Apresentação do PowerPoint

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Apresentação do PowerPoint
II Encontro de Pesquisas Históricas PUCRS
O historiador e as novas tecnologias
Caderno de Resumos
26 a 28 de maio de 2015
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação em História
II Encontro de Pesquisa Históricas – PUCRS
Coordenação: Prof. Dr. Marçal de Menezes Paredes
Comissão Organizadora
Ddo. Alexandre Pena Matos
Ddo. Cristiano Enrique de Brum
Dda. Débora Soares Karpowicz
Dda. Luísa Kuhl Brasil
Ddo. Marcelo Vianna
Dda. Priscila Maria Weber
Mda. Wanessa Tag Wendt
Ddo. Fernando Comiran
Dda. Luciana da Costa de Oliveira
Mdo. Rafael Saraiva Lapuente
Organizadores do caderno: Integrantes Comissão Organizadora II EPHIS
Editoração: Marcelo Vianna, Cristiano Enrique de Brum
Crédito capa: Arte sobre fotografias – Holland House, Kensington, London, 1940 (English Heritage Collection); ativista
e líder comunitária Olive Morris em protesto contra violência policial em Londres, 1972 (domínio público); “Pé ante pé” –
trabalhadores na construção do Congresso Nacional, 1959 (Alberto Ferreira).
Observação: A adequação técnica e linguística dos resumos é de exclusiva responsabilidade dos autores.
H673
O historiador e as novas tecnologias: caderno de resumos do II Encontro de
Pesquisas Históricas – PUCRS (26 a 28 de maio de 2015) / Marcelo Vianna, [et. al.]
(organizadores). – Porto Alegre: Memorial do Ministério Público do Rio Grande do
Sul, 2015.
160 p.; PDF
ISBN 978-85-88802-23-0
1. História 2. Novas tecnologias 3. Caderno de Resumos 4. História Multidisciplinaridade I. Título
CDU 930
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Trilce Morales - CRB 10/2209
Apresentação
É com satisfação que apresentamos o Caderno de Resumos do II Encontro de Pesquisas Históricas
da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (EPHIS – PUCRS) – “O historiador e as
novas tecnologias”.
Contando com mais de 230 trabalhos inscritos, para apresentação e publicação, a segunda edição
do Encontro – realizado entre os dias 26 e 28 de maio de 2015 - se consolida como importante
espaço científico dentro da Universidade, fortalecendo um diálogo acadêmico entre o Programa de
Pós-Graduação em História da PUCRS e demais Universidades brasileiras. Do mesmo modo, o
evento vê fortalecido seu propósito de aproximação com os cursos de Graduação e, não obstante,
com a comunidade de historiadores que vivenciam as salas de aula do Ensino Fundamental ao
Ensino Superior.
Com organização do corpo discente do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS, o II
EPHIS, a partir de sua Comissão Organizadora, agradece a todas e todos que compareceram ao
evento e enviaram seus trabalhos. Compartilhamos o sucesso do II EPHIS/PUCRS e fortalecemos a
intenção de expandir o evento tornando-o cada vez mais relevante para o debate, divulgação e
circulação das pesquisas históricas realizadas pelos jovens pesquisadores do país.
Comissão Organizadora
Sumário
Apresentação ........................................................................... 3
Conferências ........................................................................... 6
Simpósios Temáticos - Síntese ......................................................... 7
Resumos Graduados/Pós-Graduação ................................................. 9
ST 1 – IMAGENS E HISTÓRIA DA ARTE ............................................... 9
ST 2 – GÊNERO ...................................................................... 13
ST 3 – HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO ..................................... 18
ST 4 – CIDADES E SOCIABILIDADES ............................................... 22
ST 5 – IBERO-AMÉRICA: ESTUDOS E CONFLUÊNCIAS ............................ 25
ST 6 – ESTADOS UNIDOS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS ......................... 29
ST 7 – HISTÓRIA E EDUCAÇÃO .................................................... 32
ST 8 – HISTORIOGRAFIA E HISTÓRIA DAS IDEIAS ................................ 37
ST 9 – HISTÓRIA, MÍDIA E IMPRENSA ............................................. 43
ST 10 – HISTÓRIA E RELIGIOSIDADE .............................................. 48
ST 11 – FOTOGRAFIA E CULTURA VISUAL .......................................... 52
ST 12 – ACERVOS E NOVAS TECNOLOGIAS ........................................ 57
ST 13 – BIOGRAFIAS E TRAJETÓRIAS .............................................. 62
ST 14 – ARQUEOLOGIA E PATRIMÔNIO ........................................... 67
ST 15 – ÁFRICA E AFRICANIDADES ............................................... 71
ST 16 – HISTÓRIA AGRÁRIA ........................................................ 78
ST 17 – HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA SAÚDE ...................................... 83
ST 18 – DESENVOLVIMENTO E INDUSTRIALIZAÇÃO ............................... 86
ST 19 – MUNDOS DO TRABALHO .................................................. 89
ST 20 – HISTÓRIA POLÍTICA ....................................................... 95
ST 21 – IMIGRANTES E IMIGRAÇÃO .............................................. 101
ST 22 – NACIONALISMO E REGIONALISMO ....................................... 104
ST 23 – DIMENSÕES DA GRÉCIA ANTIGA ......................................... 107
Resumos Graduandos ............................................................... 110
ST1 – EDUCAÇÃO, PRÁTICAS E ENSINO DA HISTÓRIA ......................... 110
ST2 – POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM HISTÓRIA SOCIAL .................... 116
ST3 – ESTUDOS DE GÊNERO E RELIGIOSIDADE ................................... 121
ST4 – HISTÓRIA CULTURAL E SUAS FONTES: TEORIA E METODOLOGIA......... 127
ST5 – TEXTOS E IMAGENS: CONFLUÊNCIAS DE ESTUDOS ........................ 133
ST6 – ARQUEOLOGIA, HISTÓRIA E PATRIMÔNIO MATERIAL .................... 138
ST7 - HISTÓRIA POLÍTICA ........................................................ 144
Informações ......................................................................... 151
Conferências
Abertura – dia 26.05.2015 às 18h30min
“Sedução tecnológica X Tradição do ofício do historiador”
Profa. Dra. Maria Cristina dos Santos (PUCRS)
“Produzindo conhecimento histórico na web: a experiência do Atlas Digital da América Lusa”
Prof. Dr. Tiago Luís Gil (UnB)
Encerramento – dia 28.05.2015 às 18h30min
“Televisão, melodrama e representação do regime militar brasileiro”
Profa. Dra. Mônica Almeida Kornis (CPDOC-FGV)
“Internet e História do Tempo Presente: limites e possibilidades”
Prof. Dr. Fábio Chang de Almeida (Secretaria Municipal de Educação – PMPA) e Prof. Ddo. Odilon
Caldeira Neto (UFRGS)
Simpósios Temáticos - Síntese
Data e Horário
Localização – Simpósio Temático
26.05.2015
Prédio 03
8h às 12h
Sala 307: ST4 – Cidades e Sociabilidades
Sala 323: ST2 – Gênero
Sala 423: ST19 – Mundos do Trabalho
Prédio 05
Auditório: ST1 – Imagem e História da Arte
26.05.2015
13h30min às 17h30min
Prédio 03
Sala 307: ST6 – Estados Unidos e Relações Internacionais
Sala 323: ST08 – Historiografia e História das Ideias
Sala 423: ST21 – Imigrantes e Imigração
Prédio 05
Auditório: ST9 – História, Mídia e Imprensa
Sala 304: ST23 – Dimensões da Grécia Antiga
Sala 503: ST05 – Ibero-América: Estudos e Confluências
Sala 504: ST04 - História Cultural e suas fontes: teoria e metodologia (Alunos de graduação)
27.05.2015
8h às 12h
Prédio 03
Sala 307: ST3 – História, Memória e Patrimônio
Sala 323: ST10 – História e Religiosidade
Sala 423: ST13 – Biografias e Trajetórias
Prédio 05
Auditório: ST11 – Fotografia e Cultura Visual
27.05.2015
13h30min às 17h30min
Prédio 03
Sala 307: ST16 – História Agrária
Sala 323: ST7 – História e Educação
Sala 423: ST22 – Nacionalismo e Regionalismo
Prédio 05
Auditório – ST12 – Acervos e Novas Tecnologias
Sala 502 – ST02 – Possibilidades de Pesquisa em História Social (Alunos de graduação)
Sala 503: ST07 – História Política (Alunos de graduação)
Sala 504: ST06 - Arqueologia, História e Patrimônio Material (Alunos de graduação)
28.05.2015
8h às 12h
Prédio 03
Sala 307: ST15 – África e Africanidades I
Sala 323: ST17 – História da Ciência e da Saúde
Sala 423: ST20 – História Política I
Prédio 05
Auditório: ST18 – Desenvolvimento e Industrialização
28.05.2015
13h30min às 17h30min
Prédio 03
Sala 307: ST15 – África e Africanidades II
Sala 323: ST14 – Arqueologia e Patrimônio
Sala 423: ST20 – História Política II
Prédio 05
Sala 502: ST03 – Estudos de Gênero e Religiosidade (Alunos de graduação)
Sala 503: ST05 – Textos e Imagens: Confluências de Estudos (Alunos de graduação)
Sala 504: ST01 – Educação, Práticas e Ensino da História (Alunos de graduação)
Resumos Graduados/Pós-Graduação
ST 1 – IMAGENS E HISTÓRIA DA ARTE
Coordenador – Luciana da Costa de Oliveira
Auditório Prédio 05
[26/05/15]
Manhã – 8h às 12h
BIBLIOTECA NACIONAL DA FRANÇA E INTERNET: A PESQUISA DE DOCUMENTOS IMAGÉTICOS
SOBRE A DANÇA DE CORTE FRANCESA NOS SÉCULOS XVI E XVII
Bruno Blois Nunes (Mestrando – UFPel)
O trabalho, ora apresentado, aborda o uso da tecnologia da Internet para a viabilização de uma
pesquisa histórica, cujas fontes não estão disponíveis no Brasil. Esta pesquisa tem como foco o
estudo das imagens das danças de corte francesa nos séculos XVI e XVII além dos tratados de
dança editados no mesmo período. Por meio desse acesso tecnológico, na Biblioteca Nacional da
França, foram encontrados manuscritos, livros, tratados e imagens referentes à temática em questão.
As bibliotecas, instituições que tem o dever de preservar seu acervo histórico, também se utilizam
dos navegadores como meio de disponibilizar seus documentos ao público em geral e com isso
reduzir o manuseio decorrente da pesquisa in loco. Foi o avanço da tecnologia que permitiu a
disponibilização desses trabalhos por meio da reprodução digitalizada dos mesmos. O uso do
scanner, copiando os documentos para um espaço online, evita o manuseio excessivo de obras
bastante deterioradas pela ação do tempo. Algumas dessas obras têm, no seu original, difíceis
interpretações seja por serem manuscritas, pela fonte tipográfica ser de tamanho reduzido ou pela
dificuldade na tradução do idioma. Entretanto, a maioria delas possui condições de tradução e
pesquisa. Dessa maneira, a Biblioteca Nacional da França será nosso principal local para a pesquisa
de fontes primárias sobre o assunto.
Palavras-chave: Biblioteca Nacional da França. Fontes Primárias. Internet. Patrimônio Documental.
Dança
PEDRO FIGARI: OS ESQUECIDOS DA REPÚBLICA
Camila Ruskowski (Mestranda – PUCRS)
A proposta do atual projeto de dissertação se concentra em pesquisar a produção artística de Pedro
Figari, visando a análise de duas séries (de gaúchos e do candombe negro), em relação com a
produção vigente tanto artística quanto historiográfica oficial da República Uruguaia do início do
século XX. Nesse período onde ideais de construção de identidade-memória estão sendo
difundidos, as imagens oficiais e as produções do pintor uruguaio muitas vezes contrastam, dando
margem a um fecundo debate sobre construção de memória-identidade nacional e a visibilidade ou
ausência de tipos sociais. Busca-se aprofundar a investigação das relações semânticas entre a
produção de Pedro Figari, com a difusão pictórica do gaúcho e do negro, com a produção oficial do
Estado e sua divulgação de identidade nacional e como estas se articulam enquanto discursos
políticos em obras historiográficas e artísticas. Investigando as motivações de obliteração e
reinterpretação de indivíduos que participaram ativamente no desenvolvimento da sociedade
uruguaia.
Palavras-chave: Pedro Figari; Tipos Sociais; Arte; Uruguai; Identidade.
SOBRE O BARROCO – QUESTÕES E PERSPECTIVAS
Cláudio Roberto Dornelles Remião (Doutorando – PUCRS)
Se há uma palavra que tomou um rumo surpreendente nos últimos cem anos esta foi o termo
barroco. Este vocábulo, que foi utilizado no Ocidente enquanto categoria estilística, noção atemporal,
período histórico, entre outros usos, no mais das vezes identificado às ideias de irregular, informal e
agitado, ao longo do século XX, foi motivo das mais diversas apropriações, que colaboraram
consideravelmente para sua polissemia. Hoje, se, com certeza, ainda encontra-se a categoria
barroco nos manuais escolares relacionada ao século XVII e figurando como a arte da
Contrarreforma – que se caracterizou por ser uma arte marcada por princípios dilemáticos e
contraditórios, por tentar conciliar um teocentrismo medieval e um antropocentrismo humanista,
como rezavam velhos livros – não é incomum ver-se por aí, a partir de generalidades extremamente
amplas, não raro de forte senso poético (dobra, curva, elipse), quem denomine de barroco os mais
disparatados e estranhos objetos, tais como “as pernas tortas de Garrincha”, “as circunvoluções de
Tostão” e a “improvisação de Pelé”. A presente comunicação tem por objetivo oferecer um panorama
geral acerca do debate atual sobre o barroco, de modo a discorrer sobre algumas questões
pertinentes ao estudo da noção bem como apresentar algumas perspectivas de abordagem relativas
ao uso dessa categoria.
Palavras-chave: barroco, arte, polissemia, história.
AS MULHERES NO MUNDO DA CRIAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES PARA PENSAR AS TRAJETÓRIAS
FEMININAS NA HISTÓRIA DA ARTE
Cristine Tedesco (Doutoranda – UFRGS)
Neste artigo apresentaremos uma reflexão sobre a presença feminina na produção da arte no mundo
ocidental. Discutiremos também como se produziram os silêncios acerca da atuação das mulheres
em diferentes campos do conhecimento e as formas de legitimação do esquecimento do feminino,
tendo em vista que esses processos estão inscritos num período de longa duração, estiveram
presentes na construção simbólica da diferença entre os “sexos” e foram reforçados por discursos
religiosos e políticos. Nesse sentido, apresentaremos algumas fontes que podem contribuir com os
estudos sobre a presença feminina na produção artística em diferentes períodos históricos como, por
exemplo, a obra Storia Naturale de Plinio Gaio, o Velho (23/24-79 d.C.) e Le vite dei più eccellenti
scultori, pittori e architetti, obra que reúne parte dos estudos de Giorgio Vasari (1511-1574).
Procuramos salientar que a atuação das mulheres artistas não as torna nem vítimas nem
heroínas de sua época, mas sim mulheres de seu tempo que não deixaram de viver em lugares
desafiadores. A pesquisa tem mostrado que as trajetórias de mulheres como Artemísia
Gentileschi (1593-1654), Lavínia Fontana (1552 -1614) e Sofonisba Anguissola (1531-1621), por
exemplo, nos sugerem uma perspectiva para além de um femininio fragilizado e preso ao lar,
pois construíram espaços de atuação que podem desestabilizar representações préestabelecidas sobre a atuação das mulheres no mundo da criação artística.
Palavras-chave: Trajetórias. Gênero. Mulheres artistas. História da arte. História das mulheres.
APROXIMAÇÕES ENTRE HISTORIOGRAFIA DA ARTE E O PÓS- ESTRUTURALISMO:
CONVERGÊNCIAS TEÓRICAS DO FINAL DO SÉCULO XX
Diana Silveira de Almeida (Mestranda – UFPel)
Em meados da década de 60 a arte rompe com uma tradição: muda-se a necessidade de um objeto
de arte estar inserido em um estilo artístico específico. Isto porque algumas das manifestações
vigentes (happennings, performances, instalações) não se vêem enquadradas nas categorias e
pensamentos tradicionais da arte (pintura, escultura). A imagem que a arte apresenta passa a ser
“aberta a diferentes sensos de valor”, de modo a permitir “múltiplas interpretações e respostas
criativas” (WILLIAMS, 2013, pg. 36). O rompimento deste paradigma é uma das discussões
levantadas por uma vertente de pensamento filosófico em ascensão neste mesmo período: o pósestruturalismo. Enquanto que o estruturalismo compreende as normas como imposições dos limites,
o pós-estruturalismo procurará os efeitos dos limites. Em diálogo com as concepções pós-modernas,
a vertente irá trabalhar com as mudanças e reavaliações, de modo à investir na ruptura no senso
seguro de significado e à propor o foco nas transformações e não nas definições. Assim, colocará em
discussão postulados de verdade afirmados pela ciência, que por sua vez passa a ser considerada
uma construção interpretativa parcial. O pós-estruturalismo considera fatores como interpretação,
construção, discurso e texto, de modo que podem ser estabelecidas convergências com as teorias
que tratam a escrita da história e também da historiografia da arte. Ao considerar que esta última
precisa se adaptar aos novos paradigmas artísticos, este trabalho entende que as teorias pósestruturalistas podem ser um dos caminhos para a ampliação dos rendimentos historiográficos da
arte. Intenta-se, portanto, aproximar as duas áreas do saber procurando compreender as influências,
convergências e possibilidades relacionais dentre ambas.
Palavras-chave: Historiografia; História da Arte; Pós-estruturalismo
A CRIAÇÃO DA PINACOTECA APLUB DE ARTE RIO-GRANDENSE (1975)
Francine Kloeckner (Bacharel História da Arte)
A presente comunicação aborda o processo de instituição da Pinacoteca Aplub de Arte RioGrandense (1975), tendo como foco os critérios e definições do perfil da coleção e o processo de
aquisições de obras para sua formação. Trata-se de uma coleção idealizada pelo médico e
empresário Rolf Udo Zelmanowicz (1931), que apresenta em seu processo de formação uma estreita
relação do colecionador com a arte do Rio Grande do Sul. Em meu trabalho de conclusão de curso,
identifiquei as várias narrativas propostas para a coleção da Pinacoteca Aplub de Arte RioGrandense, a partir dos princípios propostos por seu instituidor, Rolf Zelmanowicz. Além de discutir
aspectos relevantes sobre o contexto do sistema de arte no período em estudo e relações entre
colecionismo, museu, arte e história, abordei temas como a institucionalização de coleções e a
conversão de coleções privadas em museus privados. Na presente comunicação, porém, me
concentrei em abordar somente a instituição da Pinacoteca Aplub, aspectos de sua formação e
coleção, no período compreendido entre seu início até sua inauguração, em 1975, espaço de tempo
de sua consolidação.
Palavras-chave: Pinacoteca Aplub de Arte Rio-Grandense, Rolf Udo Zelmanovicz, Coleções de Arte,
Colecionismo, Arte no Rio Grande do Sul.
TECNOLOGIAS DO FAZER ARTÍSTICO: O CASO DAS GRAVURAS DE ANTOINE WATTEAU (1726–
1728)
Laura Ferrazza de Lima (Doutoranda – PUCRS)
A imagem é uma das tecnologias mais antigas utilizadas pelo homem, no entanto, mantem-se atual.
O interesse das imagens para o historiador vem ganhando força. Porém, é preciso refletir sobre esse
objeto para compreendê-lo de forma mais completa e complexa, não apenas como um documento
para a história, mas como um espaço vivo onde convivem diferentes tempos e memórias. Uma vez
que a proposta desse evento é discutir as novas tecnologias, proponho a discussão da imagem sob
um novo olhar. Em minha tese de doutorado trabalho com a relação entre a obra do artista francês
Antoine Watteau (1684 – 1721) e a moda. Essa última é outra tecnologia que não podemos chamar
de recente, mas que ainda precisa ser melhor estudada pelos historiadores. Aliando o estudo de
técnicas do fazer artístico como a pintura e a gravura e a maneira como os trajes são representados
por essas técnicas, proponho a presente comunicação.
Palavras-chave: História e Imagem; História da Arte; Gravuras de Moda; Arte francesa do século
XVIII.
OS GAÚCHOS DE QUIRÓS, FIGARI E WEINGÄRTNER: ENTRE TEMPOS E MEMÓRIAS
Luciana da Costa de Oliveira (Doutoranda – PUCRS)
O presente estudo objetiva analisar, dentre a vasta obra dos artistas Cesáreo Bernaldo de Quirós,
Pedro Figari e Pedro Weingärtner, três obras onde, afora a imagem do gaúcho ser o elemento
central, uma ampla rede de significações pode ser tecida. Assim, ao apresentar as pinturas Lanzas y
guitarras (1925), Duelo criollo (1920/30) e Gaúchos chimarreando (1911), respectivamente dos
artistas acima citados, pretende-se perceber os diferentes tempos e as múltiplas memórias de que
tais pinturas são portadoras. Mesmo que o gaúcho seja um elemento contemporâneo a esses
artistas, importa perceber que estes não são meras reproduções ou, também, simples
representações do homem do campo. Cada artista, a partir da forma como percebeu e, igualmente,
trouxe tal temática e figura para seu campo de trabalho, o problematizou a partir de diferentes
questões. Além disso, a plástica dos pintores e os elementos que estiveram no entorno de tais
produções, constituem-se como elementos de grande relevância para a análise que se propõe.
Importa mencionar, por fim, que o estudo em questão é um recorte da pesquisa de doutorado que
objetiva problematizar a construção da imagem do gaúcho na arte platina e brasileira.
Palavras-chave: Gaúcho – Arte platina e brasileira – Cesáreo Bernaldo de Quirós – Pedro Figari –
Pedro Weingärtner
ST 2 – GÊNERO
Coordenadores – Mônica Karawejczyk e Débora Soares Karpowicz
Sala 323 – Prédio 03
[26/05/15]
Manhã – 8h às 12h
A QUESTÃO DE GÊNERO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL: UMA INVESTIGAÇÃO A PARTIR DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA DE 1988 NO ESTUDO DE CASO DA SUBSEÇÃO
JUDICIÁRIA DE RIO GRANDE
Andréia Castro Dias (Mestranda em Direito e Justiça Social – FURG)
Giselda Siqueira da Silva Schneider (Mestranda em Direito e Justiça Social – FURG)
O presente estudo pretende refletir sobre a questão de gênero na Justiça Federal, investigando
acerca da trajetória histórica do tema a partir da Constituição Federal de 1988, data em que houve
considerável reestruturação dessa Justiça. Ao eleger tal marco cronológico, passa-se a verificar
acerca do ingresso de servidoras e juízas, bem como o acesso público de cidadãs em processos
judiciais no sentido de evidenciar o papel dessa instituição judiciária no tocante a realização da
justiça social, em especial do princípio da igualdade de gênero assegurado constitucionalmente. O
recorte regional para averiguação será o da Subseção Judiciária de Rio Grande, que integra a Seção
Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul. A metodologia adotada utiliza a pesquisa documental
aliada à revisão bibliográfica na perspectiva dos referenciais teóricos que adotam a categoria gênero
para análise. Conclui-se que houve uma ampliação no acesso das mulheres à Justiça Federal
consoante a própria ampliação do âmbito de atuação de tal Justiça desde 1988, além de
transformações significativas relacionadas à questão, a exemplo da Recomendação nº 42 de 2012
do Conselho Nacional de Justiça ao prever aos tribunais a adoção de linguagem inclusiva de gênero
quanto aos cargos ocupados por servidoras e magistradas.
Palavras-chave: Gênero; Justiça Federal; História; Igualdade; Rio Grande.
ELAS E ELES – AS RELAÇÕES DE PODER NA RESISTÊNCIA À DITADURA MILITAR
Ary Albuquerque Cavalcanti Junior - (Mestrando – UNEB)
A presente comunicação faz parte da pesquisa de mestrado em desenvolvimento no Programa de
Pós Graduação em História Regional e Local da Universidade do Estado da Bahia que busca refletir
sobre as memorias de mulheres baianas na resistência a ditadura militar. No que tange a este
período da história do Brasil, este ano se completam 51 anos de sua instauração e nos últimos anos
presenciamos um “boom” de obras memorialistas sobre a ditadura civil-militar. Nesta perspectiva,
este trabalho busca apresentar as relações de poder existentes entre mulheres e homens na
resistência à ditadura civil-militar a partir de reflexões das obras até então pesquisadas e de
entrevistas realizadas na composição das fontes deste estudo. Logo, termos como submissão,
inversão da ordem, publico e privado são apenas alguns remetidos às mulheres no trato das relações
de poder intrínsecas aos movimentos de oposição à ditadura.
Palavras-chave: Ditadura – Mulheres – Homens- Gênero
AS EVAS TAMBÉM QUEREM A SUA PRÓPRIA ACADEMIA: CRIAÇÃO E (TRANS)FORMAÇÃO DA
ACADEMIA LITERÁRIA FEMININA DO RIO GRANDE DO SUL EM PORTO ALEGRE (1943-1973)
Camila Albani Petró (Mestranda – UFRGS)
O presente resumo trata do assunto do Trabalho de Conclusão de Curso e do Projeto de Dissertação
em História – ambos têm como objeto a Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul (ALFRS),
fundada em Porto Alegre no ano de 1943, e que segue em atividade na cidade. Inicialmente,
analisou-se a criação da instituição a partir dos conceitos do antropólogo Gilberto Velho, tendo como
questionamento central o projeto de instituição pretendido e possível de ser construído pelas
fundadoras, tomando a Porto Alegre da década de 1940 como um campo de possibilidades.
Pretendeu-se, portanto, compreender como se estruturou esta academia de letras exclusivamente de
mulheres e quais foram suas características iniciais, fazendo um estudo das biografias das
fundadoras e da atuação que lhes foi permitida tendo em vista as dimensões de gênero e de espaço
para as práticas literarias da cidade. A fundação da ALFRS teve repercussão no âmbito intelectual da
sociedade porto-alegrense, e mesmo que certos literatos não quisessem expressar nitidamente suas
opiniões sobre as mulheres escritoras e em relação à ação de criarem uma entidade formada
estritamente pelo sexo feminino, o fato é que, estas opiniões apareceram em cartas e reportagens
(algumas bem depreciativas e machistas). Contudo, é importante ressaltar que estas mulheres
faziam parte da elite e os privilégios de classe contribuíram no processo de constituição da entidade.
Esta investigação foi/é realizada através de documentação do acervo da ALFRS – mapear o projeto
–, bibliografia sobre o tema – formular o campo de possibilidades –, bem como compêndios
biobibliográficos – estudar as trajetórias. Atualmente a pesquisa busca pensar a atuação das
escritoras em Porto Alegre da década de 1940 a 1970, através da ALFRS, utilizando suas atas e a
revista Atenéia (órgão de intercâmbio cultural e de defesa dos interesses da ALFRS que circulou de
1949 até 1972).
Palavras-chave: Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul (ALFRS) – gênero – – mulheres
– escritoras – Porto Alegre.
MULHERES, ESTADO E DISCURSO RELIGIOSO EM PORTUGAL - 1945 A 1970
Daniela Garces de Oliveira (Doutoranda – PUCRS)
Pensar nos regimes autoritários que partilharam ideais comuns em muitos espaços do mundo, requer
fazer um exercício de reflexão sobre os lugares dos sujeitos na História. Esse empreendimento de
pesquisa busca investigar e identificar as diversas matizes de um sujeito especifico: as mulheres.
Porém, dentro desse universo diverso que contempla variadas especificidades, cores, classes e
sexualidades, traremos a cena a mulher portuguesa aliada ao regime salazarista. Tomadas por
serem a parte débil da humanidade, elas precisariam ser educadas para melhor servirem a
sociedade em que viviam. Há portanto, que se explicitar que aqui o gênero adquire o papel de
organizador do social.Sempre lembradas e questionadas de seu papel, as mulheres nos regimes
autoritários ocuparam historicamente um lugar desviante, requerendo uma atenção especial para que
melhor executassem “seu papel”. Chamadas a obediência, elas foram convocadas, através do
discurso religioso, a serem o coração da casa, deixando o espaço público e a condução das grandes
decisões nas mãos dos homens. Foram igualmente chamadas a devotar o ditador, adquirindo um
papel central na manutenção do regime.O estudo que propomos nos assegura que discurso
autoritário e discurso religioso andavam de mãos dadas no contexto estudado. Reconhecido como
um dos principais cenários da igreja católica e do conservadorismo, Portugal nos parece um caso
pertinente para pensarmos Igreja, Estado e Mulheres. Com poucos estudos sobre esses elementos
chave na manutenção de um regime perpetrado na primeira metade do século XX e subsidiado com
toda sorte de associações e agremiações religiosas, vemos o Estado ganhar força através do
discurso religioso de rechaço a mulher no espaço público.
Palavras-chave: Mulher, Discurso Religioso, Salazarismo, imprensa, normatização
MILITÂNCIA DE MULHERES CONTRA A DITADURA E FORMAÇÃO DO MOVIMENTO FEMINISTA
NACIONAL: NOTAS DE UMA PESQUISA
Débora Strieder Kreuz (Mestranda – IFRS / Bagé)
A presente proposta de trabalho busca refletir sobre a relação entre a participação de mulheres nas
organizações de resistência à ditadura civil-militar e a formação do movimento feminista brasileiro,
sobretudo a partir de 1975. Acredita-se que a maior inserção política feminina, vista a partir dos anos
1960, mesmo no contexto repressivo em que se encontrava o país, foi de suma relevância para que
as discussões propostas pelo feminismo de Segunda Onda passassem a ser objeto de apropriação
pelas militantes. Como fonte para o trabalho utilizamos 3 depoimentos de mulheres que, após a
aniquilação dos seus grupos pelo governo ditatorial, dedicaram-se à articulação em torno de
demandas feministas, ainda no contexto autoritário. A análise é realizada a partir de dois conceitos –
o de gênero e o de memória. Entenderemos gênero de acordo com o que fala Joan Scott (1995),
para a qual o gênero é a primeira forma de significar as relações de poder, estabelecendo o que é
masculino e feminino. Já a memória, caracterizada como o ato de lembrar, refere-se a
acontecimentos passados articulados a partir do presente (POLLAK, 1989; CANDAU, 2012). Dessa
maneira, intentamos compreender a forma como o movimento feminista brasileiro se organizou e
como a experiência de luta contra a ditadura das militantes auxiliou nesse processo.
Palavras-chave: Ditadura civil-militar; mulheres; feminismo; gênero; memória.
PARTEIRAS PAMPIANAS: MEMÓRIAS E TRANSFORMAÇÕES DO OFÍCIO DE PARTEJAR AO SUL
DO RS
Eduarda Borges da Silva (Mestranda – UFPel)
Este estudo aborda memórias de parteiras da metade Sul do RS, que partejaram em suas
comunidades sem nenhum tipo de amparo ou reconhecimento legal de seu ofício. As parteiras
entrevistadas são todas idosas com idades entre 65 e 96 anos e nenhuma atua mais. No Pampa há
uma condição particular, as parteiras estão em extinção, enquanto no Sudeste há o curso de
Obstetrícia da USP (muitas destas obstetrizes se denominam “parteiras contemporâneas”) e no
Nordeste, em muitas cidades pequenas, as parteiras são as principais responsáveis pelo
atendimento e algumas capacitações vêm sendo realizadas pelo Ministério da Saúde em parcerias
com ONGs. Como fontes nesta pesquisa são utilizadas a História Oral Temática com sete parteiras,
um médico que também foi coordenador da vigilância sanitária e uma atendente de Enfermagem,
Manuais de Capacitação para Parteiras, um Guia de Supervisão de Parteiras, legislações e
sites/blogs sobre parteiras. Em suma, pretende-se perceber os contrastes da atual condição das
parteiras da região Sul em relação às das Regiões Sudeste e Nordeste do país; observar as
narrativas quanto ao começo da atividade, atuação (saberes e práticas) e motivos que as levaram a
parar de partejar; definir e diferenciar os processos de higienização, industrialização e humanização
do parto nas Regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, e contribuir à construção da História das
Mulheres e com os direitos das trabalhadoras.
Palavras-chave: Parteiras, memórias, higienização, industrialização, humanização.
AS MULHERES NA HISTÓRIA DA FILOSOFIA
Juliana Pacheco Borges da Silva (Mestranda – PUCRS)
O presente trabalho tem como objetivo expor a presença das mulheres na história da filosofia.
Mostrando que mesmo sendo escondidas e menosprezadas, elas existiram e fizeram diferença
dentro da filosofia. Devido a isto, surgiram estudos investigativos que se debruçaram nas teorias de
filósofos ocidentais, os quais demonstraram grande aversão às mulheres, colocando-as sempre
numa posição de inferioridade. Com isso, a ausência feminina no que tange o campo do
conhecimento filosófico foi reforçada pelos discursos - ainda que indiretamente - desses filósofos.
Assim, busca-se restituir, por meio de uma filosofia feminina, esta ausência, trazendo luz às
mulheres que foram e são obscurecidas.
Palavras-chave: Mulheres; História; Filosofia
DITADURA DE SEGURANÇA NACIONAL NA ARGENTINA (1976-1983): A “VIRILIZAÇÃO” DA
IDENTIDADE FEMININA
Marluce Dias Fagundes (Graduada – Unilasalle)
Mariani Viegas Da Rocha (Graduada – Unilasalle)
Este presente trabalho tem como objeto de estudo o tratamento exercido sobre as presas políticas,
em especial as grávidas, correlacionando com os dos homens. Para isso, usamos o conceito de
gênero apresentado pela historiadora Joan Scott e aplicando-o ao contexto das Ditaduras de
Segurança Nacional da América Latina e dos mecanismos de Terror de Estado, tendo como foco
analítico específico à instaurada na Argentina. Este país que teve umas das ditaduras mais duras do
Cone Sul, principalmente a partir de 1976, com a presidência do General Jorge Rafael Videla. A
Argentina viveu sete anos de torturas, sequestros, assassinatos e desaparecimentos. Sendo este
último, o principal mecanismo de terror de Estado, executado por meio de centros clandestinos.
Apenas um ano depois da vigência do golpe, já havia 340 centros clandestinos. A participação
feminina na luta contra o regime chegava a somar 30% dos militantes desaparecidos (as) no período
compreendido por esta pesquisa. Além disso, a luta contra o machismo e valores patriarcais estava
em efervescência com a segunda onda do feminismo, quando a utilização dos espaços públicos e
controle sobre o próprio corpo era reivindicado por muitas mulheres em vários países do Ocidente.
No caso das presas políticas grávidas, fontes documentais como o Nunca Más, destacam o fato que
as mesmas não deixaram de ser vítimas de todo tipo de torturas físicas e psicológicas.
Palavras-chave: Ditadura de Segurança Nacional. Argentina. Gênero. Terror de Estado. Feminismo.
“MULHER DEVE VOTAR?” DO DECRETO N.19.459 AO CÓDIGO ELEITORAL DE 1932 NAS
PÁGINAS DOS JORNAIS "CORREIO DA MANHÃ" E "A NOITE"
Mônica Karawejczyk (Doutora – Fundação Biblioteca Nacional)
No primeiro dia de janeiro de 2015 tomou posse para o segundo mandado de Presidente da
República Federativa do Brasil uma mulher – Dilma Roussef. Se tal fato, hoje, não nos causa
estranheza, algumas décadas atrás seria inimaginável, pois durante muito tempo a esfera política e
pública foi vetada às mulheres, que ali eram vistas com estranheza e desconfiança. Um dos
primeiros atos administrativos de Dilma foi sancionar a Lei nº 13.086 de 8 de janeiro de 2015 que
incluiu no Calendário Oficial do Governo Federal o Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil, 24
de fevereiro. Apesar desse reconhecimento oficial por parte do governo, o brasileiro, de um modo
geral, pouco conhece sobre essa importante conquista feminina. Este trabalho tem por objetivo
desvelar a discussão em prol da inclusão feminina no quesito eleitor deflagrada por um decreto de
Getúlio Vargas em dezembro de 1930. Quer-se assim apontar os principais argumentos defendidos
pelos que eram contra e a favor de tal inclusão. Essa discussão está preservada nas páginas da
imprensa brasileira e, nesse sentido, quer-se também apresentar o posicionamento de dois
importantes jornais que circulavam na capital federal da época, o Correio da Manhã e A Noite. O
marco temporal da pesquisa engloba os meses de dezembro de 1930 até fevereiro de 1932, data da
aprovação do Código Eleitoral que reconheceu o direito de votar e serem votadas a todas as
brasileiras. Todo o trabalho de levantamento das fontes foi feito de forma on-line.
Palavras-chave: Voto feminino, Primeira República, Correio da Manhã, A Noite, imprensa.
LADIES NO BATENTE: A REPRESENTAÇÃO DO TRABALHO FEMININO NA REVISTA LADY: A
COMPANHEIRA DA MULHER (1956-1959)
Paula Rafaela da Silva (Doutoranda – PUCRS)
Essa comunicação visa apresentar alguns dos dados conclusivos da pesquisa que deu origem a
dissertação de mestrado com título: “Ladies no batente: a representação do trabalho feminino na
revista Lady: a companheira da mulher (1956-1959)”, concluída no ano de 2010, desenvolvida no
Programa de Pós-graduação em História da PUCRS, sob a orientação do Dr. Charles Monteiro com
financiamento de bolsa Capes. A pesquisa teve por principal objetivo analisar as reportagens da
revista ""Lady: a companheira da mulher”, publicada pela Editora Monumento S.A. cujo foco eram as
mulheres trabalhando e a partir dessas reportagens pensar questões referente a representação de
gênero e espaços ocupados pelas mulheres na década de 1950 de acordo com a visão editorial da
revista. A revista Lady, teve um período curto de publicação (1956-1959), mas abordou de maneira
bastante direta questões referentes a modernidade e a busca de desenvolvimento corresponde a
conjuntura que o Brasil vivia naquele período histórico, com uma linguagem intelectualizada e um
grupo de escritores/jornalistas de destaque nacional a revista teve uma publicação significativa para
o período com uma tiragem que variou entre 50 e 100mil exemplares. Dentre os dados obtidos estão:
os tipos de profissões que levaram as mulheres a adentrar no mercado de trabalho do período, as
circunstâncias que levavam elas a ocupar esses espaços e como elas eram representadas
exercendo suas funções nas reportagens das revistas.
Palavras-chave: imprensa feminina, gênero e representação
ST 3 – HISTÓRIA, MEMÓRIA E PATRIMÔNIO
Coordenador – Alexandre Pena Matos
Sala 307 – Prédio 03
[27/05/15]
Manhã – 8h às 12h
O CASARÃO DOS BERNARDES: UM PEDAÇO DA PORTO ALEGRE DO SÉCULO XX
Adriana Augusto Neves (Graduada Arquitetura – PUCRS)
Este trabalho tem por objetivo o resgate histórico e arquitetônico do Casarão construído em 1938,
pertencente à família Bernardes. Este Casarão localizado no bairro Lami, extremo sul de Porto
Alegre, foi sede da Fazenda do Senhor Luiz Vieira Bernardes, mais conhecido como Seu Lulu. Um
ilustre comerciante da região. A edificação, bem como seu antigo proprietário, assumem importante
papel por representar a história de progresso do bairro e da cidade.Com base nos depoimentos de
parentes, amigos e conhecidos que presenciaram o cotidiano desta tradicional família que ali fixou
suas terras e com base num detalhado levantamento físico-visual da edificação, serão apresentados
dados sobre sua construção, cronologia arquitetônica e detalhes de sua arquitetura. Também será
utilizada pesquisa bibliográfica geral sobre o tema bem como consultas em acervo fotográfico e
documental, possibilitando revelar a história de um pedaço, ainda desconhecido, da Porto Alegre do
século XX.
Palavras-chave: Casarão; Família Bernardes; Lami;
A VEZ, A VOZ E A PALAVRA: RELATOS SOBRE O PROJETO “BIOGRAFIA A POSTERIORI” NO
MUSEU DO CENTRO HISTÓRICO CULTURAL SANTA CASA.
Amanda Mensch Eltz (Pós-graduanda – PUCRS)
Renata Dariva Costa (Graduanda – PUCRS)
Este trabalho visa relatar o projeto “Biografia a Posteriori”, programa de reconstrução da memória
histórica e social realizado no Museu Joaquim Francisco do Livramento, do Centro Histórico-Cultural
Santa Casa (CHCSC), através da Metodologia de História Oral. Partindo do princípio que não existe
patrimônio cultural museológico sem a ação humana de conferir valor, significado ou importância ao
artefato, vê-se no sujeito e na sua fala a voz interlocutória dos diferentes saberes, práticas, valores,
sentidos, usos e significados, tão fundamentais para o processo de reconstrução das memórias.
Tecer relações entre “Comunidade e Museu” é um fator extremamente importante, pois o espaço
museológico se torna assim um cenário de democratização da memória e lugar de transformação,
reconhecimento e representação social. Este programa “Biografia a Posteriori” objetiva entrevistar
personagens sociais que pertencem ou pertenceram as diferentes comunidades envolvidas
socialmente com a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (SCMPA). O projeto atualmente
possibilita a reconstrução do histórico de utilização dos bens materiais presentes no acervo do
Museu, como também, da identidade do local produtor desta cultura à SCMPA.
Palavras-chave: Memória. História. Metodologia da História Oral. Patrimônio. Museu.
FOTOGRAFIA E MEMÓRIA: A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FERRO PELOTAS-CANGUÇU
Cristiano Gehrke (Doutorando – UPF)
O presente trabalho, tem como objetivo falar sobre o processo de construção da estrada de ferro que
ligava os municípios de Pelotas e Canguçu, localizados no sul do Rio Grande do Sul. Pretende-se
analisar como ocorreu o processo de instalação da estrada na região, cujo início remota ao ano de
1874 quando é feita a primeira referência à sua construção na documentação consultada. Inserida
dentro de um projeto nacional de modernização do país, que tinha como objetivo integrar as
diferentes regiões, e assim garantir a realização do projeto de nação desenvolvida, a estrada de ferro
Pelotas-Canguçu levou cerca de um século para ser concluída. Após a sua conclusão, a mesma
permaneceu em funcionamento por um período inferior a 20 anos. Desta forma, baseado na
documentação fotográfica e em relatos orais, preservados no Museu Etnográfico da Colônia Maciel,
pretende-se fazer uma análise de como se deu o processo de instalação desta estrada de ferro,
quais foram os avanços que a mesma trouxe para a região, bem como os conflitos que foram
gerados durante a sua implantação e as principais motivações que levaram à sua desativação.
Palavras-chave: Fotografia – Memória – Ferrovia – Imigração Italiana – História Oral
MEMÓRIAS SOBRE A AÇÃO DE MADEIREIRAS NO MUNÍCIPIO DE CASCAVEL/PR
Daniele Brocardo (Mestranda – UNIOESTE)
Esta comunicação tem por objetivo apresentar parte de minha pesquisa desenvolvida no Mestrado.
Nesta pesquisa a análise se concentrou nas narrativas a respeito da ação das indústrias madeireiras
entre as décadas de 1950 a 1970 (período de maior atividade das madeireiras), no município de
Cascavel, localizado no oeste do Estado do Paraná. Destarte, procurou se explorar a análise de
narrativas orais, de alguns sujeitos que atuaram no setor madeireiro em tal período. Para tanto, a
metodologia utilizada consistiu na História Oral, assim, foram realizadas e analisadas entrevistas
produzidas no período de 2011 a 2013, com ex-proprietários e empregados do setor madeireiro.
Procurou-se a partir das entrevistas perceber quais eram as diferentes relações travadas pelas
madeireiras, com seus empregados, na extração das árvores, problematizando as diferentes
percepções sobre o meio natural e suas relações com os seres humanos e quais são as elaborações
sobre a paisagem. Investigou-se, ainda, as distintas percepções deste processo, pois, por mais que
todos os entrevistados tenham trabalhado junto as madeireiras, as percepções tendema ter
variações conforme as ocupações, se desempenhavam a atividade de gerente, serrador, contador,
entre outras. Neste sentido, as entrevistas foram realizadas com diferentes sujeitos, escolhidos em
função das diversas ocupações no trabalho de exploração da madeira. Além das entrevistas na
dissertação foram analisadas duas obras da historiografia local. Com objetivo de entender como a
ação das madeireiras em Cascavel vem sendo escrita e como ela é associada à história do
município. No entanto, nesta comunicação serão apenas trabalhadas as narrativas orais
Palavras-chave: Setor madeireiro; História Oral; Memórias; Desflorestamento.
O BIÊNIO DA COLONIZAÇÃO E IMIGRAÇÃO NO RIO GRANDE DO SUL: AS DIMENSÕES
POLÍTICAS DAS COMEMORAÇÕES
Tatiane de Lima (Mestranda – Unisinos)
O presente trabalho tem por objeto de estudo as comemorações do Biênio da Colonização e
Imigração no Rio Grande do Sul, ocorridas em 1974 e 1975. Estas celebrações são aqui entendidas
como atos de rememorar o passado através de representações simbólicas que buscam unificar e
guardar memórias. Nas comemorações do Biênio da Colonização e Imigração o principal objetivo foi
o de homenagear e agradecer aos imigrantes que fizeram parte da construção geográfica,
econômica, social e política do estado. Ao ser promovida pelo governo do Rio Grande do Sul, esta
celebração foi organizada tanto pelo poder público quanto por grupos da sociedade civil.
Entendemos que é através da memória que se reforça e/ou se constitui a identidade pessoal ou
coletiva que permite aos sujeitos pensarem-se como parte de um determinado grupo, ficando a cargo
dos organizadores do Biênio vincular os atos celebrativos às memórias dos grupos imigrantes, de
seus descendentes e das cidades ligadas à empreitada imigratória. Calcado nos estudos acerca das
comemorações, buscaremos analisar os sentidos e sentimentos que moveram o Biênio da
Colonização e Imigração, seu processo de organização, os grupos sociais e poderes envolvidos, e
também a seleção de memórias feita nos momentos de comemorar. Trabalharemos com
documentos produzidos pelas Comissões Executivas de Homenagem de cada uma das etnias
vinculadas ao processo imigratório no Rio Grande do Sul e contempladas nos festejos, e também
com registros jornalísticos da época. Entender os sentidos que atravessam e são atribuídos a estas
celebrações é de suma importância para analisar a construção do imigrante homenageado na festa
que se denominou “Biênio da Colonização e Imigração no Rio Grande do Sul”.
Palavras-chave: Comemoração; Rio Grande do Sul; Imigração; Memória; Usos políticos do passado.
AS FESTIVIDADES EM HONRA AO DIVINO EM PONTA GROSSA/PR
Vanderley de Paula Rocha (Mestrando – Universidade Estadual de Ponta Grossa)
Em Ponta Grossa, cidade do interior do Paraná, a devoção ao Divino Espírito Santo teve início em
1882, quando, segundo a tradição, foi encontrada uma imagem sua, representada por uma pomba,
gravada em madeira. Portanto, o ponto principal de abordagem desse trabalho liga-se a festa em
honra ao Divino Espírito Santo, analisada enquanto um momento de afirmação da comunidade
religiosa e como um espaço de sociabilidade na cidade. Outro ponto abordado diz respeito às
relações observadas entre os devotos e o clérigo local, o primeiro representante de um catolicismo
devocional e popular, o segundo constituído do catolicismo institucional. Assim, tivemos como
objetivos: Entender o movimento devocional por meio da festividade religiosa e identificar a relação
que a Igreja Católica estabeleceu com essas práticas. Para tanto, utilizou-se como fontes periódicos
locais, ex-votos, folhetos das festas. Partiu-se dos pressupostos teóricos de Michel de Certeau e
Roger Chartier, sobretudo os conceitos de Táticas/Estratégias e Representação. A partir da análise
das fontes aparada no quadro teórico apresentamos nossas considerações sobre a temática
abordada, nesse sentido, compreendemos que é, através das rezas, das novenas, das procissões e
das festas que os devotos do Divino estabelecem ligação com o mundo sagrado. Percebeu-se que a
“Casa do Divino”, onde ocorrem às celebrações dedicadas ao Espírito Santo em Ponta Grossa
possui suma importância para os devotos, pois é considerado um “lugar sagrado”, usado pelos fiéis
como elo entre o mundo terreno e o mundo sagrado. Por fim compreendemos que a festa no
decorrer dos anos foi apropriada pela Igreja que, efetivamente, determinou os espaços de ocorrência
e as formas de expressão da mesma, remete, portanto, para o entendimento do exercício dos
poderes estabelecidos, do reconhecimento de papéis sociais, das hierarquias.
Palavras-chave: Festa religiosa, devoção, Divino, Igreja Católica, Ponta Grossa
ST 4 – CIDADES E SOCIABILIDADES
Coordenadores – Mariana Couto Gonçalves e Janete da Rocha
Machado
Sala 307 – Prédio 03
[26/05/15]
Manhã – 8h às 12h
PELOTAS EM CONSTRUÇÃO: UM ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DO ESPAÇO URBANO E
SOCIAL PELOTENSE A PARTIR DAS ATAS DA CÂMARA MUNICIPAL, DE 1846 A 1860.
Elvis Silveira Simões (Graduado – IFSul Pelotas)
O presente trabalho foi elaborado como proposta de projeto de pesquisa, o qual estudará o município
de Pelotas no período de 1846 á 1860. Nestes anos, após a Revolução Farroupilha, a urbe permeou
um caminho de retomada em seu crescimento e desenvolvimento urbano. Sobretudo após o retorno
da autoridade administrativa da Câmara Municipal de Pelotas. Esta, que tornou-se, durante o século
XIX e início do XX, um dos maiores centros econômicos do Rio Grande do Sul por conta da atividade
charqueadora, produziu charque e diversos outros produtos que serviam para exportação, e
consumo de seus próprios habitantes. Contudo, com o advento da Revolução Farroupilha, há a
queda de sua produção, assim como a fuga de parte de sua população. A partir dos anos 40, antes
mesmo do fim da Revolução, Pelotas busca recomeçar suas relações comerciais. Retoma o
desenvolvimento seu espaço urbano, desenvolvendo suas estradas, para garantir a circulação de
sua principal matéria prima econômica, o gado. Atividades que retornavam para as mãos
administrativas da Câmara, a qual restabelecia sua autoridade frente à sociedade. O papel da
Câmara, aprovado para vilas e cidade, em outubro 1828, a posicionava como um sistema
administrativo municipal, que possuía as mais diversas funções. Suas atribuições abrangiam a
organização de cobrança de impostos, cuidar do reparo das estradas, saneamento público, limpeza
da cidade, zelo pela moral pública, entre outras questões pertinentes ao interesse público. Contudo,
na cidade de Pelotas, a Câmara só reabre suas portas a partir de abril de 1844. Esta proposta de
pesquisa parte exatamente deste momento ao final da guerra, abrangendo o período que vai de
1846 á 1860, buscando identificar os principais problemas que a cidade enfrentou, assim como as
ações da Câmara Municipal frente a tais questões. E, desta forma, contribuindo para uma melhor
compreensão do processo histórico da cidade de Pelotas.
Palavras-chave: Pelotas – Desenvolvimento Urbano – Sociedade – século XIX – Câmara Municipal
de Pelotas
TRANSGRESSORES DA MORAL: A POLÍCIA DA ORDEM E DA DESORDEM NA CIDADE DE
FORTALEZA (1916 – 1933)
Francisco Adilson Lopes da Silva (Mestrando – UECE)
Esta pesquisa objetiva analisar a polícia na cidade de Fortaleza no início do século XX,
especificamente entre os anos de 1916 a 1933. Escolhemos Fortaleza por ter sido a cidade que mais
foi projetada no período como espaço irradiador de mudanças sócio-culturais, pelos políticos,
comerciantes, intelectuais, Chefes de polícia, etc. no Ceará. A cidade enquanto espaço de análise,
torna-se um cenário propício para o estudo de um órgão que teria, supostamente, como função
promover a ordem pública, no nosso caso, a polícia, posto que nela encontramos os mais diversos
discursos e as mais diferentes práticas para compreender as intricadas relações das pessoas com os
seus espaços de vivências; como também para compreensão da polícia enquanto elemento presente
na sociedade e “reguladora” da convivência. Nesse sentido, buscamos compreender as condutas
dos policiais em relação à transgressão em Fortaleza. Quanto ao nosso recorte temporal, iniciamos a
partir de 1916, por ser o ano que o presidente do Estado João Thomé de Saboya e Silva informou
pela lei nº 1395, de 02 de outubro de 1916, as regras para a Força Pública do Estado. Nesse
contexto também aconteceu a “Conferencia Judiciaria-Policial” no Rio de Janeiro, visando debater a
noção e organização da polícia no Brasil. A pesquisa vai até 1933, por ser o ano que foi editado o
Código Municipal de Fortaleza, pela Tipografia Minerva, estabelecendo condutas para a cidade, de
acordo com o que determinou o Decreto nº 70 de 13 de dezembro de 1932. Lembrando, que os
recortes temporais estão marcados pela presença da seca, iniciamos logo após a seca de 1915 e
terminamos depois da seca de 1932, pois as secas alteraram o cenário urbano de Fortaleza, cenário
em que circulavam os policiais.
Palavras-chave: Polícia, Cidade, Transgressão, Fortaleza, Estado.
OS PRIMÓRDIOS DA ZONA SUL DE PORTO ALEGRE: DA SESMARIA DE DIONÍSIO RODRIGUES
MENDES ÀS CHÁCARAS DE ANTIGOS ESTANCIEIROS
Janete da Rocha Machado (Mestre – PUCRS)
No início do século dezenove, as terras onde hoje está a Zona Sul de Porto Alegre faziam parte de
uma imensa zona rural da cidade. Originária da primeira sesmaria doada ainda no século dezoito, o
local se configurou em grandes extensões de terras, em cujas fazendas se cultivavam arroz, milho,
aipim e frutas, além da criação de gado leiteiro. Isso só era possível devido à irrigação pelos arroios
Capivara, Cavalhada e Salso, os quais proporcionavam fertilidade à região e, portanto, condições
favoráveis para a agricultura e pecuária. Eram os limites dessas terras produtivas e apresentavam
águas límpidas e cristalinas, perfeitas para o uso. Assim como eram limpas também as águas do rio,
o que motivou, tempos mais tarde, o uso da região para o lazer e o veraneio. Desta forma, a
proposta deste trabalho foi analisar os primórdios desta região, banhada pelo Lago Guaíba e
escolhida pelo porto-alegrense para o recreio na primeira metade do século vinte.
Palavras-chave: Zona Sul de Porto Alegre – Os primórdios – Veraneio e Lazer
AS REPRESENTAÇÕES DA CIDADE DE PELOTAS NA OBRA LITERÁRIA A VERTIGEM DE JORGE
SALIS GOULART (1925)
Mariana Couto Gonçalves (Doutoranda – Unisinos)
As cidades serviram de inspiração para diversos literatos ao longo dos séculos, na medida em que
acolhem indivíduos e suas relações sociais, comportamentos, hábitos, personagens, ruas, prédios,
praças e aspectos do cotidiano. Dessa forma, os escritores tornam-se mais livres para narrar a urbe
à sua maneira, deixando transparecer a sensibilidade e o imaginário em sua narrativa. Nesse
sentido, a presente comunicação tem como objetivo apresentar o romance A Vertigem, escrito em
1925 pelo bageense Jorge Salis Goulart, compreendendo as suas representações sobre a cidade de
Pelotas, destacando os aspectos elitistas e conservadores do autor. Ao narrar o romance do casal
Marina e Alfredo, Goulart apresenta a sua visão sobre a Princesa do Sul, servindo como fonte
histórica para o historiador a partir da discussão que cerca a literatura e a história, ampliando o
debate sobre da urbanidade pelotense.
Palavras-chave: A Vertigem, Jorge Salis Goulart, Pelotas, Literatura, Cidade
ALTERAÇÕES FÍSICO-ESPACIAIS E APROPRIAÇÃO SOCIAL NA CONSOLIDAÇÃO DO LAZER
NOTURNO NO BAIRRO CIDADE BAIXA/ PORTO ALEGRE – 1995-2015
Vanessi Reis (Doutoranda Arquitetura – UFRGS)
O bairro Cidade Baixa consolidou-se como lugar de sociabilizações noturnas, consagrando-se
espaço reconhecível em nível urbano, destacando-se de outras áreas congêneres pela apropriação
social que o caracteriza. A região estruturou-se com farto conjunto de serviços e comércios que
suprem sua população de classe média. A proximidade à Universidade Federal do Rio Grande do Sul
incentivou a instalação de Casas de Estudantes em seu território e, consequentemente, o
desenvolvimento de comércio de alimentação e lazer.O fechamento dos bares mais próximos à
Universidade, no Bairro Bom Fim, ao final da Ditadura, ocasionou uma migração do público a este
espaço. O bairro se adaptou a esta migração, entre 1985 e 1995, aumentando lentamente seus
espaços de lazer. Entre 1995 e 2005, o número de espaços cresceu fortemente, e foram
caracterizados pelo transbordamento social de seus interiores, e pela demarcação do território, em
seu exterior, pela apropriação humana, de diversos grupos. As fachadas estavam sofrendo
rompimentos à necessidade de maior interface de interação entre interior e exterior. As calçadas
foram tomadas por cadeiras, com uso semelhante ao interno; por pessoas em pé, se alimentando e
fruindo a vitalidade da rua e/ou pela ocupação em filas de espera para entrada em locais
fechados.Entre 2005 e 2015, percebe-se modificação arquitetônica para atender a demanda do
público, às calçadas. Muitos bares adaptam seus interiores aos exteriores, constituindo espaços
híbridos onde as características espaciais se fundem numa paisagem única. Esta ocupação se dá
por uma forte abertura da fachada e pelo uso de mobiliário. Em locais onde a permanência se dava
pelo público em pé, há preservação deste comportamento. Nos espaços onde a permanência era
somente por fila, houve fusão de espaços internos de mais de um bar em um único estabelecimento,
e a espera na rua é mantida, ainda que espacialmente desnecessária, para marketing local.O
presente artigo trata do desenvolvimento destas apropriações sociais e alterações físico-espaciais
que refletem na História da Cidade e do Bairro Cidade Baixa.
Palavras-chave: História Cultural; Sociabilidades; Alterações Tipológicas; Bares; Cidade Baixa.
A MUNICIPALIDADE E O GOVERNO DA CIDADE: PROPOSTA DE ESTUDO E ESCRITA
HISTORIOGRÁFICA (RECIFE, 1829-1849)
Williams Andrade de Souza (Doutorando – Unisinos)
Nesta comunicação discutiremos o percurso e os procedimentos teórico-metodológicos para a
elaboração do projeto de pesquisa que deu origem à escrita da dissertação de mestrado defendida
em 2012 no programa de pós graduação em história da Universidade Federal Rural de Pernambuco,
intitulada: “Administração, normatização e civilidade: a Câmara Municipal do Recife e o governo da
cidade (1829-1849). Apresentaremos a proposta de estudo e o resultado escriturário sobre esta
instituição e sua administração na primeira metade do XIX, que nos possibilitou pensar a
municipalidade e a governança da cidade no período em tela. Indicamos que, através da leitura e
análise de variados documentos – leis, editais, posturas municipais, atas de reuniões, artigos,
noticias de jornais, ofícios e fontes bibliográficas diversas, é possível apontar alguns indícios e sinais
–, como sugere Carlo Ginzburg, das práticas político-administrativas exercida pelas elites presentes
naquela instituição, e apontar a existência ainda de certa vitalidade e poder de influência quelhes
proporcionavam uma importâncias para além das suas funções governativas, e faziam delas
instâncias normativas e civilizacionais significativas no contexto de formação e consolidação de
Estado nacional brasileiro de então.
Palavras-chave: Municipalidade; governo da cidade; Recife; proposta de estudo; escrita
historiográfica.
ST 5 – IBERO-AMÉRICA: ESTUDOS E CONFLUÊNCIAS
Coordenador – Fernando Comiran
Sala 503 – Prédio 05
[26/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
ENTRE A METRÓPOLE E A COLÔNIA: AS RELAÇÕES COMERCIAIS SOB A ÓTICA
MANUFATUREIRA PORTUGUESA SETECENTISTA
Alex Faverzani da Luz (Doutorando – PUCRS)
Após a segunda metade do século XVIII, Portugal passa a experimentar transformações que irão
marcar a história econômica portuguesa. Em 1750, quando Sebastião José de Carvalho e Melo, o
futuro Marquês de Pombal assume a pasta ministerial do Reino, desencadeiam-se medidas de cunho
mercantilista e fiscalista, na tentativa de reprimir o tráfico ultramarino e garantir com maior eficiência
a arrecadação fiscal. Na Colônia, criam-se a Companhia do Grão Pará e Maranhão em 1755, e a
Companhia Geral de Pernambuco e da Paraíba em 1759, com vistas a assegurar o monopólio
mercantil na América Portuguesa, além de limitar a atuação de negociantes estrangeiros em solo
luso-brasileiro. Na Metrópole, fomenta-se o incentivo às manufaturas, inicialmente através dos
Estatutos da Fábrica das Sedas de 1757, em que se pretendia incentivar a produção interna e
reduzir as despesas com importações. Assim, com a pesquisa em epígrafe, busca-se enfatizar tais
medidas e características mercantis no âmbito do Império Colonial Português, bem como sua
interação comercial com a Colônia por intermédio das manufaturas criadas durante a Era Pombalina.
Palavras-chave: América Portuguesa, Metrópole, Época Pombalina, Manufaturas, relações
comerciais.
O CONGRESSO DE VIENA E OS PAÍSES IBÉRICOS: APONTAMENTOS INICIAIS PARA UMA
HISTÓRIA CRUZADA
Fernando Comiran (Doutorando – PUCRS)
O Congresso de Viena, que teve seu encontro máximo no ano de 1815, deu-se com o propósito de
reorganizar o sistema internacional após as guerras napoleônicas. E sobre isso a historiografia muito
abordou, sobretudo, dando ênfase às articulações entre as grandes potências que se encontraram
no Congresso. Não é diretamente sobre estes atores que o presente trabalho se debruça: nesta
proposta o interesse é pelos atores politicamente menores deste evento, em especial, aos países
ibéricos: Espanha Portugal. Ambos, historicamente centrais nos grandes eventos posteriores do
sistema internacional, após serem importante e decisivo palco das guerras napoleônicas, se dirigiram
à Viena como forças secundárias do novo contexto político que se inaugurava. Do mesmo modo,
tanto espanhóis como portugueses, ainda detentores de amplos territórios para “além mar”,
enfrentavam ambientes políticos instáveis em suas colônias, em especial na América, onde brotavam
os movimentos de emancipação política. O Congresso de Viena, deste modo, teve em seu espaço,
demandas específicas em relação à Espanha e Portugal e, desta forma, diretamente ligadas ao
espaço e ao contexto político sul americano. Este trabalho, visto como um exercício de
problematização do objeto de pesquisa, procura conectar os interesses da política internacional para
além das grandes potências do Congresso, articulando com os debates maiores, as demandas
espanholas e portuguesas e suas interfaces sul americanas. Por fim, o trabalha apresenta um olhar
sobre os interesses em disputa pelos países ibéricos, no contexto do Congresso de Viena, a partir de
uma história conectada. A península ibérica, a América meridional, o Caribe, algumas ilhas
atlânticas, certos enclaves africanos e, até mesmo territórios italianos estiveram, pelas mãos da
diplomacia ibérica, muito mais próximos do que se possa imaginar.
Palavras-chave: Congresso de Viena; Espanha; Portugal; América Meridional; História das Relações
Internacionais.
OPULÊNCIA PORTENHA: EMBATE POLÍTICO E CRISE NA FORMAÇÃO DA ARGENTINA
MODERNA (1880-1912)
Henrique de Aro Silva (Mestrando – UFRGS)
Em meados da última década do Século XIX, Buenos Aires torna-se epicentro de contestação
política. Em meio a um cenário de crescimento econômico, a decadência do Regime Oligárquico
ganha, então, novos elementos. O fenômeno da imigração, além de trazer na bagagem as ideias do
Socialismo e do Anarquismo, revela, também, o início de uma crise de representação que se acentua
devido ao aumento dos problemas urbanos. Na onda desse descontentamento, movimentos que vão
contra o regime oligárquico acumularam forças, como é o caso do Radicalismo. O presente artigo
objetiva compreender a contribuição dos sujeitos, ditos marginais, analisando como esses conflitos
acabaram por configurar uma nova mentalidade política. Para contemplar a análise desses discursos
aqui colocados, toma-se a obra de J.G.A. Pocock, no que tange sua análise das linguagens e
discursos políticos, por natureza, ambivalentes. Também se faz necessário ressaltar a análise de
Beatriz Sarlo e Pierre Bourdieu, no que diz respeito à configuração de Buenos Aires como centro de
uma sociedade fundada na cultura de mescla, juntamente ao que diz respeito às concepções de
capital cultural e da violência simbólica, em relação à relevância da Cultura Política Marginal,
proveniente dos conventillos portenhos, que, somada aos citados acontecimentos, ajudou a
caracterizar um cenário de embate ideológico, que ainda contaria com novos elementos, como a
Huelga de Inquilinos de 1907.
Palavras-chave: Buenos Aires, Cultura Política, conventillos.
A CONSTRUÇÃO DO CÂNONE LITERÁRIO ARGENTINO NO INÍCIO DO SÉCULO XX: UMA
HISTÓRIA DE DISPUTAS E SILENCIAMENTOS EM NOME DA NARRATIVA NACIONAL
Ivia Minelli (Doutoranda – Unicamp)
A proposta dessa comunicação é analisar um momento da história argentina em que os embates
pela canonização literária coincidem com um novo momento político e cultural, frente às questões
modernistas da virada do século XIX para o XX. As novas articulações do período favoreceram a
proliferação da literatura criollista, sendo que a herança da voz gaucha perfilava como voz popular e,
por isso, teria sido silenciada por um campo intelectual deflagrador dos dispositivos culturais. Assim,
torna-se importante construir um diálogo crítico entre produção gauchesca e articulações da elite
intelectual, resgatando as particularidades dos folletos gauchescos e das revistas criollas frente aos
discursos modernos em consolidação nas proximidades do Centenário de independência do país.
Palavras-chave: Argentina, Centenário, cânone literário, literatura criollista
ELEMENTOS NATURAIS NOS RELATOS DE VIAJANTES: REFLEXÕES PARA A FRONTEIRA
PLATINA E A FORMAÇÃO DOS ESTADOS NACIONAIS
João Davi Oliveira Minuzzi (Mestrando – UFSM)
O território brasileiro foi explorado por inúmeros viajantes europeus nos primeiros anos do século
XIX. Durante essas viagens foram criados relatos diversos que nos permitiram pesquisar sobre
temas variados sobre o período. Muito utilizados pela historiografia, os relatos dos viajantes não
deixaram de influenciar no pensamento e na construção de ideias sobre o Brasil, mesmo porque
estes viajantes traziam um olhar diferente e acabavam encontrando outras formas de pensar,
servindo assim como receptores e dispersores de pensamentos sobre o território percorrido. A
influência de seus escritos perpassa assim o período em que viveram, porque ao serem apropriados
nos estudos historiográficos acabaram influenciando no passado mais recente e no presente.
Neste trabalho procurarei discutir como esta fonte pode ser utilizada para compreendermos melhor o
período e, especialmente, refletirmos o processo de formação dos Estados Nacionais e suas
identidades a partir dos elementos naturais que compõem os espaços fronteiriços. Considerando que
a natureza é apropriada e por vezes serve como justificativa a ideias indenitárias e nacionalistas. O
recorte espacial deste trabalho se dá sobre as regiões do bioma pampa percorridas por viajantes do
início do século XIX, sendo parte importante da zona platina que neste contexto estava passando por
um processo de criação e efetivação de vários projetos de Estados Nacionais.
Palavras-chave: Relatos de Viajantes; História Ambiental; Pampa; Fronteira; Estados Nacionais.
O TERRITÓRIO COMO BASE DAS RELAÇÕES SOCIAIS DE PODER: ALGUMAS REFLEXÕES
Pablo Rodrigues Dobke (Doutorando – UFSM)
Michele de Oliveira Casali (Graduanda – UFSM)
Esta comunicação visa ampliar a reflexão acerca do território como um lugar de poder a partir das
relações sociais. Para tanto, nos deteremos a um exame de obras bibliográficas que nos auxiliem a
repensar esta categoria de análise visando os distintos projetos de pesquisa dos autores, sendo
estes vinculados ao projeto “História da América Platina e os processos de construção e
consolidação dos Estados Nacionais do século XIX e início do século XX”, coordenado pela Prof.ª
Dr.ª Maria Medianeira Padoin, estando ainda integrado ao Grupo de Pesquisa CNPq/UFSM “História
Platina: sociedade, poder e instituições” e ao Comitê “História, Regiões e Fronteiras” da Asociación
de Universidades del Grupo Montevideo (AUGM). Assim, este trabalho refere-se à pesquisa de
Doutorado desenvolvida na Linha de Pesquisa “Sociedade, Fronteira e Politica” do Programa de PósGraduação em História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e integrado com atividades
de pesquisa de iniciação científica com bolsa PIBIC/UFSM/CNPq.
Palavras-chave: Território, Relações sociais de poder, História Platina.
A ÉTICA E A MORAL RODONIANA PARA A AMÉRICA LATINA
Renata Baldin Maciel (Doutoranda – UFSM)
José Enrique Rodó (1871-1917)foi um intelectual uruguaio que problematizou a situação da América
Latina na civilização ocidental especialmente em Ariel (1900), sua obra mais conhecida. Nesse
sentido, pode-se dizer que os modelos de civilização constituídos pela tríade América Latina –
Estados Unidos – Europa, o emprego das personagens de W. Shakespeare como arquétipos em
termos humanos, utilizados para se pensar a civilização ocidental, a rejeição ao espírito utilitário cuja
principal encarnação seria os Estados Unidos, as críticas à democracia de sua época, o apelo à
juventude, a ideia de progresso, a defesa da tradição de raça e o apresso aos valores da Grécia
Clássica e do Cristianismo constituem a expressão máxima da sua filosofia da história. Dessa forma,
o objetivo desse artigo é expor os componentes éticos e morais de sua narrativa histórica que
demonstram seu empenho em consolidar um lugar para América Latina no mundo Ocidental. Em sua
perspectiva progressista, a juventude seria a responsável pela evolução e pelo aperfeiçoamento dos
valores da sociedade enquanto que a tríade América Latina – Estados Unidos -Europa representaria
o núcleo da formação identitária denominada “Euro-Latino-América”. Esses, por sua vez, podem ser
considerados os pontos de partida para compreensão da problemática moral “do que devemos
fazer?” e ética “do Por que devemos?” enquanto latino-americanos.
Palavras-chave: História das Ideias. José Enrique Rodó. Ética. Moral. América Latina.
NOTAS SOBRE OS USOS DO BRASIL NA REFLEXÃO DA “GERAÇÃO DE 70” PORTUGUESA
Rômulo de Jesus Farias Brito (Doutorando – PUCRS)
Nesta comunicação, pretende-se apresentar e analisar certas reflexões realizadas por intelectuais
ligados à chamada “geração de 70” portuguesa, que empregaram de alguma forma o Brasil em suas
argumentações durante análises sobre a sociedade de Portugal ao final do século XIX. As obras
específicas em estudo se referem a um trecho do segundo discurso proferido por Antero de Quental
nas Conferências do Casino (1871), a um segmento da edição de fevereiro da publicação mensal As
Farpas, de Eça de Queiroz (1872) e a um conjunto de caricaturas produzidas por Raphael Bordallo
Pinheiro entre 1889 e 1890 no periódico Pontos nos II. O grupo ao qual estavam alinhados estes
autores visava uma transformação política e cultural em Portugal através da livre discussão de
ideias. Apesar das diferentes conexões estabelecidas entre os dois países nos referidos
documentos, todas encontravam como eixo o passado comum das duas nações e se inseriam em
uma concepção de temporalidade dominante nas interpretações sobre as nações ao final do
Oitocentos. Através de sua análise, pretende-se demonstrar a permanência do Brasil no escopo de
intelectuais portugueses, mesmo após a emancipação política, e elucidar as formas com que o país
foi empregado nas ponderações sobre várias esferas da sociedade portuguesa.
Palavras-chave: História de Portugal, Intelectuais, Relações Luso-Brasileiras, Identidade Nacional
ST 6 – ESTADOS UNIDOS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Coordenador – Kellen Bammann
Sala 307 – Prédio 03
[26/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
POR QUEM ELE LUTOU? REPRESENTAÇÕES DO HERÓI NA REVISTA CAPTAIN AMERICA
COMICS (1941 – 1943)
Gustavo Silveira Ribeiro (Pós-graduando – IFSul)
Este texto é um recorte do meu trabalho de conclusão de curso em que analisei as representações
sobre a política estadunidense nas revistas em quadrinhos do Capitão América, publicadas pela
editora Timley nos Estados Unidos entre 1941 e 1943. Foram analisados vinte e dois números, como
os quadrinhos são uma fonte relativamente nova na pesquisa em história foi necessário criar uma
metodologia de análise. Para isso, recorri a quadrinistas que escreveram sobre quadrinhos como Will
Eisner e Rubén Varillas e, também, a autores pautados nos estudos culturais. Durante a pesquisa
entendeu-se que, apesar de se tratar de um personagem de histórias ficcionais, enquanto uma
representação daquilo que era considerado o ideal de herói naquele momento, podemos
compreender pela sua análise os valores e condutas associados a masculinidade. As mídias em
geral e, portanto, os quadrinhos, fornecem representações daquilo que as pessoas poderão utilizar
para moldar suas identidades, seu senso de mundo e aprendem a dividir o “nós e o “eles”. Assim, as
histórias do Capitão América não continham apenas representações sobre a política estadunidense
que objetivavam influenciar a opinião política de seus leitores. Elas continham, também,
representações culturais sobre as masculinidades de seu tempo, sendo seu maior expoente o herói
que dava nome a revista: o Capitão América.
Palavras-chave: História, quadrinhos, política, mídias, cultura.
OS ANOS 1950 NA VITRINE: CONSUMO E MODERNIDADE NO BRASIL
Kellen Bammann (Doutoranda – PUCRS)
O presente trabalho intitulado “Os anos 1950 na vitrine: consumo e modernidade no Brasil” faz parte
da pesquisa que esta sendo desenvolvida para a tese de doutorado junto ao Programa de PósGraduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS. O trabalho tem como
tema as campanhas publicitárias veiculadas nos dois periódicos de maior circulação e vendagem
nacional durante a década de 1950 no Brasil: O Cruzeiro e Manchete. O objetivo do trabalho é
analisar as peças publicitárias veiculadas por grandes anunciantes nacionais e estrangeiros
presentes nas páginas dos periódicos como espaços de oferta de produtos de consumo. Produtos
estes que inundam o país nos anos após o término da Segunda Guerra Mundial. Desse modo,
defende-se que as páginas dos dois referidos periódicos tem o papel de apresentar e divulgar os
diversos produtos ditos modernos para os consumidores brasileiros. Ao folhear as páginas de O
Cruzeiro e Manchete o leitor-consumidor passava a contemplar as peças publicitárias como modelos
de modernidade a serem copiados. Neste sentido, compreende-se a as campanhas publicitárias
veiculadas nas páginas das duas revistas brasileiras como vitrines da modernidade a ser consumida
e reproduzida. Desta forma, a análise procura expor o papel dos anúncios publicitários como vitrines
da modernidade que invade o Brasil a partir dos anos iniciais da década de 1950.
Palavras-chave: Brasil – Consumo – História do consumo – 1950
A INTERAÇÃO DE UM CONVÍVIO: “AMERICAN WAY OF LIFE”, BOA VIZINHANÇA E NOVOS
COSTUMES NA FORTALEZA DA DÉCADA DE 1940.
Reverson Nascimento Paula (Mestrando – UECE)
Neste trabalho pretendemos compreender o processo de intensificação da influência norteamericana nos costumes das classes abastadas fortalezenses no período de 1942 a 1945, durante a
Segunda Guerra Mundial. O recorte temporal se justifica, respectivamente, através do ano de
instalação das bases militares norte-americanas e do fechamento das mesmas, período que
compreendemos como apogeu do processo de influência estadunidense em terras alencarinas,
tendo em vista a convivência entre soldados norte-americanos e parte da população fortalezense.
Assim, pretendemos refletir sobre as transformações das relações sociais e das práticas culturais
das classes abastadas fortalezenses, levando em consideração as contradições deste dicotômico
processo. Através do cruzamento de fontes como os anuários, os livros de memórias e os periódicos
(O Nordeste, O Povo e o Unitário), tentaremos compreender este processo levando em consideração
o lugar social (CERTEAU, 1982) dos responsáveis pela produção das fontes que elegemos. Assim,
nossa pesquisa se torna um campo fértil para discussões em torno de conceitos como processo
civilizador (ELIAS, 2011), táticas e estratégias (CERTEAU, 1994) e tradução cultural (BURKE, 2009).
Nosso objeto ganha relevância na problematização do cotidiano através do desenvolvimento das
transformações das relações sociais e das práticas culturais existentes. Discutiremos em um primeiro
momento a aproximação entre Brasil e Estados Unidos no contexto deste conflito, passando pela
participação do Brasil ao lado dos aliados, da instalação de bases norte-americanas em Fortaleza, do
convivo com os soldados estadunidenses e da incorporação de costumes norte-americanos. Em um
segundo momento, analisaremos como estes acontecimentos, juntamente com o “American Way of
Life” e a Política de Boa Vizinhança permitiram a solidificação desta influência cultural estadunidense
em Fortaleza, assim influenciando o vestuário, a alimentação, o idioma e os utensílios utilizados por
esses setores de maior poder econômico.
Palavras-chave: Segunda Guerra. Estados Unidos. Influência. Cotidiano. Fortaleza.
ENTRE O AMERICAN WAY OF LIFE E O ANTICOMUNISMO: ESPECTROS DA PRODUÇÃO
CULTURAL DO ICBNA EM PORTO ALEGRE/RS (1950 – 1985)
Rodrigo Vieira Pinnow (Doutorando – Unisinos)
Durante o pós-guerra, os Estados Unidos utilizou diversas estratégias para conter o comunismo na
América Latina. Dentre elas, houve a expansão dos centros binacionais espalhados pelo continente
latino-americano, chancelados pela embaixada dos Estados Unidos, com interação entre as elites
intelectuais dos países e os respectivos representantes estadunidenses. Esses centros possuíam
canais diretos com as embaixadas norte-americanas, tornando-se respectivamente difusores do
American Way of Life. As elites que fundaram os centros binacionais no Brasil e nos demais países
da América Latina possuíam interesses bem definidos quanto à aproximação com as respectivas
instituições, em função das oportunidades que surgiam, tais como: cursos de inglês, intercâmbios,
bolsas de estudo, exposições e apresentações artísticas. Nesse sentido, a presente comunicação
tem como objetivo apresentar os espectros da cultura estadunidense na cidade de Porto Alegre
através das fontes do Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano (ICBNA) entre 1950 e 1985.
Dessa forma, busca-se evidenciar que boa parte da historiografia sobre o período citado não
consideram as relações entre as elites latino-americanas, centros binacionais, embaixadas e seus
agentes como parte da estratégia de influência cultural e ideológica no que se convencionou chamar
de Guerra Fria.
Palavras-chave: América Latina, American Way Of Life, Centros Binacionais, Estados Unidos, Guerra
Fria.
OS DIREITOS HUMANOS COMO A ALMA DA POLÍTICA EXTERNA: JIMMY CARTER E A
DIPLOMACIA AMERICANA PARA O CHILE
Waldemar Dalenogare Neto (Mestrando – PUCRS)
Este trabalho visa abordar como o presidente americano Jimmy Carter (1977-1981) reorganizou seu
corpo diplomático e abdicou da realpolitik de Henry Kissinger empregada nos governos de Nixon e
Ford para colocar a luta pelos direitos humanos como base principal de sua política externa. Com
base na documentação liberada em 2013 pelo Departamento de Estado norte-americano, busco
apresentar como os Estados Unidos deixaram de apoiar cegamente a ditadura comandada pelo
General Augusto Pinochet para exercer uma forte pressão pelo fechamento da DINA – agência de
inteligência que era o instrumento de terrorismo de Estado do Chile – e efetivou duras sanções
econômicas após Pinochet não se comprometer em seguir acordos firmados na ONU para diminuir
consideravelmente as acusações de violações dos direitos humanos.
Palavras-chave: Política externa; História dos Estados Unidos; Relações Internacionais; Ditaduras;
ST 7 – HISTÓRIA E EDUCAÇÃO
Coordenadores – Débora Soares Karpowicz e Wanessa Tag Wendt
Sala 323 – Prédio 03
[27/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
A FOTOGRAFIA DAS PICHAÇÕES NAS PAREDES DO COLÉGIO ESTADUAL SENADOR ALBERTO
PASQUALINI: SENSIBILIDADES PARA UMA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
Célia Margela Arnold (Mestranda – Unilasalle)
A pesquisa intitulada, A fotografia das pichações nas paredes do Colégio Estadual Senador Alberto
Pasqualini: sensibilidades para uma educação patrimonial, está inserida na linha de pesquisa
Memória, Cultura e Identidade do Mestrado Profissional em Memória Social e Bens Culturais da
Universidade La Salle. Objetiva dar visibilidade a uma das mais importantes construções destinadas
ao ensino público, localizada na cidade de Novo Hamburgo, e que em 2003 foi integrada ao
Patrimônio Cultural e Histórico do RioGrande do Sul. Construída em estilo Art Déco no final da
década de 1920, diferencia-se das demais formas arquitetônicas, trazendo marcas de outra cultura,
fazendo com que desperte nos alunos uma relação de estranhamento entre culturas, e também, do
passado com o presente. Nas últimas décadas o prédio e sua vasta área têm sofrido com as
precárias condições de preservação e o crescente descaso das autoridades públicas. As
inquietações da pesquisadora, Célia Margela Arnold, para essa dissertação foi perceber que durante
as saídas com a máquina fotográfica ao espaço do colégio revelou, além do esquecimento, um
diálogo entre alunos e instituição, através das pichações, e pensar em educação patrimonial
vinculada a pichação, se tornou um desafio. Partimos das pichações nas paredes do colégio para
questionar as maneiras como a comunidade escolar se relaciona com os espaços e as memórias
desse lugar. Constatamos que a linguagem das pichações nas paredes revela uma maneira muito
particular de envolvimento dos alunos com o prédio. Nesse sentido, a pesquisa teve como objetivo
geral, sensibilizar os alunos participantes da pesquisa, que por meio de seus olhares, que através
de suas fotografias adquiriram uma conscientização para preservação dessa instituição, criando um
sentimento de pertencimento. Como produto final, uma das exigências do mestrado, será feito uma
exposição das fotografias produzidas pelos alunos participantes do projeto.
Palavras-chave: Lugares de memória, Educação patrimonial, Sensibilidades, Fotografia, Pichações.
RETRATOS DE ESCOLA: UMA ANÁLISE DOS RITUAIS DE FORMATURA DA ESCOLA TÉCNICA
COMERCIAL DO COLÉGIO FARROUPILHA DE PORTO ALEGRE/RS ENTRE OS ANOS DE 1968 E
1969
Eduardo Cristiano Hass da Silva (Mestrando – PUCRS)
Bárbara Virgínia Groff da Silva (Mestranda – Educação – PUCRS)
A pesquisa a ser apresentada analisa o ritual de formatura dos técnicos em contabilidade formados
pela Escola Técnica de Comércio do Colégio Farroupilha de Porto Alegre/RS, a partir do estudo das
cerimônias dos anos de 1968 e 1969. As fontes utilizadas encontram-se salvaguardadas no Memorial
do Colégio Farroupilha, espaço destinado à preservação e à divulgação das histórias e memórias da
instituição, bem como para pesquisas relacionadas à História da Educação. A escola, além de um
espaço de ensino e aprendizagem, é um rico objeto de estudo para o historiador, pois se configura
de distintas maneiras ao longo do tempo. Dessa forma, a partir dos vestígios encontrados na própria
instituição (e guardados por aqueles que lá passaram) conjuntamente com as memórias de quem
conviveu naquele ambiente, é possível pesquisar e escrever sobre um espaço de sociabilidade que
cada vez mais compõe as trajetórias de diversos sujeitos. O ritual escolar aqui analisado é um
momento importante tanto para a escola quanto para os discentes, pois marca a passagem da
condição de aluno para a condição de profissional, preparado para reingressar na sociedade (agora
como técnico em contabilidade) e conseguir um emprego na área. A partir dos convites, fotografias e
Relatórios Escolares da Escola Técnica de Comércio foi possível analisar elementos como a
constituição da turma de formandos, professores homenageados e paraninfos, bem como os objetos,
símbolos e etapas (diploma, juramento, beca, mesa de autoridades, entre outros) que compõem a
cerimônia de formatura e o ritual de despedida com relação à escola dos novos contabilistas.
Palavras-chave: História da Educação, Ensino Técnico Comercial no Rio Grande do Sul, Ritual de
Formatura, Colégio Farroupilha de Porto Alegre/RS
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: UM CAMINHO PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA NA QUARTA
COLÔNIA DO RS
Elaine Binotto Fagan (Mestre – EEEB João XXXIII)
O meio mais eficaz de garantir a defesa do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de uma região é
pela Educação. Nesse sentido, foram e estão sendo realizados programas e projetos de Educação
Patrimonial na região Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul, nas escolas
públicas municipais e estaduais, com caráter interdisciplinar. A chamada “Quarta Colônia de
Imigração Italiana” integra atualmente os seguintes municípios: Ivorá, Silveira Martins, Pinhal
Grande, Nova Palma, Faxinal do Soturno, Dona Francisca, São João do Polêsine, Agudo e Restinga
Seca. Este trabalho tem por objetivo destacar a importância da Educação Patrimonial no processo
educacional como um espaço privilegiado para a discussão de novos conceitos relacionados ao
exercício da cidadania, melhoria da qualidade de vida, direito de conhecer o passado e a memória de
cada povo, sua pluralidade cultural, a valorização dos bens culturais , defesa do meio ambiente,
promovendo, assim, políticas preservacionistas do Patrimônio Cultural e Natural da Quarta Colônia
de Imigração Italiana do RS. Nesta comunicação será apresentado o livro paradidático “Quarta
Colônia: Terra, Gente e História” resultado da pesquisa desenvolvida no programa de PósGraduação em Patrimônio Cultural – Mestrado Profissional /UFSM e das viagens realizadas pelos
alunos da Escola Estadual de Educação Básica João XXIII de São João do Polêsine em pontos
históricos e turísticos da Quarta Colônia como professora de História, Filosofia e Sociologia. Esse
livro busca suprir a carência de material didático sobre o Patrimônio Cultural e Natural da Quarta
Colônia. Este material apresenta, de forma didática, a história da imigração italiana no Brasil,tendo
como personagens principais uma menina (Isabela) que ao encontrar um baú repleto de objetos
sente-se tomada pela curiosidade de entender qual o significado e importância daquele material
amarelado, envelhecido pelo tempo. Neste momento aparece o avô (Francesco) que fará parte
destas novas descobertas e, juntos, irão buscar/ encontrar respostas para os inúmeros
questionamentos.
Palavras-chave: Educação Patrimonial, Quarta Colônia, Imigração, História, Cidadania
HISTORIOGRAFIA E NARRATIVAS DIDÁTICAS: SILENCIAMENTOS SOBRE OS POVOS INDÍGENAS
NA HISTÓRIA DO BRASIL
Felipe Nunes Nobre (Mestrando – UFPel)
Este trabalho é um recorte de uma pesquisa mais ampla que versa sobre as representações sobre
os povos indígenas na História do Brasil na coleção didática Projeto Araribá (Editora Moderna). A
escolha de se analisar essa coleção justifica-se por ela ter sido a distribuída em maior quantidade
pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) nos ciclos 2008 e 2011. Nesse momento, visamos
discutir as relações entre a historiografia acadêmica e sua repercussão nos livros didáticos a partir da
problematização sobre a visibilidade e os silenciamentos a respeito dos povos indígenas na narrativa
da história nacional desta coleção. Para tanto, buscamos confrontar parte do referencial bibliográfico
citado pela coleção, principalmente a coletânea “História dos índios no Brasil”, organizada por
Manuela Carneiro da Cunha, e “Negros da terra”, de John Manuel Monteiro, com seu conteúdo
efetivo. Com isso, pretendemos identificar qual o reflexo desta bibliografia na obra. Assim, será
possível avaliar a escala entre o que se conhece e o que se narra, se existe ou não uma
invisibilização desses grupos na narrativa didática. Ao final do estudo, fica evidente que a história da
construção do país, em termos econômicos, culturais e territoriais, desde o século XVI até a
atualidade, está intimamente imbricada com a história das relações interétnicas estabelecidas ao
longo desse processo. Entretanto, essas considerações têm pouquíssima ressonância na narrativa
da coleção didática que, quando insere os nativos, geralmente o faz de forma muito superficial,
destinando-lhes invariavelmente papeis secundários. Entendemos, pois, esse contraste entre as
informações disponíveis e a narrativa construída como fruto das escolhas dos autores/editores da
obra, e não necessariamente como um desconhecimento da temática por parte deles, como
sugeriram outros pesquisadores.
Palavras-chave: Ensino de História; Temática Indígena; Livro didático; Projeto Araribá; História
Indígena.
HISTORICIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: O TRABALHO DOCENTE E AS QUESTÕES
DE EDUCAÇÃO E SAÚDE
Jordana Wruck Timm (Doutoranda – PUCRS – Educação)
Atualmente, a saúde do professor vem sendo alvo de discussões. A profissão que forma todas as
demais profissões não tem sido valorizada e reconhecida como deveria. As demandas de trabalhos
estão cada vez maiores e o salário não acompanha esse aumento das atividades, além de muitos
outros fatores estressores que acometem esses profissionais. Pensando nisso e pelo interesse em
pesquisar sobre o ensino superior, é que o presente texto teve seu início, onde se buscou fazer um
traçado histórico até o tempo presente, buscando compreender como surgiram as primeiras
universidades e o momento em que começou a se ter uma preocupação com a saúde docente. O
mesmo teve por objetivo reconhecer como e quando foram criadas as primeiras instituições de
ensino superior; investigar como se dava a contratação docente e como repercutia seu trabalho
naquele contexto; analisar como se dava a atuação desses docentes, seus direitos e deveres
enquanto profissionais da educação, dialogando com questões relacionadas à saúde dos mesmos. O
método utilizado consiste em um texto de revisão de literatura, com utilização de obras reconhecidas
nessa área de investigação e, também, de textos discutidos na disciplina “Educação Brasileira”
(Doutorado em Educação-PUCRS-2014/1). Surgiram, também, questões sobre autonomia
universitária e qualidade do ensino superior no desenvolvimento do texto. Concluiu-se que as
universidades no Brasil foram criadas tardiamente, se comparado a outros países. Sobre a saúde
docente as discussões são mais atuais, mas indagações surgiram com o desenrolar da pesquisa. No
entanto, é possível perceber que desde o início fatores estressores podem ter existido, mas que com
o passar dos anos parecem ter aumentado, já que as demandas de atividades também foram se
elevando.
Palavras-chave: Historicização; Ensino Superior no Brasil; Saúde docente; Profissão professor;
Educação.
ALFABETIZAÇÃO E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: UMA PROPOSTA POSSÍVEL
Leonardo Rocha de Almeida (Mestre – Unisinos)
Eduardo Othon Pires Rodrigues (Licenciado Ciências Sociais – UERR)
A Educação Patrimonial é um processo dinâmico de trabalho educacional centrado no patrimônio
cultural e pessoal como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo,
considera a historicidade e o contato direto com as manifestações de cultura em todos os seus
aspectos e significados. Esta produção versa sobre as possibilidades de trabalho interdisciplinar com
turmas de Educação Infantil, envolvendo a Educação Patrimonial e alfabetização. A proposta é um
estudo de caso que analisa práticas desenvolvidas no período de um semestre, junto a crianças na
faixa etária de 5 anos da Pré-Escola II, de uma escola municipal, localizada na zona rural da Região
Metropolitana de Porto Alegre - RS. Para o embasamento das atividades desenvolvidas foram feitas
relações com o referencial teórico de Gabriel de Andrade Junqueira Filho. Nestes termos, a utilização
de um personagem fictício e a elaboração de um diário de suas memórias, durante o período de
desenvolvimento do projeto, foi de fundamental importância para despertar o interesse das crianças
e envolvê-las na construção de um patrimônio coletivo. Como resultado deste trabalho percebeu-se o
desenvolvimento do interesse dos alunos pela língua escrita e pela historicidade durante a
contextualização das atividades, além de maior cooperação das famílias no decorrer do projeto.
Palavras-chave: Alfabetização; História; Educação Patrimonial; Educação Infantil.
O PROJETO ESTATAL DE ENSINO DE HISTÓRIA NA ERA VARGAS: UM ESTUDO DOS MANUAIS
DIDÁTICOS
Wanessa Tag Wendt (Mestranda – PUCRS)
Discutir a função atribuída à História no modelo de ensino secundário brasileiro implantado nos anos
Vargas é o objetivo desta comunicação. Para isso, definiremos o modelo e as diretrizes para o
ensino da disciplina na escola secundária brasileira, expressos pelas reformas então propostas pelo
Ministério da Educação. Além disso, serão também evidenciadas a formação e as funções da
Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD), criada em 1938. As reformas do ensino secundário de
e o estabelecimento de regras legais para elaboração e circulação de livros didáticos contribuíram no
processo de centralização e definição de um currículo unitário para a escola secundária brasileira, já
que eram partes integrantes do processo de implantação de um modelo de Estado-nação, conforme
pretendemos demonstrar a seguir. Para isso, utilizamos os textos legais das reformas, suas
instruções metodológicas e pedagógicas e os programas aprovados pelo governo para o ensino de
História. Por meio deste material e da revisão de literatura sobre o tema poderemos compreender as
diretrizes para o ensino da matéria e sua utilização no projeto político varguista. A análise deste
material só tem sentido quando em perspectiva do seu contexto (ABUD, 1993; 163). Neste sentido,
considerando-se que a construção do Estado nacional é um processo contínuo, deve-se observar
que há singularidades nas ações implementadas na concretização deste processo em cada
momento histórico (GOMES, 1999; 20), traduzidas nas questões das políticas implantadas no
momento. Ao contrário dos períodos anteriores, a Era Vargas se caracterizou pela intervenção direta
do Estado na definição e condução de uma política educacional, inclusive controlando a produção e
a circulação dos livros didáticos que naquele momento se constituíam na “[...] principal fonte de
estudo, o elemento predominante e muitas vezes determinante do processo de ensino” (FONSECA,
2003; 49). Nesse contexto, a disciplina de história adquiriu papel de destaque no projeto
governamental de construção da nação e de formação do cidadão e bem como os manuais didáticos
produzidos.
Palavras-chave: Manuais didáticos – Era Vargas – ensino de História - nação
ST 8 – HISTORIOGRAFIA E HISTÓRIA DAS IDEIAS
Coordenadores – Rafael Reigada Botton e Priscila Weber
Sala 323 – Prédio 03
[26/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
O HISTORIADOR NA ESCRITA DE HISTÓRIA: UMA ANÁLISE DA EGO-HISTÓRIA
Aline de Almeida Moura (Doutoranda – PUCRJ)
A reconfiguração na área da História na contemporaneidade se funda, entre outras questões, em
discussões sobre o método utilizado para se produzir os conhecimentos. A análise das fontes para
se chegar a uma síntese sobre as questões já não é mais aceita como válida de forma geral. A busca
por explicações de cunho estrutural se mostrou ineficaz para a escrita da História por ser entendida
como simplificadora da(s) realidade(s). Nesse âmbito, Pierre Nora sugere a diversos historiadores
profissionais a escrita do que se chama de ego-história. A sua proposta era que os historiadores
usassem os seus próprios métodos para falar de si, como se estivessem falando de outra pessoa,
numa clara intenção de que tratassem das suas subjetividades. A partir dos relatos obtidos, foi
lançado o livro Ensaios de ego-história (1989). É óbvio que tal empreitada teria problemas: Nora fica
espantado com “certa timidez perante o exercício proposto (...) a decisão não deixou de ter
hesitações, nem reticências, nem inquietação, sem cepticismo quanto ao resultado” (NORA, 1989, p.
359-360). O historiador, ao ter pretensões científicas de neutralidade, objetividade e imparcialidade, e
mesmo sabendo da interferência de sua subjetividade na sua escrita e seleção de dados, não é
encorajado a se posicionar em primeira pessoa. Dessa forma, o objetivo dessa apresentação é
analisar essa proposta de Pierre Nora e suas possíveis contribuições para a História enquanto
disciplina.
Palavras-chave: Historiografia; Ego-história; Epistemologia; Teoria da História.
OS DESAFIOS TEÓRICOS NA ESCRITA DA HISTÓRIA DA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA
CONTEMPORÂNEA
Daniel da Silva Becker (Mestrando – PUCRS)
O objetivo desta comunicação é realizar uma breve discussão sobre os desafios teóricos e
igualmente metodológicos lançados a todo o historiógrafo interessado em pesquisar e repensar a
história da historiografia brasileira contemporânea, em especial a produção historiográfica nacional
durante os anos de 1980. Explorar essa vertente de discussão me parece fundamental em nosso
atual contexto historiográfico, marcado por uma produção e um interesse renovado em áreas que os
nossos historiadores costumam chamar de "historiografia”, “teoria e metodologia da história" ou
simplesmente “teoria da história”. Este interesse renovado nos leva diretamente a pensar as práticas
e as tradições sob as quais a disciplina histórica se desenvolveu no Brasil e, sobretudo, sobre o
modo como a história escrita tem sido produzida, analisada e imaginada pelos historiadores
brasileiros desde, pelo menos, a institucionalização dos Programas de Pós-Graduação em história, a
partir da década de 1970. Nesta comunicação, no entanto, me concentro em dois eixos que
considero centrais para se repensar os desafios de escrita de uma história da historiografia brasileira
concentrada no exame das suas tendências contemporâneas: (1) as dificuldades de definição do
escopo da história da historiografia enquanto especialidade ou área de estudos da historiografia
dentro da disciplina histórica e (2) a carência de estudos mais aprofundados e detalhados a respeito
das características, tendências e práticas da história acadêmica escrita no Brasil durante a década
de 1980.
Palavras-chave: Historiografia brasileira contemporânea; história da historiografia; teoria da
historiografia; teoria histórica; crítica historiográfica.
ASPECTOS DA TEORIA DA HISTÓRIA EM WALTER BENJAMIN
Erick Vargas da Silva (Mestrando – UFRGS)
Neste trabalho iremos buscar apontar alguns dos principais aspectos da teoria da história elaborada
pelo filósofo alemão Walter Benjamin e sua contribuição para refletir o ofício do historiador. Um dos
pensadores mais importantes do século XX, sua produção teórica não é de fácil assimilação e
enquadramento, era dotado de uma visão nitidamente antidogmática do marxismo, que se colocava
na contracorrente do discurso triunfante em seu período. Nesta análise nos deteremos nos aspectos
relacionados à sua concepção de temporalidade oposta à noção de “progresso”; a “história dos
vencidos” em oposição as narrativas dos “vencedores” e seu caráter eminentemente transformador
para uma noção histórica. Buscaremos demonstrar de que forma o aporte teórico crítico elaborado
pelo pensamento benjaminiano pode ser um fecundo aporte para um renovado esforço analítico para
a teoria da História.
Palavras-chave: Teoria da História - Historiografia – Filosofia da História
CIÊNCIAS, REVOLUÇÕES E RESISTÊNCIAS: AS DISPUTAS INTELECTUAIS SOBRE O DIREITO
PUNITIVO
Helmano de Andrade Ramos (Doutorando – PUCRS)
O objetivo do trabalho é lançar um olhar reflexivo, sobre o pensamento teórico europeu, em sua
dupla relação, de convergência e divergência, aqui entendida como opostos e complementares, no
que se refere à transformação nas ideias e práticas punitivas modernas. Ao que diante das
tendências e conforme o contexto, permite além do confronto teórico, sobre teologia, filosofias e
história das ciências, do direito e da psicologia, atravessar pelo método genealógico a produção do
seu sequenciamento e desse acessar da modernidade punitiva à contemporaneidade
carcerária.Permitindo-se fazer referência às diversas teorias, que de forma cada vez mais direta se
debruçam sobre o saber punitivo, seguindo-se do direito natural, ao idealismo alemão,
experimentalismo inglês, romantismo francês, direito italiano, anarquismo, darwinismo social e
psiquiatria, na procura de evidenciar interpretações bilaterais, que visam se tornarem expressões
intelectuais da época.Daí a importância em se utilizar o método genealógico proposto em Nietsche
(2011) e renovado em Foucault (2007), ao perceber a universalização carcerária, ou forma punitiva
moderna. E que se torna aqui interessante, se observadas no sentido do amalgamento entre sua
transformação práticas e o foco nos embates teóricos.Iniciados pela oposição entre o direito natural e
o idealismo alemão, cujo debate, aproxima o experimentalismo inglês do segundo, na proporção que
o distancia do primeiro. E que por sua vez é fonte para o romantismo francês, cujo ideal de liberdade
e igualdade, permite ao direito italiano, a formação do conceito de delinquente, como seu oposto e
complementar, legitimando a coação da massa emergente ao experimento panóptico. Para
finalmente iniciar o que se entende como modernidade prisional, fundada no cárcere, mas também
nas perseguições aos anarquistas e materialistas históricos, que em suas disputas internas, se
tornam presas do darwinismo social e da biologia cerebral, que como espírito da época, evolui do
utilitarismo e da psicologia do direito ao conceito de psicopata.
Palavras-chave: História das Ideias, Conceitos e Contextos Punitivos.
HISTORIOGRAFIA E REGIÃO: J. DE FIGUEIREDO FILHO E A CONSTRUÇÃO DO CARIRI
CEARENSE (1954-1973)
Hildebrando Maciel Alves (Mestrando – UFRGS)
O presente trabalho procura compreender o papel da historiografia - entendendo-a como uma
produção escrita que elucida as relações entre passado, presente e futuro - na construção de uma
região durante a segunda metade do século XX. Para tal fim, procura-se analisar a coletânea História
do Cariri (1964-1968), de José Alves de Figueiredo Filho (1904-1973). Figueiredo Filho nasceu na
cidade do Crato, localizada no sul do Ceará, e foi considerado um dos maiores intelectuais de sua
região, o Cariri Cearense. Sua relevância pode ser apontada a partir de sua posição contínua na
presidência do Instituto Cultural do Cariri durante mais de 15 anos – assumiu a presidência no ano
de 1954 e só a deixou em 1973, no ano de sua morte.Considerada uma região que tem como
características a religiosidade, a cultura, a tradição, os saberes populares, o Cariri acaba sendo
retratado de forma natural em relação às demais localidades do estado. Esse olhar cristaliza a
região, criando em elementos como o Padre Cícero, os Reisados de Congo, as Bandas Cabaçais um
panteão que atinge até o plano do sagrado. Como se constrói a espacialidade e a temporalidade de
um lugar? Quais as dinâmicas ou sujeitos envolvidos na formação de uma região?Como elemento a
fomentar a problemática acima, recorremos ao historiador Durval Muniz de Albuquerque Júnior, que
nos apresenta a invenção da Região Nordeste. (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2009). A delimitação
territorial é realizada por diversos meios, e a historiografia ocupa papel central nesses processos.
Pensar a formação de uma região por meio de projetos que são encabeçados por grupos e sujeitos
traz à tona as disputas existentes acerca do espaço e do tempo.
Palavras-chave: Historiografia – Região – Intelectuais – Tempo - Memória
DE AUTORES LIDOS E RELAÇÕES COM HISTORIADORES LEIGOS ARGENTINOS: UM ESTUDO
SOBRE AS PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS HISTORIOGRÁFICAS DE GUILLERMO FURLONG SJ.
Mariana Schossler (Mestranda – Unisinos)
A presente comunicação apresenta um fragmento de meu projeto de dissertação de mestrado que
venho desenvolvendo junto ao Programa de Pós-Graduação em História da UNISINOS, desde março
do corrente ano. O projeto prevê a análise da obra Cornelio Saavedra: padre de la patria argentina
(1979), escrita pelo historiador jesuíta e membro da Academia Nacional de la Historia da Argentina
Guillermo Furlong (1889-1974), inserindo-as em seus respectivos contextos de produção e
vinculando-as ao processo de construção de uma memória sobre a Revolução de Maio de 1810, que
caracterizou a historiografia argentina do século XX. A partir de referenciais teóricos sobre a escrita
biográfica, como Loriga (1998; 2011), Dosse (2009) e Schmidt (1997; 2003; 2004; 2012), trabalhos
que abordam a história da historiografia argentina, como Devoto & Pagano (2009) e Cattaruzza
(2001) e fontes que nos permitem reconstituir a trajetória do historiador argentino como Geoghegan
(1979) e Mayochi (1979; 2009), pretendo investigar quais as principais influências que nortearam a
escrita da obra acima citada. Me deterei em três autores com os quais Furlong possivelmente
Furlong tomou contato durante sua formação – Plutarco, James Boswell e Thomas Carlyle – e que
podem ter contribuído para o tipo de escrita empregado pelo historiador argentino, bem como na
principal escola historiográfica argentina do início do século XX, conhecida como Nueva Escuela
Historica, na qual seus membros prezavam pelo rigor teórico-metodológico na construção de seus
trabalhos. Por fim, abordarei, ainda, a rede de contatos estabelecida por Furlong com diversos
intelectuais argentinos que, além de facilitarem seu acesso a obras e documentos mantidos em
acervos pessoais, contribuíam com o financiamento para publicação de suas obras.
Palavras-chave: Biografia; Guillermo Furlong; Influências; Historiografia argentina; Rede de contatos.
A INTERPRETAÇÃO DA CULTURA EM EMÍLIO WILLEMS
Marlete Golke (Mestranda – UFSM)
O presente trabalho é parte das pesquisas para a dissertação intitulada O pensamento antropológico
de Emílio Willems na história intelectual do Brasil desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em
História da UFSM sendo financiada pela Capes e vincula-se ao projeto de pesquisa História
Intelectual, Historicidade e Processos de Identificação Cultural coordenado pelo Prof. Dr. Carlos
Henrique Armani.Tem-se, aqui o objetivo de analisar como se apresenta o método interpretativo do
autor na obra Assimilação e populações marginais no Brasil publicado em 1940. A pesquisa ainda se
encontra em andamento, os resultados parciais corroboram para a hipótese inicial de que Emílio
Willems e sua obra são um exemplo das redefinições levadas a cabo na primeira década do século
XX sobre as discussões acerca da cultura. Momento crucial este para o avanço de novas
concepções culturais que ora se distanciavam das teses biológicas para explicar a sociedade
brasileira. A pesquisa parte de um aporte teórico-metodológico da História Intelectual de Dominick
LaCapra que aborda uma rede contextual para a compressão de uma obra e pensamento de um
intelectual dentro de sua historicidade. Dessa maneira trabalha-se com a obra e as ideias do
intelectual Emílio Willems interligando sua produção numa interlocução de ideias que se exprimem
além do par conceitual texto e autor.
Palavras-chave: História Intelectual; Raça; Meio; cultura; indivíduo e sociedade.
HISTORIOGRAFIA DE MODA - UM LEVANTAMENTO SOBRE A PRODUÇÃO ACADÊMICA NO RIO
GRANDE DO SUL
Natália de Noronha Santucci (Mestranda – PUCRS)
Inspirada por um trabalho proposto em aula pelo professor Jurandir Malerba, na PUCRS, surgiu a
questão: qual a situação da pesquisa acadêmica referente à Historiografia de Moda no Rio Grande
do Sul entre 2005 e 2014? Os levantamentos realizados anteriormente por Adilson José de Almeida
(1995), no qual lista 42 livros lançados entre 1979 e 1996, o “mapeamento da produção acadêmica
no âmbito da pós-graduação Stricto Sensu (mestrados e doutorados) no País”, feito por Maria
Claudia Bonadio (2010, p.50) e, por último, o “Acervo de referências em moda na língua portuguesa”
publicado por Dorotéia Baduy Pires em 2011, com mais de 927 títulos entre “livros, revistas
eletrônicas, artigos periódicos, anais catálogos, vídeos, teses e dissertações, e também algumas
obras que tratam do tema apesar dele não estar indicado no título” (2011, p.1), motivaram a
elaboração deste trabalho, com a finalidade de responder ao questionamento inicial e dar certa
sequência às listas dos pesquisadores supracitados.Será feito um levantamento dos trabalhos
defendidos em Programas de Pós-Graduação (PPGs) Stricto Sensu entre 2005 e 2014 no Estado do
Rio Grande do Sul para verificar quantos foram originados nos PPGs de História, quais são
provenientes de outros PPGs, mas com temas e objetos que possam estar intimamente relacionados
com a escrita da História da Moda, quantos trabalhos desta natureza foram realizados no período e
qual o perfil dos autores. Serão feitas também algumas considerações sobre o processo de busca
nos acervos digitais e sobre a produção localizada. A atualização dos levantamentos é fundamental
para favorecer a difusão das pesquisas mais recentes e a segmentação, que também tem valor para
organização de bibliografia especializada na área de História da Moda, para melhor proveito por
pesquisadores, professores ou mesmo leitores ocasionais.
Palavras-chave: Moda. História. Pós-Graduação.
A HISTORIOGRAFIA MILITAR E A FUNÇÃO DO EXÉRCITO NA CONSTITUIÇÃO DA
“BRASILIDADE”: NOS LIVROS DA BIBLIOTECA MILITAR E NA REVISTA NAÇÃO ARMADA NO
ESTADO NOVO
Priscila Roatt de Oliveira (Mestranda – UFSM)
No período entre 1939 a 1944, as revistas militares Nação Armada e a Defesa Nacional publicaram
diversos artigos sobre o nacionalismo, o patriotismo, a brasilidade e a nacionalidade. A imprensa
militar e os livros da linha editorial da Biblioteca Militar possuíam a preocupação com o papel das
Forças Armadas, especialmente do Exército, na formação histórica do Brasil. O passado castrense
era rememorado, como um exemplo dos sacrifícios dos soldados brasileiros, dos seus sentimentos
“patrióticos e nacionalistas”, em prol da constituição de um Estado nacional. Tanto os livros e os
artigos escritos por militares ou simpatizantes da instituição castrense eram narrativas sobre as
origens da formação do Brasil, ou seja, uma série de histórias, eventos históricos, cenários e
símbolos ou rituais nacionais que visavam construir discursos sobre o sentido da nação. Nesse
sentido, o trabalho tem duas propostas, primeiramente analisar os conceitos sobre nação, pátria e
brasilidade presentes no topos da historiografia militar. Em um segundo momento, a intenção foi
discorrer sobre o lugar ocupado pelas Forças Armadas na formação da “nacionalidade”, no passado,
no presente e no futuro da nação, dentro das narrativas históricas da Biblioteca Militar e da Revista
Nação Armada.
Palavras-chave: Historiografia- Instituições Militares- Nacionalismo- Estado Novo- História Política
A HISTÓRIA COMO MAGISTRA VITAE NA HISTORIOGRAFIA DE OLIVEIRA MARTINS
Rafael Reigada Botton (Mestrando – PUCRS)
O presente trabalho tem por objetivo identificar os casos onde a História é apresentada como
Magistra Vitae (“Mestra da vida”) na historiografia de Joaquim Pedro de Oliveira Martins, enfatizando
as interpretações realizadas pelo autor sobre a história do Império Romano com o intuito de explicar
analogamente o processo de decadência das nações ibéricas (Portugal e Espanha) a partir do século
XVI.Analisar-se-á brevemente o contexto de ideias da Geração de 1870 em Portugal (lugar social de
Oliveira Martins), utilizando-se da metodologia da História Conceitual para verificar a semântica dos
conceitos compartilhados pelo grupo e expressados pelo autor na sua produção historiográfica (como
Historia Magistra Vitae; Geração; Decadência). Também serão aplicadas as duas categorias
históricas formuladas por Reinhardt Koselleck (“Espaços de Experiência e Horizontes de
Expectativa”) para compreender a dinâmica das mobilizações da História Antiga realizadas por
Oliveira Martins que explicariam o fenômeno de decadência que culminou em crises políticas,
econômicas e sociais em Portugal no século XIX.
Palavras-chave: Oliveira Martins; Historia Magistra Vitae; Geração de 1870; Portugal; História
Conceitual.
ST 9 – HISTÓRIA, MÍDIA E IMPRENSA
Coordenador – Luísa Kuhl Brasil
Auditório Prédio 05
[26/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
O CINEMA E A IDENTIDADE NACIONAL
Alini Hammerschmitt (Doutoranda – PUCRS)
O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre o papel do cinema na criação e na divulgação da
identidade nacional de um povo e como isso vem sido feito no Brasil. A metodologia para a
realização deste artigo foi a pesquisa bibliográfica sobre as temáticas do cinema e da identidade
nacional. A partir do que foi coletado, é possível observar se o cinema desempenha um papel
relevante na construção e divulgação da identidade nacional de um país. Dentro disso, a pesquisa
indicou que o cinema é de grande importância para que um povo construa e divulgue a sua
identidade nacional, e que, é preciso que o governo e os cineastas brasileiros se conscientizem
deste fato.
Palavras-chave: Cinema, Identidade Nacional, Brasil, Tecnologia, Políticas Públicas
BRIGADA GAÚCHA: A IMPRENSA OFICIAL GLORIFICANDO A FORÇA
Amanda Siqueira da Silva (Mestre – CESI Viamópolis)
No ano de 1954 organizou-se uma revista oficial dentro da Brigada Militar com a função de difundir
os fatos sobre a instituição. Como fora algo pensado para representar a Brigada Militar, desde a sua
fundação buscou-se a opinião dos oficiais e sargentos da ativa, para decidir sobre o nome da revista
e sobre quais temas esta iria tratar, evidenciando a vontade de que esta publicação agradasse
diversas pessoas. Surgiu assim, a Brigada Gaúcha, em 22 de julho de 1954, tendo sede no QG da
BM – rua dos Andradas – totalizando 17 volumes, o primeiro sendo editado em agosto, na primeira
página trouxe a foto de Getúlio Vargas, porém nenhum texto alusivo à sua morte e/ou trajetória
política. Os volumes eram publicados a cada dois meses, seguiam uma sequência de artigos. Até
janeiro de 1956 a revista manteve a mesma organização, após ela começou a ter suas edições mais
espaçadas, até deixar de ser publicada por dois anos. Ao voltar às publicações explicou-se as
dificuldades pela troca editorial e após, não houve mais publicações do volume, possivelmente
devido as modificações no cenário político do país e modificações na Força. Sendo percebidas as
dificuldades de manter o heroísmo da BM e sua glorificação.
Palavras-chave: História. Brigada Gaúcha. Imprensa. Política. Militares.
O CASO IRÃ-CONTRAS NAS PÁGINAS DA REVISTA VEJA (1985-1986)
David Anderson Zanoni (Mestrando – UPF)
Em novembro de 1986, um episódio colocaria em cheque a política das relações internacionais do
governo Reagan. Tratava-se de um escândalo que foi comparado pela imprensa mundial à crise do
governo Richard Nixon, o caso Watergate. O Irã-contras refere-se à revelação de uma transação
secreta entre a cúpula do serviço secreto estadunidense e setores ditos moderados da República
Islâmica do Irã a partir de meados de 1985 e revelada em fins de 1986. Essa transação se deu
através do repasse de armas e equipamentos militares dos Estados Unidos ao Irã em troca da
libertação de 122 reféns americanos aprisionados por grupos radicais xiitas, ditos simpatizantes de
Khomeini, no Líbano. O objetivo deste trabalho, portanto, é analisar de que forma a revista Veja
efetuou a cobertura dos fatos ligados ao caso Irã-contras observando sua postura ideológica acerca
da representação de Irã e dos Estados Unidos aqui noticiados. Procurar-se-á, assim, identificar que
postura a revista toma ao referir-se a cada Estado e seus líderes, tendo em vista seu alinhamento ao
perfil da imprensa Ocidental, ou seja, normalmente inferiorizando as culturas ligadas aos preceitos da
fé islâmica e exaltando o modo de vida ocidental.
Palavras-chave: Estados Unidos, Irã, Irã-contras, Revista Veja, Representações
MUTANT MENACE!: OS X-MEN DE STAN LEE E JACK KIRBY E SUA RELAÇÃO COM A POLÍTICA
DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
Felipe Radünz Krüger (Mestre - IFRS Pelotas)
Super-humanos renegados, conflitos civis, políticas voltada ao extermínio da nova raça mutante,
esses são apenas alguns dos elementos que a equipe de heróis, criada por Stan Lee e Jack Kirby
em 1963, enfrenta nas páginas dos X-men. O grupo mutante vem assimilando milhões de fãs ao
redor do globo. Primeiramente, com as histórias em quadrinhos e, posteriormente, com animações e
filmes hollywoodianos. Meu foco, na presente comunicação está orientado a partir de dois pontos: o
primeiro, na relação das histórias em quadrinhos com o movimento negro, apresentado aspectos da
discussão entre Martin Luther King e Malcom X; o segundo ponto, pauta-se na relação da teoria da
História com as menções ao Holocausto presentes nas histórias em quadrinhos e em adaptações
cinematográficas. Nessa perspectiva, acredito que, devido ao fato das histórias em quadrinhos
possuírem sua gestação num período de ebulição política e social, é possível vislumbrar através
delas aspectos desse mesmo cenário. Além disso, por tratar-se de um gênero, diversas vezes
descartado da discussão acadêmica, a presente comunicação visa promover a heterodoxia de fontes
e interpretação na historiografia.
Palavras-chave: X-men, Movimento negro, Holocausto, Teoria da História, Heterodoxia de fontes
O CINEMA DOCUMENTÁRIO E A ESCRITA DO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Gabriela Machado Ramos de Almeida (Doutora – Ulbra)
O cinema brasileiro de não-ficção vem sendo marcado, nas duas últimas décadas, por características
como o uso de imagens de arquivo, o recurso à entrevista, estratégias de auto-representação - entre
as quais a inscrição do autobiográfico nos filmes -, o ensaísmo, a valorização do acaso e, ainda, a
maquinação de dispositivos de criação que permitem problematizar a relação do próprio gênero com
o real. Estes dispositivos dizem respeito a um “artifício ou protocolo produtor de situações a serem
filmadas” (LINS, MESQUITA, 2008), ou seja, a um conjunto de regras que funcionam como condição
de possibilidade para a realização dos filmes. Esta comunicação se propõe a analisar dois
documentários que exploram de forma crítica o dispositivo de criação: “Um lugar ao sol” (2009) e
“Doméstica” (2012), ambos do cineasta pernambucano Gabriel Mascaro.Em “Um lugar ao sol”,
Mascaro parte de um catálogo que elenca os mais caros apartamentos de cobertura do país e
entrevista os seus proprietários, buscando investigar como os milionários brasileiros percebem a sua
condição. Já em “Doméstica”, convida sete adolescentes a produzir imagens de suas empregadas
domésticas e este material bruto é, posteriormente, submetido a um processo de seleção e edição.
Nesta experiência, Mascaro é responsável pela montagem de um filme para o qual ele próprio nada
filmou, lidando com a imprevisibilidade e inserindo camadas mais complexas na relação de alteridade
típica do documentário.O objetivo da comunicação é observar o uso político e estético do dispositivo
de criação, que aparece a serviço de um questionamento das relações de classe no país e também
de um certo imaginário que seria típico da elite brasileira e ao qual estes filmes tecem críticas
severas. Parte-se do pressuposto de que há teses postuladas nestas obras, tornando-se necessário
investigar que tipo de escrita a respeito do Brasil contemporâneo surge nos filmes.
Palavras-chave: Cinema brasileiro; Documentário; Estética e política; Dispositivo de criação.
A IMPRENSA COMO UM MECANISMO DE DIFUSÃO IDEOLÓGICA: O CASO DO JORNAL A
EVOLUÇÃO DE RIO GRANDE (1934 - 1937)
Janaina Schaun Sbabo (Mestranda – UFPel)
Esta pesquisa tem por intuito investigar a atuação do jornal A Evolução (1934-1937) de Rio Grande,
tendo em vista a sua posição frente as ideologias políticas que se faziam presente durante a década
de 1930. Com o intuito de atender os objetivos da pesquisa e compreender a forma como se
configurava a militância dos trabalhadores na cidade, as fontes utilizadas são de perfil impresso,
reconhecendo o jornal A Evolução como principal, já que se trata do nosso objeto de análise. Este
periódico pertencente a Sociedade União Operária do Rio Grande (SUO), a qual possuía uma
histórica trajetória de representação da classe trabalhadora no município, conta como data de
fundação o 1º de maio de 1934, momento em que se comemorava os quarenta anos da Sociedade
União Operária (SUO). A partir deste momento, a folha se faz presente na sociedade rio-grandina até
o ano de 1937, com uma interrupção em 1936, tendo as suas atividades suspensas pela censura. Na
década de 30, o controle passou a ser intenso, pois a repressão policial tinha como alvo os
trabalhadores considerados comunistas que resistiam, em prol dos seus direitos enquanto classe. A
respeito das lutas dos trabalhadores pela dignidade no trabalho o A Evolução desempenha este
papel. Constatamos que o periódico age como um legitimo representante da classe, utilizando-se da
militância como um recurso para que houvesse a união entre os trabalhadores..
Palavras-chave: Mundo do Trabalho; Imprensa; A Evolução; Rio Grande; 1930.
A ATUAÇÃO JORNALÍSTICA DE CARLOS LACERDA NO CASO ÚLTIMA HORA
Maikio Barreto Guimarães (Mestre Ciências Sociais – PUCRS)
Em maio de 1953, a Tribuna da Imprensa, jornal comandado por Carlos Lacerda, revelou que
Samuel Wainer obteve empréstimos irregulares no Banco do Brasil para fundar o jornal Última Hora.
Era o início do Caso Última Hora. A Tribuna da Imprensa publicou, até setembro de 1953, diversas
reportagens e artigos onde acusava Wainer de se aproveitar da amizade com o presidente Getúlio
Vargas para conseguir dinheiro público. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara dos
Deputados comprovou que, entre 1951 e 1953, o Banco do Brasil forneceu às empresas de Samuel
Wainer, de forma irregular, quase 280 milhões de cruzeiros. O objetivo da pesquisa foi investigar a
atuação jornalística de Carlos Lacerda durante o episódio. Foram consultados os artigos escritos
pelo jornalista na Tribuna da Imprensa ao longo de 1953. Também serviu de base para o estudo o
livro A missão da imprensa. Na obra, publicada em 1949, Lacerda defende que o papel do jornalista
é falar incessantemente o que vê. Defende ainda que é dever da imprensa construir uma opinião
pública bem informada. A primeira hipótese era de que Carlos Lacerda, durante o Caso Última Hora,
manteve-se fiel ao que pregava como missão da imprensa. Ele não mentiu ao afirmar que Samuel
Wainer havia obtido empréstimos irregulares no Banco do Brasil para fundar o jornal Última Hora. Ou
seja, jogou luz sobre um episódio nebuloso, esclarecendo a opinião pública. A segunda hipótese é
de que a conduta jornalística agressiva e sensacionalista do dono da Tribuna da Imprensa estava em
sintonia com a atuação da mídia na época. O jornalismo no Brasil era influenciado pela imprensa
francesa na década de 1950. Opinar e polemizar eram características mais importantes do que
informar o público. Ao longo da pesquisa, ficou comprovado que Lacerda não destoava dos padrões
seguidos pela imprensa no período.
Palavras-chave: Imprensa. Irregularidades. Crise política. Sensacionalismo.
NARRATIVAS MIDIÁTICAS SOBRE CONAN, O BÁRBARO E SEUS PRINCIPAIS TEMAS
Marco Antônio Correa Collares (Mestre – UFPel)
O personagem Conan, o Bárbaro criado na década de 1930 pelo escritor pulp texano, Robert Howard
tornou-se um ícone da cultura pop e do mainstream, sendo veiculado nas mais diferentes mídias
para além dos contos literários originais. Cada uma dessas mídias representou o personagem de
forma distinta da que foi concebida por seu criador, utilizando-se de temas variados de acordo com
os mais diferentes contextos e de acordo com as características das diversas mídias que o
veicularam, desde quadrinhos, cinema e jogos de RPG. A comunicação tratará de algumas dessas
mídias e dos principais temas veiculados, sendo o principal, a oposição entre civilização e barbárie,
mencionada nas tramas de Conan desde os contos literários de Howard.
Palavras-chave: Narrativa, Mídias, Conan, Civilização e Barbárie.
BRASIL, CINEMA E TRAUMA: A ANTROPOFAGIA DE BRASIL ANO 2000 (1968), DE WALTER LIMA
JÚNIOR
Raphael Martins de Melo (Mestrando – PUCRS)
Fruto de pesquisa em desenvolvimento para o mestrado acadêmico, o objetivo desta comunicação é
analisar as aproximações e distanciamentos entre o conceito de antropofagia associado à Tropicália,
e seu homônimo lexical presente no filme Brasil ano 2000 (1968), de Walter Lima Júnior. Neste
trabalho, Brasil ano 2000 (1968) é a fonte principal. Como fontes secundárias se destacam artigos e
entrevistas de época, bem como bibliografias que contenham materiais sobre a Tropicália,
antropofagia, cinematografia do período e a obra do referido cineasta. Para dar cabo à proposta, o
filme de Lima Jr. será avaliado a partir do seu contexto de produção, redes temáticas e níveis
semânticos (conferir RAMOS, 2008; XAVIER, 1993), possibilitando, assim, a interpretação dos
sentidos assumidos pelo conceito de antropofagia em sua narrativa cinematográfica (conferir
DELEUZE, 2009; FERRO, 1992; VALIM, 2012). Metáfora da devoração cultural, quando surge no
final dos anos 1960, a antropofagia passa a ser largamente utilizada por artistas brasileiros de várias
frentes – como na música, no teatro, na literatura e no cinema –, atualizando práticas e ideias de
manifestações culturais do Brasil ditatorial. À época, a chave antropofágica foi entendida como
proposta tropicalista – pela crítica e por seus mobilizadores. Entretanto, o simples uso ou presença
deste conceito não traduz qualquer aproximação automática entre aqueles que, de algum modo,
acabaram por articulá-lo. Problematizar os nexos em torno desta ou daquela antropofagia é, em
suma, um exercício dedicado a evitar a naturalização e o reducionismo dos processos politicoartísticos do período. Em outras palavras, menos como estética e mais como um veículo de acesso,
o recorte aqui sugerido é movido pela compreensão dos motivos, das estratégias de linguagem e
variações de efeitos de sentido – pela discussão dos humores, dos medos, das expectativas e
experiências cotidianas deste passado, por sua vez captados pela lente da sensibilidade artística.
Palavras-chave: Antropofagia, Tropicália, Pós-Cinema Novo, Brasil ano 2000 (1968).
O CINEMA COMO VEÍCULO IDEOLÓGICO NA DÉCADA DE 1960 – NO CENÁRIO CUBANO E
BRASILEIRO
Thuanny de Azevedo Bedinote (Graduação – Unilasalle)
No seguinte trabalho, apresenta-se a ideia de que o cinema também é um propagador de ideologias,
não discordando que o mesmo trabalhe com uma retomada de consciência e que remeta ao
historiador o passado e sua análise, mas também contribui para formulação de ideologias políticas e
culturais. Por meio do cinema, há a possibilidade de constatar e construir novas pesquisas históricas,
apresentando a relação do cinema e história. Assim, é perceptível, na década de 1960, o cenário
fílmico cubano e brasileiro, ambos utilizados para mostrar os contrastes políticos e o âmbito em que
se desenvolvem as técnicas cinematográficas, essas servindo como material propagador de novos
ideais aceitos ou repelidos pelo regime político vigente. Busca-se alcançar tal objetivo analisando as
seguintes obras: Soy Cuba (1964) de Mikail Kalatosove e Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) do
brasileiro Glauber Rocha. A primeira baliza o cotidiano dos cubanos imersos no regime de Batista,
por meio de quatro encadeamentos: O jovem universitário que luta contra a opressão dos militares, a
mulher que não possui perspectiva, e acaba por vender seu corpo, o velho camponês que não tem
terra para cultivar, e por fim, a família que é ameaçada pelo regime de Fuguencio. Já o segundo,
situado no golpe cívico militar, apresenta uma realidade metafórica onde pairam a fome, a miséria e
a morte. Os dois filmes apresentados de maneira breve, servem para entender o vínculo do cinema e
sua utilização como objeto propagador de ideologias, permitindo a criação de uma ampla produção e
material, com viés político, ou ações educadoras e culturais.
Palavras-chave: Cinema e História. Ideologia. Revolução Cubana. Cinema Novo. Cultura Política
ST 10 – HISTÓRIA E RELIGIOSIDADE
Coordenador – Débora Soares Karpowicz
Sala 323 – Prédio 03
[27/05/15]
Manhã – 8h às 12h
O CATOLICISMO BRASILEIRO E A LUTA PARA RECONQUISTAR SEU ESPAÇO POLÍTICO NO
INÍCIO DO SÉCULO XX: A CRIAÇÃO DO MITO DE NOSSA SENHORA APARECIDA
Alexandre Luis de Oliveira (Doutorando – PUCRS)
A presente proposta de trabalho visa desenvolver uma reflexão sobre as primeiras décadas de
laicismo no Brasil e a utilização de símbolos religiosos pelo catolicismo, tais como, a elevação de
Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil, na tentativa de reaproximação entre a igreja e a
esfera política. Elevada à posição de padroeira em 16 de julho de 1930, a santa representava uma
igreja voltada para o âmbito nacional, mais próxima do povo em contrapartida ao então São Pedro de
Alcântara, santo espanhol que assumiu o papel de padroeiro do Brasil ainda durante o período
monárquico. Debilitado politicamente desde a implantação da Constituição de 1891 que implantou o
estado laico no Brasil, o catolicismo perdeu muito espaço político, principalmente na esfera
educacional. Guiado pela Doutrina Social da Igreja e inspirado na Carta Encíclica Rerum Novarum de
1891, o catolicismo brasileiro buscou artifícios simbólicos para se tornar visível frente as novas
configurações da política brasileira, principalmente com o advento da Revolução de 1930 e a
chegada de Getúlio Vargas à presidência do Brasil. Buscando visibilidade nacional, foi inaugurado
em 12 de outubro de 1931 a estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. Contando com a
presença de Getúlio Vargas na inauguração, a estatua se tornou o grande símbolo do catolicismo
brasileiro, ilustrando a força que a igreja ainda mantinha, mesmo após anos vivendo em meio ao
estado laico. As hipóteses levantadas até o momento dão conta de que o catolicismo conseguiu, de
certa forma, se restaurar durante os primeiros anos de laicismo e surgiu como peça importante no
cenário social e político brasileiro, sendo novamente cooptado pelo estado, restabelecendo assim
sua influência na política brasileira.
Palavras-chave: Catolicismo, Laicismo, Mitos Religiosos, Revolução de 1930, Era Vargas.
RELIGIÃO E CIÊNCIA: PERSPECTIVAS SOBRE O ESPIRITISMO NO RIO GRANDE DO SUL
Dalvan Alberto Sabbi Lins (Mestrando – UFSM)
Este trabalho tem como tema o movimento espirita no Rio Grande do Sul na segunda metade do
século XX, tendo como foco o debate que ocorre entre as diferentes perspectivas relacionadas ao
perfil almejado de espiritismo, onde de um lado, há a defesa de caráter acentuadamente religioso e
moralista, e do outro, uma preocupação com os aspectos experimentais e científicos da doutrina. O
trabalho esta voltado para a pesquisa com uma determinada técnica que se originou dentro Hospital
Espírita de Porto Alegre, a Apometria, e com o debate que os personagens envolvidos com a mesma
acabaram protagonizando sobre o perfil almejado de espiritismo, acabando por discutir com isso os
limites identitários sobre o que é o espiritismo e o que é ser espírita. A pesquisa procura desta forma,
refletir sobre as estratégias desenvolvidas por um e outro grupo para conseguir afirmar e legitimar
determinada concepção sobre a doutrina, e com isso, definir os limites que compõe o ideal
identitários esperado dos membros. Este trabalho encontrasse no meio de seu desenvolvimento,
mas aponta para um universo religioso multifacetado entorno da doutrina espírita, onde novas
expressões podem ser gestionadas, vindo a concorrer com as já estabelecidas, criando por vezes
ambientes de conflito e de negação entre estas, e evidenciando assim um espaço doutrinário aberto
à múltiplas interpretações e leituras que partem de um mesmo ponto referencial, o espiritismo.
Palavras-chave: Cultura. Ciência. Espiritismo. Poder. História
A CONSTRUÇÃO DE UM ESTADO SOCIAL: O ADVENTO DAS CONGREGAÇÕES RELIGIOSAS
FRANCESAS
Débora Soares Karpowicz (Doutoranda – PUCRS)
O final do século XVIII na França foi marcado por acontecimentos que reestruturaram a Igreja e seu
papel social enquanto “regulamentadora” da Economia da Salvação. Para compreender o encargo
delegado à Congregação Religiosa Bom Pastor D’Angers, responsável pela fundação da primeira
Penitenciária Feminina do Brasil – Penitenciária Feminina Madre Pelletier estabelecida na cidade de
Porto Alegre, Rio Grande do Sul –, se faz necessário o exame da história da Igreja no período
supracitado. Há de se entender a reestruturação organizacional desta Instituição no que tange ao
assistencialismo enquanto forma de prestação de serviço social imposto por Napoleão Bonaparte à
qual teve de se amoldar. Para tanto, o presente trabalho constitui-se de três segmentos: na primeira
parte, pretende-se analisar as origens do assistencialismo no intuito de identificar e diferenciar quem
eram os aptos a prestar assistência e quem precisava ser auxiliado. No segundo momento, analisarse-ão os fatores que levaram à reorganização da Igreja no que concerne às questões sociais, e, ao
final, descrever-se-á o papel das Congregações francesas e seu viés assistencial enquanto
prestadora de serviços cuja competência de execução incumbia, inicialmente, ao governo, focando o
estudo na multiplicação desta forma de prestação de serviços aos Estados.
Palavras-chave: Congregações Religiosas; Restauração Napoleônica; Penitenciária
“NOSSA SENHORA MEDIANEIRA VEM AÍ” - A DEVOÇÃO DE QUEM FAZ A ROMARIA
ACONTECER, ENTRE A IGREJA, O PODER MUNICIPAL E OS DEVOTOS
Francielle Moreira Cassol (Doutoranda – UFSM)
A devoção a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças teve início na Bélgica, na década de
1920, com o cardeal Desidério José Mercier, um dos pioneiros da teoria da mediação, na qual Maria
é venerada como mediadora das graças divinas. No Brasil, a crença na Mãe Medianeira expandiu-se
a partir de sua devoção no interior do Estado do Rio Grande do Sul, mais precisamente a partir da
cidade de Santa Maria. Hoje, a Romaria em homenagem a Nossa Senhora Medianeira de Todas as
Graças, que é a padroeira do Estado, acontece no segundo domingo de novembro e mobiliza mais
de 250 mil pessoas por ano. O presente texto tem entre suas finalidades dissertar sistematicamente
sobre a história da Romaria, refletir sobre sua patrimonialização, bem como analisar, em especial, as
relações de poder que transformam um evento religioso em uma “mercadoria” para o turismo local.
Nesse contexto, a metodologia empregada constituiu-se de pesquisa bibliográfica e, principalmente,
de investigação em fontes primárias locais, destacando-se os jornais A Razão (1934) e Diário de
Santa Maria (2002), em um recorte temporal que se inicia antes do surgimento da devoção, ou seja,
fins do século XIX até os dias de hoje, dando um enfoque especial à última década deste século.
Palavras-chave: Romaria; devoção; Nossa Senhora Medianeira; patrimônio.
DO TEMPLO À MÍDIA: MARKETING E ESPETÁCULO NO CAMPO DAS RELIGIÕES
Luana Rodrigues de Carvalho (Mestranda em Ciências Sociais – UEL)
As novas tecnologias presentes na sociedade contemporânea trouxeram avanços e mudanças
significativas no cotidiano dos indivíduos, perspectivas diferentes de tempo e espaço é um novo
modelo de vida que nos é oferecido, o uso das redes sociais e da internet ganharam vários adeptos,
e quando falamos das religiões isso não é diferente. De acordo com os resultados obtidos por meio
da pesquisa bibliográfica, observamos que o uso dos recursos midiáticos, por parte das instituições
religiosas, visam a expansão das denominações e sua legitimação na sociedade, se apropriando
desses novos dispositivos surge um novo modo de fazer religião, os indivíduos agora não precisam
mais se deslocar para os templos, pois eles passam a receber as orações e curas através dos meios
de comunicação. A religião, vinculada à mídia, chega de uma maneira mais rápida aos indivíduos,
oferecendo respostas e soluções para os problemas pessoais. O processo de midiatização é um
processo irreversível, que atua com recursos próprios de linguagens, imagens e dramatização; na
contemporaneidade estamos sujeitos às novas formas de interações sociais, mesmo que essas
interações sejam ausentes de contatos físicos. Essa pesquisa nos convida a fazer uma reflexão
sobre as transformações recentes no campo das religiões.
Palavras-chave: Religiões. Contemporâneo. Mudanças. Recursos Midiáticos. Legitimação.
AS RELIGIÕES DE MATRIZ AFRICANA EM SANTA MARIA
Marta Rosa Borin (Doutora – UFSM)
Sandra Michelle Eckhardt (Graduanda – UFSM)
Esta pesquisa pretende localizar os espaços de culto das religiões de matriz africana, do Batuque e
da Umbanda, do município de Santa Maria, a fim de, não somente identificar os embates com outras
crenças, mais notadamente com o catolicismo no inicio do século XX, mas, também, evidenciar a
pluralidade do campo religioso regional, diferente do que a historiografia tradicional aponta. Pois, é
expressivo o número de terreiros existentes na cidade e a diversificação das praticas religiosas no
campo afro-religioso. Assim, através da análise cartográfica pretende-se diagramar o jogo de
interesses dos agenciadores religiosos, os enfrentamentos e as práticas de resistência para a
preservação dos cultos com o intuito de entender qual o lugar das crenças de matriz africana na
construção da identidade local. Para tanto o campo religioso será considerado como uma estrutura,
um espaço de jogo, onde um conjunto de relações objetivas entre posições historicamente definidas
se entrelaçam, onde os agentes sociais ocupam uma posição determinada à qual estão ligados
certos interesses.
Palavras-chave: religiosidade, identidade, patrimônio
JESUÍTAS, COLONOS E CABOCLOS E A LEGITIMAÇÃO DO SANTUÁRIO DO CAARÓ
Mauro Marx Wesz (Bacharel em História – UFSM)
Este estudo busca compreender e explicar o desenvolvimento de uma comunidade na região
das Missões, noroeste do Rio Grande do Sul, no início do século XX, atualmente o município de
Caibaté. Essa comunidade ao longo de sua história na primeira metade do século XX foi
construída basicamente por colonos e caboclos. Colonos ligados às atividades agropecuárias
que construíram a então colônia Rondinha e a Vila Santa Lúcia, e que posteriormente, ao invés
de terem valorizadas as suas representações de passado, se transformaram em guardiões da
memória missioneira, dos seus segredos envoltos no evento do “martírio” dos padres jesuítas
ocorrido ainda em 1628 e retomado 300 anos depois. No imaginário coletivo e popular as
experiências dos imigrantes se perdem no esquecimento em detrimento das lembranças da
organicidade do Santuário da Caaró e de suas inflexões. Nesse sentido, nos propomos
compreender através desta pesquisa como se deu a formulação do que chamamos de
Missioneirismo em meio a Romaria de caráter penitencial e também a produção de suas
narrativas, bem como o quanto as lembranças dos indivíduos que lá vivem são ofuscadas pela
Romaria do Caaró, colocando dessa forma em segundo plano a própria história do processo de
ocupação desta região.
Palavras-chave: Caibaté RS – Missões – Construção de Identidades – Imigração interna no RS –
História Oral
MEMÓRIA E HISTÓRIA DO ESPIRITISMO EM SANTA MARIA: NAVEGANDO EM SUAS HISTÓRIAS E
EM SEU PASSADO
Renan Santos Mattos (Doutorando – UFSC)
Em nossa pesquisa de doutorado, vinculado à Universidade Federal de Santa Catarina, tenciona-se
investigar a trajetória de Fernando do Ó no que tange às disputas religiosas vivenciados no contexto
cultural religioso brasileiro no recorte de 1930 a 1960. Nesse sentido, o olhar sobre essa trajetória,
seu envolvimento político, sua defesa em torno da laicidade e liberdade religiosa materializam o foco
dessa análise acerca de práticas e representações oriundas do espiritismo e a vivência religiosa dos
denominados propagandistas da doutrina espírita no Brasil, e particularmente na cidade de Santa
Maria-RS. Diante desse contexto mais amplo, o presente artigo surge de uma inquietação em torno
do uso dos ambientes virtuais pelo Espiritismo Brasileiro de forma a construir versões sobre sua
origem e seus fundadores. Nesse sentido, tratando das estratégias assumidas pela Aliança Espírita
Santa-Mariense procura-se abordar as fontes digitais no ofício do historiador e discutir tal espaço
com lugar de memória e sua relação na construção de uma identidade Espírita na cidade de Santa
Maria.
Palavras-chave: Espiritismo – Memória – Fontes Digitais - Santa Maria - Fundadores
ST 11 – FOTOGRAFIA E CULTURA VISUAL
Coordenador – Luísa Kuhl Brasil
Auditório Prédio 5
[27/05/15]
Manhã – 8h às 12h
BRASIL E AMÉRICA LATINA NAS REVISTAS NEWSWEEK E ISTOÉ: O FOTOJORNALISMO
BRASILEIRO E NORTE-AMERICANO EM PAUTA (1978-1980)
Caio de Carvalho Proença (Mestrando – PUCRS)
Delimita-se como temática de estudo as fotografias publicadas em IstoÉ e Newsweek durante o
processo de abertura política no Brasil, de 1978 a 1980. A partir da produção de diversos fotógrafos
brasileiros, trabalhando ora como freelancers ora como contratados, nota-se a delimitação de alguns
temas principais em ambas revistas, que farão parte de uma visualidade maior sobre os anos 1970
no Brasil e América Latina. Dessa forma, procura-se estudar as aproximações visuais nos principais
temas fotografados. Ou seja, observar a visualidade do interesse editorial sobre Brasil e América
Latina nas revistas citadas. Não procurando excluir ou tornar invisível a produção dos demais
fotógrafos e temas abordados pela IstoÉ e Newsweek neste mesmo recorte temporal, procuraremos
compreender também a atuação dos temas fotografados em contato com o contexto do
fotojornalismo no Brasil e no Ocidente, dos anos 1970 e 1980. Dessa forma, procuraremos entender
quais temas foram fotografados; quais posicionamentos visuais e relações com a textualidade dos
periódicos; quais construções e desconstruções visuais foram feitas e de que forma tais fotografias
foram publicadas em ambos periódicos neste período. Assim, procuraremos problematizar os pontos
de aproximação e distanciamento visual do fotojornalismo entre IstoÉ e Newsweek. Tal apresentação
faz parte de um recorte da pesquisa de mestrado, que está em desenvolvimento e etapa inicial, onde
problematizamos o fotojornalismo de Veja, IstoÉ, Time e Newsweek de 1976 a 1983. Como objetivo
principal, procuramos compreender a organização do fotojornalismo em tais revistas, atento aos seus
temas e às suas diferenças visuais. Com base em depoimentos com fotógrafos que atuaram nestes
periódicos, e com uma literatura voltada ao assunto, problematiza-se a fotografia enquanto
linguagem que informa e corrobora letras e argumentos jornalísticos, políticos e culturais.
Palavras-chave: História; Cultura Visual; Fotojornalismo; História Oral; Abertura política no Brasil.
TORRES/RS (1930-1960): UMA ANÁLISE IMAGÉTICA DA IMAGEM ARISTOCRÁTICA DA PRAIA E
AS DIFICULDADES INFRAESTRUTURAIS DO MESMO PERÍODO
Camila Eberhardt (Doutoranda – Unisinos)
A presente comunicação refere-se ao município de Torres – RS e trata de duas relações
antagônicas, a primeira refere-se a maneira aristocrática como a praia de Torres é tratada em
diversos meios de comunicação, entre eles a Revista do Globo, onde a praia é por diversas vezes
referida como “a Copacabana do Estado”. A segunda questão é a respeito do baixo desenvolvimento
e falta de estrutura que a mesma praia “aristocrática” oferecia aos turistas e moradores locais. Para
tanto, recorreu-se as imagens fotográficas provenientes do estúdio de Ídio K. Feltes onde as duas
relações apresentam-se principalmente por meio de fotografias aéreas e ainda, as reportagens da
Revista do Globo. Nas imagens, é possível observar o grande número de turistas que as praias da
cidade recebiam, mas também, o baixo desenvolvimento urbano que durante boa parte do século XX
permeou a cidade, resultando em poucas opções de lazer (exceto a praia), dificuldades de acesso,
etc. Nesse norte, as imagens do estúdio de Ídio K. Feltes são importantes para a compreensão de
duas realidades que conviviam ao mesmo tempo em Torres. As fotografias demonstram como foi
possível que uma praia com tamanhas dificuldades estruturais fosse durante muito tempo a opção da
elite do Rio Grande do Sul no momento da escolha da passagem das férias de verão.
Palavras-chave: Fotografia. Praia. Veraneio. História Cultura. Memória.
A CAPA NOS ÁLBUNS DE ROCK DOS ANOS 60/70
Filipe Conde Pereira (Graduado História da Arte – UFRGS)
Neste trabalho, discuto algumas transformações ocorridas nas capas de discos de rock, procurando
compreender a capa como elemento compositivo do álbum musical desde o desenvolvimento das
mídias graváveis. O objetivo é identificar como as capas vão se transformando até as décadas de
1960 e 1970 no ocidente, quando o rock assume uma identidade visual característica e de acordo
com diversas ideias em voga para a juventude da época – que constituíam a identidade de grupos de
jovens –, a ponto de tornar-se um elemento fundamental da unidade álbum, expandindo e reforçando
a música contida nos discos. Para realizar este estudo, foram feitas análises de capas e músicas,
associadas a pesquisa bibliográfica que possibilitou a compreensão dos diversos elementos
envolvidos com a produção e fruição dos álbuns por parte dos artistas e do público alvo – que, no
caso do rock, eram jovens muitas vezes interessados pelas ideias contraculturais que se fortaleciam
cada vez mais no ocidente. Podemos perceber claramente como as capas tornaram-se importantes
nos álbuns não apenas mercadologicamente, enquanto embalagem, mas também como espaço
criativo de expressão em consonância com as músicas que estão nos discos. Faz-se nítido, também,
dentro de um projeto múltiplo como o rock, a variedade da visualidade que acompanha a variedade
da sonoridade em uma aparente diversificação até, a partir principalmente da virada entre as duas
décadas, atingir formulações que escapam da psicodelia do rock para capas mais discursivas e
propositivas, associadas ao rock progressivo. Podemos, a partir disso, identificar uma sequência de
transformações estilísticas que ampliam as possibilidades da representação visual ao mesmo tempo
em que o rock se transforma.
Palavras-chave: História da arte; cultura; música; artes visuais; rock;
CIDADES DE PAPEL: REPRESENTAÇÕES DE SÃO LUÍS E PORTO ALEGRE EM ÁLBUNS DE
FOTOGRAFIAS NO INÍCIO DO SÉCULO XX.
José Oliveira da Silva Filho (Doutorando – PUCRS)
Entre a segunda metade do século XIX e início do século XX, a prática de colecionar paisagens
urbanas em álbuns de fotografias se disseminou por diferentes estados brasileiros com as mais
diversas motivações, porém obedecendo geralmente a aspectos formais semelhantes de modo a
conformar uma visualidade alinhada a padrões considerados modernos para o período. É nesse
contexto que fotógrafos como Gaudêncio Cunha e Virgílio Calegari elaboram álbuns que se tornaram
sínteses de um estado e de uma cidade que intentamos compreender a partir de uma análise
comparativa entre dois importantes estudos realizados sobre o álbuns.
Palavras-chave: Fotografia; Paisagem; modernidade.
INSIDE NOWHERE
Luisa Kuhl Brasil (Doutoranda – PUCRS)
A proposta deste trabalho é analisar a instalação Out of Nowhere, de Miguel Rio Branco. Partindo da
ideia de que o corpo do espectador é parte emblemática na composição da obra, busca-se perceber
como o artista lida com as múltiplas temporalidades das imagens. Magazines policiais, stills de
cinema, fotografias de boxeadores se misturam com o corpo do espectador refletido em espelhos
carcomidos. Essa composição faz com que a obra possibilite uma outra experiência temporal,
conferindo ao público espaço constituinte na poética artística. A fundição entre passado e presente
se mostra como uma fragmentação do olhar do observador. O instante fotográfico é posto em
questão: são instantes que não mais respeitam a linearidade temporal. A delimitação da fronteira
entre a ficção e o real, condizentes com o tempo e o espaço, é posta em dúvida na obra Out of
Nowhere. Como um atlas, que mapeia lugares, situações e sentimentos diversos, a instalação
transpõe os limites auráticos da fotografia. A partir da reprodutibilidade, propõe, assim, uma outra
relação do espectador com o espaço artístico.
Palavras-chave: fotografia; arte; história do corpo
FOTOGRAFIAS DE UMA METRÓPOLE EM CONSTRUÇÃO: O REGISTRO IMAGÉTICO DE
HILDEGARD ROSENTHAL
Maria Clara Lysakowski Hallal (Mestre – UFPel)
Em 1940, no alvorecer da expansão populacional e industrial que estava ocorrendo na capital
paulista, São Paulo foi documentada e registrada pela fotógrafa suíça Hildegard Rosenthal. Nesse
sentido, propõe-se analisar um conjunto de imagens das cenas urbanas e paisagens realizadas pela
fotógrafa. Entende-se como paisagem as relações do homem com o espaço natural, sendo assim, a
relação da fotógrafa e o espaço urbano envolvido no processo são fundamentais para o percorrer da
análise. Entre 1930 e 1940, São Paulo passava por vertiginoso crescimento, tanto material como
cultural, e Rosenthal, nesse cenário, produziu imagens, congelando no tempo, uma metrópole
contrastando entre o moderno e o que estava em processo de desenvolvimento. Como metodologia,
os estudos das autoras Lima; Carvalho (1997) abarcam questões de como trabalhar com o urbano.
Dessa forma, são apresentadas observações relativas ao cotidiano urbano, como o fato das imagens
documentarem flagrantes, aparentemente, sutis; trabalhadores com terno e na mesma imagem
“lavadeiras” carregando as roupas sob as suas cabeças. Assim, o moderno e o antigo ou o que
estava no processo de modernização encontram-se no mesmo registro da cena urbana.
Palavras-chave: Fotografia – São Paulo – Hildegard Rosenthal – cenas urbanas
O “ÁLBUM DOS BANDOLEIROS” E O ENQUADRAMENTO DA MEMÓRIA DA REVOLUÇÃO DE 1923
Rodrigo Dal Forno (Mestrando – UFRGS)
O “Álbum dos Bandoleiros” (1924) foi um álbum fotográfico impresso publicado pela revista ilustrada
Kodak em homenagem aos rebeldes da guerra civil de 1923 no Rio Grande do Sul. Esta
comunicação tem como objetivo analisar de que forma este produto político-visual objetivou contribuir
na construção de uma determinada memória coletiva acerca dos acontecimentos e personagens
desta revolta armada. Neste sentido, interessa avaliar através de que elementos a publicação deste
álbum fotográfico, editado logo após o término do conflito, buscou realizar um trabalho de
enquadramento da memória que contemplasse e favorecesse os interesses e as lutas políticas de
exclusivamente um dos lados envolvidos naquela contenda: o grupo oposicionista vinculado à
Aliança Libertadora.
Palavras-chave: Fotografia – Política – Memória – Álbum dos Bandoleiros – Revolução de 1923
A IMAGEM DA INDÍGENA SEGUNDO O HOMEM BRANCO NA PÓS-MODERNIDADE
Sandra Kuester (Pós-graduanda – Unochapecó)
A indígena brasileira é uma figura pouco debatida, mas sua imagem é bastante difundida nos meios
de comunicações (na música, no cinema, na literatura, e na mídia televisiva). Essa falta de
problematizações contribui para um vazio de consciência da condição da índia no país,
desencadeando uma série de concepções equivocadas e pouco aprofundadas. Pensando nisso,
foram coletadas fotografias das mulheres indígenas e percebidas duas formas de representações
distintas atribuídas pelo homem branco: a romântica e a indigente. A partir destas conclusões foram
bebidas em fontes históricas, antropológicas, filosóficas e literárias e identificadas maneiras para
complexificar estes meios representativos. Como produto, encontram-se imagens com finalidades
puramente sensuais, comerciais e estéticas, e, imagens que teorizam a condição dessas populações
que herdaram as marcas da colonização. Este desfecho traz consigo a relevância da
problematização das imagens propagadas pelo mundo, evitando conclusões apressadas frutos de
um passado preconceituoso.
Palavras-chave: mulher indígena; mídia; imagem; colonização; pós-modernismo;
A REVOLTA DOS COLONOS DE 1957 NAS FOTORREPORTAGENS DA REVISTA O CRUZEIRO
Tiago Arcanjo Orben (Doutorando – PUCRS)
Este artigo procura analisar as fotorreportagens produzidas pela Revista O Cruzeiro, sobre o levante
social ocorrido em outubro de 1957 no Sudoeste do Estado do Paraná. A Revolta de 1957 é um
levante popular, em que colonos, reconhecidos enquanto posseiros conquistam suas propriedades.
Os colonos que chegam à região a partir das décadas de 1940 e 50 encontram um contexto peculiar
de indefinições jurídicas pela terra. Na condição de posseiros são obrigados a organizarem-se com o
intuito de revindicar o que lhes era de direito, a terra. Conquistada durante os dias 09, 10 e 11 de
outubro em um levante popular, em oposição, a algumas companhias colonizadoras que se diziam
detentoras das terras em questão. Assim, as fotorreportagens são referentes aos dias decisivos do
levante, nas quais, procuro pensar de que forma são representados, tanto, os sujeitos do movimento
– os colonos – quanto, as lideranças políticas. Para tanto, questiono o que faz o periódico dedicar
duas edições para este movimento social? Ao mesmo tempo, procuro pensar em quais categorias
estas fotorreportagens podem ser relacionadas. Ou seja, questionar o que leva um periódico, que no
período tinha grande circulação nacional, a produzir duas fotorreportagens sobre este movimento
social, em uma região distante de aglomerados urbanos, em um local ainda extremamente rural e de
difícil acesso. Além disso, pretendo ampliar a discussão, pensando na relação texto imagem,
questionando quem produz estas fotografias e em que contexto elas aparecem na fotorreportagem.
A partir disto, pretendo considerar como essas fotorreportagens foram utilizadas para a elaboração
do que foi o movimento social de 1957, indagando assim, as condições, influências sociais e políticas
de produção.
Palavras-chave: Sudoeste do Paraná; Revolta dos Colonos; O Cruzeiro; Fotorreportagens.
ST 12 – ACERVOS E NOVAS TECNOLOGIAS
Coordenadores – Luciana da Costa de Oliveira e Marcelo Vianna
Auditório Prédio 05
[27/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
A INTERNET E O MEDIEVALISTA: NOVAS POSSIBILIDADES PARA O HISTORIADOR DO OUTRO
LADO DO ATLÂNTICO
Amanda Basílio Santos (Mestranda – UFPel)
Este trabalho visa discutir a consequência dos bancos de dados e acervos on-line na prática da
pesquisa em História Medieval efetuada distantemente do local de origem das fontes, ou seja,
desejamos discutir mais especificamente como a internet abriu novas possibilidades para o
historiador brasileiro explorar este longo período histórico que por muito tempo esteve longe de seu
alcance. Para tanto será feito um relato de experiência com a pesquisa iniciada na graduação
intitulada "Mísulas de Kilpeck: o discurso da dualidade e o hibridismo iconográfico entre o paganismo
e o cristianismo no século XII". Esta pesquisa ampliou-se no mestrado que está em andamento,
agora sendo analisados outros espaços da igreja. Toda a pesquisa efetuou-se com fontes acessadas
pela da internet e pretende-se demonstrar as possibilidades atingidas para a pesquisa através deste
caso concreto, destacando-se a utilização de dois sites principais: The Corpus of Romanesque
Sculpture in Britain and Ireland (http://www.crsbi.ac.uk/) e o site The Medieval Bestiary: Animals in
the Middle Ages (http://bestiary.ca/). Serão vistos os mecanismos de buscas dos sites supracitados
assim como os seus conteúdos e os resultados de alcançados através do uso dos instrumentos
disponíveis. Além do material disponível em banco de dados é necessário destacar o acesso aos
pesquisadores que a internet permite sem deslocamento físico, sendo este um importante acréscimo
a pesquisa que será utilizada como relato de experiência. Finalizando, aponta-se que o interesse de
pesquisadores pelo medievo vem crescendo no Brasil e isto deve-se em parte as novas
possibilidades proporcionadas pela utilização da internet pela disciplina Histórica.
Palavras-chave: Metodologia; Medievalística; Fontes; Acesso; Kilpeck.
ACERVOS DO MEMORIAL DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE PELOTAS E SUA CONTRIBUIÇÃO
HISTÓRICA
Andrea Molina Barbosa Viana (Especialista - Instituto de Memória e Patrimônio)
O presente projeto tem como finalidade catalogar e sistematizar os acervos fotográfico, documental,
oral e material que constam no recentemente criado Memorial da Associação Comercial de Pelotas.
Estes acervos referem-se à formação e estruturação desta Associação, tanto quanto à história e ao
desenvolvimento da Região Sul. Para a tutela destes acervos se faz necessário dar continuidade aos
procedimentos adequados de guarda, conservação, consolidação e acondicionamento de tais itens.
A Associação Comercial de Pelotas completou em 2014 seus 141 anos de história ininterrupta em
prol das classes produtoras e da população da metade sul do Rio Grande do Sul, atuou através de
correspondências de requisição junto às instâncias governamentais por melhorias sociais e em obras
de infraestrutura regional, tal fato está fartamente registrado em seus acervos como também em
periódicos da Bibliotheca Pública Pelotense. Através da catalogação dos acervos do Memorial da
Associação Comercial de Pelotas será disponibilizada ao público uma gama de informações que
servirão de fonte de pesquisas sobre diferentes aspectos da conformação social da região sul. Neste
momento de organização o espaço e documentação do Memorial já propiciam estágios curriculares e
voluntários a alunos do Curso de Bacharelado em História da Universidade Federal de Pelotas.
Constituído de um patrimônio histórico, rico de registros documentais das transformações sociais e
culturais de toda a região sul do Rio Grande do Sul, o Memorial propicia um espaço público de
pesquisa a estudantes, pesquisadores e comunidade em geral.
Palavras-chave: memorial – acervos - história – pelotas – associação
ARQUIVO PESSOAL COMO UMA POSSIBILIDADE DE PESQUISA HISTÓRICA
Biane Peverada Jaques Antunes (Mestranda – UFPel)
Este trabalho tem por objetivo tratar acerca de arquivos pessoais e sua relevância para a constituição
de pesquisas historiográficas utilizando como exemplo o acervo privado do Senhor Maximiano
Pombo Cirne (1910-1992). O emprego deste tipo de documentação em trabalhos acadêmicos não
constituí-se enquanto novidade. No entanto, cada vez mais as pesquisas que utilizam como fonte
arquivos pessoais têm proposto mudanças e renovações em sua forma de análise. Assim como
qualquer espécie de fonte, existem diversas formas de se efetuar a análise deste tipo de
documentação, tais como: através de seu conteúdo, temática, redes de relacionamento, entre outras.
O Senhor Cirne e sua família emigraram para o Brasil em aproximadamente 1920 e fixaram
residência na cidade de Pelotas no Rio Grande do Sul. Com o passar do tempo Maximiano tornou-se
um indivíduo relevante nas questões públicas da cidade. Neste trabalho, tendo como exemplo o
acervo pessoal do Senhor Maximiano Pombo Cirne, será abordada uma forma de análise que
possibilite tratar dos aspectos referentes a sua trajetória de vida. Atentando sempre ao fato de que,
através da utilização de uma abordagem de caráter biográfico que exceda os limites impostos pela
biografia tradicional, é possível observar questões relevantes referente ao contexto histórico em que
ele estava inserido.
Palavras-chave: Arquivo pessoal, trajetória de vida, biografia, Maximiano, fonte
A TECNOLOGIA A SERVIÇO DA PESQUISA HISTÓRICA: O PICASA E SUA UTILIZAÇÃO NO
TRATAMENTO DAS FONTES
Bruna Santiago (Mestranda – USP)
Nesta época dominada pelas tecnologias digitais, o historiador precisa dispor de meios que facilitem
a pesquisa com as fontes. Para além da utilização de acervos online, é importante ter o domínio de
programas facilitadores, que ajudem a catalogar e contabilizar os dados recolhidos durante o
trabalho com o documento, de maneira a otimizar os resultados obtidos com a pesquisa. O
tratamento quantitativo das fontes pode ajudar a caracterizar a documentação, uma vez que fornece
uma visão mais geral sobre o conteúdo a ser trabalhado. Esta comunicação tem o objetivo de
apresentar o programa de computador Picasa e as formas pelas quais ele pode ser utilizado como
uma ferramenta de pesquisa que visa auxiliar o pesquisador, sobretudo aqueles que trabalham com
imagens dos mais variados suportes. Como se trata de um programa organizador de imagens, a
ênfase será dada à pesquisa com fontes visuais. Para tal, será mostrado como o referido programa
funciona na prática, através de um estudo de caso que consiste em um trabalho de mestrado em
andamento, desenvolvido na Universidade de São Paulo. O trabalho em questão é sobre as imagens
do negro e da escravidão que são veiculadas em um periódico ilustrado do século XIX, intitulado
Semana Illustrada.
Palavras-chave: Picasa; tecnologia; ferramenta; pesquisa; imagens
UMA “COLECCIÓN” DEDICADA À JUAN MANUEL DE ROSAS: PEDRO DE ANGELIS E A
PUBLICAÇÃO DE DOCUMENTOS EM BUENOS AIRES (1835-1839)
Deise Cristina Schell (Doutoranda – UFRGS)
Durante o governo de Juan Manuel de Rosas, alguns letrados tiveram o encargo de publicizar o seu
regime através dos periódicos oficiais que circulavam a partir de Buenos Aires. Um destes homens
seria Pedro de Angelis, um italiano chegado ao Prata em 1827. De Angelis, além de ser um dos
principais periodistas do rosismo, era impressor e arrendatário da Imprenta del Estado e, fora de
suas atividades públicas, um aficionado em colecionar documentos históricos. É sobre a trajetória e a
produção de Pedro de Angelis como um erudito interessado no passado que trata a nossa pesquisa
de doutorado. Entre 1835 e 1839, portanto, nos primeiros anos do segundo e duradouro período em
que Juan Manuel de Rosas comandou a província de Buenos Aires, o napolitano publicou uma
compilação documental intitulada “Colección de Obras y Documentos relativos a la historia antigua y
moderna de las Provincias del Rio de la Plata”. Apesar de ser um projeto pessoal, a obra de De
Angelis foi dedicada, em suas páginas iniciais, à Rosas. Nesta comunicação demonstraremos que
há, na seleção, reunião e publicação de documentos que tratavam o pretérito platino e nos escritos
realizados por Pedro de Angelis na “Colección”, um objetivo bastante pragmático: sustentar e
divulgar, diante de seu público leitor, o poder e o discurso rosistas.
Palavras-chave: Historiografia, Coleção, Oitocentos, História da América, História da Argentina.
OS ARQUIVOS DA REPRESSÃO NA CONSTRUÇÃO DO DIREITO À MEMÓRIA, VERDADE E
JUSTIÇA NO BRASIL
Janaína Vedoin Lopes (Bacharel / Arquivista – UFSM)
Durante 21 anos, de 1964 a 1985, o Estado brasileiro ficou marcado na sua história pelos governos
civis militares que baseados na Doutrina de Segurança Nacional instalaram uma cultura do medo e
do terror, caracterizado pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censuras e
perseguições políticas. Dentro deste contexto, muitos documentos referentes as prisões e as
práticas do estado foram produzidos em órgãos institucionais e que hoje resultam nos chamados
arquivos da repressão que formam importantes conjuntos documentais produzidos pelos órgão
informação e segurança nas ações repressivas. Tais acervos tornaram-se importantes fontes
documentais na luta pelo direito à memória e verdade ao longo do período de redemocratização
brasileira e com a criação da Comissão Nacional da Verdade auxiliaram nos trabalhos de
investigação que resultou em 2014 no seu Relatório Final. O presente trabalho tem por objetivo
apresentar um estudo sobre a importância dos arquivos da repressão na construção do direito a
memória e a verdade, e num futuro na questão da justiça, no país e ainda demonstrar o quanto os
mesmos auxiliam no debate referente aos sistemas repressivos que ainda persistem no país nos dias
de hoje.
Palavras-chave: Brasil. Ditadura. Arquivos da repressão.
O HISTORIADOR DO SÉCULO XXI – OS PROCESSOS DIGITAIS NA PESQUISA HISTÓRICA
Jaqueline da Silva de Oliveira (Mestranda – PUCRS)
O trabalho busca apresentar uma panorama das novas possibilidades de pesquisa a disposição dos
historiadores no século XXI, sobretudo aquelas relacionadas a pesquisa usando recursos digitais.
Tais recursos trouxeram novo fôlego para a pesquisa histórica, e embora encontrem certa resistência
por parte de alguns pesquisadores vieram para ficar e se fazem cada dia mais presentes. Menção a
acervos digitais, conteúdo digital de bibliotecas, sites, blogs, revistas on-lines são comumente
encontradas nas referencias de trabalhos históricos da atualidade. Mas os historiadores estão
preparados para trabalhar com essas novas fontes? Os historiadores do século XXI aproveitam de
fato esses recursos? Até que ponto a História pode fazer uso da tecnologia? Essas são algumas das
questões que pretende-se responder através da analise bibliográfica relativa ao tema, bem como na
própria pratica de trabalho; o estudo de caso do Laboratório de Pesquisas em História Oral da
PUCRS (LAPHO), onde as diferentes etapas de produção do conhecimento envolvem direta ou
indiretamente o uso dessas tecnologias digitais servirá de base para responder tais questões. A
coleta do depoimento, a transcrição e armazenamento do mesmo em um banco de dados, tudo
demanda o uso de processos digitais. Mas nem sempre foi assim, houve uma transição gradual do
analógico para o digital nas praticas laboratoriais no LAPHO, a partir de entrevistas com os
pesquisadores e do resgate da historia do próprio laboratório, pretende-se demonstrar como foi
positiva e produtiva essa transição.
Palavras-chave: Lapho, historia oral, recursos digitais, historiador, tecnologia
COMO FAZER ANTROPOLOGIA HISTÓRICA: O ACESSO À DOCUMENTAÇÃO MEDIEVAL NA
ATUALIDADE
Odir Mauro da Cunha Fontoura (Mestrando – UFRGS)
O objetivo desta comunicação consiste em apresentar os avanços parciais da atual pesquisa de
Mestrado em História que está sendo desenvolvida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul
que intitula-se: “Em defesa da Cristandade: o conceito de bem comum para Tomás de Aquino na
Suma Teológica”. Será trabalhado o conceito de antropologia escolástica, sendo esta um método de
pesquisa que se dedica a analisar a documentação produzida entre os séc. XII e XIV na esfera da
Igreja e do direito na Idade Média: bulas e decretos papais, atas de Concílios, tratados inquisitoriais e
Sumas. A fim de circunscrever a atual pesquisa com o tema proposto pelo II Encontro de Pesquisas
Históricas (“O historiador e as novas tecnologias”), o que será analisado serão as fontes utilizadas
pela atual pesquisa de mestrado, e sobre como estes documentos estão disponíveis na atualidade,
mais especificamente na internet. Também serão apresentadas propostas de metodologias e
ferramentas para se trabalhar com esse tipo de documentação digital. Esta comunicação tem por
objetivo ilustrar um exercício de antropologia escolástica fazendo uso de instrumentos que a internet
nos proporciona gratuitamente.
Palavras-chave: Idade Média; Antropologia Escolástica; Internet; Tomás de Aquino; Suma Teológica
A HISTÓRIA DAS FONTES: BREVE RELATO DA TRAJETÓRIA DO ACERVO BENNO MENTZ, AO
LONGO DE UM SÉCULO
Rosângela Cristina Ribeiro Ramos (Mestranda – Unisinos)
O presente texto resulta de uma pesquisa para a dissertação de mestrado e tece algumas
considerações a respeito do Acervo Benno Mentz (ABM). Visa a esclarecer pontos sobre a sua
trajetória, desde o século XIX e caracterizá-lo, de modo a ilustrar sua importância como fonte para a
Historiografia.
Palavras-chave: Acervo. Benno Mentz. Patrimônio. História Cultural
O PAPEL DO HISTORIADOR EM UM ACERVO ARTÍSTICO: UM ESTUDO DE CASO NA FUNDAÇÃO
VERA CHAVES BARCELLOS
Thaís Franco (Graduada – PUCRS)
A presente pesquisa propõe refletir a importância do Historiador em um acervo artístico. Ainda que
se tenha uma breve percepção do trabalho realizado para a preservação do acervo de uma reserva
técnica, o Historiador necessita se adaptar as especificidades dos materiais constituintes das obras
de arte, além de ampliar seu conhecimento a respeito de novas ferramentas de catalogação.
Ademais, o Historiador precisa se valer de seu conhecimento para contextualizar a obra
historicamente e seu envolvimento com a sociedade, ampliando sua análise para além do ponto de
vista artístico. Na relação entre obra e memória, é função do Historiador garantir sua preservação
através de uma catalogação que identifique o real sentido da obra, uma vez que considera e analisa
o cenário no qual a mesma esteve inserida. Assim, a pesquisa utiliza-se de um estudo de caso que
observa o trabalho de uma Historiadora responsável pelo acervo artístico da instituição Fundação
Vera Chaves Barcellos e do uso da base de dados Donato: ferramenta computacional voltada para a
catalogação de seu acervo. A partir deste aspecto, serão abordados seus desafios no que tange as
particularidades do trabalho de acervo, sua importância para a contextualização e, suas
contribuições para a preservação da memória dentro da instituição.
Palavras-chave: Memória; Arte; Acervo; Catalogação; Fundação Vera Chaves Barcellos.
ST 13 – BIOGRAFIAS E TRAJETÓRIAS
Coordenadores – Jefferson Teles Martins e Letícia Rosa Marques
Sala 423 – Prédio 03
[27/05/15]
Manhã – 8h às 12h
“CARTAS À MARIA RITA": SAÚDE E EDUCAÇÃO ATRAVÉS DAS CORRESPONDÊNCIAS
PESSOAIS DO VISCONDE DE PELOTAS E SUA ESPOSA.
Bruna Gomes Rangel (Mestranda – Unisinos)
Jose Antonio Correia da Camara, também conhecido por Visconde de Pelotas, foi um militar sulriograndense que atuou a favor do Império do Brasil em diversas guerras no século XIX, inclusive a
Guerra do Paraguai (1864-1870), quando comandou as tropas que executaram Solano Lopez. A
partir disso, passou a ascender politicamente, sendo eleito Senador pelo Partido Liberal em 1880.
Casou-se com Maria Rita Fernandes Pinheiro, que era sua sobrinha e filha de José Feliciano
Fernandes Pinheiro (Visconde de São Leopoldo), portanto, também fazia parte da elite sulriograndense. Nos momentos em que atuava em guerras e também enquanto morava no Rio de
Janeiro ao ocupar cargos políticos, correspondia-se frequentemente com sua esposa, Maria Rita,
quando ele contava detalhes de suas ações enquanto militar nas guerras, como também sobre sua
atuação política, suas relações com outros políticos, seus discursos, seu cotidiano, bem como se
interessava em saber como a esposa e os filhos estavam em relação aos estudos e a saúde,
principalmente. O presente trabalho tem por objetivo compreender a educação e a saúde no Rio
Grande do Sul no final do século XIX através de correspondências pessoais de uma família da elite
portoalegrense, a família Câmara.
Palavras-chave: Brasil Império, Correspondências, Famílias, Educação, Saúde.
“O COORDENADOR DAS NOSSAS RENDAS”: A ATUAÇÃO COMERCIAL E POLÍTICA DE
DOMINGOS JOSÉ DE ALMEIDA NOS CARGOS ADMINISTRATIVOS DO EXÉRCITO FARROUPILHA
(1835-1845)
Cristiano Soares Campos (Mestrando – UFSM)
Ao trabalharmos com o século XIX, período onde Estado Nacional encontrasse em formação, o
comércio em um período de revoltas regenciais acaba influenciando de forma direta as decisões
tomadas ao longo do processo. Charqueadores e comerciantes constituíram-se como participantes
ativos deste processo. O objetivo deste trabalho é entendermos, a partir de Domingos José de
Almeida, charqueador, jornalista e Ministro da Fazenda ao longo da Guerra dos Farrapos (18351845), como funcionavam as relações comerciais e políticas praticadas pelos farroupilhas neste
período. Observaremos também de que forma se deu a inserção de charqueadores e comerciantes
ao exército farroupilha, a importância dos cargos assumidos e como estes a partir da figura de
Almeida, desenvolveram seus papéis. Observamos até o momento que charqueadores e
comerciantes aproveitaram-se dos cargos políticos assumidos junto ao exército farroupilha, para
facilitar seus negócios e interesses particulares/privados. Utilizamos como fontes de pesquisa cartas
presentes na Coleção Varela, e Registros de Compra e Venda, encontrados no Arquivo Público do
Estado do Rio Grande do Sul (APERS). Este trabalho conta com financiamento FAPERGS/CAPES, e
contém parte dos resultados encontrados em minha pesquisa para a Dissertação de Mestrado, que
vem sendo desenvolvida no Programa de Pós Graduação em Historia da UFSM (PPGH/UFSM), sob
orientação do Professor Doutor José Iran Ribeiro.
Palavras-chave: Comércio; Guerra dos Farrapos; Domingos José de Almeida; Charqueadores;
Comerciantes.
O PAPEL DA REVISTA DO IHGRGS NO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DA HISTÓRIA E
LEGITIMAÇÃO ACADÊMICA
Jefferson Teles Martins (Doutorando – PUCRS)
Jean François Sirinelli propõe que as “revistas” devem ser analisadas como “estruturas elementares
de sociabilidade” dentro do estudo dos intelectuais, pois são, ao mesmo tempo, um lugar de
fermentação intelectual onde pode ser observado o movimento das ideias, e, também, um viveiro da
sociabilidade de microcosmo intelectual. Tendo em vista esta perspectiva, serão analisados, aqui, as
relações e as hierarquias dos membros do IHGRGS utilizando como índice desta avaliação a revista
do IHGRGS. O foco não será nem o discurso, nem o conteúdo, mas os seus autores. Contudo, o
discurso e o conteúdo serão trazidos para situar os autores no espaço institucional e acadêmico. A
“Revista do IHGRGS” cumpriu um papel fundamental no processo de institucionalização e
legitimação do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Foi o principal instrumento de
visibilidade institucional (ante às instituições homólogas no Brasil e no exterior) e da agenda proposta
pelos historiadores rio-grandenses. Sua importância pode ser vista em sua regularidade: foi
publicada trimestralmente sem interrupções desde 1921 até 1950. Assim, a Revista do Instituto
Histórico deverá ser vista, neste artigo, como o principal índice da produção historiográfica riograndense, na primeira metade do século XX, e da hierarquia dos autores e, também, permitirá o
estudo da construção da legitimidade sob o manto da cientificidade e oficialidade.
Palavras-chave: IHGRGS; historiadores gaúchos; intelectuais; Revista do IHGRGS; legitimação.
A CIDADE DE ALBERTO, O ALBERTO NA CIDADE: A TRAJETÓRIA E ESCRITA DE UM CRONISTA
PELOTENSE (1928-1939)
Jéssica Oliveira de Souza (Mestranda – UFPel)
A crônica é uma escrita sensível aos fatos cotidianos que se sucedem no cenário da cidade, gênero
da literatura que se popularizado no século XX, com o surgimento da imprensa. É por excelência, o
documento que fala do urbano, não como paisagem, mas como cenário ativo na história. Essa
comunicação se propõem a apresentar as crônicas do escritor pelotense Alberto Coelho da Cunha
(1853-1939), mais especificamente sua coletânea denominada “Antigualhas de Pelotas” (1928-1939),
tendo como objetivo central demonstrar a análise do autor, texto e contexto que vem sendo
desenvolvida com essas fontes literárias. Durante seus 41 anos como servidor público, Alberto
Coelho da Cunha, desempenhou importante papel registrando a história da cidade de Pelotas.
Grande parte dos textos foi conservada e hoje se encontra no acervo da Bibliotheca Pública
Pelotense (BPP), compondo o Fundo Documental Alberto Coelho da Cunha. No local, há uma
relação da obra de Alberto, elaborada por Henrique Carlos de Morais, que lista mais de 95 itens pelo
autor produzidos. Foi após quinze anos da sua vida morando na “Estância Paraizo” que Alberto se
dedicou a escrever, como cronista, para colunas de jornal, o cotidiano da Pelotas urbana e rural,
onde acentuam-se, então, traços e características da industrialização. A pesquisa se desenvolve a
partir desses documentos produzidos pelo escritor pelotense, que se encontram salvaguardados na
BPP e no Instituto Histórico e Geográfico de Pelotas (IHGPEL). Destarte, a comunicação discute o
emprego de uma fonte peculiar para o estudo da história vista da perspectiva das representações
urbanas.
Palavras-chave: Crônica, Pelotas, Literatura e História da Cidade
A TRAJETÓRIA DE CANGAPOL “O BRAVO” E A AGÊNCIA INDÍGENA NA FRONTEIRA SUL
BONAERENSE (SÉCULO XVIII)
Juliana Aparecida Camilo da Silva (Mestranda – Unisinos)
Este trabalho tem por objetivo demonstrar a trajetória de um cacique denominado Cangapol, ou
Nicolás, “O Bravo”, líder de um importante “malone” na pampa argentina de meados do XVIII. Foi
com este cacique que os jesuítas negociaram a constituição de três missões na fronteira do Rio
Salado entre os anos de 1740-1753. Por intermédio deste personagem pretendemos pensar
aspectos mais amplos da dinâmica das sociedades indígenas na fronteira sul bonaerense, como: as
conexões com a sociedade “branca”, as relações interétnicas, o trânsito de bens materiais e
simbólicos e as características que assumem os cacicados nesta época. É preciso ressaltar, que
compreendemos a fronteira como uma área de interconexões (WEBER, 2007), e como um espaço
ímpar para a análise dos contatos interétnicos. Contudo, nossa reflexão não pretende elaborar uma
biografia do chefe pampa, mas se valer dele como pretexto para uma visão alternativa da história das
missões jesuíticas e das relações estabelecidas entre ocidentais e indígenas. Nossas principais
fontes são: a“Carta Ânuade 1735-1743” de Pedro Lozano, a “Descripción de la Patagonia” (1774) de
Tomas Falkner, o “Paraguay Cathólico"(1772), de Sanchez Labrador, e a compilaçao Entre los
pampas de Buenos Aires feita porGuillermo Furlong em 1938. Também podemos destacar
documentos do Archivo General de la Nación, Argentina, do fundo Comandancia de Fronteras (Sala
IX, Leg. 1-5-3). Entre outros destaca-se aí um conjunto de "Bandos do Governador" (1740-1750), e o
tratado “Paces del Casuatí” (1741-1742). Outros registros importantes são algumas cartas e
delegações contidas no Arquivo General de las Indias en el Museo Etnográfico, Carpetas I (17161745) e J (1746-1794). Estes documentos em geral traduzem uma visão altamente negativa sobre os
nativos da região e sobre Cangapol. No estanto, submetidos à regras adequadas de análise, eles se
prestam bem para o estudo que estamos propondo.
Palavras-chave: América Espanhola- Agência Indígena - Missões Austrais
NAS VEREDAS DO IMPÉRIO: APONTAMENTOS SOBRE A TRAJETÓRIA DE JOÃO DA SILVA
TAVARES (RS, SÉCULO XIX)
Leandro Rosa de Oliveira (Mestrando – PUCRS)
O presente trabalho pretende apresentar alguns apontamentos iniciais de pesquisa sobre a trajetória
de João da Silva Tavares. Nascido na paróquia de São Sebastião do Herval, localizada no atual
estado do Rio Grande do Sul, Silva Tavares iniciou sua carreira militar nas tropas do Império
Português que intervieram no território do atual Uruguai durante as primeiras décadas do século XIX.
Já como comandante de tropas, mantém-se fiel ao Império Brasileiro durante a Revolução
Farroupilha, estabelecendo-se após o término desta no município de Bagé. Possuindo propriedades
rurais no Brasil e no Uruguai, Silva Tavares torna-se um dos potentados da região de Bagé, tendo
sido nomeado várias vezes para comandar a Guarda Nacional nessa localidade, recebendo os títulos
de Barão e, posteriormente, Visconde de Serro Alegre. Nossas pesquisas pretendem analisar as
peculiaridades da trajetória de uma liderança militar que faz sua carreira em um território de fronteira,
atuando ativamente nos conflitos bélicos que ocorrem ao sul do Brasil durante o século XIX. Além
disso, pretendemos analisar alguns momentos dessa trajetória comparando a posição ocupada por
Silva Tavares com as diversas conjunturas que se apresentaram ao longo de sua vida, cruzando
elementos qualitativos de sua trajetória com dados quantitativos relativos aos contextos nos quais o
mesmo esteve inserido.
Palavras-chave: História do Brasil império; História Social da Política; Migração; Hierarquias Sociais;
Elites;
A TRAJETÓRIA DO MAESTRO JOAQUIM JOSÉ DE MENDANHA: APONTAMENTOS SOBRE “COR”
E ASCENSÃO SOCIAL NO RIO GRANDE DO SUL DO SÉCULO XIX
Letícia Rosa Marques (Doutoranda – PUCRS)
O presente estudo tem como objetivo apresentar, através da trajetória do Maestro Joaquim José de
Mendanha, algumas reflexões sobre “cor” e ascensão social, questionando quais eram os espaços
de atuação e circulação encontrados por “pardos” e “mulatos” no Rio Grande do Sul do século XIX.
Considerado “mulato” por fontes do período, o Maestro Mendanha, que ficou conhecido pela
composição da música do Hino Rio-Grandense, ainda atuou como músico em algumas Igrejas de
Porto Alegre, deixando registrado através de suas ações, o seu envolvimento e a sua contribuição
cultural para com essa sociedade. Em uma conjuntura de construção do Estado nacional, onde
novas leis, de caráter mais liberal, buscavam ajustar o lugar de cada cidadão e na qual os “homens
de cor” ocupavam um espaço subalterno, a trajetória do referido Maestro permite iluminar aspectos
importantes sobre a relação entre “cor” e lugar social, fornecendo indícios sobre os conjuntos de
atributos sociais que precisariam ser acionados para uma determinada mobilidade, bem como alguns
dos caminhos que a música poderia apresentar nesta época. Desta forma, fundamentando-se em
fontes bibliográficas e documentais, pretende-se investigar os limites e as possibilidades que
poderiam ser impostos em um percurso individual e que ajudam a revelar algumas formas de
colocação e ascensão social no Brasil Imperial.
Palavras-chave: Brasil Imperial; Rio Grande do Sul; trajetória; Joaquim José de Mendanha; ascensão
social.
DOM JOSÉ IVO LORSCHEITER E A DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA (1964-1985)
Thiago Alves Torres (Mestrando – UFSM)
O presente trabalho visa fazer uma análise acerca da atuação do bispo católico dom José Ivo
Lorscheiter, durante o período da ditadura civil-militar brasileira (1964 – 1985). O referido prelado, ao
assumir importantes funções dentro da principal organização católica brasileira, a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), primeiramente em âmbito regional e, posteriormente,
nacional, ganhou notoriedade internacional por sua postura em defesa dos direitos humanos, num
período em que o Brasil destaca-se no cenário mundial, como um país que prendia, torturava,
desaparecia e levava à morte um significativo número de pessoas em virtude de suas posturas
discordantes às determinações do governo militar. Além disso, dom Ivo passa a ser reconhecido por
sua flexibilidade em estabelecer diálogos com o modelo governamental vigente, sem com isso abrir
mão de suas convicções e opções sociais e eclesiais. Seus cargos dentro da Igreja fazem-no
percorrer o Brasil interior e outros países, oportunidades em que apresentava o cenário eclesial,
político e social brasileiro a outros grupos. A pesquisa também visa distinguir duas fases bem
distintas no episcopado de dom Ivo, primeiramente, como bispo auxiliar de Porto Alegre, tendo dom
Vicente Scherer, apoiador do golpe de 64, à frente desta arquidiocese e, posteriormente, dom Ivo
como bispo titular da diocese de Santa Maria, cidade com grande contingente militar. Queremos
analisar de que forma dom Ivo atuou nestes diferentes momentos de sua vida eclesial na defesa dos
presos e perseguidos pela ditadura civil-militar e como tal postura repercutiu entre a sociedade e o
governo militar. Por ser uma pesquisa que está apenas no seu início, os resultados são limitados,
necessitando uma investigação ainda mais ampla.
Palavras-chave: Dom Ivo; Ditadura civil-militar; Igreja católica
ST 14 – ARQUEOLOGIA E PATRIMÔNIO
Coordenador – Alexandre Pena Matos
Sala 323 – Prédio 03
[28/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
A GÊNESE DO IPHAN E O PENSAMENTO AUTORITÁRIO
Alexandre dos Santos Villas Bôas (Doutorando – PUCRS)
Este trabalho tem por objetivo caracterizar a formação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN) a partir de seu viés ideológico construído pelos intelectuais que participaram da
criação do órgão máximo de gestão do patrimônio cultural brasileiro, no momento de instauração do
regime autoritário do Estado Novo. Para decidir o que deveria ser preservado ou não foi formulado o
conceito de patrimônio nacional brasileiro entendido como a arquitetura barroca luso-brasileira
erigida como o símbolo da nação. Tal ideologia possibilitou ao regime Varguista consolidar no
imaginário da sociedade uma origem comum do povo brasileiro calcado no chamado patrimônio de
pedra e cal. No instante em que o pensamento autoritário exigia a intervenção de um Estado
ditatorial conduzindo a sociedade nasce um órgão controlado por intelectuais que tinham uma
vinculação ao movimento modernista e que acabam participando deste Estado autoritário. Analisar
essa relação entre intelectuais modernistas na área do patrimônio cultural e o Estado Novo, sua
influência no conceito de patrimônio nacional e suas implicações na constituição do IPHAN e sua
política de preservação patrimonial é o escopo deste trabalho com vista a identificar elementos do
pensamento autoritário em um discurso considerado por seus formuladores como puramente técnico
e despojado de conteúdo ideológico.
Palavras-chave: Patrimônio – História – Autoritarismo – Preservação – Estado
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: A PRÁTICA SIMULADA DE ANÁLISE E COLAGEM DE CERÂMICA
Alexandre Pena Matos (Doutorando – PUCRS)
Filipi Gomes de Pompeu (Mestrando – PUCRS)
O artigo apresenta o roteiro para a Educação Patrimonial. A dinâmica tem como foco os discentes
das turmas de 6º ano das Escolas de Ensino Fundamental. O trabalho foi desenvolvido durante dois
anos (2013 e 2014) nas cidades de Osório, Capão da Canoa e Xangri-lá, localizadas no Litoral Norte
do Estado do Rio Grande do Sul. Contou com a participação de 11 turmas entre os 4º e 7º anos e
presença de 355 alunos com idades entre dez a 14 anos, com média por sala de aula de 33
participantes. As atividades educativas foram regidas sob o título “Oficina de Arqueologia: análise e
colagem de cerâmica” e contemplaram as etapas: o questionamento (O que é ser indígena? O que é
patrimônio? Culturas brasileiras?); apresentação dos materiais arqueológicos (material lítico,
cerâmico e em osso); e, a prática simulada de análise e colagem de cerâmica. A pesquisa
arqueológica, ao fornecer uma perspectiva do estudo do patrimônio arqueológico no âmbito escolar,
possibilita aos alunos e professores o conhecimento dos bens culturais regionais ao olhar para seu
território e perceber a ocupação humana em seus tempos distintos, deixando sob o relevo suas
marcas culturais.
Palavras-chave: Educação Patrimonial;Arqueologia; Bem Cultural; Educação.
ARQUEOLOGIA DA CIDADE CINZA: PRESSUPOSTOS DE UMA RETÓRICA ARQUEOLÓGICA
Felipe Benites Tramasoli (Mestrando – Museu Nacional / UFRJ)
Há um aparente consenso de que, se o século XX foi o do discurso, o novo século representa um
movimento de retorno às coisas. Isto acontece, justamente, em uma época onde as sociedades,
como nunca antes, constroem uma grande massa de discursos sobre si mesmas. Entendendo que,
assim como a escassez de informações, a enorme abundância delas também é passível de causar o
obscurecimento de entendimentos e de vozes, esta pesquisa visa tratar do contemporâneo, não
como mera circunstância do fazer arqueológico, mas como problemática. A sugestão é fazê-lo
através da construção de uma retórica arqueológica, que, aqui, possui semelhanças ao ato artístico,
mas não deseja ser um, senão que degluti-lo e digeri-lo em prol da Arqueologia. Deve-se evitar tomar
a materialidade como objeto de arte, ou centralizar a questão estética e, sim, trabalhar a incessante
diferença que os vários entes do mundo constroem uns sobre os outros. Esta pesquisa apresenta
algumas considerações e os resultados parciais de uma proposta de manifesto arqueológico
construído sobre as ruínas do núcleo urbano da cidade do Rio Grande/RS. O objetivo último,
pretende-se, é o de trazer à tona a irrealidade de uma construção do passado, assumindo que ela
possui uma radical incompletude. O propósito não é tanto o de desqualificar as construções sobre
uma continuidade histórica, mas o de colocá-las em perspectiva e alertar a comunidade quanto às
suas vicissitudes.
Palavras-chave: Arqueologia, Contemporaneidade, Paisagem, Ruína, Modernidade
A FOTOGRAFIA DOCUMENTAL E A ARQUEOLOGIA PROCESSUAL
Filipi Gomes de Pompeu (Mestrando – PUCRS)
Dentre a colher de pedreiro, a pá, peneiras e réguas, uma das principais ferramentas documentativas
da qual se dispõe o arqueólogo, por incrível (e ao mesmo tempo óbvio) que pareça, é a câmera
fotográfica. Para comprovar aos leitores interessados o contexto paisagístico e espacial do sítios e
das evidências nele encontradas – leitor esse que geralmente é incapaz de visitar a origem das
fontes – é indispensável a produção e pesquisa de documentação fotográfica. Das imagens antigas
da região onde se está escavando a até, principalmente, as que são geradas in loco, em sítio, surge
uma questão – qual é o olhar do arqueólogo? O que ele procura ao observar/produzir uma imagem
fotográfica? Quais os roteiros de leitura visual que existem nas fotografias de uma peça encontrada
em campo, de uma camada estratigráfica, de um sepultamento, do ponto de vista aéreo do sitio?
Afinal qual é a cultura visual do arqueólogo? Nesta investigação, exploraremos as conexões e
similaridades epistemológicas entre os conceitos de Fotografia Documental e Arqueologia
Processual; explorando uma senda interdisciplinar necessária para realizar uma crítica sobre a
produção arqueológica, sobre como contamos o nosso passado mais remoto e sobre o que,
atualmente, é considerado “Pré-História”. Neste caminho obscuro como uma caixa preta, não apenas
as fontes consultadas por esta e aquela disciplina são as mesmas, mas as próprias disciplinas se
confundem em seus objetivos: recriar o trajeto do Homem ao longo do tempo e analisá-lo para que
possamos compreender o hoje e projetar o amanhã. Assim, busca-se desenvolver um debate que
deseja (re)construir a práxis fotográfica e documental das metodologias arqueológicas em busca de
uma aproximação com a História – afinal, nem tudo que conta uma história está (ou pode ser)
escrito...
Palavras-chave: Arqueologia, Processualismo, Fotografia Documental, Fontes Históricas, Crítica
ARQUEOLOGIA DA ESCRAVIDÃO: ESPACIALIDADE E PRESENÇA DO NEGRO EM INVENTÁRIOS
DA ESTÂNCIA DO CERRO PARTIDO, SANTA BÁRBARA DA ENCRUZILHADA, 1780-1888
Fernando Carlos Lopes Filho (Graduado – ULBRA)
A microrregião da Serra do Sudeste, localizada entre os rios Jacuí (ao norte) e Camaquã (ao sul),
recebeu durante o fim do século XVIII, uma significativa quantidade de concessões de sesmarias.O
objetivo deste estudo é Identificar através da relação entre espacialidade, presença do negro em
inventários e da ocupação luso-brasileira representada pela família dos Carvalho, a configuração da
mão de obra escrava e o negro como agente social no rural riograndense oitocentista.A presença da
sede da Estância do Cerro Partido, com a datação do fim do século XVIII, é caracterizada com
estruturas de senzalas preservadas, e de três gerações documentais de inventários com escravos
deixados como herança que corroboram a hipótese de que a mão de obra escrava foi ostensiva e
configurou todo o processo de produção da estância do Cerro Partido, podendo designar o negro
como mão de obra presente no escravismo rural do Rio Grande do Sul oitocentista, uma vez que a
Arqueologia coloca os elementos da cultura material como medidores das relações sociais. A
utilização da diversidade de fontes, cultura material, espaço social e documentação histórica, habilita
a disciplina de Arqueologia Histórica ou Arqueologia da Escravidão no Rio Grande do Sul para o
estudo. A família Carvalho, detentora da Estância do Cerro Partido de 1780 até o presente momento,
foi atuante na utilização de mão de obra escrava, nas três gerações estudadas até o fim do período
escravagista no Rio Grande do Sul acompanhando as características de diminuição desta mão de
obra conforme implementadas as leis abolicionistas no Brasil.
Palavras-chave: Arqueologia histórica, escravidão, documentação histórica.
ARQUEOLOGIA E HISTÓRIA: PESQUISA JUNTO À OBRA DE AMPLIAÇÃO DO SHOPPING PRAIA
DE BELAS – MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE/RS
Ingrid Oyarzábal Schmitz (Licenciada – PUCRS / UFRGS)
Através do monitoramento arqueológico previsto, e ocorrido, na obra de ampliação do Shopping
Praia de Belas, foi possível pesquisar um novo sítio arqueológico na cidade de Porto Alegre/RS-
Brasil. A coordenação desta pesquisa é do arqueólogo Alberto Tavares, e o endosso institucional do
Museu de Porto Alegre Joaquim Felizardo. O estudo do sítio ocorreu em duas etapas, a primeira em
2008 e a segunda em 2012. Através do levantamento histórico do local, identificou-se quatro
ocupações distintas, a primeira da segunda metade do século dezenove, com a chácara do
Comendador João Batista Ferreira de Azevedo; um segundo momento onde a casa é demolida e o
terreno é utilizado para descarte de lixo; outra de quatro lotes do inicio do século vinte, com suas
respectivas moradias e lixeiras domésticas; e a última, a instalação da fábrica da Pepsi, já na
segunda metade do século XX. O sítio, registrado como RS-JA-71 Chácara do Comendador Ferreira
de Azevedo, nos ofereceu amostras claras destas ocupações. Além das atividades de campo e
laboratório, oficinas de arqueologia para o ensino fundamental foram desenvolvidas ao longo do
projeto. Atividade crescente, a arqueologia de contrato traz à tona uma vasta quantidade de cultura
material, que carece de mais estudos. O objetivo deste trabalho, é, justamente, apresentar o
potencial deste material nas pesquisas acadêmicas nas áreas de arqueologia e história.
Palavras-chave: Arqueologia; Salvamento; Porto Alegre; Educação Patrimonial.
ARAUCÁRIAS, PINHÕES E PESSOAS: A RELAÇÃO DOS KAINGANG COM A PAISAGEM NO
PLANALTO SUL-RIO-GRANDENSE
Juliana Konflanz de Moura (Pós-graduanda – IAB)
Marcus A. S. Wittmann (Pós-graduando – IAB)
As populações pré-históricas parecem já estar assentadas no território Sul-rio-grandense desde o
início do Holoceno, numa região onde a ocupação da fauna e flora já encontravam-se há milhões de
anos. Ainda durante o início deste período, as áreas altas da costa onde atualmente existem as
Araucárias, antigamente haviam sido cobertas por campos. O clima impedia o avanço do pinheiro,
que ficava restrito aos vales protegidos, sendo menos densos e contínuos, sugerindo um clima frio e
com menos intensidade de chuvas. Cogita-se que o início do avanço das Araucárias começou há
cerca de 3000 anos, atingindo o máximo da expansão entre 1000-1500 anos. As terras acima de 400
metros de altitude no planalto Sul-rio-grandense, são o ambiente em que esta árvore melhor se
desenvolve. O pinhão da Araucária foi – e ainda é – para as populações indígenas do Rio Grande do
Sul (especialmente os Kaingang) uma alimentação rica, principalmente durante a estação invernal. A
subsistência dessas populações Kaingang dependia da caça, da pesca e da coleta – principalmente
do pinhão. A coleta desta semente estava associada ao período de caça mais abundante, que atraía
também animais silvestres e aves. O uso do pinhão como alimento era bastante recorrente, e são
encontrados carbonizados nas fogueiras associadas aos sítios arqueológicos. Não apenas ligados à
alimentação, a Araucária e o pinhão estão ligados também ao mito de origem dos Kaingang e de
culto aos mortos. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar a relação entre as populações
Kaingang e a expansão da Mata de Araucária e sua relação com esta.A partir disso, buscamos
responder algumas questões: quais seus métodos de uso e estocagem? A Floresta de Araucárias no
planalto gaúcho teve avanço devido à estas populações? Quais as localizações e distribuição dos
sítios deste grupo no planalto das araucárias?
Palavras-chave: Arqueologia; Kaingang; Planalto Sul-rio-grandense; Araucária; Pinhão.
O ARQUEÓLOGO COMO EDUCADOR: O LOCAL DO INDÍGENA NA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
Marcus A. S. Wittmann (Pós-graduando – IAB)
Juliana Konflanz de Moura (Pós-graduanda – IAB)
Com o advento da Educação Patrimonial dentro do âmbito da Arqueologia de Contrato, os
arqueólogos foram inseridos nas salas de aula de Escolas. Isto gerou debates de como a
Arqueologia deve ser tratada na educação e qual o papel dos arqueólogos nesse processo. Sendo
assim, este trabalho se baseia nas experiências da Equipe de Arqueologia do Laboratório de
Pesquisas Arqueológicas do MCT/PUCRS em turmas do Ensino Fundamental e Médio. Geralmente
o discurso arqueológico parte de uma visão tecno-tipológica da cultura material indígena, tornando
assim invisíveis as pessoas por trás desses artefatos. Além disso, a bibliografia sobre Educação
Patrimonial se foca muito mais na questão da preservação e conservação de bens culturais,
vestígios arqueológicos e monumentos históricos do que na importância de se trabalhar a identidade
cultural e da tomada de consciência por parte dos alunos de seus papéis sociais e históricos. Deste
modo, a Equipe de Arqueologia do LPA/MCT/PUCRS resolveu inserir em suas práticas educativas
uma aproximação da Arqueologia com a História e a Antropologia. Sendo assim, a cultura material é
abordada como um significante, um símbolo, o qual traz traços culturais, hábitos, costumes, histórias
à tona. Alguns dos questionamentos levantados nas atividades de Educação Patrimonial são:
Quantos grupos indígenas existem atualmente no Brasil e no Rio Grande do Sul? Se, caso um
indígena usasse objetos e roupas não-indígenas continuaria sendo um indígena? Se tinham
conhecimento que hábitos como tomar chimarrão, comer pinhão e polenta são costumes indígenas.
Estas perguntas suscitam um debate propício à quebra de preconceitos acerca dos indígenas do
Brasil e o papel da arqueologia para expor a história, a cultura e a luta desses povos e sua
importância na formação da identidade nacional, adequando-se assim à Lei 11.645/2000 a qual
estabelece a obrigatoriedade do ensino desses aspectos no Ensino Fundamental e Médio.
Palavras-chave: Arqueologia, História Indígena, Cultura Material, Identidade Nacional
ST 15 – ÁFRICA E AFRICANIDADES
Coordenador – Priscila Weber
Sala 307 – Prédio 03
[28/05/15]
Manhã – 8h às 12h e Tarde – 13h30min às 17h30min
O PONTO E O CONTRAPONTO – OS QUILOMBOS DE PALMARES NAS OBRAS DE NINA
RODRIGUES E ÉDISON CARNEIRO
Adriano Viaro da Silva (Mestrando UPF)
Este trabalho tem como objetivo principal a comparação entre formas de representação, análise e
abordagem, a respeito dos quilombos dos Palmares, por dois autores de campos e orientações
ideológicas distintas, bem como formações acadêmicas e intelectuais opostas, que abordaram o
mesmo tema: os quilombos dos Palmares. A escolha dos autores a serem analisados neste estudo,
se deu pelo pertencimento à mesma época e mesmas “tendências” de análise do período em que
publicaram suas obras. Entende-se que a partir de um trabalho de comparação e, sobretudo, de um
maior entendimento de suas conjunturas pessoais e profissionais, pode-se chegar a um denominador
comum, salvaguardando suas especificidades. Tanto Nina Rodrigues quanto Édison Carneiro,
analisaram as revoltas de trabalhadores escravizados, a partir de um axioma étnico vigente em suas
épocas, considerando hipóteses culturalistas para a justificativa de fugas e aquilombamentos, porém
com visões distintas a respeito do desenrolar de tais eventos. Conclui-se que o médico Nina
Rodrigues encerra uma etapa de análises conservadoras e dotadas de preconceitos de época,
enquanto que Édison Carneiro inaugura uma nova perspectiva, sobretudo com tomada de posição
política. A partir destas divergências entre os autores e, sobretudo, através de suas relevantes obras,
espera-se, a partir deste estudo, aprimorar as interpretações acerca do tema.
Palavras-chave: Palmares. Quilombos. Escravidão. Historiografia. Colônia
OS DESAFIOS DA CONCRETIZAÇÃO DE SEGURANÇA ALIMENTAR NA GUINÉ-BISSAU: O
ACESSO Á ALIMENTAÇÃO COMO SENDO UM DIREITO DE TODOS.
Amilcar Rodrigues Afonso Santy (Pós-graduando – UFRGS / Direito)
A presente pesquisa trata dos desafios da concretização de segurança alimentar na Guiné-Bissau: O
acesso á alimentação como sendo um direito de todos,Apesar da pobreza, da fome e das demais
violações ao Direito Humano à Alimentação Adequada continuarem a representar um enorme desafio
a ser transposto pela sociedade guineense, o tema da alimentação e nutrição vem sendo objeto de
uma intensa reflexão por parte da sociedade civil e do governo Guineense, ao longo de vários
anos, proposito do livro é Traçar críticas quanto à ausência de atuação de políticas e programas
sobre a agricultura e segurança alimentar, só aparece nos momentos das campanhas eleitorais do
país, que acaba por não serem implementados após as eleições, em vista disso são elaboradas as
seguintes questões: Como funciona o sistema de segurança alimentar em Guiné-Bissau? O sistema
de segurança alimentar Guineense pode ser considerado acessível a todos os cidadãos? Quais são
as políticas e programas de promoção de segurança alimentar em Guiné-Bissau? O objeto deste
artigo, qual seja, a segurança alimentar, é desenvolvido sob o método científico através de pesquisa
bibliográfica, concomitantemente, utilizam-se estudos que avaliam segurança Alimentar e Nutricional
(MALUF, 1994, 2003,2007), provenientes de literatura nacional e internacional, também pela internet
foram exploradas redes de contatos pessoais e feitas consultas para levantamento de estudos e
pesquisa sobre assuntos afins: Para desenvolver a analise proposta estruturou-se o presente artigo
em Cinco capítulos, além desta parte introdutória e das reflexões finais do trabalho. O primeiro
capítulo traz a um brevíssimo panorama Histórica da segurança alimentar no mundo, no segundo
capítulo enfocam-se a Segurança alimentar na literatura nacional e internacional, o terceiro capítulo
traz a incorporação de conceito de Segurança alimentar como direito à alimentação, o quarto relata
o Problema de Insegurança Alimentar no contexto Africano, quinto capítulo avaliam o Acesso a
Alimentação Adequada Direito Fundamental.
Palavras-chave: Segurança Alimentar, Insegurança Alimentar, Políticas Publicas.
APONTAMENTOS CLASSISTAS PARA A ETNIA NEGRA NO JORNAL A ALVORADA (1930-1935)
Ângela Pereira Oliveira (Mestranda – UFPel)
O A Alvorada era um periódico literário, noticioso e crítico que, circulava na cidade de Pelotas. Ele
teve um longo período de circulação, de 1907 a 1965, com algumas curtas interrupções. Assim, ele é
considerado um dos mais longos periódicos de imprensa negra que circularam no Estado do Rio
Grande do Sul. Sendo inviável, nesse momento, realizar um trabalho que abarque todos os anos de
sua circulação, a proponente pesquisa se delimita, na utilização deste, como sua principal fonte,
entre os anos de 1930 a 1935. Este jornal, no entanto, não se restringia a esta cidade. Sua
comercialização foi expandida para outras localidades da mesma região, como é possível
acompanhar nos informes ao longo de suas páginas. Este hebdomadário, além de ser uma folha
operária também era um defensor da causa negra, tendo muitas campanhas em prol da defesa dos
interesses desses grupos. Assim, com base em diversos informes do jornal A Alvorada, o presente
trabalho se propõe a problematizar a incidência de chamamentos para reuniões classistas e
organização, com um enfoque na grande incidência em que algumas categorias profissionais da
cidade aparecem nas páginas do proponente jornal. Além de, abordar algumas colocações feitas
sobre sindicatos nos relatos desta imprensa. Desta forma, se busca fazer alguns apontamentos
sobre aqueles trabalhadores a quem essa imprensa buscava atingir, demonstrando como se
utilizavam da imprensa negra como recurso para instigar novos operários aos debates de interesses
de classe. Partindo do pressuposto de que o foco do jornal permeava os operários negros, se
problematizará a intencionalidade de tais chamamentos, feitos por associações classistas, ou até
mesmo pelo próprio jornal. Como se pode observar, por exemplo, se evidencia um interesse em que
se desse uma prática maior de associação. Esta análise leva em conta as limitações que a utilização
desta fonte oferece e não objetiva entrar na questão das suas participações efetivas, mas no
envolvimento desses sujeitos na causa operária.
Palavras-chave: Jornal, operários, negros, Pelotas.
DA CONTESTAÇÃO A RESPONSABILIDADE MÚTUA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE O
PAN-AFRICANISMO E O AFRICAN RENAISSANCE
Anselmo Otávio (Doutorando – UFRGS)
O artigo proposto para o II Encontro Histórico de Pesquisas Históricas da PUC-RS possui como
principal objetivo compreender as semelhanças e as diferenças existentes entre o Pan-Africanismo e
o African Renaissance. Pautando-se na análise de uma bibliografia vasta, composta por livros,
artigos, documentos oficiais, dentre outros considerados relevantes para este artigo; bem como
baseado em três objetivos específicos, a saber: a análise do Pan-Africanismo no continente africano
e no cenário mundial existente ao longo da Guerra Fria; nas transformações surgidas com o Fim da
Guerra Fria no continente africano; e, por fim, na compreensão do African Renaissance e sua relação
com o cenário internacional Pós-Guerra Fria, busca-se defender a hipótese de que a diferença entre
o Pan-Africanismo e o African Renaissance é que ambos são respostas africanas para cenários
internacionais distintos, logo, enquanto a adoção do Pan-Africanismo por diversos países africanos
foi fundamental para a resolução de diversas demandas africanas surgidas durante o período da
Guerra Fria, o African Renaissance, em contrapartida, simboliza a tentativa do continente africano
em se adequar ao cenário internacional surgido no Pós-Guerra Fria. Nesse sentido, a partir da
análise proposta para este artigo, espera-se concluir que, embora voltadas a encontrar soluções para
demandas africanas, tais como desenvolvimento econômico, luta contra a miséria extrema,
pacificação continental, dentre outros, em verdade o Pan-Africanismo possuía caráter contestatório
da Ordem Internacional, acreditando que a solução para os transtornos africanos encontrava-se
relacionada à criação de uma Nova Ordem Internacional favorável aos países em desenvolvimento.
Já no African Renaissance defende-se que a solução dos desafios africanos não se encontra na
contestação, e sim, na responsabilidade entre as potências Ocidentais e os países africanos.
Palavras-chave: África. Pan-Africanismo. African Renaissance.
A CONSTRUÇÃO DA MULATA EM UM CONCURSO DE BELEZA NEGRA: “MISS MULATA” NA
LUTA CONTRA O RACISMO (1986-1999 RS)
Beatriz Floôr Quadrado (Mestranda – UFPel)
O trabalho consiste em uma pesquisa de mestrado, em andamento, e que tem como principal
temática um concurso intitulado “Miss Mulata”, com origem em 1969 até 1999, na cidade de Arroio
Grande (RS), como uma forma luta contra racismo, para a construção de novos valores sobre a
mulher negra, de valorização e auto- estima. Uma questão de representação para comunidade negra
intensificada pela imagem de Deise Nunes, a primeira mulher negra a ganhar o “Miss Brasil” (1986),
e que também foi “Miss Mulata” (1982), por isso os anos de 1986-1999 como recorte temporal
escolhido para a pesquisa. A metodologia utilizada para este estudo é a História Oral, um meio para
entender a utilização da terminologia “mulata” para um concurso que tinha por intenção a valorização
da mulher negra, sendo assim o objetivo deste trabalho. O que até então se pode constatar é de se
tratar de uma forma subjetiva do grupo em questão para visualização de símbolos da mulher negra,
comuns também à mulata, estes alvos de estigmas. Então se faz necessário um aprofundamento no
que tange a construção da mulata em âmbito nacional, junto às questões de identidades e
miscigenação da sociedade brasileira. Pretende-se uma análise da luta contra o racismo pela
estética, entendendo esta como um ato político, em especial de afirmação de ideologias e ideais, o
qual se observa em muitos movimentos negros, objetivando desconstruir estereótipos negativos
construídos sobre o corpo negro, sua cultura e história. Liga-se estas construções racistas a um
fenômeno chamado branquitude ou branqueamento, em que se caracteriza essencialmente na
supervalorização do branco, uma posição de poder que acaba moldando padrões europeizados,
inclusive na estética, e assim reforçando a ideia de feiúra e inferioridade sobre a mulher negra.
Palavras-chave: Mulher negra; Mulata; Racismo; Estética; Política.
A REPRESENTAÇÃO DO POVO WOLOFS NA OBRA TRATADO BREVE DOS RIOS DA GUINÉ
(1594), DO CAPITÃO ANDRÉ ÁLVARES D’ALMADA
Daniel Augusto Pereira Marcilio (Grad. Jornalismo / Graduando História – UFRGS)
Os relatos de viagem tornaram-se uma importante fonte documental para se estudar os povos da
África. É claro que, como qualquer fonte histórica, manuscritos desse gênero precisam ser
problematizados, pois interpretam uma realidade estrangeira a partir de valores e critérios estranhos
à sociedade descrita. Tendo isso em consideração, o Tratado Breve dos Rios da Guiné, redigido em
1594, é um material riquíssimo para a pesquisa história das populações africanas, pois o autor, o
Capitão André Álvares D’Almada, era um mulato nascido em Cabo Verde – ou seja, era um africano
que escreveu sobre a África, embora tivesse ascendência portuguesa. Ao contrário dos primeiros
exploradores, ele não trabalhou com conceitos e noções de inferioridade racial, ou melhor, não
desqualificou de imediato as populações nativas. Era um homem culto, que tentou distinguir os
diferentes grupos e etnias dos Rios da Guiné. Na tentativa de ordenar essa diversidade, ele acaba
também demonstrando a complexidade da África, ao mesmo tempo em que procura identificar quais,
dentre os povos africanos, poderiam ser considerados possíveis aliados ou inimigos – os que seriam
mais belicosos ou menos, abertos ao comércio ou mais reclusos, e assim por diante. Este trabalho,
portanto, pretendo explorar, a partir de um recorte, como um povo específico – no caso, os Wolofs foi retratado e compreendido por Almada. Os wolofs foram os primeiro a serem descritos no Tratado
e serviram de modelo para as demais populações apresentadas no texto. Os wolofs, povo ágrafo,
baseavam-se pela tradição oral, e o mérito de Almada foi registrar parte da memória desse grupo em
uma fonte documental, ainda que não tivesse tal intenção. Por isso, o conceito de representação,
definido pelo historiador Roger Chartier, enquadra-se na temática desta pesquisa e será utilizado
para refletir sobre as possibilidades de se recuperar elementos simbólicos e culturais de uma época.
Palavras-chave: História da África – Representações – Literatura de Viagem – Povo Wolof CapitãoAndré Álvares D’Almada
TERRITÓRIOS NEGROS URBANOS E OS QUILOMBOS URBANOS CONTEMPORÂNEOS:
DESCOBRINDO A PORTO ALEGRE NEGRA
Jéssica Melo Prestes (Bacharel – PUCRS)
Esta pesquisa desenvolvida através de extensa revisão bibliográfica sobre a temática de
Territorialidade Negra urbana de Porto Alegre, tem por intuito descobrir a ligação dos antigos
Territórios Negros da capital, como o Areal da Baronesa, Ilhota (ambos localizados no atual bairro
Cidade Baixa) e Colônia Africana (localizado no atual bairro Rio Branco) com os Quilombos
contemporâneos urbanos da Cidade. No que tange aos Quilombos, Porto Alegre possuí 4
reconhecidos, cujo 3 deles estão em regiões onde se encontravam os antigos Territórios Negros da
cidade, são eles: Quilombo do Areal, Quilombo dos Fidélix e Quilombo dos Silva.No Rio Grande do
Sul, Estado onde persiste a mistica do “Estado branco” se faz de extrema importância reconhecer os
Territórios Negros da capital, Porto Alegre, primeiramente por esta ter possuído vários territórios
relacionados a cultura Afro, que se fez presente e marcante, deixando o legado cultural do carnaval,
futebol e as casas de religião.
Palavras-chave: Territórios Negros - Porto Alegre - Quilombos urbanos
A RAINHA GINGA COMO ALTIVA, IMORTAL, ARDILOSA E ESTADISTA NA OBRA DE OLIVEIRA DE
CADORNEGA
Priscila Maria Weber (Doutoranda – PUCRS)
A rainha Ginga, personagem principal da obra “História Geral das Guerras Angolanas”, é descrita de
forma recorrente nas quase duas mil páginas que compõe o texto de Oliveira de Cadornega. Como
características introdutórias, o autor expõe a resistência ao domínio colonial português por quarenta
anos, de 1623 a 1663. Sobre o nascimento da mesma, o autor grafa que teria ocorrido no Ndongo,
em período concomitante com a chegada dos portugueses em Angola. Filha de Jinga Mbandi Ngola
Kiluanji, rei do Ndongo, a parte Imbundo de sua progênie advinha de sua mãe por herança seu
tataravô. Esses dados que condizem com sua falta de matrilinhagem foram aproveitados pelo
escritor para traçar o traquejo político da rainha. Problematizamos que as adjetivações como altiva,
imortal, ardilosa e estadista são engendradas no texto com o intuito de conferir um sentido ao
mesmo, pois produzem uma realidade textual quando mescladas com outras caracterizações,
criando uma rainha inimiga de Portugal, fato que auxiliou na justificativa dos insucessos advindos dos
demorados conflitos bélicos entre africanos de Ndongo, Matamba e adjacências com os lusos.
Palavras-chave: Rainha Ginga; Oliveira de Cadornega; Angola; Ndongo; Matamba
HISTORIA E OS DESAFIOS DO TEMPO PRESENTE: CONFLITOS AFRICANOS, & DIREITOS
HUMANOS - NOVAS PERSPECTIVAS E OUTROS FATORES
Ricardo Ossagô de Carvalho (Doutorando – UFRGS)
A complexidade do Continente africano em termos etno - linguísticos, culturais, econômicos, político ideológicos e históricos exige cautela e prudência com teorizações generalizantes quando se fala de
conflitos, em vez de explicar o continente, podem simplesmente desembocar em reducionismos
mutiladores. O artigo tem como objetivo contextualizar de forma critica os conflitos, violência e
direitos humanos na África, assuntos bastante instigadores e ao mesmo tempo desafiadores pelo
contexto que se coloca hoje no continente. Quando pensamos e ou falamos em conflitos e ou direitos
humanos na África, muitas das questões vêm a nossa mente, uma delas é a velha questão de fazer
logo comparações ao Ocidente e ou os seus modelos da Democracia, igualdade, liberdade e direitos
humanos como se fosse coisas lineares que tem que seguir os mesmos processos e modelos com
outros continentes e ou países. Mas, quando considerarmos apenas o fator étnico como sendo o
maior e principal causa, então perderemos a chance de compreender cada conflito, e cada
singularidade nela contido no sentido de podemos considerar os múltiplos fatores que estão por trás
disso. Muitas podem ser as causas determinantes e, mesmo que existam algumas que são comuns à
maior parte dos conflitos, sempre há especificidades. Por exemplo, em conflitos como o de Ruanda,
prevalecem fatores étnicos. No Sudão, fatores religiosos. Não podemos partir de imediato para
generalizações como é feito na maioria das vezes pela mídia e ou por alguns intelectuais ocidentais,
ainda mais quando se trata de um continente tão amplo e diversificado. A África viveu, e vive
experiências históricas comuns e apresenta semelhanças culturais que ofereceriam algumas
possibilidades para compreendê-la como totalidade complexa sem afogar na generalização as
peculiaridades e experiências das Nações nela contidas. O continente africano não pode ser visto
como portador de uma unidade e de uma identidade única. Com efeito, uma das características mais
marcantes da África é a sua diversidade.
Palavras-chave: Historia, África, identidade, conflitos e direitos humanos.
AS PLANTAS NO TRATADO BREVE DOS RIOS DE GUINE DO CABO-VERDE: A PERSPECTIVA
ETNOBOTÂNICA HISTÓRICA (1594)
Teane Mundstock Jahnke (Graduada – UFRGS)
Este trabalho tem como objetivo apresentar as análises das relações etnobotânicas em perspectiva
histórica, no documento Tratado breve dos Rios de Guine do Cabo-verde: desde o rio do Sanagá até
aos baixos de Sant’Anna de Capitão André Alvares D’Almada, do ano de 1594. É resultado de
pesquisa científica para a escrita do trabalho de conclusão de curso (TCC) na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, em licenciatura em História, orientado pelo professor José Rivair Macedo no
segundo semestre de 2014. A obra foi estudada a partir das metodologias da etnobotânica de Julio
Hurrell e análise de documento de Jacques Le Goff. Compreende-se as inter-relações entre as
populações guineenses, os portugueses (europeus) e elementos da flora local, a partir do
testemunho de Almada, na região da Guiné, em meados do século XVI. Para a pesquisa foram
utilizadas referências bibliográficas sobre o tema (plantas/etnobotânica) e sobre o contexto
geográfico e temporal. A exposição das relações é apresentada em duas divisões temáticas, ente os
interesses comerciais e produtivos dos vegetais e entre o uso de plantas bioativas tóxicas e
medicinais. Compreende-se que as plantas e sua utilização são essenciais para a história das
sociedades guineenses, tendo valor em aspectos econômicos, sociais, políticos e religiosos.
Palavras-chave: Guiné, etnobotânica, alimentos africanos, plantas bioativas, têxteis africanos.
JOÃO MELO E A IDENTIDADE ANGOLANA PÓS-COLONIAL, NA OBRA FILHOS DA PÁTRIA
Vanessa Alves Felix (Mestranda Letras – UFRGS)
No livro Filhos da Pátria (2008), de João Melo, uma análise sobre Angola, país africano de expressão
portuguesa, é feita. Dando enfoque ao período pós-colonial deste país, sem esquecer-se da fase
colonial, a história de Angola é revelada, por meio de contos que retratam o povo angolano que
habita – em sua maioria – na periferia de Luanda, porém que poderiam pertencer a qualquer país
que possui um sistema excludente. Desta forma, o presente trabalho procurou entender a identidade
angolana, através dos estudos da periferia, das elites e das relações étnico-raciais que existem neste
país, tendo como base a obra de Melo. A Literatura Luso-africana e a crítica pós-colonial têm andado
juntas, assim as teorias pós-colonialistas foram necessárias para analisar os efeitos políticos,
filosóficos, artísticos e literários deixados pelo colonialismo nos países colonizados. Como
pressupostos teóricos para falar sobre estudos culturais e o Estado pós-colonial na África de língua
portuguesa, utilizei Stuart Hall, Patrick Chabal e outros pensadores africanos. A leitura e análise dos
textos do sociólogo Boaventura de Sousa Santos também foram importantes, pois esse serviu de
auxílio no estudo sobre o colonialismo português. A busca pelo entendimento da história de Angola
foi fundamental para a compreensão da importância da literatura para a construção da identidade
deste povo.
Palavras-chave: Filhos da Pátria, João Melo, Angola, Pós-colonialismo, Identidade
ST 16 – HISTÓRIA AGRÁRIA
Coordenador – Helen Scorsatto Ortiz
Sala 307 – Prédio 03
[27/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
A QUESTÃO AGRÁRIA E AS PRÁTICAS POLÍTICO-JURÍDICAS NO NORTE DO RIO GRANDE DO
SUL: 1930 A 1937.
Álisson Cardozo Farias (Mestrando – UPF)
Como parte da dissertação de mestrado na área de concentração em História Regional da
Universidade de Passo Fundo, o presente estudo tem por objetivo discutir a questão agrária e as
práticas político-jurídicas no norte do Rio Grande do Sul, a partir da análise de processos judiciais
provenientes da 2ª Vara Cível da Comarca de Soledade que tramitaram no período de 1930 a 1937.
Desta forma, o intento desse estudo é analisar as mudanças e as permanências das relações
político-jurídicas e econômicas em torno da terra no norte do Rio Grande do Sul no Primeiro Governo
Vargas, em relação à conjuntura histórica constituída na Primeira República, caracterizando as
legislações e os sujeitos envolvidos na questão agrária, bem como o processo de ocupação do
espaço e a constituição da modernização do Estado, observando as noções e práticas trazidas pelo
capitalismo.
Palavras-chave: Questão agrária – Era Vargas – processos judiciais – posse – propriedade.
VACARIA - LAGES: UM ESTUDO DAS UNIÕES FAMILIARES, POSSES, ESTRUTURAS
PRODUTIVAS E TRANSMISSÕES DE PATRIMÔNIO NO SÉCULO XIX
Andréa Pagno Pegoraro (Mestranda – UPF)
Este trabalho pretende apresentar o projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido através da
Universidade de Passo Fundo (UPF) com o apoio da Capes. Buscamos nesta pesquisa analisar
como ocorriam as transmissões de grandes propriedades durante o século XIX no sul do Brasil,
evidenciando os conflitos gerados pelas disputas de posses. A proposta deste estudo surgiu
inicialmente com a pretensão de estudar as transmissões de patrimônio na fazenda do Socorro em
Vacaria/RS, visto terem sido desencadeados conflitos pela posse da herança de José Joaquim
Ferreira (1872). Com a verificação dos laços de parentesco, compadrio e troca de favores da família
de José Joaquim Ferreira com a família de Antônio Manoel Velho, proprietário da fazenda dos
Ausentes (São José dos Ausentes/RS) decidimos que precisávamos ampliar nosso campo de análise
para compreender melhor o contexto de transmissões dessas grandes propriedades, que possuíam
vastas extensão de léguas, tendo sido elas doadas em sesmarias aos seus primeiros proprietários.
Constamos também a importância da família de Laureano José Ramos de Lages/SC para a história
de Vacaria, pois um dos filhos do fazendeiro, Fidélis Ramos foi proprietário de outra tradicional
fazenda do município, a fazenda Estrela. Definimos então, como recorte de nossa pesquisa o espaço
regional compreendido por Vacaria, Lages e São José dos Ausentes.Nossos estudos buscam
responder ao seguinte questionamento: "Quais os conflitos gerados pelas posses de terras e como
se desenrolaram as relações familiares e de poder através das transmissões de heranças e
aquisição de compras de propriedades no sul Brasil durante o século XIX"?. O título de nossa
pesquisa ficou definido como: " Vacaria - Lages: um estudo das uniões familiares, posses, estruturas
produtivas e transmissões de patrimônio no século XIX" .Temos como objetivo geral analisar como
se desenvolviam as relações familiares e quais as estratégias utilizadas nas transmissões de
patrimônios, através da análise dos testamentos, inventários post-mortem, correspondências,
registros paroquiais e de imóveis. A pesquisa visa contribuir para a ampliação dos conhecimentos
históricos sobre os grandes estancieiros do sul do Brasil; Compreender de que modo as relações
familiares auxiliaram nas transferências de heranças; Entender as transmissões de propriedades de
Laureano José Ramos, José Joaquim Ferreira e Antônio Manoel Velho; Identificar os possíveis
conflitos gerados pelas transmissões de propriedades na Fazenda do Socorro, Guarda-Mor e
Ausentes, durante o século XIX e seus motivos.Pretendemos em nossos estudos evidenciar as
relações sociais entre membros da elite latifundiária e como estas auxiliaram na consolidação do
prestígio social e na manutenção do patrimônio entre seus membros.
Palavras-chave: Patrimônio - Família - Transmissões - Propriedade - Século XIX
NARRATIVAS DA DISPUTA PELA TERRA EM SEDE TRENTIN NO JORNAL O ESTADO (1980-1985)
Douglas Satirio da Rocha (Mestrando – UPF)
No final da década de 1970 e durante os anos de 1980, os problemas relacionados à questão da
terra no Oeste catarinense repercutem em vários jornais do estado de Santa Catarina. Notas,
notícias e reportagens contemplam a tensão vivida nesta região, onde paralelamente acontecem
vários conflitos. Nesse contexto ocorre também no interior do município de Chapecó-SC, o processo
de retomadas das terras indígenas do Toldo Chimbangue. Entre o inicio da década de 1980 e 1985,
– ano da demarcação parcial da área de terra – desencadeou-se uma disputa que envolveu índios
Kaingang e colonos da localidade de Sede Trentin, com ampla divulgação e repercussão na
imprensa escrita. Entre os jornais que noticiaram os acontecimentos envolvendo este processo de
disputa pela terra, destaca-se nesse período, a cobertura jornalística realizada pelo jornal O Estado,
jornal publicado em Florianópolis-SC, com abrangência em várias cidades de Santa Catarina. Este
trabalho analisa as notícias veiculadas no jornal O Estado sobre a disputa pela terra em Sede
Trentin, entre índios e colonos, no período de 1980 a 1985. Tem por objetivo discutir através das
notícias o processo de retomada das terras indígenas nesta localidade e sua relação com o processo
histórico de disputa pela terra na região Oeste Catarinense. Objetiva também abordar como o jornal
apresentou este conflito para seus leitores e como através da escolha e ordenação das informações
e acontecimentos, construiu certos sentidos, imagens e entendimentos para a questão.
Palavras-chave: Jornal O Estado; Disputa pela terra; Sede Trentin; Índios Kaingang; Colonos.
DUAS FRENTES PARA A REFORMA AGRÁRIA: O LATIFÚNDIO E AS ÁREAS INDÍGENAS. AÇÕES
DO GOVERNO BRIZOLA NA QUESTÃO DA TERRA NO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL
Gean Zimermann da Silva (Mestrando – UPF)
A região do norte do Rio Grande do Sul foi um palco de movimentos sociais ligados ao meio rural.
Destacamos o período do governo de Leonel Brizola (1959-1962) no tocante às desapropriações de
latifúndios, considerados improdutivos, e de áreas indígenas. Em meados da década de 1960, havia
um grande conflito envolvendo agricultores sem-terra. Um dos grupos que começaram a reivindicar
terras consideradas improdutivas foi o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MASTER), o qual
era influenciado pelo PTB de Leonel Brizola e João Goulart. O MASTER era legitimado pelo governo
do estado, que, por sua vez, tinha um “inimigo” que era a Frente Agrária Gaúcha (FAG), organizada
pela Igreja Católica. Ambos travavam uma luta ideológica frente aos agricultores sem-terra. Havia
duas frentes para a realização da reforma agrária nessa região do Rio Grande do Sul. Uma era os
latifúndios, considerados improdutivos, e a outra frente era as áreas indígenas. Sendo assim, Leonel
Brizola esteve em direção das duas frentes. Objetivamos com esse artigo, baseado na CPI indígena
de 1968, nos relatórios anuais do governo do estado enviados à Assembléia Legislativa, jornais
locais, entre outros, ilustrar de uma forma sucinta, o processo de ocupação e pressão para que
ocorresse a reforma agrária na região do centro-norte do Rio Grande do Sul, em particular nas áreas
indígenas que haviam sido demarcadas no início do século XX.
Palavras-chave: Região do centro-norte do RS; Reforma agrária; MASTER; Desapropriação de
terras; Governo Leonel Brizola.
DESIGUALDADE SOCIAL E CONCENTRAÇÃO DE RIQUEZA NO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL:
O PERFIL DOS PATRIMÔNIOS INVENTARIADOS EM SOLEDADE (1861-1920)
Helen Scorsatto Ortiz (Doutora – IFRS)
Sem sombra de dúvidas, a desigualdade social é uma das grandes marcas do Brasil. Neste trabalho,
interessa-nos destacar a divisão desigual da terra e das riquezas que caracterizaram a história de
Soledade entre 1861 e 1920. Nesse período, o município em questão, localizado no planalto sul riograndense, tratava-se de sociedade eminentemente rural, com fortíssimo predomínio das atividades
agrárias. Tal constatação adveio do exame detalhado do perfil geral dos patrimônios constantes nos
inventários post-mortem consultados. A economia local era pouco diversificada e a riqueza
fortemente concentrada. Em geral, as fortunas convergiam ao patrimônio produtivo representado
pelas terras, benfeitorias, escravizados, animais, equipamentos e instrumentos. A terra foi,
disparado, o bem que maior elevação de preço sofreu naquele período e região. Interessa-nos
destacar, sobretudo, as consequências sociais desse processo, tais como a negação (ou dificuldade)
de acesso à terra para certas camadas da população, a monopolização daquele recurso e o aumento
da intolerância de senhores de terrapara com posseiros, agregados, intrusos, ex-escravizados e
extrativistas.
Palavras-chave: terra; inventários post-mortem; desigualdade social; concentração de riquezas;
Soledade.
REDES DE DELAÇÕES DAS MISSÕES ORIENTAIS
Helenize Soares Serres (Doutoranda – Unisinos)
O artigo trata das relações existentes entre as estâncias missioneiras e as reduções jesuíticas
pertencentes a Província Jesuítica do Paraguai, em especial as localizadas na Banda Oriental do rio
Uruguai. As estâncias missioneiras foramfundadas em regiões distantes entre si, sendo que a
maioria conectava-se por rios. Nelas eram feitas as extrações do gado e seus derivados, e de outros
produtos necessários para o abastecimento das reduções. Por meio das estâncias e das práticas
comerciais que sua produção oportunizava, as missões de diferentes regiões conectavam-se entre
si, e com os espaços exteriores à elas. As relações sociais, econômicas e políticas foram
determinantes para aproximar e distanciar as reduções, estâncias e outros grupos não reduzidos.
Muitas vezes a disparidade daquelas relações levou aqueles povos a dissensos e conflitos. Portanto,
é importante entender como se davam os relacionamentos internos e externos nestes espaços, mais
especificamente como se davam estas relações entre as estâncias missioneiras e suas respectivas
reduções. Assim como, as relações entre estância e reduções com grupos indígenas considerados
infiéis como, por exemplo, os povos dos charruas no espaço alegadamente pertencente à Coroa
Espanhola. Esse estudo torna-se possível através do diálogo com bibliografias do Brasil, Argentina e
Uruguai, levando em conta o conjunto de fontes documentais (tais como relatórios,
correspondências, registros) sobre as estâncias e reduções.
Palavras-chave: Estâncias, reduções, jesuítas, relações.
DIVERSIDADE PRODUTIVA NO EXTREMO SUL DO BRASIL MONÁRQUICO: UMA ANÁLISE
COMPARATIVA DAS MATRIZES PRODUTIVAS DE DUAS LOCALIDADES RURAIS DO RIO GRANDE
DE SÃO PEDRO (PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX)
Leandro Goya Fontella (Doutorando – UFRJ)
André do Nascimento Corrêa (Doutorando – Unisinos)
Nas últimas duas décadas inúmeros estudos sobre as regiões pastoris do Rio Grande de São Pedro
colonial e imperial vêm desmistificando a versão historiográfica consagrada que apresentava o
interior sul rio-grandense como uma área dominada unicamente pela pecuária bovina, a qual era
desenvolvida por grandes estancieiros que empregavam, sobretudo, peões livres. As pesquisas
recentes mostram um cenário agrário muito mais complexo e diverso, onde a mão-de-obra livre, os
estancieiros, os grandes latifúndios e o pastoreio bovino dividem espaço com escravos, trabalho
familiar, muitos pequenos produtores e inúmeras atividades produtivas. Nesta comunicação
propomos realizar uma análise comparativa das estruturas produtivas de duas regiões de produção
agropastoril no Rio Grande de São Pedro na primeira metade do século XIX: as vilas de Caçapava,
no centro da província, e São Borja, na fronteira oeste. O exame quantitativo e serial de inventários
post mortem nos apresenta relevantes informações dos universos produtivos particulares destas
localidades. Por conseguinte, a confrontação destes dados nos permite aprofundar a análise, pois a
partir das semelhanças e diferenças entre elas, pode-se desvendar a complexidade produtiva interna
da província, uma vez que se percebe que distintas conformações produtivas se estabeleceram no
Rio Grande de São Pedro. De maneira geral, as informações levantadas mostram que o ambiente
rural da região de Caçapava caracterizou-se por uma maior especialização do pastoreio do gado
vacum, enquanto que em São Borja esta atividade dividia espaço com a lavoura de alimentos e a
pecuária muar.
Palavras-chave: Rio Grande de São Pedro; século XIX; diversidade produtiva; método quantitativoserial; inventários post mortem.
A HISTÓRIA DA FAZENDA ANNONI A PARTIR DO PROCESSO DE DESAPROPRIAÇÃO. (1972 A
1993)
Simone Lopes Dieckel (Mestranda – UPF)
Neste ano de 2015, a ocupação que ajudou a tornar a Fazenda Annoni num dos símbolos da reforma
agrária na região norte do Rio Grande do Sul, completa seus trinta anos. Porém, antes disso, um
conflito importante já acontecia desde o início da década de 1970, o conflito pouco conhecido em
torno da desapropriação da Annoni, entre os expropriados (família Annoni) e os expropriantes (União
e Incra).A Fazenda Annoni, ficou conhecida em 1985 quando foi alvo da maior ocupação de terras no
Brasil até então, coordenada pelo recém criado MST (Movimento dos Sem Terra) no início do
período democrático. Parte remanescente de um grande latifúndio regional denominado Fazenda
Sarandi, que foi palco constante de conflitos em torno da terra, a Annoni teve seu decreto
expropriatório baixado em 1972, no entanto, muito pouco se sabe sobre o processo judicial de
desapropriação.O objetivo deste texto é compreender a história da Fazenda Annoni a partir do seu
processo de desapropriação, mostrando como ele evoluía na história da Fazenda. O que não pode
ser feito sem que se leve em consideração o contexto histórico regional e nacional, tendo em vista
que o processo transcorreu décadas em que ocorreram transformações significativas, as décadas de
1970, 1980 e 1990. Será contextualizado historicamente a Fazenda Annoni desde a década de
1970, quando a área foi declarada de interesse social para fins de desapropriação, até o ano de
conclusão do assentamento dos acampados, em 1993. Será conhecido um pouco mais deste que é
um dos mais longos processos judiciais, uma fonte histórica de grande valia, que até então nunca
havia sido explorada.
Palavras-chave: História, Fazenda Annoni, desapropriação, processo judicial, ocupação.
ST 17 – HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA SAÚDE
Coordenador – Cristiano Enrique de Brum
Sala 323 – Prédio 03
[28/05/15]
Manhã – 8h às 12h
“ENTRE A VIDA ESPIRITUAL, A VIDA CIENTÍFICA E A VIDA PROFISSIONAL”: APONTAMENTOS
SOBRE O PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE MÉDICOS CATÓLICOS (1946)
Cristiano Enrique de Brum (Doutorando – PUCRS)
Em 1946 na cidade de Fortaleza realizou-se o Primeiro Congresso Brasileiro de Médicos Católicos.
O evento de caráter religioso, de aspirações científicas, foi o primeiro deste âmbito no país e reuniu
centenas de congressistas – médicos e religiosos – a fim de tratar assuntos que sem encontram no
limiar entre a Razão e a Fé, a Ciência e a Religião, a Cura Clínica e o Milagre. Analisar as falas dos
participantes deste evento através dos Anais do encontro revela crenças, ações permissivas e
condenáveis para a profissão médica; olhar para estas falas permite visualizar um manual de
deontologia médica não oficial. Colocando lado-a-lado os pronunciamentos dos congressistas com
as discussões promovidas pelos seus colegas ao final das palestras revela-se que apesar de ser um
campo bastante limitado (medicina católica), o ideal dos “médicos católicos” estavam longe de ser
homogêneo. As divergências entre os participantes ao longo do debate são tão grandes quanto a
diversidade dos temas apresentados: eugenia, eutanásia, aborto, penitência, confissão, saúde dos
trabalhadores, estrutura familiar, puericultura, saúde na ação católica, moralidade religiosa nas
atividades médicas etc. Apresentaremos nesta comunicação considerações gerais sobre a
repercussão social, científica e religiosa do Congresso e o contexto que envolveu a realização deste
inusitado evento.
Palavras-chave: História da medicina, medicina católica, deontologia médica, ética profissional, moral
religiosa
MODELOS DE HISTÓRIA NATURAL: OS ESTUDOS RACIALISTAS COMO TENDÊNCIA NOS
MUSEUS ESCOLARES (1920-1950)
Felipe Contri Paz (Mestrando – UFRGS)
Desde os fins do século XIX era clamada pelos intelectuais da educação dos principais países
do mundo uma mudança na metodologia de ensino escolar. No Brasil, devido à proclamação da
república, a necessidade de inserir novas maneiras de ensinar tornou-se latente. Os museus
escolares, ambientes de ensino que primavam pela pedagogia do olhar, baseadas no Método
Intuitivo ou Lições de Coisas, aplicaram estas mudanças em todas as disciplinas previstas no
currículo escolar. Inúmeros objetos produzidos pelos professores, ou adquiridos por lojas
especializadas, visavam exercitar os sentidos dos alunos, essencialmente a visão. Estes objetos de
ensino contemplavam de animais taxidermizados até quadros parietais de produtos naturais. Nesse
contexto também eram costumeiros os estudos sobre as diferentes raças humanas. Após
mapeamento realizado em museus localizados em espaços escolares na Região Metropolitana de
Porto Alegre verificou-se a presença de imagens representativas dos diferentes tipos raciais
humanos, bustos produzidos em papel machê, no museu escolar do antigo Instituto São José – atual
La Salle/Canoas (RS) e no Museu Metodista de Educação do Colégio Americano (RS). O objetivo
deste trabalho é verificar e analisar a utilização destes no ensino, e suas possíveis relações com o
método intuitivo. Este estudo discute sobre a utilização destes modelos de História natural, com
vistas a aproximar os alunos dos tipos raciais humanos. Problematizando o giro conceitual destes
modelos na história da educação brasileira evidencia-se que estes foram tendência de ensino sobre
a espécie humana e suas diferentes raças, bem como aportes de teorias racialistas correntes na
época. Como resultados parciais, descobriu-se que estes bustos também eram utilizados em escolas
de grandes centros como o Rio de janeiro e Lisboa, desde o final do século XIX.
Palavras-chave: História da Educação, Museus Escolares, Bustos Raciais, Estudos Raciais.
DEBATES CIENTÍFICOS E COMO OS HISTORIADORES LIDAM COM CONCEITOS DA HISTÓRIA DA
CIÊNCIA
Geandra Denardi Munareto (Doutoranda – PUCRS)
Conceitos como darwinismo, neolamarckismo, mendelismo não são estranhos aos historiadores. No
entanto, há pouco cuidado na utilização dos mesmos em alguns trabalhos historiográficos. Tendo
isso em vista, este trabalho destina-se a demonstrar a dinâmica dos debates científicos sobre
questões como evolução e herança genética, no final do século XIX e XX e como muitas vezes a
complexidade dessas discussões é captada com dificuldade pela historiografia moderna.
Palavras-chave: Ciência, biologia, historiografia, genética, evolução.
“SER MULHER” NA CONSTRUÇÃO DO PROJETO DE BRASIL EUGÊNICO 1910-1940
Jóice Anne Alves Carvalho (Mestranda – UFSM)
Este trabalho é parte da dissertação desenvolvida junto ao projeto “História Intelectual, Historicidade
e Processos de Identificação Cultural”, atrelado ao Programa de Pós-Graduação em História da
Universidade Federal de Santa Maria. Pretende-se analisar a constituição da nação e o papel do
indivíduo na coletividade, ou seja, quem compõe e quem não compõe a estrutura social do Brasil na
construção do “eu nacional” para intelectuais eugenistas da primeira metade do século XX. Tem-se
em perspectiva os sentidos aos quais os intelectuais atribuíam ao período que viviam, com intuito de
vincular as definições de “ser” do indivíduo ao processo de constituição da identificação do Brasil
enquanto nação. Buscando analisar o processo de eugenização da sociedade brasileira e suas
delimitações para a construção de uma comunidade eugênica nacional, e, neste processo, os
discursos sobre o “ser mulher” e suas constituições periféricas. Levando em consideração o aspecto
que, tal constituição de ser ideal não interferia apenas em padrões biológicos, mas também, em
padrões sociais, determinando-se assim, as fronteiras de pertencimento à comunidade nacional
imaginada. A partir da análise das publicações relacionadas à eugenia no período, por meio da
metodologia proposta pela História Intelectual, percebe-se que, havia constituição de poder
disciplinar sobre o corpo. Deste aspecto, a eugenia visava o controle, sobretudo da constituição
biológica do indivíduo através do domínio sobre a reprodução, o que refletia diretamente sobre os
casamentos, vinculando-se desta forma, com as definições de “ser” entre homem/mulher no
processo de construção da identificação da nação brasileira.
Palavras-chave: História Intelectual; Eugenia; Nação Brasileira; Comunidade Nacional; Eugênica;
“Ser Mulher”;
AS PRÁTICAS DE CURA NO SUL DO BRASIL: O CASO DAS “ÁGUAS SANTAS” DE SANTA MARIA
DA BOCA DO MONTE NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
Priscila Novelim (Mestranda – UFPel)
Neste trabalho apresentaremos algumas reflexões sobre as práticas de cura da população do Sul do
Brasil no século XIX. Nesta pesquisa buscaremos olhar para uma história que contemple a vida
cotidiana e os acontecimentos que enfoquem os aspectos sociais e culturais. Dessa forma, os fatos
ocorridos de Santa Maria da Boca do Monte, no Cerro do Campestre, na segunda metade da década
de 1840, chamam a atenção. Este foi o local de um episódio emblemático: às águas de uma fonte ali
presentes foram atribuídos poderes de cura, o que atraiu milhares de pessoas de diversas partes do
sul do Brasil e países vizinhos que buscavam sanar suas enfermidades, ficando conhecidas como
“águas santas”. No século XIX, a medicina tal e qual a conhecemos atualmente, era apenas uma das
formas de tratar as doenças, buscando reconhecimento no campo da cura, pois médicos diplomados
eram poucos. A maioria das pessoas, por questão de escolha e confiança, buscava os curandeiros
para tratar de suas enfermidades. Estes conheciam muito de ervas, banhos, emplastros e outras
formas de restabelecer a saúde das pessoas adoentadas. Conhecedores das artes de curar estavam
presentes em praticamente todo o território rio-grandense e brasileiro. As práticas realizadas pelas
pessoas que frequentavam o local das águas “santas” chamaram a atenção do governo e da Igreja
que enviaram seus representantes para verificar a situação. A partir disso, pontos de vista diferentes
sobre o que lá se passava foram registrados. Analisaremos esses vestígios e a contribuição que
cada uma delas deixou. Assim, esperamos compreender os processos pelos quais a sociedade riograndense tratava suas doenças.
Palavras-chave: Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, Século XIX, Práticas de Cura
ST 18 – DESENVOLVIMENTO E INDUSTRIALIZAÇÃO
Coordenador – Marcelo Vianna
Auditório Prédio 5
[28/05/15]
Manhã – 8h às 12h
HISTÓRIA DE EMPRESAS: COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA
Christian Astigarraga Ordoque (Mestrando Comunicação – PUCRS)
O trabalho que pretendo apresentar contempla a pesquisa que desenvolvo no curso de Mestrado em
Comunicação na Famecos sobre a História de Empresas e a sua Comunicação. Nessa pesquisa,
procuro identificar como 3 empresas de origem gaúcha (Gerdau, Ipiranga e Marcopolo) comunicaram
sua História através do tempo utilizando meios mais tradicionais através de livros institucionais, linha
do tempo em sites ou inovadores, como exposição em Shoppings, Museus Empresariais, Filmes
Institucionais em CD/DVD entre outros. Para o II Encontro de Pesquisas Históricas da PUCRS,
dividirei a exposição da pesquisa em 3 momentos: 1 – O desenvolvimento do ramo de trabalho para
o Historiador conhecido por Memória Institucional no Brasil e no mundo. 2 – A pesquisa que
desenvolvo para o Mestrado em Comunicação Social da Famecos analisando a Comunicação da
História em 3 Empresas Gaúchas (Gerdau, Ipiranga e Marcopolo). 3 – Apontar o perfil de Historiador
que presta este serviço de apoio, pesquisa Histórica e consultoria para as empresas e como ele deve
se relacionar com as novas tecnologias para melhor desenvolver seu trabalho profissional.
Palavras-chave: História, Empresas, Tecnologia, Interdisciplinar, Comunicação.
DA “ERA DAS BARCAS” À “ERA DAS PONTES”: OS DEBATES QUE ENGENDRARAM A
TRAVESSIA RÉGIS BITTENCOURT
Eduardo Pacheco Freitas (Mestrando – PUCRS)
A construção da Travessia Régis Bittencourt reveste-se de inúmeros significados sociais, políticos,
técnicos e econômicos, não somente para a cidade de Porto Alegre, mas também para o estado do
Rio Grande do Sul e para o Brasil, e, até o presente momento, não foi ainda realizado nenhum
estudo sobre o tema. Na década de 50 o Brasil passou por um acelerado processo de
industrialização e urbanização, havendo a necessidade urgente de modernização do seu sistema
rodoviário, e é nesse contexto que se insere a Travessia Régis Bittencourt. O sistema de barcas que
fazia o transporte entre a Capital e a metade sul do estado apresentava-se completamente obsoleto
no início daquela década, significando com isto enormes transtornos para a sociedade e para a
economia gaúcha. Daí a necessidade, muito discutida pelos debatedores à época, de superação da
“era das barcas” e início de uma “era das pontes”. Portanto, é objetivo deste artigo, em linhas gerais,
analisar os debates técnicos, políticos e midiáticos que estiveram na gênese da Travessia Régis
Bittencourt e as projeções que estes agentes históricos fizeram para o papel desta obra sobre a
economia e a sociedade rio-grandense. A pesquisa circunscreve-se a três períodos principais: 1) o
ano de 1953: processo de concorrência pública para execução da obra; 2) o ano de 1955, onde se
dá o início das obras e 3) 1958, ano de conclusão e inauguração da Travessia.
Palavras-chave: Urbanização. Industrialização. Desenvolvimentismo. Travessia Régis Bittencourt.
Ponte do Guaíba.
OS CRIADORES E A CRIATURA: O PAPEL DOS MILITARES NA INDUSTRIALIZAÇÃO E NA
FORMAÇÃO DO CAPITALISMO BRASILEIRO
Luiz Eduardo Garcia da Silva (Doutorando – UFRGS)
O presente trabalho tem por objetivo analisar o papel que as forças armadas empreenderam na
industrialização brasileira e na consolidação do capitalismo. O trabalho transcorre todo o período
republicano brasileiro, desde a Proclamação da República até os dias atuais. Existiu um viés
industrializante na ideologia dos movimentos vinculados às forças armadas? Como os militares
ajudaram ou, em certos momentos, até mesmo conduziram a política econômica industrial com vias
de vencer o atraso brasileiro? Durante grande parte do período republicano as Forças Armadas
brasileiras foi uma das instituições mais atuantes na vida política nacional. Excetuando o período da
Nova República, as intenções políticas dos militares nunca arrefeceram. Se podemos afirmar que
nunca configuraram um único movimento político, com projetos bem delineados ou formadores de
um “partido político militar”, é possível apresentarmos algumas de suas contribuições ao processo de
formação econômica brasileira. Dentre elas a noção corrente de que os militares ajudaram a
promover a industrialização brasileira e que tal intenção estivera presente tanto em termos
ideológicos (a ideia de que o país só superaria o atraso econômico a partir de um processo nacional
de industrialização) quanto nas ações empreendidas quando eles eram os mandatários da política
(período militar). O Brasil termina o século XX de maneira bem diferente do que quando começou.
Antes, necessariamente agrário, depois majoritariamente urbano. O Brasil findou o século XX
figurando entre as 8 maiores economias do mundo e o processo de industrialização é parte
integrante de tal “conquista”. Dessa forma, a intenção é estudar qual o papel dos militares e quais as
ações empreendidas por estes que permitiram que o Brasil atingisse tal amplitude em termos
econômicos.
Palavras-chave: História do Brasil; História Militar Brasileira; Economia Brasileira; Industrialização.
“ESTÁ AÍ, E O DE VOCÊS?” - DIMENSÕES DA EXPERTISE, ARTICULAÇÕES POLÍTICAS E
OUTROS RECURSOS SOCIAIS NA TRAJETÓRIA DE UM FABRICANTE DE COMPUTADORES
DURANTE O REGIME MILITAR.
Marcelo Vianna (Doutorando PUCRS)
A partir dos anos 1970, o Brasil passou a investir em uma Política de Estado a fim de assegurar um
domínio autóctone das tecnologias em Informática. Isto atraiu especialistas (engenheiros, físicos) e
empresários interessados em desbravar as oportunidades deste dinâmico campo, fomentando uma
indústria nacional de computadores. Esta comunicação se propõe discutir um destes casos: o
engenheiro JKL, um dos primeiros criadores de computadores no país, emulados a partir de bem
sucedidos modelos do mercado como PDP-8 da Digital Equipment Corporation. Seus feitos abriram
caminho para sua ascensão nos anos 1970, embora sempre pontuados por polêmicas, que levaram
a conflitos com outros agentes do campo graças suas práticas de mercado e de domínio tecnológico,
alegados contatos privilegiados políticos-militares e posições críticas à Política Nacional de
Informática. O uso destes recursos encontraria seu limite no início dos anos 1980, quando JKL
passou a sofrer processos judiciais e denunciar perseguições políticas, deixando o país no início do
governo Sarney. Para além da controvérsia, interessa-nos discutir como um indivíduo, dotado de alta
expertise e alegados contatos políticos, articulava-se no espaço social da Informática, em um
contexto de autoritarismo do Regime Militar. A trajetória de JKL é uma chance de notar mecanismos
e os limites da atuação dos agentes envolvidos neste campo valendo-se além de recursos inerentes
à fabricação de computadores, que se mostrariam decisivos para o sucesso ou fracasso de um
empreendimento.
Palavras-chave: Regime Militar; Ciência e Tecnologia; História da Informática; Biografia; Redes
sociais.
MATRIMÔNIOS, AMIZADES E LEALDADE POLÍTICA: OS RECURSOS DE EGRESSOS DA ESCOLA
DE ENGENHARIA DE PORTO ALEGRE (1899-1916)
Monia Franciele Wazlawoski da Silva (Doutoranda – PUCRS)
A Escola de Engenharia de Porto Alegre (EEPA), criada em 1896, está entre as primeiras instituições
de formação superior do Rio Grande do Sul. Foi também, um dos espaços responsável pelo
treinamento de muitos membros da administração pública gaúcha. Naquele período o cenário
político do Rio Grande do Sul era dominado pelo Partido Republicano Riograndense (PRR) que
buscava a modernização do Estado. Considerando que a Escola de Engenharia rejeitava o ensino
bacharelesco e teórico – comum nos cursos superiores da época – e propunha o conhecimento
técnico-profissional como fundamental para o progresso e desenvolvimento, pode-se dizer que a
instituição ia ao encontro das intenções do PRR. Uma análise prosopográfica sobre seus egressos
entre 1899-1916 revela a existência de uma rede entre alunos da instituição e dirigentes políticos do
período. Através desta análise percebe-se como os laços de matrimônio, amizades e de lealdade
política constituíram-se em importantes recursos sociais para os engenheiros. Assim, o
conhecimento técnico adquirido através da formação em engenharia aliado ao estabelecimento de
redes sociais poderia facilitar a ascensão social e profissional. Este estudo pretende, portanto,
apresentar algumas trajetórias de egressos da EEPA e por meio delas mostrar como os primeiros
engenheiros formados naquela instituição reuniam, em um único profissional, diversos atributos.
Além da expertise profissional, recursos e redes sociais tornavam-se fatores fundamentais no
desenvolvimento e manutenção de carreiras e trajetórias de prestígio.
Palavras-chave: Egressos; Escola de Engenharia de Porto Alegre; Redes; Recursos; Prosopografia.
O DEBATE SOBRE A INSTALAÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILISTICA DURANTE O GOVERNO JK
NAS PÁGINAS DA IMPRENSA CARIOCA (1956-1961)
Rafael Ganster (Mestrando – PUCRS)
O objetivo deste trabalho é analisar a apresentação/representação da imprensa carioca sobre o
debate relacionado à instalação da indústria automobilística no período JK (1956-1961), ressaltando
as discussões sobre seu impacto político-econômico e seus reflexos no meio urbano. Selecionamos
três dos principais jornais do período, alinhados, segundo a bibliografia disponível, com
posicionamentos ideológicos distintos (O Globo; Jornal do Brasil; Última Hora), buscando responder
a algumas questões-chave, tais como: Modelo de industrialização a ser seguido pelo setor
automotivo (CEPAL X Liberais); Visão sobre modernidade (Mudança na matriz de transportes);
Posicionamento político-ideológico defendido pelos jornais. A resposta a estas questões nos
permitem compreender o posicionamento destes periódicos frente ao desenvolvimento da indústria
nacional e do setor automotivo, projetos empreendidos pelo então presidente JK, bem como avaliar a
forma com que tais jornais se inseriram no debate público acerca do tema, influenciando a formação
de opiniões e as discussões na esfera pública.
Palavras-chave: Imprensa. Industrialização. Urbanização. Indústria automobilística.
Kubitscheck
Juscelino
ST 19 – MUNDOS DO TRABALHO
Coordenadores – Caroline Poletto e Rafael Lapuente
Sala 423 – Prédio 03
[26/05/15]
Manhã – 8h às 12h
UM ESTUDO HISTÓRICO DO DIREITO DO TRABALHO: O ADVOGADO ANTÔNIO FERREIRA
MARTINS E A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DOS TRABALHADORES PELOTENSES
Camila Martins Braga (Mestranda – UFPel)
Durante o período do governo ditatorial de Getúlio Vargas, a sociedade brasileira vivenciou
consideráveis mudanças sociais, culturais e econômicas. Dentro desta conjuntura, em 1941 foi
instalada a Justiça do Trabalho, que objetiva-se em dirimir os conflitos trabalhistas. Entendemos que
a instalação da JT pode ser considerada um divisor de águas nas relações entre capital-trabalho no
Brasil. A JT pretendia institucionalizar as negociações entre patrões e empregados. Neste mesmo
momento, um jovem pelotense, Antônio F. Martins se formava em Direito na UFPel e viu neste novo
órgão um novo campo jurídico que possibilitava defender sua ideologia política e ao mesmo tempo
obter retorno financeiro. São através dos processos trabalhistas salvaguardados pelo NDH/UFPel
que a história da atuação deste advogado se ancora. Através da atuação do advogado Martins, este
artigo objetiva-se a contribuir com a História Social do Trabalho e também destacar a relevância das
fontes judiciais e orais para a construção da memória dos trabalhadores pelotenses.
Palavras-chave: Justiça do Trabalho; Trabalhadores; Biografia; Memória; Acervo
DA DESTRUIÇÃO AO PORVIR: IMAGENS DA UTOPIA LIBERTÁRIA
Caroline Poletto (Doutoranda – Unisinos)
O presente trabalho pretende apresentar algumas “ideias-imagens” presentes na imprensa libertária
brasileira, argentina e espanhola (em periódicos que circularam nas primeiras décadas do século XX)
e que remetem à utopia anarquista. Em tais “ideias-imagens” a destruição da sociedade vigente é
uma constante. Através da análise de desenhos e de algumas poesias se almeja compreender mais
profundamente a ideia da utopia libertária, tão importante e tão viva no imaginário ácrata. Dessa
forma, o presente estudo se enquadra nos novos estudos do movimento operário, uma vez que se
detém nos elementos culturais e estéticos do anarquismo e, ao mesmo tempo, aponta para as
tentativas de construção de um imaginário ou de um “contra-imaginário” internacional, que ultrapassa
os limites das Nações e se fixa na ideia de pertencimento à um grupo global, ligado pelos ideais
libertários. Além disso, questões de circulação de imagens e textos também são abordadas na
análise, trazendo à tona pequenos traços (indícios) de uma rede de transmissão internacional,
existente já em princípios do século XX. Acredita-se ainda que,através da aplicação de uma lente
transnacional de análise, se pode demonstrar, por um lado, a busca pela superação tanto do
nacionalismo metodológico quanto de uma visão eurocêntrica da história e, por outro, os ganhos que
uma abordagem transnacional da história pode proporcionar ao ampliar os espaços de análise e
estabelecer interconexões entre esses espaços e os atores sociais envolvidos. Nesse sentido, a
construção da “ideia-imagem” da utopia ácrata pode auxiliar a desvendar alguns elementos de um
imaginário próprio que estava em construção e (re) afirmação permanente.
Palavras-chave: Utopia libertária; imprensa anarquista; anarquismo; imagens e poesias.
OS INDESEJÁVEIS: VAGABUNDOS, VADIOS E DESCLASSIFICADOS - AXIOLOGIA DO
RECRUTAMENTO DA ARMADA IMPERIAL NA PROVÍNCIA RIO-GRANDENSE / RS (1861-1864)
Cosme Alves Serralheiro (Mestrando – UFPel)
Este trabalho faz uma análise dos conceitos de valores do recrutamento dos considerados
indesejáveis: vagabundos, vadios e desclassificados na Armada Imperial entre os períodos 1861 a
1864 e em específico na Cidade do Rio Grande (RS) tendo como ponto de encontro a Companhia de
Aprendizes Marinheiros vinculados a esta supracitada cidade. Tivemos como objetivo nesse trabalho
concentrar-se em analisar a já citada Companhia desta cidade a partir da segunda metade do século
XIX, buscando compreender como era seu recrutamento e a dinâmica de sua fundação. Entender
também como esse grupo social vivenciava as transformações em uma teoria de conceito dos
valores de suas realidades dentro da companhia rio grandina, demonstrando o porquê somente um
grupo seleto de indesejáveis poderia compor a base social da Marinha Imperial e também identificar
os obstáculos etnocêntricos que esses grupos tinham dentro do centro de recrutamento.
Contudo
torna-se relevante a possibilidade do diálogo/reconstrução histórica de um grupo social
marginalizado e silenciado da história do município em apreço. Essa Companhia poderia ter sido
utilizada pejorativamente como instituição disciplinadora da adolescência e juventude tidas como
rebeldes. Neste arcabouço de garimpagem as pesquisas, através de referências bibliográficas e
fontes, se tornaram realidade.
Palavras-chave: Armada Imperial, Recrutamento, Grupo Social.
O CASO POLICIAIS CIVIS NO DOI-CODI/II EXÉRCITO E A JUSTIÇA DE TRANSIÇÃO NO BRASIL:
BREVE REFLEXÃO SOBRE POSSIBILIDADES DE REFORMA DAS INSTITUIÇÕES DE SEGURANÇA.
Diego Oliveira de Souza (Doutorando – UFSM / MPF)
Esta comunicação trata-se da apresentação de estudo historiográfico acerca do Caso Policiais Civis
no DOI-CODI-II Exército e sua relação com o desenvolvimento do campo da justiça de transição no
Brasil. Seu objetivo central é apontar possibilidades de reformas das instituições de segurança
brasileira, envolvidas na prática sistemática de violações de direitos humanos durante a Ditadura
Civil-Militar. O foco do caso estudado contempla a atuação de 3 delegados da Polícia Civil do Estado
de São Paulo, no DOI/CODI/II Exército, como destacados agentes da repressão política apontados
em episódios de tortura, desaparecimentos forçados e mortes, durante as décadas de 1960/1970.
Constituído por meio de levantamento bibliográfico e documental de fontes judiciais e extrajudiciais,
procura delimitar medidas de justiça de transição para a reforma das instituições de segurança a
partir do caso estudado. Para alcançar seu objetivo, parte do marco analítico da justiça de transição,
a fim de compreender o julgamento cível em primeira instância do Caso Policiais Civis no
DOI/CODI/II Exército. Desse modo, o marco teórico utilizado busca contribuir para a promoção do
diálogo intelectual entre as áreas da História Social e do Direito como objeto de estudo. A cada dia
que passa surgem novas pesquisas que contemplam o Direito como objeto de estudo da
historiografia e, com isso, surge a constante necessidade de desenvolvimento de apropriado aparato
teórico-metodológico. Segmentado em dois eixos centrais, aborda a composição variável do
DOI/CODI/Exército, demonstrando a união de forças repressivas para enfrentar a resistência política
à Ditadura Civil-Militar. No primeiro eixo, traz levantamentos de informações acerca dos 3 atores
centrais do Caso Policiais Civis no DOI/CODI/II Exército, delineado as respectivas participações na
repressão política. No segundo eixo, trata de medidas de justiça de transição, propostas pelo
Ministério Público Federal, bem como do julgamento cível do Caso Policiais Civis no DOI/CODI/II
Exército.
Palavras-chave: Policiais Civis. Ditadura Civil-Militar. DOI/CODI/II Exército. Justiça de Transição.
Reforma das instituições de segurança.
A REPRESSÃO EM UMA DITADURA DE SEGURANÇA NACIONAL: OS IMPACTOS NOS
TRABALHADORES EM UM MUNICÍPIO INTERIORANO DO BRASIL
Felipe Rios Pereira (Mestrando – UFSM)
Yuri Rosa de Carvalho (Doutorando – UFSM)
Nos 24 anos que sucederam 1964 o Brasil viveu um período ímpar de violência institucional e
restrições a liberdades individuais e coletivas. Um processo que, dadas as proporções e políticas
adotadas pelo governo da época, levou a pesquisadores trabalharem inclusive com o conceito de
Terrorismo de Estado. Nessa perspectiva, este trabalho tem por intuito refletir o momento histórico da
Ditadura de Segurança Nacional Brasileira a partir da violência prática, de discurso e dos impactos
identitários para a formação histórica brasileira. Partimos aqui, por tentar compreender como tal
processo ocorrerá em um município afastado das capitais, em que há de se considerar uma
realidade interiorana e de limitada organização e luta política direta. Iremos considerar, em que
medida as práticas policiais e políticas incidem sobre trabalhadores da cidade de São Sepé,
localizada no centro do Rio Grande do Sul, e de que modo essa população foi atingida pelas
mudanças de postura das forças policiais, levando em conta o modo que tais ações de repressão e
intimidação impactavam esses sujeitos e eram repercutidas pela mídia local. Considera-se as
relações da realidade específica e as relações com o panorama nacional que dão suporte para a
ação das forças repressivas na localidade. Para tanto são considerados na pesquisa, relatos orais de
trabalhadores, o jornal A Palavra, além de atas da câmara de vereadores do município.
Palavras-chave: Ditadura, Trabalhadores, Repressão, Terrorismo de Estado, São Sepé
O TRABALHO INFANTIL NA PRIMEIRA REPÚBLICA – PORTO ALEGRE/RS (1889- 1927)
Lisiane Ribas Cruz (Graduada – Unilasalle)
A partir do Trabalho de Conclusão de Curso, começou-se a desenvolver esta pesquisa que propõese a analisar e evidenciar, por intermédio de fontes primárias, o trabalho infantil no período da
Primeira República até a aprovação do Primeiro Código de Menores no ano de 1927, na cidade de
Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul. Através de uma metodologia quantitativa e
qualitativa, dentro de uma análise micro analítica, buscaremos compreender o desenvolvimento do
trabalho infantil a partir das descrições dos anúncios de jornais, nas queixas e solicitações existentes
nas correspondências do Fundo de Policia. O recorte temporal dessa pesquisa foi escolhido devido à
transição do trabalho escravo para o assalariado e a chegada de imigrantes europeus para regiões
próximas da capital. Os jornais analisados mostram, através dos anúncios, as exigências para
contratação de menores como cor da pele, naturalidade, idade, sexo e para quais funções eram
destinadas dentro de casas de família, fábricas e comércios. Já as correspondências do Fundo de
Policia nos apresentam queixas, feitas pelos próprios menores e tutores, referentes aos perigos da
exposição desses pequenos trabalhadores como os casos de defloramento por patrões. Também
analisamos as correspondências do Patronato Agrícola Senador Pinheiro Machado, remetidas a
policia, solicitando meninos para trabalhos agrícolas. Além disso, buscamos compreender, através
da legislação vigente da época, a influência dos ideais positivistas na aceitação do trabalho infantil
pela sociedade e Estado. Os documentos pesquisados estão de posse do Arquivo Histórico do Rio
Grande do Sul (AHRS), do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa e do Arquivo de Jornais
Correio do Povo.
Palavras-chave: Menores - Trabalho - Primeira República- Micro-História
DIREITOS TRABALHISTAS: DISPUTAS NA ARENA JUDICIAL ENTRE OS TRABALHADORES E OS
PATRÕES DO FRIGORÍFICO ANGLO DE PELOTAS (1943-1947)
Mônica Renata Schmidt (Graduada – UFPel)
A presente comunicação tem por objetivo apresentar o Projeto de Pesquisa e os primeiros resultados
das pesquisas desenvolvidas no Programa de Pós-Graduação em História da UFPel, no qual estão
sendo estudados os processos trabalhistas movidos pelos trabalhadores do Frigorífico Anglo de
Pelotas, no período compreendido entre 1943 e 1947. Busca-se entender como a Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT) - destinada a regulamentar minuciosamente as questões referentes ao
mundo do trabalho, sobretudo condições de trabalho e disputas entre empregados e empregadores foi incorporada na cultura do operariado local e usada como "arma" no enfrentamento com os
patrões. Os processos trabalhistas que irão subsidiar a pesquisa integram o acervo da Justiça do
Trabalho de Pelotas e região, o qual está atualmente salvaguardado no Núcleo de Documentação
Histórica da Universidade Federal de Pelotas (NDH-UFPel). Compõe-se de aproximadamente
100.000 processos trabalhistas da 4ª Região da Justiça do Trabalho, os quais iniciam na década de
1940, seguindo até a década de 1990. O estudo proposto dará ênfase aos trabalhadores e se valerá
de uma fonte ainda não consultada no estudo dos trabalhadores e do Frigorífico, serão analisados
aproximadamente 50 processos trabalhistas. Proposta que ganha pertinência quando se leva em
conta que após a implementação da Consolidação das Leis do Trabalho, no ano de 1943, as
demandas judiciais aumentaram consideravelmente. O Frigorífico Anglo, nesse contexto, era a
empresa mais demandada pelos trabalhadores que, através da apropriação das leis trabalhistas,
procuravam alargar o espaço de negociação.
Palavras-chave: trabalhadores, processos trabalhistas, Frigorífico Anglo, Justiça do Trabalho
JOÃO GOULART, O MINISTRO TRABALHISTA, E SUA RELAÇÃO COM O MOVIMENTO SINDICAL
(1953-1954)
Paula Bianco (Mestre – PUCRS)
A presente pesquisa trata a respeito da atuação de João Goulart à frente do Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio (MTIC). O marco temporal desse estudo é 17 de junho de 1953, data de
nomeação de Jango para a pasta do Trabalho, pelo então Presidente da República, Sr. Getúlio
Dorneles Vargas, indo até a data de sua saída do MTIC, quando apresentou seu pedido de demissão
em 22 de fevereiro de 1954. A presente investigação, mais especificamente, busca evidenciar em
que medida as ações do ministro Jango aproximam-se da doutrina trabalhista. Ao assumir a função
de Ministro do Trabalho João Goulart já acumulava o cargo de presidente do Diretório Nacional do
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). A partir disso, o estudo retrocede à identificação das principais
ideias acerca do conceito de trabalhismo, as quais foram elaboradas por Alberto Pasqualini ainda no
início dos anos 40. Com base nessas constatações, esse trabalho localiza, no tempo e no espaço, a
formação do referido Partido Trabalhista, tendo em vista que esse partido absorveu grande parte do
conceito de trabalhismo. A pesquisa identifica, ainda, os principais aspectos que situam o ingresso
de João Goulart na cena política brasileira, destacando seus primeiros cargos públicos e dando
ênfase para as orientações de cunho político adquiridas pelo convívio com Getúlio Vargas.
Finalmente, a pesquisa apresenta, também, as principais ações realizadas ao longo da gestão Jango
no MTIC e procede-se às aproximações pretendidas.
Palavras-chave: Trabalhismo; PTB; Ministério do Trabalho; João Goulart; Movimento sindical.
A NACIONALIZAÇÃO NA FÁBRICA: O CASO DA EMPRESA DE PRODUTOS QUÍMICOS E ADUBOS
JOAQUIM OLIVEIRA E CIA.
Tamires Xavier Soares (Mestranda – PUCRS)
O presente trabalho tem como intuito a análise de um processo trabalhista, salvaguardado no Núcleo
de Documentação Histórica da UFPel, ajuizado por Osmar Huth, um descendente de alemães,
contra a empresa Produtos Químicos e Adubos Joaquim Oliveira e Cia., e também a entrevista oral
feita com a irmã do reclamante, Elza Huth. Os motivos alegados pela empresa para demiti-lo foi de
que o reclamante juntamente com seu pai Emílio Huth, que já havia sido demitido anteriormente,
falavam alemão nas dependências da empresa. Além disso, atos de sabotagens que prejudicavam a
produção, logo a demissão era por justa causa. Osmar Huth não reconheceu as acusações e por
meio da Junta de Conciliação e Julgamento de Pelotas, pleiteava o pagamento de indenização por
demissão sem justa causa, e aviso prévio. Para provar que as acusações que a empresa lhe atribuía
eram descabíveis, o reclamante consegue unir testemunhas e uma carta assinada pela maioria dos
funcionários da empresa, na qual seus colegas declaravam nunca ter visto Osmar falar alemão ou
sabotar a produção. Por fim, o processo traz detalhes não só da jornada de trabalho de Osmar Huth,
mas também de seu pai, um alemão nato. E com a análise da entrevista oral realizada com sua irmã
de Osmar Huth, teremos a dimensão das implicações do acontecimento no âmbito familiar. Desta
forma propomos nesse trabalho analisar as identidades envolvidas, os argumentos utilizados, tendo
em vista as nacionalidades envolvidas e o estado beligerante mundial.
Palavras-chave: Trabalho, Subversivo, Pelotas, Imigrante, Justiça.
DESAUTONOMIZAÇÃO E PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO: CONSIDERAÇÕES SOBRE ESSE
PROCESSO COM OS ESTIVADORES DO RIO GRANDE/RS A PARTIR DA MODERNIZAÇÃO DO
PORTO
Thiago Cedrez da Silva (Mestrando – UFPel)
O presente trabalho tem como objetivo analisar o processo de autonomização /desautonomização e
precarização do trabalho portuário rio-grandino, com foco na categoria estivadora. Buscaremos
compreender, a partir da análise do cotidiano de trabalho e da experiência histórica da estiva desta
urbe sulina, bem como da conjuntura legislativa portuária que os cobria antes da lei de modernização
dos portos. Além disso, evidenciaremos os aspectos históricos que contribuíram para os estivadores
rio-grandinos adquirir autonomia, na gestão da mão de obra no porto. Em seguida, analisaremos os
reflexos que a lei 8.630/93 trouxe a dinâmica portuária recente. Sobretudo, a desautonomização e
precarização do trabalho a categoria estivadores rio-grandina em mudanças na organização e gestão
de mão de obra.
Palavras-chave: História do trabalho; Porto; Estivadores; Precarização; Desautonomização;
ST 20 – HISTÓRIA POLÍTICA
Coordenadores – Fabian Filatow e Tassiana Maria Parcianello
Saccol
Sala 423 – Prédio 03
[28/05/15]
Manhã – 8h às 12h e Tarde – 13h30min às 17h30min
OS LAÇOS INVISÍVEIS: A MEDIAÇÃO E CLIENTELISMO NO SISTEMA POLÍTICO IMPERIAL
Amanda Chiamenti Both (Mestranda – PUCRS)
Este trabalho busca investigar as articulações entre elites locais e o governo provincial e central, por
meio da ação dos mediadores políticos, responsáveis por conectar espaços sociais e políticos
distantes. Para tanto, tomamos como partida, principalmente, as correspondências enviadas de
Henrique d’Ávila a Visconde de Pelotas. Henrique d’Ávila foi um influente político na província do Rio
Grande do Sul, vinculado ao partido liberal, que no ano de 1880 assumiu a presidência de sua
província de origem. Em consequência disso, esse indivíduo tornou-se mediador entre os interesses,
muitas vezes conflitantes, da sua localidade de origem e do governo, principalmente através do
poder e influência de que dispunham por ocupar um importante cargo. Contudo, transpor as barreiras
da paróquia só foi possível porque Ávila conseguiu angariar um amplo apoio das elites locais. Por
esta razão, permaneceu ligado à sua localidade, onde estavam suas bases eleitorais, econômicas e
sociais.A atuação desse mediador político evidencia que o clientelismo constituía-se em uma parte
importante da vida daqueles indivíduos e que através de relações clientelísticas as esferas locais e
provinciais buscavam estabelecer alianças vantajosas, que lhes garantissem um canal direto de
comunicação com a Corte e a capital a província e de redistribuição de recursos materiais e
simbólicos, além de maior segurança para tomar decisões.Assim, esperamos demonstrar do Estado
imperial se conjugou e se adaptou a uma estruturação da vida já consolidada e alicerçada sobre
relações clientelares. Esses movimentos, portanto, não foram contraditórios na maneira como se
desenvolveram na prática cotidiana e comportaram diferentes racionalidades por parte dos atores
sociais nele envolvidos. Além disso, esse processo não ocorreu através do sufocamento das forças
locais e provinciais – o que não anula a existência de tensões e conflitos constantes – mas sim da
negociação com estas.
Palavras-chave: Brasil Império - Clientelismo – Mediadores Políticos – Henrique d’Ávila
MÚSICAS DE PROTESTO NO BRASIL; UM OLHAR SOBRE O PROTESTO NAS MÚSICAS DO
CANTOR ZÉ RAMALHO: “ADMIRÁVEL GADO NOVO” E “O MEU PAÍS”.
Beatriz Küller Negri (Graduada em História – UFPR)
Esse artigo se constitui a partir das análises bibliográficas das músicas de protesto no Brasil
principalmente do movimento da MPB (Música Popular Brasileira), que se iniciou em 1960 no Brasil,
perpassando por um cenário não só artístico, mas também por um ambiente estudantil e de grandes
divergências políticas. Neste contexto, é importante analisar as críticas do cantor Zé Ramalho e o
seu olhar sobre as crises do país utilizando duas de suas músicas lançadas em contextos sociais
diferentes. A primeira música analisada é de sua autoria Admirável Gado Novo de 1979, do LP “A
Peleja do Diabo com o Dono do Céu”. Foi lançada, após a aprovação do DOPS (Delegacia de Ordem
Política e Social), no programa Fantástico. Teve uma aceitação do público, mas foi somente em
1996, quando foi utilizada como trilha sonora de um casal de sem terras na novela “Rei do Gado” que
efetivamente ela teve seu valor reconhecido. E a música O Meu País de autoria de Livardo Alves,
Orlando Tejo e Gilvan Chaves, foi lançada em 2000, no CD “Nação Nordestina”. Neste momento, o
país já não vivia a Ditadura Militar, mas a música foi alvo de críticas, e novamente o nome do cantor
Zé Ramalho circulava no meio das músicas de protesto. Analisaremos neste artigo a relação dos
movimentos musicais que se deram no Brasil a partir da Ditadura Militar e como eles influenciaram o
cantor Zé Ramalho e também as críticas do cantor e o seu olhar sobre as crises do país que ele
descreve em suas músicas, e como as muitas influências musicais desse momento o inspiraram.
Palavras-chave: Música de protesto, Ditadura Militar, censura, Zé Ramalho.
A REPRESSÃO AOS MONGES BARBUDOS E O ESTADO NOVO
Fabian Filatow (Doutor – Pref. Esteio)
A comunicação tem como proposta apresentar alguns resultados obtidos com a conclusão do curso
de doutorado, no qual analisamos as relações entre política e violência na história do município de
Soledade, interior do Rio Grande do Sul, entre os anos de 1932 e 1938. Buscamos demonstrar os
acontecimentos que contribuíram para a violenta repressão imposta aos membros do movimento
religioso dos Monges Barbudos (1935-1938) ocorrida nos primeiros meses do Estado Novo,
executada por soldados da Brigada Militar. Ao longo da pesquisa foi analisada uma ampla variedade
documental, dentre as quais destacamos documentos policiais, processos crimes, imprensa e
documentos eclesiásticos. Buscamos reconstruir a trajetória política de Soledade ao longo da década
de 1930 a fim de compreender e explicitar a condição de entrave político do referido município
gaúcho para a implantação do Estado Novo. Nesta reconstrução foi analisado o Combate do Fão,
ocorrido em 1932, ação político-militar que opôs membros da política soledadense aos governos do
interventor Flores da Cunha e de Getúlio Vargas. Analisamos igualmente a prática da violência no
período das eleições ocorridas no ano de 1934, destacando o crime ocorrido na Farmácia Serrana.
Por fim, dedicamo-nos ao estudo da repressão imposta aos Monges Barbudos no decorrer do ano de
1938. Sob o movimento religioso recaia a suspeita de serem comunistas e de estarem associados ao
florismo. Acusações que os tornavam uma possível ameaça ao novo regime instaurado em
novembro de 1937. Acusações que não foram corroboradas pela documentação analisada.
Demonstramos o uso político dos Monges Barbudos servindo esse de exemplo para possíveis
opositores do Estado Novo. Por fim, destacamos a importância da reflexão sobre a história local para
a pesquisa histórica.
Palavras-chave: Monges Barbudos, Estado Novo, Repressão, História Local, Soledade.
A NOVA EXTREMA DIREITA FRANCESA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE JEAN-MARIE LE
PEN E MARINE LE PEN
Guilherme Ignácio Franco de Andrade (Doutorando – PUCRS)
O objetivo desse trabalho tem como intenção fazer uma análise comparativa entre dois processos
políticos no partido de extrema direita Front National. O partido francês Front National, durante os
40anos de presidência de Jean-Marie Le Pen, apresentou características especificas o diferenciavam
de vários partidos de extrema direita europeus, como posições de apoio ao ultraliberalismo
econômico e as políticas de privatizações, o fim do estado de bem estar social e erradicação do
assistencialismo do governo. Já nova presidente do partido, Marine Le Pen, filha e herdeira política,
que o sucedeu na presidência política do partido. Que ao ascender a presidência do Front National
conseguiu demonstrar uma leitura da conjuntura política e social francesa e também demonstrar uma
nova postura da extrema direita internacional, onde se fez necessário repensar novos
posicionamentos da ideologia da extrema direita frente a recessão econômica francesa e abalo dos
paradigmas capitalistas. O “novo” Front National de Marine Le Pen, busca uma maior aproximação
com as classes trabalhadores, assumindo um discurso mais social e de ampliação dos direitos
sociais e um posicionamento crítico ao capitalismo e as formas como ele estão instituídos na França
assim como seu posicionamento contrário ao bloco econômico da União Europeia, criticando o
sistema neoliberal e assim propondo uma aproximação política com a Rússia e um distanciamento
político dos Estados Unidos, Portanto o seguinte trabalho avalia as diferentes posturas do Front
National e posturas assumidas diante de diferentes condições materiais existentes na França.
Palavras-chave: Front National – Jean-Marie Le Pen – Marine Le Pen - França – Extrema Direita –
História do Tempo Presente
OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA DOMINAÇÃO POLÍTICA NUM CONTEXTO PERIFÉRICO
Laís Luiza Kussler (Mestranda Ciência Política – UFRGS)
O presente trabalho se insere no campo de estudos sobre elites políticas a partir de uma abordagem
histórica e relacional baseada nos princípios da sociologia de Pierre Bourdieu. Neste artigo a
pretensão é analisar as diferentes condições históricas, sociais e institucionais que concorreram para
emergência da atividade política institucionalizada e para constituição de uma esfera de concorrência
político-eleitoral no município de Paverama, estado do Rio Grande do Sul, no período compreendido
entre 1988 e 2012. Partindo de um recorte empírico restrito e determinado, este estudo busca
apreender a variedade de recursos sociais, lógicas de ação e condicionantes subjacentes às
candidaturas a cargos públicos eletivos de um conjunto de agentes selecionados em função de sua
representatividade no decorrer desse percurso histórico. Sem a pretensão de traçar um quadro
cronológico preciso do aparecimento da oferta política, objetiva-se demonstrar a partir de qual
período e por quais fatores a entrada na política se tornou uma via de consagração para aqueles que
detinham uma autoridade social pré-existente, isto é, anterior à consagração eleitoral. Ou seja, partese da premissa de que a inserção política está ligada a posição prévia de “liderança” em diferentes
esferas de atuação no contexto mencionado. Nesta mesma linha, constitui objetivo apreender os
princípios que nortearam o recrutamento, afirmação e legitimação dos protagonistas dos processos
políticos verificados, bem como os padrões de representação e mediação utilizados e os princípios
de hierarquização em jogo na esfera política municipal. Utilizando-se de fontes diversas, tais como
entrevistas em profundidade, materiais de seis campanhas eleitorais, jornais, e observações de
comícios e festividades com a presença dos pesquisados foi possível extrair algumas conclusões, a
principal é de que elites políticas “locais” costumam exercer o papel de mediadores entre o local e o
sistema mais amplo, garantindo assim o controle sobre bases eleitorais, associado a isso está um
esquema de dominação tradicional que se coaduna com formas modernas de representação política,
neste cenário relações interpessoais, carisma e dívidas morais constituem trunfos importantes para
obtenção de votos, garantindo a sobrevivência de “famílias de políticos”. Por fim, salienta-se que
esse trabalho contribui para elucidar dinâmicas periféricas seguidamente marcadas por uma visão
heroica e autoindulgente da atuação dos agentes políticos.
Palavras-chave: História política – elites políticas – dominação – eleições
A EXPANSÃO DOS THINK TANKS NO BRASIL: O CASO DO INSTITUTO LIBERAL (1983-1994)
Lidiane Elizabete Friderichs (Doutoranda – Unisinos)
No processo da Abertura Política, pós-ditadura de 1964, surgem diversos institutos, conhecidos
como think tanks, com o objetivo de divulgar seus projetos de sociedade e se estabelecer no âmbito
institucional e político da democracia. Esse trabalho visa discutir a formação e a expansão de um
desses institutos - o Instituto Liberal – criado para difundir os princípios do neoliberalismo no Brasil e
produzir ideias que buscassem influenciar as políticas públicas.
Palavras-chave: Redemocratização; Instituto Liberal; Neoliberalismo; Brasil
MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA: A
NACIONALIZAÇÃO DO ENSINO
Marcos Juvêncio de Moraes (Mestre – PUCRS)
Este trabalho tem como objetivo apresentar análises dos três momentos educacionais catarinenses
relacionados às modificações estruturais do ensino do estado. Estes períodos compreendem a
primeira nacionalização do ensino, instituída em 1911 no governo de Vidal Ramos, a intervenção e
modificação dos padrões escolares nos primeiros anos de 1930, sob o comando de Ptolomeu de
Assis Brasil e a segunda nacionalização do ensino, acontecida em 1938 no governo de Nereu
Ramos. Estes períodos históricos estão entrelaçados por interesses políticos oligárquicos que
através da escola buscavam modificar e dominar a cultura social do povo catarinense.
Compreendemos que a primeira nacionalização do ensino inaugurou um significativo projeto de
intervenção social, mas devido a as fragilidades orçamentárias do estado de Santa Catarina não
obteve resultados expressivos. Logo, na década de 1930, durante o governo provisório, a educação
catarinense passou por significativas mudanças legislativas e estruturais, onde o estado passou a
dar prioridade na pauta da administração pública melhorando a oferta de instrução escolar para a
população. E por fim, durante o Estado Novo, o projeto para o ensino catarinense ganhou nova
roupagem e atingiu o ápice do projeto de nacionalização, um programa educacional repressivo e
padronizado capaz de transformar a realidade do povo, na medica em que as normas educativas
ultrapassaram as fronteiras escolares, atingindo o seio familiar.
Palavras-chave: Nacionalização; ensino; normas escolares; oligarquia; Santa Catarina.
OS DEBATES NOS JORNAIS DO RIO GRANDE DO SUL NO CONTEXTO DA ELEIÇÃO
CONSTITUCIONALISTA DE 1891
Paulo Gilberto Mossmann Sobrinho (Mestre – PUCRS)
O Artigo se propõe a tratar da eleição da constituinte estadual de 1891. Com isso, serão analisados o
processo eleitoral e a repercussão do mesmo na imprensa partidária – jornais ligados tanto aos
castilhistas quanto aos gasparistas que demonstravam o processo pré-eleitoral e pós-eleitoral. A
análise culminará com o termo da constituição, em 14 de julho de 1891, e as suas imediatas
consequências e repercussões ante a sociedade sul-rio-grandense.
Palavras-chave: Eleição 1891, Assembleia Constituinte, jornais, castilhistas, gasparistas.
“FICAE COM RIO GRANDE E SÊDE O SEU GALHARDO CONDUCTOR NA NOVA CRUSADA
REDEMPTORA”: O PAPEL DO RIO GRANDE DO SUL NA “REVOLUÇÃO” DE 1932 –
ANTECEDENTES E CONSEQUÊNCIAS
Rafael Lapuente (Mestrando – PUCRS)
A participação dos líderes partidários do Rio Grande do Sul nas conspirações com São Paulo e a
certeza de que contariam com a fidelidade partidária do Interventor Flores da Cunha na guerra civil
contra o governo federal foram decisivas para a eclosão da “revolução” em São Paulo, em Julho de
1932, assim como a protelação do fim do movimento armado com a promessa da Frente Única
Gaúcha de que conseguiria reverter o contexto político no Rio Grande do Sul. Desta forma, o objetivo
central deste trabalho visa analisar como ocorreu o início das hostilidades da Frente Única Gaúcha
com o governo provisório de Getúlio Vargas e como iniciaram as conspirações entre a FUG e as
lideranças paulistas, qual seu papel na guerra civil e suas consequências no cenário político regional.
Para isso, utilizamos recortes de jornais, trocas de cartas e telegramas e consultamos relatos
biográficos, assim como usufruímos da historiografia pertinente para essa análise. Por fim,
concluímos que a não adesão do Interventor Flores da Cunha no Rio Grande do Sul, a exemplo do
que ocorreria em Minas Gerais com Olegário Maciel, deixaria São Paulo isolado no movimento
armado. Mas apesar do posicionamento de Flores da Cunha, os líderes do Partido Republicano Rio-
Grandense e Partido Libertador, encabeçados respectivamente por Borges de Medeiros e Raul Pilla,
mantiveram-se aliados aos paulistas, entrando em confrontos locais com a Brigada Militar, mas sem
conseguir reverter à liderança florista e a manutenção da ordem no estado. Como consequência, o
Rio Grande do Sul assistiu à ruptura do sistema partidário regional, com suas principais lideranças
partindo para o exílio e forçando o situacionismo fundar uma nova agremiação, o Partido
Republicano Liberal, para legitimar a posição de Flores da Cunha, Oswaldo Aranha, Getúlio Vargas e
outras lideranças políticas que entraram em desacordo com a FUG.
Palavras-chave: Revolução de 1932; Frente Única Gaúcha; Partido Republicano Rio Grandense;
Partido Libertador; Governo Provisório.
O ATEÍSMO COMO MOVIMENTO SOCIAL NOS MATERIAIS DE DIVULGAÇÃO DO TEMPLO
POSITIVISTA DE PORTO ALEGRE: UMA ANÁLISE DE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Ricardo Cortez Lopes (Mestrando – UFRGS – Sociologia)
Esse trabalho busca apreciar os primórdios de um movimento social ateísta no Rio Grande do Sul,
na figura do Templo Positivista de Porto Alegre, cujo recorte temporal para amostra foi o fim do
século XIX e começo do século XX. O referencial teórico adotado foi o da Teoria das
Representações Sociais, colhidas através de uma Análise de Conteúdo das propagandas emanadas
pelo Templo. Como resultado de nossa prospecção e análise, aglutinamos os materiais sobre as
categorias “Humanidade”, “Religião” e “Deus/Deusa” com fins a compreender as estratégias
semânticas que esse movimento buscava utilizar para difundir o ateísmo em um país
tradicionalmente religioso.
Palavras-chave: História da Religião - Movimento Social Ateísta – Positivismo – Teoria das
Representações Sociais
OS DISSIDENTES DO PARTIDO REPUBLICANO RIO-GRANDENSE NA REVOLUÇÃO
FEDERALISTA: APONTAMENTOS INICIAIS
Tassiana Maria Parcianello Saccol (Doutoranda – PUCRS)
A institucionalização republicana no Brasil foi um processo marcado pela instabilidade política e
administrativa. No caso do Rio Grande do Sul, divergências entre algumas das principais lideranças
do Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), agremiação que acabara de assumir o comando
político no estado, fizeram-se sentir já em princípios da década de 1890. Tais disputas internas
ocasionaram não só o completo desligamento de lideranças históricas da agremiação, mas também
a atuação dos mesmos nas fileiras da oposição. Para além das críticas disparadas pela primeira
dissidência republicana, o PRR ainda sofreu forte oposição advinda do Partido Federalista, recémorganizado e liderado por Gaspar Silveira Martins. O conturbado momento político atingiu seu ápice
com a deflagração da Revolução Federalista (1893-1895), conflito que acabou marcando os
primeiros anos da República não só no Rio Grande do Sul, como também no Brasil. O presente
estudo, em fase inicial de desenvolvimento, pretende trazer algumas reflexões sobre a atuação dos
dissidentes do PRR na Revolução Federalista. Nossa intenção é a de revelar a ativa participação da
dissidência num movimento revolucionário que a historiografia costuma tratar de maneira polarizada
(castilhistas X federalistas). Para tal, será examinado um conjunto de correspondências, referentes
aos personagens Demétrio Ribeiro, Antão de Faria e João de Barros Cassal. Tal documentação
permite visualizar o papel dos dissidentes na tomada de decisões referente à logística da guerra, as
aproximações e divergências entre federalistas e dissidentes e os vínculos dos líderes da Revolução
para além do espaço regional (incluindo contatos com indivíduos do sudeste e nordeste do Brasil,
bem como com a Argentina e o Uruguai). Portanto, a partir da análise das correspondências, poderse-á refletir sobre o protagonismo histórico desses agentes no conflito, algo até então minimizado
pela historiografia mais tradicional.
Palavras-chave: Política – Dissidentes - Partido Republicano Rio-Grandense – Revolução Federalista
- correspondências
ST 21 – IMIGRANTES E IMIGRAÇÃO
Coordenador – Leonardo de Oliveira Conedera
Sala 423 – Prédio 03
[26/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
DEPOIS DE RECOLHIDOS A CADEIA DA VILA DE SÃO LEOPOLDO, O QUE FAZER COM OS
PRESOS POBRES?
Caroline von Mühlen (Doutoranda – PUCRS)
Na documentação analisada, observa-se constante preocupação com a alimentação dos presos
pobres, com o estado e manutenção da cadeia por parte da Câmara Municipal, entretanto, essa
preocupação esbarrava na demora do repasse da verba por parte da Presidência da Província,
através da Coletoria que ficava responsável por indenizar a Câmara Municipal. Quando o réu era
recolhido à cadeia, o mesmo devia atestar a sua pobreza, comprovando que não podia ou não tinha
quem pudesse arcar com as suas despesas. Na Vila de São Leopoldo, os presos pobres passaram a
ser sustentados, a partir da instituição da Câmara e Cadeia Municipal, em 1846, contudo, tal ajuda
tinha que ser requisitada oficialmente, caso contrário, o preso pobre não receberia a “ração diária”.
Informações sobre esse mecanismo foram encontradas nas correspondências expedidas e recebidas
entre a Câmara Municipal e a Presidência da Província. É nosso objetivo mostrar como tal auxílio era
requisitado, quem de fato podia receber, bem como a quantia diária. Apesar dos escassos
documentos, podemos extrair informações que permitam visualizar o cotidiano da cadeia, no que
tange a alimentação.
Palavras-chave: Vila de São Leopoldo – Sustento dos presos pobres – Cadeia
MARIA DI GÈSU - ARTISTA PLÁSTICA E MUSICISTA: ASPECTOS DAS MEMÓRIAS DE UMA
IMIGRANTE ITALIANA EM PORTO ALEGRE.
Egiselda Brum Charão (Mestranda – PUCRS)
O ato de imigrar de um país para o outro, é uma viagem, um processo de mudança que compreende
três momentos distintos: a partida, a viagem e a chegada (CONSTANTINO, 2006). No primeiro
momento o imigrante é marcado pela experiência cultural pertinente ao local de origem. O segundo
momento é a soma das experiências vividas e o terceiro momento assinala a chegada que abarca os
dois momentos anteriores e identificam o imigrante no novo contexto. Baseando-se nessa idéia e
tomando como ponto de partida o depoimento da imigrante italiana Maria Di Gesu, que imigrou de
Morano Cálabro para Porto Alegre, em 1947, o presente texto objetiva refletir sobre sua trajetória de
vida. Para tanto se utilizará da análise textual de discurso, de Roque Moraes(2003), como suporte
de estudo tanto das fontes orais, como escritas identificando categorias que delas emergem. Desse
modo a história oral-hibrida torna possível investigar aspectos relativos aos três momentos sua
trajetória de vida, a partida da terra natal, a inserção social e a construção da identidade desde a
partida da Itália até sua chegada em Porto Alegre.
Palavras-chave: Imigrante italiana, Porto Alegre, arte, relações sociais e identidade
ALQUIMIA ALIMENTAR: A PROCURA DA CURA PELOS IMIGRANTES ALEMÃES NA COLÔNIA DE
SANTO ÂNGELO (1850-1900)
Fabiana Helma Friedrich (Mestranda – UFSM)
André Luis Ramos Soares (Doutor - UFSM)
Este trabalho é resultado de uma investigação para um dos subcapítulos da dissertação de mestrado
do PPGH da UFSM com o apoio da CAPES, intitulada “Identidade gastronômica dos imigrantes
alemães na região central do Rio Grande do Sul”. O foco deste trabalho é descrever as práticas de
cura e o uso de alguns ingredientes na alimentação dos doentes da colônia Santo Ângelo, assim
como relatar os males que afligiram os imigrantes alemães nos anos de 1850 a 1900. Durante o
século XIX o acesso a tratamentos médicos era difícil a toda a população do Rio Grande do Sul, e
para os imigrantes não foi diferente. Além das doenças tropicais e dos ataques de feras eram
abordados por outros males, entre eles gastroenterite, difteria, febre tifoide e coqueluche que
atingiam a todos e em maior número as crianças. Por essa razão, os imigrantes se deram conta que
para terem melhores condições de saúde precisavam aprender com os moradores brasileiros e
utilizar o que já conheciam para curar seus males. Sendo assim, usavam plantas, raízes e outros
elementos trazidos da Europa junto ao que conheceram no novo mundo, como tratamento para as
doenças que apareciam. Nesse sentido, os usos das plantas medicinais ganham um significado
especial na medida em que possui relação com outras crendices e práticas religiosas do grupo,
constituindo um ponto de observação interessante de suas visões metafísicas. Além das questões
mencionadas, destaca-se a importância de estudar alimentação, educação, transporte e saúde que
podem ser encaradas como influenciadores na saúde do colono, seja ao que tange a saúde mental
quanto à física, e, também, permitem compreender a adaptação dos imigrantes alemães no Rio
Grande do Sul.
Palavras-chave: Alimentação – cura – doenças – transporte - imigrantes alemães
A IMIGRAÇÃO ITALIANA NA ÁREA URBANA DE PELOTAS: AS SOCIEDADES ITALIANAS E A
FORMAÇÃO DA IDENTIDADE
Fabiano Pretto Neis (Mestrando – UFPel)
O presente trabalho tem como temática central os imigrantes italianos que se estabeleceram na
cidade de Pelotas durante o último quartel do século XIX. O objetivo principal é a análise da
formação da identidade ítalo-pelotense, através das sociedades étnicas na cidade.Entre os anos de
1875-1914, o Rio Grande do Sul recebeu em torno de 80 e 100 mil imigrantes italianos
(CONSTANTINO, 2010). A Grande maioria de imigrantes se dirigiram para as colônias imperiais
criadas na encosta superior do nordeste do Rio Grande do Sul e na área central do estado, sendo
que muitos estudos foram realizados sobre o processo da imigração italiana para o Rio Grande do
Sul nestas áreas. Na área urbana de Pelotas, no entanto, desde a década de 1830, já se
encontravam imigrantes italianos. A ocupação destes imigrantes citadinos eram as mais variadas
possíveis, como por exemplos, alfaiates, ferreiros, sapateiros, funileiros, pedreiros, barbeiros,
arquitetos. No ramo fabril, como proprietários de fábricas de mosaicos, massas, fumos e calçados.
(ANJOS, 2000) Estes imigrantes citadinos mantinham uma atividade cultural atuante na cidade,
exemplo disso foram as diversas entidades associativas de italianos que existiram: desde o ano de
1873.Em suma, estas instituições étnicas cumpriram o papel na formação da identidade de ítalopelotenses, sendo de extrema importância para as pesquisas sobre a imigração italiana na área
urbana da cidade, já que á uma escassa produção sobre o tema.
Palavras-chave: Imigração Italiana, Identidade, Pelotas, Sociedades Étnicas, Rio Grande do Sul.
IMIGRAÇÃO E MÚSICA: MAESTROS ITALIANOS NO BRASIL
Leonardo de Oliveira Conedera (Doutorando – PUCRS)
A presente comunicação pretende analisar a trajetória profissional de maestros italianos emigrados
para o Brasil (São Paulo e Porto Alegre) entre os séculos XIX e XX. A partir do seu deslocamento,
pretende-se destacar a questão da imigração qualificada e do papel desempenhado por imigrantes
no meio urbano brasileiro. Destacam-se também as redes sociais que viabilizaram o deslocamento e
o ingresso de novos profissionais. Vale lembrar que pesquisas recentes (publicadas na Itália e no
Brasil) ressaltam a contribuição de emigrantes italianos qualificados como artesões, arquitetos,
médicos contribuíram substancialmente nos centros urbanos onde se inseriram.
Palavras-chave: Músicos italianos, imigração italiana, imigração qualificada, redes sociais.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A ATUAÇÃO DO NÚCLEO RIO-GRANDENSE DA SOCIEDADE DOS
AMIGOS DE ALBERTO TORRES E A FORMAÇÃO DE UMA REDE POLÍTICA
Rodrigo Luis dos Santos (Mestrando – Unisinos)
Em 1932, no Rio de Janeiro, ocorre a fundação da Sociedade dos Amigos de Alberto Torres,
conhecida também pela sigla SAAT. De cunho nacionalista, baseando-se e ressignificando ideias do
político e pensador Alberto Torres, esta entidade congregou nomes como Oliveira Vianna, Juarez
Távora, Roberto Marinho, Roquette-Pinto, e mais alguns nomes de destaque no cenário nacional. No
bojo ideológico da SAAT, encontramos temas como a defesa do sistema agrário nacional e de uma
educação rural privilegiada, a defesa do trabalhador nacional e ações de combate à imigração para o
Brasil, sobretudo japoneses e sírios-libaneses. No Rio Grande do Sul, o núcleo estadual foi fundado
em 1936, tendo como principais lideranças fundadoras o advogado Carlos de Souza Moraes (que
ocuparia o cargo de secretário e prefeito de São Leopoldo), a professora Camila Furtado Alves (uma
das principais fiscais de ensino da Secretaria Estadual de Educação durante o Estado Novo), entre
outros. Por conta da forte presença imigrante no Rio Grande do Sul e das ações nacionalizadoras
aqui empreendidas, nosso objetivo é analisar como se deu a participação política, a inserção e a
atuação do núcleo rio-grandense da SAAT durante esse período em nosso estado.
Palavras-chave: SAAT. Imigração. História Política. Rio Grande do Sul. Estado Novo.
ST 22 – NACIONALISMO E REGIONALISMO
Coordenador – Aline Carvalho Porto
Sala 423 – Prédio 03
[27/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
DE MAGALHÃES A ALENCAR: A FORMAÇÃO DA LITERATURA E IDENTIDADE BRASILEIRA COM
O ROMANTISMO (1836-1865)
Alexsandro da Rosa Menez (Mestrando – PUCRS)
Os historiadores da literatura brasileira consideram que é a partir da publicação dos poemas
Suspiros Poéticos e Saudades, publicados na França em 1836, de Gonçalves de Magalhães que se
inaugura o período romântico brasileiro. Esse escritor foi considerado, ao fundir política e literatura,
como o grande personagem na implantação do Romantismo no Brasil. O Romantismo, sendo um dos
efeitos da modernidade, iniciado na Europa durante o final do século XVIII, está estritamente
relacionado à constituição, ao longo do século XIX, do Estado-nação moderno. Toda a nação
necessita de uma identidade nacional que a torne peculiar e diferente das outras nações. Por
conseguinte, para ser peculiar, uma identidade nacional precisa ter uma história e literatura que lhes
são próprias. A elaboração desses elementos foi uma tarefa empreendida por letrados, homens com
vasta erudição que se dedicavam a diversas áreas de estudos. No caso brasileiro, mesmo com a
constituição de um Estado independente separado do português, ainda era necessário criar uma
identidade peculiar a essa nova formação política que surgia. Letrados brasileiros como Gonçalves
de Magalhães, supracitado, Joaquim Noberto da Silva, Santiago Nunes Ribeiro, Adolpho Varnhagen,
Gonçalves Dias e José de Alencar, e até estrangeiros como Ferdinand Denis, Almeida Garrett e
Ferdinand Wolff, chamaram para si essa tarefa, ao mesmo tempo política e literária, de formação da
literatura e identidade brasileira. Mas o grande responsável por dar um passo adiante na formação
da literatura brasileira, que finalmente consegue sua independência literária, e constituição da
identidade brasileira foi a figura de José de Alencar. Considerado como “o patriarca da literatura
brasileira”, símbolo dessa verdadeira revolução literária, então realizada, cuja responsabilidade está
em ter elevado a literatura nacional em seus moldes definitivos. Nesse sentido, o objetivo dessa
apresentação é demonstrar que a constituição da identidade brasileira ocorreu concomitantemente à
formação da literatura brasileira.
Palavras-chave: Nação; Identidade brasileira; Formação da literatura; Romantismo; Século XIX.
“SOMOS UMA AURORA. CHEGAREMOS NECESSARIAMENTE AO BRILHO E AO CALOR DO MEIO
DIA!”: AS IDEIAS NACIONALISTAS DE JOÃO SIMÕES LOPES NETO NAS CONFERÊNCIAS
CÍVICAS DE 1904-1906
Aline Carvalho Porto (Doutoranda – PUCRS)
O presente artigo visa demonstrar e discutir as ideias de João Simões Lopes Neto acerca da nação
brasileira nos primeiros anos da Primeira República. Tais ideias estão expressas em forma de
conferência que o autor redigiu e proferiu em sua cidade natal, Pelotas, e logo depois, em outras
cidades do Rio Grande do Sul nos anos de 1904 e 1906 respectivamente. Essas conferências são
importantes indícios para repensarmos toda a obra, dita regionalista, do autor. Por esse motivo, esse
artigo pretende abordá-las de forma a demonstrar que João Simões, assim como outros intelectuais
do período, estava preocupado com a formação de uma unidade nacional em uma república recémnascida e “ameaçada”, segundo ele, pela falta de uma educação cívica voltada para os
conhecimentos pátrios. Além da falta de comunicação entre os estados que, de acordo com o autor,
poderiam ser extintos pois só geravam regionalismos, o que se mostrava prejudicial para a unidade
nacional. Para o autor, as distintas e múltiplas culturas regionais faziam parte de todo o aparato
nacional e não poderiam quedar isoladas em seus nichos. Para ele, a educação cívica seria o grande
aparato para a unir a nação. Tendo esse horizonte em vista, o presente artigo propõe discutir esses
importantes indícios que nos levam a repensar acerca do autor e de sua obra.
Palavras-chave: João Simões Lopes Neto – Conferências Cívicas – Ideias – Nacionalismo –
educação.
RUMOS DA BRASILIDADE: O ESTADO NOVO E O DISCURSO NACIONALISTA NA MARCHA PARA
OESTE (1937-1945)
Camila Comerlato Santos (Mestranda – PUCRS)
Este trabalho se propõe a analisar o discurso nacionalista presente na “Marcha para Oeste”,
sobretudo no que tange as ações promovidas no antigo Estado de Mato Grosso, atualmente Estado
de Mato Grosso do Sul. Busca-se entender a forma como a política de interiorização do país foi
pensada e elaborada durante o regime varguista e também a maneira como o discurso de exaltação
nacional é articulado pelos intelectuais ligados ao regime em relação à campanha da Marcha.
Finalmente, faz-se uma reflexão acerca da criação do Território Federal de Ponta Porã inserida
nesse debate. O fortalecimento do Estado Nacional durante o período estadonovista se deu por meio
de inúmeras transformações políticas expressas, sobretudo, na estrutura do poder e no advento do
discurso nacionalista, evidenciado através da almejada integração nacional. Esse nacionalismo
relacionou-se não só com uma proposta de desenvolvimento para o Brasil, mais também com a
construção da imagem da nação brasileira, respaldada no resgate das discussões sobre as raízes
nacionais e na criação de diversos símbolos e imagens a fim de conformar a idéia de nação que se
pretendia. Uma dessas criações foi a campanha política da “Marcha para Oeste”. Já no seu discurso
de lançamento, Vargas associava a Marcha ao movimento das bandeiras ocorrido no século XVIII. O
objetivo da relação era estabelecer uma continuidade da História nacional. A partir desse
pressuposto, a ideia de nação lhe permite, ao olhar para o passado brasileiro, buscar elementos que
possibilitem uma continuidade com o seu presente. Em outras palavras, a ação da “Marcha para
Oeste”, no século XX, apresenta, para o Estado Novo, uma continuidade com o movimento dos
bandeirantes do século XVIII.A associação da Marcha ao movimento das bandeiras, feita não por
acaso, transparece a principal intenção do governo federal em relação à campanha, qual seja, a
colonização do interior do país. Porém, tratava-se de uma colonização incentivada e com sentido,
rumo ao oeste brasileiro. Por trás do ideal de ocupação populacional do oeste, estava preocupações
ligadas a questão da segurança das fronteiras nacionais, bem como as influências estrangeiras, a
extensão das fronteiras econômicas, fazendo-as coincidir com as políticas e a exploração das
possíveis riquezas existentes no subsolo dos distantes e vazios territórios brasileiros.
Palavras-chave: Estado Novo; Nacionalismo; Marcha para Oeste;Território Federal; Mato Grosso.
DOIS SÍMBOLOS PARA A NAÇÃO: A CONSTRUÇÃO DAS MEMÓRIAS DE D. PEDRO I E JOSÉ
BONIFÁCIO
Eduardo Luis Flach Käfer (Mestrando – PUCRS)
O culto dos grandes heróis nacionais foi uma prática constante na história dos Estados-nação
durante os séculos XIX e XX. Para além de monumentos e outras representações, muitas obras
historiográficas reafirmavam essa prática. O que estas buscavam era a construção uma narrativa, em
que determinados líderes políticos surgissem como sujeitos proeminentes de uma história na qual
suas ações deveriam ser guardadas para a posteridade. Muito além de manter-se vivo o curso de
certos acontecimentos, o que essas historiografias também pretendiam era acentuar uma prática
pedagógica na qual os nomes célebres do passado pudessem exprimir um significado político para o
presente, orientando igualmente ações futuras. A partir dessa perspectiva, a análise da elaboração
da memória de D. Pedro I e José Bonifácio, durante as comemorações do Centenário da
Independência de nosso país, nos auxiliam a perceber um pouco além de uma simples rememoração
do passado. Como objeto de estudo serão privilegiadas as conferências realizadas pelo Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro durante o ano de 1922. Com a intenção de lembrar os principais
acontecimentos políticos que culminaram na emancipação do Estado nacional, os conferencistas
realizaram discursos no qual se percebe o passado sendo buscado com vistas a intermediar sua
própria contemporaneidade. É dentro desse quadro que se percebe a proeminência das figuras do
Imperador e seu principal ministro quando da emancipação nacional. As interpretações que surgem
em torno desses nomes podem revelar, mais do que um alcance com os fatos de 1822, os planos
políticos disponíveis para as elites nacionais cem anos depois.
Palavras-chave: D. Pedro I; José Bonifácio; Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Independência
do Brasil; memória.
RUI BARBOSA E O TRATO DE TERRAS LIMÍTROFES: QUESTÕES DE LIMITES INTERESTADUAIS,
DIREITO E POLÍTICA (1899-1923)
Saul Estevam Fernandes (Doutorando – PUCRS)
O presente trabalho trata-se da pesquisa a nível de doutoramento iniciada em 2013 no PPGHPUC/RS, sob a orientação do Professor Marçal Paredes. Nosso projeto desde o início objetivou
discutir a contribuição de Rui Barbosa no processo de resolução de uma séria de questões de limites
que assolaram o Brasil no começo do período republicano. Enfim, a partir de teóricos vinculados a
História das Ideias como John Pocock e Quentin Skinner, buscamos perceber de que maneira Rui
Barbosa se insere na comunni opinio do período e cria o seu próprio sistema de resolução a partir de
diversos debates travados no mundo político e jurídico brasileiro. Nossa apresentação pretende
expor o andamento da pesquisa; desde a utilização e apresentação das fontes, arquivos e
bibliografias consultados, assim como as dificuldades encontradas até então e a estrutura do texto
que deverá ser apresentado no exame de qualificação.
Palavras-chave: Barbosa, Questões de limites, direito, política, Brasil República.
ST 23 – DIMENSÕES DA GRÉCIA ANTIGA
Coordenador – Jussemar Weiss Gonçalves
Sala 304 – Prédio 05
[26/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
PRÁTICAS SEXUAIS X PRATICAS SOCIAIS: NATUREZA E HOMOSSEXUALISMO NA GRÉCIA
CLÁSSICA
Jussemar Weiss Gonçalves (Pós-doutor – FURG)
Trata-se de uma discussão que estamos fazendo em nosso grupo de pesquisa: cultura e política no
mundo antigo. Nesse artigo, o que se busca é discutir os limites da autonomia individual no que
tange a escolha de uma pratica sexual, isto é, a escolha não livre criação de uma subjetividade, mas
negociação que se constitui a partir de uma relação com os limites que a pratica social impõe as
papeis sexuais. No caso ateniense, o que se vê pela documentação é a imposição de uma pratica
sexual, através de uma ação política. Esta ação política se articula à uma visão do humano no qual é
patente os limites de escolha pessoal, particular, pois este tem sua ação limitada por um exercício
limitado de sua autonomia, isto é, sua escolha sexual, não é totalmente uma escolha individual.
Palavras-chave: gênero, política, autonomia, pratica social, pratica sexual.
A CONSTRUÇÃO DE UM MODELO EDUCATIVO FEMININO NA GRÉCIA CLÁSSICA
Lisiana Lawson Terra da Silva (Graduada – FURG)
Este trabalho tem como tema demonstrar como a sociedade ateniense do século V AC organizava,
social e politicamente, o espaço do feminino na cidade. A educação das filhas, esposas e mães de
cidadãos ocupava papel central na sociedade da polis e pode ser percebida através da literatura e
suas representações. Para isso, este artigo vai estudar a construção de um modelo educativo que
transparece nas obras de autores gregos do século V AC. Nossas fontes são: “Economico” de
Xenofonte e a tragédia “Agamêmnon” de Ésquilo, pois, buscamos demonstrar que diferentes autores
com diferentes propósitos construíram com suas obras uma compreensão do feminino, mediante a
criação de um modelo de formação. A tragédia grega como gênero literário que é, expressa o
contexto, o universo da cidade e de seus grupos sociais. A obra de Xenofonte é um manual de
conduta que constitui a maior parte dos trabalhos que tratam da mulher ateniense, a tal ponto que,
às vezes, é tomada como uma descrição da condição da mulher grega. Nas fontes propostas acima,
estão representados tipos femininos que viabilizam o estudo proposto, já que representam uma teia
de pensamentos e práticas sociais de um período, Atenas século V AC. Essas representações
podem ser estudadas a partir das relações sociais entre homens e mulheres e as maneiras como
eles representam o gênero e utilizam-no para articular regras de convívio social. Com certeza, para
os gregos do século V existe, para além das aparências sociais, uma peculiaridade no pensamento
do feminino e esta singularidade revela-se a partir do olhar masculino. Portanto, o que se nota
analisando de forma articulada as tragédias “Agamêmnon” e o manual de conduta “Econômico” é
que há para os cidadãos atenienses um problema em relação ao feminino, que é específico do estilo
de vida urbano da polis.
Palavras-chave: Feminino; Atenas; Tragédia; Educação; Gênero.
O PROBLEMA DA AUTORIDADE NA ANTÍGONE, DE SÓFOCLES
Matheus Barros da Silva (Mestrando – UFPel)
Nosso trabalho apoia-se sobre dois pontos que o anteparam. Em primeiro lugar, ao tratarmos de uma
tragédia grega coloca-se um problema mais geral, que é propriamente aquele do trágico, em outras
palavras, aquilo que demarca um tipo de concepção de mundo e pensamento trágicos e seu sentido
para o grego antigo. Em um segundo momento, mas não menos importante, elege-se a questão da
autoridade como tema a ser analisado nas estruturas da tragédia Antígone. Aqui compreende-se
autoridade em um sentido de poder estabilizado, ou seja, autoridade como sendo um princípio a
legitimar a ação e mesmo a governança de um grupo ou de um único homem sobre os demais. Os
gregos antigos chamavam tal fato por ἀρχή, assim procuraremos lançar algum luz sobre tal conceito,
e como é articulado na peça de Sófocles, e qual o sentido que poderia assumir para uma plateia de
cidadãos atenienses no momento de sua encenação.
Palavras-chave: Antígone, Atenas, Autoridade, Democracia, Tragédia.
UMA CIDADE DE IGUAIS E DIFERENTES: DISTINÇÃO SOCIAL NA ESPARTA CLÁSSICA
Ricardo Barbosa da Silva (Mestrando – UFPel)
Na Antiguidade, Esparta era admirada, temida e respeitada pelos habitantes das outras poleis. Era a
primeira entre as cidades-Estado gregas, hegemonia esta adquirida pela força e organização de seus
exércitos. Contudo, apesar de sua educação muito louvada, de caráter “público” e militarista, estava
longe de ser a pólis igualitária, pretendida pelos escritores áticos – já que os próprios espartanos não
escreveram nada sobre si mesmos – a partir do século V a.C. Esparta era uma cidade de contrastes,
de indivíduos que eram talhados para o combate e que, através dessa estruturação da vida,
tentavam ascender socialmente dentro de uma hierarquia social muito rígida. Alguns escritores
antigos, como o ateniense Xenofonte, sugerem algumas das divisões sociais existente entre os
espartanos, informações estas explícitas em seus textos, ou nas omissões/entrelinhas. Aqui
chegamos ao ponto crucial: como se davam estas formas de distinção social e por que elas eram
necessárias? Qual era o sistema operante dentro desta sociedade? Existe muita contradição entre o
discurso e o que se pode perceber nas “entrelinhas” dos relatos dos diferentes autores. O presente
trabalho é parte de nossa pesquisa de mestrado, em andamento, e tem por objetivo analisar estes
vestígios em textos deixados por alguns escritores antigos, para compreender as formas de distinção
social e como estas operavam no seio da sociedade espartana, e entender como e porquê surgiu a
"imagem-miragem" de Esparta como uma sociedade de iguais.
Palavras-chave: Esparta, distinção social, imagem-miragem, História Antiga
Resumos Graduandos
ST1 – EDUCAÇÃO, PRÁTICAS E ENSINO DA HISTÓRIA
Coordenadores – Marcelo Vianna e Wanessa Tag Wendt
Sala 504 – Prédio 05
[28/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO EM SALA DE AULA: O CASO DO QUILOMBO DE CASCA
Alaides Terezinha Dias da Costa (Graduanda – FURG)
A proposta aqui apresentada tem por objetivo trazer a tona as percepções iniciais observadas
durante a realização das entrevistas com alunos e ex-alunos da escola Quitéria Maria do
Nascimento, localizada na Comunidade Remanescente de Quilombo de Casca, situada no município
de Mostardas, Rio Grande do Sul. Ressalta-se que são percepções iniciais pois a pesquisa está em
pleno desenvolvimento, mas algumas análises já foram possíveis a partir dos dados coletados até o
momento. O trabalho teve início a partir da indagação sobre qual seria a visão de negro que é
passada para os alunos durante as aulas de história no ensino fundamental, tal indagação se mostra
pertinente por tratar-se de uma comunidade tradicional cuja principal etnia presente é a negra, a
representação que se faz do negro em sala de aula possui caráter formador de opinião dos alunos
sobre aquela etnia, que não por acaso é a mesma destes alunos. O processo de organização e
realização das entrevistas foi feito com base nos preceitos de Verena Alberti, que nos fornece um
passo a passo valioso de como proceder com uma entrevista, abrangendo todas as etapas de
preparação, realização e tratamento das mesmas em seu livro intitulado Manual de História Oral,
lançado pela editora da Fundação Getúlio Vargas. No decorrer da realização do trabalho podemos
observar que há uma relevante relação entre o perfil de individuo negro abordado durante as aulas
de história e a maior ou menor facilidade daqueles alunos em se identificarem enquanto negros, a
apresentação do negro enquanto ser servil e submisso faz com que haja uma vontade de
branqueamento da árvore genealógica pelos alunos. Essas foram algumas das considerações que
surgiram durante a elaboração do artigo em questão.
Palavras-chave: Educação quilombola; Ensino de História; Memória
ESPAÇOS DE PRODUÇÃO NO RIO GRANDE DE SÃO PEDRO NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO
XIX: UM ESTUDO DE CASO COM MAQUETES
André Haiske (Graduando – UFSM)
Luciano Nunes Viçosa de Souza (Graduando – UFSM)
O presente trabalho se propõe a partir de uma atividade com maquetes no PIBID História / UFSM,
analisar os espaços de produção no Rio Grande de São Pedro na primeira metade do século XIX,
hoje atual Rio Grande do Sul, a partir da vida na estância, na colônia alemã e das charqueadas.
Além do relato de como se deu essa construção das maquetes a partir de leituras como da Bruna
Spenner com o seu texto Arquitetura, cativos e gado: estâncias pastoris em rio pardo no final do
século XIX onde a autora remonta toda a estrutura das estâncias desde os primeiros povoamentos
do estado até o final do período, mas nos interessando apenas a primeira metade do século XIX. O
texto de Luis Augusto Farinatti CONFINS MERIDIONAIS: famílias de elite e sociedade agrária na
fronteira sul do Brasil (1825-1865) contextualiza a vida na estância e as relações existentes neste
meio, quebrando com a idéia tradicional de que a estância era de base somente escravista. Sobre a
colonização alemã, esta se deve a uma necessidade do governo imperial de não somente ocupar as
terras sulistas, mas também criar uma classe média que fosse capaz de desenvolver a policultura
para abastecer as cidades em expansão e dos exércitos em campanha,idéia esta de Carlos Henrique
Oberacker Jr. Esses imigrantes ocuparam inicialmente a região do Vale do Rio dos Sinos. Com o
texto de Jorge Luiz da Cunha Os interesses políticos e econômicos na colonização do sul do Brasil
com alemães, visualiza-se a ideia de colônias como uma forma do governo alemão de garantir um
mercado consumidor sem precisar de um empreendimento colonial direto. No que se refere a
Charqueadas tomou-se por base as plantas da Charqueada São João, e no estudo dessas relações
a tese de doutorado de Jonas Moreira Vargas.
Palavras-chave: Ensino de História – Estância – Colônia Alemã – Charqueadas - PIBID
CORTIÇOS E BRANQUEAMENTO: REFLEXÕES SOBRE PÓS-ABOLIÇÃO
Carolina Bevilacqua Vedoin (Graduanda – UFSM)
Helen da Silva Silveira (Graduanda – UFSM)
O presente resumo tem por objetivo apresentar a atividade “Resgate Histórico através de maquete:
pós-abolição e a formação dos cortiços” realizada em turma de terceiro ano do ensino médio da
Escola Augusto Ruschi no dia primeiro de outubro de 2014, através do programa institucional de
bolsas de iniciação a docência (Pibid). O conteúdo da atividade abrangeu o final do século XIX,
período em que ocorre a abolição da escravatura até o inicio do século XX com a formação dos
cortiços mais especificamente no Rio de Janeiro, procurando fazer relação com a formação atual das
zonas de periferia das grandes cidades. A atividade teve por objetivos dialogar acerca do conceito de
“liberdade”, e a partir disso, desconstruir o pensamento de que após a abolição os ex-escravizados
tiveram os seus direitos de moradia e emprego garantidos pelo Estado, além de compreender a
formação dos cortiços como consequência da escravidão entre outras continuidades como o
racismo. Para embasar a atividade foi utilizado o livro “O Cortiço” de Aluízio de Azevedo que inspirou
a produção da maquete e alguns textos do autor Petrônio Domingues que escreve sobre a ideologia
do branqueamento, o qual segundo ele se manifestou em três aspectos: estético, biológico e cultural.
Procuramos focar o biológico, pois este foi muito utilizado para justificar uma suposta superioridade
branca, já que a ciência da época afirmava que os negros possuíam uma genética mais propensa a
doenças, o que não se verifica se lavarmos em conta o ambiente ao qual as populações negras
estavam submetidas. Os aspectos cultural e estético foram citados quando tratamos sobre
preconceito racial, como a desvalorização dos traços físicos, práticas e costumes negros. Como
resultado percebeu-se que a maquete é um ótimo recurso visual e a forma como ela foi abordada
suscitou discussões e questionamentos que levaram os alunos à reflexão.
Palavras-chave: Pibid, Cortiços, Pós-Abolição, Atividade, Branquamento.
A MULHER COMO SUJEITO HISTÓRICO: PERSPECTIVAS DO ENSINO DE HISTÓRIA ATRAVÉS
VIÉS FEMININO NA MÍDIA
Caroline Atencio Medeiros (Graduanda – UFPel)
Andrieli Paula Frana (Graduanda – UFPel)
“Ma’am? How come we’ve only been studying about men in the history?
Aren'twegoingtostudyaboutwoman?”. Em 8 de novembro de 1976, Lucy Von Pelt, famosa
personagem da série de tirinhas diárias e semanais “Peanuts”, colocou-se em uma série de dúvidas
acerca do papel da mulher na história. No mesmo período temporal, porém em diferentes
circunstâncias, em meio ao Irã de 1979, entre as burcas, novas teorias e influências ocidentais, nos
primeiros anos da guerra Irã-Iraque, MarjaneSatrapi narra a sua própria história, trazendo à tona
memórias de sua vida e a história do Irã contada através da perspectiva de todas suas fases da vida:
criança, jovem universitária e adulta. Persepolis, uma história em quadrinhos publicada em 2000 e
com vendagem maior de 400.000 exemplares apenas na França e transformado em animação do
ano de 2007 nos incentiva a vivenciarmos junto a personagem a construção e desconstrução de sua
identidade nacional. Através dos temas discorridos, procuro no presente trabalho aliar recursos
midiáticos e audiovisuais com apoio ao ensino de História, onde as relações de gênero presentes
nela possam ser analisadas através da visão da mulher em suas diferentes fases da vida, buscando
concomitantemente um papel social feminino que supere barreiras politicas, ideológicas, raciais e
classicistas.
Palavras-chave: Ensino de História, Gênero, Mídia, Cinema, História da Mulher.
PRIMEIRAS REFLEXÕES - JOGO DIDÁTICO EM AULA UMA POSSIBILIDADE VIVENCIADA NO ECS
III: ENSINO E RELAÇÕES INTERPESSOAIS
Deise de Siqueira Pötter (Graduanda – UNIFRA)
Buscar novas metodologias de ensino é fundamental para os professores, assim como estar sempre
se atualizando. As aulas ministradas precisam ser envolventes para cativar os alunos. Através da
ludicidade, o educador conseguiria o envolvimento total dos alunos, sendo assim, conseguiria
ensinar seus conteúdos, promover momentos de reflexão e alegria na aula. Este trabalho
desenvolvido no Estágio Curricular Supervisionado III, durante o 1º semestre de 2015 no Colégio
Estadual de Educação Básica Augusto Ruschi, no município de Santa Maria, RS pretende
desenvolver uma reflexão sobre a ludicidade em aula, em especial a importância do uso dos jogos
didáticos na aula de História, para a aprendizagem e, além disso, aprimorar as relações
interpessoais, usando como base teórica as reflexões de Celso Antunes, autor este, que vem
dedicando suas obras a pais, jovens, professores e a novas metodologias de ensino, com livros:
Professores e Professauros, Relações pessoais e auto estima e O jogo e a educação infantil. Para
desenvolver este estudo de cunho qualitativo, optou-se por trabalhar com as duas últimas obras
citadas, buscando assim um respaldo teórico para conciliar a teoria com a prática proporcionada pelo
estágio. Salienta-se a importância do uso da ludicidade em aula, com intuito de formar cidadãos
conscientes e críticos, capazes de questionar e refletir por conta própria, pois nos espaços
destinados ao aprendizado não há mais espaço para os conteúdos decorados em função das
provas. O trabalho encontra-se em andamento, contudo já se observa mudanças durante as aulas,
os alunos estão participativos, alegres, promovendo diálogos e atitudes amigáveis em relação aos
colegas e professora. O estágio é um momento de reflexão e aprendizado para ambas as partes –
aluno, estagiário e professor.
Palavras-chave: Jogos didáticos; ludicidade; lúdico; sala de aula; estágio.
O FASCISMO COMO FENÔMENO UNIVERSAL E A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE HISTÓRIA
Eliza Militz de Souza (Graduanda – UFSM)
O presente trabalho tem como objetivo identificar as representações construídas acerca do nazismo
na Alemanha pelos estudantes das escolas de Ensino Médio de Santa Maria, verificar a visão social
dos mesmos e comparar com a visão social dos cidadãos nazistas ou simpatizantes do nazismo da
época da Segunda Guerra Mundial. Existe um grande número de situações de violência e discursos
antidemocráticos que pregam o ódio ao outro na sociedade brasileira atual, como a defesa da
institucionalização da pena de morte, a redução da maioridade penal, a não-participação de partidos
políticos em manifestações, etc. E, ao mesmo tempo em que estes discursos são reproduzidos,
existe a demonização dos alemães nazistas e a noção de que o regime nazista na Alemanha e, mais
precisamente o Holocausto, é algo que não faz parte da modernidade, é algo distante, impossível de
se repetir e que diz respeito somente à Alemanha. Porém, a partir das colocações de autores como
ZygmuntBauman e Francisco Carlos Teixeira da Silva, compreendemos que o fascismo é um
fenômeno universal, que não está isolado em determinado tempo e sociedade. Dessa forma, a
realização desta pesquisa que está vinculada ao projeto “História Intelectual, Historicidade e
Processos de Identificação Cultural”, cadastrado na Universidade Federal de Santa Maria e
financiado pelo CNPq justifica-se pela importância de auxiliar o desenvolvimento, enquanto
historiador e professor de história, da consciência histórica dos indivíduos, a fim de fazer entender
que pensamento fascista está presente em diversos contextos históricos e, inclusive, faz parte do
Brasil atual.
Palavras-chave: Nazismo; pensamento fascista; consciência histórica.
DISTOPIA EM SALA DE AULA: COMO TRABALHAR REGIMES TOTALITÁRIOS USANDO A NOVA
LEVA DE FICÇÃO CIENTÍFICA NO CINEMA.
Fábio Donato Ferreira (Graduando – UFPel)
“As paródias e as caricaturas são as formas mais agudas de crítica.” - Aldous Huxley.
Com essa frase, Huxley mostra como a paródia/crítica que o tema distopia tem na literatura, é
importante para entendermos o presente. A palavra distopia tem tomado outros significados desde
que foi usada no discurso ao Parlamento Britânico por John Stuart Mill, sendo uma na época apenas
a antítese da utopia. A crítica ao presente tomou a imaginação dos escritores de ficção ao fazer
paralelos ao presente em seu totalitarismo científico. Fãs crescem todos os anos querendo mais
sobre esses romances, e isso faz com que o cinema tenha cada vez mais interesse em adaptar tais
obras, tornando-as mais um subgênero de filme dentro da ficção científica. Vemos hoje, uma febre
de literatura distópica na sétima arte, com fãs jovens abraçados em seus livros. Como abordar em
sala de aula as críticas ao totalitarismo que obras como Jogos Vorazes e Divergente? Qual sistema é
criticado em cada obra? O corporativismo entra como um sistema totalitário na distopia? Este
trabalho tem como objetivo trabalhar a crítica que tais obras têm de onde vem suas inspirações e seu
uso em sala de aula para explicar o presente, passado e o porquê da nova onda de filmes distópicos
tem sido tão forte nos últimos anos.
Palavras-chave: Totalitarismo, Cinema, Literatura, Ensino, Mídia.
QUEBRA DE PARADIGMAS: O ENSINO DE HISTÓRIA ATRAVÉS DA MAQUETE DO ANTIGO EGITO
Jéssica Fernanda Arend (Graduanda – UFSM)
Calison Eduardo Santos Pacheco (Graduando – UFSM)
Este artigo se refere a uma maquete para fins didáticos como atividade do Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID-História da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ela
trata de um momento hipotético na História do Antigo Egito, onde, abrange-se o Rio Nilo, o palácio
faraônico, as casas comerciais, as casas dos camponeses e a dos operários, envolvendo também
todo o processo de construção das pirâmides egípcias, desde a pedreira até a formação da pirâmide.
É possível observar a agricultura e a rica fauna e flora do Nilo e do deserto egípcio. A proposta surgiu
devido às observações realizadas em sala de aula das escolas trabalhadas, onde notou-se que
muitos alunos, tanto do ensino médio quanto do fundamental, desconhecem que o Egito está
localizado na África e que sua população original é negra, estando imbricado em seus
conhecimentos os sensos comuns (África sinônimo de pobreza; “país continental”; idioma único,
etc.). Da mesma forma que Jaime Pinsky e Carla B. Pinsky (2013) busca-se “[...] uma história
prazerosa e consequente”, ou seja, a partir desta ausência de informação dos alunos, buscar
questões que sejam consequentes, como a negritude africana do Egito e principalmente as questões
de gênero, onde é possível observar na maquete, mulheres trabalhando, passeando, vendendo seus
produtos, entre outras atividades. Na maquete é possível encontrar uma caixa que possui vários
componentes da cultura egípcia que estão fora de escala, como por exemplo, um sarcófago com
uma múmia, alguns deuses egípcios e três mulheres egípcias (duas rainhas e uma camponesa) o
que traz a possibilidade de trabalhar também a desigualdade social. Mulheres estas, que foram feitas
a partir de bonecas brancas, que então foram pintadas para realmente parecerem egípcias, o que
oportuniza o questionamento: “por que não existem bonecas negras?”.
Palavras-chave: África; Egito Antigo; Ensino de História; Gênero; Mulheres Negras.
POSSIBILIDADES DE PESQUISA E ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS ACERVOS DOS
PERIÓDICOS DO SÉCULO XIX NO MUSEU DE COMUNICAÇÃO HIPÓLITO JOSÉ DA COSTA (18461860)
Maurício Pereira (Graduando – Unilasalle)
Esta comunicação apresenta alguns resultados da participação como bolsista de Iniciação Científica
no projeto de pesquisa“Museologia e Cidadania: a utopia como prática política”, coordenado pela
Profa. Dra. Carla Renata Antunes de Souza Gomes, do Centro Universitário La Salle - Unilasalle
Canoas, que entre outros objetivos realiza um levantamento de informações sobre as práticas
letradas na cidade de Porto Alegre, RS, através de periódicos que circularam na região entre 1846 e
1865. Esta pesquisa, que utiliza periódicos do final do século XIX do acervo do setor de imprensa do
Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, ainda se propõe a analisar as condições de
acessibilidade ao acervo de jornais, a fim de diagnosticar as dificuldades e as necessidades de um
maior controle sobre a preservação do acervo. A razão da escolha deste período é atribuída à
carência de pesquisas que se dediquem a este tema no período pós- guerra civil, baseando-se na
grande contribuição destas informações para o conhecimento da história sul-rio-grandense em um
aspecto de grande importância, bem como na preservação da memória referente a tais práticas e do
patrimônio histórico e cultural da região.
Palavras-chave: Patrimônio cultural, práticas letradas, periodismo século XIX, preservação de
acervo, memória
FORMAÇÃO DOCENTE: O USO DO BLOG PIBID HISTÓRIA COMO FERRAMENTA NA FORMAÇÃO
DIFERENCIADA DO PROFESSOR
Nicole Angélica Schneider (Graduanda – UFPel)
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) é de grande valia para os alunos
que ainda se arriscam nas licenciaturas, auxiliando a permanência dos estudantes na academia. O
programa aproxima os futuros professores do ambiente escolar durante a formação, contribuindo
para o desenvolvimento de especificidades nos profissionais que irão se formar. Como o programa
abriga uma seleção de bolsistas, não abrigando todos os alunos dos cursos, a necessidade de tornar
acessível tudo que acontece dentro do grupo de bolsistas para além deste, tornou-se essencial. Foi
pensando em disseminar os projetos e aprendizados que os bolsistas do curso de História da
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) criaram o blog do PIBID História, apostando na divulgação
para contribuir na construção de profissionais diferenciados na área da educação. No blog são
publicados oficinas e eventos que acontecem nas escolas envolvendo o grupo do PIBID, a
construção pelos bolsistas das oficinas que seguindo os princípios de uma educação diversificada,
como o Cine Clube, que é a oficina tradicional do grupo História, que visa à provocação de debate
histórico a partir de películas midiáticas, como filmes e documentários, buscando complementar
conteúdos que estão sendo trabalhos ou para suprir a necessidade de abordar assuntos transversais
com os alunos. Além deste, existe outras oficinas que estão sendo montados pelo grupo,
relacionadas a educação patrimonial, à ditadura e escravidão em Pelotas e aos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs). Essas são divulgadas no endereço eletrônico, possibilitando a
construção por todos que queiram contribuir por meio dos comentários. Diante desses trabalhos
divulgados pelo blog é visível o complemento na construção de um profissional docente relacionado
a atividades diferenciadas das costumeiras na rotina escolar.
Palavras-chave: PIBID, Docência, Educação, Formação do professor, Blog
ST2 – POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM HISTÓRIA SOCIAL
Coordenadores –Luísa Kuhl Brasil e Cristiano Enrique de Brum
Sala 502 – Prédio 05
[27/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
O PERFIL DAS TRABALHADORAS PELOTENSES QUE SOLICITARAM SUAS CARTEIRAS
PROFISSIONAIS NO PERÍODO DE 1933-1943
Anelise Domingues Medeiros (Graduanda – UFPel)
O trabalho que será apresentado tem por objetivo analisar e comparar o perfil das trabalhadoras na
cidade de Pelotas que solicitaram a carteira profissional no período de 1933 a 1943. Esta análise se
dá a partir das fichas espelho ou fichas de qualificação profissional que se encontram no acervo da
Delegacia Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul– DRT-RS, o qual está salvaguardado pelo
Núcleo de Documentação Histórica da Universidade Federal de Pelotas – NDH-UFPel. Esta pesquisa
está vinculada ao projeto de pesquisa “Traçando o Perfil do Trabalhador Gaúcho”. O acervo daDRTRS é composto das fichas espelho as quais contém dados específicos dos solicitantes, como, por
exemplo, dados de identificação (nome, local de nascimento, impressão digital, foto), dados
referentes a função ou atividades exercidas, dados referentes a beneficiários, dados com
informações especiais a estrangeiros, dados antropométricos (altura, cor, cabelo, olhos, estado civil,
escolaridade). Neste acervo há um banco de dadoscom as fichas de qualificação do qual utilizo para
a análise e comparação dos dados. Me aproprio deste banco de dados e pesquiso nele para traçar o
perfil destas mulheres trabalhadoras. Observar seu desempenho profissional faz parte desta
compreensão.
Palavras-chave: Mulher, trabalhadoras, carteira profissional.
CONTEXTO HISTÓRICO E SUAS INFLUÊNCIAS NA GESTÃO INDUSTRIAL: UMA ANÁLISE DAS
RELAÇÕES ENTRE A I GUERRA MUNDIAL, A GESTÃO DA QUALIDADE E O CRESCIMENTO DOS
PAÍSES INDUSTRIALIZADOS
Bruno Weber Bopp (Graduando Eng. de Produção – Ulbra)
O desenvolvimento industrial e as modalidades mercantis adotadas em uma determinada sociedade
e em um determinado período sempre estiveram intimamente conectados a marcantes fatos
históricos. Assim, o presente trabalho realiza uma inversão nas influências comumente apresentadas
em pesquisas acadêmicas, investigando a influência de determinado contexto/fato histórico na
mudança de cultura da indústria. A rigor, é sabido que a indústria teve diferentes enfoques movidos
por demandas apresentas pela sociedade. A análise em questão traz à tona os fatos históricos
ocorridos no começo do século XX e sua relação com a cultura de gestão da qualidade criada na
indústria. A cultura baseada na precisão de produção foi criada para atender as necessidades
surgidas no contexto da I Guerra Mundial, estas demandas transformaram todos os procedimentos
na indústria bélica, exigindo um rigoroso controle produtivo no que se refere a especificações do
produto. Por fim, depois de traçado este panorama, serão analisadas as formas como estes
acontecimentos afetaramdireta ou indiretamente os membros da sociedade, características atreladas
ao período no que concerne não somente ao crescimento da necessidade de mão de obra e de
qualificação, mas também do desenvolvimento social das massas.
Palavras-chave: I Guerra Mundial; Gestão da qualidade; Indústria bélica
O OFÍCIO DE RADIALISTA: MEMÓRIAS DE TRABALHADORES EM PELOTAS, RS
Charles Ânderson dos Santos Kurz (Graduando – UFPel)
Atualmente se desenvolve no Núcleo de Documentação Histórica (NDH) da UFPel, projeto de
pesquisa intitulado “À beira da extinção: memórias de trabalhadores cujos ofícios estão em via de
desaparecer”, o qual reúne narrativas as mais diversas. A pesquisa que será apresentada no evento
tem como foco os radialistas e as transformações que suas atuações tiveram no decorrer do tempo,
devido às mudanças nos meios de comunicações e nas próprias emissoras. A pesquisa está dividida
em duas etapas, a análise documental de processos trabalhistas do Acervo da Justiça do Trabalho
de Pelotas, salvaguardado pelo NDH e a utilização da História Oral, para uma preservação da
memória desses trabalhadores, assim como para se ter possibilidade de melhor compreensão acerca
de vários fatores que envolve o mundo de trabalho dos radialistas, como, por exemplo, o que os
motivou a escolher e se manter nesse ofício; qual era a sua rotina de trabalho; se havia relação com
os seus ouvintes e de que forma isso se concretizava; entre tantas outras situações que podem ser
exploradas através deste método. Uma das abordagens que a História Oral permitirá analisar é como
se constituiu, no cotidiano, a transformação do ofício ao longo do tempo, por exemplo, com o
fortalecimento da televisão, o surgimento das emissoras de Rádio FM e as mudanças na dinâmica
dentro das próprias programações. Com a análise dos processos trabalhistas encontrados no Acervo
da Justiça do Trabalho de Pelotas se percebe a importância que este meio de comunicação teve (e
ainda tem) para os trabalhadores que estavam em busca de seus direitos.
Palavras-chave: Ofício de Radialista – Rádio – Memória – Justiça do Trabalho – História Oral
A FRENOLOGIA NO INSTITUT HISTORIQUE: RAÇA E HISTÓRIA DURANTE A MONARQUIA DE
JULHO (1830-1848)
Cristian Cláudio Quinteiro Macedo (Graduando – UFRGS)
A historiografia aponta a segunda metade do século XIX como período definidor do racismo
científico. Todavia, os primeiros cinquenta anos do oitocentos produzem diversas disciplinas
responsáveis pela gestação do ideário racial que eclodiria mais tarde. A frenologia é uma delas. Sua
ideia central é de que as faculdades mentais do indivíduo, que lhe formam o caráter, estão
localizadas em determinadas regiões cerebrais. O desenvolvimento dessas regiões demarcariam
bossas, caroços, no crânio, permitindo analisar o caráter de alguém apalpando-lhe a cabeça. O
presente trabalho aponta alguns elementos que demarcam as aparições e possível influência desta
“ciência”, durante o período conhecido como Monarquia de Julho (1830-1848), em uma das
principais instituições francesas que se ocupava com a História: o Institut Historique. Trata-se tanto
de um aprofundamento, quanto uma mudança de abordagem (agora a questão racial) da pesquisa
cujos resultados foram apresentados no 1º EPHIS-PUCRS. Para tanto, foram consultados os
volumes do Journal de l’InstitutHistorique, os anais de seus Congressos e algumas obras de seus
membros. A hipótese inicial de nossa pesquisa, a de que as instituições de pesquisa dehistória (e
não somente a “história natural”) tinha ampla participação no processo de “biologização das
diferenças” mostrou-se verdadeira. Mas com uma ressalva: não foram os conceitos da ciência
histórica do século XIX que parecem ter participação na formulação do racismo científico; foram os
conceitos frenológicos, tendo como palco de discussões os ambientes de pesquisa histórica, que
conseguiram lançar mão dos meios de circulação de ideias, já conquistados pela história, para
difundirem-se.
Palavras-chave: Frenologia, Racismo, Institut Historique, Historiografia
MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL: FONTES PARA O ESTUDO DA HISTÓRIA DOS TRANSPORTES
RODOVIÁRIOS NO BRASIL
Elvis Patrik Katz (Graduando – FURG)
A história dos transportes foi historicamente desprivilegiada entre os historiadores no Brasil,
ocupando quase sempre um lugar periférico na explicação dos diversos processos históricos do
País. Entre as pesquisas realizadas, intensificaram-se os estudos no campo dos transportes
ferroviários, dado o importante papel que tiveram no período áureo da produção do café, tanto no
Império, como na República Oligárquica. O fato é que, desde a década de 50, a ferrovia foi deixada
de lado para dar lugar aos transportes rodoviários, considerados mais flexíveis e baratos. Desse
período em diante, apesar da notória importância das rodovias na integração nacional, pouco se
produziu sobre a história desses transportes, e menos ainda sobre como as regiões e populações
foram impactadas por estes empreendimentos. Esse trabalho dedica-se a pensar a escrita do tema,
dando especial atenção para os usos da História Oral e da Memória como fontes cruciais para sua
realização. Isso é possível por conta das inúmeras testemunhas à disposição dos historiadores,
prontas a fornecer riquíssimos detalhes acerca das alterações trazidas pelas estradas. Além disso, é
evidente a originalidade da temática, bem como os usos que faz dos relatos orais baseados nas
memórias individuais. Torna-se importante mencionar que essas reflexões são parte de um trabalho
maior, no qual são estudados justamente os impactos das construções rodoviárias sobre as
populações marginais às rodovias. Inicialmente, essas mudanças são sentidas ao nível material, mas
logo passam a representar novos hábitos, novas formas de pensar e se relacionar com o mundo.
Entender essas memórias e suas relações com o presente são fundamentais para fins acadêmicos,
bem como para a construção da identidade dessas testemunhas, que não veem na estrada apenas
um amontoado de concreto e asfalto.
Palavras-chave: História Oral; Memória; História Rodoviária; Identidade;
A LUTA SINDICAL E O MOVIMENTO OPERÁRIO EM NOVO HAMBURGO-RS (1935-1945)
Evandro Machado Luciano (Graduando – Feevale)
O trabalho que apresento aqui visa demonstrar o processo inicial e exploratório de uma pesquisa
maior, que busca compreender como se organizou o movimento operário de Novo Hamburgo no
período que vai de 1935 até 1945 e sua relação com o primeiro governo de Getúlio Vargas. Na
maioria dos escritos sobre esta cidade e sua industrialização, remete-se muito aos grandes feitos e
às grandes obras, mas pouco se têm escrito sobre os (tão grandes ou maiores) homens e mulheres
que consolidaram o início do universo industrial desta cidade até seu declínio, já no final dos anos
1990. Assim, justifico este estudo apontando a necessidade de contar a história do trabalho em Novo
Hamburgo a partir da perspectiva dos trabalhadores e trabalhadoras desta cidade, organizados em
movimentos de representação política.Portanto, meus objetivos centrais são: traçar paralelos entre
sindicatos organizados de Novo Hamburgo e as organizações sindicais nacionais e relacionar o
regime do Estado Novo com a representatividade sindical.A partir do respaldo de uma bibliografia
calcada na História Social e na Nova História Política, trabalharei com processos trabalhistas e
judiciais, e com análise do periódico “O 5 de Abril” concernente ao período delimitado.Como
resultados parciais, em que pese a recente concepção deste projeto de estudo, apresento a leitura,
transcrição, e análise de 3 meses do jornal O 5 de Abril, bem como, leitura e análise de textos
historiográficos sobre a temática e seus desdobramentos. Considero, por fim, de suma importância a
construção de uma literatura que coloque os atores sociais que inseriram a cidade de Novo
Hamburgo no circuito nacional de produção econômica industrial, no seu devido lugar: o lugar de
protagonistas da História.
Palavras-chave: História. Movimento operário. Sindicalismo. Estado Novo.
NO SUBTERRÂNEO DA HISTÓRIA: OS TRABALHADORES DA CIA. CARBONÍFERA RIOGRANDENSE NAS FICHAS DA DRT-RS (1933-1943)
Gustavo Domingues Rodrigues (Graduando – UFPel)
O Núcleo de Documentação Histórica (NDH) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
salvaguarda uma extensa documentação vinculada a história social e regional dos trabalhadores do
Rio Grande do Sul. Incorporado ao Núcleo em 2001, o acervo da Delegacia Regional do Trabalho do
Rio Grande do Sul (DRT-RS), órgão vinculado ao Ministério do Trabalho do Brasil, reúne cerca de
630.000 fichas de qualificação profissional preenchidas no quando da solicitação da carteira de
trabalho entre os anos de 1933 e 1968. O acervo reúne informações pessoais e profissionais dos
trabalhadores e constitui-se em uma importante fonte de pesquisa no campo da história do trabalho.
Com o intuito de preservar este acervo e recuperar elementos identitários do trabalhador gaúcho no
período citado, a partir do projeto “traçando o perfil do trabalhador gaúcho”, foi desenvolvido um
banco de dados virtual, que facilita o acesso as fichas e preserva estas do manuseio contínuo. A
partir do acervo são possíveis diferentes metodologias de trabalho, tais como: higienização, digitação
e pesquisa. Esta comunicação visa demonstrar alguns dados quantitativos obtidos a partir da análise
de 263 fichas do banco de dados do projeto, identificando o perfil dos trabalhadores da Companhia
Carbonífera Rio-grandense que solicitaram a carteira de trabalho na primeira década de implantação
do documento.
Palavras-chave: DRT-RS, Trabalho, Carvão, Mineiros, Carteira de Trabalho
O COMÉRCIO DE BEBIDAS ENTRE INDÍGENAS E HISPÂNICOS NA PAMPA BONAERENSE
(SÉCULO XVIII)
Henrique Hilgert Cordeiro (Graduando – Unisinos)
Os orientandos de Iniciação Científica da Professora Ma Cristina Bohn Martins devem fazer parte do
grupo de estudos da mesma, que reúne seus bolsistas e alunos de pós-graduação para sessões de
estudo e discussão de textos. Através disto, espero poder avançar no conhecimento de temas e
autores que pesquisam questões de História da América, Missões Religiosas e Populações
Indígenas, indo além daquilo que podemos estudar nas aulas de Graduação. Nesse estudo, cujos
resultados parciais aqui apresento, busco entender os efeitos dos contatos entre os indígenas das
missões jesuíticas de “pampas” e “serranos” (1742-1753) e os comerciantes de aguardente de
Buenos Aires. A documentação sobre estas missões revela que eram intensas essas relações,
gerando preocupações para os jesuítas. Buscaremos explicar quais os caminhos pelos quais a
bebida, que era proibida nas reduções, chegava aos povoados, e quais os agentes deste comércio.
Metodologicamente lidamos com a análise de fontes tais como a crônica de Sanchez Labrador
(1772) e o Expediente delCabildo secular de Buenos Aires (1752), documento que traz, entre outras
informações, notícias da presença de mercadores se acercando das reduções, ou mesmo nelas se
infiltrando para exercer este comércio ilícito. Também pretendo neste trabalho identificar os
personagens principais das negociações envolvendo as bebidas alcoólicas, na medida do possível
rastreando algumas de suas trajetórias. Faz parte da metodologia, ainda, avaliar historiograficamente
a importância que a bebida assumiu entre as populações nativas, e como o tema vem sendo tratado.
Até o momento podemos perceber que o consumo de bebidas embriagantes, que era uma prática
ritual em tempos pré-hispânicos, assumiu uma outra feição após a chegada dos ocidentais.
Percebemos nos relatos dos jesuítas uma grande preocupação, carregada de certo discurso
moralizante, quanto aos efeitos perniciosos da embriaguez entre os nativos.
Palavras-chave: Missões, Jesuítas, Comércio, Fronteira, História da América
CIDADES REFLETIDAS: INDUSTRIALIZAÇÃO, URBANIZAÇÃO ACELERADA E A AMPLIAÇÃO DAS
FAVELAS NA ÓTICA DA IMPRENSA PAULISTA NO SEGUNDO GOVERNO VARGAS
Letícia Sabina Wermeier Krilow (Graduanda – PUCRS)
Luis Carlos dos Passos Martins (Pós-Doutor – PUCRS)
Essa comunicação objetiva apresentar resultados do projeto intitulado Cidades Refletidas:
industrialização, urbanização e imprensa no Brasil Republicano que analisa como o debate sobre o
acelerado processo de industrialização e de urbanização brasileiro entre os anos 1930-1970 foi
abordado pela grande imprensa nacional (RJ/SP). Neste artigo, iremos analisar como os principais
jornais paulista (Folha da Manhã e Estado de S. Paulo) se posicionaram frente ao incremento das
“favelas” durante o Segundo Governo Vargas. Nesse período, o Brasil apresentou um rápido
crescimento industrial e urbano, dando origem a um intenso debate sobre a sua adequabilidade ao
país. O crescimento das “favelas” apresentou-se como um dos aspectos mais problemáticos desse
processo, levando a imprensa a tomar posição sobre o mesmo. Embora o caso carioca seja o mais
emblemático, o fenômeno em São Paulo foi igualmente impactante e controverso, na medida em que
era a capital paulista que mais crescia em termos econômicos e demográficos no período. Assim, a
maneira como tais jornais abordaram a questão revela-nos muito sobre: a) a sua visão acerca das
transformações econômicas em curso, pois quemera contrário à industrialização acelerada
apontavam o crescimento desordenado das “periferias” como um “efeito perverso” do processo; b) a
sua visão a respeito das transformações sociais do período; c) por fim, a própria visão sobre a
composição étnica da população brasileira, tendo em vista que o aumento das “favelas” implicava no
incremento da população de afrodescentes e de mestiços nas cidades em relação à população
“branca”. Por fim, não devemos negligenciar que, diante de transformações tão drásticas, a narrativa
jornalista constitui um campo discursivo privilegiado para identificar “as percepções sobre o urbano”,
comportando “falas” intencionalmente direcionadas ao grande público, que circularam por parcelas
significativas dos moradores, oferecendo uma visão de como tais mudanças foram significadas.
Palavras-chave: Imprensa; cidades; Vargas; urbanização; representação
ST3 – ESTUDOS DE GÊNERO E RELIGIOSIDADE
Coordenadores – Cristiano Enrique de Brum e Débora Soares
Karpowicz
Sala 502 – Prédio 05
[28/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
A PRESENÇA DAS MULHERES NO PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DA AMÉRICA LATINA
Adriane Nunes Cordonet (Graduanda – Unilasalle)
Amanda Flores Gonçalves (Graduanda – Unilasalle)
“As mulheres sempre tiveram importância igual na sociedade, independente do quanto eram
reconhecidas suas atuações, não se mostravam menos participantes em momento algum. E para
exemplificar isso usamos as lutas na independência da América Latina. Nessas lutas as mulheres
atuaram em guerrilhas, politica, sustento, divulgação e em todas outras áreas possíveis e que,
segundo a época, seriam tarefas genuinamente masculinas. E mesmo com todas suas colaborações,
estas quando não foram mortas e esquecidas, tiveram um reconhecimento ínfimo e deturpado perto
do que mereciam seus atos de coragem. Assim, evidenciando a opressão do patriarcado desde
muito antes e que perdura até hoje. Visto isso, o trabalho tem o objetivo de dar o enfoque no
machismo ainda presente na sociedade e nas formas que ele usa para se mascarar diante dela. E
mostrar a importância da atuação das mulheres, que jamais se esconderam, apesar da dificuldade
de se colocar e participar dos acontecimentos do cotidiano. Sem esquecer que ainda hoje, o
patriarcado utiliza de seus mecanismos para manter-se vivo e sujeitar as mulheres a práticas há
muito tempo ultrapassadas, fazendo delas ainda vitimas de diversas atrocidades e desvalorização.
Deixando claro a necessidade de que muitos acontecimentos históricos devem ser reescritos e
pesquisados novamente para um reeducação em prol de uma sociedade igualitária e justa,
independente do gênero.”
Palavras-chave: Feminismo – Gênero – Patriarcado – América Latina – Independência;
O PROTESTANTISMO EM SANTA MARIA-RS: OS PENTECOSTAIS
Adriano Sequeira Avello (Graduando – UFSM)
A temática religiosa pode ser compreendida para além da teologia como qualquer outro campo
social. Na cidade de Santa Maria, RS, evidencia-se na mídia a predominância da religião católica
como destaque religioso. Contudo, no cotidiano citadino percebemos muitas outras religiões. Dessa
forma pretende-se avaliar as diversas formas de expressão religiosas a partir do protestantismo em
Santa Maria, sobretudo, os pentecostais. Por isso percebemos que se faz necessário iniciar uma
investigação para o nicho religioso pentecostal, isto é, evangélico, já que nossos dados apresentam
uma presença significativa do grupo religioso em Santa Maria. A pesquisa tem por objetivo mapear
os espaços que estes grupos ocupam no município de Santa Maria. O presente estudo que está em
andamento irá também analisar as relações entre os agentes sociais e as diferentes instituições
religiosas evangélicas que se instalaram na cidade. Tal pesquisa pretende abranger estudos de
cunho teórico e de investigação em fontes primárias porque tenta-se entender as formas de
afirmação dessas identidades como, por exemplo, o modo de distribuição geográfica em Santa
Maria. Ademais, com o auxílio deste mapeamento clássico e social se busca identificar os grupos
com suas, respectivas, práticas religiosas com a finalidade de entender como compõe-se as
diferentes religiosidades e suas formas de inserção e integração na sociedade.
Palavras-chave: Protestantismo, Pentecostais, Evangélicos, Santa Maria-RS, Religião.
UMA MARCHA PELA IGUALDADE: A EMANCIPAÇÃO FEMININA NA REVOLUÇÃO FRANCESA
Débora de Quadros Rodrigues (Graduanda – PUCRS)
Jorge Piaia Mendonça Júnior (Graduando Filosofia – PUCRS)
Da fúria das camponesas às ardilosas manipulações de Maria Antonieta, a Revolução Francesa teve
a presença imprescindível do feminino, atuando de maneira decisiva – e sutil. Abordaremos, no
presente trabalho, o pensamento sobre a mulher no século XIX, mencionando as acepções
iluministas sobre esta, como a de que a mulher é “naturalmente inferior”, e que o papel de submissão
dessa provém, não de uma simples convenção social, mas sim da própria natureza, que confere à
mulher o papel que a cultura apenas reforça. Especial relevo daremos ao veemente repúdio à mulher
intelectual, que, para a grande maioria dos intelectuais da época, consistia em uma ameaça à
família, sob o argumento de que a mulher, intelectualizando-se, tenderia a deixar de cuidar de suas
tarefas e de se interessar pelas mesmas. Não esqueceremos, também, dos intelectuais que não
seguiram a opinião vigente e defenderam que uma inferioridade inata não consistia em um postulado
razoável, posto que a mulher recebia, desde cedo, uma educação inferior àquela dirigira aos
homens, sendo esta a razão da desqualificação intelectual e espiritual da mulher daquele século (um
expoente desse pensamento é Montesquieu, contemporâneo de Rousseau). Além do
desenvolvimento intelectual, a paixão pela Revolução e a consequente politização da mulher também
foram entendidas como uma ameaça à estrutura familiar. A crise da ordem provocada pela revolução
serve à mulher como oportunidade – em uma história onde esta sempre teve sua voz calada – para,
pela primeira vez, manifestar-se politicamente e poder romper paradigmas (ou ao menos se
aproximar desse rompimento), inaugurando ideias que mais tarde servirão aos movimentos de
emancipação.
Palavras-chave: História; Revolução Francesa; Rousseau; Mulher.
GÊNERO NA ESCOLA: UMA ANÁLISE LITERÁRIA ATRAVÉS DOS CONTOS DE LIGYA FAGUNDES
TELLES.
Fernanda Sena Fernandes (Graduanda – UNIFRA)
As questões de gênero estão cada vez mais em voga nas discussões acadêmicas, porém, este
público é restrito, não alcançando a sociedade em geral, em especial os jovens em idade escolar,
que, em alguns casos, possuem como único espaço de reflexão e conhecimento a escola. Neste
sentido, através dos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID/
Subprojeto História, do Centro Universitário Franciscano, em parceria com o Colégio Estadual Pe.
Rômulo Zanchi, ambos em Santa Maria, RS planejam trazer para o ambiente escolar no 1º semestre
de 2015, através de atividades interdisciplinares a discussão de gênero na sociedade atual. Para
desenvolver o trabalho, os bolsistas optaram pelo uso dos contos de Ligya Fagundes Telles, que
trazem em seu enredo personagens femininas como protagonistas, e a partir das mesmas, discutir
diferentes formas de opressão. Aos alunos, propõe-se que os mesmos, a partir do conhecimento dos
contos, reflitam sobre os diferentes papéis e tipos de opressão vividos pelas personagens, buscando,
assim, a discussão sobre diferenciação de gênero e a opressão feminina no cotidiano, almejando
principalmente, a identificação dos alunos a esta realidade. O trabalho objetiva discutir um tema
pouco ou nada trabalhado em aula, mas que é necessário para a construção da igualdade de
gêneros e tolerância, tão importantes para a formação do caráter dos alunos. Como ressalta o
Parâmetro Curricular Nacional do Ensino Médio, as Ciências Humanas devem instruir os alunos a
“aplicar as tecnologias das Ciências Humanas e Sociais na escola, no trabalho e em outros contextos
relevantes para sua vida” (PCN/EM, 2000, p. 97). Acredita-se, portanto, que o papel do professor não
se configura somente na explanação de conteúdos, mas na construção de um olhar mais crítico de
seus alunos, contribuindo não só para o amadurecimento pessoal destes educandos, mas para a
sociedade de maneira geral.
Palavras-chave: Feminismo; Ligya Fagundes Telles; Pibid
HARÉNS E O PODER FEMININO NO IMPÉRIO OTOMANO
Kamyla Stanieski Dias (Graduanda – ULBRA)
Este trabalho tem como objetivo desmistificar e compreender o papel do harém dentro do Império
Otomano partir de analise iconográfica de artistas dos séculos XVII e XVIII, como Jean-Leon Géromê
e Rudolph Ernet, além de relatos de viajantes ocidentais. Serão analisadas as seguintes questões: o
que é um harém, para que serve, como era sua rotina e quem fazia parte do mesmo. Destaca-se
também no trabalho o período conhecido como “Sultanato das Mulheres”, que ocorreu entre os
séculos XVI e XVII, onde será analisado quem são estas mulheres, o que elas fizeram e como isso
foi importante para a política otomana na época.
Palavras-chave: Império Otomano, Harém, Mulheres, Sultanato das Mulheres
AS REPRESENTAÇÕES DO SOBRENATURAL NO RIO GRANDE DO SUL DO OITOCENTOS
Mariana Milbradt Corrêa (Graduanda – UFSM)
Este trabalho é um estudo acerca da crença no sobrenatural no Rio Grande do Sul do século XIX.
Através do resgate historiográfico queremos demonstrar a forte presença do sobrenatural nas
representações do Oitocentos em um momento de ascensão da ciência e da razão como paradigmas
dominantes, bem como mapear os locais que o maravilhoso tinha lugar no Rio Grande do Sul. A
pesquisa é focada em um contexto de fronteira, marcada por uma verdadeira “endemia bélica” e pela
presença de uma sociedade ampla e multiétnica, formada por uma matriz europeia branca, ainda
apegada a crenças de bruxaria e magia da Idade Média e outras indígenas e africanas, em que o
extraordinário não era só presente na sociedade, como também a justificava. Essas representações
inserem-se em um contexto de guerra, em que a presença muito próxima da morte, acabava por
invocar aspectos de um mundo sobrenatural, que poucos controlam, mas aqueles que podiam
intermediar esses dois mundos, aqueles poucos que pactuavam com forças desconhecidas, seja
Deus, o Diabo, assombrações e outros seres sobrenaturais andavam por esse mundo com algo a
mais a oferecer, que seja a força, a boa sorte, ou um pouco mais de controle sobre o seu destino.
Essa análise é orientada pelo professor Dr. Luís Augusto Farinatti.
Palavras-chave: Sobrenatural, Representações, Oitocentos, Rio Grande do Sul, História Cultural.
ANTÔNIO DE NOTO: “DA ESCRAVIDÃO AO NOVO MUNDO”.
Paulo Diego de Oliveira Navossat (Graduando – PUCRS)
Na Sicília do fim da Idade Média, a escravidão, com suas particularidades locais, era mais que o
resultado de uma instituição jurídica, de diversas procedências, que passou por evoluções
independentes. Falo da condição de inferioridade ou de semicapacidade jurídica para agir dos
cristãos sob os muçulmanos e, depois de 1091, dos mulçumanos sob os cristãos; refiro-me também
à vida nas aldeias, no tempo dos normandos, vida que era uma espécie de servidão. O cônego Noé
Rodrigues afirma que ”em São Paulo, a devoção a santo Antônio de Categeró data pelo menos de
três séculos”. Talvez ela remonte aos inícios do século XVII, isto é, a apenas cinquenta anos depois
da morte do bem-aventurado. O que me faz que pensar assim é uma nota de arquivo relativa ao
padre Nicolau Faranda, destinatário da citada cópia manuscrita do processo testemunhal diocesano
de 1550, cópia que, a seu pedido, lhe foi enviada de Noto, em 1595. A nota informativa diz que o
Padre Faranda “deseja ir para as Índias Ocidentais, entre infiéis”. Ora, ele morreu em 1612, em
Palermo, e não consta que nesse meio tempo tenha estado nas Índias Ocidentais (América). É
provável que o começo do culto ao “santo Negro” se deva a ele, que se teria interessado nesse
sentido junto aos seus confrades jesuítas italianos que foram para a Bahia (Brasil), como
missionários. Para facilitarem a evangelização, os missionários propuseram, como modelos, aos
escravos africanos do Brasil, alguns santos negros: são Melquior (um dos reis magos) e santa
Ifigênia; os jesuítas italianos propuseram o bem-aventurado Antônio de Categeró e Benedito de San
Fratello, que viveram na Sicília.
Palavras-chave: Idade Média – Escravidão – Santo Antônio de Categeró – Islã – Brasil
“NOSSA IGREJA ESTÁ EM GRANDE ATIVIDADE AQUI [...]”: A IGREJA EPISCOPAL CHEGA À
SANTA MARIA - RS (1899)
Paulo Henrique Silva Vianna (Graduando – UFSM)
Beatriz Teixeira Weber (Pós-doutora – UFSM)
A partir da implementação da ferrovia em 1884, Santa Maria, cidade localizada na região central do
Rio Grande do Sul, tornou-se um importante centro em desenvolvimento. O fato de ter sido o
“principal entroncamento das linhas férreas no estado” proporcionou que, aos poucos, a imagem de
vilarejo passasse por transformações dando lugar a uma cidade com ares de modernidade. Processo
que transpassou a Proclamação da República (1889) e se estendeu ao século XX. Nestes anos o
campo religioso também passava por transformações e entre as diversas questões que o percorriam,
entendemos que o ano de 1899 representou uma mudança significativa. Data deste período a
chegada de missionários norte-americanos, vinculados a Igreja Episcopal dos Estados Unidos
(primeira igreja do chamado protestantismo de missão a se instalar na cidade). Até então, poderiam
ser encontradas apenas duas denominações cristãs: Igreja Católica e Comunidade Evangélica
Alemã. Antes de chegarem à Santa Maria os “episcopalinos” haviam iniciado trabalhos em outras
localidades, próximas ao litoral principalmente, e sua presença em Santa Maria representava o
interesse pelos trabalhos no interior do Rio Grande. Inicialmente seus cultos foram realizados em
uma sala alugada, mas em poucos anos a congregação concluiu a construção de seu templo matriz,
conhecido atualmente como Catedral do Mediador (templo que é Patrimônio Histórico da cidade). A
presença da Igreja Episcopal em Santa Maria corresponde ao nosso objeto de estudo. A partir de
sua chegada em 1899, pretendemos percorrer algumas das linhas evolvendo o campo religioso local,
ainda nos primeiros anos da República. O trabalho encontra-se em fase inicial, porém alguns
registros apontam para o aparente sucesso desta denominação no período em questão e para o
entusiasmo de setores da sociedade com relação à chegada dos missionários, o que pode ser
percebido a partir da imprensa local.
Palavras-chave: Igreja Episcopal, Missionários, Protestantismo, República, Imprensa.
POBRES MULHERES OU MULHERES POBRES? UMA ANÁLISE DA CONDIÇÃO DE VIDA
FEMININA NO FINAL DO SÉCULO XIX A PARTIR DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PORTO
ALEGRE
Priscilla Almaleh (Graduanda – Unisinos)
Este trabalho estuda as mulheres populares no período posterior a abolição da escravidão e da
proclamação da República, na cidade de Porto Alegre (RS) e como observatório principal os
documentos produzidos pela Santa Casa de Misericórdia. A presença e o protagonismo feminino
ficaram por muito tempo excluídos dos estudos na área de História, alguns pesquisadores se
interessaram pelo assunto, porém, as pesquisas ainda são restritas, principalmente na região
abordada. A partir dos registros de matrícula geral dos enfermos da Santa Casa de Misericórdia de
Porto Alegre (SCMPA), esta sendo feita uma transcrição de dados das mulheres ali internadas para
uma tabela (Excel), sendo possível apresentar resultados preliminares da presença feminina nesta
instituição de saúde e caridade. O público da SCMPA era formado majoritariamente de setores
pobres, portanto, a pesquisa tem um corte de gênero (feminino) e social (populares). Os dados
obtidos da documentação permite um amplo estudo da vida feminina, como saúde, trabalho, raça e
família. A partir da transcrição destes registros , realizamos uma pesquisa bibliográfica que auxilia a
compor as estratégias de vida desta classe feminina e popular em um Estado Republicano em
construção e onde pensamentos positivistas e de ordem moral e civilizatória vigiam, com os médicos
higienistas ditando regras de conduta. O mapeamento destas mulheres é fundamental para termos
uma visão da sociedade de Porto Alegre no século XIX e seus comportamentos, pois a doença esta
diretamente ligada ao estilo de vida destas pessoas. Mesmo que eventualmente frequentada por
indivíduos provenientes de setores sociais intermediários são os populares que majoritariamente ali
recebiam atendimento, tornando as fontes produzidas por esta instituição um ótimo observatório
destes grupos subalternos. Finalmente, a pesquisa tem desmistificado a visão de que os hospitais –
neste caso a Santa Casa.
Palavras-chave: Santa Casa de Misericórdia, Porto Alegre, mulheres, saúde e populares.
O CONCEITO DE HEROÍNA NA ATENAS CLÁSSICA
Thirzá Amaral Berquó (Graduanda – UFRGS)
Á primeira vista, parece que, na sociedade ateniense do período clássico (sécs. V-IV a. C.), as
mulheres seriam confinadas as suas casas. Todavia, o exame conjunto de fontes literárias e
iconográficas demonstra que as mulheres atenienses tinham variados graus de liberdade na cidade,
de acordo com seu estatuto social, apesar da dominação masculina. Dessa forma, não existia a
reclusão feminina no ambiente doméstico. Nesse contexto, o grande destaque do protagonismo
feminino na tragédia grega permanece uma incógnita. As heroínas atuam livremente e incidem no
erro trágico (hamartia). Por exemplo, Clitemnestra, que assassina o marido e assume o governo da
polis; Antígona, que enfrenta o governo da polis para enterrar o irmão traidor; Medeia, que assassina
os filhos para se vingar do marido que a abandonou.Porém, numa sociedade tão androcêntrica como
a ateniense, como é possível que as mulheres sejam as protagonistas emsua principal manifestação
cultural? A pesquisa foi realizada por meio de revisão bibliográfica e do estudo da Poética, de
Aristóteles. Assim, em primeiro lugar, estuda-se o conceito de heroína na Grécia Antiga. Em segundo
lugar, examina-se a noção de erro (harmartia) trágico na sociedade ateniense. Em terceiro lugar,
analisa-se o conceito de heroína no contexto trágico. Os resultados parciais indicam a existência de
uma concepção de heroína na Grécia antiga, manifesta especialmente nos cultos religiosos. Tal
conceito teria deixado suas marcas na tragédia ática, levando a um forte protagonismo feminino,
contrastando com o androcentrismo da sociedade ateniense do período clássico. Desse modo, abrese a possibilidade de aprofundar o estudo, para examinar concretamente o heroísmo feminino em
peças trágicas selecionadas.
Palavras-chave: Atenas; Mulheres; Heroínas; Tragédia; Hamartia
ST4 – HISTÓRIA CULTURAL E SUAS FONTES: TEORIA E
METODOLOGIA
Coordenadores – Cristiano Enrique de Brum e Wanessa Tag Wendt
Sala 504 – Prédio 05
[26/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
PRESERVAÇÃO E MEMÓRIA: ACERVO DOCUMENTAL DA CASA DE SAÚDE DE SANTA MARIA
(RS)
Adriéli Eduarda Castro Gomes Gabardo (Graduanda – UNIFRA)
Na realização de reformas, em 2011, no Hospital Casa de Saúde de Santa Maria, Rio Grande do Sul,
foi encontrado no sótão, documentos da administração hospitalar. Entre essas encontravam-se
livros, como de registro de entrada de paciente, datado de 1932, ano este de inauguração do
hospital. Esses livros foram retirados do local em que se encontravam, higienizados, catalogados,
com número de registro e registrado em um livro ata. O presente trabalho, relativo ao acervo
permanente da Casa de Saúde, foi autorizado pela Enfermeira Responsável Técnica do Hospital
Casa de Saúde/Santa Maria – RS. O acervo atualmente encontra-se sem tratamento e em local
impróprio para sua preservação. O estudo tem como objetivo propor a Preservação Documental e a
memória do acervo permanente, do Hospital Casa de Saúde. Tendo a preservação documental como
uma função de competência do profissional de arquivo, na qual, se apresenta pelo conjunto de
medidas e estratégias de ordem administrativa, política e operacional que contribuem para a
proteção do patrimônio documental. Com o presente trabalho apresenta-se a importância da
preservação do acervo documental do Hospital Casa de Saúde/SM, por esse fazer parte da
construção da história e manter a memória de Santa Maria.
Palavras-chave: Preservação; Documento; Memória; Santa Maria; Hospital Casa de Saúde.
“A BELEZA SALVARÁ O MUNDO”: A FILOSOFIA DA HISTÓRIA DE FIODOR DOSTOIÉVSKI
Augusto Castanho da Maia Petter (Graduando – UFSM)
A construção de uma narrativa que desvela uma filosofia da história está presente no pensamento de
muitos intelectuais que possuem uma especulação acerca do devir total da humanidade, onde se
busca apreender racionalmente a história, revelando-se sentido (ou a falta de um). Este tipo
pensamento pode estar contido tanto em tratados específicos sobre o sentido da história, quanto em
ideias sistematizadas ou fragmentárias, ou até, de forma mais profunda, dentro de uma visão de
mundo, expressa de forma filosófica por meio da obra de arte. É dentro deste último que existe a
possibilidade de se reconhecer uma Filosofia da História nas narrativas de Fiodor Mikhailovich
Dostoiévski. Seu pensamento sobre a história que remonta a uma filosofia da história russa,
remetendo a ideia de povo russo e sua civilização, moldados pelas suas condições históricas e
características particulares (clima, religião, entre outros), culminando na formação de uma nação
característica, já em meados do século XIX. Século marcado, na Rússia, por expectativas de
liberdade utópicas, brotando intelectuais muitas vezes socialistas ou revolucionários e religiosos
conservadores desiludidos com a eficácia destes ideais. Foi neste contexto que o pensamento Fiodor
Dostoiévski se desenvolveu. Assim, o interesse desta pesquisa em relação à obra de Dostoiévski diz
respeito à sua fase “pós-Sibéria”, onde seu pensamento está amadurecido e calejado pelos
sofrimentos da prisão, fazendo com que o autor buscasse ideais de libertação da condição humana
não mais pelo caminho das utopias sociais, mas através da fé. Portanto, abordando questões como
a moralidade e as formas de libertação do hóspede inconveniente, o niilismo, e entre elas, a
estetização da vida. Esta, é aqui representada pela célebre frase do Príncipe Mitchkin, “a beleza
salvará o mundo.” E também pela narrativa, bastante sintética, de O sonho de um homem ridículo.
Palavras-chave: Filosofia da História. Fiodor Dostoiévski. Estética. História da Rússia.
CAMPUS I: UMA MEMÓRIA A SER CONTADA
Fabrício Alcindo Kuhn (Graduando – Feevale)
Fabrício Locatelli Ribeiro (Graduando – Feevale)
Maicon José Alves (Graduando – Feevale)
No ano de 1914, a cidade de Novo Hamburgo, que ainda fazia parte da colônia
germânica,experimentou um crescimento considerável. Com isso, para que os filhos desta
comunidade pudessem usufruir de um ensino de qualidade, os moradores fizeram um grande esforço
para instalar um colégio na região. Sua participação se deu através de doações, incluindo a do
terreno da futura escola. Vencida a etapa da arrecadação de fundos, deu-se inicio ao projeto, o
executor da parte arquitetônica da obra foi Ernest Seubert, arquiteto alemão, este foi seu primeiro
trabalho em terras brasileiras. A construção veio a ser concluída em 1915, após o termino, os irmãos
da ordem Marista, foram convidados, inicialmente, a ministrar aulas no colégio que recebeu o nome
de São Jacó, posteriormente passaram a administrar a escola em sua totalidade. Nos anos 60, após
quarenta e cinco anos sob administração marista, o prédio passa a ser administrado pela ASPEURS,
que instala uma faculdade, que se chamou FEEVALE, em suas dependências que permanece até
hoje na ativa. Crises dentro e fora do país, duas guerras que ocorreram na Europa, revoltas e
revoluções nacionais e internacionais, se o prédio é uma testemunha muda destes fatos, aqueles
que o davam vida, que percorriam seus corredores como o sangue que percorrem as artérias de um
corpo humano e o faziam pulsar, alunos, professores e funcionários não o são, e é através destes
relatos de como tais movimentos influenciavam suas vidas dentro e fora da escola, que
despretensiosamente pretendemos iniciar uma nova reconstrução, a reconstrução de uma memória
que não é apenas do prédio ou das instituições, mas também da comunidade, que ajudou a construílo e mantê-lo, memória e lembranças de momentos históricos e triviais, mas que devem ser
transmitidas e contadas para que nunca se percam no tempo, pois memória parada não passa de
memória morta.
Palavras-chave: São Jacó, Educandário e Feevale
DIÁLOGOS DE TECNOLOGIAS SOCIAIS NA PRODUÇÃO CULTURAL MINEIRA: O CASO DOS
FESTIVAIS PÁ NA PEDRA E ESCAMBO
Guidyon Augusto Almeida Lima (Graduando – UFMG)
O objetivo desta comunicação é expor uma análise do diálogo entre instâncias de construção
coletiva, na produção cultural mineira, ao longo dos últimos anos. Buscaremos apontar como os
processos de produção conjunta, pautados nas perspectivas da economia criativa e cultura de redes,
construíram e consolidaram festivais independentes (produzidos fora do grande conglomerado de
produtoras, empresas e corporações midiáticas), tendo como expoentes escolhidos para um
detalhamento maior, os festivais de artes integradas: Pá na Pedra (Ribeirão das Neves) e Escambo
(Sabará), cidades da região metropolitana da capital, Belo Horizonte. Ambos os festivais integram
redes de festivais produzidos de forma parecida, sendo o Circuito Mineiro de Festivais
Independentes (CMFI) em âmbito estadual, e a Rede Brasil de Festivais Independentes (RBF) de
âmbito nacional, criada em 2011. Faremos uma pequena reflexão sobre a teoria do que são as
chamadas “tecnologias sociais”, e apontaremos como o diálogo instituído por e entre elas, criou a
estrutura de realização dos festivais que, se pautam como um ambiente de debates socioculturais e
políticos. Em fase final da análise, mostraremos como à produção destes festivais, vem dialogando
com a cena cultural, política e social de seus respectivos municípios, além de cenas das artes
integradas, em esferas estaduais e nacionais.
Palavras-chave: Cultura, redes, festivais, coletivismo, economia
FOUCAULT E O HISTORICISMO: UM ROMPIMENTO NECESSÁRIO?
Guilherme Lueska Costa (Graduando – PUCRS – Ciências Sociais)
Este trabalho tem como objetivo compreender a forma de Foucault lidar com os signos do saber
coletivo. Esse objetivo será alcançado através de três momentos: a exposição dos conceitos de
“genealogia do poder” e “arqueologia do saber”, a explicação de como esses conceitos são chaves
importantes para entender como são construídos os contextos delimitadores na obra do autor para,
em no momento final, haver a compreensão da relação dessas ideias junto aos saberes da
historiografia e da historia. A análise sobre a essência epistemológica do pensamento de Foucault
ocupa um lugar interessante no debate sobre historicismo pós-moderno. Seriam a genealogia do
poder e a arqueologia do saber técnicas que Foucault usou para interpretar “eventos limite” ou são
conceitos puramente filosóficos? Seriam tentativas de liberar a ciência de um historicismo inevitável?
Como esses estão para o historicismo marxista? Do paradigma foucaultiano à implicação que esse
tem na arte; Da influencia marxista à originalidade do autor; Esse trabalho analisará conceitos
fundamentais na concepção das ideias contidas na obra “A microfísica do poder” e como esses se
relacionam com diversas dimensões da historia e da historiografia, possibilitando o aprofundamento
do dialogo sobre a contribuição que esse importante intelectual do século XX teve para o
pensamento contemporâneo.
Palavras-chave: Historiografia; marxismo; Foucault; historia; teoria
MÚSICA, HISTÓRIA E IDENTIDADE NEGROS NARRAM SUAS HISTÓRIAS NAS RODAS DE
CAPOEIRA
Heric Maciel de Carvalho (Graduando – UFMG)
O objetivo dessa comunicação é analisar a transmissão da história africana através das músicas
cantadas nas rodas de capoeira pelos seus praticantes, a partir dos conceitos de memória, oralidade
e identidade. O Brasil recebeu 42% de todos os escravos enviados através do Oceano Atlântico. Os
negros trouxeram consigo para o Novo Mundo as suas tradições culturais e religiosas. A capoeira foi
desenvolvida pelos escravos do Brasil, como forma de elevar o seu moral, transmitir sua cultura e,
principalmente, como forma de resistência a escravidão. A transmissão oral da memória coletiva tem
como base a tradição, a ancestralidade, o ritual. O ensinamento vem daquilo que podemos chamar
de “pedagogia do africano”, segundo expressão muito utilizada no âmbito da capoeira angola,
baseada na proximidade entra o mestre e o aprendiz, onde o contato, o olhar, de quem ensina é
passado para o aprendiz e onde a tradição é ensinada. As cantigas e ladainhas retomam à “Mãe
África”, inalcançável, como símbolo da liberdade, narram fatos da vida quotidiana, usos, costumes, o
passado de dor e sofrimento dos tempos da escravidão. As músicas constroem uma história oral que
fundamentam a identidade do capoeirista tendo como base as experiências individuais e coletivas
provenientes da dispersão de negros pelo mundo e do dia-a-dia. Elas fazem a ligação do presente
ao passado, nos induzindo sempre a repensar a história. Música, oralidade e a corporeidade são as
principais vias para a perpetuação de saberes, cultuando seus ancestrais, revivendo a mãe África, se
mostrando presentes na construção da memória coletiva e da identidade do grupo. Através das
músicas cantadas pelos mestres, os alunos conhecem e se identificam como parte da história,
mantendo a tradição. A partir de performances rituais é transmitida a memória negra nas rodas de
capoeira.
Palavras-chave: Capoeira, História Oral, Música, Identidade
CONSIDERAÇÕES SOBRE OS GOLIARDOS
Jivago Furlan Machado (Graduando – UFSM)
Esse trabalho tem como principal objetivo esclarecer o que foram os goliardos com base em Carmina
Burana (compêndio de canções goliardas) e em bibliografia relacionada ao tema. Os goliardos foram
estudantes que, no século XII, escreviam e cantavam poemas com temáticas subversivas aos olhos
das autoridades de seu tempo. Tratando sobre o vinho, o jogo e o amor esses poetas desafiavam os
ensinamentos morais professados pelo clero. Além disso, suas ideias também apresentavam críticas
em relação às justificativas utilizadas na manutenção do poder das autoridades da época. Embora
desafiadores eles não eram hereges, muito pelo contrário, eram religiosos. Suas críticas
relacionavam-se mais com as práticas cristãs consideradas erradas por eles do que em relação à
religião em si, ou a Igreja. Os goliardos não formavam nenhuma seita ou algo do gênero, nem
buscavam acabar com a Igreja. Criticavam a conduta de certos membros do clero, denunciando em
seus escritos as divergências entre o discurso e as ações das lideranças religiosas. Na sua época,
os goliardos presenciaram os efeitos imediatos da Reforma Gregoriana, algo revolucionário que
mudou a conduta moral dos membros do clero. Tendo isso em vista, pode-se considerar o século XII
como um período grandes mudanças sociais. Além das reformas estruturais da Igreja, a sociedade
mudava, urbanizava-se. Isso pode ser verificado em seus poemas. Os goliardos faziam muitas
referências a temáticas pagãs em seus escritos, mostrando que conheciam autores não cristãos do
final da antiguidade. O conhecimento dos antigos foi decisivo para os pensadores das universidades
que surgiriam no século XIII. Embora diferente os goliardos também neles buscavam inspiração.
Considerada defasada pelos universitários do período seguinte, a poesia goliarda foi inovadora em
seu tempo. Embora críticos, os goliardos confessavam seus vícios em suas canções, não sendo
moralistas, embora denunciando os supostos cristãos exemplares.
Palavras-chave: Goliardos, século XII, Carmina Burana, Idade Média, Crítica Social.
“AS COISAS ACONTECEM E NÓS SEGUIMOS EM FRENTE”: REFLEXÕES SOBRE UTOPIA E
PRESENTISMO A PARTIR DO JOGO THE LAST OF US
Rafael de Moura Pernas (Graduando – UFPel)
Na presente comunicação, propomos realizar uma reflexão acerca das características utópicas que
cercam a personagem Ellie, do jogo eletrônico The Last of Us. A obra, lançada em 2013, foi (e
continua sendo) muito reconhecida, critica e financeiramente, pela indústria de jogos no geral, ou
seja, distribuidoras, produtoras e o público atestaram a notável qualidade da obra. Nela, vemos Joel,
o qual é controlado pelo jogador, e Ellie atravessando os Estados Unidos pós-catástrofe, onde um
fungo dizima grande parte da população. Defendemos que a obra está inserida, dada seus cenários,
personagens e narrativa, em uma concepção de tempo presentista, de acordo com as ideias do
historiador francês François Hartog. O autor afirma que a sociedade em que vivemos, devido a
diversos contextos e construções históricas, junto com fenômenos como a mídia, aparenta estar em
um processo de “perda de memória” e incertezas em relação ao futuro. É especificamente nesse
ponto que pretendemos focar nosso trabalho: nas projeções que nossa sociedade realiza de seu
futuro (Utopia). Realizando um diálogo entre as representações do jogo (utilizando Hall) com a
sociedade que a produziu (usando, portanto, a crítica diagnóstica de Kellner), tentaremos observar
como a personagem do jogo pode estar traduzindo temores e incertezas da sociedade ocidental
capitalista (foco de análise de Hartog). Em suma, perceber toda a construção da personagem como
um espelho de uma sociedade (possivelmente) presentista.
Palavras-chave: Jogos Eletrônicos, Teoria, Temporalidades, Presentismo, Audiovisual
VIDA COTIDIANA NA FRONTEIRA MERIDIONAL DO RIO GRANDE DE SÃO PEDRO: PRIMEIRAS
DISCUSSÕES SOBRE PADRÃO CIVILIZACIONAL, MODOS DE VIVER E MORAR EM ALEGRETE NA
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX
Taís Giacomini Tomazi (Graduanda – UFSM)
O Brasil como um país conquistado sempre esteve submetido a padrões e costumes europeizados,
desta maneira a forma como os luso-brasileiros se relacionavam, comiam, moravam e viviam eram
baseadas principalmente em arquétipos importados. Mas a realidade da vida cotidiana dos
moradores da região de fronteira do Brasil meridional, na segunda metade do século XIX era
realmente esta? Houve adaptações locais e de integração entre o império brasileiro e os países
platinos? É isso que se buscará analisar neste trabalho, tendo como base a análise de inventários
post mortem da região de Alegrete, buscando compreender a partir dos utensílios domésticos
registrados nestes documentos a quais tipos de modelos estas populações estavam ligadas,
utilizando como metodologia de análise a história serial e, como forma de percepção da realidade
histórica o aporte da micro história Italiana e do conceito sociológico de Norbert Elias, Processo
Civilizador, afim de compor uma proposta teórico metodológica que de conta de perceber elementos
algumas vezes ocultos a análise historiográfica. Para tanto é necessário compreender o contexto da
região a ser pesquisada, com toda a complexidade que a compõe: conflitos constantes, disputas
fronteiriças, relações intimas entre os diferentes estados em construção e contrabando.
Palavras-chave: História Social, Processo Civilizacional, Fronteira, Modos de morar, Vida Cotidiana
ST5 – TEXTOS E IMAGENS: CONFLUÊNCIAS DE ESTUDOS
Coordenador – Luciana da Costa de Oliveira
Sala 503 – Prédio 05
[28/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
OS DILEMAS DO CINEMA CUBANO: TOMÁS GUTIÉRREZ ALEA EM MEMÓRIAS DO
SUBDESENVOLVIMENTO.
Alexandre Moroso Guilhão (Graduando – PUCRS)
Em 1968 o cineasta cubano Tomás Gutiérrez Alea lança Memórias do Subdesenvolvimento, o filme,
uma combinação dos dispositivos narrativos da ficção e do documentário, foi até a década de 1990 o
filme cubano mais reconhecido tanto em Cuba, quanto no exterior (sendo desbancado pelo indicado
ao Oscar Morango e Chocolate também de Alea, em 1993). A obra traz uma série de críticas ao
regime cubano, que estava rumo a completar uma década de existência, ao mesmo tempo em que
culpa o antigo modo de vida na ilha, bem como, sua antiga elite, por uma série de problemas vividos
nela. Sua estratégia, consiste em nos demonstrar o ponto de vista de um protagonista rico e
descendente de espanhóis, que se nega a exilar-se em Miami, para onde vão sua esposa e seus
pais logo após o triunfo revolucionário. Durante toda a narrativa o personagem nos mostra ser
contrário ao regime anterior ao de Fidel Castro, ao mesmo tempo em que, também demonstra
insegurança e muito pouco entusiasmo com o futuro cubano. O presente trabalho visa uma análise
para melhor compreensão de como esse filme, considerado polêmico em um contexto de muito
oficialismo nos meios oficiais cubanos, se relaciona com o governo Fidel Castro e que imagem ele
nos passa de Cuba. Para tanto, realizamos um trabalho de base teórica na análise fílmica, bem
como, uma pesquisa bibliográfica sobre o contexto cubano a que pertence a obra.
Palavras-chave: Tomás Gutierrez Alea, História do Cinema, Revolução Cubana, Política Cultural,
Cinema Cubano.
MADRASA AMIRIYA DE RADA: ARTE, TRADIÇÃO E HISTÓRIA
Alexsander Candido de Britto (Graduando História da Arte – UFRGS)
O mundo islâmico possui uma das culturas mais ricas, com influências vindas de vários cantos do
globo, sendo assim, também transmitiu boa parte da sua herança cultural para o mundo. O objetivo,
estabelecido aqui, num primeiro plano é o de reunir fontes, e referências que possam servir de
bússola para que seja possível localizar a origem dessas tradições, que atravessaram séculos da
história da humanidade e conseguiram se preservar, tornando-se patrimônio da cultura mundial. Para
tanto, a metodologia da pesquisa tem como referência os escritos do historiador da arte Aby Warburg
(1866-1929) que foi um dos primeiros a se interessar pela tradição cultural, elaborando métodos de
análise para o reconhecimento de formas e padrões de determinadas culturas. Sendo assim, buscase através de estudos iconográficos o reconhecimento de padrões arquitetônicos, nas Mesquitas e
templos religiosos, nas Madrasas, nas ornamentações dessas construções islâmicas e, em como se
dá a relação entre o que hoje é patrimônio cultural e sociedade contemporânea. O objeto de estudo a
ser apresentado é a Madrasa Amiriya de Rada, no Iêmen, é uma construção do séc. XVI e está entre
um dos bens mais precisos da humanidade, sendo tombado como Patrimônio Mundial em 2002 pela
UNESCO, é uma fonte importantíssima para os estudos da história da arte do Ocidente.
Palavras-chave: Arte islâmica, Madrasa Amiriya, Aby Warburg
O DOMO DA ROCHA E OS ELEMENTOS FORMADORES DA ARQUITETURA ISLÂMICA
Camila Bohrer Beskow (Graduanda História da Arte – UFRGS)
O presente estudo integra um projeto de pesquisa de maior alcance que tem como principal
objetivo investigar a transmissão da memória cultural na gênese e desenvolvimento da arte
islâmica, tendo em vista as tradições mesopotâmicas na região da Mesopotâmia, da SíriaPalestina, do Egito, da Ásia Menor, da Pérsia até o Indus, delimitada aos seus principais
componentes arquitetônicos, a saber, a mesquita, a madrasa e o palácio englobando todos os
seus componentes formais e iconográficos através de inventário das fontes culturais antigas em
sítios arqueológicos da região. O recorte cronológico do estudo está situado entre os grandes
impérios mesopotâmicos da Babilônia e da Assíria até o século XV, que marca o advento do
Império Otomano e a metodologia usada na investigação é baseada nos estudos de Aby Warburg
(1866 – 1929) que consistem na análise comparativa e formal de ícones e elementos relevantes da
história da cultura, identificando, nos edifícios-modelos inventariados nas regiões mapeadas, as suas
transformações formais e simbólicas.Atualmente, a pesquisa encontra-se em sua fase
intermediária de inventariado das fontes culturais antigas em sítios arqueológicos da região de Israel
e da Palestina, fichamento e constituição de banco de imagens destes sítios investigados através da
apuração em sites importantes de instituições culturais da área. Paralelamente, a exegese
de textos que tratam sobre o tema são realizados semanalmente, bem como seu fichamento a fim
de identificar ícones e símbolos da arte islâmica e os componentes formais e iconográficos das
fontes culturais antigas que contribuíram para sua formação. Esta fase de minucioso rastreamento é
fundamental para compreensão da transmissão cultural que ocorreu na região, formação e
reconhecimento dos componentes formais e iconográficos dos principais edifícios arquitetônicos
islâmicos que são os objetos principais desse estudo.
Palavras-chave: Arquitetura, Islâmica, Mesquita, História, Arte
O ALIENISTA E A CRÍTICA DE MACHADO DE ASSIS AO POSITIVISMO
Débora dos Santos Botlender (Graduanda – UFSM)
A presente comunicação visa problematizar as ideias acerca do positivismo e do cientificismo
brasileiro, assim como foi visto e criticado por um importante literário, Joaquim Maria Machado de
Assis; nascido no Rio de Janeiro em 1839, negro e pobre na sua infância, que após assume a
presidência da Academia Brasileira de Letras. O objetivo central da pesquisa, é através da história
intelectual interpretar a vida e em especifico a obra “ O Alienista “ – 1882, para com os personagens
da obra entender como o autor faz tal crítica, pois para se interpretar um texto não podemos nos
limitar as paginas do livro, há todo um ‘mundo’ a ser contextualizado e interpretado. Machado de
Assis conhecido por sua ironia e pessimismo, faz isso com primazia neste conto, e nos demais, que
serão analisados também nesta pesquisa. O presente trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa
“História Intelectual, Historicidade e Processos de Identificação Cultural”, cadastrado na Universidade
Federal de Santa Maria e financiado pela FAPERGS. Como base dos estudos historiográficos do
autor, estão sendo usados autores como Sidney Chalhoub e Roberto Schwarz. E de forma
metodológica da história intelectual, estamos usando DominickLaCapra, com uma perspectiva
relacional, cujas investigações devem ser destinadas ao texto, contexto, vida do autor, obra completa
do mesmo, assim como as demais que se relacionam. Desta forma, além da obra principal escolhida,
serão analisadas Dom Casmurro (1900), Quincas Borba (1891) e Memórias Póstumas de Brás
Cubas (1881).
Palavras-chave: Literatura, história intelectual, Machado de Assis, positivismo e pessimismo.
PANORAMA ARTÍSTICO E INTELECTUAL DE PORTO ALEGRE NAS PRIMEIRAS TRÊS DÉCADAS
DO SÉCULO XX
Fernanda Soares da Rosa (Graduanda – PUCRS)
Nesta apresentação a trajetória do pintor gaúcho Oscar Boeira (1883-1943) é abordada a partir de
um panorama do circulo artístico e intelectual de Porto Alegre nas primeiras três décadas do século
XX. Esse enfoque, dado à pesquisa em desenvolvimento “Luz e sombras de Oscar Boeira”, pretende
compreender melhor as relações do pintor face aos artistas que atuavam na cidade no período.
Busca-se, ainda, as especificidades de sua obra, bem como a estruturação e as bases do ensino de
arte do Instituto Livre de Belas Artes, instituição de ensino de arte em que Boeira atuou entre 1915 e
1917. A fim de compreender questões que contribuíram para transformações no contexto social e
artístico porto-alegrense, abordaremos um gradual desenvolvimento da arte moderna no estado, que
se dá de forma lenta, não havendo uma ruptura com o academicismo local, como ocorre em São
Paulo, com a Semana de Arte Moderna, em 1922. Esse processo no sul se difere pelas dificuldades
dos artistas locais de absorver os valores trazidos pela modernidade. Artistas que atuavam na capital
gaúcha, como Pedro Weingärtner, Augusto Luiz de Freitas, Fernando Corona, Francis Pelichek, João
Fahrion, Libindo Ferrás, Angelo Guido e Leopoldo Gotuzzo, são trazidos ao panorama, onde
contribuíram para o desenvolvimento das artes plásticas e gráficas no Rio Grande do Sul. Ainda
abordaremos os salões e mostras de artes promovidos no período, como o I Salão de Outono, de
1925, onde Oscar Boeira se destaca, trazendo de certa forma novas concepções estéticas que
chamam a atenção dos críticos. Essas questões serão levantadas para melhor compreender a
importância e a atuação de Oscar Boeira nas artes no estado, sendo sua trajetória repleta de lacunas
e sua obra pouco estudada, merecendo um olhar mais aprofundado sobre seu legado.
Palavras-chave: História da Arte no Rio Grande do Sul; Pintores gaúchos; Instituto Livre de Belas
Artes; I Salão de Outono; Oscar Boeira
CONJURAÇÃO CARIOCA: UMA ANÁLISE HISTORIOGRÁFICA ACERCA DAS ASSOCIAÇÕES
LITERÁRIAS DO RIO DE JANEIRO
Kelvin Emmanuel Pereira da Silva (Graduando – UFRGS)
O presente estudo tem por objetivo analisar as bibliografias sobre a Conjuração Carioca. Nesse
sentido, nossa análise parte de obras da década de 1960 até os dias atuais. Ao organizar nossa
pesquisa, não colocamos as bibliografias em ordem cronológica de lançamento, mas sim procuramos
ordenar os escritos de forma a tornar inteligível uma narrativa historiográfica e ao mesmo tempo que
indique como se deu o processo das associações literárias do século XVIII. A Conjuração Carioca
não foi um movimento ocorrido num período determinado de tempo, na verdade foi o acúmulo de
diversas ações de intelectuais que traziam ideias iluministas para o debate em território brasileiro.
Existiram diversas Academias que surgiram no século XVIII, sendo que nem todas elas traziam os
princípios iluministas por completo. No início, haviam Academias de ideias barrocas, sendo que
depois as Luzes foram influência para as modificações paulatinas e por fim, com a última Academia
que culminou nas investigações sobre suspeitas de propagação do Iluminismo. Assim, não nos
parece adequada a noção de Inconfidência, usada em algumas bibliografias, justamente porque não
houve uma infidelidade no sentido das discussões, mas poderia existir uma infidelidade com a Coroa
por causa da possível continuidade de uma Revolução no território da América portuguesa. Isto é,
Inconfidência seria se mudanças estruturais de ordem política e econômica fossem iniciadas, o que
não ocorreu. De fato, a Conjuração Carioca foi o movimento que menos causou influência numa
possível desestabilização da ordem vigente.
Palavras-chave: Conjuração Carioca, Historiografia, Iluminismo, Independência do Brasil,
Associações do Século XVIII
WENCESLAU DE MORAES E A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DOS ESTUDOS JAPONESES
Mauricio Hiroshi Filippin Oba (Graduando – UFSM)
O presente trabalho parte de uma análise do livro Dai-Nippon escrito pelo diplomata português,
residente então no Japão, Wenceslau de Moraes em 1897. Na referida obra, o autor ocupa-se de
descrever e dissertar acerca de suas impressões com relação à cultura, sociedade e história do
Japão. Contemporâneo ao escritor anglo-saxão LafcádioHearn (ao qual Moraes faz muitas
referências em seu trabalho), ambos foram precursores de um campo de estudos que ficou
conhecido no Brasil como Estudos Japoneses. A forma como se configura esse termo nos remete ao
orientalismo utilizado como objeto de estudo de Edward Said, sendo nosso objetivo perceber os
Estudos Japoneses e a noção de um ser japonês no Brasil enquanto construção histórica e social
assim como Said pensa no Oriente como uma construção do ocidente. Partindo do pressuposto de
que o signo se estrutura diante de uma diferença com os tempos passado, presente e futuro, e que
os sujeitos da leitura lhe dão diferentes significados aplicados ao contexto de sua interpretação, é
preciso perceber que os Estudos Japoneses, enquanto um campo de pesquisa em diversas
Universidades brasileiras, só se constitui diante desse processo histórico de construção conceitual,
dentro do qual Wenceslau de Moraes ocupa um papel primordial a tal compreensão. Espera-se com
essa investigação problematizar os diversos conceitos que utilizam a raiz japão através de uma
desconstrução, o que não significa negar sua existência ou dar-lhes um caráter de falsidade, mas
possibilitar ampliar a perspectiva de análise histórica e a historicidade de tais palavras diante do meio
intelectual.
Palavras-chave: História Intelectual; Estudos Japoneses; Desconstrução; Orientalismo
A PROPAGANDA COMO INSTRUMENTO PERSUASIVO: A MANIPULAÇÃO DA INFORMAÇÃO
PARA A CRIAÇÃO DO IMAGINÁRIO NAZISTA
Thiago Soares Arcanjo (Graduando – Unilasalle)
A pesquisa se insere no período entre Guerras e na Segunda Guerra Mundial, tendo como recorte
mais específico a propaganda como instrumento vital para construção e conquista da sociedade
alemã. Por meio do uso específico da propaganda na manipulação da informação para a criação do
imaginário social favorável a causa do nazismo. O objetivo da pesquisa é analisar o processo de
transformação dos meios de comunicação de massa, conforme os preceitos ideológicos nazistas, em
instrumentos propagandísticos eficazes na persuasão das vontades e na posterior domesticação da
sociedade alemã. Com isso, pretendem-se compreender, quais foram os mecanismos desenvolvidos
para tal controle social ao longo da escalada de poder do nacional socialismo. A questão central
deste trabalho orbita na compreensão dos acontecimentos que possibilitaram a organização e
ascensão do nacional socialismo alemão até sua chegada ao poder em 1933. Estabelecendo uma
conexão entre tais fatos e os meios empregados para conquistar as massas a serem cooptadas pelo
nazismo. Faz-se necessário um exame das táticas utilizadas para persuadir a sociedade germânica e
da consecutiva transformação desta em uma massa composta por indivíduos soldados. Através de
um sustentáculo propagandístico consistente, uma nova concepção da realidade foi apresentada
para a sociedade alemã. Com a contínua distorção da realidade, o “imaginário teatral” nazista foi
cada vez mais aprimorado, montando um cenário vantajoso para a transformação dos cidadãos
alemães em fanáticos sujeitos automatizados. Por fim, verificou-se como as mudanças
comportamentais e culturais propiciadas pelos meios de comunicação de massa, juntamente com as
apropriações de signos e símbolos presentes no imaginário alemão, formaram as bases da fronteira
que restringia a sociedade já nazificada em uma esfera de idolatria e de devoção política. Desta feita,
o envolvimento dos meios de comunicação de massa foram os principais responsáveis pela
conversão dos indivíduos alemães em soldados a serviço do Reich.
Palavras-chave: Nazismo. Propaganda. Persuasão. Manipulação. Totalitarismo
ST6 – ARQUEOLOGIA, HISTÓRIA E PATRIMÔNIO MATERIAL
Coordenadores – Alexandre Pena Matos e Filipi Gomes de Pompeu
Sala 504 – Prédio 05
[27/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
VALORES CULTURAIS INDÍGENAS: ETNIA KAINGANG (SANTA MARIA, RS)
Andressa de Rodrigues Flores (Graduanda – Unifra)
A presente comunicação expõe o estado atual da elaboração de um projeto de pesquisa para a
realização do trabalho final de graduação. A temática desta pesquisa diz respeito aos valores
culturais indígenas presentes na etnia kaingang, em específico da Aldeia Três Soitas, uma tribo
urbana localizada em Santa Maria, RS. A problemática consiste em identificar quais são estes
valores culturais, tendo como objetivo analisar aqueles que tenham sido transmitidos por antigas
gerações e examinar de que forma eles regem o cotidiano desta comunidade e da sociedade como
um todo. A metodologia desta pesquisa prevê primeiramente fazer uma revisão bibliográfica, sobre a
temática com posterior análise qualitativa e dialética. Juntamente com os moradores da aldeia ,
dispostos a contribuírem com a pesquisa, a continuidade se dará através da história oral, pois é
através das colocações destes indígenas que será possível identificar e analisar como estes valores
interferem no cotidiano da aldeia e da sociedade santa-mariense. É preciso salientar que as culturas
ameríndias não se restringem apenas a rituais religiosos e místicos, mas também são compostos por
uma diversidade de valores e costumes. Segundo JuracildaVeiga (2000), “os Kaingang utilizam os
seus padrões culturais para construir e reconstruir seu sistema social, numa realidade de contato
fortemente colonialista da sociedade brasileira”. Sabe-se que ainda o século XXI há conceitos
fortemente coloniais no que se refere à questão indígena, sendo assim, pretende-se que a presente
pesquisa contribua para que a sociedade santa-mariense conheça os valores que regem a cultura
indígena, colaborando então para barrar o preconceito, que, por vezes, desabrocha em meio ao
desconhecimento.
Palavras-chave: Cultura; Indígenas; Kaingang; Santa Maria; Valores.
REVISITANDO A AMAZÔNIA ATRAVÉS DOS RELATOS DE CARVAJAL (1542) E ACUÑA (1641): O
ESTUDO DE CASO DOS TAPAJÓS
Bruno Campos Rodrigues (Graduando – PUCRS)
A presente pesquisa tem como intenção analisar os relatos etno-históricos de Frei Gaspar de
Carvajal (1542) que acompanhou o capitão Francisco de Orellana em sua viagem de Quito até a
desembocadura do Rio Amazonas e de Frei Cristóbal de Acuña (1641) no regresso do capitão Pedro
Teixeira de Quito até Belém-PA. Com a finalidade de compreender as mudanças que ocorreram a
partir do primeiro contato (em 1541) entre europeus e populações originárias amazônicas ao longo
de um século, é necessário compreender o contexto histórico dos documentos e avaliar as premissas
e objetivos que estes tiveram, e enfim, realizar uma comparação para se estabelecer um panorama
de relações e transformações no universo europeu-amazônico.Esta análise é aprofundada utilizando
como exemplo o povoado de Santarém (os chamados Tapajós) onde estiveram os dois relatores e
onde vivenciaram experiências bem distintas com a população que ali se encontrava. Em seguida
englobamos os Tapajós em um panorama de pesquisas arqueológicas recentes onde se pretende
aproximar ou distanciar os relatos sobre essa população.
Palavras-chave: Amazônia, Relaciones, Arqueologia, Tapajós, Iconografia cerâmica.
CARTA ARQUEOLÓGICA DO RIO GRANDE DO SUL: MAPEANDO O PATRIMÔNIO
ARQUEOLÓGICO DO ESTADO
Daniely Alves Machado (Graduanda – PUCRS)
Jeaniny Silva dos Santos (Graduanda – PUCRS)
A concretização de um mapeamento do patrimônio pré-histórico do Rio Grande do Sul através da
elaboração de uma Carta Arqueológica da região consiste em uma ação estratégica ampla,
condizente com as propostas dos diversos Centros de Estudos de Arqueologia do estado e do
IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A Carta Arqueológica do Rio Grande
do Sul se apresentará como uma ferramenta de trabalho capaz de auxiliar os mais diferentes setores
da nossa sociedade, assim como pretende consolidar mecanismos de capacitação para especialistas
em Arqueologia. Trata-se de uma tendência da Arqueologia moderna preocupar-se com o inventário
dos sítios arqueológicos e é importante lembrar que nos últimos trinta anos não foram poucos os
documentos internacionais que recomendaram, entre outros aspectos, a necessidade de se
conhecer o potencial patrimonial de cada país, a fim de se poder definir as medidas adequadas para
a sua proteção. O objetivo de nosso trabalho é apresentar a pesquisa desenvolvida pelo Laboratório
de Pesquisas Arqueológicas da PUCRS, que visa a criação da Carta Arqueológica dos sítios préhistóricos do Rio Grande do Sul, servindo como ferramenta para se conhecer e garantir a proteção e
a gestão do patrimônio cultural arqueológico no estado do Rio Grande do Sul.
Palavras-chave: Arqueologia, Mapeamento, Pesquisa, Carta Arqueológica.
OS CAMINHOS DO MONGE JOÃO MARIA NO PLANALTO MERIDIONAL BRASILEIRO: LUGARES
DE DEVOÇÃO E O SURGIMENTO DE PATRIMÔNIOS CULTURAIS E IMATERIAIS
Gabriel Ribeiro da Silva (Graduando – UFPel)
Gabriel Carvalho Kunrath (Graduando – UFPel)
Este trabalho tem como objetivo reconstruir e preservar a crença no monge italiano João Maria de
Agostini e do monge João Maria de Jesus no planalto meridional do Brasil, mais precisamente no Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, entre os séculos XIX e XX. Os monges, envolvidos em
movimentos sociais dentro e fora do Brasil, deixaram nesses espaços marcas de suas passagens,
que os caracterizaram como peregrinos. Criando fama de curandeiros e milagrosos entre os povos
dessas regiões, os dois monges acabaram conquistando uma legião devota que não soube
diferenciar cada um, tornando-os apenas um “santo” como foco de adoração. Através da crença
popular nos monges, o idealizado é constituir uma investigação sobre esse patrimônio cultural e
imaterial, com a criação de três mapas de devoção, de diferentes períodos históricos, sendo o ultimo
deles voltado para a devoção atual. Comentaremos sobre o trabalho que a equipe vêm realizando
atualmente e a metodologia empregada para a construção do mapa. Nesse estágio do trabalho,
estamos coletando informações oriundas da internet e de bibliografia especializada sobre o tema.
Esses dados recolhidos são referentes aos locais da devoção atual ao monge João Maria. Todos os
frutos dessas coletas são depositados em fichas, que serão utilizadas para a elaboração de um
quadro que reúna as principais informações de cada ficha, afim de montar um mapa que apresente
os locais de fé atribuídos ao monge João Maria no planalto meridional do Brasil.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Patrimônio Imaterial; Monge João Maria; Movimentos Sociais;
História do Brasil
ENTRE INSTRUMENTOS, LIVROS E RELÍQUIAS: UMA ANÁLISE PRELIMINAR DA TRAJETÓRIA DO
PADRE JESUÍTA PEDRO COMENTAL (PROVÍNCIA JESUÍTICA DO PARAGUAI, SÉCULO XVII)
Maico Biehl (Graduando – Unisinos)
A presente comunicação contempla os resultados de minha atuação como bolsista PIBIC – CNPq
junto ao projeto de pesquisa Uma ordem de homens de religião e de ciência: difusão, produção e
circulação de saberes e práticas científicas pela Companhia de Jesus (América meridional, séculos XVII
e XVIII). O subprojeto sob minha responsabilidade temcomo objetivo a reconstituição das trajetórias
de missionários jesuítas que atuaram também como astrônomos, se dedicando ao estudo de
fenômenos naturais como eclipses, solstícios, cometas e marés. Tais observações foram divulgadas
através de cartas ou de obras que alguns deles escreveram enquanto atuaram na América ou, então,
na Europa, em decorrência da expulsão da Ordem dos domínios coloniais hispânicos em 1767.
Dentre os jesuítas que conjugaram a missionação e o esforço da observação e experimentação
científica, destaca-se o napolitano Pedro Comental, que, ao longo do século XVII, atuou nas missões de
Santo Inácio e de Nossa Senhora de Loreto, ambas situadas na região do Tape. Para subsidiar a
pesquisa iniciada em março deste ano, tomei contato com os trabalhos de CAMENIETZKI (2005a,
2005b), GIARD (2005), THOMAS (1991),ROSSI (1992), SOBEL (1996),que versam sobre o contexto
histórico, cultural e científico do Seiscentos, tanto na Europa, local de formação de muitos destes
jesuítas, quanto na América espanhola, onde estes realizaram suas observações e experimentos.
Foram também relevantes para o desenvolvimento da investigação as consultas que fiz às obras de
ANDRADE (1666), CHARLEVOIX (1912), PASTELLS (1912, 1915), FURLONG (1945a, 1945b) e
FRANZEN (2005), que trazem informações tanto sobre a atuação da Companhia de Jesus na região
platina, quanto sobre a trajetória do jesuíta Pedro Comental. Nesta comunicação, procuro evidenciar,
justamente, a sua condição de homem de religião e de ciência, que, além de realizar observações
astronômicas (FURLONG, 1945), empenhou-se na evangelização dos indígenas e na cura de
enfermos.
Palavras-chave: Companhia de Jesus – América meridional – Pedro Comental S. J. – Astronomia –
Cura
PROCESSOS DE RESSIGNIFICAÇAO CULTURAL NA EMÃ (ALDEIA) POR FI GA EM SÃO
LEOPOLDO.
Maíra Damasceno (Graduanda – Unisinos)
Até meados do século XX historiadores se ocupavam em recontar histórias de grandes realizações
através de documentos oficiais, enquanto antropólogos se ocupavam com as culturas ditas “puras”
ou “primitivas”, configurando uma dicotomia entre os povos com e os sem história. Assim que
antropólogos perceberam que as culturas nativas não são fixas nem imutáveis, passou a haver um
interesse pelos processos de transformação destes grupos, da mesma forma, os historiadores
passaram a dar valor às reflexões da antropologia para estudar as sociedades indígenas, inclusive a
sua cultura. Atualmente se considera que todas as sociedades são históricas por sua dinâmica e
transformações ao longo do tempo. O objetivo deste trabalho é analisar e ressignificaçao cultural dos
kaingang da Emã Por Fi Ga a partir do seu retorno ao tradicional espaço de São Leopoldo na década
de 1990, e compreender como a proximidade com a cidade serviu para impulsionar a dinâmica na
cultura kaingang contemporânea. Este estudo será realizado considerando a renovação teórica que
propõe a cultura como um produto histórico e flexível, que se dá a partir da interação entre as
populações. Também levando em conta os princípios da “Nova História Indígena”, que devolve ao
nativo o protagonismo de sua própria trajetória. Utilizarei o conceito de “resistência adaptativa” de
Steve Stern (1987) desenvolvido por Maria Regina Celestino de Almeida (2003) que coloca a
ressignificaçao cultural como impulsionadora do dinamismo das populações. Contarei também com
auxílio da História Oral, realizando entrevistas com um grupo selecionado de moradores da Emã.
Como conclusões parciais, podemos apontar que os moradores desta “aldeia urbana” ao mesmo
tempo em que interagem com a sociedade envolvente não perdem sua identidade de “índios
kaingang”.
Palavras-chave: Nova História Indígena - Kaingang – São Leopoldo – Emã Por Fi Ga –
Ressignificação cultural.
AS VIRTUDES MEDICINAIS DA COPAÍBA E DO PAU BRASIL NA OBRA PARAGUAY NATURAL
ILUSTRADO DE JOSÉ SANCHEZ LABRADOR S. J.
Mariana Alliatti Joaquim (Graduanda – Unisinos)
Esta comunicação contempla resultados do subprojeto de pesquisa Os jesuítas e o conhecimento da
natureza americana, que venho desenvolvendo, como bolsista UNIBIC, sob a orientação da Prof.ª
Eliane Fleck. A investigação que venho realizando desde março do corrente ano se encontra inserida
no projeto Uma ordem de homens de religião e de ciência, quetem entre seus objetivos a análise de
obras produzidas por missionários jesuítas que atuaram também como homens de ciência. Dentre
elas, se destaca a obra Paraguay Natural Ilustrado, escrita pelo padre José Sanchez Labrador, em
1771, e que se mantém inédita até hoje, razão pela qual analiso uma versão digitalizada dos
manuscritos originais que se encontram sob a guarda do Arquivo Romano da Sociedade de Jesus
(ARSI), em Roma. Para além dos exercícios de paleografia – essenciais para a leitura dos
manuscritos –, foram fundamentais os trabalhos de ALMEIDA [2010], DI LISCIA [2002], FURLONG
[1948], RUIZ MORENO [1948], SAINZ OLLERO [1989] e FREITAS REIS [2009], que me auxiliaram
na reconstituição da trajetória do missionário jesuíta Sanchez Labrador e na familiarização com as
teorias médicas e as práticas terapêuticas vigentes na Europa e na América do século XVIII. Foram
também importantes os estudos de CERTEAU [1982], CHARTIER [2002], DEL VALLE [2009] e
HARTOG [1999] para a compreensão dos aspectos que caracterizam a prática escriturária jesuítica.
Para este evento, selecionei a copaíba e o pau-brasil, descritas por Sanchez Labrador no terceiro
livro do Tomo de Botânica, intitulado Los Arbolesen Particular, com o objetivo de destacar suas
virtudes medicinais e aplicações em determinadas enfermidades.
Palavras-chave: Sanchez Labrador; Paraguay Natural; História Natural; Botânica Médica; Árvores
ENTRE MEMÓRIAS E SILÊNCIO: AS MARCAS DA DITADURA CIVIL-MILITAR NA CIDADE DE
PELOTAS/RS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
Nadine Mello Pereira (Graduanda – UFPel)
Tairane Ribeiro da Silva (Graduanda – UFPel)
O presente trabalho é o esboço de um projeto que vem sendo realizado pelo grupo de Educação
Patrimonial e História Local do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do
curso de História na Universidade Federal de Pelotas. Este projeto visa realizar um levantamento
referencial de lugares relacionados à memória da ditadura civil-militar, objetivando trazer à tona as
marcas do golpe e do regime militar na cidade de Pelotas, interior do Rio Grande do Sul, levando em
conta seu porte e ativa militância, tem como foco principal dar visibilidade para as ações de
resistência e repressão ocorridas na cidade nesse período. O projeto em construção tem como
objetivo a elaboração de um roteiro de visitação a estes locais que de alguma forma, sejam através
da resistência ou repressão, deixaram suas marcas significativas na história da cidade. Para além
disso, nossa finalidade é também dar visibilidade a esta parte da história da cidade de Pelotas que é
praticamente inexplorada e encontra-se silenciada, pois entendemos que o reconhecimento desses
lugares pode ser utilizado como instrumento de educação e cidadania, visto que os fatos que
ocorreram no passado estão ligados diretamente com as permanências do presente.
Palavras-chave: Ditadura Civil Militar – Educação Patrimonial – Memória – História do Brasil
O REAL FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA
Paloma Falcão Amaya (Graduanda – PUCRS)
A história das conquistas de territórios ao longo do tempo deu-se por conflitos entre impérios, em
especial na América do Sul, entre as coroas portuguesa e espanhola. As fortalezas se inseriram
dentro desse contexto histórico, gerando assim diferentes formas de construções para defesa das
regiões dominadas. Na colônia portuguesa na América, podemos identificar várias fortificações
construídas com a finalidade de defender as regiões que foram sendo ocupadas. Os avanços
portugueses em direção a região amazônica a partir do século XVIII indicam a expansão oeste de
suas fronteiras. Neste contexto de disputas das Coroas Ibéricas na região amazônica, o Real Forte
Príncipe da Beira foi construído pelos portugueses para efetivar e defender a ocupação territorial.
Portanto, este trabalho busca compreender como ocorreu a formação do Forte Príncipe da Beira no
atual estado de Rondônia, no norte do Brasil de 1770 a 1780. Sendo assim, o ensaio dedica-se a
analisar as ocupações e disputas entre espanhóis e portugueses e seus interesses em sua
instalação no território norte brasileiro. A inspiração para esta pesquisa vem da curiosidade de tratar
sobre fronteiras e os encontros e confrontos que ocorreram no período colonial no país. A partir
disso, tentarei explicar a edificação do Forte Príncipe da Beira utilizando a obra de Annibal Barreto
que trata sobre o processo histórico das formações de fortalezas por todo Brasil; assim como será
utilizado a tese de doutorado de Cláudia Uessler para as conceituações de fortalezas, fortes, fortins e
derivações; para as percepções de fronteiras a leitura será do autor Ramón Gutiérrez.
Palavras-chave: Fortificações; fronteiras; ocupação territorial; guaporé; capitania do Mato Grosso
A ALIMENTAÇÃO COMO DISTINÇÃO: UMA ANÁLISE DAS MUDANÇAS CULTURAIS NA FRANÇA
PÓS-REVOLUCIONÁRIA A PARTIR DA VIDA DE ANTOINE CARÊME
Rafael Gorski Trindade (Graduando – PUCRS)
Alan Ramos Machado (Graduando – PUCRS)
Pura e simplesmente um assunto saboroso, a alimentação “alimenta” a curiosidade aos ouvidos
daqueles que buscam algo a estudar nos períodos das modernizações europeias. A gastronomia
vem é verdade desde o século XV, XVI passando por diversas mudanças, muitas destas pelas
acelerações que ocorreram devido as grandes navegações. Agora temperos e sabores de diversas
partes do mundo, mais do que nunca chegam a lugares que outrora não chegavam, criando e
modificando os paladares e as “modas” alimentares. Neste trabalho iremos ver brevemente, sobre a
alimentação durante o processo revolucionário ocorrido na França e buscaremos analisar algumas
das mudanças ocorridas no campo social histórico. Ariovaldo Franco em seu livro De caçador a
gourmet: uma história da gastronomia, nos trás a reflexão sobre como um ingrediente pode cair em
desuso pelo simples fato de deixar de ser raro ou simplesmente caro (FRANCO, 2006). O consumo
de determinados alimentos pode ser além de moda, maneira de provar status social ou de conquistálo, é um pouco disto que gostaríamos de analisar neste trabalho, como a gastronomia foi utilizada no
período revolucionário francês. Além disto, veremos sobre o caso de Antonin Carême, certamente o
maior nome gastronômico do período, que tem seu nome diretamente atrelado às mudanças e
modas gastronômicas construídas no século XIX e que, são utilizadas até os dias de hoje nos mais
conceituados restaurantes do mundo.
Palavras-chave: História Cultural - História da Alimentação – França Revolucionária – Antonin
Carême
A IDENTIDADE DO MISSIONÁRIO JESUÍTA NA CRÔNICA DO PADRE JOSÉ DE MORAES
Ana Carolina Lauer de Almeida (Graduanda Unisinos)
O objeto desta pesquisa é analisar a História da Companhia de Jesus na Extincta Província do
Maranhão e Pará, 1759, de autoria do padre José de Moraes, da Vice-Província do Grão Pará e
Maranhão, a partir do conceito histórico de “latências do passado” de Aby Warburg. Para este autor,
a análise das “latências do passado” em um texto possibilita conceber a história, para além da
crônica de fatos narrados, como portadora de uma verdade moralizante (edificante), capaz de dar
coesão identitária a um corpo, no nosso caso, o corpo da Companhia de Jesus, especialmente
quando este se encontra em situação de crise interna. O método de investigação utilizado baseia-se
na análise textual do manuscrito de José de Moraes, buscando, com o referencial teórico descrito,
recuperar, para além dos artifícios de erudição, doutrina, imagens e retórica-apologética, os
elementos textuais que estabeleçam pontes entre “aquilo que não é mais” e “o que é agora”,
colmando toda a descontinuidade que poderia fragilizar a identidade do corpo missionário da
Companhia. Como resultado principal, espera-se individualizar os elementos narrativos usados por
Moraes para compor a sua “crônica oficial” da Província do Maranhão e Pará a serviço da construção
identitária do corpo da Companhia, necessária para responder as crises causadas pelas vicissitudes
das
acusações
pombalinas
e
das
expulsões
de
jesuítas.
Palavras-chave: Crônicas – Companhia de Jesus – José de Moraes – latências do passado.
ST7 – HISTÓRIA POLÍTICA
Coordenadores – Fernando Comiran e Rafael Lapuente
Sala 503 – Prédio 05
[27/05/15]
Tarde – 13h30min às 17h30min
O PODER DA INFORMAÇÃO: ANÁLISE DO DISCURSO DA IMPRENSA INTEGRALISTA ATRAVÉS
DO JORNAL RUMO AO SIGMA (1936)
Andrelise Gauterio Santorum (Graduanda – FURG)
O presente trabalho visa analisar o discurso integralista a partir do seu principal meio de propagação:
A imprensa. Considerando-se o poder social que envolve a imprensa, estando a mesma relacionada
com a formação de opiniões públicas, esta análise tem como objetivo apresentar como se dava a
formação do discurso integralista no jornal Rumo ao Sigma, órgão do núcleo local do movimento que
circulou durante o ano de 1936 pelas cidades de Rio Grande, Pelotas e Santa Vitória do Palmar.
Para analisar o periódico utilizaremos a metodologia de Análise de Conteúdo, para compreender
quantitativamente quais eram os principais elementos utilizados pelos integralistas para transmitir a
ideologia através das páginas do jornal e analisá-los qualitativamente visto que, de acordo com
Laurence Bardin (2009), tal metodologia é um “instrumento de análise de comunicações” (BARDIN,
2009, p.15) que, a partir da quantificação dos elementos, nos permite uma análise de maior precisão.
No presente trabalho pretendemos analisar a doutrina integralista para, assim, compreendermos
como se dava o processo persuasivo de diálogo dos adeptos ao movimento com a população da
época, percebendo quais eram os principais meios utilizados para este fim. Atrelado ao objetivo do
presente estudo, está a nossa hipótese de trabalho, na qual acreditamos que a imprensa integralista
utilizava de mecanismos (como o uso da simbologia, a exacerbação do nacionalismo e o
apontamento dos defeitos dos inimigos) objetivando a manipulação de massas, a fim de conseguir
um maior número de adeptos ao movimento integralista.
Palavras-chave: Integralismo, Imprensa Integralista, História da Imprensa Integralista, Integralismo
no Rio Grande do Sul, Integralista em Rio Grande/RS
“O SUL PEDE APENAS ATENÇÃO.” - OLHARES SOBRE AS CONSTRUÇÕES POLÍTICODISCURSIVAS NO SUL DO BRASIL A PARTIR DAS ENCHENTES DE 1983
Carla Cristine Teixeira (Graduanda – UFSC)
Após as fatídicas enchentes que assolaram o Sul do Brasil no ano de 1983, e das recorrentes secas
que castigaram o Nordeste, o cenário político econômico brasileiro encarou um novo impasse: A
distribuição de verbas aos blocos regionais atingidos severamente pelas catástrofes naturais. Ao
dispor dos pronunciamentos de políticos catarinenses no ano de 1983, os quais argumentaram em
favor da obtenção das verbas que seriam destinadas à reconstrução das cidades atingidas pelas
enchentes, este artigo tem como finalidade identificar algumas construções e significações políticas,
imagéticas e discursivas que constituíram estes argumentos. De que maneira a ajuda seria mais
atrativa ao estado de Santa Catarina, tendo em vista as dificuldades econômicas ocasionadas pela
seca que castigava o Nordeste a cerca de três anos? Quais elementos utilizados pelos deputados de
diferentes partidos políticos para que as verbas fossem efetivas e emergenciais? A partir destes
questionamentos, propus uma análise do discurso baseando-me em contribuições da História e da
Sociologia, com o intuito de construir uma articulação entre discursos e práticas. A partir disto, pude
reconhecer pensamentos, vertentes teóricas e imagéticas atribuídas e acumuladas nos conceitos de
“trabalho”, “prosperidade” e “valor”, muitas delas permanecendo até o contexto atual, como a enorme
produção econômica e próspera vinculada ao Sul. Ainda que a dicotomia e a polaridade entre as
regiões tenha sido exaltada durante a proclamação dos discursos, foi possível perceber a similitude
entre a estrutura de ambos, no que envolve a formação de uma unidade social e cultural frente aos
desastres ocorridos em cada local em específico.
Palavras-chave: Análise de discurso, Sul, disputa política, verbas, 1983.
A GUERRA CIVIL EM SERRA LEOA: APENAS UMA DISPUTA PELOS “DIAMANTES DE SANGUE”?
Diogo Matheus de Souza (Graduando – UFSC)
Stela Schenato (Graduanda – UFSC)
As décadas de 1990 e dos anos 2000, ao invés de confirmarem um período de paz e diminuição de
conflitos com o final da Guerra Fria, trouxeram uma nova ordem internacional, e com ela, novas
situações conflituosas em diversas regiões do planeta. Procurando analisar as possíveis causas e
consequências de um destes conflitos, decidimos nos aprofundar na Guerra Civil de Serra Leoa,
ocorrida entre os anos de 1991 e 2002, onde o recrutamento forçado de crianças-soldados e a
violação dos direitos humanos são aspectos bastante evidenciados. O conflito, que ainda é pouco
explorado historicamente, vem sendo tratado como resultado principalmente de uma “ganância”
pelos diamantes da região, sendo que, ao longo do artigo, procuramos sustentar outras perspectivas
sobre o tema e a origem dos acontecimentos. A grande motivação para a realização do trabalho se
deu a partir da situação atual do país. Em 2014, Serra Leoa foi um dos países africanos mais
afetados pela epidemia do vírus Ebola, representando uma nação extremamente pobre e carente em
vários aspectos, sendo muitas dessas carências consequências da guerra civil. Nossas principais
conclusões consistem na ideia de que a guerra não foi causada apenas por interesse nos diamantes,
mas sim se constituiu como uma revolta originada por insatisfação popular contra um governo
corrupto que sugava as fontes de renda do país. Válido destacar que o filme “Diamante de Sangue”
(2006), importante referência sobre a guerra civil de Serra Leoa, também é analisado, explorando até
que ponto ele contribui para a formação de um ponto de vista sobre o conflito.
Palavras-chave: Guerra Civil – Serra Leoa – Diamantes – Insatisfação Popular – História da África
TENDÊNCIAS NA IMPRENSA DURANTE A GRANDE GUERRA: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS
JORNAIS A NOITE E CORREIO DA MANHÃ
Frederico de Moraes Thofehrn (Graduando – PUCRS)
Guilherme Breda de Magalhães (Graduando – PUCRS)
Hoje os diversos estudos sobre a primeira guerra mundial em sua maioria são de teor militar, político
ou econômico. Ao tratarmos do Brasil neste contexto os estudos limitam-se ainda mais,
principalmente pela sua participação quase inexpressiva. O estudo sobre os discursos midiáticos,
além de nos garantir uma visão sociocultural, também nos possibilita entende as forças da mídia na
opinião pública e no próprio governo. O estudo deste trabalho se faz sobre os discursos de dois
jornais da capital brasileira, referente às questões que envolvem o Brasil no conflito europeu. A
analise foi feita utilizando os jornais A Noite e Correio da Manhã entre o período de 1916 a 1918. O
principal objetivo foi analisar a dinâmica dos discursos destes periódicos e compreender as
mudanças na visão sobre o conflito durante o período de transição entre a neutralidade e o ativismo
pró-aliado. É visível notar nos jornais estudados uma tendência discursiva dinâmica, em A Noite,
percebem-se as variações entre a defesa aliada e a defesa de germânicos no território nacional. Já
com a entrada do Brasil na guerra, o jornal mantém sua postura crítica ao governo e principalmente
com a política da censura. O Correio da Manhã, por sua vez, tem uma tendência neutralista, quase
próxima da defesa ao germanismo, assim interpretada principalmente pelos constantes ataques à
Inglaterra. Porém este jornal sofre uma mudança drástica em seu posicionamento conforme decorre
o ano de 1917. As análises e compreensões deste estudo carecem de mais investigações e se
apresentam como de grande relevância. Ainda em fase de andamento, esperamos encontrar e
fundamentar melhor a relevância do discurso midiático sobre o governo e da via de mão dupla entre
povo e mídia sobre a opinião.
Palavras-chave: Imprensa; Primeira Guerra; Opinião Pública
EM PROL DA SEGURANÇA DO OCIDENTE AMEAÇADO: A EMERGÊNCIA DA GUERRA FRIA NO
BRASIL (1947-1951)
Gabriel Nardi Maciel (Graduando – Unilasalle)
A Guerra Fria é um processo histórico que marca o imaginário socio-político até os dias atuais. De
caráter diferenciado por tratar-se de um conflito primariamente ideológico e não armamentício,
configura-se em um dos principais moldadores de uma mentalidade ideológica que divide o globo em
dois blocos distintos, não só economicamente, mas também social, ideológica e políticamente neste
período. O presente artigo busca realizar uma análise textual qualitativa de um conjunto préselecionado de correspondências inclusas no fundo documental “Arquivo Particular João Neves da
Fontoura” (APJNF), pertencente Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul (AHRS), com o objetivo de
evidenciar os “ecos” da emergência da guerra fria presentes no Brasil no contexto inicial deste
processo, no período recortado (1947-1951). A partir desta documentação foi possível analisar a
inserção, a função, a posição e as estratégias do Brasil no cenário político internacional, analisando
e construindo, através das fontes, o processo de lapidação do imaginário político-ideológico da
sociedade brasileira, completamente inserido no cenário de transição política do período ditatorial do
Estado Novo para o período Populista. As correspondências provindas de importantes figuras
políticas do período, juntamente com o aporte historiográfico, conseguem nos levar para os cenários
de Guerra Fria existentes neste período e nos mostram um Brasil completamente envolvido e
participante no contexto geral do conflito, evidenciando o sentimento de preocupação, medo e
apreensão da nação na participação com relação à guerra.
Palavras-chave: História Política, Relações Internacionais, Guerra Fria, História do Brasil.
AS REDES DE RELAÇÕES E A ASCENSÃO POLÍTICA DE JOSÉ ANTÔNIO CORREA DA CÂMARA
Guilherme de Mattos Gründling (Graduando – UFSM)
Para muitos historiadores importantes, as correspondências vivenciaram o seu grande momento
durante o século XIX, quando a alfabetização, o hábito da leitura e a cultura epistolar, começaram a
transgredir as barreiras sociais. Desse modo, as correspondências estão repletas de diálogos íntimos
que, atualmente, são explorados por historiadores. Isto é, as expectativas, as experiências, as
hesitações, as incoerências, bem como as preocupações dos indivíduos, estão expressas de
maneira privilegiada nelas, definindo-as como um bom aporte documental para a pesquisa histórica.
Nessa perspectiva, tratando-se da esfera política do século XIX, as redes de relações, salientam-se
dentre as principais maneiras de ascensão política. Como reconhecem estudiosos do período,
especificamente quando se analisa a elite política brasileira, em larga escala, visualiza-se a
organização de favorecimentos que, a princípio, se constituiriam através de vínculos emocionais
mais complexos entre os envolvidos. Por exemplo, laços de parentesco ou de amizade. Desse modo,
nos últimos anos, os historiadores tem dedicado maior atenção na compreensão dessas redes,
sobretudo, na análise dos alinhamentos políticos do contexto. À vista disso, no presente estudo,
busca-se analisar, ainda que brevemente, a importância da constituição de redes sociais durante o
século XIX, com a finalidade de manutenção ou de ascensão política de um indivíduo. Para tanto,
trabalha-se com as correspondências trocadas entre o militar e político, José Antônio Correa da
Câmara, com o seu amigo, também militar e político, Manuel Luís Osório, afim de melhor
compreender a ascensão política de Câmara. Entende-se, por fim, que a de certa forma rápida
ascensão ao cenário político de Câmara, tenha ocorrido pela sua destacada atuação durante a
Guerra do Paraguai, mas sobretudo, pela articulação e pelos favorecimentos trocados entre ele e
seus pares, nos anos seguintes ao conflito.
Palavras-chave: redes de relação – correspondências – política século XIX
AS LEIS MATRIMONIAIS DE AUGUSTO
Patrícia Spceht Moreira (Graduanda – PUCRS)
A presente pesquisa discute o interesse público na procriação do Direito Romano, mais
especificamente, nas chamadas leis matrimoniais de Augusto (17 a.c. e 9 d.c.) e o dever à procriação
como forma do Estado Romano controlar a crise demográfica do início do Principado (30 a.c – 14
d.c.). Busca-se verificar os motivos que levaram ao decréscimo populacional em Roma ao final da
República, analisar a intervenção pública na esfera privada dos cidadãos romanos através das Leis
Matrimonias de Augusto, além de demonstrar a atualidade do tema.Nos anos finais da República,
existe um decréscimo acentuado na natalidade romana, o que prejudicava o exército e a
manutenção das conquistas. O primeiro governante do período conhecido como Principado, Augusto,
resolve intervir publicamente na questão, retomando a procriação como função precípua do
matrimônio romano (liberorumprocreandorum causa) e dever público de todo cidadão. A filiação
numerosa sempre foi um elemento essencial para o crescimento da civitas e da força político-militar
romana. A chamada reforma moral familiar de Augusto, em 17 a.c., teve como função a manutenção
da estabilidade do Império e a garantia da supremacia político-econômica aos romanos itálicos sobre
os provinciais. Casais com prole numerosa eram premiados.Mais de dois mil anos após, ainda hoje
alguns Estados utilizam-se do controle estatal sobre a natalidade como forma de controle social, seja
punindo quem tem muitos filhos em países muito populosos, como a China, seja estimulando e
premiando casais a procriarem, como em países europeus com baixos índices de natalidade. O
exposto demonstra a atualidade do tema.
Palavras-chave: Roma – Augusto – Leis matrimoniais – interesse público – procriação.
Observações
Certificados
Os certificados de participação e de apresentação do II Encontro de Pesquisas Históricas da PUCRS
serão fornecidos pela Pró-Reitoria de Extensão Comunitária e serão enviados gratuitamente aos
participantes.
Os certificados de apresentação de trabalho são individuais e condicionados a presença e
participação do autor no evento. Portanto, no caso de trabalhos com mais de um autor, é necessário
que os dois autores compareçam ao evento, para que cada um receba o seu certificado.
Para a emissão dos certificados de ouvinte será necessário uma frequência de 75% no evento.
Publicação
Após o término do prazo de envio dos textos dos trabalhos apresentados, começarão os trabalhos de
edição dos Anais do II EPHIS.
ATENÇÃO: Os textos para os Anais do II EPHIS devem ser enviados por email para
[email protected] com o assunto [Texto Anais].
Os textos devem, assim, seguir as normas de publicação abaixo:
NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
1. Título em negrito, centralizado, letras caixa alta. Extensão: máximo 3 (três) linhas, espaçamento
simples entre linhas. Fonte: Times New Roman, tamanho 14;
2. Abaixo do título, a direita deve constar, nesta ordem: nome do autor, titulação e email. Caso o
texto tenha mais de um autor, é necessário constar as mesmas informações, seguindo a ordem
estabelecida pelos autores;
3. RESUMO: o autor deve apresentar um resumo na língua nativa (português ou espanhol)
informado na inscrição do trabalho e outro resumo em inglês (abstract), entre 200 a 300 palavras,
espaçamento simples entre linhas, e contendo apenas três palavras-chave (keywords). Fonte: Times
New Roman, tamanho 10. Situado na margem direita do texto;
4. O resumo deve contemplar efetivamente a pesquisa realizada, seus objetivos, hipóteses,
resultados;
5. Os artigos devem conter entre 12 e 20 páginas, incluindo Referências Bibliográficas e imagens (se
for o caso);
6. As imagens (JPEG, TIFF) devem estar inseridas no corpo do trabalho, contendo título (parte
superior da figura) e referência (situada dentro do marco da figura, na parte inferior), fonte Times
New Roman, tamanho 9. Favor observar a qualidade da foto, que deve ter uma boa resolução
(sugestão 200 dpi). Observamos que serão removidas as imagens sem referências;
7. Os textos devem ser enviados em formato Word, a partir da versão 2003, com a seguinte
configuração no corpo do texto: Fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço 1,5cm;
8. Margens: as margens devem ser de 2,5 (superior, inferior, esquerda, direita);
9. Citações diretas (em bloco): fonte Times New Roman, tamanho 11, situadas na margem direita da
página (com recuo de 4,0 cm) e separadas por espaço duplo dos parágrafos superior e inferior.
Espaço simples entre linhas do texto;
10. Citações indiretas (paráfrase): inseridas, até 3 (três) linhas, no corpo do texto e entre aspas.
Fonte: Times New Roman, tamanho 12. A partir de 4 (quatro) linhas, usar citação direta;
11. Subtítulos: fonte Times New Roman, tamanho 12, negrito, caixa alta e baixa, situados na margem
esquerda da página;
12. As referências devem ser realizadas através do Sistema autor-data (Ver Normas da ABNT).
Notas de rodapé devem seguir o modelo ABNT – recomenda-se três notas no máximo por página;
13. As referências bibliográficas, fontes documentais, eletrônicas e fontes de consulta deverão ser
citadas no final do artigo, segundo ordem alfabética e de acordo com as normas da ABNT;
14. Somente serão aceitos para análise os trabalhos que obedecerem as normas aqui
descritas;
15. Somente serão publicados nos Anais do II Encontro de Pesquisas Históricas da PUCRS os
trabalhos efetivamente apresentados no evento. Não será aceito acréscimo de nomes no
trabalho entregue.
Informações
Gerais
Transporte
Todas as salas do evento estarão equipadas
com data-show;
Principais Linhas Mercado Público/Rodoviária –
PUCRS:
O credenciamento de todos os participantes
ocorrerá somente no Prédio 05 (Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas), durante todo
o evento;
- “Universitária” - D43 CARRIS
Os Simpósios da Pós-Graduação ocorrerão no
Prédio 03 (Programa de Pós-Graduação em
História) e no Prédio 05;
As sessões de comunicação dos Graduandos
irão acontecer no Prédio 05;
Os participantes irão receber um atestado de
participação no dia das respectivas
comunicações. Os certificados oficiais, emitidos
pela PUCRS, serão posteriormente enviados
pelo correio. Para isso é necessário que todos
assinem a folha de presença.
Haverá monitores identificados para auxiliarem
os participantes junto aos Prédios 03 e 05;
- Campus / Ipiranga - 343 CARRIS
- Ipiranga / PUCRS – 353 CARRIS
Táxi: Ponto na Av. Ipiranga (2ª a 6ª - 7h às
23h20min)
Estacionamento
Todos estacionamentos na PUCRS são pagos.
Maiores informações podem ser obtidas em:
http://www.pucrs.br/portal/?p=campus/estaciona
mentos
Bancos
Há agências bancárias do Banrisul, HSBC e
Banco do Brasil no térreo do PRÉDIO 05;
Alimentação
Os prédios 03 e 05 possuem restaurantes e/ou
lancherias.
Impressões/Xerox/Internet
AKI CÓPIAS: prédio 05, andar térreo;
Biblioteca PUCRS (Prédio 16, atrás do Prédio
05)
Festa de encerramento do
evento – Dia 28.05.2015 – a
partir das 21h
Espaço Cultural 512 - Rua João Alfredo, 512
Cidade Baixa - Porto Alegre, RS
Telefone (51) 3212-0229
Valor ingresso: R$ 5,00
Maiores informações sobre os serviços disponíveis no campus da PUCRS podem ser
obtidas em: http://www.pucrs.br/portal/files/academico/pucrs_guia_de_servicos.pdf
Índice - apresentadores
Adriana Augusto Neves ..................................................................................................................................... 18
Adriane Nunes Cordonet ................................................................................................................................ 121
Adriano Sequeira Avello.................................................................................................................................. 122
Adriano Viaro da Silva ....................................................................................................................................... 71
Adriéli Eduarda Castro Gomes Gabardo ......................................................................................................... 127
Alaides Terezinha Dias da Costa ..................................................................................................................... 110
Alan Ramos Machado ..................................................................................................................................... 143
Alex Faverzani da Luz ........................................................................................................................................ 25
Alexandre dos Santos Villas Bôas...................................................................................................................... 67
Alexandre Luis de Oliveira................................................................................................................................. 48
Alexandre Moroso Guilhão ............................................................................................................................. 133
Alexandre Pena Matos ...................................................................................................................................... 67
Alexsander Cândido de Brito .......................................................................................................................... 133
Alexsandro da Rosa Menez ............................................................................................................................. 104
Aline Carvalho Porto ....................................................................................................................................... 105
Aline de Almeida Moura ................................................................................................................................... 37
Alini Hammerschmitt ........................................................................................................................................ 43
Álisson Cardozo Farias ...................................................................................................................................... 78
Amanda Basílio Santos ...................................................................................................................................... 57
Amanda Chiamenti Both ................................................................................................................................... 95
Amanda Flores Gonçalves ............................................................................................................................... 121
Amanda Mensch Eltz ........................................................................................................................................ 19
Amanda Siqueira da Silva .................................................................................................................................. 43
Amilcar Rodrigues Afonso Santy ....................................................................................................................... 72
Ana Carolina Lauer de Almeida ....................................................................................................................... 144
André do Nascimento Corrêa ........................................................................................................................... 81
André Haiske ................................................................................................................................................... 110
André Luis Ramos Soares ................................................................................................................................ 102
Andrea Molina Barbosa Viana .......................................................................................................................... 57
Andréa Pagno Pegoraro .................................................................................................................................... 78
Andréia Castro Dias........................................................................................................................................... 13
Andrelise Gauterio Santorum ......................................................................................................................... 144
Andressa de Rodrigues Flores ......................................................................................................................... 138
Andrieli Paula Frana ........................................................................................................................................ 112
Anelise Domingues Medeiros ......................................................................................................................... 116
Ângela Pereira Oliveira ..................................................................................................................................... 73
Anselmo Otávio ................................................................................................................................................. 73
Ary Albuquerque Cavalcanti Junior................................................................................................................... 13
Augusto Castanho da Maia Petter .................................................................................................................. 128
Bárbara Virgínia Groff da Silva .......................................................................................................................... 33
Beatriz Floôr Quadrado ..................................................................................................................................... 74
Beatriz Küller Negri ........................................................................................................................................... 96
Beatriz Teixeira Weber.................................................................................................................................... 125
Biane Peverada Jaques Antunes ....................................................................................................................... 58
Bruna Gomes Rangel......................................................................................................................................... 62
Bruna Santiago .................................................................................................................................................. 58
Bruno Blois Nunes ............................................................................................................................................... 9
Bruno Campos Rodrigues................................................................................................................................ 138
Bruno Weber Bopp ......................................................................................................................................... 116
Caio de Carvalho Proença ................................................................................................................................. 52
Calison Eduardo Santos Pacheco .................................................................................................................... 114
Camila Albani Petró........................................................................................................................................... 14
Camila Bohrer Beskow .................................................................................................................................... 134
Camila Comerlato Santos ................................................................................................................................ 105
Camila Eberhardt .............................................................................................................................................. 53
Camila Martins Braga ........................................................................................................................................ 89
Camila Ruskowski................................................................................................................................................ 9
Carla Cristine Teixeira ..................................................................................................................................... 145
Carolina Bevilacqua Vedoin ............................................................................................................................ 111
Caroline Atencio Medeiros ............................................................................................................................. 112
Caroline Poletto ................................................................................................................................................ 90
Caroline von Mühlen....................................................................................................................................... 101
Célia Margela Arnold ........................................................................................................................................ 32
Charles Ânderson dos Santos Kurz ................................................................................................................. 117
Christian Astigarraga Ordoque ......................................................................................................................... 86
Cláudio Roberto Dornelles Remião ................................................................................................................... 10
Cosme Alves Serralheiro ................................................................................................................................... 90
Cristian Cláudio Quinteiro Macedo................................................................................................................. 117
Cristiano Enrique de Brum ................................................................................................................................ 83
Cristiano Gehrke ............................................................................................................................................... 19
Cristiano Soares Campos .................................................................................................................................. 62
Cristine Tedesco ................................................................................................................................................ 10
Dalvan Alberto Sabbi Lins ................................................................................................................................. 49
Daniel Augusto Pereira Marcilio ....................................................................................................................... 75
Daniel da Silva Becker ....................................................................................................................................... 37
Daniela Garces de Oliveira ................................................................................................................................ 15
Daniele Brocardo .............................................................................................................................................. 20
Daniely Alves Machado ................................................................................................................................... 139
David Anderson Zanoni ..................................................................................................................................... 43
Débora de Quadros Rodrigues ........................................................................................................................ 122
Débora dos Santos Botlender ......................................................................................................................... 134
Débora Soares Karpowicz ................................................................................................................................. 49
Débora Strieder Kreuz....................................................................................................................................... 15
Deise Cristina Schell .......................................................................................................................................... 59
Deise de Siqueira Pötter ................................................................................................................................. 112
Diana Silveira de Almeida ................................................................................................................................. 11
Diego Oliveira de Souza .................................................................................................................................... 91
Diogo Matheus de Souza ................................................................................................................................ 145
Douglas Satirio da Rocha .................................................................................................................................. 79
Eduarda Borges da Silva .................................................................................................................................... 16
Eduardo Cristiano Hass da Silva ........................................................................................................................ 33
Eduardo Luis Flach Käfer ................................................................................................................................. 106
Eduardo Othon Pires Rodrigues ........................................................................................................................ 36
Eduardo Pacheco Freitas................................................................................................................................... 86
Egiselda Brum Charão ..................................................................................................................................... 102
Elaine Binotto Fagan ......................................................................................................................................... 33
Eliza Militz de Souza ........................................................................................................................................ 113
Elvis Patrik Katz ............................................................................................................................................... 118
Elvis Silveira Simões .......................................................................................................................................... 22
Erick Vargas da Silva.......................................................................................................................................... 38
Evandro Machado Luciano.............................................................................................................................. 119
Fabian Filatow ................................................................................................................................................... 96
Fabiana Helma Friedrich ................................................................................................................................. 102
Fabiano Pretto Neis......................................................................................................................................... 103
Fábio Chang de Almeida ........................................................................................................................................ 6
Fábio Donato Ferreira ..................................................................................................................................... 113
Fabrício Alcindo Kuhn ..................................................................................................................................... 128
Fabrício Locatelli Ribeiro ................................................................................................................................. 128
Felipe Benites Tramasoli ................................................................................................................................... 68
Felipe Contri Paz ............................................................................................................................................... 83
Felipe Nunes Nobre .......................................................................................................................................... 34
Felipe Radünz Krüger ........................................................................................................................................ 44
Felipe Rios Pereira ............................................................................................................................................ 91
Fernanda Sena Fernandes............................................................................................................................... 123
Fernanda Soares da Rosa ................................................................................................................................ 135
Fernando Carlos Lopes Filho ............................................................................................................................. 69
Fernando Comiran ............................................................................................................................................ 26
Filipe Conde Pereira .......................................................................................................................................... 53
Filipi Gomes de Pompeu ..............................................................................................................................67, 68
Francielle Moreira Cassol .................................................................................................................................. 50
Francine Kloeckner............................................................................................................................................ 11
Francisco Adilson Lopes da Silva ....................................................................................................................... 22
Frederico de Moraes Thofehrn ....................................................................................................................... 146
Gabriel Carvalho Kunrath................................................................................................................................ 139
Gabriel Nardi Maciel ....................................................................................................................................... 147
Gabriel Ribeiro da Silva ................................................................................................................................... 139
Gabriela Machado Ramos de Almeida .............................................................................................................. 44
Gean Zimermann da Silva ................................................................................................................................. 80
Geandra Denardi Munareto.............................................................................................................................. 84
Giselda Siqueira da Silva Schneider .................................................................................................................. 13
Guidyon Augusto Almeida Lima ...................................................................................................................... 129
Guilherme Breda de Magalhães ..................................................................................................................... 146
Guilherme de Mattos Gründling ..................................................................................................................... 147
Guilherme Ignácio Franco de Andrade ............................................................................................................. 97
Guilherme Lueska Costa ................................................................................................................................. 130
Gustavo Domingues Rodrigues ....................................................................................................................... 119
Gustavo Silveira Ribeiro .................................................................................................................................... 29
Helen da Silva Silveira ..................................................................................................................................... 111
Helen Scorsatto Ortiz ........................................................................................................................................ 80
Helenize Soares Serres ...................................................................................................................................... 81
Helmano de Andrade Ramos ............................................................................................................................ 38
Henrique de Aro Silva ....................................................................................................................................... 26
Henrique Hilgert Cordeiro............................................................................................................................... 120
Heric Maciel de Carvalho ................................................................................................................................ 130
Hildebrando Maciel Alves ................................................................................................................................. 39
Ingrid Oyarzábal Schmitz .................................................................................................................................. 69
Ivia Minelli ......................................................................................................................................................... 27
Janaina Schaun Sbabo ....................................................................................................................................... 45
Janaína Vedoin Lopes........................................................................................................................................ 59
Janete da Rocha Machado ................................................................................................................................ 23
Jaqueline da Silva de Oliveira............................................................................................................................ 60
Jeaniny Silva dos Santos.................................................................................................................................. 139
Jefferson Teles Martins ..................................................................................................................................... 63
Jéssica Fernanda Arend................................................................................................................................... 114
Jéssica Melo Prestes ......................................................................................................................................... 75
Jéssica Oliveira de Souza ................................................................................................................................... 63
Jivago Furlan Machado ................................................................................................................................... 131
João Davi Oliveira Minuzzi ................................................................................................................................ 27
Jóice Anne Alves Carvalho ................................................................................................................................ 84
Jordana Wruck Timm ........................................................................................................................................ 35
Jorge Piaia Mendonça Júnior .......................................................................................................................... 122
José Oliveira da Silva Filho ................................................................................................................................ 54
Juliana Aparecida Camilo da Silva ..................................................................................................................... 64
Juliana Konflanz de Moura...........................................................................................................................70, 71
Juliana Pacheco Borges da Silva ........................................................................................................................ 16
Jussemar Weiss Gonçalves.............................................................................................................................. 107
Kamyla Stanieski Dias...................................................................................................................................... 124
Kellen Bammann ............................................................................................................................................... 30
Kelvin Emmanuel Pereira da Silva ................................................................................................................... 136
Laís Luiza Kussler ............................................................................................................................................... 97
Laura Ferrazza de Lima ..................................................................................................................................... 12
Leandro Goya Fontella ...................................................................................................................................... 81
Leandro Rosa de Oliveira .................................................................................................................................. 65
Leonardo de Oliveira Conedera ...................................................................................................................... 103
Leonardo Rocha de Almeida ............................................................................................................................. 35
Letícia Rosa Marques ........................................................................................................................................ 65
Letícia Sabina Wermeier Krilow ...................................................................................................................... 121
Lidiane Elizabete Friderichs .............................................................................................................................. 98
Lisiana Lawson Terra da Silva .......................................................................................................................... 108
Lisiane Ribas Cruz .............................................................................................................................................. 92
Luana Rodrigues de Carvalho ........................................................................................................................... 50
Luciana da Costa de Oliveira ............................................................................................................................. 12
Luciano Nunes Viçosa de Souza ...................................................................................................................... 110
Luis Carlos dos Passos Martins ....................................................................................................................... 121
Luisa Kuhl Brasil ................................................................................................................................................ 54
Luiz Eduardo Garcia da Silva ............................................................................................................................. 87
Maico Biehl ..................................................................................................................................................... 140
Maicon José Alves ........................................................................................................................................... 128
Maikio Barreto Guimarães ................................................................................................................................ 46
Maíra Damasceno ........................................................................................................................................... 141
Marcelo Vianna ................................................................................................................................................. 87
Marco Antônio Correa Collares ........................................................................................................................ 46
Marcos Juvêncio de Moraes ............................................................................................................................. 98
Marcus A. S. Wittmann ................................................................................................................................70, 71
Maria Clara Lysakowski Hallal ........................................................................................................................... 55
Maria Cristina dos Santos ....................................................................................................................................... 6
Mariana Alliatti Joaquim ................................................................................................................................. 141
Mariana Couto Gonçalves ................................................................................................................................. 23
Mariana Milbradt Corrêa ................................................................................................................................ 124
Mariana Schossler ............................................................................................................................................. 40
Mariani Viegas Da Rocha .................................................................................................................................. 17
Marlete Golke ................................................................................................................................................... 40
Marluce Dias Fagundes ..................................................................................................................................... 17
Marta Rosa Borin .............................................................................................................................................. 50
Matheus Barros da Silva ................................................................................................................................. 108
Mauricio Hiroshi Filippin Oba ......................................................................................................................... 136
Maurício Pereira ............................................................................................................................................. 115
Mauro Marx Wesz............................................................................................................................................. 51
Michele de Oliveira Casali ................................................................................................................................. 28
Monia Franciele Wazlawoski da Silva ............................................................................................................... 88
Mônica Almeida Kornis ........................................................................................................................................... 6
Mônica Karawejczyk ......................................................................................................................................... 17
Mônica Renata Schmidt .................................................................................................................................... 93
Nadine Mello Pereira ...................................................................................................................................... 142
Natália de Noronha Santucci ............................................................................................................................ 41
Nicole Angélica Schneider............................................................................................................................... 115
Odilon Caldeira Neto .............................................................................................................................................. 6
Odir Mauro da Cunha Fontoura ........................................................................................................................ 60
Pablo Rodrigues Dobke ..................................................................................................................................... 28
Paloma Falcão Amaya ..................................................................................................................................... 142
Patrícia Spceht Moreira .................................................................................................................................. 148
Paula Bianco ...................................................................................................................................................... 93
Paula Rafaela da Silva ....................................................................................................................................... 18
Paulo Diego de Oliveira Navossat ................................................................................................................... 124
Paulo Gilberto Mossmann Sobrinho ................................................................................................................. 99
Paulo Henrique Silva Vianna ........................................................................................................................... 125
Priscila Maria Weber ......................................................................................................................................... 76
Priscila Novelim................................................................................................................................................. 85
Priscila Roatt de Oliveira ................................................................................................................................... 41
Priscilla Almaleh .............................................................................................................................................. 126
Rafael de Moura Pernas.................................................................................................................................. 131
Rafael Ganster................................................................................................................................................... 89
Rafael Gorski Trindade .................................................................................................................................... 143
Rafael Lapuente ................................................................................................................................................ 99
Rafael Reigada Botton....................................................................................................................................... 42
Raphael Martins de Melo.................................................................................................................................. 47
Renan Santos Mattos ........................................................................................................................................ 51
Renata Baldin Maciel ........................................................................................................................................ 28
Renata Dariva Costa .......................................................................................................................................... 19
Reverson Nascimento Paula ............................................................................................................................. 30
Ricardo Barbosa da Silva ................................................................................................................................. 109
Ricardo Cortez Lopes ...................................................................................................................................... 100
Ricardo Ossagô de Carvalho ............................................................................................................................. 76
Rodrigo Dal Forno ............................................................................................................................................. 55
Rodrigo Luis dos Santos .................................................................................................................................. 103
Rodrigo Vieira Pinnow ...................................................................................................................................... 31
Rômulo de Jesus Farias Brito ............................................................................................................................ 29
Rosângela Cristina Ribeiro Ramos .................................................................................................................... 61
Sandra Kuester .................................................................................................................................................. 55
Saul Estevam Fernandes ................................................................................................................................. 107
Simone Lopes Dieckel ....................................................................................................................................... 82
Stela Schenato ................................................................................................................................................ 145
Tairane Ribeiro da Silva................................................................................................................................... 142
Taís Giacomini Tomazi .................................................................................................................................... 132
Tamires Xavier Soares ....................................................................................................................................... 94
Tassiana Maria Parcianello Saccol .................................................................................................................. 100
Tatiane de Lima ................................................................................................................................................. 20
Teane Mundstock Jahnke ................................................................................................................................. 77
Thaís Franco ...................................................................................................................................................... 61
Thiago Alves Torres ........................................................................................................................................... 66
Thiago Cedrez da Silva ...................................................................................................................................... 94
Thiago Soares Arcanjo..................................................................................................................................... 137
Thirzá Amaral Berquó ..................................................................................................................................... 126
Thuanny de Azevedo Bedinote ......................................................................................................................... 47
Tiago Arcanjo Orben ......................................................................................................................................... 56
Tiago Luís Gil ........................................................................................................................................................ 6
Vanderley de Paula Rocha ................................................................................................................................ 21
Vanessa Alves Felix ........................................................................................................................................... 77
Vanessi Reis....................................................................................................................................................... 24
Waldemar Dalenogare Neto ............................................................................................................................. 32
Wanessa Tag Wendt ......................................................................................................................................... 36
Williams Andrade de Souza .............................................................................................................................. 25
Yuri Rosa de Carvalho ....................................................................................................................................... 91
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