Anais Secivet 2009 - I SINCA - Universidade Federal de Uberlândia

Transcrição

Anais Secivet 2009 - I SINCA - Universidade Federal de Uberlândia
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
ANAIS
XXI SEMANA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA E VI MOSTRA DA
PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE UBERLÂNDIA - MG
REALIZAÇÃO:
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA – UFU
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS - UFU
PET INSTITUCIONAL MEDICINA VETERINÁRIA – UFU
CONAVET - EMPRESA JÚNIOR DE MEDICINA VETERINÁRIA – UFU
RESUMOS SIMPLES
AÇÃO DA MISTURA OZÔNIO-ÁGUA SOBRE PARASITAS INTESTINAIS DE CAPRINOS
Souza, T.I.M1.; Cipriano, L.F1.; Franco, M.T.F1.; Rodrigues, R.D1.; Valle, M.R.T2 .
1-Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV/UFU);2-Graduada em Medicina Veterinária
pela Universidade de Uberaba (UNIUBE).
[email protected]
O estágio atual da caprinocultura no Brasil desperta uma grande aceitabilidade pelos produtores rurais apesar
desse setor ter pela frente um grande obstáculo, a ocorrência de parasitas intestinais, como: Trichostrongylus
sp, Cooperia sp, Ostertagia sp, Nematodirus sp, Strongyloides papillosus. Existem várias classes de drogas
antiparasitárias, mas algumas delas não apresentam uma boa eficácia no combate dos vermes intestinais, e
isso se deve ao aparecimento de resistência aos princípios ativos. A justificativa da utilização do ozônio,
quando comparado a outras drogas antiparasitárias, se deve a algumas de suas características: terapia natural,
poucas contra-indicações, efeitos secundários mínimos (realizada na dosagem certa) e o mais importante o seu
baixo custo em relação ao tratamento. Motivado pelo conhecimento desta resistência aos princípios ativos de
alguns antiparasitários, este trabalho buscou uma forma de tratamento alternativo, que é a aplicação da
mistura ozônio-água, na tentativa de inativar o maior número de espécies possíveis de vermes intestinais
destes animais, nas suas diferentes fases de evolução. O presente trabalho foi realizado em propriedades
rurais, com criação de caprinos, próximas à cidade de Uberlândia (MG). Foram coletadas 20 amostras de
fezes, as quais foram submetidas a métodos laboratoriais parasitológicos quantitativos como a contagem de
ovos com utilização da Câmara de Mc Máster e contagem de larvas através do método de Baermann e a
ozonioterapia. Os dois métodos foram realizados no Laboratório de Doenças Infecciosas da Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. As amostras coletadas e incluídas no trabalho
apresentaram um OPG igual ou acima de 500 ovos, utilizando-se de três gramas de fezes pertencentes a cada
amostra. Posterior a contagem de ovos (OPG) as fezes de cada amostra foram pesadas e o peso total dividido
por dois que seriam as duas partes correspondentes a coprocultura-controle e a coprocultura após o tratamento
com ozônio (gás). As amostras a serem ozonizadas foram colocadas dentro de placas de Petri e
posteriormente dentro de uma vasilha fechada e acoplada a uma mangueira provinda do aparelho ozonizador.
Após o fechamento da vasilha, com as amostras no seu interior, ligou-se a bala de oxigênio em uma
concentração de 1 litro de oxigênio e a bateria. A duração da ozonização foi de trinta minutos e depois de
terminado esse tempo as amostras foram submetidas à coprocultura. Ambas as partes foram colocadas gazes
sobre cada amostra e borrifadas com água deionizada uma vez ao dia, não tendo preferência quanto à hora,
em um período de sete dias, com objetivo de manter a umidade das fezes e evitar a dessecação das larvas e
ovos. Completados os sete dias, realizou-se o método de Baermann, com as duas partes de cada amostra,
centrifugação de três mil rotações por minuto durante dois minutos para sedimentação das larvas, e análise ao
microscópio óptico entre lamina-lamínula, observando e comparando, se houve ou não redução em relação ao
número de larvas entre o grupo controle e o submetido a tratamento com ozônio. A avaliação dos resultados
em um total de 20 amostras de fezes colhidas, 15 apresentou contagem de ovos por grama de fezes acima de
500 ovos, sendo incluídas na pesquisa. Das quinze amostras, 11 delas tiveram redução no número de larvas
quando tratadas com ozônio em relação ao grupo controle. Portanto, a mistura ozônio-água mostrou-se eficaz
na redução do número de larvas e ovos de parasitas intestinais de caprinos.
Palavra-chave: Caprinocultura. Ozonioterapia. Verminoses.
ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DE OSTEOARTROSE DE JOELHO E DISPLASIA
COXOFEMORAL EM UM CÃO - RELATO DE CASO
Tannús, L. F.1; Cesarino, M.2; Ávila, D. F.3; Fernandes, C. C.3; Rodrigues, C. G.2* Castro, J.R.2; Dias, T. A.3;
Audine, F. R. R.3; Faria A. B.4; Noleto, P. G.3; Ferreira, C. G. 5 , Costa, F.R.M6 , Scognamillo-Szabó, M.V.R7
1-Médica Veterinária do Serviço de Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU); 2-Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFU; 3-Residente do
Hospital Veterinário da UFU; 4-Médico Veterinário Mestre na área clínica com ênfase em Acupuntura
Veterinária; 5-Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia.; 6-Médica Veterinária Cirurgiã responsável pelo Hospital Veterinário, FAMEV, UFU. 7-PósDoutoranda, Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária, FMVZ.
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Uma cadela da raça cocker, de 12 anos de idade, foi atendida em 18 de abril de 2009, no Hospital Veterinário
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com a queixa principal do proprietário de claudicação. Desde
um ano atrás, demonstrava resistência à caminhada diária no percurso de rotina. Notou que ao suspender o
exercício físico a cadela começou a “puxar” a perna esquerda e foi tratada previamente com um
condroprotetor, não havendo melhora significativa. O animal apresentava bom estado geral, um discreto
sobrepeso, opacidade de lente bilateral compatível com o quadro de catarata madura, presença de pulgas e
carrapatos, ativa e responsiva aos estímulos externos. A ausculta cardíaca apresentou arritimia e área cardíaca
aumentada, sendo que os demais parâmetros encontravam-se normais para a espécie canina. Apresentava
vários sintomas músculo-esqueléticos de hipotrofia discreta dos músculos glúteos, bandas de tensão muscular
nas regiões cervical distal e paravertebral lombar distal. Ao caminhar apresentava passo com deslocamento
lateral dos membros pélvicos em piso liso, sensibilidade à palpação da articulação fêmur-tibio-patelar direita
nos movimentos de flexão e extensão, e a adução e abdução da articulação coxofemoral esquerda. O
proprietário não autorizou a realização de exames complementares. O cão permanecia a maior parte do tempo
em piso áspero, no entanto, com acesso a áreas de piso liso. Foi solicitada a colocação de passadeiras de
borracha. A sintomatologia clínica em conjunto com o histórico do animal é compatível com o diagnóstico de
osteoartrose do joelho e displasia coxofemoral (DCF). A hiperalgesia cervical e lombar está presente
provavelmente por sobrecarga compensatória. O exame específico da medicina tradicional chinesa (MTC)
mostrou sensibilidade nos pontos olhos do joelho direitos, VB esquerdo e B23 mole. O diagnóstico pela MTC
é de deficiência de Yin do Shen (R) pela idade e do Gan (F), comprometendo a visão. A redução de Jin Y
(Líquido orgânicos) somada ao natural decréscimo do Jing (essência) gera as artroses. As quatro primeiras
sessões foram estimulados os olhos do joelho direito, VB30 e 29 esquerdos, B23 e 40. Após a primeira
sessão, a cadela já apresentava boa evolução com redução nas áreas de tensão e na sensibilidade dos pontos.
Após a quarta sessão foi implantado ouro e aplicado 0,05mL de acepromazina a 0,2% no Yng Tang, pois o
animal se encontrava extremamente incomodada na manipulação do joelho. Após o implante de ouro foram
realizadas mais três sessões com aplicação de vitamina B e lidocaína em vários pontos próximo ao canal
medular, traçados através de uma reta da axila até a coluna vertebral. A cadela demonstrou melhoras
significativas com o tratamento instituído com a eliminação da hiperalgesia e recuperação da qualidade de
vida.
Palavras-chave: DCF, medicina tradicional chinesa, ortopedia.
ANÁLISE DAS ENZIMAS PEROXIDASE E FOSTATASE ALCALINA DE LEITE
PASTEURIZADO COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO DE ARAGUARI - MG
Uchoa, A. S. 1*; Andrade, A. B.1; Miranda, N. C.1; Pedroso, A. R. P. 1; Silveira A. C. P.2
1-Graduando em Medicina Veterinária (FAMEV-UFU); 2-Professora em ciências veterinárias (FAMEVUFU)
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Após a pasteurização, o leite processado deve estar negativo para a enzima fosfatase e positivo para a enzima
peroxidase garantindo que a temperatura e o tempo recomendados foram corretos. Considerando que
inúmeras pesquisas em nosso país têm evidenciado a ocorrência de leite pasteurizado fora dos padrões legais
e que tais alterações podem afetar a qualidade deste. O presente trabalho teve como objetivo verificar se o
tempo e temperatura utilizados na pasteurização foram eficientes no leite pasteurizado consumido na cidade
de Araguari-MG. Para isso foram analisadas 18 amostras de leite pasteurizado de três diferentes marcas (A, B
e C) e pesquisadas duas enzimas: fosfatase alcalina e peroxidase. A fosfatase alcalina é sensível à
pasteurização e a peroxidase não é inativada pela pasteurização, mas é destruída em temperaturas superiores a
80º C. Foram analisadas 18 amostras, de 3 marcas de leite pasteurizado coletadas no comércio da cidade de
Araguari. Para a determinação da enzima Peroxidase transferiu-se 10 mL da amostra para um tubo de ensaio
de 20 mL, foi aquecido em banho-maria a (43 ± 2)°C por 5 minutos foi adicionado 2 mL da solução de
guaiacol a 1% pelas paredes do tubo e 3 gotas de água oxigenada 10 a 20 volumes. O desenvolvimento de
uma coloração salmão indicou peroxidase positiva (BRASIL, 2006). A enzima Fosfatase Alcalina foi
determinada colocando 0,5ml da amostra a analisar em um tubo de ensaio, adicionando 5 mL do substrato,
tampado com rolha de borracha, agitado ligeiramente e levado ao banho-maria mantido a (39-41)ºC por 20
minutos. O tubo de ensaio foi esfriado em água corrente, adicionado 6 gotas de solução reagente e 2 gotas do
catalisador. O tubo foi levado novamente ao banho-maria a (39-41)ºC por 5 minutos (BRASIL, 2006). As
análises das enzimas peroxidase e fostatase alcalina verificam se o tempo e temperatura utilizados na
pasteurização foram eficientes. A fosfatase alcalina é sensível à pasteurização, e sua presença no produto final
indica que o processo de pasteurização não foi eficiente. A peroxidase não é inativada pela pasteurização, mas
é destruída em temperaturas superiores a 80º C sendo, portanto, utilizada para verificar se ocorreu o
superaquecimento durante o tratamento térmico. Desta forma os resultados revelaram que cinco amostras da
marca B (83,33%) apresentaram resultado positivo para a fosfatase alcalina, isto é, fora do padrão
regulamentar. Em relação à peroxidase todas as amostras encontraram-se no padrão conforme a legislação
vigente (BRASIL, 2002). Analisando as três marcas de leite pasteurizado, comercializados na cidade de
Araguari-MG, no período de Fevereiro a Março de 2009, pode-se afirmar que as amostras das marcas A e C
apresentaram resultados satisfatórios em relação às provas enzimáticas o que está relacionado com uma eficaz
pasteurização, já a marca B apresentou 83,3% de amostras positivas para a enzima fosfatase alcalina
evidenciando provável falha no tempo e/ou temperatura de pasteurização.
Palavras chaves: Qualidade do leite, Peroxidase, Fosfatase alcalina.
ANATOMIA MORFOMÉTRICA DO TRATO DIGESTÓRIO DO TATU-PEBA (Euphractus
sexcinctus)
Vieira, P. C A¹.; Silva, M. V¹.; Andrade, W. B. F¹.; Santos, A. L. Q².; Lima, F. C³.
1-Graduandos em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia-MG;2-Docente da Faculdade
de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia-MG;3-Mestrando em Ciências Veterinárias
da Universidade Federal de Uberlândia-MG.
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O tatu-peba, Euphractus sexcinctus é um animal de hábito noturno, solitário e onívoro, alimentando-se
inclusive carcaças humanas, sendo conhecido popularmente como tatu-papa-defundo. Há indícios de que o
tatu seja transmissor de doenças como chagas e botulismo ao homem e aos animais, devido à caça e abate
clandestinos. Apesar da abundância do tatu-peba, presente em todos os biomas do Brasil, pouco é conhecido
sobre essa espécie, assim, objetivou-se avaliar os parâmetros morfométricos dos órgãos do trato digestório de
E. Sexcinctus, estudo importante devido a uma crescente especialização clínica e cirúgica da medicina
veterinária na área de animais selvagens, atendendo a animais apreendidos, capturados e de reservas naturais.
Um espécime de E. Sexcinctus, encaminhado pela Polícia Ambiental à Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia-MG, veio a óbito por causas naturais e foi preparado para este estudo
seguindo métodos usuais em anatomia, expondo-se as vísceras que, após avaliação topográfica, foram
retiradas desde a língua até a porção terminal do intestino, o ânus. As medidas de cada segmento do sistema
foram obtidas utilizando um paquímetro de precisão 0,05mm e para medição do volume do estômago foi
utilizada uma seringa descartável de 20 ml e uma proveta graduada. Assim como nos demais mamíferos
domésticos, o trato digestório de E. sexcinctus é formado por esôfago, estômago, intestinos e reto. O esôfago
possui forma cilindróide, com comprimento de 14,5cm, o que representa 5,2% do total do trato digestório no
espécime em questão. Seguindo o trato digestório do animal, analisou-se o estômago que, repleto, possui
capacidade de 89 ml, sendo a curvatura menor equivalente a 3,2cm e a maior 16,3cm. Este relaciona-se
topograficamente, em suas faces parietal e visceral, com os mesmos órgãos já descritos em outros mamíferos
domésticos, como o fígado e o intestino, respectivamente. No intestino delgado, o duodeno atingiu 17,6cm, o
que corresponde 6,2% de todo o trato digestório e o segmento Jejuno-Íleo, assim descrito por sua difícil
demarcação de limites anatômicos 199,5cm, sendo responsável por 71.1% do trato digestório deste animal. Já
o intestino grosso foi medido inteiramente (cólon e ceco), e incluiu-se a medida do reto, totalizando 49 cm,
correspondentes a 17,5% do sistema. Notou-se no E. sexcinctus que o início do ceco se dá por uma dilatação
da porção terminal do íleo, sem a formação de um apêndice cecal evidente, característica semelhante ao ceco
dos répteis. As medidas aferidas e as relações de comprimento e porcentagem se mostraram dentro dos limites
esperados, onde concluiu-se que o intestino delgado representa a maior porção do trato digestório deste
animal, sendo a soma de suas porções correspondente a 77,3% deste. Isto sugere que essas vísceras
desempenhem importante função na digestão de alimentos consumidos por E. Sexcinctus.
Palavras-chave: Anatomia. Edentata. Intestino.
CARRAPATOS EM ANIMAIS SELVAGENS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Santos, T. R.1; Olegário, M. M. M.2; Ramos, V. N.3; Santos, A. L. Q.4; Szabó, M. P. J.5.
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Os carrapatos são ectoparasitos de extrema importância pela capacidade de aquisição e transmissão de
patógenos relevantes na medicina humana e veterinária. As espécies mais conhecidas no Brasil são o
Rhipicephalus sanguíneus, Rhipicephalus (Boophilus) microplus, Anocentor nitens e o Amblyomma
cajennense que parasitam animais domésticos e causam prejuízos principalmente pela transmissão de agentes
causadores de doenças como a Erlichiose, Babesiose e a Febre Maculosa. As informações sobre carrapatos em
animais selvagens são escassas, no entanto, sabe-se que várias espécies que parasitam esses animais
transmitem bioagentes de enfermidades infecciosas aos humanos como Rickettsia rickettsii, Rickettsia parkeri
e Borrelia sp. Além disso, animais selvagens são hospedeiros naturais de microorganismos potencialmente
patogênicos e o contato com os animais domésticos preocupa pela possibilidade de transmissão de doenças,
sendo procedente a preocupação com doenças emergentes e reermegentes transmitidas por carrapatos e
associadas à vida selvagem. Dessa maneira, o objetivo do presente trabalho foi identificar e registrar as
espécies de carrapatos encontrados nos animais selvagens atendidos no Hospital Veterinário da Universidade
Federal de Uberlândia (UFU), e verificar a presença de infecção por riquétsias nesses ixodídeos. Durante o
período de novembro de 2007 a abril de 2009, acompanhou-se o atendimento de 484 animais selvagens no
Hospital Veterinário da UFU dos quais 27 apresentaram infestação (5,58%), sendo duas aves (Aves), um
réptil (“Reptilia”) e 24 mamíferos (Mammalia). Foram encontrados 339 carrapatos, sendo 35 larvas, 104
ninfas e 200 adultos. Dos carrapatos identificados a maioria foi do gênero Amblyomma, sendo o Amblyomma
cajennense e Amblyomma sp de maior prevalência. Não houve resultados positivos para a pesquisa de
riquétsia e os tamanduás foram os animais com a maior prevalência de infestação. Os resultados obtidos no
presente trabalho demonstram que é de extrema importância estudos que registrem as espécies de carrapatos
em animais selvagens que chegam aos Hospitais Veterinários, aumentando o conhecimento sobre a fauna
regional de ixodídeos.
Palavras-chave: Carrapato. Ixodidae. Rickettsia sp.
EFEITO DA PEÇONHA DE Bothrops pauloensis E DA TOXINA BnSP-7 EM FORMAS
PROMASTIGOTAS DE Leishmania (Leishmania) amazonensis
Carvalho, C. R1.; Pires, B.C1.; Souza, M.A1.; Yoneyama, K.A.G1.
1-Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]/ [email protected]
A leishmaniose é uma doença infecto-parasitária causada por protozoários do gênero Leishmania, um
parasito dimórfico, que se alterna entre a forma promastigota flagelada, presente no inseto vetor, e a forma
amastigota não-flagelada, presente no interior de macrófagos do hospedeiro vertebrado infectado, incluindo
animais como o homem e cães. No Brasil, a Leishmania (Leishmania) amazonensis é uma das principais
espécies causadora da leishmaniose cutânea, também chamada de leishmaniose tegumentar americana (LTA).
Dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que a leishmaniose é considerada
endêmica em 88 países, com uma estimativa aproximada de 12 milhões de pessoas com a doença e uma
incidência de 2 milhões de novos casos ao ano. A OMS e o Ministério da Saúde do Brasil recomendam para o
tratamento da LTA os antimoniais pentavalentes como drogas de primeira escolha. Entretanto, têm sido
relatados casos de resistência a essas drogas, o que resulta na necessidade de uso de drogas mais potentes,
como é o caso da Anfotericina B, uma droga de segunda escolha para o tratamento da leishmaniose,
responsável por diversos efeitos colaterais, principalmente a nefrotoxidade. Os relatos de casos de resistência
aliado aos efeitos colaterais observados para a Anfotericina B reforçam a necessidade de desenvolvimento de
novas drogas para o tratamento da doença, com ênfase em drogas mais eficazes, de menor custo e com efeitos
colaterais reduzidos. A busca por moléculas com potencial anti-Leishmania entre produtos naturais, como
peçonhas ofídicas, tem se intensificado nos últimos anos. Nesse contexto, o presente trabalho, teve por
intenção analisar o efeito da peçonha bruta de Bothrops pauloensis e de uma fosfolipase A2 (PLA2) básica
denominada de BnSP-7 em formas promastigotas de L. (L.) amazonensis (IFLA/BR/67/PH8). A avaliação do
efeito da peçonha bruta e da toxina BnSP-7 no crescimento de formas promastigotas de L. (L.) amazonensis
foi realizado por meio do cultivo in vitro do parasito em meio BHI completo (suplementado com 10% de soro
fetal bovino, L-Glutamina 2mM e antibióticos) a uma temperatura de 23ºC em câmaras B.O.D. A cultura de
parasitos foi iniciada com uma concentração de 0,5 x 107 parasitas/mL em presença de concentrações
crescentes de peçonha bruta e da toxina BnSP-7. Os parasitos controle foram cultivados em meio BHI
completo contendo DMSO 1% e submetidos às mesmas condições de incubação dos parasitas tratados.
Alíquotas de cultura foram coletadas diariamente, diluídas em PBS contendo 2% de formaldeído e submetidas
à contagem em câmara de Neubauer para posterior determinação do número de parasitas por mililitro de meio
de cultura. Adicionalmente, o perfil protéico dos parasitos cultivados em presença de peçonha bruta e da
toxina BnSP-7 foram comparados ao perfil protéico de parasitos controle por meio de eletroforese em gel de
poliacrilamida em presença de SDS (PAGE-SDS). Para tal, parasitos tratados e controle, cultivados por 96
horas, foram coletados por centrifugação, lavados por 3 vezes em PBS e solubilizados em tampão de lise. As
amostras solubilizadas foram aplicadas em um gel de poliacrilamida de 8%, submetidos à corrida
eletroforética para separação dos componentes protéicos e corados por Comassie Blue. Os resultados
mostraram que a peçonha bruta de B. pauloensis causou uma inibição no crescimento de L. (L.) amazonensis
do tipo dose-dependente, sendo que após 96 horas de cultivo em presença de 25 e 250 µg/mL de peçonha foi
observado uma inibição de 36,7% e 57,6% no crescimento normal dos parasitas, respectivamente. Para a
toxina BnSP-7 foi verificado uma inibição de cerca de 93% no crescimento normal na concentração de 100
µg/mL, sendo que tal inibição foi evidente a partir das 48 horas de cultivo. Concentrações mais baixas de
toxina também se mostraram efetivas contra o parasito, sendo observado uma inibição de 58,5% e 78,6% no
crescimento normal quando cultivados em presença de 12,5 µg/mL e 25 µg/mL de toxina, respectivamente. A
análise inicial do perfil protéico por PAGE-SDS mostrou alterações discretas no perfil protéico normal do
parasito. Esses dados sugerem que tanto a peçonha bruta de B. pauloensis quanto à toxina BnSP-7 apresentam
potencial anti-Leishmania, uma vez que foram capazes de alterar a taxa normal de crescimento do parasito.
Entretanto, estudo mais aprofundados serão necessários para melhor avaliar o efeito da peçonha bruta de B.
pauloensis e da toxina BnSP-7 na viabilidade do parasita, na morfologia parasitária e na expressão de
proteínas do parasito.
Palavras-chave: Leishmania (Leishmania) amazonensi. Peçonha de Bothrops pauloensis. Toxina BnSP-7.
Apoio Financeiro: FAPEMIG.
FATORES DE MANEJO ASSOCIADOS À TAXA DE PRENHEZ EM NOVILHAS RECEPTORAS
DE EMBRIÕES EM PROGRAMAS DE TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES PRODUZIDOS IN
VITRO
Scanavez, A. L. A 1.; Pupim, F. P. V2.; Destro, G. R2.; Nunes, L. O. 2.; Alves, B. G1.; Oliveira, L. Z1.; Santos,
R. M1.
1 - FAMEV - UFU, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil; 2 - Transgen Desenvolvimento e Produção
Agropecuária Ltda, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil
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Extensos programas de produção de embriões in vitro têm sido desenvolvidos no Brasil, mas com resultados
ainda bastante variáveis, especialmente com relação à taxa de prenhez média observada nas receptoras de
embriões. O objetivo deste estudo foi avaliar os fatores de manejo que afetam a taxa de prenhez das
receptoras em grandes programas de transferência de embriões. Foram avaliados resultados obtidos em 1.104
transferências de embriões produzidos in vitro, realizadas de novembro de 2008 a fevereiro de 2009 pela
empresa Transgen Desenvolvimento e Produção Agropecuária Ltda, de Uberlândia, Minas Gerais. Foram
utilizados embriões ½ sangue Holandês/Gir (n=139) e embriões ¾ Holandês/Gir (n=961), produzidos in vitro,
provenientes de doadoras Girolando (1/2sangue) e Gir, com sêmen de touros da raça Holandesa. Foram
utilizados apenas as mórulas, blastocistos iniciais, blastocistos e blastocistos expandidos de grau 1 (de acordo
com a classificação proposta pela International Embryo Transfer Society ) para transferência a fresco
utilizando o método de inovulação transcervical. As receptoras eram novilhas ½ sangue Nelore/Simental, com
idade entre 20 e 30 meses e peso entre 330 e 400 kg, mantidas a pasto (Tifton) com suplementação mineral à
vontade. As receptoras foram sincronizadas usando o seguinte protocolo: Dia 0 - introdução do dispositivo
intravaginal com 1g de progesterona + 2 mg de Benzoato de Estradiol; Dia 5 – 150µg de D-cloprostenol +
400 UI de eCG; Dia 8 – remoção do dispositivo intravaginal; Dia 9 - 1 mg de Benzoato de Estradiol. No dia
17 a sincronização era determinada pela presença de corpo lúteo no ovário da receptora (determinada por
ultra-sonografia) e a inovulação era realizada por um veterinário treinado. Os efeitos da raça do embrião,
número de inovulações previamente realizadas em cada receptora (as novilhas que não ficaram gestantes
foram usadas no programa seguinte), e a sequência de inovulações (eram realizadas 20 inovulações por hora,
e aproximadamente 100 por dia) na taxa de prenhez foram analisadas por regressão logística no programa
SAS. A raça dos embriões (56.9% para embriões ¾ Holandês/Gir e 62.6% para embriões ½ Holandês/Gir), o
número de inovulações em cada receptora (1a.: 56.5%, 2a.: 61.8%, 3a. 55.5%, >4a: 55.0%), e a sequência das
inovulações no decorrer do dia de transferência (1a. h: 57.4%, 2a. h: 60.0%, 3a. h: 58.1%, >4a. h: 53.8%) não
influenciaram a taxa de prenhez. De acordo com estes resultados é possível concluir que em grandes
programas de transferência de embriões, se forem utilizados embriões de excelente qualidade, receptoras
férteis e sincronizadas, e as inovulações forem realizadas por um profissional treinado, um grande número de
inovulações pode ser realizado por dia sem comprometer os resultados.
Palavras chave: embrião, receptoras, prenhez.
LINFOMA CUTÂNEO EM CÃO: RELATO DE CASO
Valle, M.R.T. 1; Cipriano, L.F2; Rodrigues, R.D3; Souza, T.I.M4.
1-Universidade de Uberaba – UNIUBE
[email protected]
O linfoma é o principal tumor hematopoiético dos cães, 3 a 8% deles são representados pelos linfomas
cutâneos que podem ter apresentação localizada ou generalizada. Este relato tem por objetivo descrever o
caso de um cão levado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, apresentando linfoma
de pele. O cão da raça teckel de seis anos de idade, apresentava histórico de nódulos subcutâneos,
circunscritos, achatados, firmes, dispersos pelo corpo, com rápida evolução, chegando a ulcerar, os linfonodos
estavam reagentes, mas as funções vitais encontravam-se dentro da normalidade. No hemograma observou-se
anemia normocítica normocrômica; no esfregaço de ponta de orelha foi encontrado Ehrlichia canis, e o
animal tratado para erliquiose. Na cultura de fungo o resultado deu negativo. Como exame citopatológico foi
realizado a punção aspirativa por agulha fina, identificando linfócitos grandes e atípicos em processo de
mitose, confirmando o diagnóstico de Linfoma cutâneo. O médico veterinário orientou o proprietário quanto
aos custos do tratamento quimioterápico e as chances de recidiva. Devido aos custos elevados da
quimioterapia e a possibilidade de recidiva o proprietário decidiu pela eutanásia. O linfoma cutâneo também
conhecido por linfoma maligno ou linfossarcoma é uma neoplasia maligna de células linfóides sem causa
conhecida, que acomete geralmente animais idosos, sem predileção sexual, de raças como: cocker spaniel,
bulldog inglês, boxer, golden retrievers e basset hounds. Macroscopicamente ambos são semelhantes. Os cães
apresentam solitárias placas e múltiplos nódulos cutâneos de progressão rápida que geralmente sofrem
ulceração, além de linfadenopatia, apatia, perda de peso, dermatite esfoliativa, pigmentação, alopecia, prurido,
anorexia, pirexia e polidipsia. Para o diagnóstico definitivo faz-se necessário à análise histopatológica de
biópsia de lesões cutâneas. O tratamento depende da extensão das lesões. Quando localizadas podem ser
tratadas com excisão cirúrgica ou radioterapia, mas para as lesões generalizadas, a melhor opção é a
quimioterapia (com combinações de ciclofosfamida, vincristina, citosina arabinosídeo e prednisona que
induzem remissão em longo prazo). Conclui-se que o linfoma cutâneo é uma neoplasia de rápida evolução e
prognóstico ruim e que o tratamento nem sempre é acessível a todos os proprietários.
Palavras chaves: Cão. Neoplasia. Pele.
IMPLANTE DE OURO EM PONTOS DE ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DE ARTROSE E
DISPLASIA COXOFEMORAL EM UM CÃO- RELATO DE CASO
Tannús, L.F.1; Cesarino, M.2; Ávila, D.F.3; Fernandes, C.C.3; Rodrigues, C.G.2* Castro, J.R.2; Dias, T. A.3;
Resende, F.A.R.3; Faria A.B.4; Noleto, P.G.3; Ferreira, C.G. 5
1-Médica Veterinária do Serviço de Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU); 2-Mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFU; 3-Residentes
do Hospital Veterinário da UFU; 4-Médico Veterinário Mestre na área clínica com ênfase em Acupuntura
Veterinária; 5- Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia.
[email protected]
O implante de ouro é feito nas doenças onde o paciente apresenta melhora com acupuntura, porém não
consegue alcançar a cura, como convulsões idiopáticas, displasias e artroses. Desta forma, o animal ficaria
dependente de sessões de acupuntura regulares. O implante, sendo um estímulo permanente, torna exeqüível o
tratamento contínuo, dispensando a realização das sessões de acupuntura Devido à grande incidência de
displasia coxofemoral (DCF) na prática clínica de pequenos animais tornou-se de extrema importância a
ampliação dos estudos de alternativas para tratamento, visando o controle da dor do animal. A acupuntura
vem sendo utilizada para promover analgesia e melhora na locomoção em animais que apresentam DCF,
podendo se indicada a implantação de fragmentos de ouro em pontos de acupuntura. Cerca de 70% dos casos
encaminhados para acupuntura são caracterizados por quadros nervosos e/ou músculo-esquelético. Vários
testes comprovaram a eficácia do implante de ouro em pontos de acupuntura para DCF obtendo analgesia e
melhora por períodos de dois anos no desempenho locomotor do animal. Este trabalho objetivou relatar um
caso do uso de implante de ouro em pontos de acupuntura no tratamento da artrose e DCF em um cão, macho,
da raça fila brasileiro, de 9 anos de idade apresentando dificuldade de movimentação com evolução crônica,
os primeiros sintomas surgiram cerca de 2 meses anteriores a consulta. O diagnóstico foi estabelecido após
avaliação clinica prévia e exame confirmatório radiográfico, que demonstrou a patologia acometendo ambos
membros pélvicos. Foram realizadas 9 sessões com a realização de implante de ouro. Na primeira sessão,
foram estimulados os pontos B11, HH, BH e B23, o qual demonstrou extrema sensibilidade dolorosa, o cão
apresentava dificuldades para se manter em estação e ao caminhar. Na segunda sessão, o animal apresentou
uma leve melhora com redução da dor, com os mesmos pontos sendo novamente estimulados, enquanto que
na terceira sessão além do estimulo manual realizado em B23, realizou-se EAP 2,5 e 5Ht, totalizando 15
minutos em VB30-34, tendo a frequencia reduzida para 10 minutos na quarta sessão, na qual o cão
apresentava espaços maiores de locomoção, se mantendo a maior parte do tempo em estação, apenas notou-se
um bamboleio do posterior e claudicação bilateral dos membros pélvicos a caminhada. Na quinta sessão
utilizou-se a eletroacupuntura em EAP 2,5 até 100Ht, cinco minutos cada, em VB30-34 direito e VB30-F8
esquerdo. Na sexta sessão o animal apresentou piora do quadro clínica com muita dor e gemia muito,
apresentava secreção ocular bilateral, tremores intensos e ao se levantar emitia ganidos ao ser palpado.
Suspeitou-se de uma miosite induzida por hemoparasitoses e uremia, além da possível estagnação de Qi.
Foram solicitados exames complementares de hemograma completo com pesquisa de hemoparasitas,
dosagem sérica de creatinina e uréia. Todos se encontravam normais dento dos valores referencias para a
espécie canina. O animal retornou na sétima e oitava sessão relativamente melhor, e foram estimulados VB30,
E36, VB34, B40, HH, B23 e EAP BH-HH, com redução de frequencia de 10 minutos e VB30-VB30 com a
mesma estimulação. Na nona sessão realizou-se o implante de ouro em VB29, VB30, VB31; B36, B54,
ambos sangraram durante o procedimento, gatilhos caudo-ventral ao B54 e colo do fêmur. Após o animal
recebeu alta definitiva com resgate da qualidade de vida voltando a caminhar sem apresentar sensibilidade
dolorosa, demonstrando eficácia do tratamento instituído.
Palavras-chave: agulhamento, articulação coxofemoral, articulação.
PRODUÇÃO DE LEITE ORGÂNICO EM UMA FAZENDA NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG
VINICIUS, M. A. S. ¹; PELLIZZARO,R.R¹; TOLEDO, J.C.¹; RODRIGUES, R. D.¹
¹Graduando em Medicina Veterinária- Universidade Federal de Uberlândia
[email protected]
A Pecuária Orgânica usa de uma metodologia com princípios e normas bem determinados, com ênfase no
bem-estar animal e manejo ético, alimentação orgânica e terapêuticas brandas como a homeopatia, a
fitoterapia e a acupuntura. Esse sistema de produção considera tanto as questões sociais quanto os efeitos das
intervenções agrícolas nos agros-ecossistemas a médio e longo prazo, preservando a biodiversidade e a saúde
do solo e das águas. Além disso, exclui fertilizantes sintéticos, agrotóxicos, drogas veterinárias, irradiações,
sementes e animais transgênicos. A produção orgânica introduz novos valores de sustentabilidade ambiental e
social dentro do sistema produtivo. O Brasil aprovou a lei que regulamenta o uso de orgânicos, e está definido
pela Lei 10.831/2003. Um mercado que movimenta até 250 milhões dólares/ano. Essa regulamentação surge
em exigência do mercado externo. No país as regras da pecuária orgânica são editadas por uma empresa
independente IBD. O objetivo do presente relato foi detalhar a produção de leite orgânico na Fazenda
Congonha no município de Uberaba, Mg. A metodologia usada esta de acordo com as informações prestadas
pelo proprietário. Foi estudada uma fazenda que cria animais da raça Holandesa, onde estes estão sendo
substituídos integralmente por animais da raça Gir. Essa mudança esta ocorrendo devido a evidências de que
o gado Gir são mais resistentes à doenças, a endo e ectoparasitas. Dentre os materiais usados na produção
orgânica o uso de uma bombinha spray que é aplicado no focinho do animal, com fármacos homeopáticos,
evitando assim o uso dos medicamentos alopáticos, no controle da mastite. Também foi informado que o
controle dos carrapatos na fazenda é feito através do consumo de folhas de bananeiras que é um vermífugo
natural, e seu valor sai de graça. As condutas e normas adotadas pela fazenda é um sistema que usa da
Medicina Veterinária Preventiva. A fazenda produz toda a alimentação utilizada pelos animais, sendo estas
principalmente pastagens ou forrageiras volumosas. As rações e concentrados que por ventura forem usados
não poderão conter antibióticos, uréia, aditivos, conservantes químicos, resíduos de animais. Para que a
fazenda se enquadre no modelo de Pecuária Orgânica, ela é obrigada a enviar relatórios dos desenvolvimentos
das atividades à empresa certificadora, enviar dados pessoais de cada animal, e caso estes apresentem alguma
patologia, individualmente ou no rebanho, este fato deverá ser descrito detalhadamente. Para que a empresa
seja certificada é necessário que se cumpra algumas normas como: evitar o uso de fogo no manejo das
pastagens, presença de animais geneticamente modificados, e que se pague uma taxa para a certificadora
Como resultados do novo modelo de produção de leite toda produção da fazenda é vendida a um Laticínio de
Uberaba, e a venda desse leite chega a ser duas vezes maior que o pago pelo método convencional. O laticínio
também uma empresa que possui certificação orgânica para os produtos lácteos, e possui a certificação da
empresa IBD. O que mostra que a pecuária brasileira há um grande espaço e mercado a ser conquistado.
Porém para que de fato isso ocorra é necessário maior esclarecimento a cerca dos benefícios dessa, e maior
contingente de pessoas em diversas esferas de poder que se engajem neste tipo de sistema.
Palavras chave: Leite Orgânico, Pecuária Leiteira, Produção,
USO DE ÁLCOOL ETÍLICO PARA INSENSIBILIZAÇÃO DE RÃS-TOURO (Ranas catesbeiana)
PARA OTIMIZAÇÃO DO SISTEMA DE ABATE
Viadanna, P. H. O.¹*; Silva, N. R.²
1-Graduando do curso de Medicina Veterinária da UFU; 2-Médico veterinário, professor doutor, FAMEV/
UFU.
A ranicultura brasileira teve início, no Brasil, no ano de 1935, sendo que foi o país que desenvolveu
pioneiramente os sistemas de produção, hoje, difundidos em todo o mundo. Tendo esta perspectiva em vista,
nota-se o grande potencial brasileiro na produção de rãs para fins econômicos. Para a melhoria da cadeia
produtiva, existe a necessidade de melhorar alguns itens para disponibilizar um abate mais industrializado e
que respeite o bem-estar do animal. Este trabalho objetivou desenvolver uma metodologia de insensibilização
de rãs (Ranas catesbeiana) com uso de álcool em vez do uso de marretes usualmente utilizados no sistema
tradicional de ranicultura. Foram utilizadas 6 casais de rãs e diluições de álcool absoluto (99,7° GL) com água
à temperatura média de 19° C. Estas diluições foram: 5% de álcool, 10% de álcool e 20 % de álcool. Foram
observados os comportamentos das rãs e a avaliação de insensibilização para todas as rãs. Foram colocadas
em casais as rãs em um balde com 1) álcool à 5%, outro casal em 2) álcool à 10%, e outro casal em 3) álcool à
20%. Foram deixados os casais em imersão e o tempo foi de 10 minutos para cada casal em imersão. Para o
casal em diluição de álcool à 5%, não foi reparado mudanças comportamentais significativas, sendo que
estavam apenas levemente insensibilizados. Para o casal em diluição de álcool à 10%, reparamos mudanças
comportamentais elevadas, como inaptidão de movimento, insensibilidade ao tato e baixos reflexos, mas
ainda estavam conscientes e se movimentando vigorosamente. Para o casal em diluição de álcool à 20%, foi
reparado para o macho o estado de coma e total insensibilização, a fêmea ficou drasticamente alterada o
comportamento, mas não alcançou o estado de coma. Concluímos que o uso de álcool na ranicultura como
promotor de insensibilização de rãs para o abate é possível e eficaz se utilizado em diluições alcoólicas acima
de 20%.
PALAVRAS-CHAVE: Insensibilização. Ranas catesbeiana. Ranicultura.
USO TÓPICO DE ÓLEO OZONIZADO NO TRATAMENTO DE DERMATITE EM UMA CADELA
Rodrigues, R.D1 .; Cipriano, L.F 1 .; Silva, M.V.A 1 .; Souza, T.I.M1 .; Campos, T.A1 .; Valle, M.R.T2.
1-Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV/UFU); 2-Graduada em Medicina Veterinária
pela Universidade de Uberaba (UNIUBE).
[email protected]
A pele funciona como barreira anatômica e fisiológica entre o corpo do animal e o ambiente, fornecendo
proteção contra as agressões físicas, químicas e microbiológicas, e componentes sensoriais que permitem ao
animal a percepção do calor, frio, dor, tato e pressão. A pele requer atenção e manutenção para ter as
condições ideais para realizar suas funções adequadamente. Sem tal cuidado, pode ficar suscetível a traumas,
parasitos e alérgenos em geral. Manifestações dermatológicas ocorrem por doenças parasitárias, hormonais,
traumáticas, psicológicas (psicogênicas), alérgicas, entre outras causas. A reação de dermatite consiste numa
resposta inflamatória cutânea inespecífica com alterações concomitantes na epiderme e derme. As origens
desta patologia são variadas, fungos e bactérias estão entre os mais comuns causadores de dermatites. Alguns
animais podem desenvolver reações alérgicas como a alergia à picada de pulgas e com isso provocar uma
reação nos locais da picada. O tratamento convencional envolve terapia sistêmica e tópica, associada à
descontaminação ambiental. O custo dos fármacos utilizados, juntamente ao período extenso de tratamento e
possíveis efeitos colaterais da utilização dessas drogas se apresentam como aspectos desfavoráveis na terapia
tradicional. A ozonioterapia é uma técnica que utiliza o ozônio como agente terapêutico em um grande
número de patologias. É uma terapia natural, com poucas contra-indicações e efeitos secundários mínimos. O
ozônio foi descoberto em 1840 por Schönbein pela observação de um odor característico quando o oxigênio
era submetido a uma descarga elétrica, e pela freqüência sistemática que isto ocorria, sendo inicialmente
chamado de oxigênio ozonizado. Em 1857, Werner von Siemens desenvolveu o primeiro gerador de ozônio, e
através da utilização deste equipamento Kleinmann conduziu seus primeiros estudos sobre a ação deste
composto em bactérias e germes, e depois em mucosas de animais e humanos. Após praticamente 100 anos
Hänsler desenvolveu seu primeiro equipamento médico com dosagens precisas da mistura de oxigênio e
ozônio abrindo então um grande espectrum de aplicações terapêuticas. O objetivo do presente trabalho foi
avaliar a eficiência do óleo ozonizado no tratamento de dermatite em cães. Neste experimento foi utilizada
uma cadela com aproximadamente 5 anos de idade, sem raça definida apresentando uma área de alopecia,
prurido, crostas e eritema na região ventral cervical, com diagnóstico clinico visual. Para produção do ozônio,
foi utilizado gerador de ozônio Ozone & Life O&L3.0RM®, regulado para a concentração de 2,5 mg-O3/L,
alimentado por ampola de oxigênio com 99,5% de pureza, a uma pressão de aproximadamente 250 Kgf/cm2
num fluxo de 1,0 L/min. Para a produção do óleo ozonizado foram utilizados 100 mL de óleo de girassol,
adquiridos no comércio local e submetido a ozonização por 5 minutos. O óleo ozonizado foi acondicionado
em caixa isotérmica contendo bolsas de gelo recicláveis e transportado até o local onde se encontrava o
animal. No momento do uso, o óleo ozonizado foi aplicado com auxílio de compressas de gaze sobre a lesão.
Este procedimento foi realizado duas vezes ao dia, até a cura clínica do animal, o que ocorreu em
aproximadamente 10 dias. A avaliação visual da eficiência do tratamento foi comprovada através de fotos. A
cadela apresentava uma área de alopecia, prurido, crostas e eritema na região ventral cervical no primeiro dia
tratamento. No sexto dia de tratamento, notou-se uma redução acentuada desta lesão e o prurido desapareceu.
No décimo dia de tratamento, não era mais evidenciado a área com crostas e eritema. Com o decorrer dos dias
observou-se o crescimento de pêlos na área afetada, apontando para a cura clinica do animal. Conclui-se que a
utilização do óleo ozonizado, nas dosagens e posologia utilizados no presente experimento foi eficiente no
tratamento da dermatite da cadela em questão.
Palavras chave: Canina, ozônio, pele.
RESUMOS EXPANDIDOS
ABRAÇADEIRA DE NÁILON COMO MATERIAL DE CERCLAGEM NA REDUÇÃO DE
FRATURAS. RELATO DE CASO
Pereira, S.A.1*; Costa, F.R.M.2; Gomes, A.R.A.1; Dias, T.A.; Arruda,A.F.T.P.3
1-Graduando Curso Medicina Veterinária Universidade Federal de Uberlândia – UFU; 2-Médica Veterinária
Centro Cirúrgico Hospital Veterinário UFU; 3-Médica Veterinária
[email protected]
RESUMO
Com a urbanização da população de cães e o envolvimento destes em acidentes de todas as espécies, tem sido
evidenciado um aumento nos casos de fraturas traumáticas. Para favorecer a reestruturação óssea indica-se a
utilização de técnicas e material cirúrgico que sejam, ao mesmo tempo, eficazes e práticos, proporcionando
maior agilidade no trans-operatório. O objetivo deste trabalho é relatar a técnica de cerclagem permanente
com abraçadeira de náilon em fratura cominutiva de tíbia.
Palavras-chave: Fraturas. Cães. Abraçadeira.
INTRODUÇÃO
A justaposição de fragmentos ósseos que se encontram afastados é considerada uma das principais manobras
realizadas na redução de fraturas de ossos longos, exigindo-se, para o procedimento, habilidade do cirurgião
(MIRANDA et al., 2006). Nesse contexto, recomenda-se utilizar técnicas e material cirúrgico que sejam, ao
mesmo tempo, eficazes e práticos, proporcionando maior agilidade no trans-operatório e, conseqüentemente,
auxiliando na reestruturação óssea (MIRANDA et al., 2006). O tipo da fratura, sua localização, tamanho,
número de ossos envolvidos e viabilidade dos tecidos moles circunvizinhos são fatores diretamente ligados ao
trauma ósseo que interferem na escolha do método de fixação do mesmo. Além disso, aspectos relacionados
ao comportamento do animal e responsabilidade do proprietário podem influenciar na escolha do
procedimento de redução da fratura (BARBOSA et al., 1998). Dentre as técnicas mais utilizadas na fixação
interna de fraturas inclui-se a cerclagem , a qual pode ser associada a outros processos de redução ou ser
aplicada isoladamente. Comumente a cerclagem é feita com fios de náilon ou aço, que são colocados de forma
a envolver o osso e incorporar todos os fragmentos e esquírolas ósseas (BARBOSA et al., 1998). Abraçadeira
utilizada neste estudo consiste de uma fita de náilon 6.6 (poliamida -PA) e tem sido empregada, após
esterilização, para a técnica de cerclagem na redução de fraturas de ossos longos, cominutivas ou não
(BARBOSA et al., 1998). Em comparação com os fios de aço e náilon, apresenta como vantagens a
praticidade na sua aplicação e menor injúria causada ao tecido mole circunvizinho (MIRANDA et al., 2006).
O objetivo deste trabalho é relatar a técnica de cerclagem permanente com abraçadeira de náilon em fratura
cominutiva de tíbia.
METODOLOGIA
O animal foi posicionado em decúbito lateral. Realizou-se uma incisão de pele em direção ao sítio da fratura
na tíbia (face lateral), seguida de divulsão romba da musculatura e exposição das extremidades fraturadas.
Para aproximação dos fragmentos ósseos procedeu-se cerclagens utilizando, como material de síntese,
abraçadeiras de náilon 6.6 (poliamida -PA) autoclavadas. A redução da fratura foi feita utilizando-se um pino
intramedular, com auxílio de uma aparafusadeira. A musculatura foi aproximada com fio categute em pontos
isolados simples; para a sutura do tecido subcutâneo empregou-se o mesmo fio em pontos ziguezague,
enquanto a pele recebeu sutura intradérmica em nylon.
Figura 1: Cão. Fragmentos ósseos de tíbia aproximados por abraçadeiras utilizadas como
material de síntese.
RESULTADOS E DISCUÇÃO
Os resultados da redução de fratura cominutiva de tíbia com abraçadeira de fita de náilon 6.6 (poliamida -PA)
foram satisfatórios, visto que: 1) ocorreu estabilização do alinhamento ósseo; 2) as abraçadeiras resistiram às
forças de tração a que foram submetidas; 3) as abraçadeiras mantiveram o foco da fratura em estabilização,
juntamente com a fixação interna com pino intramedular e externa com muleta de Thomas modificada. De
acordo com Schmidt & Davis (1978) e Silva et al. (2007), em uma cirurgia ortopédica, antes da aplicação do
método escolhido para a imobilização aberta de uma fratura, é necessária a redução perfeita dos fragmentos
ósseos, considerada uma das principais manobras realizadas em fraturas de ossos longos. Os referidos autores
descreveram o uso da abraçadeira de náilon na estabilização do alinhamento da fratura antes da aplicação de
placa óssea na tíbia. Procedimento semelhante foi realizado no presente estudo, onde se observou que as
abraçadeiras mostraram-se eficazes na estabilização do alinhamento ósseo, permitindo a redução da fratura
com pino intramedular e posterior imobilização externa com muleta de Thomas modificada. Não ocorreu
ruptura das abraçadeiras, tampouco afrouxamento subseqüente. Os resultados obtidos neste estudo coincidem
com os de Kavinski et al. (2002) e Carrillo et al. (2005), os quais relataram flexibilidade e facilidade de
manuseio da abraçadeira, ajustando-se adequadamente ao local da fratura e permitindo reajustes sem se
romper. Segundo os autores, essa manobra, quando realizada empregando-se o fio de aço como material para
cerclagem, poderia evoluir com ruptura do fio, lesão periosteal e injúria de tecidos circunvizinhos. Carrillo et
al. (2002), utilizando a abraçadeira de náilon submetida ao processo de autoclavagem em fraturas oblíquas de
fêmur em coelhos, relacionaram a facilidade de uso do material com a diminuição do tempo operatório,
propiciando maior agilidade no trabalho do cirurgião.
Nosso estudo também constatou, durante o procedimento cirúrgico de redução de fratura cominutiva de tíbia,
a facilidade de aplicação da abraçadeira na circunferência óssea. Analisando-se a oferta do dispositivo, seu
baixo custo, sua resistência ao processo de autoclavagem e à tração, sua eficiência quanto ao sistema de travas
e a facilidade para sua aplicação, argumenta-se favoravelmente ao emprego da abraçadeira de náilon como
alternativa para redução de fratura cominutiva de tíbia em cães. Essas observações encontram respaldado nos
resultados registrados por Sorbello et al. (1999) e Miranda et al. (2004). Sorbello et al. (1999),
adicionalmente, relataram ausência de toxidade em teste de comportamento biológico em ratos, enquanto
Carrillo et al. (2002), em estudo experimental utilizando coelhos, observaram que o dispositivo submetido à
autoclavagem foi biocompatível à espécie, não sendo verificadas alterações hematológicas e histológicas
compatíveis com processo inflamatório ou tóxico. Concluímos que a abraçadeira de náilon é uma opção para
fixação de fraturas cominutivas de tíbia, dada a facilidade de manuseio e de ajuste à circunferência óssea, sua
resistência em meio ao processo de redução e sua eficiência para estabilização da fratura.
REFERÊNCIAS
1-BARBOSA, B.C.; REPETTI, F.S.C.; SCORSALO, S.P.; SANTOS, A.B.C. O uso da abraçadeira de náilon
como cerclagem associado ao Tien-in na reparação de fratura cominutiva de tíbia em cão (relato de caso).
Revista Nosso Clínico. v1, n.1, p.46 - 52, 1998; 2-CARRILLO, J. M.; SOPENA, J. J.; RUBIO, M.
Experimental study of the use of nylon-band in theresolution of rabbit’s oblique fracture. In: WSAVAC O N
G R E S S , 27; FECAVA CONGRESS, 8; AVEPA CONGRESS, 37., Sevilha, Spain, 2002. Proceedings ...
Sevilha, Spain, p.259, 2002; 3-KAVINSKI, L.C.; PRESOTTO, E.J.; SILVA, E.G.; SILVA, E.G. Avaliação
da fita de poliamida sintética (nylon) na redução de fraturas em cães e gatos. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CLÍNICOS VETERINÁRIOS DE PEQUENOS ANIMAIS, 23.,Brasília. Anais ...
Brasília: Anclivepa, 2002 (CD ROM); 4-MIRANDA, H.A.; SILVA, F.A.L.; TAVARES, A.G.; AMARAL,
C.V.A.; MIRANDA, G.H. Abraçadeira de náilon: resistência à tração em testes fśicos e seu emprego como
cerclagem no fêmur de cães. Ciência Animal Brasileira, v. 7, n. 3, p. 299-307, 2006; 5-MIRANDA, A. H.;
SILVA, L. A. F.; TAVARES, G. A . ; LIMA, A. M. V.; AMARAL, A. V. C.; MIRANDA, H. G.; FRANCO,
L. G.; ROCHA, L. A.; OLIVEIRA, K. S.; SILVA, E. B. Avaliação da resistência da abraçadeira de náilon
utilizada como cerclagem na redução de fraturas de cães. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 5,
suplemento, p. 199-201, 2004; 6-SILVA, L. A. F.; ARAÚJO, G. R. S.; MIRANDA, A. H.; RABELO, R. E.;
GARCIA, A. M.; SILVA,O. C.; ARAÚJO, I. F.; MACEDO, S. P.; SOUSA, J. N.; FIORAVANTI, M. C.;
OLIVEIRA, K. S.; A M A R A L , A. V. C.; SILVA, E. B. Ovariohisterectomia em cadelas: uso da
abraçadeira de náilon da hemostasia preventiva. Ciência Animal Brasileira, Goiânia, v. 5, suplemento, p.
100- 102, 2004; 7-S O R B E L L O , A. A.; GIUDUGLI, J. N.; ANDRETTO, R. Nova alternativa para
ligaduras em cirurgias videoendoscópicas ou convencionais, com emprego de fitas de nylon em estudo
experimental. Revista Brasileira de Coloproctologia, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 24-26, 1999.; 8SCHMIDT, T.L.; DAVIS, W.M. Intraoperative use of nylon bands in frature fixation. Clinical Orthopaedics,
Philadelphia, v. 154, n. 341, p. 341- 343, 1978.
ACUPUNTURA PÓS-LAMINECTOMIA EM CHOQUE MEDULAR TRAUMÁTICO
Tannús, L. F.1; Cesarino, M.2; Ávila, D. F.3; Rodrigues, C. G.2*; Fernandes, C. C.3; Castro, J. R.2; Dias, T.
A.3; Resende, F. A. R.3; Faria A. B.4; Noleto, P. G.3; Ferreira, C. G. 5 , Costa, F.R.M
1-Médica Veterinária do Serviço de Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU); 2-Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias; 3-Residente do
Hospital Veterinário da UFU; 4-Médico Veterinário Mestre na área clínica com ênfase em Acupuntura
Veterinária; 5- Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
Um canino foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia e diagnosticado com
choque medular. Após a estabilização do paciente, solicitou-se exame radiográfico simples da região
lombosacra, onde não foram evidenciadas alterações. Em seguida, realizou-se uma laminectomia de
frenestração para descompressão do edema da medula espinhal. Durante o pós-cirurgico o animal não
apresentou melhora permanecendo com os déficits neurológicos. Após dez dias, sem evolução satisfatória da
recuperação da deambulação, o cão foi encaminhado ao serviço de acupuntura com sinais de tetraparesia póstraumática não responsiva ao tratamento convencional com corticóideterapia e correção cirúrgica. Foi
estabelecido um tratamento com pontos de acupuntura específicos, que teve resposta satisfatória logo após a
terceira sessão, com alta clínica após a quinta sessão de acupuntura associada à eletroacupuntura.
Palavras chave: lombosacral, medicina tradicional chinesa, ortopedia.
INTRODUÇÃO
A acupuntura tem sido utilizada associada ou não à corticóides, com o intuito de promover analgesia,
reabilitação motora e sensorial. Esta terapia elimina os pontos gatilhos abolindo a dor, o encurtamento e
rigidez muscular. Pode ativar a volta do crescimento de axônios destruídos na medula espinhal e reduzir a
inflamação local, edema, vasodilatação ou constrição e a liberação de histamina ou cinina (PINTO et al.,
2008). Segundo Altman (1997) e Xie, Preast e Xie (2007), a acupuntura por agulhamento caracteriza-se pelo
o comprimento das agulhas que depende da espécie e o tamanho do animal, bem como a localização e
profundidade do ponto, enquanto que a eletroacupuntura é o método que consiste na transmissão de energia
elétrica por diferentes intensidades e freqüências aos pontos de acupuntura e pontos gatilhos. Com este
método, o nível de analgesia pode ser aumentado e o efeito prolongado pelo aumento do estímulo no ponto
tratado. O tratamento clínico é direcionado para a redução do edema da medula espinhal pelo uso de
antiinflamatórios esteroidais, repouso e o confinamento nas primeiras duas semanas de tratamento. O
tratamento cirúrgico fica reservado para os casos graves de compressão medular e paralisia (PINTO et al.,
2008). É baseado em três procedimentos: descompressão, fixação e exploração (SWAIM, 1987). A
descompressão é acompanhada pela remoção de parte do arco vertebral e de materiais que ocupam o espaço
no canal vertebral, denominada laminectomia dorsal (YOVICH; READ; EGER, 1994). Deste modo,
objetivou-se relatar um caso de choque medular traumático após a realização de laminectomia e
corticóideterapia sem êxito, com posterior aplicação da acupuntura.
RELATO DE CASO
Um cão, pinscher, foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia após ter sido
atropelado. Apresentava sinais vitais e nível de consciência normal, responsivo aos estímulos externos,
ausência de locomoção dos membros pélvicos e dor intensa frente à mudança posicional. Foi instituído a
fluidoterapia com NaCl a 0,9% e aplicação das medicações: cloridrato de tramadol 2mg.Kg-1, dexametasona
4mg.Kg-1 e manitol 5mL.Kg-1 (VIANA, 2007). Os parâmetros foram aferidos a cada 10 minutos e se
mantiveram em média de FR 40mpm, FC 120bpm, T 38º C e pulso médio de 110. Ao exame neurológico
notou-se paresia flácida dos membros pélvicos, com déficit proprioceptivo e ausência da sensibilidade
superficial bilateral. Os reflexos de retirada e anal estavam ausentes e dor profunda reduzida. Já o reflexo de
panículo encontrava-se ausente até a região lombosacra. O animal apresentou hipereflexia de membros
torácicos, não foi identificado nenhum sinal de cabeça, concluindo, portanto, que a lesão era medular,
possivelmente na região lombosacra. Solicitou-se exame radiográfico ventro-dorsal e latero-lateral da região
lombosacra compatível ao exame neurológico realizado. Na radiografia simples não foram evidenciadas
alterações. Em seguida, realizou-se uma modificação da técnica de hemilaminectomia em T12, T13 e L1, com
fenestração dos três discos. Durante o pós-cirurgico o animal não apresentou nenhuma melhora no exame
clinico com manutenção dos déficits neurológicos. Após dez dias, o cão foi encaminhado Serviço de
Acupuntura com sintomas de tetraparesia pós-traumática não responsiva ao tratamento convencional com
corticóideterapia e correção cirúrgica. Foi estabelecido um tratamento com pontos de acupuntura específicos,
que teve resposta satisfatória logo após a terceira sessão, com alta clínica após a quinta sessão de acupuntura
associada à eletroacupuntura, com restabelecimento da deambulação, com retorno das suas atividades
rotineiras.
DISCUSSÃO
A cirurgia de laminectomia é utilizada principalmente visando à descompressão medular, sendo inconveniente
nesta técnica a formação de tecido cicatricial, podendo provocar distúrbios de condução, causando dor
persistente (SWAIM, 1987). Disfunções neurológicas também podem decorrer de lesões medulares
ocasionadas por elevação dos corpos vertebrais durante a laminectomia, possivelmente por dano aos vasos
espinhais durante o acesso cirúrgico. As indicações para o tratamento cirúrgico são a falta de resposta ao
tratamento clínico, sinais clínicos recidivantes ou progressivos, paraparesia não ambulatória, paraplegia com
preservação da nocicepção (dor profunda) e paraplegia acompanhada de ausência da nocicepção com duração
inferior a 24 horas (TROTTER, 1996).
REFERÊNCIAS
1- ALTMAN, S. Acupuncture therapy in small animal practice. Compendium on Continuing Education for
the Practicing Veterinarian, Yardley, v. 19, n. 11, p. 1238-1244, 1997; 2-PINTO, V.M. et al. Prevalência do
uso da acupuntura na discopatia intervertebral em cães atendidos no Hospital Veterinário da Universidade
Luterana do Brasil. In: Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária (Conbravet), 2008, Gramado - RS.
CD-ROW. 3- SWAIM, S.F. Vertebral and spinal cord surgery. In: OLIVER, J.E., HOERLEIN, B.F.,
MAYHEEW, I.G. Veterinary neuroligy. Philadelphia, 1987, p.416-442, cap. 17.4-TROTTER, E.J.
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terapêutico Veterinário. 2 ed. Lagoa Santa: Cem, 2007, p.321. 5- XIE, H.E PREAST, V. XIE S. Veterinary
Acupuncture, Blackwell Publishing, Oxford, p. 376, 2007. 6- YOVICH, J.C., READ, R., EGER, C.
Modified lateral spinal decompression in 61 dogs with thoracolombar disc protusion. Journal of Small
Animal Practice, England, v35, n.7, p.351-356, 1994.
ADENOCARCINOMA DE TIREÓIDE EM UM CÃO DA RAÇA BOXER – RELATO DE CASO
Oliveira, L.M*1.; Arruda, A.F.D.P.2; Costa, F.R.M.3; Alves, N.B.2; Pereira, S.A.4; Gomes, A.R.A4.
1-Residente de cirurgia de animais domésticos do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária
da Universidade Federal de Uberlândia; 2-Médico Veterinário; 3-Médica Veterinária administrativa do
Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia; 4Graduando em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
RESUMO
As neoplasias malignas da tireóide são freqüentemente grandes e pobremente encapsuladas e podem invadir
tecidos normais adjacentes como a traquéia, laringe, esôfago, musculatura cervical e estruturas
neurovasculares regionais. A maioria dos cães com tumores da tireóide apresentam alguma disfunção
hormonal, com sintomatologia de hipotireoídismo ou hipertireoídismo. É um dos tumores com alta
capacidade metastática e prognóstico desfavorável. Este relato mostra um caso em que o paciente não
apresentava sintomatologia de ordem hormonal. O tumor foi totalmente retirado e após três meses do
procedimento cirúrgico o paciente encontra-se em estado de metástase pulmonar avançada.
Palavras-chave: tireóide, adenocarcinoma, metástase.
INTRODUÇÃO
A tireóide é uma glândula bilateral presente em todos os vertebrados. Localizada lateralmente sobre a
traquéia, abaixo da laringe. Sua função envolve a concentração de iodo e a síntese, armazenamento e secreção
do hormônio tireóideo. Sendo que, tecido ectópico, está presente na maioria dos cães e gatos. Adenomas
benignos da tireóide não são comuns; normalmente são pequenas massas que não provocam sinais clínicos e
são achados ocasionalmente de necropsia. Em contraste, aos carcinomas da tireóide clinicamente mais
comum, são massas sólidas, grandes, que provocam sinais clínicos facilmente percebidos pelos proprietários e
bem palpáveis. A maioria dos cães com tumores de tireóide são eutireóides ou hipotereóides. Nesses cães, os
sinais clínicos de hipertireoidismo podem predominar (NELSON & COUTO, 1992). Aos achados do exame
físico encontra-se uma massa cervical, firme e imóvel ou fixa, geralmente unilateral. O adenocarcinoma se
caracteriza como uma neoplasia maligna com origem na glândula tireóide. Os tumores raramente produzem
excesso de hormônios tireóideanos. Localmente invasivo e altamente metastático geralmente nos linfonodos
regionais e nos pulmões. Os transtornos tireoideanos são mais comuns em cães de pequeno porte se
comparado aos grandes. Contudo, as raças de cães com maior prevalência de adenocarcinoma tireoideano são
Boxer, Beogle e Golden Retriever, também há relatos nas raças Labrador e Pastor Alemão (NELSON &
COUTO, 1992). Este trabalho relata um caso de adenocarcinoma tireoideano em estágio avançado que não
apresentava sinais clínicos aparentes.
METODOLOGIA
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um cão, macho, da raça Boxer, 6
anos de idade e 27 quilos. Segundo o proprietário, o paciente apresentava aumento de volume cervical há
aproximadamente 30 dias, na época que surgiu o tumor o animal foi medicado com antiinflamatório para
problema ortopédico receitado em outro estabelecimento. No exame clínico foi constatada massa tumoral
firme, aderida, de aproximadamente 15x10 cm em região cervical ventral; apresentando reflexo de tosse
positivo; freqüência cardíaca de 104 batimentos por minuto; freqüência respiratória de 40 movimentos
respiratórios por minuto; temperatura retal de 39,5°C; mucosas róseas; e tempo de perfusão capilar de dois
segundos. Como exames complementares foram realizados: hemograma completo, raio-X torácico, citologia
aspirativa por agulha fina (CAAF). O paciente foi, então, encaminhado à cirurgia para a realização de exerese
neoplásica. Foi removida a massa tumoral que estava aderida ao esôfago, mas sem causar sérios danos. O
tumor estava bem irrigado com vasos calibrosos, sendo encaminhado o material para exame histopatológico.
No pós-operatório foi indicado Meloxican, 0,1 mg/Kg, SID por 5 dias; Cefalexina, 30 mg/Kg, BID por 10
dias; Dipirona Sódica, 30mg/Kg TID por 4 dias; limpeza com solução iodada sobre a ferida cirúrgica, duas
vezes ao dia até a retirada dos pontos. Tendo em vista os efeitos colaterais do uso de um quimioterápico, o
auto custo e principalmente, pouca resposta dessa neoplasia a esse tipo de tratamento, não se optou pela
realização de Quimioterapia. O procedimento cirúrgico foi realizado visando o conforto do animal, visto que
o mesmo apresentava metástase pulmonar. O paciente presentou boa recuperação sem recidiva do tumor na
região cervical.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No cão, os tumores tiroidianos representam aproximadamente 1 a 2% de todas as neoplasias caninas, e
respondem por 10 a 15% de todos os tumores primários da região da cabeça e do pescoço (PETERSON &
FERGUSON, 1992). Como relatado por Nelson e Couto (1992) o tumor encontrado estava aderido ao
esôfago, musculatura cervical e com vasos e nervos passando por ele. Cerca de 90% dos tumores tireoideanos
caninos são malignos (PETERSON, 2003). Ocorrem metástases distantes (especialmente nos pulmões) em
60-80 % dos casos (PETERSON, 2003) como descrito neste relato, o paciente apresentou um quadro de
metástase pulmonar. A maioria das neoplasias tireoideanas nos cães não secreta um excesso de hormônios
tireoideanos. Menos de 20 % desses tumores se associam com hipertireoidismo. Como esses tumores podem
destruir o parênquima tireoideano normal, ocorre algumas vezes um hipotireoidismo (PETERSON, 2003). Os
sinais clínicos de neoplasias não-tireotóxicas relacionam-se com danos estruturais na área cervical e doenças
metastáticas. Já tumores hiperfuncionais cursam com sinais de hipertireoidismo – polidipsia, poliúria, perda
de peso, polifagia, intolerância a calor, estresse, nervosismo, hiperexcitabilidade, tremores, diarréia e aumento
de volume das fezes (NELSON & COUTO, 2001). Contradizendo este trabalho, o paciente não apresentou
nenhum dos sinais clínicos característicos condizentes com tumores hiperfuncionais, somente apresentou
desconforto pela presença da massa na região cervical e metástase pulmonar que desencadeou um quadro
crônico de tosse e anorexia intermitente. O diagnóstico se baseia na biópsia tireoideana. Indicam-se
radiografias torácicas para pesquisa de metástases pulmonares (PETERSON, 2003). A punção aspirativa com
agulha fina a partir do tumor e dos linfonodos regionais palpáveis também revela a afecção (TILLEY, 2003),
no entanto a punção aspirativa mostrou apenas tumor de células redondas. O tratamento de escolha é a
excisão cirúrgica, embora a remoção completa de um carcinoma tireoideano seja incomum (PETERSON,
2003). Foi possível retirar o tumor completamente sem maiores danos aos tecidos vizinhos, sendo que o
tumor aparentava ser envolto por uma cápsula (figura 2). Visto que muitos desses tumores são malignos e
atingiram estado avançado por ocasião do diagnóstico, com freqüência o prognóstico é sombrio (PETERSON
& FERGUSON, 1992). A recidiva deste tumor era esperada devido ao seu tamanho e a alta vascularização
(figura 1), porém este fato não ocorreu até o momento e o animal continua vivo e com episódios de tosse,
anorexia e perda de peso devido ao agravamento da metástase pulmonar.
Figura 1 – Neoplasia apresentando
farta vascularização.
Figura 2 – Neoplasia apresentando
cápsula brilhante.
REFERÊNCIAS
1-NELSON, R.W; GUILHERME, C.C; Medicina Interna de Pequenos Animais, 2º ed. Rio de Janeiro:
Guanabara, p. 362- 364,1992; 2-NELSON, W.R. Distúrbios da Glândula Tireóide. In: Medicina Interna de
Pequenos Animais. 2. Ed. São Paulo: Guanabara Koogan S.A., p. 576–579 2001; 3-PETERSON, M.E.;
FERGUSON, D.C. Moléstias da Tireóide. In: ETTINGER, S.J. Tratado de Medicina Interna Veterinária.
3. ed. São Paulo: Manole Ltda, v. 4, p. 1743-1747, 1992; 4- PETERSON, M.E. Doenças Tireoideanas. In:
BIRCHARD, S.J.; SHERDING R.G. Manual Saunders. Clínica de pequenos animais. 2. ed. São Paulo:
Roca LTDA, p. 270 – 274, 2003; 5- TILLEY, L.P. Consulta Veterinária em 5 Minutos. Espécies Caninas e
Felinas. 2 ed. São Paulo: Manole Ltda, p. 420 – 421,2003.
A IMPORTÂNCIA DA HISTOPATOLOGIA PARA A INSPEÇÃO FEDERAL NA CONFIRMAÇÃO
DE LESÕES PULMONARES SUSPEITAS DE TUBERCULOSE EM BOVINOS ABATIDOS.
Silva,M.C1.;Reis,D.O2
1-Graduanda da Faculdade de Medicina Veterinária-UFU; 2-Docente da Faculdade de Medicina VeterináriaUFU
[email protected]
RESUMO
A tuberculose bovina é uma doença que apresenta significativos reflexos na saúde publica e na economia da
produção de carne bovina.O diagnóstico da doença em matadouro frigorífico, se restringe prioritariamente ao
diagnóstico macroscópico das lesões suspeitas, o que eventualmente pode levar a um diagnóstico equivocado.
Assim, o veterinário, se vê em uma situação difícil, quando na identificação da lesão. A partir disso, coletouse em um frigorífico da região de Uberlândia, 42 amostras de carcaças desviadas ao DIF (Departamento de
Inspeção Final), com suspeitas de tuberculose, para serem diagnosticadas através da histopatologia para a
confirmação da doença.Os resultados mostraram que 69,04% eram positivas para tuberculose e 30,95%foram
classificadas como linfadenites inespecificas. Avaliou-se as variáveis idade, raça e sexo.Todas as amostras
eram de animais fêmeas, provenientes do Triângulo Mineiro e do Noroeste de Minas.
Palavras-chave: Mycobacterium bovis, tuberculose, histopatologia.
INTRODUÇÃO
A tuberculose é uma zoonose de evolução crônica causada pelo Mycobacterium bovis e caracteriza-se pelo
desenvolvimento de lesões nodulares denominadas tubérculos.O Mycobacterium sp. causador da tuberculose
no homem e nos animais domésticos, inclui espécies patogênicas ,sendo mais comum o Mycobacterium
tuberculosis que infecta exclusivamente o homem, podendo acidentalmente acometer o bovino, não
provocando grandes alterações nesse último hospedeiro.O Mycobacterium bovis infecta bovinos, podendo
também ocasionalmente contaminar o homem por meio de leite e carne ‘in natura’ infectados com o bacilo
(JONES et al, 2000). A via de transmissão mais comum é a via aerógena, sendo possível à via oral ou por
meio do contato com secreções e excreções do portador.O consumo de leite cru é uma das principais fontes de
infecção humana pelo bacilo bovino e o risco de contrair o bacilo através da ingestão de produtos carnéos é
menor devido a pouca incidência do Mycobacterium sp. no tecido muscular no entanto,esse fato não deve ser
ignorado (GERMANO E GERMANO,2003). O objetivo específico dessa pesquisa realizada foi incorporar á
rotina de inspeção post-mortem o diagnóstico histopatológico, nos casos de suspeitas de tuberculose, pois
com essa prática, a inspeção irá estar respaldada tanto para a identificação da doença, quanto à destinação
correta das carcaças e respectivas vísceras, proporcionando uma maior segurança à saúde publica, além de
minimizar os impactos na economia da produção bovina causados pela tuberculose.
METODOLOGIA
Foram coletadas amostras no período de Janeiro de 2008 a Agosto de 2008, de lesões suspeitas de
tuberculose, de um matadouro frigorífico próximo à região de Uberlândia, que posteriormente foram
encaminhadas ao Laboratório de Histopatologia da UFU. Nesse período foram abatidos 2699 animais, dos
quais 2652 eram fêmeas e 47 machos, provenientes da região do Triângulo Mineiro. As amostras eram de
carcaças e vísceras oriundas de fêmeas que foram desviados ao Departamento de Inspeção Final (DIF), que ao
passarem pela linha de Inspeção Federal apresentaram lesões de constatações duvidosas. De todas essas
carcaças desviadas, as amostras que foram coletadas se restringiam ao linfonodos que envolvia toda a região
pulmonar e eram descritas em uma ficha criada para a pesquisa que constava da data de abate, data da coleta,
sexo, idade, raça e procedência. Na metodologia para verificar a ocorrência de diferenças significativas entre
os grupos e em cada tempo, utilizou-se a análise de variância inteiramente casualizada. Em principio,
verificou-se as pressuposições do modelo (homogeneidade da variância dos erros estimados e normalidade da
distribuição dos erros estimados). Quando da aplicação da analise de variância, ocorreu a rejeição das
hipóteses da igualdade das medias, utilizou-se para a comparação das mesmas, o teste de Scott-Knott (SCOTT
e KNOTT, 1974). Quando se trabalhou com variáveis qualitativas utilizou-se o teste de qui-quadrado via
simulação de Monte Carlo. Valores de p< 0,05 indicaram significância estatística. Desta forma compararamse as freqüências de ocorrência e não ocorrência das variáveis estudadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 2699 animais abatidos e inspecionados pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal),num matadouro
frigorífico na região de Uberlândia, durante os meses de Janeiro a Agosto de 2008, 42 carcaças suspeitas de
lesões de tuberculose foram desviadas para o DIF (Departamento de Inspeção Final) pelos agentes de
inspeção para serem criteriosamente inspecionadas pelo médico veterinário responsável. A percentagem de
animais que foram desviadas para o DIF não ultrapassou de 1,58%. Do total de animais abatidos nesse
período, 2652 (98,25%) eram fêmeas e 47 (1,74%) eram machos. Todas as 42 carcaças desviadas eram de
fêmeas, com idade entre 2 a 5 anos, das raças nelore,cruzado e holandês e todas procedentes da região do
Triângulo Mineiro a Alto Paranaíba.. Na confirmação do diagnóstico histopatológico das 42 lâminas, para
serem classificadas como um folículo tuberculoso típico foi considerado que deveriam ser visto no campo
microscópico, áreas com necrose caseosa, presença de células de Langhans ou células gigantes e áreas de
mineralização. Caso essas características não estivessem presentes no campo visual, eram então julgadas
como uma linfadenite inespecifica.Os resultados das 42 lâminas mostraram que 29 amostras (69,04%) eram
típicas de tuberculose, e 13 amostras (30,95%) não típicas da doença, enquadrando-se em linfadenites
inespecificas. Ao fim das análises estatísticas entre as variáveis e a classificação da tuberculose como típica
ou não típica, foi confirmada a independência significativa entre as variáveis idade (p-valor=0,831) e raça (pvalor=0,827), pois o resultado da significância >0,05 mostra que não há dependência entre essas, conforme
Scott-Knott (1974). Para a variável sexo (p-valor=0,000) houve dependência estatisticamente significativa, no
qual o valor de significância < 0,05 é julgado como dependente entre as variáveis, afirma (SCOTT e
KNOTT,1974).No entanto, o resultado da variável sexo, pode ser justificado pela percentagem de 100% das
carcaças seqüestradas, serem todas oriundas de animais fêmeas. O destino dado às carcaças no
estabelecimento para tuberculose que se encontrava de forma generalizada e que não deixava dúvida, seguiam
imediatamente para a graxaria.Para aquelas carcaças, nas quais a tuberculose se restringia a uma determinada
área, foi feito o aproveitamento condicional, condenando a parte acometida e o restante da carcaça foi
destinado à conserva, obedecendo às normas prescritas no Art.196 do RIISPOA (1952). Pinto em 2003, diz
que há a necessidade de adotar novas medidas que unam os recursos de diagnóstico já existente com a
histopatologia, como sendo uma forma de auxiliar as ações e decisões correta do médico veterinário,
permitindo então que o profissional defina suas suspeitas de forma real e consciente. Muitos dos erros de
diagnóstico estão ligados ao serviço de inspeção sanitária, pois este pode não detectar animais com lesões
iniciais, sendo que no caso da tuberculose, em áreas de prevalência e transmissão, o percentual de lesões não
detectadas pode chegar a 33% do total (Kantor et al.,1987). Reis et al.,1995, afirma que muitas vezes as lesões
achadas em frigoríficos, não seguem especificamente os padrões anatomopatologicas que ocorrem com
freqüência, gerando dúvidas para o médico veterinário, que pode fazer com que o profissional confunda a
tuberculose com lesões de linfossarcoma ou linfadenites inespecificas. Pinto (2003), associa o aparecimento
de lesões macroscopicamente semelhantes a tuberculose com outros agentes como a Nocardia asteróides, que
no tecido muscular bovino causa reações granulomatosas que geram confusão do ponto de vista
macroscópico,daí a importância em racionalizar o uso da técnica histopatologica na diferenciação. Em países
que tem rígido programa de controle para a tuberculose, os autores Claxton,1979 e Errico et al.,1980,
pesquisaram e encontraram com a aplicação da técnica histopatologica, que 40,8% e até 74% das lesões
semelhantes a tuberculose eram causadas por outros agentes. Segundo Reis et al (1995), ressalta que há
importância também em avaliar a prevalência da tuberculose fazendo uma investigação baseada na
epidemiologia em matadouros, frigoríficos buscando a partir de carcaças e vísceras destinadas ao DIF
(Departamento de Inspeção Final),identificar alterações anatomopatologicas típicas de um folículo
tuberculoso, que dessa maneira permitirá, assim o conhecimento prévio das características
epidemiológicas,mostrar a importância da inspeção que deve ser respaldada pela técnica histopatológica
principalmente naqueles estabelecimentos em que há o abate de vacas leiteiras de descarte. Com base nos
resultados encontrados no presente trabalho, concluímos ser de fundamental importância o uso da técnica
histopatológica caracterizada por ser um método rápido e seguro para o diagnóstico final de tuberculose e
outras patologias em matadouros frigoríficos, que servirá como um recurso que respaldará o serviço de
inspeção sanitária, assegurando ao médico veterinário maior precisão na destinação de carcaças e vísceras de
bovinos.
REFERÊNCIAS
1-BRASIL.Ministério da Agricultura e Pecuária. Serviço de Inspeção Federal.Decreto n.30.691 de 29 de
Março de 1952, Art.196. Disponível em:<htpp://www.agricultura.gov/sda/dipoa>.Acesso em 14 de outubro
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2-CLAXTON,P.D.;EAMENS,G.J.;MYLREA,P.J.Laboraty
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Vigilância Sanitária dos Alimentos.2.ed.São Paulo:Livraria Varela, 2003; 5- JONES, T.C.; HUNT,R.D.;
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linfossarcoma,tuberculose e linfadenite inespecifica ocorridas em bovinos abatidos e a confirmação
histopatologica.Revista Higiene Alimentar.São Paulo,v.9,n.35,1995; 8- PINTO,P.S.A.Atualização em
Controle da Tuberculose no Contexto de Inspeção de Carnes.Biosci.J.,Uberlândia,v.19,n.1,p.115-121.2003;
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Biometrics, Raleigh ,v.30,n.3,p.507-512.1974.
A IMPORTÂNCIA DOS PROGRAMAS DE AUTOCONTROLE NA CONTAMINAÇÃO DE
SALMONELA EM FRANGOS ABATIDOS
Silva,M.C1.;Reis,D.O2
1-Graduanda da Faculdade de Medicina Veterinária-UFU; 2-Docente da Faculdade de Medicina VeterináriaUFU
[email protected]
RESUMO
Um pequeno número de aves infectadas por Salmonella pode contaminar todo o processo de abate, sendo um
risco nas toxinfecções alimentares. O Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle(APPCC)
ou HACCP(em inglês)foi desenvolvido para garantir a produção de alimentos seguros à saúde,analisando as
etapas da produção, monitorando os perigos potenciais e determinando medidas preventivas para controlar
esses perigos do inicio ao fim da produção do alimento.Em um levantamento feito em um abatedouro de
aves,foram abatidos 5.412.107 milhões de frangos em Maio de 2009, dentro dos quais 101.790 mil carcaças
apresentaram-se com contaminação fecal,(1,88% do total de frangos abatidos).A partir disso,define-se como
fundamental a atuação do APPCC e os demais programas de autocontrole para minimizar qualquer
contaminação fecal e conseqüente risco de disseminação de salmonela na carcaça, garantindo um produto
inócuo para a saúde pública.
Palavras-chave: salmonela, autocontrole, aves.
INTRODUÇÃO
As bactérias do gênero Salmonella são consideradas como as mais importantes causadoras de doenças
transmitidas pelos alimentos.Alimentos como leite, ovos, carnes são apontados como os maiores responsáveis
em causar a salmonelose.A manifestação clínica é caracterizada por dores abdominais, náuseas, vômitos,
calafrios, diarréia, febre e cefaléia(GERMANO e GERMANO, 2003). Nos processo de abate de aves, durante
seus vários estágios, as carcaças podem ser contaminadas seja, pelas fezes durante a evisceração, ou seja, pela
contaminação cruzada, através do contato com produtos ou superfície contaminadas na linha de produção
(MOLBACK, OLSEN e WEGENER, 2006). Para que esses riscos sejam minimizados os programas de
autocontrole entram em vigor, como forma de garantir ao consumidor um produto de qualidade e que não
ofereça risco a sua saúde. Esses programas seguem normas estabelecidas pelos organismos internacionais, que
exigem a aplicação de uma metodologia que garanta risco mínimo de salmonelose e outros patógeno no
alimento (RODRIGUES et al.,2008). O APPCC é uma metodologia aplicada, funcionando como um sistema
preventivo de controle de segurança alimentar, identificando os perigos específicos e as medidas preventivas
para o seu controle em todas as fases de produção(FURTINI e ABREU, 2006). Como pré-requisito do
APPCC, associam -se o Procedimento Padrão de Higiene Operacional (PPHO),as Boas Práticas de Fabricação
(BPF) e o Procedimento Sanitário Operacional (PSO), que identificam os perigos potenciais desde o inicio da
produção do alimento até estar pronto para o consumo humano (ANVISA.Resolução RDC n º275, de 21 de
outubro de 2002).
METODOLOGIA
A metodologia utilizada pautou-se em um levantamento realizado no mês de maio de 2009 no arquivo de um
abatedouro de frangos sob o Serviço de Inspeção Federal (SIF), onde foram abatidos 5.412.107 milhões de
frangos neste periodo.Nesse estabelecimento são realizados os programas de autocontrole rotineiramente, a
fim de monitorar a presença de salmonela na carcaça de frango.Toda a visualização de contaminação fecal
encontrada nas carcaças durante o processamento é registrada e separada pelos agentes de inspeção.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram abatidos 5.412.107 milhões de frangos dos quais 101.790 mil carcaças apresentaram-se com
contaminação fecal durante o processo de produção, resultando em um percentual de 1,88% de contaminação
fecal do total de frangos abatidos. Essa percentagem de 1,88% indica que durante o processo de abate,
principalmente no procedimento de extração de cloaca e evisceração, há maior possibilidade de contaminação
fecal e conseqüente disseminação de salmonela pela carcaça e para a linha de produção.A partir dessa média
mensal obtida, nota-se a necessidade e importância da aplicação dos programas de autocontrole nos
estabelecimentos que produzem qualquer tipo de alimento, pois a execução desses programas é fundamental
para diminuir qualquer tipo de contaminação que possa afetar a saúde publica, e assim garanta um produto
apto para o consumo humano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-BRASIL.Ministério da Saúde.Agência Nacional de Vigilância Sanitária. ANVISA.Resolução RDC n º275,
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ise e monitoramento de pontos críticos no abate de frangos utilizando indicadores microbiológicos.
AMPUTAÇÃO DE MEMBRO TORÁXICO ESQUERDO DE Mazama gouazoubira:
RELATO DE CASO
De Simone, S. B. S.2*; Santos, A. L. Q.1; Rodrigues, L. L.2; Rodrigues, T. C. S.2
1-Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 2-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av.
Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
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RESUMO
Um veado catingueiro de vida livre, foi encaminhado ao Hospital Veterinário Universitário da Universidade
Federal de Uberlândia pela Polícia Ambiental, vítima de atropelamento com suspeita de fratura rádioulnar e
isquemia deste segmento. Confirmou-se a suspeita através de exames radiográficos e exames físicos do
membro afetado. Realizou-se a cirurgia de amputação do membro torácico esquerdo. Para tal procedimento
utilizou-se a associação tiletamina e zolazepan (sete mg/kg). Administrou-se como antibióticoterapia
penicilina benzatina (200.000 UI/ml) na dose de 40.000 UI/ kg. A manobra cirúrgica obteve resultados
satisfatórios em Mazama gouazoubira, culminando com a rápida recuperação do animal.
Palavras-chave: Fratura, laceração, veado catingueiro.
INTRODUÇÃO
Traumatismos são de ocorrência comum em animais silvestres tanto nos de vida livre quanto nos de cativeiro
(CARISSIMI et al., 2005), localizando-se mais comumente nos membros (DINIZ et al., 1995). Tais lesões
podem ser irreversíveis no que diz respeito a volta da função normal do membro, tendo assim de ser
amputados. Indicações para amputação de um membro locomotor em animais estão baseadas em lesões
irreversíveis ou em um pobre prognóstico para a funcionalidade do mesmo (STONE, 1985). Recomenda-se
tal manobra por meio de secção óssea, a fim de permitir a atrofia desta extremidade. A remoção do membro
através da articulação escápulo-umeral ou coxofemoral permite um volume de tecido mole suficiente para
proteger o osso (WEIGEL, 1998). O objetivo do presente trabalho reveste-se de interesse, devida à escassez
de relatos de procedimentos cirúrgicos em animais silvestres. Dessa maneira, os autores pretendem contribuir
com profissionais em clínica médico-cirúrgica de animais silvestres, visando à conservação e criação de tal
espécie.
RELATO DO CASO
Foi encaminhado ao Hospital Veterinário Universitário da Universidade Federal de Uberlândia, pela Polícia
Ambiental, um veado catingueiro, de vida livre, vitima de atropelamento. Durante a anamnese e exame físico
de palpação notou-se uma laceração no osso rádioulnar esquerdo seguida de crepitação, sugerindo a presença
de fratura. Suspeita esta confirmada através de exames radiográficos. Apesar da imprecisão temporal do
ocorrido, o mesmo apresentava-se em bom estado nutricional, sem sinais de desidratação ou debilidade,
porém a circulação l do membro no local da lesão estava comprometida, promovendo discreta necrose na
extremidade distal da tíbia. Visando à conservação da espécie e pela gravidade da lesão, decidiu-se amputar o
membro acometido. O animal foi submetido à antibioticoterapia no pré-operatório imediato com
enrofloxacina 5mg/kg, via intramuscular. Procedeu-se à tricotomia do membro pélvico esquerdo seguida de
assepsia com álcool-iodo-álcool. Como medicação anestésica utilizou-se a associação tiletamina e zolazepan
(sete mg/kg) via intramuscular. Em decúbito lateral direito o animal foi posicionado. Procedeu-se uma incisão
cutânea circular ao terço distal do membro toráxico esquerdo, pele e músculos foram divulsionados e
rebatidos em sentido cranial. A fim de promover hemostasia os vasos locais foram ligados em massa com o
auxílio de fio algodão P10, após tal manobra incindiu-se caudalmente a musculatura ao redor do membro,
liberando-a até acessar o osso rádioulnar. Com o auxílio de uma serra seccionou-se o osso. Sobre o coto
rádioulnar remanescente suturou-se a musculatura com pontos wolf e fio Catgut cromado 2-0, a coaptação da
pele deu-se através de pontos simples separado e fio de Nylon 2-0. No pós-operatório instituiu-se como
antibióticoterapia penicilina benzatina (200.000 UI/ml) na dose de 40.000 UI/ kg, a cada vinte quatro horas
durante cinco dias. Curativo local com solução fisiológica, iodopovidona e alantoina foram realizados até a
retirada dos pontos, ocorrido dez dias após a intervenção.
DISCUSSÃO
Estresse pós-cirúrgico é a principal preocupação quanto à sobrevida de animais silvestres com membros
amputados. Carissimi et al. (2005) obtiveram êxito em observar, por dez meses, um lobo-guará com membro
torácico direito amputado, semelhantemente ao animal em questão, que não demonstrou estresse, adaptandose bem à situação. A indicação de secção parcial do osso, técnica esta descrita por (SLUIJS, 1993), foi a
mesma utilizada nesta intervenção, mostrando-se satisfatória para o procedimento cirúrgico de amputação do
membro pélvico esquerdo do Mazama Gouazoubira, convergindo para sua completa recuperação e
reabilitação, este tipo de manobra impede a formação de liquido sinovial permitido em técnicas onde se
amputa na articulação. Quanto à perfusão, deve-se observar a cor e a temperatura do membro, este quando
pálido ou cianótico e frio é parâmetro de expressão de um nível isquêmico. Fatores locais como gangrena,
infecção, condição das áreas adjacentes, grau de comprometimento arterial e dor, são importantes na
determinação do nível de amputação. É necessária uma manipulação delicada e atraumática dos tecidos, pois
os mesmos são de difícil cicatrização e facilmente infectáveis (PITTA et al., 2003). Fato estes observados em
nosso animal, no qual favoreceu a escolha da manobra cirúrgica em questão. Visando o bem-estar animal e
conservação da espécie, optou-se pela amputação do membro de M. gouazoubira. Tal procedimento
contribuiu para a recuperação do mesmo, visto que os tecidos necrosados foram retirados diminuindo os
riscos de infecção, culminando com a introdução da antibióticoterapia. De forma satisfatória concluiu-se que
a técnica cirúrgica adotada foi satisfatória para recuperação plena do espécime em questão.
REFERÊNCIAS
1-CARISSIMI, A.S. et al. Amputação de membro torácico em Lobo Guará (Chrysocyon brachyurus). A
HoraVeterinária, Porto Alegre, v. 24, n. 145, p. 62-64, 2005.; 2-DINIZ, L. S. M.; COSTA, E. O.;
OLIVEIRA, P.M.A. Clinical disorders observed in anteaters (Myrmecophagidae, dentata) in captivity.
Veterinary Research Communications, Springer Netherlands, v. 19, n. 5, p. 409-415, 1995. ;3-SLUIJS, F. J.
V. Extremidades. In: ______. Atlas de cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Manole, 1993. 141 p.; 4STONE, E. A. Amputation. In: NEWTON, C. D; NUNAMAKER, D.M. (eds). Textbook of small animal
orthopaedics. Ithaca: International Veterinary Information Service, 1985. 1140 p. Disponível em:
<www.ivis.org/special_books/ortho/ chapter_48/48mast.asp>. Acesso em: 10 dez. 2006.; 5- WEIGEL, J. P.
Amputações. In: SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Roca, 1998.
2830 p. ;6-PITTA G. B. B.; Castro, A. A.; BURIHAN, E. Angiologia e cirurgia vascular: guia ilustrado.
Maceió: Ecmal & Lava, 2003. 360 p. Disponível em: <http://www.lava.med.br/livro>. Acesso em: 05 set.
2009.
ANÁLISE DE DESEMPENHO ECONÔMICO DE UMA PROPRIEDADE RURAL DE CRIAÇÃO DE
BEZERROS DE CORTE PARA VENDA, NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA- MG, NO ANO DE
2007
Fagundes, N. S¹*; Souza, L. G. A¹; Gomes, E. M²; Pirtouscheg, A³; Fagundes, N. S¹
1-Mestrando em Ciências Veterinárias – UFU; 2-Médica Veterinária; ³Docente da Faculdade de Medicina
Veterinária – UFU
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RESUMO
Em análise econômica feita em uma propriedade rural de criação de bezerros de corte para a venda, localizada
no município de Uberlândia-MG, no ano de 2007, foi verificado que atividade nesta propriedade não foi
rentável, apresentando prejuízo tipo a, ou seja, se não houver um aumento no valor de venda do bezerro ou
uma diminuição dos custos, a atividade se sustentará por pouco tempo. Os índices de desempenho econômico
como lucratividade, rentabilidade e lucratividade foram negativos neste período.
Palavras-chave: Cria. Lucro. Pecuária.
INTRODUÇÃO
A criação de bezerros de corte é um importante setor da cadeia pecuária visto que disponibiliza no mercado
animais prontos para a recria, engorda e posterior abate, visando atender o mercado de produtos cárneos. No
entanto, se faz extremamente importante que o produtor realize uma análise econômica, para que o mesmo
possa conhecer os resultados obtidos pela atividade rural, tomar, conscientemente, suas decisões e encarar o
sistema de produção de gado de corte como uma empresa (HOFFMANN; SERRANO; NEVES, 1989). A
análise econômica de uma atividade ou exploração pode ser executada por meio de levantamentos do custo de
produção, que é a soma dos valores de todos os recursos e operações (serviços) utilizados no processo
produtivo de certa atividade produtiva (REIS; GUIMARÃES, 1986). Os custos de produção podem ser
divididos em custo fixo, que é o custo que não se altera em função das variações dos níveis de produção, e
custos variáveis, os quais dependem diretamente do nível de produção em um dado período de tempo.
Pirtouscheg (2002), ainda divide os custos em operacionais e alternativos para diferenciar a remuneração do
capital, da terra e da administração (alternativos) dos demais custos de produção (operacionais). A renda
bruta, para Hoffmann, Serrano e Neves (1989), é o valor de todos os produtos obtidos durante o exercício,
sendo o valor de tudo o que foi obtido com o resultado do processo de produção realizado. Este trabalho teve
como objetivo realizar a análise econômica de uma propriedade rural localizada no município de UberlândiaMG no ano de 2007, que possui como principal atividade a criação de bezerros de corte para a venda.
METODOLOGIA
A análise econômica foi realizada em uma propriedade de criação de bezerros de corte para comercialização
(cria), localizada no município de Uberlândia-MG com área total de 270,2ha, durante o ano de 2007. Os
animais são criados em regime extensivo em pastagens de Brachiaria decubens e recebem suplementação
mineral e manejo sanitário adequado, a fazenda adota o sistema reprodutivo de monta natural. Aos oito meses
de idade é realizada a seleção de fêmeas para reposição e são formados os lotes para venda e desmama. A
fazenda também comercializa grama, que é retirada por empresa terceirizada. Os custos foram divididos em
fixos e variáveis e os mesmos subdivididos em operacionais e alternativos. Os custos operacionais fixos
dizem respeito às depreciações e ao pagamento de salário e impostos e taxas fixas. Os custos operacionais
variáveis incluíram sal mineral, medicamentos e outros e impostos e taxas variáveis. Esses valores foram
obtidos pelas notas fiscais e anotações feitas pelo produtor. As depreciações foram calculadas utilizando-se o
método linear, subtraindo-se do valor atual um valor residual (10% do valor do bem para máquinas e
equipamentos e nulo para construções e benfeitorias). Dividiu-se o resultado pelo número de anos de vida do
bem. A vida útil dos bens foi estipulada de acordo com os valores encontrados em Hoffmann, Serrano e
Neves (1989). No custo alternativo fixo, o valor da remuneração do capital e da terra foi calculado a uma taxa
de juros de 3% ao ano. O custo alternativo variável foi obtido pela remuneração do capital circulante a uma
taxa de juros de 3% ao ano. As receitas obtidas com a venda foram extraídas diretamente das notas fiscais
emitidas pela fonte pagadora. Os dados do ano de 2007 foram analisados, sendo assim verificado se a
atividade apresentou lucro ou prejuízo. Indicadores econômicos como lucratividade, rentabilidade e
capacidade de investimento também foram calculados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 mostra os valores de renda bruta, custos, renda líquida e lucros totais e unitários. A renda bruta foi
composta em sua maior parte, 45,60%, de renda originada da venda de bezerros, seguida de 33,66% da venda
de matrizes para abate e 20,74% da venda de grama.
Tabela 1 – Renda bruta, custos, renda líquida e lucros totais e unitários de uma fazenda de criação de bezerros
para comercialização, Uberlândia, 2007.
Especificação
Valor total
Valor
% Custo %
unitário
Receita
1. RENDA BRUTA
Gado de Cria
R$ 6.460,00
R$ 380,00
45,60%
Gado de Corte
R$ 4.770,00
R$ 280,59
33.66%
Grama
R$ 2.940,00
R$ 172,94
20,74%
Total
R$ 14.170,00
R$ 833,53
100,00%
2. CUSTO DE PRODUÇÃO
2.1 CUSTO VARIÁVEL
2.1.1Custo Operacional Variável
Alimentação
R$ 1.758,20
R$ 103,42
2,93%
Medicamentos e outros gastos
R$ 2.419,52
R$ 142,32
4,03%
Impostos e taxas
R$ 24,57
R$ 1,44
0,04%
Sub-Total
R$ 4.202,29
R$ 247,19
7,00%
2.1.2 Custo Alternativo Variável
(1)
R$ 501,92
R$ 29,52
0,84%
Remuneração do Capital Circulante
Sub-Total
R$ 501,92
R$ 29,52
0,84%
Total (2.1.1 +2.1.2)
R$ 4.704,21
R$ 276,71
7,84%
2.2 CUSTO FIXO
2.2.1 Custo Operacional fixo
Depreciação dos touros
R$ 476,47
R$ 28,02
0,79%
Depreciação cavalos
R$ 87,37
R$ 5,13
0,14%
Depreciação da roçadeira
R$ 206,13
R$ 12,12
0,34%
Impostos e taxas fixas
R$ 340,76
R$ 20,04
0,57%
Mão-de-obra permanente
R$ 10.478,16
R$ 616,36
17,48%
Sub-Total
R$ 11.588,89
R$ 681,69
19,33%
2.2.2 Custo Alternativo Fixo
(2)
R$ 5.148,86
R$ 302,87
8,59%
Remuneração do capital Fixo
Remuneração da terra
R$ 38.509,25
R$ 2.265,25 64,23%
Sub-Total
R$ 43.658,11
R$ 2568,12 72,82%
Total (2.2.1 + 2.2.2)
R$ 55.247,00
R$ 3.249,81 92,15%
CUSTO TOTAL DE PRODUÇÃO (2.1 + 2.2)
R$ 59.951,21
R$ 3.526,54 100,00% CUSTO OPERACIONAL TOTAL (2.1.1 + R$ 15.791,18
R$ 928,89
26,34%
2.2.1)
CUSTO ALTERNATIVO TOTAL (2.1.2 + R$ 44.160,03
R$ 2.597,64 73,66%
2.2.2)
RENDA LÍQUIDA
(-) R$ 1.621,18
(Renda bruta – Custo Operacional Total)
LUCRO (Renda Bruta – Custo Total)
(-) R$ 45.781,21
O custo fixo representou 92,15% de todo o custo de produção, enquanto o custo variável apenas 7,84%. O que
levou a um valor tão alto do custo fixo foi o custo alternativo fixo que representa 72,82% do custo de
produção, e é composto pela remuneração do capital fixo e remuneração da terra, que correspondem a renda
do capital fixo e da terra se os mesmos fossem empregados na melhor alternativa de mercado possível. È por
esse motivo também que, ao compararmos o custo alternativo total com o custo operacional total, observamos
um valor de 73,66 e 26,34% do custo de produção, respectivamente. Como a renda bruta foi menor que o
custo operacional total, a propriedade teve uma renda líquida negativa de R$1.621,18 no ano de 2007. Para
que a propriedade tivesse uma renda líquida positiva, os bezerros deveriam ser vendidos, em média, R$95,36
a mais, ou seja, R$475,36. A propriedade obteve um lucro negativo de R$45.781,21. Segundo a análise de
rentabilidade (Gráfico 1), a propriedade estudada apresenta prejuízo tipo a, ou seja, o preço de venda dos
animais cobre o custo operacional variável unitário e apenas parte do custo operacional fixo unitário, tendo
que ser desembolsada certa quantia pelo proprietário pelo proprietário.
Gráfico 1: Análise de rentabilidade de uma fazenda de criação de bezerros para comercialização, Uberlândia,
2007.
C. T. u = R$ 3.526,54
C.alt T..u
L.u. (-)
C. op. T. u = R$ 928,89
C. op. F. u
R. L. u (-)
P. u = R$ 833,53
C. op. V = R$ 247,19
Na Tabela 2, estão os índices de resultados econômicos. A lucratividade foi de -323,08%, ou seja, para cada
R$100,00 de renda bruta a atividade proporcionou um prejuízo de R$323,08. A rentabilidade foi de -76,36%,
ou seja, para cada R$100,00 investidos na atividade, o produtor teve um prejuízo de R$76,36. Como a
capacidade de investimento foi de -11,44%, observa-se que não há sobra de capital após pagamento dos
custos operacionais além do produtor ter que desembolsar parte do mesmo.
Tabela 2: Índices de resultados econômicos de uma fazenda de criação de bezerros para comercialização,
Uberlândia, 2007.
Tipo de Índice
Unidade
Valor
Lucratividade
%
(-) 323,08
Rentabilidade
%
(-) 76,36
Capacidade de investimento
%
(-) 11,44
Podemos concluir que a atividade de cria de bezerros de corte para venda em uma propriedade localizada no
município de Uberlândia-MG não foi rentável, apresentando prejuízo tipo a, ou seja, se não houver um
aumento no valor de venda do bezerro ou uma diminuição dos custos, a atividade se sustentará por pouco
tempo, isso se o produtor não levar em conta a reposição dos recursos fixos
REFERÊNCIAS
1-HOFFMANN, R.; SERRANO, O.; NEVES, E.M. Administração da empresa agrícola. 6. Ed. São Paulo:
Pioneira, p. 325, 1989.; 2-PIRTOUSCHEG, A. Custos de produção em atividades agropecuária e
planejamento rural. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia (Apostila), p.95, 2002.; 3-REIS, A. J.
dos; GUIMARÃES, J. M. P. Custos de produção na agropecuária. Informe Agropecuário, Belo Horizonte,
v.12, n.143, p. 15-22, 1986.
ANÁLISE DESCRITIVA DE CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS DE UM REBANHO
HOLANDÊS X GIR NO MUNICÍPIO DE PERDIZES-MG
Barbosa, F. M.1; SILVA, J. C. C.2*; Simioni, V. M.3
1-Acadêmica da Faculdade de Agronomia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU); 2-Acadêmica da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia
(UFU); 3-Profa. Dra. da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
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RESUMO
Objetivaram-se estatísticas descritivas, pelo programa SAS®, do período de gestação (PG), período de
serviço (PS) e do intervalo entre partos (IP) em um rebanho Holandês X Gir. Média para PG: 278,24 ± 5,20
dias, moda: 278 dias, coeficiente de variação (CV): 2%, (153 observações). Média para PS: 177,21 ± 98,91
dias, moda: 116 dias, CV: 56%, (194 observações). Média para IP: 455,20 ± 96,77 dias, moda: 500 dias, CV
de 21%, (169 observações). Concluiu-se: PG mostrou-se dentro dos valores normalmente citados na literatura
por ser uma característica métrica fenotípicamente pouco variável. PS mostrou-se elevado comprometendo a
duração do IP. Sugere-se atenção a fatores que podem afetar sua duração, como forma de reduzi-lo. IP
mostrou-se acima do ideal para se obter um produto/vaca/ano, em parte, conseqüência da elevada duração do
PS. Adoção de medidas que contribuem para a sua redução torna-se relevante à lucratividade do rebanho.
Palavras-chave: Intervalo de Partos. Período de Gestação. Período de Serviço.
INTRODUÇÃO
O desempenho reprodutivo de um rebanho leiteiro influência de forma relevante sua produtividade. Fatores
nutricionais, sanitários e problemas na identificação do cio contribuem para atraso no retorno à atividade
ovariana pós-parto, maior período de serviço e de intervalo entre partos, redução no período de lactação e
menor produção de bezerros por ano e durante sua vida útil. Conseqüentemente, os custos de produção são
elevados pela manutenção de animais com baixa produção no rebanho (SILVA, 2007). Neste contexto, a
adoção de metodologia estatística aplicada a bancos de dados estabelecidos através de escrituração
zootécnica sistemática e fidedigna torna-se essencial ao conhecimento do comportamento reprodutivo de
rebanhos. Desta forma é possível avaliar o quadro existente objetivando-se a definição de novas metas, o
conhecimento de fatores que estão comprometendo o desempenho reprodutivo, bem como, propor soluções
às deficiências detectadas. O objetivo deste trabalho consistiu no estudo descritivo do período de gestação,
período de serviço e do intervalo entre partos em mestiças Holandesas x Gir, visando conhecer o perfil do
desempenho reprodutivo do rebanho.
MATERIAL E MÉTODOS:
Os dados foram provenientes da Fazenda Olhos D’Água, município de Perdizes, MG. Suas pastagens são
formadas por Brachiaria brizanta cv. Marandu e Panicum maximum cv. Tanzânia. A propriedade dispõe de
instalações adequadas ao manejo geral do rebanho com estábulos, sala de ordenha, ordenhadeira mecânica,
bebedouros de água e pastos divididos por cercas convencionais e eletrificadas. O rebanho é constituído por
animais mestiços Holandês X Gir, variando de 50 a 97% de genes de origem da raça Holandês. As novilhas
são mantidas em pasto. A suplementação com sal mineral é realizada durante a seca, no entanto, na estação
das águas, ocorre apenas quando há disponibilidade do produto. Adicionalmente, na estação da seca, não
ocorre fornecimento de silagem às novilhas. Vacas em lactação na época da seca são submetidas a um
sistema de estabulação total. Após serem ordenhadas, permanecem por até duas horas no curral recebendo
silagem de milho, além de ração para vacas leiteiras. Na estação das águas as vacas em lactação não recebem
silagem, após a ordena são mantidas nos piquetes. Os acasalamentos ocorrem ao longo de todo o ano. A
monta natural é utilizada em novilhas mantidas a pasto, em outra fazenda. A inseminação artificial é utilizada
nas vacas em lactação mantidas na Fazenda Olhos D’Água. O diagnóstico de gestação é realizado por
veterinário contratado. Dada à inexistência de rufiões a detecção de cios é realizada unicamente pelo
administrador da fazenda. O rebanho é submetido ao manejo profilático e sanitário de rotina. As informações
são referentes ao período de 05/08/1997 a 03/03/2009 sendo originárias da escrituração zootécnica adotada
na propriedade e realizada manualmente por meio de fichário de controle reprodutivo individual das
matrizes. As análises estatísticas foram efetuadas com o uso do programa SAS®, versão 6.1. Através do
banco de dados disponível foram determinados: número de observações, média, desvio-padrão, coeficiente
de variação e moda.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O período de gestação apresentou média e desvio-padrão de 278,24 ± 5,20 dias, sendo o valor mais freqüente
de 278 dias, com coeficiente de variação de 2%, em 153 observações processadas. A literatura científica
reconhece que o período de gestação apresenta uma pequena amplitude de variação fisiológica, no entanto,
constatam-se diferenças entre raças e entre indivíduos de uma mesma raça. Portanto, é geneticamente
determinado, embora possa ser modificado por fatores maternos (idade da matriz) e fetais (fetos múltiplos,
sexo do feto, tamanho do feto). O período de duração de prenhez é fundamental para se diferenciar o parto
normal, do aborto ou do parto retardado (SCARPATI, 1997). Desta forma, o monitoramento da duração do
período de gestação de matrizes induz na detecção de possível ocorrência de gestações prolongadas ou, muito
curtas, ambas indesejáveis, refletindo na sobrevivência dos produtos e, conseqüentemente, na eficiência
econômica da criação. A literatura mostra períodos de gestação oscilando entre 273,79 a 279,80 dias em
mestiças Holandês X Gir. Desta forma, o rebanho apresentou estatísticas descritivas semelhantes às
usualmente encontradas para a característica em questão envolvendo os grupos genéticos avaliados, visto ser
uma característica quantitativa pouco variável, reforçando citações de Scarpati (1997). O período de serviço
médio com base em 194 registros analisados foi de 177,21 dias com desvio-padrão de 98,91 dias, sendo o
mais freqüente de 116 dias, com coeficiente de variação de 56%, o qual indica grande amplitude de variação.
Esta característica é fundamental à lucratividade da propriedade, uma vez que interfere diretamente na
duração do intervalo de partos com reflexos nos ganhos genéticos a serem obtidos. Segundo Ferreira et al.
(2001), o período de serviço médio considerado ideal em novilhas mestiças Holandês X Zebu no Brasil é de
até cem dias. Neste contexto, o rebanho em estudo apresentou média demasiadamente elevada, inviabilizando
o ideal de se obter intervalo médio entre partos em torno de doze meses. A identificação de prováveis fatores
que estejam contribuindo para a elevação deste período de serviço seria altamente desejável à melhora do
desempenho reprodutivo das matrizes. Assim, recomenda-se maior atenção ao manejo alimentar das novilhas,
a adoção e manutenção de adequado manejo nutricional pré e pós-parto das matrizes, bem como, o controle
sistemático de doenças infecciosas da reprodução através de rigoroso manejo profilático-sanitário.
Adicionalmente, maior eficiência na detecção de cios, utilização de sêmen de qualidade comprovada,
emprego de inseminadores reconhecidamente qualificados para o exercício da inseminação artificial e maior
pressão de seleção de fêmeas com base na fertilidade são medidas que contribuiriam para redução do período
de serviço. Vale lembrar que do ponto de vista do melhoramento genético, períodos de serviço longos
induzem menores intensidades seletivas a serem aplicadas e, conseqüentemente, refletem de forma
desfavorável sobre os ganhos genéticos a serem alcançados. O intervalo entre partos obtido revelou média
geral de 455,20 dias com desvio-padrão de 96,77 dias, sendo o valor mais freqüente de 500 dias, com
coeficiente de variação de 21%, em 169 observações processadas. Trata-se reconhecidamente de um caráter
métrico relevante na avaliação do comportamento reprodutivo de uma população sendo resultante da ação
conjunta da herança e do meio. É dependente de práticas de manejo (nutricional, reprodutivo, profiláticosanitário) e de fatores patológicos e fisiológicos, segundo Mattos e Rosa (1984 apud GRESSLER, 1998). A
ocorrência de intervalos de partos curtos contribui para obtenção de maiores ganhos genéticos por
propiciarem maior vida útil e, conseqüentemente, maior intensidade seletiva, bem como, menores intervalos
entre gerações. De acordo com Ferreira et al. (2001), o intervalo médio entre partos considerado ideal em
novilhas mestiças Holandesas X Zebu no Brasil é de até 380 dias. Desta forma, os resultados constatados
evidenciaram intervalo de partos médio relativamente acima do considerado ideal à satisfatória exploração
leiteira, no entanto, com possibilidade de redução do mesmo. Considerando-se que o intervalo de partos é
resultante do período de serviço adicionado ao período de gestação e, sendo este último um caráter que
assume pouca variabilidade, significa dizer que a quase totalidade da variação na duração do intervalo de
partos é atribuída à duração do período de serviço. Desta forma, intervalos de partos mais curtos poderiam ser
alcançados com a adoção de medidas que induzam à redução do período de serviço.
REFERÊNCIAS
1-FERREIRA, A. M.; SÁ, W. F.; CAMARGO, L. S. A.; VIANA, J. H. M. Manejo Reprodutivo de Rebanhos
Leiteiros. In: Embrapa Gado de Leite; FEPALE. (Org.). Capacitação em Tecnologias para Produção de
Leite nos Trópicos. 1. ed. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2001, v. 1, p. 85-97.; 2-GRESSLER, S.L.
Estudo de fatores de ambiente e parâmetros genéticos de algumas características reprodutivas em animais da
raça Nelore. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte,p.149. 1998. ;3-SCARPATI, M. T. V. Modelos animais alternativos para estimação de
componentes de co-variância e de parâmetros genéticos e fenotípicos do período de gestação na raça nelore.
Dissertação (Mestrado em Genética). Universidade de São Paulo: Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto, Ribeirão Preto, p.70. 1997.; 4-SILVA, E. V. Análise descritiva de características reprodutivas e da
produção de leite de um rebanho bovino mestiço no município de Uberlândia. Monografia – Faculdade de
Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, p.44, 2007.;4-STATISTICAL
ANALYSIS SYSTEMS INSTITUTE. Statistical analysis systems user´s guide: Stat, Version 6. 4th ed.
Cary: SAS Institute,v.2. 1990.
ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO NO MUNICÍPIO
DE ARAGUARI - MG
Andrade, R.B1 *; Oliveira, R.P. 1; Morais,H.R.1 ; Silveira A.C.P.2
1-Graduando em Medicina Veterinária (FAMEV-UFU); 2-Professora em ciências veterinárias (FAMEVUFU)
[email protected]
RESUMO
A utilização de provas físico-químicas permite verificar se o leite apresenta composição aceitável para o
consumo humano. Desta forma o presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade físico-química do
leite pasteurizado e consumido na cidade de Araguari-MG. Foram analisadas 18 amostras de leite
pasteurizado de três diferentes marcas (A, B, e C). As amostras foram coletadas e realizadas as provas de
acidez Dornic, Densidade, Gordura, Extrato Seco Total (EST) e Extrato Seco Desengordurado (ESD). Os
resultados comprovaram que das 18 amostras analisadas 17 estavam no padrão para densidade, 15 para acidez
Dornic, 09 para gordura, 06 para EST e 10 para ESD. Portanto os resultados sugerem condições impróprias de
processamento e estocagem do leite ou também qualidade inadequada de matéria prima, fora do padrão
estabelecido pela legislação sendo o produto impróprio para o consumo.
Palavras chaves: Qualidade do leite, análise físico-química, inspeção de leite.
INTRODUÇÃO
O leite obtido em circunstâncias naturais é uma emulsão de cor branca, ligeiramente amarelada, de odor suave
e gosto adocicado. Atualmente, o leite que mais se utiliza na produção de laticínios é o de vaca. O leite
proveniente da vaca é o mais importante para a dieta humana e o que tem mais aplicações industriais. O leite
poderá apresentar uma variedade de microrganismos patogênicos em decorrência de processos inflamatórios
do úbere ou de enfermidades no rebanho. A quantidade de microrganismo no leite constitui importante
indicador de sua qualidade e pressupõe a saúde da vaca, a higiene de ordenha. Os microrganismos
contaminantes do leite são relevantes, podendo causar alterações indesejáveis, comprometendo sua qualidade
e de seus derivados. Sabendo-se que o leite não deve ser consumido cru devido a presença de microrganismos
patogênicos que podem causar DTA (Doenças Transmitidas por Alimentos), a Instrução Normativa n°51, de
18 de setembro de 2002 foi criada para estabelecer os padrões para o leite pasteurizado. Considerando que
inúmeras pesquisas em nosso país têm evidenciado a ocorrência de leite pasteurizado fora dos padrões legais
e que tais alterações podem afetar as características físico-químicas deste, o presente trabalho teve como
objetivo fazer um levantamento das condições físico-químicas do leite pasteurizado comercializado na cidade
de Araguari MG, para comparação com os padrões vigentes no país.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram coletadas 18 amostras de três diferentes marcas comerciais de leite pasteurizado da cidade de
Araguari-MG, no período de Fevereiro a Março de 2009. Ao serem coletadas as amostras foram
encaminhadas até o Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar da Universidade Federal de
Uberlândia. Foram realizadas análises físico-químicas que compreenderam a determinação da densidade a 15°
C; acidez titulável em ácido lático pelo método de Dornic; gordura; extrato seco total e extrato seco
desengordurado. Para a determinação da gordura foi colocado em uma proveta de 250 ml de leite, mergulhouse o termolactodensímetro; após a estabilização foi feita a leitura da densidade e da temperatura. A
determinação da densidade à temperatura diferente de 15°C foi corrigida pela tabela (BRASIL, 2006). Para
determinação da acidez em °Dornic transferiu-se para um erlenmeyer 10 ml de leite, adicionou-se 2 a 3 gotas
de solução alcoólica de fenolftaleína a 1%, sendo titulado com solução de NaOH N/9 com agitação constante
até a amostra adquirir coloração rosa clara o volume de NaHO gastos foi anotado (BRASIL, 2006). Para
determinação da gordura foi transferido para o butirômetro de Gerber 10 ml de ácido sulfúrico e 11 ml de
leite; foi adicionado 1 ml de álcool amílico. A seguir o butirômetro foi colocado na centrífuga de Gerber e
centrifugado por 5 minutos. Retirou-se o butímetro da centrífuga e colocou em banho-maria por 1 a 2
minutos. Foi feita a leitura da porcentagem de gordura na escala do butímetro (BRASIL, 2006). O extrato
seco total foi determinado através do disco de Alckerman. No procedimento coincidiram as graduações dos
círculos internos e médios correspondentes á densidade corrigida a 15°C e à % de gordura, respectivamente.
A posição do ponteiro indicou no círculo externo a % do extrato seco total. O extrato seco desengordurado foi
estimado pela diferença entre o extrato seco total e a porcentagem de gordura. (BRASIL, 2006).
RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos nas análises físico-químicas das três marcas de leite A, B e C pasteurizados e
comercializados na cidade de Araguari-MG sendo cada marca representada por seis amostras estão descritos
abaixo. A acidez titulável do leite deve apresentar valores entre 14 e 18° Dornic (°D), que representa 0,14 a
0,18 em ácido lático previsto pela legislação (BRASIL, 2002). Entretanto observou-se que três amostras da
marca C (50%) apresentaram acidez elevada, com valores acima de 18°D, podendo indicar falhas na
higienização ou temperaturas elevadas no transporte, levando a proliferação bacteriana e consequentemente
produção de ácido lático. De acordo com a legislação a porcentagem de gordura no leite pasteurizado é no
mínimo 3% valores inferiores podem ser indício de falha na padronização do teor de gordura utilizado como
matéria prima. Desta forma uma amostra da marca A (16,66%), quatro amostras da marca B (66,66%) e
quatro amostras da marca C (66,66%) apresentaram valores abaixo do estabelecido pela legislação, indicando
consequentemente ausência na padronização do teor de gordura. O extrato seco total deve apresentar valores
entre 11,5 e 13,5 %. Porém, algumas amostras apresentaram porcentagens abaixo de 11,5% sendo três
amostras da marca A (50%), seis amostras da marca B (100%) e três amostras da marca C (50%) (BRASIL,
2002). Em relação ao extrato seco desengordurado o valor mínimo segundo a legislação deve ser de 8,4%
(BRASIL, 2002). Este extrato seco desengordurado representa a diferença entre o extrato seco total e a
porcentagem de gordura. Verificou-se que três amostras da marca A (50%) e cinco amostras da marca B
(83,33%) apresentaram valores menores do que o mínimo estabelecido pela legislação. Resultados inferiores
ao padrão regulamentar de extrato seco total e desengordurado pode ser indício de fraude por adição de água,
mesmo com a densidade do leite normal, pois existem substâncias como açucares e cloretos que ao serem
adicionadas ao leite regula a densidade deixando-a com valores normais perante a legislação, ou também pode
indicar ausência de padronização de matéria prima, já que o leite dos animais é afetado pela sua condição
física, clima, raça, fase de lactação e alimentação. Em análise de leite consumido na região de São José do
Rio Preto-SP, Hoffman et al. (1999) determinaram que 7,1% das amostras analisadas de leite pasteurizado
encontravam-se fora do padrão. Estes valores mesmo fora do padrão foram inferiores aos do presente
trabalho. Beloti et al (1996b), em relação às análises físico-químicas, obteve 15% de amostras fora do padrão
para acidez, 5% para gordura, 22,5% para densidade, 5% para extrato seco desengordurado. Sendo todos os
valores inferiores ao do presente trabalho, exceto a densidade que foi superior. Estes resultados obtidos
indicam que as rotinas de limpeza e sanificação precisam ser revistas e aperfeiçoadas, sugerindo que as
atenções sejam maiores em relação à sanificação de máquinas e equipamentos que entram em contato com o
leite após a pasteurização.
CONCLUSÃO
Analisando as três marcas de leite pasteurizado, comercializados na cidade de Araguari-MG, no período de
Fevereiro a Março de 2009, pode-se afirmar que as amostras apresentaram irregularidades em variados
percentuais, nas análises físico-químicas. Os problemas encontrados evidenciaram a necessidade de
implementação de ações que possam identificar falhas no processamento do produto e maior rigor em sua
fiscalização pelos órgãos responsáveis. Devem ser implantados programas de qualidade que garantam um
controle das condições higiênico-sanitárias das indústrias de beneficiamento durante todo o processo,
garantindo, desta forma, um produto seguro e de melhor qualidade aos consumidores.
REFERÊNCIAS
1-BELOTI, V.; BARROS, M.A.L.; FREIRE, R.L.; MARTINS, L.G.G.; SOUZA, J.A.; MANDUCA, S.;
OSAKI, S. Aspectos Físico-Químicos do Leite Pasteurizado Tipo C Consumido na Cidade de Londrina. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA 24. 1996 Goiânia. Anais... Goiânia:
Sociedade Goiana de Veterinária, 1996b, p. 205.; 2-BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Instrução Normativa nº 51, de 18
de setembro de 2002. Aprova e oficializa o Regulamento Técnico de identidade e qualidade de leite
pasteurizado tipo C refrigerado. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília,
n.172, p.8-13, 20 de setembro de 2002. Seção 1.; 3-BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Instrução Normativa n°68, de 12 de Dezembro de 2006. Oficializa os Métodos Analíticos
Oficiais Físico-químicos, para controle de leite e Produtos Lácteos. . Diário Oficial da União da República
Federativa do Brasil, Brasília-DF, 12 de Dezembro de 2006. Seção1.; 4- HOFFMAN, F.L.; GARCIACRUZ, C.H.; VINTURIM, T.M.; FAZIO, M.L.S. Microbiologia do Leite Pasteurizado Tipo “C”
comercializado na região de São José do Rio Preto – SP. Higiene Alimentar, São Paulo, v. 13, n. 65, p. 5154, 1999.
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE CARCAÇA SUÍNA EM TRÊS PONTOS PREDETERMINADOS
DO ABATE
Ducas, C.T.S.1*; Coelho, L.R.1; Moreira, M.D.2 ; Nascimento, C.C.N.3*
1-Médico Veterinário; 2-Professor Assistente VI da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia. 3-Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da
Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia Av. Pará, 1720, Campus Umuarama - Bloco 2T, CEP 38400-902. Uberlândia, MG.
[email protected]
RESUMO
O trabalho teve por objetivo avaliar a presença de Salmonella spp., coliformes totais e termotolerantes em
carcaças suínas com o auxílo de swab. Analisaram-se três etapas distintas no abate (pontos A, B, C), total de
18 carcaças. Realizou-se a pesquisa no período de Setembro à Outubro de 2008, junto ao matadouro
frigorífico em Uberlândia-MG. Encaminharam-se as amostras ao Laboratório de Controle de Qualidade e
Segurança Alimentar da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia
(FAMEV/UFU). Determinou-se a quantidade de coliformes através da técnica de Número mais Provável
(NMP) e de Salmonella spp. ausência/presença. Não foi identificado Salmonella spp. nas amostras avaliadas.
E quanto aos coliformes, no ponto C ocorreu maior contaminação, pois das 6 carcaças analisadas 4 estavam
contaminadas. Enquanto no ponto B apenas 1 carcaça estava contaminada e no ponto A não houve
contaminação. No entanto, não houve diferença significativa entre os pontos.
Palavras chave: Coliformes termotolerantes, coliformes totais, Salmonella spp.
INTRODUÇÃO
É ampla a gama de microrganismos ocorrentes nas carnes, por causa de sua complexa composição (proteínas,
glicídios, lipídios, vitaminas e sais minerais), de seu elevado teor de umidade (65 a 75%) e de um pH
apropriado ao desenvolvimento microbiano. A carne está exposta às contaminações em todas as fases,
particularmente nas operações em que é mais manipulada e sempre que não são tomados cuidados especiais
com o condicionamento da atmosfera em volta dela. Entre os microrganismos contaminantes, oriundos das
pessoas doentes ou de portadores assintomáticos, encontram-se: Salmonella spp., Shigella spp., Escherichia
coli, Staphylococcu aureus, Clostridium perfringens e estreptococos fecais. Os perigos, quando de natureza
microbiana, decorrem não apenas de enfermidades transmissíveis ao homem pela ingestão de alimentos
contaminados, mas também se devem às toxinfecções alimentares e às micotoxicoses. Salmonella spp. é a
segunda principal causa de doenças de origem alimentar em muitos países desenvolvidos. (BARROS et al.,
2002). Suínos infectados pela grande maioria dos sorovares de Salmonella spp. não exibem sinais clínicos da
doença, sendo, porém, portadores que podem excretar a bactéria de forma intermitente (CASTAGNA et al.,
2003). A presença de coliformes totais e Escherichia coli em alimentos processados segundo Silva (2007) é
considerada uma indicação útil de contaminação pós–sanitização ou pós-processo, evidenciando práticas de
higiene e sanificação aquém dos padrões requeridos para o processamento de alimentos.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada no período de Setembro à Outubro de 2008, junto ao matadouro frigorífico em
Uberlândia-MG, que opera sob fiscalização do Serviço de Inspeção Federal. As amostras foram obtidas de 18
carcaças suínas, escolhidas aleatoriamente, e enviadas ao laboratório para a pesquisa de Salmonella spp. e de
coliformes termotolerantes e totais. A coleta das amostras foi feita através do uso de swabs, imersos em
solução salina 1%, devidamente identificados, e matindos em caixa isotérmica sob refrigeração (2 a 8ºC),
sendo a seguir encaminhado ao Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar (FAMEV/UFU)
onde foram realizadas as análises e avaliação dos resultados. O swab estéril foi utilizado em ziguezague numa
área que abrangeu a região do traseiro, ponta de agulha e dianteiro. E foram realizadas em três etapas do
processo de abate suíno: pós evisceração (ponto A), após a última lavagem da carcaça (ponto B) e antes da
carcaça ser armazenada em câmera fria (ponto C). Para as análises microbiológicas empregadas nesta
pesquisa, adotou-se a metodologia analítica de acordo com a Instrução Normativa n° 62 do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (BRASIL, 2003). No laboratório foram efetuadas análises para
estimar o NMP (Número Mais Provável) de coliformes termotolerantes e fecais e pesquisa de Salmonella ssp.
Após a coleta, os dados foram processados, estimadas as respectivas freqüências de ocorrência e dispostos em
tabelas. Para a pesquisa de Salmonella spp., não foi necessária a aplicação de metodologia estatística. Para a
análise de coliformes totais e termotolerantes, foi utilizado o teste χ2 (Qui-quadrado) com Yates corrigido,
sendo o valor de p= 0,24. O programa utilizado foi o software Statistica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados para a pesquisa apresentaram ausência de Salmonella spp. em 100% das carcaças analisadas nos
diferentes pontos (A, B, C). O ponto A (pós-evisceração) é extremamente crítico, pois segundo Zardeh (2001)
durante a evisceração pode ocorrer à ruptura das vísceras e a conseqüente saída do conteúdo intestinal sobre
as carcaças, podendo levar a uma subseqüente contaminação cruzada. De acordo com Van der Gaag et al.
(2003) pode-se observar que na fase de evisceração até resfriamento pode ocorrer a inversão do status de
contaminação das carcaças, dependendo das práticas de higiene adotadas no abatedouro. Um suíno infectado
pode tornar-se uma carcaça livre de Salmonella spp. se a evisceração é conduzida cuidadosamente, sem
contaminar a carcaça. Por outro lado, carcaças de suínos livres de Salmonella spp. podem tornar-se positivas
devido à contaminação cruzada por bactérias presentes em outras carcaças ou nos equipamentos. E quanto aos
resultados das análises dos coliformes, essas demonstraram que o ponto C apresenta maior contaminação por
coliformes termotolerantes e totais, enquanto que no ponto A não houve contaminação e no ponto B apenas
uma amostra apresentou contaminação, de acordo com a Tabela 1 abaixo.
Tabela 1 – Contagem de colônias de coliformes termotolerantes e totais (NMP/g) nos pontos A, B e C, no
período de Setembro a Outubro de 2008, em matadouro frigorífico de Uberlândia, MG.
PONTOS
AMOSTRAS
1
2
3
4
5
6
A
-
-
-
-
-
-
B
-
-
-
-
-
0,3x101
C
-
0,36X101
2,3X101
2,3X101
2,3X101
-
E embora não exista legislação vigente que estabeleça padrão de identidade e qualidade para presença de
coliformes termotolerantes e totais para swab em carcaça, os valores encontrados para os micorganismos em
questão podem representar riscos à saúde dos consumidores. Segundo Frazier (1972) as bactérias do grupo
coliformes são prejudiciais para os alimentos, onde sua presença determina inutilidade dos mesmos. A fase
crítica no ponto C é a maior manipulação das carcaças pelos operadores. Uma vez que, as bactérias
patogênicas podem ser encontradas nas mãos dos mesmos após o uso de sanitários, manipulação de alimentos
crus ou até mesmo ao tocar superfícies sujas. Os manipuladores de alimentos têm um importante papel na
prevenção de toxinfecções alimentares. A preocupação comum é com relação à passagem dos
microrganismos das pessoas para os alimentos, a partir da pele das mãos e de outras superfícies do corpo
(HOBBS & ROBERTS, 1999). Assim, é importante reforçar aos manipuladores do frigorífico, a necessidade
de cuidados em todas as etapas do abate, evitando a contaminação cruzada, intensificando medidas de
higiene, praticando e cumprindo os princípios instituídos pelos planos de controle de qualidade para reduzir
ao máximo a contaminação do produto final.
REFERÊNCIA
1-BARROS, V. R. M.; PAVIA, P. C.; PANETTA, J. C. Salmonella spp: sua transmissão através dos
alimentos. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.16, n.94, p.15-19, 2002; 2-BRASIL. Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa nº 62, de
26 de agosto de 2003. Oficializar os Métodos Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle
de Produtos de Origem Animal e Água. ; 3-CASTAGNA, S. M. F. et al. Associação da prevalência de suínos
portadores de Salmonella sp ao abate e a contaminação de embutidos tipo frescal. In: CONGRESSO DE
VETERINÁRIOS ESPECIALISTAS EM SUÍNOS, 11., 2003, Goiânia. Anais... Goiânia, 2003.; 4-FRAZIER,
W. C. Microbiologia de los alimentos. Tradução por Victoria A. Augustin. Zaragoza: Acribia, 1972. 512p.;
5-HOBBS, B. C.; ROBERTS, D. Toxinfecções e controle higiênico-sanitário de alimentos. São Paulo:
Varela, 1999. 478p.; 6- SILVA, N.; JUNQUEIRA, V. C. A.; SIVEIRA, N. S. A. Manual de métodos de
análise microbiológica de alimentos. 3. ed. São Paulo: Livraria Varela, 2007. p. 135-150. ; 7- VAN DER
GAAG, M. A. et al. A state- transition simulation model for the spread of Salmonella in the pork supply
chain. European Journal of Operational Research, 2003. Disponível em: <http://www.scirus.com>. Acesso
em: 02 out. 2006.; 8-ZARDEH, J. K. M. A. H. Aspectos Higiênico-Sanitários no Abate de Frangos. 2001.
166f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia dos Alimentos) - Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, 2001.
ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO NO
MUNICÍPIO DE ARAGUARI - MG
Andrade, R. B.1 *; Oliveira, R.P.1 ; Morais, H.R.1 ; Silveira A.C.P.2
1-Graduando em Medicina Veterinária (FAMEV-UFU); 2-Professora em ciências veterinária (FAMEV-UFU)
[email protected]
RESUMO
A utilização de provas microbiológicas permite verificar se o leite apresenta-se como um produto seguro e de
qualidade aos consumidores. Neste trabalho foram analisadas 18 amostras de leite pasteurizado de três
diferentes marcas (A, B, e C) comercializado na cidade de Araguari MG. As amostras coletadas foram
encaminhadas ao Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar, da Faculdade de Medicina
Veterinária, da Universidade Federal de Uberlândia onde foram realizadas a Contagem padrão de bactérias
aeróbias mesófilas, Coliformes Totais e Fecais. A metodologia que foi utilizada nas análises seguiu as
normas preconizadas pelos Métodos Analíticos Oficiais para Controle de Produtos de Origem Animal. Os
resultados comprovaram que das 18 amostras analisadas estavam dentro do padrão quatro para aeróbios
mesófilos, cinco para coliformes totais, cinco para coliformes fecais, mostrando a notória necessidade da
inspeção do leite que gera informações utilizadas para determinar o destino do produto sendo aceitável para o
consumo humano ou descartado. Considerando que inúmeras pesquisas em nosso país têm evidenciado a
ocorrência de leite pasteurizado fora dos padrões microbiológicos legais, o trabalho teve como objetivo fazer
um levantamento das condições microbiológicas do leite pasteurizado comercializado na cidade de Araguari
MG.
Palavras chaves: Qualidade do leite, análises microbiológica, inspeção de leite.
INTRODUÇÃO
Em função da grande produtividade brasileira e do crescente questionamento a cerca da qualidade do leite
consumido, a inspeção dos produtos de origem animal tornou-se fundamental para que a população tenha a
seu dispor alimentos inócuos ao consumo. O trabalho de inspeção gera uma série de informações importantes
sobre o alimento inspecionado, tais informações são utilizadas para determinar o destino do produto, se
liberado para consumo ou condenado parcial ou totalmente. O leite e seus derivados são alimentos que devem
sofrer análises microbiológicas, uma vez que a simples análise sensorial não é suficiente para identificar
características indesejáveis. As análises realizadas são eficazes instrumentos a serviço da defesa do
consumidor. Para assegurar a qualidade microbiológica do leite, torna-se necessário um tratamento térmico
realizado através da pasteurização. Dessa forma podem-se eliminar os microrganismos patogênicos e
deteriorantes, além de preservar o valor nutricional e as características sensoriais do produto. O conhecimento
do resultado das análises do leite pasteurizado permite verificar se o leite apresenta carga microbiana dentro
dos limites aceitáveis de qualidade para o consumo humano.A preocupação com a higiene do leite, deve
ocorrer durante as etapas subseqüentes á pasteurização: embalagem, transporte e comercialização. A
contaminação pós-pasteurização do leite e produtos lácteos está geralmente associada á limpeza inadequada
dos equipamentos de embalagem. Contagens de bactérias mesófilas elevadas podem indicar falta de higiene
na produção, desinfecção insuficiente, condições de tempo e temperatura inadequadas durante a produção e
conservação. Já a contagem de coliformes no leite considerado devidamente pasteurizado, geralmente indica
recontaminação. Portanto para que o leite seja considerado como de boa qualidade deve apresentar sabor
agradável, valor nutritivo, ausência de agentes patogênicos e baixa carga microbiana.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram analisadas 18 amostras, de três diferentes marcas de leite pasteurizado (A, B, e C) coletadas na cidade
de Araguari-MG no período de Fevereiro a Março de 2009. Foram realizadas análises microbiológicas e os
resultados comparados com os padrões estabelecidos pela legislação brasileira para leite pasteurizado. Ao
coletado, as amostras foram enviadas ao Laboratório de Controle de Qualidade e Segurança Alimentar da
Universidade Federal de Uberlândia. As análises microbiológicas compreenderam a Determinação do
Número mais Provável (NMP) de coliformes totais; Determinação do NMP de coliformes fecais e Contagem
padrão de bactérias aeróbias mesófilas. Para a determinação do NMP de coliformes totais a partir da diluição
inicial, foi inoculados volumes de 1 ml em três tubos, contendo 9 ml de caldo verde brilhante 2% em
concentrações simples (10-1 ), foi preparada a diluição 10-2 em solução salina estéril 0,85%. Inoculou 1 ml da
diluição 10-2 na terceira série de tubos. Os tubos foram incubados a 36°C +/- por 48 horas. A presença de
coliformes totais foi confirmada pela tabela de NMP (BRASIL, 2003). A determinação do NMP de
coliformes fecais foi feita a partir dos tubos positivos para coliformes totais, onde foi transferida uma alçada
de cada cultura para tubos contendo caldo EC. Após a inoculação os tubos foram incubados a 45 +/- 0,2°C
por 24 a 48 horas em banho-maria. A presença de coliformes foi confirmada pela formação de gás (BRASIL,
2003). Para determinar a contagem padrão de bactérias aeróbias mesófilas às amostras foram diluídas, a partir
da diluição inicial (10-1), utilizando solução salina estéril 0,85%, e em seguida semeados 1 ml de cada
diluição selecionada (10-3 e 10-4) em placas de Petri, onde foi adicionada 15 ml de Ágar para Contagem
Padrão. A incubação foi feita com as placas invertidas a 36 +/- 1°C por 48 horas e em seguida a contagem do
número de colônia que foi multiplicada pelo inverso da diluição (BRASIL, 2003).
RESULTADO E DISCUSSÃO
Analisando a contagem de bactérias aeróbias mesófilas verificou-se que três amostras da marca A (50%), seis
amostras da marca B (100%) e cinco amostras da marca C (83,33%), apresentaram valores superior a 3,0x 105
UFC/mL (BRASIL, 2002). acima do padrão estabelecido pela legislação. O resultado encontrado pode estar
diretamente relacionado com falhas em relação a higiene de beneficiamento, limpeza e desinfecção
insuficientes de embalagens e locais de armazenamento ou ainda temperaturas inadequadas de conservação do
produto. Em relação ao número mais provável de coliformes totais o padrão vigente, conforme a legislação,
não deve exceder a 4 NMP/mL (BRASIL, 2002) o que não foi observado em duas amostras na marca A
(33,33%), em cinco amostras da marca B (83,33%) e seis amostras da marca C (100%). A presença de
coliformes totais no leite pasteurizado indica pasteurização incorreta ou pode indicar uma recontaminação
pós-pasteurização provinda de embalagem ou locais de armazenamento inadequadamente higienizados
(BRASIL, 2002). Na determinação do número mais provável de coliformes fecais, uma amostra da marca A
(16,66%), seis amostras da marca B (100%) e seis amostras da marca C (100%) apresentaram irregularidades
em relação ao padrão que não deve exceder a 2 NMP/mL pela legislação (BRASIL, 2002). A presença de
coliformes fecais no leite pasteurizado indica pasteurização e higienização inadequadas assim como
observamos em leites com presença de coliformes totais. Freitas et al (2002), analisando o leite consumido
em Belém- Pará obteve o seguinte resultado, das 51 amostras de leite pasteurizado, 19,6% ultrapassaram o
limite para coliformes fecais, sendo este resultado inferior ao do presente trabalho. Em análise do leite
consumido na cidade de Londrina-PR, Beloti et al (1996a) encontrou 17,5% de amostras fora do padrão para
coliformes fecais, sendo este valor inferior ao encontrado no presente trabalho. Sendo todos os valores
inferiores ao do presente trabalho, exceto a densidade que foi superior. Os resultados indicam a necessidade
de uma ação mais efetiva no controle de microrganismos no leite. Estes resultados mostram que se faz
necessário aprimorar as rotinas de limpeza e sanificação de máquinas e equipamentos que entram em contato
com o leite após a pasteurização.
CONCLUSÕES
As três marcas de leite pasteurizado, comercializados na cidade de Araguari-MG no período de Fevereiro a
Março de 2009, apresentaram amostras irregulares em relação às análises microbiológicas. Os resultados
encontrados evidenciaram a falta de controle higiênico-sanitário durante o processamento e armazenagem do
leite pasteurizado, demonstrando a necessidade de maior rigor em sua fiscalização pelos órgãos responsáveis
e isso tem sido feito através de vários instrumentos utilizados pelos serviços de inspeção com a finalidade de
garantir qualidade aos alimentos, como, por exemplo, as Boas Práticas de Fabricação (BPF) e o sistema de
Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), sendo fundamental para a melhoria da qualidade
do leite produzido no Brasil que resultarão em um produto final padronizado, de qualidade superior e que
atenderá as exigências do mercado nacional garantindo, desta forma, um produto seguro e de melhor
qualidade aos consumidores.
REFERÊNCIAS
1-BELOTI, V.; BARROS, M.A.L.; FREIRE, R.L.; MARTINS, L.G.G.; NERO, L.A.; OLIVEIRA, A.E.S.
Aspectos Microbiológicos do Leite Pasteurizado Tipo C Consumido na Cidade de Londrina. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA 24. 1996a, Goiânia. Anais... Goiânia:
Sociedade Goiana de Veterinária, 1996a, p. 206.; 2-BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal. Instrução Normativa nº 51, de 18
de setembro de 2002. Aprova e oficializa o Regulamento Técnico de identidade e qualidade de leite
pasteurizado tipo C refrigerado. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília,
n.172, p.8-13, 20 de setembro de 2002. Seção 1. ; 3-BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional
de Defesa Agropecuária. Laboratório Nacional de Referência Animal. Métodos Analíticos Oficiais para
Controle de Produtos de Origem Alimentar. Brasília, 2003.; 4-FREITAS, J. A.; OLIVEIRA, J.
P.;SUMBO, F. D.; CARVALHO, R. C. F.; AMORIM, B.; MORAES, R. J.; MARINHO, R.; SARRAF, K.
A. Características físico-químicas e microbiológicas do leite fluido exposto ao consumo na cidade de Belém,
Pará. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.16, n.100, p.89-96, 2002.
ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS DE LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO NO
MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, MG
Oliveira, R. P1*.; Andrade, R. B1.; Silveira. A. C. P2.
1-Graduandas em Medicina Veterinária-Universidade Federal de Uberlândia; 2-Docente da Faculdade de
Medicina Veterinária da UFU
[email protected]
RESUMO
A avaliação da contaminação microbiológica do leite é um dos parâmetros importantes para determinar sua
vida útil. O objetivo deste trabalho foi avaliar as características microbiológicas de leite pasteurizado
comercializado no município de Uberlândia-MG, e compará-las com os padrões estabelecidos pela legislação
em vigor. Analisou-se 18 amostras, de três marcas de leite pasteurizado coletadas no comércio do município,
realizadas no Laboratório de Controle de Qualidade de Segurança Alimentar, da Universidade Federal de
Uberlândia, nos meses de fevereiro a março de 2009. Foram encontrados os seguintes resultados fora dos
padrões: 7 amostras (38,88%) para contagem de bactérias mesófilas, 13 (72,22%) amostras para coliformes
totais e 8 (44,44%) para coliformes fecais. Conclui-se que, de modo geral a qualidade do leite pasteurizado
analisado não foi satisfatória, ou seja, não estavam conforme as normas vigentes em relação às análises
microbiológicas.
Palavras-chave: Lácteo. Pasteurização. Qualidade.
INTRODUÇÃO
Bactérias, vírus, fungos e leveduras são os principais microrganismos relacionados com a contaminação do
leite. Com relação às bactérias, o leite pode proporcionar o desenvolvimento de dois grandes grupos: os
mesófilos e os psicrotróficos (FONSECA; SANTOS, 2000). Microrganismos aeróbios mesófilos são todos
aqueles capazes de crescer em temperaturas de 35-37º C em condições de aerobiose. Esses indicam a
qualidade com que o alimento foi obtido ou processado, e sua presença em altas contagens é sugestiva de
procedimento higiênico inadequado na produção, no beneficiamento ou na conservação, dependendo da
origem da amostra. Já os coliformes fecais pertencem ao grupo dos coliformes totais que continuam
fermentando a lactose, produzindo ácido e gás quando incubados a 44,5ºC +/- 0,5ºC. Indica uma possível
contaminação de origem fecal, assim como eventual ocorrência de enteropatógenos (FRANCO; LANGRAF,
1996). Para controlar o nível de contaminações é necessário realizar os testes microbiológicos que são
fundamentais para a melhoria da qualidade do leite produzido no Brasil que resultará em um produto final
padronizado, de qualidade superior, com menos risco à saúde e que atenderá as exigências do mercado
nacional e internacional (RIBEIRO; STUMPF; BUSS, 2000). Este trabalho teve como objetivo avaliar os
aspectos microbiológicos de leites pasteurizados no município de Uberlândia-MG, através dos testes de
Contagem Padrão de bactérias aeróbias mesófilas, Determinação do Número mais Provável (NMP) de
coliformes totais e fecais.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram feitas as análises de dezoito amostras, de três marcas (A, B e C) de leite pasteurizado, coletadas no
comércio do município de Uberlândia-MG, com intervalo de uma semana entre cada coleta, no período de
fevereiro a março de 2009. As amostras foram coletadas todas às vezes no mesmo ponto de venda, sempre
durante a manhã e apresentavam inspeção federal. As amostras foram transportadas até o laboratório em caixa
isotérmica contendo gelo, e as análises foram realizadas logo em seguida, no mesmo dia da coleta.
As
análises das amostras foram realizadas no Laboratório de Controle de Qualidade de Segurança Alimentar, da
Faculdade de Medicina Veterinária, da Universidade Federal de Uberlândia (LCQSA/ FAMEV/ UFU). As
análises das amostras foram realizadas no Laboratório de Controle de Qualidade de Segurança Alimentar, da
Faculdade de Medicina Veterinária, da Universidade Federal de Uberlândia, de acordo com a metodologia
analítica recomendada pelo Ministério da Agricultura (BRASIL, 2003), e os resultados foram comparados
com a instrução normativa n°51 (BRASIL, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 2 estão descritos os resultados das análises microbiológicas. O valor máximo de bactérias mesófilas
estabelecido pela legislação (BRASIL, 2002), é de 3,0 x 105 para leite pasteurizado tipo C. Entretanto,
verificou-se que quatro amostras da marca A (66,6%), duas amostras da marca B (33,3%) e uma da marca C
(16,6%) apresentaram valores acima do padrão estabelecido. Na determinação do número mais provável de
coliformes totais, todas as amostras da marca A apresentou resultados maiores que quatro NMP/mL
(BRASIL, 2002), cinco amostras da marca B (83,3%) e quatro da marca C (66,6%) também obtiveram
resultados maiores ao mínimo exigido pela legislação. Em relação ao número mais provável de coliformes
fecais, duas amostras da marca A (33,3%), quatro amostras da marca B (66,6%) e duas da marca C (33,3%)
apresentaram valores superiores ao padrão vigente (BRASIL, 2002). Em um trabalho realizado em João
Pessoa - PB, analisando duas marcas de leite pasteurizado, concluíram que 65,63% das amostras de uma
marca A e 32,25% das amostras de uma marca B se encontraram fora dos padrões vigentes para coliformes
totais. Em relação a coliformes fecais, 34,38% das amostras da marca A e 6,25% da marca B também estavam
fora dos padrões legais (LEITE, 2000). Os resultados encontrados para contagem de bactérias mesófilas
foram inferiores aos encontrados por Carvalho et al., (2004) que apresentou em seu trabalho, 86,7% de leite
pasteurizado fora dos padrões, analisando leite tipo “C” proveniente de uma mini-usina da cidade de Patos,
Paraíba. Segundo Riedel (1992) pode ocorrer com certa freqüência a contaminação do leite pós-pasteurização
nas fases finais de industrialização, mesmo que os registros automáticos do equipamento de pasteurização
estejam funcionando corretamente e indiquem a pasteurização dentro dos limites técnicos recomendados. Essa
contaminação final pode ocorrer através da maquina de empacotamento mal higienizada, onde fica restos de
leite das operações anteriores, desinfecção nos equipamentos e utensílios da usina, por falta da luz ultravioleta
que leva a uma diversidade de microrganismos. Esses números elevados de bactérias aeróbias mesófilas,
coliformes totais e fecais podem ser indícios de uma recontaminação pós-pasteurização de falhas na higiene
de beneficiamento, limpeza e desinfecção insuficientes de embalagens e locais de armazenamento ou ainda
temperaturas impróprias na conservação do produto. É sugestivo também, pela grande quantidade de
microrganismos que podia já estar presente no leite cru, devido à falta do emprego de medidas de Boas
Práticas de Fabricação, e por isso o processo de pasteurização não conseguiu eliminar a quantidade máxima
de bactérias permitidas no leite pasteurizado, já que a matéria prima estava muito contaminada.
Tabela 2- Percentual de amostras das marcas A, B e C, dentro e fora dos padrões microbiológicos, de leite
tipo C comercializados em Uberlândia, MG, no período de fevereiro a março de 2009.
ANÁLISES
MICRO-
DENTRO DO PADRÃO
FORA DO PADRÃO
BIOLÓGICAS
Aeróbios
mesófilos
Coliformes totais
Coliformes fecais
TOTAL
A
B
C
Total
%
A
B
C
Total
%
02
04
05
11
61,11
04
02
01
7
38,88
Z
04
06
02
02
06
03
04
06
05
10
18
27,77
55,55
100
06
02
06
04
04
06
03
02
06
13
8
18
72,22
44,44
100
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos indicam que as rotinas de limpeza e sanificação precisam ser revistas e aperfeiçoadas,
sugerindo que as atenções sejam maiores em relação à limpeza e desinfecção de máquinas e equipamentos
que entram em contato com o leite após a pasteurização. Portanto, torna-se evidente a necessidade de
programar ações que possam identificar falhas nas atividades de beneficiamento do produto e maior controle
na fiscalização pelos órgãos responsáveis, para obter um produto de melhor qualidade e seguro aos
consumidores.
REFERÊNCIAS
1. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de
Origem Animal. Instrução Normativa nº 51, de 18 de setembro de 2002. Aprova e oficializa o Regulamento
Técnico de identidade e qualidade de leite pasteurizado tipo C refrigerado. Diário Oficial da União da
República Federativa do Brasil, Brasília, 172, 8-13, 20 de setembro de 2002. Seção 1.; 2. BRASIL.
Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Laboratório Nacional de Referência
Animal. Métodos Analíticos Oficiais para Controle de Produtos de Origem Animal. Brasília, DF, 2003.
;3. CARVALHO, M.G.X.; MEDEIROS, N.G.A.; ALVES, A.R.S.; SANTOS, M.G.O.; LIMA, S.C.P.;
AZEVEDO, S.S. Análise microbiológica do leite in natura e pasteurizado tipo “C” proveniente de uma miniusina da cidade de Patos, Paraíba. Revista Higiene Alimentar, 18, 123, 62-66, 2004.; 4. FONSECA, L.F.L.;
SANTOS, M.V. Qualidade do Leite e Controle de Mastite, Lemos Editorial, São Paulo, 2000, 175p.; 5.
FRANCO, B.D.G.M.; LANGRAF, M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu, 1996.; 6. LEITE
Jr., A.F.S.; TORRANO, A.D.M.; GELLI, D.S. Qualidade microbiológica do leite tipo “C” pasteurizado,
comercializado em João Pessoa, Paraíba. Revista Higiene Alimentar, 14, 74, 45-49, 2000.; 7. RIBEIRO,
M.E.R.; STUMPF JÚNIOR, W.; BUSS, II. Qualidade de leite, In: BITENCOURT, D.; PEGORARO, L.M.C.;
GOMES, J.F. Sistemas de pecuária de leite: uma visão na região de Clima Temperado. Pelotas: Embrapa
Clima Temperado, p.175-195, 2000; 8. RIEDEL, G. Controle Sanitário dos Alimentos. 2° Ed. São Paulo:
Atheneu, 1992. p
ANATOMIA DE Achirus lineatus LINNAEUS, 1758 (ACTINOPTERYGII, ACHIRIDAE)
Lima, F. C.1; Rodrigues, T. C. S.1*; Pereira, H. C.1; Vieira, L. G.1; Romão, M. F.1; Silva, J. M. M.1; Santos, A. L. Q.2
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia; 2-Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres
(LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av. Amazonas, n° 2245,
Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
A morfologia dos peixes é extremamente diversificada e muitas espécies ainda permanecem sem um padrão
anatômico pormenorizado descrito. O linguado de água doce habita cursos d’água em diversas regiões do país e
ainda são pouco conhecidos. Assim, nove espécimes adultos de Achirus lineatus foram capturados, de acordo com a
licença concedida pelo IBAMA, com objetivo de descrever sua anatomia pormenorizada. O corpo de A. lineatus é
achatado e oval, com os dois olhos na face dorsal, próximo a boca. Internamente possuem uma pequena cavidade
corpórea na região cranial, onde estão presentes as brânquias, sistema cardiovascular, o trato gastrintestinal e
aparelho urogenital. Não possuem bexiga natatória, e o intestino é curto e termina no ânus que se localiza próximo a
boca. O sistema cardiovascular é típico, mas existe uma dilatação do sistema vascular com função ainda incerta. A.
lineatus possui uma morfologia peculiar, mas que atende em plenitude seu nicho.
Palavras-chave: linguado, morfologia, topografia.
INTRODUÇÃO
Os linguados são peixes que possuem morfologia peculiar. Isso acontece porque seu formato foge aquele geral dos
demais vertebrados, pois não apresentam simetria bilateral e os olhos estão localizados em um só lado da cabeça. São
identificadas 27 espécies desta ordem de peixes em águas brasileiras, a maioria é encontrada em água salgada, porém
existem duas espécies de linguados-de-água-doce (URENHA-JUNIOR, 2009). O conhecimento das diferenças
anatômicas entre as diferentes espécies de peixes é de conspícua importância no diagnóstico e terapêutica das
enfermidades que acometem esses animais, haja vista que estes são de grande importância ecológica e econômica.
Dessa forma, pesquisas que acrescentem conhecimento anatômico, morfológico e topográfico dos órgãos de
diferentes espécies de peixes da fauna neotropical, como o Achirus lineatus são muito oportunas. Assim, objetivouse descrever a anatomia interna desta espécie.
MATERIAL E MÉTODOS
Nove exemplares de A. lineatus foram capturados em lagos da Região do Médio Rio Vermelho no município de
Jussara, Goiás, Brasil, sob licença do IBAMA. Os mesmos foram dissecados para melhor visualização dos órgãos
internos e seguiu-se a descrição do animal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A forma do corpo de A. lineatus é sempre a mesma: chata e oval, com os dois olhos na mesma face, a dorsal,
próximo a boca. Existe uma nadadeira dorsal única, compostas de raios não espinhosos, quase sempre colocadas em
volta de todo o corpo, dorso até a nadadeira caudal. A nadadeira ventral é sempre confluente e as peitorais, sendo
também únicas em toda a extensão do corpo do animal. Possui na porção dorsal coloração marrom escura, com
manchas espalhadas pelo corpo, sendo a face ventral clara (URENHA-JUNIOR, 2009). Internamente possuem uma
pequena cavidade corpórea, diferente dos demais Actinopterygii (HICKMAN et al., 2004; STORER, et al, 2000).
Esta é resumida a uma diminuta região cranial, onde estão presentes as brânquias, sistema cardiovascular, o trato
gastrintestinal e aparelho urogenital. São peixes que não possuem bexiga natatória, diferente da maioria dos peixes
pelágicos, outrora, é uma característica comum em atuns, nos peixes abissais e bentônicos como os da família
Cottidae (HICKMAN et al., 2004; REMA, 2006). Devido a densidade maior dos peixes em relação a água, estes
necessitam desta estrutura para controlar sua flutuação e auxiliar na estabilidade. No caso específico daqueles
animais, que como o linguado, não possuem tal estrutura, como os tubarões, por exemplo, é o deslocamento e a
propulsão na água que auxilia na flutuação, outrora, alguns destes animais, como o próprio linguado normalmente
ficam na areia no fundo do rio. Em outros peixes, este órgão também auxilia nas trocas gasosas, funcionando como
um pulmão rústico, complementando a função das brânquias (HILDEBRAND; GOSLOW, 2006; REMA, 2006). A
cavidade oral é grande e se abre na faringe branquial que leva as brânquias, que são típicas. O esôfago é bem curto e
se abre, através de um cárdia pouco marcado, no estômago, que é a cavidade mais dilatada do trato gastrintestinal de
A. lineatus. Este possui forma de “C” e, em vista ventral, contorna o fígado, que é proporcionalmente grande e pouco
alongado, outrora, mais largo que nos demais peixes, não apresentando lobação aparente. Na vista dorsal o fígado
cobre toda extensão do estômago, sendo possível visualizar a vesícula biliar bem escura e arredondada. O baço
também é arredondado, pequeno e vermelho escuro, como nos demais peixes, e está localizado entre o fígado e o
estômago (GODINHO, 1970; HICKMAN et al., 2004; VAL et al., 2006). O intestino é curto como nos demais
peixes carnívoros, diferente daqueles demasiadamente longos nos herbívoros (HICKMAN et al., 2004;
HILDEBRAND; GOSLOW, 2006). Ele segue de maneira enovelada caudalmente preso por mesentério
vascularizado e poucos centímetros depois curva-se cranialmente e segue como uma alça delgada até o anus que se
localiza caudalmente a boca. A topografia do anus é a principal diferença entre A. lineatus e os demais peixes, pois
sua abertura é cranial e bem próximo a boca, enquanto que o padrão é caudal e próximo a nadadeira anal
(GODINHO, 1970; STORER et al., 2000). O sistema cardiovascular é típico, com o coração caudal as brânquias e
dividido em seio venoso, átrio, ventrículo e válvula espiral, de onde emerge a aorta que se ramifica em branquiais
aferentes, passam pelas brânquias, tornam-se eferentes e então é nominada artéria aorta dorsal. É conspícuo a
vascularização dispersa por seu corpo como nos demais animais, mas existe uma particularidade visualizada
ventralmente e na porção caudal da cavidade, a presença de uma grande dilatação do sistema vascular que pode ser
comum em alguns peixes (HILDEBRAND; GOSLOW, 2006; VAL et al., 2006).
REFERÊNCIAS
1-GODINHO, H.M. Considerações sobre anatomia dos peixes. In: Poluição e Piscicultura. Notas sobre Poluição,
Ictiologia e Piscicultura. Comissão Interestadual da Bacia Paraná-Uruguai. Faculdade de Saúde Pública. USP e
Instituto de Pesca, S.A. 1970. 2- HICKMAN et al. Princípios integrados de Zoologia. 11 ed. São Paulo: Roca,
2004; 3-HILDEBRAND M.; GOSLOW, G. Análise da estrutura dos vertebrados, 2 ed. São Paulo: Atheneu
Editora, p. 201-217, 2006.; 4-REMA, P.J.A.P. Aspectos Gerais da Anatomia dos peixes - Estudo da Truta arco-íris
(Oncorhynchus mykiss). São Paulo: Didáctica. 2006; 5-STORER, T.I. et al. Zoologia Geral. 6 ed. São Paulo:
Nacional, 2000. 6-URENHA-JUNIOR, A. Peixes do Brasil: Linguado. 2009. Disponível em: <http://pescacia.uol.com.br/peixes-do-brasil/agua-salgada.aspx?c=1714>. Acesso em 06 set. 2009.;7-VAL, A.L. et al. The
Physiology of Tropical Fishes, Elsevier: USA, v. 21, p. 634, 2006.
Figura 1: Fotografias em vista dorsal (A), ventral (B) de e da cavidade e órgãos internos de A. lineatus. Fg, fígado;
Co, coração; Br, brânquias; Et, estômago; VB, vesícula biliar; In, intestino; Ba, baço; * Dilatação do sistema
vascular. Vista ventral (C, D); Vista dorsal (E, F). Barra: 3cm
ANATOMIA DOS OSSOS DO MEMBRO TORÁCICO DE Euphractus sexcinctus (CINGULATA,
DASYPODIDAE)
Marinho, A.V.¹*; Santos, A.L.Q.²; FORTIS, G. L.¹; Ferreira, D.¹; Boleli, E.F.¹; Arantes, R.C.³.
1 - Graduandos do Curso de Medicina Veterinária/FAMEV-UFU; 2 - Docente da Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU); 3 - Mestrando em Ciências Veterinárias.
Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um exemplar de tatu-peba,
Euphractus sexcinctus, que veio a óbito por causas naturais. O animal foi submetido a processos para
separação dos ossos dos músculos, maceração e clareamento dos mesmos, com os objetivos de descrever e
comparar os ossos de seu membro torácico. Através dos estudos e resultados obtidos, pode-se comprovar
que as estruturas e acidentes ósseos do membro torácico de E. sexcinctus estão voltados único e
exclusivamente para o modo de vida destes animais.
Palavras chave: Esqueleto. Rádio. Tatu-Peba. Ulna. Úmero.
INTRODUÇÃO
O tatu-peba, Euphractus sexcinctus Linnaeus, 1758 é uma espécie encontrada do Suriname à Argentina, sendo
um exímio cavador de hábito onívoro. Estes possuem a proteção de uma forte carapaça rígida e extremamente
queratinizada, conectada ao corpo por uma pele grossa e córnea. Os escudos dorsais são compostos de
múltiplas peças pequenas soldadas entre si, e separados por cinco ou seis faixas transversais móveis,
semelhantes a fileiras ou cintas, que tem função elástica quando necessário. Por serem escavadores, supõe-se
que os ossos dos membros anteriores destes animais tenham estruturas anatômicas voltadas para o ato da
escavação. Este trabalho tem como objetivo descrever a anatomia dos ossos do membro torácico de E.
sexcinctus e compará-los com os de outras espécies.
METODOLOGIA
Um exemplar de E. sexcinctus capturado pelo IBAMA foi encaminhado ao Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia, vindo a óbito por causas naturais. O animal foi submetido a
procedimentos usuais em anatomia com o intuito de conservar seu esqueleto. Submeteu-se o mesmo a
processos para separação dos músculos dos ossos, através da dissecação com o uso de bisturi; após esta fase
foi feita a maceração, que consiste na raspagem dos ossos e clareamento destes com imersão em água
oxigenada durante vinte e quatro horas. Posteriormente, foram feitas as fotografias, e os ossos foram descritos
e comparados com os de outras espécies de animais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo Getty (1986), a escápula de eqüinos domésticos é um osso plano, triangular, preso obliquamente à
porção cranial da parede torácica, por meio de diversos músculos. Distalmente ela articula-se com o úmero.
Sua face lateral está dividida por uma saliência alongada, denominada espinha da escápula, em fossas supraespinhal e infra-espinhal. Em E. sexcinctus este é um osso delgado, e possui uma espinha bastante saliente,
terminando em um acrômio maior do que o das demais espécies observadas; suas bordas cranial e caudal são
igualmente muito desenvolvidas. Em Dasypus novemcintus (MILES, 1941) a escápula também é fina, mas
possui um reforço promovido por um espessamento do osso ao longo da borda inferior, da borda vertebral e
pela espinha da escápula, formando uma estrutura capaz de lidar com grandes forças ântero-posteriores. A
longa e delgada borda caudal permite uma extensão notável da origem da cabeça escapular do músculo
tríceps, permitindo tremenda alavanca neste local. De acordo com Alberto et al.(2007), em Priodontes
giganteus a extensão do ângulo caudal da escápula tem função de aumentar o braço de alavanca do redondo
maior. Smith e Savage (2008), afirmam que os músculos do ombro de cavalos possuem uma pequena
vantagem mecânica (1/13 para o músculo redondo maior), e, portanto, estão adaptados à produzir rápidos
movimentos do braço, enquanto que em Dasypus spp. estes músculos possuem grande vantagem mecânica
(1/4 para o músculo redondo maior), para produzirem movimentos mais lentos, enquanto exercem uma força
muito maior. O úmero articula-se proximalmente, com a escápula, e, distalmente, com o rádio e a ulna. Ele é
um típico osso longo, constituído de corpo e duas extremidades, proximal e distal. Segundo Miles (1941), em
D. novemcintus a articulação escapuloumeral é adaptada para o movimento de escavação, sendo a cavidade
glenoidal uma superfície oval, permitindo quase 90 graus de extensão e flexão, mas menos de 45 graus de
rotação e abdução, assim como possivelmente para E. sexcinctus. De acordo com Miles (1941), em D.
novemcintus o úmero também é curto e robusto, com superfícies largas. A extremidade proximal do úmero de
E. sexcinctus é constituída de cabeça, colo, tubérculo maior, tubérculo menor, e sulco intertubercular. A crista
do úmero corre distalmente no corpo do úmero, no sentido látero medial e termina na fossa radial. Em sua
porção inicial, a crista do úmero apresenta a tuberosidade deltóidea, extremamente desenvolvida. Em Dasypus
novemcintus, a tuberosidade deltóidea se estende quase até a metade do caminho até a extremidade distal
(Samuel S. Miles, 1941). A extremidade distal é representada pelo côndilo, que é formado pelo capítulo, a
tróclea, a fossa radial e a fossa do olécrano. O úmero mostra-se um osso curto, com superfícies largas para
alojar músculos.
Figura 1.
1, Úmero; 2, escápula; 3, tuberosidade
deltóidea; 4, fossa radial; 5, acrômio;
6, espinha da escápula.
O rádio é um osso curto e bem menos volumoso que em outras espécies. Apresenta cabeça, colo, corpo e
tróclea. A ulna, por sua vez, é bem desenvolvida, apresentando olécrano bastante longo, servindo como braço
de ação do tríceps. Em P. giganteus (ALBERTO et al., 2007), o rádio, sendo um osso curto, reduz o braço de
alavanca de fora do tríceps, ao contrário da ulna que apresenta um olécrano longo funcionando como braço de
ação do tríceps. A clavícula é bem desenvolvida unindo a escápula ao esterno, ao contrário do que ocorre em
outros quadrúpedes, reflexo da função deste membro, que é utilizado para escavação, além de locomoção, o
que de acordo com Alberto et al. (2007), em P. giganteus é um fator importantíssimo nesta atividade. O carpo
é constituído de seis ossos curtos, dispostos em duas fileiras, proximal e distal. A fileira proximal articula-se
com as extremidades distais do rádio e da ulna. A fileira distal articula-se com a fileira proximal e com os
ossos metacárpicos. (GETTY, 1986).
Existem cinco ossos metacárpicos, sendo todos eles bem
desenvolvidos. Cada dígito principal compreende três falanges. Através deste estudo, concluímos que o
esqueleto destes animais reflete seu nicho. Sendo os tatus animais escavadores, supõe-se que suas estruturas
esqueléticas sejam voltadas unicamente para o seu modo de vida. Um exemplo que ilustra tal fato é que no
final das falanges destes animais existem fortes e desenvolvidas garras usadas para rasgar e cavar o solo.
Figura 2.
1, Rádio; 2, ulna; 3, olécrano; 4, clavícula.
REFERÊNCIAS
1-ALBERTO; VILIA, M.L; GUTIERREZ; TRUJILLO, H.A; ROSA; RICARDO; AMBROSIO; EDUARDO,
C. Mensuração e estudo das estruturas ósseas de esqueleto de tatu (Priodontes giganteus). International
Journal of Morphology. 2007; 2-SMITH, J.M.; SAVAGE, R.J.G. Some locomotory adaptations in mammal.
Journal of the Linnean Society of London, Zoology, v. 42 Issue 288, p. 603 – 622, 2008; 3-GETTY, R.
Anatomia dos Animais Domésticos, Rio de Janeiro: Guanabara. 5ª ed, v. 1. p.1134, 1986; 4-MILES, S.S.
The shoulder anatomy of the armadillo. Journal of Mammalogy, v.22, n. 2, p.157-169, 1941.
ANATOMIA VASCULAR DE Phrynops geoffroanus SCHWEIGGER, 1812 (TESTUDINESCHELIDAE)- ARTÉRIAS RENAIS E GONADAIS.
Pereira, H. C.1 *; Mundim, A. V.2; Santos, A. L. Q.3; Lima, F. C. ; Gomes, D. O. ; De Simone, S. B. S.
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia; 2-Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av.
Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Pouco se conhece sobre a anatomia vascular de Phrynops geoffroanus. Com intuito de desvendar as origens e
ramificações das artérias renais e gonadais desse animal foi feita a dissecação de cinco exemplares, estes
vindos de vida livre, que tiveram os vasos arteriais preenchidos por látex sintético. A retirada do plastrão
permite a vizualização dos órgãos e vasos. Há quatro artérias renais vascularizando cada rim, e essas são
originadas a partir da face ventral da artéria aorta. Várias artérias renais se ramificam, dando origem às
artérias gonadais. Existe também, um par de artérias que irrigam os o ovidutos, essas artérias surgem na
porção final da artéria aorta, sendo o padrão vascular, no geral, similar aos demais testudines.
Palavras-chave: Artérias, cágado de barbicha, répteis.
INTRODUÇÃO
Os integrantes da ordem Testudines representam um clado de notável sucesso evolutivo, sendo encontrados
em nichos específicos por todo planeta (MADER et al., 2006). Nos organismos viventes, as variações
anatômicas encontradas seguem padrões distintos e ambíguos, relacionando tais estruturas com o hábito
particular de cada grupo. Estes animais exibem alguns caracteres peculiares e altamente especializados, e tais
modificações podem ser entendidas através do estudo ontogênico relacionado com o padrão evolutivo do
táxon. O Brasil possui 36 espécies de Testudines distribuído pelos mais diversos ambientes (SBH, 2009),
dentre eles a Bacia Amazônica, onde são encontradas 15 espécies, dentre elas o cágado Phrynops
geoffroanus, que pertence a sub ordem Pleurodira e família Chelidae (MOLINA, 1995; 1996). Possui ampla
distribuição na America do Sul, habitando frequentemente lagoas, riachos e rios (TERAN et al., 1995). São
animais pouco exigentes quanto a qualidade do habitat, sendo encontrados em regiões poluídas e
antropizadas, principalmente aquelas com abundância de alimento, o que contribui para sua predação. Haja
vista a importância do conhecimento pormenorizado de sua anatomia, objetivou-se descrever a topografia das
artérias renais e gonadais em P. geoffroanus, com intuito de contribuir com subsídios necessários para
tratamento clínico e cirúrgico destes animais.
METODOLOGIA
Utilizaram-se cinco exemplares de P. geoffroanus, fêmeas, procedentes do Rio Uberabinha, em Uberlândia –
MG (Licença RAN/IBAMA n° 032/2006).Os animais foram identificados e encaminhados ao Laboratório de
Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia, onde, com auxílio de uma serra circular, promoveu-se uma abertura na porção central da carapaça
dos quelônios, de modo a expor a aorta descendente em seu trajeto junto à parede dorsal da cavidade
celomática.
Após ser dissecada, a referida artéria foi canulada com material de dimensão compatível com o calibre do
vaso, pela qual se introduziu solução fisiológica a fim de desobstruir o sistema vascular e em seguida injetouse solução de Neoprene Látex “450” (Du Pont do Brasil S. A - Indústrias Químicas) corada com pigmento
específico (Globo S/A Tintas e Pigmentos). Procedeu-se a dissecação das artérias renais e gonadais com
pinças, bisturi e tesouras cirúrgicas; utilizou-se também uma lupa Wild (10 X) para melhor visualização das
artérias e de seus ramos, focalizando a sua origem e comportamento inicial. Após o término da dissecação
foram confeccionados desenhos esquemáticos e fotos, para uma melhor visualização.
RESULTADO E DISCUSSÃO
1
Graduandos e mestrandos do Laboratório de pesquisa e ensino em Animais Silvestres (LAPAS)
Professor assistente, FAMEV/UFU
3
Coordenador do LAPAS, professor titular, FAMEV/UFU
2
As artérias renais originam-se da porção ventro-lateral da artéria aorta, sendo em vista dorsal observadas
quatro artérias no rim direito, as artérias renais cranial direita, médio-cranial direita, médio-caudal direita e
caudal direita. Existe também uma pequena artéria que irriga a cápsula renal na porção média do órgão, que
tem origem dorso-lateral direita da artéria aorta. Para irrigação do rim esquerdo foram observados dois
troncos, o tronco renal cranial e outro caudal, que tem origem na porção ventro-lateral esquerda da artéria
aorta, de cada um desses troncos partem duas artérias renais, totalizando assim, quatro artérias em direção ao
rim do respectivo antímero. Há também nesse antímero presença de uma artéria para irrigação da cápsula
renal, que se origina também da artéria aorta, outrora na porção mais cranial desta. Caudalmente estão
presentes um par de artérias que segue em direção aos ovidutos desses animais. Estas se originam na porção
final da artéria aorta e seguem cada uma para seu respectivo antímero. Na vista ventral é possível observar a
topografia das artérias renais, bem como a origem e topografia das artérias gonadais. No antímero direito as
artérias renais cranial direita e médio-cranial direita penetram diretamente no parênquima renal. Outrora, a
artéria renal médio-caudal direita emite um ramo cranial que da origem a artéria gonadal, e um tronco caudal
que da origem a outros dois ramos que irrigam diretamente o rim, o ramo cranial e caudal da artéria renal
médio-caudal direita. A artéria renal caudal direita antes de alcançar o rim, emite em seu terço médio um
ramo que se dirige ao ovário, a artéria gonadal caudal. No antímero esquerdo a artéria renal cranial é a única
das quatro artérias que penetra no parênquima renal sem ramificações, haja vista que das demais partem
ramos que fornecem irrigação para diferentes áreas do rim e também do ovário. Da ramificação caudal do
tronco renal cranial surge a artéria renal médio cranial esquerda, da qual surgem três ramificações. A mais
cranial delas curva-se médio-cranialmente e penetra no parênquima renal onde emite uma ramificação, a
artéria gonadal cranial, que deixa este órgão em direção ao ovário, assim como os outros dois ramos que dão
origem as artérias gonadais médio-cranial e médio-caudal. Do tronco renal caudal originam-se duas calibrosas
artérias renais, uma médio-caudal esquerda e outra caudal esquerda. Da primeira são emitidos dois ramos, o
ramo cranial e caudal da artéria renal médio-caudal esquerda, que penetram diretamente no rim. A segunda
emite um ramo cranial que penetra no parênquima do rim e outro caudal que da origem a artéria gonadal
caudal. Em Geochelone carbonaria as artérias renais partem da face ventral da aorta dorsal, variando em
número de dois a seis ramos, como encontrado em Phrynops geoffroanus, porém, há também um ramo para
cada rim, partindo das artérias ilíacas comuns (FARIA; MARIANA, 2001). Moraes e Santos (2004) afirmam
que em Podocnemis expansa existem duas artérias renais irrigando cada rim, originadas da face ventral da
artéria aorta, e que há um ramo renal partindo das artérias ilíacas comuns para cada órgão. Esses autores
relatam ainda que as artérias gonadais surgem a partir das artérias renais, próximas ao hilo renal, sendo uma
para cada rim. Bosso et al. (2006) realizaram a plastronotomia para retirada de anzol de pesca no Prynops
geoffroanus, confirmando a necessidade de estudos da anatomia vascular para tais procedimentos cirúrgicos.
Concordando com Faria e Mariana (2001), as artérias gonadais surgem, em 100% dos casos, a partir das
artérias renais, bem próximo ao hilo renal. Em Phrynops geoffroanus foram encontrados dois pares de artérias
renais para cada antímero, isso também foi relatado por Hirano et al. (2009) em Podocnemis unifilis . Esses
autores também afirmam que há um par de artérias gonadais para cada gônada e que essas penetram através
da face ventral do órgão. Em tartaruga marinha a irrigação sanguínea renal é feita por três pares assimétricos
de artérias renais, originados da artéria aorta e um par de artérias gonadais também se originam da aorta
(WYNEKEN, 1998), diferente do que acontece no cágado-de-barbicha, onde nenhuma das artérias gonadais
se origina diretamente da artéria aorta. Pessoa et al. (2008) obtiveram sucesso na ooforectomia videoassistida
por acesso pré-femural em targaruga-de-ouvido-vermelho (Trachemys scripta elegans), para isto é de
fundamental importância o conhecimento da anatomia das artérias renais e ováricas. Outro procedimento
cirúrgico importante seria quanto à retenção de ovos, como o realizado em Geochelone carbonaria por Matias
et al. (2006).
REFERÊNCIAS
1-BOSSO, A.C.S. et al. Plastronotomia para retirada de anzol de pesca em cágados-de-barbicha Phrynops
geoffroanus Schweigger, 1812 (Testudines, Chelidae): relato de caso; 2-FARIA, T. N.; MARIANA, A. N. B.
Origem e ramificações das artérias aortas esquerda e dorsal do jabuti (Geochelone carbonaria, Spix, 1824).
Braz J Vet Resear Ani Sci. 38, 155-159, 2001; 3-HIRANO, L. Q. L. et al.Anatomia vascular das artérias
renais natomia e gonadais de Podocnemis unifilis Schweigger, 1812 (Testudines, Pelomedusidae). Acta Scie.
Biol Sci., 31, 191-194, 2009; 4-MADER, D. R. Reptile Medicine and Surgery. 2 ed. Florida: Elsevier, USA,
2006; 5-MATIAS, C. A. R. et al. Aspectos fisiopatológicos da retenção de ovos em Jabutipiranga
(Geochelone carbonaria Spix, 1824). Ciência Rural. 36, 1494-1500, 2006; 6-MOLINA, F. B. mating behavior
of captive Geoffroy’s side-necked turtles, Phynops geoffroanus (Testudines: Chelidae) Herpetol Natl Hist, 4,
155-160, 1996; 7-MORAES, F. M.; SANTOS, A. L. Q. Anatomia vascular da Podocnemis expansa
(Testudinata-pelomedusidae). Comportamento da Artéria Aorta. Horizonte científico. 3, 1-13, 2004; 8SOCIEDADE BRASILEIRA DE HERPETOLOGIA. Lista brasileira de répteis. 2009. Disponível em:
<http://www.sbherpetologia.org.br/checklist/repteis.htm>. Acesso em: 27 abr. 2009; 9-PESSOA, C. A. et al.
Ooforectomia videoassistida por acesso pré-femural emtargaruga-de-ouvido-vermelho (Trachemys scripta
elegans). Pesq Vet Bras; 10-TERAN, A. F. et al. Food habitas of an assemblage of five species of turtles in
the Guapore River, Rondonia, Brazil. J Herpetol, v. 29, n. 4, p. 536-347, 1995; 11-WYNEKEN, J. The
anatomy sea turtles. [1998?]. Disponível em: <htth:ivis.org/advances/wyneken/toc.asp>. Acesso em: 10 de
julho de 2009.
ANESTESIA DE TIGRE D’ÁQUA BRASILEIRO Trachemys dorbignyi DUMÉRIL E BRINBRON,
1835 (TESTUDINES: CHELIDAE) COM A ASSOCIAÇÃO MIDAZOLAN E CETAMINA
*Gomes,D.O.¹; Santos,A.L.Q.²; Pereira,H.C.1; Hirano,L.Q.L.1; Silva-Júnior,L.M.1; De Simone,S.B.S.1
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres. Universidade Federal de Uberlândia;2-Docente e
orientador. Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, Av. Pará, 1720, Jardim
Umuarama, 38405-320,Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.
[email protected]
RESUMO
Os cágados apresentam fisiologia e morfologia únicas, que se diferenciam em muitos aspectos dos mamíferos.
Por isso, a monitoração do paciente durante um processo anestésico ou sedativo deve ser realizada. Foram
utilizados dez exemplares de Trachemys dorbignyi, provenientes do rio Uberabinha, no município de
Uberlândia,os quais foram anestesiados com o protocolo midazolan 2mg /kg IM e cetamina 20 mg/Kg IM. Os
batimentos cardíacos dos exemplares foram monitorados com o aparelho Doppler Vascular Eletrônico e
durante o período transanestésico, os cágados foram observados em relação aos parâmetros estipulados.A
cetamina (20mg kg IM) se mostrou um anestésico de foi um pré-anestésico eficiente, promovendo
relaxamento muscular e facilidade de manipulação do animal .Não houve significante diminuição da
frequência cardíaca e não foi observada apnéia nos quelônios anestesiados.
Palavras-chave:Cetamina, midazolan, Trachemys dorbignys.
INTRODUÇÃO
O cágado tigre d’áqua brasileiro (Trachemys dorbigniys) pertence ao filo Chordata, subfilo Vertebrata,
superclasse Tetrapoda, classe Reptilia e ordem Testudines. Apresenta um corpo inteiramente coberto por um
casco, carapaça superior e o plastrão na porção inferior, de onde somente a cabeça, os membros e a cauda
emergem. A ordem Testudines é constituída por tartarugas, cágados e jabutis. Esses animais possuem
diferentes habitats: espécies exclusivamente terrestres como os jabutis , espécies que vivem em ambientes
fluviais e lacustres como os cágados, espécies exclusivamente marinhas como as tartarugas , e ainda, espécies
que vivem em ambientes terrestre e de água doce. O midazolan é um anestésico do grupo dos
benzodiazepínicos que exibe efeitos hipnóticos, miorrelaxantes e provocam alterações psicomotoras
(RANDALL et al., 1974), agindo fundamentalmente sobre o sistema límbico reduzindo a atividade funcional
do hipotálamo e córtex, com ação do ácido gama-aminobutírico (GABA) como neurotransmissor inibidor do
sistema nervoso central (SPINOSA et al., 2002). Segundo Oliveira et al. (2004), a cetamina apresentada na
fórmula sintetizada em 1963 por Stevens. É um anestésico que é altamente lipossolúvel. Em relação ao
sistema cardiovascular, a cetamina provoca aumento da pressão arterial, da freqüência cardíaca e do débito
cardíaco. A cetamina aumenta o metabolismo e o fluxo sangüíneo cerebrais e a pressão intracraniana. Este
estudo tem como objetivo analisar os efeitos anestésicos em Trachemys dorbigniys com base em parâmetros
anestésicos estipulados e grau de sedação, submetidos pelo protocolo anestésico: midazolan( 2mg/kg/IM e
cetamina 20mg/Kg/IM)
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 10 exemplares de Trachemys dorbigniys, sendo 8 machos e 2 fêmeas, provenientes do rio
Uberabinha (18° 55’ 42,1” S e 48° 17’ 35,4” W), no município de Uberlândia, MG (licença RAN/IBAMA nº
035/2006) os quais foram anestesiados com o protocolo midazolan 2 mg/kg/IM e cetamina 2 mg/kg/IV. Os
animais foram pesados e identificados pelo casco através de um número feito com lâmina de bisturi fixa. O
midazolam foi injetado no membro torácico esquerdo e a cetamina no membro torácico direito, mediante
prévia anti-sepsia e uso de seringas estéreis descartáveis4 de 1 ml e agulhas estéreis descartáveis 5. Os
batimentos cardíacos dos Trachemys dorbigniys foram monitorados com o aparelho Doppler Vascular
4
5
Embramac, Itajaí, SC.
Embramac 0,70 x 25 21G1, Itajaí, SC.
Eletrônico nos tempos 0’, 10’, 30’, 60’, 120’ e 180’ pós-anestésico. Durante o período trans-anestésico, os
cágados foram observados em relação aos parâmetros anestésicos estipulados (locomoção, relaxamento
muscular, manipulação, estímulos dolorosos nos membros torácicos e pélvicos). Alterações na locomoção e
manipulação foram observadas através do estímulo manual e o relaxamento muscular foi estipulado através
de movimentos de tração dos membros. Utilizou-se um escore subjetivo de 1 para efeito mínimo e 3 para
efeito profundo ao registrar as avaliações destes três parâmetros. Uma pinça hemostática foi adotada como
instrumento de pressão no periósteo das falanges para observar-se a presença ou não de estímulos dolorosos
nos membros torácicos e pélvicos, foram registradas como escore “zero” a presença da dor e a ausência de
escore 1. Os animais foram considerados anestesiados quando o somatório dos escores máximos para
locomoção (3), relaxamento muscular (3), manipulação (3), estímulo no membro torácico (1) e estímulo do
membro pélvico (1) eram iguais a 11, e considerados recuperados quando suas atividades se aproximavam às
de antes da administração das drogas. A temperatura ambiente foi mantida entre 25 e 30ºC durante o
experimento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os parâmetros de locomoção e manipulação foram considerados nível 2 num tempo médio de 180 e o
relaxamento muscular em 120’, resultado este último citado por Oliveira (2004), que considera o relaxamento
muscular uma das principais características da cetamina, o que permite a execução de procedimentos
cirúrgicos rápidos. O midazolam na dose de 2mg/kg IM foi considerado um bom relaxante muscular porem
não levou á uma boa manipulação, nem todos animais permaneceram em escore 2 durante todo processo, o
que esta de acordo com Alves Júnior (2006), que não encontrou facilidade de manipulação em seu
experimento utilizando midazolan. A associação de midazolan (2mg/kg/IM) e cetamina (20mg/kg/IV) é
eficiente na retirada da dor, promovendo analgesia por um tempo médio de 97’5’’.
Quando aplicado de modo lento, a cetamina (20mg/kg/IV) não causa apnéia. A associação de midazolan
(2mg/kg/IM) e cetamina (20mg/kg/IV) não causa diminuição da freqüência cardíaca.
REFERÊNCIAS
1-ALVES JÚNIOR, J.R.F. Anestesia de tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa) com as associações
de cetamina e propofol, midazolam e propofol e midazolam e cetamina. 2006. 43 f. Dissertação (Mestrado)Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006; 2-OLIVEIRA,
C.M.B. et al. Revista Brasileira de Anestesiologia, 54, 75, 2004; 3-POUGH, F. H. et al. A Vida dos
vertebrados. São Paulo: Atheneu, 1993; 4-RANDALL, L.O. et al. Chemistry and pharmacology of the 1,4benzodiazepines. Psychopharmacological Agents, New Jersey, v.3, p.01-34, 1974; 5-SPINOSA, H.L.et al.
Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 752p.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO FÍGADO DE CÁGADO-DE-BARBICHA Phrynops geoffroanus
(SCHWEIGGER, 1812) (TESTUDINES, CHELIDAE)
Moura, L. R. 1; Santos, A. L. Q.2; Beletti, M. E.3;Orpinelli, S. R. T. 1; Lima, F. C.1*
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia; 2-Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia; 3Laboratório de Histologia. Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Objetivou-se caracterizar morfologicamente o fígado de Phrynops geoffroanus. Para tal, vinte fígados foram
analisados macro e microscopicamente. Após preparo histológico, as lâminas foram coradas com H.E.,
P.A.S., Tricômico de Gomori, Reticulina e Picrosirius. O fígado da P. geoffroanus apresenta-se volumoso, de
coloração marrom clara com manchas negras, que representam depósitos de melanina, e é dividido em quatro
lobos denominados lateral direito, medial direito, lateral esquerdo e medial esquerdo. Os hepatócitos, ao corte
longitudinal, se assemelham a cordões duplos circundados por tortuosos capilares sinusóides, apresentam
formato poliédrico, tamanhos variados, aspecto vacuolizado, com núcleos deslocados perifericamente, Possui
grande quantidade de melanomacrófagos no parênquima e nos espaços perisinusoidais, principalmente
próximos aos espaços porta.
Palavras-chave: Histologia, morfologia, répteis
INTRODUÇÃO
Das 278 espécies de Testudines do mundo aproximadamente 20% ocorrem na América do Sul, representando
oito famílias. Dessas, a família Chelidae, cujos integrantes são conhecidos popularmente como cágados, é a
mais rica, com 23 espécies, das quais 19 ocorrem no Brasil (SOUZA, 2004). O gênero Phrynops possui
quatro espécies, sendo a P. geoffroanus uma espécie de pequeno porte, freqüente nos rios, lagos e lagoas com
correnteza lenta (ERNEST e BARBOUR, 1989), é encontrada desde a Colômbia, Venezuela, Guiana, extremo
sul do Paraguai até sudeste, centro-oeste e nordeste do Brasil. Com a finalidade de preencher lacuna
proporcionada pela escassez de dados biológicos e morfológicos sobre fígado de P. geoffroanus, objetivou-se
com este estudo caracterizar macro e microscopicamente o fígado dessa espécie, bem como descrever suas
relações anatômicas.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados seis exemplares de P. geoffroanus de vida livre, provenientes do Rio Uberabinha, sob
licença número 032/2006 IBAMA-RAN. O processamento histológico dos fragmentos foi realizado no
laboratório de Histopatologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). De cada fragmento foram
preparadas 6 lâminas com pelo menos dois cortes em cada uma, que foram submetidas à técnica histológica
de rotina (HE), colorações especiais (PAS, Tricômico de Gomori, Reticulina) e duas destas amostras foram
coradas com Picrosírius. Cortes histológicos de aproximadamente 80 µm corados por esta última técnica
foram visualizados em microscopia confocal a laser (LSM 510 Meta, Zeiss) com objetiva de 10x e
comprimento de onda de 543 nm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A complexidade estrutural do figado pode ser notada em Kinosternon scorpioides, Testudo horsfieldi e
Testudo hermanni (MACHADO JÚNIOR et al., 2005; MARYCZ; ROGOWSKA, 2007) e agora em Phrynops
geoffroanus. Ele apresenta-se largo e delgado, de formato aproximadamente retangular, preenche quase toda
porção cranial da cavidade celomática, envolvendo o pâncreas, duodeno e o estômago, à semelhança do que
foi descrito por Machado Júnior e colaboradores (2005) para Kinosternon scorpioides, Marycz e Rogowska
(2007) para os jabutis T. horsfieldi e T. hermanni. Sua coloração é marrom claro mesclado com manchas
negras, que representam depósitos de melanina. Na análise microscópica notou-se o fígado de P. geoffroanus
coberto por um mesotélio, sob o qual há uma fina camada de tecido conjuntivo, a cápsula hepática, que
segundo Schaffner (1998), é comum a todos os vertebrados. Com a coloração Reticulina constatou-se que o
parênquima é sustentado por delicadas fibras reticulares que circundam hepatócitos e sinusóides.
Histologicamente, o fígado da P. geoffroanus, bem como em Testudo graeca (FERRER et al., 1987), difere da
organização estrutural de alguns vertebrados, onde os hepatócitos se agrupam em cordões ou muralhas,
formando hexágonos, a partir de uma veia central, com os espaços porta em sua periferia (GARDNER;
OBERDÖRSTER, 2006). Os hepatócitos de P. geoffroanus possuem formato poliédrico com tamanhos
variados. Foram observados núcleos situados na região central dessas células, mas a grande maioria mostrouse deslocada em direção a periferia. Tal informação discorda de Storch e colaboradores (1989), para
Osteolaemus tetraspis, onde os núcleos localizaram-se no centro das células, as quais são também poliédricas.
O citoplasma apresentou-se muito vacuolizado e pouco eosinofílico, quando analisado pela técnica de
coloração hematoxilina-eosina e reagiu fortemente ao PAS. Esta característica pode estar associada à
abundância de glicogênio no citoplasma, o que não é raro em répteis. Melanomacrófagos são células com
diversas funções, dentre elas destacam-se a síntese de melanina, fagocitose e neutralização de radicais livres.
Segundo Frye (1991), essas células são numerosas em anfíbios e répteis e, dentre estes, os ofídios são os mais
desprovidos de tais células. Em relação aos tratos portais em P. geoffroanus, foi possível observá-los,
sustentados por abundante tecido conjuntivo, nos interstícios. A maioria dos tratos contém pelo menos um
ramo de uma veia, um ducto biliar e muitos apresentam artérias.
REFERÊNCIAS
1-ERNEST, C.H.; BARBOUR, R.W. Turtles of the world. Washington D.C.: Smithsonian Institution Press,
1989; 2-FERRER, C. et al. The liver of Testudo graeca (Chelonia). A comparative study of hibernating and
non-hibernating animals. J Submicroscopic Cytol, 19, 275-282, 1987; 3-FRYE, F. L. Reptile care: An atlas of
diseases and treatments. Neptune: TFH Publications, 1991; 4-GARDNER, S.C.; OBERDÖRSTER, E.
Toxicology of reptiles. CRC Press, 2006; 5-MACHADO JÚNIOR, A.A.N. et al. Anatomia do fígado e vias
bilíferas do muçuã (Kinosternon scorpioides). Archives Vet Sci, 10, 125-133, 2005; 6-MARYCZ, K.;
ROGOWSKA, K. The liver morphology and topography of Horsfield’s (Testudo horsfieldi) and Hermann’s
(T. Hermanni) terrestrial tortoises. Eletronic Journal of Polish Agricultural Universities. 10, 2007; 7SCHAFFNER, F. The liver. In: GANS, C. Visceral organs. Philadelphia: Saunders, 1998, p. 485-531; 8SOUZA, F.L. Uma revisão sobre padrões de atividade, reprodução e alimentação de cágados brasileiros
(Testudines, Chelidae). Phyllomedusa, 3, 15-27, 2004; 9-STORCH, V. et al. The liver of the West African
crocodile Osteolaemus tetraspis. An ultrastructural study. J submicroscopic cytol pathol, 21, 317-327, 1989.
ASPECTOS MORFOLÓGICOS DO FÍGADO DE TARTARUGA-DA-AMAZÔNIA Podocnemis
expansa (SCHWEIGGER, 1812) (TESTUDINES, PODOCNEMIDIDAE)
Moura, L. R. 1; Santos, A. L. Q.2; Beletti, M. E.3;Orpinelli, S. R. T. 1; Lima, F. C.1*
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia; 2-Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3Laboratório
de Histologia. Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Objetivou-se caracterizar morfologicamente o fígado de Podocnemis expansa. Para tal, vinte fígados foram
analisados macro e microscopicamente. Após preparo histológico, as lâminas foram coradas com H.E.,
P.A.S., Tricômico de Gomori, Reticulina e Picrosirius. O fígado da P. expansa apresenta-se como um órgão
bastante volumoso, com formato aproximadamente retangular e de coloração marrom, variando entre
tonalidades claras e escuras e é dividido em lobo direito, lobo esquerdo e lobo central. Os hepatócitos
apresentam formato poliédrico ou piramidal, tamanhos uniformes com alguns núcleos centrais e outros
deslocados perifericamente e o citoplasma pouco eosinofílico. Ao corte longitudinal, se assemelham a cordões
duplos circundados por tortuosos capilares sinusóides. Ao corte transversal, assemelham-se aos ácinos,
contando com aproximadamente dois a cinco hepatócitos, que circundam um provável canalículo biliar
central.
Palavras-chave: Histologia, morfologia, répteis
INTRODUÇÃO
A espécie Podocnemis expansa, popularmente conhecida como tartaruga-da-amazônia, é largamente
distribuída pela bacia Amazônica e em quase todos os seus afluentes. Sua distribuição é ampla nos estados do
Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima, Tocantins, Goiás e Mato Grosso, englobando
ecossistemas da floresta equatorial e do cerrado, na região Centro Oeste (IBAMA, 1989). Com a finalidade de
preencher lacuna proporcionada pela escassez de dados biológicos e morfológicos sobre fígado de P. expansa,
objetivou-se com este estudo caracterizar macro e microscopicamente o fígado dessa espécie, bem como
descrever suas relações anatômicas.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados vinte exemplares de P. expansa, provenientes do Criatório Comercial Fazenda Moenda da
Serra em Araguapaz, Goiás. O processamento histológico dos fragmentos foi realizado no laboratório de
Histopatologia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). De cada fragmento foram preparadas 6 lâminas
com pelo menos dois cortes em cada uma, que foram submetidas à técnica histológica de rotina (HE),
colorações especiais (PAS, Tricômico de Gomori, Reticulina) e duas destas amostras foram coradas com
Picrosírius. Cortes histológicos de aproximadamente 80 µm corados por esta última técnica foram
visualizados em microscopia confocal a laser (LSM 510 Meta, Zeiss) com objetiva de 10x e comprimento de
onda de 543 nm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Gardner e Oberdörster (2006), a morfologia do fígado dos répteis pode variar grandemente
dentre as espécies dessa classe, normalmente o órgão cresce preenchendo todo o espaço disponível da região
abdominal entre o coração e estômago. Em P. expansa, esse órgão apresenta-se bastante volumoso e largo,
com formato aproximadamente retangular e coloração marrom, variando entre as tonalidades claras e escuras.
Preenche toda a porção média da cavidade celomática, envolve o pâncreas, duodeno e estômago. A estática
desta glândula é garantida, entre outros fatores, por meio de ligamentos. Quanto à análise microscópica,
notou-se o fígado de P. expansa coberto por mesotélio, sob o qual há uma fina camada de tecido conjuntivo, a
cápsula hepática que, segundo Schaffner (1998), é comum a todos os vertebrados. De acordo com Ross e
colaboradores (2003), esta cápsula contribui na divisão do parênquima em lóbulos. Histologicamente, o
fígado de P. expansa, bem como de Testudo graeca (FERRER et al., 1987), diferem da organização estrutural
deste órgão em mamíferos, onde os hepatócitos se organizam em cordões ou muralhas formando hexágonos a
partir de uma veia central com os espaços porta em sua periferia (GARDNER; OBERDÖRSTER, 2006).
Esses túbulos possuem duas células na maioria dos vertebrados, incluindo répteis (STORCH et al., 1989) e
galinhas (BACHA e BACHA, 2003). Essas informações condizem com os achados em P. expansa, onde os
hepatócitos, em corte longitudinal, se assemelham a cordões duplos de células circundadas por tortuosos
capilares sinusóides. Ao corte transversal, assemelham-se aos ácinos, contando com aproximadamente dois a
cinco hepatócitos circundando um provável canalículo biliar central. Segundo Schaffner (1998), o arranjo das
células do fígado, na maioria dos répteis, parece estar numa posição evolutiva intermediária, entre a
organização do fígado dos peixes e mamíferos, com formação de algumas glândulas e túbulos. Tal informação
difere dos achados em P. expansa. Em todas as técnicas de coloração utilizadas, observou-se grande
quantidade de melanomacrófagos no parênquima hepático de P. expansa. A função dessas células inclui,
dentre outras, síntese de melanina e neutralização de radicais livres (JOHNSON et al., 1999; GUIDA et al.,
2000; SICHEL et al. 2002).
REFERÊNCIAS
1-BACHA, W.J.J.; BACHA, L.M. Atlas colorido de histologia veterinária. São Paulo: Roca, 2003. ; 2FERRER, C. et al. The liver of Testudo graeca (Chelonia). A comparative study of hibernating and nonhibernating animals. J Submicroscopic Cytol, 19, 275-282, 1987; 3-GARDNER, S.C.; OBERDÖRSTER, E.
Toxicology of reptiles. CRC Press, 2006; 4-GUIDA, G. et al. Tyrosinase gene expression in the Kupffer cells
of Rana esculenta L. Pigment Cell Research, 13, 431-435, 2000; 5-IBAMA. Projeto quelônios da Amazônia
10 anos. Brasília, 1989; 6-JOHNSON, J.C. et al. Reptilian melanomacrophages function under conditions of
hypothermia: ob- servations on phagocytic behavior. Pigment Cell Research, 12, 376-382, 1999; 7-ROSS, M.
et al. Histología texto y atlas color con Biología Celular y Molecular. 4 ed. Buenos Aires, Panamericana,
2003; 8-SCHAFFNER, F. The liver. In: GANS, C. Visceral organs. Philadelphia: Saunders, 1998, p. 485531; 9-STORCH, V. et al. The liver of the West African crocodile Osteolaemus tetraspis. An ultrastructural
study. J submicroscopic cytol pathol, 21, 317-327, 1989; 10-SICHEL, G. et al. Amphibia Kupffer cells. Micro
Reseach Tech, 57, 477-490, 2002.
AVALIAÇÃO DAS REAÇÕES INFLAMATÓRIAS EM CARCAÇAS DE BOVINOS ABATIDOS NA
REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO E SUAS CONSEQUENTES PERDAS ECONÔMICAS
Rodrigues, D. N1.; Alves, L. R2*.; Leite, C. R2.; Reis, S. L. B2
1-Médica Veterinária, Frigorífico Real, Rodovia BR-050, Km 81, s/n, Zona Rural, CEP. 38400-970,
Uberlândia-MG; 2-Médicas Veterinárias, Alunas do Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Av. Pará, 1720. Bloco 2D Campus Umuarama, CEP. 38400-902,
Uberlândia – MG.
[email protected]
RESUMO
Com as exigências do mercado comprador de carnes, fez-se necessária a melhoria na qualidade dos insumos
envolvidos na produção, destacando-se entre eles vacinas e medicamentos. Contudo, as reações inflamatórias
oriundas da utilização desses produtos são causas de preocupação em decorrência das significativas perdas
econômicas devido às condenações de tecido muscular das carcaças. Com bases nesses fatos se planejou
realizar esta pesquisa que teve como objetivo fazer uma avaliação de reações inflamatórias surgidas a partir
dos métodos de vacinação, quanto à localização, tipo de lesão e conseqüentes perdas econômicas em carcaças
de bovinos do Triângulo Mineiro. Foram apresentados os dados coletados e as análises da pesquisa de campo.
O estudo aponta a necessidade de cuidados na forma de aplicação desses insumos com o intuito de diminuir a
ocorrência de lesões e a inevitável depreciação estética e econômica da carcaça.
Palavra-chave: Bovinos, reações inflamatórias, conseqüências.
INTRODUÇÃO
O controle sanitário através da imunoprofilaxia é realizado como medida preventiva para se evitar uma séria
de enfermidades que acometem os animais (MADUREIRA, 1998), assegurando boas condições de saúde aos
mesmos (PARANHOS DA COSTA et al., 2006). Todavia, a prática de vacinação em massa, principalmente
de bovinos, tem levado ao aparecimento de abscessos nos locais de aplicação, devido a sua manipulação
incorreta. De acordo com Luchiari Filho (2001) são várias as práticas incorretas na utilização de
medicamentos ou vacinas impróprias, tais como: aplicação em local inadequado, quebra da agulha dentro do
músculo e contusões durante o manejo dos animais. As lesões causadas pela aplicação indevida de vacinas e
medicamentos, além de acarretar um sério problema de qualidade na carne bovina, também representa gastos
de mão-de-obra, necessária para realizar as aparas da região afetada como também custos referentes à perda
de tecidos. (LUCHIARI FILHO, 2001). Segundo Aires et al. (2008), com as exigências do mercado
comprador de carnes, fez-se necessária a melhoria na qualidade dos insumos envolvidos na produção,
associados a um severo rigor na produção e manipulação dos mesmos. Contudo, as reações inflamatórias
oriundas da utilização desses produtos são causas de preocupação em decorrência das significativas perdas
econômicas devido às condenações de tecido muscular das carcaças. Com base nos fatos apresentados, esse
trabalho objetiva fazer uma avaliação de reações inflamatórias surgidas a partir da vacinação, quanto à
localização, tipo de lesão e conseqüentes perdas econômicas em carcaças bovinas do Triângulo Mineiro.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada em 251 carcaças bovinas de novilhas azebuadas, procedentes de propriedades rurais
da região do Triângulo Mineiro e abatidas em frigorífico sob inspeção oficial no município de UberlândiaMG. As avaliações ocorreram durante o mês de setembro de 2008. As coletas das lesões provocadas pelas
vacinas e/ou medicamentos foram nas linhas de inspeção H e I (inspeção caudal, interna e externa da carcaça;
inspeção cranial, interna e externa da carcaça, respectivamente). As lesões extraídas foram acondicionadas em
sacos plásticos, identificados e pesados em balança industrial, com capacidade de 0,05 gramas a 15
quilogramas e o valor da arroba estava em R$ 74,90 em 03/11/2008. Para coleta e armazenamento dos dados
elaborou-se uma planilha própria contendo os pesos, localização e tipo das lesões; pesos das carcaças com ou
sem reação e a origem dos lotes de animais. A análise foi estatística descritiva com base no cálculo da média,
desvio padrão e coeficiente de variação. Aplicou-se o teste T de Student, com significância de 5%, para a
comparação do peso médio das carcaças com e sem reação. A análise de variância em delineamento
inteiramente casualizado verificou as diferenças entre locais e tipos de lesões. Aplicou-se o teste de ScotchKnott para mostrar as diferenças detectadas na análise de variância. Para todos os casos utilizou-se a
significância de 5%. Realizou-se as estatísticas no programa SISVAR (FERREIRA, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O trabalho foi realizado no mês de setembro/2008, sendo observadas 251 carcaças que apresentaram os
resultados a seguir:
Tabela 1: Comparação do peso médio/carcaça, desvio padrão, coeficiente
de variação, média de perda /lesão, perda econômica/animal em
carcaças de bovinos da região do Triângulo Mineiro, 2008.
Reações
Média
Peso/Carcaça
(kg)
Desvio
Padrão
Coeficiente
de variação
Média
Peso/Lesão
(kg)
Perda
Econômica
(Animal)
Sem
Com
188,31
179,54
46,12
30,28
24,49
16,82
0,516
R$ 2,57
Fonte: Pesquisa de campo (2008)
Os locais com maior freqüência de lesões foram o pescoço (62,5%), paleta (14,0%) e contrafilé (5,7%).
Outros locais somaram juntos 17,8% (costela, cupim, entrecorte e ponta de agulha).
Tabela 2: Tipos de processos inflamatórios e médias de perda peso/carcaça bovina
e perda relativa/carcaça.
TIPO
MÉDIAS
PERDA/CARCAÇA
(Kg)
0,389 a
0.694 b
0,697 b
PERDA
RELATIVA
(Kg)
0,0021 a
0,0038 b
0,0040 b
GRANULOMA
ABSCESSO
GRANULOMA/ABSCESSO
Fonte: Pesquisa de campo (2008)
*a; b; letras diferentes na mesma coluna significam médias estatisticamente diferentes,
com p>0,05.
Das 251 carcaças, 59 (23,50%) não apresentaram reações vacinais e as carcaças tinham peso médio de
188,31Kg. Já 192 (76,50%) apresentaram reações e o peso médio das carcaças foi de 179,54Kg. Verifica-se
que a média de perda das porções musculares lesionadas e coletadas nas linhas de inspeção foi de 0,516Kg,
com custo de R$ 2,57 por animal. Os achados de lesões limitaram-se à região do pescoço (62,50%), paleta
(14,0%) e contrafilé (5,70%) e a perda de peso relativa a cada carcaça foi de 0,0029Kg. Os abscessos e o
conjunto granuloma/abscesso representaram as maiores perdas (retiradas) por tipo de processo inflamatório.
CONCLUSÃO
A identificação de número elevado de reações à vacinas decorrentes da presença de abscesso na musculatura
dos bovinos pesquisados, aponta a profunda necessidade de se refletir sobre o manejo dos animais a serem
submetidos a tratamentos à base de medicamentos químicos, bem como a forma de aplicação desses insumos
visando a diminuição da ocorrência de lesões e a inevitável depreciação estética e econômica da carcaça.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-AIRES, G. S. B.; LILLI, F. P. O.; PRIETO NETO, A. Levantamento das perdas econômicas por abscesso
vacinais e/ou medicamentosos em carcaças de bovinos abatidos no matadouro municipal de Espírito Santo do
Pinhal – SP. Disponível em<http://www.unipinhal.edu.br/simpe/CI%C3%8ANCIAS
%20AGR%C3%81RIAS/MEDICINA%20VETERIN%C3%81RIA/60-%20Reacoes%20vacinais%20%20georgiana.pdf> Acesso em 03 set. 2009; 2-FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do Sisvar
para Windows versão 4.0. In... 45ª Reunião Anual da Região Brasileira da Sociedade Internacional de
Biometria. UFSCar, São Carlos, Anais..., p.255-258, 2000; 3-LUCHIARI FILHO, A. A hora veterinária.
Problemas advindos do uso incorreto de tecnologias de produção. 2001. Disponível em:<
http://www.beefpoint.com.br>. Acesso em 15, março, 2009; 4-MADUREIRA, L. D. Vacine corretamente e
garanta a saúde do seu rebanho. Embrapa Gado de Corte. Campo Grande, MS, jul. nº 30, 1998; 5PARANHOS DA COSTA, M. J. R.; TOLEDO, L. M. de.; SCHMIDEK, A.Boas Práticas de Manejo,
Vacinação. Jaboticabal: Funep, 2006.
AVALIAÇÃO DO I CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PARA ESTUDANTES DO CURSO DE
MEDICINA VETERINÁRIA
Pires, B. C¹*; Vasconcelos, R. Y. G¹; Veríssimo, S¹; Bastos, C. R¹; Araújo, C. E¹; Ferreira, F. S¹; Silva, H. O¹;
Souza, M. A¹; Santos, R. F¹; Pellizzaro, R. R¹; Castro, I. P¹; Silva, T. L¹; Moraes J. G. N¹; Lima-Ribeiro, A.
M. C².
1 – Bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET) Institucional Medicina Veterinária da Faculdade de
Medicina Veterinária (FAMEV) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU); 2 – Tutora do PET
Institucional Medicina Veterinária – FAMEV/UFU.
[email protected]
RESUMO
Para o mercado de trabalho atual, é de fundamental importância que o médico veterinário tenha conhecimento
da área administrativa tanto para a gestão empresarial, quanto para o Marketing pessoal, uma vez que, além de
vender sua força de trabalho, também necessita de conhecimentos na área administrativa para lidar com
diferentes empresas ou até mesmo para construir o próprio negócio. Com isso, viu se a importância da
realização do I Curso de Administração para o Médico Veterinário, visando complementar a formação dos
graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. O presente
trabalho objetivou avaliar o evento, além de verificar o aproveitamento dos participantes no mesmo. A média
geral de aproveitamento dos participantes foi de 8,66 (em uma escala de 0 a 10), demonstrando a qualidade do
evento além do comprometimento dos participantes com o aprendizado.
Palavras-chave: PET; Ensino; Gestão empresarial.
INTRODUÇÃO
No atual mercado de trabalho de Medicina Veterinária, a importância do médico veterinário administrador,
empreendedor, prestador de serviços assume um papel de suma importância como uma sentinela avançada da
Saúde Pública. Nesse contexto, faz-se necessária a capacitação de profissionais da área para atender às
demandas da sociedade no que diz respeito à gestão empresarial e pessoal de médicos veterinários. Uma boa
gestão empresarial está ligada a estratégias competitivas cuja finalidade é agregar valor ao negócio da
empresa, fazendo com que ela se posicione no mercado em que atua e se destaque da concorrência, enquanto
que uma boa gestão pessoal caracteriza-se pela capacitação de pessoas para atender às necessidades da
instituição e dos clientes, incluindo a liderança, o trabalho em equipe com pessoas motivadas e a capacitação
de recursos humanos. Assim, além da área de saúde, sanidade e produção animal, também se deve obter
amplo conhecimento das teorias e práticas do setor de administração, gerência, liderança e Marketing,
aumentando assim o leque de oportunidades na profissão e atuação mais efetiva no mercado de trabalho. Com
isso, viu-se a importância da realização do I Curso de Administração para o Médico Veterinário, visando
complementar a formação dos graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o evento, quanto à organização e programação, o
nível das palestras, a escolha dos temas, além de verificar o aproveitamento dos participantes.
METODOLOGIA
Foi organizado um curso sobre “Administração para o Médico Veterinário” pelo Programa de Educação
Tutorial (PET) Institucional, Diretório Acadêmico Carlos Almeida Wultke (DACAW), e a Empresa Júnior de
Consultoria e Assistência Veterinária (CONAVET), para 65 estudantes do curso de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia, integrantes das instituições organizadoras do evento. O curso tinha como
objetivo enfatizar aos participantes a importância do Marketing, da gestão de recursos humanos, clima
interno, gerenciamento e qualidade total para os futuros profissionais de Medicina Veterinária, como pode ser
observado na programação do evento na Figura 1. Foram realizadas seis palestras nos dias 24 e 25 de abril de
2009, com uma carga horária de 12 horas. A seguir, foram aplicados questionários aos participantes do curso
sobre a organização geral do evento e o aproveitamento destes. Figura 2. Foram preenchidos 32 formulários
de avaliação e os resultados obtidos foram analisados pelos integrantes do grupo PET (Programa de Educação
Tutorial) Institucional Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, utilizando-se do software
Microsoft Office Excel 2007 para a análise dos percentuais e gráficos.
FIGURA 1 – Programação do I Curso de Administração para o Médico
Veterinário.
FIGURA 2 – questionário aplicado para os
participantes do I curso de Administração para o
Médico Veterinário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos pela avaliação do I Curso de Administração para o Médico Veterinário estão
demonstrados nas Tabelas e Figuras a seguir:
TABELA 1- Resultados da avaliação do I Curso de Administração para o Médico Veterinário (%)
Organização (%)
Programação (%)
Nível das palestras (%)
Temas debatidos (%)
Ótimo
59,4
75
81,3
75
Bom
40,6
18,7
15,6
15,6
Regular
0
6,3
3,1
9,4
Fraco
0
0
0
0
TABELA 2- Aproveitamento do I Curso de Administração para o Médico Veterinário obtido pelos ouvintes
(%)
Aproveitamento do curso (0-10)
Média
8,66
FIGURA 3- Resultados da avaliação do I Curso de Administração para o Médico Veterinário (%)
Com base na Tabela 1 e Figura 3 é possível observar que 59,4% dos ouvintes consideraram “ótima” a
organização do evento e restante 40,6 % considerou-a como “boa”. Nenhum dos participantes considerou a
organização do evento “regular” ou “fraca”. A programação geral do evento foi considerada “ótima” para 75
% dos ouvintes, “boa” para 18,7% e “regular” para 6,3 %. Nenhum dos ouvintes considerou “fraca” a
programação, demonstrando a eficácia e competência do trabalho em grupo das instituições organizadoras do
evento tanto na elaboração do mesmo, quanto na distribuição dos temas. Do total de participantes, 81,3%
consideraram o nível das palestras como “ótimo”, outros 15,6% consideraram o nível como sendo “bom”,
3,1% como “regular”, e nenhum dos participantes considerou como “fraco”. A maioria dos ouvintes (75%)
considerou “ótimo” os temas debatidos, 15,6% considerou “bom”, 9,4% considerou “regular”, e não houve
nenhum participante que considerou como “fraco”. Com base nestes resultados, foi possível verificar que os
temas abordados e os próprios palestrantes foram muito bem escolhidos pela organização do evento, sendo
estes profissionais gabaritados e reconhecidos no mercado de atuação, contribuindo muito para o evento. A
média de aproveitamento do curso pelos ouvintes foi de 8, 66 em uma escala de 0 a 10. Demonstrando que
além da qualidade do curso ter sido alta, os participantes também se comprometeram ao aprendizado, gerando
uma alta média de aproveitamento Portanto conclui-se que o evento atingiu os objetivos propostos, pois com
organização foi possível ter aproveitamento dos ouvintes. E este serviu como complementação para a
formação dos participantes quanto à área administrativa, já que esta, pela grade curricular da graduação, só é
contemplada no final do curso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-FLOSI, F. A importância do ensino de Marketing nos cursos de Medicina Veterinária. Botucatu – SP
(2007). Disponível em: http://www.cursosetc.com.br/vet/modulo_artigos/pdf/601.pdf>. Acesso em: 24 de
agosto 2009.; 2-MACHADO, R. T. M. Tecnologia de informação e competitividade em sistemas
agroindustriais: Um estudo exploratório. III SemeAd (1998); 3-PESTANA, M. C., PIRES, P. M. S. G.,
FUNARO, V. M. B. O., UTUYAMA A. S., PACHECO F. M., GUIMARÃES T. B. M., Desafios da
sociedade do conhecimento em gestão de pessoas em sistema de informação. Ci. Inf., Brasília (2003).
AVALIAÇÃO IN VITRO DA EFICÁCIA DE ACARICIDAS SOBRE Boophilus microplus DE
BOVINOS DA FAZENDA DO GLÓRIA, NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, MG.
Ribeiro, C. S. M. 1*; Carvalho, F. S. R.2; Silva, C. R.3; Olegário, M. M. M.4; Hirano, L. Q. L.4; Nascimento, C.
C. N. 4; Osava, C. F. 4; Naves, J. C.1; Innocentini, R. C. P.1; Braga, T. F.1; De Simone, B. S. S. 4
1-Graduanda do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia; 2-Docente
Orientador, Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia; 3-Médico
Veterinário; 4-Mestrando da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av.
Pará, 1720. Campus Umuarama, Bloco 2T. Cep: 38400-902. Uberlândia, MG.
[email protected]
RESUMO
O objetivo desta pesquisa foi investigar a eficácia de seis diferentes protocolos de carrapaticidas sobre fêmeas
ingurgitadas de Boophilus microplus ouriundas da Fazenda Experimental do Glória, região de Uberlândia,
MG. Os carrapatos foram submetidos in vitro a protocolos contendo os seguintes princípios ativos: Piretróide;
Amidina; Organofosforado + Piretróide (Cyperclor plus - Cipermetrina 15,00g, Clorpirifós 25,00g, Butóxido
de Piperolina 15,00g, Citronelal 1,00g); Organofosforado + Piretróide (Gaia 01); Organofosforado +
Piretróide (Gaia 02) e um Fitoterápico. Observou-se que as associações organofosforados + piretróides
juntamente com o fitoterápico apresentaram 100% de eficácia no tratamento contra Boophilus microplus.
Enquanto que o grupo das amidinas e também piretróides apresentaram eficácia insatisfatória, sendo elas
respectivamente de 89,9% e 87,7%.
Palavras-chave: Carrapaticida. Fitoterápico. Resistência Antimicrobiana.
INTRODUÇÃO
O Boophilus microplus é reconhecido como um dos parasitos de maior importância econômica para a
bovinocultura brasileira, assim como para grande parte da América Latina. Os prejuízos causados por esse
ácaro à pecuária sul-americana superam a cifra de 964.886.194 dólares (FRISCH, 1999), principalmente, pelo
hematofagismo que pode comprometer a produção de carne e leite, inocular toxinas nos hospedeiros e
transmitir agentes infecciosos. Uma das principais formas de se controlar as infestações por carrapatos é o
método químico através de acaricidas, porém, o uso incorreto dessas substâncias favorece o surgimento de
cepas resistentes. Os fatores limitantes à efetividade dos fármacos utilizados no controle do carrapato
Boophilus microplus estão agregados a uma série de condicionamentos, que vão desde os mais simples, como
operacionais, até aos mais complexos, como a própria genética do parasito (SANTANA, 2000). O objetivo
desta pesquisa foi investigar a eficácia de seis diferentes protocolos de carrapaticidas sobre fêmeas
ingurgitadas de Boophilus microplus oriundas da Fazenda Experimental do Glória, região de Uberlândia, MG.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na fazenda do Glória, localizada no município de Uberlândia, MG. Coletou-se,
manualmente, de 200 a 300 fêmeas ingurgitadas de Boophilus microplus, com tamanho igual ou superior a
8mm, provenientes de bovinos infestados naturalmente e que estavam a pelo menos 30 dias sem nenhum
tratamento parasiticida. As teleóginas foram separadas em grupos de dez unidades, num total de sete grupos,
individualmente colocados em placas de Petri . Foram utilizados seis protocolos diferentes contendo: 1Amidina (Amitraz 12,5%); 2- Piretróide (Cipermetrina 15%); 3- Organofosforado + Piretróide (Cipermetrina
15g, Clorpirifós 25g, Butóxido de Piperolina 15g, Citronelal 1g); 4- Fitoterápico (Extrato de Neem); 5Organofosforado + Piretróide (Gaia 01) e 6- Organofosforado + Piretróide (Gaia 02). Utilizou-se o
biocarrapaticidograma segundo a técnica de Drummond et al. (1973), diluindo-se os produtos em água
seguindo a dosagem recomendada pelo fabricante. Cada grupo foi mergulhado por 3 minutos nos produtos,
sendo que o grupo controle foi colocado em água destilada pura. Após imersão e secagem em papel
absorvente, as teleóginas foram fixadas com fita adesiva dupla face nas placa de Petri e encaminhadas para
estufa a 27ºC e 80% de umidade, por 21 dias. Após classificação e pesagem dos ovos, os carrapatos foram
transferidos para seringas de 10ml, as quais foram recolocadas na estufa por 25 dias e observou-se a
eclodibilidade com auxílio de lupa estereoscópica. Calculou-se assim, a Eficiência Reprodutiva (ER)
(Fórmula 1) e a Eficácia do Produto (EP) (Fórmula 2), preconizadas por Drummond et al. (1973).
Fórmula 1. ER = Peso dos ovos (gr) x % Eclosão x 20.000
Peso das teleóginas
Fórmula 2. EP= ER (grupo controle) – ER (grupo tratado) x 100
ER ( grupo controle)
A eficiência de um carrapaticida (Ep), pode variar de zero% (0%) a 100%. Sendo considerado eficaz um
produto que apresentar eficácia maior ou igual a 95%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os grupos Controle, 1 e 2 apresentaram postura completa, o grupo 4 apresentou postura parcial e os grupos 3,
5 e 6 não apresentaram postura, visto que as teleóginas morreram após algum tempo do banho dos produtos.
Para os grupos controle, 1, 2 e 4, os percentuais de eclodibilidade foram, respectivamente, 100%, 20%, 10% e
0%.Os resultados da avaliação de eficácia dos carrapaticidas estão representados na Tabela 2.
Tabela 02. Eficácia in vitro de carrapaticidas quanto à inibição
de postura e teleóginas de Boophilus microplus, provenientes de
bovinos da Fazenda do Glória, município de Uberlândia, MG.
GRUPOS
1
2
3
4
5
6
EFICÁCIA DO PRODUTO
89,9%
87,7%
100%
10%
100%
100%
As eficiências máximas (100%) foram observadas nos grupos 3, 4, 5 e 6. O grupo 1 apresentou eficiência de
89,9%, sendo insuficientemente eficaz para o controle de Boophilus microplus nesta propriedade. Para o
grupo 2, observou-se eficiência de 87,7%, sendo também insuficientemente eficaz. Sabendo que a
propriedade utilizava Cipermetrina 15% para o contole dos carrapatos, provavelmente este resultado está
relacionado à resistência a este grupo químico. De acordo com Soares (1999), as formulações, amitraz,
cipermetrina + clorfenvinfós, coumafós e diclorovinil + clorfenvinfós foram as que proporcionaram ausência
total de eclosão de larvas (eficácia de 100%). Já no presente estudo, as formulações que apresentaram
ausência total de eclosão de larvas foram as associações organofosforado + piretróide e o extrato de Neeem.
Silva; Sobrinho; Linhares (1997) alertam para as restrições inerentes ao uso de organofosforados em animais
de produção em função dos resíduos. Lembram, ainda, a necessidade de uma melhor conscientização dos
criadores e dos demais segmentos envolvidos na produção de bovinos quanto ao uso racional dos
carrapaticidas, acompanhando periodicamente o nível de eficácia dos produtos por meio de testes in vitro,
sempre sob a orientação de um médico veterinário. Dessa forma, o controle sobre o uso indiscriminado e
abusivo dos diferentes princípios ativos se reverteria em benefícios econômicos aos produtores, pela
minimização do problema referente à resistência dos carrapatos. Quanto ao uso do fitoterápico (extrato de
Neem), Silva et al. (2007) observaram que a redução nos parâmetros reprodutivos para B. microplus e R.
sanguineus tratados com Neem ocorreu provavelmente pela capacidade desta planta em interferir na
ovoposição e fecundação das fêmeas ingurgitadas. O resultado do presente estudo em relação ao fitoterápico
extrato de Neem reafirma as conclusões destes autores, pois as teleóginas submetidas a este tratamento
apresentaram postura parcial com 0% de eclodibilidade, sendo assim, a eficácia do produto foi de 100%.
Arantes et al. (1996), em Uberlândia, MG, registraram, em várias propriedades, eficácia máxima do amitraz a
12,5% no controle do B. microplus, caracterizando inexistência de estirpes resistentes a este princípio ativo.
Entretanto, em outras regiões do Estado, em amostragem superior a 130 testes, Leite et al. (1995) mostraram
haver uma grande variação na resistência de Boophilus microplus frente aos subgrupos de compostos
químicos piretróides utilizados como acaricidas. O perfil de eficácia obtido com grupo químico piretróide
neste trabalho, que foi de 87,7%, está em concordância com os obtidos no Brasil, assinalando o processo de
resistência, uma vez que a propriedade onde se coletou as teleóginas, utilizava Cipermetrina 15% para o
controle de carrapatos. Concluiu-se assim, que as associações organofosforados + piretróides juntamente com
o fitoterápico são as melhores escolhas como carrapaticidas contra Boophilus microplus na Fazenda do
Glória, uma vez que apresentaram 100% de eficácia no tratamento.
REFERÊNCIAS
1-ARANTES, G. J. et al. The cattle tick, Boophilus microplus, in the municipality of Uberlandia, MG:
analysis of its resistance to commercial acaricides. Revista brasileira de parasitologia veterinária, 4, 89-93.
1996; 2-DRUMMOND, R. O. et al. Boophilus annulatus and Boophilus microplus: Laboratory test of
insecticides. Journal Economical Entomology, 66, 130-133, 1973. ; 3-FRISCH, J.E. Towards a permanent
solution for controlling cattle ticks. International Journal for Parasitology, 29, 57-71, 1999. ; 4-LEITE, R.
C. et al. In vitro susceptibility of engorged females from different opulations of Boophilus microplus to
commercial acaricides. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, 4, 283-294, 1995; 5-SANTANA,
V.L. A. Situação do controle químico do Boophilus microplus (Canestrini, 1887) das subregiões na zona
da mata e agreste do estado de Pernambuco, com base em testes in vitro de eficácia de carrapaticidas
em fêmeas ingurgitadas. 2000. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) - Universidade Federal
Rural de Pernambuco, Recife, 2000; 6-SILVA, M. C. L.; SOBRINHO, R. N.; LINHARES, G. F. C. Estudo da
Eficácia in vitro do amitraz e da deltametrina como carrapaticida no controle de Boophilus microplus
(Canestrini, 1887) na bacia leiteira da microrregiao de Goiania – Goiás. Goiás: Anais da Escola de
Agronomia e Veterinária, Goiás. p. 21-25. 1997; 7-SILVA, W.W. et al. Efeitos do neem (Azadirachta
indica A. Juss) e do capim santo [Cymbopogon citratus (DC) Stapf] sobre os parâmetros reprodutivos de
fêmeas ingurgitadas de Boophilus microplus e Rhipicephalus sanguineus (Acari: Ixodidae) no semiárido
paraibano. Botucatu: Revista Brasileira de Medicina Pública, 9, 1-5, 2007; 8-SOARES, V. E. et al.
Resistência do Boophilus microplus (Canestrini, 1887) a carrapaticidas em bovinos da região nordeste do
estado de São Paulo. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA. Salvador.
Anais... Salvador, 1999. p. 78.
CARACTERÍSTICA CLÍNICA DA CINOMOSE EM ANIMAIS ASSISTIDOS NO HOSPITAL
VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Souza, R. R.¹; Viadanna, P.H.O.¹; Souza, K. S. R.¹; Oliveira, O. M.¹;
1-Discente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia,
[email protected]
RE S UM O
A cinomose é uma das doenças virais que mais afetam os cães, principalmente os filhotes. Foram analisados
todos os prontuários do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, compreendidos entre os
anos de 2000 a 2007 e selecionados aqueles que apresentavam diagnóstico prováveis ou definitivos para
cinomose. Durante os sete anos foram analisados 972 casos de cinomose. Os animais diagnosticados com
cinomose apresentavam como sintomatologia, vômito, diarréia, sialorréia, fluxo nasal e lacrimal seromucosos
e conjuntivite, em 60% dos casos ocorreram sintomas respiratórios e em 97% sinais nervosos como ataxia,
paralisia dos membros pélvicos, incoordenação, nistagmo e tremores.
P al a v ra s - c ha v e : Ci n o m os e . S i n t o m a t ol o gi a vi r a l . Ví r us .
INTRODUÇÃO
A cinomose canina é uma das doenças virais que mais afetam os cães, principalmente os filhotes
(DEZENGRINI, 2007). De acordo com Corrêa (1992), o vírus da cinomose é do tipo RNA, pertence a família
Paramyxoviridae, gênero Morbilivirus, com simetria helicoidal e pleomórficos. São sensíveis ao éter e aos
solventes lipídicos, instáveis a pH baixos e inativados pelo calor em uma hora à 55°C. A sintomatologia da
cinomose pode estar associada à distúrbios respiratórios, digestivos e neurais. Após o período de incubação
que dura de três a sete dias, ocorre elevação bifásica da temperatura com intervalo de um a dois dias,
esgotamento, inapetência e fluxos nasal e lacrimal seromucosos (BEER, 1988). Nos casos onde ocorre
comprometimento do SNC, o animal pode apresentar convulsões e paralisias dos membros pélvicos,
juntamente com sinais vestibulares, como ataxia e nistagmo e cerebelares, como tremores e hipertermia
(SHELL, 1990). Corrêa afirma que a transmissão é feita, principalmente, por aerossóis e gotículas que contém
o vírus. Segundo Jones (2005), como as lesões causadas pelo vírus no SNC são bastante características, a
histopatologia é uma técnica que pode ser utilizada como diagnóstico definitivo, no entanto, não permite o
diagnóstico precoce ante mortem da infecção. A RT-PCR para detecção do gene da nucleoproteína do vírus
da cinomose, utilizando urina como amostra biológica proporciona o diagnóstico ante mortem, permitindo um
tratamento imediato, aumentando as chances de recuperação do animal (GEBARA, 2004; NEGRÃO, 2007).
Outro método é a análise do líquido cérebroespinhal, que apresenta aumento na concentração de proteínas
totais em qualquer fase da doença (GAMA, 2005). Infelizmente, não são métodos amplamente utilizados na
clínica, se restringindo a pesquisa.
METODOLOGIA
Foram analisados todos os prontuários do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia no
período de 2000 a 2007. Separando aqueles que apresentavam diagnóstico prováveis ou definitivos para
cinomose.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os animais diagnosticados com cinomose apresentavam como sintomatologia mais freqüente: vômito,
diarréia, sialorréia, secreção lacrimal seromucosa, conjuntivite, em 60% dos casos ocorreram sintomas
respiratórios (como secreção nasal seromucosa), e em 97% sinais nervosos como ataxia, paralisia dos
membros pélvicos, incoordenação, nistagmo e tremores. Apenas cinco animais (0,51 %) apresentaram
pústulas abdominais e na face interna das coxas. Foram realizados diagnósticos diferenciais da cinomose.
Dentre os 972 casos de cinomose identificados não houve diferenças na quantidade de machos e fêmeas. Dos
animais confirmados para cinomose, 20% tinham idade inferior a um ano, 67% entre um e cinco anos e 13%
com idade superior a cinco anos. De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, nota-se que a
cinomose possui papel importante na morbidade de filhotes e que, apesar da falta de dados relacionados ao
desfecho da doença, sabemos que o prognóstico é desfavorável e que a taxa de mortalidade é muito alta. Os
dados apresentam uma grande incidência entre animais adultos, provavelmente por alterações na imunidade e
pelo fato de os proprietários nem sempre se preocuparem com as datas de vacinação.
CONCLUSÃO
A cinomose representa importante causa de morbidade e mortalidade entre cães de todas as idades,
necessitando a adoção de métodos de prevenção mais ativos, como vacinação, e conscientização da população
de proprietários de cães aos sinais clínicos e principalmente sua evolução, pois quanto mais cedo levarem seus
animais no médico veterinário, maior é a chance de sobrevivência do animal.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
1-BEER, J. Doenças infecciosas dos animais domésticos. São Paulo: ROCA, 1988; 2-CORRÊA, W. M. et al.
Enfermidades infecciosas dos animais domésticos. São Paulo: MEDSI, 1992; 3-DEZENGRINI, R. ;
WEIBLEN, R. ; FLORES, E.F. Soroprevalência das infecções por parvovírus, adenovírus, coronavírus canino
e pelo vírus da cinomose em cães de Santa Maria, RS, Brasil. Ciênc Rur, Santa Maria, v. 37, n. 1, p. 183-189,
2007 ; 4-GAMA, F. G. V. et al. Caracteres físico-químicos e citológicos do líquor de cães em diferentes fases
da cinomose. Ciênc Rur, Santa Maria, v.35, n.3, p.596-601, mai-jun, 2005; 5-GEBARA, C. M. S. et al.
Detecção do gene da núcleo-proteína o vírus da Cinomose por RT-PCR em urinas de cães com sintomas
clínicos de cinomose. Arq. Bras. Med. Veto Zoot., v.56, n.4, p. 480-487, 2004; 6-JONES, C. T. et al.
Patologia Veterinária. São Paulo: MANOLE, 2000. 1415 p; 7-NEGRÃO, F. J. et al. Avaliação da urina e
leucócitos como amostras biológicas para a detecção ante mortem do vírus da cinomose canina por RT-PCR
em cães naturalmente infectados. Arq. Brás. Med Veto Zoot, v.59 n.1, p.253-257, 2007; 8-SHELL, L. G.
Canine distemper. Comp. Small Anin,, v.12, p. 173-179, 1990.
CINÉTICA DA PRODUÇÃO DE ANTICORPOS VACINAIS ANTI-BRUCELLA ABORTUS
DETECTADOS PELOS CONJUGADOS PROTEINA A, PROTEINA G E ANTI-IgG BOVINA
MARCADOS COM PEROXIDASE EM ELISA INDIRETO
Graff, H. B. 1; Silva, J. M. M.* 1; Silva, D. A. O. 2 Pajuaba, A. C. A. M. 2;Mineo,J.R2
1-Graduandos do curso de Medicina Veterinária/FAMEV–UFU; 2 - Laboratório de Imunoparasitologia, Instituto de
Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlãndia, Uberlândia, MG, Brasil,Av. Amazonas, nº 2245, Jardim
Umuarama, Uberlândia-MG, Brasil, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
A vacina contra B. abortus é de extrema importância já que a brucelose causa sérios prejuízos econômicos. A vacina
é constituída pela cepa S-19 e a sua eficiência depende de fatores. O gênero Brucella compromete especialmente o
sistema reprodutivo, frequentemente, ocasionando abortamento na fase final da gestação. Esse trabalho tem como
objetivo monitorar a cinética de produção de anticorpos anti-Brucella da classe IgG em bezerras vacinadas com a
vacina S-19, utilizando os testes de aglutinação padrão para o diagnóstico da brucelose em comparação com os testes
imunoenzimáticos indiretos (iELISA). A cinética de de anticorpos demonstrou uma produção de dois picos de
anticorpos e que os conjugados tiveram curvas diferentes entre si. Conclui-se que a Proteína A detectou um pico de
produção de anticorpos mais tardio em relação à Proteína G e anti-IgG bovina.
Palavras-Chave: Brucella abortus, iELISA, vacina S-19.
INTRODUÇÃO
A brucelose é uma grave doença animal, bacteriana, que acomete bovinos de corte e de leite, provocando elevados
prejuízos econômicos. É considerada uma séria zoonose difundida em todo o mundo, sendo que no Brasil, a
brucelose bovina é endêmica em todo o território nacional. O Programa de Controle e Erradicação da Brucelose no
Brasil foi implantado em 2001 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e preconiza a
vacinação obrigatória de população de fêmeas entre 3 a 8 meses em todo o território nacional, visando a redução da
prevalência da brucelose. Animais diagnosticados como positivos deverão ser encaminhados ao abate sanitário em
estabelecimento com inspeção de carcaças ou, como opção, poderão ser descartados na propriedade, desde que
acompanhada de um veterinário (BRASIL, 2006). O objetivo desse trabalho foi monitorar a cinética de produção de
anticorpos IgG anti-Brucella em bezerras vacinadas (entre o terceiro e oitavo mês de idade) com a vacina S19,
utilizando testes imunoenzimáticos indiretos (iELISA) com os conjugados Proteína A, Proteína G e anti-IgG bovina
marcados com peroxidase, em comparação com os testes de aglutinação padrão utilizados para o diagnóstico da
brucelose. Assim, este estudo contribuirá para um melhor entendimento da cinética de produção de anticorpos
vacinais e conhecimento sobre a dinâmica da resposta imune humoral contra Brucella abortus.
METODOLOGIA
Amostras séricas de 21 bezerras entre 3 e 8 meses de idade foram coletadas a partir do tempo zero da aplicação da
vacina contra brucelose bovina cepa S-19, obedecendo um cronograma de coletas com intervalos semanal durante o
primeiro mês, quinzenal até o terceiro mês e mensal até o sexto mês pós-vacinação. Foi obtida a fração antigênica de
lipopolissacáride de B. abortus S19 (S-LPS) pelo método aquecido fenol-água (OIE, 2000). As amostras de soro
foram analisadas pelos testes de aglutinação Rosa Bengala (RBT) e teste de aglutinação do soro em tubos com 2mercaptoetanol (SAT/2ME)..Testes iELISAs foram conduzido para a avaliação do uso dos conjugados anti-IgG
bovina/peroxidase, Proteína G/peroxidase e Proteína A/peroxidase como reagentes de detecção de anticorpos IgG
total e como reagente de detecção de anticorpos bovinos e subclasse IgG2, respectivamente. A otimização das
reações para os conjugados anti-IgG bovina e Proteína A foi estabelecida em experimentos preliminares
(PAJUABA, 2006) através da titulação em bloco dos reagentes, utilizando soros controles positivos e negativos. A
otimização do iELISA utilizando o reagente de detecção Proteína G/peroxidase foi realizado pela titulação em bloco
dos reagentesTítulos de anticorpos foram arbitrariamente expressos em índice de positividade (IP). O valor limiar
(cut off) do índice de positividade (IP) foi determinado e a análise estatística foi realizada com a aplicação de
programas computadorizados (GraphPad Prism versão 4.0 – GraphPad Software, Inc., EUA). A comparação entre
as médias dos IPs para os três conjugados foi analisada pelo teste de Kruskal-Wallis e comparação múltipla de Dunn.
A comparação entre as freqüências de amostras positivas obtidas para cada conjugado e para os testes de
aglutinação, em cada ponto de tempo pós-vacinação, foi realizada pelo teste exato de Fisher (MINEO et al., 2005).
Todos os resultados foram considerados significativos para um nível de P < 0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Amostras de soros de bezerras coletadas entre o período zero e 160 dias pós-vacinação contra B. abortus S-19 foram
analisadas para a determinação dos níveis de anticorpos IgG anti-S-LPS de B. abortus, utilizando os testes de
aglutinação RBT e SAT/2ME e imunoenzimáticos iELISAs com os conjugados anti-IgG bovina/peroxidase,
Proteína A/peroxidase e Proteína G/peroxidase. O reagente Proteína A/peroxidase detectou níveis crescentes de
anticorpos (p < 0,05) entre os períodos de 21 a 68 dias e 96 e 130 dias pós-vacinação. Diferenças nos níveis de
detecção de anticorpos (p<0,05) foram observadas para os conjugados Proteína G/peroxidase e anti-IgG
bovina/peroxidase. Títulos de anticorpos foram crescentes a partir de 14 dias, declinando no período de 83 a 130 dias
pós-vacinação para o conjugado Proteína G/peroxidase, com aumento dos títulos no período final. Foram observadas
diferenças significativas na detecção de amostras soropositivas no ponto zero da vacinação ao compararmos os
valores de IP obtidos no iELISA utilizando o conjugado anti-IgG bovina/peroxidase com os testes de aglutinação
SAT/2ME e RBT. Aos 96 dias pós-vacinação somente o conjugado anti-IgG bovina/peroxidase apresentou diferença
significante quando comparado aos testes de aglutinação. Aos 130 dias pós-vacinação, o conjugado anti-IgG
bovina/peroxidase apresentou diferença significante somente com o conjugado Proteina G/peroxidase. Aos 160 dias
após a vacinação, o conjugado anti-IgG bovina/peroxidase não mostrou diferença significante comparado com os
outros testes realizados, exceto para iELISA utilizando Proteína A/peroxidase. Altas taxas de soropositividade (35%95%) foram observadas pelo iELISA utilizando anti-IgG bovina/peroxidase no período de 130 dias. Níveis mais
altos de detecção de amostras sororeagentes para os conjugados Proteína A e Proteína G foram observados no
período de 28 a 40 dias. Aos 130 dias pós-vacinação foi observada uma marcante soropositividade para os
conjugados Proteína G e anti-IgG bovina quando comparados aos testes de aglutinação. Taxas relativamente baixas
de soropositividade (0%-81%) foram detectadas pelos testes clássicos de aglutinação, mantendo-se uma média de
soropositividade de 45%. A análise dos níveis médios de IPs detectados pelos três conjugados durante os pontos de
tempo pós-vacinação demonstrou dois picos de produção de anticorpos anti-B. abortus, sendo o primeiro pico mais
precoce para os conjugados Proteína G e anti-IgG bovina (21 dias pós-vacinação) e mais tardio para Proteína
A/peroxidase. O segundo pico foi detectado no período de 130 dias para os três conjugados analisados. Houve
diferenças significativas entre os níveis médios de IPs para os conjugados Proteína A e anti-IgG bovina em
praticamente todos os pontos de tempo pós-vacinação analisados, com exceção do período de 40 dias, que coincide
com o nível máximo de anticorpos detectados pela Proteína A/peroxidase e um decréscimo nos níveis de anticorpos
detectado pelo reagente anti-IgG bovina/peroxidase. No presente estudo, avaliamos a utilização de três conjugados
enzimáticos em iELISA para um estudo cinético da resposta imune humoral de bezerras vacinadas com a B abortus
S19. Foram encontrados, mesmo antes da vacinação, animais sororeativos aos três iELISAs, levantando a hipótese
de que esses animais já poderiam ter tido contato com o patógeno ou poderiam ter anticorpos de origem materna,
transferidos via colostro. Foi também observado que alguns animais não responderam à vacinação, sugerindo fatores
intrínsecos do hospedeiro relacionados à imunotolerância (CORREA, CORREA 1992) ou até mesmo falhas na
administração da vacina. A análise da cinética de anticorpos detectados pelos conjugados Proteína G e anti-IgG
bovina mostrou curvas de anticorpos muito semelhantes, sugerindo que estes reagentes de detecção se ligam com
subclasses de IgG semelhantes, provavelmente IgG1 e IgG2. No entanto, o conjugado Proteína A/peroxidase
mostrou uma diferente curva de anticorpo, tendo um pico de detecção de anticorpos mais tardio sugerindo a sua
ligação com a subclasse IgG2, como anteriormente relatado por Lawman e colaboradores (1986). Baldi e
colaboradores (1996) detectaram um título máximo de IgG anti-LPS, quatro semanas após a vacinação, utilizando
iELISA, concordando com os níveis de IPs detectados nesse estudo para o conjugado Proteína A/peroxidase. A
produção de um segundo pico de detecção de anticorpos não foi descrito até o presente momento. Tal fato pode ser
explicado por uma provável reatividade cruzada entre LPS de B. abortus com LPS de outras bactérias como
Escherichia coli sorotipo O:157 e O:116, Salmonella SP. A detecção de anticorpos pelos conjugados Proteína G e
anti-IgG bovina revelou um pico precoce em relação à detecção tardia pela Proteína A, o que pode ser um
importante fator de diferenciação entre animais vacinados e naturalmente infectados, devido a marcação diferencial
desses conjugados pelas subclasses de IgG bovina. O número total de amostras soropositivas foi muito semelhante
entre os testes de aglutinação e os iELISAs utilizando os conjugados Proteína A/peroxidase e Proteína G/peroxidase,
durante todo o decorrer do estudo. Entretanto, para o conjugado anti-IgG bovina/peroxidase, essa semelhança
ocorreu até aos 96 dias pós-vacinação, sendo observadas diferenças significativas com os testes de aglutinação e
esses resultados concordam com os achados de Molnár e colaboradores (2002). A utilização de diferentes
conjugados enzimáticos em iELISA pode auxiliar na determinação de diferentes isotipos de anticorpos IgG em
bezerras vacinadas com a cepa S19 e ter potencial aplicação na determinação de títulos de anticorpos vacinais contra
brucelose.
REFERÊNCIAS
1-BALDI,P.C.; GIAMBARTOLOMEI,G.H.; GOLDBAUM,F.A.; ABDÓN,L.F.; VELIKOVSKY,C.A.;
KITTELBERGER,R.; FOSSATI,C.A. Humoral Immune Response against Lipopolysaccharide and Cytoplasmic
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enterocolitica Serotype 0:9. Clinical and diagnostic laboratory immunology, v. 3. n. 4, p. 472-476, July 1996; 2BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Departamento de
Defesa Animal. Manual técnico do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e TuberculosePNCEBT. Brasília, 101p., 2006; 3-CORRÊA,W.M., CORRÊA,C.N.M.. Enfermidades Infecciosas dos Mamíferos
Domésticos. 2ª ed. MEDSI, Rio de Janeiro, P.202, 1992; 4-LAWMAN,M.J.P.; BALL,D.R.; HOFFMANN,E.M.;
DESJARDIN,L.E.; BOYLE, M.D.P.. Production of Brucella abortus-specific Protein A-reactive antibodies (IgG2)
in infected and vaccinated cattle. Veterinary Microbiology, Amsterdam, v. 12, n. 1, p. 43-53, 1986; 5-MINEO,J.R.;
SILVA,D.A.O.; SOPELETE,M.C.; VIDIGAL,L.H.G.; TÁPIA,L.E.R.; BACHIN,M.I.. Pesquisa na área biomedica:
do planejamento à publicação. 1 ed. Uberlândia: EDUFU- Editora da universidade Federal de Uberlândia, 273 p.,
2005; 6-MÓLNAR,L.; MÓLNAR,É.; LIMA,E.S.C.; DIAS,H.L.T.. Avaliação de Seis Testes Sorologicos no
Diagnóstico da Brucelose Bubalina. Pesquisa Veterinária Brasileira. 22(2): 41 – 44,abr/jun. 2002; 7-OFFICE
INTERNATIONAL DES ÉPIZOOTIES (OIE). Manual of Standards for Diagnostic Test and Vaccines for
Terrestrial Animals. 4 th.Ed.2000. cap. 2.3.1. Disponivel em : <http://www.oie.int> Acesso em 05 de junho de
2008.
CISTICERCOSE BOVINA EM MATADOURO-FRIGORÍFICO NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA
– MG
Morais, H. R. ¹ *; Andrade, R. B. ¹; Moreira, M. D. ² ; Tavares, M. ³
1-Discente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – MG; 2-Docente
da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – MG; 3-Docente da Faculdade
de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia – MG
[email protected]
RESUMO
Os dados referentes aos bovinos abatidos durante o período de Janeiro de 2003 a Dezembro de 2007 foram
coletados dos arquivos do Serviço de Inspeção Municipal de Uberlândia - MG. Foram considerados positivos
para cisticercose os animais que apresentaram cistos vivos ou calcificados. A prevalência mensal e anual de
animais positivos para cistos viáveis e degenerados foi determinada pela comparação com o total de animais
abatidos. De jan/2003 a dez/2007 foram abatidos 222.743 bovinos e, destes, 2.981 (1,34%) estavam positivos
para cisticercose. Destes animais infectados 98,96% apresentaram a forma viável e 1,04% a forma
degenerada. Cistos viáveis foram mais freqüentemente encontrados na cabeça (69,6%), no coração (31,78%),
na carcaça (0,87%) e no diafragma (0,47%), enquanto o coração, cabeça, carcaça e fígado se destacaram como
principais órgãos-alvo de cistos calcificados, com freqüências de 2,18%, 0,91%, 0,17% e 0,13%,
respectivamente.
Palavras-chave: cisticercose, cistos, prevalência
INTRODUÇÃO
Segundo Moreira et al. (2002), o complexo teníase/cisticercose, representado pela Taenia saginata, apresenta
distribuição cosmopolita, sendo ainda comumente encontrada em países com rebanho bovino. Essa situação
reforça a preocupação dos setores da cadeia produtiva, dos produtores aos consumidores, referentes ao lucro
e, principalmente, devido ao risco à saúde que ainda é presente. De acordo com Santos et al. (2008), a
fiscalização realizada pelos profissionais de inspeção sanitária oficial tem um papel fundamental no sentido de
proteger a saúde pública com relação aos riscos representados pelo consumo de carnes com cisticercos – visto
que tal enfermidade geralmente não causa qualquer sinal ou sintoma durante a vida do animal que justifique
tratamento medicamentoso – através de:
Atuação nas diversas linhas de inspeção, focando órgãos mais suscetíveis à instalação da
cisticercose como músculos da cabeça, coração, língua e outros.
Adequado sistema de tratamento pelo frio de carcaças, objetivando completa inativação de
Cysticercus bovis.
Fonte de dados estatísticos de prevalência da cisticercose, função esta primordial do Serviço
de Inspeção Oficial.
Prevenção da teníase humana, pela destinação adequada de carcaças e órgãos bovinos
cisticercóticos.
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi desenvolvida através de dados coletados no matadouro-frigorífico Real, localizado na
Rodovia BR-050 km 81 s/n, zona rural, no município de Uberlândia – MG. A equipe do Serviço de Inspeção
Municipal (SIM) 102 forneceu os seus arquivos estatísticos contendo dados das ocorrências de cisticercose
bovina no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2007. A técnica utilizada na inspeção dos bovinos para
cisticercose é a mesma preconizada pelo RIISPOA (BRASIL, 1997). O método estatístico utilizado foi o teste
da binomial para duas proporções, considerando uma significância de 5% (SNEDECOR e COCHRAN, 1980).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As ocorrências de cisticercose bovina registradas no período de 2003 a 2007 variaram de 0,5% em dezembro
de 2005 a 2,72% em outubro de 2007. Observou-se que, de um total de 222.743 bovinos abatidos, 2981
animais estavam infestados com Cysticercus bovis, perfazendo um percentual médio de 1,34% ao ano,
conforme esquematizado na Tabela 6:
Tabela 6 - Ocorrência anual de cisticercose bovina em matadouro-frigorífico do Triângulo Mineiro no
período de 2003 a 2007
Ano
Total de animais
Total de animais
Freqüência
infectados por
abatidos
cisticercose bovina
(%)
Cysticercus bovis
377
36846
1,02
a
2003
631
44045
1,43
b
2004
397
46816
0,85
c
2005
716
50077
1,43
b
2006
860
44959
1,91
d
2007
TOTAL
2981
222743
1,34
Letras minúsculas diferentes diferem significativamente entre si (p < 0,05).
Quando os resultados são comparados com outros estudos também realizados em Minas Gerais, observou-se
que Moreira et al. (2002) encontraram uma prevalência de cisticercose bovina de 7% em matadourofrigorífico sob inspeção federal, compreendendo o período de 1997 a 1999. Bueno (2006) observou uma
prevalência de 1,08% em matadouros-frigoríficos do município de Muzambinho de 1995 a 2006. Em
Uberlândia, Almeida et al. (2002) observaram frequência de 10% de animais positivos em dois matadourosfrigoríficos da cidade, um com Inspeção Municipal e outro com Inspeção Federal. Prevalências de cisticercose
bovina maiores que as encontradas no presente trabalho também foram descritas por Polegato et al. (2001) na
cidade de Marília – SP, em que foi visto um percentual de 6,5%. No Rio Grande do Sul, Junior (2001)
observou uma prevalência de cisticercose bovina de 2,47% no ano de 2000 em frigoríficos do Estado com
inspeção estadual. Neste trabalho, observa-se que a ocorrência da cisticercose bovina sofreu oscilações no
período de cinco anos, mas tende a aumentar, principalmente a partir de 2005, como é observado no gráfico:
Ocorrência (%)
Evolução Cisticercose Bovina
3
2
1
0
2003
2004
2005
2006
2007
Ano
Gráfico 1 – Evolução da Cisticercose Bovina em matadouro-frigorífico do Triângulo Mineiro no
período de 2003 a 2007
Praticamente todos os animais infestados têm cisticercos vivos, visto que sua freqüência (98,96%) é bem
superior aos calcificados (1,04%). Resultados opostos foram encontrados por Pereira et al. (2006) em que a
grande maioria dos animais possuía cistos calcificados (99%), contrastando com 1% de cistos vivos. Isso foi
observado em dados do SIF (Serviço de Inspeção Federal) obtidos de abates feitos em diversos municípios do
estado do Rio de Janeiro no período de 1997 a 2003. O local de instalação mais comum de cisticerco é a
cabeça, seguida pelo coração e carcaça. Trabalhos realizados por Santos et al. (2008) em um matadourofrigorífico de Inspeção Federal na Bahia e por Falavigna et al. (2005) em um matadouro-frigorífico de
Inspeção Municipal no município de Sabáudia no Paraná também confirmaram a cabeça e o coração como
principais órgãos-alvo em que o Cysticercus bovis se instala, embora em ambos os trabalhos a língua foi mais
acometida que a carcaça. Concluindo, a frequência da cisticercose bovina no período estudado foi de 1,34%.
A grande maioria dos cistos larvários encontrados foram vivos, sendo observada a freqüência de 98,96% dos
animais abatidos. Os locais de escolha para instalação dos cistos vivos foram – de maior para menor
ocorrência – cabeça, coração, carcaça e diafragma.
REFERÊNCIAS
1- ALMEIDA, L. P.; REIS, D. O.; MOREIRA, M. D.; MUNDIM, T. C. D. Cisticercose Bovina: Um estudo
comparativo entre animais abatidos em frigorífico com serviço de Inspeção Federal e frigorífico com Inspeção
Municipal. Anais, Veterinária Notícias, v6, n1, p34. 2002; 2- BRASIL, Leis e Decretos. RIISPOA
(Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal) aprovado pelo Decreto
30691 de 29/03/1952, alterado pelo Decreto 38859 de 10/03/97; 3- BUENO, S. M. Ocorrência de cisticercose
bovina nas diferentes partes das carcaças inspecionadas em Muzambinho – MG. Higiene Alimentar, v21,
n150, p21-22. 2006 ;4- FALAVIGNA, A. L.; SILVA, K.; ARAÚJO, S. M.; TOBIAS, M. L.; FALAVIGNA,
D. L. M. Cisticercose em animais abatidos em Sabáudia, Estado do Paraná. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec.,
v58, n5, p950-951. 2006; 5- JUNIOR, P. S. G. Prejuízos e quantidades de bovinos acometidos de
cisticercose abatidos em matadouros-frigoríficos com Inspeção Estadual no estado do Rio Grande do
Sul no ano de 2000. 36f. Monografia. Universidade Federal de Santa Maria/RS, 2001; 6- MOREIRA, M. D.;
ALMEIDA, L. P.; REIS, D. O. A Cisticercose Bovina em Uberlândia – MG. Anais, Veterinária Notícias, v6,
n1, p28. 2002; 7- PEREIRA, M. A. V. C.; SCHWANZ, V. S.; BARBOSA, C. G. Prevalência da cisticercose
em carcaças de bovinos abatidos em matadouros-frigoríficos do Estado do Rio de Janeiro, submetidos ao
controle do Serviço de Inspeção Federal (SIF-RJ), no período de 1997 a 2003. Arq. Inst. Biol. São Paulo,
v73, n1, p83-87. 2006; 8- POLEGATO, E. P. S.; PRADO, M. V.; CASTANHO, R.; KRZYZANIAK, E. L.;
AMARAL, L. A. Dados preliminares sobre o levantamento epidemiológico da teníase humana e cisticercose
bovina no município de Marília – SP/ Brasil. 6° CONGRESSO BRASILEIRO DE HIGIENISTAS DE
ALIMENTOS: RESUMO DOS TRABALHOS. Revista Higiene Alimentar, v 15, n 80/81, p 138, 2001; 9SANTOS, V. C. R.; RAMOS, E. T. R.; FILHO, F. S. A.; PINTO, J. M. S.; MUNHOZ, A. D. Prevalência da
cisticercose em órgãos e carcaças de bovinos abatidos em matadouro-frigorífico sob Inspeção Federal no
município de Jequié – Bahia – Brasil. Ciência Animal Brasileira. v. 9, n 1, p. 132-139, 2008; 10SNEDECOR, G. W.; COCHRAN, W. G. Statistical Methods. 7. ed. Iowa, USA: The Iowa State University
Press. 1980. 507p.
CORREÇÃO CIRÚRGICA DE PARAFIMOSE EM JABUTI Geochelone carbonaria (SPIX, 1824)
Rodrigues, T. C. S.1*; Santos, A. L. Q.2; Lima, F. C.1; De Simone, S. B. S. 1; Vieira, L. G.1; Silva, J. M. M.
1
; Rodrigues, L. L.¹
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia.; 2-Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av.
Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Um jabuti, pesando 850g, foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade de Uberlândia pela
Polícia Ambiental. Após atendimento clínico no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, foi
diagnosticado prolapso de pênis. Optou-se então pelo tratamento cirúrgico, já que o órgão estava bastante
comprometido. Dessa forma, o animal foi anestesiado e procedeu-se amputação do órgão e com devido
tratamento pós-operatório, o testudine em questão teve recuperação total em 20 dias.
Palavras-chave: cirurgia, testudinata, parafimose.
INTRODUÇÃO
A parafimose consiste no prolapso de pênis ou hemipênis. Ocorre como conseqüência de infecção, traumas,
constipação, desfunção neurológica, força de separação durante a cópula ou inflamação secundária à
sondagem para sexagem (FRYE, 1991). É mais comum em testudines e ocorre também em cobras, sendo
relativamente rara em lagartos (MOHANTY, 1980). O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico,
dependendo do grau de comprometimento do órgão. A cirurgia é recomendada nas infecções graves, necrose
ou nos prolapsos recidivantes. O procedimento fundamenta-se na amputação do órgão afetado. A micção não
é prejudicada, haja vista que os lagartos, testudines e serpentes, não possuem uretra peniana (FRYE, 1991:
COGGER; ZWEIFEL, 1992; FRANCISCO, 1997).
MATERIAIS E MÉTODOS
Após sua chegada no Hospital Veterinário, o jabuti foi contido e a região da cloaca foi lavada copiosamente
com solução fisiológica 0,09% resfriada, utilizando-se em seguida um antiséptico local à base de
iodopovidine. Procedeu-se então anestesia epidural com associação xilazina (0,06 mL) e cetamina (0,3mL)
(CARPENTER, 2001). O órgão foi cuidadosamente tracionado até expor a área sadia, onde se realizou uma
transfixação bilateral, transversal ao maior eixo de sua base, utilizando-se fio de algodão A-0. Colocou-se
uma pinça hemostática e procedeu-se a amputação rente à superfície da pinça, com o bisturi. Suturou-se a
mucosa com fio catgut e pontos simples e contínuos. O curativo foi feito com nitrofurazona pomada 0,2%. A
medicação pós-operatória foi composta de antiinflamatório (cetoprofeno 1%) por três dias e antibiótico
(enrofloxacina 2,5%) durante 15 dias. Como medida adicional e de extrema importância, realizou-se cuidados
minuciosos com a manutenção da limpeza e higienização da cloaca, para evitar o acúmulo de restos de fezes
no local, o que poderia causar infecções.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O tratamento escolhido mostrou-se extremamente eficaz, visto que no vigésimo dia, o animal apresentava-se
clinicamente restabelecido, alimentando-se normalmente. A lavagem do órgão com soro fisiológico citada por
Mohanty (1980) se mostrou útil na remoção de dejetos que poderiam aumentar os riscos de infecção no pósoperatório. A associação xilazina e cetamina manteve o animal sob sedação e anestesia apropriadas para o
processo cirúrgico e a transfixação bilateral promoveu a hemostasia necessária ao procedimento. O fio catgut
mostrou-se eficiente, embora Barten (1996) e Bennett (1989) tenham utilizado fios absorvíveis sintéticos, que
foram considerados os mais adequados. O procedimento cirúrgico empregado é simples, prático, seguro e
eficaz.
A
B
C
D
E
F
Figura 1: Desenvolvimento do processo cirúrgico de correção de parafimose em jabuti. A,tração do pênis até
sua total exposição; B, transfixação bilateral, transversal ao maior eixo de sua base, utilizando-se fio de
algodão A-0 para hemostasia; C, posicionamento pinça hemostática e amputação rente à superfície da pinça,
com o bisturi; D, parte seccionada do órgão; E, sutura da mucosa com fio categute e pontos simples e
contínuos; F, animal ao fim do procedimento cirúrgico, após recolocação do coto do pênis na cloaca.
REFERÊNCIAS
1-BARTEN, S.L. Paraphimosis. In: MADER, D. R. Reptile medicine and surgery. 2 ed. St. Louis: Elsevier
Saunders, Marathon, FL, p. 395-396, 1996; 2-BENNETT, R.A. Reptilian surgery part I: basic principles.
The Compendium Small Animal, v. 11, p. 10-20, 1989; 3-CARPENTER, J.W. Exotic Animal Formulary, 3
ed. St. Louis: Elsevier Saunders. Kansas State University, Manhattan, KS, p. 592, 2001; 4-COGGER, H.G.;
ZWEIFEL, R.G. Reptiles e amphibians, New York. p. 240, 1992; 5-FRANCISCO, L.R. Répteis do Brasil:
manutenção em cativeiro. São José dos Pinheirais: Amaro Ltda, p. 208, 1997; 6-FRYE, F.L. Reptile care:
an atlas of disease and treatments. Neptune City. NJ: T.F.H. Publications, p. 376-377, 1991; 7MOHANTY, J. B. Prolapse of the genitals including of the cloaca in male gharial (Gacralis gangeticus), a
clinical report. Indian Veterinary Journal, Chennai (Madras), India, v. 57, p. 347-349, 1980.
CRONOLOGIA DENTÁRIA EM ONÇA PARDA Puma concolor (Linnaeus, 1771)
Iasbeck, J. R.1; Rodrigues, T. C. S.1*; Santos, A. L. Q.2; Lima, F. C.1.
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia; 2-Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av.
Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Um exemplar de Puma concolor, filhote, foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia. O referido animal recebeu os cuidados necessários e durante o tratamento, foi realizado um
estudo em relação ao seu desenvolvimento dentário. Ao início do acompanhamento o animal já apresentavase com os dentes incisivos erupcionados. Os dentes caninos erupcionaram entre a quarta e quinta semana e os
dentes pré molares entre a quinta e sexta semana. A erupção dos dentes molares ocorreu P. concolor aos três
meses de vida. Com base nesses dados, observamos que o animal foi encaminhado ao HV/UFU com
aproximadamente 25 dias vida.
Palavras - chave: Anatomia, dentição, Puma concolor.
INTRODUÇÃO
A onça parda, Puma concolor (LINNAEUS,1771), possui ampla distribuição no continente americano,
incluindo o Brasil, abrangendo assim, os mais diversos habitats (REDFORD; EISENBERG, 1992). Com
distribuição original extensa e contínua, apresenta uma conspícua adaptabilidade para sobreviver em vários
tipos de ambiente. Trata-se de um carnívoro selvagem, cuja alimentação é baseada em aves e pequenos
mamíferos. O tipo de dieta deste felino exige que ele ocupe uma grande área para assegurar sua
sobrevivência. Suas exigências de área e alimentação só recentemente mostram-se um fator de restrição para o
sucesso adaptativo da espécie (MAZZOLLI et al., 2007). Devido à destruição de seu habitat, estes animais são
frequentemente relatados invadindo áreas rurais e urbanas em busca de presas para sua alimentação. Este
felino é considerado raro ao longo de toda a sua distribuição, haja vista as ameaças antrópicas pela caça,
desmatamento e escassez de alimentos (EMMONS, 1990), estando ameaçado de extinção no Brasil
(BERNARDES et al., 1990). O conhecimento pormenorizado da dentição nos diversos animais é importante
para constatar seu bem-estar, compreender sua anatomia bem como seu regime alimentar, além de se obter
com alguma precisão a idade aproximada que o animal possui. Assim, objetivou-se fazer o acompanhamento
odontológico de um filhote de onça parda, macho, visto que ainda não há um protocolo afirmando a ordem
cronológica da erupção dos dentes decíduos nesta espécie.
METODOLOGIA
Foi encaminhado pelo IBAMA ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (HV/UFU),
um filhote de onça parda macho, que havia sido encontrado sozinho em um canavial na região de Araporã MG. O animal foi acompanhado no período de Setembro a Dezembro de 2008, onde recebeu os devidos
cuidados, incluindo terapêutica preventiva, suplementação alimentar e vacinas. Durante o tratamento, foi
realizado um estudo em relação ao desenvolvimento dentário em felinos selvagens, visto que quando o animal
foi recolhido possuía apenas os dentes incisivos superiores e inferiores erupcionados. Este estudo baseou-se
na dentição decídua descrita para felinos domésticos.
ID 3/3 CD 1/1 PD 3/2
ID, incisivo decíduo; CD, canino decíduo; PD, pré molar decíduo.
Foram realizadas observações diárias acerca dos processos de erupção, os quais foram reportados e descritos
em uma tabela, a fim de relacionar o desenvolvimento dentário de P. concolor. Para auxiliar a avaliação,
procedeu-se à documentação fotográfica da cavidade oral.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma grande dificuldade para se trabalhar com animais silvestres reside nas restrições de acesso aos espécimes
de vida livre e cativeiro, o que faz com que os pesquisadores trabalhem com número reduzido de indivíduos,
dificultando dessa forma a obtenção de informações estatisticamente significativas. A seqüência de
desenvolvimento dentário em P.concolor é apresentada na Tabela 1.
Tabela 1: Cronologia dentária em P.concolor
Data
18 /09
23/09
Dente
3 Incisivo
Caninos superiores e inferiores
12/10
14/10
18/10
23/10
15/12
4 Pré molar inferior
4 Pré molar superior e 2 pré molar superior
3 Pré molar superior
3 Pré molar inferior
Molares superiores e inferiores já erupicionados
Idade Aproximada
23 a 28*
28 a 33
47 a 53
49 a 55
53 a 59
58 a 64
111 a 117
*Wiggs; Lobprise (1997) relatam para p.concolor a erupção do terceiro incisivo até o vigésimo oitavo dia de
idade.
No gato doméstico, os dentes incisivos erupcionam no período entre a segunda e quarta semana, o que ocorre
para P. concolor na terceira ou quarta semana de vida (WIGGS; LOBPREISE, 1997). Os dentes caninos
erupcionaram entre a quarta e quinta semana em P. concolor, e da terceira a quinta em gatos domésticos,
outrora, Wiggs e Lobprise (1997) relataram que em P. concolor tal evento ocorre na quarta semana. Foi
relatado em gatos domésticos a erupção dos dentes pré molares entre a quinta e sexta semana de vida, o que
foi observado em P. concolor entre a sexta e a nona semana, resultado diferente daquele relatado por Wiggs e
Lobprise (1997), que relacionam a erupção dos pré molares em P. concolor da quinta a sétima semana de
vida. A erupção dos dentes molares é relatada entre os cinco e seis meses nos gatos domésticos e em P.
concolor aos três meses de vida. É semelhante a ordem cronológica da erupção dos dentes descíduos em
P.concolor com a do felino doméstico (Felis catus). Já em relação ao dente molar (permanente) ouve
variação relativa. Com base nesses dados, observamos que o animal foi encaminhado ao HV/UFU com
aproximadamente 25 dias vida.
Figura 1: Fotografias da
cronologia dentária em P.
concolor. A, 21 de outubro; B,
30 de outubro; C, 10 de
novembro e D, 19 de
novembro de 2008.
REFERÊNCIAS
1-BERNARDES, A.T., A.B.M. Machado & A.B. Rylands. 1990. Fauna brasileira ameaçada de extinção.
Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte, Brasil; 2- CRAWFORD, R. D. Introduction to Europe and diffusion
of domesticated turkeys from the America. Archive Zootechinia v. 41, n. 154 (extra), p. 307-314, 1992; 3DYCE, K. M. et al. Tratado de Anatomia Veterinária. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004; 4-EMMONS , L .
H . Neotropical rainflorest mammals : A field guide . The Univ . Chicago Press , Chicago . 1990 , 291 p
.Redford K.H. & Eisenberg J.F. 1992. Mammals of the Neotropics. 2. The southern cone. University of
Chicago Press, Chicago; 5-JUNIOR, Acompanhamento do crescimento dental em Puma concolor mantido em
cativeiro. Pesquisa Veterinária Brasil. v.27, n.5, 2007; 6-SHAW, F.R. et al. Puma Field Guide, 2007; 7WIGGS, R.B. & LOBPRISE, H.B. 1997. Exotic animal oral disease and dentistry, p.538-56. In: Wiggs R.B.
& Lobprise H.B. (ed.), Veterinary Dentistry: principles and practice. Lippincott- Raven, New York.
DESCRIÇÃO ANATÔMICA COMPARADA DO CRÂNIO DE LOBO GUARÁ
(Chrysocyon brachyurus)
Bastos, C. R1; Santos, A. L. Q1; Santos, L. R1; Saraiva, J. M1; Sarkis, C. A*1; Sarkis, N. A1
1-Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
Faculdade de Medicina Veterinária.
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RESUMO
O estudo anatômico comparado dos ossos de lobo guará (Chrysocyon brachyurus) com os de canídeos domésticos,
principalmente o Canis familiaris, teve como fundamento auxiliar o tratamento desses animais selvagens na clínica
veterinária, constantemente vítimas de atropelamentos. O estudo contou com ossos de lobo guará, devidamente aptos
para uma descrição anatômica e livros de anatomia óssea de renomados autores. Hoje o lobo guará faz parte da lista
de animais ameaçados de extinção e, por esse motivo, o estudo de sua anatomia comparada é de grande importância
para um melhor tratamento clínico, ao saber das semelhanças e peculiaridades de seus acidentes ósseos.
Palavras-Chave: Lobo Guará. Ossos. Anatomia.
INTRODUÇÃO
A Anatomia representa um ramo da morfologia de conspícua importância para o estudo da estrutura e função de um
corpo (MOORE; DALLEY, 2001). Apesar das semelhanças morfológicas entre os canídeos domésticos e selvagens,
há particularidades na descrição de espécies selvagens. A pesquisa tem como objetivo orientar clínicos e cirurgiões
que lidam com estas espécies, uma vez que fraturas ósseas são bastante ocorrentes, principalmente devido a
atropelamentos, além de ajudar o diagnóstico de patologias comuns aos canídeos domésticos e selvagens. O loboguará (Chrysocyon brachyurus) pertence à família Canidae, da ordem Carnivora, possui comportamento solitário e
habita países da América Latina (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2007). As pernas do lobo-guará são longas, com
o objetivo de uma melhor acuidade visual, devido à vegetação do seu habitat natural ser alta, dificultando a
percepção de presas. O andar do lobo-guará é único entre os canídeos. Isto é melhor descrito como “compassada”, na
qual os membros da frente e de trás, do mesmo lado, se movem ao mesmo tempo, dando uma aparência de ondulação
(RODDEN et al, 2007). Seu esqueleto é robusto, apresentando corpo longo, musculatura bem desenvolvida e
membros compridos. A pelagem de seu corpo é da cor castanha, sendo que a extremidade de seus membros, nariz e a
crina são da cor preta e suas orelhas, seu pescoço e a ponta da cauda são da cor branca. Hoje o lobo guará,
Chrysocyon brachyurus, é considerada uma espécie ameaçada de extinção (CUBAS; SILVA; CATÃO-DIAS, 2007).
METODOLOGIA
O trabalho teve como material um corpo de lobo guará, que veio a óbito no hospital veterinário da Universidade
Federal de Uberlândia, Minas Gerais em janeiro de 2009, vítima de uma doença viral grave comum aos canídeos
selvagens e domésticos, a cinomose. Para o devido preparo dos ossos foram utilizadas luvas de procedimento, facas,
bisturis e peróxido de hidrogênio. A pesquisa iniciou com a desarticulação do crânio da primeira vértebra cervical, o
atlas, na articulação atlanto-occipital, seguida da retirada da pele e músculos ao redor de todos os ossos do crânio.
Em seguida, este foi devidamente macerado retirando todos os resíduos de tecido animal com auxílio de bisturis e
com cuidado para que não houvesse alterações nos acidentes ósseos. Após a limpeza, o crânio do canídeo selvagem
foi submetido ao processo de clareamento utilizando peróxido de hidrogênio em um recipiente que possibilitou a sua
imersão. Ao fim desta, os ossos que compõe o crânio do lobo guará ficaram aptos a uma descrição anatômica
comparativa baseada nos ossos de canídeos domésticos, em especial o Canis familiaris. Para uma rica descrição, o
trabalho contou com o auxilio de livros renomados de anatomia óssea de canídeos domésticos, demonstrando assim
as especificidades encontradas nos ossos de lobo guará e deste modo, facilitando o tratamento clínico desses animais
selvagens pelo médico veterinário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A parte mais complexa e de grande importância do esqueleto é o crânio. O osso occipital localiza-se na parte caudal
do crânio. A linha nucal dorsal marca a divisão entre as faces dorsal e caudal do crânio (EVANS; CHRISTENSEN,
1979). O processo interparietal é formado no período pré-natal pela fusão com o osso supraoccipital. No sentido
dorsocaudal do crânio há a protuberância occipital externa. Nas partes laterais do osso occipital há os côndilos
occipitais, localizados na base do forame magno. Os paracondilares do occipital localizam-se lateralmente aos
côndilos occipitais, após a fossa condilar ventral. Rostral aos paracondilares do occipital está localizada a bula
timpânica que abriga, lateralmente, o meato acústico externo. Rostral a este, há o forame retroarticular. Caudal ao
meato acústico externo localiza-se o processo mastóide. Ventral a este, encontra-se o forame estilomastóideo. Medial
aos paracondilares do occipital há o canal hipoglossal e dorsalmente, o forame mastóideo. Na parte medial da porção
lateral do osso occipital há a abertura do canal condilóide. Na linha sagital, dorsalmente ao côndilo occipital,
encontra-se a fossa condilóide dorsal. Ventralmente encontra-se a incisura intercondilóidea. Seguindo rostralmente à
incisura basilar do occipital, há o osso basioccipital que continua ao nível do forame oval como corpo do osso
basiesfenóide. Na metade do osso pterigóide, há o osso vômer que forma uma lâmina sagital medialmente ao osso
pterigóide. Compondo suas paredes há as partes perpendiculares do osso palatino. Rostral ao forame do hipoglosso
há o forame jugular. O osso parietal articula-se dorsalmente com o processo interparietal do osso occipital. Ao nível
da juntura do osso parietal com o osso frontal, a bifurcação do processo interparietal induz as linhas temporais, as
quais alcançam o processo zigomático do osso frontal. Os ossos frontais situam-se na superfície dorsal do crânio.
Cada osso frontal se junta formando uma depressão central e inclinam-se ventral e rostralmente. O processo
zigomático do osso frontal compõe suas partes mais laterais para formar parte da órbita do olho. Apresenta o forame
etmoidal próximo à junção com osso palatino. O osso esfenóide é dividido em duas partes: pré-esfenóide (rostral) e
basiesfenóide (caudal). Há um forame oval caudalmente ao forame alar caudal, o qual forma a abertura caudal do
canal alar. A abertura rostral do canal alar é constituída pelo forame alar rostral. Dorsolateral a este forame, há a
fissura orbital e dorsorrostral a esta, há um canal óptico. O osso temporal, em esqueletos de animais jovens pode ser
separado em três partes: petrosa, timpânica e escamosa. Em sua parte ventral, junto com o processo retroarticular, há
a formação da fossa mandibular para a articulação com o côndilo do osso mandíbula. O osso etmoidal é dividido em
quatro porções: lâmina perpendicular, duas massas laterais (lâmina externa) e uma placa cribriforme. Cada osso
incisivo tem três alvéolos dentários para os dentes incisivos e parte para o alvéolo dos dentes caninos. Cada parte
medial do osso incisivo forma uma lâmina denominada de processo palatino do osso incisivo. Lateralmente aos
processos palatinos dos ossos incisivos encontram-se duas aberturas denominadas fissuras palatinas. Os ossos nasais
possuem formato delgado que se estende do osso frontal. A maioria dos dentes possui seus alvéolos dentários nos
ossos maxilares. Ao nível do alvéolo dentário para o 4° pré-molar, há o forame infra-orbitário que permite a
passagem do canal infra-orbitário o qual alcança o forame maxilar. Na porção ventral do osso maxilar, caudal ao
último dente molar, existe o processo pterigóide da maxila, uma proeminência de aspecto laminar rostrocaudal. Na
face ventral do processo palatino do osso maxila encontram-se os sulcos palatinos que se prolongam no sentido
caudorrostral, a partir do forame palatino maior ou do forame palatino menor. Entre o processo zigomático da maxila
e o osso palatino, há o forame maxilar. Caudalmente, há o forame esfenopalatino e ventral a este, o forame palatino
caudal. Na face medial do osso maxila, a partir do forame lacrimal, presente no osso lacrimal, encontra-se o canal
lacrimal que segue em sentido levemente transversal. O osso lacrimal é bem reduzido, estando boa parte de sua
superfície na órbita óssea, onde há a entrada para o canal lacrimal. O osso zigomático possui um processo temporal
muito desenvolvido que se articula com o processo zigomático do osso temporal, formando o arco zigomático.
Dorsalmente, há um processo lacrimal entre o osso lacrimal e maxilar e ventralmente um processo maxilar. Sua
borda ventral é côncava e livre, assim como a borda dorsal, que constitui uma parte da superfície da órbita óssea. A
mandíbula é um osso fino e longo, com sua extremidade caudal mais larga. Divide-se em um corpo que se apresenta
em forma aeroplana e fornece suporte aos dentes por meio dos alvéolos dentários. O Chrysocyon brachyurus possui
sete dentes molares na face alveolar, sendo o 5° molar o maior destes. Os alvéolos dentários do arco alveolar
conectam-se diretamente com o alvéolo dentário para o canino (KÖNIG; LIEBICH, 2002). O corpo da mandíbula
recebe próximo ao ramo da mandíbula na face medial, o forame mandibular que termina na face laterocranial da
mesma, com a denominação de forame mentual, formando o canal mandibular. O ramo da mandíbula se dispõe em
sentido caudal e possui três processos. O processo coronóide, elevado, o processo condilar, transversal e alongado,
formando a articulação temporomandibular e o processo angular, pontiguado. As duas mandíbulas nunca se fundem,
permanecendo uma articulação do tipo sínfise. O crânio do Chrysocyon brachyurus é muito semelhante ao crânio do
Canis familiaris, porém possui particularidades relevantes na clínica e na cirurgia de sua espécie, sendo necessário o
conhecimento mínimo dessas especificidades para melhor conduta do médico veterinário.
REFERÊNCIAS
1- CUBAS, Z. S.; SILVA, J. C. R.; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de Animais Selvagens: Medicina Veterinária. 1
ed. São Paulo: Roca, p.1376, 2007; 2-EVANS, H. E.; CHRISTENSEN, G. C. Miller’s Anatomy of the dog.
Philadelphia: WB Saunders Co, p.1181, 1979; 3-KÖNIG, H. E; LIEBICH, H. G; Anatomia dos Animais
Domésticos. Porto Alegre: Artmed, p.292, 2002; 4-MOORE K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia Orientada para
Clínica. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.1142, 2001; 5-RODDEN, M. et al. Manual de manejo do
lobo-guará. Disponível em: <br.geocities.com/otazoo/manualloboguara_mwssp_211207.pdf >. Acesso em: 26 jan.
2009.
DESCRIÇÃO ANATÔMICA COMPARADA DAS VÉRTEBRAS DE LOBO GUARÁ (Chrysocyon
brachyurus)
Bastos, C. R1; Santos, A. L. Q1; Santos, L. R1; Saraiva, J. M*1; Sarkis, C. A1; Sarkis, N. A1
1-Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
Faculdade de Medicina Veterinária.
[email protected]
RESUMO
O estudo anatômico comparado dos ossos de lobo guará (Chrysocyon brachyurus) com os de canídeos
domésticos principalmente o cão teve como fundamento auxiliar o tratamento desses animais selvagens na
clínica veterinária constantemente vítimas de atropelamentos. O estudo contou com ossos de lobo guará,
devidamente aptos para uma descrição anatômica e livros de anatomia óssea de renomados autores. Hoje o
lobo guará faz parte da lista de animais ameaçados de extinção e por esse motivo o estudo de sua anatomia
comparada ser de grande importância para um melhor tratamento clínico ao saber das semelhanças e
peculiaridades de seus acidentes ósseos.
Palavras-chave: Lobo guará, ossos, anatomia
INTRODUÇÃO
A Anatomia representa um ramo da morfologia de conspícua importância para o estudo da estrutura e função
de um corpo (MOORE; DALLEY, 2001). A anatomia macroscópica serve como ferramenta fundamental para
a descrição de uma espécie e comparação entre espécies que apresentem semelhanças morfológicas. O fato de
encontrarmos muitas semelhanças na Anatomia de indivíduos que, à primeira vista, nos parecem diferentes,
podem ser evidencias da evolução de tais organismos o que despertou nos pesquisadores o interesse em
organizar sistemas de classificação com base no grupo de semelhanças morfológicas de cada um desses
indivíduos, fundando a Anatomia Comparada (PAULA, 2006; STORER et al., 2005). Apesar das
semelhanças morfológicas entre os canídeos domésticos e selvagens, há particularidades na descrição de
espécies selvagens. A pesquisa tem como objetivo orientar clínicos e cirurgiões que lidam com estas espécies
uma vez que fraturas ósseas são bastante ocorrentes, principalmente devido a atropelamentos, além de ajudar
o diagnóstico de patologias comuns aos canídeos domésticos e selvagens. O lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus) pertence à família Canidae da ordem carnívora possui comportamento solitário, habita países da
América Latina. As pernas do lobo-guará são longas, com o objetivo de uma melhor acuidade visual devido à
vegetação do seu habitat natural ser alta dificultando a percepção de presas. A pelagem de seu corpo é da cor
castanha, sendo que a extremidade de seus membros, nariz e a crina são da cor preta e suas orelhas, seu
pescoço e a ponta da cauda são da cor branca. Hoje o lobo guará, Chrysocyon Brachyurus, é considerada uma
espécie ameaçada de extinção.
METODOLOGIA
O trabalho teve como material um corpo de lobo guará, que veio a óbito no hospital veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais em janeiro de 2009, vítima de uma doença viral grave
comum aos canídeos selvagens e domésticos, a cinomose. Para o devido preparo dos ossos foram utilizadas
luvas de procedimento, facas, bisturis e peróxido de hidrogênio. A pesquisa iniciou com a retirada da pele e
músculos ao redor da coluna vertebral seguida da desarticulação de todas as vértebras do lobo guará
utilizando facas. Em seguida cada vértebra foi devidamente macerada retirando todos os resíduos de tecido
animal com auxílio de bisturis e com cuidado para que não houvesse alterações nos acidentes ósseos. Após a
limpeza os ossos vertebrais do canídeo selvagem foram submetidos ao processo de clareamento utilizando
peróxido de hidrogênio em recipientes que possibilitavam toda a imersão dos ossos. Ao fim desta, os ossos
que compõe as vértebras do lobo guará ficaram aptos a uma descrição anatômica comparativa baseada nos
ossos de canídeos domésticos, em especial o cão. Para uma rica descrição, o trabalho contou com o auxilio de
livros renomados de anatomia óssea de canídeos domésticos. Demonstrando assim as especificidades
encontradas nos ossos de lobo guará para que com isso facilite o tratamento clínico desses animais selvagens
pelo médico veterinário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O corpo das vértebras cervicais aumenta de tamanho ao se aproximarem do osso occipital. Na superfície
ventral da 2ª, 3ª e 4ª vértebras, estão presentes cristas ventrais. Há dois processos transversos da 3ª à 5ª
vértebra, que se projetam para a extremidade cranial e os outros para a extremidade caudal. Na 6ª vértebra, há
processos transversos diferenciados. Eles se dividem em duas partes: uma direciona-se laterocaudalmente e a
outra, maior, direciona-se ventrolateralmente. Na 7ª vértebra, há somente um processo transverso que se
projeta lateralmente. Os processos espinhosos tornam-se mais proeminentes em sentido caudal. Nos processos
articulares caudais há presença de tubérculos. Na superfície ventral do atlas, encontra-se o arco ventral, mais
estreito que o arco dorsal. Há um pequeno tubérculo em sua extremidade caudal. O arco dorsal possui uma
superfície áspera em seu centro e é convexo. Os processos transversos (asas) são estruturas planas, delgadas e
laminares que se projetam horizontalmente. Estão localizadas nas massas laterais. Na superfície dorsal, há
pequenos forames transversos centralizados e na porção caudal, ainda na superfície dorsal, há forames
vertebrais laterais. O corpo do áxis comprime-se ao se aproximar da extremidade cranial. Sua superfície
ventral é dividida por uma crista mediana e alonga-se caudalmente através de processos transversos.
Cranialmente uma proeminência, dente, inclina-se dorsalmente. Ainda na extremidade cranial, há os
processos articulares craniais. O processo espinhoso é bem desenvolvido e afilado. Sua extremidade cranial
projeta-se até o arco dorsal da vértebra atlas. Em sua extremidade caudal, há uma tuberosidade conectada por
duas cristas aos processos articulares caudais. Ventral a esses processos articulares, há uma incisura pedicular
caudal. Em cada face lateral do arco, há um forame transverso. A caixa torácica é composta por 13 vértebras.
O corpo de cada uma é largo e comprimido dorsoventralmente. As nove primeiras vértebras torácicas são
semelhantes. Os processos espinhosos são desenvolvidos, sendo que o correspondente à 1ª vértebra afunila-se
em sua extremidade proximal. A partir da 2ª vértebra torácica, há uma ligeira concavidade em sua borda
cranial e uma borda caudal convexa. Os processos mamilares localizados nos processos transversais são
pouco evidentes na 1ª e na 2ª vértebra torácica. Esses processos são bem desenvolvidos a partir da 3ª até a 10ª
vértebra e inexistentes a partir da 11ª. A partir desta vértebra, há uma redução no tamanho do processo
espinhoso. Nos processos transversais estão presentes as fóveas costais para articulação com as costelas,
exceto na 12ª e 13ª vértebras torácicas, nas quais as fóveas costais estão presentes no corpo das vértebras. Na
12ª, 13ª e 14ª vértebra torácica é evidente em seu assoalho um processo acessório, afunilado, voltado em
sentido dorsocaudal. Há um corpo achatado em sua borda dorsal. Os processos articulares craniais e caudais
são pouco evidentes, exceto na 1ª, 11ª, 12ª e 13ª vértebras torácicas. Há sete vértebras lombares na coluna.
São caracterizadas pelo destacado desenvolvimento dos processos transversais, os quais se projetam
cranialmente e horizontalmente e não se articulam uns com os outros. Ao se aproximar do osso sacro, o corpo
das vértebras lombares aumenta de tamanho. Sobre as incisuras caudais, há os processos acessórios que se
projetam caudalmente, somente nas primeiras cinco vértebras. Há processos mamilares sobre os processos
articulares craniais, os quais são maiores que os processos articulares caudais. Os processos espinhosos são
desenvolvidos, sendo que a extremidade dorsocranial da 1ª à 4ª vértebra lombar é mais espessa. A partir da 5ª
vértebra, o processo espinhoso é maior e a extremidade dorso-cranial torna-se estreita aproximando-se da
largura do restante do processo espinhoso. O arco das vértebras aumenta em largura à medida que se distancia
da 1ª vértebra lombar. O osso sacro é formado por três vértebras fundidas. Articula-se lateralmente com o
osso pélvico, cranialmente com a 7ª vértebra lombar e caudalmente com a 1ª vértebra coccígea. Em relação à
porção caudal, a porção cranial é mais proeminente, pois os corpos das vértebras diminuem de tamanho ao se
distanciarem da extremidade cranial. Há uma fusão dos processos espinhosos das três vértebras, formando
uma crista sacral mediana, porém há incisuras entre esses processos espinhosos. Os processos articulares
fundidos formam tubérculos, que são resquícios desses processos articulares. Os processos articulares craniais
são desenvolvidos e projetam-se dorsocranialmente, os processos articulares caudais são pouco
desenvolvidos. As asas projetam-se dorsocranialmente e tornam-se delgadas em suas extremidades, formando
superfícies articulares. Há quatro forames sacrais dorsais que se comunicam com quatro forames sacrais
pelvinos. Ambos os forames comunicam-se com o canal sacral, que é achatado e diminui de espessura ao se
aproximarem da extremidade caudal. São encontrados na última vértebra sacral processos transversais
projetados caudalmente. Há duas linhas transversais que percorrem a superfície pélvica entre os forames
sacrais ventrais. As vértebras coccígeas são cranialmente desenvolvidas. Diminuem de tamanho ao se afastam
da porção cranial. Da 1ª vértebra à 4ª vértebra coccígea, o arco apresenta-se completo. As primeiras três
vértebras possuem processos articulares bem desenvolvidos. No sentido caudal, os processos caudais
desaparecem, concomitantemente com a redução do tamanho dos processos craniais. Os processos
transversais da 1ª à 5ª vértebra são grandes. Caudalmente, eles vão desaparecendo. Os arcos hemais ocorrem
na porção ventral das junções da 3ª à 5ª vértebra. Na 1ª vértebra, há uma pequena intumescência
representando o processo espinhoso. Mediante a descrição óssea observaram-se peculiaridades e semelhanças
anatômicas importantes para um melhor acompanhamento clínico do lobo guará.
REFERÊNCIAS
1-CUBAS, Z. S; SILVA, J. C. R; CATÃO-DIAS, J. L. Tratado de animais selvagens: Medicina Veterinária.
1. ed. São Paulo: Roca, 2007. 1376 p; 2-EVANS, H. E; CHRISTENSEN, G. C; Miller’s Anatomy of the
dog. Philadelphia: WB Saunders, 1979. 1181 p; 3-GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. 5ª Edição.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986. 2048 p; 4-GODINHO, H. P; CARDOSO, F. M; NASCIMENTO, J.
F. Anatomia dos Ruminantes Domésticos. Belo Horizonte: UFMG, 1985. 420 p; 5-KONIG, H. E;
LIEBICH, H. G; Anatomia dos Animais Domésticos Texto e atlas colorido – Aparelho Locomotor, v.1,
Artmed; 6-MOORE, K. L; DALLEY, A. F. Anatomia orientada para clínica. 4 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2001; 7-PAULA, M. O. D.E. Anatomia comparada. Disponível em:
<http://www.google. com.br/search?hl=pt-BR&q=o+que+%C3%A9+anatomia+comparada&meta>. 2006.
Acesso em: 25 jan. 2009.; 8-RODDEN, M. Manual de manejo do lobo-guará. 2007. Disponível em:
<br.geocities.com/otazoo/manualloboguara_mwssp_211207.pdf > Acesso em: 26 jan. 2009; 9-STORER, T.
I.; USINGER, R. L.; STEBBINS, R. C.; NYBAKKEN, J. W. Zoologia geral. 6 ed. São Paulo: Companhia
Editora Nacional. 2005. 816 p.
DESCRIÇÃO ANATÔMICA COMPARADA DAS MÃOS E DOS PÉS DE LOBO GUARÁ (Chrysocyon
brachyurus)
Bastos, C. R1; Santos, A. L. Q1; Santos, L. R1; Saraiva, J. M1; Sarkis, C. A1; Sarkis, N. A*1
1- Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
Faculdade de Medicina Veterinária.
[email protected]
RESUMO
O estudo anatômico comparado dos ossos de lobo guará (Chrysocyon brachyurus) com os de canídeos domésticos,
principalmente o Canis familiaris, teve como fundamento auxiliar o tratamento desses animais selvagens na clínica
veterinária, constantemente vítimas de atropelamentos. O estudo contou com ossos de lobo guará, devidamente
aptos para uma descrição anatômica e livros de anatomia óssea de renomados autores. Hoje o lobo guará faz parte
da lista de animais ameaçados de extinção e, por esse motivo, o estudo de sua anatomia comparada é de grande
importância para um melhor tratamento clínico, ao saber das semelhanças e peculiaridades de seus acidentes
ósseos.
Palavras-chave: Lobo guará, ossos, anatomia.
INTRODUÇÃO
A Anatomia representa um ramo da morfologia de conspícua importância para o estudo da estrutura e função de um
corpo (MOORE; DALLEY, 2001). A anatomia macroscópica serve como ferramenta fundamental para a descrição
de uma espécie e comparação entre espécies que apresentem semelhanças morfológicas. O fato de serem
encontradas muitas semelhanças na anatomia de indivíduos que, à primeira vista, parecem ser diferentes, podem ser
evidencias da evolução de tais organismos, o que despertou nos pesquisadores o interesse em organizar sistemas de
classificação com base no grupo de semelhanças morfológicas de cada um desses indivíduos, fundando a Anatomia
Comparada (PAULA, 2001; STORER et al., 2005). Apesar das semelhanças morfológicas entre os canídeos
domésticos e selvagens, há particularidades na descrição de espécies selvagens. A pesquisa tem como objetivo
orientar clínicos e cirurgiões que lidam com estas espécies, uma vez que fraturas ósseas são bastante ocorrentes,
principalmente devido a atropelamentos, além de ajudar o diagnóstico de patologias comuns aos canídeos
domésticos e selvagens. O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) pertence à família Canidae, da ordem Carnivora,
possui comportamento solitário e habita países da América Latina. As pernas do lobo-guará são longas, com o
objetivo de uma melhor acuidade visual, devido à vegetação do seu habitat natural ser alta, dificultando a percepção
de presas. A pelagem de seu corpo é da cor castanha, sendo que a extremidade de seus membros, nariz e a crina são
da cor preta e suas orelhas, seu pescoço e a ponta da cauda são da cor branca. Hoje o lobo guará, Chrysocyon
brachyurus, é considerada uma espécie ameaçada de extinção.
METODOLOGIA
O trabalho teve como material um corpo de lobo guará, que veio a óbito no hospital veterinário da Universidade
Federal de Uberlândia, Minas Gerais em janeiro de 2009, vítima de uma doença viral grave comum aos canídeos
selvagens e domésticos, a cinomose. Para o devido preparo dos ossos foram utilizadas luvas de procedimento,
facas, bisturis e peróxido de hidrogênio. A pesquisa iniciou com a desarticulação dos ossos cárpicos dos ossos rádio
e ulna, na articulação radio-cárpica e da desarticulação dos ossos társicos da tíbia e fíbula, na articulação tíbiotársica, seguida da retirada da pele e músculos ao redor de todos os ossos que constituem as mãos e os pés do loboguará, utilizando facas. Em seguida cada osso foi devidamente macerado, retirando todos os resíduos de tecido
animal com auxílio de bisturis e com cuidado para que não houvesse alterações nos acidentes ósseos. Após a
limpeza, os ossos dos pés e das mãos do canídeo selvagem foram submetidos ao processo de clareamento utilizando
peróxido de hidrogênio em recipientes que possibilitavam a imersão de todos eles. Ao fim desta, os ossos que
compõem as mãos e os pés do lobo guará ficaram aptos a uma descrição anatômica comparativa baseada nos ossos
de canídeos domésticos, em especial o Canis familiaris. Para uma rica descrição, o trabalho contou com o auxilio
de livros renomados de anatomia óssea de canídeos domésticos, demonstrando assim as especificidades encontradas
nos ossos de lobo guará e deste modo, facilitando o tratamento clínico desses animais selvagens pelo médico
veterinário.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Há sete ossos do carpo no Chrysocyon brachyurus: três na fileira proximal e quatro na distal. Na fileira proximal
estão os ossos ulnar do carpo, acessório do carpo e o intermédio radial, que é a fusão do radial e o intermédio do
carpo. O ulnar do carpo articula-se proximalmente com o rádio e a ulna e palmarmente com o acessório do carpo. O
intermédio radial articula-se proximalmente com o rádio e distalmente com os ossos da fileira distal do carpo. O
osso acessório do carpo articula-se dorsalmente com a ulna e com o ulnar do carpo. O primeiro osso cárpico
articula-se lateralmente com o segundo osso cárpico e distalmente com o primeiro osso metacárpico. O segundo
osso cárpico articula-se com o segundo osso metacárpico. O terceiro osso cárpico articula-se com o terceiro osso
metacárpico. O quarto osso cárpico articula-se com o quarto e quinto ossos metacárpicos. O ulnar do carpo é
extenso. O acessório do carpo é tubular, expandindo-se nas extremidades. O primeiro osso cárpico é o menor osso
da fileira distal. O segundo e terceiro ossos cárpicos são acunhalados. O quarto é o maior da fileira. Há cinco ossos
metacárpicos presentes em cada membro torácico. As faces dorsais dos ossos do metacarpo são lisas enquanto que
as faces palmares são levemente sinuosas. A extremidade proximal de cada osso metacárpico é nomeada base. A
extremidade distal é nomeada cabeça. O primeiro dos cinco ossos metacárpicos é o mais medial e é
proporcionalmente menor que os demais. Os ossos metacárpicos terceiro e quarto são maiores, alongados e
aproximadamente de mesmo tamanho e semelhantes. O osso metacárpico segundo é de tamanho médio e o osso
metacárpico quinto é levemente mais curto que o segundo. Todos os ossos são levemente comprimidos
dorsopalmarmente. O terceiro e o quarto apresentam quatro faces aproximadamente bem definidas. Já o osso
metacarpo primeiro apresenta um formato bem irregular. É um osso menor que os demais. Todos os ossos
metacárpicos têm em sua extremidade distal uma tróclea para articulação com as falanges proximais. Apresentam
resquícios digitais, pois o peso do animal repousa somente nos dedos. Cada dígito é composto de três falanges,
excetuando-se o primeiro, que tem duas. As falanges proximais são lateralmente retas. Possuem na extremidade
proximal duas tuberosidades e uma concavidade. Na extremidade distal, há uma estrutura troclear para articulação
com as falanges médias. As falanges médias têm forma retangular rombuda, levemente compacta, com superfície
dorsal plana. Na área articular da extremidade proximal encontram-se duas fossas para articulação com a falange
proximal e uma estreita área elevada separando-as. As falanges distais têm o formato similar aos das unhas, devido
à sua inserção no interior das mesmas. São semelhantes a um cone afilado, com extremidade proximal ampla,
articular e abaulada. Quase todas as falanges distais apresentam dois forames nutrícios, de forma alinhada e
simétrica entre a área articular e a tuberosidade. O restante da falange é cônica, encurvada no sentido caudal
compondo uma forma de garra. As falanges dos dígitos do membro pélvico são semelhantes às falanges dos dígitos
do membro torácico, porém são mais achatadas e mais alongadas. Os ossos sesamóides palmares e plantares são
encontrados aos pares em cada articulação metacárpicofalângica e metatársicofalângica dos dígitos II, III, IV e V.
Possuem formato virgular. Os ossos sesamóides dorsais são encontrados na mesma articulação, um em cada dígito,
porém estão localizados na face dorsal. São encontrados ossos sesamóides na extremidade distal de cada dígito,
porém permanecem constituídos somente de tecido cartilaginoso. Há sete ossos do tarso no Chrysocyon
brachyurus. No calcâneo, posiciona-se a tuberosidade calcânea ou túber do calcâneo, em sua extremidade livre e o
sustentáculo do talo, medialmente. Em seu terço médio, há facetas para articulação com o osso tálus. O osso tálus é
composto por corpo, colo e cabeça. Posiciona-se medialmente na linha crural do osso tarso e forma, juntamente
com o calcâneo, base da parte proximal dos ossos do tarso. O corpo apresenta uma tróclea para articulação com a
cóclea da tíbia, com a fíbula e maléolos lateral e medial e sua superfície plantar apresenta três facetas para
articulação com o calcâneo. A cabeça localiza-se um pouco medialmente e articula-se com o osso társico central. A
cabeça do osso tálus é separada do corpo por um colo e projeta-se lateralmente em forma de cone. As superfícies
plantar e lateral articulam-se com o calcâneo que dispõe ao seu lado. O osso társico central é aproximadamente
retangular e compacto. Sua face proximal apresenta uma depressão articular arredondada e côncava, que propicia a
articulação com a cabeça do osso tálus, enquanto que sua face distal é convexa e possui quatro facetas articulares
para os ossos társico primeiro, társico segundo e társico terceiro. Os ossos társicos segundo e terceiro são
acunhalados, sendo que o osso társico segundo é o menor, articula-se distalmente com o osso metatarso segundo e o
osso társico terceiro articula-se com o osso metatarso terceiro. O osso társico quarto é um osso alongado e irregular
principalmente na face plantar, onde há tubérculos. Este osso localiza-se na porção lateral, aonde se articula
dorsalmente com o osso calcâneo, sendo essa face articular mais reta. Na superfície medial encontram-se pequenas
facetas que se articulam com os ossos társico central e társico terceiro. Distalmente ele possui duas faces articulares
para articulação com o quarto e o quinto ossos metatársicos. São quatro ossos metatársicos. O osso metatarso
primeiro está ausente. O osso metatarso segundo tem forma semelhante a uma gota em sua extremidade proximal e
corpo quadrangular. Os ossos metatarsos terceiro e quarto têm forma semelhante a uma chave, e corpo
quadrangular. O osso metatarso quinto é mais afilado e compactado. Sua extremidade proximal forma um ângulo de
90º e possui uma tuberosidade.
REFERÊNCIAS
1-Cubas, Z. S.; Silva, J. C. R.; Catão-Dias, J. L. Tratado de animais selvagens: Medicina Veterinária. 1 ed. São
Paulo: Roca. 1376 p., 2007; 2-Evans, H. E.; Christensen, G. C. Miller’s Anatomy of the dog. Philadelphia: WB
Saunders Co,1181 p., 1979; 3-Getty, R. Anatomia dos animais domésticos. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2048 p., 1986; 4-Godinho, H. P; Cardoso, F. M; Nascimento, J. F. Anatomia dos Ruminantes
Domésticos. Belo Horizonte: UFMG, 420 p., 1985; 5-König, H. E; Liebich, H. G; Anatomia dos Animais
Domésticos. Porto Alegre: Artmed, 292 p., 2002; 6-Moore K. L.; Dalley, A. F. Anatomia orientada para clínica.
4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1142 p., 2001; 7-Paula, M. O. DE. Anatomia comparada. Disponível
em:<http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=o+que+%
C3%A9+anatomia+comparada&meta>. Acesso em: 25 jan. 2009; 8-Rodden, M. Manual de manejo do loboguará. Disponível em:<br.geocities.com/otazoo/manualloboguara_mwssp_211207.pdf >. Acesso em: 26 jan.
2009; 9-Storer, T. I.; Usinger, R. L.; Stebbins, R. C. et al. Zoologia geral. 6 ed. São Paulo: Companhia Editora
Nacional.816 p., 2005.
DESCRIÇÃO ANATÔMICA DE ESÔFAGO, ESTÔMAGO E INTESTINO, DE Caiman Latirostris
(DAUDIN, 1802) (CROCODYLIA: ALLIGATORIDAE)
Rodrigues, T. C. S.1*; Santos, A. L. Q.2; Lima, F. C.1; Silva, J. M. M. 1; De Simone, S. B. S. 1; Romão, M.
F.1; Iasbeck, J. R.1; Vieira, L. G.1; Rodrigues, L. L.¹
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária
da Universidade Federal de Uberlândia; 2- Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em
Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302
[email protected]
RESUMO
Um exemplar adulto de Caiman Latirostris foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Uberlândia pela Polícia Ambiental e veio a óbito por causas indeterminadas. Ao realizar a necropsia,
constatou-se que seus órgãos não haviam sido afetados. Dessa forma o animal foi destinado à pesquisa e
estudo, com objetivo de descrever a anatomia pormenorizada dos órgãos de seu trato gastrointestinal. O
esôfago de C. latirostris é bastante longo e possui paredes musculares firmes, porém muito flexíveis e
distensíveis. O estômago apresenta-se como uma dilatação bem distinta do trato gastrointestinal. É dividido
em duas regiões principias. A maior parte, a região fúndica e a menor, região pilórica, que se continua com o
duodeno. A primeira parte do intestino representa o intestino delgado. É formado por paredes musculares bem
firmes e continua-se com reto. Ao final do reto encontra-se um poderoso esfíncter, do qual se segue a cloaca.
Palavras-chave: anatomia, jacaré-do-papo-amarelo, trato gastrointestinal.
INTRODUÇÃO
O conhecimento anatômico dos animais é extremamente importante no diagnóstico e tratamento das
enfermidades que os acometem. Existem alguns relatos sobre a morfologia interna de crocodilianos da família
Alligatoridae. Ainda assim, suas informações morfológicas não foram esgotadas, principalmente em relação
àquelas espécies da América do Sul, devido ao grande número de espécies e às variações estruturais e
fisiológicas entre elas. Dessa forma, pesquisas que acrescentem conhecimento anatômico, morfológico e
topográfico dos órgãos dos jacarés da fauna brasileira, como o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris)
são muito oportunas. Assim, objetivou-se descrever a topografia e morfologia do esôfago, estômago e
intestino neste animal.
MATERIAIS E MÉTODOS
Um exemplar de C. latirostris veio a óbito por causas que não afetassem a morfologia de seus órgãos
internos. Dessa forma procedeu-se a dissecação e descrição dos órgãos de seu trato gastrointestinal. Fez-se
uma incisão longitudinal ao longo da linha mediana, da cabeça á cloaca. O couro da região da incisão foi
rebatido e as costelas foram afastadas lateralmente, de forma a facilitar a visualização dos órgãos. Dessa
forma, retirou-se o grupo de órgãos como um todo. Realizou-se ainda descrição anatômica dos principais
componentes do trato gastrointestinal: esôfago, estômago e intestinos.
RESULTADO E DISCUSSÃO
O esôfago do jacaré-do-papo-amarelo é bastante longo e possui aproximadamente o mesmo diâmetro em toda
a sua extensão, assim como dos demais crocodilianos relatados (REESE, 1915). Possui paredes musculares
firmes, porém muito flexíveis e distensíveis, o que possivelmente lhes permite a ingestão de grandes presas ou
pedaços das mesmas. Acompanha dorsalmente a traquéia e segue caudalmente relacionando-se com a região
dorsal do pulmão, coração e fígado. Este desemboca no estômago delimitando um cárdia bem marcado, ao
lado esquerdo da vesícula biliar.
Figura 1: Fotografias dos órgãos internos de C. latirostris. Fg, fígado; Co, coração; Ef, esôfago; Et,
estômago; Tr, traquéia; Cl, cloaca; VB, vesícula biliar; ID, intestino delgado; Pu, pulmão; Du, duodeno;
Pa, pâncreas; Ms, mesentério.
O estômago apresenta-se como uma dilatação bem distinta do trato gastrointestinal. É dividido em duas
regiões principias. A maior parte, a região fúndica é formada por paredes muito musculosas, e, segundo
Reese (1915), pode-se facilmente encontrar pedras nessa área. A região pilórica, a menor porção do
estômago, possui paredes notavelmente mais finas que a região anterior. Apresenta-se como uma pequena
dilatação muito próxima da entrada do esôfago. A partir de um piloro conspícuo segue-se o duodeno, que
apresenta alças descendente e ascendente, alojando entre estas o pâncreas. O intestino inicia-se ao lado
direito da vesícula biliar, e é dividido em partes. A primeira parte representa o intestino delgado. Possui
diâmetro uniforme e é bastante enovelado, assim como descrito por Hildebrand e Goslow (2006), e preso
por pregas do mesentério. Próximos ao estômago recebem os ductos pancreático e hepático. É formado
por paredes musculares bem firmes e continua-se com reto. Este segmento possui diâmetro maior e
paredes mais finas que do segmento anterior. A cloaca representa a porção final do aparelho digestório,
diminuindo gradualmente seu diâmetro até abertura com o meio exterior, onde existe uma membrana
mucosa para separação do fim do intestino e da área genital, e em sua extremidade, um poderoso esfíncter.
REFERÊNCIAS
1-HILDEBRAND, M.; GOSLOW, G. Análise da estrutura dos vertebrados, 2 ed. São Paulo: Atheneu
Editora, p. 201-217, 2006; 2-REESE, A. M. The Alligator and Its Allies. New York and London: G.P.
Putnam’s Sons, p. 150-191, 1915.
DESCRIÇÃO ANATÔMICA E FUNCIONAL DE CORAÇÃO DE Caiman Latirostris (DAUDIN,
1802) (CROCODYLIA: ALLIGATORIDAE)
Rodrigues, T. C. S.1*; Santos, A. L. Q.2; Lima, F. C.1; De Simone, S. B. S. 1; Vieira, L. G.1; Iasbeck, J. R.¹;
Romão. M. F.¹; Rodrigues, L. L.¹
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária
da Universidade Federal de Uberlândia; 2-Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em
Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Um exemplar adulto de Caiman Latirostris foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia pela Polícia Ambiental e veio a óbito por causas indeterminadas, mas que não comprometeram a
integridade de seus órgãos internos. Dessa forma, o animal foi destinado à pesquisa e estudo, com objetivo de
descrever a anatomia pormenorizada do seu coração.
Palavras-chave: anatomia, crocodilianos, jacaré-do-papo-amarelo.
INTRODUÇÃO
O conhecimento anatômico dos animais é extremamente importante no diagnóstico e tratamento das
enfermidades que os acometem. Existem poucos estudos sobre a morfologia dos órgãos internos em crocodilianos
brasileiros. Assim, suas informações morfológicas são de conspícua importância para o conhecimento
pormenorizado destes animais, principalmente em relação àquelas espécies neotropicais, devido ao grande
número de espécies e às variações estruturais e fisiológicas entre elas. Dessa forma, pesquisas que acrescentem
conhecimento anatômico, morfológico e topográfico dos órgãos dos jacarés da fauna sul-americana, como o
jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) são muito oportunas. Objetivou-se então descrever a anatomia,
morfologia e aspectos funcionais do coração neste animal.
MATERIAIS E MÉTODOS
Um exemplar de C. latirostris veio a óbito por causas que não afetassem a anatomia e morfologia de seus órgãos
internos. Dessa forma procedeu-se a dissecação e descrição dos órgãos de seu trato gastrointestinal. Fez-se uma
incisão longitudinal ao longo da linha mediana, da cabeça á cloaca. O couro da região da incisão foi rebatido e as
costelas foram afastadas lateralmente, de forma a facilitar a visualização dos órgãos. Dessa forma, retirou-se o
grupo de órgãos como um todo para estudo da localização do coração e de sua relação com outros órgãos.
Posteriormente, separou-se o coração para estudo de sua anatomia e morfologia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O coração dos crocodilianos, diferentemente dos outros Reptilia, é dividido em quatro câmaras (HYMAN, 1942;
ROMER; PARSONS, 1985). Dessa forma, observou-se que o órgão é completamente septado
atrioventricularmente, apresentando um ventrículo direito e um esquerdo, divididos pelo septo interventricular,
além de átrios esquerdo e direito (POUGH et al., 1993; HILDEBRAND; GOSLOW, 2006; KARDONG, 2002).
Encontra-se entre os lobos hepáticos e entre os pulmões, caudalmente à divisão da traquéia em brônquios
principais. O seio venoso é pequeno e o bulbo arterial é dividido em três troncos arteriais. Há conexão na base das
artérias por meio de um forame. O sangue não oxigenado é levado aos pulmões pela artéria pulmonar e retorna
para o lado esquerdo do coração. O ventrículo esquerdo bombeia o sangue para o arco aórtico direito. O sangue
então atravessa o forame e invade o arco esquerdo. Dessa forma, ambos os arcos distribuem sangue oxigenado
para o corpo. O sangue já com altas concentrações de dióxido de carbono chega no ventrículo direito e atinge a
artéria pulmonar, sem atravessar o forame, devido à baixa pressão deste retorno sanguíneo (WATERMAN,
1971). Assim, as correntes sanguíneas são misturas somente em algumas situações, como foi relatado por
Hildebrand e Goslow (2006). Deve-se ressaltar que a morfologia dos órgãos de cada espécie animal é adaptada às
suas necessidades fisiológicas e habituais.
A
B
Figura 1: Imagens de órgãos internos do jacaré-do-papo-amarelo: A, coração em sua posição anatômica, entre os
lobos hepáticos e entre os pulmões, caudalmente à divisão da traquéia em brônquios principais; B, coração entre
os pulmões, permitindo a visualização de suas estruturas externas, como átrio e ventrículo esquerdos, arcos
aórticos e artérias pulmonares.
REFERÊNCIAS
1-HILDEBRAND, M.; GOSLOW, G. Análise da estrutura dos vertebrados, 2 ed. São Paulo: Atheneu Editora,
p. 201-217, 2006; 2-HYMAN, L.H. Comparative vertebrate anatomy. Chicago: The University of Chicago
Press, 1942; 3-KARDONG, K.V. Vertebrates: comparative anatomy, function, evolution. 3 ed. New York:
Mac Graw Hill, 2002; 4-POUGH, F.H. et al. A vida dos vertebrados. São Paulo: Atheneu, 1993; 5-ROMER,
A.S; PARSONS, T.S. Anatomia comparada dos vertebrados. São Paulo: Atheneu, 1985; 6-WATERMAN, A.J.
(org) Chordate: structure and function. New York: Mac Millan Company; London: Collier-Mac Millan
Limited, 1971.
DESCRIÇÃO ANATÔMICA E TOPOGRÁFICA DE ESÔFAGO, ESTÔMAGO E INTESTINO DE
Crotalus durissus LINNAEUS, 1758 (SQUAMATA, VIPERIDAE)
Rodrigues, T. C. S.1*; Santos, A. L. Q.2; Carvalho, C. F.³; Ferreira, F. B. ³; Lima, F. C.1; Silva, J. M. M. 1; De
Simone, S. B. S. 1; Rodrigues, L. L.¹; Vieira, L. G.1; Riello, F. N.³
1
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia. 2 Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av.
Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302. ³ Graduandas do Curso de
Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
Dois exemplares adultos de Crotalus durissus, provindos do Parque Zoológico de Goiânia foram doados ao
Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres da Universidade Federal de Uberlândia e destinados à
pesquisa, de acordo com licença concedida pelo IBAMA. Os animais foram eutanasiados e dissecados a
fresco, com objetivo de descrever a anatomia pormenorizada de seu trato digestório. O esôfago possui parede
é delgada e pregueada, permitindo uma maior elasticidade deste órgão. Seu diâmetro aumenta gradualmente
até o estômago, sendo o limite entre estes dois órgãos pouco distinto. A porção inicial do intestino é composta
por um alça descendente e outra ascendente, que estão unidas por meio de uma prega serosa. Existe também o
segmento jejuno-íleo, sendo completamente preso por pregas mesentéricas.
Palavras-chave: anatomia, cascavel, topografia.
INTRODUÇÃO
O conhecimento anatômico das serpentes é extremamente importante no diagnóstico e tratamento das
enfermidades que acometem esses animais. Os estudos sobre a morfologia interna dos ofídios foi iniciado em
1839, de acordo com Maso (2002). Ainda assim, as informações morfológicas em serpentes não foram
esgotadas, principalmente em relação àquelas neotropicais, devido ao grande número de espécies e às
variações estruturais e fisiológicas entre elas. Dessa forma, pesquisas que acrescentem conhecimento
anatômico, morfológico e topográfico dos órgãos de serpentes da fauna neotropical, como a cascavel
(Crotalus durissus), são muito oportunas. Assim, objetivou-se descrever a anatomia e topografia do fígado,
vesícula biliar e pâncreas neste animal.
MATERIAL E MÉTODOS
Dois exemplares de C. durissus foram eutanasiados com injeção intravenosa de propofol 10mg/kg
(CARPENTER, 2001) e cloreto de potássio 5ml/animal, no seio vertebral. Para estabelecer a localização
topográfica dos órgãos, procedeu-se a contagem e marcação das escamas ventrais da serpente, como sugerido
por Gomes e Puorto (1993). A escama 01 foi considerada a primeira e a escama 176 foi considerada a última.
Fez-se uma incisão longitudinal ao longo da linha mediana das escamas ventrais, da cloaca até a cabeça. O
couro da região da incisão foi rebatido e as costelas foram afastadas lateralmente, de forma a facilitar a
visualização dos órgãos. Foi feita a contagem as escamas ventrais com relação ao início e ao final do esôfago,
estômago e intestino, para conhecimento da disposição topográfica desses. Realizou-se ainda descrição
anatômica de cada órgão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em C. durissus, o trato digestório compreende, de forma geral, nos mesmos componentes dos demais
vertebrados, outrora, sua topografia e morfologia são peculiares e atendem as especificidades do nicho destes
animais, além de ser extremamente adaptada a sua forma conspícua. O esôfago inicia-se na região caudal da
cavidade oral assim como foi descrito por Gomes e Puorto (1993). Ele está posicionado lateralmente a
esquerda do pulmão e traquéia. Sua parede é delgada e pregueada, permitindo uma maior elasticidade deste
órgão (NARCHI, 1973). Seu diâmetro aumenta gradualmente até o estômago, sendo o limite entre estes dois
órgãos pouco distinto, mas ocorre aproximadamente no início do terço caudal do lobo esquerdo do fígado.
Possui coloração rosa claro. Este órgão localiza-se entre as escamas 1 e 72. O estômago apresenta-se como
uma dilatação contínua ao esôfago, porém de coloração levemente mais clara. Seu maior diâmetro é
facilmente visualizado na região próxima a extremidade caudal do lobo esquerdo do fígado estendendo-se até
a porção final da vesícula biliar, onde existe um piloro conspícuo, como nos demais répteis (HICKMAN et
al., 2004). Encontra-se entre as escamas 72 e 111. Possui, assim como o esôfago, uma grande capacidade de
dilatação (HILDEBRAND; GOSLOW, 2006). O intestino inicia-se caudalmente à vesícula biliar
(aproximadamente na escama ventral 111), como continuação distinta do estômago, principalmente quando
avaliados a espessura da parede muscular. Sua porção inicial, o duodeno, é composta por um alça descendente
e outra ascendente, que estão unidas por meio de uma prega serosa. Caudalmente a este, existe o segmento
jejuno-íleo, como em testudines, sendo completamente preso por pregas mesentéricas. Em sua porção cranial,
que vai até a escama ventral 118 ele é enovelado, seguindo caudalmente como um tubo liso e quase reto até a
escama de número 133, onde existe a transição para o intestino grosso, compreendido num único e dilatado
colorreto até a cloaca, na face ventral do corpo, como descrito por Gomes e Puorto (1993) para Bothrops
jararaca. Existe diferenciação perfeita entre intestino delgado e grosso, onde se forma um pequeno seco
(NARCHI, 1973).
Figura 1: Fotografias da cavidade e órgãos internos de C. durissus. Fg, fígado; Co, coração; Ef, esôfago;
Et, estômago; Ov, ovário; VB, vesícula biliar; ID, intestino delgado; Ba, baço; IG, intestino grosso; Od,
oviduto. Barra 3cm.
REFERÊNCIAS
1-CARPENTER, J.W. Exotic Animal Formulary, 3 ed. St. Louis: Elsevier Saunders, Kansas State
University, Manhattan, KS, p. 55-62, 2001; 2- GOMES, N.; PUORTO, G. Atlas anatômico de Botrops
jararaca Wied, 1824 (Serpentes: Viperidae), Memórias do Instituto Butantan, São Paulo, v. 55, supl. 1,
p. 69-100. 1993; 3-HICKMAN et al. Princípios integrados de Zoologia. 11 ed. São Paulo: Rocca, 2004.;
4-HILDEBRAND M.; GOSLOW, G. Análise da estrutura dos vertebrados, 2 ed. São Paulo: Atheneu
Editora, p. 201-217, 2006; 5-MASO, M. Anatomia comparada da cabeça e do aparelho digestório de
Waglerophis merremii (Wagler, 1824) e Xenodon neuwiedii (Günther, 1865) (Serpentes, Colubridae,
Xenodontini). 242f. Tese (Doutorado em Zoologia) - Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2002.; 6-NARCHI, W. Vertebrados: A Cobra. São Paulo, EDART, p. 20-25, 1973.
DESCRIÇÃO ANATÔMICA E TOPOGRÁFICA DE FÍGADO, VESÍCULA BILIAR E
PÂNCREAS DE Crotalus durissus LINNAEUS, 1758 (SQUAMATA, VIPERIDAE)
Rodrigues, T. C. S.1*; Santos, A. L. Q.2; Carvalho, C. F.³; Ferreira, F. B ³; Lima, F. C.1; Rodrigues, L. L¹.
De Simone, S. B. S.1; Silva, J. M. M. 1; Vieira, L. G.1; Riello, F. N.³
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 2-Docente Orientador, Laboratório de Ensino e
Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal
de Uberlândia. Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
³Gradundas do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
Dois exemplares adultos de Crotalus durissus, sendo um macho e uma fêmea, provindos do Parque
Zoológico de Goiânia foram doados ao Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres da Universidade
Federal de Uberlândia e destinados à pesquisa, de acordo com a licença concedida pelo IBAMA. Os
animais foram eutanasiados e dissecados a fresco, com objetivo de descrever a anatomia pormenorizada
de suas glândulas anexas ao trato digestório. O fígado é alongado com coloração vermelho-escura e
dividido em lobos direito e esquerdo. Este está intimamente associado ao coração e intestino. O lobo
direito do fígado de C. durissus é maior e é conectado à vesícula biliar, que é arredondada, de coloração
verde-escura e situada imediatamente posterior ao final do estômago, no antímero esquerdo. Seu
pâncreas é pequeno, arredondado e com coloração vermelho escura, posicionado lateralmente ao
intestino delgado e caudal à vesícula biliar.
Palavras-chave: anatomia, cascavel, topografia.
INTRODUÇÃO
O conhecimento anatômico das serpentes é extremamente importante no diagnóstico e tratamento das
enfermidades que acometem esses animais. Os estudos sobre a morfologia interna dos ofídios foi
iniciado em 1839, de acordo com MASO (2002). Ainda assim, as informações morfológicas em
serpentes não foram esgotadas, principalmente em relação àquelas neotropicais, devido ao grande
número de espécies e às variações estruturais e fisiológicas entre elas. Dessa forma, pesquisas que
acrescentem conhecimento anatômico, morfológico e topográfico dos órgãos de serpentes da fauna
neotropical, como a cascavel (Crotalus durissus), são muito oportunas. Assim, objetivou-se descrever a
anatomia e topografia do fígado, vesícula biliar e pâncreas neste animal.
MATERIAL E MÉTODOS
Dois exemplares de Crotalus durissus foram eutanasiados com injeção intravenosa de propofol 10mg/kg
(CARPENTER, 2001) e cloreto de potássio 5ml/animal, no seio vertebral. Para estabelecer a localização
topográfica dos órgãos, procedeu-se a contagem e marcação das escamas ventrais da serpente, como
sugerido por Gomes e Puorto (1993). A escama 01 foi considerada a primeira e a escama 176 foi
considerada a última. Fez-se uma incisão longitudinal ao longo da linha mediana das escamas ventrais,
da cloaca até a cabeça. O couro da região da incisão foi rebatido e as costelas foram afastadas
lateralmente, de forma a facilitar a visualização dos órgãos. Foi feita a contagem as escamas ventrais
com relação ao início e ao final do fígado, vesícula biliar e pâncreas, para conhecimento da disposição
topográfica desses. Realizou-se ainda descrição anatômica de cada órgão.
RESULTADO E DISCUSSÃO
O fígado é o órgão mais alongado do corpo das serpentes (HILDEBRAND; GOSLOW, 2006). Ele
destaca-se facilmente na dissecação devido à sua coloração vermelho-escura muito evidente. É dividido
em lobos direito e esquerdo e a veia cava percorre ventralmente o espaço entre eles, emitindo ramos que
penetram no parênquima hepático em toda a sua extensão. Inicia-se caudalmente ao coração,
estendendo-se até o intestino, assim como observado por Narchi (1973), apresentando uma estrutura
fusiforme. O lobo direito do fígado é maior e se encontra entre as escamas ventrais 72-104, sendo sua
extremidade caudal bem filiforme e delgada. Relaciona-se cranialmente com o coração e cauldalmente
com o oviduto e porção final do estômago, se encerrando conectado à vesícula biliar. O lobo direito
dispõe-se entre as escamas 71 e 96, sendo menor, outrora, mais largo que o lobo direito. Está
caudalmente ao coração e a traquéia, posicionado a direita da porção final do pulmão e esôfago, e da
porção inicial do estômago. A vesícula biliar é arredondada e de coloração verde-escura, assim como
também descrita por Gomes e Puorto (1993). Situa-se imediatamente posterior ao final do estômago, do
lado esquerdo do corpo do animal. Estende-se da escama ventral 105 a 112 e se relaciona caudalmente
ao intestino delgado, com qual se comunica através de um ducto que corre medialmente ao pâncreas. Ao
contrário do que ocorre na maioria dos vertebrados (HILDEBRAND; GOSLOW, 2006), pâncreas em C.
durissus é pequeno, arredondado e com coloração vermelho escura. Está posicionado lateralmente ao
intestino delgado e caudal à vesícula biliar. Não apresenta divisão em lobos como em aves ou peixes.
Estende-se da escama 109 a 112.
Figura 1: Fotografias da cavidade celomática e órgãos internos de C. durissus. Fg, fígado; Co, coração;
Ef, esôfago; Et, estômago; Ov, ovário; VB, vesícula biliar; ID, intestino delgado; Ba, baço; * Projeção
caudal do lobo direito do fígado. Barra: 3cm.
REFERÊNCIAS
1-CARPENTER, J.W. Exotic Animal Formulary, 3 ed. St. Louis: Elsevier Saunders, Kansas State
University, Manhattan, KS, p. 55-62, 2001; 2-GOMES, N.; PUORTO, G. Atlas anatômico de Botrops
jararaca Wied, 1824 (Serpentes: Viperidae), Memórias do Instituto Butantan, São Paulo, v. 55, supl. 1,
p. 69-100. 1993; 3-NARCHI, W. Vertebrados: A Cobra, São Paulo, EDART, p. 20-25, 1973; 4HILDEBRAND M.; GOSLOW, G. Análise da estrutura dos vertebrados, 2 ed. São Paulo: Atheneu
Editora, p. 201-217, 2006; 5-MASO, M. Anatomia comparada da cabeça e do aparelho digestório de
Waglerophis merremii (Wagler, 1824) e Xenodon neuwiedii (Günther, 1865) (Serpentes,
Colubridae, Xenodontini). 242f. Tese (Doutorado em Zoologia) - Instituto de Biociências,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
DESENVOLVIMENTO DE TUCANO TOCO (Ramphastos toco) UTILIZANDO DIFERENTES
RAÇÕES COMERCIAIS
Silva, J. M. M.* 1; Santos, A. L. Q. 2; Hirano, L. Q. L. 3; Lima, F. C. 3; Kaminishi, A. P. S. 1; Montes, T. M. 1;
Veríssimo, S. 1; Silva Junior, L. M. 1
1-Graduandos do curso de Medicina Veterinária/FAMEV–UFU; 2 - Docente Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU); 3 -Mestrando em Ciências Veterinárias/FAMEV–
UFU. Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia, Av. Amazonas, nº 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia-MG, Brasil,
CEP: 38405-302.
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RESUMO
Formada pelos tucanos, a família Ramphastidae é um grupo restrito à região neotropical, caracterizada por
aves que destacam pela beleza e exuberância de suas cores. Tendo em vista poucos estudos conhecidos em
relação à nutrição, criação em cativeiro e manejo de tucanos, objetivou-se comparar o desenvolvimento, com
bases biométricas, de dois grupos de Ramphastos toco, alimentados com ração comercial para tucanos e ração
comercial para cães. O desenvolvimento dos tucanos tratados com as duas dietas sugeridas não apresentou
diferenças significativas em relação ao empenamento, coloração do bico, comportamento, medidas de asa,
comprimento e largura dos tarsos, altura e largura da cabeça, largura e altura do bico, envergadura,
comprimento do corpo e peso. Concluiu-se que as duas rações podem ser indicadas na alimentação de
tucanos, porém, a ração para cães apresenta-se como uma alternativa menos onerosa para a criação em
cativeiro.
Palavras-chave: nutrição, biometria, tucanos.
INTRODUÇÃO
O Brasil possui entre 15 e 20% de toda a diversidade biológica mundial e o maior número de espécies
endêmicas do planeta (CUBAS, 2007). O tucano toco (Ramphastos toco) é a maior espécie de tucano e é
caracterizado pelo bico grande e pouco espesso, em algumas espécies, seu comprimento pode exceder o do
corpo (ALVARENGA, 2004). A fauna e flora silvestres vem sendo constantemente ameaçadas de extinção, e
as aves formam o grupo mais atingido. Muitos avanços têm ocorrido na clínica e cirurgia das aves de
companhia, mas o maior entre todos está na nutrição de aves domésticas (HARRISON, 1998). O
conhecimento científico dos requerimentos nutricionais de cada espécie é essencial para a saúde e mantença
de populações em cativeiro. Tendo em vista poucos estudos conhecidos sobre o gênero Ramphastos,
principalmente em relação à nutrição, criação em cativeiro e manejo de filhotes e animais jovens, este
trabalho teve como objetivo comparar o desenvolvimento, com bases biométricas, de dois grupos de tucanos
toco jovens, alimentados com ração comercial para tucanos e ração comercial para cães e encontrar opções
alternativas ou complementares para a alimentação destas aves em cativeiro.
METODOLOGIA
Este experimento foi conduzido nas dependências do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres
e Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, no período de 05/12/2006 a 07/03/2007.
Foram utilizados 16 tucanos da espécie Ramphastos toco, entre 4 e 5 meses de idade, provenientes de
apreensão do tráfico de animais silvestres em dezembro de 2006. As aves foram distribuídas em dois grupos
ao acaso, alojados durante todo período experimental em recintos separados individualmente. Previamente à
comparação das duas dietas, os animais passaram por um período de adaptação entre 05/12/2006 e
05/01/2007. Nesse período, foi administrado na água das aves, Amprolium® (2mL em 3,8 litros de água
durante sete dias) e Vermiaves®, (90 mL em 2 ½ litros de água durante 2 dias). Os tucanos foram alimentados
uma vez ao dia em horário fixo, sendo a quantidade fornecida equivalente à 20% do peso requisitado
semanalmente por cada ave. O grupo 1 foi alimentado com ração comercial para tucanos Megazoo® T19 e o
grupo 2 com ração comercial para cães Golden Fórmula Salmão Mini Bits®. Devido à grande sensibilidade
dos Ramphastideos ao ferro, a eleição da ração canina foi feita através dos níveis de garantia deste mineral
pelo fabricante. As aves foram pesadas semanalmente em jejum e foi feita a avaliação de seus
desenvolvimentos individuais quanto suas medidas corporais: tarso (diâmetro e comprimento), comprimento
das asas, envergadura, comprimento do corpo, cabeça (comprimento, largura e altura) e bico (comprimento,
largura e altura). Além do acompanhamento do desenvolvimento estrutural e cor do bico. As análises
bromatológicas das rações foram realizadas no laboratório de Nutrição Animal da FAMEV/UFU. Para análise
estatística foi utilizado o programa BioEstat 5.0 e os dados foram submetidos à análise de variância e teste de
Tukey (p<0,05) utilizando os ganhos semanais como parâmetros.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análise Estatística
De acordo com o teste de Tukey, foi observado que a diferença de crescimento total entre os grupos não foi
significante para as medidas de asa, comprimento e largura dos tarsos, altura e largura da cabeça, largura e
altura do bico, envergadura, comprimento do corpo e peso. Os valores de ganhos totais do comprimento da
cabeça e comprimento do bico foram estatisticamente diferentes (p<0,05). O grupo alimentado com a ração
Megazoo T19® obteve melhores médias para comprimento de cabeça, enquanto que o segundo grupo,
alimentado com ração para cães apresentou melhores médias para o comprimento do bico (Figuras 1 e 2).
Figura 1. Médias do desenvolvimento do comprimento da cabeça dos tucanos alimentados
com rações para cães e para tucanos.
Centímetros (cm)
Figura 1. Médias do desenvolvimento do comprimento do bico dos tucanos alimentados
com rações para cães e para tucanos.
16
14
12
10
8
6
4
2
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Semanas
MEGAZOO
GOLDEN
Gastos
Após o período de adaptação, as aves do grupo 1 consumiram durante todo o experimento, um total de 6,62
kg e nos animais do grupo 2, o consumo foi de 7,08 kg. O preço da ração Megazoo T19® totaliza R$ 21,42
por kg enquanto que o valor por kg da Golden Formula Salmão Mini Bits® é de R$ 11,95. Não houve
desperdício de ração em ambos os grupos. Os resultados do presente estudo reafirmam a citação feita por
Hagen e Rolf (1999), que a nutrição ideal pode ser alcançada com diferentes dietas. Os resultados obtidos por
Machado; Lara; Saad (2002), também mostram que, apesar da diferença nos níveis protéicos das dietas, os
desenvolvimentos nos dois tratamentos foram satisfatórios. Todd; Plasse; Eckart (1992) utilizaram em
mutuns, uma dieta composta de ração de frango com 16% de proteína, frutos e folhosas, casca de ostra e ração
canina. O sucesso nos resultados obtidos tanto no trabalho citado quanto no presente estudo, descreve de
forma positiva, o uso da ração canina como ingrediente complementar na dieta das aves. Lucietto (2007)
ofereceu ração de cachorro por muitos anos para suas aves do criadouro BudgerigART e notou uma diferença
significativa em seu desenvolvimento, da mesma maneira como foi observado neste experimento. Saad et al.
(2007) propuseram uma comparação entre rações extrusada, peletizada e comercial extrusada para
psitacídeos, ração extrusada para cães linha prêmio, ração extrusada para cães linha econômica e semente de
girassol. Os níveis das dietas variaram entre 17,4 e 28,6% de proteína bruta e 0,58 a 1,10% de fósforo, e todas
as dietas testadas atenderam as necessidades diárias dos papagaios para esses nutrientes. As dietas com
Megazoo® e Golden Formula Salmão Mini Bits® atenderiam bem as recomendações diárias dessas aves, pois
apresentaram os níveis de PB e fósforo dentro do intervalo sugerido pelo autor acima. Nos dois estudos, o
consumo da ração comercial para aves foi semelhante à ração para cães. Silva et al. (2005), concluíram que
animais em cativeiro, em situações de estresse, têm o comportamento alimentar e sua fisiologia digestiva
alterados. Assim como o trabalho proposto, a disponibilização de proteína na dieta de aves, principalmente de
aminoácidos essenciais, afetou diretamente o ganho do peso refletindo na condição de saúde e no sucesso
reprodutivo das espécies, tornando-se crucial a suplementação de aminoácidos e vitaminas, para seu bom
desenvolvimento. O desenvolvimento dos tucanos tratados com as duas dietas sugeridas não apresentou
diferenças significativas em relação ao empenamento, coloração do bico, comportamento, medidas de asa,
comprimento e largura dos tarsos, altura e largura da cabeça, largura e altura do bico, envergadura,
comprimento do corpo e peso. As duas rações podem ser indicadas na alimentação de tucanos, porém, a ração
para cães apresenta-se como uma alternativa menos onerosa para a criação em cativeiro.
REFERÊNCIAS
1-ALVARENGA, H. Tucanos das Américas. Rio de Janeiro: Pontual Edições e Arte, 2004, 15 p.; 2CUBAS, Z.S. Piciformes (tucanos, araçaris, pica-paus). In: CUBAS, Z.S.; SILVA, J.C.R.; CATÃO-DIAS,
J.L. Tratado de Animais Selvagens Medicina Veterinária. São Paulo: Editora Roca, cap 15. p.210-221,
2007; 3-HAGEN, M.; ROLF, C. Avian Nutrition: Trends and philosophies. The canadian parrot, 1999.
Disponível em: http://www.silvio-co.com/cps/articles/1999/1999mhagen1.htm. Acesso em: 20 jan. 2007; 4HARRISON, G. J. Twenty Years of Progress in Pet Bird Nutrition. JAVMA v. 212, n. 8, p. 226-1230, 1998;
5-LUCIETTO, F. Criadouro "BudgerigART" A Arte de criar periquitos, 2007 Disponível
em
http://www.periquitos.com.br/forum. Acesso em 23/02/2009; 6-MACHADO, P. A. R.; LARA, L. B.; SAAD,
F. M. O. L. Efeitos de dois níveis de proteína para filhotes de jandaia sol (Aratinga jandaya) criados
manualmente. In: Encontro de Zoológicos do Mercosul, Anais... Porto Alegre, 2002; 7-SAAD, C. E. P.;
FERREIRA, W.M.; BORGES, F.M.O.; LARA, L.B. Avaliação do gasto e consumo voluntário de rações
balanceadas e semente de girassol para Papagaios-Verdadeiros (Amazona aestiva). Ciência e
Agrotecnologia., Lavras, v. 31, n. 4, p. 1176-1183, 2007; 8-SILVA, L. C.; LOPES V. A.; STASIENIUK, E.
V. Z.; DANTAS, R. N. Influência do suplemento de aminoácidos e vitaminas Labcon Club® revitalizante no
ganho de peso de filhotes de tucano toco (Ramphastos toco) em cativeiro, 2005. Disponível em
http://www.labcon.com.br/jornal_alcon/n004/Suplementa
ção.htm. Acesso em: 02/01/2008.; 9-TODD, W.T.; PLASSE, R. ECKART, C. Curassow husbandry:
suggested protocol, Houston Zoo, 2 ed. Houston Zoo Zoological Gardens, 1992.
DESTINO DAS CARCAÇAS ACOMETIDAS POR MELANOMAS EM EQUÍDEOS
ABATIDOS EM MATADOURO-FRIGORÍFICO SOB INSPEÇÃO FEDERAL, ARAGUARI MG,
2004-2008.
Santos, S. F. *1; Moreira, M. D. 1; Basso, P. R. 1; Pedroso, A. R.; Litz, F. H. 1
1
Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade Federal de Uberlândia
[email protected]
RESUMO
Melanoma é um tipo de câncer proveniente dos melanócitos que merecem destaque quanto à incidência nos
equinos, pois cerca 3 a 8% deles são acometidos e o seu estabelecimento envolve diversas etapas, até a
formação de um tumor invasivo e metatástico. Este trabalho teve por objetivo identificar o destino das
carcaças acometidas por melanomas em equídeos abatidos em matadouro-frigorífico sob Inspeção Federal,
Araguari MG, 2004 -2008, baseando-se nos dados fornecidos pelo Serviço de inspeção federal 1803 por meio
do diagnóstico macroscópico das lesões observadas. No período analisado (2004 a 2008) foram abatidos
136.990 equídeos e detectou-se 1.838 animais acometidos pelo melanoma, dos quais 39,17% foram
destinados a graxaria e 60,82% ao aproveitamento condicional.
Palavras Chave: graxaria, carcaças, metástase
INTRODUÇÃO
Melanomas são neoplasias melanocíticas que merecem destaque quanto à incidência nos equídeos, pois cerca
3 a 8% deles são acometidos. É comumente identificado macroscopicamente por sua cor intensamente negra e
pelo pigmento escuro que pode difundir-se para qualquer meio aquoso com o qual a superfície de corte entre
em contato (SILVEIRA, 1997; JONES, 2000). Segundo Bonesi e outros (1998) apesar do melanoma em
equinos desenvolverem-se na região do períneo e na base da cauda, inúmeros órgãos e tecidos, como o
muscular e o ósseo, são atingidos. É um dos tipos de câncer de pior prognóstico e com alta incidência de
metástases. As formas malignas são geralmente muito agressivas com rápida disseminação generalizada nos
principais órgãos e cavidades corpóreas. São comuns as formações nodulares nos melanomas podendo
disseminar-se localmente e desenvolver-se em órgãos internos, o que é sugestivo de metástase (BONESI;
BRACARENSE; MINELLI, 1998; JONES, 2000; KNOTTENBELT, 2003). Após transformação maligna, a
formação de metástases ocorre via hematogênica, linfática ou por implantação, e os principais locais
envolvidos são linfonodos regionais, baço, fígado, pulmões, vasos sanguíneos e coração (JOHNSON, 1998;
MACGILLIVRAY; SWEENEY; PIERO, 2002). As carcaças rejeitadas para exportação por estarem
acometidas de melanoma tem os seguintes destinos: Lesões localizadas têm se o aproveitamento condicional,
(salsicharia, embutidos, recortes). E quando há o acometimento generalizado das carcaças tem-se rejeição
total e são destinadas a graxaria. (GUIMARÃES; SANTOS, 2001).
METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida durante os anos de 2004 a 2008 no Município de Araguari, Minas Gerais, em
estabelecimento exportador de carnes equina para o Japão e países da União Européia. Para o estudo, foram
apenas analisados os dados fornecidos pelo Serviço de Inspeção Federal, cujo diagnóstico post mortem foi
baseado no aspecto macroscópico das lesões observadas. A inspeção sanitária em carcaças de equídeos trata
dos requisitos para exportação de carnes e miúdos para a Comunidade Econômica Européia, quanto à obrigatoriedade da realização da técnica do despaletamento dos dianteiros de equídeos abatidos, para pesquisa de
melanomas e mediante a abertura da musculatura da paleta detecta-se lesão localizada quando se limita a área
da paleta e as lesões generalizadas se devem a disseminação de tumores ao longo da carcaça. Por meio dos
resultados das constatações executados pela equipe da inspeção é que se teve a oportunidade, por sinais e
lesões ou achados orgânicos, firmar-se um diagnóstico e um julgamento de caso por caso e dar-se logo o
destino às carnes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período 2004 a 2008 foram abatidos 137.769 equídeos e registrados 1.838 animais acometidos pelo
melanoma. Dos animais acometidos 39,17% foram destinados a graxaria e 60,82% ao aproveitamento
condicional (Tabela 1). Embora sugere-se que houve um aumento no percentual de carcaças à graxaria e uma
diminuição do percentual ao aproveitamento condicional no decorrer dos anos (2004- 2008) analisados,
provavelmente deve –se as melhorias no serviço de inspeção.
As carcaças rejeitadas com lesões localizadas direcionam-se ao aproveitamento condicional, na qual
atualmente tem destinado a salsicharia (fabricação de embutidos cozidos), visto que não se tem um mercado
para consumo interno de carne equina e as lesões generalizadas tem se rejeição total e são direcionadas a
graxaria.
Tabela 1. Distribuição da frequência de melanomas em carcaças de equídeos abatidos em matadourofrigorífico sob Inspeção Federal, segundo o destino das carcaças, Araguari MG, 2004 -2008.
ANO
ACOMETIDOS
GRAXARIA %
APROVEITAMENTO CONDICIONAL
%
925
29,40
70,59
2004
241
56,01
43,98
2005
303
40,92
49,92
2006
223
44,39
55,60
2007
146
61,64
38,35
2008
Total
1838
39,17
60,82
REFERÊNCIAS
1-BONESI, L. G.; BRACARENSE, L.R.P.A.; MINELLI, L.; Melanoma em equídeos de pelagem branca frequência, distribuição e lesões em carcaças VOLUME 73 - Nº 6: Investigação clínica,epidemiológica,
laboratorial e terapêutica. Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, 73(6):533-538, nov./dez.1998;
2-GUIMARÃES J. A., SANTOS, J.C.; Inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem animal (controle
oficial - sanitário e tecnológico). Revista do Conselho Federal de Medicina Veterinária. Ano 7 - Nº 23 p.6-11, 2001; 3-JOHNSON, P.J.; Dermatologic Tumors (excluding sarcoids). Veterinary Clinics of North
Equine Practice, v.14. pg.643- 658, 1998; 4-JONES T. C.; HUNT R. D.; KING N. W. Patologia Veterinária
6° ed. Editora Manole , 2000 p.871-873.; 5-KNOTTENBELT .D. C.; Skin neoplasia: melanoma. 2003.
Disponivel em:<http://www.ivis.org/proceedings/SIVE/2003/lectures/knottenbelt4.pdf.> Acesso em: 10 nov.
2008.; 6-MACGILLIVRAY, C.K., SWEENEY W. R.; PIERO, D. F.; Metastatic melanoma in horses. Journal
of Veterinary Internal Medicine, v.16, p.452- 456, 2002; 7-SILVEIRA, E.; Oncocell BiotecnologiaMercado de cavalos de raça é alvo de vacina contra câncer de pele desenvolvida a partir de produto
similar
já
utilizado
em
ser
humano,
2007.Disponível
em:
<http://www.inovacao.unicamp.br/pipe/report/070429-oncocell.shtml > Acesso em: 7 mai. 2008.
DISTRIBUIÇÃO E MORFOLOGIA DOS OSSÍCULOS DA ESCLERA EM AVES
Lima, F. C.1; Rodrigues, T. C. S.1*; Vieira, L. G.1; De Simone, S. B. S.1; Santos, A. L. Q.2
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia. 2-Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av.
Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Objetivou-se investigar o número, a forma e a disposição dos ossículos da esclera em aves brasileiras de
diferentes ordens. Utilizaram-se 208 aves de 18 ordens, que vieram a óbito por causas que não afetassem os
olhos. Estas foram submetidas à técnica de diafanização e coloração dos ossos com Alizarina red S. Todos os
olhos analisados apresentaram ossículos na esclera em posição fixa na porção central do globo ocular, mas
variaram em tamanho, forma e quantidade. O número de placas nas diversas aves variou de 11 a 16, sendo a
moda 14, e a forma predominantemente quadrangular, com padrão similar para espécies da mesma ordem. A
distribuição e morfologia dos ossículos variam de acordo com o grupo taxonômico, outrora, apresenta um
padrão para espécies da mesma ordem.
Palavras-chave: alizarina, esqueleto, globo ocular.
INTRODUÇÃO
O esqueleto da esclera é constituído pela cartilagem esclerótica e pelos ossículos, placas ósseas dispostas
juntamente com a cartilagem, em posição fixa contornando a esclera sem se articular com qualquer outro
elemento esquelético. Alguns vertebrados como peixes, répteis e aves possuem ambos os elementos, outros
como os crocodilianos e ofídios, apenas a cartilagem esclerótica (FRANZ-ODENDAAL; HALL, 2006;
WARHEIT et al., 1989; HILDEBRAND; GOSLOW, 2006). O papel individual de cada ossículo ainda é
controverso, mas duas funções coletivas são bem descritas. A primeira é proteger e suportar o globo ocular
durante a deformação pelo vôo ou mergulho (ROMER, 1956), e a outra de auxiliar a função dos músculos
ciliares, especialmente na porção anterior da córnea, sugerindo o papel de acomodação visual
(COULOMBRE; COULOMBRE, 1973; FRANZ-ODENDAAL; VICKARYOUS, 2006). Sua morfologia,
número e distribuição são bastante variáveis entre os diferentes grupos de animais, assim, objetivou-se
investigar tais variações em aves de diferentes ordens.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas 208 aves de 18 ordens provenientes da casuística do Hospital Veterinário da Universidade
Federal de Uberlândia, no período de janeiro de 2007 a maio de 2009, e que vieram a óbito por causas
diversas, porém, nenhuma delas com manifestações oculares. De cada animal removeram-se os globos
oculares, que foram submetidos ao protocolo de diafanização e coloração dos ossos segundo o método de
Davis e Gore (1936).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os olhos analisados apresentaram ossículos na esclera em posição fixa na porção central do globo
ocular, que variaram em tamanho, forma e quantidade, não apresentando um padrão consistente em
distribuição e dimensão nas diferentes espécies. O número de placas variou de 11 a 16 (Tab. 1, Fig. 1), sendo
similar para espécies da mesma ordem. O número modal de ossículos foi de 14, com variações distribuídas
filogeneticamente entre os diferentes gêneros. Entre os grupos de répteis e peixes teleósseos a presença do
esqueleto escleral é considerada uma característica sinapomórfica que indica homologia entre os gnatostomata
(DONOGHUE et al., 2000; FRANZ-ODENDAAL; HALL, 2006), e seu arranjo é considerado um caractere
pleisiomórfico. Segundo Romer (1956), o número de placas que compõem o anel varia de duas a trinta e duas
entre as diferentes espécies. Nos grupos modernos é relatada a média de dez a dezessete ossículos, estando
todas as aves desta investigação dentro deste intervalo.
Tabela 1: Número de ossículos em aves de diferentes espécies. OD, olho direito; OE, olho esquerdo.
Táxon
STRUTHIONIFORMES
Rhea americana
TINAMIFORMES
Nothura minor
Nothura maculosa
ANSERIFORMES
Amazonetta brasiliensis
Anas sp.
GALLIFORMES
Colinus cristatus
Penelope ochrogaster
Crax fasciolata
SPHENISCIFORMES
Spheniscus magellanicus
CICONIIFORMES
Egretta thula
Tigrisoma sp.
Theristicus caudatus
CATHARTIFORMES
Coragyps atratus
FALCONIFORMES
Elanus leucurus
Buteo magnirostris
Buteo albicaudatus
Micrastur semitorquatus
Micrastur ruficollis
Polyborus plancus
Gampsonyx swainsoni
Herpetotheres
cachinnans
Falco sparverius
Leptodon cayanensis
CUCULIFORMES
Crotophaga ani
Piaya cayana
GRUIFORMES
Rallus maculatus
Táxon
Cariama cristata
Aramides calopterus
CHARADRIIFORMES
Vanellus chilensis
COLUMBIFORMES
Columba sp.
Columbina talpacoti
PSITTACIFORMES
Ara nobilis
Amazona sp.
Aratinga solstitialis
Pyrrhura sp.
Ara ararauna
Aratinga leucophthalmus
STRIGIFORMES
Athene cunicularia
Tyto alba
Rhinoptynx clamator
Asio stygius
CAPRIMULGIFORMES
Nyctibus griseus
CORACIIFORMES
Chloroceryle americana
Ceryle torquata
PICIFORMES
Ramphastos toco
Nº de
espécimes
Nº de ossículos
OD
OE
12
15-16
15-16
1
1
15
15
15
15
1
10
15
14
15
14
1
1
1
13
14
14
13
14
14
1
13
14
1
1
4
14
14
14-16
8
15
15
1
5
1
1
1
13
1
1
1
1
15
15
15
14
16
14-15
15
14
14
14
16
15
15
14
16
14-15
15
14
14
14+1
2
1
12
12
12
12
1
Nº de
espécimes
8
5
14
14
15
15
13
Nº de ossículos
OD
OE
12-13
12-14
14
14-15
4
15
15
7
5
11
11
11
11
9
12
7
1
2
7
12
11-12
12-13
12
12-13
12
12
11-12
12-13
12
13
12
17
4
2
2
15-16
15
15
14-16
15-16
15
15
14-16
4
15
15
1
1
13
14
13
13
27
13-14
12-13
Ramphastos dicolorus
Colaptes campestris
Piculus sp.
Colaptes punctigula
Melanerpes candidus
PASSERIFORMES
Gnorimopsar chopi
Megarhynchus pitangua
Turdus rufiventris
Cyanocorax caeruleus
1
2
1
1
1
13
14-13
14
13
13
13
14
14
13
14
2
1
1
1
13-14
14
14
12
14
14
14
12
Baseado nas comparações feitas entre aves ratitas,
tinamídeos e outras aves fósseis (QUEIROZ;
GOOD, 1988), o número primitivo de ossículos é
de 14 e 15, mas atualmente varia de acordo com o
grupo avaliado. Pelicaniformes apresentam de 14
a 15 (CURTIS; MILLER, 1938), em Sula foi
relatado o menor número de ossículos em aves,
10, e em Phalacrocoracidae a moda é 13. Os
ossículos apresentam forma predominantemente
quadrangular (Fig. 1), como reportado por FranzOdendaal e Hall (2006), outrora, sem
uniformidade. Nos Falconiformes eles são
quadrados ou retangulares, nos Psittaciformes,
Columbiformes e Gruiformes são trapezóides,
enquanto que nas aves da ordem Piciformes eles
são irregulares e com bordas sinuosas, sendo nos
répteis normalmente planos, ou levemente
encurvadas.
REFERÊNCIAS
1-COULOMBRE, A. J.; COULOMBRE, J. L. The skeleton eye. Developmental Biology, v. 33, p. 257-267,
1973; 2-CURTIS, E. L.; MILLER, R. C. The sclerotic ring in North American birds. The Auk. The
University of New Mexico, Albuquerque, v. 55, p. 225-243, 1938; 3-DAVIS, D. D.; GORE, U. R. Clearing
and staining skeleton of small vertebrates. Field Museum of Natural History, Chicago, v. 4, p. 3-15, 1936;
4-DONOGHUE, P. C. J.; FOREY, P. L.; ALDRIDGE, R. Conodont affinity and chordate phylogeny. Biol.
Rev. v. 75, p. 191-251, 2000; 5-FRANZ-ODENDAAL, T. A.; HALL, B. K. Skeletal elements within teleost
eyes and a discussion of their homology. Journal of Morphology, v. 267, p. 1326-1337, 2006; 6-FRANZODENDAAL, T. A.; VICKARYOUS, M. K. Skeletal elements in the vertebrate eye and adnexa:
Morphological and developmental perspectives. Developmental Dynamics, Biology Department, Dalhousie
University, Halifax, Nova Scotia, Canadá, v. 235, p. 1244-1255, 2006; 7-HILDEBRAND, M.; GOSLOW, G.
E. Análise da estrutura dos vertebrados. 2 ed. São Paulo: Atheneu Editora, p. 358-366, 2006; 8QUEIROZ, K.; GOOD, D. A. The sclera ossicles of Opisthocomus and their phylogenetic significance. The
Auk, The University of New Mexico, Albuquerque, v. 105, p. 29-35, 1988; 9-ROMER, A. S. Osteology of
the Reptiles. University of Chicago Press, Chicago, 3 ed, p. 772. 1956; 10-WARHEIT, K. I.; GOOD, D. A.;
QUEIROZ, K. Variation in numbers of scleral ossicles and their phylogenetic transformations within the
pelicaniformes. The Auk, The University of New Mexico, Albuquerque, v. 106, p. 383-388, 1989.
Figura 1: Fotografias dos ossículos da esclera em diversas aves. A, Piaya cayana OD; B, Nothura minor OD;
C, Theristicus caudatus OD; D, Elanus leucurus OE; E, Penelope ochrogaster OD; F, Piculus sp. OE; G,
Melanerpes candidus OE; H, Ramphastos toco OD (*sobreposição); I, Aramides calopterus OE; J,
Megarhynchus pitangua OD; K, Ara ararauna OE; L, Chloroceryle americana OE; M, Crax fasciolata OD;
N, Vanellus chilensis OD; O, Columbina talpacoti OE; P, Turdus rufiventris OD; Q, Cariama cristata OD; R,
Leptodon cayanensis OE (osso sesamóide, seta; vista face temporal); S, Aratinga leucophthalmus OD e T,
Nyctibus griséus OE. Vista pólo anterior. Barra 5mm.
EFEITO DO MÊS DE CONCEPÇÃO NO RETORNO À CICLICIDADE DE VACAS NELORE
TRATADAS COM PROTOCOLO DE IATF.
Silva, J.C.C1.;Campos, C.C1*.; Santos, R.M2.
1- Acadêmicas da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia (UFU).2-Profa.
Dra. da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
RESUMO
Avaliou-se o efeito do mês de parição na taxa de gestação ao final da estação de monta (EM) de 90 dias e o
número de dias pós-parto (DPP) na concepção vacas Nelore tratadas com protocolo de inseminação artificial
(IA) em tempo fixo (IATF). 91 vacas da Fazenda Capim Branco, da Universidade Federal de Uberlândia
paridas de 17/09/08-05/01/09, foram mantidas em EM de 05/12/2008-05/03/2009 e tratadas com protocolo:
D-0: inserção de dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR)+injeção de 0,5mg de cipionato de estradiol
(ECP); D-7: aplicação de 12,5mg de dinoprost trometamina; D-9: retirada do CIDR+injeção de 0,5mg de
ECP+remoção de bezerros; D-11: IATF+retorno dos bezerros. Analisou-se os dados por variância. Foi
detectado efeito do mês de parição na taxa de gestação e no número de DPP na concepção. Os resultados
mostram a importância da realização de EM curta para aumentar a eficiência reprodutiva de vacas de corte.
Palavras chave: eficiência reprodutiva, sincronização de ovulação, vacas.
INTRODUÇÃO
O lucro do sistema de produção de gado de corte está muito relacionado com a eficiência reprodutiva do
rebanho. O objetivo deve sempre ser obter um bezerro por vaca por ano, porém o período de gestação médio
de 290 dias das fêmeas zebuínas e o longo anestro pós-parto (APP) representam-se como entraves. O APP é a
maior limitação para o bom desempenho reprodutivo de vacas com cria ao pé, que é influenciado por:
condição nutricional (WILTBANK et al., 1962), presença do bezerro (DISKIN et al., 2001), idade da vaca
(PERES e SIMIONI, 2005) e a presença de touros (FERNANDEZ et al., 1996), que também influenciam o
desempenho reprodutivo durante a EM. Para diminuir essas dificuldades, é importante se estabelecer uma EM
de curta duração, assim, o rebanho tem manejo mais fácil, e permite que o período de maior exigência
nutricional coincida com o de maior disponibilidade de forrageiras de melhor qualidade, eliminando ou a
reduzindo a necessidade de suplementação alimentar (VALLE, et al., 1998). O uso da IA objetiva promover o
melhoramento genético já que o ejaculado de um touro bom pode inseminar várias vacas, porém o principal
problema enfrentado é a falha na detecção de cio. Para otimizar a utilização da IA, foram desenvolvidos
tratamentos de IATF que permitem a inseminação de 100% das vacas em tempo fixo, sem necessidade da
observação de cio. A IATF permite induzir ciclicidade em animais em APP, e facilita a distribuição da mãode-obra na fazenda (DAY, 2006). Os protocolos de IATF também podem levar a redução na EM,
possibilitando que bezerros nasçam em épocas mais favoráveis e desmamem mais pesados.
METODOLOGIA
Foram utilizadas 91 matrizes da raça Nelore pertencentes à Fazenda Experimental Capim Branco, da
Universidade Federal de Uberlândia, mantidas a pasto de Brachiaria decumbens, recebendo sal mineral à
vontade. A estação de nascimento ocorreu de 17/09/08 a 05/01/09 (110dias) e a EM foi realizada no período
de 05/12/2008 à 05/03/2009 (90 dias). Onze dias antes do inicio previsto da EM foram sincronizadas todas as
vacas que estavam com mais de 30 dias pós-parto e escore de condição corporal igual ou superior a 2,5 (1 =
muito magra, 5 = muito gorda). No decorrer da EM foram feitos cinco lotes de sincronização. Vinte e oito
dias após a inseminação dos lotes sincronizados foi realizado o diagnóstico de gestação por ultrassonografia.
As vacas vazias fossem re-sincronizadas. Dois meses após o final da EM o diagnóstico de gestação de todas
as vacas foi re-confirmado por palpação retal. As vacas foram tratadas com o seguinte protocolo: Dia 0 inserção de dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR®) + injeção de 1,0 mg de cipionato de estradiol
(ECP®); Dia 7 - aplicação de 12,5 mg de dinoprost trometamina (Lutalyse®); Dia 9 - retirada do CIDR +
injeção de 1,0 mg de ECP + remoção de bezerros; Dia 11 – IATF + retorno dos bezerros com as vacas. Todas
as vacas que retornaram ao cio antes do diagnóstico de gestação foram re-inseminadas 12 horas após a
detecção. O efeito do mês de parição na taxa de gestação ao final da EM e o número de dias pós-parto na
concepção foi avaliado por análise de variância. Quando da aplicação da análise de variância, ocorreu à
rejeição da hipótese de igualdade de médias, utilizou-se para comparação das mesmas, o teste de Scott-Knott
(SCOTT & KNOTT, 1974).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A taxa de gestação ao final da EM de 90 dias foi de 76% (70/91). Esses resultados estão de acordo com os
reportados por Mingardo (2005) que encontrou a taxa de prenhes em vacas com uso de IATF entre 50% e
75%, aproximadamente. Essa mesma proporção foi encontrada por Silistre (2008) que afirma que em
propriedades com uma taxa de prenhez média de 50 a 60%, com a IATF, podem chegar a 70-80%. E naquelas
que possuem bons números, entre 80 a 90%, tem a possibilidade de ter mais prenhezes de inseminação e/ou
encurtar o tempo de inseminação e monta. Esses dados confrontam com os resultados encontrados por
Meneghetti et al. (2005) que trabalharam com protocolo de IATF, associado à observação do retorno ao cio
entre os dias 18 e 24 após a IATF e re-sincronização, e conseguiram 69,3% de vacas gestantes por IA em uma
EM de 37 dias, porém nesse estudo as vacas tinham parido de 64 ±17 dias antes do inicio da EM. Nesse
estudo partes das vacas ainda não tinham parido no inicio da EM. Foi detectado efeito do mês da parição na
taxa de gestação (P<0,01) e no número de dias pós-parto na concepção (P<0,05; Tabela 1), e tendência de
efeito sobre e no número de inseminações (P<0,10; Tabela 1). As vacas que pariram no início da estação de
nascimento tiveram maior taxa de gestação ao final da EM com maior número de DPP na concepção e maior
número de inseminações em relação às vacas que pariram no final da EM, isso ocorreu provavelmente porque
as vacas que pariram no início da estação de nascimento além de tiverem mais tempo para se recuperarem
antes do inicio da EM e tiveram mais chances de conceber durante a EM, o que pode ser comprovado pelo
maior número de inseminações, que tendeu a ser menor no grupo de vacas que pariu no mês 4, último mês da
estação de nascimento.
Tabela 1. Efeito do mês de parição na taxa de gestação ao final da estação de monta e número de dias pósparto na concepção de vacas Nelore tratadas com protocolo de inseminação artificial em tempo fixo.
Número de dias Número
de
Taxa de gestaçao ao final da
Mês de parição
pós-parto
na Inseminações
estaçao de monta
concepção (d)
(d)
1
97,22% (35/36)
84,89
1,56
2
88,24% (15/17)
78,93
1,76
3
60,87% (14/23)
62,64
1,61
4
40,00% (06/15)
44,67
1,13
Valor de P
P<0,01
P<0,05
P<0,10
Estes resultados mostram a importância da realização de uma estação de monta curta para aumentar a
eficiência reprodutiva de vacas de corte, se a grande todas as vacas tivessem dentro de dois meses o resultado
da EM de monta subsequente seria em torno de 90%, pois no grupo de vacas que pariram nos dois primeiros
meses da estação de nascimento a taxa de gestação ao final da EM foi de 97,22% e 88,24%, o qual seria um
resultado mutio satisfatório, para uma EM de 90 dias, com vacas Nelore mantidas a pasto.
REFERÊNCIAS
1-Day, M. L.; Bridges, A. Impacto das concentrações de hormônios esteróides sobre a fertilidade de bovinos.
In X Curso Novos Enfoques da Produção e Reprodução de Bovinos, CD-ROOM, 2006; 2-Diskin, M. G. et
al. Shortening the interval to the resumption of ovarian cycles in postpartum beef cows. Beef Production
Series, n. 25, 19 p., 2001; 3-Fernandez, D. L et al. Acute and chronic changes in luteinizing hormone
secretion and postpartum interval to estrus in first-calf suckled beef cows exposed continuously or
intermittently to mature bulls. Journal of Animal Science, v. 74, p. 1098 - 1103, 1996; 4-M. Meneghetti; et
al. Uso de protocolo de sincronização da ovulação como estratégia reprodutiva para maximizar o número de
vacas gestantes por ia em 37 dias de estação de monta. A Hora Veterinária, Ano 25, Nº 147,
setembro/outubro de 2005, páginas 25-27; 5-Mingardo, M. Reprodução: Sincronizar o cio facilita o manejo.
Revista Rural, rev 90 - agosto 2005; 6-Peres, R. F. G.; Simioni, V. M. Avaliação de fatores de ambiente
sobre o período de serviço em um rebanho da raça Nelore. In: Congresso Brasileiro de Reprodução
Animal, 15. Anais... CD-Room. 2005; 7-Scott, A. J., Knott, M. A. A cluster analysis method for grouping
means in the analysis of variance. Biometrics, Raleigh, v.30, n.3, p.507-512. 1974; 8-Selistre, M. V., IATF: a
ferramenta ideal para o melhoramento genético do seu rebanho. Associação Brasileira de Angus ANUÁRIO 2007/2008 p.195-196; 9-Valle, E.R.do; et al. Estratégias para aumento da eficiência reprodutiva e
produtiva em bovinos de corte. Campo Grande: EMBRAPA-CNPGC, 1998. 80p. (EMBRAPA-CNPGC.
Documentos, 71).; 10-Wiltbank, J. N.; et al. Effects of energy level on reproductive phenomena of mature
Hereford cows. Journal of Animal Science, v. 21, p. 219 - 225, 1962.
ENTUBAÇÃO ESOFÁGICA PARA SUPORTE NUTRICIONAL DE TAMANDUÁ BANDEIRA
Rodrigues, L. L.1*; Santos, A. L. Q.2; Costa, F. R. M.3; Rodrigues, T. C. S.1; Lima, F. C.1; Silva, J. M. M.1;
Jacintho, M. F. L.1; Passos, R. R. F. C. F.1; De Simone, S. B. S.1
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia. 2-Docente Orientador, 3Veterinária do Centro Cirúrgico do Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia
– MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Relata-se um caso clínico-cirúrgico de um tamanduá bandeira atendido pelo Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia, apresentando incapacidade para alimentação voluntária decorrente de
déficit neurológico e motor. A fim de viabilizar um acesso ao sistema digestório do animal, optou-se por
entubação esofágica, pois o tubo de esofagostomia pode permanecer no local de adaptação por semanas a
meses, facilitando a terapia nutricional. O grande númeto de atropelamentos torna importante o
desenvolvimento de uma técnica para terapia alimentar adequada às necessidades da referida espécie, dada
sua anatomia. A técnica descrita viabilizou a terapia nutricional um Mirmecophaga tridactyla de maneira
simples, rápida e segura.
Palavras-chave: Esofagostomia, Mirmecophaga tridactyla, terapia nutricional.
INTRODUÇÃO
Suporte nutricional é definido como o fornecimento de nutrientes específicos, como proteínas, carboidratos,
lipídios, vitaminas e minerais, por via enteral ou parenteral, podendo ser realizado em diferentes espécies
(RABELO et al., 2003). Os principais diferenciais do tubo de esofagostomia em relação a outras abordagens
para suporte nutricional residem na possibilidade de permanência da sonda no local de adaptação por semanas
a meses, na facilidade de administração da dieta, podendo ser realizada até mesmo pelo proprietário e na
praticidade de manuseio e remoção do mesmo, sendo indicado em casos de traumas ou doenças faciais e
quando há dificuldade na utilização de tubo nasoesofágico (LOPES et al., 2001; BRUNETTO, 2005). Diante
do crescente aumento no número de atendimentos de tamanduás vítimas de atropelamento, torna-se imperioso
o desenvolvimento de uma técnica para terapia alimentar adequada às necessidades da referida espécie, dada
sua anatomia. O presente relato refere-se à entubação esofágica para terapia nutricional realizada em um
tamanduá atendido pelo Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, após diagnóstico de
trauma encefálico por atropelamento.
RELATO DO CASO
Um tamanduá bandeira macho, adulto, foi encaminhado pela Polícia Ambiental ao Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia após ser atropelado. No exame clínico foi diagnosticado um trauma
encefálico e optou-se por uma esofagostomia para terapia alimentar. O animal recebeu indução anestésica
através da administração intramuscular da associação de cetamina (10mg/Kg) e xilazina (1mg/Kg), sendo
posicionado em decúbito dorsal. A manutenção anestésica consistiu de isoflurano em oxigênio a 1% com
máscara. Em seguida procedeu-se preparo da região mesocervical com tricotomia e assepsia utilizando álcooliodo-álcool. Foi realizada uma incisão cutânea em direção ao esôfago, seguida de dissecção romba do
músculo esternotireoideo. Após a localização do esôfago, foi feita uma incisão de um centímetro na parede
esofágica, através da qual se introduziu a sonda esofágica até o 7º espaço intercostal, em direção ao estômago.
Os tecidos circunvizinhos à sonda foram suturados com fio de nylon monofilamentoso 2-0 e pontos isolados
simples, enquanto o tubo foi fixado à pele com o mesmo tipo de fio e ponto “chinês”. O orifício de entrada da
sonda esofágica foi protegido com verniz para unha, gaze e pomada antimicrobiana e a região mesocervical
enfaixada e impermeabilizada com atadura e esparadrapo. No pós-operatório, cefazolina sódica (30mg/Kg
BID, 10 dias) e cetoprofeno (0,2mg/Kg SID, 3 dias), foram administrados via intramuscular. Os curativos
diários basearam-se em limpeza do orifício de entrada da sonda com solução anti-séptica e troca das ataduras
e esparadrapos. Dieta pastosa a base de leite de vaca, ovos, alimento industrializado para cães, frutas e
legumes foi administrada duas vezes ao dia, e o manejo do tubo incluiu injeções de água e/ou solução
fisiológica 0,9% antes e após alimentar o animal, para limpeza do mesmo e hidratação do paciente, mantendose a sonda vedada quando não estava em utilização.
Figura 1: Fotografias das manobras cirúrgicas em M. tridactyla. A – M. tridactyla em decúbito lateral para
posicionamento da máscara de manutenção anestésica; B – Animal em decúbito dorsal. Introdução do tubo no
esôfago; C – Impermeabilização da ferida cirúrgica com verniz para unha; D – Suporte nutricional no pósoperatório imediato.
DISCUSSÃO
O trato gastrointestinal é a principal via acesso nutricional. Quando esta não é utilizada o animal passa por
uma desnutrição aguda que gera comprometimento da integridade e redução da barreira física e estrutural das
mucosas, bem como diminuição da função enzimática e imune do sistema digestório (RABELO et al., 2003;
BRUNETTO, 2005; RAMOS et al., 2006). Pacientes que não são capazes de se alimentar corretamente ou
ingerir a quantidade necessária de nutrientes para atingir o requerimento energético basal por mais de três a
cinco dias são candidatos à terapia nutricional (RABELO et al., 2003). A utilização da entubação esofágica
foi divido a anatomia peculiar do animal que possui uma diminuta abertura da cavidade oral e uma grande
distancia entre a mesma e o esôfago torna difícil a utilização de um tubo nasoesofágico e da realização de uma
alimentação forçada (NAPLES, 1999; BRAINARD et al., 2008). Segundo Waterman (1983), o uso
concomitante de xilazina e cetamina se mostra bastante eficaz por assimilar o poder de sedação e relaxamento
muscular da xilazina com a capacidade de diminuir a excitação e analgesia gerada pela cetamina. A indução
anestésica com o uso concomitante de xilazina e cetamina e a manutenção com a utilização de izoflurano em
oxigênio 1% se mostrou eficaz, o animal manteve-se tranqüilo durante todo o procedimento. O
desenvolvimento de uma dieta equilibrada para animais selvagens consiste em uma tarefa árdua, onde se
procura mimetizar a alimentação obtida na natureza. A nutrição inadequada ou incompleta é apontada como
uma das principais causas de insucesso do tratamento clínico de espécies selvagens em cativeiro, as quais
gradativamente apresentam um quadro de caquexia. A dieta utilizada para terapia nutricional é semelhante a
dieta utilizada em zoológicos e em centros de triagem que é composta de leite de vaca, ovos, alimento
industrializado para cães, frutas e legumes liquidificados até a aquisição de consistência pastosa
(NASCIMENTO, 2009). Submeteu-se o animal a um período de adaptação, com aumento gradativo do
volume administrado por refeição, a fim de se prevenir vômitos. O volume total de alimento fornecido
diariamente correspondeu a 10% do peso corporal do paciente ou 35 a 40 ml/Kg, e o volume diário não
excedeu 80ml/Kg, fracionado duas administrações por dia (SOUZA, 2000; NASCIMENTO, 2009). Rabelo e
colaboradores (2003) descreveram disfunção esofágica, vômitos intratáveis, aspiração, refluxo, interferência
na ação da epiglote, dano ao nervo laríngeo recorrente, estomatite, infecção do ponto de entrada e necessidade
de sedação ou anestesia e relutância do animal em comer voluntariamente quando ainda está entubado como
complicações e desvantagens da técnica, respectivamente. No presente estudo não foram registradas
intercorrências. Nosso acesso cirúrgico contemplou dissecção romba do músculo esternotireoideo,
assemelhando-se ao relato de BRAINARD e colaboradores (2008) para descrição de técnica desenvolvida em
cadáver para acesso à traquéia de M. tridactyla. Visto que a anatomia do tamanduá dificulta o acesso ao
sistema digestório através de sonda nasoesofagica, dada a diminuta abertura da cavidade oral, bem como sua
distância em relação ao esôfago, a técnica descrita viabilizou a terapia nutricional na referida espécie, de
maneira simples, rápida e segura.
REFERÊNCIAS
1-BRAINARD, B.M. et al. Tracheostomy in the giant anteater (Myrmecophaga tridactyla). J Zoo Wildlife
Med. 39, 655-658, 2008; 2-BRUNETTO, M.A. Suporte nutricional enteral em cães e gatos hospitalizados. In:
Anais do I Simpósio de Nutrição Clínica de Cães e Gatos. 37-45. Jaboticabal – SP: Funep, 2005; 3-LOPES,
M.A.F. et al. Nutrição de equinos via esofagostomia. Ciência Rural. 31, 135-139, 2001; 4-NAPLES, V.L.
Morphology, evolution and function of feeding in the giant anteater (Myrmecophaga tridactyla). J. Zool.,
Lond. 249, 19-41, 1999; 5-NASCIMENTO, C.C. Protocolo clínico de Tamanduá-Mirim (Tamandua
tetradactyla) no Centro de Triagem de Animais Selvagens Refúgio Mata Atlântica Lello-Unimonte. Nosso
Clínico. 12, 2009; 6-NOWAK, R.M.; PARADISO, J.L. Walker’s mammals of the world. 4 ed. The johns
Hopkins University Press, Baltimore. 1983; 7-RABELO, R.C. et al. Benefícios da abordagem nutricional
enteral para o paciente hospitalizado. Nosso Clínico. 6, 2003; 8-RAMOS, R.S. et al. Aspectos comparativos
entre as técnicas de alimentação enteral: intubação nasoesofagiana e esofagostomia em felinos domésticos
(Felis domestica). Revista Caatinga. 19,71-75, 2006; 9-SOUZA, H.J.M. Manejo hospitalar do paciente felino.
Rev. Bras. Cien Vet. 7, 33-34, 2000; 10-WATERMAN, A.E. Influence of premedication with xylazine on the
distribution and metabolism of intramuscularly administred ketamine in cat. Res. Vet. Sci. 35: 285-290, 1983.
EPIDEMIOLOGIA DE GASTROENTERITE EM CÃES
Braga, P. F. S.1; Almeida, L. P. A.2
1-Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: 2- Professor Doutor
da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
Este estudo objetivou investigar a freqüência e fatores de risco para gastroenterites através de um
delineamento tipo casos e controles com cães atendidos no Hospital Veterinário (HV) da Universidade
Federal de Uberlândia em 2007. A partir das fichas clínicas dos cães, formaram-se três grupos: um grupo com
suspeita de gastroenterites; um grupo aleatoriamente escolhido e um grupo com sintomas incompatíveis com
gastroenterites, obtendo-se informações sobre a idade, sexo, raça, entre outros. Os dados foram transcritos
para fichas padrão e digitados para um banco de dados, sendo calculadas medidas de freqüência. Para
verificação de possíveis fatores de risco, foi utilizada como medida de associação o Odds Ratio e respectivos
intervalos de Confiança 95%. Concluiu-se que a faixa etária menor de um ano, mudança brusca do tipo de
ração e presença de contactantes doentes constituíram fatores de risco para os cães em estudo.
Palavras-chave: Epidemiologia, fatores de risco, Odds Ratio.
INTRODUÇÃO
De acordo com Homem; Mendes; Linhares (1999), as gastroenterites em cães podem manifestar-se, entre
outros sinais clínicos, em diarréia e vômito e está associada a vários fatores como dieta, medicamentos,
agentes infecciosos e endoparasitas. A identificação da distribuição dos casos de suspeitas de gastroenterites
ocorridas em cães estudados, assim como detecção de principais fatores de risco, é importante para a
proposição de medidas de controle e prevenção voltados aos cães, com conseqüências positivas para os
proprietários destes animais, não obstante o fato de que nas clínicas veterinárias, a mortalidade poderia ser
menor se os médicos veterinários pudessem identificar fatores de risco que, por acaso ou desconhecimento,
passam despercebidos. Sendo assim, este trabalho objetivou investigar, do ponto de vista epidemiológico, a
freqüência e fatores de risco para gastroenterites de qualquer origem, a partir de uma amostra de cães
atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia no ano de 2007.
.
METODOLOGIA
Dados referentes a sexo, raça, idade, cidade e bairro de origem do animal, sintomas descritos, diagnóstico
provisório, entre outros foram coletados a partir de fichas clínicas de animais atendidos no HV da
Universidade Federal de Uberlândia no ano de 2007, sendo posteriormente transcritos para fichas
padronizadas e conferidas. Após, digitou-se os mesmos para um banco de dados, criado através do programa
Epi Info 6.04. Foi utilizado um delineamento epidemiológico observacional tipo Casos e Controles criando-se
três grupos: Grupo de Casos (C1), constituído por 154 cães com suspeita sintomática e diagnóstica de
gastroenterites; Grupo Controle (C2), constituído por 154 cães aleatoriamente selecionados entre todos os
cães atendidos no HV em 2007; Grupo Controle (C3) formado por 154 cães sem qualquer sintomatologia ou
diagnóstico compatível com gastroenterite. Para a análise, obtiveram-se estimativas de freqüência e calculouse a Razão de Odds com os respectivos Intervalos de Confiança 95% para verificação de possíveis
associações entre a variável dependente e as variáveis independentes, comparando-as entre o grupo de casos
(C1) e os grupos controles (C2 e C3).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1- Dados referentes aos cães suspeitos de gastroenterites segundo: sexo, idade, raça, bairros e cidade
de origem. Uberlândia-MG, 2009.
Variável
Sexo
Nº
%
Macho
Fêmea
78
75
50,6
48,7
< 1 ano
1-2 anos
106
10
73,1
6,9
Idade
Raça
Cidades de origem
Bairros de origem
3-5 anos
6-10 anos
> 10 anos
19
8
2
13,1
5,5
1,3
SRD
Poodle
Pinscher
55
20
14
35,7
13,0
9,1
Uberlândia
Santa Juliana
151
1
98,1
0,6
Umuarama
Tibery
Roosevelt
Brasil
11
11
10
10
7,1
7,1
6,5
6,5
Tabela 2 - Valores de Odds Ratio entre o Grupo de Casos (C1) e os Grupos Controles (C2 e C3), segundo
alguns fatores considerados de risco para a gastroenterite em cães. Uberlândia – MG, 2009.
Variável
C1
C2 C3 C1 x C2
C1 x C3
Raça
OR e IC 95%
P
OR e IC 95%
P
SRD
55
55
69
0,78(0,2 – 2,2)
0,6
0,97(0,3 – 2,5)
0,9
Poodle
20
18
16
0,86 (0,2 – 2,8)
0,8
1,53 (0,5 – 4,5)
0,4
Pinscher
14
16
15
0,68 (0,2 – 2,3)
0,5
1,14 (0,3 – 3,5)
0,8
B. H.*
9
7
11
1,0
1,0
Rottw.
10
9
6
0,86 (0,2 – 3,2)
0,8
2,04 (0,5 – 7,7)
0,2
P. Bull
11
10
4
0,86 (0,2 – 3,1)
0,8
3,36 (0,7 – 14,2)
0,1
Idade
OR e IC 95%
P
OR e IC 95%
P
< 1 ano
106
29
27
17,9 (8,0-39,6)
17,6 (7,9 - 39,5)
0.0000
0.0000
1-2 anos
10
19
26
2,5 (0,9-7,1)
0.06
1,7 (0,6 – 4,7)
0,27
3-5 anos
19
47
37
1,9 (0,8-4,7)
0,11
2,3 (0,9 – 5,5)
0,05
> 6 anos
10
49
45
1,0
1,0
Alimento
OR e IC 95%
P
OR e IC 95%
P
Ração
63
59
57
3,5(1,3 – 9,4)
3,5(1,3 – 9,3)
0,01
0,009
R+C
61
55
56
3,3(1,2 – 8,9)
3,4 (1,2 – 9,2)
0,01
0,01
Comida
6
18
19
1,0
1,0
C.doente**
OR e IC 95%
P
OR e IC 95%
P
Sim
22
24
10
0,8 (0,4 – 1,5)
0,5
2,1 (0,9 – 4,6)
0,05
Não
132
118 128 1,0
1,0
Ectop.
OR e IC 95%
P
OR e IC 95%
P
Sim
100
94
84
0,65 (0,3 – 1,0)
0,1
0,84 (0,5 – 1,3)
0,4
Não
54
33
38
1,0
1,0
Verm.
OR e IC 95%
P
OR e IC 95%
P
Sim
81
76
71
1,0
1,0
Não
73
73
80
0,9 (0,6 – 1,4)
0,7
0,8 (0,5 – 1,2)
0,3
* B.H. = Basset Hound
** C. doente = Contactante doente
Neste trabalho verificou-se que do total de 2970 fichas clínicas avaliadas, 154 animais foram atendidos com
quadro clínico de diarréia (5,18% do total) em 2007. Ferreira et al. (2004), em um trabalho similar, relatou
que em 2002, foram atendidos no Hospital de Clínicas Veterinárias da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (HCV-UFRGS) aproximadamente 900 cães com diagnóstico de gastrenterite (12% dos casos
atendidos). De acordo com a Tabela 1, dados de 154 fichas clinicas de cães com suspeita de gastroenterite
mostraram que a maioria era de machos (50,6%), com idade média de 7,2 (s=0,5) e as raças mais freqüentes:
Sem Raça Definida (35,7%) e Poodle (13,0%), entre um total de 23 raças registradas. Com relação à idade,
percebe-se que 73,1% eram cães com idade menor do que um ano, seguida da faixa etária de 3 a 5 anos
(13,1%) e a menor a idade acima de 10 anos (1,3%). As gastrenterites de cães jovens são comuns em todas as
regiões do Brasil (GARCIA et al., 2000). Nesta mesma tabela observa-se que Uberlândia-MG representou
98,1% dos casos, seguida de mais três cidades da região. Quanto aos bairros, de um total de 60 bairros
registrados, aqueles com casos de cães suspeitos de gastroenterites mais freqüentes foram: Umuarama (7,1%),
Tibery (7,1%), Roosevelt (6,5%) e Brasil (6,5%). Não houve diferença estatisticamente significante (P>0,05)
quanto à raça dos animais avaliados quando se estimou a taxa de probabilidade entre o grupo de suspeitos de
gastroenterite (C1) e o grupo controle A (C2) e entre C1 e o grupo controle B (C3). Bergmann et al. (2007),
em um trabalho sobre “Prevalência de Babesiose e Erliquiose Canina em Cães Atendidos no Hospital de
Clínicas Veterinárias da Universidade Federal de Pelotas”, verificaram que a raça não pareceu ser um fator
interferente com a ocorrência da doença, porém alguns autores sugerem que os animais SRD ou ainda aqueles
com vida livre, podem estar mais expostos aos vetores transmissores da enfermidade. Em relação à faixa
etária, Oliveira et al. (1990) em um trabalho sobre freqüência de endoparasitos em cães, também verificou que
animais jovens, de até um ano de idade, foram os mais parasitados, apresentando quadro clínico de diarréia.
Percebeu-se que houve uma diferença estatisticamente significante (P<0,05) entre os grupos comparados
quanto a variável “alimentação”, uma vez que os animais que se alimentavam apenas de ração e de ração
associada a comida caseira foram mais propensos à ocorrência de gastroenterite, o que pode ser explicado
pelo fato da maior parte dos casos ter sido devido a mudança brusca da ração do animal, o que causou uma
alteração na microbiota indígena e levou ao quadro clínico de gastroenterite. Quanto à presença de contactante
doente junto ao animal, houve diferença estatisticamente significante (P<0,05), uma vez que animais doentes
junto ao animal são fontes de transmissão de agentes que podem causar quadro clínico de diarréia.
REFERÊNCIAS
1-BERGMANN, L. K.; SILVA, P. L. S.; BULLING, V. M.; SILVA, S.P.; BERSELLI, M.; CAMPELLO, A.;
COIMBRA, H.; ANTUNES, T. A.; MENDES, T. C.; KRAUSE, E.; NOBRE, M. O. Prevalência de
babesiose e erliquiose canina em cães atendidos no hospital de clínicas veterinárias da Universidade
Federal de Pelotas. In: XVI Congresso de Iniciação Científica, 2007, Pelotas. XVI Congresso de iniciação
científica, 2007; 2-FERREIRA, R. R.; FERREIRO, L.; GONZÁLEZ, F. H. D.; BARBOSA, P. R.;
GODINHO, E.; COSTA, U. M. Alterações hemato-bioquímicas em cães jovens com gastroenterite viral:
relato de 18 casos. Revista Científica de Medicina Veterinária de Pequenos Animais e Animais de
Estimação, Curitiba, v. 2, n. 7, p. 159-163, 2004 ; 3-HOMEM, V.S.F.; MENDES, Y.G.; LINHARES, A.C.
Gastroenterite canina - agentes virais nas fezes de cães diarréicos e não diarréicos. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 51, n. 6, Dec. 1999; 4-OLIVEIRA, P.R.; SILVA,
P.L.; PARREIRA, V.F.; RIBEIRO, S.C.A.; GOMES, J.B. Freqüência de endoparasitos em cães da região de
Uberlândia, Minas Gerais. Brazilian Journal of Veterinary Research Animal Science, São Paulo, v. 27, p.
193-197, 1990.
ESTIRAMENTO DO TENDÃO CALCANEAR
COMUM EM CÃO APÓS TRAUMA - RELATO DE CASO
Souza, L.A1.; Dias, T.A2*.; Oliveira, B.J.N.A1; Silva, L.A.F3; Eurides, D4.; Rodrigues, D.F5.
1-Doutorando em Ciência Animal, EV/UFG, bolsista do CNPq; 2- Residente de Cirurgia, FAMEV/UFU; 3Professor Doutor em Ciência Animal, EV/UFG; 4- Professor Doutor em Cirurgia Experimental,
FAMEV/UFU; 5- Mestrando em Ciência Animal, EV/UFG
[email protected]
RESUMO
Na rotina clinica e cirúrgica, lesões tendíneas em cães são frequentes, podendo apresentar secção parcial ou
total do tendão. Objetos cortantes são responsáveis pela maioria das rupturas envolvendo o tendão calcâneo
com alteração postural e difícil correção cirúrgica. Este trabalho relata um caso de estiramento crônico do
tendão calcâneo comum em um cão macho da raça Fila, com histórico de claudicação. Durante o exame físico
o tendão encontrava-se íntegro, porém frouxo durante a hiperflexão do tarso no membro pélvico direito. Com
base no histórico e no exame físico o animal foi encaminhado à cirurgia. Realizada a tenectomia seguida de
tenorrafia utilizando sutura de Kessler modificada com fio polipropileno e enxerto tendíneo autólogo.
Constatou-se que a técnica empregada foi satisfatória na reconstituição do tecido tendíneo, pois promoveu
cicatrização e o retorno das atividades físicas normais do animal.
Palavras-chave: Cão, sutura kessler modificada, tendão de Aquiles, tenorrafia.
INTRODUÇÃO
Os sinais clínicos das alterações tendíneas variam de acordo com a localização, tipo, gravidade e evolução da
lesão. Geralmente lesões agudas são severas, apresentam edema e desencadeiam aumento da temperatura
local (ALVES & MIKAIL, 2006). Rupturas ocorrem quando o tendão é submetido a uma força de grande
magnitude ou a uma súbita tração diferente da habitual. Além desse aspecto, podem apresentar secção parcial
ou total por objetos cortantes, mordeduras e lacerações. Nos animais, os tendões envolvidos estão localizados
nas porções inferiores dos membros (SIMONIM et al., 2000) e no cão são frequentes as lesões do mecanismo
de Aquiles (COSTA NETO et al., 1999). Este mecanismo é composto de tendões que surgem do músculo
gastrocnêmio, músculo superficial dos dedos e de um tendão comum originário dos músculos bíceps femoral,
semitendinoso e grácil, que se inserem na tuberosidade calcânea do tarso. Os sinais clínicos são a hiperflexão
társica e a hiperextensão do joelho, tornando o membro mais plantígrado que o normal. As raças susceptíveis
são as de grande porte e as esportivas com mais de cinco anos de idade. Radiografias são úteis no diagnóstico,
assim como para determinar a presença de fratura óssea (PIERMATTEI & FLO, 1999). A ultra-sonografia
permite diferenciar a ruptura completa dos tendões de outras afecções que afetam estas estruturas (NEWALD
& LAMBERTS, 2006). O objetivo desse trabalho foi relatar um caso de estiramento crônico do tendão
calcâneo comum após trauma em um cão da raça Fila.
RELATO DE CASO
Um cão da raça Fila, macho, com seis anos de idade e 55kg, foi atendido no Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Goiás. O proprietário relatou que há dois meses o animal foi atropelado e desde
então andava com o membro pélvico direito “achinelado”. Durante o exame físico o animal esboçava
dificuldade na locomoção, marcada pela intensa claudicação. O membro pélvico direito apresentava mais
plantígrado que o normal, sendo que durante a hiperflexão do tarso notou-se flacidez do tendão calcanear e
hiperextensão do joelho. À palpação do tendão notou-se a presença de fibroplasia com consistência firme,
suspeitando de ruptura parcial crônica com cicatrização por segunda intenção, tornando o tendão mais longo
devido à extensa formação de tecido cicatricial. Sugeriu-se a cirurgia para reconstituição do tendão de
Aquiles. Sob efeito anestésico e em decúbito lateral esquerdo incisou-se a pele na região caudo-lateral distal
da tíbia, a fim de localizar o tendão calcâneo e a tuberosidade calcânea. Observou uma área de intensa
cicatrização marcada pela frouxidão tendínea. Após identificação foi realizada tenectomia, sendo removidos
2.0cm do tendão. Em seguida, foi realizada a tenorrafia com fio de polipropileno n° 0, seguindo o padrão de
sutura de Kessler modificada. Além disso, removeu-se uma tira tendínea autóloga de 10cm que foi
introduzida entre os tendões do mecanismo de Aquiles na sua porção distal a tenectomia e as extremidades da
tira suturadas com polipropileno n° 3-0 nas faces lateral e medial na porção cranial a tenectomia. Pontos
isolados simples com fio mononáilon 2-0 foram usados no subcutâneo e na pele. O membro foi imobilizado
com gesso sintético por 30 dias, impedindo movimentação da articulação tíbio-tarsica. Prescreveu-se
cetoprofeno e cefalexina no pós-operatório, assim como limpeza da ferida diariamente pela abertura deixada
na imobilização e repouso absoluto. Avaliações foram realizadas 15, 30, 45, 60 e 90 dias de pós-operatório.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A lesão encontrada foi caracterizada como ruptura parcial do tendão calcanear comum, possivelmente com
origem traumática aguda ou de um estiramento progressivo crônico do tendão, conforme apontado por
Newald e Lamberts (2006). Observado no caso aqui relatado e confirmado por Mcilwraith (1994), lesões
crônicas com reparo cicatricial por segunda intenção torna o tendão mais longo e espessado, devido á
formação de extensa cicatriz na linha de lesão. Esta situação resultou numa postura plantígrada, devido à
hiperflexão do tarso e do alongamento tendíneo. Estiramento e deterioração do tendão, normalmente afeta os
cães de grande porte e raças de esporte e trabalho, além disso, animais com idade superior a cinco anos de
idade também estão propensos a essas alterações segundo Newald e Lamberts (2006). Como o paciente
atendido era um cão de grande porte, com atividade física intensa, os achados estão de acordo com esses
autores em relação ao fator idade e atividade física desenvolvida. Acrescente-se que o achado do exame físico
mais evidente foi à frouxidão do tendão calcanear com hiperflexão da articulação tíbio-társica, Conforme
relatou Bloomberg (1998) o diagnóstico pode ser confirmado pelas alterações posturais associadas ao edema
palpável na região do tendão de Aquiles. A opção pelo padrão de sutura Kessler modificada, teve a finalidade
de não danificar o aporte vascular intrínseco dos tendões. Além disso, a sutura proporcionou aposição
anatômica dos seguimentos do tendão e resistência adequada para que ocorresse o processo cicatricial,
situação também relatada por Newald e Lamberts (2006). Segundo Killingsworth (1993), nas reconstituições
tendíneas são recomendados fios monofilamentares como náilon e o polipropileno, evitando suturas com
material trançado como poliéster, poliglactina 910 ou ácido poliglicólico que deslizam com dificuldade entre
as fibras tendíneas na aproximação dos segmentos rompidos. O fio de polipropileno empregado na sutura
permitiu fácil passagem através dos tecidos e resistência a tensão no foco da lesão. Entretanto, em alguns
casos não há possibilidade de aproximação das extremidades livres do tendão, devido à grande perda de
tecido durante o traumatismo, recomenda-se empregar material adequado e utilizar técnicas corretivas
associadas a membranas biológicas. Para Raiser et al. (2001), esses enxertos biológicos são de fácil obtenção
e conservação, além de ser amplamente empregado na medicina veterinária. No presente relato optou-se pela
utilização do enxerto tendíneo autólogo, pois são incorporados ao tecido lesionado funcionando como um
alicerce para neoformação tecidual concordando com Costa Neto et al. (1999). Segundo Bloomberg (1998) a
imobilização do membro após a cirurgia é fundamental para diminuir a tensão e promover uma precoce
revascularização. Newald e Lamberts (2006) indicaram a fixação do tarso com fixador esquelético externo,
porém no caso aqui descrito, optou pelo uso do gesso sintético por ser uma técnica não invasiva e promover a
imobilização do membro de forma adequada. A imobilização do membro afetado por quatro semanas e
atividade física restrita por mais duas semanas encontra respaldo nas afirmações de Bloomberg (1998). Para o
autor, o tempo de imobilização pode variar de três a nove semanas. Foram realizados retornos com 15, 30, 45,
60 e 90 dias após o procedimento cirúrgico e o animal apresentava evolução do quadro com melhora na
deambulação. Com os resultados obtidos é possível afirmar que a tenectomia seguida de sutura de Kessler
modificada associada ao enxerto tendíneo autólogo e imobilização do membro são eficazes no tratamento de
estiramento crônico pós-trauma do tendão calcanear comum, pois promoveu a cicatrização do tendão e o
retorno da deambulação do paciente.
REFERÊNCIAS
1-ALVES, A.L.G.; MIKAIL, S. Afecções tendíneas e ligamentares. In: MIKAIL, S.; PEDRO, C.R.
Fisioterapia Veterinária. São Paulo: Manole, 2006, p.199-208; 2-BLOOMBERG, M. Músculos e tendões.
In: Slater, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Manole, 1998. v.2, cap.146,
p.2351- 2378; 3-COSTA NETO, J.M.; DALECK, C.R.; ALESSI, A.C.; BRACCIALLI, C.S. Tenoplastia
experimental do calcâneo em cães com peritônio bovino conservado em glicerina. Ciência Rural, Santa
Maria, v.29, n.4, p.697-703, 1999; 4-KILLINGSWORTH, C.R. Repair of injured peripheral nerves, tendons
and muscles. In: HARARI, J. (Ed.). Surgical complications and wound healing in the small animal
practice, Philadelphia: Saunders, 1993. cap.7, p.169-202; 5-MCILWRAITH, C.W. Doenças das articulações,
tendões, ligamentos e estruturas relacionadas. In: ADAMS, O.R.; STASHAK, T.S. Claudicação em eqüinos.
4.ed. São Paulo: Roca, 1994, p.462-478; 6-NEWALD, E.B.; LAMBERTS, M. Avulsão do tendão calcâneo
comum em cão – Relato de caso. Revista FZVA - Uruguaiana, v.13, n.2, p.45 -55. 2006; 7-PIERMATTEI,
D.L.; FLO, G.L. Fraturas e outras lesões ortopédicas do tarso, metatarso e falanges. In: Manual de ortopedia
e tratamento das fraturas dos pequenos animais. São Paulo: Manole, 1999. cap.19, p.564-612.; 7-RAISER,
A.G.; PIPPI, N.L.; ZINN, L.L.; SILVEIRA, D.S.; BORDION, A.I.; BAIOTTO, G.C.; RIOS, M.V.
Aloimplante ortotópico de tendão calcanear comum conservado em glicerina a 98% em cães. Influência da
imobilização e da radiação laser arsenato de gálio. Veterinária Noticias, Uberlândia, v.7, n.1, p.21-31, 2001.;
8-SIMONIM, M.; POTTIE, P.; MINN, A.; GILLET, P.; NETTER, P.; TERLAIN, P. Perfloxacin-induced
Achilles tendon toxicity in rodents: biochemical changes in proteoglican synthesis and oxidative damage to
collagen. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, França, v.44. n.4. p.867–872, 2000.
FATORES ESTRESSANTES EM CÃES
Carvalho, C.R.A1; Almeida, A.L2.; Almeida, L.P.3
1-Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia; 2- Graduanda em Psicologia
– UFU; 3-Professor Doutor da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
Estresse significa “estar sobre pressão” ou “sob a ação de um estímulo persistente”. Objetivou neste estudo
investigar a ocorrência dos seguintes fatores estressantes entre cães atendidos no Hospital Veterinário da
UFU: ambientais, comportamentais, sociais, genéticos e de estresse prévio. A coleta de dados foi realizada
através de entrevistas aos proprietários, por meio de questionários. Após digitados para um banco de dados,
analisados estatisticamente e dispostos em tabelas de contingência. Dos 25 fatores estressores avaliados 10
sobressaíram devido aos valores de freqüência de ocorrência. Principalmente, fatores como: “medo exagerado
a barulho” (74%) e “modificações no local de criação” (70%). Os resultados demonstraram a ocorrência de
alguns fatores estressantes na relação entre os proprietários e cães e a importância da natureza e qualidade
dessa relação no desenvolvimento e cristalização de fatores estressantes. Palavras-chave: Estresse; indicadores
comportamentais; cães.
INTRODUÇÃO
Todas as formas de vida têm desenvolvido mecanismos para combater o estresse em função dos efeitos
danosos causados. No entanto, apenas gradualmente tem-se aceitado que os animais também sofrem de
estresse e desenvolvem patologias similares aos seres humanos quando expostos a fatores estressantes
(MOBERG, 1996). Com relação aos fatores estressantes, há evidencias que o excesso de sons em zoológicos
pode influenciar negativamente a função reprodutiva, como em panda gigante (OWEN et al., 2003). O
contrário também é verdadeiro uma vez que o enriquecimento ambiental conseguiu triplicar a taxa de
reprodução dessa espécie animal. Outro fator tem sido o transporte, como no caso da transferência de tigres
cativos para outros recintos em zoológicos, detectado por meio das taxas de cortisol (DEMBIEC et al, 2003).
Mesmo entre animais de vida livre têm sido demonstrados fatores estressantes. Outros fatores é confinamento
de animais domésticos, que afeta sua qualidade de vida ou reagrupamento social (MOBERG, 2000). Enquanto
resposta fisiológica, Moberg (2000) propõe um modelo de estresse animal com três estágios: o
reconhecimento; a defesa biológica e a conseqüência da resposta ao estímulo estressante. O estresse causa
muita dor e sofrimento ao cão e quando as respostas não são suficientes é ativado o sistema nervoso autônomo
e neuroendócrino, produzindo alterações fisiológicas e bioquímicas. Um dos principais desafios para o
controle do estresse em animais é a determinação de possíveis fatores estressantes, uma vez que os
conhecendo pode-se prever e controlar. Em razão disso é que se realizou um estudo com uma amostra de cães
para determinar a presença de fatores estressantes.
METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada no Hospital Veterinário da UFU, através da seleção de uma amostra de
conveniência de 50 proprietários cujos cães foram atendidos neste hospital e que aceitaram participar
voluntariamente do estudo. Por meio de um questionário padronizado, previamente testado e codificado,
estudantes de veterinária, previamente treinados, participantes de estudo piloto e sob a supervisão do
coordenador da pesquisa, entrevistaram, separadamente, cada um dos sujeitos da pesquisa. O questionário
continha 25 questões referentes a fatores considerados estressantes, classificados em 5 áreas: fatores
genéticos, fatores ambientais, fatores comportamentais, fatores sociais e de estresse prévio. Após a coleta, os
dados foram digitados para um banco de dados, criado pelo software EpiInfo 6.04, submetidos a medidas de
controle de qualidade e estatisticamente analisados. Para verificação de possíveis diferenças foi aplicado o
teste do Qui-quadrado (X2) com valor de alfa igual a 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1- Dados referentes aos fatores estressantes de maior ocorrência na amostra
avaliada. Uberlândia-MG, 2009.
Fator Estressante
Freqüência Absoluta
Porcentagem
Cão criado em ambientes fechados
09
18,0
Deslocamento freqüente do animal
29
58,0
Modificações no local de criação
35
70,0
Experiência traumática prévia
15
30,0
Introdução de outro animal para
convivência com o cão
08
16,0
Resposta frente à separação do
proprietário
35
70,0
Freqüente repreensão frente a
comportamentos estranhos do animal
19
38,0
Diminuição das horas de lazer
15
30,0
Punição severa
23
46,0
Medo exagerado a barulhos
37
74,0
O estresse em cães, apesar de ser um quadro que se acredita acometa grande número de animais, poucos
estudos foram encontrados na literatura sobre esse tema em cães. Principalmente relacionados ao objeto dessa
pesquisa, o que dificulta a comparação de dados. Na Tabela 1 estão dispostos dados referentes a dez fatores
estressantes que na pesquisa obtiveram as maiores freqüências de ocorrências entre os 25 fatores estressantes
avaliados. Observa-se que esses fatores estão dentro das categorias de fatores ambientais, sociais,
comportamentais e de estresse prévio. Chama a atenção que o fator estressante “modificações no local de
criação” foi citado em 70% dos casos, podendo-se inferir que esse é um importante fator predisponente a
instalação do estresse nestes animais, pela possibilidade do apego demasiado dos cães a objetos do local ou
até mesmo objetos associados a territorialidade animal. Outra informação de valor é que 70% dos cães
amostrados respondem a separação dos proprietários, emitindo comportamentos passíveis de desencadear um
estado de estresse, caso essa separação seja constante ou prolongada. Essa resposta está em função do cão
perceber seu proprietário como da família ou quem sabe de sua antiga matilha, seguindo seu instinto animal.
Um fator estressante de ordem comportamental detectado nesta pesquisa é o “medo exagerado a barulhos”
com 74% dos casos avaliados. O que pode estar refletindo uma situação característica de vida urbana onde os
barulhos constantes acabam atingindo, também, os animais e predispondo-o a situação de estresse. Nesta
mesma tabela chama a atenção, ainda, o fator punição dos cães, 46% dos casos, pois ao associar-se esse valor
a informação de que dos cães que apresentam algum tipo de medo, 4% representam medo de vassouras e
varas, o que reforça a presença de um manejo agressivo e um possível fator estressante para o cão. Pelos
resultados deste estudo pode-se concluir pela presença de alguns fatores estressantes para os cães entre a
amostra avaliada, o que evidencia a predisposição para o desenvolvimento de estresse entre esses animais.
REFERÊNCIAS
1-DEMBIEC, D.P.; SNIDER, R.J.; ZANELLA, A.J. The effects os transpot stress on tigerphysiology and
behabior. Animal Behabior and Welfare Group, Departament of Animal Sience, Michigan State University,
East Lansing, Michigan, 2003; 2-MOBERG, G.P. Biological response to stress: implications for animals
welfare. In: MOberg, G.P.; Mench, j.A. (eds). The biology of animals stress: basic principles and
implications for animals welfare. CABI Publishing, 1-22, 2000; 3-OWEN, M.A.; SWAISGOOD, R.R.
CZEKALA, N.M. Monitoring stress in captive giant pandas (Ailuropoda melanoleuca): Behavior and
hormonal responses to ambient noise. Center reproduction of Endangered Species, Zoological Society of
San Diego, California, 2003.
FENESTRAÇÃO DE DISCO E HEMILAMINECTOMIA MODIFICADA PARA DESCOMPRESSÃO
MEDULAR PRESERVANDO A ESTABILIZAÇÃO - RELATO DE CASO.
Costa, F.R.M.1; Arruda, A.F.D.P.2; Pereira, S.A.3; Gomes, A.R.A.3; Dias, T.A.4
1-Médica Veterinária do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia – UFU. 2-Medica
Veterinária; 3-Graduando em Medicina Veterinária UFU; 4-Residente Cirurgia UFU
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RESUMO
Este trabalho descreve o tratamento clínico e cirúrgico de uma cadela da raça teckell de 7 anos de idade. Foi
diagnosticado, através de exame físico, raio-x simples e mielografia, a compressão do canal medular em nível
de T13-L1. Os tratamentos conservativos não obtiveram resultados e optou-se pelo cirúrgico. Apesar de
existirem várias técnicas buscou-se uma alternativa para menor desestabilização e evitar posterior invasão e
compressão do canal medular. O tratamento constou de intervenção cirúrgica para descompressão medular
por uma modificação da técnica de hemilaminectomia e estabilização vertebral por meio de calha externa.
Pós-operatório com antibioticoterapia, analgésicos e antinflamatórios. Antes da cirurgia o animal apresentava
paralisia de membros pélvicos e após duas semanas do procedimento cirúrgico, apresentou retorno das
funções acometidas.
Palavras-chave: Canino, Hemilaminectomia Modificada, Fenestração de disco.
INTRODUÇÃO
A maioria das cirurgias da coluna visa o tratamento de patologia discal (RADU, 2000). O tratamento cirúrgico
é baseado em três procedimentos: descompressão, fixação e exploração (SWAIM, 1987). A descompressão é
acompanhada pela remoção de parte do arco vertebral e de materiais que ocupam espaço no canal vertebral,
denominada laminectomia dorsal (YOVICH et al., 1994). O inconveniente desta técnica é a formação de
tecido cicatricial fibroso, em substituição à gordura peridural (SONGER et al, 1990). A fibrose pós-cirúrgica
pode se prender a dura-máter e as raízes nervosas provocando distúrbios de condução, levando a dor
persistente (BARROS et al, 2003) e aumentando também a suscetibilidade para herniações discais recorrentes
(GAUGHAN et al, 1991). Quando os processos articulares ou os ligamentos supra-espinhoso e interespinhoso
são removidos, ocorre diminuição de 75% da estabilidade vertebral (SMITH & WALTER, 1988). Dessa
maneira, a laminectomia descompressiva torna o paciente mais suscetível a lesões medulares traumáticas pósoperatórias (SMITH & WALTER, 1988). O objetivo do presente relato foi comunicar a evolução satisfatória
do procedimento cirúrgico de “mini hemilaminectomia do corpo vertebral”. Justifica-se a busca por
procedimentos pouco invasivos que minimizem a possibilidade de desestabilização vertebral e compressão
recorrente.
METODOLOGIA
Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia uma cadela da raça teckell, de 7
anos de idade, pesando 6 Kg, apresentando paralisia de membros pélvicos com escaras de decúbito nos
mesmos. Ao exame neurológico foi observado reflexo patelar, ciático e tibial cranial diminuídos, redução dos
movimentos da cauda e ausência do reflexo anal, bem como ausência de incontinência fecal e urinária.
Hemograma e urinálise foram feitos obtendo resultados normais. A radiografia simples e mielografia
possibilitaram o diagnóstico de compressão em T13-L1. Foi encaminhada para tratamento cirúrgico,
utilizando-se uma modificação da técnica de hemilaminectomia em T12, T13 e L1, com fenestração dos três
discos. Medicação pré-operatória com Cefazolina (30mg/kg), Cetoprofeno (0,2mg;kg) e Cloridrato de
Tramadol (4mg/kg). Devido à apresentação de déficits mais acentuados no membro pélvico esquerdo, o
animal foi posicionado em decúbito lateral direito, para acesso à face lateral esquerda da coluna vertebral,
mantendo-se os processos espinhosos dorsais, perfurando o corpo das vértebras afetadas a fim de produzir
uma falha óssea até a medula espinhal, sem atingir o forame intervertebral, acompanhada de fenestração dos
três discos intervertebrais. Enxertou-se gordura autógena sobre o local da hemilaminectomia, aproximaram-se
os músculos, a fáscia paraespinhal e os tecidos remanescentes da maneira habitual. Para imobilização optouse por uma calha externa de gesso. No pós-operatório foi prescrito Cefalexina (30mg/kg/TID/10 dias),
Meloxicam (0,1mg/kg/SID/3 dias), Cloridrato de Tramadol (3mg/kg/TID/5 dias), indicando-se repouso,
restrição de espaço e de exercício. Após uma semana a cadela deambulava de forma hesitante, porém após
duas semanas do procedimento cirúrgico já se locomovia sem nenhum auxilio.
RESULTADO E DISCUSSÃO
O tratamento de cães com doença do disco intervertebral toracolombar pode ser clinico ou cirúrgico,
dependendo do grau de disfunção neurológica. O tratamento clínico é constituído de repouso absoluto em
gaiola por quatro semanas associado ao uso de antinflamatório, esteroidal ou não esteroidal, sendo efetivo na
maioria dos cães que apresentam sinais de dor, ataxia proprioceptiva e/ou paraparesia ambulatória. As
indicações para o tratamento cirúrgico são a falta de resposta ao tratamento clínico; sinais clínicos
recidivantes ou progressivos; paraparesia não ambulatória; paraplegia com preservação da nocicepção (dor
profunda) e paraplegia acompanhada de ausência da nocicepção com duração inferior a 24 horas (TROTTER,
1996). O paciente em questão já havia sido submetido a tratamentos clínicos e acupuntura, apresentando
progressão da sintomatologia. Como apresentava sensibilidade ao estimo doloroso dos membros pélvicos,
optou-se pelo tratamento cirúrgico para descompressão da medula espinhal. A cirurgia de laminectomia é
utilizada principalmente visando à descompressão medular, sendo inconveniente nesta técnica a formação de
tecido cicatricial, podendo provocar distúrbios de condução, causando dor persistente (SWAIM, 1987).
Disfunções neurológicas também podem decorrer de lesões medulares ocasionadas por elevação dos corpos
vertebrais durante a laminectomia, possivelmente por dano aos vasos espinhais durante o acesso cirúrgico. A
desestabilização da coluna vertebral também configura-se como complicação da laminectomia, pois a
remoção dos processos articulares, ligamento amarelo e interespinhoso pode acarretar perda de 75% de
estabilidade vertebral (SMITH & WALTER, 1988). Com o objetivo de evitar os problemas gerados pela
laminectomia e hemilaminectomia tradicional optou-se pela modificação da técnica tradicional. Neste
procedimento não se removeu o processo articular e a falha óssea foi aberta até o canal medular ocupando
somente o corpo da vértebra. Na hemilaminectomia convencional a janela para descompressão medular é feita
ampliando o espaço do forame intervertebral. Visando diminuir as aderências fibróticas à dura-máter,
aconselha-se a colocação de enxerto de gordura autógena de dimensão suficiente para cobrir o defeito da
laminectomia, porém com espessura inferior a 5mm (TREVOR et al., 1991). Como recomendado, neste
animal foi enxertado segmento de gordura autógena não pediculada nas três falhas ósseas abertas nos corpos
vertebrais de T12, T13 e L1. A realização de hemilaminectomia ou pediculectomia, técnicas que oferecem
adequada abordagem toracolombar para remoção de material discal prolapsado (COATES, 2000), com menor
desestabilização espinhal (SEIM, 2002), junto à fenestração do disco afetado, permitem descomprimir a
medula espinhal e evitar recidivas (JEFFERY, 1995; SEIM, 2002). No procedimento relatado, a fim de evitar
recidivas, a fenestração abrangeu os discos ente T11-T12, T12-T13 e T13-L1. As técnicas foram realizadas
com sucesso e o paciente evoluiu para cura rapidamente. Devido ao temperamento agitado do animal, foi
colocada uma calha de gesso abrangendo toda região toracolombar, para facilitar a restrição de movimento.
Diante do exposto conclui-se que a técnica modificada mostrou-se eficiente.
REFERÊNCIAS
1-BARROS, T.E.P. et al. Estudo do uso da membrana de politetrafluoroetileno inerte expandido para a
prevenção da fibrose pós laminectomia em ratos wistar. [s.l.:s.d.] Acta ortop. bras; v.11, n.2, abr.-jun., p.
110-117, 2003; 2-COATES, J.R. Intervertebral disk disease. [s.l.:s.d.] Vet Clin North Am: Small Anim
Pract, v.30, n.1, p.77-109, 2000; 3-GAUGHAN, E.; NIXON, A.; KROOH, L. Effect of sodium hyaluronate
on tendon healing and adhesion formation in horses.[s.l.:s.d.] Am. J. Vet. Res. ed. 52 p. 764-773,1991; 4RADU, A.S. Síndrome pós-laminectomia e fibrose epidural. [s.l.:s.d.] Bras. Reumatol ; ed.40, v.3, p.137148, maio-jun. 2000; 5-SMITH, G.K., WALTER, M.C. Spinal decompressive procedures and dorsal
compartment injuries: Comparative biomechanical study in canine cadavers. [s.l.:s.d.] Am J Vet Res, v.49,
n.2, p.266-273, 1988; 6-SWAIM, S.F. Vertebral and spinal cord surgery. In: OLIVER, J. E., HOERLEIN,
B.F., MAYHEEW, I.G. Veterinary neuroligy. Philadelphia: Saunders, p.416-442, Cap. 17,1987; 7SONGER, M.N., GHOSH, L., SPENCER, D.: Effects of Sodium Hyaluronate on Peridural Fibrosis after
Lumbar Laminectomy and Discectomy. [s.l.:s.d.] Spine; ed.15, p.550-554, 1990; 8-TREVOR, P.B., et al.
Healing characteristics of free and pedicle fat grafts after dorsal laminectomy and durotomy in dogs. Vet
Surg, v.20, n.5, p.282-290, 1991; 9-TROTTER, E.J. Laminectomia dorsal para o tratamento da discopatia
tóracolombar. In: BOJRAB, M.J et al. Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais. 3.ed. São Paulo:
Roca, Cap.43, p.572-584, 1996; 10-YOVICH, J.C., READ, R., EGER, C. Modified lateral spinal
decompression in 61 dogs with thoracolombar disc protusion. J. Small Anim Pract, v35, n.7, p.351-356,
1994.
FORMAÇÃO DE TRICOBEZOAR DECORRENTE DE TRANSTORNO COMPULSIVO EM CÃO –
RELATO DE CASO
Dias, T.A.1*; Costa, F.R.M.2; Souza, L.A.3; Ávila, D.F.4; Cesarino, M.4; Mendonça, C.S.2; Arruda, A.F.D.P.5;
Oliveira, B.J.N.3; Gomes, A.R.A.6; Tannús, L.F.2
1-Residente em Cirurgia Veterinária, FAMEV/UFU Médica Veterinária, HOVET/UFU; 2-Doutorando em
Ciência Animal da Escola de Veterinária/UFG ; 3-Residente em Clínica Médica, FAMEV/UFU Médica
Veterinária; 4-Graduanda em Medicina Veterinária, FAMEV/UFU
[email protected]
RESUMO
Tricobezoar é um corpo estranho gastrintestinal, geralmente formado por pêlos, localizado na maioria das
vezes no estômago. A alotriofagia, ou perversão do apetite, é caracterizada pela ingestão de outras substâncias
que não o alimento normal e varia do hábito de lambedura e mordedura à ingestão de objetos e utensílios
domésticos. Relata-se neste trabalho o caso de cadela Poodle, aproximadamente dois anos de idade, muito
agitada, ansiosa e que possuía o hábito de lamber o chão compulsivamente, ingerindo todo material que
pudesse encontrar. Os achados clínicos e de imagem levaram ao diagnóstico de corpo estranho gástrico, sendo
o animal encaminhado para laparotomia exploratória onde a suspeita clínica foi confirmada. Na tentativa de
controlar o transtorno compulsivo e evitar recidiva do corpo estranho, foi estabelecido tratamento terapêutico
e comportamental do animal.
Palavras-chave: comportamento, cão, perversão de apetite
INTRODUÇÃO
O tricobezoar corresponde a um corpo estranho gastrintestinal, geralmente formado por pêlos, localizado na
maioria das vezes no estômago devido à deficiência de motilidade e comprometimento do esvaziamento
gástrico. O acúmulo progressivo de resíduos resulta em massa complexa e endurecida, culminando na
obstrução parcial ou completa do estômago (FROES et al., 2007). A ocorrência do tricobezoar na medicina
veterinária está associada a animais de pêlos longos, como coelhos, lhamas e principalmente gatos já que estes
possuem o hábito de se limparem com a língua, ingerindo pêlos que se acumulam no estômago. Já na
medicina humana, o diagnóstico deste tipo de corpo estranho tem sido associado à tricotilomania, sendo o
tricobezoar uma conseqüência maior de doença classificada como transtorno de comportamento relacionado
ao transtorno obsessivo-compulsivo (FROES et al., 2007). Em animais, o transtorno obsessivo compulsivo
recebe a denominação de transtorno compulsivo frente à incapacidade de provar a existência das obsessões
animais. O comportamento compulsivo não é prazeroso, é apenas redutor da ansiedade e pode estar
relacionado ao neurotransmissor central serotonina que influencia na dor, na agressão, no comportamento
sexual, alimentar, na termorregulação, no sono e na motilidade intestinal (TELHADO et al., 2004).
METODOLOGIA
Cadela da raça Poodle, aproximadamente dois anos de idade, habitando ambiente domiciliar com queixa
principal de vômitos recorrentes, diminuição de apetite e dor abdominal, foi encaminhada ao Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. A proprietária relatava que o animal era muito agitado e
ansioso, além de possuir o hábito de lamber o chão compulsivamente, ingerindo todo material que pudesse
encontrar (cabelos, poeira, pedaços de plástico). Ao exame físico foi observado anorexia, desidratação
moderada e dor abdominal intensa. Foram solicitados hemograma e radiografia abdominal. O hemograma não
apresentou alterações significativas. Ao exame radiográfico observou-se massa de radiopacidade heterogênea,
de grande extensão, preenchendo toda a cavidade estomacal. Optou-se por aguardar 24 horas e repetir o raioX. A segunda tomada radiográfica demonstrou ausência de esvaziamento gástrico devido à permanência da
massa no interior do estômago, sem alterações. Os achados clínicos e de imagem levaram ao diagnóstico de
corpo estranho gástrico, sendo o animal encaminhado para laparotomia exploratória onde a suspeita clínica foi
confirmada, sendo encontrada grande quantidade de múltiplos materiais compactados ocupando todo o corpo
do estômago e segmentos de alça intestinal. Foi estabelecido tratamento pós-operatório padrão para
gastrotomia, com alimentação parenteral e antibióticoterapia adequada. Além disso, a proprietária foi
esclarecida sobre o transtorno compulsivo de seu animal e orientada a fazer uma terapia comportamental
aumentando a freqüência de passeios e brincadeiras, além da prescrição de fluoxetina (1mg/kg durante 4
semanas). Na consulta seguinte, a proprietária se mostrou satisfeita com o tratamento relatando a melhora no
quadro compulsivo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A alotriofagia, ou perversão do apetite, é caracterizada pela ingestão de outras substâncias que não o alimento
normal e varia do hábito de lambedura e mordedura à ingestão de objetos e utensílios domésticos. Esse
transtorno pode estar associado a deficiências nutricionais, falta de atividade (animais confinados em locais
pequenos sem distração adequada), estresse associado a lesão física, mudanças no ambiente físico ou social
ou ainda alguma doença predisponente à anemia, má digestão e má absorção (TELHADO et al., 2004;
CONCEIÇÃO, et al. 2008). No caso descrito, não se sabe ao certo o que desencadeou o comportamento
compulsivo do animal, porém a exclusão de enfermidades sistêmicas leva a crer que seja uma enfermidade
puramente comportamental. O diagnóstico dos transtornos compulsivos em animais é muitas vezes
prejudicado pela dificuldade que os proprietários têm em distinguir um comportamento normal de um
anormal. O médico veterinário deve estar atento para identificar esses transtornos repetidos e constantes,
levando em consideração o medo, o estresse, a ansiedade, a irritabilidade, bem como, o ambiente em que vive
o animal e a relação proprietário-animal (TELHADO et al., 2004; FROES et al., 2007). Ficou evidente nesse
caso que enquanto não surgiram sintomas como falta de apetite, dor e vômito a proprietária não havia se
preocupado com o hábito do cão lamber o chão compulsivamente, deixando clara a falta de informação sobre
esse tipo de transtorno e suas conseqüências.Existem diversas hipóteses que tentam explicar o transtorno
compulsivo. Acredita-se que a serotonina, um neurotransmissor central, possa estar relacionado já que
influencia na dor, agressão, comportamento sexual, termorregulação, ingesta de alimento, sono e motilidade
intestinal (SIMPSON & SIMPISON, 1996). Além disso, o núcleo serotoninérgico tem projeções que regulam
o humor, controlam movimentos e comportamentos compulsivos, ansiedade e pânico (SIMPSON; PAPICH,
2003). O tratamento consiste basicamente em modificação do comportamento, ambiente e meio social, e
quando necessário intervenção farmacológica. A fluoxetina é um fármaco seletivo que inibe a recaptação de
serotonina aumentando a concentração desse neurotransmissor central, sendo uma das drogas antidepressivas
indicadas para o tratamento do transtorno compulsivo em cães (TELHADO et al., 2004). A dose de fluoxetina
de 1mg/kg pelo período de quatro semanas se mostrou eficaz na melhora do quadro compulsivo, estando o
animal mais calmo. É importante salientar que a terapia farmacológica deve ser encarada como coadjuvante
no processo de cura do transtorno compulsivo. Sendo de responsabilidade do médico veterinário a
conscientização do proprietário acerca da importância da terapia comportamental. Não havendo mudança no
ambiente, na interação cão-dono, no convívio social do animal fica difícil obter sucesso no tratamento. Em
suma, é importante estar atento aos sinais de transtornos compulsivos nos animais de companhia já que as
conseqüências de tais transtornos podem ser graves para a saúde do animal. A terapia comportamental é de
fundamental importância para o sucesso do tratamento, devendo o médico veterinário orientar e incentivar o
proprietário a realizar mudanças no ambiente, introduzir passeios, brincadeiras, adestramento e maior
interação cão-dono com a finalidade de diminuir a o estresse no animal. A terapia medicamentosa pode ser
necessária no tratamento do transtorno compulsivo auxiliando na atenuação dos sinais clínicos e na melhora
da qualidade de vida do animal.
REFERÊNCIAS
1-CONCEIÇÃO, I.R. Alotriofagia-Manifestação de transtorno obsessivo-compulsivo em um cão: Relato
de caso. Monografia (Graduação em Medicina Veterinária)- Escola de Medicina Veterinária. Salvador:
Universidade Federal da Bahia, 2008; 2-FROES, T.R.; WOUK, A.F.P.F.; SILLAS, T.; DORO, J.R.;
KLAUMANN, P.R. Transtorno obsessivo-compulsivo como causa de formação de tricobezoar em cão: relato
de caso. Clínica Veterinária, São Paulo, n.67, p. 55-58, 2007; 3-SIMPSON, B.S.; PAPICH, M.G.
Pharmacologic management in veterinary behavioral medicine. The Veterinary Clinics of north of
America: Small Animal Practice, v. 33, n. 2, p. 365-404, 2033; 4-SIMPSON, B.S.; SIMPSON, D.M.
Behavioral Pharmacotherapy. Part I. Antipsychotics and Antidepressants. The Compendium On Continuing
Education For The Practicing Veterinarian, v. 18, n.10, p. 1067-78, 1996; 5-TELHADO, J.; DIELE, C.A.;
SOUZA, M.A.F.; DE MAGALHÃES, L.M.V.; CAMPOS, F.V. Dois casos de Transtorno Compulsivo em
cão. Revista da FZVA. Uruguaiana, v. 11, n. 1, p. 146-152, 2004.
GIARDÍASE EM FILHOTE DE TAMANDUÁ BANDEIRA
Rodrigues, L. L.1*; Santos, A. L. Q.2; Rodrigues, T. C. S.1; Lima, F. C.1; Silva, J. M. M.1; De Simone, S.B. S.1
1-Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia; 2-Docente Orientador, Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama,
Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Este trabalho relata o diagnóstico de Giardia sp. em amostra de fezes de um filhote de tamanduá bandeira,
lactente. Este apresentou letargia, diarréia, anorexia e vômito. O animal foi tratado com metronidazol
suspensão (50mg/Kg via oral), oferecido em uma mamadeira para recém-nascidos. O medicamento se
mostrou eficaz, após o tratamento não foi possível encontrar Giardia sp. na amostra de fezes e o animal não
apresentou mais sintomas.
Palavras-chave: Giardia sp., Mirmecophaga tridactyla,parasita.
INTRODUÇÃO
O tamanduá bandeira (Myrmecophaga Tridactyla) é o maior animal pertencente a ordem Xenarthra a qual é
composta por 4 famílias, 13 gêneros e 29 espécies (WETZEL, 1985). Possui características anatomofisiológicas específicas para sua alimentação que consiste em cupins e formigas, como por exemplo, língua
bastante comprida e protátil, produção de muco pelas glândulas salivares para captura das presas, focinho
alongado, ausência total de dentes e garras muito desenvolvidas que servem tanto para destruir cupinzeiros
como também para defesa (NOWAK E PARADISO, 1983). A Giardia sp. é um protozoário flagelado
cosmopolita que pode parasitar animais domésticos, selvagens e o homem, tendo assim características
zoonóticas importantes. Pode se apresentar em forma de cisto (forma infectante) ou trofozoíto. A infecção
pode acontecer pela ingestão do cisto em alimentos ou na água ou pelo contato direto entre os indivíduos.
Para que haja controle de algumas zoonoses é de extrema necessidade estudos sobre a participação de animais
silvestres na disseminação, pois estes podem ser reservatórios e portadores de tais enfermidades que podem
ser transmitidas em vida livre ou em cativeiro. Assim, esta investigação relata a infecção por Giardia sp. em
um filhote de tamanduá bandeira, com aproximadamente 4 meses de idade, tratado com metronidazol
suspensão.
RELATO DO CASO
Foi encaminhado pela Polícia Ambiental ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um
filhote de Mirmecophaga tridactyla, fêmea, com aproximadamente de duas semanas de vida após perder a
mãe em um atropelamento. Uma mistura composta por leite de cabra, ovos, produto industrializado para cães,
frutas e legumes liquidificados era oferecida ao animal em uma mamadeira pra recém-nascidos, três vezes ao
dia. Com aproximadamente quatro meses de idade, o referido animal começou apresentar anorexia,
recusando-se a alimentar por um dia inteiro, e no dia seguinte começou a apresentar vários episódios de
diarréia, vômito e letargia. Objetivando investigar o ocorrido, uma amostra de fezes foi enviada ao
Laboratório de Parasitologia Veterinária da referida universidade com intuito de diagnosticar uma possível
parasitose gastrointestinal. A amostra foi analisada pelo método Direto e pelo método flutuação em solução
saturada cloreto de sódio (método de Willis), sendo diagnosticada a presença de cisto de Giardia sp. A fim de
cessar com os episódios de vômito, foi administrado metoclopramida (0,5mg/Kg via intramuscular) em três
doses com intervalos de 6 horas. Passada uma hora da primeira aplicação do antiemético o animal não mais
apresentava vômito e se interessava pela sua alimentação habitual. Foi então administrado metronidazol
suspensão (50mg/Kg via oral) em intervalos de 12 horas durante cinco dias, sendo oferecido na mamadeira e
foi de rápida aceitação. Após o tratamento uma nova amostra de fezes foi enviada ao laboratório a fim de
verificar a eficiência do tratamento, não sendo encontrados novos cistos de Giardia sp.
DISCUSSÃO
Acredita-se que o animal tenha sido infectado no cativeiro. Mesmo com o esforço dos profissionais que lidam
com os animais no cativeiro para realizar um manejo sanitário adequado, as instituições que abrigam uma
grande quantidade de animais silvestres, acabam contribuindo para a disseminação de várias doenças, dentre
elas algumas consideradas zoonoses (SILVA et al., 2001). Segundo Leib e Jazac (1999), vômito e anorexia
geralmente não são sintomas pertencentes ao quadro de Giardíase, porém, neste trabalho, acredita-se que os
sintomas tenham sido causados pela Giardia sp. pois, após o tratamento tais sintomas não foram mais
observados. Foi notado que em cães jovens, por não serem imunocompetentes e estarem mais expostos a
ingestão de material fecal, estes possuem um maior índice de infecção por Giardia sp. (MUNDIM et al.,
2003), acredita-se que o mesmo também possa ser válido para outras espécies. Sabe-se que animais tratados
com metronidazol continuam eliminando os chamados cistos residuais nas fezes alguns dias após o tratamento
(PAGE et al., 1989), neste trabalho a segunda amostra de fezes foi colhida no primeiro dia seguido ao término
do tratamento e não foi observada a presença de cistos. A administração do medicamento se mostrou eficaz,
pois evitou o estresse do animal já que este ingeriu o medicamento voluntariamente. Os resultados mostram
que tamanduá bandeira pode ser parasitado por Giardia sp, porém, não foi possível descobrir a origem da
infecção porém, acredita-se que tenha sido no cativeiro. O metronidazol suspensão mostrou-se eficaz e de
fácil administração para tamanduá bandeira em fase de lactação.
REFERÊNCIAS
1-LEIB, M. S., ZAJAC, A. M. Giardiasis infection in dog and cats. Veterinary Medicine. 94, 793-802, 1999;
2-MUNDIM, M. J. S. et al. Frequência de Giardia spp por duas técnicas de diagnóstico em fezes de cães.
Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 55, 2003; 3-NOWAK, R. M. e PARADISO, J. L.
Walker’s mammals of the world. 4 ed. The johns Hopkins University Press, Baltimore.1983; 4-PAGET, T. A.
et al. Respiration in the cysts and trophozoite of Giardia muris. Journal of General Microbiology, 135, 145154, 1989; 5-SILVA, J. C. R. et al. Seroprevalence of Toxoplasma gondii in captive neotropocal felids from
Brazil. Veteriny Parasitology.102, 217-224, 2001; 6-WETZEL, R. M. The identification and distribution of
recent Xenarthra (= Edentata). In: The evolution and ecology if armadillos, sloths and vermilinguas. G. G.
Mongomery (ed.). Smithsonian Institution.5-8, 1985.
HIPOESTROGENISMO EM CADELA – RELATO DE CASO
Campos, D. B. R1; Oliveira, P. M²*; Resende, F. A. R5; Bastos, J. E. D.3;
Castro, J. R.4; Cesarino,M.5
1- Aluna da graduação da Universidade Federal de Uberlândia-MG; 2- Aluna da graduação da Universidade
Federal do Mato Grosso-MT; 3- Professor de Clínica Animal da Universidade Federal de Uberlândia – MG;
4- Mestranda da Universidade Federal de Uberlândia – MG; 5- Residente da Universidade Federal de
Uberlândia – MG
[email protected]
RESUMO
O hipoestrogenismo é uma dermatose reativa ao estrogênio também conhecido como desequilíbrio ovariano
do tipo II. É caracterizada por alopecia simétrica bilateral, que se inicia nas áreas perineal, genital e ventral
com disseminação cranioventral, e por uma pelagem facilmente destacável com o crescimento falho após a
tosa, observado em fêmeas ovariohisterectomizadas. O presente trabalho objetivou relatar a ocorrência de
hipoestrogenismo em uma cadela não ovariohisterectomizada atendida no Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia com base nos achados clínicos e exames laboratoriais.
Palavras-chave: Endocrinopatias. Hipoestrogenismo. Alopecia.
INTRODUÇÃO
O estrógeno é produzido nos ovários, testículos e córtex adrenal e ainda através de conversão periférica de
andrógenos. Pode aumentar ou reduzir a espessura epidérmica, causando hiperpigmentação e atrofia da
glândula sebácea, redução do crescimento piloso, aumento da espessura dérmica e redução da espessura da
gordura subcutânea segundo Birchard e Sherding (1998). A dermatose reativa ao estrogênio também
conhecido como desequilíbrio ovariano do tipo II ou hipoestrogenismo é uma rara alopecia simétrica bilateral,
observada em fêmeas castradas. O córtex da adrenal pode não produzir suficiente quantidade de estrógenos
nos animais afetados (MULLER; KIRK; SCOT, 1985). Clinicamente o hipoestrogenismo caracteriza-se por
alopecia simétrica bilateral que se inicia nas áreas perineal, genital e ventral e dissemina-se cranial e
ventralmente e por uma pelagem facilmente destacável com crescimento falho após a tosa. Histologicamente,
esta dermatose caracteriza-se por ceratose folicular e dilatação folicular com telogenização dos folículos
pilosos segundo Muller e Kirk (1996). De acordo com Wilkinson e Harvey (1994) não foram registradas
predileções de hipoestrogenismo, quanto à idade ou raça. Os mamilos e a vulva são infantis e normalmente
não ocorre prurido ou lesões cutâneas. As dermatoses reativas ao estrogênio foram também registradas em
cadelas antes do primeiro estro, durante a pseudogestação e em associação com anormalidades do ciclo estral.
(MULLER; KIRK; SCOT, 1985).
METODOLOGIA
Uma cadela da raça York Shire, com cinco anos de idade foi atendida no Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia, com áreas de alopecias, prurido e hiperemia cutânea. Na anamnese
constatou-se que a cadela já havia feito tratamento para demodicose e dermatofitose, não obtendo melhora
clínica. Apresentava normorexia, normoquesia, normodipsia, e normoúria. Foi observado que os últimos cios
estavam com intervalos irregulares. Ao exame clínico, o animal encontrava-se com 3 Kg, mucosas
normocoradas, bom estado de hidratação, linfonodos sem alteração, temperatura dentro dos parâmetros
normais e auscutação com bulhas rítmicas e normofonéticas. Apresentava alopecia principalmente em partes
dos membros torácicos, pélvicos, região abdominal, perineal e genital, havia também locais com
hiperpigmentação cutânea (Fig. 1 e 2).
Figura 1 - Região perineal, genital e
membros posteriores com alopecia.
Figura 2 - Região ventral do abdome e
membros posteriores com áreas de
alopecia.
Após avaliação clínica o animal foi encaminhado para realização de exames complementares, tais como
hemograma, raspado de pele, dosagem de cortisol, TSH e T4 livre obtendo resultados dentro dos parâmetros
normais de referência. A dosagem sérica do estrógeno foi de 12 pg/ml inferior a dosagem normal na cadela
que no estro e proestro fica em torno de 20 a 50 pg/ml, levando ao diagnóstico de hipoestrogenismo Foi
instituída a terapia de reposição hormonal, com 0,5 mg diária de dietilestilbestrol, via oral, a cada 24 horas
por três semanas consecutivas, e uma de descanso, durante um ano. Solicitou-se reavaliação do paciente a
cada três meses, para dosagem hormonal e reajuste da dose.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Muller; Kirk; Scott (1985) o diagnóstico diferencial de hipoestrogenismo inclui o
hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo, alopecia clássica e o complexo da enfermidade cutânea seborréica e
o diagnóstico definitivo baseia-se na história, exame físico, diferenciação laboratorial e resposta à terapia, fato
este que coincide com o observado nesse relato. Segundo Miller; Scott; Griffin (1996) a dosagem indicada no
tratamento de hipoestrogenismo é de 0,1 a 1 mg de dietilestilbestrol, oral, uma vez ao dia. A terapia tem
continuidade num protocolo de aplicação por três semanas, interpondo-se uma semana de repouso, repetidas
vezes, até que o crescimento piloso seja evidente. Neste caso usamos a dosagem de 0,5 mg diária seguindo
esse mesmo protocolo. Os sinais dermatológicos, observados nesse relato, como alopecia simétrica bilateral
nas áreas perineal, genital e ventral também foram observados por Miller; Scott; Griffin (1996). Muller; Kirk ;
Scott (1985) citam que caso não seja observada uma resposta satisfatória dentro de 3 meses, o diagnóstico
deverá ser questionado. Se houver uma resposta adequada, mantêm uma dose de manutenção de 0,1 a 1 mg,
uma a duas vezes por semana. Havendo sinais de estro, essa dose deverá ser reduzida. Na cadela aqui
relatada, foi constatada uma redução da área de alopecia, crescimento piloso, diminuição do prurido, da
oleosidade cutânea e do seu escurecimento após dois meses de tratamento.
REFERÊNCIAS
1- Bichard, S. J; Sherding, R. G. Clínica de Pequenos Animais. São Paulo, SP, p.370-371. 1998; 2- Miller,
W. H; Scott, D. W; Griffin, C. E; Dermatologia de Pequenos animais. 5° ed. Rio de Janeiro, RJ, p.595-596.
1996; 3- Muller, G. H; Kirk, R. W; Scott, D. W. Dermatologia dos Pequenos Animais. 3°ed. São Paulo, SP.
p.564-566, 1985; 4- Wilkinson , G. T; Harvey, R. G. Small Animal Dermatology. 2° ed. Barcelona, Spain,
p.186-187, 1994.
IMPLEMENTAÇÃO DO GRUPO DE ESTUDOS EM MEDICINA VETERINÁRIA DE ANIMAIS
AQUÁTICOS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Viadanna, P. H. O.¹
1- discente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
O estudo sobre animais aquáticos está em expansão, não só por causa do pescado ter alta taxa de proteínas
digestibilidade, mas também, para preservação do meio ambiente, diagnóstico de qualidade de água,
utilização de recursos renováveis, preservação e identificação de espécies em risco de extinção,
sustentabilidade na aqüicultura, inclusão social, zoonoses, fisiopatologia de animais aquáticos, sanidade e
modernização da aqüicultura, hibridização e manipulação genética, etologia e nutrição. Sendo dessa maneira,
é imprescindível o aprofundamento sobre o conhecimento de animais aquáticos, e uma forma criativa e
efetiva de atingir este objetivo foi através da criação do grupo de estudos em medicina veterinária de animais
aquáticos, que realizou palestras e orientação para auto-aprendizado. Houve 50 pessoas ao todo que
participaram do curso, sendo 4 (8%) graduandos em ciências biológicas, 1 (2%) graduando em psicologia, 43
(86%) graduandos em medicina veterinária e 2 (4%) mestrandos em ciências veterinárias.
PALAVRAS-CHAVE: Animais Aquáticos. Ensino de Medicina Veterinária. História da Medicina
Veterinária.
INTRODUÇÃO
O estudo sobre animais aquáticos está em franca expansão nos últimos anos, não só por causa do pescado ter
alta taxa de proteínas e alta digestibilidade, mas também, para preservação do meio ambiente, diagnóstico de
qualidade de água, utilização de recursos renováveis (planejamento ambiental), preservação e identificação de
espécies em risco de extinção, sustentabilidade na aqüicultura, inclusão social, zoonoses, fisiopatologia de
animais aquáticos, sanidade e modernização da aqüicultura, hibridização e manipulação genética, etologia e
nutrição. O objetivo foi a criação do grupo estudos em medicina veterinária de animais aquáticos, para
formentar a pesquisa, ensino e extensão desta área de atuação profissional que está passando por um momento
de franca expansão econômica e importância tecnológica.
METODOLOGIA
Por meio de palestras semanais, com docentes, discentes da Universidade Federal de Uberlândia, produtores
regionais e especialistas no assunto, foram abordados os seguintes temas: Panorama da aqüicultura no Brasil e
no mundo; Doenças em peixes ornamentais; Princípios da Aqüicultura; Inspeção de Pescado; Morfofisiologia
de vertebrados aquáticos; Medicina de Repteis. O grupo se reuniu de Maio a Julho de 2009, 1 vez , durante 2
horas de palestra por semana. O local de realização foi o Anfiteatro do Hospital Veterinário e a sala 2D54. O
órgão institucional em que o grupo se inseria foi a Faculdade de Medicina Veterinária. Foi organizado uma
divulgação de 10 panfletos semanais, distribuídos em pontos de grande visibilidade e acesso aos estudantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram ministradas 7 palestras, cada uma com 2 horas de duração, resultando em 14 horas de curso. Os temas
com os respectivos palestrantes foram:
- 14-05-2009 - Panorama da aqüicultura no Brasil e no Mundo (Pedro Henrique de Oliveira
Viadanna, discente FAMEV);
- 21-05-2009 - Doenças em peixes ornamentais I (Pedro Henrique de Oliveira Viadanna, discente
FAMEV);
- 28-05-2009 - Princípios da Aqüicultura (Dr Noe Ribeiro da Silva, docente FAMEV);
- 04-06-2009 - Inspeção de Pescado I (Dra Tereza Cristina Neves, diretora IMA);
- 18-06-2009 - Inspeção de Pescado II (Dra Tereza Cristina Neves, diretora IMA);
- 25-06-2009 - Morfofisiologia de vertebrados aquáticos (Dra. Vera Lúcia de Campos Britte,
docente IB UFU);
- 02-07-2009 - Medicina de Répteis e Anfíbios (André Luiz Quagliatto Santos, docente
FAMEV).
O grupo teve a média de participantes por dia de palestra de 13 alunos. Houve 50 pessoas ao todo que
participaram do curso, sendo 4 (8%) graduandos em ciências biológicas, 1 (2%) graduando em psicologia, 43
(86%) graduandos em medicina veterinária e 2 (4%) mestrandos em ciências veterinárias. Desde 1990, a
aqüicultura mundial vem apresentando crescimento anual de 8,9%, sendo este muito superior ao crescimento
da indústria pesqueira oriunda da captura (1,4%) e àquele dos sistemas de produção de proteína de animais
terrestres (2,8%), para o mesmo período (FILHO, 2008). No Brasil, a aqüicultura também vem despontando
como atividade promissora, registrando um crescimento superior à média mundial, passando de 20,5 mil
toneladas, em 1990, para 210 mil toneladas, em 2001, com uma receita de US$ 830,3 milhões. No período de
1990-2001, o Brasil apresentou um crescimento de aproximadamente 825%, enquanto a aqüicultura mundial
cresceu 187% no mesmo período. O resultado desse crescimento fica evidenciado na classificação mundial
estabelecida pela FAO (2002), em que o Brasil se encontrava na 36ª colocação em 1990, passando a ocupar a
19ª posição em 2001, assim como a 13ª posição na geração de renda bruta. No ranking da América do Sul, o
Brasil encontra-se em segundo lugar, com 210 mil toneladas, sendo superado apenas pelo Chile (631,6 mil
toneladas). Apesar de uma ciência promissora, o estudo em animais aquáticos ainda permanece com uma
característica muito inovadora, pois, esse grupo foi montado em área de cerrado, no estado de Minas Gerais,
onde por mais tenha a nascente do rio São Francisco e seja divisado por rios, a prática da produção de peixes
é inexpressiva, sendo assim, o baixo número de participantes é justificado. Outro fator a ser considerado é a
banalização da produção com a extração do peixe, também conhecida como pesca, pois, é tida como fonte de
lazer e turismo, e não como produtora de alimentos de alta qualidade em alta escala. Contudo, é função da
Universidade formar pensadores críticos, e isso justifica a criação deste grupo de estudo e justifica o estudo
sobre o mesmo, para que haja conhecimento do real envolvimento discente sobre a temática. Outro ponto em
que deve-se abordar é sobre a divulgação e horário de realização das palestras. Houve a divulgação
sistemática em 10 pontos estratégicos da Universidade, sempre fixados com 2 dias de antecedência. Foi
passado randomicamente em 2 salas da veterinária, também com 2 dias de antecedência. Pode-se concluir da
divulgação alguns pontos como:
- Distribuir em mais pontos de visualização e passar em mais salas;
- Ao passar em salas, discutir sobre a temática e a importância do conhecimento em animais
aquáticos;
- Base de organizadores maiores;
- Cobrança e incentivo à freqüência dos alunos;
- Desinteresse;
Em relação ao horário das palestras, sempre as 12:00 horas, podemos concluir que por ser horário de almoço,
o número de alunos seria limitado, contudo, este foi decidido pelos alunos que freqüentaram mais o grupo,
portanto, não havia melhor horário de realização.
REFERÊNCIAS
1- FILHO, J. D. S., O agronegócio da aqüicultura: perspectivas e tendências, 2008; 2- FAO, FOOD AND
AGRICULTURE ORGANIZATION, 2002 World Fisheries production by capture and aquaculture, by
country. Disponível em: <http://www.fao.org/fi/statis/summ-99/aqua-a.0.pdf>, acesso em 10 de Abril de
2009.
INCIDÊNCIA DE CISTO FOLICULAR OVARIANO EM VACAS DA RAÇA NELORE, DA
REGIÃO DO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG
Mesquita, A. M.1; Carvalho, F. S. R.2; Teixeira, L.1; Hirano, L. Q. L.3*; Osava, C. F. 3;
Nascimento, C. C. N.3; Noleto, P. G.1; Freitas, B. Z. 1;
1- Médico Veterinário; 2- Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia;
3- Mestrando em Ciência Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Universidade Federal de
Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
Os cistos ovarianos são considerados uma importante causa de falhas reprodutivas em bovinos. O
prolongamento do intervalo entre partos e o tratamento do cisto folicular resultam em altos custos econômicos
para produtores e para indústria de leite, principalmente devido ao aumento do período de anestro pós-parto.
Devido à escassa literatura sobre ovários císticos em gado de corte, existe uma necessidade de pesquisas neste
segmento visando uma melhoria da eficiência reprodutiva dentro do rebanho. Este trabalho teve como
objetivo averiguar a presença de cistos foliculares em fêmeas puras de origem (PO) da raça Nelore, na região
de Uberaba, MG. Em relação à incidência de cistos foliculares ovarianos foi visto que 8% das vacas avaliadas
apresentaram tais estruturas, porcentagem considerada significativa por se tratar de gado de corte e alto valor
agregado. Além disso, observou-se que a maior parte dos cistos foi encontrada no ovário direito (69,39%).
Palavras-Chave: Gado de Corte, Reprodução, zebu.
INTRODUÇÃO
Os cistos ovarianos são considerados uma das causas mais importantes de falhas reprodutivas em bovinos. O
prolongamento do intervalo entre partos e o tratamento do cisto folicular resultam em altos custos econômicos
para os produtores e para indústria de leite, principalmente devido ao aumento do período de anestro pósparto (PETER, 2004). Atrasando e interferindo na ciclicidade ovariana, o cisto folicular aumenta o tempo da
primeira inseminação e o intervalo de parto para a próxima concepção. Além disso, diminui a taxa de prenhez
após a primeira inseminação e aumenta o número de serviços por concepção. Os cistos ovarianos foram
relatados em muitas espécies, como bovinos, suínos, cães, coelhos, ratos, éguas, carneiros, elefantes e
mulheres. A predisposição genética para cistos foliculares existe, mas a herdabilidade é muito baixa, por isso,
a seleção genética pode ser bem sucedida para reduzir a incidência dos mesmos (HOOIJER et al., 2001).
Devido à escassa literatura sobre ovários císticos em gado de corte, existe uma necessidade de pesquisas neste
segmento visando uma melhoria da eficiência reprodutiva dentro do rebanho, a qual tem uma grande
importância econômica. Este trabalho teve como objetivo averiguar a presença de cistos foliculares em
fêmeas puras de origem (PO) da raça Nelore, na região de Uberaba, MG.
•
•
•
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na região de Uberaba, MG, durante o período de janeiro a junho de 2007. Foram
avaliadas 600 vacas PO da raça Nelore oriundas de 12 fazendas do município. As fêmeas avaliadas tinham
entre 14 meses a 10 anos de idade, sendo nulíparas, primíparas, multíparas, pós-parto ou não. O diagnóstico
dos cistos foliculares ovarianos foi realizado através de ultrassonografia (ultra-som ALOKA – 500, transdutor
de 5mhz). Os folículos com tamanho acima de 25mm de diâmetro foram considerados cistos foliculares e sua
diferenciação dos cistos luteinizados foi constatada pela observação da imagem obtida no aparelho. As fêmeas
não foram reavaliadas após tratamento, o qual ficou a critério dos proprietários dos animais, sendo que para
cada caso foi sugerido um tipo de tratamento pelo médico veterinário responsável. Dentre os casos existentes
foram sugeridos os seguintes tratamentos:
o primeiro foi utilizado quando não se conhecia o histórico do animal. Foi aplicado 5 ml de GnRH
(Conceptal®) endovenoso;
o segundo foi utilizado quando já havia sido feito o tratamento com GnRH, mas sem resultados. Foi
aplicado 5 ml de Gonadotrofina Coreônica Humana (hCG - Chorulon®) intramuscular;
e o terceiro tratamento foi proposto pelo médico veterinário do local, sendo um protocolo
alternativo: no primeiro dia (D0) foi colocado um implante de progesterona (CIDR® ou Crestar®) e aplicado
5 ml de GnRH endovenoso; no sétimo dia (D7) foi aplicado 5ml de hCG ou GnRH, porém com preferência ao
hCG; no décimo quarto dia (D14) foi retirado o implante de progesterona e aplicou-se prostaglandina e no
décimo sexto dia (D16) foi aplicado GnRH soltando a vaca com um touro ou realizando uma inseminação
artificial (IA) 16 horas após a aplicação do GnRH. Entretanto, se após estes três tratamentos ainda fosse
observada a presença de cistos nas vacas avaliadas, estas deveriam ser indicadas para o abate ou destinadas
para doação de ovócitos para Fecundação In Vitro (FIV).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se, no presente trabalho, a ocorrência de cistos foliculares ovarianos em vacas de corte PO da raça
Nelore, nos ovários esquerdo e direito e em ambos. Das 600 vacas avaliadas através da ultra-sonografia, 49
animais (8%) apresentaram cistos foliculares, ou seja, folículos com diâmetro superior a 25mm, parâmetros
previamente definidos por Day (1991). Dos 49 cistos diagnosticados, 34 (69,39%) estavam presentes no
ovário direito e 12 (24,49%) no ovário esquerdo (Figura 1). Em 3 exemplares (6,12%) foram observados
cistos em ambos ovários. Segundo Hafez e Hafez (2004), há um maior percentual de ovulação no ovário
direito, o que poderia explicar a prevalência dos cistos foliculares nos ovários deste antímero, uma vez que se
encontram em maior atividade fisiológica. O fato das freqüências serem muito baixas impediu a aplicação do
teste do Qui-quadrado.
Tabela 1: Ocorrência de cistos foliculares nos ovários direito, esquerdo ou em
ambos em vacas da raça Nelore, do município de Uberaba, MG.
OVÁRIO
QUANTIDADE
PORCENTAGEM (%)
Direito
34
69,39
Esquerdo
12
24,49
Direito e Esquerdo
3
6,12
TOTAL
49
100
Utilizando a palpação retal como método de diagnóstico, Farin et al. (1990), obtiveram um total de 39 vacas
com presença de cistos ovarianos e ao recorrer ao exame ultra-sonográfico para confirmação de seus
resultados, identificaram que 10,26% dos casos tratavam-se de estruturas coerentes com um grande corpo
lúteo, observando assim, que a ultra-sonografia é um do método para diagnóstico de cistos ováricos com
maior acurácia em relação à palpação retal. Jeffcoate e Ayliffe (1995) conseguiram 100% de concordância
dos resultados dos exames de ultra-som e taxa de progesterona sanguínea em trabalho realizado com 20 vacas
leiteiras, concordando assim, com Johnson e Coates (2004), que descrevem a ultra-sonografia transretal como
método de alta segurança no diagnóstico e diferenciação destes dois tipos de cistos ováricos. A escassez de
literatura a respeito de cistos foliculares ovarianos em gado de corte, talvez esse seja um dos motivos da
irrelevante preocupação por parte de produtores e profissionais a cerca desta patologia, além da formação
equivocada de uma idéia sobre a não ocorrência significante de cistos nestas fêmeas. Em trabalho utilizando
vacas leiteiras, Gûmen e Wiltbank (2002) observaram uma ocorrência de 6 a 19% de cistos foliculares nestes
animais, intervalo percentual em que se encaixa o resultado do presente trabalho, podendo-se assim, afirmar a
importância da doença em rebanho de corte, uma vez que a reprodução é fator primordial neste tipo de
produção agropecuário. Utilizando-se o ultra-som como equipamento auxiliar para detecção de cistos
foliculares em vacas leiteiras que apresentavam subfertilidade no início do pós-parto, Sakaguchi et al. (2006),
obtiveram um índice de 10% de vacas positivas, evidenciando assim, que cistos foliculares ovarianos são uma
das causas de infertilidade, fato também apontado por Gûmen e Wiltbank (2002). Um dos fatores que poderia
explicar a significante incidência de cisto ovariano nas vacas deste experimento é o tipo de manejo, mais
especificamente, o tipo de alimentação das vacas de corte em questão, uma vez que se trata de gado de elite,
PO que recebem tratamento diferencial do tratamento do animal de campo, com nutrição podendo ser
comparada a do gado leiteiro intensivo, com alto nível de concentrado e superalimentação. Diante do referido,
pode-se concluir que a incidência de cistos foliculares ovarianos foi visto em 8% das vacas avaliadas,
porcentagem considerada significativa por se tratar de gado de corte e alto valor agregado, o que implica na
importância de realização de novos trabalhos acerca deste assunto.
REFERÊNCIAS
1- DAY, N. The diagnosis, differentiation, and patogenesis of cystic ovarian disease. Veterinary
Medicine, 86, 753-760, 1991; 2- FARIN, P. W. et al. Diagnosis of follicular cysts in dairy cows by sector
scan ultrasonography. Theriogenology: an international journal of animal reproduction, Stoneham, US, p. 34636, 1990; 3- GÛMEN, A.; WILTBANK, M. C. An alteration in the hypothalamic action of estradiol due to
lack of progesterone exposure ca cause follicular cysts in cattle. Biology Reproduction, 66, 1689-1695, 2002.
HAFEZ, E. S. E.; HAFEZ, B. Reprodução Animal. 7. ed. São Paulo: Manole Ltda, 2004; 4- HOOIJER, G.
A. et al. Milk production parameters in early lactation: potential risk factors of cystic ovarian disease in Dutch
dairy cows. Livestock Production Science, 81, 25-33, 2003; 5- JEFFCOAT, I. A.; AYLIFFE, T.R. An
ultrasonographic study of bovine cystic ovarian disease and its treatment. Veterinary Record, 136, 406-410,
1995; 6- JOHNSON, W. H.; COATES, A. T. E. An update on cystic ovarian disease. In: International
Congress on Animal Reproduction, 15., 2004, Porto Seguro, BA, Anais... Porto Seguro, BA: Centro de
Convenções, 2004. p. 60-65; 7- PETER, A.T. An update on cystic ovarian degeneration in cattle.
Reproduction in Domestic Animals, Berlin, DE, v.39, n.1, p.1-7, 2004 ; 8- SAKAGUCHI, M. et al. Fte of
cystic ovarian follides and the subsequent fertility of early postpartum dairy cows. Veterinary Record, 159,
197-201, 2006.
INDICADORES COMPORTAMENTAIS DE ESTRESSE EM CÃES
CARVALHO, C.R.A1; ALMEIDA, M.L2.; ALMEIDA, L.P.3
1- Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia. 2- Graduanda em
Psicologia – UFU 3- Professor Doutor da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
O estresse é um relevante problema de Saúde Pública. Este estudo objetivou avaliar a ocorrência de
indicadores comportamentais de estresse em cães a partir de um delineamento tipo Estudo de Casos,
selecionou-se e avaliou-se uma amostra de conveniência constituída por 50 cães atendidos no Hospital
Veterinário da UFU, colhendo-se dados por meio de uma ficha padronizada e pré-testada contendo
indicadores de estresse. Os dados foram digitados para um banco de dados, EpiInfo 6.04 e analisados através
de estatística descritiva. Os resultados mostraram uma variação de freqüência entre os indicadores testados
(10% a 32%), sendo que dois sobressaíram-se quanto a sua freqüência entre os cães avaliados: “Latir ou ganir
insistentemente” (32%) e “Roer, morder ou danificar objetos” (32%). Os resultados obtidos evidenciaram a
ocorrência de alguns indicadores comportamentais de estresse e destacaram alguns com melhor acurácia em
cães.
PALAVRAS-CHAVE: Estresse; indicadores comportamentais; cães.
INTRODUÇÃO
O estresse é um relevante problema de Saúde Pública, tanto pela magnitude quanto pela gravidade de sua
morbidade, afetando homens e animais. Estresse significa “estar sobre pressão” ou “sob a ação de um
estímulo persistente” (BALLONE, 2002). Segundo o mesmo autor, estresse pode ser uma resposta fisiológica,
psicológica e comportamental de um animal ao procurar se adaptar a exigências internas e externas
denominadas de fatores estressores, como poluição sonora e ambiental, problemas na alimentação, sobrecarga
de trabalho, exigências comportamentais, manejos inadequados. E que podem constar acontecimentos,
pessoas ou objetos capazes de promover suficiente tensão emocional seguido por estresse (BALLONE, 2002).
Enquanto resposta fisiológica, Moberg (2000) propõe um modelo de estresse animal com três estágios: o
reconhecimento; a defesa biológica e a conseqüência da resposta ao estímulo estressor. O estresse causa muita
dor e sofrimento ao cão, comprometendo seu Bem Estar. E quando as respostas não são suficientes é ativado
o sistema nervoso autônomo e neuroendócrino, produzindo alterações fisiológicas e bioquímicas. O estresse
também altera funções relacionadas à reprodução, crescimento e resistência imunológica. O estresse em cães
tem sido avaliado por meio da resposta neuroendócrina e mensuração sérica do cortisol, (KO et al., 2000).
Indicadores comportamentais do estresse não têm sido utilizados para essa avaliação, principalmente pela
falta de informações sobre sua ocorrência e falta de padronização. Com base nos fatos é que se realizou uma
investigação para avaliar a ocorrência desses indicadores em uma amostra de cães atendidos no Hospital
Veterinário da UFU.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento dessa pesquisa utilizou-se de um delineamento tipo estudo de casos, selecionando-se
e avaliando-se uma amostra de conveniência de cães atendidos no Hospital Veterinário da UFU. Os dados
foram obtidos por estudantes de veterinária, previamente treinados, utilizando fichas padronizadas contendo 7
indicadores comportamentais de estresse. Após a coleta, os dados foram submetidos a medidas de controle de
qualidade visando a detecção e correção de vieses e posteriormente digitados para um banco de dados, criado
através do software EpiInfo 6.04. Para a análise os dados foram dispostos em tabelas de contingência e,
estimadas as respectivas freqüências de ocorrência de cada indicador comportamental avaliado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1- Dados referentes às freqüências de ocorrência dos indicadores de estresse em cães. UberlândiaMG, 2009.
Indicador Comportamental
Freqüência Absoluta
Porcentagem
Urinar com maior freqüência
PRESENTE
AUSENTE
05
45
10,0
90,0
Lamber parte do corpo, repetidamente
PRESENTE
AUSENTE
25
25
50,0
50,0
Andar em círculo, correr atrás da cauda
PRESENTE
AUSENTE
08
42
16,0
84,0
Morder partes do corpo até sangrar
PRESENTE
AUSENTE
08
42
16,0
84,0
Latir ou ganir insistentemente
PRESENTE
AUSENTE
16
34
32,0
68,0
Parecer estar engolindo ar
PRESENTE
AUSENTE
05
45
10,0
90,0
Roer, morder ou danificar objetos
PRESENTE
AUSENTE
16
34
32,0
68,0
Embora o estresse seja um relevante problema de Saúde Pública que afeta homens e animais, principalmente
animais de companhia, entre eles os cães, ainda são poucos os estudos voltados ao estresse desses animais.
Mais raros, ainda, são estudos envolvendo indicadores comportamentais. Por isso essa pesquisa é de grande
relevância e atualidade, no entanto, seus resultados encontram dificuldades para serem comparados em
virtude da ausência de estudos semelhantes. Na Tabela 1 estão dispostos os dados referentes aos indicadores
comportamentais avaliados nesta pesquisa e mostram que todos os 7 indicadores utilizados mostraram sua
presença entre os cães amostrados. Apresentando freqüências de ocorrência que variaram de 10% a 32%,
excluindo-se o percentual de 50% em função de possível baixa acurácia demonstrada pelo indicador. Essa
diferença de percentual mostrou-se estatisticamente significante (P<0,05) ao teste do Qui-quadrado (X2).
Especificamente com relação a cada indicador, dois deles apresentaram maiores freqüências: “Latir ou ganir
insistentemente” e “Roer, morder ou danificar objetos”, ambos com um percentual de 32%. Em face desse
resultado é possível inferir que esses valores têm relação com o poder de acurácia do indicador avaliado, uma
vez que se trata de comportamentos com maior poder de observação por parte dos proprietários dos cães e que
merecem ser levados em consideração na seleção de indicadores comportamentais que possam avaliar a
condição de estresse em cães. Outros indicadores avaliados mostraram freqüências menores indicando uma
baixa acurácia por parte do indicador ou, então, que são indicadores mais apropriados para detecção de
estresse em situações crônicas, o que não deve ser a condição da amostra de animais avaliados. Quanto ao
valor de freqüência igual a 50% apresentada pelo indicador “Lamber parte do corpo repetidamente” é possível
que esse valor de freqüência expresse fragilidade do indicador da detecção do estresse, devendo ser
descartado como indicador comportamental de estresse nessa espécie animal. Apesar desse resultado, para
Moberg (2000), a primeira e resposta biológica mais econômica ao estresse são as alterações
comportamentais, onde o animal pode ser bem sucedido ou não conseguir evitar a ameaça, podendo fugir do
estimulo agressor ou então desenvolver comportamentos anômalos como os comportamentos avaliados nesta
pesquisa. A detecção da presença de indicadores comportamentais em uma amostra de cães avaliados pode
apontar para uma possível ocorrência de estresse entre esses cães.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1BALLONE,
G.
J.
Estresse.
Psiquiatria
geral,
2002.
Disponível
em:
http://www.psiqweb.med.br/cursos/stress1.html. Acesso em 30/07/2009; 2- MOBERG, G.P. Biological
response to stress: implications for animals welfare. In: MOberg, G.P.; Mench, j.A. (eds). The biology of
animals stress: basic principles and implications for animals welfare. CABI Publishing, 1-22, 2000; 3KO, J.C. et al., Cardiorespiratory responses and plasma cortisol concentrations in dogs treated with
medetomidine before undergoing ovariohysterectomy. J. Am. Vet. Méd. Assoc., v. 217, p.509-514, 2000.
INFLUÊNCIA DA GONADOTROFINA CORIÔNICA EQUINA SOBRE A ÁREA DE CORPO
LÚTEO E OS ÍNDICES DE PRENHEZ EM RECEPTORAS DE EMBRIÕES BOVINOS
Borges, D.P.1; Ribeiro, C.S.M.2*; Alves, B.G 3; Alves, K.A 3 ; Jacomini, J. O.4
1- Graduando em Medicina Veterinária – UNIPAC. 2- Graduanda em Medicina Veterinária – UFU.
3- Mestrando em Ciências Veterinárias – UFU. 4- Professor Doutor da Faculdade de Medicina
Veterinária UFU.
RESUMO
Objetivou-se correlacionar a área do CL de receptoras de embriões e a utilização de diferentes protocolos com
eCG e a taxa de aproveitamento, concepção e prenhez. As 345 novilhas foram divididas em 3 grupos: os
grupos G300D8 (n=121) e G400D8 (n=107) receberam implante auricular de progestágeno e 2,0 mg de
benzoato de estradiol (D0). No D8 removeu-se os implantes e aplicou-se 0,3 mg de cipionato de estradiol, 150
mcg de D-Cloprostenol e 300 e 400 UI de eCG respectivamente. O grupo G400D5 (n = 117) recebeu
implante de progestágeno e 2,0 mg de benzoato de estradiol (D0) e 400 UI de eCG e 150 mcg de DCloprostenol (D5), depois os implantes foram retirados juntamente com a aplicação de 0,3 mg de cipionato de
estradiol (D8). As mensurações de CL e o diagnóstico de prenhez foram realizados por ultrasonografia
transretal. As taxas de aproveitamento, concepção e prenhez e a área do CL foram maiores quando utilizados
400 UI de eCG (P<0,05).
Palavras-chaves: eCG, embrião, receptora
INTRODUÇÃO
O uso da transferência de embriões (TE), conjuntamente com outras tecnologias relacionadas, promove o
aumento de descendentes geneticamente superiores. Entretanto, para que estas tecnologias se tornem
acessíveis a uma larga base de criadores é necessário um maior desenvolvimento a nível clínico, a fim de
aumentar a eficiência e reduzir os custos (GALLI et al., 2003). Várias tentativas têm sido feitas para estimular
a produção de progesterona endógena em programas de TE, a maioria utilizando gonadotrofina coriônica
eqüina (eCG). O eCG tem como função fisiológica a maturação folicular, aumentando a fertilidade, e vários
trabalhos mostram que certas dosagens de eCG aumentam a quantidade e a qualidade de corpo lúteo (CL),
conseqüentemente os níveis de progesterona, taxa de aproveitamento, concepção e prenhez das receptoras. O
objetivo deste trabalho foi o de avaliar a área do CL de receptoras de embriões bovinos com o uso de
diferentes doses de eCG (300 e 400 UI) em dias alternados de tratamento (D5 e D8) e sua correlação com as
taxas de aproveitamento, concepção e prenhez.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram utilizadas como receptoras de embriões 345 novilhas mestiças, Bos taurus x Bos indicus, com peso
médio de 300,00 kg e manejadas a pasto com suplementação mineral à vontade. Todas as novilhas receberam
em momento aleatório do ciclo estral (D0) um implante auricular de progestágeno a base de norgestomet e
por via intramuscular (i.m) 2,0 mg de benzoato de estradiol. No D8 retiraram-se os implantes auriculares,
aplicou-se 0,3 mg de cipionato de estradiol e 300 e 400 UI de eCG i.m nos grupos G300D8 (n = 121) e
G400D8 (n = 107), respectivamente. No grupo G400D5 (n = 117) as receptoras receberam 400 UI de eCG e
150 mcg de D-Cloprostenol i.m no D5 e foram retirados os implantes juntamente com a aplicação de 0,3 mg
de cipionato de estradiol i.m no D8. No ato da inovulação dos embriões, as receptoras foram avaliadas por
ecografia transretal (Aloka SSD 500, 5 MHz) e as imagens obtidas do CL foram mensuradas nos seus maiores
eixos longitudinal e transversal. Os corpos lúteos com cavidade cística tiveram seus maiores eixos subtraídos
das mensurações e com esses valores foi determinada a área em (cm²). Todos os embriões produzidos in vitro
(PIV) foram transferidos pelo método não cirúrgico no corno ipsilateral ao ovário contendo o CL e o
diagnóstico de gestação foi realizado 30 dias após a transferência, utilizando-se a ultra-sonografia transretal.
Os dados foram analisados pelos testes binomial de duas proporções (P<0,05) e Tukey (P<0,01) utilizando o
software Bioestat 5.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As taxas médias de aproveitamento, concepção e prenhez das 345 receptoras foram de 74,79%, 38,46% e
27,53%, respectivamente. A área média de CL foi de 2,78 cm² ± 1,35. De acordo com Vasconcelos et al.
(2001), quanto maior o volume do corpo lúteo maior será a concentração de progesterona e,
conseqüentemente, maior a taxa de concepção. Esses dados corroboram com nossos resultados, no qual
verificou-se que os grupos que apresentaram melhores taxas de aproveitamento, concepção e prenhez também
expressaram maior área de CL (Tabela 1).
Tabela 1. Efeito da dose de eCG (300 e 400 UI) sobre as taxas de aproveitamento, concepção, prenhez e área
de CL de receptoras de embriões PIV.
Dose eCG
(UI)
n
Taxa de
Aproveitamento
(%)
Taxa de
Concepção (%)
300
121
67,76 (82/121) a
400
224
78,12 (175/224) b
Taxa de Prenhez
(%)
Área do
CL (cm²)
24,39 (20/82) a
16,52 (20/121) a
2,16 ± 1,27 x
42,28 (75/175) b
33,48 (75/224) b
3,21 ± 1,23 y
Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente. (a, b) Teste Binomial de Duas Proporções
(P<0,05). (x, y) Teste de Tukey (P<0,01).
Rigolon et al. (1999) reportaram que o uso de 330 UI de eCG em receptoras bovinas, usando embriões à
fresco, aumentou em 12,8% a taxa de prenhez (68,9%, n=30) e o dobro de CL em relação ao grupo controle
(56,0%, n=30). Por outro lado, Reis (2004) comparando diferentes doses de eCG (400, 500, 600 UI)
administradas no protocolo de TE em tempo fixo não verificou efeito da dose de eCG sobre a eficiência dos
protocolos empregados, indicando que a dose de 400UI de eCG é suficiente para obtenção de resultados
satisfatórios em receptoras de embrião. No entanto, quando aplicadas diferentes doses de eCG no D8, Oliveira
et al. (2009) observaram que a utilização de 300 UI de eCG proporcionou taxa de prenhez (30,76% vs
33,48%) e tamanho médio de CL (23,1 mm ± 0,54 vs 32,1 mm ± 1,23) menores em relação à dose de 400 UI.
Com referência ao dia de aplicação do eCG os resultados demonstraram que não houve efeito da aplicação
(D5 ou D8) sobre as taxas de aproveitamento, concepção e prenhez. No entanto a área de CL foi maior nas
receptoras que receberam eCG no D5 (P<0,05) (Tabela 2).
Tabela 2. Efeito do dia (D5 e D8) da aplicação do eCG sobre as taxas de aproveitamento, concepção, prenhez
e área de CL de receptoras de embriões PIV.
Dia
eCG
n
Taxa de
Aproveitamento (%)
Taxa de
Concepção (%)
Taxa de Prenhez (%)
Área do CL (cm²)
5
117
72,64 (85/117)
32,94 (28/85)
23,93 (28/117)
3,05 ± 1,31 x
8
228 75,43 (172/228)
38,95 (67/172)
29,38 (67/228)
2,59 ± 1,35 y
As análises de variância foram feitas através do teste de Tukey com P<0,05 em relação x, y.
Resultados semelhantes foram observados por Vedana et al. (2008) tocante às taxas de aproveitamento
(n=120; D5=80,33%; D8=73,30%) e prenhez (n=120; D5=48,45%; D8=52,27%) quando se aplicou eCG no
D5 e no D8. O aumento da área de CL (3,05 cm² ± 1,31) pode ser explicado pela ação de hormônio folículo
estimulante (FSH) exercida pelo eCG que possui uma meia vida longa (até 3 dias), proporcionando maior
crescimento dos folículos quando aplicado no D5 e aumento no número de CL formados (MARQUES et al.,
2004). Com base nos resultados, concluiu-se que as taxas de aproveitamento, concepção e prenhez e área do
CL foram maiores quando utilizado 400 UI de eCG em comparação a 300 UI, mas estes índices não foram
influenciados pelo dia da aplicação desta gonadotrofina.
REFERÊNCIAS
1- GALLI, C.; DUCHI, R.; CROTTI, G.; TURINI, P.; PONDERATO, N.; COLLEONI, S.; LAUGUTINA, I.;
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Zootecnia, 46., Maringá, 2009. Anais... Maringá, 2009; 4- REIS, E.L. Adequação da dose e do momento da
administração de eCG no protocolo de sincronização de receptoras de embrião bovino. (Tese de
Mestrado, 2004). Em vias de publicação; 5- RIGOLON, L.P; CAVALIERI, F.L.B.; BETINI, C.M. Utilização
do PMSG na sincronização do cio em receptoras, no número de corpo lúteo e taxa de prenhez pós inovulação
com embriões a fresco. Resultados preliminares. Arq. Fac. Vet. UFRGS, Porto alegre, v 27, n. 1, 1999; 6VASCONCELOS, J.L.M.; SARTORI, R.; OLIVEIRA, H.N.; GUENTHER, J.G.; WILTBANK, M.
Reduction is size of the ovulatory follicle reduces subsequent luteal size and pregnancy rate. Theriogenology;
v. 56, p. 307-314, 2001; 7- VEDANA, C.; BALESTRIN, R.; CAVALIERI, F.; RIGOLON, L.; LOURENÇO,
F.; SEKO, M.; PICADA, I.; 8- TIBURCIO, M.; RAMOS, F. Efeito da aplicação do eCG na taxa de
aproveitamento e de prenhez em receptoras de embriões. Iniciação Científica Cesumar; v.10, p. 141-143,
2008.
INFLUÊNCIA DA SELEÇÃO ESPERMÁTICA POR “SWIM-UP” SOBRE A MORFOMETRIA DA
CABEÇA DE ESPERMATOZÓIDES DE TOUROS
Nascimento, C.C.N.1*; Osava, C.F.1; Hirano, L. Q. L.1; Beletti, M.E.2; Cintra, R.V.3*; Santana, J.A.3; Castro,
I.C.3
1- Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal de
Uberlândia. 2- Professor Associado do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de
Uberlândia. 3- Graduando da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia Av. Pará, 1720, Campus
Umuarama - Bloco 2T, CEP 38400-902. Uberlândia, MG.
[email protected]
RESUMO
A viabilidade do espermatozóide é fundamental para classificação da fertilidade de reprodutores nas
diferentes espécies animais. O presente estudo teve como finalidade avaliar a influência da seleção
espermática por “Swim-up” sobre a morfometria da cabeça de espermatozóides de touros. Foram utilizadas
quatro amostras de sêmen de touros com fertilidade desconhecida e obtidas 50 imagens de cada esfregaço em
tons de cinza, onde foram segmentadas 100 cabeças de espermatozóides de cada um. Estas foram processadas
por programas desenvolvidos em ambiente Scilab para avaliação da morfometria. A simetria da cabeça
espermática também foi calculada, dividindo-se em simetria lateral e simetria ântero-posterior. Conclui-se que
a seleção de espermatozóides por “Swim-up” seleciona espermatozóides com cabeças maiores que a média do
sêmen fresco e com menor elipsidade.
Palavras-chave: Bovinos. Produção em vitro. Viabilidade espermática.
INTRODUÇÃO
A eficiência da produção in vitro (PIV) de embriões pode ser melhorada através do conhecimento dos fatores
e eventos que afetam essa técnica. A avaliação morfométrica da cabeça do espermatozóide por esfregaço,
aliada a análise de imagens computadorizadas, é um novo método que pode identificar alterações
morfológicas e de cromatina não percebidas pela análise visual do espermograma de rotina. Este processo
associado à técnica de fecundação in vitro (FIV) e à aplicação de meios que influenciam na seleção
espermática como o “Swim-up” vêm servindo como instrumento importante para o melhor aproveitamento do
potencial reprodutivo dos rebanhos, diminuindo o intervalo entre gerações e acelerando o melhoramento
genético animal. Métodos como o “Swim-up” que conta com a migração ascendente das células móveis em
uma solução; o Percoll e Bovipure, que permitem a preparação de gradientes descontínuos de densidade; a
Filtragem em coluna de gel de Sephadex e o Wash que consiste da lavagem por centrifugação, são utilizados,
previamente, à fecundação in vitro (SOMFAI et al., 2002). Os diversos tratamentos realizados com o sêmen
antes da PIV, propriamente dita, fazem com que os espermatozóides sofram constantes alterações de
osmolaridade e pH. Talvez isto possa colaborar com a capacitação espermática, embora não seja conhecido
qualquer efeito sobre a morfometria da cabeça dos espermatozóides (LU; SEIDEL Jr, 2004). Desta forma,
este trabalho avaliou a influência da seleção espermática por “Swim-up” sobre a morfometria da cabeça de
espermatozóides de touros.
MATERIAL E MÉTODO
Foram utilizadas quatro amostras de sêmen obtidas por meio de eletro-ejaculador, de touro da Fazenda do
Glória da UFU. As amostras foram colocadas em estufa com 5% de CO2, a 39ºC, por 30 minutos. Com uma
gota de todas as amostras obtiveram-se dois esfregaços que foram fixados em etanol-ácido acético 3:1 por um
minuto e etanol 70% por três minutos. O “Swim-up” foi realizado colocando-se 0,5mL de sêmen em um tubo
de centrífuga com 2,0 mL de “Sperm talp”, mantido por uma hora em estufa. Depois foi retirado 0,2 mL da
superfície, onde estariam os espermatozóides mais viáveis (COSCIONI et al., 2001) para fazer dois
esfregaços por amostra, passando pelo mesmo processamento e avaliação de antes. Todos sofreram hidrólise
em ácido clorídrico 4N por 20 minutos e foram lavados em água destilada. Foi colocada uma gota de Azul de
Toluidina 0,025% sobre a lâmina do esfregaço, sendo coberta com uma lamínula. Capturou-se 50 imagens
digitais de cada lâmina, usando-se microscópio Olympus BX40 com objetiva de 100x (imersão), acoplado a
uma câmera Olympus OLY-200 e conectada a um microcomputador PC. As imagens foram usadas para
segmentar por limiarização (COSTA; CESAR Jr, 2001) 100 cabeças de espermatozóides de cada lâmina. Para
a avaliação morfométrica, área (A), perímetro (P), largura (L), comprimento (C), razão largura:comprimento
(L/C), elipsidade (E) e fator forma (FF) de todas as cabeças foram determinados por programas desenvolvidos
em SCILAB (BELETT; COSTA, 2003). Descritores Fourier caracterizaram e analisaram forma. A simetria
lateral (SL) identificou assimetrias no eixo principal do espermatozóide. A simetria ântero-posterior (SAP)
identificou assimetrias no segundo eixo espermático. Para verificar se os dados computacionais obtidos
possuíam distribuição normal, utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov (α≤0,05). Uma vez confirmada a
distribuição normal utilizou-se o teste t (α≤0,05) para verificar se existiram diferenças estatisticamente
significantes entre o sêmen fresco e o selecionadas por “Swim-up”(SAMPAIO, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das análises das variáveis referentes ao tamanho das cabeças dos espermatozóides estão
demonstrados na Tabela 1.
Tabela 1: Média e desvio-padrão da área (A), perímetro (P), largura (L) e comprimento (C) da cabeça dos
espermatozóides nas amostras de sêmen fresco e selecionado por “Swim-up”, provenientes de touros da
Fazendo do Glória, Uberlândia, MG.
A
P
L
C
Sêmen fresco
27,99a
21,97a
4,27a ±0,41
8,20a ±0,50
±2,87
±1,10
Sêmen selecionado por “Swim-up”
28,83b
22,20b
4,38b ±0,38 8,26a ±0,49
±3,07
±1,17
Nota: Letras diferentes em uma mesma coluna significam médias diferentes estatisticamente (α≤0,05)
Os resultados referentes às variáveis relacionadas com a forma das cabeças dos espermatozóides encontramse descritos na Tabela 2.;
Tabela 2: Média e desvio-padrão da razão largura:comprimento (L/C), elipsidade (E), fator de forma (FF),
simetria lateral (SL), simetria antero-posterior (SAP) e harmônicas do descritor de Fourier com amplitudes de
zero a dois (F0, F1 e F2) da cabeça dos espermatozóides nas amostras de sêmen fresco e selecionados por
“Swim-up”, provenientes de touros da Fazendo do Glória, Uberlândia, MG.
Sêmen fresco
L/C
0,52a
±0,06
E
0,32a
±0,05
FF
0,94a
±0,04
SL
0,96a
±0,02
SAP
0,91a
±0,02
F0
1386,37a
±249,44
F1
180,05a
±66,74
F2
109,32a
±61,38
Sêmen
0,53b
0,31b
0,93a
0,96a
0,91a
1396,76a
192,67b
120,12b
selecionado
por
±0,05
±0,04
±0,03
±0,02
±0,02
±238,73
±65,94
±63,62
“Swim-up”
Nota:Letras diferentes em uma mesma coluna significa médias diferentes estatisticamente (α≤0,05)
Após a seleção por “Swim-up”, foi obtido um conjunto de espermatozóides que possuíam cabeças maiores
que a média dos espermatozóides do sêmen fresco, antes da seleção, conforme demonstrado na tabela 1.
Semelhantemente, percebe-se que o desvio padrão das variáveis relacionadas com o tamanho da cabeça do
espermatozóide, também aumentaram depois da seleção (Tabela 2). Portanto, nos animais utilizados no
presente trabalho, espermatozóides com cabeças menores possuíam uma resposta pior à força exercida pela
gravidade. Isso não significa que espermatozóides com cabeças grandes sejam selecionados, pois depois da
seleção, o tamanho da cabeça dos espermatozóides continua compatível ao obtido por Beletti; Viana; Costa
(2005) que avaliaram touros férteis. Em relação à forma das cabeças, houve uma tendência do “Swim-up”
selecionar espermatozóides menos elípticos. As mensurações obtidas no presente trabalho também são
semelhantes com as obtidas por Beletti; Viana; Costa (2005). O descritor de Fourier mostrou comportamento
diferente em relação às três diferentes harmônicas utilizadas. A harmônica zero (F0) não variou entre os três
grupos. Esta harmônica tem intensa influência do tamanho da cabeça (OSTERMEIER et al., 2001; BELETTI;
COSTA, 2003), não refletindo, portanto, o aumento da cabeça também caracterizado pelas variáveis
referentes ao tamanho da cabeça (A, P, L). Já as duas outras harmônicas (F1 e F2) têm influência maior da
forma das cabeças (OSTERMEIER et al., 2001; BELETTI; COSTA, 2003), sendo sensível o suficiente para
demonstrar diferenças na forma das cabeças dos espermatozóides entre os dois grupos. Os resultados de F1 e
F2 demonstram que durante a seleção por “Swim-up” algumas formas de espermatozóides são excluídas
assim como foi detectado pelas outras variáveis de forma. As variáveis que mensuram simetria (SL e SAP)
não foram estatisticamente diferentes antes e depois da seleção por “Swim-up”. Como a qualidade do sêmen
utilizado nesse trabalho não possuía grandes alterações, não é possível afirmar se realmente esse método de
seleção não foi capaz de selecionar espermatozóides mais simétricos. Conclui-se deste modo, que a técnica de
“Swim-up” seleciona espermatozóides com cabeças maiores que a média do sêmen fresco e com menor
elipsidade.
REFERÊNCIA
1- BELETTI, M. E.; COSTA, L. F. A systematic approach to multi-species sperm morphometrical
characterization. Analytical and Quantitative Cytology and Histology, St Louis, v. 25, n. 2, p. 97-107,
2003; 2- BELETTI, M. E.; COSTA, L. F.; VIANA, M. P. A comparison of morphometric characteristics of
sperm from fertile Bos taurus and Bos indicus bulls in Brazil. Animal Reproduction Science, Amsterdam, v.
85, n. 1-2, p. 105-116, 2005; 3- COSCIONI, A. C.; REICHENBACH, H. D.; SCHWARTZ, J.; LAFALCI, V.
S. N.; RODRIGUES, J. L.; BRANDELLI, A. Sperm function and production of bovine embryos in vitro after
swim-up with different calcium and caffeine concentration. Animal Reproduction Science, Amsterdam, v.
67, n. 1-2, p.59-67, 2001; 4- COSTA, L. F.; CESAR Jr, R. M. Shape analysis and classification: theory and
practice. Boca Raton: CRC, 2001. 680p; 5- LU, K. H.; SEIDEL Jr, G. E. Effects of heparin and sperm
concentration on cleavage and blastocyst development rates of bovine oocytes inseminated with flow
cytometrically-sorted sperm. Theriogenology, London, v. 62, n. 5, p. 819-30, 2004; 6- OSTERMEIER, G. C.;
SARGEANT, G. A.; YANDELL, T. B. S.; PARRISH, J. J. Measurement of bovine sperm nuclear shape
using Fourier harmonic amplitudes. Journal of Andrology, Lawrence, v. 22, n. 4, p. 584-594, 2001; 7SAMPAIO, I.B.M. Estatística aplicada à experimentação animal. 2.ed. Belo Horizonte: Fundação de
Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 133p, 2002; 8- SOMFAI, T.; BODÓ, S.; NAGY, S.;
PAPP, A. B.; IVÁNCSICS, J.; BARANYAI, B.; GÓCZA, E.; KOVÁCS, A. Effect of swim up and Percoll
treatment on viability and acrossome integrity of frozen-thawed bull spermatozoa. Reproduction Domestic
Animal, v. 37, n. 5, p. 285-290, 2002.
INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA AMBIENTE NA GESTAÇÃO E DA ORDEM DE PARIÇÃO
SOBRE O INTERVALO DESMAME-CIO E DURAÇÃO DO CIO EM FÊMEAS SUÍNAS
Osava, C.F.¹*; Nascimento, C.C.N.¹; Castro, I.P.²; Antunes, R.C.³; Santana, J.A.²; Hirano, L.Q.L.¹
1- Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veteriárias da Universidade Federal de
Uberlândia. 2- Graduando da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3Professor Adjunto da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Faculdade
de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, Av. Pará, 1720, Campus Umuarama - Bloco
2T, CEP 38400-902 – Uberlândia, MG.
[email protected]
RESUMO
Os objetivos do trabalho foram analisar a influência da temperatura máxima ambiente (Tmax) e da ordem de
parição (OP) na duração do cio e intervalo desmame-cio (IDC) e verificar a correlação entre IDC e duração
do cio (DC) em fêmeas suínas de granja comercial. As amostras foram coletadas em uma granja de ciclo
completo no município de Brasilândia, MS. A detecção de cio foi feita por meio de rufião, duas vezes ao dia,
com intervalo de 7 horas entre as observações. Foram utilizadas 183 fêmeas com OP de 1 a 9 e IDC entre 24 e
168 horas. A análise estatística utilizada foi o Coeficiente de Pearson ao nível de significância de 5%. Não foi
significativo (p≥0,05) a influência da temperatura máxima (Tmax) na DC nem no IDC. Apesar de baixa
(Pearson = -0,293) foi significativa (p≤0,05) a correlação negativa entre IDC e DC. Houve baixa correlação
entre OP e IDC (Pearson = -0,2), e entre OP e DC (Pearson = 0,251) ao nível de significância.
Palavras-chave: Desempenho reprodutivo. Sazonalidade. Suinocultura.
INTRODUÇÃO
Na suinocultura, um fator determinante para uma boa produção é o intervalo desmame-cio, pois por meio dele
pode-se estruturar-se o manejo da granja. O período ótimo para a duração da lactação é de 21 a 23 dias, tendo
com isso uma involução uterina adequada para uma próxima prenhez. Em geral, as porcas retornam ao cio
três a cinco dias após o desmame, demonstrando sinais como parada rígida, tremor das orelhas e interesse
pelo macho (CORRÊA et al., 2002). O intervalo desmame-cio (IDC) tem importante influência sobre o
momento da ovulação (MO), visto que esses dois últimos são correlacionados, pois a ovulação ocorre no terço
final do cio. Além disso, o IDC afeta negativamente a duração do cio (DC) e o MO. A ordem de parição (OP)
pode afetar o IDC, pois fêmeas com maior número de partos apresentam um IDC mais curto e um cio mais
longo, comparadas com àquelas com um menor número de partos (CORRÊA et al.,1997). Diante disso, uma
das alternativas adotadas pelas granjas é a utilização da inseminação artificial (IA), estabelecida observando o
IDC para que seja realizada no melhor momento, diminuindo assim, os custos (VIANA et al.,1999). A DC é
um fator de fundamental importância para melhorar o índice de produção nas granjas comerciais e é
diretamente influenciada pelo ambiente. Assim, o objetivo do trabalho foi analisar a influência da temperatura
máxima (Tmax) e da OP na duração do cio e no intervalo desmame-cio, aém de verificar a correlação
existente entre IDC e DC em fêmeas suínas de granja comercial.
MATERIAL E MÉTODOS
As amostras foram coletadas em uma granja de ciclo completo no município de Brasilândia, MS, no período
de 05 a 31 de janeiro de 2008. O plantel da granja foi formado por 3100 matrizes da linhagem TOPIGS
C40®, dispostas nas seguintes ordens de parição: OP0 – 15,8%; OP1 – 17,4%; OP2 – 11,8%; OP3 – 12,9%;
OP4 – 16,7%; OP5 – 12,6%; OP6 – 7,5%; OP7 – 3,9%; OP>7 – 1,4%. A coleta de dados foi feita no ritmo
das granjas com detecção de cio por meio de rufião, duas vezes ao dia, com intervalo de 7 horas entre as
observações. As fêmeas foram inseminadas três vezes, não importando se continuaram a aceitar a monta.
Houve identificação da fêmea, sendo anotadas as seguintes informações: dia e hora do desmame; dia e hora
que a fêmea parou para o macho; dia e hora que a fêmea recebeu a primeira, segunda e terceira doses de
sêmen e, dia e hora que a fêmea deixou de aceitar o macho. Foram também anotadas as temperaturas máxima
e mínima do dia por meio de um termômetro de máxima e mínima. Para a análise foram utilizadas 183 fêmeas
com OP de 1 a 9 e IDC entre 24 e 168 horas. A variáveis estudadas foram a duração do cio e o intervalo
desmame-cio nas fêmeas da linhagem TOPIGS C40®, sob influência da temperatura ambiente e ordem de
parição, além de estabelecer uma correlação entre duração do cio e intervalo desmame-cio. As análises
estatísticas foram feitas por meio do Coeficiente de Correlação de Pearson, com significância de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A temperatura máxima praticamente não influenciou significantemente na duração do cio (Pearson = 0,099),
o que contraria Flowers et al. (1989), que demonstrou em seus estudos a alta sensibilidade dos suínos à
temperaturas elevadas, em relação ao cio e outros fatores analisados. Contraria também Balestra; Flowers;
See (2004) que verificaram um aumento de 8 horas na DC e no IDC durante o verão quando comparado com
a primavera, em uma mesma granja suína. Tal observação encontrada no presente estudo pode ser explicada
pelo uso de aspersores de água nos galpões de gestação, ativados sempre quando a temperatura ambiente
atingia um valor pré-determinado, o que amenizou o efeito deletério da temperatura na duração do cio. Não
observou-se influência significativa (p≥0,05) da Tmáx no IDC, contrariando os trabalhos de Prunier et al.
(1993), que revelaram a infertilidade sazonal conseqüente ao aumento do IDC no verão. Tal evento contradiz
os estudos de Clark et al. (1988) e Xue et al. (1994) que, com experimentos similares observaram que fêmeas
desmamadas no verão tiveram um anestro mais prolongado, e conseqüentemente, um IDC maior. Uma outra
análise feita por Prunier et al. (1993) constatou uma redução da ingestão de ração pelas fêmeas submetidas a
um estresse calórico durante a lactação, tendo como conseqüência um IDC aumentado. Tais eventos
fisiológicos podem ser explicados pelos estudos de Flowers et al. (1989) e Wan et al. (1994), os quais viram
que a temperatura retal das fêmeas submetidas ao estresse calórico de 33,3°C aumentou juntamente com o
consumo de água e a freqüência respiratória, ficando mais estressadas e liberando mais ACTH, tornando-se
mais susceptíveis à infertilidade sazonal, sendo essa correlação mais significante em leitoas. Apesar de fraca
(Pearson = -0,293), houve significância (p≤0,05) de correlação negativa entre IDC e DC (Figura 1),
concordando com Kemp et al. (1996) que em sua pesquisa notaram nas fêmeas que evidenciaram cio mais
rapidamente, um cio e intervalo mais longo entre detecção de cio e ovulação. Viana et al. (1999), avaliando o
período ideal para se realizar a IA em fêmeas suínas, evidenciaram que aquelas cujo IDC foi longo, obtiveram
cio de duração mais curta e, aquelas em que o IDC se apresentou curto, demonstraram uma DC maior.
Também evidenciou-se uma fraca correlação entre OP e IDC (Pearson = -0,2) (Figura 2), sendo possível
perceber que quanto maior o primeiro evento menor o segundo. Observou-se também, uma fraca correlação
entre OP e DC (Pearson = 0,251), porém, viu-se que na medida em que as fêmeas aumentam o número de
parições, a duração do cio também se eleva. Essas duas análises também foram observadas por Corrêa et al.
(1997), que perceberam nas fêmeas com maior número de partos um IDC mais curto e uma DC mais longa.
Figura 3 – Correlação entre DC e IDC das fêmeas avaliadas em granja comercial em Brasilândia – MS, 2009.
DC x IDC
18
16
14
IDC 12
10
(h)
Série
1
Linear (Série1)
8
6
4
2
0
0
2
4
6
DC (h)
8
10
Figura 4 – Correlação entre OP e IDC das fêmeas avaliadas em granja comercial em Brasilândia – MS, 2009.
OP x IDC
10
8
O 6
P 4
(n)
2
Série1
Linear (Série1)
0
0
50
100
150
IDC (h)
200
Com o presente estudo, concluiu-se que na granja em questão, as fêmeas não tiveram seu cio e nem seu IDC
afetados pela temperatura máxima ambiente. Além disso, foi vista, apesar de baixa, uma correlação negativa
entre o IDC e a DC e, observou-se que a OP influenciou ambos, sendo então fatores a serem levados em
consideração para a estruturação do manejo reprodutivo em granjas comerciais.
REFERÊNCIAS
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estrus and ovulation in commercial sow farms. Animal Reproduction Science, 84, 377–394. 2004; 2CLARK, L. K.; LEMAN, A. D. Factors influencing litter size in swine: Parity 3 through 7 females. Journal
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ISOLAMENTO, QUANTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DE OVÓCITOS DE
GATAS DOMÉSTICAS
Alves, N.B.*1; Santos, R.M.2; Pinto, R.O.C.3; Arruda, A.F.D.P.1; Costa, R.M.C.1
1- Médica Veterinária. 2- Professora Adjunta da FAMEV – UFU. 3- Aluno de graduação da FAMEV - UFU
[email protected]
RESUMO
A utilização das biotécnicas da reprodução é uma importante ferramenta para a preservação de espécies
felinas e para a criação de um banco de recursos genéticos, visando o congelamento de gametas e embriões. O
objetivo deste estudo é avaliar a viabilidade da obtenção de ovócitos e sua qualidade, pelo método de
maceração e lavagem ovariana de ovários obtidos de gatas domésticas, com aproximadamente dois anos de
idade e raça desconhecida, submetidas à cirurgia de ovário-salpingo-histerectomia, realizadas no Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Os ovários foram transportados em soro
fisiológico 0,85% e macerados com lâmina de bisturi, lavados com solução PBS modificado com Dulbecco’s
e avaliados em estereomicroscópio. Apesar de não ter sido observado variação entre o tamanho e peso,
observou-se uma maior funcionalidade do ovário direito, pela maior quantidade de ovócitos recuperados.
PALAVRAS-CHAVE: Complexo Cumullus-oophurus. Felis catus. Qualidade.
INTRODUÇÃO
O gato assumiu um lugar de importância no leito de muitas famílias, sendo um dos animais de estimação com
maior crescimento nos últimos tempos. Estima-se que hoje existam mais de 65 milhões de gatos domésticos
nos Estados Unidos, superando o número de cães de companhia. Este crescimento tem ocorrido devido a
facilidade de manejo e aumento da população em grandes centros com espaços reduzidos. A utilização das
biotécnicas da reprodução é uma importante ferramenta para a preservação de espécies felinas, principalmente
para a criação de um banco de recursos genéticos, visando o congelamento de gametas e embriões. Devido a
diversos fatores como problemas comportamentais, físicos, distância entre os reprodutores ou então, para um
maior aproveitamento de machos e fêmeas com boa genética racial, as biotécnicas da reprodução vêm
ocupando um papel cada vez maior nos gatis. Os conhecimentos sobre a fisiologia reprodutiva e os processos
naturais da reprodução dos animais domésticos favorecem as pesquisas sobre os felinos selvagens, sendo
usado como modelo experimental, para a preservação de espécies em perigo de extinção (WILDT et al.,
1986). Tendo assim, um potencial de impacto significativo na conservação de pequenos felídeos selvagens
(POPE, 2000). A aplicação destas tecnologias demonstra-se principalmente no uso da inseminação artificial,
transferência de embriões, fertilização in vitro e criopreservação de gametas (LOPES, 2002). O objetivo deste
estudo é avaliar a viabilidade da obtenção de ovócitos e sua qualidade, pelo método de maceração e lavagem
ovariana de ovários obtidos pela cirurgia de ovário-salpingo-histerectomia.
METODOLOGIA
O trabalho foi desenvolvido no laboratório de Reprodução Animal da UFU, e os ovários obtidos de quatro
gatas domésticas, com dois anos de idade e raças desconhecidas, submetidas à cirurgia de ovário-salpingohisterectomia realizadas no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária da UFU.
Transportaram-se os ovários em solução fisiológica 0,85% resfriada. No laboratório, os ovários foram
pesados e mensurados individualmente (comprimento, largura e espessura) com paquímetro. Em seguida,
prosseguiu-se com a maceração ovariana com uma lâmina de bisturi e lavados em uma placa de Petri,
utilizando PBS modificado com Dulbecco’s. Coletaram-se os ovócitos com uma pipeta e transferiu para outra
placa de Petri contendo solução PBS modificado com Dulbecco’s, e o conteúdo retido foi avaliado em
estereomicroscópio, e os ovócitos de cada ovário foram quantificados e classificados morfologicamente.
Adaptou-se a proposição de Leibfried e First (1979 apud FIGUEIREDO, 2001), considerando as
características do Cumullus-Oophorus (células de cobertura do ovócito) e do citoplasma do ovócito
(ooplasma), os Cumullus-Oophorus foram classificados em grau 1; 2; 3 ou 4, sendo assim caracterizados:
• Grau 1: Cumullus compacto presente, contendo mais de três camadas de células. Ooplasma com
granulações finas e homogêneas, preenchendo o interior da zona pelúcida e de coloração marrom.
• Grau 2: Cumullus compacto parcial ou completamente presente em volta do ovócito, com menos de
três camadas de células. Ooplasma com granulações distribuídas heterogeneamente, podendo estar
mais concentradas no centro e mais claras na periferia ou condensadas em um só local aparentando
uma mancha escura.
•
•
Grau 3: Cumullus presente, mas expandido. Ooplasma contraído, com espaço entre a membrana
celular e a zona pelúcida, preenchendo irregularmente o espaço perivitelino, degenerado,
vacuolizado ou fragmentado.
Grau 4: Ovócito desnudo sem Cumullus (GONÇALVES et al., 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisados os ovários direito e esquerdo de quatro gatas, durante a cirurgia foi observado no animal 1 a
presença de piometra, e o animal 4 estava no estágio inicial da prenhez. O número total de ovócitos não foi
afetado pela presença de piometra, mas observou-se que o animal 4 possuía pouca atividade ovariana, sendo
compatível com o estado de prenhez (HAFEZ; HAFEZ, 2004).
Tabela 1 – Número total de ovócitos, de acordo com cada grau, recuperados de cada animal.
ANIMAL
GRAU 1
GRAU 2
GRAU 3
GRAU 4
1
04
06
05
15
2
08
11
13
11
3
06
05
07
11
4
01
TOTAL
30
43
29
01
Analisando o número total de ovócitos, verifica-se que 64% dos ovócitos recuperados foram do ovário direito,
resultando em efeito do lado do ovário, a literatura confirma este achado, pois os dois ovários não possuem a
mesma funcionalidade, como é visto nas ovelhas, cabras e vacas, onde o ovário direito também é o mais
funcional, diferentemente da égua e da porca, que possuem o ovário esquerdo como o mais funcional
(GONZÁLEZ, 2002).
Tabela 2 – Número total de ovócitos recuperados do ovário direito vs ovário esquerdo.
OVÁRIO
GRAU 1
GRAU 2
GRAU 3
GRAU 4
Direito
12
16
16
22
Esquerdo
6
6
9
16
TOTAL
66
37
Morfologicamente os ovócitos de felinos são muito semelhantes aos de bovinos, sendo possível utilizar o
mesmo sistema de classificação.
Os ovários foram mensurados e pesados individualmente, apresentando medidas aparentemente sem diferença
significativa.
Tabela 3 – Medidas dos ovários direito e esquerdo de cada animal.
ANIMAL
OVÁRIO
COMPRIMENTO (mm)
LARGURA
(mm)
1
Direito
12,0
6,0
Esquerdo
12,0
6,0
2
Direito
7,0
4,0
Esquerdo
9,0
3,0
3
Direito
9,0
3,0
Esquerdo
8,0
4,0
4
Direito
8,0
7,0
Esquerdo
7,0
5,5
ESPESSURA (mm)
PESO (g)
5,0
6,0
4,0
3,0
4,0
5,0
6,0
5,0
0,30
0,26
0,08
0,09
0,11
0,14
0,24
0,23
Demonstrou-se viabilidade na coleta de ovócitos, pelo método de maceração e lavagem ovariana. A apesar de
não ter sido observado variação entre o tamanho e peso dos ovários, observou-se uma maior funcionalidade
do ovário direito, pela maior quantidade de ovócitos recuperados.
REFERÊNCIAS
1- FIGUEIREDO, J. R.; RODRIGUES, A. P. R.; AMORIM, C. A. Manipulação de oócitos inclusos em
folículos ovarianos pré-antrais. In: GONÇALVES, P. B. D.; FIGUEIREDO, J. R.; FREITAS, V. J. F.
Biotécnicas aplicadas à reprodução animal, São Paulo: Varela, p. 227 - 260, 2001; 2- GONÇALVES, P. B.
D.; VISINTIN, J. A.; OLIVEIRA, M. A. L.; MONTAGNER, M. M.; COSTA, L. F. S. Produção In vitro de
embriões. In: GONÇALVES, P. B. D.; FIGUEIREDO, J. R.; FREITAS, V. J. F. Biotécnicas aplicadas à
reprodução animal. São Paulo: Varela, p. 195 - 226, 2001; 3- GONZÁLEZ, F. H. D. Introdução a
endocrinologia reprodutiva veterinária. 1 ed., Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
2002; 3- HAFEZ, E. S. E.; HAFEZ, B. Reprodução Animal. 7. ed., São Paulo: Manole, 2004. 513p; 4LOPES, M. D. Biologia reprodutiva de felinos domésticos (Felis catus) e técnicas artificiais de reprodução.
In: SIMPÓSIO PARANAENSE DE ATUALIZAÇÃO EM REPRODUÇÃO ANIMAL, 2., FÓRUM
ASBIA DE INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL, 1., 2002, Londrina. Anais Simpósio Paranaense de
Atualização em Reprodução Animal e I Fórum ASBIA de Inseminação Artificial, Londrina: CBRA, 2002; 5POPE, C. E. Embryo technology in conservation efforts for endangered felids. Theriogenology, Stoneham, v.
53, n. 1, p. 163 - 174, 2000; 6- WILDT, D. E.; SCHIEWE, M. C.; SCHMIDT, P. M.; GOODROWE, K. L.;
HOWARD, J. G.; PHILLIPS, L. G.; O'BRIEN, S. J.; BUSH, M. Developing animal model systems for
embryo technologies in rare and endangered wildlife. Theriogenology, Stoneham, v. 25, n. 1, p. 33 - 51,
1986.
LEISHMANIOSE VISCERAL EM CÃO DO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA-MG
Ávila, D.F.1*; Dias, T.A.2; Medeiros, A.A.3; Szabó, M.P.J.3; Castro, J.R.4; Tannús, L.F.5; Costa, F.R.M.5;
Fernandes, C.C.1; Souza, L.A.6
1- Residente em Clínica Médica, FAMEV/UFU. 2- Residente em Cirurgia Veterinária, FAMEV/UFU. 3 Professor Adjunto Patologia Animal, FAMEV/UFU. 4- Mestranda, FAMEV/UFU. 5- Médica Veterinária,
HOVET/UFU6- Doutorando em Ciência Animal da Escola de Veterinária/UFG
[email protected]
RESUMO
A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma antropozoonose potencialmente fatal para o homem e que tem
o cão como seu principal reservatório. A enzootia canina tem precedido a ocorrência de casos humanos, sendo
mais prevalente do que no homem. Um cão da raça Poodle, de 3 anos de idade foi encaminhado ao Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia com queixa de diarréia com hematoquesia, hiporexia e
apatia. Na punção aspirativa de linfonodo foi visualizada a forma amastigota da Leishmania sp. Após a
confirmação do diagnóstico, o animal foi anestesiado, eutanasiado e encaminhado para necropsia. A detecção
precoce e a prevenção da LVC no município de Uberlândia são de suma importância para se evitar uma futura
endemia da doença na região.
Palavras-chave: Cão. Leishmania sp. Uberlândia.
INTRODUÇÃO
A leishmaniose visceral canina (LVC), ou calazar, é uma antropozoonose, caracterizada como uma infecção
generalizada do sistema fagocítico mononuclear de mamíferos (CAVALCANTI et al, 2005). É
potencialmente fatal para o homem, cuja letalidade pode alcançar 10% quando não se institui o tratamento
adequado. É causada por espécies do gênero Leishmania, pertencentes ao complexo Leishmania (Leishmania)
donovani (GONTIJO;MELO, 2004). No ambiente doméstico o cão é considerado o principal reservatório
desse organismo, com grande importância epidemiológica. A leishmaniose visceral já foi descrita em pelo
menos 12 países da América Latina e 90% dos casos humanos estão concentrados no Brasil (IKEDA et al.,
2005). A principal fonte de infecção para o homem são os canídeos em geral. A enzootia canina tem
precedido a ocorrência de casos humanos, sendo mais prevalente do que no homem. Com a identificação e
eliminação dos cães infectados, podem-se desenvolver ações de controle contra a leishmaniose, pois espera-se
que, diminuindo-se a prevalência da doença canina, haja redução na incidência humana. Entretanto, é referido
que no Brasil mais de 30% dos cães infectados são assintomáticos (MOURA et al, 1999). Classicamente, na
LVC, tanto natural como experimentalmente induzida, se admite um período de incubação e prepatente de 3 a
6 meses até vários anos. Esta, invariavelmente, evolui para os estados latente ou patente que, por sua vez, em
períodos variáveis de semanas, meses ou anos, podem evoluir para a forma aguda, subaguda, crônica ou
regressiva (MARZOCHI et al, 1985). De acordo com Ikeda et al (2005), o cão acometido por LVC pode
apresentar hiporexia com perda de peso, linfoadenopatia local ou generalizada, lesões de pele, lesões oculares,
epistaxe, claudicação, anemia, insuficiência renal e diarréia.
METODOLOGIA
Um cão da raça Poodle, de três anos de idade foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade
Federal de Uberlândia com queixa de diarréia com hematoquesia, hiporexia e apatia. Ao exame físico o
animal apresentava-se magro, mucosas normocoradas, elasticidade cutânea levemente reduzida, normotermia,
hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia, alopecia ao redor dos olhos e blefarite. Foram realizados exames
complementares que incluíram coproparasitológico, hemograma, pesquisa de hemoparasitas, creatinina e
punção biópsia aspirativa de linfonodo poplíteo. O hemograma revelou trombocitopenia (138000/mm3),
anemia do tipo normocítica normocrômica (VG 12,4%) e leucocitose por neutrofilia (20700/mm3). Na punção
aspirativa de linfonodo foi visualizada a forma amastigota da Leishmania sp. Os demais exames solicitados
não apresentaram alterações. Após a confirmação do diagnóstico, o animal foi anestesiado com pentobarbital
sódico na dose de 15mg/kg por via intravenosa e submetido à eutanásia com uma ampola de 10mL de cloreto
de potássio a 19,1% de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde. Após a eutanásia, o animal foi
encaminhado ao setor de Patologia para realização da necropsia. Na necropsia foram observados linfonodos
aumentados de volume, baço de coloração brancacenta em uma das extremidades e com manchas
avermelhadas na face parietal, fígado aumentado de volume e íleo com mucosas avermelhadas (figura 1).
A
B
C
Figura 1: A. Alopecia periocular e blefarite. B. Alterações esplênicas. C. Hepatomegalia
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A LVC usualmente causa doença sistêmica crônica. As manifestações clínicas da doença no cão e no homem
são similares e observam-se sinais inespecíficos como febre por longos períodos, anemia, perda progressiva
de pêlos e caquexia no estágio final. Pode-se observar também linfadenomegalia generalizada e
hepatoesplenomegalia (IKEDA-GARCIA; FEITOSA, 2006). O animal apresentou anemia normocítica
normocrômica e trombocitopenia o que coincide com relatos da literatura que apontam esse tipo de anemia
em cães acometidos por LVC (MATTOS et al., 2004). Afecções oculares devem ser consideradas no
diagnóstico diferencial entre a LVC e outras doeças que produzam repercussão oftálmica, notadamente em
cães provenientes de áreas endênmicas. As manifestações oculares nos cães com LVC são variáveis. Os
achados oftálmicos decorrentes de LVC ocorrem em 24,4% a 80,49% dos cães com a enfermidade. As lesões
podem ter caráter unilateral ou, mais comumente, bilateral, acometendo o segmento anterior do olho com
maior freqüência, sendo a uveíte, blefarite e conjuntivite os sinais mais observados (BRITO; ALVES; LAUS,
2006). No caso descrito o animal apresentou blefarite associada a espessamento das pálpebras, edema e
alopecia periocular adjacente as margens palpebrais, acompanhada de secreção seromucosa. Nos órgãos
linfóides ocorre a proliferação linfoplasmohistiocitária, resultando na linfoadenomegalia generalizada
(KRAUSPENHAR et al., 2007). No baço ocorre reação inflamatória crônica e difusa, com macrófagos
organizados em granulomas e repletos de amastigotas. Os linfonodos podem conter lesões hipertróficas nas
regiões corticais e medulares com amastigotas dentro de macrófagos medulares. Na medula óssea, como em
outros órgãos linfóides, e característico a hipertrofia e a hiperplasia das células. A hipoplasia e aplasia
medular podem resultar em anemia e trombocitopenia (SILVA, 2007). O animal em questão apresentou
diarréia com hematoquesia como um dos sintomas mais graves do quadro. De acordo com Ikeda-Garcia &
Feitosa (2006), alguns animais apresentam diarréia crônica e melena devido à presença de ulcerações de
mucosa gástrica e intestinal. É possível observar também animais com quadro de pneumonia intersticial,
miocardite aguda não supurativa e pericardite. Problemas locomotores podem ser decorrentes de neuralgia,
poliartrite, sinovite, polimiosite, fissuras nos coxins ou úlceras interdigitais. Para o diagnóstico da
leishmaniose, são considerados os testes parasitológico, sorológico e molelucar. No diagnóstico
parasitológico é observada a presença da forma amastigota do parasito em esfregaços de órgãos linfóides
(linfonodo, medula óssea e baço). Já no teste sorológico são detectados anticorpos anti-leishmania circulantes,
as técnicas sorológicas recomendadas atualmente pelo Ministério da Saúde para o inquérito canino são a
imunofluorescência indireta (RIFI) e o ELISA. Dentre os métodos moleculares, o da reação em cadeia da
polimerase (PCR), que permite identificar e ampliar seletivamente seqüências de DNA do parasita constitui
uma nova perspectiva para o diagnóstico da LVC (IKEDA-GARCIA; FEITOSA, 2006). No presente relato o
diagnóstico foi baseado na punção aspirativa de linfonodo poplíteo, onde a visualização da forma amastigota
do parasita não deixou dúvida quanto a sua real positividade. A detecção precoce e a prevenção da LVC no
município de Uberlândia são de suma importância para se evitar uma futura endemia da doença na região. É
importante que o médico veterinário esteja atento aos sintomas da doença e ciente de que muitos animais
portadores da LVC mostram-se assintomáticos. A prevenção da doença em cães pode ser realizada através do
uso de coleiras e shampoos repelentes, uso de telas em canis, combate ao mosquito transmissor e eutanásia
dos animais positivos. O uso da vacina contra a Leishmaniose Visceral Canina disponível no mercado com a
aprovação do Ministério da Agricultura, ainda é motivo de debates na comunidade veterinária.
REFERÊNCIAS
1- BRITO, F.L.C.; ALVES, L.C.; LAUS, J.L. Manifestações oculares na leishmaniose visceral caninarevisão. Clínica Veterinária, n. 64, p.68-74, 2006; 2- CAVALCANTI, M.P.; FAUSTINO, M.A.G.; SILVA,
L.B.G.; ALVES, L.C. Aspectos clínicos das dermatopatias infecciosas e parasitárias em cães com diagnóstico
presuntivo de leishmaniose visceral. Clínica Veterinária, n. 58, p. 36-42, 2005; 3- GONTIJO, C.M.F. &
MELO, M.N. Leishmaniose Visceral no Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 7, n. 3, 2004; 4IKEDA, F.A.; FEITOSA, M.M.; CIARLINI, P.C.; MACHADO, G.F.; LIMA, V.M.F. Criptococose e
toxoplasmose associados a leishmaniose visceral canina-relato de casos. Clínica Veterinária. n. 56, p. 28-32,
2005; 5- IKEDA-GARCIA, F.A.; FEITOSA, M.M. Métodos de diagnóstico da Leishmaniose Visceral
Canina. Clínica Veterinária. n. 62, p. 32-38, 2006; 6- KRAUSPENHAR, C.; BECK, C.; SPEROTTO, V.;
SILVA, A.A.; BASTOS, R.; RODRIGUES, L. Leishmaniose visceral em um canino de Cruz Alta, Rio
Grande do Sul, Brasil. Ciência Rural, n. 37, 2007; 7- MARZOCHI, M. C. A. et al. Leishmaniose visceral
canina no Rio de Janeiro - Brasil. Cad. Saúde Pública. 1985, vol.1, n.4, p. 432-446; 8- MATTOS JR., D.G.;
PINHEIRO, J.M.; MENEZES, R.C.; COSTA, D.A. Aspectos clínicos e de laboratório de cães soropositivos
para leishmaniose. Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária e Zootecnia. v. 56, n. 1, p. 119-122, 2004; 9MOURA, S.T.; FERNANDES, C.G.N.; PANDOLPHO, V.C.; RODRIGUES E SILVA, R. Diagnóstico de
leishmaniose canina na área urbana do município de Cuiabá, Estado de Mato Grosso, Brasil. Braz. J. Vet.
Res. Anim. Sci. v. 36, n. 2, 1999; 10- SILVA, F. S. Patologia e patogenese da leishmaniose visceral canina.
Revista Tropica – Ciencias Agrarias e Biológicas v.1, n. 1, p. 20, 2007.
METÁSTASES EXTRA-ESQUELÉTICAS DE OSTEOSSARCOMA EM CÃO – RELATO DE CASO
Dias, T.A.1*; Costa, F.R.M.2; Souza, L.A.3; Oliveira, L.M.1; Ávila, D.F.4; Cesarino, M.4 Fernandes, C.C.5;
Medeiros, A.A.6; Oliveira, B.J.N.A.3; Arruda, A.F.D.P.7; Pereira, S.A.8
1- Residente em Cirurgia Veterinária, FAMEV/UFU. 2- Médica Veterinária, HOVET/UFU. 3Doutorando em Ciência Animal da Escola de Veterinária/UFG. 4- Residente em Clínica Médica,
FAMEV/UFU. 5- Residente em Clínica e Patologia, FAMEV/UFU. 6- Professora doutora em Patologia
Animal/FAMEV/UFU. 7- Médica veterinária. 8- Graduando em Medicina Veterinária, FAMEV/UFU.
[email protected]
RESUMO
Osteossarcoma é o tumor ósseo primário mais observado em cães. Ele geralmente acomete o esqueleto
apendicular de cães grandes a gigantes, é bastante agressivo e apresenta um grande potencial metastático.
Relata-se neste trabalho o caso de uma cadela, Fila brasileiro, quatorze anos de idade, 32kg diagnosticada
com osteossarcoma em metáfise tibial. Após amputação do membro acometido, houve piora do quadro que
culminou na eutanásia do animal. Na necropsia foram encontradas metástases pulmonares, hepáticas,
abdominal e de glândula mamária. Ressalta-se a insólita ocorrência de metástases desta neoplasia em glândula
mamária e cavidade abdominal de cães, bem como o prognóstico desfavorável de animais com doença
metastática.
PALAVRAS-CHAVE: osso. glândula mamária. neoplasia
INTRODUÇÃO
O osteossarcoma tem sido relatado como a neoplasia óssea mais freqüente em cães. Geralmente afeta o
esqueleto apendicular de cães grandes a gigantes, com idade média de 7 anos (MORAES; RAMALHO;
CONTIERI, 2006). De acordo com Dalek (1996), as raças mais afetadas por essa neoplasia no Brasil são: Fila
Brasileiro, Doberman, Rottweiler e Pastor Alemão. Os osteossarcomas surgem mais comumente nas metáfises
do úmero proximal, rádio distal e fêmur distal. Também é considerado o tumor ósseo mais comum do
esqueleto axial, podendo acometer mandíbula, maxila, costelas, vértebras, crânio, cavidade nasal, seios
paranasais e pelve (FOSSUM, 2005). A etiologia dessa neoplasia óssea ainda não é conhecida. Algumas
teorias relacionam a ocorrência do osteossarcoma em animais submetidos a implantes ósseos como pinos
metálicos e placas. Outra hipótese é baseada no fato da maior ocorrência da enfermidade em ossos que
sustentam maiores pesos e que estão próximos as fises de fechamento tardio, sendo a neoplasia resultado de
pequenos e múltiplos traumas nessas regiões de maior atividade celular (MORAES; RAMALHO;
CONTIERI, 2006). O osteossarcoma é localmente invasivo e potencialmente metastático, sendo as
mestástases a principal causa de morte do paciente. As metástases são rapidamente formadas e ocorrem em
90% dos casos nos pulmões, porém já foram encontradas em fígado, rim, baço, entre outros (COSTA et al.,
2001).
METODOLOGIA
Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, cadela de 14 anos, 32 kg, da
raça Fila brasileiro. O animal foi encaminhado por médico veterinário autônomo que diagnosticou
osteossarcoma no membro posterior direito, na região da metáfise tibial. O animal apresentava dificuldade de
locomoção há cerca de um mês, cansaço constante e dificuldade respiratória. O uso de tramadol (4mg/kg, de 8
em 8 horas) para analgesia da dor havia sido indicado pelo veterinário anteriormente, porém o animal não
respondia mais a medicação e apresentava piora progressiva do quadro. Ao exame físico foi observado apenas
edema da região da metáfise tibial com muita sensibilidade a palpação do membro. Foi solicitado Raio-X, do
membro acometido e tórax. A projeção do membro mostrou área de lise óssea na metáfise tibial com
proliferação de periósteo na região acometida. Já a torácica mostrou áreas mais radiopacas no pulmão que
deixaram dúvida quanto à presença de metástase pulmonar. Após esclarecimento do proprietário quanto a
gravidade do quadro, risco cirúrgico e prognóstico, o animal foi encaminhado para o setor de cirurgia para
realização de amputação do membro afetado. No pós-operatório imediato o animal já apresentou
complicações como dificuldade para urinar e para se locomover. Foi realizada sondagem uretral para
esvaziamento da bexiga urinária e aumentada a dose de analgésico, foi recomendado também que o
proprietário tentasse movimentar o animal na tentativa de evitar retenção urinária. Houve melhora no quadro
urinário, porém o animal ainda não levantava e nem se locomovia sozinho, além de persistirem as dores sem
resposta a doses altas de analgésico. Foi observado aumento de volume nas glândulas mamárias inguinal e
abdominal caudal ipsilaterais ao membro amputado. Devido ao intenso sofrimento do animal e prognóstico
desfavorável, o proprietário optou pela eutanásia do animal, que posteriormente foi encaminhado para
necropsia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Brasil, não há uma estatística acerca da epidemiologia do osteossarcoma. Porém alguns relatos
demonstram que cães acometidos por essa neoplasia são de grande porte, estando o Fila brasileiro entre as
principais raças afetadas. Ainda de acordo com os mesmos estudos, a maior incidência do tumor foi
encontrada nos ossos úmero e tíbia (DALECK, 1996). O paciente, portanto, se enquadra ao perfil dos animais
predispostos a este tipo de enfermidade. Os sinais clínicos encontrados na anamnese do paciente corroboram
com Moraes; Ramalho; Contieri (2006) que destacam claudicação, aumento de volume do membro afetado,
tumefação dolorosa com ou sem envolvimento de tecidos moles e dor intensa. De acordo com Oliveira e
Silveira (2008), sinais respiratórios são raros como primeira evidência clínica de metástase pulmonar, porém
alguns animais se tornam apáticos e anoréticos dentro de um mês, apresentando ainda tosse e dispnéia. A
radiografia é importante ferramenta no diagnóstico do osteossarcoma, podendo-se avaliar a extensão do
envolvimento ósseo. Projeções laterais e ventrodorsal do tórax são indicadas para a busca de metástases
pulmonares, embora revelem menos de 10% da doença metastática em cães no momento da consulta já que
nódulos só podem ser visualizados quando apresentam diâmetro maior que 6 a 8mm (DALECK; FONSECA;
CANOLA, 2002; OLIVEIRA & SILVEIRA, 2008). O raio-X de tórax apresentou áreas pulmonares
sugestivas que não foram confirmadas como metástases provavelmente devido ao estágio inicial e tamanho
das massas. A amputação do membro ainda é o tratamento de escolha de cães com osteossarcoma. Os animais
toleram bem o procedimento apresentando pouco ou nenhum decréscimo de atividade após a cirurgia. Além
disso, a técnica permite ressecção completa do tumor primário e alívio da dor. O tratamento cirúrgico não
representa cura do paciente, e quando utilizado isoladamente em pacientes sem evidência metastática
proporciona sobrevida de quatro a sete semanas. Depois da amputação, 70% a 90% dos cães desenvolvem
doença metastática pulmonar e 85% deles morrem em até seis meses (OLIVEIRA & SILVEIRA, 2008). Após
a amputação do membro, a progressiva piora do quadro reforçou a hipótese de metástase, não apenas
pulmonar. Cerca de 90% das lesões metastáticas são encontradas nos pulmões e os 10% restantes localizados
em outros órgãos ou outros ossos. Metástases de osteossarcoma já foram encontradas em pulmão, fígado, rim,
tecido ósseo, baço, miocárdio, linfonodos, diafragma, mediastino, medula, intestinos e tecido subcutâneo
(COSTA et al., 2001). Foram encontrados na necropsia nódulos brancacentos no fígado e pulmão direito,
massa brancacenta e firme com aproximadamente sete centímetros de diâmetro na mama inguinal direita e
massa abdominal de cinco centímetros de diâmetro próxima a bexiga e reto. O resultado histopatológico
confirmou tratar-se de metástases de osteossarcoma os achados de necropsia. A presença de metástases no
início do tratamento do osteossarcoma é um fator de prognóstico pobre com poucas chances de sucesso no
aumento da sobrevida do animal (OLIVEIRA; SILVEIRA, 2008). A velocidade da evolução do quadro, com
piora do paciente mesmo após a amputação do membro, leva a crer que o animal foi levado a tratamento em
um estágio já avançado da doença com presença de metástases que não foram diagnosticadas quando da
avaliação clínica. Um fato relevante foi o achado de metástase em glândula mamária e cavidade abdominal,
tecidos que comumente não estão relacionados como sítios de metástases do osteossarcoma esquelético.
Segundo Costa et al. (2001), as glândulas mamárias são focos primários da metástase em mulheres (69%), já
nos cães este tecido é raramente acometido no osteossarcoma extra-esquelético (FOSSUM, 2005). O
diagnóstico precoce do osteossarcoma canino é de extrema relevância tanto para o tratamento como para o
prognóstico e sobrevida do paciente. Animais sem diagnóstico de metástases e que são submetidos à
amputação de membro e tratamento adjuvante podem ter sobrevida maior. Aqueles submetidos apenas a
amputação ou cuja doença metastática é diagnosticada juntamente com o tumor primário, possuem
prognóstico mais pobre com período de vida mais curto.
REFERÊNCIAS
1- COSTA, F.S.; TOSTES, R.A.; FARIAS, M.R.; SAMPAIO, R.L.; PEREZ, J.A. Metástase cutânea de
osteossarcoma em um cão-relato de caso. Brazilan Journal of Veterinary Research and Animal Science.
São Paulo, v. 38, n. 5, p. 240-242, 2001; 2- DALECK, C. R. Osteossarcoma canino. Clínica Veterinária,
São Paulo, v.1, n.15, p.26-27, 1996; 3- DALECK, C. R.; FONSECA, C. S.; CANOLA, J. C. Osteossarcoma
canino - revisão. Revista de Educação Continuada, São Paulo, v.5, p.233-242, 2002; 4- FOSSUM, T. W.
Cirurgia de pequenos animais. 2. Ed. São Paulo: Roca, 2005, p.1119-1131; 5- MORAES, J.; RAMALHO,
M.; CONTIERI, M. Ostossarcoma canino - Revisão. Ensaios e Ciências, Brasil, v. 4, n. 4, p. 29-36, 2006; 6OLIVEIRA, F.; SILVEIRA, P.R. Osteossarcoma em cães. Revista Científica Eleltrônica de Medicina
Veterinária. Garça, Ano VI, n. 10, 2008.
MÉTODO DE DIAGNÓSTICO DE LEISHMANIOSE VISCERAL POR IMPRINT DE BAÇO
Gomes, A.R.A.2 *; Costa, F.R.M1; Pereira, S.A.2; Dias, T.A.3; Ávila, D.F. 4
1- Médica Veterinária Centro Cirúrgico Hospital Veterinário Universidade Federal de Uberlândia – UFU. 2Discente Curso Medicina Veterinária UFU. 3- Médica Veterinária Estagiária UFU. 4- Residente curso Medicina
Veterinária UFU
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RESUMO
A leishmaniose visceral (LV) ou calazar, inicialmente considerada doença de áreas rurais, é uma zoonose cuja
incidência está gradativamente aumentando no meio urbano. O referido aumento no número de casos de
calazar decorre da falta de controle populacional de seu reservatório urbano, o cão, e também do avanço
desenfreado da urbanização em áreas antes rurais e de mata, resultando num desequilíbrio entre vetor,
reservatório e homem. O método de diagnostico preconizado é sorológico, porém de baixa assertiva e
sensibilidade e só realizado em animais suspeitos. Diante destes fatos, buscou-se mais uma técnica de
diagnostico parasitológico a ser realizada durante procedimentos cirúrgicos com abertura da cavidade
abdominal, com o intuito de identificar portadores assintomáticos e colaborar para o diagnóstico da zoonose.
PALAVRAS-CHAVE: Leishmania, baço, diagnóstico.
INTRODUÇÃO
A leishmaniose visceral (LV), dado seu comportamento atual em determinadas regiões do Brasil, com aumento
de incidência e alta letalidade, é considerada hoje uma doença endêmica e emergente. Há algumas décadas era
tida como doença de áreas rurais e periféricas, no entanto, decorrente da urbanização desenfreada que invadiu o
habitat natural dos vetores, passou a ser encontrada em grandes centros urbanos. (MONTEIRO et al., 2005;
LEISH-TEC, 2008). No Brasil, espécies de flebotomíneos como Lutzomia longipalpis e L. cruzi são incriminadas
como vetores da LV, sendo o cão seu principal reservatório urbano, cuja enzootia tem precedido a elevada
ocorrência de casos em humanos. (BRASIL, 2006; LEISH-TEC, 2008). Em função da alta incidência de cães em
centros urbanos, tornou-se urgente estimar um percentual de infectados desta espécie, em prol da saúde pública
(COSTA & VIEIRA, 2001; BRASIL, 2006). No entanto, o diagnóstico da LV em caninos é de difícil
determinação, devido à grande porcentagem de cães assintomáticos e oligossintomáticos; ademais, tal
enfermidade apresenta semelhanças com outras doenças infecto contagiosas próprias destes animais. Não
obstante, existem exames laboratoriais assertivos, como o parasitológico, por demonstrar a presença do parasita
(COSTA & VIEIRA, 2001; BRASIL, 2006). Diante do exposto, propôs-se uma técnica para obtenção de material
de baço através de imprint em lâmina histológica quando em celiotomias realizadas pelo Centro cirúrgico do
Hospital Veterinário da UFU, sem custo adicional para os proprietários, buscando mais uma alternativa para a
detecção de animais assintomáticos.
METODOLOGIA
A técnica foi proposta como método de diagnóstico laboratorial de LV no Hospital Veterinário da UFU. Baseiase em imprint, em lâmina de microscopia, de material do baço. O referido material é coletado durante os
procedimentos cirúrgicos envolvendo abertura de cavidade abdominal de cães que apresentam ou não
esplenomegalia. Tal coleta pode ser realizada em manobras cirúrgicas de incisões pré-umbilicais e/ou retroumbilicais. A seleção dos pacientes ocorre de forma aleatória, não discriminando idade, sexo ou raça. Ao término
da celiotomia, traciona-se uma extremidade do baço até o início da abertura da cavidade abdominal; com uma
lâmina de bisturi, faz-se uma incisão de aproximadamente 0,5cm nesta região. De imediato, posiciona-se a
lâmina entre os dois segmentos seccionados do órgão, pressionando uma das extremidades dos mesmos contra a
lâmina. O processo é repetido em quatro áreas diferentes da lâmina de microscopia; realiza-se o mesmo
procedimento com uma segunda lâmina, utilizando a outra extremidade do segmento esplênico para o imprint..
Ambas as lâminas são deixadas em repouso sobre o pano de campo cirúrgico até secarem completamente, sendo
posteriormente enviadas para o laboratório para serem coradas e analisadas. Para finalizar o procedimento de
coleta supracitado, exerce-se leve pressão de uma das extremidades do segmento de baço incidido contra a outra,
contralateral, simultaneamente à aplicação de cianoacrilato sobre a área incidida. A região abordada é revestida
por omento, o qual é suturado com dois pontos simples utilizando fio mononylon 2-0 (omentalização). O baço é
recolocado em sua posição original, procedendo –se as suturas para fechamento da cavidade abdominal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Baseando-se em Brasil (2006), Silva (2007) e Leish-Tec (2008), as leishmanioses são enfermidades enzoóticas e
zoonóticas causadas por protozoários parasitas, morfologicamente similares, do gênero Leishmania, podendo
acometer o homem. A leishmaniose visceral vem se tornando um importante problema de saúde pública, devido
à sua incidência e alta letalidade, não só em áreas rurais e periferias de cidades, como em grandes centros
urbanos nas três ultimas décadas, decorrente do aumento da densidade do vetor, desmatamento acentuado e
constante processo migratório. Em estudos de Costa & Vieira (2001) e Leish-Tec (2008), o cão é apontado como
reservatório urbano da doença, sendo, provavelmente, o mais importante reservatório natural relacionado com
casos de leishmaniose humana. Esse hospedeiro apresenta variações no quadro clínico da doença, observando-se
desde animais aparentemente sadios, porém soropositivos, a oligossintomáticos podendo chegar a manifestar
sinais clínicos dos estágios mais graves da doença. O diagnostico da Leishmaniose visceral canina (LVC)
apresenta-se dificultado por vários fatores, destacando-se entre eles as manifestações clínicas variadas e a
ausência de lesões patognomônicas. De acordo com Monteiro et al. (2005), Brasil (2006) e Leish-Tec (2008), o
diagnóstico laboratorial da doença é semelhante ao realizado em humanos, podendo ser baseado no exame
parasitológico ou sorológico. O tipo de exame a ser realizado deve ser selecionado de acordo com o
conhecimento da área de transmissão, o método utilizado, suas limitações e sua interpretação. Como métodos
sorológicos, que visam detecção de anticorpos específicos para o parasito, são indicados: reação de
imunofluorescência indireta (RIFI), ensaio imonoenzimático (ELISA) e teste de aglutinação direta; entretanto,
estudos realizados por Costa & Vieira (2001) acusam a baixa eficiência dos referidos exames no diagnostico
efetivo em cães. O diagnóstico parasitológico se baseia na demonstração do parasito obtido de material biológico
de punções hepáticas, de linfonodos, esplênicas, de medula óssea e de biópsia ou escarificação de pele,
configurando-se como método confirmativo por ter especificidade de aproximadamente 100%. A sensibilidade
do referido método depende do grau de parasitemia, tipo de material biológico coletado e tempo de leitura da
lâmina, estando em torno de 80% para cães sintomáticos e menos para cães assintomáticos, conforme Brasil
(2006) e Leish-Tec (2008). No entanto, segundo relatos de Monteiro et al. (2005) e Brasil (2006), alguns desses
procedimentos, embora ofereçam a vantagem da simplicidade, são métodos invasivos, significando riscos para o
animal. Trata-se de técnicas ainda impraticáveis em programas de saúde pública, onde um grande número de
animais deve ser avaliado em curto espaço de tempo. A técnica proposta neste estudo demonstrou ser possível
realizar método diagnóstico parasitológico concomitante a cirurgias de abertura de cavidade abdominal,
maximizando a possibilidade de identificação de animais assintomáticos da população canina urbana,
contribuindo para diagnóstico, estimativa e controle da leishmaniose.
REFERÊNCIAS
1- Brasil. Ministério da Saúde. Manual de Vigilância e controle da Leishmaniose Visceral. Brasília, 2006. 120p;
2- Costa, C.H.N. & Vieira, J.B.F. Mudanças no controle da leishmaniose visceral no Brasil. Revista da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical. v. 34 n.2 p.223-228, mar.-abr. 2001; 3- LEISH-TEC. Manual técnico: Vacina
Recombinante contra Leishmaniose Visceral Canina. Juatuba, 2008. 76p; 4- Monteiro, E.M.; Silva, J.C.F; Costa,
R.T.; Costa, D.C.; Barata, R.A.; Paula, E.V. Machado-Coelho, G.L.L.;Rocha, M.F.; Fortes-Dias, C.L.; Dias,
E.S. Leishmaniose visceral: estudo de flebotomíneos e infecção canina em Montes Claros, Minas Gerais. Revista
da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. v. 38., n. 2., p.147-152, mar.-abr. 2005; 5- Silva, F.S. Patologia e
patogênese da leishmaniose visceral canina. Revista Trópica – Ciências Agrárias e Biológicas v. 1., n.1., p. 2031, 2007.
O-Z
O-Z
OBSTRUÇÃO GASTROINTESTINAL POR CORPO ESTRANHO
EM CADELA – RELATO DE CASO
Mendes, F.F1.; Rodrigues, D.F2.; Martins, S. B3.; Martins, A.F4.; Souza, L.A5.; Dias, T.A6*.
1- Aluna especial do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Goiás. 2Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Goiás. 3Residente em Anestesiologia, Universidade Federal de Goiás. 4- Médico Veterinário, Universidade Federal de
Goiás. 5- Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da Universidade Federal de Goiás.
6- Residente Cirurgia, FAMEV/UFU.
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RESUMO
Obstruções gastrointestinais por corpos estranhos possuem altos índices de morbidade e mortalidade. O
objetivo dos autores é relatar um caso clínico de obstrução gastrointestinal por corpo estranho em uma cadela
atendida no Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás. Na anamnese,
foi relatada anorexia, êmese, apatia e ausência de defecação. Ao exame clínico observou-se letargia, mucosas
congestas, desidratação, taquicardia, dor à palpação abdominal e febre. O diagnóstico de obstrução
gastrointestinal por corpo estranho foi fechado por ultrssonografia. O corpo estranho linear foi removido por
gastrotomia. Realizou-se enterectomia de dois terços do intestino delgado por sua inviabilidade e lavagem da
cavidade abdominal. O pós-operatório consistiu de antibioticoterapia agressiva, antiinflamatório não esteróide
e alimentação parenteral. No retorno, clínico a paciente apresentava-se saudável.
PALAVRAS-CHAVES: abdome agudo; enterectomia; gastrotomia
INTRODUÇÃO
Obstruções gastrointestinais são emergências clínico-cirúrgicas, por gerarem disfunções metabólicas graves
no equilíbrio ácido-básico e hidro-eletrolítico, o que pode levar o paciente ao choque séptico e óbito
rapidamente. Cães são frequentemente acometidos por obstruções gastrointestinais por corpo estranho (CE),
devido seu comportamento alimentar. Quanto mais cedo houver diagnóstico e tratamento, melhor o
prognóstico. Os sinais clínicos de obstruções gastrointestinais podem incluir anorexia, letargia, vômitos
persistentes, diarréia, dor abdominal, distensão abdominal, febre ou hipotermia, desidratação e choque (Allen,
2001). A maioria destes sinais clínicos é inespecífica, portanto a anamnese e exame clínico minuciosos são
indispensáveis. O diagnóstico por imagem como ultrassonografia, radiografia e endoscopia, auxilia o clínico a
confirmar a presença do corpo estranho e avaliação morfológica dos órgãos abdominais. Exames laboratoriais
possuem importância na avaliação do quadro orgânico do paciente e melhor abordagem terapêutica (Kerr,
2003). O objetivo dos pesquisadores é relatar um caso clínico de obstrução gastrointestinal por CE com
ressecção de dois terços do intestino delgado em cão atendido no Hospital Veterinário da Escola de
Veterinária da Universidade Federal de Goiás (HV/EV/UFG).
METODOLOGIA
Foi atendida no HV/EV/UFG uma cadela da raça Golden retriever, quatro anos de idade, pelagem caramelo e
peso de 37,5 kg. Foi relatado durante a anamnese que a paciente havia sido atendida em clínica particular por
apresentar apatia, anorexia, inquietação, vocalização, alotriofagia, êmese com pedaços de toalha, não
defecava há três dias, além de não ter sido levada aos passeios rotineiros há oito dias, medicada com dipirona
25mg/kg/SID, acetilmetionina e cloreto de colina 45ml/TID e recebeu alta, porém não houve melhora. Ao
exame clínico a cadela apresentou letargia, mucosas congestas, desidratação, taquicardia, dor à palpação
abdominal e febre de 40ºC. Os exames laboratoriais evidenciaram leucocitose, trombocitopenia leve e
hematócrito aumentado. Foi identificado CE sólido linear no estômago e intestino, intussuscepção e indicativo
de peritonite por meio de ultrassonografia. A paciente recebeu fluidoterapia de NaCl a 0,9 %, solução de
ringer com lactato (10ml/kg/h) e solução colóide 4ml a cada 20 minutos e foi encaminhada a cirurgia. O
protocolo anestésico realizado constituiu de: medicação pré-anestésica com meperidina (2mg/kg/IM); indução
com propofol (3mg/kg/IV); e manutenção com isofluorano. Na cirurgia, foi evidenciado líquido
sanguinolento intra-abdominal, sanfonamento e intussuscepção nas porções de jejuno e íleo e áreas de
necrose. O CE linear podia ser palpado do estômago ao intestino delgado, foi removido por gastrotomia e
consistia de uma toalha de aproximadamente 40 cm de extensão. Realizou-se enterectomia de dois terços do
intestino delgado por este apresentar focos de necrose e lavagem da cavidade abdominal com solução de NaCl
a 0,9% morna. No pós-operatório a cadela recebeu cefalotina 10mg/kg/SID por 15 dias, metronidazol
25mg/kg/BID durante sete dias e meloxicam 0,2 mg/kg/SID por 3 dias, jejum alimentar durante três dias
acompanhado de alimentação parenteral, alimentação semi-sólida a partir do 4º dia e sólida após 15 dias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As obstruções gastrointestinais possuem grande importância na clínica de animais de companhia por sua
morbidade e mortalidade quando não adequadamente tratadas. É indispensável que o clínico invista no
diagnóstico preciso e rápido, pois quanto mais cedo identificado o problema, melhor o prognóstico do
paciente. Segundo Conceição (2008), a alotriofagia é caracterizada pela ingestão de outras substâncias que
não o alimento normal, pode advir do confinamento de animais em ambientes pequenos, o que justificaria a
ingestão de uma toalha no caso descrito, já que a paciente possuía rotina diária de passeio e esta havia sido
interrompida há oito dias, o qual gerou alteração comportamental. Muitos dos achados clínicos neste caso são
similares aos descritos por Allen (2001), porém, como a maioria destes é inespecífica, o clínico pode
menosprezar a gravidade da situação ou fechar diagnóstico incorreto, portanto, esta enfermidade requer
atenção devido por sua evolução rápida. A ultrassonografia abdominal foi importante não apenas para fechar
o diagnóstico, como também para estimar as alterações morfológicas provocadas pelo corpo estranho.
Segundo Ellison (2005), a obstrução mecânica intestinal por CE ocasiona distensão gasosa e hídrica nas
proximidades da obstrução, o que resulta no estrangulamento das veias e congestão, redução do fluxo capilar,
diminuição da perfusão tecidual e aumento da permeabilidade vascular com extravasamento e perda de
fluidos e eletrólitos na luz intestinal. Este mecanismo pode ocasionar o desequilíbrio hidro-eletrolítico e
ácido-básico. A paciente apresentava desidratação, justificada por vômitos persistentes, além do sequestro
maciço de líquido pelo aumento da perfusão tecidual observado no edema intestinal. De acordo com Bellah
(2001), a restauração do volume vascular com soluções salinas e ringer lactato é vital para a melhora perfusão
tecidual, além de favorecer a correção do equilíbrio ácido-básico, por este motivo, foram utilizadas as
soluções de NaCl a 0,9%, ringer lactato e solução coloidal na paciente, que obteve melhora significativa
durante a fluidoterapia. Jones; Hunt; King (2000) afirmaram que a obstrução mecânica gera hiperemia e
inflitrado de células inflamatórias, e que raramente pode ocorrer colonização de bactérias patogênicas na
seção envolvida do intestino, o que resulta em necrose, gangrena e ruptura das alças. Esta ruptura favorece
peritonite e choque endotóxico. Áreas necrosadas e de rupturas foram evidenciadas em grande parte do jejuno
e íleo, o que desfavoreceu o prognóstico devido o risco de sepsemia e óbito iminente. Outro fator que
desfavoreceu o quadro foi a remoção de dois terços das alças intestinais, o qual pode resultar na síndrome do
intestino curto. Esta síndrome é descrita por Ellison (2005), como causadora de más digestão e absorção,
diarréia por ácidos graxos e sais biliares, supercrescimento bacteriano e hipersecreção gástrica. De acordo
com mesmo autor, a localização da ressecção possui grande importância, pois a alta ressecção do duodeno e
jejuno superior pode reduzir a secreção enzimática pancreática, por esta ser estimulada por hormônios
liberados nesta seção de mucosa. Caso ocorra a ressecção da junção íleo-ceco-cólica, pode ocorrer a
ascendência e supercrescimento bacteriano para o intestino delgado, o que levaria a diarréia e sepsemia.
Apesar de ter sido removido dois terços do intestino delgado da paciente, a junção íleo-ceco-cólica e porção
alta do jejuno foram preservadas por estarem viáveis, pois a coloração, pulsação arterial e movimentos
peristálticos estavam satisfatórios, o que favoreceu a recuperação da paciente. A antibioticoterapia agressiva
de largo espectro e lavagem peritonial realizadas, como sugerido por Bellah (2001), objetivaram a retirada do
foco infeccioso e prevenção de choque endotóxico por sepsemia. Devido antiinflamatórios a base de
meloxicam produzirem menores efeitos adversos sobre a mucosa gastrointestinal por inibirem
preferencialmente a ciclooxigenase 2 como descrito por Kummer e Coelho (2002), este fármaco foi escolhido
devido as lesões gastrointestinais presentes. Matthiesen (2005) recomenda jejum alimentar e alimentação
parenteral nas primeiras 48 horas após a cirurgia, porém optou-se por 72 horas devido a extensa excisão
intestinal e gastrotomia neste caso. Apesar do prognóstico desfavorável devido o diagnóstico tardio, a cadela
apresentou melhora significativa logo após a cirurgia. No retorno clínico, a cadela apresentava estado de
saúde pleno e alimentava-se normalmente, porém necessitará de acompanhamento médico veterinário regular.
REFERÊNCIAS
1- ALLEN, D. G. Obstrução gastrointestinal. In: Manual Merck de veterinária. 8. ed. São Paulo: Roca,
2001. p. 245-247; 2- BELLAH, J. R. Peritonite. In: Manual Merck de veterinária. 8. ed. São Paulo: Roca,
2001. p. 396-397; 3- CONCEIÇÃO, I. R. Alotriofagia - manifestação de transtorno obsessivo-compulsivo
em um cão: relato de caso. 2008. 38 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Medicina
Veterinária) – Escola de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2008. Disponível
em:
<http://www.cirurgia.vet.ufba.br/wpontent/uploads/2008/09/14_italo_2008_alotriofagia_transtorno_obsessivo
.pdf. Acesso em: 9 set. 2009; 4- ELLISON, G. W. Ressecção e anastomose intestinais. In: BOJRAB, M. J. N.
Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Roca, 2005. p. 231-236; 5- JONES, T.
C.; HUNT, R. D.; KING, N. W. Patologia veterinária. 6. ed. São Paulo: Manole, 2000. 1415 p; 6- KERR,
M. G. Exames laboratoriais em medicina veterinária: bioquímica clínica e hematologia. 2. ed. São Paulo:
Roca, 2003. 436p; 7- KUMER, C. L.; COELHO, T. C. R. B. Antiinflamatórios Não Esteróides Inibidores da
Ciclooxigenase-2 (COX-2): Aspectos Atuais. Revista Brasileira de Anestesiologia. Recife, v.52, n. 4, p.
498-512, jul.-ago. 2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rba/v52n4/v52n4a14.pdf. Acesso em: 8
set. 2009; 8- MATTHIESEN, D. T. Gastrectomia parcial e gastrotomia. In: BOJRAB, M. J. N. Técnicas
atuais em cirurgia de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Roca, 2005. p. 204-208.
OCORRÊNCIA DE DEMODICOSE E DERMATOFITOSE EM CÃES NA CIDADE DE JATAÍ –
GOIÁS
Fontana, V. L. D S1.; Fontana, C. A P1.; Júnior, S. A. R2.; Terra, J. P3.; *Silva, N. C4
1- Professores do Curso de Medicina Veterinária do CAJ/UFG. 2- Técnico de laboratório do CAJ/UFG. 3Acadêmico de graduação do Curso de Medicina Veterinária do CAJ/UFG. 4- Acadêmica de graduação do
Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
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RESUMO
A dermatofitose e a demodicose são afecções de importância na clínica veterinária. O diagnóstico definitivo
baseia-se no exame microscópico direto e no isolamento em cultivos do raspado cutâneo. Foi realizado um
estudo no sentido de identificar os agentes em casos suspeitos de cães na cidade de Jataí – GO. Foram
colhidos raspados cutâneos de 47 cães, no período de janeiro de 2007 a junho de 2009. Das amostras foram
feitas a microscopia direta e microcultivo em lâmina com ágar Sabouraud dextrose. Em 2 amostras, foi
detectada a presença do ácaro Demodex spp. e em 12, o aparecimento de artrósporos fora e dentro de pêlo.
Em 4 amostras foi observada a associação entre os dois agentes. Observou-se em 12 amostras a presença de
macroconídeos fusiformes abundantes e equinulados. Não foram identificados agentes etiológicos em 17
amostras. O microcultivo das amostras em lâminas nos casos suspeitos de dermatofitose se mostrou
importante no auxílio ao diagnóstico.
PALAVRAS-CHAVE: Cães, Dermatopatias, Raspado
INTRODUÇÃO
A dermatofitose é uma doença infecto-contagiosa de caráter crônico e ocorre em várias espécies de animais, e
até mesmo no homem, que se infecta com animais de estimação (CRUZ, 1985). Os gêneros de dermatófitos
patogênicos dos animais são Microsporum e Tricophyton (CORRÊA & CORRÊA, 1992). Algumas espécies
de dermatófitos causam prurido, ocasionando descamações, áreas de alopecia e ligeira inflamação que conduz
a formação de crostas (podendo levar a uma infecção secundária por Staphylococcus aureus). O diagnóstico
definitivo pode basear-se nos sinais clínicos e no diagnóstico laboratorial. Maciel et al., (2005), afirmaram
que cerca de 15% dos casos clínicos de dermatofitose em humanos são causados por M.Canis. A demodicose
é uma doença parasitária inflamatória de cães caracterizada por um número maior que o normal de ácaros
demodécicos. Os ácaros do gênero Demodex pertencem à família Demodecidae, sendo que a espécie mais
comumente encontrada em cães é a Demodex canis (URQUHART, 1996). A confirmação do diagnóstico da
demodicose é realizada pelo exame de raspados de pele e pela presença de ácaros (URQUHART, 1996). Em
muitos animais a dermatofitose e a demodicose pode estar associadas, por ser o fungo um microrganismo
oportunista, se aproveitando da queda de imunidade do animal, se instala juntamente com a demodicose.
Sendo a dermatofitose e a demodicose dermatopatias que afetam os cães com freqüência, este trabalho teve
como objetivos: Contribuir com o diagnóstico e monitorar a incidência dessas dermatopatias caninas em
amostras de raspado cutâneo de cães com sintomas característicos, no período de janeiro de 2007 a junho de
2009 na cidade de Jataí - GO.
METODOLOGIA
Foram analisadas quarenta e sete amostras de raspado de pele de cães de ambos os sexos e com idades
variadas da cidade de Jataí – GO, que apresentavam sintomatologia característica das dermatopatias em
estudo, tais como, várias áreas de pequena alopecia, circunscritas, eritematosas, com sem pruridos, lesões com
bordos elevados, inflamados e coma região central com descamação. As amostras foram colhidas no
Ambulatório Clínico Veterinário e analisadas no Laboratório de Análises Clínicas do CAJ/UFG. O material
para identificação de dermatófitos foi colhido por tração do pelame e raspagem com bisturi, sendo
armazenado em papel ou entre lâminas, conforme descrito por Cruz (1985). No laboratório, pequenas porções
de pêlos e/ou de escamas foram suspensas em uma gota de KOH 10% em lâminas para microscopia e
cobertas por lamínulas. As lâminas foram observadas em microscópio óptico utilizando-se objetivas de 10 e
40X, após aproximadamente 15 minutos de seu preparo (tempo necessário para o clareamento dos restos
celulares). Neste exame procurou-se artrósporos ao redor e no interior do pêlo, conforme relatou Lacaz et al
(1991). Parte do material foi submetido ao microcultivo em lâmina com ágar Sabouraud dextrose. Procedeuse a incubação à temperatura ambiente por pelo menos sete dias. Para definição das culturas fúngicas, foram
observadas as características macroscópicas e microscópicas (Riddel, 1950). Para a pesquisa do ácaro
Demodex spp., foram realizados raspados cutâneos profundos, com o auxílio de lâmina de bisturi, e foram
acondicionados entre duas lâminas de vidro, e enviados para o laboratório. Procedeu-se o exame
microscópico da amostra com uma gota de KOH a 10%, utilizando-se as objetivas de 10 e 40 X
(WILLEMSE, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em 2 casos foi observada a presença de Demodex spp., e em 12 amostras (o aparecimento de artrósporos fora
e dentro do pêlo (ectrotrix e endotrix, respectivamente). Observou-se em 12 amostras, após o microcultivo e a
microscopia direta, a presença de macroconídeos fusiformes abundantes e equinulados. Em 4 amostras foram
encontrados os agentes Demodex ssp. e macroconídeos de forma associada em um mesmo animal. Não foram
identificados agentes etiológicos em 17 amostras analisadas. (Tabela 1)
Tabela 1: Número de casos e porcentagem da incidência de dermatopatias na cidade de Jataí durante o
período de janeiro de 2007 a junho de 2009.
Dermatopatias
Nº Casos
%
Demodicose
2
4,26
Dermatofitose e Demodicose
Dermatofitose
Ausência
Total
4
24
17
47
8,5
51,06
36,18
100
Gueretz (2005) encontraram valores semelhantes para dermatopatias não parasitárias, com prevalência de
61,2 % dos casos.. Fontana et al, 2004, encontraram 50% dos casos de demodicose canina e 25% de
dermatofitose em 12 cães com lesões de pele, diferentemente deste estudo, onde os casos de dermatofitose
foram mais prevalentes (51,06%). No estudo realizado por Romani et al., (2005), as afecções fúngicas obteve
uma prevalência de 32,2%, sendo a incidência menor quando comparada ao presente trabalho. Conclui-se que
a dermatofitose foi mais prevalente que a demodicose, destacando-se a importância de se fazer o microcultivo
em lâmina para que este primeiro grupo de dermatopatias, mesmo em casos que não seja observado
artrósporos nos pêlos no exame direto. É importante ressaltar a necessidade da correta identificação do agente
nos animais doentes criados em ambientes domésticos, visto que a dermatofitose é considerada uma zoonose.
O microcultivo mostrou-se eficiente para o isolamento e o diagnóstico definitivo de dermatófitos.
REFERÊNCIAS
1- CORRÊA, W. M., CORRÊA, C. M. Enfermidades infecciosas dos mamíferos domésticos. 2.ed. Rio de
Janeiro: MEDSI. 1992, 824p; 2- CRUZ, L. C. H. Micologia veterinária. Itaguaí: Imprensa
Universitária/UFRJ. 1985, 202p; 3- FONTANA, V. L. D. S.; NETO, J. T. N.; FONTANA, C. A. P.; KUNZ,
T. L.; BALESTERO, T. C.; FREITAS, T. F. Presença de demodicose e dermatofitose em cães da cidade
de Jataí - GO, através de exame direto e do isolamento em meio de cultura seletiva do raspado cutâneo.
Ciência Animal Brasileira, v 4, p.142-144, 2004; 4- GUERETZ, J. S. Prevalência pontual de Demodex
canis e de demodicose em parcela da população canina, na cidade de Guarapuava – Paraná. Dissertação
de Mestrado em Ciências Veterinárias – Área de Patologia Animal, do Setor de Ciências Agrárias da
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005. 47p; 5- LACAZ, C. S., PORTO, E., MARTINS, J. E C. O
grande mundo dos fungos. 1. ed. São Paulo: Manole. 1998, 753p; 5- MACIEL, A. S. Dermatofitose em
cães e gatos: Uma revisão - Primeira parte. Revista Clinica Veterinária, n. 56, P. 48-56, 2005; 6RIDDEL, R.W. Permantent stained mycological preparation obtained by slide culture. Mycologia, v.42,
p. 265-273, 1950; 7- ROMANI, A. F., FREITAS, R. C., RABELO, R. E., SANT’ANA, F. J F.,
FERNANDES, J. J. R., SILVA, C. C., LOBO, M. B., AMARAL, A. V. C. Ocorrência de dermatopatias em
pequenos animais na cidade de Jataí – GO: Resultados parciais. In Congresso Brasileiro Da Anclivepa,
XXVI, 2005, Salvador; 8- URQUHART, G. M., ARMOUR, J., DUNCAN, J. L., JENNINGS, F W.
Parasitologia veterinária. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1996, 273p; 9- WILLEMSE, T.
Dermatologia clínica de cães e gatos. Barueri: Manole, 2002. p.143.
OCORRÊNCIA DE MELANOMA EM EQUINOS ABATIDOS EM MATADOURO FRIGORÍFICO
EXPORTADOR DE MINAS GERAIS
Santos, S. F. *1; Moreira, M. D. 1; Silveira, A. C. P. 1; Tunala, V. 2; Cruz, L.C. S. 2
1- Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade Federal de Uberlândia. 2- Serviço de Inspeção Federal
[email protected]
RESUMO
Melanomas são neoplasias cutâneas que correspondem de 4 a 15% dos tumores de pele de equinos.
Determinou-se a prevalência de melanoma em equinos abatidos em matadouro-frigorífico do Estado de Minas
Gerais, no período de 2004 a 2008, baseando-se nos dados fornecidos pelo Serviço de inspeção federal 1803
por meio do diagnóstico macroscópico das lesões observadas. Para a pesquisa de melanoma o Serviço de
Inspeção Federal utiliza a técnica do “despaletamento”. No período analisado (2004 a 2008) foram abatidos
136.990 equinos e detectou-se 1.838 animais acometidos pelo melanoma, com prevalência de 1,33%. Foi feito
o teste qui-quadrado e não houve diferença estatística significativa entre os anos.
PALAVRAS-CHAVE: frigorífico, tumor maligno, equídeos
INTRODUÇÃO
Melanomas são neoplasias melanocíticas que merecem destaque quanto à incidência nos equídeos, pois cerca
3 a 8% deles são acometidos, são neoplasmas cutâneos que compõem de 4% a 15% dos tumores de pele de
eqüinos . Mais de 90% dos tumores são inicialmente benignos e cerca de dois terços tornam-se malignos.
(SMITH; GOLDSCHMIDT; MCMANUS, 2002; SILVEIRA, 1997). Os melanomas estão diretamente
relacionados com coloração, raça e idade dos animais, são frequentes em animais velhos, de pelagem tordilha.
Alguns autores chegam a afirmar que 80% dos eqüinos com pelagem branca, com idade acima de 15 anos,
desenvolverão tumores melanocíticos (BONESI; BRACARENSE; MINELLI, 1998). De acordo com Bonesi e
outros (1998) apesar de os tumores melanocíticos em equinos desenvolverem-se na região do períneo e na
base da cauda, inúmeros órgãos e tecidos, como o muscular e o ósseo, são atingidos. O melanoma tem uma
grande importância patológica, pois o mesmo apresenta dificuldades quanto a detecção no processo inicial e
ainda que detectado implica num prognóstico desfavorável quanto ao tratamento e cura. Considerando a
elevada frequência de neoplasias melanocíticas e metástases em equídeos, sugere-se que essa espécie possa
ser utilizada como modelo de estudo da biologia da célula tumoral e em especial do melanoma. Este trabalho
teve por objetivo identificar a prevalência de melanomas em carcaças de equinos abatidos em matadourofrigorífico do Estado de Minas Gerais, SIF (1803), no período de 2004 a 2008.
METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida durante os anos de 2004 a 2008 no Município de Araguari, Minas Gerais, em
estabelecimento exportador de carne equina para o Japão e países da União Européia. Para o estudo, foram
apenas analisados os dados do abate diário fornecidos pelo Serviço de Inspeção Federal, cujo diagnóstico post
mortem foi baseado no aspecto macroscópico das lesões observadas, dos animais de diferentes idades, raças e
procedências, cores abatidos pelo frigorífico. Para a pesquisa de melanoma em carcaças, o SIF 1803 faz
observação do dianteiro da carcaça após a técnica do “despaletamento”, mediante a abertura da musculatura
da paleta. Os dados foram tabulados e analisados observando a ocorrência em um período de cinco anos
(2004 a 2008). Foi feito um teste Qui-quadrado de Pearson para verificar se havia diferença estatisticamente
significativa entre as frequências encontradas para o melanoma nos anos pesquisados com um nível de
significância 5% (p < 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período 2004 a 2008 foram abatidos 137769 equinos e registrados 1.838 animais acometidos pelo
melanoma, com prevalência de 1,33%. E analisando a frequência do tumor em equinos abatidos durante os
cinco anos não se encontrou diferença estatística significativa, ou seja, o número de casos não tem aumentado,
nem diminuído (Tabela 1), mostrando que o número de casos no período estudado tem permanecido
constante.
Tabela 1. Frequência estatística de melanoma em equinos abatidos em frigorífico, Araguari MG, 2004-2008.
_______________________________________________________________________________
(Valor real - Valor esperado)2/Valor esperado
Soma
p
2004
2005
2006
2007
2008
0,000000
1,420124
0,587593
0,607510
0,756224
3,371452
0,497691
2004
6,111607
0,000000
0,777857
0,731429
0,446429
8,067321
0,089143
2005
1,160738
0,357049
0,000000
0,000328
0,020984
1,539098
0,819694
2006
1,220083
0,341333
0,000333
0,000000
0,016333
1,578083
0,812726
2007
1,719340
0,235849
0,024151
0,018491
0,000000
1,997830
0,736158
2008
________________________________________________________________________________
(p < 0,05) valores estatisticamente significantes.
Em estudo com equinos de pelagem clara e acima de cinco anos Bonesi; Bracarense; Minelli (1998)
observaram que dos 2.982 equídeos estudados (100%), 2.105 apresentaram melanomas (70,5%). Ao
compararmos com o esta pesquisa podemos constatar uma diferença grande entre as prevalências onde
encontramos apenas 1,33%. Nos equinos de pelagem clara a proliferação tumoral e metástase são realizadas
de uma forma bastante lenta, permitindo os animais conviverem mais tempo com a doença sem complicações
mais sérias. Daí as maiores incidências em animais de pelagem clara e idosos. Já os animais de pelagem
escura têm proliferação tumoral bastante acelerada, além de metástases e morrem relativamente cedo devido a
proliferação tumoral, são menos acometidos (RIEDER et al, 2000). Quando se analisa apenas a pelagem clara
a incidência é bem maior, já que os mesmos conseguem conviver com a doença por mais tempo em relação
aos de pelagem escura que quando acometidos tem proliferação metatástica e morte mais precoce além de que
são raramente afetados. Pode-se destacar a elevada incidência de melanomas em indivíduos de pele clara
expostos a radiação ultravioleta da luz solar, pois a radiação ionizante e os raios ultravioleta induzem
transformação neoplásica em vários tecidos. (MAJNO; JORIS, 1996; MONTENEGRO e FRANCO, 1999;
JONES; HUNT ; KING, 2000).
REFERÊNCIAS
1- BONESI, L. G.; BRACARENSE, L.R.P.A.; MINELLI, L.; Melanoma em equídeos de pelagem branca frequência, distribuição e lesões em carcaças VOLUME 73 - Nº 6: Investigação clínica,epidemiológica,
laboratorial e terapêutica. Anais brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, 73(6):533-538, nov./dez.1998;
2- JONES T. C.; HUNT R. D.; KING N. W. Patologia Veterinária 6° ed. Editora Manole , 2000 p.871-873;
3-MAJNO, G.; JORIS, O.; Cells, tissues and disease. Principles of general Pathology. Blackwell Science, p.
973, 1996; 4- MONTENEGRO, M.R.; FRANCO, M, M. Patologia. Processos Gerais, Atheneu, 4ª edição,
1999, p. 320; 5- RIEDER S., STRICKER C., JOERG H., DUMMER R.; STRANZINGER G. A comparative
genetic approach for the investigation of ageing grey horse melanoma. Journal of animal Breeding genetics
.117. 73-82, 2000; 6- SMITH, S. H.; GOLDSCHMIDT, H. M.; MCMANUS, M.P.; A comparative review of
melanocytic neoplasms. Veterinary Pathology, v.39, n.6, p.651-678, 2002; 7- SILVEIRA, E.; Oncocell
Biotecnologia- Mercado de cavalos de raça é alvo de vacina contra câncer de pele desenvolvida a partir
de produto similar já utilizado em ser humano. 2007.
Disponível em: <http://www.inovacao.unicamp.br/pipe/report/070429-oncocell.shtml > Acesso em: 7 mai.
2008.
ONTOGENIA DOS OSSOS DA CINTURA PEITORAL E MEMBROS TORÁCICOS EM
EMBRIÕES DE Podocnemis unifilis
Lima, F. C.1; Silva-Junior, L. M.1*; Vieira, L. G.1; Silva, J. M. M.1; Rodrigues, T. C. S.1;
Romão, M. F. 1; Santos, A. L. Q.2
1- Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia. 2- Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av.
Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Objetivou-se descrever a ontogenia do esqueleto da cintura peitoral e membros torácicos de Podocnemis
unifilis. Sessenta e seis embriões foram submetidos ao protocolo de diafanização e coloração de ossos
segundo o método de Davis e Gore (1936) para a evidenciação da sequência de formação de seu esqueleto,
que começa concomitantemente pelos ossos úmero, rádio e ulna, no estágio 20, estando todos os ossos da
cintura peitoral com centros de ossificação corados no final deste estágio, mesmo período que os metacarpos.
Entre os estágios 21 e 22 todas as falanges apresentam centros de ossificação, primeiro as falanges médias e
distais, e depois as proximais. Apenas no início do estágio 24 os carpos iniciam sua ossificação. A ontogenia
nas diferentes espécies de répteis pode diferir substancialmente, mas o padrão em P. unifilis é similar ao dos
demais Testudines.
PALAVRAS-CHAVE: Esqueleto, ossificação, tracajá.
INTRODUÇÃO
As características da evolução dos membros desempenharam um papel fundamental para a adaptação e
radiação dos tetrapodas. A origem e distribuição destas evidencias podem ser explicadas por meio de
variáveis genéticas, que remetem a um ancestral comum. Portanto, a origem das alterações mais recentes, tais
como dedos, são resultado de modificações genéticas em sistemas estabelecidos pela primeira vez nos
vertebrados primitivos. Enumeras mudanças ocorreram no esqueleto dos membros dos Testudines
principalmente em número, arranjo e proporções das falanges e dos ossos do carpo e tarso (CRUMLY;
SÁNCHEZ-VILLAGRA, 2004; SHEIL, 2003). Tais alterações estão presentes nas espécies viventes, sendo
algumas destas características oriundas de milhares de anos de evolução (SHEIL, 2003), refletindo o nicho de
cada espécie. O delineamento dos processos ontogênicos inerentes a estes particularidades pode contribuir
para explicar a geração de algumas características neste grupo. Assim, objetivou-se descrever a ontogenia do
esqueleto da cintura peitoral e membros torácicos de Podocnemis unifilis (tracajá).
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizaram-se sessenta e seis embriões de P. unifilis adquiridos sob licença número 021/2007 IBAMA/RAN
na área de reprodução natural do entorno do Parque Nacional das Nascentes do Rio Araguaia. Estes foram
coletados diariamente durante todo período de incubação e depois retirados de seus ovos e submetidos ao
protocolo de diafanização e coloração de ossos segundo o método de Davis e Gore (1936).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ossificação do esqueleto dos membros torácicos em P. unifilis começa concomitantemente no início do
estágio vinte nos ossos úmero, rádio e ulna e em todos os ossos da cintura peitoral. Ainda no estágio 20, os
metacarpos se apresentam em processo inicial de ossificação pela porção média da diáfise. Durante o início
do estágio 21 as primeiras falanges começam a se ossificar. Primeiro pelas falanges médias e distais e no
estágio 22 as proximais (Fig. 1). Apenas no início do estágio 24 os carpos iniciam sua ossificação, primeiro
com o osso intermédio do carpo, distal do carpo IV e central do carpo III, seguidos pelo ulnar do carpo, distal
do carpo III, central do carpo II e distais do carpo II, V e I. Somente no decorrer do estágio 25 o pisiforme
surge com um inconspícuo centro de ossificação que se desenvolve, como nos demais ossos até o fim do
período de incubação, estando todos os ossos em estado de ossificação bem avançado no estágio 26 (Fig. 1).
Os membros bem como as cinturas peitoral e pélvica dos vertebrados são diferenciados e atendem a seus
hábitos, devido a sinapomorfia dos grupos. Variáveis nutricionais, morfológicas e metabólicas são relevantes
para o entendimento dos padrões de crescimento, sendo o desenvolvimento determinado por interações
gênicas que atuam nos embriões e que podem desencadear profundos efeitos nesta série. O padrão de
ossificação em alguns Lacertilia viventes revelou um alto grau de conservação (CALDWELL, 1994). Para
Testudiens, diferenças e similaridades são encontradas na morfologia, cronologia e no padrão de ossificação
em C. serpentina (SHEIL; GREENBAUN, 2005), A. spinifera (SHEIL, 2003), M. temminckii (SHEIL, 2005),
P. expansa (VIEIRA; SANTOS, 2007) e P. unifilis. Em M. temminckii a ossificação nos elementos do
membro torácico é aparente nos estágios iniciais de desenvolvimento, assim como em P. unifilis. Nestas o
úmero se ossifica e antes do rádio e da ulna. Em C. serpentina, os elementos esqueléticos do braço e
antebraço se ossificam no estágio 20, começando pela diáfise do úmero, como também em P. unifilis e nos
demais Testudines, e seguindo para o rádio e a ulna no estágio 22. Os membros de diversos vertebrados,
especialmente os testudines, sofreram enumeras variações no decorrer da evolução, principalmente no arranjo
dos ossos do carpo e tarso (SÁNCHEZ-VILLAGRA et al., 2007). Estas estruturas expressam enumeras
variações durante a evolução, incluindo principalmente a redução dos elementos do carpo e falanges. Segundo
Caldwell (1994), a ossificação do carpo começa quase sempre depois do tarso, o que pode ser averiguado em
P. expansa (VIEIRA; SANTOS, 2007), C. serpentina, A. spinifera, M. temminckii e P. unifilis. No estágio 14
os primórdios cartilagíneos da mão de M. temminckii estão bem definidos (SHEIL, 2005), o que em P. unifilis
ocorreu no fim do estágio 18. Nas tartarugas marinhas, como por exemplo, em Eritmochelys imbricata, a
ossificação do MCV é acelerada e o psiforme não é o último osso do carpo a se ossificar, e sim o primeiro.
Diferente do que ocorre com C. serpentina, A. mississipiensis, Lacerta sp. e P. unifilis, mas similar a
Dermochelys, onde este ocupa uma posição estratégica em seu carpo modificado (BURKE; ALBERCH,
1985), sendo a ausência ou presença do pisiforme é uma característica intraespecífica entre os Chelydridae, e
menos para os Pelomedusoides (CRUMLY; SÁNCHEZ-VILLAGRA, 2004). A presença de centros de
ossificação do carpo em diversos répteis estudados, e em P. unifilis, é retardada em relação aos demais
elementos do membro, mas os controles osteogênicos específicos que controlam tal característica são
desconhecidos. No entanto, um fator que pode explicar o atraso da ossificação do carpo é seu padrão
endocondral e não pericondral de formação como nos demais elementos (CALDWELL, 1994). Entre os
diferentes Testudines, o padrão de ossificação das mãos difere de maneira inconspícua. C. serpentina, A.
spinifera (SHEIL, 2003), M. temminckii (SHEIL, 2005) e P. expansa (VIEIRA; SANTOS, 2007) apresentam
cronologia similar para ossificação em MCI e MCV. Sheil (2003) aponta a sequência MCI, MCIII e MCIV
para A. spinifera, sem apresentar maior retenção de corante em alguns destes elementos, o que ocorre com P.
expansa (VIEIRA; SANTOS, 2007), apresentando maior retenção de alizarina em MCIII e em P. unifilis no
MCIV, seguido pelos MCIII e MCII, o que pode representar variações intraespecificas nestes animais. Em
Chelonia mydas (SÁNCHEZ-VILLAGRA et al., 2007) e A. spinifera (SHEIL, 2003), o MCIII é o primeiro
elemento a se ossificar na mão, ao contrário de C. serpentina, onde as falanges distais se ossificam antes dos
metacarpos. Outrora, segundo Sheil e Greenbaum (2005), em C. serpentina os MCIII e MCIV e as falanges
distais se ossificam concomitantemente, assim como em M. temminckii (SHEIL, 2005). Em P. sinensis,
Sánchez-Villagra et al. (2009) reportaram a ossificação destes elementos em um curto espaço de tempo, o que
segundo os autores pode ter dificultado a identificação da sequência ontogênica em C. serpentina, M.
temminckii (SHEIL, 2005), e outros Testudines.
REFERÊNCIAS
1- BURKE, A. C.; ALBERCH, P. The developmental and homology of the chelonian carpus and tarsus. J
Morphol, 186:119-131, 1985; 2- CALDWELL, M. W. Developmental constraints and limb evolution in
Permian and extant Lepidosaurosmorph diapsids. J Verteb Paleontol., 14, 459-571, 1994; 3- CRUMLY, C.
R.; SÁNCHEZ-VILLAGRA, M. R. Patterns of variation in the phalangeal formulae of Land Tortoises
(Testudinidae): Developmentl constraint, size, and phylogenetic history. J Exp Zool (Mol Dev Evol), 302B,
134-146, 2004; 4- DAVIS, D. D.; GORE, U. R. Clearing and staining skeleton of small vertebrates. Field
Museum of Natural History, 4:3-15, 1936; 5- SÁNCHEZ-VILLAGRA, M. R.; MITGUTSCH, C.;
NAGASHINA, H.; KURATANI, S. Autopodial development in sea turtles Chelonia mydas and Careta
careta. Zoological Science, v. 24, p. 257-263, 2007; 6- SÁNCHEZ-VILLAGRA, M. R.; MÜLLER, H.;
SHEIL, C. A.; SCHEYER, T. M.; NAGASHIMA, H.; KURATANI, S. Skeletal development in the Chinese
soft-shelled turtle Pelodiscus sinensis (Testudines: Trionychidae). Journal of Morfology, in press, 2009; 7SHEIL, C. A. Osteology and skeletal development of Apalone spinifera (Reptilia: Testudines: Chelydridae). J
Morphol, 256:42–78, 2003; 8- SHEIL, C. A. Skeletal development of Macrochelys temminckii (Reptilia:
Testudines: Chelydridae). J Morphol, 263:71–106, 2005; 9- SHEIL, C. A.; GREENBAUM, E.
Reconsideration of skeletal development of Chelydra serpentina (Reptilia: Testudines: Chelydridae):
evidence for intraspecific variation. J Zool, 265:235–267, 2005; 10- VIEIRA, L. G.; SANTOS, A. L. Q.
Sequence of metacarpal and phalangeal bone formation in embryos of Podocnemis expansa Schweigger, 1812
(Testudines, Podocnemididae). Braz J Morphol Sci, 2007.
Figura 1: Fotografias da sequência de desenvolvimento dos ossos da cintura e membros torácicos em P.
unifilis. A, estágio 21; B, estágio 23; C, estágio 21; D, estágio 22; E, estágio 24; F estágio 26. Es, escápula;
Co, coracóide; Ac, processo acromial; Um, úmero; Rd, rádio; Ul, ulna; Ca, carpo; Mt, metacarpos; Fa,
falanges. Barra 1mm.
ONTOGENIA DOS OSSOS DA MÃO EM EMBRIÕES DE Caiman yacare (DAUDIN, 1802)
(CROCODYLIA, ALLIGATORIDAE)
Lima, F. C.1*; Santos, A. L. Q.2; Silva-Junior, L. M.1; Coutinho, M. E.3; Andrade, T. A. 3
1- Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia. 2- Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3- ICMBio.
Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Embriões de Caiman yacare foram submetidos ao protocolo de diafanização e coloração de ossos com intuito
de analisar a ontogenia do esqueleto da mão. C. yacare possui quatro ossos no carpo, o radial do carpo, o
ulnar do carpo, o pisiforme do carpo e o distal do carpo. Sua ossificação começa dos 39 dias de incubação
com o osso radial do carpo, depois o ulnar e mais tarde, aos 54 dias, o pisiforme e distal do carpo. A
ossificação nos metacarpos inicia-se aos 27 dias de seguindo a seqüência MCII=MCIII=MCIV>MCI>MCV.
As primeiras falanges iniciaram o processo de ossificação aos 36 dias e segue até o último dia de incubação.
A seqüência para as falanges proximais foi FPI=FPII=FPIII> FPIV=FPV, para as falanges médias
FMII>FMpIII>FMdIII>FMIV e para as falanges distais FDI>FDII>FDIII>FDV>FDIV, sendo o padrão
ontogênico para os ossos da mão de C. yacare diferente de outros répteis, outrora com algumas similaridades.
PALAVRAS-CHAVE: Alizarina, jacaré-do-Pantanal, ossificação.
INTRODUÇÃO
Os modelos de ossificação do esqueleto de répteis são pouco conhecidos. Estudos iniciais forneceram dados
acerca deste padrão em poucos destes animais. Mãos e pés são convenientemente caracteres de difícil estudo
onto e filogênico, haja vista a existência de uma grande variabilidade de fenótipos com discreto e similar
desenvolvimento entre os vertebrados. Estes elementos anatômicos são componentes complexos que sofreram
inúmeras variações ao longo da evolução, principalmente a respeito do modo de locomoção (HINCHIFFE,
1994; SÁNCHEZ-VILLAGRA, 2007a). Assim, o objetivo desta investigação foi descrever a ontogenia dos
ossos da cintura peitoral, membros torácicos e da mão em embriões de Caiman yacare.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizaram-se embriões de C. yacare adquiridos em Aquidauana, Mato Grosso do Sul, Brasil, sob licença
número 021/2007 IBAMA/RAN, que foram submetidos ao protocolo de diafanização e coloração de ossos
segundo o método de Davis e Gore (1936). As etapas corresponderam a fixação por formaldeído 10%,
desidratação por álcool etílico, diafanização por hidróxido de potássio (KOH 2%), coloração dos ossos por
Alizarina red S e conservação do material em glicerina.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os ossos do carpo são o radial do carpo (RC), o ulnar do carpo (UC), o pisiforme do carpo (PC) e o distal do
carpo (DC). No trigésimo nono dia de incubação é presente um centro de ossificação no osso radial do carpo,
que progride num ritmo ligeiramente mais rápido de desenvolvimento que o ulnar do carpo. Aos 54 dias o
osso pisiforme do carpo é bem evidente assim como o esboço do distal do carpo que ao qüinquagésimo
sétimo dia torna-se conspícuo (Fig 1). A ossificação dos metacarpos começa pela diáfise aos 27 dias de
incubação. Estavam presentes centros nos MCII, MCIII e MCIV. O MCI iniciou sua ossificação aos 30 dias e
o MCV apenas aos 45 dias. As falanges iniciaram o processo de ossificação ao trigésimo sexto dia com as
falanges proximais (FP) dos dedos I, II e III. A seqüência de ossificação para as falanges proximais foi
FPI=FPII=FPIII>FPIV=FPV, para as falanges médias FMII>FMpIII>FMdIII> FMIV e para as falanges
distais FDI>FDII>FDIII>FDV>FDIV.
Figura 1: Fotografias da mão de C. yacare. 36 dias de incubação (A), 39 dias (B), 42 dias (C), 45 dias (D), 48
dias (E), 51 dias (F), 54 dias (G) e 57 dias (H). Osso rádio (RD), osso ulna (UL), osso radial do carpo (RC),
osso ulnar do carpo (UC), osso pisiforme do carpo (PC), osso distal do carpo (DC), metacarpos (MC),
falanges proximais (FP), falanges médias (FM), falange médio-proximal (FMp), falange médio-distal (FMd) e
falanges distais (FD). Vista palmar. Barra: 1 mm.
O carpo dos Crocodylia atuais é formado por uma fileira proximal de ossos onde estão presentes os ossos
ulnar do carpo, o radial do carpo, o pisiforme do carpo, e uma fileira distal com ossos denominados distais do
carpo, contudo, alguns destes cartilagíneos (RIEPPEL, 1993b), sendo a drástica redução do número de ossos
do carpo uma característica dos Crocodylia viventes (SHUBIN e ALBERCH, 1986). A presença de ossos do
carpo proximais (radial e ulnar) alongados e um radial mais desenvolvido que o ulnar é uma das
sinapomorfias dos Crocodylia. O desenvolvimento do esqueleto da mão de C. yacare difere daquele
apresentado para os tetrápodes (SHUBIN; ALBERCH, 1986; HINCHIFFE, 1989), onde a sequência de
ossificação segue a proposta para o eixo do membro (BURKE; ALBERCH, 1985; SHUBIN; ALBERCH,
1986). Neste, a predominância do dedo II é a variação mais conspícua, diferente de A. mississipiensis e
Lacerta, que apresenta dominância do dedo III (RIEPPEL, 1993b). O osso pisiforme tende a de ser um dos
últimos elementos a iniciar a ossificação também em C. serpentina, Lacerta (RIEPPEL 1993a) e em C.
yacare, outrora, em Dermochelys, onde está disposto de maneira distinta dos demais répteis, assumindo
função biomecânica ativa na base da mão, sendo então o primeiro elemento a se ossificar no carpo. No grupo
dos répteis, a ossificação, bem como o número de falanges varia bastante. Segundo Hildebrand e Goslow
(2006) a fórmula falângica genérica para as mãos dos repteis é 2:3:4:5:3, padrão bem próximo ao averiguado
em C. yacare, diferindo apenas no número de falanges do dedo IV, onde estão presentes apenas três ossos.
Em geral, a ossificação das falanges ocorre a partir dos elementos proximal à distal, embora as falanges
ungueais estejam mais intensamente coradas em relação as demais. O sentido de ossificação próximo-distal
averiguado em C. yacare foi semelhante ao padrão relatado por Rieppel (1992, 1993b, 1994) para L. vivipara,
A. mississipiensis e L. agilis exigua.
REFERÊNCIAS
1- BURKE, A.C. e ALBERCH, P. The developmental and homology of the chelonian carpus and tarsus. J
Morphol., 186, 119-131, 1985; 2- DAVIS, D.D.; GORE, U.R. Clearing and staining skeleton of small
vertebrates. Field M Nat Hist, 4, 3-15. 1936; 3- HILDEBRAND, M.; GOSLOW, G.E. Análise da estrutura
dos vertebrados. Atheneu, São Paulo, 2006.637 pp; 4- HINCHIFFE, J.R. Evolutionary developmental biology
of the tetrapod limb. Developmental, 163-168. 1994; 5- RIEPPEL, O. Studies of formation in reptiles III.
Patterns of ossification in the skeleton of Lacerta vivipara, Jacquin (Reptilia, Squamata). Fieldiana
(Zoologica), 68, 1-25, 1992; 6- RIEPPEL, O. Studies of skeleton formation in reptiles II. Chamaeleo
hoehnelli (Squamata: Chamaeleoninae), with comments on the Homology of carpal and tarsal bones.
Herpetologica, 49, 66-78, 1993a; 7- RIEPPEL, O. Studies of skeleton formation in reptiles. V. Patterns of
ossification in the skeleton of Alligator mississipiensis DAUDIAN (Reptilia, Crocodylia). Zoological Journal
of the Linnean Society, 109, 301-325, 1993b; 8- RIEPPEL, O. Studies of formation in reptiles. Patterns of
ossification in the skeleton of Lacerta agilis exigua, Eichwald (Reptilia, Squamata). J Herpetol, 28, 145-153.
1994; 9- SÁNCHEZ -VILLAGRA, M. R. et al. Autopodial developmental in the sea turtles Chelonia mydas
and Caretta caretta. Zool Sci, 27, 257-263, 2007; 10- SHUBIN, N.H. e ALBERCH, P. A morphogenetic
approach to the origin and basic organization of the tetrapod limb. Evol. Biol., 20, 318-390, 1986.
ONTOGENIA DOS OSSOS DO CASCO EM EMBRIÕES DE Podocnemis unifilis TROSCHEL, 1848
(TESTUDINES, PODOCNEMIDIDAE)
Lima, F. C.1*; Santos, A. L. Q.2; Silva-Junior, L. M.1; Malvázio, A.3; Montelo, K. M. 3
1- Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia. 2- Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3- IBAMA.
Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Objetivando investigar a ontogenia dos ossos do casco, coletaram-se embriões de P. unilifis que foram
submetidos à técnica de diafanização e coloração dos ossos e cartilagens. Os ossos epiplastrão, endoplastrão,
hioplastrão, hipoplastrão, xifiplastrão e o mesoplastrão formam seu plastrão. No estágio 19 observou-se
alteração da textura em todos esses ossos. A carapaça é composta por oito pares de ossos costais, onze de
costelas, onze de ossos periféricos, sete ossos neurais, um nucal, um supra-pigal e um pigal. No estágio 20
existem centros de ossificação do segundo ao nono par de costelas. No estágio 21 iniciam expansões dos
ossos costais nas costelas craniais, seguido pelas caudais e no nucal. No estágio 25, o primeiro par de ossos
periféricos apresenta seu centro de ossificação, que avança nos pares de dois a sete, depois para o pigal,
seguido pelos demais periféricos. Não é observado a presença de ossificação do supra-pigal.
PALAVRAS-CHAVE: Alizarina, carapaça, plastrão.
INTRODUÇÃO
Enumeras mudanças ocorreram no esqueleto dos membros dos Testudines principalmente em número, arranjo
e proporções das falanges e dos ossos do carpo e tarso (SÁNCHEZ-VILLAGRA et al., 2009; SHEIL, 2003).
Tais alterações estão presentes nas espécies viventes, sendo algumas destas características oriundas de
milhares de anos de evolução (SHEIL, 2003), refletindo o nicho de cada espécie. O delineamento dos
processos ontogênicos inerentes a estes particularidades pode contribuir para explicar a geração de algumas
características neste grupo. Assim, objetivou-se descrever a ontogenia do esqueleto da cintura peitoral e
membros torácicos de Podocnemis unifilis.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizaram-se sessenta e seis embriões de P. unifilis adquiridos sob licença número 021/2007 IBAMA/RAN
na área de reprodução natural do entorno do Parque Nacional das Nascentes do Rio Araguaia. Estes foram
coletados diariamente durante todo período de incubação e depois retirados de seus ovos e submetidos ao
protocolo de diafanização e coloração de ossos segundo o método de Davis e Gore (1936).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ossificação do casco inicia-se no período embrionário com a presença de centros de ossificação nos ossos
do plastrão e na carapaça concomitantemente, considerando as costelas como parte integrante da estrutura da
carapaça, haja vista que estes se fundem durante o desenvolvimento. No estágio 19 todos os ossos da porção
ventral do casco apresentam textura diferenciada das demais estruturas adjacentes, outrora, não apresenta
coloração com Alcian Blue confirmando a ossificação intramembranosa (Fig. 1). Ao início do estágio 20,
observam-se centros de ossificação, sendo o desenvolvimento destes ossos independentes. Neste processo
surgem duas fontanelas, uma cranial, entre os ossos do hioplastrão e o endoplastrão e outra caudal, entre o
hioplastrão, cranialmente, o hipoplastrão, lateralmente e o xifiplastrão, caudalmente. A ossificação da
carapaça inicia-se no estágio 20 nos ossos das costelas (C) de C2 a C9, outrora, a presença de cartilagens é
evidenciada no estágio 18 nos ossos de C1 a C9, sendo C10 e C11 apenas no decorrer do estágio 20 (Fig.2).
Figura 1: Fotografias da sequência de ossificação do plastrão de P. unifilis. Epi, epiplastrão; End,
endoplastrão; Hyo, hioplastrão; Mes, mesoplastrão; Hyp, hipoplastrão; Xif, xifiplastrão; V, vértebra; R,
costela; CaF, fontanela cranial e CrF, fonanela caudal. Barra 5mm.
Figura 2: Fotografias da sequência de ossificação da carapaça de P. unifilis. C, osso costal; V, vértebra; R,
costela; N, osso neural; Nu, nucal; P, periférico. Barra 5mm.
As projeções laterais que evidenciam a formação dos ossos costais (Co) da carapaça apenas se coram com
alizarina no decorrer do estágio 21, visualizadas bilateralmente nos ossos Co1 a Co3 e menos evidente em
Co4, e unilateralmente, na porção cranial nos ossos Co5 a Co7, e posteriormente em Co8. A não retenção de
alcian blue nos ossos dérmicos da carapaça confirma sua ossificação intramembranosa. No início do estágio
22, a ossificação de todos os ossos costais avança bilateralmente, e ao final desta etapa o osso nucal e as
costelas 10 e 11 apresentam centros de ossificação corados com alizarina, assim como os ossos neurais de um
a sete. Os ossos periféricos (P) se ossificam em sentido crânio-caudal, apresentando centro de ossificação
durante o estágio 25 em P1 e seguindo caudalmente em P2 a P7 e em P8 a P11 no fim do estágio. Outrora,
suas expansões ósseas não encontram com seus adjacentes durante o período pré-natal. O osso pigal apresenta
pouca retenção de corante no final do estágio 25. Não foram observados centros de ossificação no osso suprapigal durante o período embrionário. São notáveis as diferenças na sincronização de ossificação, dentre
outros, dos ossos do casco, entre P. unifilis e outras espécies de testudines comparadas. As relações evolutivas
e ecológicas dos répteis são controversas, outrora, pode-se afirmar que a presença da carapaça e do plastrão
completamente formados é a característica sinapomorfica que define a ordem (ROMER, 1956; GILBERT et
al., 2001). A diferença no número de centros de ossificação é devido, principalmente, à ausência ou presença
do mesoplastrão, característica considerada autopomórfica. Matzke et al. (2004) relataram a ausência do
mesoplastrão em Xinjiangchelys qiguensis, o que, de acordo com os autores, representa uma importante
característica derivada dos eucriptodira. Provavelmente, as diferenças notificadas na cronologia da formação
óssea entre os testudines pode ser explicado pela variação nos padrões de desenvolvimento dos répteis, em
função do período de incubação e das oscilações de temperatura durante a embriogênese. Isso possivelmente
explicaria as disparidades durante desenvolvimento destas estruturas em P. expansa (VIEIRA et al., 2009), C.
serpentina (GILBERT et al., 2001; RIEPPEL, 1993), A. spinifera (SHEIL, 2003) e também P. unifilis.
Considerando as costelas como integrantes do arcaboço da carapaça, o ínicio do processo de ossificação desta
estrutura ocorre concomitantemente com o plastrão em P. unifilis, assim como relatado para P. expansa
(VIEIRA et al., 2009), que ainda apontou que o período para a completa ossificação do plastrão é maior que
para a carapaça, ao contrário do que afirma Gilbert et al. (2001), para T. scripta.
REFERÊNCIAS
1- DAVIS, D.D. e GORE, U.R. Clearing and staining skeleton of small vertebrates. Field museum of natural
history, Chicago, 4, 3-15, 1936; 2- GILBERT, S.F. et al. Morphogenenis of the turtle shell: the delelopment of
a novel structure in tetrapod evolution. Evol Devel, 3, 47-58, 2001; 3- RIEPPEL, O. Studies of skeleton in
reptiles. Patterns of ossification in the skeleton of Chelydra serpentina (Reptilia, Testudines). J Zool, 231,
487-509. 1993; 4- SANCHÉZ-VILLAGRA, M.R. et al. Skeletal development in the Chinese soft-shelled
turtle Pelodiscus sinensis (Testidines: Trionychidae). In press, 2009; 5- SHEIL, C.A. Osteology and skeletal
development of Apalone spinifera (Reptilia: Testudines: Trionychidae). J Morphol 256: 42-78, 2003; 6VIEIRA, L.G. et al. Ontogeny of the plastron of the giant amazon river turtle Podocnemis expansa
(Schweigger, 1812) (Testudines, Podocnemididae). Zool Sci, 26, 2009.
ORIGENS DOS PLEXOS BRAQUIAIS EM GALINHAS (Gallus gallus domesticus) CAIPIRAS
*Arantes, R.C.1; Ferreira, D.2; Marinho, A.V.2; Boleli, E.F.2 ; Fortis, G.L2; Severino, R.S.³
1- Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, (FAMEV/UFU). 2- Acadêmicos da
Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV/UFU). 3- Prof. Titular, Faculdade de Medicina Veterinária
(FAMEV/UFU).
[email protected]
RESUMO
Propondo-se conhecer aspectos anatômicos pormenorizados da galinha caipira, Gallus gallus domesticus,
estudou-se as origens dos plexos braquiais em 30 aves (1 macho e 29 fêmeas) , com idade de oito a vinte
semanas, oriundas de propriedades rurais dos municípios de Ituiutaba e Santa Vitória/MG. Os animais foram
eutanasiadas com associação entre xilazina/cetamina aplicados na veia braquial. Posteriormente fixou-os em
solução de formaldeído à 10%. Realizou-se a dissecação bilateral das origens dos plexos braquiais, o que
permitiu-nos verificar que os mesmos possuem quatro troncos, que se originaram dos ramos ventrais dos
nervos espinhais cervicais situados na décima terceira (C13) e décima quarta (C14) vértebras cervicais e dos
ramos ventrais do primeiro (T1) e segundo (T2) nervo espinhais torácicos, em 100 % dos casos no antímero
direito. Em 75% dos espécimes notou-se a não participação de T2 na origem do plexo braquial esquerdo.
PALAVRAS-CHAVE: Gallus gallus, Origem, Plexo braquial
INTRODUÇÃO
O interesse por aves silvestres e domésticas instiga uma busca constante pelo conhecimento morfológico
destas espécies. A anatomia das aves é influenciada pela descendência comparativa com os répteis, exigências
relativas ao vôo e a capacidade de penetrar em nichos. Os plexos braquiais têm sido objetos de estudos nas
aves e em outros animais por interesses clínicos, cirúrgicos e bloqueios paravertebrais (FREITAS et al., 2002;
BORGES et al., 2009). Detectam-se, nas aves, variações no que diz respeito à origem dos plexos braquiais
devido a diferenças que ocorrem no número de suas vértebras cervicais (NICKEL et al, 1977). Em especial,
nas galinhas, as vértebras cervicais são em número de 14 (FEDUCCIA, 1986). Nos mamíferos os nervos
espinhais unem-se para formar um tronco comum, na origem de cada plexo braquial nas galinhas, as raízes
nervosas constituem quatro troncos curtos, onde ocorre intercâmbio de fibras, que combinadas formam dois
cordões nervosos, um dorsal e o outro ventral (GETTY, 1986). Portanto, objetivou-se o estudo das origens
dos nervos dos plexos braquiais das galinhas (Gallus gallus domesticus) caipiras, visto que o tema e espécime
em questão ainda são gargalos estrururais pouco abordados anatomicamente.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas trinta galinhas (Gallus gallus domesticus) caipiras, sendo vinte e nove fêmeas e um macho,
de oito a vinte semanas de idade, provenientes de fazendas dos municípios de Ituiutaba e Santa Vitória, no
Estado de Minas Gerais. As aves foram eutanasiadas, no Laboratório de Anatomia Animal da Faculdade de
Medicina Veterinária (FAMEV), com a associação entre xilazina /cetamina via endovenosa, através da
canalização da veia braquial. As peças foram injetadas com solução de formalina a 10%, sendo fixadas por
72 horas e acondicionadas em recipientes adequados. Dissecaram-se os espécimes mediante incisão na linha
mediana dorsal, rebatendo-se a pele e a tela subcutânea, e no que se expôs os músculos grande dorsal e
trapézio, profundamente os músculos rombóides superficial e profundo, escápulo-umerais cranial e caudal,
culminando com a desarticulação dos respectivos membros torácicos, identificação e retirada das duas
primeiras costelas, exposição dorsal dos plexos braquiais e estruturas adjacentes. Os arranjos correspondentes
aos respectivos plexos foram esquematizados e estas peças devidamente fotografadas como instrumento de
documentação. A nomenclatura utilizada está de acordo com a Nomina Anatômica Avium de 1979.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se que os plexos braquiais nas galinhas caipiras, em 100% dos casos, apresentam na sua origem
quatro troncos, provenientes dos ramos ventrais dos nervos espinhais cervicais situados entre a décima
terceira (C13) e décima quarta vértebras cervicais (C14), além dos ramos ventrais do primeiro e segundo
nervos torácicos (T1 e T2), (Figura1). O primeiro tronco originou-se, em ambos os antímeros e em 100% dos
casos, do décimo terceiro espaço intervertebral cervical (C13). O segundo, tanto no antímero esquerdo quanto
no direito, surgiu do décimo quarto espaço intervertebral cervical (C14), em 100% dos casos. O terceiro
originou-se, em ambos os antímeros, do primeiro espaço intervertebral torácico (T1), também em 100% dos
casos. O quarto e último tronco, no antímero direito, em 100% dos casos, originou-se do segundo espaço
intervertebral torácico (T2) e em 75% dos espécimes notou-se a participação de T2 na origem do plexo
braquial esquerdo. Ainda no atinente às origens dos plexos braquiais esquerdo e direito, observou-se que os
quatro troncos unem-se por intercâmbio de fibras para formar dois cordões nervosos, um dorsal e outro
ventral. A literatura aborda que em relação aos urubus, Coragyps atratus foeten, os plexos braquiais, em
100% dos casos, apresentam quatro troncos, os quais se originam dos ramos ventrais dos nervos espinhais
cervicais situados na décima primeira (C11), décima segunda (C12) e décima terceira (C13) vértebras
cervicais e dos ramos ventrais do primeiro (T1) e segundo (T2) nervo espinhais torácicos (MOREIRA, 2009).
Estabelece-se semelhança com o Gallus gallus domesticus apenas quanto ao numero de troncos, tanto C.
atratus quanto o G. gallus possuem quatro troncos principais, no entanto, deve ser levado em consideração
que os urubus em geral possuem um número de treze vértebras cervicais, enquanto que nas galinhas são 14
vértebras cervicais. Nas galinhas (Gallus gallus domesticus) caipiras, em todas as oportunidades notou-se
quatro troncos nervosos: três de maior calibre(C14, C15, T1) e um de menor calibre( T2). Diferentemente da
Meleagris gallopavo, peru, que apresenta apenas três troncos nervosos principais como formadores do plexo
braquial, os quais originam-se dos nervos espinhais cervicais situados entre décima segunda (C12) e décima
terceira vértebras cervicais (C13), dos nervos espinhais localizados entre última cervical (C13) e primeira
torácica(T1) e dos ramos ventrais dos nervos espinhais torácicos entre o primeiro (T1) e o segundo (T2),
(MOREIRA, 2005). Nos patos e gansos, os ramos ventrais dos dois últimos nervos espinhais cervicais e dos
dois primeiros torácicos constituem o plexo braquial, ocorrendo ou não variações na presença dos nervos
primeiros torácicos, (NICKEL et al., 1977; BAUMEL, 1979). Esta mesma organização está presente no
Gallus gallus domesticus sem variações aparentes, levando-se em consideração as proporções de tamanho
entre as duas espécies. Conhecer as origens dos plexos braquiais das aves é importante, pois pode
correlacioná-los com disfunções neuromusculares, causadas por traumas, neoplasias, infecções, e infestações
por ácaros. O estudo das origens dos plexos braquiais das galinhas caipiras permitiu-nas estabelecer que: os
plexos são formados por raízes ventrais oriundas da intumescência cervical da medula espinhal, na transição,
portanto, entre as últimas vértebras cervicais e as primeiras torácicas( C13 à T2); os nervos componentes dos
plexos braquiais na espécime em questão (Gallus gallus domesticus) formam dois cordões( ventral e dorsal)
através da união de fibras dos quatro troncos nervosos.
Figura 1. Fotografia da região cérvico-torácica esquerda (AE), posição dorsolateral, ilustrando as origens dos
nervos dos plexos braquiais nas galinhas caipiras (Gallus gallus domesticus) apresentando quatro troncos (T1,
T2, T3, T4), os quais originam-se dos ramos ventrais dos nervos espinhais cervicais situados na décima
terceira (4) e décima quarta (3) vértebras cervicais e dos ramos ventrais do primeiro (2) e segundo (1) nervos
espinhas torácicos. Evidenciando ainda o cordão ventral (CV) e o cordão dorsal (CD).
RFERÊNCIAS
1- BAUMEL, J.J.. Nomina Anatômica Avium. London: Academic Press, 1979; 2- BORGES, A.S.; SILVA,
D.P.G.; GONÇALVES, R.C.; CHIACCHIO, S.B.; AMORIM, R.M.; KUCHEMBUCK, M.R.G.; VULCANO,
L.C.; BANDARRA, E.P.; LOPES, R.S.. Fraturas vertebrais em grandes animais: estudo retrospectivo de 39
casos (1987-2002). Arquivo Brasileiro Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v.55, n.2, abr.,
2003; 3- FEDUCCIA, A.. Osteologia. In: GETTY, R. Sisson/Grossman: anatomia dos animais domésticos.
5. ed., Rio de Janeiro: Guanabara, p.1680-1690,1986; 4- FREITAS, P.M.C.; PAULA LIMA, C.A.; MOTA,
F.C.D.; GOULART, M.R.; SHIMIZU, B.J.; EURIDES, D.; MELO, M.S.. Comparação entre o uso de
bupivacaína a 0,25% e a 0,75% no bloqueio do plexo braquial em gatos (Felis catus domesticus). Ars
Veterinária, Jaboticabal, SP, v.18, n. 3, p. 218-222, 2002; 5- GETTY, R.; Sisson/Grossman: anatomia dos
animais domésticos. 5. ed.; Rio de Janeiro: Guanabara, 2000 p.,1986; 6- MOREIRA, P.R.R.; SOUZA, W.M.
de; SOUZA, N.T.M. de; CARVALHO, R.G.; CUSTÓDIO, A.A.. Arranjos configurados pelos nervos do
plexo braquial no peru (Meleagris gallopavo – LINNAEUS, 1758). Ars Veterinária, Jaboticabal, SP, v.21,
n.3, p.296-302, 2005; 7- MOREIRA, P.R.R,; SOUZA, W.M. de; SOUZA, N.T.M. de; CARVALHO, R.G..
Arranjos configurados pelos nervos do plexo braquial do urubu (Coragyps atratus foetens – LINNAEUS,
1758). Brazilian Journal Veterinay Research Animal Science, São Paulo, v.46, n.2, p.144-151, 2009; 8NICKEL, R.; SCHUMMER, A.; SEIFERLE, E.. Peripheral nervous system. In: ______ Anatomy of the
domestic birds. Berlim: Parey, 1977, p. 131-139.
ORIGENS E DISTRIBUIÇÕES DAS ARTÉRIAS MESENTÉRICAS CRANIAL E CAUDAL EM
MARRECOS (Anas platyrhynchos)
RESENDE, G. G. N.*¹; BRITO, T. R.¹; GOMES, A. R. A.¹; FERREIRA, F. A²; SILVA, F. O. C.²; SANTOS,
L. A.³; SANTOS FILHO, M. O.¹; VASCONCELOS, B. G.¹; SANTOS, I. L.¹
1- Graduando em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 2- Prof. Dr. da Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3- Mestrando da Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia
[email protected]
RESUMO
Estudaram-se as origens e distribuições das artérias mesentéricas cranial e caudal em 30 exemplares de
marreco (Anas platyrhynchos). Foi realizada a injeção do sistema vascular arterial, via artéria isquiática, com
solução aquosa corada de “Neoprene Látex 450”, a 50% e fixação em solução aquosa de formol a 10%. A
artéria mesentérica cranial originou da aorta descendente caudal à artéria celíaca, subdividiu-se em três
troncos: o primeiro emitiu ramos ao colonreto, anastomosando-se com o ramo cranial da artéria mesentérica
caudal, às porções craniais dos cecos e segmento caudal do íleo. O segundo tronco originou as artérias
jejunais e o terceiro destinou-se às porções média e caudal do ceco direito e também ao íleo. A artéria
mesentérica caudal surgiu da aorta descendente, caudalmente aos rins, dividiu-se em dois ramos: um cranial
destinado ao colonreto e outro caudal para o reto, cloaca e bolsa cloacal.
PALAVRAS-CHAVE: irrigação, anseriformes, vascularização.
INTRODUÇÃO
A popularização do hábito de comer carne de marreco no país está promovendo um avanço médio de 10% ao
ano nas vendas de matrizes, filhotes, ovos e animais vivos. Hoje, são produzidos cerca de 100 mil
animais por ano para abate e há aproximadamente 10 mil matrizes em todo o território
nacional, embora os criadouros fiquem concentrados nas regiões Sul e Sudeste
(SUINOCULTURA INDUSTRIAL, 2002). Existem raças de marrecos mistas, que
fornecem carne de boa qualidade e ovos, enquanto outras são mais direcionadas à postura
(FABICHAK, 1999). O aparelho digestório está intimamente relacionado com a produtividade, pois é
nele que ocorre o processamento dos alimentos. O reconhecimento de sua estrutura e fisiologia é inevitável
para se estabelecer uma nutrição mais adequada, voltada às particularidades digestivas, visando à obtenção de
uma ração de alta digestibilidade, melhor aproveitamento pelo animal, proporcionando melhor conversão
alimentar e conseqüente aumento da produção (MIRANDA et al. 2009). As artérias mesentéricas são
importantes vasos responsáveis pela nutrição de grande parte do aparelho digestório. Nas aves essas artérias
são responsáveis principalmente pela irrigação dos intestinos e estão intimamente ligadas ao ganho de peso e
conversão alimentar. (PERES et al., 2005). O objetivo principal do presente trabalho é fornecer dados
específicos a respeito das origens e distribuições das artérias mesentéricas cranial e caudal de marrecos Anas
platyrhynchos, visando obter subsídios para correlacioná-los com outras espécies, contribuindo assim, para o
enriquecimento da anatomia comparativa.
METODOLOGIA
Para realização deste trabalho foram utilizados trinta exemplares de marrecos Anas platyrhynchos, sendo
quinze machos e quinze fêmeas, oriundos de criatórios do estado de São Paulo. Após a morte natural das aves,
a artéria isquiática esquerda foi canulada para injeção de solução marcadora de vasos sanguíneos. Por
conseguinte, foi injetada solução aquosa a 50% de Neoprene látex “450”. Em seguida, as aves foram fixadas
em solução aquosa de formol 10%, mediante aplicações intramuscular profunda, subcutânea e intracavitária,
sendo posteriormente, mantidas submersas na mesma solução. Para dissecação das artérias mesentéricas
cranial e caudal utilizou-se instrumentos cirúrgicos e campo visual de uma lupa monocular tipo Wild (10X).
Foram elaborados modelos esquemáticos pertinentes às origens das artérias mesentéricas cranial e caudal,
com suas respectivas distribuições nos órgãos do aparelho digestório das aves, os quais foram transferidos
para fichas individuais, registrando a origem, o número e a ordenação dos respectivos vasos. A nomenclatura
adotada para descrição dos resultados foi Nomina anatomica avium (1979).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A artéria mesentérica cranial supriu o jejuno, íleo, ceco direito, porção cranial do ceco esquerdo, junção
ileocecocólica e colonreto, condizendo com Pinto et al. (1998). Segundo citações de Sisson e Grossman
(1975) e Baumel (1986) a origem da artéria mesentérica cranial ocorreu a partir da artéria aorta descendente,
enquanto que Schummer (1977) caracterizou-na como um vaso originado da artéria aorta abdominal,
caudalmente à artéria celíaca. Pinto et al. (1998) e neste estudo, a referida artéria surgiu como um vaso ímpar
da aorta descendente imediatamente caudal a artéria celíaca. Próximo à junção ileocecocólica ela subdividiuse em três troncos. O primeiro emitiu um ramo ao colonreto, anastomosando-se com o ramo cranial da artéria
mesentérica caudal em 100% dos casos. Emitiu também um ramo para vascularização das porções craniais do
ceco direito e esquerdo e segmento caudal do íleo. Os vasos destinados ao ceco direito variaram de 1 a 8 e ao
íleo de 6 a 13. Ocorreu anastomose com a artéria celíaca em 4 casos. O segundo tronco originou as artérias
jejunais, cuja variação foi de 8 a 23 ramos, estes números não divergem acentuadamente dos achados de
Schwarze e Schröder (1970), pois estes autores relatam a existência de 12 a 20. O terceiro tronco emitiu a
artéria ileocecal vascularizando a porção média e caudal do ceco direito e o íleo (Tabela 1). A artéria
mesentérica caudal originou da aorta descendente caudalmente aos rins e após sua origem bifurcou-se em
ramos cranial e caudal. O cranial emitiu vasos colonretais variando de 5 a 9 e o caudal originou vasos retais,
cloacais e bursais. Os retais variaram de 2 a 7, os cloacais evidenciados em 20 exemplares (66,65%) e os
destinados a bolsa cloacal em 9 casos (29,99%) variaram de 1 a 3 (Tabela 2). Estes resultados são
semelhantes aos encontrados por Schwarze e Schröder (1970), porém relatam, no galo doméstico, a existência
de uma anastomose entre a artéria mesentérica caudal e as artérias pudenda internas, fato esse que não foi
evidenciado nesta pesquisa. Os nossos resultados são concordantes aos encontrados por Pinto et al. (1998) no
pato doméstico (Cairina moschata).
Tabela 1. Correlações entre os números de casos encontrados e de ramos emitidos pelos três troncos da artéria
mesentérica cranial. Uberlândia – MG, 2009.
Nº de ramos
1º Tronco
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
JICC
16
11
2
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
CD
2
8
8
4
6
1
-
1
-
-
-
-
-
-
-
-
CE
-
3
8
8
6
4
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
ÍLEO
-
-
-
-
-
3
2
7
8
5
2
2
1
-
-
-
2º Tronco
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
JEJUNAIS
1
2
3
5
1
3
-
1
2
1
8
1
-
1
-
1
3º Tronco
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
CD
-
-
-
1
1
4
7
4
10
1
-
2
-
-
-
-
ÍLEO
-
-
-
-
3
2
2
7
5
2
2
4
3
-
-
-
JICC – Junção ileocecocólica, CD – Ceco direito, CE – Ceco esquerdo.
Tabela 2. Correlações entre os números de casos e de ramos emitidos pelos ramos cranial e caudal da artéria
mesentérica caudal. Uberlândia – MG, 2009.
Nº
de
ramos
Ramo
Cranial
Colonretais
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
-
-
-
-
-
5
11
7
6
1
Ramo
caudal
Retais
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
-
-
6
7
13
1
1
2
-
-
Cloacais
10
14
2
4
-
-
-
-
-
-
Bursais
21
5
3
1
-
-
-
-
-
-
REFERÊNCIAS
1- BAUMEL, J. J. Nomina anatomica avium. London: Academic Press, 1986. p.355-365; 2- BAUMEL, J. J.
Coração e vasos sangüíneos das aves. In: GETTY, R. Sisson/ Grossman anatomia dos animais domésticos.
5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, v. 2, 1986, p. 1842-1880; 3- FABICHAK, I. Criação doméstica de
patos, marrecos e perus. Editora: Nobel, 1999. ed. 1. p.32; 4- MIRANDA, R. L.; SILVA, F. O. C.;
SEVERINO, R. C.; DRUMMOND, S. S. SOLA, M. C.; MENDONÇA, E. P.; SILVA JÚNIOR, W. Origens e
distribuições das artérias mesentéricas cranial e caudal em aves (Gallus gallus) da linhagem Bovans Goldline.
Biosci. J., Uberlândia, v. 25, n. 1, p. 157-162, Jan./Feb. 2009; 5- PERES, R. F. G.; SILVA, F. O. C.;
RAFAEL, E. L. S. Origens e distribuições das artérias mesentéricas cranial e caudal em aves (Gallus gallus,
Linnaeus 1758) da linhagem Arbor Acres. Biosci. J. Uberlândia, v. 21, n. 3, p. 69-75, Sep./Dec. 2005; 6PINTO, M. R.; RIBEIRO, A. A.; SOUZA, W. M. Os arranjos configurados pelas artérias mesentéricas cranial
e caudal no pato doméstico (Cairina moshata). Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal
Science vol.35 n.3 São Paulo 1998; 7- SCHWARZE, E.; SCHRÖDER, L. Compendio de anatomia
veterinária. Zaragoza : Acríbia, 1970. V.5, p.145; 8- SCHUMMER, A. Circulatory system. In: ____.
Anatomy of the domestic birds. Berlim: Hamburg: Verlag Paul, 1977, p. 85-107; 9- SISSON, S.;
GROSSMAN, J. D. El gallo. In: _____. Anatomia de los animales domesticos. 4. ed. Barcelona: Salvat,
1975, p. 903-923; 10- SUINOCULTURA industrial. Carne de marreco se populariza no Brasil, 06 set.
2002.
Disponível
em:<http://www.suinoculturaindustrial.com.br/PortalGessulli/WebSite/News/Default.aspx?page=6&item=25
58&Channel=20081118090954_G_213>. Acesso em:27 junho 2009.
ORIGENS DOS NERVOS OBTURATÓRIOS EM OVINOS (Ovis aries – LINNAEUS, 1758) SEM
RAÇA DEFINIDA
VASCONCELOS, R. Y. G¹*; SILVA, F. O. C²; VASCONCELOS; B. G³; RINALDI, F. C. Q4; BITTAR, W.
A4; RESENDE, G. G. N4; SENA, C. V. B5.
1- Bolsista do Programa de Educação Tutorial Institucional da Faculdade de Medicina Veterinária –
FAMEV/UFU. 2- Professor da Faculdade de Medicina Veterinária – FAMEV/UFU. 3- Mestrando em
Ciências Veterinárias – FAMEV/UFU. 4- Graduandos do curso de Medicina Veterinária. 5- Médico
Veterinário autônomo.
[email protected]
RESUMO
Estudou-se em 20 exemplares de ovinos sem raça definida, que foram obtidos de abortos, natimortos, ou
morte natural através de criatórios do município de Uberlândia – MG. Os animais foram injetados e fixados
com solução aquosa de formol a 10% para posterior dissecação. Observou-se que as vértebras lombares
variaram de seis (65%) e sete (35%) dos casos. Nos primeiros as origens foram de L4 a L6 e nos últimos de
L5 a L7.
PALAVRA CHAVE: Inervação; Plexo lombo-sacral; Ruminantes.
INTRODUÇÃO
O ovino (Ovis aries) é um mamífero ruminante bovídeo da sub-família Caprinae. É um animal de enorme
importância econômica como fonte de carne, laticínios, lã e couro (WIKIPÉDIA, 2009). A ovinocultura tem
se destacado no setor agropecuário proporcionando bom retorno econômico ao empreendedor, sendo uma
atividade que apresenta enorme potencial produtivo. Segundo dados preliminares do IBGE do ano 2008 o
rebanho ovino efetivo do Brasil, em 2006, era de 13.856.747 de cabeças (BITTENCOURT, 2008). Com esses
números, o país é um dos maiores produtores do mundo. Ovinos, por uma série de fatores, apresentam
paralisias que podem acometer o membro pélvico e, por conseguinte diminuir significativamente sua
produtividade. O Nervo obturatório possui origem extremamente variável (GETTY, 1981). De acordo com
Schaller (1999), o nervo obturatório origina-se de L4 à S1. A localização do nervo obturatório é a face medial
da diáfise do ílio até chegar ao forame obturador. Devido a essa relação com o osso existe o risco de laceração
em fraturas e de compressão durante o parto. A lesão faz com que os membros tendam a escorregar para os
lados (DYCE; SACK; WENSING, 2004). A distocia, parto difícil ou obstruído, pode ser devido às causas
fetais, maternas ou mecânicas. O nervo obturatório, segundo Vaughan (1964) é mais vulnerável na articulação
sacro ilíaca, mesmo sendo muito exposto durante seu curso no forame obturador.
METODOLOGIA
Para realização dessa pesquisa foram utilizados 20 exemplares de ovinos, sendo fetos abortados, natimortos
ou obtidos por mortes naturais, obtidos de criatórios do município de Uberlândia - MG. Por meio de uma
incisão vertical ao nível do nono espaço intercostal do antímero esquerdo, a artéria aorta torácica descendente
foi individualizada e canulada para injeção de solução aquosa de formol a 10%, que também foi aplicado
intramuscularmente. Aguardou-se um intervalo mínimo para dissecação no período de 24 horas, mantendo as
peças fixadas na referida solução. Para marcar os vasos sanguíneos injetou-se também solução de Neoprene
Látex “450” a 50% corada com pigmento específico. A sínfise pélvica foi desarticulada para que fosse
possível o acesso à cavidade. Os vasos e órgãos internos foram afastados e através de uma secção longitudinal
na região paralombar, que se estendeu até a borda caudal da última costela, pôde-se visualizar as vértebras
lombares. Após a remoção dos músculos psoas maior e menor, observaram-se os ramos ventrais dos nervos
espinhas lombares de ambos antímeros, que dão origem aos nervos obturatórios direito e esquerdo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O nervo obturatório é constituinte do plexo lombar. Ao avaliar os vinte ovinos (Ovis aries) sem raça definida
constatou-se que eles apresentaram seis vértebras lombares em treze (65%) dos casos. Nestes as origens
foram: em L4, seis casos (46%) do nervo obturatório direito e cinco (38,5%) do esquerdo, e em L5 e L6 nos
treze (100%) animais. Com sete vértebras lombares constataram-se sete (35%) ovinos e, suas origens foram:
em L5 em três (43%) animais e sete (100%) em L6 e L7. Em ruminantes o nervo forma a continuação do
ramo ventral L5 com o nervo femoral, e um pequeno ramo de L4 e outro de L6. Em caprinos e ovinos o nervo
obturatório é normalmente formado por ramos ventrais de L5 e L6 e também em L7, quando existir essa
vértebra, nos ovinos (GETTY, 1981). Habel (1968), e Molenaar (1997) descreveram que o nervo recebe
contribuição de S1. Em Miranda et al. (2007), observou-se que em bovinos azebuados a origem se deu em L5,
L6 e S1. Segundo Schaller (1999) a origem pode ocorrer entre L4 e S1 em equinos. Lacerda, et al. (2006)
encontrou no mocó (Kerondon rupestres) origem do nervo obturatório em L5, L6 e L7, também observada no
Ovis aries, além da contribuição de L4. Nesse trabalho as origens foram de L4 a L6 nos animais com seis
vértebras lombares, e de L5 a L7 nas espécimes com sete.
REFERÊNCIAS
1-BITTENCOURT, R. Artigos técnicos: Ovinocultura: Crescimento da Atividade no Brasil. TERTÚLIA
CENTRAL GENÉTICA – TCG. Disponível em: <http://www.tcgbahia.com.br/ap_info_dc.asp?idInfo=10>.
Acesso em 19 de Ago. de 2009; 2- DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Tratado de anatomia
veterinária.3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2004. p. 310-311; 3- GETTY; R. Sisson/Grossman/
anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro: Interamericana. 1986. p. 95-696. v. 1. 1981. p.
1302-1303. v. 2; 4- HABEL, R. E. Manual de disección de los ruminantes domésticos. Zaragoza: Acribia.
1968. p. 71-73; 5- LACERDA, P.M.O. et al. Origem do plexo lombossacral de mocó ( Kerondo rupestris).
Braz. J. vet. Res. anim. Sci. São Paulo. v. 43, n. 5, p. 620-628. 2006; 6- MIRANDA, R. L. et al. Origens e
distribuições dos nervos obturatórios em fetos Fêmeas de bovinos azebuados. Biosci. J. Uberlândia. v. 23. n.
4. p.120-127. Oct./Dec. 2007; 7- MOLENAAR, G. J. O. Sistema nervoso. In: DYCE, K. M.; SACK, W. O.;
WENSING, C. J. G. Tratado de anatomia veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1997. v. 1. p.
175-224; 8- SCHALLER, O. Nomenclatura anatômica veterinária ilustrada. São Paulo: Manole.
1999.575; 9- VAUGHAN, L. C. Peripheral nerve injuries: an experimental study in cattle. The Veterinary
Record. London. Nov. 1964. v. 72, n. 46, p. 1293-1301, nov. 1964; 10- WIKIPEDIA.COM.BR 2009.
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ovelha>. Acesso em 19 de Ago. de 2009.
ORIGENS E DISTRIBUIÇÕES DOS NERVOS OBTURATÓRIOS EM OVINOS DA RAÇA
DORPER
RINALDI, F.C.Q.¹; SILVA, F.O.C.²; BITTAR, W.A.¹; NARCISO, G.¹; VASCONCELOS, B. G.3; SENA,
C.V.B.4; VASCONCELOS, R.Y.G.5
1- Graduandos do curso de Medicina Veterinária, UFU. 2- Professor titular, FAMEV-UFU. 3-Mestrando em
Ciências Veterinárias, FAMEV-UFU. 4-Médico Veterinário, Autônomo. 5-Bolsista PET Institucional Medicina
Veterinária, UFU.
[email protected]
RESUMO
Estudou-se em dez ovinos da raça Dorper, as origens e distribuições dos nervos obturatórios que foram
obtidos através de abortos, natimortos ou mortes naturais, em criatórios do município de Uberlândia-MG. Os
animais foram injetados e fixados com solução aquosa de formol a 10% para posteriores dissecações. O
referido nervo originou-se dos ramos ventrais dos nervos espinhais de L4 a L7 e distribuíram-se nos músculos
obturador interno, pectíneo, adutor e grácil.
PALAVRAS-CHAVE: Inervação, plexo lombo-sacral, ruminantes.
INTRODUÇÃO
Originária da África do Sul, a raça Dorper, também chamada no Brasil de Somalis Brasileira é resultado do
cruzamento das raças Dorset com a Black Head Persian. Como características apresentam uma boa
resistência, uma excelente carcaça e é ótima para a produção de carne (SOUZA; LEITE, 2000). A região do
Nordeste possui 8,7 milhões de ovinos, embora, seja um número expressivo, esses rebanhos apresentam
baixos índices de produtividade, devido à falta de caracterização de um sistema de produção adequado, que
propõe utilizar raças apropriadas para cada objetivo de produção (SOUZA; LEITE, 2000). A laceração, ou
ruptura do nervo obturatório é um problema causado pela distocia, parto difícil ou obstruído, que pode ser
devido às causas fetais, maternas ou mecânicas, sendo que a desproporção feto-pélvica contribui com cerca de
30% de toda a distocia em bovinos (HAFEZ, 1995). Pode ser causado também, pelo fato de que o nervo está
em íntimo contato com o osso do quadril, e por ocasião de fraturas e compressão durante o parto de fetos
grandes o nervo é vulnerável a laceração (DYCE et al., 1997; MOLENAAR, 1997). Sendo que, para Vaughan
(1964), a lesão do nervo obturatório ocorre com maior freqüência em novilhas, durante o primeiro parto.
Habel (1968) salienta a facilidade com que este nervo pode ser lesionado pelo feto no momento do parto, o
que determinará a paralisia dos músculos adutor, pectíneo, grácil e obturadores. Se o nervo de ambos
antímeros for danificado, os membros posteriores manter-se-ão abertos, tendendo a deslizarem lateralmente;
se a lesão for unilateral, será menos grave.
METODOLOGIA
Para realização desta pesquisa foram utilizados dez exemplares de ovinos da raça Dorper obtidos através de
abortos, natimortos ou mortes naturais, através de criatórios do município de Uberlândia-MG. As peças foram
conservadas em congeladores após a obtenção. Posteriormente, o material foi imerso em água por um período
mínimo de 24 horas, a fim de promover o descongelamento. Para injeção de solução marcadora de vasos
sanguíneos, Neoprene Látex “450” a 50 % corada com pigmento específico, a artéria aorta descendente, parte
torácica, foi individualizada e canulada com cânula compatível com seu diâmetro, através de uma incisão
vertical no nível do nono espaço intercostal do antímero esquerdo. As peças receberam aplicações de solução
aquosa de formol a 10% nas cavidades e nos músculos, posteriormente foram fixadas na mesma solução. Com
o objetivo de visualizar as origens dos nervos obturatórios direito e esquerdo foi feita uma incisão horizontal
na linha mediana ventral desde a cartilagem xifóidea do processo xifóideo do osso esterno até a borda caudal
da sínfise pélvica. Afastaram-se cranialmente os órgãos internos, artéria aorta descendente abdominal e veia
cava caudal. Por conseguinte, desarticulou a sínfise pélvica seccionando-a longitudinalmente para melhor
visualização.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Constatou-se que os animais apresentaram seis e sete vértebras lombares e suas origens se estenderam desde
L4 a L7, obtendo-se simetria entre os antímeros direito e esquerdo. Três exemplares, 30% apresentaram sete
vértebras lombares, sendo as origens dos nervos obturatórios dos ramos ventrais dos nervos espinhais foi de
L6 e L7 no antímero direito e L5, L6 e L7 no esquerdo em 10%, e em 20% dos casos foi de L5, L6, L7. No
restante dos exemplares 70%, os nervos obturatórios originaram-se de L5, L6 em 20% e de L4, L5, L6 em
50% das observações. Dyce et al (1990) relatam as origens dos ramos ventrais de L4 a L6, porém nesta
pesquisa foi encontrado ramos de L7. O referido nervo distribuiu-se nos músculos pectíneo, grácil e adutor
em 100% dos exemplares, e no músculo obturador interno em 90% dos exemplares. O citado nervo emitiu
ramos ao músculo obturador interno que variaram de 0 a 4 para o antímero direito e esquerdo, o pectíneo
recebeu de 4 a 10 ramos no antímero direito e de 3 a 8 no esquerdo, o grácil, de 8 a 17 no antímero direito e
de 8 a 16 no esquerdo e o adutor de 6 a 12 ramos no antímero direito e de 5 a 11 no esquerdo (Quadro 1).
Getty (1981) e Habel (1968) e Molenaar (1997), citam que este se distribui nos músculos pectíneo, adutor,
grácil e obturadores interno e externo, entretanto nesta investigação não foi encontrado a inervação deste
último.
Quadro 1: Porcentagem de fetos de ovinos da raça Dorper e números de ramos dos nervos obturatórios
direito e esquerdo, distribuídos nos músculos obturador interno (O), pectíneo (P), grácil (G) e adutor (A),
Uberlândia-MG, 2009.
N°
de
ramos
O
P
AD
AE
AD
AE
(%)
(%)
(%)
(%)
0
30%
10%
1
10%
20%
2
20%
30%
10%
3
30%
30%
50%
4
10%
10%
10%
10%
5
20%
10%
6
30%
10%
7
10%
10%
8
10%
9
10%
10
10%
11
12
13
14
15
16
17
Nota: Valores referentes aos 10 animais estudados.
G
AD
(%)
10%
10%
10%
30%
10%
10%
20%
AE
(%)
10%
10%
20%
10%
10%
30%
10%
-
A
AD
(%)
30%
30%
20%
10%
10%
-
AE
(%)
20%
40%
20%
10%
10%
-
REFERÊNCIAS
1- BARROS, R. A. C. Estudo anatômico dos plexos lombar sacral e coccígeo do macaco Cebus apella –
origem, composição e nervos resultantes. 2002. 137 f. Dissertação (Mestrado em Anatomia dos Animais
Domésticos)– Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002;
2- CLOETE, S.W.P.; SYNMAN, M.A.; HERSELMAN, M.J. Productive performance of Dorper sheep. Small
Ruminant Research, v.36, 2000, p.119-135; 3- DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Tratado de
anatomia veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1990, p. 496 – 504; 4- GETTY, R.
Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, v. 1, 1981, p.
1067-1069; 5- GODINHO, H. P.; NASCIMENTO, J. F.; CARDOSO, F. M. Anatomia dos ruminantes
domésticos. Belo Horizonte: Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, 1985, p. 89 – 126; 6- HABEL, R. E.
Manual de disección de los ruminantes domésticos. Zaragoza: Acribia, p. 71-73, 1968; 7- HAFEZ, E. S. E.
Reprodução animal. 6. ed. São Paulo: Manole, 1995, p. 233 – 240,286; 8- MOLENAAR, G. J. O. Sistema
nervoso. In: DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Tratado de anatomia veterinária. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, v.1, 1997, p. 175-224; 9- SOUSA, W.H. de; LEITE, P.R. de M. Ovinos de corte:
a raça Dorper. João Pessoa: Emepa-PB, 2000, 75p; 10- VAUGHAN, L. C. Peripheral nerve injuries: an
experimental study in cattle. The Veterinary Record London, v.72, n. 46, p. 1293 – 1301, nov. 1964.
OSTEOPATIA HIPERTRÓFICA PULMONAR EM DECORRÊNCIA DA SÍNDROME
PARANEOPLÁSICA EM CÃO: RELATO DE CASO
Oliveira, B.J.N.A.1; Souza, L.A.1; Dias, T.A.2*; Pucci, R.L.3;
Helou, J.B.3; Eurides, D.4; Silva, L.A.F.5
1- Doutorando em Ciência Animal, EV/UFG, bolsista do CNPq. 2- Residente de Cirurgia, FAMEV/UFU. 3Graduação em Medicina Veterinária, EV/UFG. 4- Professor Doutor em Cirurgia Experimental,
FAMEV/UFU. 5- Professor Doutor em Ciência Animal, EV/UFG.
[email protected]
RESUMO
Cães afetados pela osteopatia hipertrófica decorrente de neoplasias primárias e/ou metastáticas, apresentam
aumento de volume não edematoso nas extremidades dos membros, ocasionando dificuldade de locomoção e
sinais sistêmicos associados. Este relato tem como objetivo descrever um caso de osteopatia hipertrófica em
cão com inchaço simétrico nos quatro membros e sinais sugestivos da síndrome paraneoplásica. Os exames
radiográficos evidenciaram neoformação óssea periosteal no rádio, ulna, tíbia, fíbula, metacarpos e metatarsos
e nodulações pulmonares difusas. O proprietário optou pela eutanásia e necropsia, confirmando a presença de
neoplasia pulmonar. Na avaliação histopatológica foi constatada a proliferação de células redondas com
núcleo ovalado, citoplasma escasso e levemente basofílico, característico de linfoma. Conclui-se que as
neoplasias primárias pulmonares podem estar associadas á osteopatia hipertrófica, a qual se desenvolve em
decorrência de uma síndrome paraneoplásica.
PALAVRAS-CHAVE: Cão, linfoma, osteopatia, reação periosteal.
INTRODUÇÃO
A osteopatia hipertrófica (OH) em cães é considerada uma doença incomum (SUSANECK, MACY, 1982),
porém, esta tem sido descrita em associação a processos neoplásicos primários pulmonares ou metastáticos
(FOX et al., 1994), bem como abcessos, tuberculose, dirofilariose, endocardite bacteriana e espirocercose
(PALMER, 1993; LENEHAN, FETTER, 2003). A patogenia da OH ainda não está completamente
esclarecida, mas acredita-se na hipótese que o aumento do fluxo sanguíneo na porção distal dos membros
acarreta o crescimento de tecido conectivo vascular e subseqüente mineralização. Outras teorias citam fatores
humorais, hipóxia ou combinação de ambos (SUSANECK, MACY, 1982). Contudo, a teoria neurogênica é
geralmente aceita, sendo as alterações ósseas encontradas resultantes dos impulsos nervosos que chegam das
lesões intra-torácicas, via nervo vago e finalmente, produzindo distúrbios vasomotores nas extremidades
(PALMER, 2003). Clinicamente, os animais apresentam sintomas bilaterais e simétricos de um inchaço não
edematoso nos tecidos moles, afetando principalmente a extremidade distal dos quatro membros (LENEHAN,
FETTER, 2003). Sinais como tosse, taquipnéia ou dispnéia podem ser observados (FOX et al., 1994). Ao
exame radiográfico, geralmente são vistas reações periosteais simétricas e uniformes na diáfise dos ossos
longos e região dos dígitos, sem envolvimento articular (HARA et al., 1995). As lesões da OH são mais
severas no rádio, ulna, tíbia e metacarpos, enquanto fêmur, úmero e falanges são menos afetados. (PALMER,
2003). O objetivo desse trabalho foi relatar um caso de osteopatia hipertrófica pulmonar em decorrência da
síndrome paraneoplásica em cão.
RELATO DE CASO
Um cão macho da raça Mastim Napolitano, oito anos, pesando 48 kg, foi atendido no Hospital Veterinário
Universidade Federal de Goiás apresentando dificuldade de locomoção nos membros torácicos e pélvicos,
perda de apetite, emagrecimento progressivo e secreção ocular intensa. A proprietária relatou que o quadro
teve início há 40 dias, observando primeiramente a perda de peso progressiva. Ao exame físico, constatou-se
palidez das mucosas, desidratação grave (turgor cutâneo ≥ 15%), caquexia, anorexia, letargia, ptose palpebral
com epífora muco-purulenta e inchaço nos membros torácicos e pélvicos, levando á dificuldade de
deambulação. Sinais de fraturas e frouxidão articular não foram detectados, porém, o animal apresentava
claudicação permanente do membro pélvico esquerdo, com apoio em pinça. O sinal de Godet foi negativo a
palpação dos tecidos adjacentes aos membros, porém, os ossos longos apresentavam-se espessados nas
regiões do rádio, ulna e metacarpos, bem como tíbia, fíbula e metatarsos. Pelos sinais clínicos averiguados,
suspeitou-se de osteopatia hipertrófica pulmonar associada a neoplasia pulmonar. O paciente foi
encaminhado para radiografias nas posições látero-lateral e ventro-dorsal, da região do tórax, abdômen,
membros torácicos e pélvicos e á internação no Setor de Enfermagem e Nutrição, para reposição
hidroeletrolítca e alimentação adequada. Como medicações, foram fornecidos fluidoterapia com solução
fisiológica a 0,9% (20mL/kg/hora), cefalexina (30mg/kg) três vezes ao dia durante sete dias; meloxicam
(0,1mg/kg) uma vez ao dia por três dias e cloridrato de tramadol (3mg/kg) três vezes ao dia durante três dias.
Pela dificuldade de ingestão hídrica e alimentar, foi introduzida uma sonda nasogástrica nº8, sendo fornecida
ração triturada pastosa acrescida de minerais e vitaminas. O paciente permaneceu internado para reabilitação
durante oito dias e, pelo agravamento dos sinais clínicos, o proprietário optou pela eutanásia e posterior
necropsia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os exames radiográficos dos membros torácicos demonstraram a presença de reação periosteal intensa desde
a epífise proximal até a distal do rádio e da ulna, bem como nas superfícies periosteais dos metacarpos. As
mesmas alterações foram observadas nos ossos da tíbia, fíbula e metatarsos, causando um espessamento ósseo
com conseqüente deslocamento dos tecidos moles adjacentes. O aumento de volume não edematoso dos
membros, bem como os aspectos radiográficos de reação periosteal sem envolvimento articular, foram
similares aos observados por outros autores como Susaneck, Macy (1982) e Hara et al. (1995). A idade de
acometimento do paciente, neste caso, está dentro do período de surgimento da OH. Na avaliação de 60 cães
afetados, constatou-se que a freqüência mais alta foi aos oito anos, coincidindo com o pico de aparecimento
das neoplasias pulmonares segundo Brodey (1971). Na radiografia látero-lateral do tórax, observaram-se 11
nodulações difusas nos lobos pulmonares e mediastino. Essas se apresentavam em formato arredondado,
sendo que o maior nódulo localizava-se na base cardíaca (± 5 cm de diâmetro), entre a 3a e a 5a costelas. Na
região mediastínica foram detectados três nódulos de menor diâmetro, sendo dois próximos a traquéia e um
sob a porção esternal cranial, confirmados pelo exame necroscópico. Os cortes histológicos corados com
Hematoxilina-Eosina revelaram proliferação de células redondas de núcleo ovalado, moderadamente
pleomórficas, com cromatina dispersa, citoplasma escasso e levemente basofílico. As células estavam
dispostas em grupos delimitados por feixes de tecido conjuntivo. Os achados histopatológicos foram
condizentes á uma etiologia neoplásica, confirmando o diagnóstico de linfoma primário pulmonar. As
neoplasias pulmonares primárias em cães são de ocorrência rara, principalmente quando comparadas às
metastáticas. O linfoma é a neoplasia mais comum em cães, representando 5 a 10% de todas as neoplasias
dessa espécie, sendo esta de caráter maligno e evolução rápida conforme afirmou Vail (2000). Para Cardoso
et al.(2004), a forma mediastínica envolve os linfonodos mediastinais craniais e caudais, e os sinais clínicos
comumente observados são intolerância ao exercício, taquipnéia, dispnéia, tosse, cianose, síncope,
regurgitação, anorexia, caquexia e letargia. Desses sinais, apenas alguns foram averiguados no presente relato,
sendo a anorexia e caquexia de característica marcante. Em um estudo com 14 cães apresentando linfoma,
Ramos et al. (2008) constataram anorexia e caquexia em 10 casos (71%), sendo estas as principais
sintomatologias observadas. Os autores notaram também a presença de OH em um caso (7,15%), acreditando
que a afecção ocorre decorrência da síndrome paraneoplásica (SPN). Essa síndrome é designada a todos os
efeitos metabólicos, endocrinológicos e hematológicos em conseqüência à presença de um tumor primário. O
quadro hematológico em cães com síndromes paraneoplásicas se constitui de hipergamaglobulinemia, anemia,
eritrocitose, leucocitose neutrofílica e trombocitopenia segundo Bergman (2007). No exame hematológico do
paciente em questão, constataram-se anemia moderada (4,6 x 106 hemácias), hematócrito baixo (29%),
trombocitopenia (122 x 103/µL), leucocitose (26,4 x 103/µL) neutrofílica, indicando uma infecção sistêmica.
Já na bioquímica sérica, detectaram-se valores aumentados para alanina aminotransferase (ALT = 27,6 UI),
fosfatase alcalina (FA= 97,3 UI) e creatinina (198 U/L). A hipergamaglobulinemia não foi constatada no
paciente, discordando de Bergman (2007) e Ramos et al., (2008), que citaram esse achado como uma das
principais alterações encontradas em cães portadores de SPN. Conclui-se que os cães com sinais clínicos de
caquexia e anorexia, aumento de volume nas extremidades distais dos membros, além dos achados
laboratoriais e alterações radiográficos sugerem um quadro de OH associada à SPN, podendo estar associado
a uma neoplasia primária, sendo o pulmão um órgão com alta predisposição.
REFERÊNCIAS
1- BERGMAN, P.J. Paraneoplastic Syndromes. In: MACEWEN, G.; WITHROW, S.J. Small Animal
Clinical Oncology. Missouri: Saunders, 2007. p.77-94; 2- BRODEY, R.S. Hypertrophic osteoarthropathy in
the dog: a clinicopathologic survey of 60 cases. Journal of the American Veterinary Medical Association,
New York, v.159, n.10, p.1242-1256, 1971; 3- CARDOSO, M.J.L.; MACHADO, L.H.A.; MOUTINHO,
F.Q.; PADOVANI, C.R. Sinais clínicos do linfoma canino. Archives of Veterinary Science, Curitiba, v.9,
n.2, p.19-24, 2004; 4- FOX, L.E.; KING, R.R.; MAYST, M.C.; ACKERMAN, N.; COOLEY, A.J.; MEYER,
D.; BOLON, B. Primary pulmonary osteosarcoma in a dog. Journal of Small Animal Practice, Glouchester,
v.35, n.6, p.329-332, 1994; 5- HARA, Y.; TAGAWA, M.; EJIMA, H.; ORIMA, H.; YAMAGAMI, T.;
UMEDA, M.; KOMORI, S; 6- WASHIZU, M. Regression of hypertrophic osteopathy following removal of
intrathoracic neoplasia derived from vagus nervus in a dog. Journal of Veterinary Medical Science, Tokyo,
v.57, n.1, p.133-135, 1995; 7- LENEHAN, T.M.; FETTER, A.W. Hypertrophic osteopathy. In: NEWTON,
C.D., NUNAMAKER, D.M. Textbook of small animal orthopedics. Baltimore : Lippincott. [online].
Disponível em: http://cal.vet.upenn.edu/saortho/. Acesso em: 27 ago. 2009; 8- PALMER, N. Bone and joints.
In: JUBB, K.V.C. et al. The pathology of domestic animals. 4.ed. Diego : Academic, 1993, v.1, cap.1, p.1181; 9- RAMOS, R.S.; MACHADO, L.H.A.; CONCEIÇÃO, L.C.; HECKLER, M.C.T. Estudo da prevalência
das principais síndromes paraneoplásicas de 14 cães com linfoma. Veterinária e Zootecnia, Jaboticabal,
v.15, n.3. p.38-39, 2008; 10- SUSANECK, S.J., MACY, D.W. Hypertrophic osteopathy. Compendium on
Continuing Education for the Practicing Veterinarian, Yardley, v.4, n.8, p.689-693, 1982; 11- VAIL,
D.M. Hematopoietic tumors. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Textbook of veterinary internal
medicine. Philadelphia: Saunders, 2000. p.507-522.
PERFIL HEMATOLÓGICO E BIOQUÍMICO SÉRICO DE COELHOS EXPERIMENTALMENTE
SUBMETIDOS AO TRAMENTO COM SULFATO DE VINCRISTINA.
Arruda, A.F.D.P.*1; Ferreira, F.A.2; Mundim, A.V.2; Alves, N.B.1; Mantovani, M.M.3; Menezes, G.F1; Pinto,
R.O.C.
1- Medico veterinário. 2- Professor Dr. da Universidade Federal de Uberlândia. 3- Residente faculdade de
Medicina veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
O presente trabalho buscou estudar as alterações dos parâmetros hematológico e bioquímico séricos de
coelhos submetidos a tratamentos com sulfato de vincristina, quantificando a influência do quimioterápico no
organismo animal em relação à dose e ao número de aplicações. Os animais foram divididos em três grupos:
controle, dose máxima e dose mínima, sendo avaliados antes da primeira aplicação e cinco dias após cada
aplicação. As doses e seus intervalos de administração foram calculados por extrapolação alométrica e os
exames realizados foram: hemograma, uréia, creatinina, ácido úrico, alanina aminotrasferase (ALT), gama
glutamil transferase (GGT) e aspartato aminotransferase (AST). O experimento demonstrou nenhuma
interferência nos resultados bioquímicos e no diferencial do hemograma, e apesar de relevante
estatisticamente, pouca influência no resultado do hemograma.
Palavras-chave: bioquímica, hematologia, sulfato de vincristina.
INTRODUÇÃO
Uma modalidade de neoplasia muito freqüente em cães é o TVT, o qual apesar de iniciar como qualquer
neoplasia é transmitido por contato direto, devido ao comportamento sexual desta espécie (BRANDÃO et al.;
2002). A Vincristina é da família dos alcalóides da vinca, e é a droga de escolha para o tratamento do TVT.
Porém, apesar de ser eficaz neste tratamento existem relatos da Vincristina causando uma série de efeitos
adversos, dentre eles mielossupressão leve, paresia, neuropatia periférica, e flacidez muscular são mais
comuns (RANG et al.; 2003). Seu efeito tóxico é dose dependente como confirmam alguns experimentos
(ADAMS, 2003). Portanto, ao ministrar esta droga é importante fazer acompanhamento do paciente com
exames laboratoriais (hemograma, uréia, creatinina, ácido úrico, ALT, AST e GGT). As drogas
quimioterápicas têm sido usadas em oncologia humana e animal, devido à forma ampla, visando proporcionar
uma melhor qualidade de vida aos pacientes acometidos por neoplasias. O tratamento com vincristina é o de
escolha no TVT do cão, contudo a eficácia terapêutica não se limita apenas as células neoplásicas, produzindo
efeitos citotóxicos que precisam ser melhores estudados. Este trabalho estudou as alterações fisiológicas em
coelhos medicados com Vincristina, utilizando a extrapolação alométrica para calcular a dose necessária. O
acompanhamento destes animais visou o entendimento e comparação dos efeitos adversos, entre doses
máxima e mínima, ao organismo dos animais, produzindo dados que possibilitarão ao clínico melhor avaliar
os danos da quimioterapia com vincristina em pacientes debilitados.
METODOLOGIA
Utilizou-se 18 coelhos adultos hígidos da raça Nova Zelândia, peso médio de 3,5 a 4,5 kg, ambos os sexos,
cedidos pelo Instituto Vallé S/A, adaptadas nas instalações do Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Uberlândia por um período de 30 dias, alojados em gaiolas individuais, recebendo ração comercial da
marca Do Sítio e água à vontade. Separados em três grupos de igual número, sendo os do grupo III
considerados controle não recebendo nenhum tratamento. O grupo I recebeu a dose mínima e grupo II recebeu
a dose máxima do sulfato de vincristina, calculada por extrapolação alométrica, sendo a dose mínima de
0,0366 mg/kg e a dose máxima de 0,0733 mg/kg, considerando a dose para cães de 0,025 a 0,05 mg/kg. O
intervalo aproximado foi de 5 dias sendo o padrão em cães de 7 dias. A quimioterapia foi administrada na
veia auricular sendo a dose diluída em 1 ml de soro fisiológico e injetada com seringa para insulina. O sulfato
de vincristina era de 1mg/mL da marca Tecnocris® . As quatro aplicações foram realizadas num período das
14 ás 16 horas com intervalo de cinco dias entre as aplicações. A coleta de sangue foi feita, no período de 7 ás
10 horas da manhã pela artéria auricular por meio da inserção de uma agulha 0,7x25, caindo diretamente nos
tubos. Coletaram-se duas amostras de sangue de cada coelho em cada dia de exame, uma em tubo contendo
EDTA para o hemograma e uma sem anticoagulante para a bioquímica. Todas as amostras foram enviadas e
processadas logo após a coleta. A primeira coleta foi feita antes do início da quimioterapia, e a segunda,
terceira, quarta e quinta coletas foram feitas minutos antes das aplicações do quimioterapico em cada coelho,
dando um total de cinco dias de avaliações com intervalo de cinco dias entre eles. Para quantificar a agressão
do quimioterapico ao organismo foram realizados os exames: hemograma, uréia, creatinina, ácido úrico,
alanina aminotrasferase (ALT), gama glutamil transferase (GGT) e aspartato aminotransferase (AST).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quando comparadas às médias de cada parâmetro bioquímico do grupo dose máxima e dose mínima com a
média do grupo controle, nos cinco exames, constatou se que não houve nenhuma relevância estatística entre
os três grupos. O hemograma apresentou relevância estatística após a segunda aplicação do quimioterápico, o
grupo controle mostrou-se significativamente maior que os dois outros grupos para hemácias, hemoglobina e
hematócrito. Após a terceira e a quarta quimioterapia o grupo controle também apresentou valores superiores
aos demais grupos para hemácias e hematócrito. O valor da hemoglobina foi significativamente menor que o
do grupo controle após a quarta dose do medicamento. O MCHC apresentou-se maior que o grupo controle
após a segunda, terceira e quarta aplicações. No presente experimento, dados epidemiológicos, anatômicos,
funcionais e referências científicas gerais ligadas ao TVT e sulfato de vincristina, deixaram de ser discutidas
por não fazerem parte do objetivo proposto na pesquisa. A avaliação dos valores da bioquímica sérica
demonstrou pouca variação entre si, as alterações foram praticamente iguais entre os três grupos, sendo esta
diferença estatísticamente insignificantes. Porém podemos notar um aumento da GGT e AST do grupo
controle. Os valores hematológicos também não apresentaram relevância estatística com exceção das
hemácias, hemoglobina, hematócrito e CHCM. Os leucócitos tiveram um grande aumento após a quarta
quimioterapia no grupo dose máxima, já as hemácias hemoglobinas e hematócrito tiveram resultados
próximos apesar da estatística nos mostrar relevância. Plaquetas, VCM, CHCM possuem valores próximos,
entretanto o grupo dose máxima para CHCM está estatísticamente maior que as outras duas e o dose mínima
maior que o controle após a primeira quimioterapia até o ultima coleta. O diferencial apresenta variações mais
bruscas, contudo sem significância estatística. A interpretação dos resultados bioquímicos é difícil devido as
poucas variações que ocorreram, contrariam estudos com vários quimioterápicos, que relatamr uma elevação
significativa dos valores bioquímicos séricos com a utilização de antineoplásicos (HAHN; RICHARDSON,
1995). Vários estudos relatam mielossupressão causada pelo uso de sulfato de vincristina, dose dependente,
(RANG et al., 2003, VITURI, 2000; NELSON; COUTO, 1998; GILMAN et al., 1991) o que não pode ser
comprovado por este estudo. Encontramos após a quarta aplicação do quimioterápico uma leucocitose com
linfocitose e heterofilia demonstrando uma estimulação medular, podendo ser uma resposta do organismo ao
quimioterápico.
REFERÊNCIAS
1- ADAMS, H.R. Farmacologia e terapêutica veterinária, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 8. ed., 2003,
p. 898-899; 2- BRANDÃO, C.V.S.; BORGES, A.G.; RANZANI, J.J.; PINTO J.R. Tumor venéreo
transmissível: estudo retrospectivo de 127 casos (1998-2000). Revista Educacional Continuada. CRMVSP, São Paulo, [s.n.], v. 5, p. 25-31, 2002; 3- GILMAN A.G.; RALL T.W.; NIES A. S.; TAYLOR P. As
bases farmacológicas da terapêutica, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 8 ed., 1991, p. 822-824; 4HAHN, K.; RICHARDSON, R. The basics of cancer chemotherapy. Clinical Staging: Staging Classifications.
In: HAHN, K. e RICHARDSON, R. Cancer Chemotherapy. A Veterinary Handbook, Philadelphia: [s.l.],
Williams e Wilkins, 1995, p. 25-42; 5-NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos
animais, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2 ed., 1998, p. 990-995; 6- RANG, H.P.; DALE, M.M.;
RITTER J.M. Farmacologia, Rio de Janeiro: Elsevier, 4 ed., 2003, p. 789-792; 7- VITURI, C.L. Alterations
in proteins of bone marrow extracellular matrix in undernourished mice. Brazilian Journal Medicine
Biology Research, Ribeirão Preto, [s.n.], v. 33, n. 8, p. 889-895, 2000.
PERFIL MERCADOLÓGICO DE CURSOS PARA DISCENTES EM MEDICINA VETERINÁRIA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
VIADANNA, P. H. O.¹
1- discente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia,
endereço: Rua Quintino Bocaiúva, n° 2222, apto 301, bairro Saraiva, Uberlândia - MG,
[email protected]
RESUMO
A análise mercadológica é importante quando vemos paradigmas de ambientes em constantes mudanças,
propiciado pela relativa facilidade de acesso às informações e pela proliferação de empresas. O perfil dos
estudantes, acompanhando essa lógica, tem por si, uma evolução de exigências e preferências para escolha de
cursos complementares. Foram analisados dentre nove modalidades de cursos, realizados durante a XX
Semana Científica de Veterinária da UFU a preferência dos alunos, comprovada pelas inscrições efetivas nos
cursos, além de realizado uma linha de tendência para futuras escolhas. Os módulos mais requisitados foram
inspeção de alimentos de origem animal e clínica de grandes animais, refletindo no caráter de preferência
estudantil em cursos para ajuda-los a ingressar em serviços públicos e o caráter rural da região de UberlândiaMG. Contudo, sabendo que esta região está em modernização, áreas urbanas de atuação do médico veterinário
devem ser o foco para cursos futuros.
PALAVRAS-CHAVE: Análise mercadológica. Marketing na Medicina Veterinária. Perfil mercadológico.
INTRODUÇÃO
A análise mercadológica é importante quando vemos paradigmas de ambientes em constantes mudanças,
propiciado pela relativa facilidade de acesso às informações e pela proliferação de empresas. O nível de
exigência dos alunos tem se elevado significativamente devido as condições de mercado. Montgomery e
Porter (1998), esclarece que as realidades competitivas formam o ambiente para que sejam testadas as
estratégias; contudo, estas são definidas na perspectiva do cliente. O embate entre concorrentes corresponde
ao aspecto secundário das mesmas, enquanto a estratégia real equivale ao empenho em conhecer
profundamente as necessidades dos clientes. Para a realização da XX SEMANA CIENTÍFICA DE
VETERINÁRIA que foi um evento de caráter técnico e científico da área de Medicina Veterinária e
Zootecnia, organizado por docentes e discentes da Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV) da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU) realizou-se análise de mercado para cursos na área de veterinária
que resultaram na escolha de módulos cursos para o evento. Realizado em 2008, o evento foi planejado para
que ocorresse em 09 módulos de palestras concomitantemente, sendo que cada módulo teria 20 horas de
duração, que possibilitaram ao participante a escolha do tema relativo à sua área de interesse. Dentre eles:
clínica e cirurgia de pequenos animais, clínica e cirurgia de grandes animais, eqüinocultura, caprinocultura e
ovinocultura, suinocultura, bovídeocultura, avicultura, inspeção de produtos de origem animal e animais
silvestres.
METODOLOGIA
O evento foi organizado pelos alunos do DACAW - Diretório Acadêmico Carlos de Almeida Wutke, da
CONAVET - Empresa Júnior de Consultoria e Assistência Veterinária e PET Medicina Veterinária –
Programa de Educação Tutorial, pelos professores do curso de Medicina Veterinária, Coordenação, Diretoria
e Pós-Graduação da Faculdade de Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária. Para análise
de mercado, foi utilizado de um formulário-questionário no início do ano de 2007, passado em todas as salas
do curso de Medicina Veterinária da UFU, e posteriormente no final daquele mesmo ano, foi novamente
analisada esta proposta, através de reunião do DACAW. Foram organizados 9 módulos de cursos, sendo
esses: clínica e cirurgia de pequenos animais; clínica e cirurgia de grandes animais; eqüinocultura;
caprinocultura e ovinocultura; suinocultura; bovídeocultura; avicultura; inspeção de produtos de origem
animal; e animais silvestres. Nestes cursos, houve parte teórica e prática e foram utilizados infra-estrutura
física e de transporte da própria Universidade Federal de Uberlândia para realização dos mesmos. Ocorreram
também plenárias de temas livres escolhidos e organizados pelo Programa de Pós Gaduação. Ao fim do
evento, foi contabilizado o número total de participantes por módulo e para o evento inteiro, sendo que o
evento foi organizado, através de inscrições, onde se tem o preciso número de ouvintes. Foram utilizados
programas de planilha para o processamento de dados e sistema de “inscrição e entrega de cópia de
comprovante de pagamento e inscrição por email”. Para divulgação do evento, foi utilizado cartazes, email
em massa, divulgação do evento em site fixo e links em sites de relacionamento e institucionais, divulgação
em anúncios de revistas de interesse veterinário e através de comunicação informal, além de estratégias de
marketing de guerrilha, como entrega pessoal de panfletos e intervenções em salas de aula.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultado da análise de mercado realizado em 2007 foi os 9 módulos de curso realizados na XX SECIVET,
que foi realizada de 03 a 07 de novembro de 2008. Contudo, analisando os dados da participação dos alunos
no evento, reconstruímos a análise de mercado baseado em número de ouvintes por módulo de curso. Sendo
assim, obtemos como resultado:
56 (13,2 %) pessoas participando do módulo de Bovinocultura;
56 (13,2%) pessoas participando do módulo de Eqüinocultura;
35 (8,2%) pessoas participando do módulo de Animais Silvestres;
41 (9,6%) pessoas participando do módulo de Suinocultura;
70 (16,5%) pessoas participando do módulo de Clinica de Grandes Animais;
41 (9,6%) pessoas participando do módulo de Clínica de Pequenos Animais;
27 (5,6%) pessoas participando do módulo de Avicultura;
21 (5,0%) pessoas participando do módulo de Ovino/Caprinocultura;
77 (19,1%) pessoas participando do módulo de Inspeção de Alimentos de Origem Animal.
Durante a realização do evento as aulas de graduação e pós-graduação de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia foram cessadas para que os alunos e professores pudessem participar do
evento com mais plenitude. Os alunos podiam fazer até dois módulos, sendo que, por problemas de sobrepujar
horários, se optassem por dois módulos, deveriam escolher segundo a tabela 01.
Tabela 01. Escala de módulos cursos na XX SECIVET, realizada em Uberlândia-MG em 2008.
A administração focada no cliente requer acompanhamento contínuo da dinâmica do mercado. Nessa
economia caracterizada pela migração constante de valor, as prioridades dos clientes mudam a cada instante e,
para tanto, é preciso criar fluxo permanente e aberto de informações. Tais mudanças, à primeira vista, não
significam necessariamente novos produtos, e sim soluções ainda inconclusas para problemas do consumidor
(CARVALHO, 2004). Analisando a porcentagem de participação por módulo, observa-se um número
significativo de participantes do módulo de Inspeção de Alimentos de Origem Animal, onde a principal forma
de atração para essa área de atuação são os altos salários para cargos públicos, sendo assim, é um curso
voltado para concursos públicos. O módulo de clínica de grandes animais teve como atrativo, o cenário rural
do triângulo mineiro, onde a pecuária existe de maneira expressiva, inspirando assim, futuros empregos. Em
relação ao módulo de bovinocultura e eqüinocultura, fica implícito novamente a forte relação com o ambiente
rural da região de Uberlândia-MG. Os outros módulos que tiveram menor número de participantes, e que são
módulos altamente tecnológicos (como avicultura e suinocultura) e urbanos (clínica de pequenos animais e
animais silvestres) reafirmam a cultura ainda muita rural da cidade, que mostra preferência pelo
tradicionalismo e pela cultura campestre, digna de uma região de industrialização muito recente. Conclui-se
que o perfil mercadológico dos estudantes deve-se alterar, pois a modernização da cidade, aliado aos fortes
incentivos fiscais e a criação e manutenção de pólos tecnificados, além da maior preocupação com o bemestar dos animais domésticos, criam uma rica fonte de emprego para médicos veterinários nestas áreas que
foram menos favorecidas em participação na XX SECIVET, e que, em próximos eventos similares, irão ter
maior importância.
REFERÊNCIAS
1- CARVALHO L.N.; PINHO, R.C.S. AUDITORIA: INDEPENDÊNCIA, Estratégias Mercadológicas e
Satisfação do Cliente – Um estudo exploratório sobre a Região Nordeste. Revista Contabilidade & Finanças USP, São Paulo, n. 34, p. 23 - 33, janeiro/abril 2004; 2- MONTGOMERY, C. A.; PORTER, M.E. Estratégia.
Rio de Janeiro: Campus, 1998.
PETMILK
 NA ALIMENTAÇÃO DE FILHOTES DE TAMANDUÁ BANDEIRA
Santos, A. L. Q.2 e Rodrigues, L. L.1*
1- Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia. 2- Docente Orientador, Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama,
Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
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RESUMO
O tamanduá bandeira é um dos maiores mamíferos do Brasil e sua gestação dura em média 190 dias. Não
raramente estes animais são acometidos por acidentes variados e fatalmente se tornam órfãos. Este trabalho
teve como objetivo relatar o desenvolvimento de dois filhotes órfãos de tamanduá bandeira, que foram
alimentados com PetMilk a partir da segunda semana de vida. Foram feitas pesagens diárias e mensurações
do corpo semanais com intuito de acompanhar seu desenvolvimento.
PALAVRAS-CHAVE: Leite, Myrmecophaga tridactyla, nutrição.
INTRODUÇÃO
O tamanduá bandeira (Myrmecophaga tridactyla) é comumente encontrado em áreas campestres e de cerrado,
mas também podem ser vistos em algumas florestas tropicais e subtropicais. É uma dos maiores mamíferos
do Brasil, podendo chegar a 2 metros de comprimento e pesar 40 quilos. Alimenta-se de insetos e possuem
um baixo metabolismo. A gestação dura em média 190 dias e o filhote é carregado pela mãe até cerca de nove
meses. Este animal encontra-se hoje na Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção
(BRASIL, IBAMA, 2003). É bastante susceptível a fragmentação de seu habitat causada pela invasão
antrópica, que altera as populações de cupins e formigas (DRUMOND, 1994). Freqüentemente são vítimas de
acidentes variados como queimadas (SILVEIRA et al, 1999), atropelamentos (FISCHER, 1997), ataques de
animais domésticos, dentre outros. Quando em cativeiro, lhes são oferecidas dietas líquidas à base de frutas,
leite, mel, ração para cães ou gatos e vários outros ingredientes, que geralmente diferem de uma instituição
para outra e são formuladas de acordo com a experiência. Para filhotes separados da mãe ainda em fase de
amamentação existem poucas pesquisas que indiquem uma dieta satisfatória. Em zoológicos, o desmame
inicia por volta dos três meses de idade e termina aos cinco, quando o animal já se alimenta apenas de papa
para filhotes. Assim, este trabalho teve como objetivo relatar o desenvolvimento de dois filhotes fêmeas, que
começaram a se alimentar de PetMilk por volta da segunda semana de vida.
MATERIAL E MÉTODOS
Dois filhotes fêmeas de Tamanduá Bandeira, com aproximadamente de duas semanas de vida, foram
encaminhados ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, após serem encontradas pela
Polícia Ambiental, que relatou o atropelamento de uma mãe e a outra veio a óbito por ataque de cães. Os
filhotes, que apresentavam uma desidratação leve, foram alimentado com PetMilk por um período de 74
dias (T1) e 40 dias (T2). Nos quinze primeiros dias foi oferecido uma medida do alimento para cada 20 ml de
água (dosagem recomendada para cães com menos de dez dias) e no período seguinte uma medida para cada
15 ml (dosagem recomendada para cães com mais de dez dias). O alimento foi oferecido à vontade em uma
mamadeira para crianças recém-nascidas inicialmente cinco vezes por dia e reduzindo lentamente até três
vezes por dia. Os tamanduás foram pesados todos os dias antes da segunda refeição e as medidas do corpo
foram realizadas semanalmente com o auxilio de fita métrica e paquímetro em escala milimétrica. Foram
mensurados comprimento total do corpo, cauda, cabeça, orelha direita, pé direito e garra da mão direita,
circunferência da cabeça e tórax, e larguras do coxim palmar e pé direitos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Torna-se difícil para os tamanduás adaptarem-se a alimentação do cativeiro, devido ao fato de terem uma
dieta bastante especializada em vida livre(MERITT, 1976; CUARON, 1987). Elaborar uma dieta para animais
em cativeiro é uma tarefa árdua já que a ausência de nutrientes pode causar alterações metabólicas e
estruturais. A suplementação de algumas vitaminas e aminoácidos são de extrema necessidade para
tamanduás sabendo-se que, vitamina K e a taurina devem receber uma atenção especial. A deficiência de tal
vitamina pode causar sangramentos no nariz, região genital ou retal ou ainda presença de sangue na urina e
nas fezes. A escassez de taurina na alimentação pode causar anormalidades reprodutivas e de
desenvolvimento, distúrbios neurológicos, aumentar a agregação plaquetária, leucopenia, degeneração da
retina e cardiomiopatia dilatada (FOX, 2000). Deve-se considerar a dificuldade em estimar idade em filhotes
de tamanduá bandeira dado a escassez de literatura. Utilizando de experiências prévias estimou-se que os
filhotes tenham chegado com 15 dias de vida, portanto com um mês de idade os animais pesavam em média
1,3 kg. Neste período os filhotes consumiram em média 113,84 mL por dia do alimento e ganharam em média
13,33 gramas diárias de peso. T1 teve um maior desempenho em peso nos 15 primeiros dias, se comparado
com T2, ambos alimentados com o produto substituto do leite materno. Tal fato pode ser conseqüência da
adaptação mais lenta de T2 em relação a T1 a nova alimentação (Tab. 1) (Tab. 2). Ambos os animais
passaram por períodos de constipação e distensão do abdômen em conseqüência do acumulo de gases,
permanecendo durante seis (T1) e quatro (T2) dias sem defecar, porém, a freqüência foi regularizada
posteriormente. Neste relato, os animais tiveram um desenvolvimento satisfatório com a utilização do
PetMilk , mostrando-se sempre ativos e com uma cobertura muscular e padrão de pelagem compatíveis com
a idade, bem como fezes normais a partir do décimo dia de alimentação, indicativos de um rápida adaptação.
Também não houve a ocorrência de patologias decorrentes de deficiências nutricionais, mostrando que não há
necessidade de nenhum tipo de suplementação quando o PetMilk é usado como alimento substituto de leite
materno para tamanduá bandeira.
Medida
Circ. Cabeça
Circ. Focinho
Comp. Orelha (dir)
Circ. Tórax
Comp. Total Cabeça
Comp. Total Corpo
Comp. Total Cauda
Larg. Coxim palmar (dir)
Comp. Total Pé (dir)
Largura Pé (dir)
Comp. Total Garra
Peso
Crescimento Médio Semanal
Tamanduá 1
Tamanduá 2
2,77
2,10
3,35
2,67
0,73
0,67
5,41
3,60
5,20
2,68
7,32
4,87
9,16
9,82
0,62
0,52
1,42
0,70
0,56
0,48
1,23
0,48
0,15
0,08
Tabela 1: Dados referentes ao crescimento semanal médio dos tamanduás bandeira, em centímetros.
Ganho Médio Diário
Número de Dias
Tamanduá 1
23,65
74
Tamanduá 2
15,00
40
Tabela 2: Dados referentes ao ganho de peso diário dos filhotes de tamanduás bandeira, em gramas.
REFERÊNCIAS
1- Brasil, IBAMA. Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Nacionais Renováveis (IBAMA), Brasília. 2003. Website:
http://www.mma.gov.br/port/sbf/fauna/index.cfm; 2- Cuarón, O. A. Hand-rearing a Mexican anteater
Tamandua Mexicana at Tuxtla Gutiérrez Zoo. Int. Zoo Yearb. 255-260. 1987; 3- Drumond, M. A. 1994.
Myrmecophaga tridactyla Linnaeus, 1758 – tamanduá-bandeira. Em: Livro Vermelho dos Mamíferos
Brasileiros Ameaçados de Extinção, G. A. B. da Fonseca, et al. Fundação Biodiversitas, Belo Horizonte,
Minas Gerais. 33-40; 4- Meritt, Jr., D. A. The Lesser anteater Tamandua tetradactyla in captivity. Int. Zoo.
Yearb. 41-45. 1975; 5- Fischer, W. A. Efeitos da BR-262 na mortalidade de vertebrados silvestres: Síntese
naturalística para a conservação da região do Pantanal, MS. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal
do Mato Grosso do Sul, Campo Grande. 1997; 6- FOX, P. R. CVT Update: therapy for feline myocardial
diseases. In: BONAGURA, J. E. (Ed.). Kirk’s curret veterinary therapy XIII: small animal practice.
Philadelphia, Pennsylvania, USA: Saunders Publishing Company. 761-762. 2000; 7- Silveira, L., et al. Impact
of wildfires on the megafauna of Emas National Park, central Brazil. Oryx, 108-114, 1999.
PREVALÊNCIA DE AGENTES INFECCIOSOS EM OVARIOSALPINGOHISTERECTOMIAS NO
HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Pereira, A.S.1*; Costa, F.R.M2; Gomes, A.R.A.1; Arruda, A.F.T.P.3
1- Discente Curso Medicina Veterinária Universidade Federal de Uberlândia. 2- Médica Veterinária Centro
Cirúrgico Hospital Veterinário UFU. 3- Médica Veterinária.
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RESUMO
Infecções hospitalares têm início clínico após 48 horas de internação ou surgem após as cirurgias com sinais
de infecção antes de 48 horas de hospitalização. O mau uso de antibióticos, o grande número de animais
hospitalizados e o grande número de pessoas lidando com o animal são algumas causas de infecções
hospitalares. A preocupação com prevenção às infecções adquiridas por animais no ambiente hospitalar tem
exigido dos profissionais do meio veterinário uma maior atenção para os aspectos relacionados à assepsia. O
presente trabalho tem como objetivo avaliar os tipos de microorganismos encontrados na cavidade abdominal
durante ovariosalpingohisterectomias (OSHs), comparando os procedimentos realizados no centro cirúrgico e
na sala de técnica operatória do Hospital Veterinário da UFU.
PALAVRAS-CHAVE: infecções, ovariosalpingohisterectomia, hospital veterinário.
INTRODUÇÃO
São duas as fontes de infecção hospitalar: endógena, proveniente do próprio organismo, e exógena, do
ambiente hospitalar (HUTZLER et al., 1976). A deposição, na incisão cirúrgica, de germes associados a
partículas em suspensão no ar ou encontrados em regiões do organismo remotas a zona da cirurgia é a causa
de infecção. A ocorrência da referida infecção não depende somente da quantidade de agentes inoculados,
mas também da capacidade de reação do organismo para acionar seus mecanismos de defesa a fim de
bloquear esse ataque (HUTZLER et al., 1976; FERRARI, 1985; CHOHFI, 2009). Dentre as principais causas
de contaminação hospitalar estão: Mal uso de antibióticos, grande número de animais hospitalizados,
utilização de técnicas violentas de diagnóstico e tratamento, grande número de pessoas lidando com o animal,
circulação de pacientes dentro do hospital, despreparo dos técnicos e auxiliares, projetos de arquitetura
inadequados e condições sanitárias impróprias. Existem muitos estudos relacionados à infecção hospitalar em
hospitais humanos, porém as informações sobre hospitais veterinários são escassas. A cuidadosa observação
de normas de assepsia desempenha um papel considerável na prevenção de infecções em centros cirúrgicos,
pois descuidos em relação às mesmas constituem as principais causas de infecções exógenas ocorridas no
trans-operatório. O presente trabalho tem como objetivo avaliar os tipos de microorganismos encontrados na
cavidade abdominal durante ovariosalpingohisterectomias (OSHs), comparando os procedimentos realizados
no centro cirúrgico e na sala de técnica operatória do Hospital Veterinário da UFU.
METODOLOGIA
Foram utilizadas 16 cadelas divididas em grupos 1 e 2, sendo oito submetidas à OSH no centro cirúrgico
(grupo 1) e oito na sala de técnica operatória (grupo 2). Os animais foram esterilizados mediante técnica
cirúrgica tradicional de OSH. Para viabilizar a avaliação dos tipos de microorganismos encontrados na
cavidade abdominal, após a incisão de pele, subcutâneo, linha alba e peritônio, procedeu-se a coleta de
materiais. Utilizando-se um swab realizou-se esfregaço do peritônio e coleta do líquido peritoneal por
embebição. O swab foi mergulhado imediatamente no meio de transporte Stuart que acompanha o conjunto e
enviado ao Laboratório Veterinário de Análises Clínicas e Diagnósticos por Imagem Laborvetri, em
Uberlândia, MG. O procedimento para isolamento de microorganismos consistiu de semeadura em meio
líquido BHI (infusão de cérebro e coração) incubado a 37ºC durante 12 horas. Os tubos positivos foram
repicados em meio de isolamento CLED e incubados a 37ºC por 12 horas. Para a identificação foi utilizada
série bioquímica específica para cada grupo bacteriano, com meios Rugai Modificado, Mantol Salgado,
Coagulase em Tubo, Dicos de Bactracina, Optoquina e meio Biliesculina. Os antibiogramas foram realizados
em meio de Muller Hinton Agar e Dicos de Antibióticos CECON, segundo a metodologia padrão.
Figura 1 – Grupo 1. Canino fêmea. Útero e ovários após OSH.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos oito animais esterilizados no centro cirúrgico (grupo 1), seis (75%) foram negativos, não apresentando
crescimento para nenhum agente infeccioso, e dois (25%) foram positivos para Bacillus subtilis(sensível a
todos os antibióticos testados). Segundo Paccez (2007), Bacillus subtilis é bactéria gram-positiva de solo, não
patogênica, não colonizadora de tecidos, naturalmente transformável e formadora de esporos, sendo utilizada
como modelo de estudo de bactérias gram-positivas. Os achados registrados acima comprovam a eficácia dos
cuidados com assepsia praticados no Centro Cirúrgico do Hospital Veterinário da UFU, local utilizado para os
procedimentos cirúrgicos aos quais foram submetidos os animais do grupo 1, sugerindo deposição, na ferida
cirúrgica, de partículas em suspensão, contendo Bacillus subtilis, provenientes do ar condicionado do centro
cirúrgico. Das oito cadelas ovariohisterectomizadas na sala de técnica operatória (grupo 2), quatro (50%)
foram positivas para Staphilococcus aureus(sensível aos antibióticos: Amoxilina, Amicacina, Ampicilina,
Azitromicina, Ceftriaxona, Cefotaxina, Cefalexina, Clindamicina, Gentamicina, Ciprofoxacina e
Norfloxacina), duas (25%) positivas para Burkhoderia cepacia(sensível aos antibióticos: Amoxilina,
Amicacina, Ampicilina, Azitromicina, Ceftriaxona, Cefotaxina, Cefalexina, Gentamicina, Ciprofoxacina,
Norfloxacina, Sulfametoxazol, Penicilina G e Tetraciclina) , uma (12,5%) positiva para Strptococcus
faecalis(sensível aos antibióticos: Amoxilina, Ampicilina, Azitormicina e Gentamicina) e uma (12,5%)
positiva para Proteus mirabilis(sensível aos antibióticos: Amoxilina, Ampicilina, Ceftriaxona, Cefotaxina,
Cefalexina e Gentamicina). Os resultados contabilizam 100% dos casos analisados no grupo 2 apresentando
algum tipo de agente contaminante. Tais resultados estão de acordo com Hutzler et al. (1976) e nos permitem
inferir que o ambiente e o grau de especialização técnica desempenharam papel significativo para a ocorrência
de infecções hospitalares. A sala de técnica operatória utilizada para o presente estudo não permite o
seguimento de todas as normas de assepsia adotadas no centro cirúrgico, pois se trata de um ambiente amplo,
onde são executadas aulas práticas e procedimentos cirúrgicos nos quais os animais já apresentam quadros
infecciosos no pré-operatório, com vários pacientes sendo submetidos a procedimentos cirúrgicos
simultaneamente. A sala supracitada não é dotada de vestiário para aparamentação, há grande circulação de
pessoas, entre as quais alunos ainda inexperientes no que diz respeito aos cuidados com assepsia, bem como
com as técnicas operatórias, prolongando o tempo cirúrgico e, conseqüentemente, aumentando o risco de
infecção trans-operatória. Segundo Andrade et al., (1992) Staphilococcus aureus, encontrado em 50% dos
casos de contaminação da sala de técnica operatória, é uma bactéria que tem nos cães a sua origem mais
provável, sendo, portanto, componente de uma flora comum em hospitais veterinários. Houve contaminação
de 25% dos animais histerectomizados na sala de técnica operatória pela bactéria Burkhoderia cepacia, a
qual, segundo Freitas et al., (2007) é gram-negativa, não fermentadora de glicose, cujo habitat é o meio
ambiente. Em hospitais está associada a surtos por contaminação de anti-sépticos, medicamentos, gel de ECG,
água para hemodiálise e lipídeos. Ferreira et al. (2008) caracterizam as bactérias do gênero Proteus como
organismos oportunistas que têm o trato intestinal do homem e de outros animais como habitat natural. Como
foram relatadas em infecções de ferimentos de pacientes queimados, em trato urinário e em septicemias,
configuram-se como nocivas à saúde humana e dos animais quando fora de seu habitat natural. De acordo
com Hörner et al. (2005), Streptococcus faecalis é um coco gram-positivo que geralmente se dispõe aos pares
e em curtas cadeias, sendo oportunista de habitat intestinal. Tem emergido como um dos mais importantes
patógenos hospitalares no mundo inteiro. Registrou-se, então, incidência de 25% de contaminação por
bactérias da família Enterobacteriaceae (Proteus mirabilis e Streptococcus faecalis) nas cavidades
abdominais de fêmeas esterilizadas na sala de técnica operatória. Segundo Andrade et al. (1992), tratam-se de
agentes comuns da flora causadora de infecções hospitalares em hospitais humanos e veterinários. Há uma
relevante importância do controle microbiológico, uo seja, conhecimento dos agentes e sua susceptibilidade
aos determinados antibióticos, durante os procedimentos cirúrgicos, para que seja eleito um protocolo de
antibioticoterapia adequado ao ambiente cirúrgico, à técnica e ao período operatório, bem como para
aperfeiçoamento dos cuidados de assepsia relacionados a todas as etapas dos procedimentos cirúrgicos. Com
base no exposto, conclui-se: 1) o centro cirúrgico do Hospital Veterinário da UFU não apresenta problemas
relacionados à infecção hospitalar; 2) foram registrados agentes infecciosos componentes de flora causadora
de infecções hospitalares nas cavidades abdominais durante procedimento de OSH; 3) o seguimento de
normas de assepsia é imprescindível para evitar casos de infecção hospitalar na realização de OSH; 4) é de
suma importância o acompanhamento microbiológico do centro cirúrgico, com coleta de materiais orgânicos
provenientes de procedimentos cirúrgicos para cultura e antibiograma.
REFERÊNCIAS
1- ANDRADE, A.M.; MESQUITA, J.A.; SILVA, F.A.L.; PAULO, M.N. Frequência de bactérias isoladas no
ambiente, em feridas cirúrgicas, em médicos vaterinários, enfermeiros e auxiliares de enfermagem. I- infecção
em hospital veterinário. Anais II Seminário de esterilização de artigos hospitalares e laboratoriais, Escola
Agronomia e Veterinária Universidade Federal de Goiás. 21/22 p. 101-111, jan./dez. 1992; 2- CHOHFI, M.
Projeto para um protocolo de controle de infecção operatória. Departamento de Ortopedia e Traumatologia
da
Escola
Paulista
de
Medicina.
Disponível
em:
http://www.inscricaoonline.com.br/docs/sbcj/img/V1Acc00023.pdf Acesso em 08/09/2009; 3- FERRARI, B.
T. Infecção hospitalar: a tragédia do Brasil. Revista Brasileira de Clínica e Terapêutica. v. 14, n 5, p. 147153, 1985; 3- FERREIRA, R. R.; DAMY, B. S.; REIS, M. A.; TOLOSA, C. M. E. Isolamento de Proteus de
lavado tráqueo-bronquial de camundongos. Revista Controle de Contaminação ed.111, 2008; 4- FREITAS,
M.R.; COSTA, R.M.M.; SILVA, E.F.; DINIZ, S.R.D.; NETO, F.V.A.; MEDEIROS, W.D.A.; PASCOAL,
W.F.B.; MELO, C.R. Surto de Burkholderia cepacia em pacientes cirúrgicos. Revista Paraense de Medicina.
v.21, n.4, 2007; 5- HORNER, LISCANO, H.G.M.; MARASCHIN, M.M.; SALLA, A.; MENEGHETTI, B.;
FORNO, D.F.L.N.; RIGHI, A.R. Suscetibilidade antimicrobiana entre amostras de Enterococcus isoladas no
Hospital Universitário de Santa Maria. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial vol.41 no.6
Rio de Janeiro Dec. 2005; 6- HUTZLER, R. U.: VASCONCELOS, R. F.; RODRIGUES, E.; ULSON, C. M.
Controle de infecção hospitalar; administração hospitalar. Medicina Hoje. p. 649-650. set. 1976; 7- PACCEZ,
J.D. Aplicação de linhagens geneticamente modificadas de Bacillus subtilis no desenvolvimento de vacinas de
mucosas contra patógenos entéricos. Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), Tese de Doutorado, dezembro
de 2007.
PREVALÊNCIA DE NEOPLASIAS EM CADELAS SUBMETIDAS À MASTECTOMIA NO
HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÃNDIA.
Costa, F.R.M.1*; Arruda, A.F.D.P.2; Alves, N.B.2; Pereira, S.A.3; Gomes, A.R.A.3; Dias, T.A.4
1- Médica Veterinária Centro Cirúrgico Hospital Veterinário Universidade Federal de Uberlândia. 2- Médica
Veterinária. 3- Graduando em Medicina Veterinária pela UFU. 4- Médica Veterinária Residente Cirurgia
UFU.
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RESUMO
Tendo em vista a grande incidência das afecções oncológicas em animais de companhia, realizou-se um
estudo retrospectivo em 52 cadelas submetidas a mastectomia no Hospital Veterinário da Universidade
Federal de Uberlândia (UFU), no período de fevereiro a agosto de 2009. Os animais tratados no decorrer deste
período foram catalogados e avaliados no que diz respeito ao diagnóstico e etiologia. Os resultados condizem
com a literatura, comprovando a elevação no número de neoplasmas mamários em fêmeas da espécie canina,
validando a busca constante por maiores conhecimentos.
PALAVRAS-CHAVES: neoplasia, mastectomia, cadelas.
INTRODUÇÃO
A prevalência de câncer em cães vem aumentando consideravelmente. A crescente incidência das afecções
neoplásicas nessa espécie tem várias razões, inclusive o incremento da longevidade observada nesses animais
nos últimos tempos. É consenso a importância da avaliação completa do paciente para a definição do
diagnóstico, prognóstico e terapia. De acordo com dados estatísticos obtidos da casuística nacional, Sanches
et al. (2000) detectou elevada incidência de tumores mamários, seguida pelo tumor venéreo transmissível. Os
tumores de mama representaram aproximadamente 52% de todas as neoplasias na fêmea canina, sendo 50%
destas, processos malignos (WITHROW & MACEWEN, 1996). Até o momento, considera-se a terapia
cirúrgica realizada com amplas margens de segurança a forma de tratamento mais indicada para elevar o
tempo de sobrevida de cadelas com câncer de mama (BIRCHARD, 1995). Considerando, ainda, a
importância do estudo dos tumores mamários em cadelas, pode-se afirmar que houve melhora substancial nos
cuidados prestados aos animais de companhia nos últimos anos. Cada vez mais, os proprietários exigem que
seus animais de estimação recebam atenção semelhante àquelas prestadas aos doentes humanos (ZUCCARI,
2001). O presente trabalho visa descrever os resultados retrospectivos da prevalência das afecções
oncológicas em cadelas submetidas à mastectomia no Hospital Veterinário da UFU, no período de fevereiro a
agosto de 2009. Tais resultados, comparados aos já publicados na literatura, fornecem subsídios para melhor
diagnóstico e tratamento das neoplasias.
METODOLOGIA
Foram analisados 52 casos de exérese de tumor de mama no período de fevereiro a agosto de 2009, realizadas
no Hospital Veterinário da UFU. As informações foram obtidas através do sistema de armazenamento de
dados do Setor de Cirurgia. Os pacientes, após avaliação e terapia pré-operatória, foram submetidos à
extirpação cirúrgica de neoplasia(s) mamária(s), realizadas com amplas margens de segurança, respeitando-se
os princípios da cirurgia oncológica. Todos os procedimentos cirúrgicos para retirada de tumores seguiram-se
de encaminhamento dos segmentos de material coletado, fixados em formol a 10%, para processamento e
análise histopatológica, de acordo com a rotina do serviço de Cirurgia e Patologia da instituição.
Compararam-se os dados por meio de porcentagens.
RESULTADO E DISCUSSÃO
As neoplasias são agregados celulares que adquirem autonomia sobre o seu crescimento, o qual não mais
depende de estímulos fisiológicos do organismo, apresentando, ainda, alteração de diferenciação celular. Os
referidos processos patológicos podem ser classificados de acordo com seu comportamento em benignos e
malignos; os primeiros possuem comportamento menos agressivo, com menor capacidade de proliferação
local e pequena probabilidade de formação de metástase. Já os tipos malignos caracterizam-se por possuir
uma maior capacidade de invasão local e disseminação, podendo resultar em tumores com maior grau de
indiferenciação celular, infiltração nos tecidos adjacentes e propagação para sítios distantes, produzindo
metástases (HARTWELL & KASTAN, 1994; BARINAGA, 1998). Ao analisar os levantamentos
epidemiológicos sobre a prevalência das neoplasias nos animais de companhia, é notório um significativo
aumento no diagnóstico desta doença nos últimos anos (BLOCH et al., 1994; DE NARDI et al., 2002). Em
estudo retrospectivo de 333 neoplasias, observou-se que as fêmeas são mais acometidas pela doença,
representando 69,6% de todos os casos. A elevada prevalência de tumores nas fêmeas em relação aos machos
foi correlacionada com o alto número de neoplasias mamárias, as quais representaram 45,64% do total de
casos analisados. Aproximadamente 50% a 60% dos tumores mamários caninos são benignos, muitos deles
fibroadenomas, além de tumores mistos, adenomas ou tumores mesenquimais. Os 40 a 50% dos tumores
mamários restantes configuram-se como neoplasias malignas com presença de metástase em 50% dos casos.
Os diagnósticos histopatológicos apontam a seguinte proporção: sarcomas (4%), carcinomas inflamatórios
(4%) e adenocarcinomas (42%) (JOHNSTON, 1993; DE NARDI et al., 2002). Strafuss (1976) relata dados
semelhantes, registrando adenocarcinomas como as neoplasias malignas mais freqüentes. Segundo o autor,
sarcomas representam 5% dos tumores malignos e tem alto risco de metástase quando comparados aos
carcinomas. No presente estudo encontrou-se uma incidência de 36,5% de tumores malignos, assemelhandose aos resultados encontrados na literatura. Dentre as neoplasias observadas, 59,89% eram carcinomas
classificados como: 1) complexos de mama; 2) mamários; 3) epidermóides; 4) sebáceos; 5) sólidos; 6) de
células escamosas. Além dos carcinomas notou-se adenocarcinomas, os quais representaram 26,3% dos
neoplasmas malignos, divididos entre os tipos: mamário, tubular, papilar e lipofuscinoso. Dentre os 52 casos
estudados encontrou se apenas um caso de melanoma, mastocitoma e osteocondroma, representando cada um
deles aproximadamente 5,3% do número de neoplasias malignas ressecadas. Quanto aos números
relacionados a tumores benignos, nossos achados diferiram dos relatados na literatura. Encontrou-se um
percentual de 42,3% de tumores benignos, representados por adenomas e tumores mistos de mama. Os
adenomas corresponderam a 45,45% dos casos, onde 6 dos 10 casos foram classificados como adenomas
mamários, dois como adenomas císticos, um como complexo e um como papilar. Os outros 54,54% das
neoplasias benignas receberam o diagnóstico histopatológico de tumores mistos de mama. Das 52 amostras
enviadas ao laboratório, nove foram consideradas como material insuficiente ou inconclusivas (17,3% do
total). Dois casos (3,86%) foram diagnosticados como processos inflamatórios, respectivamente perifoliculite
com fibrose dérmica e mastite. Bichard (1995) destacou a importância do diagnóstico diferencial entre
mastite e neoplasia a partir de exames histopatológicos, pois carcinomas inflamatórios apresentam glândulas
intumescidas de forma difusa, com discreta demarcação entre o tecido normal e neoplásico. Nossos
resultados, de forma geral, apresentaram-se em concordância com os relatos da literatura, reforçando dados
indicativos de crescimento do número de neoplasias. Constantes estudos devem ser realizados, para melhor
compreender e tratar tal enfermidade.
REFERÊNCIAS
1- BARINAGA, M. Study suggests new way to gauge prostate cancer risk. [s.l.:s.d.] Science, v. 279, p. 475,
1998; 2- BIRCHARD, S.J. Definitive surgical treatment for cancer. Kirk´s Current Veterinary Therapy XII
Small Animal Practice. Philadelphia: Saunders. p.462-464, 1995; 3- BLOCH, D.A.; BROWN, D.M.;
KITCHELL, B.E.; LUCK, E.E.; ORENBERG, E.K.; WOODS, L.L. Intralesional implant for treatment of
primary oral malignant melanoma in dogs. [s.l.:s.d.] Journal of American Veterinary Medical Association –
Small Animal Practice, v. 204, n. 2, p. 22935, 1994; 4- DE NARDI, A.B.; COSTA, T.A.; MACEDO, T.R.;
PIEKARZ, C.H.; RIOS, A.; RODASKI, S.; RODIGHERI, S.M.; SOUSA, R.S.;. Prevalência de neoplasias e
modalidades de tratamentos em cães, atendidos no hospital veterinário da Universidade Federal do Paraná.
[s.l.:s.d.] Archives of Veterinary Science v.7, n.2, p.1526, 2002; 5- HARTWELL, L.H.; KASTAN, M.B.; Cell
cycle control and cancer. [s.l.:s.n.] Science, v. 266, p. 18217, 1994 ; 6- JOHNSTON, S.D. Reproductive
systems. In: SLATTER, D. Textbook of Small Animal
Surgery. 2.ed. Philadelphia: Saunders, 1993. v.2, p.2177-2199; 7- SANCHES, R.C.; REGONATO, E.;
ZILIOTTO, L.; VICENTI, F.A.M.; DALECK, C.R. Doenças neoplásicas em cães: estudo retrospectivo de
535 casos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIRURGIA E ANESTESIOLOGIA VETERINÁRIA, 2000,
Goiânia. Anais Editora da Universidade Federal de Goiás, 2000. p. 42; 8- STRAFUSS, A.; COOK, J.;
SMITH, J. Squamous cell carcinoma in dogs. [s.l.:s.d.] Journal American Veterinary Medical Association,
v.168, p.435-427, 1976; 9- WITHROW, S.J.; MACEWEN, E.G. Small Animal Clinical Oncology. 2. ed.
Philadelphia: W. B. Saunders, p. 4-16, 1996; 10- ZUCCARI, D.A.P.C. Estudo imunocitoquímico de
marcadores diagnósticos e prognósticos em neoplasias mamárias caninas. 2001. 92p. Tese (Doutorado em
Clínica Médica Veterinária), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
PROJETO AGROPECUÁRIO DE UMA PROPRIEDADE RURAL DE CRIAÇÃO DE BEZERROS
DE CORTE PARA VENDA, NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, MG
Fagundes, N. S¹*; Souza, L. G. A¹; Gomes, E. M²; Pirtouscheg, A³; Fagundes, N. S¹
1- Mestrando em Ciências Veterinárias – UFU. 2- Médica Veterinária. 3- Docente da Faculdade de Medicina
Veterinária – UFU
[email protected]
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi elaborar um projeto agropecuário, com duração de 12 anos, de uma
propriedade rural localizada no município de Uberlândia – MG, que possui como principal atividade a criação
de bezerros de corte para a venda e apresenta prejuízo tipo a. A estabilização do rebanho ocorrerá no oitavo
ano. O projeto prevê financiamento que estará completamente quitado ao final do período, com tempo de
retorno de investimento de cinco anos e seis meses.
PALAVRAS-CHAVE: bovinocultura, cria, planejamento
INTRODUÇÃO
A pecuária de corte caracteriza-se por três fases distintas, a cria, a recria e a terminação. A base de
sustentação da atividade é a cria, definida como a etapa do ciclo pecuário responsável pela produção e venda
de bezerros de corte após o desmame, sendo o primeiro estágio no processo de produção de carne (ARRUDA
et al., 1999). A cria é, na realidade, a atividade mais difícil e complexa dos sistemas pecuários, exigindo um
maior conhecimento e capacidade administrativa do que as outras etapas da produção (ROVIRA, 1996).
Segundo Pirtouscheg (2002), um projeto agropecuário tem por objetivo reunir um conjunto de informações
que permitam descrever, caracterizar e comparar as vantagens e desvantagens de certo empreendimento. Em
conseqüência, o projeto aponta a conveniência ou não de se destinar esforços e recursos para a sua
implementação. Este trabalho teve como objetivo realizar o projeto agropecuário de uma propriedade rural
localizada no município de Uberlândia – MG, que possui como principal atividade a criação de bezerros de
corte para a venda.
METODOLOGIA
O planejamento rural foi feito para uma propriedade de criação de bezerros de corte para comercialização
(Cria), localizada no município de Uberlândia – MG, com área total de 270,2ha. Esta propriedade possui
animais da raça Tabapuã, criados em regime extensivo em pastagens de Brachiaria decubens, recebem
mineralização e manejo sanitário adequado. A fazenda adota o sistema reprodutivo de monta natural onde o
reprodutor permanece com as matrizes durante todo o ano, sem controle de acasalamento, a reposição dos
reprodutores é realizada a cada três anos para evitar consangüinidade. Aos oito meses de idade é realizada a
seleção de fêmeas para reposição e são formados os lotes para venda e desmama. Segundo análise de
rentabilidade realizada na propriedade, a mesma apresenta, atualmente, prejuízo tipo a, ou seja, o preço de
venda dos animais cobre o custo operacional variável unitário e apenas parte do custo operacional fixo
unitário, tendo que ser desembolsada certa quantia pelo proprietário. O projeto agropecuário foi proposto com
o intuito de elevar a taxa de natalidade a 75%, restringir a taxa de mortalidade de bezerros até a desmama a
2,0%, ter uma taxa de renovação de matrizes de 20% e elevar a taxa de lotação das pastagens para 2 UA/há.
Para isso será necessário reformar as pastagens, realizar escrituração zootécnica, estabelecer estação de
monta, criar calendário sanitário, adquirir balança para pesar matrizes e bezerros no parto e desmama e tronco
de contenção para que o manejo dos animais seja mais eficiente. O produtor atuará na venda de bezerros
Tabapuã para recria e posterior abate e novilhas para reposição de matrizes. Foi realizada a evolução da
produção pecuária, ou seja, do rebanho bovino, orçamento e planejamento de investimentos programados,
previsão de custos variáveis e fixos e de receitas, além de análise financeira e do tempo de retorno do
investimento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para atingir todas as metas citadas na metodologia, serão adquiridos 18 touros para reposição durante o
período e a estabilização do rebanho ocorrerá no oitavo ano com 150 vacas paridas, 50 vazias,140 novilhas de
um a três anos de idade, 146 bezerros machos e fêmeas, com uma venda anual de 40 vacas vazias, 30 novilhas
e 76 bezerros. No primeiro ano, serão realizados investimentos no total de R$120.333,00, sendo
R$110.032,00 em reformas de pastagens (R$ 600.00 /ha x 169,28), R$5.800,00 em tronco de contenção, R$
4.500,00 em balança e R$1.000,00 para adaptação do curral. No sexto, nono e 12º anos serão adquiridos seis
touros em cada ano totalizando R$54.000,00 (R$3.000,00/touro). Ao final dos 12 anos serão investidos R$
174.333,00. Os resultados da análise financeira estão apresentados na tabela 1. Para garantir os investimentos
foi feito financiamento de R$145.000,00, visto que o produtor não disponibiliza deste montante em caixa,
com quatro anos de carência, para ser pago em oito anos, com juros anuais de 8,5%. Foi observado saldo
negativo apenas no segundo ano, porém o saldo acumulado continua positivo. Ao final de 12 anos, o
financiamento será totalmente quitado e teremos um saldo acumulado de R$366.112,64.
Tabela 1: Análise Financeira de uma fazenda de gado de corte de criação de bezerros para venda, Uberlândia,
2008.
Especificação
1º Ano
2º Ano
3º Ano
4º Ano
5º Ano
6º Ano
Entradas (R$)
Produtos Animais
19.100,00
22.100,00
31.200,00
35.750,00
69.620,00
97.395,00
Outros (depreciações)
769,97
769,97
4.289,50
4.289,50
4.202,13
3.996,00
Financiamentos
145.000,00
Total
159.869,97 22.869,97
35.489,50
40.039,50
73.822,13
101.391,00
Saídas (R$)
Investimentos
120.333,00
18.000,00
programados
Custos Variáveis
5.231,78
6.693,58
8,184,30
10.090,93
11.303,97
11.614,61
Custos Fixos
11.588,89
11.588,89
11.588,89
11.588,89
11501,52
14.814,92
Amortização
de
18.125,00
18.125,00
Financiamentos
Juros
de 12.325,00
12.325,00
12.325,00
12.325,00
12.325,00
10.784,37
Financiamentos
Total (R$)
149.568,67 30.607,47
32.098,19
34.004,82
53.255,49
73.338,90
Saldo (R$)
10.301,30
(-) 7.737,50 3.391,31
6.034,68
20.566,64
28.052,10
Saldo Acumulado (R$) 10.301,30
2.563,80
5.955,11
11.989,79
32.556,43
60.608,53
Especificação
7º Ano
8º Ano
9º Ano
10º Ano
11º Ano
12º Ano
Entradas(R$)
Produtos Animais
99.845,00
101.145,00
107.145,00 101.145,00 101.145,00 107.145,00
Outros (depreciações)
3.996,00
3.996,00
3.996,00
3.996,00
3.996,00
3.996,00
Financiamentos
Total
103.841,00 105.141,00
111.141,00 105.141,00 105.141,00 111.141,00
Saídas (R$)
Investimentos
18.000,00
18.000,00
programados
Custos Variáveis
11.673,36
11.675,18
11.675,18
11.675,18
11.675,18
11.675,18
Custos Fixos
14.814,92
14.814,92
14.814,92
14.814,92
14.814,92
14.814,92
Amortização
de 18.125,00
18.125,00
18.125,00
18.125,00
18.125,00
18.125,00
Financiamentos
Juros
de 9.243,75
7.703,12
6.162,50
4.621,87
3081,25
1.540,62
Financiamentos
Total
53.857,03
52.318,22
68.777,60
49.236,97
47.696,35
64.155,72
Saldo (R$)
49.983,97
52.822,78
42.363,40
55.904,03
57.444,65
46.985,28
Saldo Acumulado (R$) 110.592,50 163.415,28
205.778,68 261.682,71 319.127,36 366.112,64
A análise do tempo de retorno do investimento está na tabela 2. Observamos que já no sexto ano todo o
investimento já foi pago, sendo o tempo exato de retorno do investimento cinco anos e seis meses.
Tabela 2: analise do tempo de retorno de um investimento em
bezerros para venda, Uberlândia, 2008.
Ano Investimentos
Custos Operacionais Receitas
(R$)
(R$)
(R$)
R$ 120.333,00
0
16.820,67
19.869,97
1
18.282,47
22.869,97
2
19.773,19
35.489,50
3
21.679,82
40.039,50
4
22.805,49
73.822,13
5
18.000,00
26.429,53
101.391,00
6
26.488,28
103.841,00
7
26.490,10
105.141,00
8
18.000,00
26.490,10
111.141,00
9
26.490,10
105.141,00
10
26.490,10
105.141,00
11
26.490,10
111.141,00
12 18.000,00
uma fazenda de gado de corte de criação de
Saldo de Caixa
(R$)
(-) 120.333,00
3.049,30
4.587,50
15.716,31
18.359,68
51.016,64
56.961,47
77.352,72
78.650,90
66.650,90
78.650,90
78.650,90
66.650,90
Saldo
de
Caixa
Acumulado (R$)
(-) 120.333,00
(-)117.283,70
(-)112.696,20
(-)96.979,89
(-)78.620,21
(-)27.603,57
29.357,90
106.710,62
185.361,52
252.012,42
330.663,32
409.314,22
475.965,12
Conclui-se que, com investimentos certos e gerencia adequada, uma propriedade localizada no município de
Uberlândia-MG que produz bezerros para a venda pode sair de um prejuízo tipo a e em 12 anos estabilizar o
rebanho, quitar todos os financiamentos e ter um saldo acumulado de R$366.112,64.
REFERÊNCIAS
1- ARRUDA, A.G.S.; LANARI, C.S.; SOUZA, A.A. et al. Enfoque gerencial na determinação de preços e
análises de custos: considerações sobre a pecuária de corte. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
ADMNISTRAÇÃO RURAL, 3., 1999, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: Universidade Federal de
Lavras, [2006]; 2- PIRTOUSCHEG, A. Custos de produção em atividades agropecuária e planejamento
rural. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2002, 45p. Apostila; 3- ROVIRA, J. Manejo
nutritivo de los rodeos de cría en pastoreo. Montevideo: Hemisferio Sur, 1996. 288p.
PROPOSTA DE ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL PARA Callithrix jacchus DESENVOLVIDA NO
ZOOLÓGICO PARQUE DO SABIÁ, UBERLÂNDIA-MG
FERREIRA, F. S.*1; OLIVEIRA, F. V. 1; MOURA. M. S. 1; BRITO, T. R. 1
1- Graduandas em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia
[email protected]
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi coletar dados e aspectos para diagnosticar os comportamentos do sagüi de
Tufo branco (Callithrix jacchus). As observações feitas permitem a análise do comportamento, qual a
freqüência, e se o animal realiza atividades que indicam stress ou não. A observação dos dados foi realizada
no Parque do Sabiá, Uberlândia (MG). Dentre todas as atividades, a mais ressaltada é a tentativa que os
animais têm de se comunicar com os sagüis de tufo preto da jaula vizinha. Outro comportamento que chama a
atenção é quando os animais pulam na grade e ficam andando, demonstrando o interesse que os animais
possuem de receberem visitas. Unindo esses dois comportamentos destacados, sugere-se como
enriquecimento ambiental a colocação de uma grade entre as jaulas, no lugar da parede. Esse enriquecimento,
além de interagir os micos de tufo branco com os de tufo preto, aumentaria a luminosidade do cativeiro.
PALAVRAS-CHAVE: Sagüi, Estresse, Enriquecimento Ambiental
INTRODUÇÃO
Estudos de comportamento em animais de zoológico contribuem para o bem estar dos animais cativos e
auxiliam na formulação de métodos mais efetivos para o desenvolvimento de ambientes e técnicas de manejo
adequado. Uma forma de melhorar as condições de vida de animais em zoológicos é utilizar técnicas de
enriquecimento (HOHENDORFF, 2003). Segundo Boere (2002), animais livres na natureza ocupam parte do
dia em busca de alimentos, fugindo de predadores, procurando a melhor prole e se interagindo. Já os animais
em cativeiro não passam por isso e ficam a maior parte do tempo sem ter o que fazer, o que leva à estresses e
pode até ocasionar problemas de saúde. O animal que possui tudo o que precisa para sua sobrevivência, sem
ter que fazer esforços e não precisando de estímulos físicos e mentais pode então apresentar pacing que, é um
comportamento repetitivo e inapropriado. O Sagüi de tufo branco faz parte da Ordem dos Primatas, Família
Cebidae. São animais de pequeno porte com o peso entre 350 e 450 gramas, pelagem estriada nas orelhas,
mancha branca na testa. A cauda é maior do que o corpo e tem função de garantir o equilíbrio do animal. O
habitat da espécie é na Caatinga e no Cerrado (ODUM, 2004). O projeto teve como objetivo coletar dados e
aspectos para diagnosticar os comportamentos desse animal, no caso, sagüi de Tufo branco. As observações
feitas permitem a análise do comportamento, qual a freqüência, e se o animal realiza atividades que indicam
stress ou não.
METODOLOGIA
A observação dos dados para o projeto sobre a análise comportamental da espécie Callitrix jacchus, vulgo
sagüi do tufo branco, foi realizada no Parque do Sabiá, Uberlândia (MG). Os micos que vivem na jaula
observada são muito parecidos, portanto, não foi possível distinguir qual animal é fêmea ou macho. Assim,
foram analisados os comportamentos dos animais sem distinção de idade e sexo. Os dados anotados foram
tidos como padrões de comportamentos para todos os animais que estavam na jaula. O período de observação
foi dividido em dois dias com 10 (dez) horas para cada dia. Foi dividido o grupo em dois componentes para
cada dia. Foram feitas anotações em um caderno durante toda observação, em intervalos de aproximadamente
5 (cinco) minutos. A cada intervalo, foram anotadas as mudanças de atitudes e com o auxilio de uma máquina
fotográfica, foram fotografados o local, os animais e os comportamentos. Para obter maiores informações
sobre a alimentação e hábitos dos animais, o grupo contou com o auxílio de uma bióloga que trabalha no
local.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a Figura 1, a atividade mais realizada pelos sagüis é comer, atividades como brincar e
descansar também se repetem muito ao longo do dia. Os animais também passam grande parte de seu dia na
grade, ora andando por ela, ora tentando se comunicar com a jaula vizinha.
Atividades realizadas em 20 horas
Comer
Brincar
Descansar
50
50
45
40
35
30
Repetições 25
20
15
10
5
0
Andar
42
38
Comunicação com a jaula
vizinha
Vocalizar
25 25
23
Na grade
17
Masturbar
13
8
6 7
11
Espreguiçar na parede
2
1
Agitado com a visita de micos
soltos
Higienização
Tomar sol
Ir para casa de pedra
Figura 1 – Repetições das atividades desenvolvidas pela espécie Callithrix jacchus em 20 horas de
observação no zoológico Parque do Sabiá – Uberlândia – MG.
Segundo o livro “A estratégica global da biodiversidade” (p. 138) os centros de conservação ex situ devem
reduzir ao máximo o nível de stress dos animais cativos. De acordo com a observação realizada,
comportamentos que identificam estresse, como se masturbar, tem uma repetição pequena (13 repetições em
20 horas de observação), como demonstrado na figura 1. Algumas atividades dependem do comportamento
dos visitantes do zoológico, como é o caso da atividade “andar pela grade” que tem seus picos de repetição no
horário em que há mais visitantes (Figura 2).
Figura 2 – Número de repetições, em relação ás horas do dia, da atividade de andar pela grade realizada pela
espécie Callithrix jacchus no zoológico do Parque do Sabiá – Uberlândia - MG .
Foi possível observar que durante todo o dia aparecem espécies de Callithrix jacchus de vida livre e isso
deixa os sagüis do zoológico muito agitados, eles também ficam durante todo o dia tentando se comunicar
com os sagüis de tufo preto, presentes na jaula ao lado, como as jaulas são separadas por um muro eles ficam
na grade tentando ver os animais da jaula vizinha e ás vezes tentam jogar frutas. Dentro das 20 (vinte) horas
de observação da espécie Callithrix jacchus, pode-se concluir que a espécie não possui comportamentos
indicativos de pacing.Porém, pode haver algum comportamento indicativo fora dos horários visitados pelos
componentes, ou seja, não pode ser confirmado devido às poucas horas de observação. Dentre todas as
atividades, a mais ressaltada é a tentativa que os animais têm de se comunicar com os sagüis de tufo preto da
jaula vizinha. Esse comportamento ocupa 9,3% de todo o tempo dos micos analisados, além de ocorrer
durante todo o dia. Outro comportamento que chama a atenção é quando os animais pulam na grade e ficam
andando, destacando 11,5% do tempo. Essa atividade demonstra o interesse que os animais possuem de
receberem visitas. Unindo esses dois comportamentos destacados, sugere-se como enriquecimento ambiental
a colocação de uma grade entre as jaulas, no lugar da parede. Esse enriquecimento, além de interagir os micos
de tufo branco com os de tufo preto, aumentaria a luminosidade do cativeiro.
REFERÊNCIAS
1- BOERE, V. Efeitos do estresse psicossocial crônico e do enriquecimento ambiental em sagüis
(Callithrix penicillata): um estudo comportamental, fisiológico e farmacológico. 2002. 238 f. Tese
(Doutorado – Programa de Pós-graduação em Neurociências e Comportamento), Instituto de Psicologia,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002; 2- Instituto de recursos mundiais; União mundial para a
natureza; Programa das nações unidas para o meio ambiente. A estratégia global da biodiversidade:
diretrizes de ação para estudar; salvar e usar de maneira sustentável e justa a riqueza biótica da Terra.
Curitiba: Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, 1992. 232 p; 3- HOHENDORFF, R.V. Aplicação e
avaliação de enriquecimento ambiental na manutenção de bugio (Alouatta spp LACÉPEDE, 1799) no
Parque Zoológico de Sapucaia do Sul - RS. Dissertação de Mestrado. UFRGS. 2003; 4- ODUM, P. E.
Fundamentos de Ecologia. 7ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004.
QUALIDADE FÍSICO-QUIMICA DE LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADO NO
MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA, MG
Oliveira, R. P1*.; Andrade, R. B1.; Silveira. A. C. P2.
1- Graduandas em Medicina Veterinária-Universidade Federal de Uberlândia. 2- Docente da Faculdade de
Medicina Veterinária da UFU.
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar as características físico-químicas de leite pasteurizado comercializado no
município de Uberlândia-MG, e compará-las com os padrões estabelecidos pela legislação em vigor. Foram
analisados dezoito amostras, de três marcas de leite pasteurizado coletadas no comércio do município, e
realizadas no Laboratório de Controle de Qualidade de Segurança Alimentar, da Universidade Federal de
Uberlândia nos meses de fevereiro a março de 2009. Observou-se que as análises da fosfatase alcalina,
peroxidase, densidade e acidez apresentaram valores normais para todas as amostras. Seis amostras para
gordura, nove para extrato seco desengordurado e onze amostras para extrato seco total estavam com valores
fora do padrão vigente. Há necessidade de programar ações que possam identificar falhas nas atividades de
beneficiamento do leite, para obter um produto de melhor qualidade e seguro aos consumidores.
PALAVRAS-CHAVE: Análises. Lácteo. Pasteurização.
INTRODUÇÃO
O leite é uma importante fonte alimentar consumida em todo o mundo, por isso, deve ser inspecionado pelos
órgãos competentes. As características físico-químicas do leite podem ser alteradas devido a alguns fatores
tais como: ambientais, nutricionais, fraudes do produto, como por exemplo, adição de água, desnate,
superaquecimento, entre outros (GARRIDO et al., 2001). Além dos microrganismos patogênicos, há também
os deteriorantes que podem estar presentes no leite, que causam alterações químicas, tais como a degradação
de gorduras, de proteínas e de carboidratos, tornando o produto impróprio para o consumo e industrialização
(COUSIN, 1982). Para detecção de fraudes por adição de água ou de solutos no leite é utilizado o teste de
densidade. O teste de Dornic é utilizado para a avaliação da alteração de acidez no leite e determina aumentos
de ácido láctico, que é indicativo da fermentação da lactose por bactérias mesófilas. No entanto, além do
ácido láctico, outros componentes do leite podem interferir na acidez, podendo destacar os citratos, fosfatos e
proteínas (FONSECA & SANTOS, 2000). Este trabalho teve como objetivo avaliar os aspectos físicoquímicos de leites pasteurizados no município de Uberlândia-MG, através dos testes de densidade,
determinação de acidez em graus Dornic, percentagem de Gordura, extrato seco total (EST), extrato seco
desengordurado (ESD) e análises das enzimas Peroxidase e da Fosfatase alcalina.
MATERIAIS E MÉTODOS
Foram analisadas dezoito amostras, de três marcas (A, B e C) de leite pasteurizado coletadas no comércio do
município de Uberlândia, transportadas até o laboratório em caixa isotérmica contendo gelo. As amostras
foram coletadas sempre no mesmo ponto de venda com o intervalo de uma semana para cada coleta. Todas
apresentavam inspeção federal. As análises das amostras foram realizadas no Laboratório de Controle de
Qualidade de Segurança Alimentar, da Faculdade de Medicina Veterinária, da Universidade Federal de
Uberlândia, de acordo com a metodologia analítica recomendada pelo Ministério da Agricultura (BRASIL,
2006), e os resultados foram comparados com a instrução normativa n°51 (BRASIL, 2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 1, estão descritos os resultados obtidos das análises físico-químicas. Os resultados das amostras
para densidade e acidez foram todos normais para as três marcas de leite que variam de 1028 a 1034g/ml e 14
a 18 °Dornic respectivamente (BRASIL, 2002). A porcentagem de gordura no leite pasteurizado estabelecido
pela legislação deve ser no mínimo 3% (BRASIL, 2002). No entanto, foram observadas que uma amostra da
marca A (16,66%), duas amostras da marca B (33,33%) e três da marca C (50%) estavam com valores
inferiores ao mínimo. Em relação ao Extrato seco total, quatro amostras da marca A (66,66%), cinco amostras
da marca B (83,33%) e duas da marca C (33,33%) apresentaram valores abaixo do mínimo. O extrato seco
total é constituído pelos sólidos total presentes no leite e deve apresentar valores entre 11,5 a 13,5%. O extrato
seco desengordurado deve possuir o valor mínimo de 8,4% de acordo com o padrão regulamentar (BRASIL,
2002). Verificou-se que quatro amostras da marca A e quatro amostras da marca B (66,66%) e uma da marca
C (16,66%) apresentaram valores menores do que o mínimo exigido. Estes valores inferiores ao mínimo
estabelecido, tanto do Extrato Seco Total como do Extrato Seco Desengordurado, podem ser um indício de
fraude por adição de água, mesmo que os valores da densidade estejam normais já que algumas substâncias
como açucares e cloretos quando adicionadas ao leite regulam a densidade, ou pode ser um indício de
ausência de padronização de matéria-prima, pois o leite dos animais pode ser afetado pela sua condição física,
clima, alimentação, fase de lactação e raça. As enzimas Peroxidase e Fosfatase alcalina apresentaram valores
normais para todas as amostras. A Peroxidase foi positiva indicando que o processo de pasteurização não
ultrapassou a temperatura exigida, ou seja, não houve superaquecimento, e a Fosfatase alcalina negativa,
indicando que a pasteurização foi efetuada conforme a legislação, pois essa enzima é sensível a esse processo
térmico. Os resultados encontrados para Peroxidase foram satisfatórios. Já os encontrados por Zocche e
colaboradores (2002) na região oeste do Paraná, onde foram observados 30% dos resultados negativo para a
pesquisa da enzima peroxidase. Podendo indicar um superaquecimento durante a pasteurização. Em relação à
gordura constataram que 37,5% das amostras analisadas estavam com os índices de gordura fora dos padrões
estabelecidos pela legislação para o leite tipo “C”. Em estudos realizados em Ponta Grossa – Paraná mostrou
que 12% das amostras de leite tipo “C” analisadas estavam fora dos padrões para extrato seco desengordurado
e 16% para densidade. Em relação à acidez, assim como nesse trabalho, todas as amostras estavam dentro dos
parâmetros legais (PEREIRA et al., 2006).
Tabela 1- Percentual de amostras das marcas A, B e C, dentro e fora dos padrões físico-químicos, de leite
tipo C comercializados em Uberlândia, MG, no período de fevereiro a março de 2009.
ANÁLISES
FÍSICODENTRO DO PADRÃO
FORA DO PADRÃO
QUÍMICAS
A
B
C
Total
A
B
C
Total
%
%
Densidade
06
06
06
18
Z
Z
Z
Z
100
Z
Acidez
06
06
06
18
Z
Z
Z
Z
100
Z
% Gordura
05
04
03
12
01
02
03
06
66,66
33,33
% EST
02
01
04
07
04
05
02
11
38,88
61,11
% ESD
02
02
05
09
04
04
01
09
50
50
Peroxidase
06
06
06
18
Z
Z
Z
Z
100
Z
Fosfatase
06
06
06
18
Z
Z
Z
Z
100
Z
Alcalina
TOTAL
06
06
06
18
06
06
06
18
100
100
CONCLUSÃO
Através desses resultados, nota-se que as porcentagens de gordura e extrato seco desengordurado foram
inferiores ao esperado, podendo ser indicativo de fraude por adição de água ou de possíveis falhas que podem
ocorrer na padronização do leite pasteurizado. Medidas devem ser tomadas para ter uma eficiente
fiscalização, de modo que o produto não ofereça riscos ao consumidor.
REFERÊNCIAS
1- BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Departamento de Inspeção de Produtos de
Origem Animal. Instrução Normativa nº 51, de 18 de setembro de 2002. Aprova e oficializa o Regulamento
Técnico de identidade e qualidade de leite pasteurizado tipo C refrigerado. Diário Oficial da União da
República Federativa do Brasil, Brasília, 172, 8-13, 20 de setembro de 2002. Seção 1; 2- BRASIL.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n°68, de 12 de Dezembro de
2006. Oficializa os Métodos Analíticos Oficiais Físico-químicos, para controle de leite e Produtos Lácteos.
Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília-DF, 12 de Dezembro de 2006. Seção
1; 3- COUSIN, M. A. Presence and activity psychotropic microorganisms in milk and dairy products. Journal
of Food Protection, Des Moines, 45, 172-207, 1982; 4- FONSECA, L.F.L.; SANTOS, M.V. Qualidade do
Leite e Controle de Mastite, Lemos Editorial, São Paulo, 2000, 175p; 5- GARRIDO, N.S., MORAIS,
J.M.T., BRIGANTI, R.C., OLIVEIRA, M.A., BERGAMINI, A.M.M., OLIVEIRA, S.A.V., FÁVARO,
R.M.D. Avaliação da qualidade físico-química e microbiológica do leite pasteurizado proveniente de mini e
micro-usinas de beneficiamento da região de Ribeirão Preto/SP. Revista Instituto Adolfo Lutz, 60, 2, 41146, 2001; 6- PEREIRA, L.T.P.; ESMERINO, L.A.; SILVA, N.C.C.; CHARNESKI, S.N.; GUZZONI, F.A.;
ARAÚJO, A.E. Avaliação dos indicadores de qualidade do leite pasteurizado tipo C comercializado em Ponta
Grossa, Paraná. Revista Higiene Alimentar, 20, 147, 83-89, 2006; 7- ZOCCHE, F.; BERSOT, L.S.;
BARCELLOS, V.C.; PARANHOS, J.K.; ROSA, S.T.M.; RAYMUNDO, N.K. Qualidade microbiológica e
físico-química do leite pasteurizado produzido na região oeste do Paraná. Archives of Veterinary Science, 7,
2, 59-67, 2002.
QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO LEITE PASTEURIZADO TIPO C
COMERCIALIZADO EM CATALÃO-GO
*Ayres, G. F.1; Rodrigues, M. A. M.2
1- Mestrando em Ciências Veterinárias – Produção Animal – Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV)
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 2- Professora Doutora Titular da Faculdade de Medicina
Veterinária (FAMEV) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
[email protected]
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade físico-química e microbiológica do leite pasteurizado
tipo C comercializado em Catalão-GO. Foram analisadas 20 amostras quanto à densidade, acidez, gordura,
extrato seco total e extrato seco desengordurado e quanto à presença de bactérias aeróbias mesófilas,
coliformes totais e coliformes fecais. As análises físico-químicas revelaram que das 20 amostras, 01 (5%)
apresentou densidade baixa, 02 (10%) acidez elevada, 06 (30%) baixa porcentagem de gordura, 15 (75%)
baixa porcentagem de extrato seco total e 16 (80%) baixa porcentagem de extrato seco desengordurado. As
análises microbiológicas mostraram que 01 amostra (5%) estava acima do padrão para bactérias aeróbias
mesófilas e 01 (5%) para coliformes totais. Comparando os resultados obtidos com os padrões vigentes
concluímos que a qualidade de parte das amostras foi insatisfatória e inapropriada para o consumo.
PALAVRAS-CHAVES: Análises. Pasteurização. Qualidade do leite.
INTRODUÇÃO O leite é um alimento completo devido a sua rica composição de nutrientes, porém essa
característica o torna um excelente meio de cultura favorecendo a proliferação de microrganismos (FRANCO;
LANGRAF, 1996). Por isso, se faz necessário um tratamento térmico, sendo o mais utilizado a pasteurização
que consiste no aquecimento a temperatura de 72-75°C durante 15 a 20 segundos, seguindo-se um
resfriamento imediato até temperatura < a 4°C, com objetivo de eliminar os microrganismos patogênicos que
possam contaminar o leite (BRASIL, 2002). O controle microbiológico é realizado, principalmente, através da
pesquisa de microrganismos indicadores de qualidade do leite que são os aeróbios mesófilos e os coliformes.
Altas contagens desses microrganismos são indicativas de procedimento higiênicos inadequado na produção,
no beneficiamento ou conservação (FRANCO; LANGRAF, 1996). As características físico-químicas são
indicadores de qualidade do leite e alterações podem ser resultadas de fatores nutricionais, ambientais e
fraudes do produto ou como adição de água, desnate, superaquecimento, dentre outras (GARRIDO et al.,
2001; SANTOS; XAVIER; PASSOS, 1981). De acordo com a Instrução Normativa n°.51 de 2002, os padrões
físico-químicos do leite pasteurizado tipo C para acidez, densidade, gordura, extrato seco total e extrato seco
desengordurado são, respectivamente: 14-18° Dornic, 1028-1034 g/L, 3%, 11,5-13,5% e 8,4% no mínimo.
Para os padrões microbiológicos, no maximo 3x105 UFC/mL de leite na contagem total de bactérias mesófilas
e o número mais provável de coliformes totais e fecais não devem ser superiores a 4 NMP/mL e 2 NMP/mL,
respectivamente (BRASIL, 2002).
MATERIAIS E MÉTODOS
As amostras foram coletadas em diferentes pontos de comércio da cidade de Catalão-GO, no período de
agosto a outubro de 2008 com intervalo de uma semana entre cada coleta, totalizando vinte amostras de duas
diferentes marcas de leite pasteurizado tipo C. As análises foram realizadas no Laboratório de Controle de
Qualidade e Segurança Alimentar, da Faculdade de Medicina Veterinária, da Universidade Federal de
Uberlândia (LCQSA/FAMEV/UFU). As análises físico-químicas compreenderam na determinação da
densidade à 15ºC pelo método do termolactodensímetro; acidez titulável em ácido lático pelo método de
Dornic; porcentagem de gordura pelo método do butirômetro de Gerber; porcentagem de extrato seco total
através do calculador de Ackerman; e porcentagem de extrato seco desengordurado que foi obtido pela
diferença do teor de gordura do extrato seco total (BRASIL, 2003). As análises microbiológicas
compreenderam na contagem padrão de bactérias aeróbias mesófilas na diluição selecionada (10-3 e 10-4) em
placas de Petri; na determinação do número mais provável (NMP/mL) de coliformes totais utilizando caldo
verde brilhante bile 2%; e na determinação do número mais provável (NMP/mL) de coliformes fecais
utilizando caldo EC (BRASIL, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A contagem de bactérias aeróbias mesófilas para leite pasteurizado tipo C não deve ser superior a 3,0 X 105
UFC/mL (BRASIL, 2002). No entanto, verificou-se que 01 amostra da marca A (10%) apresentou 4,2 X 105
UFC/mL, sendo este valor acima do padrão. O número elevado de mesófilos pode indicar falhas na higiene de
beneficiamento, limpeza e desinfecção insuficientes de embalagens e locais de armazenamento ou
temperaturas impróprias na conservação do produto. Na determinação do número mais provável de
coliformes totais, 01 amostra da marca A (10%) apresentou 7,5 NMP/mL, valor superior ao padrão, visto que
este número não deve exceder a 4 NMP/mL (BRASIL, 2002). Em relação ao número mais provável de
coliformes fecais, nenhuma das amostras apresentaram irregularidades, sendo tolerado até 2 NMP/mL
(BRASIL, 2002). A presença de coliformes no leite pasteurizado indica falhas na pasteurização, já que estes
microrganismos não são resistentes ao calor ou pode indicar uma recontaminação pós-pasteurização, oriunda
de embalagens ou locais de armazenamento inadequadamente higienizados.
Tabela 1 – Características físico-químicas do leite pasteurizado tipo C da marca A e da marca B.
ANÁLISES
AMOSTRAS
Densidade
g/mL, Acidez
Gordura %
EST %
ESD %
15ºC
ºDornic
A --- B
A ------ B
A ----- B
A ------ B
A -- B
1
1031,4 - 1032,3
17 – 18
3,5 – 3,7
12,32 – 12,80
8,82 – 9,10
2
1029,9 - 1028,9
17 – 17
3,1 – 3,2
11,47 – 11,32
8,37 – 8,12
3
1028,9 - 1029,6
18 – 18
2,8 – 3,0
10,85 – 11,27
8,05 – 8,27
4
1029,2 - 1028,2
18 – 18
3,2 – 2,9
11,40 – 10,80
8,20 – 7,90
5
1029,6 - 1029,9
17 – 22
2,9 – 2,8
11,14 – 11,11
8,24 – 8,31
6
1029,2 - 1029,2
18 – 18
3,2 – 3,1
11,40 – 11,29
8,20 – 8,19
7
1028,0 - 1027,8
18 – 18
3,1 – 3,2
10,99 – 11,05
7,89 – 7,85
8
1028,6 - 1029,6
18 – 20
2,7 – 3,2
10,65 – 11,50
7,95 – 8,30
9
1028,6 - 1029,6
17 – 18
2,9 – 3,1
10,90 – 11,38
8,00 – 8,28
10
1031,9 - 1032,2
17 - 17
3,1 – 3,2
11,97 – 12,16
8,87 – 8,96
Padrão
1028 a 1034
14 a 18
Mín. 3%
11,5 a 13,5%
Mín. 8,4%
As análises físico-químicas do leite pasteurizado tipo C, revelaram 01 amostra da marca B (10%) com baixa
densidade, sendo que o padrão deve estar entre 1028 a1034 g/L (BRASIL, 2002). Densidades baixas são
indícios de fraudes por adição de água, baixa porcentagem de sólidos totais ou temperatura elevada de
armazenamento. A acidez titulável do leite deve apresentar valores entre 14 e 18ºD (BRASIL, 2002).
Verificou-se 02 amostras da marca B (20%) com acidez elevada, podendo indicar falta de higiene na obtenção
ou transporte em temperatura ambiente por longos períodos, o que resulta na proliferação bacteriana com
intensa produção de ácido láctico. A porcentagem de gordura no leite tipo C deve ser no mínimo 3%
(BRASIL, 2002). Entretanto, 04 amostras da marca A (40%) e 02 amostras da marca B (20%) apresentaram
valores inferiores ao mínimo, podendo ser um indício de ausência de padronização do teor de gordura
utilizado como matéria-prima. O extrato seco total (EST) deve apresentar valores entre 11,5 e 13,5%, e o
extrato seco desengordurado (ESD) o valor mínimo deve ser de 8,4% (BRASIL, 2002). Porém, 08 amostras
da marca A (80%) e 07 amostras da marca B (70%) apresentaram valores inferiores ao padrão para EST. Já
para ESD, verificou-se 08 amostras da marca A (80%) e 08 amostras da marca B (80%) com valores menores
do que o mínimo. Os valores inferiores de EST e ESD pode ser um indicativo de fraude com adição de água,
mesmo com valores de densidade normal já que existe substância que adicionada ao leite regula a densidade
como açucares e cloretos, ou pode ser um indício de ausência de padronização de matéria-prima, uma vez que
o leite dos animais é afetado pela sua condição física, fase de lactação, alimentação, clima e raça.
AMOSTRAS
DENTRO
PADRÃO
QUANTIDADE
%
Análises microbiológicas
Aeróbios mesófilos
Coliformes totais
Coliformes fecais
Análises físico-químicas
Densidade
Acidez ºDornic
% Gordura
DO
AMOSTRAS FORA DO PADRÃO
QUANTIDADE
%
19
19
20
95
95
100
01
01
Zero
5
5
Zero
19
18
14
95
90
70
01
02
06
5
10
30
% Extrato seco total
05
25
15
% Extrato seco desengordurado 04
20
16
Tabela 2 – Percentual das amostras dentro e fora do padrão do leite pasteurizado tipo C.
75
80
Os resultados obtidos para contagem de bactérias aeróbias mesófilas e coliformes fecais foram inferiores aos
encontrados por GONÇALVES & FRANCO (1998) no Rio de Janeiro, em que observaram 16,66% de
amostras fora do padrão para mesófilos e 13,33% para coliformes fecais. Nos Campos dos Goytacazes-RJ,
CORDEIRO et al. (2002) observou 18,6% de amostras fora do padrão para mesófilos e 40% tanto para
coliformes totais como para coliformes fecais. Valores superiores ao do presente trabalho. Nas análises físicoquímicas realizadas no estado de São Paulo, NADER FILHO et al. (1997a) encontrou 2,5% de amostras fora
do padrão para densidade, 5% para gordura, 5% e 3,7% para extrato seco total e extrato seco desengordurado,
respectivamente. Ambos os valores foram inferiores ao do presente trabalho. Em Londrina-PR, BELOTI et al.
(1996b), obteve 15% de amostras fora do padrão para acidez, 5% para gordura, 22,5% para densidade, 5%
para extrato seco desengordurado. Sendo superior ao presente trabalho nos valores de acidez e densidade.
CONCLUSÃO
Analisando as duas marcas de leite pasteurizado tipo C, comercializados em Catalão-GO, no período de
agosto a outubro de 2008, pode-se afirmar microbiologicamente, que o leite em estudo, apresentou resultados
satisfatórios, podendo estar relacionado com uma eficaz pasteurização. Entretanto, as duas marcas
apresentaram amostras irregulares, em vários percentuais, nas análises físico-químicas. Portanto, torna-se
evidente a necessidade de ações que possam identificar falhas no processamento do produto e maior rigor em
sua fiscalização pelos órgãos responsáveis para que os consumidores da cidade de Catalão-GO adquirem um
produto seguro e de qualidade.
REFERÊNCIAS
1- BELOTI, V.; BARROS, M. A. L.; FREIRE, R. L.; MARTINS, L. G. G.; SOUZA, J. A.; MANDUCA, S.;
OSAKI, S. Aspectos Físico-Químicos do Leite Pasteurizado Tipo C Consumido na Cidade de Londrina. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE MEDICINA VETERINÁRIA, 24, 1996, Goiânia. Anais... Goiânia,
Sociedade Goiana de Veterinária, 1996b, p.205; 2- BRASIL. MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. INSTRUÇÃO NORMATIVA N°51, DE 18 DE SETEMBRO DE 2002. Departamento
Nacional de Inspeção de Produto de Origem animal. Brasília, 2002. Disponível em:
<http://extranet.agricultura.gov.br/sislegis-consulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=8932>
Acesso em 21 mar. 2008; 3- BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria
Nacional de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa nº62, de 18 de setembro de 2003. Métodos Analíticos
Oficiais para Controle de Produtos de Origem Animal e Água. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 de
setembro de 2003; 4- CORDEIRO, A. M. C.; CARLOS, L. A.; MARTINS, M. L. L. Qualidade
microbiológica de leite pasteurizado tipo C, proveniente de micro-usinas de Campos dos Goytacazes, RJ.
Revista Higiene Alimentar, v.16, n.92-93, p.41-44, 2002 5- FRANCO, B. D. G. M.; LANGRAF, M.
Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Ed. Atheneu, 1996. 182 p; 6- GARRIDO, N. S.; MORAIS, J. M.
T.; BRIGANTI, R. C.; OLIVEIRA, M. A.; BERGAMINI, A. M. M.; OLIVEIRA, S. A. V.; FAVARO, R. M.
D. Avaliação da qualidade físico-química e microbiológica do leite pasteurizado proveniente de mini e micro
usinas de beneficiamento da região de Ribeirão Preto, SP. Revista Instituto Adolfo Lutz, Ribeirão Preto,
v.60, n.2 p.141-146, 2001; 7- GONÇALVES, R. M. S.; FRANCO, R. M. Determinação de carga microbiana
em leite pasteurizado tipos B e C, comercializados na cidade do Rio de Janeiro, RJ. Revista Higiene
Alimentar, São Paulo, v.12, n.53, p.61-65, 1998; 8- NADER FILHO, A.; AMARAL, L. A.; JÚNIOR, O. D.
R. Características físico-químicas do leite pasteurizado dos tipos A, B e C processado por sete usinas de
beneficiamento do estado de São Paulo. Revista Brasileira de Ciências Veterinárias, v. 4, n. 2, p. 71-73,
1997a.; 9- SANTOS, E. C.; XAVIER, A. T. V.; PASSOS, L. A. S. Aparente deflexão sazonal de alguns
constituintes do leite no início da primavera. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, Juiz de
Fora, v. 36, n. 215, p. 09-15, 1981.
REDUÇÃO DE FRATURA DE COLUNA VERTEBRAL EM Boa Constrictor –
RELATO DE CASO
De Simone, S. B. S.2*; Santos, A. L. Q.1; Costa F. R. M. 2; Rodrigues, L. L.2; Rodrigues, T. C. S.2
1- Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 2- Laboratório de Ensino e Pesquisa em
Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av.
Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Uma jibóia de vida livre foi encaminhada ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia,
com suspeita de fratura no terço médio da coluna vertebral, sendo o diagnóstico confirmado através de
exames radiográficos. O animal foi submetido a cirurgia de correção de fratura de coluna vertebral. Para tal
procedimento, utilizou-se uma abraçadeira de nylon visando preservar seus movimentos de serpentear. A
fixação nos processos espinhosos deu-se através de fio de nylon 0, sob forma de hemicerclagem. Tiletamina e
zolazepan (25 mg/Kg IM) foi o agente anestésico de eleição e a cefazolina (20 mg/Kg IM) como escolha da
antibióticoterapia. O tratamento mostrou-se eficaz para correção de tal fratura.
PALAVRAS-CHAVE: Jibóia, osteossíntese, vértebra.
INTRODUÇÃO
Tem-se observado um aumento de serpentes em áreas urbanas devido ao desmatamento e expansão de
fronteiras agricolas. Tais procedimentos provocam o desaparecimento de presas naturais, forçando-os a
migrarem para regiões urbanas, tornado-os vulneráveis a diversos traumatismos, como lacerações e fraturas
por ocasião de captura ou atropelamento. O objetivo do presente trabalho foi relatar uma correção de fratura
em coluna vertebral ocorrido em uma Boa constrictor.
RELATO DO CASO
Uma jibóia de vida livre, vitima de atropelamento foi encaminhada ao Hospital Veterinário da Universidade
Federal de Uberlândia. Durante a anamnese e exame físico de palpação observou-se hipotermia,
incapacidade de movimentação, apatia e uma creptação ao longo da coluna vertebral na qual sugeriu-se uma
fratura no seu terço médio, sendo o diagnóstico confirmado através de exames radiográficos. O animal foi
submetido a cirurgia de correção de fratura de coluna vertebral. Para tal procedimento, utilizou-se uma
abraçadeira de nylon por ser um material leve e flexível, com o intuito de preservar seus movimentos de
serpentear. Como medicação anestésica utilizou-se a combinação tiletamina e zolazepan (25mg/kg)
intramuscular. A imobilização interna da região fraturada foi realizada por meio de duas abraçadeiras de
nylon perfuradas simultaneamente com agulha hipodermica (25x08), sendo cinco orifícios equivalentes em
cada uma. A fixação nos processos espinhosos deu-se através de fio de Nylon 0, sob forma de hemicerclagem.
Realizou-se a sutura de musculatura e pele com fio de Nylon 2-0 e pontos simples separado. Como pósoperatório, a antibióticoterapia instituida foi cefazolina (20mg/kg IM) durante 15 dias e curativo local com
iodopovidona.
DISCUSSÃO
Segundo Athayde (2007), traumatismos em animais silvestres provocados pelo homem são constantemente
observados e essas agressões ocorrem devido ao aparecimento destes animais em áreas urbanas por ocasião
da gradual perda de seu habitat natural e o desaparecimento de presas naturais, sendo assim tornam-se
vulneráveis a diversos traumatismos, como lacerações e fraturas por ocasião de captura ou atropelamento,
entrando em conformidade com o ocorrido com o animal em estudo. A indicação do tipo de tratamento, seja
ele conservador ou cirúrgico, tem sido baseados nos chamados critérios de estabilidade, que ainda carecem de
maiores esclarecimentos, sendo classificados em instáveis e estáveis, com base na lesão dos ligamentos
interespinhosos, onde sua integridade é de suma importância para a estabilidade da fratura. A instabilidade
implica na tendência de desvios adicionais e possível lesão neurológica, caso a fratura não seja imobilizada.
Fraturas e luxações instáveis da espinha devem ser tratadas por métodos de imobilização interna
(BRUECKER; SEIM, 1993) e como, em geral, as placas ortopédicas são indicadas para estabilização de
estruturas ósseas (DE YOUNG; PROBST, 1993), resolveu-se, baseado nas vantagens apresentadas pela
abraçadeira de nylon, utilizá-las nesta manobra cirúrgica, pois o referido material é resistente, porém flexível,
sendo capaz de manter os movimentos de serpentear, natural das serpentes. Preferiu-se, nesta intervenção,
fixar as placas plásticas, apenas nos processos espinhosos vertebrais, embora Walter et al. (1986) e Walker
(1990) afirmaram que, frente às forças de flexão, o meio mais seguro de imobilizar a coluna vertebral seria
através da fixação não só dos processos espinhosos como do corpo vertebral, porém a espessura do osso em
questão não permitia tal manobra. O uso de placas plásticas, tanto nos corpos como nos processos espinhosos
vertebrais, já foi recomendado por Yturraspe e Lumb (1973) e Walker et al. (1985). A diferença está no
material, visto que as placas, por serem plásticas, não sofreriam a corrosão natural das metálicas (KELLEY et
al., 1987). A imobilização de apenas dois processos espinhosos, cranial e caudal ao local de instabilidade,
conforme sugestão de Renegar (1990) evitou o enrijecimento de um grande segmento espinhal, diminuindo
provavelmente o estresse sobre as placas. Diante o exposto observou-se que a utilização do material plástico
foi satisfatória na correção da fratura de coluna vertebral em B. constrictor, visto que, a área fraturada
permaneceu estável, permitindo ao animal manter sua movimentação natural.
REFERÊNCIAS
1- ATHAYDE, G.C. Tratamento de lesões traumáticas em sucuri (Eunectes murinus). Imperatriz, 2007.
22 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Clínica Médica e Cirúrgica em Animais Selvagens
e Exóticos) - Universidade Castelo Branco; 2- BRUECKER, K. A.; SEIM III, H. B. Spinal fractures and
luxations. In: SLATTER, D. Textbook of small animal surgery. 2 ed. Philadelphia: Saunders, 1993. cap. 78,
p. 1110-1121; 3- DeYOUNG, D. J.; PROBST, C. W. Methods of internal fracture fixation. General
principies. In: SLATTER, D. Textbook of small animal surgery. 2. ed. Philadelphia: Saunders, 1993. cap.
123, p. 1610-1631; 4- KELLEY, B.S.; DUNN, R. L.; CASPER, R. A. Totally resorbable high-strength
composite material. In: GEBELEIN, C. G. Advances in biomedical polymers. New York: Plennum, 1987. p.
75-85; 5- RENEGAR, W. R. Axial skeletal fractures. In: WHITTICK, W.G. Canine orthopedics. 2. ed.
Philadelphia: Lea & Febiger, 1990. cap. 14, p. 308-356; 6- WALKER, T. L. et al. Disease of the spinal
column. In: SLATTER, D. H. Textbook of small animal surgery. Philadelphia: Saunders, 1985. cap. 97, p.
1367-1395; 7- WALKER, T. L. The thoracolumbar spine. In: HARVEY, C. E. et al. Small animal surgery.
Philadelphia: Lippincott, 1990. cap. 19. p. 514-531; 8- WALTER, M. C.; Smith G. K.; Newton, C. D. Canine
lumbar spinal internal fixation techniques. A comparative biomechanical study. Veterinary Surgery,
Germantown, v. 15, n. 2, p. 191-198, 1986; 9- YTURRASPE, D. J.; LUMB, W. V. The use of plastic spinal
plates for internai fixation of the canine spine. Journal of the American Veterinary Medical Association,
Schaumburg, v. 161, n. 12, p. 1651-1657, 1972; 10- YTURRASPE, D. J.; LUMB, W. V. Second lumbar
spondylectomy and shortening of the spinal column of the dog. American Journal of Veterinary Research,
Schaumburg, v. 34, n. 4, p. 521-525, 1973.
Figura 1: Fotografias da imagem radiográfica e manobras cirúrgicas de correção de fratura em B. contrictor.
A, Imagem radiográfica; B, Preparo da imobilização interna mostrando as duas abraçadeiras de Nylon
perfuradas simultaneamente com agulha 25x8 com cinco orifícios equidistantes; C, Posicionamento das
abraçadeiras nos processos espinhosos e fixação das mesmas utilizando fio de Nylon 0; D, Sutura muscular
com fio de Nylon 3.0 em padrão simples contínuo.
REDUÇÃO DE FRATURA DE TIBIOTARSO EM PAPAGAIO GALEGO RELATO DE CASO
Simone, S. B. S.2*; Santos, A. L. Q.1; Hirano; L. Q. L.2; Rodrigues, L. L.3; Rodrigues, T. C. S.3
1- Docente Orientador, Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 2- Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências
Veterinárias da Universidade Federal de Uberlândia. 3- Graduando em Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia. Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
O papagaio galego foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia com
suspeita de fratura no terço proximal do osso tibiotarso direito, sendo o diagnóstico confirmado através de
exames radiográficos. Para a estabilização da fratura a técnica utilizada foi a introdução de pino intramedular
de Steimann. Após 15 dias o animal apresentou quadro de claudicação e, através de um novo exame
radiográfico, constatou-se a migração do pino para a articulação do joelho. Realizou-se um novo
procedimento cirúrgico para remoção do pino, culminando com a restauração das funções normais do
membro e total recuperação da ave.
PALAVRAS-CHAVE: Amazona xanthops. Pino intramedular. Osteossíntese.
INTRODUÇÃO
A procura de animais exóticos como bicho de estimação é crescente, assim como o número de atendimentos
clínicos e cirúrgicos na medicina veterinária. As aves se destacam neste grupo, apresentando, não
esporadicamente, uma variedade de doenças, das quais algumas requerem resolução cirúrgica (WESTFALL;
EGGER, 1979). Todas as técnicas ortopédicas desenvolvidas para o uso em mamíferos podem, em teoria, ser
aplicadas na estabilização das fraturas também em aves, mesmo diante às diferenças anatômicas e fisiológicas
entre estes (CASTRO et al., 2004). A localização da tíbia possibilita a utilização de uma variedade de técnicas
na recuperação de fraturas como bandagens, pinos intramedulares, placas, parafusos ósseos e fixadores
esqueléticos externos (DENNY; BUTTERWORTH, 2006). O uso de pinos intramedulares é indicado em
redução de fratura de úmero, fêmur e tibiotarso (POPE, 1996). Embora o uso do pino intramedular se
constitua na forma mais comum de fixação interna em cirurgia veterinária, os resultados do seu emprego em
aves são pouco descritos, e muitas vezes tal procedimento é desestimulado (CASTRO et al., 2004). Segundo
Fossum (2005), dentre as vantagens da utilização do pino intramedular estão a facilidade de aplicação e de
possibilitar uma redução de fratura com alinhamento anatômico preciso, ocasionando menor exposição do
osso, trauma nos tecidos adjacentes e prejuízo ao suprimento sanguíneo periosteal. Assim, objetivou-se
descrever os resultados obtidos na utilização de pino intramedular de Steimann como forma de fixação interna
para estabilização de fratura tibiotársica em Amazona xanthops, bem como as implicações de sua posterior
remoção.
RELATO DO CASO
Um Amazona xanthops, jovem, de 150g, foi encaminhado pela Polícia Ambiental ao Hospital Veterinário da
UFU. Durante a anamnese, constatou-se, crepitação óssea no membro pelvino direito e ao exame
radiográfico, confirmou-se a presença de uma fratura completa no terço proximal do osso tibiotarso. O
tratamento cirúrgico, eleito foi a osteossíntese. O animal foi mantido em jejum por 12 horas. Para indução
anestésica optou-se pela associação tiletamina e zolazepam, 10mg/kg, intramuscular. A ave foi contida
manualmente, as penas do local da incisão foram retiradas e uma anti-sepsia com álcool-iodo-álcool foi
realizada. Efetuou-se uma incisão na face lateral do terço proximal do referido membro, de aproximadamente
dois centímetros na pele e fáscia, os músculos foram divulsionados para acesso aos cotos ósseos. O pino de
Steimann 1,0 x 4,8mm foi introduzido no segmento ósseo proximal com o auxilio de uma furadeira de Jacob.
Após a redução manual da fratura, o pino foi inserido no sentido contrário passando pela cavidade medular do
segmento ósseo distal até próximo à articulação tibiotársica. O excedente deste foi cortado com uma cisalha, e
recalcado com um martelo leve. Aproximaram-se os músculos da região com uma sutura em pontos simples
contínuos e fio Catgut 3-0. Suturou-se a pele com fio de Nylon 3-0 e pontos simples separados. No pósoperatório, curativos com iodopovidona 0,2% foram feitos na ferida cirúrgica, até a remoção dos pontos e foi
administrado cefazolina sódica, 75mg/kg, 12/12 horas, via intramuscular, por 7 dias. A retirada dos pontos
ocorreu no décimo dia pós-cirúrgico. Decorridos sessenta dias o pino intramedular foi removido, utilizando-se
o mesmo o agente anestésico da cirurgia anterior. Uma incisão de aproximadamente um centímetro foi feita
na pele e cápsula articular, permitindo a exposição do pino, que com o auxílio de um porta agulha foi retirado.
Com fio de Nylon 3-0 e pontos simples separados a cápsula articular e a pele foram suturadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os mecanismos de consolidação de fraturas têm sido estudados em camundongos, cavalos, ratos, gatos,
pombos, primatas, coelhos e outros. Na cirurgia ortopédica geral, os objetivos do tratamento de uma fratura
constituem-se na promoção da cicatrização e restauração da função do osso afetado e dos tecidos moles
circundantes, culminando com a obtenção de uma aparência saudável (FOSSUM, 2005), o que foi plenamente
alcançado no A. xanthops, comprovando o sucesso do procedimento. A localização anatômica da tíbia reflete
a possibilidade de utilização de uma variedade de técnicas, como bandagens, pinos intramedulares, fixadores
esqueléticos externos, placas e parafusos ósseos na reparação de fraturas (DENNY; BUTTERWORTH,
2006). Segundo Steiner e Davis (1985) o plano e a técnica anestésica são de conspícua importância na
intervenção cirúrgica. O protocolo anestésico aplicado em A. xanthops que preconizou a utilização da
anestesia pela via intramuscular, demonstrou ser uma opção viável e prática para a indução e manutenção da
anestesia durante a cirurgia ortopédica, haja vista que a ave não emitiu qualquer sinal doloroso e manteve-se
calma no decorrer do procedimento. Um único pino de Steimann foi eficaz para estabilizar o osso acometido,
ocupando 95% da cavidade medular (POPE, 1996). O diâmetro do pino intramedular não interferiu na
formação do calo ósseo e nem promoveu isquemia, o que ocasionaria necrose óssea ou calcificação dos
tecidos moles adjacentes (CASTRO, 2004). O tratamento deve ser baseado no tipo e localização da fratura,
tamanho e idade do individuo acometido, número de ossos envolvidos e viabilidade dos tecidos moles da
região (DE YOUNG; PROBST, 1993). A ave, após três dias do primeiro procedimento cirúrgico, conseguia
empoleirar, porém apresentou dificuldade em realizar a extensão completa do membro, o que a fazia claudicar
quando caminhava, complicações tais citadas por Fossum (2005). Segundo Levitt (1989), a indicação da
cefalosporina deve-se ao seu amplo espectro de ação, rápida concentração em nível plasmático, boa
distribuição e penetração tecidual. Sendo assim, nenhum tipo de infecção foi observado durante o pósoperatório, evidenciando a eficácia da antibioticoterapia nas duas intervenções cirúrgicas. Confirmando as
observações feitas por West et al. (1996), após 15 dias, ao exame clínico, já foi possível notar a formação do
calo ósseo que foi confirmado aos 30 dias, através de exames radiográficos. Passados cinco dias da retirada do
pino, o animal já utilizava o membro fraturado com normalidade para a maioria das atividades como, por
exemplo, apreender objetos e alimentos, caminhar e escalar. O método de redução de fratura utilizado
mostrou ser eficaz na espécie em questão, por proporcionar estabilidade local durante o período de reparação
óssea e permitir um retorno precoce da função do membro. Conclui-se assim, que o uso de pino intramedular
em papagaio galego (Amazona xanthops) com fratura do osso tibiotarso é de grande valia na fixação e
cicatrização óssea, mesmo quando há necessidade de remove-lo, já que é notável o retorno às funções normais
do membro.
REFERÊNCIAS
1- CASTRO, P. F. et al. Uso de pino de aço intramedular na reparação de fraturas de ossos longos em
psitacídeos: arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), arara-canindé (Ara ararauna) e papagaio-verdadeiro
(Amazona aestiva). Clínica Veterinária, 52, 56-64, 2004; 2- DENNY, H. R.; BUTTERWORTH, S. J.
Opções de tratamento das fraturas. Cirurgia ortopédica em cães e gatos, 4. ed. São Paulo: Roca, 2006; 3DE YOUNG, D. J.; PROBST, C. W. Methods of internal fracture fixation. In: SLATTER, D. Textbook of
small animal surgery. Philadelphia: W. B. Saunders, 1993; 4- FOSSUM, T. W. Cirurgia de pequenos
animais. São Paulo: Roca, 2005. 1390 p; 5- LEVITT, L. Avian orthopedics: Compendium on Continuing
Education for Practicing Veterinarian, 11, 899-929, 1989; 6- POPE, E. R. Fixação de Fraturas Tibiais. In:
BOJRAB, M. J. Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Roca, 1996. p. 679680; 7- STEINER, C. V.; DAVIS, R. B. Patologia de las aves enjauladas. Zaragoza: Acribia, 1985. 165 p;
8- WEST, P. G. et al. Histomorphometric and angiographic analysis of bone healing in the humerus of
pigeons. American Journal of Veterinary Research, 57, 1010-1015, 1996; 9- WESTFALL, M. L; EGGER,
L. E. The management of long bone fractures in birds. Iowa State Veterinarian, 41, 81-87, 1979.
RELAÇÃO ENTRE PROPRIETÁRIOS E CÃES: UM ENFOQUE SOBRE O MANEJO
ALVES, L. R1*.; REIS, S. L. B1.
1- Médicas Veterinárias, Alunas do Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade
Federal de Uberlândia (UFU), Av. Pará, 1720. Bloco 2D Campus Umuarama, CEP. 38400-902, Uberlândia –
MG.
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RESUMO
Na atualidade o homem tem considerado o cão como algo necessário a sua vida, devendo ser criado com
respeito e responsabilidade, atendendo satisfatoriamente as suas necessidades. Com base nesses fatos se
planejou a realização de uma pesquisa sobre o manejo de cães. Estudou-se 106 cães atendidos em Hospital
Veterinário, no período de novembro a dezembro de 2006. Foram coletadas informações referentes aos cães e
aos proprietários por meio de um questionário padronizado. Após a coleta, os dados foram digitados para um
banco de dados e posteriormente analisados através de estatística descritiva. Dos proprietários estudados
42,5% mantém seu cão fora de casa, 40,6% oferecem ração e comida humana, 65,1% dão “petiscos” para o
animal, sendo que destes 53,5% são carboidratos. Dos cães referidos, 19,8% apresentaram situação vacinal
incompleta. Conclui-se que o manejo dos cães estudados está inadequado com base na literatura consultada.
PALAVRAS-CHAVE: cães, manejo, proprietários.
INTRODUÇÃO
Por milhares de anos, o homem tem considerado o cão como algo necessário a sua vida, no trabalho, na
prática de esportes, como guarda ou como simples companhia. O desejo de possuir um cão está, atualmente,
bastante generalizado e muitos são aqueles que esperam ansiosamente ter mais tempo disponível para
desfrutar de sua companhia (TEIXEIRA, 2001). Este companheiro tornou-se, dentre os animais de estimação,
o mais adaptado aos papéis afetuosos, sendo imperativo nos esforçarmos para entender esse animal que
partilha conosco sua existência (FOGLE, 1995). Segundo Ferreira (2009) o cão deve ser criado com respeito e
firmeza, sendo necessário reconhecer sua natureza social e atender satisfatoriamente suas reais necessidades
biológicas, psicológicas e comportamentais. Considerações a respeito do bem-estar e conforto canino são
relativamente novas no campo veterinário, acreditava-se tratar apenas de questões relativas à ausência de dor
e estresse. No entanto, o bem-estar dos cães vai além dessa percepção. A condição negativa de dor, estresse e
sofrimento estão sendo substituída gradualmente pelas condições de conforto e bem-estar (FERREIRA,
2009). Dentre essas condições está o manejo adequado dos cães, executado pelos seus proprietários. Com
base nos fatos apresentados, propõe-se um estudo de base epidemiológica com o objetivo de investigar o
manejo de cães, por meio de uma amostra de cães atendidos em Hospital Veterinário.
METODOLOGIA
Para esta pesquisa foram coletados, por meio de um questionário previamente testado e padronizado, dados
sobre 106 cães atendidos neste período, no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia no
período de março a abril de 2006. Foram obtidas informações referentes aos cães, bem como o manejo
realizado por seus proprietários. Coletando-se informações referentes a 106 casos de cães atendidos em dias
alternados do referido período. Após a coleta, os dados foram digitados para um banco de dados, criado por
meio do software EpiInfo 6.04, posteriormente editados, revisados e analisados através desse mesmo
software. Para análise foram estimadas medidas de freqüência, tendência central e variabilidade, por meio de
estatística descritiva. Com base nos objetivos do estudo também foram utilizados como fonte de dados para a
pesquisa teórica as bases de dados: CAB, MEDLINE, SCIELO, BIOLOGY, Centers for Disease Control and
Prevention (CDC).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 106 proprietários entrevistados, 58 (54,7%) referiram possuir cães fêmeas, o que pode nos indicar certa
preferência na criação por esse sexo, especialmente considerando que maioria dos cães estudados (52) eram
de companhia, o que justifica a analogia de Fogle (2006) que afirma que as fêmeas são mais afetivas,
precisam de mais atenção que os machos, são mais obedientes no tratamento caseiro e são menos destrutivas.
Apesar de cães criados para companhia ter apresentado a maior freqüência, observa-se que 45 (42,5%) dos
cães são criados fora de casa, o que constitui uma relação mais distante entre o proprietário e o cão. Com
relação à alimentação oferecida ao cão, 43 (40,6%) dos proprietários, oferecem ração e comida humana para o
cão, o que é correto segundo Grandjean e Vaissaire (2001) que denota seja caseira ou industrializada, o
alimento deve conter todos os nutrientes que o cão necessita em quantidades satisfatórias e em proporções
adequadas a seu tamanho. Porém, de acordo com Soares (2006) quando alimentamos o cão com comida
caseira, na grande maioria das vezes não estamos promovendo uma nutrição adequada e que a ração é a
melhor opção levando em consideração alguns argumentos favoráveis como: a necessidade do cão, a
praticidade e o custo. 54 (50,9%) dos proprietários estudados colocam alimento para o cão duas vezes ao dia,
conforme referido por Parisi (2006) que estabelece que cães a partir de 1 ano de idade devem receber
alimento duas vezes ao dia, sendo que quando filhotes 3-4 vezes ao dia. Por outro lado, 46 (43,4%) dos
entrevistados colocam água para o cão uma vez ao dia, o que é inadequado de acordo com Grandjean e
Vaissaire (2001), segundo eles as necessidades diárias do cão encontra-se em torno de 60 mL por quilo de
peso corporal (com variações as vezes significativas quando em situações mais exigentes: calor ambiental,
esporte, gestação, lactação, por exemplo), sendo que a mesma deve ser fresca e de boa qualidade. Segundo
Resende et al. (2006) a água deve ficar a disposição do animal, trocando duas vezes ao dia. Dentre os cães
referidos na entrevista, 18 (17%) costumam sair sozinhos para a rua e 21 (19,8%) estão com vacinação
incompleta, o que nos aponta o perigo exposto à sociedade, já que os mesmos podem ser transmissores
potenciais de zoonoses, como afirma Acha e Szyfres (1986), sobretudo a Raiva como cita Rocha (2003) que é
causada tendo como principal responsável o cão não-vacinado. Dos proprietários entrevistados 69 (65,1%)
referiram oferecer outro(s) tipo(s) de alimento(s) (“petiscos”) para o cão, sendo que 37 (53,7%) destes
ofertam de uma a três vezes ao dia. Dentre os petiscos 37 (54,4%) são carboidratos, o que poderia justificar o
aumento da quantidade de cães obesos, como também da incidência de doenças como diabetes mellitus,
considerando que a ingestão de altos níveis de carboidratos pode acarretar em hiperglicemia e outras
endocrinopatias em cães (FARIA, ARAÚJO e BLANCO, 2005). Segundo Parisi (2006) restos de comidas,
doces, massas devem ser evitados, mesmo que o cão goste ou queira. Dos indivíduos entrevistados, 13 (18%)
disseram passear raramente com o cão, sugerindo uma relação distante com seus animais.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o manejo estudado está inadequado com base na literatura consultada, podendo ser melhorado
por meio de educação junto aos proprietários de cães e programas educativos junto à comunidade. Estudos
relacionados ao manejo de proprietários para com seus cães ainda são inexpressivos em nosso país e esforços
devem ser conduzidos de modo incrementar pesquisas sobre o tema.
REFERÊNCIAS
1- ACHA, P. N.; SZYFRES, B. Zoonosis y Enfermidades Transmisibles Comunes al Hombre y a Los
Animales. Washington, Publicación Panamericana de La Salud (Publicación Cientíica Nº 503), edição 2,
1986; 2- FARIA, P. F.; ARAUJO, D. F.; BLANCO, B. S. Glicemia em Cães obesos Senis. Revista Acta
Scientiae Veterinariae. Mossoró, RN, v.33, n.1, p.47-50, 2005; 3- FERREIRA, S. R. A. Relação
proprietário-cão domiciliado: atitude, progressividade e bem-estar. 2009, 101f. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia)-Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009; 4- FOGLE,
B.
Escolhendo
um
cão,
dicas
de
comportamento.
Disponível
em<
http://www.dogwalker.com.br/dicas/index.php?id=5&category=1&titulo=Escolhendo um cão> Acesso em 27
ago. 2009; 5- ___________. 100 perguntas que seu cão faria ao veterinário (se ele pudesse falar...). São Paulo:
Nobel, 1995. 141p; 6- GRANDJEAN, D.; VAISSAIRE, J. P. Enciclopédia do Cão. Alfort, p.555, Ed. Aniwa
Publishing, 2001; 7- PARISI, S. C. Guia de Cuidados com o Cão-Alimentação. Disponível em
<http://www.webanimal.com.br/cao/index2.asp?menu=cuidados.htm> Acesso em 27 ago. 2009; 8RESENDE, D. M; MACHADO, H. H. S.; MUZZI, R. A. L.; MUZZI, L. A. L. Manejo de Cães. Disponível
em: < http://www.editora.ufla.br/Boletim/pdfextensao/bol_08.pdf> Acesso em 08 set. 2009; 9- ROCHA, R.
R. Relação Homem-Animal com enfoque na Agressividade Canina. 2003, 47f. Monografia (Trabalho de
Conclusão de Curso) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, UberlândiaMG, 2003; 10- SOARES, G. M. Qual o Melhor Alimento para seu Cão? Disponível em
<http://www.vidadecao.com.br/cao/index2.asp?menu=nutricao.htm> Acesso em 07 set. 2009; 11TEIXEIRA, E. de S. Princípios Básicos para a Criação de Cães. São Paulo: Nobel, 2001, p.12.
RETIRADA CIRÚRGICA DE PROJÉTIL NA BASE DO CRÂNIO DE Caracara plancus – RELATO
DE CASO
De Simone, S. B. S.2*; Santos, A. L. Q.1; Silva-Junior, L. M.2; Pereira, H. C.2; Gomes, D. O.2; Rodrigues, L.
L.2; Rodrigues, T. C. S.2; Kaminishi, A. P. S.2
1- Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 2- Laboratório de Ensino e Pesquisa em
Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av.
Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
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RESUMO
Um carcará de vida livre foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia
com suspeita de edema cerebral proveniente de um projétil de arma de fogo, sendo o diagnóstico confirmado
através de exames radiográficos. A fim de amenizar ou extinguir os sintomas efetuou-se um procedimento
cirúrgico para exerese do projétil. Após alguns dias o animal apresentou quadro de melhora, porém sua
integridade motora ainda não estabeleceu-se totalmente.
INTRODUÇÃO
Devido sua vasta variedade alimentar, o carcará (Caracara plancus) não esporadicamente é avistado próximo
aos humanos, principalmente em áreas de atividade agrícola, permanecendo com isso algum tempo em solo,
tornando-os vulneráveis a ação antrópica predatória, muitas vezes sendo abatidos por arma de fogo. Soares e
Azoubel (2003) afirmam que conhecimentos de balística e das características dos ferimentos por arma de
fogo, são de conspícua importância para uma correta identificação, diagnóstica e tratamento dos pacientes,
haja vista que manifestações neurológicas provenientes do impacto com projétil são comuns em aves de
rapina. A retirada do projétil é de suma necessidade para se tentar uma recuperação plena, visando diminuir a
morbi-mortalidade e aumentar sua qualidade de vida, através da prevenção de infecção precoce ou tardia,
alívio da hipertensão intracraniana e da redução das lesões secundárias do cérebro afetado. Assim, objetivouse relatar a retirada cirúrgica de um projétil de arma de fogo instalado na base do crânio de um espécime de C.
plancus, bem como suas implicações neurológicas.
RELATO DO CASO
Um espécime de C. plancus, de vida livre, foi encaminhado pela Polícia Ambiental ao Hospital Veterinário
da Universidade Federal de Uberlândia. Durante a anamnese constatou-se que o animal apresentava
opstótomo, letargia, estando menos responsivo ao meio, com alterações conspícuas nos reflexos, perda de
coordenação motora. Baseado nos sintomas apurados e no histórico do animal, inferiu-se que o mesmo
poderia ter sofrido um impacto por projétil de arma de fogo, diagnóstico que foi confirmado através de
exames radiográficos. Através da análise radiográfica constatou-se a presença de um projétil de arma de fogo
na base do crânio, sendo o referido animal encaminhado para a exerese do projétil. Para tal procedimento,
realizou-se assepsia com álcool-iodo-álcool e fez-se a retirada das penas. O a gente anestésio de escolha foi a
combinação tiletamina e zolazepan (20mg/kg) intramuscular. Incindiu-se a linha média dorsal da base do
crânio, divulsionou-se a musculatura para acessar o local onde o projétil estava alojado, retirando-se o
mesmo. Aboliu-se a musculatura com fio de Nylon 3.0 e pontos simples contínuos, suturando posteriormente
a pele com fio de Nylon 3.0 e pontos simples separados. No pós-operatório, curativos com iodopovidona
0,2% foram feitos na ferida cirúrgica, até a remoção dos pontos, sendo administrado cefazolina sódica,
50mg/kg, a cada doze horas, via intramuscular, por sete dias. Visando reduzir o edema cerebral causado pela
forte colisão, administrou-se por via intramuscular dexametasona (4mg/kg) por 5 dias, como medicação
antiinflamatória. A retirada dos pontos ocorreu no décimo dia pós-cirúrgico. Durante este período o animal
ainda apresentava sinais de opstótomo, porém menos evidentes que antes da cirurgia. Outrora, a letargia e
responsividade ao meio foram restauradas, porém, algumas alterações motoras permaneceram.
DISCUSSÃO
Segundo Sanvito (2005), a manutenção do equilíbrio do corpo no espaço é um fenômeno complexo que
depende de mecanismos múltiplos, principalmente de controle neural. Com efeito, quando os animais estão
imóveis ou se locomovendo, mantém o equilíbrio, a despeito de o organismo estar sujeito às mais diversas
velocidades e acelerações. Esta função só é possível devido à integração de estruturas como o sistema motor,
as sensibilidades proprioceptivas e extereoceptivas, o aparelho vestibular e a visão, o que no espécime de C.
plancus em questão, estava deficiente. Trauma físico direto por projétil de arma de fogo que provocam lesão
aguda de medula espinhal, afetando o Sistema Neural Central e Periférico e o aparelho locomotor, prejudica o
equilíbrio e postura, fato este bem evidenciado em nosso animal, haja vista que o mesmo não mantinha sua
postura ou respondia parcialmente a estímulos. O Sistema Neural Central pode sofrer lesões com
consequentes perdas temporárias da consciência e da função motora que culminam até quadros severos e
permanentes como as paraplegias ou tetraplegias e alterações sensitivo-motoras por comprometimento de
grandes áreas cerebrais e do tronco do encéfalo, através de traumas crânio-encefálicos e traumas de medula
espinhal (FARIAS, 2009). Cães e gatos acometidos por doenças neurológicas muitas vezes necessitam de
intervenções cirúrgicas. As neurocirurgias realizadas mais freqüentemente em medicina veterinária são para
descompressão ou estabilização da coluna vertebral. Além dessas cirurgias, as craniotomias também podem
ser realizadas para descompressão do tecido nervoso, biópsias ou excisão de neoplasias. A indicação cirúrgica
de retirada de projétil de arma de fogo deu-se a fim de reduzir o edema cerebral produzido pelo impacto do
mesmo, assim como sugerido por diversos autores. De modo semelhante à Hortobagyi (2000) que relata os
benefícios do uso da Dexametasona em altas doses visando a atenuação da lesão, e do edema cerebral nos
animais, utilizou-se tal terapêutica em C. Plancus, observando seus beneficios sobre a redução da extensão
do edema cerebral, haja vista que o mesmo obteve melhora nas alterações neurológicos apresentadas antes da
administração do fármaco. A retirada cirúrgica do projétil de arma de fogo e a utilização da medicação
antiinflamatória mostraram ser eficaz na espécie em questão. Conclui-se assim, que o procedimento realizado
no Carcará é de grande valia na recuperação de animais portadores de edema cerebral.
REFERÊNCIAS
1- SANVITO, W. L. Propedêutica Neurológica Básica. São Paulo, Atheneu, 2005, 172 p; 2- FARIAS, E. L.
P. Trauma ao sistema nervoso. 2009. Disponível em: <http://SOS Animal Hospital Veterinário.mht>.
Acesso em: 03 set. 2009; 3- SOARES, L. P.; AZOUBEL, E. Avulsão e deglutição do terceiro molar incluso
ocasionada por ferimento com arma de fogo. Revista brasileira de cirurgia, São Paulo, v.1, n.4, p. 293-296,
2003; 4- HORTOBAGYI, T. et. al. A novel brain trauma model in the mouse: effects of dexamethasone
treatment. Pflügers Archiv European Journal of Physiology, Berlin, v. 441, n. 2, p. 409-415, 2000.
RUPTURA COMPLETA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL ASSOCIADA À LUXAÇÃO
PATELAR MEDIAL EM CÃES – RELATO DE CASO
Souza, L.A1.; Oliveira, B.J.N.A1.; Dias, T.A2*.; Silva, L.A.F3.; Eurides, D4.; Mendes, F.F5.
1- Doutorando em Ciência Animal, EV/UFG, bolsista do CNPq. 2- Residente de Cirurgia, FAMEV/UFU. 3Professor Doutor em Ciência Animal, EV/UFG. 4- Professor Doutor em Cirurgia Experimental,
FAMEV/UFU. 5- Aluna especial do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, EV/UFG.
[email protected]
RESUMO
O ligamento cruzado cranial está localizado na articulação fêmoro-tíbio-patelar e tem como funções evitar o
deslocamento cranial da tíbia em relação ao fêmur e limitar a rotação interna. Sua ruptura causa instabilidade
articular, levando a claudicação do membro acometido. Foi atendido um cão da raça Rotweiller com cinco
anos de idade, pesando 45Kg apresentando dificuldades na locomoção. No exame físico, os testes de gaveta
cranial e compressão tibial foram positivos para ruptura do ligamento cruzado cranial, além da associação
com luxação patelar medial no membro pélvico esquerdo. A técnica de reconstituição ligamentar foi à intraarticular com enxerto autólogo de fáscia lata e o aprofundamento do sulco por desgaste do osso subcondral
para a correção da luxação patelar. As técnicas empregadas foram eficazes na estabilização articular nos casos
de ruptura de LCcr associada à luxação patelar grau II.
PALAVRAS-CHAVE: Cão, cirurgia, fáscia lata, joelho, sulco troclear
INTRODUÇÃO
A ruptura do ligamento cruzado cranial (LCcr), assim como a luxação patelar são causas comuns da
claudicação dos membros pélvicos em cães, sendo responsáveis por diversas afecções degenerativas que
proporcionam uma grave instabilidade na articulação fêmoro-tíbio-patelar (VASSEUR, 1998). Com a ruptura
completa ou não deste ligamento, diversos graus de instabilidade articular podem ser notados, o que
posteriormente leva a um quadro de osteoartrose acompanhado por dor e claudicação (PIERMATTEI & FLO,
1999). São propostos para o tratamento da ruptura do LCcr diversos métodos, sendo eles conservativos ou
cirúrgicos. Os métodos conservativos consistem na imobilização do membro com restrição da atividade física,
além de antiinflamatórios e analgésicos. Caso se opte pelo tratamento cirúrgico a técnica empregada deve ser
baseada em alguns critérios como o peso, idade, tempo de evolução da lesão e a preferência do cirurgião
(HAHARI, 1995). Os tratamentos cirúrgicos envolvem técnicas de correção extra-articulares e intraarticulares. As técnicas extra-articulares conferem estabilidade articular devido ao espessamento dos tecidos
periarticulares em resposta ao procedimento cirúrgico e as suturas implantadas. Os métodos intra-articulares
restauram a estabilidade através da utilização de materiais biológicos ou sintético que passam dentro da
articulação, substituindo o LCcr (MOORE & READ, 1995). O presente estudo teve como objetivo descrever
as condutas terapêuticas de um caso de ruptura do ligamento cruzado cranial associado à luxação patelar de
grau II em um cão.
RELATO DE CASO
Um cão, macho, raça Rotweiller, cinco anos de idade, pesando 45 Kg e com dificuldade de locomoção há
duas semanas foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Goiás. No exame físico foi
constatada atrofia muscular no membro pélvico esquerdo, assim como crepitação e dor a palpação da
articulação fêmoro-tíbio-patelar. Foi verificado frouxidão articular por meio dos testes de gaveta cranial e o
de compressão tibial, além do deslocamento medial da patela. Radiografia látero-medial com compressão
tibial permitiu verificar deslocamento cranial da tíbia. Sugeriu-se o tratamento cirúrgico para reconstituição
do LCcr e a trocleoplastia. Sob anestesia geral gasosa, procedeu-se à incisão craniolateral do terço médio do
fêmur até a crista da tíbia, incidindo pele, tecido subcutâneo e cápsula articular. Após abertura da cápsula, foi
confirmada a ruptura completa do LCcr, assim como o arrasamento do sulco troclear femural. A fáscia lata foi
incisada ao longo do músculo sartório cranial até a porção proximal da incisão cutânea e em sentido caudal
até o platô tibial, produzindo um retalho. Perfurou-se um túnel desde a superfície cranial da tíbia até a
inserção do ligamento cruzado cranial dentro da articulação. O retalho foi empurrado através do túnel com
auxilio de um fio de aço, puxado pela articulação por uma pinça curva sobre a fabela lateral e fixado sobre o
côndilo lateral do fêmur por sutura interrompida com náilon 0. Em seguida, produziu-se um flap articular
preso na face cranial. Após sua elevação e aprofundamento por desgaste do osso subcondral com uma broca,
o flap foi reposicionado e a patela acomodada no sulco troclear femoral. Estruturas articulares suturadas com
pontos isolados utilizando vicryl e náilon 2-0. A medicação prescrita foi cefalexina e carprofeno, além de
curativos e bandagens. Avaliações foram realizadas com 15, 30 e 60 dias, analisando o tipo de deambulação e
a presença ou não de frouxidão articular e luxação patelar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estima-se que a consulta do animal ocorreu vários dias após o início da claudicação, uma vez que o
proprietário relatou uma breve melhora na segunda semana após o inicio da claudicação. Segundo Johnson e
Johnson (1993) o cão após uma ou duas semanas com dificuldades na locomoção apresentam melhora
progressiva até o reiniciar da claudicação mais acentuada. Isso reflete a cessação do processo inflamatório
agudo e aumento da estabilidade do joelho pelo espessamento da cápsula articular, principalmente na região
medial. A causa mais comum de ruptura do LCcr está relacionada com processos degenerativos, tendo como
fatores contributivos a idade, obesidade, sedentarismo e conformação anormal do membro. Além disso, a
resistência ligamentar diminui com o envelhecimento e ocorre precocemente em cães de grande porte, devido
ao peso excessivo sobre as articulações conforme relatou Moore e Read (1996). O correto diagnóstico da
luxação patelar medial e da ruptura do ligamento cruzado cranial foi de essencial importância para a decisão
das técnicas que foram utilizadas para a resolução desse caso. Fossum (2002) afirmou que apesar do
diagnóstico para a ruptura do LCcr ser facilmente obtido por meio dos testes de flacidez articular, vêm
crescendo na Medicina Veterinária outros meios mais sofisticados com o intuito de fornecer maior precisão
no diagnóstico. A seleção da técnica cirúrgica foi baseada em alguns critérios como: peso corpóreo, função do
animal, tempo de evolução da lesão e a preferência do cirurgião conforme sugeriu Hahari (1995). Segundo
Piermattei e Flo (1999), o acesso medial é preferível, quando possível, por permitir adequada exposição
articular. No entanto o acesso crânio-lateral utilizado foi também eficaz na visualização e inspeção articular.
Durante o procedimento cirúrgico, após a abertura da cápsula articular notou-se a ruptura do ligamento
cruzado cranial no cruzamento com o ligamento cruzado caudal, concordando com Moore e Read (1996).
Para Vasseur (1998), independente da técnica cirúrgica a ser escolhida, a articulação do joelho deve ser
aberta, explorada e irrigada com solução salina estéril. A membrana sinovial deve ser inspecionada, osteófitos
devem ser removidos e os meniscos inspecionados cuidadosamente. Assim, as técnicas utilizadas nesse
relatado para correção da ruptura do ligamento cruzado cranial foi feita por meio da estabilização intraarticular com utilização de um orifício na tuberosidade da tíbia, como descrito na técnica original de Fossum
(2002). Neste caso foi utilizado enxerto da fáscia lata autógeno, substituindo o LCcr lesionado. Segundo
VASSEUR (1998), os materiais frequentemente utilizados para a reconstrução do ligamento são os
aloenxertos constituídos de tendão patelar, fáscia lata, ou a combinações destes dois materiais. Estes oferecem
a vantagem serem coletados em grandes quantidades, de modo que o enxerto possa ficar mais forte. No
entanto, a desvantagem da utilização desse tipo de enxerto é a resposta imune gerada e a inconveniência da
coleta e armazenamento. Esse procedimento mostrou-se eficiente na função de anular as forças que atuam
sobre o ligamento cruzado cranial, eliminando o sinal de gaveta no pós-operatório imediato e com 15, 30 e 60
dias de pós-operatório, além de não causar qualquer tipo de reação antigênica. A técnica de escolha foi a
intra-articular visando à reconstrução do LCcr rompido através da utilização da fáscia lata autógena,
concordando com Shires (1993), o qual afirmou que as técnicas intra-articulares são realizadas em cães de
grande porte ou em atléticos. Segundo Vasseur (1998) materiais sintéticos podem ser combinados aos tecidos
biológicos, porém a hipótese foi descartada neste paciente. Os enxertos autógenos também são bastante
utilizados devido à conveniência da colheita do enxerto diretamente do paciente e em decorrência da ausência
da resposta imune. Porém, a grande desvantagem é a resistência inferior, quando comparada com o LCcr. No
entanto, os enxertos autógenos podem ser deixados aderidos à sua origem anatômica, tendo como vantagem a
transferência gradual de tensões do enxerto para o osso e a desvantagem do ponto de inserção não ser
isométrico. Os procedimentos utilizados para a redução da luxação patelar no animal descrito apresentaram
resultados esperados, estabilizando a patela na nova fossa troclear, conforme descreveram Piermattei e Flo
(1999). As anormalidades da articulação fêmoro-tíbio-patelar aumentam com a idade do animal e o grau de
luxação. Assim a correção cirúrgica, quando indicada, deve ser realizada logo após o diagnóstico.
Tratamentos conservativos consistem na restrição da atividade física e no uso de analgésicos segundo Read
(1998). Porém Vasseur (1998) afirmou que os resultados desta terapia têm sido satisfatórios na maioria dos
cães de pequeno porte, com peso corpóreo inferior a 15-20 Kg. No entanto, segundo Piermattei e Flo (1999),
as alterações degenerativas progridem na maioria destes animais. Cães de grande porte não respondem a esse
tipo de terapia, sendo então beneficiados pela terapia cirúrgica. No presente caso, após a sexta semana de pósoperatório foi indicada a fisioterapia com natação e breves caminhadas. Esse tipo de terapia adjuvante é
indicada para o tratamento da ruptura do LCcr, pois reforça os tecidos periarticulares e evitar atrofia muscular
segundo Vasseur (1998). O paciente foi acompanhado até o segundo mês de pós-operatório quando foi lhe
dado alta e liberado para realizar as atividades normais. Conclui-se que a técnica de reconstituição intra-
articular do ligamento cruzado cranial com a utilização da fáscia lata autóloga associada ao aprofundamento
do sulco troclear femoral pode ser eficaz na estabilização articular de cães com ruptura de LCcr associada à
luxação patelar grau II.
REFERÊNCIAS
1- FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Roca, 2002. 1335p; 2- HAHARI, J.
Conceptos actuales en el tratamiento de la lesión del ligamento cruzado anterior. Waltham Focus, v.5, n.3, p.
24-31, 1995; 3- JOHNSON, J.M.; JOHNSON, A.L. Cranial cruciate ligament rupture. Veterinary Clinics of
North America: Small Animal Practice, v.23, n.4, p.717-733, 1993; 4- MOORE, K.W.; READ, R.A.
Cranial cruciate ligament rupture in the dog - a retrospective study comparing surgical techniques. Australian
Veterinary Journal, v.72, n.8, p.281-285, 1995; 5- MOORE, K.W.; READ, R.A. Rupture of the cranial
cruciate ligament in dogs - part I. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian,
v.18, n.3, p.223-233, 1996; 6- PIERMATTEI, D.L.; FLO, G.L. Manual de ortopedia e tratamento das
fraturas dos pequenos animais. São Paulo: Manole, 1999. p.496-513. 7- READ, R.A. Cruciate ligament
disease in the dog. In: PROCEEDINGS OF THE NORTH AMERICAN VETERINARY
CONFERENCE, 1998, Orlando. Anais… Orlando: 1998. p.534-536; 8- SHIRES, P.K. Intracapsular repairs
for cranial cruciate ligament ruptures. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v.23,
n.4, p.761-776, 1993; 9- VASSEUR, P.B. Articulação do joelho. In: SLATTER, D. Manual de Cirurgia de
Pequenos Animais. São Paulo: Manole, 1998. p.2156-2.
SEQUÊNCIA DE FORMAÇÃO ÓSSEA DAS COSTELAS, ESTERNO E COLUNA VERTEBRAL DE
Gallus gallus domesticus LINNAEUS, 1758 (GALICIFORMES, GALINACAE) MARCADOS COM
ALIZARINA RED S
Silva, J. M. M. 1 *; Santos, A. L. Q. 2; Vieira, L. G.4; Lima, F. C. 3; Hirano, L. Q. L. 3; Rodrigues, L. L. 1;
Rodrigues, T. C. S.1 Silva-Junior, L. M. 1
1- Graduandos do curso de Medicina Veterinária/FAMEV–UFU. 2- Docente Faculdade de Medicina Veterinária
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 3-Mestrando em Ciências Veterinárias/FAMEV–UFU. 4Doutoranda Biologia Animal/UNB. Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, Av. Amazonas, nº 2245, Jardim Umuarama,
Uberlândia-MG, Brasil, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Com objetivo de investigar a sequência de formação das costelas, esterno e coluna vertebral nos diferentes
estágios de desenvolvimento pré natal em Gallus gallus domesticus, coletou-se 84 embriões. Efetuou-se biometria
e os embriões foram submetidos à técnica de diafanização com coloração dos ossos. O processo de ossificação nas
costelas e nas 5 primeiras vértebras cervicais ocorreu no estágio 39. As vértebras cervicais coram-se
completamente no estágio 43 enquanto que as torácicas, lombosacrais e coccígenas ossificam completamente no
45°. O osso esterno ossifica no 46° estágio. O sentido de ossificação de todos os segmentos da coluna vertebral é
crânio-caudal. As diferenças e semelhanças na sincronização de ossificação são evidentes entre Gallus gallus
domesticus e as espécies comparadas. Não existe um padrão de osteogênese para as aves, devido à variação do
local inicial de formação óssea e da sequência de ossificação.
PALAVRAS-CHAVE: Ossificação, alizarina, aves.
INTRODUÇÃO
A maioria dos ossos das aves se forma e cresce por ossificação endocondral, um processo caracterizado por uma
cartilagem intermediária. O padrão de acontecimentos, que forma este modelo, envolve um processo de várias fases em
que células mesenquimais pré-condrogênicas formam condensações, antes de se diferenciarem em condroblastos (POGUE
et al., 2004). Muitas pesquisas têm sido realizadas com Gallus gallus mas, nos estudos voltados para o esqueleto axial
ainda requer considerável atenção. O Gallus gallus domesticus é o animal doméstico mais difundido e abundante do
planeta e uma das fontes de proteína mais baratas (SILVA et al., 1997). Segundo Davis e Gore (1936) a necessidade da
análise do esqueleto de embriões e pequenos vertebrados levou ao desenvolvimento de técnicas como a diafanizacao de
embriões humanos utilizando hidróxido de potássio e glicerina. A diafanização e uma técnica que confere transparência
aos tecidos, resultando na visualização do esqueleto com sua cobertura muscular. Moriguchi et al. (2003) elucidaram o
mecanismo de adsorção da coloração do osso com o corante Alizarina, por microespectroscopia, e comprovaram sua
eficácia pela detecção de depósitos de cálcio na reação de coloração. Propõe-se elucidar o padrão do desenvolvimento
ósseo em Gallus gallus domesticus, mais especificamente das costelas, esterno e coluna vertebral nos diferentes estágios
de desenvolvimento pré-natal.
METODOLOGIA
Para a realização desta pesquisa foram utilizados 84 embriões de Gallus gallus domesticus, provenientes da Granja
Planalto Ltda., no município de Uberlândia – MG e encaminhados ao Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres
(LAPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV) da Universidade Federal de Uberlândia. Os embriões foram
retirados dos ovos cortando-se a casca com tesoura cirúrgica, isolando-os do vitelo e de seus envoltórios. Após a coleta,
foi feita a biometria de todos os embriões, com auxílio de paquímetro metálico (125 MEB-6/150, Starret) com precisão de
0,05 milímetros e uma balança eletrônica com precisão de 0,1 grama. Os embriões, fixados em solução de formol a 10%,
foram submetidos à técnica de diafanização com hidróxido de potássio e coloração dos ossos com alizarina red S,
seguindo-se o método de Davis e Gore (DAVIS e GORE, 1936). Após a coloração, os membros pelvinos foram
cuidadosamente desarticulados para melhor visualização dos centros de ossificação. As informações foram registradas
com auxílio de um microscópio estereoscópico (SZX 12, Olympus). Foi observada a presença de centros de ossificação,
bem como os diferentes estágios de desenvolvimento dos ossos que compõe os esqueleto dos membros pelvinos de Gallus
gallus domesticus. Os estágios embrionários foram determinados e por fim, os resultados foram confrontados com os da
literatura consultada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o 12° dia não houve o aparecimento de nenhum centro de ossificação das costelas, esterno e coluna vertebral nos
embriões de Gallus gallus domesticus. No estágio 39, a clavícula inicia o processo de ossificação, assim como o corpo das
costelas. As vértebras mais craniais mostraram-se mais adiantadas, indicando que o sentido é crânio-caudal. Neste mesmo
estágio, as 5 primeiras vértebras cervicais foram coradas pela Alizarina. Nota-se que a ossificação das vértebras ocorre de
maneira independente, pois o corpo da vértebra e o seu processo transverso não estão completamente fundidos. As demais
vértebras cervicais, as torácicas, lombosacrais e coccígenas iniciam o processo de ossificação no 15° dia de incubação. No
estágio 43, foi possível visualizar as vértebras cervicais completamente fundidas. A ossificação da porção final das
costelas vertebrais torna-se aparentes neste estágio. No estágio 45, as costelas encontraram-se em processo de ossificação
embrionária avançado e simultaneamente, todas as vértebras da coluna estão com seus corpos e processos transversos
fundidos. Pequenas diferenças encontradas no desenvolvimento ósseo entre espécies altriciais e precociais dificultam os
relatos de desenvolvimento e maturidade funcional. O Gallus gallus domesticus é um tipo de ave precocial, assim como o
pato selvagem (Cairina moschata), e a primeira ossificação da coluna vertebral nessas espécies ocorre na parte central da
vértebra, no estágio 39 e 36 respectivamente. Já nas espécies altriciais, como Toirão-do-mato (Turnix sylvatica), codorna
(Coturnix coturnix japonica) e na precocial Columba lívia (pombo doméstico), o centro das vértebras ossifica entre os
estágios 38 e 39. Em Melopsittacus undulatus (periquito australiano) e em calafates (Padda oryzivora) essas ossificações
ocorrem um pouco mais tarde, no estágio 40 (STARK; RICKLEFS, 1998). Assim como nas galinhas, a ossificação da
coluna vertebral segue da região cervical para a lombar nas espécies precociais e nos patos. Estas espécies eclodem com
vértebras mais ossificadas (STARK, 1989; STARK; ROTTHOWE, 1996). Em Podocnemis expansa a direção do
desenvolvimento dos ossos da coluna vertebral também permanece crânio-caudal (VIEIRA; SANTOS, 2008). Como em
todas as aves descritas, o centro de ossificação da coluna em codornas japonesas iniciou-se pelas vértebras cervicais, até
chegar na região coccígena. Em galinhas, este processo iniciou-se 2 estágios à frente das codornas. Em codornas, as
vértebras cervicais e torácicas, a ossificação começou na região medial, mas nas vértebras lombosacrais e coccígenas, o
início da ossificação ocorreu no lado oposto. (NAKANE; TSUDZUKI, 1999). Nos embriões de Gallus gallus domesticus
não foi possível observar em quais regiões das vértebras iniciou-se a sequência de formação pois para isto, seria
necessário a observação do embrião num mesmo estágio em vários horários diferentes, e para o presente estudo, os
estágios embrionários foram determinados por dia.
Figura
1:
Fotografia
comparativa de costelas e
coluna vertebral de Gallus
gallus domesticus. A-Estágio
39, B-Estágio 40, C-Estágio 45,
c-coluna vertebral, Co-costelas.
Em embriões de Gallus gallus domesticus, apenas o manúbrio do osso esterno foi corado pela alizarina no último dia de
encubação do embrião, correspondente ao estágio 46. Nas galinhas, e nos toirões, o esterno começa a sua ossificação
depois da eclosão, diferente do que acontece com o pato selvagem e a maioria das outras espécies (STARK; RICKLEFS,
1998). Em embriões de codorna japonesa, o início da ossificação do esterno ocorre entre os dias de incubação 14 e 15. O
início da formação óssea nas superfícies dos corpos vertebrais no 13° dia de incubação em Gallus gallus domesticus
coincide com descrições feitas por Shapiro (1992). Em várias espécies, a formação óssea das costelas ocorre entre os
estágios 35 e 37, em pintos, este processo ocorre mais tardiamente, no estágio 39. O processo de ossificação nas costelas e
nas 5 primeiras vértebras cervicais ocorreu no estágio 39. As vértebras cervicais coram-se completamente no estágio 43
enquanto que as vértebras torácicas, lombosacrais e coccígenas ossificam completamente no 45°. O sentido de ossificação
de todos os segmentos da coluna vertebral é sempre crânio-caudal.
Figura 2: A - Fotografia do
processo de formação óssea das
costelas vertebrais (Cv), das
costelas esternais (Ce) e do
esterno (E) de Gallus gallus
domesticus. B- Fotografia
mostrando a clavícula (Cl) de
Gallus gallus domesticus no
REFERÊNCIA
1- DAVIS, D. D.; GORE, U. R. Clearing and staining skeleton of small vertebrates. Field museum of natural history,
Chicago, v. 4, p. 3-15, 1936; 2- MORIGUCHI, T.; YANO, K.; NAKAGAWA, S.; KAJI, F. Elucidation of adsorption
mechanism of bone-staining agent alizarin red S on hydroxyapatite by FT-IR microspectroscopy. Journal of Colloid and
Interface Science, New York, v. 260, p. 19–25, 2003; 3- NAKANE, Y.; TSUDZUKI, M. Development of the skeleton in
Japanese quail embryos. Development Growth and Differentation, Nagoya, v. 41, p. 523–534, 1999; 4- POGUE, R.;
SEBALD, E.; KING, L.; KRONSTADT, E.; KRAKOW, D.; COHN, D. H. A transcriptional profile of human fetal
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Surgery, Harvard Medical School, Children`s Hospital, Boston, Massachusetts, 1992; 6- STARCK, J.M. Zeitmuster der
Ontogenesen bei nestflüchtenden und nesthockenden Vögeln. Courier Forsch.-Inst. Senckenberg n.2, v. 11, p. 311–318,
1989; 7- STARCK, J.M.; ROTTHOWE, K. Zur phylogenetischsystematischen Position der Laufhühnchen (Turnicidae:
Aves). Verh Deutsch Zoological Ges v. 89, .p. 21:24, 1996; 8- STARCK, J. M.; RICKLEFS, R. E. Avian Growth and
Development: Evolution Within the Altricial-precocial Spectrum, Oxford University Press US, 1998; 9- SILVA, F. O C.;
SEVERINO, R. S.; SANTOS, A. L.Q.; DRUMMOND. S. S.; BOMBONATO, P. P.; SANTANA, M. I. S.; LOPES, D.;
MARÇAL, A. V. Origem e Distribuição da Artéria Celíaca Em Aves Gallus gallus domesticus - Linhagem Ross) Revista
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G.; SANTOS, A. L. G. Ontogenia dos ossos do esqueleto da Tartaruga-da Amazônia Podocnemis expansa Schweigger,
1812 (Testudines, Podocnemididae). Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária, UFU, fev 2008.
SEQÜÊNCIA DE FORMAÇÃO ÓSSEA DOS MEMBROS TORÁCICOS DE Gallus gallus domescticus
LINNAEUS, 1758 (GALICIFORMES, GALINACAE) MARCADOS COM ALIZARINA RED S
Silva, J. M. M. 1 *; Santos, A. L. Q. 2; Vieira, L. G.4; Lima, F. C. 3; Hirano, L. Q. L. 3 Rodrigues, T. C. S; Rodrigues, L.
L. 1; Silva-Junior, L. M. 1
1- Graduandos do curso de Medicina Veterinária/FAMEV–UFU 2- Docente Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 3- Mestrando em Ciências Veterinárias/FAMEV–UFU. 4- Doutoranda
Biologia Animal/UNB Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia, Av. Amazonas, nº 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia-MG, Brasil, CEP: 38405302..
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RESUMO
Objetivando enriquecer a literatura à cerca dos aspectos do desenvolvimento ósseo, propõe-se pesquisar de maneira
específica o sequenciamento ósseo do membro torácico em Gallus gallus domesticus, através da técnica de
diafanização com hidróxido de potássio e coloração com alizarina red S, nos diferentes estágios de desenvolvimento
pré-natal. Os primeiros pontos de retenção de corante ocorrem na escápula, no úmero, no rádio, na ulna e nos
metacarpos. No estágio 39, já se nota a presença de centros de ossificação em ossos da cintura escapular, escápula e
coracóide. As falanges dos dígitos se ossificam a partir do estágio 40, com a seguinte seqüência: FP do dígito III > FR
do dígito II = FD do dígito III > FA do dígito IV. Não existe um padrão de osteogênese para todas as aves.
PALAVRAS-CHAVE: Diafanização, alizarina, aves, ossificação.
INTRODUÇÃO
A maioria dos ossos das aves se forma e cresce por ossificação endocondral, um processo caracterizado por uma
cartilagem intermediária. Segundo Tagariello et al. (2005), cada uma destas etapas, desde transição de condensação à
diferenciação, é caracterizada por padrões temporais específicos e várias mudanças ocorrem em períodos previsíveis.
O osso está sujeito a numerosas alterações patológicas, que impedem a função normal de sustentação e movimento.
Esses distúrbios são alvos da medicina preventiva e cirúrgica e, para serem mais bem solucionados necessitam de
subsídios da ciência básica (GUPTA, 2005). Os estudos voltados para o sistema locomotor ainda requer considerável
atenção, especificamente sobre a seqüência de formação óssea quando marcados por tratamentos específicos durante a
ontogenia. O corante alizarina red S tornou-se universal para a coloração do osso, devido as suas propriedades
seletivas. Embriões de galinha têm sido extensivamente usados como modelos animais para estudos de muitos
sistemas biológicos. A importância dos conhecimentos básicos de anatomia, em tal segmento do esqueleto, é
incontestável para a clínica e cirurgia, bem como em trabalho experimental. Na tentativa de enriquecer a escassa
literatura à cerca dos aspectos do desenvolvimento ósseo, propõe-se pesquisar de maneira específica o
sequenciamento ósseo do membro torácico, visto que o mesmo é um dos responsáveis pela locomoção da ave.
METODOLOGIA
Foram utilizados 84 embriões de Gallus gallus domesticus, provenientes da Granja Planalto Ltda., no município de
Uberlândia – MG e encaminhados ao Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Faculdade de
Medicina Veterinária (FAMEV) da Universidade Federal de Uberlândia. Os embriões foram retirados dos ovos
cortando-se a casca com tesoura cirúrgica, isolando-os do vitelo e de seus envoltórios. Após a coleta, foi feita a
biometria de todos os embriões, com auxílio de paquímetro metálico com precisão de 0,05 milímetros e uma balança
eletrônica com precisão de 0,1 grama. Os embriões, depois de eviscerados, foram fixados em solução de formol a
10%, foram submetidos à técnica de diafanização com hidróxido de potássio e coloração dos ossos com alizarina red
S, seguindo-se o método de Davis e Gore (DAVIS e GORE, 1936). Após a coloração, os membros torácicos foram
cuidadosamente desarticulados para melhor visualização dos centros de ossificação. As informações foram registradas
com auxílio de um microscópio estereoscópico1. Foi observada a presença de centros de ossificação, bem como os
diferentes estágios de desenvolvimento dos ossos que compõe os esqueleto dos membros torácicos de Gallus gallus
domesticus. Os estágios embrionários foram determinados de acordo com Hamburger e Hamilton (1951). Por fim, os
resultados foram confrontados com os da literatura consultada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No estágio 37, se tem retenção de corante na porção central da escápula, úmero, rádio, ulna e metacarpo. O coracóide é
visualizado no estágio 39, juntamente com os ossos do estágio 37. Nota-se, no estágio 40, centro de ossificação na
falange maior do dígito III e nas diáfises da escápula, coracóide, úmero, rádio, metacarpos. A retenção de corante por
toda clavícula. No estágio 43 há a visualização, devido à retenção de corante, de quase todo o membro torácico, com
exceção da falange anular. A falange anular se torna evidente no estágio 46, juntamente com os outros ossos do
membro torácico: escápula, clavícula, coracóide, úmero, rádio, ulna, metacarpos e as falanges radial, maior e menor. O
que reafirma sua eficiência para evidenciar os centros de ossificação. De acordo com Jorge (2002) existe um
mecanismo básico que controla o desenvolvimento dos membros com morfologia e função diferenciados, dentro de
todos os vertebrados. A formação dos membros inicia-se com a expressão de fatores que determinam posicionamento
específico do primórdio ao longo do embrião. Segundo Warren (1934), o broto de asa aparece como uma massa envolta
de células mesenquimais coberta com uma camada de ectoderma. Todos os elementos do esqueleto da asa se
desenvolvem por condensação no mesenquima, seguido por condrificação, e depois por ossificação no padrão
pericondral. Roach (2007) analisando cortes de ossos de embriões de galinha relatou que os condrócitos se tornam
células formadoras de osso que produzem matriz osteóide mineralizada intacta após o período de 9 a 12 dias de
desenvolvimento embrionário. Foi identificado os primeiros centros de ossificação no membro torácico de embriões de
Gallus gallus domesticus no estágio 37. Nas codornas Japonesas (Coturnix japonica), de acordo com Nakane e
Tsudzuki (1999), há ossificação da porção central do úmero, rádio, ulna no 7º dia de incubação (etapas 23-24). No 8º
dia de incubação (etapas 23-24), nota-se retenção de corante na escápula, clavícula e nos metacarpos. O coracóide, a
falange proximal do dígito II coraram-se em vermelho, 9º dia de incubação (etapa 26). A falange proximal e a distal do
dígito III e, a falange distal do dígito II retém corante no 10º (etapa 27) e no 11º (etapa 28) dia de incubação,
respectivamente. No 16º de incubação (etapas 32), há retenção de corante na falange proximal do dígito IV. Em Golden
Comet híbridos, os centros de ossificação estão presentes na escápula, coracóide, úmero, rádio, ulna, falanges dos
dígitos II, III e, na falange do dígito IV. Na clavícula foi encontrado apenas um centro de ossificação (HOGG, 1980).
Em embriões de Gallus gallus domesticus a clavícula retém corante no estágio 39. Ainda de acordando com Hogg
(1980), nenhum centro de ossificação foi encontrado nos ossos do carpo antes da eclosão. O que foi demonstrado nos
embriões de galinha no estágio 46. O que evidencia a necessidade de se continuar os estudos com esses animais depois
da eclosão, usando as técnicas de diafanização e coloração. Os primeiros pontos de retenção de corante ocorrem na
escápula, no úmero, no rádio, na ulna e nos metacarpos. No estágio 39, já se nota a presença de centros de ossificação
em ossos da cintura escapular, escápula e coracóide. As falanges dos dígitos se ossificam a partir do estágio 40, com a
seguinte seqüência: FMa do dígito III > FR do dígito II = FMe do dígito III > FA do dígito IV. Não existe um padrão
de osteogênese para todas as aves.
Figura 2: Fotografia da asa esquerda de
embrião de Gallus gallus domesticus,
estágio 46, vista dorsal. Úmero (Um), rádio
(R), ulna (Ul), falange radial (FR),
metacarpos (Met) e falanges do dígito III
(F DIII). Diafanização por KOH e
coloração com alizarina red S. Escala:
10mm.
REFERÊNCIAS
1- DAVIS, D. D.; GORE, U. R., 1936, Clearing and staining skeleton of small vertebrates. Field museum of
natural history, Chicago, v. 4, p. 3-15; 2- GUPTA, R. K., 2005, Long bone fractures in osteopetrosis:
awareness of primary pathology and appropriate pre-operative planning necessary to avoid pitfalls in fixation.
Injury Extra, v. 36, p. 37-41; 3- HAMBURGER, V.; HAMILTON, H., 1951, A series of normal stages in the
development of the chick embryo. Journal of Morphology, v.88, p.49-92; 4- HOGG, D. A., 1980, A reinvestigation of the centres of ossification in the avian skeleton at and after hatching. Journal of Anatomy, v.
130, p. 725-743, n. 4; 5- JORGE, E. C., Identificação de seqüências expressas (EST) em embriões de Gallus
gallus. Dissertação mestrado, Piracicaba - São Paulo, 2002; 6- NAKANE, Y.; TSUDZUKI, M., 1999,
Development of the skeleton in Japanese quail embryos. Development Growth and Differentiation, Nagoya,
v. 41, p. 523–534; 7- ROACH, H. I., 1997, New Aspects of Endochondral Ossification in the Chick:
Chondrocyte Apoptosis, Bone Formation by Former Chondrocytes, and Acid Phosphatase Activity in the
Endochondral Bone Matrix. Journal of Bone and Mineral Research, Southampton - UK, v. 12, p. 795-805;
8- TAGARIELLO, A.; SCHLAUBITZ, S.; HANKELN, T.; MOHRMANN, G.; STELZER, C.; SCHWEIZER,
A.; HERMANNS, P.; LEE, B. SCHMIDT, E. R.; WINTERPACHT, A.; ZABEL, B., 2005, Expression
profiling of human fetal growth plate cartilage by EST sequencing. Matrix Biology, Stuttgart, v. 24, p. 530 –
538; 9- WARREN, A. E., 1934, Experimental studies on the development of the wing in the embryo of Gallus
domesticus. The American Journal of Anatomy, v. 54, p. 449-484, n. 3.
SEQÜÊNCIA DE FORMAÇÃO ÓSSEA DOS MEMBROS PELVINOS DE Gallus Gallus Domesticus
LINNAEUS, 1758 (GALICIFORMES, GALINACAE) MARCADOS COM ALIZARINA RED S
Silva, J. M. M. 1 *; Santos, A. L. Q. 2; Vieira, L. G.4; Lima, F. C. 3; Hirano, L. Q. L. 3 Rodrigues, T. C. S;
Rodrigues, L. L. 1; Silva-Junior, L. M. 1
1- Graduandos do curso de Medicina Veterinária/FAMEV–UFU. 2- Docente Faculdade de Medicina Veterinária da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 3- Mestrando em Ciências Veterinárias/FAMEV–UFU. 4- Doutoranda
Biologia Animal/UNB Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, Av. Amazonas, nº 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia-MG,
Brasil, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
Com objetivo de investigar a seqüência de formação dos membros pelvinos, nos diferentes estágios de
desenvolvimento pré natal em Gallus gallus domesticus, coletou-se 84 embriões. Efetuou-se biometria e os
embriões foram submetidos à técnica de diafanização com coloração dos ossos. No estágio 37 o fêmur, tibiotarso e
fíbula apresentam centros de ossificação na diáfise progredindo para as epífises. O fêmur, tibiotarso e
tarsometatarso começam a ossificar simultaneamente antes dos ossos da cintura pelvina. A seqüência de
ossificação das falanges é: F.I dedo III > F. I dedo I = F. I dedo II = F. II dedo II = F. I dedo III = F. II dedo III = F.
III dedo III = F.I dedo IV >F. II dedo IV = F. III dedo IV = F. IV dedo IV. Não existe um padrão de osteogênese
para as aves, devido à variação do local inicial de formação óssea e da seqüência de ossificação.
PALAVRAS-CHAVE: Esqueleto, aves, alizarina.
INTRODUÇÃO
A maioria dos ossos das aves se forma e cresce por ossificação endocondral, um processo caracterizado por uma
cartilagem intermediária (POGUE et al., 2004). Para Fritsch (2003), o conhecimento do critério biológico para a
seqüência de formação óssea, em local e tempo previsível, é de grande interesse clínico. O osso está sujeito a
numerosas alterações patológicas, que impedem a função normal de sustentação e movimento. Esses distúrbios são
alvos da medicina preventiva e cirúrgica e, para serem mais bem solucionados necessitam de subsídios da ciência
básica (GUPTA, 2005). Apesar de haver estudos sobre os mais variados aspectos do aparelho locomotor em Gallus
gallus domesticus, relatos da sequência de formação óssea dos membros pelvinos ainda não foram encontrados na
literatura. Moriguchi et al. (2003) elucidaram o mecanismo de adsorção da coloração do osso com esse corante, por
microespectroscopia, e comprovaram sua eficácia pela detecção de depósitos de cálcio na reação de coloração.
Propôs-se elucidar o padrão do desenvolvimento ósseo em Gallus gallus domesticus, mais especificamente nos
membros pelvinos, nos diferentes estágios de desenvolvimento pré-natal.
METODOLOGIA
Para a realização desta pesquisa foram utilizados 84 embriões de Gallus gallus domesticus, provenientes da Granja
Planalto Ltda., no município de Uberlândia – MG e encaminhados ao Laboratório de Pesquisa em Animais
Silvestres (LAPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV) da Universidade Federal de Uberlândia. Os
embriões foram retirados dos ovos cortando-se a casca com tesoura cirúrgica, isolando-os do vitelo e de seus
envoltórios. Após a coleta, foi feita a biometria de todos os embriões, com auxílio de paquímetro metálico (125
MEB-6/150, Starret) com precisão de 0,05 milímetros e uma balança eletrônica com precisão de 0,1 grama. Os
embriões, fixados em solução de formol a 10%, foram submetidos à técnica de diafanização com hidróxido de
potássio e coloração dos ossos com alizarina red S, seguindo-se o método de Davis e Gore (DAVIS e GORE,
1936). Após a coloração, os membros pelvinos foram cuidadosamente desarticulados para melhor visualização dos
centros de ossificação. As informações foram registradas com auxílio de um microscópio estereoscópico (SZX 12,
Olympus). Foi observada a presença de centros de ossificação, bem como os diferentes estágios de
desenvolvimento dos ossos que compõe os esqueleto dos membros pelvinos de Gallus gallus domesticus
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No estágio 37, o fêmur, o tibiotarso e o tarsometatarso já mostram centros de ossificação na porção central de cada
osso. Essa seqüência é definida pela observação da retenção de corante. A ossificação do tibiotarso e do
tarsometatarso torna-se mais aparente na diáfise. Neste estágio começa a se observar uma maior retenção de
alizarina. No estágio 40, torna-se evidente que, os centros de ossificação do tibiotarso e tarsometatarso progridem
em direção às epífises. O osso metatarso I mostra centro de ossificação no estágio 40. Neste estágio, todas as
falanges com exceção da Falange II do dedo I e da falange III do dedo IV exibiram centros de ossificação. Nos
dedos II e III o processo encontra-se mais avançado. No estágio 40, os centros de ossificação das falanges
aparecem no dedo III e segue nos dedos IV e II, no estágio seguinte. Simultaneamente, foi observada a presença de
centro de ossificação na falange I do dedo I. A falange II do dedo I possui centro de ossificação no estágio 41. Com
exceção do dedo IV, no estágio 40 todas as falanges apresentam centro de ossificação. A ossificação de todas as
falanges foi verificada no estágio 41.
Figura 1 : Fotografia comparativa do pé de Gallus gallus domesticus. D – Dedo, F – Falange.
No estágio 43 o fêmur, tibiotarso, tarsometatarso e as falanges encontram-se em processo de ossificação
embrionária avançado. Os achados dos primeiros centros de ossificação nos embriões de Gallus gallus domésticos
ocorreram no estágio 37. Em Coturnix coturnix japonica, o início do aparecimento do centro de ossificação
primária na diáfise do osso estudado foi achado entre o 6° e o 7° dia de incubação. Diferentes crescimentos entre os
ossos da perna e da asa foram observados. Em embriões de Gallus gallus domesticus, os ossos da cintura coram
pela alizarina a partir do 13° dia de encubação, correspondente ao estágio 39. A epífise da fíbula funde com a tíbia
e forma o tibiotarso durante os estágios 18 a 23. Qualquer intervenção nesses estágios pode provocar a separação
da epífise distal da fíbula. A diferença de crescimento nos diâmetros da tíbia e da fíbula é resultado da diferença na
osteogênese, ao invés da condrogênese, como se pensavam (ARCHER, HORNBRUCH, WOLPERT, 1983).
Segundo Navagiri e Dubey (1976), centros de cartilagem no tibiotarso e tarsometatarso começam a parecer entre o
6° e 9° dia de incubação. Em Gallus gallus domesticus, o centro de ossificação propriamente dito se inicia no 11°
dia de incubação. Nakane e Tsudzuki (1999) constataram em embriões de codorna japonesa que ao processo de
ossificação ocorre da porção proximal para a distal do osso, com exceção da 2° falange do dedo I, 3° falange do
dedo II, 4° falange do dedo III e 5° falange do dedo IV. Nos embriões de Gallus gallus domesticus, a 2° falange do
dedo I e a 5° falange do dedo IV foram as últimas a serem visualizadas após a retenção do corante. O ílio, ísquio,
falange I do dedo II, falanges I e II do dedo III e falanges I e II do dedo IV coraram de vermelho na porção central
do osso em Coturnix coturnix japonica no estágio 26 e a 2° falange do dedo I a 3° falange do dedo II a 4° falange
do dedo III e 5° falange e dedo IV no estágio 28. Em Gallus gallus domesticus estas falanges são visualizadas nos
estágio 40 e 41. A Formação da cartilagem e ossificação nos principais elementos que compõe o esqueleto em
galos e codornas é muito similar. Tanto em Coturnix coturnix japonica como em Gallus gallus domesticus, os
centros de ossificação começam a aparecer no fêmur, tibiotarso e fíbula aproximadamente ao mesmo tempo.
O'Rahilly & Gardener (1956), relatam que no fêmur dos pintinhos, a escavação da cavidade medula óssea começa
no 8° dia de incubação, ligeiramente mais cedo do que nas codornas.
Figura 2 : Fotografia comparativa de cintura pélvica de Gallus gallus domesticus. A–Estágio 39, B-Estágio 40, CEstágio 41, D-Estágio 42, IL-Ìlio, IS-Ísquio, PU-Pube.
Comparando o desenvolvimento da perna de Coturnix coturnix japonica e Gallus gallus domesticus, fica claro que
os elementos do esqueleto em ambas as aves desenvolvem em uma seqüência muito semelhante, embora o
desenvolvimento nos pintos ocorra mais cedo que o das codornas. Portanto, com base nestas observações, ambas
podem ser classificadas na ordem Galliformes (WETMORE, 1951).
REFERÊNCIAS
1- ARCHER, C. W.; HORNBRUCH, A.; WOLPERT, L.; Growth And Morphogenesis Of The Fibula In The Chick
Embryo. Journal of Embryology & Experimental Morphology. v. 75, p. 101-16. Jun, 1983; 2- DAVIS, D. D.;
GORE, U. R. Clearing and staining skeleton of small vertebrates. Field museum of natural history, Chicago, v. 4,
p. 3-15, 1936; 3- FRITSCH, H. Development of the human hand: a short, up-to-date overview. European Surgery,
v.35, p. 125–128, 2003; 4- GUPTA, R. K. Long bone fractures in osteopetrosis: awareness of primary pathology and
appropriate pre-operative planning necessary to avoid pitfalls in fixation. Injury Extra, v. 36, p. 37-41, 2005; 5MORIGUCHI, T.; YANO, K.; NAKAGAWA, S.; KAJI, F. Elucidation of adsorption mechanism of bone-staining
agent alizarin red S on hydroxyapatite by FT-IR microspectroscopy. Journal of Colloid and Interface Science, New
York, v. 260, p. 19–25, 2003; 6- NAKANE, Y.; TSUDZUKI, M. Development of the skeleton in Japanese quail
embryos. Development Growth and Differentation, Nagoya, v. 41, p. 523–534, 1999; 7- NAVAGIRI, S. S.;
DUBEY, P. N.; The Ossification Centers In The Lower End Of Tibiotarsus In Domestic Fowl. Zoo Mikrosk
Anatomic Forsch. v. 90, p. 360-7, 1976.; 8- O'RAHILLY, R. & GARDENER, E.; The development of the knee
joint of the chick and its correlation with embryonic staging. Journal of Morphology v. 98, p. 49-88, 1956; 9POGUE, R.; SEBALD, E.; KING, L.; KRONSTADT, E.; KRAKOW, D.; COHN, D. H. A transcriptional profile of
human fetal cartilage. Matrix Biology, Stuttgart, v. 23, p. 299–307, 2004; 10- WETMORE, A.; A revised
classification of birds of the world. Smithson Misc. Collins v.117, p. 22, 1951.
TÉCNICA MODIFICADA DE ENXERTIA ÓSSEA UTILIZANDO VÉRTEBRAS CAUDAIS
Costa, F.R.M 1; Gomes, A.R.A.2*; Arruda, A.F.D.P.1; Pereira, S.A.2; Dias, T.A.3
1- Médica Veterinária Centro Cirúrgico Hospital Veterinário Universidade Federal de Uberlândia – UFU.
2- Discente Curso Medicina Veterinária UFU. 3- Médica Veterinária Estagiária UFU.
[email protected]
RESUMO
A enxertia é uma parte essencial do tratamento cirúrgico de muitas condições ortopédicas, porém somente
recentemente esta sendo empregada como principal método de tratamento de alguns distúrbios ósseos.
Dependendo do enxerto empregado, o mesmo pode propiciar uma fonte de células ósseas vivas ou fatores
osteoindutores, fornecendo estabilidade mecânica e atuando como estrutura para crescimento de novo
osso. O presente trabalho visa descrever uma técnica de enxertia óssea utilizando segmento de vértebras
caudais como técnica operatória alternativa indicada para animais que apresentam fraturas com excessiva
perda óssea ou complicações do processo de reparação óssea com não-união.
PALAVRAS-CHAVE: enxertia, vértebras caudais, reparação óssea.
INTRODUÇÃO
Após procedimentos cirúrgicos ortopédicos podem ocorrer complicações do processo reparativo de
defeitos ósseos, visto que o rápido crescimento de tecido conjuntivo no interior desses impede a formação
de tecido ósseo, levando a alterações anatômicas e perturbações funcionais. Tais distúrbios exigem uma
abordagem cirúrgica reconstrutiva que tem na enxertia óssea seu principal método de tratamento
(FIGUEIREDO et al., 2004). O objetivo primário da enxertia óssea é preencher ou unir o defeito com
material osteoindutivo e/ou osteocondutivo e o sucesso do procedimento depende da participação ativa do
enxerto no processo da osteogênese reparativa. O enxerto deve suscitar reação inflamatória mínima e
permitir maior invasão de tecido ósseo dentro e fora de sua estrutura num período de tempo mais curto
(FIGUEIREDO et al., 2004). Muitas técnicas de enxertia óssea são estudadas visando uma melhor
adaptação ao organismo do receptor, porém o enxerto autólogo ainda representa o método mais eficiente.
Tal material, no entanto, muitas vezes acaba sendo preterido por apresentar limitações em relação ao seu
uso, como elevação da morbidade, da dor, dos tempos cirúrgico e anestésico e, principalmente, quando
não fornece material suficiente para a reconstrução adequada de grande falha óssea (CASTANIA &
VOLPON, 2007; FIGUEIREDO et al., 2004). O presente estudo relata uma técnica alternativa de enxerto
ósseo utilizando como recurso vértebras caudais do próprio animal. Tal procedimento é justificado pela
escassez de recursos, como banco de ossos ou outros materiais osteoindutivos e/ou osteocondutivos,
realidade freqüente na maioria dos centros cirúrgicos veterinários do país.
METODOLOGIA
A técnica cirúrgica proposta consistiu em, com o animal em decúbito adequado para acesso cirúrgico
do(s) segmento(s) ósseo(s) comprometido(s), realizar-se incisão de pele e tecido subcutâneo com bisturi.
Em seguida, afastou-se a musculatura por divulsão romba, expondo-se a(s) extremidade(s) do(s) osso(s)
comprometido(s). Se necessário, para exposição de medula óssea viável, o paciente é submetido à
osteotomia das extremidades de ambos os segmentos. Com a área receptora preparada para a implantação
do enxerto e coberta com compressa embebida em solução de ringer-lactato, realizou-se a caudectomia e
a seleção de um ou mais segmentos de cauda, compostos por uma ou mais vértebras de diâmetro
compatíveis à falha óssea do leito receptor. O(s) segmento(s) em questão foi (foram) posicionado(s) entre
as extremidades lesionadas. O alinhamento e fixação do(s) segmento(s) enxertado(s) foram realizados
simultaneamente ao procedimento de redução da(s) fratura(s) com pino intramedular Kirchner. A
musculatura e o espaço subcutâneo foram aproximados através de suturas contínuas com fio categute 2-0,
enquanto a pele recebeu sutura intradérmica com mononylon 3-0. Procedeu-se o pós-operatório com
imobilização externa com tala ou muleta modificada de Thomas nos primeiros 30 a 45 dias, ajustada a
cada sete dias. O protocolo anestésico baseou-se na associação de diazepam, xilazina e cloridrato de
tramadol como pré-anestésicos e quetamina para indução anestésica. Após a entubação traqueal, o plano
anestésico cirúrgico foi mantido com anestesia inalatória a base de isoflurano em oxigênio a 1%.
Os fármacos cefazolina e cetoprofeno foram utilizados 30 minutos antes do procedimento cirúrgico,
como antibiótico e antinflamatório, respectivamente, e durante o período pós-operatório, associados a
cloridrato de tramadol.
A
B
Resultados e Discussão
Resultados e Discussão
Resultados e Discussão
C
D caudais de um segmento de cauda de canino após
Figura
1: Procedimento de enxertia. A – Exposição de vértebras
caudectomia; B – Fixação do enxerto (setas) na extremidade proximal da fratura; C – Redução da fratura com pino
intramedular. Notar segmento de cauda enxertado (setas). D – Radiografia do membro receptor no 10º dia pósoperatório, demonstrando sítio receptor e incorporação do enxerto na extremidade distal da linha de fratura.
Segundo Stevenson (2005), os implantes ósseos autógenos são preferidos dentre outros nos
procedimentos ortopédicos, pois estes são de fácil aquisição, induzem uma rápida consolidação óssea e
provocam pouca reação inflamatória devido à imunocompatibilidade entre o tecido implantado e o da
área receptora, fato observado também nesta pesquisa. Por outro lado, estudos realizados por Castania &
Volpon (2007) e Millis & Martinez (2007) evidenciaram uma maior morbidade, exacerbada reação
inflamatória e escassa fonte doadora. Figueiredo et al. (2004), Stevenson (2005), Castania & Volpon
(2007) e Isola et al. (2009) indicam a manobra cirúrgica de enxertia óssea autógena em casos de fratura
fragmentada, artrodese, não-uniões hipertróficas, fraturas contaminadas e/ou expostas, fraturas
articulares, deformidades de desenvolvimento e correção do comprimento do membro comprometido.
Tais indicações apresentam-se em concordância com nosso estudo. Geralmente os materiais para enxerto
são obtidos no tubérculo maior do úmero, tuberosidade do ísquio, espinha ilíaca craniodorsal e região
proximal medial da tíbia (STEVENSON, 2005; MILLIS & MARTINEZ, 2007). A técnica proposta neste
estudo utiliza as vértebras caudais como alternativa para enxerto. A referida técnica apresenta como
diferenciais o fácil acesso e a maior disponibilidade de material para enxertia, principalmente quando o
paciente apresenta cauda longa. O procedimento cirúrgico exposto neste relato apresentou tempo
anestésico e cirúrgico reduzido, baixo custo operacional, dispensou a utilização de materiais sintéticos
osteoindutores e/ou osteocondutores, bem como a existência de um banco de ossos para enxertos. Os
implantes utilizados criaram condições necessárias a uma osteogênese reparativa mais rápida, com
evolução clínica satisfatória e utilização da estrutura operada dentro do tempo previsto. Concluímos que a
utilização de enxertos ósseos autógenos provenientes de segmentos da cauda mostrou-se válida e
eficiente.
REFERÊNCIAS
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quimicamente e esterilizado em óxido de etileno: estudo em cães. Revista Brasileira de Ortopedia. v. 42,
n.6 p. 173-180, 2007; 2- Figueiredo, A.S.; Fagundes, D.J.; Novo, N.F.; Inouye, C.M.; Takita, L.C;
Sassioto, M.C.P. Osteointegração de osso bovino desvitalizado, hidroxiapatita de coral, poliuretana de
mamona e enxerto autógeno em coelhos. Acta Cir Bras [serial online]. n.19. v.4 Jul-Ag; p. 370-382.
2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/acb> Acesso: 30 agosto 2009; 3- Isola, J. G. M. P.; Moreira,
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utilização dos enxertos autógeno e xenógeno em rádio de cães – aspectos clínicos e macroscópicos.
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TERAPIA ASSISTIDA POR ANIMAIS COM CRIANÇAS ATENDIDAS PELO CENTRO DE
ATENÇÃO PSICOSOCIAL – CAPsi DA PREFEITURA MUNICIPAL DE UBERLÂNDIA
Souza,M. A.*1; Ferreira, F. S.1; Pellizzaro, R. R.1; Veríssimo, S.1; Castro, I. P1; Moraes, J. G. N.1; Araújo,
C. E. 1; Silva, T. L.1; Bastos, C. R.2; Santos, R. F.1; Pires, B. C.1; Vasconcelos, R. Y. G.1; Silva, H. O. 1;
Pereira, F. S. 2; Vieira, J. R. 2 ;Goulart, m. B. 2; Paravidini, J. L. 3; Oliveira, P. R. 4; Lima-Ribeiro, A. M.
C.5
1- Bolsistas do Programa de Educação Tutorial PET Institucional Medicina Veterinária – UFU; 2Graduandas Instituto de Psicologia – UFU; 3- Professor Instituto de Psicologia - UFU; 4- Professor
Faculdade de Medicina Veterinária - UFU; 5- Professora Tutora do PET Institucional Medicina
Veterinária – UFU
[email protected]
RESUMO
A terapia assistida por animais - TAA têm por propósito a introdução do animal junto a um indivíduo ou
grupo com finalidades terapêuticas. O trabalho teve por objetivo desenvolver a terapia assistida por
animais com crianças atendidas pelo CAPsi da Prefeitura Municipal de Uberlândia – PMU, a fim de
promover melhorias no comportamento familiar e social. Os encontros de TAA foram realizados uma vez
por semana com duração de uma hora durante quatro meses. Os pacientes foram selecionados pela equipe
de profissionais do CAPsi, num total de 5 participantes e utilizou-se aproximadamente 10 pintinhos.
Apenas 25% das crianças que participaram da atividade não apresentaram interesse pelas aves, sendo que
75% demonstraram comportamento afetivo e melhoria no convívio familiar. Conclui-se que a TAA
apresentou resultados positivos no aspecto do comportamento familiar e social no contato com os
profissionais da piscicopedagogia.
Palavras-chave: Comportamento. Comunicação. Pintinhos.
INTRODUÇÃO
A terapia assistida por animais - TAA tem por propósito a introdução do animal junto a um individuo ou
grupo com finalidades terapêuticas (BECKER 2003). Existem muitas vantagens que têm sido apontadas
como decorrentes desse relacionamento, como: ajudar a desenvolver a capacidade da criança e do jovem
de se relacionarem afetivamente com outras pessoas (BRODIE & BILEY, 1999); desenvolver o sentido
de responsabilidade na criança ou jovem, que possui um animal que depende dos seus cuidados; favorecer
a aprendizagem de fatos fundamentais da vida; aprender a observar e interpretar a linguagem dos gestos,
das posturas e dos movimentos; ajudar a desenvolver atitudes humanitárias, a consciência ecológica e a
responsabilidade ética da criança/jovem diante da natureza e dos seres vivos (KAWAKAMI 2002). Cães,
ratos, coelhos, porquinhos-da-índia e até algumas aves têm auxiliado o trabalho com crianças e
adolescentes, tornando-o mais atrativo e auxiliando o tratamento de problemas de linguagem, de
percepção corporal e de controle da ansiedade (ODENDAAL 2000). A experiência mostra-se promissora
no tratamento de crianças com hiperatividade e com quadros depressivos (LEVINSON 1982). Este
trabalho teve por objetivo desenvolver a terapia assistida por animais com crianças atendidas pelo CAPsi
da Prefeitura Municipal de Uberlândia - PMU a fim de promover melhorias no comportamento social e
fazer do animal um elo de comunicação dos pacientes com os profissionais da área pisco pedagógica.
MATERIAIS E MÉTODO
Os encontros de TAA foram realizados uma vez por semana com duração de uma hora durante quatro
meses na área de lazer do Centro de atendimento clínico do Instituto de Psicologia UFU. Os pacientes
foram selecionados pela equipe de profissionais do CAPsi, num total de 5 participantes com idade entre 3
a 7 anos. As sessões de TAA foram acompanhadas pelos integrantes do grupo PET (Programa de
Educação Tutorial) Institucional Medicina Veterinária, estudantes do curso de Psicologia UFU, pela
Terapeuta Ocupacional da Instituição e pais e/ou responsáveis pelas crianças. Foram utilizados
aproximadamente 10 pintinhos devidamente limpos e vermífugados, estes foram alojados e alimentados
pelos petianos da Veterinária. Durante o encontro as crianças eram instigadas a realizar atividades tais
como: pronunciar palavras referentes aos pintinhos, controlar a intensidade dos movimentos no manuseio
com as aves e terem atenção para os sons emitidos pelas mesmas, a fim de possibilitar uma maior
integração psicólogos-animal-criança. Antes e após as sessões de TAA as crianças eram estimuladas
pelos petianos a lavarem as mãos evitando assim o risco de contaminação por agentes infecciosos,
conscientizando-as dos cuidados higiênico-sanitários que devemos ter no contato com os animais. Os
responsáveis pelos pacientes atendidos no projeto, que compareceram a pelo menos quatro sessões
responderam a um questionário (Anexo A) elaborado e avaliado em conjunto pelos alunos da Medicina
Veterinária e pelos alunos da Psicologia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As sessões de TAA foram igualmente proveitosas tanto pelas crianças quanto para os alunos envolvidos.
Cada caso foi analisado e interpretado conforme as respostas dos responsáveis. Apenas 25% das crianças
que participaram da atividade não apresentaram interesse pelas aves, sendo que 75% demonstraram
comportamento afetivo e melhoria no convívio familiar. Caso 1: Paciente cinco anos; sexo masculino; a
criança mostrou interesse pelos pintinhos, se comportando de maneira afetiva. A responsável R. A. S.
relatou melhora no comportamento do filho em casa, afirmando que apesar da agressividade da criança no
convívio familiar, nos dias do encontro o mesmo se demonstrava ansioso para ver as aves e quando não
pode comparecer chorou. Além disso, o contato com os pintinhos fez com que o paciente se interessasse
em ter um animal em casa. Caso 2: Paciente seis anos; sexo masculino; demonstrou interesse e
comportamento afetivo diante dos animais. A responsável V. C. S. F. relatou melhora do filho no
convívio familiar sendo que o mesmo fazia perguntas sobre as aves e sentia falta do contato com as
mesmas. Caso 3: Paciente sete anos; sexo masculino; apresentou-se pouco interessado diante dos animais
tratando os de forma indiferente. A mãe F. F. C. relatou que não houve melhoria nas condutas diárias do
filho e que o mesmo não mencionou a respeito das aves em casa. Uma provável causa do desinteresse do
paciente pode ser atribuída ao fato do mesmo ter pintinhos em casa.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a Terapia Assistida por Animais apresentou resultados positivos no aspecto do
comportamento familiar e social no contato com os profissionais da psicopedagogia.
REFERÊNCIAS
1- BECKER, B. O Poder Curativo dos Bichos, 1ºedição. Rio de Janeiro: ed. Bertrand Brasil, 322, 2003;
2-BRODIE, J. S. & BILEY, F. C. An exploration of the potencial benefits of pet-facilited therapy.
Journal of clinical nursing, 8, 329-337, 1999; 3-KAWAKAMI, C. H. and NAKANO, C. K. Experiment
report: animal assisted therapy (AAT) - another resource in the communication between patient and
nurse. In: BRAZILIAN NURSING COMMUNICATION SYMPOSIUM, 8, 2002, São Paulo.
Proceedings online... Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP, Available from:
<http://www.proceedings.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=MSC000000005200200010
0009&lng=en&nrm=abn>. Acesso em: 28 Agosto de 2009; 4-LEVINSON, B.M. The future of research
into relationships between people and their animal companion. Inter. Journal for the Study of Animals
Problems, 283-294. 1982; 5-ODENDAAL, J.S.J. Animal-assisted therapy – magic or medicine? Journal
of Psychosomatic Research, 48, 275-280, 2000.
TRATAMENTO CIRÚRGICO DE CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM Oryctolagus
cuniculus – RELATO DE CASO
De Simone, S. B. S.2*; Santos, A. L. Q.1; Silva-Junior, L. M.2; Andrade, M. B.2; Rodrigues, L. L.2;
Rodrigues, T. C. S.2; Hirano, L. Q. L.2
1- Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 2- Laboratório de Ensino e Pesquisa em
Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302
[email protected]
RESUMO
Um coelho foi encaminhado ao Hospital Veterinário da UFU, durante a anamnese e exame físico,
constatou-se a presença de uma massa firme, com exudato purulento, e edemaciada, no membro posterior
direito. Optou-se pela amputação do membro, utilizou-se a associação anestésica midazolan (0,5mg/kg),
cetamina (15mg/kg), xilazina (3mg/kg) e acepromazina (1mg/kg). Quarenta e cinco dias após a
intervenção, observou-se a presença de uma forma nodular na face lateral-medial e caudal do tíbiotarso,
sugerindo metástase. O animal foi submetido a um novo procedimento cirugico e o agente anestésico de
eleição foi midazolan (0,5mg/kg) e cetamina (15mg/kg), juntamente com bloqueio local de lidocaína 2%.
A escolha da terapêutica deve ser estabelecida de acordo com o estadiamento do tumor, estado geral do
paciente, colaboração do proprietário e a disponibilidade de equipamentos. A precocidade no diagnóstico
tem efeito fundamental no prognóstico.
Palavras-chave: Coelho. Metástase. Neoplasia.
INTRODUÇÃO
Caracterizando-se uma neoplasia maligna da epiderme, o carcinoma de células escamosas, comum em
diversos animais, apresenta-se com ampla variedade de formas clínicas sendo localmente invasivo,
destrutivo e proliferativo, provoca ulceração na epiderme, podendo invadir tecidos circundantes
originando metástases (ESPLIN et al, 2003). Considerada a segunda causa mais comum entre as
neoplasias cutâneas (SCOTT; MILLER, 2004), tem como característica provocar baixa mortalidade, toda
via causa graves lesões funcionais. A localização e extensão da lesão, muitas vezes dificulta o
diagnóstico, pois o animal demonstra apenas um pequeno desconforto, assim, a citologia aspirativa ou
biopsia da massa tumoral, é de grande valia para uma conclusão (THOMASSIAN, 2005). Como forma de
tratamento tem-se a excisão cirúrgica com margens pré-determinadas juntamenete com a curetagem, a
primeira tem por objetivo retirar todo o tumor, incluindo o tumor visível clinicamente e uma margem de
pele aparentemente normal. A outra alternativa visa retirar o tumor com o auxílio de uma cureta,
procedimento este utilizado em lesões pequenas, com bordas definidas, primárias e com histologia não
agressiva. O carcinoma de células escamosas representa um problema clínico-cirúrgico sério, uma vez
que a exposição crônica à radiação ultravioleta é um dos fatores importantes para o desenvolvimento da
doença. Assim, esta revisão tem por objetivo discorrer sobre alternativas de tratamento do carcinoma de
células escamosas em coelhos Pode causar metástase fatal, a menos que sua excisão seja realizada nos
estágios iniciais.
RELATO DO CASO
Um espécime de O. Cuniculus, fêmea, de pelagem branca, foi encaminhado ao Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia. Durante a anamnese constatou-se a presença de uma massa firme,
com exudato purulento, e edemaciada, no membro pelvino direito. Apesar da dor, o animal apresentavase responsivo ao meio, em bom estado nutricional e de hidratação. Suspeitou-se então, pela presença de
neoplasia. Através de exames radiográficos pode-se observar que a tal massa estava infiltrada na
musculatura chegando atingir o osso. Diante deste fato optou-se pela amputação do membro. Para tal
procedimento, realizou-se jejum de doze horas, tricotomia e assepsia com álcool-iodo-álcool. Como
medicação anestésica utilizou-se a associação de midazolan (0,5mg/kg), cetamina (15mg/kg), xilazina
(3mg/kg) e acepromazina (1mg/kg). Incindiu-se a pele no terço médio da face lateral da perna,
divulsionou-se a musculatura, de modo a contornar o membro. Ligou-se os vasos safenos laterais e
mediais com fio algodão p10. O grupos musculares laterais foram ligados individualmente, seguidos
pelos caudais, mediais e craniais, com fio algodão 0. Ligadura dos vasos locais com fio algodão p10.
Incindiu-se a musculatura após as ligaduras, expôs-se então o segmento ósseo a ser ostectomizado. Com o
auxílio de uma serra ossea, o terço proximal da tíbia foi seccionado. Recobriu-se o coto ósseo com os
grupos musculares remanescentes. Aproximou-se a musculatura correspondente com fio nylon 0 e a pele
com sutura intradérmica e fio nylon 3-0. O material proveniente da amputação, após uma biópsia, revelou
a presença de células escamosas. Curativos locais com iodopovodona, solução fisiológica e alantoina com
aplicação subsequente de atadura crepe, foram realizados a cada dois dias. Ceftriaxona sódica
intramuscular (40mg/kg) foi o antibiótico de eleição, associado ao cetoprofeno 1% (1mg/kg) intamuscular
como medicação analgésica. Passados cinco dias, houve deiscencia dos pontos. Todavia, os curativos
continuaram até a plena recuperação do coto. Quarenta e cinco dias após a intervenção, o referido animal
retormou ao hospital veterinário, onde foi avaliado. Observou-se a presença de uma forma nodular na face
laterocaudal da tíbia e tarso, sugerindo metástase. O animal foi encaminhado a cirurgia de remoção dos
nódulos e tecidos adjacentes. As mesmas condições de jejum e assepsia foram adotadas. A associação de
midazolan (0,5mg/kg) e cetamina (15mg/kg), foi o agente anestésico de eleição juntamenete com um
bloqueio local de lidocaína 2%. Incindiu-se a face caudal do calcâneo, a pele foi divulsionada e realizouse a dissecação do nódulo. Suturou-se a pele com fio nylon 2-0 e padrão simples separado. Após esta
manobra outra incisão foi realizada, porém na face lateral do metatarso, onde mais uma vez divulsionouse a pele nos sentidos dorsal e palmar, promovendo a retirada de nódulos locais e pele adjacente, manobra
que impediu a realização da sutura de pele. Curativos diarios foram feitos no local com solução
fisiológica, nitrofurazona e bandagem com atadura crepe, visando uma cicatrização por segunda intenção.
A antibióticoterapia de escolha foi enrofloxacina 10% (10mg/kg) e cetoprofeno 1% (1mg/kg) como
medicação antiinflamatória.
DISCUSSÃO
O Carcinoma de células escamosas localiza-se especialmente em áreas pouco pigmentadas e com pêlos
esparsos. O desenvolvimento das lesões está associado com a exposição contínua à radiação ultravioleta
emitida pela luz solar, sendo a dermatose solar a primeira alteração observada (GOLDSCHMIDT;
HENDRICK, 2002). A ocorrência de injúria epidérmica pode influenciar na iniciação do neoplasma, cães
afetados apresentam, geralmente, idade superior a cinco anos com maior ocorrência entre nove e 15 anos
(BAUK et al., 2006), já Knottenbelt e Reg (1998), afirmam que os carcinomas epidermóides são
encontrados em animais de qualquer idade. O animal do presente relato era exposto diariamente ao sol,
além deste fator, possuía pelos e pele claras, favorecendo o aparecimento da neoplasia, no entanto o
mesmo apresentava-se com dois anos, fato este que confirmando os relatos citados acima. A afecção
pode estar presente por meses ou anos e, em geral, a história clínica está associada à presença de
ferimento que não cicatriza (MOORE; OGILVIE, 2001) No início, as lesões são proliferativas,
hiperêmicas, crostosas e posteriormente evoluem para úlceras com invasão de tecidos adjacentes,
semelhantemente ocorreu com nosso exemplar, as lesões cirúrgicas tiveram que ser tratadas como
cicatrização de segunda intenção e apresentava-se extensamente ulceradas, com exsudação purulenta,
indicativo de infecção bacteriana. Em cães, o tumor é mais freqüente na pele da região da cabeça,
abdômen, membros, períneo e dígitos (WOBESER et al., 2007). O carcinoma apresenta-se extremamente
invasivo, de crescimento lento e com baixo potencial para metástases essas, quando ocorrem, localizamse geralmente nos linfonodos regionais e pulmão, outros órgãos são menos comuns (MOREIRA SOUTO
et al., 2006), entretanto, em O. Cuniculus, observamos a presença de nódulos metastáticos apenas no
membro em questão, os outros órgãos não apresentavam sinais de comprometimento, suspeita esta
confirmada por avaliação radiográfica. O diagnóstico inicia-se pelo histórico, lesões macroscópicas e pela
identificação dos fatores predisponentes, definitivo só poderá ser obtido através do exame histopatológico
(ESPLIN et al., 2003). O carcinoma das células escamosas demonstra histologicamente hiperplasia da
epiderme, hiperqueratose, paraqueratose, espessamento de epiderme e displasia dos queratinócitos. No
interior da derme, é altamente invasivo, podendo formar ilhas, cordões e trabéculas de células epiteliais
neoplásicas com grau de diferenciação escamosa variável (SCOTT; MILLER 2004). Os achados
histopatológicos foram semelhantes aos encontrados neste relato. O tratamento cirúrgico promove a
remoção de tecido suficiente para deixar margens livres de células neoplásicas, ao mesmo tempo manter a
função e a estética, tal massa deve ser excisadas com margens de um a dois cm no mínimo, embora ainda
persista chance de recidiva (RUSLANDER et al., 1997), em concordância Thomassian (2005), afirma que
a ressecção da massa tumoral quando o carcinoma for localizado é a melhor opção, no entanto, a escolha
do tratamento é dependente não somente do estadiamento do tumor, mas do grau de aceitação do
proprietário com relação aos efeitos colaterais e às mudanças estéticas e da disponibilidade de
equipamentos e fármacos (MOORE; OGILVIE, 2001). Diante aos esclarecimentos mencionados a cima,
o propietário mostrou-se disposto a manter o bem estar do animal, mesmo este tendo seu membro
posterior esquerdo amputado. Limitar ao máximo a exposição dos animais à luz solar, restringindo-a ao
início da manhã ou final da tarde apresenta-se como uma alternativa a prevenção de tais massas tumorais
em conjunto com a precocidade na detecção da moléstia. Conclui-se que a retirada cirúrgica do carcinoma
e a amputação foram de grande valia no tratamento das lesões ulceradas, no entanto, esta prática não foi
suficiente para bloquear o aparecimento de metástase.
REFERÊNCIAS
1- BAUK, V. O. Z. et al. Ùlcera de marjolin: relato de 12 casos. Anais Brasileiros de Dermatologia,
Niterói, v. 81, n. 4, p. 355-358, 2006; 2- ESPLIN, D. et al. Squamous cell carcinoma of the anal sac in
five dogs. Veterinary Pathology, Stanford, v. 46, n. 4, p. 332-334, 2003; 3- GOLDSCHMIDT, M. H.;
HENDRICK, M. J. Tumors of the skin and soft tissues. In: MEUTEN, J. D. (ed.). Tumors in domestic
animals. 4. ed. Iowa: Iowa State Press, 2002. 788 p; 4- KNOTTENBELT, D; REG, R. P. Afecções e
Distúrbios do Cavalo. 1. ed. São Paulo: Manole.1998. 432 p; 5- MOORE, A. S.; OGILVIE, G. K. Skin
tumors. In:_______. Feline oncology. USA: Veterinary Learning Systems, 2001. cap. 50, p. 398-428; 6MOREIRA SOUTO, M. A. et al. Neoplasias do trato alimentar superior de bovinos associadas ao
consumo espontâneo de samambaia (Pteridium aquilinum). Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de
Janeiro, v. 26, n. 2, p. 112-122, 2006; 7- RUSLANDER, D. KASER-HOTZ, B.; SARDINAS, J. C.
Cutaneous squamous cell carcinoma in cats. Compendium on Continuing Education for the
Practicing Veterinarian, Montreal, v. 19, n. 10, p. 1119- 1129, 1997; 8- SCOTT, D. W.; MILLER, W.
H. J. Dermatologia Eqüina. Buenos Aires: Inter-médica, 2004. 625 p; 9- THOMASSIAN, A.
Enfermidades dos Cavalos. 4. ed. São Paulo: Varela, 2005. 247 p; 10- WOBESER, B.K. et al.
Diagnoses and clinical outcomes associated with surgically amputed canine digits submitted to multiple
veterinary diagnostic laboratories. Veterinary Pathology, Stanford, v. 44, n. 3, 355-361, 2007.
TRATAMENTO COM ACUPUNTURA EM UM CÃO COM TETRAPARESIA PÓSTRAUMÁTICA
Tannús, L. F.¹; Cesarino, M.²; Ávila, D. F.³; Rodrigues, C. G.²*; Fernandes, C. C.³; Castro, J. R.²; Dias, T.
A.;³;Ferreira, C. G.4; Oliveira, L. M.³; Costa F. R. M.5
1- Médica Veterinária do Serviço de Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal
Uberlândia (UFU). 2- Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Universidade Federal de Uberlândia. 3- Residente do Hospital Veterinário da Universidade Federal
Uberlândia. 4- Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal
Uberlândia. 5- Médica Veterinária do Hospital Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
de
da
de
de
RESUMO
Foi encaminhado ao Serviço de Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU), um cão com tetraparesia pós-traumática, não responsiva ao tratamento convencional
com corticóideos. O exame radiográfico evidenciou luxação toracolombar e após novo exame segundo a
medicina tradicional chinesa, foi estabelecido um tratamento com pontos de acupuntura específicos, que
teve resposta satisfatória logo na segunda sessão, com restabelecimento da deambulação, com retorno das
suas atividades rotineiras.
PALAVRAS-CHAVE: discopatia, medicina tradicional chinesa, luxação.
INTRODUÇÃO
Na rotina clínica dos animais de companhia, as discopatias são frequentes, constituindo os distúrbios
neurológicos mais comuns diagnosticados em pacientes veterinários (SEIM III, 2005). Tal distúrbio pode
levar à dor, ataxia, perda propriocepção, paresia ou paralisia em função do grau da lesão. A acupuntura é
conhecida pela sua eficiência no tratamento da dor, mas seus efeitos nos tratamentos das discopatias são
ainda pouco estudados (SCOGNAMILLO-SZABÓ, 1999). O tratamento pode ser conservador ou
cirúrgico. O tratamento cirúrgico fica reservado para os casos graves de compressão medular e paralisia.
O tratamento clínico é direcionado para a redução do edema da medula espinhal pelo uso de
antiinflamatórios esteroidais, repouso e o confinamento nas primeiras duas semanas de tratamento
(PINTO et al., 2008). A acupuntura tem sido utilizada no tratamento das doenças de disco intervertebrais,
associada ou não com corticóides, com o intuito de promover analgesia, reabilitação motora e sensorial.
Esta terapia elimina os pontos gatilho e assim aboli a dor, o encurtamento e rigidez muscular. Além disso,
pode ativar a volta do crescimento de axônios destruídos na medula espinhal e reduzir a inflamação local,
edema, vasodilatação ou vasoconstrição e a liberação de histamina ou cinina (PINTO et al., 2008). Deste
modo, objetivou-se relatar um caso de tetraparesia pós-traumática em um cão filhote tratado com
acupuntura, bem como, avaliar a evolução deste quadro clínico.
RELATO DE CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), um cão Labrador,
macho, de dez meses de idade, com histórico de tetraparesia desencadeada por trauma. Dez dias antes do
atendimento, este já havia realizado tratamento clínico prévio convencional, em uma clínica particular,
com corticoideoterapia (prednisolona 2mg/Kg/SID/7 dias) e analgésico opióide (Tramadol
2mg/Kg/TID/10 dias). O quadro clínico teve início agudo e diagnosticou-se uma luxação grave entre as
vértebras T13 e L1, evidenciada no exame radiográfico simples, nas tomadas latero-lateral e ventrodorsal. Notou-se uma incongruência articular na transição toracolombar com angulação inadequada para a
região radiografada, não foram evidenciadas fraturas. Após, o animal foi encaminhado ao Serviço de
Acupuntura do Hospital Veterinário da UFU. A acupuntura visa à terapia e à cura das enfermidades pela
aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de agulhas em pontos específicos. O cão foi
novamente examinado conforme a medicina tradicional chinesa. A primeira sessão foi realizada no dia
09 de fevereiro de 2009, sendo utilizados os pontos Ba Feng, com a técnica de eletroacunpuntura, com
baixa freqüência (2,5 Hz), por 10 minutos, em seqüência usou-se pontos para “cercar o dragão” (pontos:
B23, B24, B25), na transição toracolombar, com seis agulhas, onde foi utilizado eletroacupuntura com
100 Hz, por 25 minutos, na tentativa de “sedar o dragão”. No dia 17 de fevereiro (2009), foi realizada a
segunda sessão de acupuntura, onde foram repetidos os mesmos pontos da primeira sessão, e no dia 23
deste mesmo mês o animal recebeu alta. Desta forma, conclui-se que, o tratamento instituído foi eficaz,
uma vez que, o cão restabeleceu sua deambulação e retornou as suas atividades normais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dois dias após a primeira sessão o cão voltou a ficar em pé, porém não conseguia andar, três dias após a
segunda sessão o animal voltou a andar e cinco dias após ele recebeu alta, pois já tinha conseguido voltar
a realizar as suas atividades rotineiras. O tratamento com base na medicina tradicional chinesa mostrou-se
eficiente neste relato, já que o tratamento clínico com base em corticoideoterapia não teve resposta
positiva neste caso. A importância do conhecimento sobre ação da acupuntura, nas mais diversas
patologias, se faz necessário, principalmente se tratando de lesões medulares, onde a paralisia do animal,
faz com que proprietários optem pela prática da eutanásia, pensando ter esgotado todos os recursos para
reversão do quadro.
REFERÊNCIAS
1- PINTO, V. M.; et al.,Prevalência do uso da acupuntura na discopatia intervertebral em cães atendidos
no Hospital Veterinário da Universidade Luterana do Brasil. In: Congresso Brasileiro de Medicina
Veterinária (Conbravet), Gramado – RS, 2008. Anais CD-ROW; 2- SCOGNAMILLO-SZABÓ, M.V.R.
Efeito da acupuntura sobre a reação inflamatória imune a carrapatos Rhipicephalus sanguineus
(Latreille, 1806) em cobaias (Cavia porcellus) e cães. Jaboticabal, 1999. 115p. Dissertação (Mestrado
em Patologia Animal) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista,
1999; 3- SEIM III, H.B. Cirurgia da espinha Cervical In : Fossum, T.W.. Cirurgia de Pequenos animais.
2 ed. São Paulo: Roca, 2005. p. 1219.
TRATAMENTO COM ACUPUNTURA EM UM CÃO TECKEL COM DISCOPATIA
ASSOCIADA À RETENÇÃO URINÁRIA
Tannús, L.F.¹; Cesarino, M.², Ávila, D.F.³; Fernandes, C.C.³; Rodrigues, C.G.²*; Castro, J.R.²; Dias,
T.A.³; Resende, F.A.R.³; Costa, F. R. M.4
1- Médica Veterinária do Serviço de Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU). 2- Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFU. 3Residente do Hospital Veterinário da UFU. 4- Médica Veterinária do Hospital Veterinário da UFU.
[email protected]
RESUMO
Foi atendido pelo Serviço de Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia,
um cão, macho, Dachshunds, adulto, com paralisia dos membros pélvicos, retenção urinária e mialgia,
decorrente de trauma. Foi submetido a um exame segundo a medicina tradicional chinesa, e a
determinação de pontos de acupuntura e uso de eletroacunputura. Foram necessárias seis sessões, para o
animal recuperar sua atividade normal e receber alta do tratamento.
PALAVRAS-CHAVE: Paralisia, eletroacupuntura, mialgia
INTRODUÇÃO
Os discos intervertebrais formam coxins entre as partes ósseas de vértebras adjacentes, permitindo o
movimento, minimizando e absorvendo os choques, e unindo segmentos da coluna vertebral (TOOMBS;
BAUER, 1998). Acupuntura tem sido integrada no tratamento da discopatia intervertebral tóraco-lombar
em cães com intuito de analgesia e reabilitação motora e sensorial. A doença do disco intervertrebral é a
causa mais freqüente de paralisia em cães e gatos. Sua ocorrência varia em diferentes idades e raças. As
raças condrodistróficas como o Tecke,l normalmente apresentam a ruptura destes discos com perda de
substância gelatinosa levando a compressão medular (LEUCOTER; CHILD, 1992). A gravidade da lesão
à medula espinhal depende da velocidade com que é aplicada a força compressiva, grau de compressão e
a duração desta compressão. Os principais sintomas clínicos observados comumente nas discopatias
toracolombares são: dificuldade de locomoção, dor abdominal ou dorsal aparente, paralisia dos membros,
podendo chegar a perda de percepção da dor profunda e incontinência urinária e/ou fecal (LEUCOTER;
CHILD, 1992). O presente trabalho teve por objetivo relatar o tratamento com acupuntura em um cão
com discopatia associada a retenção urinaria e avaliar a evolução deste quadro clínico.
RELATO DE CASO
Um canino, Teckel, foi atendido no setor de clínica de pequenos animais do Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia - MG com histórico de trauma. Durante a anamnese o proprietário
relatou que após o trauma este apresentou paralisia dos membros pélvicos (bilateral), mialgia intensa e
quadro de retenção urinária. O animal foi diagnosticado com discopatia na região toracolombar e
encaminhado ao setor de acupuntura para diagnóstico segundo a medicina tradicional chinesa. Na
primeira sessão (21/03/2009) foi utilizados pontos como o Ho Hai ligado ao VC1 e VG26 com uso de
eletroacupuntura a 100 Hz durante 25 minutos. Na segunda sessão (27/03/2009) mudou-se a utilização
dos pontos, sendo instituído o tratamento com o ponto VC1 ligado ao VC3 por eletroacupuntura (100
Hz), durante 10 minutos. Em seguida fez-se uso dos pontos Ho Hai, Bai Hui com eletroacupuntura (5 Hz)
e estímulo nos pontos B17 e B18. Na terceira sessão (04/04/2009), usou os pontos: B23, B22, B21, B20,
B19, VG4, VG16, além do Ho Hai e Bai Hui. Na quarta sessão (11/04/2009) utilizaram-se os pontos Ho
Hai, Bai Hui e B27, além de um fitoterápico (BU ZHONG YI QI TANG).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Três dias após a primeira sessão, já foi notada uma melhora no quadro de paralisia, demonstrando
resposta a dor profunda e ausência de retenção urinária, mostrando que o tratamento teve uma resposta
rápida neste animal. No dia seguinte a segunda sessão, o animal voltou a andar, porém com propriocepção
diminuída dos membros pélvicos, por isso optou-se em realizar mais sessões, então o animal voltou a suas
atividades normais sete dias após a quarta sessão e obteve alta. Braund (1996) atribuiu um risco de 10 até
12 vezes maior para a ocorrência de discopatias em Dachshunds que para todas as outras raças
combinadas, sugerindo uma predisposição genética, explicada por um modelo que envolve o efeito
cumulativo de vários genes, sem dominância ou ligação ao sexo, e sujeito à modificação ambiental. Ainda
citou que a predisposição racial estimada é de 19% podendo chegar a 62% em algumas famílias de
Dachshunds. Já Toombs e Bauer (1998) observaram um fator de risco sutil, porém significativo com
relação ao sexo e ao peso, sendo maior a predisposição em machos, seguido por fêmeas castradas e depois
por fêmeas não castradas. Tais diferenças podem ser atribuídas aos efeitos protetores do estrogênio contra
a degeneração dos discos.
REFERÊNCIAS
1- BRAUND, K. G. Moléstia do disco intervertebral. In: BOJRAB, J. M. Mecanismos da moléstia na
cirurgia dos pequenos animais. 2ª ed. São Paulo : Manole, 1996. p. (129) 1104-1116; 2- LECOUTER,
R.A.; CHILD, G. Moléstias da medula espinhal. In: ETTINGER, S.J. Tratado de medicina interna
veterinária, 3a. ed., vol. 2, São Paulo: Manole, pag. 695-704, 1996; 3- TOOMBS, J. P.; BAUER, M. S.
Afecção do disco intervertebral. In: SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 2ª ed.
Vol. 1. São Paulo: Manole, p. (75) 1286-1305., 1998.
TRATAMENTO COM ACUPUNTURA DE CADELA COM DISCOPATIA CERVICAL E
MIALGIA SEVERA - RELATO DE CASO
Tannús, L.F.¹; Cesarino, M.², Ávila, D.F.³; Rodrigues, C.G.²*; Fernandes, C.C.³; Castro, J.R.²; Dias,
T.A.³; Ferreira, C.G.5; Costa F.R.M.4
1- Médica Veterinária do Serviço de Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU). 2- Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da UFU. 3Residente do Hospital Veterinário da UFU. 4- Médica Veterinária do Hospital Veterinária da UFU. 5Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia-MG.
[email protected]
RESUMO
Foi atendida pelo Serviço de Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia
uma cadela com histórico de fortes dores, que não eram controladas com o uso de analgésicos opiáceos
(Tramadol). No raio-x, foi evidenciada uma mineralização do disco intervertebral (entre C2 e C4). Foi
estipulado um tratamento com base em pontos de acupuntura com retirada gradual das medicações.
Foram necessárias cinco sessões para o animal voltar às atividades rotineiras, sem o uso de nenhuma
medicação.
PALAVRAS-CHAVE: mialgia, cão, eletroacupuntura
INTRODUÇÃO
A medula espinhal de cães pode ser comprometida por lesões da coluna vertebral e tecidos adjacentes,
freqüentemente levando a distúrbios neurológicos e locomotores. Acupuntura visa à terapia e cura das
enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de agulhas em pontos
específicos. Alem disto é um método terapêutico da Medicina Tradicional Chinesa, que tem mostrado
eficiência no tratamento de patologias do disco intervertebral em caninos (WEN, 1989). A acupuntura é
um método de tratamento que consiste na estimulação sensorial, provocando liberação de neuropeptídeos
locais e a distância, devido ao envolvimento do sistema nervoso central e periférico. As finalidades
terapêuticas compreendem a promoção de analgesia, recuperação motora, regulação das funções
orgânicas, imunológicas, endócrinas e ativação de processos regenerativos (HAYASHI; MATERA,
2005). A afecção do disco intervertebral é comum em cães e se caracteriza por degeneração (metaplásica
condróide e fibróide) ou metamorfose do disco, que pode levar a graus variados de deslocamento discal
(protusão ou extrusão), causando pressão sobre a medula espinhal (ETTINGER, 1992). Este trabalho teve
como objetivo relatar a eficiência da acupuntura, em discopatia cervical com mialgia.
RELATO DE CASO
A cadela Sem Raça Definida (SRD), obesa, de nove anos, chegou encaminhada ao Serviço de Acupuntura
do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com um raio-X que demonstrava
uma mineralização do disco intervertebral cervical, nas vértebras C2, C3 e C4, resultando em uma
mialgia intensa, não responsiva a tratamento com opióide (Tramadol 2 mg/Kg/TID). Este animal fazia
uso de outras medicações, pois estava em tratamento de Erliquiose (doxiciclina 10 mg/Kg/BID – 21 dias).
No dia 26 de Maio de 2009, foi realizada a primeira sessão, com eletroacupuntura com seis agulhas, todas
sob o canal da bexiga cervical, alterando a frequência e a intensidade a cada cinco minutos (2,5 Hz a 100
Hz). O animal estava com tanta dor, que dificultava sua manipulação, foi indicado o uso de Coltrax®, um
relaxante muscular e após três dias, as doses de Tramadol foram diminuídas pela metáde. A terceira
sessão foi dia 08 de Junho, com melhora do quadro, dor muscular com menor intensidade incluído
sessões de massagem. Após uma semana (16/06) o animal fez outra sessão, com melhora significativa e
diminuiu a freqüência do Tramadol (1mg/Kg/ BID). Após três dias foram adicionados dois pontos: VB34
e o VB36, cortou-se o uso do Tramadol, passados mais 2 dias (21/06), cortou-se o uso de todas as
medicações, inclusive Coltrax ®. Como o animal voltou as suas atividades, sem nenhum sinal de dor ou
desconforto, ele obteve alta.
DISCUSSÃO
A acupuntura, neste caso do relato, demonstrou a sua importância, desde o início do tratamento, já que as
doses do opióide foram reduzidas, até sua total retirada, com ausência de dor, em menos de 30 dias. O uso
de Coltrax® foi indicado pela acupunturista do Hospital Veterinário, no início de tratamento, porém
depois também foi vetado seu uso, já que animal não demonstrava mais sinais de dor. Esta ultima
medicação é indicada em tratamento das contraturas musculares das síndromes neurológicas e das
afecções reumáticas.
REFERÊNCIAS
1- ETTINGER, S.J.; Terapia pela acupuntura na clínica de pequenos animais – In: Tratado de medicina
interna veterinária: moléstias do cão e do gato, 3 ed. São Paulo: Manole, 1992, V.1, p.454-459; 2HAYASHI, A. M.; MATERA, 1. M. Acupuntura em pequenos animais. Acupuncture in small animais.
Acupuntura en pequeíios animaIes. Revista Educação Continuada, CRMV-SP, São Paulo, v.8, n. 2, p.
109-122, 2005; 3- WEN, T.S.; Acupuntura clássica chinesa, 2 ed. São Paulo: 225 p Cultrix, 1989.
UROLITÍASE EM ASININO – RELATO DE CASO
Souza, L.A1.; Eurides, D2.; Dias, T.A3*.; Oliveira, B.J.N.A1.; Silva, L.A.F4.; Ávila, D.F5. Santos, S.B6.
1- Doutorando em Ciência Animal, EV/UFG, bolsista do CNPq. 2- Professor Doutor em Cirurgia
Experimental, FAMEV/UFU. 3- Residente de Cirurgia, FAMEV/UFU. 4- Professor Doutor em Ciência
Animal, EV/UFG. 5- Residente de Clínica de Pequenos Animais, FAMEV/UFU. 6- Médica Veterinária,
EV/UFG
[email protected]
RESUMO
A urolitíase é a formação de cálculos em conseqüência da precipitação de minerais ou substâncias
orgânicas no trato urinário. Desenvolvem-se em machos e fêmeas similarmente, mas com características
obstrutivas principalmente nos machos, devido às diferenças anatômicas e hormonais. A nutrição e o
manejo são fatores predisponentes, e é comum entre os animais criados intensivamente. O objetivo deste
trabalho foi relatar um caso de urolitíase obstrutiva em um jumento macho da raça Pêga, dois anos e meio
de idade, castrado e criado em sistema extensivo. Ao exame clínico, foi diagnosticada por meio da
palpação peniana a presença de cálculo na uretra, associada à distensão vesical por acúmulo de urina. O
animal foi submetido à sondagem uretral na qual não se obteve sucesso. Indicada a uretrotomia para
remoção do material obstrutivo que apresentava cerca de 5cm de diâmetro e superfície irregular. Após
remoção do cálculo e sutura da uretra, o animal apresentou melhora na função urinária até o sétimo dia de
pós-operatório, quando lhe foi dado alta.
PALAVRAS-CHAVE: Asinino, cirurgia, sonda uretral, urólitos, uretra peniana
INTRODUÇÃO
A urolitíase é uma doença nutricional e ocorre devido à precipitação de minerais ou substâncias orgânicas
no trato urinário dos animais, cursando com obstrução parcial ou total da uretra por cálculos (RIETCORREA et al., 2001). Os fatores de risco envolvidos na formação dos cálculos são complexos e
multifatoriais. Estão associados ao confinamento, uso de dietas concentradas e desbalanceadas, castração,
deficiência de vitaminas A, fatores hormonais e doenças infecciosas do aparelho urinário (DÓRIA, et al.,
2007). Ocorre em ambos os sexos, porém nos machos à obstrução é presencial, devido à uretra longa,
estreita e sinuosa. Nos casos de obstrução os sinais são causados pela dor uretral, o animal fica inquieto,
agita a cauda, escoiceia o abdômen e faz força durante a micção, podendo apresentar prolapso retal.
Geralmente o animal apresenta gotejamento de urina corada de sangue e o apetite deprimido, mas as
funções intestinais estão normais. A uremia se torna grave e o animal progride para depressão séria, com
anorexia e desidratação. O diagnóstico da síndrome de urolitíase é baseado nos sinais clínicos, exame
físico direto e exames complementares (SMITH, 1993). O tratamento é duvidoso quanto ao prognóstico e
deve-se levar em conta o estágio da alteração, valor do animal e o custo/benefício (DÓRIA et al., 2007).
O tratamento cirúrgico envolve a uretrotomia com aplicação de sonda (SMITH, 1993). Em geral, é um
procedimento de salvamento e não confere resolução do problema em longo prazo, em razão das
estenoses e baixo desempenho reprodutivo no pós-cirúrgico e da origem da causa. O presente estudo teve
como objetivo descrever as condutas cirúrgicas e terapêuticas de urolitíase em asinino.
RELATO DE CASO
Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, um jumento da raça
Pêga com 2,5 anos de idade com 486Kg. O proprietário observou que o animal apresentava dificuldade
para urinar há mais de uma semana caracterizada por gotejamento e por não adquirir a posição normal de
micção. A urina apresentava-se esbranquiçada, com aspecto arenoso que escorria pelo prepúcio. O animal
era criado em sistema extensivo com ração de baixa qualidade e água fornecida em períodos prédeterminados do dia. Ao exame, observou o animal apático, deprimido e desidratado, além de caminhar
com dificuldade. As freqüências cardíacas e respiratórias estavam elevadas e notava-se aumento de
volume abdominal ventral. Com uma sonda uretral tentou-se a sondagem, porém apenas 10cm foi
introduzida. Durante a palpação da uretra peniana foi encontrado um cálculo de 5cm com superfície
irregular. Foram notadas alterações na urinálise, caracterizadas por urina fétida de coloração
sanguinolenta devido à presença de hemoglobina, além de piócitos e grande quantidade de oxalato de
cálcio. Sugeriu-se a uretrotomia para remoção do urólito. Sob efeito anestésico, foi realizada anti-sepsia
da glande e do corpo peniano. Em decúbito lateral direito foi introduzida uma sonda uretral no intuito de
visualizar a uretra e facilitar a execução da técnica. A uretra foi identificada após incisão de 7cm,
incisando pele e subcutâneo. Após a incisão o cálculo foi removido por uma pinça de allis e em seguida o
animal foi sondado permanecendo por três dias. Reconstituiu-se a uretra com sutura simples interrompida
empregando fio categute cromado n° 0, além de uma segunda linha de sutura realizada em padrão simples
contínuo com o mesmo fio. O tecido epitelial de revestimento foi reaproximado com pontos intradérmicos
com fio náilon n° 2-0. No pós-operatório foi prescrita benzilpenicilina procaína associada ao piroxican
durante cinco dias, além de curativos diários com nitrofurazona.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O animal atendido havia sido castrado quando novo, aumentando as possibilidades obstrutivas pela
deposição dos urólitos. Acrescente-se que a ingestão de água restrita ou perda desta pela sudoração pode
ter implicado inicialmente no aumento da concentração urinária, precipitando cristais insolúveis ou
supersaturando as substâncias nela contidas. Além disso, para Riet-Correa et al. (2001), a ingestão de
água alcalina esta envolvida com a doença, por aumentar a concentração de fósforo na urina e
consequentemente favorecer a precipitação dos fosfatos e influenciar no pH urinário. Segundo Pugh
(2002) em animais jovens castrados há um agravamento da situação devido ao pouco desenvolvimento
dos processos uretrais que são influenciadas pela testosterona produzida nos testículos. A maior
susceptibilidade é evidente sendo que a influência esta relacionada ao pequeno diâmetro uretral. Acreditase que a ração de má qualidade tenha contribuído para o processo, já que a mesma não apresentava
quantidades nutricionais balanceadas. Além disso, o desequilíbrio entre os teores de fósforo, cálcio e
magnésio contribuem para o desenvolvimento desta afecção. A hipovitaminose A é precursora da
formação de cálculos, por facilitar a queratinização do epitélio do sistema urinário, descamando as células
que vão servir de núcleo aos sais precipitados segundo Blood e Radostits (1991). Pugh (2002) afirmou
que a alimentação com concentrados, principalmente peletizados, favorece, também, a formação de
urólitos porque aumenta a concentração de mucoproteínas que formam a matriz orgânica para a deposição
de minerais. Outros fatores são os processos inflamatórios das vias urinárias, que favorecem o
aparecimento de cálculos à medida que alteram o pH da urina, formando compostos salinos insolúveis,
produzindo colóides estranhos à urina com pus e sangue conforme descrito por Smith (1993). Na urinálise
foi constata a presença de piócitos incontáveis, além da grande quantidade de hemoglobina caracterizando
um quadro de cistite hemorrágica. Segundo Blood e Radostits (1991) pastagens ricas em oxalatos ou
sílica contribuem efetivamente para o desenvolvimento do quadro obstrutivo por cristais de cálcio, o que
foi constatado na urinálise do animal. Pugh (2002) justificou que dietas com teores elevados de cálcio
diminuem a absorção de fósforo pelo trato gastrointestinal e aumentam a excreção renal. Durante a
síndrome da urolitíase podem ocorrer três entidades clínicas como a obstrução uretral, ruptura de uretra e
ruptura de bexiga segundo Smith (1993). Ressalte-se que no presente caso, apenas a obstrução da uretra
peniana foi observada. Smith (1993) relatou que ao longo de alguns dias, a uremia se torna grave e o
animal progride para depressão séria, anorexia, desidratação e provavelmente morte. Os animais afetados
podem separar-se voluntariamente do resto do rebanho, o que também foi relatado pelo proprietário do
caso aqui descrito. O diagnóstico foi baseado nos sinais clínicos, no exame físico direto e em exames
complementares. Ao exame físico, por meio da palpação da uretra peniana foi possível observar há
presença de cálculos na região, corroborando com as citações Blood e Radostits (1991). Schoenian (2005)
afirmou que o uso parenteral de antibióticos evita infecções secundárias, o que justifica o uso neste caso.
A sondagem da uretra e lavagem retrógada dos cálculos é uma opção nos casos em que a obstrução
permite a introdução da sonda conforme relatos de Pugh (2002). Neste caso não foi possível, devido à
obstrução total da uretra peniana. Porém, após a uretrotomia realizou a lavagem da bexiga com solução
salina e nitrofurazona líquida, tornando a urina límpida. A técnica de uretrotomia foi eficaz, pois facilitou
a retirada do cálculo e promoveu a desobstrução das vias urinárias. Em geral, é um procedimento de
salvamento e não confere resolução do problema em longo prazo. As principais complicações no pósoperatório são em razão das estenoses e baixo desempenho reprodutivo, além de não se saber realmente a
causa primária da doença. Acredita-se que diversos fatores estão inclusos, mas seria de extrema
importância conhecer o manejo empregado na propriedade, o que não foi possível neste caso. O controle
da urolitíase dependerá da manipulação da dieta afim de que haja um equilíbrio mineral. Além do
fornecimento de volumoso de boa qualidade e moderada quantidade de ração, pois aumentam a secreção
de saliva que é rica em fósforo e levam a excreção de fosfato pelo trato gastrointestinal, retirando o
excesso de cálcio presente na corrente sangüínea segundo Blood e Radostits (1991) e Pugh (2002). Pelo
tempo que foi possível acompanhar o animal, conclui-se que a técnica de uretrotomia peniana foi eficaz
na remoção do cálculo com desobstrução da via urinária, permitindo a micção normal após a remoção da
sonda com três dias de pós-operatório.
REFERÊNCIAS
1- BLOOD, D.C.; RADOSTITS, O.M. Clínica veterinária. 7.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1991. cap .15. p.424 – 463; 2- DÓRIA, R.G.S.; CANOLA, P.A.; DIAS, D.P.M.; PEREIRA, R.N.;
VALADÃO, C.A.A. Técnicas cirúrgicas para urolitíase obstrutiva em pequenos ruminantes: relato de
casos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e. Zootecnia, Belo Horizonte. v.59, n.6, p.14251432, 2007; 3- PUGH, D.G., DOENÇAS DE OVINOS E CAPRINOS. Saunders: Philadélfia, 2002.
p.267-271; 4- RIET-CORREA, F.; SCHILD, A.L.; MENDEZ, M.D.C.; LEMOS, R.A.A. Doenças em
Ruminantes e Eqüinos. São Paulo: Livraria Varela, 2001. v.2, p.561-565; 5- SCHOENIAN, S. Urinary
Calculi in Sheep and Goats. University of Maryland, 2005 Disponível em:
http://www.sheepandgoat.com/articles/urincalc.html Acesso em 16/08/09; 6- SMITH, B. P. Tratado de
Medicina Interna de Grandes Animais. São Paulo: Manole, 1993. v.1, p.894-899.
USO DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DA DOR CAUSADA POR LUXAÇÃO
TRAUMÁTICA ATLANTO OCCIPITAL EM UM CÃO – RELATO DE CASO
Rodrigues, C.G.¹*; Tannús, L.F.²; Castro, J.R.¹; Mendonça, C.S.3; Cesarino, M.1; Ávila, D.F.4
1- Mestranda do Curso de Pós Graduação em Ciências Veterinárias. 2- Médica Veterinária do Serviço de
Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. 3- Médica Veterinária
Administrativa do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. 4- Residente do Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia.
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RESUMO
A luxação traumática atlanto occipital é rara, de incidência desconhecida e está associada à elevada taxa
de mortalidade. O presente trabalho teve por objetivo relatar a ocorrência de uma luxação traumática
atlanto occipital em um cão e a utilização da acupuntura para aliviar a dor e auxiliar na melhora no quadro
clínico.
PALAVRAS-CHAVE: luxação traumática atlanto occipital, acupuntura, cão.
INTRODUÇÃO
A luxação traumática atlanto occipital é lesão rara e sua incidência exata permanece desconhecida
(BUCHOLZ, 1979). Os pacientes que sobrevivem a essa lesão apresentam quadro clínico variado que não
se correlaciona com o tipo da lesão atlanto occipital. Os sintomas incluem dor cervical associada à
limitação da mobilidade, torcicolo, paralisia dos nervos cranianos, sinais e sintomas sistêmicos de
isquemia da circulação vertebrobasilar, déficit neurológico e coma (DUBLIN, 1980; GABRIELSEN,
1966). Os sobreviventes com ausência completa de lesão neurológica são raros (GABRIELSEN, 1966). A
avaliação neurológica do paciente com lesão da coluna cervical é, muitas vezes, difícil, devido à presença
de traumatismo craniencefálico associado; a origem do déficit neurológico pode permanecer indefinida na
avaliação inicial (GERLOCK, 1983). Vários quadros neurológicos têm sido relatados e o mais freqüente é
o déficit neurológico completo (DiBENEDETTO, 1990). O diagnóstico de luxação traumática atlanto
occipital é freqüentemente realizado com base na combinação dos sinais e sintomas clínicos e nas
radiografias em perfil da coluna cervical (DiBENEDETTO, 1990). O presente trabalho teve por objetivo
relatar a utilização da acupuntura no tratamento da dor causada por luxação traumática atlanto occipital
em um cão e visualizar sua eficácia na recuperação da lesão.
RELATO DE CASO
Um cão, Poodle, cinco anos de idade, foi atendido no Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. O animal apresentava se com histórico de dor
cervical intensa. A anamnese revelou que o animal estava apático, com dificuldade em alimentar e beber
água normalmente. Não apresentava vômito e estava constipado. O proprietário não observou convulsões,
epistaxe, síncope e cianose, tosse, espirro, secreção nasal e ocular. Ao exame clínico, o animal
encontrava-se com mucosas normocoradas, leve grau de desidratação, linfonodos sem alterações de
volume, consistência e localização, com temperatura dentro dos parâmetros de normalidade e auscultação
com bulhas rítmicas e normofonéticas. Ao exame neurológico não foi possível observar as reações
posturais do animal devido à ausência de movimento. No membro pélvico foi avaliado o reflexo patelar e
reflexo de retirada e no membro torácico o reflexo tricepital, reflexo bicepital e reflexo de retirada. Em
todos os testes o animal se encontrava em decúbito lateral. Os resultados destes testes mostraram que os
reflexos espinhais eram exagerados e apresentava tônus muscular aumentado (espasticidade) indicando
anormalidade nos trajetos descendentes do cérebro e do cordão espinhal que inibem normalmente os
reflexos (neurônio motor superior). O reflexo panicular foi realizado com estímulo feito com uma agulha
nas costas do animal, começando na região da quinta vértebra lombar e continuando em sentido cranial. A
avaliação sensorial da dor profunda foi feita com uma pinça hemostática no espaço interdigital. Ambas as
avaliações mostraram diminuição da resposta ao estímulo doloroso. Foi realizada radiografia simples da
coluna cervical onde foi possível diagnosticar a luxação atlanto occipital decorrente de trauma. Foi
indicado tratamento com acupuntura para aliviar a dor e auxiliar na recuperação da patologia. Iniciou se a
primeira sessão com Shiatzu, em seguida foi colocada uma agulha no Ho Hai com estimulação mecânica
por 5 minutos. Em seqüência foram colocadas oito agulhas na região cervical sobre o canal da bexiga e
duas agulhas no ponto VG 20. Instituiu-se eletroacupuntura nos pontos VG 20 e nos pontos de bexiga já
citados. Usou se 2,5 Hz ate 100 Hz alterando freqüência e intensidade a cada 5 minutos. A segunda sessão
foi realizada após quatro dias e a terceira, quarta e quinta sessão realizadas 7, 14, 21 dias respectivamente
após a segunda sessão. Nas sessões 2, 3 e 4 foram repetidos os procedimentos executados na primeira
sessão. Na quinta sessão foram colocadas 6 agulhas cervicais, nas quais utilizaram as técnicas de
eletroacupuntura idêntica a anterior, F8 B23 e B18.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No dia seguinte a primeira sessão, o animal apresentou discreta melhora na movimentação dos membros
torácicos e melhora significativa nos membros pélvicos, com evacuação normal. Dois dias após a
primeira sessão voltou a andar e correr, porém deambulando e apresenta-se sem dor. Na quarta sessão o
animal estava super bem, às vezes desequilibrava, porém voltou a fazer todas as atividades rotineiras. Na
quinta sessão o animal não apresentava qualquer sinal de alteração e recebeu alta. O diagnóstico de
Luxação Traumática Atlanto Occipital por meio das radiografias simples apresenta baixa sensibilidade e
especificidade. É necessária técnica adequada para a realização do exame, assim como posicionamento
em perfil verdadeiro, para a identificação confiável das estruturas ósseas utilizadas na avaliação (BULAS,
1993). Um método confiável de avaliar a presença dessa luxação, quando o diagnóstico não pode ser
realizado por meio de radiografias simples em perfil da coluna cervical, é a tomografia computadorizada,
a qual fornece melhor visualização da articulação atlanto occipital (GERLOCK, 1983). A ressonância
magnética pode mostrar também avulsões ligamentares, mas é mais útil para diagnosticar a presença de
hematomas associados, lesões de tecidos moles e a integridade dos elementos neurais (GUIGUI et al.,
1995; SCOTT, 1990). O tratamento na fase aguda tem como principal objetivo a manutenção das funções
vitais e a imobilização da coluna vertebral. A redução e o realinhamento da luxação podem causar lesões
acidentais e devem ser cuidadosamente realizadas e sob exame radiológico ou fluoroscópico
(PRZYBYLSKI, 1990; MATAVA, 1993). No nosso trabalho a acupuntura se mostrou útil como
tratamento da lesão e evitou o uso prolongado de medicamento, o que poderia acarretar outros danos à
saúde do animal.
REFERÊNCIAS
1- Bucholz R.W., Burkhead W.Z. The pathological anatomy of fatal atlanto-occipital dislocations. The
Journal of Bone and Joint Surgery American, Massachusetts, v. 61, n. 2, p. 248-50, 1979; 2- Bulas
D.I., Fitz C.R., Johnson D.L. Traumatic atlanto-occipital dislocation in children. Radiology, United
States, v. 188, n. 1, p. 155-8, 1993; 3- DiBenedetto T., Lee C.K. Traumatic atlanto-occipital instability. A
case report with follow-up and a new diagnostic technique. Spine Journal, Philadelphia, v. 15, n. 6, p.
595-7, 1990; 4- Dublin A.B., Marks W.M., Weinstock D., Newton T.H. Traumatic dislocation of the
atlanto-occipital articulation (AOA) with short-term survival. With a radiographic method of measuring
the AOA. Journal of Neurosurgery, Charlottesville, v. 52, n.4, p. 541-6, 1980; 5- Gabrielsen T.O.,
Maxwell J.A. Traumatic atlanto-occipital dislocation; with case report of a patient who survived. The
American Journal of Roentgenology Radium Therapy Nuclear Medicine, Springfield, v. 97, n. 3, p.
624-9, 1966; 6- Gerlock A.J. Jr, Mirfakhraee M., Benzel E.C. Computed tomography of traumatic
atlantooccipital dislocation. Neurosurgery, Massachusetts, v. 13, n.3, p. 316-9, 1983; 7- Guigui P.,
Milaire M., Morvan G., Lassale B., Deburge A. Traumatic atlantooccipital dislocation with survival: case
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cases. Spine Journal, Philadelphia, v. 18, n. 13, p. 1897-903, 1993; 9- Przybylski G.J., Clyde B.L., Fitz
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Spine Journal, Philadelphia, v. 21, n. 15, p. 1761-8, 1996; 10- Scott E.W., Haid R.W. Jr, Peace D. Type I
fractures of the odontoid process: implications for atlanto-occipital instability. Case report. Journal of
Neurosurgery, Charlottesville, v. 72, n. 3, p. 488-92, 1990.
USO DE VACAS NELORES PARIDAS COMO RECEPTORAS DE EMBRIÕES SENEPOL
Nascimento, C.C.N.1*; Santos, R.M. 2; Osava, C.F.1; Hirano, L. Q. L.1; De Simone B. S. S.1; Ribeiro, C. S.
M.3; Nunes, L.O.3
1- Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal de
Uberlândia. 2- Professor Adjunto da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia. 3- Médico Veterinário. Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia Av. Pará, 1720, Campus Umuarama - Bloco 2T, CEP 38400-902. Uberlândia, MG.
[email protected]
RESUMO
Visando aumentar a eficiência reprodutiva, algumas biotecnias como sincronização de cio e de ovulação,
inseminação artificial (IA) e transferência de embrião (TE) são utilizadas no manejo reprodutivo. O
presente trabalho objetivou avaliar a viabilidade do uso de matrizes Nelores paridas como receptoras de
embriões Senepol. Foram utilizadas 700 vacas da raça Nelore paridas, divididas em dois grupos, sendo
que o grupo IA foi inseminado artificialmente com sêmen de touro Nelore no dia 11 do protocolo e o
grupo TE recebeu embriões frescos e descongelados de Senepol pela técnica não cirúrgica no dia 18 do
protocolo. Não foi detectou-se diferença entre os grupos (P>0,10) na taxa de concepção à primeira
inseminação ou transferência de embrião, taxa de gestação ao final da estação de monta e nos dias médios
para ficar gestante, após início da estação de monta.
PALAVRAS-CHAVE: Bovinos de corte. Inseminação artificial em tempo fixo. Transferência de
embriões.
INTRODUÇÃO
Visando aumentar a eficiência reprodutiva, algumas biotecnias como sincronização de cio e de ovulação,
inseminação artificial (IA) e transferência de embrião (TE) são utilizadas no manejo reprodutivo. A
sincronização do cio é um método que objetiva sincronizar a ovulação, para possibilitar a IA e TE em
horários pré-determinados, sem a detecção do cio, potencializando assim, o sucesso na aplicação dessas
técnicas em bovinos (MIKESKA; WILLIANS, 1998). As principais vantagens da utilização da IA, de
acordo com a ASBIA (2004), são: melhoramento rápido e eficiente, possibilidade de acasalamentos
genéticos dirigidos, controle de doenças, prevenção de acidentes que podem ocorrer quando na cobertura
natural, aumento do número de descendentes de um reprodutor, padronização do rebanho e possibilidade
do reprodutor gerar descendentes mesmo depois de morto. A importância básica da TE para a produção
animal consiste na possibilidade de uma fêmea produzir um número de descendentes superior ao que seria
possível obter fisiologicamente durante sua vida reprodutiva e possibilidade de equacionar problemas de
ordem genética e sanitária, contribuindo também para ampliar os conhecimentos de fisiologia, patologia e
endocrinologia decorrente da relação entre embrião, órgãos genitais internos e sistema nervoso central.
Num programa de TE, geralmente, tem-se cuidado extremado com as doadoras e relegam-se as receptoras
a um segundo plano (FERNANDES, 1994). Face ao mencionado, objetivou-se testar a viabilidade do uso
de matrizes Nelores paridas, raça com boa adaptabilidade às condições tropicais, alta qualidade de carne e
precocidade, como receptoras de embriões Senepol.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Fazenda Santa Terezinha, localizada na cidade de Uberlândia, MG, durante a
estação de monta (EM), que ocorreu no período de 01 de Outubro a 30 de Novembro de 2006, totalizando
61 dias de estação. Foram utilizadas 700 vacas paridas da raça Nelore, divididas em dois grupos: IA e TE.
Ambos os grupos foram tratados com 2 diferentes protocolos para sincronização de cio (Figura 1). O
grupo IA, composto por 481 vacas, foi inseminado artificialmente com sêmen de touro Nelore no dia 11
do protocolo, enquanto o grupo TE, composto por 219 vacas, recebeu embriões frescos e descongelados
de Senepol pela técnica não cirúrgica no dia 18. O diagnóstico de gestação foi realizado nos dois grupos
através de exame ultrassonográfico aos 35 dias após a IA ou TE, ou seja, aos 46 dias do protocolo no
grupo IA e aos 53 dias no grupo TE. As matrizes diagnosticadas como vazias foram submetidas a novos
protocolos de sincronização e novamente inseminadas (grupo IA) ou receberam novos embriões (grupo
TE). Os resultados foram analisados pelo Statistical Analyses System SAS (SAS, 2001). As taxas de
concepção e gestação foram analisadas por regressão logística, por meio do programa Logistic, incluindose no modelo o efeito de grupo. A variável contínua, intervalo do início da estação de monta até a
concepção foi analisada por programa GLM e foi incluído no modelo o efeito de grupo.
Figura 1. Sincronização de cio em vacas paridas da raça Nelore, utilizando dois protocolos nos grupos IA
e TE, na Fazenda Santa Terezinha, cidade de Uberlândia, MG.
Dia 0
Dia 9
Dia 11
Dia 18
IA
TE
CIDR1 9 dias
Estrogin2
2 ml
ECP 3 + Preloban4
0,3 ml
2 ml
1
-dispositivo intravaginal liberador de progesterona; 2- benzoato de estradiol 0,005g; 3- cipionato de
estradiol 2mg/ml; 4- análogo sintético de PGF2α 0,075 mg.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não foram detectadas diferenças entre os dois grupos (p>0,10) na taxa de concepção à primeira
inseminação ou transferência de embrião e na taxa de gestação ao final da estação de monta e nos dias
médios para ficar gestante, após início da EM (Tabela 1).
Tabela 1. - Taxa de concepção à primeira inseminação ou transferência de embrião, taxa de gestação ao
final da estação de monta e dias médios para ficar gestante nos grupos IA e TE, durante a estação de
monta de 2006 da Fazenda Santa Terezinha, Uberlândia, MG.
Grupo
Taxa de Concepção à Primeira Taxa de Gestação ao Final da Dias Médios para Ficar
IA ou TE
EM
Gestante
IA
46,77% (225/481)
56,76% (273/481)
18,30±0,96
TE
41,55% (91/219)
55,71% (122/219)
19,87±1,44
p
0,198
0,795
0,803
A taxa de concepção à primeira inseminação no grupo IA está de acordo com os dados apresentados na
literatura para vacas Nelore submetidas a protocolos de inseminação artificial em tempo fixo
(BARUSELLI et al., 2002; PEREZ et al., 2004; LOSI et al., 2005; MENEGHETTI et al., 2005). No
grupo TE a taxa de concepção também está de acordo com os dados apresentados na literatura (PERES et
al., 2006). Já a taxa de gestação ao final de 61 dias de estação de monta, para os grupos IA e TE, 56,76%
e 55,71%, respectivamente, foi menor que os dados apresentados na literatura (SILVA et al., 2005),
provavelmente porque a estação de monta do presente estudo foi mais curta que a utilizada
rotineiramente, que varia de 90 a 120 dias. Concluiu-se assim, que vacas paridas podem ser utilizadas
como receptoras de embriões sem perda da eficiência reprodutiva. Fato esse que proporciona
vantagens para os criadores, uma vez que incrementa o lucro da atividade com o nascimento de
bezerros de genética superior, além disso diminui-se a necessidade de inclusão de novas fêmeas no
rebanho para serem utilizadas exclusivamente como receptoras e reduz os riscos sanitários.
REFERÊNCIAS
1- ASBIA. Associação Brasileira de Inseminação Artificial. Aplicativo para cálculo do custo da monta
natural e da inseminação artificial em bovinos. São Paulo: Imagem Rural, 2004; 2- BARUSELLI, P. S. et
al. Efeito de diferentes protocolos de inseminação artificial em temp fixo na eficiência reprodutiva de
vacas de corte lactantes. Revista Brasileira de Reprodução Animal, 26, 218-221, 2002; 3FERNANDES, C. A. C. Efeito do tratamento com hormônio folículo estimulante (FSH) sobre a taxa
de gestação de novilhas mestiças usadas como receptoras de embrião. 1994. 63 f. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 1994; 4- LOSI, T. C. et al. Protocolos de
sincronização de ovulação a base de P4 e estradiol, em vacas de corte paridas. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL, 16., 2005, Goiânia. Anais... Goiânia: UFG, 2005. p. 187;
5- MENEGHETTI, M. et al. Uso de protocolo de IATF associado a diagnostico precoce de gestação e
ressincronização como estratégia para maximizar o número de vacas gestantes por IA em estação de
monta reduzida. A Hora Veterinária, 147, 25-27, 2005; 6- MIKESKA, J. L.; WILLIANS, G. L. Timing
of preovulatory endocrine events, estrus and ovulation in BRAHMAN X HEREFORD females
synchronized with norgestomet and estradiol valerate. Journal of Animal Science, 66, 939-946, 1998;
7PEREZ G. C. et al. Effect of eCG and/or calf removal after CRESTAR protocol in Nellore cows. Journal
of Animal Science, 82, 371, 2004; 8- PERES, L. C. et al. Fatores que afetam a taxa de prenhez em
programas de tranferência de embriões em tempo fixo. Acta Scientiae Veterinariae, 34, 518, 2006; 9SAS. User’s Guide Statistics. Statistical Analyses System Institute, Inc. Versão 8.02, Cary, NC. 2001;
10- SILVA, A. T. N. et al. Efeito de diferentes estratégias de manejo na distribuição da prenhez em vacas
paridas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL, 16., 2005, Goiânia. Anais...
Goiânia: UFG, 2005. p. 158.
UTILIZAÇÃO DA ACUPUNTURA PARA O TRATAMENTO DA CERVICALGIA EM UM CÃO
– RELATO DE CASO
Rodrigues, C.G.¹*, Tannús, L.F.², Ferreira, C.G.³; Castro, J.R.¹, Mendonça, C.S.4, Cesarino, M.1, Ávila,
D.F.5, Dias, T.A.5, Fernandes, C.C.5, Noleto, P.G.5, Faria, A.B.6
1- Mestranda do Curso de Pós Graduação em Ciências Veterinárias. 2- Médica Veterinária do Serviço de
Acupuntura do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. 3- Professor Doutor da
Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 4- Médica Veterinária
Administrativa do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. 5- Residente do Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. 6- Médico Veterinário Mestre em Clínica Animal
com ênfase em Acupuntura Veterinária.
[email protected]
RESUMO
A acupuntura é muito utilizada para pacientes com cervicalgia, porém há uma carência de informação a
respeito de sua efetividade em cuidados médicos de rotina. O objetivo deste trabalho foi investigar a
eficiência da acupuntura juntamente com tratamento medicamentoso para controlar a dor cervical em um
cão.
PALAVRAS-CHAVE: cervicalgia, acupuntura, cão.
INTRODUÇÃO
As causas mais comuns de cervicalgia estão associadas a contraturas e distensões musculares. Como é
uma região de intensa mobilidade, pela qual passam estruturas nobres, a musculatura da região fornece
mobilidade e suporte, mas é vulnerável a lesões. A clínica nestes casos é típica de defesa e rigidez de
movimento - sem irradiação com padrão de raiz nervosa. A mobilidade espontânea é reduzida e a
mobilidade passiva é bloqueada. A palpação do(s) músculo(s) afetado(s) desencadeia dor (KRISS;
KRISS, 2000; CROFT, 1999; WILLIAMS, 2001; SIM; LACEY; LEWIS, 2006). A indicação de raio x
simples da região cervical é o mais apropriado exame (TEXEIRA et al., 2001). Pacientes que apresentam
sinais neurológicos (impotência funcional – particularmente quando progressiva, parestesisas e
hiperestesias, contratura antálgica), com Rx simples normal, devem ser avaliados com Ressonância
Magnética ou Tomografia Axial Computadorizada (TEXEIRA et al., 2001; KRAYCHETE et al., 2003).
Quando o Rx simples sugere lesão óssea com diminuição do espaço intervertebral e sintomas
neurológicos, também deve ser realizado a Ressonância Magnética ou a Tomografia Axial
Computadorizada (TEXEIRA et al., 2001; KRAYCHETE et al., 2003). O objetivo deste trabalho foi
investigar a eficiência da acupuntura juntamente com tratamento medicamentoso para aliviar a dor
cervical de um cão.
RELATO DE CASO
Um canino, 5 anos , Pinsher, foi atendido no Hospital Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia
com diagnóstico de cervicalgia. Durante o exame clínico o animal apresentou se com déficit de
propriocepção no antímero esquerdo e tetraparesia. Foi instituído o tratamento com acupuntura,
analgésico e relaxante muscular. A primeira sessão foi iniciada com eletroacupuntura no BA FENG e no
BA XIÊ do antímero esquerdo, utilizando 2,5 Hz por 10 minutos. Em seguida foram colocadas 10 agulhas
na região cervical sobre o canal da bexiga, eletroacunpuntura com 2,5 a 150 Hz, alterando intensidade e
freqüência a cada 5 minutos nos pontos VB34 e E36. Após 4 dias foi realizada a segunda sessão com os
mesmos procedimentos e nessa ocasião foi retirado o analgésico (cloridrato de tramadol, 2mg/kg, BID).
Decorrido 3 dias o animal voltou a andar e apresentava se sem dor. A terceira sessão foi realizada 7 dias
após a segunda sessão, repetindo os mesmos protocolos. O animal apresentou melhora clínica satisfatória,
retornando suas atividades rotineiras e recebeu alta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A identificação de irradiação da dor e o trajeto da mesma, direcionam o exame na busca de locais onde
possa haver comprometimento anatômico ou inflamatório (TEXEIRA et al., 2001; CROFT, 1999). Os
estudos sobre diagnóstico informam que pacientes sem achados anatômicos podem apresentar dor
cervical e que portadores de lesões anatômicas podem ser completamente assintomáticos (TEXEIRA et
al., 2001; CROFT, 1999). O uso de antiinflamatórios não hormonais e relaxantes musculares não
mostram efetividade clínica em pacientes com cervicalgia crônica (CHILDERS et al., 2005; CHOU,
PETERSON, HELFAND, 2004). O uso de analgésicos é adequado. Assim a personalização do manejo
dos pacientes que apresentam cervicalgia crônica é essencial para o sucesso (TAIMELA et al., 2000). O
uso de acupuntura tem-se mostrado efetivo em situações de cervicalgia crônica (TRINH et al., 2006).
REFERÊNCIAS
1- Childers, M.K.; Borenstein, D. Brown, R.L.; Gershon, S.; Hale, M.E.; Petri, M.; Wan, G.J. Low-dose
cyclobenzaprine versus combination therapy with ibuprofen for acute neck or back pain with muscle
spasm: a randomized trial. Current Medical Research Opinion, Columbia, v. 9 p. 1485-93. 2005; 2Chou, R.; Peterson, K.; Helfand, M. Comparative efficacy and safety of skeletal muscle relaxants for
spasticity and musculoskeletal conditions: a systematic review. Journal of Pain Symptom Manage,
Portland, v. 28, n. 2, p. 140-75, 2004; 3- Croft, P. Diagnosing regional pain: the view from primary care.
Baillière´s Clinical Rheumatology, Stafforshire, v. 13, n. 2, p. 231-242, 1999; 4- Kraychete, D.C.;
Sakata, R.K.; Tanajura, D.; Guimarães, A.C.; Angelim, M. Perfil clínico de pacientes com dor crônica do
ambulatório de dor do hospital universitário Professor Edgar Santos – UFBA. Revista Baiana de saúde
pública. (Salvador). v. 27, n. 2, p 185-195, 2003; 5- Kriss, T.C.; Kriss, V.M. Neck pain, primary care
work-up of acute and chronic symptoms. Geriatrics, Lexington, v. 55, n. 1, 2000; 6- Sim, J.; Lacey, R.J.;
Lewis, M. The impact of workplace risk factors on the occurrence of neck and upper limb pain: a general
population study. BMC Public Health, Staffrdshire, v. 6, p. 234, 2006; 7- Taimela, S. et al. Active
treatment of chronic neck pain: a prospective randomized intervention. Spine, Helsinki, v. 25, n. 8, p.
1021-7, 2000; 8- Teixeira, J.M.; Barros Filho, T.; Lin, T.Y.; Hamani, C.; Teixeira, W.G.J. Cervicalgias.
Revista Medica, São Paulo, v. 80, n. 2, p. 307-16, 2001; 9- Trinh, K.V.; Graham, N; Gross, A.R.;
Goldsmith, A.R.; Wang, E.; Cameron, I.D.; Kay, T. Acupunture for neck disorders. Cochrane
Colaboration. 19/07/2006; 10- Williams, N.H.; Wilkinson, C.; Russel, I.T.Extending the Aberdeen back
pain scale to include the whole spine: a set of outcome measures for the neck, upper and lower back.
Pain, Heslington, v. 94, n. 3, p. 261-74, 2001.
UTILIZAÇÃO DE POLHEXANIDA TÓPICA NO TRATAMENTO DE FERIDA ABERTA:
RELATO DE CASO
De Simone S. B. S.2; Santos A. L. Q.1; Arantes R. C.2*; Cardoso J. L.2
1- Docente Orientador, Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 2- Mestrando do Programa de Pós-graduação em
Ciências Veterinárias da Universidade Federal de Uberlândia. Av. Amazonas, n° 2245, Jardim
Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
[email protected]
RESUMO
O tratamento da ferida aberta através da cicatrização por segunda intenção é preferido quando o tempo
decorrido desde a injúria é significativo e o local da mesma está contaminado. Devido suas propriedades
de diferenciação celular, angiogênese e ação antimicrobiana, a molécula de Polihexanida surge como
alternativa adjuvante no manejo clínico de lesões superficiais e profundas. Um gato mestiço de seis anos,
apresentando lesão na face lateral da coxa esquerda de oito cm de comprimento com seis cm de largura e
um cm de profundidade, com exposição da musculatura, foi tratado exclusivamente com a administração
tópica de Polihexanida. Observou-se redução dos mesmos decorridos quarenta e cinco dias de tratamento,
onde o processo o cicatricial havia completando-se. A referida molécula mostrou-se efetiva na remissão
do quadro clínico apresentado, por auxiliar na cicatrização da lesão em tempo hábil.
PALAVRAS-CHAVE: Cicatrização, felinos, lesão.
INTRODUÇÃO
Segundo Swaim e Bohling (2008) feridas abertas demonstram um problema na clínica veterinária
exigindo custos elevados e tratamentos ineficazes e ultrapassado. O tempo decorrido desde a injúria e a
contaminação do local afetado em uma ferida de pele, inviabiliza sua redução através de sutura. Em tal
situação deve-se objetivar uma cicatrização por segunda intenção (HEDLUND, 2005). A localização
anatômica, idade, estado nutricional, alterações cardiocirculatórias, de coagulação, uso de drogas
sistêmicas, ressecamento do leito da ferida influenciam no processo cicatricial (PAGNANO et al., 2009).
Nesse contexto, a velocidade da intervenção, está diretamente ligada ao sucesso da recuperação. Como
alternativa ao tratamento de lesões superficiais e profundas surgiu a molécula de Polihexanida, esta
mostrou-se eficaz por apresentar amplo espectro de ação antimicrobiana, por meio de mecanismos de
agregação, mediada pelos seus núcleos catiônicos de biguanida, os quais reduz a contaminação,
conferindo menor irritabilidade aos tecidos lesados (BORDIGNON et al., 2006). O objetivo do presente
trabalho foi descrever a evolução clínica da cicatrização por segunda intenção, de uma ferida profunda e
extensa, mediante tratamento tópico com a molécula de Polihexanida.
RELATO DE CASO
Um gato mestiço deu entrada na Clínica Veterinária Zoomania, município de Ituiutaba, Minas Gerais.
Durante a anamnese, observou-se que a lesão na face lateral da coxa esquerda do referido animal, media
oito cm de comprimento, seis cm de largura e um cm de profundidade, com exposição de sua
musculatura, sem sinais de inflamação, no entanto apresentava um bom estado de saúde. Limpou-se
inicialmente a ferida através de tricotomia e solução fisiológica, para tal procedimento, o espécime em
questão foi anestesiado, através da associação tiletamina zolazepam, na dose de 0,06ml/kg intamuscular.
Realizou-se curativos diários administrando topicamente uma solução de Polihexanida juntamente com a
exerese de debris da borda da lesão, após tal procedimento utilizava-se um gel de mesma composição da
solução. Durante o tratamento o local lesado permaneceu coberto por atadura crepe, a fim de evitar
contaminações. Decorridos quinze dias os curativos passaram a ser realizadas em dias alternados.
Manteve-se o gato confinado em recinto individual, tendo a sua disposição ração e água de boa qualidade,
não administrando qualquer outro medicamento parenteral ou oral. O mesmo foi mantido nestas
condições até completa remição do quadro clínico.
DISCUSSÃO
Traumatismos de várias etiologias são freqüentemente considerados os principais desencadeadores de
feridas cutâneas, sendo de grande importância a diversidade de opções de tratamento (MENEZES et al.,
2008). Segundo Coelho et al. (1999), a seleção de um curativo apropriado para favorecer a cicatrização de
ferida demanda conhecimento das diversas categorias disponíveis, devendo-se entender os princípios de
desenvolvimento dos mesmos, como também as qualidades de cada produto individualmente. Segundo
Oliveira et al. (2006), o aminoácido arginina, conhecido como um importante mediador no processo de
crescimento e diferenciação celular, além de precursor de óxido nítrico, promove efeito relaxador nos
vasos sanguíneos, acelerando o processo cicatricial, promovendo angiogenese e, conseqüentemente,
vitalidade ao endotélio vascular. Tais vantagens também são observadas na Polihexanida por similaridade
estrutural. Optou-se pelo uso de tal molécula no referido paciente em função de sua indicação no
tratamento de feridas contaminadas, colonizadas ou infectadas, haja vista seu poder antimicrobiano, no
qual propicia condições ideais para a cicatrização (OLIVEIRA et al., 2006). Através da formação
gradativa de tecido de granulação da periferia para o centro do leito da ferida com conseqüente redução
do diâmetro da mesma, pôde-se observar evolução do processo cicatricial. Decorridos quarenta e cinco
dias, observou-se uma área de pele retraída, ao redor de uma área circular lisa e esbranquiçada,
provavelmente constituída por tecido conjuntivo fibroso, sugerindo haver completado o processo
cicatricial. Conclui-se então que a administração tópica da molécula de Polihexanida, sem associação
medicamentosa mostrou-se efetiva no tratamento da lesão presente no exemplar em questão, por permitir
a cicatrização em tempo viável.
REFERÊNCIAS
1- BORDIGNON, J. C. P. et al. Polibiguanidas nas feridas: uma experiência bem-sucedida. In:
CONGRESSO PAN-AMERICANO E CONGRESSO BRASILEIRO DE CONTROLE DE INFECÇÃO
E EPIDEMIOLOGIA HOSPITALAR, 6., 2006, Porto Alegre. Anais...Porto Alegre: AB Eventos, 2006.
p. 906; 2- COELHO, M.C.O.; REZENDE, C. M. F.; TENÓRIO, A. P. M. Contração de feridas após
cobertura com substitutos temporários de pele. Ciência. Rural, Santa Maria, v. 29, n. 2, p. 297-303,
1999; 3- HEDLUND, C.S. Cirurgia do Sistema Tegumentar. In: FOSSUM, T. W.. et. al. Cirurgia de
Pequenos Animais. 2. ed. São Paulo: ROCA, 2005. 1632 p; 4- MENEZES, F. F. et al. Avaliação clínica
e aspectos histopatológicos de feridas cutâneas de cães tratados com curativo temporário de pele.
PubVet, v. 2, n. 4, 2008; 5- OLIVEIRA, J. P. et. al. As bases moleculares do efeito degermante das
polibiguanidas nas bactérias. In: CONGRESSO PAN-AMERICANO E CONGRESSO BRASILEIRO
DE CONTROLE DE INFECÇÃO E EPIDEMIOLOGIA HOSPITALAR, 6., 2006, Porto Alegre.
Anais...Porto Alegre: AB Eventos, 2006. p. 909; 5- PAGNANO, L. O. et. al. Aspectos básicos do
processo cicatricial e fatores gerais relacionados com a reparação tecidual. Revista Científica Eletrônica
de
Medicina
Veterinária,
2009.
Disponível
em:
http://www.revista.inf.br/veterinaria12/revisao/centro.htm. Acesso em: 5 out. 2009, 20:08:59; 6- SWAIM,
S.; BOHLING, M. Avances en el tratamiento de las heridas en pequeños animales. Veterinary Focus,
Greek, v. 18, n. 1, p.17-23, 2008.
Figura 1: Fotografias do tratamento de ferida aberta com Polihexanida. A, primeiro dia de tratamento; B,
Cicatrização plena da ferida após o tratamento.
UTILIZAÇÃO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO E DIAGNÓSTICO
PRECOCE DE GESTAÇÃO PARA REDUZIR A DURAÇÃO DA ESTAÇÃO DE MONTA EM
VACAS DA RAÇA NELORE
Campos, C.C.*1; Carneiro, L.C.2; Santos, R.M.3
Faculdade de Medicina Veterinária
Universidade Federal de Uberlândia
Uberlândia-MG
CEP 38.400-902
[email protected]
RESUMO
Foram utilizadas 110 vacas da raça Nelore da Fazenda Experimental Capim Branco, da Universidade
Federal de Uberlândia, mantidas a pasto e com sal mineral ad libitum. As vacas foram submetidas à
avaliação do escore de condição corporal (ECC) e tratadas com o seguinte protocolo: Dia 0 - inserção de
dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR®) + injeção de 0,5 ml de cipionato de estradiol (ECP®);
Dia 7 - aplicação de 2,5 ml de prostaglandina (Lutalyse®); Dia 9 - retirada do CIDR® + injeção de 0,5 ml
de ECP® + remoção de bezerros; Dia 11 - IATF + retorno dos bezerros. As vacas que retornaram ao cio
antes do diagnóstico de gestação foram re-inseminadas 12 horas após a detecção. Das 110 matrizes
trabalhadas, 87 ficaram gestantes (79%). Desde a estação de monta (EM) 2006/2007, quando o protocolo
ainda não era utilizado, até a EM 2008/2009, o protocolo foi eficaz em reduzir a duração da EM de 149
para 90 dias, uma diferença de 59 dias.
PALAVRAS-CHAVE: bovinos, inseminação artificial, sincronização.
INTRODUÇÃO
Várias técnicas da pecuária têm sido desenvolvidas com o intuito de otimizar o desempenho reprodutivo
dos rebanhos, resultando em um aumento na produção e na lucratividade da atividade. A inseminação
artificial (IA) é uma ferramenta disponível para atingir tal objetivo, além de promover o melhoramento
genético em curtos intervalos de tempo, padronização do rebanho, controle de doenças sexualmente
transmissíveis, diminuição dos custos com touros reprodutores, etc. Outros fatores como nutrição, idade,
manejo adequado e sanidade dos animais devem ser considerados para que os benefícios da IA possam
ser concretos. A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) então torna-se uma alternativa viável para
solucionar os problemas de detecção de cio e aumentar a eficiência da IA, pois permite inseminar um
grande número de animais em dias pré-estabelecidos e concentrar o período de nascimento dos bezerros,
facilitando o manejo, obtendo um melhor aproveitamento da mão-de-obra e, principalmente, eliminando a
necessidade de detecção do cio dos animais. Numerosos protocolos de sincronização de cio usando
PGF2α, GnRH e/ou progestágenos foram desenvolvidos para induzir ciclicidade e sincronizar com sucesso
o cio em vacas de corte (THOMPSON et al., 1999; LAMB et al., 2001, STEVENSON et al.,2003b). O
objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização de um protocolo de IATF e do diagnóstico precoce da
gestação para reduzir a estação de monta (EM) em vacas Nelore (Bos taurus indicus), bem como
concentrar os nascimentos dos bezerros em uma época mais adequada do ano.
METODOLOGIA
Foram utilizadas 110 matrizes da raça Nelore pertencentes à Fazenda Experimental Capim Branco, da
Universidade Federal de Uberlândia, mantidas a pasto de Brachiaria decumbens, recebendo sal mineral
ad libitum. As vacas foram submetidas à avaliação do escore de condição corporal (ECC), sendo incluídas
no protocolo aquelas acima de 2,25 (1 = muito magra, 5 = muito gorda); segundo Edmonson et al. (1989).
Os lotes de vacas a serem inseminadas foram formados de acordo com os dias pós-parto. Aquelas com
mais de 30 dias pós-parto foram submetidas ao exame ultra-sonográfico e classificadas pela presença ou
ausência de corpo lúteo. Como todas as vacas foram inseminadas, após a detecção de cio ou em tempo
fixo, 28 a 32 dias após a inseminação dos lotes sincronizados foi realizado o diagnóstico de gestação, por
ultra-sonografia e as vacas vazias foram re-sincronizadas. As vacas foram submetidas ao seguinte
protocolo: Dia 0 - inserção de dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR®) + injeção de 0,5 ml de
cipionato de estradiol (ECP®); Dia 7 - aplicação de 2,5 ml de prostaglandina (Lutalyse®); Dia 9 - retirada
do CIDR + injeção de 0,5 ml de ECP + remoção de bezerros; Dia 11 - IATF + retorno dos bezerros com
as vacas. Todas as vacas que retornaram ao cio antes do diagnóstico de gestação foram re-inseminadas 12
horas após a detecção. Foram utilizadas doses de sêmen de um único touro, também da raça Nelore.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Da primeira EM para a segunda, houve uma redução de 44 dias, já da segunda para a terceira, a redução
foi de 15 dias. Ao final das três EM, a redução totalizou em 59 dias, alcançando o objetivo proposto
(tabela 1).
Tabela 1: Duração em dias das estações de monta e resultado da taxa gestação ao final de cada estação de
monta, Fazenda Experimental Capim Branco, Uberlândia-MG, 2009.
ESTAÇÃO
DE TIPO DE
VACAS
DURAÇÃO
MONTA
MANEJO
GESTANTES n (%)
Observação e cio e IA
2006/2007
149 dias
80/113 (70,8%)
Convencional
IATF e diagnostico precoce da
2007/2008
105 dias
84/113 (74,3%)
gestação
IATF e diagnostico precoce da
2008/2009
90 dias
87/110 (79,0%)
gestação
A EM de 2008/2009 teve duração de 90 dias, com um total de 110 vacas, destas 91 eram vacas paridas e
19 eram vacas solteiras. No final da estação, das 91 vacas paridas, 70 ficaram prenhes (76,9%) e 21
ficaram vazias (23,1%). Duas vacas foram descartadas por baixa produção de leite. Das 19 vacas
solteiras, 17 ficaram prenhes (89,4%) e 2 terminaram vazias (10,6%), portanto foram descartadas por não
conceberem por duas estações de monta consecutivas. A taxa de prenhez ao final da EM 2008/2009 foi de
76,9%. Esses resultados estão de acordo com os reportados por Meneghetti et al.(2009) que encontrou
uma taxa de prenhez satisfatória (40% a 55%) em vacas, utilizando o mesmo protocolo. As principais
vantagens de uma EM reduzida são a melhoria da fertilidade e da produtividade do rebanho. Reduzindose a duração da EM é possível identificar as fêmeas de melhor desempenho reprodutivo. As vacas mais
prolíficas tendem a parir no início da estação de nascimento (EN) e desmamam-se bezerros mais pesados.
Aquelas que, dadas as mesmas condições, não concebem ou tendem a parir no final do período devem ser
descartadas, pois fatalmente não irão conceber na próxima estação, e estarão prejudicando a
produtividade do rebanho. Assim, para a otimização da produtividade da cria, o produtor deve ter como
meta a obtenção de elevados índices de concepção (acima de 70%) nos primeiros 21 dias da estação de
monta e índices superiores a 90%, durante os dois primeiros meses de monta (VALLE; ANDREOTTI;
THIAGO, 1998). A duração da EN é semelhante à da EM, com uma pequena variação, pois depende da
duração de gestação de cada vaca. Os nascimentos da EN 2008/2009 ocorreram entre 17 de setembro de
2008 e 5 de janeiro de 2009, com duração de 110 dias. A EN 2009/2010 está prevista para 21 de setembro
de 2009 a 18 de dezembro de 2009, com duração aproximada de 88 dias. Esta estimativa foi feita
considerando a data da IA fértil mais 290 dias, equivalente ao período de gestação das vacas zebuínas. A
utilização do protocolo de IATF e do diagnóstico precoce de gestação foi eficiente na redução da estação
de monta, de 149 dias para 90 dias, sem comprometimento dos resultados, além de concentrar a próxima
estação de nascimento dos bezerros.
REFERÊNCIAS
1- EDMONSON, A.J., LEAN, I.J., WEAVER, L.D., FARVER, T., WEBSTER, G. A body condition
scoring chart for holstein dairy cows. Journal of Dairy Science; v.72, p.68-78, 1989; 2- LAMB, G. C.,
STEVENSON, J. S., KESLER, D. J., GARVERICK, H. A., BROWN, D.R. and SALFEN, B. E.
Inclusion of an intravaginal prosgesterone insert plus GnRH and prostaglandin F2α for ovulation control in
postpartum suckled beef cows. Journal of Animal Science; v.79, p.2253-2259, 2001; 3MENEGHETTI, M., SÁ FILHO, O.G., PERES, R.F.G., LAMB, G.C. and VASCONCELOS, J.L.M.
Fixed-time artificial insemination with estradiol and progesterone for Bos indicus cows I: Basis for
development of protocols. Theriogenology; v.72, p.179–189, 2009; 4- STEVENSON, J. S., LAMB, G.
C., JOHNSON, S. K., MEDINA-BRITOS M. A., GRIEGER D. M., HARMONEY K. R., CARTMILL J.
A., EL-ZARKOUNY S. Z., DAHLEN C.R. and MARPLE T. J. Supplemental norgestomet, progesterone,
or melengestrol acetate increases pregnancy rates in suckled beef cows after timed inseminations.
Journal of Animal Science, v.81, p.571–586, 2003b; 5- THOMPSON, K. E., STEVENSON, J. S.,
LAMB, G. C., GRIEGER, D. M., and LÖEST, C. A. Follicular, hormonal, and pregnancy responses of
early postpartum suckled beef cows to GnRH. Norgestomet, and PGF2α. Journal of Animal Science,
v.73, p.3141-3151, 1999; 6- VALLE, E.R.; ANDREOTTI, R.; THIAGO, L.R.L. de S. Estratégias para
aumento da eficiência reprodutiva e produtiva em bovinos de corte. Campo Grande: EMBRAPACNPGC, 1998. 80p. (Documentos, 71).

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