Revolução Francesa Cenário - 7 cadeiras - 1 lata de tinta

Transcrição

Revolução Francesa Cenário - 7 cadeiras - 1 lata de tinta
Revolução Francesa
Cenário
- 7 cadeiras
- 1 lata de tinta
- fundo preto
Abre o espetáculo c/ música. A música pára, mas o apresentador não aparece. Todos voltam a conversar.
Entra a Burguesia.
B – (Entra olhando repreensivamente para os convidados e sorridente para a platéia)
Boa noite, querido público e clientes. Em primeiro lugar, desculpe o atraso, mas este trânsito está um
inferno. O que significa que nós estamos vendendo muitos carros... Olha que bom.
Como vocês já devem ter percebido, este é um programa de entrevistas. Vamos entrevistar hoje alguns
personagens famosos e históricos – Claramente, todos me pertencem.
Esqueci de me apresentar. Eu sou a Burguesia. O Capitalismo; numa linguagem moderna eu sou o shopping
center. Não esquecendo é claro, de agradecer nossos patrocinadores...
Enfim. Vamos entrevistar a Revolução Francesa, ou, os personagens que acham que foram importantes na
Revolução. (Marselhesa) Vocês vão ver, sempre à direita, Maria Antonieta, rainha da França representando
a nobreza e o rei – que infelizmente não conseguiu juntar os dois pedaços; Ao lado, Charllote Corday, uma
ex-partidária jacobina que descobrimos ser uma espiã dos girondinos. Aqui ao meu lado, o grande (... Ta,
tira o grande) Napoleão Bonaparte – General, Cônsul e Imperador.
Bom, pela esquerda, mas não representando o PSDU, Maximillian de Robespierre, o chefe do terror.
Ao lado, dormindo, Jean Paul Marat. Depois temos o grande (... esse sim) Georges Danton, advogado e
orador adorado pelo povo.
D – (interrompendo a burguesia) Obrigado pela oportunidade, eu gostaria de dizer que é uma hon...
B – (cortando Danton) Sr. Danton, ainda não... Continuando, vamos fazer a...
(olhando para o povo) Ei, quem é você?
P – Uai, eu sô o povo!
B – Mas você não foi convidado.
P – Não?
B – Não! Como você entrou aqui?!
P – Uai, tinha uma fila, eu peguei, ninguém me paro eu entrei. O Sr vai me “estrevistar” também?
C – (reclamando) Esse povo não sabe se comportar.
M.A. – Povo?! Quem é o povo?
R – Senhor, quer que eu cuide dele?
N – Prepararei uma magnífica estratégia para expulsar o indivíduo.
P – Oia, mai eu to importante né, vai ter até uma... uma o que?
N – Estratégia.
D – Com licença senhor, permita-me defender essa classe...
C – (interrompendo) Quem disse que o povo tem classe?
M.A. – Mas ninguém vai me explicar quem é o povo?
D – (continuando)... Continuando, permita a presença do povo nesse debate, o povo precisa ser ouvido!
B – Não! O povo não sabe o que diz.
D – Mas a gente ensina o que ele deve dizer.
B – Isso já existe! O nome é televisão.
D – Mas pense melhor amigo! O que seria dos seus crediários se não houvesse o povo?
P – “Exclusive” ô seu Burguesia, to devendo aquelas duas parcelas, mas eu te pago! Prometo!
B – (pensando) É, isso pode até ser divertido.
D – Então o povo fica?
P – É? A não, mas agora eu quero ir embora!
B – Fica, povo.
B – (começando) Vamos começar com Marat, antes que ele caia em sono profundo. JEAN PAUL MARRAT!
Todos – (chamando Marat)
D – (empurrando) Marat, acorda ai, Ow
M – (acordando) Nossa Quanta gente, quando eu cheguei não tinha ninguém.
C – Como eu pude participar disso?
B – (olhar para C) Conte para gente, Marat... Quem é você?
M – Bom, Sou Jean Paul Marat. Fui jornalista, filósofo e cientista, se bem que algumas pessoa não
concordavam...
C – Você esqueceu de dizer traidor.
M – Ah, e fui eu quem criou o jornal amigo do povo.
B – Qual sua importância na Revolução?
M – Fui um jornalista radical, bem radical. Através do meu jornal eu incentivava o povo, e a revolução
também.
B – Diga sua principal característica.
M – Eu sempre fui muito agitado.
B – Como foi sua morte?
M – Eu estava em minha banheira, quentinha, quentinha bem relaxado. Quando, de repente, ouço alguém
bater na porta, reconheci a voz e pedi que entrasse. Vi que era uma grande amiga, só amiga, então ela veio
até mim e me fez uma massagem, depois ela me apunhalou. (e foi com uma lamina de 6 polegadas ).
B – E como você se sentiu?
M – Morto.
B – Se pudesse mudar alguma coisa na sua vida, o que mudaria?
M – Ah, se eu pudesse mudar alguma coisa eu iria tomar menos banho de banheira, e se alguém me
oferecesse uma massagem eu iria desconfiar .
B – É a inveja é um problema, não é?
Também, se Lavoisier fosse só cientista e não cobrador de impostos estaria morto, mas com a cabeça no
lugar...
Mas querido Marat, será mesmo que foi assim? Vamos perguntar para sua amiga, Charllote.
Conte para o nosso público, quem é você.
C – Alguns me chamam de assassina, outros de traidora, mas não sou nada disso. Eu sou Charlotte Corday,
descendente de uma família da pequena Normandia. Fui educada e criada em um convento em Caém.
P – Convento? Oia o que o convento faz com as pessoas.
N – Povo, silêncio.
P – E vem o governo e cala o povo.
C – Quieto seu fedido.
P – Sô fidido mais num sô sassino, nunca que eu sassinei ninguém
C – Matei um homem, mais salvei a França.
B – Podemos voltar à entrevista?
P – Eu tava quieto
N – Povo, nem mais um piu!
P – (sussurrando)Piu, piu, piu ...
B – Charllote, qual foi sua importância na revolução?
C – Como eu dizia, livrei o país de um tirano, de um manipulador. Acabei com a voz que enganava o povo
com notícias falsas.
R – Não acredito! Você? Salvar a França? Huum
P – (interrompendo) Gente, fecharam a Globo?
B – Você está louco?! ... Continue Charllote, diga-nos, como você morreu?
C – Eu fui guilhotinada. Depois de quatro dias que eu salvei a França.
D – Mas não deixa de ser um assassinato.
B – Posso continuar?
D – Claro, mas depois é minha vez?
B – Se pudesse mudar alguma coisa na sua história, o que mudaria?
C – Eu não me relacionaria com pessoas de baixo nível.
M – Falei que não te traí, não era eu, era mentira.
P – Ô seu Marat, o Sr amava ela memo? No duro?
M – Até de baixo d’ água.
D – É o amor!!!
MA. – Não é possível, música sem categoria...
C – Eu não te perdoei nem na beira do meu caixão.
B – Bom Charllote, já terminei com você. Vamos chamar agora...
D – EU! Eu! Eu to pronto!
P – É! Chama o Sr Dantonho ele é o maior!
B – Só por isso, não vou chamá-lo; mas vou chamar o seu melhor amigo... Robespierre. Diga-nos, quem é
você?
R – Maximilein François Marie Isidore de Robespierre, fui um advogado do partido dos jacobinos e político
francês.
P – (resmungando)
R – Como eu ia dizendo - meus amigos me chamavam de “o incorruptível”.
P – Ô homi bravo esse seu Robis, esse era um terror!
D – E os inimigos o chamavam de TIRANO, SANGUINÁRIO, TRAÍRA...
R – Danton agora não, estou dando entrevista, primeiro que você.
P – O seu Robis, não fala assim do seu Dantonho, tadinho dele.
N – Povo, cale-se!
P – E mais uma vez o poder cala o povo, isso tem nome hein! Se chama... ô seu Dantonho, qual é o nome
daquilo que faz o povo fica calado?
D – É educação povo.
P – aah (silêncio)
B – Agora sem interrupções, Robespierre, qual sua importância na revolução?
R – Eu fui um dos que pediram a condenação do Rei Luis XVI.
M.A. – O meu marido? Então o Sr. deve ter pedido a minha também?
R, M, D – (ar de “FOMOS NÓS”)
M.A. – Como você pôde?!?!
R – Também criei o comitê de Salvação Pública para perseguir os inimigos da revolução.
C – Eu inclusive.
R – (careta) Mandei Danton para a guilhotina.
D – (cara feia)
B – Como foi sua morte?
R – Numa reunião tumultuada sofri um atentado e fui ferido na mandíbula, meu fiel amigo Saint-Just ficou
comigo a noite inteira ...
Todos – (Hmmm)
R –... Cuidando de mim, só cuidando.
Todos – (Hmmmm)
R – E fui guilhotinado dois dias depois.
M.A. – Bem feito! Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
B – Maximillian, se pudesse fazer alguma coisa diferente, o que teria feito?
R – Nunca teria confiado em Danton.
D – Mas você nunca confiou.
R – Eu era seu amigo.
P – Deus tá veno...
M.A. – Povo, já chega!
P – Vai te cata ô piruona, aposto que lá no seus palhaços nem tinha banheiro
M.A. – não mesmo, como você soube?
N – Povo, já chega, você está ofendendo uma dama!
P – É que quando nóis fumo lá invadir o seu palhaço, que era pra modi de matar vocês tudo, ai deu uma
vontade de fazer as coisa né, e num tinha banheiro e nos tivemu que fazer é no mato
B – Enfim, ex-majestade...
N – Eu?
B – Não, quando me referir ao senhor direi ex-ditador... ou baixinho mesmo.
N – Não precisa ofender senhor.
B – É assim que tratamos nossos colaboradores. Mesmo quando dizemos que eles são nosso maior
patrimônio. Refiro-me a Maria Antonieta. Muito bem, ex-majestade. Conte, quem é você?
M.A. – Meu nome é Maria Antonieta, fui da família dos Habsburgo da parte austríaca da família, era
arquiduquesa de Veneza e rainha da França, esposa de Luís XVI.
B – Que orgulho hein...
M.A. – Nem tanto. Na verdade o rei apesar de nobre tinha alguns defeitinhos. Por exemplo: era muito
indeciso, comia demais e tinha fimose.
B – E demorou 7 anos para operar.
M.A. – E eu esperei
M – Espera, acho que você pulou a cerca.
C – Ta vendo, ta vendo, só pensa em traição.
P – Oia o galho!
D – Povo, faça silêncio, se não o baixinho se exalta de novo.
B – Conte-nos a sua importância para a revolução.
M.A. – Nós, os nobres fomos importantíssimos, principalmente eu e meu marido, afinal se não fosse às
burradas dele...
R – (interrompendo) E a sua futilidade.
M.A. – Fútil, eu ?!
D – Fútil ai é só a peruca.
B – Sim Danton, o resto é inútil mesmo.
M.A. – Mas desse modo os senhores ofendem a nobreza.
P – Ói, eu nem ofendi ainda, vai tê minha vez?
B – Rainha, conte-nos a característica principal da senhora.
M.A. – A nobreza sempre foi muito digna, por exemplo: mama foi nobre, papa foi nobre, até meu
cachorrinho David Beckham era nobre. Todos diziam que a nobreza era inútil, pois não pagávamos
impostos, mas veja bem, cobrávamos impostos e depois jogávamos. Às vezes ganhava bastante dinheiro,
às vezes perdíamos uma grande fortuna.
B – Diga-nos, como foi sua morte?
M.A. – A minha morte foi tão ruim, principalmente quando via aquelas pessoas jogando alimentos em
mim. Depois dizem que estão passando fome. Mas pior mesmo foi o que fizeram com meus amigos
nobres, os prenderam depois invadiram as prisões e fizeram coisas horríveis.
P – Ói, só foi triste pra eles, por que pra nóis foi divertido.
B – É, conta para a gente
M.A. – Não tenho coragem... (Pausa, mudando de tom) Invadiram as prisões, aquele tal de povo. Diziam
que era pra acabar com a contra-revolução, mentira! Eles, ai, eles pegaram os nobres e Aiiii, os
violentaram, violentaram as mulheres, os homens, alguns até gostaram! E depois os mataram, como pode
fazer isso e depois matar?
D – Já disse um amigo meu, grande orador, isso é errado, não pode violentar um nobre e depois matar, ou
uma coisa ou outra
R – Danton, pelo bem de todos, cale-se.
D – Só porque eu disse primeiro.
R – Não vá perder tua cabeça agora.
B – É, não deixa de ser ilustrativo. Mas diga, se pudesse mudar alguma coisa o que seria?
M.A. – Na verdade não é se pudesse mudar, é se não pudesse mudar, não me mudaria pra França
B – Realmente, uma aula sobre a utilidade da nobreza.
M.A. – Obrigada!
B – Agora sim, vamos entrevistar Danton.
D – Estou pronto, amado mestre.
B – Se puxar meu saco mais uma vez, pulo você.
D – Vejam pessoas do público, como ele dá uma bronca bonita, mas estou pronto, prossiga senhor.
B – (ar de reprovação) Então conte-nos finalmente de forma sucinta. Quem é você?
D – Serei breve. Nasci numa quinta-feira, era uma manhã chuvosa...
P – Esse seu Danton era danado, ô homi bão.
B – É possível resumir em nome e profissão?
D – Senhor, eu estava na primeira página, mas tudo bem, meu nome é, Georges Jaques Danton, fui um
advogado e político importante. E um grande orador.
B – Falando em advogado, quanto tempo mesmo durou seu curso?
R – Exatos 9 meses.
D – Mas foram muito bem aproveitados, os 9 meses, eu aproveitei para treinar em todas as tavernas que
ficava em frente a faculdade, os carroceiros e os bêbados me adoravam.
P – Isso é memo, nois não intendia nada, mais nois adorava.
D – Enfim, acabei conhecendo um amigo, que havia fugido da china, que me vendeu um diploma original,
então me fiz um advogado.
B – Ok, próxima pergunta, dessa vez tente resumir. Qual foi sua importância na revolução?
D – Minha importância? Eu fui a alma da revolução.
R – A alma penada.
C – Como? Borrada?
D – Quando defendi a França, me apelidaram de "A Pátria em Perigo", em 1792
R – Depois eu livrei a pátria desse perigo.
D – Ai, o que faz a dor de cotovelo!
R – Mais eu não chorei ao ver a guilhotina
D – Aquilo era um cisco!
P – Oia, se era um cisco era grande, porque o homi choro! Mai choro que até soluçava.
B – Ok, antes que chore de novo, como foi sua morte?
D – Honrada. Fui traído, não é Maximilien, e acusado por Saint-Just, amiguinho desse ai, e fui condenado,
tudo porque, disseram que fugi, mas foi mentira.
B – Agora você vai contar a história da vózinha...?
D – Sim, viajei para visitar minha avozinha que estava doente.
R – Justamente quando se agravava a Revolução.
D – Minha vózinha estava enferma.
M.A. – Mais um pouco dirá que vestiu um capuz vermelho e foi levar a torta.
D – Qual o problema? Não posso levar uma torta para ela?
B – Ok, Danton. Se no lugar de orador você escrevesse conto de fadas, faríamos muito dinheiro...
D – O senhor acha mestre?
B – Uma característica?
D – O povo, claro, é a maior característica da minha historia, por ele vivi, e por ele fui condenado à morte.
P – (abraçando) Oia seu Danton, nois se orgulhamo do ce.
D – (se limpa) Ok povo, mas sem abraço.
B – Está claro Sr. Danton, o seu amor pelo povo... Se pudesse fazer alguma coisa diferente, o que faria?
D – Daria atenção a minha família, e cuidaria mais da minha avozinha.
R – E continuaria covarde.
B – Certo, agora vamos entrevistar o exilado de Santa Helena. O derrotado de Waterloo. O grande
imperador dos 15 anos de ditadura. E sem esquecer, meu funcionário por muito tempo... Napoleão
Bonaparte. O Napozinho. Diga, quem é você?
N – Meu nome é Napoleão Bonaparte, nasci na Córsega, fui um grande general, Primeiro
Cônsul, o Imperador da França e um grande conquistador.
C – Dessa parte, só estou estranhando o GRANDE.
B – Qual foi sua importância na revolução?
N – Simples. Eu acabei com ela e levei a França de volta ao caminho do crescimento.
M – É fazendo mais guerra e crescendo inclusive as dívidas.
N – Mas eu venci!
P – Verdade, tirando as que perdeu.
N – Povo, cale-se. Agora é a minha vez.
P – É o povo não tem vez mesmo.
M.A. – Que tal se colocássemos o povo pra fora ?
P – Se me punha pra fora, eu num pago as duas parcelas!
B – Qual sua principal característica?
N – Serei modesto e não direi que é o meu carisma e minha capacidade estratégica. Unifiquei a
França, expandi o território, treinei um grande exército, chefiei o golpe do 18 Brumário me
tornando Primeiro Cônsul.
D – O senhor não falou da Rússia.
R – Que fria hein seu Napo.
P – Sem fala em “Waterloo”, foi lá que o Sr tomo no... Tomo no prejuízo
B – Napoleão, como foi sua morte?
N – Morri de câncer no estômago. Uma morte muito dolorida, mas principalmente o que me
matou foi a saudade da França.
B – Falando em dolorido... E aquela história da derrota em Waterloo?
N – Fui vítima de uma terrível trombose hemorroidária, que me impedia de montar. Para os
apedeutas...
P – (interrompendo) Se vai falar as coisa é pra mim.
N – Sim povo, apedeutas que como você não sabem eu explico o que é uma trombose
hemorroidária.
P – Magina seu Napo, o Sr num precisa nem explicar, deixa que eu mesmo explico.
B – Povo, não...
P – Ói seu Burguesia, o Sr me perdão, ô seu Napo o Sr me perdão mai essa é boa demais eu tenho que
explicar. Ó, trombose hemorroidária, é quando as tripa inflama no Butão.
Todos – (risos)
B – Não maltrate o meu funcionário. Diga-nos Napozinho, para encerrarmos. Se pudesse mudar alguma
coisa em sua vida, o que mudaria?
N – Em primeiro lugar, não me arrependo de nada. Lembro da minha última frase “Diabos e
exército” digo, posso ter perdido a guerra, mas não perdi um minuto (arregalando os olhos).
Falando nisso, posso sair um minuto?
B – Este grande líder em sua megalomania, foi responsável pela morte de 400 mil soldados de seu próprio
exército. Claro que a guerra da muito lucro e nossas empresas prosperam. Afinal, é pra isso que tem a
guerra, vocês entendem, são só negócios.
R – Isso que eu sempre disse, nada pessoal. O que é a condenação de 17 mil franceses à guilhotina? Só
cumpri minha obrigação.
B – Bom, vamos encerrar nossa entrevista. Porque afinal, tempo é dinheiro.
P – Ó, estrevista eu! Agora sô celebridade também , não é assim? É só parecer num programa que já fica
importante!
B – Povo, você não tem nada a dizer que seja importante. Isso aqui não é Big Brother e o programa está
encerrado!
D – Povo, vamos deixar isso pra lá, eu te pago um "Bom Prato"
P – oia que não pago as parcela.
C – Povo, você acha que a miséria das duas parcelas faz alguma diferença para a Burguesia?
P – Oia, se eu num fo estrevistado aqui, eu faço uma greve!
R – Faz uma greve e eu vou providenciar algum sofrimento para você.
P – Intão desisto.
M.A. – Sr. Burguesia, agora passado tanto tempo tenho curiosidade de conhecer esse povo, porque até
hoje só ouvi falar nele. Esse povo é uma figura exótica, pitoresca, se não se importa gostaria de ouvir umas
bobagens desse povo.
B – Depois perguntam por que a nobreza perdeu o poder. Mas, hoje estou magnânimo, portanto fale povo,
se souber. A escala mais baixa da sociedade. Diga quem é você.
P – Uai, o povo é o povo, sempre foi assim, pessoa que vevi e morri, às vezes sem nem entender o que ta
fazendo aqui.
B – (olhando com cara de pouco caso para a M.A.) Continua povo, diga qual sua importância na revolução?
P – Uai, nenhuma, importante são esses pessoal que ta tudo ai, seu Robis, a dona Maria coisa ate seu Napo
né, porque enquanto esses homi importante ficava decidindo as coisa, era nois que fazia a comida, cuidava
dos cavalo, arrumava as arma.
Nois não era importante não, quando tinha guerra, nois só servia pra engrossar o exercito, nois não tinha
arma, e era os primeiro a morrer, quando acabava a guerra, os de nois que não morria, tinha que enviar os
corpo dos nobre de volta pra família, os que era povo e morria, jogava tudo junto numa vala.
Quando falaram da revolução, disseram que era pro povo, mas a primeira coisa que fizeram foi mandar um
monte de nois pra morrer nas ruas.
B – Que tocante povo. Agora diga, como morria o povo?
P – uai, morrer era nossa especialidade, o povo morria de tudo era assim: quando chuvia a gente morria de
gripe, quando fazia sol, nois morria de calor; quando a mulher ia ter um filho às vezes ela morria no parto,
e às vezes quem morria era o filho. Às vezes nois ia limpar as coisa assim ( põe o dedo no nariz) e morria!
Mas às vezes nois não morria, se bem que eu num sei se é pior morrer ou viver a vida inteira na miséria.
Mas eu não, eu fui assim ó, eu fui um dos primeiro da revolução, gritaram revolução eu fui o primeiro na
rua, gritaram que tava atirando eu fui pulando pro chão, mas acho que pulei devagar, por que levei um tiro
logo na testa, iai quando eu fui vê, já tinha morrido.
B – Qual a característica do povo?
P – num sei, num sei nem o que é isso, eu sei que a gente se ajeita do jeito que dé.
B – Se o povo pudesse fazer alguma coisa diferente, o que faria?
P – Eu queria ter aprendido duas coisa, aprendido a lê pra num ser enganado, e aprender a vota, pra num
ser roubado. Ah, tem outra coisa, se eu tivesse conhecido vocês antes, nem tinha sentado aqui perto, poi
oia, to vendo que a história é sempre a mesma, os que manda qué manda pra sempre, e o povo nunca tem
vez.