O foro de São Paulo

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O foro de São Paulo
O foro de São Paulo
Por Anatoli Oliynik - 8 Out 2009
Em junho de 1988 foi realizada a 19ª Conferência do Partido Comunista da União Soviética.
Naquela oportunidade debateram-se os caminhos da "PERESTROIKA" de Mikhail Gorbachev,
e já se vislumbrava a eminente queda do Muro de Berlim, o que de fato aconteceu em
9/11/1989.
Com a queda do Muro e com o desmoronamento planejado do comunismo pela União
Soviética, Fidel Castro e as esquerdas latino-americanas perderam seu tutor financeiro e
ideológico, a Rússia. Era preciso, portanto, articular a criação de um organismo que pudesse
manter viva a "chama ideológica marxista-leninista", bem como orientar e coordenar as suas
ações comunistas no Continente.
Antes, porém, em janeiro de 1989, em Havana, por ocasião da reunião de cúpula do Partido
Comunista de Cuba e o PT do Brasil foi estabelecido que, se Lula não ganhasse as eleições
em novembro de 1989, deveria ser formada uma organização para coordenar as ações de toda
a esquerda continental e que a liderança e organização do processo caberia a Luiz Inácio
"Lula" da Silva. Portanto, Fidel já sabia dos planos arquitetados na 19ª Conferência do Partido
Comunista e preparava terreno no Continente.
Aproveitando o poder parlamentar que tinha o Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil, Fidel
Castro, com o apoio de Luis Inácio "Lula" da Silva, convocou os principais grupos terroristas
revolucionários da América Latina para uma reunião na cidade de São Paulo. Acudiram ao
chamado de Fidel e Lula, além do próprio PT e do Partido Comunista de Cuba, o Exército de
Libertação Nacional (ELN), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), a Frente
Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) da Nicarágua, a União Revolucionária Nacional da
Guatemala (URNG), a Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) de El Salvador,
e o Partido da Revolução Democrática (PRD) do México.
O primeiro Encontro aconteceu no Hotel Danúbio na cidade de São Paulo, no período de 1 a 4
de julho de 1990. O nome "FORO DE SÃO PAULO" foi adotado na segunda reunião realizada
na cidade do México, no período de 12 a 15 de junho de 1991, quando reuniu 68 organizações
de 22 países. E assim nasceu o FORO DE SÃO PAULO. Uma coalizão de terroristas
revolucionários, partidos comunistas, partidos de esquerda, enfim, a escória do Continente
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latino-americano, Caribe e América Central.
Para dirigi-lo centralizadamente, foi criado um Estado Maior civil constituído por Fidel Castro,
Lula, Tomás Borge e Frei Betto, entre outros, e um Estado Maior militar, comandado também
pelo próprio Fidel Castro, além do líder sandinista Daniel Ortega e o argentino Enrique
Gorriarán Merlo [1].
Em 1991, foram elaborados os estatutos do Foro e escolhida uma direção que ficou composta
pelo Partido Comunista Cubano (Cuba), Partido da Revolução Democrática (México), Partido
dos Trabalhadores (Brasil), Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador),
Movimento Lavalas (Haiti), Movimento Bolívia Livre e os 6 partidos integrantes da Esquerda
Unida (Peru) e da Frente Ampla (Uruguai, uma frente constituída por diversos partidos e
organizações, dentro da qual o Movimento Tupamaros é hegemônico). Em 1992, a URNG –
União Revolucionária Nacional Guatemalteca, que agrupa várias organizações voltadas para a
luta armada, foi admitida como membro dessa direção.
A partir do II Encontro, realizado no México no período de 12 a 15 de junho de 1991, o FORO
DE SÃO PAULO passou a ter CARÁTER CONSULTIVO e DELIBERATIVO dos Encontros.
Isso significa que as decisões aprovadas em plenárias e constantes das Declarações finais
passaram, a partir de então, a ser consideradas DELIBERATIVAS, isto é, DECISÓRIAS EM
TERMOS DE ACEITAÇÃO e CUMPRIMENTO pelos membros do Foro, subordinando-os,
portanto, aos ditames dos Encontros na ação a ser desenvolvida em nível internacional e nos
respectivos países. Tais deliberações obedecem a uma política internacionalista, com vistas à
implantação do socialismo no continente, fato que transfere para um segundo plano os
interesses nacionais e fere os princípios da soberania e autodeterminação. A Lei Orgânica dos
Partidos Políticos (LOPP) e a Constituição da República definem que "A ação do partido tem
caráter nacional e é exercida de acordo com o seu estatuto e programa, sem subordinação a
entidades ou governos estrangeiros" (artigo 17 da Constituição e item II, artigo 5º da LOPP).
Isso no conceito dos dirigentes dos países membros do FORO DE SÃO PAULO é letra morta.
O FORO DE SÃO PAULO foi descoberto por José Carlos Graça Wagner, um advogado
paulista e que o denunciou publicamente em 1º de setembro de 1997, em painel realizado na
Escola Superior de Guerra, que versava sobre o tema "Movimentos Sociais e Contestação
Sócio-Política – a Questão Fundiária no Brasil". Com a sua morte, passou a acompanhar e
denunciar a formação "eixo do mal" pelo Foro de São Paulo, o jornalista, filósofo e ensaísta,
Olavo de Carvalho, o que lhe custou o emprego no jornal "O Globo" e muitos outros periódicos
nos quais era articulista.
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O FORO DE SÃO PAULO permaneceu no mais absoluto anonimato, eficientemente protegido
pela mídia brasileira, toda ela engajada no esquerdismo marxista. O publico brasileiro, mais
atento, somente tomou conhecimento e muito discretamente, quase que imperceptivelmente,
por ocasião do 7º Encontro realizado na cidade de Porto Alegre em julho de 1997. Foi apenas
uma discreta aparição que a imprensa brasileira procurou ocultar por meio da suspensão de
todo e qualquer destaque que pudesse levantar suspeitas do que se tratava esse encontro,
apesar de presentes 158 delegados, 58 partidos procedentes de 20 países, 36 organizações
fraternas e cerca de 400 representantes de partidos e organizações de esquerda do continente.
No dia 2 de julho de 2005, por ocasião do XII Encontro ocorrido em São Paulo, se comemorou
os 15 anos de fundação da organização, com discurso laudatório do presidente do Brasil cujo
trecho selecionado é reproduzido a seguir:
"Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do
movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre utilizando a
relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos conversar sem que parecesse
e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política. Foi assim que surgiu a
nossa convicção de que era preciso fazer com que a integração da América Latina deixasse de
ser um discurso feito por todos aqueles que, em algum momento, se candidataram a alguma
coisa, para se tornar uma política concreta e real de ação dos governantes. Foi assim que nós
assistimos a evolução política no nosso continente."
"E é por isso que eu, talvez mais do que muitos, valorize o Foro de São Paulo, porque tinha
noção do que éramos antes, tinha noção do que foi a nossa primeira reunião e tenho noção do
avanço que nós tivemos no nosso continente, sobretudo na nossa querida América do Sul."
"Por isso, meus companheiros, minhas companheiras, saio daqui para Brasília com a
consciência tranqüila de que esse filho nosso, de 15 anos de idade, chamado Foro de São
Paulo, já adquiriu maturidade, já se transformou num adulto sábio. E eu estou certo de que nós
poderemos continuar dando contribuição para outras forças políticas, em outros continentes,
porque logo, logo, vamos ter que trazer os companheiros de países africanos para participarem
do nosso movimento, para que a gente possa transformar as nossas convicções de relações
Sul-Sul numa coisa muito verdadeira e não apenas numa coisa teórica."
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(Discurso de comemoração dos 15 anos do Foro, julho de 2005)
A documentação acerca do FORO DE SÃO PAULO jamais teve ampla divulgação, tendo sido
inicialmente publicado apenas na edição doméstica do GRANMA, órgão oficial do Partido
Comunista Cubano. Na edição internacional nada transpirou. Mais tarde, passou a ter algum
tipo de noticiário restrito em poucos jornais de alguns países e, até numa revista editada na
Argentina chamada "América Libre", quase de circulação interna, dirigida por Frei Betto.
O objetivo do Foro de São Paulo é implantar governos socialistas na América Latina, via
eleições "democráticas", que mais tarde serão convertidos em governos totalitários, a exemplo
do modelo cubano em vigor, tudo sob a falsa retórica de "democracia", tal como eles, os
comunistas entendem. Os campos de atividade do Foro são a subversão política e social de
todo o continente latino-americano. Veja-se o caso de Zelaya na embaixada brasileira em
Honduras. Tudo sob a falsa retórica da "democracia", repito. Trata-se, portanto, de uma
organização que se mantém no anonimato para que seus projetos totalitários não sejam
identificados antes que se complete o plano de dominação e implantação do pensamento
hegemônico no Brasil e no continente Latino-americano. Para este desiderato o FORO DE
SÃO PAULO conta com o apoio da ONU e da OEA.
Desde a sua fundação, o Foro realizou quinze encontros segundo a cronologia a seguir:
I – São Paulo (Brasil) de 1 a 4 de julho de 1990
II – Cidade do México (México) de 12 a 15 de junho de 1991
III – Manágua (Nicarágua) de 16 a 19 de julho de 1992
IV – Havana (Cuba) de 21 a 24 de julho de 1993
V – Montevidéu (Uruguai) de 25 a 28 de maio de 1995
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VI – San Salvador (El Salvador) de 26 a 28 de julho de 1996
VII – Porto Alegre (Brasil) de 27 a 31 de julho de 1997
VIII – Cidade do México (México) novembro de 1998
IX – Manágua (Nicarágua) fevereiro de de 2000
X – Havana (Cuba) de 4 a 7 de dezembro de 2001
XI – Antigua (Guatemala) de 2 a 4 de dezembro de 2002
XII – São Paulo (Brasil) de 1 a 4 de julho de 2005
XIII – San Salvador (El Salvador) de 12 a 16 de janeiro de 2007
XIV – Montevidéu (Uruguai) de 23 a 25 de maio de 2008
XV – Cidade do México (México) de 20 a 23 de agosto de 2009
Como vimos, participam do FORO DE SÃO PAULO partidos e organizações de esquerda,
reformistas e revolucionárias; Partidos Comunistas que se definem como marxistas-leninistas;
organizações e grupos trotskistas; Partidos Comunistas que continuam se definindo como
marxistas-leninistas-maoístas (da Argentina, Peru e Uruguai) e que possuem uma articulação
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internacional própria em 17 países; Partidos Socialistas filiados ou não à Internacional
Socialista; organizações que continuam desenvolvendo processos de luta armada, como as
FARC e ELN, na Colômbia e organizações que participaram da luta armada e hoje atuam na
legalidade, como o Movimento 19 de Abril, também da Colômbia e os Tupamaros, do Uruguai.
Esta é, portanto, a breve radiografia do FORO DE SÃO PAULO, uma organização que os
brasileiros não conhecem e a maioria nem sabe que existe, e cujo objetivo maior é comprar a
sua alma para vendê-la ao demônio.
[1] Enrique Gorriarán Merlo foi o fundador do Exército Revolucionário do Povo (ERP) e
posteriormente do Movimento Todos pela Pátria (MTP). Gorriarán Merlo foi, também, o autor
do ataque terrorista em janeiro de 1980 ao regimento de infantaria La Tablada, em Buenos
Aires, no qual morreram 39 pessoas, e foi quem encabeçou a esquadra que assassinou
Anastásio Somoza em Assunção, Paraguai, em setembro de 1980. Organizou a máquina
militar do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), o mesmo que tomou a residência
do embaixador japonês em Lima.
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