Aspectos biopsicossociais da criança e do adolescente
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Aspectos biopsicossociais da criança e do adolescente
Aspectos Biopsicossociais da Criança e do Adolescente O O homem moderno deve ser entendido sob um aspecto biopsicossocial. Toda história de vida deve ser analisada sob influências biológicas, psicológicas e sociais, aspectos esse que são interligados. O O primeiro grupo ao qual uma pessoa pertence é a família. É na família que cada pessoa adquire os conceitos, hábitos e crenças que vão constituir o alicerce sobre o qual ela se apoia, os conceitos fundamentais sobre o mundo, as relações sociais, a ética, a forma como a sociedade se estrutura. O homem e a interação com o meio O - O homem recebe influências do seu organismo internamente (genética, vírus, bactérias, doenças congênitas, defeitos estruturais); - Da sua percepção própria, experiências e vivências de mundo (ações, pensamentos e sentimentos); - Da sua interação com os diversos grupos (família, amigos), a sociedade e sua cultura. Também o homem biopsicossocial recebe diferentes influências do meio ao longo de sua vida. Muitas áreas são importantes para a análise do comportamento humano, tais como: afetiva, familiar, conjugal, sexual, interpessoal (amizades), lazer, social, escolar, religiosa, trabalho, biológica (doenças), ambiente cultural, questões morais, regras sociais, costumes. Aprendizagem Humana A aprendizagem é fundamental na vida do ser humano, pois é através dela que o ser humano passa a compreender, e a ter domínio sobre suas decisões, comportamentos, percebe suas afinidades bem como suas dificuldades ou limitações. O Toda estrutura educacional está organizada com a finalidade de promover a aprendizagem e o desenvolvimento do ser humano. O A escola tem, de certa forma, uma coparticipação com a família, na educação das crianças no sentido de que tem a tarefa de cooperar com a família, de dar continuidade à preparação do indivíduo para que ele possa se inserir na sociedade mais ampla de forma satisfatória para si mesmo e para a sociedade na qual participa. Ela representa para a criança a sua pré-estreia em um grupo mais amplo, como sujeito capaz de construir junto com os outros, de criar e, pela sua atuação, de se realizar em uma importante dimensão da vida humana. O Video favorito 3. O A escola prepara a criança para sua participação efetiva na estrutura social, por isso não pode estar em oposição à primeira – a família – instituição que fundamentou os valores, crenças e conhecimentos. Se nessa dinâmica, ocorre uma ruptura no processo de socialização e de construção de si e do mundo, a criança não se sente segura, sua concepção de mundo fica fragmentada, dividida entre dois grupos, e ela pode desenvolver sentimentos ambivalentes, pode sentir-se inadequada para a participação na vida social. Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem O Os processos de desenvolvimento e aprendizagem são diferentes, mas se relacionam. O Na psicologia existem diferentes formas de interpretar os processos de desenvolvimento e aprendizagem. Segundo Vygotski aprendemos e nos desenvolvemos com as pessoas com que nos relacionamos, para ensinar ou aprender é preciso estar junto, interagindo com o outro. O Devemos tentar atuar na zona proximal do desenvolvimento, não ensinar aquilo que já sabe, mas também não ensinar aquilo que está longe de poder aprender. Desenvolvimento e aprendizagem O Concepção de Piaget: O A grande dificuldade para criar um modelo teórico capaz de explicar a estrutura do conhecimento devia-se ao fato de que, no campo da Filosofia, o procedimento metodológico era intuitivo (especulativo) e a Biologia esbarrava na impossibilidade de experimentação. E a Psicologia era a possibilidade de conexão entre Fil. e Bio. Através das experimentações. A Ciência Psicológica O Considerada como ramo da Filosofia até segunda metade do séc. XIX ganha status científico utilizando de técnicas de outras ciências surgindo assim: Funcionalismo, Estruturalismo, Behaviorismo. Funcionalismo O O Funcionalismo baseia-se no pragmatismo e na utilidade – Ideais Americanos. O Refere-se ao funcionamento da mente ou ao uso que o organismo faz dela para se adaptar ao ambiente. O Os funcionalistas não estudavam a mente do ponto de vista da sua composição (dos seus elementos básicos e estrutura) mas como um aglomerado ou acumulação de funções e processos que resultavam em consequências praticas no mundo real Estruturalismo O O estruturalismo surgiu com o inglês Edward Bradford Titchener (1867– 1927) e tem como fundamento o estudo dos elementos ou conteúdos mentais e sua conexão mecânica, mediante o processo de associação, porém, descartava a idéia de que a apercepção (processo mental através do qual cada indivíduo percebe e interpreta o mundo) tenha alguma participação nesse processo. Behaviorismo O Em 1913, nove anos após o nascimento de Skinner, John B. Watson publicou o seu famoso artigo “Psychology from the stand point of a Behaviorist” [Psicologia do ponto de vista de um Behaviorista] na Psychological Review. Ele era breve, mas poderoso. Watson dizia que a psicologia deveria livrar-se do estudo introspectivo de eventos mentais que não eram diretamente observáveis – imagética, memória, consciência e etc. – e estudar o comportamento. Watson subscrevia a declaração de Walter Pillsbury de que “a psicologia é a ciência do comportamento” e ia além ao dizer que “Acredito que podemos produzir uma psicologia, defini-la como o fez Pillsbury e nunca recuarmos desta definição: nunca usarmos os termos consciência, estados mentais, mente, conteúdos introspectivamente verificáveis, imagética e assemelhados” continuação O Gestalt sob bases filosóficas: Idealismo e Materialismo Mecanicista, sendo que o primeiro foi desenvolvido pelos mentalistas e o segundo pelos comportamentalistas. Continuação O René Descartes: divisão do corpo e mente estabeleceu o dualismo psicofísico. O Wundt dividiu esta dualidade em duas Psicologias: Fisiológica e Experimental e Social. O Fitchener dá ênfase á Psicologia Fisiológica: a mente depende do funcionamento do sistema nervoso. Continuação O Os Funcionalistas Dewey e Angel: estudos dos processos mentais para compreender a adaptação existente nestas formas de interação, dentro de uma visão biológica do fenômeno. Continuação O Watson contrapõe as idéias anteriores com a proposta da Psicologia enquanto ciência do comportamento com objetivo de estudar as relações do mesmo com o ambiente. Correntes contemporâneas O - Behaviorismo Radical de Skinner: sua linha teórica comportamentalista diferenciada de Watson, pois para Skinner a Psicologia de estudar o comportamento dos organismos, tanto os eventos observáveis quanto os encobertos desde que possam ser detectados empiricamente. Para Skinner a ação do homem em seu universo, produz alterações nesse ambiente e em si próprio. Continuação O - Cognitivista de Piaget: o desenvolvimento psíquico que começa quando nascemos e termina na idade adulta, é comparável ao crescimento orgânico. O - Psicanálise de Freud: o inconsciente, parte integrante do sistema psíquico, onde as experiências subjetivas ficam armazenadas, desencadeando uma dinâmica constante de repressão – liberação ao consciente da pessoa. Sócio-histórica O Psicologia Sócio-Histórica: Vygotsky sob as forças da corrente filosófica do marxismo. As funções psicológicas têm suporte biológico, pois são produtos da atividade cerebral; o funcionamento psicológico fundamenta nas relações sociais entre o indivíduo e o mundo exterior, as quis desenvolvem-se num processo histórico; a relação homem/mundo é mediada por sistemas simbólicos. Continuação O O contexto histórico-cultural propicia desenvolver projeto epistemológico – sendo assim o conhecimento não é acabado e o fenômeno humano apresentado no vivenciar propicia novos projetos epistêmicos. O A Psicologia Escolar nasce com a marca de uma demanda adaptacional vinculada á psicometria para medir habilidades e classificar crianças quanto à capacidade de aprender e progredir pelos vários graus escolares. Concepção de Piaget: Psicologia Experimental O Nos seus estudos sobre INTELIGÊNCIA, descobriu que as respostas erradas eram mais interessantes do que as certas.Observou também que as crianças da mesma idade cometiam os mesmos erros nas respostas, fato que o levou a uma conclusão: para compreender o pensamento da criança era necessário que se desviasse atenção da quantidade de respostas certas e se concentrasse na qualidade da solução por ela apresentada (lógica do funcionamento mental da criança). Quais os mecanismos que ocorre essa transformação? O Bases para encontrar a resposta: Freud e Jung. O Piaget: a lógica não é inata, trata-se de um fenômeno que se desenvolve gradativamente O Se comprometeu com o processo de desenvolvimento do pensamento. Desenvolvimento do pensamento: Piaget O Linguagem: o pensamento aparece antes da linguagem, que apenas é uma das suas formas de expressão. A formação do pensamento depende, basicamente, da coordenação dos esquemas sensorimotores e não da linguagem.Esta só pode ocorrer depois que a criança já alcançou um determinado nível de habilidades mentais, subordinando-se, pois, aos processos de pensamento. Continuação O A linguagem possibilita à criança evocar um objeto ou acontecimento ausente na comunicação de conceitos. Piaget, todavia, estabeleceu uma clara separação entre as informações que podem ser passadas por meio da linguagem e os processos que não parecem sofrer qualquer influência dela. Este é o caso das operações cognitivas que não podem ser trabalhadas por meio de treinamento específico feito com o auxílio da linguagem. Por exemplo, não se pode ensinar, apenas usando palavras, a classificar, a seriar, a pensar com responsabilidade. Vygotsk O Já para Vygotsky, pensamento e linguagem são processos interdependentes, desde o início da vida. A aquisição da linguagem pela criança modifica suas funções mentais superiores: ela dá uma forma definida ao pensamento, possibilita o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planejamento da ação. O Neste sentido, a linguagem, diferentemente daquilo que Piaget postula, sistematiza a experiência direta das crianças e por isso adquire uma função central no desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos que nele estão em andamento. Continuação de Vygotsk O Para Vygotsky, a cultura molda o psicológico, isto é, Determina a maneira de pensar. Pessoas de diferentes culturas têm diferentes perfis psicológicos. As funções psicológicas de uma pessoa são desenvolvidas ao longo do tempo e mediadas pelo social, através de símbolos criados pela cultura. A linguagem representa a cultura e depende do intercâmbio social. Os conceitos são construídos no processo histórico e o cérebro humano é resultado da evolução. Continuação Vygotsk O Em todas as culturas, os símbolos culturais fazem a mediação. Os conceitos são construídos e internalizados de maneira não linear e diferente para cada pessoa.Toda abordagem é feita de maneira de maneira holística (ampla) e o cotidiano é sempre em movimento, em transformação. É a Dialética.A palavra é o microcosmo, o início de tudo e tem vários significados, ou seja, é polissêmica; a mente vai sendo substituída historicamente pala pessoa, que é sujeito do seu conhecimento. Os conceitos de Vygotsk O Os conceitos espontâneos ou do cotidiano, também chamados de senso comum, são aqueles que não passaram pelo crivo da ciência. Os conceitos científicos são formais, organizados, sistematizados, testados pelos meios científicos, que em geral são transmitidos pela escola e que aos poucos vão sendo incorporados ao senso comum. Trabalha com a idéia de zonas de desenvolvimento. Todos temos uma zona de desenvolvimento real, composta por conceitos que já dominamos. Vamos imaginar que numa escala de zero a 100, estamos no 30; esta é a zona de desenvolvimento real nossa. Continuação O Para os outros 70, sendo o nosso potencial, Vygotsky chama de ZONA de DESENVOLVIMENTO PROXIMAL. Se uma pessoa chega ao 100, a sua Zona de Desenvolvimento Proximal será ampliada, porque estamos sempre adquirindo conceitos novos. Estabelece três estágios na aquisição desses conceitos.O 1º é o dos Conceitos Sincréticos, ainda psicológicos evolui em fases e a escrita acompanha. Continuação O Uma criança de, aproximadamente, três anos de idade escreve o nome da mãe ou do pai, praticando a Escrita Indecifrável, ou seja, se o pai é alto, ela faz um risco grande, se a mãe é baixa, ela risca algo pequeno. Aproximadamente aos 4 anos de idade, a criança entra numa nova fase, a Escrita Pré-silábica, que pode ser Unigráfica: semelhante ao desenho anterior, mas mais bem elaborado; Letras Inventadas: não é possível ser entendido, porque não pertence a nenhum sistema de signo; Letras Convencionais: jogadas aleatoriamente sem obedecer a nenhuma sequência lógica de escrita. Continuação O No desenvolvimento, aos 4 ou 5 anos, a criança entra na fase da Escrita Silábica, quando as letras convencionais representam sílabas, não separa vogais e consoantes, faz uma mistura e às vezes só maiúsculas ou só minúsculas. O Com aproximadamente 5 anos, a criança entra em outra fase, a Escrita Silábica Alfabética. Neste momento a escrita é caótica, faltam letras, mas apresenta evolução em relação à fase anterior. Continuação O Com mais ou menos 6 anos de idade, a criança entra na fase da Escrita Alfabética: já conhece o valor sonoro das letras, mas ainda erra.Somente com o hábito de ler e escrever que esses erros vão sendo corrigidos.Ferreiro aconselha não corrigir a escrita da criança durante as primeiras fases. No início, ela não tem estrutura e depois vai adquirindo aos poucos. Nesse instante o erro deve ser trabalhado, porque a criança está adquirindo as estruturas necessárias. Continuação O Sobre educação de adultos, considera que as fases iniciais já foram eliminadas, porque mesmo sendo analfabeta, a pessoa conhece números e letras. O Considera a Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky, a lei de equilíbrio e desequilíbrio de Piaget e a internalização do conhecimento. Trabalha com hipóteses, no contexto, com visão de processo, aceitando a problematização, dentro da visão Dialética holística. Piaget O A Psicologia de Piaget está fundamentada na ideia de equilibração e desequilibração. Quando uma pessoa entra em contato com um novo conhecimento, há naquele momento um desequilíbrio e surge a necessidade, de voltar ao equilíbrio. O processo começa com a assimilação do elemento novo, com a incorporação às estruturas já esquematizadas, através da interação. Há mudanças no sujeito e tem início o processo de acomodação, que aos poucos chega à organização interna. Começa a adaptação externa do sujeito e a internalização já aconteceu. Um novo desequilíbrio volta a acontecer e pode ser provocada por carência, curiosidade, dúvida etc. O movimento é dialético (de movimento constante) e o domínio afetivo acompanha sempre o cognitivo (habilidades intelectuais), no processo endógeno. Aspectos endógenos e exógenos O A troca permanente que o organismo estabelece com o meio possibilita tanto as transformações observáveis, que ocorrem no nível exógeno (as quais identificam a formação dos sistemas de esquemas), como as transformações internas ou endógenas (por meio das quais se constituem as estruturas mentais). Continuação O É somente na troca do organismo com o meio que se dá a construção orgânicas das referidas estruturas. O O esquema é condição primeira da ação, ou seja, da troca do organismo com o meio. Ele é engendrado pelo funcionamento geral de toda organização viva, a adaptação. O organismo com sua bagagem hereditária, em contato como o meio, perturba-se, desequilibra-se e, para superar esse desequilíbrio constrói os esquemas. Dessa forma, a ação da criança sobre o meio produz conhecimento funcional cada vez mais complexo, por criar, constantemente, novas combinações ou novos esquemas. Continuação O Nessa perspectiva, o que se pode perceber é uma estruturação cognitiva progressiva subjacente às ações da criança, traduzida em classificações ou seriações empíricas. Quando a criança começa a coordenar seus esquemas, organizando suas ações no espaço e tempo, está surgindo o que Piaget chama de lógica das ações – causalidade. Esse funcionamento implica a capacidade de estabelecer relações de inclusão, de ordem, de correspondência, permite a criança construir a capacidade lógica na medida em que atribui significados ao real, primeiramente no plano concreto e, em seguida, no abstrato. Continuação O Daí que a organização funcional das estruturas mentais não se transmite hereditariamente: é um mecanismo que se desenvolve graças à ação do indivíduo sobre o meio e das trocas decorrentes desta interação – construindo reciprocidade. O Outro organismo é adaptação. Adaptação: Piaget O A função adaptativa compreende dois processos: assimilação e acomodação. O Assimilação: é utilização do meio externo, pelo sujeito, tendo em vista alimentar seus esquemas hereditários ou adquiridos. O Acomodação: é o processo de reorganização dessas estruturas, de tal forma que elas possam incorporar os novos conhecimentos, transformando-os para se ajustarem às novas exigências do meio. "Descobrir consiste em olhar para o que todo mundo está vendo e pensar uma coisa diferente." (Roger von Oech) Continuação O As ciências ditas humanas devem na sua análise epistemológica incorporar uma análise sócio-política do fenômeno humano, para não correr o risco de inviabilizar o seu objeto de estudo. Um dos maiores riscos é o/a professor/a colocarcolocar -se como parâmetro para avaliar as aulas e os/as alunos/as... DAS UTOPIAS Mário Quintana Se as coisas são inatingíveis... ora! Não é motivo para não querêquerêlas... Que tristes os caminhos, se não fora A presença distante das estrelas! A função da educação é trabalhar com identidades, é trabalhar para que cada pessoa olheolhe-se e se considere plena, bonita, capaz, cidadã... “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho; os homens se libertam em comunhão.” Paulo Freire