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10 ACADIM anos ASSOCIAÇÃO DEZEMBRO CARIOCA DOS DE 2008 P O R TA D O R E S * ANO DE DISTROFIA X * MUSCULAR No 20 Foto: Divulgação Vendendo o sonho das células-tronco Só podemos afirmar que um tratamento tem efeito depois da realização de testes chamados "duplo-cegos" Milhares de pacientes já foram tratados por essas clínicas. Grande parte da comunidade científica, familiarizada com procedimentos envolvendo células-tronco, repudia esse tipo de serviço.Aprincipal crítica é que não existem evidências suficientes que demonstrem a eficácia das terapias, muito menos trabalhos publicados com modelos animais que sugerem que a técnica possa funcionar em humanos.Agrande maioria das clínicas não coleta dados suficientes que permitam uma análise rigorosa e os clínicos não descrevem com detalhes como as cirurgias são realizadas. Fica impossível para quem está de fora tentar entender o que acontece na sala de cirurgia. Para Mayana Zatz “É fácil entender a ansiedade e a pressa por tratamentos, principalmente em pessoas afetadas por doenças degenerativas de rápida progressão. Mas não podemos submeter pacientes a riscos imprevisíveis ou vender falsas esperanças. E é disso que se aproveitam pessoas que montam negócios lucrativos para explorar o desespero dos pacientes”.(Página 12.) Ver também a matéria “Negócio da China: as injeções de esperança” na página 5. Fotos: ACADIM Curso de Extensão em Fisioterapia Respiratória nas Doenças Neuromusculares Cientistas da USP criam primeiras células-tronco embrionárias brasileiras Página 10 Alunos do curso de extensão em fisioterapia respiratória promovido pela Acadim e Ufrj. Dr. Farley Campos durante o curso de extensão. O primeiro curso de extensão em fisioterapia respiratória promovido pela Acadim e Ufrj, ministrado pelo Fisioterapeuta Farley Campos (foto), promovido pela Acadim e Ufrj, que aconteceu nos dias 13 e 14 de setembro foi um grande sucesso. Página 16. Cientista remove obstáculos para o tratamento da distrofia muscular Foto: Divulgação Por anos, os cientistas têm estudado o uso de terapia genética como uma possível forma de corrigir a degeneração muscular, mas obstáculos tais como tratar todos os músculos do corpo, incluindo musculatura esquelética e o coração, têm sido até hoje um sério desafio para os cientistas. O Dr. Dongsheng Duan (foto), da Universidade de Missouri descobriu um método de transportar a terapia a todos os músculos do corpo que funcionará tanto em músculos esqueléticos, como os encontrados nos braços e pernas e nos músculos do coração. Página 14. Cientistas transformam células-tronco de gordura em células musculares Página 13 Universalidade dos Direitos Humanos Página 9 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * N o 20 EDITORIAL Dever cumprido Mais um ano que finda, e mais uma vez a esperança ressurge no novo ano que se aproxima. Torcemos por isso e iremos em busca de um ano sempre melhor do que o que acabou de passar. Todavia, devemos reconhecer o que de bom o ano que ora termina nos proporcionou. Com entusiasmo esperamos que 2009 nos traga o máximo do que ainda não conseguimos alcançar. As dificuldades que enfrentamos para dar continuidade aos projetos administrativos e assistenciais da entidade, e concretização dos que ainda temos em mira são grandes e, com ajuda de Deus, com trabalho e perseverança, temos certeza, não sofrerão solução de continuidade. A participação de diretores da Acadim em eventos públicos, em 2008 foi efetiva. Destacamos, entre outros: 1 - Parti- cipação em reuniões do Ministério Público, visando interesse de seus associados. 2 - Participação no 1º Seminário do Núcleo Interdisciplinar de Acessibilidade da UFRJ. 3 - Ato Público pela liberação das pesquisas com célulastronco, realizado em Copacabana, com a participação de várias entidades de portadores de deficiência. Registramos, ainda, a efetivação do 1º Curso de Extensão em Fisioterapia Respiratória nas Doenças Neuromusculares, ministrado pelo Fisioterapeuta Farley Campos, promovido pela Acadim e Ufrj, que aconteceu nos dias 13 e 14 de Setembro. Por outro lado, a Associação realizou tarefas relevantes de orientação e assessoramento nos trabalhos acadêmicos de Assistentes Sociais – do Proje- to Distrofia Muscular na Ong Pro–Brasil, intitulados “PERFIL DOS IDOSOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR”. e – “A QUALIDADE DE VIDA DOS IDOSOS PORTODORES DE DISTROFIA MUSCULAR”. No encerramento de 2008, a Acadim apresenta os sinceros agradecimentos a todos que durante o ano de 2008 contribuíram, participaram e não mediram esforços na realização de tarefas que contribuíram enormemente para o atendimento ao público e das suas necessidades. Esperamos que em 2009 continuem nos prestigiando e participando das nossas atividades. Aproveitamos a oportunidade para apresentar aos nossos leitores, amigos e associados Boas Festas e Feliz Natal. EXPEDIENTE Diretoria da ACADIM Presidente: Maria Clara Migowski Pinto Vice Presidente: Pedro Pacheco de Queiroz Filho Diretor Administrativo: Vivaldo Lima de Magalhães Diretor Financeiro: Alberto Jorge Fernandes de Freitas Diretor de Promoções e Eventos: Liliana Pereira de Freitas Conselho Técnico Consultivo: Alexandra Prufer de Q.C. Araújo (Neuropediatra) Ana Valéria de Araújo Leitão (Médica Fisiatra) Antonio Abílio Pereira de Santa Rosa (Médico geneticista) Fábio de Almeida Bolognani (Médico Homeopata) Farley Campos (fisioterapeuta) Franklin Ferreira de Aquino (Fisioterapeuta) Glória Maria Cardoso de Andrade 2 Penque (Neurologista) Jorge dos Santos Oliveira (Advogado) Jorge Kede (Neurologista) Jorge Moura (Fisioterapeuta) Luis Antônio Alves Duro (Neurologista) Márcia Mattos Gonçalves Pimentel (Bióloga Geneticista) Nina Lima (advogada) Raquel Tavares Boy da Silva (Médica Geneticista) Regina Lúcia Rocha Ouricury (Psicanalista) Sara Menezes (fisioterapeuta) Silvia Regina Roig (Bióloga Geneticista) Associação Carioca dos Portadores de Distrofia Muscular: Considerada de utilidade pública (municipal) - Lei nº 3.815, de 28 de julho de 2004, CNPJ 02.916.982/000191, Av. Presidente Vargas, 2863 (HESFA). CEP 20210-030 –Centro - Rio de Janeiro – RJ. Tel/Fax (21) 2502-5766. Internet: http://www.acadim.com.br Jornal da Acadim Jornalista Responsável: Vivaldo Magalhães - Reg.Prof. 11912 Projeto Gráfico/Diagramação: Ruy Machado Cartas/e-mails para este Jornal devem conter nome, endereço e telefone dos leitores, para contato ([email protected]/ [email protected]) Publicado com o apoio da Prefeitura da Cidade do Rio Janeiro INSERIR LOGO DA PREFEITURA ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * No 20 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Belo Horizonte. A atuação do IBDD envolve a formulação de diversos cursos teóricos e profissionalizantes, que serão ministrados por sua equipe, além da captação de currículos e processos de seleção. O programa da Vale deve capacitar profissionalmente um mínimo de 140 funcionários por ano e contratar o maior número possível de pessoas aprovadas no treinamento. A empresa possui o programa de formação de deficientes desde 2005, no qual já foram formados cerca de 200 pessoas. ○ ○ ○ neiro. A ação tramita na 9ª Vara de Fazenda Pública, da Comarca do Rio de Janeiro. O IBDD entrou este ano com uma ação civil pública, buscando garantir a recolocação das roletas em outro posicionamento nos ônibus e conseqüentemente a manutenção dos assentos reservados na entrada do ônibus às pessoas com dificuldades de locomoção. A ação teve como base as leis federais 7.853/89 e 10.098 e a Lei estadual 887/85. O IBDD desenvolverá, ao longo dos próximos dois anos, um programa de formação profissional de pessoas com deficiência para trabalhar na área operacional da Vale, em Carajás, São Luiz, Vitória e ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A partir de domingo (16/11), nenhum transporte coletivo rodoviário no país poderá ser fabricado sem acessibilidade para as pessoas com deficiência. A obrigatoriedade foi estipulada pela Lei 10.098, de 2000, e regulamentada pelo decreto n° 5.296, de 2004. O IBDD acompanha de perto e luta pelo cumprimento da lei e para garantir às pessoas com deficiência o pleno exercício da cidadania, que começa pelo direito básico de ir e vir. A luta do IBDD pela acessibilidade no transporte coletivo já é antiga, tanto que o Instituto entrou, em 2004, com ação civil pública, baseada na Lei municipal 1058/ 87, reivindicando a adaptação dos ônibus em circulação no município do Rio de ja- ○ Ônibus acessível agora é obrigatório Fonte: Informativo IBDD [email protected] ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ bol, prédios comerciais. O IBDD tomou a decisão com base na Lei Orgânica do município do Rio de Janeiro e na Lei 10.098 (Lei da Acessibilidade). A decisão do IBDD teve ampla repercussão na imprensa, em rádios, TV e sites. Ação civil pública para cobrar acessibilidade nos ônibus Hoje nenhum transporte coletivo rodoviário no Brasil pode ser fabricado sem acessibilidade. A Lei 10.098 determina a obrigatoriedade, que entrou em vigor no dia 17 de novembro. Mas antes disso o IBDD entrou com ação civil pública, rei- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ É obrigatória a acessibilidade em prédios privados de uso coletivo, de acordo com a Lei Federal 10.098, de 2000, regulamentada pelo decreto 5.296, de 2004. O prazo para as adaptações venceu na quinta-feira (04/12). Em comemoração ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, o IBDD entrou com ação civil pública contra a prefeitura do Rio para cobrar a fiscalização da acessibilidade obrigatória dos prédios privados de uso coletivo, como teatros, cinemas, bares, restaurantes, hospitais, clínicas, escolas particulares, clubes de fute- ○ IBDD entra com ação civil pública contra a prefeitura do Rio vindicando a adaptação dos ônibus em circulação no município do Rio de janeiro, já que a Lei municipal 1.058, de 1987, define que desde sua publicação os ônibus devem ser acessíveis. A ação, impetrada em 2004, tramita na 9ª Vara de Fazenda Pública, da Comarca do Rio de Janeiro. O IBDD conta agora com a aprovação do requerimento enviado pelo deputado federal Hugo Leal ao Conselho Nacional de Trânsito (Contran), para que ônibus só sejam emplacados se forem acessíveis às pessoas com deficiência. Informativo IBDD NOZAKI LATARIAS LTDA “O Japonês” Latarias em geral Volkswagem - Fiat - Ford - GM Continua na próxima edição Estrada do Barro Vermelho, 30 - B - Rocha Miranda Rio de Janeiro – RJ - Tel.: 3350-9244/3355-5907 3 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * N o 20 Notícias sobre últimas pesquisas e tratamento da DMP Sarcospan reduz as alterações patológicas da distrofia em camundongos USA - Os autores descrevem a ação de uma proteína, sarcospan, que é capaz de reduzir as alterações patológicas da distrofia muscular experimental. Sarcospan consegue estabilizar a proteína utrofina na membrana da célula e reduzir o grau de agressão do músculo; a utrofina está aumentada na distrofia muscular de Duchenne e pode substituir em parte a deficiência da distrofina, com resultados melhores com a ação da sarcospan. Fonte: http://distrofiamuscular.net/ noticias.htm Manifestações cardíacas na doença de Becker: estudo com a ressonância magnética Alemanha - As manifestações cardíacas na distrofia muscular de Becker e frequentemente levam a cardiomiopatia. O diagnóstico precoce permite que o tratamento seja instituído com melhora da sobrevida. O uso da ressonância magnética do coração permitiu o diagnóstico de um maior número de pacientes com disfunção cardíaca, mais precocemente que o ecocardiograma. Fonte: http://distrofiamuscular.net/ noticias.htm Variação da frequência cardíaca e hipercapnia na distrofia muscular de Duchenne Japão - Os autores analisaram a variação da frequência do coração e os níveis de gás carbônico (CO2) no sangue. Eles constataram que os pacientes que apresentavam menor variação da frequência cardíaca tinham maior incidência de aumento de CO2 sanguíneo, denotando a possibilidade de uma correlação entre estes dois parâmetros. Fonte: http://distrofiamuscular.net/ noticias.htm Cientistas descobrem causa da fadiga em pessoas com doenças neuromusculares USA - "A causa do esgotamento e da fadiga nas pessoas com doenças neuromusculares, como a distrofia muscular de Duchenne, é a falta de uma molécula na membrana celular dos músculos.Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Iowa (EUA) explica hoje na revista científica britânica "Nature" que a falta do óxido nítrico 4 sintase neuronal (nNOS) causa a fadiga muscular nesses pacientes.Nos músculos saudáveis, a nNOS dilata os vasos sanguíneos para que aqueles se recuperem mais rapidamente do exercício físico.Os pacientes com desordens neuromusculares têm um esgotamento físico extremo inclusive depois de esforço mais leve. Os cientistas detectaram a falta dessa molécula na membrana das células musculares de ratos de laboratório com doenças neuromusculares. A partir disso, analisaram amostras de tecido de pacientes que, com ampla categoria de desordens, sofriam com fadiga muscular, e também encontraram uma escassez desta molécula. A equipe de pesquisa, liderada por Kevin Campbell, forneceu aos ratos remédios que atuavam como a nNOS, o que permitiu que os animais recuperassem muito mais rapidamente a atividade depois do exercício. Os cientistas asseguram que sua descoberta poderá representar o primeiro passo para o desenvolvimento de tratamentos que melhorem a qualidade de vida desses pacientes" Fontes: http://distrofiamuscular.net/ noticias.htm http://g1.globo.com Efeito benéfico dos betabloqueadores e dos inibidores da ECA na distrofia muscular de Duchenne Japão - Pacientes com distrofia muscular de Duchenne frequentemente apresentam insuficiência cardíaca severa com alta mortalidade. Os sintomas se iniciam na adolescência com piora progressiva em 2 a 2 anos. O uso da associação entre betabloqueadores e inibidores da ECA tem demonstrado efeito benéfico. O estudo atual foi feito a partir da analise retrospectiva da evolução de 52 pacientes com Duchenne, todos cadeirantes no período de 1992 a 2005; doze apresentavam sintomas e os demais 40 casos eram assintomáticos apesar do ecocardiograma alterado. A sobrevida de 5 anos foi de 93% e de 7 anos 84%. Os pacientes que tinham sintomas tiveram uma sobrevida de 81% em 5 anos e 71% em 7 anos, com sobrevida de zero após 10,9 anos. Nos pacientes assintomáticos a sobrevida foi maior: 97% em 5 anos e 84% em 10 anos e com 10 anos a sobrevida era de 72%. Nove pacientes deste grupo permanecem sem complicações após mais de 10 anos. Fonte: http://distrofiamuscular.net/ noticias.htm Efeito da gentamicina sobre os camundongos com distrofia muscular e os benefícios da expressão da distrofina sobre as alterações dos músculos Itália - Os aminoglicosídeos são antibióticos que administrados nos camundongos conseguem corrigir a mutação de ponto e melhorar as alterações musculares da distrofia. Com este tratamento (32mg/Kg/dia por 8 a 12 semana) os animais passam a expressar a distrofina e neste estudo os autores foram estudar as funções que melhoram com a expressão da distrofina tentando deduzir o que poderá melhorar com a terapia gênica quando ela estiver disponível. Os resultados demonstraram que a gentamicina melhora as alterações patológicas dos músculos, a redução da necrose muscular e a redução de fatores inflamatórios. As funções da membrana celular se recuperam e os níveis de CK se reduzem no sangue. No entanto o equilíbrio nos níveis do cálcio na célula muscular não se normalizou e a permeabilidade do cálcio na membrana não se reduziu. Os autores concluiram que uma expressão maior de distrofina é necessária para a total correção das funções musculares. Fonte: http://distrofiamuscular.net/ noticias.htm Distrofia Muscular de Duchenne: uma cardiomiopatia que pode ser prevenida? Holanda - Neste editorial os autores comentam as recentes pesquisas sobre o uso da ressonância nuclear magnética em distrofia muscular de Duchenne. Este exame é considerado muito importante para avaliar com fidelidade a anatomia e a função cardíaca. Também em estudos recentes a ressonância nuclear magnética permitiu em Duchenne o diagnóstico da fibrose muscular e a detecção de alterações precoces da doença. Os pacientes com Duchenne tratados com corticóides apresentam melhora da função cardíaca e retardo no aparecimento da disfunção ventricular podendo indicar um efeito preventivo na função cardíaca da doença. Fonte: http://distrofiamuscular.net/ noticias.htm ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * No 20 Não caia no conto do vigário Não se deixe enganar. Lembre-se, a internet está aí, disponível para todos nós. Procure o nome do profissional que oferece tratamento. Verifique o seu currículo, quais são as suas publicações científicas, a que instituição está afiliado, quais são as suas credenciais. E o mais importante: tentativas terapêuticas ou experimentais não podem ser cobradas – essa é uma regra universal. Se forem, desconfie. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ As pesquisas não andam na velocidade que gostaríamos Existem inúmeros grupos de pesquisadores ao redor do mundo, sérios, honestos, dedicados, que trabalham exaustivamente para viabilizar tratamentos que sejam efetivos e com o mínimo de riscos. Embora não sejam tão rápidos como gostaríamos, chegaremos lá. É fácil entender a ansiedade e a pressa por tratamentos, principalmente em pessoas afetadas por doenças degenerativas de rápida progressão. Mas não podemos submeter pacientes a riscos imprevisíveis ou vender falsas esperanças. E é disso que se aproveitam pessoas que montam negócios lucrativos para explorar o desespero dos pacientes. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A importância de estudos duplo-cegos Só podemos afirmar que um tratamento tem efeito depois da realização de testes chamados "duplo-cegos". Isto é: um grupo de pacientes recebe injeções de CT e outro recebe injeções de placebo – alguma substância inócua. Para que os resultados sejam analisados de forma imparcial, nem o paciente, nem o cientista pode saber a que grupo pertencia tal indivíduo. Se o primeiro grupo mostrar uma melhora em relação ao segundo, poderemos falar em tratamento – não antes. Um estudo duplo-cego, feito em 2004, com a doença de Parkinson demonstra claramente o efeito placebo. Nesse estudo foram selecionados dois grupos de pacientes. No primeiro foram transplantadas células fetais no cérebro. A esperança era de que elas voltassem a fabricar dopamina, um neurotransmissor que dimi- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ nui nessa doença. O segundo grupo não recebeu nenhuma célula. Nem os pacientes, nem os médicos sabiam quem havia recebido as células. Depois de um ano, observou-se que todos haviam melhorado, independentemente de terem ou não recebido as células fetais. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ sas mesmas pessoas sobre células obtidas de um feto abortado aos 3 ou 4 meses de gestação? Seria inaceitável. Mas saber se essas células são realmente capazes de fazer uma pessoa paraplégica voltar a andar ou recuperar os neurônios de pacientes com ELA (a doença do famoso físico Stephen Hawkins) são outros quinhentos. Artistas ou efeito placebo? Uma estratégia comum a todos esses sites que oferecem tratamentos é mostrar vídeos ou depoimentos de pessoas que declaram ter melhorado após o tratamento. São artistas, pagos pelos interessados, ou pessoas que realmente acreditam ter se beneficiado? O fato é que os "marqueteiros" sabem que as pessoas prestam muito mais atenção para depoimentos que para estatísticas. E além de tudo, existe o efeito placebo. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Células-tronco fetais O doutor Huang, da China, atrai milhares de pessoas, do mundo todo, que desesperadas querem tentar qualquer coisa. Como o aborto é permitido – eu diria que até incentivado (devido à rígida política vigente de controle de natalidade, em que cada casal só pode ter um filho) –, usar essas células fetais na China não chega nem a ser anti-ético. Já no Brasil, se existem pessoas contrárias ao uso de célulastronco embrionárias obtidas a partir de préembriões de oito células, congelados há anos em um tanque de nitrogênio, o que diriam es- ○ ○ ○ Injeções de esperança Células-tronco de embriões, fetos, cordão umbilical, gordura, sangue, medula óssea? Na realidade ninguém sabe o que está sendo injetado, mas pessoas com as mais diferentes patologias acreditam nessas promessas. E o pior, pagam para se tornarem verdadeiras cobaias humanas. "Doenças como diabetes, esclerose múltipla, paralisia cerebral, autismo, derrame ou esclerose lateral amiotrófica (ELA) são tratadas com sucesso". Esta é a propaganda do site www.returninghope.com. Quando pressionado a mostrar evidencias científicas, Brian Dardzinksi, que opera esse site a partir de Bankok e Hong Kong, mostrou um artigo que tratava de incontinência urinária com célulastronco, um trabalho que está sendo questionado eticamente. Já o doutor Rader, do www.medra.com, garante ter curado casos de epilepsia, lesionados medulares e, pasmem, até síndrome de Down com células-tronco. ○ ○ ○ Recebo diariamente e-mails de pessoas que me perguntam sobre tratamentos com célulastronco oferecidos em vários países do Caribe e também na Índia, Ucrânia e China. São vários os sites que oferecem soluções "milagrosas" e prometem a cura para inúmeras doenças com custos variando entre 17.000 a 50.000 dólares. Tornou-se um grande comércio. Um negócio da China. ○ Negócio da China: as injeções de esperança Mayana Zatz, geneticista e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano (USP) E-mail: [email protected] Fonte: Veja.com: Genética 5 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * N o 20 6 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ P.: Como em Portugal não existe nenhuma Associação desta doença, resolvi recorrer ao Vosso site. Precisava de ajuda que provavelmente a vossa experiência me pode dar, sobre como combater a obstipação grave de que padece o meu irmão de 61 anos com distrofia ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Cordão umbilical - Pesquisadores da USP confirmaram que o cordão umbilical pode ser uma fonte riquíssima de células-tronco, capazes de assumir a função de diversos tipos de tecido do corpo. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Também são recomendados exercícios para a musculatura respiratória e exercícios leves (que não levem a musculatura a exaustão) para o corpo como um todo. Enquadrada nesta última situação, o andar de bicicleta, desde que sem exageros. " 2 - “Os exercícios físicos bem orientados dentro da água são excelentes. Tiram parte do esforço necessário decorrente da ação da gravidade e possibilitam por isso movimentos que fora da água talvez não sejam possíveis pelo grau de fraqueza muscular”. Porém é importante observar aqui: ”1 - Apenas o especialista responsável (médico) pode fazer recomendações e orientações aos portadores de distrofia. 2 - Treinamento de força tradicional pode não acarretar em benefícios e sim em prejuízos, como acelerar o processo degenerativo. São necessários meios e métodos especiais”. 3 - “A prática da musculação para portadores de distrofia muscular contraria todos os ensinamentos e recomendações médicas e fisioterapêuticas. Atualmente, o consenso mundial é contra este tipo de exercício, pelo fato de contribuir para o agravamento da doença, colocando em risco a saúde do paciente. Especialistas afirmam que a aparente melhora é de curta duração e acarretará na aceleração do processo degenerativo”. Alexandra Prufer de Q. C. Araújo, Professora Adjunta de Neuropediatria da UFRJ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ P.: Fui diagnosticado com distrofia muscular de Becker aos 9 anos de idade. hoje tenho 23. Ouvi de uma fisioterapeuta que na fisioterapia não pode incluir pesos (tornozeleiras e alteres) por mais leves que sejam, mas que na água é diferente por não haver gravidade. No entanto, quando eu tinha uns treze anos eu quase fiquei sem andar e foi com a utilização de pesos que tive bons resultados. Cerca de 75% da minha força antiga voltou. Como a gravidade na água é quase nula, e não fazia muito esforço, mas os músculos ficavam doloridos. Eu ouvi dizer também que não está comprovado que os pesos são realmente negativos no tratamento da distrofia. Gostaria de obter um esclarecimento sobre isso e sobre a minha doença. (Vinicius Brandão) R.: 1 - “Nos casos de Distrofia de Becker são recomendados cuidados com fisioterapeuta para que sejam evitados vícios de posições nas articulações (juntas) através de movimentos passivos e às vezes usos de órteses (equipamentos que mantém a postura das articulações, usados principalmente no repouso). ○ ○ ○ Pergunta: Estou tentando achar uma resposta para a seguinte dúvida: O distrófico costuma apresentar disturbio de personalidade? (Inah Rutenberg) Resposta: Eventualmente alguns tipos de distrofia podem cursar com aspectos depressivos, como a FSH e a miotônica. Em relação à DMD e, mais raramente, DMB, pode haver rebaixamento de cognição (30% em DMD), às vezes apenas em determinada área do conhecimento, chegando à deficiência mental raramente profunda. Ainda em DMD e raramente em DMB pode haver associação de aspectos autistas. Sem estar descrito em livros, mas na observação, percebo o grande número de pacientes com TOC (transtorno obsessivo compulsivo), não sei se inerente à doença ou relacionada a uma interação ambiental onde a rotina torna-se uma viga mestra. Sobre tudo que falei há tratamento. No caso de depressão e TOC os antidepressivos vão muito bem. No caso de deficiência mental vale um bom trabalho psicopedagógico. Especificamente esta família que questiona acredito que seja FSH (...) Talvez o distúrbio seja a depressão. De qualquer modo, independente de qualquer dependência, há necessidade de uma avaliação psiquiátrica. Ana Lucia Langer, Diretora Clínica da Abdim ○ ACADIM responde de Steinert desde os 20, e já com grave déficit motor e da força muscular. (Tem 500 repetições CTG) Quais serão os laxativos mais indicados? Haverá alguns prejudiciais?Com que freqüência os tomar? E já agora, conhecem alguma esperança terapêutica para a degradação muscular?A fisioterapia tem algum efeito benéfico, ou pode ser prejudicial? (Maria da Graça Morais) R.: Distrofia Muscular Miotônica ou de Steinert é a forma adulta mais comum de distrofia muscular. Ela é transmitida de forma autossômica dominante e é causada por um defeito no gene da miotonina (expansão do trinucleotídeo CTG) no cromossomo 19. A severidade dos sintomas e a idade de início dependem do número de expansões anormais. Outra característica é o fenômeno da antecipação, onde a idade de apresentação fica menor a cada nova geração acometida. A apresentação clássica ocorre no final da adolescência com fraqueza e dificuldade de relaxamento muscular (miotonia). Com o passar dos anos ocorre piora da fraqueza. Ao contrário da maioria das miopatias, a distrofia miotônica tem fraqueza predominantemente distal. O fácies é característico com calvície frontal, face longa e estreita, atrofia do músculo temporal e discreta ptose palpebral. A fala pode ser anasalada pelo acometimento dos músculos bulbares. É uma doença autossômica dominante multissistêmica. Exemplos de outras alterações orgânicas que podem se desenvolver são diabetes, atrofia testicular, catarata e defeitos da condução cardíaca. Os defeitos de condução cardíaca são a maior fonte de preocupação e devem ser acompanhados de perto pelo médico com exames complementares periódicos. Anormalidades eletrocardiográficas são vistas em 90% dos pacientes. Bradicardia e bloqueios AV são comuns. As complicações respiratórias mais relevantes são: - Infecções broncopulmonares de repetição, freqëntemente associado com dispnéia e, ocasionalmente, com insuficiência respiratória (Baiget et al, 1997). - Pneumopatias por aspiração: ocorrem em decorrência principalmente do mau funcionamento da musculatura faringo-esofágica. Este tipo de pneumopatia é originado a partir de alimentos digeridos aspirados em direção à árvore respiratória, causando infecções, febre e dor torácica (Baiget, et al, 1997); ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * No 20 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ passarão e as células poderão não ser viáveis. Além disso, se o paciente que receber a doação pesar, mas de 50kg, provavelmente não será suficiente o sangue de 1 cordão umbilical e precisará lançar mão de um banco público. A questão financeira também pesa... você precisa ter esta criança num hospital onde tenha este banco e o preço de coleta e manutenção é bem salgado. Vou te dar um dado: um banco público com 3000 sangues de cordão tem 60% de chances de achar alguém compatível. Se este banco tiver entre 10.000 e 12.000 sangues, a chance de compatibilidade é 100%. Por que, então, não doar para um banco público? Ana Lúcia Langer, Diretora Clínica da Abdim ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ P.: Tenho 32 anos e sou portadora de distrofia facio escapulo humeral e me trato no Instituto de Neurologia Deolindo Couto. Com relação às células-tronco. Se eu tivesse um bebê, as células do cordão umbilical poderiam ser usadas na minha filha de 9 anos, no meu filhinho de 10 meses e no recém-nascido? Minha filha é portadora confirmada, mas o bebê de 10 meses ainda não, mas tem 50% chance de ser portador, assim como um futuro bebê que eu possa ter na esperança de tentar curar minha filha (Alessandra). R.: Alessandra, não faça isso. A terapia celular ainda está longe de ser uma realidade como forma terapêutica em distrofia muscular. A chance de você ter uma criança doente é de 50% e, portanto, nem por hipótese, este novo bebê poderia ser doador (ele teria o erro genético). Supondo que ele não tenha a DM e você congele seu cordão, até poder usar muitos anos ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ culos perioculares, lesões na córnea, anomalias da íris, anormalidades eletrorretinográficas, constrição parcial do campo visual e hipotensão intra-ocular (Baiget et al, 1997; Anderson & Burian apud Scaff, 1989). Sobre sistema auditivo, freqüentemente, os portadores de DMS são acometidos de uma ligeira perda da audição, nos adultos se manifesta como uma surdez de percepção de freqüências altas e médias pode agravar-se com a idade e sua origem parece ser tanto central como periférica (Baiget et al, 1997). Sobre laxantes recomendados, temos tido boa experiência com o polietilenoglicol. No Brasil tem o nome de MUVINLAX. Nos EUA, chama-se MIRALAX. Precisaria saber como é em Portugal. O irmão dela pode usar 1 sachê/dia. Às vezes nos primeiros dias são necessários 2 sachês, diluídos em água. Ana Lucia Langer, Diretora Clínica da Abdim ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ - Hipoventilação alveolar: decorrente da debilidade e miotonia dos músculos respiratórios, especialmente do diafragma. Possivelmente é a causa da hipersonia, cefaléia matutina e alterações do humor e do caráter (idem); - Anomalia do centro de controle da respiração (bulbo) pode ocorrer em alguns casos, agravando os problemas respiratórios e causa apnéia do sono (as pessoas deixam de respirar muitas vezes enquanto dormem) (Baiget, et al, 1997; MDA, 2001). O problema da deglutição resulta da debilidade da musculatura faringo-esofágica. A manifestação mais freqüente é o vômito, causado pela diminuição (ou desaparecimento) do peristaltismo do esôfago, o qual pode apresentar dilatação em sua porção terminal (Baiget, et al, 1997; Scaff, M. 1989). Há episódios de diarréia e dor abdominal em conseqüência de cólon espasmódico. A prisão de ventre é freqüente, causada pelo acometimento do intestino grosso, o qual também é responsável pela dilatação dos cólons. A incontinência anal é rara. Cálculos biliares são freqüentes, com crises de dor hepática e, em certas ocasiões, manifestação de icterícia (Baiget, et al, 1997). A endocrinopatia é facilmente observada em homens. A calvície frontal ocorre quase universalmente. Nos casos mais graves é freqüente haver atrofia testicular. (Baiget, et al, 1997; Scaff, M., 1989; Adams, R., Victor, M., 1998). A maioria dos portadores não tem diabetes grave, porém podem desenvolver resistência à insulina com níveis elevados de açúcar no sangue, ou seja, o corpo produz insulina, porém esta não desempenha muito bem sua função (MDA; 2001). Em relação ao sistema visual, o comprometimento mais freqüente é no cristalino, onde há formação de catarata. Outras manifestações clínicas no sistema ocular podem ser ptose palpebral, blefarospasmo, miotonia dos mús- ○ continuação P.: Tenho um bebe (menino) de 1 e 6 meses e 88 cm de altura, que só anda apoiado em objetos ou segurando pelas mãos. Ele anda repuxando a perna e o braço do lado esquerdo.Já o levei em um neuropediatra o melhor aqui em Varginha MG, foram feitos: teste do pezinho ampliado, tomografia computadorizada, eletroencedfalograma exames para presença de Enzimas que suspeitasse de distrofia muscular e nada constataram os exames. Está sendo feito fisioterapia mas não vejo avanço. Aqui não há muitos recursos e especialistas. Estou desesperada, pois sei que não está normal. Como devo proceder? (Shirlei). R.: A descrição sugere mais uma paralisia cerebral pelo fato de ter "repuxamento" em braço e perna de um lado e seria do tipo hemiparético (que se beneficia bastante da fisioterapia e é das formas mais brandas da paralisia cerebral). Alexandra Prufer de Queiroz Campos Araújo, Professora Adjunta de Neuropediatria da UFRJ 7 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * N o 20 8 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ embrionárias. Só depois tudo vem para o nosso laboratório, na USP. Não sei cultivar embrião, não adiantava vir antes. Folha - O processo de aprendizado foi contínuo? Pereira - Nós quebramos a cabeça. Foram dois anos de muita frustração, até três meses atrás. Nós dissemos que iríamos fazer e criamos uma expectativa. E aí, cadê? Foi um alívio tremendo. Nós usamos uma estratégia de começar essa curva de aprendizado, para dar um salto de conhecimento, do zero. Nós trabalhamos com embriões humanos, que não são uma pessoa, mas é um material muito nobre, que deve ser tratado com grande dignidade. Em vez de sairmos descongelando embriões sem experiência nenhuma, em 2006 nós trouxemos pesquisadores dos EUA para ensinar os primeiros passos. A primeira leva de células não deu certo, mas demos um salto. Folha - O problema sempre esteve na pesquisa básica? Pereira - É, na transferência tecnológica. Isso funciona mais ou menos como uma receita de bolo. O cara escreve a receita e o bolo dele tem um gosto. Você faz na ¤sua cozinha, com as suas coisas, ele vai ficar um pouco diferente. Mas nós tivemos uma oportunidade, por esse tempo todo de atraso em desenvolver as nossas linhagens, de ter meios de cultura mais modernos. Foi isso, neste ano, que fez a coisa dar certo. Folha - Não há dúvida de que vocês obtiveram linhagens de células-tronco embrionárias e que elas podem ser multiplicadas? Pereira - Não há dúvida. Nós multiplicamos, congelamos um pedaço, descongelamos e ela se multiplicou também. Imagina que frustrante, depois desse barulho todo, alguém me pedir uma dessas células e eu dizer: 'Morreu!' Seria um papelão. Folha - Vocês ainda não publicaram nada em revistas científicas... Pereira - Nós pretendemos publicar. Estabelecer linhagens de células-tronco embrionárias não é trivial. Deve haver bem menos de 50 grupos em todo o mundo que conseguiram fazer isso. Nós achamos importante divulgar isso agora porque o governo federal está fazendo uma nova aposta na gente. O Ministério da Saúde está investindo em pesquisa básica, o que é uma coisa sensacional. A receita do bolo vai estar no artigo. Vamos disponibilizar essas células, treinar gente. Agora temos o domínio dessa tecnologia, desde tirar a célula de ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Os dois anos de busca pela primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas brasileira, a BR-1, apresentada na semana passada, foram angustiantes para a carioca Lygia da Veiga Pereira. Aos 41 anos, essa física que acabou migrando para a biologia diz que se sentiu como a proverbial mulher de malandro: "Na pesquisa, a gente apanha 90%, mas nos 10% restantes tudo é muito gratificante". Pereira agora quer sair em busca do tempo que foi perdido na área no país. Para ela, o Brasil não pode ficar atrás nos testes clínicos com as células-tronco embrionárias, as mais promissoras para a cura de doenças degenerativas por sua capacidade de se transformarem em qualquer tecido do organismo. Marcelo Rudini/Folha Imagem Como a pesquisadora vai distribuir as linhagens celulares que ela obteve para quem quiser usar, ela acha que não é o caso de vários grupos brasileiros saírem agora competindo, tentando fazer suas próprias linhagens. "Mas isso não significa que eu fiz a primeira e não quero que mais ninguém faça." Leia a seguir entrevista à Folha, dada na semana passada em Curitiba, durante o 3º Simpósio Internacional de Terapia Celular, onde foi anunciada a obtenção da linhagem BR-1. Folha - Suas pesquisas começaram em 2006, antes de a ação de inconstitucionalidade contra a Lei de Biossegurança ter sido votada. Vocês chegaram a burlar a lei? Lygia da Veiga Pereira - Quando a lei foi aprovada, em 2005, o Ministério da Saúde e o CNPq deram R$ 17 milhões para as pesquisas. Logo em seguida entrou a ação. Mas a lei valia. O CNPq não só aprovou o nosso projeto, como liberou a verba. Para mim isso foi uma sinalização: "Siga em frente". Folha - Como o processo ocorreu, desde a doação dos embriões? Pereira - Os embriões usados foram os que sobraram da fertilização in vitro, que os casais, em total anonimato, doaram para a pesquisa. Contamos com uma parceria com duas clínicas, a Fertility, do Dr. Edson Borges [de São Paulo], e a clínica do Dr. Franco Jr., em Ribeirão Preto. Eles têm centenas de embriões já doados para a pesquisa. Os embriões são descongelados nas clínicas, mas, como eles são os piores, por terem sido os que sobraram, dos 250 manipulados apenas 35 chegaram ao estágio que nos interessava. Nas clínicas ainda, o pessoal corta o embrião e retira o pedaço de onde vão ser separadas as células-tronco ○ Pesquisadora quer pressa em 1º teste clínico com células-tronco de embrião no Brasil um embrião humano até fazer um neurônio em animal. Folha - E quais são os próximos passos? Pereira - Eu quero aprender a tirar essa célula do embrião, multiplicá-la no laboratório de forma adequada para o uso humano, usando produtos que não sejam de origem animal [como foi feito agora]. E quero também fazer tudo isso em quantidade. Uma coisa é você ter células suficientes para cuidar de um camundongo, outra é ter material suficiente para curar o ser humano. O próximo passo, portanto, é produzir essas células em grande escala. Folha - O desafio agora é "humanizar" essas linhagens para que a aplicação delas em testes com humanos fique mais segura? Pereira - Daqui a pouco vão começar os testes clínicos em seres humanos com essas células. Nós nos acostumamos a só ver testes clínicos com células-tronco adultas. Mas esse negócio com as embrionárias vai acontecer. Nos EUA, no ano que vem, será feito o primeiro teste para lesões na medula. E nós aqui no Brasil estamos de braços cruzados. Temos de recuperar esse tempo perdido. Eu quero fazer isso de uma forma responsável, mas quero estar lá na frente também. Folha - Esses testes estão muito próximos também aqui no Brasil? Pereira - Vivemos um momento muito parecido ao do ano de 1967, quando começaram os transplantes de coração. Não se sabia se era seguro ou não. Se funcionava ou não. Era preciso ter coragem para dar esse passo do modelo animal para o do ser humano. No próximo ano, nos Estados Unidos, veremos esses experimentos. Se for seguro, isso vai incentivar muitos outros testes clínicos com outras doenças. O caso das embrionárias é igual ao caso do coração. O Brasil está em 1956, quando começaram os testes em modelos animais. O que eu quero é trazer o Brasil para 1967. Folha - Quando vocês ficaram seguros do resultado obtido? Pereira - Há dois meses começamos a ficar felizes. As células grudaram [ao substrato usado no meio de cultura] e começamos a ver um crescimento que tinha cara de ser realmente a coisa. Mas apanhamos muito. Estávamos com medo de ficarmos felizes. Falava para a minha aluna [Ana Maria Fraga, que também trabalhou no projeto]: 'Não grita ainda'. Estava com a cara, estava crescendo. Mas temos de ser rigorosos. Foram testes mínimos para identificar determinados marcadores que nós fizemos ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * No 20 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ mento em que eles queriam me pagar com sociedade, a USP disse que isso não podia, era conflito de interesses. Também comecei a levar pedrada da academia, por preconceito. 'Oh! Que horror, a iniciativa privada!' Mas eu pensava diferente. Folha - A sra. é a favor de guardar o cordão umbilical de bebês? Pereira - O debate ficou dividido entre o bem e o mal. Tem gente que diz que isso serve para tudo, e isso é propaganda enganosa. Outros, que não servem para nada. Isso é falso. Essas células valem para doenças do sangue, como as leucemias. Que são raras, mas são graves. Vale a pena? A única pena, sejamos sinceros, é financeira. ○ ○ ○ ○ ○ ○ chega! Um experimento que pode esperar de 30 a 60 dias não precisa ser feito. A segunda questão é a da fixação de pesquisadores. Não temos como contratar na universidade sem ser por concurso. A nossa principal mão-de-obra são os alunos de pós-graduação, que em alguns anos vão embora. Deveria haver algum órgão que pudesse fazer uma contratação de forma mais dinâmica. E, como na iniciativa privada, isso deveria ser feito por meritocracia. Não deu certo, é demitido. E não da forma como é hoje, a pessoa entra, senta na cadeira e não sai mais. Folha - A sra. já trabalhou em um banco de cordão umbilical, certo? Pereira - Tenho fascinação pela iniciativa privada por causa desse negócio da meritocracia. Realmente eu fui convidada para ajudar a estabelecer o Cordvida há alguns anos, que é um banco de cordão umbilical. Foi uma delícia, por causa da agilidade. Hoje ainda sou do conselho científico. Chegou um mo- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ até a semana passada [retrasada]. Aí eu disse: 'Pode gritar'. Folha - Os primeiros testes com essas células embrionárias devem ser feitos para quais doenças? Pereira - As embrionárias causam tanto entusiasmo porque elas, em animais de laboratório, têm efeito terapêutico muito importante. Isso em paralisia por trauma de medula, em doença de Parkinson, em diabetes. Essas são as únicas células que conseguem fazer insulina. Essas são as doenças, além da degeneração de mácula, para as quais grupos nos EUA estão desenvolvendo terapias com células embrionárias. Folha - Quais são os obstáculos ao avanço da terapia celular no país? Pereira - Um é a questão da importação. Estou no meio de um experimento e me dou conta de que eu vou precisar de um reagente qualquer. Ligo para a empresa de importação e ela me diz que em 30 a 60 dias o material ○ continuação Eduardo Geraque enviado especial da Folha de S.Paulo a Curitiba Fonte: Folha Online - Ciência e Saúde ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ próximo e os direitos da comunidade em geral. A ideologia dos Direitos Humanos encontra pleno acolhimento na Declaração de Direitos do Continente Americano. O princípio de que todo homem nasce livre e igual em dignidade e direitos, sendo dotado de razão e consciência, está consagrado na Declaração de Direitos das Américas. Da mesma forma, a determinação de que todos ajam, uns em relação com os outros, com espírito de fraternidade. A Declaração das Américas afirma que a proteção dos direitos essenciais supõe a criação de circunstâncias que permitam o progresso espiritual e material das pessoas, a fim de que possam alcançar a felicidade. A Declaração Solene dos Povos Indígenas do Mundo é um poema à dignidade humana, à liberdade e à igualdade. É um protesto veemente contra a colonização e o genocídio: - "Quando a Terra-Mãe era nosso alimento, - Quando a noite escura era o telhado que nos cobria, - Quando o céu e a lua eram nosso pai e nossa mãe, - Quando todos nós éramos irmãos e irmãs, - Quando a justiça reinava sobre a lei e sua aplicação, - Então outras civilizações chegaram". ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Estamos às vésperas de celebrar o sexagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada que foi no dia 10 de dezembro de 1948. O momento é oportuno para que nos reportemos a outras cartas de direitos a fim de demonstrar quão universal é o grito humano por Liberdade e Justiça. A "Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos" declara que todo indivíduo tem direito ao respeito da dignidade inerente à pessoa humana e ao reconhecimento de sua personalidade jurídica. Todas as formas de exploração e degradação do homem são proibidas. O espírito de fraternidade é referido como valor que deve reger as relações entre os homens. A "Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos" é marcada por uma constante valorização do coletivo, do comunitário, do social. A Declaração Islâmica diz que todo homem nasce livre. Nenhuma restrição deve ser oposta a seu direito à liberdade, salvo sob a autoridade da lei e através de sua aplicação normal. A Carta muçulmana acrescenta que todo indivíduo e todo povo tem direito inalienável à liberdade sob todas as formas. Todo indivíduo ou povo oprimido tem direito ao apoio legítimo de outros indivíduos ou povos nesta luta. Toda pessoa tem o direito e o dever de defender os direitos do ○ Universalidade dos Direitos Humanos - "Famintos de sangue, de ouro, de terra e das riquezas da terra, - Sem conhecer e sem querer aprender os costumes de nossos povos, - Transformaram em escravos os filhos do sol" - "No entanto, eles não conseguiram nos eliminar! - Nem nos fazer esquecer quem nós somos, - Eis que somos a cultura da terra e do céu, - Nós somos de uma ascendência milenar. - Mesmo que todo o Universo seja destruído, - Nós viveremos, - Por tempo mais longo que o império da morte". É certo que a vigência de Direitos Humanos no mundo não depende só de Declarações solenes. Mas é motivo de esperança verificar que as mais diversas culturas proclamam a dignidade de todos os seres. Esse consenso pode indicar que existe um caminho, como estrela anunciadora de um tempo melhor. Revista Jus Vigilantibus, Terça-feira, 2 de dezembro de 2008 http://jusvi.com:80/artigos/ 37337 João Baptista Herkenhoff - LivreDocente da Universidade Federal do Espírito Santo, professor pesquisador da Faculdade Estácio de Sá e escritor Fonte: InfoAtivo DefNet - nº 4160 Ano 12 – Dezembro de 2008 9 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * N o 20 Cientistas da USP criam primeiras célulastronco embrionárias brasileiras 10 ○ ○ temos projeto para isso", conta. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Células-tronco 2.0 A primeira linhagem brasileira de células-tronco já se beneficiou dos esforços obtidos por grupos estrangeiros que se mostraram equivocados. No início das pesquisas nos EUA, as células eram cultivadas junto com tecido animal, o que acabava produzindo uma contaminação permanente e impedindo seu uso em futuros testes clínicos. No Brasil, aprendendo com os erros dos outros, o grupo de Lygia da Veiga Pereira evitou essa técnica e partiu para formas mais modernas de cultivar as células. "De certo modo, estamos com isso mais perto de trazer essas células-tronco para um cenário de testes clínicos. É como se fosse uma versão 2.0", diz. "Em 1998, surgiu a primeira linhagem de células-tronco embrionárias nos Estados Unidos. Em 2008, produzimos a primeira linhagem no Brasil", relata Pereira. "Nós, trabalhando com o grupo do Stevens [Rehen, da Universidade Federal do Rio de Janeiro], estamos tentando recuperar o tempo perdido." Pereira deseja continuar multiplicando essas células em laboratório, para poder fornecê-las para outros grupos interessados no uso para pesquisa. "Já ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ das eram pluripotentes – podiam se transformar em qualquer tipo de tecido. É exatamente por isso que as células-tronco embrionárias são tão cobiçadas. Agindo como curingas celulares, elas são teoricamente capazes de se transformar em qualquer tipo de célula que existe no corpo humano. Por isso há a esperança de que possam, no futuro, ser aplicadas em tratamentos de doenças hoje incuráveis, restabelecendo a saúde a órgãos ou tecidos danificados. Entre as muitas enfermidades que poderão um dia ser combatidas com terapia celular estão diabetes, mal de Parkinson e problemas cardíacos. "Já vimos nossas células se transformarem em neurônio e músculo", diz Pereira. "Pretendemos fazer agora testes em animais, para confirmar essa pluripotência." ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ A ciência brasileira acaba de obter a primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas em solo nacional. O avanço inédito, obtido por pesquisadores do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, deve ser anunciado na manhã desta quinta-feira em Curitiba, durante um simpósio de terapia celular ocorrendo naquela capital. O sucesso foi uma combinação de muito suor e alguma audácia por parte do grupo liderado por Lygia da Veiga Pereira, uma vez que a liberação definitiva para a produção de células-tronco embrionárias humanas só veio com a decisão do Supremo Tribunal Federal, em maio de 2008, que julgou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a Lei de Biossegurança, que havia sido aprovada pelo Congresso em 2005. Se o grupo tivesse começado as pesquisas apenas após o julgamento no Supremo, não teria sido possível avançar tão depressa. "Na verdade, em 2005 as pesquisas haviam sido liberadas. A existência da ação de inconstitucionalidade não proibia. Essa foi a minha interpretação", conta Pereira. Ela usa como argumento que seu projeto foi aprovado pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e recebeu financiamento já em 2006. "Entendi isso como um sinal para ir adiante." Mas nem tudo foram flores. Por conta da insegurança jurídica, houve gente no grupo de Pereira que teve a bolsa de estudos negada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que temia uma proibição mais adiante. Mesmo assim, com o auxílio de verbas federais e de instituições privadas, o grupo prosseguiu. E, cerca de três meses atrás, após 35 tentativas, os cientistas conseguiram extrair a primeira linhagem estável de células-tronco a partir de um embrião. Desde então, os pesquisadores passaram a multiplicar essas células. Finalmente, algumas semanas atrás, conseguiram determinar que as células obti- ○ Avanço marca início das pesquisas feitas com amostras nacionais no país. Foram precisos pouco mais de 30 embriões para obter linhagem estável. Da biologia para a medicina Por enquanto, a imensa maioria dos trabalhos com células-tronco embrionárias trata muito mais de ciência básica do que de tentar desenvolver tratamentos clínicos. Com as pesquisas brasileiras, não vai ser diferente. Isso porque existem muitos riscos envolvidos com a inserção de células-tronco embrionárias em pacientes. Em animais, uma célula-tronco embrionária à solta já mostrou que pode se transformar num teratoma – uma espécie de câncer composto por todo tipo de tecido, de forma desordenada. Para evitar que algo similar possa acontecer com humanos, os cientistas estão se acautelando e garantindo que tenham um entendimento completo de como controlar a diferenciação das células-tronco, de forma que ela produza só o bem, e nunca o mal. "Na verdade, já sabemos bem como fazer a diferenciação, vários estudos já fizeram isso com muito sucesso", afirma Pereira. "O que ainda é difícil é ter segurança. Quando você insere no organismo, será que sobrou alguma célula não-diferenciada que pode virar outra coisa?" É uma pergunta dificílima de responder. E, segundo Pereira, o processo para solucionar a questão é totalmente empírico. "É basicamente pôr no bicho e ver se forma alguma coisa. E o que estamos vendo é que, em muitos casos, nada de anormal aparece." Para a pesquisadora brasileira, os primeiros testes clínicos com célulastronco embrionárias já estão próximos. "Tem uma empresa nos EUA que já entrou com um pedido para fazer", diz. "Antigamente, eu costumava sempre responder a isso com, ah, em cinco a dez anos. Mas agora já acho que no ano que vem teremos o primeiro teste clínico com células-tronco embrionárias no mundo." Salvador Nogueira Do G1, em São Paulo ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * No 20 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ nossa visita. As mesmas leis, o mesmo controle, a mesma preocupação ética aplica-se a qualquer material humano vindo de outros países. Ou seja, não podemos mandar linhagens do Brasil para lá se não estiverem de acordo com toda a regulamentação britânica. Isso demonstra um grande respeito pelo material humano, não importa a sua origem. Quando irão começar os tratamentos em seres humanos com as células-tronco adultas? Essa é a pergunta que mais ouvimos, não só aqui, mas em todos os países que trabalham com essas pesquisas. Isso também foi discutido no Reino Unido. Alguns médicos acham que os ensaios clínicos poderão começar dentro de 2 ou 3 anos. Por outro lado, os cientistas que fazem pesquisa básica acreditam que serão necessários 10 anos para entendermos todos os mecanismos. Eu estou no meio do caminho. As pesquisas que vamos realizar agora com vários modelos animais poderão nos dar respostas muito importante. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ agradável. Todos os centros que visitei (Edimburgo, Newcastle, Cambridge e Londres) sabiam da nossa lei e por causa dela nos colocaram em outro patamar. É como se dissessem: vocês agora fazem parte do clube. Vamos colaborar. O primeiro resultado prático vai ser um curso dado por um pesquisador inglês aqui no Brasil. Ele vai nos ensinar como derivar linhagens de CTE, uma técnica que não é trivial. Tivemos também várias ofertas de intercâmbios de alunos além da possibilidade de recebermos células-tronco embrionárias derivadas no Reino Unido para ensaios clínicos nos nossos modelos animais. Como são regulamentadas as pesquisas com células-tronco na GrãBretanha? Se por um lado, os britânicos estão na vanguarda do conhecimento por estarem entre os primeiros que aprovaram as pesquisas com CTE, eles são extremamente preocupados com os aspectos éticos relacionados a essas pesquisas. Por exemplo, qualquer linhagem de CTE tem de ser depositada em um banco central, único para toda a GrãBretanha. Para ter acesso a uma linhagem de CTE, o pesquisador precisa ter seu projeto aprovado pelo comitê de ética. Como se regulamenta células vindas de outros países, por exemplo, o Brasil? Isso também foi discutido durante a ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Doutora Mayana, os resultados com células-tronco adultas são realmente animadores, isso implica que não iremos precisar mais das células-tronco embrionárias? Quando irão começar os tratamentos em seres humanos com as células-tronco adultas? (Edilson Ribeiro Santos) Muito obrigada por seu e-mail Edilson. Essa sua pergunta deve estar passando pela cabeça de muita gente. Se os resultados com células-tronco adultas são animadores, ainda vamos precisar das pesquisas com célulastronco embrionárias? Infelizmente ainda não podemos abrir mão delas. Precisamos aprender como derivar neurônios funcionais que são fundamentais para que no futuro possamos tratar pessoas com doenças neurodegenerativas como Parkinson, doenças neuromusculares ou pessoas que perderam os movimentos por lesão da medula. Acabo de voltar de uma viagem no Reino Unido, onde a convite da embaixada britânica tive a oportunidade, juntamente com mais dois pesquisadores brasileiros, de visitar os centros mais adiantados em pesquisas com célulastronco. Alguns pontos merecem ser mencionados. Como repercutiu a aprovação da lei brasileira que permite as pesquisas com células-tronco embrionárias (CTE)? Essa foi uma surpresa extremamente ○ Dra. Mayana Zatz responde: Quando começam os tratamentos? Coluna Genética da revista Veja.com Por Mayana Zatz - Geneticista e diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano (USP) E-mail: [email protected] Fonte: Revista Veja.com RESTAURANTE DAMASCO A Associação Carioca dos Portadores de Distrofia Muscular estabeleceu parceria com o Restaurante Damasco que fica na sobreloja do prédio do Teleporto (Av. Presidente Vargas, 3131 – Tel.: 2515-1050 / 2515-1051), na Cidade Nova. O restaurante oferece comida de excelente qualidade das culinárias árabe, italiana, japonesa e brasileira. Foram colocados ao lado dos caixas dois cofrinhos para os clientes que desejarem colaborar com a Acadim, depositar o seu troco. Essa iniciativa visa não apenas divulgar os projetos assistenciais da entidade, dar informação sobre a distrofia muscular, além de fazer a divulgação de um restaurante bem localizado, gerenciado pelo Sr. Mazzola, que nos oferece um bom atendimento, acolhendo a todos com muita simpatia, num ambiente leve e descontraído. 11 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * N o 20 12 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ vos, na esperança de compreender melhor o procedimento. Infelizmente, esse contato não tem sido produtivo. A grande reclamação está na falta de clareza dos relatórios médicos, mesmo dados básicos sobre a saúde inicial do paciente são deixados de fora. Apesar de toda a agitação atual em torno das células-tronco, existem apenas algumas terapias legítimas utilizando células-tronco adultas (para algumas leucemias, infarto ou degeneração da córnea) e o primeiro ensaio clínico usando células-tronco embrionárias para lesões da medula espinhal deve acontecer em breve na Califórnia. É só. A grande parte dos pesquisadores ainda está tentando entender como as células-tronco se comportam no organismo, quais as conseqüências do transplante e se elas realmente fazem algum efeito. Mas as clínicas particulares estão oferecendo cada vez mais serviços, ampliando o espectro de células e tipos de doenças. Por exemplo, a EMCell, clínica que diz já ter tratado mais de 2.000 pacientes para as mais diversas doenças, anunciou que um paciente com ELA voltou a andar. O caso chamou a atenção de uma associação de ELA americana (ALSTDF), que decidiu investigar o caso, na esperança de que seus membros também possam usufruir dessa terapia. Em conversa com os médicos da EMCell, os diretores da ALSTDF não conseguiram detalhes clínicos suficientes para compreender como o procedimento é realizado. Pior, algumas das declarações levantaram suspeitas, como, por exemplo, a injeção de células-tronco foi abdominal. Salvo uma reação imunológica temporária, não existe nenhuma evidência de que células na cavidade abdominal contribuam para uma melhora do sistema nervoso. É implausível que as células migrem para o cérebro e contribuam na melhora da ELA. O caso ficou conhecido pela mídia e chamou a atenção da revista científica “Science”, que procurou os diretores da EMCell para uma explicação. Os poucos trabalhos foram publicados em revistas de baixo impacto (sem indexação internacional) e a maior parte em russo. Os coordenadores da EMCell justificam que a comunidade internacional, principalmente dos EUA, simplesmente ignora os resultados positivos que a clínica vem obtendo, seja por motivos intelectuais ou financeiros. Outro caso interessante é o da instituição chinesa comandada pelo Dr. Huang. O pro- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Caso você seja um paciente com alguma doença incurável, como Mal de Parkinson, Alzheimer ou Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), saiba que existe uma clínica na Holanda que diz que pode ajudá-lo. O catálogo ou website informa que você pode ser curado com uma injeção de células-tronco aplicada embaixo da pele, num procedimento de apenas algumas horas. A clínica já tratou centenas de pessoas e atesta que tem resultados “surpreendentes”, com depoimentos emocionados de seus pacientes. Apesar do foco da clínica holandesa estar nas doenças do sistema nervoso, eles também aceitam pacientes com outras doenças, como artrite, lupus, insônia, disfunção sexual, queda de cabelo e falta de apetite. Esse é só um exemplo de clínicas que estão oferecendo serviços baseados em células-tronco. Basta uma rápida procura na internet para encontrar centenas de sites, a grande maioria bem atraentes, com retratos de pessoas saudáveis e felizes, ou relatos de paciente atuais que foram “curados” ou tiveram uma melhora significativa. Muitas delas oferecem inclusive um pacote turístico junto, é o chamado turismo terapêutico. O custo varia muito, em geral em torno dos US$ 20 mil. Mesmo assim, existem milhares de pessoas na fila de espera. Dependendo da clínica, tipos diferentes de células-tronco estão disponíveis. Algumas oferecem tratamentos baseados em células do cordão umbilical, outras usam células retiradas de fetos abortados. Ainda temos células sanguíneas da medula do próprio paciente ou mesmo células glia progenitoras do nariz. Apesar de milhares de pacientes terem sido tratados por essas clínicas, grande parte da comunidade científica, familiarizada com procedimentos envolvendo células-tronco, repudia esse tipo de serviço. A principal crítica é que não existem evidências suficientes que demonstrem a eficácia das terapias, muito menos trabalhos publicados com modelos animais que sugerem que a técnica possa funcionar em humanos. A grande maioria das clínicas não coleta dados suficientes que permitam uma análise rigorosa e os clínicos não descrevem com detalhes como as cirurgias são realizadas. Fica impossível para quem está de fora tentar entender o que acontece na sala de cirurgia. Nos EUA, alguns cientistas e grupos de pacientes vêm tentando entrar em contato com clínicas que reportam resultados positi- ○ Vendendo o sonho das células-tronco cedimento é baseado na descoberta do neurocientista Geoffrey Rasiman (University College London) que descobriu, mais de 20 anos atrás, que certas células da mucosa nasal são responsáveis por guiar fibras nervosas do bulbo olfatório até o cérebro. Quando em cultura, Raisman e outros grupos demonstraram que essas células podem ser usadas para melhorar os sintomas de ratos com lesões na medula espinhal. No website chinês, os pacientes se referem a essas células como “células-tronco”, mas Huang nega que sejam realmente células-tronco. O grupo de Raisman está coordenando um pequeno ensaio clínico com humanos baseado na sua descoberta. Mas o procedimento da clínica chinesa é diferente. Lá eles retiram as células de fetos abortados e injetam diretamente no paciente. Dados experimentais em cobaias sugerem que as células são atacadas pelo sistema imune rapidamente, pois há incompatibilidade imunológica, sendo eliminadas do corpo. Portanto, não existe base científica alguma para a melhoria observada nos pacientes de Huang. Mesmo assim, diversos cientistas liderados por um grupo de Miami se mostraram intrigados pelos resultados e conseguiram permissão para acompanhar a avaliação clínica dos pacientes de Huang. Os dados, publicados na revista “Neurorehabilitation and Neural Repair” e na “Spinal Cord”, são assustadores. De sete pacientes autorizados a ter contato com cientistas do exterior, cinco apresentaram efeitos colaterais (incluindo meningite e exacerbada sensibilidade) e nenhum mostrou qualquer sinal de melhora. Para piorar, as amostras injetadas não continham as tais células-tronco do nariz. Obviamente Huang se defendeu criticando a técnica dos cientistas de Miami e apontando que a análise de apenas sete entre milhares de pacientes seria insuficiente para tirar conclusões. Justo, mas porque isso não foi discutido antes? Hoje em dia, o ideal é que qualquer terapia em humanos seja testada em ensaios experimentais abertos, “randomizados” e controlados, onde qualquer pesquisador do mundo possa ter acesso aos dados. Os pacientes devem participar sem pagar absolutamente nada, estando cientes dos riscos envolvidos. Obviamente, nos países em desenvolvimento, onde as regulações institucionais são menos rigorosas, isso acontece mais freqüentemente. Mesmo assim, nos EUA, ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * No 20 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ divulgação exacerbada dos avanços das células-tronco pelos próprios cientistas e pela mídia em geral. Caso semelhante aconteceu na década de 80 com a “terapia gênica”. Com a morte de um voluntário, as pesquisas da área desapareceram por anos por falta de financiamento e só estão voltando agora. Um atraso científico e terapêutico irreparável. Será que já não teríamos a cura para diversas doenças se os avanços não tivessem sido interrompidos? A esperança nas células-tronco é compartilhada por muitos, pacientes, familiares, pesquisadores, políticos. Infelizmente ainda não chegamos lá. Precisa-se investir muito em pesquisa básica. Ensaios experimentais ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ uma clínica de Atlanta (Biomark) foi processada pelo FDA (agência governamental americana responsável por fiscalizar tratamentos clínicos) por ludibriar seus pacientes com falsas esperanças no tratamento de ELA usando células do cordão umbilical. Após perder os direitos de clinicar nos EUA, os donos da clínica são agora procurados pelo FBI. Mesmo assim, muitos pacientes continuam a procurar esse tipo de auxilio. Com justificativas do tipo “não me importa se ainda não foi provado cientificamente” ou “qualquer melhoria pra mim é bem vinda”, ou mesmo “não tenho nada a perder”, fica difícil de argumentar com pacientes que têm pressa na cura. A razão por trás disso inclui a ○ continuação clínicos devem ser controlados e sem retorno financeiro, garantindo a transparência. Sei que é difícil explicar isso para pacientes que se recusam a se conformar com seu estado. Mas acho que essa deva ser outra razão para que se pressione as agências de fomento governamentais a investir na área ou mesmo para organização de associações privadas, comandadas ou não por pacientes, que financiem pesquisas direcionadas para doenças específicas. Alysson Muotri em 21 de Novembro de 2008 Fonte: http://colunas.g1.com.br/ espiral/2008/11/21/vendendo-o-sonhodas-celulas-tronco/ Cientistas transformam células-tronco de gordura em células musculares ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ tronco de gordura se agarra com firmeza ao arame. As células de gordura viraram músculos que funcionam. Para a coordenadora da pesquisa, Mayana Zatz, a descoberta é um passo importante na direção do tratamento da distrofia muscular. “A chave é a gente descobrir e poder controlar totalmente esse processo. Só aí é que a gente vai ficar seguro de injetar. Eu acho que se essas experiências que estamos testando agora derem certo, a gente pode pensar talvez em dois ou três anos começar ensaios clínicos em pessoas”, acredita Zatz. ○ que dispara a ordem de transformação destas células dentro do corpo ainda é desconhecido. Depois de quase um ano de tentativas, os cientistas conseguiram transformar as célulastronco da gordura em células musculares humanas no corpo dos camundongos. E junto com elas, veio também um resultado impressionante. Os camundongos tinham distrofia muscular, uma doença genética grave que afeta a força dos músculos aos poucos e que ainda não tem cura. Um camundongo que não recebeu células-tronco, por causa da distrofia muscular, não conseguia se segurar no arame e caía. Já o camundongo que recebeu as células- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) fizeram novas descobertas sobre o poder das células-tronco. Testes em laboratório tiveram resultados surpreendentes em relação à distrofia muscular. A matéria-prima da descoberta veio daqueles pneuzinhos indesejados e eliminados com lipoaspiração em clínicas de cirurgia plástica. A gordura posta de lado virou material de pesquisa nas mãos de cientistas. Material rico em células-tronco adultas, que têm a função de fazer pequenos reparos em determinadas partes do corpo. Elas são capazes de se transformar em células ósseas, de cartilagens e também em células musculares. Mas o mecanismo ○ Descoberta pode auxiliar tratamento da distrofia muscular. Fonte: G1 Instituto de Neurologia Deolindo Couto da UFRJ, Localizado na Avenida Venceslau Brás 95, Botafogo, mantém um ambulatório especializado em Distrofia Miotônica às quintas-feiras. Este ambulatório realiza avaliações e tratamento desta doença. As avaliações e o acompanhamento dos pacientes são inteiramente gratuitos. As consultas poderão ser marcadas pelo telefone 3873-5608, entre 14:00 e 16:00 horas, de segunda a sexta feira, com o professor Luiz Duro. 13 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * N o 20 Cientista remove obstáculos para o tratamento da distrofia muscular 14 ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ das as células cardíacas. Anteriormente os cientistas não estavam certos de que uma correção parcial dessas células pudesse trazer benefícios. Em um estudo anterior, a equipe do Dr. Duan demonstrou que o tecido cardíaco poderia ser suficientemente corrigido, a ponto de manter uma vida saudável, caso apenas 50% dele fosse afetado pela terapia. Em seguida a esta descoberta, a equipe demonstrou pela primeira vez, que esse resultado também era verdadeiro para tecido cardíaco in-vivo. Os pesquisadores da Universidade de Missouri submeteram à terapia genética, células cardíacas de camundongos recém nascidos com distrofia muscular, e descobriram que houve correção de muitas anomalias cardíacas existentes. Novos testes têm sido desenvolvidos para detectar prematuramente se um recém nascido apresenta alto risco de ter distrofia muscular. Devido ao fato de existirem poucos tratamentos disponíveis, tais testes tiveram pouca aceitação. Mas isso pode mudar caso terapias como a do Dr. Duan mostrem-se efetivas. "Se você puder tratar uma criança antes dos sintomas aparecerem, você pode tratá-la antes que se inicie a perda muscular", disse o Dr. Duan. "Se você esperar até que os sintomas surjam, os músculos já começaram a se deteriorar. E é muito difícil tratar quando já não há mais músculos" ○ ○ ○ ○ todos os músculos do corpo de um portador de DMD." Portadores de DMD têm uma mutação genética que impede a produção de uma proteína chamada distrofina. A falta de distrofina inicia uma cadeia de reações que eventualmente leva à degeneração muscular e à morte. Em tempo, o tecido muscular danificado é substituído por tecido fibroso e gordura, e perde a função. No coração isso provoca doenças cardíacas sérias, e impõe sérias limitações. Na terapia genética, genes que sofreram mutação são substituídos por genes saudáveis. Entretanto, mesmo com a terapia genética, os genes saudáveis necessitam alcançar cada músculo do corpo. Os cientistas, incluindo a equipe do Dr. Duan, vêm estudando o uso de vírus para levar genes saudáveis até as células musculares, mas tais estudos foram efetuados apenas em camundongos. Agora a equipe do Dr. Duan comprovou que esta técnica consegue levar os genes saudáveis a cada músculo de animais maiores, como cães. "Entre 40 e 60% do peso corporal deve-se a músculos, e por esse motivo é vital que encontremos uma forma de levar a terapia a cada músculo do corpo", disse o Dr. Duan. "Uma vez que um cão é 250 vezes maior que um camundongo, mas apenas nove vezes menor que um ser humano (em média), alcançamos um significativo avanço em termos de compreender se esta terapia poderá funcionar." A equipe do Dr. Duan não parou por aí. Em terapia genética é impossível tratar to- ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Colúmbia, Mo - Cerca de 250.000 pessoas nos EUA têm alguma forma de distrofia muscular. A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é a forma mais freqüente da doença, afetando predominantemente pessoas do sexo masculino. Meninos com DMD perderão a capacidade de andar por volta dos 10 anos e a morte tipicamente ocorre antes dos 30 anos. Por anos, os cientistas têm estudado o uso de terapia genética como uma possível forma de corrigir a degeneração muscular, mas obstáculos tais como tratar todos os músculos do corpo, incluindo musculatura esquelética e o coração, têm sido até hoje um sério desafio para os cientistas. Em estudos recentes publicados na "Molecular Therapy and Human Gene Therapy", uma equipe da Universidade de Missouri, dirigida pelo professor associado de microbiologia e imunologia Dr. Dongsheng Duan, descobriu não apenas um método de transportar a terapia a todos os músculos do corpo de um modelo animal grande, mas também que funcionará tanto em músculos esqueléticos, como os encontrados nos braços e pernas, quanto nos músculos do coração. "A dificuldade em tratar a DMD e outras doenças musculares, é que a terapia necessita alcançar quase todos os músculos do corpo", afirma o Dr. Duan. "Descobrimos que nossa nova terapia, que faz uso de um vírus específico para transportar a terapia genética aos músculos, consegue alcançar todos os músculos em animais grandes. Este desenvolvimento aumenta as esperanças de se conseguir corrigir ○ Novos estudos demonstram técnica eficaz em terapia genética; Cientista da Universidade de Missouri-Columbia prova que terapia é benéfica para o coração. Fonte: http://www.eurekalert.org/ pub_releases/2008-10/uomsch102808.php ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * No 20 II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência O que é a Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ do Decreto Legislativo no. 186, de 09 de julho de 2008. O segundo documento é o Programa de Ação para a Década das Américas pelos Direitos e pela Dignidade das Pessoas com Deficiência (2006-16). Aprovada em Assembléia Geral da OEA em 5 de junho de 2007. Finalmente, como primeiro grande esforço governamental no sentido de impulsionar a acessibilidade e a inclusão da pessoa com deficiência a nível nacional, o Presidente Luís Inácio Lula da Silva lançou em outubro de 2007 a Agenda Social, um apanhado de ações e intervenções que pretende atingir um grande número de pessoas com deficiência. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ lação com a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE, órgãos da estrutura da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República– SEDH/PR. Durante os meses de julho, agosto e setembro o Brasil inteiro discutiu, durante as etapas municipais e estaduais os documentos mais atuais de defesa de direitos das pessoas com deficiência e a rede de conselhos de direitos da pessoa com deficiência consolidou essas propostas para a etapa nacional. O primeiro e mais importante documento é a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo. Aprovada pela ONU no final de 2006, a Convenção começou a vigorar internacionalmente em 3 de maio de 2008 e no Brasil, sendo ratificada em tempo recorde, com equivalência à emenda constitucional por meio ○ A II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência se realizará entre 01 a 04 de dezembro de 2008, em Brasília, e terá caráter deliberativo, isto é, não ficará restrita a propostas, mas também tomará decisões sobre políticas públicas a respeito das pessoas com deficiência. A data não foi escolhida ao acaso. 2008 é um ano marcado por amplo debate na área dos direitos humanos no Brasil, uma vez que comemoramos os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o lançamento da Agenda Social pelo Presidente da República e a ratificação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, da ONU. A II Conferência Nacional foi precedida por conferências e fóruns estaduais, municipais e distrital e será coordenada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência – CONADE, em articu- InfoAtivo DefNet - nº 4152 - Ano 12 Novembro de 2008 site: http://www.l2.com.br/hotsite/ conade NOTAS Eleita a nova Diretoria da Acadim, para o período 2008 / 2012: A nova Diretoria da Associação Carioca dos Portadores de Distrofia Muscular que irá dirigir a Acadim durante o período 2008/2012 é composta pelos seguintes diretores: Presidente – Maria Clara Migowski Pinto Barbosa; Vice-presidente - Pedro Pacheco de Queiroz Filho; Diretor administrativo – Vivaldo Lima de Magalhães; Diretora de Promoções e Eventos - Liliana ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Pereira de Freitas; Diretor Financeiro – Alberto Jorge Fernandes de Freitas. Conselho fiscal: Rosane Maria Ferreira Dantas, Carla Vieira Nonato da Rosa e Aline Montenegro Magalhães (efetivos); Dinah da Rocha Nigro Volga, Luiz Carlos Pereira da Cruz e Rogélio Gonçalves de Oliveira (suplentes) ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Agradecimento - shopping Apresento aqui o meu agradecimento à Administração do Shopping Iguatemi – Vila Isabel, por ter autorizado o recarregamento da bateria da minha cadeira de rodas motorizada, que arriou em pleno Shopping, no dia 28 de outubro p.p. Fui gentilmente atendido pela equipe do plantão do dia, composta pelos senhores René Dantas (manutenção), Wilson Alcântara (segurança), Fernando Roque (eletricista) e Irapuã Felipe Costa Filho (segurança), que foram muito solícitos no atendimento, livrando-me de um transtorno. (Vivaldo Magalhães) AUTO PEÇAS T AVARES TA ACESSÓRIOS EM GERAL GRADE, PARA-CHOQUES, FARÓIS, LANTERNAS, CAPAS P/ BANCO, FORROS P/ PORTAS, TANQUES DE GASOLINA EM GERAL, E ETC. RUA DAS TURMALINAS, 6 LJ B - ROCHA MIRANDA RIO DE JANEIRO – RJ TEL: 2471-7116 15 ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR * D E Z E M B R O D E 2 0 0 8 * A N O X * N o 20 Curso de Extensão em Fisioterapia Respiratória nas Doenças Neuromusculares Fotos: ACADIM Foi um grande sucesso o Curso de Extensão em Fisioterapia Respiratória nas Doenças Neuromusculares, ministrado pelo Fisioterapeuta Dr. Farley Campos (foto), promovido pela Acadim e Ufrj, que aconteceu nos dias 13 e 14 de Setembro. O objetivo do curso é proporcionar ao aluno, estudante e/ou profissional da área da saúde (fisioterapeuta, médico, enfermeiro...) atualização e aprofundamento nos conhecimentos sobre as disfunções respiratórias nas doenças neuromusculares, das diversas modalidades de assistência ventilatória, correlacionando a atuação fisioterapêutica em pacientes com doenças neuromusculares e as indicações de VNI – Ventilação Não Invasiva / Bipap e Tosse Mecanicamente Assistida “CoughAssist”. Esse profissional precisa ser treinado para realizar os procedimentos necessários – no ambiente hospitalar – , como aspiração, monitoramento, manobras de desobstrução, além de lidar com os equipamentos. Por outro lado, após o tratamento hospitalar, o paciente deverá ser acompanhado por um cuidador treinado por esse profissional para garantir a continuidade ao tratamento fisiorespiratório no âmbito domiciliar. Este foi o primeiro curso de extensão em fisioterapia respiratória promovido pela Acadim e Ufrj, mas outros cursos serão programados no próximo ano, para atender aos candidatos que se interessarem. Um outro motivo que não pode ser descartado foi o grande número de interessados que, por diferentes razões, não pôde fazer a inscrição na data prevista. Momento de descontração no café da manhã nas dependências do HESFA IMPRESSO ACADIM – ASSOCIAÇÃO CARIOCA DOS PORTADORES DE DISTROFIA MUSCULAR Av. Presidente Vargas, 2863 (HESFA) – Centro Rio de Janeiro - RJ – CEP 20210-030 16
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