história das telecomunicações

Transcrição

história das telecomunicações
HISTÓRIA DAS
TELECOMUNICAÇÕES
HISTÓRIA DAS
TELECOMUNICAÇÕES
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PROGRAMA EDUCATIVO - MUSEU DAS TELECOMUNICAÇÕES
COORDENAÇÃO GERAL BIA JABOR | COORDENAÇÃO EXECUTIVA TATIANA ASSUMPÇÃO RICHARD
PROGRAMAS PARA MULTIPLICADORES ADRIANA FONTES | ARTE EDUCADORES ANA RONDON,
EDUARDO MACHADO, HUGO RICHARD, KEYNA MENDONÇA E ROBERTA CONDEIXA
ESTAGIÁRIOS ANITA SOBREIRA, CAROLINA CAMBARÁ E ROSANA DA SILVA
ESTAGIÁRIO DE PRODUÇÃO PABLO MATOS | ASSISTENTE CAROLINA PRESTES
CADERNOS EDUCATIVOS
EQUIPE EDITORIAL ADRIANA FONTES, ALEXANDRE GUARNIERI, ANALU CUNHA E BIA JABOR
CONSULTORES ETHEVALDO SIQUEIRA, FRANCISCO RÉGIS LOPES RAMOS, JOÃO FONSECA, JOÃO MODÉ
E LUIZ GUILHERME VERGARA | REVISÃO DE TEXTO ROSEANE LUZ
PROJETO GRÁFICO 32BITS™ CRIAÇÕES DIGITAIS
MUSEU DAS TELECOMUNICAÇÕES / OI FUTURO
DIREÇÃO/CURADORIA MARIA ARLETE GONÇALVES | MUSEOLOGIA TATIANA LAURA
INFRA-ESTRUTURA/TECNOLOGIA TAISSA THIRY | CENTRO DE PESQUISA BRUNA QUEIROZ
COORDENAÇÃO EDITORIAL SHIRLEY FIORETTI | WEB FERNANDA SARMENTO
MUSEU DAS TELECOMUNICAÇÕES
RUA DOIS DE DEZEMBRO, 63 - FLAMENGO
WWW.OIFUTURO.ORG.BR/MUSEU
TEL: 3131-3050
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“infotenimento”
Espaço da memória, da experimentação e da contemporaneidade, no Museu das
Telecomunicações o visitante constrói seu próprio tempo. Para contar a aventura
da comunicação humana, nosso programa educativo, ao mesmo tempo em que
aprofunda informações técnico-científicas, não perde de vista seu caráter de
educação informal. Aqui, se aprende brincando.
Assim, o Museu se destaca como espaço de diversão e conhecimento, onde a
tecnologia da comunicação vai além de si mesma, expandindo-se como ferramenta
para transformação do pensamento humano.
Numa visita customizada como esta, feita sob medida para estabelecer uma relação
pessoal com a história, com os objetos e documentos expostos, cada visitante é, ao
mesmo tempo, espectador e protagonista.
Prepare-se para selar um pacto com outro tempo, marcado logo na entrada por sua
própria imagem refletida num jogo de espelhos. Na saída, o ciclo se fecha com uma
última passagem que nos remete diretamente ao útero materno, sincopado pelo
mais primitivo dos sons: a nada tecnológica batida do coração.
Conheça. Interaja. Pergunte. Experimente. Emocione-se. Divirta-se.
E faça dessa visita de hoje, aquele momento inesquecível do futuro.
Maria Arlete Gonçalves
Diretora Oi Futuro
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Caro educador/multiplicador,
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Os museus e centros culturais são hoje, antes de qualquer coisa, espaços para o
desenvolvimento da experiência e da educação. Um lugar para se pensar, fazer, discutir,
interagir e aprender através da arte e dos objetos que compõem o seu acervo. O programa
educativo do Museu das Telecomunicações, no espaço cultural Oi Futuro, elaborou este
material especialmente para os professores, educadores e responsáveis pelos grupos que
tenham interesse em visitar o museu e aprofundar seus conteúdos, assim como multiplicar
sua abrangência pedagógica.
Mais do que nunca, professores e educadores buscam novas ferramentas de ensino, com
o objetivo de dinamizar suas aulas e trazer outras formas de aquisição do conhecimento
para seus alunos. O museu pode ser uma dessas ferramentas; e o professor/educador, um de
seus mais importantes elos comunicativos. Por isso, elaboramos estes cadernos educativos
que servirão de apoio e aprofundamento de conteúdos do museu e uma forma de dar
continuidade à sua visita e criar desdobramentos futuros, pois é através de vocês que o
Museu das Telecomunicações irá se transformar em material de ensino-aprendizagem.
O Museu das Telecomunicações é pequeno, se considerarmos seu espaço físico, mas enorme
em termos de conteúdo. É um espaço cultural que não se esgota em uma única visita e pode
ser trabalhado a partir de diversos caminhos. E esta é, justamente, a proposta do museu:
um museu em forma de hipertexto — ou seja, com muitas entradas e possibilidades
de “conexões” –, onde você escolhe o que quer ver, tornando-se, ao mesmo tempo,
espectador e protagonista.
O programa educativo identificou quatro principais eixos temáticos que podem ser
trabalhados a partir do museu:
A História das Telecomunicações | Traça uma linha do tempo das telecomunicações,
apresentando seus principais acontecimentos, inventos, descobertas e personagens.
A Comunicação Humana | Apresenta o desenvolvimento da comunicação humana na
história da humanidade e seus impactos no desenvolvimento das sociedades.
Industrialização e Design | Focado na relação do homem e seus objetos, traçando o
desenvolvimento do design no mundo e no Brasil.
Redes e Rizomas | Discute sobre o conceito de redes e rizomas em diversos âmbitos da
sociedade contemporânea, as relações com o hipertexto e a aplicação deste conceito
na educação.
Cada eixo temático pode ser trabalhado separadamente, de acordo com o interesse
do multiplicador e com diferentes objetivos. Ao mesmo tempo, os eixos temáticos se
intercomunicam, ampliando ainda mais as possibilidades de leitura e entradas educativas
no museu.
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multiplicadores >>>>>>>>>
>>>>> aos
Para cada eixo temático, convidamos um consultor especial que vai contribuir, com sua
visão e experiência profissional, para um melhor entendimento do tema em questão. Os
textos de cada caderno (eixo temático) foram organizados sob a forma de hipertexto, tendo
em vista o objetivo de seguir a mesma linha de pensamento do museu, trabalhando a
idéia de página de internet, redes, rizomas, simultaneidade e convergência, questões tão
presentes em nossa sociedade contemporânea.
“Tudo ao mesmo tempo, agora. Em um único lugar.”
A idéia de hipertextos é trazer informações complementares, glossário de termos e
conceitos, diálogos com o acervo, vídeos e conteúdos do museu, referências bibliográficas e
de pesquisa, sugestões de desdobramentos futuros em sala de aula, tópicos para reflexão e
debate, além de instigações e curiosidades sobre o tema em questão.
O objetivo de separar os conteúdos em eixos temáticos é uma forma de oferecer, ao
multiplicador, uma pesquisa mais aprofundada sobre os principais temas que compõem o
museu e que sirva de apoio para que você possa programar diversas visitas a este espaço,
ao longo do ano e de acordo com os diferentes focos de interesse e objetivos a serem
alcançados. A cada visita, um novo museu se abrirá para o grupo.
É importante que o professor/educador tenha em mente que, apesar deste material
educativo poder ser utilizado por todos os profissionais interessados em trabalhar com
os conteúdos do museu (sejam professores da rede formal de ensino ou de universidades,
educadores e profissionais de projetos sociais, professores de cursos profissionalizantes
e de formação continuada), as adaptações para o perfil, faixa etária e interesse do grupo
ficam a critério do próprio multiplicador responsável.
Além deste material, oferecemos encontros especiais para professores e educadores, em
que apresentamos cada um dos eixos temáticos, discutindo as diferentes possibilidades
de leitura e entradas educativas. Esta é uma oportunidade para se discutir não só
com os profissionais do projeto educativo, mas também com outros profissionais que
fizerem parte do grupo, as formas de se trabalhar o museu a partir das especificidades e
interesses de cada grupo. Não pretendemos ensinar receitas nem esgotar esses assuntos,
mas sim apontar caminhos possíveis para se elaborar, refletir e debater sobre o mundo
das telecomunicações, bem como as formas de conhecê-lo, interpretá-lo e, sobretudo,
compreender a sua essência: promover o encontro com o outro.
Bia Jabor
Coordenação Geral | Programa Educativo
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os dois lados de uma mesma história
Os jornalista Ethevaldo Siqueira e João Fonseca acompanharam, de perto , a história recente das
Telecomunicações no Brasil. Observadores atentos, eles narram – cada um com a sua visão – os
principais fatos políticos e econômicos que levaram o país à liderança latino-americana no setor
líderes e fatos
marcantes da
história das
telecomunicações
no brasil
Ethevaldo Siqueira
Jornalista, especializado em Telecomunicações, colunista do jornal O Estado de S. Paulo, além de escritor
– autor de dez livros, entre os quais, Três momentos da História das Telecomunicações no Brasil.
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O Brasil tem estado presente nos momentos mais significativos do desenvolvimento
das telecomunicações no mundo. A começar pela primeira demonstração pública do
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telefone, no dia 25 de junho de 1876, na Exposição Universal comemorativa do Centenário
da Independência dos Estados Unidos, num diálogo histórico entre o imperador
Dom Pedro II e o inventor Alexander Graham Bell, perante a comissão científica que
selecionava os melhores inventos da exposição. Culto e respeitado internacionalmente,
o imperador brasileiro mantinha correspondência, havia muitos meses, com dois jovens
inventores: Graham Bell e Thomas Edison, ambos com 29 anos.
A amizade entre Graham Bell e Dom Pedro II possibilitou que o imperador recebesse de
presente e instalasse no Rio de Janeiro o primeiro telefone fora dos Estados Unidos, em
janeiro de 1877, menos de um ano depois de sua visita à Filadélfia.
Merecem destaque, ainda no século XIX, duas outras figuras incomuns de brasileiros
ligados à história das telecomunicações: o padre Roberto Landell de Moura e o
humanista Cândido Mariano da Silva Rondon. Landell de Moura foi o exemplo de gênio
incompreendido, à frente de seu tempo. Comprovadamente, fez a primeira transmissão
de sons e sinais através de uma espécie de telégrafo sem fio (1894), de uma torre
na Avenida Paulista e a Colina de Santana, em São Paulo, mais de um ano antes de
Guilherme Marconi, o gênio italiano mundialmente celebrado como inventor do rádio.
Descendente de índios, Rondon se destacou por três contribuições notáveis: a
construção de mais de 6 mil quilômetros de linhas telegráficas, interligando a antiga
capital do país (Rio de Janeiro) à Amazônia, obra que lhe assegurou o título de Patrono
das Comunicações no Brasil; a demarcação de mais de 8.500 quilômetros de fronteiras
terrestres no território nacional; e seu trabalho incansável em defesa dos povos
indígenas, coroado pela criação do Serviço de Proteção ao Índio (SPI) - hoje, Fundação
Nacional do Índio (Funai).
Outra figura notável foi Edgar Roquette-Pinto, considerado Pai da Radiodifusão no Brasil
e que fundaria, em 1923, na companhia de Henrique Moritze, a primeira emissora de
rádio do país: a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Isto, menos de três anos depois da
inauguração da primeira emissora do mundo, a KDKA, de Pittsburgh (Estados Unidos), em
1920.
O primeiro grande marco contemporâneo do desenvolvimento do setor é a Lei 4.117,
de agosto de 1962, denominada Código Brasileiro de Telecomunicações, por meio
da qual o Brasil redefine seu futuro e fixa, pela primeira vez, uma política para as
telecomunicações. Essa lei é importante porque sela o início da fase institucionalizada
de nossas telecomunicações, criando o Sistema Nacional de Telecomunicações e a
Embratel, entre outras medidas. Com a ação conjunta dessa empresa e do Ministério das
Comunicações, criado em 1967, o Brasil inicia o processo de modernização de sua infraestrutura setorial.
A reestruturação da telefonia local, no entanto, só viria a ocorrer em 1972, com a criação
da Telebrás, empresa estatal que iria incorporar mais de 900 operadoras, inclusive,
serviços municipais obsoletos e deficitários. Ao longo de seus 25 anos de existência, a
Telebrás, por intermédio de suas 27 subsidiárias, ampliou o número de linhas telefônicas
fixas de 1,8 milhão para 19 milhões, implantou a telefonia celular no país, instalou
cabos submarinos nacionais e internacionais e o sistema de comunicações via satélite
(Brasilsat).
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Mas o modelo estatal se esgotou por volta dos anos 1980. Ao ser privatizado em 1998,
o Sistema Telebrás se transformara num conjunto de operadoras sem capacidade de
investimento e com uma oferta de serviços muito aquém das necessidades brasileiras.
Mais de 80% das linhas telefônicas instaladas serviam às classes A e B. O sistema era,
portanto, uma instituição estatal, monopolista e elitista.
A partir de 1995, graças à liderança do ex-ministro Sérgio Motta, o Brasil iniciou um
processo de reestruturação setorial, partindo da emenda à Constituição e da elaboração
da Lei Geral de Telecomunicações, que possibilitou a criação da Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel) e a privatização total do setor.
Os resultados práticos da privatização, de 1998 a 2007, podem ser sintetizados no
investimento de mais de R$ 135 bilhões; na expansão do número de linhas fixas, de 19
milhões para 40 milhões; e de celulares, de 5,2 milhões para os atuais 102 milhões.
O fato pós-privatização mais significativo, do ponto de vista social, foi a inclusão de mais
de 80 milhões de assinantes de telefones fixos e móveis das classes C, D e E.
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a saga das
telecomunicações
brasileiras nos
seus primórdios
João Carlos Pinheiro da Fonseca
Engenheiro de Telecomunicações e jornalista. Chefiou a equipe de engenheiros brasileiros
que colocou (1962) o país dentre os cinco primeiros na comunicação via satélite, no mundo.
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Adaptação do artigo publicado pelo autor, em 2004, na Telebrasil.
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­­­Em termos longos, as telecomunicações no Brasil evoluíram no decorrer de três
grandes ciclos: o Império, com suas concessões; a estatização, com a nacionalização;
e a privatização, com a globalização. O ciclo do Império durou quase um século, entre
meados do XIX e XX. A estatização deu-se entre os anos 1960 até o final do século XX. E o
ciclo da privatização nasceu no apagar das luzes do século passado, adentrando o atual.
Cada um desses ciclos encontrou uma maneira própria de explorar os serviços de
comunicação e de montar e expandir a infra-estrutura necessária. Tanto no Império como
na República, foram outorgadas concessões de longo curso ao capital externo, detentor
das novas tecnologias. No ciclo seguinte e numa reação, o Estado - sob a égide militar
- chamou para si a exploração do serviço, dentro da estratégia de desenvolvimento
e segurança nacional. Finalmente, no ciclo mais recente da privatização, o Estado,
endividado, abriu mão dessa exploração direta, procurando atrair capitais privados,
internos e externos.
A passagem de um ciclo para outro não se deu de forma abrupta. Do primeiro
para o segundo, ou seja, do regime das concessões do Império e da República para
o da estatização sob inspiração militar, a transição ocorreu em pouco mais de
dez anos. Balizaram esta primeira transição a instituição do Código Brasileiro de
Telecomunicações, em 1962, e a não-renovação da concessão da Western (a última a não
ser renovada), em 1973.
Na segunda transição - do estágio da estatização para o da privatização -, o embrião
remoto foi o impensável desmembramento do monopólio da AT&T, nos Estados Unidos
(1982). No Brasil, a idéia da privatização seria percutida com críticas sobre a limitada
capacidade de investimentos do Estado e a pobre densidade telefônica no país.
O movimento culminaria com a emenda número 8, de 1995, que derrubou o monopólio
estatal garantido pela Constituição Federal. Finalmente, a transição eclodiria com a
venda em leilão (1998), do Sistema Telebrás, por US$ 22 bilhões, dentro do Programa
Nacional de Desestatização, de Collor de Mello (1990); e da Lei 9.491 (1997), de Fernando
Henrique Cardoso.
A saga de concessões, monopólio e privatização não foi um fenômeno exclusivamente
brasileiro. O país acompanhou, ainda que com retardo próprio da periferia, a
movimentação do que aconteceu nos países centrais, impulsionados pelos vetores da
tecnologia, da acumulação de recursos e da geopolítica.
No Império, as telecomunicações sairiam da curiosidade científica para o mundo da
realidade, com a implantação da telegrafia como negócio. O Palácio Imperial, no Rio
de Janeiro, seria então ligado por telégrafo (1852) ao quartel de São Cristóvão e, três
anos mais tarde, ao Palácio de Petrópolis. Nesse estágio, os ingleses — que detinham
a tecnologia eletromecânica necessária – reinavam na telegrafia e ficaram com poder
político de fato, ao interligarem as capitais costeiras do país ao restante do mundo. A
Western inglesa ganharia do imperador, em 1873, uma concessão de 99 anos para cabos
telegráficos submarinos, que iria perdurar bem além do final do Império (1899).
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Com o advento da República, o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, em 1894,
estenderia linhas telegráficas até o Acre, ao mesmo tempo em que administraria o
território desbravado. Nos Estados Unidos, o telégrafo entre Baltimore e Washington
data de 1844.
Depois da Primeira Guerra Mundial, os norte-americanos passariam a disputar com a
Inglaterra a telegrafia. No Brasil, desde 1917, o telégrafo nacional pertencia à União,
porém, sem monopólio. Além da Western, foram outorgadas concessões para duas
outras empresas: All America e Italcable. A disputa entre a norte-americana All America
e a inglesa Western tornou-se ferrenha. Nos anos 1920, surgiria como novo agente a
radiotelegrafia, com concessões para a Sudam, Radiobrás (RCA) e Radional (ITT).
E a telefonia? Graham Bell patenteou seu aparelho em 1876, deixando extasiado Dom
Pedro II na Exposição da Filadélfia. Em 1878, uma ligação no Rio de Janeiro conectaria
uma loja comercial ao Corpo de Bombeiros. O telefone passaria, então, a ser competência
do Governo Imperial. Em 1880, foi criada a Brazilian Telephone Co. no país, ao passo
que, nos Estados Unidos nascia a AT&T. Dez anos depois de instaurada a República, a
Brasilianische Eletricitats Gesellschaft, com tecnologia alemã da Siemens & Halske,
ganhava trinta anos de concessão para explorar a telefonia.
A Rio Telephone Co., Light & Power alcançou o ano de 1907 com 11 mil terminais. No
início dos anos 1940, o Brasil teria cerca de 300 mil terminais, enquanto que a cidade de
Londres possuía 717 mil. O Decreto-Lei de 21 de novembro de 1932 liberava a propaganda
comercial no rádio e a Constituição de 1946 atribuía a concessão dos serviços de
telecomunicação à União.
No começo da década de 1960, 80% das comunicações do país estavam nas mãos da
canadense Companhia Telefônica Brasileira (CTB), no Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito
Santo e Minas Gerais; e com a norte-americana Cia. Telefônica Nacional, da ITT, no Paraná
e Rio Grande do Sul. Havia um grupo privado, em Pernambuco, além de outras 800
pequenas operadoras de telefonia. Em 1954, nascia em Uberlândia (MG) a Companhia
Telefônica do Brasil Central. Salvo poucas exceções, todo o material técnico era
importado.
A intervenção federal, em 1962, na CTB, se daria em virtude da baixa qualidade dos
serviços, nascendo a Cetel, para operar na periferia do Rio de Janeiro. Já no sul do país, o
governador gaúcho Leonel Brizola encamparia a CTN. Tarifas congeladas tinham zerado o
investimento e o serviço da operadora era péssimo.
Nos serviços de longa distância, a CTB mantinha microondas na Região Sudeste, ao
passo que a Radional (ITT) e a Radiobrás (RCA) operavam rádio de ondas curtas. Para se
fazer uma ligação entre as capitais, era preciso entrar numa fila, por vezes, com dias de
antecedência. A telegrafia era conduzida pela Western e pelo Departamento de Correios
e Telégrafos (DCT), ambos com tecnologia obsoleta. A operosa Western, no entanto,
suplantaria a sua rival estatal.
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Decidiam sobre as telecomunicações, na época – como a vital fixação de tarifas
e o político assunto da radiodifusão e da outorga de concessões –, as áreas de
competência da Presidência da República, do Ministério da Viação e Obras Públicas
(MVOP), da Comissão Técnica de Rádio e do próprio DCT. O lobby da área privada sobre
o poder concedente era essencial. As empresas menores tinham, igualmente, menos
possibilidade de exercê-lo, quando comparadas aos competentíssimos exércitos de
advogados, economistas e relações públicas das grandes concessionárias, como a CTB.
O Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº 4.117), de inspiração do Estado Maior
das Forças Armadas, após longo período de discussão parlamentar e da sociedade
– esta, havia descoberto a força política da radiodifusão –, seria finalmente aprovado a
27 de agosto de 1962. Com o Código, vão surgir o Contel, a Embratel (1965), a compra da
CTB (1966), o Minicom (1967) e a Telebrás (1972). O Código foi regulamentado em 1963 e
perduraria até julho de 1997, quando foi criada a Lei Geral das Telecomunicações (LGT)
que privatizou o sistema. Mas isto já seria outra história.
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história das
telecomunicações
Adriana Fontes
Arte Educadora com especialização em História da Arte e da Arquitetura no Brasil pela PUC-RJ
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As telecomunicações vêm, ao longo de um
século e meio, transformando o cotidiano das
pessoas no mundo inteiro; construindo novas
formas de comunicação; propondo diferentes
tipos de contato e acesso às informações.
As relações entre fatos, história,
conhecimento, pessoas e nações se modificam
e se integram em uma nova possibilidade de
troca. Surge um novo mundo onde, através
das telecomunicações, as distâncias e o
tempo diminuem, o conhecimento se amplia
e a comunicação se integra ao cotidiano das
pessoas sob as mais diversas formas.
Convido vocês, agora, a uma fascinante viagem no tempo, em busca da História das
Telecomunicações. O início do nosso percurso se dá em 1844, quando Samuel Morse
inventa o telégrafo, aparelho que inaugura as telecomunicações no mundo. A primeira
demonstração pública do invento aconteceria a 24 de maio desse mesmo ano, quando
seria transmitida de Baltimore a Washington, DC (EUA) a frase: “What hath God wrought”
[Eis o que Deus realizou]. Para enviar mensagens, eram utilizados um ímã, um cabo e um
interruptor. De acordo com a passagem de sinais elétricos, surgiam pontos, traços ou
espaços, que é a base do alfabeto Morse. A expansão do telégrafo foi muito rápida: no
final do século XIX, o código Morse já se internacionalizara e era utilizado em diversos
países, sendo ainda hoje usado com o mesmo alfabeto!
As novas ondas de invenções foram se sucedendo, umas às outras, até os nossos dias.
Porém, naquele momento surgia uma fascinante descoberta: a possibilidade de um
instrumento utilizar o sentido auditivo para se comunicar!
Era a voz humana que, em 1876,
começava a se deslocar através
de fios. Uma nova comunicação a
distância surgia, graças ao telefone
de Graham Bell. Alguns historiadores
consideram Bell apenas como a
pessoa que obteve o registro da
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Samuel Morse (vídeo 4)
O pintor e inventor Samuel Morse
nasceu em Charlestown, Massachusetts
(EUA), em 1791. Filho de pastor
protestante, aos 14 anos entrou para
a Universidade de Yale, onde foram
definidos seus maiores dons: a pintura
e a eletricidade. A arte foi seu primeiro
experimento e, como pintor e desenhista,
enfrentou grandes dificuldades,
vivendo altos e baixos financeiros até
que alcançasse o sucesso como pintor
e vislumbrasse, então, o início de sua
fortuna, por volta de 1827. Realizou muitas
conferências; fundou a Academia Nacional
de Desenho, da qual foi o primeiro
presidente; introduziu o processo
de impressão Daguerre, nos Estados
Unidos. Com todas essas atividades, foi
acumulando o dinheiro que mais tarde
lhe garantiria desenvolver sua célebre
invenção.
Entretanto, o pintor Morse, durante
todo esse tempo, devido à curiosidade
científica, migrava constantemente seus
interesses para as pesquisas da Física
(chegou a inventar uma bomba à pressão,
adaptada para serviços de combate a
incêndios). A partir de 1829, empenhou-se
na tarefa de realizar a transmissão de
palavras a distância, o que transformou
totalmente sua vida e o fez persistir,
durante 12 anos, em seu trabalho como
inventor. Para tanto, precisou vender tudo
o que tinha, executou retratos, aceitou
o cargo de professor de História da Arte
e de Desenho na Universidade de Nova
York e passou a se dedicar unicamente à
sua pesquisa.
Em 24 de janeiro de 1838, fez uma
demonstração de seu invento na
Universidade de Nova York, transmitindo
sua primeira mensagem: “Atenção,
Universo!” Em fevereiro do mesmo
ano, repetiu-a diante do Congresso,
onde recebeu um frio acolhimento. Na
Europa, o desinteresse foi idêntico. Dois
inventores, Wheatstone e Cooke, já
haviam criado qualquer coisa semelhante
na Inglaterra.
De volta à América, estava reduzido à
miséria. Somente em 1843, iria obter
o primeiro levantamento de verba do
Congresso; e a 24 de maio de 1844, era
inaugurada a primeira linha experimental,
entre Washington e Baltimore (64
quilômetros de distância), com a
transmissão e recepção da frase: “What hath
God wrought” (Eis o que Deus realizou).
patente do telefone e que seu mérito
seria o de ter aperfeiçoado o invento
de outro pesquisador. Este, seria um
professor de Física, o alemão Philipp
Reis, que teria dado os primeiros
Telefone patenteado por Graham Bell
passos na descoberta do telefone
que, posteriormente, Bell pesquisou
e aprimorou. Philipp Reis, em 1861, fez uma ligação com fios metálicos, unindo o pátio do
linha do tempo: 1858
Em 5 de agosto o primeiro cabo
telegráfico transatlântico é inaugurado,
mas a comunicação é interrompida 26
dias depois por excesso de voltagem.
Instituto de Educação Garnier, nos arredores de Frankfurt, à sua residência. Por aqueles
fios passaram os primeiros ruídos, na história das telecomunicações, provocados pela
voz humana.
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linha do tempo: 1874-1876
O Brasil inaugura seu primeiro cabo
telegráfico submarino, cruzando o Atlântico
Sul e ligando a América do Sul à Europa.
Idealizado por Mauá, sua construção
aproximou o Brasil do resto do mundo.
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O professor Elisha Gray, de Chicago
(EUA), pesquisava a invenção do
telefone ao mesmo tempo que Graham
Bell, com projeto muito semelhante.
Sem que ambos soubessem das
pesquisas um do outro, Gray descobre
um meio de, através dos fios elétricos,
transmitir os sons de um piano
para a sala de um concerto, numa
distância de 2,4 milhas. O aparelho
inventado por Gray, que ele chamou de
telephonio, era dividido em três partes:
um instrumento que transmitia os
sons, os fios condutores e o aparelho
que recebia os sons transmitidos. O
professor tinha todos os méritos para
conseguir a patente da invenção, pois
nos anos de 1874 e 1875 seus princípios
e projetos eram até melhores que os de
Bell, mas estudiosos acreditam que lhe
faltou um pouco mais de persistência,
sorte e um modelista talentoso como
Thomas Watson.
Alexander Graham Bell
(Ver vídeo: Telefone, a revolução de Graham Bell)
Alexander Graham Bell nasceu em Edimburgo, Escócia,
a 3 de março de 1847 e foi uma grande personalidade
do século das invenções. Devido ao seu espírito criador,
além de desenvolver o telefone e ser profundo estudioso
sobre surdos-mudos, era professor do método de ensino
de surdos desenvolvido por seu pai; pesquisou, criou e
aprimorou muitas invenções, em variadas áreas de atuação. Inventou o disco de cera ou plástico, para gravação sonora, aprimorando o fonógrafo.
Criou as primeiras sondas tubulares para exames médicos. Construiu o “colete a vácuo”, uma
forma primitiva de pulmão-de-aço. Desenvolveu um sistema de localização de icebergs. Foi
um dos precursores na descoberta do raio laser. Inventou o fotofone, sistema de mensagens
por meio de raios luminosos. Construiu os barcos mais velozes de seu tempo e, até mesmo,
descobriu e classificou uma curiosa raça de carneiros.
O princípio era o mesmo que funcionou até meados do século XX, ou seja, transmitir
primeiro as ondas acústicas em oscilações elétricas, passando-as para um fio e, depois,
transformando-as de novo em ondas sonoras, do outro lado da linha.
Embora sempre exista, na história, considerações e especulações acerca da origem dos
fatos – como nas grandes descobertas científicas –, Graham Bell foi, sem dúvida, uma das
figuras mais importantes do século XIX, o século das invenções.
O imperador Pedro de Alcântara,
da Casa de Bragança (Dom Pedro II,
do Brasil), filho de Dom Pedro I e da
imperatriz Leopoldine Von Habsburg,
nasceu em 1825 e faleceu em 1891.
Detentor de vasta cultura, viajava
muito e mantinha contatos com
diversas entidades de ensino e pesquisa
no mundo inteiro. Sua curiosidade
e atitude, diante das mais recentes
invenções tecnológicas de seu tempo,
transformaram-no em um monarca
com grande poder incentivador das
novas tecnologias e responsável pela
visionária implantação do sistema
telefônico brasileiro. No dia 15 de
novembro de 1879, autorizaria a
primeira concessão para a exploração
dos serviços telefônicos, em favor da
Bell Telephone Company, inaugurando
um novo Brasil voltado para o
mundo. Foi uma figura fundamental
para a inclusão do país no universo
das telecomunicações e das novas
descobertas científicas.
“Inventor é um homem que olha para o mundo em torno de si e não fica satisfeito com
as coisas como são. Quer melhorar tudo o que vê e aperfeiçoar o mundo. É perseguido
por uma idéia, possuído pelo espírito da invenção e não descansa enquanto não
materializa seus projetos.” (Graham Bell)
Em suas pesquisas sobre o projeto de transmissão da voz humana através de fios,
convidou Thomas Watson, conhecido técnico e profundo conhecedor da eletricidade,
para ajudá-lo em seus experimentos. Watson, com sua habilidade de modelista, criou
dois aparelhos idênticos: um, para ser usado como transmissor; o outro, como receptor,
utilizando membrana de couro com placa metálica, bobina, núcleo de ferro etc. Certa
noite, quando ambos trabalhavam em seus laboratórios, acidentalmente ocorreu
um curto-circuito nas lâminas de aço. O som da vibração foi transmitido para o outro
aparelho, na sala vizinha onde estava Bell, que imediatamente gritou: “Watson, o que foi
isso? Não mexa em nada! Deixe-me ver!” E assim, foi descoberto o princípio transmissor
que Watson, em fevereiro de 1876, daria entrada com o pedido de registro. Porém,
somente a 7 de março sairia a patente da invenção em nome de Bell e Watson, após uma
longa demanda judicial com Elisha Gray, que havia entrado com o mesmo pedido, no
mesmo dia, algumas horas antes.
Entretanto, a primazia de Graham Bell torna-se historicamente indiscutível quando,
no dia 10 de março de 1876, um outro acidente marca definitivamente o nascimento
do telefone. Bell, ao limpar a bateria durante uma experiência, quando os aparelhos
estavam ligados na sala dele e de Watson, sem querer derrubou um pouco de ácido na
roupa e, ao lhe pedir ajuda, o colega o escutou límpida e surpreendentemente do outro
lado da linha, em sua sala.
Outra figura singular do século XIX foi nosso imperador Dom Pedro II, pelo espírito
inovador, humanista e constantemente interessado nas ciências e em recentes
invenções tecnológicas que surgiriam naquela época. Devido à sua extrema
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curiosidade, viajava muito – até mesmo para países exóticos –, além de freqüentar os
mais importantes eventos mundo afora, como as grandes exposições internacionais,
>17
nas quais eram apresentadas as últimas descobertas em áreas totalmente diversas.
Em 25 de junho de 1876, durante a Exposição Universal, comemorativa do primeiro
centenário da independência dos Estados Unidos, na Filadélfia, Dom Pedro II foi
convidado por Alexander Graham Bell para conhecer o aparelho elétrico chamado de
“máquina falante”. Nessa apresentação Bell, em uma das extremidades do fio, e Dom
Pedro na outra, a uma distância de 150 metros, pronunciou a seguinte frase: “To be or
not to be!” Surpreendendo a todos os presentes, o imperador exclamou: “My God, it
talks!” [Meu Deus, isto fala!] Essa foi a primeira ligação telefônica realizada em público,
tendo nosso monarca como interlocutor e testemunha da admirável descoberta. A
credibilidade desse diálogo consagrou a invenção do telefone, em uma exposição onde
a maior expectativa se concentrava na máquina de fazer pipoca!
Nesse mesmo ano, Graham Bell – que antes da exposição internacional já compartilhava
com nosso monarca o interesse nos estudos dos surdos-mudos – presenteou Dom Pedro
II com dois aparelhos telefônicos, que passaram a ser utilizados entre o Palácio de São
Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, e o Palácio da Rua Primeiro de Março, o Paço Imperial.
Guglielmo Marconi, físico e inventor
da radiotelegrafia, nasceu em Bolonha,
Itália, no dia 25 de abril de 1874. Suas
pesquisas derrubaram a teoria de que
a telegrafia sem fio estaria limitada
a pequenas distâncias, por causa da
curvatura da Terra. Ganhou o Nobel
de Física, em 1909. E curiosamente,
foi o responsável pela iluminação do
Cristo Redentor, através de um sinal
enviado por rádio, de uma central em
Roma ao Rio de Janeiro, no dia de sua
inauguração em 1931. Faleceu no dia 19
de julho de 1937 em Roma, Itália.
Curiosa e ironicamente, nesse mesmo ano, um homem era detido em Nova York acusado
de extorquir ignorantes e supersticiosos. Exibia um aparelho que, segundo ele afirmava,
podia transmitir a voz humana a qualquer distância, por meio de fios metálicos, até a
outra extremidade da linha. Assim, podemos perceber que o telefone de Graham Bell,
um ano depois de sua grande descoberta, ainda era considerado uma brincadeira – e seu
inventor, um excêntrico.
Na Itália, já passados uns dez anos da criação do telefone, Guglielmo Marconi iniciaria
suas pesquisas com as experiências do físico Hertz, que descobrira a possibilidade
de transmitir a eletricidade entre dois pontos, sem o uso de fios. De forma obstinada,
Marconi dedicou-se a provar que o telégrafo sem fios era possível e, em 1901, comprova
sua teoria: a radiotelegrafia transmite os três pontos que simbolizavam a letra “S” do
código Morse, sem o auxílio de cabos.
Em plena era das invenções, as pesquisas e descobertas tinham pouca visibilidade.
Num mundo em que os meios de comunicação ainda permaneciam atrelados ao cavalo
ou dependiam dos navios a vapor e dos poucos trens que circulavam entre pequenas
distâncias, anos se passavam sem que as novidades chegassem ao grande público.
Padre Roberto Landell de Moura HOJE:
“É impressionante como esse
homem vivia adiante de sua época.
Há afirmações, em suas patentes,
relacionadas com o moderno sistema de
microondas. É uma combinação exata
da rede de telefonia – que já era bem
desenvolvida no final do século passado
– com as ondas hertzianas, o que é
completamente original.”
(Nilo Ruschel e Homero Simon,
professores do Departamento de
Engenharia da PUC)
SIQUEIRA, Ethevaldo. Três momentos
da História das Telecomunicações. São
Paulo: Dezembro Editorial, 1999
Muitas vezes, as descobertas de alguns eram efetivamente paten- teadas por outros,
até mesmo anos depois. Esse foi o caso do padre gaúcho Roberto Landell de Moura,
grande conhecedor da eletricidade, mas que vivia em um país ainda distante dos méritos
públicos para seus inventores. Entre 1893 e 1894, o cientista concluiu experiências tão
avançadas quanto as que Marconi realizaria somente dois anos depois. Hoje em dia,
através de seus desenhos e esquemas, fica comprovado que é dele a invenção da válvula
de três pólos (triodo), com a qual era possível modular uma corrente elétrica e transmitila, sem fios, a longas distâncias. Porém, é atribuída ao engenheiro norte-americano Lee
De Forest a invenção que possibilitou, ao longo do século XX, as transmissões de rádio,
telefonia de longa distância, televisão, áudio de alta-fidelidade, comunicações em ondas
curtas e microondas.
A vida do padre Landell, como cientista e religioso, tornou-se insustentável no Brasil,
devido à incompreensão da grande maioria que o considerava um lunático, bruxo e
linha do tempo: 1893
O padre Landell de Moura realiza, em
São Paulo, as primeiras transmissões
da voz humana em telefonia sem fio,
no mundo.
linha do tempo: 1895
É feita a primeira experiência de rádio,
pelo italiano Guglielmo Marconi, e um
ano depois ele obtém a patente de sua
invenção.
linha do tempo: 1900
O dirigível Zeppelin faz seu primeiro vôo
diabólico. Em 1901, ele arquivou no Serviço de Patentes dos Estados Unidos – para
onde se mudara – três inventos originais: um transmissor de ondas, um tipo especial de
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telégrafo sem fios e um modelo pioneiro de telefone sem fio. De volta ao Brasil, alguns
anos depois, não encontrou apoio para demonstrar sua experiência com navios da
Marinha de Guerra, no Rio de Janeiro. O pedido foi arquivado, com o seguinte parecer:
SIQUEIRA, Ethevaldo: Três momentos da
História das Telecomunicações. São
Paulo: Dezembro editorial, 1999. pg 37.
“A Marinha tem coisas mais importantes a fazer, do que se submeter a experiências de
padres malucos.” Dessa forma, a genialidade do pioneiro padre não só foi repudiada,
como também incompreendida por seus contemporrâneos, até o século XX.
Outro grande personagem das telecomunicações no país foi Cândido Mariano da Silva
Rondon, o Marechal Rondon. Nascido em Cuiabá a 5 de maio de 1865, era descendente
de índios por parte dos bisavós (maternos e paternos), e ainda muito jovem entrou
para o Exército brasileiro. No Rio de Janeiro, formou-se em Ciências Físicas e Naturais
Marechal Rondon, considerado
Patrono das Comunicações, por seu
trabalho pioneiro de construir 4.502
quilômetros de linhas telegráficas
no oeste do Brasil, conectando Rio
de Janeiro e São Paulo à Amazônia.
Por isso, na data de seu nascimento
é comemorado o Dia Nacional das
Comunicações.
>>> resenet.com.br/marechalrondon.htm
e em Matemática, sendo convocado, em 1890, para trabalhar na construção da linha
telegráfica que uniria Goiás a Mato Grosso. Em 1900, encarregado de construir 1.800
quilômetros de linhas telegráficas, interligaria as localidades de Cuiabá, Aquidauana,
Porto Murtinho e Cáceres; e, mais tarde, a linha entre Cuiabá e o Acre, atravessando 1.700
quilômetros de Floresta Amazônica. Sendo Rondon, além de humanista, descendente
de índios, na imensidão das nossas terras, ao construir linhas telegráficas num país
onde ainda não havia regras de conduta que respeitassem os diferentes povos da
floresta, procurou pacificar e valorizar a existência desses habitantes nos territórios
linha do tempo: 1865
Início da Guerra Brasil - Paraguai
linha do tempo: 1906
Santos Dumont realiza o primeiro vôo
em um aparelho mais pesado que o ar,
o 14-Bis.
Em 1956, a Conferência Nacional do
Trabalho, realizada em Genebra, aprovou
o modelo brasileiro de proteção aos
índios, elaborado pelo Marechal Rondon,
como padrão mundial.
que desbravava. Com esse intuito, fundou em 1910 o Serviço de Proteção aos Índios,
tornando-se o primeiro diretor, mas nunca abandonando a função de construir linhas
telegráficas pelo Brasil adentro.
A história das telecomunicações no Brasil é um caminho povoado de contradições. Por
um lado, tivemos um imperador visionário, que incentivou a pesquisa e a descoberta
de tecnologias muito avançadas para a época, como o próprio aparelho de Graham
Bell instalado em sua residência. Em contrapartida, não valorizávamos nossas
próprias desco-bertas, condenando ao ostracismo inventores como o cientista e padre
Roberto Landell de Moura. Nesse mesmo ritmo contraditório, avançamos o século XX
percorrendo altos e baixos no processo de desenvolvimento das telecomunicações e, por
o telefone no brasil
conseguinte, da telefonia nacional. Apesar de haver, desde 1877, um par de telefones que
www.sobresites.com/telefonia/
historiadotelefone.htm
comunicavam o Palácio de São Cristóvão ao Paço Imperial, somente dois anos depois foi
www.museudotelefone.org.br/
feita a primeira concessão para o estabelecimento de uma linha telefônica no
www.bricabrac.com.br/fset_telefone.htm
www.anatel.gov.br/biblioteca/
publicacao/museu_telefone/
apresentacao.asp
Rio de Janeiro.
Entre 1879 e 1890, as concessões das linhas telefônicas, em qualquer ponto do Brasil,
linha do tempo: 1877
O fonógrafo e a lâmpada incandescente
são criados por Thomas Edison.
eram feitas pelo Governo Imperial e, mais tarde, pelo Governo Provisório. Somente a
24 de fevereiro de 1891, depois da Proclamação da República, os serviços telefônicos
foram completamente modificados e divididos em municipal, intermunicipal, estadual,
interestadual e federal. No início, não havia números: um aparelho era conectado
linha do tempo: 1878
Surge a profissão de telefonista,
inicialmente composta por rapazes,
na primeira central telefônica
– uma mesa com oito linhas para 21
assinantes –, em Connecticut (EUA).
Porém, ao final desse mesmo ano, eles
foram substituídos por moças, que
atendiam mais satisfatoriamente aos
requisitos exigidos pela profissão: voz
e paciência, que somente as mulheres
poderiam oferecer. Assim, a profissão de
telefonista já ao nascer tornou-se, quase
que imediatamente, mais direcionada ao
sexo feminino.
apenas a um outro. Tempos depois surgiriam as centrais com mesas telefônicas, que
por possuírem várias linhas e assinantes, permitiam o acesso a diversos nomes a partir
de um mesmo aparelho. Porém, era necessário o auxílio da telefonista, que conectava o
cordão ao ponto de quem chamava, ouvia seu pedido e fazia a ligação com o número (ou
nome), girava a manivela, o telefone tocava no outro lado da linha e, finalmente,
podia-se falar!
Nas primeiras décadas do século XX, o processo de desenvolvimento caminhava em
plena ascensão, apresentando uma rápida expansão da telefonia brasileira que, então,
ultrapassava 160 mil aparelhos instalados em todo o país. Todavia, continuavam os
problemas técnicos a serem resolvidos, junto às crescentes demandas de assinantes e,
conseqüentemente, de uma maior quantidade de cabos, além de postes mais altos
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>19
O primeiro telefone do Rio Janeiro
foi instalado na casa comercial O
Grande Mágico, que vendia novidades
mecânicas e aparelhos elétricos, no Beco
do Desvio (hoje, Rua do Ouvidor). No
início, esse aparelho ligava a loja com o
quartel do Corpo de Bombeiros; depois,
com a Chefia de Polícia; e mais tarde,
com o Jornal do Commercio. A Chefia
de Polícia, posteriormente, se tornou o
primeiro “centro” telefônico da Corte.
linha do tempo: 1885
Surge na Suécia o monofone, aparelho
com uma única peça (bocal e fone),
inventado por Lars M. Ericsson, sendo
industrializado apenas em 1892.
Era um tempo de pouca privacidade. As telefonistas, cercadas de cordões, acompanhavam cada conversa e, ao final,
desligavam o circuito. Cada telefonista atendia, no máximo, 200 assinantes. (Extraído do vídeo Telefonistas e muitas histórias.)
para sustentá-los. Assim, o desenvolvimento da telefonia, para cumprir com essas novas
demandas e o avanço da tecnologia, culminou na construção de dutos sob a terra,
recebendo os novos cabos – agora, subterrâneos.
Durante quase um século, a comunicação elétrica foi transportada através de milhares
de pares de fios, em tubos de chumbo que atravessavam o subsolo das cidades.
Tecnicamente, essas transmissões foram se aperfeiçoando e os tubos de chumbo sendo
substituídos pelo uso de cabos coaxiais. Estes, eram feitos de cobre e transportavam, no
linha do tempo: 1886
Invenção do primeiro automóvel de
quatro rodas, por Gottlieb Daimler,
engenheiro alemão, que usou um motor
em uma carruagem de tração animal.
linha do tempo: 1887
Invenção da motocicleta.
linha do tempo: 1888
É lançada a primeira câmara fotográfica
portátil do mundo. Fim da escravatura
no Brasil.
linha do tempo: 1889
É instalado o primeiro telefone público
do mundo, nos Estados Unidos.
Independência do Brasil, que passa da
Monarquia para a República.
seu interior, os canais de voz. Mais tarde, surgiram as fibras ópticas, que revolucionaram
a comunicação eletrônica, acelerando ainda mais a velocidade das ligações. As primeiras,
foram produzidas pelos japoneses em 1969 e, na década seguinte, já eram usadas nos
Estados Unidos, chegando ao Brasil apenas em 1984. Hoje em dia, as fibras ópticas
cortam as cidades e atravessam oceanos, permitindo a multiplicação do número de
chamadas telefônicas, o envio de vídeos e mensagens eletrônicas, numa velocidade
jamais imaginada pelos pioneiros das telecomunicações.
Entretanto, durante o período que vai de 1920 a 1960, o desenvolvimento das
telecomunicações prosseguiu em ritmo lento. A estagnação da infra-estrutura para os
serviços de telefonia, telex, telegrafia, comunicações internacionais e radiocomunicação
revelavam uma precariedade insustentável. A Companhia Telefônica Brasileira (CTB),
devido à deficiência de seus serviços, viria a sofrer intervenção do Governo João
Goulart no início da década de 1960. Somente depois da criação do Código Brasileiro
linha do tempo: 2007
“Falta fibra óptica no mercado mundial.
Os produtores mundiais de fibra
óptica não estavam preparados para
a explosão de consumo de serviços de
telecomunicações ocorrida nos últimos
três anos. O resultado é que a fibra
óptica disponível hoje não é suficiente
para atender à demanda do mercado.”
>>> extraído do site http://www.terra.
com.br/reporterterra/fibra/capa.htm
das Telecomunicações, em 1962, quando o país formularia uma política nacional
para o setor, é que começaríamos a nos recuperar do atraso. Em 1969, era inaugurada
a primeira estação de comunicação via satélite; em 1971, surgia a primeira central
internacional semi-automática do país; e quatro anos depois, o serviço de discagem
direta internacional (DDI).
Em um país praticamente mudo na área de telefonia, a institucionalização dos nossos
meios de comunicação promoveu a modernização e estruturação do sistema. Para
isso, passamos a contar com o Conselho Nacional de Telecomunicações (Contel)
– que funcionava como órgão executivo e regulador, até a criação do Ministério das
Comunicações – e a Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel), responsável pela
implantação do sistema básico (conjunto de troncos de microondas de longa distância)
e pelas comunicações internacionais. A Embratel foi criada em setembro de 1965, para
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linha do tempo: 1962
No dia 10 de julho, o primeiro satélite
mundial de telecomunicações
(Telstar I) é posto em órbida, nos
Estados Unidos. Dias depois, faz suas
primeiras transmissões televisivas
entre os EUA e a Europa.
linha do tempo: 1969
No dia 29 de julho, o homem chega à
lua, na Missão Apollo 11.
linha do tempo: 1971
A Arpanet (Advanced Research Projects
Agency Network), que originou a
Internet, já conta com 23 provedores,
conectando universidades e centros
de pesquisas do governo dos Estados
Unidos.
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>20
atender às crescentes necessidades do mercado, tendo em vista que os serviços de
telecomunicações se tornavam cada vez mais amplos e complexos. O objetivo era instalar
e explorar os grandes troncos nacionais de microondas, integrantes do Sistema Nacional
linha do tempo: 1967
É realizado o primeiro transplante de
coração humano
de Telecomunicações, e suas conexões com o exterior. O primeiro sistema de microondas
da América Latina foi inaugurado entre o Rio de Janeiro, São Paulo e Campinas. Em 1967,
seria criado o Ministério das Comunicações e, em 1972, a Telecomunicações Brasileiras S/A.
linha do tempo: 1973
Nos Estados Unidos é registrada a
primeira ligação de um telefone celular,
pelo pesquisador Martin Cooper. Seis
anos depois era lançado, em Tóquio, o
sistema precursor dos atuais celulares.
(Telebrás), que acumulou a função de explorar os serviços de telecomunicação, além de
tornar-se responsável pelo funcionamento de todo o sistema no Brasil.
Nessa época, as telecomunicações brasileiras se expandiriam vertiginosamente. As
comunicações telefônicas e telegráficas, então exploradas por empresas estrangeiras, não
atendiam às demandas do país e seriam assumidas pela Embratel em 1973, que passaria
a monopolizar a exploração dos serviços internacionais. Em 1975, a empresa criava a
discagem direta a distância (DDD) e a discagem direta internacional (DDI); já a Telebrás
absorveria mais de 900 pequenas concessionárias municipais e particulares,
em 27 operadoras estatais.
Ainda na década de 1970, a televisão também receberia forte incentivo governamental
que viria contribuir para a expansão e o desenvolvimento de um meio de comunicação
até então pouco explorado. Investindo em modernas tecnologias e buscando impulsionar
o novo veículo que vinha alicerçando suas bases – ainda que timidamente –, o governo
brasileiro passaria a apoiar também o setor. Expandindo-se técnica e comercialmente, o
mundo do entretenimento e da mídia televisiva no Brasil cresceria numa velocidade
O mundo do
entretenimento:
rádio e TV
Entretenimento e informação ganham um novo
veículo no Brasil, com o nascimento da primeira
emissora de rádio no país, em abril de 1923: a Rádio
Sociedade do Rio de Janeiro. Porém, consta que a
primeira transmissão de rádio teria sido realmente
feita sete meses antes, por ocasião das comemorações do Centenário da Independência, em 1922,
quando o discurso do presidente Epitácio Pessoa,
das casas brasileiras havia se transformado por
pronunciado no Rio de Janeiro, foi retransmitido
completo.
para São Paulo, Petrópolis e Niterói.
Ainda na época áurea do rádio (anos 1950), nasceria
A radiodifusão no Brasil, apesar dos inúmeros pro-
em São Paulo a TV Tupi, ou PRF-3 TV, canal 3, de Assis
blemas e dificuldades, proporcionou ao país grandes
Chateaubriand. Assim, a TV brasileira começava
conquistas e benefícios na informação e na integra-
a dar seus primeiros passos, emocionando, infor-
ção cultural e política, além de construir, ao longo
mando, arrebatando e unificando uma nação inteira
dos anos, uma verdadeira consciência de nação.
através de imagens e sons. O percurso da humanidade, acompanhado pelo telejornalismo, era de um
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Durante as décadas de 1920 e 1930, surgiram novas
impacto jamais sentido no cinema, nem tampouco
emissoras que se multiplicaram e consolidaram o pa-
no rádio. O mundo se comunicava instantanea-
pel do rádio como importante veículo de comunica-
mente, através da tela, deixando em êxtase seus es-
ção e entretenimento doméstico. O radiojornalismo,
pectadores com os fatos históricos marcantes, como
os programas humorísticos e musicais, as primeiras
a chegada do homem à Lua; ou mesmo as aflições e
radionovelas e as transmissões esportivas selaram
a angustiante ansiedade durante os jogos da Copa
uma época de grande valor cultural e artístico na
do Mundo. Era o fim das distâncias, determinado
nossa História, atingindo seu ápice no final dos anos
pela nova Era das Telecomunicações, que por mais
1940, início de 1950. Alguns dos nossos grandes com-
de meio século vem produzindo uma incrível gama
positores e intérpretes mais famosos, como Noel
de comunicadores, como J. Silvestre, Silvio Santos,
Rosa, Francisco Alves, Lamartine Babo, Orlando Silva
Chacrinha, Jô Soares e tantos outros que deixaram
e outros tantos, iniciaram suas carreiras nas rádios
sua marca no mundo do entretenimento e da infor-
dos anos 1930. Depois do novo evento, o cotidiano
mação no país.
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>21
absurda, até a década seguinte. Em 1972, a televisão a cores chega ao país. Contudo, o
caminho do desenvolvimento tecnológico – em conseqüência da estagnação econômica
e da inflação dos anos 1980 – novamente entra em declínio, inclusive na área da telefonia,
cujo sistema começa a ruir com a demanda não atendida.
linha do tempo: 1972
Primeiros telefones públicos instalados
no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Somente ao término da década de 1990, com a implantação de um modelo econômico
neoliberal e a onda de privatizações das estatais, surge uma retomada na modernização que
seria impulsionada pela competitividade do setor. Em 1997 é sancionada, pelo Presidente
da República, a Lei Geral das Telecomunicações, regulamentando a quebra do monopólio
estatal; autorizando o governo a privatizar todo o Sistema Telebrás e criar a Agência Nacional
de Telecomunicações (Anatel), com a função de órgão regulador. Submetida a regime
linha do tempo: 1992
O telefone público, a cartão indutivo,
foi lançado durante a Eco-Rio 92. O novo
sistema não só reduziu os gastos das
concessionárias, como facilitou a vida
dos usuários.
autárquico especial e vinculada ao Ministério das Comunicações, a agência se torna uma
entidade da Administração Pública Federal indireta. Em seguida, de acordo com a nova Lei
Geral das Telecomunicações, vem a privatização do Sistema Telebrás, que seria dividido em
12 empresas: três, de telefonia fixa; oito, de telefonia móvel; e a Embratel, como operadora de
longa distância. No ano seguinte, entram em vigor os novos códigos das prestadoras de longa
linha do tempo: 1990
A Nasa, agência espacial norteamericana, lança o telescópio espacial
Hubble, com a missão de fotografar os
limites do universo
distância (interurbano) e das operadoras de telefonia fixa.
Retroagindo um pouco no tempo, ainda no princípio dos anos 1990 aconteceria a maior
revolução na história da telefonia no Brasil: o sistema móvel dos telefones celulares. Sua
primeira transmissão foi no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro. Cada aparelho pesava
meio quilo e era carregado em baterias de carro – por isso, passaram a ser chamados de
telefones móveis. Embora a primeira ligação de um aparelho que deu origem aos celulares
modernos tenha ocorrido em 1973, nos Estados Unidos, as pesquisas desse novo sistema
foram iniciadas e motivadas pelas demandas dos tempos de guerra, nos longínquos anos
1940, nesse mesmo país. E o resultado dessas pesquisas surgiu com um aparelho que
pesava 40 quilos! Somente em 1979 foi lançado, em Tóquio, um sistema precursor do usado
hoje e, em 1983, entrava em operação o primeiro sistema comercial norte-americano.
A forma mais comum de conectar um usuário à central telefônica, em todo o mundo e até
bem pouco tempo, era através do fio metálico. Durante muitos anos o sistema de rádio
era usado pelas companhias telefônicas para interligar assinantes que se encontravam
bem distantes das centrais ou em locais de difícil acesso. Assim como recebemos sinais
de TV e rádio, recebemos também sinais de voz em freqüência – ao invés de usar o fio
metálico –, permitindo que estes sinais sejam enviados e recebidos de automóveis e
pessoas em movimento. Na comunicação móvel primordial, os sistemas eram de baixa
qualidade devido à tecnologia existente, provocando sérias limitações em função da
ocupação do espectro de freqüências. Ou seja, a comunicação móvel não suportava grande
quantidade de ligações, devido a interferências. Porém, com a evolução tecnológica
e o crescimento da procura por esse tipo de serviço, a telefonia móvel celular passou
por um acelerado processo de desenvolvimento. A partir daí, a revolução do sistema d
transformou rapidamente um único aparelho, idealizado somente para enviar e receber
ligações sem o auxílio de fios, em um instrumento de comunicação que engloba, em
si, diferentes meios de comunicação do mundo contemporâneo. Os novos “aparelhos
telephonicos”, que permitem receber e enviar e-mails, acessar Internet, criar planilhas,
digitar textos, tirar e enviar fotos, gravar vídeos, ouvir música, jogar, despertar, calcular
etc., mudaram profundamente os hábitos de nossa sociedade. Agora, possuímos um
pequeno instrumento capaz de invadir nosso mundo privado e, ao mesmo tempo,
proporcionar o deslocar-se no tempo e no espaço com grande liberdade. Os diversos meios
de comunicação hoje existentes, propondo novos acessos a informações e diversificadas
linguagens, produzem novos hábitos, condutas, trocas e relacionamentos entre as pessoas,
em uma velocidade alucinante, como é o exemplo da transformação do universo da
d Curiosidades na página 23
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>22
Internet em apenas sete anos: MSN, Orkut, blogs, telefonia via Internet etc.
Essas novas linguagens tecnológicas começaram a surgir em 1971, quando cientistas
da Intel inventaram o microprocessador, circuito integrado formado por numerosos
e minúsculos componentes, montados sobre uma pastilha de silício que executa as
funções de uma unidade central de processamento (CPU). Essa pastilha, conhecida
internacionalmente como chip, armazena “inteligência” e está presente nos serviços
telefônicos, computadores, videocassetes e CDs, bem como no videodisco interativo, na
televisão digital de alta definição e nas novas gerações de antenas parabólicas, que captam
mais de uma centena de canais de TV via satélite, de recepção direta.
No Brasil, a evolução tecnológica das telecomunicações começa a se fazer presente a partir
de 1990, principalmente no final da década. Surgem, então, os satélites de órbita baixa,
menores e mais econômicos, revolucionando a comunicação via telefone celular. Estes
satélites, conhecidos pela sigla LEOS (Low Earth Orbit Satellite), são responsáveis pelos
sistemas de comunicação pessoal de âmbito mundial. Além de permitirem a retransmissão
de programas da televisão brasileira para qualquer localidade do país e da América Latina,
eles abrem novas perspectivas para a comunicação telefônica, transmissão de dados, fax,
Internet e muitos outros serviços especializados. A evolução tecnológica tem continuidade
com a criação de antenas destinadas à captação de programas de TV via satélite, de
recepção direta, que são transmitidos em freqüências muito altas. E hoje, com o advento
da televisão digital de recepção direta, a DDBS (Digital Direct Broadcasting Satellite), será
possível transmitir imagens de alta definição, com nitidez comparável a de um filme no
cinema ou um som estereofônico com a qualidade de um CD. A digitalização é o maior
avanço das comunicações no século XXI, pois é capaz de unificar as redes de computadores
e as redes de faixa larga, utilizando uma única linguagem que transmite, exclusivamente,
bits para representar sinais de voz, dados, imagens, textos e gráficos. A Internet é a
primeira realidade na prática dessa linguagem.
A digitalização das telecomunicações torna possível abranger a eletrônica profissional e
a do entretenimento. Devido à possibilidade de transmissão de um volume muito maior
de informações, a comunicação digital permite a criação de redes de serviços integrados
de voz, dados e imagens, ou seja, telefone, telex, fac-símile, teleprocessamento, bancos de
dados, serviços de videoconferência, videotexto e televisão. (indicar o vídeo 30)
No romper do novo milênio, São Paulo alcançava a marca de 8 milhões de telefones fixos
instalados, enquanto o avanço tecnológico continuava sua rápida escalada rumo ao
universo das novas tecnologias da comunicação. Em 2000 seria introduzida a tecnologia
ADSL (Asymmetrical Digital Subscriber Line), que possibilitaria enviar e receber dados
e imagens em altíssima velocidade. Além disso, tem início a implantação do serviço de
Internet banda larga e a operação do sistema Emergia, cabo submarino de fibra óptica,
que conecta Buenos Aires a São Paulo – primeira parte da rede de 23 mil quilômetros, que
vai interligar as três Américas através de uma conexão de banda larga, para transmissão à
velocidade da luz. O Brasil do século XXI absorve o ritmo acelerado das novas descobertas
tecnológicas e suas inúmeras possibilidades de comunicação, gerando uma nova realidade
nacional, embora globalizada, em que alguns setores da sociedade interagem ativa e
criativamente na contemporaneidade, franqueando ao mundo nosso valor artístico,
cultural e científico.
As questões relevantes, diante dos meios de comunicação atuais, remetem
sistematicamente à necessidade de uma escolha individual, crítica e consciente. As
novidades tecnológicas que surgem diariamente no nosso cotidiano são, muitas vezes,
absorvidas com extremo entusiasmo ou grandes rejeições. Entretanto, a evolução
tecnológica anuncia sempre a chegada do futuro no presente, que precisa ser aceito,
avaliado e incorporado ao dia-a-dia, como um desafio individual e coletivo para,
efetivamente, contribuir na evolução das relações humanas com seu habitat e no
conviver em sociedade.
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Curiosidades d
• Quando algum som é emitido, ele se propaga na forma de
ondas que fazem vibrar as moléculas à sua volta. Essa vibração, transmitida de uma molécula a outra, é percebida por
nossos ouvidos pela membrana tímpano. Os sinais sonoros
emitidos são transformados em impulsos elétricos e seguem seu caminho até o cérebro, onde são traduzidos em
sons. E assim, ouvimos!
• Quando alguém fala ao telefone, sua voz é transformada
em ondas elétricas que podem ser transmitidas por cabos
ou satélites até o receptor, do outro lado da linha.
• Basicamente, o telefone é composto de cinco elementos: o transmissor, ou microfone, fica no bocal; o receptor, onde se escuta; o gancho, para ligar e desligar o
aparelho; a campainha avisa a chamada; e o teclado, ou
disco, identifica o número que se quer falar.
• O transmissor funciona como uma espécie de ouvido
elétrico, ou seja, nele existe um diafragma feito de um
fino metal e nos microfones tradicionais há finos grãos de
carvão. Ao falar, a voz pressiona o diafragma, movendo-o
para a frente e para trás. O diafragma comprime os grãos de
carvão, provocando a variação da corrente elétrica. Quando
se fala alto, os grãos são comprimidos com mais força,
ficando mais fácil a passagem da corrente; e o contrário
ocorre quando se fala baixo. Os grãos são parte de um circuito elétrico que funciona à bateria. As ondas elétricas são
enviadas para uma central que, por sua vez, as enviam ao
receptor do outro lado da linha.
• O receptor funciona como uma boca elétrica, com um
diafragma de metal. Os sinais elétricos, ao passarem por um
ímã, fazem o diafragma se mover de acordo com a força da
corrente. Esse movimento produz um deslocamento de ar e
a pessoa ouve o que está sendo dito.
• Os telefones celulares são assim denominados devido ao
sistema celular de funcionamento. Trata-se de um sistema
cuja tecnologia é aplicada para conseguir melhores resultados no emprego das freqüências de rádio disponíveis,
ou seja, aquelas que não são usadas pelo rádio ou pela TV.
As freqüências são reutilizadas a distâncias relativamente
curtas como, por exemplo, dentro de uma mesma região
metropolitana.
• A reutilização de freqüências funciona da seguinte forma:
uma determinada área de atendimento é dividida em células em formato hexagonal – com seis lados – que possuem,
cada uma delas, um conjunto de freqüências diferentes da
área vizinha. Assim, as células próximas podem usar uma
mesma freqüência, sem que haja interferência. Uma vez
estabelecida a ligação, o usuário pode se deslocar para
qualquer ponto, que a mudança de uma célula para outra
será automática.
• As fibras ópticas são muito usadas na telefonia atual e
na Internet. São finos fios feitos de sílica, silicone, vidro,
náilon ou plástico, materiais dielétricos (isolantes elétricos)
e transparentes, para a faixa do espectro da luz visível e
infravermelha. A voz é, primeiramente, transformada em
sinais elétricos e convertida, em seguida, em impulsos
de luz. No interior dos cabos (ocos), raios laser levam a
informação até a outra ponta, onde a luz é convertida
novamente em som, e tudo isso numa fração de segundos!
Pois, em sua espessura de um fio de cabelo, essas fibras têm
taxas de transmissão até 10 mil vezes maiores que as de
microondas; e 1 milhão de vezes superiores às de cabos de
metal.
(visite http://www.terra.com.br/reporterterra/fibra/capa.
htm)
• A digitalização das telecomunicações impõe uma única
linguagem, capaz de unificar as redes de computadores e
as redes de faixa larga que transmitem, exclusivamente,
bits para representar sinais de voz, dados, imagens, textos
e gráficos. A Internet é a primeira realidade na prática dessa
linguagem. Com a digitalização de todas as formas de comunicação, todos esses sinais se transformaram em bits.
“Bit” é a abreviatura da expressão “Binary Digit”, a menor
unidade de informação.
(visite pt.wikipedia.org/wiki/Bit , www.meiobit.com/ )
Bibliografia
BARROS, Marcello Guimarães. História das Telecomunicações. Maceió: Edições Catavento, 2006
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, Volume 1. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Lisboa: Instituto Piaget, 1997
LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.
Rio de Janeiro: Editora 34, 1993
ROSA, Jorge [editor responsável]. Brasil, a nova era das comunicações. Publicação
da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel)
RUIZ, Roberto. O Telefone, uma das mais simples e fabulosas criações do engenho humano.
Celta Editora e Publicidade, 1973. Edição comemorativa do 50º aniversário de fundação
da Companhia Telefônica Brasileira
SIQUEIRA, Ethevaldo. A Eterna busca da liberdade. Brasil: 500 anos de comunicações. São Paulo: Dezembro Editorial, 2000
SIQUEIRA, Ethevaldo. Três momentos da História das Telecomunicações no Brasil. São Paulo:
Dezembro Editorial, 1999
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Propostas de Atividades
01.
As grandes invenções
Faixa etária: a partir de 7 anos
O professor deve fazer uma pesquisa e escolher algumas imagens das grandes invenções, datas e informações
para essa primeira fase.
Primeira fase
Debate: A Atividade inicia com a turma sentada em uma roda. E o professor começa o debate lendo a frase
abaixo. Seria interessante escrevê-la em um cartolina grande e deixar à vista durante toda a atividade.
“Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele conduz somente até onde os outros foram.”
Alexandre Graham Bell
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Para refletir e discutir com o grupo
.
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.
O que você acha da frase de Graham Bell?
O que ele quer dizer quando fala para não andarmos pelo caminho que já está traçado, conhecido?
Aonde você acha que ele queria ir?
Vocês sabem o que ele fez, aonde ele foi na vida?
O que é um inventor?
Vocês conhecem alguma grande invenção que mudou o dia a dia das pessoas?
Incentivar que todos participem e depois perguntar :
Qual seria a primeira? E quais vieram depois?
Tentar construir uma cronologia e depois fornecer as informações corretas.
No final do debate o professor apresentaria as imagens e as informações da pesquisa, explorando as
transformações que ocorreram ao longo dos séculos até chegar a vida que levamos hoje.
Hoje em dia, no mundo tecnológico, existem realidades cotidianas diversas. O tempo das invenções é relativo,
pois cada local dependendo de seu desenvolvimento tecnológico está em tempo e, conseqüentemente,
num cotidiano diferente. Países ricos costumam ser os primeiros a incorporarem a seu cotidiano as ultimas
invenções criando um mundo totalmente diferente dos que não tenham acesso à estas. Mesmo em um só
país, como o nosso, há cidades onde o cotidiano se parece muito com o dos países ricos, como São Paulo,
mas existem outras cidades, ou lugarejos distantes, onde o tempo das descobertas parece que parou. No
fechamento do debate seria interessante incentivar questões deles sobre os assuntos discutidos e encerrar
com algumas perguntas/reflexões sobre o cotidiano de hoje sem as grandes invenções tecnológicas.
O que mudaria no seu cotidiano se na sua cidade não tivesse luz elétrica?
Como descreveriam um cotidiano de lugares hoje onde não teria televisão, onde o telefone seria um objeto
que quase não funciona, o celular não pegaria e muitos poucos conheceriam o que era um computador?
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Segunda fase:
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Atividade prática individual ou coletiva. (Essa escolha fica a critério do professor diante das possibilidades de
cada turma e da disponibilidade dos materiais.)
.........................................................................................................................................
Proposta: Desenhar algo que tenha a intenção de melhorar a vida de hoje.
O objetivo dessa atividade é motivar a reflexão e a criatividade inventiva, onde o aluno é incentivado a criar
um invento para em seguida ser construído. Iniciar a atividade com a pergunta/reflexão:
O que acham que falta ser inventado ou o que precisa ser aperfeiçoado?
.........................................................................................................................................
Material sugerido: Papel branco tamanho A3, lápis preto 6b ou 4b.
Material de sucata para a construção do invento: Rolos de papel higiênico, potes, garrafas e pratos de plástico,
papel etc. Algodão, barbante, papel colorido, arame, cola e fita adesiva, tinta guache e/ou pilot e lápis de cera.
02.
O profeta
Faixa etária: a partir de 10 anos
Primeira fase
Debate: Refletir sobre a importância dos profetas, como precursores de uma idéia, um conhecimento,
uma invenção, uma atitude nova diante da sociedade e que por sua inovação tenham despertado um novo
pensamento, aberto um novo caminho e gerado um novo comportamento humano.
A Atividade inicia com a turma sentada em uma roda onde o professor faz perguntas aos alunos para
incentivar o debate.
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Para refletir e discutir com o grupo
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.
O que seria um profeta?
Vocês conhecem algum?
Quem vocês acham que seria um profeta do passado?
O que ele fez ou falou?
E que importância tem isso hoje?
O que seria um profeta hoje?
E quem hoje poderia ser visto, mais tarde, como profeta no futuro?
Se você fosse um profeta o que diria ou faria?
Segunda fase (para jovens a partir de 12 anos)
Atividade individual de construção de tópicos para debate.
O objetivo dessa proposta é desenvolver a apresentação e sustentação de uma idéia numa discussão em
grupo. Visa a elaboração do pensamento crítico reflexivo, individualmente, para que à partir de suas escolhas
possam se relacionar com o grupo e trocar idéias.
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......................................................................................................................................
Proposta: Depois de um tempo refletindo sobre o que é um profeta, deve-se escrever em uma folha
de papel 3 pessoas que eles consideram “profetas” e justificar. Pode ser de sua escola, seu bairro, sua casa,
brasileiros, estrangeiros, do presente ou do passado. E somente depois de todos terem escrito suas escolhas
justificativas é que inicia o debate.
......................................................................................................................................
Segunda fase (para jovens a partir de 10 anos)
Atividade prática individual
Inventar ou contar alguma história atual ou do passado que tenha um visionário, um profeta ou inventor.
Pode ser uma redação, ou uma história em quadrinhos. A escolha fica a critério do professor ou da
disponibilidade dos materiais.
.........................................................................................................................................
Material sugerido para história em quadrinhos: Papel A3 branco e papel 40kg para usar tinta guache
ou lápis de cera. Pode ser também o Papel A2 com pilot ou lápis colorido.
03.
Os novos objetos tecnológicos e a comunicação contemporânea
Faixa etária: a partir de 12 anos
Primeira fase
Debate: A Atividade inicia com a turma sentada em uma roda. E o professor começa apresentando os tópicos
para reflexão em forma de perguntas, incentivando todos os alunos a participarem e trocarem entre si suas
idéias, reflexões, pensamentos. Cada pergunta abaixo que serve como orientação e estímulo para que outras
também que surjam livremente durante o processo e desenvolvimento do projeto.
Sem dúvida, a tecnologia criou aparelhos e objetos que possibilitam uma maior comunicação entre as
pessoas, mas é importante trazer para o debate o questionamento se essa possibilidade trouxe mais
comunicação e entendimento.
......................................................................................................................................
Para refletir e discutir com o grupo
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..
..
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Quais são os novos instrumentos da tecnologia de comunicação? Cite no mínimo 3.
A comunicação entre as pessoas e entre os povos ou culturas diferentes melhorou com os novos instrumentos?
Como ficou a troca e o entendimento entre as pessoas com os novos avanços nas tecnologias de comunicação?
O que mais dificulta o entendimento entre as pessoas?
A tecnologia pode ajudar, atrapalhar?
Existem objetos que aproximam as pessoas?
Quais seriam? E de que maneira fariam isso?
Existem objetos que afastariam?
Quais seriam? E de que maneira fariam isso?
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......................................................................................................................................
Segunda fase
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Atividade escrita individual.
A proposta consiste em escrever um pequeno texto, como se fosse um jornalista que teria um tema
à desenvolver para a seção de tecnologia do jornal. O tema seria: “Os novos objetos tecnológicos e a
comunicação contemporânea”. E para desenvolver o texto deveria escolher no mínimo 5 aparelhos ou
objetos, que surgiram com o avanço tecnológico dos meios de comunicação nos últimos cem anos. Refletindo
sobre quais teriam contribuído para diminuir a distância entre as pessoas. E se a comunicação entre elas
melhorou? Como e porquê?
04.
Atividade de pesquisa “a técnica do telefone”
Faixa etária: a partir de 9 anos
O objetivo dessa proposta é incentivar a pesquisa no museu, na internet e na escola. O vídeo do museu
indicado para essa pesquisa é o “Como funciona o telefone”. Nele é possível encontrar muitas informações
sobre as questões formuladas. Os Sites de pesquisa interessantes para o aluno aprofundar na pesquisa estão
descritos abaixo:
..
..
..
..
.
http://www.terra.com.br/criancas/not50.htm
www.feiradeciencias.com.br/sala12/12_20.asp
www.museudotelefone.org.br/como_funciona8.htm
http://educar.sc.usp.br/licenciatura/2001/fibraoptica/interest.htm
Questões a serem pesquisadas pelos alunos (Veja o quadro ‘Curiosidades’ - pág. 23)
Como o som chega aos nossos ouvidos?
Como transmitir sons usando a eletricidade?
Quais são os principais elementos que compõem os telefones?
Como funciona os telefones de hoje? e os celulares?
O que é uma fibra ótica? Qual a sua importância?
05.
Construindo o seu telefone de cordel.
Faixa etária: a partir de 9 anos
O Telefone de cordel foi criado pelo físico inglês Robert Hooke em 1667. Suas pesquisas científicas descobriram que o
som era feito de ondas que se deslocavam no espaço. Ele, então, inventou um aparelho que consistia em dois copos
ligados por um cordão esticado para transmitir o som. Isto é, um dos copos ao emitir o som provocava uma vibração
no seu fundo, que em forma de ondas sonoras se propagavam pelo fio esticado, até chegar ao outro copo onde uma
vibração semelhante, no fundo deste, permitia à pessoa do outro lado escutar o som emitido no outro copo.
Observação : Essa atividade está diretamente ligada a atividade de pesquisa “a técnica do telefone” e pode ser
feita depois desta. E seria interessante para os alunos realizarem a atual proposta junto com a apresentação
da atividade de pesquisa.
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No entanto, é necessário destacar, que essa atividade pode ser trabalhada separadamente da atividade de
pesquisa citada acima, principalmente para alunos menores de 9 anos. E nesse caso, o professor conversar um
pouco com os alunos antes da atividade.
......................................................................................................................................
Primeira fase (crianças/jovens a partir de 5 anos)
Sugestões de perguntas para os alunos, adequando sempre ao nível de compreensão que a faixa etária permite.
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Para refletir e discutir com o grupo
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.
.
Para que serve o telefone?
Antes do telefone como as pessoas se comunicavam à distância?
Vocês conhecem algum tipo de comunicação à distância antes do telefone?
Quais? Cite algumas.
Qual a origem do telefone?
Como funciona?
O telefone de hoje funciona como no passado? Quais as diferenças e as semelhanças?
E o celular funciona da mesma maneira?
......................................................................................................................................
Primeira fase (crianças/jovens a partir de 9 anos)
a atividade pode ser iniciada com o professor dividindo a turma em grupos que entre si discutem, exploram
a veracidade de suas informações e, reúnem em um pequeno texto o resultado da pesquisa “a técnica do
telefone”, para apresentar à turma.
......................................................................................................................................
Segunda fase (crianças/jovens à partir de 5 anos)
Atividade prática de confeccionar o telefone de cordel.
A atividade começa com a divisão da turma em pequenos grupos, para os quais são distribuídos os seguintes
materiais:
.
.
.
2 copinhos (plástico, papel) ou latinhas (Nescau, ervilha etc).
1 prego.
2 a 5 metros de barbante.
Observação; Essa atividade com crianças até 9 anos é necessário furar antes os fundos dos copos (latas) e
iniciar a atividade no segundo momento.
E quando todos os grupos estiverem com o material o professor deve orientar, demonstrando como fazer
um pequeno furo, aproximadamente da largura do barbante, bem no centro do fundo de cada copo plástico,
utilizando o prego. Depois ele indica como passar a ponta do barbante através do furo e fazer um nó grosso
para evitar que o barbante saia pelo furo, em cada um dos copos. Ao terminar a construção do telefone, o
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professor deve incentivá-los a experimentar o novo aparelho com o fio bem esticado, um falando com a boca
próxima de um dos copos, e outro escutando do outro lado. É importante não colocar o dedo no fio pois isso
>29
impede que as ondas sonoras percorram todo o barbante.
Depois que os alunos tenham explorando as possibilidades do telefone com o grupo, propor que todos os
grupos coloquem o barbante de seus aparelhos esticado em contato com outro e observar o que acontece! ( As
ondas sonoras se cruzam e surge a “linha cruzada”, onde é possível ouvir, no seu telefone, as vozes dos outros
telefones).
06.
O computador e a internet, um novo mundo, uma nova humanidade?
Faixa etária: a partir de 12 anos
Durante a vista ao museu assistir aos vídeos 27: “Com a internet o fim das distancias” e 28: “Computadores: em
poucos segundos, milhões de tarefas”.
Na escola depois da visita ao museu, reunir a turma em grupos de no mínimo 3. Cada grupo deve buscar
desenvolver questões relevantes ao texto abaixo:
“Todas as tecnologias de comunicação que você tinha tido até a internet possuíam essa característica: eram
tecnologias que possibilitavam a ampliação de uma voz para outra pessoa (no caso de um telefone ou rádio,
de falar) ou, então, de uma voz (ou duas, ou três, mas um numero pequenos de vozes) para a multidão. O que
a internet traz é que, pela primeira vez, a multidão pode se dirigir à multidão. Todo mundo tem acesso. Isso é
radicalmente novo na humanidade.”
Pedro Dória ( jornalista)
Os grupos devem procurar no mínimo 2 questões e registrar seus comentários em uma folha de papel como
tópicos a serem debatidos com toda a turma.
Depois o professor reúne toda a turma em uma roda e inicia um debate mediado por ele. No final do debate,
cada aluno é instigado a escrever seu próprio texto, desenvolvendo suas questões, sobre algum tema que a
visita ao museu tenha despertado. (Pode ser usado também o tema da atividade: “O computador e a internet,
um novo mundo, uma nova humanidade?”)
07.
A ficção científica: Invenção ou Profecia?
Faixa etária: a partir de 9 anos
A proposta tem como objetivo refletir sobre o pensamento do futuro. A história do cinema de ficção científica
além de revelar tecnicamente a evolução dos efeitos especiais, pode ser um instrumento muito interessante
para o professor explorar como cada momento histórico tinha seu pensamento e sua visão de futuro.
Influenciados pelas descobertas tecnológicas que transformava drasticamente o cotidiano e as relações entre
pessoas, nações, planetas etc, ao longo dos anos, foram sendo inventados costumes, situações, personagens,
cidades etc. Hoje podemos explorar esses filmes como um registro do passado que previa seu futuro
impregnado de crenças, medos, personagens, política, filosofia, vestimentas, objetos, ou seja, o futuro também
pode falar do passado! Iniciar a atividade com as seguintes questões sugeridas abaixo.
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Para refletir e discutir com o grupo
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O passado é importante para o futuro? Por quê? De que maneira?
O passado pode prever o futuro? Como?
E o futuro pode falar do passado? Como?
Qual a profecia que você faria para o futuro?
O que a ficção científica, as profecias e as invenções têm em comum? Quais as diferenças?
......................................................................................................................................
Depois deste breve debate iniciar a projeção do filme escolhido.
Se houver tempo, quando o filme terminar reunir a turma em uma roda para um debate sobre as questões
relacionadas ao filme. (se não der tempo, pode ser no próximo encontro com a turma)
O professor deve tentar, inicialmente, trazer de cada aluno, no mínimo 2 questões/reflexões que tenham
despertado sua atenção durante o filme. E somente depois da participação de todos, deve propor questões.
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Para refletir e discutir com o grupo
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De que tipo de futuro o filme fala?
É uma visão positiva, negativa?
Nosso passado poderia estar indo para aquele futuro?
O nosso presente estaria?
É uma invenção ou uma profecia?
Você acha que o futuro poderia ser assim? O que seria igual ? o que seria diferente? Por quê?
Você gostaria de viver um futuro assim?
De que maneira esse futuro se aproxima de nosso presente ou passado?
Tem algum personagem que parece com alguém de hoje ou ontem?
Alguma situação conhecida? Imaginada?
Como seria o futuro para você?
Existem no futuro do filme, crenças ou medos de outras épocas passadas?
Quais os medos ou crenças de hoje você percebe?
Lista de filmes indicados:
Metrópolis
Metropolis (Alemanha, 1927)
Direção: Fritz Lang. Elenco: Alfred Abel, Gustav Fröhlich.
Sinopse: o futuro é distante e o mundo está sob o comando dos poderosos, que isolaram os mais pobres no subsolo, como
se fossem seus escravos, para que trabalhassem em prol dos mesmos, comandados por Freder. Filme mudo, considerado por
muitos como o primeiro filme de ficção científica, Metrópolis representa também o début da figura do robô.
O Dia em que a Terra parou
The Day the Earth Stood Still (EUA, 1951) Direção: Robert Wise. Elenco: Michael Rennie, Lock Martin, Patricia Neal, Sam Jaffe.
Sinopse: clássico do cinema de ficção científica, gênero muito comum nos anos 1950. A história de um extraterrestre que
chega à Terra com seu robô, em uma nave espacial, revela o imaginário e o medo do desconhecido naquela época.
Fahrenheit 451 (França/EUA, 1966)
Direção: François Truffaut. Elenco: Julie Christie, Oskar Werner.
Sinopse: filme inspirado na ficção do escritor norte-americano Ray Bradbury, narra a história de uma sociedade totalitária no
futuro, em que os livros foram banidos. É também o primeiro filme colorido de Truffaut.
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O planeta dos macacos
The Planet of the Apes (EUA, 1968)
Direção: Franklin J. Schaffner. Elenco: Charlton Heston, Roddy McDowall, Kim Hunter, Maurice Evans.
Site oficial: www.foxhome.com/planetoftheapes
Sinopse: a história se passa em um futuro distante, quando outros habitantes ocupam a Terra, a qual havia sofrido
transformações muito profundas. No final dos anos 1960, o gênero ficção científica volta abordando outras questões
pertinentes à sua época.
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2001, uma odisséia no espaço
2001: A Space Odissey (EUA, 1968)
Direção: Stanley Kubrick. Elenco: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylves.
Sinopse:
O dorminhoco
Sleeper (EUA,1973)
Direção: Woody Allen. Elenco: Woody Allen, Diane Keaton, John Beck.
Nos anos 1980, surge uma série de filmes de ficção científica tendo, como característica principal, variadas
temáticas e tecnologia aprimorada nos efeitos especiais. Algumas sugestões:
Guerra nas estrelas
Star Wars (EUA, 1977)
Direção: Geoge Lucas. Elenco: Harrison Ford e outros.
Sinopse: filme que iniciou a série; outros dois foram lançados nos anos 1980: O império contra-ataca e O retorno dos Jedis.
Nos anos 2000, Geoge Lucas produziu outros três filmes, fechando a saga dos jedis desde o início. Para dar um sentido
cronológico à série de filmes, foi criada uma numeração com o título original: Star Wars I, II, III (os mais recentes); IV,V e VI (os
anteriores).
Flash Gordon (EUA,1980)
Direção: Mike Hodges. Elenco: Sam J. Jones, Melody Anderson, Max von Sydow, Ornella Muti, Timothy Dalton, John Osborne.
Sinopse:
-Tron (EUA, 1982)
Direção: Steven Lisberger. Elenco: Jeff Bridges, Bruce Boxleitner, David Warner, Cindy Morgan.
Blade Runner (EUA, 1982)
Direção: Ridley Scott. Elenco: Harrison Ford, Daryl Hannah, Rutger Hauer.
Sinopse: no ano 2019, ex-policial é obrigado a descobrir e eliminar replicantes que retornam à Terra para cobrar vida mais
longa ao seu criador.
Os filmes indicados a seguir são exemplos da união entre a tecnologia avançada dos efeitos especiais e as
temáticas contemporâneas provocadas pelas novas descobertas científicas.
Os 12 macacos
Twelve Monkeys (EUA,1995)
Direção de Terry Gilliam. Elenco: Brad Pitt, Bruce Willis e Madeleine Stowe.
Sinopse: prisioneiro no futuro, Bruce Willis precisa voltar ao presente para descobrir a verdade em torno da quase extinção
da raça humana.
Matrix (EUA, 1999)
Direção: irmãos Wachowski. Elenco : Keanu Reeves e outros.
Sinopse: ficção científica de ação, que reinventou vários conceitos no gênero, no final dos anos 1990. Fala sobre o domínio
das máquinas sobre os homens.
Site oficial : whatisthematrix.warnerbros.com
Minority Report - A Nova Lei
Minory report ( EUA, 2002 )
Direção: Steven Spielberg. Elenco: Tom Cruise, Samantha Morton, Colin Farrell, Max Von Sydow.
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RUA DOIS DE DEZEMBRO, 63 - FLAMENGO
WWW.OIFUTURO.ORG.BR/MUSEU
TEL: 3131-3050
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