7.3 MB - Sociedade Brasileira de Eubiose

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7.3 MB - Sociedade Brasileira de Eubiose
REVISTA ONLINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE - ANO II– Nº 4
FEVEREIRO A MAIO DE 2013
Helena
Palavras de:
Jefferson
de
Souza
(Digníssima esposa de
Henrique José de Souza, Fundadores da Sociedade Brasileira de
Eubiose. 1906-2000)
“A Maternidade é a coisa mais linda que existe na face da Terra e em outros planos também. São
as três pessoas que se tornam um só ser.”
EDITORIAL
O conhecimento espiritual esotérico não se contrapõe ao exotérico, ao formulado pelas
religiões para os homens comuns, que compõem a maioria da humanidade. Ele é um complemento,
algo a mais, destinado àqueles que desejam aprofundar-se nos conhecimentos milenares, deixados
pelos Avataras e repassados, apenas, a pequenas minorias, através de Sociedades Iniciáticas. A
esse conhecimento espiritual e iniciático, denominamos, na Sociedade Brasileira de Eubiose, de
Sabedoria Iniciática das Idades.
Esse acervo gigantesco de sabedoria é estudado, pesquisado e transmitido, de forma sintética
e analógica, aos integrantes da Sociedade Brasileira de Eubiose, através de um sistema iniciático,
elaborado pelo seu fundador, Henrique José de Souza, que tem, como três grandes pilares, a Escola,
o Teatro e o Templo.
A Escola tem, como escopo, a pesquisa individual e grupal dos conhecimentos tradicionais da
Sabedoria Iniciática das Idades, acrescidos de novas abordagens iluminadoras do passado, presente
e futuro, trazidas e reveladas por Henrique José de Souza. Com a Escola, busca-se expandir o
denominado mental concreto até os limites do mental abstrato, portal de acesso ao entendimento
das coisas singulares e universais mais profundas.
O Teatro, da forma como é concebido na Sociedade Brasileira de Eubiose, visa não só à
“espetacularização” de aspectos da vida individual e coletiva, mas também a uma sutil educação
da sensibilidade, das percepções emocionais e das emoções corriqueiras, para elevá-las através de
processos iniciáticos de sublimação a patamares superiores. Nesses últimos, as energias psíquicas,
oriundas de carências emocionais, são transformadas naquilo que a Sabedoria Iniciática das Idades
chama de Amor Universal.
A concepção eubiótica de Templo supera, em muito, as ideias corriqueiras de que seja um
local sagrado, em que se realizam cerimônias sagradas, que atualizam, no eixo do tempo, também,
práticas sagradas. Para nós, eubiotas, é uma verdadeira usina transformadora de energias divinas
em humanas, e de energias humanas em divinas. Em outras palavras, traz o divino até o humano da
face da Terra, e eleva o humano para o divino.
Com as atividades templárias, criam-se processos espirituais de transformação das tendências
negativas, oriundas dos carmas individual e grupal de cada um, em tendências positivas, que levam
à aceleração do processo de evolução. Esse mesmo mecanismo age em termos coletivos, atuando de
forma geral sobre toda a humanidade. É por isso que, dentro do acervo de ensinamentos eubióticos,
o Templo não é considerado um local de adoração, aqui, vista como uma ligação emotiva, cega e
passional. Mas um espaço-tempo em que são geradas energias sutis a serviço da evolução humana,
do projeto evolucional do Avatara do Terceiro Milênio.
A integração das atividades de Escola, Teatro e Templo no cotidiano de cada eubiota possibilita,
juntamente com a interação grupal, a evolução do estado de consciência de cada um de per si, da
família, da sociedade como um todo e com reflexos em toda a humanidade.
A Sociedade Brasileira de Eubiose trabalha, portanto, para o aprimoramento físico, ético-moral
e espiritual de seus membros e de toda a humanidade. Tal trabalho não significa, contudo, conceder
ou receber “graças” ou “favores” de toda a ordem. Mas, sim, inserir seus membros na corrente
evolucional inaugurada pelo Avatara do Novo Ciclo.
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SUMÁRIO
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A EUBIOSE
VALQUÍRIAS
Henrique José de Souza
A Sociedade Teosófica Brasileira não pretende
implantar um sistema. Ela é uma entidade
espiritualista, cujas cogitações e atividades são
dirigidas inteiramente para o aperfeiçoamento
interno dos homens.
Iara Fortuna
Um dos arquétipos que tão bem descreve a eterna
saga em busca de nossa Divindade Interna,
está expresso numa figura que encontramos na
Mitologia Escandinava, nos “EDAS”, O LIVRO
SAGRADO DOS NÓRDICOS, e que se chama
“VALQUÍRIA”.
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OS QUATRO
TEMPERAMENTOS
REALIZAÇÃO
MÚSICA, MISTÉRIO
E PODER
Ricardo Fera
Trata-se de
um assunto milenar nas
tradições inciáticas, estudado
por grandes vultos da história
da humanidade.
Sérgio Adir Tambosi
O termo realizar está expresso nos dicionários
sob seus múltiplos significados, todos referentes
ao cotidiano humano, na relação do homem
com o mundo. Já o Professor e Mestre Henrique
José de Souza, fundador da Sociedade
Brasileira de Eubiose, deixou escrita essa
passagem: “Realizar o Buda ou o Cristo em
si mesmo, eis a verdadeira Realização...”, em
clara referência à relação do homem consigo
mesmo.
Renato Dantas Júnior
A música pode ser dividida,
dentre outras formas, em dois
grandes grupos: sacra, com
a missão de nos fazer voltar
nosso pensamento à divindade;
profana, dedicada ao nosso
cotidiano.
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O PODER OCULTO DA MÚSICA
ECOS DA FUNDAÇÃO DE SÃO
PAULO
Waldinei Smith
Faz alguns anos que a SBE vem oferecendo
palestras públicas sobre esse tema, que aborda
os princípios básicos da aplicação terapêutica
da música, sempre levando em conta o aspecto
trino (harmonia, melodia e ritmo) e seus efeitos
para sanar/atenuar problemas de ordem
emocional, entre eles, o “stress” e a depressão,
assim como problemas físicos, a dor no ciático,
por exemplo...
Eduardo Nunes de Carvalho
Indagações: Grandes nações cuja costa marítima
é banhada pelas águas do Oceano Atlântico têm
suas principais cidades situadas justamente no
litoral. Estados Unidos, Argentina e Uruguai
se encaixam nesse cenário. No Brasil, Salvador,
Rio de Janeiro, Recife, São Luís são alguns dos
exemplos da força econômica centrada no litoral.
Quem vive em São Paulo usualmente indaga o que
esta cidade tem, pois, mesmo não sendo litorânea,
possui a força econômica, política e social no
estado.
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A EUBIOSE
24 de junho de 1948
Por HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA
(Fundador da atual Sociedade Brasileira de Eubiose)
A Sociedade Teosófica Brasileira não pretende implantar um sistema. Ela é uma entidade espiritualista, cujas
cogitações e atividades são dirigidas inteiramente para o aperfeiçoamento interno dos homens.
A
fim de preparar a Humanidade para um
novo ciclo que vicejará após os cataclismos
que advirão neste “fim de ciclo apodrecido
e gasto”, cataclismos econômicos, já em franco
desenvolvimento, sociais , em elaboração de há muito,
e telúricos, - não duvide o leitro desta afirmação – é
necessário que a Sociedade Teosófica Brasileira,
cumprindo um dever, também indique uma nova
didática, um novo processo de educação e formação das
gerações futuras. Trata-se de uma ciência universal, de
um processo para a implantação progressiva da Gupta
Vidya em todas as mentes. Diz respeito ao homem sob o
ponto de vista individual e coletivo. Não é um programa
ou doutrina forjada por um grupo de intelectuais
românticos. Sabemos que o mundo não a quererá aceitar
agora, pois é uma ciência para uso no próximo século.
Contudo, os homens são livres desde já para abraça-la
ou não. Esta ciência, esta orientação, é sugerida pelos
Adeptos da Boa Lei, pelos Dirigentes Espirituais do
Mundo, pouco importa se incógnitos para ele. Nossas
afirmações são categóricas: não se fundam em uma fé ou
numa convicção formal, mas numa base intrínseca, num
conhecimento objetivo. Trata-se da EUBIOSE, ciência
da vida bem vivida, isto é, harmônica com a Natureza.
É um programa de trabalho, um processo de fazer
a Humanidade evoluir e melhorar. Segundo os seus
autores, EUBIOSE é sinônimo de Naturismo Espiritual.
A nossa civilização afastou e continua cada vez mais
afastando o homem da Natureza. O naturismo vulgar,
tentativa moderna inócua para resolver um problema
ainda não percebido, tem descambado naturalmente
para o nudismo, e daí para a concupiscência. Mesmo
o moderno naturismo mais sério e interessantíssimo,
ainda não é a EUBIOSE porque se orienta quase
somente para o aperfeiçoamento físico, para saúde.
É uma tentativa muito fluida da Hatha Yoga, yoga
do Bem-estar físico, cujos métodos são “muito
perigosos”, dizem os Adeptos e verdadeiros yogis.
Não se trata na EUBIOSE de uma comunhão com a
Natureza, exclusivamente do ponto de vista da saúde
e da eugenia. A EUBIOSE é um naturismo que atende
a estes aspectos, e visa – e isto é que é importante – a
evolução interna e espiritual da Humanidade. Cogita do
seu melhoramento; é um sistema de vida que pretende
orientar a ciência e a educação, estabelecer a harmonia
social, a política, a didática, a moral e o bem estar dos
povos, para haver felicidade.
O homem moderno, que criou para si tantos
instrumentos de conforto, não poderia mais volver
ao seio das florestas como os seus ancestrais, vivendo
primitivamente. Seria um retrocesso, e a EUBIOSE não
preconiza retrocessos. O homem moderno criou uma
literatura, possui teatros, cinemas, rádios, geladeiras,
fogões elétricos, aviões, máquinas de lavar e passar
roupa, telefone, automóveis etc. Ser-lhe-ia impossível
prescindir de tudo isso. A finalidade da EUBIOSE é
tornar o homem feliz integrando-o harmonicamente
nessa civilização, com um novo caráter impresso em sua
mentalidade: o do homem viver procurando a felicidade
alheia. É uma afirmação que à primeira vista parece um
tanto utópica, considerando a posição atual do homem
em meio das suas próprias contradições internas e
externas, que caracterizam o nosso ciclo, e que são os
frutos da nossa formação didática errônea, da perda da
Tradição, e portanto, do meio social distorcido e, porque
não dizer, pervertido, em que vivemos.
À base da evolução para a EUBIOSE reside
numa nova didática. O homem terá que ser encarado
normalmente, no seu aspecto interno, possuindo, como
realmente possui, três potencialidades do Ser. Estas
são a VONTADE, a INTELIGÊNCIA e o AMOR, três
possibilidades, cujas expressões na alma se desenvolvem
ou se deturpam. A harmonia destes três princípios
desenvolvidos é que torna o homem eubiótico.
A VONTADE é o EU do homem, o Espírito nele
manifestado. Não se confunde com a volição, o desejo,
que encerra a dúvida e a tergiversação, que depende
da decisão da mente, decisão que pode ser errada ou
certa. Trata-se da Vontade como atualização na alma
da suprema potencialidade do Ser. A Vontade na sua
acepção profunda é o poder mais elevado do homem.
Aliás o notável filósofo alemão, Arthur Shopenhauer, o
entreviu muito bem, em sua filosofia.
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Podemos investigar esta Vontade Superior?
Não. Ela escapa á experimentação; ela é quem
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investiga, ela é o sujeito; não participa do resultado das
decisões que este toma em seu arbítrio, mas podemos
nos harmonizar com ela. O arbítrio transforma-se em
decisão, porque ela, Vontade, existe como energia que
impulsiona a decisão tomada.
A Vontade tem três aspectos, segundo a EUBIOSE:
• A Pré-vontade, instinto de querer, força que cria
as ideias, que se manifesta no homem como desejo
de domínio, de jugo. Quando predomina, produz os
tiranos.
• A Auto- Vontade gera o sentimento da liberdade,
que dá ao indivíduo a noção da egoidade. É origem da
política com todos os seus males, quando se apossam
da sua direção pessoas em que preponderam estes dois
aspectos da Vontade.
• A Super-Vontade é a manifestação na alma do
próprio Espírito. Nela se manifesta, como ausência de
desejo egoísta e como desejo de beneficiar o alheio. Deu
origem à ética, à moral; é a fonte de renúncia.
A Pré-vontade e a Auto-vontade em suas aplicações,
deram nascimento à indústria, às invenções, à
maquinaria, à civilização ocidental moderna, com toda
sua pujança tecnonológica.
Tudo isso, porém, não foi realizado eubioticamente.
O ideal da EUBIOSE é que os três aspectos da Vontade
se manifestem no homem harmonicamente para que
haja felicidade. O trabalho fecundo aperfeiçoa a vontade
e desenvolve a EUBIOSE. A harmonia entre o Capital e
o Trabalho só terá lugar quando o técnico que a dirige
e os operários que realizam se harmonizarem. Mas o
trabalho não pode ser realizado, se não encontrar apoio
na Inteligência. Da mesma forma que a Vontade tem três
aspectos, o mesmo acontece com a Inteligência.
• A Pré-inteligência caracteriza-se pela sensação;
• A Inteligência-mentalidade é a que investiga,
experimenta e observa;
• A Inteligência – superior é a esfera das
abstrações e da Ciência pura...
A terceira potencialidade do Ser é o AMOR, que
também é tríplice: traduz-se pela
• Pré-emoção, a sensibilidade, os sentidos;
• o Amor propriamente dito, que deu origem à
estética e à arte em todos os seus aspectos;
• e a Devoção-mística, que traz a sensação de
unidade. Esta acarreta o sentimento de fraternidade.
Como se a desenvolve? Pela educação, pela
instrução, que orienta a Inteligência e dá sentido à
Ciência. O fim da educação deverá ser a felicidade
individual, dando à pessoa a capacidade de se tornar
autodidata.
O trabalho, em vez de ser um fardo e uma pena,
como é hoje, deverá trazer felicidade pela seleção das
tendências individuais para cada atividade. Ele deve dar
prazer; do contrário, não será absolutamente eubiótico,
como indica a própria etimologia desta palavra.
O trabalho, sendo feliz, é fecundo, porque
aperfeiçoa a vontade e auxilia o equilíbrio interno,
fazendo predominar, no Eu, a Super-vontade e a Auto-vontade. Traz espírito de unidade e fraternidade, que
é da esfera da Devoção-mística na potencialidade
Amor, Devoção-mística que se não deve confundir com
misticismo, mas que é uma sensação interna em que
o egoísmo desaparece, sentindo-se a alma infusa num
estado particular de simbiose com a natureza (BaktiYoga).
O equilíbrio social e econômico, a paz e o trabalho
fecundo e feliz, têm que se traduzir inevitavelmente
por uma política saudável, que seja a representação do
Estado equilibrado dentro de formas que traduzam a
aplicação harmônica dos três aspetos da Vontade, da
Inteligência e o do Amor.
Num estado social desta ordem, a filosofia, que tem
de ser universal, e as religiões, estariam apaziguadas
entre si, formando um só corpo místico-científico. A
ciência então já não seria instrumento de dominação,
da esfera exclusiva da Pré-vontade, mas expressão do
equilíbrio dos três estados da Inteligência.
Tudo isso será a objetivação da FRENTE ÚNICA
ESPIRITUALISTA, pela qual tanto se tem batido a
Sociedade Teosófica Brasileira, por escrito, em sua
revista Dhâranâ, pela imprensa em conferências,
manifestos, e até pelo Rádio.
A saúde pública e a eugenia, pouco a pouco,
concomitantemente com o desenvolvimento
progressivo da aplicação dos princípios da EUBIOSE
também irão melhorando até que a Humanidade
chegue ao ponto de atingir a máxima longevidade
saudável, estatisticamente falando (Hatha-Yoga). A
doença e a fadiga são indubitavelmente óbices para
o desenvolvimento espiritual. Um homem feliz em
seu trabalho, é certo que tem mais possibilidades de
aperfeiçoamento interno, do que um homem esmagado
pela miséria, o tédio e o desgosto.
Com a Natureza se desenvolve de conformidade
com um plano do Logos, embora sujeita a acidentes,
obstáculos, obstruções e tropeços que ao cabo não
impedem a execução do plano em si; como esse
plano se manifesta como Leis da Natureza, as quais
consistem em adaptar a vida às formas e transformá-la
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em consciência, assim também na sociedade humana
cabe ao homem, pelo emprego da Super-vontade, da
Inteligência-superior e da Devoção-mística, adaptar-se à
sua forma, e em si despertar a mais alta consciência.
Eis a Lei para o homem, idêntica à que rege a
Natureza, da qual ele é parte integrante.
Adaptar-se às formas significa, em síntese, tornar
o corpo um organismo adequado às energias internas,
harmonizando-o com estas. Despertar a mais alta
consciência consiste em equilibrar a Pré-vontade e a
Auto-vontade com a Inteligência-mentalidade com a
Inteligência-superior; a Pré-emoção e o Amor com a
Devoção-mística. Em suma, equilibrar a Alma com o
Espírito (Râja Yoga).
Eis um rápido e sumaríssimo bosquejo da
EUBIOSE. Nem poderíamos fazer de uma mensagem
um tratado dessa ciência. Esta síntese, porém, é
suficiente para dar um delineamento do sistema de vida
mundial do futuro. Antevê-se imediatamente que a
EUBIOSE transformará radicalmente o estado humano;
que a didática será profundamente modificada.
A Sociedade Teosófica Brasileira não pretende
implantar um sistema. Ela é uma entidade espiritualista,
cujas cogitações e atividades são dirigidas inteiramente
para o aperfeiçoamento interno dos homens. Quanto
às desgraças atuais da Humanidade, correm por conta
do “carma” por ela criado. Cabe à S.T.B. mostrar-lhe o
caminho para o desenvolvimento de causas propícias
a efeitos benéficos. Jesus Cristo já dissera: “quem com
ferro fere, com ferro será ferido.”
Como entidade espiritualista, e detentora lídima
da Gupta Vidya na face da terra, cumpre à Sociedade
Teosófica Brasileira fazer as advertências contidas
nesta sincera mensagem. Está ela convencida de que
a maioria, por enquanto, não pensará em Eubiose
mas está também convencida de que muitas mentes
serão despertadas, fazendo por que frutifique em seu
Eu interno as potencialidades acima mencionadas,
no sentido do Bem, do Belo e do Bom. Quando nada,
escrito ficará para a posteridade que, após as vicissitudes
anunciadas para breve em completo das que estão se
sucedendo, e em pleno desenvolvimento, há de gozar
uma vida eubiótica, fruto das amarguras.
Por enquanto, portanto, cabe à Sociedade Teosófica
Brasileira :
1. Divulgar tanto quanto possível estas idéias de
aperfeiçoamento da Humanidade;
2. Preparar os defensores desses ideais no futuro,
quando os nossos descendentes, mais compreensivos
que os contemporâneos, encontrarem as condições
adequadas para não os interpretar, como este o fazem
hoje, como devaneios românticos impraticáveis.
3. Cabe à S. T. B. despertar nas almas de seus
membros e de quantos a queiram seguir ou ouvir, as
faculdades que os possam tornar capazes, nesta e em
outras vidas, de acordo com a lei das “skandas” ou do
“carma”, de ser lídimos defensores e aplicadores de tais
princípios elevados e necessários. Daí o lema da S. T.
B.: “Spes messis in semine”, definindo, por um lado, a
preparação da Mônadas humanas que, pela aquisição de
novas “skandas”, em função do conhecimento e prática
da Gupta-Vidya dela aprendida, serão a safra do futuro,
já que do ponto de vista cíclico no presente cuida-se
do porvir, ou seja das sexta e sétima sub-raças do ciclo
Aryo; e de outro lado, a obra manúsica que diz respeito
ao novo ciclo em que florescerão pujantes e adultos os
Lotos Sagrados, vicejando nos remansos incólumes
deste mundo atormentado, para onde os trouxe o Bom
Semeador de todas as Eras.
Profecia que se vai realizando - Esperanças
Conclusão
Como resolver a situação atual? Que providências
se devem tomar diante de tantas desgraças existentes e
por vir?
Impedir o desastre é já a esta altura impossível. O
fim do ciclo está pendente e o “carma” da Humanidade
produzindo seus efeitos fatais. Nada mais resta
fazer senão conclamar os “raros náufragos nadando
no abismo” a se identificarem com o supremo
ideal espiritualista, afim de que venham, como no
mito bíblico, que é uma versão do desastre atlante,
espontaneamente, em busca da Arca, vencedora sobre as
ondas encapeladas desta época de materialismo bravio
e fatal.
É impossível impedir o desastre, repetimos, mas é
possível salvar-se dele, tomando cada um a iniciativa de
uma profunda meditação, de um exame imparcial, de
uma observação objetiva e calma, afastando as ideias
preconcebidas, plantas daninhas que são fruto das
sementes de uma didática errônea e falsa, consequência
de filosofias periféricas e de religiões sem esoterismo,
já que os seus próprios representantes oficiais são
os primeiros a repudiar a pura doutrina dos seus
fundadores.
Como edificar uma sociedade nos moldes
magníficos exigidos e delineados pela Eubiose? Dizendo
apenas que são necessárias tais ou quais medidas? Isto
pouco adianta no estado de desintegração moderno, a
não ser como um ensinamento, uma advertência e uma
diretriz. O prático é que essas diretrizes se objetivem,
e para isso é necessária a ação de Alguém. Palavras e
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avisos apenas, não bastam; são ouvidas e aceitas por
muitos, mas o resultado prático, o estabelecimento
universal de um novo estado de coisas, exige medidas
que produzam resultados positivos.
A Humanidade só aprende com fatos concretos,
pois estamos na fase cíclica do desenvolvimento dessa
capacidade do nosso Eu. Os evoluídos espiritualmente,
ou seja aqueles que pressentem os vislumbres de
faculdades superiores a esse estágio, são os únicos
que deles prescindem. “Felizes os que não viram e
creram”, lá está nas escrituras para todos os homens,
sejam cristãos, budistas, shintoistas, maometanos ou
protestantes.
A Humanidade quer experiências, sem lhes medir as
consequências: e por isso é que os tempos esperados já
chegaram, que o “fim do ciclo apodrecido e gasto” traz
consigo a dor e o ranger de dentes: que à última guerra
que abalou o mundo, sucedem se, dia a dia, maiores
dificuldades; outra guerra há de vir, e, com ela, novas
misérias, com desgraças muito piores; instituições serão
sacudidas em suas bases, aparentemente definitivas, e
desmoronar-se-ão. As profecias se estão realizando; os
homens só as aceitam, quando elas dizem respeito muito
de perto a cada um, individualmente, preconizandolhes bens e riquezas. Os homens não dão apreço às
profecias, e por isso não percebem que o que sofrem já
fora vaticinado há muito tempo. Sofrem na carne e não
se convencem; sofrerão mais e se convencerão.
Até mesmo as forças telúricas explodirão, devido
ao acúmulo na terra de TAMAS, a energia que é a base
da concreção externa e da inércia interna, e, portanto,
da concupiscência e do vício, do egoísmo e da inveja, da
vaidade e da cupidez.
Muitas e muitas vezes, há mais de vinte e quatro
anos, a Sociedade Teosófica Brasileira tem chamado
a atenção do mundo por meio de publicações, de
sua revista Dhâranâ, da imprensa, de conferências
públicas e pelo Rádio, para os acontecimentos que se
precipitam, usando também para esse fim da célebre
profecia do Rei do Mundo, tal como foi narrada a
Ferdinand Ossendowsky pelo Hutuktu de NarabanchiKure, na Mongólia, e por ele transcrita em seu livro
“Bêtes, Hommes et Dieux”. Foi feita em 1890 e ouvida
pelo famoso autor polonês em 1921. Mais uma vez é
oportuna a sua transcrição:
“Cada vez mais os homens esquecerão as suas
almas, preferindo ocupar-se de seus corpos. A maior
corrupção reinará sobre a terra. As coroas dos reis
grandes e pequenos cairão, um, dois, três, quatro,
cinco, seis, sete, oito... Haverá uma guerra terrível entre
todas as nações. Os oceanos se tingirão... A terra e o
fundo dos mares ficarão cobertos de ossadas. Reinos
serão divididos. Povos inteiros morrerão de fome, pro
moléstias e pela prática de crimes não previstos pelos
códigos, por nunca na terra se terem vistos outros iguais.
Virão então os inimigos de Deus e do Espírito Santo
no homem. Aqueles que manietam a mão dos outros
também morrerão. Os abandonados, os perseguidos se
levantarão e chamarão a atenção do mundo. Nevoeiros e
tempestades se desencadearão. Montanhas desnudas se
cobrirão de florestas. A terra tremerá. Milhões de homens
despedaçarão as cadeias da escravidão e das humilhações
pela fome, a doença e a morte. Os velhos caminhos se
cobrirão de multidões, fugindo de um lugar para outro.
As maiores, as mais belas cidades, serão destruídas pelo
fogo... Uma, duas, três... O pai se revoltará contra o
filho, o irmão contra a irmã, a mãe contra a filha. O vício,
o crime, a destruição do corpo e da alma continuarão
sua rota... As famílias serão divididas... Em dez mil
homens só um viverá, mesmo assim louco e em forças...
não encontrando habitação nem com que se alimentar.
E como os lobos, uivará furioso, devorando cadáveres,
mordendo as próprias carnes, desafiando Deus para a
luta... Toda a terra ficará deserta. Deus lhe voltará as
costas. Sobre a terra cairá o espesso véu da noite e da
morte. Então enviarei um povo agora desconhecido, que
com mão firme arrancará as más ervas da loucura e do
vício, e conduzirá aqueles que ficaram fieis ao Espírito do
Homem na batalha contra o Mal. Fundarão uma nova
vida sobre a terra, purificada pela morte das nações.
No qüinquagésimo ano três grandes reinos apenas se
levantarão e serão felizes durante setenta e um anos.
Haverá então dezoito anos de guerra e destruição. Então
os povos da Agarta sairão de suas cavernas subterrâneas
e aparecerão na superfície da terra.”
Simbolismo cabalístico do Governo
Espiritual do Mundo
Povos, pensai nos fatos que já sucederam, no que já
foi cumprido. Porque não meditar nas palavras do Rei
do Mundo, um Sábio e um Santo? Porque não acreditar
no que vos tem tantas vezes afirmado, advertido e
prevenido, uma entidade sábia e responsável como
a Sociedade Teosófica Brasileira que de vós só quer
a vossa própria salvação, dirigida que é pelas mais
supremas expressões da espiritualidade no mundo,
ocultas por traz do tradicional véu necessário para que a
iniciação se processe?
Entretanto, acreditais piamente logo à primeira
vista, numa notícia de jornal, muitas vezes forjada
numa agência telegráfica, ao sabor dos interesses de um
indivíduo ou grupo de indivíduos. Pois vos afirma a S.
T. B., que expressa a tradicional Confraria Branca dos
Bhante Jaul, das Tradições transhimalayanas, apoiada
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nas revelações do Manu, do Chacravarti, que ocorrerão
horrores, que a profecia do Rei do Mundo vem se
realizando a se realizará absolutamente.
Galeria dos Budas, no mosteiro de Gyang-tsé - “Os
povos da Agarta sairão de suas cavernas subterrâneas”,
e aparecerão na superfície da terra dentro de 70 anos,
para sobre as cinzas do passado, implantar a Tradição, a
harmonia e a felicidade. “Fundarão uma nova vida sobre
a terra, purificada pela morte das nações”: e aí está a
resposta à indagação feita acima; realizarão a tarefa que
a própria Humanidade inconscientemente exige pelas
suas próprias dissídias como agentes legítimos da Lei de
“Dharma”. A Revelação, a Tradição, a Gupta Vydia, será
novamente patrimônio dos povos na proporção em que
eles evoluírem nas trilhas da Eubiose.
Que é essa Revelação? Não se trata de uma
divindade antropomorfa, que fale das nuvens a um
profeta privilegiado, mas a Verdade que se acha
resguardada, como tesouro, nas mentes dos Adeptos
da Boa Lei, e em seus Anais Secretos; é a Verdade
velada pelas formas materiais e intelectuais ou
místicas que constituem, respectivamente, as ciências
e as religiões do mundo em que vivemos. Ela é do
domínio dos Supremos Instrutores da Humanidade,
e pertence à esfera das faculdades superiores a essa
nossa vulgaríssima inteligência, da qual tanto se jacta a
ignorância humana.
Revelação, posse das faculdades espirituais
conquistáveis por qualquer ser humano pela vontade:
aquisição da Verdade de modo direto por todos quantos
nos “fins de ciclos apodrecidos e gastos” reconhecem a
Voz que profere, voz dos vinte e dois Arcanos Maiores,
Luzes vivas guardadas na Arca ou Agarta. É também
a Voz que falará sob a abóbada do templo que a
Sociedade Teosófica Brasileira inaugurará em Fevereiro
do ano de 1949, em São Lourenço, dedicado, numa
antecipação eubiótica, a todas as religiões do Mundo.
O futuro consagrará no novo ciclo outros monumentos
expressivos dos rutas, as vinte e duas Fraternidades que
construíram a Obra em que a S. T. B. está empenhada,
enviando-lhe há muitos anos mensagens, materializadas
à vista de grande número de pessoas, vibrações e
“revelações”. Sim! Templos que se levantam, Templos
redimidos!
Redimidos são os que ficarem fieis à palavra do
“Espírito de Verdade”.
Neste, “fim de ciclo apodrecido e gasto” rasgamse os véus do Templo para que a Luz se derrame
iluminando as trevas, e “Dharma”, a Lei justa, se
restabeleça na hora H das decisões irrevogáveis.
Não é por outro motivo que a grande Blavatsky,
autora do maior livro escrito nestes últimos séculos,
profetizou com a certeza de uma sibila das mais elevadas
que “no século XX algum discípulo mais instruído
e mais apto será talvez enviado pelos Mestres de
Sabedoria para dar as provas finais e irrefutáveis de que
existe uma ciência chamada Gupta-Vydia, e que, como
as fontes misteriosas do Nilo, berço de todas as religiões
e filosofias atualmente conhecidas, esquecida e perdida
durante Idades pela Humanidade, será enfim novamente
descoberta.”
Voltará uma época como a de Ram, com as
vantagens de um ciclo mais avançado na espiral da
evolução humana. A Gupta Vydia harmonizará as
contradições. As religiões serão uma só religião de
amor universal, de acordo com as palavras de Cristo, ao
ordenar: “Amai-vos uns aos outros”. A Ciência então
não fabricará mais bombas atômicas. Maytreia virá com
seu povo num mundo purificado pela dor.
A sorte está lançada. Decidi-vos.
A Sociedade Teosófica Brasileira cumpre mais
uma vez o seu Dever, com esta mensagem, movida pela
Vontade, pela Inteligência-Superior e pela DevoçãoMística dos seus Dirigentes Espirituais. Está definido
de há muito o seu transcendente papel no mundo .
Há muitos anos, quando usava o nome de Sociedade
Dhâranâ, nome que ainda conserva como título de sua
revista, viera de uma Fraternidade mística do oeste do
Tibete, da Fraternidade de Srinagar, uma mensagem dos
grandes Adeptos que a compõem. Dizia:
“Salve Dhâranâ, rebento novo, mas vitalizando
pela uberdade do tronco gigantesco donde nasceste.
Vieste do Oriente, como uma rama extensa, florescer
nas mentes dos filhos desse país predestinado, que já
tiveram a dita de ouvir o cantar mavioso da Ave Canora,
que lhes segreda internamente amor a todos os seres. Os
teus triunfos já são cantados em melodiosa estrofes no
grande concerto universal da cadeia setenária, porque
tu, Dhâranâ, excelsa potência criada por teus próprios
esforços, começaste a dar crescimento nas tuas frágeis
hastes, às folhagens verdejantes, onde amarelados frutos
serão colhidos por todos aqueles que se acham famintos
e perdidos na grande floresta da vida. E assim, com as
esplendorosas cores do pavilhão da pátria de teus filhos,
também tu, oh! Dhâranâ, terás o teu hino glorioso,
cantado pelos Querubins que adejam em torno da
silhueta majestosa do supremo Instrutor do Mundo.”
Era a afirmação do “Ecce Occidente Lux”.
A transposição clara para o Ocidente dos Valores
Espirituais perenes no mundo. E isso porque o fim do
ciclo se aproximava, fim de ciclo que demarca o término
do desenvolvimento da chamada quinta sub-raça da
raça ariana, para preparação das sementes do porvir,
pelo decantamento dos valores, de conformidade com
janeiro a abril de 2013
08
o “carma” da Humanidade. Sim, estamos já no ciclo
preparatório do próximo ramo sub-racial, que construirá
uma nova civilização, as sexta e sétima sub-raças do
grande ciclo ário, cujas sementes começam a produzir
os “amarelados frutos” respectivamente na América
do Norte e no Brasil. São sementes, cuja disseminação
lenta dará origem à safra do futuro longínquo. O
Semeador sofre na lavra da terra dura e inóspita, mas a
colheita virá após a separação do joio e das “mas ervas
que serão arrancadas por um povo agora desconhecido,
que conduzirá aqueles que ficaram fiéis ao Espírito do
Homem na batalha contra o mal”.
H. P. Blavatsky, sempre oportuna de ser citada, diz
em relação ao desabrochar da sexta sub-raça que “a
filosofia oculta ensina que agora mesmo, aos nossos
próprios olhos, a nova raça está em vias de formação, e
que a transformação se fará na América, onde já começa
silenciosamente a se operar. Os americanos do Estado
Unidos eram há 300 anos da mais pura raça anglosaxônica, e formam hoje um povo à parte”.
Isto não quer dizer que o povo americano atual
seja a expressão da sexta subraça, e nem que o
atual povo brasileiro, da sétima e última do grande
ciclo ariano. Mas significa que os primeiros sinais
começam a aparecer, que estão surgindo os primeiros
representantes; significa o anúncio do futuro, porque a
evolução é lenta. A natureza semeia em excesso e com
antecedência, para garantir o mínimo de colheita. Da
mesma maneira em relação ao Brasil, o famoso teósofo,
polígrafo, astrônomo e sábio espanhol, Mario Roso de
Luna, em suas “Conferências Teosóficas na América do
Sul” já dissera há muitos anos:
“... O país de Pinzon, Cabral, Lepe e Souza, por sua
maior vizinhança com Europa e África, por sua mescla
de raças e por inúmeras outras razões, demonstra
excepcionais características que nos dão o direito de
dizer que seus futuros destinos são semelhantes aos
de Norte América: que em cultura no litoral nada fica
a dever à Europa, do mesmo modo que em belezas
naturais e espiritualidade, recorda o berço do povo ário,
a Índia, como se no desenvolver dessa nobre raça, Ásia
e Europa e desta à América, coubesse ao Brasil a gloria
de ser o remate e epílogo daquele grande povo, com uma
civilização fluvial e costeira igual à de todos os grandes
rios chamados Ganges, Hindus, Oxus, laxartus, Nilo,
Tigre, Eufrates, Danúbio, Rodano, Reno Mississipi,
etc.; cada um deles legando ao futuro humano um florão
de sua coroa... Não resta a menor dúvida que as BACIAS
DO AMAZONAS E DO PRATA, COM O DECORRER
DO TEMPO, SELARÃO EM SUAS RIBEIRAS OS
DESTINOS DO MUNDO”.
Sim, o futuro está apontado pelos ciclos;
as profecias são incisivas e os acontecimentos
positivamente premonitórios.
Os tempos esperados já chegaram. O Maitréia
das Tradições já se apresenta para surgir com sua corte
dos mundos do Amenti. Será o São Jorge de todas
as tradições. A Obra do Cristo estará redimida com
a pura doutrina do Amor Universal, esquecida pela
posteridade do Nazareno. Eis uma afirmação categórica
e consciente, que traz em si uma advertência e um apelo,
uma conclamação e um aviso, uma súplica fraterna e
uma Estrela Flamejante, que iluminará os caminhos do
mundo do porvir. A sua frente encontra-se a “Gema mais
preciosa do diadema do Adi Buda”!.
Caros irmãos em Humanidade, a quem dirigimos
todo amor e devoção, ouvi a voz de “La Boca de la
Veritá”, que “segreda internamente amor a todos os
seres”:
“Nos dias atuais Índia e Egito despertam. Ambos
estão repletos de enigmas... como única solução às
questões impostas pelos destinos humanos, uma,
através dos seus pontífices misteriosos, seus deuses
vivos, Mahatmas, homens que lêem no livro terrível do
“carma”. O outro, através dos túmulos profanados de
seus Reis e sua esfinge, pirâmides milenares... e dos
seus imensos areais testemunho mudo de toda uma
civilização prodigiosa que já se foi!... Assim, esse oceano
de centenas de milhões seres humanos ergue-se em
vagas monstruosas como se fosse sorver a Humanidade
inteira...”
“Carma vai abrir uma nova página na História!
Os tempos esperados já chegaram!
Descubramo-nos: OM MANI PADME HUM!”
Salve Brasil, Santuário da Iniciação do gênero
humano a caminho da sociedade futura!
Salve, oh Jóia preciosa dentro do Loto Sagrado!
janeiro a abril de 2013
O ciclo de Aquarius já se dá a perceber
Salve MAITRÉIA!
OM, OM, OM, - PAX!
São Lourenço, 24 de Junho de 1948.
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VALQUÍRIAS
▪ IARA FORTUNA
Um dos arquétipos que tão bem descreve a eterna
saga em busca de nossa Divindade Interna, está expresso numa figura que encontramos na Mitologia
Escandinava, nos “EDAS”, O LIVRO SAGRADO DOS
NÓRDICOS, e que se chama “VALQUÍRIA”.
N
as lendas universais, o mito da
VALQUÍRIA está reproduzido até o
infinito, especialmente naquelas que se
referem a esforços e batalhas. Por exemplo, na lenda
grega, Ela é o divino EROS, cobiçando, no silêncio e na
obscuridade, PSIQUE. Na fábula ocidental da Europa,
na galega e na asturiana, é SÃO TIAGO, SÃO JORGE
ou SÃO GIÁCOBO milagroso, cujo cavalo branco
guerreiro se mostrava em todas as batalhas difíceis aos
seus protegidos, animando-os para o combate.
Portanto, sobre elas, é aludir a batalhas. Mas a
que batalha, especificamente, esse mito se refere?
Obviamente, à única e possível ao HOMEM, o eterno
confronto de nossas duas naturezas: a Divina (Superior)
e a Humana (Inferior).
Na Mitologia Nórdica, eram as nove filhas do Deus
WOTAN e da UR-VALA (a primitiva ERDA, ou a MÃETERRA), a mais sábia sibila do mundo, encarregadas
de despertar o heroísmo no peito dos homens e os fazer
dignos de serem levados, após sua morte em combate,
até o WALHALLA, a morada dos deuses, o Campos
Elíseos grego, ou o Céu cristão
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UMA INTERPRETAÇÃO INICIÁTICA DA
LENDA NÓRDICA
A Doutrina Oculta fala de WELSUNGOS e
VALQUÍRIAS, e a lenda tem sua origem no PLANO
DIVINO, onde encontramos WOTAN (ou ODIN), o
Deus Soberano, o maior do WALHALLA. WOTAN
é o Pai gerador dos lobos rebeldes, os Welsungos, a
Raça Heroica, assim chamada porque, como lobos, são
tratados e perseguidos por toda a Humanidade.
O GRANDE WELSO
WOTAN
LANÇA
O PAI GERADOR DOS LOBOS REBELDES
WELSUNGOS - RAÇA REBELDE
BRUNHILDE
GERHILDE
ORTLINDE
WALTRAUTE
SCHWERTLEITE
HELMWIGE
GRIMGERDE
ROSSWEISSE
BRUNHILDE
9 FILHAS - WALKIRIAS - FILHAS DE WOTAN E ERDA
VIRGENS GUERREIRAS
WOTAN é o deus peregrino, o viajante, que
caminha de sistema em sistema, de cadeia em cadeia, de
globo em globo, o 1º rebelde. Caminha pelo mundo com
sua “LANÇA”; nesse sentido, personifica o passado,
uma ordem já superada, uma Raça com um Estado de
Consciência já conquistado, algo que está para trás,
roto, já visto, leis que se ajustavam e tônicas que diziam
respeito às antigas Raças, Lemuriana e Atlante, e não
mais à Raça do Futuro.
Correndo pelos bosques, como os lobos o fazem,
sob o nome de WELSO, violenta a TERRA, a ERDA,
ou a NATUREZA, gerando, assim, as nove virgens-guerreiras, ou VALQUÍRIAS, cuja missão, como já
vimos, é conduzir os heróis mortos em combate ao
WALHALLA, a mansão dos deuses.
E quem são esses Heróis? São, em verdade,
toda uma Raça, a dos Siegfrieds e Sigmundos, a
Heroica sucessora, de WOTAN, a dos Homens do
Futuro, a Humanidade dos Andróginos Divinos, dos
Redentores do Mundo. Nos arquétipos de SIEGFRIED e
SIGMUNDO, estão representados todos os AVATARAS,
que se dão em holocausto pela Humanidade e que não
são reconhecidos nem compreendidos, sendo tratados
como LOBOS, e perseguidos. Daí o codinome de
WELSUNGOS para todos esses grandes seres. São
a Raça Redentora do Mundo, por nos mostrar, um
caminho, um NOVO ESTADO DE CONSCIÊNCIA.
Esses redentores são chamados de “guerreiros”, mas
não usam armas em suas batalhas. São guerreiros
contra os poderes da maldade, da involução, do
atraso evolutivo, da incompreensão humana, e são
heróicos, exatamente, por isso: porque suas lutas são
absolutamente silenciosas, suas armas são a renúncia,
o sofrimento, a abnegação e as dores mudas. São os
WELSUNGOS.
No PLANO DIVINO, encontramos as filhas de
WOTAN; a mais amada pelo PAI, a mais amorosa e
inteligente, é a Valquíria BRUNHILDE. Na sua QUEDA
(descida vertiginosa ao Mundo dos Mortais, por
desobediência a uma ordem do PAI) e na sua redenção
está estampado todo o DRAMA DA HUMANIDADE.
A VALQUÍRIA mais amada, que está no PLANO
DIVINO, cai no PLANO HUMANO. Por quê?
No PLANO TERRENO, há uma grande árvore,
um vigoroso FRESNO, o “FRESNO DA VIDA”, ou a
“ÁRVORE DO MUNDO”, cujas raízes proeminentes
sobressaem do solo, enquanto a parte de cima, a sua
copa, perde-se no infinito. A ÁRVORE é o SÍMBOLO
UNIVERSAL DA VIDA; e cravada nela, bem no tronco
até a empunhadeira, há uma espada, a ESPADA
NOTHUNG.
Cravada pelo próprio deus WOTAN, a ESPADA
DO CONHECIMENTO INTUITIVO, capaz de ser
arrancada de lá tão sómente por um Welsungo, um
herói de si mesmo, um rebelde divino, um redentor,
ansiosamente esperado por toda a Humanidade. Esta
ESPADA DO CONHECIMENTO INTUITIVO nada
mais é do que o 5º Princípio, apanágio da Humanidade
atual no presente estágio evolutivo, o MENTAL
ABSTRATO ou SUPERIOR. A ESPADA é o oposto
da LANÇA de WOTAN: esta representa princípios já
desenvolvidos e trabalhados pelo Homem; aquela é o
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próximo princípio, o 5º, a MENTE SUBLIME.
Só conseguiria retirá-la do tonco do vigoroso
FRESCO, a grande árvore, um super-homem, ou um
homem que represente a Raça Futura, o Homem do
Mental Superior, um Mercuriano Perfeito, que, na
história narrada, é SIGMUNDO, o filho DE WOTAN e
ERDA (a UR-VALA primitiva). Sigmundo, o “filho do
LOBO”, é o Welsungo, o protótipo da força espiritual
e da independência rebelde. Ele tem a sua contraparte
em sua irmã SIGLINDA, a mulher espiritualmente
legítima de SIGMUNDO, que ele não sabe onde está,
porque dela foi separado na infância e, um dia, sem
querer, reencontra ao adentrar, cansado, o interior de
uma cabana, no bosque, depois de tanto caminhar com
as roupas em frangalhos. SIGMUNDO, ao adentrá-la,
jamais poderia se dar conta de que ali encontraria sua
alma gêmea-espiritual, casada à força com HUNDING,
por quem fora raptada.
HUNDING é, na história, a personificação de
tudo o que é grosseiro, vil, involutivo; a representação
humana de toda a nossa própria natureza inferior, ainda
tão suscetível às quedas e paixões vulgares.
SIGMUNDO chorava a perda da irmã que
agora reencontra; como GÊMEOS ESPIRITUAIS,
redentores de toda a Humanidade, condutores, manus
da Raça Futura, não podem, jamais, ficar separados,
dissociados. Mas ela está casada com HUNDING; aqui
começa toda a tragédia Valquíriana.
O casal divino se reencontra na feroz cabana de
HUNDING e se percebe parte inseparável um do
outro, impossível de serem dissociados. Sigmundo,
então, instigado por Siglinda, retira, da ÁRVORE,
a ESPADA cravada por WOTAN e foge com ela. Só
ELE conseguiria retirá-la; Sigmundo e sua contraparte
representam a RAÇA HERÓICA SUCESSORA DE
WOTAN, a Raça Futura dos Andróginos Divinos,
os Redentores do Mundo, capazes de conduzir a
HUMANIDADE inteira à uma NOVA IDADE, a
IDADE DE OURO, ou “SATYA YUGA”, onde os
homens já deverão ter dominado completamente o
MENTAL ABSTRATO, o 5º Princípio, apanágio desta
Raça Futura, da qual Ele é o condutor e como a ESPADA
representa exatamente isso, o Conhecimento intuitivo,
só mesmo Ele, Sigmundo, poderia retirá-la da árvore
onde fora cravada.
Agora, a luta feroz entre as duas forças se
aproxima, pois Hunding sai à procura do casal de
amantes. Entre essas duas polaridades, HUNDING
x SIGMUNDO, está condensada a História inteira da
Humanidade, desde a Lemúria, passando pela Atlântida,
chegando até a nossa atual Raça Ariana, e já prevendo
a Raça Futura. A união desse casal (SIGMUNDO/
SIGLINDA) é crucial para a evolução da Humanidade,
porque eles são a Pedra Angular da nova Raça, a Raça
dos SIGFRIEDS, já que SIGLINDA espera um filho
do WELSUNGO, SIEGFRIED. A Raça será protegida
pelas próprias VALQUÍRIAS.
Em virtude da luta, que Sigmundo travará com
Hunding (o esposo traído), o pai WOTAN ordena à
VALQUÍRIA mais amada, “BRUNHILDE”, que desça,
saia do Walhalla, para proteger Sigmundo, o welsungo,
“seu filho”; ela, então, feliz, monta em seu cavalo Grane
e parte pelos ares, lançando seu acostumado grito de
guerra, onomatopéias incompreensíveis para nós: HOI
TO HÓ! HEYA HÁ! HÁ HEI! HEYA HÁ! Estas palavras
parecem, na verdade, um jogo de vogais aspiradas, como
o que vemos empregado em algumas das Estâncias de
Dzyan.
FRIKA
Tudo caminhava para um desfecho promissor
ao WELSUNGO, quando adentra a lenda, fazendo
parte intrínseca do Mito da VALQUÍRIA, um
outro personagem importantíssimo dentro desse
contexto, uma outra deusa conhecida como FRIKA,
a inexorável, possessiva e ciumenta esposa do deus
Wotan, a protetora de toda a vulgaridade humana,
por quem o gênio, o heroísmo e as altas virtudes não
são jamais compreendidos. FRIKA representa a falsa
moralidade e a oposição à iniciativa da vontade livre e
da emancipação através do conhecimento intuitivo. É
o passado, a opressão, a anti-intuição, as convenções
todas, os hábitos negativos cristalizados, as nidanas que
relutamos em trabalhar, transformar.
Ela vem até WOTAN para exigir-lhe, em nome
do casamento, que proteja HUNDING e abandone
SIGMUNDO, que, a cometer adultério e incesto, violou
todas as leis divinas e humanas. O deus resiste em
vão, alegando que não pode haver lei alguma contra
as sagradas leis do AMOR, nem juramento algum
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válido, que não se fundamente no maior de todos os
sentimentos.
FRIKA, que se assemelha, na história, à JUNO
grega contra o nascimento de HÉRCULES, amaldiçoa
toda a SUPER-RAÇA WELSUNGA, vista por ela como
símbolo da suprema vilania de um deus, que desceu até
a baixeza inaudita de procriar uma “parelha humana”,
ao buscar, em sua mente transcendente, nada menos
que um homem, um herói, capaz de criar uma ORDEM
DESCONHECIDA, de trazer um NOVO ESTADO
DE CONSCIENCIA PARA A HUMANIDADE,
de, sem a proteção divina, saber “REDIMIR-SE
POR SI MESMO” e cumprir, assim, o seu destino.
Wotan desejava, ao conceber a parelha SIGMUNDOSIGLINDA, fazer nascer um novo homem, capaz de
trazer uma NOVA TÔNICA EVOLUTIVA PARA O
MUNDO, o futuro filho de SIGMUNDO E SIGLINDA:
SIEGFRIED. Era o desejo secreto de WOTAN, contra o
qual FRIKA se insurgia. Ela é, como se vê, o símbolo da
negra reação, sempre presente e sempre oposta a todas
as exaltações dos movimentos redentores.
WOTAN tem que se dobrar, servil, ao jugo das
Leis que ele mesmo criou. Nesse sentido, ele não
pode, realmente, proteger o próprio filho, já que
a Divindade cria leis, a que todos estão atados, até
mesmo seus filhos mais divinos. Nem o Divino pode
escapar às suas próprias leis. Por isso, ele não pune, nem
aplaude. Ele nada faz, apenas, observa. A Divindade
nada pode fazer, porque, nesse plano de manifestação,
todos estão, igualmente, sujeitos às mesmas leis. Todos:
santos e pecadores, bons e maus, sábios e medíocres.
Não há como escapar das leis universais que WOTAN
engendrou e a que encadeou o mundo.
Ele aparece aqui como o ABRAÃO BÍBLICO,
o pai dolorido, que vai sacrificar seu próprio filho
SIGMUNDO, sob a insistência cruel de FRIKA. É o
glorioso símbolo do PAI SACRIFICADOR e do FILHO
SACRIFICADO, base de tantas teogonias, inclusive o
Cristianismo. O Pai, fiel a essa Lei e à Ordem, por ele
mesmo estabelecidas, se vê obrigado a retirar toda a
sua proteção ao amado de sua alma, abandonando-o
ao seu próprio e cruel destino. WOTAN retira, assim,
sua proteção ao filho (símbolo de toda a Humanidade)
e ordena à VALQUÍRIA que lute contra SIGMUNDO,
protegendo o repugnante HUNDING. Esta não é a
vontade interna de WOTAN. A ordem externa do Deus é
que esse casal divino deve sujeitar-se às leis implacáveis
do nosso baixo mundo, mas sua vontade interna é outra,
é a de protegê-los, pois representam a Raça mais amada
do PAI.
E, nessa oposição, nesse confronto interno, entre
a ORDEM IMPERIOSA DO DEUS E SUA LANÇA, e
sua vontade amorosa mais recôndita, se desenrola toda a
saga e o destino dessa VALQUÍRIA.
O HERÓI, o ELEITO, será, portanto, aquele que,
sozinho, livre, sem interferência de ninguém, sem a
ajuda de quem quer que seja, por seus próprios esforços,
seja capaz de criar uma NOVA ORDEM, uma NOVA
HUMANIDADE, uma NOVA IDADE sobre a Terra.
A VALQUÍRIA fica estupefata, aterrada ante a
ordem de lutar contra o filho de WOTAN, o mais amado,
o WELSUNGO SIGMUNDO, protegendo HUNDING.
É a Ordem do Pai, que a ameaça com o terrível anátema:
“Se me desobedecer, perderá sua condição de deusa
e cairá no mundo dos mortais, tornando-se um
deles”. Sai, então, a VALQUÍRIA, montada em seu
inseparável cavalo, ao encontro do casal SIGMUNDO
E SIGLINDA, e, frente a frente com aquele, pede-lhe
que a mire face a face, porque, logo mais, irá seguila até o WALHALLA, que o aguarda, como aguarda
como a todos os guerreiros heróis que sucumbem.
BRUNHILDE diz a ele: “ALI ENCONTRARÁS A
TODOS OS HERÓIS QUE TE PRECEDERAM E A
TEU PAI E TUA MÃE”. Mas SIGMUNDO se nega a
segui-la, por ter que se separar de SIGLINDA. Em vão,
a VALQUÍRIA tenta vencer sua resistência, cominando
com a Lei de que “todos os que a veem cara a cara
têm que, forçosamente, morrer”. Ninguém a mira
e continua vivo. Isso tem um simbolismo profundo.
Ninguém consegue se colocar face a face com seu Eu
Divino, atingir seu EGO IMORTAL sem matar, no
sentido de sublimar, ou transformar sua Natureza
Inferior, humana.
Mas SIGMUNDO, ao negar-se confia em sua
ESPADA, NOTHUNG, que ele mesmo retirou
do Fresno do Mundo, e se prepara para lutar com
HUNDING, que chega nesse momento sob forte
tempestade.
MOMENTO CRUCIAL PARA A VALQUÍRIA –
A DESOBEDIÊNCIA
As VALQUÍRIAS, como todas as Imortais,
não conheciam o sentimento humano da piedade, a
compaixão pelo caído, pelo débil. Elas jamais sentiam
coisa alguma, pois estão num outro plano, muito
acima dos sentimentos humanos. A VALQUÍRIA,
que representa, intimamente, nosso EU DIVINO,
IMORTAL, está acima de qualquer emoção humana.
Ela é neutra, imparcial. Mas, nessa lenda, algo acontece
de inovador: um raio de luz, a primeira palpitação do
sentimento de compaixão pelos humanos, começa
a iluminá-la. Ao ver a fragilidade da mulher-heroína
SIGLINDA, que leva, em seu ventre, um fruto de
bendição, pois está grávida, a antes impassível e fria
guerreira, começa, agora, a sentir-se humanizada pela
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dor que redime. Esse sentimento estranho, intenso,
de piedade e compaixão, que, pela primeira vez,
BRUNHILDE começa a sentir em seu ser, será a CAUSA
DE SUA QUEDA: A QUEDA DA FILHA PREDILETA
DE WOTAN.
Em um arranque humano, como tal, bem contrário
à sua excelsa origem, depreciadora de todo sentimento
piedoso, a VALQUÍRIA, sentindo transformado já em
humano seu coração antes divino, pelo mágico poder
da piedade redentora, se decide a DESOBEDECER
AO PAI, e a amparar, com sua égide, o welsungo
SIGMUNDO.
A batalha entre SIGMUNDO E HUNDING se
desencadeia, sempre, com BRUNHILDE protegendo
SIGMUNDO e evitando os golpes mortais de
HUNDING. SIGMUNDO e sua ESPADA, NOTHUNG,
iria desferir o golpe mortal sobre o inimigo, no exato
momento em que chega WOTAN, que não pode
consentir (com todo o seu pesar) que as LEIS sejam
rompidas, conforme vimos. Ele surge de improviso entre
os dois combatentes e, com sua LANÇA INVENCÍVEL,
faz saltar, em dois pedaços, a ESPADA do filho que ele
tanto ama, e o herói, assim desarmado e desprotegido,
cai ao fim sob o golpe mortal de HUNDING, que,
também, morre, ante a presença de WOTAN.
Morrem os dois: a personificação do Bem e do Mal,
as duas forças opostas, BRUNHILDE, a VALQUÍRIA
HUMANIZADA, recolhe os dois fragmentos da
ESPADA rompida, coloca, em seu cavalo, a infeliz
SIGLINDA, e, montando nele, segue com a futura
Mãe até o Walhalla. Em pleno horror da tempestade,
o DEUS SUPREMO, que acaba de sacrificar, contra
toda a sua vontade, o próprio filho, lança seu veloz
cavalo em perseguição da filha desobediente e rebelde, a
VALQUÍRIA, para castigar sua inaudita rebeldia contra
as Leis com que Ele mesmo teceu as malhas cármicas da
vida e contra as quais nem mesmo ELE pode se insurgir.
A QUEDA E REDENÇÃO VALQUIRIANA
O FEDRO, de Platão, uma das obras em que se
insiste sobre o famoso lema de que toda a vida humana
não é senão uma Grande Queda(a Ciência Oculta nos diz
o mesmo), apresenta a Natureza Humana, claramente
dividida em duas partes: o THUMOS, ou a natureza
fenomênica, ilusória, mayávica; e o THUMOEIDES, ou
AUGOEIDES, a essência divina e eterna, em que um
raio do Supremo Atmã se revestiu da essência búdica, e,
através da mente superior, ou MENTAL ABSTRATO,
ao longo de várias reencarnações, vai acumulando
abstrações, experiências consolidadas para esse EGO, e
isso ao longo de várias vidas.
A VALQUÍRIA, no sentido oculto, iniciático, é a
nossa Tríade Superior, Divina. Quando nos referimos ao
mito, dizendo que as VALQUÍRIAS são absolutamente
insensíveis a todas as misérias desse nosso mundo e que
essas Virgens Guerreiras são frias e impassíveis diante
do sofrimento humano, é nesse sentido: essa natureza
humana nossa, esse quaternário inferior é quem sofre,
nossa “persona”, a veste, que usada para entrar nesse
palco, que é a vida em uma encarnação, essa máscara,
colocada para viver cada uma de nossas vidas. Em nosso
EGO DIVINO, IMORTAL, não há sofrimento, porque a
VALQUÍRIA, o AUGOEIDES, de Platão, é a realidade
única em nossa vida, é o Deus em nós, é a centelha da
chama, é o melhor do melhor em nós mesmos, o mais
perfeito em cada ser, é AGNI, a centelha divina, que arde
em tudo o que existe, o Fogo Purificador, que arde em
todas as coisas. Essa chama é a VALQUÍRIA.
No Homem, o despertar dessa VALQUIRIA
constitui o fim supremo da peregrinação humana, o
objetivo último de nossas sucessivas reencarnações,
para que possamos voltar, retornar à nossa condição
pura de deuses, que éramos antes da QUEDA. Então,
a ascensão constante RUMO à VERDADE e ao BEM,
até A atingirmos, chegando mesmo a nos confundir com
Ela, é a tarefa suprema e missão última de todos nós
para que possamos voltar a vermo-nos “cara a cara” com
a Divindade, de quem, um dia, saímos.
BRUNHILDE se via “face a face” com seu
pai WOTAN, antes da separação (“EXPULSÃO
SIMBÓLICA DO PARAÍSO”), esta separação que
os budistas chamam de “ahankara”. Assim como
a VALQUÍRIA perde sua condição de deusa, por
desobedecer ao PAI, e desce à forma humana, assim nós
descemos e perdemos o contato direto, que tínhamos
com os deuses, mas trazemos, adormecida dentro de
nós, essa VALQUÍRIA, esse princípio crístico.
AS DUAS NATUREZAS
Há, em toda a natureza, duas qualidades distintas:
a) uma ativa, que ascende por seu esforço próprio
(SIGMUNDO e SIGFRIED);
b) outra passiva, que, de divina que era, desce
pouco a pouco ao estado humano. Exatamente, como
a VALQUÍRIA BRUNHILDE, conjugada em razão
inversa com o elemento inferior, que ascende como herói
à conquista de seu céu.
A vida vai do infinitamente grande ao infinitamente
pequeno. Na Mitologia, que estamos analisando,
o infinitamente grande é a VALQUÍRIA , ou seja,
a origem, a “casa paterna”, o “Logos”, quando a
mesma saiu, como a MINERVA grega, da mente
divina. E o infinitamente pequeno é o “homem”, nós,
a Humanidade como ínfima criatura, escrava nesse
quaternário como HUNDING, presa ao cavalo de suas
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paixões e ilusões todas. Esse é o HOMEM, escravo
e servo de todos os seus desejos, de quem WOTAN
nos fala. O tempo corre, a evolução não cessa, se
desenvolve, e, enquanto esse infinitamente pequeno
vai crescendo por suas próprias rebeldias evolutivas,
aquele infinitamente grande decresce, harmonicamente
conjugados. No simbolismo do mito da VALQUÍRIA,
BRUNHILDE se separa, se distancia cada vez mais
da vontade de seu PAI e do céu do WALHALLA, para
aproximar-se mais e mais da Terra, e, assim, unir-se
ao guerreiro que se eleva. Vai crescendo o guerreiro, e
decrescendo a deusa, até que chegam a igualar-se ambos
no AMOR, o “grande nivelador de tudo quanto vive”,
pois, sem esse sentimento, nem manifestação haveria,
nem vida alguma, formando esse símile de suprema
perfeição: EROS E PSIQUE; TRISTÃO E ISOLDA;
O HOMEM-DEUS ou o HOMEM transformado em
DEUS, como SIEGFRIED/BRUNHILDE.
O mito da VALQUÍRIA, seu enlace protetor com o
Herói, exige que la desça até a HUMANIDADE e que a
HUMANIDADE se eleve até Ela com suas rebeldias. É a
razão inversa da matemática.
A VALQUÍRIA traz, então, sem seu cavalo, a carga
santa da mulher que vai ser MÃE, e MÃE do redentor
do mundo, “SIEGFRIED”, já que o PAI SIGMUNDO
morreu em combate. E, assim, BRUNHILDE, fugindo
da perseguição de WOTAN, compassiva, mais sublime
que nunca, compartilhando as dores com a pobre
HUMANIDADE, dominada já pela mais humana
das ternuras, procurando abrigo para a pobre Mãe
perseguida, coloca SIGLINDA junto a uma GRUTA,
uma COVA OCULTA, segura de que ali não a alcançarão
os furores de WOTAN. Nela, SIGLINDA dará à luz
SIGFRIED e morrerá em seguida no parto. E essa
GRUTA também tem um simbolismo profundamente
iniciático, como todas as grutas, covas ou florestas, que
aparecem em diversos Mitos: eterna gruta ou Templo da
Iniciação, onde só essa Raça de Siegfrieds heróicos, ou
Cavaleiros do Ideal só podem nascer. Todos eles nascem
duas vezes, como dwijas, com a Iniciação no grande
mistério da vida. BRUNHILDE entrega à futura mãe os
dois pedaços da gloriosa ESPADA, NOTHUNG, partida
por WOTAN, com a augusta profecia do Destino:
“ - O FRUTO DE TUAS ENTRANHAS, SIEGFRIED, SERÁ O REDENTOR DO MUNDO,
O ÚNICO CAPAZ DE JUNTAR, PARA SEMPRE, OS DOIS PEDAÇOS DA FAMOSA ESPADA, RECONSTITUINDO-A E TRAZENDO,
PARA A HUMANIDADE, UM NOVO ESTADO
DE CONSCIÊNCIA”.
E, assim, cumprindo sua missão protetora com a
serenidade do dever cumprido, Ela vai encontrar-se com
seu indignado PAI, para dele receber o mais terrível dos
castigos, por sua redentora rebeldia:
“ - NÃO SOU EU QUEM TE CONDENA. TU
MESMA TE CONDENASTE POR TUA DESOBEDIÊNCIA. ENCARREGADA DE EXECUTAR MEUS DECRETOS, OBRASTE CONSCIENTE CONTRA ELES. TUA ALMA INSPIRAVA A MEUS HERÓIS. ISSO ERA ANTES.
VÊ O QUE SERÁS AGORA... JÁ NÃO PODES
MAIS SER A FILHA DO MEU DESEJO!...
SEGUE SENDO MULHER: JÁ NÃO ÉS VALQUÍRIA. JÁ NÃO VOLTARÁS A BUSCAR,
ENTRE OS COMBATENTES, OS HERÓIS
POR MIM ESCOLHIDOS PARA LEVÁ-LOS
AO WALHALLA, NEM VOLVEREI A BEIJAR
TEUS LÁBIOS INFANTIS... NOSSA ALIANÇA
ESTÁ QUEBRADA, E TU, EXCLUÍDA, CAIRÁS PARA SEMPRE DO DIVINO TRONO DO
QUAL TOMAVAS PARTE”.
Esse castigo de WOTAN à filha predileta, essa
queda da VALQUÍRIA é o próprio mito de PROMETEU
em seu aspecto feminino.
O mito da VALQUÍRIA é a transposição para
o Universo Feminino da queda dos deuses. É a
versão feminina de Lúcifer, porque, na mitologia
escandinava, nos EDAS, a mulher ocupa alto lugar de
destaque.
O ROCHEDO E O FOGO
WOTAN, cuja vontade é absolutamente paradoxal,
como paradoxal e incongruente é a própria vida, decide
colocar a filha, que acaba de punir e que é a mais amada,
no alto de um rochedo, cercada, envolta por uma
muralha de fogo e adormecida, para ser despertada
janeiro a abril de 2013
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um dia, talvez, pelo único HOMEM, da linhagem dos
HERÓIS, que desconheça o MEDO e que, por seus
próprios esforços, luta constante e sacrifícios, consiga
vencer e transpor aquele fogo inextinguível e sagrado
que a cerca. Só esse HERÓI poderá, um dia, despertá-la,
e nenhum outro, nenhum mortal vulgar.
Com um beijo, em que leva consigo a Divindade
da Filha, um beijo em ambos os olhos que se cerram,
WOTAN coloca, amorosamente, a FILHA sobre a rocha,
dobra-lhe as asas sobre o rosto até ocultá-la totalmente,
cobre-a com escudo e lança da mesma e despede-se,
assim, da filha, que deixa de ser IMORTAL E DEUSA,
passando à condição de MORTAL. Exatamente, aqui,
percebe-se o ponto crucial da lenda. WOTAN deixa em
aberto a possibilidade de REDENÇÃO, uma LUZ no
final do Túnel, porque a deixa ADORMECIDA, apenas,
para que, um dia, o HERÓI de si mesmo possa despertá-la.
O sono não é eterno, irredutível ou inexorável. Por
isso se diz que o Evangelho de todas as Teogonias e
religiões não termina no SACRIFÍCIO, na CRUZ ou na
FOGUEIRA, mas na REDENÇÃO.
Essa VALQUÍRIA caída, nada mais é do que
nosso PRINCÍPIO CRÍSTICO, DIVINO, SUPERIOR,
“Adormecido” em cada um de nós à espera de ser
despertado pelo HOMEM INFERIOR que somos.
Transformando-nos por nossos próprios esforços e
batalhas, difíceis e infindáveis, podemos despertálo, isto é, acordar a DIVINA VALQUÍRIA de nossos
anseios, aquela que dorme e sonha dentro de nós.
Esse CÍRCULO DE FOGO, que a separa e a
isola do mundo inferior, é o que o Ocultismo chama
de FIO DE SUTRATMA. É o que separa nossas duas
NATUREZAS: a Divina e a Terrena. Só AQUELE que
tenha vencido o MEDO, que não tenha MEDO de se
defrontar face a face com suas mazelas todas, seus
defeitos, suas nidanas, que tenha coragem de enfrentar
seus monstros e dragões internos, consegue transpor
esse CÍRCULO DE FOGO e chegar a despertar a
VALQUÍRIA adormecida. É o ADEPTO, o HOMEM
PERFEITO, o INICIADO, o grande vencedor de si
mesmo, daquela única, íntima e solitária batalha. É
O HOMEM DIVINIZADO POR SEU PRÓPRIO
ESFORÇO.
No mito nórdico, que estamos analisando, esse
Herói, esse Homem destemido e despertador de
BRUNHILDE, é SIEGFRIED, o filho de SIGMUNDO
E SIGLINDA, de estirpe divina, de dinastia divina.
SIEGFRIED não conheceu os pais, mortos, como já foi
dito.
Agora os GÊMEOS ESPIRITUAIS reaparecem no
mundo, no casal SIEGFRIED/ BRUNHILDE, porque
a Humanidade não pode ficar sem a presença dessas
consciências, ou desses fachos de luz entre nós.
Então, SIEGFRIED, após muitas e muitas
vidas, sacrifícios e renascimentos, põe-se a forjar
e a reconstruir a ESPADA NOTHUNG, com os
dois pedaços, que estavam em poder de sua Mãe.
Ele representa toda a HUMANIDADE FUTURA,
dos ANDRÓGINOS DIVINOS, dos HOMENS
PERFEITOS, dos HOMENS DA MENTE ABSTRATA,
DO SUPRA-MENTAL. Ao final, um dia, ele chega
ao cimo do rochedo onde a VALQUÍRIA dorme.
Ultrapassa, sem receio, o círculo de fogo e, debruçandose sobre ela, abre-lhe as suas asas, retira-lhe o escudo
e a lança e, finalmente, desperta-a de seu sono secular.
Naquele momento de absoluta transcendência,
readquire o “status” de deusa e, fitando o herói nos
olhos, diz:
“ - SALVE, Ó SOL! SALVE, Ó LUZ! SALVE,
ESPLENDOR DESTE DIA ENTRE OS DIAS!
EU JÁ TE AMAVA ANTES QUE TU EXISTISSES, EU SOU TEU PRÓPRIO SER, EU SOU
TU MESMO”.
E esse é o Idílio Imortal de nossa Alma, o símbolo
da augusta união do EGO INFERIOR do HOMEM com
sua ESSÊNCIA SUPREMA, ou TRÍADE DIVINA. É
a excelsa REDENÇÃO pelo AMOR, que a Divindade
deixa entrever após nossa Queda, que é necessária
para que a mesma Divindade adquira a Experiência
que não tem. É o AMOR INCONDICIONAL a essa
VALQUÍRIA, ainda dormente dentro da maioria de
nós, esperando, ansiosamente, ser despertada, para,
despertando-a, podermos, então, retornar ao SEIO DO
PAI, de onde todos saímos um dia, no supremo êxtase,
na beatitude infinita do LOGOS.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. LUNA, Mario Roso de. Wagner, mitólogo e ocultista.
1ª Ed. Buenos Aires: Editorial Glem, 1958.
2. SADIE, Stanley. The new grove book of operas. 3ª
Ed. Londres: Ed. Macmillan, 1996.
3. SOUZA, Henrique José de. O Verdadeiro Caminho da
Iniciação. 6ª Ed. São Lourenço: Editora CEP, 2001.
4. BLAVATSKY, Helena Petrovna. A Doutrina Secreta.
VOL II. 5ª Ed. SIMBOLISMO ARCAICO UNIVERSAL. Brasil:
Ed. Pensamento.
5. WAGNER, Richard. Der Ring Des Nibelungen. Die
Walkirie. DVD gravado no Metropolitan Opera House.
Regência James Levine. Nova Iorque, 2002.
janeiro a abril de 2013
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OS QUATRO
TEMPERAMENTOS
▪ Ricardo Fera
Fotografia: Tiago dos Anjos
E
sse tema, OS QUATRO
TEMPERAMENTOS, parece recorrente,
mas é sempre novo e atual.No entanto,
em nossos contatos, percebemos como, ainda, é
desconhecido, ou até superficial o conhecimento que a
maioria dos iniciados tem dele. Que dirá a humanidade
desinformada!
Fui convidado, provocado a escrever sobre o
tema: “Os Quatro Temperamentos Humanos”. Pensei
sobre o assunto, verifiquei minhas pesquisas e notas,
busquei outras. Notei que o assunto, embora falado em
diversos locais, era ilustrativo, mas pouco prático na
sua aplicação. Foi, então, que resolvi como escrevê-lo.
Organizei de forma facilmente inteligível e comparada.
Assim, os leitores vão poder usar para seu próprio
autoconhecimento.
Em minhas pesquisas identifiquei que se trata de
um assunto milenar nas tradições inciáticas, estudado
por grandes vultos da história da humanidade, como
Platão, Aristóteles, Galeno, Paracelso, Adickes,
Sprãnger, Kretschmer, Jung, entre outros. Há trabalhos
sobre o tema em todos os tempos. Mesmo hoje, é muito
usado pela psicologia Junguiana, quando aplicada nas
organizações.
Ocorre é que, em cada época, deu-se um nome para
os temperamentos, o que passa despercebido para o
pesquisador que não estiver atento. E, embora todos os
trabalhos publicados sejam válidos, são incompletos,
pois não têm as chaves iniciáticas! Quem as trouxe e
revelou sua aplicação para a evolução humana, foi o
nosso Mestre, o Professor Henrique José de Sousa.
Fica claro que nós, como Ele, temos os quatro
temperamentos. Apenas, para Ele, já estavam
equilibrados; para nós, não. A saber, temos um
predominante (mais facilmente notado), dois auxiliares
e um oculto (a desenvolver). As pessoas, que têm,
apenas, um temperamento, suprimindo ou anulando
todos os demais, estão em desequilíbrio. Ex.: Hitler,
Napoleão Bonaparte, etc.
Se estamos no quarto globo, temos quatro estações
(climáticas),quatro pontos cardeais, quatro animais da
esfinge, quatro evangelhos na bíblia, quatro elementos
da matéria (terra, fogo, água e ar); em muitos outros
casos, esse número (quatro) se faz presente. Assim,
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também, são os temperamentos humanos.
O trabalho mais antigo sobre tal assunto foi o de
Platão (340 a.C.). Usava os nomes: Idealista, Artesão,
Racional, Guardião.
Adotaremos a sequência de apresentação: Colérico,
Sanguíneo, Fleumático e Melancólico. Isso só para
facilitar as explanações. Imaginemos um quadrado, com
quatro partes (como uma janela), em que se apresentam,
em sentido horário, iniciando pelo canto superior
esquerdo, tais temperamentos.
Energia, força interior. A Emoção como Excitação. E,
para unir as duas, temos a Mente para trabalhar, que,
pela autoeducação e pelo autoconhecimento, levará a
equilibrar os Temperamentos.
A descrição geral do tipo, não, necessariamente,
é a sua, visto que se temos os quatro temperamentos,
teremos características de mais de um tipo.A seguir,
faremos a descrição isolada e comparada dos tipos
de temperamentos, como se a pessoa fosse só aquele
temperamento. Isso é meramente didático para facilitar
o entendimento. Você encontrará características suas
em mais de um deles e, assim, iniciará o seu processo de
autoconhecimento através dos quatro temperamentos.
Nomenclatura
usada
nesse
artigo
COLÉRICO SANGUÍNIO
FLEUMÁTICO
MELANCÓLICO
Platão
~340 a.C
Idealista
Artesão
Racional
Guardião
•
Aristóteles ~325
Ético
Hedônico
Dialético
Proprietário
Galeno
~150
Colérico
Sanguínio
Fleumático
Melancólico
•
Paracelso
~1550
Inspirado
Mutável
Curioso
Diligente
Adickes
1905
Doutrinador
Inovador
Cético
Tradicional
Sprãnger
1914
Religioso
Estético
Teórico
Econômico
Kretschmer 1920
Hiperesté- Hipomatico
níaco
Anestésico
Depressivo
Descrição:
Jung 1923 Amigável
Sondador
Cabeça-dura
Agendador
Myers
1958 -
xNFx
xSxP
xNTx
xSxJ
Nomenclatura atual
2000
Catalizador
Negocia- Visionário Tradiciodor/Facilinalista
tador
•
•
correspondência
As mãos:
•
•
Colérico, Sanguíneo, Fleumático e Melancólico
•
•
•
•
Colérico (ou Nervoso): Grande energia e grande
excitação. Elemento Fogo. Tempo futuro.
Sanguíneo (ou Pletórico): Pouca energia e grande
excitação. Elemento (Ar). Tempo presente ativo.
Fleumático (ou Linfático): Pouca energia e pouca
excitação. Elemento (Água). Tempo presente
passivo.
Melancólico (ou Bilioso): Grande energia e pouca
excitação. Elemento (Terra). Tempo Passado.
Levando-se em referência o triângulo eubiótico:
Vontade, Mente, Emoção. Temos a Vontade como
Colérico: Tipo baixo, ombrudo, peito de pombo,
enérgico, vigoroso, olhos vivos, olhar firme e seguro,
andar rápido, cravando o salto no chão.
Sanguíneo: Tipo mais “normal” fisicamente,
bochechas coradas, aparência saudável e alegre,
confiante e extrovertido, olhar vivo, musical, mãos
leves e rítmicas, andar leve e saltitante, como se
não tocasse no chão; é o que mais vê os fenômenos
celestes e as estrelas.
Fleumático: Tipo gordo, rechonchudo, pesado,
queixo duplo, bonachão, mole, calmo, inerte,
mãos pendentes, caídas, andar lento, pé ante pé,
equilibrando seu corpo.
Melancólico: Tipo magro, alto, arqueado para
frente, ossudo, introvertido, taciturno, pensativo,
melancólico, mal-humorado, abatido, olhar caído e
triste,andar arrastado; é o que mais acha coisas no
chão.
•
•
Colérico: tem a mão quadrada, palma da mão firme
e quente, dedos fortes e musculosos, ágeis.
Sanguínio: tem a mão alongada,palma da mão
alongada, bonita, jovem, dedos finos e alongados,
movimento rítmico, mexe primeiro para depois
olhar.
Fleumático: tem mãos fofas, frias, moles, palma
mais larga, dedos flácidos gordinhos, unhas moles
talvez roídas.
Bilioso: tem mãos alongadas, como as do sanguínio,
porém ressecadas e pesadas, unhas duras
Comportamento (exemplos de):
Na reunião de condomínio
•
janeiro a abril de 2013
Colérico: Chega à reunião na hora exata,
cumprimenta a todos de forma geral e, em poucos
minutos, já a comanda, mesmo não sendo o síndico.
Manifesta sua vontade pela ira e violência.
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•
•
•
Sanguíneo: Chega alegremente e traz alegria ao
ambiente, cumprimenta cada um pelo nome, com
seu olhar varre o ambiente. Sorri, conversa de forma
superficial, interessa-se por tudo e, em seguida, já se
desinteressa rapidamente.
Fleumático: Chega atrasado, ou uma hora antes,
para ficar parado esperando; dá um sorriso geral
e fica parado, esperando calmamente, procura
um lugar confortável para sentar; fica parado,
mas, quando fala suas palavras têm muito peso;
aparentemente vazio, sem participação exterior;
na despedida, fica atrapalhando a saída, parado na
porta.
Melancólico: Chega pelos cantos e/ou entrada
lateral, não cumprimenta ninguém, senta-se no
fundo da sala, fica pensando: aqui só tem “panela”;
se alguém contar um caso triste, tem um mais
triste ainda; quando se expressa na reunião é
para defender os seus interesses particulares; tipo
introvertido em seus pensamentos.
•
•
A Pedra (quando encontram uma pedra no
caminho, eis a reação)
•
•
•
•
Colérico: chuta, esbraveja, xinga e consegue uma
alavanca com que, com seus próprios esforços,
remove a pedra do caminho e passa.
Sanguíneo: Nem vê a pedra, envolto em seus
pensamentos nas nuvens, tropeça e cai, depois
levanta-se e ri da situação.
Fleumático: para e fica olhando a pedra por algum
tempo, depois, senta-se nela e tira um pacote de
bolachas do bolso, que fica comendo, esperando
aparecer alguém para retirá-la.
Melancólico: ao ver a pedra diz:- “que pedra
enorme, como sou azarado, tudo acontece comigo,
só querem me prejudicar”; em seguida, volta para
seu interior a pensar: quem o está perseguindo e
prejudicando.
Nas Organizações (psicologia Junguiana e
inteligência predominante)
•
•
Colérico (Inteligência Diplomática): sua
necessidade básica é por significado e importância,
que vêm de um sentido de propósito e de trabalho
para um bem maior; precisa ter um senso de
identidade única; valoriza a união, a autorealização
e autenticidade; pessoa desse temperamento prefere
interações cooperativas com enfoque em ética
e moralidade e tende a confiar em suas próprias
intuições, antes de procura encontrar a lógica e
dados para as apoiar; aprende mais rápido quando
pode ensinar.
Sanguíneo (inteligência tática): sua necessidade
básica é a liberdade para agir sem restrições e
enxergar resultados claros para sua ação; valoriza
altamente a estética, seja na natureza ou na arte;
a energia é focada para atuar com habilidade,
variedade e em estímulo; tende a atitudes
pragmáticas e utilitárias, com um enfoque em
técnica; confia em seus impulsos e tem gosto em
agir; aprende melhor fazendo.
Fleumático (inteligência estratégica): sua
necessidade básica é o domínio de conceitos,
conhecimentos e competência; pessoa desse
temperamento busca compreender os princípios
operacionais do universo e a aprender ou
desenvolver teorias para tudo; valoriza a
consistência lógica, ideias e busca o progresso; tende
a atitudes pragmáticas e utilitárias com ênfase em
tecnologia; confia na lógica acima de tudo; tende a
ser cético e valoriza a precisão lingüística; possui
estilo de aprendizagem conceitual; quer conhecer os
princípios que geram os detalhes e os fatos.
Melancólico (inteligência logística): sua necessidade
básica é pertencer a um grupo e ter responsabilidade;
precisa saber se está fazendo a coisa certa; valoriza a
estabilidade, a segurança e o senso de comunidade;
confia em hierarquia e autoridade; prefere atividades
cooperativas com foco em estabelecer normas e
padrões; orienta-se por experiências passadas e
gosta das coisas estruturadas e em sequência; tende
a buscar aplicações práticas para as coisas que
aprende.
Quatro variáveis da construção dos Tipos
Psicológicos ou Temperamentos
A Fonte de Energia, que pode ser interna ou externa,
se interna, essa pessoa se energiza por atividades
solitárias. É mais introspectiva; se externa, energizamse pelas interações com outras pessoas. É mais
comunicativa.
A Atenção, ou seu modo de perceber o mundo, que
pode ser sensorial ou intuitivo. O Sensorial valoriza e
usa, primeiro, os cinco sentidos. Só, depois, compara
com seu interior. Já o Intuitivo faz o inverso. Primeiro,
olha dentro de si mesmo – usa intuição – para depois
comparar com o exterior sensorial.
A forma de tomar decisão, sua maneira de avaliar,
julgar, organizar, decidir, pode ser priorizando o
pensamento lógico, os critérios objetivos,ou a emoção,
avaliando, baseando-se em critérios subjetivos, como
valores e gosto.
Seu estilo de vida, que pode ser planejando
previamente e seguindo o plano, ou por opções em
janeiro a abril de 2013
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aberto, para adaptar-se, caso necessário.
Melancólico, no passado, lembranças, normas.
Essas quatro variáveis compõem cada um dos
quatro Temperamentos em “dosagens” diferentes.
Assim, de cada Temperamento, temos quatro “tons”
ou nuances, que podem variar de acordo com a etapa
cronológica da vida. Dessa forma, teremos 16 nuances
que se interagem na vida e nas organizações. E da sua
harmonia na interação, será mais ou menos adequada,
interferindo nos resultados do relacionamento e das
organizações.
Outra forma é observar a idade cronológica,
que trará influências e predominâncias e devem ser
consideradas com atenuantes, quando observar um
indivíduo. Exemplo: As crianças têm a tendência
de se manifestar como Sanguínias, o que reforça o
comportamento quando for igual, e atenua quando for
oposto.
Já os jovens têm a tendência Colérica, devido à fase
de escolha de profissão e se tornar adulto, assumindo
uma posição na vida. O que reforça o comportamento
quando for igual, e atenua, quando for oposto.
Nos adultos de mais idade, predominam os
Melancólicos, o que reforça o comportamento quando
for igual, e atenua quando for oposto. Pois o tempo
passa, as coisas não saem exatamente como planejadas,
as pressões e desilusões trazem certa melancolia.
Nos que estão em idade mais avançada, haverá
o predomínio do Fleumático, o que reforça o
comportamento quando for igual, e atenua quando for
oposto. Sopinha, cafezinho, chazinho, visto que, no fim
da vida, todos têm pouca energia e pouca excitação. Se o
idoso for ativo, trabalhador,é Colérico; se tem rodinhas
nos pés e gosta de passear, é Sanguínio; Já, o que fica
trocando bula e receita, de remédio é Melancólico; E
o pior de todos é o Fleumático, que se senta em um
banquinho, esperando a morte chegar.
Intuição mais sentimento inclina o temperamento
para Colérico. Intuição mais pensamento inclina
o temperamento para Fleumático. Sensação mais
julgamento inclina o temperamento para Melancólico.
Sensação mais percepção inclina o temperamento para
Sanguíneo.
Quatro Posições nas organizações
Cada uma, ocupada pelos quatro Tipos Psicológicos
ou Temperamentos em suas nuances. As quatro posições
são: No comando; Fazendo com que as coisas andem; Os
bastidores; Planejando a rota.
Ao observar as informações, você verá algumas
relacionadas a você, o que permitirá autoconhecimento
pela auto-observação. Ou mesmo pela observação, em
outras pessoas, dessas características; isso é chamado
modelagem de comportamento. E serve, também, como
referência.
Reconhecimento (Colérico, Sanguíneo, Fleumático
e Melancólico)
É bastante complexo o reconhecimento dos tipos
para quem não está familiarizado com o assunto,
embora, hoje, tenhamos testes para isso, sendo alguns
confiáveis (mais precisos), e outros, nem tanto.
Lembrando que todos temos os quatro temperamentos,
sendo: um predominante, dois auxiliares e um oculto
(seu oposto). Vamos dar algumas dicas para facilitar seu
autoconhecimento.
Observando os opostos, temos alguns exemplos:
uma pessoa, que nunca está parada nem cansada, não
pode ser Fleumático. Será, então, seu oposto, o Colérico.
Já uma pessoa, que nunca está triste, não pode ser
Melancólica, será, então, seu oposto, o Sanguínio.
Podemos, também, olhar os tempos verbais mais
usados pelas pessoas (por nós mesmos), identificando os
tipos de temperamentos. Exemplo: Colérico, fala e pensa
no futuro (planejamento); já o Sanguíneo,do presente
ativo, moda, passeios, viagens; se for Fleumático, no
presente passivo, restaurantes, descanso, conforto; e o
Aplicações Práticas
Escolhas de cônjuge, de amigos, sócios,
relacionamento profissional. Busca do equilíbrio,
educação das crianças, adequação de profissões.
Alimentação
•
•
•
•
janeiro a abril de 2013
Colérico: regime misto, com vegetais, folhas, raízes
e frutas, comendo, principalmente, carne de animais
leves e peixe, preferindo produtos frescos e evitando
carne de caça, pimenta, temperos excitantes e
gorduras.
Sanguíneo: regime misto, com raízes, vegetais
baixos, bastantes frutas, carnes de animais pesados,
evitando: aves, comer doce, comida muito salgada e
excitante, batata e feijão.
Fleumático: regime misto, com carne de animais
ágeis e rápidos, vegetais só de crescimento rápido,
comida com pimenta, louro, temperos excitantes,
alimentos que exijam a mastigação, evitando: raízes,
farinhas, sopas, mingaus, doces, gorduras e não
dormindo depois das refeições.
Melancólico: regime misto, com bastantes frutas,
folhas, flores, aveia, peixes e aves; doces são
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muito bons; evitando: sal, raízes e plantas baixas,
principalmente, alimentos oleosos e gorduras.
Observação: pelo equilíbrio dos temperamentos,
há uma tendência à diminuição do consumo de
carne, e não por imposições radicais de regimes
alimentares. Sob a presença da espiritualidade,
que não vem da alimentação, mas,ao contrario, do
desenvolvimento espiritual, manifestado no equilíbrio
dos temperamentos, resultará a mudança espontânea
dos apetites, sem forçar nada.
Tratamento Pessoal
•
•
•
•
Colérico: Deixar dar vazão a sua ira, sem se
incomodar nem temer, manter-se neutro. Dar a ele
bastante espaço. Quando falar com ele, ser objetivo
evitando os detalhes. Usar verbos e expressões
diretas: onde, quando, como, quanto e similares.
Sanguíneo: Despertar seu interesse por algo focado
e aprofundar-se, sempre com muito amor, com
carinho e atenção, ao falar; usar floreios e linguagem
figurativa, mas buscando objetividade para não
dispersar. Procurar locais ao ar livre, jardins,
parques, locais cheios de vida,
Fleumático: Buscar agitação e movimento, falar
alto e rápido, mas de maneira sintética. Mudar de
assunto várias vezes para manter o seu interesse e
atenção. Procurar o convívio com Sanguínios, que
trazem movimento à relação.
Melancólico: Buscar sua ajuda para ajudá-lo.
Mostrar que é querido no meio que frequenta e em
que trabalha; exaltar suas qualidades, minimizar
seus defeitos, mas nunca negá-los. Tirar o que ele
tem dentro e comentar sobre os grandes mártires
por ideais nobres. Ler dramas. Criar situações, que o
obrigue a expressar seus pensamentos, se mostrar e
deixar de ser retraído.
Conclusão
Esse assunto, ainda, tem infinitas possibilidades
a explorar e a descobrir. Nesse breve artigo,
procuramos trazer à luz aspectos práticos para
assimilação e aplicação imediata. Pois de nada
adianta o conhecimento, que não possa ser aplicado.
Assim, permitirá a ampliação do autoconhecimento,
autopercepção e autoeducação. De modo a fazer a
têmpera, a mistura e a forja dos quatro temperamentos
equilibrados. Isso é tomada de consciência em um novo
patamar, o Aquariano, pois o seu estudo e a prática
das Yogas, desde os Graus até a Série Interna, levará a
tornar os Jivas equilibrados, permitindo que se tornem
Jivatmãs. Jiva com a consciência de Atmã.
É tarefa de todos que se propõem ao
autoaperfeiçoamento, à evolução e ao trabalho pela
humanidade.
Em outras oportunidades – artigos / palestras –
traremos mais informações e “provocações” para os
irmãos e amigos. Dicas de como aplicar, fazer testes
de indicação e confirmação dos temperamentos.
E estaremos à disposição para auxilia-los nas
interpretações dos resultados, contribuindo para a
melhoria de vida e da consciência de cada um. Podemos
falar pessoalmente por e-mail, por Skype, etc. Meus
contatos estarão ao final no texto.
A você, leitor, que chegou até aqui, um fratenal
abraço.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. SOUZA, Henrique José de, O Verdadeiro Caminho da
Iniciação; A Natureza Secreta do Homem; Eubiose – A
Ciência da Vida; Os mistérios do Sexo, São Paulo, 1954,
1989, 1994, 2001;
2. Livro do Ciclo de Aquário, Livro das Cadeias, Eubiose - A
Verdadeira Iniciação, Ocultismo e Eubiose;
3. PUTOMATTI, Cícero J. Trabalho sobre as Glândulas de
Secreção Interna;
4.Pesquisa sobre os Quatro Temperamentos Humanos do
V.I. Miranda, Pesquisa do V.I. Adhemar da Cunha Ramos,
roteiros de aulas Manu;
5. Outras fontes externas com adaptações à luz da
Eubiose:
- GLAS, Norbert, As Mãos Revelam o Homem;
- KELLER, Martin, Os Temperamentos;
- MIRANDA, Caio, Laya Yoga;
- GLAS/KOENIG/HEYDEBRAND , Os
QuatroTemperamentos;
- G. (EMI), Norman, Fundamentos de Endocrinologia
Clínica;
- JUNG, C.G, Psychological Types. New York, Harcourt
Brace, 1923;
- MYERS, Isabel Briggs e Peter B. Myers, Ser Humano é
Ser Diferente: Valorizando as pessoas por seus dons, São
Paulo, Ed. Gente, 1997;
- WEIL, Pierre e Tonald Tompakow, O Corpo Fala,
Petrópolis, Ed. Vozes, 2010.
Contatos:
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REALIZAÇÃO
▪ SÉRGIO ADIR TAMBOSI
O termo realizar está expresso nos dicionários
sob seus múltiplos significados, todos referentes
ao cotidiano humano, na relação do homem com
o mundo. Já o Professor e Mestre Henrique José
de Souza, fundador da Sociedade Brasileira de
Eubiose, deixou escrita essa passagem: “Realizar
o Buda ou o Cristo em si mesmo, eis a verdadeira
Realização...”, em clara referência à relação do homem consigo mesmo.
Por: Walldesk.net
P
elo exposto, poderíamos, em princípio,
afirmar que existem dois tipos de realizações:
a externa, ou profana, definida pela ciência
vulgar, e a interna, ou sagrada, indicada pela ciência
esotérica. A primeira atendendo, genericamente, aos
desejos do homem, e a segunda, especialmente, à sua
vontade. Aquela, por vezes, puxando a alma para baixo,
pelo clamor do corpo, enquanto esta, sempre, tentando
elevá-la através da inspiração do espírito.
No entanto, nesse chamado terceiro trono – o
mundo em que vivemos – onde tudo conspira em favor
da evolução a ser alcançada pela humanidade, por
intermédio da sábia via das experiências adquiridas e
assimiladas, não erraremos ao afirmar que existe uma só
realização, manifestada sob dois aspectos diferentes, de
acordo com o grau de consciência de cada um, realização
esta que não é nada mais do que o nome dado à própria
iniciação humana.
Todos, para evoluírem, precisam realizar, sem o que
permaneceriam estagnados no processo, com o risco de
serem colocados à margem da corrente evolucional.
Os grandes Seres, já evoluídos, dos Adeptos aos
Manus e Avataras, também, realizam, desde que
consentiram em trabalhar, aqui na face da terra, em
favor dos menos evoluídos. Tomemos o exemplo do
maior Deles, JHS, o último Avatara Total, a parelha
manúsica, que veio encerrar o ciclo de “Pisces” e abrir
o de “Aquárius”. Quanto trabalho, quanta luta, quanta
determinação, não esmorecendo jamais nas realizações
em favor de uma, por muitas vezes, ingrata humanidade!
Lembremos que seu trabalho, como sabem seus
discípulos, foi o de uma Ronda inteira, em apenas uma
vida!
As realizações podem conter características
retrógadas. São aquelas efetivadas pelos seres humanos
que estão, ainda, num patamar inferior de entendimento
das coisas do mundo, mesmo que tenham um alto
grau de inteligência – mas de pouca consciência –
assim, produzindo, a todo o momento, causas as mais
desconcertantes, ao sabor dos seus desejos e caprichos,
gerando efeitos mais ou menos devastadores sobre a
vida do planeta e da própria humanidade. São eles os
fanáticos de todas as épocas; são os predadores dos
recursos naturais da Terra; são aqueles que se fizeram
“donos” do conhecimento em benefício próprio, adeptos
da supremacia sobre outrem a qualquer custo.
Outras realizações contêm características mais
progressistas. São elas levadas a efeito pelos seres
humanos que já atingiram um patamar razoável de
entendimento das coisas do mundo, assim produzindo,
regular e conscientemente, causas em favor do bem,
gerando efeitos benéficos em prol da vida do planeta e
da humanidade, anulando, em parte, os danos causados
pela categoria anterior. Aparecem, assim, os idealistas,
voltados para nobres causas, os humanistas, os chefes de
Estado, comprometidos com o bem-estar do seu povo,
as grandes almas – ou Mahatmas – fazendo o bem, sem
olharem a quem.
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Felizmente, realizações existem caracterizadas
pela pura ação vanguardista. São desempenhadas
pelos Seres de hierarquia espiritual superior que
contribuem, diuturnamente, pelo seu modo de pensar e
agir, para a geração de causas que produzem, somente,
efeitos positivos em benefício da evolução, sendo os
responsáveis diretos pelo fato da humanidade não
ter falido, o que certamente, teria acontecido, de há
muito, sem essa providência por demais oportuna. Os
efeitos, oriundos das causas que produzem, calcadas
estritamente nas diretrizes da “Lei que a tudo e a todos
rege”, determinam e movimentam os ciclos de vida,
com suas regras rígidas, em verdade, direitos e deveres,
que a todos orientam e a que todos devem obediência.
Eis aí os Grandes Mestres de todos os tempos, visíveis à
humanidade ou anônimos, responsáveis pelo suceder do
Pramantha.
Tudo é realização. Tudo é iniciação. Tudo, afinal,
resulta em evolução. Mas o processo evolutivo pode
ser mais ou menos lento, mais ou menos longo, mais
ou menos doloroso. Lembremos que todas as quedas
humanas, constantes da história oculta da humanidade
através das eras, foram motivadas por realizações falhas,
chegando à omissão, bem como os fracassos atribuídos
aos Avataras em suas missões – mas, em verdade, de
responsabilidade da própria humanidade – e se deram
por isso.
Parece-nos evidente que o desejável para esse
nosso mundo são as boas realizações, aquelas voltadas
para o bem. E já surge a pergunta: o que é bem? E seu
oposto, o mal, o que é? Sem nos alongarmos, pois o
assunto aqui é outro, aquilo que chamamos de bem e
mal são duas forças que se opõem e que convivem nesse
mundo e dentro de nós, como sabedoria e ignorância,
mas necessárias para que haja evolução, já que são
manifestações da própria Lei.
Mas, se quisermos, assim, realizar, o que
faremos?... Como e quando faremos?... Poderemos
seguir, simplesmente, nossa intuição e agir ao nível
do nosso estado de consciência. Grandes feitos serão
alcançados, mas, certamente, esse método nos fará
perambular por caminhos tortuosos e demorados, entre
erros e acertos, até chegarmos ao nosso mais perfeito
desiderato.
Ah, como seria esplendoroso se tivéssemos alguém
para nos inspirar... para seguir... alguém confiável, que
nos desse exemplos de vida, quem sabe bons conselhos
para podermos, também, aplicá-los em nosso dia-a-dia...
Ah, como seria produtivo se tivéssemos uma espécie de
manual a que recorrer, para dali tirar as ações certas a
vivenciar!...
Mas, esperemos... quanto privilégio!... nós temos!...
Sim, há milênios, desde que os “Deuses” se
subtraíram ao convívio dos mortais e passaram a nos
orientar por meio de seus representantes na face da
Terra, sempre, o reto caminho nos é indicado, através do
exemplo e da insinuação, do árduo trabalho a que esses
nossos Irmãos Maiores se dispõem, à custa de enormes
sacrifícios. Mas, dada a peculiar ignorância do homem,
ao sabor do seu livre-arbítrio – que lhe permite agir ou
se omitir livremente face às circunstâncias de sua vida –
poucos são aqueles que aproveitam a oportunidade para
seguir essa senda, a trilha do bem, tão estreita quanto o
“fio da navalha”, galgando, assim, mais um degrau em
sua jornada evolutiva.
O Avatara de “Pisces”, Jeoshua-Ben-Pandira, o
Cristo bíblico, ensinou, conforme o Evangelho de São
Mateus:
“Ouvistes o que se disse: Olho por olho, e dente por
dente. Eu, porém, digo-vos que não resistais ao que é mau,
mas, se alguém vos ferir na vossa face direita, apresentailhe, também, a outra; e ao que quer chamar-vos a juízo
e tirar-vos a tua túnica, cedei-lhe, também, a capa. E,
se alguém vos obrigar a dar mil passos, ide com ele mais
outros dois mil. Dai a quem vos pede, e não volteis as
costas ao que deseja que lhe emprestais”.
“Ouvistes o que foi dito: Amareis o vosso próximo e
aborrecereis o vosso inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai
os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai
pelos que vos perseguem e caluniam, para que sejais
filhos do vosso Pai, que está nos céus, e faz nascer o seu
Sol sobre bons e maus, e manda a chuva sobre justos e
injustos. Porque, se amais somente os que vos amam,
que recompensa haveis de ter? Não fazem os publicanos,
também, o mesmo? E, se saudardes somente os vossos
irmãos, que fazeis nisso de especial? Não fazem, também,
assim, os gentios? Sede, pois, perfeitos, como vosso Pai
celestial”.
O Avatara de “Aquarius”, JHS, ao ser indagado,
certa feita, por alguns de seus discípulos a respeito
do verdadeiro itinerário da realização individual,
respondeu-lhes, apresentando a eles o seguinte
esquema, dividido em três aspectos:
1) FÍSICO: trabalhar, como faz o Adepto pela
humanidade, divulgando a Obra, salvando, com o verbo,
outros seres, trazendo os que foram julgados bons e que
possuem direito de conhecê-la;
2) ANÍMICO: educar o caráter, não prejudicar
ninguém, praticar boas ações, evitar, ao máximo,
comentários que possam ferir a sensibilidade de outros
irmãos;
3) ESPIRITUAL: desenvolver a inteligência,
mantendo, em constante equilíbrio, as duas conchas da
balança: Conhecimento e Amor Universal.
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AMOR: terna palavra sempre ausente. Um dos
caminhos mais rápidos e belos, para aqueles que, sem
egoísmo, procuram alcançar a verdadeira realização em
seu aspecto coletivo. Ah, se os irmãos soubessem o que
representa equilíbrio coletivo...
Eis sábias palavras. Pronunciadas a seu tempo, mas
ainda vivas. Sempre, os Grandes Mestres nos dizem que
não devemos aceitar tudo imediatamente, mesmo que
Deles provenha, mas sim meditar sobre tudo antes, e
aceitar, apenas, se se coadunar com a nossa razão. E,
sobre essas duas mensagens, quem duvidaria?
Pois bem, feliz é a humanidade, felizes somos nós,
por dispormos, assim, graciosamente, de Alguém para
nos espelharmos e de um roteiro perfeito para nos
realizarmos e alcançarmos o equilíbrio coletivo. Só nos
resta segui-los!
Mas, será que o faremos? Nossa “vontade”
prevalecerá, ou nos deixaremos dominar pelos “desejos”,
pelas nidhânas – tendências negativas que trazemos das
existências pretéritas, incorporadas à nossa alma – nos
esquivando por detrás de sorrateiras desculpas, próprias
e típicas das nossas personalidades?...
Estamos vivenciando dois grandes ciclos evolutivos:
um, que se vai – Pisces; outro que se inicia – “Aquarius”
– já em franca atividade. São tempos difíceis, períodos
duros de ajustes com a Lei – vejam-se as mazelas por
que passa o mundo – onde, talvez, mais do que em
outros, são necessárias as boas realizações. Vivendo na
face da Terra, nós, seres humanos, não somos, apenas,
testemunhas, mas partícipes do Plano Divino. Competenos, sob a égide da vontade, agirmos, vivenciarmos,
realizarmos bem, realizarmos o requerido. Seguirmos
as leis do Pramantha – o conjunto de regras que regem
a evolução – cumprindo com os nossos deveres de
Obra incondicionalmente, sendo, nessa tarefa, até mais
expeditos do que quando somos lépidos em reconhecer e
exigir nossos direitos. De nada nos adiantaria sabermos
o que precisa ser feito e, por crédito de uma vontade
fraca, deixarmos de fazê-lo ou esperarmos que outros
o fizessem. Não, nesse momento, não há espaço nem
tempo para omissões, queixas, vãs lamentações ou
explicações tardias.
Se não procedermos adequadamente, atrasaremos
os desígnios da Lei e esta, naturalmente, não se tornará
refém da nossa má vontade; achará Ela outras formas
de atingir seus objetivos, restando aos faltosos o ajuste
evolucional, ou por outra, o peso cármico do trabalho
sonegado. Lembremo-nos da antiga legenda iniciática:
“a quem muito é dado, muito será pedido”.
Relativamente a tal legenda, especialmente em sua
parte final, a muitos poderá intimidar, por entenderem
que um pesado fardo cairá sobre si, que será exigido
muito além de sua capacidade e competência quando a
Lei, assim, desejá-lo.
Penso que não é esse o caso. Façamos uma
analogia simples: suponhamos que alguém seja
atraído pelo trabalho meritório dos bombeiros e faça o
curso específico. Ao cabo de algumas semanas, estará
formado e apto para realizar as atividades de combate
ao fogo. Seguir-se-á um período de trabalho nesse
meio. Suponhamos, ainda, que, anos mais tarde, esteja
esse alguém num recinto público qualquer e o local
seja tomado pelas chamas. Ora, sob tais condições,
quem dentre os presentes estará mais apto a enfrentar
o problema? A tomar as decisões mais acertadas?
A apresentar as melhores soluções? A orientar,
corretamente, a todos nesse momento? Naturalmente,
esse alguém, dado seu preparo anterior. Contando
com um “final feliz” para esse caso, se fizermos uma
comparação entre ele e os demais, veremos que seu
comportamento foi muito mais racional, mais objetivo,
mais adequado e surtiu os melhores efeitos. E sem o
desgaste e o desespero, que, provavelmente, tomou
conta das outras pessoas.
Assim, vejamos: ao nosso personagem, em relação
aos demais, presentes no recinto, muito foi dado (o
conhecimento, através do curso de combate a incêndios
e a experiência de trabalho posterior) e muito foi
pedido (ele se sentiu compelido a debelar as chamas e a
realizar o trabalho de liderança naquela situação). No
entanto, lhe foi exigido, pelas circunstâncias (a Lei),
que apenas agisse aplicando em favor de todos seus
conhecimentos, nada além disso. Tal trabalho, portanto,
não lhe foi penoso nem o afetou em demasia, física e
emocionalmente; certamente bem menos do que aos
outros, exatamente, porque estava preparado para tal.
De igual forma, acontece com os trabalhos em
favor da Obra de Deus. Sempre seremos “convidados” a
realizar, dando ao mundo o que temos, não mais.
Ainda, com relação a essa grandiosa Obra e ao
mundo, se considerarmos que as transformações se
fazem sentir de dentro para fora, ou provêm daquela
para este, veremos que os amargos frutos, que aqui
germinam, são de responsabilidade, apenas, dos
homens, provêm do falho entendimento que possuem
da Lei, de seus estados de consciência, pois, naquela,
somente os frutos doces são produzidos.
REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS:
1. Pe. SOARES, Matos. Bíblia Sagrada. Edições Paulinas,
1956.
2. SOUZA, H. J. Cartas reservadas.
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MÚSICA, MISTÉRIO E PODER
▪ RENATO DANTAS JÚNIOR
A música pode ser dividida, dentre outras formas,
em dois grandes grupos: sacra, com a missão de
nos fazer voltar nosso pensamento à divindade;
profana, dedicada ao nosso cotidiano.
B
ombardeados por músicas, até pouco
tempo, selecionadas segundo um critério
meramente econômico pela indústria
fonográfica, que, via de regra, “revelava” “artistas”
que não lhe exigiriam uma divisão justa dos lucros,
mesmo, e agora, diante do fenômeno da democratização
da informação, não parecemos fazer boas escolhas. E,
assim, nossas filhas vão entrando cada vez mais cedo
na puberdade e tornando-se mães sem ter deixado a
infância; também, nossos meninos, vão fazendo da
violência seu “melhor” divertimento sob o estímulo de
músicas e sons que os arrancam da inocência.
Em nosso país, já se produziram melhores
mensagens no campo da composição, e muitos de nós
podemos nos lembrar de compositores que, ou por
toda a sua carreira, ou em um momento de inspiração,
cantaram os valores do futuro em suas poesias. Mas,
para alguns artistas, isso parece, apenas, uma fase que
começa, tem seu apogeu e logo termina.
Estaríamos em condições de fazermos a exata
avaliação do efeito causado por aquilo que escolhemos
para ouvir? Sob um ponto de vista psicológico, podemos
dizer que nossa memória assume uma simbiose tal com
a música, que seria difícil a qualquer pessoa, que tenha
um pouco de boa vontade, dizer qual é a causa e qual é o
efeito, quando introduzida a variável música no assunto.
Façamos um exercício. Ainda que um antigo
amor não faça mais parte de nosso cotidiano, ao nos
lembrarmos dele, automaticamente, lembramo-nos
de alguma música, ou, ao escutarmos essa mesma
música, somos arremessados ao passado. De qualquer
forma, a junção música e memória assume uma relação
simbiótica em que a memória nos deixa mais sensíveis à
mùsica, e a música mais ativa à memória. Muito embora
possamos não nos dar conta do processo, facilmente,
uma pessoa pode ficar “presa” a uma situação do
passado, podendo a música servir como elemento
depressivo. O pior é que podemos “gostar” dessa
situação.
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Não queremos, com isso, de maneira nenhuma,
dizer que nossas memórias e as músicas, a elas
relacionadas, devam ser banidas de nossas vidas, mas
devemos dosar a exata medida.
Daqui por diante, apresentamos nossas pesquisas,
buscando despertar o espírito investigativo do leitor.
Música. Devemos, antes de tudo, saber que esta
não tinha por função a diversão e o entretenimento, pelo
menos da forma como hoje a entendemos. E Platão em
uníssono com outros sábios alertavam para a verdadeira
função da música e da poesia e para o perigo de serem
usadas de forma incorreta.
[...] Os poetas e músicos, pobremente educados sobre o
verdadeiro objetivo dessa ciência, que é, muito mais, dominar
as paixões dos homens do que exaltá-las, impulsionaram
desordens ao querer mudar algumas regras que cerceavam
seus desejos obstinados[...].(1) (A Música apresentada como
Ciência e Arte, in Fabre D´Olivet).
Fabre D´Olivet, ao se referir a como o conhecimento
musical era encarado pelos antigos governantes da
China, faz a seguinte referência a esse período:
[...] de acordo com o Li Chi, ela é a expressão e a imagem da
união da Terra com o Céu; seus fundamentos são imutáveis...
o Shu Ching, um livro canônico de primeira ordem, datado
de dois mil anos antes da época de Orfeu, conta que o
imperador Shun, ao nomear um oficial responsável por essa
ciência, disse-lhe: - eu te dou a responsabilidade sobre a
música, ensina aos filhos dos grandes para que aprendam a
unir justiça e misericórdia, gentileza e seriedade, compaixão
e coragem, modéstia e gosto pelos prazeres da vida. O
sábio, escolhido pelo imperador para exercer essa função,
chamava-se Khwei. Quer saber - dizia ele - se um reino é bem
governado, se a moral de seus habitantes é boa ou ruim?
Observe a música que se toca nesse reino [...].(2)
AS SETE ARTES LIBERAIS:
A música é uma das sete artes liberais que o iniciado
tinha que desenvolver durante seu processo de iniciação;
era tratada como ciência da combinação dos números,
indicando sua forte ligação com a matemática.
As sete artes liberais eram divididas em dois
grupos: o Trivium, composto por Gramática, Lógica
(ou Dialética) e Retórica; o Quadrivium, composto por
Aritmética, Música, Geometria e Astronomia.
O objetivo das mesmas era que o homem, através de
sua mente, se tornasse a ligação da qual a “Terra”, como
trono do divino, poderia receber as informações do plano
das ideias ou mente cósmica.
Johann Kepler, astrônomo, que conseguiu calcular
a distância das órbitas dos planetas do sistema solar,
logrou êxito, usando como base a música. Kepler foi
educado em um seminário, onde o programa de estudos
incluía a aprendizagem de acordo com o esquema do
trivium e do quadrivium e onde era, também, obrigatório
o ensino da música.
O teorema de Pitágoras tem, embutidos no seu seio,
as proporções musicais; templos foram construídos com
proporções numéricas, geradas com base na teoria da
harmonia musical, além, é claro, da geometria.
Esotericamente, a coisa parece tomar uma
proporção por poucos percebida.
O poder das palavras, do som, não deve ser
desprezado.
O verbo se fez carne.
“... No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o
Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as
coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se
fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;...”.(3).
Ora, o verbo é o som e o som é música.
Na Índia, a música chama-se Sam Veda, a Deusa do
Conhecimento e da Literatura, e, também, Saraswati, o
grande adorador de Veena. Tudo isso mostra que todo o
sistema da religião e filosofias indianas está baseado na
Ciência das Vibrações. É por esse motivo que se lhes dá o
nome de Nada Brahmã (o SOM é DEUS).
Segundo o ponto de vista científico e filosófico, é
uma verdade que as vibrações manifestam sua atividade
onipresente. Como diz o sufi Shams Tabraz, em sua
poesia sobre a criação: “todo o mistério do Universo
reside no Som. Esse fato está consignado no Alcorão e na
Bíblia”.
[...] A pessoa, que se interessa pela música, geralmente,
sutiliza-se por virtude dessa, e, se as circunstâncias lho
permitem, a Arte Musical a conduz ao mais elevado Mundo
do Som, que exercerá um grande efeito de arrebatamento
sobre ela.
Os sufis se transportam e se perdem nesse Som chamando-o
de Masti (êxtase). Os poderes psíquicos e ocultos vêm por
si mesmos depois de eles experimentarem essa condição de
êxtase, e todo o conhecimento da existência visível e invisível
se lhes aparece. Essa beatitude de felicidade e paz só é
proveitosa aos yogis e sufis interessados na divina arte da
música.
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Quase todos os grandes músicos do Oriente, chegaram a
grandes Santos, pelo poder da música. Os últimos grandes
músicos da Índia, como Jansen e Moula Bux, foram um belo
exemplo de perfeição espiritual alcançado através da ciência
musical.(4)
SHAKTIS:
São forças femininas que emanam uma energia
específica; estão, também, relacionadas com os sete
raios do saber:
• Âdhishakti -força primordial que expressa o poder
da vontade;
• Parashakti -força radiante, amor/sabedoria;
• Jnâna-shakti -inteligência ativa;
• Mantrikashakti - a força latente no som e na
palavra, a energia do logos do 4º raio ou da
Harmonia;
• Ichchhâ-Shakti - ligada ao mental concreto, é
a força do desejo ou poder da vontade, 5º raio
que transforma o conhecimento abstrato em
conhecimento objetivo, através dela o conhecimento
é traduzido em uma linguagem objetiva e inteligível
à humanidade.
• Kriyâsahkti -força materializante, devoção e
idealismo;
• Kundalinishakti - força que adapta a forma à
existência no plano físico, magia cerimonial.
Das sete Shaktis, a mais atuante atualmente é a
MantrikaShakti ou poder do som; aqui, entramos em
um terreno misterioso, cheio de minúcias, que leva um
neófito mais atento à reflexão.
Cabe o alerta: os detalhes parecem fazer toda
a diferença, quando o assunto é som e Iniciação.
Talvez, o mais importante seja saber: 1) ninguém pode
afirmar nada com absoluta certeza, que não seja um
verdadeiro Mestre; 2) a falta de um Mestre não invalida
a necessidade de estudo do tema, e o simples fato de ser
músico não habilita ninguém a assumir um papel de
orientador, quando o assunto é música e iniciação; na
verdade, muitas vezes, até dificulta, já que “a pior das
rotinas é a da inteligência” (JHS).
O que deve um iniciado saber sobre a música e as
formas-pensamento por ela geradas? Segundo Besant
e Leadbeater, a música irradia suas vibrações, em todas
as direções e seus efeitos chegam a durar de duas a três
horas. Também, na mesma obra, encontramos referência
sobre aquilo que pode alterar a construção das formas
geradas. Dela, podemos enumerar, entre outras, as
seguintes influências:
• Resultantes do pensamento do compositor;
• Referentes ao instrumento em que é executada;
• Mérito do executor;
• Perfeição da execução (diretamente ligada à
medida, ao compasso).
[...] A perfeição da execução é, igualmente, causa da
diferença, e essa é enorme entre a radiante beleza da forma,
construída pelo trabalho de verdadeiro artista, perfeita
como expressão e execução, e a forma relativamente triste
e confusa, produzida pelo esforço defeituoso e mecânico de
um executante inábil. Cada falta de exatidão na execução se
reproduz na forma, para dar ao clarividente a medida exata
do talento aplicado [...].(5)
MÂTRA: Curtíssimo período de tempo, aplicado à
duração dos sons, medida em geral, limite, quantidade,
um pouco, um momento; átomo, partícula; significa,
também, manifestação, equivalente a um piscar de
olhos.
Relacionada com a métrica, a proporção, a
astronomia e a arquitetura.
FONTE: O ARQUEÔMETRO
Na catedral acima, as proporções foram definidas
com base em um acorde de Lá menor.
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Segundo Pitágoras:
*Para que uma corda musical se torne uníssona com
uma corda mais curta do mesmo tipo, sua tensão deve
ser aumentada na mesma proporção em que o quadrado
de seu comprimento se torna maior.
RELAÇÃO COM O TEMPO (Yugas = idades)
Kaliyuga
432.000
ANOS 4 x
108000
Dwapara - Yuga
864.000
ANOS 2 x
KALIYUGAS
Tetra-Yuga
1.296.000
ANOS 3x
KALIYUGAS
Krita ou SatiaYuga
1.728.000
ANOS 4 x
KALIYUGAS
Mahayuga
4.320.000
ANOS 10 x
KALIYUGAS
Kalpa - Dia
de Brahmâ Manvantra
4.320.000.000
ANOS
Kalpa - Dia de
Brahmâ - Pralaya
4.320.000.000
ANOS
Dia completo de
Brahmâ
8.640.000.000
ANOS
Mahakalpa Idade de Brahmâ
311.040.000.000.000
ANOS
Mahakalpa Idade de Brahmâ
720.000.000
KALIYUGAS
*A gravidade de um planeta é quádrupla em relação
à gravidade de outro que esteja no dobro da distância.
A Terra gira em torno do sol a uma velocidade média
de 108.000 quilômetros por hora.
Côvado: medida equivalente à medida do cotovelo à
ponta do dedo médio.
METRO (MÂTRA-MANTRA-SOM):
A origem da palavra é o termo grego µétpov
(metron), medida, através do francês mètre.
Medida que usa como base o perímetro da terra.
Perímetro:4 sobre 1.000.000, o que dá,
aproximadamente, 1,08 metro.
Periélio: ponto da órbita em que a Terra está mais
próxima do sol (essa posição se repete a cada 108.000
anos).
Esotericamente, o número da Terra é 108, que
equivale metricamente à nota dó.
Segundo Saint Yves D’Alveydre no Arqueômetro:
Dó = 1,08 metro;
Ré = 0,96 metro;
Mi = 0,864 metro;
Fá = 0,81 metro;
Sol = 0,72 metro;
Lá = 0,648 metro;
Si = 0,576 metro;
Sabemos, também, que, quando dobramos o
tamanho de uma corda temos a mesma nota uma oitava
abaixo, ou seja, a relação da oitava é de 2:1.
Então:
18, 36, 72, 144, 288... Todas equivalem à nota Sol.
27, 54, 108, 216, 432... Todas equivalem à nota Dó.
[...] Se inscrevemos, num círculo, um triângulo retângulo
cujo cateto perpendicular ou altura meça 300 unidades,
o cateto horizontal ou base meça 400 e a hipotenusa
500, teremos que a proporcionalidade dos lados será
de 3, 4, 5. Traçando, agora, do vértice do ângulo reto,
uma perpendicular à hipotenusa, e prolongando esta
perpendicular até que toque a circunferência do círculo,
resultará uma corda que mede 480 unidades, e as duas
partes, em que ficou dividida a hipotenusa, medirão,
respectivamente, 180 e 320 unidades. Do ponto de
interseção da corda com a hipotenusa, tracemos uma
perpendicular ao cateto menor. Esta perpendicular
medirá 144 unidades e dividirá esse cateto em duas partes
desiguais, das quais a mais curta medirá 108 unidades.
Assim, teremos uma série de medidas, equivalentes a 500,
480, 400, 320, 180, 144 e 108 unidades, sem a mínima
fração. Supondo que a medida de 500 unidades seria o
cúbito, teremos a base da grande pirâmide de Mênfis. As
400 unidades da base do triângulo são a exata longitude
do estádio egípcio.
As 320 unidades nos dão o número exato de cúbitos de
que constava o estádio hebreu e babilônico. O estádio
de Ptolomeu está representado pelos 480 cúbitos ou
longitude da perpendicular, traçada desde o vértice
do ângulo reto à circunferência do círculo através da
hipotenusa. O estádio de Cleomedes está representado
por 360 cúbitos, duplo de 180, ou longitude da parte mais
curta da hipotenusa. O estádio de Arquimedes equivale
a 288, duplo de 144; o estádio egípcio, o menor de todos,
mede 216 cubitos, ou duplo de 108. Desta sorte, derivam,
do referido triângulo, todas as medidas lineares que
usaram os egípcios.[...].(6)
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. D’OLIVET, Fabre. Música apresentada como ciência e arte:
estudos de suas relações análogas com os mistérios religiosos,
a mitologia antiga e a história do mundo. 1ª ed. São Paulo:
Madras, 2004, PP 31 e 39.
2. BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. O Santo Evangelho
Segundo São João. Tradução: João Ferreira de Almeida. Ed.
revista e corrigida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969,
Cap. 1, vers. 1.
No homem, assim como no universo, existem dois
ciclos constantes:
“... E mediu o seu muro, de cento e quarenta e quatro
côvados, conforme à medida de homem, que é a dum
anjo...”.(7)
1- Sol (do coração, 72 ciclos por minuto (Sol);
2- Dó (da respiração, 18 ciclos por minuto);
24 x 60 (minutos) = 1440 (144, número recorrente
na bíblia, é também a oitava da nota Sol).
1440 x 18 = 25920 (dia cósmico do sol, um grau
na precessão dos equinócios).
25920 / 72 = 360 (graus do círculo).
No que tange aos efeitos da música, a musicoterapia
influencia os animais, chegando a alterar a produção
de leite (pesquisas do Dr. Massaru Emoto) ajuda a
mudar os destinos dos jovens em nossas favelas e atua
positivamente sobre células cancerosas.
Todos esses efeitos podem e devem ser estudados,
e nossa intenção, aqui, é fornecer informações que
despertem o gênio dos novos pesquisadores, esperando,
com nossas pesquisas, contribuir para que possamos
usar a força do som e da música de forma cada vez mais
responsável.
3. Dhâranâ, Prof. INAYAT KHAN da Ordem dos Sufis. Traduzido
do espanhol. Redator: Cícero dos Santos. Nº 4, ano II, p. 6, 04
abril 1926.
4. BESANT, Annie; LEADBEATER, C.W.. Formas de Pensamento.
Tradução: Joaquim Gervásio de Figueiredo. 1ª ed. São Paulo:
Pensamento, 02-03-04-05-06-07-08-09, p. 128.
5. LEADBEATER, C.W.. A vida oculta na maçonaria. Tradução da
2ª ed.: Joaquim Gervásio de Figueiredo. 17-18-19-20-21-22-23.
São Paulo: Pensamento, 09-10-11-12-13-14-15, p. 87.
6. BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Apocalipse do Apóstolo
São João. Tradução: João Ferreira de Almeida. Ed. revista e
corrigida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969, Cap. 21,
vers. 17.
7. D’ ALVEYDRE, Saint Yves. O arqueômetro: Chave de todas
as religiões e de todas as ciências da antiguidade. Tradução
e comentário: Píer Campadello. Compilação, coordenação e
supervisão: Wagner Veneziani Costa. Introdução: Eduardo de
Carvalho Monteiro. 1ª ed. São Paulo: Madras, 2004.
8.BLAVATSKY, Helena Petrovna. Glossário Teosófico. Tradução:
Silvia Branco Sarzana. Supervisão: Murillo Nunes de Azevedo.
3ª ed. São Paulo: Ground, 1995.
9. ARCHANJO, Samuel. Lições Elementares de Teoria Musical.
Revisão e atualização: O. Sinatra. São Paulo: Musicália, 1918.
10. PAPUS. Tratado de ciências ocultas: a magia, a cabala, os
espíritos, a pedra filosofal, a maçonaria. Tradução: Luís Carlos
Lisboa. 3ª ed. São Paulo: Planeta, 1983.
11. BURGER, Bruce. Anatomia Esotérica: o corpo como
consciência. Tradução: Martha Malvezzi Leal. São Paulo:
Madras, 2004.
12. LAWLOR, Robert. Geometria Sagrada. Coleção Mitos,
Deuses e Mistérios. Del Prado, 1996.
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O PODER OCULTO DA MÚSICA
A cura através das músicas dos
grandes mestres
▪ WALDINEI SMITH
Faz alguns anos que a SBE vem oferecendo
palestras públicas sobre esse tema, que aborda
os princípios básicos da aplicação terapêutica da
música, sempre levando em conta o aspecto trino
(harmonia, melodia e ritmo) e seus efeitos para
sanar/atenuar problemas de ordem emocional,
entre eles, o “stress” e a depressão, assim como
problemas físicos, a dor no ciático, por exemplo.
N
as palestras, na SBE, é explicada a forma
como os sons atingem nosso corpo
físico, também, como são distribuídas as
frequências sonoras através dos principais centros/
vórtices, ou chakras, e através dos meridianos (nadis).
São sete os chakras principais, distribuídos,
estrategicamente, entre a região pubiana e a cabeça.
Nesses mesmos pontos, são aplicadas outras terapias:
acupuntura, cromoterapia, do-in, etc.
Assim, temos:
• Chakra Coronário: Localizado no topo da
cabeça, tem a cor violeta. É responsável pela energia e
pelo controle do cérebro e da glândula pineal. É o maior
ponto de concentração de energia, que, a partir dele, flui
para todo o corpo, como um funil;
• Chakra Frontal: Fica na testa (entre as
sobrancelhas), tem cor azul-anil. Controla a glândula
pituitária, os olhos, o nariz e, também, o cérebro;
• Chakra Laríngeo: Na base da garganta, tem cor
azul-claro. Controla a glândula tireoide e paratireoide,
além da garganta, laringe e faringe;
• Chakra Cardíaco: Localizado no peito, na altura
do coração. Tem cor verde com um brilho dourado.
Revigora e controla o nervo vago, o maior nervo do
sistema nervoso parassimpático. Está ligada à atividade
cardíaca e respiratória;
• Chakra do Plexo Solar: Localizado na região
central do peito, na altura do início do estômago. Tem
a cor amarela. Controla pâncreas, fígado, estômago,
intestino grosso, pulmões, coração, apêndice, diafragma
e, até certo ponto, o intestino delgado. Controla, ainda, a
temperatura corporal;
• Chakra Umbilical: No umbigo, tem cor laranja.
Controla a parte inferior do intestino grosso, o intestino
delgado, o apêndice e as glândulas suprarrenais. Afeta,
também, a vitalidade geral do indivíduo;
• Chakra Básico: Localizado na região pubiana.
Tem cor vermelha. Controla órgãos sexuais, bexiga e
pernas. Constitui o centro inferior do corpo, também,
conhecido como centro da criação física.
janeiro a abril de 2013
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Os chackras estão interligados por uma rede de meridianos (NADIS = canais). São condutores de energia e existem
aos milhares; equivalem, no plano astral, à rede nervosa, espalhada pelo organismo. Seu número, no entanto, é incerto
(em torno de 72000), porque nem as escrituras hindus certificam um número exato. Porém, alguns desses canais
merecem destaque: Sushumna, Idâ, Pingala. São as três NADIS mais importantes, Sushuma corre ao centro, na
localização da coluna vertebral, enquanto Idâ, ao lado esquerdo, e Pingala, ao lado direito. Esses dois últimos se erguem
em linha reta ao lado do primeiro. O livro clássico Shiva Svarodaya, no sutra, faz referência a dois nadis, que correm
enviesados (serpenteando em ziguezague). Grupos de videntes relatam o entrecruzamento dos nadis (ida e pingala),
como mostra a figura abaixo:
Cada uma das frequências sonoras absorvidas é
distribuída de acordo com o padrão trino:
- as ondas eletromagnéticas, recebidas através do
ritmo da música, são distribuídas para os chakras básico
(raiz) e o umbilical;
- ondas recebidas da parte melódica se distribuem
pelos chakras plexo solar e cardíaco
- as ondas, recebidas da parte harmônica, são
direcionadas para os chakras superiores: laríngeo,
frontal e coronário.
Os benefícios são muitos, passando pelo controle
da pressão arterial, efeito relaxante, analgésico, controle
psicossomático, etc..
Hoje em dia, a musicoterapia tem muitas aplicações.
Além dos benefícios já citados, tem larga aplicação em
empresas, colaborando para a formação/manutenção
de um clima mais calmo para o desenvolvimento do
trabalho; na criação de gado confinado, ao melhorar
a quantidade e qualidade do leite; nas plantações e na
melhora da própria água que bebemos.
Tendo em vista a necessidade de acrescentar mais
informações, tais como uma lista apropriada de músicas
para sintomas diversos e sinfonias de Beethoven e suas
aplicações, coloquei no ar um site que complementa a
palestra, apresenta documentos e algumas músicas para
download.
Doravante, os irmãos podem acessar o site: http://
www.waldiney.com., que receberão atualizações com
links interessantes para acesso e novas músicas para
serem baixadas.
Criticas e sugestões podem ser enviadas para
o email: [email protected]. Waldinei
Smith (Ney) – SBE – Departamento Lacerda Franco.
21/08/2012
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. WATSON, Andrew & Drury, Nevill, Musicoterapia.
Nevill;
2. TAME, David, O Poder oculto da música. Cultrix;
3. FREGTMAN, Carlos Daniel, O Tao da música.
Pensamento
4. Textos eubióticos – SBE;
5. Textos e informações da Internet;
6. Imagem ilustrativa - Internet.
janeiro a abril de 2013
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ECOS DA FUNDAÇÃO DE SÃO PAULO
▪ EDUARDO NUNES DE CARVALHO
Indagações
Grandes nações cuja costa marítima é banhada
pelas águas do Oceano Atlântico têm suas principais
cidades situadas justamente no litoral. Estados Unidos, Argentina e Uruguai se encaixam nesse cenário.
No Brasil, Salvador, Rio de Janeiro, Recife, São Luís
são alguns dos exemplos da força econômica centrada no litoral. Quem vive em São Paulo usualmente indaga o que esta cidade tem, pois, mesmo não sendo
litorânea, possui a força econômica, política e social
no estado.
O
s aspectos da fundação de São Paulo ecoam
até hoje em diversos cenários, podendo
contribuir na resposta à indagação do
parágrafo anterior. Em sua célula embrionária, há
aspectos que vibram até hoje numa interpretação metahistórica. São fatores geológicos, naturais e de iniciativa
de povos e personalidades importantes que, de uma
maneira ou outra, contribuíram para a grandeza da
capital.
A manifestação Divina (Poder Espiritual) ocorre
mais facilmente quando as condições materiais (Poder
Temporário) facilitam as suas ações. São Paulo, a
capital bandeirante, tão preconizada pelo Professor
Henrique José de Souza, passou por crises e farturas que
decretaram fases de expansão centrífuga (por exemplo, a
atividade bandeirante nos séculos XVI e XVII para curar
a cidade) e expansão centrípeta (por exemplo, quando
foi o motor do desenvolvimento industrial e econômico
da América do Sul no século XX, assim, ultrapassando a
marca de dez milhões de habitantes).
Sobre o Poder Temporário, as bases de povoamento
de uma cidade dependem dos elementos naturais,
necessários à sua sobrevivência e desenvolvimento:
águas piscosas e para consumo, terras férteis,
localização geográfica propícia à defesa militar
eficiente, dentre outros fatores. O Professor Doutor Aziz
Ab’Saber já apontava fatores geológicos que ajudam a
compreender as facilidades da região.
ASPECTOS GEOLÓGICOS
A região abrange três conjuntos de setores
diferentes: a Bacia Sedimentar de São Paulo, de idade
terciária; o seu rebordo granito-xisto-gnáissico,
desfeito em um sistema de blocos e cunhas em degraus,
por um sistema de falhamento antigo, reativado no
pré-cambriano; as coberturas aluviais e coluviões
quaternários.
Este arcabouço geológico condiciona a morfologia
da região, refletindo na existência de um relevo colinoso,
com planícies aluviais e terraços dos rios Tietê, Pinheiros
e afluentes, onde se encontra assentado seu núcleo
urbano mais consolidado, circundado por formas de
relevo mais salientes, sustentadas por corpos graníticos
janeiro a abril de 2013
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(Serra da Cantareira) e lentes de metassedimentos mais
resistentes. Disso, decorrem alguns destaques:
• A região foi um antigo lago (água, elemento
fundamental da vida e do aspecto Mãe plasmadora),
protegida por placa tectônica;
• Os índios encontraram colinas com rios
piscosos, visão estratégica, abundância de água e terra
fértil;
• A abundância de areia foi útil na expansão
urbana;
• O Pico do Jaraguá é uma montanha “mágica”
que, com a Cantareira, forma um bom cinturão frio;
• A subida da Serra do Mar se constitui em
obstáculo natural contra invasões marítimas;
• O interesse na região atraiu diversas etnias na
fase que antecedeu à chegada dos portugueses; assim,
ela passou a integrar o circuito de Peabiru (caminhos que
interligavam as regiões da América do Sul).
Ramalho, nos arredores da futura Santo André da Borda
do Campo;
• Segunda - Martim Afonso de Sousa, no verão de
1532, provavelmente, na colina de Tabatinguera;
• Terceira - Padre Leonardo Nunes (o
Abarébebê), com a iniciativa de estabelecer a capela de
Santo André da Borda do Campo, provavelmente, em
junho de 1550;
• Oficial - A missa de fundação, rezada pelos
jesuítas em 25.1.1554 no Pátio do Colégio, dia da
conversão de São Paulo, o apóstolo dos gentios; tal
evento foi antecedido pela conversão de cinquenta
catecúmenos em 29.8.1553, data da degola de São João
Batista;
• Última - Transferência dos moradores de Santo
André para Piratininga, mais ou menos cinco anos
depois, e assim, constituindo-se em vila e depois cidade.
Toponímia
A vila foi fundada sob o nome de São Paulo dos
Campos de Piratininga; com o passar do tempo, ficou
reduzido para São Paulo. Por essa toponímia, as pistas
para uma leitura meta-histórica ficam evidentes: o
apóstolo dos gentios fica evocado, se encaixando a
função nobre da atividade bandeirante, a de levar a “boa
nova” aos povos distantes; Piratininga, que, no tupiguarani, significa algo como peixe seco. No contexto,
peixe, por ser encontrado nos rios em abundância;
seco, pela culinária indígena, que utiliza a farinha da
mandioca, colhida da terra, garantindo o sustento de
nutrientes do povo. Para o jesuíta, o peixe, em plena Era
de Peixes, simboliza, dentre outras coisas, o pão como
alimento espiritual para a Evolução na Terra.
Itaecerá
A pedra, rachada por Tupã (por meio de um
raio), simboliza a integração do céu com a terra,
transformando o local em ponto sacro e ecumênico das
diferentes etnias indígenas: tupiniquins, tupinambás,
guarulhos, guaranis, guaianazes, maromomis, tamoios,
caingangues, etc. Próxima dela, havia três cemitérios
indígenas, e, no vale do Anhangabaú, xamãs realizavam
rituais.
A procura dos índios por Itaecerá chamou a
atenção dos jesuítas que se aproximaram da região e
visualizaram as condições ideais, para se fundar uma
vila.
Fundação
Vale esclarecer que a metrópole teve diversas
fundações:
• Informal - entre 1510 e 1515, por João
Aspectos míticos na fundação
Adicionalmente aos aspectos geológicos, à
existência da pedra mítica Itaecerá, à toponímia
denominada e às datas definidas para a fundação da vila,
é válido destacar os cuidados simbólicos dos jesuítas
para promover tão magnânimo evento.
Vale observar que os padres jesuítas eram os
integrantes da Ordem dos Jesuítas, fundada em
15.8.1534, dia de Assunção de Nossa Senhora, por
Santo Inácio de Loyola. Foi representada no Brasil
pelo padre Manoel da Nóbrega, um líder visionário e
estrategista, que em sua juventude, percorreu o Caminho
de Santiago de Compostela. Ao chegar a Salvador
em 1549, empreendeu os esforços para o Sul, em
contraposição às determinações do Vaticano e da Coroa
Portuguesa. Com isso, ele se antecipou, em mais de um
século, à priorização das regiões do Paraná, Paraguai,
janeiro a abril de 2013
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São Paulo e Rio de Janeiro. Visualizou a pacificação dos
paiaguás, guardiões das terras do rei branco (o Inca) e de
sua montanha de prata, em Potosí.
Destaque jesuíta, também, ao Padre Leonardo
Nunes, mais conhecido como “Abarébebê» (padre
voador), nome dado pelos índios, justificado por uma
capacidade incomum de estar em lugares diferentes, não
importando a distância, em curto tempo. Ele deu mais
valor aos bens espirituais do que ao conforto ou bens
materiais. Gostava de cantar e tinha boa voz; usava-o
para atrair a sensibilidade indígena. Sua capacidade de
compreender o índio, em muito, ajudou-o no êxito como
pacificador e catequista.
Por fim, e não menos importante, o jovem José de
Anchieta, ou Anchor (âncora), que, como apontado
pelo Professor Henrique José de Souza, tão relevantes
trabalhos liderou na fase embrionária da nação, a Pátria
do Porvir. Por exemplo, ele lançou os fundamentos
da catequese e educação, bem como foi decisivo no
processo de pacificação dos índios.
Personagens não-jesuítas, importantes na época:
Cacique Tibiriçá, João Ramalho, Bartira e Martim
Afonso de Sousa. Vemos, por exemplo, o surgimento dos
primeiros filhos na região, a mistura das raças tupi com a
lusa, por meio do casal Bartira e João Ramalho.
Fatos para destaque:
El (casa de Deus) para Beith Lehem (casa do pão), e
erigir a cruz no cruzamento dos eixos de construção da
cidade.
Procissão fundacional e do Senhor dos
Passos. Reforçam os preceitos de união do Céu com
a Terra e os de Cristo-Virgem (purusha-prakriti, na
tradição hindu), masculino-feminino.
“Paupercula domo”. A construção feita em um
ponto alto, como a tradição já consagra, é descrita por
Anchieta como “pauperrimo et vetustissimo sed felice
certe tuguriolo”, ou seja, “muito pobre e muito antiga,
mas pelo menos uma cabana pequena e feliz”. Há um
sentido meta-histórico: “vetustíssimo” é arquetipal;
“paupérrimo” não é somente pobre, mas ligação ao
significado de Paulo, apóstolo, e de cálice em referência
ao epíteto paulino do vaso de eleição; “tuguriolo”
implica proteger, cobrir, ocultar, resistir, renunciar.
Era uma cabana de pau-a-pique, coberta de folhas
de palmeira ou de sapê, de cerca de 90 m², ou, como
descrita por Anchieta, de 10 por 14 passos craveiros
(passo craveiro era uma medida linear portuguesa),
cujas paredes eram feitas com uma armação de paus
e cipós, preenchida de barro socado, desprovida do
mínimo conforto, abrigava, também, um seminário e
uma escola.
Doze jesuítas em função de um líder. Tanto
no batismo dos cinquenta catecúmenos, como na
fundação em 25.1.1554, Doze estiveram presentes em
função de um líder, tal como os Doze Cavaleiros da
Távola Redonda, os Doze Apóstolos, os Doze Signos do
Zodíaco, os Doze Pares de França etc.
Batismo dos catecúmenos no dia da degola
de São João. A aposta nos jovens (“Spes Messis in
Semine”) vem no marcante dia do santo anunciador
(Yokanan), significando:
1) profeta;
2) porta para a nova fé e para os solstícios;
3) relíquia na vinda dos valores espirituais do
Oriente para brilhar nessas plagas.
Fundação. Vem do latim (fundamentum), no
sentido de fixação de marco no tempo e no espaço. O
futuro fica definido pela data de nascimento astrológico
(no caso, o dia da conversão do futuro apóstolo dos
gentios).
“Cipus umbilicus”, centro do mundo. Rito
fundacional do pão, busca de alimento divino, para
transformar o local em templo divino, ou seja, de Beith
Batismo dos cinquenta catecúmenos em 29.8.1553
(Dia da degolação de São João): Manuel de Paiva,
superior; Afonso Braz; Vicente Rodrigues; Francisco
Pires; José de Anchieta; Gregório Serrão; Manuel de
Chaves; Pero Correa; Diogo Jácome; Leonardo do Vale;
Mateus Nogueira; Antônio Rodrigues; João de Sousa.
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Fundação da Vila de Piratininga, em 25.1.1554
(Dia da conversão de São Paulo, Apóstolo dos Gentios):
Manuel de Paiva, superior; José de Anchieta; Gregório
Serrão; Afonso Braz; Diogo Jácome; Leonardo Nunes;
Gaspar Lourenço; Vicente Rodrigues; Braz Lourenço;
Pedro Corrêa; Manuel de Chaves; João Gonçalves;
Antônio Blasques.
Trópico de Capricórnio. No Solstício de
Verão (21 e 22 de dezembro), no Hemisfério Sul, o
Sol posiciona-se, exatamente, sobre o Trópico de
Capricórnio, portanto local ideal para se cultuar o Sol.
Trópico vem do grego “tropos” (retornar, voltar), uma
alusão ao retorno do Sol.
quanto aos destinos da nação; na versão esotérica, o
quinto elemento, o principal deles, representando,
na cor azul índigo, o Brasil, a Pátria do Porvir. Ainda,
as treze faixas, alternadas em sable e prata (preto e
branco), coincidem com os treze jesuítas da fundação da
capital, bem como o alegado número de representantes
do estado, liderados pelo Regente Feijó, que foram a
Portugal discutir a Constituição dos novos tempos em
1822. A força do treze fica mais ainda notável, ao se
constatar que a versão original da bandeira tinha quinze
bureias (faixas) e foi reduzida, para fins de maior clareza
estética. Já as cores alternadas representam as mesclas
raciais afro-euro-ameríndio. Tal como Bartira e João
Ramalho, simbolicamente, já iniciavam esse processo
nessas plagas.
Rua Direita. Mais antiga rua da cidade (chamada
originalmente de, Rua Direita, que vai para Santo
Antônio), tal como a Madhat Pasha de Damasco, tem a
ideia de caminho reto. Em várias cidades cristãs, a Rua
Direita termina na igreja.
Quatro Cantos. A esquina das ruas São Bento
(antiga Rua de São Bento para São Francisco) e Direita
é o único cruzamento em ângulo reto do Centro Velho.
Expõe, pois, um sentido fecundador (plasmador) de
manifestação. E, ainda, de uma cruz e todo o seu sacro
sentido. Por exemplo: quatro anjos da face (Michael,
Gabriel, Rafael e Israel) em contemplação a Deus; os
princípios da Cosmogênese; ou, então, a ação divina ou
dos céus, pela haste vertical norte-sul, combinada com
a ação de expansão terrena, pela haste horizontal lesteoeste.
Alcance nos símbolos
Tanto as bandeiras do estado e de município, como
seus brasões, carregam elementos da grandiosidade e
de importância da região, visualizada quando de sua
fundação.
A bandeira estadual destaca o Cruzeiro do Sul,
uma das mais sagradas constelações, representadas
no estandarte nacional de uma maneira interessante:
quatro estrelas brilhando em torno de uma quinta e
central, representada pelo mapa do Brasil. Na versão
exotérica, o compromisso de São Paulo de ser vigilante
O brasão estadual aponta, por fora, dois ramos
de café, frutificados com hastes se cruzando abaixo,
símbolo da riqueza da terra, que, no século XIX,
forneceu mais da metade das agradáveis chávenas
de café do Mundo, doses, que proporcionaram tanta
adrenalina às pessoas, trabalhadores no século das
transformações industriais.
No listel “PRO BRASILIA FIANT EXIMIA” (Pelo
Brasil façam-se grandes coisas), o Governador Pedro
de Toledo fez uma emblemática alteração sobre a versão
minuta de Wasth Rodrigues: trocou o “PAULISTIA”
por “BRASILIA” e assim, consolidou a vocação do
estado como vigilante da nação. E reforçou o sentido
de “tuguriolo”, apontado na frase do Padre Anchieta,
relativo ao Pátio do Colégio.
A bandeira da capital traz a cruz pátea da Ordem
de Cristo com a circunferência (símbolo do infinito),
contendo o brasão. Introduzir tal cruz, quando a versão
original não tinha tal símbolo, reforça a gratidão e o
reconhecimento do povo pela nação lusa e pelas ações
daquela Ordem, que herdou os templários nas hábeis
janeiro a abril de 2013
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manobras do Rei Dom Dinis, no século XIV, o que
resultou a Era das Grandes Navegações, criando as
condições materiais e ideais para a continuidade do
Itinerário de IÓ na América, séculos depois.
Já o brasão da capital, além de mostrar a bandeira da
Ordem de Cristo e símbolo português (a primeira nação
da Europa e fundada por templários), tem o listel “NON
DUCOR DUCO” (Não sou conduzido, conduzo),
representando que é a líder para as emanações do estado.
A cidade hoje
A cidade cresceu e se desenvolveu, contribuindo
para o país abarcar pessoas na república da paz.
Há problemas que precisam ser resolvidos e,
frequentemente, lemos notícias sobre a violência, a
corrupção, a falta de visão estratégica dos líderes, a
insuficiente educação de boa parte da população, dentre
outros desafios. Mas as coisas estão caminhando.
Revoltas e movimentos sociais como a Revolução
Constitucionalista de 1932, a revolta anti-imperial
de 1842 (que resultou no surgimento da província e,
agora, estado do Paraná) e ações pela independência,
imortalizadas no grito do Ipiranga mostram uma próatividade e atraíram líderes para a política.
Líderes estes que nasceram em outros estados e,
para São Paulo, vieram e se destacaram a ponto de se
tornarem presidentes da República. Como exemplo,
Jânio Quadros, Fernando Henrique Cardoso e Lula. Da
mesma forma, movimentos sociais, também, vibraram
com intensidade, como o movimento das Diretas Já e da
Constituinte.
Em termos de tecnologia, além da USP, única
universidade entre as setenta mais influentes do Mundo,
segundo a revista Times Higher Education, a FAPESP
vem fomentando, cada vez mais, avanços tecnológicos. A
Constituição do Estado de São Paulo assegura recursos
para investimentos em ciência e tecnologia.
A Mostra Internacional de Cinema, a Virada
Cultural, a SP “Fashion Week”, o Teatro Municipal,
os museus MASP, MAM, da Língua Portuguesa,
Pinacoteca, dentre outros, são verdadeiros tesouros
intangíveis e, anualmente, atraem milhões de pessoas. E,
em alguns desses tesouros, ocorreram eventos, como a
Semana de 22 e o Movimento Antropofágico.
São Paulo é a única cidade do Hemisfério Sul a
constar entre as 20 principais de produção científica,
segundo “ranking” 2011 da Royal Society. Nos
negócios, São Paulo é a 33ª cidade mais globalizada em
2012, segundo a AT Kearney Global Cities Index, e seu
PIB é o maior da América Latina, com R$ 389 bilhões
em 2011. Abriga as maiores multinacionais, bem como
continua a abrigar o maior número de imigrantes de
diversas nações. Também, ganhou forças com a vinda
de emigrantes, em especial do Nordeste. Hoje, exerce
a maior atividade de feiras e convenções e já foi sede de
eventos mundiais, como a XI Conferência da ONU, para
o Comércio e o Desenvolvimento – UNCTAD - em 2004.
Em outros segmentos, a cidade, também, destacase nos esportes, na medicina, na gastronomia, na
arquitetura, nas ações de religiosidade, nas mídias
sociais. Ela não está sozinha: metrópoles, como o Rio de
Janeiro e Brasília, também, estão fazendo bonito.
Ecos no presente e no futuro
Como relatado, elementos marcantes da fundação
ecoam até hoje. E esse impulso tende a vibrar no
futuro. A vigilância de algo precioso, o “tuguriolo” da
simples cabana, base da fundação pelo Padre Anchieta,
presentes na bandeira (Brasil no centro do Cruzeiro
do Sul) e no brasão estaduais (“PRO BRASILIA...”), a
evocação da cruz como elemento de união do Céu com
a Terra; a água, elemento vital e plasmador, presente
na lagoa de incontáveis milhares de anos atrás, que
resultou em colinas, montanhas e rios da Grande São
Paulo; a localização estratégica da cidade, a ponto
de Júlio Cortesão denominá-la capital geográfica
do Brasil; a vocação bandeirante, presente em seu
topônimo; a mescla racial de nativos, de emigrantes
e de imigrantes como os ameríndios, os afros e os
euros descendentes, os imigrantes asiáticos (sírios,
libaneses, armênios, japoneses, chineses, coreanos), os
imigrantes americanos (estadunidenses, paraguaios,
bolivianos, etc.); são exemplos de como a cidade vibra e
se transforma.
A consciência da função de São Paulo, com os
ecos de sua fundação, torna-se fundamental para a
consciência do Ser Humano, cidadão do Mundo, que,
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em muito, tem a contribuir com a formação da Pátria
do Porvir. Portanto, se cabe à cidade estar aberta às
inovações e à contínua receptividade de imigrantes,
de emigrantes e das filhas e dos filhos da terra, cabe
ao residente cumprir com o dever de suas funções e
consciências.
As visionárias palavras do Professor Henrique
José de Souza ajudam a entender melhor o presente e o
futuro, onde a missão da cidade bandeirante está em prol
da Obra, aquela que visa a transformar esse continente
na materialização do Paraíso:
“... paulistas de outrora, desbravadores das
selvas do Brasil, para hoje o serem da BRASÍLICA
CONSCIÊNCIA. É preciso que os mais inteligentes da
obra tomem nota de tudo isso, para depois defenderem e
propagarem a Obra...”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. KEHL, Luis Augusto Bicalho. Simbolismo e Profecia
na Fundação de São Paulo – A Casa de Piratininga. 1ª
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7. GODOY, Joaquim Floriano de. A Prov. de S. Paulo.
São Paulo: Fundap, 2007.
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“Homens de Um Livro Só: O Fundamentalismo no Islã,
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Heráldico; Atlas Ambiental da PMSP; Agb.org, Câmara;
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snh2011.anpuh.org, Carlos; Fernandes,
Associação Leonardo Nunes, São Vicente
Alternativa, Fernando Correia da Silva,
Itaquatiara do Ingá blog e vexilologia.
10. Sites consultados em 25/9/2012: Época
Negócios e Biblioteca Virtual Governo SP.
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EXPEDIENTE
SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE
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Editada pelo Conselho de Estudos e Publicações - Setor Editorial. Ano I – edição 3 – fevereiro a maio de 2013
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