resumos - Portal da Literacia Mediática

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resumos - Portal da Literacia Mediática
RESUMOS
COMUNICAÇÕES LIVRES e POSTERS
MESA 1 – Literacia audiovisual
Moderador: Vítor Reia-Baptista
Sala: Azul (Pavilhão do Conhecimento)
Sexta-feira, 17 de abril, 11h30-13h00
Projeto Ícaro TV: uma TV escolar no 1.º ciclo do Ensino Básico
Pedro Dias
Agrupamento de Escolas de Gondifelos, Vila Nova de Famalicão
Palavras-chave: TV escolar, literacia para os media
Resumo:
A ÍcaroTV é o canal de notícias do 1.º Ciclo do Agrupamento de Escolas de Gondifelos (Vila Nova
de Famalicão). Fruto da inspiração de três professores do primeiro ciclo com um profundo gosto
pelas novas tecnologias e pelos media, este projeto começou como uma forma de mostrar à
comunidade todo o trabalho que era desenvolvido na sala de aulas pelos alunos e pelos
professores. Tal deveu-se ao facto de termos a noção que a grande maioria da comunidade
educativa desconhecia o que se fazia na escola.
Apesar de já não ser a primeira experiência online, procuramos idealizar um projeto onde o
trabalho de divulgação seria partilhado pelos alunos e pelos professores e onde todos se
sentissem mais envolvidos no mesmo e também queríamos que este tipo de trabalho
melhorasse as capacidades de comunicação dos alunos, quer escrita quer oral. Uma terceira
motivação consistia na partilha de experiências entre os alunos e pais das diferentes escolas. Por
fim queríamos partilhar as aprendizagens e simultaneamente produzir conteúdos educativos de
qualidade que possam ser aproveitados por outros alunos.
Muitas foram as dificuldades foram surgindo. Algumas foram superadas e outras ainda
espreitam e atrapalham. O tempo disponível para o projeto sempre foi a maior limitação. Um
outro obstáculo, que se foi ultrapassando foi a baixa literacia para os media que tantos os
professores como os pais e (um pouco menos) os alunos tinham no início do projeto. Outra
dificuldade sentida é ao nível dos equipamentos.
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A forma como este projeto ganha vida tem vindo a mudar desde a sua gênese. Contudo a
espinha dorsal mantem-se: este é um trabalho dos alunos (em colaboração com os professores)
para os alunos e para a comunidade.
As notícias e vídeos educativos surgem sempre de atividades ou acontecimentos que estejam
diretamente ligados à atividade letiva. Os alunos desenvolvem os relatos dos acontecimentos; o
registo visual em fotografia ou vídeo é feito, geralmente pelas crianças. Aos professores cabe a
função de rever a informação que as crianças produzem e a edição dos vídeos. Há ainda um
terceiro passo que passa pela visualização dos conteúdos produzidos e avaliação dos mesmos,
de forma a encontrar erros e a melhorar o trabalho numa próxima oportunidade.
Sentimos que a comunidade gosta deste tipo de exposição e que conseguimos desmistificar
algumas das ideias pré-concebidas que a maior parte das pessoas têm acerca do primeiro ciclo.
Para as crianças a reação é simplesmente a mesma: adoram! Mesmo sentido um pequeno
desconforto inicial por ouvir a sua voz ou ver a sua imagem na televisão ou no computador, a
grande maioria das crianças que participa ativamente na produção de conteúdo pede para
voltar a trabalhar.
Também já temos alunos que propõem temas e preparam, individualmente, reportagens de
forma a mostrar aos outros e à comunidade aquilo que são capazes de fazer.
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É possível o letramento para a TV: uma proposta singela
Cláudio Magalhães
Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário Una/Belo Horizonte – Minas Gerais
Palavras-chave: letramento para TV; comunicação; educação.
Resumo:
Não há boa – nem má – programação infantil para a grande maioria das crianças, uma vez que
ela está fora da televisão aberta. As crianças estão relegadas àquelas que têm TV paga e àquelas
que não têm. Como grande parte pertence ao segundo grupo, há o fortalecimento na criança de
que a programação da TV como um todo – principalmente os programas para adultos – é algo
para seu consumo cotidiano, para sua apropriação, para sua relação com o mundo. É igualmente
incentivado a se apropriar do veículo: pelo exemplo dos pais, pela importância que ela percebe
ter a TV onde quer atuar, pelo desinteresse ou simples rejeição da escola, desinteresse, aliás,
que torna a TV um ótimo instrumento de transgressão. Esse trabalho procura estudar
teoricamente esse fenômeno onde a criança se apropria de forma espontânea da TV, sem
orientação, pela falta de alguém que lhe ensine a “ler” a televisão como se ensina a ler qualquer
outro veículo de comunicação, como o livro e os sinais de trânsito. Estudando conceitos sobre
letramento e tentando adaptá-los a realidade da relação da criança e sua TV, descobre-se que
não existe um letramento para a apropriação deste conteúdo, onde o indivíduo não só domine a
gramática da linguagem, mas faça uso social dela. Neste sentido, levantam-se questões como
qual deve ser o papel do educador, que avança sobre a alfabetização tradicional, mas menos
valorizada, enquanto criamos uma horda de analfabetos da imagem. O trabalho, no entanto,
mostra que, embora a formação de professores não ajude, os docentes já dominam as
ferramentas para essa transposição. A discriminação sobre a TV nubla a capacidade dos
professores de contornarem o problema e começarem a alfabetizar seus jovens para o mundo
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audiovisual. Como contribuição, esse trabalho ainda oferece uma proposta de oficina a ser
aplicada em sala de aula.
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Literacia Audiovisual: políticas públicas e a sistematização de um novo/antigo campo em
Portugal
Raquel Pacheco
UNL/FCSH; CICS, Universidade Nova de Lisboa; UFF; FCT
Palavras-chave: literacia audiovisual; cinema; educação audiovisual; crianças e jovens.
Resumo:
“As aulas de cinema são muito proveitosas, não digo excepcionalmente necessárias, mas
sempre é bom saber um pouco mais sobre o mundo que vivemos para não passarmos por
ignorantes.” (Bárbara, 15 anos)
Esta proposta de comunicação baseia-se em uma investigação sobre a relação entre crianças e
jovens e a educação audiovisual em diferentes contextos socioculturais portugueses, o trabalho
apresenta algumas reflexões sobre o nível de literacia fílmica gerada a partir de projetos de
educação audiovisual desenvolvidos em territórios nacionais.
Em 2012 um consórcio liderado pela BFI (British Film Institute) fez um levantamento do nível e
da oferta de literacia fílmica nos países da União Europeia, este trabalho foi financiado pela
Comissão Europeia que acredita que literacia seja uma combinação entre leitura e escrita e que
define: “Literacia fílmica é o nível de compreensão de um filme, é a habilidade de ser consciente
e curioso na escolha dos filmes (…)”
Portugal é um dos países que participaram deste levantamento e por sua vez criou uma nova Lei
para o Cinema e Audiovisual e lançou um Plano Nacional de Cinema.
Através de uma fundamentação teórica tendo como base conceitos e estudos realizados sobre a
educação para os media, literacia fílmica, e, de um trabalho de campo acompanhando
diferentes projetos de educação audiovisual conseguimos perceber sobre a necessidade de
sistematização deste antigo/novo campo que é a educação audiovisual.
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Leitura, análise e produção de esquete: contribuições para o letramento crítico
Ana Cristina Carmelino
Universidade Federal de São Paulo
Palavras-chave: Linguagem midiática; letramento crítico; esquete.
Resumo:
A leitura midiática faz parte de todos os contextos da vida cotidiana. Como um lugar de
formação integral do sujeito, a escola não pode se esquivar do trabalho com as especificidades
da linguagem midiática em todos os níveis de ensino, isto é, seja considerando os elementos que
a constituem e seus padrões estéticos, seja discutindo temas e o universo de valores que ela
mobiliza. Partindo dessas considerações, o objetivo desta comunicação é contribuir para o
letramento crítico por meio da atividade de leitura, análise e produção de esquetes,
especialmente com base na perspetiva do Letramento (e Multiletramento, de acordo com Rojo,
2012) e no campo dos estudos da Análise do Discurso. Inseridos em multissistemas, os esquetes
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– peças de curta duração, geralmente de caráter cômico, produzidas para teatro, cinema, rádio,
televisão e internet – mesclam em sua constituição diferentes linguagens (a exemplo, a verbal
oral ou escrita, as imagens em movimento, reais, filmadas ou digitalizadas). Tais dados não
colocam desafios aos leitores / ouvintes, tendo em vista o fato de que eles têm facilidade (e se
divertem) ao assistirem a tais peças (no teatro, na TV ou quando navegam), mas desafiam as
práticas escolares de leitura. Desse modo, pretende-se aqui, além de propor alguns caminhos
(subsídios) para o trabalho de análise dessa produção midiática em sala de aula, mostrar como
esse gênero multimodal mobiliza, no processo de leitura, multiletramentos (capacidades e
práticas de compreensão de várias linguagens para se fazer significar) e pode levar à reflexão
crítica de temas caros à sociedade.
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Seminários de Cinema, História e Educação: Relato de Experiência de Quinze Anos de Ação
Heliana Silva
Universidade Estadual de Maringá-UEM,Paraná
Palavras-chave: Educação; comunicação; cultura; cinema; cidadania.
Resumo:
A presente comunicação, é fruto do projeto de evento de extensão: Cinema, História e
Educação. Surgiu da necessidade vivenciada, e compartilhada por acadêmicos da UEM e
professores do ensino fundamental que vinham até o LAP na época de realização das formações
ou em ações em sala de aula enquanto professores, procurar por filmes para trabalhar com as
crianças, sem saber exatamente como utilizar este recurso. Diante desta demanda,
compreendemos a necessidade de realização de um projeto que contribuísse para um estudo da
literacia fílmica. A partir de então, cada ano foi se solidificando como imprescindível para inserir
acadêmicos dos diversos cursos de licenciaturas, especialmente de Pedagogia da UEM,
professores do ensino básico e comunidade externa interessada nas discussões sobre o contexto
da literacia fílmica. Os objetivos que impulsionam o referido evento são: a) Contribuir para a
formação continuada dos professores da rede pública no reconhecimento da utilização do
recurso audiovisual em sala de aula, como fonte de informação, pesquisa e construção de
conhecimento; b) Enriquecer a formação pedagógica de acadêmicos dos cursos de licenciaturas,
de alunos da Pós-Graduação em Educação e de profissionais da educação, por meio da literacia
do cinema e da análise teórico-metodológica de filmes; c) Superar a perspectiva de senso
comum ou de mero entretenimento no ato de “assistir ao filme”, ou seja, desenvolver uma
atitude de “pensamento contextualizado” e “contribuir para melhorar a cultura da literacia
fílmica dos participantes, entre outros”. Os resultados com o evento tem sido inquestionável,
por estar possibilitado aos participantes a aquisição e ampliação das competências da literacia
sobre os média.
MESA 2 – Rádio e cidadania
Moderador: Maria José Brites
Sala: Amarela (Pavilhão do Conhecimento)
Sexta-feira, 17 de abril, 11h30-13h00
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Rádio para surdos? Notas de um relatório europeu sobre possibilidades tecnológicas para
tornar o discurso radiofónico mais visual e legível
Fábio Ribeiro
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: rádio; surdos; serviço público; integração; cidadania.
Resumo:
A inacessibilidade dos surdos à rádio parece um facto incontornável da vida quotidiana. Em
Portugal, a primeira emissão de rádio traduzida para Língua Gestual Portuguesa foi realizada
pela TSF em 2005, ao longo de 14 horas transmissão, incluindo os noticiários, o programa de
opinião pública «Fórum» e um relato de Futebol (cf. Diário de Notícias, 06-04-2005). A Rádios
Mãos à Conversa, uma webradio de conteúdos jornalísticos e destinada à comunidade surda,
inovou neste segmento, propondo conteúdos a um público até então excluído por
impossibilidade técnica, a possibilidade de ter acesso a conteúdos pensados para rádio e
construídos de acordo com a linguagem sonora da rádio, um projeto desenvolvido na Escola
Superior de Educação de Portalegre (Silva et al., 2013).
A partir da realidade do serviço público de rádio de Portugal e do Reino Unido (RDP e BBC), a
presente comunicação pretenderá apresentar resultados de uma investigação exploratória
sobre a possibilidade de incluir pessoas com problemas auditivos na rádio. A investigação
resulta de um inquérito a jornalistas de ambas estações, no sentido de perceber que avaliações
fazem destas experiências nas suas emissoras; um inquérito por questionário a cerca de 30
estudantes universitários, refletindo sobre que representações sociais partilham sobre este
tema; entrevistas semiestruturadas a responsáveis de organizações que trabalham diariamente
com surdos na sua relação com a vida pública e com os média, como é caso da instituição sem
fins lucrativos Deafax (Inglaterra); por fim, recolhemos algumas práticas positivas de integração
dos surdos na rádio em vários contextos internacionais.
As conclusões avançadas nesta comunicação resultam essencialmente de uma investigação que
se concretizou na publicação de uma brochura intitulada ‘Radio for Deaf People - Have you
heard about it?', enquadrada e financiada pelo programa MEDIANE (Media in Europe for
Diversity Inclusiveness) do Conselho da Europa.
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As potencialidades educativas da rádio em ambiente digital
Mariana Guerreiro
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa
Palavras-chave: Media, crianças, jovens, rádio e educação.
Resumo:
O panorama comunicacional atual pauta-se pela multiplicidade de meios e de canais de
produção e difusão de conteúdos. A rádio, na tentativa de integrar este cenário, alia-se à
internet criando plataformas digitais que assegurem a divulgação dos seus conteúdos e
reformulando a relação que estabelece com os ouvintes.
Refletindo sobre o impacto dos media na sociedade atual, interrogamo-nos sobre o papel da
escola enquanto veículo transmissor de conhecimento e qual a relação que estabelece com os
meios de comunicação. O papel de destaque da internet aliada aos meios de comunicação
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desperta o interesse para a educação para os media e a pertinência da sua discussão em relação
às crianças e jovens.
A par da atualidade deste tema, surgem projetos e iniciativas que pretendem utilizar os recursos
cedidos pelos meios de comunicação e internet para potenciar o acesso a um conhecimento
informado. Alguns deles utilizam a rádio, em ambiente digital, com o intuito de reforçar e
estimular o desenvolvimento ou aperfeiçoamento de capacidades de comunicação e expressão
das crianças e jovens participantes. Este meio de comunicação, aliado ao digital, torna-se de fácil
acesso e custo, o que permite um investimento relativamente baixo para a execução dos
projetos.
Nesta proposta de comunicação exploramos as potencialidades educativas da rádio para
crianças e jovens de dois projetos distintos. Um dos projetos encontra-se integrado em
ambiente escolar e o outro em ambiente extraescolar com perspetivas de inclusão social. O
objectivo deste trabalho é explorar o potencial da rádio enquanto meio educativo. Assim, depois
de realizados os grupos de foco, entrevistas e observação, são apresentados os resultados que
se focam na análise das competências técnicas e sociais, da importância da educação para os
media, das dinâmicas da educação formal e não formal e dos entraves e facilidades à execução
dos projetos.
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O rádio educativo na percepção de professores da educação básica – O caso rádio escolar do
Programa Mais Educação
Edgard Patrício
Universidade Federal do Ceará
Palavras-chave: rádio; educação; comunicação; política.
Resumo:
O Programa Mais Educação, implantado em 2007 pelo Ministério da Educação (MEC) do Brasil,
pretende desenvolver uma política pública de educação integral para as escolas brasileiras. A
oferta de atividades do Programa Mais Educação é dividida em ‘macrocampos’. Um dos
macrocampos é o ‘Comunicação e Uso de Mídias’. Nesse macrocampo são oferecidas às escolas
públicas atividades relacionadas ao jornal escolar, rádio escolar, história em quadrinhos,
fotografia e vídeo. Dados incluindo a adesão realizada pelas escolas em 2011 apontam Fortaleza,
capital do estado, com 108 escolas optantes pelas rádios escolares, com a participação de mais
de 15 mil estudantes. Essa Comunicação analisa uma pesquisa realizada, no ano de 2014, em 21
escolas de Fortaleza integradas ao Mais Educação e que fizeram opção pela rádio escolar. Foram
realizadas 124 entrevistas, a partir de um questionário de 63 questões, com a comunidade
escolar, incluindo diretores, estudantes e professores. Optou-se, para esse trabalho, por um
recorte dos perfis dos entrevistados. Vamos tratar aqui, especificamente, da percepção dos
professores sobre o rádio educativo. Foram entrevistados 42 professores, das 21 escolas
participantes da pesquisa. Para essa discussão, nos apropriamos de duas perguntas no
instrumental básico de pesquisa que foi aplicado nas entrevistas. A primeira, ‘o que é o rádio
educativo para você?’; a segunda, ‘dê um exemplo de como poderia ser um programa de rádio
educativo? A análise dos resultados aponta ora para uma aproximação, ora para um
distanciamento da proposta pedagógica definida pelo MEC para a dinamização do macrocampo
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Comunicação e Uso das Mídias. E delimita limites para a implantação de políticas públicas na
área da comunicação e educação, a partir da visão de Kaplun (1973) e Freire (1997).
MESA 3 – Inclusão social e digital
Moderador: Teresa Calçada
Sala: Verde (Pavilhão do Conhecimento)
Sexta-feira, 17 de abril, 11h30-13h00
Educação para os media e inclusão: uma possível sinergia
Simone Petrella
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: Educação para os media; crise socioeconómica; competências mediáticas;
inclusão digital e social.
Resumo:
Ao olhar para as recentes e dramáticas transformações do contexto socioeconómico e
financeiro nacional, encontramos um cenário onde se destacam a profunda crise do mercado do
trabalho, o crescimento constante da taxa de desemprego e o elevado índice de pobreza e risco
de exclusão, digital e social. Nesta realidade social a capacidade de adquirir e utilizar
conhecimentos e competências mediáticas torna-se condição cada vez mais essencial para se
ser incluído e para participar ativa e independentemente na moderna sociedade da informação.
Emerge por isso a necessidade de refletir sobre os conhecimentos alcançados e as soluções
implementadas em Portugal relativamente à exclusão digital e social assim como sobre a sua
relação e sinergia com a educação para os media. A questão que nos guia é se, e como, pode a
educação para os media representar uma ferramenta educativa no combate à exclusão e outras
problemáticas emergentes da atual cenário de crise socioeconómica. Para responder
exaustivamente a esta questão iremos construir um quadro geral da situação nacional
relativamente à inclusão e à educação para os media. Valer-nos-emos do relatório Social
inclusion and media literacy in the EU countries most affected by the economic crisis. The case
of Portugal, realizado em 2014 no âmbito do projeto europeu European Media Literacy
Education Study (EMEDUS). Objetivo do relatório foi identificar o que de relevante foi até hoje
desenvolvido, em termos de programas governamentais, estudos e iniciativas que juntam as
duas dimensões referida, e avançar possíveis propostas para a implementação de políticas e de
ações futuras. Para alimentar este debate, a reflexão centrar-se-ia nos processos e resultados de
investigações e projetos de intervenção, realizados e em curso em Portugal, que utilizam de
forma inovadora os recursos e a tradição da educação para os media em resposta a situações de
exclusão digital e/ou social.
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A influência das novas tecnologias de informação e comunicação nas relações sociais de
pessoas mais velhas em Portugal
Celiana Azevedo
CIMJ e CESNOVA, Universidade de Lisboa
Palavras-chave: Idoso; tecnologia; inclusão social; Portugal.
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Resumo:
Esta comunicação apresentará os resultados de uma investigação desenvolvida com base em
duas tendências que têm afetado a sociedade portuguesa: a evolução e difusão das tecnologias
de informação e comunicação e o envelhecimento da população, ou seja, a sociedade de
informação está a envelhecer.
Assim, analisamos a apropriação e o uso do telemóvel, do computador e da internet por quatro
grupos de seniores com idades entre 61 e 93 anos e tentamos perceber, através de suas
narrativas, como a apropriação dessas tecnologias influencia em suas relações sociais e mais
especificamente responder à seguinte pergunta: qual a importância do uso e apropriação das
novas tecnologias de informação e comunicação, nomeadamente o telemóvel, o computador e
a internet nas relações sociais de grupos de pessoas mais velhas em Portugal?
Utilizamos uma metodologia qualitativa – grupos focais - que consiste em uma discussão
coletiva, onde os participantes são encorajados a falar uns com os outros trocando pontos de
vista com o objetivo de gerar conteúdo, explorando experiências e identificando como e porquê
as pessoas pensam de uma determinada maneira. Trabalhamos com 21 seniores divididos em
quatro grupos e que vivem na região de Lisboa.
A primeira conclusão que podemos apontar é que as apropriações e usos que estes seniores dão
às tecnologias foram influenciadas pelas suas histórias de vida e que diferenças sociais, de
classe, de cultural, geográficas, de educação, de carreiras profissionais, juntas, definiram uma
série de expectativas, necessidades e competências que marcaram diretamente o modo como
lidam com o telemóvel, o computador e a internet. O telemóvel foi maioritariamente visto como
indispensável para as relações sociais e uma ajuda no caso de emergência. O computador e a
internet foram apontados como benéficos, ajudando a construir novas perceções de tempo e
espaço.
A partir das narrativas analisadas, assim como os componentes teóricos que apresentamos,
podemos afirmar que a apropriação e uso do telemóvel, do computador e da internet pelos
grupos de pessoas que participaram nesta pesquisa, influencia positivamente nas suas relações
sociais. Também verificamos que usar essas tecnologias é uma forma de potenciar a interação
social e, portanto, manter uma ligação com outras pessoas é importante para envelhecer com
qualidade de vida.
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Ludobibliotecas Escolares e Comunitárias das Escolas Básicas do Concelho de Cascais sob
gestão e dinamização da Freguesia Cascais Estoril
Ana Rocha
Junta de Freguesia Cascais Estoril
Palavras-chave: ludicidade literacia; ludobiblioteca; família; comunidade.
Resumo:
Este resumo pretende dar a conhecer o projeto de uso partilhado da ludobibliotecas das escolas
do 1º ciclo e jardim de infância do Concelho de Cascais entre a comunidade escolar e não
escolar, como espaço de leitura, de lazer e de ludicidade.
A forma como a família pode influenciar as aprendizagens individuais e coletivas tem vindo a ser
um ponto de interesse constante no ensino, que se revela na abertura das escolas à
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comunidade. Desde a implementação da primeira ludo-biblioteca em 2010 com abertura à
comunidade, que mais 5 espaços abriram com este desafio. Os resultados têm mostrado que o
envolvimento de ambas as partes tem promovido a melhoria da qualidade do tempo de
permanência das crianças na escola, e a disponibilidade de aceder o livremente a espaços
culturais. A parceria partilhada entre os agrupamentos de escolas, a Câmara Municipal de
Cascais e a junta de freguesia Cascais e Estoril, tem contribuindo para a escola como estatuto de
referência com a comunidade e património local [material e imaterial], reforçando a criação e o
enriquecimento de hábitos culturais transdisciplinares entre a escola, a família e a sociedade.
Este estudo foca-se no desenvolvimento de competências âmbito do incentivo á leitura, lazer e
ludicidade, e das acessibilidades (físicas, intelectuais e emocionais).
Tem como objectivos identificar estratégias que possam manter o projeto e que contribuam
para o bem-estar da família/comunidade. A metodologia utilizada baseia-se nos relatórios
trimensais, avaliação das atividades e dinâmicas por parte da comunidade participante, e dos
resultados da avaliação da rede de bibliotecas escolares. Uma vez validado o estudo, propor-seá um conjunto de estratégias, e de partilha entre ludobibliotecas, no sentido de garantir uma
sustentabilidade do projeto, e autonomia de participação.
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Histórias em quadrinhos na formação de professores: uma discussão necessária
Paulo Ramos
Universidade Federal de São Paulo
Palavras-chave: histórias em quadrinhos; humor; ensino.
Resumo:
Esta comunicação tem como objetivo discutir a necessidade de inclusão do estudo de histórias
em quadrinhos nos cursos universitários voltados à formação de professores de línguas materna
e estrangeira. A premissa é ancorada na inserção dessas produções, que circulam por diferentes
mídias, no campo educacional brasileiro, objeto de análise desta exposição. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN), desenvolvidos pelo governo federal para serem aplicados no
ensino básico brasileiro (ensinos fundamental e médio), incluem os quadrinhos entre os gêneros
multimodais a serem trabalhados em sala de aula. Embora careça de uma explicação sobre
como trabalhar tais conteúdos junto aos alunos, foi a primeira vez que um documento oficial do
país mencionou as histórias em quadrinhos como itens possíveis de serem aplicados no ensino.
Até então, elas ficavam à margem, ora vistas com resistência ou preconceito, ora ignoradas, ora
usadas pontualmente para exposição de conteúdos gramaticais. A percepção de que o domínio
de textos com distintas modalidades deva figurar na agenda de leitura e escrita dos alunos é
corroborada por autores como Rojo (2012), que usa o termo multiletramento para sintetizar tais
concepções. Especificamente sobre os quadrinhos, essa visão é compartilhada ainda por Ramos
(2012), para quem a leitura dos quadrinhos pressupõe o necessário domínio dos recursos
próprios de sua linguagem. Para além da exposição teórica, pretende-se também apresentar
uma possibilidade de aplicação de histórias em quadrinhos em cursos de licenciatura, de modo a
corroborar a necessidade de inserção do tema na área de Letras. O conteúdo irá se centrar
numa experiência realizada num curso brasileiro de Letras, voltado a formar docentes para o
ensino de línguas materna e estrangeira. Postula-se que os resultados dessa aplicação ajudaram
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a trazer um olhar transformador sobre a questão, que, espera-se, seja refletido nas atividades
didáticas dos futuros docentes.
MESA 4 – Literacia e numeracia
Moderador: Margarida Toscano
Sala: Vermelha (Microsoft)
Sexta-feira, 17 de abril, 11h30-13h00
Numeracia: uma janela com vista para a sociedade de informação
Carla Santos
Cristina Dias
Instituto Politécnico de Beja, Instituto Politécnico de Portalegre, Centro de Matemática e
Aplicações, Faculdade de Ciências e Tecnologia, UNL
Palavras-chave: numeracia; sociedade da informação; media; cidadania.
Resumo:
Com o advento da sociedade da informação, muita da informação que até aí era restrita a
determinados círculos passou a estar ao alcance do cidadão comum, tornando-se parte da sua
vida quotidiana. Grande parte dessa informação chega, não apenas através da palavra, mas,
cada vez mais, através de números ou gráficos, pelo que a numeracia, enquanto capacidade de
compreensão e utilização de informação numérica, se tornou indispensável na vida pessoal e
profissional e tão imprescindível, para uma cidadania informada e participativa, quanto saber ler
e escrever.
Neste trabalho analisamos a evolução do conceito de numeracia, desde o seu aparecimento em
1959 até aos nossos dias, como reflexo da crescente importância da Matemática, em paralelo
com o desenvolvimento da ciência e tecnologia. Alertamos para a extrema importância da
numeracia para a compreensão do mundo que nos rodeia e como peça fulcral para o
desenvolvimento da literacia mediática e outras. Tentamos perceber por que razão, apesar de
tudo, continua a ser socialmente aceitável uma reduzida numeracia e porque é ainda, por
muitos, desvalorizada a necessidade de se promover o desenvolvimento do raciocínio e
competências matemáticas a par de outras competências consideradas essenciais. Refletimos
sobre a aparente contradição entre a concretização de uma escolarização massificada e os
reduzidos níveis de numeracia demonstrados tanto pelos estudantes como pela população
adulta em Portugal. Procuramos descobrir de que forma os media têm contribuído, e poderão
contribuir, para a alteração da forma como a sociedade encara a numeracia e de que forma os
media podem ser utilizados na promoção e desenvolvimento dessa mesma numeracia.
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A matemática na imprensa diária portuguesa
Susana Pereira
José Azevedo
António Machiavelo
Faculdade de Ciências, Universidade do Porto; Faculdade de Letras, Universidade do Porto
Palavras-chave: comunicação, media, matemática, jornais, erros.
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Resumo:
O problema do mau uso da matemática pelos profissionais de comunicação foi identificado há já
várias décadas, principalmente nos EUA. Apesar disso e da crescente importância que a
informação matemática assume na sociedade atual, só atualmente o problema se encontra em
estudo no que se refere à imprensa portuguesa.
O presente artigo retrata os resultados de uma análise do uso de matemática nas notícias dos
principais jornais diários generalistas portugueses. Esta análise foi conduzida em edições dos
jornais Público, Correio da Manhã e Jornal de Notícias durante um período de 3 meses e surge
no seguimento de um estudo semelhante conduzido pelos autores em jornais semanários
portugueses.
Especificamente, este estudo centra-se na categorização dos erros matemáticos e também na
sua contagem.
Os resultados apontam para a existência de erros matemáticos em quase metade dos artigos
analisados do Correio da Manhã (45%), em cerca de 35% dos artigos do Público e cerca de 18%
dos artigos do Jornal de Notícias.
No que se refere aos tipos de erros identificados, verificou-se que em qualquer um dos três
jornais, os artigos nos quais existem erros apresentam, na sua maioria, apenas um tipo de erro.
Além disso, excetuando no caso do Jornal de Notícias, os erros mais frequentes são do tipo
subjetivo (isto é, que constituem omissão ou distorção de informação). Decorrente da
classificação dos erros quanto à sua natureza matemática, observou-se ainda que os erros mais
comuns no Correio da Manhã são estatísticos, enquanto no Público são mais frequentes os erros
do tipo numérico. No Jornal de Notícias os erros mais comuns são estatísticos e numéricos, na
mesma proporção.
Neste artigo discutem-se ainda os resultados em termos das dimensões explicativas para os
erros que ocorrem.
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A cidadania através da literacia matemática
Alice Santos
Faculdade de Ciência e Tecnologia, Universidade do Algarve
Palavras-chave: Pedagogia crítica; literacia matemática; cidadania.
Resumo:
Quando se assenta o ensino da matemática numa pedagogia crítica é com o intuito primordial
de tentar capacitar os alunos para que possam vir a ser cidadãos mais críticos e participativos
socialmente, entendendo a literacia matemática como imprescindível ao aprofundamento e à
compreensão dos contextos sociopolíticos dos quais fazemos parte. Skovsmose (1994) emprega
o termo mathemacy traduzindo-o como “uma competência por meio da qual nos tornamos
capazes de interpretar e entender as características da nossa realidade social”. Para Ponte
(2002) a capacidade de utilizar conhecimentos matemáticos na resolução de problemas da vida
quotidiana, e a capacidade de interpretar informação estatística são reconhecidas como
aspectos fundamentais da literacia do cidadão da sociedade moderna.
Seguindo uma perspetiva de investigação qualitativa e uma metodologia participativa mostrarse-á como se desenvolveu um ambiente de aprendizagem ligado aos interesses dos alunos e/ou
às suas problemáticas e a sua adaptação aos processos de modelação matemática. Uma das
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formas para ler o mundo com a matemática é dissecar e desconstruir as mensagens veiculadas
pelos meios de comunicação (media), e usar a matemática para analisar esses fenómenos, tanto
em casos específicos próximos como num mundo social mais amplo (Gutstein 2003). De acordo
com esta ideia, criou-se um projeto, com a durabilidade de um período letivo, com alunos de
uma turma de currículo alternativo –“Usar números para descrever o mundo” - que englobou as
práticas de aprendizagem matemática, pensamento crítico e a análise de uma questão social
que levasse à compreensão das relações de poder ou de distribuição desigual de recursos ou de
riqueza.
Este projeto permitiu não só a aplicabilidade de conhecimentos matemáticos específicos para
adquirir novas sensibilidades em assuntos diretamente ligados aos media, como também levou
os alunos a refletirem e a quererem atuar sobre o mundo à sua volta.
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PORDATA – qual o seu contributo para o conhecimento da realidade portuguesa e a
participação cívica?
Teresa Cardoso
PORDATA/Base de Dados Portugal Contemporâneo
Palavras-chave: PORDATA, literacia estatística, participação cívica
Resumo:
Criada há 5 anos atrás, a PORDATA (www.pordata.pt) nasceu com a vontade de ajudar os
portugueses a conhecer a realidade que os cerca e a promover a literacia estatística. Não se
apresentou como uma nova fonte de dados mas antes com a missão de agregar e simplificar o
acesso de dados apresentados por mais de 60 fontes oficiais.
Assim começou com doze temas sobre a realidade nacional: a população, a educação, saúde, a
justiça, o emprego, a proteção social, as contas nacionais, as contas do Estado, a cultura, as
empresas, a habitação e conforto, e as despesas da famílias, os quais se propunham a lançar os
dados dos últimos 50 anos. A estes seguiram-se novos âmbitos geográficos (NUTS, municípios e
diferentes países da união europeia), novos temas (ambiente e território, desporto, ciência,
participação eleitoral, turismo, entre tantos outros) e também novas forma de analisar os dados
(mapas dinâmicos, gráficos animados, quadros resumo, vídeos, exposições, etc.).
Tudo isto se fez em parceria com a sociedade civil, a qual foi manifestando necessidade de
dados sobre diferentes áreas, propondo melhorias na navegação do site e levando a Pordata aos
mais vastos contextos da nossa sociedade.
A par do crescimento da base de dados, a equipa da PORDATA foi procurando fazer a ponte com
todos aqueles que mais necessidades poderiam ter deste instrumento de conhecimento. Entre
muitas outras áreas da sociedade civil, fomos cada vez mais estreitando a colaboração com as
escolas públicas portuguesas, particularmente aquelas que lecionam o ensino secundário.
Resultaram desta proximidade - mediada pela Rede de Bibliotecas Escolares - centenas de
formações em contexto de sala de aula tanto para professores como para alunos, a elaboração
de trabalhos escritos e audiovisuais, debates escolares, fichas de trabalho, entre tantos outros
exemplos.
É desta experiência que nos proporemos a falar durante o congresso “ Literacia, Media e
Cidadania”. Da forma como a PORDATA tem vindo a servir professores e alunos não só a
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aprofundar os programas curriculares como também a aumentar o conhecimento de Portugal e
por essa via aumentar o seu desejo de participação cívica.
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Literacia White Hat: O hacker na intersecção entre Media, Literacia e Cidadania
Nuno Neves
Centro de Literatura Portuguesa, Universidade de Coimbra
Palavras-chave: hacker; cidadania digital; media.
Resumo:
O advento da era digital e a ideia da possibilidade de construção daquilo que Marshall McLuhan
apelidou de aldeia global abriu caminho, já nos anos 60, para um conjunto de narrativas
utópicas com base nas possibilidades de interação e de colaboração oferecidas pelas tecnologias
emergentes. Não tardou para que essa ideia do mundo cibernético como local de possibilidades
emancipatórias desse lugar ao desencanto de discursos como os de Douglas Rushkoff, Paul
Virilio ou Eugenio Trivinho e ao surgimento de correntes estéticas e culturais, como o
cyberpunk, onde a tecnologia não é já sinónimo de possibilidades emancipatórias mas sim
suporte para a construção de mundos distópicos.
No centro deste debate, e fortemente mediatizada e estereotipada pelos meios de comunicação
de massas, nomeadamente o cinema em filmes como War Games, de 1983, ou Matrix, já de
1999, encontramos a figura do hacker que, largamente romantizada, se torna incontornável na
história e no desenvolvimento da cultura digital.
Partindo da ética hacker definida por Steven Levy, em 1984, na sua obra Hackers: Heroes of the
Computer Revolution, proponho pois que pensemos a intersecção entre Literacia, Media e
Cidadania a partir desta figura e deste conceito – o hacking - que Jude Milhon, famosa hacker
norte-americana da área de São Francisco, definiu como “[…] the clever circumvention of
imposed limits, whether those limits are imposed by your government, your own personality, or
the laws of Physics.".
Levando-nos ao debate sobre conceitos como cultura participativa e literacia crítica, e
permitindo a reflexão sobre novas formas de literacia dos e nos espaços sócio-tecnológicos, esta
proposta permitirá trabalhar também sobre algumas questões. De que forma permite aquela
abordagem uma construção activa e autónoma do conhecimento? Como poderemos pensar no
meio digital como espaço privilegiado para o desenvolvimento de uma cidadania crítica e
participativa?
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COMUNICAÇÕES LIVRES 2
SEXTA-FEIRA, 17 DE ABRIL, 16h15-17h45
MESA 5 – Crianças, jovens e notícias
Moderador: Ana Jorge
Sala: Azul (Pavilhão do Conhecimento)
Sexta-feira, 17 de abril, 16h15-17h45
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O jornalismo e o quotidiano, a indústria e os jovens
Maria José Brites
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho; Universidade Lusófona
do Porto
Palavras-chave: literacia para as notícias, jovens, quotidiano, media noticiosos.
Resumo:
Nesta proposta de comunicação, considera-se que a literacia para as notícias constitui uma
importante fonte de orientação para a vida quotidiana e que as ferramentas jornalísticas são
elementos fundamentais para engajar jovens na prática da cidadania.
O jornalismo, enquanto processo de seleção, recolha, tratamento e difusão da informação de
interesse público, é uma ferramenta poderosa para ser usada a nível educativo e como meio de
empoderamento de comunidades. A literacia para o jornalismo tem, assim, uma ligação
intrínseca com a literacia para a cidadania (Milner, 2009; Moeller, 2009; Mihailidis, 2012; Hobbs,
Geltner e Landis, 2011; Brites, 2013; Brites, Jorge e Santos, 2014). O jornalismo, por esta via,
pode ser um modelo democrático para os públicos, mesmo os mais jovens.
Nesta apresentação indica-se os resultados preliminares de uma investigação em curso sobre
literacia para as notícias, participação e jovens – AN-Lite: Audiências, Notícias e Literacia
(SFRH/BPD/92204/2013) – incidindo neste caso nas entrevistas realizadas com jornalistas e
editores de media tradicionais e não tradicionais e ainda com jovens. A questão central prendese com a reflexão em torno do papel das notícias na vida quotidiana, incidindo nas
considerações da indústria de notícias e nas audiências jovens. O cruzamento entre o que as
indústrias das notícias e as audiências produtivas pensam sobre estes processos aponta para
uma ligação ativa necessária entre jornalistas e a sociedade que os rodeia. Já por parte das
audiências ativas e produtivas, identifica-se um certo fascínio pelo que os jornalistas fazem,
mesmo quando estes jovens dizem não gostar de notícias, e também sobre a forma como isso
pode contribuir, por exemplo, para melhor atuar nas tarefas quotidianas, como as escolares.
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A voz de crianças e jovens nas notícias: o desafio da inclusão para os jornalistas
Lidia Marôpo
Universidade Autónoma de Lisboa; Cesnova, Universidade Nova de Lisboa
Palavras-chave: Fontes de informação; crianças e jovens; jornalismo; notícias.
Resumo:
O sistema mediático mundial é marcado por uma extrema concentração de atores capazes de
influenciar a construção simbólica da realidade. Grande parte da população não participa de
forma ativa nas narrativas noticiosas sobre o que acontece no mundo, incluindo os temas e
acontecimentos que lhes dizem diretamente respeito. É o caso das crianças e jovens, cujo
silenciamento limita a gama de histórias que entram no enquadramento noticioso, dificultando
também o seu reconhecimento enquanto grupo capaz de contribuir de forma valorosa para o
debate social.
Devido ao seu estatuto minoritário e a constrangimentos no exercício do jornalismo, é reservada
às crianças e jovens frequentemente uma representação noticiosa restrita a valores-notícia
14
como a morte (vítimas) ou a infração (delinquência), num retrato estereotipado criticado por
inúmeros estudos.
Nosso objetivo é debater os desafios para a inclusão de crianças e jovens como fontes de
informação nas notícias e apontar caminhos para superar estas dificuldades. Como resolver a
falta de preparo dos jornalistas para falar com os mais novos? Como ouvir crianças e jovens
numa perspectiva de análise dos problemas noticiados se em geral estes não tiveram
oportunidade para debater sobre o tema? Como torná-los fontes representativas se falam
apenas individualmente e não em nome de outras crianças e jovens? Como lidar com as
instituições que dificultam o acesso e não incluem a voz destes nos seus documentos? Como
enfrentar uma maior exigência de tempo e de recursos para entrevistá-los?
Discutiremos estas questões com base numa ampla revisão de literatura e em entrevistas
realizadas com 20 jornalistas no Brasil e em Portugal que cobrem regularmente temas
relacionados diretamente com crianças ou produzem conteúdos noticiosos destinados a uma
audiência infanto-juvenil.
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Os jovens e o acompanhamento das notícias sobre a atualidade: uma revisão da literatura
Ana Melro
Sara Pereira
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: Jovens; notícias; infotainement; soft e hard news; atualidade; cidadania;
literacia mediática.
Resumo:
O que procuram os jovens de hoje em dia para se informarem sobre a atualidade, que usos
fazem dessa informação e de que forma esses conteúdos contribuem para uma participação
ativa na vida cívica são problemáticas que têm vindo a ser discutidas por vários autores à luz de
correntes mais ou menos divergentes.
Com base numa revisão da literatura, a presente comunicação pretende refletir acerca do papel
das notícias no quotidiano dos jovens e do impacto do acompanhamento da informação sobre a
atualidade na participação cívica das gerações mais novas.
Partindo de dados estatísticos de duas instituições internacionais (The Pew Research Center,
2012 e Reuters Institute for the Study of Journalism, 2013) e uma nacional (Marketest, 2012),
que revelam, de um modo geral, uma tendência para uma diminuição da preferência dos jovens
pelas notícias sobre assuntos políticos, em particular, e para um aumento da preferência por
conteúdos mediáticos, situados entre a esfera da informação e do entretenimento,
encontrámos na literatura existente perspetivas divergentes para explicar o fenómeno.
Por um lado, teorias que argumentam que o acompanhamento das soft news ou infotainment,
por parte dos jovens, pode comprometer o futuro dos media e da democracia, por outro, as que
defendem que esse acompanhamento pode ter um potencial positivo na formação dos cidadãos
acerca dos assuntos políticos, encorajando-os a pensar criticamente acerca das hard news.
Apesar do debate controverso, existem autores que argumentam que o caminho para a
cidadania reside sobretudo no desenvolvimento de competências críticas e na capacidade de
dar voz aos interesses e ideologias dos jovens enquanto cidadãos, fazendo uso das
potencialidades das novas ferramentas (Buckingham, 2000; Dahlgreen, 2011; Cushion, 2009;
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entre outros). Reconhece-se, no entanto, a necessidade de aprofundarem-se os conceitos de
notícia, informação e atualidade num sistema mediático cada vez mais abrangente.
A presente comunicação realiza-se no âmbito de uma Bolsa de Doutoramento intitulada “O
(des)interesse dos jovens pela atualidade: estudo sobre o papel dos media na informação sobre
o mundo” (SFRH/BD/94791/2013) financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e
cofinanciada pelo QREN e POPH.
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As Crianças, as Notícias e o Conhecimento do Mundo
Patrícia Silveira
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: crianças; atualidade; perceções; literacia para as notícias.
Resumo:
Há estudos que demonstram que as crianças não se interessam pelas notícias da atualidade,
revelando apatia e alienação perante estes conteúdos, sobretudo quando dizem respeito a
questões políticas e económicas (Buckingham, 2000); outros consideram que estes públicos são
ativos nos usos que fazem das notícias, demonstrando motivações e necessidades na relação
com os media e os seus discursos, ao mesmo tempo que revelam posturas críticas, sabendo o
que querem das notícias e que transformações poderiam ser desencadeadas, neste domínio, de
modo a atrair as audiências infantis (Alon-Tirosh & Lemish, 2014; Delorme, 2013).
Em Portugal, as pesquisas desenvolvidas sobre esta problemática são pontuais, não permitindo
traçarem-se conclusões a respeito do modo como as crianças, hoje, se relacionam com a
atualidade. Partindo dessa lacuna, este estudo pretende apresentar os resultados de uma
investigação de doutoramento, em curso, que tem como objeto de estudo as crianças e as suas
perceções sobre as notícias. Concretamente, espera-se compreender de que modo estas
audiências se relacionam com as notícias, que sentidos produzem sobre esses assuntos e qual a
implicação dos mesmos para o modo como a criança conhece o mundo mediato e imediato.
Através da administração de um inquérito por questionário a 690 crianças a residir no norte do
país, algumas das conclusões obtidas permitem concluir que as notícias fazem parte do
quotidiano das crianças e que estas demonstram interesse por estes conteúdos. Ao mesmo
tempo, as crianças reconhecem a importância da atualidade para o conhecimento do mundo e
procuram estar a par dos assuntos para saber o que se passa local e globalmente, revelando,
ainda, uma postura crítica perante o modo como os acontecimentos são noticiados.
Esta questão torna-se um desafio para a educação para os media, na medida em que reclama
por uma intervenção informada junto das crianças, para que estas possam desenvolver
competências que lhes permitam saber lidar com as emoções e os significados provenientes da
exposição a certos acontecimentos e, ao mesmo tempo, adotar uma postura crítica e
esclarecida face ao modos de olhar o mundo propostos pelos media.
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MESA 6 – Literacia e tecnologias digitais
Moderador: Sérgio Gomes da Silva
Sala: Amarela (Pavilhão do Conhecimento)
Sexta-feira, 17 de abril, 16h15-17h45
A literacia das ferramentas web 2.0 é relevante no contexto educacional?
Cristina Dias
Carla Santos
Instituto Politécnico de Portalegre, Instituto Politécnico de Beja, Centro de Matemática e
Aplicações, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa
Palavras-chave: Numeracia; sociedade da informação; media; cidadania.
Resumo:
Com o advento da sociedade da informação, muita da informação que até aí era restrita a
determinados círculos passou a estar ao alcance do cidadão comum, tornando-se parte da sua
vida quotidiana. Grande parte dessa informação chega, não apenas através da palavra, mas,
cada vez mais, através de números ou gráficos, pelo que a numeracia, enquanto capacidade de
compreensão e utilização de informação numérica, se tornou indispensável na vida pessoal e
profissional e tão imprescindível, para uma cidadania informada e participativa, quanto saber ler
e escrever.
Neste trabalho analisamos a evolução do conceito de numeracia, desde o seu aparecimento em
1959 até aos nossos dias, como reflexo da crescente importância da Matemática, em paralelo
com o desenvolvimento da ciência e tecnologia. Alertamos para a extrema importância da
numeracia para a compreensão do mundo que nos rodeia e como peça fulcral para o
desenvolvimento da literacia mediática e outras. Tentamos perceber por que razão, apesar de
tudo, continua a ser socialmente aceitável uma reduzida numeracia e porque é ainda, por
muitos, desvalorizada a necessidade de se promover o desenvolvimento do raciocínio e
competências matemáticas a par de outras competências consideradas essenciais. Reflectimos
sobre a aparente contradição entre a concretização de uma escolarização massificada e os
reduzidos níveis de numeracia demonstrados tanto pelos estudantes como pela população
adulta em Portugal. Procuramos descobrir de que forma os media têm contribuído, e poderão
contribuir, para a alteração da forma como a sociedade encara a numeracia e de que forma os
media podem ser utilizados na promoção e desenvolvimento dessa mesma numeracia.
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Instalação digital: um projeto de intervenção na comunidade escolar, por alunos do 5º ano de
escolaridade
Ana Teixeira
Lia Oliveira
Universidade do Minho
Palavras-chave: educação pela arte e tecnologia, instalação digital artística, literacia digital
artística.
Resumo:
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A valorização da educação pela arte e pela tecnologia gera mudanças de práticas pedagógicas
que promovem o autoconhecimento, convocando uma multiplicidade de saberes que propiciam
a leitura e escrita do mundo, na acepção introduzida por Paulo Freire.
A instalação digital — que consiste num projeto de intervenção artística — teve como mote o
conceito Artemetria, mais conhecida por String Art. Constituindo este trabalho um estudo de
caso, interessa-nos compreender as potencialidades do uso de utensílios digitais nas áreas de
Educação Visual e Educação Tecnológica, aferir o envolvimento dos alunos de uma turma do 5º
ano de escolaridade em regime de trabalho colaborativo de projeto e avaliar o impacto na
comunidade escolar. O estudo desenvolveu-se ao longo de 12 sessões de 90 minutos cada,
desenvolvendo temas distintos que integram a instalação, de acordo com os interesses dos
alunos.
Os objetivos foram os seguintes: promover a metodologia de projeto em sala de aula;
possibilitar a aquisição de conhecimentos sobre o uso das TIC; promover a inovação, criatividade
e autonomia; fomentar a participação ativa e interventiva; perceber em que medida o uso das
TIC facilita o processo de comunicação e interação em contexto educativo.
Para a recolha de dados recorremos à análise documental, a inquéritos (questionários e
entrevistas) e a observação.
Pelos resultados obtidos, a prática do ensino artístico com a incorporação da tecnologia na sala
de aula, socorrendo-se da metodologia de projeto, favoreceu o domínio dos utensílios digitais, a
aplicação do currículo prescrito e a aquisição de competências transversais de forma coesa,
célere e motivante. Na apresentação do projeto, a comunidade escolar mostrou-se claramente
recetiva e comprazida. Iniciativas desta natureza constituem um desafio para o sistema
educativo e para os professores, garantido, porém, a formação de cidadãos criativos, inovadores
e éticos. A experiência revelou-se bastante positiva em todas as dimensões analisadas.
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As tecnologias digitais como apoio para o desenvolvimento dos letramentos acadêmicos
Jossemar de Matos Theisen
Adriana Fischer
Universidade Católica de Pelotas, Fundação Universidade Regional de Blumenau, Centro de
Ciências da Educação, Artes e Letras
Palavras-chave: Tecnologias digitais; universitários; letramentos acadêmicos.
Resumo:
O ingresso no ensino superior desafia universitários a vivenciarem novas situações de ensino e
aprendizagem, originando outras posturas e identidades para administrar práticas de leitura e
escrita propostas na universidade. Nesse contexto, o uso das tecnologias digitais pode contribuir
para a realização das práticas de leitura e escrita, que constituem os letramentos acadêmicos,
uma vez que essas tecnologias digitais já integram outras práticas sociais dos estudantes. Assim,
o objetivo desta comunicação é apresentar uma pesquisa realizada com universitários ingressos
em um curso de Letras de uma universidade federal no sul do Brasil, a qual investiga como estes
realizam as atividades propostas pela universidade e como fazem uso das tecnologias digitais
para a realização das mesmas. Os dados foram coletados com três estudantes no ano de 2013,
após terem cursado a disciplina de Produção da Leitura e Escritura I. A pesquisa realizada é de
caráter qualitativo, caracteriza-se por uma perspectiva etnográfica e os dados foram coletados
18
por meio de entrevistas semiestruturadas com os acadêmicos. As análises baseiam-se nas
marcas discursivas, que indicam como esses estudantes realizam as suas produções acadêmicas
com o auxílio da internet. O aporte teórico está centrado nos Novos Estudos do Letramento
(STREET, 2003; BARTON; HAMILTON, 2000; FISCHER, 2007) e nos letramentos acadêmicos (LEA;
STREET, 2006; ZAVALA, 2010; MONTE MÓR, 2007; FISCHER, 2008, 2011). Os resultados da
investigação apontam que os universitários, ao receberem determinada tarefa acadêmica,
priorizam a pesquisa na internet ao invés do suporte impresso. Os estudantes costumam ler
online as resenhas dos livros, para depois realizarem a leitura impressa dos livros. Assim,
sentem-se mais seguros para produzir suas resenhas e resumos, pois, para além da estrutura,
também sentem a necessidade de entender o funcionamento da resenha. Portanto, os dados
indicam que as tecnologias digitais dão suporte às práticas de leitura em contextos acadêmicos.
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Análise da atuação dos sujeitos brasileiros e portugueses no Facebook
Naiara Back,
Silvana Mota-Ribeiro
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: Cibercultura, redes social, Facebook e identidade.
Resumo:
Esta investigação busca descobrir de que modo é construída a identidade e de que forma ocorre
a interação e a criação de laços sociais no Facebook entre os sujeitos brasileiros e portugueses.
Essa é a principal questão abordada nesta pesquisa, partindo de um enquadramento teórico que
cruza os conceitos de Cibercultura, Redes Sociais, Facebook, Identidade, Interação e Laços
Sociais e de um trabalho empírico que consiste na aplicação e interpretação de um inquérito. A
questão abordada tem o objetivo de compreender a atuação de 20 sujeitos brasileiros e 20
sujeitos portugueses no Facebook para encontrar respostas para desenvolver estratégias de
comunicação, podendo aplicar esta investigação na prática da atividade publicitária. Os
resultados refletem sobre a importância e a contribuição das questões levantadas para a
comunicação estratégica nas redes sociais, com ênfase no Facebook, identificando o que os
sujeitos almejam para construírem suas identidades, como interagem e criam laços com os
demais.
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Gaming, cultura e ciberespaço: sobre o “MIMIMI” em torno de mass effect 3 e a compreensão
crítica dos jogos digitais
Gilson Junior
Universidade Federal de Santa Catarina
Palavras-chave: Gaming; crítica; mass effect 3; comunidades virtuais.
Resumo:
Desdobramento de uma tese de mestrado, este paper tem como objeto as comunidades virtuais
de jogadores – aqui entendidas como contextos de consumo, produção e circulação cultural –,
propondo-se a discutir a respeito dos limites e das oportunidades destas em relação ao
desenvolvimento de disposições críticas nas relações entre os videogames e seus consumidores.
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Metodologicamente, opera na perspectiva da etnografia de prática arqueológica, constituindose como um estudo de caso sobre a comunidade on-line UOL Jogos. Para isso, foram
acompanhadas as principais atualizações veiculadas em três espaços pertencentes à referida
comunidade, a saber: o site principal, o fórum e a página oficial no Facebook. Em termos de
empiria, foram considerados todos os registros comunicacionais multimodais (textos, imagens,
vídeos, arquivos de áudio) presentes nos referidos espaços. Por meio da polêmica envolvendo o
jogo Mass Effect 3 e suas recepção no âmbito do jornalismo de games, problematiza as funções
de alguns dos principais conteúdos presentes nestas comunidades, juntamente com o seu
potencial de expandir a compreensão dos jogadores acerca dos games que jogam. Nesse
sentido, observa que essa “aprendizagem” ocorre na medida em que tais conteúdos se mostram
capazes de fornecer conceitos e informações significativas, que, por sua vez, permitem aos
jogadores realizarem movimentos de expansão, complexificação e (res)significação de suas
experiências de jogo. A despeito da extensa variedade de conteúdos que circulam pelas
comunidades (on-line) de jogadores, destaca-se o protagonismo de três modalidades
específicas, a saber: prévias (previews), notícias e análises (reviews). Por fim, sugere que, devido
à sua carga ideológica, isto é, à sua permeabilidade aos interesses e às visões de mundo de seus
produtores, muitos desses conteúdos acentuam a demanda por novas literacias (midiáticas) e
competências críticas capazes de preparar os jogadores para os desafios presentes nos
conteúdos culturais “dentro” e ao redor dos games que consomem.
MESA 7 – Media e públicos/consumidores
Moderador: Luís Pereira
Sala: Verde (Pavilhão do Conhecimento)
Sexta-feira, 17 de abril, 16h15-17h45
A percepção do comportamento social do dependente em Internet
Gustavo Sá
Universidade do Porto
Palavras-chave: Internet; individualismo; comunidade virtual; dependência.
Resumo:
Introdução: O presente trabalho pretende analisar a percepção da dependência da Internet a
partir do ponto de vista do próprio usuário da rede. Movimento que tem gerado a expurgação
gradativa dos indivíduos da vida social offline, minimizando as relações interpessoais.
Estado da arte: A questão central é refletir sobre o crescente movimento de migração do
indivíduo para as comunidades virtuais e a opção deste por relações pautadas em "laços fracos"
em detrimento do contato pessoal face-to-face. Buscar-se entender o por quê pela opção de
imergir nessas comunidades para buscar novas oportunidades para a socialização, pluralizando
exponencialmente as vozes. A análise incidirá sobre o indivíduo como um usuário da rede.
Novas perspectivas: Em termos de metodologia, a escolha para o desenvolvimento deste
trabalho foi o uso de uma metodologia mista (quantitativa e qualitativa). A ideia é fazer
primeiramente um levantamento sobre a dependência a partir “olhar” do sujeito e, na
sequencia, fazer um cruzamento com as teorias sociológicas contemporâneas e dados reunidos
20
a partir de estudos científicos que foram realizados em centros de dependência nos últimos
anos.
Implicações teóricas e práticas: É importante ressaltar que esta discussão entende que há uma
"arena social", no qual indivíduo e Internet estão juntos, mas com funções diferentes: um
viciado e outro viciante. Este é um sistema complexo que está diretamente "ligado" na relação
de sedução pelo desenvolvimento simbólico e psicológico de cada um: um lugar onde as trocas
sociais mediadas pelos ecrãs são a solução para a construção de relacionamentos efêmeros, em
que texto torna-se hipertexto e traduz as emoções de forma prática e objetiva.
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De Onze para Doze: A transformação do adepto em ator
Esser Silva
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: Estádio, media, controlo da excitação, artealização do adepto.
Resumo:
O espaço geográfico do futebol enquanto lugar de ocorrência de um fenómeno polarizador de
grande atração social sofreu várias transformações ao longo do sec. XX, alterando-se a partir da
presença e ação dos meios de comunicação, emergindo daí significativas socio-habilidades
tendentes à contenção dos impulsos e ao aumento do autocontrolo emocional.
Tendo por base o adepto/espetador, propomo-nos explorar, através de configurações internas e
externas não planeadas, o contributo dos meios de comunicação nas mutações processadas,
desde a apreciação dos espetadores como massa uniforme, desindividualizada e irrelevante até
à sua condição individualmente valorizada como parte ativa do jogo enquanto décimo segundo
jogador. O trabalho sustenta-se em gravuras, fotografias, notícias, relatórios e reportagens
televisivas.
Na esteira de Elias, Foucault, Mauss e Lipovetsky concebe-se um estudo compreensivo a partir
de diversa literatura demonstradora do processo civilizacional nos estádios, evidenciando-se i) o
papel da introdução da rádio no interior dos recintos como moderador e mediador dos sentidos,
ii) as mudanças radicais associadas à transformação do espetáculo futebolístico em
hiperespetáculo televisivo responsáveis pelo fim da divisória entre área de jogo e público
assistente, ampliando-se o palco e iii) introduzindo-se, nas bancadas, os elementos tendentes ao
controlo da excitação individual iv) executado através do poder da disciplina capaz de inverter a
energia do corpo usando-a contra o seu dono, promovendo-se dessa forma a artealização do
adepto.
O estádio passa a ser lugar paritário e a violência hooligan dá lugar à ética roligan. Técnicas do
corpo fazem emergir fenómenos como a “ola mexicana”. A emoção evidencia-se nos gestos e
expressões faciais e a alegria ou tristeza marcam-se em lágrimas. As câmaras passam a
interessar-se pelas performances nas bancadas e o décimo segundo jogador revela-se um ator
dominado pelo autocontrolo do seu papel.
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Media, Eventos Mediáticos e Protestos Cívicos: um exemplo brasileiro
Sónia Sebastião
Ana Lemos
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa
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Palavras-chave: Eventos mediáticos; protestos cívicos; cobertura mediática; Brasil.
Resumo:
A relação do Brasil com a organização de megaeventos atingiu um pico depois dos XV Jogos PanAmericanos de 2007, no Rio de Janeiro. O ex. Presidente Lula da Silva enfatizou a construção de
infraestruturas, com investimento privado, como vantagem significativa para organizar o
Campeonato do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 no país. Para além
deste benefício, o poder político brasileiro apelou ao orgulho nacional e à projeção internacional
que a organização destes megaeventos teriam para o país, uma vez que permitiriam mostrar ao
mundo a capacidade organizativa do povo brasileiro, atrair turistas e receitas.
Apesar da confiança inicial, após confirmação do Brasil como comunidade anfitriã dos
megaeventos referidos, começaram a surgir problemas. As exigências da FIFA, atrasos,
corrupção, projetos cancelados (e. g. o comboio de alta velocidade), falta de planeamento e/ou
planeamento deficiente, mortes e acidentes na construção das infraestruturas, e greves,
motivaram violência urbana, protestos e manifestações. Estes foram relatados pelos órgãos de
comunicação social e mostraram à comunidade internacional um Brasil revoltado com as
desigualdades sociais, com a falta de investimento público em sectores fundamentais como a
educação, a saúde e os transportes. Desta forma, ao mesmo tempo, os media noticiavam a
organização dos megaeventos com discursos das autoridades públicas a sublinhar as vantagens
dos mesmos e os movimentos cívicos de protesto, expondo um país dividido.
Por conseguinte, esta pesquisa tem como objectivo compreender como a cobertura mediática
pode afectar o sucesso de megaeventos desportivos. É desenvolvida uma análise bibliográfica
sobre a teoria dos eventos mediáticos considerando os contributos fundamentais de Boorstin
(1961/1987) e Dayan & Katz (1994). Complementarmente é feita uma análise qualitativa de
conteúdos noticiosos sobre os protestos e a organização dos megaeventos disponibilizados pela
agência internacional Reuters, atendendo aos seus efeitos sobre a opinião pública (McCombs,
Holbert, Kiousis & Wanta, 2011) e ao objectivo geral de perceber o destaque dado aos
movimentos cívicos e aos interesses da população quando opostos aos da organização do
megaevento.
Resultados preliminares evidenciam que as vozes divergentes presentes nas notícias motivam a
reconceptualização dos eventos mediáticos atendendo à alteração da sua característica de
solenidade, ao mesmo tempo, que incitam à problematização do modelo atual de organização
de megaeventos face aos montantes financeiros envolvidos e à insuficiência de vantagens
percebidas pela comunidade.
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As mensagens da imprensa regional na defesa dos serviços públicos e a sua receção por parte
dos consumidores/utentes
Hália Santos
Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, Instituto Politécnico de Tomar
Palavras-chave: Jornalismo de proximidade; causas dos media; participação cívica; serviço
público.
Resumo:
Enquadramento:
22
Num momento em que as regiões do interior de Portugal estão a ser confrontadas com o
encerramento de serviços essenciais no âmbito da saúde, educação, finanças, justiça e poder
local regional, a comunicação social regional ajuda os seus consumidores, também utentes de
serviços públicos, a compreender as mensagens veiculadas pelos detentores do/s poder/es
relacionados com esses serviços.
Objetivos:
Verificar em que medida os jornais regionais do Médio Tejo assumem as causas das populações
quando se trata de marcar uma posição contra o encerramento ou fusão de instituições públicas
e aferir a forma como os consumidores de informação interpretam e assimilam essas
mensagens, que serão determinantes para a sua vida, enquanto cidadãos. Através de uma
análise ao destaque dado e ao tipo de discurso produzido sobre o assunto, pretende-se aferir o
envolvimento das publicações na sensibilização dos cidadãos para problemas que os afetam. Por
outro lado, pretende-se conhecer a opinião dos protagonistas dos protestos contra os
encerramentos e da população em geral sobre o papel que desempenham os jornais regionais
na defesa de interesses que são comuns a todos os cidadãos daquela região.
Metodologia:
1.
Analisar o discurso dos jornais na região do Médio Tejo em relação ao encerramento de
serviços públicos e respetivos protestos.
2.
Entrevistar os protagonistas dos protestos para compreender a importância que
atribuem à comunicação regional na divulgação dos respetivos protestos.
3.
Aplicação de inquéritos às populações para conhecer a forma como são informados
sobre as intenções e concretizações do poder central no que diz respeito a encerramento de
serviços públicos a nível local e regional.
Fundamentação:
Os jornais da área de influência da região do Médio Tejo acompanham com frequência as ações
de protesto de autarcas e cidadãos, funcionando como fonte de pressão, mas também como
fonte de informação a todos os cidadãos que correm o risco de ser privados de serviços públicos
essenciais. Daí a importância de analisar o seu conteúdo e formas de receção.
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Do signo ao sentido: a codificação ideológica da alienação através da retórica visual na capa
das newsmagazines
Mariana Barroso
Paulo Barroso
Escola Superior de Educação de Viseu
Palavras-chave: formação da opinião; primeira página; newsmagazine; retórica visual.
Resumo:
As newsmagazines exploram os efeitos performativos das imagens, pelo que exercem um poder
retórico visual e facilmente suscitam atenção e interesse. Mas também formam mitos ou
(re)criam imaginários sociais A imagem causa impacto porque tem poder (representa sine qua
non sempre alguma coisa). Os signos cumprem a função primária de representar algo, i.e. “estar
em vez” de ou de “estar no lugar de”. Esta função de aliquid quo pro não é, todavia, sempre
evidente e perceptível.
23
Compostas por elementos verbais e não-verbais, pelo dito (explícito) e pelo “não dito”
(implícito), bem como por outros elementos de análise (texto, imagem, cores, formas, lettering,
planos de imagem, etc.), as capas das newsmagazines são objetos simbólicos e objetos
ideológicos. O conteúdo ideológico não é explicitamente legível, porque se encontra no
implícito, está dito no “não dito”, tornando-se assim capaz de construir com eficácia e subtileza
uma representação no leitor. A exploração do poder das imagens nas capas de newsmagazines
deve-se à tendência em usar apenas uma imagem e um tema, obedecendo à lógica ou estratégia
sintética de motivação e apelo direto à compra. As capas são fabricadas como produto final a
consumir pelos olhos (i)letrados dos leitores. São um factor determinante na venda da
newsmagazine, como a montra para uma loja.
Através da análise de casos (e.g. Time, Newsweek, The Economist, Der Spiegel, L’Express, Visão,
Sábado, Revista Expresso), os objectivos desta proposta de comunicação são: a) reconhecer a
passagem do mero signo ao sentido (ideológico) que aliena o social e fabrica pensamento
colectivo); b) relevar o poder da imagem como retórica visual não-verbal; c) interpretar as capas
de newsmagazines como dispositivos de codificação ideológica e estratégias de produção de
sentidos.
MESA 8 – Usos e práticas mediáticas
Moderador: Maria Emília Brederode
Sala: Vermelha (Microsoft)
Sexta-feira, 17 de abril, 16h15-17h45
Jovens, novos media e tecnologia: resultados do estudo "Direitos Digitais- Uma password para
o futuro”
Célia Quintas
Paula Lopes
Inês Amaral
Bruno Reis
Universidade Autónoma de Lisboa
Palavras-chave: Literacia digital; direitos digitais; novos media; práticas mediáticas.
Resumo:
Nas sociedades globais, a tecnologia assume um lugar central nas dinâmicas sociais,
influenciando profundamente a vida quotidiana e gerando condições para que os indivíduos se
tornem mais participativos e mais “cidadãos digitais” (Mossberger et al., 2008). O conceito de
literacia digital é, neste caso, de uma centralidade evidente.
Nesta comunicação, revelam-se os resultados globais do projeto de investigação “Direitos
digitais: Uma password para o futuro”, desenvolvido por um grupo de investigadores da UAL Universidade Autónoma de Lisboa, em parceria com a DECO – Associação Portuguesa para a
Defesa do Consumidor.
Para a realização deste estudo adotou-se uma estratégia metodológica de tipo quantitativoextensivo, com recurso ao inquérito por questionário, aplicado a uma amostra de cerca de 1.500
alunos a frequentar o Ensino Básico (3º ciclo), Secundário e Profissional, em estabelecimentos
de ensino nas 18 capitais de distrito de Portugal Continental. A recolha de informação decorreu
entre março e novembro de 2014.
24
Para o tratamento de dados procedeu-se à análise estatística descritiva e inferencial,
identificando tendências globais no que respeita a práticas e a consumos digitais, bem como a
evolução destas tendências quando cruzadas com indicadores sociográficos (como o sexo, a
idade, a escolaridade ou o distrito de residência), revelando-se simetrias e assimetrias. Que
atitudes, oportunidades, riscos e problemas emergem a partir de novas práticas no mundo
digital?
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Aprendizagem nas redes sociais digitais: perceções de 150 professores e 549 dos seus alunos
em Portugal
Vítor Tomé
Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Universidade do Algarve
Palavras-chave: Redes sociais digitais; usos de redes sociais; redes sociais e aprendizagem;
jovens (9-16 anos); encarregados de educação e professores.
Resumo:
As redes sociais digitais alteram as relações entre professores e alunos para além do espaço e do
tempo da escola, afectando os papéis representados por cada um, as suas percepções e crenças.
Essas redes podem estar na base de uma alteração da estrutura tradicional da escola em termos
pedagógicos e também sociais, mas primeiro é necessário perceber as percepções de
professores, alunos e também dos encarregados de educação desses alunos, relativamente ao
papel que as redes sociais podem ter na aprendizagem. Só assim será possível contribuir para a
definição de políticas educativas que integrem, ou não, as redes sociais digitais na estratégia
pedagógica e social das escolas. Este artigo centra-se nas percepções de 150 professores, de 549
dos seus alunos e de 267 encarregados de educação desses alunos acerca da aprendizagem dos
alunos nas redes sociais digitais. Caracteriza os grupos quanto: i) ao uso de redes sociais digitais
e ii) às perceções relativamente à aprendizagem em ambientes formais, informais e nãoformais; iii) às relações que estabelecem entre si através das redes sociais digitais. Os dados
foram recolhidos, primeiro através de inquérito por questionário e, depois, complementados
com entrevistas Focus Group (a alunos) e entrevistas semiestruturadas a professores e
encarregados de educação. Os resultados mostram que são os professores os que mais
acreditam no potencial pedagógico das redes, ainda que poucos as usem com esse objectivo.
Mostram ainda que as relações entre os grupos são pobres nas redes sociais digitais apesar de
mais de metade dos alunos terem encarregados de educação entre os seus contactos nas redes
e de mais de 40% terem professores seus entre esses contactos.
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Práticas e usos dos media digitais pelos jovens
Odete Girão
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: media digitais; jovens; competências e divisão digital.
Resumo:
Os meios digitais e o fluxo constante de informação alteraram a forma de comunicar, de aceder
e processar informação exigindo novas competências que permitam ao cidadão agir de forma
25
independente, critica e culta. Neste sentido, existe a necessidade de desenvolver novas
competências cognitivas para poder desvendar esse conhecimento, um novo tipo de literacia
que permita ao cidadão ter acesso, compreender e criar conteúdo utilizando os meios digitais.
A presença constante dos meios digitais na vida dos jovens e as suas implicações tem vindo a
constituir-se como um forte desafio e objeto de debate para os investigadores desta área, tendo
sido realizadas um grande numero de investigações para compreender de que forma os media
digitais são utilizados pelos jovens.
A revisão da literatura revela-nos que nem todos os jovens estão a participar de forma a obter
experiencias enriquecedoras do ponto de vista da aprendizagem ou que não se sentem
motivados ou possuem as competências para utilizar os meios digitais de forma estratégica em
diversos contextos e que o fosso digital pode estar escondido pelo elevado número de acesso e
o aparente Know-How na sua utilização.
Através de uma revisão da literatura e de estudos empíricos efetuados em diversos países,
pretende-se dar a conhecer e debater o estado da arte. Também apresentar uma proposta
metodológica de uma investigação de doutoramento, em curso, que pretende contribuir para
compreender como os media digitais são utilizados pelos jovens. Uma reflexão sobre o fator da
divisão digital ao nível do acesso, dos contextos e das competências, tentando clarificar as
eventuais diferenças nos valores, usos e desenvolvimento de competências em media digitais.
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A mediação do consumo midiático no universo escolar: estudo de caso do Projeto Gente, da
SME/RJ
Wagner Bezerra,
Alexandre Farbiarz
Universidade Federal Fluminense
Palavras-chave: educomunicação; midia-educação; literacia mediática; midiatização;
mediação; consumo midiático.
Resumo:
O artigo, exceto revisado de um dos capítulos que estão sendo construídos para a dissertação de
mestrado do proponente, a ser defendida em maio do corrente ano, pretende discutir aspectos
ontológicos das interconexões entre os campos da comunicação e da educação a partir de
referencial teórico construído com base na produção de autores que trabalham os estudos
culturais na América Latina (Canclini, Orozco e Martìn Barbero) em diálogo com outros que
atuam nas áreas da mídia-educação (Belloni, Gomes e Rivoltella) e educomunicação (Soares e
Citelli). De acordo com Belloni, quando afirma que “A escola é, agora, apenas mais uma entre as
muitas agências especializadas na produção e na disseminação da cultura” (BELLONI, 1998, p. 7),
a investigação em curso “A mediação do consumo midiático no universo escolar: um estudo de
caso do Projeto Gente”, aborda o consumo de mídia e a adaptabilidade de educandos e
educadores (7º ao 9º ano do ensino fundamental) frente à reconfiguração tecnológica que
ocorre com a presença das TIC utilizadas enquanto ferramenta pedagógica no ambiente de
ensino-aprendizagem. Como refere Martìn-Barbero “[...] os novos educadores devem ser
capazes de compreender que há uma nova cultura juvenil irreversivelmente em formação,
vendo nelas mais que ameaças, mas novas e interessantes formas de fazer uma nova aula e uma
nova escola” (MARTÌN-BARBERO, 1996, p. 52). A metodologia utilizada é a pesquisa qualitativa;
26
a estratégia, observação participativa e os dados foram aferidos por meio de pesquisa
exploratória e entrevistas em profundidade. A análise, utiliza a DSC – teoria do Discurso do
Sujeito Coletivo, por concordar que "Se o discurso individual revela não somente a fala
individual, mas o que há de coletivo. A rigor, os discursos individuais nada mais são do que
discursos coletivos enunciados por apenas uma pessoa" (Fischer e Gondim, 2009).
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Convergência entre a literacia informacional e a literacia mediática
Monica Gallotti,
Jacqueline Souza,
Thais Santos
Universidade do Porto
Palavras-chave: Ciência da Informação e da Comunicação; Literacia Informacional; Literacia
Mediática.
Resumo:
O advento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), sobretudo da Internet,
acarretou no surgimento de novas plataformas de interação e comunicação que reformularam o
atual cenário infocomunicacional. Essa nova realidade, por sua vez, demanda novas habilidades
em relação a produção, transferência, acesso e uso da informação em variados contextos
impulsionando a necessidade de literacias tais como a informacional e a mediática. Destarte, o
objetivo geral do artigo é o de realizar uma revisão conceitual de literatura sobre ambos os tipos
de literacias de modo a perceber como as mesmas convergem, complementam-se e quais são os
seus contornos teóricos e práticos. Em termos metodológicos, a priori, remetemo-nos a revisão
de literatura nas áreas das Ciências da Informação e da Comunicação por meio de fontes de
informação convencionais e eletrônicas que versam sobre a literacia informacional e a literacia
mediática. A posteriori, empregamos a crítica analítica para tergiversar acerca dos elos teóricos
e práticos entre as teorias em destaque com base em experiências desenvolvidas em unidades
de informação. Os resultados da pesquisa desvelaram que a literacia informacional é uma
estratégia de acesso e uso com possibilidades de gerar apropriação da informação e geração do
conhecimento no contexto dos novos paradigmas da sociedade atual, tornando-se uma
habilidade necessária e basilar para a concretização da literacia mediática. Por fim, aponta-se
que as unidades de informação - tais como bibliotecas e arquivos - são lócus privilegiados para
o fomento e capacitação de utilizadores em prol da literacia informacional e consequentemente
da literacia mediática.
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COMUNICAÇÕES LIVRES 3
SÁBADO, 18 DE ABRIL, 09h00-10h30
MESA 9 – Educar para a leitura crítica do mundo
Moderador: Lídia Marôpo
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Sala: Azul (Pavilhão do Conhecimento)
Sábado, 18 de abril, 09h00-10h30
Literacia Crítica Mediática enquanto educação para o mundo
Rui Pereira
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: Literacia Mediática; educação; crítica; radicalidade.
Resumo:
Tomando como ponto de partida a ideia de necessidade de uma “iconoclastia geral” (PEREIRA,
2011) na formulação da questão de uma “literacia crítica mediática”, o presente artigo discute
aspectos de filiação dessa atitude numa perspectiva crítica mais ampla e radical, refletindo,
todavia, a partir de Hans-Georg GADAMER (sobre “o conceito de preconceito” – Verdade e
Método), Peter SLOTERDIJK (fronteiras entre “crítica” e “cinismo” – Crítica da Razão Cínica) e
Richard RORTY (educação e “ironia” – Contingência, Ironia e Solidariedade), a questão dos
eventuais limites para uma tal perspectivação. O exercício reflexivo central organiza-se em torno
dos trabalhos de Neil POSTMAN ( “narrativas correntes” e “narrativas alternativas” em educação
– O fim da educação) e do pensamento do filósofo e filólogo espanhol GARCÍA CALVO (em torno
do binómio “crença”/”desconfiança”, actualizando a tradição das chamadas filosofias da
suspeita —Marx, Nietzsche e Freud— oriundas do século XIX).
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'Escreve-nos': uma análise das cartas da Visão Júnior
Juliana Doretto
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa
Palavras-chave: jornalismo; infância; audiência; participação do leitor.
Resumo:
Este trabalho é derivado de pesquisa de doutoramento (bolsa Capes 0860/13-1), que trata da
participação do leitorado no jornalismo infantil no Brasil e em Portugal. Nesse sentido,
discutimos o que Buckingham (2009) entende como direito à participação nos media: é preciso
“ver as crianças a conseguirem falar mais diretamente, coletivamente e aos produtores e
legisladores”. Nesta proposta, analisamos cartas enviadas à revista mensal “Visão Júnior”, única
publicação jornalística destinada às crianças em Portugal, para leitores de 6 a 14 anos.
Torres da Silva (2007), que estudou as cartas do “Público”, ressalta que o espaço democrático
que poderia ser proporcionado pela seção de missivas do leitorado esbarra em obstáculos como
a seleção do que é publicado (que privilegia boas redações e temas da agenda midiática) e a
escassez de espaço.
Em nossa pesquisa, analisamos as cartas divulgadas no primeiro semestre de 2014 pela “Visão
Júnior”. Foram 42 correspondências publicadas, e em apenas quatro delas não houve algum tipo
de resposta da revista, o que aponta certo movimento dialógico, maior do que mostrado por
Torres no jornalismo para adultos. Isso é confirmado pela análise de algumas dessas respostas.
Destacamos aqui oito positivas (aceitando e implementando sugestões), seis solicitando mais
informações para as crianças (a fim de concretizar as pautas) e duas dizendo que não é possível
atender a solicitação.
28
Observamos ainda que as sugestões de pauta são as que predominam (69%), o que indica uma
audiência infantil ativa. Mas apenas três mensagens fazem críticas ou apontam erros, o que
pode denotar pouca confiança das crianças de que a revista vá confessar deslizes. Nota-se
também que 72% das mensagens foram enviadas por meninas: o que sugere, segundo WahlJorgensen (2002), que elas remetem cartas mais elaboradas, de acordo com padrões da
redação.
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“Journal Junior”: uma análise do telejornal infantil francês do canal ARTE
Mariana Gomes
Universidade Sorbonne Nouvelle – Paris 3
Palavras-chave: infância ; semiologia ; televisão ; cultura ; qualidade.
Resumo:
Decerto, algumas imagens podem perturbar as crianças, sobretudo aquelas que ilustram
imagens chocantes da realidade, encontradas nos telejornais, por exemplo. É também através
da televisão que uma criança pode entrar em contato com outras sociedades e culturas,
podendo estabelecer uma ideia de mundo e como se sociabilizar através do mesmo.
Através deste mote, um telejornal infantil foi criado em 2014 pelo canal franco-alemão ARTE.
Este telejornal é direcionado ao público infantil de 8 a 13 anos e tem duração de quinze
minutos, sendo apresentado nas manhãs dominicais na França. Através do Journal Junior, um
quadro com o perfil de uma criança em alguma parte do mundo e informações da atualidade
são discutidas e apresentadas às crianças de forma didática; temas estes como a guerra ou o
combate ao vírus Ebola.
Nesta presente comunicação, pretendo analisar em um primeiro momento o conceito de
“promessa” (Jost, 2004) realizado por este programa infantil, que estabelece uma ligação entre
os dois comunicantes, bem como a linguagem adotada pelos jornalistas e pela produção deste
programa. As imagens presentes neste programa também são meu objeto de estudo nesta
pesquisa, fundamentado através da regra 3-6-9-12 de Tisseron (2014) sobre o tipo de imagens
às quais crianças se veem confrontadas através da multiplicidade de telas.
Em um segundo momento, pretendo analisar igualmente o conceito de programa cultural e de
televisão educativa, que muitas vezes se traduz por uma hiperpedagogia nos programas infantis.
Para tal, guiarei minha análise à luz de Camille Brachet (2010), Duek (2014) e Machado (2009).
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Produção de notícias para crianças: a realidade portuguesa e internacional
Sara Pereira
Joana Fillol
Patrícia Silveira
Universidade do Minho, Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade
Palavras-chave: atualidade; informação; notícias; crianças; jovens
Resumo:
As crianças têm ou não interesse pelas notícias sobre a atualidade? Como conhecem o mundo
em que vivem? E que representações desse mundo constroem? Que papel têm os media na
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informação sobre o que se passa no mundo? Que serviços ou programas noticiosos existem, a
nível nacional e internacional, concebidos e produzidos especificamente para o público mais
jovem? Estas são algumas das questões que esta comunicação pretende debater, partindo do
levantamento e análise de espaços, serviços e programas de notícias sobre a atualidade dirigidos
aos mais novos. Seguindo um conjunto de critérios de pesquisa aplicados de maneira distinta ao
contexto nacional e internacional, a recolha efetuada revelou um cenário bastante diferente ao
nível destes dois contextos. No caso português, a pesquisa teve por base o conhecimento
profissional e académico das autoras, bem como estudos anteriores de autores portugueses e
recaiu sobre os meios impresso, televisivo e online. Este levantamento revelou um panorama
nacional bastante deficitário no que diz respeito à provisão de serviços de informação
destinados às crianças. Relativamente ao caso internacional, foi realizada uma pesquisa através
do Google, utilizando as palavras-chave “crianças” e “notícias” ou “atualidade” em diferentes
línguas, tendo sido considerados apenas sítios em que é dada atenção a notícias de atualidade.
Este levantamento evidenciou um cenário bastante diferente do nacional, tendo-se identificado
vários espaços online que têm como objeto de atenção e de interesse o tratamento e a
apresentação de assuntos da atualidade para o público mais jovem.
A análise destes espaços, bem como sua importância, serão objeto de análise nesta
apresentação, procurando-se também dar conta de um espaço noticioso em construção, o
Jornalíssimo. Trata-se de um site de informação fundado para colmatar o que se afigura uma
lacuna no universo do jornalismo português onde, ao contrário do que aconteceu no passado (e
de que projetos como o Público Júnior ou o DN Jovem são exemplos), faltam espaços de
informação destinados a um público juvenil. Pensado para jovens a partir dos doze anos,
quando as capacidades de leitura e escrita estão já consolidadas, o projeto (on-line desde
janeiro) publica artigos em várias categorias. Ciência, Ambiente, Animais, Tecnologia e Artes são
algumas delas. Na secção Atualidade pretende-se desconstruir algumas notícias que marcam a
agenda mediática a nível nacional e internacional, explicando, por exemplo, o que é o Estado
Islâmico ou por que razão está a Ucrânia em guerra.
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Jornal Outra Presença – há 25 anos a formar, informar e educar
Luísa Diz Lopes
Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, Bragança
Palavras-chave: jornal escolar, Clube de Jornalismo, educação para os media
Resumo:
O jornal Outra Presença, propriedade do Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, em Bragança,
nasceu há 25 anos, dando continuidade ao projeto jornalístico que existia na escola desde 1959,
com o nome Presença. Nos últimos anos, viu a sua qualidade distinguida em diversos concursos
de jornais escolares constituindo-se como uma referência no âmbito de projetos jornalísticos
escolares, o que tem sido um forte incentivo para a sua continuidade e evolução, pelo ânimo
que o reconhecimento traz, mas também pela verba que permitiu a aquisição de materiais
fundamentais ao projeto: máquinas de captação de imagem e som, programas de edição, por
exemplo.
Foi sofrendo alterações a nível do grafismo, paginação, formato, estrutura e suporte de
divulgação. Apresentou-se online, numa página dinâmica, em 2007 e, atualmente, mantém as
30
duas edições: digital e impressa. Também a sua dinâmica interna mudou com a constituição de
um Clube de Jornalismo, em 2002, que pela primeira vez integrou alunos envolvendo-os em
todo o processo de publicação de um jornal escolar, o que se mantém até hoje.
Considerou-se que só assim os objetivos a que desde o início se propunha poderiam ser
atingidos, como o desenvolvimento integral do aluno, considerando neste propósito a expressão
oral e escrita, o gosto pela informação, a atenção ao outro e ao mundo e o espírito crítico,
enquanto emissor e recetor de informação, familiarizando-o, simultaneamente, com todo o
trabalho que envolve o processo da produção jornalística, o que implica o domínio das novas
tecnologias da informação e comunicação. Além disso, o projeto visa também a divulgação de
atividades, promovendo a comunicação entre todos os membros da comunidade educativa.
Deste modo, pode contribuir para a melhoria da qualidade das aprendizagens e das relações
entre a escola e o meio, recorrendo a novas fontes de saber.
O projeto é, então, da responsabilidade de um Clube de Jornalismo, constituído por alunos e
professores, de número variável de ano para ano, que nas reuniões semanais definem o
alinhamento de cada número, programam as peças jornalísticas a desenvolver, selecionam
imagens, titulam textos, paginam e efetuam a revisão. A realização das atividades de
reportagem, entrevista e captação de imagens são realizadas noutro momento pelos alunos
disponíveis, o que se tem tornado difícil, dada a pouca disponibilidade que os alunos vêm
gradualmente manifestando. Estes alunos tornam-se mais proficientes em áreas diversas ao
mesmo tempo que ajudam a escrever a história da sua escola.
A edição digital (http://www.outrapresenca.com), recentemente reformulada, e, por isso, ainda
em processo de reconstituição do seu arquivo, é atualizada semanalmente, sendo, depois, os
trabalhos preparados para integrarem a edição impressa, cuja periodicidade tem oscilado entre
1 e 3 números anuais.
Por isso, na escola atual, aberta ao mundo, mas, simultaneamente, crítica relativamente a si e a
ele, interventiva e capaz de responder aos desafios que a sociedade contemporânea coloca, são
essenciais projetos que estimulam a observação, autonomia e a o desenvolvimento da
cidadania.
MESA 10 – Media, participação e identidades
Moderador: Pedro Jorge Braumann
Sala: Amarela (Pavilhão do Conhecimento)
Sábado, 18 de abril, 09h00-10h30
Hermenêutica sobre as manifestações públicas na Internet
Luiz Farias,
Heitor Rezende,
Benedita Delbono
Universidade de São Paulo, Universidade Anhembi Morumbi
Palavras-chave: Astroturfing; internet e redes sociais.
Resumo:
Na contemporaneidade a sociedade utiliza cada vez mais a internet e as redes sociais digitais
como palco para a realização de consulta e divulgação de informações sobre os setores políticos
e corporativos, potencializando a existência de verdadeiros simulacros. Nesse cenário, pessoas
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que se atêm ao universo digital possuem uma propensão maior a constituírem suas opiniões
munidas de julgamentos vindos de redes sociais estruturadas por internautas, gerando um ciclo
de reprodução de informações, estas endossadas por esses usuários, levando à “ideia de
verdade”. Por outro lado, não é possível crer em todas as manifestações que circulam na
internet sobre os diversos setores que compõem a sociedade. Com o objetivo de explorar esse
tema optou-se pela adoção como objeto de estudo o tema Astroturfing, terminologia que
contempla técnicas de manipulação da opinião pública na internet, por meio da inserção de
informações direcionadas que podem enaltecer ou depreciar pessoas, empresas e partidos
políticos, respectivamente, em sua reputação; em face de seus produtos ou serviços e imagem;
e, em sua ideologia e credibilidade à campanha. Para a realização do estudo, foi utilizada a
metodologia estudo de casos múltiplos, tendo sido analisadas exposições relativas a empresas
de tecnologia como Samsung e Facebook, as quais geraram repercussão internacional e, a Nokia
com repercussão no Brasil. Além disso, também se estudou a campanha presidencial do norteamericano Barack Obama, cuja ação foi forte influenciadora de campanhas de políticos
brasileiros, assim como de outros países. Como suporte teórico recorreu-se a obras
notadamente suportadas na internet por conta da recência do tema, autores que trafegam no
âmbito da opinião pública, da liberdade de expressão baseada em princípios éticos, além de
aspectos jurídicos alinhadas ao estudo. A análise foi baseada na interpretação de dados
secundários e de sua repercussão na mídia e no reflexo junto à opinião pública, podendo gerar
mobilização e comportamento. O texto interconecta-se ao 3º Congresso Literacia, Media e
Cidadania sob o tema Análise e usos dos media: internet, jogos, vídeo, cinema, telemóveis,
imprensa, rádio, televisão, publicidade, música.
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O primado do “homem-meio”: a revolução coperniciana do self-media
Paulo Barroso
Escola Superior de Educação de Viseu
Palavras-chave: cibercultura; cidadão-jornalista; comunicação; modernidade; self-media.
Resumo:
Face à mudança de modelo comunicacional e às valências dos novos media, importa indagar: a)
O poder da informação aumentou ou diminuiu? b) Há uma maior ou menor responsabilização
do papel do jornalista? c) Qualquer cidadão pode fazer de jornalista recorrendo aos self-media?
A ascensão do sujeito-objecto ou homem-meio apaga o receptor e inverte os papéis do
jornalista e do público (figurativamente comparável a uma revolução coperniciana: o primado
do cidadão-jornalista ou “homem-meio”). Em conformidade com esta problemática, os
objectivos desta proposta são 1) analisar criticamente o atual campo dos media,
designadamente as relações entre os agentes (emissor e receptor); 2) compreender o processo
de mudança enquanto forma de identificar as características da sociedade da informação e as
suas implicações na mediação com um mundo global, complexo e em mudança e que, por isso,
exige novas formas de literacia e cidadania. Esta proposta tem um cariz eminentemente teórico,
porque se funde nas perspectivas mais conhecidas e acuradas sobre a comunicação de massas
(e.g. McLuhan, McQuail, Sartori ou Ramonet). Por conseguinte, não existe objecto empírico de
análise nem caso de estudo, mas apenas um objecto de estudo reflexivo: os self-media.
Considerando este âmbito teórico, bem como o objecto de estudo e os objectivos acima
32
mencionados, a metodologia prima pela análise crítica: parte-se dos autores e estudos de
referência para se interpretar o modo como os self media (extensões dos avanços tecnológicos e
globais na comunicação e consequência da “Era de Emerec” idealizada por Cloutier na década
de 1970) representam, por um lado, a forma de participação moderna individualizada (e não
profissionalizada nem regulamentada) de novos atores nos processos de comunicação social (no
espaço público/mediático e igualmente modificado), por outro lado, a forma de reconhecimento
quer da própria construção mediática quer da construção de sentido da atualidade virtualizada.
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Marco Civil no Brasil - A internet tem dono?
Diego Galego
Universidade de Aveiro
Palavras-chave: Marco civil no Brasil; Internet; privacidade e segurança na web.
Resumo:
O presente trabalho estuda a nova Lei brasileira nº12.965/14, para regulamentação do uso da
Internet. Para a realização da pesquisa, utilizar-se-á o método hipotético-dedutivo, partindo de
uma premissa universal para uma dedução lógica. O estudo baseia-se exclusivamente na
pesquisa bibliográfica acerca do tema, levando em consideração a carta do criador da WWW,
Tim Berners-Lee, em aprovação e incentivo à Lei. O trabalho divide-se em 5 itens principais em
tópicos: 1º A Internet e sua origem; 2º A evolução da Internet; 3º Como o mundo vê a Internet –
a media nos cinco continentes; 4º As leis de regulamentação da Internet; 5º O Marco Civil funções e consequências.
A nova Lei aprovada em 25 de Março de 2014, sobre o uso da Internet, que irá assegurar os
direitos e deveres dos utilizadores em relação a sua segurança, privacidade e neutralidade na
Internet, carrega uma questão pertinente ao analisar os pontos de convergências que a
globalização têm criado na atualidade: A internet tem dono? As informações nela contida são
manipuladas e manipuláveis por quem? Como aplicar uma lei sobre a ética digital?
Sob o olhar apurado da liberdade que a internet tem manifestado para as pessoas, quebrando
barreiras, derrubando fronteiras culturais, sociais, económicas e políticas, este trabalho quer de
modo crítico tornar claro e evidente a figura do utilizador da maior rede de comunicação de
tempo real internacional.
Ao ponderar acerca da temática abordar-se-á o reflexo histórico da internet, sua função para a
inovação sociocultural. As pessoas estão cada vez mais interconectadas, o que faz da Internet
uma rede extraordinária, uma ferramenta de extensão da dignidade do ser humano. As leis de
regulamentação têm está missão, assegurar a dignidade da pessoa humana ou só estamos mais
uma vez enxergando uma máscara manipuladora e dominadora?
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Porto, literacia local e identidade: a contribuição do Porto Canal e Porto24
Cristina Rebelo
Cristiane Lindemann
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho; Universidade de Santa
Cruz do Sul
Palavras-chave: comunicação local, literacia, identidade.
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Resumo:
A comunidade ao mesmo tempo que é produtora de conteúdos, é altamente influenciada pelos
média circundantes, gerando padrões de permutação e proximidade identitária. A esfera dos
média locais é favorável para a leitura dos elementos distintivos do espaço em que se inserem,
materializando a propagação da envolvente simbólica do local e a criação de um quadro de
referência que amplifica a visibilidade e abertura ao exterior, não só como espaço material mas
metafórico. Este artigo refere-se aos os conteúdos informativos de dois canais de comunicação
locais, pretendendo avaliar as suas diferenças e complementaridades face à leitura da cidade do
Porto: o Porto Canal/site e o jornal digital Porto24.
O Porto Canal através da sua programação, pretende dar resposta a alguns imperativos de
interesse local e também de projeção de particularismos e singularidades da região. Com uma
grelha estabelecida visando uma proximidade face aos contextos locais, o Porto Canal tem ainda
o suporte de um site que procura cobrir a modalidade televisiva tradicional.
O jornal digital Porto24 é de propriedade da Porto24 – Comunicação e Multimédia Lda, uma
rede de informação local criada em 2010 e dedicada à informação do Grande Porto. Constituída
por um conjunto de sites temáticos, a rede possui, ainda, uma revista de arte, cultura e lazer
(Praça) e um guia de locais (Locais) e tem como característica uma forte interação com o
público. Em termos metodológicos, optou-se por uma análise de conteúdo onde se desconstrói
as categorias e subcategorias que servem de base à análise da grelha de programação sendo
que, cronologicamente, a análise recai sobre uma semana de programação. As conclusões
pretenderão refletir criticamente sobre a pertinência desses conteúdos em termos de literacia e
identidade local.
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O papel dos eventos mediáticos no processo de construção de valores de cidadania entre os
jovens: estudo do caso dos Jogos Olímpicos Londres 2012 e Rio de Janeiro 2016
Sandra Tavares
Departamento da Cultura, Media e Indústrias Criativas (CMCI), King`s College
Palavras-chave: Jovens; cidadania; eventos mediáticos; Olímpiadas.
Resumo:
O trabalho que aqui se propõe pretende abordar a questão do legado de um dos eventos
mediáticos mais conhecidos a nível mundial – os Jogos Olímpicos - e o papel do mesmo na
construção de valores de cidadania entre os jovens.
Nesta apresentação pretende-se expor e discutir alguns dos dados e conclusões que constituem
parte de um estudo sobre as memórias e expectativas dos jovens de Londres e do Rio de Janeiro
sobre os Jogos Olímpicos de 2012, complementando com a análise do papel e uso dos mais
variados media na construção dessas mesmas memórias.
Como evento desportivo, os Jogos Olímpicos são, sem dúvida, um dos acontecimentos mais
mediáticos, principalmente através do contributo da televisão. Porém, nas últimas décadas, o
Olimpismo, filosofia proclamada por Pierre de Coubertin, chama a atenção para valores de
cidadania, valores estes que sugerem uma filosofia de vida para além do desporto, abrangendo
dimensões como a cultura e a educação.
34
Partindo de uma metodologia de natureza qualitativa que teve por base exercícios de mapa
mental, entrevistas individuais e grupos focais realizados com um grupo de jovens entre os 14 e
os 18 anos, provenientes de escolas secundárias e clubes juvenis da área de Londres, pretendese com esta comunicação analisar a atitude crítica deste grupo de jovens perante eventos
mediáticos como os Jogos Olímpicos de 2012 em Londres e as suas expetativas para os Jogos
Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Pretende-se igualmente debater os conceitos relacionados
com identidade cultural e cidadania numa era em que transitamos incessantemente entre o
local e o global.
Os dados extrapolados revelam a importância dos media na construção das memórias destes
jovens, identidades e valores associados à cultura em que se inserem, tais como o sentido de
nacionalidade, cidadania cultural entre muitos outros aspetos relacionados com a participação
cívica.
MESA 11 – Cruzando literacias: publicidade e saúde
Moderador: Conceição Costa
Sala: Verde (Pavilhão do Conhecimento)
Sábado, 18 de abril, 09h00-10h30
Media Smart 2.0
José Lagarto
Universidade Católica
Palavras-chave: Literacia; publicidade; Media Smart; Universidade Católica.
Resumo:
1. Introdução
A presença do programa Media Smart é uma realidade incontornável em grande parte das
escolas portuguesas do primeiro e segundo ciclos. A necessidade de educar os jovens para a
apropriação das mensagens mediática justificam claramente a sua existência e
desenvolvimento.
A APAN há alguns anos que tem vindo a desenvolver atividades formativas junto dos docentes
do ensino básico e secundário, mas sempre suportadas em modelos de ensino/formação
presencial.
O público potencial do Media Smart, afinal uma grande parte dos professores dos ensino básico
e também secundário, está geograficamente muito disperso pelo país.
Dado que os recursos em formadores da instituição APAN são reduzidos, foi equacionada a ideia
de transformar a formação presencial em formação a distância.
Considerando que as duas das premissas clássicas do uso da formação à distância estavam
contempladas no nosso contexto - dispersão geográfica do público e necessidade de formação
académica adequada para implementação do programa - avançámos com o desenho e produção
da oferta formativa sob o nome de Media Smart web 2.0.
2. Modelo pedagógico
Tendo em conta o contexto do público potencial do programa Media Smart decidiu-se pela
produção de matérias pedagógicos tendo como base os materiais físicos já existentes, bem
como vídeos e outro tipo de suportes.
35
O modelo inicialmente adotado, um regime de E-learning para ensino a distância, implicou a
produção de materiais que suportassem uma perspetiva construtivista de aprendizagem.
O desenvolvimento dos conteúdos solicitam o formando, em cada ecrã, através de esquemas de
interatividade, para desempenho de tarefas variadas.
Estas tarefas têm como objetivo construir uma aprendizagem baseada na experiência pessoal de
cada um. Complementarmente, existem espaços de interatividade que levam o formando para
zonas de simulação, através da análise e proposições de atividades que podem ser replicadas na
realidade das suas aulas.
Os modelos de EaD (Ensino à Distância) permitem difundir a formação em duas formas distintas.
Uma delas (modelo de grupo) tende a aproveitar o potencial da colaboração interpares,
privilegiando tarefas comuns a par de tarefas de características individuais. Alia-se a
aprendizagem colaborativa com abordagens construtivistas tendo em conta o caracter das
atividades que são propostas para além daquelas que estão contidas nos manuais.
O outro modelo (modelo individual) tende a centrar a formação em absoluto nos interesses,
necessidades e possibilidades dos formandos, facultando-lhes aprendizagens autónomas, com a
utilização exclusiva do manual interativo. Neste caso não há interação com pares nem interação
deliberada por parte da instituição formadora. Trata-se um regime que permite ao formando
iniciar o seu curso em qualquer momento e solicitar a avaliação final quando entender
conveniente.
No primeiro caso assume-se a existência de uma tutoria ativa, onde este ator desenvolve um
trabalho de dinamização, suporte e avaliador das aprendizagens.
No segundo caso o tutor está presente apenas para responder às questões que os formandos
lhe coloquem, prevendo-se que ao longo do tempo se construa uma base de dados de
"questões frequentes", sendo estas respondidas através de forma tutorial.
3. Perspetivas de desenvolvimento
Tendo em conta que todos os materiais físicos inicialmente existentes têm por base anúncios já
não tão atualizados como seria desejável, e porque a publicidade muda diariamente,
pretendemos com alguma regularidade fazer atualizações dos exemplos práticos utilizados por
exemplos mais atuais.
4. Conclusões
O Media Smart enquanto Programa de Literacia para a Publicidade nos diferentes meios é sem
dúvida um Programa único para todos os Professores que pretendam alagar e aprofundar os
seus conhecimentos no âmbito desta grande realidade presente no nosso dia a dia que é a
Publicidade. Realidade que tanta influencia tem nas nossas crianças e jovens, nos seus
comportamentos, atitudes, valores e estilos de vida.
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Educação para a publicidade e (auto-)regulação: a comunicação comercial de produtos
alimentares para crianças em Portugal
Ana Jorge
CIMJ / CICS.NOVA / FCSH, Universidade Nova de Lisboa
Palavras-chave: Literacia; publicidade; Media Smart; Universidade Católica.
Resumo:
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A crescente incidência de obesidade entre a população, incluindo a infanto-juvenil, em países
desenvolvidos é frequentemente enquadrada como um problema social. Embora tenha causas
multifactoriais, os media, nomeadamente através da publicidade e do entretenimento, são
frequentemente apontados como responsáveis principais. Por outro lado, apesar das diretrizes
comunitárias para homogeneizar a educação para os media, os diferentes países europeus
encontram-se em níveis diferenciados de prossecução desses objectivos (Costa, Jorge e Pereira,
2014) e a regulação em termos de comunicação comercial para crianças varia significativamente
entre os países europeus.
Esta comunicação analisa as iniciativas dedicadas a reforçar a literacia para a publicidade e o
consumo entre crianças e jovens, nomeadamente os programas MediaSmart e DECO Jovem,
sublinhando a necessidade da avaliação da sua eficácia, nomeadamente ao nível do reforço da
capacidade crítica.
Veremos estes esforços no quadro português da comunicação comercial para crianças e
adolescentes, sobretudo na área alimentar, na tensão entre a esfera da regulação e autoregulação. Em 2010, 26 empresas dos sectores de alimentos e bebidas acordaram em não fazer
publicidade para crianças com menos de 12 anos; compromisso reforçado em 2011 pelo
Instituto de Auto-Disciplina Publicitária. A monitorização desse compromisso, em 2011 e 2012,
foi utilizada no discurso público para contrariar propostas de alteração da legislação sobre a
publicidade, dizendo que a “auto-regulação é a solução”.
Esta comunicação discute, assim, a educação para a publicidade e os media nas relações de
poder entre produtores, consumidores (e suas famílias) e a esfera da regulação.
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O exercício da cidadania na literacia das novas narrativas publicitárias
Rogério Covaleski
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – Recife, Brasil; Universitat Pompeu Fabra (UPF) –
Barcelona, Espanha
Palavras-chave: literacia mediática; narrativas publicitárias; cidadania; hibridização.
Resumo:
A presente comunicação reflete sobre a hibridização das narrativas publicitárias, processo no
qual se intensificam as intersecções entre o mercado publicitário, a indústria do entretenimento
e as tecnologias interativas. Nesse cenário, a pesquisa se propõe a revisar a literatura científica
para identificar o nível de influência dessas novas configurações do discurso persuasivo da
publicidade sobre as audiências, sobretudo no que diz respeito aos impactos sobre a literacia
mediática e ao resguardo dos direitos dos cidadãos. Diante da crescente dependência que a
publicidade tem dos aparatos e das funcionalidades dos suportes interativos, investiga-se a
proliferação de novos formatos publicitários que ensejam uma compreensão para além das
lógicas e especificidades dos media e, nesse contexto, detém olhar sobre os novos papéis
desempenhados por consumidores nas redes sociais digitais, onde passam a cumprir funções de
produtores e disseminadores de conteúdos mediáticos, em diálogo com materiais produzidos
e/ou patrocinados por marcas. A comunicação tem como sustentação proposições teóricas
variadas, mas que estão em evidente diálogo: literacia mediática (Abreu, 2011; Potter, 1998;
Kress, 2005), hipermediações e narrativas transmedia (Scolari, 2008; 2013), movimentos sociais
na internet (Castells, 2012), interculturalidade na rede (García Canclini, 2004; 2007; 2008),
37
correlações entre educação e consumo (Baccega, 2012), capacidade de interação dos media
(Manovich, 2005) e o processo de hibridização das narrativas publicitárias (Covaleski, 2010;
2013). A comunicação objetiva apontar como a publicidade contribui e/ou afeta a literacia
mediática dos consumidores contemporâneos e como tal fenômeno pode impactar o exercício
da cidadania na sociedade atual.
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Literacia em Saúde: Mentorship
A. Carvalho
Isilda Ribeiro
Escola Superior de Enfermagem do Porto
Palavras-chave: Acompanhamento dos estudantes; supervisão; Mentorship.
Resumo:
Problemática: A formação inicial em Enfermagem envolve duas componentes essenciais: teórica
e prática, que se articulam e se vão complementando ao longo dos quatro anos de formação
académica. Enquanto a primeira aprendizagem decorre nas escolas superiores de Enfermagem,
a segunda normalmente é nas instituições de saúde. Esta componente prática inclui os estágios
do 4.º ano do CLE, que envolve estudantes e docentes das escolas superiores de Enfermagem e
enfermeiros da prática clínica onde decorrem os estágios, designados por tutores. A motivação e
justificação, para estudar esta temática, encontram-se na necessidade de reflexão acerca do
acompanhamento dos estudantes e do papel do tutor.
Metodologia: Optámos pelo modo de investigação um estudo de caso único (Yin, 2005),
centralizando a nossa atenção no acompanhamento dos estudantes da Escola Superior de
Enfermagem do Porto (ESEP), em ensino clínico. Recorremos à observação participante, diários
de aprendizagem e focus group.
Relevância e pertinência do trabalho para a área de pesquisa: Contribuir para um modelo de
formação clínica onde o tutor é um profissional experiente, mais velho, que fica responsável
pela formação do estudante. Um fator preocupante para os investigadores e mencionado por
vários autores é a qualidade do acompanhamento dos estudantes, considerada por muitos
como fator determinante para o sucesso do processo ensino/aprendizagem em contexto da
prática clínica (Caires & Almeida, 2001).
Esta partilha de uma relação entre a literacia em saúde: mentorship, a parceria entre a escola e
a instituição de saúde onde decorre o estágio, entre a teoria e a prática, entre docente/tutor e
estudante, são essenciais na formação e no desenvolvimento de competências pelo estudante
(Ramos, 2003).
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O papel dos media na literacia para a saúde dos adolescentes
Diana Pinto
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: Literacia, saúde, media, adolescentes.
Resumo:
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Embora a literacia para a saúde seja estudada sob diversas perspetivas, existe ainda uma lacuna
na investigação sobre o papel dos media neste domínio. A literacia para a saúde pode ser
descrita como o conjunto das capacidades cognitivas e sociais determinantes na forma como os
indivíduos acedem, compreendem e utilizam a informação para promover e manter uma vida
saudável. A incidência no estudo das especificidades da literacia para a saúde dos adolescentes
apresenta igualmente, grandes lacunas. No entanto, a literatura recente mostra que a literacia
em saúde não pode ser totalmente compreendida sem introduzir o conceito de media,
sobretudo quando o foco é o adolescente. Deste modo, este trabalho tem como objetivo
analisar a relação entre a literacia em saúde do adolescente e os meios de comunicação, através
de uma revisão da literatura. Pretende-se, assim, com recurso à análise da literatura existente
sobre o tema, demonstrar o potencial dos media na promoção da literacia para a saúde, tendo
em atenção o papel do adolescente no acesso e na procura de informação sobre saúde. O papel
preponderante da Internet neste processo será igualmente analisado. Neste sentido, foi possível
obter o panorama geral da literatura e das práticas recentes na área da literacia em saúde do
adolescente. Para além de proporcionar novas linhas de investigação que promovem o aumento
do conhecimento sobre este tema, este estudo forneceu também importantes direções para
desenvolver e promover a educação para a saúde, de forma a instruir e estimular os indivíduos a
fazer escolhas saudáveis que se traduzam numa maior qualidade de vida.
MESA 12 – Media, ludicidade e literacia
Moderador: Paula Lopes
Sala: Vermelha (Microsoft)
Sábado, 18 de abril, 09h00-10h30
Hábitos leitores e digitais dos educadores de infância: impacto no uso do computador pelas
crianças do pré-escolar
Sónia Pacheco
FCSH/UIED
Palavras-chave: leitor, digital, literacia, pré-escolar.
Resumo:
O presente artigo tem por objetivo analisar de que forma os hábitos leitores e digitais dos
educadores de infância influenciam o uso do computador pelas crianças dos 3 aos 6 anos de um
jardim-de-infância. Recorre-se a entrevistas semi-diretivas aos docentes e à observação não
participante do uso das TIC em contexto de sala de atividades pelas crianças. Pretende-se
verificar o impacto cruzando os dados relativos aos hábitos leitores e digitais dos docentes com
a utilização dos computadores pelas crianças.
O quadro teórico que fundamenta o nosso estudo de caso recorre, entre outros, a autores como
Don Tapscott (2009) e Marc Prensky (2001) que refletem sobre as mudanças educativas que têm
vindo a surgir desde a geração da net e a expandir-se nas sociedades entre os nativos e os
imigrantes digitais. Ou Beltram, Das e Fairlie (2006) que sugerem que um maior contacto das
crianças com as TIC promove o sucesso nas tarefas solicitadas pela escola.
Conclui-se que as docentes entrevistadas possuem hábitos leitores com influências diretas das
suas famílias, posteriormente refinados pela exigência da profissão e as suas características
pessoais. Os hábitos digitais foram definidos pelas exigências de se integrarem na sociedade de
39
informação que, sublinham, exige do docente uma constante atualização de conhecimentos e o
desenvolvimento de skills digitais. O impacto destes hábitos verifica-se a dois níveis: na
organização do ambiente educativo, com uma área de trabalho que inclui o suporte tecnológico
usado diariamente, e nas ações das crianças para com o desktop, em simultâneo com as
oportunidades educativas propostas às crianças pelos docentes que implicam uma
transversalidade entre áreas de trabalho.
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O "Mundo Criança"...território de curiosidades e descobertas. A natureza, a cidade e a
educomunicação em diálogo com a cidadania infantil
Grécia Rodriguez
Leonardo Albuquerque
Universidade do Minho
Palavras-chave: educomunicação; ambiente; cidadania infantil.
Resumo:
A criança não é um objeto. É um sujeito de sentimentos, com direitos e deveres que lhe formam
e transformam. A gramática infantil permite observar como as crianças negociam, compartem e
criam culturas infantis (Sarmento, 2004). Elas são capazes de apropriar-se, reinventar e
reproduzir o mundo. São capazes de propor ideias a tais cenários e oferecer alternativas
desafiantes a sociedade (Corsaro, 1997). Suas capacidades criativas surgem em forma natural a
partir de um trabalho cooperativo e inclusivo, dentro de um ambiente de bem-estar emocional
e envolvimento (Laevers, 2011).
Seguindo estas linhas teóricas, “Soy Niño, Sou Criança” estabeleceu-se como objetivo a
sensibilização e participação de crianças em ações de Educomunicação, Ambiente e Cidadania
Infantil" no norte de Portugal com o apoio das autoridades do Município de Ponte de Lima.
Como resultado participaram por etapas 145 crianças de 08 a 10 anos, integrantes das escolas
básicas de: Ponte de Lima, Feitosa, Correlhã, Vitorino dos Piães, Cabaços, Arcozelos e Refoios.
A dinâmica de trabalho sustentou-se nos parâmetros da metodologia participativa com crianças;
perspetiva que as considera sujeitos de cidadania plena, com um sentir próprio e uma
afetividade como linguagem para expressar suas interpretações do mundo (Alderson, 2000,
Fernandes, 2009).
“Tornar-se amoroso” e responsável com o pensamento, a palavra e a ação, consigo mesmo, com
o semelhante, com o ambiente natural e construído é uma demanda da sociedade para com as
crianças. Esses comportamentos surgem como consequência de ações sistemáticas e constantes
de processos experienciais que ofereçam às crianças a oportunidade de ser escutadas e
respeitadas. Ser, viver e participar é uma consequência do agrado da convivência, do sentir a
proximidade e uma meta “com o outro e para o outro” (Freire, 2006).
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Lazer e Identidade no Uso de Novas Tecnologias por Crianças: “É o meu site”
Ana Monteiro
António Osório
Centro de Investigação em Educação, Universidade do Minho
Palavras-chave: crianças; tecnologias; lazer; identidade; investigação com crianças.
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Resumo:
Este artigo retrata as culturas de lazer que as crianças estão a (re)criar com recurso às novas
tecnologias e discute os processos identitários que lhes são transversais. Esta análise é feita com
base num estudo etnográfico realizado em centros de ocupação de tempos livres, a casa dos
participantes e centros de inclusão digital, no qual participaram 14 raparigas e 8 rapazes, com
idades compreendidas entre 9 e 14 anos. A partir do que é designado na literatura metodológica
como “investigação com crianças”, este trabalho teve como premissa central a abertura à voz
das próprias crianças, de forma a refletir e valorizar a sua capacidade de agência, bem como
potenciar a capacidade de os métodos e técnicas implementados nos ajudarem a conhecer e
compreender as suas culturas. Resulta desta opção um desenho metodológico concretizado em
conjunto com os participantes e, por isso, flexível, permeável, capaz de acolher e trazer para a
análise a inevitável imprevisibilidade que caracteriza este processo. Esta abordagem assenta no
reconhecimento das crianças como agentes sociais de pleno direito, considerando-as, à luz do
seu estatuto social, interlocutores indispensáveis e competentes na investigação e ação sobre as
suas vidas e mundos sociais. As crianças são, neste sentido, cidadãos plenos, envolvidos na
construção das suas vidas e da sociedade, a partir das condições e competências que as
distinguem enquanto grupo social e geracional.
Este texto contribui assim para um conhecimento profundo das atividades digitais com que as
crianças ocupam os tempos livres e da forma como estas se relacionam com o desenvolvimento
da sua própria autoimagem e inclusão nos grupos de pares. Do ponto de vista metodológico, faz
ainda uma reflexão sobre o que é investigar com as crianças, como se faz e que conhecimento
resulta desta abordagem.
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Design de ludicidade co-participativo com crianças: contributos para a co-construção da
literacia mediática
Conceição Lopes
Ana Monteiro
Andreia Silva
Ana P. Oliveira
Departamento de Comunicação e Arte, Universidade de Aveiro
Palavras-chave: ludicidade; design de ludicidade co-participativo; octógono co-
participativo; conversa; influência; efeitos dos media; programação televisiva;
animação; Scratch.
Resumo:
Os media são enriquecedores e promotores do desenvolvimento humano e social. Os novos
media – internet – tornam os media clássicos mais acessíveis aos públicos infanto-juvenis. A
televisão é um exemplo. Pensados como dispositivos de comunicação artificiais, os media
imitam, cada vez melhor, os dispositivos naturais da comunicação humana. E, as crianças da
geração Z usam os media com a familiaridade de brinquedos. A literacia mediática é uma das
dimensões da literacia e da cidadania ativa. Através dela, a formação de sujeitos reflexivos,
críticos, argumentativos, lúdicos e interventivos, que se orientam por valores referidos ao
Humano, é exponencialmente potencializada. O que veem, como pensam, argumentam,
explicam, decidem e sugerem as crianças, entre os 3 e os 9 anos de idade, que usam a televisão
41
e a internet? Esta é a questão de investigação em desafio. O enquadramento teórico escolhido
é o design de ludicidade co-participativo (Conceição Lopes), cujos fundamentos estão na Escola
de Pensamento dos autores de Palo Alto (1967), na teoria orquestral da comunicação de
Gregory Bateson, Paul Watzlawick et. al (1967), na pragmática da ludicidade de Lopes (1998) e
na teoria da experiência de Adriano Duarte Rodrigues (1997). O objeto de estudo desta teoria
são as interações conversacionais entre crianças, dinamizadas por adultos. A metodologia
utilizada – design de ludicidade co-participativo com crianças – é qualitativa, de inspiração
etnográfica, hermenêutica e de investigação-ação. É uma metodologia que promove o
“aprender a aprender como se aprendeu” (Bateson,1964). E, cujos resultados são
demonstrados, no projeto global “Trocado por Miúdos”. A dinamização da motivação
autointrínseca das crianças em situação envolve vários métodos, de que se destacam o
octógono co-participativo, o grupo de discussão, o focus grupo e a análise de conteúdo. Bem
como várias técnicas de recolha e registo das orientações das crianças, sendo elas, a constelação
de atributos (Joan Costa) e o diferencial semântico (Osgood). Nesta comunicação colocar-se-á à
discussão o quadro teórico e a metodologia do design co-participativo com crianças. Assim
como alguns dos resultados obtidos, no âmbito dos sub-projetos: Histórias por desvendar: uma
série televisiva co-construída com crianças; Está no ar – o que dizem, pensam e sugerem as
crianças sobre o que veem e o que oferecem os programadores dos canais temáticos de
televisão e Scratch’ando com o sapo na infância – o que dizem e fazem as crianças com o
Scratch. Realizados com as crianças do Colégio da Torre, em Lisboa, no período de 2010-2014, e
que nos permitem afirmar a coerência e consistência da concetualização utilizada.
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Colaboração e literacia da informação nas escolas – uma responsabilidade partilhada
Ana Novo
Universidade Aberta/CIDEHUS-UÉ
Palavras-chave: Colaboração; Literacia da informação; Professor bibliotecário; Biblioteca
escolar; Portugal.
Resumo:
Esta comunicação tem por base algumas conclusões de uma investigação, no âmbito de um
programa de doutoramento concluído em 2011, sobre o impacto da formação específica do
professor bibliotecário no sucesso escolar em escolas básicas integradas portuguesas, e na qual
foram realizadas 20 entrevistas qualitativas a outros tantos professores bibliotecários entre
Novembro 2006 e Janeiro de 2007, e do trabalho desenvolvido na docência de uma unidade
curricular de 2º ciclo, na Universidade Aberta, nos anos letivos 2013/14 e 2014/15 cujos
mestrandos são professores bibliotecários ou integram a equipa da biblioteca escolar.
Apresenta-se o conceito de literacia da informação desenvolvendo de seguida alguns modelos
de literacia da informação. É justificada depois a necessidade da sua implementação nas escolas,
em geral, e o papel que a biblioteca escolar e o professor bibliotecário, em particular, devem
assumir, concluindo que o sucesso desta implementação dependerá em muito do trabalho
colaborativo entre estes atores educativos.
Neste âmbito, faz-se referência a uma das principais conclusões da investigação sobre a
necessidade de existir um verdadeiro trabalho colaborativo entre professores e professor
bibliotecário, e não apenas coordenação e cooperação como indicado pelos professores
bibliotecários em 2006/2007, com vista ao sucesso escolar e educativo e ao desenvolvimento de
competências em literacia da informação dos alunos.
42
São depois apresentadas as perceções dos mestrandos relativamente ao trabalho colaborativo
desenvolvido entre eles e a restante comunidade educativa, concluindo que embora continue a
existir consenso em relação às vantagens da colaboração, em 2013/14 e 2014/15 apenas
continuam a ser identificadas práticas de coordenação e de cooperação.
Sugerem-se por fim algumas estratégias tendo como objetivo implementar a verdadeira
colaboração entre os vários atores educativos que desenvolva maiores e melhores
competências em literacia da informação dos nossos alunos.
COMUNICAÇÕES LIVRES 4
SÁBADO, 18 DE ABRIL, 14.00h-15.30h
MESA 13 – Competências de Literacia para os Media
Moderador: Cristina Ponte
Sala: Azul (Pavilhão do Conhecimento)
Sábado, 18 de abril, 14.00-15.30h
Competências de literacia mediática em Portugal: Um estudo na educação pré-escolar,
obrigatória e superior
Armanda Matos, Maria Isabel Festas e Ana Maria Seixas
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Coimbra
Palavras-chave: meios de comunicação; literacia mediática; avaliação de competências.
Resumo:
A ubiquidade dos meios de comunicação na sociedade atual constitui um facto inegável, para o
qual tem contribuído o rápido desenvolvimento das tecnologias digitais, que impregnam todos
os âmbitos da vida quotidiana dos cidadãos. Neste contexto, a educação para uma utilização
crítica e criativa dos media e para o domínio de diferentes sistemas simbólicos revela-se
fundamental, devendo alicerçar-se numa descrição rigorosa e numa compreensão aprofundada
dos conhecimentos, atitudes e competências de literacia mediática dos cidadãos.
Neste trabalho apresentamos um projeto de investigação que tem como objetivo principal
conhecer o nível de competências de literacia mediática de crianças e jovens da educação préescolar e obrigatória, bem como de estudantes universitários. Trata-se de um projeto que
envolve seis instituições de ensino superior portuguesas (Universidade de Coimbra,
Universidade do Minho, Universidade do Algarve, Universidade Nova de Lisboa, Universidade
Aberta e Instituto Politécnico de Castelo Branco), inserindo-se ainda na rede ALFAMED, uma
rede interinstitucional euroamericana que tem o compromisso de colaborar no desenho,
desenvolvimento e difusão de trabalhos de investigação sobre competências de literacia
mediática, em países latino-americanos e europeus.
A avaliação das competências de literacia mediática na educação pré-escolar, obrigatória e
superior baseia-se num conjunto de dimensões que configuram o conceito de competências: a
linguagem, a tecnologia, os processos de produção e programação, a ideologia e os valores, a
receção e audiências e a dimensão estética (Ferrés & Piscitelli, 2012*). Este diagnóstico,
constituindo um pré-requisito essencial para a elaboração de propostas formativas adequadas e
43
eficazes, é efetuado recorrendo a uma metodologia mista, que combina técnicas quantitativas e
qualitativas.
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Avaliação de práticas e de competências de literacia mediática: Conceptualização e
instrumentos metodológicos
Paula Lopes
Universidade Autónoma de Lisboa; Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade,
Universidade do Minho
Palavras-chave: literacia mediática; práticas mediáticas; competências de literacia mediática;
avaliação de competências de literacia mediática.
Resumo:
Há quase uma década que a União Europeia vem reclamando a avaliação da literacia mediática
dos cidadãos e o seu enquadramento em níveis. Na verdade, já o documento Directiva
2007/65/CE do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia sugeria que, a partir de
2011, “de três em três anos, a Comissão deva apresentar ao Parlamento Europeu, ao Conselho e
ao Comité Económico e Social Europeu, um relatório (…) à luz dos progressos tecnológicos
recentes, da competitividade do sector e dos níveis de educação para os media em todos os
estados-membros”.
A avaliação de práticas mediáticas no espaço da União Europeia tem crescido exponencialmente
nos últimos anos, particularmente com recurso a referenciais teórico-empíricos quantitativosextensivos. O mesmo não se pode dizer em relação à avaliação de competências de literacia
mediática: só muito recentemente se têm ensaiado modelos e instrumentos de recolha de
informação. Em muitos casos, pode dizer-se que parece existir uma certa confusão entre o que
são práticas mediáticas e o que são competências de literacia mediática, o que avaliar, como
avaliar e que tipo de instrumentos desenvolver e aplicar.
Nesta comunicação, fruto da reflexão levada a cabo em Literacia mediática e cidadania: Práticas
e competências de adultos em formação na Grande Lisboa, partimos da conceptualização de
“prática” e de “competência” para, num segundo momento, apresentarmos os instrumentos
metodológicos desenvolvidos – alguns dos indicadores de práticas mediáticas e algumas das
tarefas para avaliação de competências de literacia mediática – e os principais resultados
alcançados.
A investigação foi desenvolvida, entre 2009-2013, no âmbito do Programa de Doutoramento em
Sociologia do ISCTE. A operacionalização teve por base a aplicação de um inquérito por
questionário – para avaliação de práticas mediáticas – e de uma prova de literacia mediática –
para avaliação de competências de literacia mediática –, entre Março e Junho de 2012. A
pesquisa envolveu 520 adultos a frequentar acções de formação nesse ano lectivo, na Grande
Lisboa.
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Avaliação dos níveis de literacia mediática: Estudo exploratório com adultos no mercado de
trabalho
Amália Carvalho
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
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Palavras-chave: literacia mediática; competências; práticas; adultos.
Resumo:
Este trabalho tem como principal objetivo avaliar os níveis de literacia mediática em adultos,
através de um estudo exploratório, aplicado num contexto empresarial. Procurando contribuir
para o conhecimento empírico neste campo de estudo, pretende-se compreender quais são as
práticas mediáticas, as competências de literacia mediática e as práticas de cidadania que
caracterizam o grupo de adultos em estudo.
Hoje em dia, atividades rotineiras como procurar horários para um comboio, falar com um
amigo, fazer as compras semanais, procurar informação credível, etc., são cada vez mais
mediadas por negócios comerciais, o que exige níveis altos de literacia mediática nos adultos no
seu papel de cidadãos e consumidores (Livingstone & Wang, 2014). De facto, a educação para os
media deve ser vista como uma aprendizagem ao longo da vida. “Mais do que nunca os cidadãos
precisam de ter uma análise crítica da informação independentemente dos sistema simbólico
usado (imagem, som e texto), para produzir conteúdo por eles próprios e para se adaptarem à
mudança social e no trabalho” (Bevort et al.).
Traçando uma panorâmica das exigências da «sociedade da informação», mencionando
concretamente o caso da União Europeia e a sua preocupação com a «sociedade do
conhecimento» como contribuição fundamental para a competitividade económica, estreitamos
a questão da literacia mediática para o quotidiano dos adultos, nomeadamente no contexto
laboral.
Para o estudo intensivo da literacia mediática, a opção pela metodologia qualitativo-quantitativa
tem sido reconhecida como uma estratégia metodológica eficaz (Lopes, 2013). Neste sentido,
este estudo articula os métodos quantitativos e qualitativos através da aplicação de um
questionário e da realização de focus groups. O questionário foi aplicado a 201 pessoas que
trabalham numa empresa da região do Minho, situada no distrito de Braga. Posteriormente à
aplicação dos questionários, foram realizados três focus groups com o objetivo de explorar os
principais resultados obtidos através dos questionários.
A partir dos resultados obtidos, procura-se contribuir para a investigação empírica dos níveis de
literacia mediática nos adultos e traçar algumas rotas possíveis para o desenvolvimento de
novas ferramentas de medição de literacia mediática dos adultos.
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Sustentabilidade e medição de impactos em organizações culturais: o papel dos indicadores de
literacia mediática, comunicação e cidadania
Paula Ochôa
Leonor Pinto
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa- CHAM, Comissão para a
Cidadania e a Igualdade de Género
Palavras-chave: sustentabilidade; organizações culturais; medição de impactos; informaçãodocumentação.
Resumo:
Ao longo de 2014, a importância da medição e avaliação dos impactos tem vindo a ser
destacada em várias áreas: nas bibliotecas, com o surgimento da norma ISO 16394 - Methods
and procedures for assessing the impact of libraries; na reflexão e debate em torno dos
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compromissos e metas que irão integrar a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015; e na discussão
da integração da Cultura como o quarto pilar do desenvolvimento sustentável, com destaque
para a criação pela UNESCO de uma bateria de (22) Indicadores de Cultura para o
Desenvolvimento e para a recente realização do UNESCO World Forum on Culture and the
Cultural Industries, onde foi reconhecida a complexidade da criação e gestão integrada de
indicadores.
Visando participar no debate e apresentar contributos para a resposta à questão “Como
podemos medir os impactos das organizações culturais e o seu contributo para o
desenvolvimento sustentável?” foi desenvolvido um workshop interdisciplinar de
desenvolvimento de competências de avaliação de impactos no âmbito do Mestrado em Ciência
da Informação e Documentação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade
Nova de Lisboa (janeiro-junho 2014). Um dos resultados desta iniciativa foi a construção de uma
estrutura de medição e avaliação do desempenho de organizações culturais, centrada em 7
potenciais dimensões de impacto - Economia, Educação, Património, Comunicação, Governança,
Participação Social e Igualdade de género – e a sua aplicação ao campo da Informação e
Documentação.
Esta comunicação tem, assim, por objetivo apresentar esta Estrutura de Medição e Avaliação de
Impactos, discutindo o seu papel na recolha de evidências nas áreas da literacia mediática,
comunicação e cidadania.
MESA 14 – Projetos e experiências de Educomunicação
Moderador: Teresa Pombo
Sala: Amarela (Pavilhão do Conhecimento)
Sábado, 18 de abril, 14.00-15.30h
A literacia para os Media no ensino secundário: estudo e desenvolvimento de um modelo de
práticas pedagógicas
Andreia Vilhena,
Fernanda Martins
ICPD, Universidade do Porto, Universidade de Aveiro
Palavras-chave: Literacia mediática; media, competências de literacia mediática; educação.
Resumo:
Enquadramento:
A proposta de comunicação incide sobre um projeto de intervenção, baseado na análise de
conteúdos de programas mediáticos, para o desenvolvimento da literacia aplicada aos
conteúdos dos Media, com base nos progressos alcançados na investigação teórico-empírica.
Objetivos:
- Desenvolver um programa de incentivo à literacia mediática, a aplicar a estudantes do ensino
secundário do distrito do Porto.
- Caracterização de práticas adequadas à compreensão e avaliação crítica dos conteúdos dos
Media.
- Identificar estratégias pedagógicas e de conteúdos de aprendizagem, passíveis de serem
enquadrados no panorama escolar nacional da educação para os Media.
Fundamentação:
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O interesse por este campo surgiu a partir das recomendações para a realização de investigação
e de exploração das potencialidades do currículo referenciadas pelo estudo da ERC elaborado
pela Universidade do Minho, pela ONU e por especialistas internacionais. A elaboração do
modelo irá basear-se numa análise focada em programas referenciados para o ensino da
literacia mediática a nível internacional, nomeadamente para motivar os alunos a questionar as
mensagens dos Media, a desenvolver competências de análise, interpretação e avaliação das
mensagens dos Media e do pensamento crítico, de acordo com a temática do paradigma atual
da literacia mediática. Atender-se-á, nomeadamente, ao programa “English 11 at Concord High
School”, ao projeto “SMARTArt” nos EUA; ao “Understanding Media Literacy” no Canadá e ao
“Media Education” publicado pela UNESCO em 2007.
Metodologia:
Após a elaboração do programa a nível escolar proceder-se-á à sua intervenção e aplicação
junto dos estudantes, utilizando uma metodologia de investigação-ação. Recorrer-se-á a dois
grupos idênticos (de controlo e experimental), para avaliar a intervenção realizada. Pretende-se
aplicar uma prova de literacia mediática, em dois momentos, no início e no final da aplicação do
programa, a ambos os grupos, de forma a avaliar a eficácia do mesmo, na melhoria das
competências de literacia mediática dos estudantes.
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Projeto EduComunicAção: educação para os media no 2º ciclo do ensino básico português
Clarisse Pessôa
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: Literacia mediática; media; competências de literacia mediática; educação.
Resumo:
Tendo em conta que a relação com os media dá-se a partir da infância e que as crianças
comportam-se cada vez mais como consumidores e produtores mediáticos, torna-se relevante
que estas entendam como fazer um uso consciente e crítico das potencialidades dos meios de
comunicação social, diminuindo os riscos que envolvem a sua utilização. Sendo a escola um dos
principais agentes de socialização da criança, faz todo o sentido que esta acompanhe a realidade
vivida na infância. A Educação para os Media, enquanto processo pedagógico, visa o
planeamento, a implementação e a avaliação de procedimentos que contribuam para o
desenvolvimento de ecossistemas comunicativos, nomeadamente, em ambientes educativos.
Neste sentido, a presente comunicação pretende dar a conhecer os primeiros resultados de um
trabalho empírico que está decorrer em turmas do 2º ciclo do ensino básico, numa escola do
norte do país, durante todo o ano letivo de 2014/2015. Obedecendo à a uma metodologia de
investigação-ação, o projeto EduComunicAção ocorre em cada turma semanalmente, durante
45 minutos, no âmbito da disciplina de Educação para a Cidadania. Consagrando-se em três
etapas fundamentais, diagnóstico, ação e avaliação, o projeto visa o desenvolvimento da
literacia mediática através de atividades criativas e dinâmicas que impliquem as crianças,
colocando-as no centro do processo de aprendizagem. As atividades apelam para a expressão,
interação, criatividade e produção de conteúdos mediáticos, numa perspectiva inclusiva e
aberta à multiculturalidade. Promove o acesso aos meios de comunicação social, o uso dos
media, a busca, a seleção e a avaliação da informação circundante, e a consequente aplicação
desta informação na rotina social. É um projeto piloto que faz parte de uma investigação
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doutoral mais alargada, e que pretende auxiliar a comunidade escolar no desenvolvimento de
atividades com vista à educação para os media, podendo consagrar-se num modelo a ser
utilizado a nível nacional.
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EDUCOMUNICAÇÃO: Campo, Interdisciplinaridade e Formação
Karina Elian
UniBH / FAPEMIG / Educomuni
Palavras-chave: Educomunicação; formação; interdisciplinaridade.
Resumo:
Esta pesquisa investiga a educomunicação como uma nova área do conhecimento, buscando
conhecer o perfil do profissional educomunicador, desafios da prática educomunicativa,
propondo uma reflexão sobre a interdisciplinaridade que o campo apresenta. A análise desses
elementos estabelece um interfaceamento das áreas comunicação/educação, melhorando o
processo ensino/aprendizagem, apontando a prática educomunicativa como instrumento de
transformação social.
A educomunicação objetiva educar cidadãos críticos para leitura dos meios de comunicação,
promovendo formação integral que vivencia a realidade da sociedade em rede. É importante
entender o contexto do processo educacional dentro desta sociedade em transformação bem
como o professor do século XXI e, como esse profissional pode promover uma prática cidadã,
em tempos marcados pela influência da comunicação no processo de formação.
Além da pesquisa bibliográfica, foram realizadas entrevistas em Minas Gerais e São Paulo com
educadores, educomunicadores, profissionais da comunicação e o disseminador da
educomunicação no Brasil . Na pesquisa de campo, aliou-se teoria/prática com intervenções no
espaço de formação profissional ASSPROM (Associação Profissionalizante do Menor), onde
jovens participam do curso de preparação para o mundo do trabalho.
Foram promovidas ações educomunicativas na formação dos adolescentes/aprendizes, com
orientação profissional, atividades socioeducativas, cultura, saúde, políticas públicas, além
daquelas que desenvolvem papel cidadão. O objetivo foi preparar esses jovens na visão
empreendedora de mercado e formação, oferecendo oportunidades de acesso a outros saberes
e questionamentos que perpassam conteúdos oferecidos nos espaços formais, trazendo a mídia
para o processo.
Pensar em educomunicação é pensar numa prática inovadora, para atender uma demanda
atual, interessada em tecnologia/mídias, que vive a era da informação. Quanto mais à educação
relacionar com os meios de comunicação, mais possibilitará uma educação mais usual ou
pragmática, compatível com a realidade da sociedade atual.
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Trabalho crítico e educomunicação
Ana Rosa Dolabella
Centro Universitário de Belo Horizonte
Palavras-chave: Trabalho crítico; Educomunicação; pesquisa.
Resumo:
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A criação de um novo campo do conhecimento, que se origina no encontro entre dois ou mais
domínios de saber, é o resultado de um diálogo que se propõe interdisciplinar, por meio da
circulação de pontos de vista, critérios e reflexões. A esse diálogo, denomina-se trabalho crítico.
Esta proposta visa discutir a implantação de um grupo de pesquisa interdisciplinar em um centro
universitário em Belo Horizonte (MG/Brasil), UniBH, e suas implicações para as comunidades
docente, discente e externa. Opta-se por apresentar algumas das atividades desenvolvidas pelo
grupo Educomuni, formado de professores orientadores e alunos bolsistas, para o estudo das
mídias, dos cursos de comunicação e de pedagogia, no período de 2012 a 2014. Constituem-se
de intervenções de sensibilização para a temática, bem como conscientização para as práticas
interdisciplinares, além de se estabelecer pontes entre o mercado de trabalho e a formação dos
futuros profissionais.
Note-se a diversidade de saberes que circulam no espaço de interação social e que novas
habilidades para o uso desses saberes são, dessa forma, demandadas pela sociedade às
instâncias socializadoras como a instituição escolar. Novas linguagens baseadas nas interações
midiáticas, novos ambientes, novas formas de aprender e de produzir conhecimento se impõem
na construção de um novo campo do conhecimento e da ação, a educomunicação. Daí a
importância que se propõe ressaltar para grupos de pesquisa interdisciplinares que tratam sobre
o discurso das mídias, cujas intervenções se fundamentam na transformação social para/pela
contemporaneidade.
E, dessa forma, trabalho crítico nas interações entre os atores e o objeto de ensino (mediações),
sobre o discurso das mídias, na universidade, pode alimentar a mobilização política da esfera
civil, sobretudo no Brasil, com repertórios de informação e “estoques cognitivos” (GOMES,
2003), tão necessários à prática cidadã.
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Comunicação nos espaços de educação formal
Raija Maria Vanderlei de Almeida
Universidade Federal de Campina Grande
Palavras-chave: literácia mediática; educomunicação; educação formal; tecnologias da
informação e comunicação; linguagem midiática.
Resumo:
Esta comunicação tem como tema a análise das experiências obtidas na disciplina Comunicação
nos Espaços de Educação Formal do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal de
Campina Grande, no interior do Nordeste do Brasil, que tem uma linha de formação em
Educomunicação, um novo campo de atuação na sociedade contemporânea, criando uma
interface entre comunicação e educação, com uma formação humanística consolidada e, logo,
com condições de realizar uma leitura crítica dos sistemas de comunicação e dos processos de
mediação social. Esta disciplina é oferecida no primeiro período do curso e visa o planejamento
e elaboração de estratégias de integração dos meios de comunicação no cotidiano com as
múltiplas linguagens e suas tecnologias no espaço escolar, bem como o assessoramento a
professores, organização de acervo, desenvolvimento de e organização de infra-estrutura para
mediações. A disciplina tem como objetivo mapear e criar práticas educomunicativas em
ambientes educativos que lidam com a educação formal. Com o objetivo de explorar o potencial
das tecnologias e da comunicação na aprendizagem, planejar e elaborar estratégias de
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integração dos meios de comunicação, mapear as práticas educomunicativa. O seu conteúdo
programático distribuído em 3 unidades. Na primeira unidade os alunos tem um contato com os
novos modos de conhecer; a linguagem audiovisual no contexto escolar e no final da unidade
ele fazem uma atividade de campo em escolas de educação formal mapeando as práticas
educomunicativas e assessorando professores, planejamento e elaborando de estratégias de
integração dos meios de comunicação na escola que envolvam a linguagem audiovisual. Da
mesma forma acontecem com as linguagens radiofônicas, jogos, internet e Educação a distância
nos dois módulos seguintes. Ao final os alunos obtém uma experiência intensa na relação entre
a teoria e a práxis, vivenciando algumas das muitas possibilidades da educomunicação e da
literácia midiática.
MESA 15 – Programas e políticas de MIL
Moderador: Manuel Pinto
Sala: Azul (Pavilhão do Conhecimento)
Sábado, 18 de abril, 14.00-15.30h
Programa Educativo de Literacia Informacional e Mediática
Simão Lomba
Instituto de Educação, Universidade de Lisboa
Palavras-chave: literacia informacional e mediática; média; TIC; formação de professores.
Resumo:
Este trabalho centra-se na dimensão mediática de um Programa Educativo de Literacia
Informacional e Mediática (PELIM) dirigido a estudantes do Ensino Básico e Secundário. O PELIM
será desenvolvido através de um trabalho colaborativo entre o professor bibliotecário e os
restantes professores. A criação, aplicação e avaliação do PELI faz parte de uma investigação de
Doutoramento em Educação na Especialidade de TIC e Educação no IE-UL.
O principal objetivo desta investigação é desenvolver a literacia informacional e mediática (LIM)
(UNESCO, 2013, 2014; UNESCO & IFLA, 2012) dos estudantes do Ensino Básico e Secundário.
As competências de LIM são componentes essenciais dos Direitos Humanos (UNESCO, 2010) e
são indispensáveis para o exercício da cidadania numa sociedade democrática.
Para fundamentar o PELI baseámos-nos no modelo Information Seek Process (ISP) (Kuhlthau,
2004) e no Guided Inquiry (Kuhlthau, Maniotes, Caspari, 2007, 2012).
A dimensão mediática deste programa será desenvolvida na análise crítica das mensagens
utilizadas na informação que os alunos utilizam para a realização dos seus trabalhos e nos
produtos que eles irão criar durante as suas atividades.
O PELI será desenvolvido por professores no âmbito de uma ação de formação, onde após uma
aprendizagem do método ISP e do Guided Inquiry irão aplicá-lo nas suas aulas com os alunos em
trabalhos que envolvem pesquisa de informação. Na formação os professores irão planear a
implementação do seu PELI de forma colaborativa, depois de terem participado eles próprios
num processo semelhante ao que irão aplicar nas suas aulas, onde criaram produtos (materiais
didáticos) para disponibilizar aos estudantes.
Este estudo é baseado em métodos mistos de investigação (Creswell & Clark, 2011; Teddlie &
Tashakkori, 2009) com a recolha de dados quantitativos e qualitativos junto dos participantes
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professores e alunos. Tanto os professores como os estudantes responderão a inquéritos por
questionário antes e depois da intervenção.
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Projetos Europeus e a Literacia para os Media
Carla Belo
Rui Baltazar
Agrupamento de Escolas Emídio Navarro – Almada
Palavras-chave: ALMADA, projectos europeus; segurança na Internet; vídeo; media.
Resumo:
O projeto a apresentar (PLAY WEB) teve origem num convite feito pela Srª. Eleonora Salvadori,
diretora do Centro de Educação e Mídea da Universidade de Pavia à, nessa altura ainda, Escola
Secundária Emídio Navarro, em Almada. Foi criada para o efeito uma equipa multidisciplinar de
professores [Rui Baltazar (coordenador), Ana Ávila Silva, António Barreiros, António Sales, Carla
Belo, Ludgero Leote e Rute Navas]. Este projeto foi financiado pela Agência Nacional PROALV,
através do seu programa COMENIUS, e tivemos como parceiros escolas secundárias de Itália
(Pavia), de França (Lyon) e de Espanha (Sevilha).
O projeto PLAY WEB (www.play-web.eu) visou criar uma série de produtos, alguns deles em
formato digital, que tinham como objetivo sensibilizar alunos, professores e encarregados de
educação para uma utilização mais segura da Internet. Entre as muitas atividades dinamizadas,
encontra-se um concurso de vídeo, o qual foi lançado em simultâneo nos quatro países
participantes deste projeto. No caso português, o regulamento foi adaptado para ir ao encontro
do concurso “7 dias, 7 dicas sobre os media”, promovido pela Rede de Bibliotecas Escolas. Os
trabalhos realizados pelos alunos foram muitos e de elevada qualidade. O vídeo vencedor foi
divulgado durante um dos encontros com todos os parceiros deste projeto europeu, em
Almada. Alguns momentos deste encontro foram captados pelas camaras da TV ALMADA e
estão disponíveis em https://www.youtube.com/watch?v=pBNFsp3xHnE .
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Observatórios de Media enquanto espaços de cidadania e o lugar das políticas públicas de
Educomunicação
Cristiane Parente
Manuel Pinto
Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho
Palavras-chave: Observatórios de Mídia; Educomunicação; cidadania; políticas públicas.
Resumo:
Boa parte do que acreditamos conhecer sobre a realidade nos chega a partir dos media.
Segundo Pinto et al (2011) eles são um ambiente e uma dimensão que marcam cada vez mais a
vida das pessoas, assim como também dificilmente podemos aprender a ser cidadãos sem
compreendê-los criticamente, já que eles constroem um mundo comum para os cidadãos
(Martins, 2011). E isso acontece especialmente a partir de relatos, narrativas, construções
sociais.
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A presente proposta de comunicação busca analisar os observatórios de media no contexto
ibero-americano enquanto espaços de participação social, aprendizagem crítica e cidadania, e
compreender de que forma eles podem contribuir para a análise, criação e implementação de
políticas de educação para a mídia e formação de uma geração mais autônoma e eticamente
responsável diante das mensagens da mídia, estimulando a criação de políticas públicas de
educomunicação e/ou literacia mediática.
Bertrand (2002) destaca que quando os observatórios tornam transparente a “maquinaria da
mídia”, estão contribuindo não apenas para melhorar a qualidade dos meios de comunicação,
como para a formação de cidadãos mais educados, mais alfabetizados midiaticamente, que
possam consumir e fruir de forma mais crítica e construtiva as mensagens que recebem
diariamente dos meios de comunicação.
Para analisar os observatórios e seu papel, trabalhamos com os conceitos de políticas públicas,
cidadania e educomunicação/literacia mediática, além de fazer uma sistematização dos tipos de
observatórios a partir de uma tipificação/classificação dos mesmos de acordo com o local onde
estão inseridos, missão, metodologias utilizadas, público atendido, etc
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Estratégias para recolher e organizar iniciativas de MIL numa escala global
Luís Pereira
Belinha de Abreu
Coventry University; Fairfield University
Palavras-chave: MIL; mapeamento de iniciativas; DIMLE.
Resumo:
O número de iniciativas relacionadas com Media and Information Literacy - MIL (UNESCO, 2011)
tem aumentado significativamente nos últimos anos um pouco por todo o mundo. Com tantos
(novos) programas, organizações, recursos, publicações, projetos de pesquisa, torna-se inviável
acompanhar todos eles ou até mesmo saber da sua existência. Este paper pretende apresentar e
discutir iniciativas que procuram dar resposta ao problema da ausência de um mapeamento
abrangente e, ao mesmo tempo, fiável.
A apresentação centra-se sobretudo numa iniciativa denominada DIMLE - Digital International
Media Literacy Ebook Project. Este projeto criou uma rede de contactos de diferente países para
adaptar um conjunto de materiais sobre educação para os media para diversos contextos. De
momento, são quase duas dezenas as línguas em que está a ser escrita esta publicação. A língua
portuguesa (tanto na variante portuguesa como brasileira) é uma delas.
A partir desta experiência de criação de uma rede informal de experts para criação de conteúdos
adaptados aos diferentes contextos, pretende-se recolher sugestões, críticas e comentários das
pessoas presentes sobre iniciativas que procuram registar diferentes matizes de MIL locais.
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Olhares sonhadores para uma literacia em desenvolvimento
Inês Santos Moura
Vania Baldi
Departamento de Comunicação e Arte, Universidade de Aveiro
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Palavras-chave: Arte audiovisual; criatividade; educação; tecnologias da comunicação.
Resumo:
A presente investigação tem como objetivo desafiar práticas de uso criativo e responsável das
novas tecnologias da comunicação na escola básica do bairro de S. Tomé (Paranhos-Porto).
Nesse sentido, promovem-se atividades para consciencializar as crianças das potencialidades e
dos funcionamentos deste conjunto de linguagens de expressão, partilha, aprendizagem e
transmissão de conhecimento. Pretende-se também reconhecer a tecnologia e a literacia
hipermédia como uma forma de reflexão e de intervenção emancipadora no tecido da
comunidade onde atua.
Objetivos
Apresentar-se-ão resultados de uma investigação em fase de finalização com base nos seguintes
objetivos:
- Documentar / registar, em vídeo e fotografia, a realidade das crianças da escola básica do 1º
ciclo do bairro de S. Tomé, os seus anseios e os seus sonhos, os seus problemas e as suas
imaginações transformadoras;
- Testar o grau de familiaridade das crianças com as novas tecnologias da comunicação e
compreender os desejos e as fantasias projetadas nelas.
Objetivos Operacionais:
- Concretizar entrevistas com as crianças acerca da sua realidade envolvente;
- Executar uma oficina de cinema e fotografia com o grupo de crianças, com vista a fornecer
conhecimento técnico e estético;
- Colocar as crianças em contacto direto com as novas tecnologias da comunicação.
Metodologia
Para o presente estudo, utilizar-se-á uma abordagem qualitativa recorrendo ao
desenvolvimento de uns produtos comunicacionais. A investigação será elaborada com os
participantes da mesma – as crianças. A colaboração e perspetiva de cada elemento será um
contributo para compreender a problemática ou o fenómeno do estudo.
Amostra
O presente estudo contará com a participação de 3 a 5 alunos, com idades compreendidas entre
os 7 e 8 anos de idade, do 2º ano da turma A da escola básica de S.Tomé (Paranhos-Porto).
Resultados parciais
- Que as crianças reconheçam as tecnologias de comunicação como algo útil e relevante para o
seu quotidiano;
- Que os participantes desta investigação estejam mais sensibilizados para a utilização das novas
tecnologias de comunicação de um modo criativo e colaborativo.
Conclusões
As atividades desenvolvidas com as crianças irão proporcionar mais conhecimento relativo às
formas de utilização e aplicação das tecnologias da comunicação.
As oficinas práticas e o uso das tecnologias artísticas e de comunicação promovidas oferecem a
possibilidade de experimentar novas formas de ensino/aprendizagem informais,
proporcionando novas formas de literacia criativa e de partilha entre os participantes.
MESA 16 – Media e cidadania
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Moderador: Vítor Tomé
Sala: Vermelha (Microsoft)
Sábado, 18 de abril, 14.00-15.30h
As ONG como voz da sociedade civil organizada nos media - Um olhar sobre a RTP, a TSF, o
Público e a agência Lusa
Sonia Lamy
Instituto Politécnico de Portalegre/CIMJ/C3i
Palavras-chave: Organizações não Governamentais; jornalismo; fontes de informação;
sociedade civil; ética.
Resumo:
As dinâmicas das Organizações não Governamentais (ONG) identificam-se com a voz da
sociedade civil e a sua representatividade mediática pode ser um espelho do trabalho
desenvolvido por estes grupos. Diariamente identificamos alguma consistência na presença
vozes não governamentais nos meios de comunicação social. Consideramos que as ONG
contribuem para o estímulo do debate público sobre questões sociais, através dos media.
Apesar de os jornalistas privilegiarem um contacto mais regular com as fontes de informação
oficiais (Sigal, 1973, Manning, 1998, Deacon, 1999) e darem preferência clara a fontes
burocráticas, governamentais e corporativas, as ONG têm vindo a fundamentar uma maior
presença mediática. De facto, “o processo cria uma hierarquia de fontes estabelecidas, o
Governo e a maior parte dos partidos políticos garantem a atenção dos media, seguidos das
organizações políticas e de grandes uniões.” (Jong, 2005:112).
Natalie Fenton (2009: 161) sugere que além do papel essencial da boa relação entre a fonte e o
jornalista, há cada vez mais métodos alternativos para chegar às notícias. Fenton admite que as
ONG mais pequenas e com menos recursos parecem estar em clara desvantagem no acesso aos
media, mas todas sabem que apenas “vão ter as suas vozes ouvidas se subscreverem critérios
jornalísticos com experiência e profissionalismo” (Fenton 2009:161). É importante refletir sobre
a possibilidade de um novo papel para estas organizações que são reflexo da sociedade civil
organizada.
No sentido de contribuir para a reflexão propomos partir de uma análise das notícias da Agência
Lusa, do jornal Público, da RTP e da TSF de modo a compreender de que forma as ONG se
posicionam enquanto fontes de informação. A partir do estudo da presença das ONG nos meios
de comunicação social, tentamos compreender as principais tendências da cobertura dos temas
reproduzidos pelas ONG e assim contribuir para a reflexão sobre o modo como os jornalistas se
relacionam com as ONG.
A nossa pesquisa tem como base a análise de 462 notícias publicadas no decorrer de quatro
semanas por ano, durante três anos (entre 2009 e 2011). Verificamos que ONG relacionadas
com igualdade de género, direitos sexuais, cidadania, e discriminação social têm alguma
presença como fontes de informação, mas não são de todo as mais procuradas pelos jornalistas.
Apenas em cerca de 16 por cento das notícias identificadas estas ONG são fontes de informação,
e o tipo de situações que os jornalistas mais procuram as ONG são para recolha de declarações
sobre o tema da peça, no sentido de completar a informação avançada em temas de atualidade.
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Regionalização na mídia: um olhar sobre as reportagens da revista Cidade Verde – Piauí –
Brasil
Gislane Moraes
Samantha Carvalho
Universidade Federal do Piauí
Palavras-chave: Globalização; produção de conteúdo; mídia regional; revista Cidade Verde.
Resumo:
O presente artigo está concentrado no debate sobre o processo de regionalização da mídia,
visto que a globalização da comunicação abriu novos locais de interação, que já não estão mais
ligados ao espaço físico comum, modificando a noção espaço/temporal das relações humanas.
Ocorre assim, o intercâmbio de conteúdos simbólicos das mais variadas regiões, que contribui
na construção de hibridismos sociais, ao qual, Castells (1999) vai designar de sociedade em rede.
O paradoxo dualístico de aspectos globais e regionais no contexto da comunicação, faz a mídia
regional se fortalecer, pois, o interesse por assuntos de proximidade e pertencimento ganha
volume. O estudo se propõe a refletir como em tempos de globalização, o conteúdo regional é
aplicado pela Revista Cidade Verde, a partir da análise das suas reportagens especiais,
identificando ausência/presença de conteúdo regional, assim como, os assuntos regionais mais
abordados, com o intuito de perceber como essa mídia aplica a ideia de regionalização. A
Revista Cidade Verde, mídia regional brasileira, tem circulação no Estado do Piauí. Esse debate
tem por objetivo apresentar conceitos que problematizem as questões relacionadas a
globalização, e a regionalização da mídia, tendo como pressuposto o entendimento de que há
uma relação entre elas, que possibilita uma leitura crítica da mídia e do uso que fazemos dela na
sociedade. A pesquisa traz as reflexões de autores como Giddens (2007), Thompson (2014),
Peruzzo (2009), entre outros. Trata-se de um estudo quanti-qualitativo, de cunho analítico
/descritivo/ exploratório que tem como método a análise de conteúdo. O artigo traz
considerações a respeito do papel da mídia regional, que mesmo envolvida por uma lógica
global e uma demanda desenfreada de informações globais, pode abordar conteúdos levando
em consideração, as identidades, características e necessidades do território de sua pertença
atuando de forma a reforçar/construir valores humanos e éticos.
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Os orçamentos participativos na imprensa nacional diária portuguesa
João Limão
CECS - Universidade do Minho; CIES/ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa; LabCom - UBI;
CIMJ; CECL e CICANT - Universidade Lusófona
Palavras-chave: Orçamento participativo; agenda dos media; efeitos dos media; fontes
jornalísticas.
Resumo:
Objetivos: A partir da premissa de que a informação e comunicação são essenciais para o
exercício democrático e participação cidadã, a presente pesquisa pretende verificar se a
comunicação social nacional desempenha esse papel informativo no caso dos orçamentos
participativos (OP) em Portugal.
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Enquadramento: Num momento em que se verifica uma crise na democracia, com elevados
índices de abstenção e descrença dos indivíduos em relação ao sistema político-partidário, temse reorientado alguma atenção para propostas de modelos de democracia participativa, entre os
quais os OP municipais. Em Portugal, desde há cerca de 10 anos que este modelo tem vindo a
ser aplicado em vários municípios.
A análise proposta resulta da conceção de que a comunicação social tem efeitos nas
representações, perceções, atitudes e comportamentos dos indivíduos, e tem como
fundamentação a teoria do agenda-setting, segundo a qual os meios de comunicação social de
massas podem determinar a visibilidade e grau de importância de diferentes assuntos. Embora
não tenham o poder de determinar o que pensamos, têm, pelo menos, o poder de agendar os
temas sobre os quais pensamos.
Estratégia metodológica: Incide na análise quantitativa das notícias publicadas sobre
“orçamento(s) participativo(s)” em três jornais nacionais (Público, DN e CM), no período
compreendido entre 1 de janeiro de 2005 e 31 de dezembro de 2014, de modo a atestar do
número global de notícias publicadas em cada ano e da evolução ao longo dos anos, de modo a
perceber se o tema tem tido presença regular na agenda mediática.
Numa segunda fase, pretende-se empreender uma análise de conteúdo, de modo a verificar o
subtema dominante e tendência (positiva/negativa) nas notícias, autoria das “peças
jornalísticas” (jornalistas ou agência), e quais os atores e fontes presentes.
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A evolução da regulação mediática: Análise comparada dos mecanismos normativos do
jornalismo português
João Miranda
Faculdade de Letras da UC/Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX
Palavras-chave: jornalismo; autorregulação; heterorregulação; regulação mediática.
Resumo:
As transformações do paradigma social e político, decorrentes da Revolução de Abril de 1974,
vieram reenquadrar e reformatar o plano mais vasto da estruturação e organização da
comunicação social e do jornalismo em Portugal. No campo da regulação, pela mão dos
jornalistas, por iniciativa parlamentar e governamental, ou até mesmo através da pressão mais
ou menos informal dos movimentos civis e sociais, assistiu-se à geração de uma miríade de
organismos normativos, que correspondiam a campos bem delimitados da auto, da co e da
heterorregulação. O percurso trilhado desde então colocou em evidência diferentes tendências,
das quais subjaz um estreitamento do papel e competências dos diferentes mecanismos num
menor número de estruturas. Paralelamente, este caminho patenteia-se por uma obliteração da
regulação participada, uma perda do peso institucional e simbólico do quadro normativo próprio
dos profissionais da comunicação, e uma acumulação de poderes por parte da regulação estatal.
Através do cruzamento de um conjunto de entrevistas, realizadas a responsáveis e membros dos
diferentes mecanismos normativos, e da análise de conteúdo de pareceres, resoluções e
legislação afetas a cada um dos organismos, esta comunicação compreende um estudo
diacrónico da evolução da regulação do jornalismo português, onde se salienta o papel de cada
mecanismo no seu tempo, bem como as suas inspirações e legado para a realidade
contemporânea do jornalismo. Ao mesmo tempo, esta apresentação pretende estabelecer uma
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análise comparada entre os diferentes mecanismos, onde se relevam aspetos específicos como
modelos de trabalho, papel e poder institucional, estrutura organizativa dos organismos,
temáticas discutidas ou relações com o restante espetro da regulação mediática portuguesa.
POSTERS
Átrio do Pavilhão do Conhecimento
17 e 18 de abril, 9.00h – 17.30h
1. O impacto da cultura de convergência nos acervos arquivísticos digitais: o caso do Centro de
Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC)
Thais Santos
Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Palavras-chave: Ciberespaço; cultura de convergência; acervos arquivísticos digitais; CPDOC.
Resumo:
A contemporaneidade é marcada pela comunicação, interação e socialização da informação
através da Internet, portal de entrada do ciberespaço. Assim, as mídias ganham destaque pelo
impacto causado na sociedade sob o fenômeno da cultura de convergência. Perante essas
implicações culturais, as organizações se apropriam de ferramentas midiáticas no intuito de
aprimorar seus processos comunicacionais para aproximação com os seus
consumidores/usuários. Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo o de analisar o
impacto da cultura de convergência no acervo arquivístico digital do Centro de Pesquisa e
Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC). Em termos metodológicos, a
priori, recorremos à revisão de literatura nas áreas da Ciência da Comunicação, Ciência da
Informação, Tecnologias da Informação e Comunicação, Sociologia e Filosofia. A posteriori, nos
voltamos à exploração do caso do acervo arquivístico do CPDOC e o uso que faz das mídias para
a disseminação dos seus conteúdos e interação com os usuários, no prisma da cultura de
convergência. Os resultados da pesquisa desvelaram o elo promissor entre os processos e
teorias comunicacionais nos serviços oferecidos pelos arquivos. No caso do CPDOC a
convergência de mídias se operacionaliza para o fluxo de conteúdos por diferentes canais de
comunicação (boletins informativos com os newsletters, redes sociais, dentre outros) assumindo
formas distintas de recepção. Na recepção da informação por um nicho específico, os indivíduos
da rede de compartilhamento são ao mesmo tempo atores e espectadores (direta e
indiretamente) nos processos de comunicação, ou seja, eles são colaboradores e participantes
da partilha de informações, de conhecimentos, de experiências e de saberes.
2. Concursos de literacia mediática – uma estratégia de educação informal para os media?
Luís Pereira, Ana Jorge, Maria José Brites
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Coventry University; Universidade Nova de Lisboa; CECS- Universidade do Minho; Universidade
Lusófona do Porto
Palavras-chave: Concursos; Educação para os Media; educação informal; avaliação.
Resumo:
Em Portugal, a Educação para os Media foi clarificada com as recomendações do Parlamento
Europeu e do Conselho e é, desde 2009, apoiada por um grupo informal de Literacia dos Media.
Na ausência de uma política pública clara, alguns programas de educação para os media da
responsabilidade de associações e até de instituições com fins comerciais têm oferecido uma
espécie de compensação para a falta de uma estratégia mais central. Uma das ferramentas
utilizadas por esses atores são competições e concursos sobre temáticas das literacias
mediáticas, ou fracções dessas, como literacia digital, da publicidade ou sobre os direitos de
autor.
Nesta apresentação, pretendemos discutir a eficácia das competições como uma estratégia para
desenvolver a educação para os media, e como avaliar o seu impacto. Através da recolha e da
realização de entrevistas aos seus promotores, pretende-se fazer um retrato dos concursos de
educação de media durante os últimos cinco anos em Portugal, discutindo criticamente os
objetivos, resultados e avaliação do impacto dessas iniciativas.
Os resultados preliminares indicam a necessidade de promover competências e as iniciativas
analisadas destacam o propósito de fazer crescer a literacia para os media, inclusive em áreas
específicas, facilitar a ligação aos curricula e promover boas práticas. Alguns dos problemas
identificados são a perenidade e o isolamento dos projetos, bem como a dificuldade de
proceder a uma avaliação.
Com base nos resultados desta pesquisa, que levanta questões a respeito de temáticas como a
educação formal / não-formal, fins pedagógicos / comerciais, avaliação de qualidade, pretendese desenvolver modelos para uma análise independente de tais iniciativas, bem como redigir
recomendações para uma maior eficácia.
Esta investigação integra-se na ação COST Action IS1401 ‘Strengthening Europeans Capabilities
by Establishing the European Literacy Network’.
3. Bibliotecas, mediatecas e literacia para os media
Carla Bezerra, Filomena Del Rio
Agrupamento do Atlântico, Agrupamento de Arga e Lima
Palavras-chave: Biblioteca escolar; literacias; cidadania; formação de utilizadores.
Resumo:
As bibliotecas são estruturas nucleares na escola, lugares de conhecimento e inovação, capazes
de incorporar novas práticas essenciais a formação para as literacias digitais, dos média e da
informação.
Estas dotadas de recursos, serviços e tecnologias, permitem contribuir para o enriquecimento
do currículo em ambientes flexíveis, adaptados as mudanças tecnológicas e as necessidades dos
utilizadores, nomeadamente os alunos, numa lógica inclusiva.
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Esta estrutura pedagógica ocupa um lugar imprescindível na escola, na medida em que fomenta
o treino e a formação para as literacias digitais, dos média e da informação, preparando os
alunos para a pesquisa, uso, produção e comunicação da informação e para a participação
segura e informada nas redes sociais.
Numa lógica formativa de trabalho presenciais e ambientes em linha, a biblioteca disponibiliza
no seu plano de ação, para todo o agrupamento, módulos diferenciados, permitindo aos
diretores de turma e respetivos Conselhos de Turma optarem pelas temáticas que serão mais
adequadas ao perfil dos alunos e as competências literacias que precisam desenvolve.
Módulo 1 “Estar na BE”
Modulo 2 “Com a BE na aventura do conhecimento”
O trabalho de pesquisa: seis passos para uma maior eficácia!
“Usar os repositórios da BE: para apoio ao currículo e ao processo de ensino!
Módulo 3
“Utilização do “Google drive”
Como construir um poster com ajuda das TIC
Apresentação oral forma
Segurança a utilização das redes socias
Estas dinâmicas permitem a monitorização do desenvolvimento das diferentes literacias através
da aplicação de instrumentos específicos para o efeito, tendo por base o MABE (2013) e da sua
análise poder-se-á avaliar impactos das dinâmicas colaborativas entre e a BE.
4. Potencialidades Pedagógicas das Tecnologias Móveis e Aplicações na Educação Pré-escolar
Joana Ferreira, Maribel Pinto
Instituto Politécnico de Viseu – Escola Superior de Educação
Palavras-chave: Tecnologias da Informação e Comunicação; mobile learning; educação e
tecnologias; ambientes pessoais de aprendizagem.
Resumo:
A presente investigação está a ser desenvolvida no âmbito do projeto final de mestrado em
Educação Pré-escolar e Ensino do 1º Ciclo do Básico, na Escola Superior de Educação, do
Instituto Politécnico de Viseu, no presente ano letivo 2014/2015 e decorre na respectiva prática
supervisionada no Centro Escolar 1º ciclo - Santo Estevão, Viseu.
Vivemos numa sociedade cada vez mais tecnológica e apetrechada de inúmeros recursos.
Atendendo ao lugar que ocupam as tecnologias móveis (telemóveis, tablets e portáteis) na vida
familiar da criança importa transpor barreiras e integrar estas mesmas tecnologias em contexto
de sala de pré-escolar, de forma a avaliar as suas potencialidades pedagógicas (Ally, M. 2007);
(Jönsson, P., & Gjedde, L., 2009); (Miranda-Pinto, M. S. e. O., A. J.,2014). (Moura, A. 2010);
(SHULER, C. 2009); (UNESCO, 2013). Pretendemos integrar as tecnologias de forma transversal a
todas as áreas de conhecimento e incidindo nos três domínios definidos pelas Metas
Curriculares: informação, comunicação e segurança. (Ministério da Educação – DGIDC (Ed.),
(2009)).
Para este projeto definimos os seguintes objectivos: conhecer o contexto educativo e os
recursos tecnológicos existentes; observar qual a motivação por parte das crianças com as
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tecnologias; reconhecer que aplicações para dispositivos móveis se adequam à idade préescolar; analisar níveis de envolvimento das crianças nas atividades desenvolvidas e identificar
as principais competências desenvolvidas nas crianças na interação com as tecnologias móveis.
Recorremos à metodologia de estudo de caso, da qual resulta a seguinte questão de
investigação: Quais as potencialidades pedagógicas das tecnologias móveis e aplicações na
educação pré-escolar? A nossa amostra é constituída por vinte crianças entre os três e os seis
anos. Vamos recorrer a entrevistas semifechadas, grelhas de observação e um diário de bordo
como técnicas de recolha de dados. O plano de trabalho integra oito sessões com as crianças,
com propostas de trabalho livre e orientado.
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