Baixar Arquivo - Município de Campo Belo do Sul
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USINA HIDRELÉTRICA BARRA GRANDE PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE CAMPO BELO DO SUL / SC JAN/04 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG ÍNDICE 1 2 3 3.1 3.2 3.2.1 3.2.2 3.2.3 3.2.4 3.2.5 3.2.6 3.3 3.3.1 3.3.2 3.3.3 3.3.4 3.3.5 3.4 3.5 3.5.1 3.5.2 3.5.3 3.5.4 3.6 4 4.1 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.3 4.4 4.4.1 4.4.2 4.4.3 4.4.4 4.4.5 4.4.6 4.5 4.5.1 4.5.2 4.5.3 4.5.4 4.5.5 4.5.6 4.5.7 5 5.1 5.1.1 5.1.2 5.1.3 5.1.4 5.2 5.3 H I S T Ó R I C O .................................................................................................................. 6 D A D O S G E R A I S ......................................................................................................... 6 A S P E C T O S B I O F Í S I C O S ........................................................................................ 7 Vínculo com Atividades Econômicas Rurais .................................................................... 8 Clima e Aptidão Agroclimática.......................................................................................... 9 culturas preferenciais (3 A)............................................................................................. 10 culturas toleradas (3 A)................................................................................................... 11 culturas não recomendadas (3 A)................................................................................... 11 culturas preferenciais (4 A)............................................................................................. 11 culturas toleradas (4 A)................................................................................................... 12 culturas não recomendadas (4 A)................................................................................... 12 Solos............................................................................................................................... 12 critérios para classificação.............................................................................................. 12 identificação dos solos e descrição de suas características .......................................... 13 declividades .................................................................................................................... 14 distribuição dos solos e das classes de aptidão de uso ................................................. 15 uso das terras ................................................................................................................. 16 Recursos Hídricos .......................................................................................................... 20 Flora................................................................................................................................ 20 Vegetação Original ......................................................................................................... 20 Floresta Estacional Decidual .......................................................................................... 20 Floresta Ombrófila Mista (Floresta Montana) ................................................................. 21 Savana Parque ou Estepe.............................................................................................. 21 Fauna.............................................................................................................................. 21 A S P E C T O S S O C I O E C Ô N O M I C O S ..................................................................... 22 Demografia ..................................................................................................................... 23 Atividades Humanas no meio Rural ............................................................................... 25 população residente ....................................................................................................... 25 estrutura fundiária e da produção agrícola ..................................................................... 26 instituições que atuam no meio rural .............................................................................. 30 Economia e Renda ......................................................................................................... 30 Condição de vida ............................................................................................................ 32 Saúde ............................................................................................................................. 32 Educação........................................................................................................................ 43 moradia (habitação)........................................................................................................ 48 recreação e lazer ............................................................................................................ 49 segurança ....................................................................................................................... 50 índices de desenvolvimento humano ............................................................................. 50 Polarização e Infra Estrutura Urbana e Municipal .......................................................... 52 o sistema viário de Campo Belo do Sul.......................................................................... 53 sistema viário e o parque de máquinas .......................................................................... 54 abastecimento de água .................................................................................................. 54 sistemas de esgotos ....................................................................................................... 54 energia elétrica e iluminação pública.............................................................................. 54 limpeza pública e coleta de lixo ...................................................................................... 54 comunicação................................................................................................................... 55 A N Á L I S E D A S F I N A N Ç A S P Ú B L I C A S M U N I C I P A I S .................................. 55 Incrementos nas Receitas pela UHBG ........................................................................... 55 estimativa dos aumentos da arrecadação municipal pela CFURH ................................ 55 CFURH repassada á agência nacional de águas........................................................... 56 ICMS resultante da operação de usinas (Valor Agregado) ............................................ 56 arrecadação municipal resultante operação das usinas................................................. 58 Fatores Gerais Incidentes Sobre as Finanças Públicas dos Municípios ........................ 60 Critérios para Análise ..................................................................................................... 61 2 ÍNDICE PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 5.4 6 6.1 6.2 6.3 6.3.1 6.3.2 6.4 7 7.1 7.2 7.3 7.3.1 7.3.2 7.3.3 7.3.4 7.3.5 8 8.1 8.2 8.3 8.4 9 Finanças do Município.................................................................................................... 61 T U R I S M O .................................................................................................................... 63 Considerações Gerais .................................................................................................... 63 Potencialidades preexistentes ........................................................................................ 63 O Turismo em Campo Belo do Sul ................................................................................. 66 potenciais preexistentes ................................................................................................. 66 o cenário emergente....................................................................................................... 68 Tendências ..................................................................................................................... 68 D I R E T R I Z E S .............................................................................................................. 70 Saúde ............................................................................................................................. 70 Educação........................................................................................................................ 72 Rural ............................................................................................................................... 74 aspectos positivos .......................................................................................................... 74 aspectos negativos ......................................................................................................... 74 atividades a terem prosseguimento................................................................................ 75 atividades a serem implementadas ................................................................................ 79 definição de prioridades para a pesquisa e extensão rural ............................................ 80 L E V A N T A M E N T O D E D A D O S ............................................................................. 83 Contato Direto com Instituições...................................................................................... 83 Subsídios do PBA e Outros ............................................................................................ 83 Pesquisa na WEB........................................................................................................... 84 Bibliografia ...................................................................................................................... 84 E Q U I P E T É C N I C A ................................................................................................... 86 ANEXO 1 1.1 1.2 1.3 IDENTIFICAÇÃO DOS SOLOS E DESCRIÇÃO DE SUAS CARACTERÍSTICAS ....... 87 Cambissolos ................................................................................................................... 87 Neossolos Litólicos ......................................................................................................... 89 Nitossolos ....................................................................................................................... 91 3 ÍNDICE PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG SIGLAS UTILIZADAS ACS – Agentes Comunitários de Saúde AHE – Aproveitamento Hidrelétrico AID – Área de Influência Direta AIH – Autorização de Internação Hospitalar AII – Área de Influência Indireta APP – Área de Preservação Permanente CIB – Comissão Intergestores Bipartite CFURH – Compensação Financeira pelo Uso de Recursos Hídricos DDD – Discagem Direta a Distância EIA/RIMA – Estudo de Impacto Ambiental/ Relatório de Impacto Ambiental EJA – Educação Jovens e Adultos E.M. – Escola Municipal FDR – Fundo de Desenvolvimento Rural de Santa Catarina FPC – Faixa de Proteção Ciliar FPM – Fundo de Participação Municipal ICMS – Imposto sobre Circulação de mercadorias e Prestação de Serviços IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IPCA – Índices de Preços ao Consumidor Amplo IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano IR – Imposto de Renda ISS – ver ISSQN ISSQN – Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Inter-vivos MAC – Média e alta complexidade M.O. – Matéria Orgânica M.S. – Matéria Seca N.A. – Nível d’água N.M.M. – Nível Maximo Maximorum N.M.N. – Nível Máximo Normal NOAS – Norma Operacional de Assistência à Saúde PAB – Piso de Atenção Básica PBA – Projeto Básico Ambiental PC – Planalto Catarinense PDMU – Plano Diretor do Município PDSM – Plano Diretor das Sedes Municipais PCAU – Plano de Conservação Ambiental e Uso do Entorno do Reservatório PDMH - Plano de Desenvolvimento da Microbacia Hidrográfica PIB – Produto Interno Bruto POA - Plano Operativo Anual PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PSF – Programa Saúde da Família PV – Peso vivo SE – Sistema Especialista SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática SIG – Sistema de Informações Geográficas SM – Salário Mínimo SPD - Sistema de Plantio Direto SUS – Sistema Único de Saúde U.A. – Unidade animal U.D – Unidade de demonstração U.O. – Unidade de observação U.P.R – Unidade de Planejamento Regional UHE – Usina Hidrelétrica UPR-3 – Unidade de Planejamento Regional Planalto Sul Catarinense 4 SIGLAS UTILIZADAS PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG LISTA DAS INSTITUIÇÕES ANA – Agência Nacional de Águas ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica ADM - Associações de Desenvolvimento das Microbacias AMURES – Associação dos Municípios da Região Serrana ARQUEGEO – Consultoria de Engenharia Ltda. BAESA – Barra Grande Energética S.A. CAM – Centro de Apoio ao Migrante CASAN - Companhia Catarinense de Águas e Saneamento CAV – Centro de Agronomia e Veterinária CAV – Centro de Apoio ao Visitante CCM - Comissão Coordenadora Municipal CIDASC – Companhia Integrada para o Desenvolvimento Agropecuário de SC CEEE – Companhia Estadual de Energia Elétrica CELESC - Centrais Elétricas de Santa Catarina CMDR – Comissão Municipal de Desenvolvimento Rural COHAB – Companhia de Habitação CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente CORSAN – Companhia Riograndense de Saneamento E.M. – Escritório Municipal EESJ – Estação Experimental de São Joaquim EEL – Estação Experimental de Lages EMATER – Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPAGRI – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC FAMURS – Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul FATMA – Fundação do Meio Ambiente SC FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler - RS GAM – Grupo de Animação de Microbacia GRL – Gerência Regional de Lages IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICEPA/SC – Instituto de Planejamento Agrícola de SC INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens no Brasil MS – Ministério da Saúde NCA – Núcleo de Consultoria Ambiental PROGEO – Consultoria de Engenharia Ltda. RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A. RGE – Rio Grande Energia ROLAS – Rede Oficial dos Laboratórios de Análise de Solos do RS e SC SAAR-RS – Secretaria da Agricultura e Abastecimento do RS SANTUR – Santa Catarina Turismo S.A. SAR – Secretaria da Agricultura SEM – Secretaria Executiva Municipal SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural SETUR – Secretaria do Estado de Turismo do Rio Grande do Sul UCS – Universidade de Caxias do Sul UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UHBG – Usina Hidrelétrica Barra Grande UHCN – Usina Hidrelétrica Campos Novos UHMA - Usina Hidrelétrica Machadinho UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina 5 LISTA DAS INSTITUIÇÕES PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG PDMU DE CAMPO BELO DO SUL - SC Nota: Os dados estatísticos do texto não foram uniformizados, pois nem sempre foram obtidos, para um determinado tema dados contemporâneos, utilizando-se em certos itens dados de diferentes fontes referidos a datas distintas. Também não houve uniformidade no tratamento de cada tema, sendo os que serão objeto de “Diretrizes”, tratadas com mais profundidade que os demais. 1 HISTÓRICO Denominado inicialmente por Nossa Senhora do Patrocínio dos Baguais, o município possuía uma intensa atividade relacionada à criação de cavalos. Era um dos pontos de referência nas paradas para descanso dos tropeiros, quando da sua fundação em 10 de maio de 1856. Emancipado de Lages em 3 de dezembro de 1961, com uma população de cerca de 8 mil habitantes, mais da metade deles na área urbana, Campo Belo do Sul possui uma boa estrutura de comércio e de serviços, inclusive escola de ensino médio e hospital. Sua economia alicerçada no setor primário é bastante diversificada, com destaque para produção de soja, milho, feijão, kiwi, maçã, pêra e ameixa. Intensa atividade também na pecuária e na produção de madeira de reflorestamento, na grande Fazenda Guamirim Gateados, bem como seu beneficiamento. Nos últimos anos vem tendo incremento a fruticultura: o município orgulha-se de ser o maior produtor nacional de kiwi, fruto originário da China e introduzido no Brasil em 1971. Começa a crescer também de importância no município o turismo rural em antigas fazendas. Negro, a 54 Km de Lages que é o Pólo Regional. Seu acesso se faz pela SC 458, rodovia de ligação entre a BR 116 e a BR 470, que também passa por Capão Alto, Cerro Negro, Anita Garibaldi e Celso Ramos. O acesso a SC 458 se faz na altura do Km 268 da BR 116, a 22 Km de Lages. Dista 254 Km da capital, pela BR 282. No interior do município as estradas municipais, são geralmente ensaibradas, apresentando boas condições de trafegabilidade. FIGURA 2: LOCALIZAÇÃO REGIONAL FIGURA 3: MAPA DE DIVISÃO DISTRITAL1 FIGURA 1: LOCALIZAÇÃO NO ESTADO 2 DADOS GERAIS O município de Campo Belo do Sul está localizado no Planalto Serrano, microrregião Campos de Lages, entre Capão Alto e Cerro A área do município é de 1022 km² , e a sede tem altitude de 1.017m acima do nível do mar, limitando-se ao norte com o município de São José do Cerrito, ao sul com Vacaria-RS, à leste com Capão Alto e a oeste com Cerro Negro. Entre a população predominam as etnias italiana e portuguesa e os principais eventos 1 O município possui um único distrito, o Distrito Sede. 6 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG são a Festa da Colheita e a da Integração. FOTO 1: SEDE MUNICIPAL DE CAMPO BELO DO SUL FOTO 2: VILA DOS MOTTAS 3 ASPECTOS BIOFÍSICOS O clima é mesotérmico úmido, sem estação seca, com verão fresco no centro sul e verão ameno nas demais áreas (temperatura média do mês mais quente inferior a 22 ºC). As temperaturas médias anuais variam entre 12 ºC e 16 ºC de acordo com a altitude podendo chegar no inverno a 4ºC negativos e as chuvas superam 1.500 mm bem distribuídos por todo ano, com maior intensidade de junho a agosto e menor de janeiro a março. A rede hidrográfica interna abastece os dois rios principais localizados nas divisas sul e norte do município sendo que a menor parte do território municipal, incluindo a sede, drena seus excedentes hídricos para o Rio Pelotas e, aproximadamente 57% da área municipal, contribuem para o Rio Caveira/Canoas. No tocante a vegetação o município era ocupado por duas formações distintas, a Floresta Ombrófila Mista, também denominada Floresta de Araucárias, ocupando as partes mais elevadas das nascentes e a parte acidentada dos vales dos cursos d’água, limitando-se de forma bastante recortada com a vegetação gramínea lenhosa da região da Savana Parque (campos com presença de árvores agrupadas) e da Savana Gramíneo Lenhosa. Estas forma- ções foram intensamente exploradas sofrendo um intenso desmatamento, com a exportação de madeira bruta. O desmatamento foi seguido da ocupação agrícola e pecuária que utilizavam técnicas rudimentares, adaptadas principalmente às dificuldades de relevo da região. A vegetação original natural remanescente de campos e florestas, ocupa a menor parte do território e está bastante alterada, pois se encontra sob grande pressão antrópica, visto que grande parte é constituída por capoeiras e as pastagens nativas que há mais de cem anos vêm sofrendo queimas anuais. Nas partes do território ocupado pelos remanescentes da Floresta Ombrófila Mista, também ocorre, uma pressão de características menos perceptíveis, mas não menos relevantes, como é o caso da extração seletiva clandestina de espécies que apresentam maior valor econômico. A utilização atual da maior parte do território da área municipal, é caracterizada por diversas atividades antrópicas, como os reflorestamentos com exóticas (Pinus), culturas cíclicas e permanentes, representadas por pomares com espécies de clima temperado, pastagens, áreas urbanas e urbanizadas e áreas onde a vegetação original foi suprimida em função de alguns dos usos acima citados e posteriormente abandonadas, as terras foram rapidamente tomadas pela vegetação secundária, caracterizando um processo de regeneração natural, que em muitos locais mostram-se bastante avançados, com muitos pinheiros já em fase de produção de pinhas. A ação antrópica, responsável pela eliminação de grandes áreas de florestas nativas, fornecedora de abrigo e alimentação à maior parte da fauna silvestre, o emprego de agrotóxicos, as caçadas indiscriminadas, visando determinadas espécies de aves e mamíferos alteraram profundamente a composição original dos diversos grupos, o que se reflete na redução da diversidade específica e no desequilíbrio numérico em suas populações. A única atividade relacionada à fauna original, ainda presente e com alguma importância é a pesca, que se desenvolve como atividade recreativa, figurando peixes de médio porte como traíras, bagre amarelo, cascudos e piaus, que são os mais freqüentemente capturados em pescarias efetuadas pela população. O município apresenta uma paisagem homogênea característica, na qual os rios principais, Pelotas ao sul e Caveiras ao norte, aparecem encaixados formando constantes meandros, 7 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG com margens muito íngremes e os vales profundos onde se encaixam seus afluentes que nascem na parte central do território municipal. No trecho do Rio Pelotas correspondente às imediações da UHE Barra Grande, os taludes nos trechos dos derrames ácidos constituídos por rochas predominantemente claras e que foram os últimos a escoarem, conferem ao talude um perfil abrupto verticalizado. Igualmente ocorrem nestes locais matacões de grandes dimensões escorados muitas vezes pelas vegetações ou constituindo depósitos de tálus no pé dos taludes. Os matacões são provenientes, geralmente, do desprendimento de blocos de rocha, separados entre si por fraturas profundas alteradas em solo. A área encontra-se inteiramente recoberta por rochas da Formação Serra Geral, constituída por seqüência de derrames basálticos com composição básica e ácida com ocorrência de rochas efusivas básicas, intermediárias e ácidas da formação Serra Geral, pertencente ao Jurássico Superior e Cretáceo. Os derrames basálticos são representados por um basalto denso, geralmente cinza escuro, sobreposto por um cinza claro e acima deste uma brecha basáltica que faz contato com outro derrame. FOTO 3: INÍCIO DA SERRA Destas rochas originaram-se solos profundos, argilosos, arroxeados, avermelhados ou brunados, com altos teores de ferro em áreas de relevos suaves e de solos rasos e de coloração brunada, nas áreas de relevo mais movimentado. Existem duas unidades geomorfológicas dominantes: o Planalto dos Campos Gerais e o Planalto Dissecado do Rio Iguaçu/ Rio Uruguai A Unidade Geomorfológica Planalto dos Campos Gerais, apresenta-se distribuída em blocos isolados pela unidade Planalto Dissecado do Rio Iguaçu/ Rio Uruguai e corresponde a restos de uma superfície de aplainamento e a fragmentação em blocos ou compartimentos, regionalmente conhecidos como Planaltos, apresentando relevo suave ondulado a ondulado. Correlaciona-se com esta unidade geomorfológica, os Cambissolos e os Nitossolos (Terra Bruno/Roxa Estruturada) mais presentes nas áreas centrais do município. A Unidade Geomorfológica Planalto Dissecado do Rio Iguaçu/Uruguai, apresentase disseminada em áreas descontínuas e caracterizada por um relevo muito dissecado, com vales profundos e encostas em patamares. Os principais solos identificados nesta unidade são os Neossolos Litólicos, os Cambissolos e os Nitossolos (Terra Bruno/Roxa Estruturada) mais presentes nas proximidades dos rios Pelotas e Canoas/Caveiras. 3.1 Vínculo com Atividades Econômicas Rurais Os temas abordados neste item estão relacionados aos solos, à capacidade de uso das terras, ao clima com ênfase nas questões agroclimáticas e ao uso das terras. Consoante com o escopo dos serviços contratados, para os aspectos que têm caráter duradouro ou que são alterados tão vagarosamente que podem ser considerados permanentes ou perenes, serão utilizados os materiais já produzidos sobre o tema, com preferência para os produtos que forneçam informações homogêneas para a totalidade ou partes significativas dos territórios em estudo. Este é o caso da geologia, geomorfologia, clima e solos. Para temas que podem sofrer alterações ou modificações significativas em períodos relativamente curtos, devem ser utilizados elementos atualizados como é o caso da aptidão agrícola, vegetação, uso das terras e qualidade das águas foram consultados estudos recentes ou elaborados produtos específicos que atendam a contemporaneidade requerida pelo seu dinamismo. Com o objetivo de fornecer subsídios para orientar o uso racional da terra em programas de incremento da produtividade agrícola e manutenção produtiva de suas terras foram compilados de relatórios preparados por órgãos governamentais, os dados técnicos fundamentais compostos por uma parte descritiva2 e por mapas temáticos onde estão contidas as informações referentes ao município de Campo Belo do Sul, mapas com divisão municipal, car2 Foi utilizado para descrição do clima e solos do município, o Relatório da Epagri “Dados e Informações Biofísicas da Unidade de Planejamento Regional Planalto Sul Catarinense – UPR 3“. 8 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG tas plani-altimétricas do IBGE, além de imagens de sensoriamento remoto adquiridas e mapas de uso do solo, de iso-declividade e de conflitos de uso preparados pela consultora. A base econômica do município é o setor primário que, por meio do processo produtivo gera grande parte de sua renda e regula a oferta e demanda de empregos, sendo fundamental, para atender o objetivo definido, a caracterização do território através das suas limitações e potencialidades edafoclimáticas através da caracterização do clima e dos solos. A descrição do clima permite identificar a aptidão climática das culturas e por ser mais uniforme dispensa mapas. Quanto aos solos, tratando-se de região onde sua distribuição é intrincada, para o mapeamento foram utilizadas diversas unidades agrupando solos diferentes, com predomínio de associações, ou seja combinações formadas por dois, três ou mais componentes. A aptidão de uso das terras foi obtida a partir da descrição das unidades de solo e convertidas em classes de aptidão. Para identificar o uso do solo e sua adequação (conflitos) foram utilizadas imagens recentes obtidas por sensores remotos. 3.2 Clima e Aptidão Agroclimática As condições climáticas do município são as mesmas observadas na região do entorno e sua caracterização, têm por objetivos principais descrevê-las e avaliar a sua influência para a obtenção de uma boa qualidade das águas recebidas, estocadas e efluídas pelo reservatório, fornecendo subsídios para uma análise integrada junto com os demais fatores (geomorfologia, solos, uso atual e tecnologia agrícola) para recomendações sobre as medidas a serem tomadas, afim de garantir as características que possibilitem o uso múltiplo das águas do lago (Classe 2), além de subsidiar a escolha de oportunidades para o uso dele e de seu entorno. Os fatores genéticos dinâmicos geradores do clima são os mesmos para todo o sul do Brasil, sendo os fatores estáticos (latitude, altitude, orientação de relevo e continentalidade), responsáveis pelas diferenças próprias no território em estudo. Nesta região existe o predomínio do clima mesotérmico, úmido o ano inteiro, sem estação seca, com verão fresco, sendo a temperatura média do mês mais quente menor que 22ºC. Sua posição no interior da zona temperada, sem se estender muito para o sul e sem se afastar muito da orla marítima, define claramente um ritmo estacional à região, associado às variações na posição aparente do sol ao longo do ano. Assim, existe uma predominância de tempo bom, com dias ensolarados interrompidos por seqüência de dias chuvosos decorrentes da frente polar especialmente durante o outono/inverno e chuvas intensas, de curta duração, decorrente das linhas de instabilidade tropical no final da primavera e verão. A temperatura na região apresenta uma distribuição espacial bem regular. As temperaturas médias anuais permitem verificar a influência do relevo e do fator continentalidade sobre a temperatura que aumenta gradualmente no sentido de Leste para Oeste, acompanhando a diminuição de altitude e o distanciamento do mar. Nesta região ocorrem as mais baixas temperaturas do Brasil, com médias inferiores a 15ºC, temperaturas do mês mais quente inferiores a 20ºC, e do mês mais frio inferiores a 10,5ºC. Nas áreas com altitudes inferiores a 1.000m, as temperaturas médias anuais estão entre 15,5ºC e 17ºC, sendo superiores a 20ºC no mês mais quente, e entre 10,5ºC e 12,5ºC no mês mais frio. Nas altitudes superiores a 1.000m as temperaturas médias anuais situamse entre 14 e 15,5ºC. A amplitude térmica anual média é de 10ºC, característica de climas subtropicais e temperados. As máximas absolutas alcançam 38ºC no oeste da bacia, enquanto as mínimas absolutas são negativas, inferiores a (-6ºC) e ocorrem na parte leste. Apesar de afirmações populares considerarem que nos dias de hoje “é mais frio” ou “é mais quente” do que antigamente, a média anual das temperaturas no período 1948 a 1985, 37 anos, é a mesma encontrada para os últimos 16 anos (agosto/1985 a julho/2003) ou seja 16,5ºC. A precipitação pluvial média anual está na ordem de 1.650 mm, observando-se variações entre 1.206 mm em 1945 e 2.523 mm em 1983, com chuvas bem distribuídas por todo o ano. A variação espacial mostra regiões mais chuvosas no leste e no oeste da bacia, com médias superiores a 1700 mm anuais e menos chuvosa no centro com médias inferiores a 1.400 mm anuais. A região apresenta registros de ocorrências de chuvas máximas em 24 horas com valores entre 75 mm até 198 mm, podendo ocorrer em qualquer mês do ano. Os dias de chuva variam de 90 a 145 e o balanço hídrico (chuvas/evapotranspiração) mostra excedentes em todos os meses, totalizando anualmente excedentes superiores a 800 mm. As médias de umidade relativa são ele9 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG vadas durante todo o ano, situando-se ente 75 e 85%, o que é característica de clima úmido com chuvas bem distribuídas ao longo do ano. Assim, se as menores temperaturas de inverno elevam a umidade relativa do ar, as altas médias de precipitação no verão também as mantêm elevadas. Os municípios que compõem a área de estudo recebem entre 1.800 e 2.400 horas de brilho solar anual, havendo significativa diferença entre verão e inverno devido, principalmente, a inclinação do eixo terrestre e secundariamente pelos nevoeiros e chuvas. A insolação média anual é de 6,5 horas/dia, as médias menores em junho de 5,3 horas/dia e mais elevadas em dezembro com 7,8 horas/dia. As velocidades médias dos ventos são baixas, inferiores a 11,2 km/h e a direção predominante é a nordeste em todos os meses do ano. Os ventos de sudeste apresentam maior intensidade. O período de ocorrência de geadas está compreendido entre os meses de abril a outubro, com maior freqüência em junho e julho, podendo ocorrer, em termos normais de 20 a 30 dias por ano. A neve ocorre mais raramente, em média 3 dias por ano, sendo sua camada fina e temperatura pouco abaixo de 0ºC e costuma derreter-se aos primeiros raios de sol. Os valores de horas de frio, abaixo ou iguais a – (7,2ºC), variam de 440 a 640 horas anuais nos municípios situados à noroeste e entre 640 e 850 horas nos municípios situados à sudeste. Para o lazer e esportes aquáticos, o clima da área de abrangência é bastante propício para pescaria, passeios com barcos a motor e à vela (predominância de ventos entre 7 e 15 km/h), canoagem, banhos de sol ou esportes em locais abertos (chuvas no verão em sua maioria intensas e de curta duração) , havendo restrições para banhos pela temperatura do ar e da água. O regime de chuvas garante belas visões das cachoeiras e quedas d’água na maior parte do tempo, bem como água suficiente para canoagem. As condições para acampamentos (camping) são boas no fim da primavera, verão e início do outono. No fim do outono e inverno existem restrições pela umidade do solo, nevoeiros e chuvas, mas a ocorrência de geadas e mais raramente de neve, propicia belas paisagens incomuns do restante do país. Em todo o ano existem condições favoráveis para apreciar o céu a olho nu ou com o uso de binóculos, telescópios e/ou lunetas. O elevado excedente hídrico presente em todas as estações do ano favorece o carreamento de sólidos e dos elementos químicos utilizados na agricultura, contribuindo para o assoreamento e contaminação das águas. No município de Campo Belo do Sul ocorrem duas zonas agroecológicas que se diferenciam pelos limites dos parâmetros climáticos: normais anuais de temperaturas médias, máximas e mínimas, número de geadas, horas de frio, insolação, precipitação pluviométrica, dias de chuva e umidade relativa do ar, resultando em aptidão diferenciada para as culturas. Nas duas zonas agroecológicas o clima é classificado como Cfb, segundo Koeppen, que se caracteriza por ser temperado constantemente úmido, sem estação seca, com verão fresco, temperatura do mês mais quente <22ºC. Na zona agroecológica 3 A , que ocorre em 72% do território, abrangendo áreas do norte e do sul do município (nas áreas com altitudes inferiores a 900 m) segundo Braga e Ghellre, o clima é mesotérmico brando (2), com a temperatura do mês mais frio entre 11,5 e 15ºC, com a temperatura média normal anual variando de 15,8 a 17,9ºC, a temperatura média normal das máximas varia entre 22,3 e 25,8ºC e das mínimas de 10,8 a 12,9ºC. A precipitação normal anual pode variar de 1.460 a 1.820mm, com o total anual de dias de chuvas entre 129 e 144 dias. A umidade relativa situa-se entre 76,3 e 77,7%. Podem ocorrer de 12 a 22 geadas por ano e os valores de horas de frio abaixo ou iguais a 7,2ºC variam de 437 a 642 horas acumuladas por ano. A insolação total anual varia de 2.137 a 2.373 horas. As características agroclimáticas, inverno frio e verões frescos e úmidos todo o ano tornam a área apta para uma gama bastante ampla de culturas feitas habitualmente na região serrana gaúcha e catarinense. culturas preferenciais (3 A) Forrageiras Anuais de Inverno: Aveia perene, Aveia preta, Azevém anual, Capim péde-galinha, Capim lanudo, Ervilhaca, Festuca, Nabo forrageiro, Serradela, Trevo (subterrâneo, vermelho e vesiculoso); Forrageiras Anuais de Verão: Batata-doce, Milho, Sorgo; Forrageiras Perenes de Inverno: Alfafa, Cornichão, Trevo branco; 3.2.1 10 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG Frutíferas: Caqui, Goiaba serrana, Maça, Pêssego e Nectarina, Videira americana e européia; Industriais e Grãos: Aveia e Centeio, Cevada, Colza, Feijão, Girassol, Milho, Sorgo sacarino, Trigo; Olerícolas: Alface, Alho, Betarraba, Brócolis, Cebola, Cenoura, Couve-flor, Ervilha, Feijão-de-vagem, Feijão-fava, Lentilha, Melancia, Pimenta, Pimentão, Repolho, Tomate; Raízes e Tubérculos: Batata inglesa (primavera/ verão), Batata-doce. FOTO 4: CULTURA MILHO, FAZENDA SOBRADINHO FOTO 5: RESTEVA DE MILHO culturas toleradas (3 A) Forrageiras Anuais de Verão: Feijão miúdo, Lab-lab, Mandioca, Milheto, Mucuna preta, Teosinto; Forrageiras Perenes de Verão: Cana-deaçúcar; Frutíferas: Citros, Figo, Goiaba, Oliveira, Pêra (asiática), Kiwi; Industriais e Grãos: Amendoim, Arroz, Canade-açúcar, Fumo, Lúpulo, Soja; Raízes e Tubérculos: Mandioca. 3.2.2 culturas não recomendadas (3 A) Forrageiras Perenes de Verão: Bermuda, Bra- 3.2.3 quiaria decumbens, Braquiaria humidicola, Brizanta, Canarana ereta lisa, Capim colonião, Capim Ramirez, Capimelefante, Estrela africana roxa, Estrelada-áfrica, Gramão (A), Guandu, Kazungula, Leucena, Pensacola, Setária nandi, Soja perene; Frutíferas: Abacate (antilhana, guatemalteco e mexicano), Abacaxi, Acerola, Banana, Cacau, Café arábico e robusta, Caju, Lincha, Macadâmia, Mamão, Manga, Maracujá, Pêra (européia), Tamareira; Industriais e Grãos: Algodão, Chá, Mamona, Seringueira, Tulipa; Olerícolas: Chuchu, Feijão mungo; Raízes e Tubérculos: Batata inglesa (out/inv), Cara/inhame. Na zona agroecológica 4 A, que ocorre em 28% do território, abrangendo as áreas do centro-sul do município onde se situam as partes mais elevadas (áreas com altitudes superiores a 900 m) segundo Braga e Ghellre, o clima é mesotérmico brando (3), com a temperatura do mês mais frio entre 10 e 11,5 ºC, com a temperatura média normal anual variando de 15,8 a 17,9 ºC, a temperatura média normal das máximas varia entre 19,4 e 22,3 ºC e das mínimas de 9,2 a 10,8 ºC. A precipitação normal anual pode variar de 1.360 a 1.600 mm, com o total anual de dias de chuvas entre 123 e 140 dias. A umidade relativa situa-se entre 80 e 83 %. Podem ocorrer de 20 a 29 geadas por ano e os valores de horas de frio abaixo ou iguais a 7,2 ºC variam de 642 a 847 horas acumuladas por ano. A insolação total anual varia de 1.824 a 2.083 horas. A seguir descreve-se a aptidão das culturas para áreas compreendidas nesta subzona agroecológica. culturas preferenciais (4 A) Forrageiras Anuais de Inverno: Aveia perene e preta, Azevém anual, Capim pé-degalinha, Capim lanudo, Ervilhaca, Festuca, Nabo forrageiro, Serradela, Trevo (subterrâneo, vermelho e vesiculoso); Forrageiras Anuais de Verão: Batata-doce, Milho; Forrageiras Perenes de Inverno: Alfafa, Cornichão, Trevo branco; Frutíferas: Goiaba serrana, Maça, Pêra (asiática), Kiwi, Videira americana e européia; 3.2.4 11 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG Industriais e Grãos: Aveia e Centeio, Colza, Feijão, Girassol, Lúpulo, Milho; Olerícolas: Alface, Beterraba, Brócolis, Cenoura, Couve-flor, Ervilha, Feijão-de-vagem, Lentilha, Mandioquinha salsa, Pimenta, Repolho, Tomate; Raízes e Tubérculos: Batata inglesa (primavera/ verão). culturas toleradas (4 A) Forrageiras Anuais de Verão: Feijão miúdo, Milheto, Sorgo, Teosinto; Frutífera: Caqui, Figo, Oliveira, Pêra (européia); Industriais e Grãos: Amendoim, Trigo, Tulipa; Olerícolas: Abóbora, Alho, Feijão-fava, Pimentão. 3.2.5 culturas não recomendadas (4 A) Forrageiras Anuais de Verão: Lab-lab, Mandioca (E), Mucuna-preta; Forrageiras Perenes de Verão: Bermuda, Braquiaria decumbens, Braquiaria humidicola, Brizanta, Cana-de-açúcar (B), Canarana ereta lisa, Capim colonião, Capim Ramirez, Capim-elefante, Estrela africana roxa, Estrela-da-áfrica, Gramão (A), Guandu, Hemártria, Kazungula, Leucena, Pensacola, Setária nandi, Soja perene; Frutíferas: Abacate (antilhana, guatemalteco e mexicano), Abacaxi, Acerola, Banana, Cacau, Café arábico, Café robusta, Caju, Citros, Goiaba, Lichia, Macadâmia, Mamão, Manga, Maracujá, Pêssego e nectarina, Tamareira; Industriais e Grãos: Algodão, Arroz, Cana-deaçúcar, Cevada, Chá, Fumo, Mamona, Seringueira, Soja, Sorgo sacarino; Olerícolas: Alcachofra, Aspargo, Cebola, Chuchu, Feijão mungo, Melancia, Pepino; Raízes e Tubérculos: Batata inglesa (out/inv), Batata-doce, Cara/inhame, Mandioca. 3.2.6 3.3 Solos critérios para classificação De acordo com o material bibliográfico mencionado, os solos mais representativos no município de Campo Belo do Sul, são os Cambissolos, os Neossolos Litólicos e os Nitossolos (Terra Bruna/ Roxa Estruturada) e sua distribuição obedece a modelos distintos, relativas aos solos existentes e aptidão agrícola correlata e aos padrões de uso predominantes. 3.3.1 A avaliação da Aptidão Agrícola seguiu os critérios estabelecidos na publicação da Secretaria da Agricultura “Metodologia para Classificação da Aptidão de Uso das Terras do Estado de Santa Catarina”, que teve por objetivo “elaborar um sistema de classificação adaptado às condições do Estado de Santa Catarina, além de permitir uniformizar numa metodologia única e simplificada, os trabalhos dos diversos órgãos que atuam nesta área.” Foram estabelecidas cinco classes de aptidão de uso, possibilitando uma melhor avaliação do potencial tanto para uso com culturas anuais quanto para usos menos intensivos, de acordo com as descrições a seguir: a) Classe 1 Aptidão boa para culturas anuais climaticamente adaptadas. São terras que apresentam, nenhuma ou muito pequenas limitações e/ou riscos de degradação. Enquadram-se nesta classe terras situadas em relevo plano ou suave ondulado, com profundidade efetiva superior a 100 cm, bem drenadas, sem pedregosidade, suscetibilidade à erosão nula a ligeira, necessidade de correção de acidez e/ou fertilidade de baixo custo (necessidade de calcário menor que 6 t/ha). b) Classe 2 Aptidão regular para culturas anuais climaticamente adaptadas. São terras que apresentam limitações moderadas para a sua utilização com culturas anuais climáticamente adaptadas e/ou com riscos moderados de degradação. Porém podem ser cultivadas desde que aplicadas práticas adequadas de conservação e manejo do solo. Enquadram-se nesta classe terras que tenham uma ou mais das seguintes características: relevo ondulado, profundidade efetiva entre 50 e 100 cm, pedregosidade moderada, suscetibilidade à erosão moderada, alta necessidade de correção da acidez e/ou da fertilidade, bem a imperfeitamente drenado. c) Classe 3 Aptidão com restrições para culturas anuais climaticamente adaptadas, aptidão regular para fruticultura e boa aptidão para pastagens e reflorestamento. São terras que apresentam alto risco de degradação ou limitações fortes para utilização com culturas anuais climaticamente adaptadas, necessitando intensas e complexas medidas de manejo e conservação do solo se utilizadas com estas culturas. Porém, podem ser utilizadas com segurança com pastagens, fruticultura ou reflorestamento 12 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG apenas com práticas simples de manejo e conservação do solo. Enquadram-se nesta classe terras que possuem uma ou mais das seguintes características: relevo forte ondulado, pedregosa a muito pedregosa, forte suscetibilidade à erosão, muito alta necessidade de correção da acidez e da fertilidade e profundidade efetiva menor que 50 cm. para os cursos d’água. Os solos preservados poderão continuar por bastante tempo a fornecer ocupação, gêneros alimentícios e renda para grande parte da população da área de abrangência, e matéria prima para exportação e fornecimento para as agroindústrias da região. Observam-se a adoção de práticas de conservação de solo, tais como o plantio direto, dominante na área, cultivo mínimo e outras. d) 3.3.2 Classe 4 Aptidão com restrições para fruticultura e regular para pastagens e reflorestamento. São terras que apresentam riscos de degradação e/ou limitações permanentes severas. São impróprias para utilização com culturas anuais. Entretanto, podem ser utilizadas com culturas permanentes como pastagens e reflorestamento, protetoras do solo. Também podem ser utilizadas com fruticultura, desde que acompanhadas de práticas intensivas de conservação e manejo do solo. Enquadram-se nesta classe terras com uma ou mais das seguintes características: relevo montanhoso, muito pedregoso, e com suscetibilidade muito forte à erosão. e) Classe 5 Preservação permanente. São terras impróprias para qualquer tipo de cultivo, inclusive o de florestas comerciais ou para qualquer outra forma de cultivo de valor econômico. Prestam-se apenas para proteção e abrigo da flora e da fauna silvestre, recreação e armazenamento de água. Recomenda-se o reflorestamento apenas em áreas já descobertas. Suas limitações principais são: relevo escarpado, extremamente pedregoso, terras com predominância de afloramentos rochosos, lençol freático permanente na superfície sem possibilidade de drenagem (pântanos e mangues), cabeceiras e deltas dos rios, áreas de matas ciliares, parte dos Solos Orgânicos, áreas com construções civis, mineração superficial e dunas. A influência dos solos e da aptidão agrícola no plano diz respeito sobretudo à necessidade de cuidados para evitar o aumento de erosão que tem raízes geológicas. A própria existência de cambissolos pouco profundos e rasos, com a presença de materiais primários sem resistência à ação do tempo, comprova que a significativa erosão na área de abrangência é bem anterior à exploração maciça dos recursos naturais pelo homem. Portanto é preciso tomar medidas conservacionistas para evitar a aceleração do carreamento de sólidos identificação dos solos e descrição de suas características a) Cambissolos Os Cambissolos são constituídos por material mineral, que apresentam um horizonte A com espessura inferior a 40 cm, seguido por um horizonte B incipiente. Estes solos ocorrem com maior freqüência em relevos suave ondulado, ondulado e forte ondulado, mas também são encontrados em relevo praticamente plano e em relevo montanhoso. Os Cambissolos quando ocorrem em áreas de drenagem e de maior declividade, por sua vez, sobre relevo ondulado a montanhoso, são rasos, com a presença de pedregosidade, afloramentos de rocha e fertilidade natural variável. Apresentam limitações, portanto, ao uso da moto mecanização agrícola, dificultando o emprego de práticas de produção com uso intensivo de capital. No município a utilização predominante dos Cambissolos é com pastagens nativas, policultura em pequenas propriedades (lavouras cíclicas), silvicultura e fruticultura. As seis unidades de mapeamento onde predominam este solo ocupam 21 % da área do município a saber: b) Neossolos Litólicos Os Neossolos Litólicos são solos com horizonte A ou O hístico com menos de 40 cm de espessura, assente diretamente sobre a rocha ou sobre um horizonte C ou Cr ou sobre material com 90% (por volume), ou mais de sua massa constituída por fragmentos de rocha com diâmetro maior que 2 mm (cascalhos, calhaus e matacões) e que apresentam um contato lítico dentro de 50 cm da superfície do solo. Por serem solos que ocorrem em sua maioria em locais de topografia acidentada, normalmente em relevo forte ondulado, montanhoso e ondulado e devido à pequena espessura dos perfis, são muito suscetíveis à erosão. Algumas unidades de mapeamento, situam-se em áreas de relevo menos acidentado, o que atenua em parte os efeitos provocados por este fenômeno. No município as classes predominantes de aptidão agrícola são a Classe 4ep - aptidão com restrições para fruticultura e aptidão regu13 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG lar para pastagens e reflorestamento e a Classe 5 – sem aptidão agrícola, indicada para preservação da flora e da fauna. No município a utilização predominante deste tipo de solo é com, florestas nativas em vários estágios de evolução, pastagens nativas e policultura e ocupam 20.440 ha ou 20 %do território do município com cinco unidades de mapeamento. c) Nitossolos Os Nitossolos ocupam 58% da área municipal e são solos constituídos por material mineral que apresentam horizonte B nítico, com argila de atividade baixa imediatamente abaixo do horizonte A ou dentro dos primeiros 50 cm do horizonte B. Os solos desta unidade geralmente ocupam as partes mais suaves da Unidade Geomorfológica Planalto Dissecado do rio Iguaçu/rio Uruguai, situadas nas proximidades dos rios Canoas e Pelotas, formando patamares dentro de um relevo regionais acidentado, quase sempre associados com os solos mais rasos. A utilização predominante em Campo Belo do Sul, dos Nitossolos é com pastagens nativas, policultura em pequenas propriedades (lavouras cíclicas), cultivos anuais e silvicultura. 3.3.3 declividades FIGURA 4: MAPA DE DECLIVIDADES Dentre os fatores determinantes3 para definir as classes de Aptidão de Uso Agrícola, destacam-se o relevo (declividade) e a ocorrência de solos rasos e/ou pedregosos, ambos podendo ser considerados de caráter permanente, pois alterações significativas só ocorrem em áreas relativamente reduzidas por ação antrópica ou muito lentamente, naturalmente. Para a preparação dos mapas, utilizou3 A declividade, profundidade efetiva do solo e a pedregosidade ou rochosidade são considerados fatores mais determinantes visto que por si só, já restringem certos tipos de utilização, mesmo com tecnologia avançada. A fertilidade, especialmente a correção do alumínio nocivo, é determinante para médias tecnologias e não determinante para as avançadas. se modelo digital, em escala compatível a utilização em SIG e a cartografia dos Planos Diretores, obtendo-se uma imagem com resolução de 10 m, que é compatível com a maior escala a ser utilizada (1:50.000), não apresentando problemas para escalas menores tais como 1:250.000 (mapeamento de solos). A fonte de dados é a altimetria das cartas do IBGE, corrigida e controlada para formar uma camada única com atributos de elevação. A representação cartográfica foi feita para as seguintes faixas de declividade, selecionadas levando-se em conta os critérios legais e as utilizadas para definição da capacida14 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG de de uso ou aptidão agrícola das terras: • declives suaves, praticamente planos ou suave ondulados, inferiores a 3º (5%), podendo ser arados em todas as direções e sentidos. Aptos para todos os usos agrícolas, sem maiores riscos de erosão, somam 51.655 ha; • declives moderados ou relevos ondulados, entre 3º e 7º (5% e 12%), podem ser trabalhados mecanicamente, em curvas de nível, por tratores de roda com eficiência entre 70 e 90%, ocupam 20.801 ha; • declives fortes (relevo fortemente ondulado) entre 7º e 17º (12% e 30%) ainda trabalháveis, com limitações e cuidados especiais por tratores de esteira, ou com utilização de implementos com tração animal, ocupam 23.751 ha; • declives muito fortes (relevo montanhoso) entre 17º e 27º (30% e 47%), com restrições para urbanização e restrições muito fortes para uso agrícola, trabalháveis com instrumentos e ferramentas manuais, ocupam 4.519 ha; • declives escarpados acima de 27º (47%), não recomendáveis para atividades agrícolas, ocupam 1.975 ha e quando acima de 45º (100%), tem uso impedido pela legislação, com 39 ha. FOTO 6: PASTAGENS CULTIVADAS distribuição dos solos e das classes de aptidão de uso Na TABELA 1 apresentam-se as Unidades de Mapeamento ocorrentes no Município de Campo Belo do Sul, suas distribuições percentagem e em extensão territorial e as aptidões agrícolas correspondentes, observandose que pouco mais de 75.000 ha, cerca de 73,4%, das terras apresentam aptidão agrícola para o cultivo de lavouras anuais, 18% equivalendo à cerca de 18.500 ha têm aptidão agrícola para pastagens cultivadas e o restante pode ser utilizado com pastagens e reflorestamento. No rateio de áreas das Unidades de Mapeamento pelas classes de Aptidão Agrícola as superfícies ocupadas pelas inclusões foram distribuídas entre os componentes principais. 3.3.4 TABELA 1: DISTRIBUIÇÃO DOS SOLOS E DAS CLASSES DE APTIDÃO DE USO AGRÍCOLA NO MUNICÍPIO UNIDADE DE MAPEAMENTO** Ca39 Ca41 Ca42 Ca50 Ca57 Ra5 Rd3 Rd4 Rd6 Re2 TBa3 TBa5 TBa8 TBa9 TBRa1 Outros* TOTAL ÁREA % 1 4 3 12 1 3 5 2 2 8 6 7 16 6 23 1 100 HA 1.022 4.088 3.066 12.264 1.022 3.066 5.110 2.044 2.044 8.176 6.132 7.154 16.352 6.132 23.506 1.022 102.200 CLASSE DE APTIDÃO DE USO AGRÍCOLA EM HA 2 3 4 5 1.022 4.088 920 1.686 4.328 7.936 1.022 1.022 2.044 2.271 2.839 454 568 1.022 1.136 908 2.405 2.405 3.367 6.132 7.154 16.352 3.968 2.164 13.827 9.679 61.672 13.433 18.500 7.114 * Corpo D'água, Urbano e Sem Informação ** Não está considerada a área das barragens 15 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG FIGURA 5: MAPA DE SOLOS DO MUNICÍPIO 3.3.5 a) uso das terras metodologia (resumo) Para realizar a classificação do uso e da ocupação do solo utilizou-se um método baseado em Redes de Decisão e Sistemas Especialistas (SE). Sua aplicação na estruturação de Planos Diretores justifica-se a partir da utilidade e aplicabilidade deste método na avaliação qualitativa e quantitativa das características ambientais, visto que são programas destinados a resolver problemas determinados, apoiado em uma estrutura de funcionamento, similar a de um especialista humano, onde são enfatizadas as relações entre os critérios, maximizando-se a informação útil e minimizando-se a irrelevante por meio de probabilidades. Para a determinação da viabilidade e restrição ao uso do solo, gerou-se uma rede de decisão e aplicaram-se critérios legais que regem as atividades antrópicas, tais como declividade, afastamento de cursos e corpos de água e existência de mata nativa e para a determinação da ocupação do solo, entendida como a interpretação da utilização real do espaço de cada município, aplicou-se um método de classificação assistida baseado na análise das características espectrais dos elementos da superfície, registradas em seis bandas de duas imagens de satélite. Finalmente, estruturou-se um segundo conjunto de redes de decisão no SE, dedicado a estabelecer as áreas que apresentavam conflito entre sua restrição ao uso do solo e a ocupação real do mesmo. Como exemplo, cita-se o conflito existente entre áreas com declividade maior que 47% que estão sendo utilizadas para atividades agropecuárias ou áreas de proteção ciliar sem a correspondente cobertura vegetal. Geraram-se seqüências de mapas em ambiente SIG, mostrando a viabilidade e restrição ao uso do solo, ocupação e conflitos detectados. b) uso do solo e cobertura vegetal Para distribuição da ocupação do solo do território municipal de Campo Belo do Sul foram utilizadas 5 classes: urbana, matas nativas, silvicultura, agropastoris e água. A classe que ocupa menor dimensão é área urbana, muitas delas não mapeáveis nessa escala de trabalho, sendo a única com visibilidade a sede municipal. Outra classe de uso antrópico de pequenas dimensões são as culturas temporárias e permanentes. Neste município observam-se, principalmente, as culturas temporárias de soja, milho, feijão, trigo, aveia e arroz, 16 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG com áreas mais expressivas e outras menos como alho, cebola, batata inglesa e fumo. Entre as permanentes, destaca-se o reflorestamento com pinus, e pomares de kiwi, ameixa, pêra, uva e maçã totalizando áreas um pouco maiores que 200 ha. FIGURA 6: MAPA DE USO DO SOLO No último censo agropecuário (1995/96) as pastagens nativas e cultivadas ocupavam em torno de 57.773 ha, ou 58,51% das áreas das propriedades, enquanto as lavouras temporárias e permanentes detinham 7,23% ou 7.140 ha, as matas nativas 18,9% ou 18.676 ha e os reflorestamentos 10,22% ou 10.222 ha. Algumas destas áreas como é o caso dos reflorestamentos aparecem concentrados em áreas contínuas no sul do município, e por isto aparecem com destaque no mapa de ocupação. Outros usos estão disseminados por todo o território municipal, entremeadas às vezes com matas secundárias ou com pastagens naturais e cultivadas, não havendo condições de considerá-las numa subdivisão específica, até porque muitas vezes não existe continuidade no uso. Assim as áreas de cultura foram englobadas numa única, na Classe de Ocupação do Solo Agro-pastoril, junto com a atividade antrópica predominante que são as pastagens. Os conflitos de uso aparecem em maior número junto aos cursos d’água onde não estão sendo respeitadas as áreas de preservação permanente (APP) e locais muito declivosos, também protegidos pela legislação, como APP. Nas pastagens a vegetação predominante na área é aproveitada como pasto, sendo introduzida, eventualmente alguma melhoria. É usual, no município, fazer a rotação de cultura de verão com pastagem de aveia no inverno, ou fazer a reforma do pasto com o plantio de alguma cultura para financiar parte dos gastos. A bovinocultura extensiva de corte ocupa a maior área e a pecuária leiteira ainda é pouco desenvolvida. A ovinocultura é praticada pelos pecuaristas como atividade de subsistência, sem importância econômica. Toda a região sofreu drásticas interferências devido a uma completa alteração de suas características originais. A descaracterização foi iniciada pela agricultura, cuja mão-deobra sobrava nas colônias velhas, onde o espaço já era acanhado para as grandes famílias de agricultores. Nos lugares mais planos ocupados pelas savanas, a ação antrópica está presente na totalidade da área. Esta ação ocorre, principalmente, através da pecuária que 17 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG utiliza a vegetação de gramíneas nativas como pastagem para o gado e da utilização da técnica de queima da vegetação, para a eliminação da folhagem seca das herbáceas, visando a rebrota antecipada das gramíneas. FIGURA 7: MAPA DE OCUPAÇÃO DO SOLO A área originalmente ocupada pela Floresta Estacional Decidual sofreu um intenso desmatamento, com a exportação de madeira bruta que, apesar das dificuldades de transporte, encontrava nas enchentes, “Enchente de São Miguel”, uma aliada para o transporte da madeira para o mercado do Prata. O desmatamento foi seguido da ocupação agrícola e pecuária com técnicas rudimentares, adaptadas principalmente às dificuldades de relevo da região. Atualmente a maioria das áreas menos acidentadas é ocupada por culturas cíclicas. Nas áreas onde predominam minifúndios e pequenas propriedades, ocorrem pequenos porteiros com pastagens ao lado das culturas cíclicas, objetivando a manutenção de vacas de leite e animais de tração. Essas pastagens em quase sua totalidade são formadas pela grama-missioneira, ou grama-jesuíta, possuindo muita resistência e adaptação ao frio. No município, como em toda a região, as condições desfavoráveis à exploração agropecuária não impediram a devastação da maior parte da vegetação florestal original e boa parte dos ambientes florestais observados atualmente constituem matas secundárias em diversos estágios de regeneração, resultado do abandono do solo, depois de sua ocupação e uso. O processo de sucessão natural envolve a substituição gradativa de espécies adaptadas a cada uma das camadas sucessionais, sendo reflexo de diversos fatores atuantes como o tempo de uso e de abandono e a forma de manejo aplicada em cada área. A utilização agrícola nas áreas de culturas cíclicas envolve o abandono destas áreas após alguns anos para o “descanso” da terra. Com o início do descanso, ocorre um processo de sucessão que é feito no sentido de restabelecer a vegetação original, a partir do desenvolvimento de espécies herbáceas que preparam o ambiente para o surgimento de espécies lenhosas. Comumente, nestas áreas, o processo de regeneração não chega a se completar, pois é feita a reutilização destes terrenos após poucos anos de descanso. 18 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG FIGURA 8: MAPA DE CONFLITOS ENTRE USO E OCUPAÇÃO Quando não submetido a este manejo, ou em terras onde houve exploração seletiva de espécies e depois não foi mais usado para agricultura, o processo evolui, sendo as espécies características das fases iniciais de sucessão secundária, substituídas gradualmente por componentes arbustivos formando as capoeirinhas. Dando continuidade ao processo sucessional, aparece a capoeira, caracterizada por uma vegetação mais desenvolvida onde predominam arbustos e arvoretas.Os capoeirões constituem uma vegetação secundaria em estágio mais avançado de regeneração e caracterizam-se pela presença de espécies mais exigentes e tolerantes à sombra e pela uniformidade do dossel arbóreo, sem emergentes. Após este estágio inicia-se uma aproximação com a composição original, porém sem apresentar ainda a mesma estrutura fitofisonomica e expressão volumétrica, observando-se em muitos locais a presença de pinheiros de várias idades, com os mais velhos já formando um estrato superior com as copas já se tocando e cobrindo o sub-bosque dos pinhais. Este processo, inicialmente determinado por áreas de descanso ou de áreas abandonadas após os cortes seletivos, que iam desde a madeira para construção até a extração de lenha, e atualmente por pressão dos órgãos ambientais, determinando áreas ou espécies legalmente protegidas, resultou em inúmeras áreas de formações florestais secundárias, em franco processo de regeneração, com muitas já se assemelhando as formações primitivas. Também colaborou para este processo de regeneração o êxodo rural. FOTO 7: PASTAGENS NATIVAS Em locais específicos poderia considerar-se o uso da madeira das florestas regeneradas, desde que submetidas a um manejo que garantisse sua renovação natural. Atualmente são utilizadas economicamente na coleta de 19 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG pinhão da bracatinga e de alguma madeira para queima em fogões e lareiras. Este processo de sucessão natural também poderia substituir os reflorestamentos no entorno dos reservatórios, que são caros, de difícil implantação e não têm apresentado bons resultados de reprodução da vegetação original. As áreas de campo nativo poderão continuar sendo exploradas para pastoreio, de preferência extensivo, para preservar a fauna campestre e também podem ser utilizadas, no turismo rural com passeios a cavalo, apreciação da fauna campestre e outras atividades correlatas. A FIGURA 6, FIGURA 7 e FIGURA 8 apresentam comparativamente a viabilidade e a restrição ao uso do solo, a ocupação do solo e os conflitos entre ambas as situações e vegetação e os dados relativos à área ocupada por cada Classe de Ocupação (tipo de uso e cobertura vegetal) relativamente à superfície total mapeada. 3.4 Recursos Hídricos A bacia hidrográfica do Rio Pelotas apresenta uma declividade média elevada, e uma rede de drenagem densa, com seus cursos d’água possuindo, também, fortes declividades. Essas características, aliadas às características geológicas, de solos (de um modo geral, pouco profundos e pouco permeáveis), cobertura vegetal com predomínio de pastagens e lavouras e um regime climático que apresenta na maior parte da bacia, mais de 1000 mm anuais de excedentes hídricos, propiciam escoamentos superficiais rápidos, dando origem a regimes torrenciais no Rio Pelotas e seus afluentes. Como conseqüência, tem-se tempos de concentração reduzidos na bacia e sub-bacias e, por ocasião de precipitações intensas, formam-se ondas de cheias muito rápidas. Como os vales são estreitos e profundos, estas ondas de cheia são também elevadas, com altos picos. A rede hidrográfica interna abastece os dois rios principais localizados nos limites norte e sul do município, sendo que a maior parte do território (42,97%), drena seus excedentes hídricos para o Rio Pelotas e, aproximadamente 57,03%, inclusive a sede, da área municipal, contribui para o Rio Caveiras/Canoas. Outros cursos d’água que também constituem divisas naturais são Rio Vacas Gordas (divisa com Capão Alto) e ainda o Lajeado Itaimbé (divisa com Capão Alto) e o Lajeado dos Tijolos (divisa com Cerro Negro). Além destes, possui internamente uma ampla teia de outros lajeados e córregos, onde se destacam o Lajeado dos Martins e o Lajeado Bebe Ovo. Em praticamente todas as propriedades rurais existem pequenos açudes e reservatórios de água. FOTO 8: RIO VACAS GORDAS A qualidade é boa tanto no Rio Pelotas quanto o Rio Caveiras. Os recursos hídricos superficiais são abundantes devido aos grandes excedentes resultantes do balanço hídrico e seu uso é para dessedentação de animais e formação de tanques ou reservatórios para piscicultura e outras finalidades. 3.5 Flora Vegetação Original Para a caracterização dos ecossistemas de um município ou de uma região, via de regra, utiliza-se o conceito de “Regiões Fitogeográficas ou Fito-ecológicas”, que são áreas delimitadas por parâmetros edafo-climáticos, que incorporaram clima, litologia, relevo e solo. A partir dessa resultante, realiza-se a seleção natural de formas de vida vegetal características, que em Campo Belo do Sul, compreendem três Regiões Fitoecológicas ou três tipos de vegetação diferentes: Floresta do Rio Uruguai (Floresta Estacional Decidual), que ocorre nas margens do Rio Pelotas e Canoas e de seus afluentes; a Mata de Araucária (Floresta Ombrófila Mista), que ocorre em porções mais elevadas dos vales limitando-se com a Região das Savanas, ou campos, que ocorrem nas áreas mais planas. Desequilibrando o sistema, tem-se a presença humana, que, desde há muitos anos, vem acarretando profundas alterações na paisagem natural original. 3.5.1 Floresta Estacional Decidual Regionalmente este tipo de floresta ocorre em pequenos trechos, principalmente na calha do Rio Pelotas, além dos seus principais afluentes. Situa-se em terrenos profundamente dissecados, com encostas íngremes e solos pouco profundos, apresentando uma variação 3.5.2 20 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG de altitude entre 500 e 650 metros. Com o clima mais ameno, algumas espécies arbóreas desta floresta, passaram a ocupar áreas de terrenos ondulados, infiltrando-se nos subbosques da Floresta Ombrófila Mista. Originalmente a floresta era constituída por dois estratos arbóreos bem distintos: um alto, aberto e decíduo, chamado emergente, com altura variando entre 25 e 30 metros, e outro mais baixo e contínuo, chamado dominado, de altura não superior a 20 metros, formado principalmente por espécies de folhas permanentes, acrescidos por um estrato de arvoretas. O estrato emergente que era descontínuo e irregular, formava uma cobertura que ocupava de 60 a 80% da superfície, onde ocorriam principalmente a grápia, o angico, a canela-loura, o cedro, a timbaúva, e o louro. No estrato dominado, predominavam diversas Lauráceas como: a canela-preta, a canela-amarela, a canela-guaicá e a guajuvira (uma das espécies mais expressivas e de maior dispersão), entre outras. Os estratos, arbustivo e de arvoretas, caracterizavam-se pela ocorrência de catiguávermelho, da laranjeira-do-mato, do cincho, da pimenteira e da grandiúva, dentre outras espécies. Floresta Ombrófila Mista (Floresta Montana) Esta formação florestal é a mais extensa da região e está localizada em parte do Planalto das Araucárias, tanto em áreas de relevo aplainado como dissecado (Serra Geral), recobrindo rochas basálticas e efusivas ácidas, limitando-se principalmente com áreas campestres pertencentes à Região da Savana ou de Estepes. Esta linha divisória é de difícil determinação, em grande parte devido às condições ecológicas semelhantes da Região da Floresta Ombrófila Mista e da Região da Savana, que propiciam um avanço desordenado da floresta sobre os campos, seja sob a forma de florestas-de-galeria, capões de variadas dimensões, ou mesmo de agrupamentos quase puros de Araucária angustifólia (pinheiro) que, quando isolados, passaram a constituir a formação Parque da Região da Savana. Os elementos da Floresta Estacional que mais se destacaram por sua penetração na Floresta Ombrófila Mista Montana são: o angico-vermelho, o açoita-cavalo, a cabriúva, a canjerana e a guajuvira. Em determinadas áreas de solos profundos, a Floresta Montana foi totalmente subs- 3.5.3 tituída pela agricultura, em larga escala, do trigo e da soja ainda mais facilitada pelas favoráveis condições do relevo suave-ondulado a ondulado. O mesmo também ocorreu nas áreas, onde se encontram solos, medianamente profundos, porém com melhor fertilidade, que facilitaram o estabelecimento da agricultura cíclica. A maior parte desta vegetação desenvolve-se em territórios ao norte do Rio Pelotas, na parte central do município onde o tapete herbário é predominantemente constituído pelo capim-caninha, acompanhado por outras espécies cespitosas e rizomatosas. Em meio ao estrato graminoso acham-se distribuídos exemplares de pinheiro, isolados ou agrupados, de forma esparsa, juntamente com capões e florestas-de-galeria, cuja composição florística é semelhante à da Floresta Ombrófila Mista. Savana Parque ou Estepe Esta formação caracteriza-se por apresentar um estrato herbáceo constituído basicamente por gramíneas cespitosas e, em menor escala, por rizomatosas, sobre o qual se encontram distribuídas, de forma isolada ou pouco agrupadas, espécies arbóreas e arvoretas, em forma de parque, juntamente com florestas-de-galeria, ao longo dos cursos de água. A ação antrópica está presente nestas áreas, principalmente através de pecuária, que utiliza a vegetação graminosa nativa como pastagem para gado. Nesta atividade o fogo é utilizado regularmente na eliminação da folhagem seca da vegetação herbácea, com vistas a rebrota antecipada das gramíneas. As queimadas juntamente com o contínuo pastoreio do gado constituem fatores de modificação de composição florística do estrato herbáceo 3.5.4 3.6 Fauna A ação antrópica, responsável pela eliminação de grandes áreas de florestas nativas, fornecedora de abrigo e alimentação à maior parte da fauna silvestre, o emprego de agrotóxicos, a caça indiscriminada visando determinadas espécies de aves e mamíferos, alterou profundamente a composição original dos diversos grupos, o que se reflete na redução da diversidade específica e no desequilíbrio numérico em suas populações. Nos levantamentos realizados por ocasião do EIA/RIMA foram identificadas como de possível ocorrência na região de mastofauna envolvendo 56 espécies de mamíferos; 49 espécies de anfíbios e répteis; 256 espécies de 21 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG aves, além de insetos, aracnídeos, miriápodes, crustáceos e molúsculos, destacando-se que, por ocasião dos levantamentos realizados, foi confirmada, em campo, a existência das espécies relacionadas não tendo sido detectado qualquer forma de endemismo nos grupos faunísticos alvos do estudo. No que se refere a ictiofauna, foi registrada a ocorrência de 46 espécies de peixes, sendo 43 amostradas e 3 registradas apenas por informação. Dentre as espécies capturadas encontram-se cascudos, traíras, jundiás, lambaris, birus, pintados, carás, entre outros. Foi também observado que a região da UHE Barra Grande pertence ao sistema do alto Rio Uruguai e apresenta uma ictiofauna característica, em parte não encontrada no baixo e médio Rio Uruguai, podendo considerá-las endêmicas destas partes da bacia hidrográfica. Quanto à distribuição das espécies amostradas 9 foram constatadas apenas em tributários, 3 apenas no canal principal e 31 no canal principal e nos tributários. Adequando-se as características ambientais do Rio Pelotas foram detectadas 5 espécies próprias de corredeiras, 15 de poções e 23 em remansos. A pesca está presente em toda a área de abrangência, desenvolvendo-se como atividade recreativa, figurando como mais freqüentemente capturados em pescarias efetuadas pela população, peixes de médio porte como traíras, bagre amarelo, cascudos e piaus. A inexistência de profissionais de pesca deve-se a ausência de potencialidade pesqueira com quantidade e qualidade consideradas insuficientes para o estabelecimento de pesca comercial na região. 4 ASPECTOS SOCIOECÔNOMICOS Campo Belo do Sul está inserido numa região onde é marcante o êxodo rural, havendo, via de regra, perdas populacionais nos municípios com população total inferiores a 20.000 habitantes. Entre 1970 e 2000, a população rural do conjunto de Campo Belo do Sul e Cerro Negro caiu de 12.372 para 7.015, provocando também a queda da população total de 13.810 para 12.149 habitantes, mostrando que as áreas urbanas destes municípios não conseguiram absorver os excedentes rurais. O aumento de infra-estrutura básica, incluindo melhoria das estradas, da educação e saúde, maior disponibilidade de energia elétrica e telefonia têm-se mostrado variáveis determi- nantes à garantia de geração de renda e mais conforto e oportunidades para os produtores rurais e suas famílias, fatores fundamentais de fixação do homem no campo ou do adiamento de sua saída e o desempenho do setor primário é responsável tanto pela fixação das pessoas no campo, quanto pela capacidade de absorção de mão-de-obra pelas áreas urbanas. A pirâmide etária do município de Campo Belo do Sul mostra um perfil que reflete uma redução no número de nascimentos, o crescimento da população idosa e possíveis movimentos migratórios, que, em geral ocorrem entre a população adulta em busca de novas oportunidades de vida. A cidade de Campo Belo do Sul tem porte intermediário, com a sede municipal possuindo 1.089 domicílios, e população urbana pouco superior a rural equivalente sendo o setor público o maior empregador. O município está ligado ao Sistema Brasileiro de Telecomunicações e é servido por DDD. Os sinais das principais redes de televisão são recebidos via estações repetidoras ou captados através de antenas parabólicas no meio rural onde também são bastante comuns. O abastecimento de energia elétrica é feito pelo sistema interligado brasileiro, através da concessionária estadual em Santa Catarina - CELESC e todos os domicílios da sede são servidos por energia elétrica, água tratada e coleta de lixo. O sistema de saúde sob a responsabilidade da prefeitura ainda apresenta alguma deficiência, mas o atendimento básico à população pode ser considerado satisfatório. Possui um Hospital da Mitra Diocesana com 40 leitos que atualmente é administrado por uma associação com atendimento médico e cirúrgico para emergências e pequenas intervenções cirúrgicas, atendendo também Cerro Negro e ainda uma Unidade Sanitária, com três consultórios médicos e um odontológico. O sistema educacional tem apresentado melhoras nos últimos anos, porém ainda não é satisfatório, principalmente no meio rural com diversas escolas isoladas ofertando aulas multiseriadas além da repetência e evasão escolar. A taxa de alfabetização para pessoas com mais de 10 anos é de 82,27%, sendo inferior a do Estado que atinge 94,3% (Censo 2000). A renda per cápita no ano de 2000 foi de R$ 154,40 correspondendo a 1,023 do salário mínimo (R$ 151,00), sendo R$ 127,99 no meio rural e R$ 175,99 na zona urbana corres22 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG pondendo a menos da metade da renda média em Santa Catarina que é de R$ 348,70 ou 2,30 SM. Estes dados quando confrontados com os de 1991 mostram que houve uma evolução positiva observando-se um crescimento substancial, de 75,5%. A pobreza, medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per cápita inferior a metade do salário mínimo vigente em agosto de 2000, diminuiu, passando entre os anos 1991 e 2000, de patamar de 71,9% da população para 43,3% das pessoas (redução de + ou - 1/3). Esses valores altos de pobreza seriam ainda mais preocupantes se não se soubesse que na área rural, que tem o maior contingente populacional na categoria pobre, via de regra não é agregado na renda, o valor dos produtos agropecuários utilizados para consumo próprio. A alimentação do homem do campo, que vive na pequena propriedade é, em muitos casos, farta e variada, rica em nutrientes, herança da colonização européia e suas habitações, construídas invariavelmente em madeira, são servidas em grande parte por água encanada obtida de poço ou fonte e esgotamento sanitário dotado de fossa negra e energia elétrica. Entretanto em muitos minifúndios, verificam-se carências totais, inclusive alimentar. A apropriação da renda pelos 20% mais ricos passou de 58,8% em 1991 para 60,6 enquanto a renda dos 40% mais pobres variou de 10,7 para 10,9, indicando uma acentuada concentração de renda. O PIB – Produto Interno Bruto em 1999 atingiu o montante de R$ 34,2 milhões, sendo 47,8% provenientes da agropecuária, 43,9% do comércio e serviços e 8,2% da industria. O PIB per cápita é de R$ 4.226,00. A população manifesta-se sócioculturalmente de várias formas e os municípios dispõem de associações religiosas, comerciais, esportivas, de bairros, sindicatos, cooperativas, clubes de serviço, CTG’s, corais e grupos folclóricos, de onde resulta um calendário de realizações festivas e sociais repleto de eventos. 4.1 Demografia Pelo exame dos dados de população de Campo Belo do Sul ao longo dos anos constata-se que o município sofreu uma perda significativa do contingente populacional total, no período 1970/2000. Nos últimos anos a população rural já é menor que a urbana, pois, a partir de 1970, o meio rural vem apresentando fortes decrésci- mos de população, com a intensificação do processo de êxodo rural, estreitamente relacionadas ao fim do ciclo madeireiro, com o esgotamento das reservas naturais de pinheiros e outras madeiras nobres e agravadas pelas modificações estruturais na economia como um todo e que na agricultura estiveram relacionadas às novas tecnologias poupadoras de mão de obra, a produção empresarial de produtos anteriormente “exclusivos” da agricultura familiar e a abertura de novas fronteiras agrícolas. O processo de globalização também forçou a mudança no sistema de criação e engorda de aves e suínos para as agroindústrias, exigindo maiores investimentos e escala de produção, tornando-as impraticáveis com o uso da mão de obra familiar. Assim, na região, vêm-se verificando perdas populacionais devido, de um lado, ao esgotamento do modelo agropecuário que não tem conseguido dar sustentação econômica aos pequenos produtores rurais, às novas tecnologias poupadoras de mão-de-obra e a transformação das lavouras familiares em invernadas (pastagens) e ao parcelamento das propriedades; e de outro, pelo fortalecimento do sistema empresarial com a crescente concentração da propriedade A fuga da população só não foi mais intensa pela adoção por cooperativas da estratégia de integração agroindustrial, ao cooperativismo e ao fortalecimento da agricultura familiar promovida pelos governos dos dois estados e pelo Governo Federal. Essas alternativas, junto com o aumento de infraestrutura básica, incluindo melhoria das estradas, da educação e saúde, maior disponibilidade de energia elétrica e telefonia têm-se mostrado variáveis determinantes à garantia de geração de renda e mais conforto e oportunidades para os produtores rurais e suas famílias, fatores fundamentais de fixação do homem no campo ou do adiamento de sua saída. A pirâmide etária do município e de toda a região mostra um perfil que reflete uma redução no número de nascimentos, o crescimento da população idosa e possíveis movimentos migratórios, que, em geral ocorrem entre a população adulta jovem em busca de novas oportunidades de vida. Indicam também uma saída precoce de adolescentes, a partir dos 15 anos, sendo o maior número de emigrantes do sexo feminino. Os dados sobre a composição etária da população reafirmam uma tendência de envelhecimento, que via de regra está associada a melhores condições de vida, uma vez que o 23 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG GRÁFICO 1: EVOLUÇÃO DA PIRÂMIDE ETÁRIA4 População Total (1970) mulher homem 60 a 64 Idade 50 a 54 40 a 44 30 a 34 20 a 24 10 a 14 0a4 -20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% 20% 15% 20% População Total (1980) mulher homem 70 ou mais 60 a 64 Idade 50 a 54 40 a 44 30 a 34 20 a 24 10 a 14 0a4 -20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% População Total (2000) mulher homem 60 a 64 Idade 45 a 49 30 a 34 15 a 19 0a4 -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% População Total (1991) mulher homem 70 ou mais 60 a 64 50 a 54 Idade meio ambiente favorável com razoáveis condições de saneamento, trabalho, educação e saúde, reflete-se no aumento da esperança de vida da população e na redução das taxas de mortalidade infantil, conforme pode ser visto nas tabelas, gráficos e pirâmides. A população rural de Campo Belo do Sul e Cerro Negro era de 12.372 habitantes em 1970 e foi reduzida para 7.015 em 2000 provocando também a queda da população total que passou de 13.810 para 12.149, mostrando que as áreas urbanas destes municípios não conseguiram absorver os excedentes rurais. Apesar de não absorverem totalmente os excedentes populacionais a população urbana apresentou, neste mesmo intervalo, o processo inverso subindo de 1.478 para 5.134 habitantes. Com isto a taxa de urbanização que era, para o conjunto destes municípios de 10,4% em 1970, passou para 21,2% em 1980, elevando-se para 46% em 1991 com a emancipação de Cerro Negro, evoluindo para 50% em 1996 e atingindo 55,2% em 2000. Após uma pequena recuperação entre 1991 e 1996, a população total de Campo Belo do Sul continuou caindo a partir de 1996, pois o pequeno crescimento urbano observado entre 1996 e 2000 continua menor que o êxodo rural, verificando-se que enquanto a população urbana aumentou 343 residentes a rural perdeu 486 pessoas (não computado o crescimento vegetativo). As pirâmides etárias dos anos mais recentes mostram vértices mais alargados relativos às populações de mais de 70 anos, indicando o aumento da participação deste grupo etário em relação ao conjunto da população. Mostram ainda um estreitamento das bases (população de 0 a 4 anos), indicando uma redução na proporção do número de crianças, e um alargamento nas faixas dos jovens (entre 14 e 24 anos). Já a pirâmide dos anos 70 mostra uma base larga que vai estreitando-se regularmente, à medida que aumentam as idades das faixas etárias. Portanto a pirâmide etária bem característica em 1970 está se transformando num retângulo, decorridos trinta anos. Por ser muito expressivo cabe ressaltar também a razão de dependência, ou seja o número de pessoas economicamente ativas (faixa de 15 a 64 anos) em relação ao total de pessoas com menos de 15 e mais de 65 anos, que se reduziu de 105,1% para 57,15%, indicando que anteriormente cada pessoa ativa devia prover as necessidades de 2,05 pessoas e hoje este índice caiu para 1,57 pessoas. 40 a 44 30 a 34 20 a 24 10 a 14 0a4 -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% 20% 4 Os anos de 1979, 1980 e 1991, incluem o atual município de Cerro Negro. 24 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG GRÁFICO 2: EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO TOTAL POR FAIXAS ETÁRIAS 2,07% 9,53% 4,19% 11,31% 4,66% 13,00% 6,67% 16,27% 65 anos ou mais 39,22% 40,63% 44,63% de 45 a 65 anos de 15 a 45 anos 47,36% de 0 a 14 anos 49,17% 1970 43,87% 1980 37,71% 1991 29,70% 2000 TABELA 2: EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO DISCRIMINAÇÃO Urbana Rural Total Taxa de urbanização % Razão dependência % EVOLUÇÃO POPULAÇÃO 1970* 1980* 1991* 1.438 2.875 3.979 12.372 10.691 8.834 13.810 13.566 12.813 10,41 21,19 31,05 105,11 92,54 73,52 1996 4.097 4.097 8.194 50,00 2000 4.440 3.611 8.051 55,15 57,15 * Inclui Cerro Negro 4.2 Atividades Humanas no meio Rural população residente 5 A população residente no meio rural do município, apresenta como uma das características marcantes a presença do imigrante europeu predominando as etnias com ascendência italiana, alemã e luso brasileiras que exercem como atividade principal a agropecuária e secundariamente dedicam-se a outras atividades como o beneficiamento da madeira e de outros produtos rurais, comércio, artesanato, pequenos serviços e outras. Embora a população rural ainda seja dominante no município, a partir de 1970 o meio rural vem apresentando fortes decréscimos de população, com a intensificação do processo de êxodo rural, refletindo as modificações estruturais na economia como um todo e que na agricultura estiveram relacionadas às novas tecnologias poupadoras de mão de obra, a produção empresarial de produtos anteriormente “exclusivas” da agricultura familiar e a abertura de novas fronteiras agrícolas. Entre 1970 e 2000, a população rural do conjunto de Campo Belo do Sul e Cerro Negro caiu de 12.372 habitantes para 7.015. GRÁFICO 3: EVOLUÇÃO DA PIRÂMIDE ETÁRIA DA POPULAÇÃO RURAL 4.2.1 População Rural (1970) M ulher Homem 70 ou mais 60 a 64 50 a 54 40 a 44 30 a 34 20 a 24 10 a 14 0 a4 -20,00% -15,00% -10,00% -5,00% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% População Rural (1980) M ulher Homem 70 ou mais 60 a 64 50 a 54 40 a 44 30 a 34 20 a 24 10 a 14 0 a4 -20,00% -15,00% -10,00% -5,00% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 5 A análise feita é qualitativa pois o município de Cerro Negro foi criado em 1991desmembrando-se de Campo Belo do Sul. O decréscimo de população rural entre 1970 e 2000, foi feito calculando-se a soma dos habitantes dos dois municípios, mas não foi possível separar a distribuição etária relativa a Cerro Negro entre 1970 e 1990. 25 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG População Rural (1991) M ulher População Rural (2000) Homem M ulher Homem 70 ou mais 70 ou mais 60 a 64 60 a 64 50 a 54 50 a 54 40 a 44 40 a 44 30 a 34 30 a 34 20 a 24 20 a 24 10 a 14 10 a 14 0 a4 0 a4 -15,00% -10,00% -5,00% 0,00% 5,00% 10,00% -15,00% 15,00% -10,00% -5,00% 0,00% 5,00% 10,00% 15,00% GRÁFICO 4: EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO RURAL POR FAIXAS ETÁRIAS 2,10% 9,47% 4,47% 11,57% 4,81% 13,45% 7,70% 18,53% 65 anos ou m ais 39,16% 39,54% de 45 a 65 anos 44,07% de 15 a 45 anos 46,88% 49,26% 1970 44,42% 1980 37,67% 1991 Um sinal de alerta é referente ao total da população rural, que continuou caindo no período 1996/2000, indicando que os programas desenvolvidos no município ainda não foram suficientes para conter o êxodo rural neste período, embora se saiba que expressiva parte dos habitantes urbanos exerça também atividades rurais. Esta queda da população rural provoca a queda da população total. estrutura fundiária e da produção agrícola A maior parte das características sócioeconômicas e culturais da população rural do município encontradas atualmente, é reflexo direto do processo de colonização regional. São características: a estrutura fundiária, com predomínio de poucas propriedades dominando maiores extensões de terras convivendo com a predominância de minifúndios, o sistema de produção baseado na policultura, sustentado pela mão-de-obra familiar, e a etnia dos habitantes, com forte presença de descendentes de imigrantes italianos, alemães, poloneses, austríacos e gaúchos de origem campestre. Com o processo de desenvolvimento do estado como um todo e as políticas de apoio à exportação de produtos agrícolas, começam uma profunda mudança no meio rural, e as 4.2.2 de 0 a 14 anos 26,89% 2000 culturas de exportação ou para industrialização têm suas áreas expandidas e passam a utilizar intensivamente insumos e mecanização, alterando as relações de posse, produção e emprego no campo. O crescimento vegetativo do conjunto familiar passou a determinar a subdivisão das propriedades para acomodar os novos membros, movimento limitado pela reduzida dimensão das propriedades. A fase atual é marcada pela alternativa a esse processo que é a migração para outras regiões onde exista terra disponível, ou para os centros urbanos, caracterizando um êxodo rural. FOTO 9: REGIÃO DE Nª SRª DOS PRAZERES Não obstante o êxodo rural, a economia do município continua fortemente assentada no setor primário, com destaque para a produção 26 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG de milho, feijão, arroz, soja, produtos florestais, além da pecuária de corte e de leite. A agroindústria, com exceção do processamento da madeira é fraca no município, porém expressiva na região, beneficiando madeiras, além de carnes, leite e seus derivados. Outros produtos de origem vegetal e animal são também bastante importantes, gerando a necessidade de comércio, serviços, transportes, intermediação financeira e outras atividades terciárias de apoio ao setor primário e secundário e à população em geral. Nas tabelas a seguir, apresentam-se dados obtidos no IBGE sobre diferentes aspectos das atividades de exploração agropecuária e florestal do município e sua comparação com a Microrregião Campos de Lages e com o Estado de Santa Catarina. TABELA 3: PRODUTOR EM NÚMEROS ABSOLUTOS, SEGUNDO OS ESTABELECIMENTOS E ÁREAS PROPRIETÁRIO DISCRIMINAÇÃO Estab. Área (ha) ARRENDATÁRIO Área (ha) Estab. PARCEIRO Estab. Campo Belo do Sul Total da Microrregião Total do Estado Município/Micro - % Município/Estado - % 884 9.211 61 1.659 39 12.700 1.277.371 1.146 46.582 374 171.49 6.112.237 12.114 210.053 6.131 8 6,96 0,72 5,32 3,56 10,43 0,52 0,15 0,50 0,79 0,64 Fonte: Censo Agropecuário 1995-1996 (Microrregião - Campos de Lages) OCUPANTE Área (ha) 538 7.775 81.540 6,92 0,66 TOTAL Estab. Área (ha) Estab. 211 1.910 13.604 11,05 1,55 6.330 46.825 209.016 13,52 3,03 1.195 16.130 203.347 7,41 0,59 Área (ha) 17.738 1.378.553 6.612.846 1,29 0,27 TABELA 4: UTILIZAÇÃO DAS TERRAS ÁREA OCUPADA - 1995 DISCRIMINAÇÃO Lavoura Lavoura Pastagem Pastagem Perm. Temp. Nat. Plant. Lavoura em Mata Mata Produtivas ñ Outros Descanso Nat. Plant. Utiliz. Usos Campo Belo do Sul 158 6.982 54.043 3.730 537 Total da Microrregião 8.446 69.174 721.710 54.065 14.035 126.58 1.443.840 1.778.795 560.115 Total do Estado 153.894 0 Município/Micro - % 1,87 10,09 7,49 6,90 3,83 Município/Estado - % 0,12 0,48 3,04 0,67 0,35 Fonte: Censo Agropecuário 1995-1996 (Micro-região - Campos de Lages) 18.676 10.222 75 4.316 307.152 105.121 12.473 86.374 1.348.615 561.549 139.965 499.493 6,08 9,72 0,60 5,00 1,38 1,82 0,05 0,86 Total 98.739 1.378.55 0 6.612.84 6 7,16 1,49 TABELA 5: EFETIVO DOS REBANHOS E PRODUÇÃO DE ORIGEM ANIMAL E SUA DISTRIBUIÇÃO EFETIVO DOS REBANHOS E PRODUÇÃO - ORIGEM ANIMAL Discriminação Bovinos Suínos Galináceos Leite Ovos Mel Lã Ano Unidade Cabeças Cabeças Mil Cabeças Mil Litros Mil Dúzias T T 1992 1996 1999 2002 41.630 12.980 70 3.112 84 25 6 31.074 6.581 30 1.395 64 26 4 31.200 6.360 30 2.500 64 18 4 30.600 4.550 27 2.322 111 16 3 DISTRIBUIÇÃO DE ÁREAS POR TAMANHO Tamanho em ha Quantidade % Município 217 783 99 67 26 3 1.195 18,16% 65,52% 8,28% 5,61% 2,18% 0,25% 100% Até 10 De 10 à 99 De 100 à 199 De 200 à 499 De 500 à 1999 Acima de 2000 Total Fonte: IBGE (SIDRA) Pesquisa Pecuária Municipal Fonte:IBGE - Censo Agropecuário 1995/96 TABELA 6: ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DE ATIVIDADES ECONÔMICAS Lavoura Temp. Campo Belo do Sul 373 Total da Microrregião 5.117 Total do Estado 96.392 Município/Micro - % 7,29 Município/Estado - % 0,39 Fonte: Censo Agropecuário 1995-1996 Horticultura Lavoura Perm. Pecuária 0 1 445 430 778 5.320 2.845 6.530 46.791 0,00 0,13 8,36 0,00 0,02 0,95 - Microrregião - Campos de Lages Produção Silvicultura Pesca e Mista Exp Florestal Aquicultura 359 3.813 46.523 9,42 0,77 17 656 3.700 2,59 0,46 0 16 283 0,00 0,00 Total 1.195 16.130 203.064 7,41 0,59 27 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG TABELA 7: MÁQUINAS E INSTRUMENTOS AGRÍCOLAS TRATORES MÁQUINAS Plantio ARADOS COM TRAÇÃO Colheita Animal VEÍCULOS Mecânica Campo Belo do Sul 147 89 40 344 Total da Microrregião 4.252 2.012 517 4.411 Total do Estado 63.148 27.864 8.919 174.532 Município/Micro - % 3,4572% 4,4235% 7,7369% 7,7987% Município/Estado - % 0,2328% 0,3194% 0,4485% 0,1971% Fonte: Censo Agropecuário 1995-1996 - Microrregião - Campos de Lages Caminhões Utilitários Tração animal 35 508 6.956 6,8898% 0,5032% 130 3.192 24.342 4,0727% 0,5341% 68 2.320 117.652 2,9310% 0,0578% 76 2.690 46.706 2,8253% 0,1627% TABELA 8: DEPÓSITOS PARA PRODUÇÃO (GRÃOS A GRANEL) NÚMERO Campo Belo do Sul Total da Microrregião Total do Estado Município/Micro - % Município/Estado - % Fonte: Censo Agropecuário 1995-1996 - Microrregião - Campos de Lages CAPACIDADE (T) 14 15.372 89.508 0,0911% 0,0156% 352 61.415 1.369.955 0,5731% 0,0257% TABELA 9: VALOR DA PRODUÇÃO R$ 1.000 Produção Vegetal Total Produção animal Lavouras Total Campo Belo do Sul 5.208 4.224 Total da Microrregião 102.274 70.087 Total do Estado 1.601.137 1.379.296 Município/Micro - % 5,0922% 6,0268% Município/Estado - % 0,3253% 0,3062% Fonte: Censo Agropecuário 1995-1996 - Micror-região - Campos de Lages TOTAL De Grande Porte 2.388 44.781 1.669.333 5,3326% 0,1431% GERAL 2.067 35.555 343.603 5,8135% 0,6016% 7.596 147.055 3.270.471 5,1654% 0,2323% TABELA 10: CULTURAS TEMPORÁRIAS E PERMANENTES ANO ITEM 1992 1996 1999 2002 1992 1996 1999 2002 1992* 1996 1999 2002 ÁREA CULTIVADA - HA QUANTIDADE PRODUZIDA - T VALOR DA PRODUÇÃO - R$1.000 TOTAL 21.486 10.562 9.978 10.109 38.458 18.046 23.822 27.343 34.259,3 3.933 6.646 10.242 Alho 50 20 20 400 100 100 3.600,0 180 200 Arroz (casca) 1.500 236 236 240 2.700 211 383 312 1.800,0 44 126 90 Aveia 1.000 1.000 100 660 1.000 100 211,2 200 20 Batata inglesa 100 57 50 20 1.500 579 670 200 750,0 110 157 56 Cebola 30 60 60 40 180 605 480 320 54,0 194 130 96 Feijão 9.500 3.549 3.604 3.000 9.500 2.838 4.324 3.780 14.725,0 1.164 2.162 3.591 Fumo 126 6 8 9 181 8 15 15 742,1 15 32 39 Milho 7.500 3.964 4.000 4.200 19.305 9.078 13.440 15.876 9.009,0 1.271 2.688 3.501 Soja 1.630 1.340 1.500 2.000 3.912 2.736 3.150 5.400 3.260,0 657 945 2.322 Trigo 50 330 400 600 120 891 1.160 1.440 108,0 98 186 547 TOTAL* 50 47 32 74 3.084 4.002 3.552 2.484 308,4 240 231 1.015 Maçã* 50 47 32 60 3.084 4.002 3.552 2.400 308,4 240 231 960 Pera* 14 84 55 * Culturas Permanentes - * Valor da Produção em milhões de cruzeiros - Fonte: IBGE (SIDRA). TABELA 11: EXTRAÇÃO VEGETAL ANO ITEM 1992 1996 1999 QUANTIDADE PRODUZIDA TOTAL 60.042 14.811 10.511 Carvão vegetal 2 2 Erva-mate cancheada 9 8 Lenha 28.000 14.000 10.000 Madeira em tora 32.000 800 500 Pinhão 42 1 * Valor da Produção em milhões de cruzeiros - Fonte: IBGE (SIDRA) 2002 6.951 168 6.500 280 3 1992* 1996 1999 2002 VALOR DA PRODUÇÃO - R$1.000 1.725,6 57 97 0 0 1 1 252 42 85 1.440 14 11 33,6 0 128 20 91 15 2 28 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG TABELA 12: SILVICULTURA ANO ITEM 1992 1996 1999 2002 QUANTIDADE PRODUZIDA TOTAL 26.000 Lenha 124.000 136.500 1992* 1996 1999 2002 VALOR DA PRODUÇÃO - R$1.000 233.440 970,5 1.962 2.509 15.077 1.000 3.000 18.500 17.000 5,5 14 176 221 20.000 72.000 76.500 121.220 760 1.066 1.399 7.714 Madeira outra finalidade 5.000 49.000 41.500 * Valor da Produção em milhões de cruzeiros - Fonte: IBGE (SIDRA) 95.220 205 882 934 7.142 Madeira em tora Dados da Epagri mostram números semelhantes, porém com dados não apurados ou disponibilizados pelo IBGE como o de produtores envolvidos nas diferentes atividades, produ- tividade média dos bovinos de corte e de leite, piscicultura e outros conforme apresentados a seguir: TABELA 13: COMPOSIÇÃO DA PRODUÇÃO PECUÁRIA DO MUNICÍPIO PRODUTO Bovinos de corte Bovinos de leite Suínos Aves Ovinos Apicultura PRODUTORES (Nº) REBANHO (CABEÇA, HA OU CAIXA) PRODUTIVIDADE PRODUÇÃO TOTAL 808 248 645 767 128 249 27.638 3.436(1) 6.581 30.000 3.498 2.518 14,5 % desfrute 650 l/vaca/ano 44,5 % desfrute Subsistência 37% desfrute 10 Kg/cx 2.460,8 t(3) 1.395.000 l 93 t Subsistência 14,15 t(2) 26 t Fonte: E. M. Epagri, IBGE (Censo Agropecuário 1995/96) e E.L. CIDASC (2002) (¹) 2.148 vacas ordenhadas, (²) Produção vendida (a produção abatida na propriedade é estimada em quantidade bem superior à vendida), (3) 3.121 cabeças para abate (500 kgs/cab) e 3.001 cabeças para recria (300 kgs/cab). TABELA 14: COMPOSIÇÃO DA PRODUÇÃO VEGETAL DO MUNICÍPIO CULTURA Milho Soja Feijão Trigo Aveia x Azevém Arroz sequeiro Maçã Kiwi Ameixa Pêra Cebola Pinus Eucalipto Pinheiro Pastagem melhorada Pastagem perene Pastagem anual Total PRODUTORES (Nº) 865 39 875 09 50 292 02 02 02 01 02 60 27 45 03 04 500 - ÁREA (HA) 4.500 2.300 3.000 450 400 240 107 29 35 14 40 10.000 340 130 13 13 4.000 25.611 PRODUTIVIDADE (T/HA) 5,4 2,7 1,5 3,3 2,0 1,5 25,2 21,6 10,0 5,5 8,0 6,8 6,8 6,8 8 10 6 - PRODUÇÃO (T) 24.300 6.210 4.500 1.485 800 360 2.700 628 350 77 320 68.768(1) 2.338(1) 894(1) 104 130 24.000 137.964 Fonte: E.E. Epagri (safra 2001/ 02) e IBGE(Censo Agropecuário 1995/96). Cálculo baseado na produção de 49.000 m³ de madeira em tora e 23.000m³ de madeira para celulose, de todas as espécies florestais: pinus, eucalipto e pinheiro (1995/96). TABELA 15: COMPOSIÇÃO DAS EXPLORAÇÕES EXTRATIVAS DO MUNICÍPIO PRODUTO Pinhão Lenha PRODUTORES (Nº) 50 882 PRODUÇÃO (T) 5t 14.000 m³ Fonte: Epagri. 29 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 4.2.3 instituições que atuam no meio rural TABELA 16: INSTITUIÇÕES QUE ATUAM NO MEIO RURAL NOME Sind. Trabalhadores Rurais Sindicato Rural Copercampos Ltda Credicarú Banco do Brasil S.A. Secretaria Municipal de Agricultura Escritórios de planejamento rural Epagri S.A. Cidasc Assoc. Prod. Rurais Amigos da Terra Associação Capela do Divino Assoc. de Artesanato Capela dos Mottas Assoc. Peq. Produtores 25 de Julho Assoc. Peq. Produtores Della Costa Assoc. Peq. Produtores Campinas Assoc. Peq. Produtores 1º de Maio Nº DE ASSOCIADOS/FUNCIONÁRIOS 2.000 50 33 02(1) 04(1) 16(1) 02(1) 03(1) (2) 02(1) 30 30 08 22 35 30 30 ÁREA DE ATUAÇÃO Sindicalismo Sindicalismo Cooperativa de produção Cooperativa de crédito Crédito rural Prestação de serviços Assistência técnica Extensão Rural Prestação de serviços Associativismo Associativismo Associativismo Associativismo Associativismo Associativismo Associativismo (1) (2) Número de funcionários atuando diretamente no município. Fonte: E.M. Epagri Um funcionário saiu em 2003 para Mestrado. TABELA 17: SITUAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE DESENVOLVIMENTO MUNICIPAL DESCRIÇÃO POSSUI (SIM OU NÃO) Secretaria municipal de agricultura ou órgão similar Conselho municipal de desenvolvimento rural Plano de desenvolvimento Fundo municipal de desenvolvimento rural Censo municipal rural 4.3 Economia e Renda Devido ao peso preponderante das atividades primárias nos municípios menos populosos, como ocorre em Campo Belo do Sul, a dinâmica populacional e o desenvolvimento econômico estão fortemente atrelados a estímulos oriundos do meio rural, e determinam tanto o crescimento das atividades agroindustriais, como das atividades urbanas de comércio e prestação de serviços decorrentes, ampliando as oportunidades de trabalho. Desta forma, o desempenho do setor primário é responsável tanto pela fixação das pessoas no campo, quanto pela capacidade de absorção de mão-de-obra pelas áreas urbanas. Na cidade o setor público é o maior empregador, seguindo-se em ordem de importância, as indústrias de transformação; o comércio, o reparo de veículos e aparelhos domésticos; como ramos significativos de ocupações. Segundo o Censo 2000, excluindo-se o setor público, 32,7% do pessoal ocupado não é assalariado, indicando uma expressiva partici- Sim Sim Não Sim Sim SITUAÇÃO/TIPO/ESTRUTURA 01 Veterinário, 01 Téc. Agr., 01 Engº Agrº e Secret. da Agricultura. Reestruturado A ser construído Escassez de recursos. LAC a ser publicado em Outubro/04 pação da “empresa familiar” nas atividades urbanas. A cidade fornece apoio, bens e serviços para os estabelecimentos rurais com menos de 100 ha, onde é preponderante a agricultura familiar. FOTO 10: REFLORESTAMENTO DE PINUS Os dados do Censo Agropecuário de 95/96 revelam que a maior parte do pessoal ocupado em atividades ligadas ao setor agropecuário reside no meio rural, predominantemente no próprio estabelecimento, sendo que a maior parte é responsável pelo estabelecimen30 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG to ou a ele ligado por laços de família. Considerando o número de trabalhadores, os não remunerados são expressivos, mostrando a importância da agricultura familiar no município. Não obstante, o registro do avanço da agricultura empresarial mencionado anteriormente, vai tomando os espaços ocupados pela familiar. A atividade mais importante é o reflorestamento destacando-se ainda a produção de milho, feijão, trigo, arroz, fumo, fruticultura, apicultura, piscicultura e a criação de suínos, eqüinos, gado de corte e de leite. Neste censo agropecuário, as pastagens nativas e cultivadas ocupavam em torno de 57.773 ha, ou 58,51 % das áreas das propriedades, enquanto as lavouras temporárias e permanentes detinham 7,23 % ou 7.140 ha, as matas nativas 18,9 % ou 18.676 ha e os reflorestamentos 10,22 % ou 10.222 ha. Ainda de acordo com este censo o valor da produção vegetal foi de R$ 5.208 mil com as lavouras participando com R$ 4.224 mil. O valor da produção pecuária foi de R$ 2.388 mil sendo R$ 2.067 atribuídos à pecuária de grande porte. Os dados ainda revelam a existência nas propriedades rurais de máquinas e equipamentos agrícolas e nos domicílios tanto urbanos, quanto rurais, de bens de consumo duráveis. Esses últimos são indicadores de qualidade de vida e é usual entre os produtores a utilização de geladeira, freezer, televisão a cores, rádio, liquidificador, antena parabólica e, com menor freqüência de veículos. O setor industrial de Campo Belo do Sul, voltado principalmente ao setor madeireiro, beneficiamento de grãos e resfriamento de frutas, com ênfase para o kiwi (maior produtor nacional), está assentado sobre os quatro pontos de cruzamento da cidade gerando um tráfego considerável de passagem pelas ruas urbanas. Este setor não apresenta importância significativa na economia local conforme mostra a composição do PIB. Na área mais central estão os principais prédios públicos, o comércio e serviços e alguns exemplares de residências mais antigas, hoje transformadas em comércio. Na região do projeto COHAB Verdes Campos e da Madeireira Pinheirinho é que se instalou um comércio de bairro mais estruturado, já em função da distância ao centro. O comércio e serviços existentes apresentam um bom nível de diversificação, porém Lages é o centro de referência imediato para todos os produtos com um pouco mais de especialização. TABELA 18: PESSOAL OCUPADO, SETOR PRIMÁRIO, INDÚSTRIA, COMÉRCIO, SERVIÇOS E EMPRESAS PESSOAL OCUPADO SETOR PRIMÁRIO1 Total Responsáveis e não remunerados Remunerados .......Empregados permanentes .......Empregados temporários .......Parceiros empregados .......Outra condição Ocupado residente estabelecimento PESSOAS 3.889 3.082 807 471 295 6 35 2.727 OUTROS SETORES2 714 Total - unidades locais 543 Pessoal assalariado 171 Responsáveis e não remunerados 192 Órgãos públicos (assalariados) 188 Industrias de transformação 1 Produção eletricidade, gás, água 10 Construção 118 Comércio, reparo veículos, domésticos 9 Alojamento e alimentação 7 Transporte, armazenagem, comunicação 15 Intermediação Financeira 5 Imobiliárias, alugueis e serviços 17 Outros serviços sociais e pessoais 2 NÚMERO EMPRESAS Total Agricultura, pecuária, silvicultura Industrias de transformação Construção Comércio Alojamento e alimentação Transporte, armazenagem Intermediação Financeira Imobiliárias, alugueis e serviços Admin. pública, defesa e seguridade Educação Saúde Outros serviços sociais e pessoais 125 13 15 7 60 3 3 4 2 1 4 13 2 Fonte IBGE - Censo 2000 1 Fonte IBGE - Censo Agropecuário 95-96 A renda per cápita no ano de 2000 foi de R$ 154,40 correspondendo a 1,023 do salário mínimo (R$ 151,00), sendo R$ 127,99 no meio rural e R$ 175,99 na zona urbana correspondendo a menos da metade da renda média em Santa Catarina que é de R$ 348,70 ou 2,30 SM. Estes dados quando confrontados com os de 1991 mostram que houve uma evolução positiva observando-se crescimento substancial, de 75,5%. Em 2000, o rendimento médio das pes31 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG soas de 10 anos e mais que trabalham foi de R$ 308,01, sendo o dos homens R$ 381,63, mais que o dobro dos rendimentos das mulheres que ficou em R$ 184,25. A apropriação da renda pelos 20% mais ricos passou de 58,8% em 1991 para 60,6% enquanto a renda dos 40% mais pobres variou pouco passando de 10,7% para 10,9% Em valores de 1999 o PIB de Campo Belo do Sul atingiu o montante de R$ 34,02 milhões sendo R$ 16,29 milhões ou 47,87% resultantes da atividade agropecuária, R$ 2,79 milhões ou 8,20% provenientes da industria e 43,93% ou R$ 14,95 milhões do setor terciário. O PIB per cápita é de R$ 4.226,00. 4.4 Condição de vida 4.4.1 Saúde a) Considerações iniciais Ao introduzir no texto constitucional que “A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução de doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário ás ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”6, o Brasil rompe com tradicionais e históricas dicotomias no setor saúde, tais como entre o preventivo e o curativo, o rural e o urbano, o carente e o nãocarente, e avança para a concepção de saúde como direito de cidadania. A Constituição Federal estabelece que as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: • descentralização, com direção única em cada esfera de governo; • atendimento integral, com prioridade para as ações preventivas, sem prejuízo das atividades assistenciais; e • participação da comunidade. A lei Nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que regulamenta o Sistema Único de Saúde – SUS, diz que “a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde expressam a organização social e econômica de um País”. Sendo assim, analisar a situação 6 Artigo 196 da Constituição Federal. de saúde de um determinado território ou coletividade, bem como propor diretrizes e estratégias que contribuam para a melhoria de suas condições implica necessariamente considerar uma gama de fatores que influenciam e/ou determinam o processo saúde/doença e a capacidade de resposta dos serviços de saúde. Tendo em vista a complexidade do processo saúde/doença e o desafio de estruturar o Sistema Único de Saúde, o Ministério da Saúde criou normas e estratégias que operacionalizam os princípios e diretrizes do SUS. Dentre as iniciativas no âmbito jurídicoinstitucional, destacam-se as chamadas Leis Orgânicas da Saúde (nº 8.080/90 e 8.142/90), o Decreto nº 99.438/90, as Normas Operacionais Básicas (1991,1993 e 1996) e a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOASSUS 1/2002), que definem as responsabilidades de gestão dos municípios, estados e união. A NOAS dá continuidade ao processo de descentralização e organização do SUS, ampliando as responsabilidades pela atenção básica, definindo o processo de regionalização da assistência e criando mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do SUS. Os Estados se encontram em processo de regionalização, que objetiva a organização de redes articuladas e resolutivas de serviços, estimulando a organização da rede de atenção no nível microrregional, garantindo acesso qualificado aos serviços de saúde e a indução do processo de descentralização. Com a implantação da NOAS os municípios podem se habilitar na condição de Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada – GPABA ou Gestão Plena do Sistema Municipal (quando o município assume também, além da básica, a atenção especializada e hospitalar). Atenção básica é um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação. A organização da atenção básica tem como fundamento os princípios do SUS: saúde como direito, integralidade da assistência, universalidade, equidade, resolutividade, intersetorialidade, humanização do atendimento e participação (Portaria nº 3.925 – 13/11/1998). A Estratégia de Saúde da Família é o modelo assistencial de atenção básica adotado pelo Ministério da Saúde e vem sendo implantada desde 1994 em todos os municípios brasileiros. Representa uma transformação do mo32 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG delo de atenção à saúde do município, segundo Sampaio e Lima (2004), por criar novas oportunidades de acesso aos serviços às comunidades com mais riscos de adoecer; por estabelecer uma metodologia de organização do trabalho dos profissionais de saúde centrada no indivíduo, sua família e seu ambiente, estreitando os vínculos e permitindo um conhecimento mais apropriado da realidade em que vivem as pessoas e de quais são suas necessidades; por traduzir, na prática, o conceito de responsabilidade sanitária, criando espaços de construção de cidadania; por articular-se à rede de saúde, de forma hierarquizada e regionalizada, para garantir o acesso aos serviços de maior complexidade e, finalmente, por promover o estabelecimento de relações intersetoriais que possam atender demandas relacionadas às condições de vida das pessoas e famílias residentes em um dado território, através de políticas públicas mais integradas. Para monitorar e avaliar as ações e serviços de saúde referentes ao nível de atenção básica, o Ministério da Saúde criou instrumento nacional chamado “Pacto de Indicadores da Atenção Básica”. Este Pacto é base para negociação de metas, com vistas à melhoria no desempenho dos serviços da atenção básica e situação de saúde da população, a serem alcançadas por municípios e estados, tendo como referencial legal a Norma Operacional de Assistência à Saúde – NOAS SUS 01/2002, aprovada pela portaria/GM/MS 373 de 27 de fevereiro de 2002 e da portaria/GM/MS 384 de 04 de abril de 2003. O financiamento da atenção básica é baseado num valor per cápita – piso da atenção básica – PAB fixo e PAB ampliado, e para cada programa federal que o município assume, recebe mais um valor, chamado de PAB variável. Para os procedimentos de média e alta complexidade – MAC é definido um teto baseado na série histórica de procedimentos produzidos e parâmetro populacional, atualizado anualmente, conforme Resoluções do IBGE. O parâmetro de cobertura de consulta médica é em torno de 2,5 consultas habitante/ano, sendo na atenção básica 1,7 consultas habitante/ano. Para definir o número de Autorizações de Internação Hospitalar - AIHs, média e alta complexidade, se calcula em torno de 7,6% de cobertura populacional. Destes 7,6%, 7% os municípios recebem de cota anual, 0,4% ficam para serviços novos e 0,2% como recurso a utilizar na necessidade de ajustes. Exis- tem variações nos parâmetros dos diversos estados, mas tendo como referência os do Ministério da Saúde. Toda a negociação de reajustes, tanto do PAB quanto de AIHs, passa pela aprovação da Comissão Intergestores Bipartite – CIB, de cada estado. Segundo a Emenda Constitucional 29, os estados e os municípios deverão aplicar em 2004 respectivamente 12% e 15% de sua receita. A alocação de recursos federais, estaduais e municipais para atenção à saúde por região, segundo parâmetros estabelecidos, encontra-se em fase de pactuação em todo o país. Cada estado tem sua própria organização. Santa Catarina estrutura-se em Gerências Regionais de Saúde, que têm como atribuição geral coordenar os sistemas regionais de saúde e configuram espacialmente a possibilidade de implementação de mecanismos e instrumentos para a integração dos serviços de saúde de diferentes níveis hierárquicos e municipais. Campo Belo do Sul situa-se na 27ª Gerência Regional, sediada em Lages. O município está habilitado na condição de Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada, que lhe confere a responsabilidade, entre outros, de disponibilizar, em qualidade e quantidade suficiente para sua população, serviços capazes de oferecer atendimento nas áreas consideradas estratégicas da atenção básica, conforme detalhado na NOAS. Este estudo foi desenvolvido tendo como referência inicial o Relatório Final de Adequação da Infra-estrutura de Serviços de Saúde, Assistência Social, Educação, Lazer e Segurança na área impactada pelo Aproveitamento Hidrelétrico Barra Grande (Julho 2002). Foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: análise de estudos já realizados, coleta de dados no município e nos sistemas de informação do Ministério da Saúde, entrevistas com técnicos das secretarias estadual e municipal de saúde, e abordagem interdisciplinar na análise da situação diagnosticada e na proposição de diretrizes. Os indicadores de nível de saúde utilizados neste estudo foram os seguintes: • taxa bruta de natalidade; • proporção de nascidos vivos com baixo peso ao nascer; • proporção de gravidez na adolescência; • morbidade ambulatorial; • prevalência de hipertensão arterial; 33 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL • prevalência de diabetes mellitus; • número de casos de doenças de notificação compulsória; • proporção de internações hospitalares por principais grupos de causas; • taxa de internação por acidente vascular cerebral; • mortalidade por principais grupos de causas; • taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares; • taxa de mortalidade por câncer de mama; • proporção de óbitos por faixa etária; • índice de Swaroop & Uemura; • índice de mortalidade infantil proporcional; • coeficiente de mortalidade infantil. Para identificar a infra-estrutura e oferta de serviços de saúde, foram utilizadas as seguintes informações: • capacidade física instalada da rede de serviços; • recursos humanos em saúde; • programas e serviços de saúde desenvolvidos; • cobertura de primeira consulta odontológica; • proporção de exodontias em relação às ações odontológicas básicas; • cobertura de consultas médicas nas especialidades básicas; • cobertura vacinal; • produção ambulatorial; • sistema de referência e contrareferência; • serviços de apoio, diagnose e terapia – SADT; • número de autorizações de internação hospitalar - AIHs; • gastos em saúde. A disponibilidade de informação apoiada em dados válidos e confiáveis é condição essencial para análise da situação sanitária, assim como para a tomada de decisões baseadas em evidências e para a programação de ações de saúde. Em termos gerais, os indicadores são medidas-síntese que contém informação relevante sobre determinados atributos e di- UHBG mensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde. Vistos em conjunto, devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância das condições de saúde. Considerando que a saúde está relacionada às condições de vida, os indicadores acima selecionados para este estudo não devem ser vistos isoladamente, mas integrados ao conjunto de informações demográficas, sócioeconômicas e ambientais do município. b) Perfil epidemiológico Avaliar a situação da saúde de um município pressupõe conhecer o seu perfil epidemiológico, ou seja, como vive, adoece e morre a sua população e qual a oferta de serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde. O conhecimento da morbidade permite inferir os riscos de adoecer que as pessoas estão sujeitas, orienta a investigação das causas e as possíveis medidas saneadoras, mais que as medidas de mortalidade, quando em avaliações de curto prazo. O município de Campo Belo do Sul tem 1.941 famílias cadastradas7, num total de 6.817 pessoas, o que equivale a cerca de 83% de sua população. O cadastro da população permite conhecer a população por faixa etária, contribui para o estabelecimento de vínculo entre a equipe de saúde e os usuários dos serviços, para identificar problemas relacionados a cada fase do ciclo de vida, além de prever e prover recursos para atender às necessidades de saúde. O cadastro das famílias mostra que 71,83% não têm tratamento de água no domicílio e 61,46% têm o abastecimento de água feito pela rede pública, sendo que 37,04% do abastecimento são de poço ou nascente. A destinação do lixo é feita através de coleta pública (57,19%) e queimado/enterrado (32,92%). Apenas 45,23% das famílias possuem sistema de esgoto. A taxa bruta de natalidade em 1994 era de 15,75, em 2000 de 13,41, e em 2002 de 13,7 nascimentos para cada mil habitantes, quando no estado era de 15,5. Esta tendência de queda na natalidade deve alertar os poderes públicos e a comunidade para uma grande mudança na estrutura da população, que será formada por adultos e idosos e que conseqüentemente demandará a reorganização dos servi7 Relatório do Sistema de Informações da Atenção Básica – SIAB – julho de 2004. 34 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL ços e novos investimentos em saúde8. À transição demográfica associa-se a transição epidemiológica, ou seja, mudança no padrão de morbimortalidade. A proporção de nascidos vivos com baixo peso ao nascer esteve em 12,04% em 2002 e diminuiu para 12,37% em 2003, quando no estado estava em 8,14%. A ocorrência de baixo peso ao nascer expressa retardo do crescimento intra-uterino ou prematuridade e representa importante fator de risco para a morbimortalidade neonatal e infantil. O indicador serve como preditor da sobrevivência infantil: quanto menor o peso ao nascer, maior a probabilidade de morte precoce. Valores em torno de 5-6% são encontrados em países desenvolvidos, e convenções internacionais estabelecem que esta proporção não deve ultrapassar 10%. Proporções elevadas de nascidos vivos de baixo peso estão associadas, em geral, a baixos níveis de desenvolvimento sócio-econômico e de assistência materno-infantil. A meta municipal estabelecida no Pacto dos Indicadores é de redução do baixo peso ao nascer para 10,53% em 2004. A proporção de gravidez na adolescência, de 10 a 19 anos de idade, conforme o SINASC9, tem crescido gradativamente nos últimos anos, passando de 15,45% em 2001 para 25% em 2003, quando no estado foi de 19%. A maioria dos nascimentos concentra-se na faixa de 20 a 29 anos. A gravidez na adolescência tem como conseqüências implicações sociais e constitui-se em fator de risco para a mortalidade infantil e materna. c) Morbidade ambulatorial e hospitalar Quanto à morbidade ambulatorial, ela não é registrada em Campo Belo do Sul, como na maioria dos municípios, mas, segundo o Plano Municipal de Saúde, se equivale à hospitalar. A equipe técnica da Secretaria Municipal de Saúde considera que os principais problemas de saúde sejam a falta de saneamento básico, diarréias, cistircercose e desnutrição. Segundo o Relatório de Gestão 2002, os principais problemas de saúde da população são: a dificuldade para internação e cirurgias eletivas, demora no diagnóstico por falta de raio-x, doenças oriundas da falta de saneamento básico, tabagismo, alcoolismo e falta de vigilância sanitária em estabelecimentos comerci- UHBG ais e locais que lidam com couro. Em 2003/2004 não houve registro de casos de hanseníase e tuberculose no município. A prevalência de diabetes em agosto de 2004 era de 2,59% e de hipertensão 14,47%, na população de 20 anos e mais. No estado, na população com 15 anos e mais as prevalências de hipertensão e diabetes são de 9,57 e 2,15% respectivamente. Segundo dados do SIAB10, 100% dos cadastrados estão sendo acompanhados pelas equipes de saúde. A prevenção, diagnóstico, tratamento e controle da hipertensão arterial e da diabete mellitus reduz o número de internações hospitalares, a procura por pronto atendimento e os gastos com tratamento de complicações, aposentadorias precoces e a mortalidade cardiovascular, com a conseqüente melhoria da qualidade de vida da população. Em relação às doenças de notificação compulsória, a freqüência foi baixa em 2002, destaca-se a ocorrência de 34 casos de atendimento anti-rábico humano, 5 acidentes com animais peçonhentos e 5 casos de hepatite. Já em 2003 foram registrados 9 casos de atendimento anti-rábico humano, 2 casos de AIDS, 3 de cistircecose humana, 152 casos de DSTs (corrimento vaginal), 234 casos de diarréia aguda, 17 de hepatite e 65 de varicela. O aumento do número de determinados agravos pode estar relacionado à melhoria dos registros e/ou ampliação da oferta de um determinado serviço, a exemplo do atendimento ginecológico. Os casos de diarréia aguda provavelmente estão relacionados a surto por causa específica. Quanto à varicela, é uma infecção viral primária, aguda e benigna, mas altamente contagiosa, que ocorre principalmente em menores de 15 anos de idade. É mais freqüente no final do inverno e início da primavera. O Sistema de Informações de Agravos de Notificação - SINAN possibilita o cálculo de incidência e prevalência de doenças, sua letalidade, o acompanhamento de tendências temporais e a identificação de áreas de risco, essenciais para haver conhecimento das condições de saúde da população (Rouquayrol, 1999). Quanto à morbidade hospitalar, analisando o período entre 1998 e 2003, a principal causa de internação hospitalar são as doenças do aparelho respiratório, em segundo lugar as doenças infecciosas e parasitárias e em tercei- 8 Boletim Epidemiológico, v. 5, n° 1, ago./set., 2003 – www.saude.sc.gov.br – acessado em 6/09/2004. 9 Sistema de Informações de Agravos de Notificação. 10 Sistema de Informação da Atenção Básica. 35 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG ro as internações por gravidez, parto e puerpério, seguidas das doenças do aparelho circulatório e aparelho digestivo. Em Santa Catarina a primeira causa de internação hospitalar é gravidez, parto e puerpério, seguida pelas doenças do aparelho respiratório e pelas doenças do aparelho circulatório. As doenças infecciosas e parasitárias encontram-se na quinta posição no estado. Entre as doenças respiratórias predominaram em 2003 a pneumonia e a asma. As doenças infecciosas e parasitárias, segundo lista de morbidade do CID-10, são na sua maioria infecções intestinais que têm íntima relação com a falta de saneamento básico e o baixo nível sócio-econômico da região. As internações por doenças do aparelho circulatório foram principalmente por doenças isquêmicas do coração, hipertensão essencial (primária) e hemorragia intra-craniana. A predominância de doenças do aparelho circulatório e respiratório pode estar associada aos hábitos alimentares e ao clima, bem como à baixa efetividade das ações de promoção e prevenção à saúde. A taxa de internação por acidente vascular cerebral (AVC), na faixa etária de 30 a 59 anos, foi de 82,3 por 10.000 habitantes e a meta para 2004 é a redução para 80,3/10.000. Em Santa Catarina a meta para 2004 é 47,00/10.000. Este indicador é importante para avaliar o controle da hipertensão arterial e as condições da atenção básica à saúde prestada pelo município. O indicador objetiva avaliar, de forma indireta, a disponibilidade de ações básicas de prevenção e controle (diagnóstico precoce, tratamento e educação para a saúde) da doença hipertensiva. Não existem parâmetros de comparação. Espera-se que nos municípios que priorizem a execução dessas ações ocorra uma redução dessa taxa. O Plano Municipal de Saúde 2001-2004 aponta a necessidade de investigação das doenças do aparelho digestivo, que poderiam estar sendo causadas, entre outros, pelo uso de agrotóxicos. Na lista de morbidade do CID1011 registrada no SIH/SUS12 no período de 2000 a 2003, aparecem como causas principalmente úlcera gástrica e duodenal, colelitíase e colecistite, hérnia inguinal, gastrite e duodenite e outras doenças do aparelho digestivo. 11 12 Código Internacional de Doenças. Sistema de Informações Hospitalares do SUS. d) Mortalidade Quanto à mortalidade, o primeiro grupo de causas de óbito em Campo Belo do Sul são as doenças do aparelho circulatório, com predominância das doenças cerebrovasculares e das doenças isquêmicas do coração, seguidas das neoplasias, coincidindo com a situação de Santa Catarina. Em terceiro lugar estão as doenças do aparelho respiratório e em quarto as causas mal definidas, que demonstram problemas de registro e subnotificação de algumas causas. As causas externas têm sido na média de 9,54% do total de óbitos no período de 1998 a 2003, com destaque para os suicídios e afogamentos. Em Santa Catarina as causas externas são a terceira causa de óbito (13,2%), onde os suicídios e homicídios aparecem em segundo lugar entre as mortes violentas. Analisando os óbitos por causas evitáveis, destacam-se as doenças cerebrovasculares e as mal definidas, seguidas de doenças cardíacas, bronquites enfizemas e asma, que têm acometido principalmente a faixa etária acima de 50 anos de idade. De acordo com o Pacto dos Indicadores, a taxa de mortalidade por câncer de mama em 2003 foi de 24,12 para cada 100.000 mulheres e a meta é reduzir para 22,62, enquanto que no estado foi de 10,3 e a meta é reduzir para 10,00. A taxa de mortalidade por câncer de colo de útero em 2003 foi de 23,52/10.000, no estado 4,0/10.000, e a meta do município é a redução para 20,52. A mortalidade por câncer de colo de útero e de mama são importantes indicadores de condições de vida da população e de qualidade da atenção à saúde da mulher. Alta taxa de mortalidade por estas causas podem indicar uma falha nos serviços de saúde em realizar o diagnóstico precoce do câncer de colo de útero, seu tratamento e acompanhamento adequado13. A taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares, na população de 40 anos ou mais, que em Santa Catarina em 2003 foi de 48,1 por cada 10.000 habitantes, em Campo Belo do Sul esteve em 209,62 e a meta do município para 2004 é reduzir para 207,12. Este indicador compõe o Pacto de Indicadores por ser potente para avaliar a qualidade da atenção à saúde prestada pelos municípios. Estima o risco de morte por doenças do aparelho circulatório. Taxas elevadas de mortalidade por doen13 Portaria Nº 2394 / 2003, do Ministério da Saúde 36 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG ças do aparelho circulatório são decorrentes da maior incidência destas doenças na população. Por sua vez, a incidência está associada à freqüência de fatores de risco, como tabagismo, hipertensão, obesidade, hipercolesterolemia, diabetes, sedentarismo e estresse. Variações das taxas de mortalidade específica podem também estar associadas à qualidade da assistência médica disponível. “O Índice de Swaroop & Uemura, ou seja, a proporção de óbitos de pessoas com 50 anos ou mais, no ano de 2000 foi de 68,75%, inferior ao da Região, de 71,8% e ao do estado, de 72,5%. A proporção de óbitos de menores de 1 ano em 2000 foi de 10,42%, enquanto na Região foi de 6,4% e no estado de 5,2%”14. Analisando os anos seguintes até 2003 observa-se o crescimento da proporção de óbitos de 50 anos ou mais, que passou para 81,13% e a redução da proporção de óbitos de menores de 1 ano para 1,88%. A situação foi melhor que a do estado, que em 2003, foi de 73,7% e 3,9% respectivamente. O Índice de Swaroop & Uemura é um indicador do nível de vida do qual a saúde faz parte e que permite analisar a tendência da mortalidade numa determinada área geográfica (Rouquayrol, 1999). Nos países desenvolvidos este índice fica entre 80 e 90%, enquanto que nas regiões subdesenvolvidas, atinge 50% ou menos. O Brasil fica na situação intermediária, acima de 50 e inferior a 80%. Quanto mais esse índice se aproxima de 100, melhores são as condições de vida. O Coeficiente de Mortalidade Infantil se manteve alto no período de 1997 a 2002, reduzindo drasticamente em 2003. Passou de 37,02 em 2002 para 10,31 óbitos por mil nascimentos em 2003. A taxa de mortalidade infantil estima o risco de um nascido vivo morrer durante o seu primeiro ano de vida. São consideradas baixas com menos de 20 óbitos por 1000 nascidos vivos. Para os municípios com população inferior a 80.000 habitantes, além desta taxa, deve ser utilizado para mensuração o número absoluto de óbitos de menores de um ano de idade, em determinado local e período. A diferenciação dos municípios foi adotada porque a taxa de mortalidade infantil tem uma grande oscilação em populações pequenas, quando avaliado um período curto de tempo, como um ano. Nesses casos, em que os óbitos infantis ten- dem a ser menos freqüentes, cada óbito a mais ou a menos provoca grandes variações na taxa, sendo importante o uso de números absolutos. Mas para garantir comparações entre municípios de porte diferente, se faz necessário o uso da Taxa de mortalidade infantil. O Coeficiente de Mortalidade Infantil, apesar da redução em 2003, tem sido alto para a média do estado, que vem diminuindo progressivamente desde 1998 até chegar a 13,3 / 1000 em 2003. A mortalidade infantil está relacionada ao acesso aos serviços de saúde e às condições de vida. Segundo Peixoto15, a rápida redução da mortalidade infantil normalmente está associada mais ao aumento da cobertura e eficácia de serviços de saúde do que a melhoria das condições de vida. Em 2003 ocorreu um óbito de menor de um ano e o município pactuou a meta de 2 óbitos para o ano de 2004. e) A organização do sistema de saúde e a oferta de serviços O município dispõe de uma Unidade Sanitária Central recentemente ampliada, com 3 consultórios médicos, 1 equipo odontológico e leito de observação, que encontra-se em boas condições de instalação e equipamentos, segundo o Plano Municipal de Saúde. Também conta com uma Unidade Móvel Médica, Odontológica e de Enfermagem para 24 localidades do interior, atendendo duas vezes por semana. O quadro de recursos humanos é formado pelos seguintes profissionais: • 1 clínico geral – com 20 h/semanais; • 2 médicos PSF – com 40 h/semanais; • 2 enfermeiras – com 40 h/semanais; • 2 odontólogos – um com 20 h e outro com 40 h/semanais; • 1 farmacêutico 20 h; • 1 assistente social 40 h; • 1 psicóloga – com 20 h/semanais • 9 profissionais de enfermagem nível médio – com 40 h/semanais; • 1 fiscal vigilância sanitária; • 1 agente de vigilância sanitária 40 h; e • 20 agentes comunitários de saúde. Em maio de 2002 foram implantadas duas equipes do Programa de Saúde da Família – PSF, que atuam com um odontólogo. Con- 14 Relatório Final de Adequação da Infra-estrutura de serviços de saúde, assistência social, educação, lazer e segurança na área impactada pelo Aproveitamento Hidrelétrico Barra Grande. 15 PEIXOTO, H. C. G. Análise da mortalidade em Santa Catarina, 2000. In: www.saude.sc.gov.br 37 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG forme os parâmetros do Ministério da Saúde, o município deveria ter três equipes, cada uma com 10 ACS. A solicitação de implantação de mais uma equipe já foi encaminhada à 27ª Regional de Saúde. A Secretaria também pretende contratar mais um odontólogo. Por enquanto as duas equipes tentam atender 100% da população16. Os Agentes Comunitários de Saúde se dividem em 10 no interior e 10 na sede. FOTO 11: UNIDADE SANITÁRIA CENTRAL Os profissionais de saúde receberam treinamentos conforme exigências do Ministério da Saúde, segundo Relatório de Gestão 2003. Programas e serviços oferecidos: • Estratégia da saúde da família; • Agentes comunitários de saúde; • Humanização do pré-natal e nascimento; • Farmácia básica; • Saúde da criança; • Saúde do idoso; • Saúde bucal; • Saúde da mulher; • Saúde do adolescente; • Saúde do trabalhador; • Estratégias de saúde mental; • Atendimento básico de enfermagem; • Imunização; • Preventivo do câncer cérvico-uterino; • Exames laboratoriais básicos; • Bolsa alimentação; • Vigilância sanitária; • Vigilância epidemiológica; • Vigilância das águas; • Serviço social, entre outros. As ações de saúde da criança priorizam a vigilância nutricional, a imunização e assistência às doenças prevalentes na infância. As ações de saúde da mulher concentram-se na realização do pré-natal, prevenção de câncer cérvico-uterino e planejamento familiar. A meta da Secretaria é melhorar a atenção pré-natal passando da proporção de 92,71% nascidos vivos com 4 ou mais consultas de prénatal em 2003 para 94,51 em 2004. É considerada adequada a proporção de 80%. As ações de saúde bucal são voltadas prioritariamente para a prevenção e tratamento dos problemas odontológicos na população de 0 a 14 anos e gestantes. Os sistemas de informação não são utilizados a não ser sob orientação da Regional de Saúde17. Na Unidade Sanitária, para consulta médica, são agendados por dia, 5 pacientes entre crianças (0 a 6 anos), gestantes e idosos. Para os demais grupos populacionais são distribuídas 15 fichas/dia para consulta médica. A cobertura de primeira consulta odontológica em 2003 era de 15,46%, semelhante a do estado, de 15,98% e a meta estabelecida pelo município para 2004 é de 17,52%. Este indicador mede a tendência de cobertura de tratamentos odontológicos a partir da realização da primeira consulta com exame clínico visando elaboração de um plano de tratamento. Os dados sugerem, em ambos os casos, que o atendimento odontológico é focado no atendimento às urgências e emergências e não na atenção integral à saúde bucal. A proporção de exodontias em relação às ações odontológicas básicas individuais foi de 61,89%, quando no estado foi registrado 7,04% e a meta do município é de 58,8% para 2004. Este indicador possibilita analisar a orientação dos modelos propostos para a assistência odontológica individual, visto que mostra qual a participação dos procedimentos individuais mutiladores (exodontias de dentes permanentes) no total de procedimentos individuais realizados, que devem ser, em sua maioria, restauradores/conservadores e preventivos. A proporção da população coberta pelo PSF em 2003 era 85,64% e a meta preconizada para 2004 é de 87,12%. A média anual de consultas médicas por habitante ano nas especialidades básicas era 16 Informações fornecidas por Clóvis José Pucci de Moraes, Secretário Municipal de Saúde e Assistência Social, em 28/07/2004. 17 Informação fornecida por Lorizete Pinheiro, em 28/07/2004. 38 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 1,51 em 1999, passou para 1,74% em 2003 e a meta para 2004 é a sua manutenção, que corresponde ao parâmetro do estado. A oferta de consultas médicas nas especialidades básicas reflete a capacidade da rede básica em prestar assistência individual. Este indicador é utilizado para avaliar e reprogramar a oferta de consultas básicas ambulatoriais e tem como limitação a dificuldade de se definir um parâmetro ideal de consultas médicas nas especialidades básicas por habitante. Os agentes comunitários de saúde ACS fazem a média de 0,81 visitas/mês e a meta é ampliar para 0.91. A freqüência com que o serviço de saúde se faz presente na residência das pessoas, embora não parametrizada em termos ideais, está relacionada à incorporação de hábitos saudáveis e à elevação dos padrões de higiene e condições de saúde. Indica tendência de mudança de modelo assistencial, num enfoque de promoção da saúde. Em dezembro de 2003 os diabéticos e hipertensos eram 100% acompanhados pelas equipes de saúde. Quanto à cobertura vacinal, segundo dados do Programa Nacional de Imunizações, não está adequada. Observa-se baixa cobertura contra sarampo e BCG, esta última decorrente, segundo o Plano Municipal de Saúde, do fato de muitos nascimentos ocorrerem em Lages, o que faz com que o registro entre no mapa de vacinação daquele município. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais tem 1.600 associados na ativa, o que equivale a 19,5% da população do município, e oferece convênio para assistência médica e laboratorial no município e em Lages. Quanto à produção ambulatorial, analisando os dados do SIA/SUS18 no período de 2000 a 2003, observa-se incremento em 2003 na oferta de procedimentos de atenção básica: ações de enfermagem, ações médicas básicas e ações executadas por outros profissionais de nível superior, que se destacam com crescimento em torno de 200%. Nos procedimentos especializados também houve incremento em 2003, destacando-se a patologia clínica, cuja oferta foi ampliada com a criação do laboratório municipal. A Secretária de Saúde informou que o município tem demanda reprimida nas várias especialidades que não são supridas pela Central de Agendamento do SUS, em Lages. A Central só fornece urologia, dermatologia e geriatria. Dessa forma, o município compra serviços no Consórcio Intermunicipal de Saúde, em Lages. A Prefeitura transporta pacientes para tratamento de saúde fora do domicílio em ambulância. De acordo com a Programação Pactuada Integrada na região da AMURES, Lages tem sido a principal referência na oferta de serviços de média e alta complexidade. Municípios nessa condição recebem automaticamente os recursos dos outros municípios para pagamento dos procedimentos pactuados. Entretanto, com a revisão da PPI em junho de 2004, constatado o não cumprimento do pacto pela referência, ficou pactuado que os recursos que antes iam para Lages retornam para os demais municípios, que comprarão os serviços onde houver disponibilidade. Os usuários são encaminhados também, conforme o caso, para Rio do Sul, Joinville e Florianópolis. Campo Belo do Sul tem hospital privado filantrópico, com 40 leitos e interna também pacientes de Cerro Negro. Foi construído há 25 anos e sua ampliação será concretizada com recursos da BAESA. Serão reformados o centro cirúrgico e o centro obstétrico. No ambulatório hospitalar estão instalados três consultórios médicos, um odontológico e um laboratório, todos privados. O município tinha cota mensal de 59 AIHs – autorizações de internação hospitalar (Relatório de Gestão 2000) e em 2003 a cota passou a ser de 46 AIHs (Relatório de 2003). O Ministério da Saúde instituiu em junho de 200419 a Política Nacional para Hospitais de Pequeno Porte, “utilizando um modelo de organização e financiamento que estimule a inserção desses hospitais [...] na rede hierarquizada de atenção à saúde, agregando resolutividade e qualidade às ações definidas para seu nível de complexidade”. O município atende aos requisitos necessários para adesão à Política e o Hospital poderá ser incluído. A despesa em 2003 com ações e serviços de saúde foi de R$ 114,76 por habitante, praticamente dobrando em relação a 1999. As transferências de recursos federais têm aumentado consideravelmente, passando de R$ 139.852,20 em 2001 para R$ 299.012,67 em 2003. O incremento deve-se principalmente ao recebimento de recursos vinculados aos Programas de Saúde da Família, Agentes Comuni- 18 19 Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS. Portaria N° 1044/GM – em 1° junho de 2004. 39 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG tários de Saúde e Saúde Bucal e Epidemiologia e Controle de Doenças. Os recursos deverão se ampliar em 2004. Campo Belo do Sul está incluído na política de financiamento da atenção básica no âmbito da estratégia Saúde da Família, que atenda ao princípio constitucional da equidade em saúde, a partir da competência julho de 2004. O município é beneficiado por ter Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) igual ou inferior a 0,7 e população de até 30 mil habitantes. O valor do incentivo incide sobre o total de equipes implantadas, de acordo com a faixa de cobertura populacional da estratégia de saúde da família do município. O percentual de recursos próprios do município aplicado à saúde tem sido maior que o mínimo exigido pela Emenda Constitucional 29, sendo de 14,59% em 2002 e 14,36% em 2003. parcerias e inovar pode ser a palavra de ordem. A seguir, para permitir rápida visualização dos principais indicadores e/ou informações trabalhadas ao longo deste diagnóstico, são apresentados quadros síntese da situação de saúde e do sistema de saúde / oferta de serviços. f) Considerações finais Quando se estuda uma determinada realidade, não se obtém o conhecimento dela por inteiro, mas se faz aproximações. Quanto maior o número de informações e quanto maior for a participação dos diversos atores nela envolvidos, mais abrangente será o conhecimento e mais instrumentalizado se estará para pensar as possibilidades de mudanças, quando necessárias. Nesse sentido, este estudo não pretendeu ser conclusivo, mas ser uma contribuição inicial para se pensar no coletivo – equipe técnica de saúde, representantes das organizações sociais e demais interessados – qual a situação de saúde do município e quais as medidas que o poder público deve tomar para evitar ou reduzir problemas. Diagnosticar, identificar problemas, estabelecer prioridades, definir ações de intervenção e avaliar, são momentos de um processo que deve ser permanente no contexto de toda organização, seja pública, privada ou não governamental. Conhecer os limites e as dificuldades reais, seja de ordem política, de ordem econômica ou de ordem social e cultural, instrumentaliza para ação. A construção de uma intervenção na saúde que possa contemplar o ser humano no seu espaço local e ao mesmo tempo contextualizado num espaço global é o desafio que se coloca. Para tanto é preciso romper com o paradigma biologicista, focado na cura da doença e na responsabilidade médica, e buscar a atenção ao ser integral/individual, familiar e social. Compartilhar responsabilidades, estabelecer 40 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG existentes, e comparando, conforme disponibilidade dos dados, com a situação do estado. g) Quadro síntese da situação de saúde No quadro a seguir são apresentados os principais indicadores / informações utilizados, identificando-se os parâmetros, quando TABELA 19: PRINCIPAIS INDICADORES / INFORMAÇÕES UTILIZADAS E COMPARAÇÕES INDICADOR/ PARÂMEMUNICÍPIO ESTADO TENDÊNCIA INFORMAÇÃO TRO Taxa bruta de natali13,70/1000 dade/2002 Proporção de baixo 12,37% peso ao nascer/2003 Proporção gravidez 25% adolescência/2003 2003– varicela, diarréia aguda, DSTs e Doenças de notificahepatite. 2002– atendimento anti-rábico ção humano Prevalência de 21 Hipertensão arteri- 14,47% al/2004 Prevalência de Diabetes melli2,59% tus/2004 Redução, envelhecimento população 15,5/1000 Não existente 8,14% Baixa – menor Redução que 10 19,0% AVALIAÇÃO Não existente Estabilização 20 Não disponível 9,57% 2,15 22 23 Espera-se que não haja Redução ocorrências Não disponível Estabilização Não disponível Estabilização Principais causas de Doenças ap. respiratório; infecciosas e internação hospitalar parasitárias; Gravidez, parto e puerpério Gravidez, parto e puerpério; DoenNão existente ças ap. respiratório e circulatório Taxa internação AVC 82,3/10.000 /2003 47,0/10.000 24 Não existente Estabilização 25 Redução 26 Principais causas de Doenças ap. circulatório; Neoplasias; óbito Doenças ap. respiratório Taxa mortalidade câncer de mama/2003 Taxa de mortalidade câncer de colo de útero/2003 Taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares/2003 Índice de Swuaroop & Uemura/2000 Proporção óbitos < 1 ano/2003 Taxa mortalidade infantil/2003 Nº óbitos < 1 ano/2003 Estabilização Não existente 27 Estabilização Não existente 29 Estabilização 48,1/10.000 Não existente 30 Redução 81,13% 73,7% Entre 80 e 90% Estabilização 1,88% 3,9% Não existente 10,31/1000 13,3/1000 Baixas 20/1000 Redução 1 Não disponível Não existente Estabilização Não disponível Não existente Redução e/ou controle com atuação do PSF 24,12/10.000 10,3/10.000 Nenhuma ocorrência 3,70/10.000 209,62/10.000 Desnutrição; Falta saneam. básico; Principais problemas Hipertensão arterial; Cistercercose; 31 Tabagismo; Alcoolismo; Deficiência na de saúde fiscalização da vigilância sanitária. - Atenção, Doenças ap. circulatório; Não existente neoplasias; causas externas - Situação Aceitável, 28 NA Estabilização - Dentro dos Parâmetros, NA – Não se Aplica. 20 Varicela é redutível por imunoprevenção. 21 Pessoas de 20 anos e mais. 22 Pessoas de 15 anos e mais. 23 Pessoas de 15 anos e mais. 24 Meta de Santa Catarina no Pacto 2004. 25 Espera-se diminuição com ações de promoção e prevenção. 26 Padrão em quase todo o mundo. No Brasil as causas externas estão em segundo lugar. 27 Espera-se diminuição com ações de promoção e prevenção. 28 Meta de Santa Catarina no Pacto 2004. 29 Espera-se diminuição com ações de promoção e prevenção. 30 Espera-se diminuição com ações de promoção e prevenção. 31 Fonte: Relatório de Gestão 2002 / Entrevista Secretário de Saúde. 41 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG h) Sistema de saúde / oferta de serviços No quadro a seguir são apresentados os principais indicadores / informações utilizados, identificando-se os parâmetros, quando existentes, e comparando, conforme disponibilidade dos dados, com a situação do estado. TABELA 20: PRINCIPAIS INDICADORES / INFORMAÇÕES UTILIZADAS E COMPARAÇÕES INDICADOR/ INFORMAÇÃO Unidades de saúde Nº Equipes PSF Proporção nascimentos 4 ou mais consultas prénatal/2003 Cobertura de 1ª consulta odontológica/2003 Proporção de exodontias/2003 Cobertura consultas médicas especialidades básicas/2003 Cobertura vacinal/2003 Produção al/2003 ambulatori- Referência média e alta complexidade Despesa ações e serviços de saúde/2003 Recursos municipais conforme EC 29/2003 - Atenção, MUNICÍPIO ESTADO PARÂMETRO 1 Unidade básica de saúde 1 unidade móvel 02 N/A32 Não vel N/A33 92,71% 93%34 15,46% 15,98% 61,89%37 7,04% 1,74 - hab/ano 1,6 – hab/ano 1 equipe/3500 pessoas Considerado elevado acima de 80%35 Não disponível36 Não disponível 1,7 – hab/ano 100% 100% 100% 88% procedimentos de atenção básica; 12% procedimentos de atenção especializada 59% atenção básica; 30,4% atenção especializada; 10,6% alta complexidade N/A38 Não vel Lages Rio do Sul Joinville Florianópolis R$ 114,76 R$ 160,3 14,36% 26,73% - Situação Aceitável, disponí- TENDÊNCIA AVALIAÇÃO Estabilização Ampliação Ampliação Ampliação Diminuição Manutenção Manutenção disponí- Não se aplica Estabilização Manutenção NA Não disponível Estado – 15% Municípios – 12% Ampliação Manutenção - Dentro dos Parâmetros, NA - Não se Aplica. 32 Comparar com a situação do estado não se aplica neste caso. 33 Comparar com a situação do estado não se aplica neste caso. 34 Meta de Santa Catarina no Pacto 2004. 35 Portaria Nº 2394 / 2003 do Ministério da Saúde. 36 O parâmetro existente é de 1,5 procedimentos hab/ano. 37 Esta proporção está muito alta e sugere problemas no registro. 38 Comparar com a situação do estado não se aplica neste caso. 42 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL 4.4.2 Educação a) metodologia aplicada Os dados relativos à educação na área dos municípios atingidos pela construção da UHE Barra Grande, não considerando-se Lages/SC e Vacaria/RS, foram coletados do Censo Escolar do Ministério da Educação e do Desporto/Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais - MEC/INEP e de informações junto às Secretarias Municipais de Educação/SMEC . Os dados levantados junto ao MEC/INEP são coletados anualmente por aquele órgão em todo o país, são considerados os dados oficiais e foram utilizados, neste relatório, para a elaboração de séries históricas do atendimento educacional da população. Junto às Secretarias Municipais de Educação foram coletados dados referentes às redes escolares existentes, bem como sua distribuição espacial, percursos do transporte escolar, tempo gasto pelos alunos no trajeto casa-escola, e outros programas mantidos pelo Governo Federal, Estadual e Municipal, visando o conhecimento dos aspectos educacionais escolares dos municípios. A partir destes dados e sua projeção para a nova realidade que inclui a Usina Hidrelétrica Barra Grande, serão elaboradas as premissas e diretrizes, na área da educação escolar, para subsidiar a elaboração dos Planos Diretores dos municípios. b) considerações iniciais A educação escolar, segundo a Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias e compõem-se de educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e educação superior. A educação escolar básica, obrigação do Estado e direito de todos os brasileiros, é integrada pela: • educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade; • ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, tendo por objetivo a formação básica do cidadão; • UHBG ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, com a finalidade de consolidar e aprofundar os conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos em nível superior. A educação de jovens e adultos é destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria. Os sistemas de ensino devem assegurar gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames. Por educação especial, entende-se, a modalidade escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. Entre as decorrências das medidas legislativas, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), houve um crescimento do acesso no ensino fundamental. O financiamento da educação é realizado através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, autarquia do Ministério da Educação, responsável por captar e distribuir recursos financeiros a vários programas e projetos do Ensino Fundamental. O maior objetivo do FNDE é garantir que todas as crianças e jovens, de 7 a 14 anos, e aqueles com idade acima de 14 anos, que não tiveram acesso à escola em época apropriada, possam concluir o Ensino Fundamental. Os recursos são canalizados para Governos Estaduais, Distrito Federal, Prefeituras Municipais e Organizações Não Governamentais (ONGs), para atendimento às escolas públicas do Ensino Fundamental, de acordo com a estratégia educacional definida pelo Ministério da Educação. Os principais programas financiados e executados pelo FNDE são: Programa Nacional de Alimentação Escolar, Programa Nacional do Livro Didático, Programa Dinheiro Direto na Escola, Programa Nacional Biblioteca da Escola, Programa Nacional de Saúde do Escolar e Programa Nacional de Transporte do Escolar. O FNDE dispõe, também, de uma linha de financiamento para projetos educacionais 43 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG direcionados a Educação Pré-Escolar, Educação de Jovens e Adultos, Educação Indígena, Educação Especial, Aceleração da Aprendizagem, Cultura Afro-Brasileira, Áreas Remanescentes de Quilombos e Paz nas Escolas. Os recursos são dirigidos para ações, como construção, ampliação, reforma e conclusão de unidades escolares, capacitação e formação continuada de professores, aquisição de equipamentos e adaptação de escolas, além da produção e impressão de material didáticopedagógico. Entendendo que a Municipalização da Educação aproxima as decisões, sejam pedagógicas ou de destinação de recursos, das verdadeiras necessidades locais, a rede escolar dos municípios em estudo, dando cumprimento à legislação atende a Educação Escolar Básica, a Educação de Jovens e Adultos e a Educação Especial, através de escolas públicas estaduais e municipais e raramente em estabelecimentos particulares. Muitas pequenas Escolas Isoladas Multisseriadas foram fechadas, partindo os municípios para a nucleação das escolas, (a reunião de várias pequenas escolas em Núcleos Escolares), diminuindo assim o número de escolas e por outro lado aumentando as rotas do transporte escolar em todos os municípios, porém as Secretarias Municipais de Educação pretendem continuar esse trabalho, embasadas nas vantagens didático-pedagógicas que são observadas, reunindo-se um número maior de alunos por estabelecimento, favorecendo a aprendizagem e o convívio social, bem como a aplicação de técnicas pedagógicas que são dificultadas quando em ambientes mais isolados, com poucos alunos e principalmente pelo aspecto da multisseriedade que dificulta o atendimento das necessidades individuais dos alunos. Entre os Programas do FNDE mais utilizados nos municípios, está o transporte escolar, criado, em 1994, para facilitar o acesso e a permanência dos alunos na Escola. Visa oferecer assistência financeira, em caráter suplementar aos municípios que segundo informações junto às Secretarias Municipais de Educação, repassa um valor bem aquém das necessidades, sendo complementados pelas Prefeituras Municipais. Considerando o tempo de permanência dos alunos longe de suas residências, a necessidade de alimentação durante o período dos alunos nas escolas assume importância vital. Para dar atendimento a essa necessidade, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) repassa recursos financeiros para garantir a oferta da alimentação escolar, de forma a suprir, no mínimo, 15% das necessidades nutricionais dos alunos, durante o período de permanência na escola. A merenda escolar contribui para a melhoria da capacidade de aprendizagem, para a formação de bons hábitos alimentares, além de contribuir para a redução da evasão escolar. São atendidos todos os alunos da Educação Infantil (creche e préescola) e do Ensino Fundamental matriculados em escolas públicas cadastradas no censo escolar do Ministério da Educação, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Logo no início de 2003, o Programa Nacional de Alimentação Escolar igualou o valor per capita da pré-escola com o ensino fundamental – o valor passou de R$ 0,06 para R$ 0,13. As cidades que investiram na educação pré-escolar receberam aumentos, desde junho de 2004, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação repassa as creches públicas R$ 0,18 por criança atendida. O programa do governo federal, não satisfaz, tanto as carências nutricionais quanto aos recursos financeiros necessários, cabendo a complementação financeira igualmente às Prefeituras Municipais, para que o objetivo seja cumprido. O repasse dos recursos é feito com base no censo escolar, realizado no ano anterior ao do atendimento. Os cursos superiores da região situamse nas cidades pólo para as quais se dirige a população de estudantes deste nível. Havendo para estes também as disponibilidades de transporte, quer mantido totalmente pelas Prefeituras ou subvencionado em parte do custo. c) o empreendimento Barra Grande e sua repercussão na área escolar da região atingida A construção da Usina Hidrelétrica Barra Grande, iniciada em julho de 2001, no Rio Pelotas, entre os municípios de Anita Garibaldi, em Santa Catarina e Pinhal da Serra, no Rio Grande do Sul, atinge também com seu reservatório, parte dos municípios de Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Capão Alto e Lages, em Santa Catarina e Esmeralda, Vacaria e Bom Jesus, no Rio Grande do Sul, num total de 95 quilômetros quadrados. A implantação do empreendimento foi precedido da elaboração de minuciosos estu44 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG ximos, de famílias oriundas da faixa de terra a ser inundada, com aporte de alunos às escolas dos municípios de destino; • o aumento da duração das rotas de transporte escolar devido à nucleação dos alunos remanescentes das escolas desativadas na região ribeirinha. Para fazer frente a estas situações e com o objetivo de garantir que as redes escolares dos municípios ofereçam a Educação Escolar Básica a toda a população infantil, jovem e adulta, inclusive aos familiares dos trabalhadores e à população atraída pelo empreendimento, foram realizadas negociações e celebrados acordos entre o empreendedor e as Prefeituras Municipais, visando estabelecer medidas mitigadoras e compensatórias, implementadas pela BAESA em conformidade com os Convênios firmados com as Prefeituras Municipais. Convênio entre BAESA e Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, com sede em Erechim/RS, promove cursos de Educação Ambiental aos professores das redes escolares dos municípios atingidos pelo empreendimento Barra Grande. dos que orientam a execução do mesmo visando minimizar os impactos ambientais, oportunizar o crescimento sócio-econômico e conservar a cultura local. O reservatório atinge 702 imóveis, dos quais dependem 842 famílias que estão sendo remanejadas, decidindo, elas próprias, sobre sua nova propriedade. A região que abriga o empreendimento certamente, do ponto de vista econômico recebe um impulso importante, com o surgimento de novas oportunidades de trabalho e renda para seus habitantes, durante a construção do empreendimento. A partir da geração de energia pela UHBG, os municípios atingidos receberão verbas, a título de compensação financeira durante o período de operação da usina, que deverá certamente gerar novas oportunidades, para as quais a população deverá estar preparada. Os municípios mais diretamente atingidos pela obra se caracterizam como municípios de “interior”. Lages/SC e Vacaria/RS têm características de cidades pólo, estas, no entanto, foram menos atingidas pelo empreendimento que as demais, pesando sobre elas mais reflexos indiretos. O Impacto Educacional causado na oferta de ensino decorrente do empreendimento, pode ser considerado tanto por fatores subjetivos e individuais, como por fatores coletivos e socialmente mais significativos para a população, como: • a saída de alunos das áreas a serem alagadas pela represa; • o estabelecimento, em municípios pró- d) a educação no município O município de Campo Belo do Sul, situado entre o Rio Pelotas e os municípios de Cerro Negro, São José do Cerrito, Lages e Capão Alto, com um território de 1.023,4 Km², emancipou-se em 1961. Sua população é de 8.051 habitantes (IBGE, 2000), com 55,15% vivendo na área urbana e apresenta o seguinte quadro de atendimento na área da educação, entre os anos de 2000 e 2004: TABELA 21: NÚMERO DE MATRÍCULAS POR NÍVEL/MODALIDADE DE ENSINO: CAMPO BELO DO SUL- 2000/2004 NÍVEL/ MODALIDADE Educação Infantil Ens. Fundamental Ensino Médio Educação Especial Total 2000 213 1.600 124 62 1.999 2001 229 1.612 163 65 2.069 ANO 2002 248 1.560 191 66 2.065 2003 2004 308 1.493 273 67 2.141 347 1.751 201 73 2.372 FONTE: MEC/INEP - 2004: SMEC TABELA 22: NÚMERO DE ALUNOS POR NÍVEL/MODALIDADE DE ENSINO - ÁREA URBANA/RURAL NÍVEL/MODALIDADE Educação Infantil Ensino Fundamental Ensino Médio Educação Especial Total ÁREA URBANA 322 1.092 201 73 1.688 ÁREA RURAL TOTAL 25 659 --684 347 1.751 201 73 2.372 FONTE: SMEC 45 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG A análise da variação desses dados permite perceber que, na faixa da escolarização obrigatória (1ª a 8ª série), o número de matrículas teve um sensível acréscimo no período analisado. O crescimento das matrículas da educação infantil e do médio é decorrente da aplicação da Lei 9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que responsabilizam estados e municípios com a progressiva universalização desses níveis de ensino, bem como a pressão econômica sobre os jovens para a procura do ensino médio, pela sua valorização no mercado de trabalho. A estrutura para o atendimento à demanda de educação escolar, segundo a SMEC, disponível no município em 2004 é de: • 1 escola privada (APAE), que oferece educação especial, na sede do município, com 73 alunos matriculados; • 1 escola estadual, que oferece educação infantil, ensino fundamental e médio, Escola de Educação Básica Major Otacílio Couto, na sede do município, que recebe parte dos alunos da zona rural, por transporte escolar, das localidades de Fazenda Guamirim, Gasperin, Duas Porteiras, Morros Altos, Capela dos Mota, Rodeio da Pedra, Fazenda Ferradura, Fita Campobelense, Pinheiro Marcado, Campinas e Fazenda da Roseira, com 38 alunos na educação infantil, 944 no fundamental e 201 no médio; • 1 escola municipal que oferece o ensino fundamental (implantação gradativa, 2004 até a 6ª série) E. M. Casimiro de Abreu, com 81 alunos e em anexo o Pré-escolar Frei Rogério, com 58 alunos, na sede do município; • 1 escola municipal que oferece pré- escola, com 60 alunos e fundamental até a 4ª série, na sede do município, E. M. Lago Azul com 67 alunos; • 1 escola de educação infantil, Pingo de Gente, na sede, com 166 alunos; • 1 Escola Itinerante J. Joaquim de Lima Xavier, de 5ª a 8ª série do ensino fundamental, num total de 321 alunos; • 1 Núcleo Municipal N. S. dos Prazeres, na localidade de mesmo nome, constituído pelas Escolas Ir. Ida Meneghelli que se localizava em Rincão da Cachoeira; Espírito Santo, no Morro Agudo; Fazenda São João, em Motas e a própria Escola N. S. dos Prazeres. As três escolas citadas foram desativadas quando nucleadas. Atualmente, com 54 alunos, em turmas de 1ª a 4ª séries; • 24 escolas rurais isoladas municipais, das quais 15 com menos de 15 alunos: − E. M. Emílio Garrastazu Médici, em Alto Travessão, com 8 alunos; − E. M. Pres. Artur da Costa e Silva, na Fazenda dos Moraes, com 7 alunos; − E. M. Joaquim José da Silva Xavier, em Arroio do Xaxim, com 9 alunos; − E. M. D. Pedro II, na Fazenda dos Macacos, com 20 alunos; − E. M. Juscelino K. de Oliveira, na localidade Mato Queimado, 6 alunos; − E. M. Rui Barbosa, na localidade Orival Machado, com 15 alunos; − E. M. Vidal Ramos Júnior, na localidade Saltinho, com 15 alunos; − E. M. Pres. Nereu Ramos, na localidade Pedro Quirino, com 12 alunos; − E. M. Anita Garibaldi, em Fazenda dos Chaves, com 4 alunos; − E. M. Francisco Manoel da Silva, localidade de Moinhos, com 12 alunos; − E. M. Irineu Bornhausen, Reflorestamento Pinheirinho, com 12 alunos; − E. M. Alto Travessão, na localidade Alto Travessão, com 8 alunos; − E. M. Campina, na localidade de Campina, com 25 alunos; − E. M. Barra do Aterrado Grande, no local do mesmo nome, com 5 alunos; − E. M. Fazenda do Socorro, na localidade do mesmo nome, com 6 alunos; − E. M. Monte Alegre, em Monte Alegre, com 17 alunos; − E. M. Morro do Chapéu, no Morro do Chapéu, com 6 alunos; − E. M. Pinheiro Marcado, em Pinheiro Marcado, com 10 alunos; − E. M. Pontão, em Pontão, 8 alunos; − E. M. Serraria Della Costa, na mesma, com 40 alunos e 2 docentes; − E. M. Travessão, em Travessão, com 7 alunos; − E. M. Fazenda Cerro Negro, com 17 alunos; − E. M. Jorge Lacerda, em Lageado 46 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG Pedro Candido, 15 alunos − Pré-Escolar Criança Feliz, em Cruzeiro, com 25 alunos. Na área prevista a ser alagada em razão da obra da UHBG, as duas escolas anteri- ormente existentes, na Linha Gasperin, já haviam sido desativadas em 1992, em razão do pequeno número de alunos. FIGURA 9: MAPA DAS ROTAS DO TRANSPORTE ESCOLAR e) Transporte escolar O transporte escolar está dividido em 15 rotas, com veículos próprios da prefeitura municipal e veículos terceirizados. As rotas cobrem toda a área do município, de acordo com as necessidades da clientela escolar, deslocando-se a maioria para a sede municipal. Duas rotas servem uma vez por semana algumas localidades com a escola itinerante que ministra conteúdos relativos da 5ª a 8ª série, do ensino fundamental. Outras duas rotas permanecem atendendo as necessidades das escolas do interior do município. O tempo máximo de permanência dos alunos no percurso de casa à escola, no veículo de transporte escolar, é de 1 h para os alunos da localidade de Alto Travessão, até a E. M. Alto Travessão. f) da UHE Barra Grande, neste município, pertencem a Comunidade Santo Antônio Fazenda Gasperim, sendo 28 famílias residentes nas localidades e 13 famílias possuem imóveis produtivos mas não residem nos mesmos. Pode-se dizer que não houve impactos na área educacional no município. As crianças em idade escolar que fazem parte dessas famílias, em número de 12 estudam na sede. Impactos e medidas adotadas As famílias atingidas em razão da obra 47 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG FOTO 12: UNIPLAC Em Campo Belo do Sul há um Reassentamento Rural Coletivo, onde foram assentadas 37 famílias, provindas da área atingida pelo reservatório. Alunos, filhos destas famílias, foram absorvidos pela rede escolar da sede do município e participam do programa de transporte escolar. Para dar atendimento aos professores que lecionam na região, a Universidade do Planalto Catarinense de Lages (UNIPLAC) instalou, em regime especial, um curso de Pedagogia, que atende professores de Cerro Negro, Anita Garibaldi, Capão Alto e Campo Belo do Sul, que deverá funcionar até 2006, quando todos os docentes das redes de ensino deverão possuir este nível de escolarização, segundo exigências do Governo Federal. g) Nível de escolaridade da população A população de Campo Belo do Sul, em termos de escolaridade, apresenta uma situação conforme tabela a seguir: TABELA 23: NÚMERO DE PESSOAS POR NÍVEL DE ESCOLARIDADE E ANOS DE ESTUDO DESCRIÇÃO população total 0 a 9 anos de idade 10 anos ou mais de idade freqüência à creche ou escola 10 anos ou mais de idade - sem instrução/ -1ano de estudo 10 anos ou mais de idade - 1 a 3 anos de estudo 10 anos ou mais de idade - 4 a 7 anos de estudo 10 anos ou mais de idade - 8 a 10 anos de estudo 10 anos ou mais de idade - 11a 14 anos de estudo 10 anos ou mais de idade - 15 anos ou mais de estudo PESSOAS 8.068 1.564 6.504 2.372 1.305 1.362 2.717 idade, corresponde a 80,61% do total do município, destes; 20,06% classificam-se sem instrução e com menos de 1 ano de estudo, 20,94% possuem de 1 a 3 anos de estudo, 41,77% freqüentaram de 4 a 7 anos a escola, 9,47% possuem de 8 a 10 anos de escolaridade, 6,49%de 11 a 14 anos de estudo e 0,83% possuem mais de 15 anos de escolaridade. Considerando-se que na faixa etária até 19 anos temos 40,49% da população e que se encontram na escola 29,4%% da mesma, observa-se que nesta faixa etária 11,09% da população, em idade de ensino básico, não freqüenta a escola. moradia (habitação) O projeto de habitação popular, implantado pela prefeitura, é de bom padrão e bem localizado, ocupando um espaço urbano anteriormente vazio e com boa disponibilidade de infra-estrutura. No interior do município predominam as casas de madeira com padrão construtivo médio e baixo, sendo geralmente construções antigas, que em sua maioria apresentam estado de conservação regular e com exceção de eletricidade que atende só uma minoria, dispõe de serviços públicos de água e coleta de lixo. Pelo censo 2000 a situação dos domicílios, de acordo com o acesso aos serviços públicos, eram os constantes das tabelas a seguir, observando-se uma significativa diferença privilegiando os domicílios urbanos. 4.4.3 TABELA 24: SITUAÇÃO DOS DOMICÍLIOS URBANO RURAL 2323 2.060 1.679 828 1.160 1.858 301 1.086 1.146 1.112 791 1.123 1.008 264 1.031 914 567 37 37 850 37 55 3,91 3,87 3,95 CAMPO BELO DO SUL TOTAL Número de domicílios Domicílios permanentes c/ rede elétrica c/ esgoto ligado à rede púb. c/ água ligado a rede pub. c/água no domicilio c/telefone c/ lixo coletado Nº DE PESSOAS/DOMICÍLIO Fonte: Secretaria do Desenvolvimento Social, Urbano e Meio Ambiente com dados do IBGE – Censo 2000 616 422 54 Fonte: IBGE – Censo 2000 A população com 10 anos ou mais de 48 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG TABELA 25: SITUAÇÃO DOS DOMICÍLIOS, DE ACORDO COM O ACESSO AOS SERVIÇOS PÚBLICOS DISCRIMINAÇÃO TOTAL DE DOMICILIOS TOTAL RURAL 2.060 URBANA 1.146 820 235 455 242 788 108 190 44 32 127 265 198 DESTINO DO LIXO Lixo Coletado Coletado por serviço de limpeza Coletado em caçamba de serviço de limpeza Queimado (na propriedade) Enterrado (na propriedade) Jogado em terreno baldio ou logradouro Jogado em rio, lago ou mar Outro destino 1.089 869 220 671 76 175 9 40 1.053 837 216 40 4 25 24 36 32 4 631 72 150 9 16 ABASTECIMENTO DE AGUA Rede geral - canalizada em pelo menos um cômodo Rede geral - canalizada só na propriedade ou terreno Poço ou nascente (na propriedade) Poço ou nascente (na propriedade) - canalizada em pelo menos um cômodo Poço ou nascente (na propriedade) - canalizada só na propriedade ou terreno Poço ou nascente (na propriedade) - não canalizada Outra forma Outra forma - canalizada em pelo menos um cômodo Outra forma - canalizada só na propriedade ou terreno Outra forma - não canalizada 1.134 23 879 714 102 63 24 16 2 6 1.101 22 22 14 4 4 1 1 33 1 857 700 98 59 23 16 2 5 NUMERO DE BANHEIROS 1 banheiro 2 banheiros 3 banheiros 1.210 95 15 883 74 14 327 21 1 COLETA DE ESGOTO Rede geral de esgoto ou pluvial Fossa séptica Fossa rudimentar Esgoto por Vala 914 TABELA 26: SITUAÇÃO DOS DOMICÍLIOS, DE ACORDO COM O ACESSO AOS SERVIÇOS PÚBLICOS EXISTÊNCIA DE SERVIÇOS E BENS DURÁVEIS Coleta de lixo Iluminação elétrica Linha telefônica instalada Forno de microondas Geladeira ou freezer Máquina de lavar roupa Aparelho de ar condicionado Rádio Televisão Videocassete Microcomputador Automóvel particular TOTAL ATÉ 1 SM 1.066 1.684 296 149 1.432 424 7 1.998 1.583 143 22 671 130 257 11 6 142 38 332 206 39 CLASSES DE RENDIMENTO NOMINAL MENSAL DOMICILIAR MAIS DE MAIS DE MAIS DE MAIS DE MAIS DE MAIS DE 5 A 10 10 A 20 1 A 2 SM 2 A 3 SM 3 A 5 SM 20 SM SM SM 253 190 226 161 71 12 390 274 381 205 104 19 17 21 75 97 57 15 16 21 37 31 33 5 318 238 366 201 104 19 33 44 109 109 68 15 7 451 366 438 208 106 23 361 272 368 213 100 19 8 21 58 37 15 4 10 8 73 140 153 141 80 19 recreação e lazer As áreas verdes estão situadas na área mais central, uma no entorno da prefeitura, com fins mais paisagísticos que de uso público, e outra na confluência das ruas Anísio Martins de Moraes (SC-458) e rua Major Teodósio Furtado, ponto importante de confluência e encontro da cidade. Do outro lado da rua, também em área pública existe uma cacimba muito an- 4.4.4 SEM RENDIMENTO 24 55 4 44 9 73 44 4 25 tiga utilizada antigamente para abastecer a população. A prefeitura tem um projeto de recuperá-la para uso e preservação. O local é usado para eventos de passagem como circos, parques de diversões e outros. Os bairros não possuem praças. A praça da prefeitura atrai os jovens, à noite, pela proximidade de lanchonetes, enquanto que a Praça da Cacimba, pelos equi49 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG pamentos infantis, as crianças menores. A prefeitura possui centro de lazer com campo de futebol, pista de atletismo e ginásio de esportes, junto a Coopercampos. O local para competições de tiro de laço e rodeios é de propriedade particular, próximo ao perímetro urbano. Para encontros sociais a cidade possui o Salão Paroquial e o Clube Recreativo Santa Clara. Os funcionários da prefeitura possuem uma Associação de Campo, na saída para o Morro do Chapéu. Para as caminhadas as pessoas utilizam o asfalto em direção a Cerro Negro, já que não existe local específico para tal. No meio rural a diversidade de etnias que colonizaram a região, principalmente portugueses, caboclos italianos e alemães, está marcada na gastronomia, na arquitetura e na religiosidade, cuja intensidade se vê nas suas maiores festas e nas mobilizações políticas e sociais. As origens diversas, no entanto, desaparecem quando todo o coletivo apresenta a sociabilidade como marca peculiar, onde a terra, a família e as relações de vizinhança representam a identidade social do camponês e de sua comunidade. Os campos de futebol estão localizados em Monte Alegre, Vista Alegre, Motas (Nossa Senhora dos Prazeres), Morro do Chapéu e Della Costa (futebol suíço). Os salões paroquiais, onde são realizados festas e bailes, estão localizados nas localidades de Capela Divino, Capela dos Motas, Rincão da Cachoeira, Morro do Chapéu, Della Costa, Vista Alegre, Cruzeiro, Pontão, Lageado dos Bonecos, Pinheiro Marcado, Aterrado Grande, Monte Alegre, São Sebastião, Quarteirão dos Butiás e Fazenda Gasperin39. Cada comunidade encontra-se organizada em torno da igreja, dos esportes e da escola, ou no mínimo dessa última, como acontece com as comunidades menos estruturadas. Nesse caso, a escola supre as outras funções e abre as portas para todos os eventos comunitários: religiosos e esportivos. As sociedades de igreja reúnem, inclusive, as famílias de comunidades vizinhas quando professam o mesmo credo, e encontram-se aos domingos para o culto, não raro, seguido de jogos e almoço 39 Informações retiradas do Relatório Final sobre a Adequação da Infra-Estrutura de Serviços de Saúde, Assistência Social, Educação, Lazer e Segurança na Área Impactada pelo Aproveitamento Hidrelétrico Barra Grande, de julho de 2002, elaborado pela SOCIOAMBIENTAL, Consultores Associados Ltda comunitário. Representa também o espaço onde são encaminhadas as discussões das soluções dos problemas locais. segurança A cidade possui destacamento da Polícia Militar e Delegacia de Policia Civil40 com apenas um efetivo e um veículo, não dispondo a delegacia de celas para uso provisório. Nas situações que requerem detenção, estes são encaminhados ao município de Lages. 4.4.5 TABELA 27: NÚMERO DE OCORRÊNCIAS 1999 107 2000 111 2001 101 2002 (jan.a abril) 42 Fonte: DGPC/SC TABELA 28: 15 OCORRÊNCIAS MAIS FREQÜENTES OCORRÊNCIAS Embriaguez Ameaças Furtos-geral Furtos em residência Lesão corp. dolosa Difamação Danos Porte ilegal de armas Vias de fato Lesão corp.culposa Estelionato Tentat. de homicídio Perturb. do sossego Disparo de arma Lesão corp.acid.trâns. 1999 2000 2001 43 7 4 5 3 5 3 3 9 2 5 - 20 23 10 12 3 6 7 4 2 1 2 2 1 2 15 17 14 18 1 5 2 5 4 3 4 2 2002 (até abr) 9 7 4 5 4 3 1 1 2 1 Fonte:DGPC/SC Destaca-se o problema de embriaguez entre as notificações, ao qual está associada grande parte dos casos, conforme o delegado local. A falta de ocorrência nos últimos períodos não significa redução dos casos (a Secretária de Assistência Social também apontou o problema do alcoolismo no município), mas pode sugerir mudança na forma de notificação (apenas do fato em si, e não da relação ao consumo de álcool). Também foram registrados um caso de homicídio culposo em 1999 e um homicídio doloso em 2000. índices de desenvolvimento humano De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano do Brasil, Campo Belo do Sul apresenta o seguinte perfil: 4.4.6 40 Idem a nota de rodapé anterior. 50 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG TABELA 29: POPULAÇÃO, SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO 1991 7.871 3.645 4.226 2000 8.051 4.440 3.611 46,31% 55,15% População Total Urbana Rural TAXA DE URBANIZAÇÃO 1991 70,7 58,3 46 Água Encanada Energia Elétrica Coleta de Lixo¹ 2000 90,5 82,9 89,4 ¹ Somente domicílios urbanos TABELA 33: ACESSO A BENS DE CONSUMO TABELA 30: DESENVOLVIMENTO HUMANO Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Educação Longevidade Renda TABELA 32: ACESSO A SERVIÇOS BÁSICOS 1991 2000 0,617 0,656 0,675 0,52 0,694 0,769 0,7 0,614 GRÁFICO 5: CONTRIBUIÇÃO PARA O CRESCIMENTO DO IDH 1991 35,1 40,5 5,8 ND Geladeira Televisão Telefone Computador 2000 70,6 75,3 13,8 1,5 ND = não disponível TABELA 34: PORCENTAGEM DA RENDA APROPRIADA POR EXTRATOS DA POPULAÇÃO 1991 3,8 10,7 21,5 39,1 60,9 20% mais pobres 40% mais pobres 60% mais pobres 80% mais pobres 20% mais ricos 2000 2,9 10,9 23,9 44,5 55,5 TABELA 35: INDICADORES DE RENDA, POBREZA E DESIGUALDADE No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de Campo Belo do Sul cresceu 12,48%, passando de 0,617 em 1991 para 0,694 em 2000. A dimensão que mais contribuiu para este crescimento foi a educação, com 48,7%, seguida pela renda, com 40,5% e pela longevidade, com 10,8%. Neste período, o hiato de desenvolvimento humano (à distância entre o IDH do município e o limite máximo do IDH, ou seja, 1 IDH) foi reduzido em 20,1%. Se mantivesse esta taxa de crescimento, o município levaria 20,7 anos para alcançar São Caetano do Sul (SP), o melhor IDH-M do Brasil (0,919), e 17,1 anos para alcançar Florianópolis (SC), o melhor do estado (0,875). Renda per cápita Média (R$ de 2000) Proporção de Pobres (%) Índice de Gini 199 2000 88,0 154, 71,9 43,3 0,55 0,54 TABELA 36: ESTRUTURA ETÁRIA Menos de 15 anos 15 a 64 anos 65 anos e mais Razão de Dependência 1991 2000 2.882 2.391 4.606 5.123 383 537 70,90% 57,20% TABELA 37: LONGEVIDADE, MORTALIDADE E FECUNDIDADE Mortalidade até 1 ano de idade (por 1000 nascidos vivos) Esperança de vida ao nascer (anos) Taxa de Fecundidade Total (filhos por mulher) 1991 2000 39,1 35,5 65,5 67 3,4 2,4 a) TABELA 31: VULNERABILIDADE FAMILIAR 1991 2000 % mulheres 10 a 14 anos com filhos ND 1,1 % mulheres 15 a 17 anos com filhos % de crianças em famílias com renda inferior à 1/2 salário mínimo % de mães chefes de família, sem cônjuge, com filhos menores 4,4 9,0 78,8 56,5 3,8 3,0 ND = não disponível Situação em 2000 O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Campo Belo do Sul em 2000 era 0,694. Segundo a classificação do PNUD, o município está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento humano (IDH entre 0,5 e 0,8) Em relação aos outros municípios do Brasil, Campo Belo do Sul apresenta uma situação intermediária: ocupa a 3083ª posição, sendo que 3082 municípios (56,0%) estão em situação melhor e 2424 municípios (44,0%) estão em situação pior ou igual. 51 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG Em relação aos outros municípios do Estado, Campo Belo do Sul apresenta uma situação ruim: ocupa a 290ª posição, sendo que 289 municípios (98,6%) estão em situação melhor e 3 municípios (1,4%) estão em situação pior ou igual. TABELA 38: NÍVEL EDUCACIONAL DA POPULAÇÃO ADULTA (25 ANOS OU MAIS) Taxa de analfabetismo % com menos de 4 anos de estudo % com menos de 8 anos de estudo Média de anos de estudo 1991 2000 31,7 26,1 55,1 45,5 89,0 84,3 3 3 TABELA 39: NÍVEL EDUCACIONAL DA POPULAÇÃO JOVEM, 1991 E 2000 IDADE 7 a 14 10 a 14 15 a 17 18 a 24 Taxa de analfabe% com menos de 4 tismo anos de estudo 1991 2000 1991 2000 25,7 6,6 13,7 3,1 69,5 47,1 4,4 7,5 20,6 23 13 6,3 24,6 21,9 % com menos de 8 % freqüentando a anos de estudo escola 1991 2000 1991 2000 68,8 93,1 63,9 92,5 90,7 72,1 23,9 62,8 76,5 66,8 - - = Não se aplica 4.5 Polarização e Infra Estrutura Urbana e Municipal A cidade se estruturou ao longo da SC 458, o principal acesso à cidade, recentemente asfaltado, a partir de Lages, que cruza todo o perímetro urbano, e pelo cruzamento dos acessos ao morro do Chapéu para o norte do município, e à localidade de Roseira, no sul. A capela foi construída no topo da colina, dominando a paisagem. FOTO 13: ÁREA CENTRAL FOTO 14: PAVIMENTAÇÃO TÍPICA DA CIDADE A cidade cresceu, a partir deste cruzamento e suas ruas conformam uma malha bem adaptada ao terreno e possui formas bem compactas, otimizando a infra-estrutura e o acesso aos serviços por parte da população. No polígono central encontram-se concentrados praticamente todos os grandes estabelecimentos de comércio, serviços, prédios públicos e institucionais. As áreas verdes estão situadas na área mais central ou nas suas proximidades, não existindo praças ou parques nos bairros. O interior do município é constituído por vilas, núcleos ou linhas distribuídos por todo o território e interligados por uma rede de estradas municipais. O núcleo de linha rural, apesar de sua simplicidade, constitui-se em unidade fundamental de apoio às atividades humanas. É nele que se iniciam as trocas de toda ordem e pode-se dizer que abrigam relações familiares, de vizinhança, comerciais, religiosas, políticas, culturais e de interesses diversos, essenciais ao cotidiano daquelas populações. Desta forma, as relações funcionais e de interdependência ocorrem em níveis de hierarquia crescente: • sedes distritais e núcleos rurais de atendimento local como N. S. dos Prazeres, Campina, Cruzeiro, Serraria Della Costa, Fazenda dos Macacos, Orival Machado, Saltinho e outros atendem a população local próxima, podendo dispor ou não de comércio, escolas nucleadas e outros serviços que atendem comunidades próximas (ver item Educação); • sede do município que, de acordo com a complexidade dos serviços oferecidos e da localização no território, polarizam maior ou menor área. Campo Belo do Sul, apesar de ser um município peque52 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG no, além de atender a maior parte das demandas de seus munícipes atende também municípios vizinhos como Cerro Negro e outros em questões de: saúde, ensino e comércio; • pólos regionais, que por serem centros urbanos mais desenvolvidos, detêm um comércio e prestação de serviços mais especializados, além de possuírem, em seus perímetros, frigoríficos e cooperativas que mantêm uma relação de produção muito forte com a zona rural. No caso, Lages polariza Campo Belo do Sul, porém seus munícipes também recorrem a outros centros como Rio do Sul, Joinville, Florianópolis e outros. o sistema viário de Campo Belo do Sul A malha viária de qualquer município é dependente, no que se refere a sua densidade, do relevo e do tamanho médio das propriedades. No caso de Cerro Negro o relevo é em sua maioria suave ondulado e o divisor d’água, onde se assenta a SC-285, divide o município em duas partes. 4.5.1 A rede hídrica da metade sul deságua no Rio Pelotas (um terço do território) e é nela que o relevo é mais dobrado devido à existência de alguns tributários que descem do altiplano em vales gradativamente mais profundos até se transformarem em verdadeiros cânions à semelhança do próprio Rio Pelotas (Lajeado dos Tijolos,Lajeado da Limeira, Lajeado dos Potreirinhos, Rio Vacas Gordas). Grande parte desta área, paralelamente ao Rio Pelotas (entre o Lajeado da Limeira e o Rio Vacas Gordas), é ocupada por projetos de reflorestamento da empresa Gateados. A rede hídrica da metade norte (dois terços do território) vai desaguar no Rio Caveiras. Os afluentes de porte (lajeados Aterrado Grande, do Pedro Cândido, dos Bonecos, Grande, Raso e Taimbé) correm em relevo suavemente ondulado, não criando portanto, restrições ao desenvolvimento livre da malha viária necessária para interligar a grande quantidade de núcleos rurais, próprios de regiões na qual a estrutura fundiária é constituída dominantemente por minifúndios. A área média das propriedades em Campo Belo do Sul é de 83 ha. FIGURA 10: MAPA VIÁRIO DE CAMPO BELO DO SUL 53 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL Com 25 km de largura média e 50 km no sentido norte sul, os eixos de penetração (ou estradas troncais) característicos do território correspondentes a bacia de drenagem do Pelotas, sendo destaque as rodovias CBS-353 (Serra Gasperin) a CBS-361 e CBS-260 (Fazenda Gateados) e a CBS-363 (N. Sra. dos Prazeres). Na bacia de drenagem correspondente ao Caveiras, a trama de estradas se torna mais densa e com mais opções uma vez que não há restrições de relevo que reduzam as alternativas. Em contrapartida, as principais troncais são menos óbvias o que dificulta a priorização dos serviços de melhoria e de manutenção. São exceções a CBS-010 que liga a sede ao município de São José do Cerrito, a CBS230/CBS-240 que liga a 010 a porção noroeste do território. Ainda merece destaque a estrada CBS-115 que liga a SC-458 a Lages. Embora a maioria das vias possua trafegabilidade permanente, a manutenção e a pavimentação daquelas ainda não ensaibradas exigirão um esforço que pode iniciar pela melhoria da drenagem e das carcaterísticas técnicas das estradas, diminuindo em muito os intervalos de manutenção das mesmas. O sistema viário de Campo Belo do Sul, é rico em alternativas e a municipalidade é plenamente atendida. Em contrapartida, torna-se praticamente impossível estabelecer linhas de ônibus municipais sem deixar de atender uma grande quantidade de munícipes. A mesma dificuldade se aplica ao transporte escolar que, ou se utiliza de muitos equipamentos para atender à demanda ou aumenta os roteiros, às vezes com consumo excessivo no tempo de transporte. FOTO 15: RODOVIÁRIA • • • • • • • • UHBG Patrola Huber Wabco; Pá-carregadeira Michigan; Pá-carregadeira Michigan; Trator de esteira Caterpillar D4E; Caminhão basculante Matra; Caminhão basculante Mercedes; Caminhão basculante Mercedes; Caminhão Basculante Ford. abastecimento de água O abastecimento de água está sob responsabilidade da CASAN, que capta atualmente toda a água para consumo de dois poços tubulares com produção de 47.500 litros por hora. A água é conduzida a uma Estação de Tratamento e posteriormente recalcada para dois reservatórios, um de 75 m³ e outro de 250 m³. As 1.210 ligações aferidas praticamente à totalidade da população urbana. A área industrial no acesso à Capão Alto tem sistema próprio. O sistema está atendendo com certa folga, necessitando de 11 horas diárias de bombeamento dos poços (ver item 4.4.3). 4.5.3 sistemas de esgotos Uma grande parte da cidade, mesmo nas ruas sem pavimento, possui rede de esgotos pluviais e que também recebe os esgotos cloacais, possuindo eles algum tipo de tratamento (fossa/sumidouro) ou mesmo “in natura”. O destino de todos os efluentes coletados nas redes são as sangas e córregos que circundam o perímetro urbano, principalmente o córrego localizado junto ao núcleo residencial Lago Azul, zona sul da cidade, que desta forma encontra-se extremamente poluído (ver item 4.4.3). 4.5.4 energia elétrica e iluminação pública A distribuição da energia elétrica é feita pela CELESC e são atendidas 1.201 residências além de 190 consumidores comerciais, de serviços, industriais, prédios públicos e institucionais, atendendo praticamente todas as vias urbanas. A iluminação pública está a cargo da prefeitura. 4.5.5 limpeza pública e coleta de lixo A coleta de lixo é feita pela prefeitura de segunda a sábado em todo perímetro urbano e depositado para posterior reembarque pela empresa terceirizada Blumeterra. O destino final do lixo é um aterro em Otacílio Costa. A varrição e capina são efetuadas so- 4.5.6 4.5.2 a) sistema viário e o parque de máquinas equipamentos disponíveis • Patrola Huber Wabco; 54 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG mente nas ruas centrais (ver item 4.4.3). comunicação A cidade possui torre para telefonia fixa. Possui também retransmissora de televisão com três canais. Duas rádios comunitárias FM estão em funcionamento. 4.5.7 5 ANÁLISE DAS FINANÇAS PÚBLICAS MUNICIPAIS 5.1 Incrementos nas Receitas pela UHBG Os municípios diretamente afetados pelo empreendimento têm alterações em suas receitas municipais em decorrência dos seguintes fatores: • implantação das estruturas principais e obras no reservatório, resultando em aumento imediato do ISSQN, com forte repercussão nas finanças municipais. Esta alteração, bem como outras assemelhadas, que têm pouco efeito no total das receitas, têm caráter transitório (ex: imposto de transmissão inter-vivos pela compra das terras necessárias ao empreendimento, relocação de estradas, de pequenas vilas e de equipamentos comunitários); • da CFURH - Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos; • retorno do ICMS resultante da geração efetiva de energia elétrica pela hidrelétrica de Barra Grande; • de utilização dos recursos da CFURH repassados a ANA - Agência Nacional de Águas e, destinadas a aplicação em projetos ambientais. Por não sediar as obras principais, Campo Belo do Sul é pouco afetado pelo primeiro item, que não será abordado neste relatório. estimativa dos aumentos da arrecadação municipal pela CFURH A CFURH - Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos para fins de geração de energia elétrica é um direito assegurado pelo Art. 20, parágrafo 1º, da Constituição Brasileira. A legislação complementar definiu que a compensação financeira corresponde a 6,75% sobre o valor da energia produzida, sendo que o percentual de 0,75% é repassado para a ANA - Agencia Nacional de Águas e os 6% restantes são distribuídos da seguinte forma: 45% do total aos Estados, 45% 5.1.1 aos municípios diretamente atingidos e 10% para diversos órgãos da União. O pagamento deve ser feito diretamente aos municípios, pelas companhias elétricas, até o último dia útil do segundo mês subseqüente à ocorrência do fato gerador, devendo essas companhias enviar à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), a cópia do comprovante de recolhimento. É vedada aos municípios e estados a aplicação desses recursos em pagamento de dívidas e no quadro permanente de pessoal. Cabe à ANEEL o cálculo dos índices de participação de cada município no montante global. Na prática, a ANEEL calcula os índices de participação de cada município, publica-os e fornece cópia ao Banco do Brasil. Calculando, também, o depósito que cada usina deverá fazer com base na Tarifa de Referência estabelecida pela ANEEL. Os titulares da usina depositam a importância devida no Banco do Brasil, em formulário próprio onde consta o sistema a que pertence à usina, e o Banco do Brasil procede ao rateio, enviando os valores que cabem a cada município, para uma conta especialmente aberta na agência do Banco do Brasil localizada no próprio município ou na agência mais próxima. Este procedimento tornou-se necessário, pois o valor base a ser apurado para um determinado município não é necessariamente o dos 6,75% da energia produzida pela hidrelétrica que o afeta diretamente, mas pode envolver, também, as energias produzidas a jusante, desde que a hidrelétrica referida acrescente vazão firme, ou descontos, se existirem reservatórios de montante que contribuam com a vazão regularizada da usina. Quando a usina Barra Grande começar a geração comercial, todos os municípios da área de abrangência receberão as partes principais da CFURH de Barra Grande e mais os adicionais, decorrentes do aumento da vazão regularizada em Machadinho, Itá e Foz do Chapecó (em construção à jusante de Itá). Deste modo, a estimativa dos valores de Compensação Financeira que serão recebidos pelos municípios atingidos pela usina de Barra Grande foi feita considerando-se o valor da tarifa de referência de R$ 39,43/MWh, estabelecido pela ANEEL com validade a partir de 1º de janeiro de 2003, e a Energia de Placa da hidrelétrica de Barra Grande, de 380,6 MWm, dos quais 35 MWm são resultantes da regularização à jusante, com produção estimada em 55 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 3.334 TWh/ano o que resulta em recursos na ordem de R$ 4.668.000/anuais41, distribuídos mensalmente de forma integral a partir do 3º mês de funcionamento comercial pleno de cada usina. De acordo com o rateio, cabe a Campo Belo do Sul R$ 326.547,00 Cabe assinalar que estes valores podem variar em função das condições hidrológicas e da demanda, o que já ocorreu em 2003 nas usinas de Machadinho e Itá, quando os valores recebidos efetivamente no segundo semestre de 2003 foram menores que os calculados, em função da estiagem e já incluem os depósitos da hidrelétrica de Itá. No caso da CFURH, convém assinalar que trata-se de receita própria que não está vinculada a gastos específicos como os impostos e sua utilização dependerá unicamente da vontade dos executivos e legisladores municipais que poderão empregá-los para sanar carências ou para alavancar atividades que incrementem o desenvolvimento econômico. As restrições limitam-se a não utilização para pagamento de dívidas e/ou pagamento de pessoal. CFURH repassada á agência nacional de águas Para viabilizar os recursos necessários à implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, sob a responsabilidade da ANA, foi acrescido 0,75% aos 6% da compensação financeira, a serem pagos pelas empresas autorizadas a produzir energia por hidreletricidade. A legislação preconiza que dos valores arrecadados 7,5% serão aplicados para custeio da ANA e os restantes 92,5% serão aplicados prioritariamente na bacia hidrográfica em que foram gerados, para financiamento de estudos, programas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos. Caso estes recursos fossem diretamente proporcionais aos recebidos por conta da CFURH, representariam aproximadamente 25,7% dos recursos recebidos pelos municípios, ou seja, cerca de R$ 1,18 milhões/ano com valores de 2003. Como estes recursos estão vinculados a todos os aproveitamentos hidrelétricos do Alto Uruguai (Itá, Machadinho, Campos Novos, Barra Grande, Foz do Chapecó e Pai Querê) supe- 5.1.2 ram R$ 6 milhões/ano e sua utilização na região depende principalmente desta em habilitarse para que estes retornem à bacia42. ICMS resultante da operação de usinas (Valor Agregado) A Constituição promulgada de 1988 extinguiu o Imposto Único sobre Energia Elétrica, de caráter federal, transferindo a taxação em benefício de Estados e municípios através do ICMS. A implantação do novo imposto ocorreu, a partir de 1990, após longos debates, principalmente pelo colegiado da SEFAN “Reunião dos Secretários da Fazenda” de todo o País. Definiu-se que entre alguns outros produtos, também a energia elétrica seria taxada apenas no consumidor final. Assim, o produtor de energia elétrica não recolhe nenhum valor deste imposto, mas deve informar o montante dos valores da geração em sua origem. Também ficou convencionado que seria atribuído o valor da geração da energia ao município sede da usina, razão pela qual, hoje, há alguns municípios com altíssimos valores adicionados e, conseqüentemente, com um índice de participação considerável. Quanto aos demais municípios, são atribuídos apenas os valores calculados sobre o consumo local de energia. Tendo em vista esta desproporcionalidade da receita entre os municípios onde se localizam os equipamentos de geração e os demais municípios lindeiros ao reservatório, originou pleitos por parte daqueles que perderam suas áreas produtivas para formação dos reservatórios destas usinas e que produziam receitas. Destes pleitos surgiram normas diversas, seja através de portarias, decretos e até Leis estaduais procurando regulamentar o rateio do ICMS resultante da operação de hidrelétricas, em todos os casos propondo a participação de todos os municípios alagados. Em termos federais esta questão foi incluída na “Lei Kandir” e aprovada pelo congresso com a redação a seguir apresentada, sendo o parágrafo 4º, que trata do assunto, sido vetado pelo Presidente da República em 1999, à época da promulgação da lei e o veto ainda não foi apreciado pelo Congresso Nacio- 5.1.3 41 Valores de 2003. Em 2004 houve um reajuste de 12,1% na tarifa de referência e a estimativa com valores deste ano chegase a um montante de R$ 5,2 milhões, a serem distribuídos anualmente entre os municípios inundados por Barra Grande, cabendo a Campo Belo do Sul R$ 366.000,00. 42 De acordo com informações recebidas da ANA estes recursos, como tantos outros arrecadados pelo Governo Federal, estão contigenciados. Portanto, sua liberação para o uso dependerá, além dos projetos, também de ações políticas. 56 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG nal, embora tenham surgido outras iniciativas de regulamentar a matéria, tanto na Câmara como no Senado: “Art.11 ......................................................... § 4º. – Na aplicação do inciso I do parágrafo único do artigo 158 da Constituição Federal, as operações de usinas hidrelétricas consideram-se ocorridas na totalidade da área alagada pelas respectivas barragens, devendo metade do valor adicionado ser imputado ao Município da sede do estabelecimento, e outra metade aos demais Municípios, proporcionalmente às respectivas participações territoriais na referida área.“ Os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mesmo sem legislação específica, estão “dividindo” o valor agregado da hidrelétrica de Itá entre os municípios que abrigam as instalações e, embora não exista casa de máquinas no município de Itá, a existência de uma estação transformadora na margem catarinense está justificando um rateio do ICMS entre os dois municípios43 (Aratiba, já está contestando o fato na justiça). Como ainda não houve uma decisão final sobre o tema, para efeitos deste relatório, optou-se por apresentar três alternativas (hipóteses de estimativa de aumento da arrecadação municipal), de acordo com as legislações dos Estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, referentes à distribuição geral do ICMS, a saber: • Hipótese I – totalidade do ICMS alocado no município onde estão instalados os equipamentos de geração; • Hipótese II – repartição do Valor Agregado em 50% entre os dois municípios onde se localizam as obras principais, como já está ocorrendo na UH Itá; • Hipótese III – repartição do Valor Agregado em 50% (25% para cada margem) para os municípios onde se localizam as obras principais e 50% rateado proporcionalmente às áreas do reservatório, conforme definido na Lei 9.332 do Estado de São Paulo, Decreto 7.501 do Es43 O município de Itá -SC não possui geradores instalados em seu município, mas a partir de 2001 os valores adicionados referentes à Indústria e Comércio incluem também a energia, que é gerada nas turbinas instaladas em Aratiba - RS. O valor agregado, em valores correntes, apresentou a seguinte evolução: em 1999 – R$ 10,1 milhões; em 2000 – R$ 71,3 milhões; em 2001 – R$ 391,9 milhões; em 2002 – R$ 473,8 milhões (valor mais elevado que o do município de Concórdia). Isto vem propiciando aumentos constantes nos índices que passou de 0,16991 (ICMS de 2001 sem geração) para 1,21511 (ICMS de 2004 com geração), portanto um crescimento de 715%. tado do Paraná, Lei do Estado de Goiás e texto do parágrafo 1º do art. 161; aprovado pela Comissão Especial de Reforma Tributária; Para efetuar os cálculos foram adotados os seguintes procedimentos: • o VA - Valor Agregado, que caberá a cada um dos municípios atingidos; foi obtido com repartição do resultado da geração hidrelétrica de acordo com as 3 hipóteses descritas anteriormente; • os valores agregados – VA, calculados em cada hipótese para cada município, foram somados à média aritmética dos valores agregados dos anos de 2000 e 2001 (base para cálculo dos índices VA para a repartição do ICMS em 2003, último ano em que os valores do ICMS e Receitas Totais são conhecidos); obtendo os novos índices VA; • as legislações estaduais, fixam o peso relativo do índice VA em 85% em Santa Catarina e em 75% no Rio Grande do Sul, e mais o índice correspondente a parcela “fixa” complementar, que em Santa Catarina é distribuído igualmente para todos os 293 municípios, sendo que no Rio Grande do Sul é específico para cada município, de acordo com a população, área, produção primária, e outros indicadores; • o cálculo do acréscimo, em percentagem, foi feito comparando os índices “com hidrelétricas” com os índices “sem hidrelétricas”; • o acréscimo em numerário foi obtido aplicando o percentual obtido para cada município no valor de ICMS de 2003 recebido pelo respectivo município; • para realizar os cálculos, foi considerada a energia de placa outorgadas para as usinas de Barra Grande, com 380,6 MWm; o preço de R$ 100,00/MWh e os valores de receita total, cota parte do ICMS e VA - Valor Agregado obtidos nos balanços consolidados do município e nas Portarias das Secretarias da Fazenda de Santa Catarina referentes à distribuição do ICMS de 2001 a 2003; • os procedimentos descritos não permitem que se obtenham valores exatos dos aumentos, pois foi considerado que os demais fatores permaneçam estáticos, o que na pratica não ocorre, porém 57 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG fornecem uma idéia bastante aproximada do que irá ocorrer por isto a importância da nota de rodapé 43 que descreve o que aconteceu com a cidade de Itá, que teve seus índices de retorno de ICMS multiplicados por 7. Também deve ser lembrado que esta energia incrementará atividades produtivas fazendo aumentar o ICMS a ser distribuído entre os municípios. Com estes procedimentos foram calculados inicialmente os incrementos de Valor Agregado resultantes da operação da usina Barra Grande, no município de Campo Belo do Sul, considerando a hipótese III, única que beneficia o município em questão. Considerando a atual legislação o recebimento integral das cotas partes do ICMS, atribuídos à geração da Usina de Barra Gran44 de , só serão recebidas a partir do 4o ano do início da geração. O primeiro pagamento ocorre a partir de janeiro, do 2o ano do início da geração. Assim, como o início da geração está previsto para outubro de 2005, com uma máquina e as outras entrando em operação a cada 90 dias, os retornos do ICMS de Barra Grande só ocorrerão na prática a partir de janeiro de 2008 com o valor agregado considerado para a estimativa de aumento reduzido a 50 % do integral pleno, e em 2009, já haverá o recebimento integral, com R$ 448.382,00 (valores calculados ao preço de 2003), correspondendo a 9% das receitas do município. arrecadação municipal resultante operação das usinas De acordo com o que foi apresentado nos itens anteriores é expressiva a influência da UHE Barra Grande nas finanças públicas de Campo Belo do Sul. Estes incrementos nas arrecadações, comparadas com a arrecadação total corrente para o ano 2003, representam acréscimos anuais substanciais. Na TABELA 40 é apresentada as estimativas de aumentos de arrecadação entre os anos 2006 e 2009. Tomou-se como paradigma de comparação o ano de 2003 porque além de contemporâneo é o ultimo ano em que há disponibilidade do balanço municipal consolidado. 5.1.4 44 Caso seja definida a legislação pela hipótese III antes de 2006, Machadinho já passará a contemplar os municípios de Anita Garibaldi e Pinhal da Serra antes das datas mencionadas e com os percentuais de 50% do valor adicionado no segundo ano após a aprovação e entrada em vigência da Lei e de 100% a partir do terceiro ano. As receitas resultantes da operação das hidrelétricas têm caráter permanente, por ser a água dos rios um recurso renovável e as usinas terem vida útil prolongada. Também são duas as fontes de recursos oriundos da operação das hidrelétricas: a CFURH - compensação financeira e o ICMS resultante da venda da energia produzida. A CFURH propicia incrementos nas receitas municipais através de três geradoras: as usinas Machadinho e Itá, já pagam compensação financeira para os municípios de Anita Garibaldi e Pinhal da Serra, e a Usina Barra Grande pagará para os nove municípios que compõem a região de abrangência. A Compensação Financeira, resultante da inundação de áreas dos municípios pela UHBG só será concretizada plenamente após a conclusão das obras em 2006 quando terão direito a receber a parte regularizada de jusante, no caso Machadinho, Itá e Foz do Chapecó. Dependendo da alternativa (hipótese) que prevalecer nos debates que se travam em torno do ICMS resultante da operação de hidrelétricas, os municípios de Anita Garibaldi e Pinhal da Serra podem ser contemplados por receitas adicionais oriundas de duas ou três hidrelétricas. Na Hipótese I, a UHBG gera valor adicionado somente para Pinhal da Serra, onde serão instaladas as turbinas. Na Hipótese II, Barra Grande continua gerando recursos para Pinhal da Serra e contempla também Anita Garibaldi, à semelhança do que está ocorrendo em Itá. Na Hipótese III, a metade dos recursos é distribuída de forma semelhante à Hipótese II e a outra metade segue o formato da compensação financeira e são resultantes da produção e comercialização de energia por três hidrelétricas: UHMA, UHBG e UHCN. Só nesta hipótese Campo Belo do Sul estará contemplado. Para calcular os incrementos de ICMS na fase de operação, tomou-se como mais provável a Hipótese III, apresentada anteriormente, por ser a preferida pela maior parte dos estados que possuem expressivas instalações de geração hidrelétrica no país, por haver sido aprovada na Comissão Especial de Reforma Tributaria do Congresso, por ter sido incluída na Lei Kandir e finalmente por existir fortes pressões por parte de deputados, senadores e de prefeitos de municípios “alagados” pelo lago para viabilizar a alteração das normas atuais. Assim, pressupondo-se que prevaleça a Hipótese III para o rateio do ICMS, foi elaborado o demonstrativo, onde se apresentam as 58 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG estimativas ano a ano de arrecadação municipal, nas etapas de operação das três hidrelétricas que ocupam áreas na região em estudo. Observa-se na TABELA 40, que os acréscimos monetários são significativos com previsão de aumentos das receitas anuais de quase R$ 775 mil. Estes expressivos incrementos sobre as atuais arrecadações municipais propiciarão condições para investimentos em benefício da sociedade local, nas áreas de segurança, transporte ou para desenvolvimento de po- tencialidades já existentes nos municípios e/ou surgidas com a implantação da hidrelétrica e seu reservatório. A CFURH tem suas regras claramente definidas e o pagamento mensal começa no terceiro mês após o início do funcionamento das hidrelétricas. Assim, de acordo com a programação de geração os municípios passarão a receber 50% da Compensação Financeira a partir de janeiro de 2006; 90% a partir de abril do mesmo ano e em julho já estarão recebendo o valor integral. TABELA 40: INCREMENTO NAS RECEITAS MUNICIPAIS OBTIDO PELA OPERAÇÃO DAS HIDRELÉTRICAS Valores em R$1.000 - HIPÓTESE III ANOS MUNICÍPIO Campo Belo do Sul 2006 CFURH 326,5 2007 ICMS CFURH ICMS 326,5 As regras para rateio do ICMS resultante da energia proveniente de aproveitamentos hídricos ainda não estão consolidadas (ver item que trata do Incremento do ICMS - Valor Agregado), mas os prazos para os recebimentos das cotas parte já estão definidos nas legislações federal e estadual. De acordo com o que estas legislações estabelecem, o recebimento integral das cotaspartes do ICMS, atribuídos a geração da UHBG, só acontece a partir do 4º ano, após o início da geração. Assim, como o início da geração está previsto para outubro de 2005, com uma máquina e as outras entrando em operação a cada 90 dias, o retorno do ICMS só ocorrerá a partir de janeiro de 2008 com o valor reduzido entre 45 e 50% do total, de acordo com o valor do índice já existente e em 2009, o valor já corresponderá ao valor integral. Em 2006, a Compensação Financeira se estabiliza e as variações só ocorrerão por condições hídricas, demanda de energia ou mudança de valor na tarifa referencial. Esta estabilização deve ser entendida como um período anual, podendo haver fortes variações nos valores mensais. Os valores elevados de Anita Garibaldi em 2006 devem-se ao fato do município ser também atingido pela hidrelétrica de Campos Novos, cujo início de operação está previsto para o começo daquele ano. O crescimento da receita em 2008 deve-se à entrada do ICMS da geração, com aumento expressivo de arrecadações em 2009 quando se estabiliza. A situação retratada na TABELA 41 refere-se a Hipótese III, onde parte do ICMS é distribuído entre todos os municí- 2008 CFURH 2009 ICMS 326,5 202,6 CFURH 2010 e + ICMS 326,5 448,4 CFURH ICMS 326,5 448,4 pios com áreas inundadas pelo reservatório. TABELA 41: INCREMENTOS DE ARRECADAÇÃO ANUAL E PROPORÇÃO SOBRE AS RECEITAS DE 2003. em R$ 1000 - Hipótese III ITENS AUMENTOS DE RECEITA % S/ RECEITA TOTAL 2006** 2007** 2008** 2009** 2010** 326,55 326,55 529,12 774,93 774,93 6,59 6,59 10,68 15,65 15,65 ** Valores de 2003 Convém ressaltar que estão sendo utilizados valores de 2003, sem considerar reajustes de inflação ou por outros motivos. Já em 2004 houve aumento de 12,1% para a compensação financeira em relação a 2003. Ressalta-se novamente que a CFURH não poderá ser utilizada para pagamento de dívidas. Já o ICMS, poderá ser usado tanto em investimento como no custeio das novas ações ou na melhoria das condições existentes atualmente. Como já foi mencionado anteriormente 40% do ICMS, a partir de 2004, têm destinação obrigatória, sendo 25% para a educação fundamental e 15% para a área da saúde. No caso de prevalecer uma das duas primeiras hipóteses, todos os municípios que não sediam a obra principal perdem a parte de suas receitas da UHBG, que são transferidas para Pinhal da Serra (Hipótese I) ou para Pinhal da Serra e Anita Garibaldi (Hipótese II), permanecendo com a receita da CFURH, que no caso de Campo Belo do Sul monta em 326,5 mil reais por ano. 59 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 5.2 Fatores Gerais Incidentes Sobre as Finanças Públicas dos Municípios No passado recente verificaram-se transformações substantivas na sociedade brasileira, com fortes reflexos na questão tributária municipal, destacando-se as mudanças introduzidas pela Constituinte de 1988 com relação à distribuição dos recursos e encargos constitucionais. No Brasil o federalismo fiscal é a forma como as diferentes instâncias governamentais se organizam em termos de atribuições de encargos e receitas para a execução das funções governamentais. Na seqüência de forte centralização tributária acompanhada de descentralização das funções alocativas que se verificou no segundo qüinqüênio da década de 1960, o período posterior à promulgação da Constituição de 1988 foi caracterizado pela descentralização das receitas constitucionais e pela elevação da autonomia para a definição das políticas públicas locais. As mudanças definidas na constituinte passaram a ter vigência em março de 1989 com desdobramentos até o ano de 1993, tendo por principal produto um significativo aumento da receita tributária disponível para os municípios, com relevo para a criação de dois novos impostos municipais (IVVC e ITBI) e para o papel desempenhado pelas transferências provenientes das instâncias Federal e Estadual. Os municípios em seu conjunto, mesmo arrecadando menos (entre 1960 e 1990 a arrecadação própria dos municípios caiu de 4,7% para 3,6% da massa tributária), passaram a dispor de uma receita significativamente maior (no mesmo período a participação na receita disponível elevou-se de 6,5% para 15,9%), correspondendo a porções crescentes do PIB: de 17,4% para 26,4%. Malgrado a participação dos municípios no montante geral da carga tributária venha sendo progressivamente achatada no período mais recente, ela é ainda muito superior ao da situação existente antes da reforma constitucional. Com a constituição de 1988 ficou assim definida a base tributária e financeira municipal: a) • • • • Impostos de Competência Municipal IPTU; ISSQN; ITBI -“intervivos”; IVVC. b) Transferências da União para os Municípios • FPM – 21% em 1990, elevando-se a 22,5% de 1993 em diante; • ITR – 50% da arrecadação; • IR FONTE – montante retido relativo a pagamentos dos municípios, suas fundações ou autarquias. c) Transferências dos Estados para os Municípios • ICMS – 25% da arrecadação; • IPVA – 50% da arrecadação; • IPI –EXPORTAÇÃO (25% da cota recebida pelo Estado). Desse modo fica explicitamente caracterizado que determinadas evoluções nas receitas municipais são derivadas de aspectos político-institucionais de âmbito nacional, apresentando relativa independência dos processos locais. Esse é o caso das Transferências da União, especialmente do Fundo de Participação dos Municípios – FPM, cujas fontes de arrecadação (IPI e IR) pouco dependem dos processos que ocorrem na grande maioria dos municípios, especialmente daqueles de pequeno porte, e cujo princípio é distributivo, com base no porte demográfico. A participação proporcional deste tributo na receita total é muito significativa no caso de Campo Belo do Sul embora se apresente decrescente no período analisado. Já no que se refere á principal Transferência do Estado a Cota Parte Municipal do ICMS, a afirmação inicial só é válida parcialmente. Por um lado, a elevação da Cota Municipal para 25% do montante do imposto recolhido (em contraposição aos anteriores 20%) é um aspecto claramente político-institucional e com impacto direto nas finanças dos municípios. Já eventuais mudanças no coeficiente de participação de cada município na referida Cota Parte, são movimentos derivados de evolução diferenciada da base econômica municipal, pois se trata de uma transferência de caráter compensatório (em contraposição ao princípio distributivo do FPM), onde o coeficiente de participação é função principalmente (mínimo em 75% e em Santa Catarina de 85%) da intensidade do movimento econômico local. Tratando-se no caso de município com bases econômicas com predomínio de atividades rurais, geradoras de Valor Agregado proporcionalmente reduzido, os retornos da arrecadação do ICMS tendem a ser pouco signifi60 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG cativos, em termos absolutos, malgrado tendam a representar proporções importantes das receitas municipais totais. A participação relativa das transferências da cota parte do ICMS nas receitas correntes do município é decrescente embora os índices de retorno do ICMS sejam crescentes. Já no que se refere aos impostos de alçada municipal, como o IPTU ou o ISSQN, eles dependem exclusivamente da base econômica e da eficiência tributária de cada município, pois tanto a Planta Genérica de Valores como a alíquota do imposto sobre serviços, é definida localmente (com base em parâmetros nacionais no que se refere ao ISS mais recentemente). Trata-se de impostos, especialmente o ISS, que claramente podem ser correlacionados com o desempenho das economias locais vistas isoladamente, e/ou com a presença de investimentos em infra-estrutura ou equipamentos produtivos. Obviamente que mesmo neste último caso não se pode deixar de considerar o conjunto do tema sob uma visão sistêmica, pois é um antigo tema de discussão, o fato de que o aumento das Transferências da União e dos Estados seria uma das principais causas para a diminuição do esforço arrecadador do Poder Local, com evidente impacto no estreitamento das receitas próprias municipais. 5.3 Critérios para Análise Para a análise das contas públicas do município tomou-se por base os Dados Contábeis Consolidados Municipais (Balanço Orçamentário, Receitas e Despesas Orçamentárias e Despesas por Função), bem como o Compa- rativo da Receita Orçada com a Arrecadada, Anexo TC 08, este último fornecido diretamente pela administração municipal. Tendo em vista o objetivo da análise a ser realizada, a caracterização do impacto da implantação e operação da Usina Barra Grande nas contas públicas do município optou-se por observar o seu comportamento nos últimos 4 anos. Com esse procedimento evitou-se considerar um período muito curto, com possíveis situações atípicas e/ou transitórias, além de abarcar o momento anterior ao início das obras, bem como seus desdobramentos até o momento presente. Trabalhou-se com valores atualizados para o ano de 2003 com a aplicação das variações do IPCA (IBGE), agrupando as contas municipais dos 4 anos considerados segundo 3 grandes blocos: • resumo, englobando os totais das receitas e despesas correntes e de capital, caracterizando a evolução dos grandes agregados, e suas correlações; • balanço Analítico, com o detalhamento das principais rubricas e sua evolução; • despesas por setor de atividade e sua evolução. Como principais indicadores de dinâmica, consideraram-se a participação proporcional de cada conta ano a ano, bem como a evolução 2000/2003, em termos absolutos, com os valores atualizados. Em termos analíticos foram consideradas as principais relações usais na avaliação das contas públicas, com ênfase para o ano de 2003. TABELA 42: BALANÇO RECEITAS/DESPESAS, A PREÇOS DE 2003 – PERÍODO 2000 – 2003. RESUMO 1. 1.1. 1.2. 2. 2.1. 2.2. 3. (A PREÇOS DE 2003) GESTÃO 2000 GESTÃO 2001 Receita Total Receitas Correntes Receitas de Capital Despesa Total Despesas Correntes Despesas de Capital Superavit/Deficit 4.569.208 4.592.704 95.691 4.922.145 4.706.338 215.806 -352.937 4.566.433 4.566.433 4.634.440 4.491.343 143.098 -68.008 GESTÃO 2002 5.499.233 5.332.924 166.309 5.462.678 4.972.315 490.362 36.554 GESTÃO 2003 4.952.997 4.871.027 81.970 5.646.311 5.112.855 533.456 -693.314 VARIAÇÃO 2003/2000 1,08 1,06 0,86 1,15 1,09 2,47 Fonte dos dados primários: Prefeitura Municipal de Campo Belo do Sul 5.4 Finanças do Município Campo Belo do Sul apresenta indicadores econômicos e sociais semelhantes àqueles observados no grupo dos municípios catarinenses mais pobres e deprimidos. No período analisado apresentou um pequeno incremento real (8%) em sua Receita Total, tendo o mesmo sido superado pelo aumento da Despesa Total (15%), levando a que o déficit presente no primeiro ano da série duplicasse em termos reais e se elevasse para cerca de 14% da Receita Total, como pode ser observado na TABELA 42. Entre 2000 e 2003 as Receitas Tributárias cresceram 60% em valores corrigidos, elevando-se sua extremamente reduzida partici61 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG pação nas Receitas Correntes, de 4% para 6%. A coleta dos impostos municipais teve um incremento real de 130%, com destaque para o ISSQN (131%) e o ITBI (108%), verificando-se do lado das taxas de serviços, uma quebra de mais de 50% nos valores cobrados em 2003. Dessa forma, enquanto a receita obtida com os impostos municipais se elevou de 2% para 5% das Receitas Correntes, a participação das Taxas reduziu-se de 2 para 1%, comprometendo aquela ligeira tendência de melhoria. Nesse contexto as Transferências permaneceram sendo determinantes dos recursos disponíveis para Campo Belo do Sul, tendo-se mantido estáveis em valores corrigidos e respondendo por cerca de 90% das Receitas Correntes. As Transferências da União que até 2002 respondiam por cerca de 55% das Receitas Correntes tiveram uma pequena inflexão no último ano. Essa redução deveu-se à quebra em valores corrigidos do FPM (-9%) e das Outras Transferências, pois aquelas relativas ao ITR e ao IR na fonte, foram crescentes, apesar de somarem valores monetários muito reduzidos. Os principais itens das transferências dos estados também apresentaram evolução positiva em termos corrigidos, com destaque para a Cota Parte do ICMS (+20%). A rubrica Transferências Multi-governamentais, engloba em 2003 a cerca de 18% do montante das Transferências Correntes, somando valores que nos anos anteriores tinham sido contabilizados separadamente como transferências da União ou dos Estados, de forma que se estima que os valores relativos à essas duas grandes contas, tenham se mantido estáveis em valores corrigidos, respondendo pelas variações negativas que podem ser observadas na TABELA 43 na seqüência, principalmente a nova sistemática de registro. As Receitas de Capital foram proporcionalmente muito pouco significativas, e se originaram de Transferências em mais de 80%, cabendo o restante a operações de Alienação de Bens, não havendo registro no período analisado de contratação de novas Operações de Crédito. TABELA 43: BALANÇO ANALITICO RECEITAS/DESPESAS, A PREÇOS DE 2003 – PERÍODO 2000 – 2003. BALANÇO ANALITICO (a preços de 2003) 1. Receitas Correntes 1.1. Receitas Tributárias 1.1.1. Impostos IPTU ISSQN ITBI 1.1.2. Taxas 1.2. Transferências Correntes 1.2.1. Transferências da União 1.2.2. Transferências dos Estados 1.3. Outras Receitas Correntes 2. Despesas Correntes 3. Receitas de Capital 4. Despesas de Capital 4.1. Investimentos Variação Gestão 2000 Gestão 2001 4.592.704 192.008 110.541 34.492 57.632 18.416 81.468 4.220.742 2.622.624 1.457.311 63.427 4.706.338 29.476 215.806 132.236 4.566.433 214.259 126.968 29.486 69.157 28.325 93.441 4.774.461 2.982.039 1.618.346 50.765 4.491.343 143.098 141.504 Gestão 2002 5.332.924 320.942 238.941 38.037 62.521 115.784 82.000 4.846.071 2.875.052 1.048.325 81.473 4.972.315 165.216 490.362 490.362 Gestão 2003 4.871.027 307.138 251.309 37.382 133.119 38.284 39.416 4.323.635 2.300.478 1.257.132 160.102 5.112.855 81.970 342.051 - 2003/2000 1,06 1,60 2,27 1,08 2,31 2,08 0,48 1,02 0,88 0,86 2,52 1,09 2,78 1,58 Fonte dos dados primários: Prefeitura Municipal de Campo Belo do Sul As Despesas Correntes apresentam no período um incremento de 9% em valores corrigidos. As Despesas de Custeio respondem pela quase totalidade desses gastos (83% em 2000, passando a 90% em 2003), com destaque para Pessoal e Encargos (entre 50% e 53% das Despesas Correntes) e para Serviços de Terceiros e Encargos (cuja participação se eleva de 13% para 17%, com elevação de 47% em valores corrigidos). As Despesas de Capital representam uma parcela significativa da Despesa Municipal, tendo passado de 4,4% em 2000 para quase 10% em 2003. Nos anos anteriores as despesas de capital se traduziram quase exclusivamente em investimentos, sendo que os dados informados para 2003, não permitem identificar o tipo de aplicação que foi realizada, estimando-se pela análise do detalhamento das despesas por setor, que também se trata de investimentos em obras e bens permanentes. A observação das Despesas Orçamen62 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG tárias por Setor (Despesas Correntes + Investimentos) indica que no período considerado ocorreram alterações importantes na alocação setorial dos recursos. Os setores de Educação e Cultura e Transporte, que em 2000 respondiam por 49% dos gastos do município (31% para o primeiro e 18% para o segundo), sofreram uma estabilização de suas dotações em valores correntes e, portanto, reduções significativas em suas dotações em valores reais (10% para Educação, cuja participação em 2003 é de 22% e –23% no Transporte, cuja participação cai para 11% em 2003), com o direcionamento dos investimentos e de novas despesas de custeio para outros setores, com destaque para Saúde e Saneamento e Administração e Planejamento. Este último setor teve um incremento de mais de 100% em sua dotação em 2002 e 2003, respondendo por respectivamente 20% e 16% dos gastos nestes dois anos. A participação do setor de Saúde e Saneamento elevou-se de 9% para 14%, com um incremento de 97% em valores corrigidos. Os gastos com a infra-estrutura agropecuária e urbana (Agricultura, Habitação e Urbanismo) mantiveram-se estáveis, respondendo em média por respectivamente 8 e 5% das despesas de custeio e investimento. Dentro desse contexto de direcionamento dos gastos, foram respeitadas as aplicações mínimas exigidas para educação e saúde. Em termos prospectivos as simulações realizadas indicam que a partir de 2006 o Município de Campo Belo do Sul receberá a título de CFURH R$ 160.800,00 em valores de 2003, cifra que duplicará a partir de 2007, ocasionando um incremento permanente de pouco mais de 100% nas Receitas Tributárias, considerado o nível de 2003. Concretizando-se a hipótese 3 de rateio do Valor Adicionado Fiscal relativo à geração de energia elétrica, o município contará com o benefício de incrementar as Transferências da Cota Parte do ICMS, com um adicional de R$ 149.500,00 já em 2008, e que atingirá R$ 448.400,00 de 2010 em diante, ambas as cifras em valores de 2003, representando a última um incremento de 40,6% em relação a este ano. Considerando-se o conjunto da receita municipal, a soma desses dois benefícios representará um incremento de 15,6%, a uma ampliação de mais de 100% na capacidade de investir. 6 TURISMO 6.1 Considerações Gerais Os Campos de Cima da Serra formam duas regiões com características geomorfológicas, históricas e de usos e costumes extremamente semelhantes. De um lado, todos os municípios fizeram parte dos Campos das Lagens e de outro, o Espigão Soberbo englobava os municípios de São José dos Ausentes, Bom Jesus, Vacaria, Esmeralda e Pinhal da Serra tendo por sede a cidade de Vacaria dos Pinhais. Em nível de turismo, a área de abrangência será considerada como sendo constituída pelas áreas municipais e extrapolará este limite quando assim for necessário. No entanto, por tratar-se de uma região muito extensa, o enfoque será concentrado na bacia incremental do Rio Pelotas uma vez que a origem do estudo advém das potencialidades geradas pela formação do lago. Assim, o potencial final resultará a associação daquele nativo com o preexistente podendo cada uma delas ser explorado de forma independente. Em nível mais amplo, deverá ser analisado o contexto espacial da totalidade dos reservatórios já construídos na região, pois a potencialidade destes ou concorrerá ou poderá ser associado ao de Barra Grande, especialmente o de Campos Novos e Machadinho, que estão mais próximos. 6.2 Potencialidades preexistentes As lides campeiras, os campos, a história que se mostra presente nos corredores de taipa da Coxilha Rica e outros locais, ainda permitem imaginar os tropeiros tocando o gado do Rio Grande para Sorocaba, após ou antes de terem efetuado o “cruzo” do Passo de Santa Vitória. É história recente, ainda mantida vida nas fazendas locais, algumas transformadas em pousadas com a Fazenda Nossa Senhora de Lourdes em Capão Alto, por grupos de cavaleiros regionais que, de tempos em tempos, refazem a rota original, demonstrando a latência de uma maneira de ser e fazer que se perpetua no tempo, de uma maneira ainda expansiva, passando-a de geração à geração, demonstrando de forma inequívoca a força de uma tradição, cujos usos e costumes embora forjados em meio hostil, manteve uma população solidária, gentil, alegre e hospitaleira, amiga até prova em contrário. Este povo apresenta virtudes que bem se associam à vocação turística da sua região. 63 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG POUSADA N. SRA. DE LOURDES EM CAPÃO ALTO RIO PELOTINHAS E CORREDORES DE TAIPAS (muitas vezes se constituem em locais onde são praticados esportes radicais, como o rapel, a canoagem ou o rafting). O exemplo mais significativo deste fenômeno geológico, apesar do acesso difícil pode ser encontrado no Cânion do Peraus no Arroio da Glória em Pinhal da Serra (40 metros de altura por 500 metros de comprimento). Para a prática de esportes aquáticos (radicais ou não) existem vários rios de corredeiras no entorno do reservatório. No Rio Santana, na divisa entre Vacaria e Bom Jesus, já há uma estrutura implantada (inclusive hospedagem na BR-116) para a prática de canoagem e rafting. A região apresenta campos nativos suavemente ondulados, que mudam de cor durante o ano, passando da cor palha no inverno ao verde no verão. Em outras paragens, os campos cederam espaço à exploração extensiva de diversas culturas que igualmente vão mudando a cor da paisagem, de lugar para lugar, em conformidade com a estação. De quando em quando comparecem as plantações de macieiras (em Vacaria e Bom Jesus) que são de rara beleza quando em plena florada ou quando carregadas de maçãs antes da colheita. Mesmo no outono, elas apresentam belos cenários como demonstrado a seguir: Devido a dominância de campos na região a água dos riachos, lajeados e rios é cristalina e serpenteia pelos campos. De tanto em tanto, a água despenca para um patamar inferior em forma de corredeira, cachoeira ou cascata, buscando o nível do Rio Pelotas. Os atrativos vinculados as águas, incluindo corredeiras, cachoeiras, cânions, sempre em presença de águas cristalinas, se constituem no atrativo natural mais difundido entre os municípios lindeiros ao reservatório, havendo uma maior concentração delas no município de Pinhal da Serra, Anita Garibaldi, Vacaria e Bom Jesus. O PELOTAS NO PASSO SOCORRO E EM PINHAL CACHOEIRAS E PAREDÕES EM PINHAL DA SERRA RIO DAS ANTAS E CULTURAS EXTENSIVAS Também se fazem presente os peraus (penhascos verticais de rocha calcária) que ladeiam as fendas dos rios. Quando estes existem em ambas as margens, ocorrem os cânions, brancos devido a sua origem calcária AS PAISAGENS DA REGIÃO 64 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG CAMPOS NATIVOS E MACIERAIS COLORAÇÃO DOS CAMPOS NO VERÃO45 A paisagem se torna ainda mais soberba quando as elevações na paisagem permitem, apesar da pouca altura, apreciar belíssimos panoramas, ao nascer do sol, ao por do sol ou a qualquer hora, em condições normais ou quando os campos estiverem cobertos de geada ou, eventualmente de neve. Em Vacaria, tanto no Morro da Lomba Chata (1.016 m) quanto no Morro Chato (1.001 m) são exemplos destes atrativos altaneiros que se destacam isoladamente em meio a vastidão dos campos. Além dos atrativos naturais e das atividades deles decorrentes, a região apresenta um herança gastronômica deixada pelos tropeiros, pelos caboclos e pelos imigrantes europeus. De uma forma geral, com nobres exceções relacionadas à cultura gaúcha remanescente, este conhecimento está fragmentado, muitas vezes interiorizado na memória dos idosos e, sem que haja um resgate e uso sistêmico tenderá, a desaparecer. A SETUR- Secretaria do Estado de Turismo do Rio Grande do Sul propôs o Roteiro dos Campos de Cima da Serra nos municípios que compartilham o mesmo ambiente natural privilegiado e as mesmas características históricas envolvendo S. Francisco de Paula, Cambará do Sul, Jaquirana, Monte Alegre dos Campos, São José dos Ausentes, Bom Jesus e Vacaria. Este projeto tem como intenção da exploração dos atrativos naturais da região, 45 Todas as fotos sem identificação específica, utilizadas no item Turismo são de autoria do Arq. Ronildo Goldmeier. associando o turismo rural ao ecológico e ao histórico. A região promove ou comemora dezenas de festas (religiosas ou profanas) que são dedicadas à temas, à eventos históricos, ao natal, à eventos esportivos ou recreativos, e uma diversidade de outras motivações que reúnem a população do município ou dos municípios do entorno e aquelas mais importantes ,eventualmente, atraem pessoas do estado vizinho. Neste contexto há dois “eventos-festa” que se destacam e se transformam em ícones “em si”, com capacidade de trazerem visitantes ou participantes de outros estados da federação e de países do cone sul, principalmente do Uruguai e da Argentina. Pelo lado catarinense o evento principal é representado pela Festa do Pinhão, que na verdade trata-se de um período de multieventos, com duração de 10 dias, que associa gastronomia, cultura regional, shows musicais (de música nativa ou geral) e outras programações que se realizam no Parque de Exposições Conta Dinheiro em Lages. O outro evento é o Rodeio Crioulo Internacional de Vacaria (RS), cuja temática está centrada no binômio cavalo/homem, incluindo torneios de laço, provas de rédea, gineteadas, embora a idéia de multi-eventos também esteja presente. O rodeio é realizado em local próprio, nos anos pares, entre os meses de janeiro e fevereiro. Estes dois megaeventos, surgiram a partir de elementos regionais simples que são o cavalo e o pinhão que permitiram o desenvolvimento de festas populares magníficas em termos de grandiosidade, participação, alcance e prestígio. Para atingir estes resultados houve necessidade de criatividade, fé e capacidade de organização. A região, além da geomorfologia marcante, possui uma história rica o suficiente para permitir o turismo histórico e ocorrências ou crenças religiosas capazes de atrair pessoas devotas. Eis, como exemplo, a lenda da Nossa Senhora de Oliveira46: “Foi no dia 08 de setembro de ano impreciso, por volta de 1750, no local situado na coxília entre os arroios Uruguaizinho e Carazinho, procedia-se a habitual queima do campo. O posseiro, de nome desconhecido, ao cair da tarde, observou que o campo havia queimado a 46 “A Diocese de Vacaria” e “Vacaria dos Pinhais” de autoria de Fidélis Dalcin Barbosa 65 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG contento, com exclusão de umas touceiras de capim que o fogo havia poupado. Ao aproximar-se do local, para saber por que a grama não havia queimado ali, viu com surpresa, sobre uma pedra, uma pequena e linda imagem em madeira da Santíssima Virgem, trazendo no pedestal os dizeres de Nossa Senhora da Oliveira, que é invocação de origem portuguesa. Depois de entronizada numa modesta ermida, foi levada por um sacerdote, talvez de Viamão, o qual desejava guardá-la em um lugar mais digno, até que fosse construída uma capela melhor. Surdo aos protestos dos familiares e dos vizinhos do posseiro do campo onde se erguia a ermida, o sacerdote agarra a imagem e a vai levando, a cavalo rumo ao litoral, serra abaixo. Na manhã seguinte, os devotos de Nossa Senhora, ao abrirem a ermida, tiveram uma agradável surpresa. A milagrosa imagem, que o padre havia levado, encontrava-se ali, no humilde trono. De tarde, o sacerdote retorna e queixa-se de que no primeiro pouso do caminho lhe haviam furtado a imagem. E, sem respeitar as reclamações dos moradores, resgata a imagem, para levá-la de novo, agora bem guardada dentro de uma canastra, fechada a chave. Vai senão quando, ao transpor a mesma serra do Rio das Antas, roda o seu cavalo e o cavaleiro, na queda fratura uma perna. Ao mesmo tempo nota que a imagem desaparecera outra vez. Mais tarde, já restabelecido, aquele sacerdote retorna a aldeia da serra, onde, como esperava, encontra a imagem da Virgem em seu humilde trono dentro da pequena ermida. Então, convencido de que a repetida e milagrosa ocorrência representava a vontade do Senhor, exigindo que a imagem lá permanecesse para sempre, protegendo o povo vacariano, o ministro de Deus intercede junto a autoridade eclesiástica em favor da ereção de uma capela curada. Assim, Nossa Senhora da Imaculada Conceição da Oliveira se tornou a padroeira de Vacaria.” 6.3 O Turismo em Campo Belo do Sul Campo Belo do Sul é um dos quatro municípios confinados entre os rios Canoas/Marombas e Pelotas, sendo atravessados longitudinalmente pela SC-458, asfaltada desde a BR-116 até Anita Garibaldi. A sede municipal possui uma população de 4.440 habitantes e dista 36 km da BR-116, 60 km de Lages e 75 de Vacaria. A distância até Florianópolis é de 287 km. De forma idêntica aos demais municípios vizinhos (Anita Garibaldi, Cerro Negro e Capão Alto) não se trata de um lugar que possua um fluxo rodoviário de passagem, pois o eixo viário está assentado sobre a antiga rota de penetração que terminava em Celso Ramos (a continuidade era prejudicada pela difícil travessia do Rio Canoas). Por não haver demanda mais significativa, a infra-estrutura de apoio ao viajante praticamente inexiste, estando dimensionada para uma demanda local (pessoas do interior do município) ou eventual (viajantes a serviço ou prestadores de serviço). Não há nenhum tipo de atividade turística organizada para exploração do patrimônio natural, constituído por cachoeiras, cascatas, corredeiras, lagoas, espraiados e grutas. Os eventos locais (festas e outros) têm pequena escala e o seu grau de atratividade é apenas local, envolvendo pessoas do próprio município e eventualmente de municípios vizinhos. Estas ocorrências não se constituem, portanto, em atividade turística, no sentido de serem capazes de gerar emprego e renda. potenciais preexistentes Para efeitos de realização de uma avaliação mais aprofundada, a Prefeitura Municipal de Campo Belo do Sul elaborou um cadastro dos atrativos47 hoje existentes, independentemente do fato de que os mesmos estejam sendo explorados ou não, conforme segue48: 6.3.1 a) • • • • Festas e eventos significativos Festa da Colheita (maio/abril); Feijoada da APP (junho); Festa da Padroeira (novembro); Aniversário do Município (03/12). b) Hotéis-fazenda e pousadas rurais • Não declarado. c) Mirantes • Propriedade Sr. Tadeu Rodrigues (na localidade de Lajeado dos Bonecos); • Fazenda Guamirim Gateados (torre de vigia da floresta)49. 47 Fotos de Márcio Dutra. 48 Informações fornecidas por Ademir Martins, chefe de Gabinete do prefeito em exercício Geraldo Spinelli Grazziotin 49 Segundo informações da Sra. Vanderléia, funcionária da Prefeitura, não foi possível obter autorização dos proprietários 66 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG FIGURA 11: MUNICÍPIO DE CAMPO BELO DO SUL • Cachoeira do Rio dos Varões50 (Fazenda Gateados)51; • Fazenda Santa Rita52; d) Cascatas (com mais de 10 metros de altura) • Fazenda da Roseira; • Cachoeira da Ana Alice53; • Fazenda Jeremias e) Lagoas Naturais • Lajeado dos Martins; • Dr. Sérgio; • Cachoeira do Maninho; para entrar na propriedade e efetuar o registro fotográfico e a catalogação da posição geográfica - coordenadas. 50 Foto de Luiz Carlos Felizardo. 51 Idem a nota de rodapé 49. 52 Esta cascata não foi localizada, o proprietário ficou de acompanhar o seu cadastro e desmarcou três vezes. O capataz alegou não ter conhecimento de nenhuma. Encontrado apenas uma pequena corredeira nas imediações indicadas pelo proprietário. 53 O próprio Sr Ademir Martins que nos forneceu estas informações, não soube identificar e ou localizar a referida Cachoeira. 67 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG j) Trilhas • Não declarado. o cenário emergente Conforme pode ser verificado no item 6.3.1, os principais pontos de interesse hoje existentes pertencem ao patrimônio natural, representado por cascatas, cachoeiras, corredeiras, espraiados, lagoas e grutas. Embora estas ocorrências estejam localizadas dominantemente na região ao sul da SC-458, integrante da bacia do Rio Pelotas, a sua distribuição e localização (fundos de vales íngremes e de difícil acesso), dificultaram e irão dificultar o estabelecimento de roteiros, temáticos ou não, que se queira estabelecer, isoladamente ou associativamente com outros municípios. Já a formação do lago da Usina Hidrelétrica Barra Grande envolve o surgimento de uma série de atrativos adicionais entre os quais podemos destacar: a pesca esportiva, a navegação de recreio e turística e o contato primário com a água, entre outros. É importante ressaltar que uma grande parte da porção sul do município é ocupado por florestas de árvores exóticas (pinus elliotis), pertencentes a empresa Gateados (entre o Lajeado do Limeira e o Rio Vacas Gordas) o que cria dificuldades (ou uma barreira) à implementação de projetos de natureza recreacional ou turísticos. Considerada esta restrição, restam para o uso antrópico, considerando empreendimentos turísticos, as áreas marginais do reservatório na região da Fazenda Gasperim, no trecho entre o lajeado dos Tijolos e o lajeado Limeira. À distância do reservatório até a sede municipal é de 25,5 km, dos quais sete (7) são asfaltados e os restantes em terra, com trafegabilidade permanente entre a SC-458 e a localidade de Serra Gasperim. O trecho restante, de aproximadamente 4 km constitui-se numa simples estrada vicinal. 6.3.2 • Fazenda Santa Rita; • Localidade dos Motas. f) Grutas • Fazenda Gateados54; g) Locais para prática de esportes radicais • Não declarado. h) Lugares ou monumentos históricos • Praça da Cacimba; • Cemitério; • Igreja Matriz. i) Despraiados • Lajeado do Euzébio; 6.4 • Lajeado dos Martins. 54 Idem a nota de rodapé 49. Tendências A existência de locais propícios ao uso antrópico (e de acessos ao lago), bem como acessos em terra, considerando as distâncias, não se constituem empecilhos para implementação de projetos de aproveitamento da borda do lago, desde que estes possuam atributos que lhes confira a imprescindível atratividade. Considerando o contexto regional, o uso do reservatório tende a atender, além da popu68 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG lação local (do município), a demanda que poderá se originar a partir da cidade pólo regional, qual seja, Lages. No entanto, além do reservatório da UHBG existirá o lago da Usina Hidrelétrica Campos Novos, que dista 65 km da sede municipal de Campo Belo do Sul ou 58 km a partir do acesso à Fazenda Gasperim pela SC-458. Destes, apenas 12 km são em terra, integrantes da SC-456, que possui um bom traçado, trafegabilidade permanente e uma tendência de vir a ser asfaltada a curto prazo uma vez que esta liga Anota Garibaldi à Abdon Batista e à Vargem na BR-282 (trecho São José do Cerrito - BR 470). O reservatório da UHCN, em seu último terço, apresenta três vantagens em relação ao de Barra Grande: águas mais quentes (portanto mais piscosas e favoráveis ao banho), áreas marginais mais planas e um deplecionamento menor do lago. No diagnóstico só é possível abordar, com razoável grau de segurança, a potencialidade nativa enquanto que a efetiva será resultante do que vier a ser feito (pelo município, associação de municípios ou empreendedores) para que as oportunidades sejam transformadas em objetos atratores. Ao município de Campo Belo do Sul caberá, portanto, traçar um planejamento que deverá incluir a implementação de zonas de expansão urbana junto ao lago afim de que a ocupação das bordas do lago possa ocorrer de forma mais ordenada possível e decidir sobre quais as prioridades nos investimentos do poder público para viabilizar os projetos pretendidos, podendo utilizar-se, como ponto de partida das diretrizes do Plano de Conservação Ambiental e Usos das Águas e do Entorno do reservatório da UHBG. 69 PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 7 DIRETRIZES 7.1 Saúde Os indicadores utilizados para compor o diagnóstico de saúde de Campo Belo do Sul per55 mitiram identificar as questões, que se encontravam adequado ou inadequado , relacionadas ao estado de saúde e ao desempenho do sistema de saúde. • • • • • • • • • • • • Adequado: 83% da população cadastrada pelo PACS; estrutura de unidades básicas de saúde adequada; cobertura de 86% do território pelo PSF; hospital privado filantrópico sendo readequado; ampliação do repasse de recursos federais; boa cobertura de consultas médicas nas especialidades básicas; baixa incidência de doenças de notificação compulsória; proporção de óbitos de pessoas com 50 anos ou mais acima de 80%; baixa proporção de óbitos de menores de um ano; proporção de nascimentos com 4 ou mais consultas de pré-natal acima de 92%; diabéticos e hipertensos 100% acompanhados; aplicação de recursos municipais conforme EC 29. • • • • • • • • • • • • • Inadequado: queda progressiva da natalidade; proporção de baixo peso ao nascer acima de 10%; crescimento da proporção de gravidez na adolescência; ausência de registros da morbidade ambulatorial; doenças infecciosas e parasitárias como segunda causa de internação hospitalar; taxa de internação por AVC elevada; taxa de mortalidade por câncer de mama acima da taxa do Estado; taxa de mortalidade por câncer de colo de útero acima da taxa do Estado; elevada taxa de mortalidade por doenças cerebrovasculares; proporção de exodontias em relação às ações odontológicas básicas de 61,89%; baixa cobertura vacinal; duas equipes do Programa de Saúde da Família; sistema de informações em saúde deficiente. Considerando o acima exposto, sugerimos as seguintes diretrizes: 1. Desenvolvimento de processo de educação permanente voltado para os profissionais do Programa de Saúde da Família, focado no trabalho em equipe como estratégia de reorganização do processo de trabalho, conforme as diretrizes do PSF. 55 Esta distinção foi adotada para caracterizar determinada situação de acordo ou não com os parâmetros, quando estes existem, ou tendo como referência a realidade do Estado. Devido a natureza complexa do processo saúde-doença e por conseqüência das necessidades de saúde, é difícil estabelecer um estado absoluto de adequado e inadequado. 70 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 2. Implantação de mais uma equipe do PSF. 3. A implementação de articulação intersetorial para avaliar permanentemente a situação de saúde da população e propor políticas municipais integradas. 4. Monitoramento da queda da natalidade e do conseqüente envelhecimento da população. 5. Dotar os serviços de saúde de capacidade crescente para lidar com os problemas da transição demográfica e epidemiológica. 6. Estabelecer ações de promoção e prevenção, bem como de controle de patologias com grande incidência na população, tais como a hipertensão e diabetes. 7. Ampliar as ações de prevenção ao câncer de mama e câncer cérvico-uterino. 8. Avaliar o modelo de atenção à saúde bucal ofertada pelo município objetivando a adequação às diretrizes do Ministério da Saúde. 9. Melhorar o sistema de informações em saúde. 10. Implementar ações educativas de prevenção da gravidez na adolescência e por extensão de prevenção às doenças sexualmente transmissíveis. 11. Monitorar a ocorrência das doenças cerebrovasculares e desenvolver ações voltadas para o combate ao tabagismo, à obesidade, associadas à identificação e controle dos casos de hipertensão e diabetes. 12. Implementação de atividades de lazer e desportivas para evitar o sedentarismo e o estresse na população e diminuir o risco das doenças. 13. Ampliação da cobertura vacinal. 71 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 7.2 Educação Os indicadores utilizados para compor o diagnóstico de educação de Campo Belo do Sul permitiram identificar e relacionar o desempenho do sistema como sendo: • • • • • • • • • • • • • Adequado: a estrutura da maior parte dos prédios escolares adequada; 93,1% da população de 7 aos 14 anos freqüentando ensino fundamental; o maior atendimento às crianças da educação infantil (zero a seis anos); o atendimento de parte significativa da demanda do Ensino Médio; A inclusão no ensino regular de crianças com necessidades especiais; a atualização e complementação de estudos dos professores em nível superior (Pedagogia); a aplicação dos recursos estaduais em educação; a aplicação de recursos municipais complementando as verbas, de acordo com as necessidades da área educacional do município. Inadequado: a falta de erradicação da repetência; a falta de erradicação da evasão escolar; o transporte de alunos por rotas muito extensas; o tempo de permanência dos alunos no veículo de transporte escolar por mais de 1 hora; as deficiências das estradas que compõem as rotas escolares. Considerando o acima exposto, sugerimos as seguintes diretrizes: 1. Adequar as edificações escolares ainda precárias às necessidades dos alunos. 2. Centralizar Núcleos escolares conforme a rede de residências dos alunos. 3. Transportar os professores aos núcleos escolares, evitando sempre que possível o deslocamento dos alunos. 4. Monitorar periodicamente a freqüência e a aprendizagem dos alunos. 5. Estabelecer ações que visem à erradicação do analfabetismo da população acima de 7 anos de idade. 6. Promover ações de inclusão da população na rede de Ensino Básico regular. 7. Incluir toda a população de jovens e adultos que carecem de conhecimentos relativos ao Ensino Básico nas classes do EJA. 8. Estabelecer medidas que visem diminuir o tempo e os riscos no transporte de escolares. 9. Implementar ações freqüentes de conservação das estradas que compõem as rotas escolares. 72 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 10. Fornecer lanche complementar aos alunos que, não havendo outra possibilidade, permaneçam por mais de 1 hora nos veículos de transporte escolar. As diretrizes aqui apresentadas estão de acordo com o Plano Nacional de Educação. O PNE, sancionado em 9 de janeiro de 2001, pelo Presidente da República, abrange desde a questão das verbas até a dedicação e formação dos professores, passando pela infraestrutura das escolas. A meta mais importante é a de "universalizar o acesso ao ensino fundamental - 1ª a 8ª série - e garantir a permanência de todas as crianças de 7 a 14 anos na escola". Para isso, o PNE propõe "programas específicos de colaboração entre a União, Estados e Municípios", para superar "os déficits educacionais mais graves", no meio rural. O PNE trata da educação infantil, do ensino fundamental, do ensino médio, da educação superior, trata da educação de jovens e adultos, especial, indígena, à distância, tecnológica e formação profissional. Trata, igualmente, do magistério e da gestão e financiamento da educação. O PNE centra sua visão na escola, como lugar privilegiado para o ensino e a aprendizagem, mas contempla também todos os espaços, físicos e virtuais em que a aprendizagem acontece e recomenda a articulação do setor educação e de sua instância operativa mais concreta - a escola - com os demais setores como saúde, assistência, trabalho, justiça e promotoria pública e com as organizações da sociedade civil. Para o ensino médio - ou 2º grau -, a meta é ampliar progressivamente as matrículas para atender, "no final da década, a pelo menos 80% dos concluintes do ensino fundamental". Atender a toda a população de até 6 anos de idade, através de estabelecimentos ou classes de Educação Infantil. 73 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 7.3 Rural O diagnóstico do setor agropecuário de Campo Belo do Sul possibilitou identificar aspectos positivos e negativos referentes às condições naturais e a atual situação das explorações agropecuárias e condição de vida do habitante rural e do desempenho geral do setor. Em vista das suas características favoráveis de clima, solo e topografia, a maior potencialidade do município reside em incrementar e desenvolver o sistema agro-silvo-pastoril. O município possui uma diversidade de áreas quanto ao seu relevo e topografia oferecendo solos com excelentes perspectivas de produção desde que devidamente corrigidos na sua acidez original. Possui também excelentes reservas hídricas, que bem conduzidas poderão futuramente abastecer as propriedades com água de excelente qualidade. O setor rural convive em duas situações opostas: de um lado agricultores bastante tecnificados que praticam uma agricultura moderna e que obtém altas produtividades; de outro lado, os pequenos agricultores (agricultura familiar), onde os índices técnicos são bastante baixos. 7.3.1 aspectos positivos • As características agroclimáticas tornam a área propicia para uma gama bastante ampla de culturas feitas habitualmente na região serrana gaúcha e catarinense e para outros cultivos de clima temperado que não têm aptidão para serem explorados no restante do país. • Cerca de 75.000 ha, equivalendo a 73,4% das terras do município apresentam aptidão de uso agrícola regular para o cultivo de lavouras anuais; • O clima e a pastagem natural oferecem boas condições para produção animal: bovinos de corte e leite, apicultura e piscicultura; • Boa aptidão agroclimática para: • cultivos industriais e grãos como Aveia e Centeio, Cevada, Colza, Feijão, Girassol, Lúpulo, Milho, Sorgo sacarino, Trigo; • Fruticultura: frutas de clima temperado como Caqui, Goiaba serrana, Maçã, Pêssego e Nectarina, Videira; • Olerícolas como Alface, Alho, Betarraba, Brócolis, Cebola, Cenoura, Couve-flor, Ervilha, Feijão-de-vagem, Feijão-fava, Lentilha, Melancia, Pimenta, Pimentão, Repolho, Tomate; • Raízes e Tubérculos como Batata inglesa (primavera/ verão), Batata-doce; • Silvicultura: reflorestamento com pinus, eucalipto. • Qualidade da água é genericamente boa ou aceitável, existindo pontualmente águas de má qualidade, situação decorrente de efluentes urbanos/industriais, • Elevados índices de produção e produtividade em função da adoção de tecnologia de ponta e uso intenso de capital por grandes produtores; • A ação predatória sobre os recursos florestais e a fauna a eles associada é histórica, tendo se manifestado com muito maior intensidade no passado do que na atualidade. 7.3.2 aspectos negativos • Êxodo Rural; • Renda insuficiente56 atingindo 35,8% da população rural e pobreza atingindo 67,9% das pessoas residentes no meio rural (Censo de 2000); • Moradia precária atingindo principalmente os minifúndios; 56 Dados do Diagnóstico da Exclusão Social em Santa Catarina que define as pessoas com renda insuficiente como sendo todas aquelas que têm renda menor ou igual do que R$ 90,00/mês correspondendo a linha de indigência e pessoas pobres são todas aquelas cuja renda per cápita mensal não alcança R$ 180,00/mês ou o dobro da linha de pobreza. 74 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG • Estrutura fundiária inadequada com número expressivo de famílias com áreas de terras insuficientes para garantir o sustento; • Cerca de 26 % das terras tem limitação do uso por declividade, pedregosidade e fertilidade; (Fertilidade passível de correção) • Falta de informações sobre rentabilidade econômica e gerenciamento das atividades agropecuárias; • Baixos índices de produção e produtividade em função da pouca adoção de tecnologia pelos minifundiários e pequenos produtores; • Produtores rurais pouco profissionalizados; • Agropecuária pouco diversificada; • Baixa capacidade de investimento por parte dos pequenos produtores rurais; • Dificuldade no acesso ao crédito e escassez de credito para investimento; • Esgotamento das florestas naturais e degradação de matas ciliares (processo histórico), queimadas, poluição pontual dos rios e mananciais, degradação pontual do solo pelo uso inadequado também de agrotóxicos, a contaminação da água para consumo humano, falta de saneamento, além da falta de consciência ambiental; • Comercialização de produtos com pouco valor agregado; • Falta de espírito associativo e cooperativo (individualismo) na produção; • deficiência da infra-estrutura (como o sistema viário e as estruturas de armazenagem e beneficiamento da produção) de apoio ao desenvolvimento rural. • poucas opções de lazer. 7.3.3 atividades a terem prosseguimento a) Projeto Microbacias 2 Justificativa O Programa de Recuperação Ambiental e de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (Projeto Microbacias 2 ou Prapem/Microbacias 2) é o resultado do Acordo Empréstimo n° 23.299 - BR, firmado entre o Governo de Santa Catarina e o Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). A finalidade do Microbacias 2 é contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população rural de Santa Catarina, através da preservação, recuperação e conservação dos recursos naturais, do aumento da renda e das condições de moradia. Pretende ainda estimular o pequeno agricultor a uma maior organização e participação no planejamento, gestão e execução das ações direcionadas aos mesmos. No município de Campo Belo do Sul foram setorizadas nove microbacias, das quais seis foram priorizadas em 2003. Com os trabalhos desenvolvidos já foram formadas duas ADMs a 12 de Outubro e Nova Esperança respectivamente neste ano de 2004, inclusive com a contratação do Facilitador em andamento. Este junto com os extensionistas da Epagri (animadores), terão como principais atividades a divulgação do Projeto na sede do município e nas comunidades a serem trabalhadas, a escolha, capacitação e formação dos Grupos de Animação (GAM), constituição das Associações de Desenvolvimento das Microbacias (ADMs), a construção do Plano de Desenvolvimento da Microbacia, a mobilização de todos os envolvidos para o planejamento, a execução e a avaliação do Prapem/Microbacias 2, assessoramento a Comissão Coordenadora Municipal (CCM), entre outros que será de grande importância para o planejamento municipal de Campo Belo do Sul. O Microbacias 2 tem como um dos seus princípios “implementar estratégias que permitam a participação dos beneficiários no processo de construção, execução e avaliação das ações a 75 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG serem efetivadas”. Dessa forma demandará um grande esforço para a conscientização e organização das famílias rurais. Objetivos • Melhorar a qualidade de água no município; • Recuperar e conservar a biodiversidade; • Ampliar a oferta de empregos no meio rural; • Agregar valor aos produtos locais; • Melhorar as condições de habitação dos agricultores familiares; • Melhorar as condições de saneamento básico; • Preparar as pessoas para a cultura do desenvolvimento sustentável; • Propiciar maior participação dos beneficiários no processo de desenvolvimento sustentável. b) Produção Vegetal Justificativa As atividades agrícolas constituem uma das principais fontes de renda e da economia do município, portanto do seu desenvolvimento depende a melhoria da renda das famílias rurais. As culturas de maior significado econômico são por ordem de importância: o milho, feijão e a soja. Dados censitários (IBGE, 1995/96) indicam que o milho é cultivado por 865 estabelecimentos, que obtém uma produtividade média de 2.300 kg/ha, numa área média cultivada de 4,6 hectares por produtor. Já o feijão é cultivado em 875 estabelecimentos com uma área média de 4,0 hectares, obtendo uma produtividade média de 800 kg/ha. Objetivos • Assistir tecnicamente os agricultores nas culturas anuais; • Aumentar a produtividade das lavouras; • Orientar no manejo e conservação do solo, principalmente o SPD e o cultivo mínimo; • Orientar a diversificação de atividades na propriedade rural; • Orientar a utilização de implementos agrícolas de tração animal em áreas com declives acentuados, e o uso de plantas para cobertura do solo. c) Produção Animal Justificativa A produção animal representa a segunda atividade em importância econômica para o município e para grande parte dos produtores (fazendeiros). Nas pequenas propriedades, onde ressalte-se, é historicamente praticada, apresenta-se como alternativa para aumento da renda das famílias por não envolver maiores investimentos na sua condução. Dados do IBGE (Censo 1995/96) informam que 1.056 estabelecimentos possuem bovinos. Os 925 estabelecimentos (88% do total) com área menor que 100 hectares - 4 módulos fiscais – detém o expressivo percentual de 42,4% do rebanho total. E os 131 estabelecimentos (12% do total) maiores que 100 hectares, detém ou outros 57,6% do rebanho. Estes dados caracterizam a importância sócio-econômica da pecuária nas propriedades familiares e justificam a atenção que deve ser dada pela pesquisa e a extensão rural no incremento e melhoramento dos índices produtivos da bovinocultura nas pequenas propriedades. Objetivos • Orientar na implantação de pastagens anuais de inverno e verão, bem como no melhoramento de campo nativo; • Melhorar os índices técnicos e de produtividade do rebanho; 76 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL • • • • UHBG Incentivar e orientar na adoção de práticas de suplementação alimentar nos períodos críticos do ano; Acompanhar o desempenho da ovinocultura; Melhorar a produção artesanal de artefatos produzidos com a lã de ovelha; Difundir técnica de inseminação artificial para melhoramento zootécnico do rebanho. d) Educação Ambiental Justificativa As atividades em Educação Ambiental fundamentam-se na necessidade de construirmos relações solidárias entre a sociedade e a natureza, onde o homem inclua-se como elemento constitutivo da biosfera, buscando de forma fiel a sustentabilidade da vida, das gerações atuais com as gerações futuras. A educação é um dos processos facilitadores na modificação de atitudes, na reformulação de conceitos e na sensibilização da consciência ecológica, que busca construir um compromisso com a melhoria da qualidade de vida e ambiental. Objetivos • Assistir, mobilizar, orientar e envolver pessoas em ações e eventos educativos para debater ações de desenvolvimento ambiental, cidadania e gênero; • Incentivar a organização comunitária para a construção de objetivos comuns, na solução dos problemas ambientais locais enfatizando aspectos lúdicos e atividades informais; • Orientar e acompanhar/ instrumentalizar a população rural para a implantação de ações em Saneamento ambiental, voltados à qualidade e quantidade de água e ao gerenciamento dos dejetos e lixo. e) Educação Alimentar Justificativa Tendo em vista que Campo Belo do Sul é um município essencialmente agrícola, oferecendo poucas opções em variedade de alimentos, é necessário investimento na área de educação alimentar. A Educação Alimentar tem como fundamento instrumentalizar a escola, alunos e comunidades orientando o plantio de verduras, legumes, frutas e plantas medicinais cultivados de maneira ecologicamente correta, enfatizando a alimentação orgânica e natural, resgatando valores alimentares hoje perdidos, como por exemplo, a produção de alimentos de subsistência. A Educação Alimentar ajuda na promoção do desenvolvimento rural sustentável, contribuindo para diminuição de gastos com alimentação e com a saúde de maneira preventiva e curativa. Objetivos • Incentivar a implantação de hortas; • Viabilizar a produção local de outras frutíferas; • Incentivar a adoção de novos hábitos alimentares, através da participação em cursos; • Incentivar o uso de plantas medicinais; • Enfatizar a importância dos alimentos para a saúde e desenvolvimento do ser humano; • Oportunizar a diversificação de pratos nas escolas e na propriedade rural. f) Crédito Rural e Programas da SAR Justificativa O crédito rural é o insumo básico quando se procura o incremento e a melhoria de índices 77 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG produtivos nas atividades agropecuárias. O uso correto do crédito rural se insere num processo educativo do produtor rural. A Secretaria de Estado da Agricultura, através de seus programas, procura incrementar a produção e a produtividade das atividades agrícolas em que o Estado é deficitário, bem como diversificar as atividades buscando a fixação do homem no campo, mediante aumento da sua renda. Objetivos • Executar no município, os programas de calcário, reflorestamento e de sementes de milho da Secretaria de Estado da Agricultura; • Orientar e viabilizar o acesso dos agricultores a estes programas; • Elaborar planos de crédito rural e de declarações de aptidão dos agricultores ao PRONAF para obtenção de crédito; • Aumentar a produção e a produtividade de milho no município e por extensão, no Estado. g) Agregação de Valor Agregação de valor aos produtos e serviços da agricultura familiar na Gerência Regional de Lages (01.1998.02.26). Justificativa A Agricultura familiar possuiu tradição na produção artesanal de alimentos de origem animal e vegetal assim como de produtos não alimentares. O processo de produção atual exige maior organização, conhecimento mais aprofundado das cadeias produtivas e participação nos mercados finais. É também fundamental a exploração do potencial turístico dos municípios da região, desenvolvendo ações que possibilitem o crescimento do agroturismo de forma sustentável mostrando a importância e a necessidade da preservação, recuperação e manejo ambiental, para o desenvolvimento e a permanência da atividade turística. Pois, não haverá agroturismo quando a natureza for destruída. O trabalho enfatizará que a participação comunitária é o ponto chave para o desenvolvimento de uma comunidade e principalmente daquela que busca no agroturismo seu sustento. A agregação de valor aos produtos e serviços da agricultura familiar merece considerações importantes quando busca dentro da propriedade, da comunidade e do município estabelecer ações integradas e que visem o desenvolvimento sustentado e o aumento da renda das famílias rurais, proporcionando o estreitamento das relações campo e cidade bem como a valorização da cultura, produtos e as paisagens tipicamente agrícolas enfatizando a tradicional hospitalidade da família rural. Objetivos • Fomentar o aumento da apropriação, pelo produtor rural na renda gerada pela cadeia produtiva através da agregação de valor aos produtos gerados nos empreendimentos rurais de pequeno porte e, na prestação de serviços; • Assessorar o produtor rural na organização, implantação, legalização e acompanhamento dos empreendimentos rurais de pequeno porte; • Proporcionar novas alternativas econômicas na pequena propriedade rural; • Implementar a atividade de turismo rural, através do preparo dos empreendimentos e melhorias nas propriedades para o recebimento de turistas; • Proporcionar uma integração turista e família rural, melhorando assim a inter-relação e o desenvolvimento cultural de ambos; • Aperfeiçoar o processo de comercialização dos produtos e serviços da agricultura familiar ; • Resgatar e difundir fórmulas e técnicas de fabricação de produtos transformados tradicionais da agricultura familiar; 78 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL • h) 7.3.4 UHBG Proporcionar oportunidades de comercialização de produtos. Serviços de motomecanização • Ampliar os serviços de motomecanização, prestados pela municipalidade, para os minifúndios e pequenos agricultores. atividades a serem implementadas 1. Readequação Fundiária, tendo como objetivos • Diminuir os minifúndios propiciando quantidade de terras suficientes para o sustento familiar; • Aquisição de terras de minifúndios e pequenos produtores rurais que desejam sair da zona rural repassando-as, mediante financiamento, para vizinhos minifundiários com condições de trabalhar a terra. 2. Infra-estrutura • Melhoria das condições da infra-estrutura de apoio notadamente quanto ao transporte e armazenagem; • Prioridade para os projetos de correção de traçado , implantação de drenagens e de restauração, conservação das estradas municipais e reequipamento do parque de máquinas e equipamentos existentes; • Incentivos para construção de armazéns no município em locais a serem determinados pelo Conselho municipal de Desenvolvimento Rural. 3. Apoio ao Pequeno produtor • Necessidade de implementar um conjunto de ações (algumas já constantes da relação acima) que ofereçam aos pequenos produtores rurais, a partir de formas associativas, melhoria das condições de produção, acesso a insumos adequados e principalmente, melhoria das condições de comercialização da produção. 4. Desenvolvimento integral – Resgate da Cidadania O desenvolvimento integral não é obtido com uma visão limitada a feição técnica e econômica e outros indicadores de qualidade de vida fazem parte da atuação da assistência, com o mesmo grau de prioridade conferida aos aspectos anteriormente abordados, destacando-se: • Moradia – diversas famílias estão morando em habitações precárias e há necessidade de melhorar a habitabilidade no meio rural seja através de linhas de crédito alternativas, seja com o apoio de ações de melhorias com auxílio do Microbacias 2. Redução e/ou eliminação das deficiências das habitações existentes, priorizando aquelas socialmente mais importantes e que são o abastecimento de água, as instalações sanitárias, energia elétrica e dimensões e revestimentos (material de construção adequado); • Educação – é inconcebível pretender um desenvolvimento autônomo com produtores totalmente analfabetos ou incluídos na categoria de analfabetos funcionais (só sabem assinar o nome ou lêem, mas não entendem o que foi lido). É necessário reforçar as ações em andamento, não só de erradicação do analfabetismo como melhorar o nível de instrução entre jovens e adultos com idades incompatíveis para freqüentar aulas regulares do curso fundamental. 79 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG • Sanidade e saneamento – a municipalidade com recursos do PRONAF já providenciou o fornecimento de água potável canalizada para algumas comunidades. Outras acusam também deficiência para consumo humano e animal, principalmente em períodos de estiagem, sendo necessário implementar ações para aumentar a disponibilidade de água e, ao mesmo tempo, conservar e/ou recuperar sua qualidade para consumo humano e animal. Por falta de convencimento, em muitas residências verificam-se problemas de saneamento e sanidade, com animais domésticos ou de criação defecando dentro e em redor da casa, cozinhas improvisadas com instalações precárias e com efluentes líquidos sobre o terreno, sendo necessário maior esforço para modificar hábitos arraigados, trazidos de muitos anos de vivencia em condições precárias. • Saúde – Estimular e valorizar uma alimentação correta, balanceada e preparada com higiene, dar atenção especial à saúde da mulher e da criança, através do monitoramento de indicadores de nutrição, incidência de doenças e verminoses. Para os adultos dar atenção especial a casos de dependência química. Priorizar a orientação sobre cuidados no manuseio de agrotóxicos e estimular sua substituição por produtos ou técnicas naturais ou de baixo impacto no controle de pragas e doenças. • Ações sociais, culturais e esportivas – a busca e criação de condições de vida mais saudável nas comunidades rurais pressupõem o desenvolvimento de alternativas de lazer. Estimular a criação de grupos musicais, times de futebol ou outros esportes, teatros, oficinas de arte. Promover o acesso a informação e espaços de discussão sobre os direitos básicos do cidadão é fundamental para a construção do desenvolvimento integral da comunidade. 7.3.5 definição de prioridades para a pesquisa e extensão rural Nota: As prioridades e ações relacionadas são as do plano de trabalho da Epagri para 2004/2005 e servem de referencia para a elaboração das diretrizes uma vez que os programas e planos em desenvolvimento são considerados adequados. Devem ser consideradas nas diretrizes propostas para serem desenvolvidas entre 2005 e 2015. a) Pesquisa 1. Rever aptidão climática do município especialmente no que se refere às culturas de trigo e soja, pois empiricamente observam-se agricultores com elevados rendimentos em kg/ha, em vários anos seguidos; 2. Pesquisar sistema de rotação de culturas e espécies de cobertura do solo; 3. Pesquisar espécies de ervilhaca com melhor palatabilidade para os bovinos; 4. Calibrar adubação para o sistema integrado; 5. Determinar necessidade de MS em ton./ha/ano para condução e manutenção do SPD nas condições de solo e clima da UPR-3; 6. Pesquisar integração agro x silvo x pastoril, com ênfase na agricultura familiar, principalmente nos seguintes aspectos: • Espaçamento florestal, espécies arbóreas alternativas ao pinnus; • Determinar período de aproveitamento agrícola e pecuário; • Determinar categorias animais por idade do maciço florestal, culturas agrícolas mais apropriadas e comportamento das espécies para adubação verde e cobertura do solo; 80 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG • Definir sistema para difusão das informações geradas pela pesquisa, priorizando a Extensão Rural na difusão dos conhecimentos; 7. Definir pesquisador (es) para a área de agricultura da UPR-3; 8. Pesquisar, difundir conhecimentos e recomendações técnicas quanto ao manejo de campo nativo não melhorado; 9. Integrar com a extensão na formação de parcerias; 10. Pesquisar a silvicultura • extração florestal através do manejo sustentado das florestas naturais; • exploração de espécies nativas em blocos homóclitos e heteróclitos; • comparar rendimentos em quantidades e valor entre espécies nativas e exóticas. b) Extensão Rural • Difundir e ampliar a área cultivada sob SPD – sistema de plantio direto e cultivo mínimo; • Implantar unidades demonstrativas de áreas com melhoramento de campo nativo; • Melhorar a qualidade das sementes utilizadas, principalmente de milho e feijão; • Diminuir custos de produção e por conseqüência, a rentabilidade das culturas mediante: • Introduzir, avaliar e ampliar utilização de milho variedade; • Orientar a produção de sementes na propriedade; • Introduzir e avaliar novas cultivares de feijão; • Buscar capacitação e atualização técnica principalmente em fertilidade do solo e manejo de ervas daninhas; • Buscar integração e desenvolvimento de atividades conjuntas com: • Estações Experimentais da Epagri que desenvolvem pesquisa em agricultura; • Faculdade de Agronomia do CAV (Centro de Agronomia e Veterinária); • Avaliar e dimensionar a terminação de cordeiro precoce, em pastagens cultivadas; • Avaliar e dimensionar técnica economicamente, a criação integrada de bovinos e de ovinos; • Difundir a implantação de melhoramento do campo nativo; • Orientar implantação das pastagens anuais de inverno e verão; • Difundir e executar os programas de governo no município; • Difundir o associativismo. 81 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 82 DIRETRIZES DE DESENVOLVIMENTO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 8 LEVANTAMENTO DE DADOS 8.1 Contato Direto com Instituições SECRETARIA DA FAZENDA SC e RS - índices de rateio do ICMS dos municípios; SECRETARIA DA AGRICULTURA: CEPA - critérios para obtenção de mapas temáticos do RS na escala 1:250.000/ critérios para obter os limites municipais, oficiais, do RS na escala 1:100.000 / Mapas temáticos do RS (solos, geologia, geomorfologia e vegetação) na escala 1:250.000 / Produção Agrícola dos Municípios e Relatório sobre comercialização de produtos; INCRA - Estrutura Fundiária; IBGE - PAM (Produção Agrícola Municipal) / Censo Econômico 95/96 / Censo 2000, Sidra; EMATER - Programa Microbacias (Mapas obtidos na Regional de Caxias do Sul) / Programas de incentivos a agricultura/ Macrozoneamento Agroecológico e Econômico do Estado do Rio Grande do Sul (cópia xerox) / Estudo de Situação dos municípiosde Bom Jesus, Vacaria e Esmeralda (englobando Pinhal da Serra); ASCAR/EMBRAPA – REGIONAL VACARIA - Obtenção de Relatório de Situação e Relatório de Atividades dos últimos anos; UFSC – CURSO DE AGRONOMIA – Censo agropecuário 95/96 / Estrutura fundiária, investimentos, uso das terras, etc; UFRGS - CURSO DE AGRONOMIA – Mapas em mosaicos 1:100.000 de Geomorfologia e Capacidade de Uso das Terras; SECRETARIA DA AGRICULTURA: EPAGRI - Mapa de solos de Santa Catarina (EMBRAPA); Programa Microbacias II e Programas de incentivos a agricultura / Estudo de Situação dos Municípios de Anita Garibaldi, Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Capão Alto e Lages; SECRETARIA DA AGRICULTURA: EPAGRI – REGIONAL DE LAGES - Mapa das Micro-bacias; FEE (FUNDAÇÃO ESTADUAL DE ESTATÍSTICA) - Dados estatísticos diversos atualizados para 2003 como: população; PIB, expectativa de vida ao nascer; taxa de urbanização; e outros; 8.2 Subsídios do PBA e Outros EIA/RIMA da UHE Barra Grande – ENGEVIX; Estudo de Impacto Ambiental da UHE Pai-Querê, Mar/2003- ENGEVIX; Projeto Básico Ambiental da UHE Barra Grande, Mar/01 - ENGEVIX; Monitoramento Integrado de Água – Relatório Semestral 01, Fase de Pré-enchimento, Jun/02 à Jan/03; Relatório Anual 01, Fase de Pré-enchimento, Jun/02 a Jul/03; Relatório Mensal, Fase de Pré-enchimento, Jun/04 e Resumo dos Parâmetros, Abr/03 – SOCIOAMBIENTAL, Consultores e Associados Ltda; Inventário Florestal da Área de Alagamento do AHE Barra Grande, Mar/03 – ETS; Monitoramento dos Aqüíferos - Conformação do na Regional Pré e Pós-enchimento do Reservatório, Relatório Final, 15/Jan/2004; Relatório Mensal / Fase de Pré-enchimento, Fev/04; Etapa de Inventário de Poços, Fev/04; Anexo III – Andamento de 25/Mai/04 a 25/Jun/04; Relatório de Monitoramento, Campanha 01, Jun/04 – PROGEO/ SOCIOAMBIENTAL; Taludes Marginais – Etapa IV, Programa de segunda fase, Ago/2003, ArqueGEO/PROGEO Adequação da infra-estrutura de Serviços de Saúde, assistência Social, Educação, Lazer e Segurança na Área Impactada pelo Aproveitamento Hidrelétrico de Barra Grande, Relatório Final, jul/2002 – SOCIOAMBIENTAL, Consultores e Associados Ltda; Fronteiras sem Divisas – Aspectos Históricos e Culturais da UHE Barra Grande, Relatório Final do Projeto ECUB, Projeto de resgate e preservação do patrimônio histórico-cultural na área do reservatório da UHE Barra Grande, Dez/2003 - UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL; Definição da rede sismológica e instalação da estação “vigilante” na área dos reservatórios dos apreoveitamentos hidrelétricos de Barra Grande, SC/RS e Campos Novos, SC; Relatório Técnico nº 70 113 – Final; Abr/2004 – IPT; Projeto de Salvamento dos Sítios Arqueológicos Identificados na Área de Inundação da UHE Barra Grande (SC/RS); Relatório Final: Salvamento arqueológico no reservatório, margem direita e esquerda do rio Pelotas: atividades de campo e laboratório; Jan/2004 - SCIENTIA AMBIENTAL; Mapeamento e Diagnóstico para Nortear a Elaboração de um Plano de Ação para Reestruturação e ou Revitalização das Comunidades Lindeiras ao Canteiro de Obras e Reservatório da UHE Barra Grande – Relatório Final, Margem Direita do Rio Pelotas Estado de Santa Catarina, Jan/04 e Relatório Final, Margem Esquerda do Rio Pelotas Estado do Rio Grande do Sul, Jan/04 – ANDRADE & CANELLAS; Estações Meteorológicas Automáticas da Barragem Barra Grande, Jun/04 – EPAGRI/CLIMERH; Monitoramento e Manejo da Ictiofauna - Relatório Parcial – 03/05, junho 2003 à janeiro 2004 e Relatório Mensal – 26/39, Jun/2004 – Pranchas 1, 2 e 3 do Levantamento Batimétrico do rio Pelotas na Área de Resgate da Ictiofauna, Mar/04 – UNISUL; 83 LEVANTAMENTO DE DADOS PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG Projeto de Ações Integradas de Conservação do Solo e Água - Relatório de Andamento das Atividades nº 12, Mai/04 – ANDRADE & CANELLAS; Salvamento de Flora nas Áreas de Abrangência do AHE Barra Grande - Relatório Bimestral, Mar-Abr/04 e Relatório de Avanço dos Trabalhos, Jun-Jul/04 - BOURSCHEID Engenharia Ltda; Salvamento de Fauna nas Áreas de Abrangência do AHE Barra Grande – Relatório Técnico X, Jan-Fev/04 e Relatório de Avanço dos Trabalhos, Jun-Jul/04 - BOURSCHEID Engenharia Ltda; Projeto de Revegetação, Adensamento e Cercamento na Faixa de Proteção Ciliar do AHE Barra Grande - Relatório Mensal de Avanço, Jul/04 - BOURSCHEID Engenharia Ltda; Resgate Fotográfico do Patrimônio Paisagístico – Vale do rio Pelotas – AHE Barra Grande, Mar/02 a Jul/03 – Fator Humano Projetos com fotografia de Luiz Carlos FELIZARDO; 8.3 Pesquisa na WEB http://www.saa.rs.gov.br – Informações sobre o Programa RS RURAL. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php – O Brasil município por município - Dados censitários sobre a população, saúde, educação, habitação, ocupação, etc. http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/ - Banco de dados agregados - Dados de produção rural entre 19992 e 2002. http://www.pnud.org.br – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Perfil dos Estados de SC e RS e dos municípios atingidos pelo reservatório da UHBG. http://www.terragaucha.com.br – Terra Gaúcha http://www.brasilchannel.com.br/ – Uma viagem pelo Brasil na WEB http://www.sc.gov.br/municipios/frametsetmunicipios.htm - Site oficial do Governo do Estado de Santa Catarina http://www.serracatarinense.com.br – Turismo da serra catarinense http://www.portalsbs.com.br/historia/demais/cidades/todas.htm – Municípios de Santa Catarina http://www.amures.org.br – Associação dos municípios da região serrana http://www.cfh.ufsc.br/~simpozio/Catarinense/efemerides/ – Enciclopédia Simpózio – Efemérides de Santa Catarina http://www.belasantacatarina.com.br – Bela Santa Catarina, o seu portal de turismo, lazer e negócios http://nutep.adm.ufrgs.br/principal.asp – Núcleo de estudos e tecnologias em gestão pública – dados dos municípios de SC e RS http://www.riogrande.com.br/bancos_informacoes.html – RS virtual - Banco de dados – informações municipais http://www.radiofatima.am.br – Rádio Fátima AM – Rede sul de rádio http://www.turismo.rs.gov.br/ – SETUR – Secretaria de Estado do Turismo do RS http://www.famurs.com.br/ – Federação das associações dos municípios do Rio Grande do Sul http://www.paginadogaucho.com.br/hist/ – Sul Refaz a Trilha dos Tropeiros http://www.cprm.gov.br – Ministério de Minas e Energia - Serviço Geológico do Brasil - Coluna White - Excursão virtual pela Serra do Rio do Rastro - SC 8.4 Bibliografia 1) GOLD & GOLD S/S (NCA- Núcleo de Consultoria Ambiental). Plano e Ocupação das Águas e do Entorno do Reservatório da Usina Hidrelétrica de Machadinho. 2) GOLD & GOLD S/S (NCA- Núcleo de Consultoria Ambiental). Plano de Conservação Ambiental e Uso do Entorno do Reserva- 84 LEVANTAMENTO DE DADOS PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG tório da Usina Hidrelétrica de Campos Novos. Outubro de 2004. 3) GOLD & GOLD S/S (NCA- Núcleo de Consultoria Ambiental). Sinalização de Apoio à Navegação em Reservatórios de Usinas Hidrelétricas – Referência: Reservatório de Cana Brava. Novembro de 2004. 4) DALOTTO, Roque S. Estruturação de dados como suporte à gestão de manguezais utilizando técnicas de geoprocessamento. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Catarina (SC). Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Março 2003. 5) DALOTTO, Roque S. Use of Expert System for classification of exposed soils in Permanent Preservation Areas. In VII Congreso Internacional Ciencias de la Tierra. Santiago, Chile. Octubre 2002c. 6) DERENGOSKI, Paulo Ramos - Guerra do Contestado –– Florianópolis: Ed Insular, 2001. 7) DETREKÖI, A. Data quality in GIS environment. in: BÄHR, H.-P.; VÖGTLE, T. (Ed.) GIS for environmental monitoring. Chapter 2.6. Stuttgart, Germany: SCHWEIZERBART, 1999. 8) FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA. Anuário estatístico do RS 2001. Porto Alegre: FEE, 2000. 9) INSTITUTO DE PLANEJAMENTO E ECONOMIA AGRÍCOLA DE SANTA CATARINA. Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina – 2002-2003 – Florianópolis: Instituto CEPA/SC, 2003. 10) LAM, D.; SWAYNE, D. A hybrid expert system and neural network approach to environmental modelling: SIG applications in the RAISON system in: KOVAR, K.; NACHTNEBEL, H. P. Application of Geographic Information Systems in Hydrology and Water Resources Management. Oxfordshire, United Kingdom: INTERNATIONAL ASSOCIATION OF HYDROLOGICAL SCIENCES, 1996. 85 LEVANTAMENTO DE DADOS PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 9 EQUIPE TÉCNICA Ronildo Goldmeier; Arq. Roberto Arnt Sant’ana, Eng Agr. Raul de Carvalho, Economista Fernando Luzzi Cardoso, Arq. José Carlos Michalowski, Tec. Fulgêncio Amorim Duarte, Sociólogo Márcio Dutra, Téc. Magda Scherer, Socióloga Leila Maria De Marchi, Pedagoga Janine De Marchi, Arq. Roque A. Sánchez Dalotto, Dr. Eng. Domingos Augusto De Marchi Kiyomi Futatsugi, Arq. 86 EQUIPE TÉCNICA PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG ANEXO 1 IDENTIFICAÇÃO DOS SOLOS E DESCRIÇÃO DE SUAS CARACTERÍSTICAS 1.1 Cambissolos Os Cambissolos são constituídos por material mineral, que apresentam um horizonte A com espessura inferior a 40 cm, seguido por um horizonte B incipiente. Estes solos ocorrem com maior freqüência em relevos suave ondulado, ondulado e forte ondulado, mas também são encontrados em relevo praticamente plano e em relevo montanhoso. Os Cambissolos quando ocorrem em áreas de drenagem e de maior declividade, por sua vez, sobre relevo ondulado a montanhoso, são rasos, com a presença de pedregosidade, afloramentos de rocha e fertilidade natural variável. Apresentam limitações, portanto, ao uso da moto mecanização agrícola, dificultando o emprego de práticas de produção com uso intensivo de capital. Nessas áreas convivem grandes e médias propriedades utilizadas com pastagens e reflorestamento com pequenas propriedades rurais, com emprego de mão-de-obra familiar, dedicadas ao cultivo do milho, soja, trigo e feijão, havendo ainda a produção, em pequena escala, de frutíferas e erva-mate, além da criação de animais, como suínos, aves e bovinos de leite. As produtividades alcançadas são razoáveis e, apesar da declividade e do uso intensivo, não se verificam processos erosivos concentrados, devido, talvez, ao intenso parcelamento do solo, intercalando áreas de mata nativa, lavouras e pastagens. São encontrados geralmente associados aos Neossolos ou aos Nitossolos e tem como classes dominantes de aptidão agrícola a 2 – aptidão regular para culturas anuais climaticamente adaptadas e Classe 3 – aptidão com restrições para culturas anuais climaticamente adaptadas, aptidão regular para fruticultura e boa aptidão para pastagens e reflorestamento. No município a utilização predominante dos Cambissolos é com pastagens nativas, policultura em pequenas propriedades (lavouras cíclicas), silvicultura e fruticultura. As seis unidades de mapeamento onde predominam este solo ocupam 21 % da área do município a saber: Ca39 - Cambissolo Álico Tb A proeminente, textura muito argilosa, fase campo subtropical, relevo suave ondulado e ondulado. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 1.022 ha, o que corresponde a 1% do território municipal. Apresenta variações sendo que a principal diz respeito à presença de perfis mais profundos e mais estruturados, intermediários para Terra Bruna Estruturada. Destacam-se como inclusões o Solo Litólico fase pedregosa (substrato rochas efusivas), o Cambissolo cascalhento, o Glei Pouco Húmico, a Terra Bruna Estruturada e o Latossolo Bruno. São solos ácidos, de baixa fertilidade natural e de elevada saturação com alumínio trocável. Por essa razão, necessitam de grandes quantidades de fertilizantes e doses maciças de corretivos para serem aproveitados com a agricultura. Por outro lado, devido à ocorrência mais ou menos generalizada de solos rasos e pedregosos, assim como de pequenas depressões no terreno ocupadas por solos mal drenados, a mecanização fica bastante prejudicada. A principal atividade desenvolvida na área destes solos refere-se à exploração da pecuária extensiva de corte. Ca41 - Associação Cambissolo Álico Tb A proeminente, textura muito argilosa cascalhenta, relevo ondulado + Terra Bruna Estruturada Álica A proeminente, textura muito argilosa, relevo suave ondulado e ondulado, ambos fase floresta e campo subtropical. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 4.088 ha, o que corresponde a 4% da superfície municipal. Os solos integrantes desta associação encontram-se numa proporção estimada de 50 e 35% respectivamente. Os 15% restantes são ocupados pelas inclusões. O primeiro componente ocorre preferencialmente em superfícies de topografia pouco movimentada, constituídas por colinas de vertentes curtas e declives entre 8 e 20%, enquanto que o segundo ocorre principalmente nas áreas de colinas mais suaves, com vertentes longas e declives inferiores a 8%. Foram registradas as seguintes Inclusões: Solos Litólicos fase pedregosa (substrato rochas efusivas da Formação Serra Geral) e Latossolo Bruno Álico. Sobre a utilização agrícola observa-se que a área desta associação é pouco utilizada com a agricultura, exceção feita a pequenas lavouras de subsistência. O uso está voltado, praticamente, para pecuária de corte em caráter extensivo. Dentre os fatores que concorrem para este restrito aproveitamento destacam-se a baixa fertilidade natural, os elevados teores de alumínio trocável e a dificuldade de mecanização devido à ocorrên87 ANEXO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG cia de inclusões de solos rasos e pedregosos. Além disso, são moderadamente suscetíveis à erosão, requerendo o emprego de práticas conservacionistas intensivas. Ca42 - Associação Cambissolo Álico Tb A proeminente, textura muito argilosa, fase pedregosa, relevo forte ondulado + Terra Bruna Estruturada Álica A proeminente, textura muito argilosa, relevo ondulado, ambos fase campo e floresta subtropical. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 3.066 ha, o que corresponde a 3% do território do município. Os solos integrantes desta associação encontram-se numa proporção estimada de 55 e 30% respectivamente. Os 15% restantes são ocupados pelas inclusões. O primeiro componente ocupa preferencialmente as superfícies de topografia movimentada, constituídas por colinas e morros com declives superiores a 20%, enquanto o segundo ocorre em áreas de colinas mais suaves, com declives entre 8 e 20%. Foram registradas as seguintes inclusões: Solos Litólicos Eutróficos fase pedregosa em relevo forte ondulado (substrato efusivas da Formação Serra Geral), Cambissolo Álico com A húmico e Terra Bruna Estruturada com A húmico. A área desta unidade é pouco utilizada com a agricultura, estando quase que inteiramente ocupada com a vegetação natural. A causa disto prende-se à baixa fertilidade natural de ambos os componentes, com o agravante, principalmente no caso do primeiro, de o relevo e a pedregosidade impedirem a mecanização e favorecem a erosão. Portanto, o Cambissolo pode ser considerado como inapto para lavoura e regular para pastagem e silvicultura, enquanto que a Terra Bruna Estruturada é regular para lavoura e boa para outras atividades, inclusive para o cultivo de fruteiras de clima temperado, especialmente a macieira. Ca50 - Associação Cambissolo Álico Tb A proeminente, textura argilosa, fase pedregosa, relevo forte ondulado + Terra Bruna/Roxa Estruturada Álica A proeminente, textura muito argilosa, relevo ondulado + Solos Litólicos Álicos e Distróficos A proeminente, textura média, fase pedregosa, relevo forte ondulado e montanhoso (substrato efusivas da Formação Serra Geral), todos floresta subtropical perenifólia. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 12.264 ha, o que corresponde a 12% da superfície municipal. Os solos que integram esta associação encontram-se numa proporção estimada de 35, 30 e 25% respectivamente. Os 10% restantes são representados pelas inclusões. Enquanto o primeiro e o terceiro componente situam-se nas áreas mais movimentadas de um relevo regional forte ondulado e ondulado, a Terra Bruna/Roxa ocupa os topos e as encostas menos declivosas, principalmente do relevo ondulado. Foram registradas as seguintes: Terra Bruna/Roxa e Cambissolo sob vegetação de campo, Solos Litólicos Eutróficos A chernozêmico, Cambissolo A húmico e Terra Bruna Estruturada. Todos os três componentes desta associação apresentam restrições ao uso agrícola. As mais severas coincidem com as áreas de Cambissolo e dos Solos Litólicos, onde o relevo é mais acidentado e a espessura dos perfis de solos é muito reduzida. Já a Terra Bruna/Roxa, por ocupar áreas de relevo mais favorável, possuir uma maior profundidade efetiva e por estar isenta de pedras, possibilita uma utilização mais intensiva, apesar da baixa fertilidade natural, que é comum também aos outros componentes. Reflorestamento, pastagem e fruticultura são algumas opções de uso, principalmente para Terra Bruna/Roxa. Ca57 - Cambissolo Álico Tb A húmico, textura muito argilosa, fase floresta subtropical perenifólia, relevo suave ondulado. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 1.022 ha, o que corresponde a 1% do território municipal. Apresenta variações com perfis mais profundos e melhor estruturados, intermediários para Podzólico Vermelho-Amarelo. Entre as inclusões destacam-se os Solos Litólicos Álicos A húmico (substrato efusivas da Formação Serra Geral), a Terra Bruna Estruturada Álica e o Cambissolo Álico A proeminente. São solos que, apesar de ocorrerem em relevo suave ondulado e, portanto, sem maiores restrições à motomecanização, possuem forte limitação ao uso agrícola pela baixa fertilidade natural, pelos teores de alumínio trocável em níveis tóxicos à maioria das culturas, além de necessitarem cuidados especiais quanto ao risco de erosão. Porém, uma vez neutralizada a acidez causada pelo alumínio e devidamente adubados, respondem com produções compensadoras. Após o extrativismo vegetal, muitas áreas estão sendo transformadas em pastagem para criação de gado em caráter extensivo. 88 ANEXO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG 1.2 Neossolos Litólicos Os Neossolos Litólicos são solos com horizonte A ou O hístico com menos de 40 cm de espessura, assente diretamente sobre a rocha ou sobre um horizonte C ou Cr ou sobre material com 90% (por volume), ou mais de sua massa constituída por fragmentos de rocha com diâmetro maior que 2 mm (cascalhos, calhaus e matacões) e que apresentam um contato lítico dentro de 50 cm da superfície do solo. Admite um horizonte B, em início de formação cuja espessura não satisfaz a qualquer tipo de horizonte B diagnóstico. São encontrados geralmente associados a Cambissolos eutróficos e a Nitossolos . Por serem solos que ocorrem em sua maioria em locais de topografia acidentada, normalmente em relevo forte ondulado, montanhoso e ondulado e devido à pequena espessura dos perfis, são muitos suscetíveis à erosão. Algumas unidades de mapeamento, situam-se em áreas de relevo menos acidentado, o que atenua em parte os efeitos provocados por este fenômeno. No município as classes predominantes de aptidão agrícola são a Classe 4ep - aptidão com restrições para fruticultura e aptidão regular para pastagens e reflorestamento e a Classe 5 – sem aptidão agrícola, indicada para preservação da flora e da fauna. No município a utilização predominante dos Neossolos Litólicos é com, florestas nativas em vários estágios de evolução, pastagens nativas e policultura e ocupam 20.440 ha ou 20 %do território do município com cinco unidades de mapeamento. Ra5 - Associação Solos Litólicos Álicos A proeminente, textura argilosa e muito argilosa, fase rochosa (substrato efusivas da Formação Serra Geral) + Cambissolo Álico Tb A proeminente, textura muito argilosa, fase pedregosa, ambos campos subtropical, relevo suave ondulado e ondulado. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 3.066 ha, o que corresponde a 3% da superfície municipal. Os solos integrantes desta associação encontram-se numa proporção estimada de 60 e 30% respectivamente. Os 10% restantes são representados pelas inclusões. O primeiro componente ocorre tanto em relevo suave ondulado, circundado afloramentos rochosos, como nas partes de inflexão do relevo ondulado, ao passo que o segundo ocorre predominantemente no relevo ondulado. Foram registradas inclusões de solos Glei Húmico e Terra Bruna Estruturada Álica. Atualmente os solos desta associação estão sendo usados quase que exclusivamente com a pecuária extensiva. As limitações impostas pela fertilidade natural, pela pequena profundidade do solo, pela pedregosidade e rochosidade fazem com que a melhor opção de uso seja a pecuária extensiva, embora se possa pensar em florestamento e/ou fruticultura (maçã) nos locais de solos mais profundos, como é o caso do Cambissolo e das áreas de inclusão de Terra Bruna Estruturada. Rd3 - Associação Solos Litólicos Distróficos A proeminente, textura argilosa, fase rochosa, relevo montanhoso (substrato efusivas da Formação Serra Geral) + Cambissolo Álico Tb A proeminente, textura muito argilosa, relevo ondulado e forte ondulado, ambos fase pedregosa campo subtropical. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 5110 ha, o que corresponde a 5% do território municipal. Os solos integrantes desta associação encontram-se numa proporção estimada de 50 e 40% respectivamente. Os 10% restantes são representados pelas inclusões. O primeiro componente ocupa quase que totalmente o relevo montanhoso e as partes mais declivosas do forte ondulado, ao passo que o segundo componente ocupa as encostas menos declivosas do relevo forte ondulado e do relevo ondulado. Foram registradas as seguintes inclusões: Solos Litólicos Eutróficos, Glei Húmico e Terra Bruna Estruturada Álica. O primeiro componente apresenta severas restrições ao uso devido ao relevo montanhoso, com declives fortes, superiores a 50%, o que impede o uso de máquinas e de implementos agrícolas. Já o segundo, apesar da baixa fertilidade natural da acidez excessiva e da ocorrência de pedras na superfície do terreno, apresenta melhores opções de uso tais como pecuária extensiva, florestamento e fruticultura em áreas localizadas. Rd4 - Associação Solos Litólicos Distróficos A proeminente, textura argilosa, fase rochosa, relevo forte ondulado (substrato efusivas da Formação Serra Geral) + Cambissolo Álico Tb A proeminente, textura muita argilosa, relevo ondulado e forte ondulado + Terra Bruna Estruturada Álica A proeminente, textura muito argilosa, relevo ondulado, todos fase pedregosa campo subtropical. 89 ANEXO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 2.044 ha, o que corresponde a 4% da superfície do município. Os solos integrantes desta associação encontram-se distribuídos tão aleatoriamente que se torna difícil avaliar a proporção de cada um deles. Mesmo assim, estima-se que os componentes desta unidade concorram respectivamente com 45, 25 e 20%. O restante é ocupado pelas inclusões. O primeiro componente ocupa praticamente todo o relevo forte ondulado e as inflexões do relevo ondulado; o segundo ocorre predominantemente no relevo ondulado e, por vezes, no forte ondulado; enquanto o terceiro situa-se, em geral, no terço inferior das encostas do relevo ondulado, em áreas de colúvio. Foram registradas inclusões de Solos Litólicos Eutróficos A chernozêmico, Afloramentos Rochosos nas escarpas e Glei Húmico. Todos os três componentes desta associação apresentam restrições ao uso agrícola. A baixa reserva de nutrientes e a presença de pedras na superfície do terreno são comuns a todos eles. Além dessas limitações, o primeiro componente, por ocorrer em relevo forte ondulado com declives superiores a 20% e pela ocorrência de rochosidade, não permite o uso de máquinas e implementos agrícolas, tornando-se inaptos para a agricultura. Os outros dois componentes têm ainda como inconveniente a acidez excessiva causada pelo alumínio trocável, porém, por serem mais profundos e por situarem em área de topografia menos acidentada, já apresentam condições que favorecem o uso com pecuária extensiva, com florestamento e também com fruticultura (maçã). Rd6 - Associação Solos Litólicos Distróficos e Eutróficos A proeminente e moderado, textura argilosa, fase rochosa, relevo forte ondulado e montanhoso (substrato efusivas da Formação Serra Geral) + Cambissolo Álico Tb A proeminente, textura muito argilosa, relevo forte ondulado e ondulado, ambos fase pedregosa campo e floresta subtropical + Afloramento Rochosos, relevo forte ondulado e montanhoso. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 2044 ha, o que corresponde a 2% da superfície municipal. A irregularidade do relevo torna difícil estimar a proporção de cada componente. Porém, os Solos Litólicos predominam e ocupam aproximadamente 50% da área. O Cambissolo concorre com aproximadamente 20% e os Afloramentos de rocha com 20% aproximadamente. Os restantes 10% são ocupados por inclusões de Terra Bruna Estruturada Álica relevo ondulado, Solos Litólicos Álicos A húmico e Solos Aluviais. Os componentes desta associação apresentam severas limitações ao uso. Apenas o reflorestamento e/ou florestamento teriam alguma viabilidade, embora a melhor opção para a área seja a preservação da fauna e flora. Localmente as áreas ocupadas pelo segundo componente e pelas inclusões de Terra Bruna Estruturada poderiam ser utilizadas com fruticultura e pastagem. As inclusões de Solos Aluviais podem ser usadas com agricultura nos locais com menor risco de inundação. O uso predominante na área é a exploração madeireira e pecuária extensiva. Re2 - Associação Solos Litólicos Eutróficos A chernozêmico e moderado, textura média argilosa, fase pedregosa, relevo montanhoso (substrato efusivas da Formação Serra Geral) + Terra Bruna/Roxa Estruturada Distrófico Ta A moderado, textura muito argilosa, relevo ondulado + Cambissolo Eutrófico Ta, A moderado, textura muito argilosa, fase pedregosa, relevo forte ondulado, todos floresta subtropical perenifólia. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 8176 ha, o que corresponde a 8% do território municipal. Os solos integrantes desta associação encontram-se numa proporção estimada de 35, 25 e 25% respectivamente. Os 15% restantes são representados pelas inclusões. O primeiro componente ocupa praticamente todo o relevo montanhoso e as encostas mais declivosas do forte ondulado; o segundo é predominantemente encontrado nas áreas de topografia ondulada; o terceiro ocorre quase sempre numa situação intermediária, entre o primeiro e o segundo, em relevo forte ondulado. Foram registradas as seguintes inclusões: Solos Litólicos Eutróficos A moderado, Afloramentos Rochosos na inflexão do relevo, Brunizem Avermelhado; Terra Bruna Estruturada Eutrófica A moderado e Solos Aluviais. Como considerações sobre a utilização agrícola observa-se que o primeiro e o terceiro componentes desta associação, por ocorrerem em áreas de topografia acidentada, pela presença de grande quantidade de pedras na superfície do terreno e pela pequena espessura dos perfis inviabilizam o uso de máquinas e implementos agrícolas. Apesar de ser a preservação da flora e da fauna a melhor opção de uso, estes dois solos encontram-se bastante utilizados, em função da alta fertilidade natural, com lavouras de milho, 90 ANEXO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG feijão e mandioca em áreas localizadas. Apenas a Terra Bruna/Roxa Estruturada reúne boas condições de aproveitamento, não só para lavoura como para usos menos intensivos. 1.3 Nitossolos Os Nitossolos ocupam 58% da área municipal e são solos constituídos por material mineral que apresentam horizonte B nítico, com argila de atividade baixa imediatamente abaixo do horizonte A ou dentro dos primeiros 50 cm do horizonte B. Anteriormente estes solos eram denominados Terras Estruturadas. Os solos desta unidade geralmente ocupam as partes mais suaves da Unidade Geomorfológica Planalto Dissecado do Rio Iguaçu/ Rio Uruguai situadas nas proximidades dos rios Canoas e Pelotas, formando patamares dentro de um relevo regionais acidentado, quase sempre associados com os solos mais rasos, sendo válidas pra esta classe de solo as considerações de uso agrícola feitas para os Cambissolos, com a vantagem de apresentarem fertilidade natural mais elevada. São bem drenados, profundos ou muito profundos, moderadamente ácidos ou praticamente neutros, com alta saturação por bases e com teores variáveis de carbono orgânico, o que determina a classe de aptidão predominante 2 bc - aptidão regular para culturas anuais nos níveis de manejo médio e alto. Na região a utilização predominante dos Nitossolos é com pastagens nativas, policultura em pequenas propriedades (lavouras cíclicas), cultivos anuais e silvicultura. TBa3 – Terra Bruna Estruturada Álica A proeminente, textura muito argilosa, fase campo subtropical, relevo suave ondulado. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 6132 ha, o que corresponde a 6% da superfície do município. Como variações foram encontrados solos mais rasos e com estrutura menos desenvolvida, e solos mais profundos e mais friáveis intermediários para Cambissolo e Latossolo Bruno respectivamente. Entre as inclusões destacam-se o Latossolo Bruno Álico, o Cambissolo Álico fase pedregosa, os Solos Litólicos Álicos fase pedregosa e o Glei Húmico. São solos muito exigentes em termos de fertilizantes e corretivos dado a baixa reserva de nutrientes e aos elevados teores de alumínio trocável. Devido ao relevo com predomínio de vertentes curtas e à ocorrência de inclusões de solos hidromórficos e de solos rasos e pedregosos, a mecanização fica um tanto prejudicada, estimando-se que esta prática seja viável em 60 - 70% da área da unidade. Além disso, são solos moderadamente suscetíveis à erosão, requerendo práticas conservacionistas intensivas se destinados a cultivos anuais. São, portanto, de utilização restrita para cultivos anuais e bons para pastagem e fruticultura de clima temperado. TBa5 - Associação Terra Bruna Estruturada Álica A proeminente, textura muito argilosa, relevo suave ondulado + Cambissolo Álico Tb A proeminente, textura muito argilosa, relevo ondulado, ambos fase floresta subtropical perenifólia. Os solos desta unidade de mapeamento ocupam uma área de 7154 ha, o que corresponde a 7% do território municipal. Os solos integrantes desta associação encontram-se numa proporção estimada de 50 e 40% respectivamente. Os 10% restantes são ocupados pelas inclusões. Enquanto o primeiro membro ocupa o relevo suave ondulado e as partes menos declivosas do relevo ondulado, o segundo ocorre nos locais de inflexão deste último. Foram registradas as seguintes inclusões: Terra Bruna/Roxa Estruturada, Solos Litólicos fase pedregosa e Latossolo Bruno Álico. Sobre a utilização agrícola observa-se que a baixa fertilidade natural e os altos teores de alumínio trocável respondem pelo baixo aproveitamento dos solos da presente associação. Além dessas limitações, o segundo componente tem uma moderada e forte suscetibilidade à erosão e o relevo onde ocorre dificulta em muito o uso de máquinas e implementos agrícolas. Apesar disso, esses solos, principalmente o primeiro, reúnem condições favoráveis à fruticultura (macieira, em especial), ao reflorestamento e à pastagem. TBa8 - Associação Terra Bruna Estruturada Álica A proeminente, textura muito argilosa + Cambissolo Álico Tb A proeminente, textura argilosa, ambos fase campo subtropical, relevo suave ondulado. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 16352 ha, o que corresponde a 16% da superfície municipal. Os solos integrantes desta associação encontram-se numa proporção estimada de 50 e 35% respectivamente. Os 15% restantes são ocupados pelas inclusões. Enquanto o primeiro membro ocupa as encostas correspondentes ao terço médio inferior com menores declividades, o segundo ocupa geralmente o terço superior ou as inflexões do relevo, onde as penden91 ANEXO PLANO DIRETOR DO MUNICIPIO DE CAMPO BELO DO SUL UHBG tes são mais curtas. Foram registradas as seguintes inclusões: Solos Litólicos fase pedregosa e rochosa (substrato efusivas da Formação Serra Geral), Glei Húmico, Cambissolo Álico A húmico textura argilosa cascalhenta, Terra Bruna Estruturada Álica A proeminente textura muito argilosa cascalhenta sob floresta subtropical e Latossolo Bruno Álico. Como todos os solos álicos, sua principal restrição ao uso agrícola é a baixa fertilidade natural aliada à presença de alumínio trocável em níveis elevados. São ainda suscetíveis à erosão e, devido aos altos teores de argila, podem facilmente se compactar caso sejam manejados inadequadamente. A Terra Bruna, geralmente livre de pedras, uma vez convenientemente adubada, corrigida e conservada pode ser utilizada com agricultura. O Cambissolo, por ser mais raso, por ocupar os pontos de inflexão do relevo, à s vezes com surgimento de pedras, apresenta maiores limitações ao uso. Deve-se dar preferência aos cultivos permanentes. O uso atual na área dessa unidade é praticamente constituído pela pecuária de corte, que utiliza o campo nativo, ou pequenos locais de pastagem de inverno. O florestamento e a fruticultura também são encontrados. TBa9 - Associação Terra Bruna Estruturada Álica A proeminente e moderado, textura muito argilosa, relevo suave ondulado e ondulado + Cambissolo Álico Tb A proeminente e moderado, textura muito argilosa, fase pedregosa, relevo ondulado, ambos fase campo subtropical. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 6.132 ha, o que corresponde a 6% da superfície do município. Os solos que integram esta associação encontram-se numa proporção estimada de 55 e 30% respectivamente. Os restantes 15% são representados pelas inclusões. O primeiro componente ocupa as superfícies de topografia mais suave e as encostas menos declivosas do relevo ondulado, ao passo que o segundo situa-se nas partes mais declivosas e nas inflexões do relevo ondulado. Foram registradas inclusões de Cambissolo Álico A proeminente, Solos Litólicos Álicos fase pedregosa e rochosa em relevo forte ondulado, Glei Húmico Álico, Solos Orgânicos e Latossolo Bruno Álico. Os dois componentes desta associação caracterizam-se pela forte acidez, pela baixa reserva de nutrientes e pelos elevados teores de alumínio trocável. O segundo componente, além da deficiência química, tem sua utilização limitada pela pequena espessura do perfil de solo, pela pedregosidade e pela suscetibilidade à erosão, em grau moderado a forte. Por conseguinte, o primeiro componente reúne melhores condições de uso, principalmente para cultivos perenes, em especial para fruticultura de clima temperado. Nas áreas do Cambissolo o florestamento seria uma boa alternativa. A associação, como um todo, está sendo utilizada predominantemente com pastagem nativa, embora se verifiquem plantios de macieira, alguma pastagem plantada e lavouras de feijão, alho, batata inglesa e soja em áreas localizadas. TBRa1 - Associação Terra Bruna/Roxa Estruturada Álica A moderado, textura muito argilosa, relevo suave ondulado e ondulado + Cambissolo Álico Tb A moderado, textura argilosa, relevo ondulado, ambos fase campo subtropical. Esta unidade de mapeamento ocupa uma área de 23.506 ha, o que corresponde a 23% do território do município. Os solos desta associação encontram-se numa proporção estimada de 50 e 35% respectivamente. Os 15% restantes são ocupados pelas inclusões. O primeiro componente ocorre normalmente nas partes menos declivosas, ficando para o segundo componente as encostas mais inclinadas de relevo ondulado. Foram registradas inclusões de Terra Bruna Estruturada Álica A proeminente, Terra Bruna/Roxa Estruturada Álica A proeminente, Cambissolo Álico com A proeminente e Solos Litólicos Álicos fase pedregosa. Devido à forte restrição imposta pela baixa fertilidade natural aliada a teores elevados de alumínio trocável, em níveis tóxicos à maioria das culturas, os solos que integram esta associação estão sendo pouco utilizados para fins agrícolas. Encontram-se, em sua quase totalidade, usados com pastagens para exploração de pecuária extensiva, embora reúnam condições favoráveis à fruticultura de clima temperado e para florestamento. Podem também ser aproveitados com cultivos anuais, apesar de necessitarem de doses maciças de corretivos e fertilizantes e do emprego de práticas conservacionistas intensivas, principalmente nas áreas de relevo ondulado. 92 ANEXO