coragem e “montabilidade” permitem moldar-se nas mais diversas actividades equestres (APSL, 2011). Sendo um dos melhores do mundo, quiçá o melhor, no toureio e na equitação de trabalho, nas restantes e variadas áreas equestres, apesar de completo e versátil, não se destaca em quase nenhuma (Vicente, s/d). Com a aposta dos criadores de cavalos Lusitanos para a competição, esta raça destacouse nas várias áreas equestres onde temos o exemplo dos últimos Jogos Olímpicos, sendo a 2ª raça mais escolhida pelos cavaleiros (Vicente, s/d). 3.2. Critério de selecção para os reprodutores da raça 3.2.1. A Inscrição A inscrição no Livro de Reprodutores é feita a pedido dos criadores (ou proprietários) tendo os animais de reunir algumas condições impostas pela APSL (APSL, 2010). Essas condições obrigam os cavalos a: 6 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Estarem inscritos no Livro de Nascimentos (este livro está reservado a descendentes de progenitores inscritos no Livro de Reprodutores); Estarem identificados (nome, dependente da letra do ano, e marca de fogo e/ou microship); Enquadrarem-se dentro das características do padrão da raça (morfologia); Terem uma boa conformação e desenvolvimento, não podendo ser portadores de taras e/ou defeitos de transmissão hereditária; Serem aptos para a reprodução; Cumprirem as normas sanitárias que estejam em vigor; Terem feito as provas morfo-funcionais (APSL, 2010). 3.2.2. A Aprovação Para ser aceite no Livro de Reprodutores é necessário ser aprovado nas provas morfofuncionais, tendo essa aprovação duas fases em que apenas a primeira é obrigatória (APSL, 2010). Primeira fase Os animais ao terem que se enquadrar dentro das características da raça (como vimos anteriormente), são primeiro examinados e avaliados segundo os parâmetros da tabela de pontuação (ver Tabela I) (APSL, 2010). Essas avaliações dependem do sexo do animal. Se o animal é masculino, é obrigado a ser avaliado montado, em locais de concentrações publicas, a determinar pela APSL. Se o animal é feminino, será avaliado à mão em casa do criador (ou proprietário) (APSL, 2010). No final das avaliações se os animais obtiveram até 72 pontos serão considerados como Reprodutores de zero estrelas. Ao obterem mais de 72 pontos serão beneficiados como Reprodutores de uma estrela, podendo o reprodutor macho de zero e uma estrela cobrir até vinte éguas por ano (APSL, 2010). 7 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Tabela I - Tabela de Pontuações (Fonte: APSL, 2010) REGIÕES COEFICIENTE Cabeça e Pescoço 1 Espádua e Garrote 1 Peitoral e Costado 1 Dorso e Rim 1,5 Garupa 1 Membros 1,5 Andamentos 1,5 Conjunto de formas 1,5 TOTAL 10 Segunda Fase (facultativa) Esta Segunda Fase de aprovação para Reprodutores da raça Lusitana destina-se aos criadores/proprietários que pretendam que os seus animais sejam reprodutores de duas e três estrelas, podendo então, no caso dos machos, cobrir até 40 éguas por ano (APSL, 2010). A aprovação nesta fase pressupõe a existência de duas condições a priori: idade do animal igual ou superior a seis anos e obtenção da aprovação na fase anterior. Verificadas estas condições, os candidatos são depois julgados em quatro provas diferentes (APSL, 2010). Prova Morfológica São examinados segundo a Tabela de Pontuações, sendo os andamentos avaliados com os cavalos em liberdade, e também analisados segundo os critérios da grelha holandesa de classificação (classificação linear – ver Anexo B) (APSL, 2010). Prova de Ensino Nesta prova o animal é montado pelo seu cavaleiro habitual e os criadores/proprietários escolherão a prova de ensino que mais se adequar ao animal em questão, de entre duas: 8 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça a prova de Ensino FEP (Complementar nível um) ou a prova de Equitação Tradicional (Debutante de Equitação de Trabalho) (APSL, 2010). Prova Livre Esta prova tem de ser executada pelo mesmo cavaleiro que fez a prova de ensino, e consiste numa prova à escolha do proprietário dentro de qualquer área equestre (APSL). Terá sempre pelo menos um dos Júris credenciado na área equestre escolhida para fazer a prova (APSL, 2010). Teste Montado É usual a existência, nesta prova, de dois cavaleiros previamente definidos pela APSL, que montarão o animal e o avaliam individualmente com uma nota (APSL, 2010). O proprietário pode, se desejar, indicar alguma área equestre específica onde pelo menos um dos cavaleiros terá de estar habilitado (APSL, 2010). O resultado das quatro provas resulta da média aritmética das percentagens obtidas em cada uma dessas provas (APSL, 2010). Por fim, passado esses quatro testes/provas, o candidato com uma pontuação de 65% até 80% é classificado como Reprodutor de duas estrelas. Acima dos 80% é atribuída mais uma estrela, ficando então como Reprodutor de três estrelas. Aqueles que não consigam atingir os 65% (mínimo para subir de categoria como reprodutores), poderão repetir esta segunda fase mais tarde (APSL, 2010). 3.2.3. Reprodutores Recomendados e Reprodutores de Mérito Ao estarem os animais inscritos no Livro de Reprodutores poderão os criadores/proprietários sugerir a obtenção do título de Reprodutor Recomendado (quatro estrelas) e/ou Reprodutor de Mérito (cinco estrelas), possibilitando-lhe, com a obtenção desse/desses títulos, ter um número de cobrições ilimitado por ano (APSL, 2010). Reprodutor Recomendado O título de Reprodutor de quatro estrelas (Recomendado) premeia as qualidades morfofuncionais do animal (APSL, 2010). 9 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Esse título é obtido com os bons desempenhos do cavalo na sua vida desportiva, podendo ser relativo a mais do que uma disciplina equestre (APSL, 2010). Do ponto de vista da Dressage, tema abordado neste trabalho, o Reprodutor que pretenda ser Recomendado nesta área deverá: 1. A nível Nacional classificar-se nos cinco primeiros lugares nas provas do Campeonato Nacional ou da Taça de Portugal, ao nível Complementar ou superior, quatro vezes em dois anos ou nos três primeiros lugares, quatro vezes em três anos, tendo que ser a média das pontuações superiores a 65% (APSL, 2010). 2. A nível Internacional deverá classificar-se na primeira metade da tabela de classificação em pelo menos duas provas de nível FEI (APSL, 2010). Reprodutor de Mérito O Reprodutor de cinco estrelas será aquele que transmite aos seus descendentes características acima da média (APSL, 2010). Para isso, nos caso dos reprodutores machos, terá que ter pelo menos doze descendentes inscritos no Livro Genealógico em três anos diferentes e/ou ter pelo menos seis descendentes que tenham ganho o título de Reprodutor (de zero ou mais estrelas) (APSL, 2010). Para as Reprodutoras é menos exigente, tendo a candidata apenas que ter pelo menos quatro produtos inscritos no Livro Genealógico e/ou dois produtos inscritos no Livro de Reprodutores (APSL, 2010). 3.3. Projecto para a selecção de cavalos Lusitanos no ensino 3.3.1. O Projecto Este projecto, levado a cabo pela APSL, formou-se em 2002 com o intuito de demonstrar a funcionalidade e versatilidade do Lusitano (APSL, 2011). Tendo como objectivo futuro a preparação de uma equipa com cavalos Lusitanos ao nível de Grande Prémio, os conjuntos encontram-se de momento a trabalhar com a 10 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça treinadora Internacional Martina Hannover, contribuindo assim para a formação (a nível internacional) de conjuntos com cavalos Lusitanos (APSL, 2011). 3.3.2. Critério de selecção para o projecto Existindo já cavalos Lusitanos a disputar provas de Dressage, foi criada uma comissão escolhida pela APSL para analisar todos os resultados dessas provas realizadas nos últimos dois anos (APSL, 2011). Os cavalos têm que ter participado nos últimos dois anos em pelo menos dez provas nacionais (Campeonato Nacional e/ou Taça de Portugal), tendo-se classificado nos três primeiros lugares pelo menos 25% das vezes (APSL, 2011). No critério de selecção para cavalos novos, cabe aos criadores escolherem os seus melhores produtos, com as melhores potencialidades para serem avaliados segundo os seguintes critérios: A avaliação morfológica (coeficiente de 1,00); Uma prova de ensino, a depender da idade do cavalo (coeficiente de 2,5); A avaliação da treinadora (coeficiente de 3,0); Após estas três fases, todos aqueles que se classificarem acima dos 60% passarão então à última fase que contará com a avaliação feita por dois cavaleiros reconhecidos (APSL, 2011). 3.3.3. Conjuntos que participam no projecto Os conjuntos aqui referidos são todos os conjuntos que participam no projecto em 2011 (APSL, 2011) e fizeram provas federadas no mesmo ano (FEP, 2011). 11 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Tabela II - Conjuntos no projecto e em provas no ano de 2011. CAVALEIRO CAVALO NÍVEL Gonçalo Carvalho RUBI GP Luís Azeitona TAXATIVO GP Luís Azeitona ZUELO C Miguel Ralão REGALO GP Nuno Ferro ARROGANTE M Pedro Sousa COESO P Pedro Sousa CONQUISTADOR COUTADA P Ricardo Walenstein BEM ME QUER E Salvador Pessanha XENOFONTE D’ATELA C Shanelle Morgan ARABESCO C Tiago Abecasis BISCOITO E Tiago Albergaria BARROCO E Tiago Albergaria ZULU C 3.4. Dressage – A Escala de Treino Com o aumento das competições equestres, sentiu-se a necessidade de generalizar a regulamentação, principalmente na Dressage, e criar um método que servisse tanto a quem treina (treinadores e cavaleiros) como a quem avalia (juízes) (Lupi, 2007). Desenvolveu-se, então, uma Escala de Treino que foi evoluindo até aos dias de hoje, servindo agora como um guia para todos, tanto para cavalos novos como para cavalos mais avançados (Lupi, 2007). Sendo a Escala de Treino uma temática muito extensa, o que aqui se apresenta é um breve resumo dos seus conceitos. São seis os princípios fundamentais deste método de treino e regem-se pela seguinte ordem: Ritmo, Souplesse, Contacto, Impulsão, Rectitude, Concentração. São estas as fases que integram a Escala de Treino e que por ordem são aqui definidas: 12 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Ritmo É a capacidade do cavalo ter uma passada regular, sempre com a mesma batida, devendo o tempo e tamanho de cada passada ser igual à seguinte (Lupi, 2007). Sendo a primeira fase que se pretende obter num treino do cavalo, esse ritmo deve ser conseguido tanto nos andamentos como nos exercícios (Lupi, 2007). Ao atingir o Ritmo, compreende-se que o cavalo encontrou um estado de equilíbrio, devendo assim manter uma atitude e andamentos estáveis (Abreu, 2010). O doseamento do ritmo depende do tipo de cavalo, sendo que num cavalo mais “ardente” não é necessário impor muita actividade, tornando-se mais necessário o controle dos andamentos (Lupi, 2007). Na Dressage é procurado no Ritmo a sua cadência, ou seja, a calma do ritmo. Tendo um ritmo mais lento, e atingindo a cadência, os movimentos do cavalo vão-se tornando mais elevados (Lupi, 2007). Souplesse Trata-se da flexibilidade e descontracção do cavalo (Abreu, 2010). Nesta fase não se trata apenas da flexibilidade lateral e longitudinal que se encontra ao trabalhar nas diferentes figuras de picadeiro, é também o resultado da empatia entre o cavaleiro e cavalo (Lupi, 2007). É nesta fase que começa aparecer e a desenvolver-se o conceito do “Happy Athlete” (Lupi, 2007). Contacto Devendo ser estável, leve, elástico e igual em ambas as rédeas, o Contacto aparece naturalmente depois de bem consolidadas as duas primeiras fases (Ritmo e Souplesse) (Lupi, 2007). Com a evolução, o contacto, vai-se tornando cada vez mais ligeiro e com isso vão aparecendo os exercícios de concentração (Lupi, 2007). Impulsão A vontade que o cavalo tem para avançar, tanto à solicitação do cavaleiro como à permissão deste, chama-se de Impulsão (Lupi, 2007). 13 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Ao ter as três primeiras fases da Escala de Treino consolidadas e estáveis, poderá pedirse ao cavalo mais actividade resultando então numa maior vontade de avançar com uma maior entrada dos posteriores (Lupi, 2007). A maior parte dos cavalos que têm uma impulsão natural, dificultam o ensino quando se avança na Escala de Treino, tornando-se problemáticos na manutenção do ritmo e da souplesse. Não basta portanto aproveitar a impulsão natural, é necessário controlá-la através do treino (Lupi, 2007). Rectitude Assim como os Humanos, os cavalos têm um lado mais fraco que outro. A Rectitude visa o treino do cavalo para o endireitar e desenvolver o seu corpo simetricamente (Lupi, 2007). Os posteriores devem seguir a linha dos anteriores, o cavalo inscreve-se correctamente nas linhas direitas assim como nas linhas curvas, chegando assim às duas rédeas de igual modo (Lupi, 2007). Concentração É o último degrau da Escala de Treino, e exige ao cavalo o encurtamento da base de sustentação por um avanço dos posteriores (Lupi, 2007). O peso do cavalo deslocar-se-á mais para o post-mão dando uma maior liberdade ao ante-mão (Lupi, 2007). Ao trabalhar nestas fases e ficando elas bem consolidadas, dá-se origem ao cavalo bem trabalhado, ficando este mais disponível e predisposto no seu todo (músculos, esqueletos, articulações, espírito, etc) (Lupi, 2007). Os três primeiros conceitos da Escala de Treino têm uma importância grande no que toca ao julgamento nas provas de ensino, pois erros nesses três nunca levam notas superiores a cinco, enquanto erros nas últimas três fases podem variar entre os seis e os oitos pontos (Abreu, 2010). 3.5. Conformação do Cavalo de Dressage Todos sabemos que não existem cavalos perfeitos, portanto não há verdades absolutas quanto à perfeita conformação do cavalo de Dressage (Wardrope, 2005). 14 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Apenas uns centímetros ou diferenças pequenas nos ângulos dos ossos podem provocar grandes mudanças na habilidade do animal (Wardrope, 2005). No entanto, a aptidão para a Dressage não passa só pela conformação, também há que ter em conta a “montabilidade” e o temperamento. Estas características (conformação, andamentos, “montabilidade”, temperamento, etc) são influenciadas pela genética, mas a performance desportiva conta muito com o ambiente e treino do cavalo (Lupi, 2007). Um cavalo com uma estrutura errada para a Dressage poderá melhorar com o trabalho mas nunca chegará ao topo, ao invés, um cavalo com a estrutura certa, com menos treino, chegará mais facilmente mais longe (Wardrope, 2005). Um dos mais importantes requisitos para a Dressage é o cavalo suportar uma grande percentagem do seu peso do corpo no quarto traseiro (Wardrope, 2005), e por essa razão começaremos por falar da conformação da parte de trás. No topo da Dressage todos os cavalos que lá se encontram têm a articulação lombosacral em linha (ou perto) com a ponta da anca (ver Ilustração 2 – A). Isso provoca um maior acoplamento permitindo assim menos lesões provocadas pela exigência dos exercícios de Dressage (Wardrope, 2005). Normalmente têm os posteriores bem direitos, e a soldra encontra-se ligeiramente afastada do corpo o que permite com um pequeno fechar dos ângulos os posteriores entrarem bem debaixo da massa (Wardrope, 2005). Estes cavalos devem ter o Ílio mais perto da horizontal e o fémur deve ser comprido e perto da vertical (Wardrope, 2005). Os cavalos mais predispostos para a concentração têm o fémur menos na vertical, como o caso dos cavalos ibéricos (PSL e PRE), fazendo uma espécie de um “7” na ligação ponta da anca – ponta da nádega – soldra (ver Ilustração 2 – B), ganhando assim uma acrescida dificuldade nas extensões (Wardrope, 2005). Preferivelmente, o cavalo de Dressage deve ter tanto predisposição para a concentração como para a extensão (Wardrope, 2005), tendo assim os ângulos ideais da inclinação da garupa cerca de 30º e o fémur perto de 90º (ver Ilustração 2 – C) (Santos, 2009). O ângulo do curvilhão deve ser bem aberto, aproximando-se de 160º (Santos, 2009). Na frente do cavalo interessa ter a ponta das espáduas alta, para poder ter ligeireza no ante-mão (Wardrope, 2005). A inclinação da escápula deve ser próxima de 62º (ver Ilustração 2 – D) (Santos, 2009) e o úmero deve ser longo, possibilitando assim ao cavalo dar passadas maiores e mais longas (Wardrope, 2005). 15 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça A B C D Ilustração 2 – A: Articulação Lombo-sacral em linha com a Ponta da Anca; B: A conformação em “7” na garupa do cavalo Lusitano; C: Valores ideais na conformação do post-mão do cavalo de Dressage; D: Valor ideal na conformação das Espáduas do cavalo de Dressage (adaptado de: A – Wardrope, 2005; B – Andalusians for you, 2011; C e D – Santos, 2009). Outro ponto extremamente importante é a liberdade do codilho. Este não deve estar muito próximo das costelas pois, com o movimento do cavalo, tocará no corpo, provocando assim um encurtamento do tempo da passada, resultando em passadas mais curtas (Wardrope, 2005). No cavalo de Dressage também se pretende a elasticidade. Com elasticidade, o ritmo já contém cadência, provocando um maior swing, cobrindo então mais terreno a cada passada. O cavalo torna-se mais estável e facilmente controlável. Na maioria dos Lusitanos a elasticidade não é um ponto a favor. (Vidigal, 2005). Em termos mais gerais, o cavalo de Dressage deve apresentar uma altura ao garrote elevada, o comprimento dos membros deve ser considerável, o pescoço não deve ser longo, deve ter um peitoral amplo e um dorso comprido. O rim deve ser curto tornandose assim mais forte (Santos, 2009). Num estudo feito para comparar características do passo, trote e da conformação de cavalos novos da Alemanha, França e Espanha, conclui-se que as características dos cavalos Alemães adaptam-se mais às características do cavalo de Dressage (Lupi, 2007). 16 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça 4. Descrição do Trabalho Realizado O Estágio teve início no passado dia 28 de Fevereiro (segunda-feira) e o seu término verificou-se em 28 de Maio (sábado). Realizou-se nas instalações da Quinta dos Cedros – Almargem do Bispo, uma quinta dedicada à criação de cavalos Lusitanos. A supervisão e orientação estiveram a cargo do cavaleiro Miguel Ralão. O primeiro dia de estágio, por ser segunda-feira, imediatamente a seguir à folga semanal, foi dedicado a passar os cavalos à guia. Este método usado pelo cavaleiro tem como finalidade a preparação dos cavalos para o trabalho que vai ser desenvolvido durante a semana. Alguns cavalos, principalmente novos, foram também passados à guia, ou a meio da semana ou no fim desta, de acordo com a sua idade ou forma física. Assim, era possível repor as capacidades físicas e a energia eventualmente consumidas com o trabalho semanal. Tendo em conta a sua forma física (debilitação devido à época reprodutiva ou cavalos novos na Quinta, por exemplo), os cavalos mais avançados eram passados à guia de manhã e montados à tarde. O objectivo deste trabalho era o desenvolvimento muscular do cavalo, de forma a suportarem o ritmo de treino pretendido. Este método foi também adoptado para o cavalo que o aluno levou para o estágio, de modo a que o cavalo melhorasse a sua condição física. As principais tarefas a realizar todas as manhãs eram: Colocar os cavalos na Guia Mecânica; Preparar os alimentos suplementares para ministrar à tarde; Passar à guia os cavalos que era necessário; Efectuar tratamentos a cavalos com alguma lesão ou doença; Aparelhar e montar cavalos. A Guia mecânica serve para os cavalos fortalecerem os tendões (piso duro) e era um pré-aquecimento para o trabalho à guia ou montado. Uma vez que existiam cavalos que não podiam andar juntos, essa tarefa tinha que ser bem gerida. A limpeza diária dos cavalos procedia-se antes de andarem na guia mecânica, assim como a colocação de caneleiras para protecção dos membros. Andavam cerca de 20 minutos. Os alimentos suplementares ministrados eram as cenouras, beterraba e farelos. As cenouras e os farelos serviam-se a todos os cavalos diariamente, entre a refeição do meio-dia e da noite. A beterraba era preparada no período da manhã (por levar água 17 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça quente e necessitar de arrefecer), sendo apenas fornecida a cavalos que se apresentavam mais magros. Na maior parte do tempo, o orientador externo do estágio, por trabalhar noutro local, não se encontrava nas instalações da Quinta durante o período da manhã. Durante essas ausências, a supervisão era feita pelos funcionários do cavaleiro. Nestas ocasiões, o trabalho de cada cavalo, para a manhã seguinte, era definido na véspera. As actividades realizadas à tarde podem resumir-se por: Aparelhar os cavalos; Ministrar os suplementos; Montar o cavalo próprio; Aulas com o orientador; Tratamento a cavalos. As aulas com o orientador eram direccionadas para a Dressage, sendo a maioria com cavalos Lusitanos. Normalmente, as aulas eram leccionadas em cavalos novos, com o objectivo de estes entrarem em competição posteriormente. Procurava-se, fundamentalmente, o ritmo, a souplesse e o contacto, sempre com uma enorme preocupação com o desenho das figuras, com a perfeita execução dos exercícios e das transições harmoniosas entre os diferentes andamentos. Outro ponto ao qual o orientador deu importância foi a posição do cavaleiro, pois apenas com uma boa posição a cavalo é que as ajudas podem ser justas, claras e precisas. Nos dias seis e sete de Abril o Juiz Internacional de Dressage – Stephen Clark proporcionou um estágio, de modo a que os cavaleiros percebessem como devem trabalhar os seus cavalos, com o intuito de realizarem melhores prestações em provas. Como foi facultada a assistência ao estágio do Juiz Internacional, pôde-se comprovar que a maioria dos cavalos inscritos era de raça Lusitana. No final, o Juiz Stephen Clark comentou que se encontrava bastante satisfeito com o treino dos cavalos Lusitanos, dizendo que se encontravam bem trabalhados e deveriam continuar assim. Foi pedida a ajuda no fim-de-semana de sete e oito de Maio para auxiliar o cavaleiro e as suas alunas num CDN no Centro Hípico da Beloura. As principais tarefas resumiramse a aparelhar os quatro cavalos e ajudar no aquecimento (tirar caneleiras, limpar o cavalo, limpar as botas, dar a cartola e o stick). Para além disso, foi prestada ajuda na alimentação dos cavalos, limpeza das boxes assim como dos corredores, limpeza do material e sua arrumação. 18 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça O último dia decorreu normalmente, acabando com uma lição na carriére de ensino com o cavalo Zaire. 19 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça 5. Resultados e Discussão 5.1. A Selecção de Reprodutores A selecção dos reprodutores da raça é extremamente importante para a melhoria e evolução da raça. A admissão de reprodutores para o Cavalo Lusitano, como podemos ver na revisão bibliográfica, não é muito clara nem objectiva. Na Tabela de Pontuações, em cada parâmetro é dada uma nota de 0 a 10, que multiplicado pelo coeficiente dá a pontuação do animal. O fenótipo ideal corresponde à pontuação de 100 pontos. Essas pontuações baseiam-se no padrão da raça. No padrão da raça admite-se que a cabeça e o pescoço são de comprimento médio, não existindo qualquer valor ou comparação dizendo qual o comprimento médio. Assim, cada Juiz deverá, consoante o seu critério e observação, definir qual o comprimento médio. Essas pontuações mudam de Juiz para Juiz e consoante o local de concurso, podendo colocar a objectividade e parcialidade do processo em risco. Para os outros parâmetros da Tabela de Pontuações também se pode colocar a mesma questão, uma vez que a maior parte das zonas a avaliar segundo o Padrão da Raça, estão incompletas e, por isso, pouco objectivas e claras. Numa segunda fase de avaliação (fase facultativa) os reprodutores da raça são avaliados segundo a grelha holandesa (a mesma que a raça KWPN). Apenas os proprietários/criadores que queiram que o seu reprodutor dê mais “produtos” por ano irá a essa fase. Assim, nem todos os reprodutores têm de passar nesta fase. Esta fase é classificada segundo uma avaliação linear. Comparando a Tabela de Pontuações com a Grelha Holandesa (ver Anexo B) nota-se imediatamente um enorme incremento na variedade de parâmetros que esta avalia. No sistema de avaliação da Grelha Holandesa o animal é avaliado não com base no modelo ideal da raça, mas sim no que é observado. Deste modo, o animal é avaliado de uma forma mais clara e concisa. 5.2. A Escala de Treino para o Lusitano De modo a obter-se um cavalo para a Dressage é importante o uso da Escala de Treino para trabalhar o animal, pois é o método de treino adequado para esta competição. 20 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Portanto, a pergunta de “Como trabalhar o cavalo Lusitano segundo a Escala de Treino?” foi feita a alguns cavaleiros, nacionais e internacionais, que trabalham diariamente esta raça de cavalos e a alguns treinadores que também têm contacto com o cavalo Lusitano na área da Dressage. As respostas foram todas bastantes aproximadas, começando sempre por referir que a escala de treino é um método que se aplica a todas as raças, e deve ser seguido pela ordem em que se encontra. Depois também é bastante claro que o importante é os três primeiros degraus da escala (Ritmo, Souplesse, Contacto), pois tendo estes bem consolidados os últimos três conceitos (Impulsão, Rectitude, Concentração) aparecem naturalmente com a continuação de trabalho. Agora no que respeita o Lusitano, é claro que o que difere das outras raças é a sua selecção, pois é um cavalo que não foi criado para a competição e a sua morfologia “foge” um pouco ao que se espera de um cavalo de competição (neste caso para a Dressage). Os Lusitanos tendem a precipitar fazendo muitas passadas rápidas mas consequentemente curtas. Por essa razão é importantíssimo perder tempo no que toca ao trabalho do ritmo e existe uma concordância que, com o tempo suficiente perdido no ritmo à procura da cadência, também se consegue ganhar suspensão nas passadas e mesmo não sendo o melhor cavalo de competição é possível lá chegar. No que toca ao souplesse todos dizem que o Lusitano erra por excesso, sendo crucial um controlo desde o início. Muitas vezes vêm-se cavalos que não conseguem manter uma linha em frente por mais de três metros. Por vezes ao trabalhar, procurando o souplesse, o cavalo precipita, perde o ritmo ou, ao invés de lateralizar, descai. Continuando para o último conceito dos três primeiros degraus da Escala de Treino, o contacto, também neste existe uma consonância. É um cavalo que facilmente se “encapota”, ou seja, a linha do chanfro passa para trás da vertical. É muito importante trabalhar e ter os dois primeiros conceitos da escala de treino bem consolidados para então se trabalhar o contacto sem que isso aconteça. Deve-se sempre manter um ritmo lento e deixar o cavalo bem livre na frente para evitar esse mal de hiperflectir. De um modo geral, os entrevistados admitem que é importantíssimo trabalhar, o tempo que for preciso, até estarem perfeitamente consolidados, nestes três conceitos base da escala de treino. 21 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Por norma, nos últimos três conceitos da Escala de Treino, o cavalo Lusitano desenvolve-se bem, a Impulsão é um conceito relativamente fácil de atingir, pois é um cavalo com vontade de andar, vibrante, mas facilmente controlável. A Rectitude, sendo um cavalo normalmente de dorso curto assim como o rim e o pescoço grosso e também curto, não é muito difícil de encontrar. No último grau da Escala encontra-se a Concentração a que rapidamente o cavalo Lusitano chega: por ser pequeno “fecha-se” com alguma facilidade. Em comparação com o Warmblood, por exemplo, o Lusitano demora mais tempo a desenvolver os primeiros três conceitos da Escala, podendo demorar até aos seis, sete anos, mas depois desses conceitos consolidados pode tornar-se num cavalo de Grande Prémio em apenas um ano. Em contrário, o Warmblood mais facilmente consolida os três primeiros conceitos da Escala, mas depois tem que se gastar mais tempo na preparação para o nível mais alto da Dressage. 5.3. Resultado do Lusitano nos vários níveis de Ensino Aqui serão apresentadas as pontuações dos cavalos que fizeram provas em 2011 e incorporam o projecto de cavalos Lusitanos na Dressage. Foram seleccionados estes cavalos pois pressupõe-se que sejam os Lusitanos que actualmente melhor se adaptam à prática desta modalidade a nível nacional. Tabela III - Pontuações dos vários cavalos nos diferentes níveis de provas (Fonte: FEP, 2011) Cavalo Nível de prova Rubi Grande Prémio Taxativo Grande Prémio Regalo Grande Prémio Zuelo Complementar Zulu Complementar Pontuações 66,659% 69,660% 66,681% 69,362% 63,500% 64,680% 62,553% 64,260% 63,262% 63,050% 61,192% 62,489% 62,137% 68,547% 66,750% 62,137% 61,453% Média das Pontuações 68,091% 63,500% 63,069% 65,811% 63,102% 22 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Arabesco Complementar Xenofonte D’Atela Complementar Arrogante Médio Barroco Elementar Bem Me Quer Elementar Biscoito Elementar Conquistador Coutada Preliminar Coeso Preliminar 66,068% 62,750% 66,200% 68,800% 61,170% 61,970% 59,915% 63,417% 57,435% 60,940% 60,351% 65,702% 68,000% 67,667% 67,667% 66,778% 69,000% 68,222% 55,111% 59,778% 59,600% 61,900% 62,290% 64,700% 62,120% 63,140% 62,420% 63,030% 65,606% 67,500% 60,808% 63,027% 67,528% 68,611% 59,097% 63,037% 63,549% Seria interessante obter os resultados em cavalos novos dos Lusitanos que estão em Grande Prémio, mas, nem a APSL nem a FEP, têm esses registos. Assim, foi necessário comparar cavalos novos e cavalos com mais ensino, existindo muitas variantes diferentes (cavaleiros, treinadores, cavalos, ambiente, local das provas) a condicionar a formulação de possíveis conclusões. Sendo o número de comparações reduzido, os resultados não podem ser concisos. Para tentar chegar a uma conclusão mais objectiva e concreta, comparou-se as pontuações obtidas com o que foi dito pelos cavaleiros e treinadores de Dressage, sobre o trabalho do Lusitano segundo a Escala de Treino. Sabemos que, até ao nível Elementar, os exercícios e figuras pedidas nas provas de Ensino apenas contêm os três primeiros conceitos da Escala de Treino (Ritmo, Souplesse, Contacto). No ensino Médio e Complementar os três conceitos anteriores já têm de estar consolidados, começando a introdução da impulsão, rectitude e 23 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça concentração. No nível Grande Prémio todos esses conceitos já devem estar perfeitamente firmados. Com o que foi dito na Escala de Treino relativamente ao Lusitano, sabemos que é mais complicado em novo, quando ainda não está ritmado, flexível e com um contacto estável, chegando, depois de firmar essas fases, rápido ao Grande Prémio. Pode-se afirmar assim que será mais fácil nessa última fase. Considerando aqui cavalos novos, no nível Preliminar e Elementar encontram-se os cavalos Barroco, Bem Me Quer, Biscoito, Conquistador Coutada e o Coeso, com idades compreendidas entre os quatro e os cinco anos. As suas pontuações variam entre 59,097% e 68,611%, perfazendo a média de 64,364%. No nível Médio e Complementar, com idades entre os seis e os oito anos, encotram-se Arrogante, Arabesco, Zulu, Zuelo e o Xenofonte D’Atela. As suas pontuações encontram-se entre os 60,808% e os 67,500%. A sua média é de 64,050%. No nível do Grande Prémio estão os cavalos Rubi, Taxativo e Regalo. A média das suas pontuações é de 68,091%, 63,500% e 63,069%, respectivamente. A média de pontuações para os cavalos de Grande Prémio é assim 65,220%. De facto, os cavalos novos obtiveram menores pontuações do que os cavalos de Grande Prémio. Este resultado vai de encontro ao que os cavaleiros responderam – os Lusitanos têm mais dificuldades nos três primeiros conceitos da escala de treino, melhorando depois no Ensino mais avançado. 5.4. Lusitano vs. KWPN A escolha da raça KWPN para a comparação com o Lusitano deve-se ao facto de esta se encontrar no primeiro lugar do ranking das raças de Dressage (ver Tabela III), considerando-a, por isso, a raça que mais se aproxima da morfologia e características pretendidas no cavalo de Dressage. A pontuação deste ranking deve-se às prestações efectuadas em prova, quer seja dentro ou fora do país de origem do cavalo, este apenas tem que estar federado. A comparação destas duas raças baseia-se nas pontuações obtidas em provas de cavalos novos e no nível Grande Prémio. 24 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Tabela IV - As dez raças com melhores prestações em Dressage (fonte: FEI, 2011) Rank StudBook Points 1 Koninklijk Warmbloed Paardenstamboek Nederland 13161 2 Hannoveraner Verband e. V. 11032 3 Danish Warmblood Society 10834 4 Verband der Züchter des Oldenburger Pferdes e.V. 10399 5 Westfälisches Pferdestammbuch e.V. 9795 6 Rheinisches Pferdestammbuch e.V. 9042 7 Swedish Warmblood Association 8336 8 Lusitano 7006 9 Pura Raza Español 6874 10 Verband der Züchter des Holsteiner Pferdes e.V. 6580 5.4.1. Provas cavalos novos Para comparar o Lusitano com o KWPN, serão mostrados os resultados do campeonato do mundo de cavalos novos seis anos que ocorreu em Verden (Alemanha) em 2010. Neste campeonato existem três provas: a prova de qualificação, a pequena final e a final. Na prova de qualificação apura-se quais os cavalos que vão disputar a pequena final e a final. À final passam os 12 melhores da prova de qualificação mais os três melhores da pequena final. É de salientar que os 12 melhores cavalos da prova de qualificação passam directamente à final, não competem na pequena final. Havendo apenas dois Lusitanos a competir, nenhum chegou à final, os resultados que se compararam são apenas o do melhor cavalo KWPN com o melhor Lusitano qualificado na pequena final. Este campeonato de cavalos novos não é classificado segundo os mesmos critérios das provas de nível superior (ver Anexo A). A classificação final é de 0 a 10 pontos. Tabela V - Resultado do KWPN e do Lusitano nas provas de cavalos novos de 6 anos (Adaptado de: Hippo online, 2010) Classificação Cavalo Raça Pontuação 1º Ziesto KWPN 8.42 15º Zaire Lusitano 7.12 25 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça O cavalo KWPN obteve maiores resultados nas provas de cavalos novos seis anos porque também se adequam mais à morfologia do cavalo de Dressage. Além disso, nas provas baixas o que mais importa são os três primeiros conceitos da escala de treino, e tendo o KWPN uma maior elasticidade (provocando um ritmo com maior cadência e swing, tornando-se mais constante), o souplesse por isso também é maior e os cavalos apresentam-se mais estáveis com um contacto mais constante, elástico e permanente. Como se pode verificar na bibliografia consultada, o Lusitano é mais predisposto para a concentração – devido à ligação da ponta da anca à ponta da nádega e à soldra ter um ângulo mais fechado. Como nas provas de cavalos novos o que se procura é a extensão, o andamento natural (não alterado pelo treino) e o “para diante”, é difícil ao Lusitano acompanhar os cavalos que, pela sua morfologia (como é o caso do KWPN), o conseguem fazer sem grande esforço. 5.4.2. Provas Grande Prémio Para as provas de Grande Prémio procuraram-se as pontuações dos últimos Jogos Equestres Mundiais. A comparação, tal como para os cavalos novos, é entre o melhor cavalo da raça KWPN com o melhor Lusitano classificado, considerando-se que para competir a este nível ambos os cavalos já apresentam toda a Escala de Treino consolidada. Tabela VI - Resultados do KWPN e do Lusitano nas provas de Grande Prémio (Fonte: FEI, 2010) Classificação Cavalo Raça Pontuação 1 Totilas KWPN 84.043% 35 Rubi Lusitano 66.766% O lusitano tem uma maior facilidade nos exercícios de concentração, ajudando-o assim em alguns exercícios das provas de Grande Prémio. No entanto, nota-se uma diferença ainda grande de pontuações entre os dois cavalos. Pode explicar-se este facto por a prova ter corrido mal, mas já vimos anteriormente que as médias de pontuações deste cavalo Lusitano (Rubi) rondam os 68 %, não se afastando do resultado obtido nesta prova. Apesar de a concordância entre cavaleiros e treinadores de que o cavalo Lusitano é melhor a nível Grande Prémio, e a sua morfologia indicar que é melhor em exercícios 26 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça de concentração (exercícios mais próprios do nível Grande Prémio), ainda não se aproxima da melhor raça de competição para Dressage. Foi referido atrás que o Warmblood (neste caso referente ao KWPN) tem mais dificuldade em consolidar os últimos três conceitos da escala de treino, no entanto quando consegue atingir esse patamar (toda a escala de treino consolidada – cavalo ensinado) as suas pontuações aproximam-se da perfeição, no que toca à Dressage, sendo difícil de igualar. Deve-se muito à sua elasticidade e andamentos “para frente” (que o Lusitano tem muito pouco). Ao conseguir também o controlo da Concentração torna-se num cavalo exuberante em prova. 27 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça 6. Conclusões Cada vez mais há profissionais a apostar no cavalo Lusitano para a competição de Dressage. O estágio com um cavaleiro olímpico foi muito favorável à aprendizagem do estagiário. Poder observar os métodos e treinos de vários cavalos lusitanos ligados à competição de Dressage foi enriquecedor, ajudando também à elaboração deste relatório. A realização de aulas diariamente ajudou bastante a evoluir na prática da equitação, essencialmente na disciplina de Dressage. A oportunidade de assistir a um estágio com um Juiz Internacional foi importante, percebendo essencialmente o valor do cavalo Lusitano na competição de Dressage. O apoio que o estagiário deu no fim-de-semana de provas, trouxe uma maior percepção de como preparar-se para uma prova de Dressage. A hipótese de integrar numa equipa ligada à competição de Dressage permitiu ao estagiário perceber a importância do trabalho em equipa e de como agir no mercado de trabalho. A depender dos objectivos gerais da Raça Lusitana é necessário que o critério de selecção de Reprodutores seja mais objectivo, para poder haver um maior número de cavalos a competir nesta modalidade e obter melhores resultados. Os resultados em prova dos Lusitanos aqui demonstrados ainda estão longe do melhor cavalo de Dressage. O Lusitano é um cavalo que morfologicamente não se adapta à prática da Dressage de competição. No entanto consegue competir entre os melhores, estando em oitavo lugar em 31 raças, no ranking das melhores prestações em Dressage. Esse resultado deve-se, principalmente, à sua facilidade em aprender, à sua versatilidade e à “montabilidade” que apresenta, deixando-se assim ensinar com relativa facilidade. Apesar dos resultados das pontuações obtidas em prova serem pouco concisos, nota-se uma pequena melhoria dos cavalos novos para o Grande Prémio. Este facto também é comentado pelos cavaleiros e treinadores. Pode-se afirmar que o Lusitano tem melhores prestações em prova depois de treinado e os andamentos estarem melhorados. Os seus andamentos naturais não vão de encontro ao que se procura nas competições de cavalos novos. 28 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Bibliografia ABREU, F. C. (2010), Técnicas Equestre – Evitar os Males Maiores Adequando Exigências, Revista Equitação, nº 83. ANDALUSIANS FOR YOU, (2011), Cremello Lusitano – PSL, (on-line em: http://www.andalusians-for-you.com/cremello.html, consultado a 05/09/2011) ALMEIDA, R. C. 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ZOOTUR, (2010), Padrão da Raça Lusitana, (on-line em: http://www.tclusitanos.com/cavalo, consultado a 05/09/2011). 30 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Glossário ADN Mitocondrial – ADN localizado na mitocôndria (organelo celular). Eumétrico – referente à eumetria: qualidade dos animais que representam o peso e proporções normais da espécie. Fenótipo – conjunto de caracteres exixtentes num indivíduo, hereditárias ou adquiridas. Mediolíneo – termo médico que define uma constituição intermédia, entre o brevilíneo e o longilíneo. Montabilidade – facilidade com que o cavalo se deixa montar. Ranking – posição numa escala. Sangue quente - animais com um temperamento fogoso. Stud-Book – Livro de registos de cavalos de uma determinada raça cujo os ascendentes são conhecidos. Swing – mover-se livremente e com suspensão. Taras - são sinais externos (geralmente nos membros) de lesões adquiridas que desvalorizam o animal. Warmblood – raças de origem, principalmente, europeia com o objectivo de produzir cavalos para desporto. É uma mistura de cavalos “pesados”, de “sangue frio” com cavalos finos, de “sangue quente”. Estes cavalos possuem um porte intermédio, não são tão excitados como os cavalos de “sangue quente” e não são tão dóceis como os de “sangue frio”. 31 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Anexos Anexo A – Folha de avaliação para as provas de cavalos novos 6 anos (FEI, 2009). 32 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Anexo B – Exemplo de uma classificação linear (grelha holandesa) (Fonte: KWPN, 2011). 33 Relatório de Estágio – Luís Tiago Teixeira da Graça Anexo C – Continuação de uma classificação linear (grelha holandesa) (Fonte: KWPN, 2011). 34