márcio garcia - João Paulo de Oliveira
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márcio garcia - João Paulo de Oliveira
www.independenciashopping.com.br INDEPENDÊNCIA SHOPPING MAGAZINE - Nº 1 MÁRCIO GARCIA Versatilidade e disposição para encarar desafios MODA Tendências do Inverno 2009 MARCELO CAMELO No rumo da liberdade JUM NAKAO A formação da cultura de moda MARCELO BARRETO O novo craque do jornalismo tá na área RUY CASTRO O anjo literário INDEPENDÊNCIA SHOPPING Um ano de realizações e transformações Cinema, Quadrinhos, Gastronomia, Turismo, Cerveja e muito mais REVISTA_FINAL_GERAL.indd 1 16/04/2009 10:38:43 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 2 16/04/2009 10:38:48 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 3 16/04/2009 10:38:52 Opinião EDITORIAL Felipe Andrade Superintendente do Independência Shopping Há um ano, lançamos o empreendimento que mudaria a cultura de compras e entretenimento de Juiz de Fora. No início visto com receio, uma certa desconfiança inerente a qualquer bom mineiro, o Independência Shopping foi, “pelas beiradas”, conquistando o seu lugar no coração de todos. Hoje, temos orgulho de dizer que Juiz de Fora abriga um dos empreendimentos mais modernos do país. Com arquitetura arrojada, equipamentos do primeiro mundo e boa parte das melhores lojas do país, o Independência Shopping é um exemplo de como a iniciativa privada pode quebrar paradigmas, mudar hábitos e modernizar uma região. Afinal, inauguramos um novo estilo de vida, com segurança, lazer, conforto, comodidade e conveniência, tudo em um só lugar. E o que é melhor: acreditamos que esta mudança cultural vai auxiliar em uma transformação ainda mais profunda, formando alicerces para um crescimento sólido e próspero de Juiz de Fora e da Zona da Mata. Ao olhar para nosso mix de lojas, com marcas regionais e nacionais, de pequeno e de grande porte, entendemos que não estamos sozinhos nessa caminhada e somos muito gratos àqueles que apostaram em nosso sucesso e estão comemorando o primeiro ano conosco. Também somos muito gratos aos mais de 5 milhões de clientes que nos visitaram ao longo destes primeiros 12 meses. É para vocês que dedicamos essa revista. Boa leitura! ÍNDICE EXPEDIENTE Reportagem Independência Shopping Há um ano em Juiz de Fora Pág. 9 Música Roda de Samba Gênero musical conquista novas gerações Pág. 40 Editoriais de Moda .....NON STOP Pág. 15 Cinema Histórias em Quadrinhos invadem as salas de cinema Pág. 48 .....PLAY FASHION Pág. 43 .....ILLUMINA Pág.53 Moda Lançando Moda Profissionais de moda falam sobre mercado atual em Juiz de Fora Pág. 21 Literatura Entrevista com o escritor Ruy Castro Pág. 24 Moda Entrevista com Jum Nakao Estilista fala sobre a “cultura de moda” Pág. 30 Música Marcelo Camelo Cantor aposta na carreira solo em busca do sucesso Pág. 32 Esporte Entrevista com Marcelo Barreto Jornalista esportivo opina sobre clubes de futebol, Tupi e Copa de 2014 Pág. 51 Turismo Índia atrai turistas do mundo inteiro Pág. 58 Editores: João Paulo de Oliveira e Mônica Machado Coordenação: Marcos Monteiro Conselho Editorial: Vinicius Zaghetto, Marcos Monteiro, João Paulo de Oliveira, Mônica Machado, Cleber “Kureb” Horta, Felipe Andrade e Pâmela Dupret Reportagens: João Paulo de Oliveira, Mônica Machado, Janaína Nunes, Flávia Lopes, Flavia Travassos, Juliana Araújo e Caroline Farinazzo Fotos reportagens: StudioPhoto Aluizio Fotos editoriais de moda: Marcio Brigatto Compras Página 59 Foto capa: Agência O Globo Gastronomia Chefs ganham espaço e reconhecimento do público Pág. 60 Revisão: Mônica Machado e Vinicius Zaghetto Artigo Cervejas artesanais e gourmets Pág. 62 Crônica A Viagem Pág. 66 Projeto gráfico: Cleber “Kureb” Horta Direção de Arte: Cleber “Kureb” Horta, Mauro Mendes Direção de Criação: Vinicius Zaghetto Marketing: Marcos Monteiro Opine ou Escreva: [email protected] Anuncie: [email protected] Capa Márcio Garcia Ator fala sobre volta à Rede Globo e planos futuros Pág. 37 Jornalistas Responsáveis: João Paulo de Oliveira - MG.10.586 Mônica Machado - MG.09189 Impressão: D. I. Gráfica e Editora Independência Shopping: Av. Independência, nº 3600 - Cascatinha - Juiz de Fora/MG Tel: (32) 3257-3600 Realização 4 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 4 16/04/2009 10:39:00 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 5 16/04/2009 10:39:02 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 6 16/04/2009 10:39:07 DI GRAF REVISTA_FINAL_GERAL.indd 7 16/04/2009 10:39:09 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 8 16/04/2009 10:39:17 Reportagem INDEPENDÊNCIA SHOPPING Juiz de Fora e região aprovam novo conceito em compras e entretenimento por Flávia Lopes H á um ano, o Independência Shopping era inaugurado em Juiz de Fora, lançando um novo conceito em compras e entretenimento. Idealizado para atender à demanda da população local e de cerca de dois milhões de consumidores em um raio de cem quilômetros, o empreendimento comemora seu primeiro aniversário reafirmando o conceito de shopping center como espaço de praticidade, com lojas, prestação de serviços e diversão em um só lugar. A construção de um amplo e moderno shopping em Juiz de Fora esteve atrelada ao desenvolvimento econômico do município e ao crescimento de sua população. O empresário Antônio Arbex, um dos empreendedores, explica que um estudo realizado em 2002 revelou que, entre as cidades brasileiras com mais de 450 mil habitantes, Juiz de Fora era a única que até então não possuía um shopping de grande porte. “A partir daí, começamos a estudar locais para implantação e iniciamos os trabalhos de captação de redes e lojas. Hoje, mesmo ainda em fase de maturação, podemos atestar o sucesso do empreendimento”. Ele ainda completa: “Juiz de Fora retomou sua vocação de capital regional”. De acordo com o diretor-executivo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Luiz Fernando Veiga, o tempo médio de maturação de um shopping center, no jargão dos profissionais do setor, é de “três Natais”. Para o Independência Shopping, no entanto, ele avalia que esse período tende a ser reduzido. “A população de Juiz de Fora e da região estava carente de um empreendimento dessa envergadura. Mesmo olhando à distância, podemos ver que o Shopping já deu o seu recado e caiu nas graças dos consumidores”. O êxito do novo espaço não é comprovado apenas por sua média de público, que varia de 350 mil a 400 mil pessoas por mês, tão pouco pelos 90 mil veículos que passam mensalmente pelo estacionamento. O Independência Shopping ocasionou maior profissionalização do setor de comércio na cidade ao trazer uma ‘concorrência saudável’, na visão de dirigentes do setor. Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Juiz de Fora (CDL/JF), Vandir Domingos, o conforto do espaço e a qualidade das marcas já conhecidas na cidade e das que vieram a reboque do Independência Shopping estão promovendo uma mudança de cultura no consumidor juizforano, que está mais exigente. “Tivemos uma grande melhora na qualidade do atendimento, o que incentivou lojistas e funcionários a investirem mais na profissionalização. É fato consumado que o Shopping deu e está dando certo, e o comércio em geral tem procurado se qualificar melhor para ter condições de competir.” O secretário municipal de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, André Zuchi, faz coro e destaca a importância do Shopping no desenvolvimento regional da Zona da Mata, ao proporcionar a criação de cerca de dois mil postos de trabalho. Além de contribuir, no caso de Juiz de Fora, para o aumento da arrecadação municipal. “A vinda do Independência Shopping trouxe um reflexo muito positivo para nossa cidade à medida que gera emprego e renda, atrai pessoas de municípios da região e promove uma maior profissionalização do setor ao estimular uma concorrência saudável. Um empreendimento dessa qualidade só tende a elevar o nível da cidade.” Emerson Beloti, presidente do Sindicato do Comércio de Juiz de Fora (Sindicomércio/JF), destaca a criação de novos hábitos no juizforano, que passou a ir às compras aos domingos, devido ao horário diferenciado. “Juiz de Fora precisa olhar para frente. O Shopping representa o princípio da retomada de nosso desenvolvimento comercial.” Emerson menciona ainda a atração de um grande público de outros municípios, que passou a contar com o Shopping como uma nova opção nos finais de semana na cidade. 9 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 9 16/04/2009 10:39:28 TUDO EM UM SÓ LUGAR J untamente com o progresso e a criação de empregos, o empreendimento também tem ocasionado a mudança de costumes na população da cidade, que já está incorporando novos hábitos em sua rotina. “Costumava ir apenas nos finais de semana para frequentar as lojas, o cinema e a praça da alimentação. Mas certo dia, quando estava atrasada para um compromisso e precisava pagar algumas contas, tive a ideia de passar no Shopping e fazer o pagamento na loteria. Tomaria menos tempo do que ir ao Centro, procurar um estacionamento que não estivesse lotado e enfrentar as ruas cheias, levando esbarrões de sombrinhas por conta da chuva. Depois disso, vi que o Shopping não era só um espaço para compras e lazer. Percebi que aqui, eu poderia facilitar a minha vida.” Essa situação foi vivida pela advogada Marcela Resende e representa hoje a realidade de inúmeros juizforanos que já têm a percepção de que o Shopping vai muito além de compras e lazer. Com um amplo mix que inclui agência dos Correios, loteria, terminais bancários, farmácia, banca de jornal, cabeleireiro, lavajato, entre outros serviços, o Independência Shopping tem atraído um número cada vez maior de pessoas que buscam praticidade e conforto para resolver pequenas questões do dia-a-dia. DIVERSÃO NA CERTA A s diferentes opções de diversão e entretenimento para todas as idades e gostos também são ingredientes a mais para o sucesso do empreendimento. Um dos principais atrativos desse mix são as cinco salas de cinema, comandadas pelo multiplex UCI Kinoplex, que totalizam 1.163 assentos. Construídas em formato stadium (estilo arquibancadas), que possibilita boa visibilidade em qualquer ponto do cinema, as salas têm atraído um público diversificado. Desde sua inauguração, em maio de 2008, mais de 200 filmes já foram exibidos nas telonas do UCI, atraindo em torno de 30 mil pessoas. O complexo possibilita ao público a oportunidade de assistir aos principais lançamentos ao mesmo tempo em que estreiam no circuito nacional. Para a criançada, a loja de jogos eletrônicos Magic Games, o espaço Happy Kids e o setor reservado para os pequenos na Livraria Saraiva Megastore têm completado a diversão para toda a família. A esteticista e consultora de beleza Alcione Marocolo, que tem um filho de três anos, observa que o espaço kids “é fundamental para quem é mãe hoje”. “Quando venho ao Shopping com meu marido, sento para comer alguma coisa na praça de alimentação e sei que meu filho vai estar sempre feliz naquele espaço, que é amplo e variado.”, ressalta. 10 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 10 16/04/2009 10:39:43 COZINHA PARA OS MAIS VARIADOS PALADARES A grande variedade de estabelecimentos para alimentação – com 30 operações que vão da cozinha japonesa à italiana, passando pelas grandes redes de fast food - chega a colocar o Independência Shopping à frente de grandes shoppings de capitais. Entre os frequentadores, a diversidade dos menus é o principal ponto destacado. Para o casal de namorados Renata Ribeiro e Marcelo Santos, a praça de alimentação do Shopping é a melhor opção para o almoço no dia-a-dia. “Eu gosto muito de comida japonesa e ele não come, prefere carne. Aqui conseguimos conciliar nossas preferências”, explica Renata. A economista Solange Pinto diz que adotou a comida asiática experimentada no restaurante Jin Jin como sua preferida. “É uma culinária que não tinha muito contato antes e fiquei apaixonada.” A médica Maria da Glória Carneiro da Silva aposta no espaço para rever amigos. “Aqui encontramos mais conhecidos do que no Calçadão da Rua Halfeld.” Quem também faz questão de visitar o espaço sempre quando vem a Juiz de Fora é o repórter da TV Globo em São Paulo, César Menezes. “Já devo ter vindo umas vinte vezes. Gosto muito de sentar, tomar um café ou um chopp e bater papo”, afirma, ao destacar a qualidade da praça de alimentação. BOA RECEPTIVIDADE Entre os lojistas do setor, as expectativas têm sido atingidas com a ‘casa cheia’, sobretudo aos finais de semana. O sócioproprietário dos restaurantes Salsa Parrilla, Sushi Box e Pizza e Pasta, Márcio Cerqueira Pereira, está otimista. “A praça de alimentação em geral está indo bem. Para o primeiro ano do empreendimento, a avaliação é muito boa.” Já a proprietária do Spoleto, Ana Maria Musse, também comemora bons números. “A receptividade do consumidor de Juiz de Fora e da região está sendo muito boa, tanto das pessoas que já conheciam a marca quanto das que estão experimentando pela primeira vez.” Franqueado da Casa do Pão de Queijo, Fernando Lopes de Camargo avalia que a marca foi bem recebida no novo espaço. “Muitos que já conheciam a proposta chegam pra conversar comigo para falar que gostaram de ver a Casa do Pão de Queijo em Juiz de Fora.” SEM SAIR DE JUIZ DE FORA Os consumidores, que precisavam sair de Juiz de Fora para encontrar suas lojas preferidas, ganharam mais conforto e comodidade com a vinda de grandes marcas para o Independência Shopping. Saraiva, Renner, Leader, Casa & Vídeo, Polishop, Centauro, Ri-Happy, Le Postiche, Colcci e MMartan são apenas algumas das novidades que compõem o mix do empreendimento e que têm feito sucesso entre os consumidores. Segundo a proprietária da Colcci, Meire Milhomens, o movimento na loja tem superado as expectativas. “Começamos sem clientela, mas hoje já conseguimos fidelizar nossos clientes, que sempre retornam para comprar mais roupas e acessórios. Nem a crise chegou a nos afetar.” A gerente da Polishop, Renata Domingues Cunha, também destaca o grande interesse dos consumidores, que antes conheciam os produtos da loja apenas pela televisão. “Aqui eles veem de perto e podem até testar os aparelhos, o que atrai muita gente.” REVISTA_FINAL_GERAL.indd 11 16/04/2009 10:40:10 VITRINE PARA A CIDADE E ntre os lojistas que já possuíam estabelecimentos na cidade, a avaliação também é positiva. De acordo com o gerente da Chilli Beans, João Carlos Machado, o movimento no novo espaço tem crescido a cada mês e superado as expectativas. “Atendemos um público diversificado, da classe C à classe A. Isso mostra que estamos no caminho certo.” O gerente da recém-inaugurada loja de jeans Damyller já comemora crescimento das vendas após a mudança para o Shopping. “Já estamos batendo as vendas que registrávamos no Centro, principalmente nos finais de semana.” Na loja de calçados e acessórios City Shoes, a gerente Mila Castro observa que, apesar das vendas na loja do centro da cidade ainda serem em mais quantidade, o ticket médio no Shopping é superior. “Como as pessoas levam itens mais caros, conseguimos um faturamento maior.” A gerente das Lojas Americanas, Silvana Benetelli Dias, também comemora os bons números. “No início deste ano, já registramos um movimento melhor que no ano passado. As pessoas da região estão conhecendo o Shopping e vindo comprar.” SUCESSO INCONTESTÁVEL Para o presidente da Associação de Lojistas do Independência Shopping, Paulo Victor Yamin, mesmo sem ser possível comparar volume de vendas, já que o empreendimento está completando um ano só agora, seu sucesso é incontestável. “O Shopping conseguiu ter a visibilidade esperada para o período e já está criando novos hábitos de consumo no juizforano. O espaço também já é conhecido nas cidades da região como centro de lazer e entretenimento.” A médica Sônia Dalston, por exemplo, deixa a cidade de Guarani, lo- calizada a 60 quilômetros de Juiz de Fora, onde mora, para fazer compras no Independência Shopping. “Morava em Niterói e me mudei há pouco mais de um mês para Minas. Já é a segunda vez que venho. As lojas são muito bonitas, a praça de alimentação tem muita variedade. O Shopping não fica a dever nada aos que conheço no Rio.” A dona de casa Marília Castro, de Matias Barbosa, colocou o multiplex UCI Kinoplex na programação de fim de semana dos seus filhos. “É um passeio rápido, que eles gostam muito de fazer. Nossos sábados ficaram bem mais animados.” ACESSO POR TODOS OS LADOS Apesar da boa localização do Independência Shopping, uma das principais preocupações dos empreendedores, do início das obras até hoje, tem sido torná-lo acessível aos consumidores que chegam de diferentes pontos da cidade. Outro cuidado que vem sendo tomado visa minimizar possíveis impactos que um empreendimento desse porte poderia gerar no trânsito da cidade. Segundo José Ricardo Daibert, um dos empreendedores e também especialista em transporte e mobilidade urbana, por se tratar de uma instalação que consistiria em um polo gerador de tráfego, foram necessárias soluções para facilitar o acesso. As intervenções acabaram contribuindo para aperfeiçoar o trânsito na área próxima ao Shopping. Após diversos estudos de contagem e pesquisas na área de impacto do projeto, foram projetados cinco acessos, que terão condições de atender ao local sem saturação por pelo menos dez anos. De acordo com Daibert, o principal PONTO ENTRADA PRINCIPAL - SENTIDO SÃO PEDRO 560 – Av. Independência/Via Shopping 545 – Universidade 525 – Universidade (desce a estrada Engenheiro Gentil Forn) 548 – Adolpho Vireque 544 – Recanto dos Brugger 539 – Santos Dumont PONTO PRAÇA DO LACET - SENTIDO CENTRO 560 – Av. Independência/Via Shopping 545 – Universidade 534 – Santos Dumont 535 – Universidade 541 – São Pedro 532 – São Pedro ESTACIONAMENTO (PISO G1) 524 – São Mateus 546 – Mirante BR040 518 – Salvaterra 526 – Cascatinha/Vale do Ipê (nova) 112 – Santa Terezinha/Mundo Novo (nova) 115 – Quintas Av./Mundo Novo (nova) PROMOÇÕES ATRAEM CONSUMIDORES O Independência Shopping também tem apostado em campanhas promocionais, com distribuição de prêmios e vantagens para os consumidores. Para os próximos meses, já estão programadas as promoções “Mamãe de carro novo”, com sorteio de um automóvel Prisma e “Semana Relâmpago”, que irá sortear, para as compras entre os dias 18 e 22 de maio, um vale-compras no valor de R$ 3 mil. deles é pela Curva do Lacet, projetado para o embarque e desembarque de ônibus, táxis e carona. Há ainda o acesso pela Avenida Independência e a entrada pela Rua Mamoré, que falta ser pavimentada. Outra opção, ainda em estudo, poderá ser feita a partir do estacionamento do Bretas. O que trouxe mais benefícios à cidade, contudo, é o acesso que liga os bairros Cascatinha, Estrela Sul e São Mateus à Cidade Alta, que proporcionou à população uma via estratégica. Facilitar o deslocamento dos que utilizam ônibus para chegar ao Shopping também é uma das preocupações da administração. Atualmente, 16 linhas passam pelo local, sendo que três delas foram conquistadas recentemente. Há ainda possibilidade de ampliação de mais duas (ver quadro). INDEPENDÊNCIA SHOPPING EM NÚMEROS Área Construída: 85.000 m² Área de Lojas (ABL): 25.300 m² Lojas: 150 Lojas Âncoras: cinco - C&A, Casa & Vídeo, Leader Magazine, Lojas Americanas e Renner. Megalojas: cinco - Casas Bahia, Centauro, Ponto Frio, Ri-Happy Brinquedos e Saraiva Mega Store Praça de Alimentação: 30 operações Estacionamento: 1.300 vagas Cinemas: cinco salas multiplex – UCI Kinoplex Média mensal de público: 350 mil a 400 mil pessoas Média mensal de carros no estacionamento: 90 mil veículos Funcionários: 1.500, além de outros 200 atuando na manutenção e operações Escadas rolantes: sete pares (incluindo as das âncoras) Elevadores: nove, sendo quatro sociais, três de carga e dois de serviço 12 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 12 16/04/2009 10:40:14 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 13 16/04/2009 10:40:16 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 14 16/04/2009 10:40:20 Maquiagem e Cabelos NON STOP A cidade não para. Siga com looks urbanos e acessórios transados. As tendências da moda outono inverno tomam conta das ruas de Juiz de Fora. Centro Vestido: Xsite Casaco: Bora Bora Tênis: Converse para Xsite Mochila: Le Postiche Óculos: Lupa Lupa Direita Macacão e Blusa: Dress to Cachecol: Leader Bolsa: Uncle K Bota: Again Esquerda Camisa: Scaldini Calça: Sandpiper Tênis e Bolsa: Mr. Cat 15 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 15 16/04/2009 10:40:34 Direita Chemise: Le Lis Blanc na Arpel Bota: Caricatura Bolsa: City Shoes Colar: Priscilla Stiebler Centro Camisas polo: Addition Calça: General Cook Sapato e cinto: Addition Mochila: Redley na Lorne Esquerda Maquiagem e Cabelos Camisa: General Cook Casaco e Calça: Aviator Sapato: Armadda Óculos: Chilli Beans 16 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 16 16/04/2009 10:40:52 Blusas: Again Casaco e calça: Again Tênis: Again Acessórios: Morana Bata e calça: Opção Casaco: Reggae Nation Tênis: Converse na Itapuã Vestido: Totem na Lorne Casaco e calça: Bruna Bota e bolsa: Carmen Steffens Sapato e bolsa: Via Uno Acessórios: Exclusiva Acessórios: Luisa Gomes Maquiagem e Cabelos 17 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 17 16/04/2009 10:41:12 Maquiagem e Cabelos Blusa: Recruta na Mercatto Calça: Sequóia na Mercatto Sapato: Mr. Cat Bolsa: Arezzo Acessórios: Morana 18 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 18 Bermuda: Enjoy Blusa: Enjoy Bota: Arezzo Boina: Colcci Acessórios: Morana Calça, Camisa e Casaco: Oakley na Free Tênis: Oakley na Free 16/04/2009 10:41:31 Esquerda Calça, regata, e casaco: Keeper Sapato: Uncle K Bolsa: Everlast na Le Postiche Centro Camisa: Renner Vestido: Vestire Cinto: Checklist Bota: C&A Acessórios: Exclusiva Direita Vestido e jaqueta: Pier Bota: Pura Audácia Bolsa: Kipling na Mercatto Acessórios: Luisa Gomes Conjunto: Adidas na Centauro Tênis: Adidas na Centauro Óculos: Triton Eyewear Conjunto: Rygy Tênis: Nike na Centauro Óculos: Ray Ban nas Óticas Manchester FICHA TÉCNICA Produção de Moda Ana Paula Calixto Leonardo Afonso Fotografia Márcio Brigatto Modelos Flávia Iser Macgaren Roberta Terra Mayara Valentin Victor Salvato Maquiagem e Cabelos Suyene Alien de Oliveira Peres Viviane de Oliveira dos Santos Direção Pedro Thompson Cléber “Kureb” Horta Estagiários de Moda Cíntia Furtado Gustavo Resende Juliane Sarandy Nizia Oliveira REVISTA_FINAL_GERAL.indd 19 19 16/04/2009 10:41:51 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 20 16/04/2009 10:41:56 Moda LANÇANDO MODA Com o aumento da qualificação profissional e das parcerias entre empresas do setor de vestuário, cidade tende a se tornar referência em moda por Janaina Nunes J uiz de Fora traz em sua história uma forte ligação com o ramo têxtil, que no passado era uma das atividades mais lucrativas do município. Enquanto a indústria produzia fios e tecidos, as modelistas e os alfaiates viviam cheios de encomendas de vestidos, ternos, camisas e saias. Assim, os juizforanos estavam sempre na moda. Hoje, a cidade não possui grandes indústrias têxteis como no passado, mas abriga cerca de 960 empresas do setor de vestuário, segundo pesquisa realizada, recentemente, pelo Instituto Elvaldo Lodi (IEL/MG). Número que revela um mercado forte e promissor, com potencial para crescer e se especializar ainda mais. De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias de Vestuário de Juiz de Fora (Sindivest/JF), Vandir Domingos, a principal dificuldade encontrada, atualmente, é a falta de mão-de-obra qualificada. Este problema tende a ser solucionado com a abertura de faculdades de moda em três instituições de ensino da cidade, que pode levar o mercado a criar não apenas roupas, mas também uma cultura de moda. Uma cultura que deve ser disseminada pela atuação de profissionais com amplos conhecimentos, capazes de produzir um pensamento de moda que gere influências dentro e fora do âmbito local. Um passo rumo à consolidação de um novo perfil de criação de estilo. que conta com apoio da Fiemg, do Sebrae, do IEL/ MG e de outros parceiros. Ele explica que a criação de um APL representa o reconhecimento de que a cidade tem um setor integrado, competitivo em níveis até internacionais, o que pode atrair políticas públicas de apoio às empresas. E também ressalta que a própria visibilidade da região passaria a atrair novos produtores e consumidores, ampliando o volume de negócios. Pensadores de moda a caminho do mercado A qualificação profissional sempre foi uma das maiores necessidades do mercado de moda de Juiz de Fora. Mesmo com muitas empresas atuando no setor, grande parte dos trabalhadores são autodidatas e conhecem apenas o ponto da cadeia produtiva Parceria gera crescimento Com tantas empresas trabalhando no mesmo setor, o desafio, segundo o presidente do Sindvest/JF, é estimular as empresas a se aproximarem, a trocar ideias, pesquisarem juntas, enfim, compartilharem experiências em relação aos problemas e sucessos. Um tipo de parceria que pode fazer com que se constitua na cidade um Arranjo Produtivo Local (APL) de confecções, ou seja, uma aglomeração de empresas, do mesmo ramo, que atuem de forma cooperativa entre si, a fim de melhorar a competitividade no mercado. Os primeiros passos já foram dados com a aproximação entre algumas confecções. Mas Domingos afirma que ainda é preciso avançar em outras frentes para ampliar a consistência das relações entre as empresas, que devem passar a fazer compras conjuntas e compartilhar investimentos em capacitação de mão-de-obra e contratação de serviços, além de investir na criação de um centro de tecnologia para o setor, entre outras tantas possibilidades. “Numa fase bem mais adiantada, as empresas chegariam a compartilhar o próprio processo produtivo”, considera Domingos, A coordenadora do curso de Design de Moda da Estácio, Aline Firjam em que atuam, o que acaba gerando lentidão no processo. Mas a abertura de cursos tecnológicos de Design de Moda na Faculdade Estácio de Sá, em 2007, e no Centro de Ensino Superior (CES), em 2009, vem preencher essa lacuna. De acordo com a coordenadora do curso de Design de Moda da Estácio, Aline Firjam, os alunos que se formam nesses cursos tecnológicos chegam ao mercado com uma boa noção do todo e preparados para atuar em várias frentes de trabalho. O coordenador do curso de Moda do CES, Marcelo Mostaro, ainda ressalta que a formação técnica fornece uma base de conhecimentos para que o 21 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 21 16/04/2009 10:41:59 profissional esteja apto a promover o amadurecimento da produção, tanto de grandes confecções, quanto de pequenos ateliês. Em um primeiro momento, esses novos profissionais podem incentivar a modernização da criação de estilo, mas acredita-se que no futuro, eles possam ser fundamentais para o desenvolvimento de uma cultura de moda local. É o que espera a diretora do Instituto de Artes de Design da Universidade Federal de Juiz de Fora (IAD/UFJF), Edna Rezende, que inaugurou, neste semestre, o bacharelado interdisciplinar em Artes com habilitação em Moda. “Queremos formar não apenas designers, mas também criadores de pensamento de moda. Os alunos vão passar por uma formação artística, científica e humanista para que possam situar a moda a partir desse referencial”, enfatiza Edna, ressaltando que além da base histórica, teórica e crítica, o curso também oferecerá disciplinas técnicas e laboratórios de criação, formando profissionais para atuação em vários segmentos do campo da moda. Em fase de conclusão de sua especialização em produção de moda, pela Universidade Veiga de Almeida, no Rio, Ana Paula Calixto considera que a formação acadêmica já começa a se tornar Três cursos superiores prometem desenvolver a moda em JF REVISTA_FINAL_GERAL.indd 22 uma exigência do mercado. “Antes, os donos de confecção faziam tudo sozinhos, as gerentes de lojas cuidavam das vitrines... Mas, agora, quem quer se firmar e ter boa visibilidade não hesita em contratar profissionais especializados para cada função, garantindo melhores resultados.” Em busca de reconhecimento Edna Rezende considera que o mercado de moda de Juiz de Fora ainda está preso à reprodução de uma estética vinda de fora, e lembra que o valor agregado é muito maior sobre matrizes conceituais originais do que sobre o produto final. Ou seja, uma produção com estilo próprio vale muito mais do que a reprodução em série de tendências ditadas por grandes centros, como acontece hoje em praticamente todas as confecções da cidade. No entanto, o presidente do Sindivest, Vandir Domingos, vê com bons olhos o fato das empresas locais acompanharem com agilidade as tendências da moda nacional e internacional. Ele afirma que, para o setor de produção em massa, estar antenado ao que vai usar em cada estação é uma questão de sobrevivência. Compartilhando da mesma opinião, Ana Paula Calixto lembra que o forte da cidade é a produção para o varejo, seguindo tendências de fora, principalmente da moda carioca. Aliás, ela observa que, se por um lado, essa proximidade com o Rio de Janeiro possibilita a busca de informações de moda atualizadas, por outro, dificulta a formação de uma identidade própria e facilita a entrada de grandes marcas cariocas no mercado local, acirrando a concorrência. “Mas não podemos deixar de destacar que algumas marcas de Juiz de Fora também estão aproveitando para abrir lojas, showroom e pronta-entrega no Rio e em outras cidades, buscando reconhecimento nacional”, diz Ana Paula. 16/04/2009 10:42:07 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 23 16/04/2009 10:42:13 Literatura IS Magazine: Depois de muitos anos trabalhando em jornais e revistas, entrevistando e escrevendo sobre assuntos variados e personalidades diferentes, como foi passar para o outro lado e se tornar fonte e, por ironia, ter que se relacionar com a imprensa de uma outra forma? Ruy Castro: Não houve nenhum trauma. Se puder, atendo todo mundo, não importa o veículo, do “New York Times” ao jornal universitário. Gostaria apenas que os garotos se preparassem para a entrevista como eu me preparava – e continuo me preparando – ao fazer uma. ISM: O que você aprendeu de mais valioso estudando a vida dos outros? Fotos: Marco Antônio Almeida e Souza RC: Não só a vida daquela pessoa, mas também sobre as inúmeras outras que a cercaram e mais o contexto histórico e geográfico da época. ISM: Já houve caso de você ter cometido algum erro histórico ou de informação sobre a personagem e só descobrir anos depois? Como foi? Alguém lhe avisou ou você mesmo descobriu? RC: Que eu saiba, não. Posso ter omitido uma informação: não me ocorreu, por exemplo, que o Dr. Manoel Abreu, personagem importante de uma passagem de “O anjo pornográfico” era o mesmo que, poucos anos depois, inventaria a abreugrafia. ENTREVISTA RUY CASTRO por João Paulo de Oliveira Com a sinceridade aflorada e uma extensa produção literária, o jornalista, biógrafo e escritor Ruy Castro fala com exclusividade a IS Magazine sobre o apoio das famílias de seus retratados, o mercado editorial e a sua aposta de que a internet possa vir a ser uma forte incentivadora à leitura. O autor de O anjo pornográfico – biografia do dramaturgo Nélson Rodrigues, ainda revela a sua preocupação com a participação do Estado na educação infantil e sobre os planos de lançamento de um livro de imagens homenageando Carmen Miranda, ainda este ano, no centenário da pequena notável. Ruy, que é padrinho da livraria Saraiva Megastore do Independência Shopping, ainda se mostra surpreso com a cidade e seu movimento. 24 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 24 ISM: As famílias dos retratados geralmente colaboram? Você tentaria escrever sobre o Guimarães Rosa, figura riquíssima e de importância ímpar para a nossa cultura, mas que a família faz sempre jogo duro? Já enfrentou esse tipo de barreira? RC: Até agora sempre tive o apoio total das famílias – inclusive das filhas do Garrincha, sem precisar dar nada em troca. Quanto ao Guimarães Rosa, uma ala da família (a de São Paulo) já me convidou a escrever sobre ele. Mas, como a ala do Rio põe muita resistência, tirei o time antes de começar. ISM: Você já sonhou ou teve pensamentos aprofundados imaginando estar em conversa com os retratados? Isso (sua imaginação e/ou sonhos) já ajudou a preencher lacunas nos textos ou a aprimorá-los? RC: O quê, preencher lacunas nos textos a partir de sonhos? Quem me dera. Lacunas se preenchem com informações e, quem não fizer isto, é cascateiro. ISM: Segundo o relato de sua esposa, quando você dizia que a Carmen Miranda1 havia salvado sua vida, era uma forma de falar que redigir sua biografia e cumprir essa tarefa o ajudara a superar o câncer. Naquela época, você se imaginou como sendo um possível personagem póstumo de um biógrafo? Pensou no que escreveriam sobre você? Se não chegou a ter esta sensação, quais 1 Em 2005, o escritor descobriu estar com câncer na garganta. Depois de um penoso tratamento, acabou se curando e no fim do mesmo ano, lançou a biografia de Carmen Miranda – Carmen: uma biografia. 16/04/2009 10:42:19 preferências pessoais, são Balzac, Manuel Antonio de Almeida, Machado, Eça, H. Rider Haggard (o autor de “Ela” e “A volta de Ela”), João do Rio, Scott Fitzgerald, Dorothy Parker, Nathanael West, Maurice Leblanc (o criador de Arsène Lupin), Rubem Braga, Millôr Fernandes, Heloisa Seixas e muitos outros. ISM: Você já percebeu a influência do seu estilo ou influências comuns entre o seu texto e de outros autores e/ou jornalistas? Ruy Castro com sua esposa, também escritora, Heloisa Seixas, na Livraria Saraiva Megastore emoções/pensamentos, você teve na época? RC: Naquela época, estava muito ocupado tratando da Carmen e de salvar minha própria vida para me permitir esses narcisismos. Quanto a ser personagem de uma biografia, só assim mesmo – póstumo. ISM: Como escolhe os temas para seus livros? O de Carmen Miranda poderia ter saído esse ano, mas você antecipou o centenário em dois, três anos. Isso é marketing da editora, ao acaso ou por que realmente você tinha que expelir esse “tumor”? RC: Não dou bola para efemérides, nunca dei. Se o livro não for bem, não há efeméride que salve. Na verdade, “Carmen – Uma biografia” saiu dois anos atrasado – minha idéia era fazê-la para 2003. Mas vários complicadores surgiram, acabei pegando o “Carnavalno fogo” para fazer e, finalmente, houve o problema da doença. Nem eu, nem a Companhia das Letras, nos pautamos por jogadas de marketing. Pretendo soltar até o fim do ano um livro de imagens da Carmen, também pela Companhia das Letras, e isso não tem nada a ver com o centenário – se não der para esse ano, ficará para o ano que vem. ISM: Nas pesquisas sobre o Flamengo e o Garrincha/ Botafogo, quais foram as maiores dificuldades? Como conseguiu fazer do específico algo que interesse a todos, mas sem cair nos clichês de massa e, inclusive, despertando a vontade de leitura em torcedores rivais? RC: Apenas investiguei algo que me interessava profundamente – saber como era a vida pessoal dos jogadores brasileiros naquele grande período, 19541962 – e, com isso, acho que me coloquei na pele da maioria dos torcedores. ISM: Você poderia traçar um histórico de influências na literatura, desde russos e franceses do século XIX, passando pela geração perdida do entre guerras, beatniks, escritores brasileiros de todos os tempos e outros autores mais contemporâneos? RC: Não. Se quiser saber algumas das minhas RC: Às vezes, vejo em jornais e revistas coisas parecidas com isso (seu estilo) – que eu poderia ter escrito. Mas é normal. Já trabalhei numa quantidade de veículos, além dos livros, e uma ou outra pessoa pode se deixar influenciar. ISM: O que pensa da literatura sendo transformada tanto pela proliferação e alcance da internet, quanto pelas reformas ortográficas que põem o nosso português, o de Portugal e o africano páreo a páreo? Não apenas em termos comerciais, mas também na riqueza que isso possa trazer para a nossa cultura. RC: Acho que a indústria do livro ainda não sofreu, nem sofrerá, nenhum prejuízo por causa da internet. A internet talvez até induza as pessoas a ler mais. Quanto ao acordo ortográfico, a única vantagem que vi nele é que, agora, posso escrever meu nome com y sem estar cometendo uma ilegalidade. ISM: Você acredita que a literatura possa mudar os hábitos de uma cidade, de um país? O que poderíamos fazer para melhorar o senso crítico de nossa nação? Como fazer os livros chegarem ao interior, cada vez mais isolado pela cultura eletrônica e pela fantasia dos grandes centros? RC: A conversão de uma pessoa aos livros deveria se dar desde criança. Acho que se a prefeitura e o Estado pusessem mais livros nas mãos das crianças, elas os veriam como objetos a acompanhá-las pela vida toda. “... a indústria do livro ainda não sofreu, nem sofrerá, nenhum prejuízo por causa da internet.” ISM: Quais são suas impressões sobre Juiz de Fora? RC: Achei Juiz de Fora, que não conhecia, muito simpática e movimentada. 25 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 25 16/04/2009 10:42:21 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 26 16/04/2009 10:42:28 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 27 16/04/2009 10:42:35 DI GRAF REVISTA_FINAL_GERAL.indd 28 16/04/2009 10:42:37 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 29 16/04/2009 10:42:41 Moda JUM NAKAO: COSTURANDO UM MUNDO MELHOR... por Janaína Nunes Jum Nakao, um dos estilistas mais reconhecidos do Brasil decide abandonar, momentaneamente, a criação para se dedicar à formação de uma verdadeira cultura de moda Q uando criança, Jum Nakao gostava de desmontar e remontar brinquedos e equipamentos, já demonstrando seu interesse em decodificar, alterar, desconstruir e reconstruir as coisas. Por causa desta aptidão, quis fazer faculdade de engenharia eletrônica. Mas logo, percebeu que nas roupas encontraria uma interface tecnológica mais próxima da realidade. Depois de fazer alguns cursos de corte, costura, modelagem e achar tudo muito superficial, Jum Nakao descobriu o caminho que queria seguir a partir do contato com cursos e palestras da Coordenação Industrial Têxtil de São Paulo. Posteriormente, trabalhou com um alfaiate, para compreender a relação entre a geometria e os traçados do corpo humano, e com um joalheiro, para estudar os acessórios e os complementos da roupa. Sentindo a necessidade de uma fundamentação acadêmica, foi fazer artes plásticas na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Hoje, o estilista acredita que sua principal motivação é a necessidade de compartilhar um pensamento questionador e propiciar transformações. Após um ousado desfile, em que as roupas foram destruídas pelas modelos na passarela, causando um choque na platéia – trabalho que resultou em um livro e um documentário chamados “A cultura do invisível” e percorreu vários países em exposição - ele decidiu dar um tempo na criação e se dedicar a atividades de formação, atuando como professor, palestrante, realizando worshops e prestando consultorias. I.S. Magazine: Como você trabalha as relações entre moda, design, tecnologia e arte? JN: A aproximação entre as áreas é necessária. Como escreveu Edgar Morin, a segmentação dos saberes se demonstrou obsoleta e sem capacidade de respostas para a complexidade que a vivência humana e a sobrevivência do planeta necessitam. Definir, rotular, estabelecer limites, me soa generalista demais. ISM: Em sua opinião, quais os pontos de convergência entre moda e arte? JN: Acredito que a experiência artística é a relação que transcende obra e observador, é o rompimento de barreiras e de pressupostos, um jogo sem regras, limites ou convenções, e a transformação acontece. A obra em si é a materialização de conceitos, interface entre o inefável e o real. Ela é palpável e contém um sentido. A integração entre o espectador e a obra é fundamental. Sem ela, a obra não existe. Por isto, faço “uso preciso do vago”, como dizia Ítalo Calvino, onde a individualidade encontra seu espaço. Prefiro esta relação com o objeto inacabado, com o saber. ISM: Como se dá seu processo criativo? JN: Incorporo o acaso, integrando diversas linguagens, aberto aos riscos e com muito prazer. O processo que mais produz ideias criativas é a experimentação. Viver o risco do novo, fazer para ver até onde podemos chegar. Moda e design podem e devem ser pensados além do produto. Não me atenho à ordem das matérias, mas ao que servem. O que eu modelo e esculpo não é o papel ou o tecido, mas, sim, a percepção humana. ISM: Você já trabalhou para grandes marcas como Zoomp e Nike e, hoje, ainda desenvolve projetos comerciais paralelamente a criações mais artísticas. Quando sentiu a necessidade de sair da Zoomp e trilhar seu próprio caminho, e como faz para balancear essas duas frentes de trabalho? JN: Antes da Zoomp, e enquanto diretor criativo da marca, já conduzia em paralelo meus trabalhos e projetos autorais. Após 20 anos desta vida dupla, decidi me dar a oportunidade de experimentar as vantagens e o aprendizado propiciados pelo empreendedorismo. Os universos criativos dentro de uma empresa e em um projeto autoral são containers distintos, mas de igual tamanho e importância. Em uma empresa, aplicamos a criatividade 30 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 30 16/04/2009 10:42:43 dentro das potencialidades produtivas e de consumo do mercado. No trabalho autoral, experimentamos as possibilidades pessoais desconhecidas e nos realizamos como indivíduos. Quando se tem uma marca própria, estes containers se aproximam em uma “fusão nuclear” complicada. Aprendi muito e, em 2004, decidi romper, rasgar. sermos consumidores, mas totalmente sem capacidade de leitura e interpretação. Existe uma grande diferença entre alfabetizar e educar. Tenho me dedicado à esta educação, pois, de que adianta poesia, se a escrita não é compreendida? Continuo participando ativamente da moda como professor, palestrante, realizando worshops e prestando consultoria. ISM: Em suas criações, e na de muitos outros estilistas, vemos que o conceito norteia a criação. Mas, nas marcas mais comerciais, a criação é elaborada a partir do chamado público alvo, pois o foco principal é o consumo. Em sua opinião, quais as relações entre moda e consumo? ISM: Por falar em romper, rasgar, de onde veio a ideia para o desfile de junho de 2004, em que, diante da plateia, as modelos rasgaram aquelas elaboradíssimas roupas de papel? JN: Os estilistas têm evoluído muito, porém, o mercado consumidor não. Como a moda, enquanto negócio, tem que se modular pelo mercado, lamentavelmente, estamos parados. A moda no Brasil ainda é incipiente, portanto, é compreensível que ainda não haja uma identificação do consumidor. Os novos estilistas brasileiros têm feito o que lhes cabe. Existem muitos talentos. A cara da moda dependerá da maturidade deste consumidor em se reconhecer no espelho como brasileiro e assumir os estilistas locais como sua imagem. É um processo que, atualmente, encontra-se em fase de ajuste e aproximação, imagem e identificação. Espero testemunhar em vida estas mudanças, pois pretendo voltar a desfilar! Sinto uma enorme saudade. Mas ainda é cedo. Espero, de alguma forma, com todos estes trabalhos, colaborar para que mudanças, metamorfoses aconteçam, e assim voltar a utilizar a moda como minha metáfora. JN: O desfile aconteceu em uma época que eu questionava, e ainda questiono muito, as referências, o conteúdo da produção cultural e os fenômenos em nosso entorno. Somos expostos a uma quantidade de informação tão grande, que as pessoas não mais digerem, não mais decodificam, apenas engolem. Era importante questionar o conteúdo, o conceito por trás da forma, materializar um trabalho que, mesmo destruído, mesmo rasgado, permanecesse vivo na memória das pessoas. Um trabalho que permitisse vislumbrar que, mais importante do que tendências e desenhos vazios de significados, é o diálogo estabelecido por uma obra. Não era um desfile sobre moda, apenas. O objetivo era apresentar um vazio repleto de possibilidades e transfomar o nada em algo visível, daí o nome costura do invisível. ISM: Como você avalia a repercussão dessa ousada performance “A costura do invisível”, que foi considerada um marco na história do São Paulo Fashion Week? Em linhas gerais, o que seria a “costura do invisível”? JN: Extrapolou tudo o que eu imaginava. Não esperava que fosse reconhecido como o desfile da década pelo SPFW, nem que fosse apontado como um dos maiores desfiles do século pelo Museu de Moda de Paris. Este trabalho já percorreu vários espaços, como o Museu de Arte Contemporânea do Japão, o The New Dowse, na Nova Zelândia (Austrália), foi exposto na Forteza del Basso, em Florença (Itália), no MoMu (Bélgica), no Atopos (Grécia) e foi publicado em dezenas de livros sobre arte, moda e design. A costura do invisível é um rasgo com o formato, não com a moda. Depois deste desfile, abdiquei de minha marca própria, pelo menos por um tempo, para me dedicar à formação de uma consciência sobre moda e suas possibilidades. Ainda estou no meio do processo, as coisas ainda não mudaram. Acredito ser mais importante, neste momento, fomentar mudanças do que continuar fazendo o mesmo, dia após dia. O mundo não precisa de mais roupas, o mundo precisa de pessoas melhores. ISM: Mas como é possível transformar as pessoas? JN: Acredito que o caminho seja a educação e a cultura. Em moda, somos todos muito iletrados, alfabetizados apenas no sentido de ISM: E como você avalia a identidade da moda nacional e o perfil do brasileiro consumidor de moda? JN: Identidade é algo que se percebe e se lapida. Em um primeiro momento, a busca é por ser idêntico a algo com o que se identifica. Em um segundo momento, cria-se a identidade. É necessário apressarmos este segundo passo. A consciência de sustentabilidade e responsabilidade social permearão as reflexões neste início de século, e uma nova ética de consumo pode estar por surgir. Espero ansiosamente por novos tempos, para um mundo melhor, precisamos de consumidores melhores. ISM: Quando o assunto é moda, a mídia logo trata de identificar e divulgar as “tendências da estação”. Como um estilista deve se posicionar diante dessa dinâmica? JN: Se guiar por fórmulas de tendências é uma forma confortável para quem tem preguiça de pensar. Um bom designer deve estar aberto e sensível para perceber os suspiros de desejo e de mudança que estão suspensos no ar. Apesar de caminharmos lentamente, o que importa são os passos, pois sem eles não se criam caminhos. 31 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 31 16/04/2009 10:42:46 Música Só... e falando de amor! Por Flavia Travassos Foto: Paulo Negreiros Marcelo Camelo aposta na carreira solo e no estilo que sempre foi dele “Perceber aquilo que se tem de bom no viver é um dom. trilhado quando ele ainda era criança. Marcelo não se lembra Daqui não. Eu vivo a vida na ilusão. Entre o chão e os ares, vou quantos anos tinha quando percebeu o amor pela música. O sonhando em outros ares, vou”. Músico e, por que não, poeta, tio que toca violão pode ter até influenciado, mas essa paixão Marcelo Camelo alçou voo e encontrou o rumo da ‘liberdade’ – parece ter nascido com ele. As primeiras memórias já envolvem nome também dado a uma das faixas do seu novo disco, o primeiro a forte ligação que tem com a arte de combinar sons. “Eu lembro da carreira solo. Sou teve a colaboração da banda paulista que arrebentava na aula de música, no jardim de infância. Ali, Hurtmold e da cantora Mallu Magalhães, que divide os vocais em já entendi que tinha gosto ou jeito pra coisa”. E ele acertou na Janta. O sanfoneiro Dominguinhos, entre outros artistas também intuição! O tempo mostrou que Camelo estava certo. O Los participaram do álbum que foi produzido pelo próprio Camelo. Hermanos, banda formada quando ainda estava na faculdade, fez Apesar do título ter um ar um tanto quanto egocêntrico, a capa do história e marcou uma geração. “Acho que a gente contribuiu da trabalho também traz uma segunda leitura. Pois ela, de cabeça nossa maneira, dando o melhor de nós e isso gerou confluências e para baixo, nos mostra que Sou é, na verdade, Nós. Ou seja, Sou dissonâncias de pensamento. Acredito que trouxemos para o rock nós – o homem é a sociedade, todos somos um, algo muito longe harmonias brasileiras, acordes mais estranhos e letras passionais da egolatria. e pessoais”, comenta. O CD, lançado em setembro de 2008 e com versão em DVD Como “Todo carnaval tem seu fim”, os Hermanos decidiram gravado neste mês (abril) em Salvador, é uma nova conquista que dar um tempo, e deixaram órfão um público fiel e fervoroso. Agora, surge depois da pausa com o Los Hermanos, grupo que durante Marcelo tem pela frente um novo desafio: fazer da carreira solo a 10 anos empolgou e emocionou fãs apaixonados, trazendo o estilo chance de conquistar um sucesso que, se depender dele... não vai alternativo para o mundo pop, influenciando no modo de se vestir, ter fim. Entretanto, os fãs que lotam blogs e comunidades virtuais conversar, escutar música e de se relacionar com a mídia. O cantor pedindo a volta do grupo, puderam sentir um pouco do gostinho e compositor vive “um momento inicial de grandes descobertas e de sempre. O Los Hermanos abriu os shows da banda britânica de possibilidades infinitas”, como ele mesmo define. Radiohead no Brasil (março), ao lado dos alemães do Kraftwerk, O caminho para chegar até aqui foi longo, começou a ser raiz de quase todas e qualquer música eletrônica que é escutada 32 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 32 16/04/2009 10:42:51 hoje em dia, inclua-se aí o funk carioca também. Portanto, mesmo hibernando, os Hermanos tem sua moral. Na hora de compor, a inspiração sempre aparece e é também, um processo sensorial. Para Camelo, ela vem da própria vivência “Um cheiro, uma fruta, uma história. Qualquer coisa que se passa inspira”. Marcelo conquistou o reconhecimento do público com o tempo e contou também com o apoio dos colegas de profissão. “Depois que a Maria Rita gravou as músicas com um ar mais chique, no bom sentido, o pessoal começou a gostar mais”. Nem a comparação com Chico Buarque, compositor, intérprete e um dos grandes nomes da música brasileira, fez ele se iludir. Como sempre, mantém a autocrítica. “Fico feliz de ser reconhecido de uma forma geral. Me dá tranquilidade para seguir fazendo esta busca de sonoridades. Mas se tudo der certo, ainda hei de decepcionar muita gente e conquistar muitas outras”. E para isso, aposta, é claro, nos shows. Na agenda, quase não sobra tempo. É uma apresentação atrás da outra, principalmente nas capitais. Camelo gostaria de mostrar mais o trabalho em pequenas cidades, mas nem sempre é fácil. “Há um problema ou uma questão de estrutura grande que me acompanha e que me impede de realizar shows menores, pra menos gente. Somos quatorze pessoas viajando e trabalhando pela coisa. Então “... ainda hei de decepcionar muita gente e conquistar muitas outras”. ficamos um pouco presos aos lugares que tenho grande êxito. Mas tem sido muito lindo tocar com esses caras pelo Brasil”. Ilustração: Marcelo Camelo Mesmo assim, Camelo já marcou presença nos palcos de Juiz de Fora, logo nas primeiras semanas de lançamento, em outubro do ano passado. “Com os Hermanos, foram umas cinco ou seis hoje em dia, na hora de fazer (letras de músicas), essas palavras vezes. Em turnê solo, apenas uma. Eu gosto muito da cidade. se relacionam em princípio com a sonoridade da melodia, e só Pequena e calma”. depois com o significado”, afirma Marcelo, que atualmente Um lugar que inspira música atravessa uma fase de músicas mais instrumentais. Quando perguntado sobre o futuro, o que deixaria de herança Nomes conhecidos e aplaudidos pelo país afora saíram para futuras gerações, Marcelo é pragmático: “Nada”. Mas não da região. Ana Carolina, Emerson Nogueira, os cantores, dá para negar: seu jeito de fazer música e seu comportamento compositores e sambistas Noca da Portela e Mamão, além da crítico servem de exemplo para seguidores que sonham em Banda Strike, uma promessa do rock nacional. A descoberta de ter uma carreira parecida ou pelo menos se posicionarem com novos talentos sempre estimulou a abertura de novos espaços mais conhecimento sobre a sociedade. E não é só isto, o artista para músicos locais em Juiz de Fora. Marcelo acredita que essa participa de alguns projetos experimentais de arte e se insere é uma iniciativa importante. Uma oportunidade para pessoas que até no mundo digital. Ele faz parte da Osquestra Youtube, um estão cheias de sonhos se tornarem profissionais reconhecidos. “A projeto musical baseado no improviso e na colagem de vídeos experiência de se ouvir música ao vivo é muito distinta. Eu mesmo do YouTube. Uma nova onda artística que já fez shows “ao vivo” decidi fazer música depois de assistir a alguns shows. No começo em São Paulo, em abril, e está sendo chamada de Tocar internet. dos Hermanos, nós tocávamos nas casas que tradicionalmente Camelo é um dos mais entusiasmados. Para assistir às viagens abriam suas portas para os shows mais alternativos. Mas o sonoras, procure pela orquestra no site de vídeos. papo não pode ser filantrópico. Eu acho que a cena alternativa Marcelo Camelo, um carioca de 31 anos, que fala de amor é o respiro da música mundial. É dali que surgem as idéias. Vai e vive pela música, é assim. Um cara simples, que não gosta ter sempre um lugar para as pessoas se encontrarem e ouvirem de ser fotografado, nem de dar entrevista e não costuma fazer músicas e bandas novas”. planos. “Eu não decido muito as coisas. Vou deixando o corpo O segredo para ter sempre conseguido tantos aplausos solto e fico atento ao que ele me diz. Daqui vou sentindo e do meu é a cumplicidade entre música e letra. Para o compositor, elas sentimento, vem o próximo passo”. Homem de poucas palavras e caminham juntas. “A não ser quando a música não tem letra. Mas muitos sons. 33 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 33 16/04/2009 10:42:54 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 34 16/04/2009 10:42:58 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 35 16/04/2009 10:43:02 Capa MÁRCIO GARCIA 36 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 36 16/04/2009 10:43:05 VERSATILIDADE NO CINEMA E NA TV Contratado pela Globo como ator, apresentador e diretor de criação, ele ainda planeja rodar dois filmes e deve voltar a atuar como apresentador por Janaina Nunes Sempre que pode, ele vem a Juiz de Fora visitar o pai, os irmãos e muitos amigos que moram aqui. Mas, ultimamente, com o ritmo intenso de gravações da novela “Caminho das Índias”, em que interpreta o personagem Bahuan, Márcio Garcia confessa que tem vindo à cidade com menor frequência do que gostaria. Também pudera! Nos últimos meses, sua vida esteve agitada por muitos acontecimentos. Em dezembro, nasceu seu terceiro filho, Felipe. Em janeiro, reestreou no horário nobre da Rede Globo de Televisão, depois de quatro anos trabalhando para a Record. E em março, recebeu o prêmio Excellence in Acting, do Los Angeles Film Festival, por sua atuação no filme “Carmo”, dirigido por Murilo Pasta. Aliás, a dedicação ao cinema está entre os planos de futuro mais imediatos de sua carreira. “Tenho dois roteiros meus que começarão a ser filmados ainda em 2009 ou 2010. Um deles é ‘O golpe’, que vai ser produzido pela Total, mesma produtora que esteve à frente de ‘Se eu fosse você’ um e dois, e o outro é ‘Filhos do morro’, que ficará com Roberto D’Ávila, que também atuou na produção de ‘Ônibus 174’ e ‘Carmo’”, disse em entrevista exclusiva à I.S. Magazine. Ele conta que o retorno à Globo já era um grande desejo e ressalta ter ficado muito feliz não só com o convite, mas também com a calorosa recepção. “Fui muito bem recebido por todos, desde os câmeras e colegas de profissão, até o mais alto executivo. Até os donos da empresa vieram me cumprimentar e dar as boas vindas”, diz. Antes mesmo de iniciar as gravações, Márcio e grande parte do elenco passaram uma temporada na Índia, observando os costumes locais, e ele conta que o que mais Márcio Garcia com seu irmão, João Carlos Machado, que dá os primeiros passos na carreira de modelo o impressionou foi a resignação do povo perante qualquer infortúnio. “As pessoas estão sempre com uma fisionomia feliz, conformadas com o destino que lhes foi reservado, mesmo os mais miseráveis”, observa. 37 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 37 16/04/2009 10:43:17 Novo programa à vista Seu contrato prevê atuações como ator, apresentador e diretor de criação. Mas, por enquanto, Márcio Garcia ressalta que está inteiramente focado na novela e nos novos rumos que seu personagem deve tomar, segundo adiantou a ele a autora Glória Peres. No entanto, ele afirma que, em breve, começará a traçar as linhas gerais de um programa, ainda sem data prevista para estreia. “Esse processo de formatação de novas atrações é sempre muito longo e, como diretor de criação, estarei obrigatoriamente envolvido. Por isso, nada deverá acontecer até que sejam encerradas as gravações de ‘Caminho das Índias’”, enfatiza. Ele também não revela sobre o quê poderá ser esse novo programa, mas reafirma seu interesse pelo público infantil, para o qual se dedicou quando apresentava o “Gente inocente”, na Globo, entre 1999 e 2002. Uma carreira promissora Ele começou a atuar na televisão como apresentador do programa MTV Sports e, por volta de 1992, surgiram propostas de outros trabalhos na TV e no cinema. Na Rede Globo, Márcio Garcia estreou em 1994, interpretando o Cassiano de “Tropicaliente”, e logo emendou um personagem atrás de outro, fazendo não apenas novelas, mas também participações em outros programas como “Você decide” e “Os normais”, além de várias atuações no cinema, ora como ator, ora como dublador em filmes de animação, como “A era do gelo” e “Carros”, entre outros. De 1997 a 1999, substituiu Miguel Falabella, apresentando o “VideoShow” e, de 1999 a 2002, esteve à frente do programa infantil “Gente inocente”. Em 2003, depois de interpretar o personagem Marcos Rangel, que fazia par com Cláudia Abreu, em “Celebridade”, Márcio Garcia foi Márcio Garcia contracenando com a atriz Juliana Paes na novela global Caminho das Índias Em relação a essa multiplicidade de formas de atuação no cinema e na TV, Márcio afirma se sentir realizado tanto como ator, quanto como apresentador, diretor ou autor. “As atividades são diferentes, mas o objetivo é o mesmo: chegar a um produto final que seja bem recebido pelo público. Este é o grande desafio. E a gente trabalha para que o resultado seja sempre gratificante.” contratado pela Record, para apresentar o programa “Sem saída”. De 2005 a 2008, comandou “O melhor do Brasil”, também na Record, de onde saiu para retornar à Rede Globo, passando a bola para Rodrigo Faro. 38 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 38 16/04/2009 10:43:20 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 39 16/04/2009 10:43:23 Música O SAMBA DE NOVO NA RODA por Mônica Machado D a origem afro-baiana com tempero carioca, do polêmico registro do primeiro samba Pelo Telefone (1917), aos célebres intérpretes e compositores do Samba e do Pagode, o gênero retoma a sua originalidade, resgatando o samba de raiz e fazendo da roda de samba, o encontro preferido de várias gerações. “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é...”. Em pleno século XXI, a canção de Dorival Caymmi é relembrada, hoje, por novos intérpretes e cantores que encontram nas rodas de samba, a verdadeira originalidade do gênero musical, colocando-o em seu verdadeiro lugar de direito. O gênero que tem sua origem nas tradicionais casas das “Tias Baianas” – cenário de uma parte significativa da cultura negro-brasileira, onde viviam várias baianas descendentes de escravos – desenvolveu-se no final do século XIX e no início do século XX, quando já fazia parte do cotidiano carioca. A partir daí, algumas composições ganharam caráter totalmente singular, caracterizando-as como samba carioca, urbano e carnavalesco. Assim, “Pelo telefone”, gravada em 1917, por Donga e Mauro de Almeida, entrou para a história da música brasileira, apesar de ter sua autoria reivindicada por alguns compositores, que a consideraram como uma criação coletiva. Foi nesta época, que o samba associou-se ao carnaval e, logo depois, ganhou lugar próprio no mercado da música. Aos poucos, vários compositores surgiram como José Barbosa de Almeida (“Ô Sinhô”), Heitor dos Prazeres, Caninha, Alcebíades Barcellos (“Bide”), Newton Bastos, Ismael Silva, além dos jovens da zona sul, Noel Rosa e Ary Barroso, que redimensionaram o estilo através de obras memoráveis e dignas de interpretação musical. Em meados dos anos 30, o samba começou a ser difundido a partir da explosão radiofônica, destacando cantores como Francisco Alves, Orlando Silva, Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, e Carmem Miranda que ajudou na disseminação do samba para fora do Brasil através do cinema. Outros compositores, que ganharam respaldo de Getúlio Vargas durante o Estado Novo, também aproveitaram o cenário conduzindo o samba para outras vertentes da indústria musical. Um exemplo típico é a “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, que se tornou o primeiro hino brasileiro no exterior. A partir da segunda metade do século, aumenta consideravelmente o surgimento de morros e favelas no Rio de Janeiro. Lá, o samba ganha mais uma variação e se fortifica como verdadeiro samba de roda, conquistando também a classe média da zona sul carioca. Nesta época, começam a surgir grandes nomes como Cartola, Carlos Cachaça, Nelson Cavaquinho, Geraldo Pereira, Paulo Portela, Chico Santana, entre outros ícones que, mais tarde, incorporaram inovações, dando origem ao ritmo tradicional e singular dos sambas-enredo das escolas de samba. As influências não paravam por aí. A partir dos anos 60, ritmos latinos e norte-americanos também acrescentaram ao samba, novas vertentes como o samba-choro, samba de gafieira, sambalanço e até a famosa bossa nova. Estes estilos projetaram artistas famosos como Dorival Ferreira, Carlos Lyra, Roberto Menescal, João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, além de grupos como Tamba, Os Cariocas e Casa de Bamba (Partido Alto). Um novo divisor de águas marcaria a história do samba através de artistas que defendiam a volta da batida tradicional do gênero nacional, já que algumas variações afastavam o samba de sua forma original. As divas Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes também se projetaram nesta nova fase, fortalecendo a valorização do samba no mercado fonográfico com alta vendagem de discos. As rádios também não paravam de tocar novas composições que logo ficariam famosas e cairiam na boca do povo. Após o boom nas rádios, o samba perde força para o rock brasileiro, 40 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 40 16/04/2009 10:43:26 bem no início da década de 80. A partir daí, vários cantores passaram a se reunir em fundos de quintal para apresentar suas novas composições. O Pagode aproveita a lacuna deixada pela decadência do samba e lança grupos cariocas, paulistas e mineiros como Raça Negra, Só pra Contrariar, Negritude Júnior, Art Popular, entre outros, deixando as músicas norteamericanas em segundo lugar em relação à arrecadação de direitos autorais, mesmo desagradando a crítica de música e uma parcela significativa da população brasileira. Novas batidas foram introduzidas ao samba, mas o ritmo do batuque da bateria permaneceu. Os desfiles das escolas de samba se fixaram como principal atração do turismo brasileiro, atraindo pessoas de outras regiões do país e do mundo. Chegam os anos 2000 e, ao mesmo tempo, em que o gosto popular se intensifica ganhando mais adeptos, a utilização do samba de forma mais sutil e mesmo elitista, começa a aparecer. Primeiro, ele se juntou à música eletrônica, invadindo as pistas da Europa com o famoso “Sambassim” de Fernanda Porto e com a volta de Sérgio Mendes (Mas que nada). Em seguida, com a volta da Lapa carioca, o samba recuperou a autenticidade e se enraizou novamente. Vários sambistas e compositores também foram resgatados com a volta do vinil. Mídia relegada pelos CDs, o bolachão ressurgiu com tudo no terceiro milênio, ajudando na pesquisa de canções já esquecidas pelas rádios, assim como, possibilitando novas fusões para o ritmo. O interessante é que há um culto ao passado. Em pleno séc. XXI, as rodas se transformam em tendência nos principais barzinhos, aglomerando multidões que se confraternizam do happy hour até o dia clarear. Com a retomada da Lapa ao centro da vida noturna carioca, casas centenárias e recém-nascidas colocam a roda de samba como principal ingrediente de sucesso e carro-chefe de apresentações tradicionais. O ambiente retrô, com mais liberdade na atitude e descontração na vida, trouxe de volta o samba para a roda. Hoje, quem for ao Rio e não for à Lapa, é a mesma coisa que ir a Roma e não ver o Papa. REVISTA_FINAL_GERAL.indd 41 “Eu canto samba porque sou assim, eu me sinto contente, eu vou ao samba porque longe dele eu não posso viver (...)” Paulinho da Viola 16/04/2009 10:43:29 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 42 16/04/2009 10:43:33 PLAYFASHION Brinque com as inúmeras possibilidades que a moda lhe oferece. Misture, combine, descombine. Você vai perceber que a moda pode ser uma grande diversão! Esquerda Camisa: Armadda Relógio: Monte Carlo Jóias Centro Sapato: Melissa na Free Calça e casaco: C&A Brincos: Luisa Gomes Maquiagem e Cabelos Direita Casaco: Colcci Blusa e short: Colcci Bota: Colcci Colares: Monte Carlo Jóias Objetos de Cena: Imaginarium REVISTA_FINAL_GERAL.indd 43 43 16/04/2009 10:43:48 Chapéu: Damyller Vestido: Damyller Meia: Lupo na Renner Sapato: Pura Audácia T-Shirt: Taco Camisa: AD Cardigã: Leader Calça: Converse na Village Station Maquiagem e Cabelos Vestido: Oh Boy! Meia: Lupo na C&A Sandália: Via Uno Camisa polo: Converse na Village Station Casaco: BillaBong na Hammer Calça: Taco Tênis: Puma na Village Station Objetos de Cena: Imaginarium REVISTA_FINAL_GERAL.indd 44 16/04/2009 10:44:03 Regata: Checklist Colete de renda: e colete de pele: Checklist Calça: Folic Colar: Checklist Bota: Datelli Camisa: Volcom na Malay Balay Camisa polo: Ripcurl na Malay Balay Calça: Flying Tênis: Nike na World Tênis Chapéu: C&A Vestido: Checklist Casaco: Folic Bota: Carmen Steffens Acessórios: Vivara Maquiagem e Cabelos Objetos de Cena: Imaginarium REVISTA_FINAL_GERAL.indd 45 45 16/04/2009 10:44:15 Blusa vermelha: Day Win Camisa e calça: Toulon Tênis: Asics na DiSantinni Calça, Bata e Jaqueta: Caricatura Sapato: Uncle K Colar: Caricatura Camisa, colete e short:Sacada Cinto: Sacada Acessórios: Monte Carlo Jóias Sapato: City Shoes Camisa, Suéter e Calça: Tricomania Sapato: Arezzo Maquiagem e Cabelos Objetos de Cena: Imaginarium 46 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 46 16/04/2009 10:44:35 Direita: Trench coat: PUC Legging: PUC Arco: Pop Kids Bota: Pop Kids Centro: T-shirt manga curta e manga longa: Mercado Infantil Calça: Mercado Infantil Tricot: Mercado Infantil Tênis: Mercado Infantil Esquerda: Macaquinho: Turma da Mel Meia e munhequeira: Turma da Mel Arco: Pop Kids Sapato: Pop Kids Objetos de Cena: Imaginarium Esquerda Direita Roupão: MMartan Pijama: Puket Lingerie: Hope Meia: Puket Chinelos: Hope Objetos de Cena: Imaginarium FICHA TÉCNICA Produção de Moda Modelos Ana Paula Calixto Flávia Iser Leonardo Afonso Macgaren Roberta Terra Fotografia Mayara Valentin Márcio Brigatto Victor Salvato Jonathan Delmonte Direção Gabriela Canalli Pedro Thompson Giovana Rodrigues Cléber “Kureb” Horta Maquiagem e Cabelos Suyene Alien de Oliveira Peres Viviane de Oliveira dos Santos Estagiários de Moda Cíntia Furtado Gustavo Resende Juliane Sarandy Nizia Oliveira REVISTA_FINAL_GERAL.indd 47 16/04/2009 10:44:50 Cinema DOS QUADRINHOS PARA AS TELONAS Adaptações das histórias em quadrinhos invadem as salas de cinema em todo o mundo criando e modificando personagens por Juliana Araújo O segredo começa a ser desvendado: as verdades por trás dos super-heróis, mantidas em sigilo por muitos anos pelos fãs do gênero quadrinho ou HQ, invadiram as telas dos cinemas em todo o mundo. Apesar da atual popularização, engana-se quem acredita que todas as adaptações dos quadrinhos para o cinema começaram agora. Tarzan, o homem das selvas, foi a primeira já na década de 1920. Flash Gordon e Buck Rogers vieram logo em seguida, na década de 1940. Mais tarde e influenciados pela TV, heróis como Super-homem, Batman, Hulk e Mulher Maravilha saíram dos quadrinhos e ocuparam lugar de destaque na vida de todo mundo. O cartunista juizforano Raphael Salimena acredita que era apenas uma questão de tempo até que Hollywood redescobrisse essa fonte. ´´Os quadrinhos tinham grandes personagens e histórias que mereciam um espaço maior na sociedade``, conta. Como ícones culturais e de entretenimento, os super-heróis ressurgiram na cultura pop, em superproduções e em campanhas publicitárias milionárias que fizeram popularizar ainda mais os heróis e o segredo de seus superpoderes. A figura do super-herói, com seus poderes sobre-humanos e seus dramas pessoais, é o grande segredo para o sucesso dessa nova tendência cinematográfica. Crimes, castigos, busca intensa de poder, responsabilidade social, justiça, amizade, virtudes como coragem, solidariedade, altruísmo e as emoções humanas são temas triviais nas histórias em quadrinhos, e quando levadas ao cinema, criam na sociedade, de forma ampliada, a reflexão, unindo a diversão e o real à fantasia dos personagens. Para quem só as vê superficialmente, as histórias de super-heróis trazem apenas entretenimento, entretanto, os romances gráficos (do inglês graphic novels), normalmente contam longas histórias nem um pouco inocentes como muitos pensam. Os roteiristas abordam questões de ética e moral, recontam histórias reais com um outro ponto de vista e revelam um mundo racional e perverso por trás da inocência do entretenimento. Linguagens irmãs e potencial midiático Cinema e quadrinhos utilizam a imagem e a palavra como meio de expressão. Ambos possuem um ritmo visual e têm recursos de montagem muito parecidos. Coincidência ou não, as duas formas de artes, se assim podemos chamar, nasceram no mesmo período: pós-revolução Industrial. Só fica então uma dúvida: quem inspirou quem? Iluminação, enquadramentos, profundidade de campo, elementos utilizados mutuamente nestas duas linguagens, que para o grande público parecem ter origem nas telas, mas para quem conhece as duas, pode não pensar dessa forma. Segundo o professor de cinema da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Nilson Alvarenga, ´´o cinema se alimenta de outras linguagens ou formas de espetáculo, herdando delas temas e formas``. A mistura dessas artes aliada à contínua criação e desenvolvimento de softwares de computação gráfica, nos dão uma nova dimensão para o consumo de nossos heróis favoritos. Nilson acredita que ´´as possibilidades trazidas pelas tecnologias digitais para a produção de efeitos especiais estão diretamente relacionadas ao boom, desde os anos 90, das adaptações de quadrinhos, tornando-se uma tendência importante do cinema comercial contemporâneo``. Proprietário de uma loja de quadrinhos na cidade, Marcelo Luiz de Oliveira, comprova a tese do desconhecimento do grande público quanto à origem dos personagens - “muitas pessoas acham que o filme incentivou determinada história em quadrinho, mas quem conhece o universo HQ, sabe bem que a história é exatemente inversa”, completa. Um motivo que justifica a crescente produção de filmes baseados em quadrinhos é o potencial midiático que cinema e histórias em quadrinhos possuem. São meios de comunicação que exercem forte atração no público, tendo como principal atrativo a imagem e a forma como ela é trabalhada nestas mídias. A linguagem do cinema e do HQ é baseada em quadros de imagens que sucedem outros quadros, portanto imagens sequenciais. Se no cinema, há um apelo audiovisual e os quadros (24) passam de forma muito rápida, nas HQs, o som é substituído pelo texto – diálogos e pensamentos, narradores onipresentes e onomatopéias (bummm, poim!, soc!). Apesar disso, ambos necessitam da construção cognitiva dos leitores e espectadores, pois são eles quem irão ligar os quadros, as sequências e o conteúdo expostos nos enredos, dando sentido ao roteiro. Fidelidade O mercado também é um obstáculo para que as adaptações sejam fiéis às revistas. Afinal, as grandes produções têm como objetivo conquistar o maior público possível e, assim, atingir quantias exorbitantes e dessa forma acabam “enlatando” as histórias. Marcelo acredita que existem adaptações que modificam completamente o destino e características dos super-heróis. Um exemplo foi a adaptação pela Fox Films da Liga Extraordinária. Houve, de acordo com Marcelo, uma descaracterização de alguns 48 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 48 16/04/2009 10:44:53 personagens, não seguindo assim a história real. Para Salimena: ´´Sin City é a mais fiel e a menos criativa das adaptações, já que cada quadro foi reproduzido exatamente como estava na revista. Algo que não deve ter sido muito difícil de fazer, já que a HQ abusa tanto da linguagem cinematográfica dos filmes noir que funciona como um storyboard, pronto para ser filmado``. Quando essas adaptações não dão certo, ´´a culpa não é dos diretores, as histórias são complexas demais para caberem em 2 horas``, afirma. Nos últimos tempos, está cada vez mais fácil encontrar personagens e histórias dos quadrinhos nas salas de cinema. O filme 300 trabalhou de forma bastante delicada a adaptação, respeitando todos os detalhes das cena e dos personagens. Para alguns, assistí-lo é como estar nas páginas dos quadrinhos, só que em movimento. Entretanto, as duas últimas versões do grandalhão Hulk para o cinema, suscitaram opiniões divergentes. Amantes da linguagem cinematográfica adoraram a versão de Ang Lee (2003), mas nem tanto a mais recente, lançada no ano passado. Já os fãs de quadrinhos preferiram muito mais o enredo desenvolvido por Louis Leterrier, com cenas, inclusive, gravadas no morro Dona Marta (Rio de Janeiro), do que a primeira produção que trabalhou bastante as linguagens de edição e montagem. Entretanto, nenhuma produção foi tão comentada e vista quanto à versão de Batman assinada pelo diretor Christopher Nolan. Batman - O Cavaleiro das Trevas, lançado em 2008, segundo Salimena – que também já assinou coluna sobre cinema no Zine Cultural, teve um roteiro muito bem estruturado, bem construído. “É um filme bastante fiel ao clima dos quadrinhos do homem-morcego. Nolan construiu sim um longa que agrada ao espectador comum e ao leitor das HQs do personagem”, atesta. Porém, não foi só isso. O “filme” começou para o público muito antes de ser exibido. Com quase dois anos de antecedência, foram criadas ações de marketing como o site whysoserious.com, onde a participação espontânea do público também contribuiu para o sucesso de bilheteria – uma das maiores da história, superando 1 bilhão de dólares em ingressos vendidos. ´´Quando surgem novos gêneros como este – ‘cinema de quadrinhos’, se pudermos chamar assim – é também efeito de questões relativas ao mercado cinematográfico: a indústria descobriu nessa interface um filão e certamente deverá explorá-lo até que se esgote sua capacidade de vendas”, afirma Nílson. Sendo assim, por enquanto, a indústria cinematográfica não irá parar de levar para as telas, o que até alguns anos atrás era consumido com qualidade apenas nas páginas de HQs: mitologias que apontam a subjetividade e a criatividade do homem, como coisas muito maiores que as limitações físicas, mentais e fisiológicas que possuímos. UCI Kinoplex Promoções Segunda Universitária: Promoção para estudantes – Ingressos a R$2,00 Quarta-feira: preço único Projeto Escola: R$7,00 por aluno, o que dá direito ao ingresso + pipoca e refrigerante (destinado principalmente às crianças de escolas públicas) UCI Festa: Comemore seu aniversário em grande estilo. UCI Família: ingressos conjunto para adulto e crianças Horário de Funcionamento - De Segunda a Quinta-Feira = das 13h às 22h - Sexta-feira e véspera de feriado = das 13h às 00h30 - Sábado = das 12h até às 23h50 - Domingo e feriados = das 12h às 22h30 Informações: Tel: (32) 3228-1818 www.independenciashopping.com.br 49 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 49 16/04/2009 10:45:10 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 50 16/04/2009 10:45:14 Esporte Direto da redação Marcelo Barreto: Por João Paulo de Oliveira a nova cara do jornalismo esportivo brasileiro N ascido em Bicas no final dos anos 60, o jornalista e apresentador do Redação Sportv, Marcelo Barreto, é uma das figuras mais simpáticas e de destaque do jornalismo esportivo brasileiro atual. Participou in loco de coberturas mundiais como as Olimpíadas de Atlanta e de Pequim, a Copa do Mundo na Alemanha e o Mundial de Basquete Feminino na Austrália, em que o Brasil sagrou-se campeão (1994). Marcelo, que estudou dois anos de jornalismo na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora, comanda as manhãs do canal por assinatura e sempre traz ao público informações interessantíssimas e importantes para o esporte, pautando sites e jornais do país, sempre com descontração e qualidade. No programa, o apresentador se comunica com os telespectadores através de um chat pela internet. “O chat é parte fundamental do Redação. Não é um complemento, é parte ativa dos nossos debates e pode até mudar o rumo do programa”, completa. No final de março, houve um desentendimento entre o bicampeão olímpico Giovane, treinador do Joinvile, e dois jogadores do time de vôlei, entre eles, Marcelinho, levantador da seleção. A notícia gerou vários comentários e pedidos de esclarecimento por parte dos internautas. Barreto conseguiu falar com o ex-craque que revelou ao vivo no Redação, que deveria ter sacado a dupla muito antes da confusão. Marcelo jogou futsal no mesmo clube em que Giovane se projetou para o vôlei, o Clube Bom Pastor. Mas a recordação vem de antes ainda. “Eu me lembro do Giovane jogando vôlei na quadra do Jesuítas”, recorda. Mais tarde, encontraria Giovane em uma ocasião das mais especiais. O jogador acabara de ganhar as Olimpíadas de Barcelona´92 e comemorava o feito no sítio da família, perto da estrada para Bicas. O repórter, então no Globo, entrevistou o craque que contou sobre o longo caminho que havia trilhado para chegar até ali. Giovane, ainda bastante novo, era um dos mais aplicados. Chegava ao Bom Pastor no início da tarde, fazia o treino com os da sua categoria e depois continuava a treinar com os mais velhos até o anoitecer. “Acho que na verdade, ele nunca deixou de ser aquele garoto que jogava vôlei na quadra do Jesuítas, mesmo a vida tendo o levado para muito mais longe do que ele provavelmente imaginava.” E completa, “Giovane continuou o cara simples, inteligente, atencioso e focado na carreira que eu já conhecia.” Barreto não vê com entusiasmo as questões econômicas recentes do futebol. Os clubes, segundo ele, estão cada vez mais dependentes de mecenas – empresários que bancam o clube com o próprio dinheiro. “Na Europa, 51 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 51 16/04/2009 10:45:18 os times da Inglaterra estão ganhando tudo. Os clubes de lá estão sob a guarda de ricos empresários que acabam bancando o futebol”, aponta. Ele acredita que a crise do futebol é muito mais grave do que se imagina, pois tem contornos culturais - “os dirigentes assumem os clubes e transformam a instituição social em cabide de emprego e balcão de negócios. Como não são punidos criminalmente, fazem todo tipo de loucura e quando saem do clube, deixam por lá imensas e descomunais dívidas”. Há uma tradição de paixão em torno do futebol que deixou uma legislação branda em torno dele, por isso, os clubes tradicionais não ficam nem ameaçados de extinção ou mesmo punição, ressalta. Tudo se intensifica Tupi e Copa do Mundo Mesmo morando no Rio há quase 20 anos, Marcelo nunca esqueceu o Tupi e nem poderia, toda semana tem algum amigo ligando e falando do time carijó. Para ele, o clube vem desempenhando um bom papel nos últimos tempos e por isso, tem tido mais espaço no noticiário nacional. Entretanto, acha que a nossa ligação umbilical com o futebol carioca pode ter feito a própria cidade não investir em um time muito forte para jogar o campeonato mineiro. “É diferente de Santos, que já tem uma rivalidade com a capital e claro, deu sorte de ter passado por ali o melhor time de todos os tempos, mas lá é uma questão até mesmo “Com um estádio ótimo, uma estrutura hoteleira e de restaurantes que já mostra evolução, fora a logística que permite rapidamente estar no Rio e em Belo Horizonte, Juiz de Fora tem tudo para ser uma subsede na Copa de 2014”. quando vemos jogadores recém-formados indo para a Europa muito cedo, como o caso dos irmãos Rafael e Fábio, que foram das categorias de base do Fluminense para o todo poderoso Manchester United ainda na adolescência, e hoje atuam no time principal. “Eles acabam se tornando jogadores europeus, com características táticas e técnicas que não encontramos tanto no Brasil, mas também correm o risco de perder o improviso e a criatividade do nosso futebol”. No Globo, Marcelo era responsável pelos esportes olímpicos e não vê as modalidades como algo relegado pela mídia ou pela população. “As piscinas e os ginásios sempre ficam lotados. São esportes que também movimentam muito dinheiro, mas que viveram de uma lógica de espera, onde se aguardava o investimento financeiro para que os projetos pudessem se iniciar”. Barreto acredita na Lei Agnelo/Piva – onde os comitês olímpicos e paraolímpicos recebem 2% do que é arrecadado com as loterias federais, e depois repassam os recursos às federações e confederações. “Agora não tem mais o que esperar, tem é que trabalhar, pois as federações irão receber mais e mais incentivos a partir dos resultados obtidos por estes esportes”. cultural entre o interior e a capital”. Em relação à Copa disputada aqui no Brasil em 2014, o jornalista vê uma ótima oportunidade para Juiz de Fora se dar bem. “Com um estádio ótimo, uma estrutura hoteleira e de restaurantes que já mostra evolução, fora a logística que permite rapidamente estar no Rio e em Belo Horizonte, Juiz de Fora tem tudo para ser uma subsede na Copa de 2014”. Para Marcelo, tudo depende da iniciativa local, tanto do poder público, quanto do privado. “A cidade cresceu muito nesses últimos anos, o próprio Independência Shopping é algo que revela essa evolução. Juiz de Fora é um polo consumidor, tem aspectos de modernidade e a gente vê a população respondendo a isso, enchendo o shopping nos fins de semana e percebendo também a excelente possibilidade de receber uma seleção para a Copa”. Barreto completa afirmando que é preciso haver projetos e iniciativas, mas que sejam logo, para que não se reclame depois. A organização seria uma missão para toda a população, incluindo poder público, instituições privadas e outros setores que se beneficiariam com uma possível participação de Juiz de Fora no maior evento esportivo e midiático da história do Brasil e um dos mais aguardados em todo o mundo. 52 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 52 16/04/2009 10:45:21 Camisa: Dudalina na Klus Terno, colete e gravata: Klus Sapato e cinto: Sérgio´s ILLUMINA Glamour e sofisticação nas noites iluminadas da cidade. Ousadia nas produções e nas atitudes para você brilhar antes do amanhecer. Vestido: Morena Rosa na Rosana Amaral Sapato: City Shoes Acessórios: Luisa Gomes Maquiagem e Cabelos 53 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 53 16/04/2009 10:45:34 Saia e body: Blue Banana na Bandock Sapato: Datelli Acessórios: Priscilla Stiebler Camisa, suéter e paletó: Ellus na Arpel Homem Calça: Ellus na Arpel Homem Mocassim: Forum Maquiagem e Cabelos 54 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 54 16/04/2009 10:45:49 Trench coat: Renner Sapato: Carmen Steffens Anel: Morana Vestido: Espaço Fashion Sapato: Schutz na Arpel Brincos: Morana Maquiagem e Cabelos 55 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 55 16/04/2009 10:46:01 Camisa e suéter: Richards Calça: Richards Tênis: Osklen Vestido: Animale na Day After Sapato: Carmen Steffens Acessórios: Priscilla Stiebler Suéter: Richards Casaco: Osklen Calça: AD Tênis: Osklen Maquiagem e Cabelos 56 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 56 16/04/2009 10:46:15 Ela Vestido: Alphorria na Mol Store Sapato: Arezzo Acessórios: Exclusiva Ele Terno, camisa e gravata: Utopia Sapato e cinto: Sérgio´s Esquerda Vestido: Danilo Uitch na Zibelina Sandália: Via Uno Acessórios: Morana Direita Vestido: Blue Banana na Balancê Sandália: Via Uno Acessórios: Priscilla Stiebler FICHA TÉCNICA Produção de Moda Ana Paula Calixto Leonardo Afonso Fotografia Márcio Brigatto Modelos Flávia Iser Macgaren Roberta Terra Mayara Valentin Victor Salvato Maquiagem e Cabelos Suyene Alien de Oliveira Peres Viviane de Oliveira dos Santos Direção Pedro Thompson Cléber “Kureb” Horta Estagiários de Moda Cíntia Furtado Gustavo Resende Juliane Sarandy Nizia Oliveira REVISTA_FINAL_GERAL.indd 57 16/04/2009 10:46:29 Turismo Os encantos e mistérios da Índia, um dos destinos mais exóticos do mundo. por Mônica Machado A pós o lançamento da novela global “Caminho das Índias”, o país ganhou espaço na mídia, despertando a atenção e interesse de turistas que buscam conhecer lugares com diversidades culturais como os países orientais. E não é para menos. A Índia é uma das civilizações mais antigas do mundo e abriga um patrimônio cultural e espiritual de mais de cinco mil anos. As diferentes crenças, rituais e modos de vidas milenares, presentes tanto nas grandes metrópoles quanto nos vilarejos do interior, têm atraído milhares de turistas e por isso, aumenta a procura de pacotes nas agências de viagens do Brasil. A agência Trip Turismo do Independência Shopping, por exemplo, oferece pacote especial “Caminho das Índias” que inclui dez noites com visitas aos principais monumentos do país, como o templo Taj Mahal, um dos principais destaques da programação. Outras atrações, como Dubai e o Safári no Deserto, permitem ao turista conhecer lugares extremos de uma região misteriosa e exuberante. O passeio ao país de um bilhão de habitantes é, sem dúvida, uma experiência fascinante, um universo tão distante e desconhecido do brasileiro, mas com ingredientes únicos de uma cultura essencialmente exótica, misteriosa e bela. Caminho das Índias 10 noites Válido de 15/04 a 31/05 Inclui: Passagem aérea saindo do Rio de Janeiro 03 noites em Dubai Traslados e city tour em Dubai Safári no Deserto com jantar 03 noites em Delhi com café e city tour 01 noite em Jaipur com café e city tour 01 noite em Agra com café e city tour 01 almoço em Delhi 01 almoço de Delhi para Jaipur 01 almoço de Jaipur para Agra 01 jantar em Delhi; entrada a todos os monumentos Guia em espanhol; seguro Turiscard e kit viagem Maiores informações: Agência Trip Turismo Tel: (32) 3236-4921/ (32) 3236-4923 58 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 58 16/04/2009 10:46:32 Compras CASTOR MAGNATA TIM CELULARES Colchão Light Stress Colchão bordado em fios de aço inox que elimina a eletricidade estática. Ideal para pessoas que trabalham com produtos eletrônicos. Viscoelástico. 1,93x2,03. iPhone GPS, iTunes, Apple Store, Calculadora, Calendário, Youtube, Photos e Camera, MP3, Safari - navegador de internet com tecnologias 3G e Wi-Fi. 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Historicamente, a estrutura familiar contempla a mulher como a rainha do lar, responsável pela alimentação e organização da família, enquanto o homem, como provedor, tem por obrigação trabalhar para obter o sustento dos seus. Nos dias atuais, a mulher, que antes ficava em casa, resolveu sair e ganhar o mundo. Já o homem, de tanto ir ao supermercado para a esposa, pegou interesse por temperos, aromas e outros sabores. Túlio Villaça (43), Chef do Café Muzik e do Til Cozinha Contemporânea, atenta para uma transgressão dessa máxima de que sempre os melhores cozinheiros foram homens. Ele acredita que o preconceito exista, porque o cozinheiro homem tem a força física ao seu favor. A questão é bem mais direta, onde a atividade requer potência muscular para manejar panelas muitas vezes pesadas, em altas temperaturas e ainda mexendo alimentos. “Isso tem mudado, temos muitas Chefs reconhecidas atualmente. A Carla Pernambuco, do restaurante Carlota no Rio, é uma em que eu me inspiro muito.” Villaça enxerga o trabalho de Pernambuco similar ao seu no que diz respeito à busca pela cozinha contemporânea. Com a mudança de comportamento atual, a mulher se faz presente em vários segmentos do mercado de trabalho, tanto quanto o homem. E a cozinha, que antigamente era um símbolo de servidão, assume um novo papel nos círculos sociais. Uma boa parcela editorial também contribui para o sucesso da gastronomia de excelência. Nas últimas décadas, foram lançados inúmeros livros, criados vários programas de TV, pacotes turísticos com pratos exóticos no roteiro, DVDs e outros produtos que conceberam uma aura em volta da culinária e também do homem na cozinha, símbolo ao mesmo tempo de virilidade, paciência e sabedoria. Cada vez mais, pessoas procuram na culinária não só uma forma de diversão e lazer para as horas vagas, mas também, uma oportunidade de integração social, sucesso profissional e até mesmo, expressão artística. A cozinha contemporânea deixa de ser um espaço restrito à alimentação, para se tornar um ambiente de prazer e apreciação, onde muito além da satisfação, preocupa-se em viver o momento, ter a experiência sensorial tanto do paladar, quanto da ocasião de estar ali, naquele ambiente, junto àquelas pessoas. Não se sabe ao certo, se isso seria gastronomia ou “gastromania”. Mas uma coisa é fato: esse movimento está visivelmente forte em Juiz de Fora e região. Por aqui, a “cultura de bar” que sempre foi algo característico, já compete com novos empreendimentos. Com a chegada do Independência Shopping, por exemplo, a cidade passou a oferecer 60 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 60 Ilustração: Filipe Altino Reis 16/04/2009 10:47:43 ainda mais opções para todos os gostos, desde fast foods até restaurantes que praticam a culinária alternativa. Ao ser questionado sobre a evolução do mercado gastronômico regional, o Chef Pablo Oazen (28) destaca a criação de bons restaurantes, que não deixam a desejar em relação aos concorrentes dos grandes centros. Inclusive, Oazen aproveita a ocasião para demonstrar seu apreço pela presença feminina nas cozinhas - ”As mulheres estão muito bem, existem boas Chefs de cozinha no Brasil e no exterior. Mas ainda assim, a dona de casa, que cozinha todos os dias para as mesmas pessoas, tem que ser muito mais criativa do que um Chef. Os restaurantes seguem cardápios, já a rotina do lar é muito mais exigente. Agradar todos os dias, não é fácil não!”, ressalta. para infraestrutura. O hábito alimentar da população também é considerado pelos entrevistados um grande desafio. “Juizforano é um público complicado para se abrir a novas coisas. Depois que ele prova, aí começa a gostar, ou então quando algo vira moda, daí ele fala que gosta!”, brinca Oazen. O fato é que a comida, realmente revela muito sobre o modo de vida de um povo e pode até enriquecer a nossa bagagem cultural. “Quando a gente sai do Brasil e viaja pelo mundo, passa a tomar contato com gastronomias diferentes, com modelos de alimentação diferentes. E isso torna a pessoa mais culta gastronomicamente, com mais informações. A tendência é que esse processo seja radicalizado, e a partir desse momento, as pessoas irão buscar coisas diferentes, sabores diferentes”, completa Maurício. Agenda Festival Brasil Sabor 2009 Data: de 29/04/2009 a 31/05/2009 Local: Bares participantes 8ª Feira de Negócios - 2ª Equipar Data: de 25/08/2009 a 27/08/2009 Local: La Rocca Centro de Eventos 9º JFSabor Hotel Grogotó, em Barbacena: 1.880 alunos formados O Hotel SENAC Grogotó é um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do mercado gastronômico de Minas Gerais. O tradicional hotel-escola está situado em Barbacena há quase 40 anos e, desde o ano 2000, aproximadamente 1880 alunos obtiveram alguma formação na área de gastronomia. De acordo com Nicássia Novôa, gerente de formação profissional, a unidade encaminha para o mercado de trabalho 65% dos alunos que realizam os cursos, enquanto os 35% restantes são alunos que vão para o mercado por conta própria, ou mesmo, que já trabalhavam e apenas estudaram para aperfeiçoar seus conhecimentos. Atualmente, o SENAC/MG oferece 57 cursos na área de gastronomia entre o nível básico de qualificação e aperfeiçoamento profissional, além de uma PósGraduação MBA em Hotelaria que possui o módulo de alimentos e bebidas. Para o Chef Edson Puiati, gerente geral do Hotel Senac Grogotó, o mercado de gastronomia “nunca para”. Ele ressalta que na Internet, grandes sites de oportunidade de emprego estão sempre em busca de profissionais da área - “Recebemos constantemente solicitações de profissionais para o mercado não só de MG, mas também de outros estados. O que falta são bons profissionais, com criatividade, persistência, disciplina, postura e que trabalhem com o foco no empreendedorismo”. Maurício Lemos (48), um dos proprietários do Café Muzik e do Til Cozinha Contemporânea, explica que há cerca de três anos, o Til tem sido uma opção de culinária criativa, com influências de diversos países e regiões. Mas isso em meio a algumas adversidades do mercado local, como a falta de mão-de-obra especializada, a dificuldade em adquirir determinados ingredientes e até mesmo, bons materiais Data: de 25/08/2009 a 04/10/2009 Local: Restaurantes participantes Cursos - Cozinha de Sentidos com Pablo Oazen Pós-graduado em Portugal e com experiência em vários restaurantes internacionais, o Chef Pablo Oazen ministra diversos cursos de culinária na cidade. São eles: - Cursos de aperfeiçoamento profissional: a equipe do Chef vai até a empresa para treinar e capacitar os colaboradores. - Cursos de degustação: cursos rápidos de algumas horas para quem quer aprender a cozinhar se divertindo. O pré-requisito é gostar de cozinhar. - Sessão Gourmet: Direcionado àqueles que gostam de cozinhar e querem aproximar a cozinha do seu dia-a-dia a de restaurantes profissionais, conhecendo as bases culinárias, novos ingredientes e técnicas atuais de cocção. - Cozinha para noivas: direcionado a noivas recém-casadas com pouca quilometragem na cozinha. Bases culinárias, receitas simples, técnicas de armazenamento, etc. Informações: www.cozinhadesentidos.com 61 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 61 16/04/2009 10:47:46 I Artigo ncríveis 98% das cervejas comercializadas no Brasil têm baixo teor à base de milho púrpura e farinha de trigo, que tem origem Inca. Na Hode fermentação e devem ser consumidas em temperaturas próxi- landa, encontramos a produção da Iki Beer, cerveja feita com chá verde e mas a zero grau, além de possuírem em sua fórmula ingredientes um limão japonês conhecido como yuzu. No sul dos EUA encontramos a que substituem o malte, diminuindo os custos da produção e aumenChilli Beer, à base de pimenta. tando o número de litros por ano. De tão acostumados com a produção em Paralelamente aos novos sabores e aos tradicionalismos, as cervelarga escala e bombardeados cotidianamente pela mídia, com apelos que jas são feitas e classificadas de várias maneiras. As mais consumidas do ligam a cerveja ao bem-estar e ao erotismo, muitos brasileiros acabam mundo são as Larger, de baixa fermentação ou fermentação a frio (de 6º a pedindo a mais barata mesmo ou então, a boa, a redonda ou aquela que 12º C) e graduação alcoólica entre 4% e 5% . Dessas, as mais conhecidas um dia já foi a nº 1. são as American Larger, que no Brasil representam as marcas Entretanto, o fantástico e saboroso mundo da do mercado de massas, que se autorreferem cerveja vai muito além da produção em como Pilsens. As do tipo Ale são fermenmassa. É um universo específico que tadas em temperaturas mais elevadas, está presente em vários países e posentre 15°C e 24°C e também, são as sui em cada canto suas peculiaridamais cultuadas entre os apreciadores des. Na Índia, por exemplo, cervejas da bebida. Encorpadas e vigorosas, as são feitas de arroz, na Bélgica com Ales apresentam maior perceptividacerejas e outras frutas vermelhas. de dos ingredientes na hora da deNa Alemanha, tem até cerveja que é gustação. O terceiro tipo compõe as feita de cola, mesmo princípio ativo mais antigas do mundo, conhecidas da Pepsi e da Coca-Cola. As cervejas como Lambic. Com fermentação artesanais e gourmets vêm fazendo espontânea, precisam de agentes a diferença no gosto da freguesia, naturais que só são encontrados como possuem uma variedade em certa região belga, próxima de incrível de sabores, texturas e são Bruxelas. Assim, são caras e raras. servidas em diversas temperaturas, É um tipo muito peculiar de cerveja, muitas opções culinárias podem ser com um número grande de aromas acompanhadas por elas. No entane sabores frutados e cítricos, como to, é sempre importante conhecer do vinho branco. um pouco da bebida escolhida para A produção de cerveja em baixa cada prato, afinal existem aquelas escala, ramo atualmente conhecido mais leves, as mais encorpadas, como microcervejaria, também vem amargas, suaves, com determinados crescendo no Brasil de forma vigorosa. aromas e por aí vai. Por exemplo, a PilMuitas empresas desse tipo surgiram há sen holandesa Christoffel Blond é ideal no máximo cinco anos, e hoje estão prepara acompanhar a 8º C, uma lasanha. sentes em várias cidades, principalmente, por João Paulo de Oliveira Já a italiana Theresianer Vienna é servida no sul e no sudeste. A Cervejaria Colorado em conjunto com sobremesas que levam de Ribeirão Preto, criada em 1995, também chocolate, algo bastante exótico para o aposta em ingredientes de nossa cultura que o brasileiro está acostumado. para colorir o sabor dos seus quatro tipos de O amor pela bebida e a busca pela recervejas: a Pilsen Cauim, com 4,5% de teor dução dos efeitos colaterais fazem com que, alcoólico, tem farinha de mandioca em sua há 500 anos, a cerveja seja produzida a partir receita. Já a do subtipo Weiss, Appia, é feita de rígidas leis de qualidade e pureza, como a com mel e, Indica, cerveja com rapadura em internacionalmente adotada reinheitsgebot, sua composição, representa o estilo Ale. E conhecida em todo o mundo como a Lei da por fim, o mais novo lançamento, Demoiselle, Pureza Alemã: toda cerveja deve ser feita feita à base de café, escolhida a Cerveja do basicamente com apenas 3 ingredientes. São Ano de 2008 no ranking da Revista Prazeres eles: água, malte de cevada e lúpulo. O quarto da Mesa. componente, a levedura, foi acrescentado só As microcervejarias têm produção em mais tarde, no século XIX. A Lei da Pureza foi pequeníssima escala, onde a prioridade é a criada no dia de São Jorge, 23 de abril de 1516, qualidade e a exclusividade do sabor. Muitas pelo Duque da Baviera, Guilherme IV, depois são engarrafadas apenas para consumo de uma tremenda ressaca. O monarca, a fim de regional, com produção mensal entre 10 e 60 evitar, literalmente, dores de cabeça decidiu punir quem mil litros por mês. Em todo sul e sudeste, existem inúmeras cersaísse da linha. As diretrizes criadas no Renascimento permanecem até vejas artesanais que são distribuídas apenas em suas regiões de origem os dias atuais como sinônimo de qualidade. No Brasil, o padrão também como a ZeHn Bier (SC), a gaúcha Whitehead (com produção de apenas 3 foi adotado por algumas marcas artesanais, como Falke e Eisenbahn. mil/litros por mês) e a paulista Bamberg (com venda exclusiva somente Em suas fórmulas exclusivas e especialmente preparadas, os em Votorantim). Algumas como DaDo Bier (100 mil), Devassa (320 mil) e mestres-cervejeiros utilizam ingredientes exóticos ou impensáveis por Baden Baden (120 mil) já alcançaram um maior status e conseguem ser quem está acostumado apenas ao sabor da Pilsen. São ervas, vegetais e encontradas bem longe de onde são produzidas. O que varia também é especiarias como gengibre, pimenta, canela, abóbora, e até a brasileiríso valor do investimento. Existem tanto máquinas mais simples que prosima mandioca, que estão tornando um consumo despretensioso em algo duzem poucos litros e custam menos de 5 mil reais, quanto verdadeiras altamente prazeroso e fino. São vários os exemplos como Chicha, bebida fábricas com investimento inicial que pode chegar em até 100 vezes esse valor. A nova/ velha paixão nacional Com apenas 2% do mercado, cervejas artesanais e gourmets entram no gosto de quem prefere qualidade e requinte, ao invés da abundância das marcas de massa. 62 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 62 16/04/2009 10:47:48 Uma das características mais expressivas das cervejas artesanais tradição histórica por trás de sua produção. Ela é originária da Serra do é a originalidade, tanto do formato das garrafas quanto da beleza dos Curral, ponto mais alto de Belo Horizonte, local que deu origem à capital rótulos. O design geralmente tenta resgatar um clima retro e tradicional, e símbolo da cidade, escolhido pela própria população em 1995. Além tentando escapar do exagero dos rótulos massificados. O consumidor de disso, sua distribuição é feita através do circuito turístico da Estrada cervejas artesanais é muito mais criterioso e apreciador do sabor. Ele Real, uma maneira especial de ligar a marca à história e aos costumes do gasta um pouco mais para poder ter em sua mesa uma bebida Estado. A cerveja, que também vem fazendo sucesso em Juiz de qualidade e acaba por consumir menos e com menos aflição. de Fora, ultrapassou as alterosas e pode ser encontrada em O problema das industrializadas é que são feitas com menos outras regiões do país, principalmente, no eixo Rio-São Paulo. lúpulos e muitas vezes são servidas geladas demais, congelando A grande vantagem da concentração regional e da produa ponta da língua e com isso, tirando o paladar. E a publicidade ção em escala menor está nos pequenos custos com distribuiainda incentiva o consumo a qualquer preço, sem se preocupar ção e no controle de qualidade mais apurado. Quando a emprecom a verdadeira apreciação do sabor. sa então resolve investir mais pesado, aí sim, é preciso pensar Outro fator importante que diferencia os dois níveis de prodesde a comunicação com o intermediário (supermercados, dução é a variação de tipos comercializados pelas marcas tradibares, boates, restaurantes) até o público final, o consumidor cionais e pelas microcervejarias. Enquanto a AmBev oferece sete e bom apreciador de cerveja. Todavia, o refinamento, a busca cervejas Pilsen (na verdade, American Larger, a única realmente por excelência e a exclusividade, valorizam o produto, aumenPilsen é a Stella Artois) como principais, as empresas de menor tando a margem de lucro das microcervejarias por unidade, em porte abrem o leque de sabores e variações. A Baden Baden Baden Baden: relação ao produto de massa. Em bares, por exemplo, enquanto promove, periodicamente, lançamentos exclusivos com edições lançamentos uma long neck tradicional custa R$ 2, a artesanal pode chegar exclusivos limitadas, mas fora isso, suas linhas vão desde a preferência a R$ 5 e muita gente prefere pagar um pouco mais, porém com com edição nacional (American Larger) até a Pilsener, com receita originária a certeza de estar bebendo algo que saia do padrão e que aulimitada de Pilsen na República Tcheca, indo até tipos mais exóticos como menta o requinte do momento vivido. Entretanto, em toda esta Weissbier e Tripel, ambas subtipos de Ale. A Devassa, marca história, quem realmente lucra é o próprio consumidor que a carioca que já invadiu São Paulo e também pode ser encontrada em Juiz cada dia, vê mais e mais opções de cerveja chegando ao mercado e trade Fora, possui três tipos que já tornaram tradicionais: a Loira (Pilsen), a zendo mais prazer e sabor aos bons momentos da vida. Ruiva (pale Ale) e a Morena (dark Ale). Minas também não poderia deixar de ter a sua representante no hall das mais apreciadas. A microcervejaria artesanal Backer tem toda uma Em bares, enquanto uma long neck tradicional custa R$ 2, a artesanal pode chegar a R$ 5. Colorado, Backer, Devassa e Baden Baden: a nova paixão nacional mostra sua força Não é só o vinho: combinar o tipo certo com a comida agora também vale para as cervejas. 63 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 63 16/04/2009 10:47:50 Mix de Lojas ACESSÓRIOS GET A SMILE: 3236-5050 LE POSTICHE: 3313-8101 UNCLE K: 3313-8202 JOALHERIA, ÓTICAS E RELÓGIOS CHILLI BEANS: 3236-5023 EXCLUSIVA: 3241-1639 LUIZA GOMES: 9993-4229 LUPA LUPA: 3236-8226 ALIMENTAÇÃO MERIDIANO: 3215-7236 ALOHA: 3691-6761 MONTE CARLO JÓIAS: 3313-8250 BOB’S: 3231- 6593 MORANA: 3313-8280 BURGER KING: 3313-8169 ÓTICA MANCHESTER: 3211-5700 CASA DO PÃO DE QUEIJO: 3234-1388 PRISCILA STIEBLER: 3241- 4886 DEGUSTE: 3215-1951 TRITON EYE WEAR: 3232-5089 FÁBRICA DE DOCES BRASIL: 3313-8270 VIVARA: 3236-1523 GIRAFFAS: 3313-8054 HABIB’S: 3313-8285 LAZER JIN JIN: 3313-8210 MAGIC GAMES: 3215-1119 MC DONALD’S: 3236-5055 UCI/KINOPLEX: 3228-1818 MEGAMATTE: 3313-8264 MONTANA GRILL: 3234-7102 LIVROS/ CDS/ PAPELARIA PASTELOMANIA: 3241-4737 SARAIVA: 3241-2099 PIZZA E PASTA: 3313-8226 TUDO BOX (em breve) ROASTED POTATO: 3313-8352 ZIMBELARE PAPELARIA: 3313-8333 SALSA PARRILLA: 3313-8218 SPOLETO: 3313-8152 LOJAS DE DEPARTAMENTO SUBWAY: 3313-8045 C&A: 3313-0003 SUSHI BOX: 3217- 6504 CASA & VÍDEO: 3236-5332 VIVENDA DO CAMARÃO: 3241-4731 CASAS BAHIA: 3691-6775 LEADER: 3236-9237 ARTIGOS DE DECORAÇÃO LOJAS AMERICANAS: 3313-9044 GEORGIA GIFTS: 3313-8090 POLISHOP: 3236-2783 IMAGINARIUM: 3313-8103 PONTO FRIO: 3236-9246 RENNER: 3313-3200 ARTIGOS ELETRÔNICOS, TELEFONIA E INFORMÁTICA MODA JOVEM CASA DO TELEFONE: 3313-8010 BORA BORA: 3313-8313 CLARO: 3313-8115 DAY WIN: 3313-8148 DATA SERVICE: 3241-4754 FLYING: 3236-5213 MAGNATA CELULAR: 3313-8001 FREE: 3313-8005 MICROTOOLS LORNE: 3313-8259 OI: 3236-4832 MALAY BALAY: 3313-8255 VIVO: 3313-8251 VESTUÁRIO FEMININO ARTIGOS ESPORTIVOS AGAIN: 3313-8085 CENTAURO: 32324881 ANNE CASTRO: 3313-8064 VILLAGE STATION: 3313-8073 ARPEL: 3313-8140 BALANCÊ: 3313-8190 BRINQUEDOS CHECKLIST: 3236-1483 RI-HAPPY: 3232-8833 DAY AFTER GIRLS: 3231-8019 TOCA DO BRINQUEDO: 3313-8015 DRESS TO: 3313-8323 ENJOY: 3232-6000 CAFÉ, BOMBONIERE E DELICATESSEN ESPAÇO FASHION: 3313-8156 DELICIARE CHOCOLATES FOLIC: 3236-5215 DIVINO CAFÉ KEEPER: 3236-2525 GRENOBLE: 3313-8060 MERCATTO: 3691-6762 KOPENHAGEN: 3313-8185 MOL STORE: 3313-8208 NUTY BAVARIAN OH, BOY!: 3313-8355 ROSANA AMARAL: 3236-5120 CALÇADOS SACADA: 3313-8342 AREZZO: 3241-4724 SKUNK: 3241-2105 CARMEN STEFFENS: 3313-8066 TRICOMANIA: 3313-8136 CITY SHOES: 3213-7620 VESTIRE: 3313-8081 DATELLI: 3236-4837 XSITE: 3313-8326 DI SANTINNI: 3232-2355 ZIBELINA: 3217-1491 ITAPUÃ/ITSPORT: 3313-9076 MR CAT: 3232-3092 VESTUÁRIO MASCULINO PURA AUDÁCIA: 3313-8305/06 AD: 3232-1328 SERGIO’S: 3313-8097 ADDITION: 3236-4910 VIA UNO: 3236-5449 ARMADA: 3313-8085 WORLD TENNIS: 3313-8197 ARPEL HOMEM: 3313-8070 AVIATOR: 3313-8303 CAMA, MESA E BANHO KLUS: 3236-2534 CASTOR: 3241-1592 RICHARDS: 3241-1562 FRANKLIN HOME: 3236-8250 SCALDINI: 3241-1502 M MARTAN: 3313-8038 TOULON: 3313-8244 ORTOBOM: 3313-8271 UTOPIA: 3313-8086 MODA INFANTIL MERCADO INFANTIL: 3232-8334 PETIT BEBÊ (em breve) POP KIDS: 3236-4825 PUC: 3313-8242 TURMA DA MEL: 3313-8023 MODA ÍNTIMA HOPE: 3313-8028 PUKET: 3236-5049 MODA PRAIA RYGY: 3313-8182 VESTUÁRIO UNISSEX BANDOCK: 3313-8124 BRUNA: 3313-8237 CARICATURA: 3313-8030 COLCCI: 3313-8290 DAMYLLER: 3213-9843 DAMYLLER: 3213-9843 FÓRUM: 3313-8036 GENERAL COOK: 3313-8018 HAMMER: 3232-8293 HERING: 3313-8298 OPÇÃO: 3232-6576 OSKLEN: 3313-8130 PIER: 3313-8122 REGGAE NATION: 3313-8135 SANDPIPER: 3313-8109 TACO: 3313-8113 PERFUMARIA E COSMÉTICOS CONTÉM 1G: 3313-8225 EMPÓRIO DO BANHO: 3691-0074 ESSENCIALE: 3313-8214 O BOTICÁRIO: 3236-2829 VITADERM (em breve) SERVIÇOS AGÊNCIA DOS CORREIOS: 3214-9233 AUTO CAR E CHAVEIRO BOM PASTOR: 3213-4162 BANCA PIONEIRA: 3236-5184 CVC: 3313-4141 DROGARIA DIA E NOITE: 3313-8193 DRY.UP: 8857-6467 FLOR-S: 3236-5300 FOTO FERREIRA: 3313-8177 HAPPY KIDS: 3313-8312 INK SERVICES: 3217-7525 LOTERIA : 3236-8255 PHORMAR QUIOSQPET: 3233-3694 TRIP TOUR: 3236-8255 WERNER COIFFEUR: 3313-8233 ZÉ KODAK: 3313-8172 SERVIÇOS FINANCEIROS CAIXA- CAIXA ELETRÔNICO BANCO BRADESCO: (32) 3241-5466. BANCO DO BRASIL - CAIXA ELETRÔNICO CAIXA ELETRÔNICO 24 HORAS- CAIXA ELETRÔNICO SORVETERIA BOB’S: 3231- 6593 MC DONALD’S: 3236-5055 NESTLÉ EXCLUSIVE: 3313-8233 64 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 64 16/04/2009 10:47:52 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 65 16/04/2009 10:47:56 Crônica A VIAGEM Fernando Fábio Fiorese Furtado Amer savoir, celui qu’on tire du voyage! CHARLES BAUDELAIRE Os mesmos sem roteiro tristes périplos. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE advindas do confronto entre as minhas fabulações e a mesmice das reuAté a véspera, tinha a viagem como mera hipótese. Tantas vezes a protelaniões de trabalho. Do hotel para o escritório da matriz, do escritório para ram, tantas vezes foi alterado o meio de transporte – até que a secretária o hotel, quando muito intercalando um bar ou restaurante no itinerário de da firma me garantiu a compra das passagens de ônibus, a reserva do hotel e a agenda de compromissos. Contra o ordinário dos dias, a viagem. rostos iguais, conversas iguais, piadas iguais, gravatas iguais. E o corpo então, músculos e nervos armados para o acaso, para o inesperado, tem que Pensar assim me fez aceitar a função. Demorou pouco o arrependimento. Melhor diria, a decepção. O mesmo hotel, as mesmas pessoas, as mesmas se acomodar ao roteiro de um filme sem nós dramáticos, sem peripécias, sem clímax – e cujo desfecho se resume ao retorno deste protagonista à conversas, os mesmos bares para a happy hour. Até as gravatas do cidade de origem, sem que nada me tenha sido acrescentado, sequer um pessoal da matriz eram as mesmas. Ainda quando mudava um ou outro funcionário, a gravata permanecia, como um legado. olhar piedoso de Circe ou Beatriz. O freio abrupto que se impõe ao corpo não conduz ao descanso. Ao Melhor que a idéia de viajar tenha permanecido no limbo nas últimas secontrário, a insônia é o resultado da derrota manas, assim não alimentei expectativas. Tão que o real da viagem inflige aos investimentos habituado a essas breves incursões à capital da imaginação. Estirado na cama do hotel, para reuniões de trabalho e ainda criava os olhos a inquirir pequenas manchas no ficções em torno delas. Urgia as providências teto, resta-me o duplo suplício: olheiras mal de praxe. Fazer a mala, aguar a samambaia, interpretadas pelos colegas e um corpo sem agendar pagamentos de contas a vencer por lugar. Algumas vezes tentei me embebedar, aqueles dias, avisar os familiares, cancelar outras, andar a esmo pela cidade. Mas o alguns poucos compromissos. Para cada álcool teve pouco ou nenhum efeito, exceto verbo desenvolvi um método, ou melhor, uma ampliar as olheiras. E andar... bem, com os mecânica que o abreviasse. Fazer a mala, por músculos em frangalhos, andar não é uma exemplo, foi um aprendizado de muitos pertarefa fácil! Por isso, me conforta que a calços, até encontrar o modo mais adequado viagem tenha sido confirmada com apenas de conciliar as exigências profissionais, as um dia de antecedência. Assim, ludibriado variações do clima, os imperativos do corpo pelo acúmulo de afazeres no escritório e e as dimensões da bagagem. Antes disso, pelas providências de praxe, o imaginário não não poucas vezes me senti constrangido pelo foi acionado. Parece que, enfim, descobri a excesso ou em apuros pela escassez. mecânica capaz de silenciar as muitas vozes Apenas das fabulações não consigo me livrar. do verbo “fabular”. Mal a chefia agenda uma nova viagem e o Como sempre, acordo antes do despertador. imaginário começa a funcionar nos mais Ilustração: Bruno Junqueira O carro da firma me conduz até a rodoviária diversos sentidos. Desastres, quiprocós e, sendo o motorista pouco dado a conversas, não há perguntas acerca da cômicos, aventuras mirabolantes, acontecimentos sobrenaturais, histórias viagem. Todo o trajeto, iniciado com um “Bom dia” seco e encerrado num românticas, assassinatos violentos e misteriosos, conspirações políticas, arroubos eróticos – de tal forma proliferam as ficções que, protagonista “Até logo, chefia” quase alegre, se faz em silêncio, enquanto revejo a agende todas, me encontro extenuado às vésperas da viagem. E não há como da e algumas anotações. Agora tenho certeza, a máquina emperrou de vez. Ainda que o motorista indagasse sobre a viagem, saberia dizer apenas interromper essa máquina, nem diminuir o seu ritmo vertiginoso. Por vezes, creditei tal compulsão a uma qualquer patologia que precisava ser “Trabalho, meu caro, trabalho”. E o percurso entre a casa e o embarque foi tratada. Outras pensei poder transformá-las num livro de contos, mas de sempre o mais perigoso, pois o movimento da cidade despertando tinha minhas mãos a custo saem ofícios e relatórios. Tão privada e íntima, a voz um efeito devastador sobre a minha imaginação. que me assalta com as mais engenhosas narrativas, decerto recusaria a Enfim, uma viagem sem investimentos, um corpo descansado das ficções. Lá estava o ônibus, bagageiro aberto, motorista a postos. Entreguei o publicidade do papel. Pudesse escolher e pediria que não me informassem com antecedência bilhete, subi os degraus, localizei a poltrona 15, sempre a mesma, e me das viagens. Não apenas porque assim pouparia o corpo das investidas do acomodei. Os poucos passageiros daquele horário logo se apresentaram. imaginário, as quais incluem desde os medos mais infantis até as poluições O motorista fechou a porta e deu partida no ônibus. Apenas um acidente noturnas. Trata-se, principalmente, de evitar as frustrações poderia interrompê-lo, como aquela voz familiar que subia do motor. Fernando Fiorese é poeta e professor da Faculdade de Letras da UFJF 66 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 66 16/04/2009 10:47:58 17 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 67 16/04/2009 10:48:02 REVISTA_FINAL_GERAL.indd 68 16/04/2009 10:48:05