uma estratégia aplicada no centro educacional nº 07
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uma estratégia aplicada no centro educacional nº 07
Índice Capa 11 Com a combinação de teatro e educação, o coletivo 36Barra38 prepara jovens para o universo da atuação. Editorial 5 Estamos aqui na redação refletindo sobre o que é arte. Quer saber a conclusão? Espie só. 6 Música Confira entrevista com a banda Victor Não Gosta e veja o porquê você pode gostar deles. Crônica 10 A estudante Thayná Barbosa narra o conto de uma menina e de um cachorrinho que têm histórias bem parecidas. 16 Ilustração Veja desenhos produzidos por ex-aluno do 7 com a ajuda da computação gráfica. Literatura 18 Com apenas 15 anos, Lola está escrevendo um livro. Saiba como ela começou esta empreitada e qual é a história que ela quer contar. CAPA Rayssa Carvalho, aluna do curso de teatro / Fotografia por Adriane Ribeiro 20 Fotografia Confira o trabalho fotográfico do estudante Emanoell Porto Nobre e conheça suas táticas para tirar fotos artísticas usando apenas o celular. Coluna 24 A aluna Karina Albuquerque opina sobre a “moda” do funk Ostentação. 25 Listas Dez frases que expressam a opinião de artistas sobre seu ofício. Editora e diretora responsável: Daniele Ribeiro Redação: Daniele Ribeiro e Cesma Alves Revisão: Eveline de Assis Editor de arte: Daniel Rodrigues Diagramação: Daniel Rodrigues Fotografia: Adriane Ribeiro Produção: Cesma Alves Supervisão: Rodrigo Lins Distribuição digital gratuita artno7 — REVISTA CULTURAL DE TAGUATINGA é uma publicação única feita exclusivamente para o Centro Educacional nº 7, Área Especial — Setor M Norte EQNM 36/38 Conjunto B — Taguatinga Norte, Brasília/DF, 72145-617 (61) 3901-8206 http://ced07taguatinga.blogspot.com.br/ editorial Se Expresse! O que é arte? O que é arte se não a materialização das expressões humanas? Sim, arte, esta palavra usada de forma tão refinada tem um significado muito simples: expressão. E quem de nós não se expressa? Todos nós exalamos emoções o tempo todo. Exteriorizamos os nossos pensamentos e sentimentos, defendemos nossas opiniões, enfatizamos o nosso ponto de vista... Arte nada mais é que dizer a sua verdade. E a sua verdade pode ser a verdade de outra pessoa, de um grupo de pessoas, de uma comunidade, de um país. Por isso, se expresse! Cante, toque, pinte, escreva, atue, grave, desenhe, fotografe. Arte é felicidade e é tristeza. Arte é o que te toca e conversa com sua alma. Isso é arte: uma conversa de almas. Nesta edição única de Artno7, vamos dar espaço para os artistas do Centro Educacional nº 7 de Taguatinga Norte mostrarem seus trabalhos e vamos incentivar você, que quer ser um artista, mas pensa que isso é impossível, a começar a expressar a sua verdade. Afinal, o próximo sucesso mundial pode estar aí, na sua escola, e pode ser você. Daniele Ribeiro Editora e Diretora Responsável 5 música ? a t s o G r o t c que começou e Do quremada opelosVai s o c i s ú m s migo música é o A banda fo e uma coisa: d a z e t r e c m te na escola só tam que eles gos 6 Os três amigos John Rocha (18), Victor Hugo Gomez Melo (18), e Victor Silva (19), formaram a banda Victor Não Gosta, há 10 meses. O grupo surgiu para atender aos espetáculos do grupo de teatro da escola e, durante os intervalos dos ensaios teatrais, faziam sessões musicais misturando suas músicas preferidas. Quando se deram conta, já eram uma banda com nome, rotinas de ensaios e estilo musical definido... quer dizer, nem tanto. Confira uma entrevista com os integrantes Victor Hugo, baterista e estudante do terceiro ano do ensino médio do 7, e Victor Silva, ex-aluno e guitarrista do trio, na qual eles falam sobre a cultura nas escolas, juventude, futuro musical e a mistura de estilos da banda. • Como vocês se conheceram? Victor Silva: Eu e o Victor Hugo nos conhecemos há quatro anos, quando fazíamos o ensino fundamental, mas formamos essa banda quando entramos para a seleção do grupo de teatro da escola. Já o nosso baixista, John, caiu de paraquedas na banda. Ele não estudava na escola, mas veio para o mesmo processo de seleção do grupo de teatro. Como ele não pôde se manter no grupo, devido a sua agenda pessoal, um tempo depois chamamos ele para participar da banda. Victor Silva (Guitarrista) 7 • Qual o estilo musical da banda? • E você sentiu algum diferença nas suas atividades escolares deQuais são as suas influências? pois que começou a ensaiar com a Victor Silva: Somos influenciados por banda? vários estilos musicais, Victor Hugo, o nosso baterista, traz referencias do Victor Hugo: Senti muito efeito com heavy metal. O John, é influenciado relação à minha disciplina, na batepelo rock nacional dos anos 70. Já eu ria você tem que ter muita discipligosto dessa coisa mais jazz e MPB, na com o instrumento, músico indismas podemos dizer que o que deu ciplinado não vai pra frente, então dessa mistura foi rock, um rock sem eu apliquei essa disciplina também nos deveres de casa. A música facilidefinição certa, mas é rock. Nós trazemos influências de tudo na ta muito o entendimento das coisas, verdade, de blues ao funk, de bossa hoje eu vejo tudo com mais simplicinova ao samba, nos ensaios, às vezes dade. Na música, você entende todo a gente começa uma música no sam- o processo, tudo que está acontecenba e terminamos no heavy metal, nos do e é mais fácil trazer isso pra sua vida de uma forma geral. divertimos muito. • Como os alunos e os professores • Vocês acreditam que as escolas enxergam o fato de vocês terem deveriam investir mais em atividauma banda que foi formada na es- des culturais como a música? cola? Victor Silva: Sim, com certeza. A Victor Hugo: Meus amigos da escola mídia mostra assuntos que estão em acham sensacional eu ter uma ban- evidência. As rádios tocam apenas da, eles também gostam de rock en- um ou dois estilos de música, os estão eles acham divertido, eu sempre tilos que estão mais estourados no chamo eles para os ensaios da banda momento, a TV também é limitada, e para os shows. Os professores tam- então a escola tem esse espaço para bém acham interessante e gostam educar os jovens e deve investir nisto muito, na escola eu sou o único que sim. vai fazer faculdade de música. • E como vocês se veem no futuro? Pretendem continuar a carreira Victor Silva: A direção da escola é musical? muito aberta para os projetos sociais e não é só focado para os alunos da- Victor Hugo: Da forma que estou toqui, é aberto a comunidade, e agra- cando agora, eu me tornei um músico decemos muito por ter esse espaço de sessão. Eu me vejo gravando em estúdio, sendo um músico contratado aqui. por outros músicos para participar da 8 Victor Hugo (Baterista) gravação de um disco, fazer shows, etc. E eu já estou sendo chamado para fazer esses trabalhos. Victor Silva: Minha profissão original é programador, mas nestes anos todos trabalhando com música, eu per- cebi que posso trabalhar com algo voltado pra produção ou até mesmo trabalhar com outras mídias como o rádio, podcasts e produções teatrais. O que tiver envolvimento com produção musical, eu quero fazer. 9 crônica O cão e o Facebook Por Thayná Barbosa 17 anos, aluna do primeiro ano do ensino médio Maria Inês mora em um bairro pobre e distante, sua vida não é fácil. A menina vive em uma casa de dois cômodos, com a mãe e os quatro irmãos, sendo dois irmãos mais velhos do que ela, e dois irmãos mais novos. Um certo dia, andando pelas ruas de seu bairro, ela achou um cachorro abandonado. O bichinho estava ferido e faminto. Maria Inês ficou muito triste, pois não poderia pegá-lo. Por mais que quisesse, ela não teria condições de cuidar do animal. A garota também não tinha mesa cheia em casa, e nem uma cama quentinha para dormir. Dividia um colchão com seus dois irmão mais novos, enquanto sua mãe e os outros irmãos dormiam onde dava. Ela, então, teve uma grande ideia. Tirar várias fotos do cachorrinho e dar informações sobre ele no Facebook, com a esperança de alguém querer adotá-lo. A menina recebeu muitas curtidas, comentários e compartilhamentos na rede social, toda a comoção foi bem além do que ela esperava. 10 Foi aí que apareceu Cristina, sua amiga de escola desde a primeira série. A amiga tinha uma condição de vida melhor e ficou muito impressionada com a história do animal abandonado e doente. Cristina resolveu adotá-lo. Hoje, meses depois do acontecido, o animal está saudável, feliz e com as vacinas todas em dia. Tem todo o carinho e o amor de sua dona. Maria Inês continua na mesma situação em que estava. Nada mudou em sua casa. Ela ainda não tem uma mesa farta, e ainda divide o colchão com os irmãos mais novos na hora de dormir. Sua mãe agora tem dois empregos, para tentar melhorar a vida da família, mas ela e os dois irmãos mais velhos ainda dormem onde dá. Mas tudo bem, o Facebook como uma rede social que muitas vezes parece não ter utilidade, pode despertar solidariedade nas pessoas. Ajudou o cachorrinho a ter casa e comida. Quem sabe um dia não ajude a família da Maria Inês também. teatro De Viúva a Russo Aberto aos estudantes e jovens da comunidade, o Núcleo Permanente de Teatro, 36Barra38 é a “menina dos olhos” dos alunos e professores do 7. Saiba como surgiu o grupo e conheça as estrelas do projeto Há exatos três anos o professor e entusiasta cultural Adalto Serra recebeu o convite dos gestores do 7 para montar um grupo teatral na escola que ensinasse aos alunos a arte da interpretação. A atividade, que deveria ser em horário contrário ao das aulas, não estaria na grade curricular dos estudantes, ou seja, não seria obrigatória e nem valeria nota. Se inscreveriam apenas os alunos interessados 12 em aprender e a montar peças. Surgia assim o 36Barra38, coletivo artístico que é o maior orgulho do 7. Desde que iniciou as atividades em um teatro improvisado na escola, o grupo já produziu três espetáculos: Os Sete Gatinhos e Viúva, Porém Honesta, obras do escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues — adaptadas pelo diretor e professor Adalto — e Russo, drama musical baseado na vida e obra do líder da banda Legião Urbana, Renato Russo, escrito e dirigido pelo próprio educador. E a intenção é continuar a todo o vapor. O coletivo pretende melhorar a estrutura do teatro para expandir as apresentações ao maior número de espectadores possíveis e investir em divulgação dos espetáculos produzidos por eles. Atualmente, o grupo composto por 12 pessoas, entre alunos, ex-alunos e jovens da comunidade, abre inscrições para seleção de novos integrantes todos os anos. Então fique ligado no mural da escola para saber quando será a próxima seleção. se ver nos grandes palcos e até sabe o gênero de atuação que quer seguir. “Me identifiquei muito com a comédia, o drama me deixa deprimido. Se eu me dedicar ao teatro profissional, pretendo ir para o rumo da comédia. Me faz bem”, afirma. Matheus Melarva (Aluno) Acervo pessoal De acordo com o jovem, é importante ter esse espaço para manifestações artísticas nas escolas. “Assim Estudante do segundo ano do ensino como os esportes são incentivados médio, Matheus Melarva, 16 anos, nas escolas, o teatro também devecomeçou a se interessar por atuação ria ser. Teatro e esporte deveriam ter desde muito cedo. Influenciado pelos o mesmo espaço e o aluno ter a opartistas da TV, fez curso para repre- ção de escolher qual atividade quer sentação circense ainda na infância, fazer”, explica. mas foi somente no ano passado que o adolescente encontrou a oportu- Além de atuar, o adolescente pretennidade que esperava. “Quando vi o de fazer faculdade de Psicologia. A anúncio no mural da escola, chamei certeza de que o teatro sempre estatodos os meus amigos para participa- rá presente em sua vida, é concreta. rem. Apesar da desistência deles, eu “Eu nunca vou abandonar o teatro, fiquei porque gosto muito das aulas sempre irei assistir e fazer peças. e deste mundo do teatro”, comenta. Quando for psicólogo, vou recomenTendo atuado em duas peças produ- dar para os meus pacientes que fazidas pelo coletivo — Viúva, Porém çam teatro. Se me ajudou, pode ajuHonesta e Russo, o ator já consegue dar a qualquer pessoa”, finaliza. Futuros Astros 13 Companheira de palco de Matheus, festa. Por isso recomendo a todos a adolescente Rayssa Carvalho, 16 que venham ao teatro”, completa. anos, aluna do 7 e uma das estrelas do espetáculo Russo, ingressou no 36Barra38 no começo de 2013. Para a jovem, o curso só trouxe benefícios para a vida pessoal e escolar. “Antes de fazer teatro, eu era muito fechada. Hoje sou muito mais espontânea. Até para apresentar trabalhos na sala, já não tenho mais aquela timidez. Aprendi a me comunicar com as pessoas”, conta. A estudante acredita que este espaço para as artes nas escolas é incentivador e que pode mudar realidades. “Muitos alunos procuram uma oportunidade de fazer algo diferente, além de ficarem em casa só fazendo o dever de casa. Estudar é importante mas as atividades culturais acrescentam cultura à vida”, explica. Aliás, a moça já tem planos para o futuro profissional. “Eu pretendo levar o teatro como profissão. Quero fazer faculdade de artes cênicas. Mas tenho consciência de que preciso lutar muito para ter reconhecimento como atriz”, destaca. Rayssa Carvalho (Aluna) Um líder com visão Formado em artes plásticas e artes cênicas pela Universidade de Brasília, o ator, diretor e professor Adalto Serra, 37 anos, está à frente do projeto de levar arte para escolas públicas do Distrito Federal há seis anos. Adepto do modelo de educação horizontal — ensino em que o professor e os alunos estejam no mesmo nível de participação nas aulas, ele acredita que essa é a forma de ensino do futuro. “É assim que você conquista as Em relação à importância dos jovens pessoas, você as faz se sentirem parterem proximidade com a arte, a te do processo. É muito chato para o atriz é enfática: “Hoje em dia, os jo- aluno que não sabe nem para que ele vens só gostam de festas e baladas. está aqui”, ressalta. Em uma peça de teatro, você tem contato com suas emoções mais pro- Segundo o professor, as aulas de fundas. Isso não acontece em uma teatro no coletivo são conduzidas 14 na maior parte do tempo na prática, inserindo os princípios teóricos juntamente com a elaboração das atividades. “Estudar teatro é produzir teatro. Peça é para ser vista e para ser feita. Não acho legal eu chegar para eles e dar aulas sobre teorias do teatro. A prática é muito melhor”, acrescenta. O líder do grupo também defende um encaminhamento mais sensível em relação ao ensino nas escolas. “Depois de um tempo, você compreende que o papel da escola é este, formar um cidadão crítico, sensível e que consiga dialogar com o mundo de uma maneira mais humana. O teatro é uma ferramenta muito poderosa para não transformar a educação em uma educação vazia”, complementa. Acervo de figurino do grupo Ensaio da peça Russo Abertura da peça Russo Adalto Serra (Professor) Acervo pessoal 15 ilustração Computação gráfica também é arte O ex-aluno do 7, César Fernandes Azenha, desde pequeno adora desenhar. O estudante sempre utilizou papel e lápis de cor como ferramentas para expressar suas ideias. daí, o fascínio pelo desenho tomou novas formas. Agora, ele desenha utilizando o Adobe Illustrator, programa de computador usado para desenhos digitais. Em 2009, mesmo ano em que se formou, iniciou seus estudos nas dispiclina de computação gráfica. A partir Confira abaixo, os trabalhos produzidos por meio dessa ferramenta moderna. Holden Efijy (2011) 16 Xadrez (2010) Batman (2011) Olivia Dunham (2013) literatura e u q a n i n e M A s o r v i L e v e r c Es dos livros aos 8 anos. Aos 14 ndo mu o pel se ouant enc la Lo te cen A adoles a o maior desafio de sua vida par a par pre se ela , ora Ag er. rev esc começou a 18 Aos 15 anos de idade e com uma extensa lista de escritores preferidos — de Machado de Assis a Caio Fernando Abreu — a estudante Lorrayne Damasio, do segundo ano do ensino médio, decidiu colocar no papel toda sua inspiração literária e escrever o seu próprio romance. Mas, não se engane. Lola, como é conhecida entre os amigos, não é uma novata na arte da escrita. A moça já produziu 25 trabalhos entre poemas, sonetos e contos. Para o seu primeiro livro, ela se inspira no escritor norte-americano de livros juvenis John Green — autor de títulos como A Culpa é das Estrelas e Cidades de Papel — e nos ensinamentos dele para jovens escritores por meio das redes sociais. Com o título provisório de A Maldição das Famílias, a história tem tudo a ver com o universo em que a estudante vive: adolescência, escola, paixão, romance e rejeição. “A personagem principal chama-se Gabrielle, ela é descendente de nativos americanos, tem 17 anos e é bem popular na escola”, explica. Mas, como toda boa trama, esta também é cheia de reviravoltas e mistérios. “Um dia, aparece um garoto britânico na escola, bem misterioso. Gabrielle tenta se aproximar, mas ele se afasta. Tem uma maldição envolvendo a família dos dois, só que ela não sabe ainda”, revela. Na escola, a escritora encontra todo o apoio dos amigos e professores para aprimorar seu talento. “Quando estão apaixonadas, as minhas amigas logo me pedem para escrever poemas ou sonetos para os amados. Os professores também ajudam muito, revisando meus textos e dando toques”, acrescenta. Fora da sala de aula, uma outra parte do colégio também tem sido fundamental para a garota desenvolver o livro. “A biblioteca é meu lugar preferido, é muito calma e tem um espaço ótimo. Sempre tem livros novos e eu já encontrei vários que serviram para minhas pesquisas e estudos”, comenta. Para aqueles que querem começar a criar histórias, a escritora dá a dica: “Escrever é como abrir uma realidade fora a sua. Eu indico a todos, mesmo que não saibam escrever ou que não sejam fanáticos por livros como eu, que peguem uma folha e deixe fluir. Alguma coisa boa vai sair”, finaliza. O livro A Maldição das Famílias, terá em torno de 450 páginas e está previsto para sair no final do ano que vem. 19 fotografia O click perfeito É possível tirar fotos artísticas usando apenas o celular? Jovem fotógrafo, aluno aqui do 7, prova que sim. E ele está no caminho certo para se tornar um profissional de sucesso 20 O estudante do segundo ano do ensino médio, Emanoell Porto Nobre, de 16 anos, começou a se interessar por fotografia desde que viu uma câmera digital jogada em casa e decidiu fotografar tudo o que chamava atenção em seu cotidiano, desde flores que decoravam seu jardim a pessoas caminhando nas ruas. Este interesse em “congelar” a imagem foi crescendo a cada click e com a evolução da qualidade das câmeras dos celulares, levar um dispositivo fotográfico para onde quer que fosse se tornou muito mais prático e aprimorou o olhar do jovem para a captura do momento perfeito. Hoje, matriculado em um curso de fotografia e com o olhar bem treinado, ele garante: não é preciso ter um equipamento profissional para conseguir um bom resultado nas fotos. Leia a entrevista com o estudante e confira alguns de seus trabalhos fotográficos. • O que você mais gosta de fotografar? Gosto de fotografar tudo o que me chama atenção: pessoas, paisagens, flores e situações que somente eu mesmo irei entender. • Como você sabe que o momento que você está vivenciando é um momento perfeito para uma foto? Eu sempre componho minhas fotos antes de tirá-las, na minha cabeça eu já imagino como a foto ficará, crio uma história, coloco as situações em um contexto que vá funcionar para ela, e geralmente dá certo. Às vezes o cenário já está feito pela própria natureza e eu só registro a imagem. • Você acredita que um equipamento profissional influência na qualidade da foto ou o olhar do fotografo é mais importante no trabalho de composição das imagens? Entendo que a qualidade de uma câmera profissional é superior e às vezes isso é cobrado de mim no meu curso de fotografia, mas entre uma câmera profissional e um celular, 21 • Você se inspira em algum fotógrafo famoso, músicas ou filmes para fotografar? eu ainda prefiro o celular por ser mais prático e mais leve. Por exemplo, se eu precisar subir em uma árvore para registrar uma situação de um outro ângulo, com a câmera profissional seria muito mais difícil, pois não é uma câmera prática. Com o celular, eu registro tudo rapidamente e a qualidade também é muito boa. • Lembra de algum momento que rendeu uma foto que mais lhe marcou? Uma das minhas preferidas é uma foto que eu tirei de uma idosa, ela estava querendo sorrir mas não conseguia, me dava a impressão de que ela queria ser feliz mas não podia, pois esta senhora já passou por tanta dor que estava imersa em muitas mágoas. Eu consegui transmitir tudo isso pela fotografia, a imagem ficou muito sensível e forte. 22 Fotógrafo famoso, não. Eu evito procurar o trabalho de fotógrafos famosos, pois se eu ver uma coisa, vou querer fazer igual. Mas, em música sim, eu me espelho muito em música e o que ela me passa. Fui fazer um ensaio de uma amiga e me inspirei em uma música da Ana Larousse chamada Vai, Menina, e eu consegui transmitir o olhar que tenho desta música através desse ensaio. Faço muito isso. • Quais as suas aspirações para o futuro? Você acredita que ainda estará nesta área artística? Sim, com certeza pois a fotografia me faz muito bem. O trabalho é cansativo pois, depois de tirar as fotos eu tenho que escolher as melhores, observar a qualidade delas e editar. Mas, depois do trabalho concluído eu tenho uma sensação tão boa que todo o cansaço e o estresse não são nada perto do resultado final. Meu plano para o futuro é fazer um curso de Artes Cênicas na UnB, ou Publicidade e Propaganda, mas eu sempre estarei de alguma forma ligado a este mundo artístico e fotográfico. • Qual dica você dá para alguém que está querendo fotografar, mas se sente desanimado por não ter um bom equipamento? Desânimo é normal no começo, mas se a pessoa realmente quiser fazer isso mesmo, ela deve persistir e seguir os seus sonhos. O equipamento é o de menos quando a pessoa tem a vontade. Emanoell Porto Nobre (Fotógrafo) Contato para trabalho: [email protected] 23 coluna Os apelos do funk ostentação Por Karina Albuquerque 16 anos, aluna do primeiro ano do ensino médio Hoje em dia, os estilos musicais estão cada vez mais amplos, pois a cada dia se renovam ideias, pensamentos e gostos, principalmente quando se trata do público teen. Não acredito que consumismo seja algo positivo. Com ele se consegue uma felicidade postiça, um bem estar momentâneo, mas nunca algo duradouro. A “modinha” do funk ostentação será tão duradoura quanto a suposta felicidade que eles vendem. O público adolescente gosta de letras que retratam seu cotidiano, ou melhor, o jeito que queriam que fosse o Penso que o funk ostentação tem um seu cotidiano. E é o que acontece no espaço muito maior do que deveria funk ostentação. ter nas rádios e na televisão. Estas mídias poderiam dar mais espaço aos O chamado funk de ostentação faz outros estilos musicais. Músicas que cada vez mais sucesso entre as crian- possam proporcionar aos ouvintes ças e os adolescentes. Suas músicas uma visão mais ampla sobre outras falam sobre o poder que os funkeiros culturas e outros prazeres que não ganham em suas comunidades e fa- somente o consumo de bens matezem apologia aos hábitos de consumo riais. de produtos e marcas. Particulamente, não gosto da mensagem que as letras deste tipo de funk passa aos jovens, pois atiça o consumismo exagerado dos ouvintes e passa a eles a idea de que o legal é usar roupas caras e ter carros de luxo. 24 10 listas frases que expressam a opinião de artistas sobre arte 1 — A arte existe porque a vida não basta. (Ferreira Gullar) 2 — Cinema é a fraude mais bonita do mundo. (Jean-Luc Godard) 3 — A plateia só é respeitosa quando não está a entender nada. (Nelson Rodrigues) 4 — Imitação é uma forma de elogio. (Madonna) 5 — Na minha opinião, a literatura — e a arte de modo geral — é uma forma precária, mas ainda sim poderosa de afirmar a imortalidade. (Ariano Suassuna) 6 — Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror. (Charles Chaplin) 7 — Todo mundo é uma estrela e merece o direito ao brilho. (Marilyn Monroe) 8 — A vida não imita a arte, imita a má televisão. (Woody Allen) 9 — A forma de governo mais adequada ao artista é a ausência de governo. Autoridade sobre ele e a sua arte é algo de ridículo. (Oscar Wilde) 10 — A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduz o intraduzível. (Leonardo da Vinci) 25 2014