cartas inéditas de friedrich von martius - Biblioteca Central

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cartas inéditas de friedrich von martius - Biblioteca Central
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CARTAS INÉDITAS DE FRIEDRICH VON MARTIUS
Maria Izabel Moreira Arruda
1. INTRODUÇÃO
A Biblioteca Central da Universidade Federal do Pará possui um
volume de cartas inéditas de Friedrich von Martius, adquirido por volta
de 1963 pelo então Reitor José Rodrigues da Silveira Neto, junto à
livraria Kosmos no Rio de Janeiro, segundo informações do Prof. Dr.
Clodoaldo Beckmann, fundador e primeiro diretor da biblioteca. O
volume contém um conjunto de doze documentos, encadernados, sendo
onze cartas e uma lista bibliográfica.
As cartas foram escritas no período de 1821 – 1858, época em
que o cientista já havia realizado sua viagem ao Brasil e retornado ao
seu país natal. O conteúdo das cartas é variado, mais profissional do
que pessoal, deixando perceber entretanto a natureza sensível de
Martius. Na carta endereçada a Rugendas (13 de maio de 1823), por
exemplo, Martius opina sobre a segurança no Rio de Janeiro e expressa
sua simpatia pelo Brasil quando diz que: “ o jovem império se levantará
sem demora e glorioso sobre seus vizinhos e rivais”.
A tradução integral das cartas foi muito difícil devido tratar-se de
manuscrito em alemão falado na primeira metade do século XIX. Esse
trabalho foi realizado pelo Prof. Dr. Steven Uhly, Diretor da Casa de

Apresentado no XI Congresso da Associação Latino-americana de Estudos Germanísticos –
Universidade de São Paulo (USP), 27/09 a 03/10 de 2003.

Profa. do Departamento de Biblioteconomia da UFPA , Mestre em Ciência da Informação –
IBICT/UFRJ – [email protected]
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Estudos Germânicos da UFPA, que também realizou as fotos digitais do
documento.
A figura de Martius, naturalista alemão do século XIX, chama a
atenção dos amazônidas que têm a oportunidade de conhecer um pouco
de sua vida. Sua obra é riquíssima como cientista e humanista e a
possibilidade de estudá-lo sob o olhar da Ciência da Informação é o
objetivo deste trabalho.
2. MARTIUS
Carl Friedrich Philipp von Martius (1794 – 1868), médico, botânico e
antropólogo, foi um dos mais importantes pesquisadores alemães que
estudaram o Brasil e especialmente a Amazônia. Martius passou 10 meses
de sua vida na área, tempo suficiente para marcar os 40 anos posteriores,
tão intensa foi sua ligação com essa região.
Chegou ao Brasil fazendo parte da comitiva da Grã-Duquesa
austríaca Leopoldina, que viajava para o Brasil com o fim de contrair
matrimônio com D. Pedro I. Nessa expedição vieram outros artistas e
cientistas, entre eles Johann Baptiste von Spix (1781 – 1826) que,
juntamente com Martius, recebera da Academia de Ciências da Baviera o
encargo de pesquisar as províncias mais importantes do Brasil e formar
coleções botânicas, zoológicas e mineralógicas. (ARTISTAS..., 1978, p.
113)
O trabalho de Martius na Botânica e de Spix na Zoologia constitui-se
elemento fundamental, até hoje, para os estudos nessas áreas. Eles
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permaneceram no Brasil de 1817 a 1820 e quando regressaram à Europa
passaram a escrever as obras sobre o resultado de suas pesquisas.
É tão grande a contribuição de Martius para a ciência brasileira que,
de acordo com Erwin Theodor Rosenthal, é impossível não consultar suas
obras hoje quando se está fazendo pesquisa sobre organização da flora do
Brasil, metodologia histórica corrente no século XIX, etnografia e folclore
brasileiros, estudos das línguas indígenas, ou mesmo em se tratando de
questões atuais como a miscigenação das raças ou o papel da mulher na
sociedade do século XIX. (ROSENTHAL, 1995, p. 29)
Suas obras principais em Botânica são:
-
Nova genera et species plantarum, quas in itineri per
Brasiliam annis 1817 – 1820 suspecto collegit et descripsit ,
em 3 volumes, editados entre 1824 e 1832;
-
Historia Naturalis Palmarum , em 3 volumes, publicados em
Leipzig, entre 1823 e 1850, que lhe valeram o epíteto “Pai
das Palmeiras” ;
-
Flora Brasiliensis, sive Enumeratio plantarum in Brasília
hactenus detectarum , em 15 volumes e 40 tomos publicados
em Leipzig, entre 1840 e 1906.
Martius escreveu alguns outros trabalhos em várias áreas do
conhecimento, descrevendo o Brasil, como na obra “Viagem pelo Brasil”, em 3
volumes em colaboração com Spix; “ Observações de um viajante sobre o
Brasil ” , de 636 páginas, ainda inéditas: “ Frei Apolônio: um romance do
Brasil”, escrito em 1831 e publicado somente em 1992, traduzido para o
português pelo prof. Erwin Theodor (ROSENTHAL, 1995, p.29)
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Outras obras de Martius citadas por Rosenthal na apresentação do
romance “ Frei Apolônio: um romance do Brasil” são:
-
O estado de direito entre os autóctones do Brasil (1832);
-
O passado e o futuro dos seres americanos (1839);
-
Os nomes de plantas na língua tupi (1858);
-
Glossária Linguarum Brasiliensium (1863);
-
Como se deve escrever a história do Brasil (1842), com o
qual venceu um concurso instituído pelo Instituo Histórico e
Geográfico Brasileiro. (ROSENTHAL, 1992, p.V)
Na literatura sobre a Amazônia encontram-se várias citações referentes
à contribuição de Martius, como é o caso de Eidorfe Moreira em seu trabalho
“O igapó em termos de passado”, no qual transcreve trechos de Martius:
Mas mesmo nessa fase de inundação, quando as águas tomavam-lhe toda
a extensão, transformando a vida da fauna regional, Martius pôde
descobrir nele as belezas que oferecia sob o ponto de vista botânico como
se verá pelo trecho a seguir: “Entretanto, as águas vivificam a seiva das
plantas, e das ramadas entumescidas desabrocham milhares de corolas,
ao passo que a água lamacenta torvelinha troncos, as copas se revestem
com o esmalte das mais variadas flores,e toda a mata de igapó se torna
um florido jardim aquático” (MOREIRA, 1989, v.5, p.25)
No estudo da obra de Martius é presente o fenômeno da transferência
da informação, pois ele fez a disseminação de seu trabalho e até os dias de
hoje permanece como base para novas pesquisas. Ainda que se observe
apenas o conjunto de cartas existentes na Biblioteca Central da UFPA,
percebe-se o esforço do cientista nesse processo de comunicação científica.
Diz o prof. Erwin Theodor Rosenthal, a respeito de cartas produzidas por
Martius:
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[...] Martius escreveu centenas de cartas (quem o diz é ele próprio!),
visando à venda e difusão da “Flora Brasiliensis”, como forma de provocar
o interesse por esta obra extraordinária. Dirigiu essas cartas a monarcas e
presidentes, a ministros de Estado e poderosos de todo mundo, a
professores e cientistas [...]
(Rosenthal, 1995, p.30)
Um exemplo específico da divulgação da “Flora Brasiliensis” feita por
Martius é a carta datada de 28 de abril de 1844, que se encontra sob a guarda
da Biblioteca Central da UFPA. Trata-se de carta hiper-devota (como era
costume da época) endereçada a um nobre, titulado de “Alteza” e tratado como
“Príncipe”. Segue abaixo a fotografia da carta.
Fig.1 – Carta de 28/04/1844. Recomendando a Flora Brasiliensis
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3. ESTUDOS DE INFORMAÇÃO E AS CARTAS INÉDITAS DE MARTIUS
A informação, tal como pensada na Ciência da Informação, começou
a ser vislumbrada na década de 40, século XX. Em 1945, Vannevar Bush,
cientista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e chefe da
equipe científica americana durante a Segunda Guerra Mundial, identificou o
problema da “explosão da informação”, ou seja, percebeu a necessidade de
organizar as informações a fim de proporcionar a sua recuperação. Chegou
a idealizar uma máquina denominada MEMEX, que pode ser considerada
precursora do computador. Vannevar Bush percebeu claramente o valor
político e estratégico da informação e chega a publicar suas idéias em artigo
intitulado “As we may think”, no periódico Atlantic Monthly. (PINHEIRO,
1997, f.72)
Não só os cientistas e engenheiros de todo o mundo, mas também os
mais importantes governos e agências de financiamento envolveram-se em
programas estratégicos para controlar a explosão informacional, primeiro na
ciência e tecnologia, e depois nos demais campos.
Para definir Ciência da Informação, têm-se as definições de H. Borko
e G. Wersig para apresentar autores em momentos diferentes: 1968 e 1993.
Borko partiu de uma síntese das idéias expostas nas três definições de
Robert S. Taylor, publicadas no Annual Review. Então, para Borko,
Ciência da Informação é a disciplina que investiga as propriedades e o
comportamento da informação, as forças que governam o fluxo da
informação e os meios de processamento da informação para otimizar a
acessibilidade e uso. Ela diz respeito àquele corpo do conhecimento
relacionado com a origem, coleta, organização, armazenamento,
recuperação, interpretação, transmissão, transformação e utilização da
informação . (BORKO, 1968, p.3)
Para Wersig (1993, p.238), a Ciência da Informação não possui uma
teoria, mas uma estrutura de amplos conceitos científicos ou modelos e pode
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desenvolver algum tipo de sistema de navegação conceitual, que seria uma
abordagem teórica pós-moderna.
Desde 1975, em artigo publicado com Nevelling, Wersig já afirmava
que a responsabilidade social parece ser a real preocupação que movimenta a
Ciência da Informação (WERSIG, NEVELLING, 1975, p.134). Ainda nesse
aspecto da Ciência da Informação e sua preocupação com o social, temos
Pinheiro que afirma ter observado, nos resultados de pesquisa desenvolvida
em tese de doutorado, que
a tendência inicial de privilegiar aspectos tecnológicos, a máquina pela
máquina, foi se diluindo, ou numa metáfora com a terminologia da área, o
‘hard’ foi se tornando ‘soft’, e as disciplinas originária e fortemente
tecnológicas passaram a ser estudadas em função dos seus impactos na
sociedade e na relação com o homem, na tentativa de um diálogo
amigável, busca de interfaces e quebra de arestas. (PINHEIRO, 1999,
p.178)
Vejamos agora algumas definições de informação selecionadas por Mc
Garry, o que evidencia os diferentes enfoques existentes, inclusive na Ciência
da Informação. (MC GARRY, [1975], p.15)
Informação é o nome dado ao conteúdo do que é trocado com o mundo do exterior
quando nos ajustamos a ele e nele fazemos sentir o nosso ajustamento. Viver de facto, é viver
com informação.
Norbert Wiener
Informação, tanto no sentido em que é usada pelo biólogo como no sentido em que
nós bibliotecários a usamos, é um fato. É o estímulo que recebemos através dos nossos
sentidos. Pode tratar-se dum facto isolado ou de todo um conjunto de factos; mas é sempre
uma unidade: é uma unidade de pensamento.
Jesse Shera
O meio é a mensagem.
Marshall McLuhan
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Informação é algo de que temos necessidade quando enfrentamos uma opção. Seja
qual for o seu conteúdo a quantidade de informação requerida depende da complexidade da
opção. Se enfrentamos um amplo leque de alternativas equiparáveis, se algo pode acontecer,
precisamos de mais informação do que se estivermos face a uma simples escolha entre duas
alternativas.
George Miller
É o que se acrescenta a uma representação. Recebemos informação se ‘o que
conhecemos’ é alterado. Informação é o que logicamente justifica alteração ou reforço de uma
representação ou de um estado de coisas. As representações podem ser explícitas (como num
mapa ou numa proposição) ou podem estar implícitas no estado de actividade dirigida do
receptor.
D. McKay
Informação é tudo o que for capaz de transformar a estrutura.
N. Belkin
A informação tem menos a ver com o que se diz de facto do que com o que se podia
dizer. Isto é, a informação mede a liberdade de escolha de cada um quando este tem de
selecionar uma mensagem. A informação aplica-se não a mensagens individuais mas à
situação como um todo.
C. Shannon e W. Weaver
São factos sobre qualquer assunto.
J. Becker
Sobre essas definições, Mc Garry afirma que:
[...] há uma interessante variação nos atributos proporcionados por esta pequena
amostra de definições:
1. A informação pode ser considerada quase sinônimo de facto.
2. Tem por efeito transformar ou reforçar o que é conhecido, ou julgado conhecido,
por um ser humano.
3. A informação é utilizada como coadjuvante de decisão.
4. A informação é a liberdade de escolha que se tem ao selecionar uma mensagem.
5. A informação é ‘algo’ necessário quando enfrentamos uma escolha. A quantidade
requerida depende da complexidade da decisão a tomar.
6. A informação é matéria-prima de que deriva o conhecimento.
7. A informação é trocada com o mundo exterior e não meramente recebida.
8. A informação pode ser definida em termos dos seus efeitos no receptor.
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A informação, tanto em papel quanto em suportes eletrônicos, tem sua
efetivação quando é comunicada ou quando é efetuada a sua transferência. De
acordo com Belkin , “transferência da informação pode ser considerada como a
interação dinâmica entre três componentes: o usuário, o recurso de
conhecimento e os mecanismos intermediários entre o primeiro e o segundo
componentes”. (BELKIN, 1984, p.111)
A interação dinâmica referida realiza-se como uma ação social, uma
troca entre diferentes agentes. Para Lancaster, estabelece-se um ciclo
completo no processo de transferência da informação através de canais
formais. Os principais elementos do ciclo de transferência da informação são
os autores, os usuários, os editores primários e secundários, os centros de
informação e os Serviços de Bancos de Dados.
A importância deste ciclo de comunicação nunca é enfatizada o suficiente.
Com efeito, todos somos altamente dependentes dele. O progresso
econômico, social e industrial é um resultado dos descobrimentos
científicos
e
das
invenções
tecnológicas
[...]
Autores,
editores,
bibliotecários, cientistas da informação, indexadores, preparadores de
resumos e muitos outros desempenham todos um papel de grande
importância dentro deste ciclo de comunicação. Uma interrupção no ciclo
origina sérias conseqüências. A ciência mesma se estancaria se suas
realizações não fossem registradas, disseminadas e assimiladas de
maneira contínua e eficiente. (LANCASTER, 1978, p.1-2)
A preocupação com o registro das informações com a finalidade de
disseminação é muito antiga, remonta a Aristóteles. Foskett, em conferência
pronunciada em Brasília sobre o tema “Alguns aspectos sociológicos dos
sistemas formais de comunicação do conhecimento” afirma que:
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Aristóteles reconheceu claramente o valor do ‘livro’ como registro de um
tratado sistemático e uma discussão detalhada que precisasse ser
estudada amplamente, com a possibilidade de continuamente passar para
diante e para trás, de uma parte para outra. (FOSKET, 1973, p.3)
Em artigo intitulado “Cultural barriers to the international transfer of
information”, Menou chama a atenção para a importância das implicações
culturais das atividades de informação. Ele demonstra que os traços objetivos e
subjetivos de uma sociedade afetam a geração, apresentação, transferência e
uso da informação. (MENOU, 1983, p.121)
Nas cartas inéditas de Martius percebe-se, de um modo geral, a
preocupação do cientista com a publicação e a divulgação de seus trabalhos.
As dificuldades que o autor sente, e ainda hoje isso é verdadeiro, para publicar
seus textos, problemas com ilustração, financiamento e edição, entre outros,
estão evidenciados no conteúdo destas cartas.
Ainda nos tempos atuais, o autor, de um modo geral, elabora um texto e
tem compromisso com a disseminação do conhecimento produzido. Tal fato
parece estar relacionado com a responsabilidade social e com a satisfação
pessoal decorrente da sua criação e conseqüente contribuição.
No caso da carta de 13 de maio de 1823, escrita por Martius para o
pintor Rugendas, ficou registrado um dado muito importante para o estudioso
da Ciência da Informação: Martius dispensa os trabalhos de ilustração de uma
obra feitos por Johann Moritz Rugendas, importante artista alemão, por
priorizar a fidelidade na transmissão de informação. O trecho em que está
contido esse relevante dado é o seguinte:
Devo-lhe apresentar meu mais profundo agradecimento pela solicitude e
benevolência com o que V. Ilma. providenciou as ilustrações das folhas
enviadas. Contudo, aconteceu que – e vossa própria Sa. já preocupou com isto
– as cópias não se assemelham aos originais, pelo que eu sinto muito. Eu devo
reconhecer agora que preciso renunciar ao trabalho, tão quanto necessário,
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fora de Munique, onde eu tenho a possibilidade de assegurar inspeção
constante através de meu pintor, o que naturalmente ainda não lhe é possível
nem se pode exigir de V. Sa. Dessa forma, limitar-me-ei a deixar ilustrar tudo
por aqui, conquanto isso se dê de modo bem mais lento. Mais uma vez, Exmo.
Sr. Professor, meu muitíssimo obrigado. O Sr. Dr. Hertel terá a bondade de
levar-lhe de volta as despesas de 2 S.30 K (?).
A ilustração correspondente à carta de Martius, encontra-se abaixo.
Fig. 2 - Carta de 13 de maio de 1823, na qual Martius dispensa ilustrações de
Rugendas.
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Esta carta foi escrita em papel com formato de caderno, isto é, que se
abre em duas folhas. A carta inicia-se no anverso da primeira folha, e
encerra-se no verso da primeira folha. O anverso da folha dois está sem
conteúdo escrito, mas absorveu, como em um mata-borrão, a escrita
existente na primeira folha. No verso da segunda folha são colocados os
dados do destinatário como se fosse no envelope.
É curioso notar que nesse conjunto de cartas a menção nominal ao
destinatário é feita, de um modo geral, somente no verso da carta, à
moda de envelope.
Fig. 3 - Verso da carta de 13/05/1823, contendo dados do destinatário (Rugendas).
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4. DESCRIÇÃO DO DOCUMENTO
Para iniciar a apresentação das cartas, considerando-as como
documento, necessário se faz definir documento. De acordo com a
conceituação clássica e genérica,
documento é qualquer elemento gráfico, iconográfico, plástico ou fônico
pelo qual o homem se expressa. É o livro, o artigo de revista ou jornal, o
relatório, o processo, o dossiê, a correspondência, a legislação, a estampa,
a tela, a escultura, a fotografia, o filme, o disco, a fita magnética, o objeto
utilitário, etc., enfim tudo o que seja produzido por razões funcionais,
jurídicas, científicas, técnicas, culturais ou artísticas pela atividade humana.
(BELLOTTO, 1991, p.14)
A definição de documento elaborada pela especialista Suzanne Briet é,
segundo a própria autora, “a mais adequada atualmente, mas também a mais
abstrata e, portanto, a menos acessível”.
Eis a definição de Briet:
todo índice concreto ou simbólico, conservado ou registrado, com a
finalidade de representar, de reconstituir ou de provar um fenômeno físico
ou intelectual.
A autora questiona:
uma estrela é um documento? Um seixo levado pela torrente é um
documento? Um animal vivo é um documento? Não. Mas são documentos
as fotografias e os catálogos das estrelas, as pedras de um museu de
mineralogia, os animais catalogados e expostos num Zoo. (BRIET, 1970,
p.1)
É oportuno lembrar que as observações de Briet ocorreram muito antes
das drásticas mudanças trazidas pela sociedade da informação ou sociedade
do conhecimento (a tradução de sua obra por nós consultada é de 1970).
A inovação trazida por Briet, ao definir documento, parece ter sido a sua
compreensão mais abrangente de documento, como representação da
informação, indo além da idéia antes muito estreita que sempre ligava a
palavra documento ao sentido de prova ou ensino.
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Nesse sentido, portanto, é que o olhar do pesquisador da Ciência da
Informação enfoca as cartas de Martius; elas representam a informação de
como aquele grande cientista se preocupou com a produção, transferência e
disseminação do conhecimento acerca de seu objeto de estudo. Em quase
todas as cartas há um ou mais registros referentes aos vários assuntos como:
a ilustração de obras, pagamento a fabricante de papel, compra ou venda de
livros, correção tipográfica, apresentação de dissertação (Flora Brasiliensis).
Na carta de 15 de outubro de 1825, dirigida a um amigo, por exemplo,
refere não poder dar a notícia do nascimento de seu filho, que ainda não
aconteceu, e mostra muito pesar no dever de comunicar a morte do rei da
Baviera. É, portanto, uma carta muito pessoal e ainda assim há registro acerca
da publicação de sua obra Nova Genera. Seguem abaixo trecho e figuras
correspondentes:
Por muito que sinta e embora prefira hoje não falar de negócios, me vejo
obrigado a pedir-vos um favor a respeito da Nova Genera. As quatro
laudas [...] já enviadas para Weimar no mês de abril (dia 16) ao Sr. Heirich
Muller ainda não chegaram até agora, e ainda não obtive resposta a uma
carta já escrita há muitos meses .
(MARTIUS, 1825)
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Fig.4 – Carta de 15/10/1825 – carta pessoal
Fig.5 – Verso da carta de 15/10/1825.
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A seqüência cronológica dos 12 documentos foi a ordem adotada para
encaderná-los, protegidos por uma bela capa dura em tom verde com
ilustrações em dourado, medindo 25,6 x 27,7 x 1,5 cm (largura x altura x
espessura). A disposição dos documentos é a seguinte:
1. Carta de 23/02/1821 (19,4 x 24,1 cm – larg. x alt.)
2. Carta de 13/05/1823 (19 x 22,7 cm - larg.x alt.)
3. Carta de 15/08/1825 (20,6 x 25,2 cm – larg.x alt.)
4. Carta de 15/10/1825 (21 x 25 cm – larg.x alt.)
5. Carta de 30/01/1829 (18,7 x 23,2 cm – larg.x alt.)
6. Carta de 23/09/1837 (13,2 x 21,4 cm – larg.x alt.)
7. Lista bibliográfica de 11 títulos em italiano (20 x 13,3 cm – larg.x
alt.)
8. Carta de 18/08/1840 (21,5 x 26 cm – larg.x alt.)
9. Carta de 31/03/1842 (13,5 x 21,7 cm – larg.x alt.)
10. Carta de 28/04/1844 (27 x 34 cm – larg.x alt.)
11. Carta de 27/11/1848 (21,5 x 27 cm – larg.x alt.)
12. Carta de 18/10/1858 (17,4 x 21,5 cm – larg.x alt.)
De modo geral, o estado material dos documentos é bom, embora haja o
desgaste natural do papel que se encontra amarelado ou escurecido, com
rasgaduras nas bordas ou nos vincos. A tinta também apresenta manchas em
quase todas as folhas. Quase sempre as cartas apresentam dois vincos
verticais e dois horizontais, sugerindo que assim foram dobradas para o envio
ao destinatário. O tamanho é variado e ora é usado apenas uma folha frente e
verso, ora uma folha grande é dobrada em forma de caderno, constituindo-se
em duas folhas.
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O tipo de letra parece ser gótica cursiva, de uma bela aparência e difícil
tradução, por retratar costume de uma época passada (1821 – 1858).
A carta de 30 de janeiro de 1829, oferecendo obras para venda a uma
biblioteca, apresenta uma particularidade muito interessante: na parte da borda
inferior esquerda lê-se:
Karl Friedr. Philipp v. Martius,
O nome de Martius está grafado com tipo de letra e tinta diferentes do
texto, parecendo ser uma espécie de timbre no papel, localizado na parte
inferior esquerda. Seguem abaixo as ilustrações correspondentes a esta carta.
Fig.6 – Carta de 30/01/1829 – contém espécie de timbre
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Fig.7 – Detalhe da carta de 30/01/1829 – espécie de timbre
Algumas cartas apresentam o lacre vermelho contendo um selo, como é
o caso da carta de 31 de março de 1842, remetida em agradecimento pelo
envio de tipos de madeira para estabelecer a nomenclatura das madeiras que,
de acordo com Martius no texto da carta, diverge de província para província,
no Brasil. Segue abaixo a figura com a ilustração referida.
Fig.8 – Selo da carta de 31/03/1842.
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A lista bibliográfica que se encontra encadernada entre as cartas de 23
setembro de 1937 e 18 de agosto de 1840 contém 11 títulos de livros em
italiano, alguns traduzidos do espanhol ou do inglês e 1 título em espanhol.
Parece ser uma encomenda de compra, pois há referência a preço em lira
italiana, em cada linha.
É interessante observar os negócios de Martius nessas cartas, havendo
referência também à quantia em dinheiro, e dessa vez em réis, na carta de 30
de janeiro de 1829. Nesta carta ele efetiva um cálculo envolvendo 18,000 réis
mais 4,000, totalizando 22,000 réis que corresponderiam ao preço de obras por
ele oferecidas à venda.
O modo de Martius assinar as cartas difere, dependendo da pessoa a
quem é dirigida. Às vezes assina simplesmente Martius, outras vezes Dr.
Martius ou Dr. von Martius. Também a forma de tratamento utilizada no início e
no final é cerimonioso ou mais informal, dependendo do grau de relação entre
Martius e o destinatário.
As cartas encontram-se protegidas na encadernação já referida,
antecedidas por quatro folhas de guarda, havendo após o seu conjunto, mais
seis folhas de guarda precedendo a última capa.
Na capa lê-se apenas MARTIUS, impresso em dourado, não havendo
referência a qualquer título, a não ser uma anotação a lápis na primeira folha
de guarda, na qual lê-se: MARTIUS. Coleção de 12 cartas originais.
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5. APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DAS CARTAS EM PORTUGUÊS E
ALEMÃO
(Carta de 23 de fevereiro de 1821)
M. d. 23 de fevereiro de 1821
Ilustríssimo Senhor,
Tenho a honra de, depois de conferenciar com o Sr. Dr. Spix , responder à
bondosa pergunta sobre se o Dr. von Spix ou eu gostaria de ter uma audiência aberta,
que nem a minha saúde nem a dele permite que no momento um de nós marque tal
audiência. No que concerne aos motivos, os quais nos dão direito de sugerir os
mencionados senhores como sócios exteriores-regulares e correspondentes, não
deixamos de registrar já no primeiro memorial o fato de que aqueles senhores nos
prestaram serviços valiosos durante nossa viagem e que podem ser muito úteis em um
contato mais estreito com a Academia Bávara de Ciências, tanto em favor das ciências
como também em favor das coleções.
(próxima folha)
Com toda honra e consideração.
O servo mais obediente de V. Sa.
Martius
(Carta de 13 de maio de 1823)
Ilustríssimo e respeitabilíssimo Senhor Professor,
Devo-lhe apresentar meu mais profundo agradecimento pela solicitude e
benevolência com o que V. Ilma. providenciou as ilustrações das folhas enviadas.
Contudo, aconteceu que – e vossa própria Sa. já preocupou com isto – as cópias não se
assemelham aos originais, pelo que eu sinto muito. Eu devo reconhecer agora que
preciso renunciar ao trabalho, tão quanto necessário, fora de Munique, onde eu tenho a
possibilidade de assegurar inspeção constante através de meu pintor, o que naturalmente
ainda não lhe é possível nem se pode exigir de V.Sa.. Dessa forma, limitar-me-ei a
deixar ilustrar tudo por aqui, conquanto isso se dê de modo bem mais lento. Mais uma
vez, Exmo. Sr. Professor, meu muitíssimo obrigado. O Sr. Dr. Hertel terá a bondade de
levar-lhe de volta as despesas de 2 S. 30 K (?).
Muito me deixará contente receber logo notícias detalhadas de vosso querido
filho. De acordo com as notícias mais recentes, tudo está indo bem no Rio, bem como
no Brasil de modo geral, e antes receio (?) de guerras internas. Portugal perderá cada
vez mais sua influência sobre o Brasil, enquanto a Inglaterra fomenta a atual situação do
último país como de um país ainda não reconhecido o tempo que lhe convier.
Entretanto, isso tudo não poderá perdurar por muito tempo e provavelmente o jovem
império se levantará sem demora e glorioso sobre seus vizinhos e rivais. V. Ilma. tem a
minha palavra de que absolutamente não precisa temer pela segurança de vosso filho
nas atuais circunstâncias.
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Tenho portanto (Jedem) a honra de muito me recomendar a V. Ilma. despeço-me
com insigne e gratíssima estima.
Vossa Ilustríssima
Munique, 13 de maio de 1823
Seu obediente servo
(Assinatura)
(Carta de 15 de agosto de 1825)
A Vossa Ilustre Senhoria
Temos a honra de participar-lhe que enviamos ao fabricante de papel Schertz em
Estrasburgo uma ordem de pagamento de 105 f. 30x de V. Ilma., com a qual nós
descontamos juros e (?) (…) (…) a 4 M. (?) referentes ao atraso de pagamento de
1 viagem (Imp à)
44 fl.
2 (…) Roy à 33 f.
66110com [desconto] de 15e (3. Ordin à 4 fl.) da soma acima – enviamos. Dessa forma, solicitamos que
V.Ilma. entregue a quantia acima à H. Scherz. Até a páscoa vai se publicar a segunda
parte da Viagem.
Muito ficaríamos gratos a V.Sa. se se dignasse a conseguir que a Biblioteca
Municipal adquira as obras literárias, e nós faríamos um desconto no preço de
subscrição do que já foi publicado até agora. Será que não se poderiam encontrar em
Frankfurt mais amantes de edição oficial mediante pagamento a prazo de uma
subscrição?
Com altíssima estima nós (...) Va. Sa.
Munique, 15 de agosto de 1825.
Seus dedicados servos
Dr. von Spix e Dr. von Martius.
Spix e Martius
17 de agosto de 25 [o número 7 está sobrescrito com um 6 ou vice-versa]
Va. Senhoria
Ao Sr. Livreiro Wilmans
Frankfurt do Meno
(Carta de 15 de outubro de 1825)
Respeitabilíssimo Senhor e Amigo,
22
Em vez de poder dar-vos a agradável notícia do feliz parto de minha esposa –
pelo que nós em vão ainda esperamos – escrevo hoje para expressar o sentimento de
tristeza geral pelo muito amado pai de nossa nação. Muito, muito perdeu a Baviera junto
com esse nobre monarca. A consternação e a tristeza são gerais e indizíveis. Por muito
que sinta e embora prefira hoje não falar de negócios, me vejo obrigado a pedir-vos um
favor a respeito da Nova Genera. As 4 laudas (Tafeln) (n.º 100 Gg. (?) 70. 72) já
enviadas para Weimar no mês de abril (dia 16) ao Sr. Heirich Müller ainda não
chegaram até agora, e ainda não obtive resposta a uma carta já escrita há muitos meses.
Visto que o volume inteiro se encontra pronto até a lauda 100 e só aguarda estas laudas,
esta demora torna-se em muitos aspectos bastante aborrecedora. Eu tomei por isso a
liberdade de importunar-vos algumas semanas atrás com algumas linhas e com certa
urgência preciso suplicar-vos que conclua aquele trabalho em Weimar. Eu próprio
também escreverei ainda ao Sr. Müller. Finalmente, Va. Sa. se aborreceria comigo se eu
vos pedisse mais um favor? Em Leipzig encontram-se, com o Sr. Rein ou talvez os
[exemplares] devolvidos desde Hamburgo ao Sr. Perthes, juntamente com os restantes
vários exemplares do primeiro caderno (...) Nova Genera In-4º que eu preciso
urgentemente. Você me faria o favor de providenciar que eu receba o quanto antes
aqueles exemplares com (Buchhändlergelegenheit)?
Faz quatro dias que a Sra. minha sogra chegou bem de Schlehdorfhain. Ela sente
muito sua ausência e a [ausência] de toda a família. Todos nós apresentamo-vos nossos
cumprimentos e à família Campista (?) com toda afeição. Eu, por outro lado, aqui
termino com profunda consideração e sincera amizade
para V. Ilma.
Munique, 15 de outubro de 1825.
Seu mais dedicado
Martius
(Carta de 30 de janeiro de 1829)
Anexo (?) n.º 15
Munique, 30 de janeiro de 1829
Ilustríssimo Senhor,
Muito estimado Senhor (Hofrath),
Por um acaso eu recebi de Portugal 9 volumes das Memórias de Lisboa e 5
volumes das Memórias Econômicas, que são para minha biblioteca grandes e valiosos
demais. Por isso, tomo a liberdade de perguntar se V. Ilma. (Hochdieselben) não
precisaria de tais volumes para a Biblioteca da Universidade?
O preço dessas Memórias em Portugal é de (…) 9 volumes – 1825
= 18.000 réis
[O preço das] Memórias Econômicas 4.º
5 volumes – 4.000
= 22.000 réis
Mil réis = 2f 46 K. e frete até Munique 8 fl. 48 X, em soma aero possívelmente
40x.
23
Da próxima vez terei a honra de remeter a V. Il.ma (Hochdenselben) o início da
terceira parte da Nova Genera e da Viagem (?) Permita-nós a nossa mais profunda
estima e consideração para V.Ilma.
Munique, 29 de janeiro de 1829.
Seu dedicadíssimo servo (…) (…)
Von Martius
(…)
(A próxima página contém dados bibliográficos mais exatos acerca das Memórias da
Academia Real das Ciências de Lisboa e Memórias Econômicas da Academia Real das
Ciências de Lisboa e está datada de 1.º de abril de 1829)
(Carta de 23 de setembro de 1837)
Meu caro amigo,
Retome, através desta, com meu muito obrigado pela amável execução desta
questão, o formulário de correções. Queira o tipógrafo corrigir novamente com bastante
esmero o que já foi corrigido!
Caso a tipografia já tenha chegado a tal ponto que o colóquio V[5] “A exigência
da época para o cientista natural” tenha ficado (?) em Munique (dem Ms.) e ainda não
tenha sido enviado a mim, possa ser integrado na Viagem, peço então para passar logo
na seqüência para o colóquio “A (?) influência da natureza”, pois que esta pode da
mesma forma esperar para mais tarde. Também envio-lhe o diagrama do tipo das
florescências dispostas em três níveis, que ao mesmo tempo poderia ser entalhado com
as dispostas em cinco níveis diante do mesmo diagrama sobre o mesmo calço.
Brevemente sigo para Munique e espero visitar-vos saindo de lá.
Ficai bem. Sinceramente do seu dedicado
Martius
23 de setembro de 37
Schlehdorf
Peço-vos para ler também o que vem na página seguinte.
(Página seguinte, que ainda pertence a esta carta)
Um exemplar sobre papel mais fino é, em todo caso, necessário para mim. Dessa
forma, peço-vos que pergunteis ao tipógrafo se ele pode adquirir tal (…) Velin?) por
minha conta. Após verificação acurada, achei necessário fazer algumas mudanças
essenciais no texto. Reconheço que será uma grande benfeitoria de sua parte se V Il.ma
mantiver a atenção tanto do tipógrafo (a quem pagarei extra) quanto em seguida do
corretor e possa fazer valer vossa influência em favor de uma correção a mais correta e
limpa possível.
Por favor enviai-me as folhas de correção (Aushängebögen) com as próximas
correções.
24
(Lista bibliográfica de 11 títulos em italiano – alguns traduzidos do espanhol ou do
inglês – e um título em espanhol. Parece ser uma encomenda de compra, porque há
sempre um preço em lira italiana no final de cada linha)
Martius Narsensii de homine. (…) 5 liras
Benzoni Storia del nuovo mundo (pág. 101) Ven. 1572.8. 4 liras
Coleti Diz. St-geogr. Dell’America meridionale Ven. 1771. T.2.4./pIII./ 6 liras
Colombo Lettra riprodotta del Morelli. Bas. 1810.8./p.III 3 liras
Gilli Saggio Historia Americana Roma 1781 (1B.8./p.121) 12 liras
Lopez Storia generale dell Indie occidentale trad. (…) (…) (…) Cravaliz(?) Roma
1556.4./p.127/ 5 liras
Mantegazza Viaggio a S. Domingo Mil. 1803.8 /p. 129 3 liras
Pigafetta Orimo Viaggio intorno il globo ed. Ancoretti (?) Mil. 1800.4. /p.137/ 9 liras
Thevet Stor. Dell’India americana trad. Dall Horrlogi (?) Vem. 1561.8. /p.149/ 4 liras
10
Se essa edição não estiver mais disponível, a de 1584.8. a 4 liras
A costa della virtu ke natura delle Trophe (?) Ven. 1585.4. /p.236/ liras 7 (?)
Cavanilles Coleccion de papeles/p.240/Madr.8. p6. Liras 6 (?)
Martius
(Carta de 18 de agosto de 1840)
Meu caro amigo!
Há meses aguardo em vão por uma resposta positiva ao meu pedido de
presentear-nos com uma contribuição de vossa pena à Memória que se encontra para
impressão em Regensburgo com uma contribuição [sic]. Hoje eu repito minha pergunta.
Como me disse o Sr. Schimper de Estrasburgo, V. Ilma. está disposto a vir a Erlangen
para o Encontro dos Naturalistas. Não se deixe dissuadir desse belo plano por nada.
Anexa vai uma carta para meu amigo brasileiro Natterer, que irá ter com V. Ilma. em
Karlsruhe. Caso ele já tenha continuado sua viagem, queira por favor ter a bondade de
enviar a carta posta restante para Paris, e, caso Natterer não apareça 8 dias após V. Ilma.
ter recebido estas linhas feitas à pressa, tenha a bondade de, da mesma forma, enviá-la
para Paris.
Felicidades!
Com votos de estima e consideração.
O vosso
Martius
18 de agosto de 1840.
(Próxima folha)
Sr.
Ao Ilustríssimo Senhor
Professor Alexander Braun
do gabinete naturalista do grão-duque
em
livre
Carlsruhe
25
(Carta de 31 de março de 1842)
Recebida em 13 de abril de 1842
Ilmo. Exmo. Sr.!
V. Ilma. proporcionou-me uma grande alegria ao gentilmente enviar-me os tipos
de madeira brasileira, pelo que eu vos agradeço sinceramente. Espero eu também estar
em condições de dar-vos notícias exatas sobre as plantas-mães (Mutterpflanzen) de cada
tipo de madeira que V. Il.ma mencionou. Por enquanto eu, porém, não me atrevo a isso,
pois meus estudos sobre as árvores aproveitáveis dão o resultado de que elas têm um
nome diferente quase em cada província, pelo que fica ainda dificílimo estabelecer a
nomenclatura, de forma que quase se pode afirmar que parece mais conveniente adiar
também os nomes genéricos, embora eu já pudesse informar os de algumas plantas em
questão. Eu aguardo uma grande remessa de tais materiais do Brasil e então não
esquecerei de participar-vos dos resultados de minhas pesquisas.
Aceite meus votos de insigne estima com a qual eu me recomendo.
Ao Vosso Ilmo. Sr.
Munique, 31 de março de 1842
Com dedicação e gratidão,
(…) Martius
(Carta de 28 de abril de 1844)
Nobilíssimo Príncipe,
Clementíssimo Príncipe e Senhor,
Pois a magnânima participação de Vossa Altíssima Excelência em minha
carreira literária há mais de vinte anos nunca deixou de ser para mim causa de
alegríssimo orgulho e e profunda gratidão, talvez eu possa ousar me apresentar
brevemente a V. Excelência, apresentando com honra e humildade a dissertação em
anexo, aproveitando a ocasião para recomendar a mim e a Flora Brasiliensis, trabalhada
em cooperação com o Professor Endlicher, sob constante patrocínio de Vossa
Excelência.
Com os sentimentos de eterna gratidão e no desejo de expressar indizível
veneração, despeço-me de Vossa Excelência (ersterbe ich Euer Hochfürstlichen
Durchlaucht).
Munique, 28 de abril de 1844
De seu súdito mais dedicado
Dr. von Martius
26
(Carta de 27 de novembro de 1848)
Ilmo. Sr.,
Considero-me obrigado a esclarecer que só posso esperar mais tardar até 15 de
dezembro deste ano por um esclarecimento definitivo do seu (Principal) e, caso não
chegue (einlangt) até então resposta satisfatória à minha oferta já bem definida e que V.
Il.ma certamente já lhe informou, posso desistir de maneira alguma do retorno para uma
outra negociação, por enquanto suspensa, na qual se me mostre por escrito mais
engajamento (Empressement).
Com votos de estima e consideração para V.Sa.
Munique, 27 de novembro de 1848.
De seu muito dedicado Dr.
Martius
(Carta de 18 de outubro de 1858)
Exmo. Sr. Diretor,
Da obra R. Wight Icones plantar. Indiae orientalis posso adquirir para V. Exa.
ainda um exemplar a 10 libras esterlinas, e terei a honra de remeter-lho no início de
novembro, caso eu venha para a cidade. Se houver pressa, peço que mo informe, para
que eu possa fazer as encomendas necessárias. Contudo, preferiria que isso pudesse
aguardar para aquele momento.
Com respeito e consideração de seu dedicado servo
Schlehdorf, 18de outubro de 1858
Martius
(Brief vom 23. Februar 1821)
M. d. 23. Febr. 1821
Euer Hochwohlgebohren
habe ich die Ehre auf die gütige Anfrage, ob Dr. v. Spix oder ich eine öffentliche Rede am 28
May halten wollen, nach Rücksprache mit Herrn Dr. Spix zu erwiedern, daß weder seine, noch
meine Gesundheit gegenwärtig erlauben, eine solche Rede zu übernehmen.
In Betreff der Motive, welche uns berechtigen, die bewußten Männer zu Ehrenauswärtigordentlichen und/s (?) correspondierenden Mitgliedern vorzuschlagen, haben wir nicht
unterlassen, solche schon bey der ersten Eingebe beyzusetzen, nehmlich, daß jene Männer
uns während unserer Reise außerordentliche Dienste geleistet haben und in einer näheren
Verbindung mit der B.[ayrischen] Akademie d.[er] W.[issenschaften] sowohl für Wissenschaft
und (?) für die Sammlungen höchst nützlich werden können.
(nächstes Blatt)
Ich habe die Ehre mit aller Hochachtung zu seyn
Euer Hochwohlgebohren
Gehorsamster Diener
Martius.
27
(Brief vom 13. Mai 1823)
Wohlgebohrender
hochzuverehrender Herr Professor!
Ich sage Ihnen den verbindlichsten Dank für die Bereitwilligkeit womit Sie die Güte hatten die
Illumination der übersendeten Blätter zu besorgen. Es trifft aber damit ein, was Euer
Wohlgebohren selbst schon besorgten, dass nämlich die Copien dem Originale nicht
gleichkommen, was mir sehr leid thut. Ich sehe nun wohl ein, dass ich darauf verzichten muss,
die Arbeit so wie sie nöthig ist ausser München zu erhalten, wo ich durch meinen Maler
beständige Aufsicht zu sichern vermag, was natürlich bei Euer Wohlgebohren nicht möglich,
noch zu verlangen ist. Ich werde mich daher darauf beschränken, alles hier illuminieren zu
lassen, obgleich es viel langsamer geht. Nochmals, bester Herr Professor, meinen herzlichen
Dank! H. Dr. Hertel hat die Güte Ihnen die 2 f. 30 K (?) Auslage zurückzubringen.
Rechtsehr soll es mich freuen, recht bald ausführliche Nachrichten von Ihrem braven herrn
Sohn zu erhalten. Nach den neusten Nachrichten steht es in Rio wie überhaupt in Brasilien
recht gut und eher Furcht(?) vor inneren Kriegen. Portugal wird seinen Einfluss auf B. immer
mehr verlieren, während England die jetzige Lage des letztern Reiches, als eines noch nicht
anerkannten, so lange fomentiert, als es ihm zu frommen scheint. Das alles kann aber nicht
lange bestehen und wahrscheinlich erhebt sich das junge Kaiserreich recht bald und glorios
über seine Nachbarn u. Rivalen. Euer Wohlgebohren haben, meines Dafürhaltens, bei solchen
Umständen gar nichts für die Sicherheit Ihres H. Sohnes zu fürchten.
Jedem (?) ich die Ehre habe mich Ihnen recht sehr (zu) empfehlen verbleibe ich mit
augezeichneter Hochachtung und dankbarst
Euer Wohlgebohren
München, d. 13. Mai
1823
gehorsamer diener
(Unterschrift)
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- -----(Brief vom 15. August 1825)
Euer Wohlgebohren
beehren wir uns anzuzeigen, daß wir dem Papierfabrikanten Schertz in Strasburg eine
x
Anweisung à 105 f. 30 auf(?) Euer Wohlgebohren übersendet haben, wodurch wir die für
1 Reise Imp à
44 fl.
2 (…) Roy à 33 f.
66110mit 15 Rab.[att]
und 3. Ordin. à 4 fl. (?) ausständige obige Summe einziehen – übersendet haben. Wir
ersuchen Sie daher obige Summe auf H. Scherz abzugeben. Bis Ostern erscheint der 2. Theil
der Reise.
Recht sehr würden Euer Wohlgebohren uns verbinden wenn Sie sich gefälligst für die
Abnahme der literarischen Werke bei d[er] Stadtbibliothek verwenden wollten, u. wir würden
das bisher Erschienene um den Subsc. Preis ablassen. Sollten sich in Frankfurt nicht auch
mehr Liebhaber für die Ord. Ausgabe durch Fristung einer Subscription finden lassen?
Mit ausgezeichneter Hochachtung erfreuen(?) wir Euer Wohlgebohren
München d. 15. Aug. 1825
Ergebene Diener
Dr. v. Spix u. Dr. v. Martius
28
Spix e Martius
d. 17. Aug.25 [die Sieben ist mit einer Sechs überschrieben oder umgekehrt]
Euer Wohlgebohren
Den Herrn Buchhändler Wilmans
Frankfurt a.M.
(Brief vom 15. Okt. 1825)
Verehrtester Herr und Freund!
Anstatt Ihnen die erfreuliche Nachricht von der glücklichen Entbindung meiner Frau geben zu
können – worauf wir immer noch vergeblich warten, schreibe ich heute im Gefühle der
allgemeinen Trauer um unseren vielgeliebten Landesvater. Viel, sehr viel hat Baiern mit diesem
edelen Monarchen verloren! Die Bestürzung und Trauer ist allgemein und unaussprechlich! So
leid es mir thut, bin ich heute genöthigt, während ich lieber gar nicht von Geschäften reden
möchte, Sie um eine Gefälligkeit (hin)? sichtlich der Nova Genera zu bitten. Die bereits im
Monat April (d. 16.) nach Weimar an H. Heinrich Müller übersandten 4 Tafeln n° 100. Bg. 70.
72. sind immer noch nicht eingetroffen, u. auf einen bereits vor mehreren Monaten
geschriebenen Brief habe ich immer noch keine Antwort. Da jetzt der ganze Band bis T[afel]
100 fertig liegt u. nur auf diese Tafeln wartet, so ist nur diese Verzögerung in vieler Hinsicht
äußerst verdrießlich. Ich habe mir die Freiheit genommen, Sie bereits vor einigen Wochen
deshalb mit einigen Zeilen zu behelligen, u. muss Sie nun dringend bitten, die Beendigung
jener Arbeit in Weimar gefälligst zu veranlassen. Ich schreibe auch selbst noch an H. Müller.
Endlich, werden Sie mir böse werden wenn ich Sie um noch eine Gefälligkeit angehe? In
Leipzig liegen nebst den übrigen bei H.Rein oder vielleicht auch die H.Perthes v. Hamburg
zurücksandte schon bei H. Fried. Fleischer mehrere Exemplare des ersten Heftes (...) Nova
Gerera in 4to die ich ebenfalls sehr notwendig habe. Wollten Sie wohl die Gefälligkeit haben
und dafür sorgen, dass mir solche sobald als möglich mit Buchhändlergelegenheit zukommen?
Meine Frau Schwiegermutter ist vor 4 Tagen glücklich von Schlehdorfhain angekommen. Sie
vermißt nebst der ganzen Familie, immer erschmerzlich Ihre Abwesenheit. Wir alle empfehlen
uns Ihnen und der (…) Campistenfamilie (?) auf das herzlichste u. angelegentlichste. Ich aber
verbleibe mit innigster Hochachtung u. wahrer Freundschaft
Euer Wohlgebohren
München d. 15. Okt. 1825
ergebenster Martius
(Brief vom 30. Januar 1829)
Beylage(?) No. 15
München am 30. Jan. 1829
Wohlgebohrener Herr!
Hochgeehrtester Herr Hofrath!
Durch einen Zufall habe ich aus Portugal die Series der Lissaboner Denkschriften 9 Vol. u. der
Memor. economicas 5 Vol. erhalten, welche für meine Bibliothek zu groß u. kostbar sind. Ich
nehme mir daher die Freiheit, Hochdieselben zu fragen, ob Sie solche nicht für die
Univers.Bibl. brauchen könnten?
Der portug. Preiß ist für die Denkschriften fol. 9 Vol. – 1825
= 18,000 Reis
29
[für die] Memor. Econ. 4.° 5 Vol. = 4,000
22,000 Reis
Tausend Reis = (2f) 46 (K.). u. Fracht bis München 8 (fl.). 48 (X), in Summen aero Ggf. 40x. (?)
Nächstens werde ich die Ehre haben Hochdenselben den Anfang des dritten Theils der Nova
Genera u. der Reise zu übersenden. Genehmigen Hochdenselben die Versicherung größter
Hochachtung von Euer Wohlgebohren
München d. 29. Jan. 1829
Ergebensten (…) (…)
v.Martius
(…)
(nächstes Blatt enthält genauere bibl. Angaben zu Memorias da Academia Real das Sciencias
de Lisboa und Memorias economicas da Academia Real das Sciencias de Lisboa und ist
datiert auf den 1.April 1829)
(Brief vom 23. Sept 1837)
Meiner theurer Freund!
Sie erhalten hier, mit meinem herzlichsten Dank für die gefällige Besorgung von dieser
Druckangelegenheit den Correcturbogen zurück. Möge der Setzer das Corrigierte noch recht
fleißig berichtigen!
Sollte der Satz bereits so weit gediehen seyn, dass die Rede V[5] “die Anforderung der Zeit an
den Naturforscher” dem Ms. in München liegen geblieben u. mir noch nicht zugeschickt worden
ist, in die Reise käme, so bitte ich gleich auf die Folg[e]rede“der magische Einfluß der Natur”
überzugehen, da dieselbe ebenso gut später kommen kann.
Zugleich sende ich Ihnen das Diagramm des Typus der 3gliedrigen Blüthe, welches zugleich mit
den 5gliedrigen u. vor dasselbe auf denselben Pflock einzuschneiden wäre.
Ich gehe nächstens nach München u. hoffe Sie von dort aus zu besuchen.
Leben Sie einst weile wohl. Ihr herzlichst
ergebener
Martius
23. Sept 37
Schlehdorf
Ich bitte auch zu lesen was auf der folgenden Seite steht.
(página seguinte que ainda pertence a esta carta)
Ein Exemplar/Exemplum (?) auf feineres Papier ist mir jedenfalls nothwendig. Ich ersuche
daher, den H. Drucker zu veranlassen, solches ((…) Velin) auf meine Kosten anzuschaffen.
Bei genauerer Prüfung, hab’ ich es nothwendig gefunden einige wesentliche Änderungen im
Texte zu machen. Ich erkenne es als ein große Güte von Ihrer Seite an, wenn Sie sowohl den
Setzer (den ich dafür extra honoriren werde) als den Corrector hierauf aufmerksam machen, u.
überhaupt Ihren Einfluß darauf geltend machen wollten, daß möglich richtig u. sauber corrigiert
werde.
Die Aushängebögen bitte mir mit den nächsten Correcturen senden zu lassen…..
30
lista bibliográfica de 11 títulos em italianos – alguns traduzidos do espanhol ou do inglês – e
um título espanhol. Parece uma encomenda de compra porque há sempre um preço em lira
italiana no final de cada linha).
Martius Narnensii de homine. (...) 1490
5 lire
Benzoni Storia del nuovo mundo (pag. 101) Ven. 1572.8.
4L
Coleti Diz. St-geogr. Dell’America meridionale Ven. 1771. t.2.4./p.III./ 6 L
Colombo Lettra riprodotta del Morelli. Bas. 1810.8./p.III/
3L
Gili Saggio Historia Americana Roma 1781 1B.8. /p.121) 12 L
Lopez Storia generale dell Indie occidentale trad. (...) (...) (...) Cravaliz(?)
Roma 1556.4. /p.127/
5L
Mantegazza Viaggio a S.Domingo Mil.1803.8 /p.129/ 3 L
Pigafetta Primo viaggio intorno il globo ed. Ancoretti(?) Mil.1800.4. /p.137/ 9 L
Thevet Stor. Dell’India americana trad. Dall Horrlogi(?) Ven. 1561.8. /p.149/ 4 L 10
Wenn diese Ausgabe nicht mehr dawäre die von 1584.8. zu 4 L
A costa della virtu ke natura delle Trophe(?) Ven.1585.4. /p.236/ L 7
Cavanilles Coleccion de papeles /p.240/ Madr.8. p6. L 6
Martius
(Brief vom 18 Aug. 1840)
Mein lieber Freund!
Seit Monaten harre ich vergeblich auf eine freundliche Antwort auf meine Bitte, uns einen
Beitrag zu der in Regensburg im Drucke befindl.[ichen] Denkschrift einen Beitrag [sic] aus Ihrer
Feder zu schenken. Ich wiederhole heute meine Anfrage noch einmal! Wie mir Hr. Schimper v.
Strasburg sagte sind Sie gesonnen nach Erlangen zur Versammlung der Naturf.[orscher] zu
kommen. Lasse Sie sich von diesem schönen Plan doch ja durch nichts abbringen. Beiliegend
erhalten Sie einen Brief für meinen brasil.[ianischen] Freund Natterer, der Sie in Karlsruhe
aufsuchen wird. Sollte er schon weiter gereißt seyn, so haben Sie wohldie Güte, den Brief poste
restante nach Paris zu senden, u. findet sich Natterer 8 Tage nach Empfang dieser flüchtigen
Zeilen nicht bei Ihnen ein, so belieben Sie in gleicher Weise den Brief nach Paris laufen zu
lassen.
Leben Sie wohl!
In herzlicher Neigung u. Hochachtung
der Ihrige
Martius
18. Aug. 1840
(Nächstes Blatt)
Sr.
wohlgebohren dem Herrn
Professor Alexander Braun
(…) des großhrzl.(großherzöglichen) Naturalien-Kabinetes
in
frei
Carlsruhe
(Brief vom 31. März 1842)
erhalten am 13 ten April 1842
Wohlgeborener, Hochgeehrtester Herr!
Euer Wohlgeboren haben mir durch die gefälligeUebersendung der brasilianischen Holzarten
eine große Freude gemacht, und ich danke Ihnen dafür auf das Verbindlichste. Ich hoffe im
Stande zu sein, Ihnen später auch noch ganz bestimmte Nachrichten über die Mutterfplanzen
31
der einzelnen Holzarten, welche Sie namhaft machen, geben zu können. Fürs Erste wage ich
dies aber noch nicht, denn meine Studien über die Nutzbäume geben das Resultat, daß sie
fast injeder Provinz enen anderen Namen haben, wodurch es zur Zeit noch unendlich schwierig
wird, die Nomenklatur festzustellen, so daß es fast zweckmäßiger erscheinen dürfte, auch die
generischen Namen welche ich allerdings von manchen der hirher [sic] gehörigen Gewächse
angeben könnte, zu verschieben. Ich erwarte eine große Sendung solcher Materialien aus
Brasilien und werde dann nicht vergessen Euer Wohlgeboren die Resultate meiner
Untersuchungen mitzutheilen.
Genehmigen Sie die Versicherungen ausgezeichneter Hochachtung, womit ich die Ehre habe
zu verharren
Euer Wohlgeboren
München den 31 März 1842
dankbar ergebener
Diener Dr. Martius
(Brief vom 28. April 1844)
Durchlauchtigster Fürst!
gnädigster Fürst und Herr!
Wenn Euer Hochfürstlichen Durchlaucht gnädigsteTheilnahme an meiner literarischen Laufbahn
seit mehr als zwanzig Jahren nicht aufgehört hat für mich Gegenstand freudigsten Stolzes und
innigster Dankbarkeit zu seyn, - so darf ich es wohl wagen, mich Höchst-Denselben für enen
Augenblick vorzustellen, indem ich die beifolgende Abhandlung gehorsamst zu überreichen,
mich beehre und davon Veranlassung nehme, mich und die gemeinschaftlich mit Prof.
Endlicher bearbeitete Flora Brasiliensis in den fortwährenden Schutz Euerer Hochfürstlichen
Durchlaucht zu empfehlen.
In den Gefühlen unauslöschlichen Dankes und unaussprechlicher Verehrung ersterbe ich
Euer Hochfürstlichen Durchlaucht
München, den 28. April
1844
unterthänig gehorsamster
r
D vMartius
(Brief vom 27.November 1848)
Euer Wohlgebohren
halte ich mich für verpflichtet zu erklären daß ich nur bis spätestens 15. Dec.[ember] d.[es]
J.[ahres] auf eine definitive Erklärung Ihres Herrn Principals warten kann u. wenn bis dahin
keine erkleckliche Antwort auf mein ganz bestimmtes Angebot, das Sie ja wohl gemeldet
haben, einlangt, ich mich in keiner Weise von Wiederaufnahme einer andern, jetzt ruhenden
Verhandlung abhalten kann, bei der man mir schriftlich mehr Empressement zeigt.
Mit Hochachtung Euer Wohlgebohren
München 17. Nov. 1848
ganz ergebener Dr.
Martius
32
Brief vom 18. Oktober 1858)
Hochgeehrtester Herr Director!
Vondem Werke R. Wight Icones plantar. Indiae orientalis kann ich Ihnen noch ein Ex.[emplar]
zu 10 ₤ Sterl.[ing] verschaffen, u. werde es Anfang November, wenn ich zur Stadt komme zu
übersenden die Ehre haben. Sollte es Eile haben, so bitte ich, es mir zu melden, damit ich die
nöthigen Aufträge ertheile; doch ist es mir lieber, wenn es bis zu jener Zeit anstehen darf.
Hochachtungsvollst ergeben
Schlehdorf 18 Oct. 1858
Martius
6. IMAGENS
Algumas cartas que foram analisadas no texto deste trabalho já
apresentaram como ilustração as fotos correspondentes. Neste tópico,
seguem as demais fotos, bem como uma foto da capa do documento e uma
foto de Friedrich von Martius, do ano de 1850.
Capa do documento
Carta de 15/08/1825 – ao livreiro Wilmans
33
Carta de 23/09/1837-sobre impressão de obra
Verso da Carta de 23/09/1837
Carta de 31/03/1842-escrita por secretário?
Verso da carta de 31/03/1842
34
Carta de 18/08/1840-a amigo solicitando artigo
Carta de 27/11/1848-prazo para compromisso
Carta de 18/10/1858-aquisição de obra
Friedrich von Martius - 1850
35
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A região amazônica, cenário próprio ao desenvolvimento da investigação
científica por suas características naturais de extensão e biodiversidade, revela
inexpressivos níveis de realização de pesquisa, se comparada aos padrões da
região sudeste, onde se concentram os grandes investimentos nesta área,
realidade que precisa ser transformada.
Desde o século XIX, muitos estudiosos estrangeiros lançaram-se a
estudos científicos sobre o Brasil e dentre esses, Friedrich von Martius
destacou-se, deixando uma vasta colaboração, inclusive para a região
amazônica.
A idéia de estudar sua obra sob o enfoque da Ciência da Informação
iniciou-se em decorrência da leitura de um resumo em português do conteúdo
das cartas existentes na Biblioteca Central da UFPA, gentilmente elaborado
pelo Prof. Erwin Theodor Rosenthal, da Universidade de São Paulo, a pedido
do Prof. Clodoaldo Beckmann.
Friedrich von Martius foi mais do que um cientista, foi um humanista, um
educador. A leitura de seu romance possibilita conhecer um pouco de sua
personalidade e deixa transparecer seu encantamento pela Amazônia.
As cartas analisadas neste trabalho, embora em número pequeno
quantitativamente, constatam a determinação do cientista em produzir e
disseminar informação científica sobre o Brasil e, especialmente, sobre a
Amazônia. Martius mostrou-se extremamente cuidadoso em retratar com
fidelidade aquilo que viu, preocupando-se em encomendar as ilustrações para
suas obras a pintor sob sua constante vigilância, para garantir a confiabilidade
na representação da informação.
36
Em prosseguimento a estes estudos há o propósito de investigar mais
obras de Friedrich von Martius em um projeto de pesquisa a ser brevemente
elaborado e que deverá possibilitar a reconstrução dos caminhos de Martius na
Amazônia pela informação.
REFERÊNCIAS
ARTISTAS alemães na América Latina: pintores e naturalistas do século
XIX ilustram um continente. Tradução: George Sperber. Berlim: Instituto
Ibero-Americano, Patrimônio Cultural Prussiano, 1978. 148 p. il.
BELKIN, N. J. Cognitive models and information transfer. Social Science
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