o Sistema Escolar de Toronto

Transcrição

o Sistema Escolar de Toronto
..,
REDACqAO E ADMINISTRA~AO
PUBLICAqAO DE
EDITORES
COMPOSlqAO
ILUSTRAfiio
PUBLICIDADE
DISTRIBUlqAO
ANO I
NlJMERO 2
931 College street, Toronto, Ontario, Canada M6H lAl, Telefone 535-8616
Movimento Comunitario Portugues
Domingos Marques e Filomena Almeida
:
.'
A. Jorge deMendonqa
Gi lberto Prioste
Frank Paeheeo
ArnaldO Amaral e Jose Henrique Borges
8 de Agosto de 1975
o Jornal
da Comunidade Portuguesa.
Ediqao Grat-is
INDICE
Entrevista: A Mulher e
EditoriaL
Este Mes no Canada~
Cartas ao "Comunidade"
Notieias de PortugaL
Opiniao
o Puturo deste Jornal.
0
Trabalho .•..........• pag.2
pag. 3
pcig. 4
pag. 5
pag. 6
pag. 7
pag.8
Isla Pel'lo dos 65 Anos?
COMUNIDADE e urn jornal que tern 0 fim de fazer as
pessoas na comunidade Partuguesa mais capazes de resolver os seus problemas por si mesmo. E nessa linha que
apresentamos esta informa~ao sobre as pens6es dos Reformados (Retirement Pensions).
Ha tres tipos de pensoes de reformados as quais
urn imigrante no Canada pode ter direito. 0 Seguro dos
Idosos (Old Age Security). 0 PIano Suplementar para 0
Salario Garantido e 0 PIano de Pensao do Canada. Todos
estes pIanos se relacionam entre si.
o Seguro dos Idosos (Old Age Security) e urn beneficio mensal que e pago pelo Governo Federal a todas
as pessoas que apresentam os requerimentos de idade e
residencia no Canada, nao interessando se trabalhou
"full ou part-time". A Cidadar,ia Canadiana nao e requerida. A idade necessaria sao 65 anos e a pessoa deve
ter residido ~o Canada pelo menos 10 anos. Se urna pessoa reformada sai do Canada pode continuar a~receber
a sua pensao indefinidamente, se residiu no Canada urn
total de 20 anos, depois dos 18 anos de idade. Se nao
houver tais condi~oes ele s6 sera pago no mes da partida e por mais seis meses. Depois os pagamentos sac suspensos ate que a pessoa reformada volte para 0 Canada.
Quando a aplica~ao 6 feita, 0 aplicante deve apresentar prova da sua idade, submetendo a Ccrtidao de Nascimento. Se nao apresentar estes docurnentos outros tipos de documentos poderaQ ser exigidos, tais como 0 Passaporte Certidao de Casamento, ou Docurnentos da Imigra~ao. Sugerimos que,se esta a planear adquirir esta pensac ern pouco tempo, e born adquirir ja a certidao de nas~
cimento.
osos s6 sera paga depois
A pensao de Segur0
aprovada pelo Director
da aplica~ao ter sida
Idosos. Se a
Regional do Departarn
qualquer momento a
e capaz de lL
dar corn cheques por
sac pode ser
paga a outra pesso
~elo Director
lctor RegioRegional. Esta pes
nal anualmente. Se
rer deve
cedo possivel
mandar-se urna noti£
ao Director Region
Depois de alg
primeiro cheque se
$123.42. (por mes ),
•
.t
LEIA NO PROXIMO N
DUAS PENSOES 1. ~
•
AS OUTRAS
garantido
2.
Apas longa luta, 0 Toronto Boapd of Education aprovou a remodelaqao da eseola lieeal Harbord Collegiate. Esta eseo la esta no meio da Comunidade Portuguesa e e por isso que P.I.C.A.S.O. (organizaqao Portuguesa ) quer ver na
nova eseola urn Centr'o ComurJ.itario. Vex' "A Eseola e a Comunidade" pagina 7.
Representante da F:S.H em Toronto
RESPCNDE A PERGUNTAS SOBRE A PROPRIEDADE DOS IMIGRANTES
Na sede da Associa~ao Democratica de Toronto, urn
representante da Frente Socialista Popular "0. carnarada
Antonio Mestre~' presidiu no fim do mes p.assado a urna
"sessiro .de esclarecimento" a qual assistiram cerca de
duas dezenas de pessoas. Nesta reuniao, aquele militante apresentou primeiramente a linha ideologica do partido, explicando que a FSP nao tern urn programa pr6priamente dito, mas governa-se por principios que formam
urn programa de luta, condensado ern 20 pontos principais.
Segundo Antonio Mestre, a FSP e urn movimento marxista revolucionario ern que nao ha urna centraliza~ao
burocratica de poderes, mas uma preosupa~ao real e contante de lutar pelo povo portugues. E essencialmente urn
movimento revolucionario que, ao lado das For~as Armadas, est a interessado na solu~ao dos problemas economicos, sociais e politicos do povo portugues.
Depois de ter apresentado as bases de organiza~ao
rre Cipriano Fala Sobre
•
~
Entr
no Pacheco paraco
da fregue'
es. Encontra-se
agora no
uns dias na America. 0 jo
a oportunidade
para fazer
~nhor padre recentemente chega
ece bem os pro~
blemas economico ,
_~cos e historicos dos
.
A~ores na actualidade.
s foi urna boa oportunidade para saber 0 que e que se esta a passar nos A~ores actual __
mente
..
-'
. PERGUNTA-O MFA foi urn movimento que derrubou urn
'" governo tipo "faseita" no dia 25 de Abr>!-l..}ensamos que
e muito importante, saber 0 eorreeto s~gn~J~eado ~es~a
pa~avra "faseista". Como foi que 0 faseismo aontnbu~u
para atrofiar a mentalidade do povo Portugues?
It
PADRE CIPRIANO- E certo que,.uma das palavras
mais usadas hoje, ern Portugal, e precisamente a pala~
vra "fascista". 0 que se entende por tal palavra? Mais
do que ir agora rebuscar as suas origens profundas,
parece-me ser mais importante considera-la aqui no seu
anq~adramento historico e local, ou seja, no Portugal
do Post-25 de Abril.
Evidentemente, delimitado assim 0 significado desta ,palavra 0 que ela caracteriza primariarnente e urn
sistema determinado de vida em sociedade, umadeterminada mentalidade, urn modo muito comcreto de organiza~o da vida a todos os n[veis , econ6mico,
social, cultural e politico. Corresponde-lhe tarnbem urna maneira
C!S A90res
de ver 0 homem e 0 mundo. Como sistema de vida, 0 fascismo tern por cariz fundamental urn espirito eminenteme~te conservador e por isso, de sua natureza, averso a tudo 0 que e mudan~a ou exigencia de transforma~ao.
E por isso que, dentro durna visao fascisante do
mundo, 0 que importa nao e transforma-lo, mas aceita-10 passivamente tal como e, e justifica-lo como 5e
apresenta, com suas miserias, desigualdades, e injusti~as,
.
Por outro .lado, nao e menos caracterIstica a compreensao do "ser homem" no fascismo. Segundo este, 0
homem e urn ser desincarnado do mundo que 0 rodeia. Pe10 menos assim 0 considera na pratica. 0 homem e reduzido a indivIduo e a liberdade relegada para aspectos
puramente subjectivos e Intimos. Esta visao do homem
e do mundo t~m assim reflexos em todos os domini os da
vida.
No aspecto economico vigora o-sistema capitalista
que torna poss{vel a subida de uns
custa da ~escida
de outros. E 0 sistema que gera a situa~ao de privilegiados para uns tantos e a situa~ao de proletarios para as maiorias.
Sob ponto de vista social, a sociedade fica assim
di~idida ern classes, explorados e exploradores, ricos
e pobres, os que tern e podem e os que nao tern e nao
podem.
a
(Continua na pdgina 2)
daquele partido politico, Antonio Nlestre respondeu a varias perguntas feitas em dialogo pelos presentes. Apesar de pequeno, 0 grupo preserite fez muitas perguntas.
As respostas a todas elas ocupariam 0 espafo deste jornal e nao sac talvez 05 assuntos que mais preocupam a
maioria dos imigrantes leitores do "Comunidade". Pensando ern muitos ae vos.cuja preocupa~ao constante e saber 0 que acontecera aquilo que possufs no Continente
ou nas Ilhas, apresentei 0 problema da propriedade do
imigrante: Qual a posi£ao da FSP em rela~ao a propriedade (terrenos, casas, etc. ) do imigrante ern Portugal
(Continua na pagina 5)
o Sistema Escolar
de Toronto
Urn grupo de jovens trabalharam este verao nurn pro~
jecto chamado "Prova". Este projecto foi subsidiado por
"Oportunidades para a Juventude" ( OFY ) e teve a tarefa de ajudar os pais durna determinada zona a compreenderem melhor 0 sistema escolar de Toronto.
Para melhor conseguirem desempenhar esta tarefa,
publicaram urn boletim parte do qual publicamos a seguir.
Escolas Publicas e Cat61icas
Dois sistemas escolares existem ern Toronto: 0 sistema
Publico e 0 sistema separado. As escolas Catolicas incluem aulas de religiao enquanto as Publicas nao incluem. Esta e a maior diferen~a entre os dois sistemas.
Ves, os pais, e que tendes de determinar 0 sistema que
os vossos filhos frequentarao. Seja qual for escola que
os vossos filhos frequentem, eles t@m de frequentar a
escola desde a idade dos 6 anos aos· 16 anos. Em casos
especiais e possivel terminar a escola na idade de 14
anos.
Existem classes de Jardim Infantil para crian~as
dos 4 aos 5 anos. Estas aulas nao sac obrigatorias,
mas sac consideradas urna parte importante da escola p~­
primaria.
recomendado que os pais matriculem os seus
filhos nestas aulas.
As escolas primarias sio constituidas de aulas de
Jardim Infantil, Graus 1,2,3,4,5,6,7, e 8. As escolas
secunda'rias ( High Schools ) continuam a educa~ao depois da escola primaria com os Graus 9,10,11,12 e 13,
Ate que atinjam 0 ensino secundario, todas as crian~as
E
(Continua na pagina 6)
\:
COMUNIDADE, AUGUST 1975_
2
o PADRE
CIPRIANO FALA SOBRE OS M;ORES
,
prestou muita atenqao aos Aqores para resolver os seus
problemas imediatos, 0 padre Cipriano pode explicar como
como e que esta pouca atenqao contribuiu para a organizaqao de forqas reaccionarias nos Aqores?
(Continuaqao da pagina tJ
Politicamente falando, as pessoas dividem-se entre as que mandam e as que obedecem. S6 aqueles cabe
o papel activo de conduzir a sociedade; a estes. por
sua vez, compete-lhes seguir, obedecer, deixar-se conduzir
A perpassar tudo isto, est£ uma ambiencia cultural que se preocupa por fazer ver e justificar por razoes de ordem intelectual que isto e e deve ser assim.
Porque 0 mundo foi feito natu~almente assim. E que 0
homem verdadeiro pois, e aquele que aceita este estado
de coisas e que se vai procurando adaptar da melhor maneira, sem se deixar ir na ilusao de acreditar que tudo isto poderia ser de modo diferente, se nisso todos
os homens se empenhassem.
De alguma maneira, podemos dizer que foi esta a
mentalidade do povo portugues e~geral, ate ao 25 de
Abril, visto que era ela que se respirava, no modo de
exercicio do governo, autoritario e ditador, na educa~ao e no ensino que se encarregavam de transmitir como
certos a todo 0 povo os valores e criterios de vida
das classes dominantes.
PERGUNTA -QuaZ foi 0 primeiro impacto do 25 de
Abr-iZ nos Aqores? Como e que 0 povo intrepretl1u a nova
Ziberdade conquistaaa peZa primeira vez em 48 anos de
ter a oportunidade de resoZver os seus probZemas coZe. ctivamente ou em associaqoes Zivres?
RESPOSTA- Parece-me que se pode dizer que 0 IQ
impacto,do 25 de Abril nos A~ores, tal como no resto do
do pa1s, foi 0 provocar de uma irrup~ao de alegria e
como que uma sensa~ao de leveza.
Claro que nao se poder{ dizer isto de todos os sectores, urna vez que tambem la havia quem tivesse tirado toda a especie de vantagens do sistema. de vida decorrente do regime anterior. E e evidente que, para esses sectores, 0 aparecimento dum movimento que pretende estabelecer efectiva justi~a social entre todo 0 povo, nao pode constituir uma Boa Nova, mas· sim, uma amea~a ou urn perigo.
Tambem e certo que nem sempre 0 nosso povo tern
compreendido 0 alcance da revolu~ao do 25 de Abril.
Muitas vezes fica ainda a pensar que os governantes ou
os homens dos partidos e que vao resolver os seus
problemas sem mais, quando 0 que era importante, era
que as pessoas fossem percebendo que as coisas 56 se
podem resolver bem,com a sua participa~ao. Foi para isto que 0 povo nao foi educado e por isso tern dificuldades ern caminhar. No entanto, ha muitas possibilidades em aberto, ja ha ffiuitos passos dados pelo povo na
sua propria organiza~ao: sindicatos, cooperativas, comissoes de moradores, etc, que sac sinais d~capacida­
de e das possibilidades que 0 povo tern de colectiva-
~
~ica 0 novo caminho por onde PortugaZ deve seguir, nao'4t
PADRE CIPRIANO-Sou de opiniao que, de facto, por
urna ou outra razao, 0 governo central pelo menos, durante algurn tempo, pareceu esquecer-se dos A~ore5.
Medidas importantes que ultimamente foram tomadas
e outras anunciadas, podiam e deviarn ter sido realizadas ha mais tempo.
Claro que corn est as demoras so se consgue causar
a desconfian~a do povo nas novas orienta~oes do governo
reac~ao que esta
e sobretudo, da-se margem de manobra
sempre disposta a utilizar todos os atrazos e descontentamentos para manipular 0 povo ern seu proveito. Foi isto que se deu nos A~ores e e para isso que tanto os ~.
A~oreanos coma 0 governo devem estar atentos daqui por ~
diante. No mesmo tempo 0 povo tera de se ir convencendo
que os seus problemas serao resolvidos na medida em que
souber de forma activa e organizada, lutar e empenhar-se pela sua solu~ao.
a
'~omo em todo 0 Ea{s, a IgreJa 0J~c~a& es~a a a~Iuves­
sar uma certa crise de credebiZicJade," diz 0 Padre Cipriano •
PERGUNTA-TaZvez a popuZaqao Aqoreana residente
aqui no Canada e To~onto especiaZmente, gostaria de saber qual e a posiqao da Igreja em reZaqao aos probZemas
actuais, e futuro dos Aqores?
PADRE CIPRIANO-A posi~ao da Igreja nos A~ores na
actual, e diversificada. Conforme a leitura
ou a compreensao da sociedade e a visao da fe que tern
os cristaos ( padres e leigos ) assim tambem as posi~oes que tomam no processo revolurionario em curso .
Assim por exemplo, ha os que se ficam apenas nurna
tarefa predominantemente anti-comunista, muitas vezes
"esteril e negativa" para usar as palavras do Sr. Bispu
do Porto, como ha tambem urn bom nlimero de cristaos que •
se empenham a serio no processo ern curso e que em dialogo corn todos os homens de boa vontade se esfor~am por
construir uma sociedade nova mais igual, justa, livre
e fraterna.
No entanto, no seu conjunto pode dizer-se que a
Igreja nos A~ores sofre ainda bastante a influencia das
suas posi~oes tomadas durante os anos do anterior regime. Ela por vezes da mostras de ser a custo qu~ ela aceita a nova situa~ao.
Como ern todo 0 pais, a 19reja oficial esta a atravessar urna terta crise de credibilidade. Penso que 0
que mais necessita presentemente a Igreja e de dar provas por palavras e ac~'Oes concretas de que quer empenhar-se a serio e a seu modo na liberta~ao dos homens e
por isso do povo A~oriano sendo no meio dele urn sinal ,
e urn anuncio vivo de Jesus Cristo testemunhado pela sua.
identifica~ao corn os mais pobres e oprimidos.
Por este caminho, decerto que nao se enganara nem
enganaraI,....
situa~ao
mente ir construindo novas estruturas que the possibilitem uma vida diferente marcada pela colabora~ao e
solidariedade na promo~ao de todos.
PERGUNTA-Pe~so que 0 saneamento e nova constituiqao
de estruturas sociais e muito impoI>tante no. via de uma
mudanqa de sociedades. Quais foram os prob Zemas ou conquistas atingidas peZo povo Aqoreano nesta tarefa de
eonstruir uma nova sociedade, ou re Zaqoes entre homens?
a
PADRE CIPRIANO·Penso nao faltar
verdade se disser
que, neste assunto de "saneamentos"( tambem tao ern dia
na sociedade Portuguesa de hoje ), nos A~ores nao se
tern feito sentir corn muita agudeza.
Isto n~o quer dizer que nos A~ores os saneamentos
nao fossem necessarios. Sao-no como em qualquer lugar
do pais. Simplesmente
. se e certo que noutros lugares
do pats nesta materia se tenha pecado por excesso, nos
A~ores penso que 0 pecado sera por defeito, isto e, por
falta de saneamentos e nao tanto por abuso
Se nao estou ern erro, no geral os saneamentos nos
A~ores ate ha pouco tempo ficaram apenas pelos decorrentes das disposi~bes tomadas em geral logo apos 0 25 de
Abril. Penso que neste aspecto pouco mais houve do que
isso.
/
PERGUNTA-TaZvez 0 MFA devjdo aos probZemas que teve
de enfrentar durante 0 primeiro ano da RevoZuqao como 0
probZema da descoZonizaqao ( independencia de Guine-B{ssau, MOyambique e AngoZa J e 0 probZema de por em pra-
Tony Amaral
ENTREVISTA:A MULHER E ,0 TRABAlHO
Ha pouco tempo conversei com uma jovem Portuguesa, natural dos A~ores, Rita Borges, sobre a situa~ao
da mulher imigrante a trabalhar no Canad£.
.
Achei oportuno publicar a sua forma de pensar e
experiencia de trabalho.
PERGUNTA-- Poderias dizer-me porque vieste para 0 Canada e quando?
.
RITA-- Vim com os meus pais visitar os meus irmaos,
haquatro anos e meio, com a inten~ao de ficarmos todos imigrantes e assim reunir a famflia.
Ao vir tinha pens ado em estudar porque nunca tive possiblidade de 0 fazer ern Portugal.
PERGUNTA-- Que aconteceu nos primeiros tempos que viveste aqui?
RITA-- Ao fim de dois dias de estar ca, a minha familia disse-me que tinha de procurar trabalho, assim a
minha possibilidade de estudar fora desfeita pois a
noite nao me deixavam.
PERGUNTA-- E tiveste problemas a arranjar trabalho?
RITA-- No terceiro dia consegui trabalho numa fabrica de costura, mas tive de praticar cerca de meia
hora para verem se sabia ou nao costura, fui aceite
e trabalhei durante todo 0 dia.Quando me vinha embora no fim do dia o"bossa" !'ediu-me 0 passaporte, 0
social insurance number e perguntou-me se eu era turista, mas como estava visitante e sem autoriza~ao
para trabalhar nao voltei aquela fabrica, nem recebi
o pagamento do meu trabalho. Uma mulher portuguesa
fora acusar..-me ao "bossa", nao sei porque ...
Depois trabalhei duas semanas na limpeza.Mas
nao gostei das condi~oes de trabalho e saf. A seguir
con~e&ui trabalho na fabrica ~nde trabalho agora.
PERGUNTA-- E para ficares imigrante encontraste muitas dificuldades?
RITA-- N~o tive grandes problemas, talvez porque tinha irmaos aqui. Apenas nos primeiros tempos tinha problemas em falar e compreender ingles, alias como a
maioria das pessoas portuguesas.
Apenas durante 0 tempo que estive de turista,
nunca mais disse a ninguem se era imigrante ou nao,
corn medo de ser acusada novamente.
PERGUNTA-- Fala-me das condi~5es ern que trabalhas
actualmente?
RITA-- Como.estive nos outros trabalhos por pouco
tempo, prefiro dizer da minha experiencia.
Comecei a tTabalhar numa fabrica de costura,
a"piece work" e em pouco tempo ganhava mais do que
as companheiras que trabalhavam~a hora. Se nao estou
em erro a fabrica pagava a $1.65 a hora 0 que era
muito pouco principalmente para 0 trabalho de passar
a ferro que e pesado .
Devido a existencia de uniao nesta fabrica, no
fi~ do verae de'73 houve novo contracto com a fabrica e como eles nao quizeram dar Os aumentos pedidos
pelas trabalhadoras fez~se greve, a unica forma dos
trabalhadores uni~os lutarem por urn salario justo.
Pouco antes da greve os donos da fabrica publi~
caram urn panfleto em varias linguas : italiano, por~
tugues, jugoslavo, grego etc, perguntando se as tra~
balhadoras ja tinham pens ado quem iria pagar a renda,
a alimentadl'o da familia, as"mortgages" l!la casa, e
amea~ando que quem fosse para greve perdia, a fabrica,
coisa que eles nunca se interessaram corn os salaries
miseraveis que ganhavamos.
De qualquer maneira as trabalhadoras entraram
em greve e montaram as linhas.de piquete (piquet
lines) junto a fabrica, que for am atravessadas por
cerca de dez mulheres portuguesas e urna italiana que
trabalhava a hora e jatinham recebido 0 aurnento que
desejavam. A greve 'durou tres semanas ao fim das quais
a fabrica acedeu pagar 0 salario pedido pelas trabaIhadoras.
As trabalhadoras que atravessaram as linhas de
piquete for am multadas pela uniao.
PERGUNTA-- 0 que pensastes da ac~ao das tuas comp&~eirasque foram trabalhar durante a greve?
RITA-- As pessoas no tempo do fascismo em Portugal
nao sabiam para que serviam os sindicatos essa foi a
razao maior de nao quererem ir para greve e nao verem
o interesse dos trabalhadores serem unidos para terem
salaries justos e melhores condi~oes de trabalho.
PERGUNTA-- 0 que pens as da condi~ao da mulher imigrante portuguesa no trabalho de casa?
RITA-- A mulher portuguesa aqui trabalha muito mais
do que 0 homem, na maioria dos casos, principalmente
aquelas que trabalham nas f~bricas,limpezas, etc,.
trabalho este bastante cansativo. Quando chegam a
casa tern de fazer todo 0 trabalho de casa, cozinhar,
lavar, limpar, etc, e poucas vezes 0 homem ajuda.
o homem continua ainda a ter todos os direitos
enquanto que a mulher nao tern vontade propria pois
o chefe de familia e'o marido. Se toda a familia
ajudasse na lida da casa 0 trabalho da mulher seria
muito mais leve.
PERGUNTA-- Qual e a situa~ao da mulher no trabalho?
RITA-- Como sabes a maioria dos trabalhadores portugueses ern Portugal trabalhavam na agricultura e as
mulheres faziam 0 trabalho de casa. Aqui como poucos
tern profissao encontram-se nos trabalhos mais pesados e naqueles que muitas vezes os canadianos nao
querem fazer.
Hafalta de uni~o entre grande parte dos trabalhadores e trabalhadoras portuguesas porque ainda
nao compreenderam que a uniao faz a for~a. Tambem
porque nao existem grupos portugueses interessados
em lutar pelos problemas de seguran~a, justi~a e direitos do trabalhador pois, e mais facil dizer que
Deus estavendo tudo isso e castiga os maus.
•
Et! sou CAAiM/AAiOGt!8. TRA6ALlfO
WLI/TO E CQAlO 8c#, SOu' C4/'AZ ..0,
k:LlClO/Y'AR OS .PROBLE.IIAS 70005
tJE .PORTUGAL., !JIG{) !'tAL &VS .IIALAIVO,€05 .00 WEL.Ii4RE E' f)(J i.JIY'E)(.0::0YNGVl; IIAS 0 QOE ELl IYAI.5
Aa:;RO E CORTAR. NA CASACA DO
M£U VIZINHO '!
Jose Henrique Borges
,-
COMUNIDADE, AGOSTO 1975
•
ED/TORIAL
,
Ca estou outra vez.
Como nao podia deixar de ser, houve quem fizesse wna
festa por eu ter saido e houve tambem uns poucos que
ficaram descontentes comigo, e me' chamaram nomes alem
do.quele que tenho: COMUNIDADE. Houve quem imediatamente
se prontificasse a pagar 0 jornal. A esses agradeeemos
a boa vontade
Houve quem me c~~sse 'politico!' Para evitar confus'Oes declaro que sou urn jornal independente e apa:i'tidario e repito os meus objectivos jd claramente expostos e explicados de estar Unicamente ao serviqo do lmigrante Portugues de.Toronto, informando-o 0 mais objectivamente poss{vel, e dando express~o aos seus problemas e anseios
Se eu deixar de falar dos vossos interesses, se eu
der prioriCkJ.de a problemas que nao vos dizem respeito,
levantai 0 braqo e abri a boca. porque eu afinal sou
vosso, quero ser 0 jornal do. Comunido.de, Nos momentos
decisivos quero estar do vosso lado, ser a vossa voz.
Agradeqo 0 suporte e acolhimento que recebi de v6s
ate agora, e CkJ.qui a urn mes espero estar nas vossas casas outra vez. Isto dependercf do vosso apdio, pois 0
sl./bs{dio do governo Canadiano foi so para os meses de
verao.
Chamem por mim. Eu estou
vossas ordens.
as
,
ObjectivDS
.a
Para esclarecer alguns e informar outros, voltamos
pl./blicar nesta ediqao os objectivos do jornal "Corrrunido.de". Leia-os atentamente e se achar que eles nao
estao certos ou completos nao receie do.r a.sua opinia~.
1. Focar a SVfl atenqao nos problemas e acontecimentos
que dizem respeito ~ comunidade portuguesa de Toronto.
2. Apoiar qualquer acqao que seja dos trabalhadores em
geral e especialmente minorias cujos direitos nao
sejam respeitados.
3. Informar e interpretar os programas de politica economica e social no Canado.'.
4. Ser wna tribuna onde sejam areJados os problemas do.
corrrunidade, publicando material produzido pela propria corrrunido.de.
5. Servir como meio para organizar a eorrrunido.de e "fazer pressao" nas institui~oes ( hospitais, escolas,
Camara Municiyal, Welfare, etc. ) para que sejam
~ mais responsaveis na soluqao dos problemas dos imigrantes.
6. Estabelecer laqos de cooperaqao e ap6io mutuo com
organizaqoes portuguesas de Toronto.
7. Ser urn estimulo para pesquisa e andlise dentro da
comunidade, organizando comissoes de saude, de educaqao, de serviqos sociais, de organizaqao, etc.
8. Informar acerca de aconteeimentos importantes de
Portugal e do Mundo.
NOVO TRIBUNAL DE CIDADANIA CANADIANA
No dia 15 de Julho foi oficialmente aberto na Dufferin Plaza ( ao norte da College ) urn Tribunal de Cidadania Canadiana
o Tribunal fica no segundo andar, a entrada, e es-.
ta ligado ao escritorio de Registo e inquerito para obter a Cidadania no primeiro andar. Este escritorio encontra-se aberto da Segunda ao Sabado das ,0 da manha as
9:30 da noite.
CENTRO MEDICO
o Centro Medico da Niagara abriu finalmente as
portas aos residentes e trabalhadores da dita area, no
passado dia 2 de Julho.
Apos 2 anos de esfor~os e negocia~oes corn 0 Ministro da Saude do Ontario e Governo, a Comissao de Planeamento desta area viu finalmente, corn certo alivio,
a consuma~ao de urn dos seus projectos.
A ideia do Centro foi concebida por pessoas residentes na area e e portanto urna Clinica da Comunidade.
o Centro e financiado pelo governo Federal, Pro~
vincial e Municipal. Uma vez que 0 pessoal e pago pelo
governo do Ontario e nao pelo nUmero de doentes, cremos que isso resultara em melhor e mais aten~ao medica.
A Clinica de Niagara e a 140 clinica comunal a ser
aberta na Metro.
o Centro dispoe presentemente de dois medicos de
clfnica .geral: urn em tempo integral, outro em "parttime", de urna enfermeira e de urna Recepcionista Tradutora- portuguesa, que fara a interpreta~ao, se necessario for, para aqueles que ainda nao falam ingl@s.
Outros seryi~os medic6s sac tratamentos e educa~ao
medica. 0 Centro esta situado no 289 Niagara St. (basement), telefone 363-2021 ou 363-2022. 0 horario e 0
seguinte :Segunda, Quarta e Sexta- das 10 da manha as
6 da tarde
- Ter~a e Quinta - das 12h. da tarde as 8 da
noite.
Sabado - apenas, por marca~ao
o Centro passara tambem a dispOr de urn servi~o
telef6nico de emerg@ncia para 0 resto do periodo de
24 hrs.
NIAGARA NEIGHBOURHOOD HEALTH CENTER
CENTRO MEDICO DA VIZINHAN~A DE NIAGARA
YMCA ao servi<;o dos portugu@ses
A Comissao Central
Movimento Gomunitdrio Portugues
~
•
o
,
ASS/NE JA 0 JORNAL
o YMCA, e urna organiza~ao nao-lucrativa e volunta~
ria, independente do Governo, interessada em servir as
necessidades das comunidades 'a sua volt~. Esta organiza~
~ao foi fundada no seculo passado na Inglaterra e tinha
urn caracter religioso-leigo. Hoje, e urna associa~ao
existente em quase todos os pafses do mundo, dedicada
sobretudo a trabalhar com juventude em programas de recreio, educa~ao fisica e assuntos sociais.
Em Toronto ha muitos edificios do YMCA. 0 West
End YMCA encontra-se no meio da comunidade Portuguesa
na ColleKe e Dovercourt.
H~ muitas pessoas portuguesas quP. jausaram ou
estao a usar 0 YMCA, sobretudo crian~as e pessoas que
estao a aprender Ingl@s. 0 YMCA do West End esta interssado em que as suas facilidades sejam cada vez mais usadas pela comunidade Portuguesa. Ao mesmo tempo quer ini~
ciar programas que sejam uteis para a comunidade e que
as proprias pessoas digam, que programas Ihe enteressam
mais.
Neste momento h~ algumas salas disponfveis que podem ser usadas para programas comunitarios.
COMUNIDADE
PREqO
$5~OO
.
Servicos'
Sociais
'
-.
Here I am once again.
As ~~s to be expected, there were those who rejoiced
at my arrival but there were also those who were a
bit unt~py with me, and who called me names beyond
the one that I have: COMUNIDADE. There were those
who i"rnediately offered to pay for the newspaper. 'To
these people we thank their good intentions.
There were those who called me "political". To avoid
confusion, I want to reaffirm that I am independent
and nonpartisan and 1 repeat "~ objectives, which
have already been clearly stated, as being foremost
at the service of the Portuguese l~grants in Toronto,
informing them in the most objective manner possible,
and givinq expression to their problems and worries.
If I forget to talk of your interests, if I give
priority to problems that do not relate to you, lift
your arms, and let out a seream, because above all I
am yours, I wan.t to be the co~nity 's newspaper. In
descisive moments, I want to be on your side, speaking
for your rights.
I want to thank you for the support and welcome
that I have received up to now, and in a month's time
I expect to be in yOU:l' homes once again. This 1J.rill
depend on your support, for the O.F.I. grant from the
Canadian Government was only for the s~er' months.
CaU me. I am at your command.
3
.
TOMAR CONTA DE
CRIAN~AS
Todos os pais que ~@m crian~as de pouca idade ou
filhos que ja'se encontram na escola, mas que nao.t@m
quem tome conta deles antes e depois da escola, sac convidados a participar nurna reuniao para se organizar . urn
programa em que se tome conta destas crian~as em boas
POR ANO
condi~~es
~
DATA DA REUNIAO:
~egunda Feira, 20 de Agosto as 7
horas da tarde
TEL. 535-8616
LUGAR:YMCA, 931 College St. (.e Dovercourt ) ~ala 205
Para mais informa~ao telefone para Joao Merleiros, organizador do programa, 536-1166
o HAIOK',
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CENTRO DE AJUDA
A MUlHER
Promovido pela organiza~ao Centro comunitario de
Emprego para Mulher (CCEPM) realizou-se na tarde do dia
24 de Julho passado, urn encontro que se destinava a apresentar ao elemento feminimo portugu@s da comunidade
de Toronto, as directrizes e perspectivas que se propoem seguir aquela organiza~ao na tarefa de ajudar as mulheres imigrantes a se entegrarem mais facilmente na
sociedade canadiana, Como prepara~ao para urn trabalho
futuro, esta organiza~ao esta levando a cabo urn estudo
sobre as condi~~es de vida cia mulher imigrante; estudo
esse que so foi permitido devido ao auxilio econ6mico
prestado pelo governo do Canada. Dos resultados deste
inquerito dependera a vida futura do orga~ismo, pois
so corn urn futuro apoio do mesmo governo, podera 0 Centro continuar a existir. Prop5e-se 0 CCEPM trabalhar
particularmente corn mulheres portuguesas, Latino-Americanas e Indo-Orientais.
Ao encontro compareceu fraco numero de pessoas,
registando-se entre os participantes urna elevada percentagem do elemento masculino. A pouca assistencia foi
devida a pouca publicidade a hora da reuniao e a falta
de apoio de varias organiza~oes na Comunidade, especialmente dos organiza~oes que trabalham por intermedio das
paroquias, segundo a organizadora do encontro.
A reuniao come~ou corn a apresenta~ao de urn filme
que nos mostrou imagens e palavras de mulheres imigrantes portuguesas; como musica de fundo, Zeca Afonso cantando: " ..• chamava-se Catarina ... " Conclusoes que·tiramos do filme? st~ inumeras e por isto sclalgurnas ( as
mais relevantes ) citaremos. Falta de prepara~ao professional, pouca ou nehuma educa~ao recebida nas terras de
origem, desconhecimento total ou parcial da l{ngua Inglesa, inexistencia de estabelecimentos de ensino ( no
Canada) orientados no sentido do trabalhador, etc. Citando estes problemas ficamos conscientes de so termos
abrangido urna pequena parte do mar de dificuldades que se
apr~sentam a mulher imigrante portuguesa, e aos. trabalhadores em geral.
Como exemplo das vantagens que urna, organiza~ao
deste estilo pode ter para a imigrante, Marilda Antunes
activista responsavel do (CCEP~)contou-nos 0 caso de Helena, trabalhadora em busca de emprego, que dirigindo-se ao ''Manpower'' acompanhada por urn interprete, este
aventou a ideia de ela traba1har em A1ta-Costura, devido ~ sua habilidade natural para a confec~ao de vestuario. Posta a hip6tese em pratica, Helen~ hoje encontro-se empregada, aprendendo Ingl@s atraves do trabalho,
amealhando ao mesmo tempo 0 dinheiro que 1he permitira
tirar urn curso que rea1mente goste.
Mostraram, as organizadoras deste movimento, 0 de-.
seJo 'de· se real1zar urn ·e01oquio entre a·s diversas organ~­
za~oes portuguesas que trabalham na nossa comunidade,
corn vista a urn ..paralelelismo de ac~oes, atraves da defini~ao de linhas e campos de actua~ao. Ora isto, quanto a nos, so viria beneficiar a nossa colonia que ja se
/
C;;ada'... este mer
'-
Publicamos a seguir parte duma circular enviada
Delega~ao da Secretaria de Estado da Imigra~ao:.
Os casos de acidentes de traba1ho que temos tratado sac de grande gravidade e muito complexos; verificamos que os trabalhadores portugueses da constru~ao
deviam ter mais protec~ao e que os empreiteiros deviam
esclarecer os trabalhadores quanto as leis de protec~ao
de acidentes de trabalho; consideramos que os trabalhadores portugueses tern contribuido para 0 progresso 50--cial e economico da Provincia do Ontario e portanto devem ser beneficiados corn a legisla~ao existente sobre
indemniza~ao por incapacidade, ferimentos ou morte;
consideramos que muitos acidentes sofridos por emigrantes portugueses foram causados porque os empreiteiros,
encarregados e administradores nao to~aram as precau~~es necessarias a fim de protegerem oS trabalhadores,
e tambem porque nao se assegurarem convenientemente, de
que as informa~oes de seguran~a e seus regulamentos fossem fornecidos aos emigrantes portugueses quer falem ou
nao a l{ngua inglesa;
Por estas razoes, a Delega~to da Secretaria de Estado da Emigra~ao reconhece que se deve fazer urn esfor~o continuo para:
a) aperfei~oar a seguran~a do trabalho no local
de trabalho de modo a diminuir 0 numero de acidentes;
pela
b) pressionar as entidades seguradoras para que 0
injuriado tenha a seguran~a que justamente merece;
c) estudar 0 maior nUmero de casos concretos para
que possamos apresentar recomenda~oes ao
Secretario de Estado da Emigra~ao, no intuito de
serem estudadas as bases para eventuais conven~oes bilaterais corn 0 Canada.
Assim, importa .estabelecer rela~oes directas entr~ ~s.institui~o~s inter~ssadas e.os departam~~!os
of~c~a~s de aux~l~o ao em~grante~ E nossa op~n~ao de
que nao importa somente estabelecer rela~oes estreitas entre as administra~oes das institui~oes, mas tambem assegurar urna boa colabora~ao directa dos peritos
competentes nos divers os campos especializado~ de seseguros de indemniza~ao resultantes de acidentes de
trabalho.
Por vezes, contactos pessoais e conversas minuciosas podem levar a resultados melhorp.s e mais eficazes
do que as trocas volurnosas de correspond@ncia·
Para podermos dar maior apoio as comunidades portugue~as espalhadas pelo Ontario e para defendermos,
no pIano internacional, a dignidade do trabalhador.portugu@s no estrangeiro, contacte corn a Delega~ao da
Secretaria de Estado da Emigra~ao junto do Consulado
Geral de Portugal em Toronto.
Bnilo Para Trabalhadores Acidentados
<
encontra cheia de problemas internos, que so tern como
resultante urna duplica~ao e n[o born apraveitamento de
esfor~os. A ideia esta lan~ada, senhores! Quem da 0 primeiro passo?
Portanto, mais urna organiza~~o que aparece. Aqui
fica registado 0 nosso ap6io, que de nada servira se a
propria comunidade n~o estiver disposta a organizar-se.
Mulheres imigFantes portuguesas, e tempo de ac~ao!
CENTRO COMUNITARIO de EMPREGO para MULHERES
·103 Bellevue Avenue
Tel: 922-1819
Tony Amaral
Desde ha urn ana que trabalhadores v{timas de acidentes estao a demonstrar-se para que 0 Governo do Ontario fa~a justi~a compensa~ao que lhes e atribu{da
por invalidez. Urn trabalhador vltima de acidente nunca
recebe 0 seu salario in~iro. Em 1973, 10,233 trabalhadores foram postos em pensao de invalidez permanente.
Como a Junta de Compensa~ao Oper{ria esta mais interessada em manter os custos baixos para os patiOes, os trabalhadores que est~o tempor{riamente impedidos de trabalhar e a receber uma compensa~~o inteira, sro mudados
para a situa~ao de invalidos permanentes para que nao
recebam a compensa~ao inteira.
A Uniao dos Trabalhadores Acidentados est£ a fazer
quatro exig@ncias. ao Governo
.
a
i. Os trabalhadores v{timas de acidentes devem ter garantias de trabalho e compensa~ao igual a 100% dos ganhos que perderam;
2. Todos os exames medicos devem ser feitos por doutores independentes, e nao por examinadores da Junta de
Compensa~ao .operaria;
80% nouWelfare"
preferem trabalhar
3. As penalidades pelas condi~oes de seguran~a que poem
em perigo as vidas a a boa saude dos trabalhadores no
Ontario devem aurnentar e devem ser rigorosamente observadas.
4. Exige que todos os pagamentos compensatorios sejam
aurnentados rectroactivamen~e ate
data do acidente, de
acordo corn os aurnentos no Indice dos Pre~os do Consurnidor e nas medias de salario.
a
Urn estudo feito em Hamilton, corn Jovens solteiros
que estao no "welfare", mostrou que a quarta parte de-·
les n~o tinham procurad~ trabalho durante as duas semanas desde que for am entrevistados e os outros tinham
procurado uma ou duas vezes somente.
o estudo, que foi dirigido por Robert Arnold,
abrangeu 212 pessoas entre as idades de 16 e 25 anos;
122 desses jovens tinham sido subsidiados pelo "welfare"
durante se is meses pelo menos.
o fim de tal estudo foi para saber se mais pessoas
trabalhariam, caso fossem feitas certas mudan~as no sistema do "welfare". Chegou-se
conclus110 que apesar de
oitenta por cento dos entrevistados dizerem preferir
traba1har, na realidade metade deles estavam basicamente
satisfeitos corn "welfare". Dois por cento afirmaram ser
me1hor estar .no welfare d0 que trabalhar. Mais de dois
ter~os admitiram que 0 "\oIelfare" nao dava dinheiro su·ficiente-Pllra alimenta~ao, vestir e ~enda da casa. Na·.
ai'tura em que 0 estudo fora feito, 0 "weifare" pagava a
uma pessoa solteira a quantia mensal de $112 d61ares.
a
( do
~oronto
Star, Ju1ho 1975
AMulher portuguesa na Comunidade
ACIDINTIS de TBABALHO
A propria Junta de Compensa~ao Oper~ria prev@ que
serao declarados
. ,aproximadamente 49G,000 acidentes de
trabalho
Prov~ncia do Ontario no ana de 1974. Este
nurnero e urn aurnento de 18% em rela~ao a 1973. Isto significa que urn em cada cinco trabalhadores ficara ferido
em 1974.
A Uniao dos traba1hadores Acidentados conta cerca
de mil membros, entre os quais 75 sac pessoas Portugue",
sas. Para ser membro desta Uniao basta ter sofrido urn
acidente no trabalho e assinar urn cartao de membro, Cada membro paga $6.00 de se is em seis meses.
o objectivo principal da Uniao dos Trabalhadores
Acidentados e mudar a 1ei da compensa~ao operaria. Os
seus membros estao divididos em Comissoes organi zadoras .
De vez em quando fazem rnanifesta~oes e reunioes para
obrigarern 0 Governo a rnudar as leis.
. Pe§soas Portuguesas que tenham sofrido acidentes e
queiram fazer parte desta· Uniao que defende os seus direitos t@m aqui a direc~o 931 College Street, sa1a
202, tel. 536-7224.
.
.
Pela primeira vez na nossa comunidade, esta a realizar-se urn programa televisivo portugues feito por/e
para as mulheres portuguesas. Este programa que se intitula "Mulheres", pode ser visto semanalmente no canal 20 da Roger's, as Segundas e Sabados pelas 10 horas da noite e as Teryas pelas 6:30 da tarde. Em
~
breve aparecera tambem no York Cable as 8:30 da tarde "
nas Quartas-feiras.
Urn dos fins que "Mulheres" deseja atingir
promover as aspira~~es principais entre a mulher portuguesa, no Ano Internacional da Mulher:Igualdade, Desenvolvimento e Paz. Estas sac as aspiracoes que todo 0 ser
humane deseja e ambiciona. Enquantb nao existit Igualdade entre todos nos, jamais acabara a explora)~o a
que 0 homem e a mulher estao sujeitos.
A maior parte das mulheres portuguesas estao completamente indiferentes as realiZa~5es que as Nayoes
Unidas tern levado a efeito. A mulher imigrante portuguesa residente em Toronto, teria muitas vantagens se
se unisse corn as suas companheiras e discutisse os problemas que a preocupa tais coma a aprendizagem da lingua inglesa, a explora~ao que sofre nos trabalhos, a
falta de "nurseries" para os filhos, etc.
~
o governo Canadiano durante este ana da prioridade.
a todos os projectos que tern 0 fim de ajudar a mudar a
condiyao da mulher no pIano social, econ6mico e politico do pais. Portanto, a mulher portuguesa deveria
agora uni~-se e pressionar 0 governo Canadiano. .
Em 1975, pela primeira vez a mulher teve oportunidade para se unir e discutir os problemas que a preocupam. Tern-se realizado conferencias internacionais
onde as mulheres do mundo inteiro tern demonstrado aos
homens que as aspiracoes principais nao s~o a igualdade sexual como tanta~ vezes tern sido acusadas- nem tao
pouco queremos construir urna sociedade matriarcal.
Queremos e estamos dispostos a lutar para que acabem
os mitos da mulher coma sLmbolos do sexo, donas de casa e os estereotipos que esta sociedade machista crlou
e sempre incutiu no espirito da mulher esterotipos
esses que a tern alienado ao longo de muitos anos. Os
~
cinicos e os machistas talvez vejam 0 Ano Internacio- ~
nal da Mulher coma urna brincadeira, mas nos as mulheres nao. Queremos que oportunidade seja substituida
por Igualdade; exigimos que Desenvolvimento seja nao
urn problema de escolha de saboes e produtos alimentfcios mas melhor qualidade de vida; esperamos que Paz
seja urna coopera~ao entre seres hurnanos os quais se aceitam coma iguais.
e
Dina Santos
Boletim Informativo
do Consul ado Geral de Portugal em Toronto
Come~ou no passado dia 15 de Julho a publica~ao
de urn Boletim Informativo que tern como finalidade di•
vulgar noticias de interesse para a Comunidade Portuguesa do Ontario, quer provenientes de Portugal quer referentes a vida comunitaria local.
o Boletim sera distribuido 1argamente entre a Comunidade estando a disposi~ao no Consul ado Geral de Toronto para todos os portugueses que 0 desejem, contando-se tambem corn 0 auxilio das diversas associa~6es, clubes, ag@ncias de viagens, estabelecimentos comerciais e
outras organiza~6es Luso-Canadianas para que 0 mesmo
possa ter uma circula~ao eficaz. Os "Comunicados" emitidos normalmente pelo Consulado Geral passarao, por
questoes de economia, a figurar no Boletim, salvo se se
tratar de assunto de especial urgencia a que deva ser ~
dada imediata publicidade. E inten~ao do Consulado Geral emitir 0 Boletim quinzenalmente, desde que as exig@ncias de servi~o 0 permitam.
o "Comunidade" congratula-se corn esta iniciativa
e faz votos para que 0 Boletim Informativo fa~a mais pequena a lacuna que ainda existe na comunidade portuguesa de Toronto, no que diz respeito a urna informa~ao correcta, sadia e util.
Construcao
. de um Centro Comunitario
na Bathurst eDundas
Esta a ser planeado desde Fevereiro de 1974 a consde urn Centro Comunitario num peda~o de terra situado no canto da Bathurst e Dundas, atras da Biblloteca
Sanderson.
-~
Este centro servir; primeiramente a~ areas da Ken~ington, Alexandra Park e as ruas mais proximas a Oeste
da Bathurst. As facilidades que ser~o constru{das no
centro ter~o de ser propostas pelas pessoas residentes
na ~ea. Ate agora ja fizeram as seguintes propostas
para construir as seguintes facilidades: Urn jardim in;
fantil (Day Care Centre ), urn centro parayessoas idosas, urn clube para juventude, Piscina, Ginasio, aurnento
da Biblioteca Sanderson, Espa~o para outros programas
(Artes, m~sica, reunioes, salas de aulas ). 0 custo
foi estimado em Janeiro de 1975 em w2is de tr@s milnoes
de dolares ($3,195,419,000 ).
Os Portugu~ses que moram na area sac convidados a
participar nas reunioes de planeamento porque fazem parte desta comunidade. Este centro sera dirigido por pessoas da Comunidade.
tru~ao
.
·,
5
COMUNIDADE, AGOSTO 1.9'15
OS DESABAFOS
DO SENHOR ZE
Sr.
Ze
Tonin, tenho notado ultimamente que aparecem
not[cias contraditorias a respeito da imigra~ao no Canada. 1550 ate me faz pensar: mas para que raio quer 0 Canada imigrantes?
Tonin
Sr. Ze
A que noticias se refere, Sr. Ze?
Tonin
Mao vejo onde est{ a contradi~ao, Sr. Ze. 0 que
Al' atras os jornais diziam que 0 Governo ia controlar a imigra~ao, na'o e verdade? Menos gente
ia entrar no Canada', e so iam ser acei tes os .
que tivessem uma oferta de 'trabalho. OK! No
dia 16 de Janeiro os Ministros da Saude do Governo Federal e Governos Provinciais concordaram corn um pIano do Governo do Ontario para limitar a imigra~ao de medicos estrangeiros, pois
queixam-se que eles chegam a uma media de 1,000
poT' ana ao Canada.
acaba de dizer soprova que 0 Governo esta decidido a cortar a imigra~ao para dar mais oportunidade de trabalho aos Canadianos.
Sr.
Ze
E~era af, que eu ainda nao acabei. A contradi~ao'esta:
aqui. 'No dia 15 de Janeiro veio uma
entrevista no "Star" corn uma serie de pessoas
a reclamar que ha: falta de ger,te em certos serviGos, tais coma guardas de seguran~a, costu~
reiras, cozinheiros, etc.
• Tonin
Sr.
ze
Tonin
Sr.
Ze
Tonin
Sr.Ze
.onin
Sr.
ze
Tonin
Sr.
•
Ze
Eu tambem li essa entrevista. 0 que e mais interessante e a maneira coma eles explicam porque
e que os Canadianos nao pegam nesses trabalh~s.
o
que e que eles dizem, pois eu mal sei ler aquela inglesada?
Uma das pessoas diz que os Canadianos nao vao
trabalhar nesses lugares porque nao gostam de
se misturar corn os imigrantes, nem de ir para
aquelas areas.
~
/
Mas entaD nos temos piolhos? Os canadianos sac
melhores que n6s? A minha casa pode-se ver!
Sr. Ze, nao me parece que essa sej a a razao principal.
Se e coma a minha mufher, nem ihe pagam a tempo
e meio no overtime. Sao uns safados!
Acho que so as mulhers portuguesas
Sr. Ze
0
sabem dize~
Sabes Tonin, isso e que me chateia! Porque e que
esses garotos nao pagam decentemente e n~o tratam
os trabalhadores todos por igual? Por que e que
hao-de fazer pouco dos imigrantes? If por que nao
sabemos Ingles?
Ze Pois
e exactamente aqui que est; a contradi~ao!
Embora nao gostem dos imigrantes tem que os deixar vir, porque precisam deles para produzir as
riquezas que eles amassam.
Tonin ~xactamente!
Sr. Ze 0 que e que acha que era a melhor maneira para
e~direitar essas compantias de limpeza, hoteis
fabricas de costura?
~Tonin Sr. 2e, eu 56 vejo uma maneira poss{ve~ a unidade
dos trabalhadores, S6 quando os trabalhadores se
unirem nl~ sindicato ter~o for~a para dizer nao
os "bossas".
/
Sr. Ze E is so que os imigrantes tem~e aprender nesta
terra. Eu j~ notei que a uniao dos trabalhadores
e a ~nica maneira de sermos respeitados coma ho%
mens e como mulheres. Palavra de honra, revolta-me as tripas ver fazer pouco de trabalhadores,
la' porque s:ao imigrantes!
!-laltes
Quadras De Ant6nio Aleixo
Casado que arrasta a asa
a mulher deste e daquele,
merece que tenha em casa
outro homem en1 lugar dele.
o meu
merceeiro e~um santa
e tui quem diga que e le e~ maul
Digo-lhe s6: dou mais tanto,
j6. me arranja bacalhau.
Deixam~e
senpre confueo
as tuas paZavras boas,
por nab te ver faze I' uso
dessa moral que apregoas.
e·
E corn
muito prazer que aproveito 0 amavel convite
dos editores do novo jornal "Comunidade" para dirigir a
sua Redac~ao e leitores uma palavra de apre~o e encorajamento pel0 lan~amento de mais urn orgao de informa~ao
portugu@s dirigido a nossa Comunidade. Tern corn efeito 0
novo peri6dico uma importante fun~ao a cumprir e 0 espIrito jovem que 0 anima constitui sem duvida uma promessa de que no futuro provara de grande utilidade para
os interesses portugueses nesta -area. 0 Editorial do se
seu primeiro numero deixa-nos a certeza de que os autores do "Comunidade" estao bem conscientes da sua miss1l:o
de colaborar no progresso dos portugueses aQui residentes~ em todos os campos e abrangendo todas as camadas e
profissoes que constituem a nossa larga e produtiva Co~
munidade. E essencial que os 5rgaos de informa~ao Luso--Canadianos colaborem no esclarecimento dos nossos compatriotas nao 56 quanto aos desenvolvimentos em Portugal mas tambem no que se refere a sua adapta~ao na vida
Canadiana, pois 56 0 conhecimento da llngua, costumes e
regulamentos locais Ihes propocionara urn nlvel de vida
e um bem estar que os colocara em posi~ao de absoluta
paridade corn 0 resto da popula~ao, evitando situa~oes
de desigualdade provenientes do conhecimento imperfeito
das "regras do jogo",locais e da discrimina~ao por mui_
tos oportunistas que se aproveitam desse facto para explorar a boa-fe dos imigrantes. Mas para que a Comunidade Portuguesa adquira a posi~ao e a for~a a que tern
direito pela sua participa~ao no desenvolvimento economica deste pats e precise que mostre uma face unida,
consciente e responsavel para que, uma vez reconhecida
coma um importante sector da sociedade multicultural do
Canada, possa transmitir a este pals os valores cuItu_
rais portugueses que sao dos mais antigos da Historia.
Na certeza de que 0 "Comunidade" cooperara da melhor
forma naquele objectivo, formula aos seus iniciadores
os meus melhores votos de sucesso, oferecendo desde ji
o meu sincero apoio e colabora~~o
o
Consul-Geral
Magalhaes Feu
Entao qual e a razao?
Quanto a mim, os canadianos nao vao trabalhar
a{ por causa das condi~((es de trabalho e do sala'rio minimo que al' se paga. If por isso que
eles nao tern muita gente, mesmo um imigrante que
arranja urn trabalho melhor nao quer ir para l~.
Em geral. em muitas dessas companhias os trabalhadores nao estao unionizados, e tern de trabalhar a peia.
Tonin 0 que eles querem e mao-de-obra barata e em bastante quantidade, para quando urn n¥o quiser, estar outro a porta, Deste modo os trabalhadores
nao podem exigir salarios mais altos e melhores
condi~0es de trabalho
Sr.
MENSAGEM AO "COMUN:IDADE"
MelRo.. ias
de um -Iavem
Imigrante
Estimados Editores de "Comunidade":
Foi corn muita satisfa~ao que vi aparecer 0 seu
jornal. Bern feito, avservi~o da comunidade portuguesa,
ele veio ocupar uma fun~~o necessaria e inadiavel. Parabens.
Apesar de brasileiro, e coma born brasileiro me
sinto identificado corn voces e corn a Revolu~ao darFlores que venho acompanhando corn aten~ao; ali~s, coma todos no Brasil.
Estou-lhes enviando esse primeiro artigo sobre 0
novo Portugal democratico, que lhes pode ser de alguma
utilidade. Breve lhes envio outro trabalhinho de analise do MFA.
Em Setembro proximo parto para Portugal por 1
ano, convidado para lecionar na Universidade de Lisboa.
Se posso ser "util a voc~s, disponham.
Parabens e um cordial abra~o.
Antonio R. Bandeira.
Agradecemos a carta amavel do
P~ofessor
Ant6nio
R. Bandeira, assim coma 0 exemplar da sua autoria "AS
ELEICOES EM PORTUGAL" editado por Brazilian Studies,
Toronto Julho, 1975. Box 673 Adelaide St. P.O. Toronto,
Ont. Canada.
Todas as cartas enviadas a
assinadas, mesmo quando 0 autoI"
nimo. Os editores deste jornaZ
direito de publicar quaZquer
ao "Comunidade!'
este jornal devem vi
desejar permanecer ano-,
reservam, no entanto, 0
correspond8ncia envia
REPRESENTANTE DA F.S.P. EM TORONTO
(Continua~ao da pagina 1)
Continental ou Insular? A resposta a esta pergunta foi
clara ~ simples: sendo urn partido marxista, a FSP nao
acredita em propriedade privada. Esta questao trouxe
depois uma discussao longa em que varios problemas foram levantados acerca das taG faladas~ocupa~oes selvagens", ocupa~oes de casas, etc.
'"
Como ja foi anunciado pelo Conselho da Revolu~ao,
a propriedade do imigrante e sagrada, disse aquele militante da FSP. Esta e a maneira coma 0 Governo portu~
ges ve as coisas neste momento.
verdade que muitos
oportunistas ocuparam casas sem reparar a meios, mas em
17 de Abril Cl Conselho da Revolu~ao apareceu corn um decreto,proibindo tais atitudes individualistas. Foram
para is so organizadas as "Comissoes de Moradoresl1, que,
juntamente corn a C~ara Municipal de cada Concelho, a
pOlicia e os proprietarios d; casas desocupadas.tr~tam
do assunto. Se uma casa esta desabitada as "Com1ssoes
de Moradores" tratam de saber em que circunstancias a
casa esta desocupada, contactam 0 done ou procurador,
dao-lhe um prazo para discutir tais assuntos e entao a
decisto e tomada, dependendo na justifica~ao dada pelo
proprietario ou procurador da cas a "devoluta". Se este
nao comparecer dentro do prazo marcado, a casa sera 0cupada por ordem e corn autoriza~ao dos responsaveis.
Durante as investiga~oes, se for descoberto que a casa
"devoluta" pertence a um imigrante que naturalmente ira
precisar dela para viver, entao tal propriedade e sagrada, acrescentou Antonio Mestr~.
Depois destes esclarecimentos,varias discuss5es se
seguiram acerca da justi~a e injusti~a de tais decisoes
e, como conclus~o, f01 explicado que 0 imigrante n~o
se devia preocupar corn 0 que la tern, pois nada the sera
usurpado,ate porque 0 imigrante e parte do povo e a revolu~ao que se esta a fazer em Portugal e contra os capitalistas, grandes senhores que exploraram os pr6prios
imigrantes ao ponto de lhes ser necessario procurar outra terra para ganhar 0 seu pao.
Para os imigrantes que tencionam voltar a Portugal, a situa~ao deve ser clara: 0 Governo portugues tern
um programa que 0 imigrante dev.e conhecer. Nesse programa existe uma decisao de acabar corn a explora~ao do
homem pelo homem e,quem nao aceitar est a baseJesta a .
ser contra-revolucionario e nao sera aceite no pal's. Se
o imigrante nao gostar, se nao estiver disposto a lutar ao lado do Governo pela liberta~ao do povo e pelo
melhoramento do pais, entao que fa~a as malas e volte
para tras. Sem sacriffcio mutuo nao se podera chegar a
lado nenhum, sublinhou-se naquela sessao.
~tras questoes foram levantadas contra a conti~
nua~ao de certas velhas praticas no aeroporto durante
a revista das bagagens, contra "os pequenos fascistas
portugueses de Toronto", etc.
'
Foi pedido tambem 0 "saneamento das autoridades
onde existem ainda antigos funcionarios que continuam
a fazer 0 mesmo que faziam durante 0 regime fascista".
Falou-se tambem contra a falta de informa~ao na Comunidade Portuguesa.
€
No dia 4 de Outubro de 1964 urn aviao da Pan America
levantou voo do aeroporto de Santa Maria. Faziam parte
deste voo os meus pais, eu e uma duzia de familias Portuguesas que iam engrossar a comun{dade Portuguesa de
Toronto. S6 a viagem levou dois di~s. Olhando para tras
estes for am provalvelmente os dias mais longos da minha
vida. Embora fosse excitante para uma crian~a de 7 anos
foi tambem uma experiencia cansativa. Especialmente a
noite passada em Nova York quando nos foi dito "por causa do mau tempo, 0 voo para Toronto foi cancelado esta
nClite e 0 pr6ximo voo sera: amanha de manha. "Nao conhecendo nada melhor, algumas familias portuguesas, a minha
incluida, ficar~l no aeroporto e prepararam-se para uma
longa noite sem dormir 3entados nos bancos, enquanto
outros frocuraram hot~is para passar a noite em camas
confortaveis. Ainda me lembro de ter acordado no dia
seguinte corn 0 corpo todo r{gido e dorido .Todavia a ansiedade de encontrar parte da
minha familia que nao
tinha visto desde ha cinco'anos, deu-nos coragem para
continuar.
, Ainda me lembro de ouvir minha m1re dizer a outra pessoa J alta noite, "se nao fosse para livrar 0 meu
filho da tropa, eu nunca faria esta viagem". Agora, sendo mais velho, percebo 0 que minha mae quis dizer, mas
naquela altura 56 pensei que ela queria iniciar uma conversa. Dal' a pouco os meus olhos abriram de nov~ ao som
barulhento de um varredor, e que surpresa agradavel, ouvir uma pessoa a falar connosco em Portgu§s. Uma pessoa
que j{ fazia parte de um novo mundo que noS esd.vamos
perto a experimentar. Levantei-me P?ra ouv~-lo falar
com 0 meu pai, cerea de uma hora. E d1fl'cil lembrar-me
do que eles falaram, embora esta frase nunca me esque~a
"as pessoas que 'em Portugal pensam que n6s chegamos aqui
e apanhamos dinheiro daslvores, deviam vir ca ever realmente 0 :que isto e". No fim da conversa 0 meu pai
queria dar-lhe dinheiro; talvez porque ele nos fez algum favor, mas nem eu nem meu pai se leniliram que favor.
Na manha seguinte, dia 7 de Outobro dirigimo-nos
para um pequeno autocarro que nos levou para uma outra
parte do aeroporto onde tomamos um aviao de dois motores
de he lice da Air Canada que nos trouxe a Toronto. Depois de esperar umas horas n6s vimos a nossa faml'lia.
Como estavam dlO diferentes! Ja eram "canadianos" ....
o primeiro dia passou-se. Porem no segundo dia vieram os
avisos "voces,. devem aprender a ir pa;s- a cama cedo porDomingos Marques
que amanha nos temos de trabalhar; nao fa~am barulho,
as pessoas do segundo andar nao gost~ de b~rulho! nao
m~xas na tde~deViS~O! tira os bs~patos!~o meu Deu~, eu sen-12211......
t1a-me per 1 0 neste novo am 1ente. "Eu quero ;iJ.r para
tr~s para onde eu perten~o, Ribeirinha, S. Miguel."
Eram os meus pensamentos.
As opiniO'es apresentadas nesta e noutras reporta
gens ~ao saG necessdriamentes as do reporter, editores
FranR. Pacheco
ou outros membros deste jornal.
r
;
~
6
COMUNIDADE. AUGUST 1975
o SISTEr~
ESCOlAR DE TORONTO
(Continuay~o
f-
Malvern C.I
Monarch Park S.S
Nothern S.S
Oakwood C.I
Parkdale C.I
Riverdale Cl
da pagina 1)
sac ensinadas mais ou menos as mesmas materias.
Passar, Transferir e Perder
0
Ano
Se 0 professor sentir que a crian~a completa 0 trabalho necessario ao nIvel do grau e podera'completar 0
trabalho do ano seguinte, a crian~a PASSARA para 0 grau
grau a seguir.
Se a crian~a tiver serias dificuldades em ler ou
fazer aritmetica, ela sera posta nd:mesma classe de
crian~as que tenham a mesma idade mas sera ensinada a
wn nIvel inferior. Neste caso, a crian~a e TRANSFERIDA
para 0 grau seguinte .. Se os pais pen~arem que sera melhor para a crian~a, podem requerer que a cr:lan~a re'pita 0 ano escolar em vez de ser TRANSFERIDA. Isto e
que constitui PERDER 0 ano.
Se 0 estudante for transferido para 0 grau a seguir, ele ficarif atrazado nos estudos a nao ser que
possa alcan~ar 0 nivel de ensino pr6prio daquele grau.
Se ele for capaz de triunfar, ele continuara como se
tivesse PASSADO. Para ajudar 0 aluno a alcan~ar 0 seu
proprio nlvel, ele pode frequentar programas especiais.
As consequencias de passar ou transferir nao sao evidentes ate que 0 aluno esteja JPrestes a entrar na escola secundaria. Se 0 aluno nao tiver atingido 0 nIvel
do grau 8 quando for para dar entrada no Liceu, ele
ser~ transferido para 0 grau 9 ou pode repetir 0 grau~
8 mas a decisao final pertence aos pais. As consequen-
Secund~rias
Programas Academicos
Programas Comerciais
u'mas 100 cT'ia:ncas Portuguesas saD intl'oduzidas na cuZtU1'a POl'tuguesa atl'aves do pl'ogl'ama cuZtul'aZ e l'eCl'eativo "EM FRENTE" na escoZa da Ossin{iton.
No sistema escolar secundario existem grandes diferen~as nos programas.
Nlveis & Programas nas Esco1as Secundarias
Niveis
Escola
1,2,3
Heydon Park S.S.
Parkview S.S
West Park S.S
2,3
.Brockton H.S
Lakeview S.S
~
21 3,4 Castle Frank H.S
Bickford Park H.S
4~5
Bleor C.I
Central Technical S
Danforth Technical S
Eastern H.S. of Corn
Harbord C.l
Lawrence Park C.I
North Toronto C.I
Western Technical-Com
West Toronto S.S
4,5,6 Central H.S. of Com
Forest Hill C.I
Humberside C.I
Jarvis C.I
( liceus )
Dentro das escolas secundarias existem diferentes nfveis de aprendizagem e ensino. Estes niveis sao classificados da seguinte maneira: Nivel 1,2,3,4,5,6. Nfvel
1 e 0 mais simples e Nivel 6 e 0 mais dificil e avan~ado. Para dar entrada na universidade, tera de se seguir 0 nivel 5 ou 6. Para dar entarada em Colegios da
Comunidade, tera de seguir cursos com 0 mlnimo de nivel
4. Nlveis 1, 2, e 3 preparam 0 aluno para trabalhos onde
maior educa~ao escolar nao e necessaria, Em geral, os
niveis dos cursos correspondem aos anos necessarios para completar 0 programa escolhido pelo aluno.
Muitas vezes e muito dificil mudar de programas de
Nfvel 1,2 e 3 para os programas de nlvel 4 e 5. E mais
facil mudar de urn programa de Nlvel 4 para urn programa
de Nlvel 5. E importante que os alunos e os pais saibam
as consequencias de escolher um curso de qualquer nivel.
I
Telefone
534-1191
461-7506
532-2861
534-9237
461-7526
962-4871
537-2194
537-4165
531-5781
465-2454
461-6325
531-3571
489-1147
483-3568
¥66-7641
534-2381
531-5743
J87-0637
767-8438
924-8331
NOTiclAS DE PORTUGAL
MEDIDAS ECONOMICO-SOCIAIS PARA OS
A~ORES
Em reuniao interministerial foram tomadas medidas,
a curto prazo, no sector economico-social para 0 Arquipelago dos A~ores.
Pela sua import~ncia destacam-se as seguintes:
a) Foi decidido, como medida de emergencia, que a Junta Nacional dos Produtos Pecuarios adquira vitelos para abate, comprando-os pelc peso no acto de embarque,
sendo 0 transporte assegurado pela Secretaria de Estado
da Marinha Mercante.
Encontra-s€ ja no arquipelago um tecnico da JNPP,
para proceder a avalia~ao dos quantitativos de gado. _
b) Foram tomadas medidas, para colocar, de imediato a
disposi~ao do pIano pecuario dos A~ores, uma verba ja
atribuida de cem mil contos,
c) Foi decidido dotar a comissao administrativa da
firma Martins e Rebelo corn a verba de seis mil contos,
a fim de est a empresa pagar 0 leite que t~m em divida
para com os produtores do distritc da Horta.
Por cutro lado, a JNPP dara inicio ao pagamento
dos subsIdios que, habitualmente, concede, e cuja liquida~ao se encontre em atraso.
.
d) Foi eliminado 0 'imposto que incidia sobre a ent:-ada no continente de ramas de tabaco oriundas do arqulpelago e decidido igualizar 0 imposto sobre 0 tab~co
manufacturado pelo valoT mais baixo ( cerea de trlnta
·centavos por ma\o ),
e) No prazo de quinze dlas a Secretaria de Estado do
Abastecimento e Pre~os tomara medidas, no sentido do
nivelamento dos pre~os dos adubos, ferro, gas, e cimentos, estando em estudo medidas identicas para outros
produtos.
f) Estudar 0 escoamento das conservas de atum ainda
existentes no arquipelago, atraves da inclusao da sua
exporta~ao nas medidas de'apoio
Guine e Cabo Verde,
bem coma apoiar, em condi~oes a estudar, as fabricas de
conserva.
g) Foi decidido escoamento das capturas caso se detecte necessidade, em navios frigorificos, atraves da
Secretaria de Estado das Pescas.
h) No sector industrial~ foi tomada uma resolu~io, no
Sentido de 0 Ministerio da Industria estudar as cond~­
~oes que permitam as ramas de tabaco a~orianas em uni_
dades fabris do continente.
i).Foi anunciada a cria~ao, a curto prazo, duma delega~ao do Instituto de Apoio as Pequenas e Medias Empresas nos A~ores.
j) No ambito do credito, anunciou-se a desloca~ao
aos A~ores, do Secretario de Estado do Tesouro a fim de
proceder a instala~ao no arquipelago dum Secretariado
Regional da Banca.
Esse Secretariado actuara, designadamente, no
sentido de facilitar a concessao de creditos e mobiliza~ao de poupan~as junto das comunidades a~orianas da
America do Norte.
1) No sector do turismo, esta em curso uma campanha
para fomentar 0 turismo social, nomeadamente atraves
da inclusao dos A~ores em campanhas de iniciativa da
a
~
Prograrnas academicos permit~ndo entrada na universidade
duram 5 anos ( N{veis 5 e 6 ) e sao oferecidos em escolas designadas para preparar estudantes para a universidade. Urn programa academico tambem e oferecido por 4
anos mas nao da acesso a universidade. Este programa 4a
aces so aos Colegios da Comunidade ( Comunity College)
cias de ser transferido para 0 grau 9 sac que s~ poder~
~ntrar para cu!sos corn nivel 1, 2 ou 3.
Escolas
694-3294
461-0893
487-7351
654-45l0
53Z-3363
465-3541
Programas Tecnicos
Programas Tecnicos podem durar de 2 a 4 anos e dao pratica em diferentes traba1hos tal como mec~nica, carpintaria, soldador, etc. Urn curso tecnico de 2 ou 3 anos
da apenas urna pequena amostra daquilo que 0 trabalho
consiste. Este conhecimento pode ajudar urn estudante a
arranjar um trabalho ou dar entrada numa aprendizagem.
o programa de 4 anos abre 0 caminho para trabalhos melhores, aprendizagens mais curtas, ou entrada ern Cole- ..
gios da Comunidade. Completar urn programa tecnico ~o
garante aprendizagem nem trabalho na carreira escolhida.
Decisoes de Pais e Estudantes
Muitas escolas oferecem urna mistura d6s programas e piveis acima mencionados. Desde que 0 estudante tenha passado para 0 grau 9 ele pode escolher qualquer programa
ern qualquer n{vel ou qualquer combina~ao de programas e
nIv~is oferecidos ern qualquer escola. Pais e estudantes
devem conhecer as consequencias de escolher qualquer
curso ern qualquer nlvel.
Aulas Especiais de Ingles
I
Secretaria de Estado do Turismo.
m) No domlnio da Saude, foi anunciado urn esquema de
cobertura do arquipelago.com medicos de internato policlinico, medida esta
concretizada em Julho.
n) Foi decidido ultimar, para ser enviado a Conselho
de Ministros, um diploma instituindo para a regiao dos
A~ores urn orgao executivo coordenador das actividades,
visando 0 desenvolimento economico-social do arquipelago. Esse orgao intregrara os diversos servi~os perifericos da administra~ao central actualmente existentes.
ASSaMB~EIAS
Nestes programas ( que duram de 2 a 4 anos ), os estu- __.
dantes adquirem pratica ern trabalhos de escritorio ( es-41
crever a maquina, estenografia, etc. ). Os cursos comerciais de 2 e 3 anos dao pouca pratica ao ~studante.
Estudantes que tenham esta pratica podem somente . arranjar empregos basicos de escrit6rio. Urn curso comercial
de 4 anos cl! mais pratica e abre 0 caminho para melhores empregos. Tambem da acesso aos Colegios da Comunidade.
Para os estudantes que nao falarn ingl@s existem programas especiais para os ajudar, tanto nas escolas primarias como nas escolas secundarias. Dependendo da idade ~
da crian~a, ela sera posta num progarna de ingles na es- ~
cola primaria ou secundaria. Durante 0 tempo de 1 a 2
anos, 0 estudante sera posto num programa corn os outros
estudantes que conhecem a lfngua. Quase todas as escolas oferecem programes especiais de ingles. Dependendo
da escola, eles terao entrada ern prograrnas de niveis 3,
4, e 5. Pais e estudantes devem reconhecer que falta de
pratica de ingles nao os deve impedir de darem entrada
ern prograrnas de niveis mais.altos.
Programas Especi~is
Programas Especiais existem para crian~as com muitos
tipos de problemas. Estudantes que fre~entam estes programas podem ser atrasados mentais, surdos ou terem
grande dificuldade em ler, etc. Quando poss!vel, estes
estudantes sac postos ern prograrnas normais. Nenhurna crian~a pode ser posta ern qualquer programa especial sem 0
o consentimento dos pais. Tenha a certeza que entende
qual 0 programa que os seus filhos frequentarn e porque!
Conclusao
POPULARES EM PORTUGAL
No aia 9'de JuJ.ho, a Assembleia do Movimente das
Armadas publicou urn documento que institui 0 poder popular directo por meio de ass~mbleias do povo.
"As Comisso"es de Moradores; Comissoes de Trabalhadores
e outras organiza~oes de base popular formarlo Assembleias Populares Locais, de Freguesia ou por area a defimir. Destas Assembleias Locais se formam 'as Assembleias Municipais e assim sucessivamente ate a Assembleia
Popular Nacional~ diz 0 docurnento. 0 Movimento das For~as Armadas 'participara nas Assembleias aos niveis municipal, distrital, regional e nacional.
For~as
Nesta terra espera-se que os pais tomem parte activa na
educa~ao dos seus filhos. Telefone regularmente para 0
professor do seu filho e pergunte como ele vai andando
nos estudos equal 0 nlvel de estudos que ele esta frequentando. Va a todas as reunioes de pais e professores
Nao espere que urn problema surja para ir a escola. Se
tiver qualquer pergunta a este respeito por favor nao
tenha receio de nos telefonar.
Projecto "Prova"
Estrella Roias ( Portuguesa )
Ana Silva ( Portuguesa)
Lena Corrado ( Ital~ana )
Peter Gallus ( Ingles )
TRI UNVIRATO·
A Assembleia do Movimento das For~as Armadas, numa
sessao extraordinaria, no dia 25 de Julho de 1975, "pronunciou-se sobre autoridade e seguran~a da Revolu~ao,
tendo conclllido pela necessidade de uma forte direc~ao
politica~ ~onforme um comunicado publicado no dia 26
de Julho. 0 poder pol{tico e militar sera concentrado
nos seguintes membros dt Conselho da Revolu~ao: Presidente da Republica, general Costa Gomes; Primeiro-Ministro, general Vasco Gon~alves; comandante do COPCON, general Otelo Saraiva de Carvalho. 0 Conselho da Revolu~ao passa a ser um orgao consultivo.
Segundo 0 comunicado, a Assembleia abordou 0 problema da disciplina revolucion{ria ern toda a sua amplitude e no prdprio seio do Movimento das For~as Armadas,
decidindo "pela actua~1io corn firmeza, contra elementos
que, corn inten~ao contra-revolucionaria, criem um clima
de ~gita~~o popular e dificultem as tarefas de constru_
~ao do socialismo~
~
~
COMUNIDADE
,
E SEU AM/GO
'.
ASS/NE-O!
EMfSSORA NACIONAL
,
923-7623
922-7615
745-3764
465-5272
N ,
HORARIO DAS TRANSMISSOES ( ern llngua portuguesa ) todos os dias para 0 Canada e Frota
DESTINO
HORA LOCAL
HORA (TMG)
FRQUENCIAS
(KHZ)
C. ONDA (m)
Leste
Oeste
18.30-20.00
00.30-02.00
11935 e
6025
25 e
49
18.00-19.30
03.00-04.30
11935 e
6025
25 e
49
.
TEL. 535-8616
.~
.
-
} OPINIAO:
QUE SE PASSA ENTI\E OS IMI<JRANTES PORTUC,lJES ES Nos ESTADOS UNIDOS
Neste verao, eu tive a oportunidade de passar duas semanas, ern Massachusetts e Rhode Island, nas areas mais populadas por Portugueses. Eu, sendo A~oreano
residente aqui ern Toronto, fiquei movido e chocado
corn a reac~ao do povo A~oreano ern geral sobre G movimento de independencia dos A~ores. A maioria desta
gente que vive centenas de milhas afastada do lugar
onde nasceu, por vezes envolve-se tanto nestes casos
que se esquece dos problemas concretos e mais importantes da sua vida quotidiana.
Observando isto, eu pensei que fosse interessante
para a Comunidade Portuguesa de Toronto, ter urna ideia
do que se passa entre os nossos irmaos nos Estados
.. Unidos.
Depois de falar corn varios familiares e velhos amigos, eu verifiquei que 0 povo A~oreano nestas zonas
estava profundarnente preocupado (e envo1vido) no movirnento da independencia dos A~ores. ~entro deste povo, pode dizer-se que havia dois grupos principais.
Haviarn aqueles que apoiavarn a independencia dos A~o­
res mas nao se envolviarn directarnente e aqueles que
participavam directamente ern comfcios dos partidos separatistas.
ASSEMBLEIAS nao para esc1arecer
Os simpatizantes conversavarn corn os seus arnigos e
familiares sobre os problem~s que os afectam pessoalmente, por exemplo, 0 medo da expropria~ao das suas
• _casas e propriedades que possuem nos A~ores e 0 medo
41 do comunismo. 0 outro grupo constituido por pessoas
m~is activistas que dirigiarn e"empunhavarn" a ideologia separatista. Este grupo chefiado por poucos elementos, tentava influenciar 0 outro grupo menos consciente por meios de radio, televisao, jornais, panfletos e outros meios de comunica~ao.
Nos varios comicios que eu assisti, notei que os
dirigentes dos partidos separatistas dominavarn 0 resto do povo que fazia parte da assembleia. A reac~ao
das pessoas era apenas por emo~ao, pois gritavarn os
slogans "independencia dos A~ores agora mesmo", etc,
mas eles nao faziam perguntas suficientes para ficarem melhor esclarecidos. Entao, uma pessoa ficava corn
a impressao que aquelas assembleias nao erarn para esclarecer e 1nformar, mas apenas para tentar influen-
•
ciar e manipular as pessoas ali presentes.
Depois de falar pessoalmente corn os individu?s simpatizantes da independencia dos A~ores, eu achel ~~e
eles ,J1ao entendiarn 0 que se passava naquelas reunl0es
e nao sabiarn responder
perguntas fei tas por mim.
as
JORNAIS ao
servi~o
de grupos separatistas
Isto nao e de admirar, pois quando comecei a ler
os jornais Portugueses, coma o"Portuguese Times" e 0
Luso Americano", notei logo que estes meios de comunica~ao (bem coma a esta~ao de radio) estavam ao servi~o
dos grupos separatistas. Existiarn ate pequenos anuncios nos jornais, no qual os leitores podiam assinar
o seu nome e serem enviados para 0 presidente dos Estados Unidos pedindo a interven~ao deste pats na actual vida pol!tica de Portugal.
Ainda mais, foram estes dois jornais corn a ajuda
de muitos clubes Portugueses que aproveitando-se da
fraca inforrna~ao do povo A~oreano organizaram varias
manifesta~6es apoiando a independencia dos A~ores.
Uma das manifesta~oes foram realizadas ern Nova
Yorque ern frente do edif1cio das Na~6es Unidas para
apoiar uma resolu~ao que garantisse a independencia
dos A~ores. Houve tarnbem duas excursoes a Washington
( capital dos Estados Unidos ) onde foram organizadas
duas manif()sta~a-es ern fr~nte da Cas a Branca ( \',bi te House ) onde reside 0 presidente dos Estados Unidos. Para a
a ul tima Illanifesta~ao ern Washington, foram 10 autocarros de Rhode Island, 6 de Fall River e 1 de New Bedfor.
MAIS de 15% de Portugueses sem traba1ho
Enquanto a comunidade A~oreana se envoIvia na tarefa da independencia dos A~ores, eu verifiquei, e e
ironico, a situa~ao economica nos Estados Unidos nao
era mui to favoravel. Havia falta de trabalho, 'layoffs, aurnento do custo de vida, menos dias de traba~
Iho, ate que mais de 15% de todos os Portugueses da
Nova Inglaterra, na cidade de New Bedford, Fall River,
Bristol e cidades adjacentes estao sem trabalho. Alem
disso, eles sac sujeitos a serem os primeiros a serem
despedidos, sempre que a economia dos Estados Unidos
esteja em crise.
A Escola e a Comunidade
Apos longa e ardua luta, 0 Toronto Board of Education, aprovou finalmente a remodela~ao da escola liceal Harbord Collegiate. A quantia exacta concedida ao
projecto nao sabemos, mas nos circulos informados, fala-se de cerca de ~ milhoes de dolares.
Quando a noticia foi publicada ha urn ano, muitos
viram os primeiros sinais da materializa~ao durn velho
sonho. Para outros come~ou urn pesadelo. A "caixinha"
de tantas mem6rias estava prestes a ser demolida. Muitos opuseram-se ao projecto ate ao ponto de formar urn
grupo dedicado a "salvar a Harbord" pelo valor historico do edificio. A decisao final foi urna concessao mutua: a frente do edificio manter-se-ia, pois os resi~dentes imediatos da area identificam-se corn 0 desenho
exterior que ja Ihes e comum. 0 restante sera remodelado e expandido para melhor acomodar os mil e duzentos alunos que frequentam a escola numa atmosfera mais
espa~osa e modernizada.
o projecto sera urna experiencia para 0 Board of
Education, porque sera a primeira vez que urna escola e
quase totalmente demolida e reconstruida. Sera a primeira vez que estudantes, professores e a comunidade a
quem a escola serve, podem participar na escolha do tipo de escola que ira ser construida. Sera tambem, ern
minha opiniao, a primeira vez que urna escola secundaria e denominada uma escola comunitaria, pois nao conheco liceu algurn ou escola tecnica sob essa categoriza~iJ.o.
Ern
tiva da
Mar~o
passado foi completada a Comissao Consul(Building Advisory Committee). Esta
~omissao e formada por tres estudantes, tres professores, assim como 0 mesmo nurnero de ex- alunos e representantes da comunidade, nurn total de doze pessoas. A
fun~ao deste grupo e discutir e avaliar varias propostas (alem de originar outras ) relacionadas corn 0 novo
edificio. A finalidade mais importante deste grupo,
que tera urna longitividade de urn ano, e de inf1uenciar
o Toronto Board of Education. Portanto, a comissao
nao tern 0 poder para a decisao final. Na realidade porem, se tudo se fizer dentro das linhas financeiras,
nao ha duvida que as suas decisoes farao a nova Har bard Collegiate.
Ern Junho, dois meses depois da formacao da comissac acima mencionada, "foi ,publicado urn' ~studo ent~ tulado "Facilities Brief" onde os mombros da dita comissac exprimiam as suas ideias sobre 0 projecto da Harbord, denunciando a inutilidade dos representantes da
~ comunidade e dos ex-alunos que.se representarn somente
a eles proprios ou grupos individualistas. A comissao
tambem convidou qualquer grupo comunitario que estivesSe interessado no projecto, a apresentar urn, "brief"
ou resumo a comissao "
Do grupo P.I. C. A. S. O. (Portuguese Information
Centre &Social Organization) germinou urna ideia: englobar n~ nova escola urn centro comunitario, semelhante ao existente na Kensington Community School, na Lippincott e College. Estando situada no centro da co~uni'dade portuguesa e perto de transportes publicos, a
Harbord e geograficarnente estrategica para urn centro
dessa natureza.
o centro serviria como nucleo organizativo de outras actividades que se esperam desenvolver. 0 uso dos
ginasios, piscina, auditoria e salas de aula perrnitiit ~iarn urna variedade mUltipla de 'actividades. Urna outra
constru~ao
7
COMUNIDADE, AGOSTO 1975
vantagem e 0 facto desta escola possuir uma biblioteca
corn varios livros, jornais e revistas ~ortuguesas que
urn grupo de estudantes criou durante 0 passado ano lectivo.
•
PICASO responde~ ao convite da comissao e apresentou 0 seu resumo. 'A falta de tempo causou a falta
de ~rganiza~ao que por sua vez deu origem a um estudo
("brief") mal coordenado e mal recebido. Tal resumo
foi feito ern conjunto com a comunidade chinesa, pois
dois grupos representariam mais forya do que urn e 0
centro comunitario era para ser compartilhado pelos
dois grupos etnicos. A comissao porem, reagiu muito diferentemente do que se esperava. Depois de tudo 0 que
se tinha dito sobre a Harbord tornar-se urna escola comunitaria, 0 espa~o nao nos foi concedido. Ha de facto
espac o denominado"comunidade" mas para ser usado por
todos os grupos etnicos. 0 que e triste e que para certos membros da comissao um centro comunitario e um arquivo. Imaginem urna sala corn urn arquivo e umas gavetas.
Aparece uma pessoa para ser ajudada ern qualquer servico. Onde se manda sentar? E n6s, onde nos sentamos?
Ern cima do arquivo ou das gavetas?
Corn as elei~oes provinciais ja bastante perto, 0
Board of Education congela todo 0 capital 0 que quer
dizer que nao havera mais construcao ou reconstrucao de
escolas por agora. Esta ac~iLO e, segundo um "trustee"
parte da mecanica das elei~oes e segundo outro, e parte durn conflito entre 0 Separate School Board e 0 Toronto Board of Education. 0 que interessa a nossa comunidade e que 0 projecto da Harbord siga para a frente,
pois 0 facto de 0 capital estar "congelado" nao atinge
a Harbord e nos precisarnos dum centro comunitario.
PICASO vai submeter outro ·resumo a comissao assim
coma uma peti~ao 0 que nos dara a todos nos portugueses uma oportunidade para agir. Se nao quer deixar passar esta oportunidade apoie esta causa. Telefone para
PICASO 924-097<1
Edmundo Duarte.
SE
~
LICAO para os
A~oreanQS
Eu vi que os A~oreanos nao estao a par da situa~ao
de outros povos. etnicos e sobre a experiencia das
ilhas Virgens, do Panama e Hawaii quando se ligaram
aos Estados Unidos. Como por exemplo, a experiencia
do Puerto Rico e 0 seu povo,podia servir como uma li~ao para os A~oreanos
ali residentes. Porque os Porto Ricanos, vivendo nos Estados Unidos, nao vivem nas
melhores condi~6es de aJojamento e nao tern a mesma
facilidade de emprego como os Americanos. Ao que posso dizer, para os A~oreanos melhor compreenderem 0
que se passa nos A~ores e necessario que ern primeiro
lusar estejarn conscientes do que se passa a sua volta
na America e compreendam a luta de liberta~ao do povo
oprimido de todo 0 mundo contra as for~as que impedem
o seu desenvolvimento.
Afinal, 0 que eu conclu{ da minha visita aos Estados Unidos e que 0 povo A~oreano ali residente, embora sinta uma certa liga~ao emocional corn os A~ores,
estava a tentar resolver os problemas socio-economicos e polfticos daquelas 9 ilhas localizadas centenas
de milhas fora do lugar onde vivem.
Ao fim de contas, os A~oreanos podem falar 0 que
quizerem ali na America ou aqui no Canada'mas
os
problemas dos A~ores s6 podem ser resolvidos pelos
proprios A~oreanos que vivem actualmente nos A~ores .
Porque no estrangeiro sempre temos os nos sos problemas de trabalho e vida diaria para resolver e que consome as nossas energias.
Portanto fa~o urn apelo a comunidade A~oreana e a
todos os A~oreanos residentes aqui ern Toronto para
que se informem e que nao se deixem ser manipulados
por "senhores" ou grupos "separatistas" corn base na
America . Para quando eles fa1arem ern liberta~ao dos
A~ores, poderrnos perguntar: "Mas que Liberta~ao?"
Tony Amaral
EMIGRANTES
Aqui vai UJ71 excerto do caderr:c AS ELEIC )ES EM PORTUGAL
da autoI'ia de Antonic R. Bandeira, cbra esclarecedcy'a
em,todos 03 aspectos das eleicoes.
'A falencia do regime salazarista pode bem ser medida pelo fluxo imenso de emigrantes que provocou. Ern
busca de trabalho, fugindo ao recrutamento para a guerra colonial, ou escapando da feroz perseguiyao P011cica, entre 1966 e 1974, 1.479.888 portugueses foram 0brigados a abandonar seu pals. 0 nlirnero de desertores
alcancou 110 mil, segundo os dados oficiais do Governo
Caetano. A populacao do pais que superava os 9 milhoes
em 1960, caiu para pouco mais de 8 milhoes, apesar do
crescimento populacional.
Marcello Caetano estimulou ainda mais a emigraciJ.o,
anteriormente restringida, com 0 prop6sito de usar as
remessas de dollar feitas pelo emigrante aos bancos
portugueses para cobrir 0 deficit da balanca de pagamento. A partir de 1969, essas remessas cobriram esse
deficit, e so em 1973 entraram no pais 400 milhoes de
do lares remetidos dessa forma, por essa gente fOIcada
a viver longe de sua piJ.tria e ainda obrigada a financiar 0 regime que de facto a expulsara.
o MFA decretou a amnistia aos desertores, e estendeu 0 direito de voto aos emigrantes que nao estivessem ausentes de Portugal por mais de 5 anos, ou
que tivessem em Portugal parte da familia. Foi recenseado urn total de 21.934 emigrantes, dispersos por
mais de 30 diferentes paises.
No Canada:, registaram-se como eleitores: Toronto,
1.720; Montreal, 212; Vancouver, 125; e Ottawa, 85.
Nos Estados Unidos:Newark, 2.565; New York, 1.380;
Boston, 536; Washington, 147; e San Francisco, 57. No
Brasil: Rio de Janeiro, 176; Santos 129; Sao Paulo,
Ill; Para, 39; Porto Alegre, 24; Recife,ll; Belo Horizonte, 9; Bahia, 5.
Os emigrnates votaram para preencher urna cadeira
na Assembleia Constituinte, havendo sido eleito 0 candidato do PPO.·
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AO SEU SERV/~O
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8
COMUNID.4DE. AUGUST 1975
0
•
Memories of ChildhtJod
laughter, no more cheers, no more joy.
Incidents of this sort were common in our elementary
school days, at least in the small rural places. Was
it different in the big cities? I don't know.
By the end of elementary school most of us knew
how to read fluently, how to solve some
mathematical
problems and we had discovered certain parts of Portugal
such as mountains and rivers. We were also taught to
be proud of our colonies of Africa and Asia and we saw
them as part of our dominion. The colonialists and
the missionaries were great heroes, and we were suppose
to defend those territories no matter what.
We knew all this,but most of all,we knew discipline.
We knew how to obey our leaders, we were timid to strangers and spoke only when spoken to. For me this was to
change, however, as I moved to a new country - Canada.
This was
large country with rich raw materials, vast
empty lands. dozens of times bigger than my own country.
In Canada I would learn a different language different
customs and laws. lhis was to be the beginning for a
New Canadtans.
When I enrolled in school for the first time I .was
afraid that I wouldn't meet the demands of a totally
different environment. I was taken from my mother's
lap, and put into a room filled with emptiness and surrounded by four dull walls, which hadn't seen paint for
many many years. Above us was a small lightbulb, hanging from the centre of the ceiling as if spying on us.
Around me were my future colleagues sitting with innocent, but frightened expressions on their faces. We
were all sitting in old worn-out desks which had probably been the desks 9f our parents. The desks were all
scratched, 'stained with ink and had engraved on them
the names of the more frustrated students who
dared
to write on them over the years. Through the back door
of the room I could hear some whispering voices, which
came from the other and only room in the school. This
room was for the girls, because girls weren't allowed
to integrate with boys or vice-versa for some strange
reason which I still cannot understand.
As we progessed to learn the alphabet, and later
the basics of math, we had learned that beatings were
to be part of our school life. Those who grasped the
studies quickly did not have to worry too much about
getting whipped, but those unfortunate kids with slower
learning capabilities lived in terror, which spread over
everybody in the rooom. As soon as the thought of school
entered our minds, our hearts beat faster as shivers ran
up and down our spines.
I clearly remember one incident when I and a fellow
student got into a brawl, and since I was the agressor
I got the Punishment for the both of us. As soon as our
teacher was aware of the incident, she came furiously
running over to my desk. I put my head over the desk,
sheilding it with my hands in which I held a pen. As
she was striking me over the head, she accidentally
punctured her hand on the pen. That infuriated her even
more and she kept beating me until I started screaming.
In school it seemed we were being prepaTed for a
war. Orders would be given and followed without excuses
or explanations, like in the army. We, the little
soldiers, were frightened from the first days; and the
end of school (four years of public school at that time)
was seen by the majority as an escape, and the begining
of freedom.
Our grade two teacher was a mean looking character
with large blazing eyes, a very pointed nose and yellow
coloured cheeks. He was prepared for battle,for, in '
front of the classroom he kept his amunition: two long
sugar canes which we called "Cana da india". The cane
reached almost every student in the classroom from where
he stood at the front. He also had a specially handcrafted strap, which was made out of thick wood with
holes on a round part, which in turn was connected to a
handle, Besides these instruments there were always books and other objects that could be thrown across the
room, depending on which one was handier at the time.
We were instructed to memorize papers and pages
of writing from books which were too advanced for our
reading skills. Next morning we were thrown questions
which demanded answers, and if we were not able to
produce them the ''bombs'' and "bullets" would fly. We
were dictated sentences which we had to write with
maximum care so that no mistakes were written, because
for every spell·ng mistake one was to get a strap with
the instrument that was shaped like a ping pong racket. Only this racket was much more thicker with holes
in it that stung you like killer bees.
Recess was the only period of time which we really
enjoyed. As soon as we stepped out of the door our
faces bloomed with happiness and we were out to relieve
the tensions and fears built up within us. We relieved
our frustrations by playing rough and tough games, mistake our colleagues for the teacher. The only thing
wrong with recess was that it was too short. As soon
as we walked back to the classroom we held our hearts
in our hands and squeezed them until there was no more
I
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Ela Esta De Pe Nas Minhas Palpebras
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em breve, urn dos melhores meios de
R
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Fozem-me rir, ehorar e rir,
Falar sem ter r~da a dizer.
Este jornal que j.unto Ihe enviamos, tern capacidade de ser, dentro
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Cs sonhos de la a Zuz do dia
Fazem os sois evaporar-se,
Durante as Qltirnas duas sernanas urn novo jornal foi
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Telefone
Tem sempre os oZhos abertos
E nao me deixa dormir.
distribuido largamente pela comunidade portuguesa de Toronto.
Toronto, Ontario.
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E desapcreee na minha sombra
CVmo uma pecrc sobre 0 eeu.
Ex.mo Sr.
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minhae maos,
d~s meus olhos
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clo West End YMCA
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Para por um antincio chame
931 College St.
Nome
EZa eabe toaa
EZa tem a eor
Os antincios no jornal
PARA: MOVIMENTO COMUNITARIO PORTUGUES
E
EZa estd de pe' nas minhas paZpebras
(Jom os dedos nos meue entreZaeados.
FRANK MARQUES
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- ---
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...
Chegaram a sede do comunidade Jurnores de que alguem vendera' 0 j ornal "Comunidade". Como ~,sta explicado claramente na edi~ao de Julho, 0 jornal e gratis durante 0 verao e ninguem devera pagar um centavo a nao
ser que decida faze-le para gratificar 0 distribuidor.
A partir desta edi~ao, isto e.em Setembro, 0 jornal sera distribuido somente aos assinantes que vao ser contactados ate ao dia 7 de Set~bro. Para que 0 jornal
saia nessa altura e necessario a aquisi~ao de urn nUmero
mfnimo de assinantes capaz de pa~ar as despesas da publica~iro do "Comunidade" durante urn ano ou seja ate Setembro de 1976.
Se nao for contactado depois de receber este numero e achar que este jornal e necessario na comunidade, queira contactar-nos pelo telefone ou enviando-nos
o cupao abaixo indicado ~om a quantia de 5 dolares. Se ,por qualquer razao nao for posslvel angariar 0 nUmero .,
necessario de assinantes ( 0 que sinceramente nao acreditamos va acontecer! ) entao 0 seu dinheiro sera dev01vido. Nao estamos pessimistas acerca do resultado final
da campanha de apoio que vai ser iniciada logo apos
a distribui~ao deste numero, mas e nece~sario que 0 leitor nao tenha duvidas nenhurnas acerca do que vai acontecer ao seu dinheiro.
Se esta interessado que este jornal continue e se
acredita que de facto ele 6 necess~rio como uma voz independente defensora dos interesses dos imigrantes na
sociedade canadiana e como urn meio informativo dentro
da propria comunidade portuguesa, se ,acredita em tudo
isto, nao fique
espera que 0 contactem. Hoje mesmo envie 0 seu apoio pelo correio, telefone ou pessoalmente.
Amanha pode ser demasiado tarde.
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