Dezembro 2013[favorito]
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Dezembro 2013[favorito]
Nº 162 - Dezembro 2013 Jornal da Casa do Povo do Pico da Pedra Fundado em 1975 Página 4 e 5 Com a rapidez com que caiem as folhas no Outono, eis-nos novamente a chegar ao Natal, período sublime em que comemoramos o nascimento do nosso Salvador e a quem ninguém consegue ficar indiferente. Numa festa anual, comemorada nos cinco continentes, corre-se o risco de a transformarmos numa rotina social, de visitas a familiares e amigos, de mesas recheadas de iguarias e de presentes distribuídos, esquecendo-nos do fundamental. A rotina é uma camada poeirenta de fastio que se deposita sobre o nosso viver quotidiano, pelo que é imperioso que o nosso Natal não seja vivido unicamente no cumprimento de uma tradição, mas acima de tudo como algo que nos obriga a fazer uma paragem na nossa vida, de modo a podermos interiorizar a luz irradiada daquele Menino deitado numa humilde manjedoura, luz esta que terá que nos aquecer e iluminar. Estamos a viver uma época de riscos e incertezas, em que a nossa estabilidade familiar está ameaçada e o futuro dos nossos filhos é uma incógnita, pelo que não podemos cruzar os braços numa atitude de impotência. Pelo contrário, temos que reagir e saber que o Natal proíbe o Sol de se apagar ou esconder. E é reconfortados com este calor celestial, que fazemos votos para que ano de 2014, que dentro dias se inicia, nos traga saúde, felicidade, estabilidade financeira e harmonia nas famílias e no Mundo, votos estes extensivos a toda a nossa comunidade de emigrantes, que nunca se esquecendo do seu terrão Natal, estão sempre no nosso pensamento. É Natal porque Jesus Nasceu! Boas e Santas Festas. A Direção 2 MENSAGEM DE NATAL Mais uma quadra natalícia decorre ouvindo-se falar da crise que trás a muitos lares dificuldades sem medida, a muitos Vem aí o Natal! empresários preocupações no que respeita à sua função social, às instituições limitações na sua E pode ser que armemos um presépio nas nossas casas e Jesus não nasça lá. Porque o presépio sendo feito com bonecos de barro, serve capacidade de acudir às solicitações. unicamente para despertar as nossas consciências para o verdadeiro No entanto, nesta quadra de festividades, ecoam por todo sentido do nacimento daquele Deus Menino deitado em douradas palhio lado gestos solidários de que nos dão conta quer os jor- nhas. nais, quer a rádio, quer a televisão. E a mensagem que nos trouxe e que se iniciou na Gruta de Belém, foi Uma vez que as carências se farão notar ao longo de todo o ano é necessário que tais gestos e ações se prolonguem, com particular atenção, nos lares em que haja crianças ou idosos, alguns com falta de saúde outros, em isolamento ou abandono. que o Deus verdadeiro encontramo-lo todos os dias por aí, pelas ruas, oculto no nosso semelhante, sob o disfarce da pobreza, do desempregado ou do sofrimento. O Natal terá que ser sempre visto como algo de novo que nos sacode. Que nos leva a compreender que este Jesus do Natal trouxe-nos a salvação – o despreendimento e pobreza do presépio, a paz com os hoNeste espírito natalício somos convidados a uma esperan- mens no amor, a glória de Deus cantada pelos Anjos. Assim, nunca poça renovada. derá ser reduzido a uma dimensão de festa em que predomine somente Por isso, cada um de nós procure olhar à sua volta identifi- os presentes a distribuir por familiares e amigos, e à consoada, onde uma mesa cheia de comida impera. cando situações de carência, seja de que natureza for, e desenvolva esforços individualmente ou com apoio de al- Não nos podemos esquecer que, sendo o Natal a festa da família, há guma instituição, para que as dificuldades sejam ultrapas- tantas pessoas sem família e tantas famílias sem Natal; sendo o dia mais feliz das crianças, há crianças sem brinquedos e com fome; trazendo a sadas. Votos de Boas Festas, que o Ano 2014 seja melhor e que as bênçãos do Menino do presépio desçam em abundância, sobre cada um de nós, tanto os presentes como os ausentes. mensagem de paz e amor, há guerras e ódios em muitas parcelas deste nosso mundo. Assim, os nossos votos para que as alegrias distribuídas neste Natal sejam o início de uma vida de Amor distribuídas ao longo dos onze meses que nos separam do Natal de 2014. DESEJAM A JUNTA DE FREGUIESIA E A ASSEM- E com o início do novo Ano a aproximar-se, queremos reafirmar que tudo faremos para que os nossos jovens continuem a encontrar nesta AssociBLEIA DE FREGUESIA. ação um ambiente fraterno, de presenças interventivas nos bons momentos e nos menos bons, sempre numa espiral evolutiva na busca de um Mundo mais justo e humanizado. Que o som dos nossos instrumentos musicais consigam trazer a alegria a quem nos escuta e despertar muitos outros jovens para o prazer de aprender e executar bem uma melodia. A todos os nossos familiares, amigos, população em geral e para quantos lá longe na Diáspora trabalham em busca de um futuro melhor, votos Votos de Feliz Natal, vivido em paz e amor e, que o de um Santo e Feliz Natal e que 2014 seja um em que todos possam novo ano que agora se aproxima seja o realizar de concretizar com êxito os seus sonhos. todos os desejos. Boas Festas São os votos dos irmãos romeiros do Pico da Pedra, A Direção para toda a nossa comunidade e diáspora. Nesta quadra festiva que se aproxima, deixemos que nasça em nossos corações um menino Jesus e, que este mesmo Jesus seja a semente para uma cada vez melhor e mais unida comunidade cristã aqui na nossa paróquia. Não esquecendo os nossos conterrâneos que, por razões de diversa ordem, vivem espalhados pelo mundo, ficam aqui expressos, a todos os picopedrenses, votos de um feliz natal e, próspero e renovado de amor ano 2014. A Comissão 3 Hoje, Na cidade fria Ninguém sorria E, cada vez mais, Há menos homens Neste escuro, Moldando o futuro. Especados, parados, Sem rumo E sem chama, Que os ilumine Como outrora… Adivinha-se Fome. Gritos Sepultados Nesta angústia… Uma mesa E pouca messe… A fuga, Tentação diária Suspensa na aflição. Mas, É Natal… Que esperança Pode romper Este cenário de futuro? Que muro Nos barra o destino? Prisioneiros de nós mesmos… Questionamo-nos, Que nos resta? Um fio, Um raio, Que emana Daquele pontinho, Ténue de luz Bruxuleante, Que outrora Brilhou, Que foi fogo e deslumbrou… Nada, nem a maior tempestade, O apagou; Era tão forte, Que Iluminava Os escuros Por onde passava. Possível será Avivar a chama? Esta réstia, Fio de luz e de fé, Que nos resta? Ampliar A pequena chama É escutar Aquele Que nasceu Neste Natal E nos chama: A juntarmos a Sua À nossa Luz. Iluminados Arrisquemo-nos… Ultrapassar O silêncio deste muro Que nos rodeia, Que não deixa ver Que a vida Pode ser mais cheia Se conseguirmo-nos Esvaziar Do que temos, Por isso não cremos Que em nós Ainda haja lugar Para que possamos estar Unidos e procurar Mais saídas e partilhas, Superar dificuldades E tecer de luz A realidade E ver neste mundo De forma espiritual. Que este nosso tempo, É tempo de Natal. G. Bernardo - 2013 Nesta época festiva, deseja-se a todos os Povos... Um Carnaval Cheio de Páscoas... e um Natal cheio de Anos Novos.... Nesta época festiva, que as Renas do Pai Natal surjam nos Céus a Voar, E que tilintando alegremente, distribuam nos corações, amor a palpitar! Nesta época festiva, que o presépio de Natal tenha estrelas cintilantes, Ovelhinhas e Pastores... e Reis Magos viajantes! Nesta época festiva, em que muitos votos são desejados, Façamos todos o propósito, de em 2014 serem realizados. CAPereira 4 G. Bernardo 01-11-2013 As notas que aqui ficam registadas têm por notícia da existência desta Banda no ano seobjetivo dar a conhecer, em traços rápidos, a guinte (2). vida das filarmónicas do Pico da Pedra. Pouco sabemos dos primeiros anos de existênA Música chegou pela mão do Pe. Soares cia desta filarmónica. Embora José Emídio tivesse deixado no livro de atas um registo e de Benjamim Avelino bastante extenso sobre a vida desta filarmónica. Todavia, não nos fala destes primeiros anos. Há um século atrás a primeira filarmónica do Pico da Pedra, a Lira dos Prazeres, começava a marcar os seus primeiros compassos pela mão de Benjamim Avelino, seu primeiro regente e fundador. Tudo começara, como deixou escrito José Emídio Botelho, porque, um ano antes, “em 1912 foi representada, ao ar livre, uma “comédia” (…) que foi muito aplaudida e foi isso que encorajou alguns rapazes do grupo a formarem uma banda de música, visto que o mestre do referido grupo (…) Benjamim da Cruz Avelino, saber música de canto, que havia aprendido com o padre Manuel Soares do Couto” (1). A Formação da Banda Lira dos Prazeres Este sonho de formar uma agremiação musical no Pico da Pedra começou numa velha casa emprestada, à luz do candeeiro, com velhos instrumentos comprados à Banda Lira do Norte de Rabo de Peixe. Porém, o gosto pela música e boa a vontade ultrapassavam todas as dificuldades e em alguns meses já aspiravam a ser uma filarmónica. Compraram os uniformes e instrumentos de uma banda que fechara na Fajã de Cima, formando-se logo uma orquestra que passou a designar-se por Lira dos Prazeres. Para festejar tal facto fizeram um cortejo até à igreja Paroquial, onde tocaram o hino de Nossa Senhora dos Prazeres, composto por João Medeiros Moniz, maestro da Banda Lira do Norte que, ao que tudo indica e fontes coevas afirmam, foi quem ajudou Benjamim Avelino na difícil tarefa da criação da Lira dos Prazeres. Na ida do dito cortejo para a igreja, este parou em casa do Pe. Manuel Soares do Couto para o cumprimentar, em sinal de agradecimento, pelo ensino da música que fizera nesta freguesia. Este cortejo terá acontecido ainda no ano de 1913, segundo registou Honorato Avelino, no livro de atas desta filarmónica. Porém, os jornais de Ponta Delgada só dão a bandas foram, ao longo da primeira metade do século XX, alimentando as desavenças, por vezes, entre amigos e familiares, dividindo, assim, a freguesia. Porém, visto à luz dos nossos dias, os partidários e as Bandas rivais queriam o melhor para o Pico da Pedra, só que a seu jeito e interesse, muitas vezes, sem olhar o outro lado. Este Uma notícia no Jornal “A República” do ano comportamento de falta de diálogo e de querer 1919, refere a atividade desta banda na promo- ser melhor, poderá ter produzido alguns frutos, ção de uma festa na freguesia por altura da no entanto, eles pareceram sempre amargos, quer a um lado quer ao outro. assinatura da paz da primeira guerra mundial. Cisão na Banda Lira e o aparecimento da A Banda Lira dos Prazeres era formada na sua maioria por camponeses e operários, nunca Banda União teve uma sede própria, ensaiou sempre numa casa alugada a José Emídio Botelho, na Rua Dr. Dinis Mota nº 53, casa esta que serviu de teatro e de casa de cinema. Alguns dos seus adeptos e simpatizantes estavam conotados com à primeira República e com a revolta de 1931. O Número dos seus executantes, ao que tudo indica, nunca deve ter ultrapassado as duas dezenas e meia de músicos. Esta filarmónica embora tenha tido direções até meados dos anos cinquenta o certo é que, a partir de meados dos anos quarenta, estava impossibilitada de tocar devido à falta de músicos. Todavia, gente de esperança, fazia tudo para manter a Banda e os seus estatutos datam mesmo Em 1921 houve uma cisão nesta banda, tendo de 1947, tudo leva a crer que, nessa época, saído dela vários músicos. As dissidências esperava-se que a banda voltasse a ressurgir, foram motivadas, em primeira análise, pelo o que não aconteceu. facto de alguns músicos não concordarem que A direção e partidários da Banda União dos Benjamim Avelino voltasse a ensaiar a banda. Prazeres Micaelense eram considerados as Pois, este havia saído na altura que casou, pessoas mais abastadas e conservadoras da tendo a banda tido depois regentes de Ponta freguesia. Construíram sede própria, a qual foi Delgada. A falta de recursos financeiros fez inaugurada em 1923, na rua Dr. Dinis nº 13. O com que o presidente da Banda, Francisco número dos seus componentes também não Jacinto do Couto, pedisse novamente a Benjadevem ter ultrapassado as duas dezenas e mim para ensaiar a filarmónica. Foi nessa altumeia de músicos e esta encontrava-se inativa, ra que surgiram os desentendimentos. O Regepor falta executantes, em 1954. dor da época, José Emídio Botelho, tentou serenar a discórdia e em reunião chegaram ao Uma das principais razões da paralisia das acordo de entregar a regência da Banda a bandas foi, sem dúvida, as migrações dos seus José Dias Carreiro, um dos músicos que dis- executantes para outras ilhas, por questões de cordava do regresso de Benjamim. Porém, trabalho. José Dias, acabou por entregar, dias depois, a Em meados dos anos cinquenta as bandas chave da sede ao regedor dizendo que os mú- haviam encerrado definitivamente e pensavasicos não queriam tocar mais na Banda. De se já em reunir músicos e instrumentos a fim facto os músicos dissidentes acabaram por se se reconstituir uma nova Banda. Uma das prireunir e com o apoio das pessoas mais abasta- meiras tentativas foi feita ainda no tempo do das da freguesia formarem uma nova agremia- Padre José Maria Amaral que com o Regedor ção musical, que se denominou “União dos de então, Heitor do Alves do Couto, tentaram Prazeres Micaelense”. José Dias Carreiro, foi o reunir as duas Bandas. Todavia, isto não foi grande líder desta filarmónica, que se estreou possível na época, por não ter havido consena tocar numa coroação, no segundo domingo so entre os músicos e os partidários das extindepois da Páscoa, no ano de 1921. tas filarmónicas. Divisões na freguesia A Banda Aliança dos Prazeres A existência de duas filarmónicas, numa pequena freguesia, com pouca população, como era o Pico da Pedra, gerou um certo confronto entre os partidários de ambas as bandas. É caso para se dizer: esta União contribuiu para a desunião da freguesia dos prazeres. Muitas foram as questiúnculas que abalaram o bom convívio dos habitantes da localidade, dividindo estes em os músicos e partidários da Banda União dos Prazeres, a chamada música nova, apelidados de “caçoilas” e, os outros, os da Banda Lira dos Prazeres, a banda velha, apelidados de “sucatas”. Em 1957, aquando da passagem do PresidenMotivo de brigas e pomos da discórdia, as te da República, Craveiro Lopes, houve nova 5 Em 1978 a Associação abriu uma escola de solfejo em Calhetas a fim de motivar os jovens daquela freguesia a ingressarem na Banda Aliança dos Prazeres. tentativa. Embora, desta vez ainda não se conseguisse fazer a tão desejada fusão das filarmónicas, o processo, porém, ficou encomendado à Associação Católica de S. José, com sede no Salão Paroquial, onde seriam depositados os pertences das duas Bandas. Um desentendimento entre o Pároco e a direção da Associação Católica, devido ao barulho durante uma cerimónia religiosa, fez com que Associação se extinguisse e a Direção dessa fosse fazer a fusão das filarmónicas para a antiga sede da União dos Prazeres (4). José da Silva Calisto, Álvaro Labão, Cristóvão de Aguiar e José Almeida Alves, foram os entusiastas que levaram avante a fusão das Bandas. Porém, destaquese neste grupo José de Almeida Alves, o verdadeiro progenitor da Aliança dos Prazeres, foi o seu primeiro regente e a ele se deve também a formação musical dos elementos da Filarmónica (5). Pois, foi necessário formar muitos executantes para Banda, uma vez que, das antigas filarmónicas, os elementos que transitaram, para a nova banda, não chegaram à dezena. Da Banda Lira dos Prazeres veio um músico e os restantes oito foram da União dos Prazeres. A fusão ou fundação da nova Banda ocorreu a 16 de Agosto de 1958 e a banda saiu à rua pela primeira vez em 7 de Setembro do dito ano (6). Nos anos sessenta a banda tocou em diversas localidades da Ilha e participou num concurso de filarmónicas. Comemorou-se durante alguns anos (de 1967 a 1969) o dia da filarmónica. Em meados dos anos setenta, o leque de atividades de tempos livres aumentou e a juventude passou a dividir o seu tempo com atividades desportivas e outras de âmbito cultural. Na época havia no Pico da Pedra um grupo de Futebol e um grupo de teatro, havia músicos que praticavam desporto e faziam teatro ou tocavam nas orquestras teatrais. Com a finalidade de coordenar as atividades dos grupos e da Filarmónica foi criada a Associação Cultural Recreativa e Desportiva do Pico da Pedra, no dia 24 de Janeiro de 1976. Nesse ano de 1976, comemorou-se o aniversário da Filarmónica com diversas manifestações culturais e desportivas. Durante dois ou três anos foi possível fazer atividades em conjunto. Se a filarmónica era convidada para determinada localidade a direção via as hipóteses de nesta localidade se fazer uns jogos de futebol ou fazer uma representação com o grupo de teatro. Nesses anos foi comum fazer-se representações das peças teatrais desde os Remédios da Bretanha até Santo António de Nordestino e jogos particulares de futebol nalgumas destas freguesias do norte da Ilha. sim as suas atividades. No início do século tentou-se reconstituir os primitivos núcleos da Associação, o teatro e o desporto e também construir uma nova sede, para a qual foi comprado um terreno e feito um projeto de grande envergadura. Todavia, devido à falta de financiamento não foi possível construir tal obra, tendo-se optado por fazer obras de beneficiação na antiga sede da filarmónica. Em 1980, a Banda tinha 40 músicos, e era considerada uma das filarmónicas que mais jovens tinham nas suas fileiras. Nesse ano de 1980 a Banda fez sua primeira deslocação à ilha de Santa Maria, a convite do Pe. José Maria Amaral, antigo pároco do Pico da Pedra, para participar, no mês Junho, nas festas de As comemorações dos 50 anos da filarmónica Santo António, na freguesia de Santo Espírito. decorreram ao longo dos anos 2008 e 2009. No mês de Novembro desse mesmo ano, a Entre outras atividades em 2008, foi cunhada filarmónica gravou o seu primeiro trabalho dis- uma medalha comemorativa da efeméride e a cográfico, um LP de 33 rotações, contendo 5 banda lançou CD com 14 temas musicais. No trechos musicais e o hino da Padroeira. mês de Agosto deslocou-se à ilha Terceira, Em Agosto de 1983, a Aliança comemorou as tendo sido convidada participar nas Festas da suas Bodas de Prata, com um vasto programa, Praia da Vitória. No ano de 2009, participou onde para além de consertos, exposições e num intercâmbio, tendo recebido a Banda Coratividades desportivas, foi também descerrada valense. A filarmónica Aliança dos Prazeres foi uma lápide na casa onde viveu o Pe. Soares também nesse ano, que assumiu a mordomia do Couto. Cristóvão de Aguiar, um dos funda- de um dos impérios do Espirito Santo. As codores da Banda, fez uma palestra sobre os 25 memorações dos seus 50 anos encerraram anos da Aliança dos Prazeres. Nessa altura, o com a deslocação da Banda aos Estados Uniúnico núcleo da Associação em atividade era a dos, para participar das Grandes Festas do Filarmónica. O teatro, estava inativo desde Espírito Santo de Fall River. finais de 1979 e o futebol, devido a dificuldades, havia passado para o âmbito das atividades da Casa do Povo, em 1981. Também a filarmónica irá começar a sentir dificuldades a partir de 1984. A banda tem só 30 executantes e não há o entusiasmo de outros tempos, embora houvesse a esperança de receberem do Governo um novo instrumental e de regressarem alguns músicos à filarmónica, afirmava o presidente da direção António Amaral, numa entrevista ao boletim A Voz. Apesar de em Outubro de 1985 a banda ter recebido novos instrumentos, o certo é que o desinteresse continuava a minar as hostes da filarmónica. Tinham a Banda na altura 45 músicos e nos finais de 1988, deixaram de se reunir para ensaios. Porém, a “Aliança” continuava! Um dos novos músicos, o Carlos Cabral, mantinha a sede aberta e a escola de música a funcionar. A persistência do Carlos Cabral também contribuiu para a formação da Orquestra Ligeira da Aliança dos Prazeres, que deu o seu primeiro concerto no dia 6 de Janeiro de 1991. A novidade da música ligeira fez com que a Orquestra fosse convidada para quase todos os grandes eventos que se faziam na ilha; Bailes, Jogos sem Fronteiras, Mostra Atlântica de Televisão e outros concertos, etc. A Orquestra deslocou-se ao Canadá no ano de 1985, a convite da Comissão de Festas do Senhor da Pedra, em Toronto. Apesar da Filarmónica estar inativa, todos os anos os músicos juntavam-se para tocarem na procissão do Senhor aos Enfermos. Porém, a partir de 1997, começaram a fazer todos os serviços da freguesia, e no ano seguinte alguns de fora da terra, tendo nesta altura a Banda e a Orquestra se deslocado a convite para as festas do 15 de Agosto, na Ilha de Santa Maria, em 1998. A partir dos primeiros anos do século, as despesas com os músicos de fora da freguesia e a menor número de concertos, devido ao aparecimento de outras orquestras na ilha, tornaram impossível manter a Orquestra em funcionamento pelo que, em Dezembro de 2003, esta deu fez o seu último concerto, encerrando as- A Banda deslocou-se, em Agosto de 2010, ao continente, mais propriamente a S. Pedro de Corval, no Alentejo, para participar nas festas de Nossa Senhora do Rosário, completando assim o intercâmbio iniciado com a Banda Corvalense. Nesse ano, foi uma das vinte e duas bandas Micaelenses que aderiram às comemorações do Centenário da república. Em Julho de 2011 a Banda foi convidada a deslocar-se à ilha do Pico para participar nas festas em hora de santa Maria Madalena (7). Atualmente a Banda Aliança dos Prazeres conta com mais de meia centena de músicos, dos dois sexos. Trinta e seis por cento dos seus executantes entraram para a Banda ainda no século XX, os restantes sessenta e quatro por cento são jovens que se iniciaram a partir da reanimação da filarmónica, ou seja, a partir do século XXI. Tendo em conta que são jovens a maioria dos executantes da filarmónica, é caso para se dizer: esperamos que continuem a manter e a fortificar a Aliança dos Prazeres, fazendo com que outros jovens continuem, como até agora, a escolher a arte musical como espaço comunitário de convívio, de aprendizagem, de recreio e de fraternidade. Referencias 1) Pe. Manuel Soares do Couto era natural do Pico da Pedra e na altura coadjuvava o Pe. Mendonça, vigário desde os anos oitenta do século dezanove no Pico da Pedra. 2) Cf: Cabral, Joaquim Maria, filarmónicas da Ilha de S. Miguel, Instituto Açoriano da Cultura, Angra do Heroísmo198., p. 274. 3) Arquivo da Associação Cultural Recreativa Desportiva Pico da Pedra, Livro de atas da Banda Lira dos Prazeres, 1922-1956. 4) Arquivo da Igreja Paroquial de Nª Sª. dos Prazeres, Livro de Atas da Associação Católica de S. José, 1952 -1958, Ata de 7 de Julho de 1957. 5) Cf: Aguiar, Cristóvão de, Emigração e Outros temas Ilhéus, Eurosigno Publicações, Lda., 1991, pp.54,55 e 56. 6) Cf. Voz Popular, Jornal da Casa do Povo de Pico da Pedra, nº131, Nov. de 2008, pp 2 e 6. 7) Cf. A maioria das referências deste artigo foram retiradas dos livros de atas da Banda Aliança dos Prazeres. 6 O nosso conterrâneo Onésimo Almeida, professor na Universidade de Brown, em Providence, nos Estados Unidos, é o primeiro picopedrense a receber a mais alta distinção numa universidade, o doutoramento Honnoris Causa, pela Universidade de Aveiro. Conhecido pela sua disponibilidade permanente em colaborar com a comunidade açoriana, onde possui um programa de televisão, há vários anos, no “Portuguese Channel”, em New Bedford, o professor catedrático, discípulo do Prof. José Enes, foi um dos principais colaboradores da Universidade dos Açores, que é, assim, ultrapassada, pela Universidade de Aveiro. A cerimónia decorreu no passado dia 16 de Dezembro, perante uma sala repleta, por Escritor com vários livros e centenas de esocasião dos 40 anos daquela prestigiada tudos publicados, para além de inúmeras universidade continental. conferências proferidas em dezenas de capitais, é colaborador permanente de revistas Académico, ensaísta, autor de contos e cró- literárias e jornais nacionais e internacionais, nicas, Onésimo Teotónio Almeida cultiva e sendo ainda fundador e dirigente da editora vive, através da escrita e da investigação, a Gávea-Brown. teia de relações que estabeleceu entre as suas raízes nos Açores, a comunidade emi- É membro da direção da PALCUS, foi Vicegrada nos EUA, a vida académica, Portugal Presidente do Rhode Island Council for the e o mundo. Humanities e da Associação Internacional de Na Brown, uma das mais prestigiadas uni- Lusitanistas, membro da Academia Internaversidades norte-americanas, completou o cional de Cultura Portuguesa e colaborou na MA e o PhD, ambos em Filosofia, e tornouse professor. “Rideo, ergo sum” - “Eu rio, logo existo” afirma, sobre si próprio, no título de uma das suas crónicas. O doutoramento foi proposto pelo Prof. Júlio Pedrosa, antigo Ministro da Educação e exReitor daquela universidade, imediatamente aprovado por todos os restantes antigos reitores. A madrinha do doutoramento foi a Profª Isabel Alarcão, antiga reitora, que fez o respeti- RTP-Açores com o programa “Onésimo à vo discurso de justificação. conversa com...”, onde entrevistou dezenas Onésimo Almeida, que é responsável pelo de personalidades do mundo das artes e literatura, em gravações efetuadas no Teatro Ribeiragrandense. Departamento de Estudos Portugueses e Brasileiros da Universidade de Brown, em Providence, que ajudou a fundar, já tinha sido agraciado, em Maio passado, com a entrada oficial para a Academia da Marinha Portuguesa, na secção de História Náutica, tendo efetuado uma conferência na respetiva cerimónia. “Com desencanto. Não se pode fazer muito sem dinheiro. As melhores universidades americanas funcionam bem porque souberam, desde muito cedo, criar fontes de recursos financeiros à margem do orçamento do Estado. Claro que as universidades privadas fazem isso com muito mais facilidade e fize- ram-no, aliás, por essa ter sempre sido a garantia da sua sobrevivência e independência. A longo prazo isso tem beneficiado imenso o seu crescimento. É sobretudo nesse domínio que as realidades entre os dois países não são comparáveis. Mas não vejo onde se possa cortar mais no sistema universitário português. Em Portugal, as privadas, com algumas notáveis exceções, cresceram com vícios porque na altura do seu aparecimento respirava-se uma visão demasiado utópica (o termo certo era “mal informada” e mesmo “leviana”), do tipo de sociedade que o futuro reservava a Portugal, algo como os “amanhãs que cantam” prometidos pelos comunistas, mas com total liberdade, sem trabalho e muitas viagens. A única vantagem que vejo na crise atual é a de uma limpeza no sistema. A pena é que alguns males estão já tão enraizados que, neste processo de contração, instituições que merecem ser apoiadas estão a ver retirar-selhes pedras fundamentais aos seus alicerces. Natural do Pico da Pedra, onde ainda há poucos meses foi homenageado pela Casa do Povo, deu o seu nome à Biblioteca local e é assíduo colaborador com as atividades da Qual o significado, para si, da atribuição do sua freguesia natal. Doutoramento Honoris Causa pela UniversiOnésimo Almeida, 67 anos de idade, estu- dade de Aveiro? dou no Seminário de Angra, onde deixou vasto rasto intelectual, e licenciou-se na Uni- Primeiro do que tudo, trata-se de algo para versidade Católica, em Lisboa, tendo emi- mim completamente inesperado. Segundo, grado para os Estados Unidos em 1972, tenho ao longo das últimas duas décadas onde se doutorou no Departamento de Filo- colaborado a vários níveis com a UA, mas nunca fiz nada que merecesse tanto recosofia da Universidade de Brown. nhecimento. Por isso, tomo o bonito gesto Entrevistado pelo jornal “Diário de Aveiro”, da Universidade como criador de um vínculo antes de receber a distinção, Onésimo Al- que me deixa agora com a obrigação moral meida lança um olhar sobre como vê a situa- de colaborar com a UA no que eu puder. É ção das universidades em Portugal: que agora passo a ser filho da casa e com deveres familiares inerentes”. 7 Para a Lisa de mota do que no meu tempo na caça à baleia? Não sabem andar de mota e querem Quando as nuvens se galgar as ondas na Baixa do Galego. C'm é enrolavam, em forma de que é?! anel, na montanha do Pico, Mestre Tarimba, na sua pose majestáti- **** ca, recolhia-se na vigia das baleias da GigaLuis Cagarro tinha vindo de Santa Maria em na. 1996. Era sinal de depressão. Contratado para trabalhar na construção, A inapetência só tinha uma terapia, sempre saíra de Santana (“por detrás do Asas do fiel: olhar para a vastidão do mar, mas com Atlântico, tás a ver?”), com mulher e três olho sempre em terra, focando-se no exten- filhos, numa aventura meia abrumada. so matagal de urze rente à costa. Desconfiava que a mulher o traía com o vizi- Ó Simão, o que vai ser destas terras de nho, mais novo, em Santana, e batia-lhe. meu avô quando eu morrer? A sua nova terra, na Piedade, em frente à Simão Timoneiro, viúvo, era o único amigo ilha de S. Jorge, tinha que ser o céu para a de infância - e das adegas - que lhe quebra- sua redenção familiar. va a melancolia. Cedo se afamou como mestre na armação Permitia-lhe a companhia na vigia, porque de ferro nas obras de novos edifícios, mas levantava-lhe a moral, recordando, com ma- mais cedo se perdeu na via sacra de fim de nifesta admiração, episódios do seu tempo semana pelas adegas do calhau. de baleeiro. O irmão já tinha falecido com cirrose e ele ia Eh Tarimba, tu resolves isto num repente. pelo mesmo caminho, diziam-lhe. Quando morreres, eu vou pôr um periscópio, como os submarinos, na tua campa. Sempre As coisas voltaram ao antigamente. Um dia que te apetecer, vês como estão as coisas chegou a casa e ia degolando a mulher. cá por cima… Uma semana depois tinha a casa vazia, sem mulher nem filhos. **** Mestre Tarimba era uma espécie de figura escadeada. Tanto se ufanava dos feitos, como entrava em súbita nostomania. Gostava de comparar os tempos vividos, insurgindo-se contra “esta rapaziada nova que agora nem sabe a diferença entre bombordo e estibordo”. - Conheces o João Rabicha, neto do Mestre Rabicha, de Santo Amaro? Simão acena com a cabeça entre duas fumaças de folha de milho. - Ele julgava que ser neto de quem é, já dominava o mar! Armou-se em oficial da “Trindade” e logo na primeira regata de botes, na festa da Calheta, enfiou-se na rocha do Cabrito. Estes rapazes estão bons é para estar na loja do Rezingão com telemóvel todo o dia na mão... Simão queixava-se da falta de sal no caldo de peixe, Jorgina fazia careta com a veja escalada deslavada, Luis recordava os filhos e Mestre Tarimba olhava para o céu, pelo canto da porta, à procura dos cagarros. - Homem, esta coisa de apanhar os cagarros na estrada e atirá-los depois ao mar é coisa tola. Eles morrem na mesma, de fraqueza. É isco para os sargos... Jorgina resmungou cabisbaixa: - Estás sempre a salceirar com cagarros e baleias - E tu, sempre a enriçar. Já viste Simão? Esta mulher parece o governo, sempre contra. Ainda agora, antes de vir para cá, vimos uma baleia na costa, no mar da Engrade, e eu inquieto para trancá-la... e ela que não! - Eh homem, o governo não deixava... - Porque não percebe nada disso! Baleia que anda sozinha aqui na costa é baleia velha, como eu, já não vale nada. É uma ameaça às outras espécies. Devia ser permitida a caça. A conversa é interrompida com um choro compulsivo. Ninguém se deu conta do Luis Cagarro, que se sentava na escada de pedra à entrada da Hoje vai deambulando pela Baixa da Areia, adega, de copo na mão, lavado em lágrimas. batendo na porta da tia Leodete para uma Dizia palavras indecifráveis e, no fim, mais sopa quentinha e, mais tarde, espreitando a claro, “mê ricos filhos... mê ricos filhos”. adega do Simão, a ver se há caldo de peixe. Foi então que Mestre Tarimba se sentou ao Quer regressar a Santa Maria, onde pensa seu lado, tirou da algibeira um rolo de notas que estão os filhos, mas não tem dinheiro, e e entregou ao Luis. perdeu a noção do tempo. - Hoje faço de pai natal. É o que me resta da O único relógio que possuía, oferecido pelo venda do vinho madeira. Vai amanhã para o último patrão, ficou em mil nicas. aeroporto e apanha o avião. Caíra no tanque, em casa, quando lavava a Três dias depois, Simão Timoneiro, todo louça. surpreendido, encontrou Luis Cagarro na - Ainda o pus no micro-ondas, para secar, mas aquilo parecia o rebentamento da pedreira de Santa Luzia! Olha, ali é que eu vi que o relógio era de contrabando. Puta que pariu ao patrão, que eu nunca lhe pus madeira, em vez de ferro, nas armações. **** O velho Simão ia ouvindo sem largar a mor- A noite de Natal na adega do Simão, na Batalha, ora olhando para ele, ora olhando para ía das Canas, era tudo nostalgia. o mar picado. Para além de Simão Timoneiro, lá estavam - Estes rapazes não têm tino. Sabes que Mestre Tarimba, a sua mulher Jorgina Faidohoje morre mais gente no Pico em acidentes ca e o Luis Cagarro. loja do Rezingão. Podre de bêbado, Luis não conseguia responder à pergunta de Simão sobre o que fizera ao dinheiro. Só lhe mostrou o pulso, que segurava um relógio reluzente. E dispara: - Belo natal. Não é de contrabando! Natal de 2013 Osvaldo Cabral Propriedade : Casa do Povo de Pico da Pedra Redacção, Composição, Distribuição Rua Dr. Dinis Moreira da Mota, 32 9600 PICO DA PEDRA Telefone / Telefax: 296 490 350 Impressão - Nova Gráfica 8 Se na festa de fim-de-ano letivo, as nossas crianças e idosos são os verdadeiros protagonistas no espetáculo, no que toca à época natalícia, miúdos e graúdos são ofertados pelas respetivas equipas pedagógicas, com atuações cheias de música, cor e alegria que lhes proporcionam momentos de grande animação, salutar convívio e euforia! Assim sucedeu no passado dia 13 de dezembro, quando às nossas instalações afluiu a conhecida “BONECA DE TRAPOS”, que com o seu fantocheiro alusivo ao Pai Natal, com renas e duendes à mistura, não só fez reinar a magia característica da época, como também veiculou uma mensagem didática que não deixou ninguém indiferente! A somar-se a isto, estavam papás e avós felizes, bebés e crianças expectantes com a chegada do velho das barbas brancas e dos seus presentes, onde também não faltaram pipocas e muito algodão doce, como se deseja que seja mais este Natal! Volvido mais um ano, cumpre-se a tradição, no nosso centro de dia e convívio, de assinalarmos mais um Natal, com um almoço–convívio entre os idosos, os colaboradores da valência e os membros da direção da Casa do Povo. Este ano fomos agraciados com a presença do Exmo. Sr. Presidente da edilidade ribeiragrandense, Vice-Presidente e vereadores, assim como, do nosso pároco e da Sra. Presidente da Assembleia de freguesia, que confraternizaram com os demais utentes na nossa festa natalícia ao som do Sr. Carlos Galvão e do “famoso” YÉ-YÉ, que fizeram as delícias dos nossos séniores, proporcionando-lhes momentos de lazer e de diversão únicos! A todos eles um bem-haja pela Vossa presença e votos de BOAS FESTAS e PRÓSPERO ANO NOVO, destes “jovens da 3ª idade”. Ac