uma estratégia aplicada no centro educacional nº 07

Transcrição

uma estratégia aplicada no centro educacional nº 07
Índice
Capa
11
Com a combinação de teatro e educação, o coletivo 36Barra38 prepara
jovens para o universo da atuação.
Editorial
5
Estamos aqui na redação refletindo sobre o
que é arte. Quer saber a conclusão? Espie só.
6 Música
Confira entrevista com a banda Victor Não
Gosta e veja o porquê você pode gostar
deles.
Crônica
10
A estudante Thayná Barbosa narra o conto
de uma menina e de um cachorrinho que
têm histórias bem parecidas.
16 Ilustração
Veja desenhos produzidos por ex-aluno do 7
com a ajuda da computação gráfica.
Literatura
18
Com apenas 15 anos, Lola está escrevendo
um livro. Saiba como ela começou esta empreitada e qual é a história que ela quer contar.
CAPA Rayssa Carvalho, aluna do curso de teatro / Fotografia por Adriane Ribeiro
20 Fotografia
Confira o trabalho fotográfico do estudante
Emanoell Porto Nobre e conheça suas táticas
para tirar fotos artísticas usando apenas o
celular.
Coluna
24
A aluna Karina Albuquerque opina sobre a
“moda” do funk Ostentação.
25 Listas
Dez frases que expressam a opinião de
artistas sobre seu ofício.
Editora e diretora responsável: Daniele Ribeiro
Redação: Daniele Ribeiro e Cesma Alves
Revisão: Eveline de Assis
Editor de arte: Daniel Rodrigues
Diagramação: Daniel Rodrigues
Fotografia: Adriane Ribeiro
Produção: Cesma Alves
Supervisão: Rodrigo Lins
Distribuição digital gratuita
artno7 — REVISTA CULTURAL DE TAGUATINGA
é uma publicação única feita exclusivamente para o Centro Educacional
nº 7, Área Especial — Setor M Norte EQNM 36/38 Conjunto B — Taguatinga
Norte, Brasília/DF, 72145-617
(61) 3901-8206
http://ced07taguatinga.blogspot.com.br/
editorial
Se Expresse!
O que é arte? O que é arte se não a materialização das expressões humanas?
Sim, arte, esta palavra usada de forma tão refinada tem um significado muito simples: expressão. E quem de nós não se expressa? Todos nós exalamos
emoções o tempo todo. Exteriorizamos os nossos pensamentos e sentimentos, defendemos nossas opiniões, enfatizamos o nosso ponto de vista...
Arte nada mais é que dizer a sua verdade. E a sua verdade pode ser a verdade
de outra pessoa, de um grupo de pessoas, de uma comunidade, de um país.
Por isso, se expresse! Cante, toque, pinte, escreva, atue, grave, desenhe,
fotografe. Arte é felicidade e é tristeza. Arte é o que te toca e conversa com
sua alma. Isso é arte: uma conversa de almas.
Nesta edição única de Artno7, vamos dar espaço para os artistas do Centro
Educacional nº 7 de Taguatinga Norte mostrarem seus trabalhos e vamos incentivar você, que quer ser um artista, mas pensa que isso é impossível, a
começar a expressar a sua verdade. Afinal, o próximo sucesso mundial pode
estar aí, na sua escola, e pode ser você.
Daniele Ribeiro
Editora e Diretora Responsável
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Os três amigos John Rocha (18), Victor Hugo Gomez Melo (18), e Victor
Silva (19), formaram a banda Victor
Não Gosta, há 10 meses.
O grupo surgiu para atender aos espetáculos do grupo de teatro da escola
e, durante os intervalos dos ensaios
teatrais, faziam sessões musicais
misturando suas músicas preferidas.
Quando se deram conta, já eram
uma banda com nome, rotinas de ensaios e estilo musical definido... quer
dizer, nem tanto.
Confira uma entrevista com os integrantes Victor Hugo, baterista e estudante do terceiro ano do ensino
médio do 7, e Victor Silva, ex-aluno
e guitarrista do trio, na qual eles falam sobre a cultura nas escolas, juventude, futuro musical e a mistura
de estilos da banda.
• Como vocês se conheceram?
Victor Silva: Eu e o Victor Hugo nos
conhecemos há quatro anos, quando
fazíamos o ensino fundamental, mas
formamos essa banda quando entramos para a seleção do grupo de teatro da escola. Já o nosso baixista,
John, caiu de paraquedas na banda.
Ele não estudava na escola, mas veio
para o mesmo processo de seleção
do grupo de teatro. Como ele não
pôde se manter no grupo, devido a
sua agenda pessoal, um tempo depois chamamos ele para participar
da banda.
Victor Silva (Guitarrista)
7
• Qual o estilo musical da banda? • E você sentiu algum diferença
nas suas atividades escolares deQuais são as suas influências?
pois que começou a ensaiar com a
Victor Silva: Somos influenciados por
banda?
vários estilos musicais, Victor Hugo,
o nosso baterista, traz referencias do Victor Hugo: Senti muito efeito com
heavy metal. O John, é influenciado relação à minha disciplina, na batepelo rock nacional dos anos 70. Já eu ria você tem que ter muita discipligosto dessa coisa mais jazz e MPB, na com o instrumento, músico indismas podemos dizer que o que deu ciplinado não vai pra frente, então
dessa mistura foi rock, um rock sem eu apliquei essa disciplina também
nos deveres de casa. A música facilidefinição certa, mas é rock.
Nós trazemos influências de tudo na ta muito o entendimento das coisas,
verdade, de blues ao funk, de bossa hoje eu vejo tudo com mais simplicinova ao samba, nos ensaios, às vezes dade. Na música, você entende todo
a gente começa uma música no sam- o processo, tudo que está acontecenba e terminamos no heavy metal, nos do e é mais fácil trazer isso pra sua
vida de uma forma geral.
divertimos muito.
• Como os alunos e os professores • Vocês acreditam que as escolas
enxergam o fato de vocês terem deveriam investir mais em atividauma banda que foi formada na es- des culturais como a música?
cola?
Victor Silva: Sim, com certeza. A
Victor Hugo: Meus amigos da escola mídia mostra assuntos que estão em
acham sensacional eu ter uma ban- evidência. As rádios tocam apenas
da, eles também gostam de rock en- um ou dois estilos de música, os estão eles acham divertido, eu sempre tilos que estão mais estourados no
chamo eles para os ensaios da banda momento, a TV também é limitada,
e para os shows. Os professores tam- então a escola tem esse espaço para
bém acham interessante e gostam educar os jovens e deve investir nisto
muito, na escola eu sou o único que sim.
vai fazer faculdade de música.
• E como vocês se veem no futuro? Pretendem continuar a carreira
Victor Silva: A direção da escola é musical?
muito aberta para os projetos sociais
e não é só focado para os alunos da- Victor Hugo: Da forma que estou toqui, é aberto a comunidade, e agra- cando agora, eu me tornei um músico
decemos muito por ter esse espaço de sessão. Eu me vejo gravando em
estúdio, sendo um músico contratado
aqui.
por outros músicos para participar da
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Victor Hugo (Baterista)
gravação de um disco, fazer shows,
etc. E eu já estou sendo chamado
para fazer esses trabalhos.
Victor Silva: Minha profissão original
é programador, mas nestes anos todos trabalhando com música, eu per-
cebi que posso trabalhar com algo
voltado pra produção ou até mesmo
trabalhar com outras mídias como
o rádio, podcasts e produções teatrais. O que tiver envolvimento com
produção musical, eu quero fazer.
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crônica
O cão e o Facebook
Por Thayná Barbosa
17 anos, aluna do primeiro ano
do ensino médio
Maria Inês mora em um bairro pobre
e distante, sua vida não é fácil. A menina vive em uma casa de dois cômodos, com a mãe e os quatro irmãos,
sendo dois irmãos mais velhos do que
ela, e dois irmãos mais novos.
Um certo dia, andando pelas ruas de
seu bairro, ela achou um cachorro
abandonado. O bichinho estava ferido e faminto. Maria Inês ficou muito triste, pois não poderia pegá-lo.
Por mais que quisesse, ela não teria
condições de cuidar do animal. A garota também não tinha mesa cheia
em casa, e nem uma cama quentinha
para dormir. Dividia um colchão com
seus dois irmão mais novos, enquanto
sua mãe e os outros irmãos dormiam
onde dava.
Ela, então, teve uma grande ideia.
Tirar várias fotos do cachorrinho e
dar informações sobre ele no Facebook, com a esperança de alguém
querer adotá-lo. A menina recebeu
muitas curtidas, comentários e compartilhamentos na rede social, toda
a comoção foi bem além do que ela
esperava.
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Foi aí que apareceu Cristina, sua amiga de escola desde a primeira série.
A amiga tinha uma condição de vida
melhor e ficou muito impressionada
com a história do animal abandonado
e doente. Cristina resolveu adotá-lo.
Hoje, meses depois do acontecido, o
animal está saudável, feliz e com as
vacinas todas em dia. Tem todo o carinho e o amor de sua dona.
Maria Inês continua na mesma situação em que estava. Nada mudou
em sua casa. Ela ainda não tem uma
mesa farta, e ainda divide o colchão
com os irmãos mais novos na hora de
dormir. Sua mãe agora tem dois empregos, para tentar melhorar a vida
da família, mas ela e os dois irmãos
mais velhos ainda dormem onde dá.
Mas tudo bem, o Facebook como uma
rede social que muitas vezes parece
não ter utilidade, pode despertar solidariedade nas pessoas. Ajudou o cachorrinho a ter casa e comida.
Quem sabe um dia não ajude a família da Maria Inês também.
teatro
De
Viúva
a Russo
Aberto aos estudantes e jovens da comunidade, o Núcleo Permanente de Teatro,
36Barra38 é a “menina dos olhos” dos alunos e professores do 7. Saiba como surgiu
o grupo e conheça as estrelas do projeto
Há exatos três anos o professor e entusiasta cultural Adalto Serra recebeu o convite dos gestores do 7 para
montar um grupo teatral na escola
que ensinasse aos alunos a arte da interpretação. A atividade, que deveria
ser em horário contrário ao das aulas,
não estaria na grade curricular dos
estudantes, ou seja, não seria obrigatória e nem valeria nota. Se inscreveriam apenas os alunos interessados
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em aprender e a montar peças. Surgia assim o 36Barra38, coletivo artístico que é o maior orgulho do 7.
Desde que iniciou as atividades em
um teatro improvisado na escola, o
grupo já produziu três espetáculos:
Os Sete Gatinhos e Viúva, Porém
Honesta, obras do escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues — adaptadas
pelo diretor e professor Adalto — e
Russo, drama musical baseado na
vida e obra do líder da banda Legião
Urbana, Renato Russo, escrito e dirigido pelo próprio educador.
E a intenção é continuar a todo o vapor. O coletivo pretende melhorar a
estrutura do teatro para expandir as
apresentações ao maior número de
espectadores possíveis e investir em
divulgação dos espetáculos produzidos por eles. Atualmente, o grupo
composto por 12 pessoas, entre alunos, ex-alunos e jovens da comunidade, abre inscrições para seleção
de novos integrantes todos os anos.
Então fique ligado no mural da escola para saber quando será a próxima
seleção.
se ver nos grandes palcos e até sabe
o gênero de atuação que quer seguir.
“Me identifiquei muito com a comédia, o drama me deixa deprimido. Se
eu me dedicar ao teatro profissional,
pretendo ir para o rumo da comédia.
Me faz bem”, afirma.
Matheus Melarva (Aluno) Acervo
pessoal
De acordo com o jovem, é importante ter esse espaço para manifestações artísticas nas escolas. “Assim
Estudante do segundo ano do ensino como os esportes são incentivados
médio, Matheus Melarva, 16 anos, nas escolas, o teatro também devecomeçou a se interessar por atuação ria ser. Teatro e esporte deveriam ter
desde muito cedo. Influenciado pelos o mesmo espaço e o aluno ter a opartistas da TV, fez curso para repre- ção de escolher qual atividade quer
sentação circense ainda na infância, fazer”, explica.
mas foi somente no ano passado que
o adolescente encontrou a oportu- Além de atuar, o adolescente pretennidade que esperava. “Quando vi o de fazer faculdade de Psicologia. A
anúncio no mural da escola, chamei certeza de que o teatro sempre estatodos os meus amigos para participa- rá presente em sua vida, é concreta.
rem. Apesar da desistência deles, eu “Eu nunca vou abandonar o teatro,
fiquei porque gosto muito das aulas sempre irei assistir e fazer peças.
e deste mundo do teatro”, comenta. Quando for psicólogo, vou recomenTendo atuado em duas peças produ- dar para os meus pacientes que fazidas pelo coletivo — Viúva, Porém çam teatro. Se me ajudou, pode ajuHonesta e Russo, o ator já consegue dar a qualquer pessoa”, finaliza.
Futuros Astros
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Companheira de palco de Matheus, festa. Por isso recomendo a todos
a adolescente Rayssa Carvalho, 16 que venham ao teatro”, completa.
anos, aluna do 7 e uma das estrelas
do espetáculo Russo, ingressou no
36Barra38 no começo de 2013. Para
a jovem, o curso só trouxe benefícios
para a vida pessoal e escolar. “Antes
de fazer teatro, eu era muito fechada. Hoje sou muito mais espontânea.
Até para apresentar trabalhos na
sala, já não tenho mais aquela timidez. Aprendi a me comunicar com as
pessoas”, conta.
A estudante acredita que este espaço
para as artes nas escolas é incentivador e que pode mudar realidades.
“Muitos alunos procuram uma oportunidade de fazer algo diferente,
além de ficarem em casa só fazendo
o dever de casa. Estudar é importante mas as atividades culturais acrescentam cultura à vida”, explica.
Aliás, a moça já tem planos para o
futuro profissional. “Eu pretendo
levar o teatro como profissão. Quero fazer faculdade de artes cênicas.
Mas tenho consciência de que preciso
lutar muito para ter reconhecimento
como atriz”, destaca.
Rayssa Carvalho (Aluna)
Um líder com visão
Formado em artes plásticas e artes
cênicas pela Universidade de Brasília, o ator, diretor e professor Adalto
Serra, 37 anos, está à frente do projeto de levar arte para escolas públicas do Distrito Federal há seis anos.
Adepto do modelo de educação horizontal — ensino em que o professor e
os alunos estejam no mesmo nível de
participação nas aulas, ele acredita
que essa é a forma de ensino do futuro. “É assim que você conquista as
Em relação à importância dos jovens pessoas, você as faz se sentirem parterem proximidade com a arte, a te do processo. É muito chato para o
atriz é enfática: “Hoje em dia, os jo- aluno que não sabe nem para que ele
vens só gostam de festas e baladas. está aqui”, ressalta.
Em uma peça de teatro, você tem
contato com suas emoções mais pro- Segundo o professor, as aulas de
fundas. Isso não acontece em uma teatro no coletivo são conduzidas
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na maior parte do tempo na prática,
inserindo os princípios teóricos juntamente com a elaboração das atividades. “Estudar teatro é produzir
teatro. Peça é para ser vista e para
ser feita. Não acho legal eu chegar
para eles e dar aulas sobre teorias do
teatro. A prática é muito melhor”,
acrescenta.
O líder do grupo também defende
um encaminhamento mais sensível
em relação ao ensino nas escolas.
“Depois de um tempo, você compreende que o papel da escola é este,
formar um cidadão crítico, sensível e
que consiga dialogar com o mundo de
uma maneira mais humana. O teatro
é uma ferramenta muito poderosa
para não transformar a educação em
uma educação vazia”, complementa.
Acervo de figurino do grupo
Ensaio da peça Russo
Abertura da peça Russo
Adalto Serra (Professor) Acervo pessoal
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ilustração
Computação gráfica
também é arte
O ex-aluno do 7, César Fernandes
Azenha, desde pequeno adora desenhar. O estudante sempre utilizou
papel e lápis de cor como ferramentas para expressar suas ideias.
daí, o fascínio pelo desenho tomou
novas formas. Agora, ele desenha utilizando o Adobe Illustrator, programa
de computador usado para desenhos
digitais.
Em 2009, mesmo ano em que se formou, iniciou seus estudos nas dispiclina de computação gráfica. A partir
Confira abaixo, os trabalhos produzidos por meio dessa ferramenta moderna.
Holden Efijy (2011)
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Xadrez (2010)
Batman (2011)
Olivia Dunham (2013)
literatura
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dos livros aos 8 anos. Aos 14
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a o maior desafio de sua vida
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começou a
18
Aos 15 anos de idade e com uma extensa lista de escritores preferidos
— de Machado de Assis a Caio Fernando Abreu — a estudante Lorrayne
Damasio, do segundo ano do ensino
médio, decidiu colocar no papel toda
sua inspiração literária e escrever o
seu próprio romance.
Mas, não se engane. Lola, como é conhecida entre os amigos, não é uma
novata na arte da escrita. A moça já
produziu 25 trabalhos entre poemas,
sonetos e contos. Para o seu primeiro
livro, ela se inspira no escritor norte-americano de livros juvenis John
Green — autor de títulos como A Culpa é das Estrelas e Cidades de Papel — e nos ensinamentos dele para
jovens escritores por meio das redes
sociais.
Com o título provisório de A Maldição das Famílias, a história tem tudo
a ver com o universo em que a estudante vive: adolescência, escola, paixão, romance e rejeição. “A
personagem principal chama-se Gabrielle, ela é descendente de nativos
americanos, tem 17 anos e é bem popular na escola”, explica.
Mas, como toda boa trama, esta
também é cheia de reviravoltas e
mistérios. “Um dia, aparece um garoto britânico na escola, bem misterioso. Gabrielle tenta se aproximar,
mas ele se afasta. Tem uma maldição
envolvendo a família dos dois, só que
ela não sabe ainda”, revela.
Na escola, a escritora encontra todo
o apoio dos amigos e professores
para aprimorar seu talento. “Quando
estão apaixonadas, as minhas amigas
logo me pedem para escrever poemas ou sonetos para os amados. Os
professores também ajudam muito,
revisando meus textos e dando toques”, acrescenta.
Fora da sala de aula, uma outra parte
do colégio também tem sido fundamental para a garota desenvolver o
livro. “A biblioteca é meu lugar preferido, é muito calma e tem um espaço ótimo. Sempre tem livros novos
e eu já encontrei vários que serviram
para minhas pesquisas e estudos”,
comenta.
Para aqueles que querem começar a
criar histórias, a escritora dá a dica:
“Escrever é como abrir uma realidade fora a sua. Eu indico a todos, mesmo que não saibam escrever ou que
não sejam fanáticos por livros como
eu, que peguem uma folha e deixe
fluir. Alguma coisa boa vai sair”, finaliza.
O livro A Maldição das Famílias, terá
em torno de 450 páginas e está previsto para sair no final do ano que
vem.
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fotografia
O click perfeito
É possível tirar fotos artísticas usando apenas o celular? Jovem
fotógrafo, aluno aqui do 7, prova que sim. E ele está no caminho certo
para se tornar um profissional de sucesso
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O estudante do segundo ano do ensino médio, Emanoell Porto Nobre, de
16 anos, começou a se interessar por
fotografia desde que viu uma câmera digital jogada em casa e decidiu
fotografar tudo o que chamava atenção em seu cotidiano, desde flores
que decoravam seu jardim a pessoas
caminhando nas ruas. Este interesse
em “congelar” a imagem foi crescendo a cada click e com a evolução da
qualidade das câmeras dos celulares,
levar um dispositivo fotográfico para
onde quer que fosse se tornou muito
mais prático e aprimorou o olhar do
jovem para a captura do momento
perfeito. Hoje, matriculado em um
curso de fotografia e com o olhar
bem treinado, ele garante: não é
preciso ter um equipamento profissional para conseguir um bom resultado nas fotos. Leia a entrevista com
o estudante e confira alguns de seus
trabalhos fotográficos.
• O que você mais gosta de fotografar?
Gosto de fotografar tudo o que me
chama atenção: pessoas, paisagens,
flores e situações que somente eu
mesmo irei entender.
• Como você sabe que o momento que você está vivenciando é um
momento perfeito para uma foto?
Eu sempre componho minhas fotos
antes de tirá-las, na minha cabeça eu
já imagino como a foto ficará, crio
uma história, coloco as situações em
um contexto que vá funcionar para
ela, e geralmente dá certo. Às vezes
o cenário já está feito pela própria
natureza e eu só registro a imagem.
• Você acredita que um equipamento profissional influência na
qualidade da foto ou o olhar do fotografo é mais importante no trabalho de composição das imagens?
Entendo que a qualidade de uma câmera profissional é superior e às vezes isso é cobrado de mim no meu
curso de fotografia, mas entre uma
câmera profissional e um celular,
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• Você se inspira em algum fotógrafo famoso, músicas ou filmes
para fotografar?
eu ainda prefiro o celular por ser
mais prático e mais leve. Por exemplo, se eu precisar subir em uma árvore para registrar uma situação de
um outro ângulo, com a câmera profissional seria muito mais difícil, pois
não é uma câmera prática. Com o celular, eu registro tudo rapidamente e
a qualidade também é muito boa.
• Lembra de algum momento que
rendeu uma foto que mais lhe marcou?
Uma das minhas preferidas é uma
foto que eu tirei de uma idosa, ela
estava querendo sorrir mas não conseguia, me dava a impressão de que
ela queria ser feliz mas não podia,
pois esta senhora já passou por tanta dor que estava imersa em muitas
mágoas. Eu consegui transmitir tudo
isso pela fotografia, a imagem ficou
muito sensível e forte.
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Fotógrafo famoso, não. Eu evito procurar o trabalho de fotógrafos famosos, pois se eu ver uma coisa, vou
querer fazer igual. Mas, em música
sim, eu me espelho muito em música e o que ela me passa. Fui fazer
um ensaio de uma amiga e me inspirei em uma música da Ana Larousse
chamada Vai, Menina, e eu consegui
transmitir o olhar que tenho desta
música através desse ensaio. Faço
muito isso.
• Quais as suas aspirações para
o futuro? Você acredita que ainda
estará nesta área artística?
Sim, com certeza pois a fotografia
me faz muito bem. O trabalho é cansativo pois, depois de tirar as fotos
eu tenho que escolher as melhores,
observar a qualidade delas e editar.
Mas, depois do trabalho concluído eu
tenho uma sensação tão boa que todo
o cansaço e o estresse não são nada
perto do resultado final. Meu plano
para o futuro é fazer um curso de Artes Cênicas na UnB, ou Publicidade e
Propaganda, mas eu sempre estarei
de alguma forma ligado a este mundo
artístico e fotográfico.
• Qual dica você dá para alguém
que está querendo fotografar, mas
se sente desanimado por não ter
um bom equipamento?
Desânimo é normal no começo, mas
se a pessoa realmente quiser fazer
isso mesmo, ela deve persistir e seguir os seus sonhos. O equipamento
é o de menos quando a pessoa tem a
vontade.
Emanoell Porto Nobre (Fotógrafo)
Contato para trabalho:
[email protected]
23
coluna
Os apelos do funk ostentação
Por Karina Albuquerque
16 anos, aluna do primeiro ano
do ensino médio
Hoje em dia, os estilos musicais estão cada vez mais amplos, pois a cada
dia se renovam ideias, pensamentos
e gostos, principalmente quando se
trata do público teen.
Não acredito que consumismo seja
algo positivo. Com ele se consegue
uma felicidade postiça, um bem estar momentâneo, mas nunca algo duradouro. A “modinha” do funk ostentação será tão duradoura quanto a
suposta felicidade que eles vendem.
O público adolescente gosta de letras
que retratam seu cotidiano, ou melhor, o jeito que queriam que fosse o Penso que o funk ostentação tem um
seu cotidiano. E é o que acontece no espaço muito maior do que deveria
funk ostentação.
ter nas rádios e na televisão. Estas
mídias poderiam dar mais espaço aos
O chamado funk de ostentação faz outros estilos musicais. Músicas que
cada vez mais sucesso entre as crian- possam proporcionar aos ouvintes
ças e os adolescentes. Suas músicas uma visão mais ampla sobre outras
falam sobre o poder que os funkeiros culturas e outros prazeres que não
ganham em suas comunidades e fa- somente o consumo de bens matezem apologia aos hábitos de consumo riais.
de produtos e marcas.
Particulamente, não gosto da mensagem que as letras deste tipo de funk
passa aos jovens, pois atiça o consumismo exagerado dos ouvintes e passa a eles a idea de que o legal é usar
roupas caras e ter carros de luxo.
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10
listas
frases que
expressam a
opinião de
artistas sobre
arte
1 — A arte existe porque a vida não
basta. (Ferreira Gullar)
2 — Cinema é a fraude mais bonita
do mundo. (Jean-Luc Godard)
3 — A plateia só é respeitosa quando
não está a entender nada.
(Nelson Rodrigues)
4 — Imitação é uma forma de elogio.
(Madonna)
5 — Na minha opinião, a literatura
— e a arte de modo geral — é uma
forma precária, mas ainda sim poderosa de afirmar a imortalidade.
(Ariano Suassuna)
6 — Creio no riso e nas lágrimas como
antídotos contra o ódio e o terror.
(Charles Chaplin)
7 — Todo mundo é uma estrela e merece o direito ao brilho.
(Marilyn Monroe)
8 — A vida não imita a arte, imita a
má televisão. (Woody Allen)
9 — A forma de governo mais adequada ao artista é a ausência de governo. Autoridade sobre ele e a sua arte
é algo de ridículo. (Oscar Wilde)
10 — A arte diz o indizível; exprime o
inexprimível, traduz o intraduzível.
(Leonardo da Vinci)
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2014