derrubando as fortalezas em sua cidade

Transcrição

derrubando as fortalezas em sua cidade
C. Peter Wagner
Derrubando as Fortalezas em Sua Cidade
Como usar o mapeamento espiritual para tornar suas orações
mais estratégicas, eficazes e com um alvo bem definido.
Série Guerreiros da Oração
Editora Bompastor
Digitalizado por BlacKnight
Revisado por SusanaCap
PDL & Semeadores da Palavra
Sumário
AS FORTALEZAS...
INTRODUÇÃO
Parte I: OS PRINCÍPIOS
1.
2.
3.
4.
VISÃO PANORÂMICA DO MAPEAMENTO ESPIRITUAL
O VISÍVEL E O INVISÍVEL
TRATANDO COM AS FORTALEZAS
MAPEAMENTO ESPIRITUAL PARA ORAÇÃO DE AÇÃO PROFÉTICA
Parte II: A PRÁTICA
5. DERROTANDO O INIMIGO COM A AJUDA DO MAPEAMENTO
ESPIRITUAL
6. PASSOS PRÁTICOS PARA LIBERTAR UMA COMUNIDADE
7. EVANGELIZANDO UMA CIDADE DEDICADA ÀS TREVAS
Parte III: APLICAÇÃO
8. MAPEANDO E DISCERNINDO SEATTLE, WASHINGTON
9. MAPEANDO A SUA COMUNIDADE
AS FORTALEZAS...
Dizem que, durante a Guerra do Golfo Pérsico, Saddam
Hussein lançava os seus foguetes Scud, e então, ficava ouvindo o
programa da Televisão CNN para descobrir se eles haviam acertado
o alvo. Os aliados, por sua vez, atacavam com bombas dotadas de
pontaria infalível, que apontavam exatamente para as chaminés ou
janelas que deveriam atingir. Acredito que é tempo dos crentes
começarem a orar com uma pontaria infalível.
Este livro desvenda as astúcias do diabo, e desvenda os alvos
de oração que forçarão o inimigo a liberar milhões de almas
perdidas, atualmente mantidas em cativeiro. Sinto-me vibrante
porque Deus nos deu uma maravilhosa arma nova para entrarmos
em uma guerra espiritual eficaz!
C. Peter Wagner
INTRODUÇÃO
Por C. Peter Wagner
Esta é uma daquelas Introduções que você faria bem em ler,
antes de continuar lendo o resto deste volume! O mapeamento
espiritual é uma questão tão recente, que poucos que tomarem
este livro para lê-lo terão muito pano-de-fundo em sua mente que
lhes prepare o caminho. Mas para aqueles que já estiverem bem
informados sobre a guerra espiritual em nível estratégico, isso não
será tão difícil, visto que já terá sido estabelecido um paradigma
mental. Para outras pessoas, no entanto, este livro servirá de
ponto de sintonia, quanto àquilo que considero uma das coisas
mais importantes que o Espírito Santo está dizendo às igrejas,
nesta década de 1990; e esta introdução será extremamente útil
quanto a esse processo.
APARECIMENTO DO MAPEAMENTO ESPIRITUAL
Pessoalmente, eu nunca tinha ouvido a expressão
"mapeamento espiritual" nas décadas de 1970 ou 1980. Mas tão
recentemente quanto o ano de 1990, em uma reunião de uma
pequena organização chamada de Spiritual Warfare Network, ouvi
o pastor Dick Bernal, do Jubilee Christian Center, dizer como os
líderes e intercessores de sua igreja tinham tentado identificar os
principados espirituais das diferentes cidades e da região em torno
da área da baía de São Francisco. Outros participantes da reunião
questionaram a sabedoria de fazer-se tal coisa, resultando daí uma
vívida discussão. Suponho que alguém já estivesse usando o termo,
antes daquela ocasião, mas, pelo menos para mim, aquela foi a
primeira vez que ouvi falar em tal conceito.
Seguiu-se uma rápida sucessão de eventos, e o desfecho foi
que a Spiritual Warfare Network tornou-se parte integrante da
United Prayer Track, um ramo do A.D. 2000 Movement. O A.D.
2000 Movement foi levantado por Deus, como a principal força
catalisadora das múltiplas igrejas, agências, ministérios e
denominações ao redor do mundo, tendo em vista um esforço
conjunto que visa completar a tarefa da evangelização do mundo,
pelo menos, tanto quanto possível, aí pelo ano 2000. Essa é uma
organização formada por pessoas comuns, e suas atividades foram
delegadas a dez teias de recursos separadas. Minha atual
responsabilidade é dirigir a A.D. 2000 United Prayer Track, que
está edificando uma base global de oração, que dê respaldo aos
esforços de todos os demais ramos do movimento de evangelismo
como um todo.
A unidade mais proeminente, dentro da United Prayer Track é
a Divisão de Mapeamento Espiritual, liderada por George Otis, Jr.,
co-coordenador da Prayer Track. O estabelecimento dessa divisão
tem elevado o perfil desse novo campo de ministério, a fim de
atingir dimensões mundiais. Nós, do A.D. 2000 Movement, não
estamos mais discutindo se deveríamos fazer mapeamento
espiritual. Agora estamos concentrando as nossas energias sobre
como fazer bem esse mapeamento.
Filtrando as Divisões
Não é nenhum segredo que a intercessão, a guerra espiritual,
o manuseio das forças demoníacas e, ultimamente, o mapeamento
espiritual tendem por atrair uma quantidade além do normal do
espírito de divisão. Os autores deste livro, a Spiritual Warfare
Network, a United Prayer Track, a Spiritual Mapping Division e o
A.D. 2000 Movement levam a sério a sua responsabilidade de
filtrarem o espírito de divisão tanto quanto possível, fazendo isso
mediante a organização de um sistema de prestação de contas, o
que nos ajuda a nos resguardarmos de apelas para o espírito de
divisão. Estamos nos esforçando por lançar alicerces para um
ministério bíblico, teológico e pastoralmente sensível, para que seja
feito um mapeamento espiritual dotado das qualidades da
excelência e da integridade. É provável que nós mesmos
cheguemos a cair em equívocos; mas esperamos que, quando
assim venha a acontecer, logo possamos notá-los, a fim de
podermos corrigi-los prontamente.
QUAL A RAZÃO DESTE LIVRO?
Dentro de cinco anos, ou mesmo dentro de dois anos, após
este livro haver sido escrito, certamente saberemos mais sobre o
mapeamento espiritual do que sabemos atualmente. Não obstante,
na providência divina, ele tem levantado um grupo de pessoas, por
enquanto bastante pequeno ainda, provenientes de muitos lugares
do mundo, que na verdade vem fazendo mapeamento espiritual faz
mais de vinte anos, o que significa que têm podido acumular
considerável experiência nesse campo.
Acredito que, mais do que qualquer outro livro que já escrevi,
este tem emergido da orientação imediata de Deus. Eu tinha
planejado escrever uma série de três volumes sobre a oração, a
começar por dois deles, com os títulos Oração de Guerra e Escudo
de Oração, ambos os quais seriam publicados pela editora Regal
Books. O terceiro volume deveria ser um livro acerca da oração no
que tange à igreja local. Todos os três volumes visam ao propósito
de ver que uma oração estratégica, dotada de alvos definidos,
contribua para a aceleração da evangelização do mundo. Deus,
entretanto, me fez interromper a seqüência, e senti fortemente que
eu devia preparar em seguida este volume que versa sobre o
mapeamento espiritual, porquanto Deus queria que os líderes das
igrejas locais contassem com um guia prático para implementar o
que o Espírito está dizendo, no presente, acerca do mapeamento
espiritual.
Quando comecei a apresentar a objeção de que eu não sabia
o suficiente sobre o mapeamento espiritual para escrever o livro
inteiro, Deus pareceu tornar-se mais específico. Lembro-me
claramente de que, em um período de oração, em um hotel em que
eu estava hospedado, em Portland, estado do Oregon, senti
poderosa unção da parte do Senhor, e, em menos de quarenta e
cinco minutos, eu já havia anotado, em meu bloco de papéis
amarelos, o esboço básico do livro que o leitor tem agora nas mãos.
Sem dúvida alguma, outros líderes evangélicos do mundo
poderiam igualar os discernimentos e a sabedoria desses autores;
mas duvido que muitos conseguiriam ultrapassá-los. Aqueles que
contribuíram para este volume procedem dos Estados Unidos da
América, da Suécia, da Guatemala e da Argentina. Cada um deles
iniciou-se no mapeamento espiritual sem qualquer treinamento
prévio e sem ter entrado em contato com outros que estavam
fazendo a mesma coisa. Mas atualmente comunicam-se uns com
os outros através da Spiritual Warfare Network, e estão todos
admirados e agradecidos de que, durante anos, eles tenham
recebido, individualmente, instruções similares da parte do Senhor.
CONHEÇA OS AUTORES CONTRIBUINTES
Em que consiste o mapeamento espiritual? Vários de nossos
pensadores têm oferecido as suas respectivas definições, todas as
quais se reforçam e complementam umas às outras. A definição
condensada e não-técnica é a seguinte: Uma tentativa para ver
nossa (preencher neste espaço a região a ser mapeada) como ela
realmente é, e não como parece ser. Essa definição foi dada por
George Otis Jr., o qual, por meio de suas obras como The Last of
the Giants (Chosen Books) e seu ministério mundial com o The
Sentinel Group e o A.D. 2000 United Prayer Track, é considerado
por muitos, inclusive por mim mesmo, como o principal líder
evangélico neste campo. Fiquei deleitado quando George
concordou em contribuir com o primeiro capítulo deste livro,
provendo uma visão panorâmica do mapeamento espiritual em
geral.
Na qualidade de fundadora e presidente da Generals of
Intercession, Cindy Jacobs sobressai-se tanto no ensino quanto na
guerra espiritual em nível estratégico, liderando pastores e
intercessores para que ponham em prática, na realidade, essa
atividade no campo. O capítulo escrito por ela sobre as fortalezas
haverá de esclarecer muitas perguntas que, com freqüência, são
apresentadas. O livro de Cindy, Possuindo as Portas do Inimigo
(Editora Atos), é um iluminador manual de treinamento que visa a
uma intercessão militante, e tem sido altamente aclamado.
Kjell (pronuncia-se "Xel") Sjöberg é conhecido por causa de
seu ministério de intercessão espiritual em nível estratégico,
orações de ação profética e mapeamento espiritual. Ele vem
trabalhando nesse campo por mais tempo do que quaisquer outros
autores. Seu livro, intitulado Winning the Prayer War (Sovereign
World), tem arado o terreno à nossa frente, nesse campo. Até onde
sei das coisas, ninguém havia relacionado o mapeamento
espiritual com a oração de ação profética, com o discernimento e a
experiência prática que Kjell nos apresenta em seu capítulo.
Juntamente com o meu capítulo sobre "O Visível e o Invisível",
que considero um dos mais importantes ensaios que tenho escrito
em anos recentes, esse grupo provê a seção de "Princípios" deste
volume. Para a seção "Prática" escolhi três praticantes de três
nações diferentes, cada um dos quais está profundamente
engajado no mapeamento espiritual, e cada um começou as suas
atividades virtualmente sem qualquer ajuda, instrução ou modelo
que pudesse seguir.
A Seção Prática
Haroldo Caballeros, o pastor da Igreja El Shaddai, da
Guatemala, que atualmente tem como membros ativos o
presidente da Guatemala e seus familiares, é o primeiro pastor em
cujos estudos pessoais descobri mais compêndios sobre
arqueologia do que comentários sobre a epístola aos Romanos. Não
que Haroldo negligencie uma exposição bíblica suficientemente
informada, em seu ministério pastoral, mas é que ele leva muito a
sério a necessidade de compreender as forças espirituais que têm
moldado a sua comunidade, desde os dias do império maia. O
capítulo por ele escrito levará o leitor diretamente ao cerne da
questão.
Bob Beckett talvez tenha sido capaz de monitorar mais de
perto do que qualquer dos outros autores os resultados reais do
mapeamento espiritual e da guerra espiritual em nível estratégico,
em sua igreja local, chamada The Dwelling Place Family Church, e
em sua comunidade de Hemet, estado da Califórnia. Ao ensinar
meu curso sobre esse assunto, no Seminário Teológico Fuller,
sempre peço que Bob apresente uma preleção sobre mapeamento
espiritual e, então, levo toda a classe a Hemet para fazer um
mapeamento espiritual ao vivo, para que Bob dirija esse
mapeamento. Quando você estiver lendo o capítulo escrito por ele,
obterá um bom vislumbre daquilo que os alunos do Seminário
Teológico Fuller estão aprendendo com a ajuda de Bob Beckett.
Não consideramos que o mapeamento espiritual seja uma
finalidade em si mesma. Mas vemos uma relação de causa e
efeito entre a fidelidade do povo de Deus à oração e a vinda
do seu Reino.
Menciono Víctor Lorenzo com freqüência, em meu livro, Oração de Guerra (Editora Bompastor), porque a Argentina tem emergido como o nosso principal laboratório de campo para submeter a
teste a guerra espiritual em nível estratégico e porque Víctor tem
sido um dos principais personagens nesse processo. Conforme ele
explicou, ele tem trabalhado muito lado a lado com Cindy Jacobs.
Dentre todos os autores, Víctor é o que tem descoberto maior
número de informações sobre as forças do inimigo em dada cidade,
incluindo a descoberta dos nomes próprios de alguns dos espíritos
territoriais. Os resultados, no campo do evangelismo, têm sido
gratificantes.
A Aplicação
Adicionamos a seção final, intitulada "Aplicação", para ajudar
a responder uma das mais freqüentes indagações que me são
dirigidas: Como é que um pastor de Pumphandle, estado de
Nebraska, que não é um Kjel Sjöberg ou uma Cindy Jacobs, pode
ficar preparando mapeamento espiritual? Mark McGregor ajusta-se
a essa descrição. Ele é um crente dedicado, embora nunca tenha
sido consagrado ao ministério, um programador de computador
que trabalha por tempo integral, e que deseja servir ao Senhor ao
máximo de suas potencialidades. Ele é o único contribuinte para
este volume que não está afiliado à Spiritual Warfare Network. A
fim de mapear a sua cidade de Seattle, ele simplesmente tomou a
lista de perguntas que aparece no livro de John Dawson,
Reconquiste Sua Cidade Para Deus (Editora Betânia), e escavou os
informes necessários consultando livros e outros recursos
disponíveis para o público, como bibliotecas, prefeituras ou
sociedades históricas. Não estamos dizendo isto para diminuir
Mark, mas se ele pôde fazer isso, você também poderá fazê-lo. Leia
o capítulo escrito por ele para obter a idéia geral do tipo de
informações que se fazem necessárias.
O simples recolhimento de informes é um passo essencial,
embora ainda não seja suficiente. É nessa altura que pessoas
dotadas de dons espirituais específicos, experiência e maturidade,
precisam entrar. Uma dessas pessoas é Bev Klopp, que há anos é
reconhecida como uma intercessora e membro da equipe de
intercessores da Spiritual Warfare Network. Usando o dom de
discernimento de espíritos que ela recebeu, juntamente com anos
de experiência no campo da oração em favor de Seattle, Bev provê
um modelo de interpretação de informes e de identificação de alvos.
Quando você estiver pronto para passar do recolhimento de
informes para o campo de batalha, certifique-se de que conta com
alguns crentes como Bev Klopp em sua equipe.
No capítulo anterior, respiguei informes daquilo que outros
têm dito neste livro, reunindo um instrumento de mapeamento
espiritual que pudemos sugerir, e que alguns leitores poderão
sentir ser útil, ao entrarem nessa produtiva área do ministério.
QUÃO ÚTIL É O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?
Conforme têm salientado diversos dos nossos contribuintes,
não consideramos o mapeamento espiritual como uma finalidade
em si mesma No entanto, cremos que é desejo de Deus que oremos:
"Venha o teu reino; seja feita a tua vontade" (Mt 6.10). Também
podemos ver uma relação de causa e efeito entre a fidelidade do
povo de Deus à oração e a vinda do seu Reino. Quando a vontade
de Deus está sendo feita na terra, vemos pessoas perdidas serem
salvas; pessoas enfermas serem curadas; pessoas empobrecidas
receberem o essencial para a vida secular; o fim de guerras,
contendas e derramamento de sangue; pessoas oprimidas que são
libertadas; governos justos serem levantados; práticas justas e
equitativas no mundo dos negócios; harmonia entre as raças —
para mencionarmos apenas alguns desses benefícios.
Muitos líderes evangélicos sentem que, até agora, o ministério
de oração em nossas igrejas não tem sido da variedade mais
poderosa. Aprecio a maneira como George Otis, Jr. exprimiu essa
idéia:
Embora a oração seja reconhecida rotineiramente como um
importante
componente
dos
esforços
globais
de
evangelização, tais expressões, no mais das vezes, são mais
um produto de hábitos religiosos adquiridos do que
reflexões com base em convicções genuínas. Tal como
outros povos religiosos ao redor do globo, oramos porque
hesitamos em embarcar em empreendimentos significativos
sem primeiro prestar honras à nossa divindade familiar. Se
Deus responderá ou não às nossas petições específicas é
algo de menor importância para nós do que garantir que
não o temos ofendido ao deixarmos de informá-lo sobre as
nossas intenções. Nesse sentido, a oração é mais
supersticiosa e profilática do que sobrenatural e
procriadora.1
Conforme disse Bob Beckett em seu capítulo, grande parte de
nossas orações tem-se parecido com o lançamento dos foguetes
Scud, por parte de Saddam Hussein. Ele fazia bem pouca idéia de
quais seriam os seus alvos, pelo que os efeitos de seus foguetes
deixaram muito a desejar. Aqueles que oram a fim de livrar as
pessoas da opressão demoníaca têm aprendido, desde muito tempo
atrás, falando em sentido bem geral, que os resultados são bem
melhores quando os espíritos malignos são identificados e
especificamente ordenados para deixarem as suas vítimas no nome
de Jesus, em vez de ministrarem com uma vaga oração como:
"Senhor, se há quaisquer espíritos, ordenamos que todos eles
saiam em teu nome". Suspeitamos que outro tanto sucede quando
oramos pelo livramento de bairros, cidades ou nações. O
mapeamento espiritual é apenas uma ferramenta que nos permite
sermos mais específicos e, esperançosamente, mais poderosos em
nossas orações pelas nossas comunidades.
Escreveu George Otis, Jr.: "Aqueles que dedicam tempo tanto
para falarem com Deus quanto para lhe darem ouvidos, antes de
se aventurarem em seus respectivos ministérios, não somente
achar-se-ão no lugar certo e no tempo certo, mas também saberão
o que fazer quando chegarem ali".2 Aqueles dentre nós que estão
desenvolvendo o tema do mapeamento espiritual estão procurando
aumentar a nossa capacidade de dar ouvidos a Deus e de nos
comunicarmos uns com os outros sobre o que estamos ouvindo,
com toda a exatidão possível.
O MAPEAMENTO ESPIRITUAL É BÍBLICO?
Vários dos autores que contribuíram para este volume
reportaram-se à questão da base bíblica do mapeamento espiritual.
Não é meu propósito reiterar aqui os argumentos deles, mas
apenas dizer que todos nós, que temos contribuído para este livro,
vemo-nos como crentes bíblicos, e nenhum de nós ao menos
consideraria recomendar alguma área do ministério ao Corpo de
Cristo, se não estivesse plenamente convencido de que está
ensinando de acordo com a vontade de Deus, de um modo que não
viole qualquer verdade bíblica. Estamos pessoalmente convencidos
de que o mapeamento espiritual é um procedimento bíblico, pelo
que estamos ensinando com base nessa premissa. Ao mesmo
tempo, não ignoramos o fato de que há outros irmãos e irmãs em
Cristo, da mais alta integridade, que discordam de nós. Vários
deles têm publicado recentemente essas noções contrárias em
livros e artigos. Agradecemos a Deus por nossos bem informados
críticos e os abençoamos. Em primeiro lugar, eles têm conseguido
perceber alguns erros nossos, sob a forma de declarações
equivocadas ou exageros, e agora estamos no processo de corrigilos. Ademais, sentimos que até mesmo os nossos críticos menos
informados nos forçam a permanecer de olhos bem abertos e nos
ajudam a aguçar aquilo que temos a dizer e o que temos a fazer.
Mas em caso nenhum temos o desejo de entrar em uma polêmica e
nem tentamos refutar os nossos críticos. Não nos inclinamos a dar
a impressão de que nós somos bons, fazendo os nossos irmãos e
irmãs em Cristo parecerem maus, razão pela qual o leitor não
encontrará tal atitude neste livro.
Estamos plenamente cônscios do fato de que o mapeamento
espiritual, juntamente com a guerra espiritual em nível estratégico,
são inovações relativamente recentes que estão sendo introduzidas
no Corpo de Cristo. Mas sucede que sentimos que estamos sendo
impelidos pelo Espírito Santo. Mesmo assim, contudo, leis
científicas sociais do conhecimento de todos, que cercam as
questões da difusão e da inovação, inexoravelmente estão entrando
em efeito. Qualquer inovação, mui tipicamente, atrai alguns
primeiros seguidores, depois seguidores secundários e, finalmente,
seguidores tardios. Em muitos casos, alguns recusam-se a adotar
a inovação, conforme fica demonstrado pela existência da
Sociedade Internacional da Terra Chata. O mapeamento espiritual,
no momento, acha-se no estágio dos primeiros seguidores, sendo
esse o estágio, conforme já seria de esperar, que estimula a
controvérsia mais acesa. A reação nervosa dos crentes, quando se
opõem a qualquer inovação, consiste em dizer: "Isso não é bíblico",
conforme sucedeu quando surgiu a Escola Dominical, e conforme
fizeram alguns, quando se começou a falar sobre a abolição da
escravatura.
Exemplos Bíblicos e Arqueológicos
Um exemplo de mapeamento espiritual pode ser visto em
Ezequiel 4.1-3, onde Deus instruiu Ezequiel a preparar um mapa
tosco da cidade de Jerusalém, em uma tabuleta de argila, e, então,
lhe disse: "a cercarás". Como é óbvio, isso refere-se à guerra
espiritual, e não à guerra convencional.
Menciono isso porque algumas pesquisas têm trazido à tona o
que é considerado pelos arqueólogos como o primeiro mapa conhecido de uma cidade, a cidade de Nipur, o antigo centro cultural da
Suméria. Acha-se em uma tabuleta de argila admiravelmente conservada, sem dúvida similar àquela que foi usada por Ezequiel. Os
traços do mapa, desenhados por volta de 1500 A.C., constituem o
que hoje chamaríamos de mapeamento espiritual. No centro da cidade está escrito "o lugar de Enlil. E também está escrito que na
cidade "reside o deus do ar, Enlil, a principal divindade de panteão
da Suméria".3 Poderíamos identificá-lo como o espírito territorial
que dominava a Suméria.
Outros edifícios que aparecem nesse antigo mapa incluem
Ekur, o mais renomado templo sumeriano; o Kagal Nanna, ou seja,
o portão de Nanna, o deus-lua da Suméria; o Kagal Nergal, ou
portão de Nergal, que era considerado rei do submundo e marido
da deusa Ereshkigal; o Eshmah, ou "Santuário Sublime", que ficava
nas periferias da cidade, além de muitos outros.4
Mais um fato interessante. No capítulo escrito por Víctor
Lorenzo, o leitor verá que parte do desígnio maligno e oculto da
cidade argentina de La Plata envolvia quebrar, intencionalmente, o
usual padrão latino-americano, em que as ruas apontam nas
direções dos pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste. A mesma
coisa acontecia em Nipur! O assiriologista Samuel Kramer
observou: "O mapa não estava orientado nas direções norte e sul,
porém, mais ou menos em ângulos de quarenta e cinco graus".5
Ao que tudo indica, há alguns precedentes históricos quanto
ao mapeamento espiritual.
Isso Glorifica a Satanás?
Desmascarar as astúcias de Satanás pode tornar-se algo tão
fascinante que podemos começar a enfocar a nossa atenção sobre
o inimigo, e não sobre Deus. Isso deve ser evitado a todo custo. Se
não evitarmos essa armadilha, cairemos nas mãos do inimigo. O
principal propósito da existência de Satanás é impedir que Deus
seja glorificado, e o motivo do diabo para tanto é que ele quer que a
glória reverta para ele. Se ele puder, haverá de querer enganar os
servos de Deus, fazendo-os desviarem-se para atividades que
terminam por exaltar a criatura, e não o Criador.
Cada um dos escritores que contribuíram para este livro é um
crente espiritual e suficientemente maduro no terreno da guerra
espiritual prática, ao ponto de reconhecer plenamente os desejos
de Satanás, não lhe satisfazendo os desejos. Eles concordam que a
reação diante de tal perigo não deve ser retroceder e deixar o
campo de batalha nas mãos de Satanás. A reação deve ser avançar
tão agressivamente quanto for possível, a fim de descobrir os
desejos, as estratégias, as técnicas e as armas de Satanás. As
pesquisas que nos estão ajudando a fazer isso não visam glorificar
a Satanás, tal como as pesquisas acerca do câncer não visam
glorificar o câncer. Mas quanto mais ficamos sabendo sobre a
natureza, as causas, as características e os efeitos do câncer, mais
preparados estaremos para erradicá-lo. Anos atrás, para
exemplificar, as pesquisas sobre a varíola desmascararam muito
de nossa ignorância acerca dessa doença, e, como resultado disso,
milhões e milhões de vidas humanas foram salvas. E a varíola não
foi glorificada; antes, foi derrotada.
Ainda há o perigo maior do que o de glorificar o inimigo, que é
o perigo de ser ignorante sobre o inimigo. Gosto da maneira como
William Kumuyi, o coordenador africano do A.D. 2000 Movement, e
um dos líderes da Spiritual Warfare Network coloca a questão: "Por
muitas vezes o Adversário tira vantagem de nossa ignorância. Se
estivermos combatendo contra um inimigo invisível que está resolvido a destruir-nos e não nos mostrarmos vigilantes, ou nem ao
menos nos dermos conta de que está havendo um conflito, então o
Adversário tirará proveito dessa nossa ignorância e nos derrotará
ainda no meio da batalha".6
C. S. Lewis não escreveu Cartas do Coisa-Ruim a fim de glorificar a Satanás ou aos demônios, como aquele de nome Absinto,
mas antes, para fornecer-nos instrumentos que nos capacitem a
combater melhor os demônios, em nome de Jesus. Livros como
este, que versa sobre o mapeamento espiritual, têm por desígnio o
mesmo propósito.
NEM TODOS SÃO CHAMADOS À LINHA DE FRENTE
É apenas natural que alguém, ao ler um livro como este,
venha a observar: "Quero ser como Haroldo Caballeros", ou então:
"Quero ser como Bob Beckett". Nada há de errado em desejar fazer
as coisas que esses crentes fazem, contanto que Deus nos chame
para isso. A verdade, porém, é que Deus não chama todos os
crentes para a linha de frente da guerra espiritual, tal como ele
não chama todos os crentes para serem evangelistas públicos ou
missionários transculturais. Para exemplificar, somente uma
minúscula porcentagem daqueles que se alistam na Força Aérea
realmente voam nos aviões de combate ou mesmo fazem parte de
sua tripulação. Outro tanto aplica-se no caso da guerra espiritual.
A Igreja inteira é um exército, e está em meio a uma guerra
espiritual. Todos os crentes deveriam entoar o hino "Avante, Soldados Cristãos". Mas nem todos os que estão no exército são
enviados à linha de combate. Aqueles que estão na linha de frente
precisam daqueles que ficam na retaguarda, e aqueles que ficam
na retaguarda precisam daqueles que avançam para a linha de
frente.
A LEI DA GUERRA
Quando os filhos de Israel estavam se preparando para
conquistar a Terra Prometia, Deus baixou a lei da guerra. Essa lei
é muito importante para nós, hoje em dia, quando percebemos que
Deus estava preparando os israelitas para a guerra espiritual, e
não apenas para uma guerra convencional. Qual exército
convencional já conseguiu conquistar e invadir uma cidade
marchando ao redor dela por um determinado número de vezes e
tocando trombetas feitas de chifres? Acredito que essas leis da
guerra, registradas no capítulo vinte de Deuteronômio, são válidas
para os nossos próprios dias.
Várias categorias inteiras de homens adultos e vigorosos, que
em tudo o mais poderiam ter sido considerados guerreiros do
exército de Josué, foram excluídos da linha de frente. Aqueles que
tivessem acabado de construir uma casa podiam voltar para casa.
Aqueles que tivessem plantado uma nova vinha também deveriam
retornar. E aqueles que tivessem ficado noivos, embora não se
tivessem ainda casado, também estavam dispensados. Algum
raciocínio acha-se por detrás de cada uma dessas exclusões, no
texto sagrado. Mas também ficou escrito que estaria dispensado
todo homem "medroso e de coração tímido" (Dt 20.8).
É deveras significativo, em minha opinião, que não ficou
registrada qualquer nota de repreensão ou de desapontamento
quanto a esses homens. Ao que parece, o lugar que cabia a eles era
em casa, e não nos campos de batalha.
Essa mesma lei da guerra foi aplicada posteriormente no caso
de Gideão. Gideão começou com trinta e dois mil guerreiros em
potencial. Desses, vinte e dois mil mostraram ser medrosos, e
foram encorajados a voltar para casa. Então, dentre dez mil que de
outro modo teriam sido elegíveis, Deus escolheu trezentos. Esses
trezentos não eram os maiores, os mais fortes, os mais jovens, os
corredores mais velozes, os mais experientes, os melhores
espadachins e, nem mesmo, os mais corajosos. A maneira toda sua,
soberanamente, Deus chamou trezentos para que fossem, e
chamou nove mil e setecentos para que não fossem.
É dessa maneira que o Corpo de Cristo deve funcionar. Deus
dá dons e chama somente a alguns para serem evangelistas
públicos e para pregarem o evangelho às multidões, postados em
plataformas. Deus chama somente alguns poucos para deixarem
seus lares e famílias, para irem como missionários a algum país
estrangeiro e para alguma cultura diferente. Mas esses precisam
dos outros crentes que não sobem em plataformas e nem vão a
outros países, para que lhes dêem apoio em todos os sentidos. E
nós precisamos deles. O olho não pode dizer à mão: "Não tenho
necessidade de ti" (1 Co 12.21).
O coração de cada autor que contribuiu para este livro pulsa
para que o mundo venha a crer; para que multidões de
homens e de mulheres perdidos sejam libertados da negra
opressão do inimigo e sejam atraídos pelo Espírito Santo
para a gloriosa luz do evangelho de Cristo. Juntamo-nos a
Jesus para orar para que o Corpo de Cristo seja um só no
Espírito.
ORANDO PELA UNIDADE ESPIRITUAL
Estamos acostumados a ver a atuação dos evangelistas
públicos e dos missionários transculturais. Mas também podemos
aplicar os mesmos princípios e modos de proceder quando nos
empenhamos na guerra espiritual? Deus chama alguns crentes
para irem até à linha de frente, ao passo que outros crentes ficam
fazendo outras coisas. Aqueles que vão não deveriam pensar que
são mais espirituais ou mais favorecidos por Deus do que aqueles
que não vão. Aqueles que permanecem em casa não devem criticar
aqueles que Deus chama para irem à frente de guerra. Antes, deve
haver afirmação mútua e apoio de todos os tipos. Disse o rei Davi:
"Porque, qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será a parte
dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais" (1 Sm
30.24). Quando a batalha é ganha, todos se beneficiam com a
vitória — tanto os que foram até à linha de combate quanto
aqueles que ficaram em casa, tomando conta das bases.
Estou salientando esse particular porque penso que Satanás
gostaria muitíssimo de usar este livro para produzir divisões no
seio do Corpo de Jesus. Jesus orou ao Pai nestes termos: "...para
que todos sejam um... para que o mundo creia que tu me enviaste"
(Jo 17.21).
O coração de cada autor que contribuiu para este livro pulsa
para que o mundo venha a crer; para que multidões de homens e
de mulheres perdidos sejam libertados da negra opressão do
inimigo e sejam atraídos pelo Espírito Santo para a gloriosa luz do
evangelho de Cristo. Para que possamos ver isso suceder, temos de
aliar-nos a Jesus, orando para que o Corpo de Cristo seja um só
no Espírito.
MANTENDO O ENFOQUE
Sei por experiência própria que o assunto do mapeamento
espiritual pode ser tão fascinante que alguns podem cair no ardil
de pensar que essa atividade é um fim em si mesmo. Ou então,
pior ainda, alguns poderão pensar que não se pode mais
evangelizar, prestar socorro e desenvolvimento, ou realizar
qualquer outra forma de ministério, se não houver mapeamento
espiritual prévio.
O mapeamento espiritual não é uma finalidade em si mesmo
e nem é um requisito indispensável para o ministério do evangelho.
Mas deve ser visto apenas como outra ferramenta que nos ajuda
em nossa tarefa da evangelização mundial. Exemplos de
irrompimentos dramáticos abundam em lugares de trevas, como o
Nepal, a Algéria ou a Mongólia, sem a ajuda do mapeamento
espiritual. Entretanto, naquelas circunstâncias em que o
mapeamento espiritual é possível, e quando ele é feito sob a unção
do Espírito Santo, o potencial está presente para que haja avanços
sem precedentes do Reino de Deus.
Meu apelo é que quando você estiver lendo este livro, não
desvie a atenção do enfoque central. O nosso propósito final é a
glória de Deus por intermédio de Jesus Cristo, que é o Rei dos reis
e o Senhor dos senhores. A nossa tarefa consiste em contribuir
para que a glória do Senhor espalhe-se por toda nação, tribo,
língua e povo na face da terra.
Notas
1. OTIS, JR., George, em um documento descritivo que introduziu o
artigo "Operation Second Chance", 1992, s. p.
2. Idem, ibidem.
3. KRAMER, Samuel Noah. From the Tablets of Sumer. Indian Hills,
CO, The Falcon's Wing Press, 1956. p. 271.
4. Idem, ibidem, p. 272-3.
5. Idem, ibidem, p. 272.
6. KUMUYI, W. F. The Key to Revival and Church Growth. Laos,
Nigéria, Zoe Publishing Company, 1988. p. 25.
Parte I:
OS PRINCÍPIOS
1. VISÃO PANORÂMICA DO MAPEAMENTO
ESPIRITUAL
Por George Otis, Jr.
George Otis, Jr. é o fundador e presidente do Sentinel Group,
que organiza colheitas de oração globais e mapeamentos espirituais
de alto nível. Ex-missionário da JOCUM - Jovens com Uma Missão,
ele também serviu por muitos anos como um dos associados da
Lausanne Committee for World Evangelization. Atualmente, George
atua como coordenador, juntamente com Peter Wagner, do A.D.
2000 Movement United Prayer Track, onde encabeça a divisão do
Mapeamento Espiritual. Seu livro, The Last of the Giants (Chosen),
tem sido largamente aclamado como um ousado esforço pioneiro no
campo do mapeamento espiritual.
Em dezembro de 1992, encontrei um marco pessoal
significativo — o vigésimo aniversário de meu envolvimento com
missões nas fronteiras. Tal como se dá com todos os eventos
delineadores, a ocasião foi motivo de celebração e reflexão. Foi um
tempo de regozijo devido à fidelidade de Deus, embora também um
ensejo para contemplarmos o quão radicalmente o mundo e os
campos missionários mudaram durante as duas últimas incríveis
décadas.
A Igreja está enfrentando, no momento, dois desafios
externos substanciais, que tentam embargar a sua contínua
expansão: "o entrincheiramento demoníaco" e "o adiantado
da hora".
O progresso do evangelismo, desde os começos da década de
1970 até hoje, tem sido simplesmente espantoso. Em adição aos
grande movimentos de Deus na Argentina, na Rússia, na
Indonésia, na Guatemala, no Brasil, na Nigéria, na Índia, na China,
na Coréia do Sul e nas ilhas Filipinas, também têm ocorrido
desenvolvimentos notáveis em lugares tão inesperados como o
Afeganistão, o Nepal, o Irã, a Mongólia e a Arábia Saudita. A
implantação bem-sucedida de igrejas nas ilhas do oceano Pacífico,
na África e na América Latina tem reduzido o território-alvo do
esforço evangelístico mais concentrado a uma tira de território que
vai dos 10 aos 40 graus de latitude norte, e que percorre o Norte
da África e a Ásia, conhecido como "a Janela 10/40".
UMA VIAGEM POR CEM NAÇÕES
Nestes últimos vinte anos, tive o privilégio de contemplar
grande parte desse processo evangelístico sobre uma base pessoal
e in loco. Papéis de liderança em várias missões e movimentos têmme proporcionado a oportunidade de viajar e ministrar em quase
cem nações do mundo — uma jornada que me tem levado a
centros de detenção da KGB russa, às inseguras e sangrentas ruas
de Beirute e aos mosteiros infestados de demônios do Himalaia.
Essa íntima e tão ampla jornada também me tem levado a
concluir que o progresso da evangelização, nas últimas décadas,
dificilmente prosseguirá em ritmo igual nas próximas décadas a
menos que os crentes familiarizem-se melhor com os princípios da
guerra espiritual. Pois se a tarefa restante de evangelização
mundial haverá de diminuir quanto à área (pelo menos no que
tange a territórios e estatísticas sobre grupos étnicos), também
tornar-se-á um desafio cada vez mais intenso. Nos últimos poucos
anos, os intercessores e os evangelistas que procuram trabalhar
dentro da janela da região de 10/40 graus de latitude norte têm-se
encontrado face a face com algumas das mais formidáveis
fortalezas espirituais da terra.
A Igreja está enfrentando, no momento, dois desafios externos
substanciais, que tentam embargar a sua contínua expansão: "o
entrincheiramento demoníaco" e "o adiantado da hora".
Embora dificilmente seja sem igual o entrincheiramento dos
demônios — pois os hebreus encontraram o fenômeno tanto no
Egito quanto na Babilônia, ao passo que o apóstolo Paulo
encontrou-o em Éfeso — precisamos considerar que agora estamos
vários séculos mais avançados na história do que eles. Em alguns
lugares do mundo atual, notavelmente na Ásia, os pactos
demoníacos têm sido servidos continuamente desde os dias pósdiluvianos, e a luz espiritual é ali quase imperceptível em nossa
própria época.
Em adição a isso, também devemos considerar a hora em que
estamos vivendo. No livro de Apocalipse, Deus advertiu como segue
os habitantes da terra e do mar: "Ai dos que habitam na terra e no
mar; porque o Diabo desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que
já tem pouco tempo" (Ap 12.12). Relatos reiterados e crescentes de
incursões do evangelho em suas fortalezas, erodidas pela oração,
têm feito o inimigo perceber que a hora que ele vinha temendo há
muito está chegando sobre ele. Evidências a esse respeito são
providas na crescente incidência de sinais e prodígios demoníacos,
além de contra-ataques cada vez mais constantes contra aqueles
que estão tentando sondar ou escapar de seu covil.
Em suma, os guerreiros evangélicos, no fim do século XX,
podem esperar enfrentar desafios, no campo de batalha espiritual,
que não têm igual quanto ao tipo e à magnitude. Os métodos
comuns de discernimento e de resposta a esses desafios não
conseguirão mais resolver o problema. Conforme escrevi no meu
livro recente, The Last of the Giants (Chosen Books), se tivermos de
vencer com sucesso as obras do inimigo, "Temos de aprender a ver
o mundo conforme ele realmente é, e não como parece ser".
DEFINIÇÕES E PRESSUPOSTOS
Em 1990, cunhei uma nova expressão para essa nova
maneira de ver as coisas — "mapeamento espiritual" — que agora é
o tema central deste volume. Conforme sugeri, isso envolve
"superpor a nossa compreensão acerca das forças e eventos, no
domínio espiritual, sobre lugares e circunstâncias deste mundo
material".1
O pressuposto-chave quanto a isso é que aqueles que põem
em prática o mapeamento espiritual já possuem uma fina
compreensão sobre o domínio espiritual. Dada a quantidade de
tempo que muitos crentes passam falando, cantando e lendo sobre
essa dimensão sobre a qual a realidade estaria arraigada, parece
que esse deveria ser um pressuposto razoável. Infelizmente, não é
isso que acontece. E isso constitui para nós uma profunda
surpresa.
Poder-se-ia pensar que os caminhos da dimensão espiritual
são tão familiares para o crente médio como o mar é familiar para
os marinheiros; que a maioria dos crentes deveria conhecer, na
teoria e na prática, aquilo de que Paulo estava falando no sexto
capítulo da epístola aos Efésios, quando ele escreveu sobre uma
batalha que está sendo desfechada contra as hostes espirituais da
iniqüidade, nos lugares celestiais.
O problema parece ser que muitos crentes — sobretudo em
nosso atarefado hemisfério Ocidental — não têm dedicado o tempo
necessário para aprenderem a linguagem, os princípios e os
protocolos da dimensão espiritual. Alguns crentes preferem ignorar
tudo, exceto as suas características macrocósmicas (o céu, o
inferno, Deus e o diabo), ao passo que outros tendem por projetar
características extraídas de sua própria imaginação. Ambas essas
tendências constituem erros sérios. Enquanto que a primeira delas
ignora o que está ali, a segunda fica ofuscada por aquilo que não
está ali. Em ambos os casos, as obras do diabo permanecem
disfarçadas, e o reino das trevas vai florescendo.
O mapeamento espiritual é um meio através do qual podemos
ver o que está abaixo da superfície do mundo material; mas não é
um meio mágico. Trata-se de um meio subjetivo, porquanto é uma
habilidade nascida de uma correta relação com Deus e do amor ao
mundo que ele criou. E trata-se também de um meio objetivo, pois
pode ser confirmado (ou desacreditado) por meio da história, da
observação sociológica e da Palavra de Deus.
Por igual modo, o mapeamento espiritual não se confina
exclusivamente às obras das trevas. Alguns crentes que praticam a
guerra espiritual têm dado a essa disciplina uma definição mais
estrita — que a limita ao descobrimento das fortalezas
demoníacas — embora isso envolva algum perigo. Mais
especificamente, ela pode encorajar uma preocupação com a
localização e as atividades do inimigo, ao mesmo tempo que se
ignora que Deus também opera na dimensão espiritual. Quando
superpomos a nossa compreensão acerca das forças e eventos que
ocorrem no domínio espiritual, para lugares e circunstâncias deste
mundo material, devemos lembrar que essas forças e esses eventos
não são todos negros. O mapeamento espiritual simplesmente
situa as obras do inimigo dentro do contexto maior da dimensão
espiritual.
O CAMPO DE BATALHA ESPIRITUAL DE HOJE
A Igreja de Jesus Cristo não deve retroceder diante da
necessidade de dar uma longa e atenta olhada para os obstáculos
espirituais que estão entre ela mesma e o cumprimento da Grande
Comissão. O campo de batalha espiritual da década de 1990 estáse tornando cada vez mais um lugar sobrenatural. Existem crentes
cuja teologia pessoal mostra-se resistente a essa noção, mas esses
crentes, com freqüência, são teóricos ocidentais que não são
pessoas viajadas, que ainda precisam submeter os seus
pressupostos ao teste da realidade. Em contraste com isso, a vasta
maioria dos pastores, missionários, evangelistas e intercessores
internacionais de hoje não têm qualquer necessidade de serem
convencidos de que existe algo em algum lugar, e que esse "algo"
se está manifestando em nosso mundo material.
Mas o que, exatamente, essas pessoas estão podendo
observar? Com base nas respostas obtidas de volta, da parte de
crentes interessados ao redor do mundo, eis três observações
primárias:
1. As trevas espirituais estão aumentando e tornando-se mais
sofisticadas.
2. Há certo padrão geográfico do mal e da opressão espiritual.
3. Os crentes não entendem a dimensão espiritual tão bem
quanto imaginavam.
As igrejas locais estão descobrindo que a demografia do
crescimento eclesiástico não nos diz tudo sobre as nossas
comunidades. As agências missionárias estão percebendo que uma
bem informada familiaridade com costumes transculturais não
consegue efetuar irrompimentos evangelísticos. E as instituições
de oração intercessória estão reconhecendo a necessidade de
buscarmos coordenadas mais precisas para os nossos alvos. Em
suma, as pessoas querem respostas para o dilema do mundo
invisível, a fim de que possam ministrar o evangelho de maneira
mais eficiente.
FORTALEZAS TERRITORIAIS
Aninhado perto do âmago da filosofia do mapeamento
espiritual está o conceito das fortalezas territoriais. Não se trata de
alguma idéia nova; muitos escritores já tinham explorado esse
tema. A novidade está na crescente porcentagem do Corpo místico
de Cristo que reconhece a necessidade de atacar essas fortalezas.
O problema é que a expressão "fortalezas territoriais" tem
sido explorada ultimamente de maneira tão frouxa que precisamos
defini-la. Seu uso tem-se tornado tão elástico que aqueles que se
estão aproximando do assunto dificilmente podem decidir no que
devem crer.
Em meio à confusão, alguns autores evangélicos têm sugerido
que qualquer noção de guerra espiritual que envolva a idéia de
territorialidade espiritual é extrabíblica. Outros têm lançado um
véu de dúvidas sobre a validade da própria guerra espiritual.
Embora essas vozes estejam claramente na minoria, é evidente que
precisamos definir esses conceitos com maior exatidão.
Aqueles que não estão aceitando a idéia de territorialidade
espiritual através do argumento que se trata de uma noção
extrabíblica deveriam lembrar que há um oceano de diferença
entre aquilo que é "extrabíblico" e aquilo que é "antibíblico".
Extrabíblico é uma luz amarelada que encoraja a passagem de um
veículo com uma certa cautela; antibíblico é uma luz vermelha que
requer que o motorista faça alto, em nome da lei e do bom senso.
Até o momento, não ouvi ainda alguém afirmar que a
territorialidade espiritual é antibíblica. E a simples razão para isso
é que isso não é verdade.
Peter Wagner e outros têm salientado, em escritos anteriores,
que a Bíblia toca no assunto da territorialidade espiritual em
ambos os Testamentos. 2 A instância mais constantemente citada é
a do príncipe da Pérsia, no décimo capítulo do livro de Daniel.
Temos ali um caso bem-definido de um ser espiritual maligno que
governava uma área com fronteiras explicitamente determinadas.
Até mesmo aqueles que não são eruditos devem considerar como
significativo que essa criatura não foi referida como príncipe da
China ou príncipe do Egito. Quando essa passagem é estudada
conjuntamente com versículos como os de Ezequiel 28.12-19 e
Deuteronômio 32.8 (na Septuaginta, "de acordo com o número dos
anjos de Deus"); e Efésios 6.12 (por exemplo, kosmokrátoras,
"governantes mundiais"), então o caso em favor da territorialidade
espiritual torna-se ainda mais compelidor.
Conforme atestam aqueles que fizeram uma visita mais do
que casual a lugares como a Índia, as reservas dos ameríndios
navajos, os Camarões, o Haiti, o Japão, o Marrocos, o Peru, o
Nepal, a Nova Guiné e a China, são consideradas coisas
corriqueiras as hierarquias elaboradas de divindades e espíritos.
Esses seres incorpóreos são concebidos como espíritos que
controlam lares, aldeias, cidades, vales, províncias e nações,
exercendo um poder extraordinário sobre o comportamento das
populações locais. O fato de que o próprio Deus reconheceu o
poder vicário de divindades regionais manifestou-se em sua
urgente chamada de Abraão, e, mais tarde, na chamada da nação
hebréia, dentre os panteões animados dos babilônios e dos
cananeus.
POR QUE AS COISAS SÃO COMO SÃO?
Quase todas as pessoas têm tido a experiência de entrar em
alguma cidade, bairro ou país somente para sentir um
desassossego intangível ou opressão descer sobre os seus espíritos.
Em muitos desses casos, o que encontramos em tais
circunstâncias é a atmosfera sufocante de outro reino espiritual.
De maneira imperceptível para nós acabamos de cruzar uma
fronteira espiritual, que faz parte do império de que falou o
apóstolo Paulo no sexto capítulo de Efésios.
Outras situações mostram-se ainda mais óbvias. Sem
importar a teologia das pessoas, qualquer crente honesto e
moderadamente viajado reconhecerá que existem certas áreas do
mundo de hoje onde as trevas espirituais mostram-se mais
pronunciadas. Sem importar se se trata de cidades coalhadas de
índios, como Varanasi e Catmandu, ou a decadência ostentosa de
Pataia ou Amsterdão, ou as regiões espiritualmente estéreis de
Omã ou da parte ocidental do deserto do Saara, em tais lugares a
realidade triunfa sobre a teoria a cada instante.
A questão é: por quê? Por que existem algumas áreas
espiritualmente mais opressivas, mais entregues à idolatria, mais
espiritualmente estéreis do que outras? Por que as trevas parecem
medrar onde elas realmente estão?
Uma vez que alguém comece a formular essas questões
fundamentais, é fácil vinculá-las a centenas ou mesmo milhares de
situações específicas. Por que, por exemplo, a Mesopotâmia tolerou
uma tão longa lista de governantes tirânicos? Por que a nação do
Haiti é o exemplo mais deplorável de desastre social e econômico
do hemisfério ocidental? Por que as nações andinas da América do
Sul sempre parecem encabeçar as estatísticas da taxa de
homicídios anuais per capita? Por que há tanta atividade
claramente demoníaca nas montanhas do Himalaia e em redor
delas? Por que o Japão sempre se mostrou uma noz difícil de
quebrar por meio do evangelho? Por que o continente da Ásia
domina de tal maneira a Janela 10/40?
Todas as igrejas locais podem apresentar dúzias de outras
perguntas, acerca de suas próprias comunidades. Não será difícil
formulá-las, uma vez que consideremos que pode ser relevante
fazer tais perguntas.
No decorrer dos poucos anos passados, minhas pesquisas em
busca por respostas a essas perguntas têm-me levado literalmente
ao redor do mundo. Isso me tem levado a uma fascinante e
instrutiva jornada, serpeando por quase cinqüenta países e
produzindo mais de trinta e cinco mil páginas de material
documentado — incluindo fotografias, livros, mapas, entrevistas e
estudos de casos.
Ao longo do caminho, tenho visitado santuários, templos,
mosteiros, bibliotecas e universidades. Tenho subido por montes
sagrados, examinado cemitérios de ancestrais e tenho remado pelo
sagrado rio Ganges, correnteza abaixo. Tenho ouvido as narrativas
de lamas tibetanos budistas, médicos-feiticeiros dos ameríndios,
bem como os principais teóricos do movimento da Nova Era. Tenho
comparado notas com missionários e pastores nacionais de proa;
entrevistado antropólogos e estudiosos da pré-história. E tenho
sondado as mentes de muitos especialistas que têm profundos
conhecimentos desde o xamanismo até à adoração dos
antepassados japoneses, passando pelo folclore do islamismo, a
geomancia e as peregrinações religiosas.
A súmula desse processo, um livro e uma série de fitas
gravadas, intitulados The Twilight Labyrinth, 3 é a seqüência
natural do livro The Last of the Giants, bem como do livro que você
está manuseando agora. Quanto àqueles que são sérios quanto à
identificação e o desgaste do poder das fortalezas territoriais, este
volume oferece o mais abrangente discernimento que se tem
publicado até esta data.
O DESAFIO DAS PESQUISAS
Aqueles que têm lido os nossos livros sabem que Peter
Wagner e eu concordamos inteiramente que a territorialidade
espiritual tem muito a ver com as coisas como elas são, em certas
cidades, nações e regiões do mundo atual. E muitos outros —
incluindo pastores, missionários praticantes e professores de
teologia — têm chegado a uma conclusão similar. Porém, ainda
que esse crescente consenso seja encorajador, muitas outras
questões e tarefas ainda precisam ser examinadas.
É útil pensar nesse processo em termos das pesquisas
médicas que têm acabado de identificar certo vírus como o agente
causador por detrás de alguma enfermidade particular. Esta ou
aquela pessoa se tem recuperado de forma extraordinária, mas
muito trabalho árduo ainda jaz à frente, se esse conhecimento tiver
de ser traduzido sob a forma de ajuda prática em favor daqueles
que estão sofrendo, ou que estão procurando tratar a enfermidade
em foco.
O primeiro passo usualmente consiste em tentar e em
conceber algum tipo de instrumento diagnosticador que possa
ajudar médicos e pacientes a saberem que estão combatendo uma
enfermidade no seu estágio mais primário possível. Isso ajuda a
evitar caças ao acaso, em busca de algum tratamento eficaz. Os
diagnósticos errados e as mazelas fantasmas são, ao mesmo tempo,
muito caros e perigosos.
O passo seguinte, para os pesquisadores, consiste em dirigir
o conhecimento deles para as operações internas de uma
enfermidade qualquer, com vistas à sua cura eventual. Conhecer
quais as causas de algum problema, e como detectá-lo pode, em
última análise, tornar-se uma carga pesada, se esse conhecimento
não for o precursor da solução.
Reconhecer o papel da territorialidade espiritual, pois, serve
somente de ponto de partida quanto a qualquer pesquisa que se
proponha a compreender as razões e as conseqüências dos
modernos campos de batalha espirituais. Mas restam ainda certas
perguntas perscrutadoras. Como, por exemplo, são estabelecidas
as fortalezas espirituais? Como elas se mantêm diante da
passagem do tempo? E como são reproduzidas essas fortalezas em
outras áreas?
Embora não seja possível, neste breve capítulo, responder
com detalhes a cada uma dessas perguntas, pelo menos podemos
cobrir os pontos básicos. Ao assim fazermos, nosso ponto de
partida será uma simples mas crucial definição. Em que consiste,
exatamente, uma fortaleza espiritual? Sem mergulharmos na
aplicação do termo à mente e à imaginação, uma observação
atenta à variedade de fortalezas territoriais revela duas
características universais: elas "repelem a luz" e "exportam as
trevas". (Cindy Jacobs descreveu vários tipos de fortaleza, no
terceiro capítulo, mas aqui estou tratando acerca do tipo de
fortalezas territoriais.)
As fortalezas territoriais são de natureza inerentemente
defensiva e ofensiva. Seus terraplenos escusos desviam os dardos
divinos da verdade, pois os arqueiros demoníacos mostram-se
sempre muito ocupados a lançar dardos inflamados na direção de
alvos desprotegidos, lá fora. Se seus acampamentos de prisioneiros
retêm milhares de cativos encantados, os comandos do mal e os
centros de controle vivem liberando múltiplas formas de ludibrio,
através das hostes espirituais da maldade que eles empregam.
ESTABELECENDO FORTALEZAS TERRITORIAIS
Se tivermos de entender por que as coisas são da maneira
como são hoje em dia, teremos primeiramente de examinar o que
aconteceu ontem, e também teremos de resolver o dilema da
origem delas. De onde elas vieram? Como essas coisas foram
estabelecidas?
O ponto de partida óbvio desse tipo de estudo é a torre de
Babel. Pois, conforme somos informados no capítulo onze do livro
de Gênesis, foi da planície de Sinear, na antiga Mesopotâmia, que
um povo geograficamente coerente foi disperso por Deus para os
quatro cantos da terra. Mas o que aconteceu àquelas populações
antigas, ao migrarem de Babel? Artefatos antigos e tradições orais
podem oferecer-nos qualquer indício? E, nesse caso, esses indícios
têm alguma relevância para a nossa inquirição quanto a
entendermos as origens das fortalezas territoriais?
Antes de passarmos adiante, sinto que devo frisar um fato
adicional, que pesa sobre a nossa discussão. Colocando a questão
nos termos mais simples, os demônios podem ser achados onde
quer que estejam as pessoas. Não há motivo algum para eles
estarem em outro lugar qualquer. Não encontramos provas, nem
nas Escrituras nem na história, que os demônios estejam
interessados na criação inanimada ou amoral, como os montes, os
rios, as árvores, as cavernas, as estrelas e os animais, a menos que
e enquanto as pessoas não se fizerem presentes. A amarga ordem
que receberam foi roubar, matar e destruir aquilo que é precioso
para Deus; e, como é claro, os seres humanos, criados segundo a
imagem de Deus, estão no alto da lista de seres valiosos para Deus.
Essa seria a explicação subjacente das trevas que parecem
engolfar tantas cidades do mundo. Sempre e onde quer que as
pessoas se concentrem, para ali os demônios serão atraídos pelo
odor delas. Não teria sido por esse motivo que a torre de Babel
atraiu tão imediata intervenção divina? É difícil imaginar que
aquela ímpar concentração de seres humanos, na planície de
Sinear, não tenha precipitado um dos mais profundos
ajuntamentos de poderes demoníacos da história?
Embora pouco se conheça sobre os movimentos originais dos
primeiros grupos de pessoas que saíram da Mesopotâmia, aquilo
que sabemos sugere, pelo menos, um denominador comum da
experiência humana — os traumas. Para alguns, era a
incapacidade de transpor barragens montanhosas intransponíveis,
que bloqueavam o caminho deles. Para outros, teria havido uma
súbita falta de alimentos, produzida por severas condições
climáticas. Ainda outros acharam-se envolvidos em algum combate
mortal.
Quaisquer que tenham sido esses antigos traumas, eles
sempre tiveram por efeito fazer as pessoas se verem face a face
com os seus desesperos. Como é que eles resolveriam tal desafio?
Cada caso estava carregado de implicações morais. Cada
circunstância serviu de oportunidade para um povo específico, em
um lugar específico, para voltar-se para Deus com arrependimento,
declarando-o, assim, como seu legítimo governante e único
libertador.
Infelizmente, o arrependimento em cilício, que houve em
Nínive, tem mostrado ser uma daquelas raras exceções à regra. A
esmagadora maioria dos povos, através da história, tem preferido
trocar as revelações divinas pela mentira. Dando ouvidos aos
apelos dos demônios, em seu desespero, têm preferido entrar em
pactos quid pro quo com o mundo dos espíritos. E como
compensação pelo consentimento particular de alguma divindade
resolver seus traumas imediatos, os homens têm oferecido a sua
lealdade singular e contínua. E assim têm vendido, coletivamente,
suas almas proverbiais.
É mediante a colocação desses antigos colchões receptivos,
pois, que são estabelecidas as fortalezas territoriais. A base da
transação é inteiramente moral. As pessoas fazem uma escolha
consciente de suprimir a verdade e de acreditar na falsidade. No
fim, os homens são enganados por terem preferido ser enganados.
Peter Wagner elaborou com eloqüência esse aspecto da questão, no
próximo capítulo, ao fazer a exegese de Romanos 1.18-25.
Visto que muitos dos mais antigos pactos entre os povos e os
poderes demoníacos foram transacionados na Ásia, e a Ásia agora
abriga os maiores centros populacionais do mundo, não nos
deveria surpreender que esse continente atualmente domine as
grandes fronteiras de povos não alcançados pelo evangelho, dentro
da conhecida Janela 10/40. População densa e longevidade têm,
ambas as coisas, muito a ver com o entrincheiramento das trevas
espirituais.
CONSERVANDO AS FORTALEZAS TERRITORIAIS
Que existem dinastias das trevas é um triste fato da história.
A indagação que persegue muita gente é o que sustenta essas
dinastias. Se as escolhas mal feitas de gerações anteriores
permitiram que as forças demoníacas penetrassem em certas
regiões, como é que esses poderes malignos conservam os seus
direitos de explorar os territórios durante séculos ou mesmo
milênios? Exprimindo a mesma coisa de outra maneira, como é
que esses poderes conseguem extensões de arrendamento, depois
de terem morrido aqueles que assinaram o contrato original de
arrendamento?
Uma das principais respostas a essa pergunta acha-se na
questão da transferência de autoridade que ocorre durante
festividades religiosas, cerimônias e peregrinações. Escrevi
extensamente sobre esse assunto no livro The Twilight Labyrinth, e
um guia cronológico desses acontecimentos, publicado por nosso
ministério, The Sentinel Group, serve como manual de contraofensiva para intercessores.
Que o poder espiritual realmente é liberado durante essas atividades tem sido confirmado por inúmeros crentes nacionais e por
missionários que eles têm entrevistado. 4 Quase todos eles referemse a um exaltado senso de opressão de crescentes incidentes de
perseguição, e, ocasionalmente, de manifestações em larga escala
de sinais e maravilhas demoníacos. Estamos vivendo em tempos
difíceis, e os crentes com os quais tenho conversado sempre
alegram-se quando esses incidentes terminam. Somente a oração e
o louvor parecem ajudar, e, mesmo assim, algumas vezes eles
indagam se as suas orações não são interrompidas pelo mesmo
tipo de valente espiritual que adiou a resposta divina a Daniel (ver
Dn 10.12, 13).
Deveríamos notar que as festividades, as cerimônias e as
peregrinações religiosas estão sempre ocorrendo em algum lugar
do mundo, a cada semana do ano. Literalmente, milhares desses
eventos têm lugar, desde celebrações localizadas até grandes
eventos regionais e internacionais. O dia das bruxas e o hajj dos
islamitas são bem
conhecidos exemplos internacionais;
festividades regionais menos conhecidas são a Kumbha Mela, na
Índia, o Inti Raymi, no Peru, e as celebrações Bon, de verão, no
Japão, que também atraem imensas multidões de participantes.
Tirando a Poeira de Antigos Colchões de Boas-Vindas
Essas celebrações decisivamente não são os espetáculos
culturais benignos, esquisitos e coloridos que as pessoas dizem
com freqüência que elas são. Antes, são transações conscientes
com o mundo dos espíritos. São oportunidades de as gerações
contemporâneas reafirmarem as escolhas e os pactos firmados
pelos seus antepassados e por seus pais. São ocasiões em que se
tira a poeira de antigos colchões de boas-vindas, ampliando o
direito do diabo de governar sobre povos e lugares específicos nos
dias de hoje. A significação desses acontecimentos não deveria ser
subestimada.
Uma vez que uma população entregue-se a vãs imaginações,
os poderes demoníacos logo tiram proveito para animar as
mitologias daí resultantes. De uma maneira que nos faz lembrar o
Mágico de Oz, agentes espirituais manipuladores põem em prática
a arte de governar por detrás dos bastidores, mediante sombrinhas.
A autoridade e a lealdade prestadas a chamadas divindades
protetoras são rapidamente absorvidas — e, daquele instante em
diante, a mentira vê-se entrincheirada.
Desafortunadamente, centenas de milhares de crianças por
dia nascem nesses sistemas de feitiço ao redor do mundo. Quase
todas elas crescem ouvindo falar na mentira; mas é durante o
curso dos ritos de puberdade e das iniciações que muitos deles
sentem a sua intensa sucção gravitacional pela primeira vez. O
poder da mentira, atiçada pela mágica demoníaca, é chamado de
tradição; e são as tradições, por sua vez, que sustentam as
dinastias territoriais.
Ludíbrios Adaptados
Por mais importantes que sejam as tradições na manutenção
das dinastias territoriais, entretanto, esse não é o único meio
usado pelo inimigo para chegar a essa finalidade. Outra estratégia
igualmente importante é aquilo que chamo de "ludíbrios
adaptados". Essa estratégia é empregada quando as tradições, por
qualquer razão, começam a perder o seu domínio sobre uma dada
sociedade.
Os ludíbrios adaptados, dependendo de como o indivíduo
preferir encará-los, ou são correções de curso que se fazem
necessários, ou são aprimoramentos da "linha de produção" do
diabo. Esses ludíbrios funcionam por causa da propensão da
humanidade para experimentar coisas novas. Dizendo a mesma
coisa de forma mais crua, e com pedidos de desculpas aos
aficionados felinos, o diabo tem aprendido que há mais de uma
maneira para esfolar um gato.
Dois exemplos de ludíbrios adaptados dos dias modernos
encontram-se nas novas religiões folclóricas dos japoneses e dos
povos islâmicos. O islamismo folclórico é uma combinação de
crenças islâmicas e animistas, e muitas das novas religiões dos
japoneses apresentam uma curiosa mescla de conceitos budistas e
materialistas. Em termos de números de aderentes ou praticantes,
ambos os movimentos são bem-sucedidos de uma maneira colossal.
Os ludíbrios adaptados não substituem as escravidões
ideológicas pré-existentes, mas antes intensificam-nas. Nesse
sentido, são análogos a um nível coletivo da narrativa bíblica do
demônio que volta ao vaso humano desocupado, trazendo agora
consigo sete outros espíritos, piores do que ele mesmo (ver Mt
12.43-45; Lc 11.24-26).
SERVIDÕES PREVALENTES E SERVIDÕES ARRAIGADAS
Agora que já estamos armados com a compreensão sobre os
papéis desempenhados pelo ludibrio adaptado, pelas tradições e
pelas festividades religiosas, na manutenção das dinastias
territoriais, precisamos ainda aprender uma lição final. Essa lição
tem a ver com o discernimento da diferença entre as "servidões
prevalentes" e as "servidões arraigadas". Devido à ausência de
ensino sobre o assunto, os guerreiros evangélicos com freqüência
deixam-se enganar pelas aparências superficiais, quando se
esforçam por identificar as fortalezas territoriais.
Um bom exemplo desse fato foi levantado pelo grande número
de pessoas que, poucos anos atrás, insistiam que a fortaleza
espiritual sobre a Albânia era o comunismo do tipo stalinista. Mas,
embora não haja como duvidar que esse tipo de comunismo fosse
a servidão prevalente na ocasião, também muitos aceitavam que
essa também era a fortaleza arraigada. A falha nesse raciocínio
torna-se óbvia quando consideramos que o comunismo só veio a
tornar-se a ideologia predominante no país em 1944. A significação
desse fato é que, por mais vil e destruidor que tenha sido esse
sistema de ateísmo, só está instalado ali faz cerca de cinqüenta
anos. A história da Albânia, antes disso, retrocede até à região
bíblica do Ilírico, e remonta a muitos milhares de anos.
Sistemas similares de última hora também podem ser
encontrados na Mesopotâmia, no Japão e em outras áreas do
mundo. Esses sistemas representam ideologias superficiais que
chegam e se vão juntamente com o vento. Embora não possam ser
ignorados, por outra parte não devem ser confundidos com o
subsolo espiritual que precisa ser quebrado se tivermos de entreter
esperanças legítimas de que veremos as fortalezas espirituais
serem invadidas com sucesso por meio do evangelho.
A EXPANSÃO DAS TREVAS
Tendo examinado a pergunta de como as fortalezas espirituais são estabelecidas e mantidas, voltamo-nos agora para a questão da expansão territorial. Nesse ponto ficamos interessados em
saber se o reino das trevas é geograficamente dinâmico; e, se
realmente assim acontece, como tais fortalezas são reproduzidas
em outras áreas.
No meu livro, The Twilight Labyrinth, devotei um capítulo
inteiro à dinâmica territorial, intitulado de "Caminho da figueirade-bengala". Conforme o próprio título sugere, baseei a ilustração
sobre essa árvore tropical, com seus ramos que se estendem e com
suas raízes aéreas descendentes, que servem de excelente analogia
da maneira como se expande o império das trevas.
Começando com um único tronco maciço, os ramos sinuosos
da figueira-de-bengala estendem-se lateralmente em todas as
direções. Dali, naquilo que sem dúvida é a característica mas
notável dessa espécie vegetal, as raízes aéreas que descem até o
chão vão formando novos troncos. Dessa forma, a figueira-debengala pode mover-se lateralmente por grandes distâncias — ao
mesmo tempo em que vai criando uma moita trançada quase
impenetrável, com seus muitos troncos e ramos parecidos com a
da parreira.
Esses ramos que se estendem e essas raízes descendentes representam as duas maneiras como a expansão territorial tem lugar:
"exportação ideológica" e "fortalezas produzidas por traumas". A
exportação teológica, que é uma extensão territorial das fortalezas
territoriais, é efetuada mediante a propaganda de ideologias ou de
influências espirituais, a partir dos locais de transmissão, ou
centros de exportação, que existem em várias áreas do mundo.
Exemplos de centros assim incluem o Cairo, Trípoli, Karbala, Qom
e Meca, no mundo islâmico; Allahabade e Varanasi, no mundo do
hinduísmo; Dharamsala e Tóquio, no mundo budista; e Amsterdão,
Nova Iorque, Paris e Hollywood no mundo materialista. Se antes os
escudos defletores dos valores judaico-cristãos impediam que
esses venenos penetrassem profundamente demais na América do
Norte, a erosão da lealdade cristã, em anos recentes, infelizmente
tem chegado a significar que, em um número crescente de
instâncias, agora o inimigo somos nós mesmos.
Outra maneira pela qual o inimigo expande o seu reino no
mundo é mediante a indução de novos traumas. Tendo aprendido,
com base nas experiências passadas, o quão eficazmente as circunstâncias desesperadas podem atrair para a sua teia homens e
mulheres, o inimigo por muitas vezes usa a ganância, a
concupiscência e a desonestidade de indivíduos depravados a fim
de deflagrar novas crises.
Um exemplo gráfico de uma fortaleza induzida por um
trauma, no mundo ocidental, é o Haiti. Tirando proveito da
ganância dos africanos efiques e dos negociantes franceses de
escravos, grandes números de africanos da África Ocidental foram
trazidos para a área do Caribe e maltratados até ao ponto do
desespero. Preferindo resolver os seus conflitos entrando em novos
pactos com o mundo dos espíritos, aqueles escravos estabeleceram
um sistema de adoração e de governo secreto alicerçado sobre o
animismo, conhecido como vodu. Atualmente, as negras
recompensas desse sistema são largamente conhecidas, conforme
Peter Wagner passará a demonstrar, no próximo capítulo.
Será possível que o plano de Deus para a sua Igreja é
completar a Grande Comissão no mesmíssimo solo onde o
mandamento original foi entregue à primeira família da
terra?
A GERAÇÃO DO LIMIAR
Conforme os exércitos do Senhor Jesus Cristo vão começando
a completar a tarefa da evangelização do mundo, na chamada
Janela 10/40, é curioso que o centro geográfico dessa região seja o
local do antigo jardim do Éden, isto é na região do moderno Iraque
(ver Gn 2.8-14). Será possível que o plano de Deus para a sua
Igreja é completar a Grande Comissão no mesmíssimo solo onde o
mandamento original foi entregue à primeira família da terra? (Ver
Gn 1.27, 28.)
Qualquer que seja a resposta a essa indagação, é claro que os
guerreiros evangélicos, que ousarem marchar para essa linha final
de combate, terão de enfrentar uma formidável oposição, da parte
de um adversário implacável e invisível. Se a missão para liberar
prisioneiros fascinados tiver de obter sucesso, será mister obter
um acurado conhecimento a respeito das questões internas do
inimigo e de seus centros de controle, bem como o equivalente
espiritual dos óculos de visão noturna, usados pelas forças
armadas.
É impossível desdobrar três anos de dados colhidos e
injetados em um mapeamento espiritual em um único capítulo.
Não obstante, é minha esperança de que essa informação pelo
menos deixará os leitores em estado de alerta, a saber, os leitores
que estão contemplando iminentes missões de salvamento,
alicerçados sobre o fato de que novos instrumentos se estão
tornando disponíveis para guiá-los através do emaranhado e dos
volteios desse labirinto das horas do crepúsculo.
Perguntas para refletir
1. Discuta sobre o conceito da "territorialidade espiritual". Você
concorda que os principados espirituais da maldade poderiam ser
alocados por Satanás a certas regiões geográficas?
2. Este capítulo sugere que as festividades religiosas podem
reforçar a autoridade dos poderes malignos sobre uma área.
Nomeie e discuta tantas dessas festas quantas você puder lembrar.
3. Você já experimentou uma sensação quase física de trevas e de
opressão, em certas áreas de sua cidade ou nação? Compartilhe de
suas sensações com outros crentes.
4. As fortalezas demoníacas que dominam uma cidade ou uma
nação podem ser induzidas por traumas. Pode você pensar em tais
traumas dentro da história de sua cidade ou nação que poderiam
ter produzido fortalezas espirituais da maldade?
5. Faça uma revisão da distinção feita por George Otis, Jr., entre
os conceitos "extrabíblicos" e "antibíblicos". Você concorda com
essa distinção?
Notas
1. OTIS, JR., George. The Last of the Giants. Tarrytown, Nova Iorque,
Chosen Books, 1991. p. 85.
2. Ver, por exemplo, o livro de C. Peter Wagner, Warfare Prayer.
Ventura, CA, Regal Books, 1992. p. 87-103.
3. Informações adicionais a estas, e outros produtos intercessórios
de apoio, podem ser adquiridos através do Sentinel Group, P O.
Box 6334, Lynwood, WA 98036.
4. Testemunhos específicos têm sido recolhidos no Japão, em
Marrocos, na Indonésia, no Haiti, na Índia, no Butão, no Egito, na
Turquia, no Nepal, no Afeganistão, no Irã, nas ilhas Fiji, nas
reservas dos índios norte-americanos e em outros lugares.
2. O VISÍVEL E O INVISÍVEL
Por C. Peter Wagner
Uma tentativa para ver o mundo à nossa volta como ele
realmente é, e não como parece ser. Essa é a descrição clássica do
mapeamento espiritual. Um importante pressuposto por detrás do
mapeamento espiritual é que a realidade é mais do que nos parece
à superfície. As coisas visíveis de nossa vida diária — árvores,
pessoas, cidades, estrelas, governos, animais, profissões, artes,
padrões de comportamento — são coisas comuns, e podemos
aceitá-las como são. Entretanto, por detrás de muitos dos aspectos
visíveis do mundo ao nosso redor pode haver forças espirituais,
áreas invisíveis da realidade que podem ter maior significação final
do que as realidades visíveis.
O apóstolo Paulo deixou isso fortemente entendido quando
escreveu: "...não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas
que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que
se não vêem são eternas" (2 Co 4.18).
Paulo ensinou que, ao reconhecermos a diferença entre o que
é visível e o que é invisível, somos resguardados e "não
desfalecemos" (ver 2 Co 4.16). Mas desanimar quanto a quê? Ele
mencionou novamente o desânimo — "não desfalecemos" — no
primeiro versículo do quarto capítulo, para então lamentar-se de
que os seus esforços evangelísticos não surtiam tanto efeito quanto
ele desejava que surtissem. "Mas, se ainda o nosso evangelho está
encoberto, para os que se perdem está encoberto", escreveu ele.
Por quê? Porque "o deus deste século" cegou as mentes dos
incrédulos (ver 2 Co 4.3, 4).
Entendo que a mensagem paulina significa que devemos
reconhecer que a batalha essencial pela evangelização do mundo é
uma batalha espiritual, e que as armas dessa guerra não são
carnais, e, sim, espirituais. E também cumpre-nos reconhecer que
Deus nos deu um mandato para podermos desfechar uma guerra
espiritual que seja inteligente e agressiva. Se pudermos entender
isso, o processo de evangelização do mundo será acelerado.
Compreender as diferenças que há entre o visível e o invisível é um
dos mais importantes componentes do plano geral de batalha,
capaz de quebrar o domínio exercido pelo inimigo sobre as almas
perdidas, que estão perecendo.
INFLAMANDO A IRA DE DEUS
A principal passagem bíblica que nos mostra a distinção
entre o que é visível e o que é invisível, o primeiro capítulo da
epístola aos Romanos, também é o grande trecho sobre a ira de
Deus. É compreensível que a ira de Deus não seja um de nossos
temas favoritos, pelo que não há muitos livros escritos sobre ela, e
nem se ouve muitos sermões a esse respeito. Todavia, a ira é um
atributo de Deus. Isso significa que não é apenas algum humor
passageiro, que vem e que vai, e, sim, uma parte da própria
natureza divina. Deus é Deus de ira. Ele também é Deus de justiça,
Deus de amor, Deus de misericórdia e Deus de santidade. Essa
lista poderia prosseguir, mas Romanos 1.18-31 é trecho que trata
do Deus da ira.
Escreveu Paulo: "Porque do céu se manifesta a ira de Deus
sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a
verdade em injustiça" (Rm 1.18). Essa enlouquecida injustiça tem
tudo diretamente a ver com o visível e com o invisível. Permita-me
o leitor que eu explique.
Deus criou o mundo a fim de manifestar a sua glória. Todo
ser humano foi criado para glória de Deus. Os seres
humanos ocupam uma posição superior à de outros objetos
da criação, porque somos os únicos que foram criados à
imagem de Deus.
Por que Deus criou o mundo? Ele criou o mundo a fim de
manifestar a sua glória. Paulo esclareceu que, através das "coisas
que estão criadas", ou seja, dos aspectos visíveis da criação, "as
suas coisas invisíveis... se entendem, e claramente se vêem". Tudo
quanto vemos na criação de Deus, sem qualquer exceção, foi
originalmente criado para revelar "o seu eterno poder" e "a sua
divindade" (ver Rm 1.19,20).
Que significa isso para nós? Para começo de conversa,
significa que todo ser humano foi criado para glorificar a Deus. Os
seres humanos ocupam um nível superior ao de outros objetos da
criação, porquanto somos os únicos seres que foram criados à
imagem de Deus. Todo ser angelical também foi criado para que
glorificasse a Deus. E outro tanto deve ser dito acerca de todo
animal, planta, corpo celeste, montanha, iceberg, vulcão, urânio,
para mencionarmos apenas algumas coisas. A cultura humana
também faz parte da criação divina, tendo por desígnio glorificar a
Deus. Abordarei a questão da cultura humana, com algum detalhe,
conforme for avançando neste capítulo.
CORROMPENDO A CRIAÇÃO DE DEUS
A verdade da questão é que no nosso mundo nem todos os
aspectos da criação glorificam a Deus. Certos seres humanos têm
tomado coisas criadas e as têm corrompido, de tal maneira que
tais coisas não mais revelam a glória de Deus. Pois eles
modificaram a glória de Deus, reduzindo-a à "semelhança da
imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de
répteis" (Rm 1.23). Deus fica literalmente furioso quando vê que
aquilo que foi criado para redundar em sua glória foi transferido,
especificamente, para seres humanos, aves, mamíferos e répteis.
Quando esses objetos visíveis da criação são manipulados para
representarem os poderes sobrenaturais, isso libera a ira de Deus.
Se acompanharmos na Bíblia as referências à ira de Deus,
fica claro que coisa alguma desperta tanto a ira de Deus como
adorar e servir "mais à criatura do que ao Criador" (Rm 1.25). E
Deus abomina tal coisa, sobretudo quando os seres humanos
usam o que é visível para glorificar a Satanás e a outros seres
demoníacos. A mera leitura dos capítulos primeiro a décimo nono
do livro de Jeremias infunde temor no coração de qualquer um que
ouse fazer tão horrenda coisa, conforme o povo de Judá inclinavase por fazer, a despeito das advertências de Jeremias. Eles
estavam dizendo à mera madeira "Tu és meu pai"; e à pedra: "Tu
me geraste" (Jr 2.27). Isso magoa tanto a Deus que ele considera
tal atitude como se fosse adultério: "Ora, tu te maculaste com
muitos amantes" (Jr 3.1). E disse também o Senhor: "(Israel)
adulterou com a pedra e com o pau" (Jr 3.9).
Não penso que a ordem de apresentação dos Dez
Mandamentos tenha surgido por mero acaso. Deus abomina o
homicídio, o furto, a imoralidade, a violação do descanso e a cobiça.
Mas todos esses mandamentos aparecem depois do primeiro e do
segundo mandamentos: "Não terás outros deuses diante de mim".
E também: "Não farás para ti imagem de escultura..." (Êx 20.3 e 4).
O primeiro mandamento tem a ver com o que é invisível; e o
segundo, com o que é visível.
Penso que é seguro afirmar que nenhum pecado é pior do que
usar o visível para dar honra e glória aos principados demoníacos.
Nenhuma outra coisa provoca tanto a Deus ao ciúme e à ira.
O Japão e o Sol Nascente
O Japão, que serve de exemplo, é conhecido como "país do sol
nascente". O sol, naturalmente, é uma característica da criação de
Deus, cujo propósito é glorificá-lo. A bandeira japonesa exibe
somente o sol. Esse é o símbolo dessa nação. Mas o sol da
bandeira japonesa glorifica a Deus? Não. O sol é ali usado com o
propósito intencional de glorificar Amaterasu Omikami, a deusa-sol
que é reconhecida em um santuário como o espírito territorial que
governa o Japão.
As pessoas deveriam olhar para a bandeira japonesa e, então,
dizer: "Louvado seja Deus!" Em vez disso, porém, elas glorificam a
criatura, em lugar do Criador.
A Lava do Havaí
Quando, recentemente, dirigi uma conferência sobre guerra
espiritual, nas ilhas Havaí, descobri que muita gente só vivia
pensando em rochas formadas pelo vulcão Kiluea. As pessoas
deveriam contemplar essas belas rochas feitas de lava solidificada
e então exclamar: "Glória a Deus! Nosso Deus é fogo consumidor".
Ele é o Criador dessas rochas de lava.
Mas não. Muitos habitantes do Havaí olham para essas
rochas e dizem: "Glória à deusa Pele! Se não a honrarmos, ela nos
consumirá a fogo". E qual será a atitude de Deus? De acordo com o
primeiro capítulo de Romanos, isso somente o provoca à ira.
O Grande Canhão
A maioria dos crentes norte-americanos concorda que, no que
tange a características naturais, o Grand Cânion * não tem rival
como manifestação visível da majestade de Deus. Poucos cidadãos
norte-americanos, sem embargo, reconhecem, conforme fizeram
David e Jane Rumph, que há aqueles que têm corrompido
sistematicamente esse fenômeno geográfico, tornando-o um
monumento da idolatria geográfica. Em um artigo recente, eles
disseram que uma "ira justa" borbotou de dentro deles, ao
contemplarem as perversas forças invisíveis, agora glorificadas
pelas características visíveis da natureza. É lamentável que a vasta
maioria dos pontos marcantes do Grand Cânion foram chamados
por nomes de principados e potestades das trevas. Alguns
glorificam os espíritos egípcios: a torre de Rá (ou Ré), a pirâmide de
Quéops, o templo de Osíris. Outros glorificam principados hindus:
o ribeiro de Vishnu, o santuário de Rama, o santuário de Krishna.
Ou então glorificam divindades gregas e romanas: o templo de
Júpiter, o templo de Juno, o templo de Vênus, só para fazer uma
seleção ao acaso. Adicionemos a isso o ribeiro do Panteão, o
canhão Assombrado e o ribeiro do Dragão de Cristal, e você terá aí
uma fórmula segura para provocar a ira de Deus.
Gosto da reação do casal Rumph. Eles sugerem que
deveríamos "arrepender-nos humildemente em favor de nosso povo,
por causa de seu pecado coletivo, declarando que o lugar pertence,
com todos os direitos, a Deus, intercedendo diante do Senhor para
que o Senhor seja honrado ali, através de novos nomes".1
*
Na tradução para o português foi nomeado como Grande Canhão.
AFIRMANDO A CULTURA
Estamos vivendo em uma época, ao redor do mundo, mas sobretudo nos Estados Unidos da América, quando se está desenvolvendo um novo respeito pela cultura. Está-se tornando moda
reafirmar a cultura e advogar uma sociedade multicultural. Mas
não devemos permitir que isso ponha uma venda nos crentes.
Precisamos entender isso à luz do que é visível e do que é invisível.
Por detrás de formas culturais, tal como por detrás das rochas de
lava do Havaí, pode jazer tanto o poder invisível do Criador quanto
o poder invisível dos demônios. Se ignorarmos isso, podemos
tornar-nos desnecessariamente vulneráveis diante de ondas
devastadoras de uma demonização em alto nível.
A cultura humana, conforme tenho mencionado, faz parte da
criação de Deus. Portanto, a cultura é boa em si mesma. Trata-se
de um dos elementos visíveis designados a glorificar o Criador.
Esse é um ponto tão crucial que quero reforçá-lo, fazendo
referência à questão tanto no Antigo Testamento quanto no Novo
Testamento.
A Torre de Babel
O livro de Gênesis revela-nos as origens culturais. De acordo
com o capítulo onze do Gênesis, houve um tempo em que a raça
humana tinha uma única cultura. Mas o propósito original de
Deus era que a raça humana se espalhasse por toda a face do
planeta, formando culturas diversas. Os homens, porém, seguindo
a sua natureza decaída, pensaram que tinham um plano melhor
que o de Deus, e assim resolveram reverter o processo de dispersão
consolidando-se em torno de uma torre, a torre de Babel. E
começaram a construir deliberadamente a torre: "...para que não
sejamos espalhados sobre a face de toda a terra" (Gn 11.4).
A torre de Babel era uma estrutura visível. Qual seria o fator
invisível? Os arqueólogos dizem-nos que a torre tinha a forma de
um típico zigurate, uma bem conhecida estrutura antiga, que
visava aos propósitos do ocultismo. Eles desejavam contar com
uma torre "cujo cume toque nos céus", a fim de atrair o poder
satânico que possibilitasse o seu movimento ecumênico. E, assim,
estavam usando o visível para glorificar a criatura, em vez do
Criador.
A reação de Deus já era previsível. Deus ficou irado. Com um
único golpe, o Senhor arruinou os planos deles, confundindo-lhes
as línguas, e eles começaram a espalhar-se, conforme Deus tinha
determinado que fosse feito. E assim a raça humana terminou "nas
suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as suas
famílias, entre as suas nações" (Gn 10.5).
Os eruditos da Bíblia estão divididos em suas opiniões se as
culturas humanas hoje existentes são um castigo de Deus (plano B
de Deus) ou são um propósito de Deus (plano A de Deus). Acredito
que as culturas fazem parte do propósito criador de Deus, plano A.
Por ocasião da torre de Babel, Deus não modificou os seus planos a
longo prazo, mas tão-somente os acelerou. De acordo com o meu
ponto-de-vista, o que poderia ter ocorrido através de séculos ou
milênios, aconteceu em um único instante.
Antes de tudo, é muito próprio de Deus produzir a
diversidade. Consideremos as diferentes variedades de borboletas
que Deus criou. Ou de peixes. Ou de flores. O mundo é muito
melhor com a sua diversidade do que sem ela. Culturas diversas,
pois, ajustam-se ao padrão divino seguido na criação.
O Dom Remidor
Cada cultura ou cada grupo étnico, ou mesmo cada nação,
entra com a sua contribuição particular, como nenhum outro
ajuntamento humano poderia fazer. Muitos, seguindo a obra
pioneira de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para Deus,
referem-se a essa característica ímpar da cultura humana como
um "dom remidor".2 Um dos aspectos cruciais do mapeamento
espiritual consiste em identificar o dom remidor, ou então,
conforme outros crentes dizem, o propósito redentor de uma
cidade, ou nação ou qualquer outro formigueiro humano. De fato,
essa é a sua parte mais crucial. Em última análise, nosso alvo não
é desmascarar as fortalezas satânicas, nem expor o ludibrio do
ocultismo, e nem continuar efetuando o mapeamento espiritual, e
nem amarrando os principados e as potestades do diabo. Nosso
alvo é restaurar a glória de Deus quanto a cada detalhe de sua
criação. Conhecer o dom remidor de Deus que provê uma direção
específica e positiva para as nossas orações e para outras
atividades da guerra espiritual.
Nosso alvo consiste em restaurar a glória de Deus em todos
os detalhes de sua criação. Conhecer o dom remidor de
Deus provê uma orientação específica e positiva para as
nossas orações e para outras atividades da guerra
espiritual.
Se porventura restar qualquer dúvida se as culturas
humanas fariam parte do propósito intencional de Deus, isso deve
ser resolvido pela declaração do apóstolo Paulo, ao falar no
Areópago de Atenas. Ali, asseverou ele: "...de um só fez toda a
geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra,
determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua
habitação" (At 17.26). E qual foi o propósito de Deus ao produzir
tantos grupos étnicos ou culturas diferentes? "...para que
buscassem ao Senhor..." (At 17.27). Isso exprime, com toda a
clareza, um propósito remidor.
As Más Novas: A Cultura Corrompeu-se
As boas novas anunciam que as culturas humanas tinham
por desígnio glorificar a Deus. E as más novas afirmam que, em
sua maior parte, essas culturas não glorificam a Deus, pois
Satanás conseguiu corrompê-las. O alvo primário de Satanás é
impedir que Deus seja glorificado. Ele fez isso desde o princípio, ao
provocar a queda de Adão e Eva, corrompendo assim a própria
natureza humana, que fora criada segundo a imagem de Deus. E,
então, usando multidões de seres humanos depravados, ele tem
levado avante essa perversa atividade no nível da sociedade como
um todo.
Paulo acompanha esse tema em seu sermão no Areópago,
uma mensagem inteira sobre o que é visível e o que é invisível. Ele
pregou esse sermão porque "o seu espírito se comovia, em si
mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria" (At 17.16). Nesse
sermão, Paulo salientou duas formas culturais comuns, com
grande freqüência usadas para glorificar as forças demoníacas
tenebrosas: os templos e a arte. Atenas estava cheia de templos e,
no entanto, "O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo
Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos
de homens" (At 17.24). Atenas era famosa por suas obras de arte.
Não obstante, "...não havemos de cuidar que a divindade seja
semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra, esculpida por artifício
e imaginação dos homens" (At 17.29).
Não há que duvidar que tanto a arquitetura quanto todas as
demais artes podem glorificar a Deus; e, assim, realmente acontece
em grande parte desses engenhos da inteligência humana. Mas
também podem servir de instrumentos prediletos para glorificação
da criatura, Satanás e suas cortes, e não do Criador.
Os antropólogos costumam analisar coisas como a
arquitetura e a arte, bem como o comportamento humano em
várias culturas. Eles são capazes de distinguir, e com notável
exatidão, as formas, as funções e os significados dos componentes
culturais. Mas até mesmo os melhores cientistas sociais só podem
examinar aquilo que é visível. Para que possam ir mais fundo do
que isso já se tem de apelar para uma dimensão que é estranha
para a antropologia cultural — o discernimento de espíritos. A
antropologia vê a cultura como ela parece ser, ao passo que o
mapeamento espiritual tenta enxergar a cultura como ela
realmente é.
Os primeiros missionários evangélicos, destreinados como
eram na antropologia cultural, conforme o são os missionários
contemporâneos, caíam em um equívoco crasso. Quando
penetravam em outra cultura, sabiam que havia um inimigo
qualquer, mas concluíam erroneamente que esse inimigo era a
cultura diferente. Faziam o melhor que estava ao alcance deles,
mas deixavam para trás muitas coisas de que agora nos
lamentamos. Hoje compreendemos que nosso inimigo não é
alguma cultura diferente da nossa, e, sim, Satanás. Nossa tarefa
central é distinguir onde o invisível corrompeu o visível, e, então,
cuidar do problema mediante um encontro de poder (2 Co 10.4, 5).
Nosso alvo é bloquear a obra de Satanás e trazer à tona o
dom remidor de Deus, e não destruir a cultura de algum povo ou
nação.
REAFIRMANDO AS CULTURAS NAS AMÉRICAS
Não é mister algum extraordinário discernimento de espíritos
para saber que uma das mais poderosas fortalezas do inimigo, na
sociedade norte-americana, remonta à escravidão, e que, em
nossos dias, manifesta-se de forma igualmente virulenta por meio
do racismo. Temos procurado e continuaremos buscando meios e
modos políticos para vencer essa corrupção da nossa sociedade,
embora pareça que cada passo para a frente produz um idêntico
passo para trás.
A Proclamação da Emancipação, feita por Lincoln, que
libertou os escravos norte-americanos, em 1863, foi um passo para
a frente. Mas houve em seguida um passo claro para trás, devido à
resultante supremacia branca, que desenvolveu padrões
culturalmente perversos como a "assimilação" (isto é, os negros
precisavam tornar-se como os brancos, a fim de serem aceitos), ou
como o slogan enganador, como "a América é um cadinho que
dissolve tudo" (isto é, todos os cidadãos americanos são iguais).
Pois misturam uma coisa boa — "todos deveríamos ser cegos para
a cor da pele" — com uma coisa ruim — "somos cegos para o nosso
racismo".
Foram necessários cem anos, até que o Movimento dos
Direitos Civis da década de 1960 começou a propalar essas idéias.
Foi então que começamos a descobrir que o negro é bonito, e que
os negros podem continuar sendo negros e serem bons cidadãos
norte-americanos. Começamos a valorizar a cultura afroamericana, bem como as culturas de nossas outras minorias
norte-americanas. Esse foi o passo para a frente. Mas o passo para
trás, que é tão novo que muitos nem ainda se deram conta do que
está sucedendo, é uma abertura perigosa e um tanto ingênua para
o paganismo. Aqui é onde ficam diretamente ligados o visível e o
invisível.
Exagerando a Tolerância
A tolerância é o contrário da discriminação. No esforço por
reafirmar o pluralismo cultural, a tolerância torna-se um conceito
altamente valorizado. Grupos intolerantes, como a Ku Klux Klan,
são considerados desvios sociais infelizes em nossos dias. Esse é
um passo para a frente.
Meu temor é que, quando a tolerância torna-se exagerada,
pode haver dois passos para trás, e no fim tudo pode acabar pior
do que no começo. Isso é assim porque, embora as formas visíveis
da cultura possam ser neutras e mereçam ser toleradas, isso não
ocorre no caso de todos os poderes espirituais que se postam por
detrás de certas formas culturais. Salomão descobriu isso quando
trouxe mulheres de diferentes culturas para o seu harém. As
mulheres e as artes e artefatos que elas trouxeram de suas
culturas pagãs eram uma coisa. Os principados e potestades
demoníacos que vieram com aquelas mulheres eram algo bem
diferente, o que acabou provocando a queda de Salomão (ver 1 Rs
11.4-10). O que era invisível veio na esteira do que era visível.
Em nossos dias, dos bons cidadãos norte-americanos esperase que eles tolerem qualquer coisa, desde estilos de vida próprios
do homossexualismo até às religiões orientais. Multiculturalismo é
uma espécie de senha nas universidades. Jornalistas, artistas,
mestres e juízes precisam ser "politicamente corretos". Mas
notemos aonde isso nos conduz. Quando a tolerância torna-se
suprema, a única coisa que não pode ser tolerada é a intolerância.
O cristianismo, por sua própria natureza, é visto como uma
religião intolerante, porque reivindica que Deus é absoluto, que a
sua Palavra é a verdade, que a sua moralidade é normativa, e que
somente por meio de Jesus Cristo os seres humanos perdidos
podem recuperar o seu relacionamento pessoal com ele. O
cristianismo bíblico, pois, está longe de ser considerado politicamente correto.
Eis a razão pela qual não podemos orar ou ler nossas Bíblias
ou apor os Dez Mandamentos nas paredes de nossas escolas
públicas. Esse também é o motivo pelo qual a universidade de
Washington está requerendo dos líderes da Campus Crusade que
assinem formulários requerendo que abram seus postos de
liderança a todos os estudantes, sem importar o credo religioso ou
a orientação sexual destes últimos. Tim Stafford noticiou: "Em
Stanford, as pessoas podem dizer praticamente qualquer coisa a
respeito dos homens brancos ou dos fundamentalistas religiosos;
mas ai daquele indivíduo que disser ou fizer qualquer coisa
considerada ofensiva para os oprimidos: as mulheres, os
homossexuais, os incapacitados ou as pessoas de cor".3
Isso já é ruim por si mesmo, mas o mais alarmante é que tais
atitudes estão começando a penetrar na corrente principal do
cristianismo bíblico. Pesquisas recentes, feitas por George Barna,
têm revelado que somente 23% dos crentes evangélicos e
regenerados acreditam que existe tal coisa como a verdade
absoluta!4 Não admira que alguns deles estejam questionando a
necessidade de um evangelismo agressivo. Para esses, talvez a fé
em Jesus Cristo, como Salvador e Senhor, na verdade não seja
assim tão crucial, afinal de contas!
Quando contemplamos esse fenômeno à luz do que é visível e
do que é invisível, não estamos jogando nenhum jogo cultural.
Antes estamos convidando novamente o paganismo para a nossa
sociedade, à guisa de tolerância. E isso fornece fortalezas para os
espíritos territoriais invadirem e assumirem o controle da vida de
nossa sociedade. Isso atrai a demonização da sociedade, bem como
o desastre final para um grande número de pessoas.
Que Fazem os Poderes das Trevas?
Quão perigoso é esse desenvolvimento? Quando as forças
demoníacas passam a controlar a sociedade, muitas coisas podem
acontecer. Na América do Norte estamos vendo algumas delas
começarem a acontecer diante de nossos olhos. Exemplificando:
1. Podem provocar o ressurgimento do racismo sob formas
novas e mais violentas. Minorias podem voltar-se contra outras
minorias, como os conflitos entre os afro-americanos e os coreoamericanos, ou entre os hispano-americanos e os afro-americanos.
2. Podem forçar os sistemas legislativo e judiciário para que
legalizem supostos direitos de grupos que exercem pressão, sem
importar quão danificadoras sejam essas causas para a sociedade
como um todo, a longo prazo. Direitos exagerados dos animais,
direitos dos homossexuais, questões ambientais triviais e aborto
por conveniência são vistas como medidas politicamente corretas.
3. Podem abrir as portas para a decadência moral. Quando as
pessoas adoram a criatura, e não o Criador, a moralidade naufraga,
conforme o primeiro capítulo da epístola aos Romanos nos mostra
em termos inequívocos. A sociedade pode tornar-se tão ruim que
Deus entrega tal povo à vontade deles. Por três vezes, no primeiro
capítulo de Romanos, Paulo repete: "Deus entregou". Mas
entregou-os a quê? (1) Às "concupiscências de seus corações, à
imundícia, para desonrarem seus corpos entre si" (1.24); (2) "varão
com varão, cometendo torpeza" (1.27); (3) "a um sentimento
perverso, para fazerem coisas que não convém" (1.28). E isso é
seguido por uma das mais revoltantes listas de práticas
pecaminosas que podem ser encontradas na Bíblia. Lamentavelmente, cada item que há nessa lista pode ser encontrado nas primeiras páginas dos jornais de nossas cidades americanas, em
nossos dias.
O DESAFIO DO DISCERNIMENTO ESPIRITUAL
Em um meio ambiente nacional e internacional, onde as
culturas estejam sendo afirmadas e onde a tolerância é esperada,
onde deveríamos traçar a linha divisória? Por uma parte, queremos
fazer valer a cultura. Afinal, Deus criou cada cultura e deu a ela
um dom ou dons remidores, para a sua glória. Por outra parte,
queremos desmascarar os ludíbrios satânicos que estão
bloqueando a emergência da glória de Deus. Queremos também
identificar as fortalezas espirituais, para então, seguindo os
princípios bíblicos da guerra espiritual, derrubar aquelas fortalezas
e apresentar avisos de expulsão às forças espirituais que estão por
detrás dessas fortalezas (ver 2 Co 10.2-5 e Ef 6.12). Quanto mais
habilidosos nos tornarmos no campo do mapeamento espiritual,
mais eficazes nos mostraremos no enfrentamento desse desafio.
Algumas vezes, saber onde traçar a linha é tarefa
relativamente fácil. Pode ser feito com o bom senso espiritual. Em
outras oportunidades, trata-se de uma situação delicada, que
requer dons espirituais como a profecia e o discernimento de
espíritos, além de considerável experiência prática, no campo.
Permita-me o leitor dar um exemplo pessoal e um exemplo bíblico
sobre como devemos traçar essas linhas divisórias.
Limpando a Sala de Estar da Família Wagner
Os leitores de outros livros desta série já tomaram
conhecimento de que minha esposa, Dóris, e eu temos tido de
enfrentar espíritos malignos em nosso lar em Altadena, estado da
Califórnia. Em um dos livros desta série, intitulado Escudo de
Oração (Editora Bompastor), detalhei a história de como caí de
uma escada, em minha garagem, e de como creio que a intercessão
de Cathy Schaller, naquela ocasião, salvou a minha vida. As
evidências apontam na direção da obra direta de um espírito
maligno. Em outro livro, Oração de Guerra (Editora Bompastor),
contei como Dóris chegou a ver um espírito em nosso dormitório, e
de como Cathy Schaller e George Eckart, algum tempo depois,
vieram à nossa casa e exorcizaram os espíritos.
Cathy e George encontraram mais espíritos em nossa sala de
estar do que em qualquer outra dependência da casa. Ao partirem,
eles sentiam que tinham expulsado a todos os espíritos,
excetuando um, que eles discerniram estar vinculado a um puma
de pedra da cultura dos índios quíchuas, que havíamos adquirido
quando éramos missionários na Bolívia. O puma não era nenhuma
antigüidade, mas apenas uma reprodução para turistas; mas, a
despeito disso, o invisível se havia apegado àquele objeto visível.
Além do puma, tínhamos como decoração das paredes duas
máscaras pagãs, usadas pelos índios chiquitanos, além de duas
lâmpadas entalhadas na madeira, representando a cultura dos
índios aimaras.
Quando Dóris e eu voltamos do trabalho para casa, naquele
dia, tínhamos de tomar algumas decisões. Onde deveríamos traçar
a linha divisória? Tínhamos três coleções diferentes de objetos de
arte, de três das culturas indígenas da Bolívia.
1. O puma. Crendo que um espírito maligno se havia
apegado ao puma, a decisão a respeito foi simples. O puma
precisava desaparecer. Levamos o objeto para fora, quebramo-lo e
jogamos os pedaços na lata de lixo.
2. As máscaras. Se o discernimento de Cathy e George
estavam com a razão, então nenhum espírito se atrelara àquelas
máscaras. No entanto, aquelas máscaras não eram meras
reproduções para turistas. Elas haviam sido realmente usadas
pelos índios chiquitanos em suas cerimônias animistas, com o
propósito de glorificar a seus espíritos tribais. E, apesar do pouco
que sabíamos naqueles dias, aquilo nos pareceu razão suficiente
para nos livrarmos das máscaras, o que realmente fizemos.
3. As lâmpadas. As lâmpadas eram coisas bem diferentes.
Eram belas espécimes de arte nativa. Eram reproduções
esculpidas e envernizadas de Inti, o deus-sol, que era um dos
espíritos territoriais que dominavam os índios aimaras, que viviam
em terras altas. Essas lâmpadas eram os objetos mais
dispendiosos que tínhamos trazido da Bolívia para a nossa terra.
Ajustavam-se perfeitamente bem à nossa decoração. Não estavam
carregadas de demônios, como se dava com o puma. Assim sendo,
discutimos e resolvemos que as deveríamos considerar como
objetos de arte nativa, e não como ídolos de objetos imundos. E
ficamos com as lâmpadas.
Ficamos com elas até à primeira vez em que Cindy Jacobs
visitou a nossa residência. Cindy, autora do capítulo que se segue,
que trata das fortalezas demoníacas, estava muito à frente de
Dóris e de mim em seu discernimento de espíritos e em seu
conhecimento do mapeamento espiritual. Quando ela entrou em
nossa sala de estar então, com um olhar de choque em sua
fisionomia, ela perguntou, apontando para as lâmpadas: "O que
aquelas coisas estão fazendo aqui?" Explicamos que eram apenas
lembranças inocentes, que nos faziam lembrar de nossos dias na
Bolívia. Então Cindy disse gentilmente: "Bem, por que vocês não
oram a respeito delas?", e o assunto não veio à baila novamente.
Depois que Cindy foi embora, começamos a orar. Dessa vez,
Deus orientou-nos para tomarmos uma abordagem diferente em
nossa decisão. E finalmente percebemos que nunca tínhamos
perguntado a nós mesmos a mais crucial de todas as perguntas:
Aqueles objetos glorificavam a Deus? A luz daquilo que estávamos
entendendo na época sobre a verdade bíblica do visível e do
invisível, a resposta era um óbvio "não". As mãos que tinham feito
aquelas lâmpadas, por habilidosas que elas possam ter sido,
"mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da
imagem de homem corruptível" (Rm 1.23). O resultado colimado
era dar glória ao deus-sol, Inti, que seria uma mera criatura, e não
ao Criador. E assim as lâmpadas também se foram!
Mais tarde, lemos em Deuteronômio 7.25, 26, trecho que se
refere às "imagens de escultura de seus deuses", exatamente
aquilo que eram nossas lâmpadas Intis. No mesmo trecho bíblico
lemos que um objeto desses é uma "abominação" ao nosso Deus, e
logo em seguida: "Não meterás, pois, abominação em tua casa,
para que não sejas anátema, assim como ela; de todo a detestarás,
e de todo a abominarás, porque anátema é". E, assim, percebemos
claramente o quão errados estávamos, ao considerarmos aquelas
lâmpadas como inocentes peças de arte nativa.
Nossa casa foi purificada. E foi apenas recentemente que
nossa filha já adulta, Becky, disse-nos que, quando era criança, ao
caminhar sozinha pela casa, nunca entrava na nossa sala de estar.
Ela não foi capaz de verbalizar as suas impressões na
oportunidade, mas ela sentia que a nossa sala de estar estava
contaminada por poderes das trevas. Quão ignorantes mostramos
ser, nós, os pais dela.
Como Paulo Traçou a Linha
Parece que os crentes de Corinto eram mais ou menos tão
ignorantes acerca do visível e do invisível quanto o casal Wagner.
No contexto daqueles crentes, o problema surgiu quando tiveram
de enfrentar a questão das carnes que tinham sido oferecidas a
ídolos. E Paulo ajudou-os onde deveriam traçar a linha, em 1
Coríntios 8-10.
Devemos entender que os aspectos visíveis daquela questão,
aquela que envolvia ídolos e carne, não constituíam o problema
central. Paulo fez as seguintes perguntas retóricas: "Mas, que digo?
Que o ídolo é alguma coisa? Ou que o sacrificado ao ídolo é alguma
coisa?" (2 Co 10.19). A resposta óbvia a essas perguntas é "não". O
problema real acha-se nos demônios invisíveis que se postam por
detrás dessas coisas visíveis.
Os crentes de Corinto ordinariamente podiam conseguir
carne sacrificada a ídolos em três lugares: (1) No mercado público;
(2) nas residências de amigos, em ocasiões de encontros sociais; e
(3) nos próprios templos idólatras. Onde deveriam eles traçar a
linha divisória?
1. O mercado público. Podem ir e comprar carne ali, sem fazer
quaisquer indagações (ver 1 Co 10.25).
2. Jantar na casa de um amigo. Podem comer da carne, se
ninguém levantar qualquer questão a respeito. Porém, se for
anunciado que a carne fora oferecida a ídolos, não comam dela (ver
1 Co 10.7,28).
3. O templo idólatra. Não façam isso. Por quê? Porque, embora
os espíritos invisíveis possam não estar presentes na própria carne,
ou na sala de jantar do amigo, sem dúvida estão presentes nos
templos idólatras. Disse Paulo: "Antes digo que as coisas que os
gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus". E
ele prosseguiu: "E não quero que sejais participantes com os
demônios" (1 Co 10.20).
Nem sempre é fácil saber onde devem ser traçadas as linhas
divisórias. Mas sempre será sábio levantar três perguntas, sempre
que restar alguma dúvida:
• Isso poderia deixar-me
demoníaca direta?
sujeito
a
alguma
influência
• Isso dá qualquer aparência de mal?
• Isso glorifica a Deus?
Limites da Autoridade
Traçar a linha divisória é uma coisa. Entrar em ação direta
contra algum objeto ou comportamento é algo bem diferente. Pude
destruir os artefatos que estavam em minha sala de estar porque
eu era o proprietário legal deles, e, assim, estavam sob a minha
autoridade. Nem Becky e nem Cindy poderiam ter tomado tal
iniciativa, por mais que tivessem desejado fazê-lo. Em muitas
situações da vida, a presença de objetos visíveis que glorificam à
criatura, e não ao Criador, não depende de nós, e nada podemos
fazer a respeito.
Para exemplificar, o edifício onde Dóris e eu temos o nosso
escritório da A.D. 2000 United Prayer Track exibe uma estátua
grosseiramente imunda, logo em sua entrada. De fato, o dedo
daquela figura indesejável aponta diretamente para a janela do
meu escritório. Se eu tivesse autoridade para tanto, sem dúvida
removeria a estátua e a destruiria, mas não posso fazê-lo. E, assim,
visto que não posso tratar com o que é visível, tenho tratado com o
que é invisível.
Dóris e eu convidamos Cindy Jacobs para juntar-se em uma
purificação de nosso escritório, assim que nos mudamos para lá.
Ela quebrou o poder dos espíritos, dentro do escritório, e
amarramos quaisquer forças das trevas vinculadas à estátua;
desde então o escritório tem-se mostrado pacífico e agradável. Se
ainda resta algum poder espiritual e invisível por detrás da estátua,
não sei dizê-lo. Mas sei que agora estamos protegidos, por termos
assumido a autoridade no nome de Jesus, sobre aquela parte do
edifício que alugamos.
DEMONIZAÇÃO NACIONAL
Tenho procurado salientar que ignorar a realidade dos
poderes invisíveis, por detrás dos aspectos visíveis da vida diária,
podem ter efeitos sérios e mesmo devastadores, tanto para o
indivíduo quanto para a sociedade. Duas nações, ainda
recentemente, tomaram insensatas providências oficiais, no nível
governamental mais alto, convidando os principados demoníacos
para virem controlar a sua terra: o Haiti e o Japão.
O Haiti
Faz muito tempo que o Haiti é a nação mais pobre do
hemisfério ocidental. Através dos anos, a religião imposta pela
Igreja Católica Romana em nada tem ajudado o país. Um vigoroso
trabalho missionário protestante também não tem ajudado. A
política não tem ajudado. A ajuda financeira estrangeira, por igual
modo, em nada tem ajudado.
Talvez o maior raio de esperança de um futuro melhor para o
Haiti ocorreu em dezembro de 1990, quando Jean-Bertrand
Aristide tornou-se o primeiro presidente eleito democraticamente,
em toda a história do Haiti. Dentro de uma lista de onze
candidatos, Aristide recebeu 67% dos votos, um fenômeno
relativamente raro, em eleições multipartidárias.
As coisas pareciam estar melhorando. Poucos meses depois
da posse de Aristide como presidente, Jim Shahim noticiou: "Agora
o Haiti parece um lugar diferente". Diminuíram as violações dos
direitos humanos. Cessou o êxodo de pessoas por meio de
embarcações. Aristide, em uma visita que fez a Paris, recebeu
promessas de quinhentos milhões de dólares, para serem
empregados em certa variedade de projetos. As pessoas estavam
falando sobre o novo aspecto do país. Até mesmo um oponente
político de Aristide chamou-o de "o nosso messias de esperança".5
Preservando as raízes culturais. Mas foi então que Aristide,
que também é um padre católico-romano, cônscia ou inconscientemente, cometeu um sério erro espiritual. A 14 de agosto de 1991,
pediu oficialmente que os principais macumbeiros do vodu
dirigissem uma observância nacional da cerimônia de vodu,
chamada Boukmann, a fim de rededicar a nação do Haiti aos
espíritos dos mortos. Essa cerimônia, conforme alguns dizem,
envolve o sacrifício de animais e até de seres humanos. Para quê?
Segundo alegavam, para "preservar as raízes culturais do Haiti".
Cerca de um mês mais tarde, a 29 de setembro de 1991,
Aristide foi derrubado do poder mediante um golpe militar. O Haiti
deu início a um mergulho sócio-econômico. Foi imposto um
embargo internacional sobre o país. A economia normal
virtualmente deixou de existir. Milhares de empregos se perderam,
muitos irrevogavelmente. Meses após o golpe, Howard W. French
expediu esta notícia: "Port-au-Prince, uma agitada cidade em
tempos normais, agora, por muitas vezes, mais parece uma
empoeirada cidade fantasma". Os serviços públicos foram
suspensos por causa de falta de gasolina, e o lixo foi sendo
empilhado em montões cada vez maiores, nas ruas. Muitos
investidores estrangeiros desistiram definitivamente do Haiti. A
nação atingiu o ponto mais baixo na escala da miséria humana.
O que aconteceu, na realidade? Os analistas políticos são
treinados para verem o que é visível. Esses dizem que Aristide foi
derrubado pelos ricos por ser ele um teólogo liberal que favorecia
os pobres. Ou então que os oficiais militares voltaram-se contra ele
por causa de sua política anti-drogas e seu desejo de formar uma
unidade de segurança fora do controle do exército. São também
apresentadas outras razões.
Os mapeadores espirituais, por sua vez, vêem o que é invisível.
Embora sem negarem a validade das análises políticas, esses crentes vêem por detrás dessas razões as operações sinistras de
poderes espirituais que se utilizam de seres humanos e de
estruturas sociais, como as forças militares, visando às suas
próprias finalidades. Não somente os praticantes do vodu, mas
também os espíritos territoriais que governam o Haiti, ficaram
deleitados ao aceitarem o convite do presidente para que se
instaurasse uma demonização nacional. Uma vez que eles
adquiriram as suas fortalezas legais para vitimizarem as massas
populares do Haiti, furtando, matando e destruindo, não tinham
mais qualquer uso para o seu "amigo" Jean-Bertrand Aristide, e
assim relegaram-no ao rol dos que só serviam para o monturo. Seu
plano para "reafirmar a cultura haitiana" foi um tiro pela culatra,
porquanto ele não foi capaz de discernir o mal invisível dentre o
bem visível.
O Japão
De certa feita perguntei de David Yonggi Cho por qual motivo
ele pensava que as igrejas evangélicas crescem tão rapidamente na
Coréia, mas não no Japão. A resposta dele me surpreendeu.
Embora reconhecendo que há muitas razões para aquele fato, uma
das razões, aquela que ele sugeriu, foi que tinha havido sérios
danos contra a tradicional cultura coreana, em trinta e seis anos
de ocupação japonesa, e, subseqüentemente, por parte do
comunismo proveniente da Coréia do Norte. O cristianismo bíblico,
pois, cresceu relativamente sem o empecilho do paganismo
tradicional coreano.
Por outro lado, a cultura japonesa tem permanecido
virtualmente intocada durante três mil anos. O paganismo está
profundamente arraigado no entretecido no Japão. Os espíritos
que controlam o Japão têm podido lançar profundas raízes, e não
se dispõem a permitir que o cristianismo tenha mais do que uma
presença meramente simbólica.
O mais sério retrocesso no domínio dos espíritos territoriais
do Japão ocorreu durante um período de sete anos, imediatamente
após a Segunda Guerra Mundial. A despeito de uma fachada
budista, os espíritos mais profundamente entrincheirados no
Japão são os principados que controlam o xintoísmo, que é uma
forma espiritualizada de nacionalismo. A principal figura visível,
empregada por esses anjos negros, é o imperador. Na mente
popular dos japoneses, o imperador é uma divindade. Mas como
parte do processo de paz, logo após a Segunda Guerra Mundial, o
imperador renegou publicamente essa condição de divindade, e o
governo japonês concordou em separar-se oficialmente de qualquer
instituição religiosa, incluindo o xintoísmo. O general MacArthur
convidou milhares de missionários evangélicos, muitos se
apresentaram, e o cristianismo cresceu bem durante aqueles anos
que agora são conhecidos como os "sete anos maravilhosos".
Durante mais de trinta anos, pareceu, no que é visível, que o
Japão está mantendo o seu status quo. Mas no mundo invisível, os
anjos negros pareciam estar recuperando o seu anterior domínio.
O crescimento da Igreja evangélica diminuiu até apenas engatinhar.
E então morreu o imperador Hiroíto, e seu filho, Akihito, tornou-se
o novo imperador. Uma questão crucial girou em torno da
cerimônia do Daijosi, o componente religioso da inauguração
tradicional de todos os imperadores japoneses. O Daijosi, um ritual
de ocultismo e adivinhação, coreografado, seria o clímax de um
encontro sexual entre novo imperador e a deusa-sol, Amaterasu
Omikami, a principal divindade que domina o Japão. Pouco muda
se o contato sexual é físico (um súcubo) ou se é espiritual. No
mundo invisível, o imperador e a deusa-sol tornam-se uma só
carne, e, através de seu líder supremo, a nação convida que os
demônios venham controlá-la.
Infelizmente para o Japão, tal qual como para o Haiti, uma
decisão insensata foi tomada, e o novo imperador resolveu reverter
a posição de seu pai, tomada após a Segunda Guerra Mundial, e
novamente, na mente popular, foi "deificado" mediante a cerimônia
do Daijosi. E não somente isso, mas o governo resolveu pagar as
despesas dos ritos que custaram vários milhões de dólares, apesar
dos veementes protestos dos líderes evangélicos japoneses.
Desde então, como se esperava, a aberta participação de
oficiais do governo, como líderes nacionais, em peregrinações e
cerimônias ligadas ao tradicional paganismo japonês está em
ascendência. O que isso significa para a nação japonesa, a longo
prazo, é algo que ainda teremos de ver. Mas enquanto este livro
está sendo preparado, a bolsa de valores do Japão, e seu efeito
agitador sobre as economias tanto do Japão como do mundo todo,
está em rápido declínio, como nunca antes acontecera, desde a
Segunda Guerra Mundial, um declínio que vem desde a cerimônia
do Daijosi.
Que Dizer Sobre os Estados Unidos?
Os Estados Unidos da América são bastante diferentes do
Haiti e do Japão, ambos os quais contam com populações
razoavelmente homogêneas. A reafirmação das "raízes culturais
haitianas" ou da "tradicional cultura japonesa" tem um sentido
largamente entendido. Mas os Estados Unidos lideram o mundo
quanto ao multiculturalismo nacional. Nos Estados Unidos, a
reafirmação só poderia ocorrer se fosse feita de cultura em cultura.
No momento não é considerado "politicamente correto" reafirmar as nossas raízes culturais e coloniais anglo-americanas,
procedentes da Nova Inglaterra, da Virgínia, ou das raízes batavoamericanas de Nova Iorque, ou das raízes germano-americanas da
Pennsylvania, ou mesmo das raízes escandinavo-americanas. Mui
significativamente, essas são as culturas norte-americanas que
foram mais profundamente influenciadas pelo cristianismo e que
emergiam da reforma protestante, por mais imperfeito que tenha
sido e continue sendo esse movimento cristão.
Antes, a nova excitação cultural que há nos Estados Unidos
parece girar em torno de culturas minoritárias, como a dos
indígenas norte-americanos, divididos em muitas tribos, os afroamericanos, e vários asiáticos-americanos. Entre os hispanoamericanos tem surgido uma tendência que tem procurado
diminuir a herança espanhola européia, e tem procurado enfatizar
as raízes nativas dos astecas, dos maias ou dos incas. Conforme
vem sendo revelado pela nossa nova compreensão do visível e do
invisível, essa reafirmação cultural pode ser vista como passos
criativos para a frente, em favor de nossa nação, embora também
sirva de convite para uma séria queda espiritual.
O passo para a frente, conforme já foi frisado, está trazendo à
luz os dons remidores que Deus tem implantado em cada cultura,
a fim de glorificar a si mesmo. Nossas culturas são
intrinsecamente boas, porquanto refletem o Criador. Deveríamos
afirmar isso em cada uma das culturas que fazem parte dos
Estados Unidos da América.
Mas também precisamos reconhecer que Satanás tem
corrompido de tal forma as culturas que algumas de suas formas,
como a arte e a arquitetura, e, particularmente, alguns de seus
padrões de comportamento, como as danças e os ritos religiosos,
evidentemente visam a glorificar à criatura, e não ao Criador. As
culturas cujas raízes religiosas exaltam os espíritos demoníacos
precisam ser afirmadas com tanta cautela nos Estados Unidos,
quanto o têm sido no Haiti e no Japão. De outra sorte, as forças
invisíveis das trevas, assim convidadas para que intervenham na
vida nacional, certamente proliferarão e provocarão Deus à ira.
Deus não tolerará a prostituição espiritual nos Estados Unidos
mais do que tolerou em Judá, nos dias do profeta Jeremias, e o
juízo divino é o resultado previsível disso. Tristemente, em vez de
vermos o alívio do sofrimento humano, podemos ver esse
sofrimento intensificar-se.
O Havaí Corre Perigo?
O Havaí, o qüinquagésimo estado norte-americano,
atualmente está vivendo em meio a um forte movimento, liderado
por algumas de suas principais figuras, que busca valorizar a
cultura havaiana. A 21 de agosto de 1992, o governador do Havaí,
um dos senadores norte-americanos e muitos outros oficiais do
governo participaram de um rito do paganismo tradicional do
Havaí, rotulado como "cerimônia de cura", em favor da desabitada
ilha de Kahoolawe. A cerimônia inclui o oferecimento de corais no
altar dedicado aos espíritos das trevas, bem como o ato de beber a
sagrada awa. Parley Kanakaole, líder que dirigiu o evento,
interpretou os atos dos oficiais do governo como se quisessem dizer:
"Sim, darei apoio à herança cultural do Havaí, e tudo quanto
significa ser um kanaka maoli (um verdadeiro havaiano)".7
Um propósito declarado desse processo seria reparar o dano
feito no Havaí pelo cristianismo. Referindo-se a esse evento, Laurel
Murphy diz que depois que os missionários cristãos chegaram, "começou a morrer o poder dos deuses havaianos, e, juntamente com
isso, o poder dos varões havaianos". Parley Kanakaole "sabia que o
novo heiau (templo) tinha de ser uma mua ha'i kupuna, o lugar de
adoração da família, no antigo Havaí, onde os homens invocavam
os antepassados em sua ajuda".8
Ironicamente, o lema do estado do Havaí é o seguinte: "A vida
da terra é perpetuada pela justiça". Isso reflete o dom remidor de
Deus para o Havaí. Essa justiça seria perpetuada se Jesus Cristo
fosse exaltado como legítimo Senhor do Havaí, redundando isso na
glória do Criador. Mas o contrário também é uma possibilidade: a
morte da terra é perpetuada pela injustiça. Conforme já pudemos
mencionar, a ira de Deus é vertida sobre as pessoas que "detêm a
verdade em injustiça" (Rm 1.18), quando elas glorificam antes a
criatura do que ao Criador. Minha oração é que isso não venha a
acontecer no Havaí.
CONCLUSÃO
Onde devemos traçar a linha divisória? O mapeamento
espiritual é uma tentativa para oferecer diretrizes. Ajuda-nos a
saber quando começamos a glorificar a criatura, em lugar do
Criador. Revela os poderes invisíveis, tanto bons quanto maus, por
detrás das realidades visíveis da vida diária. Provê aos homens
novos instrumentos para nos engajarmos e vencermos o inimigo,
assim abrindo o caminho para a propagação do Reino de Deus, a
fim de que sua glória se manifeste entre as nações.
Perguntas para refletir
1. Você pode pensar em quaisquer instâncias, à parte daquelas
mencionadas neste capítulo, onde pessoas tenham abertamente
dado glória à criatura, em vez do Criador?
2. Pense sobre os nomes demoníacos dados a certos pontos destacados do Grand Cânion. Por que isso produz uma "ira justa" em
certas pessoas?
3. Sua cidade tem um dom remidor. Segundo você pensa, quais
são algumas possibilidades acerca do que consiste esse dom da
sua cidade? Que dizer sobre outras cidades próximas?
4. Discuta alguns pontos específicos dos perigos de afirmar o
paganismo, ao mesmo tempo em que se tenta recuperar culturas
antigas.
5. Revise a purificação da sala de estar da família Wagner. Você
teria removido o puma? as máscaras? as lâmpadas? Por quê?
Notas
1. RUMPH, Dave e Jane. "Idolatria Geográfica: Satanás Realmente É
Dono de Tudo Isso?" Body Life, junho de 1992, p. 13.
2. DAWSON, John. Taking Our Cities for God [Reconquiste Sua Cidade Para Deus]. Lake Mary, FL, Creation House, 1989. p. 39.
3. STAFFORD, Tim. "Crentes no Campus e a Política do Novo Pensamento", Christianity Today, 10 de fevereiro de 1992, p. 15.
4. BARNA, George. What Americans Believe. Ventura, CA, Regai
Books, 1991. p. 84.
5. SHAHIM, Jim. "Ilha de Esperança", American Way, 1o de outubro
de 1991,p. 57.
6. FRENCH, Howard W. "O Haiti paga caro pela derrubada de
Aristide", Pasadena Star News, 25 de dezembro de 1991, s.p.
7. MURPHY, Laurel. "Líderes e dignitários havaianos, chefes de
Kahoolawe", Maui News, 21 de agosto de 1992, s.p.
8. Idem, ibidem.
3. TRATANDO COM AS FORTALEZAS
Por Cindy Jacobs
Cindy Jacobs é uma líder de oração espiritualmente dotada.
Junto com seu marido, Mike, ela é co-fundadora da Generals of
Intercession, uma organização que congraça líderes de oração por
todo o globo, que visa a fazer intercessões estratégicas em favor de
cidades, nações e grupos étnicos não alcançados. Autora do livro
Possuindo as Portas do Inimigo (Editora Atos), Cindy viaja e
preleciona nacional e internacionalmente, e tem servido de
instrumento para ensinar a doutrina da unidade ao povo de Deus.
Ela também serve na International Board of Women's Aglow
Fellowship, além de ser uma das invocadoras a Spiritual Warfare
Network, da A.D. 2000 United Prayer Track.
Rosário, Argentina — uma cidade abastada e bela diante dos
nossos olhos naturais. No verão de 1992, os pastores de Rosário
convidaram-me para ensinar em uma reunião de toda uma cidade
para falar sobre "Como Quebrar Fortalezas do Ocultismo e da
Feitiçaria". Antes de partir para a Argentina, lamentei ao assistir,
pela televisão, notícias sobre as terríveis inundações da província
argentina de Santa Fé, onde está localizada a cidade de Rosário.
Enquanto eu observava a destruição causada pela inundação, comecei a indagar se aquela inundação não seria resultante de
alguma maldição. Estaria a cidade debaixo de um ataque espiritual,
por causa dos pecados de seus habitantes? Ponderei a respeito ao
entrarmos na cidade para dirigir o seminário, e orei ao Senhor
para que revelasse o segredo e as coisas ocultas daquela cidade.
No segundo dia do seminário, vários de nós, da equipe da
Harvest Evangelism, fomos almoçar com um pastor local. Esse
pastor, um representante regional da igreja de Omar Cabrera,
Visão do Futuro (uma igreja argentina liderante na área da guerra
espiritual), tinha estado presente a um seminário sobre guerra
espiritual que eu tinha ensinado no ano anterior, em Mar del Plata,
e ele começou a contar-me como havia sido fundada a cidade de
Rosário.
Parece que um grupo de padres católicos-romanos estava
transportando uma estátua da Rainha do Céu de uma cidade para
outra. Enquanto viajavam, a imagem da Virgem do Rosário caiu
por quatro vezes da carroça no chão, no espaço de uma pequena
distância. Os padres, confiantes que a estátua lhes estava
tentando dizer que ela queria que ali fosse o seu santuário,
estabeleceram o que é agora a cidade de Rosário. E assim, a
fundadora espiritual dessa cidade não é outra senão a própria
Rainha do Céu! Essas foram revelações muito iluminadoras. Assim
cheguei à conclusão de que a minha suspeita original de que a
cidade estava debaixo de uma maldição bem poderia estar com a
razão.
Naquela tarde, tive um encontro com alguns pastores de
Rosário e com um pequeno grupo de líderes, os quais pediram que
eu orasse pela cidade deles. Expliquei a eles que o mapeamento
espiritual da cidade poderia ajudá-los a localizar as fortalezas do
inimigo. Compartilhei com eles acerca de como a oração, feita
acerca das portas do inferno, em uma cidade, libera os cativos de
Satanás para que possam entrar no Reino de Deus. Eles ficaram
muito excitados! E a excitação deles só aumentou quando foi
descrita a informação que eu tinha recebido sobre a fundação da
cidade. Embora alguns daqueles líderes soubessem da ligação da
Virgem do Rosário com a cidade deles, eles não sabiam que ela
mesma tinha escolhido a cidade como a sua própria cidade. E
assim as suas mentes foram iluminadas ao perceberem que
aquelas estátuas da virgem estavam localizadas em cada um dos
postos da prefeitura, bem como na praça central da cidade. Alguns
argentinos chegam a chamar a Virgem do Rosário de "generala da
cidade".
ORANDO POR UMA ESTRATÉGIA
Terminada a reunião, voltei ao meu quarto de hotel a fim de
orar. Eu sentia que o arrependimento em face da idolatria que
envolve a Virgem do Rosário era uma das chaves para
solucionamento do problema. Senti que o arrependimento poderia
fazer parar a inundação, tanto na cidade como por toda a província
de Santa Fé. Entretanto, eu também sabia que uma situação
perigosa poderia eclodir, se eu desmascarasse publicamente a
adoração da Rainha do Céu como idolatria. A Argentina é uma
nação católica-romana onde os protestantes são considerados uma
seita. Ademais, a veneração de virgens, como a do Rosário, está
por demais entranhada na cultura argentina. Enquanto estudava e
orava, sentia que o Senhor me estava dando uma estratégia.
Mais tarde, já à noitinha, quando entrei no teatro repleto, em
companhia de minha intérprete, Dóris Cabrera, muitas orações de
meu coração estavam sendo dirigidas para o céu: "Senhor, dá-me
as palavras certas; fala por meu intermédio. Ajuda Dóris a
interpretar exatamente o que eu estiver dizendo".
A adoração ao Senhor, naquela reunião, foi tremenda.
Entreguei a minha mensagem adredemente preparada sobre o
mapeamento espiritual. No encerramento do culto, li o trecho de
Jeremias 7.16-19, que mostra como a adoração à Rainha do Céu
provocava Deus à ira. Também expliquei com cuidado que a
Rainha do Céu não é Maria, a mãe de Jesus. De fato, Maria jamais
desejaria ser chamada pelo nome dessa deusa demônio. Também
mostrei que não estamos honrando Maria, mãe de Jesus, quando a
veneramos como a Rainha do Céu.
Em lugar algum da Bíblia Maria é chamada de Rainha do Céu.
Então descrevi o julgamento contra os filisteus, devido à idolatria
deles, conforme se lê em Jeremias 47.2: "Assim diz o Senhor: Eis
que se levantam as águas do norte e tornar-se-ão em torrente
transbordante, e alagarão a terra e sua plenitude, a cidade e os
que moram nela; e os homens clamarão, e todos os moradores da
terra se lamentarão".
Podia-se ouvir um alfinete que caísse no chão, naquele teatro!
Então, pedi que os pastores viessem à frente. Tínhamos um bom
número representativo dos batistas, dos nazarenos e de outros
grupos, além de carismáticos e pentecostais. Perguntei ao pastor
Norberto Carlini se ele gostaria de dirigir uma oração de
arrependimento, em face da adoração à Rainha do Céu e da
idolatria em torno dela, para em seguida declarar que a cidade
voltava a pertencer ao Senhor Jesus. Ele e os demais líderes
concordaram.
Quando eles se ajoelharam para orar, todos sentiram uma
avassaladora presença de Deus. As pessoas se humilharam diante
do Senhor e começaram a chorar em razão dos pecados da cidade.
Os pastores dirigiram uma oração de arrependimento que trovejou
com o poder e a autoridade de Deus. Cada um dos líderes,
individualmente, arrependeu-se, e, então, formando um grupo,
eles declararam que a cidade não mais pertencia à Rainha do Céu,
e deixaram o governo da cidade sobre os ombros do Rei Jesus. E o
regozijo ressoou até aos céus, enquanto adorávamos
agradecíamos ao Senhor por aquela tremenda vitória.
e
A Inundação Retrocede
O que aconteceu à cidade, em resultado disso? Bem, uma
coisa pôde ser discernida quase prontamente. Quando voei de volta
para casa, poucos dias mais tarde, aconteceu-me ler o Buenos
Aires Herald. Um dos artigos dizia:
Estabilizam-se as Enchentes no Delta! Em Santa Fé, os oficiais da Defesa Civil anunciaram que a crista da enchente do
rio Paraná finalmente tinha começado a mover-se para o
sul, trazendo alívio imediato à população da província que
enfrentava diariamente a ameaça de uma evacuação.
Durante as últimas duas semanas, o nível do rio vinha
subindo constantemente naquele distrito.1
O nível do rio Paraná baixou consideravelmente na capital
provincial de Santa Fé e na cidade de Rosário. Isso serviu de prova,
na dimensão visível, que a maldição tinha sido quebrada e que a
cidade tinha sido libertada! Que tremendo testemunho em favor do
poder do arrependimento! A bênção de Deus foi derramada sobre a
cidade, enquanto as fortalezas da idolatria foram derrubadas.
QUE É O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?
Como foi que descobrimos a fortaleza da veneração à Rainha
do Céu, na cidade argentina de Rosário? Por meio de algo que
estamos chamando de "mapeamento espiritual". Até onde vai o
meu conhecimento, a primeira pessoa a usar essa expressão,
"mapeamento espiritual", foi George Otis, Jr., em seu livro, The
Last of the Giants (Chosen Books). Embora muitos de nós, que têm
ministrado no campo da guerra espiritual, tenham ensinado, já faz
agora alguns anos, sobre a necessidade de pesquisar as cidades, a
fim de descobrirmos as fortalezas espirituais do inimigo, só de
algum tempo para cá o termo "mapeamento espiritual" tornou-se
aceitável para indicar essa forma de pesquisa.
Para sermos honestos, eu tinha alguma reserva quanto a essa
expressão, quando ouvi falar dela pela primeira vez. Para mim,
soava como algo próprio da Nova Era. Expressei a minha opinião a
respeito para diversos outros líderes evangélicos e passei algum
tempo orando sobre o assunto. Finalmente, cheguei à conclusão
que "mapeamento espiritual" é, realmente, um bom título
descritivo para essa forma de pesquisa acerca de uma cidade.
Sem embargo, em que consiste, exatamente, o mapeamento
espiritual? Em minha opinião, trata-se de fazer uma sondagem em
uma cidade, a fim de descobrir as incursões que Satanás tem feito
ali, incursões essas que impedem a propagação do evangelho,
mediante a evangelização da cidade para Cristo. George Otis, Jr.
afirmou que essa atividade nos permite ver como uma cidade
realmente é — e não apenas como ela parece ser. 2
Como é que você está vendo a sua cidade? Muitos pastores
têm sido chamados para dirigir igrejas, em cidades ou vilas que
parecem ser tranqüilas e pacíficas, somente para descobrirem que
isso está longe de ser a verdade. Outros passam anos em centros
urbanos violentos com pouca colheita e finalmente desistem, indose embora queimados e desencorajados. Alguns pastores têm
experimentado desfechar a guerra espiritual, mas têm sentido que
quase só fazem lutar com sombras, pois as forças que atacam as
suas igrejas, e as famílias que fazem parte delas, são invisíveis e
vingativas. Mas as coisas não precisam seguir esse rumo. Deus é o
estrategista por excelência. Na Palavra de Deus existem princípios
espirituais que nos permitem declarar guerra contra as fortalezas
de Satanás, derrubar os seus fortins e libertar os cativos.
Uma pergunta com freqüência é feita, quando se discute esse
assunto, ou seja: "A Bíblia não diz que a terra é do Senhor, com
tudo quanto há nela e que nela vive?" Naturalmente, temos aí uma
verdade. Deus é o proprietário do globo terrestre. Mas também é
verdade que Satanás se intrometeu, apresentando reivindicações
falsas. A Bíblia diz, em 2 Coríntios 4.4, que Satanás se declarou
"deus deste século". Na verdade, ele tem conseguido cativar reinos
inteiros. Mui realisticamente, a maioria dos crentes olharia para as
suas cidades e diria: "Sei que a terra é do Senhor; mas o que
aconteceu à minha cidade?" Infelizmente, a maior parte dos
crentes não sabe o que deve ser feito para alterar essa situação.
Posso perceber um despertamento recente acerca de nossa
responsabilidade para orarmos em prol de nossas cidades e de
nossas nações. Cerca de dois anos atrás, quando se reuniam
certos conveniados da Spiritual Warfare Network, o Senhor me
impressionou com a idéia de que estava ocorrendo uma reforma
por todas as igrejas. O grito de guerra em favor dessa nova reforma
é: "Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim,
contra os principados e potestades, contra os dominadores deste
mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões
celestes" (Ef 6.1,2). E também: "Porque as armas da nossa milícia
não são carnais, e, sim, poderosas em Deus para destruir
fortalezas." (2 Co 10.4). Já experimentamos muitas técnicas no
terreno do evangelismo. Por que não submetemos a teste, por igual
modo, a oração?
Por que alguns crentes se debatem com o conceito de termos
de enfrentar um império maligno invisível? Charles Kraft, do
Seminário Teológico Fuller, tem trazido à tona muitos pontos de
discernimento quanto a essa questão, em seu livro, intitulado
Christianity with Power. De acordo com Kraft, vemos aquilo que
fomos ensinados a ver. Interpretamos a realidade de conformidade
com linhas culturalmente aprovadas, e assim somos ensinados a
ver as coisas seletivamente. Essa visão seletiva das coisas, para
muitas sociedades européias e americanas, está condicionada pela
nossa "visão global ocidental". Essa visão global nos leva a crer que
somente aquilo que aprendemos através da ciência, ou que
podemos discernir mediante os nossos cinco sentidos físicos,
corresponde à realidade. Mas Kraft prossegue, a fim de dizer:
"Fomos ensinados a crer somente nas coisas visíveis. Dizem-nos
que 'ver é crer'. Se pudermos ver algo, então esse algo deve existir.
Mas se não pudermos ver alguma coisa, então é que essa coisa não
existe".3
PANO-DE-FUNDO DO NOVO TESTAMENTO
De que forma essa visão global tipicamente ocidental afeta a
Igreja? Em alguns casos, de forma apreciável. Alguns crentes
chegam mesmo a relegar as potestades territoriais, alistadas em
Efésios 6.12, ao terreno da mitologia. No entanto, Paulo
recomendou que lutássemos contra esses "principados e
potestades". Se realmente existem principados e poderes invisíveis,
contra os quais nos compete lutar, não deveríamos fazê-lo dotados
de um conhecimento esclarecido?
É interessante observar o número de livros eruditos que estão
sendo atualmente publicados e que nos ajudam a abrir os olhos
para o mundo, conforme Paulo deve tê-lo visto. Alguns dos
melhores dentre esses volumes foram escritos por Clinton Arnold,
que ensina o Novo Testamento na Talbot School of Theology.
Arnold examinou ali as crenças dos gregos, dos romanos e dos
judeus, bem como os ensinos de Jesus acerca das artes mágicas,
da bruxaria e da adivinhação. Os escritos do apóstolo Paulo estão
salpicados de referências escritas diretamente contra as fortalezas
espirituais da maldade em seus dias. Para exemplificar, a respeito
da questão de ingerir carnes sacrificadas a ídolos, na igreja em
Corinto, no décimo capítulo de 1 Coríntios, escreveu Arnold: "Um
dos princípios fundamentais que orientavam Paulo, em reação
contra as situações prevalentes na igreja em Corinto, era a sua
convicção de que os demônios animam a idolatria".4
Outro estudo fascinante sobre as fortalezas demoníacas,
relacionadas à deusa Diana dos Efésios, pode ser achado no livro
chamado I Suffer Not a Woman, cujos autores são Richard Clark
Kroeger e Catherine Clark Kroeger. Embora a tese desse livro verse
sobre o ministério das mulheres nas igrejas, também provê um
profundo discernimento quanto ao mundo que prevalecia em Éfeso,
que Paulo encontrou, segundo se vê no capítulo dezenove do livro
de Atos. Ali transpira uma cultura eivada de artes mágicas,
feitiçaria e adivinhação. O erudito livro dos Kroegers nos brinda
com uma vivida descrição da deusa Diana:
Ela estava adornada por uma coroa alta, modelada para
simbolizar as muralhas da cidade de Éfeso; e o seu peitoral
estava recoberto por protuberâncias como se fossem seios.
Por cima dessas coisas ela usava um colar de bolotas de
carvalho, algumas vezes circundadas pelos sinais do
zodíaco; pois Artemis (Diana) controlava os corpos celestes
do universo. Na parte da frente de sua estreita e rígida saia
havia fileiras de animais aos triplos, e aos lados havia
abelhas e rosetas — indicativos de seu domínio sobre o
parto, a vida animal e a fertilidade. Um elaborado sistema
mágico desenvolvera-se em torno da Ephesia Grammata, as
seis palavras místicas, escritas na estátua que representava
a deusa. O livro de Atos informa-nos que os recémconvertidos crentes repudiaram esse sistema e queimaram
os seus dispendiosos livros de mágica (At 19.19).5
Não foi preciso que Paulo e seus colegas de ministério
visitassem a biblioteca da cidade e pesquisassem a história de
Éfeso para descobrirem quais poderes invisíveis operavam por
detrás dos aspectos visíveis da cidade. Os cidadãos de Éfeso
sabiam que o espírito territorial que dominava a cidade deles era
Diana, tal como os cidadãos da moderna cidade brasileira do Rio
de Janeiro sabem que o símbolo religioso mais distintivo dali é a
estátua do "Cristo do Corcovado". A necessidade que temos de
fazer um mapeamento espiritual de nossas cidades torna-se mais
crucial principalmente por causa de nossa visão panorâmica
ocidental, que tende até mesmo para pôr em dúvida a existência
dos poderes espirituais invisíveis da maldade. Paulo não
enfrentava esse problema. E, a propósito, nem Lucas o enfrentava,
conforme demonstrou a erudita de Yale, Susana Garett, em seu
excelente volume, The Demise of the Devil.6
FORTALEZAS
"Fortaleza" parece ser um vocábulo de sentido bastante ambíguo, em muito da linguagem de hoje. Precisamos ter certeza
quanto ao seu significado. Uma fortaleza espiritual é um lugar
fortificado que Satanás construiu a fim de exaltar a si mesmo, em
oposição ao conhecimento e aos planos de Deus.
Um dado importante, que não podemos afastar da mente, é
que Satanás tenta ocultar que realmente existem essas fortalezas
espirituais. Ele as disfarça astuciosamente, sob a capa de alguma
"cultura". Conforme Peter Wagner salientou no capítulo anterior,
está havendo um ressurgimento da adoração de divindades antigas
nas culturas espalhadas por todo o globo terrestre. Essa é uma
estratégia do inimigo a fim de reempossar os principados
demoníacos sobre as nações de nossos dias. Particularmente em
nossa época, é essencial que aprendamos a avaliar a nossa cultura
à luz da Palavra de Deus. Somente sob o escrutínio da lâmpada da
revelação dada por Deus seremos capazes de libertar as cidades e
as nações do mundo dos poderes das trevas, a fim de prepararmos
os povos para a colheita espiritual. Não estou querendo dizer que
teremos de expelir cada força demoníaca isolada da terra, para
sempre. Nem mesmo Jesus fez isso. Não obstante, as nossas
orações libertarão muitas regiões da influência desses poderes, por
algum tempo, enquanto estivermos ocupados na colheita de almas.
Atualmente, para os missionários treinados na antropologia,
tornou-se comum eles estudarem a cultura dos povos aos quais
são enviados a ministrar. Esses princípios têm sido claramente
enunciados por especialistas no campo ao discursarem sobre
grupos étnicos ainda não alcançados pelo evangelho. Um dos
melhores desses compêndios é o de John Robb, intitulado The
Power of People Group Thinking. 7 Nos anos que se passaram,
muitos equívocos foram cometidos por missionários bem
intencionados, que não compreendiam as culturas dos povos entre
os quais labutavam. Não queremos lançar qualquer culpa sobre
esses primeiros missionários, mas também não desejamos repetir
os erros que cometeram.
Atualmente, os missionários evangélicos podem saber como
as culturas são analisadas, mas também não entendem a
necessidade de identificar os poderes espirituais por detrás da
formação das culturas. Talvez uma das fortalezas que faríamos
bem em perscrutar seja a idolatria da cultura propriamente dita.
Nem tudo que faz parte da cultura de um povo é necessariamente
piedoso! Estamos enviando missionários a nações onde as
fortalezas demoníacas estão profundamente entrincheiradas, e, no
entanto, nós lhes fornecemos pouca ou nenhuma intercessão
estratégica, no tocante à nação ou às suas famílias. Muitos desses
missionários não dispõem de qualquer instrumento que lhes
permita reconhecer uma fortaleza espiritual, e, muito menos, como
devem enfrentá-la estrategicamente.
Fortalezas espirituais específicas precisam ser destruídas a
fim de ser liberada a colheita em nossas cidades e nações. Em
primeiro lugar, é mister perceber que existem fortalezas espirituais
nos níveis pessoal e coletivo. Estamos muito mais familiarizados
com o nível pessoal do que com o nível coletivo. O nível coletivo foi
aquele combatido por Daniel e Neemias, quando oraram pela
nação de Israel.
A guerra espiritual não é alguma grande "jornada de
poder". Antes, é uma exibição dos atributos e caminhos de
Deus, diante de um mundo perdido e moribundo, que olha
para ver se realmente nós somos os vencedores, não
sujeitos aos poderes malignos desta era.
Neste capítulo, examinarei especificamente nove fortalezas
espirituais. George Otis., Jr. trata de uma décima, a saber, as
fortalezas territoriais, no primeiro capítulo deste livro. Embora com
certeza isso não esgote a lista de fortalezas do mal, essas são
aquelas que tenho podido identificar mais claramente, até agora.
I. Fortalezas Pessoais
Em seu excelente livro, Overcoming the Dominion of Darkness,
Gary Kinnaman descreveu as fortalezas espirituais como coisas
que Satanás edifica a fim de exercer influência sobre a vida de uma
pessoa: pecados pessoais, pensamentos, sentimentos, atitudes e
padrões de comportamento.8
Uma das maneiras do Senhor de tratar com as fortalezas pessoais é mediante a aplicação dos padrões bíblicos de conduta.
Penso que esse é um importante portão para o reavivamento.
Quando
estudamos
os
grandes
reavivamentos,
quase
invariavelmente lemos sobre como o sentimento de santificação os
dominou. Explico isso com detalhes no meu livro, Possuindo as
Portas do Inimigo (Editora Atos), no capítulo, "Princípios do
Coração Puro".
Um dos maiores empecilhos para Deus mover-se em nossas
cidades é o orgulho dos crentes. É tempo de clamar a Deus para
retirar as vendas de nossos olhos, a fim de que possamos ver o
nosso egoísmo, as nossas más atitudes e a nossa falta de caráter e
integridade. Dei meu apoio quando ouvi Bill Gothard dizer: "A
maturidade consiste em fazer o que é certo, mesmo quando
ninguém mais está olhando!" Nossos atos são contemplados por
um Deus Santo e por todo o exército do céu.
Precisamos imitar o caráter e a retidão de Deus. A guerra
espiritual não é alguma "jornada de poder". Antes, é a exibição dos
atributos e caminhos de Deus, diante de um mundo perdido que
olha para ver se realmente somos vencedores, não sujeitos aos
poderes malignos desta era.
Essas fortalezas espirituais, são "buracos em nossa
armadura". Aprendi esse princípio da parte de Joy Dawson, grande
conhecedora da Bíblia. Joy diz que quando temos motivos errados
no coração, como o orgulho ou atos egoístas, esses são como
buracos feitos em nossa armadura, que nos deixam abertos diante
dos ataques do inimigo. Mas essas aberturas são fechadas
mediante o arrependimento, diante de um Deus santo, e mediante
o arrependimento expresso a pessoas que porventura tenhamos
ofendido. Deus só exalta e confere a vitória aos humildes. Por meio
da humildade, do arrependimento e da santidade, as fortalezas
pessoais podem ser destruídas.
2. Fortalezas Mentais
Assevera o meu amigo, Ed Silvoso: "Uma fortaleza é uma
mente impregnada com desesperança, o que leva o crente a aceitar,
como incapaz de ser mudado, algo que ele sabe ser contrário à
vontade de Deus".9 Essa é a melhor definição que já encontrei.
As fortalezas podem ser edificadas em nossas mentes de
várias maneiras. O inimigo talvez nos tenha convencido de que a
nossa cidade jamais poderá ser ganha para o evangelho. Ele gosta
de estabelecer limites às coisas em que cremos. É possível que
uma cidade seja ganha para Cristo? Podem o prefeito, os
vereadores, a força policial, os advogados e os professores serem
influenciados pelo evangelho? Naturalmente que sim! Algumas
vezes tornamo-nos apenas "prisioneiros de guerra" em nossas
igrejas. Satanás não se importa se temos pouco pão e água e
alguns poucos visitantes, mas fica muito perturbado quando
resolvemos influenciar a nossa cidade inteira. Precisamos armar o
espetáculo de um grande escape da prisão! Em primeiro lugar,
precisaremos derrubar as fortalezas construídas em nossas mentes,
que sussurram que isso não pode ser feito.
Certa feita, em minha vida, ocorreu-me uma situação que
parecia irreparável. Um amigo tinha feito algo que me havia ferido
profundamente, e eu me senti traída. As circunstâncias eram tais
que parecia que nada mais poderia ser feito para solucionar o
problema. Por dois anos, eu não vi esse amigo, e nós não falamos
um com o outro. A restauração da amizade parecia sem solução
neste lado da vida. Eu não percebia, no momento, que havia uma
fortaleza mental que o diabo tinha conseguido construir em minha
mente. Satanás tinha-me enganado para acreditar que era urna
situação imutável. Essa fortaleza exaltava-se contra o
conhecimento de Deus, o qual garante: "Tudo é possível ao que
crê". Como é óbvio, por ter sido ofendida, preferi não crer na
promessa de Deus. E aquele aspecto de minha vida sofreu um
aleijão.
Um dia, quando eu estava orando, ocorreu-me que eu tinha
crido em uma mentira. Pois nada é impossível para Deus! E
comecei a buscar o Senhor quanto a uma estratégia para consertar
a brecha. Eu sentia que precisava discutir a situação com aquela
pessoa e endireitar as coisas entre nós. Não foi fácil. Eu carecia de
chegar a um lugar onde houvesse perdão e cura. Finalmente,
entendi o que deveria fazer. Escrevi uma cartinha, garantindo
àquele irmão o meu amor, bem como eu lamentava toda aquela
situação. Em adição, expliquei, de maneira não-acusadora, como
eu via aquela situação. E terminei a carta perguntando se
poderíamos conversar pelo telefone, visto que ele morava a
considerável distância de mim. Depois de ter recebido a carta,
aquele irmão telefonou para mim, e o amor de Deus manifestou-se
tão fortemente, durante o nosso diálogo, que a situação foi totalmente remediada, e nosso relacionamento amistoso foi
restaurado.
3. Fortalezas Ideológicas
Gary Kinnaman diz que as fortalezas ideológicas "envolvem
uma visão global. Homens como Karl Marx, Charles Darwin e
outros afetaram particularmente as idéias filosóficas e religiosas ou
não-religiosas que influenciam a cultura e a sociedade".10
As fortalezas ideológicas são potencialmente capazes de afetar
culturas inteiras. Adolfo Hitler é um exemplo destacado desse fato.
Livros sobre Hitler e o Terceiro Reich estão revelando e trazendo à
tona os poderes ocultos por detrás do Terceiro Reich, que enfeitiçaram essencialmente uma nação inteira.
Filosofias, como a do humanismo, são poderosas e sedutoras.
A Nova Era está em ascensão, e, provavelmente, é uma das
ameaças mais sérias para o cristianismo bíblico nas nações
ocidentais. Os que militam na Nova Era são ensinados que podem
invocar o poder das forças demoníacas contra qualquer religião do
mundo. Estão se infiltrando rapidamente nas escolas de muitas
nações, a fim de arrebatarem as mentes de nossos filhos e
estabelecerem suas ideologias nos governos locais e nacionais.
Precisamos entender que essas fortalezas ideológicas são
inspiradas pelas forças invisíveis dos poderes das trevas, que
provocam a criação de estruturas e instituições sociais que levam
avante os seus propósitos. Não podemos exagerar quando
afirmamos: Nossa luta não é contra carne e sangue. Essas
fortalezas devem ser atacadas mediante uma intercessão contínua,
bem enfocada, inteligente, permanente, pelas igrejas evangélicas
das nações do mundo.
A igreja trancada em suas próprias paredes tem uma
mentalidade que diz que não somos responsáveis por qualquer
coisa que aconteça fora de nossas quatro paredes, fechando os
olhos para não ver a batalha real que ocorre em nossas cidades.
Muitos pastores e líderes estão atualmente despertando para
perceber que estão fugindo de Satanás, em vez de combaterem
contra ele!
4. Fortalezas do Ocultismo
Encaro as fortalezas do ocultismo como uma aplicação
francamente maligna de muitas fortalezas ideológicas.
As fortalezas do ocultismo incluem fortalezas da feitiçaria, do
satanismo e da Nova Era, que convidam a operação dos chamados
espíritos guias. Operam como "propugnadores de poder" para os
espíritos territoriais que dominam regiões geográficas.
Os espíritos territoriais que dominam uma cidade ou região
são grandemente fortalecidos pelos encantamentos, maldições
rituais e fetiches do ocultismo, usados pelas feiticeiras, bruxos e
satanistas. Os poderes das trevas que dominam ali manipulam os
indivíduos envolvidos no ocultismo para que obedeçam às suas
ordens, na tentativa de destruir o poder da Igreja e do Reino de
Deus em uma determinada área. Os líderes evangélicos por muitas
vezes mostram-se inconscientes quanto ao que realmente está
sucedendo em suas cidades. Muitos pastores e líderes evangélicos
vivem pessoalmente debaixo de tremendos ataques satânicos, e
assim, ou nada percebem do que está sucedendo, ou ficam tão
desanimados, desencorajados e exaustos que não podem combater
contra o assédio. Não se trata de algo que precisemos temer, mas
que devemos entender e combater, lutando contra os métodos
astutos do inimigo.
Uma das maneiras que os mentores do ocultismo usam em
seus ataques contra os líderes evangélicos é despachando
maldições contra eles. Isso é feito por meio de encantamentos,
intercessões malignas e jejuns. Diz Ezequiel 13.18: "Assim diz o
Senhor Deus: Ai das que cosem pulseiras mágicas para todos os
braços e que fazem véus para as cabeças de pessoas de toda
estatura, para caçarem as almas!" (V. R.) Dick Bernal, nosso colega
da Spiritual Warfare Network, escreveu um ótimo volume sobre o
assunto, intitulado Curses: What They Are and How to Break
Them.11
Não há que duvidar que a invocação de maldições era
praticada tanto nos dias do Antigo Testamento quanto do Novo
Testamento (por exemplo, Isaías 8.19-22; Atos 19.19). E isso
também acontece hoje, quando tantos líderes evangélicos caem em
pecados sexuais e em i moralidade. Os líderes evangélicos
precisam de intercessores que os resguardem, mediante a oração,
dessas maldições. O livro de Peter Wagner, Escudo de Oração
(Editora Bompastor) aborda esse assunto com grande
profundidade.
Como podemos determinar se alguém foi amaldiçoado? Eis alguns poucos dentre os sintomas possíveis:
•
•
•
•
•
•
Enfermidade e estado doentio sem uma causa natural
Confusão mental (pode ser provocada pelo controle da mente)
Falta de sono
Sonhos sexualmente explícitos e por demais freqüentes
Cansaço extremo
Atitudes negativas inexplicáveis.
Estou cônscio de que os sintomas acima sugeridos também
podem ter outras causas. Uma maneira de descobrir se um
problema é resultante ou não de uma maldição é que quando o seu
poder é quebrado, os sintomas desaparecem rapidamente. Uma
exceção a isso é quando a enfermidade proveniente de uma
maldição chegou a causar algum dano físico no corpo, quando
então o corpo precisa ser tratado, em adição à quebra da maldição.
Uma Maldição Vinda da Argentina. Uma das tarefas que dividimos com os Generals of Intercession consiste em discernir e destruir as fortalezas sobre cidades. Em 1990, minha amiga Dóris
Wagner e eu fomos à cidade de Resistência, na Argentina, a fim de
orar com os líderes evangélicos, ensinar e discernir as fortalezas
espirituais que dominavam a cidade. Víctor Lorenzo referiu-se a
essa visita em seu capítulo (ver o sétimo capítulo deste livro). Um
espírito territorial particularmente incômodo era o San La Muerte,
literalmente, Santa Morte.
Treze templos estavam espalhados pela cidade, dedicados
especificamente à adoração de San La Muerte. A vida era ali tão
sem esperança que as pessoas acreditavam que se adorassem San
La Muerte pelo menos poderiam ter uma boa morte.
Quando voltei para casa, depois daquela jornada de oração,
fui sujeitada a um pesado ataque demoníaco. Certo domingo
levantei-me para ir ao culto na igreja, e, então, no meio da reunião,
comecei a perder as forças no corpo. No começo simplesmente
pensei que me havia fatigado em demasia; mas progredindo o dia,
eu podia perceber que alguma coisa havia de seriamente errado
comigo. Finalmente, contei a meu marido, Mike: "Querido, chame
os nossos intercessores e inicie uma corrente de orações de
emergência. Sinto que estou morrendo!" Era uma situação muito
incomum. Eu nunca havia me sentido daquela maneira, em toda a
minha vida, e meu marido nunca me tinha ouvido dizer coisas
assim, antes daquela ocasião. Visto que ele me ama muito,
imediatamente chamou os intercessores da Generals of
Intercession, para que entrassem em ação. Depois de cerca de uma
hora, eu podia dizer que a maldição havia sido anulada. No dia
seguinte eu me sentia totalmente recuperada e forte.
Depois que me recuperei, algo ficou realmente me
perturbando a mente. Que direito tinha uma maldição para
atingir-me? Diz a Bíblia em Provérbios 26.2: "...a maldição sem
causa não virá". Isso levou-me à conclusão de que deveria haver
algum buraco em minha armadura. Continuando eu dedicada à
oração, o Senhor fez-me lembrar de uma chamada telefônica que
eu havia recebido no dia anterior, de alguém a quem muito estimo.
Essa pessoa dissera-me que eu estava totalmente errada por estar
ensinando como fazer guerra espiritual, e que eu precisava desistir.
Deus mostrou-me que quando aquilo me ofendera, eu não
tinha perdoado aquela pessoa. Na oportunidade eu nem havia
pensado em perdoar, mas agora, de súbito, percebi ser aquilo uma
verdade! Havia pecado guardado em meu coração. Imediatamente
perdoei e busquei dois amigos crentes para pedir que orassem
comigo, para que o Senhor curasse o meu coração partido. No dia
seguinte, a pessoa que me tinha ofendido tornou a telefonar para
mim e me pediu que a perdoasse. Aquela pessoa simplesmente
havia sido usada como instrumento do inimigo, mas agora se tinha
arrependido profundamente, tal como eu havia feito, ao mostrar
aquela atitude indisposta a perdoar.
5. Fortalezas Sociais
Uma fortaleza social é a opressão que se instala sobre uma
cidade onde a injustiça social, o racismo e a pobreza — com os
problemas conseqüentes — levam as pessoas a acreditarem que
Deus não cuida das necessidades delas.
A Igreja está acordando lentamente para a sua
responsabilidade de atirar-se contra esse tipo de fortaleza.
Estudiosos como Walter Wink e Ron Sider são pioneiros nesse
terreno. O trecho de Romanos 12.21 fornece-nos os princípios
bíblicos para que possamos reagir devidamente: "Não te deixes
vencer do mal, mas vence o mal com o bem".
As maneiras de demolir essa fortaleza são fazer doações aos
pobres, abrigar aqueles que não têm onde morar, reconciliar as
raças e vestir aqueles que padecem necessidades. Jesus quer que
nos identifiquemos com os pobres e oprimidos, engajando-nos em
qualquer tipo de ação social e política que pudermos, usando as
armas espirituais do arrependimento e da intercessão. Essa
demonstração do amor de Deus é poderosa para debilitar o inimigo.
6. Fortalezas Entre Uma Cidade e a Igreja
Satanás tem conseguido enfiar cunhas entre a Igreja e as
cidades, o que serve para criar a mentalidade que diz: "Nós
estamos contra eles". A Igreja, amiudadas vezes, vê o governo da
cidade como um inimigo, e a cidade com freqüência encara a Igreja
sob uma luz negativa. Essa fortaleza só pode ser derrubada
quando a Igreja aprende a ser uma bênção para a cidade.
A Igreja deveria ser uma das primeiras instituições para a
qual os líderes de uma cidade deveriam voltar-se em tempos
perturbados. Em vez disso, é a última coisa a que tais líderes
apelam; e por muitas vezes nunca entram em contato com ela.
Para que comece a haver boas relações com suas cidades, algumas
igrejas oferecem banquetes aos membros da polícia local, ou fazem
doações especiais à cidade, ou patrocinam projetos que abençoam
a cidade, como doar parques para os poucos privilegiados.
A comunidade comercial de uma cidade por muitas vezes
considera que os crentes são as pessoas mais miseráveis e sovinas
que se pode encontrar. Muitas garçonetes não apreciam os crentes
porque eles se queixam muito e dão gorjetas extremamente
pequenas. Não podemos esquecer que somos a única Bíblia que
muitas pessoas conseguem ler.
Algumas igrejas envergonham suas cidades devido aos
pecados de seus líderes, ou por se tornarem um embaraço para a
sua comunidade. Talvez alguns pastores deveriam ir falar com os
líderes da cidade, arrependidos das iniqüidades de suas igrejas,
naquilo que diz respeito à cidade. A disposição de manter boas
relações entre a igreja e a cidade derruba as fortalezas de Satanás
nas mentes dos líderes de uma cidade, além de entravar a
capacidade deles de nos acusarem diante dos habitantes.
7. Sedes Satânicas
Uma sede satânica é uma localização geográfica que é
altamente oprimida e controlada demoniacamente por alguma
potestade das trevas. A partir daquela sede demoníaca o inimigo
declara guerra à cidade ou nação onde se encontra.
Em Apocalipse 2.13, a Bíblia refere-se a esse tipo de fortaleza
espiritual, que existia na cidade de Pérgamo. Parece que o Senhor
nos estava procurando revelar a estratégia empregada para edificar
fortalezas para a adoração de demônios (como se fossem deuses),
em certas regiões do mundo.
A Igreja de Deus é como uma hidrelétrica em uma nação,
que visa a destruir as obras do maligno. Agora ela está
despertando para a arma mais poderosa de seu arsenal — a
unidade.
A cidade de La Plata, na Argentina, é uma sede de Satanás no
que toca à maçonaria. A cidade inteira foi construída como se fosse
um templo para a adoração dos espíritos ligados à maçonaria. As
ruas foram traçadas de acordo com os símbolos da maçonaria, em
padrões de diagonais e praças, a cada seis ruas. O capítulo escrito
por Victor Lorenzo detalha o mapeamento espiritual dessa sede de
Satanás (ver o sétimo capítulo deste livro).
8. Fortalezas do Sectarismo
As fortalezas do sectarismo causam divisões entre as igrejas,
orgulho nas doutrinas e crenças, e idolatria de denominações ou
sistemas particulares de crenças, que levam as igrejas atingidas a
se isolarem do resto do Corpo de Cristo.
A definição que os dicionários nos dão acerca de um
sectarista é: "Alguém caracterizado por algum ponto-de-vista
estreito ou faccioso; de um corpo religioso cismático, bitolado".
Acredito que as fortalezas do sectarismo são as fortalezas
mais críticas e perigosas. A Bíblia diz que uma casa dividida contra
si mesma não pode subsistir (ver Mc 3.25). Muitas igrejas estão
divididas. Satanás tem enviado os seus melhores guerrilheiros
espirituais para acabar com a unidade entre amigos sob o mesmo
pacto, e, em alguns casos, tem levado a palma da vitória em alguns
entreveros em nossas cidades; mas não conseguirá ganhar a
guerra — isso nunca acontecerá!
A Igreja de Deus é a hidrelétrica de Deus nas nações, que visa
a destruir as obras do maligno. Agora ela está despertando para a
mais poderosa arma de seu arsenal — a unidade.
Essa não é nenhuma mensagem nova para a Igreja. Ela vem
sendo pregada faz anos. Tenho uma teoria que diz respeito à nossa
incapacidade de obter uma unidade interdenominacional há mais
tempo: Estávamos tão ocupados, brigando dentro de nossas
próprias denominações, que não podíamos manusear quaisquer
novas variáveis adicionadas à nossa situação.
A unidade torna-se crítica quando buscamos tomar as terras
prometidas de nossas cidades. Vamos examinar o padrão que foi
usado na conquista da Terra Prometida, e que nos foi dado no livro
de Josué:
A. Todas as tribos entraram juntas. Que são essas tribos
atualmente? A tribo dos batistas, a tribo dos nazarenos, dos
pentecostais, dos congregacionais, dos carismáticos, e assim por
diante.
B. Todas as tribos entraram ao mesmo tempo. Isso foi
necessário porque cada tribo tinha certas habilidades necessárias
para a conquista do território.
Eu costumava ser ingênua o bastante para pensar que o
diabo é que havia inventado as diversas denominações. Somente a
minha própria denominação evangélica poderia trazer o
reavivamento. Quando todos se tornassem idênticos a nós, então,
sim, Deus poderia começar a operar. Eu nem sabia que em mim
havia uma fortaleza do sectarismo. Foi então que acabei passando
para a renovação carismática, e cheguei a pensar que nós éramos
aqueles que poderíamos trazer o reavivamento, e que todos os
outros grupos evangélicos perderiam essa bênção. Finalmente,
porém, o Senhor começou a convencer-me de meu sectarismo.
C. Os sacerdotes iam à frente, levando a arca da aliança.
Notemos que a água não se dividiu enquanto um líder de cada
tribo também não foi com a arca, até dentro do rio Jordão (ver Js
3.9-17). Por muitas vezes, os membros das congregações dispõemse mais à unidade do que os seus líderes; mas é essencial que os
líderes dêem o exemplo. Várias razões possíveis para a falta de
disposição para a unidade, por parte dos líderes evangélicos, são
estas:
•
•
•
•
•
Orgulho doutrinário
Temor da rejeição
Idolatria quanto à denominação ou movimento
Temor de perder os membros
Exaustão devido a outras demandas ministeriais.
Uma das maneiras pelas quais o Senhor acabou com a minha
fortaleza sectária foi fazer-me pensar sobre a doutrina eterna.
Talvez você não tenha pensado sobre a doutrina eterna antes desta
ocasião; e, por esse motivo, permita-me fazer-lhe uma pergunta:
Quando você estiver diante do trono e Deus, o que ele haverá de
perguntar acerca do que você creu? Será que ele perguntará se
você foi batizado, ou se você participou da Ceia do Senhor? Será
que ele perguntará se você recebeu dons do Espírito? Ou será que
ele perguntará se você falou em línguas?
Não penso desse modo. Quando ele examinar o seu nome no
Livro da Vida do Cordeiro, o mais provável é que ele indague: "Você
nasceu do alto? Você foi lavado no sangue do Cordeiro?" Essa é a
doutrina eterna. As fortalezas do sectarismo nos deixam cegos para
essas realidades.
9. Fortalezas da Iniqüidade
As fortalezas da iniqüidade derivam-se dos pecados dos pais
que produzem iniqüidades ou fraquezas para com certos tipos de
pecado, nas gerações seguintes.
Minha compreensão inicial a esse respeito ocorreu quanto
tive de tratar com iniqüidades pessoais que passam de uma
geração para outra. Mais tarde, cheguei a entender que essas
iniqüidades também operam em culturas e acabam escravizando,
algumas vezes chegando a amaldiçoar nações inteiras, devido aos
pecados de seus fundadores. E essas fortalezas também afetam
denominações e igrejas, onde os pecados dos líderes tornam-se
fortalezas ou iniqüidades nas gerações sucessivas daquelas
denominações ou igrejas. Pois isso pode escancarar a porta para
poderes demoníacos que façam esses pecados entrarem numa
igreja. Mas essas iniqüidades com freqüência ficam escondidas por
meio das tradições eclesiásticas.
A fortaleza do tradicionalismo pode produzir o legalismo. As
culturas que têm suas raízes na veneração dos ancestrais
mostram-se especialmente susceptíveis a isso. Certa igreja em
outro país recusou-se a permitir que se escavasse o terreno em
volta de uma gigantesca árvore apodrecida, para que esta fosse
arrancada e cedesse lugar a um novo edifício, porque o fundador
da igreja tinha plantado aquela árvore noventa anos antes. Esse
tipo de legalismo deixou os membros daquela igreja vulneráveis
diante da servidão aos demônios.
Outra igreja era conhecida por sua história de pecado sexual.
Os pastores e demais líderes arrependeram-se desses pecados na
vida da igreja deles. Chegaram mesmo a remover a pedra de
esquina de seu templo, que fora lançada pelo pastor que tinha
cometido um sério pecado de natureza sexual. Puseram no lugar
dela uma nova pedra de esquina, em nome de Jesus. Então
ordenaram que toda contaminação e pecado do fundador de sua
igreja fossem quebrados. Em resultado, eles conseguiram anular o
poder do pecado sexual em sua igreja. E a atmosfera espiritual
mudou.
As nações também cometem iniqüidades. Os pecados dos
fundadores de uma nação e os habitantes daquela nação podem
atrair o juízo divino contra ela. Muitos crentes de hoje estão
orando as Escrituras, com base em 2 Crônicas 7.14: "Se o meu
povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar
a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu
ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra".
"Sararei a sua terra." Esse é um conceito bíblico interessante.
Daniel compreendeu bem essa questão, quando estava orando e
clamando a Deus como segue: "Pecamos, e cometemos
iniqüidade..." (Dn 9.5).
Neemias confessou ao Senhor: "Também eu e a casa de meu
pai pecamos" (Ne 1.6). E ele também confessou os pecados de
Israel, sua nação.
Os pecados das nações podem produzir fortalezas espirituais
de âmbito nacional, e estas afetam muitos aspectos da cultura do
povo que vive naquele país. Esses pecados também podem dar aos
poderes demoníacos territoriais o direito legal de demonizarem a
cultura daquela nação.
Em coisas assim é que consistem as portas do inferno.
Poderemos postar-nos de pé na esquina de uma rua, o dia inteiro,
gritando para que o diabo abandone a nossa cidade. Mas
estaremos agindo por pura presunção e apenas fazendo barulho,
se Satanás tiver o direito legal de governar, mediante os pecados
dos habitantes daquela cidade.
Quais são os pecados nacionais capazes de produzir
fortalezas espirituais? Como podemos descobrir as iniqüidades de
uma nação? Quais passos devemos tomar em oração, a fim de
abandonarmos os nossos caminhos ímpios e quebrar as
iniqüidades que escravizam as nossas nações? Essas são
perguntas fundamentais em um mapeamento espiritual. Algumas
das respostas serão descritas, detalhadamente, na segunda seção
deste livro.
Perguntas para refletir
1. Cindy Jacobs acredita que a inundação parou na cidade de
Rosário, Argentina, porque, através da oração, foi suspensa uma
maldição que pairava sobre a cidade. Você concorda? Por quê?
2. Temos sido ensinados que "ver é crer". Fale sobre algumas das
falácias dessa afirmação, à luz do presente capítulo.
3. Cindy Jacobs explica que há nove tipos diferentes de fortalezas
espirituais. Procure verbalizar o que é uma fortaleza espiritual, em
um sentido geral. Como você explicaria isso a um amigo?
4. Leia em voz alta os nomes dos nove tipos de fortaleza espiritual.
Quantas delas você pode aplicar à sua própria cidade? Descreva
aquelas que melhor se aplicam a ela, de acordo com o seu conhecimento das coisas.
5. Haverá alguma fortaleza de sectarismo em sua cidade? Nesse
caso, quais passos concretos podem ser tomados, nos próximos
seis meses, para enfraquecê-la?
Notas
1. "Delta Floods Stable", Buenos Aires Herald, domingo, 28 de
junho de 1992,p.4.
2. OTIS, JR., George. The Last of the Giants. Tarrytown, NI, Chosen
Books, 1991. p. 85.
3. KRAFT, Charles. Christianity With Power. Ann Arbor, MI, Servant
Publications, 1989. p. 24.
4. ARNOLD, Clinton. Powers of Darkness. Downers Grove, IL, InterVarsity Press, 1992. p. 97. Ver também Ephesians: Power and
Magic. Grand Rapids, MI, Baker Book House, 1992.
5. KROEGER, Richard Clark & KROEGER, Catherine Clark. I Suffer
Not a Woman. Grand Rapids, MI, Baker Book House. p. 53, 4.
6. GARRETT, Susan R. The Demise of the Devil. Minneapolis, MN,
Fortress Press, 1989.
7. ROBB, John. Focus! The Power of People Group Thinking.
Monróvia, CA, MARC, 1989.
8. KANNAMAN, Gary. Overcoming the Dominion of Darkness.
Tarrytown, NI, Chosen Books, 1990. p. 54, 56-8.
9. SILVOSO, Edgardo (extraído de um memorando para apoiadores e
amigos sobre o "Plano Resistência"), 15 de setembro de 1990, p. 3.
10. KANNAMAN, p. 162 e 13.
11. BERNAL, Dick. Curses: What They Are and How to Break Them
(Companion Press, Box 351, Shippensburgo, PA 17257-0351).
4. MAPEAMENTO ESPIRITUAL PARA ORAÇÃO DE
AÇÃO PROFÉTICA
Por Kjell Sjöberg
Kjell Sjöberg durante anos tem sido reconhecido como pioneiro
da guerra espiritual em nível estratégico. Depois de ter sido líder dos
Intercessores pela Suécia durante dez anos, ele tem trabalhado em
muitas nações do mundo, a fim de ensinar seminários avançados
sobre a oração e para liderar equipes de oração. Autor do livro
Winning the Prayer War (Sovereign World), Kjell (que se pronuncia
"xel") é também o coordenador nacional da Suécia da Spiritual
Warfare Network da A.D. 2000 United Prayer Track.
"Mapeamento espiritual" é uma expressão que foi cunhada
para cobrir a pesquisa que fazemos antes daquilo que gosto de
chamar de "oração de ação". Como é óbvio, quando oramos,
podemos fazê-lo com maior eficiência se estivermos bem
informados.
UM POVO QUE ORA BEM INFORMADO
Um intercessor que é meu amigo, também é homem de
negócios. Ele teve a oportunidade de ter um encontro com o nosso
primeiro-ministro, a fim de apresentar-lhe um projeto industrial.
Ele chegou bem munido com documentação, estando pronto para
responder a qualquer pergunta de natureza técnica ou econômica
que o primeiro-ministro lhe quisesse dirigir.
Pouco tempo depois, esse amigo estava buscando ao Senhor,
dentro da área da oração. Ele sentiu que o Senhor falava com ele e
lhe dirigia algumas perguntas: "Lembras-te de quando visitaste o
teu primeiro-ministro? Como foi que te preparaste para aquela
entrevista? E hoje estás buscando a minha face sobre uma questão
muito importante. Eu sou o Rei dos reis. Quanto te tens preparado
para estares bem informado sobre a área que agora me estás
apresentando?" Meu amigo confessou com honestidade: "Não me
preparei da mesma maneira como o fiz para ir falar com o
primeiro-ministro". Ele sentiu que o Senhor lhe dizia: "Então volta
em outra ocasião, quando estiveres melhor preparado, porque
antes que eu te responda a tua oração, quero que estejas
plenamente informado".
Os intercessores evangélicos lêem jornais e assistem ao
noticiário pela televisão, e dali recebem responsabilidades
específicas de oração. A maioria dos intercessores anela por seguir
as notícias, porquanto as respostas às suas orações com
freqüência figuram na primeira página dos jornais. Portanto,
costumo desafiar os intercessores que assumem responsabilidades
pelas cidades ou nações para que se façam tão bem informados
como um delegado de polícia ou o editor de um jornal.
Houve um tempo em que os Intercessores pela Suécia, o
ministério ao qual sirvo, contavam com um "gabinete nas sombras",
formado por homens e mulheres que tinham por responsabilidade
cuidar de cada pasta ministerial do governo. Eles eram nomeados
como vigilantes responsáveis para prover informações para aqueles
que estavam orando pela nação. Um deles era responsável pela
ecologia, outro pela indústria e o comércio, um terceiro pela
agricultura, e assim por diante.
Podemos orar no espírito e obter informações da parte do
Espírito Santo, mas também devemos orar com o nosso
entendimento. O conceito básico do mapeamento espiritual é que
precisamos estar o mais bem informados que nos for possível,
quando estivermos orando.
PESSOAS COM O DOM DO MAPEAMENTO
Quando seleciono os membros de minha equipe para uma
dada oração de ação, procuro reunir pessoas dotadas de certa
variedade de dons espirituais. Um pastor torna-se necessário entre
os guerreiros de oração, alguém que se responsabilize pela nossa
proteção e que cuide dos fracos, dos cansados e dos feridos. Há
outros que foram espiritualmente dotados para fazer mapeamento
espiritual. Sempre disponho de um ousado espião espiritual em
minha equipe.
Certa feita, quando um congresso mundial do espiritismo foi
efetuado na Suécia, nosso espião-em-chefe sentiu-se levado a
matricular-se como delegado. Ao mesmo tempo, ele convocou uma
conferência de oração, em uma igreja das proximidades. Ele
freqüentava as sessões do congresso espírita, recolhia informações
e, então, ia até à igreja evangélica, para informar os intercessores,
que usavam as informações na guerra espiritual. E o congresso
espírita terminou sendo um fracasso e um desastre econômico.
Não recomendo que todos façam o que ele fez. Ele é um
daqueles poucos que possui tais dons e chamada divina. Sem a
orientação divina, essas atividades podem ser presunçosas e
perigosas.
A fim de espionar uma sociedade sueca que está tentando
reviver a antiga religião dos vikings, e está adorando os deuses
Asas, esse mesmo intercessor espião tornou-se membro daquela
sociedade. Naturalmente, ele não usou o seu verdadeiro nome. À
sua porta havia duas placas intercambiáveis, com nomes
diferentes. Ele está sempre bem informado acerca das atividades
de grupos como a Nova Era e os satanistas, e sempre mete o nariz
em suas atividades, a fim de acompanhar as informações de que
precisam os guerreiros de oração.
Atualmente, quando temos uma conferência de oração ou
estamos planejando uma oração de ação, usualmente temos um
papel de pesquisas preparado de antemão e que trata da história
da cidade da perspectiva espiritual. E isso fornece aos guerreiros
de oração uma compreensão mais ampla sobre o campo de batalha
na qual estejam pelejando.
MAPEAMENTO ESPIRITUAL EM BERGSLAGEN, SUÉCIA
Existe uma área da Suécia chamada Bergslagen, onde o
número de membros das igrejas estavam diminuindo, e onde
muitos deles estavam desempregados. Houve a decisão de fechar a
fundição de ferro, onde trabalhavam cerca de seiscentos operários.
Um domingo à noite, a cidade inteira de Gränsberg protestou,
apagando todas as lâmpadas elétricas nas casas, nas ruas e nas
lojas. O noticiário pela televisão mostrou uma cidade inteiramente
às escuras. Foi uma demonstração de desesperança — como se os
habitantes não vissem futuro para a sua cidade. O preço das
propriedades desabou e se tornou quase impossível vender uma
casa.
Na ocasião, resolvemos iniciar uma guerra de oração por seis
meses, e terminar a nossa campanha de oração com um fim de
semana de proclamações vitoriosas de esperança quanto ao futuro.
Meu amigo, Lars Widerberg, o espião de nosso time de oração, fez o
mapeamento espiritual e descobriu que havia quinze centros da
Nova Era naquela área. De cada vez, através da história, em que a
liberdade de nossa nação se viu ameaçada, os fazendeiros de
Bergslagen é que se tornavam os guerreiros da liberdade que
salvavam o país. Bergslagen era o berço da indústria sueca, mas
agora estava caindo no olvido.
A primeira fábrica da história da Suécia, na oportunidade,
estava ocupada por uma comunidade ligada à Findhorn
Foundation, da Inglaterra, que confessa que Lúcifer é a sua fonte
de poder. Para os outros, parecíamos como um grupo ocupado em
agradável conversação; mas nós estávamos olhando nos olhos uns
dos outros, enquanto proclamávamos o Senhorio de Jesus sobre a
comunidade. Dois meses mais tarde, quatro membros daquela
comunidade aceitaram o Senhor Jesus e foram cheios do Espírito
Santo. O Senhor deu-nos assim os despojos de nossa oração de
ação.
Lars também descobriu que na região e Bergslagen vivia um
médium espírita que se declarava canal do espírito de Jambres,
um egípcio que viveu três mil anos passados. Então organizamos
um ônibus de oração, cheio de intercessores, e paramos do lado de
fora de cada centro da Nova Era da cidade, a fim de orarmos. O
ônibus de oração também parou fora de cada prefeitura da região.
E ali oramos para que a liderança política local recebesse
sabedoria, da parte de Deus, para resolver os problemas de
desemprego da região. Oramos também para que usassem os
fundos públicos de maneira sábia e honesta e desfechamos guerra
espiritual contra o espírito de Jambres. Jambres foi um dos
mágicos egípcios que resistiu a Moisés e a Arão, na tentativa de
impedir que o povo de Israel saísse do Egito.
Enfrentamos uma batalha renhida, e houve um período de
pesada oposição por parte da imprensa local, que não podia
compreender a nossa ousadia na proclamação de um novo dia
para Bergslagen. Naquela noite, quando desafiamos diretamente o
espírito de Jambres, a oposição começou e aumentou até ao fim de
semana, quando proclamamos um novo dia para Bergslagen. A
oposição levou-nos a acreditar que tínhamos acertado bem no alvo.
É bem possível que Jambres fosse o espírito territorial que
dominava toda aquela região.
No dia seguinte ao da proclamação da vitória, o governo
concedeu um bilhão de coroas suecas (150 milhões de dólares
norte-americanos), para serem empregadas em toda aquela área.
Imediatamente subiram os preços das propriedades, ao mesmo
tempo que caía a taxa de desemprego. A fundição realmente cerrou
as portas, mas todos os operários conseguiram novas colocações.
Nossa oração de ação atraiu pastores e igrejas para se unirem, e
eles continuaram orando juntos. Quando a imprensa noticiou as
transformações havidas na área, eles usaram as mesmas palavras
que havíamos usado em nossas proclamações de oração, posto que
não tivessem destacado a relação de causa e efeito.
A ORAÇÃO E A GEOGRAFIA
A oração tem uma dimensão geográfica, pelo que muitos
intercessores experientes interessam-se por mapas. As paredes de
minha sala de orações estão recobertas de mapas. Em uma das
paredes há um mapa do mundo; em outra, há um gigantesco
mapa da cidade de Estocolmo. Tenho sido encorajado por alguns
de meus amigos, que também dispõem de mapas nas paredes de
seus gabinetes de oração. Por muitas vezes, fico de pé defronte do
mapa do mundo, quando estou orando.
Quando eu era jovem, Watchman Nee abriu os meus olhos
para a dimensão geográfica da oração, através de seu livro, O
Ministério de Oração da Igreja. 1
Ao ensinar-nos a orar, "venha o teu reino", o Senhor estava
dizendo que há um Reino de Deus no céu, mas não neste
mundo, pelo que devemos orar para que Deus amplie as
fronteiras do Reino dos céus para que atinja esta terra. Na
Bíblia, o Reino de Deus aparece em termos geográficos,
como também em termos históricos. A história é uma
questão de tempo, ao passo que a geografia é uma questão
de espaço. De acordo com as Escrituras, o fator geográfico
do Reino de Deus ultrapassa de seu fator histórico. Disse o
Senhor Jesus: "Mas, se eu expulso os demônios pelo
Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o reino
de Deus" (Mt 12.28). Vemos aí um problema histórico? Não,
mas vê-se nisso uma questão geográfica. Onde quer que o
Filho de Deus expulse demônios pelo Espírito de Deus, aí
está o Reino de Deus. Portanto, durante este período de
tempo, o Reino de Deus é mais geográfico do que histórico.
Se o nosso conceito do Reino for somente histórico, teremos
percebido apenas um de seus lados, e não o Reino em sua
inteireza.
O Senhor está chamando intercessores para que assumam
responsabilidade por cidades, nações e grupos étnicos. As
fronteiras geográficas mostram-nos as nossas áreas de
responsabilidade. De acordo com o trecho de Atos 17.26, 27, o
Senhor determinou os limites da habitação dos seres humanos, a
fim de que busquemos o Senhor dentro dessas fronteiras. Temos
enviado equipes de oração que orem ao longo das fronteiras da
Suécia. Dividimos a costa marítima em cinqüenta segmentos e
pedimos a alguma igreja ou grupo de oração que caminhe ou viaje
ao longo dessa porção dos limites do país e ore.
Algumas vezes temos estado de pé nos limites de áreas
fechadas para o evangelho, e temos orado para que as nações
abram as suas portas. Por duas vezes, antes de o regime
comunista cair na Albânia, dirigi equipes de oração que oraram
nas fronteiras daquele país. Outros ocuparam-se em orações de
ação semelhantes. Antes de a Dinamarca ter o seu referendo,
quando a maioria votou em favor do acordo de Maastrich, com
vistas a uma união européia, os intercessores fizeram passeios de
oração ao longo da fronteira entre a Alemanha e a Dinamarca,
porquanto sentiam que esse acordo seria um retrocesso para o
evangelho.
A GEOGRAFIA ESPIRITUAL NA BÍBLIA
A Bíblia empresta importância espiritual especial a certas
localidades geográficas. Para exemplificar, o Senhor designou uma
importância geográfica ímpar à Terra Prometida, muito diferente
daquilo que vemos nos mapas ordinários. Seis cidades foram
escolhidas como cidades de refúgio. Quarenta e oito cidades foram
dadas aos sacerdotes e aos levitas. Quando entraram na Terra
Prometida, os filhos de Israel deveriam procurar o lugar onde o
Senhor tinha escolhido para pôr o seu nome, para ali habitar. Davi
descobriu que esse lugar era a cidade de Jerusalém. Em algumas
áreas geográficas foram proclamadas bênçãos especiais, como
quando Moisés abençoou os descendentes de José, dizendo:
"Bendita do Senhor seja a sua terra, com o mais excelente dos
céus, com o orvalho, e com o abismo que jaz abaixo, e com as mais
excelentes novidades do sol... e com o mais excelente dos outeiros
eternos" (Dt 33.13-15).
Quando estava a atravessar a fronteira, vieram-lhe ao
encontro anjos de Deus. E ele exclamou: "Este é o exército de
Deus". Por essa razão, ele deu nome àquele lugar de Maanaim, que
significa "dois exércitos" (ver Gn 32.1, 2). Outro trecho da fronteira
foi chamado de Mizpá, que significa "vigia". Labão asseverou: "Vigie
o Senhor entre mim e ti, quando estivermos apartados um do
outro" (Gn 31.49, V. R.). E Jacó afirmou que para além daquela
coluna ninguém passaria com más intenções contra o outro (ver
Gn 31.48-53).
Samuel levantou uma pedra na fronteira com os filisteus,
depois de havê-los derrotado. "...e chamou o seu nome Ebenézer; e
disse: Até aqui nos ajudou o Senhor". E assim os filisteus foram
subjugados, e nunca mais tentaram qualquer incursão no
território de Israel (ver 1 Sm 7.12, 13).
A GEOGRAFIA SAGRADA E O PLANEJAMENTO DE
CIDADES PELO OCULTISMO
O antropólogo norte-americano Johan Reinhard fez um
extenso estudo sobre as montanhas dos Andes, no Peru e na
Bolívia. Ao publicar seus achados na revista National Geographic,
concluiu ele: "A paisagem não é apenas uma região de
impressionante topografia, mas realmente é um complexo mapa
religioso. As montanhas são marcos espirituais, prenhes de
significação mágica".2
Reinhard asseverou que as montanhas sagradas estão ligadas
umas às outras sob o Illimani, a divindade principal das
montanhas, o qual classificaríamos como um espírito territorial. O
artigo é ilustrado com mapas dos montes e lagos sagrados da
cadeia dos Andes. Acerca de Machu Picchu, o berço do império
inca, disse Reinhard: "A localização de Machu Picchu permite uma
combinação de geografia sagrada e de alinhamentos astronômicos,
talvez sem igual nos Andes".3
Fico espiritualmente alerta quando leio sobre os rios, lagos,
fontes, florestas, parques, cidades e montes sagrados. Dizem as
Escrituras: "Os montes trarão paz ao povo, e os outeiros justiça"
(Sl 72.3). Satanás pretende bloquear o fluxo de bênçãos que Deus
tenciona dar por meio de sua criação, razão pela qual atrai tantas
pessoas para adorarem locais geográficos. Todavia, temos visto
irrompimentos e uma atmosfera diferentes, depois de declararmos
guerra espiritual em lugares que tenham sido dedicados aos
demônios.
Quando fazemos mapeamento espiritual, por muitas vezes
descobrimos planejamentos de cidades por meio do ocultismo,
cujas raízes se acham na Babilônia e no Egito. Isso está ocorrendo
em cidades e subúrbios recém construídos, como aquilo que Víctor
Lorenzo descreveu no capítulo sete deste livro. Na cidade de
Babilônia, os portões da cidade eram dedicados aos deuses da
cidade, e um zigurate foi erigido bem no meio da cidade. Em
muitas capitais e cidades no mundo, encontramos obeliscos que,
algumas vezes, são construídos no ponto zero, de onde são
medidas todas as distâncias. Um obelisco é um símbolo fálico da
maçonaria, vinculado à fertilidade e tendo um formato que era
sagrado desde a remota Antigüidade, ao deus-sol dos egípcios, Rá
ou Ré. Os obeliscos e os postes tótemes eram erigidos como marcos,
nos distritos dos deuses a eles dedicados.
A Meditação Transcendental está edificando na Suécia uma
vila-modelo, em Skokloster, sob a direção de Maharishi, e de
acordo com a arquitetura hindu védica, chamada Sthapatya-Veda,
a ciência do meio ambiente perfeito para a vida. Essa ciência
assegura que as casas deveriam saudar o sol, pelo que todas as
suas entradas deveriam estar voltadas para o leste. Por igual modo,
todas as casas e ruas deveriam ser edificadas formando uma
espécie de tabuleiro, que se alinhe com certas linhas e pontos de
poder, de modo a não perturbar o fluxo de energias psíquicas. A
vila está sendo edificada como centro de meditação bem no meio, e
cada casa dispõe de uma pequena torre de meditação.
ORAÇÕES DE ATOS PROFÉTICOS
As orações de atos proféticos só são efetuadas por ordem do
Senhor, no tempo perfeito determinado por ele, de acordo com a
estratégia que o Senhor tiver revelado a uma equipe de oração.
Antes que Gideão contasse com o seu exército de trezentos
guerreiros escolhidos, ele usou uma pequena força de espionagem
de dez homens, em uma das primeiras histórias de ação
guerrilheira do mundo. Gideão obedeceu à ordem do Senhor, dada
durante a noite, e tomou dez de seus homens para derrubar o altar
de seu pai, consagrado a Baal, tendo derrubado o poste-ídolo ao
lado dele, para em seguida edificar um tipo de altar apropriado ao
Senhor, no mesmo lugar (ver Jz 6.25-27). Foi uma oração de ação
divinamente determinada.
Elias é um grande exemplo para os intercessores. Veio a
palavra do Senhor a Elias, dizendo: "Levanta-te, desce para
encontrar-te com Acabe, rei de Israel... Eis que está na vinha de
Nabote..." (1 Rs 21.17, 18). Elias foi ao encontro de Acabe,
exatamente quando ele ia tomar posse da vinha, depois que Nabote
havia sido assassinado. Por igual modo, o Senhor nos está dando
tarefas divinas para que sejam cumpridas no lugar preciso,
combatendo o mal nos lugares elevados.
Parte do mapeamento espiritual consiste em pedir do
Senhor palavras e visões proféticas em prol de igreja,
cidades e nações... Deus levanta intercessores que
cooperem com ele, precisamente quando estão prestes a
ocorrer mudanças que poderiam abrir uma nação para o
evangelho.
As orações de ação profética estão especificamente ligadas às
equipes de oração que são enviadas às linhas de fronteira de
nações fechadas ao evangelho. Essas equipes viajam até povos não
alcançados, a países muçulmanos, a áreas de desastres naturais,
aos quartéis-generais do inimigo, às fortalezas das riquezas
materiais e a lugares a que até mesmo anjos não gostam de ir.
As orações de ação profética com freqüência são geradas por
grupos que se reúnem sobre bases regulares para intercederem
por cidades e nações. Orações contínuas em favor de cidades e
nações formam uma base poderosa de onde nascem orações de
ação profética, quando o Senhor fala com o grupo. Em seguida,
uma equipe menor é, com freqüência, escolhida e enviada em
jornadas de oração ou outras tarefas.
Como líder de uma equipe de oração, acredito que Deus me
tem como responsável pela proteção dos intercessores de minha
equipe. Sempre pergunto a mim mesmo: Até onde poderemos
avançar? Para o que o povo está preparado? Que prazo Deus está
determinando para nós? Meus intercessores serão maduros no
Espírito o suficiente para entender as coisas que estamos prestes a
fazer? Deus nos mostra muitas coisas, a respeito da oração de
guerra, que não seríamos sábios se as discutíssemos nas grandes
reuniões de oração. Após uma dessas reuniões mais amplas, com
freqüência convocamos um número menor de crentes dotados do
dom de discernimento para que haja um intenso acompanhamento.
Há ocasiões em que é prejudicial atrair a atenção do público em
geral ou permitir que a imprensa faça as suas coberturas e dê as
notícias.
POR QUE CHAMAMOS DE "PROFÉTICAS" AS ORAÇÕES DE
AÇÃO?
Ao descobrirmos algumas orações de ação, usamos o adjetivo
"profético", porquanto oramos para que uma palavra profética de
Deus tenha cumprimento. Parte do mapeamento espiritual
consiste em pedir do Senhor palavras e visões proféticas em prol
de igrejas, cidades e nações. Os profetas da Bíblia referiram-se a
palavras proféticas acerca de nações do Oriente Médio, como o Irã,
o Iraque , o Líbano, a Etiópia e Israel. Quando, recentemente,
fizemos uma jornada de oração profética ao Egito, oramos pelo
cumprimento do capítulo dezenove de Isaías, uma profecia dirigida
contra o Egito. Com freqüência usamos a palavra profética como
uma arma, em nossas orações.
Uma dimensão de tempo profético, na oração, também
precisa ser considerada. O Senhor nos está treinando para
reconhecermos a sua vontade acerca da questão de tempo certo. O
Senhor quer que intercessores façam-se presentes nos pontos
nevrálgicos da história, pois é ele quem "muda o tempo e as
estações, remove reis e estabelece reis..." (Daniel 2.21). Por
conseguinte, Deus levanta intercessores que cooperem com ele,
precisamente quando estão prestes a ocorrer mudanças que
poderiam abrir uma nação para o evangelho. Antes que possamos
começar a edificar e implantar, é mister desarraigar, derrubar,
destruir e arruinar as estruturas do império das trevas, conforme
Deus disse a Jeremias (ver Jr 1.10).
Por muitas vezes, o Senhor nos tem ordenado reunir o povo
de Deus para orar, em certas datas, sem sabermos exatamente por
qual motivo. Por três vezes temos sido levados a convocar
conferências nacionais de oração, quando os grupos da Nova Era
têm efetuado suas conferências de âmbito nacional. Começamos e
terminamos ao mesmo tempo sem termos tido conhecimento
anterior acerca do programa da Nova Era; mas de algum modo
intuímos que Deus queria que nos dedicássemos à oração na
presença dele. Em Madri, chegamos a acumular duas conferências
simultaneamente.
Em certas ocasiões, o Senhor nos tem exortado a orar quando
há alguma atividade intensa de alto nível no mundo do ocultismo.
Estes são dias em que o Reino de Deus está avançando e quando
novas portas se estão abrindo para a Igreja. Mas a igreja local que
dormita, enquanto Satanás mostra-se ativo, terminará deprimida e
derrotada.
Motivos Para a Oração de Ação Profética
Os intercessores são convocados para servirem aos
evangelistas e prepararem o caminho para a salvação de almas.
São chamados como um ministério sacerdotal para se postarem
diante do Senhor como representantes do povo crente,
confessando os pecados do povo e pedindo misericórdia.
O pecado individual impede que o crente tenha comunhão
íntima com Deus. E o pecado coletivo impede que o Espírito de
Deus se manifeste em uma comunidade. O Senhor tem planejado
encher a terra inteira com a sua glória. Porém, no passado têm
acontecido certas coisas que, infelizmente, velam a sua glória.
Jesus falou aos líderes religiosos, em Jerusalém, acerca do pecado
coletivo da cidade — o pecado de aquela cidade não ter recebido
aqueles que tinham sido enviados pelo Senhor. "Assim, vós
mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.
Enchei vós, pois, a medida de vossos pais" (Mt 23.31, 32).
A culpa que nunca é resolvida torna-se um convite aberto
para os poderes demoníacos. Antes de podermos amarrar o valente,
precisamos tratar dos pecados que têm outorgado ao inimigo o
direito legal de se instalar em algum lugar. O diabo e seus
principados foram derrotados por Jesus, no Calvário, e não teriam
sido capazes de continuar atuando se não dependessem de antigos
convites feitos a eles, convites esses que nunca foram cancelados.
O profeta Oséias acusou o povo de Israel de não ter resolvido
um pecado que já vinha a duzentos e cinqüenta anos sendo
cometido: "Desde os dias de Gibeá pecaste, ó Israel, e nisto
permaneceste..." (Os 10.9, V. R. A.).
Moisés instruiu os anciãos, quando estivessem numa cidade,
sobre como deveriam cuidar de algum pecado coletivo. Depois que
uma pessoa fosse achada morta no campo, sem que se soubesse
quem foi o assassino, os anciãos da cidade próxima deveriam
oferecer um sacrifício e orar: "Sê propício ao teu povo Israel, que tu,
ó Senhor, resgataste, e não ponhas o sangue inocente no meio do
teu povo Israel." E a intercessão teria o seguinte efeito: "E aquele
sangue lhes será expiado. Assim tirarás o sangue inocente do meio
de ti, pois farás o que é reto aos olhos do Senhor" (Dt 21.8, 9).
E importante que compreendamos a diferença que se destaca
aqui entre o pecado individual e o pecado coletivo. Quando os
incrédulos se arrependem e confessam seus pecados pessoais,
confiando em Jesus, eles são salvos. Ninguém mais pode tomar o
lugar deles e confessar os pecados deles em lugar deles. No
entanto, não sucede assim com o pecado coletivo. Os intercessores
podem confessar o pecado coletivo, mesmo que não tenham
participado pessoalmente dos pecados confessados; e, assim,
alguma coisa que tenha desagradado a Deus pode ser removida.
Quando isso sucede, Deus pode derramar o seu Santo Espírito, e,
então, torna mais fácil para os incrédulos ouvirem o evangelho de
Cristo, arrependerem-se de seus pecados e serem salvos. E assim
que a intercessão em nível estratégico pavimenta o caminho para
que haja um evangelismo eficaz.
Esdras forneceu-nos exemplo disso. Quando ele agonizava
diante de Deus, confessando os pecados de seus antepassados,
clamou: "Desde os dias de nossos pais até ao dia de hoje estamos
em grande culpa, e por causa das nossas iniqüidade fomos
entregues, nós, os nossos reis, e os nossos sacerdotes, na mão dos
reis das terras, à espada, ao cativeiro, e ao roubo, e à confusão de
rosto, como hoje se vê" (Ed 9.7).
SETE QUESTÕES CRUCIAIS ACERCA DO MAPEAMENTO
ESPIRITUAL
Até esta altura, tenho abordado alguns dos princípios
fundamentais do mapeamento espiritual que temos podido
respigar através de anos de orações de ação profética. Por meio da
experiência, temos obtido algum discernimento sobre o tipo de
pesquisa que é mais valioso do que outros, para conferir
orientação aos pastores e intercessores, para que seja conquistada
alguma cidade ou região para Deus. Sete perguntas cruciais, que
temos descoberto serem as mais úteis, têm vindo à superfície
quanto ao tipo de oração de guerra que Deus usa mais
consistentemente no que diz respeito a mim e aos meus colegas.
Outras perguntas, contudo, poderiam ser mais úteis do que essas,
para aqueles que receberem outras tarefas a cumprir.
1. Quais são os deuses principais da nação?
Quando o Senhor libertou o povo de Israel do Egito, disse:
"...sobre todos os deuses do Egito farei juízos; eu sou o Senhor" (Êx
12.12). Quando oramos pela liberdade do povo da União Soviética,
primeiramente preparamos uma lista de seus deuses e pedimos
que o Senhor julgasse todos os seus deuses. Quando vou a alguma
nação, usualmente procuro descobrir qual deus o presidente ou rei
daquela nação costuma adorar, e quais deuses são adorados pelos
grandes homens de negócios.
O deus grego Hermes, cujo nome romano é Mercúrio, é
honrado em muitas nações pela comunidade empresarial. Podemos
encontrar a sua estátua em algumas das grandes bolsas de valores
do mundo. Hermes é protetor dos homens de negócio, dos ladrões
e dos oradores. De acordo com a mitologia grega, ele era o
principal dos ladrões. Por detrás de muitos ídolos existem
demônios que requerem adoração.
Estando em Tóquio, sentimo-nos impulsionados a orar diante
da Bolsa de Valores, e, em nome de Jesus, removemos Hermes de
sua posição de protetor dos ladrões. Isso ocorreu por ocasião da
cerimônia do Daijosi, descrita por Peter Wagner (ver o segundo
capítulo deste livro). Depois de novembro de 1990, um caso após
outro de corrupção foi desmascarado na Bolsa de Valores de
Tóquio. E ela nunca mais foi a mesma coisa desde então, em uma
situação que prossegue, enquanto escrevo este livro. Deus odeia a
ganância, e talvez estejamos vendo nisso um julgamento divino.
2. Quais são os altares, os lugares elevados e os templos ligados à
adoração dos deuses da fertilidade?
Quando Abraão chegou à Terra Prometida, ele edificou um
altar a Deus e invocou sobre ele o nome do Senhor (ver Gn 12.8).
Erigir um altar era incluir um território no pacto entre Deus e o
seu povo escolhido. Aquele território, por assim dizer, entrava em
relação de pacto com o Senhor. Quando os pagãos edificam altares
aos seus deuses, eles fazem o seu território entrar em pacto com os
ídolos e com os anjos malignos que estão por detrás desses ídolos.
Eis a maneira de tomar posse da terra: "Totalmente
destruireis todos os lugares onde as nações que possuireis
serviram os seus deuses, sobre as altas montanhas, e sobre os
outeiros, e debaixo de toda a árvore verde; e derribareis os seus
altares, e quebrareis as suas estátuas, e os seus bosques
queimareis a fogo, e abatereis as imagens esculpidas dos seus
deuses, e apagareis o seu nome daquele lugar" (Dt 12.2, 3). Essa é
a chave para que nações sejam abertas para o evangelho. Nos
tempos do Novo Testamento, fazemos isso mediante a oração de
guerra. Antes de uma oração de ação profética, precisamos mapear
todos os lugares altos e seus altares, dedicados a outros deuses.
Também devemos pesquisar para descobrir se eles foram
reativados e estão sendo usados hoje em dia por grupos que
seguem as artes ocultas.
3. Líderes políticos, como reis, presidentes ou chefes tribais, têmse dedicado a algum "deus" vivo?
Isso não é tão incomum como alguns poderiam pensar. O
fundador de alguma nação foi exaltado para que viesse a ser
adorado como se fosse uma divindade? Temos encontrado poetas,
heróis, santos e generais nacionais elevados à posição de deuses,
após a sua morte. Sempre que reis ou líderes políticos se têm
tornado deuses, sendo adorados por seus súditos, eles têm tomado
o lugar que pertence legitimamente a Jesus. O imperador do Japão
é um exemplo disso, conforme Peter Wagner salientou (ver o
segundo capítulo deste livro).
Entre as tribos e nações que resistem ao evangelho, por
muitas vezes achamos essa lealdade que serve de obstáculo à
liberdade do evangelho. Esse é um método com freqüência usado
hoje em dia pelos ditadores, para criarem uma falsa unidade e
uma obediência cega da parte dos habitantes. Deus enviou um
anjo para derrubar Herodes, que estava aceitando adoração como
se fosse um deus vivo. E, depois que esse empecilho foi removido,
Lucas foi capaz de escrever: "E a palavra de Deus crescia e se
multiplicava" (At 12.24).
4. Tem havido derramamento de sangue, um poluente da terra?
Durante o reinado de Davi, a fome se instalou no país por
três anos sucessivos. Davi buscou a face do Senhor, e o Senhor
disse: "É por causa de Saul e da sua casa sanguinária, porque
matou os gibeonitas" (2 Sm 21.1). Davi tratou da culpa de sangue,
que estava provocando escassez de alimentos, segundo as normas
do Antigo Testamento, e Deus respondeu às orações em favor da
terra. A colheita foi salva de posteriores destruições.
5. Como foi lançada a pedra fundamental da cidade ou nação em
pauta?
"E os que de ti procederem edificarão os lugares, antigamente
assolados; e levantarás os fundamentos de geração em geração; e
chamar-te-ão reparador das roturas, e restaurador de veredas para
morar" (Is 58.12).
Um grupo de pesquisas estudou a história de Sidnei, na
Austrália, e descobriu que toda uma tribo de aborígines fora
varrida do mapa quando a cidade foi construída. Outra cidade
tinha sido fundada mediante documentos forjados. O fundador da
cidade precisara fugir quando se descobriu que aqueles que
tinham vendido aquelas terras tinham sido enganados. Em certa
área tribal foi fundada uma cidade mediante um tratado feito com
uma tribo. Mas pouco depois o tratado foi quebrado, mas aqueles
que tinham violado o tratado com a tribo em foco
subseqüentemente fizeram ruas serem chamadas por seus nomes.
E quando as pessoas da tribo percorrem hoje em dia por aquelas
ruas, são lembradas das pessoas desonestas que as iludiram.
Aalborg, na Dinamarca, foi originalmente fundada como um
mercado de escravos, onde os vikings podiam vender seus
prisioneiros de guerra como escravos. Uma cidade fundada em
cima de tanto sangue e crime naturalmente está debaixo de uma
maldição. Não admira que as igrejas não possam crescer em um
solo amaldiçoado ou que algum anjo negro de Satanás tenha
podido estabelecer ali o seu trono, desde o começo da cidade. Disse
o Senhor por meio de Ezequiel: "Derribarei a parede que rebocastes
de cal não adubada, e darei com ela por terra, e o seu fundamento
se descobrirá..." (Ez 13.14). Por intermédio do mapeamento
espiritual, o Senhor está hoje deixando desnudos os alicerces,
conforme Víctor Lorenzo demonstra acerca de La Plata, Argentina
(ver o sétimo capítulo deste livro).
6. Como têm sido recebidos os mensageiros de Deus?
"E, se ninguém não vos receber, nem escutar as vossas
palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos
pés" (Mt 10.14). Esse ato fará o julgamento de Deus sobrevir a
uma cidade que se mostre assim pouco acolhedora.
Um pastor de Mallakka, na Malásia, disse-me que a sua
igreja não crescia, e que outras igrejas da cidade também não
cresciam. Alguma coisa estava bloqueando os seus esforços
evangelísticos. Então veio um profeta da Inglaterra a Mallakka, que
tinha lido a história de como o missionário católico-romano,
Francisco Xavier, havia deixado a cidade de Mallakka. O povo não
deu ouvidos a Xavier, pelo que ele subiu a um monte e literalmente
sacudiu o pó de seus pés. O profeta inglês levou um grupo de
pastores de Mallakka até ao mesmo monte, onde arrependeram-se
em lugar dos antigos habitantes, porque a cidade não tinha
recebido um servo de Deus fazia mais de quatrocentos anos. Assim
a maldição foi interrompida e o pastor disse que a partir daquele
dia a sua igreja começou a crescer. Existem outras igrejas e
cidades debaixo do julgamento de Deus, por não terem recebido
servos de Deus, razão por que aquele solo é tão estéril.
7. Como foram edificadas as antigas sedes de autoridade?
O mapeamento espiritual, com vistas às orações de ação
profética, nos conduz a novas áreas.
Para exemplificar, em algumas nações africanas, onde já há
uma elevada porcentagem de crentes nacionais, o tempo está
maduro para que mais nacionais sejam postos em posições de
liderança. Quando oramos em favor de eleições e de candidatos
evangélicos, temos descoberto que precisamos desmantelar as
antigas sedes de autoridade, para que haja líderes piedosos em
posições de autoridade.
Precisamos da mais elevada precisão de pontaria para
atingir o inimigo, em seu ponto mais vulnerável. Na batalha,
a sabedoria consiste em obter a vitória sem desperdiçar
munição.
As antigas sedes de autoridade com freqüência foram
edificadas mediante acordos com os ídolos. O ofício presidencial
talvez tenha sido dedicado ao mais poderoso espírito territorial do
presente, como também aos mortos — seus ancestrais. Desse
modo, uma sede de poder foi dedicada a um deus após outro, e
todos eles têm certas reivindicações sobre o ofício. Antes de um
golpe que vise a derrubar um presidente, cobras e rãs podem ter
sido sacrificadas a fim de que o golpe tenha sucesso. Talvez tenha
havido conselhos de algum médico-feiticeiro, que recebeu uma
nova limusine Mercedes quando o golpe obtivesse bom êxito. Logo,
precisamos mapear as sedes nacionais de poder, para que
possamos orar com maior eficácia. Precisamos, portanto, indagar:
"Se as sedes de autoridade têm espíritos, podem elas ser
identificadas?"
COMO USAMOS O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?
O mapeamento espiritual com freqüência é usado como
confirmação de coisas que já pudemos ver no Espírito. Uma vez
que a nossa estratégia de guerra espiritual seja confirmada a partir
de várias fontes, então poderemos avançar com maior ousadia. Se
o Senhor revelar-nos o nome do valente de uma cidade, isso terá
de ser confirmado pelas Escrituras e pela história. Se tal valente
tiver estado nas imediações por centenas de anos, então
certamente ele terá deixado impressas as suas pegadas na história
e na geografia da cidade. E tudo quanto precisamos saber sobre o
nosso inimigo e suas tropas também foi revelado na Bíblia.
Usamos o mapeamento espiritual quando planejamos a nossa
estratégia de oração. Que tipo de armas espirituais devemos usar?
Qual é a natureza do campo de batalha? Em qual ordem de
seqüência deveremos abordar as questões sobre as quais oraremos?
Deve haver confissão antes de começar a guerra. Primeiramente,
cancelamos os convites feitos ao valente espiritual, antes de
podermos ordenar que ele se vá embora. As pesquisas nos ajudam
no que diz respeito ao tempo e aos lugares que visitaremos. O
mapeamento espiritual mostra-nos quem deveria estar envolvido.
Quando tratamos do comércio escravagista, por exemplo,
convidamos representantes das nações que estiveram envolvidos
no comércio escravagista, para que se arrependam em favor de
suas nações. Na ocasião em que abordamos a questão da
Inquisição Espanhola, convidei um descendente direto de uma
família judaica que tinha sido expulsa da Espanha, a fim de
participar da equipe.
Não nos devemos sentir escravizados à nossa pesquisa. Não
usamos todo o material preparado por pesquisadores cuidadosos.
Davi tinha cinco pedras quando se encontrou com o gigante Golias,
em campo de batalha, mas ele usou apenas uma daquelas pedras
a fim de vencer o gigante. Precisamos de uma grande precisão de
pontaria para atingirmos o inimigo em seu ponto mais vulnerável.
A sabedoria na batalha consiste em obter a vitória sem desperdiçar
munição.
Depois de termos realizado uma pesquisa e de termos
apresentado o nosso mapeamento espiritual aos líderes da cidade
em pauta, usualmente indagamos: "Vocês já cuidaram antes
dessas coisas, em oração?" Não queremos repetir o que pastores e
igrejas já fizeram. De certa feita fomos aos pastores da cidade de
Berlim e perguntamos: "Vocês já cuidaram da culpa de sangue
desta cidade, considerando que a Segunda Guerra Mundial
começou em Berlim, tendo causado a morte de milhões de
pessoas?"
"Nunca pensamos sobre isso, e nunca ouvimos alguém
confessar essa culpa de sangue em alguma igreja", foi a resposta
que recebemos.
Algumas vezes, o mapeamento revela fatos até ali desconhecidos, sobre áreas a respeito das quais já havíamos orado. E isso
confere-nos maior liberdade para tratar daquela área, munidos de
um novo nível de compreensão.
Orando em Moscou, na Sede da KGB
Em outubro de 1987, organizamos uma oração de ação
profética em Moscou, em conexão com as celebrações do
septuagésimo aniversário da Constituição Comunista Soviética. O
profeta Daniel entendeu que era chegado o tempo certo para ele
interceder em prol do livramento de seu povo, depois dele ter
descoberto a promessa de libertação, que ocorreria após setenta
anos de cativeiro na Babilônia. O Senhor demonstrou seu poder ao
estabelecer os limites de tempo das potestades malignas. O Senhor
nos deu fé para perceber que esse mesmo limite havia sido
estabelecido para a opressão comunista que oprimia a crentes e
judeus refugiados. Tínhamos discernido cinco alvos de oração para
aquela noite, em Moscou, e um desses alvos era o quartel-general
da KGB, a polícia secreta soviética.
Para aquela oração de ação foi distribuído material
pesquisado acerca da KGB a doze pessoas na equipe de oração.
Ouvimos uma preleção de duas horas sobre a organização da KGB.
A KGB tinha dezenove mil oficiais e quatrocentos mil agentes que
trabalhavam por toda a União Soviética. Ao redor do mundo inteiro
eles dispunham de meio milhão de informantes. O seu fundador foi
Dzerzinsky, e a sua estátua fora erigida na praça defronte da
prisão de Ljublanka. No mapa de Moscou, foram assinalados
lugares vinculados à KGB, onde eles treinavam os seus agentes,
bem como a universidade Lumumba, onde recrutavam os seus
agentes provenientes de outras nações.
A um minuto depois da meia-noite entre 17 e 18 de outubro
de 1987, começamos a nossa oração de ação, perto do quartelgeneral da KGB. Tínhamos recebido duas palavras de
conhecimento, da parte de um intercessor israelense e de uma
irmã na Escócia, ambos os quais disseram que nos tinham visto
orando em um túnel. Defronte do quartel da KGB há uma estação
subterrânea, com um túnel de passagem debaixo da praça.
Descobrimos que esse túnel passava exatamente por baixo da
estátua de Dzerzinsky. O Senhor havia provido um lugar onde
poderíamos orar com liberdade, sem sermos perturbados por quem
quer que fosse.
Penetramos no túnel, e ninguém mais passou por ali, durante
todo o tempo em que estivemos orando. Ali proclamamos o Mene,
Mene, Tekel e Parsim, o escrito na parede que tinha anunciado a
queda do império babilônico (ver Dn 5.25). E oramos: "No nome de
Jesus, te amarramos, poder de Faraó, poder controlador de Assur,
e te deixamos caído aos pés de Jesus. Proclamamos que tua
sepultura foi preparada. Cortamos a tua influência pelas raízes".
A 22 de agosto de 1992, foi removida a estátua do fundador
da KGB. Os arquivos secretos da KGB foram dados a público. Não
há mais crentes naquela prisão Os refusniks (refugiados) judeus
estão voltando para Israel.
TRATANDO AS RAÍZES DA ESCRAVIDÃO NA ÁFRICA
Em julho de 1992, os líderes de oração na África Ocidental
convocaram intercessores do mundo inteiro para virem e ajudarem
a efetuar uma tarefa intercessória histórica na Nigéria e na África
Ocidental. Essa tarefa consistia em tratar com as raízes da
escravidão, que continuam afetando a mentalidade dos africanos.
Líderes negros na África têm ameaçado a sua própria gente, da
mesma maneira que traficantes brancos de escravos têm tratado
os escravos. A escravatura continua existindo na Mauritânia e
entre algumas tribos do Sudão.
Preparando-nos para a conferência de oração em Lagos, na
Nigéria, fizemos um estudo sobre o tráfico negreiro. O mapeamento
foi efetuado na antiga costa de escravos, famosa por seu comércio
escravagista. Obtivemos informações sobre os portos de escravos e
sobre as fortalezas onde eram mantidos os escravos, em
masmorras, antes de passarem pelo portão sem retorno. Durante
quatrocentos anos, oitenta milhões de escravos foram
transportados em navios que partiam da ilha de Goree, perto de
Dacar. Aquele era um lugar cruel de seleção, onde decidiam quais
poderiam ser aproveitados para serem embarcados para os
Estados Unidos da América. Os demais eram lançados aos
tubarões, ou eram deixados para morrer à míngua.
Durante o período de protestos de arrependimento que
tivemos, ficamos surpresos ao ver tantos africanos confessarem
que seus antepassados tinham tomado parte na campanha de
conquista de escravos, os quais eram vendidos aos negociantes de
escravos. Uma enfermeira de Gana chorou e confessou que seu pai
lhe havia dito, com muito orgulho, que a tribo dele tinha vendido
escravos. Hoje, as famílias que lucraram com a venda de escravos,
gerações atrás, estão enfrentando problemas que o dinheiro não
pode resolver. Após a conferência de oração que abordou as raízes
da escravidão, mediante arrependimento e oração de guerra,
enviamos as nossas equipes para orarem nos centros e portos de
escravatura, ao longo da costa da África Ocidental.
Sentimos que essa jornada de oração profética à África
Ocidental não derrubou todas as fortalezas do inimigo, que estão
sendo usadas para manter em servidão grandes contingentes
populacionais tanto de negros quanto de brancos. Entretanto,
parte do pecado coletivo, arraigado no comércio escravagista,
certamente foi confessado e remido. Mas muito mais precisa ser
feito nesse campo, e acredito que isso será feito em um futuro
bastante próximo, conforme o Espírito Santo continuar falando às
igrejas a respeito da guerra espiritual em nível estratégico. Pelo
mundo inteiro, Deus está levantando grandes números de
intercessores para reforçar o exército espiritual. Um dos grandes
auxílios para os intercessores será uma crescente atividade quanto
a um mapeamento espiritual inteligente, caracterizado pelo
discernimento e pela sensibilidade diante do cronômetro de Deus.
Perguntas para refletir
1. Kjell Sjöberg fala de uma pessoa que se matriculou em um congresso de espiritismo a fim de realizar espionagem espiritual. Você
acha que todos os crentes deveriam fazer coisas assim? Em caso
negativo, quem deveria fazê-lo, e quem não deveria?
2. Discuta a importância espiritual das fronteiras políticas. Por que
é importante orar ao longo dessas fronteiras? Que acontece então?
3. Algumas descrições veterotestamentárias de oração de ação parecem estranhas. Não é com freqüência que pensamos que Deus
continua desejando tais coisas. Mas, ao que tudo indica, é isso que
está sucedendo. Qual é a sua opinião acerca disso hoje em dia?
Apresente as suas razões.
4. Procure aplicar, uma por uma, as sete perguntas de Kjell
Stöberg à sua cidade ou nação.
5. Por que pomos em prática o mapeamento espiritual? Reveja as
razões apresentadas por Sjöberg e discuta-as.
Notas
1. NEE, Watchman. The Prayer Ministry of the Church [O Ministério de Oração da Igreja - Ed. Vida]. Nova Iorque, NI, Christian
Fellowship Publishers, Inc. p. 47.
2. REINHARD, Johan. "Sacred Peaks of the Andes", National
Geographic, março de 1992, p. 93.
3. Idem, ibidem, p. 109.
Parte II:
A PRÁTICA
5. DERROTANDO O INIMIGO COM A AJUDA DO
MAPEAMENTO ESPIRITUAL
Por Haroldo Caballeros
Haroldo Caballeros é fundador e pastor da Igreja El Shaddai,
na cidade de Guatemala, uma igreja com vários milhares de
membros. Ele era advogado, antes de Deus chamá-lo para o
ministério. Viajava muito, ensinando aos líderes evangélicos de
muitas nações como guerrear espiritualmente. Haroldo serve como
coordenador de área da Spiritual Warfare Network e como
representante latino-americano da United Prayer Track do Movimento A.D. 2000 e Além. O seu ministério interdenominacional, Jesus E
Senhor, da Guatemala, conta com mais de vinte mil intercessores na
Guatemala.
A Guerra do Golfo Pérsico, em 1991, foi diferente de todas as
guerras anteriores. Sua curta duração, o vasto e diversificado nível
de tecnologia, e as comunicações e informações altamente
sofisticadas que coordenaram as forças aliadas, tudo contribuiu
para a obtenção do alvo, com pouquíssimas perdas de vidas. A
maioria dos entendidos concorda que a tecnologia sofisticada foi o
principal fator que permitiu essa vitória sem grande perda de vidas
humanas.
O mapeamento espiritual fornece-nos uma imagem ou
fotografia espiritual da situação nos lugares celestiais acima
de nós. O que uma chapa de raios-X é para um cirurgião, o
mapeamento espiritual é para os intercessores.
MAPEAMENTO ESPIRITUAL
O mundo natural é apenas um reflexo do mundo espiritual, e
sempre houve conexão entre esses dois mundos. Nós, que estamos
interessados
na
guerra
espiritual,
estamos
buscando
constantemente uma tecnologia espiritual aprimorada. O trecho de
Isaías 45.1-3 ajuda-nos a perceber que Deus revela novas
informações a seu povo, a fim de que possamos desempenhar
melhor o nosso papel e obter a vitória. Podemos esperar que, se
Deus adiantou-se a Ciro, o seu "ungido", então é provável que ele
fará a mesma coisa em nosso favor, hoje em dia. Ele preparará o
nosso caminho à nossa frente (v. 2), fornecer-nos-á os tesouros das
trevas e as riquezas ocultas dos lugares secretos (v. 3), a fim de
subjugar nações.
A população do mundo cresce cada vez mais, e estamos
enfrentando um desafio estonteante — três bilhões e seiscentos
milhões de pessoas que ainda não ouviram o evangelho!
Entretanto, nosso Deus é soberano e está revelando novas e
melhores estratégias, para que possamos atingir esses bilhões em
nossa própria geração. Estou convencido de que o mapeamento
espiritual é uma dessas revelações. Esse é um dos segredos
divinos que nos ajuda a abrir nossos "detectores" espirituais, e que
nos mostra a situação da humanidade conforme Deus a vê, ou seja,
espiritualmente, e não como nós a vemos, naturalmente.
Se eu tivesse de definir o mapeamento espiritual, então diria:
É a revelação de Deus sobre a situação espiritual do mundo no
qual vivemos. É uma visão que vai além de nossos sentidos
naturais, e, pelo Espírito Santo, revela-nos onde estão as hostes
espirituais das trevas.
O mapeamento espiritual fornece-nos uma imagem ou
fotografia espiritual da situação nos lugares celestiais acima de
nós. O que uma chapa de raios-X é para um cirurgião, o
mapeamento espiritual é para os intercessores. Trata-se de uma
visão sobrenatural que nos mostra as linhas, a localização, o
número, as armas do inimigo, e, acima de tudo, como o inimigo
pode ser derrotado.
O mapeamento espiritual desempenha o mesmo importante
papel que a espionagem e o exame de campo do inimigo
desempenham durante uma guerra. Esse mapeamento é um
instrumento espiritual, estratégico e sofisticado, que é poderoso
em Deus para ajudar na destruição das fortalezas do adversário.
Também deveríamos sublinhar outro aspecto de nossa visão
sobrenatural, a saber, os milhões de anjos que Deus tem enviado
para ministrar àqueles que herdam a salvação (ver Hb 1.14). Os
anjos obedecem ao chamamento do Senhor. Eles são guerreiros
espirituais que, como um exército disciplinado, recebem as suas
ordens da parte do próprio céu. Eles saem em nosso socorro e nos
ajudam a derrotar o inimigo (ver Dn 10.13; Sl 91.11 e Ap 12.7).
O mapeamento espiritual é um campo relativamente novo em
nossas
comunidades
evangélicas;
coletivamente,
estamos
aprendendo muito. Contudo, há um consenso bastante
pronunciado sobre várias importantes premissas teológicas, que
passo agora a iluminar. Elas são úteis para aqueles que querem
começar a estudar esse campo.
NOSSA PRINCIPAL TAREFA
Os habitantes deste mundo podem ser divididos em dois
grandes grupos gerais:
1. Os Crentes. Aqueles que, "segundo a sua misericórdia",
foram salvos "pela lavagem da regeneração e da renovação do
Espírito Santo" (Tt 3.5). O apóstolo Paulo afirma que esses são
seres humanos espirituais, capazes de discernir todas as coisas
por um ângulo espiritual (ver 1 Co 2.14, 15). A esse grupo de
pessoas chamamos de o Corpo de Cristo, ou seja, a Igreja.
2. Os Incrédulos. São os que ainda não tiveram um encontro
salvífico com Jesus Cristo, o Senhor e Salvador. Milhões de
pessoas que vivem debaixo da escravidão ao diabo, ao pecado e à
ignorância não podem desvencilhar a si mesmas dessa horrenda
servidão.
Os incrédulos do mundo devem ser encarados como o objeto
de nossa formidável tarefa. Conquistar os perdidos é o grande
desafio para todos nós, que somos crentes, sendo a principal razão
para livros como este. Por que continuamos vivos neste mundo?
Por que não somos automaticamente trasladados para o céu
quando nos convertemos? Somente por ficarmos neste mundo,
ficaremos "mais salvos", "mais justificados" ou "mais santificados"?
O objetivo central da Igreja na terra é cumprir os propósitos
de Deus. "...Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens
se salvem e venham ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2.3, 4). E
também: "O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns
a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo
que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se"
(2 Pe 3.9).
Em outras palavras, aquela porção da população da terra que
perfaz a Igreja tem, como seu propósito mais importante, colaborar
com Deus, a fim de que ela e o Senhor possam atingir aqueles que
ainda não reconheceram a Jesus Cristo como seu Senhor e
Salvador.
O DEUS DESTA ERA E A SUA ESTRATÉGIA
Muitas pessoas que ainda não receberam a Cristo como seu
Senhor e Salvador não o fizeram ainda porque não podem. E não
podem simplesmente porque Satanás os tem cegado e os mantém
cativos.
Por muitas vezes nos queixamos sobre alguém que, segundo
todas as aparências, não quer receber o evangelho, sem pararmos
para pensar que a ausência de desejos dos tais pode não ser a
verdadeira razão. Qualquer pessoa razoável, a quem a luz seja
exibida, preferirá a luz e não as trevas. Mas existem aqueles que
não podem ver a luz.
Por muitas vezes desdenhamos de uma comunidade, de uma
região ou de uma nação quando dizemos: "Eles não querem
receber o evangelho naquele lugar!" É mister que entendamos que
o verdadeiro problema usualmente tem natureza espiritual A
maioria das pessoas, de muitas regiões geográficas, vive na
cobertura das trevas, o que constitui uma venda sobre os seus
olhos. Paulo refere-se a essas pessoas como indivíduos "nos quais
o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para
que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo,
que é a imagem de Deus" (2 Co 4.4).
A evangelização torna-se uma tarefa difícil quando a nossa
própria atitude é negativa. Conforme salientou Cindy Jacobs em
seu livro, essa atitude pode até ser uma fortaleza espiritual que
está sendo usada pelo inimigo (ver o terceiro capítulo deste livro).
Cindy citou a definição de Ed Silvoso acerca de uma fortaleza
mental: "uma mente que fica impregnada pela desesperança,
levando o crente a aceitar, como imutável, aquilo que ele sabe ser
contrário à vontade de Deus". Em nossa igreja, na Guatemala,
tentamos derrubar essa fortaleza ao operar de acordo com esse
princípio: ninguém é inatingível!
Que o leitor me permita enfatizar este princípio. Embora
possa haver exceções, supomos que as pessoas para quem
estamos testificando não recebem Cristo porque não podem.
Satanás "cegou os entendimentos dos incrédulos", em consonância
com 2 Coríntios 4.4. Nossa tarefa, por conseguinte, é combater a
batalha espiritual em favor deles, até que a sua cegueira seja
removida e os cativos sejam libertados.
A REALIDADE DA GUERRA ESPIRITUAL
A guerra espiritual é o conflito entre o Reino da Luz e o reino
das trevas, que é o império de Satanás. Esses dois reinos estão
competindo pelas almas e espíritos das pessoas que habitam o
globo terrestre. Isso resulta em uma batalha permanente, que
envolve dois reinos, o reino visível e o reino invisível. A batalha
espiritual que ocorre nos lugares celestiais, na dimensão invisível,
tem início nos corações das pessoas, mas seu efeito final faz-se
sentir nesta terra, a dimensão visível. Aqueles que estão envolvidos
nesse conflito são os seguintes:
No Reino de Deus:
1. Deus Pai
2. Jesus Cristo
3. O Espírito Santo
4. Os anjos de Deus
5. A Igreja.
No centro desse conflito estão os seres humanos. A
humanidade perdida é a razão dessa batalha. Os incrédulos, como
é claro, são vistos muito mais ao lado do reino das trevas,
porquanto são escravos do pecado e filhos da desobediência. Disse
Cristo a respeito deles: "Vós tendes por pai ao diabo" (Jo 8.44). Ao
mesmo tempo, reconhecemos que há sempre uma batalha
espiritual que gira em torno dos crentes, os quais já se acham no
Reino de Deus. Pois embora os crentes já se encontrem no Reino
de Deus, ainda são atacados pelo diabo, que persegue a Igreja na
tentativa de fazer estacar o progresso do plano de Deus.
Por outra parte, o reino das trevas compõe-se de:
1. O diabo
2. Os principados
3. As potestades
4. Os governantes das trevas deste século
5. As hostes espirituais do mal, nos lugares celestiais
6. Muitas categorias de anjos das trevas referidos na Bíblia,
incluindo poderes, domínios e todo nome que se nomeia, não só
neste mundo, mas também no mundo por vir (Ef 1.21).
O Papel dos Crentes Nesse Conflito
Em face do conhecimento que temos da Palavra de Deus,
compreendemos que Deus já fez a parte que lhe toca. Certamente
ele é a maior pessoa da Triunidade, no Antigo Testamento. No Novo
Testamento, Jesus Cristo é destacado como aquele que derrotou
pessoalmente o diabo, na cruz do Calvário, aquele que, tendo
despojado "os principados e potestades, os exibiu publicamente e
deles triunfou na mesma cruz" (Cl 2.15, V. R.).
A terceira pessoa da Triunidade, o Espírito Santo, está em
nosso meio hoje em dia, com a finalidade de guiar-nos, como filhos
de Deus. Os próprios anjos de Deus, que se mantêm atentos à sua
voz e têm grande poder, a fim de cumprir a palavra dele estão
esperando que a Igreja torne conhecida a multiforme sabedoria de
Deus aos principados e poderes, nos lugares celestiais (ver Ef 3.10).
Isso, pois, indica que a Igreja tem um papel-chave a desempenhar. E a Igreja somos nós! Em conseqüência, podemos ver um importante aspecto de nossa guerra espiritual como um esforço
envidado pela Igreja a fim de remover o véu da cegueira que foi
posto sobre os incrédulos, por parte do diabo.
Nós cumprimos duas tarefas básicas: (1) Rasgamos o véu de
trevas mediante a intercessão em nível estratégico, derrubando-o
por meio da Palavra de Deus e do nome de Jesus (ver Ef 6.17, 18).
(2) Nós envidamos esforços evangelísticos (Ef 6.15, 19).
Proclamamos a Palavra de Deus de uma maneira que faz as
pessoas tornarem-se vulneráveis à luz do evangelho, que agora
pode brilhar sobre elas, porquanto a cegueira delas foi curada.
Muitos aceitam a Cristo, e Deus os liberta do poder das trevas e os
faz ingressar no Reino de seu Filho amado.
NATUREZA DA GUERRA ESPIRITUAL
1. A guerra espiritual não é um fim em si mesmo. Mas é uma
arma poderosa que, quando usada como parte integral do
evangelismo, pode aumentar a possibilidade de conduzirmos
outras pessoas aos pés de Cristo. Dentro desse contexto, o
mapeamento espiritual é um recurso estratégico que nos permite
localizar o poder do inimigo, que impede um evangelismo mais
frutífero.
2. As características bem reconhecidas da guerra espiritual
são estas: (a) "Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim, contra os principados, contra as potestades, contra
os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais
da maldade, nos lugares celestiais" (Ef 6.12); e (b) "Porque as
armas da nossa milícia não são carnais, mas sim, poderosas em
Deus, para destruição das fortalezas" (2 Co 10.4).
3. Um fato que parece ter sido ocasionalmente esquecido é a
importância da persistência e da constância. O nível estratégico da
guerra espiritual que trata com espíritos territoriais sobre cidades
e nações completas não consiste em entreveros isolados, mas em
uma guerra franca e aberta. Isso envolve uma constante sucessão
de hostilidades; não uma única batalha, mas múltiplas batalhas. O
resultado final é certo: "Depois virá o fim, quando tiver entregado o
reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e
toda a potestade e força" (1 Co 15.24).
Sumariando, cumpre-nos entender que o nosso papel
humano na guerra espiritual é decisivo, e que o nosso
envolvimento como guerreiros de oração não é opcional, mas
indispensável no cumprimento da Grande Comissão que Deus nos
confiou. O próprio Jesus Cristo, ao descrever a agenda de seu
ministério em cinco facetas, dedicou duas dessas facetas ao tema
da necessidade de libertar aqueles que estão sendo mantidos
cativos (ver Lc 4.18, 19).
O ELO ENTRE OS REINOS ESPIRITUAL E TERRENO
A interconexão entre o reino invisível ou espiritual e a sua
contraparte, o reino visível ou terreno, é um tema extremamente
importante para nós considerarmos. Cada um dos reinos
espirituais que estão em conflito tem a sua própria contraparte
terrena.
Nenhum de nós duvida da existência de um exército que
representa o Reino de Deus, composto por anjos; e também não há
dúvidas quanto a outro exército organizado, composto por
demônios, que servem o reino das trevas. Tanto Miguel quanto os
seus anjos, como também Satanás e seus anjos caídos, são
vividamente descritos no capítulo doze de Apocalipse. Mas
precisamos saber mais acerca de como esses dois exércitos
relacionam-se com os seres humanos, que servem a esses dois
reinos, aqui na terra, e como isso afeta a nossa vitória final sobre o
império do mal.
O Reino da Luz dispõe de servos terrenos de Deus, os quais
trabalham para produzir fruto para Deus. Esses servos são
comumente divididos em dois subgrupos: (1) Aqueles chamados
para o ministério integral (como apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e mestres) e (2) os restantes irmãos e irmãs, membros do
Corpo místico de Cristo, chamados de "ministros de uma nova
aliança" (2 Co 3.6).
O primeiro desses grupos geralmente é considerado como
aqueles que ocupam a primeira linha da batalha. Entretanto, esse
primeiro grupo pouco conseguiria fazer sem a ajuda e a cooperação
constantes do segundo grupo, que geralmente contribui com a
maioria dos intercessores, que são aqueles guerreiros da oração
sem os quais a vitória não seria possível.
E o reino das trevas também conta com seus servos. Em um
dos grupos há ministros de tempo integral, que usualmente
recebem nomes como bruxos, feiticeiros, xamãs, feiticeiras, canais,
sacerdotes e sacerdotisas satânicas, e assim por diante. Esses,
juntamente com os líderes dos cultos e das seitas satânicas,
dedicam as suas vidas à proclamação dos enganos pespegados
pelo diabo, com o propósito de arrastar pessoas para o cativeiro do
reino do qual fazem parte.
Imediatamente depois desses, acha-se o grupo que nos causa
a maior tristeza. Esse grupo é formado por todas aquelas pessoas
que, por não terem ainda recebido a Cristo, continuam debaixo do
manto da morte espiritual, sendo manipulados, em diferentes
graus, pelo diabo e por seus demônios. Essas pessoas, em sua
ignorância, constituem o exército terreno que o diabo usa.
Ter conhecimento da interação que se dá entre o exército
terreno e os principados e potestades dos ares ajuda-nos na
obtenção da vitória. O que poderia ser melhor para um exército
invasor do que saber qual a posição ocupada pelo inimigo, detectar
a localização de seus quartéis-generais e interceptar seus meios de
comunicação? É precisamente isso que o mapeamento espiritual
procura realizar.
UM SONHO REVELADOR
Uma irmã de nome Mirella, que freqüenta a nossa igreja,
chegou até mim e me disse: "Pastor, tive ontem um sonho que me
causou uma profunda impressão, embora eu não tenha entendido
o seu significado. Esta manhã, quando eu estava orando e
perguntando a Deus qual a interpretação do sonho, ele me disse:
'Este sonho não foi para ti. Vai e conta o sonho ao pastor, visto que
o sonho foi para ele'".
Desnecessário é dizer que ela chamou a minha atenção, mas
ela nem imaginava ser aquela a maneira pela qual Deus queria
alterar a maneira como nossa igreja ora. E isso teria implicações a
longo prazo, tanto para a nossa igreja quanto para o nosso país.
O sonho foi o seguinte: Mirella viu três cidades dos Estados
Unidos, que ela chamou por seus nomes, e que ela identificou sem
a menor hesitação. E então ela viu que uma corda unia as três
cidades — uma corda invisível e transparente, mas que ela podia
ver. Formou-se um triângulo, quando a corda ligou as três cidades,
e três mãos apareceram, cada qual segurando um dos lados do
triângulo. Ela disse que a parte mais estranha do sonho foram as
mãos. Eram mãos ásperas, quase rústicas. Pareceram-lhe como as
mãos de um homem vigoroso. Isso era tudo quanto eu precisava
saber.
Quem É o Valente?
Alguns
dias
antes
disso,
eu
tinha
meditado
consideravelmente sobre as três referências, nos evangelhos
sinópticos, ao "valente".
1. Mateus 12.29: "Ou, como pode alguém entrar em casa do
homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não maniatar o
valente, saqueando então a sua casa?"
2. Marcos 3.27: "Ninguém pode roubar os bens do valente,
entrando-lhe em sua casa, se primeiro não maniatar o valente; e
então roubará a sua casa".
3. Lucas 11.21,22: "Quando o valente guarda, armado, a sua
casa, em segurança está tudo quanto tem; mas, sobrevindo outro
mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua
armadura em que confiava, e reparte os seus despojos".
Meu interesse foi atraído pela palavra "homem", dentro do
sonho da irmã Mirella. Por que essa palavra é usada com tanta
freqüência nas Escrituras? Por que um homem vigoroso? Por que
não espírito ou principado ou potestade vigoroso? E por que tinha
de ser, especificamente, um "homem"? Comecei a perceber que
Deus estava falando ali da interação entre seres humanos e a
dimensão espiritual.
E apenas natural que todos os exércitos tenham o seu líder,
um general ou capitão, que baixa ordens e decide o que se deve
fazer. Esse homem poderia ser chamado de valente do exército.
Sabemos que alguns homens têm mostrado ser servos
extraordinariamente malignos de Satanás, como Nero ou Adolfo
Hitler. Ambos foram instrumentos humanos poderosos, em favor
do mal, para fazerem aquilo que o diabo sabe fazer melhor —
roubar, matar e destruir. Poderíamos chamá-los, com toda a
exatidão, de valentes de envergadura mundial.
A realidade é que o diabo escolhe aqueles que se disponham a
servi-lo e eleva-os como grandes líderes da terra. É óbvio que um
líder assim pode influenciar muitas pessoas, e, por conseguinte,
pode causar imensa destruição. Esses líderes humanos agem como
valentes de Satanás e representam as características dos
principados aos quais servem. Acredito que esses valentes
humanos recebem tarefas, na terra, da parte dos principados e das
potestades do mal, para servirem aos seus propósitos. Tais
homens cultivam uma relação íntima e direta com os demônios,
por meio de suas atividades ocultas.
Temos o exemplo da relação entre o príncipe de Tiro e o rei de
Tiro, em Ezequiel 28.2 e 12. O profeta Daniel fornece-nos outro
exemplo sobre o príncipe da Pérsia e o príncipe da Grécia, os quais,
como é óbvio, eram seres espirituais que exerciam relação e
influência diretas sobre os impérios da Pérsia e da Grécia, por meio
de seus imperadores, seus governantes terrenos (ver Dn 10.20).
Lemos no trecho de Isaías 24.21: "E será que naquele dia o
Senhor visitará os exércitos do alto na altura, e os reis da terra
sobre a terra". É evidente que o diabo governa o mundo através
dos reis da terra. Como? Sem dúvida alguma, através do
relacionamento íntimo de seus anjos negros com aquelas pessoas
que resolvem entregar-se a Satanás.
E fato sabido que Adolfo Hitler participou abertamente desse
processo, ao convidar esses poderes tenebrosos para entrarem nele,
a fim de torná-lo o homem forte ou valente de seus dias. E também
tem sido noticiado, ultimamente, que alguns líderes mundiais
contemporâneos pertencem aos cultos da Nova Era, ou a
sociedades secretas que procuram dominar o mundo.
Relação Entre o Reino Espiritual e a Humanidade
Deus quer abençoar as pessoas. Ele chama pessoas, e elas
respondem, dedicando sua vida ao serviço prestado a ele. Essas
pessoas tornam-se servas do Senhor e passam a depender dele
totalmente. Tecem linhas de comunicação com ele, como a oração,
a adoração e a audição daquilo que o Pai diz. Todos reconhecemos
como um fato o seguinte princípio: Quanto mais íntima for a nossa
comunicação com Deus, maior será a nossa unção e maior será o
nosso sucesso no ministério cristão.
Parece que o diabo, que copia e corrompe todas as coisas que
pode, também dispõe de servos que o escolheram como seu senhor,
e dedicaram sua vida para servi-lo. Esses também dispõem de
linhas de comunicação com o senhor deles, através de coisas como
a feitiçaria, a bruxaria, os sacrifícios de animais e humanos, as
sessões espíritas, a meditação transcendental e os pactos de
sangue. E também operam de acordo com o mesmo princípio.
Quanto mais íntima for a comunicação entre eles e as forças
malignas, maior será o poder de que disporão. Quando entendi
isso, comecei a perceber que Deus nos estava revelando os nomes
dos valentes ou homens fortes da Guatemala, a fim de que
pudéssemos reconhecer, por intermédio deles, os principados
dominantes. Deus nos estava revelando o inimigo, não a fim de
glorificar o inimigo, mas para ajudar-nos a derrotá-lo.
Amarrando os Valentes da Guatemala
Em conseqüência do sonho de Mirella, tive uma conversa com
um dos irmãos de nossa igreja que tem o ministério profético.
Assim que lhe contei o sonho, ele reagiu de imediato: "O senhor
sabe quem são as três pessoas das três cidades?" E ele passou a
enunciar seus nomes, o primeiro e o último! Após alguma pesquisa,
pudemos ver confirmado que aqueles três homens estavam todos
efetuando secretamente obras malignas do diabo, em suas
respectivas cidades. Um deles exercia poder através do dinheiro, o
segundo, mediante a política, e o terceiro através do tráfico de
narcóticos.
E Deus nos conferiu uma estratégia ali mesmo. Disse o
Senhor: "Amarrem esses principados em nome do Senhor Jesus.
Vocês deverão arrancar, quebrar, destruir e derrubar as linhas de
comunicação que emprestam poder a esses homens valentes; mas
não amaldiçoem os indivíduos envolvidos, antes, bendizei-os,
porquanto foram criados à imagem e semelhança de Deus".
Como é evidente, não posso revelar os nomes desses três homens; mas posso adiantar que, em conseqüência direta da oração
no local, o primeiro deles perdeu todo o seu poder e está
encarcerado, esperando ser julgado pelos seus crimes. O segundo
está prestes a sofrer embargo político e ser tirado do ofício. E o
terceiro, que está atravessando um momento crítico de sua
carreira política, sofreu problemas pessoais e agora perdeu quase
totalmente a sua influência e poder. Os valentes humanos foram
derrubados ao mesmo tempo que os poderes celestes da maldade
estavam sendo amarrados e derrubados, por meio das orações dos
santos.
Nesse caso, a guerra espiritual produziu fruto, não somente
espiritualmente, mas também na nossa dimensão natural; e o
resultado tem sido claramente bíblico. Tendo amarrado e derrotado
os valentes, podíamos então passar a tirar deles as suas
armaduras, nas quais confiavam, para então dividir os seus
despojos. No caso, os despojos têm sido um evangelismo mais
frutífero, paz, redução da taxa de violência e a mudança do
governo espiritual das trevas para a luz. A Guatemala tem agora
um presidente evangélico, Jorge Serrano, homem cheio do Espírito
Santo, e que também, por acaso, é membro de nossa igreja.
Sumariando, temos aprendido que é para vantagem nossa conhecer quem é o valente, a fim de amarrá-lo e dividir-lhe os despojos.
O mapeamento espiritual ajuda-nos a identificar o valente. Em
alguns casos, o mapeamento espiritual nos dará uma série de
características que nos guiarão diretamente ao príncipe ou
potestade maligna daquele lugar. Em outros casos, nos estaremos
defrontando com uma pessoa natural, que Satanás está usando. E,
ainda em outras oportunidades, estaremos face a face com uma
estrutura social corrupta.
Mapeamento Espiritual no Campo
Depois de compreender quão importante é discernir, por
nome, cada potestade que domina regiões em particular, saímos a
campo, para a nossa primeira experiência no campo. Em novembro
de 1990, pequenos grupos de pessoas foram enviados pelas igrejas
às capitais de cada um dos vinte e dois departamentos (ou
condados) da Guatemala, a fim de jejuarem, orarem e buscarem a
orientação do Senhor para identificar o principado do mal que
predominava sobre cada departamento. Em sua misericórdia, Deus
permitiu-nos obter resultados extraordinários, e vimos, pela
primeira vez, uma espécie de raios-X espiritual, um verdadeiro
mapa espiritual da situação das dimensões espirituais sobre o
nosso país. A nossa guerra espiritual tornou-se muito mais eficaz,
e pudemos ver resultados físicos de nossos esforços espirituais de
uma maneira muito mais abundante do que havíamos antes
imaginado.
Um mapeamento espiritual maduro requer um esforço
coordenado que tenha por alvo conquistar cada território
alvejado. Nosso propósito é desfechar a guerra espiritual a
fim de abrir a porta para um evangelismo eficaz e uma
mudança social positiva.
Nossos líderes sentiam-se seguros de que se tratava de uma
abordagem viável para uma igreja local evangelizar a área
geográfica onde ela estivesse localizada. Por conseguinte,
perseveramos até havermos desenvolvido um modelo funcional.
Atualmente estamos usando esse modelo no micromapeamento
das vizinhanças e subdivisões, antes de nos atirarmos ali ao
empreendimento de evangelizar e implantar igrejas na localidade.
INSTRUÇÕES PRÁTICAS QUANTO AO MAPEAMENTO
ESPIRITUAL
Um mapeamento espiritual maduro requer um esforço
coordenado que tenha por alvo conquistar cada território alvejado.
Nosso propósito é desfechar a guerra espiritual a fim de abrir a
porta para um evangelismo eficaz e uma mudança social positiva.
PLANO PILOTO
A. Visão
Evangelização da nação
B. Objetivos Específicos
1. Entrar em guerra espiritual com o propósito de lutar
espiritualmente pela nossa nação, até que obtenhamos a vitória.
2. Fazer o mapeamento espiritual que nos capacita a saber,
dentro do possível, quais os planos, as estratégias e os conluios do
inimigo, para que entremos na batalha com inteligência, e, em
resultado, sermos vitoriosos dentro de um mínimo de tempo, com
um mínimo de riscos e perdas.
3. Se tudo for feito corretamente, o resultado da vitória
espiritual afetará a nação por meio de reavivamento, reforma e
justiça social, tudo o que é causado pela movimentação livre do
Espírito Santo naquela nação.
C. Modo de Proceder
O modo de proceder envolve dividir o campo de batalha em
territórios
geográficos,
todos
os
quais
serão
tratados
simultaneamente.
1. Defina com precisão cada território.
2. Obtenha a equipe de trabalho com os seus líderes.
3. Faça o mapeamento espiritual de acordo com o manual.
4. Discirna a situação do inimigo quanto ao território
escolhido.
5. Avalie, arranje e comunique as informações necessárias
para que haja a guerra espiritual.
UM MANUAL DE MAPEAMENTO ESPIRITUAL
Para realizarmos esse mapeamento, dividimo-nos em três
equipes, cada uma das quais encarregada de uma das três áreas a
serem pesquisadas. As equipes não podem fazer revelações umas
às outras. Isso nos provê informações cruzadas da parte de cada
uma daquelas três áreas, capacitando-nos a receber confirmação,
o que adiciona credibilidade aos nossos resultados.
As três equipes de trabalho recebem, respectivamente, tarefas
de pesquisa sobre fatores históricos, fatores físicos e fatores
espirituais.
Fatores Históricos
Para fazermos a pesquisa histórica, teremos de fazer as
seguintes perguntas quanto a cada cidade ou circunvizinhança:
1. O Nome ou os Nomes
Precisamos fazer uma lista ou inventário dos nomes usados
para o nosso território, para então fazermos a nós mesmos as
seguintes indagações:
•
•
•
•
•
•
•
•
Esse nome tem algum significado?
Se o nome etimológico não tem significado, terá alguma implicação lógica?
Isso importa em bênção ou maldição?
É um nome nativo, indígena ou estrangeiro?
O nome diz alguma coisa sobre os primeiros habitantes daquele território?
Descreva quaisquer características daqueles que ali residem?
Há alguma relação entre o nome e a atitude de seus
habitantes?
Qualquer desses nomes tem alguma relação direta com os
nomes de demônios ou das artes ocultas?
•
O nome está ligado a alguma religião, crença ou culto local
naquele lugar?
2. Natureza do Território
•
•
•
•
•
•
•
O território tem quaisquer características especiais que o
distingam de outros?
Está aberto ou fechado para o evangelismo?
Há muitas ou poucas igrejas ali?
A evangelização é fácil ou difícil?
As condições sócio-econômicas do território são uniformes?
Há mudanças drásticas nessas condições?
Aliste os problemas sociais mais comuns da circunvizinhança,
como drogas, alcoolismo, famílias abandonadas, corrupção do
meio ambiente, ganância, desemprego, exploração dos pobres,
etc.
Haverá alguma área específica que chame a nossa atenção?
Por exemplo, poderíamos definir esse território ou os seus
habitantes com uma palavra? Que palavra seria essa?
3. História do Território
Quanto a esse aspecto da questão, apelamos para as
entrevistas, pesquisas na prefeitura, nas bibliotecas, etc. Uma
questão que aqui mostra ser extremamente importante consiste em
saber quais eventos dão algum indício ao surgimento dessa
circunvizinhança ou território, ou sob quais circunstâncias isso
ocorreu.
•
•
•
Quando foi a sua origem?
Quem foi seu fundador (ou fundadores)?
Qual foi o propósito original de sua fundação?
•
•
•
•
•
•
Que podemos aprender do seu fundador? Quais eram a religião, as crenças e os hábitos dele? Era ele um adorador de
ídolos?
Há eventos que têm acontecido com freqüência, como mortes,
violência, tragédias ou acidentes? (No lugar há alguma
chamada "esquina ou ladeira da morte"?)
Há algum fator que sugira a presença de alguma maldição ou
de algum espírito territorial?
Há histórias assustadoras cercando o lugar? Essas histórias
são válidas? O que as teria causado?
Até onde remonta a história da igreja evangélica naquele
lugar?
Como começou a igreja evangélica ali? Foi ela o fruto de
algum fator específico?
Essa lista de indagações de forma alguma é exaustiva, mas já
é um começo. Não podemos esquecer que o Espírito Santo será
nosso principal auxiliar quanto a isso.
Fatores Físicos
Os aspectos físicos referem-se a objetos materiais
significativos que possamos encontrar em nosso território. Parece
que o diabo, devido ao seu orgulho sem limites, com freqüência
deixa uma esteira para trás.
•
•
•
Um estudo intensivo dos mapas disponíveis sobre a região,
incluindo os mapas mais antigos e mais recentes, que nos
permitam identificar modificações. As ruas seguem alguma
ordem em particular? Sugerem qualquer tipo de desenho ou
padrão?
Faça um inventário dos parques.
Faça um inventário dos monumentos.
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Existem locais arqueológicos no território?
Faça um inventário das estátuas e estude as suas características.
Quais tipos de instituição existem no território?
Instituições de autoridade, instituições sociais, instituições
religiosas ou outras?
Quantas igrejas há no território?
Faça um inventário dos lugares onde Deus é adorado, e dos
lugares onde o diabo é adorado.
Uma indagação extremamente importante é esta: Haverá
"lugares altos" no território?
Há um número excessivo de bares ou centros de macumba,
ou clínicas de aborto, ou lojas de artigos pornográficos?
Um estudo completo da demografia do território será de grande ajuda.
Estude as condições sócio-econômicas da circunvizinhança, a
taxa de crimes, de violência, de injustiça, de orgulho, de
bênçãos e de maldições.
Haverá centros de culto na comunidade? Há uma distribuição
específica quanto à localização desses centros de culto?
Na Guatemala há uma estrada com cinqüenta quilômetros,
que vai até à cidade de Antígua, no território do país. Ao longo
dessa estrada há toda sorte de culto estranho, que florescem ao
longo de uma linha reta, incluindo: Bahai'i, Testemunhas de Jeová,
islamismo, Nova Era, médicos-feiticeiros, e assim por diante. Uma
estrada como essa, não há que duvidar, constitui uma linha de
poder do ocultismo, um corredor através do qual os demônios e os
poderes demoníacos fluem à vontade. Essas linhas de poder oculto
derivam-se da contaminação causada pelo diabo, mediante
maldições e a invocação a espíritos territoriais que somente agora
estamos descobrindo. É útil localizar esses pontos, a fim de
reverter a maldição para que ali comece a haver bênçãos.
Fatores Espirituais
Os fatores espirituais podem ser os mais importantes de
todos os fatores, porquanto revelam a causa real por detrás dos
sintomas expostos nas pesquisas histórica e física.
Aqueles que são chamados para trabalhar nessa área
espiritual são os intercessores, pessoas que atuam dotadas do dom
do discernimento de espíritos e que ouvem acuradamente da parte
de Deus. O grupo de intercessores deve dedicar-se a uma intensa
oração, com o propósito de saber qual a mente de Cristo e receber,
da parte de Deus, a descrição da condição espiritual do inimigo,
nos lugares celestes, por sobre o território definido.
Também queremos sugerir algumas perguntas que os
intercessores precisam formular, as quais nos guiarão quanto às
nossas orações; mas isso não pode substituir a prática de passar
tempo de boa qualidade com Deus, em favor do lugar pelo qual
estamos orando.
•
•
•
•
•
•
•
Os céus estão abertos neste lugar?
É fácil orar neste lugar? Ou há muita opressão?
Podemos discernir uma cobertura de trevas? Podemos
definir as suas dimensões territoriais?
Haverá diferenças expressas na atmosfera espiritual por
sobre as regiões do território visado? Em outras palavras,
os lugares celestiais estão mais abertos ou mais
fechados
sobre
diferentes
subdivisões,
circunvizinhanças ou comunidades da área? Podemos
determinar com exatidão essas separações?
Deus nos tem revelado algum nome?
As informações que temos revelam uma potestade ou
principado que possamos reconhecer?
Deus nos mostrou quem é o "valente"?
Podemos ficar desencorajados ao virmos todas essas
perguntas escritas como elas foram; mas, se confiarmos na
atuação do Espírito Santo e no desejo de Deus de revelar os seus
segredos, então nos sentiremos confiantes. Não temos aqui uma
tarefa que requeira pessoas místicas, nem é algo esquisito. Tudo o
que precisamos é de uma equipe de obreiros que sinta uma
verdadeira responsabilidade pelo evangelismo dentro de um
território específico e que dependa da orientação do Espírito Santo.
Depois de termos completado a pesquisa quanto a todos
esses três fatores, então devemos entregá-la a um grupo de líderes
e intercessores maduros, para que avaliem as informações
recolhidas. Bev Klopp providenciou um exemplo sobre isso no
oitavo capítulo deste livro. Temos descoberto que as pesquisas
feitas quanto a cada um desses três fatores confirmarão e
complementarão o trabalho efetuado pelas outras duas equipes, se
é que estamos ouvindo com precisão aquilo que o Espírito nos está
dizendo.
DANDO O NOME DO VALENTE
Temos passado por experiências verdadeiramente excitantes.
Por exemplo, um dia Deus mostrou à equipe de fatores históricos
uma área onde havia remanescentes arqueológicos, e como
estavam vinculados às características básicas da idolatria e da
feitiçaria, que remontavam à civilização dos maias. Os membros da
equipe dos fatores físicos, simultaneamente, localizou uma casa
vazia, exatamente na mesma área onde estavam ocorrendo
reuniões de idolatria e feitiçaria. Posteriormente Deus mostrou aos
membros da equipe de intercessores dos fatores espirituais que o
território espiritual que controlava aquele lugar estava usando um
ser humano como seu valente. O estilo de vida dessa pessoa
incluía a prática de artes ocultas, feitiçaria e idolatria.
Quando estávamos orando, o Senhor falou e disse: "Amanhã
darei a vocês o primeiro e o último nome desse homem, pelo jornal".
E também nos revelou em qual página esse nome apareceria. Foi
algo absolutamente sobrenatural e excitante quando descobrimos,
exatamente naquela página, o nome do indivíduo que se dedicava a
tais atividades. Ele se ajustava perfeitamente bem à descrição que
havia sido dada pelo Espírito Santo, incluindo até mesmo a sua
aparência física. Para coroar tudo, também descobrimos que o tal
homem era o proprietário da casa vazia onde estavam tendo lugar
os rituais de artes ocultas, diretamente em frente da rua onde
estava o sítio arqueológico!
Uma vez munidos dessas conclusões, estávamos preparados
para desfechar a guerra espiritual. Não nos podemos esquecer que
nossa milícia não é contra carne e sangue, mas contra os poderes
demoníacos que controlam as pessoas. Ademais, precisamos
lembrar que fomos chamados para abençoar as pessoas afetadas, e
não para amaldiçoá-las. Em último lugar, como esquecer que
Cristo Jesus já ganhou a batalha por nós?
CONCLUSÃO
A territorialidade dos espíritos é um fato, pelo menos no que
concerne a nós, membros de nossa igreja. Temos estudado o
assunto conforme ele é exposto na Bíblia. Temos feito o nosso
trabalho de casa nesse campo. Compreendemos que o exército
maligno das dimensões espirituais requer adoração e serviço da
parte de seus seguidores, conferindo o seu poder maligno em
proporção à obediência prestada pelos ímpios.
Quando um território é ocupado por pessoas que preferiram
oferecer a sua adoração aos demônios, essa região fica
contaminada, os espíritos territoriais obtêm o direito de
permanecer ali, e os habitante do lugar são mantidos cativos às
forças das trevas. Isso posto, é mister identificar o inimigo e entrar
na batalha espiritual, até obtermos a vitória e redimirmos aquele
território. O mapeamento espiritual é um dos meios que nos
permitem identificar o inimigo. É a nossa espionagem espiritual.
Não temos tempo a perder! É chegado o tempo de o Corpo de
Cristo levantar-se, dotado do poder do Espírito Santo, para
desafiar os poderes do inferno, destruindo todos os seus esquemas
e devolvendo a terra ao Senhor Deus, que no-la deu como nossa
herança.
Perguntas para refletir
1. Haroldo Caballeros enfocou a sua atenção sobre a conquista dos
perdidos para Cristo — o evangelismo. Como é que ele vê o
mapeamento espiritual como meio que nos permite exercer um
evangelismo mais eficaz?
2. O conceito de que muitos incrédulos não aceitam a Cristo
porque não podem é uma novidade para muitos crentes.
Usualmente pensamos que isso ocorre somente porque eles não
querem. Qual é a sua opinião sobre essa questão?
3. Haverá alguma relação direta possível entre um "valente" espiritual e uma pessoa viva? Você pode pensar em quaisquer exemplos
disso em sua cidade ou nação?
4. Qual é a origem histórica do nome de sua cidade? Por que esse
nome teria sido escolhido? Alguma característica de sua cidade,
hoje em dia, parece refletir o que há por detrás desse nome?
5. Pense sobre a sua própria cidade ou vila. Procure nomear pelo
menos três áreas geográficas internas que são claramente diferentes umas das outras. Descreva as características físicas e procure sugerir quais poderiam ser as potestades invisíveis ou espirituais por detrás de cada uma dessas áreas.
6. PASSOS PRÁTICOS PARA LIBERTAR UMA
COMUNIDADE
Por Bob Beckett
Bob Beckett é o pastor fundador da Igreja Dwelling Place
Family, em Hemet, estado da Califórnia. Ele começou a mapear
espiritualmente a sua comunidade durante a década de 1970, e
atualmente está ajudando a coordenar os líderes evangélicos do sul
da Califórnia, para que se dediquem a um extenso mapeamento
espiritual. Bob é membro da Spiritual Warfare Network e é sempre
solicitado como orador sobre o assunto da guerra espiritual.
Em 1974, minha esposa, Susana, e eu fomos solicitados a
nos tornarmos diretores de instalações de segurança mínima
juvenil, pertencente a uma grande igreja baseada no condado de
Orange, no estado da Califórnia. As instalações, que ocupavam
uma área de cerca de 1800km2, estavam localizadas em uma
remota comunidade chamada San Jacinto, na área desértica a
sudoeste de Palm Springs.
Nunca me esquecerei de como eu ficava perguntando por que
o Senhor nos faria mudar para o meio de lugar nenhum. Afinal,
um tanto altivamente, eu pensava que o Senhor me havia chamado
para ministrar a sua Palavra e fazer oposição às trevas espirituais
em algum lugar significativo. Mas em lugar disso, ali estava eu,
vivendo em uma remota comunidade de retiro, quase tão distante
de qualquer coisa de aparente importância ou crucial ao Reino de
Deus como era possível a alguém! Afinal, era assim que San
Jacinto parecia para nós, de acordo com um julgamento natural.
Eu nem de leve desconfiava, naqueles dias, que me havia mudado
para uma das fortalezas das trevas, de uma larga porção do
império ameríndio do sul da Califórnia!
O UMBIGO DA TERRA?
Pouco depois de havermos chegado àquelas instalações que
chamaríamos de nosso lar durante os próximos três anos, fui
informado pelo ex-proprietário do lugar que a propriedade havia
sido antes usada como retiro metafísico e centro de treinamento da
Meditação Transcendental. Durante uma de nossas primeiras
conversações, o ex-proprietário perguntou se eu estava interessado
em visitar um dos "umbigos da terra". Na ocasião eu não tinha
certeza se sabia o que isso significaria, mas a curiosidade tinha-se
apossado de mim, pelo que lá nos fomos.
Fomos caminhando até o leito de um riacho atualmente seco,
até um dos extremos remotos da propriedade, encarapitado
defronte do sopé de algumas colinas. Enquanto prosseguíamos, ele
foi me dizendo como aquele era um local muito sagrado para
aqueles que estão espiritualmente sintonizados com "o cosmos".
Finalmente, estacamos em uma localização daquilo que antes
era uma paisagem com cataratas, que fluía o ano inteiro, e
apontou como as paredes do canhão haviam sido escavadas,
através dos séculos, pela água, que ali caía em um movimento
circular. Em seguida, ele explicou que aquela localização era o
"umbigo" ou vórtice da terra, um útil centro de poder no
treinamento de pessoas que desejassem envolver-se nos níveis
superiores da Meditação Transcendental.
Um dos mais elevados exercícios espirituais dos seguidores
da Meditação Transcendental, naquele centro de retiros, era ir até
às cataratas, a qualquer momento em que as águas pluviais
enchessem o canhão. E ali punham-se a meditar, no vórtice da
catarata, até que a água parasse de girar na direção dos ponteiros
do relógio, conforme a água naturalmente faz acima do equador,
mas em direção reversa ao seu curso natural. Aquelas cataratas
eram o centro principal do treinamento deles. Meu guia chegou ao
extremo de mostrar que as paredes do canhão tinham sido
desgastadas, no processo do tempo, mediante um movimento
giratório da esquerda para a direita, mas mostrou que a areia e a
terra do leito seco do riacho tinham sido claramente marcadas por
um movimento precisamente contrário das águas, da direta para a
esquerda.
Tudo aquilo parecia intrigante e misterioso, mas o que
ocupava os meus pensamentos era um centro de recuperação de
jovens problemáticos. Na oportunidade, eu não estava preparado
para debater a validade de tudo aquilo e de como aquilo poderia
relacionar-se comigo. Devo admitir, contudo, que depois de algum
tempo de nosso encontro, fiquei perplexo quanto ao motivo que o
fizera tentar compartilhar comigo, tão intensamente, tudo aquilo.
Agora acredito que era o Senhor que me estava atraindo
lentamente em uma direção para onde eu nunca iria por impulso
próprio.
TRÊS PONTOS DE PODER NO MAPA
Um dia, não muito depois de minha conversa com o exproprietário do lugar, eu estava planejando ir caçar na nossa área.
Enquanto examinava o mapa, casualmente assinalei a localização
do "umbigo". Eu estava interessado em ver que a nossa
propriedade e aquele "umbigo" estavam localizados bem ao lado de
um ativo e tradicional centro de xamanismo dos indígenas norteamericanos.
Não foi muito tempo depois que começou a circular o rumor
de que Maharishi Yogi havia adquirido uma propriedade em nossa
comunidade. E sucedeu que notei que a localização, de acordo com
os rumores, também ficava adjacente à reserva indígena local.
Agora a curiosidade realmente começou a invadir a minha mente.
Por que ele teria comprado uma propriedade naquela pequena e
tranqüila comunidade? De certa feita, conversei com alguém que
estava trabalhando na propriedade recém-adquirida. Quando
perguntei ao homem por que Yogi teria escolhido aquele local
específico para ali fundar suas instalações de retiro, ele retrucou:
"É que esta área facilita muito a meditação, e tem uma área
espiritual à sua volta".
Embora, na ocasião, eu não tivesse dado muito crédito a
essas reivindicações, também fiquei impressionado com elas, ao
ponto de ter assinalado o local no mesmo mapa. Meu mapa agora
exibia três locais bem demarcados de atividade espiritual: o
"umbigo", a reserva indígena e a propriedade de Maharishi Yogi,
todos adjacentes um ao outro.
UMA COVA DE URSO COM UMA ESPINHA DORSAL
Em meus momentos de oração pessoal, comecei a ter uma
visão que se repetia de quando em vez e que relampejava diante de
mim. Parecia algo como uma cova de urso, no solo. Cada um dos
quatro pontos da pele do animal tinha como que uma perna de um
urso, dotada de garras. O couro do bicho não tinha cabeça, mas
parecia ainda ter a espinha dorsal. De cada vez em que eu via o
couro desse animal, parecia que ele estava centralizado sobre a
nossa área montanhosa local. Cada um dos jogos de garras da
visão parecia estar embebido em uma localização específica,
incluindo o vale de Hemet/San Jacinto. Todas as demais cidades
ficavam dentro de um raio de quarenta e oito quilômetros da nossa
comunidade.
Devo mencionar que nunca tive essa visão em um sonho. Ela
sempre aparecia quando eu estava acordado, e quase sempre
quando eu me encontrava imerso em oração. De cada vez em que a
visão me era dada, eu sentia vagamente que poderia ter algo a ver
com espíritos das trevas, governantes do lugar, como aqueles
referidos no décimo capítulo de Daniel, a saber, o príncipe da
Pérsia e o príncipe da Grécia.
Durante certo período de oração, fiquei poderosamente
impressionado pelo impulso de levar um grupo de doze líderes da
igreja a uma cabana específica, localizada nas montanhas, que
aparecia naquela visão. Por essa altura dos acontecimentos,
Susana e eu pastoreávamos uma pequena igreja que havíamos
implantado na pequena cidade de Hemet. Quando falei a respeito
com os anciãos e vários outros líderes maduros de nossa
congregação, com o meu senso de orientação dado pelo Senhor,
eles concordaram em ir comigo até à cabana, que pertencia a uma
mulher que era membro de nossa igreja. Deveríamos orar ali até
termos quebrado a "espinha dorsal" daquele espírito dominador,
forçando-o a largar o domínio espiritual que ele exercia sobre as
pessoas que viviam debaixo de seu controle.
Deus me encorajou de forma notável quando conversamos
com a mulher que era a dona da cabana. Entrei na loja que havia
na cidade, e que ela dirigia. Quando ela me viu, baixou-se por
detrás do balcão e então jogou para mim as chaves da cabana. E
então explicou: "Em minhas orações, hoje pela manhã, Deus me
disse que o senhor viria, e que eu lhe deveria dar as chaves!"
Quando todos nos reunimos na cabana, na sexta-feira
seguinte, expliquei com detalhes aquela visão que se repetia, e o
que eu sentia ser o nosso propósito ali na montanha. Compartilhei
com o grupo que eu pensava que todos saberiam quando
tivéssemos partido as costas daquela coisa, ouvindo ou sentindo os
ossos estalarem. Depois de horas de orações muito intensas, em
que
ministramos
ao
Senhor,
começamos
a
cantar
espontaneamente o hino: "Há Poder no Sangue". Cada um de nós
foi alertado por um senso imediato e sufocante de maldade, que
nos circundava. Mas enquanto entoávamos o hino, todos sentimos
que o círculo se quebrava! Muitos de nós chegaram a ouvir um
som audível, não como se vértebras estivessem exatamente se
partindo, mas como se elas se estivessem desconjuntando e
separando. A cabana inteira chegou a balançar!
Um profundo senso de alívio desceu sobre todos nós, quando
descemos montanha abaixo no dia seguinte. Não compreendíamos
exatamente o que tínhamos feito, e nem o que poderíamos esperar,
em resultado daquela nossa reunião de oração. Mas coisas
começaram a ocorrer espiritualmente, em nossa pequena
comunidade de retiro, aparentemente sonolenta e despretensiosa.
Todos sentimos que havia algo de diferente em nossa pequena
cidade.
OS DEUSES SOLITÁRIOS
Muitos anos mais tarde, Peter e Dóris Wagner vieram visitarnos, juntamente com os nossos antigos amigos, Cindy e Mike
Jacobs.
Até então, eu tinha guardado aquele mapa bastante roto, pois
para mim era um objeto confidencial. Eu havia adicionado ali
vários outros pontos de poder, incluindo a gigantesca, opulenta e
bem fortificada Igreja de Cientologia Media Center, que também
servia de retiro, e que L. Ron Hubbard havia construído. Eu nunca
havia falado muito sobre o meu mapa, porque poucas pessoas da
comunidade evangélica tinham conversado sobre tais coisas, e eu
não queria dar a impressão de que estava à beira de tornar-me um
lunático. Mas Cindy encorajou-me a mostrar o mapa para Peter e
Dóris, o que fiz com certa hesitação. Exibir tal coisa a um
professor de seminário parecia um tanto intimidador.
Fiquei tremendamente encorajado quando recebi total
aprovação da parte deles. Peter disse que, em seus contatos
através da Spiritual Warfare Network, ele tinha podido confirmar
que preparar esses mapas espirituais era uma das mais poderosas
novas que o Espírito Santo parecia estar dando às igrejas, pelo
mundo inteiro, nestes nossos dias. Então ele confessou que era
leitor ávido das novelas de fronteira de Loius L'Amour, e perguntou
se eu já tinha lido o livro The Lonesome Gods (Os Deuses
Solitários — Bantam Books). E ajuntou que o palco da novela
ficava localizado na região de San Jacinto, e que abordava as
antigas lendas indígenas. Na semana seguinte, comprei um volume
da novela e me pus a lê-la. Fiquei impressionado diante das claras
descrições sobre Taquitz, o espírito que dominava sobre a cadeia
montanhosa de San Jacinto.
O leitor pode imaginar minha admiração quando pesquisei
mais profundamente e descobri que a imensa rocha que ficava bem
por detrás da cabana onde tínhamos orado até partir-se a coluna
vertebral do urso, não era outra coisa senão aquilo que se
chamava Pico Taquitz!
DESCOBRINDO A HERANÇA ESPIRITUAL DA NOSSA
COMUNIDADE
Eu havia guardado aquele desgastado mapa por dezessete
anos, onde assinalei o que eu pensava que tivesse alguma
importância. Durante o mesmo período, fiquei muito interessado
em conhecer mais sobre a história de nossa comunidade e seus
pais fundadores. Com freqüência eu passava meus dias fora,
andando a pé por áreas remotas e canhões nunca explorados,
examinando cavernas e investigando, para ver se achava por ali
antigas cabanas e relíquias indígenas.
Um daqueles canhões, conhecido como Canhão do Massacre,
tinha sido o palco da matança da tribo dos índios sobobas por
outra tribo vizinha, os temeculas. Tendo alguma compreensão
acerca da base bíblica da contaminação de terras, comecei a
perguntar a mim mesmo se aquele incidente e sua localização teria
alguma significação espiritual. E, assim, marquei devidamente a
localização do Canhão do Massacre, em meu mapa.
Outro importante evento passado, na vida de nossa
comunidade, tinha sido a tentativa, feita por uma companhia local
de serviço de água e esgoto, de perfurar uma grande adutora que
atravessasse o pé das colinas no lado norte de nosso vale. E isso
mostrou ter sido um acontecimento muito significativo. A
companhia errou em seus cálculos de engenharia e acabou
sondando a camada de águas freáticas que nutriam todas as
fontes daquela área!
Durante dezoito meses, a água fluiu sem ninguém conseguir
estacá-la. Todos os esforços para fazer estancar o fluxo de água resultaram em conseqüências desastrosas. Os prejuízos foram
grandes, não somente em sentido financeiro, mas também no
sentido de perdas de vidas humanas. Eventualmente, as águas
freáticas de todo aquele vale e das montanhas ao redor se
esgotaram e a área nunca mais voltou a ser a mesma.
Isso explicava por que eu encontrava plantações de frutas
cítricas e ranchos de criação de galinhas no alto das colinas, nas
numerosas excursões que fiz às colinas. Ao que tudo indica,
floresciam antes do desastre com o lençol freático da região. Todos
aqueles ranchos tinham sistemas de irrigação e grandes poças de
água, alimentadas pelos riachos que antigamente fluíam o ano
inteiro. Após o desastre com o lençol freático, entretanto, até as
reservas indígenas locais perderam o seu abundante suprimento
de água e a sua base agrícola, o que deixou os habitantes da região
na miséria.
Muitas pessoas que continuam habitando na reserva
indígena ainda podem lembrar quão furiosos ficaram os membros
do concilio tribal por causa do desastre ecológico. Os seus xamãs
amaldiçoaram a companhia de água do homem branco, por causa
de seu erro. E a situação piorou ainda mais quando se espalharam
rumores de que a companhia de água estava desviando
deliberadamente a água, vendendo-a a outras companhias de água,
não fazendo qualquer tentativa para estacar o fluxo de água, e
muito menos, querendo compensar os indígenas devido às suas
perdas.
Depois de haver localizado o lugar das perfurações em meu
mapa, notei que ele ficava ao longo da mesma cadeia de colinas
onde ficavam o "umbigo" da terra, a reserva indígena, o retiro de
Maharishi Yogi e o local do massacre dos índios sobobas.
Compreendi que isso era significativo, embora eu continuasse
inseguro sobre o que fazer com essa informação. E, assim sendo,
continuei marcando o meu mapa com descobertas que eu sentia
que estavam afetando a herança espiritual da nossa comunidade.
Ao mesmo tempo, L. Ron Hubbard e a Igreja da Cientologia
mudaram-se para a cidade. Eles tinham comprado um antigo
clube de campo, localizado em uma propriedade específica, ao
longo da mesma serra de colinas onde ficavam localizados o
Canhão do Massacre, o desastre da perfuração do lençol freático, o
retio de Maharishi Yogi, a reserva indígena e o "umbigo" da terra.
Na verdade, o lugar que eles adquiriram chamava-se Estalagem do
Canhão do Massacre. Alguma coisa estava acontecendo naquela
área, e o meu mapa estava começando a deixar isso claro. Se eu
não tivesse percebido essas coisas em um mapa, provavelmente eu
jamais poderia ter feito a associação entre essas localizações. Mas
vê-las assinaladas em um mapa conferiu-me uma perspectiva
coerente.
ORAÇÕES NÃO-RESPONDIDAS PELA COMUNIDADE
Conforme mencionei, eu continuei silente acerca do mapa e
de minhas suspeitas, embora a nossa congregação, naquele tempo,
estivesse profundamente dedicada à oração e à intercessão de
manhã cedo a cada dia útil da semana. Em nossa igreja, a Igreja
da Dwelling Place, nós orávamos de modo breve, um crente depois
do outro, a respeito de questões nacionais e internacionais, além
de orarmos pelas necessidades individuais e comunitárias de
nossa área. Durante todo o tempo, contudo, manifestava-se um
profundo senso de frustração que se acumulava em todos nós,
embora nos mantivéssemos fielmente dedicados à oração pela
nossa gente e pela nossa comunidade. Essa frustração derivava-se
de uma crescente percepção de que, com toda a honestidade, as
nossas orações não estavam sendo eficazes.
Tínhamos aprendido a orar eficazmente pelas pessoas, e estávamos vendo homens e mulheres sendo libertados da servidão
emocional, espiritual, financeira e física. Muitas pessoas já haviam
sido salvas em nossa igreja, porquanto tinham visto o poder de
Deus sob a forma de curas físicas, ou por terem sido libertadas da
opressão demoníaca.
Por que coisas similares não estavam acontecendo em nossa
comunidade? Por que nossas orações em favor de pessoas estavam
sendo respondidas, mas não nossas orações por Hemet e a região
circundante, que estavam sendo ineficazes? Olhávamos, de nossa
igreja, para o norte, para o sul, para o leste e para o oeste, mas
víamos pouca mudança lá fora. Até parecia que, quanto a certos
aspectos, a nossa comunidade estava perdendo terreno. As
condições sociais deterioravam-se cada vez mais, e nós parecíamos
cercados por trevas que nos iam apertando mais e mais.
Sentíamos que estávamos sendo fiéis e diligentes, mas tudo quanto
fazíamos pouco adiantava.
Enquanto eu agonizava no meu espírito por causa da
situação, mentalmente comecei a passar da abordagem que
usávamos para libertar pessoas para a questão da servidão aos
demônios. Seria possível aplicar esses mesmos princípios no
terreno social, tal e qual fazíamos no terreno pessoal? Seria
possível que as cidades têm uma certa personalidade?
Isso me levou a escavar mais as Escrituras e a buscar uma
base bíblica para o conceito de uma cidade dotada de
personalidade. Se essa premissa mostrasse ser biblicamente válida,
novos passos deveriam ser tomados para vermos a nossa
comunidade como uma comunidade, e não meramente como
indivíduos, libertados e emancipados.
Os maus espíritos, como eu sabia bem, buscam controlar
uma personalidade ou caráter. Esses espíritos acham acesso até à
vida de uma pessoa através de pecados passados, pecados atuais,
maldições que acompanhavam várias gerações e iniqüidade,
idolatria, vitimização, traumas, formas várias de contaminação
pessoal e assim por diante. Quando a personalidade de uma
pessoa é contaminada, abre-se a porta daquela personalidade para
as trevas, porquanto Satanás habita nas trevas. Minhas pesquisas,
que procuravam confirmar que uma cidade também tem
personalidade, levaram-me aos comentários feitos por Jesus, em
Mateus 11.20-24:
Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se
operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem
arrependido, dizendo: Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!
Porque, se em Tiro e em Sidon fossem feitos os prodígios
que em vós se fizeram, há muito que se teriam
arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo
que haverá menor rigor para Tiro e Sidon, no dia do juízo,
do que para vós. E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos
céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em
Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se
operaram, teria ela permanecido até hoje. Porém eu vos
digo que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do
juízo, do que para ti.
Fica claro aqui que Jesus referia-se à responsabilidade
pessoal de uma cidade. Cada cidade, segundo parece, é
endereçada como se fosse uma personalidade dotada de
responsabilidade por suas ações e por sua reação diante do
evangelho. Naturalmente, Jesus não estava dizendo que uma
cidade tem uma alma eterna; mas ele referia-se a cidades como
entidades coletivas. Ele dirigiu-se a cada cidade por seu respectivo
nome.
Desejoso ainda de obter maior confirmação bíblica, pesquisei
a Palavra de Deus estudando cidades e procurando qualquer
informação que me permitisse descobrir mais verdades sobre essa
área. Lemos em Hebreus 11.10: "Porque [Abraão] esperava a
cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é
Deus". Abraão estava à procura de uma cidade que tivesse
incorporado princípios piedosos como o seu alicerce. O termo grego
aqui traduzido por "fundamentos" também pode ser traduzido por
"princípios e preceitos rudimentares". Isso refere-se à moral e à
ética de uma cidade. Portanto, embutidos dentro das muralhas de
cada cidade acham-se o seu caráter e a sua personalidade!
E também descobri que esse vocábulo grego para "fundamentos" é a mesma palavra usada por Paulo em 1 Coríntios 3.11, 12,
quando ele orientou aquela igreja a respeito dos alicerces da
personalidade humana: "Porque ninguém pode pôr outro
fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se
alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno, palha..."
Começamos por indagar sobre o que os fundamentos de
nossa própria cidade poderiam ter sido edificados. Teria ela sido
edificada sobre Jesus Cristo? Nossa comunidade foi construída
com ouro, prata e pedras preciosas, ou haveria na sua estrutura
alguma madeira, feno e palha? Triste é dizê-lo, vemos muita
madeira, feno e palha na área de Hemet.
COMUNICANDO-NOS COM UMA CIDADE
Comecei a acreditar que ministrar libertação a uma cidade é
algo possível. Tanto a minha comunidade quanto a sua podem ser
concebidas como comunidades dotadas de sua própria
personalidade, com fundamentos espirituais perfeitamente reais!
Uma chave para isso seria nos comunicarmos com a cidade.
Naturalmente, isso nos põe diante de um dilema sem igual. Como
podemos fazer a nossa cidade "falar" conosco, como faria uma
pessoa? Como podemos fazer uma comunidade contar-nos as
coisas que têm acontecido naquela região? Como é que ela foi
contaminada e aberta para os espíritos territoriais? Como posso
fazer a minha cidade abrir-se e começar a falar comigo?
Novamente, depois de orar e perscrutar a Palavra de Deus,
em busca de respostas, encontrei um indício. "Clama a mim, e
responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não
sabes". Esse versículo indica que as coisas ocultas e invisíveis, que
não sou capaz de entender, podem ser importantes para o Senhor.
Ao buscarmos o Senhor acerca dessas coisas ocultas, cremos que
ele é fiel e que nos responderá e nos mostrará essas verdades
ocultas. O Senhor tem indicado que uma chave para tratar com a
comunidade consiste em fazer as mesmas perguntas que
dirigiríamos a uma pessoa que busca ser libertada de opressão
demoníaca, e que ele nos conduzirá quanto aos pontos específicos,
se realmente colocarmos a nossa cidade no caminho da libertação.
E agora precisávamos descobrir como tinham sido lançados
os alicerces espirituais de nossa cidade. De que eram feitos esses
fundamentos? Onde estavam localizadas as dores e as dificuldades?
Até que ponto a história passada da cidade está relacionada aos
acontecimentos atuais? Haverá algum envolvimento da minha
cidade com o ocultismo? Alguma outra coisa tem desempenhado
um papel que conduziu às condições presentes da minha cidade,
nos campos espiritual, emocional ou físico?
Eu nem percebia que já me estava comunicando com a minha
cidade por cerca de dezenove anos! Uma das maneiras de nos
comunicarmos ou conversar com uma cidade consiste em
estudarmos e pesquisarmos a história e a herança daquela cidade.
Poderia o mapeamento e o conhecimento histórico de minha
cidade estar ligados, na tentativa de falar comigo sobre o
alicerce — bom ou mau — de minha cidade? Quando comecei a
examinar de novo essas informações, gradualmente comecei a ver
emergir a personalidade espiritual de minha comunidade. Era
mais ou menos como tirar um quebra-cabeça feito de peças
ajustáveis, derramar tudo sobre uma mesa e contemplar peça após
peça ajustar-se no seu devido lugar.
FOGUETES SCUD E BOMBAS DE INFALÍVEL PONTARIA
De súbito, vi-me a examinar um quadro da personalidade de
minha cidade, como eu nunca o tinha visto antes. Foi excitante
pensar que agora seríamos capazes de ministrar livramento e
iniciar o processo que poderia trazer a liberdade espiritual para o
nosso vale. Poderia ser esse também o elemento que faltava em
nossas orações e intercessões, de que precisávamos tão
desesperadamente? Estaríamos realmente acertando na mosca de
nossos alvos de oração, ou estávamos apenas atirando a esmo, em
derredor de nossa necessidade, de uma maneira vaga e ineficaz?
Pensei sobre os foguetes Scud que Saddam Hussein lançou
durante a Guerra do Golfo, em 1991. Embora aqueles mísseis
estivessem apontados na direção certa, a óbvia falta de pontaria
deles impediu que os foguetes obtivessem todo o seu potencial de
destruição. Comecei a ver que as nossas orações, em favor de
nossa comunidade, se pareciam, um tanto, com os mísseis mal
orientados do ditador iraquiano. Estávamos acertando no inimigo,
mas por causa de nossa falta de informações estratégicas, éramos
incapazes de isolar ou discernir um alvo específico, apontar para
ele e atingi-lo em cheio.
Agora que estávamos começando a acumular informações estratégicas sobre a personalidade de nossa cidade (por exemplo, a
sua herança, a sua fundação, o seu pano-de-fundo espiritual),
seríamos capazes de formar um plano de guerra estratégico e
atingir alvos precisos. Isso se parecia bastante com as bombas de
infalível pontaria que os aliados apontaram, em revide, contra
Saddam Hussein. Aqueles que assistiram as notícias da guerra
pela televisão ficaram admirados de como aquelas bombas eram
apontadas para portas, janelas e entradas de ar específicas.
Mas se alguma bomba espiritual de pontaria infalível tiver de
ser assim exata, alguém primeiramente precisará recolher
informações de reconhecimento. Antes de tudo, será necessário
fazer uma exploração da área. Para nós, isso significa pesquisar,
estudar a terra e os seus primeiros habitantes, mapear e escavar a
história de uma cidade. A guerra espiritual, tal como a guerra
convencional,
beneficia-se
enormemente
com
base
em
investigações acuradas.
O mapeamento espiritual tem mostrado ser um instrumento
eficaz na intercessão estratégica e nos atos estratégicos de
intercessão pelas nossas comunidades. Enquanto eu reexaminava
e revisava os anos de recolhimento de informação que passei
fazendo, percebi que, intuitivamente, eu havia conseguido detectar
partes significativas da história de minha área no meu mapa. Ali,
defronte de mim, havia informações históricas, físicas e espirituais.
Eu nunca me tinha dado conta da significação que aquele mapa
teria nos anos vindouros.
Aquele desgastado mapa mostrou conter valiosas informações
para a formação de uma estratégia contra as fortalezas e os
espíritos territoriais que se tinham alojado em nossa comunidade.
Uma vez que nós, na qualidade de uma congregação, aprendemos
a nos comunicar com a "personalidade" de nossa cidade, os
resultados de nossa intercessão adquiriram um vulto dramático.
MAPEANDO UMA CIDADE
Quais, pois, são os passos necessários a um pastor, um
crente leigo ou uma congregação, para que dêem início ao
mapeamento espiritual?
A História da Cidade
Em primeiro lugar, devemos pesquisar a história e a
fundação da comunidade em pauta. Busquemos pontos de
contaminação, como derramamentos de sangue, contratos
quebrados, pactos desfeitos e preconceitos raciais que podem ter
tido o apoio de antigas leis da cidade, vinculadas a esses erros. Por
muitas vezes, as crônicas a respeito continuam guardadas na
prefeitura ou na biblioteca da cidade.
Fiz o meu pessoal pôr-se a examinar os nossos livros de
história local, visitar museus e sentar-se em nossa biblioteca,
rebuscando os documentos da cidade. Uma das coisas mais
interessantes que descobrimos foi um antigo marco histórico
localizado na propriedade de uma igreja local da nossa
comunidade. Era um grande arco arquitetônico que o condado
havia preservado, e que foi declarado um marco histórico, porque
um dos primeiros ginásios do país tinha sido construído ali.
O pastor da igreja local é um amigo pessoal bem chegado, e
ele tinha ficado muito interessado na história da propriedade de
sua igreja como com a sua possível relação com aquele marco
histórico. Suas pesquisas tinham desenterrado algumas
informações interessantes. A igreja dele e o marco histórico
estavam localizados precisamente sobre o local da aldeia dos
índios sobobas, os quais, conforme mencionei acima, foram
massacrados pelos índios de outra tribo, os temeculas. Eles
começaram a matança na região que, atualmente, é San Jacinto, e,
enquanto os guerreiros lutavam, as mulheres e as crianças fugiam
dessa aldeia para o Canhão do Massacre, onde, mais tarde, todas
elas encontraram a morte.
Nossa pesquisa prosseguiu, e dessa maneira foi revelado que,
desde que a igreja fora fundada, no começo do século XX, cada
pastor ou membro da família de algum pastor tinha experimentado
morte violenta, com a exceção do atual pastor e do pastor que
serviu à igreja antes dele. Não podíamos evitar de perguntar se a
violência e o derramamento de sangue havidos no passado não
teriam contaminado aquele terreno e conferido uma cabeça de
ponte para que pudessem operar os espíritos da morte violenta.
Também pensamos que isso poderia ajudar a explicar por qual
motivo aquela circunvizinhança em particular se tinha tomado o
centro geográfico da violência dos bandidos de toda aquela região.
Quando o pastor ficou sabendo acerca do derramamento de
sangue entre os índios, bem como acerca da morte violenta dos
pastores, ele convocou uma reunião de seus anciãos e
intercessores. Engajaram-se em um período de intercessão sincera
e de profundo arrependimento, em favor de seu terreno e de sua
igreja.
Que aconteceu? Menos de dois meses mais tarde, membros
de gangues locais começaram a converter-se ao Senhor. Pelo
menos um deles entrou na igreja, durante um culto de domingo, e
disse: "Quero ser salvo!" Outro chefe de bando, sua mãe e depois
toda a família dele aceitaram a Cristo. A violência do banditismo
na região caiu vertiginosamente desde então, embora ainda não
tenha desaparecido de vez.
A Personalidade de Uma Cidade
O segundo passo que devemos dar, para realizar o
mapeamento espiritual de nossa comunidade é pesquisar a
formação da personalidade de nossa cidade. Em outras palavras,
nossa cidade tornara-se conhecida por causa do quê? Las Vegas
tornou-se conhecida por causa de sua ganância e jogatina;
Chicago pela violência das turbas, e São Francisco como um dos
fortins de homens efeminados e de mulheres lésbicas. Nossa
própria comunidade tornou-se conhecida como uma comunidade
de pessoas aposentadas, um lugar para onde pessoas de mais
idade costumam vir para passarem tranqüilamente os seus
últimos dias e então morrerem.
Uma área vital que não pode ser negligenciada em nosso
desejo de ver nossas comunidades libertadas da servidão espiritual
é a área do arrependimento e da remissão de pecados dessas
comunidades.
Nesse segundo estágio do mapeamento, procuramos por
instituições financeiras e por quaisquer empresas ou
edifícios da cidade que parecessem formar ajuntamentos
compactos. Descobrimos que Hemet tem os maiores
depósitos bancários per capita do que qualquer outra cidade
dos Estados Unidos da América. Localizamos também bares,
teatros pornográficos e centros de distribuição de drogas.
Os Centros de Artes Ocultas da Cidade
O terceiro passo do nosso processo de mapeamento foi
pesquisar centros psíquicos, de ocultismo, da Nova Era,
metafísicos, holísticos e de cultos estranhos. Tomamos nota dos
santuários, dos templos mórmons, das livrarias da Nova Era e de
todas as igrejas e propriedades dirigidas por cultos aberrantes.
Conversamos também com jovens ginasianos envolvidos com
drogas e com o satanismo, e entrevistamos descendentes de
médicos-feiticeiros dos índios locais. Por muitas vezes, casas vazias
e abandonadas são usadas para ali haver ritos e sacrifícios de
animais, pelo que essas também foram examinadas.
ARREPENDENDO-NOS DOS PECADOS SOCIAIS
Também aprenderíamos em breve que outra área vital que
não pode ser esquecida, em nosso desejo de ver as nossas
comunidades livres da servidão espiritual, consiste em nos
arrependermos e remirmos os pecados de nossas comunidades.
Esse tópico é coberto com maiores detalhes no livro de John
Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para Deus,1 bem como no livro
de Cindy Jacobs, Possuindo as Portas do Inimigo.2 Em setembro
de 1991, Peter Wagner e Cindy Jacobs falaram durante a
Conferência Sobre Guerra Estratégica em nossa igreja. Por ocasião
dessa conferência, fomos capazes de pôr em prática esse conceito
do arrependimento em favor de nossa cidade, buscando o perdão
divino para os nossos pecados sociais.
Sob a supervisão de Cindy, os indígenas locais e um
representante da companhia de água reuniram-se diante da
conferência e se declararam arrependidos um diante dos outros,
por seus malefícios praticados no passado. Um pastor metodista
local subiu na plataforma com um pastor pentecostal, e ambos
pediram perdão pelo orgulho e espírito de divisão entre os
evangélicos e os carismáticos. Finalmente, um homem branco e
um homem índio puseram-se de pé, um diante do outro, e se
arrependeram por causa dos pecados e do ódio que tem havido
entre as duas raças. Quando cada uma dessas pessoas
arrependeu-se, um depois do outro, perdoando-se mutuamente,
muitos presentes à conferência choraram em voz alta, porque anos
de divisões e ódios guardados tinham sido quebrados no terreno
espiritual. Os principados e as potestades receberam golpes rígidos
e sérios naquela noite.
DEDICAÇÃO DOS PASTORES A ALGUM TERRITÓRIO
Durante os meus primeiros dias de oração pela minha
comunidade e sua gente, senti que o Senhor começava a despertar
dentro de mim um forte amor por aquela terra e sua gente. Antes,
eu nunca me havia sentido preso à nossa comunidade. Em meu
coração, eu sempre tinha esperado que algum dia eu partiria para
algum outro lugar, dotado de algum ministério mundial de alguma
sorte. Mas o Senhor começou a mostrar-me que eu jamais poderia
ser usado para trazer libertação de significado real e duradouro, à
minha própria região, se eu estivesse vivendo ali mas com minha
bagagem emocional e espiritual sempre arrumada para ir-me
embora, sempre esperando pelo dia em que o Senhor me chamasse
para alguma comunidade maior, dotado de maior influência e
importância.
No entanto, era precisamente isso que eu estava fazendo. Eu
vivia esperando sempre por aquela "chamada superior"! E assim
percebi que o que me estava faltando era dedicação territorial. E
acabei sentindo ser aquele um elemento-chave para que fosse
iniciado o livramento espiritual de minha cidade.
Se minha cidade tivesse de experimentar um verdadeiro livramento espiritual de seus espíritos governantes de apatia religiosa,
mesquinhez financeira, idolatria oculta e coisas semelhantes, isso
teria de começar com os líderes evangélicos, que deveriam
declarar-se comprometidos com os habitantes do local e com a
própria região. Alguma pessoa como eu precisava começar a
desempacotar a sua bagagem, deixando para trás o seu sonho de
ter algum ministério mais excitante no futuro. Pastores, líderes
leigos e
igrejas
inteiras precisam
unir-se,
assumindo
responsabilidade territorial a longo prazo, pela região onde
estiverem residindo! Susana e eu começamos anunciando à nossa
congregação que considerávamos Hemet a nossa chamada vitalícia,
e também compramos sepulturas no cemitério local.
Uma passagem do livro de Jeremias fala sobre um tempo em
que os líderes de Israel ignoraram as suas responsabilidades.
"Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu campo,
tornaram em desolado deserto o meu campo desejado. Em
assolação o tornaram, e a mim clama na sua desolação; toda a
terra está assolada, porquanto não há ninguém que tome isso a
peito" (Jr 12.10, 11; a ênfase é minha).
Nossa igreja começou a tomar a peito, como nunca antes, a
nossa região. Certa manhã de domingo, senti o impulso do Espírito
Santo de levar a nossa congregação inteira a um dos lados de uma
colina que dava de frente para o inteiro vale de Hemet/San Jacinto.
Ali ficamos, ombro a ombro, de mãos estendidas na direção de
Hemet, durante meia hora, intercedendo contra as trevas
espirituais que escravizavam a nossa comunidade.
Certo ano, minha esposa, Susana, sentiu que o Senhor
estava instruindo nossa igreja para entrar na parada de Natal
realizada em Hemet. Novamente, obedecemos devidamente,
entramos na parada, e marchamos pela rua principal de nossa
cidade, entoando louvores a Jesus, com cânticos como "Quão
Poderoso E o Deus Que Servimos" e "Fazei um Ruído Jubiloso ao
Senhor".
Estou convencido de que quando aprendermos a aceitar o
compromisso com os nossos territórios e com a esfera de
influência que nos foi designada, e quando aprendermos a
destruir fortalezas e principados e potestades governantes
sobre as nossas comunidades, então, começaremos a
incorporar, cidade após cidade, nossas cidades e nações
dentro do plano final de Deus para elas.
No ano passado, nossa igreja participou com mais de
quatrocentos membros de nossa congregação que tomaram parte
nos cânticos, nas danças coreográficas, no transporte de bandeiras
e coisas similares. Esforçamo-nos por ministrar às pessoas de
nossa comunidade mediante essa nossa participação, ao mesmo
tempo que fazíamos vigorosas declarações aos espíritos das trevas.
A reação favorável de nossa comunidade foi tremenda; muitas
pessoas estão se rededicando às igrejas, e as empresas atualmente
estão doando dinheiro e materiais que nos ajudam a
contrabalançar o custo dessa nossa participação. No ano passado,
os juizes da parada evangélica também ficaram impressionados e
galardoaram a participação de nossa igreja com o prêmio mais
alto — o Troféu Presidencial. Digo isso não por motivo de orgulho
pessoal, mas para mostrar como uma congregação comum
realmente pode amar a uma cidade e "trazê-la no seu coração",
conforme mencionou o profeta Jeremias.
Estou convencido de que, quando aprendermos a sentir
responsabilidade por nossos territórios e por nossa esfera
determinada de influência, e quando aprendermos a destruir as
fortalezas espirituais e os principados e potestades que dominam
as nossas comunidades, então, começaremos a incorporar, cidade
após cidade, no plano de Deus em favor de nossas cidades e
nações.
APOSTANDO NOSSAS CIDADES PARA DEUS
Recentemente, enquanto orava acerca da crescente violência
dos facínoras de nossa comunidade, sentimos a necessidade de
estabelecer um dossel de orações sobre a cidade. Já tínhamos
orado antes por uma cobertura espiritual por sobre a nossa cidade,
mas nunca tínhamos feito qualquer coisa tangível como sentíamos
que o Senhor nos eslava guiando para que fizéssemos.
Em minhas orações, fui atraído pelo trecho de Isaías 33.2023, uma passagem que eu já havia lido por muitas vezes, nunca
sentindo que essa profecia, dirigida à Assíria, tinha qualquer coisa
de direto a ver com o meu ministério. Dessa vez, porém, senti que
Deus queria que eu desse atenção ao texto literal, aplicando-o à
nossa cidade em favor de Deus. E importante que tenhamos as
Escrituras diante de nós, enquanto vou explicando:
Olha para Sião, a cidade das nossas solenidades;
Os teus olhos verão a Jerusalém, habitação quieta,
Tenda que não será derribada,
cujas estacas nunca serão arrancadas,
E das suas cordas nenhuma se quebrará.
Mas o Senhor ali nos será grandioso,
Lugar de rios e correntes largas;
Barco nenhum de remo passará por eles,
Nem navio grande navegará por eles.
Porque o Senhor é o nosso Juiz;
O Senhor é o nosso Legislador;
O Senhor é o nosso Rei;
Ele nos salvará.
As tuas cordas estão frouxas;
Não puderam ter firme o seu mastro,
E vela não estenderam.
Quero ser o primeiro a reconhecer que essa passagem, em
seu contexto histórico, pouco ou nada tem a ver com a guerra
espiritual em nível estratégico que visa a tomar alguma cidade
para Deus. Não obstante, sentimos que era a palavra profética
para a Igreja de Dwelling Place, em Hemet, estado da Califórnia,
em 1991. E assim passamos a lhe obedecer e a aplicá-la passo a
passo, conforme sentíamos que Deus nos estava orientando.
Isaías falou ali sobre uma tenda segura em seu lugar por
estacas fincadas no chão. Essas estacas nunca seriam removidas.
Estacas em Hemet? Enquanto eu prosseguia dia após dia em
oração, sentia que o Senhor nos estava dizendo para fincarmos
estacas no chão. Eu nunca ouvira dizer que alguém já tinha feito
tal coisa, e nem ficaria surpreso se tal ato nunca tivesse sido
efetuado. Mas lá em meu espírito eu sabia que para nós seria algo
correto, particularmente se os anciãos da igreja concordassem
comigo.
Convoquei todos os anciãos para uma reunião, certo domingo
pela manhã, para explicar-lhes que eu sentia que o Senhor nos
estava ordenando fincar estacas no chão, a fim de garantir um
dossel espiritual que ele queria estender por cima da cidade.
Oramos juntos e, quando assim fizemos, sentimo-nos todos de
acordo em obedecer à mente do Senhor. Concordamos que
tomaríamos providências e entraríamos em ação, de uma maneira
que poderia parecer estranha não somente para os nosso vizinhos,
mas também até para nós mesmos. Um dos anciãos, que tinha
uma loja de objetos de adorno feitos de madeira, apresentou-se
como voluntário para fazer estacas de carvalho para nós.
Naquela manhã, em ambos os cultos que houve, compartilhei
com a congregação que faríamos outra excursão de intercessão, ou
seja, aquilo a que Kjell Sjöberg chamou, no quarto capítulo, de
oração de ação profética. "Venham vestidos casualmente, e
reúnam-se no templo da igreja às 16h30", anunciei. Nós nos
dividiríamos em cinco grupos. Quatro dos grupos acompanhariam
um ancião com uma das estacas, a fim de fincá-la em uma das
quatro entradas principais do nosso vale — todas as entradas
eram auto-estradas. O quinto grupo acompanharia minha esposa e
eu, até à intersecção principal, bem no centro da cidade.
Precisamente às 17 horas, cada um dos anciãos fincaria a sua
estaca no chão, para que servisse de memorial ao Senhor; e o
dossel de oração resultante permaneceria como nossa declaração
de guerra espiritual estratégica contra as trevas que nos estavam
apertando cada vez mais.
Ao mesmo tempo, Susana e eu, de pé na intersecção do
centro da cidade, simultaneamente levantaríamos as nossas vozes
em louvor ao Senhor, como se fosse um poste central do dossel
espiritual. Então voltaríamos à igreja para o culto normal das 18
horas, quando então compartilharíamos juntos de nossas
experiências, com o grupo inteiro dos crentes.
Ao orientar cada ancião sobre onde ele deveria fincar a sua
respectiva estaca, selecionei cada local através do meu mapa. Pedi
ao ancião e seu grupo que foram para o lado norte do vale que
fincassem a sua estaca ao lado do Canhão do Massacre e da Igreja
da Cientologia. Em cada estaca estava inscrita a passagem bíblica
de Isaías 33.20-24.
Rios, Correntes Largas e Navios
Quando voltamos, o ancião do grupo que se tinha dirigido à
entrada norte, disse que tinha feito uma notável descoberta.
Quando estavam lendo as Escrituras inscritas na estaca em voz
alta, perceberam que Isaías 33.21 diz que o Senhor estava em um
lugar de "rios e correntes largas". Um dos homens notou que bem
defronte deles estava o leito agora seco do rio San Jacinto, e bem à
esquerda deles estava o riacho do Canhão do Massacre, agora
também seco. Ambas as correntes atualmente estão sem água por
causa do desastre na exploração do lençol freático da companhia
de água, sobre a qual falamos páginas atrás.
Isso já serviria de encorajamento suficiente; mas ainda havia
mais. A passagem de Isaías menciona especificamente navio com
cordas, mastros e velas. Vivemos em uma comunidade no deserto,
longe de qualquer objeto náutico. No entanto, o ancião explicou à
congregação, naquela noite, que depois de terem fincado a estaca,
quando já estavam no caminho de volta para a nossa igreja,
passaram pela sede central da Igreja da Cientologia e, para grande
admiração deles, viram, no terreno dessa igreja e tendo como
pano-de-fundo os sopés das colinas, uma gigantesca réplica, em
tamanho natural, de uma escuna com três mastros, completa com
cordas, mastros e velas!
Todos prorrompemos em gritos de louvor a Deus, ao nos
darmos conta de que não pode ter sido por mera coincidência
extraordinária que todas aquelas três coisas estivessem juntas: o
rio, as correntes e um navio, com suas cordas, mastros e velas, no
meio do deserto. Desnecessário é dizer que ficamos
tremendamente encorajados a premir em intercessão, rogando pelo
livramento espiritual de nossa comunidade. Pudemos acreditar
que o próprio Senhor nos tinha dado, graciosamente, sinais
palpáveis de que ele estava dirigindo e orientando as nossas
atividades.
Depois que aquele dossel espiritual foi erguido, o fluxo de
informações a respeito das atividades das trevas, em nossa
comunidade, aumentou dramaticamente. Parecia que vinham
pessoas de todas as partes, trazendo informações sobre antigos
edifícios, abusos passados de terrenos, ou sobre "algum amigo de
um amigo" que conhecia onde as bruxas costumavam reunir-se.
Imediatamente começamos a ver resultados de nossa nova e
acurada intercessão, que se tornara possível por meio de nosso
mapeamento espiritual.
Vida Nova Para a Igreja
Os resultados de nossa intercessão em nível estratégico e de
nossa ação de oração profética mostraram que rendiam um efeito
dramático na vida de nossa própria congregação. Se alguma coisa
nos havia notabilizado no passado, é que éramos uma igreja muito
sujeita a divisões. Tínhamos passado por cinco divisões dessas em
dezoito anos. Mas a falta de unidade é agora uma história do
passado. Um caloroso espírito de amor e harmonia está atraindo
novas pessoas à nossa igreja, a qual vem crescendo como nunca
antes.
Durante quinze anos nos tínhamos reunido em uma antiga
instalação de produtos de leite, que havia sido parcialmente
mobiliada. Meu gabinete ficava onde eram preparadas as
coalhadas e onde havia um separador do coalho e do soro do leite,
e a creche ficava no antigo frigorífico. Já nos tínhamos atirado em
muitas campanhas de levantamento de fundos, no esforço de
levantar as finanças muito necessárias, para que pudéssemos
remodelar as instalações, em um mínimo básico para as
necessidades da nossa congregação.
Os membros de nossa congregação eram, em sua maioria,
operários, e a nossa capacidade financeira nunca parecia ser
suficiente para nos fazer deslanchar. A congregação, bem como a
liderança, sentia-se incapaz de alterar essa situação.
Mas agora estava acontecendo alguma coisa, o que
demonstrava, de forma inequívoca, a atuação da mão de Deus.
Depois de termos entrado nesse novo nível de intercessão, nossa
própria congregação levantou dinheiro suficiente, em um período
de apenas dezoito meses, para edificar toda uma instalação nova
para as crianças (e nada ficamos devendo). Nesse mesmo período
de tempo, remodelamos completamente o santuário (a antiga
empresa de laticínios), e a congregação duplicou de tamanho em
menos de um ano!
Nova Esperança Para a Comunidade
O resultado desse tipo de intercessão, em que enfrentávamos
as fortalezas das trevas, tem modificado francamente a face
espiritual da nossa comunidade. Nada menos de trinta e cinco
ministros, em nossa cidade, agora trabalham juntos no
evangelismo. Eles reúnem-se mensalmente para terem um período
de oração e de apoio mútuo. As igrejas compartilham de seus
recursos, com máquinas de copiar, projetores e outros
equipamentos de escritório. Uma das igrejas compartilha de seus
ministérios entre as crianças, a cada semana, com outra igreja,
que está sem um local de reuniões permanentes. Não é mais
incomum ouvir que os pastores estão trocando de púlpitos, uns
com os outros, aos domingos pela manhã. Um pastor convidou o
pastor de outra igreja de nossa cidade para vir à sua igreja, dedicar
sua filha recém-nascida ao Senhor, diante de sua congregação, e
então ficar para pregar no culto matinal.
Faz pouco tempo, trinta igrejas e ministérios da cidade
reuniram-se para efetuar um reavivamento de duas semanas, em
uma tenda. A cada noite do reavivamento, pregou algum pastor
diferente, que opera na comunidade, e uma igreja diferente proveu
a música. A cada noite, por duas sólidas semanas, a tenda ficou
cheia ao máximo de sua capacidade, com membros das
congregações espalhadas por todo o nosso vale, trazendo amigos
perdidos para ouvirem o evangelho. Muitos foram salvos, curados e
libertados, nesse espetáculo aberto de unidade coletiva do Corpo
místico de Cristo, em nosso vale.
Li, em Jeremias 9.3, como o povo de Deus, certa ocasião, não
mostrou ser os "valentes em favor da verdade". Costumávamos
ajustar-nos a essa descrição, mas agora estamos mudando.
Acredito que conseguiremos conquistar as nossas cidades, uma a
uma, tornando-nos não somente um "nome, louvor e glória" para o
Senhor, mas também saindo de dentro dos limites de nossos
templos, das nossas atividades eclesiásticas, de nossos programas
e tradições religiosos e tornando-nos, literalmente, um povo que se
põe ao lado da causa do Senhor, valentes em defesa da verdade,
por toda a face da terra!
Perguntas para refletir
1. Bob Beckett expressou a sua frustração porque, embora orações
por indivíduos estivessem sendo respondidas, as orações pela
comunidade pareciam ineficazes. Pode você identificar-se com essa
posição? O que pode ser feito a esse respeito?
2. Analise a reunião de oração, na cabana das montanhas acerca
da "pele de urso", à luz daquilo que aprendemos no capítulo de
Kjell Sjöberg, a respeito das "orações de ação profética".
3. Jesus dirigiu-se a cidades como se fossem personalidades. Você
pensa que poderia fazer a mesma coisa? Poderia isso ser feito em
reuniões de oração coletiva, em sua igreja?
4. Segundo você pensa, quão importante é que um pastor assuma
um "compromisso territorial"? Você conhece algum pastor que
tenha feito compromissos territoriais? Eles concordariam com
Beckett?
5. Bob Beckett pensa que todos nós deveríamos sair e fincar no
solo estacas com versículos bíblicos nelas? Isso soa como algo que
você e seus amigos crentes fariam?
Notas
1. DAWSON, John. Reconquiste Sua Cidade Para Deus. Venda Nova,
MG, Editora Betânia, 1995.
2. JACOBS, Cindy. Possuindo as Portas do Inimigo. Belo Horizonte,
Editora Atos, 1996.
7. EVANGELIZANDO UMA CIDADE DEDICADA ÀS
TREVAS
Por Victor Lorenzo
Victor Lorenzo trabalha em sua pátria, a Argentina, junto à
Harvest Evangelism. Seus dons de discernimento têm-no equipado
para um extenso mapeamento espiritual nas cidades de Resistência
e La Plata. Ele foi consagrado ao ministério na Igreja Visão do
Futuro, sob o pastor Ornar Cabrera. Victor serve como secretário da
Área do Cone Sul, para a Spiritual Warfare Network da A.D. 2000
United Prayer Track.
Sempre que nos reportamos ao assunto da guerra espiritual
em geral e à questão do mapeamento espiritual em particular,
acredito que é útil esclarecer o papel da Igreja, quanto a essa
atividade.
O MANDATO DA IGREJA
A Igreja cristã recebeu o mandato de pregar o evangelho pelo
mundo inteiro, a fim de expandir o reino de Deus e a sua justiça. A
guerra espiritual e o mapeamento espiritual são, tão-somente,
atividades que ajudam no cumprimento desse mandato. Essas
duas atividades ajudam-nos a descobrir e destruir as estratégias e
astúcias de Satanás, que ele tem usado para manter as multidões
sob o seu domínio, surdas para com a gloriosa mensagem de Jesus
Cristo.
Por mais exato que seja o mapeamento espiritual, porém, é
minha opinião que, sem um enfoque explícito sobre o evangelismo,
tal mapeamento terá pouca serventia. Por semelhante modo, o
evangelismo que não leva a sério o nosso conflito com os poderes
demoníacos, por meio da guerra espiritual, pode tornar-se um
esforço insano que rende poucos resultados.
Deus proporcionou autoridade à sua Igreja e aos seus líderes
para que tomem posse de circunvizinhanças, cidades, nações e até
continentes inteiros para Jesus Cristo. A eficácia da igreja, na
conquista dos incrédulos para Cristo e no aprimoramento moral da
sociedade, depende, em grande parte, de sua disposição para
entrar nessa batalha. A unidade espiritual entre as igrejas e a
dedicação à oração intercessória são condições importantes para a
vitória.
CHAMADA DIVINA PARA O MAPEAMENTO ESPIRITUAL
A minha chamada para o mapeamento espiritual ocorreu em
resultado de meu envolvimento no "Plano Resistência", um maciço
esforço evangelístico enfocado em torno da cidade de Resistência,
na Argentina. No momento estou atarefado no ministério da
Harvest Evangelism, sob a liderança de Edgardo Silvoso, um
compatriota argentino. Tínhamos concordado, como uma equipe,
que lançaríamos um projeto evangelístico de três anos em
Resistência, uma cidade de quatrocentos mil habitantes do norte
da Argentina. Uma das ênfases mais importantes é a de nos
atirarmos a uma guerra espiritual em nível estratégico, efetuar
uma intensa campanha de oração intercessória, multiplicar o
número de igrejas, além de empregarmos métodos tradicionais de
evangelismo. No primeiro ano desse esforço, o Espírito Santo
começou a mostrar-nos que a magnitude do combate espiritual
que se fazia necessária para esse empreendimento era muito maior
do que havíamos imaginado a princípio.
Minha própria visão de guerra espiritual foi grandemente
ampliada no começo do ano de 1990. Comecei a perceber que a
guerra espiritual deve ser efetuada ao nível do solo — expulsar
demônios que atormentam as pessoas — como também ao nível
estratégico. Esta última foi uma dimensão da estratégia demoníaca
que já tinha atingido dimensões tanto complexas quanto
generalizadas. Quando li o livro de John Dawson, Taking Our Cities
for God [Reconquiste Sua Cidade Para Deus] (Creation House),
comecei a pensar sobre a necessidade de aplicar os princípios
sugeridos por Dawson à cidade de Resistência. No entanto, no
começo eu estava relutante. Eu havia ministrado a muitas pessoas
que estavam escravizadas a espíritos malignos e conhecia, em
primeira mão, quais os horrores envolvidos nas atividades do diabo.
Eu não sentia a mínima inclinação para entrar com maior
profundeza nos segredos da estratégia satânica.
Gonzalo e o Anjo Guardião
A minha relutância em fazer aquilo que, por aquela altura, eu
sabia ser a vontade de Deus, proveu uma abertura para que o
inimigo atacasse tanto a mim mesmo quanto aos meus familiares.
A cada noite, durante uma semana inteira, nosso menino de
quinze meses, Gonzalo acordava chorando, à uma hora da
madrugada. A cada noite precisávamos de cerca de quatro horas
para acalmá-lo. Finalmente, certa noite, senti que já tinha recebido
bastante daquilo e que precisava tomar alguma outra forma de
providência. Eu reconhecia que a minha atitude de rebeldia estava
à raiz daquele nosso problema e pedi que minha esposa ficasse no
leito, enquanto eu cuidava da questão.
Antes de entrar no dormitório do pequeno Gonzalo, fui até à
sala de jantar, a fim de orar, e então eu disse: "Senhor, por favor,
perdoa-me pela minha desobediência. Confesso que não tenho nem
recursos e nem capacidades, em mim mesmo, para cuidar dessa
situação. Oro para que abras os meus olhos e os meus ouvidos e
entenda o que o teu Santo Espírito me quer revelar. Por favor,
Deus, dá-me o mesmo tipo de unção que deste a Elias, para eu
poder perceber as realidades espirituais. Permite-me ver os meus
inimigos, e também concede-me a confiança de que aqueles que
estão comigo são mais numerosos e mais poderosos do que
aqueles que estão contra mim. Que eu possa divisar a realidade
dos teus anjos".
Tendo fé que o Senhor tinha respondido à minha oração,
dirigi-me ao dormitório do Gonzalo. Quando abri a porta, senti-me
avassalado por uma espantosa força do mal. Senti arrepios de frio
e imediatamente percebi a presença da morte, e sabia que o
Senhor me estava revelando a identidade de meu inimigo.
Senti que o Espírito Santo me ordenava: "Assume autoridade
em nome de Jesus". E obedeci. Ordenei que o espírito da morte
saísse e que nunca mais voltasse para atormentar a meu filho.
Naquele momento, vi em minha mente uma gravura representando
um anjo guardião, com a qual eu estava bem familiarizado.
E então eu disse: "Senhor, prometeste que destacarias anjos
para estarem à nossa volta, para nos protegerem. Se for de tua
vontade, preciso agora dessa proteção, sobretudo para os meus
familiares". De pronto o dormitório foi invadido por uma luz
brilhante. Olhei na direção do berço onde Gonzalo estava deitado e
vi um anjo enorme segurando na mão uma espada desembainhada.
E então o anjo me disse: "De hoje em diante, estarei ao lado de teu
filho a fim de protegê-lo e cuidar dele, enquanto cumprires a tua
chamada divina".
Atualmente, Gonzalo está com três anos de idade, e nunca
mais foi atormentado por espíritos malignos. O menino é dotado de
uma compreensão espiritual incomum, e ele mesmo já sabe
assumir autoridade espiritual no nome de Jesus sobre qualquer
poder das trevas que ele seja capaz de perceber.
Mapeando a Cidade de Resistência
Compreendi que Deus queria que eu fizesse pesquisas quanto
à cidade de Resistência, e também eu estava dolorosamente
consciente de que me faltava treinamento ou experiência para fazer
tais pesquisas. Minha única ferramenta era aquele livro de John
Dawson, Taking Our Cities for God.1 Armei-me com as perguntas
feitas por Dawson e dirigi-me à biblioteca da cidade. Depois de ter
examinado, durante quatro dias, centenas de páginas, eu estava
totalmente frustrado. E tive de admitir que embora agora eu
dispusesse de muitas informações exatas, eu não havia ainda
descoberto uma única coisa que parecesse importante para a
tarefa que tínhamos à frente.
Humilhado por essa experiência, dediquei-me novamente à
oração. Implorei que o Espírito Santo me desse novas revelações,
mostrando-me o caminho à minha frente. Quando cheguei de volta
à minha casa, minha esposa, que não tinha conhecimento dos
detalhes daquilo que eu estava fazendo, sugeriu que eu visitasse
uma exposição local de arte nativa; e, embora eu não tivesse
entendido direito por qual motivo deveria ir, eu sentia que, se
seguisse a sugestão dela, eu encontraria algumas respostas.
Foi dito e feito. Quando fui ver a exposição, encontrei cinco
professores universitários que se mostraram mais do que dispostos
a compartilharem de suas informações comigo. Eles concordaram
que era importante compreender a identidade espiritual da cidade
de Resistência. Deram-me uma informação que constituía total
novidade para mim. Durante dez dias, e de uma maneira
absolutamente incrível, aqueles cinco eruditos confiaram a mim
tudo o de que eu precisava. Eu estava admirado da poderosa mão
de Deus, que estava agindo quanto a tudo aquilo. Era difícil de
acreditar que aqueles cinco homens, bem conhecidos e respeitados
por toda a cidade, estivessem realmente trabalhando para mim!
Os Poderes Que Dominavam a Cidade
Mediante as informações que recebi através do folclore da
cidade, fui capaz de identificar quatro potestades espirituais, a
saber: San La Muerte (espírito de morte), Pombero (espírito de
medo), Curupí (espírito de perversão sexual) e Pitón (espírito de
feitiçaria e bruxaria).
Munido desses informes, mas não sabendo exatamente o que
fazer com eles, pedi ao Senhor, uma vez mais, que me mostrasse o
caminho. Dessa vez, a resposta do Senhor foi: "Espera". Esperei
por um mês e meio. E, então, Cindy Jacobs visitou a Argentina
pela primeira vez. A Harvest Evangelism a estava enviando para
ajudar a instruir líderes evangélicos e intercessores quanto à
guerra espiritual.
Acompanhada por Dóris Wagner, Cindy ministrou em Buenos
Aires com extraordinário poder, e então chegou a Resistência para
dirigir um seminário de dois dias. Logo no primeiro dia
compartilhei com ela das informações que havia recolhido. Faleilhe sobre quatro grandes murais pintados em arte moderna na
praça central da cidade, que eu pensava poderia apresentar-nos
um tipo de mapa espiritual da cidade.
O mapeamento espiritual combina pesquisas, revelações
divinas e evidências confirmatórias, provendo-nos informes
completos e exatos acerca da identidade, das estratégias e
dos métodos empregados pelas forças espirituais das
trevas, a fim de influenciarem os habitantes e as igrejas de
uma dada região.
Quando Cindy examinou os painéis, naquela tarde, o Senhor,
através do dom de discernimento de espíritos que havia dado a ela,
mostrou-lhe claramente o que era invisível por detrás do que era
visível, conforme Peter Wagner discute no segundo capítulo deste
livro. Ela confirmou a presença dos quatro principados sobre
Resistência, e também discerniu a presença de mais dois
principados. Eram principados de elevada patente que ela havia
encontrado primeiramente em Buenos Aires, e acerca dos quais ela
suspeitava que exerceriam jurisdição nacional — o espírito da
Maçonaria e a Rainha do Céu.
Durante o seminário, Cindy, que foi habilidosamente
interpretada por Marfa Cabrera, compartilhou de profundos e
reveladores discernimentos. Ela conduziu-nos a uma compreensão
muito mais ampla sobre a guerra espiritual, ao mesmo tempo que
orientava os líderes das igrejas quanto a maneiras práticas de
conquistar territórios, em nome de Jesus.
A Batalha na Praça
No dia seguinte, nossa equipe foi até à praça, na companhia
dos pastores das igrejas evangélicas de Resistência, um grupo de
intercessores treinados e Cindy Jacobs. Lutamos ferozmente
contra os poderes invisíveis que dominavam a cidade, pelo espaço
de quatro horas. Atacamo-los naquilo que sentíamos ser a ordem
hierárquica deles, de baixo para cima. Primeiro desfechamos um
ataque contra Pombero, e então contra o Curupí, em seguida contra
San La Muerte, então o espírito de Maçonaria, e, então a Rainha do
Céu, e, finalmente contra Pitón, o qual, conforme suspeitávamos,
atuava como coordenador de todas as forças malignas da cidade.
Ao terminarmos, descera sobre todos nós, que tínhamos
participado, um senso quase tangível de paz e liberdade. Tínhamos
a confiança de que essa primeira batalha havia sido ganha e que a
cidade agora podia ser reivindicada para o Senhor. Depois disso, a
igreja em Resistência estava preparada para iniciar uma
campanha de evangelização em plena escala. Os incrédulos começaram a corresponder ao evangelho como nunca antes tinham
feito. E em resultado de nossa campanha de evangelização de três
anos, a freqüência à nossa igreja aumentou em 102%. O efeito foi
sentido em todas as camadas sociais da cidade. Agora podíamos
realizar projetos comunitários como prover água potável para os
pobres. A imagem pública das igrejas evangélicas melhorou
sensivelmente, obtendo elas respeito e aprovação da parte de
líderes políticos e sociais. Fomos convidados a usar os meios de
comunicação para propalar a nossa mensagem. A guerra e o
mapeamento espirituais que pudemos realizar abriram, na cidade
de Resistência, novas portas para o evangelismo, para a melhoria
social e para a colheita espiritual de almas.
QUE É O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?
Conforme vejo as coisas, o mapeamento espiritual combina
pesquisas, revelações divinas e evidências confirmatórias,
provendo-nos informes completos e exatos acerca da identidade,
das estratégias e dos métodos empregados pelas forças espirituais
das trevas, a fim de influenciarem os habitantes e as igrejas de
uma dada região.
Será Isso Bíblico?
Embora a Bíblia não use a nossa expressão contemporânea,
"mapeamento espiritual", vemos que esse é um dos muitos
procedimentos no processo da condução da guerra espiritual. E
bíblico estarmos conscientes dos "desígnios" de Satanás, conforme
lemos em 2 Coríntios 2.11. E o mapeamento espiritual tãosomente ajuda-nos a fazer isso. Para mim é como dizer que as
cruzadas de toda uma cidade são bíblicas por serem um meio de
realizarmos evangelismo bíblico, ou que a Escola Dominical é um
meio bíblico legítimo de nutrir espiritualmente os crentes, embora
essas coisas nunca sejam mencionadas nas Escrituras.
O mapeamento espiritual é como as forças de espionagem
de um exército. Por meio dele, vamos até atrás das linhas
do inimigo, a fim de compreendermos os planos e as
fortificações do inimigo. Assim, fazemos... "espionagem
espiritual".
O mapeamento espiritual é como as forças de espionagem de
um exército. Por meio dele, vamos até atrás das linhas do inimigo,
a fim de compreendermos os planos e as fortificações do inimigo.
Assim, fazemos, conforme disse Kjell Sjöberg, no quarto capítulo,
"espionagem espiritual".
Vemos no Antigo Testamento um modelo de conquista de
cidades, por meio das experiências do povo de Israel. Os israelitas
primeiramente enviaram espias para aquilatar as forças
adversárias. No capítulo treze de Números, para exemplificar,
achamos os israelitas em posição de entrarem na Terra Prometida.
Moisés enviou até ali doze espias. Eles foram munidos da
autoridade de Moisés e de Deus. Eles receberam instruções claras
acerca daquilo que deveriam investigar. E eles voltaram com as
informações, juntamente com um relatório negativo, segundo a
opinião da maioria. Resultado? Quarenta anos de perambulação
pelo deserto!
E, então, no capítulo segundo do livro de Josué, os israelitas
receberam outra oportunidade de entrar na Terra Prometida.
Dessa vez, Josué enviou dois espias. Eles receberam autoridade.
Receberam instruções claras. Colheram as informações da parte de
um dos membros do acampamento inimigo, Raabe. E trouxeram
de volta as suas informações, sem o acompanhamento de qualquer
opinião pessoal. Resultado? A conquista da cidade de Jericó!
No sétimo capítulo do livro de Josué, lemos que os israelitas
estavam prestes a conquistar a cidade de Ai. Eles também
enviaram espias, mas dessa vez havia pecado no acampamento de
Israel. Conforme Cindy Jacobs diria, eles "tinham buracos em suas
armaduras". Foram enviados em um momento errado, deixaram-se
enganar e trouxeram de volta um relatório defeituoso. Resultado?
Os israelitas foram derrotados!
Com base nessas e em outras passagens, tracei diversos
princípios a respeito do mapeamento espiritual, os quais, conforme
creio, são princípios bíblicos, a saber:
1. Precisamos alicerçar o nosso ministério sobre a Palavra de Deus
e a sua revelação.
2. Precisamos ter a certeza de que estamos vivendo em santidade,
antes de partirmos.
3. Precisamos ser enviados por Deus no tempo certo e com a sua
autoridade.
4. Precisamos efetuar a nossa pesquisa de acordo com as instruções que nos são dadas na Bíblia.
5. Precisamos dar relatório sem opiniões pessoais ou preconceitos.
6. Precisamos manter uma atitude de fé no poder de Deus.
UM NOVO DESAFIO: LA PLATA
Parcialmente, em resultado do ministério efetuado em
Resistência, a associação ministerial da cidade de La Plata
convidou a Harvest Evangelism para efetuar um novo projeto de
evangelismo de três anos, em associação com eles. Esperávamos
que as lições aprendidas na cidade de Resistência nos ajudariam a
fazer um trabalho ainda melhor em La Plata.
Para nós, a cidade de Resistência era como um laboratório
experimental onde, sob condições incomumente estressantes,
poderíamos submeter a teste de campo cada aspecto do nosso
plano. Nosso laboratório acabou mostrando-nos tanto pontos
fortes quanto pontos fracos. Uma coisa que pudemos aprender foi
que o sucesso de qualquer plano dessa ordem depende da atitude
dos pastores da cidade e da disposição das igrejas para se atirarem
a tal projeto. Pudemos concluir que a falta de penetração em uma
cidade, apesar do uso eficaz da evangelização, tem um
relacionamento direto com a condição espiritual das igrejas.
Em La Plata, queríamos repetir aquilo que tínhamos feito em
Resistência e, ao mesmo tempo, evitar o que tinha saído errado.
Acreditamos que os resultados permanentes de qualquer
esforço evangelístico em toda uma cidade dependem, em proporção
direta, do sucesso das batalhas espirituais em que os crentes se
tiverem empenhado naquela cidade. Ao mesmo tempo, a vitória
final dependerá da higidez espiritual interna das igrejas. Para que
as igrejas sejam saudáveis, os pastores e outros líderes evangélicos
precisam enfrentar com honestidade quaisquer condições
pecaminosas que possam dar margem à atuação do diabo. As
igrejas precisam aprender a usar as armas espirituais que o
Senhor deu à sua Igreja. Os crentes precisam rejeitar qualquer
forma ou aparência de rebeldia, contenda e divisão.
Após três anos intensos de trabalho em Resistência, vimos
muitos sinais e maravilhas, vimos uma cidade abrir-se para a
pregação do evangelho de Cristo, vimos bastante melhoria social, e
nós mesmos passamos a ser melhor considerados aos olhos dos
incrédulos. Por outra parte, não conseguimos curar as feridas
causadas pela amargura, entre todos os pastores. Por conseguinte,
embora a unidade das igrejas tenha melhorado consideravelmente,
isso não tinha satisfeito plenamente os desejos do coração de Deus.
Alguns líderes não demonstraram a coragem de declarar-se
abertamente contra as fortalezas que o inimigo havia implantado
entre as igrejas. Em resultado disso, as igrejas tornaram-se mais
vulneráveis aos ataques espirituais do que era necessário que fosse,
e o projeto não se mostrou tão bem-sucedido conforme nós
havíamos esperado que fosse.
A guisa de nota de rodapé, estamos agradecidos que,
enquanto estamos escrevendo, a situação melhorou enormemente,
e que o Corpo de Cristo, em Resistência, finalmente está chegando
a um estado de unidade espiritual. Se isso tivesse acontecido,
digamos, dois ou três anos antes, sentimos que teríamos podido
ver muito mais fruto permanente do que realmente vimos. Não
obstante, o aumento de 102% no número de pessoas que
freqüentam a nossa igreja tem sido alentador.
Mudando-nos Para La Plata
O plano de evangelização para La Plata deu continuidade ao
plano que Deus deu para Edgardo Silvoso, como estratégia para
conquistar a cidade para Cristo. Silvoso alicerça a sua estratégia
sobre quatro princípios fundamentais:
1. A unidade espiritual das igrejas de uma cidade
2. Poderosas orações intercessórias
3. Guerra espiritual em nível estratégico
4. Multiplicação de novas igrejas.
Declarou Peter Wagner: "A estratégia mais sofisticada para a
evangelização de uma cidade que existe no presente é a da Harvest
Evangelism, de Edgardo Silvoso".2 Para vermos como o
mapeamento espiritual ajusta-se ao inteiro desígnio evangelístico,
seja-me permitido sintetizar os seis passos sugeridos por Silvoso
para a conquista de uma cidade para Cristo:
1. Estabelecer o perímetro de Deus na cidade
Definir quem e quantos formam o Reino de Deus na cidade.
Procurar o "remanescente fiel", ou seja, aqueles que se
comprometeram a pagar o preço necessário para começar o
reavivamento espiritual.
2. Fortalecer o perímetro
Reconhecer que o adversário infiltrou-se tanto na cidade
como nas próprias igrejas. Fortalecer e edificar os santos. Discernir
as fortalezas do inimigo. "Procurando diligentemente guardar a
unidade do Espírito no vínculo da paz" (Ef 4.3, V. R.). Iniciar o
movimento de oração e estabelecer casas de oração na cidade.
3. Expandir o perímetro de Deus na cidade
Traçar planos específicos para ampliar o Reino de Deus na
cidade. Formular alvos e objetivos. Tirar proveito de cada recurso
disponível. Começar a treinar líderes e implantadores de igrejas.
4. Infiltrar o perímetro de Satanás
Lançar um "ataque aéreo" de orações específicas de
intercessão estratégica, mediante centenas ou mesmo milhares de
casas de oração (células de oração), com o objetivo de debilitar o
controle de Satanás sobre os perdidos, reivindicando, em lugar
disso, condições favoráveis para o evangelho. Ao mesmo tempo,
começar a implantar igrejas embrionárias (faróis), em antecipação
a uma colheita abundante.
5. Atacar e destruir o perímetro de Satanás
Dar início ao "assalto frontal". Lançar a conquista espiritual
da cidade, confrontando, amarrando e derrubando as potestades
espirituais que governam a região. Proclamar a mensagem do
evangelho a todo habitante da cidade. Discipular os novos crentes
através dos "faróis" estabelecidos.
6. Estabelecer o novo perímetro de Deus, no que antes era
perímetro de Satanás
Batizar os recém-convertidos em um culto batismal unificado,
como uma declaração espiritual visível de vitória. Continuar a
discipular. Edificar as novas igrejas. Injetar a visão missionária
para que sejam evangelizadas outras cidades. Repetir o ciclo!
Enquanto estou escrevendo, o plano acerca de La Plata ainda
não atingiu o seu ponto intermediário. Tudo começou em 1991,
tendo como alvo ver 5% da população tornarem-se crentes
evangélicos, aí pelo ano de 1993. Isso significa que as oitenta e
cinco igrejas existentes em 1991 terão de aumentar para trezentas
igrejas, aí pelos fins de 1993. Até agora, mil e setecentas casas de
oração foram iniciadas, e muitos seminários de treinamento
intensivo têm sido efetuados. Em junho de 1992, Cindy Jacobs
visitou La Plata pela segunda vez. Por ocasião da primeira visita de
Cindy, ela efetuou um seminário sobre a cura interior para os
membros de igreja, os quais, em geral, não desfrutavam de higidez
espiritual excelente. Por ocasião da segunda visita de Cindy,
conforme detalharei mais adiante, ela conduziu os pastores e os
intercessores a começarem a assumir autoridade espiritual sobre a
cidade, intensificando o "ataque aéreo".
COMEÇA O MAPEAMENTO ESPIRITUAL
De acordo com os planos evangelísticos de Edgardo Silvoso, o
mapeamento espiritual deveria ser feito, em sua maior parte, antes
do passo de número cinco, "Atacar e destruir o perímetro de
Satanás". Sob a minha orientação, a maior parte do mapeamento
espiritual tinha sido feita antes da visita de Cindy Jacobs em
junho.
Pouco tempo antes de meus familiares e eu nos mudarmos de
Resistência para La Plata, passei algum tempo dedicado à oração
Pedi que o Senhor me mostrasse a situação espiritual de La Plata.
Senti que o Senhor falava comigo, e, um tanto para minha
surpresa, dizia uma única palavra, "Maçonaria". Imediatamente
relembrei que um dos espíritos governantes sobre Resistência,
acerca do qual Cindy Jacobs e Dóris Wagner tinham suspeitado,
era um espírito territorial nacional, o espírito da Maçonaria. Eu
sabia bastante do papel desempenhado pela maçonaria durante a
libertação da América Latina dos espanhóis, por meio de Simón
Bolívar e José de San Martin. Além disso, entretanto, eu não tinha
qualquer conhecimento pessoal acerca daquela ordem secreta, o
que ela acredita ou faz.
Quando chegamos a La Plata, de imediato procurei e
entabulei relações firmes com os intercessores reconhecidos de
diversas igrejas. Sem que tivesse havido qualquer comunicação
entre eles, e sem que eu tivesse mencionado qualquer coisa, três
intercessores apresentaram-se como voluntários para dar-me a
informação que, nas orações que eles tinham feito recentemente,
tinham sido advertidos acerca do espírito de maçonaria. Isso
confirmou a mensagem que eu havia recebido da parte do Senhor,
enchendo-me de confiança para mover-me ao longo dessa vereda
em minhas pesquisas.
Os Fundadores de La Plata
Minhas pesquisas confirmaram que todos aqueles que
participaram na fundação da cidade de La Plata, pouco mais de
cem anos atrás, eram pertencentes à maçonaria. Dardo Rocha,
conhecido como o progenitor da cidade, foi um maçom de elevado
grau. Esses fundadores pertenciam à Loja Maçônica da Argentina
Oriental. O livro publicado pelo jornal El Dia, a fim de comemorar o
centésimo aniversário da fundação de La Plata, disse: "A cidade de
La Plata foi fundada a fim de fornecer refúgio à família maçônica
da Argentina Oriental".
Uma Cidade Planejada Para Glorificar o Adversário
Na página seguinte estou reproduzindo um mapa dos mil
duzentos e cinqüenta e quatro quarteirões do centro da cidade de
La Plata a fim de ilustrar o que parece ter sido o desígnio
intencional dos fundadores da cidade, ou seja, glorificar a criatura,
e não o Criador. O número-chave é o seis, número proeminente do
ocultismo, pois as praças estão espaçadas de seis em seis
quarteirões. O número seiscentos e sessenta e seis aparece
claramente em muitos dos edifícios públicos. No ponto mais
elevado da cidade fica a praça central, de onde partem os dois
principais bulevares diagonais, chamados Diagonal 73 e Diagonal
74, apontados para os quatro pontos cardeais da bússola. A cidade
não acompanha os quatro pontos cardeais de norte, sul, leste e
oeste, conforme se dá com a maioria das cidades latino-americanas,
mas formando um ângulo de quarenta e cinco graus, ou seja, em
diagonal, de tal maneira de as Diagonais, e não as ruas ordinárias,
estão alinhadas com os pontos cardeais. Conforme é fácil de perceber, as diagonais formam pirâmides quase perfeitas.
No processo de estabelecer a nova cidade de La Plata, Dardo
Rocha visitou o Egito, a terra das pirâmides, como também a
antiga terra da maçonaria. Ali chegando, ele adquiriu dezesseis
múmias, presumivelmente com a intenção de ajudar a fazer a
cidade ficar sob o poder permanente de anjos negros. Hoje, quatro
dessas múmias estão guardadas no Museu de Ciência Natural.
Ninguém, de todas as pessoas com quem entrei em contato, sabe
onde ficaram as outras doze múmias. Contudo, alguns
historiadores suspeitam que elas jazem sepultadas em pontos
estratégicos da cidade, com o seu potencial de poder oculto para
influenciar o maior número possível de habitantes.
As Quatro Mulheres
Na praça central, denominada Praça Moreno, há quatro
grandes estátuas que, a princípio, parecem quatro mulheres
atrativas. Mas um exame mais de perto mostra que cada uma das
mulheres foi moldada com o sinal da maldição, ou seja, o dedo
indicador e o dedo mínimo de uma das mãos estendidos. Uma
dessas estátuas, que se acha na Diagonal 73, na direção oeste,
está apontando para a Catedral Católica Romana, amaldiçoando
assim o poder religioso da cidade. Uma segunda estátua, na parte
oriental da Diagonal 73, está segurando um molho de trigo
deformado em uma das mãos, enquanto que com a outra
amaldiçoa o solo, fonte de pão diário. A terceira estátua fica no
lado norte da Diagonal 74. Ela se acha em uma posição sensual,
oferecendo uma flor com uma das mãos, ao passo que com a outra
segura um buquê de flores, fazendo o sinal da maldição. Ela está
amaldiçoando tudo quanto está envolvido no amor conjugal e na
família. A quarta estátua fica no lado sul da Diagonal 74, estendendo a mão na direção da prefeitura, a fim de amaldiçoar o poder
político da cidade.
Quando comecei a investigar a origem das quatro iníquas
estátuas, descobri que elas tinham sido escolhidas e pedidas de
um catálogo expedido pela Fundição Val D'Osme, em Paris, França,
uma fundição de propriedade de maçons e operada por eles. E
também descobri, para minha grande tristeza, que a maioria das
estátuas de praças por toda a Argentina foi manufaturada pela
mesma fundição maçônica.
Além disso, na praça central, e vindo da mesma fundição,
existem duas grandes urnas da tradição maçônica, com alças com
formato de rostos de demônios.
Depois de haver recolhido todas essas informações a respeito
do papel da maçonaria na fundação de La Plata, ainda assim eu
não sentia que já tinha descoberto a chave verdadeira para que
pudesse fazer o mapeamento espiritual da cidade. Então
consagrei-me à oração por diversos dias, pedindo que o Senhor me
mostrasse mais coisas. Um dia senti que o estava ouvindo dizerme: "A chave que estás procurando está desenhada na planta
baixa da cidade".
LA PLATA: UM TEMPLO DA MAÇONARIA?
Se examinarmos mais detidamente o mapa da cidade de La
Plata, começaremos a perceber que as formas geométricas do
traçado da cidade formam símbolos maçônicos, segundo se vê nos
três pontos abaixo:
1. O Compasso. A articulação do compasso maçônico, em La
Plata, é formada pela praça Rivadávia, nome do primeiro
presidente argentino, que era maçom, e pela praça almirante
Brown, nome do oficial militar que participou da revolução
argentina contra a Espanha, e que também era maçom. Os dois
braços do compasso descem pelas Diagonais 77 e 78.
2. O Quadrado. O lado de dentro do quadrado maçônico
forma um ponto em ângulo reto na praça San Martin, nome do
herói nacional da Argentina, que também era maçom. A parte
externa forma um ponto em ângulo reto com a praça Moreno, onde
também estão localizadas as quatro notórias estátuas de que já
falamos. Moreno foi uma figura-chave da revolução de maio de
1810, e ele, igualmente, era maçom.
3. A Cruz Invertida. Conforme se observa no mapa, a cruz
invertida é formada por aquilo que se chama de "Eixo Histórico da
Cidade", e que contém os edifícios que abrigam os poderes
religiosos e políticos de La Plata. O ponto vertical da cruz com a
chefatura de Polícia, ao pé da cruz (parte superior do mapa, visto
que a cruz está invertida), atravessa a sede do governo da
província, o legislativo da província, o teatro Argentino, a prefeitura,
a catedral Católica Romana, o Ministério da Saúde e termina com
o quartel do exército. No lado esquerdo da barra transversal fica o
tribunal, e no lado direito dela, o Ministério da Educação.
Um dos princípios de um governo democrático consiste em
manter os ramos do governo independentes uns dos outros. Mas já
descobri que muitas cidades planejadas pelos maçons contam com
túneis subterrâneos secretos, interligando esses vários ramos. Em
La Plata, a rua 52, também chamada de Eixo Histórico da Cidade,
não tem uma rua de superfície, e, sim, um túnel subterrâneo.
Alguns dizem que os maçons costumavam efetuar ritos secretos
debaixo dos centros de poder da cidade, exercendo assim uma
espécie de controle espiritual sobre o povo, até onde isso era
possível.
Visto que os maçons não acreditam que o sangue de Jesus,
vertido no Calvário, é o único pagamento pelos nossos pecados,
assim sendo, o caminho exclusivo para a salvação, parece, por
meio do mapa, que o "X" formado pelas Diagonais 73 e 74, as
diagonais principais, cruza ou cancela a cruz. Essas diagonais
cruzam-se bem era cima da pedra fundamental da cidade, no
centro da praça Moreno. Conforme alguns dizem, ali está contida a
cápsula do tempo da maçonaria, implantada naquele ponto da
cidade pelo próprio Dardo Rocha.
Embora eu não os tenha destacado no mapa, também
encontrei outros símbolos maçônicos, no traçado das ruas da
cidade, como a Estrela Oriental, o pentagrama, e outros. Símbolos
adicionais também existem sob a forma de estátuas e monumentos
espalhados por toda a cidade.
Depois de ter feito mais algumas pesquisas, nos Estados
Unidos da América, no começo do ano de 1992, agora estou
preparado para oferecer a hipótese que La Plata bem pode ter sido
a epítome das cidades planejadas pela maçonaria. Também não me
sentiria surpreso se a própria cidade fosse considerada como um
templo da maçonaria, em todo o continente da América.
Que é a Maçonaria?
Meus estudos têm indicado que a maçonaria é um movimento
secreto do ocultismo, que adora e serve a Satanás e os poderes
demoníacos. A maçonaria usa quaisquer meios disponíveis para
obter poder, autoridade e influência sobre as atividades humanas.
Compõe-se de uma combinação de muitas crenças e tem raízes no
antigo Egito, passando depois disso pela Assíria, pela Caldéia, pela
Babilônia, pela China, pela Índia, pela Escandinávia, por Roma e
pela Grécia.
Muitas pessoas juntam-se à maçonaria por pensarem que ela
é uma associação fraternal e benevolente. Enquanto seus membros
vão subindo de grau em grau, a demonização provavelmente vai-se
acentuando, e nos graus superiores há pactos francos e
irreversíveis, estabelecidos com Satanás e as suas forças. O
resultado final, na maioria dos casos, não tem nada de benévolo,
mas tão-somente ajuda a Satanás a realizar os seus objetivos, que
são roubar, matar e destruir.
Uma das conseqüências modernas da maçonaria está
vinculada ao crescente movimento da Nova Era. De fato, a New
Age Magazine (Revista da Nova Era) é publicada pelo Supremo
Concilio Mãe do Mundo, o Supremo Concilio do Grau Trinta e Três
e Final, do Antigo e Aceito Rito Escocês da Maçonaria, Jurisdição
Sul dos Estados Unidos da América, cuja sede fica em Washington,
D. C.
Os Poderes Que Dominam La Plata
Por meio de nosso estudo sobre a maçonaria e suas crenças,
sentimos que descobrimos a presença de seis principados
espirituais do mal que governam La Plata. Esses espíritos
territoriais são os seguintes:
1. O Espírito de Sensualidade. Exibido no comum
simbolismo fálico da maçonaria.
2. O Espírito de Violência. Arraigado nos métodos de
punição que cercam os ritos de iniciação da maçonaria.
3. O Espírito de Feitiçaria. Manifestado nas artes mágicas
e nas intrigas da maçonaria.
4. O Espírito da Morte em Vida. Relacionado às lendas
egípcias sobre Osíris, e perpetuado em La Plata por meio dos
rituais de sepultamento de múmias, com a finalidade de
amaldiçoar a cidade.
5. A divindade maçônica Jah-Baal-On: Este é o valente que
domina a cidade.
6. A Rainha do Céu. Manifesta-se primariamente na
adoração à Virgem Maria, e talvez relacionado, por meio da
maçonaria, à antiga deusa egípcia Ísis.
Muitas linhas geométricas da cidade, sem dúvida, constituem
linhas de poder das artes ocultas. O Eixo Histórico de La Plata,
onde deveria estar a rua 52, serve de exemplo primário. Outra
dessas linhas é a Diagonal 74, que vai através da praça central,
onde estão localizadas as quatro estátuas, através de muitas
praças importantes, através da localização de uma colônia afrobrasileira, que pratica abertamente a macumba e as maldições de
morte, e terminando no cemitério, um evidente símbolo da morte.
ASSUMINDO AUTORIDADE SOBRE LA PLATA
Houve um ano de mapeamento espiritual e de muitas outras
atividades preparativas, incluindo um seminário de curas internas
que cobriu a cidade inteira, a formação de uma poderosa teia de
intercessores, muitas reuniões de oração de pastores e o
estabelecimento de mil e setecentas casas de oração. Aí por junho
de 1992, os pastores da cidade sentiram que era chegado o tempo
da primeira batalha espiritual contra as forças satânicas
predominantes em La Plata. Cindy Jacobs, muito bem respeitada
entre os líderes evangélicos argentinos, por motivo de seus dons
espirituais e de seu ministério em que ela orienta os pastores para
conquistarem as suas cidades respectivas para Deus, visitou La
Plata, a fim de participar do ataque.
Os pastores adotaram como texto diretriz a passagem de 2
Crônicas 7.14: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se
humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus
maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus
pecados, e sararei a sua terra".
Os crentes da cidade reuniram-se em uma das principais
igrejas. Durante quatro horas, as igrejas de La Plata oraram
fervorosamente pela cidade, pedindo perdão por causa das
iniqüidade da comunidade e por causa dos pecados que estavam
sendo cometidos. Os líderes rogaram humildemente a Deus que
apagasse as conseqüências do pecado e removesse a maldição de
cima da cidade. Também oraram por aqueles que tinham sido
ofendidos pelos líderes políticos e pelas estruturas sociais injustas,
bem como por aqueles que tinham sido ofendidos pelas igrejas e
pelos líderes eclesiásticos. Arrependeram-se da presença da
maçonaria na cidade, e por ter sido a cidade entregue a Satanás.
Derramaram os seus corações, pedindo perdão por toda forma de
pecado sexual, pela violência na cidade (especialmente durante a
era terrorista), pela opressão militar, pela adoração ao principado
conhecido como .Rainha do Céu, e, então, pela bruxaria e feitiçaria.
Finalmente, voltaram-se contra o espírito de morte em vida, com a
resultante apatia predominante entre o povo.
Após
um
prolongado
período
de
humilhação
e
arrependimento, com o derramamento de muitas lágrimas, os
crentes sentiram-se prontos a proclamar: "Agora é chegado o
tempo de Deus para abençoar La Plata!"
Após aquele notável evento, e sentindo que Deus havia dado
resposta às nossas orações, que pediam livramento e perdão de
pecados, vinte pastores e diversos intercessores reuniram-se com
Cindy Jacobs e o marido dela, Mike, para planejarem uma
estratégia para declararem batalha na praça central de La Plata, a
praça Moreno. O resto do grupo ficou para trás, orando pela nossa
proteção. Ficou decidido que os pastores orariam de dois em dois,
na praça Moreno — o primeiro pastor quebraria o poder do espírito
e o segundo invocaria o espírito contrário, bem como o dom
remidor de Deus, utilizando-se das Escrituras. Um por vez, eles
oraram:
1. Contra o Espírito de Sensualidade. Os pastores orariam
de pé, por sobre a pedra fundamental da cidade, na Diagonal 73,
voltados para nordeste, na direção da Europa, de onde vieram os
primeiros colonos para aquela área, quase todos eles criminosos e
prostitutas.
2. Contra o Espírito de Violência. Os pastores orariam na
Diagonal 73, voltados para oeste, olhando para o interior da nação,
onde ataques cruéis foram desfechados contra a população indígena, causando muito derramamento de sangue e a extinção de algumas das tribos.
3. Contra o Espírito de Feitiçaria. Os pastores orariam na
Diagonal 74, voltados para o norte, na direção do Brasil, de onde
veio o baixo espiritismo afro-brasileiro da macumba.
4. Contra o Espírito da Morte em Vida. Os pastores
orariam na Diagonal 74, de rostos voltados para o sul, na direção
do cemitério, símbolo da morte.
5. Contra o Espírito da Rainha do Céu. Os pastores
orariam de frente para a Catedral Católica-Romana, representante
do culto à adoração à Virgem Maria, ou melhor, à Rainha do Céu.
6. Contra a divindade maçônica Jah-Baal-On. Os pastores
orariam de pé sobre a pedra fundamental da cidade, contra esse
espírito que era o valente que predominava sobre a cidade.
Começamos a orar às seis horas da tarde, acreditando que o
número seis é importante, e oramos na ordem dada acima.
Sentimos que Deus nos deu alguns sinais significativos enquanto
estivemos ali. Para exemplificar, quando começamos a orar contra
o espírito da violência e da destruição, os sinos da prefeitura
ficaram tocando, sem qualquer motivo aparente. Tínhamos visto
fenômeno idêntico tanto em Mar del Plata quanto em Resistência,
pelo que interpretamos que isso seria um sinal divino. Mais tarde
fomos informados que, naquele exato momento, em que estávamos
amarrando o espírito da violência, manifestaram-se demônios em
um rapaz que praticava as artes marciais. Ele deu um salto de
2,70m no ar, chocou a cabeça contra uma parede e começou a
quebrar mesas e cadeiras. Os crentes que assistiram à cena
oraram por ele, rogando a Deus que o livrasse, e o jovem foi
libertado daquele ataque satânico.
Mais tarde, estando de pé sobre a pedra fundamental da
cidade, no centro da praça Moreno, voltamo-nos contra o espírito
da maçonaria, e sentimos liberdade, no Espírito Santo, para
quebrar as maldições postas sobre as linhas diagonais no traçado
da cidade. Proclamamos que haveria uma nova cidade, tendo a
Jesus Cristo como a pedra fundamental da cidade de La Plata.
Então nos arrumamos de modo a formar uma cruz, no centro da
praça, por sobre a pedra fundamental da cidade, elevando Jesus
sobre a cidade e restaurando a cruz, não de cabeça para baixo,
mas que servisse de símbolo de salvação para a cidade de La Plata.
CONCLUSÃO
Ainda dispomos de muitos meses em nosso esforço
evangelístico em favor da cidade de La Plata. Acreditamos que os
resultados ainda serão maiores do que em Resistência. Enquanto
concluo este capítulo, estamos em meio a uma cruzada
evangelizadora pela cidade inteira, em companhia de Carlos
Annacondia, um dos mais poderosos evangelistas de Deus. Mui
significativamente, a cruzada está sendo efetuada no quartelgeneral do exército, exatamente ao pé da cruz invertida (naquilo
que seria o topo da cruz posta na sua posição correta). Regozijo-me
diante daquilo que está acontecendo e diante daquilo que
continuará acontecendo, bem como devido ao privilégio de estarmos fazendo uma pequena contribuição para a ampliação do Reino
de Deus, mediante o mapeamento espiritual.
Perguntas para refletir
1. Alguns acharão difícil acreditar que Víctor Lorenzo realmente
tenha visto um anjo. Você acha que isso é possível? Você conhece
pessoalmente alguém que viu um anjo?
2. Reveja os seis princípios postulados por Lorenzo quanto ao
mapeamento espiritual, dados à página 177. Apresente uma razão
pessoal, sua, para cada princípio.
3. A estratégia de Edgardo Silvoso de evangelismo por toda uma
cidade incorpora a guerra espiritual em nível estratégico e o
mapeamento espiritual. Você conhece qualquer outra estratégia
para cidade inteira que faça isso?
4. Estude o mapa de La Plata. Certifique-se de que pode detectar
as características descritas por Lorenzo. Por que alguém haveria de
querer planejar uma cidade de acordo com os padrões próprios do
ocultismo?
5. Qual é a influência que a maçonaria exerce sobre a sua própria
comunidade? Como isso é percebido pelo público em geral? e pela
comunidade cristã?
Notas
1. DAWSON, John. Taking Our Cities for God [Reconquiste Sua
Cidade Para Deus - Ed. Betânia]. Lake Mary, FL, Creation House,
1989. p. 85.
2. WAGNER, C. Peter. Oração de Guerra. Editora Bompastor.
Parte III:
APLICAÇÃO
8. MAPEANDO E DISCERNINDO SEATTLE,
WASHINGTON
Por Mark McGregor e Bev Klopp
Mark McGregor é um programador de computadores que vive
em Seattle, estado de Washington. Ele está fazendo cursos no centro
de extensão do Seminário Teológico Fuller, em Seattle.
Bev Klopp é fundadora da Gateway Ministries, que ajuda as
igrejas nos campos da oração estratégica, da guerra espiritual e do
evangelismo, em suas cidades. Sendo uma bem conhecida
intercessora, Bev é membro da equipe de intercessores que servem a
Spiritual Warfare Network e a United Prayer Track do Movimento
A.D. 2000 e Além.
Primeira Seção
MAPEANDO SEATTLE
Por Mark McGregor
Este documento está calcado sobre as vinte perguntas que
aparecem no livro de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para
Deus.1 O propósito dessas vinte perguntas, de acordo com o
próprio John Dawson, é examinar a história de uma cidade ou país,
a fim de ajudar a determinar duas coisas: (1) áreas de pecados
passados que requerem arrependimento e perdão, e (2) os dons
remidores dessa cidade. Mas por que isso é importante?
Antes de tudo, Dawson assevera que os pecados passados de
uma cidade ou nação podem franquear a região para as influências
espirituais demoníacas, mantendo a sua população sujeita à
escravidão espiritual.
Em segundo lugar, Dawson garante que Deus tem dado
certos "dons" remidores a cada cidade, e que o inimigo tenta
perverter esses dons, para impedir que essas cidades produzam
fruto espiritual. Dawson acredita que os líderes evangélicos
precisam descobrir tanto os pecados passados quanto os dons
remidores de suas cidades, a fim de quebrarem os poderes que
escravizam uma cidade, e para que haja um avanço para que se
estabeleça um verdadeiro meio ambiente espiritual, conforme era a
intenção original de Deus.
1. Que lugar ocupa a sua cidade na história de uma nação?
O território de Washington veio a tornar-se uma realidade
quando a Inglaterra e a América do Norte decidiram que
resolveriam a questão das fronteiras nacionais. A América do Norte
reivindicou e recebeu tudo entre o paralelo 48 e o rio Colúmbia,
com exceção da ilha Vitória. Os primeiros colonos chegaram à área
de Seattle no começo da década de 1850, tendo migrado do
território de Oregon. As primeiras indústrias exploraram os couros
e a madeira. As peles de lontra seguiam para a China e a madeira
ia para a cidade de São Francisco, que estava em grande período
de progresso por causa da corrida do ouro.
A cidade de Seattle começou a desenvolver-se após a Guerra
Civil norte-americana. A cidade não desempenhou qualquer papel
durante a guerra, embora, devido à sua postura e à lei, não fosse
um território escravocrata. O crescimento ocorreu aos arrancos,
visto que a região não dispunha de qualquer indústria forte e
estável. A descoberta do ouro, primeiro no Fraser, e depois no
Yukon, ajudou Seattle a crescer, visto que era um ponto natural de
parada para quem viajava pela costa marítima. Tornou-se, e até
hoje é, o maior ponto de transbordo entre o estado do Alasca e os
demais estados, que formam um bloco.
É importante examinar a história de uma cidade ou país, a
fim de ajudar a determinar: (1) áreas de pecados passados
que requerem arrependimento e perdão, e (2) os dons
remidores dessa cidade ou país.
Seattle cresceu como cidade industrial e como entreposto de
comércio, que dirigia companhias de navegação que a ligavam com
o Alasca e com o Extremo Oriente. A construção de navios e o
fabrico de aviões tornaram-se duas grandes indústrias. Durante a
Segunda Guerra Mundial, Seattle tornou-se uma das principais
cidades a destacar-se no esforço de guerra, por causa de sua
localização estratégica à beira do oceano Pacífico, e também por
causa do impacto da Corporação Boeing. É provável que esse
período tenha sido o tempo mais significativo para Seattle, durante
a história moderna.
2. Houve alguma imposição de nova cultura ou de idioma, por
causa de conquista?
Sim, embora a palavra "conquista" talvez não seja o melhor
termo para descrever os acontecimentos.
Quando o homem branco chegou àquela região, as tribos
indígenas pertenciam ao grupo de línguas costeiras salish. E a
cultura dos índios estava centrada em torno das atividades da caça
e da coleta, que tinha por centro a pesca de salmões. Juntamente
com o homem branco veio a influência das culturas espanhola,
francesa, inglesa, norte-americana e russa. Foi assim que se
desenvolveu uma língua intermediária, o chinuque, uma
combinação de salish, francês e inglês. Muitos indígenas, incluindo
o chefe Seattle, não apreciavam esse idioma, mas os brancos
recusavam-se essencialmente por aprender o salish, e geralmente
só se comunicavam em inglês, e, só muito ocasionalmente, em
chinuque.
A chegada das culturas do homem branco também indicou o
começo do fim da cultura indígena, além do que muitas tribos
foram dizimadas. Enfermidades trazidas pelo homem branco
mataram milhares de índios. A pesca, como meio de vida, foi
substituída pela exploração da madeira, pela construção e por
outras formas de trabalho manual. Os índios começaram a viciarse nas bebidas alcoólicas. Desapareceu o estilo de vida indígena
comunitária, que preferia as casas longas. Em muitas áreas, a
cultura indígena tinha sido de tal modo desarraigada que os
antropólogos e sociólogos da atualidade estão encontrando muita
dificuldade para reconstruir o estilo de vida tribal original. Para
exemplificar, a tribo duwamish estava localizada quase na mesma
área onde Seattle foi originalmente estabelecida. A cultura deles foi
obliterada por inteiro. Aqueles índios não receberam quaisquer
terras, e não mais existem como uma unidade tribal distinta em
nossos dias.
Essa imposição de idioma e de cultura até hoje é motivo de
ressentimento, de diversas maneiras. Os índios continuam vivendo
em reservas e têm procurado recuperar a sua herança cultural. Os
conflitos continuam, a despeito dos direitos dos índios de caçarem
e pescarem, da mesma maneira que os seus antepassados
costumavam fazer. Uma forte área conflitante é o direito que os
índios têm de lançar as suas redes de pesca no oceano e nos
riachos que circundam a área de Seattle. Algumas tribos têm
procurado restabelecer suas festividades pagãs que honravam o
deus salmão, que era a figura central de muitas cerimônias
religiosas.
3. Quais eram as práticas religiosas dos antigos habitantes do
lugar?
O grupo dos indígenas salish ocupava o extremo sul das
chamadas "tribos de postes-tótemes". Suas práticas e crenças
religiosas são similares às práticas da maioria dos grupos nativos
que ocupam a costa do Alasca. O líder religioso da comunidade era
um xamã, considerado dotado de grandes poderes nas áreas da
bênção, da maldição e da cura de doenças. A posição de um xamã
era validada por um encontro inicial com um espírito guia, cuja
identidade era mantida secreta. Os xamãs podiam ser do sexo
masculino ou do sexo feminino, e o poder não passava,
necessariamente, de pai para filho. O que emprestava validade e
era a chave para que alguém se tornasse um xamã era aquele
encontro inicial com um espírito.
O encontro espiritual não se limitava aos xamãs. Pessoas "comuns" também buscavam a orientação de espíritos para guiá-las
por toda a vida. Com freqüência, os espíritos guiavam uma pessoa
a alguma vocação específica, como o fabrico de canoas. Os
artesãos mais habilidosos eram considerados homens dotados de
algum guia espiritual. Esse espírito guia usualmente aparecia sob
a forma de algum animal. Um exemplo disso eram os entalhadores
de madeira, cujo espírito guia geralmente aparecia com a forma de
um pica-pau. Sempre que uma pessoa ouvia o som típico feito por
um pica-pau, entendia que o espírito estava nas proximidades,
observando o trabalho que estivesse sendo feito.
Um espírito guia geralmente era encontrado após algum
tempo de jejum e oração. As pessoas interessadas se purificavam
cerimonialmente, privando-se de alimentos e buscando algum tipo
de encontro com o mundo dos espíritos. Com freqüência, entravam
em um estado de transe, durante o qual tinham um encontro com
o seu espírito guia.
Os deuses dos índios salish pareciam ser um tanto
impessoais e distantes. Grande parte dos benefícios outorgados
aos seres humanos (como o fogo, instrumentos e assim por diante)
viriam através do espírito cheio de truques que era pintado como
se fosse um corvo ou um coiote. Esse espírito de truque dava às
pessoas coisas que supostamente elas não deveriam ter. Deus não
seria um ser necessariamente amigável, mas esse espírito
enganador, sim, seria amigável.
A principal cerimônia religiosa do ano girava em torno da
volta do salmão. Os indígenas mostravam o maior respeito pelo
salmão, mesmo porque o salmão era uma de suas principais fontes
de alimentos. O primeiro salmão a ser apanhado em um ano era
levado à aldeia, em meio a um cerimonial, e, ali chegando, através
de rito especial, os índios agradeciam aos espíritos a volta do peixe.
Outro ato cerimonial que não era necessariamente religioso
mas que era extremamente importante para os índios era o
"potlatch". Quando isso sucedia, o hospedeiro oferecia uma grande
festa para os seus convidados, onde não somente havia festejos,
mas também havia intensa troca de presentes. Esse ato cerimonial
era validado pelo ato de presentear. Duas razões principais para o
"potlatch" eram: (1) a autoglorificação — pois o hospedeiro
demonstrava assim as riquezas e a posição de sua família; e (2) era
obrigatório recompensar com outros presentes. Os presentes dados
de volta eram o "atrativo" maior da cerimônia do "potlatch". Para
não se sentirem diminuídos mas manterem a glória da família, os
convidados sentiam-se na obrigação de oferecer uma festa similar,
com presentes maiores e melhores ainda. Por essa razão, os ricos
ficavam cada vez mais ricos, e os pobres ficavam cada vez mais
pobres. De acordo com uma outra forma de "potlatch", em vez de
dar presentes, o hospedeiro destruía as suas possessões, a fim de
demonstrar a sua grandeza. Em vez de compartilhar, o indivíduo
destruía. Essa destruição podia incluir até mesmo os atos de
matar ou aleijar escravos.
Uma área final de prática religiosa diz respeito aos mortos. Os
espíritos dos antepassados eram grandemente temidos. As tribos
mostravam-se muito cuidadosas no sepultamento e honrarias
prestadas aos mortos, a fim de que os seus espíritos não voltassem
para assombrar a tribo. Uma das crenças era que proferir o nome
de uma pessoa morta a fazia ficar "desassossegada" no sepulcro.
Por conseguinte, deve ser considerado uma grande ameaça ao
grande chefe Seattle o fato que a cidade recebeu o nome dele,
porque, cada vez em que o nome dele é proferido, isso o afeta no
além-túmulo. Com freqüência, os locais de sepultamento eram
adornados com entalhes e fetiches, o que, em minha opinião,
parece algo repelente e feroz.
4. Houve tempo em que surgiu uma nova religião?
Não, até onde sou capaz de dizer. Os antropólogos especulam
que o xamanismo veio da Ásia, e que foi a forma dominante de
religião entre os ameríndios, até à chegada do cristianismo.
5. Sob quais circunstâncias o evangelho entrou pela primeira vez
na cidade?
Em 1852, o bispo Demers efetuou a primeira cerimônia
religiosa da cidade, e quase todos os habitantes fizeram-se
presentes. Naquele mesmo ano, o pastor Benjamim Close, um
metodista, efetuou os primeiros cultos protestantes na colônia de
Seattle. O pastor Demers estava indo para Fort Victória, e Close
vivia em Olímpia, pelo que foram apenas cultos efetuados em
ocasiões de visita.
O primeiro ministro residente, que trabalhou por tempo
integral em Seattle, chegou no outono de 1853. O pastor David
Blaine e sua esposa, Catarina, estabeleceram a primeira igreja,
uma congregação Metodista Episcopal. Foram bem acolhidos e
patrocinados por Arthur Denny, que proveu uma residência inicial
para eles. Ele e sua esposa perfizeram dois terços da congregação
inicial. Essa foi a única igreja na área, durante mais de dez anos.
Os Blaines não deixaram uma impressão profunda e
duradoura em Seattle. De acordo com os padrões da parte oriental
dos Estados Unidos, Seattle não era uma comunidade religiosa.
Um claro problema que envolvia o Rev. Blaine era a sua atitude
para com a população indígena. Em uma carta que escreveu para
sua terra de origem, ele disse basicamente que era impossível
ajudar os índios, e isso por causa destes pontos: (1) a barreira da
linguagem; (2) o comportamento pecaminoso deles; e (3) o contexto
social deles.
Desde o começo de 1856 até os fins de 1860, Seattle não
contou com um ministro evangélico residente. As reuniões
evangélicas eram efetuadas a cada duas semanas, na igreja
metodista. Nos fins de 1860, chegou o pastor Daniel Bagley, vindo
do estado de Oregon. Ele era um implantador de igrejas, tendo
implantado vinte igrejas nos estados de Oregon e de Washington.
Bagley tornou-se um dos principais fundadores da segunda
geração de habitantes da cidade, além de ter servido de
instrumento na formação da primeira universidade iniciada na
cidade de Seattle (mais tarde, Universidade de Washington). Ele
também era maçom, juntamente com vários outros fundadores da
cidade.
Ministros adicionais começaram a chegar, a partir de 1865,
quando os episcopais de Olímpia chegaram à cidade e iniciaram
uma congregação. Os presbiterianos chegaram em 1866, na
pessoa do pastor George Whitworth, que também se tornou
industrial junto com o Rev. Bagley. Naquele estágio inicial, as
igrejas cooperavam harmoniosamente umas com as outras — duas
igrejas e quatro pastores que representavam quatro denominações.
Assim, dois pastores trabalhavam em cada igreja, alternando-se
nos deveres da pregação, e basicamente sem criarem qualquer
problema uns com os outros. Os católicos romanos chegaram em
1867, os congregacionais e os batistas, em 1869. O ministro
batista era o pastor Edward Hanford, que foi um dos grandes
primeiros líderes espirituais de Seattle.
O chefe Seattle, o famoso líder índio, no seu discurso de
assinatura de um tratado, provavelmente foi quem melhor
articulou a posição dos índios, no tocante ao Deus do homem
branco. Uma parte de seu discurso dizia: "O Deus de vocês não é o
nosso Deus. O Deus de vocês ama o povo de vocês, mas odeia o
meu povo. Ele abraça com amor e proteção os caras pálidas... mas
esqueceu-se de seus filhos de pele vermelha, se é que realmente
são seus filhos. Nosso Deus, o Grande Espírito, também parece
ter-se esquecido de nós". Se o chefe Seattle conseguiu dizer alguma
coisa, disse que a Igreja não consegue apresentar um quadro veraz
de Deus. Infelizmente, o que os índios viram foi que o Deus dos
homens brancos lhes ensinava a ganância, o assassinato e a luta
pelo poder espiritual. Eles viam a invasão do homem branco como
uma luta de poder espiritual, na qual o Grande Espírito teria saído
perdendo.
6. O governo nacional ou da cidade já se desintegrou alguma vez?
Sim, quanto a certa maneira de dizer. O primitivo governo da
cidade era extremamente corrupto. Henry Yesler, um proeminente
proprietário de uma madeireira, conservou-se em forte posição de
autoridade durante muitos daqueles primeiros anos, tendo usado a
sua influência para encher de dinheiro os bolsos, às custas da
cidade. Essa corrupção inicial exigiu que a cidade começasse tudo
de novo, depois que Yesler perdeu a sua posição de autoridade. As
técnicas fraudulentas de Yesler tinham levado a cidade à beira da
bancarrota, por diversas vezes.
7. Qual foi o estilo de liderança dos governos passados?
O estilo de governo de Seattle geralmente tem girado em torno
da filosofia dos negócios, antes de qualquer outra coisa. Em
muitos sentidos, os negócios têm dirigido o governo, havendo
poucas regras no mundo dos negócios. Conforme já pudemos
mencionar, Henry Yesler, durante muitos anos, foi quem exerceu
autoridade no governo de Seattle. Nessa posição, ele não foi nem
honesto e nem justo. Ele favorecia dirigir outras pessoas por meio
dos negócios, dominando com o seu negócio diversos outros
negócios. Quando alguém propunha algo que poderia beneficiar a
outrem, e não a ele, então com freqüência ele vetava o projeto, ou
então afunilava fundos para outras finalidades.
Yesler é a mais antiga epítome de riquezas e abastança que
pervertia a justiça, a eqüidade e o interesse pelas pessoas.
O período entre 1900 e 1920 foi um período crucial para dar
forma à cidade de Seattle. Foi apresentada a decisão, diante dos
eleitores, se a cidade de Seattle deveria fechar as suas portas para
os jogos, o alcoolismo e a prostituição. A votação ficou oscilando
para cá e para lá, mas no fim Seattle continuou como cidade
aberta a esses vícios, embora não tão aberta quanto tinha sido
durante a corrida do ouro do Yukon. Naquele tempo, o governo e a
força policial viviam moralmente maculados pelo suborno e pela
corrupção.
8. Já houve alguma guerra que afetasse essa cidade?
O efeito primário da guerra sobre Seattle foi a prosperidade
econômica. De várias maneiras, as duas guerras mundiais
ajudaram a fazer prosperar as indústrias de construção naval, de
aviões, de manufaturas e de navegação.
9. A própria cidade foi palco de alguma batalha?
Uma pequena batalha entre os índios ocorreu em torno de
1856. A cidade de Seattle ficou em estado de alerta, e houve então
um pequeno entrevero. Foram mortos dois residentes brancos da
cidade, e um número muito maior de índios. Os índios
desfecharam o ataque por causa de um tratado cujas promessas
não tinham sido cumpridas por parte do homem branco. Os
historiadores acreditam que Seattle sobreviveu a essa batalha
somente porque os índios atacaram a cidade mui tardiamente, o
que permitiu que os habitantes da cidade solicitassem reforços.
Essa ajuda chegou sob a forma de um barco armado da marinha,
que bombardeou os índios e causou a maior parte das perdas de
vida entre os índios.
10. Quais nomes têm sido usados para rotular a cidade e quais os
significados desses nomes?
A Cidade Esmeralda. Essa alcunha é melhor entendida
quando se examina o meio ambiente de Seattle. A cidade é cercada
de árvores perenes, além de estar cercada por lagos e montanhas.
O nome reflete esse aspecto luxuriante de Seattle; entretanto, o
título também poderia representar as riquezas e a abundância da
região.
11. Por que a cidade foi originalmente fundada?
Parece que no começo Seattle foi ocupada pelos índios por
causa da riqueza de seus recursos naturais e por causa do seu
clima. Embora o céu por muitas vezes costume ficar nublado, a
temperatura raramente cai abaixo da temperatura de
congelamento em qualquer período de tempo no inverno, e a neve é
ali infreqüente e de pouca duração.
O homem branco chegou ali com o propósito de fazer dinheiro,
por meio de negócios. Os primeiros homens de negócios chegaram
a caminho da China, ali negociaram com peles de lontras e
descobriram que poderiam fazer uma fortuna vendendo estas peles
aos chineses. Os primeiros colonizadores enfocaram a atenção
sobre os negócios com os índios, de quem obtinham as peles, a fim
de transportá-las à China. Esse período durou pouco tempo, pois
não demorou muito para as lontras rarearem muito, chegando
mesmo à beira da extinção.
Arthur Denny e seu grupo (os fundadores) chegaram ali à
procura de um local próprio para a fundação de um porto, onde
pudessem abrir vias de comércio com o Extremo Oriente. Esses
homens de negócios, que estavam procurando uma localização
apropriada para ganhar muito dinheiro, descobriram que aquele
local era uma ilha um tanto alagadiça, mas com um porto de
águas profundas, de fácil acesso para a madeira e outros recursos
naturais. Grande parte dos negócios originais eram fechados
originalmente com a cidade de São Francisco, que era a principal
cidade afetada pela corrida do ouro da Califórnia. Seattle era um
local apropriado para plantio de cereais e para o embarque de
madeira, da qual a cidade de São Francisco precisava
desesperadamente.
Os recém-chegados posteriores geralmente aportavam com a
idéia fixa de enriquecer. A cidade tinha por habitantes
primariamente pessoas pertencentes à classe média. Muitas
pessoas, na verdade, acabaram enriquecendo, e assim as classes
abastadas tinham raízes sólidas na classe média. As
oportunidades para negócios abundavam, envolvendo madeira,
manufaturas diversas e criação de gado. A cidade cresceu a uma
taxa admirável, até que, na década de 1920, chegou a um patamar
onde o crescimento estacionou, até aos anos de grande progresso,
durante a Segunda Guerra Mundial.
12. A cidade teve um fundador? Qual era o sonho dele?
Seattle foi fundada por Arthur Denny, Carson Boren e
William Bell. Esse grupo localizou o canal de águas profundas e
planejou a localização original da cidade. Charles Terry tinha
originalmente escolhido ocupar o lado oposto da baía, em Alki,
mas não demorou muito para vender algumas terras, e acabou
mudando-se para Seattle propriamente dita.
O sonho de Arthur Denny era estabelecer um lar seguro para
a sua família. Ele estava interessado em edificar uma comunidade
sólida para o futuro. Seu grande alvo não era tornar-se rico, mas
contar com uma sólida comunidade, baseada no comércio e em
uma população forte. Denny era homem de grande integridade e
honestidade, e era muito respeitado na comunidade. Ninguém
podia consumir bebidas alcoólicas em suas empresas ou em suas
terras. Ele foi um fator importante no estabelecimento de escolas
(incluindo a universidade de Washington), como também na
primeira igreja evangélica. Era considerado por todos, inclusive
pelos índios, homem cumpridor de sua palavra. Entretanto,
ninguém daquela época escreveu que gostava de Denny. Ele era
homem respeitado, honesto e probo — mas ninguém gostava dele.
Não obstante, uma forte característica negativa de Denny,
que acredito refletir-se em Seattle até hoje, também precisa ser
mencionada. Apesar de todos os seus valores de integridade,
Denny parece ter sido basicamente homem de inação no tocante às
questões morais. Até onde sou capaz de dizer, ele não fazia
oposição decidida contra os erros morais que ocorriam
regularmente ao seu derredor. Ele só pensava nos seus próprios
negócios. Essa atitude parece ter permeado a cidade nos seus dias,
e assim continua a ser até o presente.
13. Como surgiram os líderes políticos, militares e religiosos, e o
que sonhavam eles quanto a si mesmos e à sua cidade?
Uma importante visão era fundar uma cidade utópica, para a
classe média alta. Isso tornou-se evidente na divisão de Seattle e
da reconstrução e ampliação da cidade, depois do incêndio de
1889. Quase desde o começo, Seattle foi dividida em bairros bons e
bairros ruins. Os bairros ruins ficavam localizados ao sul de Skid
Road, onde costumavam residir os alcoólatras, os paupérrimos, os
famintos, os destituídos de tudo e uma minoria da população. Era
ali que residiam os trapaceiros, os alcoviteiros e as prostitutas. Os
habitantes "respeitáveis", porém, residiam nos bairros bons da
cidade.
Aqueles que ocupavam posições políticas geralmente davam
apoio à população "boa" — os homens de negócios que pertenciam
à classe média alta. O planejamento e a expansão iniciais da
cidade tiveram por propósito aprimorar as condições de vida dessa
parte mais abastada da população. Os bondes, por exemplo,
percorriam somente os bairros bons da cidades. Parques eram ali
planejados, as ruas eram niveladas e melhoradas. Mas os
beneficiários de todas essas melhorias eram pessoas pertencentes
à classe média alta.
14. Quais instituições políticas, econômicas e religiosas têm
dominado a vida da cidade?
Os grupos políticos, os empresários e os que seguem
profissões liberais são as classes que têm predominado em Seattle.
Houve um breve período de leis justas na cidade, nos primeiros
anos do século XX, principalmente no esforço de limpar a área de
Skid Road. Mas essas leis foram logo esquecidas em sua quase
totalidade, e não demoraram a ser repelidas.
As uniões trabalhistas sempre foram uma forte influência
sobre a cidade, desde a década de 1930, e algumas grandes greves
têm tido lugar ali, no decorrer dos anos. As uniões trabalhistas e
um governo fortemente orientado em favor da classe empresarial
têm tendido por produzir conflitos ao longo dos anos. Os
empresários geralmente têm explorado os trabalhadores, e as
uniões de várias maneiras têm prejudicado o empresariado
mediante greves, contratos anti-minorias e coisas semelhantes. Os
líderes das uniões trabalhista;, também têm abusado de maneira
considerável de seus liderados, incluindo coisas como liquidação
de empresas, subornos e corrupção.
A dominação econômica tem sofrido modificações com a
passagem do tempo. A base econômica original era a madeira e a
serraria de Yesler era a principal empresa que explorava essa
atividade. Em certo sentido, a indústria madeireira continua
atuante até hoje. A firma Weyerhaeuser, que explora a produção de
objetos de madeira está localizada nas proximidades de Seattle, e
dá emprego a aproximadamente quarenta mil pessoas.
A navegação e o comércio é uma das principais atividades da
cidade. Grande parte desses negócios tem sido com o Extremo Oriente e com o Alasca. Seattle é o principal entreposto para a maior
parte do comércio com o Alasca. E essa sempre foi uma atividade
muito importante, sobretudo nos dias da descoberta de ouro no
Alasca. Atualmente, aproximadamente 17% de todos os empregos
estão vinculados aos negócios de importação e exportação.
Mas a principal força econômica da cidade é a Companhia
Boeing. A Boeing prove aproximadamente cem mil empregos locais,
diversificando-se em certa variedade de indústrias, mormente a
indústria aeroespacial. A economia de Seattle está fortemente
vinculada à Companhia Boeing, e parece seguir as diretrizes dela.
Talvez um ponto que deva causar preocupação seja a dependência
da cidade para com a Boeing, em vez da dependência para com
Deus.
No terreno religioso, nenhuma instituição dominante tem
surgido em cena. Não obstante, os maçons precisam ser
mencionados. A maçonaria tem-se feito presente em Seattle desde
o começo de sua história. Vários dos primeiros líderes, no mundo
dos negócios e nas igrejas, eram maçons, incluindo Doc Maynard e
o reverendo Daniel Bagley. Bagley foi maçom a vida inteira, tendo
chegado ao grau do Arco Real da maçonaria, antes mesmo de
mudar-se para Seattle. Em Seattle, ele acabou sendo escolhido
como o Grão-Mestre da primeira loja, no mesmo ano em que
aquela loja foi fundada.
15. Qual tem sido a experiência daqueles que têm migrado para a
cidade?
Geralmente, a experiência deles tem sido boa. Os fundadores
originais da cidade mostravam-se acolhedores para com os recémchegados; e nunca veio à superfície qualquer preconceito contra os
irlandeses ou contra os judeus. E isso devido a dois fatores: (1)
Poucos grandes grupos de imigrantes têm-se estabelecido em
Seattle (excetuando escandinavos em Ballard); (2) a maioria, se não
mesmo todos os imigrantes, tem-se inclinado por terminar nas
favelas da cidade, o que vem acontecendo em Seattle desde a
década de 1880. Nos fins do século XIX talvez tenha surgido, por
um breve período, um desejo de impedir a imigração de chineses
para a cidade; e isso talvez tenha alguma significação espiritual.
16. Tem havido alguma experiência traumática, como colapso
econômico, choques raciais ou terremotos?
No começo de sua história econômica, Seattle esteve ligada a
São Francisco. Quando São Francisco perdeu impulso, devido à
diminuição da corrida do ouro, Seattle também perdeu impulso.
Um importante colapso econômico ocorreu na década de 1890, o
qual praticamente destruiu os bancos da cidade de Tacoma.
Entretanto, os bancos de Seattle sobreviveram, tendo apelado para
o artifício de recursos financeiros caldeados para um tesouro
comum. Sustos econômicos mais recentes têm estado geralmente
ligados a despedidas de empregados pela Boeing, no começo da
década de 1970.
Levantes raciais (efetuados por grupos étnicos não-brancos)
ocorreram em 1968, quando a população negra da cidade passou
por um severo período de transição. Gangues, que a si mesmas se
apelidavam de "Negros" e de "Brancos", chegaram a fazer
manifestações pelas ruas, geralmente em choque um contra o
outro.
Houve grandes incêndios que afetaram Seattle, Spokane e
Ellensburgo, em 1889. Em cada uma dessas cidades, o distrito
comercial foi virtualmente destruído. Seattle e Spokane
recuperaram-se, mas o mesmo não aconteceu com Ellensburgo. A
região do centro de Seattle adquiriu grande parte de sua atual
aparência depois desse incêndio.
Descobri registros sobre dois terremotos de significativa
magnitude. Em abril de 1949 e em abril de 1965 terremotos sérios
abalaram Seattle. O segundo deles atingiu o grau 7.0.
Em 1980, o monte Saint Helens, que fica bastante perto de
Seattle, entrou em furiosa erupção vulcânica, que arrasou o cume
do monte. Isso atraiu grande atenção da nação para a cidade de
Seattle.
17. A cidade já passou pelo surgimento de alguma tecnologia de
transformação social?
E possível. Embora o avião não tenha sido inventado em
Seattle, os avanços feitos pela Companhia Boeing, quanto à
indústria aeroespacial, podem ser considerados transformadores
do quadro social.
18. Tem havido alguma repentina oportunidade de
enriquecimento, como a descoberta de petróleo, ou alguma nova
técnica de irrigação?
Sem dúvida. Todavia, essas oportunidades geralmente se têm
limitado ao comércio.
A primeira oportunidade de comércio de Seattle foi com São
Francisco, que precisava de madeira de construção. Uma segunda
oportunidade deu-se por causa da corrida do ouro no Alasca e no
rio Fraser. Os mineiros que seguiam para o norte geralmente
passavam por Seattle, na ida e na volta, gastando sempre boas
quantias em dinheiro nesse processo.
19. Houve conflitos religiosos entre religiões rivais ou entre os
cristãos?
Até esta altura das investigações, não encontrei qualquer
conflito dessa natureza. As primeiras igrejas de Seattle com
freqüência eram interdenominacionais. Houve época em que
Seattle contava com quatro ministros de denominações diferentes,
que operavam em apenas duas igrejas. Eles resolviam as suas
questões compartilhando de deveres, em vez de construírem novos
templos.
20. Qual a história dos relacionamentos entre os grupos étnicos?
Lamentável. Essa é a maior área de perturbações na história
da cidade de Seattle, o que requer muito arrependimento e oração.
Em sua maior parte, até os primórdios do século XX, as minorias
estavam centradas no distrito internacional ou nas áreas faveladas
do sul, naquilo que era conhecido como Skid Road. É mister
tentarmos compreender a história dessa região. Essa era a área
onde foram construídos os primeiros bordéis e bares. Era também
a seção da cidade onde havia jogatinas, bebedeiras e prostituição
desenfreadas. E essa era, igualmente, a área onde as minorias
étnicas tinham de viver, de acordo com as leis não escritas da
sociedade de Seattle.
Os Índios
Antes da chegada do homem branco, entre os indígenas havia
guerras e assaltos freqüentes uns contra os outros. O propósito
dessas guerras era capturar escravos, que serviam de símbolos de
riqueza e de posição social. Os escravos, entre os índios,
essencialmente não tinham quaisquer direitos. Podiam ser usados
como prostitutas, podiam ser mortos, podiam ser desfigurados, e
os seus proprietários podiam fazer com eles o que bem quisessem.
As tribos mais ferozes tendiam por estar localizadas ao norte da
Colúmbia Britânica, que hoje fica no extremo ocidental do Canadá.
Os índios locais viviam temendo aqueles grupos de índios que por
muitas vezes chegavam a seus territórios com essas missões
aterrorizantes.
Quando chegou o homem branco na região, imediatamente o
civilizado começou a explorar os índios (com a exceção dos padres
jesuítas). No princípio, os brancos vinham comerciar com couros;
todavia, depois que Seattle foi fundada, eles começaram a usar os
índios para realizarem trabalhos pesados. Naturalmente, os
indígenas eram pagos para tanto, mas recebiam muito menos do
que uma pessoa branca receberia por igual trabalho. Os brancos,
para todos os intuitos e propósitos, apossavam-se de quaisquer
terras que quisessem, ao passo que os índios eram constrangidos a
viver em reservas, "para o próprio bem deles". Eles prometiam aos
indígenas um lugar para viver, educação, ajuda para iniciar algum
negócio, assistência médica, direitos à pesca, e assim por diante.
Mas os civilizados quase nunca cumpriam essas promessas, tal
como continuam descumprindo os seus tratados com os índios, até
ao dia de hoje.
As escravas índias eram tratadas de maneira extremamente
inadequada. Os indígenas já tinham padrões sexuais muito
frouxos; e os homens brancos descobriram logo que não era difícil
explorar sexualmente as mulheres indígenas. John Pennell veio de
São Francisco até à área de Seattle, em 1861, e deu início ao
bairro Skid Road, em Seattle. Ele estabeleceu bares e bordéis para
atrair o grande número de homens solteiros que tinham dinheiro
para gastar e que queriam companhia feminina e entretenimento.
Essas "trabalhadoras" femininas eram índias (até que, finalmente,
chegaram algumas prostitutas profissionais, vindas de São
Francisco, durante a década de 1870). Essas prostitutas eram ou
escravas adquiridas de tribos indígenas locais ou mulheres que
tinham sido induzidas a vir morar naquela área, sob a promessa
de um lugar para ficarem, comida e roupa. Mas o que elas
encontravam era uma vida prostituída, exploração e muito abuso.
Muito pouco, ou mesmo nada, foi feito para pôr fim aos
estabelecimentos iniciados por Pennel.
A justiça também era negada aos indígenas. Quando Bad Jim,
um índio, foi linchado, os seus linchadores brancos foram julgados
em um tribunal. Um dos homens brancos, que estava sendo
julgado, fez parte do grande júri que o estava julgando
(renunciando apenas ao ser condenado). Quando um homem
branco se confessava culpado, o tribunal imediatamente indicava
um advogado para declará-lo inocente. Após um breve
"julgamento", todos os homens brancos eram inocentados de
qualquer crime que tivessem cometido, mesmo quando a culpa
deles fosse inegável. Em contraposição, todos os índios
apresentados para julgamento geralmente eram linchados ou
condenados, sem importar quais fossem as evidências, contra ou a
favor deles. O chefe Leschi foi julgado e enforcado por homicídio,
embora as evidências fossem extremamente circunstanciais e
apesar de muitos de seus amigos (incluindo Doc Maynard) terem
argüido em favor de sua inocência.
Os Afro-Americanos
Os afro-americanos têm tido um interessante relacionamento
com Seattle. A cidade começou a crescer terminada a Guerra Civil
americana, e por lei estava em um território contrário à
escravatura, razão pela qual a questão nunca constituiu um
problema na cidade. Seattle, porém, se era contra a escravatura,
também era contra os negros, pelo que os negros nunca foram bem
acolhidos na cidade, sendo-lhes conferidos bem poucos direitos.
Seattle era uma cidade de "brancos". Os negros que ali porventura
chegavam acabavam descobrindo que só podiam residir em uma
área, ou seja, as favelas ao sul da Skid Road, o gueto de Seattle.
Mesmo com a passagem dos anos, a população negra recebia ali
bem poucos direitos. Os contratos das uniões trabalhistas
excluíam os negros, até que, já em 1940, os tribunais interromperam essa norma.
Os Chineses
Os chineses tiveram de enfrentar o seu período de injustiças
sofridas, nos fins da década de 1880. Os chineses tinham sido
originalmente contratados para construir estradas de ferro e
efetuar outras tarefas braçais pesadas e perigosas. Depois que as
estradas de ferro tinham sido construídas, os chineses começaram
a mudar-se para as cidades estabelecidas, incluindo Seattle, e, ali
chegando, estabeleceram-se nas favelas da Skid Road. Muitos
brancos entenderam que isso era uma ameaça para os seus
empregos, e resolveram fazer alguma coisa no tocante aos
trabalhadores chineses. Após semanas de reuniões e agitações, as
multidões passaram a agir. Reuniram os chineses e começaram a
embarcá-los à força em um navio a vapor, rumo a São Francisco.
Mas foi então que um juiz interveio e fez parar a questão, e
eventualmente as coisas voltaram à normalidade.
O que nos deixa boquiabertos é quem eram as pessoas que se
envolveram ou não se envolveram na expulsão dos chineses de
Seattle. Somente uma igreja, metodista episcopal, publicou uma
declaração opondo-se ao movimento anti-chinês. Eventualmente, o
tribunal decidiu que os chineses não podiam ser expulsos; mas a
verdade é que várias centenas deles abandonaram de qualquer
forma a região, principalmente por motivo de medo.
Segunda Seção
DISCERNINDO SEATTLE
Por Bev Klopp
Estou muito agradecida pelas pesquisas feitas por Mark
McGregor, que lhe permitiu lançar os alicerces do mapeamento
espiritual da cidade de Seattle. Muitos dos fatos por ele trazidos à
tona fornecerão diretrizes futuras para as intercessões em favor de
Seattle, enquanto eles continuam orando pela nossa querida
cidade.
Antes mesmo das pesquisas feitas por Mark, alguns de nós já
estavam intercedendo pela Cidade Esmeralda. Estou feliz por
anunciar que o número de crentes humildes, chamados por Deus
para mergulharem na batalha espiritual em favor de Seattle e pela
área noroeste de nosso país, à beira do Pacífico, está aumentando
rapidamente. Para vermos o Reino de Deus derramar-se sobre
Seattle, precisamos de um maior número de intercessores e
precisamos de maiores informações sobre nossa cidade e região.
Essa combinação de fatores nos provera um quadro mais nítido da
cidade, conforme ela realmente é, e não como ela parece ser,
tomando por empréstimo as palavras de George Otis, Jr.
Os pensamentos que estou aqui compartilhando com o leitor
emergiram depois de incontáveis horas de oração, por muitas vezes
agonizada, que rasgaram o meu coração, em favor da nossa cidade.
Percebo que não dispomos de respostas definitivas para todos os
poderes espirituais das trevas, que procuram manter Seattle em
servidão, pelo que aquilo de que compartilho aqui deve ser visto
como derivado de um povo que está em processo de formação. Ao
mesmo tempo, não podemos esconder o fato que cremos que está
sendo obtido bastante progresso espiritual.
ORAÇÕES REMIDORAS
Na qualidade de líderes e intercessores, temos sido orientados
pelo Senhor para tentar traduzir o tipo de pesquisa histórica que
Mark McGregor tem feito no campo das orações remidoras, da
guerra espiritual eficiente, e da evangelização restauradora, capaz
de derrubar fortalezas. E temos sido encorajados quanto a tudo
isso por termos visto alguns resultados positivos, sob a forma de
despertamento da Igreja e de salvação de almas. Temos clamado a
Deus, escudados no trecho de 2 Crônicas 7.4-16, unidos em
oração e arrependimento. A semelhança de Elias, cremos que
temos visto a pequena nuvem da presença de Deus, preparando-se
para liberar um grande derramamento do Espírito Santo em uma
escala nunca antes vista na nossa região.
Na posição de maior cidade do estado de Washington, Seattle
de muitas maneiras é uma moderna fronteira paga da
independência, onde se evidenciam todas as perversões possíveis
da adoração à deidade e do amor do Pai. O mestre dos ludíbrios
tem mantido, há muito tempo, tanto Seattle quanto a região do
noroeste das costas do Oceano Pacífico oprimidos pelas trevas
espirituais. Mas atualmente o inimigo estremece, desmascarado
diante daqueles que possuem coração puro, que estão dispostos a
obedecer a Deus, corajosa e sacrificialmente. Acredito que, nesta
hora, o Senhor desceu e colocou o seu pé sobre o estado norteamericano de Washington, pronto a demonstrar o seu poder
mediante gloriosos atos de compaixão.
O estado de Washington é conhecido como o estado norteamericano que conta com o menor número de igrejas, em
proporção à sua população, além de ser um dos três maiores
centros do mundo do movimento da Nova Era. Há menos de um
ano, Washington foi um foco da atenção nacional, por terem sido
tomadas duas importantes decisões por voto do legislativo estadual,
uma delas fortalecendo os direitos de aborto, e a outra permitindo
a eutanásia. E assim, muitos cidadãos viram o nosso estado como
uma força liderante quanto a ambas essas questões tão duvidosas.
Outrossim, Seattle é considerada por muitos como uma das
cidades mais liberais da América do Norte. Também é conhecida
como a cidade com o maior contingente de homossexuais de toda a
costa ocidental dos Estados Unidos da América.
Conforme indicou Mark McGregor, a vida dos primeiros
habitantes, os ameríndios, bem como os fundadores brancos de
Seattle refletem laços ímpios que, com freqüência, podem ser
explicados por suas raízes pagãs e por suas alianças pecaminosas
com o inimigo. Para exemplificar, os índios norte-americanos são
herdeiros da cultura mongol, pois eles chegaram da Sibéria e do
Extremo Oriente, trazendo com eles as suas práticas
entrincheiradas no xamanismo e na adoração de deusas.
No passado, muitas das tribos indígenas do noroeste norteamericano aliaram-se aos poderes espirituais das trevas mediante
o contato com os espíritos dos ancestrais. Eles realizavam ritos
pessoais para induzir os espíritos guias a ajudá-los a conquistar
riquezas e escravos, bem como para terem êxito na guerra, na caça,
na pesca e na cura de doenças diversas. Muitas daquelas pessoas
preciosas foram afundadas mais ainda em suas raízes xamanistas
através das dificuldades da vida, dos saques impostos por outras
tribos e pela exploração e desilusão que surgiram em resultado do
tratamento que lhes foi dispensado pelos primeiros colonos
europeus. Isso ficou refletido no célebre discurso do chefe Seattle:
"O Deus de vocês ama o povo de vocês... Ele se esqueceu de seus
filhos de pele vermelha, se é que realmente são seus filhos".
Conforme salientou Mark McGregor, o famoso discurso do
chefe Seattle expressou esse desespero de que o Deus dos brancos
parecia não amar os índios. De que outra maneira ele poderia
haver interpretado a ganância, a avidez pelo sangue, os abusos e a
injustiça de muitos dos primeiros colonizadores de Seattle? Mas o
chefe Seattle também prosseguiu para dizer que os "mortos
invisíveis" de sua tribo permaneceriam. Por ocasião daquela
mesma fala, disse ele: "Nossa religião consiste nas tradições de
nossos antepassados — os sonhos de nossos homens velhos,
conferidos... pelo Grande Espírito. A noite... quando descer o
silêncio sobre as ruas das cidades de vocês... elas ficarão
apinhadas com as nossas hostes, que estarão voltando".
Os homens da raça branca não pecaram somente contra os
indígenas nativos. McGregor salientou que abusos similares
ficaram registrados no tocante aos asiáticos e aos africanos,
através da exploração de um trabalho barato, atos ilegais e outras
injustiças. Os pecados de reação e vingança, de uns contra os
outros, em vez da atitude de perdão e arrependimento, armaram
em Seattle o palco para o levantamento de outras fortalezas
espirituais da maldade.
UMA IGREJA IMPONENTE
Infelizmente, a Igreja não foi ainda capaz de derrubar as
fortalezas do mal com a mensagem do amor de Deus, em parte por
causa de suas próprias concepções errôneas, mundanismo,
transigências e indiferença. Em conseqüência, as mentiras do
inimigo têm sido reforçadas, estabelecendo novas "fortalezas
mentais", conforme diria Cindy Jacobs, umas contra as outras e
contra o verdadeiro conhecimento das verdades libertadoras de
Deus. Divisões mais profundas resultaram disso, e os poderes
malignos por detrás de tanta malignidade ficaram essencialmente
ocultos, não tendo sido desmascarados. Por exemplo, as tribos
aborígines da área estão separadas e isoladas no desespero de
suas reservas, espalhadas por todo o estado, enquanto os ricos e
os poderosos continuam predominando em seus "reinos", na
cidade, com os seus deuses do materialismo, do hedonismo, do
racionalismo e do intelectualismo.
Estamos vendo que até hoje continuam postos os restos das
vendas de Satanás sobre as mentes dos incrédulos. Parece ter
havido um "fascínio atordoante" que cativa as mentes dos crentes e
dos incrédulos, por meio do ludibrio e da sedução religiosos, da
apatia, da separação e da falta de unidade. Tudo isso parece
apontar para as forças malignas mencionadas no sexto capítulo da
epístola aos Efésios, que têm reivindicado seus direitos em
resultado desses padrões pecaminosos entrincheirados e pelas
alianças profanas que homens têm estabelecido com o inimigo.
Essas alianças têm conferido ao adversário um poder
irrestrito e um largo acesso ao estado de Washington e seus grupos
populacionais. Isso pode ser averiguado através da continuação de
iniqüidade de gerações, através do aumento do movimento da Nova
Era, através dos rituais satânicos, das leis injustas, das
festividades profanas e dos pactos feitos por muitos indivíduos com
as forças satânicas. No passado, isso foi ilustrado por tratados
injustos acerca de terras, acordos violados entre os índios norteamericanos e os primeiros colonizadores brancos, injustiças
sociais contra grupos minoritários e a remoção da oração das
escolas. Esses acordos são decretos espirituais de direitos, que
permitem ao inimigo manter-se continuamente entrincheirado
dentro de suas fortalezas. Atualmente, os líderes dessa área estão
tomando consciência e estão ficando alertas diante do
conhecimento espiritual e da unidade necessária para que essas
fortalezas sejam derrubadas.
DEVERÍAMOS CHAMAR AS POTESTADES PELOS SEUS
NOMES?
Entendemos que nem todos concordam que devemos
perscrutar profundamente o bastante, em nossa intercessão, para
saber quais os nomes próprios dos principados e das potestades
que dominam alguma cidade, como Seattle. Não insisto que
conhecer esses nomes seja um fator essencial para uma eficaz
guerra espiritual (mas ver Mc 5.9 e Lc 8.30). Peter Wagner tem
discutido essa questão em seu livro, intitulado Oração de Guerra, e
concordo com a conclusão dele: "Embora nem sempre seja
necessário dar nomes aos poderes, ainda assim, se puderem ser
descobertos esses nomes, sem importar se são nomes pessoais ou
funcionais, usualmente é útil enfocar isso na oração de guerra".2
Não quero mostrar-me dogmática quanto a esse aspecto da
questão, mas muitos de nós que têm laborado na intercessão pela
cidade sentem que temos chegado a algum acordo quanto às
identidades das principais potestades. A maioria delas consiste em
espíritos especificamente chamados por nome nas Escrituras.
Alguns dos nomes que pudemos descobrir surgiram
relacionados a fortalezas particulares desta região. Dou aqui
nomes a algumas dessas falsas divindades, por causa de seu
"fruto", o que pode ajudar-nos a vincular as potestades espirituais
que controlam esta área: Apoliom (ver Ap 9.11), o Destruidor, que
tem sua morte e destruição, seu espírito de adivinhação e suas
obras de Jezabel, bem como seu espírito anticristão de ludibrio,
rebeldia, idolatria e cobiça. Belzebu (ver Mt 12.24), ou seja, o chefe
dos demônios, com seu controle e suas manipulações, com seus
simulacros religiosos dos dons e com a sua doutrina de demônios.
Asmodeu (que figura no livro apócrifo de Tobias 3.8), com suas
seduções religiosas, ganância e perversões sexuais. Belial (ver 2 Co
6.15), com seus falsos profetas e pastores, com seus líderes
injustos da iniqüidade, com sua iniqüidade e com seus falsos
ensinos. Em adição a esses há um espírito reconhecido como
"Grande Espírito", na parte noroeste dos Estados Unidos,
inspirador do xamanismo e da adoração aos antepassados.
Ademais, existem espíritos chamados Androginia e o Dragão,
arrebatador de almas. Juntamente com esses ocorrem a destruição
de pessoas, distorções do amor e da verdade de Deus, violência e
abusos sexuais contra mulheres e crianças, e perversões de toda
espécie nos papéis sexuais masculino e feminino e o
relacionamento entre os dois sexos. Eles estão vinculados à cobiça,
à pornografia, à bruxaria, ao racismo e ao espírito de religiosidade
piegas. Também pensamos que temos podido identificar um
espírito regional que ocupou o monte Rainier, o qual desde há
muito vem sendo adorado como o "deus altíssimo", através das
avenidas da adoração a Satanás, da adoração à deusa e terra mãe,
através do xamanismo e através das atividades da Nova Era.
Finalmente, também precisamos levar em conta um conceito
belicoso, pirata e aventureiro como o de um marinheiro,
relacionado aos negócios, a leis injustas, ao consumo de drogas e
ao uso do ópio.
A CURA COMEÇA PELO ARREPENDIMENTO
Em nosso papel de intercessores, temos procurado fazer
retroceder o holocausto espiritual causado por esses malignos
espíritos que povoam os céus de Seattle. Esses espíritos têm
provocado o caos, a confusão e o tormento entre a nossa gente, já
faz muitos anos. E a conseqüência disso tem sido uma vereda
salpicada de mortes. Por meio da oração, todavia, estamos
procurando quebrar o poder e as maldições que conservam as
pessoas atreladas a seus fracassos passados. Estamos orando
para que as máscaras sejam retiradas, e para que o espírito
sectarista seja desmascarado por intermédio do arrependimento.
Temos procurado a graça e a misericórdia de Deus quanto aos
pecados passados, e temos rogado que o Senhor cure as feridas.
Temos clamado para que Deus quebre os padrões, a dureza de
coração e a insensibilidade das pessoas, tanto crentes quanto
incrédulas, e que daí resultem corações penitentes que perdoem e
estendam a graça e a misericórdia uns para com os outros.
Mediante o arrependimento, a purificação e o rompimento de
laços pecaminosos, esses espíritos devem desaparecer. Uma
legislação justa, o estabelecimento de uma adoração piedosa e
relacionamentos amistosos entre as pessoas podem quebrar mais
ainda os "direitos" que foram sendo adquiridos por esses espíritos
territoriais. A guerra espiritual e as orações de ação profética,
como aquelas descritas por Kjell Sjöberg (ver o quarto capítulo)
podem afrouxar o laço apertado, pelo menos por algum tempo,
preparando as mentes para que se abram ao evangelho, e, por
conseguinte, ao livramento final que se deriva do arrependimento
pessoal e do viver diário piedoso. Na qualidade de intercessores,
temos jejuado e orado com freqüência, procurando a cura
espiritual para a nossa cidade. Passo a passo, o Espírito Santo nos
tem guiado em nossas orações, tendentes a derrubar as fortalezas
do mal nesta nossa região do país.
DERRUBANDO FORTALEZAS
Abaixo oferecemos dois exemplos das muitas maneiras como
temos procurado produzir as mudanças necessárias, através da
oração e da reconciliação.
Oração
Vários anos atrás, começamos a orar sobre a área da praça
Pioneira, situada na parte mais antiga da cidade. Esse segmento
de Seattle foi literalmente construído sobre as suas próprias ruínas,
por motivo do incêndio que foi descrito por Mark McGregor. Isso
nos prove um quadro natural que revela as condições espirituais
da cidade. Quando orávamos, passando pelas edificações feitas
abaixo do nível do solo, lembrando a corrupção passada da cidade
e de seus líderes fundadores, sentimos uma imensa tristeza.
Identificamo-nos com os pecados deles por meio de nossas
próprias raízes de queda espiritual e confessamos tanto os nossos
pecados pessoais quanto a nossa indiferença, falta de unidade e
transigência moral nas igrejas. Buscamos a misericórdia de Deus e
o seu perdão, estribados no trecho de João 20.23: "Aqueles a quem
perdoardes os pecados, lhes são perdoados..." Sim, temos
reivindicado arrependimento e restauração para a igreja e para os
habitantes da cidade de Seattle.
O combate contra a cegueira das mentes, imposta por
Satanás, subiu facilmente aos nossos corações e mentes, quando a
iniqüidade patente e o ludibrio pespegado pelo inimigo foi
desmascarado. Usando os princípios ensinados no décimo capítulo
de Jeremias, temos começado a derrubar e a desarraigar, sempre
que nos defrontamos com os espíritos maus por detrás da
ganância, do oportunismo, do engano, do orgulho, da rebeldia, da
independência, da orgia, da prostituição, da sodomia, do homicídio,
do racismo, das atitudes preconceituosas, do desespero, da
pobreza abjeta, da indiferença religiosa, da influência da
maçonaria, do liberalismo, da rivalidade, da contenda, da
suspeição, do interesse próprio, da auto-exaltação, do domínio, da
injustiça, da alienação ou da opressão. Lançamos mão dos
princípios ensinados em 2 Coríntios 10.4-6 e começamos a
derrubar falsos argumentos e crenças contrárias a Deus e à sua
verdade. Nossa fé robusteceu-se quando começamos a proclamar o
senhorio de Jesus Cristo e declaramos profeticamente a palavra de
Deus, com cânticos que declaram a derrota das trevas.
Arrependimento
Em maio de 1992, a Gateway Ministries Internacional, aos
quais sirvo, convidou pastores e líderes municipais para um
desjejum de meio de manhã, com o propósito de nos
arrependermos de nossos preconceitos raciais e por causa das
raízes históricas de mágoas de fundo racial em nossa região.
Quase todos os grupos étnicos estavam representados.
Começamos com o relacionamento original que fora quebrado
entre os aborígines norte-americanos e os primeiros colonos
brancos, e fomos passando de grupo étnico em grupo étnico. Na
ocasião, havia mais de duzentas mulheres vindas do estado inteiro,
reunidas para uma vigília de oração de vinte e quatro horas, no
centro de Seattle, para orarem pela cidade e pelos líderes
eclesiásticos presentes. Perdão e arrependimento também foram
expressos entre as mulheres dos vários grupos étnicos presentes.
Também houve expressões de arrependimento diante dos pecados
de relacionamento entre os homens e as mulheres. Curas notáveis
tiveram lugar, e foram semeadas as sementes da renovação
espiritual.
OS DONS REMIDORES DE SEATTLE
O Corpo místico de Cristo em Seattle está começando a unirse. Se quisermos poder desfechar um maior impacto sobre as
nossas comunidades, precisaremos aumentar a nossa vigilância no
tocante a vigílias de oração por toda a cidade, bem como no
tocante a uma estratégia unificada para um evangelismo que
produza o arrependimento e a reconciliação. Fortalezas serão
deitadas por terra, quando nos amarmos uns aos outros e, então,
juntos, exaltarmos o nome do Senhor Jesus. "E eu, quando for
levantado da terra, todos atrairei a mim" (Jo 12.32).
Por meio de nosso arrependimento, a Igreja receberá o
poder de efetuar uma intercessão eficaz e de pregar
poderosamente o evangelho. A Igreja precisa elevar-se à
altura de sua herança, pois hoje é o kairós (o tempo
oportuno) de o Senhor entrar triunfalmente pelos portões
da nossa cidade.
Seattle está sendo chamada para ser uma cidade em uma
colina, uma cidade que não possa jazer escondida — um refúgio da
luz. Ela será uma cidade que glorifique a Deus por meio da
adoração e do louvor, compartilhando de dons espirituais e físicos
com as nações. Seattle deverá ser uma cidade missionária que
anuncie a vida e o amor de Jesus Cristo a multidões, através da
oração, da proclamação e da doação de si mesma.
As forças espirituais do mal que estão por detrás de suas
fortalezas, que têm afetado a cidade de Seattle e o estado de
Washington já faz agora séculos, em breve haverão de dobrar os
joelhos, quando a Igreja unir-se para alcançar os perdidos e os
feridos pelas injustiças da vida. Os mais fracos entre os fracos, os
mais pobres entre os pobres, e os mais desiludidos e oprimidos em
breve levantar-se-ão a fim de derrotar o inimigo, que os tem
esmagado desde os seus primórdios históricos. Por meio de nosso
arrependimento, a Igreja receberá o poder de efetuar uma
intercessão eficaz e de pregar poderosamente o evangelho. A Igreja
precisa elevar-se à altura de sua herança, pois hoje é o kairós (o
tempo oportuno) de o Senhor entrar triunfalmente pelos portões da
nossa cidade.
Perguntas para refletir
1. Por que este capítulo foi dividido em duas partes? Isso é significativo?
2. Qual é o sentido da expressão "orações remidoras"? Em que esse
método de oração difere de outros métodos?
3. De quais maneiras a igreja pode servir de obstrução do poder de
Deus em uma cidade? Esse é o caso das igrejas existentes em sua
cidade?
4. Segundo você pensa, quão importante é descobrir os nomes dos
espíritos territoriais que dominam uma cidade qualquer?
5. Qual o papel desempenhado pelo arrependimento, na guerra
espiritual em nível estratégico? Explore as maneiras como um
arrependimento sério poderia funcionar em sua cidade.
Notas
1. DAWSON, John. Reconquiste Sua Cidade Para Deus. Venda Nova,
MG, Editora Betânia, 1995. Usado por permissão.
2. WAGNER, C. Peter. Oração de Guerra. São Paulo, Editora
Bompastor, p. 144, 1ª ed.
9. MAPEANDO A SUA COMUNIDADE
Por C. Peter Wagner
Muitos leitores deverão estar pensando: Como poderei fazer
isso em minha cidade ? Visto que poucos líderes evangélicos
atualmente têm muito pano-de-fundo formativo nesse terreno do
mapeamento espiritual, a resposta a essa pergunta não vem à tona
com facilidade. Importa não cairmos no ardil de pensar que se
trata de alguma forma de mágica que funcionará se fizermos as
coisas da mesma maneira que fizeram Victor Lorenzo ou Bev Klopp.
Não existe uma maneira única e padronizada de fazermos
mapeamento espiritual.
Tendo dito esse tanto, também quero destacar que há
diretrizes que podem ser úteis. Este breve capítulo de sumário tem
por finalidade fornecer algumas dessas diretrizes. Na preparação
do sumário, revisei todos os capítulos deste volume nos quais os
contribuintes mencionaram perguntas que eles costumam fazer ou
modos de proceder de que usualmente lançam mão quando estão
mapeando espiritualmente uma cidade ou uma região. Também
tirei proveito de algum material valioso preparado por Cindy
Jacobs, mas que não se acha no capítulo escrito por ela. Se
reunirmos todas essas informações, contaremos com uma lista
sistematizada de perguntas a serem feitas, quando estivermos
preparando o nosso mapeamento espiritual. Essa lista de
perguntas não é nem completa e nem final. Talvez você queira
acrescentar algumas outras perguntas. Algumas delas talvez não
tenham a menor utilidade para você. Mas já será um começo.
Existem muitos níveis de mapeamento espiritual. Você
poderia preparar o mapeamento de seu bairro ou da zona de sua
cidade em que você mora. Mas você também poderia fazer o
mapeamento de sua cidade como um todo, ou então da cidade e
suas circunvizinhanças, ou de seu estado ou província, ou até
mesmo de seu país inteiro. Alguns crentes haverão de querer
mapear grupos de nações. Para efeito de maior simplicidade,
vamos supor que estaremos mapeando uma cidade, pelo que
usarei de palavras adaptáveis a isso. Mas as mesmas perguntas,
como é óbvio, podem aplicar-se virtualmente a qualquer área
geográfica.
O primeiro passo consiste em recolhermos informações; o
segundo passo consiste em agirmos de acordo com essas
informações. Com isso não quero dizer que o primeiro passo inteiro
deva ser completado antes que possamos começar o segundo
passo. Pois ambos os passos podem e devem operar
simultaneamente. Mas a oração de ação mostrar-se-á mais eficaz
se estiver alicerçada sobre informações sólidas.
PRIMEIRO PASSO:
RECOLHIMENTO DE INFORMAÇÕES
Seguindo as orientações dadas por contribuintes como
Haroldo Caballeros, vou dividir a fase de recolhimento de
informações em três partes: (1) Pesquisa histórica; (2) pesquisa
física; e (3) pesquisa espiritual. Se você quiser distribuir essas três
partes a três equipes distintas, conforme costuma fazer Caballeros,
isso depende somente de você. Mas se você dispuser de pessoal
suficiente, há algumas vantagens nessa regra.
PESQUISA HISTÓRICA
I. A HISTÓRIA DA CIDADE
A. Fundação da Cidade
1. Quem eram as pessoas que fundaram a cidade?
2. Quais foram os motivos pessoais ou coletivos para a fundação
da cidade? Quais eram as suas crenças e filosofias? Qual visão tinham eles acerca do futuro da cidade?
3. Qual o significado do nome original da cidade?
• Esse nome foi alterado?
• Há outros nomes ou designações populares para a cidade?
• Esses nomes têm alguma significação? Estão ligados a alguma
religião? São nomes de demônios ou artes ocultas? Apontam para
alguma bênção? Maldição? Iluminam o dom remidor da cidade?
Refletem o caráter dos habitantes da cidade?
B. História Posterior da Cidade
1. Qual o papel que a cidade tem desempenhado na vida e no caráter da nação como um todo?
2. Ao surgirem líderes proeminentes da cidade, qual a visão deles
acerca da cidade?
3. Terá havido mudanças radicais no governo ou na liderança política da cidade?
4. Terá havido mudanças significativas ou repentinas na vida
econômica da cidade? Fome? Depressão? Tecnologia? Indústria?
Descobrimento de recursos naturais?
5. Qual imigração significativa tem ocorrido? Houve a imposição de
alguma nova linguagem ou cultura sobre a cidade como um todo?
6. Como têm sido tratados os imigrantes ou as minorias? De que
maneira as raças ou grupos étnicos têm-se relacionado uns com os
outros? As leis municipais têm legitimado o racismo em qualquer
sentido?
7. Os governantes da cidade têm violado tratados, contratos ou
pactos?
8. Alguma guerra tem afetado diretamente a cidade? Na cidade
propriamente dita, houve alguma batalha? Houve derramamento
de sangue?
9. De que maneira a cidade tem tratado os pobres e os oprimidos?
A ganância tem caracterizado os governantes da cidade? Há
evidências de corrupção política, econômica ou religiosa nas instituições da cidade?
10. Quais desastres naturais têm afetado a cidade?
11. A cidade tem algum lema ou slogan? Qual é o seu significado?
12. De que tipo de música as pessoas gostam e costumam ouvir?
Qual mensagem elas recebem da parte dessa música?
13. Quais são as cinco palavras que a maior parte dos habitantes
da cidade usariam para caracterizar os aspectos positivos de sua
cidade hoje em dia? E quais as cinco palavras que eles usariam
para caracterizar os aspectos negativos da cidade?
II. HISTÓRIA DA RELIGIÃO NA CIDADE
A. Religiões Não-Cristãs
1. Quais eram os conceitos e as práticas religiosas dos habitantes
da área, antes de cidade ter sido fundada?
2. Considerações religiosas foram fatores importantes na fundação
da cidade?
3. Alguma religião não-cristã entrou na cidade em proporções
significativas?
4. Quais ordens significativas (como a maçonaria) se têm feito
presentes na cidade?
5. Quais esconderijos de serpentes, grupos de satanistas ou outros
cultos diabólicos têm operado na cidade?
B. Cristianismo
1. Quando entrou o cristianismo na cidade, se é que entrou? Sob
quais circunstâncias?
2. Os primeiros ou os últimos líderes cristãos têm sido maçons?
3. Qual papel a comunidade cristã tem desempenhado na vida da
cidade como um todo? Tem havido mudanças nisso?
4. O cristianismo está crescendo na cidade, parou em um patamar,
ou está declinando?
PESQUISAS FÍSICAS
1. Localize diferentes mapas da cidade, especialmente os mais
antigos. Quais modificações tiveram lugar nas características
físicas da cidade?
2. Quem foram os planejadores que pensaram em fundar a cidade?
Algum deles era seguidor da maçonaria?
3. Haverá desenhos ou símbolos significativos embebidos no plano
original ou planta baixa da cidade?
4. Haverá alguma significação na arquitetura, na localização ou na
relação das posições dos edifícios centrais, sobretudo daqueles que
representam os poderes político, econômico, educacional ou
religioso da cidade? Os maçons lançaram qualquer das pedras
fundamentais da cidade?
5. Tem havido qualquer significação histórica no terreno particular
sobre o qual um ou mais desses edifícios foi localizado? Quais
eram os proprietários originais das terras onde está a cidade?
6. Qual é o pano-de-fundo dos parques e das praças da cidade?
Quem os comissionou e fundou? Qual significação poderiam ter os
seus nomes?
7. Qual é o pano-de-fundo e a possível significação das estátuas e
monumentos da cidade? Algum desses objetos reflete
características demoníacas, glorificando a criatura, em vez de
glorificar o Criador?
8. Quais outras obras de arte aparecem na cidade, especialmente
nos edifícios públicos, museus ou teatros? Procure especialmente
por obras de arte sensual ou demoníaca.
9. Haverá algum local arqueológico proeminente na cidade? Qual
significado poderia ter esse sítio?
10. Qual é a localização de centros altamente visíveis de pecado,
como clínicas de aborto, livrarias ou teatros pornográficos,
lupanares, jogatina, tavernas, atividades homossexuais, etc.?
11. Onde existem áreas que concentram atividades baseadas na
cobiça, na exploração, na pobreza, na discriminação, na violência,
nas enfermidades ou em acidentes freqüentes?
12. Onde se encontram locais de derramamento de sangue no
passado ou no presente, através de massacres, guerras ou
assassinatos?
13. A posição de árvores, colinas, pedras ou rios forma qualquer
padrão aparentemente significativo?
14. Certos marcos do território da cidade têm designações que tendem por desonrar o nome de Deus?
15. Qual é o ponto geográfico mais alto da cidade, e o que está
construído ou localizado ali? Talvez se trate de uma declaração de
autoridade espiritual maligna.
16. Quais zonas, setores ou bairros de sua cidade parecem ter
características todas próprias? Procure discernir áreas da cidade
que parecem ter meios ambientes espirituais diferentes.
PESQUISA ESPIRITUAL
A. Não-Cristãos
1. Quais são os nomes das principais divindades ou espíritos
territoriais associados ao passado ou presente da cidade?
2. Quais são as localizações de lugares elevados, altares, templos,
monumentos ou edifícios associados à feitiçaria, ao ocultismo, às
adivinhações, ao satanismo, à maçonaria, ao mormonismo, às religiões orientais, às Testemunhas de Jeová e cultos similares?
Quando localizados em um mapa, esses locais formam algum
padrão discernível?
3. Quais são os lugares onde, no passado, havia alguma adoração
pagã, antes mesmo da fundação da cidade?
4. Quais são os diferentes centros culturais que poderiam conter
objetos de arte ou artefatos vinculados à adoração pagã?
5. Algum líder da cidade, tendo consciência disso, dedicou-se a alguma divindade pagã ou a algum principado demoníaco?
6. Houve maldições conhecidas lançadas pelos habitantes originais
sobre a terra ou sobre aqueles que fundaram a cidade?
B. Cristãos
1. Como têm sido recebidos na cidade os mensageiros de Deus?
2. A evangelização da cidade tem sido fácil ou difícil?
3. Onde estão localizadas as igrejas? Quais delas você veria como
igrejas "doadoras de vida"?
4. As igrejas da cidade são espiritualmente saudáveis?
5. Quais são os líderes evangélicos considerados como "anciãos da
cidade"?
6. É fácil alguém orar em qualquer das áreas da cidade?
7. Qual é a condição de unidade entre os líderes evangélicos, se
considerarmos as questões étnicas e denominacionais?
8. Qual é a opinião dos líderes da cidade no tocante à moral cristã?
C. Divulgadoras
1. Quais são os intercessores maduros e reconhecidos que ouvem
recados de Deus a respeito da cidade?
2. Qual é a identidade dos principados de proa que aparentemente
controlam a cidade como um todo, ou certas áreas da vida ou do
território da cidade?
SEGUNDO PASSO:
AGINDO COM BASE NAS INFORMAÇÕES
Uma das vantagens para quem conta com diversos
contribuintes, em um livro como este, é que isso prove diversas
abordagens diferentes à guerra espiritual em nível estratégico. Já
vimos Cindy Jacobs levar os pastores da cidade de Resistência ao
arrependimento. Vimos o amigo de Kjell Sjöberg infiltrar-se na
organização sueca de ocultismo, e igualmente observamos Haroldo
Caballeros encontrar o nome de um valente em certo jornal da
Guatemala. Vimos Bob Beckett fincar estacas de carvalho no chão,
nas estradas para Hemet. Por igual modo, vimos Víctor Lorenzo
unir-se com outros crentes para formarem uma cruz humana no
centro da praça central, em La Plata, na Argentina, e também já
acompanhamos Bev Klopp expressar arrependimento em edifícios
subterrâneos. Todos eles descobriram alguma vantagem nos
métodos de que se utilizaram, mas nenhum deles asseverou que os
outros deveriam fazer como eles costumam agir.
Por meio da oração, Deus mostrará aos líderes, cidade após
cidade, qual ação é a mais apropriada para a situação particular
de cada um. Entrementes, há algumas regras gerais para se
ministrar em uma cidade, usando a guerra espiritual em nível
estratégico. Aqueles que leram o primeiro livro desta série, Oração
de Guerra, ter-se-ão familiarizado com as regras acerca da
conquista de uma cidade, conforme expliquei aqui. Para benefício
daqueles que não leram aqueles livros, ou para benefício daqueles
que se olvidaram dos princípios básicos, simplesmente alistarei as
mesmas seis regras, sem qualquer outra explicação:
Regra 1: A Área
Selecione uma área geográfica que você possa controlar, com
fronteiras espirituais discerníveis.
Regra 2: Os Pastores
Garanta a unidade entre os pastores e outros líderes
evangélicos na região e comecem todos a orar juntos, de uma
maneira regular.
Regra 3: O Corpo de Cristo
Projete a imagem mental clara de que o esforço não é alguma
atividade meramente dos pentecostais e carismáticos, mas de todo
o Corpo de Cristo.
Regra 4: A Preparação Espiritual
Garanta a preparação espiritual dos líderes participantes e de
outros crentes, por meio do arrependimento, da humildade e da
santidade.
Regra 5: A Pesquisa
Pesquise o pano-de-fundo histórico da cidade, a fim de
detectar quais forças espirituais têm dado forma à cidade. (Isso foi
coberto na primeira parte deste capítulo, intitulada "Recolhimento
de Informações".)
Regra 6: Os Intercessores
Trabalhe em companhia de intercessores especialmente
dotados e chamados para se ocuparem da guerra espiritual em
nível estratégico e para buscarem a revelação divina acerca destes
pontos: (a) O dom ou dons remidores da cidade; (b) as fortalezas de
Satanás na cidade; (c) os espíritos territoriais designados por
Satanás para a cidade; (d) pecados coletivos passados e presentes,
que precisam ser resolvidos; e (e) o plano de ataque e o tempo
oportuno determinados por Deus.
Perguntas para refletir
1. Este capítulo contém sessenta quesitos acerca do mapeamento
espiritual. Algumas dessas perguntas porventura não se aplicam à
sua cidade? Nesse caso, elimine-as.
2. Use as perguntas restantes para fazer o mapeamento espiritual
de sua cidade. Uma ou mais pessoas podem fazer isso em sua
companhia.
3. Marque o que você descobrir em mapas literais da cidade. Compare as suas descobertas com as de outros líderes evangélicos a
fim de averiguar a exatidão de seus discernimentos.
4. Forme uma equipe de intercessores para orarem sobre o mapa e
compartilharem de seus achados com líderes evangélicos participantes.
5. Procure ler o livro de C. Peter Wagner, intitulado Oração de
Guerra, antes de dar início à guerra espiritual em sua cidade.
FIM

Documentos relacionados