Indicadores Antecedentes da Inflação

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Indicadores Antecedentes da Inflação
Relatório de Inflação
Março 2000
Indicadores Antecedentes da Inflação
O sistema de metas para inflação requer do Banco Central uma atitude antecipadora na fixação dos
seus instrumentos de política monetária, dadas as conhecidas defasagens do seu mecanismo de
transmissão. Assim sendo, é fundamental a utilização de técnicas econométricas de previsão para
estudar as repercussões de choques sobre a trajetória futura da inflação.
Previsões macroeconômicas têm como objetivo produzir a melhor base de informações possível para
assessorar o processo de tomada de decisões. Há diferentes abordagens que objetivam a previsão
tanto quantitativa, quanto qualitativa da realização de uma variável aleatória. Os modelos estruturais de
previsão são construídos para aproveitar relações teóricas conhecidas entre algumas variáveis
macroeconômicas. Já os modelos não-estruturais usam somente relações estatísticas entre variáveis,
como os modelos de vetores auto-regressivos. Ambos podem ser utilizados de forma a incorporar
choques que possam afetar a trajetória futura da variável projetada. Outra abordagem baseia-se na
construção de indicadores antecedentes.
Historicamente, os primeiros indicadores antecedentes foram construídos nos anos 30 pelo National
Bureau of Economic Research (NBER) e desde então têm sido utilizados como previsores de mudanças
nos ciclos econômicos. Desde 1961, o Departamento do Comércio dos EUA vem divulgando estimativas
mensais desses indicadores, que procuram apontar com antecedência fases de crescimento e de recessão
da economia americana. Outros países, como Canadá, Japão e Reino Unido , têm utilizado abordagens
semelhantes. Entretanto, somente a partir de meados da década de 80 iniciou-se o desenvolvimento
de técnicas de construção de indicadores antecedentes de inflação.
A tecnologia tem evoluído no sentido de montar indicadores compostos a partir de combinações de
variáveis econômicas. Distintamente dos métodos de regressão econométrica, a principal contribuição
desses indicadores está em capturar sinais de prováveis pontos de inflexão na trajetória futura da
inflação. Essa metodologia consiste em extrair do comportamento de uma ou mais variáveis movimentos
que antecedam a evolução da inflação. Essa antecipação é possível quando há uma ordem cronológica
característica no processo produtivo. O papelão ondulado, por exemplo, é amplamente utilizado na
produção de embalagens para a indústria em geral. A expedição de papelão ondulado pode ser utilizada
então como variável antecedente à evolução da produção industrial.
Os indicadores antecedentes, a exemplo dos modelos não-estruturais, utilizam pouca teoria econômica,
pois não são construídos visando capturar uma relação de causa e efeito. Por isso, ocasionalmente, o
comportamento de uma variável pode refletir choques não relacionados àquela que se pretende prever.
A construção de um indicador composto que capte um componente comum entre as variáveis objetiva
minimizar esse efeito. Utiliza-se o algoritmo do filtro de Kalman como ferramenta para combinação
das variáveis.
Tanto na etapa de seleção das variáveis candidatas a comporem os indicadores antecedentes quanto
na de avaliação do seu poder de previsão são analisadas as correlações com a inflação. Além disso,
diversos testes econométricos, como causalidade de Granger e pontuação de uma função quadrática
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Relatório de Inflação
Março 2000
de probabilidade da série de mudança markoviana de regime (Markov switching) são realizados. Esses
procedimentos visam garantir bom poder de previsão e estabilidade do indicador composto.
Com o propósito de construir indicadores antecedentes para a inflação no Brasil, foram avaliadas
originalmente mais de duzentas séries econômicas. Através dos testes anteriormente mencionados
foram selecionadas 49 variáveis candidatas abaixo discriminadas.
Variáveis avaliadas
Fonte
Moeda e Finanças
1
Arrecadação do ICMS
Depec/Bacen - Minifaz/
Cotepe
2
Base Monetária - Saldo em final de período
Depec/Bacen
3
Dívida Líquida Total do Setor Público/PIB
Depec/Bacen
4
M1 - Saldo em final de período
Depec/Bacen
5
M2 - Saldo de final de período
Depec/Bacen
6
M3 - Saldo de final de período
Depec/Bacen
7
M4 - Saldo em final de período
Depec/Bacen
8
Retorno do IBOVESPA
FGV / BOVESPA
Emprego e Salário
102
9
Emprego na Construção Civil
Min Trabalho
10
Horas Trabalhadas na indústria de Transformação SP
FIESP
11
Massa Salarial Real na Indústria de Transformação SP
FIESP
12
Pessoal Ocupado na Indústria de Mineração
IBGE
13
Salário Real na Indústria de Transformação
FIESP
14
Saldo de Emprego em Serviços
Min Trabalho
15
Saldo de Emprego na Construção Civil
Min Trabalho
16
Saldo de Emprego no Comércio
Min Trabalho
17
Taxa de desemprego
IBGE
Relatório de Inflação
Variáveis avaliadas
Março 2000
Fonte
Preços
18
Preço da Cesta Básica
Dieese/ São Paulo
19
Índice de Preço ao Atacado
FGV
20
Índice de Preço ao Atacado - Construção Civil
FGV
21
Índice de Preço ao Atacado - Máquinas Equipamentos e Veículos
FGV
22
Índice de Preço ao Atacado - Matéria Prima
FGV
23
Índice de Preço ao Atacado - Matéria Prima Bruta
FGV
24
Índice de Preço ao Atacado - Matéria Prima Semi-Elaborada
FGV
25
Índice Geral de Preços
FGV
26
Índice Nacional da Construção Civil
FGV
27
Índice Nacional de Preços Recebidos por Produtores Agropecuários
FGV
28
IPC-Fipe, produtos comercializáveis
FIPE - Depec/Bacen
Nível de Atividade
29
Índice de Carga Própria de Energia Elétrica / São Paulo
ELETROBRÁS
30
Capacidade Utilizada na Indústria em SP
FIESP
31
Capacidade Utilizada na Indústria Nacional
CNI
32
Índice de Demanda
Depec/Bacen
33
Índice de Quantidade de Cimento Despachada pela Indústria
FGV/Sind. Nac. do
Cimento
34
Índice da Produção Industrial
IBGE
35
Índice da Produção Industrial -Indústria de Mineração
IBGE
36
Índice da Produção de Insumos da Construção Civil
IBGE
37
Vendas de Eletrodomésticos
ELETROS
38
Vendas Industriais Reais
FIESP
39
Vendas Internas de Automóveis
Fenabrave
Setor Externo
40
Dívida Líquida Externa do Setor Público/PIB
Depec/Bacen
41
Exportações FOB
Depec/Bacen - MDIC/
Secex
42
Índice de Preço de Commodities Alimentação
FGV/The Economist
43
Índice de Preço de Commodities Geral
FGV/The Economist
44
Índice de Preço de Commodities Industriais
FGV/The Economist
45
Índice de Preço de Commodities Industriais Metais
FGV/The Economist
46
Índice de Preço de Importação
Funcex
47
Reservas Internacionais
Depec/Bacen
48
Taxa de Câmbio Real - Dólar - U.S.A./ IPA-DI
Depec/Bacen
49
Taxa de Câmbio Real Efetiva (média ponderada 15 países/IPA-DI)
Depec/Bacen
103