3ª ETAPA DO INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO

Transcrição

3ª ETAPA DO INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO
3ª ETAPA DO INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO
DO ACERVO CULTURAL DE PARAGUAÇU
Prefeitura Municipal
abril 2008 – exercício 2009
PREF. MUN. DE PARAGUAÇU
Rua Dr. João Pinheiro 220 I Centro
(35) 3267 – 1155 I CEP: 37120-000
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FOLHA DE ROSTO
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APRESENTAÇÃO
O presente trabalho refere-se à Terceira Etapa do Inventário de Proteção do Acervo Cultural de Paraguaçu
– MG. Nesta fase, o objeto de análise engloba as áreas adjacentes ao início do povoamento do núcleo urbano,
em começos do século XX – contando com importantes ruas como Aureliano Prado, Presidente Getúlio
Vargas e Prefeito Nestor Eustáquio, além da Avenida Dom Bosco, do trevo da BR 491 e de bairros na porção
sul do distrito sede. Foram selecionadas as edificações de maior referência urbana e histórica para a região,
levando em conta seu valor arquitetônico e sua direta relação com a identidade da população, assim como o
acervo urbanístico da área.
Essa é uma iniciativa que tem como objetivo a preservação do patrimônio histórico e cultural promovida
pela Prefeitura Municipal de Paraguaçu, através da Secretaria de Educação e Cultura, pelo Conselho
Municipal de Patrimônio Cultural e pelo grupo Memória Arquitetura. Cópias deste documento
encontram-se disponíveis na sede do Conselho Municipal e no IEPHA/MG (Instituto Estadual do
Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais).
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO_____________________________________________________________________________ 6
2. CRONOGRAMA ____________________________________________________________________________ 7
2.1. Cronograma de inventário __________________________________________________________________ 7
2.2. Representação das seções __________________________________________________________________ 11
3. CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO E METODOLOGIA ________________________________________ 12
3.1. Critérios de Identificação da Seção___________________________________________________________ 12
3.2. Metodologia______________________________________________________________________________ 13
4. PATRIMÔNIO PROTEGIDO _______________________________________________________________ 14
4.1. Bens Tombados ___________________________________________________________________________ 14
4.2. Bens Inventariados em 2008 ________________________________________________________________ 16
4.3. Bens Inventariados em 2007 ________________________________________________________________ 17
4.4. Bens Inventariados em 2006 ________________________________________________________________ 19
5. CARTOGRAFIA ___________________________________________________________________________ 24
6. FICHAS___________________________________________________________________________________ 25
6.1. Acervo Urbano ___________________________________________________________________________ 25
6.2. Acervo Arquivístico ______________________________________________________________________ 143
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________________________________________________________ 150
8. EQUIPE TÉCNICA ________________________________________________________________________ 152
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1. INTRODUÇÃO
A terceira etapa do Inventário de Proteção do Acervo Cultural de Paraguaçu tem como objetivo registrar
uma coletânea de estruturas de valor histórico-cultural localizadas na área urbana, tornando-se um
importante documento que compõe ações para preservação do patrimônio da cidade. Esse trabalho irá
abranger todas as áreas do distrito sede e da região rural; nessa presente etapa serão contempladas as
principais estruturas arquitetônicas e urbanísticas localizadas em parte do centro urbano e na área adjacente
a ele, ao sul da cidade. Foram selecionadas edificações de valor arquitetônico e histórico e que, a partir desse
trabalho, serão protegidas pela ferramenta do inventário.
A produção deste documento pode ser sintetizada da seguinte forma: inicialmente é apresentado o
cronograma atualizado das atividades, com a demarcação das ações já cumpridas e daquelas a executar; em
seguida, as seis seções são apresentadas, juntamente com os critérios de identificação, abordando ainda a
metodologia utilizada. Logo após, há uma listagem atualizada do patrimônio tombado e inventariado até o
presente momento e um mapa cartográfico da planta cadastral, onde são localizados todos esses bens e as
estruturas contempladas na terceira etapa.
Após o mapa, organiza-se a parte principal desse trabalho: as fichas de inventário do acervo urbano,
contendo informações legais dos bens, descrição do entorno, a descrição arquitetônica – que engloba sistema
construtivo, estilo, fachadas, cobertura, revestimentos, descrição interna, entre outros – os dados históricos,
análise do estado de conservação, medidas de proteção, além do registro fotográfico. Finalizando,
encontram-se as referências bibliográficas dos documentos utilizados no estudo e a ficha técnica dos
profissionais envolvidos no levantamento, elaboração e revisão do trabalho.
O Inventário do Acervo Cultural de Paraguaçu é um processo dinâmico e, ao longo dos anos, poderá
naturalmente sofrer alterações na metodologia, readequação do cronograma e definição de prioridades à
medida que se fizerem necessários. Sua eficiência legitima-se justamente quando consegue cumprir os
objetivos programados considerando e acompanhando a dinâmica da vida da cidade.
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2. CRONOGRAMA
2.1. Cronograma de inventário
Definição da equipe técnica
Levantamento de bases cartográficas
Levantamento arquivístico,
Bibliográficas e iconográfico
Reconhecimento do território
e pesquisa de campo
Definição de áreas a serem
inventariadas
Ficha de informações do município
Mapa do município com
localização das áreas
Elaboração do informe histórico
e aspectos naturais
SEÇÃO A – Distrito sede – núcleo de formação inicial
Praças Oswaldo Costa e João Eustáquio e Rua Ferreira Prado
Listagem dos bens a serem
inventariados
Planta cadastral com a localização
de bens a serem inventariados
Levantamento de campo e entrevistas
Ficha de informações do município
Fichas de Estruturas Arquitetônicas e
Urbanísticas
Fichas de Bens Móveis e Integrados
Fichas de Arquivos
Fichas de Patrimônio Imaterial
Fichas de Patrimônio Arqueológico
NÃO POSSUI
Fichas de Sítios Espeleológicos
NÃO POSSUI
Fichas de Sítios Naturais
de interesse cultural
NÃO POSSUI
Revisão das Fichas
Arquivamento
cronograma cumprido
cronograma a executar
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2º trimestre
2009
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2008
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2007
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2006
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
Setores/categorias
1º trimestre
2005
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SEÇÃO B – Distrito sede: área adjacente ao centro e bairros lindeiros a norte
Listagem dos bens a serem
inventariados
Planta cadastral com a localização
de bens a serem inventariados
Levantamento de campo e entrevistas
Ficha de informações do município
Fichas de Estruturas Arquitetônicas e
Urbanísticas
Fichas de Bens Móveis e Integrados
Fichas de Arquivos
Fichas de Patrimônio Imaterial
Fichas de Patrimônio Arqueológico
NÃO POSSUI
Fichas de Sítios Espeleológicos
NÃO POSSUI
Fichas de Sítios Naturais
de interesse cultural
NÃO POSSUI
Revisão das Fichas
Arquivamento
SEÇÃO C – Distrito sede: área adjacente ao centro e bairro lindeiros a sul
Listagem dos bens a serem
inventariados
Planta cadastral com a localização
de bens a serem inventariados
Levantamento de campo e entrevistas
Ficha de informações do município
Fichas de Estruturas Arquitetônicas e
Urbanísticas
Fichas de Bens Móveis e Integrados
Fichas de Arquivos
Fichas de Patrimônio Imaterial
Fichas de Patrimônio Arqueológico
NÃO POSSUI
Fichas de Sítios Espeleológicos
NÃO POSSUI
Fichas de Sítios Naturais
de interesse cultural
NÃO POSSUI
Revisão das Fichas
Arquivamento
cronograma cumprido
cronograma a executar
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2º trimestre
2009
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2008
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2007
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2006
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
Setores/categorias
1º trimestre
2005
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SEÇÃO D – Distrito de Guaipava
Listagem dos bens a serem
inventariados
Planta cadastral com a localização
de bens a serem inventariados
Levantamento de campo e entrevistas
Ficha de informações do município
Fichas de Estruturas Arquitetônicas e
Urbanísticas
Fichas de Bens Móveis e Integrados
Fichas de Arquivos
Fichas de Patrimônio Imaterial
Fichas de Patrimônio Arqueológico
Fichas de Sítios Espeleológicos
Fichas de Sítios Naturais
de interesse cultural
Revisão das Fichas
Arquivamento
SEÇÃO E – Bairros rurais: região sul
Listagem dos bens a serem
inventariados
Planta cadastral com a localização
de bens a serem inventariados
Levantamento de campo e entrevistas
Ficha de informações do município
Fichas de Estruturas Arquitetônicas e
Urbanísticas
Fichas de Bens Móveis e Integrados
Fichas de Arquivos
Fichas de Patrimônio Imaterial
Fichas de Patrimônio Arqueológico
Fichas de Sítios Espeleológicos
Fichas de Sítios Naturais
de interesse cultural
Revisão das Fichas
Arquivamento
cronograma cumprido
cronograma a executar
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2º trimestre
2013
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2012
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2011
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2010
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
Setores/categorias
1º trimestre
2009
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SEÇÃO F – Bairros rurais: região norte
Listagem dos bens a serem
inventariados
Planta cadastral com a localização
de bens a serem inventariados
Levantamento de campo e entrevistas
Ficha de informações do município
Fichas de Estruturas Arquitetônicas e
Urbanísticas
Fichas de Bens Móveis e Integrados
Fichas de Arquivos
Fichas de Patrimônio Imaterial
Fichas de Patrimônio Arqueológico
Fichas de Sítios Espeleológicos
Fichas de Sítios Naturais
de interesse cultural
Revisão das Fichas
Arquivamento
Finalização
Fichamento dos bens tombados não
inventariados anteriormente
Atualização de fichas elaboradas
há mais de 5 anos
Preenchimento de Ficha de
Inf. Gerais do Município(ficha síntese)
Elaboração das recomendações de
proteção das áreas e bens invent.
Divulgação e disponibilização do
inventário
cronograma cumprido
cronograma a executar
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2º trimestre
2013
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2012
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2011
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
2010
1º trimestre
4º trimestre
3º trimestre
2º trimestre
Setores/categorias
1º trimestre
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2.2. Representação das seções
De acordo com a revisão das áreas a serem inventariadas, aprovada e apresentada no Inventário do ano de
2006, Exercício 2007, o município foi dividido em seis seções representadas através das ilustrações a seguir:
Seção A – Distrito sede: núcleo de formação inicial; Seção B – Distrito sede: área adjacente ao centro e bairros
lindeiros a norte; Seção C – Distrito sede: área adjacente ao centro e bairros lindeiros a sul; Seção D – Distrito
de Guaipava; Seção E – Bairros rurais: região sul e Seção F - Bairros rurais: região norte.
MAPAS DAS SEÇÕES
Sem escala
Base cartográfica: Prefeitura Municipal de Paraguaçu, 2005.
Adaptação: Memoria Arquitetura Ltda, abril 2005.
Distrito sede
Sem escala
LEGENDA:
Seção A
Seção B
Seção C
Seção D
Seção E
Seção F
Município de Paraguaçu
Sem escala
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3. CRITÉRIOS DE IDENTIFICAÇÃO E METODOLOGIA
3.1. Critérios de Identificação da Seção
As seções em que se divide o município foram definidas de acordo com as áreas de relevâncias no Plano de
Inventário de Paraguaçu, realizado em 2005. No Inventário apresentado ano de 2006, ocorreu uma ratificação
com relação à área de abrangência e ao número de seções, que passou de cinco para seis. São elas: Seção A –
Distrito sede: núcleo de formação inicial; Seção B – distrito sede: área adjacente ao centro e parte do bairro
Jardim Olímpia, além dos bairros Vila Santo Antonio, Jd. Bela Vista, Col. de São Marcos, Novo Horizonte,
Nova Paraguaçu e Vila Operária; Seção C – distrito sede: área adjacente ao centro e parte do bairro Jardim
Olímpia, além dos bairros Pq. São Lucas, Vila São Mateus, Jardim dos Pinheiros, Loteamento Vila Samanta e
Distrito Industrial; Seção D – distrito de Guaipava. Finalizando temos a área rural do município, com a Seção
E – bairros rurais da região Sul, e a Seção F – bairros rurais da parte norte. Os critérios de identificação
utilizados na definição das áreas a serem inventariadas dizem a respeito de fatores históricos e de ocupação
do município.
Nessa terceira etapa do IPAC de Paraguaçu, referente à Seção C, foram abordados alguns imóveis
significativos, entre eles, o Avião monumento, símbolo da cidade eleito em 1998, localizado no trevo de
chegada a Paraguaçu. Próximo ao trevo, na margem oposta da rodovia, está o Centro Educacional Sagrado
Coração – mais conhecido como Juvenato – inaugurado em fevereiro de 1956 e que se tornou um marco para
o sistema educacional não somente de Paraguaçu, mas de toda região. Ainda na Seção C, estão as Capelas
tombadas municipalmente do Leva-Tapas (datada da segunda metade do século XX) e do Cemitério (1923), a
Escola Estadual Padre Piccinini (1952), a Fundação Educacional Dr. Esdras Olinto do Prado – FEDEOP (1946),
o Grupo Escolar Pedro Leite (1921), além da Praça Pedro Leite, o Mercado Municipal e a Antiga Caixa
D’Água (1926), também tombada.
Os bens inventariados, apesar de também serem encontrados isoladamente, concentram-se na avenida Dom
Bosco, e nas ruas Presidente Getúlio Vargas e Aureliano Prado. A Avenida Dom Bosco, que limitava o centro
de Paraguaçu desde o início do século XX até a década de 1970, tem importante papel urbano, ao cortar a
cidade no sentido nordeste-sudoeste, fazendo a ligação dos bairros Novo Horizonte, Jardim Olímpia e Vila
São Mateus ao Jardim dos Pinheiros e Vila Santo Antônio.
O acervo identificado se caracteriza pela diversidade tipológica abarcando influências ecléticas, neocoloniais,
modernistas e contemporâneas. Em sua maioria, residenciais térreas e institucionais de grande porte, com
dois ou mais pavimentos, em bom estado de conservação. As fachadas, ornadas com elementos específicos de
cada estilo, além de esquadrias em madeira e vedação em vidro com folhas de abrir, encontram-se mais
preservadas, diferentemente da parte interna, onde ocorreram intervenções mais significativas.
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Quanto às fontes arquivísticas, foram inventariados o 1º Cartório de Registro de Imóveis, o 1º Ofício de Notas
e Protestos, o 3º Ofício de Notas de Registro Civil das Pessoas Naturais e o 2º Ofício de Notas de Paraguaçu.
Acervo este cujos documentos foram iniciados, primordialmente, com a fundação do Termo Judiciário de
Paraguaçu, subordinado até então à Comarca de Machado, em 1918, embora também seja possível encontrar
documentos dos tempos em que o povoado ainda era conhecido pelo topônimo Carmo da Escaramuça, por
volta da década de 1880. São livros de escrituras, registros de nascimento e óbito, casamento civil,
procurações, títulos e documentos.
3.2. Metodologia
A metodologia utilizada nesse Inventário seguiu as orientações indicadas pelo IEPHA/MG. Como os limites
da seção C, que será abordada nessa etapa, já foram definidos, no ano de 2005 e ratificados em 2006,
juntamente com a pré-listagem de bens inventariados, partiu-se imediatamente para o reconhecimento, em
campo, da área urbana e identificação dos bens imóveis estruturas urbanísticas. Foram realizadas entrevistas
com proprietários e responsáveis pelos imóveis além de visitas às edificações para coleta de dados
necessários ao preenchimento das fichas de inventário. Todas as edificações, estruturas urbanísticas e
arquivos foram registrados através de documentação fotográfica. Os pesquisadores receberam importante
apoio do Conselho do Patrimônio Cultural de Paraguaçu, fornecendo informações e documentos.
A etapa seguinte realizou a sistematização das informações levantadas em campo, juntamente com as
pesquisas bibliográficas, o que resultou no presente trabalho. Com a conclusão e revisão deste material, ele
foi impresso em duas vias para entrega ao IEPHA/MG e disponibilizado para consulta pública junto ao
Conselho de Patrimônio Cultural de Paraguaçu.
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4. PATRIMÔNIO PROTEGIDO
4.1. Bens Tombados
denominação
categoria
ano do tombamento
bem imóvel
2002
bem imóvel
2003
bem imóvel
2004
bem imóvel
2004
bem móvel
2006
bem imóvel
2006
Capela do Leva-Tapas
Av. Antônio Labeca, esq. com
Rua José Ronaldo Leite
Fazenda Ribeirão
Zona Rural – Bairro Ribeirão
Teatro Municipal
Donato Leite Andrade
Praça Oswaldo Costa nº 203
Residência
Rua Ferreira Prado nº 72
Oratório do Museu Alferes
Belisário
Edificação sede da Antiga
Prefeitura Municipal
Rua Ferreira Prado nº 138
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Fotografia
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denominação
categoria
ano do tombamento
bem imóvel
2007
Capela do Cemitério
bem imóvel
2007
Antiga Caixa d’Água
bem imóvel
2008
bem imóvel
2008
Residência
Rua José Camilo da Costa nº 62
Associação Daud Gantus
Nasser
Praça Oswaldo Costa
conjunto
2008
paisagístico
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Fotografia
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4.2. Bens Inventariados em 2008
SEÇÃO C
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
Av. Dom Bosco n°342
Av. Dom Bosco n°497
Escola Estadual Padre Piccinini - Av. Dom Bosco n°620
Antiga Caixa D' Água - Av. Dom Bosco s/n
Rua Aureliano Prado n°382
Rua Aureliano Prado n° 414/418
Rua Aureliano Prado n° 424
Rua Presidente Getúlio Vargas n° 126
Rua Presidente Getúlio Vargas n° 293
Rua Presidente Getúlio Vargas n° 316
Capela do Cemitério - Rua Presidente Getúlio Vargas s/n
Rua Professor Marcos Maciel Dias n°223
Rua Padre Silvain Tardif n°200
Rua Padre Piccinini n°223
Rua José Camilo da Costa n°20
Rua José Camilo da Costa n°62
Grupo Escolar Pedro Leite - Pça Pedro Leite n° 52
Mercado Municipal - Pça Pedro Leite s/n
Liga Operária – Rua Prefeito Nestor Eustáquio nº 217
Capela Leva Tapas – Av. Antônio Labeca s/n
Avião – BR 491
ESTRUTURAS URBANÍSTICAS
01
Praça Pedro Leite
FONTES ARQUIVÍSTICAS
01
02
03
1º Cartório de Registro de Imóveis de Paraguaçu
1º Ofício de Notas e Protestos de Paraguaçu.
3º Ofício de Notas de Registro Civil das Pessoas Naturais
de Paraguaçu; Cartório 2º Ofício de Notas de Paraguaçu.
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4.3. Bens Inventariados em 2007
SEÇÃO B
4.3.1. Estruturas Arquitetônicas
denominação
endereço
ano do
inventário
01
Capela
Rua 13 de Maio n°133
2007
02
Capela
Rua 13 de Maio n°195
2007
03
Depósito
Rua Barão do Rio Branco n°39
2007
04
Residência
Rua Barão do Rio Branco n°99
2007
05
Residência
Rua Barão do Rio Branco n° 107
2007
06
Depósito
Rua Barão do Rio Branco n°147
2007
07
Imobiliária
Rua Aureliano Prado nº281
2007
08
Depósito
Rua Aureliano Prado nº405
2007
09
Residência
Rua Aureliano Prado nº505
2007
10
Ideal Clube
Avenida Gonçalves Leite nº86
2007
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fotografia
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denominação
endereço
ano do
inventário
11
Imóvel Vazio
Rua Tiradentes nº90
2007
12
Casa Paroquial
Rua Paula Dias nº29
2007
13
Residência
Rua Dr. João Pinheiro nº09
2007
14
Residência
Rua Dr. João Pinheiro nº14
2007
15
Residência
Rua Dr. João Pinheiro nº111
2007
16
Residência
Rua Dr. João Pinheiro nº145
2007
17
Residência
Rua Dr. João Pinheiro nº164
2007
18
Câmara Municipal
Rua José Bueno nº20
2007
fotografia
4.3.2. Estruturas Urbanísticas
denominação
01
Biquinha
endereço
ano do
inventário
Rua Ferraz Leite
2007
Página 18 de 152
fotografia
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4.4. Bens Inventariados em 2006
SEÇÃO A
4.4.1. Estruturas Arquitetônicas
denominação
01
02
03
Igreja Matriz Nossa
Senhora do Carmo
endereço
ano do
inventário
Praça Oswaldo Costa, s/nº
2006
Igreja Nossa Senhora da
Praça João Eustáquio
Aparecida
da Costa s/nº
Residência e Posto de
Abastecimento
2006
Rua Doutor João Pinheiro, 06
2006
Rua Ferreira Prado, 01-07
2006
Sul Mineira materiais de
04
construção, Escritório de
advocacia e Residência.
05
Residência e Bar José Vitor
Rua Ferreira Prado, 25
2006
06
Residência
Rua Ferreira Prado, 45
2006
07
Imóvel vazio
Rua Ferreira Prado, 55
2006
08
Residência
Rua Ferreira Prado, 72
2006
09
Imóvel vazio
Rua Ferreira Prado, 81
2006
10
Residência
Rua Ferreira Prado 87
2006
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fotografia
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Rua Dr. João Pinheiro 220 I Centro
(35) 3267 – 1155 I CEP: 37120-000
3ª ETAPA DO INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL DE PARAGUAÇU 2008
denominação
11
Antiga Prefeitura
Municipal
endereço
ano do
inventário
Rua Ferreira Prado, 138
2006
12
Residência
Rua Ferreira Prado, 141
2006
13
Residência
Rua Ferreira Prado, 212
2006
14
Garagem
15
Residência
Rua Ferreira Prado, 230
2006
16
Imóvel vazio
Rua Ferreira Prado, 257
2006
Rua Ferreira Prado, 262
2006
17
Residência e Eunice L.R.
Faria – Cirurgiã Dentista
Rua Ferreira Prado, nº 219/ s/n
/245
2006
18
Imóvel vazio
Rua Ferreira Prado, 282
2006
19
Residência
Rua Ferreira Prado 365/365A
2006
20
Residência
Rua Ferreira Prado, 413
2006
21
Depósito
Rua Ferreira Prado 426
2006
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denominação
22
23
24
25
Residência
Depósito e escritório
particular
Museu Alferes Belisário
endereço
Praça João Eustáquio da Costa,
137
Praça João Eustáquio, 139
Praça João Eustáquio da Costa,
173
Fundação Daud Gantus
Praça João Eustáquio da Costa,
Nasser
201
ano do
inventário
2006
2006
2006
2006
Resid., Agência Campos,
26
Nova Era, Ótica Visual e
Rua Paula Dias, 05
2006
Caramelada Sorvetes
27
28
29
30
31
32
Residência e Toque
Rua Prefeito Nestor Eustáquio,
Especial Presentes
13/23
Courama Modas e COML
Juruninha
Residência e Terra Blue
3 Bits Informática e
Açougue da Praça
Residência, Bazar Etc e tal,
Farmácia Central
Residência
2006
Praça Oswaldo Costa, 42
2006
Praça Oswaldo Costa, 58/62
2006
Praça Oswaldo Costa, 74
2006
Praça Oswaldo Costa, 120 / 126
2006
Praça Oswaldo Costa, 144
2006
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33
34
35
36
denominação
endereço
ano do
inventário
Imóvel vazio
Praça Oswaldo Costa, 151
2006
Praça Oswaldo Costa, 166
2006
Praça Oswaldo Costa, 192
2006
Praça Oswaldo Costa, 203
2006
Residência e Escritório de
Arquitetura
Residência
Teatro Municipal Donato
Leite Andrade
37
Hotel Paraguaçu
Praça Oswaldo Costa, 211-217
2006
38
Residência
Praça Oswaldo Costa, 272
2006
39
Residência
Praça Oswaldo Costa, 314
2006
denominação
endereço
ano do
inventário
Praça Oswaldo Costa
Praça Oswaldo Costa
2006
Praça João Eustáquio da Costa
2006
fotografia
4.4.2. Estruturas Urbanísticas
01
02
Praça João Eustáquio
da Costa
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4.4.3. Acervo Arquivístico
01
02
03
04
05
denominação
endereço
Arquivo Eclesiástico da
Praça Oswaldo Costa s/nº -
Paróq. de N. S. do Carmo
Centro
Arquivo do Jornal
Praça João Eustáquio da Costa,
“O Paraguassu”
173 – Centro
Arquivo da Prefeitura
Municipal
Rua Ferreira Prado, 138– Centro
Arquivo do Jornal
Praça João Eustáquio da Costa,
“A Voz da Cidade”
173 – Centro
Arquivo do Museu Alferes
Praça João Eustáquio da Costa,
Belisário
173 – Centro
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ano do
inventário
2006
2006
2006
2006
2006
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5. Cartografia
Mapa de localização dos Bens Inventariados
Escala: 1 / 5.000
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6. FICHAS
6.1. Acervo Urbano
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 01/21
FEDEOP
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
2. Distrito:
Detalhe do frontão da fachada principal
Sede
3. Designação:
Fund. Educacional Dr. Esdras Olinto do Prado (FEDEOP)
4. Endereço:
Av. Dom Bosco, 342
5. Propriedade:
Particular – Fund. Educ. Dr. Esdras Olyntho do Prado
6. Responsável:
Av. Dom Bosco
Adelaide Rodrigues Prado
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Institucional – ensino (atualmente desocupado)
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
A Fundação Educacional Dr. Esdras Olyntho do Prado, conhecida entre os moradores de Paraguaçu como
FEDEOP, está localizada na Avenida Dom Bosco, 342, em uma região de alta topografia desta urbe. A larga
avenida passou a receber edificações já na década de 1940, mas somente nas décadas posteriores é que estas
se tornaram mais freqüentes e a transformaram no importante logradouro do município que é hoje.
O histórico do bem nos remete aos idos de 1941, quando então por iniciativa das Irmãs da Divina
Providência, começou a ser elevado um educandário que se prestasse ao ensino das mulheres
paraguaçuenses. Para o financiamento da obra a entidade religiosa pôde contar com o apoio de uma ilustre
figura, o político Oswaldo Costa – paraguaçuense nato que chegou a desempenhar alguns mandatos na
câmara federal como deputado –, que por diversas vezes auxiliou na execução de benfeitorias na cidade,
seja através da concessão de recursos, seja através do esforço para amealhá-los. Ao que podemos constatar
através da matéria veiculada no jornal A Voz, em sua edição de 30 de agosto de 1995, o Sr. Oswaldo Costa
foi um dos principais colaboradores, sendo referido no artigo como o “alicerce financeiro”1 sobre o qual
estava apoiada a obra.
Os trabalhos de construção perduraram até o ano de 1946 quando foi então inaugurado. Neste primeiro
momento buscou atender os objetivos que levaram à idealização do instituto e, sendo assim, prontamente
passou a oferecer os cursos primário e normal às moças da cidade. A prefeitura, ao que consta nos registros
imobiliários, contribuiu para a obra cedendo o terreno às Irmãs da Divina Providência conforme doação
registrada em 15 de dezembro de 1955. E é importante ressaltar que o registro da doação especifica que as
adquirentes deveriam ter como meta fornecer educação para mulheres. Não se sabe qual foi o artífice ao
qual foi designado o projeto da obra, contudo, o educandário sempre foi marcado por seus belos traços,
dignos de nota em todos os relatos a seu respeito.
Este período compreendido entre o início da década de 1940 e final da década de 1950 é um de verdadeira
efervescência no cenário mundial. A Segunda Guerra Mundial, que assolou a Europa durante os anos de
1939 a 1945, contou com alguns soldados paraguaçuenses que foram convocados a integrar as forças
brasileiras enviadas aos locais de combate. Também dentro dos limites da cidade observamos
transformações. Grandes obras foram realizadas na cidade mudando seu aspecto, buscando modernizá-lo.
Apenas para listar algumas poderíamos citar a inauguração do aeroporto (1942), fundação do Cine Íris
(1947) e inauguração da Cia Telefônica de Paraguaçu (1955).
A trajetória da instituição de ensino é imprecisa em algumas partes. Ao que nos chega, esta manteve seu
funcionamento normal – em regime de internato para garotas de outros municípios e externato para as
paraguaçuenses – até que na década de 1970 a Prefeitura Municipal assumiu o controle do colégio. Essa
ação do poder público se deve sobretudo à necessidade deste de encontrar um lugar que pudesse albergar a
Escola Técnica de Comércio de Paraguaçu criada em 1959 e instalada desde 1960 no Grupo Escolar Pedro
Leite. Antes de se abrigar no Colégio São José, a Escola Técnica passou também pela Escola Luiz Melo
Viana. Nos meados de 1970 passou a ser Colégio Paraguaçu e os cursos de 1º e 2º graus eram mantidos pela
Fundação Educacional Dr. Esdras Olyntho do Prado. Deste ponto em diante passou a ser conhecido como
FEDEOP e mantém seu funcionamento ininterrupto aos dias atuais, sempre se adaptando aos novos rumos
da educação. A última modificação aplicada ao modelo de ensino foi a implementação de um curso técnico
de processamento de dados em 1995, mas este não funciona mais no estabelecimento.
No que diz respeito às alterações de propriedade do bem, estas acompanham as transformações históricas
da gestão deste. Se em 1955 o terreno foi doado às Irmãs, em período posterior este foi reintegrado às posses
da Prefeitura Municipal, provavelmente durante o ano de 1970 quando a Escola Técnica ali foi instalada,
mas não nos chegam registros que apontem de maneira precisa a transação. O que pode ser dito a partir dos
registros imobiliários é que em 14 de março de 1979 a Prefeitura novamente doa o terreno, desta vez à
Fundação Educacional Dr. Esdras Olyntho do Prado, e a partir desta data o mesmo proprietário se sustém.
O edifício passou por duas intervenções desde sua fundação. A primeira se deu no final da década de 1970.
1
Autor Desconhecido. Reforma da FEDEOP. A Voz, 30/08/1995, P. 11.
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Em artigo do jornal A Voz a respeito da comissão que se responsabilizou por esse labor podemos ver que,
“Confirmando nossa expectativa, obtivemos esta semana a relação dos nomes que
comporão a laboriosa comissão que se encarregará da reforma do prédio da Fundação
Educacional Dr. Esdras Olintho do Prado, e a divulgamos aos senhores leitores.
Liderando a equipe, o nome escolhido para a Presidência da comissão pró-reforma da
FEDEOP, foi o do Sr. Dário Borim; Vice-Presidente, o Ex-Prefeito Municipal, João
Eustáquio Andrade; 1º Secretário, Francisco Fernandes Barata, atual Presidente da
FEDEOP; 1º Tesoureiro, José Ronaldo Leite; 2º Secretário, Elvio Fonseca Rodrigues; 2º
Tesoureiro, José Hermano do Prado.
Anteontem, foi realizada na Prefeitura Municipal uma reunião com os representantes da
Ricci Construtora e Incorporadora Ltda, que se incumbirá de fazer o levantamento
orçamentário da obra, dependendo da resposta fornecida pela firma, da execução do
projeto.”2
Ao que nos chega, essa reforma, com o acréscimo de novas salas na parte posterior do edifício, pintura e
manutenção do telhado, não tardou a ser executada e antes do final de 1980 já estava a obra entregue à
população local. A segunda intervenção, onde também foram construídas novas salas, além de medidas de
conservação da pintura, telhado e madeiramento, ocorreu passados quatorze anos desta primeira e nos é
relatada da seguinte maneira:
“A reforma do prédio da FEDEOP – Fundação Dr. Esdras Olyntho do Prado – iniciada
em meados de 1994 e concluída em abril deste ano de 1995, foi um dos acontecimentos
mais importantes destes últimos anos, realizado pela nossa comunidade. Quer pela
envergadura da obra de engenharia, quer pela mobilização popular que ela significou, e
também pelo resgate de um dos mais expressivos monumentos arquitetônicos de nossa
cidade, foi um empreendimento maiúsculo.”3
Conforme é possível captar, não nos chegam indícios de quais seriam os membros responsáveis por essa
segunda intervenção no bem, nem qual engenheiro ou arquiteto assinou este projeto. Contudo é veemente a
referência ao quão significante é o edifício no ambiente da urbe.
Deste ponto, podemos inferir que a beleza e imponência de seus traços – que sempre marcaram a paisagem
da antiga Avenida Belo Horizonte, sendo grande referência para os moradores – é um fator inicial para o
reconhecimento deste como um dos imóveis de grande valor ao patrimônio municipal. Contudo, outros
podem ser elencados. Sempre considerado como grande centro de ensino, podemos ler em diversas
matérias dos jornais locais referências tais como:
“Tudo isto sem falar do seu [Colégio Paraguaçu] conteúdo cultural, em se tratando de
um educandário de primeiro nível, por onde passaram várias gerações de nossa sociedade, e
de outras cidades da região, quando dirigidas pelas Irmãs da Providência.”4
Era comum pessoas de outras cidades acorrerem ali para receber instrução de qualidade, constituindo-se a
instituição como um verdadeiro ponto de trocas e interação da região através do convívio dos alunos de
distintos municípios. Por fim, o apego emocional dos estudantes ao liceu que freqüentaram, transforma este
num bem excepcional aos olhos dos moradores de Paraguaçu.
Autor Desconhecido. FEDEOP – Dário preside reforma. A Voz, 16/04/1978, P. 1.
Autor Desconhecido. Reforma da FEDEOP. A Voz, 30/08/1995, P. 11.
4 Autor Desconhecido. Reforma da FEDEOP. A Voz, 30/08/1995, P. 11.
2
3
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12. Análise de entorno:
O imóvel está localizado em parte da quadra formada pela Rua Machado, Avenida Dom Bosco e Rua
Governador Valadares, ocupando toda a testada da Avenida, seu acesso prioritário. Em ambos os
cruzamentos, rotatórias foram implantados para promover a fluidez do trânsito, além da presença de faixa
de pedestres, o que facilita a travessia, principalmente dos alunos da fundação. A Avenida Dom Bosco, que
limitava o centro de Paraguaçu desde o início do século XX até a década de 1970, tem importante papel
urbano, ao cortar a cidade no sentido nordeste-sudoeste, fazendo a ligação dos bairros Novo Horizonte,
Jardim Olímpia e Vila São Mateus ao Jardim dos Pinheiros e Vila Santo Antônio. Nela estão algumas
construções como a antiga Caixa D’água e a Escola Estadual Padre Piccinini. É uma via larga em aclive,
pavimentada com bloquete em toda sua extensão, de largura para quatro carros em cada mão dividida por
um canteiro central bastante arborizado, com árvores de médio porte. Nesse canteiro central, em frente à
entrada principal da escola, está uma imagem da Virgem Imaculada.
A Avenida possui estacionamento paralelo permitido em apenas uns dos lados, embora durante o horário
de entrada e saída de alunos, os motoristas utilizem o outro lado como estacionamento. O tráfego é bastante
intenso, inclusive de caminhões e ônibus. A Rua Machado é uma via de menor intensidade que a Avenida
Dom Bosco. De mão dupla, com pista para quatro carros, é pavimentada em bloquete, com estacionamento
paralelo nos dois lados. As edificações são na maioria térreas, com algumas de até dois pavimentos, com a
predominância do uso residencial. Grande parte está alinhada ao passeio e apresenta afastamentos laterais,
abrigando os acessos. A região é provida de infra-estrutura urbana básica; iluminação pública com os postes
situados na calçada e arborização de médio porte, sendo mais presente nos quintais das casas e na praça
supracitada. Os passeios não são muito amplos, de aproximadamente 120 cm.
13. Descrição:
A FEDEOP está implantada em lote plano, largo e bastante
amplo, no mesmo nível da Avenida Dom Bosco. Devido a essa
grande área de terreno, a edificação possui extensos
afastamentos laterais e posterior. O afastamento frontal é o
menor em dimensões e o único que não apresenta algum tipo
de ocupação, sendo composto por jardim de palmeiras de 10 m
de altura. No afastamento lateral direito, junto ao edifício,
encontra-se a Biblioteca Municipal de Paraguaçu, construção
de dois pavimentos e tipologia diferenciada do edifício da
fundação. A biblioteca tem acesso independente do prédio
principal.
Localizados na lateral esquerda, estão duas construções
térreas, com características distintas do prédio principal, uma
delas utilizadas como cantina e a outra composta por salas de
aulas. A parte posterior do lote é ocupada com jardins e
arvores de médio porte. Nessa porção está a área de lazer da
escola, com um grande pátio com piso em ardósia branca e
duas quadras poliesportivas. O terreno é fechado por muros e
grades na parte frontal e por muro nas laterais e ao fundo. O
imóvel possui dois acessos predominantes, ambos frontais, o
principal ao centro da fachada e o outro no afastamento lateral
esquerdo, bastante utilizado durante início e término das
aulas. Construído em estrutura de concreto e vedação de
tijolos, o edifício de volumetria de dois pavimentos apresenta
características do estilo neoclássico e partido largo, com
formas de composição horizontal. Devido a essa tendência, a
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Biblioteca no afastamento lateral direito
Jardins no afastamento posterior
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
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fachada principal é bastante alongada, com dimensões bem maiores às fachadas laterais.
A quantidade de vãos merece destaque no frontispício principal. São 58 janelas e uma porta central,
totalizando 59 aberturas, formando uma composição tipicamente neoclássica, com um corpo central
destacado, com 11 vãos – dez janelas e a única porta – e duas abas laterais simétricas com as janelas
agrupadas em três módulos de oito. Outro elemento relevante é o frontão centralizado na face frontal.
Apresenta formato curvilíneo e acabamento em telhas de cerâmica curva, além da inscrição em alto relevo
de uma cruz, semelhante à cruz de Malta. Acima da porta de entrada principal, há uma pequena marquise
em concreto, estruturada por duas mãos-francesas e com cobertura de telhas curvas. Já as fachadas laterais
têm menor comprimento e são cegas, ou seja, sem aberturas.
Os vãos que compõem as fachadas da Fundação têm vergas retas e enquadramentos em argamassa. As
janelas são do tipo basculante com esquadrias metálicas e vedação em vidro. A porta principal é composta
por duas folhas e revestimento de madeira e vidro. O edifício é revestido com pintura látex e acabamento
texturizado, com vários detalhes em moldura formando formas retas e curvas acima das janelas e no
peitoril delas. Em toda a extensão as calhas estão aparentes, partindo do beiral, descendo em toda a fachada
e chegando ao solo. A edificação apresenta telhado de seis águas devido à planta de partido em “T”, com
cumeeira paralela à rua. Uma pequena parte do edifício principal, próxima ao pátio, tem volumetria térrea e
uma cobertura independente de três águas. A vedação é feita em cerâmica curva e acabamento de guardapó em cerâmica, acompanhando o beiral e cobrindo o ripamento do telhado, exceto em parte da fachada
frontal que recebe o coroamento do frontão mencionado anteriormente. As duas construções localizadas no
afastamento lateral esquerdo possuem cobertura de duas águas e revestimento de cerâmica plana.
14. Intervenções:
Desde sua inauguração em 1946, o bem vem sofrendo intervenções de conservação e ampliação de suas
dependências. A primeira, no final da década de 1970, com acréscimo de novas salas na parte posterior do
edifício, pintura e manutenção do telhado, tendo sido finalizada em meados de 1980. A segunda
intervenção, onde também foram construídas novas salas, além de medidas de conservação da pintura,
telhado e madeiramento, ocorreu passados quatorze anos desta primeira e concluída em 1995.
15. Estado de conservação:
Bom.
16. Análise do estado de conservação:
Os problemas presentes na edificação resumem-se a manchas de umidade nas fachadas e nos muros de
fechamento do terreno, presença de pichações nos muros, pintura desgastada devido a intempéries e alguns
vidros quebrados.
17. Fatores de degradação:
O imóvel tem sido degradado por fatores como intempéries, ausência de manutenção constante e mau uso,
tráfego intenso da Avenida Dom Bosco gerando vibração na construção, poluição visual devido ao excesso
de placas, faixas e pichações e fiação elétrica prejudicando a visada.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Reparação das fachadas danificadas por meio de aplicação de nova camada pictórica;
ƒ Devem-se inspecionar constantemente as telhas, a fim de evitar goteiras, infiltrações e entupimento de
calhas, principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Substituição de vidro quebrado;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com presença de mofo e umidade;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
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ƒ Instalar sistema de combate e prevenção contra incêndios e furto e mantê-los sempre em perfeito
funcionamento;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Escola de Comércio. Paraguassu, 17/01/1960, P. 1.
Autor Desconhecido. Escola Técnica Municipal. Paraguassu, 14/02/1960, P. 3.
Autor Desconhecido. Escola Técnica de Comércio. Paraguassu, 21/02/1960, P. 1.
Autor Desconhecido. Escola Técnica de Comércio. Paraguassu, 31/03/1960, P. 4.
Autor Desconhecido. Fundação Educacional – O que é? Como está? Seus objetivos?. A Voz, 13/01/1974, P. 1.
Autor Desconhecido. FEDEOP – Dário preside reforma. A Voz, 16/04/1978, P. 1.
Autor Desconhecido. Segundo Grau. A Voz, 09/02/1985, P. 1.
Autor Desconhecido. Autorizado o funcionamento do 1º Grau na FEDEOP. A Voz, 16/01/1988, P. 1.
Autor Desconhecido. Reforma da FEDEOP. A Voz, 30/08/1995, P. 11.
Autor Desconhecido. Curso técnico de processamento de dados. A Voz, 30/09/1995, P. 1.
Autor Desconhecido. FEDEOP prestou justas homenagens. A Voz, 17/07/1999, P. 5.
Autor Desconhecido. Alunos paraguaçuenses brilham na Olimpíada Brasileira de Física. A Voz, 15/04/2000,
P. 9.
Autor Desconhecido. Colégio Paraguaçu – A realidade. A Voz, 27/10/2000, P. 1.
Autor Desconhecido. Nova diretoria. A Voz, 24/11/2001, P. 1.
Livro de Registros imobiliários. Mat. 1489 L 2D. 14/03/1979.
Livro de Registros imobiliários. Mat. 5698 L 3H Fl. 14. 15/12/1955.
MARQUES, Cirene. Colégio Comercial. O Cidadão, 28/09/2000, P. 4.
_______, Cirene. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
MORAIS, Rafles. Mudanças na FEDEOP. O Cidadão, 10/11/2001, P. 5.
PRADO, Guilherme. Retrospectiva do século – quarta parte. A Voz, 07/04/2001, P. 7.
_______, Guilherme. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
PRADO, Oscar. Escola de Comércio. A Voz, 04/02/1968, P. 1
20. Informações complementares:
Não foi possível ter acesso ao interior do edifício principal, pois o imóvel encontra-se fechado, e seus
responsáveis não foram encontrados no período de levantamento de campo da equipe técnica.
21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 02/21
Residência da Av. Dom Bosco, 497
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Fachada principal
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Residência
4. Endereço:
Av. Dom Bosco, 497
5. Propriedade:
Particular – José Estevam Caixeta
6. Responsável:
Av. Dom Bosco
FOTOS: Carlos E. Gomes, maio/2007
José Estevam Caixeta
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Residência
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
O imóvel situado à altura do número 497 da Avenida Dom Bosco se insere em um movimento de
urbanização de Paraguaçu posterior à emancipação ocorrida em 1911. Até a década de 1940, a maior parte
das construções que eram executadas na cidade tomavam lugar nos arredores da praça da matriz, em região
topograficamente inferior à Avenida Dom Bosco. Contudo, com o início dos anos 40 a expansão urbana
atingiu esta parte alta da cidade e começaram a ser observadas algumas construções. São essas as linhas
gerais que nos guiam nas veredas do histórico do bem presentemente inventariado.
Os atuais proprietários da residência não mantiveram registros que fornecessem maiores detalhes a respeito
de quando foi confeccionado este patrimônio. Os registros imobiliários por sua vez, não tornam a
empreitada mais fácil, se objetiva-se suprir essa lacuna. O que sabemos ao certo é que o primeiro registro
imobiliário que se refere ao terreno é datado de 05 de agosto de 1933 e trata-se de uma venda do terreno de
Adolfo do Prado Mendes à Antônio Labeca; esse registro aponta que o Sr. Adolfo Mendes comprara seu
terreno da Prefeitura Municipal e que agora recebia do Sr. Antônio Labeca a importância de 200$000
(duzentos mil réis) para transferir a este o lote que ainda estava vago.
Foi no período em que o quinhão foi de propriedade do Sr. Antônio Labeca que a residência foi elevada.
Não se sabe ao certo quando foi construída, contudo alguns indícios permitem nortear a época de execução
da obra.
Antônio Labeca, paraguaçuense nascido em 1877, era filho de José Antônio Labeca e Francisca Tereza da
Conceição (ambos imigrantes italianos). Casou-se com Maria do Carmo Passos e com esta teve quatro filhos.
Dedicou-se a agropecuária – trabalhando por diversos anos com transporte de tropas de bois e cultivo dos
mais diversos produtos na Fazenda Taquari, que era de seu pai – e também ao comércio.
Quando adquiriu o imóvel à Avenida Dom Bosco, já contava com cinqüenta e seis anos de idade, e embora
não nos chegue o ano preciso, é bastante provável que seja este o período no qual contraiu suas segundas
núpcias, casando-se com a senhora Ana Mendes. Portanto, a hipótese é de que o terreno tenha sido
comprado para que nele fosse erguida uma moradia que albergasse o novo casal. Dos recursos para a
construção e arquitetos ou engenheiros apontados para a tarefa nada podemos dizer. As suspeitas é que os
custos tenham sido arcados pelo próprio Sr. Antônio e o projeto ficado a cargo de algum artífice local sem
grande renome.
A propriedade só passa a outras mãos novamente em 1977, quando aos nove dias de agosto daquele ano a
Senhora Ana Ambrosina Mendes recebe o bem, através de uma ação judicial de adjudicação, do espólio do
Sr. Antônio Labeca. O valor declarado para a residência foi o de CR$ 1500,00 (hum mil e quinhentos
cruzeiros); no registro imobiliário da transferência, o terreno já contava com uma área construída de 306 m2.
No ano seguinte, a Sra. Ana Ambrosina passou o bem às mãos do Sr. José Estevão Caixeta, descrito no
registro como motorista paraguaçuense, e sob seus cuidados permanece o bem aos dias atuais.
Assim que foi adquirida pelo atual proprietário, a residência passou por algumas intervenções: uma nova
pintura externa foi aplicada, o alpendre que havia no afastamento lateral esquerdo foi retirado para a
utilização do espaço como garagem, um forro tabuado de madeira foi colocado em todos os cômodos exceto
o banheiro, o fogão de lenha que havia na cozinha foi retirado. As reformas tinham por objetivo conservar a
propriedade e evitar o implacável desgaste causado pelos longos anos desde sua fundação.
12. Análise de entorno:
O imóvel está localizado na Avenida Dom Bosco, entre as ruas Presidente Getúlio Vargas e Governador
Valadares, duas das principais vias de entrada e saída de Paraguaçu. A Avenida Dom Bosco, que limitava o
bairro centro desde o início do século XX até a década de 1970, tem importante papel urbano, ao cortar a
cidade no sentido nordeste-sudoeste, fazendo a ligação dos bairros Novo Horizonte, Jardim Olímpia e Vila
São Mateus ao Jardim dos Pinheiros e Vila Santo Antônio. Nela estão construções como a Fundação
Educacional Dr. Esdras Olinto do Prado, a antiga Caixa D’água e a Escola Estadual Padre Piccinini,
localizadas próximas ao bem. É uma via larga em aclive, pavimentada com bloquete em toda sua extensão,
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de largura para quatro carros em cada mão dividida por um canteiro central bastante arborizado, com
árvores de médio porte. O estacionamento é permitido em paralelo nos dois lados e o tráfego, bastante
intenso, conta com caminhões e ônibus, inclusive um dos pontos de ônibus da região fica em frente à
residência, o que gera um número ainda maior de pedestres na calçada. Nos cruzamentos com as ruas
transversais, há rotatórias para melhorar a fluidez do trânsito e faixas de pedestres, o que facilita a sua
travessia, em grande número nessa área.
As ruas Presidente Getúlio Vargas e Governador Valadares apresentam tráfego comparável ou superior à
avenida. Ambas têm grande extensão e largura correspondente a quatro veículos. Logradouros de mão
única durante grande parte de sua extensão, embora acima do cruzamento com a Avenida Dom Bosco
passem a ser de mão dupla. As edificações são na maioria térreas, com algumas de até dois pavimentos,
com a presença tanto de comércio e serviços quanto de residências. Grande parte está alinhada ao passeio e
apresenta afastamentos laterais, abrigando os acessos. A região é provida de infra-estrutura urbana básica;
iluminação pública com os postes situados na calçada e arborização de médio porte, sendo mais presente
nos quintais das casas e na praça supracitada. Os passeios não são muito amplos, de aproximadamente 120
cm. Parte do calçamento em frente ao imóvel é composto por vegetação rasteira.
13. Descrição:
Implantada em lote plano, profundo e no mesmo nível da rua, a residência tem volumetria térrea e partido
quadrado. Encontra-se alinhada ao passeio, estando o afastamento lateral esquerdo parcialmente coberto
sendo utilizado como garagem. Através dele, é possível ter acesso a casa por uma porta na fachada lateral
esquerda. O afastamento direito e os fundos abrigam jardins e um pomar com árvores frutíferas, entre elas
uma jabuticabeira e um limoeiro. Na testada para a Avenida Dom Bosco, o terreno é fechado pela própria
edificação e pelo portão da garagem em gradil. Os demais fechamentos, nas laterais e ao fundo, ocorrem
através de muros.
As fachadas da edificação com características do estilo neocolonial são formadas por vãos de peitoril, com
verga reta e enquadramento de argamassa. São pintadas na cor bege e, em volta do portão da garagem, foi
aplicada textura na pintura. Três janelas e o portão da garagem compõem a fachada assimétrica voltada
para a avenida, principal frontispício da edificação. Relevos brancos em argamassa emolduram as janelas e
ornamentam as fachadas frontal e laterais. As esquadrias são de madeira com vedação de vidro e madeira,
exceto o portão, em gradil. As janelas apresentam sistema de guilhotina, com duas folhas internas em
madeira. Nas laterais, há somente um vão, composto por janelas semelhantes às frontais.
A residência tem três quartos, sala, banheiro, copa, cozinha e despensa. As áreas secas contam com piso de
taco de madeira, e as molhadas revestidas com ladrilho; todos os cômodos apresentam forro tabuado de
madeira, exceto o banheiro, que possui apenas laje; na garagem, cerâmica vermelha. A parte impermeável
do quintal é revestida com piso cimentado. A cobertura da edificação tem quatro águas, com vedação de
telha francesa e cumeeira paralela á avenida. Todo o telhado é arrematado por uma cimalha em madeira. A
cobertura de meia água, que protege o afastamento lateral esquerdo, onde está a garagem, é de telha de
fibrocimento com estrutura de madeira e beiral simples.
14. Intervenções:
Assim que foi adquirida pelo atual proprietário, a residência passou por algumas intervenções: uma nova
pintura externa foi aplicada, o alpendre que havia no afastamento lateral esquerdo foi retirado para a
utilização do espaço como garagem, um forro tabuado de madeira foi colocado em todos os cômodos exceto
o banheiro, o fogão de lenha que havia na cozinha foi retirado.
15. Estado de conservação:
Bom.
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16. Análise do estado de conservação:
Aparentemente, a edificação não apresenta problemas que comprometam a sua estrutura física, estrutural e
compositiva. No entanto sua pintura e piso externos estão desgastados e os vidros de algumas janelas estão
trincados.
17. Fatores de degradação:
O imóvel tem sofrido degradação devido a intempéries e falta de conservação periódica, devido a nãoutilização da casa, que se encontra fechada aguardando novos inquilinos.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Recomposição da pintura das paredes externas;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Recomposição do piso em cimentado da área externa da casa;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Substituição dos vidros trincados;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Av. Dom Bosco será pavimentada. A Voz, 28/05/1978, P. 1.
Autor Desconhecido. Nota de Falecimento. A Voz, 11/08/1984, P. 8.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002. P. 29.
CAIXETA, José Estevam. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
Livro de Registros imobiliários. R 1881 Prot 3170 L 2B Fl. 281. 29/06/1978.
Livro de Registros imobiliários. Mat. 881 L 2B Fl. 281. 09/08/1977.
Livro de Registros imobiliários. Mat. 725 L 3C Fl. 75. 05/08/1933.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 03/21
Escola Estadual Padre Piccinini
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Foto da vista aérea da escola
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Escola Estadual Padre Piccinini
4. Endereço:
Av. Dom Bosco, 620
5. Propriedade:
Pública – Governo do Estado de Minas Gerais
6. Responsável:
Detalhe fachada principal
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Governo do Estado de Minas Gerais
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Institucional – ensino
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
A Escola Estadual Padre Piccinini se encontra instalada no centro urbano do Município de Paraguaçu, à
altura do número 620, da avenida Dom Bosco. Esta região conheceu amplo movimento de urbanização já no
segundo quartel do século XX, após a emancipação da cidade – que se deu em 1911; sobretudo, a partir da
década de 1930 é que a maior parte das casas e estabelecimentos comerciais se fixou nesta área. Os
primeiros artigos que tratam do estabelecimento de uma instituição de ensino que atendesse à população
masculina de Paraguaçu datam de 1944. A esta época, ainda não existia nenhuma escola que fornecesse à
cidade uma educação ginasial aos meninos, sendo que estes deveriam procurar instrução nas cidades
próximas.
Um número cada vez maior de pessoas engrossava as filas daqueles que requeriam uma escola para
Paraguaçu. Foi assim, que aos 24 dias de outubro de 1948, a iniciativa popular elegeu membros que
comporiam a Comissão Diretora da Campanha em Prol da Construção do Ginásio. Uma vez
“Contados os votos verificou-se a escolha dos snrs. Cônego Antonio Panucci e Nestor
Eutaquio de Andrade, para presidentes; Donato Andrade e Geraldo Simão, secretários e
José Nasser e Olavo Leite, tesoureiros. As demais comissões auxiliares serão nomeadas
oportunamente, já ficando convidados para uma delas os srs. Alfredo Luiz do Prado,
Olinto Oliveira Leite e Cristiano Otoni do Prado, que passarão a colaborar com a comissão
central.”5
Contudo, ainda que houvesse muita força junto ao povo, essa campanha não gerou frutos no curto prazo.
Tanto foi conturbada, que ainda em 1951, os trabalhos ainda não estavam concluídos e nova comissão
deveria ser eleita, pois o prazo do mandato da primeira já se expirava. Como presidente desta nova
comissão foi eleito o senhor Aureliano Nogueira e a seu cargo ficou a escolha dos demais integrantes da
comissão.
A primeira comissão cuidou de assuntos muito práticos no que diz respeito à obra, ou seja, buscou levantar
os recursos necessários, bem como escolher o engenheiro que encabeçaria o projeto. Para suprir as
necessidades financeiras, foi executada junto à população longa campanha de arrecadação de dinheiro e
material que possibilitasse levar a cabo a empresa; as linhas financiadas pela população e proprietários
locais foram aquelas desenhadas pelo “(…) engenheiro Adalberto Nogueira, encarregado do projeto e orçamento do
prédio.”6 Com essas balizes estabelecidas pela primeira comissão, que a segunda prosseguiu e em 1952
concluiu as obras do Ginásio. No dia 16 de julho de 1952, as novas instalações já haviam sido inspecionadas
e dava-se início ao ano letivo do estabelecimento de ensino que então se chamava: “Ginásio Domingos
Sávio”.
Nos primeiros anos de sua existência, o colégio foi administrado por padres Salesianos, que se
encarregaram de guiar as propostas pedagógicas e práticas de ensino a serem executadas na instituição. Por
longos anos isso assim perdurou e prosperou com o apoio da população – de acordo com as opiniões
expressas em artigos de periódicos que circulavam à época; contudo, no final da década de 1960, os padres
Salesianos se despediam do município. Diante de tal situação, a população se organizou para tentar mantêlos, tanto na urbe, quanto na chefia do ginásio. Porém, tal tentativa não logrou êxito e nos anos 70 a
administração do educandário passou às Irmãs da Providência após a Prefeitura Municipal ter assumido a
gestão do Colégio São José, que até então ficava a cargo destas.
Chegando ao final da década de 1970, um antigo sonho de Paraguaçu torna-se realidade: a instalação de
uma Escola Estadual no município. O projeto fora encaminhado ainda em 1971 ao Governo do Estado,
através de uma comitiva que esteve então presente na capital do estado, Belo Horizonte, para aí dissertar
com o Secretário de Educação, o Dr. Caio Benjamim Dias. Compunham esta comitiva o Sr. Elvio Fonseca
5
6
Autor Desconhecido. Eleita a comissão diretora. O Paraguassú, 31/10/1948. P. 1.
Autor Desconhecido. Nova comissão pró-Ginásio. O Paraguassú, 11/03/1951. P. 1.
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Rodrigues, Sr. Hermano Prado, a Irmã Margarida Azevedo e a Irmã Yvone Duarte. O projeto encaminhado
ao Secretário buscava transformar a escola de 2º grau em uma Escola Estadual.
Os membros da comitiva regressaram de Belo Horizonte cheios de boas expectativas, pois segundo consta
nos artigos de jornais da época, a promessa foi a de que até o ano de 1973 o Colégio Estadual já estaria em
funcionamento em Paraguaçu. Contudo, a máquina do governo possui engrenagens que são difíceis de se
mover, e somente no ano de 1977 é que a Escola Estadual Padre Piccinini foi inaugurada. A cerimônia
solene se deu, simbolicamente, no Palácio de Despachos de Belo Horizonte, aos treze dias de outubro de
1977. Segundo é relatado:
“A cerimônia presidida pelo Exmo. Sr. Governador do Estado, Aureliano Chaves contou
com a presença do Sr. Secretario da Educação e altas autoridades do ensino. Ao ato esteve
presente a atual diretora da escola, Irmã Maria de Nazareth Pereira Coli.
Foram inauguradas na mesma cerimônia, 232 unidades de ensino. Esta, com certeza, a
razão pela qual não pudemos contar com uma inauguração solene com a presença do Sr.
Governador aqui em Paraguaçu.
O prédio já está em fase final de reforma. Terminam-se os detalhes. É possível que na la.
quinzena de novembro já sejam entregues as chaves. Mas os alunos terão que terminar o
ano fora do prédio que tanto apreciam!”7
Foi portanto, no em 1977, que as Irmãs da Providência deixaram de ser as encarregadas pela administração
do colégio e passaram este ao poder público, situação que se mantém aos dias atuais. A consolidação do
domínio estadual sobre a escola se deu em 1979 quando então o terreno onde esta se encontra foi doado
pela Prefeitura Municipal de Paraguaçu ao Estado de Minas Gerais, em 29 de outubro daquele ano, de
acordo com o que pode ser verificado nos registros imobiliários.
A escola foi então denominada Escola Estadual Padre Piccinini, em substituição ao seu antigo nome:
Ginásio Domingos Sávio. A homenagem a esse pároco local se deve ao fato de que este fora uma figura
bastante querida entre os citadinos. O Padre Piccinini era, segundo relatos e artigos de jornais, uma figura
caridosa e bastante ativa na vida comunitária. Tanto fora que chegou a desempenhar diversos cargos
públicos: inspetor escolar, vereador, vice-prefeito e prefeito substituto. Italiano de nascimento – originário
de Galiciano, província de Luca –, nasceu em 1868 e chegou ao Brasil em 1897 e na década de 1910 chegou à
Paraguaçu, sendo encarregado dos deveres paroquiais da cidade. Permaneceu na urbe por 43 anos, da qual
só se ausentou duas vezes devido ao adoecimento de seus pais, e onde faleceu em 1953. Seu amor pela
cidade era tanto, que este pediu, em seus últimos anos de vida, que fosse sepultado no cemitério municipal,
onde pode ser contemplada sua bela lápide, um verdadeiro monumento erguido como uma última
homenagem a figura tão ilustre do município. Intitular a escola com o nome de Padre Piccinini foi
considerado à época uma justíssima homenagem a ele, que era um verdadeiro merecedor de tal distinção.
Conforme pôde ser visto na citação acima, o prédio passou por uma reforma no final da década de 1970;
embora não nos chegue o nome dos encarregados e responsáveis pela obra, é possível inferir que a vistoria
dos recursos empregados na obra tenha ficado a cargo da Associação de Pais e Mestres da escola e que os
recursos tenham advindo do convênio firmado com o Governo do Estado para a instalação da escola.
Houve pequenas intervenções como a troca de telhas na cobertura, aplicação de nova pintura e a colocação
de grades; na época o colégio deixou de abrigar um internato e os dormitórios ganharam a função de salas
de administração. Depois desta, mais uma alteração: em 1999 foi inaugurada uma sala de informática na
escola e, para tanto, intervenções na parte elétrica e colocação de cabos de rede se fizeram necessários, além
de pequenos reparos na cobertura e aplicação de nova pintura. A abertura desta sala se deu em cerimônia
solene em Paraguaçu, com a presença do então Secretário de Educação do Estado de Minas Gerais, o Sr.
Maurílio de Avelar Hingel e diversas outras autoridades locais. A sala de informática estava em
7
Autor Desconhecido. Inaugurada a Escola Estadual Padre Piccinini. A Voz, 30/10/1977, P. 1.
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consonância com o projeto PROINFO – Programa Nacional de Informática na Educação – que tratava-se de
uma parceria entre o Governo do Estado e o Governo Federal. Por fim, em 2006, mais uma vez com
manutenção do manto de cobertura e nova pintura das paredes externas e internas.
Por ser uma escola de grande porte, responsável pela consolidação do processo educacional de diversos
membros da comunidade paraguaçuense, a Escola Estadual Padre Piccinini é desde sua origem, ainda como
Ginásio Domingos Sávio, um patrimônio imensurável para a sociedade. Contudo, a homenagem prestada
ao pároco, a trajetória histórica da instituição de ensino e seus traços arquitetônicos, contribuem para o
enaltecimento da instituição de ensino como marco monumental de Paraguaçu e seu reconhecimento como
patrimônio histórico e cultural da cidade.
12. Análise de entorno:
A Escola Padre Piccinini está implantada em uma avenida de grande relevância para Paraguaçu, a Avenida
Dom Bosco. A via, que limitava o bairro centro desde o início do século XX até a década de 1970, tem
importante papel urbano, ao cortar a cidade no sentido nordeste-sudoeste, fazendo a ligação dos bairros
Novo Horizonte, Jardim Olímpia e Vila São Mateus ao Jardim dos Pinheiros e Vila Santo Antônio. Larga e
em aclive, é pavimentada com bloquete em toda sua extensão, de largura para quatro carros em cada mão
dividida por um canteiro central bastante arborizado, com árvores de médio porte. O estacionamento é
permitido em paralelo nos dois lados e o tráfego, bastante intenso, conta com caminhões e ônibus. No
cruzamento com a Avenida Presidente Getúlio Vargas há uma rotatória e faixas de pedestre. Outra via de
importância, a Getulio Vargas tem grande extensão e largura correspondente a quatro veículos, sendo um
dos principais logradouros de entrada e saída da urbe. Apresenta-se de mão única durante grande parte de
sua extensão, embora acima do cruzamento com a Avenida Dom Bosco passe a ser de mão dupla.
Duas importantes edificações de Paraguaçu localizam-se na Av. Dom Bosco, próximo à escola: a Fundação
Educacional Dr. Esdras Olinto do Prado e a Caixa D’água. A volumetria do edifício distingue-se das demais
construções vizinhas, que em sua maioria são térreas ou de no máximo dois pavimentos. O uso
predominante é o residencial embora, na área próxima à escola, a presença de comércio e serviços seja
muito significativa. A região é provida de infra-estrutura urbana básica; iluminação pública com os postes
situados na calçada e arborização de médio porte. Os passeios não são muito amplos, de aproximadamente
120 cm.
Esquina da Avenida Dom Bosco com Rua
Presidente Getúlio Vargas
Avenida Dom Bosco
FOTO: Aline Medeiros, maio/2007
FOTO: Carlos E. Gomes, maio/2007
13. Descrição:
A Escola Estadual Padre Piccinini situa-se em um terreno largo e extenso, ocupando quase metade de uma
grande quadra, em ligeiro aclive, e implantada acima do nível da Av. Dom Bosco. A edificação está afastada
de todos os alinhamentos do lote, sendo o afastamento posterior o de maior dimensão, ocupado pela área
de lazer da escola – um pátio, um campo de futebol e uma quadra poliesportiva, além de um jardim
arborizado – e um anexo onde se encontra o refeitório. Nos afastamentos laterais, há árvores de grande porPágina 38 de 152
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te e vegetação rasteira. No afastamento frontal, arborização
menos intensa, com árvores esparsas e de pequeno porte. O
anexo possui um pavimento e está acima do nível do prédio
principal, sendo acessado por duas escadas. Sete salas se
voltam para a fachada principal com quatorze vãos – sete
portas e sete janelas. Telhas de cerâmica plana vedam o
telhado de duas águas, estruturado por quatorze pilares de
seção quadrada, compondo uma varanda de circulação
coberta. O terreno é fechado por muro e ainda grade na parte
frontal. O acesso primordial se dá através de um alpendre
frontal, de pé-direito duplo formando um volume de destaque
a frente da edificação, contendo uma escadaria central e
rampas laterais, utilizada para tráfego veicular.
O edifício apresenta volumetria vertical de três pavimentos e
foi construído com influências neoclássicas expressas na
simetria da fachada principal, nos vãos em arco pleno
presentes no volume em destaque no frontispício e na
composição alongada. O caráter simétrico é ressaltado pelo
tipo de janela utilizada e pelos relevos presentes na fachada
verticalmente. São oitenta e seis vãos – oitenta e duas janelas,
uma porta central (todos em verga reta) e os três vãos em arco
pleno do alpendre. Esse último é um elemento de destaque no
frontispício, localizado em um plano à frente da edificação,
apresentando pé-direito duplo e relevos ressaltando os arcos
plenos, além de demarcar a continuação das colunas de seção
quadrangular até o frontão reto, cuja ornamentação se
assemelha ao coroamento presente nas pilastras do alpendre.
Mais adiante, um pequeno muro oculta o volume da escada,
exercendo a função de guarda-corpo. Pintada em uma cor
avermelhada, a parede também possui detalhes na massa na
cor branca e uma placa indicando o ano de construção do bem.
A fachada principal é revestida em pintura látex em tom de
bege, com relevos na cor branca e base revestida com tinta em
tom terroso. Os demais frontispícios seguem a mesma
tipologia das janelas presentes na fachada frontal; assim como
os revestimentos e os detalhes. O alpendre tem colunas
pintadas em cor terrosa na base e em tom bege no restante. O
prédio tem vergas retas nos vãos, exceto no alpendre, em arco
pleno, e os enquadramentos de argamassa. As janelas são
basculantes com esquadrias metálicas, vedação e bandeiras em
vidro. As portas, de madeira.
Os corredores internos e externos têm piso em cerâmica de
diversos modelos e cores. Nas salas de aula e salas da
administração, o piso é revestido em tabua de madeira. As
áreas externas têm pavimentação em concreto. Em todo o
edifício, não há forro, apenas laje. A circulação principal, na
parte posterior, tem pilares e paredes pintados nas cores
marrom e bege. O telhado de quatro águas é revestido em
cerâmica plana. A cumeeira está paralela a Av. Dom Bosco e
no coroamento, cimalha de argamassa, pintada na cor bege, a
mesma utilizada em grande parte do edifício.
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Edificação localizada no afastamento posterior
Área de lazer – afastamento posterior
Fachada posterior
Detalhe do alpendre
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
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14. Intervenções:
A escola passou por três reformas: no final da década de 60, em 1999 e 2006, em todas houve pequenas
intervenções como a troca de telhas na cobertura e aplicação de nova pintura; na época da primeira reforma,
o colégio deixou de abrigar um internato e os dormitórios ganharam a função de salas de administração. A
única alteração ocorrida na fachada principal foi a colocação de grades na década de 1970. Já em 1999 foi
inaugurada uma sala de informática na escola e, para tanto, intervenções na parte elétrica e colocação de
cabos de rede se fizeram necessários.
15. Estado de conservação:
Excelente.
16. Análise do estado de conservação:
A escola passou recentemente por uma reforma, por isso não há problemas atualmente no seu estado de
conservação que prejudiquem sua integridade física, estrutural e compositiva.
17. Fatores de degradação:
Possivelmente o imóvel será degradado por fatores como intempéries, mau uso ou por falta de manutenção
constante. O aumento da intensidade do tráfego na Avenida Dom Bosco, que já é significativo, poderá
causar vibração na edificação e abalar suas estruturas.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Instalar sistema de combate e prevenção contra incêndios e furto e mantê-los sempre em perfeito
funcionamento;
ƒ Supervisionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Av. Dom Bosco será pavimentada. A Voz, 28/05/1978, P. 1.
Autor Desconhecido. Esperança para Paraguaçu. A Voz, 09/01/1969, P. 2.
Autor Desconhecido. Inaugurada a Escola Estadual Padre Piccinini. A Voz, 30/10/1977, P. 1.
Autor Desconhecido. Falecimento de Padre Antônio Piccinini. O Paraguaçu, 28/06/1953, P. 1.
Autor Desconhecido. Padre Antônio Piccinini. Paraguaçu Notícias, 18/07/1987, P. 4.
OLIVEIRA, Ana Maria Silva. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
PRADO, Oscar. Padre Piccinini. A Voz, 27/04/1969, P. 1.
PRADO, Oscar. Os Salesianos. A Voz, 07/12/1969, P.1.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002. P. 29.
Livro de Registros imobiliários. R 13631/30 Fl 160. 29/10/1979.
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20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 04/21
Caixa d’água
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Fachada principal voltada para Av. Dom Bosco
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Caixa d’água
4. Endereço:
Av. Dom Bosco, s/n
5. Propriedade:
Pública – Prefeitura Municipal de Paraguaçu
6. Responsável:
Av. Dom Bosco
FOTOS: Carlos E. Gomes, maio/2007
Prefeitura Municipal de Paraguaçu
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Reservatório de água (atualmente desativado)
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
A Caixa d’Água que até hoje pode ser observada na avenida Dom Bosco, próxima à região central do
município de Paraguaçu, é, na verdade, um verdadeiro ícone do desenvolvimento dos serviços de
abastecimento de água da cidade. A trajetória histórica deste bem: sua edificação, sua utilização e a
construção de uma nova estação de tratamento posterior, retratam a preocupação do poder público em
atender às necessidades dos citadinos conferindo-lhes os serviços básicos esperados em uma urbe em franco
crescimento. Examinemos mais atentamente, portanto, as circunstâncias de edificação do patrimônio e seus
passos no caminho histórico de Paraguaçu.
Antes de sua emancipação, ocorrida em 1911, Paraguaçu era conhecida pelo nome de Carmo da
Escaramuça e era um distrito de Machado. Foi justamente nesse período que o povoado recebeu seu
primeiro melhoramento no abastecimento de água. Até 1907 não era observado no local o serviço de água
encanada, devendo a população recorrer a cisternas, poços artesianos e outros tipos de abastecimento para
suprir suas necessidades. O clamor pelo serviço era grande ali e, atento aos pedidos de seus eleitores, o
vereador que representava os interesses de Carmo da Escaramuça junto à câmara de Machado, o senhor
Alfredo de Oliveira Leite, passou a trabalhar para suprir essa demanda. Foi então que no já referido ano de
1907, ele resolveu doar as águas de sua propriedade para o abastecimento local e, junto às autoridades
machadenses, conseguiu a verba para fixar os encanamentos e financiar todos os gastos inerentes à uma
obra deste porte. A água, saía então de sua propriedade e era direcionada para um reservatório construído
na Praça Pedro Leite, região central de Paraguaçu.
Durante aproximadamente duas décadas o esforço do senhor Alfredo de Oliveira Leite supriu a demanda
por água da cidade e abasteceu a contento a recém emancipada cidade de Paraguaçu. Contudo a situação
não se estendeu por muitos anos mais e já na segunda metade da década de 1920 o abastecimento era
insuficiente, não atendendo a toda a população.
Foi então na gestão do Presidente da Câmara Municipal e Agente Executivo, o senhor Nestor Eustáquio de
Andrade, que o impasse foi solucionado. Nestor Eustáquio de Andrade (nascido em 25 de agosto de 1878,
falecido em 23 de agosto de 1971) foi um político de grande destaque local, segundo nos chega, sua
trajetória mescla-se a do próprio município uma vez que seu nome figura dentre os membros da primeira
Câmara Municipal, estabelecida em 1912. Esteve no cargo mais alto do poder executivo municipal por
diversas vezes, sendo a primeira a partir de 1919 quando, na condição de vice do senhor José Cristiano do
Prado, assumiu os trabalhos de Presidente da Câmara e Agente Executivo. Continuando seus trabalhos, em
1923 foi de fato eleito Presidente da Câmara e Agente Executivo e para este cargo foi reeleito até o ano de
1930. Voltou, eleito pela Câmara Municipal, ao cargo de Prefeito em 1936 e aí permanecendo até 1940. Por
fim, em 1947 foi eleito pelo povo para as funções máximas executivas locais com mandato até 1950.
Segundo o jornal A Voz:
“Nestas gestões executou obras de grande importância na consolidação do município, tais como, a
construção do prédio da Prefeitura, do Grupo Escolar Pedro Leite, da Escola Normal São José, da
Igreja de N. Sra Aparecida, ajardinamento da praça João Eustáquio de Costa e Oswaldo Costa,
atuação decisiva na emancipação jurídica em 1911 como vereador entre outros.”8
Foi sob a batuta deste regente que Paraguaçu recebeu sua segunda grande obra que visava resolver o
problema do abastecimento dos recursos hidráulicos. O manuscrito de prestação de contas à Câmara
Municipal, preparado pelo próprio Nestor Eustáquio de Andrade em sua gestão entre 1926-1930, deixa
claro que foi neste período que as obras de melhoria no abastecimento foram executadas. Segundo tal
documento:
8
Autor Desconhecido. Nestor Eustáquio de Andrade. A Voz, 15/09/1990, P. 3.
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“Cumprindo o meu programma de adminstração, tenho o prazer de dizer-vos que se acha em bom
andamento o serviço de remodelação do abastecimento de água publica, tendo para este fim adquirido
todos os materiais precisos, cujo custo foi de Rs. 49.991,90 menos fretes e carretos.
Para a execução dete serviço, contratei (…) o nosso distinto conterrâneo Dr. Pedro Quintino da
Fonseca, pela quantia de Rs. 1.000$000 ficando elle com a obrigação de fazer os orçamentos (…) [e]
comprar os materiais necessários.
É com grande satisfação que rezisto que, foi em bão hora confiado tal serviço ao distinto profissional,
porque quer nos estudos, nos projectos e compra dos materiais, elle só tem dado provas de
competência e muito [êxito].”9
O Dr. Pedro Quintino da Fonseca foi um paraguaçuense que, graduado pela Ohio Northern University em
1921, realizou grandes obras em Paraguaçu e por toda a região. Apenas para citar algumas, foi o
responsável pela caixa d’água de Elói Mendes, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida e a Usina Hidrelétrica
da região (Serrania)10. O grande diferencial do feitio da Caixa d’Água de Paraguaçu foi a utilização de uma
espessa camada de concreto armado – cerca de 10 centímetros de espessura – para conseguir suportar a
pressão do líquido mantido nos reservatórios. Esse destaque se faz necessário uma vez que tal material não
era difundido à época na região e muitas especulações circularam na cidade fadando a tarefa ao fracasso
uma vez que, segundo o pensamento local, assim que fossem inundados os reservatórios as paredes
rapidamente cederiam.
Na obra da Caixa d’Água de Paraguaçu, executada em 1926, Pedro Quintino contou com o apoio dos
trabalhos do artífice João Rissieri Rosa. Este último, italiano de origem que ainda criança veio para o Brasil,
também trabalhou em outras importantes edificações do município, tais como a Igreja Matriz e diversas
residências espalhadas pelo centro urbano.
Não nos chega, de forma clara, a data exata da inauguração da Caixa d’Água situada na avenida Dom
Bosco; o que podemos é inferir uma data a partir de uma referência indireta obtida em um artigo do jornal
A Voz de 29 de agosto de 198311. Neste artigo o autor faz referência à inauguração, mencionando que esta
teria se dado no dia de seu aniversário; como o autor do artigo, o senhor Carlos Prado Campos, nasceu em
24 de julho de 1920, resta-nos supor que 24 de julho de 1926 foi, possivelmente, o dia que esse novo sistema
de abastecimento de água de Paraguaçu entrou em vigor.
O suprimento de água para esse sistema projetado pelo senhor Pedro Quintino da Fonseca era garantido
pelas águas da Fazenda da Serra, propriedade do senhor Alfredo de Oliveira Leite. A obra realizada em
1926 contou com o financiamento da Prefeitura Municipal e, ao que podemos inferir, foi de rápida execução,
tardando em menos de um ano para chegar ao fim.
Por anos a fio essa melhoria foi capaz de suprir a demanda dos munícipes, às vezes excedendo as
expectativas. Não são poucos os relatos de que a água da rede pública de abastecimento escapava pelas
sarjetas, tamanha abundância do sistema. Mas no final da década de 1930, o projeto se mostrava deficiente e
um novo se fez necessário. Foi durante a gestão do prefeito Cristiano Otoni do Prado que as negociações e
orçamentos exigidos produziram-se a partir de 1941 e a nova estrutura inaugurada somente no mandato do
seguinte, que por coincidência foi o senhor Nestor Eustáquio de Andrade, em 1947.
A Antiga Caixa d’Água da avenida Dom Bosco, a partir de então, passou a ser utilizada como um ponto de
apoio ao abastecimento local. Tal estrutura não sofreu alterações, salvo pela construção dos muros na lateral
direita e na parte posterior e da aplicação de tela nas demais faces, intervenções executadas pela prefeitura na
década de 1990. Com a inauguração da Estação de Tratamento de Água em 1969, junto às edificações
projetadas na década de 1940, a Caixa d’Água teve sua função cada vez mais reduzida, devendo ser hoje
considerada antes um patrimônio municipal, que uma peça fundamental no atendimento à população.
Prestação de contas do Prefeito Nestor Eustáquio de Andrade à Câmara Municipal; Gestão 1926-1930. (Manuscrito) P. 2.
CAMPOS, Carlos Prado. Dr. Pedro Quintino da Fonseca. A Voz, 29/08/1983, s/p.
11 Ibidem.
9
10
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Situada em região importante da cidade, a Antiga Caixa d’Água – conforme brevemente descrito – nos
remete à evolução dos serviços públicos na urbe e, de maneira indireta, retrata o crescimento desta
experimentado nos primeiros anos da década de 1920 e na segunda metade da década de 1930. Além disso,
está indelevelmente ligada a importantes nomes do município: Nestor Eustáquio de Andrade, Pedro
Quintino da Fonseca e João Rissieri Rosa, apenas para referirmos àqueles que se ligam ao bem diretamente.
Imprescindível é seu reconhecimento como Patrimônio Histórico de Paraguaçu para que, através deste
pequeno gesto, as grandes ações e transformações vividas pela urbe em crescimento não sejam esquecidas.
Para tanto, há o projeto de transformá-la em sede da Academia Paraguaçuense de Letras, o que poderá
implicar na ordenação de uma nova dinâmica sócio-cultual.
12. Análise de entorno:
Localizada na esquina da Avenida Dom Bosco com Rua Governador Valadares, a Caixa D’Água está
cercada por estruturas arquitetônicas de referência em Paraguaçu, como a Fundação Dr. Esdras Olinto do
Prado e a Escola Estadual Padre Piccinini. A Avenida Dom Bosco é uma via em aclive e de intenso tráfego
de veículos e pedestres, pavimentada com bloquete em toda sua extensão, com largura para quatro carros
em cada mão dividida por um canteiro central que abriga jardins e arvores de médio a grande porte.
Limitava o bairro centro desde o início do século XX até a década de 1970, e tem importante papel urbano,
ao cortar a cidade no sentido nordeste-sudoeste, fazendo a ligação dos bairros Novo Horizonte, Jardim
Olímpia e Vila São Mateus ao Jardim dos Pinheiros e Vila Santo Antônio. Já a Rua Governador Valadares,
de mão dupla, tem tráfego comparável ou superior à avenida, já que, - assim como a Rua Getúlio Vargas - é
uma das principais vias de entrada e saída de Paraguaçu; pavimentada com bloquete, sua largura
corresponde a três carros com estacionamento nos dois lados da rua. No cruzamento das duas vias, há
rotatória e indicação de parada obrigatória com faixa de pedestres.
As edificações vizinhas têm no máximo dois pavimentos. O uso residencial e o comercial dividem a
utilização dos imóveis, principalmente na Avenida Dom Bosco. Já nas ruas laterais e posteriores, o uso é
estritamente residencial. Há ainda a oferta de serviços, além das escolas localizadas na avenida. A tipologia
mais comum é de construções alinhadas a rua, com afastamentos laterais e acesso através de alpendres e
varandas. A região é provida de infra-estrutura urbana básica, com iluminação pública presente e eficiente;
a arborização de médio porte tem destaque, principalmente nos canteiros centrais da Avenida Dom Bosco.
Os passeios não são muito amplos, de aproximadamente 120 cm.
13. Descrição:
Implantada em terreno de esquina, a antiga caixa d’água tem volumetria térrea, embora o pé-direito seja
alto, com aproximadamente quatro metros. Situa-se centralizada no lote plano e quadrado, delimitado por
cercas de tela metálicas e muros. Não há ocupação nos afastamentos, estando todos cobertos por gramíneas.
O acesso se dá por meio de um pórtico com uma porta de duas folhas em gradil metálico pintado na cor
azul. O piso de placas de cimento leva à única entrada para o seu interior: centralizada na fachada frontal e
principal voltada para a Avenida Dom Bosco, uma porta de duas folhas de madeira pintadas na cor azul.
Sobre a verga, relevos marcam o frontispício e acomodam a placa com as inscrições que datam a época de
construção. É possível chegar à laje da caixa d’água através de uma escada na lateral do bem. O piso da
escadaria é de lajota vermelha e o guarda-corpo, metálico com corrimão de concreto.
Apresenta influências ecléticas em sua composição, contando com um corpo principal – que abriga a escada – e
uma parte saliente por onde se adentra o imóvel. É simétrica, de geometria simples, com partido arquitetônico
retangular Os vãos possuem vergas retas e enquadramentos em argamassa. Com exceção da porta, que tem
esquadria e vedação em madeira, as quatro janelas são fixas, de esquadrias metálicas, sem vedação, e não
possuem nenhum tipo de ornamentação em seu enquadramento.
Todas as fachadas da antiga caixa d’água apresentam as mesmas características estilísticas, e são revestidas
em pintura na cor branca, salvo pelo embasamento na cor azul e a porta de entrada na mesma cor. Há
poucos elementos ornamentais – sobreverga acima da porta, dentículos nos vértices superiores das paredes, além
de frisos encimados por platibanda em balaústres coroando todo o edifício, servindo como guarda-corpo no
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terraço.
O seu interior, com capacidade para 200 mil litros de água, é todo cimentado, sem nenhum tipo de
acabamento, além de pintura. Existe uma pequena área de entrada, com o pé direito de aproximadamente 4
metros, com duas aberturas no piso, uma à direita da entrada, outra à esquerda. A da direita é para a
passagem de tubulação, que vem do lado externo da edificação. Já na abertura da esquerda há uma escada
de marinheiro que dá acesso ao fundo do reservatório. Interligada a essa entrada está uma plataforma, de
um metro de largura, apoiada em uma coluna, localizada no centro do reservatório, que permite a vistoria
deste. Há duas escadas de marinheiro conectadas a essa plataforma, uma de cada lado, que também levam
ao fundo do reservatório.
14. Intervenções:
Apesar de ter se tornado indispensável por volta de 1970, e desativada em 2004, a edificação sofreu poucas
modificações ao longo dos seus oitenta e um anos de existência. Apenas foi acrescentado um fechamento ao
terreno com muro nas faces lateral direita e posterior, e em tela metálica, nas demais faces, em conjunto com um
pórtico com portão metálico para permitir o acesso ao seu interior.
15. Estado de conservação:
Bom a regular.
16. Análise do estado de conservação:
A edificação apresenta trincas e rachaduras superficiais no reboco e na camada pictórica principalmente das
fachadas. Infiltrações também são visíveis externamente, devido a inexistência de calhas ou condutores de
água pluvial, além de manchas de umidade nas paredes internas. A pintura encontra-se desgastada e o
cercamento que delimita o terreno está em péssimas condições.
17. Fatores de degradação:
Os problemas que a construção apresenta são resultados da ação de intempéries, a falta de conservação
constante, aliados ao seu atual estado de desativação.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Providenciar substituição das partes deterioradas no cercamento do terreno;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Consultar técnico especializado para analisar as condições estruturais do imóvel e realizar intervenções
apropriadas, a fim de conter trincas e rachaduras existentes, evitando futuros desgastes;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Aplicação de nova pintura interna e externamente;
ƒ Realizar manutenção periódica da edificação.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Abastecimento d’água. O Paraguassú, 30/05/1926, P. 1.
Autor Desconhecido. Teremos ainda este ano. O Paraguassú, 30/03/1941, P. 1.
Autor Desconhecido. Doação. O Paraguassú, 22/06/1941, P. 1.
Autor Desconhecido. Abastecimento d’água da cidade. O Paraguassú, 13/12/1942, P. 1.
Autor Desconhecido. Abastecimento de água. O Paraguassú, 21/02/1943, P. 2
Autor Desconhecido. João Rissieri Rosa. O Paraguassú, 21/02/1943, P. 4.
Autor Desconhecido. Água História – a conclusão do serviço de abastecimento d’água. O Paraguassú,
16/07/1944, P. 1.
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Autor Desconhecido. Administradores de Paraguassú. O Paraguassú, 16/10/1949, P. 1.
Autor Desconhecido. Aniversário. A Voz, 21/07/1963, P. 4.
Autor Desconhecido. Água boa e abundante. A Voz, 12/10/1969, P. 3.
Autor Desconhecido. Nestor Eustáquio de Andrade. A Voz, 15/09/1990, P. 3.
ANDRADE, João Eustáquio. Água constante problema. A Voz, 12/11/1967, P. 5.
CAMPOS, Carlos Prado. Dr. Pedro Quintino da Fonseca. A Voz, 29/08/1983, s/p.
________. Carlos Prado Campos. A Voz, 11/09/1996, P. 1.
Documentos do Museu Alferes Belizário
História da construção de edifícios de concreto. Disponível em: <http://www.set.eesc.usp.br/cursos/
SET177/ana/1-concreto20armado%20arquitetos.doc>. Acesso em: 03 jan. 2008. 9 p.
Prestação de contas do Prefeito Nestor Eustáquio de Andrade à Câmara Municipal; Gestão 1926-1930 e
Gestão 1947-1950. (Manuscrito)
MARQUES, Cirene da Silva. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
PAULA, Maria Goretti Prado de. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
PRADO, Guilherme. História da água – primeira parte. A Voz, 14/09/2002, P. 7.
__________ História da água – segunda parte. A Voz, 28/09/2002, P. 8.
__________ Paraguaçu – Sua história, sua gente. Cd-rom. Desenvolvido em Microsoft Visual FoxPro 8.
Paraguaçu. 2004.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 05/21
Edificação à Rua Aureliano Prado, 382
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Detalhe do coroamento
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Residência
4. Endereço:
Rua Aureliano Prado, 382
5. Propriedade:
Particular – Dário Borim
6. Responsável:
Rua Aureliano Prado
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Dário Borim
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Residencial
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
O imóvel situado à altura do número 382 da Rua Aureliano Prado, região central de Paraguaçu, destaca-se
por seu traçado original dentre as diversas outras moradias encontradas naquele logradouro. O referido
bem pode ser inserido no segundo movimento de expansão urbana da cidade, que ocorreu após a
superação da crise econômica que se abateu no mundo ao final da década de 1920 e se estendeu ao final da
década de 1930 – crise econômica esta iniciada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque.
Logo nos primeiros anos da década de 1940 observamos em Paraguaçu um forte assopro que levou o
município a navegar calmamente no mar da prosperidade e desenvolvimento, tornando-se uma das urbes
de grande destaque na região. É neste período que a cidade viu ser erguido o bem. Acompanhando os
registros imobiliários observamos o primeiro datado de 1925, quando o lavrador João Baptista da Silva e
sua esposa Jovina de Jesus venderam o terreno de dois alqueires ao senhor Jeremias Pedro Castilho,
também lavrador, pelo valor de 450$000 (quatrocentos e cinqüenta mil réis). Uma lacuna na transmissão de
propriedade é percebida uma vez que no registro seguinte, datado de 1939, temos que o comerciante
Francisco Correia de Morais e sua esposa Maria Pereira de Morais são os proprietários do terreno, que se
encontrava, então, vago. Dado o período de crise econômica compreendida entre os registros – 1925 a 1939 –
é bastante provável que somente uma transmissão tenha se dado entre o senhor Jeremias e o senhor
Francisco, contudo não é possível dizer com certeza quando se deu essa transferência nem se houve outra
neste ínterim.
Após a venda do terreno a Delmira Andrade Ribeiro – que o adquiriu em 1939 das mãos de Francisco
Correia de Morais – é que se percebeu o erigir da morada naquele quinhão de terra. Ao que nos chega a
obra tomou lugar logo nos primeiros anos da década de 1940 e foi custeada por recursos próprios da
senhora Delmira. Para elaborar o projeto ela contratou os serviços do senhor Augusto Borim e à este ficaram
os trabalhos de chefia da obra.
Este é um fator de destaque do bem entre as diversas outras moradas dali. O senhor Augusto Borim era um
artífice italiano nascido nos primeiros anos do século XX. Aprendeu com o pai o ofício de construtor e dele
herdou as linhas européias presentes em vários de seus projetos. Faleceu tragicamente em julho de 1945
após um acidente de avião, o que torna a residência da rua Aureliano Prado um de seus últimos trabalhos.
Delmira Ribeiro manteve a propriedade do bem até o ano de 1952, quando este foi adquirido por Dario
Borim, sobrinho do projetista da residência.
O imóvel sofreu três grandes reformas desde seu erguimento na década de 40. A primeira se deu quando da
compra por Dário Borim e Lucy Prado Mendes, em 1952, para sediar a residência do casal recém formado.
O responsável pelas obras foi Virgílio Borim, pai do proprietário e irmão de Augusto Borim. Virgílio Borim
foi um construtor de amplo prestígio na região; responsável por diversas obras fora dos limites de
Paraguaçu, também na cidade gozou de ampla fama, sendo o projetista da Igreja de Nossa Senhora
Aparecida bem como esteve envolvido nos trabalhos da praça Oswaldo Costa quando de sua construção.
Na reforma de 1952, a entrada da edificação, até então na sua lateral esquerda, passou a ser frontal, com o
aumento da sala de estar e com a criação de um alpendre. Os dois quartos voltados para a Rua Aureliano
Prado foram fruto da divisão do antigo e extenso cômodo existente. Forros de madeira foram instalados,
assim como houve troca de todo madeiramento do piso, de tabuado por taco. O cimentado da cozinha
interna também foi substituído por ladrilho. A antiga cozinha externa com fogão a lenha, em cômodo
anexo, foi demolida para o erguimento de uma nova.
Em 1975, nova intervenção ocorreu, executada pelo engenheiro Renato Vilela. Foram acrescidos um
banheiro e um quarto ao corpo principal do bem, que se limitava onde hoje se encontra a sala de jantar. Na
lateral esquerda do lote, foi levantado um quarto com banheiro. A garagem também foi construída nessa
mesma lateral e no mesmo nível da casa, acessada por rampa, substituindo uma outra garagem na lateral
direita, que foi arruinada anos depois de ter sido erguida.
Já em 1992 deu-se a última grande reforma, com a reformulação da área externa posterior. A antiga área de
serviço foi demolida para a edificação de um avarandado usado principalmente para refeições, contendo
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novo local de lavagem e secagem de roupa, além de um pátio revestido por pedra São Tomé para lazer. A
cozinha também foi ampliada, com troca de telhado e piso, e ao seu lado, foi erigido um banheiro de
empregada. Os jardins foram reorganizados, com retirada de antigas jabuticabeiras, pés de mexerica, uva e
tomate. Foi erigida uma caixa d’água na porção de cota mais alta do terreno e ao seu lado, um cômodo para
ser usado como depósito. Há cerca de cinco anos houve pintura de toda a edificação.
Dario Borim, atual proprietário é figura de destaque entre os moradores da cidade. Comerciante com
grande aptidão no ramo, desde 1935 desempenha funções na área. Desde 1948 é proprietário da renomada
Casa Dois Irmãos, que fundou em sociedade com seu irmão Delmo naquele ano. Após o falecimento do
irmão (1990) Dario continuou com os negócios e foi por diversas vezes condecorado com o prêmio
“Comerciante do Ano”, outorgado pela ACIAP – Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de
Paraguaçu.
Conforme pode ser observado, muitos são os fatores que corroboram para que a casa seja arrolada como
parte integrante do Patrimônio Histórico e Arquitetônico da cidade: sua ligação com o período de
urbanização do município, as influências européias presentes no traçado da morada, o artífice construtor e o
realizador da primeira reforma, bem como o atual proprietário. Tudo isso transforma-a num precioso bem
que fornece vivas cores para o quadro histórico dali.
12. Análise de entorno:
A edificação está situada à Rua Aureliano Prado, no quarteirão formado pelas ruas Presidente Getúlio
Vargas e Prefeito Nestor Eustáquio. Logradouro localizado em área central paralelo à principal praça de
Paraguaçu, a Praça Oswaldo Costa, a Aureliano Prado possui largura média, correspondente a três carros,
plana e de mão dupla, pavimentada por paralelepípedos em todo seu percurso, sendo permitido estacionar
em paralelo nos dois lados da rua. Apresenta forte movimento de pedestres e de veículos leves e pesados,
devido ao significativo número de comércio e serviços existentes nela própria e nas redondezas. Esse tipo
de uso divide espaço com as residências, ainda predominantes, embora tenha se verificado nos últimos anos
certa tendência à substituição.
As edificações vizinhas têm no máximo dois pavimentos. A tipologia mais comum é de construções
alinhadas a rua, com afastamentos laterais e acesso através de alpendres e varandas. A região é provida de
infra-estrutura urbana básica, com iluminação pública em apenas um dos lados da via, causando prejuízo
na sua eficiência. As calçadas são estreitas (aproximadamente 80 cm), mas se encontram bem conservadas.
13. Descrição:
O imóvel está situado em terreno profundo com ligeiro aclive em relação à Rua Aurelino Prado, e seu
fechamento é feito por um gradil metálico, na porção frontal, e nas demais laterais e fundo, muro em
alvenaria. A construção principal tem partido retangular, estando afastada de todos os alinhamentos
limítrofes. Em grande parte do afastamento frontal há canteiros ajardinados, assim como na lateral direita;
no afastamento posterior, quintal para lazer com piso em pedra são tomé, plantação de frutas, lavagem e
secagem de roupas, quarto para depósito e suíte para visitas. Com apenas um pavimento a edificação tem
dois acessos pela Rua Aureliano Prado, um para pedestres, por meio de escadaria que leva a um alpendre;
outro para veículos. A garagem encontra-se na extremidade esquerda do lote, com uma estrutura edificada
independente, que segue os mesmos parâmetros construtivos e estilísticos do corpo principal.
Traços ecléticos podem ser verificados no edifício, erguido na década de 40. A fachada principal é
assimétrica, pintada na cor salmon com elementos ornamentais na cor branca. É composta por quatro vãos:
duas janelas idênticas, dos quartos, um óculo sobre a janela central, e a porta principal que está localizada
no alpendre. O embasamento chapiscado é um tom acima da cor da fachada, destacando-o. Relevos em
massa brancos marcam o frontispício com formas geométricas e retas e ornamentam peitoris, vergas das
janelas e coroamento. As vergas são retas com enquadramentos de argamassa. As janelas têm duas folhas
de abrir, esquadrias em veneziana e vedação de madeira, pintada no mesmo tom do embasamento. A porta
frontal é também em madeira de duas folhas, almofadada, sendo que duas das almofadas são substituídas
por vidros que permitem sua abertura. As demais fachadas seguem a tipologia da principal, com exceção
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das esquadrias das salas e da copa, envidraçadas e do tipo basculante.
O acesso ao interior do bem é frontal, feito por um alpendre, com piso em cerâmica, forro em laje e
cobertura de duas águas, que leva a uma sala de estar. Para se chegar aos demais cômodos há um corredor
central. No total são cinco quartos, sendo que dois deles estão voltados para a Rua Aureliano Prado, dois
banheiros, uma sala de jantar e uma copa. Os quartos e a sala de estar têm piso de tacos de madeira e os
demais ambientes em cerâmica; nos forros, tabuado também de madeira. Há um avarandado na fachada
posterior, com piso em cerâmica e telha vã, que antecede o quintal, nos fundos do lote, com área de serviço.
A cozinha é uma construção a parte, locada na lateral direita do terreno e voltada para o avarandado,
seguindo seu revestimento.
Na cobertura, cerâmica plana com quatro águas do corpo principal, cumeeira perpendicular à rua e
coroamento de laje em beiral pintada na cor salmon, com calha por todo seu perímetro. Parte do
alinhamento do coroamento frontal é interrompida por uma elevação do corpo de um dos quartos,
seguindo as características predominantes do bem, com telhado independente de quatro águas. A varanda
localizada nos fundos também tem cobertura de duas águas com vedação em telha cerâmica.
14. Intervenções:
O imóvel sofreu três grandes reformas desde seu erguimento na década de 40. A primeira se deu quando da
compra por Dário Borim e Lucy Prado Mendes, em 1952, para sediar a residência do casal recém formado.
O responsável pelas obras foi Virgílio Borim. A entrada da edificação, até então na sua lateral esquerda,
passou a ser frontal, com o aumento da sala de estar e com a criação de um alpendre. Os dois quartos que
estão voltados para a Rua Aureliano Prado foram fruto da divisão do antigo e extenso cômodo existente.
Forros de madeira foram instalados, assim como houve troca de todo madeiramento do piso, de tabuado
por taco. O cimentado da cozinha interna também foi substituído por ladrilho. A antiga cozinha externa
com fogão a lenha, em cômodo anexo, foi demolida para o erguimento de uma nova.
Em 1975, nova intervenção ocorreu, executada pelo engenheiro Renato Vilela. Foram acrescidos um
banheiro e um quarto ao corpo principal do bem, que se limitava onde hoje se encontra a sala de jantar. Na
lateral esquerda do lote, foi levantado um quarto com banheiro. A garagem também foi construída nessa
mesma lateral e no mesmo nível da casa, acessada por rampa, substituindo uma outra garagem na lateral
direita, que foi arruinada anos depois de ter sido erguida.
Já em 1992 deu-se a última grande reforma, com a reformulação da área externa posterior. A antiga área de
serviço foi demolida para a edificação de um avarandado usado principalmente para refeições, contendo
novo local de lavagem e secagem de roupa, além de um pátio revestido por pedra são tomé para lazer. A
cozinha também foi ampliada, com troca de telhado e piso, e ao seu lado, foi erigido um banheiro de
empregada. Os jardins foram reorganizados, com retirada de antigas jabuticabeiras, pés de mexerica, uva e
tomate. Foi erigida uma caixa d’água na porção de cota mais alta do terreno e ao seu lado, um cômodo para
ser usado como depósito. Há cerca de cinco anos houve pintura de toda a edificação.
15. Estado de conservação:
Bom
16. Análise do estado de conservação:
O imóvel encontra-se bem conservado, em função da constante manutenção realizada. Os poucos
problemas se referem ao desgaste natural do madeiramento das esquadrias, piso e forro e da própria
camada pictórica interna e externa. O forro, aliás, apresenta ataque de insetos xilófagos em alguns cômodos,
comprometendo parte de suas ripas.
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17. Fatores de degradação:
A degradação do edifício é causada por ação de intempéries, falta de conservação adequada e constante.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Autor Desconhecido. Virgílio Borim. O Paraguassú, 03/01/1954, P. 4.
Autor Desconhecido. Ideal Clube Inaugurado. A Voz, 10/08/1975, P. 6.
Autor Desconhecido. Comerciante do Ano 1996. A Voz, 15/06/1996, P. 7.
Autor Desconhecido. A Força do Trabalho – Dario Borim. A Voz, 08/03/1997, P. 5.
Autor Desconhecido. Virgílio Borim. A Voz, 22/11/1997, P. 13.
Autor Desconhecido. Trajetória de vida. A Voz, 13/05/2000, P. 9.
BORIM, DÁRIO. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
Livro de Registros Imobiliários. L 3A Fl. 140 R 802. 10/09/1952.
Livro de Registros Imobiliários. L 3D Fl. 152 R 1546. 20/01/1939.
Livro de Registros Imobiliários. L 3G Fl. 97 R 4807. 21/08/1952.
PRADO, Gladstone. Homenagem do Tom. A Voz, 24/03/1990, P. 6.
SILVA, Ivone. O Construtor. A Voz, 30/08/1961, s/p.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 06/21
Edificação à Rua Aureliano Prado, 414/418
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
2. Distrito:
Detalhe do coroamento
Sede
3. Designação:
Comércio
4. Endereço:
Rua Aureliano Prado, 414/418
5. Propriedade:
Particular – Atanair de Andrade Dias
6. Responsável:
Rua Aureliano Prado
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Dias Leite Ltda.
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Comercial e residencial (em reforma)
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
A residência situada na rua Aureliano Prado, incrustada no centro do município de Paraguaçu, esta
inserida no segundo movimento de urbanização desta localidade. A urbe, emancipada no ano de 1911,
sempre teve como carro chefe de sua economia as funções agro-exportadoras; com especial ênfase na
produção cafeeira. Desta feita, nos primeiros anos de sua existência a recém nascida cidade acompanhava o
vigor da produção nacional e experimentou rápido crescimento até o início da década de 1930. Com o ‘crack’
de 192912 e a subseqüente crise das exportações brasileiras, Paraguaçu conheceu sua primeira atribulação de
grande monta. Esse momento tenebroso para os paraguaçuenses só passou a partir do final da década de
1930 e com maior vigor na década de 1940. Isso é comprovado pelo fato de naquela década de 40
observamos grandes obras serem realizadas no território municipal. Apenas para listar algumas, temos a
inauguração da Praça Oswaldo Costa (1942) e do Hospital Pedro Quintino (1945) dentre várias outras. O
vigor econômico municipal perdurou por pelo menos mais uma década e ainda nos anos 50 e início dos 60 a
cidade ainda recebia, de maneira intensa, novas residências.
É diante desse contexto de franco crescimento que se avista a elevação da construção do bem presentemente
inventariado. Os primeiros registros de cartório da construção são bastante tardios, datam de 1982 e trata da
averbação da residência edificada no terreno. Contudo, os moradores e antigos proprietários – além de
artigos de jornais da cidade – nos auxiliam a elucidar algumas das lacunas da trajetória histórica do
patrimônio. O que é relatado, é que o senhor Adolpho Prado Mendes adquiriu em 1926 um grande terreno
na rua Aureliano Prado para nele construir uma morada para ele e sua esposa uma vez que havia casado no
ano anterior, 1925. No terreno havia uma casa construída. Esta permaneceu de inalterada até a década de
1940 quando então foi demolida para a elevação de uma nova. Esse novo albergue corresponde atualmente
à edificação vizinha ao bem inventariado, ou seja, refere-se ao número 424 da rua Aureliano Prado. O
grande quintal da nova propriedade permaneceu intacto até que na década de 1950 o senhor Adolpho
decidiu construir mais uma casa de morada no terreno, mais precisamente em 1956. As fontes são escassas
nesta área, mas o que se pode inferir é que o senhor Adolpho tenha financiado com recursos próprios a obra
uma vez que a construção foi idealizada como um presente à sua filha. Para a execução desta contratou
serviços de trabalhadores locais, uma vez que Paraguaçu possuía vários artífices capazes para a conclusão
do projeto. Quanto ao projeto em si, crê-se que o próprio senhor Adolpho tenha imaginado os traços que
dão forma à construção, contudo, não é impossível que estes tenham sido inspirados em outra(s) moradias
da urbe ou esboçados pelo(s) encarregado(s) da construção e aprovados pelo proprietário.
Os materiais utilizados na edificação foram adquiridos pelo proprietário e, ao que podemos inferir, este
gerenciou de perto os labores contratados, o que nos faz acreditar que a obra não tardou a ser concluída e é
bastante provável que não tenha durado muito mais que um ano para chegar ao fim. Portanto, ainda na
segunda metade da década de 50 o bem já estaria erguido.
Por longos anos o senhor Adolpho permaneceu como único proprietário do imóvel. Aos 23 dias de junho de
1982 este regularizou a situação de ambas as residências, desmembrando oficialmente o terreno e
averbando as propriedades dos números 414/418 e 424. Porém, um trágico acidente em 1984 findou os dias
desta figura ilustre de Paraguaçu. Aos 81 anos, faleceu o senhor Adolpho Prado Mendes que durante sua
vida inteira exerceu importantes papéis na sociedade paraguaçuense: foi Juiz de Paz durante vários anos,
presidente do Ideal Clube na década de 40, sócio proprietário da Casa Oriente, administrou a Fazenda
Oriente e Gerenciou também a Cooperativa Mista Agro-Pecuária de Paraguaçu.
Seu falecimento fez com que o bem passasse às mãos de sua segunda esposa, uma vez que a primeira, com
a qual havia casado em 1925, falecera em 1939. Suas segundas núpcias se deram em 1942 e a consorte
escolhida foi a senhora Emerenciana do Prado Mendes. Esta recebeu a propriedade, oficialmente, em 12 de
novembro de 1984; à época, o bem era avaliado em CR$ 2.200.000,00 (dois milhões e duzentos mil
cruzeiros). Com o passamento da proprietária, seus filhos venderam o imóvel em 18 de março de 1999 ao
12 Crack de 1929 é o nome dado à quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque ocorrida no ano de 1929. Esse evento teve graves
conseqüências nas economias mundiais e é considerada, por diversos autores, como a primeira grande crise significativa do capitalismo.
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senhor Atanair Andrade Dias.
O senhor Atanair é um paraguaçuense nato que ao longo de seus 76 anos (nasceu aos 13 dias de julho de
1931) exerceu várias funções ligadas ao comércio e à produção agro-pecuária da urbe. Sua proximidade com
o senhor Adolpho Prado Mendes e parentes é bastante anterior à compra da residência em 1999 uma vez
que, em 1965, comprou com um amigo, o senhor José Ronaldo Leite, a Casa Oriente das mãos de Adolpho.
Conta o proprietário que somente uma reforma foi executada no bem. Esta se deu em 1999, logo que
comprou a casa. Consistiu de uma nova pintura da parte externa, alterando sua cor então observada,
mudando-a de amarela para vermelha. Fora isso, apenas pequenos consertos para a manutenção são
efetuados em ocasiões esparsas. O uso ao qual se destina o bem também foi alterado pelo novo proprietário.
O local passou a ser alugado para uma sacaria, a empresa Dias e Leite Ltda, que se mantém como locatário
até o presente. A empresa Dias e Leite Ltda foi fundada em 1972 pelos senhores José Ronaldo Leite e
Atanair Andrade Dias e permanece gerando empregos e disseminando o nome de Paraguaçu por todo o
território nacional13.
A trajetória histórica do bem aqui descrita traz consigo, de maneira latente, dois outros elementos caros à
história municipal: o desenvolvimento econômico-social da urbe que pode ser observado a partir da
caminhada de figuras de destaque na sociedade paraguaçuense, o senhor Adolpho Prado Mendes e o
senhor Atanair Andrade Dias; e um pouco dos costumes privados da família Prado Mendes, que de certa
maneira nos remetem aos costumes de todas as famílias de sua camada social.
12. Análise de entorno:
A edificação está situada à Rua Aureliano Prado, no quarteirão formado pelas ruas Presidente Getúlio
Vargas e Prefeito Nestor Eustáquio. Logradouro localizado em área central paralelo à principal praça de
Paraguaçu, a Praça Oswaldo Costa, a Aureliano Prado possui largura média, correspondente a três carros,
plana e de mão dupla, pavimentada por paralelepípedos em todo seu percurso, sendo permitido estacionar
em paralelo nos dois lados da rua. Apresenta forte movimento de pedestres e de veículos leves e pesados,
devido ao significativo número de comércio e serviços existentes nela própria e nas redondezas. Esse tipo
de uso divide espaço com as residências, ainda predominantes, embora tenha se verificado nos últimos anos
certa tendência à substituição.
As edificações vizinhas têm no máximo dois pavimentos. A tipologia mais comum é de construções
alinhadas a rua, com afastamentos laterais e acesso através de alpendres e varandas. A região é provida de
infra-estrutura urbana básica, com iluminação pública em apenas um dos lados da via, causando prejuízo
na sua eficiência. As calçadas são estreitas (aproximadamente 80 cm), mas se encontram bem conservadas.
13. Descrição:
O terreno que abriga o bem é plano e quadrado, e seu fechamento é realizado pela própria edificação, que
se encontra no mesmo nível da Rua Aureliano Prado. A construção tem partido quadrado e ocupa quase
todo o lote, com afastamento apenas na parte posterior, utilizado apenas como depósito ao ar livre de
entulhos. Apresenta dois pavimentos com acessos independentes. O nível térreo tem acesso frontal através
de duas portas metálicas de enrolar, típica de estabelecimentos comerciais. Sobre elas, uma marquise de
concreto. Para se chegar ao segundo pavimento, passa-se por uma escada localizada na lateral direita do
prédio e em seguida por uma pequena varanda com piso de cerâmica, forro de madeira e cobertura
independente de três águas e ornamentação em cimalha de madeira. A escada tem o mesmo tipo de piso da
varanda e guarda-corpo de argamassa pintado na cor vermelha.
Traços ecléticos podem ser verificados no imóvel, provavelmente erguido em estrutura de pilares e vigas de
concreto. A fachada principal é assimétrica, pintada na cor vermelha, e composta por seis vãos – três portas
no térreo, duas janelas e o vão da varanda. Relevos em massa brancos marcam o frontispício com formas
geométricas e retas e ornamentam peitoris e vergas das janelas e vãos da varanda. As vergas são retas com
enquadramentos de argamassa também pintada na cor branca. As janelas têm duas folhas de abrir,
13
Autor Desconhecido. Atanair Andrade Dias. A Voz, 13/09/1997, P. 5.
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esquadrias em veneziana e vedação de madeira. A porta de ingresso à escada que leva ao pavimento
superior e também ao corredor para os fundos da edificação é metálica, pintada na cor branca e com
adornos em toda sua extensão. As demais fachadas seguem a mesma tipologia adotada na principal embora
seus vãos sejam simples, sem a ornamentação em relevos brancos de algumas aberturas do frontispício
frontal.
O segundo pavimento, que abriga uma residência, é composto por varanda, sala, quarto, copa e uma
circulação que leva a mais um quarto, ao banheiro e à cozinha, chegando à outra varanda nos fundos da
edificação. Também é possível chegar a essa varanda por uma escada localizada no afastamento posterior.
Os quartos têm piso de tábua de madeira e os demais ambientes em cerâmica; nos forros, tabuado de
madeira. Já o pavimento térreo é um grande galpão. Todo o piso desse andar é de cerâmica e não há forro,
somente laje.
Na cobertura, cerâmica plana com quatro águas, cumeeira paralela à rua e coroamento em cimalha de
madeira pintada na cor bege. Parte do coroamento frontal é interrompida por um frontão, em formato
geométrico, sem ornamentações, apenas pintado na mesma cor da fachada. A varanda localizada nos
fundos tem cobertura independente de meia água com vedação em telha de fibrocimento e beiral simples.
14. Intervenções:
Depois de adquirir a edificação, o proprietário realizou uma reforma em março de 1999. A única
intervenção que ocorreu na construção nessa oportunidade foi a aplicação de uma nova camada pictórica,
alterando a cor do revestimento de amarela para vermelha. Fora isso, apenas pequenos consertos para a
manutenção são efetuados em ocasiões esparsas. Atualmente, o bem passa por mais uma reforma.
15. Estado de conservação:
Regular.
16. Análise do estado de conservação:
O principal problema encontrado na edificação é a grande presença de umidade nas paredes e nas
marquises sobre as portas de entrada. Esse fato também é observado nas duas escadas externas e nos
guarda-corpos e ainda em algumas paredes do pavimento térreo. Outra degradação observada é a pintura
desgastada em algumas paredes externas. Entretanto o imóvel passa por uma atual reforma e acredita-se
que esses problemas serão resolvidos.
17. Fatores de degradação:
A degradação do edifício é causada por ação de intempéries, falta de conservação adequada e constante.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
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ƒ
ƒ
Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Nota de Falecimento – Adolfo Prado Mendes. A Voz, 11/08/1984, P. 8.
Autor Desconhecido. Atanair Andrade Dias. A Voz, 13/09/1997, P. 5.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
DIAS, Atanair de Andrade. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
Livro de Registros Imobiliários. AV 4-2496 L 2G Fl. 162. 23/06/1982.
Livro de Registros Imobiliários. L 2G Fl. 162 R 52496. 12/11/1984.
Livro de Registros Imobiliários. Mat. 8123. 18/03/1999.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 07/21
Edificação à Rua Aureliano Prado, 424
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
2. Distrito:
Varanda – acesso principal
Sede
3. Designação:
Residência
4. Endereço:
Rua Aureliano Prado, 424
5. Propriedade:
Particular – Lécio Campos
6. Responsável:
Rua Aureliano Prado
Lécio Campos
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Residência
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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Rua Dr. João Pinheiro 220 I Centro
(35) 3267 – 1155 I CEP: 37120-000
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11. Histórico:
O imóvel da rua Aureliano Prado 424 é um dos diversos que compõem o núcleo atual do centro urbano de
Paraguaçu. O município do sul mineiro teve, em seus primeiros anos após a emancipação ocorrida em 1911,
como principal região os arredores da Praça João Eustáquio. Inaugurada a Praça Oswaldo Costa em 1942 e
com a subseqüente instalação de residências e estabelecimentos comerciais em seus arredores, esta região
foi crescendo em importância na urbe e, até os dias atuais, figura como verdadeira jóia da cidade.
A segunda expansão urbana coincide com o segundo período de grande desenvolvimento econômico de
Paraguaçu. Esta sempre possuiu como força motriz de sua economia a produção agro-exportadora local;
com o ‘crack’ de 192914 a cidade, bem como a grande maioria dos municípios brasileiros, se viu abatida e
introduzida em grave recessão que só foi superada a partir do final da década de 1930. Isso é comprovado
pelo fato de na década posterior, a de 40, observamos a realização grandes obras no território municipal.
Apenas para listar algumas, temos a inauguração da Praça Oswaldo Costa (1942) e do Hospital Pedro
Quintino (1945) dentre várias. O vigor econômico municipal perdurou por pelo menos mais uma década e
ainda nos anos 50 e início dos 60 a cidade ainda recebia, de maneira intensa, novas residências.
O terreno onde a residência se encontra, no entanto, já possuía uma edificação anterior a essa crise. O que
nos chega é que em 1926 o senhor Adolpho Prado Mendes comprou o terreno já com uma pequena casa e
um grande pomar. Essa residência foi o local onde este proprietário escolhera como berço de sua família
uma vez que havia contraído suas primeiras núpcias com Sílvia Prado Mendes no ano anterior, em 1925.
Deste casal nasceram cinco filhos e, em 1939 a senhora Sílvia faleceu. Três anos depois, em 1942, Adolpho
contrai suas segundas núpcias com a senhora Emerenciana do Prado Mendes.
É neste período, início dos anos 40 que a antiga casa existente no terreno foi demolida para a fundação de
uma nova. Mesmo que a data precisa da construção não tenha sido preservada, é possível supor que 1942
tenha sido o ano em que a nova residência foi levantada objetivando abrigar a nova família recém
constituída. As expensas da obra correram a cargo do próprio Adolpho que, segundo relatos, também teria
sido o idealizador do projeto da moradia. Para os trabalhos necessários, foi contratada mão de obra local
que, no entanto, não teve o nome do encarregado preservado pela memória dos moradores da cidade. Uma
vez concluídos os trabalhos de edificação – que podemos crer ter ocorrido em 1942 ou em ano bem próximo
–, ali se instalou o senhor Adolpho e a senhora Emerenciana; deste casal, sete filhos foram gerados e a
grande família cresceu em prosperidade de acordo com os citadinos.
O senhor Adolpho Prado Mendes foi uma figura de grande destaque em Paraguaçu. Nascido em Paredes
do Sapucaí – hoje Cordislândia – em 18 de janeiro de 1903, ainda criança veio para Paraguaçu junto com os
pais. Estudou no Colégio São Joaquim em Lorena, São Paulo. Encontramos, a respeito de sua história, em
um livro da Academia Paraguaçuense de Letras os seguintes dizeres:
“Exerceu inúmeras atividades durante sua vida. Foi sócio proprietário da Casa Oriente.
Administrou a Fazenda Oriente do seu sogro Luiz Ferreira do Prado. Gerenciou a
Cooperativa Mista Agro-Pecuária de Paraguaçu. Foi Juiz de Paz durante muitos anos. Foi
Presidente do Ideal Clube em 1941. Homem dinâmico sempre participou dos movimentos
que visavam o desenvolvimento de Paraguaçu.”15
Adolpho prado Mendes, contudo, veio a falecer de forma trágica em 1984: foi atropelado durante sua
caminhada matinal. Esse atropelamento se deu apenas dois anos após este ter regularizado a situação do
imóvel no que diz respeito à sua inscrição legal no Cartório de Registros Imobiliários da cidade.
Não há registros anteriores do imóvel anteriores ao ano de 1982. Neste ano o senhor Adolpho averba não só
14 Crack de 1929 é o nome dado à quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque ocorrida no ano de 1929. Esse evento teve graves
conseqüências nas economias mundiais e é considerada, por diversos autores, como a primeira grande crise significativa do capitalismo.
15 Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002. P. 19.
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a sua propriedade do número 424, como também a vizinha do número 414/418. Ainda que não fique claro
pelos registros imobiliários, a residência do número 414/418 (que hoje se dedica ao uso comercial) foi
construída em 1956. Nessa época foi realizada uma reforma que alterou a entrada da propriedade do
número 424, antes essa tinha entrada pela rua Presidente Getúlio Vargas e após a reforma passou à entrada
atual pela rua Aureliano Prado. Portanto, ainda que não tenha sido formalizado à época, o
desmembramento do terreno original se deu na segunda metade da década de 50. Falecido o senhor
Adolpho, o bem passou às mãos de sua esposa, a senhora Emerenciana tal como nos é atestado pelo registro
de 1984. Esta permaneceu proprietária até seu falecimento, e seus herdeiros somente em 1999 venderam
esta parte do espólio a diversos membros da família Mendes. Ainda em 1999 o comerciante Léssio Campos
adquiriu a residência e se mantém como proprietário aos dias atuais. Nesta oportunidade realizou algumas
obras de conservação do imóvel como troca de telhas quebradas e aplicação de nova camada pictórica.
O uso residencial foi sempre mantido no bem e essa sua ligação com o espaço privado da sociedade
paraguaçuense é um motivo que faz com que seja reconhecida como parte integrante do conjunto dos
patrimônios históricos e culturais do município. Para mais, a sua interação com a caminhada sócioeconômica da urbe e com a figura ilustre de Adolpho Prado Mendes faz com que seja inegável seu valor
para a memória coletiva deste quinhão do sul de Minas Gerais.
12. Análise de entorno:
A edificação está situada à Rua Aureliano Prado, no quarteirão formado pelas ruas Presidente Getúlio
Vargas e Prefeito Nestor Eustáquio. Logradouro localizado em área central paralelo à principal praça de
Paraguaçu, a Praça Oswaldo Costa, a Aureliano Prado possui largura média, correspondente a três carros,
plana e de mão dupla, pavimentada por paralelepípedos em todo seu percurso, sendo permitido estacionar
em paralelo nos dois lados da rua. Apresenta forte movimento de pedestres e de veículos leves e pesados,
devido ao significativo número de comércio e serviços existentes nela própria e nas redondezas. Esse tipo
de uso divide espaço com as residências, ainda predominantes, embora tenha se verificado nos últimos anos
certa tendência de substituição.
As edificações vizinhas têm no máximo dois pavimentos. A tipologia mais comum é de construções
alinhadas a rua, com afastamentos laterais e acesso através de alpendres e varandas. A região é provida de
infra-estrutura urbana básica, com iluminação pública em apenas um dos lados da via, causando prejuízo
na sua eficiência. As calçadas são estreitas (aproximadamente 80 cm), mas se encontram bem conservadas.
13. Descrição:
Situado na esquina da Rua Aureliano Prado com Rua Getúlio Vargas, o terreno que abriga a residência é
quadrado e em aclive, acompanhando a topografia da Rua Getúlio Vargas. O fechamento do lote se dá pela
própria edificação, que se encontra alinhada ao passeio, e com afastamento parcial posterior. O acesso
principal, pela Rua Aureliano Prado, pode ser feito através de uma escada que leva a uma varanda frontal
localizada à esquerda da fachada. Há um outro acesso por um portão na Rua Getúlio Vargas, utilizado para
entrada de carros na garagem. A varanda tem piso em cerâmica vermelha com forro tabuado de madeira. O
guarda-corpo, de argamassa, conta com revestimento de cerâmica do mesmo tipo utilizado no piso. Ao
centro, dois finos pilares pintados na cor bege demarcam a entrada da varanda.
Possivelmente o imóvel, com características ecléticas e partido em “L”, foi construído em estrutura
autônoma de concreto. A fachada voltada para a Rua Aureliano Prado é assimétrica, composta de oito vãos
– quatro janelas, um vão da varanda e três aberturas quadradas para ventilação do porão. No afastamento
lateral esquerdo, há uma pequena porta metálica com aproximadamente 1,5 m de altura que dá acesso à
varanda. As janelas dessa fachada são de dois tipos: três janelas de abrir de madeira, com vedação em
madeira em veneziana e vidro, duas delas têm duas folhas e a outra três folhas; a quarta localiza-se mais a
esquerda na fachada, ao lado da varanda, contando com esquadria metálica, vedação de vidro e sistema de
abertura de correr.
Já a face voltada para a Rua Getúlio Vargas apresenta o mesmo tipo de composição assimétrica e tipologia
dos vãos. Cinco vãos formam a fachada, sendo duas janelas, um portão metálico de duas folhas e duas
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aberturas para ventilação do porão. Ambos os frontispícios são bem ornamentados e pintados na cor azul.
Relevos brancos emolduram as janelas e estão presentes na elevação da empena do telhado, formando
desenhos geométricos. Uma faixa em alto relevo a meia altura das janelas de madeira percorre todas as
duas fachadas. Os vãos têm vergas retas e enquadramentos em argamassa, com exceção das janelas de
madeira, que possuem enquadramentos no mesmo material. A cobertura da edificação é em telhado de
cerâmica plana; a varanda tem telhado independente de três águas e mesmo tipo de telhas na vedação. As
duas coberturas são coroadas em cimalha de madeira pintada.
14. Intervenções:
Segundo relatos da filha do primeiro proprietário, o sr. Adolfo Prado, seu pai comprou o terreno em 1926,
onde havia uma pequena casa e um pomar. Essa morada foi demolida para a construção da atual residência
em 1940. Em 1956, o prédio passou por uma reforma, mudando a entrada principal da Rua Getúlio Vargas
para a Rua Aureliano Prado. Nessa oportunidade, o terreno foi desmembrado e, na área que abrigava o
pomar, foi erguida a edificação ao lado, localizada no número 414/418 da Rua Aureliano Prado. Já em 1999,
quando da compra do imóvel por Léssio Campos, alguns reparos de conservação foram realizados, como
troca de telhas quebradas e aplicação de nova camada pictórica.
15. Estado de conservação:
Bom.
16. Análise do estado de conservação:
O imóvel encontra-se bem conservado e apresenta indícios de umidade na base da construção e em algumas
paredes externas. A pintura externa começa a desgastar-se na parte externa.
17. Fatores de degradação:
A residência tem sido degradada por fatores como intempéries, mau uso e ausência de manutenção
periódica.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Recomposição da pintura das paredes externas;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Nota de Falecimento – Adolfo Prado Mendes. A Voz, 11/08/1984, P. 8.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Livro de Registros Imobiliários. AV 4-2496 L 2G Fl. 162. 23/06/1982.
Livro de Registros Imobiliários. L 2G Fl. 162 R 52496. 12/11/1984.
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Livro de Registros Imobiliários. L 2T Fl. 276 R 25 a 29-2496. 05/02/1999.
Livro de Registros Imobiliários. Mat. 2496. 05/02/1999.
MENDES, Maria Auxiliadora. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
20. Informações complementares:
Não foi possível ter acesso ao interior do edifício principal devido à proibição por parte do proprietário.
21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 08/21
Edificação à Rua Pres. Getúlio Vargas, 126
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Fachada principal
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Residência
4. Endereço:
Rua Presidente Getúlio Vargas, 126
5. Propriedade:
Particular – Olinto Maciel Dias
6. Responsável:
Rua Presidente Getúlio Vargas
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Olinto Maciel Dias
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Residência
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
O imóvel situado a altura do número 126 da rua Presidente Getúlio Vargas, região central de Paraguaçu,
tem seu terreno envolvido em diversas negociações originadas ainda no final da segunda década após a
emancipação da cidade. No ano de 1911, Paraguaçu se emancipa e, naquela época, o centro urbano da
cidade era localizado nos arredores da praça João Eustáquio. Contudo, com o passar dos anos e,
principalmente, após a superação da crise econômica de 1929 que se abateu em todo o mundo, o núcleo
urbano passou às redondezas da praça Oswaldo Costa, inaugurada em 1942. Ainda que a região só tenha
crescido em importância a partir dos últimos anos da década de 1930 e, com mais força, na década de 1940,
várias famílias paraguaçuenses buscavam adquirir lotes nesta área devido a sua proximidade ao antigo
centro.
É nesta toada que encontramos o primeiro registro imobiliário do terreno que abriga o imóvel
presentemente inventariado. Conforme esta primeira entrada imobiliária, datada de 15 de setembro de
1930, observamos que o então proprietário era o senhor Aureliano Pereira dos Santos e sua esposa Maria
Pereira de Jesus, e estes vendiam – pelo valor de 1:000$000 (um conto de réis) – a propriedade ao senhor
Virgílio Pereira. Menos de um ano passado, aos três dias de julho de 1931, nova negociação é registrada:
desta vez uma permuta, realizada entre o senhor Virgílio Pereira e o senhor Aureliano Pereira dos Santos,
devolve a propriedade ao seu antigo dono. Ambos registros apontam que o terreno ainda se encontrava
vago e o valor de um conto de réis é a avaliação deste nas duas negociações.
A construção da residência é dada, pelos relatos orais, como ocorrida durante o início da década de 1950.
Essa datação, ainda não possa ser atestada por nenhuma outra fonte, é bastante plausível uma vez que a
época a cidade, de maneira geral, vivenciava grande crescimento advindo das boas negociações de sua
produção agro-pecuária que impulsionava os mais diversos setores da sociedade. Porém, se podemos crer
essa datação ser precisa, a idealização e financiamento da obra são de paternidade duvidosa. As entrevistas
realizadas na cidade apontam como responsável o senhor Ângelo Taglialegna; contudo, os registros
cartoriais só apontam esse como proprietário do imóvel a partir do ano de 1984. É notável que, em grande
número de casos, os registros imobiliários demoram a ser atualizados, causando alguns embaraços quanto à
precisão de transferências de propriedade; ainda assim, somos levados a crer que um ‘atraso’ de cerca de
trinta anos para atualizar o registro imobiliário do bem não seria, de maneira alguma, justificável. Desta
feita a atribuição do financiamento da edificação ao senhor Aureliano Pereira dos Santos se mostra a mais
razoável.
Infelizmente, são muito escassas as informações que dispomos a respeito deste possível patrocinador do
bem; somente nos chega que este era um lavrador e sua esposa dedicava aos serviços domésticos e estes
dados nos são fornecidos pelos registros cartoriais. Lavrador que era, o senhor Aureliano deve ter
aproveitado o bom momento vivido pela cidade de Paraguaçu e amealhado os recursos necessários para
erguer a casa de morada e ali fixar-se com sua família. Devido ao silêncio das fontes quanto à origem do
bem, diversas são as inferências que devem ser feitas para a composição do histórico do imóvel dentro das
possibilidades apresentadas; mas dois elementos nos são inteiramente desconhecidos: projetista das linhas
que determinaram a casa e o artífice que as concretizou.
Aureliano Pereira dos Santos permaneceu, segundo os registros cartoriais, como proprietário do bem até o
ano de 1984, quando então o vendeu a Ângelo Taglialegna, aos vinte e cinco dias de junho, pelo valor de
CR$ 6.000,00 (seis mil cruzeiros). O senhor Ângelo, ou ‘Angelim’ como era conhecido, foi uma figura de
destaque na cidade. Proprietário da Funerária Taglialegna, além de próspero homem de negócios,
‘Angelim’ sempre se destacou no panorama esportivo paraguaçuense. A Folha da Matinada o elegeu, em
2000, como o “Futebolista do século”16, título este fornecido in memoriam, uma vez que Ângelo Taglialegna
faleceu em março de 1989; e seus esforços para a divulgação da prática esportiva ultrapassou as quatro
linhas do campo de futebol e sempre trabalhou para o enaltecimento da Associação Esportiva de
Paraguaçu.
16
Autor Desconhecido. Angelim Taglialegna – o craque do século. Folha da Matinada, Jan/2000, P. 18.
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Os registros imobiliários nos mostram um movimento interessante, no que diz respeito à posse da
propriedade, manifesto em 1984. Conforme já apontado, pode ser observado nas entradas que em junho de
1984 Ângelo Taglialegna tornou-se proprietário do imóvel. Porém, oficialmente, em agosto de 1984 ele
vendeu a propriedade ao senhor Dário Borim pelo valor de CR$ 6.175.400,00 (seis milhões cento e setenta e
cinco mil e quatrocentos cruzeiros); e este, por sua vez, a vendeu em setembro do mesmo ano ao senhor
Olinto Maciel Dias pela quantia de CR$ 7.410.480,00 (sete milhões quatrocentos e dez mil quatrocentos e
oitenta cruzeiros). Esses valores da propriedade demonstram quão conturbada era a economia brasileira a
época. Levando em conta o valor da propriedade em junho e o valor da mesma em setembro, observamos
uma valorização de pouco mais de 12.350% (doze mil trezentos e cinqüenta por cento). Desconsiderando o
valor da primeira transação, por esse estar bem abaixo do valor declarado em agosto – e assim apontar para
um possível erro na entrada do registro – observamos ainda, em pouco mais de um mês uma valorização de
20% (vinte por cento).
A respeito do senhor Olinto Maciel Dias só sabemos que este é um agricultor e que é irmão de Carlos
Ângelo Taglialegna, atual morador da residência. O senhor Carlos Ângelo Taglialegna é o sexto filho de
Ângelo Taglialegna, o que liga novamente o bem à família Taglialegna. Ligação esta que vai mais além uma
vez que uma das construções do afastamento posterior esquerdo do terreno foi utilizada como apoio à
Funerária Taglialegna, ainda antes de Ângelo falecer. Devemos registrar que o conjunto sempre teve o uso
residencial privilegiado, sendo praticado este uso misto por muito pouco tempo. Foi também antes do
passamento de Ângelo que algumas janelas de madeira foram substituídas por outras metálicas e essa
constituiu a única intervenção na propriedade segundo o atual morador.
12. Análise de entorno:
A Rua Presidente Getúlio Vargas, onde se situa o imóvel, é uma importante via devido a sua grande
extensão, ao cortar todo o centro de Paraguaçu, constituindo-se em um dos principais logradouros de
entrada e saída da urbe. Pavimentada em paralelepípedos, tem largura correspondente a três carros, em
declive, de mão única, com o sentido de tráfego acompanhando sua declividade, além de ser permitido
estacionar em paralelo em ambos os lados. Apresenta considerável movimento de pedestres e de veículos
leves e pesados, devido à quantidade de estabelecimentos de comércio e serviços localizados nela própria e
nas redondezas, e ainda pela proximidade ao Mercado Municipal e à Praça Pedro Leite. Esse tipo de uso
divide espaço com as residências, ainda predominantes.
As edificações vizinhas têm no máximo dois pavimentos, sendo que as construções térreas dominam a
paisagem. A maioria dos imóveis é alinhada à rua e ocupam grande parte do terreno, apresentando em
alguns casos, afastamento lateral. A região é provida de infra-estrutura urbana básica, com iluminação
pública em apenas um dos lados da via. As calçadas são estreitas (aproximadamente 80 cm), mas se
encontram bem conservadas.
13. Descrição:
O imóvel com manifestações ecléticas e neocoloniais implanta-se em terreno plano e profundo e está
alinhado ao passeio, com afastamento posterior e nas laterais. No afastamento lateral direito, encontra-se
uma pequena construção térrea, de alvenaria estrutural de tijolos e cobertura de meia água em cerâmica
curva, utilizada como depósito de materiais. Do lado esquerdo, outra edificação de mesma tipologia
arquitetônica ocupa o afastamento. Próxima a ela, foi construída uma estrutura simples para abrigar o
automóvel do proprietário. É composta por pilares (seção circular) e toras de madeira segurando uma
cobertura de meia água de telha de fibrocimento, contando com pequenos tocos irregulares de madeira na
delimitação de sua área. Nos fundos da residência, há um quintal com horta e árvores de até cinco metros
de altura. O terreno é delimitado por muros e pela própria edificação na parte frontal.
Para se adentrar a residência, passa-se por um estreito caminho descoberto localizado na parte direita da
fachada principal e em seguida por uma varanda com piso em mosaico de cerâmica – o mesmo do caminho
- e forro de madeira. O bem é composto por duas varandas – uma onde está o acesso principal e outra na
porção posterior – quatro quartos, sala, copa, cozinha e banheiro. Todos os cômodos têm piso de tábuas de
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madeira e forro de eucatex, exceto um dos quartos, ao lado da varanda, que tem forro de madeira. A
varanda localizada próximo ao quintal tem o mesmo tipo de piso adotado na varanda frontal, o mosaico de
cerâmica. O telhado independente de meia água em cerâmica plana está aparente, portanto não há forro. A
cobertura apresenta beiral simples. O imóvel tem estrutura autônoma de concreto e vedação de tijolos,
sendo revestido com pintura na cor bege.
A fachada principal é assimétrica, com três vãos: duas janelas e o vão da varanda. Sua ornamentação é
simples, e as janelas são de duas folhas de abrir, esquadrias de madeira em veneziana e vedação de vidro.
Todos os três vãos têm vergas retas e enquadramentos de argamassa pintada na cor azul clara. As demais
janelas com esquadria metálica e vedação de vidro; algumas são basculantes, outras de correr. O
embasamento chapiscado tem pintura na mesma cor, também adotada no acabamento do portão da
garagem.
Na cobertura, telhado de quatro águas, com cumeeira perpendicular à rua, interrompida na parte frontal
pela elevação de uma empena. A vedação é de cerâmica plana e no coroamento, cimalha em madeira
pintada na cor azul escuro.
14. Intervenções:
De acordo com informações do Sr. Carlos Ângelo Taglialegna, irmão do proprietário, a única intervenção
significativa na residência foi à troca de algumas janelas de esquadrias de madeira para janelas de esquadria
metálica, em meados da década de oitenta. O cômodo localizado no afastamento lateral esquerdo era
utilizado como apoio para a antiga funerária do proprietário da casa. Como a funerária foi desativada, o
cômodo é raramente utilizado.
15. Estado de conservação:
Bom.
16. Análise do estado de conservação:
A casa encontra-se em bom estado de conservação, embora apresente pequenos problemas decorrentes do
tempo de construção, que se resumem a desgaste na pintura e indícios de presença de umidade nas
paredes.
17. Fatores de degradação:
Os principais fatores de degradação dizem respeito à ação de intempéries e ataque de microorganismos. A
percepção da edificação é prejudicada pela fiação elétrica dos postes de iluminação pública.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
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19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Ângelo Taglialegna (Angelim). A Voz, 01/04/1989, P. 10.
Autor Desconhecido. Angelim Taglialegna – o craque do século. Folha da Matinada, Jan/2000, P. 18.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Livro de Registros Imobiliários. L 3B Fl. 114 R 181. 15/09/1930.
Livro de Registros Imobiliários. L 3B Fl. 145 R 318. 03/07/1931.
Livro de Registros Imobiliários. L 2J Fl. 43 R 1-3142. 25/06/1984.
Livro de Registros Imobiliários. L 2J Fl. 43 R 2-3142. 01/08/1984.
Livro de Registros Imobiliários. L 2J Fl. 43 R 2-3142 Prot. 10.169. 17/09/1984
TAGLIALEGNA, Carlos Ângelo, 25 mai. 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 09/21
Edificação à Rua Pres. Getúlio Vargas, 293
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
2. Distrito:
Detalhe do frontão
Sede
3. Designação:
Residência
4. Endereço:
Rua Presidente Getúlio Vargas, 293
5. Propriedade:
Particular – Espólio de José Alves dos Santos
6. Responsável:
Rua Presidente Getúlio Vargas
Herdeiros de José Alves dos Santos
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Vago
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
A rua Presidente Getúlio Vargas, situada na região central do município de Paraguaçu, abriga em toda sua
extensão diversas casas e estabelecimentos comerciais que guardam, em sua trajetória, um pouco da história
da cidade. Buscaremos aqui tentar resgatar alguma contribuição que a residência do número 293 pode
fornecer a esse conjunto.
O passado por vezes ergue espessa camada de névoa ao redor das informações que almejamos alcançar.
Este é exatamente o caso do imóvel que atualmente é de propriedade do espólio de José Alves dos Santos.
As complicações começam pelos próprios registros imobiliários: ao consultá-los nos deparamos com dois
registros diferentes que remetem à mesma propriedade. Somos levados a crer que o patrimônio, hoje uno,
antes era constituído de duas partes distintas e que, conforme veremos, foram unificadas pelo senhor José
Alves dos Santos. A hipótese parece se verificar, mas não somos capazes de distinguir quais seriam as
dimensões das duas posses originais uma vez que em nenhum registro consta a área destas e as pessoas
entrevistadas na cidade não souberam fornecer esta informação. Examinemos a trajetória das duas posses
em separado até que alcancemos a unificação.
O registro mais antigo data de 02 de outubro de 1941. Ele versa a respeito da compra de um bem por
Eduardo Dias Bueno, lavrador, pelo valor de 1:800$000 (um conto e oitocentos mil réis). Maria Augusta
Pereira, Antônio C. Xavier, Aurélia Ferreira, Luiz Joaquim Santana e José Alves Filho eram os transmitentes
dela e a haviam adquirido do espólio de Joaquim Xavier. Passado menos de um ano, aos vinte dias de
agosto de 1942, Eduardo Dias Bueno comercia este item de seu cabedal com o senhor Francisco Aurélio
Casemiro, comerciante local, pelo mesmo valor que o adquirira. Francisco Casemiro pouco tempo fica no
comando da propriedade e em 13 de outubro de 1942 o vende a Áquila Maria Tavares, representada por
Joaquim Tavares Correia, pela quantia de 2:000$000 (dois contos de réis). O próximo registro data de 23 de
março de 1953 e trata da venda do bem ao senhor José Alves dos Santos realizada pelo senhor Darcy Rosa,
bancário, pelo valor de CR$ 12.000,00 (doze mil cruzeiros). Como é possível notarmos, falta um registro de
transferência de propriedade, entre Áquila Maria Tavares e o Darcy Rosa; como não foi formalizada a
venda, só nos resta supor que havia entre ambos algum laço de parentesco, não atestado por seus
sobrenomes, e por isso a transferência não foi assinalada. Retomando, foi portanto em março de 1953 que o
senhor José Alves dos Santos tornou-se o dono de parte da propriedade que hoje se inscreve em seu espólio.
A outra parte do bem tem seu primeiro registro datado de 23 de dezembro de 1943; neste o lote estava vago
e foi adquirido por Aécio Conde, comerciante, através de uma ação executiva perpetrada contra o senhor
Joaquim Araújo. À época, a valorização da posse era de CR$ 400,00 (quatrocentos cruzeiros). Aécio Conde o
transmite a João Olimpio Laje em 1945 pelo valor de CR$ 1.200,00 (mil e duzentos cruzeiros); este por sua
vez o passa a Cláudio Moreira de Azevedo em 15 de março e 1946, desta vez avaliado em CR$ 8.000,00 (oito
mil cruzeiros). Cláudio o passa às mãos de Joaquim Lages da Silva em uma permuta estimada em CR$
45.000,00 (quarenta e cinco mil cruzeiros), oficializada em 18 de junho de 1946. Só duas outras transferências
são registradas: Joaquim Lages da Silva a transmite em 1967 a Sabina Prado pelo valor de CR$ 600.000,00
(seiscentos mil cruzeiros); e Sabina transmite a José Alves dos Santos, em quatorze de abril de 1969, a
propriedade pelo valor de NCR$ 1.000,00 (mil cruzeiros novos). Assim, em 1969 José Alves dos Santos
unifica as duas propriedades.
Não nos chega a data precisa de quando foram edificadas as construções observadas no terreno. Na
primeira parte da propriedade só encontramos na descrição da transação de 1953 os dados de que no
terreno havia uma casa de cinco cômodos, duas janelas na frente e entrada lateral; enquanto que na segunda
parte, na transação de 1969 está descrito que no lugar há uma edificação de quatro cômodos. No primeiro
registro da segunda parte, a inscrição de 23 de dezembro de 1943 portanto, há a indicação de que o terreno
estava vago. Resta-nos somente apontar que os trabalhos de construção destes bens se deram entre o início
da década de 1940 e final da década de 1950. Examinemos um pouco mais atentamente para verificar a
veracidade dessas balizas.
A primeira parte do bem esteve envolvida em três transações comerciais entre os anos de 1941 e 1942. A
região próxima à rua Presidente Vargas passou a crescer em importância no centro urbano de Paraguaçu a
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partir do final da década de 1930 e início da década de 1940. Ainda que houvesse outras casas na região
anteriores a esse período, foi durante essa época que muitas das residências hoje encontradas ali foram
elevadas; somos levados a crer que, justamente pela falta de indicações na transação de 1941, não havia
nada construído no terreno antes disso. Associando este dado à alteração de donos de forma tão acelerada
nos primeiros registros, não seria plausível crer que tenham erguido algo nele. Porém um só registro é
encontrado após 1942, e data de 1953, ou seja, onze anos de intervalo. Como apontamos anteriormente, há
uma lacuna de registros entre esses dois, mas ainda sim é bastante provável que a edificação da casa de
cinco cômodos tenha se dado entre 1942 e 1953. Se isso for verdade, o financiamento do projeto deve ter
ficado a cargo de Áquila Maria Tavares ou de Darcy Rosa.
A segunda parte do bem é de rastreamento um pouco mais complexo, pois se as condições objetivas são as
mesmas – não encontramos registros que apontem quando foi edificado o imóvel no terreno –, as entradas
no registro de imóveis do município não são tão claros. Ainda que sejam registradas quatro transações
comerciais entre os anos de 1943 e 1946, o intervalo entre a maior parte destas permitiria a elevação de uma
residência no local. É no registro de 18 de junho de 1946 que encontramos algum indício a respeito do
possível período da construção; no referido registro está dito que o adquirente do bem, o senhor Joaquim
Lages da Silva, permutou quatro imóveis na transação comercial com o senhor Candido Moreira de
Azevedo. Sabemos que a região da rua Presidente Getúlio Vargas estava em franca valorização neste
período, mas é pouco provável que um terreno vazio detivesse o mesmo peso de quatro imóveis em uma
transação comercial. Portanto, é bastante possível que o bem estivesse edificado antes de 1946. E quem teria
sido o responsável pela edificação? Pelas datas dos registros cartoriais, não poderia ser o próprio senhor
Candido Moreira, uma vez que este ficou de posse deste por apenas três meses – entre março e junho de 46;
nos resta apenas a possibilidade de limitar os possíveis financiadores da obra; seriam estes João Olímpio
Laje ou Aécio Conde. A lacuna de dados só nos permite especular nos demais aspectos da obra: teria sido
esta financiada por recursos próprios e o projetista e encarregado da obra teria sido escolhido dentre os
aptos na própria cidade que, entretanto, não se destacavam dos demais artífices locais.
Foi indicado que o bem recebeu, ao longo dos anos algumas intervenções que almejavam a manutenção
deste, sem interferir em seu estilo arquitetônico e linhas iniciais. Nenhuma alteração significativa foi
relatada, vide inclusive pelo seu atual estado de conservação. Após o falecimento de José Alves dos Santos
em 20 de julho de 1996 após um acidente automobilístico, a propriedade passou a seu espólio e mantém
essa situação até os dias atuais.
O bem entra como peça importante no ‘quebra-cabeças’ do patrimônio histórico-cultural de Paraguaçu por
seu período de composição e pelo valor da região dentro do panorama urbano da cidade. Apresenta-se
antes como um elemento que ajuda a retraçar as linhas de crescimento municipal durante as florescentes
décadas de 40 e 50, que muitas inovações trouxeram à esta urbe do sul mineiro.
12. Análise de entorno:
A Rua Presidente Getúlio Vargas, onde se situa o imóvel, é uma importante via devido a sua grande
extensão, ao cortar todo o centro de Paraguaçu, constituindo-se em um dos principais logradouros de
entrada e saída da urbe. Pavimentada em paralelepípedos, tem largura correspondente a três carros, em
declive, de mão única, com o sentido de tráfego acompanhando sua declividade, além de ser permitido
estacionar em paralelo em ambos os lados. Apresenta considerável movimento de pedestres e de veículos
leves e pesados, devido à quantidade de estabelecimentos de comércio e serviços localizados nela própria e
nas redondezas. Esse tipo de uso divide espaço com as residências, ainda predominantes.
Nas proximidades do bem em questão, principalmente na Av. Dom Bosco, estão edificações de expressiva
importância para os paraguaçuenses: a Escola Estadual Padre Piccinini, a Caixa D’água e a Fundação
Educacional Dr. Esdras Olinto do Prado. Os imóveis vizinhos têm no máximo dois pavimentos, sendo que
as construções térreas dominam a paisagem. A maioria é alinhada à rua e ocupa grande parte do terreno,
apresentando em alguns casos, afastamento lateral. A região é provida de infra-estrutura urbana básica,
com iluminação pública em apenas um dos lados da via. As calçadas são estreitas (aproximadamente 80
cm), mas se encontram bem conservadas.
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13. Descrição:
A edificação está implantada em terreno plano e profundo, no mesmo nível da Rua Getúlio Vargas,
alinhada ao passeio e ocupando todo o lote. O fechamento é feito pela própria construção e seu acesso é
permitido através de duas portas de madeiras e dois degraus de escada. Estes são os únicos vãos que
constituem a fachada principal, de características ecléticas. Duas folhas de abrir compõem cada uma das
portas e, sobre elas, há uma estreita marquise de concreto. Outro elemento de destaque é a platibanda
escondendo o telhado e fazendo o coroamento frontal. É composta por elementos geométricos escalonados
com relevos retangulares em toda a sua extensão, e frisos verticais centralizados. O imóvel é revestido com
pintura na cor branca. As vergas são retas e tem enquadramento de argamassa. O telhado, de duas águas,
tem cumeeira perpendicular à rua e vedação de cerâmica plana. No coroamento lateral, beiral simples com
paredes cegas em ambos os lados.
14. Intervenções:
Nenhuma alteração significativa foi relatada, o que pode ser comprovado pela própria situação atual do seu
estado de conservação.
15. Estado de conservação:
Bom a regular.
16. Análise do estado de conservação:
Externamente é visível a má conservação do imóvel. Felizmente, são problemas reversíveis solucionados
por uma reforma sem maiores complicações. Em grande parte da fachada frontal, há presença de umidades
e lodo nas paredes, na marquise e no frontão. As portas de madeira estão bastante deterioradas,
necessitando de uma nova impermeabilização e substituição das peças degradadas. Próximo às edificações
vizinhas, há indícios de lodo na parede. Nas fachadas laterais, próximo ao beiral, o revestimento caiu e a
alvenaria já está visível.
17. Fatores de degradação:
O imóvel tem sido degradado por fatores como intempéries, mau uso, falta de conservação periódica e
inutilização da construção. O aumento da intensidade de tráfego, principalmente de veículos pesados, na
Rua Pres. Getúlio Vargas nos últimos anos poderá causar vibração na edificação e abalar suas estruturas.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Refazer o revestimento das fachadas laterais, próximo ao beiral;
ƒ Aplicação de nova pintura e impermeabilização das paredes externas;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
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19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Família Conde esteve na cidade. A Voz, 12/09/1976, P. 6.
Autor Desconhecido. Eduardo Dias Bueno. A Voz, 23/06/1990, P. 8.
Autor Desconhecido. José Alves dos Santos (Zé Cubem). A Voz, 27/07/1996, P. 8.
Autor Desconhecido. Aécio Leite Conde. A Voz, 08/03/1997, P. 10.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Livro de Registros Imobiliários. L 3E Fl. 67 R 2100. 02/10/1941.
Livro de Registros Imobiliários. L 3E Fl. 124 R 2352. 20/08/1942.
Livro de Registros Imobiliários. L 3E Fl. 129 R 2376. 13/10/1942.
Livro de Registros Imobiliários. L 3E Fl. 189 R 2633. 23/12/1943.
Livro de Registros Imobiliários. L 3F Fl. 91 R 3197. 12/10/1945.
Livro de Registros Imobiliários. L 3F Fl. 113 R 3309. 15/03/1946.
Livro de Registros Imobiliários. L 3F Fl. 127 R 3379. 18/06/1946.
Livro de Registros Imobiliários. L 3G Fl. 126 R 4917. 23/03/1953.
Livro de Registros Imobiliários. L 3K Fl. 229 R 10425. 08/04/1967.
Livro de Registros Imobiliários. L 3K Fl. 230 R 10426. 08/04/1967.
Livro de Registros Imobiliários. L 3L Fl. 39 R 11095. 14/04/1969.
20. Informações complementares:
Não foi possível ter acesso ao interior do edifício principal, pois o imóvel encontra-se fechado e
abandonado, e seus responsáveis não foram encontrados no período de levantamento de campo da equipe
técnica.
21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 10/21
Edificação à Rua Pres. Getúlio Vargas, 316
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Fachada principal
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Residência
4. Endereço:
Rua Presidente Getúlio Vargas, 316
5. Propriedade:
Particular – Ana Maria Alves Brandão Magalhães
6. Responsável:
Detalhe do frontão
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Ana Maria Alves Brandão Magalhães
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Residência
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
A propriedade localizada a altura do número 316 da rua Presidente Getúlio Vargas, no município de
Paraguaçu, consta em registros imobiliários como posse do senhor José Alves dos Santos. Contudo, isso
aponta para uma situação irregular na situação do registro, uma vez que o senhor José Alves dos Santos
faleceu em julho de 1996, vítima de um atropelamento. Essa situação excepcional, no que tange a situação
oficial do bem, entretanto não invalida de forma alguma o valor da peça como parte integrante do quadro
patrimonial desta região. É buscando perceber esse valor que o presente histórico se constitui.
Ana Maria Alves Brandão Magalhães, atual proprietária e administradora da residência, aponta como
época da construção do imóvel a década de 1940 e seu projetista teria sido o próprio José Alves dos Santos.
Infelizmente, ambos dados apresentados pela entrevistada se mostram insustentáveis quando contrastados
com outras fontes. Examinemos com mais afinco o que estas nos trazem.
José Alves dos Santos, ou ‘Zé Cubem’ como era conhecido entre os citadinos, era um ilustre filho de
Paraguaçu. Nascido aos três dias de agosto de 1912, filho de Eugênio dos Santos e Maria Alves, José Alves
foi uma figura de destaque em Paraguaçu. Exerceu ao longo de sua vida as profissões de comerciante,
agricultor e motorista de táxi17; mas seu destaque é indicado antes por seu caráter que por seu ofício, e isso
lhe valeu uma homenagem póstuma: um logradouro da cidade, localizado na Vila Samantha, ainda em
dezembro de 1996 recebeu seu nome. O livro existente na urbe, organizado pela Academia Paraguaçuense
de Letras, que trata dos “Logradouros Públicos de Paraguaçu”18, descreve ‘Zé Cubem’ como um senhor
“Honesto, trabalhador e íntegro”19 e confirma as profissões exercidas, o que torna pouco plausível que tenha
sido ele o projetista do imóvel historiado. Confrontando com os registros cartoriais, ainda que saibamos
haver falhas nestes, não observamos o nome de José Alves dos Santos antes de 1973, o que invalida a
hipótese de ter sido ele o responsável pela construção do bem. Uma vez que este não poderia ser o
responsável, quem teria sido?
O primeiro registro imobiliário que concerne ao bem data de uma transação de compra e venda realizada
em 1930 entre os senhores Francisco José dos Santos (transmitente) e Iramaia Luiz do Prado (adquirente). Já
neste encontramos referência a uma casa existente no terreno. Ainda que esta não seja descrita na entrada
cartorial, é bastante provável que se trate da residência hoje encontrada no local. A região da rua Presidente
Getúlio Vargas recebeu a maior parte dos imóveis ali existentes a partir da década de 1940, quando a cidade
passou por um segundo período de crescimento econômico, após a superação da crise econômica iniciada
com o ‘Crack’ de 192920. Contudo, não é de todo incomum encontrarmos alguns imóveis erigidos nestas
paragens entre o período de emancipação da cidade (1911) e o final da década de 1920. É bem verdade que
o centro urbano do município ainda estava vinculado à Praça João Eustáquio, em zona um pouco afastada
dali; mas essa opção mais distante do centro se mostrava como uma boa alternativa, sobretudo para pessoas
de menor poder aquisitivo, que não dispunham de capital suficiente para comprar um terreno nas cercanias
da praça.
Desta feita, fica bastante plausível admitirmos que o agricultor Francisco José dos Santos, tenha sido o
responsável pela edificação do bem, financiando, com recursos próprios, os custos desta operação. Se o ano
da construção não pode ser apontado com precisão, podemos indicar como período provável a década de
1920. As fontes históricas nos faltam em tudo aquilo que tange ao projetista da residência. Somente
hipóteses nos restam: I) o próprio Francisco José projetou e chefiou os trabalhos de construção; II) Francisco
José contratou os serviços de algum artífice da região para tal serviço; entretanto, nenhuma das duas pode
ser comprovada, pairando névoas neste ponto.
Erguido o bem, foi este posse de Francisco José dos Santos até o ano de 1930 quando – conforme já dito – foi
vendido a Iramaia Luiz do Prado por 7:000$000 (sete contos de réis). Iramaia o vende no ano seguinte (1931)
Autor Desconhecido. José Alves dos Santos (Zé Cubem). A Voz, 27/07/1996, P. 8.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
19 Ibidem, P. 80.
20 Crack de 1929 é o nome dado à quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque ocorrida no ano de 1929. Esse evento teve graves
conseqüências nas economias mundiais e é considerada, por diversos autores, como a primeira grande crise significativa do capitalismo.
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a Albino Borim por 3:500$000 (três contos e quinhentos mil réis); Albino gozou da situação de proprietário
até o ano de 1965 quando vendeu a Manoela Correa de Jesus e Domingos Rodrigues da Costa pelo valor de
CR$ 16.000,00 (dezesseis mil cruzeiros). Ainda em 1965, estes vendem o bem a Manoel Gonçalves Correa
por CR$ 480.000,00 (quatrocentos e oitenta mil cruzeiros). Em 1972 o bem foi novamente negociado duas
vezes: aos seis de dezembro encontra-se o registro desse como objeto da partilha do espólio de Manoel
Gonçalves Correa com o valor venal de CR$ 1.000,00 (mil cruzeiros) passando as mãos de Merentina
Cassemiro das Chagas; e aos vinte e seis de dezembro Merentina doa este a Maria do Rosário e a Maria de
Fátima, com o valor venal de CR$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil cruzeiros). As senhoras Maria do Rosário
e Maria de Fátima foram proprietárias pelos quatro meses seguintes, quando em 1973 observamos o último
registro imobiliário do bem tratando da venda deste a José Alves dos Santos pelo valor de CR$ 5.000,00
(cinco mil cruzeiros). Após o falecimento deste senhor, ainda que não tenha sido registrado, o bem passou
às mãos de seus herdeiros e hoje é administrado por sua filha Ana Maria Alves Brandão Magalhães.
Desde sua criação, o imóvel – ao que nos chega – sempre prestou-se ao uso residencial e, é forçoso supor
que tenha passado por diversas intervenções que almejavam a manutenção deste, ainda que não tenham
sido guardadas as datas de suas execuções e seus responsáveis. Fora estas, Ana Maria nos aponta que após
a compra do bem por seu pai o local onde hoje é a cozinha era inicialmente um banheiro, que foi
transformado em quarto para depois vir a ser a cozinha; o período destas alterações é o compreendido entre
1973 e o final da década de 1980. Outra intervenção no bem tomou lugar em 2006 e foi supervisionada por
Ana Maria, onde aumentou-se a cozinha – que avançou sobre o terreno do quintal –, trocou-se o piso de
madeira e reformou-se o telhado.
12. Análise de entorno:
A residência está situada na esquina da Rua Presidente Getúlio Vargas com a Rua Gabriel Junqueira. A Rua
Presidente Getúlio Vargas, onde se encontra a entrada do imóvel, é uma importante via devido a sua
grande extensão, ao cortar todo o centro de Paraguaçu, constituindo-se em um dos principais logradouros
de entrada e saída da urbe. Pavimentada em paralelepípedos, tem largura correspondente a três carros, em
declive, de mão única, com o sentido de tráfego acompanhando sua declividade, além de ser permitido
estacionar em paralelo em ambos os lados. Há pouca arborização e considerável movimento de pedestres e
de veículos leves e pesados, devido à quantidade de estabelecimentos de comércio e serviços localizados
nela própria e nas redondezas. Esse tipo de uso divide espaço com as residências, ainda predominantes. Já a
Rua Gabriel Junqueira tem um caráter mais residencial. De mão dupla, tem largura para três carros e
pavimentação de paralelepípedos. É uma via plana com estacionamento paralelo permitido dos dois lados.
Ao contrário da Rua Getúlio Vargas, a arborização é significativa; em ambas os passeios são estreitos e com
conservação regular.
Os imóveis vizinhos têm no máximo dois pavimentos, sendo que as construções térreas dominam a
paisagem. A maioria é alinhada à rua e ocupa grande parte do terreno, apresentando em alguns casos,
afastamento lateral. A região é provida de infra-estrutura urbana básica, com iluminação pública em apenas
um dos lados da via. As calçadas são estreitas (aproximadamente 80 cm), mas se encontram bem
conservadas. Nas proximidades do bem em questão, principalmente na Av. Dom Bosco, estão edificações
de expressiva importância para Paraguaçu: a Escola Estadual Padre Piccinini, a Caixa D’água e a Fundação
Educacional Dr. Esdras Olinto do Prado.
13. Descrição:
Situado na esquina das ruas Presidente Getúlio Vargas e Gabriel Junqueira, o bem se encontra implantado
em terreno plano e profundo, cercado pela própria edificação, por grades e muros. O afastamento lateral
direito está parcialmente ocupado com um anexo, erguido em 2006, que abriga parte da cozinha; já o
afastamento lateral esquerdo é estreito, respeitando apenas à proximidade com o muro limítrofe. O acesso à
residência pode ser feito através de uma varanda na lateral direita, com piso em cerâmica, sem forro. Na
cobertura, independente dos outros cômodos, laje estruturada por dois pilares de concreto.
A casa é composta por uma circulação central, duas salas, quatro quartos, banheiro, cozinha e quintal
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coberto. Os cômodos secos tem piso de tábua corrida e as partes molhadas revestimento de cerâmica. Não
há forro, somente laje. O quintal, utilizado como área de serviço e localizado nos fundos da edificação, tem
piso cimentado e cobertura de fibrocimento. Todo o edifício tem revestimento em pintura na cor amarela e
sistema construtivo em concreto com vedação de tijolos. As vergas dos vãos são retas, com enquadramento
de argamassa. As janelas são de correr em esquadria metálica, vedadas por vidro com bandeiras móveis
também em vidro; já as portas, de uma folha em madeira.
A fachada principal, voltada para a Rua Presidente Getúlio Vargas, é assimétrica e composta por cinco
vãos: quatro janelas e uma porta. No primeiro plano estão três janelas de duas folhas e a porta de entrada.
As janelas têm esquadria de madeira e vedação de vidro, e bandeiras fixas de vidro e madeira. A porta é de
gradil metálico na cor branca. Relevos pintados de rosa emolduram as janelas, mesma cor utilizada no
embasamento e nas faixas verticais que delimitam as extremidades do frontispício imitando cunhais. O
arremate é feito com entablamento de alvenaria revestido por argamassa sustentando a platibanda centrada
por um frontão em arco de círculo, e encimados por pináculos nas extremidades. Destaque na fachada, o
frontão apresenta elementos geométricos e no seu centro a inscrição “1928”, representando o ano de
construção; além de um desenho em alto relevo semelhante a um leão. As fachadas laterais apresentam o
mesmo tipo de revestimento utilizado na frente da edificação, com exceção dos elementos geométricos e
detalhes estéticos que a emolduram.
Em segundo plano na fachada, está o anexo onde se localiza parte da cozinha. Esse volume, levantado
posteriormente, tem pé direito menor e abriga o último vão do frontispício principal, uma janela de correr
com esquadria metálica e vedação em vidro.
A edificação tem dois telhados independentes: o primeiro que cobre a parte mais antiga da residência é um
telhado de duas águas com vedação em telha francesa; a cumeeira é perpendicular a Rua Presidente Getúlio
Vargas; o outro telhado protege a porção mais recente, composta por um anexo onde está a cozinha e o
quintal, e tem cobertura de meia água de fibrocimento.
14. Intervenções:
Segundo informações da Srª. Ana Rosa Alves Magalhães, parente da proprietária, a residência passou por
uma reforma em 2006 e sofreu as seguintes intervenções: construção de um anexo para aumento da área da
cozinha e cobertura do quintal, onde está a área de serviço; troca do piso de madeira, mantendo o mesmo
tipo de revestimento; reforma do telhado para resolver problemas, como goteiras. Anteriormente fora
apontado somente que o cômodo onde hoje é a cozinha era inicialmente um banheiro, transformado
posteriormente em quarto para depois vir a ser a cozinha; o período destas alterações é o compreendido
entre 1973 e o final da década de 1980.
15. Estado de conservação:
Excelente.
16. Análise do estado de conservação:
A casa não apresenta problemas de conservação, pois foi reformada recentemente.
17. Fatores de degradação:
A degradação da edificação é causada por intempéries e pelo desgaste natural dos elementos. O aumento
da intensidade de tráfego, principalmente de veículos pesados, na Rua Pres. Getúlio Vargas nos últimos
anos poderá causar vibração na edificação e abalar suas estruturas.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
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ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Iramaia Luiz do Prado. A Voz, 21/07/1979, P. 1.
Autor Desconhecido. José Alves dos Santos (Zé Cubem). A Voz, 27/07/1996, P. 8.
BUTTROS, Sílvia R. Prado Mendes. Família Borim. O Cidadão, 24/06/2000, P. 5.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Livro de Registros Imobiliários. L 3B Fl. 105 R 145. 24/06/1930.
Livro de Registros Imobiliários. L 3B Fl. 146 R 220. 09/07/1931.
Livro de Registros Imobiliários. L 3K Fl. 72 R 9634. 24/06/1965.
Livro de Registros Imobiliários. L 3K Fl. 77 R 9657. 12/07/1965.
Livro de Registros Imobiliários. L 3N Fl. 31 R 12643. 06/12/1972.
Livro de Registros Imobiliários. L 3N Fl. 39 R 12677. 26/12/1972.
Livro de Registros Imobiliários. L 3N Fl. 74 R 12845. 25/04/1973.
MAGALHÃES, Ana Maria Alves Brandão. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline
Medeiros.
MAGALHÃES, Ana Rosa Alves. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 11/21
Capela do Cemitério
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Detalhe da inscrição da fachada
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Capela do Cemitério
4. Endereço:
Rua Presidente Getúlio Vargas, s/n
5. Propriedade:
Particular – José Hermano Prado
6. Responsável:
Largo de entrada do cemitério
FOTOS: Fernanda Toledo, maio/2007
José Hermano Prado
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Necrotério/Culto
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Tombamento Municipal
Tombamento Municipal
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11. Histórico:
O bem que integra o patrimônio histórico e cultural de Paraguaçu e objeto do presente trabalho é a pequena
Capela que se encontra no Cemitério Municipal. O cemitério, construído em 1903, foi o terceiro nessas
paragens e atualmente encontra-se desativado uma vez que desde 2003 um novo atende às demandas dos
habitantes da urbe.
O impulso para a construção da edificação veio de Guilhermina Oliveira Leite Prado. Essa distinta senhora
integrava uma das linhagens que durante muito tempo exerceu grande influência na cidade: a família Leite.
Mãe de vários filhos, dona Guilhermina viu seu filho Luiz Leite do Prado falecer cedo, aos 18 anos de idade
– em 1920 – vítima de uma moléstia degenerativa. A mãe manifesta então interesse em erguer uma pequena
capela sobre o terreno onde seu filho fora enterrado; servindo também de abrigo para os demais membros
da família que viessem a falecer constituindo assim um grande jazigo para todos.
Alfredo de Oliveira Leite e Olinto de Oliveira Leite, irmãos de dona Guilhermina, rapidamente
demonstraram seu apoio à idéia manifesta. Contrataram um artífice para a concepção e execução do projeto,
bem como financiaram toda a empreitada. Os proventos necessários à obra eram de origem privada,
amealhados da produção de café das fazendas destes dois proprietários locais. A produção cafeeira se
mostrava rentável investimento para todos aqueles que a ela se dedicavam devido às políticas protecionistas
de incentivo aos agricultores desenvolvidas.
Virgílio Borim foi o nome escolhido para a empreitada. Paraguaçuense descendente de italianos havia
retornado da Itália com o pai em 1920 e se estabeleceram em Varginha, município próximo. Em 1922, já
casado, resolveu fixar residência em Paraguaçu e nesse ano mesmo foi contratado para o serviço. No ano
seguinte a obra já estava concluída graças ao grande esforço da mão-de-obra contratada entre os habitantes
da cidade para levar a cabo a empresa. Os materiais usados estavam afinados, na medida do possível, às
novas tendências européias conhecidas amplamente pelo artífice; estes eram adquiridos junto à Casa Navarra
em Varginha. Para o adorno da edificação foram feitos três vitrais que, colocados na fachada principal, um
de cada lado da porta de acesso e o outro acima da porta, conferem especial beleza ao conjunto. Em cada um
é encontrada a imagem de um anjo que zela por aqueles que adentram o templo. Naquele mesmo 1923, uma
vez pronta, serviu a capela de abrigo para o corpo de Benvinda Cândida Leite.
Conforme se torna claro, o uso primordial do imóvel foi o de servir de abrigo último aos membros da
família Leite. Contudo, ao longo dos anos, conheceu a propriedade outros usos. Atualmente, em duas datas
são celebradas missas, abertas a todos os habitantes da cidade. As datas são: dia de Finados e em fim de
semana próximo ao final da Quaresma. A celebração do dia de Finados é a mais importante das duas e conta
com uma procissão que a precede e é conhecida como a Procissão da Penitência. O início dessas práticas data,
ao que nos é indicado, da década de 1950. Foi também nesta época que a prefeitura municipal proibiu que
fossem enterradas pessoas na capela – para ser preciso, no ano de 1954 foi decretada a proibição – e esta
perdeu seu uso primeiro de jazigo. Neste mesmo ano a posse do bem foi transferida a municipalidade, o que
se mantêm desde então.
As intervenções pelas quais passaram foram poucas e não descaracterizaram seu projeto inicial. Em 2002 foi
observada a mais significativa, com a realização de nova pintura externa; substituição do forro de estuque
por laje; troca das telhas; colocação de novo gradeamento para o telhado; e o conserto de uma trinca que era
visível em uma das paredes. Durante a gestão de Gladstone Prado (1963-67) na prefeitura municipal pode
ter ocorrido outra reforma, mas não foram guardados registros que a comprovem restando apenas o indicio
de que talvez tenha consistido somente de pequenos reparos de conservação.
São muitos os fatores que determinam ser esse bem um daqueles que se elevam como marca indelével do
patrimônio histórico e cultural paraguaçuense. Contudo, se cabe citar apenas alguns, deve-se ater a esses:
idealizado por uma importante família local; forjado pelas mãos hábeis de valoroso filho deste torrão; se
apresenta como guardião dos antepassados, da vivência religiosa e do espírito de vida de Paraguaçu.
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12. Análise de entorno:
A Capela Leite encontra-se implantada no Cemitério Municipal de Paraguaçu, localizado no bairro do
Ginásio Vila Morais. O entorno imediato ao terreno é todo de ocupação mais recente não havendo
exemplares de edifícios que fazem referência ao início da formação de Paraguaçu, uma vez que a parte
histórica concentra-se nas proximidades da Igreja Matriz, uma das primeiras regiões habitadas da cidade,
juntamente com a praça João Eustáquio da Costa. O cemitério está situado em terreno de leve declive de
onde se pode avistar parte da cidade de Paraguaçu. Os jazigos se distribuem linearmente ao longo do lote,
sendo cada fileira identificada por placas metálicas contendo uma letra. Os caminhos entre eles, delimitados
para trânsito de pedestres não apresentam nenhum tipo de pavimentação, permitindo o crescimento de
gramíneas. Conta ainda com iluminação própria, feita através de postes metálicos de baixa altura e
encontra-se bem conservado.
O Cemitério é circundado por três vias. A rua Presidente Getúlio Vargas, logradouro de acesso ao terreno, é
bastante movimentada. Formada por duas mãos de direção, serve de ligação entre o centro de Paraguaçu e
a rodovia que conduz à cidade vizinha de Elói Mendes. É revestida por asfalto em um trecho e por pé-demoleque no restante. As edificações implantadas ao longo desta via são, em sua maioria, de uso residencial
e no máximo de dois pavimentos. As que apresentam afastamento frontal são fechadas por muros baixos ou
grades metálicas. Logo a frente do cemitério está a estação de tratamento de água da cidade – a Coságua.
No logradouro que limita a lateral esquerda – rua Waldemar Paulo da Silva – encontram-se também
construções baixas com fechamento frontal em grade metálica baixa, de uso residencial, com exceção de um
pequeno comércio localizado na esquina e de uma Igreja do Evangelho Quadrangular. Esta via é revestida
por piso de concreto sextavado, com calçada nos dois lados. O trânsito no local é pouco intenso, sendo mais
restrito aos moradores dos prédios implantados ao longo da via.
Na 3ª via limítrofe, a rua José Plácido de Carvalho, o trânsito é mais intenso. A via é revestida por piso de
concreto sextavado, com calçamento em ambos os lados. São imóveis de uso predominantemente
residencial com exceção da Escola Municipal Professor José Augusto e de outros pequenos comércios. Nela
localiza-se a segunda entrada do cemitério, fechada por um portão e atualmente desativada.
Sua 4ª face é definida por um grande lote vago e pelos fundos dos terrenos com testada voltada para rua
Djanira Costa Moraes. Separam-se do cemitério através de muros ou cercas localizados em sua porção
posterior. Esta rua é asfaltada, apresenta calçada em toda sua extensão, com edifícios residenciais de no
máximo dois pavimentos. São fechados por grades metálicas ou muros baixos em sua fachada frontal. Todo
este entorno encontra-se bem conservado e é atendido por uma infra-estrutura básica de água, luz, esgoto,
iluminação pública e telefone. Possui pouca arborização, sendo encontrado apenas árvores de pequeno
porte, proporcionando pouco sombreamento. O sistema de drenagem é superficial, com a presença de bocas
de lobo em alguns pontos das ruas.
13. Descrição:
A Capela foi projetada por Virgílio Borim, no início da década de 1920 para abrigar os túmulos da família
Leite. Atualmente só é utilizada esporadicamente para celebrações abertas à comunidade, já que a
prefeitura proibiu o sepultamento de túmulos no local desde 1954.
O edifício possui atributos e características próprias de seu artífice presentes em outras obras, como a Igreja
de Nossa Senhora Aparecida: os vitrais coloridos, as aberturas em formato de ogivas e a leveza das fachadas
que levam a enquadrá-la no estilo neogótico. É uma construção simples, de aproximadamente 59,78m²,
implantada sobre uma base de concreto cujo desnível no ponto mais baixo do terreno chega a 50cm. Não há
nenhum tipo de fechamento físico que separe a capela dos demais túmulos do cemitério. Seu perímetro é
delimitado apenas por um passeio de 100cm de largura, contornando todo o prédio.
A edificação tem partido retangular e possui apenas um pavimento, que acontece a 25cm do nível do
cemitério. A fachada frontal, voltada para a entrada do campo-santo, é simétrica, com embasamento
chapiscado de 55cm de altura e composta por duas janelas e um portão central. O portão possui bandeira
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fixa, com esquadria de ferro e vedação em vitrais coloridos. Nas duas folhas de abrir não há vedação, sendo
a esquadria metálica coberta apenas por uma tela de arame vazado. Ao contrário das janelas que
apresentam uma esquadria simples e reta, o portão de acesso é bastante rebuscado e trabalhado, formado
por várias volutas. As janelas acompanham o mesmo estilo, no entanto suas vergas são inferiores 8cm em
relação ao ponto superior do portão. Acima de todas as aberturas verifica-se a presença de sobrevergas de
massa, trabalhadas em alto-relevo.
A fachada principal é pintada na cor rosa e detalhes em branco, toda ornamentada com bastante sutileza.
Coroado por uma cimalha de massa em alto-relevo, o frontão ergue-se além da altura do pé direito,
formando uma platibanda. Na sua parte central, sobre a porta de entrada, a cimalha faz uma moldura para
abrigar uma inscrição em latim, também em alto relevo com os seguintes dizeres: “Beati mortui qui in domino
moriuntur” - Felizes os mortos, aqueles que desde agora morrem no Senhor. Toda a fachada acontece num mesmo
plano, com exceção dos cunhais que decoram as arestas laterais. Estes são trabalhados em massa e avançam
8cm em relação ao plano principal. Na porção superior do frontão, acima da cimalha, verifica-se a presença
de uma voluta de alvenaria encimada por uma cruz do mesmo material, além de dois pináculos longos, de
base quadrada, finalizados por uma cruz metálica. Cada um deles acompanha o alinhamento dos cunhais
laterais. Abaixo da cimalha, nota-se ainda a presença de pequenos arcos ogivais de massa em alto relevo.
Toda fachada é marcada por frisos horizontais distanciados aproximadamente 30 em 30cm, feitos no reboco
da igreja.
As fachadas laterais esquerda e direita são cegas, com forma retangular simples. O telhado avança cerca de
30cm do plano da fachada lateral mas é finalizado por uma cimalha de massa branca. Os cunhais
localizados nas arestas em comum com a fachada principal avançam 15cm em relação as fachadas laterais e
apresentam embasamento de 55cm de altura revestida por chapiscos. A fachada posterior também é cega e
acompanha a inclinação do telhado de duas águas. Porém, a parede eleva-se além deste, formando uma
platibanda triangular, sem deixar evidenciá-lo. O telhado é composto de engradamento de madeira e telhas
cerâmicas curvas. A cimalha sobressalente nas fachadas laterais abraça uma parte da face posterior. Um
banco de alvenaria revestido com cerâmica foi colocado nessa face da Capela. Em todas as três fachadas um
rodapé de 15cm de altura de alvenaria faz o acabamento. As vedações são autoportantes, em tijolos.
A singeleza do interior do bem é marcante, inteiramente ocupado por um único cômodo com dimensões
internas de 504 x 847cm. O piso, em ladrilho hidráulico conta com uma soleira no portão de entrada, de
30cm de largura revestida em granilite polido. Um rodapé de 20cm de altura faz o contorno em todo o
edifício. No encontro das paredes com a laje aparente do teto há uma moldura de gesso em todo o
perímetro interno; o pé-direito é de 490cm. O altar de madeira – sem muita ornamentação - foi retirado na
reforma ocorrida em 2002 devido ao seu mal estado de conservação e hoje quase não há bens móveis
pertencentes ao pequeno templo. Verifica-se somente a presença de um cálice, uma cruz de mármore e da
imagem de São Miguel Arcanjo, que teve um dos seus braços danificados pela ação de saqueadores. Há
ainda uma pequena mesa de madeira usada nas celebrações e uma lápide também de mármore, fixa na
parede, contendo os nomes de todos aqueles que já foram sepultados no local. Os bens móveis encontramse conservados, com exceção da imagem de São Miguel Arcanjo, apesar dos problemas se restringirem
apenas à parte faltante. Um dos destaques internos fica por conta dos vitrais. Um deles é a bandeira fixa da
porta de entrada e os outros dois a ladeiam. Todos decorados, representam imagens católicas e delicadeza
de sua feitura não é perceptível pelo lado externo do templo.
A Capela ocupa uma posição de destaque em meio aos demais túmulos representando status e importância
da família que a ergueu – a família Leite. O acesso ao edíficio é feito por um longo percusso plano e retilíneo
revestido por pedras São Tomé, ligando diretamente o portão de entrada principal do cemitério, localizado
à rua Presidente Vargas, à porta do bem. O portão, de gradil metálico branco, é ladeado por um pórtico
composto por duas paredes grossas de alvenaria revestidas por pedras e uma laje de concreto azul que
avança em relação ao plano das paredes.
O pórtico é antecedido por um largo contendo dois jardins em formato de semi-círculo, delimitados por
grades metálicas de baixa altura. Nos jardins, grama São Carlos faz sua cobertura com a porção central
ornamentada por flores coloridas, além de apresentarem árvores de pequeno porte ao longo de seu
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perímetro, sombreando os bancos de concreto implantados no local. Verifica-se ainda estreitos jardins
acompanhando o contorno do muro externo do cemitério, também cercados por grades metálicas de baixa
altura, constituídos por palmeiras e rosas.
14. Intervenções:
A Capela passou por poucas intervenções desde sua construção. A mais significativa ocorreu em 2002. Nessa
reforma, o edifício recebeu uma nova pintura, substituindo a cor branca original por um rosa bem claro. O forro
de estuque foi substituído por laje, além da instalação de novo engradamento e troca das telhas da cobertura. O
altar de madeira – sem muita ornamentação - foi retirado na reforma ocorrida em 2002 devido ao seu mal
estado de conservação e hoje quase não há bens móveis pertencentes ao pequeno templo. Alguns moradores
da cidade alegam que na década de 1960 o edifício teria passado por uma outra reforma. Porém, não é
encontrado nenhum tipo de registro dessa possível obra, o que leva a inferir que, caso tenha realmente
ocorrido, trata-se antes de algum trabalho de conservação do que algo mais amplo como substituição de
algum elemento da capela.
15. Estado de conservação:
Bom.
16. Análise do estado de conservação:
A Capela como um todo está bem conservada, apesar de pequenos danos que, no entanto não afetam sua
estrutura. Na parte externa, o embasamento apresenta-se desgastado, com manchas de infiltração e
descolamento do reboco em alguns pontos. O passeio que delimita o perímetro da edificação também
contém bolores de mofo, com a ausência de algumas peças da cerâmica e o crescimento de gramíneas entre
as mesmas. Nas paredes, pequenas trincas no reboco e manchas causadas pelo escoamento da água pluvial,
principalmente na fachada posterior, nas proximidades do telhado, fato que pode ser atribuído à ausência
de calhas. Internamente, foram identificadas trincas superficiais e manchas de infiltração na laje do teto,
assim como sujidades no piso, necessitando manutenções periódicas. A ausência de vedação no portão
permite a entrada da água no interior e contribui para o acúmulo de sujeiras. Em uma das janelas, nota-se
vidro quebrado. O bem não possui instalações hidráulicas e as instalações elétricas encontram-se em bom
estado de conservação. Não há nenhum tipo de iluminação artificial no local, embora ele seja equipado para
tal. Parte da fiação encontra-se aparente.
17. Fatores de degradação:
O imóvel possivelmente é degradado devido ao desgaste natural dos materiais, à exposição às intempéries e
a falta de manutenção periódica. Além disso, a ausência de vedação no portão de entrada permite a entrada
de água pluvial, contribuindo para o desgaste e acúmulo de sujidades no piso interno.
18. Medidas de Conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria constantes para impedir que os problemas já
identificados possam se agravar posteriormente, afetando a integridade da construção:
ƒ Revitalização de elementos estéticos danificados;
ƒ Substituição de vidro quebrado;
ƒ Recomposição do piso do passeio que circunda a Capela;
ƒ Vedação da porta de acesso ao interior da edificação;
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, com a substituição das peças deterioradas, a fim
de se evitar goteiras e infiltrações, principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado.
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19. Referências e fontes:
ACADEMIA Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu/MG: 2002.
BORIM, Dário. . Paraguaçu (MG), dezembro de 2006. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
CARTÓRIO de Registros de Imóveis, Rua Marcos Maciel Dias, 108 – Centro, Paraguaçu/MG.
LEI municipal 022 de 28/10/1948.
OLIVEIRA, Homero Martins de. Paraguaçu (MG), dezembro de 2006. Entrevista concedida a Aline
Medeiros.
PRADO, Guilherme. Paraguaçu (MG), dezembro de 2006. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
_________. Paraguaçu: sua história, sua gente. Paraguaçu/MG, 2004. (CD-ROM)
PRADO, José Hermano do. Paraguaçu (MG), dezembro de 2006. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Fernanda Toledo (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: dezembro de 2006 e maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Fernanda Toledo (arquiteta)
data: dezembro de 2006 a janeiro de 2007; maio a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 12/21
Edif. à Rua Prof. Marcos Maciel Dias, 223
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Fachada principal
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Residência
4. Endereço:
Rua Professor Marcos Maciel Dias, 223
5. Propriedade:
Particular – Maria de Fátima Silva Costa
6. Responsável:
Rua Professor Marcos Maciel Dias
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Maria de Fátima Silva Costa
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Residência
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
O primeiro registro imobiliário do bem atualmente pertencente à senhora Maria de Fátima Silva Costa data
de 1951, o que se mostra como uma data bastante elevada para um terreno situado na região central de
Paraguaçu. A evolução urbana do município demonstra que esta zona começou a ser urbanizada ainda na
década de 1930, quando o centro urbano municipal estava ligado à praça João Eustáquio. No início da
década de 1940 com o deslocamento da região central para a atual, situada nos arredores da praça Oswaldo
Costa, o que se viu foi um rápido crescimento com diversas construções erguidas ainda na primeira metade
da década de 40. Contudo, o lote de número 223 na rua Professor Marcos Maciel Dias em 1951 estava vago,
de acordo com os registros cartoriais. Este loteamento foi vendido em 51 por Olinto Oliveira Leite a
Aureliano José Rodrigues pelo valor de CR$ 18.000,00 (dezoito mil cruzeiros). Aureliano, que adquiriu o
bem em setembro daquele ano, em outubro do mesmo o vende a João da Silva Marques pela quantia de
CR$ 25.000,00 (vinte e cinco mil cruzeiros). Ainda que não encontremos referências ao estado do terreno
nesta segunda transação comercial, é quase certo que não havia sido edificado nenhum bem até então, dado
o curto espaço de tempo entre as duas transações.
É sob o domínio do senhor João da Silva Marques que possivelmente foi erigida a residência que hoje se
avista ali. O senhor João da Silva Marques,
“Nas décadas de 50 e 60 atuou em vários segmentos de negócios em Paraguaçu. Foi
proprietário do Posto Atlantic, da Empresa de Ônibus São Pedro, fazendo linha entre
Varginha e Machado. Posteriormente montou o Rodoviário Marques, Empresa de Cargas
com 12 caminhões.
Como político ocupou o cargo de Vereador entre 1956 e 1959. No mandato tampão de
1971/1972 foi eleito Vice-Prefeito pela Arena 2.”21
Gozando de capital suficiente, adquiriu o terreno em 1951 possivelmente buscando um local onde pudesse
edificar nova residência para a sua família formada em data anterior (1933) através das suas núpcias com a
senhora Rosenil da Silva Azevedo. Quanto ao projetista da obra, nada podemos dizer. A opção que resta é
crer, justamente pela falta de informações a respeito, é que esta tenha sido executada por algum artífice da
cidade apto para tal que no entanto, não desfrutava de grande prestígio ou dispunha de alguma marca
especial que o destacasse entre os demais obreiros dali.
João da Silva Marques, que contraiu segundas núpcias com a senhora Georgina dos Santos, deixou a casa a
sua primeira esposa Rosenil da Silva Azevedo; é sob este nome que observamos o registro cartorial
seguinte, tratando-se da partilha do espólio de Rosenil da Silva Azevedo entre seus herdeiros: Silvonino da
Silva Marques, Ênio da Silva Marques, Maria Inês da Silva Marques, Grécia da Silva Marques, Gléssio da
Silva Marques, Glênio da Silva Marques e Gleido da Silva Marques. Esta partilha ocorreu em 20 de maio de
1984 e o valor venal do bem era o de CR$ 98.000,00 (noventa e oito mil cruzeiros).
Por vinte anos os irmãos continuaram de posse da residência, até que em 15 de julho de 2004 estes o
passaram às mãos de Maria de Fátima Silva Costa pelo valor de R$ 47.185,00 (quarenta e sete mil, cento e
oitenta e cinco reais). Desde então nenhuma outra troca de proprietário foi observada.
O uso residencial foi sempre o privilegiado e – ao que nos chega – nenhuma intervenção de grande porte foi
realizada ou qualquer ação que alterasse o desenho original da casa. Esta deve ter passado por algumas
reformas de conservação, mas nenhuma teve seu registro preservado. É por essa manutenção de seu
desenho original, por ser um dos exemplares que demonstram que ainda na década de 50 a região estava
sendo urbanizada e por sua ligação a uma pessoa de grande destaque municipal que a residência se mostra
como parte importante do panorama histórico-cultural de Paraguaçu.
21
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002. P. 71.
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12. Análise de entorno:
Situado na esquina da Rua Prof. Marcos Maciel Dias com Rua José Cristiano, o bem tem vizinhança
predominante residencial, embora possam ser encontrados alguns estabelecimentos comerciais e de
serviços, dentre eles auto escola, mercearia e bares. As edificações variam entre um e dois pavimentos,
sempre alinhadas a rua e com afastamento lateral. A região tem infra-estrutura urbana básica, iluminação
pública e arborização de médio porte. As calçadas são estreitas (aproximadamente 80 cm) e bem
conservadas.
A Rua Prof. Marcos Maciel Dias é uma via de mão dupla, com largura de três carros e pavimentação de
paralelepípedos. É um logradouro plano com estacionamento paralelo nos dois lados da rua. A Rua José
Cristiano apresenta a mesma largura e tipo de pavimentação; no entanto, é uma via de mão única com
sentido de tráfego em aclive, sendo permitido estacionar em ambos os lados. O movimento de pedestres e
veículos tem intensidade moderada, com um maior tráfego de veículos pesados existente na Rua José
Cristiano.
13. Descrição:
O imóvel está implantado na intercessão das ruas Prof. Marcos Maciel Dias e José Cristiano, em um terreno
profundo e em declive, acompanhando a topografia da Rua José Cristiano, o que acabou por permitir a
criação de porão na parte posterior. Alinha-se ao passeio e conta com afastamento posterior e lateral direito,
ambos cobertos por piso permeável. O afastamento posterior abriga árvores de cinco a dez metros, horta,
pomar e uma pequena construção térrea onde está a área de serviço. O lote é delimitado pela própria
edificação e por muros. Há dois acessos predominantes: o principal frontal, centralizado na fachada
principal, com testada para a Rua Professor Marcos Maciel Dias; já o secundário ocorre através de uma
porta localizada no muro ao lado desta fachada, permitindo o ingresso ao quintal e ao porão. Nesse mesmo
afastamento, há um acesso interno ao pavimento térreo através de uma escada de concreto que conduz a
um alpendre. Este, com piso de concreto, tem guarda-corpo de alvenaria de tijolos e cobertura de três águas
com vedação em telha francesa.
A residência apresenta características neocoloniais e tem partido em “L”. Cinco vãos compõem o
frontispício principal simetricamente, dentre eles quatro janelas e uma porta central. Todos são de peitoril,
com vergas retas, enquadramento de argamassa, de abrir em madeira com vedação em vidro, sendo as que
ladeiam a porta, de uma folha, e as demais, de quatro folhas. Relevos em argamassa compostos por quatro
quadrados interligados por frisos as emolduram. A porta de duas folhas também é de madeira e tem
bandeira fixa em mesmo material. Como acesso secundário, porta de madeira com uma folha e sem
bandeira. As demais janelas têm o mesmo tipo de esquadria e vedação, mas são de duas folhas e
enquadramento de madeira. Há somente uma janela tipo basculante de esquadria metálica e vidro na
fachada posterior. Dois tipos de revestimento são aplicados às fachadas: embasamento em pedra nas faces
voltadas para as ruas – chegando até a altura do peitoril naquela voltada para a Rua Prof. Marcos Maciel
Dias - e restante pintado na cor branca. O porão tem revestimento de reboco.
Sua cobertura é formada por telhado em seis águas, vedado por telhas francesas. O corpo principal da
edificação possui cumeeira perpendicular a Rua Professor Marcos Maciel Dias, e o coroamento é feito por
cimalha em madeira, seguindo todo o beiral. A construção localizada no afastamento posterior tem telhado
de duas águas com vedação de telha francesa e beiral simples.
14. Intervenções:
O uso residencial foi sempre o privilegiado e – ao que nos chega – nenhuma intervenção de grande porte foi
realizada ou qualquer ação que alterasse o desenho original da casa. Esta deve ter passado por algumas
reformas de conservação, mas nenhuma teve seu registro preservado.
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15. Estado de conservação:
Bom a regular.
16. Análise do estado de conservação:
A casa apresenta pintura desgastada, trincas nas fachadas laterais, indícios de umidade nas paredes, reboco
desgastado no porão e abaixo do alpendre, lixo e entulho no quintal.
17. Fatores de degradação:
A degradação da edificação é causada por intempéries, pelo desgaste natural dos elementos e por ausência
de manutenção periódica.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Limpeza periódica dos afastamentos e do quintal a fim de evitar acúmulo de lixo e entulho;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Consultar técnico especializado para analisar as condições estruturais do imóvel e realizar intervenções
apropriadas, a fim de conter trincas e rachaduras existentes, evitando futuros desgastes;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Autor Desconhecido. Olinto Oliveira Leite. O Paraguassú, 06/06/1943, P. 2.
Autor Desconhecido. Homenagem: Olinto Oliveira Leite. A Voz, 10/06/1962, P. 4.
Autor Desconhecido. Prof. Marcos Maciel Dias. A Voz, 05/06/1966, P. 6.
Autor Desconhecido. Vice-Prefeito declara: errei!. A Voz, 25/12/1971, P. 1.
Autor Desconhecido. João da Silva Marques. A Voz, 06/04/1991, P. 8.
BUTTROS, Sílvia R. Prado Mendes. Família Marques. O Cidadão, 10/08/2002, P. 2.
GONÇALVES, José Vitor. Marquinhos. Folha da Matinada, Set/1997, P. 7.
Livro de Registros Imobiliários. L 3G Fl. 46 R 4585. 01/09/1951.
Livro de Registros Imobiliários. L 3G Fl. 50 R 4604. 03/10/1951.
Livro de Registros Imobiliários. R 10.084. 20/05/1984.
Livro de Registros Imobiliários. R 2-10.084 Prot. 33.526. 15/07/2004.
PRADO, Noêmia. Marcos Maciel Dias. A Voz, 30/08/1969, P. 11.
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20. Informações complementares:
Não foi possível ter acesso ao interior do edifício principal, pois o imóvel encontra-se fechado e
abandonado, e seus responsáveis não foram encontrados no período de levantamento de campo da equipe
técnica.
21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 13/21
Centro Educacional Sagrado Coração
(Juvenato)
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
2. Distrito:
Alpendre central
Sede
3. Designação:
Centro Educacional Sagrado Coração (Juvenato)
4. Endereço:
Rua Padre Silva Tardif, 200
5. Propriedade:
Particular – ABASE (Associação Brasileira de Assistência
Social e Educacional)
6. Responsável:
Entorno do Juvenato
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Irmão Michel Perron
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Institucional – ensino
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
O Centro Educacional Sagrado Coração, ou simplesmente Juvenato como é chamado, inicia sua trajetória
histórica em período anterior ao final da primeira metade do século XX; para precisar uma data, essa
história iniciou-se em outubro de 1945. Naquele ano quatro Irmãos do Sagrado Coração saíram do Canadá a
convite do Bispo de Campanha, o Rvmo. Dom Inocêncio Engelk para reativar o Ginásio Diocesano São João
em Campanha, município sul-mineiro. Guilherme Prado, ilustre paraguaçuense e amplo conhecedor da
história local nos descreve a história que se desenvolveu desde a chegada destes irmãos à Campanha até a
vinda destes à Paraguaçu da seguinte maneira:
“O grupo [que veio para o Brasil] era formado pelos os Irmãos Alfredo, Silvano, Geraldo
e Simeão, jovens educadores que deixavam sua pátria para se dedicar inteiramente, à
formação da juventude brasileira. Reativado o São João, o sucesso foi imediato, e outros
irmãos vieram em seguida para ajudar a missão no Brasil. Em Campanha fundaram
também um Juvenato, para abrigar as novas vocações da Congregação. Pouco tempo
depois, foram convidados por Três Pontas, e lá abriram o Ginásio São Luiz, repetindo o
sucesso de Campanha. Com o desenvolvimento de suas atividades no Brasil, os irmãos
foram motivados a ampliar do seu Juvenato, pensando em colocá-lo em posição
eqüidistante, entre as cidades de Campanha e Três Pontas. Pela sua posição geográfica,
Paraguaçu foi escolhida para receber essa nova casa”22.
Escolhida a cidade que abrigaria o novo Juvenato, restava angariar apoio dentre as autoridades políticas
locais e iniciar os trabalhos necessários para a edificação do estabelecimento de ensino. Foi no ano de 1953
que começaram as negociações e o próprio Guilherme Prado afirma ter sido o portador da carta que
solicitava ao senhor Oscar Prado, prefeito de Paraguaçu à época, auxílio de infra-estrutura para a
construção. Ao que consta este pedido foi prontamente atendido e após algumas visitas a diversas
localidades que permitiriam abrigar o bem, foi escolhido – pelos senhores Oscar Prado, Irmão Simeão e
Irmão Alfredo – o terreno próximo à rodovia BR 491. O apoio da prefeitura neste momento foi precioso,
pois rapidamente foi implantado no local escolhido o serviço de abastecimento de água e rede elétrica.
Ainda em 1953 as obras iniciaram, chefiadas pelo Irmão Alfredo, Irmão Simeão e Irmão Leônidas. A planta
do edifício foi elaborada por Simeão e Alfredo, aprovada pelo arquiteto Garibaldi Olivetto, de Três Pontas,
Minas Gerais. Para custear os trabalhos foram empregados recursos da Ordem religiosa, além de doações
amealhadas entre autoridades políticas, moradores da cidade e membros da camada mais abastada de
Paraguaçu.
A conclusão só aconteceu em 1956, quando em fevereiro daquele ano foi inaugurado o educandário. A
primeira intervenção no bem não tardou a acontecer: em 1958 foi acrescida uma Capela ao conjunto de
edificações existentes no terreno. Esta capela foi projetada pelo Irmão Cesaire, Provincial de Granby e
inaugurada aos nove dias de março. O propósito inicial do bem foi também ligeiramente modificado. O
Juvenato foi projetado para cuidar da formação dos juvenistas, ou seja, aqueles que despertavam sua
vocação religiosa e ingressavam na Ordem; contudo, no final da década de 1960 o educandário passou a se
dedicar com o mesmo afinco à educação leiga. Isso demonstra uma sensibilidade dos Irmãos que
coordenavam o estabelecimento aos anseios da cidade uma vez que não havia escola para todas as pessoas
que desejavam ser iniciados às letras. Nesse período uma pequena intervenção de conservação foi realizada
com a troca de telhas quebradas da cobertura e aplicação de nova pintura.
Ainda na década de 1960 observamos outros fatos interessantes envolvendo a história do bem e da Ordem
do Sagrado Coração. No ano de 1964 foi comprada pela Ordem uma fazenda de 16 alqueires conhecida
como “Rancho São José”. Essa fazenda corrobora com a proposta da Ordem que rege que cada unidade
deve ser auto-suficiente economicamente, produzindo bens que lhe sirvam ou comercializando os bens
22
PRADO, Guilherme. Juvenato do Sagrado Coração. A Voz, 01/01/2001, P. 1.
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produzidos para que a unidade possa se manter. Além disso o “Rancho São José” serve também como local
de retiro para as férias dos Irmãos do Sagrado Coração. Já o ano de 1965 foi aquele no qual realizou-se a
regularização dos registros notários concernentes ao terreno do Juvenato. Conforme pode ser visto em
documentos cartoriais, aos dezesseis dias de março de 1965 o terreno do Juvenato passa às mãos da
instituição representada à época pelo Irmão Simeão S. C. A transação foi valorizada à época em Cr$
350.000,00 (trezentos e cinqüenta mil cruzeiros).
Terminada a década de 1960, a década de 70 correu tranqüilamente para o Juvenato, e somente no primeiro
ano da década seguinte é que uma nova mudança foi implantada ali: a partir de 1981 a educação mista
passou a vigorar na instituição educacional e a previsão era de que em 1982 um total de cerca de 50 alunos
fossem atendidos. Todavia, essa abertura para a população leiga visando a educação dos jovens de
Paraguaçu findou-se com o início da década de 90. O Centro Educacional Sagrado Coração passou a se
chamar Centro Espiritual Sagrado Coração e
“Agora o CESC vem a ser de maneira exclusiva, uma casa de orientação de adolescentes
entrosados no melhor conhecimento da vida religiosa, de caráter leigo, ou seja, dos Irmãos
SC.
Também aos mais adultos, serão oferecidas cursos ou palestras tratando do
aprofundamento da fé, em sintonia com a realidade dos dias de hoje.
Desse modo, (…) abre suas portas à comunidade de Paraguaçu e do Sul de Minas, dando
sua contribuição à Diocese, a Igreja, enfim, na formação moral e religiosa.”23
Para que fosse possível abrigar essa nova proposta, uma grande reforma foi realizada no prédio do
Juvenato, iniciada em março de 1990. Ainda que a configuração interna de diversas salas e aposentos
tenham sido modificados, não houve nenhuma alteração no tamanho do prédio, nem em suas linhas
externas. Somente em 2006, realizou-se novamente uma outra intervenção obejtivando a conservação de
seus elementos como a pintura das fachadas e paredes internas, substituição de telhas quebradas e
desalinhadas do manto de cobertura e troca de vidros quebrados.
A importância do Juvenato para a cidade é algo difícil de se descrever com palavras, uma vez que todos,
quando questionados a respeito do estabelecimento, denotam sentimentos de carinho e gratidão que
seríamos incapazes de descrever. Só nos resta tentar esboçar a importância deste bem para a cidade através
das palavras de um ex-aluno, o senhor Guilherme Prado:
“Após quarenta anos de convivência, os irmãos assumiram Paraguaçu como sua terra
natal, e podemos afirmar com toda certeza, que a recíproca também é verdadeira. Ao
atribuirmos o nome de Irmão Simeão a uma praça, ou Sivain Tardif a uma rua, mostramos
apenas a ponta de um ‘iceberg’, que deveria representar nosso agradecimento, à esta
organização fabulosa, dos Irmãos do Sagrado Coração.
Como prova de adoção da cidadania paraguaçuense, esses devotos do Irmão Policarpo,
fizeram de nossa cidade, seu descanso final. Nossa homenagem aos inesquecíveis irmãos
pioneiros, com os quais tivemos a honra de conviver.”24
12. Análise de entorno:
O imóvel está situado à Rua Padre Silvain Tardif, logradouro anterior ao trevo de entrada vindo por
Varginha e na margem oposta da BR-491 ao núcleo urbano principal. Localiza-se próximo ao monumento
do Avião, símbolo de Paraguaçu eleito pelos moradores em 1998. A via apresenta-se pavimentada, de mão
23
24
Autor Desconhecido. Juvenato: Novos rumos. A Voz, 04/08/1990, P. 3.
PRADO, Guilherme. Juvenato do Sagrado Coração. A Voz, 01/01/2001, P. 1.
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dupla e não há passeio definido, apenas terra em suas laterais. Faz a ligação para os bairros Lagoa,
Escaramuça, Perobas e Guaipava, emoldurados pela Serra da Matinada.
No entorno, o maior adensamento é verificado nas margens da BR, com edificações térreas
predominantemente residenciais, de tipologia arquitetônica simples, alinhadas à rua. Os lotes variam entre
planos e com ligeiro declive, sendo provida de infra-estrutura urbana básica, com iluminação pública em
apenas um dos lados da via. Após o centro educacional os loteamentos são ocupados praticamente por
fazendas, com extensas áreas verdes, utilizadas para pastagem e plantação agrícola.
13. Descrição:
Localizada em terreno de amplas dimensões, sendo parte
ocupado por jardins e árvores de médio a grande porte, a
construção implanta-se afastada dos alinhamentos em um
extenso platô no mesmo nível e próxima à rua de acesso.
Diferente da maioria das edificações de Paraguaçu, a
fachada principal do centro educacional não está situada em
frente ao acesso primordial do lote. Defronte a esse
frontispício, encontra-se o jardim mais ornamentado da
escola, com vegetações rasteiras dispostas em um traçado
paisagístico com formas simétricas e caminhos que levam a
um ponto central, alinhado com o centro da fachada. Na
lateral direita está a área de lazer, com duas quadras
poliesportivas. Próximo à entrada do terreno, há duas
edificações térreas, desativadas atualmente e que
anteriormente abrigavam uma fábrica de azulejos e tijolos de
uma marcenaria. Todo o lote é fechado por cercas de arame
farpado.
Jardins do centro educacional
FOTO: Aline Medeiros, maio/2007
O edifício de dois pavimentos – o primeiro abriga salas de
aula, administração, capela e refeitório; o segundo é
composto por quartos do internato – apresenta planta em
“H”, estando a ala direita em uma topografia parcialmente
em declive, permitindo a elevação de mais um pavimento,
utilizado como salas de aula. A fachada principal encontrase no meio do “H”, onde um corpo central se ressalta
demarcando o alpendre de acesso ao edifício - mais outros
dois acessos estão localizados nas fachadas posterior e lateral
direita. O alpendre destaca-se por seu pé-direito duplo e
Uma das edificações localizadas no afastamento
FOTO: Aline Medeiros, maio/2007
pelo revestimento em tijolo aparente pintado em tons de
bege, amarelo e vermelho, diferentemente das demais fachadas. Estruturado por quatro pilares de seção retangular revestidos com tijolos aparentes, o alpendre tem
piso em cerâmica nas cores preto e laranja. Na bandeira da porta principal, de esquadria metálica e vedação
de vidro, está a sigla “ACM”, que provavelmente representa a inscrição “Ametur Cor Jesus”, relatada junto a
um brasão e à data “1956” localizados acima da porta.
O frontispício principal é assimétrico com 59 vãos compostos por 53 janelas, cinco óculos e uma porta
centralizada. A porção esquerda da fachada é a responsável pela quebra da simetria. Ao contrário da
maioria das aberturas da edificação, que são compostos por vãos de peitoril, essa ala do Centro
Educacional, onde está localizada a capela, possui vãos de vitrais e óculos enfatizando o pé-direito duplo da
ermida. Próximo aos vitrais, uma parede cega com uma cruz em alto relevo, marca a presença do pequeno
templo na edificação. Os vitrais e óculos têm vergas do tipo triangular e as demais janelas vergas retas.
Todas as janelas são basculantes, metálicas e possuem vedação de vidro e enquadramentos de argamassa;
outro elemento comum são os frisos ondulados em alto relevo marcando o peitoril das janelas.
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Todo o edifício é revestido com pintura látex nas cores branco e rosa. A fachada posterior é marcada por
varandas nos dois pavimentos e por duas torres de circulação vertical: torre da direita, escadas; torre da
esquerda, elevador – implantado em 2000 para atender alunos com dificuldades de locomoção. As
circulações horizontais e verticais têm piso cerâmico, sem forro, apenas laje, assim como as salas de aulas.
As demais salas da administração, piso tabuado e forro de madeira.
Alpendre central com detalhe da inscrição
Vitrais e óculos – fachada lateral esquerda
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
FOTO: Aline Medeiros, maio/2007
Já a capela é composta pela nave, a capela-mor e dois confessionários, atualmente desativados. Os pisos são
de cerâmica e o teto de laje decorada com frisos de argamassa pintadas nas cores bege e verde. A nave e a
capela-mor são separadas por um pequeno desnível. Os pilares e vigas também foram revestidos com
pintura látex na cor verde, com frisos em destaque nos pilares; juntos são mais que um elemento estrutural,
formando um elemento estético relevante, bem como os vitrais e óculos, que iluminam a capela e compõem
as fachadas frontal e lateral esquerda. Próximo a capela, está o refeitório, de volumetria térrea, cobertura
aparente, sem platibanda e com inclinação maior que a outra cobertura da edificação.
Fachada posterior
Interior da capela
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
FOTO: Aline Medeiros, maio/2007
O Centro Educacional Sagrado Coração tem sistema estrutural autônomo com pilares de concreto e
revestimento de tijolos, confeccionados pela própria instituição de ensino na antiga fábrica localizada nas
construções anexas. Na cobertura, telhado de quatro águas, com vedação em telha francesa. O coroamento é
feito por platibanda, revestida por desenhos de frisos retangulares pintados de pintura látex na cor amarela,
ligeiramente recuados. Frisos decorativos também estão presentes entre a platibanda e a parede, desta vez
em formas mais orgânicas e trabalhadas.
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14. Intervenções:
Embora o prédio tenha sido finalizado em 1956, a primeira intervenção não tardou a acontecer: em 1958 foi
acrescida uma Capela ao conjunto de edificações existentes no terreno. Esta capela foi projetada pelo Irmão
Cesaire, Provincial de Granby e inaugurada aos nove dias de março. O propósito inicial do bem foi também
ligeiramente modificado. O Juvenato foi projetado para cuidar da formação dos juvenistas, ou seja, aqueles
que despertavam sua vocação religiosa e ingressavam na Ordem; contudo, no final da década de 1960 o
educandário passou a se dedicar com o mesmo afinco à educação leiga. Nesse período uma pequena
intervenção de conservação foi realizada com a troca de telhas quebradas da cobertura e aplicação de nova
pintura.
Para que fosse possível abrigar a nova proposta de atender a população leiga, uma grande reforma foi
realizada no prédio do Juvenato, iniciada em março de 1990. Ainda que a configuração interna de diversas
salas e aposentos tenham sido modificados, não houve nenhuma alteração no tamanho do prédio, nem em
suas linhas externas. Somente em 2006, realizou-se novamente uma outra intervenção objetivando a
conservação de seus elementos como a pintura das fachadas e paredes internas, substituição de telhas
quebradas e desalinhadas do manto de cobertura e troca de vidros quebrados.
15. Estado de conservação:
Excelente.
16. Análise do estado de conservação:
O imóvel não apresenta problemas de conservação, pois foi reformado recentemente.
17. Fatores de degradação:
A degradação da edificação é causada por intempéries e pelo desgaste natural dos elementos.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Instalar sistema de combate e prevenção contra incêndios e furto e mantê-los sempre em perfeito
funcionamento;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Em Paraguassú um Juvenato dos Irmãos Canadenses. O Paraguassú, 12/07/1953, P. 1.
Autor Desconhecido. Em marcha: Juvenato. O Paraguassú, 02/05/1954, P. 1.
Autor Desconhecido. Citação dos arquivos do Juvenato Sagrado Coração no dia 18/09/1965. O Juvenato,
out/1965, P. 2.
Autor Desconhecido. Juvenato: Jubileu de Prata. A Voz, 16/01/1982, P. 1.
Autor Desconhecido. Juvenato: Novos rumos. A Voz, 04/08/1990, P. 3.
Autor Desconhecido. Irmãos do Sagrado Coração. A Voz, 28/10/1995, P. 5.
Autor Desconhecido. Paraguaçuense dirige congregação. A Voz, 28/07/2001, P. 12.
MARQUES, Cirene da Silva. Juvenato do Sagrado Coração. O Cidadão, 26/06/1999, P. 3.
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PRADO, Guilherme. Juvenato do Sagrado Coração. A Voz, 01/01/2001, P. 1.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Livro de Registros Imobiliários. L 3K Fl. 52 R 9531. 16/03/1965.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 14/21
Edificação à Rua Padre Piccinini, 223
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Fachada principal
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Residência
4. Endereço:
Rua Padre Piccinini, 223
5. Propriedade:
Particular – Sérgio Silva de Oliveira
6. Responsável:
Rua Padre Piccinini
FOTOS: Carlos E. Gomes, maio/2007
Sérgio Silva de Oliveira
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Residência
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
A rua Padre Piccinini, localizada na região central de Paraguaçu, alberga à altura do número 223 um bem
imóvel que nos auxilia a compor o quadro histórico e cultural de desenvolvimento deste município Sulmineiro. A área, que começou a observar o surgimento de construções ainda na virada do século XIX para o
XX, passou a ser largamente povoada a partir da segunda metade da década de 1930. Este espaçamento no
movimento de urbanização da região deveu-se, sobretudo, a dois fatores: I) a primeira área central da
cidade estava circunscrita aos arredores da praça João Eustáquio da Costa, o que ocasionava a preferência
por aquela região nos primeiros anos do século XX; somente após a mudança do centro para a região onde
hoje observamos a Praça Oswaldo Costa – movimento iniciado na segunda metade da década de 1910 – é
que este novo centro passou a ser mais densamente povoado; II) quando a povoação deste novo núcleo
urbano ganhava fôlego, abateu-se sobre o mundo, em 1929, uma grave crise econômica iniciada com o Crack
de 192925; com o desencadear da crise, a economia agro-exportadora de Paraguaçu viu-se retraída e somente
na segunda metade da década de 1930, com forças revigoradas, pode ser percebido um novo impulso de
crescimento na urbe.
O terreno onde se encontra o bem possui registros notários muito antigos, confirmando a descrição
apontada de que ainda que não fosse o foco das atenções imobiliárias da cidade, era comum encontrar lotes,
construções e até mesmo comércio na região ainda nos primeiros anos do século XX. Ainda que o primeiro
registro esteja datado de outubro de 1938, neste registro encontramos a referência que o terreno havia sido
comprado de José Gonçalves Leite por Jorge Luiz do Prado em ano anterior a 1917. Dado o fato que José
Gonçalves Leite faleceu em 1916, é bastante provável que a transação que envolveu o imóvel tenha se dado
ainda durante a década de 1910, pois consta que próximo ao seu falecimento José Gonçalves Leite vinha
apresentando diversos sinais de desgaste devido sua avançada idade.
Assim sendo, partimos da primeira transação imobiliária registrada para tentar traçar o histórico do imóvel.
Jorge Luiz do Prado e sua esposa Francisca Leite Prado transmitiram o bem à Maria Eufrásia Cavalcanti, do
lar, pelo valor de 20:000$000 (vinte contos de réis) em 1938. Neste registro, além da referência à compra
anterior, encontramos a informação que em 1938 o terreno ainda se encontrava vago. Seguindo os registros,
temos o segundo datado de nove de setembro 1951, quando a senhora Maria Eufrásia Cavalcanti vende o
bem a José Penha Júnior; o valor da negociação foi o de Cr$ 40.000,00 (quarenta mil cruzeiros).
Diante destes dois registros é que encontramos um período provável para a edificação o imóvel. Os treze
anos (38-51) que o terreno ficou sob a posse da senhora Maria são prazos suficientes para a construção de
uma residência no terreno. Para mais, cabe apontar que este coincide com o período de crescimento da
região e retomada do desenvolvimento econômico da cidade. Portanto, ainda que o registro imobiliário não
nos informe se havia ou não construção no terreno, somos levados a acreditar que em 1951 já havia uma
morada erguida ali. É provável que a construção da residência tenha sido custeada através dos recursos
próprios da senhora Maria; quanto ao projeto e execução deste é impossível citar algum nome de possíveis
responsáveis. O que nos resta é inferir que o projeto e a mão-de-obra ficaram a cargo de artífices capazes
contratados dentre os citadinos.
O comprador de 1951, o senhor José Penha Júnior, foi uma figura que exerceu um papel importante dentre
as funções sociais da cidade. Não cabe aqui inferirmos a respeito das intenções da compra do terreno pelo
senhor José Penha, mas como em 51 este já era um trabalhador de renome no município e com idade já
avançada, é pouco provável que esta fosse a primeira residência adquirida por este senhor para compor o
seu cabedal. Quando de seu falecimento em 1965 encontramos a seguinte descrição no jornal A Voz, de
circulação local:
“Motorista desde longa data, introduziu o transporte do Correio, das malas postais, num
fordinho daqueles tempos idos. Uniu Pontalete a Paraguassú e depois a Três Pontas por
O Crack de 1929 é o nome dado à quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque ocorrida no ano de 1929. Esse evento teve graves
conseqüências nas economias mundiais e é considerada, por diversos autores, como a primeira grande crise significativa do capitalismo.
25
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meio de ônibus. O paraguassuense que se ausentava por muito tempo, desembarcava do
trem em Pontalete e deparava primeiramente com a pessoa amiga e solicita de José Penha.
José Penha sempre representou para nós a união, a amizade, o progresso, a tradição.”26
O pouco costume de se averbar alterações de posse quando o bem transita nas mãos de familiares faz com
que tenhamos uma lacuna da mudança que se seguiu ao falecimento de José Penha Júnior; porém podemos
apontá-la com bastante precisão. Com o falecimento de José Penha em 15 de maio de 1965, a morada passou
às mãos de Ronaldo Penha, seu filho; o que não sabemos é se o formal de partilha indicava Ronaldo como
herdeiro da totalidade do bem ou se este foi dividido entre os filhos de José Penha e Ronaldo adquiriu todas
as partes que pertenciam a seus irmãos. Contudo é quase certo que já ao final da década de 1970 este já
detinha todos os direitos concernentes ao bem. Essa afirmação é baseada no registro imobiliário de 13 de
abril de 1981 que trata do espólio de Ronaldo Penha. No referido registro temos que o bem foi repartido
entre Celina Penha, Carmem Penha Pereira e seu marido José Ricardo Pereira, todos aposentados; o valor
declarado neste registro para a propriedade foi o de Cr$ 300.000,00 (trezentos mil cruzeiros). Esta é a
primeira entrada notária onde encontramos a referência à área construída no terreno: 56,25m2.
Finalizando as trocas de proprietários, observamos o último registro imobiliário que data de 28 de fevereiro
de 2007. Este contém a informação de que a área construída não foi alterada ou pelo menos não foi averbada
qualquer possível alteração e a transmissão deste pelos três proprietários, transmissão valorizada em R$
25.636,00 (vinte e cinco mil seiscentos e trinta e seis reais), a Sérgio Silva de Oliveira.
O atual proprietário, em entrevista realizada no local, afirma que pelo menos quatro intervenções foram
realizadas no bem: a cozinha foi expandida; acréscimo do banheiro; troca do piso; e colocação de grades nas
janelas. Este não soube informar quando estas intervenções foram realizadas, indicando que os antigos
proprietários foram os responsáveis por estas.
A trajetória histórica deste bem nos liga não só a figura de José Penha Júnior, como também à do Padre
Antônio Piccinini que é homenageado pelo nome da rua. Este, que foi o pároco do município dentre os anos
de 1910 a 53 além de ter sido uma figura bastante querida entre os moradores, desempenhou importantes
funções públicas tais como: inspetor escolar, vereador, vice-prefeito e prefeito substituto. É justamente por
esses diversos detalhes que compõem o histórico do bem que este deve ser considerado peça preciosa para
Paraguaçu. Todas as informações conjugadas nos trazem à tona muitos e preciosos pormenores que falam
alto a respeito do desenvolvimento urbano deste quinhão e também concernem ao universo privado das
famílias paraguaçuenses.
12. Análise de entorno:
Situada na esquina da Rua Padre Piccinini com Rua José Cristiano, a residência tem vizinhança
predominante residencial, embora possam ser encontrados alguns estabelecimentos comerciais locais. As
edificações variam entre um e dois pavimentos, sempre alinhadas a rua e com afastamento lateral. A região
tem infra-estrutura urbana básica, iluminação pública e arborização de médio porte. As calçadas são
estreitas (aproximadamente 80 cm) e bem conservadas.
A Rua Padre Piccinini é uma via de mão dupla, com largura de três carros e pavimentação de
paralelepípedos, constituindo-se com uma via preferencial por fazer a ligação direta ao principal da cidade,
o Hospital São Francisco de Assis. É um logradouro plano com estacionamento paralelo dos dois lados da
rua. A Rua José Cristiano apresenta a mesma largura e tipo de pavimentação; no entanto é uma via de mão
única com sentido de tráfego em aclive, sendo permitido estacionar em ambos os lados. O movimento de
pedestres e veículos tem intensidade moderada, com um maior tráfego de veículos pesados existente na
Rua José Cristiano.
26
Autor Desconhecido. Faleceu o senhor José Penha. A Voz, 25/05/1965, P. 6.
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13. Descrição:
A edificação está localizada na esquina da rua Padre Piccinini com Rua José Cristiano, em terreno profundo
e em ligeiro declive, acompanhando a topografia da Rua José Cristiano, e delimitado pela própria
edificação e por muros. A construção alinha-se às duas ruas e possui afastamento lateral direito e posterior,
cobertos por piso permeável com vegetação de gramínea e algumas árvores de até cinco metros. Para se
chegar a esta área, há uma entrada secundária, na Rua José Cristiano, por um portão metálico. O acesso
principal ocorre através de uma varanda frontal, com piso revestido em cerâmica e forro de madeira. O
bem apresenta partido profundo e tem revestimento externo de reboco.
Voltada para a Rua Padre Piccinini, a fachada principal é assimétrica, composta de apenas três vãos de
vergas retas: duas janelas similares e a porta que dá acesso à varanda, ingresso à residência. As janelas têm
enquadramentos e esquadrias de madeira, vedação de vidro externa e de madeira internamente. São
compostas por duas folhas de abrir, com relevos em argamassa emoldurando os vãos. Essa mesma
tipologia é mantida nas demais fachadas. A porta que leva à varanda é um portão de metal de duas folhas
pintado de branco, e o enquadramento de argamassa. Já a varanda não tem guarda-corpo, seu vão é de
peitoril com enquadramento em argamassa. O edifício tem revestimento em pintura na cor amarela, e o
embasamento é revestido apenas com reboco. O mesmo tipo de relevo que emoldura as janelas está
presente nas extremidades dos frontispícios e acompanha o coroamento de todo o telhado.
Na cobertura, telhado de quatro águas com vedação em cerâmica plana, cumeeira perpendicular à Rua
Padre Piccinini, e coroamento de cimalha em madeira acompanhando todo o telhado. Na face principal, o
telhado é interrompido pela elevação de uma empena.
14. Intervenções:
Segundo informações do atual proprietário, Sr. Sérgio Silva de Oliveira, as intervenções que a casa sofreu
foram a expansão da cozinha, acréscimo de um banheiro, troca do piso e colocação de grades nas janelas.
No entanto não soube informar quando estas intervenções foram realizadas, indicando que os antigos
proprietários foram os responsáveis por estas.
15. Estado de conservação:
Péssimo.
16. Análise do estado de conservação:
A edificação está em péssimas condições. Os principais problemas verificados são: a estrutura está bastante
abalada, o piso da cozinha corre o risco de cair; algumas paredes têm trincas; o forro da varanda está
deteriorado e em processo de desabamento, assim como a parte posterior do telhado; há indícios de
umidade em todas as paredes externas, provocando descolamento no embasamento e revestimento em
determinadas áreas.
17. Fatores de degradação:
Entre as causas da degradação mais relevantes estão a ação de intempéries, o mau uso e a falta de
conservação devido ao grande tempo que a edificação ficou inutilizada. Acredita-se que o aumento da
intensidade do tráfego na rua pode ter causado vibração na construção e abalado suas estruturas.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Substituir o forro da varanda e o piso da cozinha;
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ƒ Consultar técnico especializado para analisar as condições estruturais do imóvel e realizar intervenções
apropriadas, a fim de conter trincas e rachaduras existentes, evitando futuros desgastes;
ƒ Refazer o revestimento e embasamento externos;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Faleceu o senhor José Penha. A Voz, 25/05/1965, P. 6.
Autor Desconhecido. Padre Antônio Piccinini. Paraguaçu Notícias, 18/07/1987, P. 4.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Livro de Registros Imobiliários. Mat. 38.391 R 4-2178. 28/02/2007.
Livro de Registros Imobiliários. L 3F Fl. 126 R 2178. 13/04/1981.
Livro de Registros Imobiliários. L 3G Fl. 47 R 4590. 12/09/1951.
Livro de Registros Imobiliários. L 3D Fl. 143 R 1506. 03/10/1938.
OLIVEIRA, Sergio Silva de. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
PRADO, Guilherme. Seu Zé Leite. A Voz, 13/07/2002, s/p.
20. Informações complementares:
Não foi possível ter acesso ao interior do edifício principal devido à proibição por parte do proprietário.
21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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Edificação à Rua José Camilo da Costa, 20
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Detalhe da janela – fachada principal
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Residência
4. Endereço:
Rua José Camilo da Costa, 20
5. Propriedade:
Particular – espólio de Daniel Costa Silva
6. Responsável:
Rua José Camilo da Costa
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Luiz Gonzaga da Costa
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Residência
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
As cercanias da rua José Camilo da Costa são todas repletas de importantes componentes que ajudam a
configurar o quadro histórico de Paraguaçu, sobretudo em seus primeiros anos após a emancipação.
Ocorrida em 1911, essa alteração em seu status político serviu como verdadeiro motor que impulsionou
ainda mais o crescimento da urbe e do seu progresso econômico que a destacou entre as diversas
municipalidades do sul de minas. Nestes primeiros anos, o que se percebe é que os dividendos advindos da
produção agrícola traziam prosperidade aos habitantes e, por conseqüência, grandes inovações que se
refletiam em novas construções, novos meios de comunicações e a vontade de ligar a nova cidade a todas as
áreas vizinhas para que assim fosse elevado seu nome.
É dentro deste panorama que observamos a praça João Eustáquio: em 1911 era nela que se situava o foco de
urbanização do povoado e pode ser dito que o centro da cidade começava ali. Ao seu redor observamos as
ruas mais antigas da cidade, onde se destaca a rua Ferreira Prado que alberga as primeiras edificações de
Paraguaçu e que também foi o berço da primeira Câmara Municipal. A rua José Camilo da Costa por sua
vez também está circunscrita neste mesmo contexto, observou placidamente os primeiros anos da cidade e
hospedou as edificações que se elevavam com o desenvolvimento do povoado.
Foi provavelmente no primeiro quartel do século XX que a edificação do número 20 da rua José Camilo da
Costa foi construída, com maior probabilidade para a primeira metade da década de 1910 uma vez que
muitas residências surgiram por ali a partir entre 1911 e 1916. O responsável pelo custeio da obra, ainda que
não tenhamos fontes que nos indiquem claramente, provavelmente deve ter sido o senhor Evaristo José
Ribeiro, proprietário do bem à época de seu primeiro registro imobiliário. Este primeiro registro imobiliário,
datado de janeiro de 1923, faz menção à uma permuta entre os senhores Evaristo José Ribeiro e Daniel Costa
Silva no valor de 8:000$000 (oito contos de réis). Se à época do registro o centro urbano já se transferira para
as cercanias da Praça Oswaldo Costa devido à mudança da Igreja da Matriz em 1916 para lá, em 1923 temos
um dado que favorece a escolha deste local para a compra de um imóvel: a antiga Igreja da Matriz,
localizada na Praça José Eustáquio foi demolida em 1922 para a construção de uma Igreja, dedicada a Nossa
Senhora Aparecida, cujos trabalhos começaram em 1923 chefiados pelo artífice Virgílio Borim. Esse fato,
sem dúvida, revigorou a região, fortalecendo a urbanização dali.
Daniel Costa Silva, nascido em Machado em 1881, filho de Joaquim Inácio da Costa e Maria Augusta de
Paiva, veio para Paraguaçu ainda jovem, antes mesmo da emancipação local. No povoado, fixou-se como
professor público, função que ainda exercia quando adquiriu o imóvel à rua José Camilo Costa. Foi ainda
“(…) vereador por diversas legislaturas, na maioria delas, como representante do arraial do Paramirim. Foi
comerciante, presidente do Democrata Clube e Juiz de Paz.”27 Faleceu em 1966, aos 85 anos de idade, deixando
seis filhos e seus cônjuges que lhe herdaram o patrimônio.
Ainda que tenha falecido na década de 60, a averbação do formal de partilha no cartório de registros
imobiliários só se deu em 82 e o valor declarado para o bem à época foi o de Cr$ 1500,00 (hum mil e
quinhentos cruzeiros). Passados os anos observamos aos sete dias de dezembro de 1990 o último registro
relativo ao imóvel; este trata da divisão do bem entre os herdeiros do formal de partilha de 1982 e corrige o
valor do imóvel, declarando-o pelo montante de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros).
Os filhos de Daniel ainda se mantêm como proprietários do imóvel, mantendo-o uno ainda que
oficialmente tenha sido dividido entre eles. As intervenções mais significativas realizadas ocorreram ainda
sob a batuta de Daniel, - como o fechamento da porta na fachada principal deslocando a entrada para a
lateral direita do bem -, e as informações de dados precisos das alterações, datas de execução e responsáveis
por estas se perderam no tempo. A partir da década de 1960, as intervenções efetuadas não alteraram o
imóvel significativamente e buscaram antes conservá-lo, como troca de telhas quebradas, pinturas das
paredes externas e internas, imunização de madeiramento, etc.
Devido a esta intrínseca relação com o histórico da região em que se encontra, demonstrando os diversos
movimentos de urbanização dali é que o bem se eleva como parte integrante do patrimônio histórico e
27
Autor Desconhecido. Daniel da Costa e Silva. A Voz, 06/11/1966, P. 1.
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cultural de Paraguaçu. Além disso, a ligação com este membro ilustre da cidade, o senhor Daniel Costa e
Silva, proeminente político e comerciante, fornecem detalhes que ajudam a iluminar ainda mais as névoas
que, por vezes, encobrem a história.
12. Análise de entorno:
O bem está localizado à Rua José Camilo da Costa, via que se inicia na Praça João Eustáquio da Costa,
referência urbana e histórica de Paraguaçu e que marca o início da formação e desenvolvimento do
povoado. No entorno da praça estão imóveis significativos que hoje abrigam residências, o Museu Alferes
Belisário e a Igreja de Nossa Senhora Aparecida. Foi uma das primeiras ruas a serem abertas, contando, no
lado par, com edificações em terrenos em declive, na maioria térreas, com entradas laterais, sem
afastamento frontais e em poucos casos com afastamentos laterais nos dois lados. Já no lado ímpar os lotes
são em aclive, com afastamentos frontais e laterais, com dois pavimentos. Predominantemente de uso
residencial e bem adensada, apenas dois casarões se remetem à mesma época de construção do bem em
análise, sendo um deles tombado pela municipalidade.
A Rua José Camilo da Costa faz uma das ligações centro – rodovia (BR 491), passando por loteamentos
recentes e periféricos, como a Vila Santo Antônio. Via plana, de mão dupla, com largura de três carros e
pavimentação em paralelepípedo, nela é permitido estacionar em paralelo em ambos os lados. O fluxo de
pedestres e veículos não é muito intenso, embora eventualmente haja tráfego de caminhões, principalmente
para o abastecimento de alguns poucos estabelecimentos comerciais vizinhos, como o mercado na esquina
com a praça. O uso residencial prevalece no logradouro. A região tem infra-estrutura urbana básica, com
iluminação pública do lado par da rua, obstruindo a passagem, e não há arborização. As calçadas são
estreitas (aproximadamente 120 cm) e tem conservação regular.
13. Descrição:
De partido largo e com manifestações ecléticas e neocoloniais, o imóvel implanta-se em terreno profundo e
em declive – que permitiu a construção de um porão na porção posterior – alinhado ao passeio e no mesmo
nível da rua. O fechamento do lote é feito em maior parte pela própria edificação, sendo complementado
nas laterais por muro. Todos os afastamentos, posterior e nas laterais, tem piso permeável, com exceção de
uma pequena faixa de piso de pedra localizada próximo à residência. Aos fundos do terreno, há algumas
árvores frutíferas de médio porte, além de vegetação rasteira que ocupa toda a área do quintal.
O único acesso ao bem pode ser feito por uma porta na fachada principal, que leva a um cômodo em anexo
à residência, com pé-direito mais baixo e telhado independente em telha de fibrocimento. Após esse
cômodo, chega-se a sala de estar e posteriormente à circulação central. A partir dessa circulação, alcança-se
um dos quartos, localizados na parte posterior, e uma sala de jantar. Ladeando a sala de jantar, estão mais
dois quartos, um único banheiro e a cozinha ao fundo. Da sala de jantar, parte uma escada de concreto, com
guarda-corpo em mesmo material, que leva ao afastamento posterior. Todos os cômodos, com exceção do
cômodo da entrada, têm pé-direito mais alto, com 4,5 metros. Os pisos e os forros são de madeira, assim
como os rodapés e rodatetos. Na cozinha, não há forro, ficando a telha vã. As portas internas são de duas
folhas em madeira, com bandeira de madeira e vidro.
A fachada frontal pode ser divida em duas partes. A primeira parte, composta pelo volume principal do
edifício de pé-direito mais alto, é simétrica com quatro vãos – quatro janelas – de vergas retas e
enquadramento de madeira, com duas folhas do tipo guilhotina e vedação de vidro e duas folhas internas
de madeira. Sobrevergas em argamassa pintadas na mesma cor da fachada foram colocadas descoladas das
vergas, suportadas por cornijas de mesmo material. A porta de entrada à residência complementa o
frontispício, com verga reta, enquadramento de argamassa e metálica de uma folha. As demais fachadas
apresentam a mesma tipologia das aberturas e revestimento, embora não apresentem alguns elementos de
destaque no frontispício principal, como as sobrevergas e cornijas em argamassa.
Toda a construção e os muros do terreno são revestidos com pintura na cor rosa, tendo a face frontal
acabamento texturizado. Na cobertura, telhado de quatro águas com vedação em cerâmica plana e
coroamento em beiral simples, com a cumeeira paralela à Rua José Camilo da Costa.
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14. Intervenções:
Os filhos de Daniel ainda se mantêm como proprietários do imóvel, mantendo-o uno ainda que
oficialmente tenha sido dividido entre eles. As intervenções mais significativas realizadas ocorreram ainda
sob a batuta de Daniel, - como o fechamento da porta na fachada principal deslocando a entrada para a
lateral direita do bem -, e as informações de dados precisos das alterações, datas de execução e responsáveis
por estas se perderam no tempo. A partir da década de 1960, as intervenções efetuadas não alteraram o
imóvel significativamente e buscaram antes conservá-lo, como troca de telhas quebradas, pinturas das
paredes externas e internas, imunização de madeiramento, etc.
15. Estado de conservação:
Bom.
16. Análise do estado de conservação:
A edificação não possui aspectos de degradação que comprometam sua estrutura; porém, apresenta
desgaste na pintura externa, presença de umidade no embasamento da fachada principal e vidros
quebrados em algumas janelas. Internamente encontra-se bem conservada.
17. Fatores de degradação:
O imóvel possivelmente será degradado por fatores como intempéries, mau uso ou falta de manutenção
periódica.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Substituição dos vidros quebrados;
ƒ Aplicação de nova camada pictórica nas fachadas externas;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Autor Desconhecido. Daniel da Costa e Silva. A Voz, 06/11/1966, P. 1.
Autor Desconhecido. Igreja da Aparecida. O Paraguassú, 12/02/1928, P. 2.
Autor Desconhecido. A Ponte de Pontalete. Gazeta de Ouro Fino, 21/10/1923.
COSTA, Luiz Gonzaga da. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
Livro de Registros Imobiliários. R 8-2598 Prot. 17.245. 07/12/1990.
Livro de Registros Imobiliários. L 2G Fl. 274 R 2598. 18/10/1982.
Livro de Registros Imobiliários. L 3A Fl. 70 R 536. 22/01/1923.
PRADO, Guilherme. A Era do Rádio. A Voz, 27/05/2000, P. 7.
_______. Os Almanacks. A Voz, 11/08/2001, P. 7.
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_______. ‘A velha Igreja’. A Voz, 30/08/2002, s/p.
PRADO, Oscar. Rádio e TV – Os primeiros. A Voz, 15/03/1980, P. 6.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 16/21
Edificação à Rua José Camilo da Costa, 62
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Detalhe da fachada
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Residência
4. Endereço:
Rua José Camilo da Costa, 62
5. Propriedade:
Particular – Maria de Fátima Sant’anna
6. Responsável:
Rua José Camilo da Costa
FOTOS: Mariana S. Ribeiro, setembro/2006
Maria de Fátima Sant’anna
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Cedida
Residencial
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Tombamento Municipal
Tombamento Municipal
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11. Histórico:
A residência construída à rua José Camilo da Costa número 62 é um importante bem do município de
Paraguaçu. O logradouro onde se encontra faz parte de uma das primeiras vias abertas no entorno do
antigo centro urbano que se estabelecia a partir da praça João Eustáquio, vizinha à edificação. Embora seja
confuso resgatar o período de confecção da morada, a pesquisa aponta para os anos entre 1915 e 1920, com
alguma possibilidade para 1917 como data um pouco mais precisa.
As entrevistas e os registros imobiliários indicam a família Seara como sendo a incentivadora e
patrocinadora da obra, constituindo o corpo dos primeiros proprietários. Quanto ao construtor responsável
só um nome foi apontado: Ernesto da Silva Passos. O artífice era um fazendeiro local que adquiriu tato para
a construção através da prática; contudo suas obras não guardaram registros que consolidassem os
depoimentos que a ele atribuem o peso do projeto. Com a morada da rua José Camilo da Costa 62 o mesmo
ocorre, mas não foram encontrados motivos para retirar os méritos dele.
A mão de obra utilizada na construção foi contratada entre o grupo de trabalhadores encabeçado por José
Carlos Pereira que levou a cabo inúmeras construções na região. Este senhor de acordo com entrevistas, era
reconhecido pela sua eficiência e pelo zelo para com aqueles de seu grupo, exigindo sempre boas condições
de trabalho para seus subordinados.
O bem sempre teve como finalidade a moradia. Desde sua edificação aos dias atuais, todos os proprietários
sempre a empregaram para este fim. Mesmo quando a Paraguaçu têxtil S/A era a responsável, o utilizou
como pouso para alguns de seus funcionários. Atualmente além de residência, um cômodo da casa é cedido
para ensaios de um pequeno coral local.
O imóvel sofreu ao longo dos anos de sua existência, por intervenções. A primeira – provavelmente
ocorrida em 1963 – consistiu na divisão do lote onde estava instalado em diversas partes menores; esta ação
se inseriu no mesmo movimento que criou o loteamento “Pasto Santo”28, próximo ao terreno. O responsável
seria o então prefeito o Sr. Iramáia Luiz do Prado.
Nos anos de 1981 a 1986 a antiga instalação de um cômodo para chuveiro e outro para vaso sanitário, pia e
bidê deu lugar a dois bainheiros completos. Neste mesmo período foram feitas: a garagem na lateral da casa
– substituindo o antigo jardim que dava acesso ao quintal nos fundos do terreno –, a retirada dos lavabos de
cada cômodo dormitório e uma pintura interna que suprimiu os barrados ali vistos.
Entre 2002 e 2005 novas intervenções ocorreram: 2002 – elevado o muro lateral direito e construída a
lavanderia; 2004 – nova pintura interna do bem; 2005 – colocado o forro na sala que abriga o coral e trocada
a porta original de acesso a este cômodo seguindo o estilo da original.
O imóvel passou por pelo menos duas pinturas externas, porém não são encontradas datas exatas nem
depoimentos que indiquem um período aproximado. Cabe supor que tenham ocorrido junto às
intervenções na década de 60 e no início dos 80.
É importante ressaltar que as modificações não o descaracterizaram, uma vez que foram pautadas pelo seu
formato/padrão original. Isso favorece ao seu reconhecimento como patrimônio municipal uma vez que
traz consigo a memória da unidade mais simples da sociedade: a família. Os hábitos e costumes das famílias
que passaram por ali podem ser extraídos da história e sentidos no ar quando lá se entra. Os diversos
proprietários que nele habitaram ou que a outrem emprestaram: Emília Domingues Seara, Secundino
Domingues e Philomena Seara (1917); Bernardino Oliveira (1924); Ernesto da Silva Passos (1943); Maria
Cândida de Oliveira (1944); Paraguaçu Têxtil S/A (1945); José Mauro Leite do Prado (1966); Walter de São
José Silva (1971); João Canaverde Filho (1972); Luciene Campos Reis (1976); Sebastião Pereira Reis e Dionina
Campos Azevedo Reis (1992); Raquel Reis Vinagre (1998); e Maria de Fátima Sant’anna (1999). Todos eles
ajudaram a compor esse grandioso monumento que fala alto aos ouvidos os segredos do seio familiar
paraguaçuense e desta via de muitos percalços e de muitas esperanças!
28
Cf. Autor Desconhecido. Grande Loteamento. A Voz. 28/04/1963. P 2.
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12. Análise de entorno:
O bem está localizado à Rua José Camilo da Costa, via que se inicia na Praça João Eustáquio da Costa,
referência urbana e histórica de Paraguaçu e que marca o início da formação e desenvolvimento do
povoado. No entorno da praça estão imóveis significativos que hoje abrigam residências, o Museu Alferes
Belisário e a Igreja de Nossa Senhora Aparecida. Foi uma das primeiras ruas a serem abertas, contando, no
lado par, com edificações em terrenos em declive, na maioria térreas, com entradas laterais, sem
afastamento frontais e em poucos casos com afastamentos laterais nos dois lados. Já no lado ímpar os lotes
são em aclive, com afastamentos frontais e laterais, com dois pavimentos. Predominantemente de uso
residencial e bem adensada, apenas dois casarões se remetem à mesma época de construção do bem em
análise, sendo um deles tombado pela municipalidade.
A Rua José Camilo da Costa faz uma das ligações centro – rodovia (BR 491), passando por loteamentos
recentes e periféricos, como a Vila Santo Antônio. Via plana, de mão dupla, com largura de três carros e
pavimentação em paralelepípedo, nela é permitido estacionar em paralelo em ambos os lados. O fluxo de
pedestres e veículos não é muito intenso, embora eventualmente haja tráfego de caminhões, principalmente
para o abastecimento de alguns poucos estabelecimentos comerciais vizinhos, como o mercado na esquina
com a praça. O uso residencial prevalece no logradouro. A região tem infra-estrutura urbana básica, com
iluminação pública do lado par da rua, obstruindo a passagem, e não há arborização. As calçadas são
estreitas (aproximadamente 120 cm) e tem conservação regular.
13. Descrição:
A edificação de número 62 da rua José Camilo da Costa encontra-se implantada em terreno em declive
aproveitado para a construção de um porão e uma área de serviços. Alinhada à via, o acesso se dá por um
alpendre, na lateral esquerda. Esta lateral é ocupada por uma garagem, onde originalmente localizava-se um
jardim. As áreas livres nas laterais são cimentas, e no fundo do lote, gramada, com um pequeno cimentado
unindo as duas escadas que dão acesso ao nível do porão. O lote é vedado pelo próprio edifício e pelo
gradeamento da garagem, na porção frontal, por muros de concreto nas laterais, enquanto o fundo é
cercado em parte por muro e em parte por uma telha fina de fibrocimento.
Quanto à data de construção não se tem certeza de sua exatidão. O que se pode afirmar é que foi erguida entre
1915 e 1920, segundo as entrevistas e registros em cartório. Suas características ecléticas e manifestações
neocoloniais ainda são capazes de refletir sua significância local e temporal.
O alpendre, com guarda-corpo balaustrado em madeira, dá acesso a um hall, onde se encontra uma porta que
leva à sala de visitas, e outra que leva à sala de estar íntimo. A sala de estar íntimo se conecta aos três quartos, e
ao corredor de condução à cozinha, banheiros, área de serviços e depósito. Na sala de visitas há ainda uma
entrada para dois gabinetes.
Toda a área social e os quartos têm piso em tábua corrida e forro em lambri, enquanto a cozinha, o corredor e os
banheiros têm piso em cerâmica. A cozinha e o corredor não possuem forros, enquanto os banheiros são cobertos
por uma laje, onde está a caixa d’água. A área de serviços possui piso cimentado e telha vã, assim como o
alpendre, mas com piso em ladrilho hidráulico.
Em todas as fachadas as aberturas têm a sobreverga trabalhada em alvenaria. As seis janelas da fachada principal
possuem enquadramento de madeira pintada em vermelho e moldura branca trabalhada sobre a alvenaria
externa. As portas são compostas por duas folhas, exceto as dos banheiros, e as portas internas apresentam
bandeira de vidro fixa acima das folhas.
A volumetria da edificação é composta por dois blocos retangulares, cobertos por telhados cerâmicos de quatro
águas cada um. O acabamento do telhado é feito em cachorrada, e não possui calhas. Há calha apenas no telhado
do alpendre, mas encontra-se danificada, não cumprindo satisfatoriamente sua função.
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14. Intervenções:
Na década de oitenta, o jardim que havia na lateral esquerda do lote foi substituído por uma garagem, e os
banheiros que eram um cômodo de banho e outro de instalações sanitárias, foram transformados em dois
banheiros completos. Em 2002, o muro de divisa da esquerda foi ampliado para reforçar a segurança. Já em
dezembro de 2004, foram pintados o quarto do casal, a cozinha e a sala principal. No ano de 2005 foram
acrescidos uma área de serviços e um quarto de despejos (depósito) adjacentes à cozinha. Fontes orais de uma
antiga moradora afirmam que em todos os quartos havia um lavatório e barrados nas paredes logo que foi
construída, embora não serem encontrados mais, apenas uma marca na parede da sala de estar íntimo a 1m do
piso.
15. Estado de conservação:
Bom a regular.
16. Análise do estado de conservação:
Embora não tenha sido encontrado problemas mais sérios em sua estrutura, a edificação encontra-se com
rachaduras verticais e em diagonal, necessitando a avaliação técnica de profissionais especializados. A
pintura está descascando, e há descolamento do reboco em vários pontos do revestimento externo. Os
muros também necessitam de reparos, assim como a área externa, mal conservada. Internamente as
esquadrias apresentam sinais de ataque de insetos xilófagos, bem como fechaduras danificadas e vidros
quebrados. A pintura, os pisos e os forros internos estão em bom estado, precisando apenas de manutenção
preventiva.
17. Fatores de degradação:
O possível fator de degradação é a exposição às intempéries aliado à falta de manutenção constante no
imóvel.
18. Medidas de Conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria constantes para impedir que os problemas já
identificados possam se agravar posteriormente, afetando a integridade da construção:
ƒ Revitalização de elementos estéticos danificados;
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Substituição de vidros quebrados;
ƒ Recuperação da área ajardinada dos fundos;
ƒ Recomposição do reboco nas paredes externas e muros de divisa, refazendo a parte posterior;
ƒ Imunização de todo madeiramento;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
ACADEMIA Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu/MG: 2002.
Cartório de Registros de Imóveis de Paraguaçu.
FERREIRA, José Antônio. Paraguaçu (MG), maio de 2006. Entrevista concedida a Mariana Ribeiro.
Jornal “O Paraguassu”. Campos Jr. Falecimento. 30/06/1946. p. 04.
LEI municipal 022 de 28/10/1948.
PRADO, Guilherme. Paraguaçu: sua história, sua gente. Paraguaçu/MG, 2004. (CD-ROM)
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20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) |Carlos E. Gomes (historiador) | Mariana S. Ribeiro (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: setembro a outubro de 2006; maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Mariana S. Ribeiro (arquiteta)
data: outubro a dezembro de 2006; maio a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 17/21
Escola Municipal Pedro Leite
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
2. Distrito:
Detalhe do frontão no frontispício
Sede
3. Designação:
Grupo Escolar Pedro Leite
4. Endereço:
Praça Pedro Leite, 52
5. Propriedade:
Pública – Governo do Estado de Minas Gerais
6. Responsável:
Praça Pedro Leite
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Governo do Estado de Minas Gerais
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Institucional – ensino
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
A Instituição da Escola Pedro Leite tem sua origem em período posterior à emancipação de Paraguaçu, já se
encontrando com 118 anos de idade. Fundada em 1890, recebia o nome de ‘Escola Pública de Instrução
Primária da Paróquia do Carmo da Escaramuça’ e o povoado era denominado Carmo da Escaramuça, um
distrito de Santo Antônio do Machado. À esta época era dirigida por Rosalina Maria das Dores e seu marido
Louis Debieix. Até o ano de 1900 isto se manteve inalterado quando o nome da instituição foi alterado,
passando a ‘Escola Pública Distrital de Carmo da Escaramuça’. A instituição de ensino foi parte importante
no processo emancipatório de Paraguaçu, conforme disposição estadual havia certos pré-requisitos que
deveriam ser cumpridos para que o distrito pudesse se emancipar. A existência de uma escola figurava
dentre eles e, para tanto, a Escola Pública Distrital atendia a esta exigência. Cirene Marques ao citar o artigo
do ‘Minas Gerais’ que tratava da emancipação de Paraguaçu indica claramente a preocupação do governo
estadual que concernia à educação dos futuros habitantes da nova cidade:
“Paraguaçu, no Distrito do Carmo da Escaramuça, desmembrado do Santo Antônio do
Machado e art. 16 diz: Os novos municípios criados por esta Lei poderão ser instalados
senão depois que seus moradores satisfizerem as exigências dos arts. 3° e 4° da Lei n° 2 de
14 de setembro e 1891, quanto a terrenos para cemitérios, edifícios apropriados para sessões
da câmara, escolas para instrução primária e cadeia, a juízo do governo”29
Desde sua fundação a escola funcionava em terreno situado à rua Aureliano Prado, doado pelo governo
Wenceslau Brás. A mudança para o nome Grupo Escolar Pedro Leite se seu em 1914, se tratando portanto de
uma homenagem em vida a este que foi um ilustre paraguaçuense. Dez anos após a emancipação, 1921
contudo, o poder público municipal optou pela transferência deste para o local onde é encontrado até os
dias atuais, ou seja, a Praça Pedro Leite, homônima à instituição de ensino; o nome da praça passou a ser
Pedro Leite devido à escola conforme verificado na lei nº 022 de 25 de outubro de 1948.
O terreno foi adquirido pela Prefeitura Municipal e pertencia anteriormente à Diocese de Guaxupé. Ainda
que a edificação da escola tenha se dado em 1921, só em 1978 – cinqüenta e sete anos depois – é que os
registros imobiliários foram devidamente acertados e o valor declarado para a transação foi o de Cr$
14.000,00 (quatorze mil cruzeiros).
A escolha de Pedro Leite para ser homenageado pelo nome da escola não é sem razão. Pedro Leite,
paraguaçuense nascido em 1864, filho de José Gonçalves Leite e Ana Cândida de Oliveira.
“Foi casado com Miquelina Prado, não tendo filhos com a esposa, criou duas sobrinhas,
Maria Olinda e Arinda Prado. Atuante, foi Vereador no Município e Vice-Prefeito.
Participou na comissão pró-construção da Igreja Matriz. Fundou o primeiro Jornal do
Carmo da Escaramuça, O Arara, Jornal manuscrito, ilustrado e em cores, no ano de 1911.
(…) foi inspetor escolar [entre os anos de 1900 e 1910]. (…) Era um árbitro infalível de
todas as pendências locais. O Conselheiro Mor foi um dos idealizadores do Ideal Clube.
Morreu aos 56 anos no dia 8 de novembro de 1920.”30
Durante a maior parte de sua existência foi administrada pelo poder público municipal, contudo na década
de 80 passou às mãos do poder estadual. Isto é verificado a partir da doação do terreno da escola ao Estado
de Minas Gerais aos dezessete dias de junho de 1981, com valor declarado de Cr$ 3.007.944,00 (três milhões,
sete mil, novecentos e quarenta e quatro cruzeiros).
29
30
MINAS GERAIS, 03/09/1911. apud MARQUES, Cirene. Escola Estadual Pedro Leite. O Cidadão, 12/06/1999, P. 10.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002. P. 130.
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Para atender ao número sempre crescente de habitantes da cidade, a escola passou por várias intervenções
ao longo de sua existência. A primeira data da década de 1960, quando a prefeitura contratou a arquiteta
Lúcia Maria de Andrade Marques para o projeto. Nesta reforma foram consertados assoalhos, calhas e
janelas, o jardim foi arrumado e o forro de concreto colocado pela primeira vez em uma construção em
Paraguaçu, segundo jornal da época31. O custeio da obra ficou a cargo da Prefeitura Municipal e o valor
aproximado do orçamento foi o de Cr$ 1.876.000,00 (hum milhão, oitocentos e setenta e seis mil cruzeiros).
A obra durou até 1962, quando aos cinco dias de agosto foi entregue à população.
O ano de 1999 viu a instalação de uma sala de apoio para deficientes visuais na escola; nos anos seguintes
instalaram também uma sala de apoio para deficientes auditivos e oficina pedagógica. Estas salas voltadas a
educação especial advieram de convênios firmados entre a Prefeitura e o Governo do Estado.
A última grande intervenção no bem ocorreu em 2002, e foi financiada pelo governo estadual. Nesta, houve
a mudança da cor da pintura externa de amarela para azul, substituição dos pisos e troca das telhas do
telhado – do tipo capa para capa e bica. Também foram construídas quatro salas de aula na parte posterior
do terreno nesta mesma reforma.
Baseado no importantíssimo papel exercido na sociedade paraguaçuense: o de garantir a formação básica
dos habitantes dali; por ser esta um marco de diversos períodos históricos da cidade; aliado à lembrança
deste ilustre membro de Paraguaçu que ela evoca com seu nome, torna-se inegável a inclusão deste bem
como parte importante do patrimônio histórico e cultural desta urbe sul-mineira.
12. Análise de entorno:
O imóvel situa-se à Praça Pedro Leite, importante referência urbana e cultural de Paraguaçu, localizada no
centro comercial da cidade. Já abrigou, em décadas anteriores, a Rodoviária, que atualmente encontra-se na
quadra ao lado, em frente ao Mercado Municipal, outra significativa referência para os paraguaçuenses. O
principal caminho divide a praça em duas partes e liga o Mercado, na porção mais baixa, à Escola Pedro
Leite, implantada na cota mais alta, através de escadas e rampas cimentadas. A via frontal à edificação tem
mão única, pavimentação de paralelepípedo, largura correspondente a três carros e estacionamento paralelo
em um dos lados. O tráfego é intenso, principalmente nos arredores do Mercado e da Rodoviária, com a
presença constante de ônibus e caminhões. Os passeios apresentam-se em bom estado de conservação,
sendo pavimentados por concreto e com largura de 120 cm.
Estabelecimentos comerciais e de serviços predominam no entorno da praça. Edificações residenciais
aparecem nas demais ruas que ladeiam a escola, muito embora já se perceba certa tendência à modificação
desse uso residencial para comercial. As construções variam de um a dois pavimentos, ocupando todos os
afastamentos e alinhadas aos passeios, apresentando varandas no segundo andar; os terrenos são planos ou
em declive. A região apresenta infra-estrutura urbana básica, com postes de iluminação nas ruas e na praça;
a arborização e paisagismo merecem um destaque especial.
13. Descrição:
Implantada em terreno plano e largo, defronte à praça homônima à escola, a edificação em estilo neoclássico
apresenta volumetria térrea com acesso frontal e central. O lote, fechado com muros e grades, possui
grandes dimensões e afastamentos. Parte do afastamento posterior e lateral direito é ocupada por dois
anexos com salas de aula e refeitório, ambos construídos em 2002. No afastamento lateral esquerdo está uma
quadra poliesportiva com piso em concreto. Vegetações de médio a grande porte, incluindo árvores
frutíferas, também estão presentes nos afastamentos; pisos cimentados marcam a circulação. À frente da
construção, um belo jardim e árvores de médio porte demarcam a entrada da escola, além do busto de Pedro
Leite.
Sua fachada principal é simétrica e está voltada para a Praça Pedro Leite. Seus sete vãos – porta principal
ladeada por três janelas – têm vergas de arco pleno em argamassa, assim como nas demais fachadas. A porta
31
Cf. Autor Desconhecido. Movimento escolar. A Voz, 21/08/1960. P. 3.
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de entrada é de duas folhas com esquadria metálica e bandeira fixa, sem vedação. As janelas são de abrir em
madeira com vedação em vidro, com as bandeiras do mesmo material. Todos os frontispícios são pintados
na cor azul clara; o embasamento tem cor cinza azulada e os pilares são marcados externamente por relevos
brancos e frisos em massa, também presentes nos movimentos dos arcos plenos e adornando peitoris e
capitéis. Complementando a ornamentação, frontão localizado acima da porta principal com a inscrição
“Grupo Escolar Pedro Leite 1921”, juntamente com uma platibanda, escondendo parte do telhado.
O edifício apresenta planta em “U”, com um pátio interno
para onde estão voltadas as salas e a área administrativa
próxima à entrada. As salas apresentam vãos com vergas
retas, janelas basculantes metálicas, vedação em vidro, portas
de madeira e paredes revestidas nas cores branca e cinza.
Contam com áreas de circulação abertas e cobertas por um
telhado independente do corpo da edificação principal, em
estrutura independente de madeira com pilares esbeltos de
PVC. Junto ao pilar, há um sistema de captação de água
pluvial, com calhas que vão do telhado ao solo. Os pisos das
salas de aula e circulações cobertas são de cerâmica; já as
circulações externas e o pátio, cimentado. Não há forro nas
salas, apenas laje. Os anexos – salas de aula e refeitório –
seguem os mesmos revestimentos do pátio interno.
Construções em anexo
O bem apresenta três telhados independentes, todos em
cerâmica curva: um corresponde à primeira parte da
construção, com seis águas em função do partido em “U”
proposto; os outros dois ficam na parte posterior da escola e
ambos têm quatro águas. Os dois anexos têm cobertura de
duas águas e vedação de cerâmica curva. Todos os telhados
possuem coroamento em beiral simples, com exceção do
coroamento frontal da edificação principal em platibanda e
frontão.
Pátio interno
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
14. Intervenções:
A escola passou por várias intervenções ao longo de sua existência. A primeira data da década de 1960,
quando a prefeitura contratou a arquiteta Lúcia Maria de Andrade Marques para o projeto. Nesta reforma
foram consertados assoalhos, calhas e janelas, o jardim foi arrumado e o forro de concreto colocado pela
primeira vez em uma construção em Paraguaçu, segundo jornal da época32. O custeio da obra ficou a cargo
da Prefeitura Municipal e o valor aproximado do orçamento foi o de Cr$ 1.876.000,00 (hum milhão,
oitocentos e setenta e seis mil cruzeiros). A obra durou até 1962, quando aos cinco dias de agosto foi
entregue à população.
Já o ano de 1999 viu a instalação de uma sala de apoio para deficientes visuais na escola; nos anos seguintes
instalaram também uma sala de apoio para deficientes auditivos e oficina pedagógica. Estas salas voltadas a
educação especial advieram de convênios firmados entre a Prefeitura e o Governo do Estado.
No ano de 2002, a escola passou por uma grande reforma, financiada pelo governo estadual. Na ocasião, a
pintura externa foi alterada com a mudança da cor amarela para azul, as grades que fecham o terreno foram
colocadas, os pisos foram substituídos por novos e as telhas foram trocadas – antes, o telhado era do tipo ca________________________________________________________________________________________________________________________
34
Cf. Autor desconhecido. Movimento escolar. A Voz, 21/08/1960. P.3.
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pa, sendo substituído por capa e bica. Na mesma época, os dois anexos que abrigam salas de aula e
refeitório foram construídos.
Outra importante intervenção ocorreu no entorno da escola. A rodoviária, que ocupava parte da Praça
Pedro Leite, foi transferida para parte do terreno que abriga o mercado municipal.
Fachada lateral esquerda antes da reforma de 2002
FONTE: Acervo particular da E.E. Pedro Leite
15. Estado de conservação:
Bom.
16. Análise do estado de conservação:
De uma maneira geral, a edificação encontra-se bem conservada, apresentando apenas problemas
relacionados à pinturas externas e internas e pisos desgastados. A quadra poliesportiva necessita de
reformas de piso e alambrado.
17. Fatores de degradação:
O imóvel tem sofrido degradação devido a intempéries, falta de conservação periódica e intenso tráfego de
veículos pesados no entorno, causando vibração e um provável abalo em suas estruturas.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Aplicação de nova camada pictórica nas fachadas e internamente;
ƒ Substituição das cerâmicas trincadas aplicadas nos pisos e recomposição do cimentado da área externa;
ƒ Recomposição do piso e do alambrado da quadra poliesportiva;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Instalar sistema de combate e prevenção contra incêndios e furto e mantê-los sempre em perfeito
funcionamento;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
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19. Referências e fontes:
ANDRADE, João Eustáquio. Grupo Escolar ‘Pedro Leite’. A Voz, 19/08/1962, P. 1.
Autor Desconhecido. Grupo Escolar Pedro Leite. O Paraguassú, 05/12/1926, P. 2.
Autor Desconhecido. Coro infantil. O Paraguassú, 14/06/1942, P. 4.
Autor Desconhecido. O coro infantil. O Paraguassú, 21/06/1942, P. 2.
Autor Desconhecido. Cantina Escolar. O Paraguassú, 03/09/1944, P. 4.
Autor Desconhecido. Grupo Escolar Pedro Leite. O Paraguassú, 19/10/1947, P. 1.
Autor Desconhecido. Grupo Escolar Pedro Leite. O Paraguassú, 07/03/1948, P. 1.
Autor Desconhecido. Movimento escolar. A Voz, 21/08/1960, P. 3.
Autor Desconhecido. Histórico da Escola Estadual Pedro Leite. A Voz, 09/07/1994, P. 5.
Autor Desconhecido. Sala de apoio a deficientes visuais. A Voz, 14/08/1999, P. 1.
Autor Desconhecido. Pedro Leite. O Cidadão, 01/05/2001, P. 9.
MARQUES, Cirene. Escola Estadual Pedro Leite. O Cidadão, 12/06/1999, P. 10.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
DIAS, Rafael Mendes. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
Livro de Registros Imobiliários. L 2F Fl. 170 R 2219. 17/06/1981.
Livro de Registros Imobiliários. L 2C Fl. 311 R 1202. 09/06/1978.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 18/21
Mercado Municipal
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Fachada voltada para rodoviária
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Mercado Municipal
4. Endereço:
Praça Pedro Leite, s/n
5. Propriedade:
Pública – Prefeitura Municipal de Paraguaçu
6. Responsável:
Entrada principal
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Prefeitura Municipal de Paraguaçu
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Comércio
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
O Mercado Municipal de Paraguaçu localiza-se na parte alta do centro da cidade, nos arredores da Avenida
Dom Bosco, em uma região que começou a ser largamente urbanizada a partir das décadas de 1940/50. Seu
endereço, a Praça Pedro Leite, goza de alta estima dentre os habitantes locais por se tratar de um ponto
considerado o verdadeiro coração pulsante da urbe uma vez que agrega várias lojas comerciais em suas
instalações e nos arredores, o terminal rodoviário, além do centenário Grupo Escolar Pedro Leite.
A praça onde está localizado o Mercado homenageia um grande paraguaçuense. É digno de nota, porém,
que não é a primeira praça a receber esse nome: antes de se chamar Praça Oswaldo Costa (1946), a praça nas
imediações do largo da Igreja Matriz recebia o nome de Praça Pedro Leite. A alteração de nome se deu
pautada em dois fatores: a vontade de homenagear o político Oswaldo Costa, conferindo seu nome a um
importante local da cidade; e a proximidade da nova Praça Pedro Leite do então chamado Grupo Escolar
Pedro Leite. Foi assim que pela Lei nº 022 de 25 de outubro de 1948 houve a troca dos nomes e a praça em
questão recebeu este nome. Pedro Leite, paraguaçuense nascido em 1864, filho de José Gonçalves Leite e
Ana Cândida de Oliveira.
“Foi casado com Miquelina Prado, não tendo filhos com a esposa, criou duas sobrinhas,
Maria Olinda e Arinda Prado. Atuante, foi Vereador no Município e Vice-Prefeito.
Participou na comissão pró-construção da Igreja Matriz. Fundou o primeiro Jornal do
Carmo da Escaramuça, O Arara, Jornal manuscrito, ilustrado e em cores, no ano de 1911.
(…) foi inspetor escolar [entre os anos de 1900 e 1910]. (…) Era um árbitro infalível de
todas as pendências locais. O Conselheiro Mor foi um dos idealizadores do Ideal Clube.
Morreu aos 56 anos no dia 8 de novembro de 1920.” 33
Logo em frente ao Mercado está situada a rodoviária de Paraguaçu. Os anseios para a construção de um
Terminal Rodoviário datam de cerca de duas décadas anteriores à sua edificação. Já em 1947 observamos a
demanda em vários artigos de jornais que circulavam à época. Nas palavras de Oscar Prado:
“Uma das mais prementes necessidades de Paraguassú é a construção de uma estação
rodoviária. Já que não possuímos estrada de ferro, e nem alimentamos a vaidade de faze-la
atingir a nossa cidade, nestes próximos anos, precisamos pensar e agir no sentido de termos
uma estação rodoviária e ampararmos com mais carinho e eficiência o transporte
automóvel. Pleiteamos uma estação condigna, confortável, onde público possa abrigar-se
das intempéries, do sol e da chuva, enquanto aguarda o horário das jardineiras; uma
estação que disponha de moderna instalação sanitária; que possua um bar e uma sala de
espera para os passageiros.”34
A solicitação inicial era a de que o Terminal Rodoviário fosse construído nos arredores da Praça Oswaldo
Costa, por ser este o centro das atividades sociais de Paraguaçu. Era ali realizado o ‘footing’ dos jovens, em
seu entorno se encontravam o Cine Íris, o Hotel Paraguassú e a Igreja da Matriz.
Os mais diversos argumentos eram levantados para a requisição da instalação de tal edifício de utilidade
pública, até mesmo a Primeira Guerra Mundial não foi poupada quando se tratou de apontar elementos que
favorecessem a argumentação pró-construção: “Um dos fatores mais decisivos da resistência alemã em 1918 foi,
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
35
36
Autor Desconhecido. A necessidade de uma estação rodoviária. O Paraguassú, 01/01/1949. P. 1.
PRADO, Oscar. Uma necessidade. O Paraguassú, 12/01/1947. P. 1.
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sem duvida, a perfeição de seu parque rodoviário.”35 Mas as solicitações dos moradores não foram atendidas
naquela década de 40 e nem na seguinte. Somente na década de 60 é que estes clamores foram ouvidos.
Durante a gestão do prefeito Iramaia Luiz do Prado (59-63) é que os edifícios que abrigam o Mercado
Municipal e o Terminal Rodoviário foram erguidos. Sua administração foi caracterizada, segundo jornais da
época pelo dinamismo nas ações e clareza nas contas públicas. Outra importante realização foi a construção
do Colégio Comercial – hoje Fundação Educacional Dr. Esdras Olinto do Prado, FEDEOP – que sempre
primou nos trabalhos educacionais à população.
O início das obras para a edificação do bem se deu na virada
dos anos 60/61 quando houve a contratação da construtora
Soceal Ltda para a execução do serviço, o diretor desta firma
era o senhor Salvador Boccia. À frente dos trabalhos, como
chefe da obra, foi colocado o senhor Agnaldo Salles, viceprefeito de Iramaia Prado. Após decorrido pouco mais de
um ano, em janeiro de 1962 foi inaugurada o Mercado
Municipal – no mesmo ano também se inaugurou a
Rodoviária. A obra, ainda que de pequeno porte, atendia
amplamente às necessidades da cidade para aquele
momento.
A inauguração ainda contou com a presença do prefeito
Iramaia Prado, o monsenhor Pardini, o vice-prefeito
Agnaldo Salles, o senhor Salvador Boccia, além de cidadãos
e outras figuras políticas da urbe. Seqüencialmente aos
protocolos de inauguração, ao monsenhor Pardini foi
solicitada a benção do novo edifício, pedido que
prontamente atendeu.
Visão frontal da Estação Rodoviária e Mercado
Municipal quando de sua inauguração (1962)
Fotógrafo desconhecido.
Fonte: PRADO, Guilherme. Paraguaçu – Sua história,
sua gente. Paraguaçu, 2004. (CD-ROM)
Os registros imobiliários do bem só foram regularizados em período posterior, assim como os registros da
Escola Estadual Pedro Leite. Todo o terreno onde se encontra a Praça Pedro Leite, a Escola Estadual Pedro
Leite, o Mercado e a Rodoviária da cidade pertenciam antes à Diocese de Guaxupé, representante da
Pontifícia Igreja Católica Apostólica Romana na região. Somente em 1978 é que observamos a compra do
terreno das mãos desta instituição. Deste ponto o que se percebe nos registros é a manutenção da área da
rodoviária como domínio da Prefeitura Municipal de Paraguaçu e os diversos boxes do mercado foram
vendidos a comerciantes interessados. Cada um desses boxes possui autonomia de registro, sendo que uma
pesquisa de tais registros nos leva a centenas de resultados, o que torna impossível rastrear todos os
particulares que já possuíram uma área ali.
O Mercado Municipal não passou por alterações. Contudo, seu entorno foi fortemente modificado! A praça
que havia defronte o mercado foi substituída por um terminal de passageiros e venda de passagens, além de
novas instalações comerciais e sanitárias. O painel luminoso foi removido e construído espaço reservado
para a carga e descarga de veículos. Cabe ainda ressaltar que a obra do terminal não seguiu as linhas
arquitetônicas do Mercado, o que torna possível destacar visualmente a diferença entre os dois momentos
de construção.
Essa expansão foi financiada através de verbas públicas municipais e diversas firmas foram contratadas
para o serviço. Dentre as várias, nos chegam que ficou a cargo da Serralheria Garcia Indústria e Comércio
Ltda., de São Sebastião do Paraíso, a tarefa de construir o espaço de carga e descarga de veículos. A
cobertura tanto desta área como do terminal de passageiros ficou sob a batuta da firma PERCRON. Outras
empresas participaram da tarefa, contudo, não nos chegam seus nomes nem responsáveis.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
37
Autor Desconhecido. A necessidade de uma estação rodoviária. O Paraguassú, 01/01/1949. P. 1.
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Após essa reforma de 87, nenhuma outra intervenção foi realizada. Mantém-se aos dias atuais inalterado tão
grandioso ponto de utilidade pública da cidade, principalmente pela função imprescindível que exerce
através de seu Mercado Municipal, servindo de ponto de escoamento de produtos rurais, atendendo
sobretudo aos pequenos agricultores.
12. Análise de entorno:
O Mercado Municipal situa-se à Praça Pedro Leite, importante referência urbana e cultural de Paraguaçu,
localizada no centro comercial da cidade. Já abrigou, em décadas anteriores, a Rodoviária, que atualmente
encontra-se em quadra frontal ao Mercado. Duas significativas referências também podem ser apontadas: a
Escola Estadual Pedro Leite, na praça homônima e a Liga Operária, na Rua Prefeito Nestor Eustáquio. O
principal caminho divide a praça em duas partes e liga ao Mercado, na porção mais baixa, à Escola Pedro
Leite, implantada na cota mais alta, através de escadas e rampas cimentadas. As vias que circundam a
edificação têm mão única, pavimentação de paralelepípedo, largura correspondente a três carros e
estacionamento paralelo em ambos os lados. O tráfego é intenso, com a presença constante de ônibus e
caminhões. Os passeios apresentam-se em bom estado de conservação, sendo pavimentados por concreto e
com largura de 120 cm.
Rodoviária
Entorno do mercado
FOTO: Aline Medeiros, maio/2007
FOTO: Aline Medeiros, maio/2007
Estabelecimentos comerciais e de serviços predominam no entorno da praça, comprovando a tendência a
esse tipo de uso em detrimento ao residencial. As construções variam de um a dois pavimentos, ocupando
todos os afastamentos e alinhadas aos passeios, apresentando varandas no segundo andar; os terrenos são
planos ou em declive. A região apresenta infra-estrutura urbana básica, com postes de iluminação nas ruas e
na praça; a arborização e paisagismo merecem um destaque especial. A árvore situada ao lado do mercado e
da rodoviária se sobressai devido ao seu grande porte e altura, proporcionando sombra e ambiente
agradável para quem passa pelo local.
13. Descrição:
A edificação está implantada no alinhamento de uma das vias que formam a Praça Pedro Leite, em um
terreno largo e praticamente plano. Na mesma quadra, em frente ao mercado, está localizado o Terminal
Rodoviário de Paraguaçu; entre as duas construções há uma rua interna, pavimentada em bloquete, usada
pelos ônibus para embarque e desembarque de passageiros. Considera-se como fachada frontal e principal o
frontispício voltado para rua interna, onde está o maior número de lojas. O afastamento lateral direito é
aproveitado como parada de táxi, e para carga e descarga de mercadorias. Aqui se localiza uma das
entradas para os boxes internos, estando a segunda, locada na extremidade oposta.
A fachada principal é simétrica, composta por seis portas e dez janelas. Seis lojas são ingressadas por essa
fachada e cada uma tem uma porta e duas janelas, com exceção de dois comércios que ocupam as
extremidades do frontispício, que tem uma porta e apenas uma janela. Todas as lojas têm pé-direito de cinco
metros, vãos de vergas retas e enquadramentos de argamassa. As portas são metálicas de enrolar, pintadas
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na cor azul; sobre elas, frisos em argamassa na cor branca, utilizados para auxiliar na ventilação. As janelas
são basculantes em esquadria metálica e vedação de vidro, tipologia esta que se repete nas demais fachadas.
No revestimento das paredes externas, cerâmica vermelha aparente disposta na horizontal, diferentemente
das outras faces: a posterior é revestida de pintura na cor cinza no embasamento, e branca acima; nas
fachadas laterais são dois tipos: a metade próxima à fachada frontal utiliza o mesmo tipo de revestimento
desse frontispício; na outra metade, segue a tipologia da fachada posterior. Dentro das lojas, as paredes das
lojas são revestidas por cerâmica; no piso, cimentado em algumas, assim como a circulação externa, outras
em cerâmica. Não há forro, somente laje.
Quanto aos boxes internos, dois corredores laterais promovem a circulação. As laterais são ocupadas por
lojas de dimensões irregulares, assim como entre os corredores. São vendidos vários produtos, como
verduras, cereais, legumes, além de utensílios domésticos e utilidades diversas. A cobertura é em telha vã,
com piso cimentado. Alguns boxes são revestidos por cerâmica e outros, também cimentados.
O edifício tem cobertura de dois telhados paralelos de quatro águas cada, com vedação em telha francesa,
coroados por platibanda de concreto na cor branca, além de beiral na porção posterior e lateral esquerda. Na
lateral direita, há um pequeno frontão retangular, de mesmo revestimento da platibanda, sem nenhum
ornamento. A rua interna e o afastamento direito do mercado tem cobertura independente da construção. A
vedação é de telha metálica, com coroamento de platibanda também metálica pintada na cor azul,
estruturada por treliças e pilares metálicos.
14. Intervenções:
O Mercado Municipal não passou por alterações, embora seu entorno tenha sido fortemente modificado. A
praça que havia defronte o mercado foi substituída por um terminal de passageiros e venda de passagens,
além de novas instalações comerciais e sanitárias. O painel luminoso foi removido e construído espaço
reservado para a carga e descarga de veículos. Cabe ainda ressaltar que a obra do terminal não seguiu as
linhas arquitetônicas do Mercado, o que torna possível destacar visualmente a diferença entre os dois
momentos de construção. Ficou a cargo da Serralheria Garcia Indústria e Comércio Ltda., de São Sebastião
do Paraíso, a tarefa de construir o espaço de carga e descarga de veículos. A cobertura tanto desta área como
do terminal de passageiros ficou sob a batuta da firma PERCRON. Após essa reforma de 87, nenhuma outra
intervenção foi realizada.
15. Estado de conservação:
Bom.
16. Análise do estado de conservação:
A edificação não possui aspectos de degradação que comprometam sua estrutura; porém, apresenta certo
desgaste no revestimento das paredes externas, com piso da circulação necessitando de reparos e alguns
bancos de concreto quebrados. Nos boxes internos, o cimentado da circulação também se encontra
danificado com trincas e fissuras; a fiação elétrica está toda aparente sujeita a curtos circuitos, levando
perigo aos vendedores; e o madeiramento da estrutura do telhado apresenta desgaste e ataques de
microorganismos.
17. Fatores de degradação:
O imóvel possivelmente será degradado por fatores como intempéries, mau uso ou falta de manutenção. A
grande intensidade de tráfego de veículos pesados também poderá causar vibração na edificação e abalar
suas estruturas.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
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principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Restituição do cimentado nos pisos externos e internos;
ƒ Recompor o cimentado dos bancos de concretos deteriorados;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
de cupim;
ƒ Instalar sistema de combate e prevenção contra incêndios e furto e mantê-los sempre em perfeito
funcionamento;
ƒ Imunização de todo o madeiramento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
ƒ Recomposição do revestimento das paredes externas;
ƒ Reorganizar as ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Autor Desconhecido. A necessidade de uma estação rodoviária. O Paraguassú, 01/01/1949, P. 1.
Autor Desconhecido. Estação rodoviária e mercado. A Voz, 21/01/1962, P. 1.
Autor Desconhecido. Estação Rodoviária funcionará em breve. A Voz, 28/01/1962, P. 1.
Autor Desconhecido. Conjunto Mercado-Rodoviária. O Paraguassú, 28/01/1962, P. 3.
Autor Desconhecido. Iramaia Luiz do Prado. A Voz, 21/07/1979, P. 1.
Autor Desconhecido. Ampliação da Estação Rodoviária. Paraguaçu Notícias, 04/07/1987, P. 1.
Autor Desconhecido. Pedro Leite. O Cidadão, 01/05/2001, P. 9.
Livro de Registros Imobiliários. L 2C Fl. 311 R 1202. 09/06/1978.
PRADO, Oscar. Uma Necessidade. O Paraguassú, 12/01/1947, P. 1.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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(35) 3267 – 1155 I CEP: 37120-000
3ª ETAPA DO INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL DE PARAGUAÇU 2008
ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 19/21
Liga Operária
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Detalhe do coroamento e da placa
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Liga Operária
4. Endereço:
Rua Prefeito Nestor Eustáquio n 217
5. Propriedade:
Pública – Liga Operária de Paraguaçu
6. Responsável:
Rua Prefeito Nestor Eustáquio
FOTOS: Aline Medeiros, maio/2007
Edison Tadeu Mendes
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Institucional
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
A Liga Operária de Paraguaçu se encontra instalada próxima ao centro da cidade, nos arredores da Praça
Oswaldo Costa. O terreno possui como registro mais antigo a transação comercial entre o adquirente Gentil
Moreira e o transmitente José Camilo da Costa, datada de 04 de março de 1933; esta transferência de posse
foi valorada à época no montante de 2:000$000 (dois contos de réis). Entretanto, neste registro é indicada
uma transação anterior, onde o senhor Gentil Moreira adquire a propriedade do senhor Aleixo Figueiredo.
Ao que é possível auferirmos, foi o senhor Gentil Moreira que ergueu o bem no terreno. O fundamento para
esta afirmação se encontra no fato de que somente na transação seguinte encontramos a averbação de uma
área construída. O registro que traz esse dado é o da venda a Ângelo Sepini, sapateiro de profissão, que
adquiriu em 24 de agosto de 1941 pelo valor de 1:000$000 (um conto de réis). De acordo com o registro, o
imóvel teria 207 m2 e esta mesma área é observada quando da aquisição deste pela Liga Operária. Neste
edifício, o senhor Ângelo Sepini havia instalado sua modesta fábrica de calçados.
A Liga Operária, fundada em 1946, insere-se como herdeira do fortalecimento dos movimentos trabalhistas
do primeiro período de governo de Getúlio Vargas (1930-45). No início da década de 40, com a instalação da
fábrica de tecidos, uma nova classe social propriamente dita foi instaurada na cidade: os operários da
fábrica. A princípio essa nova camada da sociedade viu-se deslocada do todo social uma vez que até então o
modus vivendi da cidade era pautado pela primazia do agrário, não possuindo um espaço claro de inserção
dos trabalhadores fabris. Assim sendo,
“(…) os operários da época se articularam, visando a criação de seu
próprio espaço recreativo. Com o passar do tempo, o sonho foi se
consolidando, e em reunião no Cine Ópera, no dia 12/05/46 com a
presença de José Gavião, Aureliano Luiz do Prado, Justino Juvêncio e
outros, foi decidida a fundação de um Centro Recreativo Operário. Após
várias reuniões, realizadas nas semanas que se seguiram, foi aprovado o
estatuto e realizada a eleição da primeira Diretoria da nova agremiação, já
denominada, Liga Operária de Paraguassu.”36
Foto da primeira diretoria da Liga Operária
Fotógrafo desconhecido
Fonte: PRADO, Guilherme. Paraguaçu – Sua
história, sua gente. Paraguaçu, 2004. (CD-ROM)
O vigor do movimento só fez crescer após a eleição da primeira
diretoria da Liga. Assim sendo, em 22 de junho daquele 1946, a
diretoria – composta pelos senhores Abílio Cezar, José Lima, Luiz
Silvestre, Justino Juvêncio, Álvaro Smânio e a senhora Alzira
Francisca – tomou posse em cerimônia solene que tomou lugar no
mesmo Cine Ópera, que havia servido de palco para todas as
reuniões da Liga até então. Coube a essa diretoria recém
empossada adquirir uma sede para a agremiação. Ao que nos
chega, em julho daquele mesmo ano a diretoria iniciou uma
campanha para a arrecadação de fundos e aos dez dias de 1946 os
esforços se mostraram frutíferos.
Nesta data foi registrada a compra do imóvel que abrigava a antiga fábrica de sapatos do senhor Sepini pelo
valor de Cr$ 25.000,00 (vinte e cinco mil cruzeiros) e instalada ali a Liga Operária de Paraguaçu.
Desde a compra do imóvel, poucas intervenções foram executadas no bem, primando todas as que ali se
deram antes pela manutenção do patrimônio que por alguma alteração nos traços já encontrados quando da
aquisição deste em 1946. Como essas manutenções se deram de forma espaçadas no tempo, não nos chega
registro de quem foram os responsáveis por elas ou a data precisa de suas execuções. Certo é que todas
foram financiadas com os recursos próprios da Liga, angariados a partir das contribuições de seus
associados.
38
PRADO, Guilherme. Liga Operária. A Voz, 11/05/1999, P. 1.
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A mais recente reforma ocorreu em 2002, após aquisição de terreno do Sr. Homero Martins na porção
posterior do lote da Liga. Houve ampliação do antigo salão, além da construção de sanitários, palco e um
novo bar. As instalações hidráulicas e elétricas foram substituídas, assim como toda a estrutura do telhado.
A fachada frontal permaneceu inalterada, e os sanitários e bar até então existentes foram demolidos.
O objetivo da Liga Operária foi sempre zelar pelos trabalhadores seja em suas preocupações mais claras e
diretas nas relações empregados/empregadores, mas também nunca se distou daquilo que impulsionou a
sua criação: estabelecer espaços de recreação para os operários no ambiente da cidade. Desta feita durante
seus mais de cinqüenta anos de existência a Liga já promoveu inúmeros bailes carnavalescos, almoços,
festividades e atividades lúdicas abertas a todos os seus associados e, por vezes, a toda população.
Como constatado, não é possível dissociar a história da classe operária em Paraguaçu da história da Liga
Operária. Assim sendo, o edifício que a alberga desde sua fundação eleva-se como verdadeiro monumento
de sua história, auxiliando a compor todo o panorama histórico e cultural da cidade. É um verdadeiro
signo, que evoca um significado cheio de lembranças de lutas pela causa trabalhistas e também repleto de
momentos alegres e festivos promovidos pelos e para os trabalhadores.
12. Análise de entorno:
A Liga Operária situa-se à Rua Prefeito Nestor Eustáquio, importante logradouro que, além de ser uma das
vias de saída da cidade, ao interligar-se com a Rua Governador Valadares, faz a ligação de duas
significativas referências urbanas: a Praça Oswaldo Costa, onde está a Igreja Matriz, e a Praça Pedro Leite,
com o Mercado Municipal e a Rodoviária. Outros imóveis de destaque localizam-se próximos à Liga, como
o Fórum e a Prefeitura. A via tem topografia em aclive com largura correspondente a dois carros,
pavimentação de paralelepípedo e estacionamento paralelo permitido no lado direito. A mão de circulação
é única com sentido ascendente. O tráfego é intenso, com a presença constante de ônibus e caminhões. Os
passeios apresentam-se em bom estado de conservação, sendo pavimentados por concreto, e com largura
estreita (60 cm).
O uso comercial e de serviços é predominante, comprovando a tendência a esse tipo de uso em detrimento
ao residencial. As construções variam de um a dois pavimentos, geralmente alinhadas à rua e sem
afastamentos, permitindo variação de acessos tanto laterais como frontais. Algumas edificações têm uso
misto, com uso comercial no térreo e residencial em cima. A região apresenta infra-estrutura urbana básica,
com postes de iluminação pública nas calçadas; a arborização é praticamente inexistente.
13. Descrição:
O bem implanta-se em lote plano, profundo, no alinhamento do passeio e no mesmo nível da rua,
ocupando quase todo o terreno, com exceção do afastamento lateral direito, onde há um estreito corredor,
que leva aos fundos do imóvel, com cobertura independente em telha de fibrocimento. O fechamento é feito
por muro e pela própria edificação. Há três acessos à Liga Operária, dois localizados na fachada principal e
o outro situado no afastamento lateral direito.
Sua fachada frontal, com referências ao estilo art decó, é assimétrica e composta por cinco vãos, sendo duas
portas e três janelas, todos com vergas retas e enquadramentos de argamassa. As janelas são de correr, com
bandeiras móveis de vidro, esquadrias metálicas também vedadas em vidro e grades metálicas externas
pintadas na cor azul. A porta localizada na extremidade esquerda é de uma folha com vedação de placas
metálicas e vidro, protegida por um toldo de lona azul, constituindo-se como o principal acesso à Liga
Operária. À sua direita, uma outra porta com duas folhas com vedação de placas metálicas na cor cinza.
Centralizado na face frontal, um ventilador circular é responsável pela ventilação e exaustão interna.
Próximo a ele, uma placa perpendicular ao frontispício identifica a Liga Operária de Paraguaçu. A parede é
revestida em pintura nas cores branca e azul, alternadas verticalmente e dando ritmo à fachada. No
embasamento, acabamento chapiscado na cor azul escuro. O muro do lado direito da edificação também
tem revestimento na cor azul, contendo ainda uma porta de uma folha com vedação em placas metálicas.
A construção tem platibanda escalonada alternadamente, encobrindo as duas águas do telhado em
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cerâmica plana e cumeeira perpendicular à rua; a parte mais alta do coroamento é pintada na cor branca; a
mais baixa, na cor azul. O acabamento das fachadas laterais é em beiral simples.
Internamente, notam-se dois salões com materiais de revestimentos distintos, embora visualmente
unificados. O salão mais antigo, próximo à fachada frontal, tem piso de taco de madeira e forro tabuado
também de madeira. O mais recente é revestido por granilite e telha vã, sem forro, além de contar com
palco, bar e sanitários masculino (mictórico e dois boxes) e feminino (quatro boxes), em cerâmica.
14. Intervenções:
A mais recente reforma ocorreu em 2002, após aquisição de terreno do Sr. Homero Martins na porção
posterior do lote da Liga. Houve ampliação do antigo salão, além da construção de sanitários, palco e um
novo bar. As instalações hidráulicas e elétricas foram substituídas, assim como toda a estrutura do telhado.
A fachada frontal permaneceu inalterada, e os sanitários e bar até então existentes foram demolidos. Não
foram identificados registros orais ou documentais sobre intervenções realizadas em décadas anteriores. No
entanto é possível aferir que medidas de conservação forma realizadas ao longo das décadas para uma
eficiente manutenção, como substituição de telhas quebradas do manto de cobertura, realização de pintura
interna e externa, imunização de peças de madeira, dentre outras.
15. Estado de conservação:
Excelente.
16. Análise do estado de conservação:
O imóvel está muito bem conservado, a maior parte de seus elementos físicos, estruturais e compositivos
não apresenta problemas significativos, principalmente em função da recente reforma.
17. Fatores de degradação:
O imóvel possivelmente será degradado por fatores como intempéries, mau uso ou falta de manutenção. O
aumento da intensidade do tráfego na Rua Prefeito Nestor Eustáquio pode causar prejuízo à integridade da
construção. A percepção da edificação também é prejudicada pela fiação elétrica dos postes de iluminação
pública e pelo toldo instalado na fachada principal.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas e calhas, a fim de se evitar goteiras e infiltrações,
principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Instalar sistema de combate e prevenção contra incêndios e furto e mantê-los sempre em perfeito
funcionamento;
ƒ Promover a impermeabilização de paredes externas e muros de arrimo a fim de evitar a penetração de
umidade;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Liga Operária: diretoria provisória. O Paraguassú, 12/05/1946, P. 4.
Autor Desconhecido. Liga Operária: fundação. O Paraguassú, 02/06/1946, P. 4.
Autor Desconhecido. Posse da primeira diretoria. O Paraguassú, 16/06/1946, P. 1.
Autor Desconhecido. Organizada a Liga Operária. O Paraguassú, 30/06/1946, P. 4.
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Autor Desconhecido. Notícias da Liga Operária. O Paraguassú, 15/09/1946, P. 4.
Autor Desconhecido. Liga Operária: adesão. O Paraguassú, 27/10/1946, P. 3.
Autor Desconhecido. Liga Operária. O Paraguassú, 15/12/1946, P. 3.
Autor Desconhecido. Liga Operária de Paraguassú: nova diretoria. O Paraguassú, 04/05/1947, P. 4.
Autor Desconhecido. Liga Operária: acontecimentos. O Paraguassú, 11/05/1947, P. 2.
Autor Desconhecido. Almoço a Gabriel Pereira. O Paraguassú, 20/07/1947, P. 1.
Autor Desconhecido. Liga Operária: nova diretoria. O Paraguassú, 16/05/1948, P. 3.
Autor Desconhecido. Biblioteca da Liga Operária. O Paraguassú, 23/01/1949, P. 3.
Autor Desconhecido. Nova diretoria. O Paraguassú, 08/05/1949, P. 1.
Autor Desconhecido. Tem nova diretoria a Liga Operária de Paraguassú. O Paraguassú, 04/05/1952, P. 4.
Autor Desconhecido. Carnaval na Liga. A Voz, 02/03/1969, P. 2.
Autor Desconhecido. Liga Operária comemora 50 anos. A Voz, 15/06/1996, P. 9.
Autor Desconhecido. Liga Operária vai reativar seu quadro social. Folha da Matinada, mar/1997, P. 9.
GAVIÃO, José de Lellis. Liga Operária em foco. A Voz, 01/10/1967, P. 2.
MENDES, Edison Tadeu. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
PRADO, Guilherme. Liga Operária. A Voz, 11/05/1999, P. 1.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Livro de Registros Imobiliários. L 3F Fl. 144 R 3468. 10/09/1946.
Livro de Registros Imobiliários. L 3E Fl. 66 R 2096. 24/08/1944.
Livro de Registros Imobiliários. L 3C Fl. 60 R 651. 04/03/1933.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 20/21
Capela do Leva Tapas
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
Capela do Leva Tapas
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Capela do Leva Tapas
4. Endereço:
Avenida Antônio Labeca, s/nº
5. Propriedade:
Pública – Prefeitura Municipal de Paraguaçu
6. Responsável:
Entorno da Capela do Leva Tapas
FOTOS: Alexandre Borim, Agosto/2007
Marlene Auxiliadora Carneiro
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Culto
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Tombamento Municipal
Tombamento Municipal
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11. Histórico:
A pequena Capela do Leva-Tapas, com seus aproximados 17 m2 e localizada à Zona Sul do município de
Paraguaçu, no encontro da avenida Antônio Labeca com a rua José Ronaldo Leite, tem sua história
permeada de fatos e fantasias envolta em uma névoa de misticismo.
Construída na segunda metade do século XIX, o templo religioso foi erigido a partir da iniciativa da
comunidade local que custeou e proveu a mão-de-obra necessária para que a obra fosse levada a cabo. Não
há uma data precisa da sua execução, contudo, uma notícia no jornal Sul de Minas serve de parâmetro para
que se possa melhorar a clareza da datação. Segundo o jornal, em 1862 foram achadas ossadas de homens
na região próxima a onde hoje se encontra a pequena construção. Esse dado serve como indício de que
provavelmente esse ano foi o escolhido para o início das obras uma vez que não foi encontrada nenhuma
outra razão plausível para a realização de uma escavação que não seja para o feitio da fundação da Capela.
O motivo da sua construção é apontado como advindo do grande número de pessoas que acorriam ao local,
onde estava instalado o cruzeiro em honra aos ciganos que tombaram no combate com os habitantes do
povoado que deu origem a Paraguaçu, ou seja, os habitantes de Carmo dos Tocos.
O primeiro artefato a ser erguido no local portanto não foi a Capela e sim um pequeno cruzeiro que se
encontra atrás desta nos dias atuais. De acordo com o Almanaque Sul Mineiro, o ano em que ocorrera a
escaramuça fora 1812 e nela diversos ciganos teriam sido dizimados por causa de um crime passional de
um dos ciganos da tribo que estava instalada na região. Este raptara a filha de um dos importantes chefes
de família da sociedade local. O embate conheceu tamanha divulgação entre os habitantes da região, que
em 1840 o povoado passa a ser reconhecido pelo nome Carmo da Escaramuça justamente em decorrência da
disputa. Assim sendo, foi com a intenção religiosa de saudar as almas daqueles mortos ali que foi
construído o cruzeiro. Não se pode indicar a data deste fato, mas o mais provável é que tenha ocorrido
entre os anos de 1830 a 1840.
Desde sua fundação a Capela passou por poucas alterações, ocorrendo a partir do século XX. O primeiro
cruzeiro de madeira foi substituído por outro também de madeira antes de 1950 conforme pode ser apurado
entre os citadinos. Este segundo foi suplantado por um de cimento após ter sido incendiado na década de
80. Peças do madeiramento do telhado também foram trocadas, assim como parte das telhas francesas.
Durante os anos de 2001 e 2002 foram executadas outras melhorias envolvendo o bem e seu terreno, tais
como limpeza da área e retirada de diversas imagens que se atulhavam neste. Além disso, foram acertados
os degraus de acesso à Capela e aplicação de uma nova camada pictórica, externa e interna. Para mais, foi
colocada uma nova porta com fechadura a fim de evitar atos de vandalismo que infelizmente são freqüentes
nos dias atuais. Em fins do ano de 2006 e começo de 2007, executou-se projeto paisagístico que há anos
vinha sendo esperado pela população. O lote foi demarcado - já que suas dimensões eram desconhecidas -,
e a área externa tratada, com a colocação de forração em grama e pequenos arbustos, a criação de jardins e
caminho até à porta principal, instalação de bancos para transeuntes e pavimentação do passeio em seu
entorno. Quanto à edificação, somente as paredes externas da Capela sofreram aplicação de nova camada
pictórica.
O bem é tombado municipalmente. A construção e seu respectivo terreno são considerados Patrimônio
Cultural do Município de Paraguaçu, cujo tombamento denominando-o como Sítio Histórico Leva-Tapas,
por força do Decreto Municipal Nº 15/2002, de 04 de abril de 2002, expedido pelo Prefeito Evandro Barbosa
Bueno, sendo este o primeiro bem imóvel de reconhecimento cultural na cidade. A mítica do Leva-Tapas,
contada sucintamente, diz respeito a alma dos ciganos que ainda vagam naquele local, após terem sido
dizimados pelos cidadãos de Carmo dos Tocos. Essas almas seriam as responsáveis por pequenas agressões
aos transeuntes – normalmente um tapa na nuca da pessoa – fazendo com que todos temessem a região em
horas avançadas da noite. Afora isso, os animais também evitavam essas paragens aumentando assim a
tensão entre os moradores da cidade. É bem verdade que hoje não se tem notícia de algum tapa que alguém
tenha levado transitando ali durante as noites mais recentes de Paraguaçu. Contudo a pequena Capela é um
marco da religiosidade e do folclore local e portanto, deve ser preservada para que a memória dos fatos não
seja apagada pela força dos dias vindouros!
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12. Análise de entorno:
A Capela do Leva-Tapas está localizada no bairro Parque dos Pinheiros, implantado em 1992, cuja
denominação se refere aos Pinheiros que ladeiam a avenida principal (Dr. Domingos Conde). Entretanto,
com o seu adensamento em fins da década de 90, grande parte dessas árvores foi cortada para a criação de
lotes. O bairro foi inaugurado já com água, luz, meio-fio e galeria de águas pluviais, atraindo inúmeros
investimentos do setor de construção civil. Era considerado, para muitos, a solução para o problema da
escassez de lotes vagos nas áreas mais centrais. A abertura de suas ruas mudou radicalmente a paisagem
daquele local, até então inóspita.
O bem se situa em lote de esquina entre a avenida Antônio Labeca e a rua José Ronaldo Leite. Sua fachada
principal volta-se para a avenida, via de mão dupla que promove o escoamento e abastecimento do Distrito
Industrial. A lateral direita margeia a Rua José Ronaldo Leite. Esta rua, menos movimentada que a primeira,
apesar de ser endereço de uma garagem de ônibus circulares que, portanto, transitam por ali diariamente. A
lateral esquerda da capela se limita com um lote vago, palco de jogos de malha diários. Este lote é contíguo
à principal via de acesso à cidade, a Avenida Dr. Domingos Conde, que desemboca nas ruas Presidente
Getúlio Vargas e Machado, interligando os trevos de entrada e saída de Paraguaçu existentes na rodovia BR
– 491, o trevo de Varginha e o trevo de Alfenas, passando, desta maneira, por todo o centro do município. É
a única via de tráfego intenso no local, sendo que as outras possuem um fluxo moderado, tanto de veículos
quanto de pedestres.
Ao longo desta avenida se distribuem equipamentos diversos, como borracharias, lojas de alinhamento e
balanceamento, marcenaria, materiais de construção, panificadora, Igreja Evangélica, fábrica de vassouras,
lavadora de carros e depósito de gás. Dentre os logradouros que conformam o entorno do Leva Tapas, esta
é a mais arborizada, mesmo que alguns dos Pinheiros que lá existiam tenham sido cortados. Predominam
edificações em tijolo furado e coberturas em telha francesa, com ou sem platibanda, de um a dois
pavimentos, em meio ainda a barracões de coberturas metálicas. São construções recentes, sem apresentar
uma tipologia arquitetônica relevante. Em sua maioria estão alinhadas ao passeio; as que possuem
afastamento frontal são fechadas através de portões metálicos.
13. Descrição:
É uma construção simples, aproximadamente 1m acima do nível da rua. Implantada em terreno de esquina,
com entrada pela Avenida Antônio Labeca, sua fachada lateral direita é adjacente à rua José Ronaldo Leite.
Não há um fechamento do lote como cercas ou muros. Seu ingresso é livre, contendo apenas uma
delimitação por muretas e arbustos nas divisas com terrenos vizinhos. Na fachada frontal o caminho de
acesso cimentado é ladeado por um jardim florido, com arbustos e forração em grama – limitado em um
dos lados pelo próprio calçamento da calçada - em torno da escada com 5 degraus que leva ao interior da
edificação. Ao longo do caminho foram dispostos bancos para os transeuntes. No fundo do terreno, há um
talude gramado onde se insere um cruzeiro em concreto de 2,10m de altura.
A capela tem 16,83 m² de área construída, em partido retangular. Possui apenas um pavimento,
inteiramente ocupado por um único cômodo. A face principal apresenta uma platibanda escalonada, com
pingadeiras em ladrilho hidráulico e uma cruz de ferro batido centralizada no topo. Cunhais pintados na
cor branca fazem o seu enquadramento. Nesta fachada se situa o único vão da capela, a porta de entrada.
Rodeando todas as paredes do bem, há um embasamento ressaltado revestido por chapiscado com pintura
amarela, que indica a altura do piso interno. Tanto a fachada lateral direita quanto a esquerda é cega,
compostas por um plano retangular simples e beiral em telha vã. No frontispício posterior a vedação
acompanha a inclinação do telhado, formando um fechamento triangular, com beiral. As vedações são
autoportantes em tijolo maciço, e a cobertura em duas águas estruturada em madeira, com telha francesa e
cumeeira perpendicular à fachada frontal. Não há forro ou guarda-pó.
Uma porta em réguas de madeira faz o fechamento do único vão da edificação. É pintada de cinza na parte
interna e azul na parte externa, onde a pintura está mais danificada. As paredes internas são caiadas e já
foram repintadas diversas vezes, evidenciadas por partes soltas na pintura e no reboco. O piso é em cimento
queimado e apresenta algumas rachaduras, provavelmente causadas pela ausência de juntas de dilatação.
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Não há rodapés e tampouco existem instalações elétricas ou hidráulicas. A iluminação é feita através de um
botijão a gás pendurado no teto. O altar possui dois níveis escalonados, em alvenaria de tijolo revestida com
cimento queimado, também com pequenas trincas devido à dilatação. Há uma base em madeira pintada
com sinais de ataques de cupins. Ao fundo, acima do altar, há uma grande cruz em madeira pintada na cor
cinza, onde está fixada uma pequena cruz de metal. Sobre o altar encontram-se as imagens dos Sagrados
Corações de Jesus e Maria, ladeando a imagem de Santa Sara, protetora dos ciganos.
14. Intervenções:
O bem passou por poucas alterações desde sua construção. O atual cruzeiro na porção posterior do lote, de
meados da década de oitenta e levantado na gestão do prefeito Gantus Nasser, ocupou o lugar de um de
madeira erguido anteriormente à 1950, que por sua vez substituiu o original, implantado por volta de 1820
a 1830. Peças do madeiramento do telhado também foram trocadas, uma vez que as mais antigas
encontram-se pintadas, diferentemente das mais atuais. O mesmo é verificado nas telhas francesas em
função dos nomes das fábricas gravados em cada uma. As mais recentes, da Cerâmica Santa Isabel, de
Bandeira do Sul (MG), substituíram parte das Cerâmica Antônio Aurélio, de Paraguaçu. Supõe-se que tenha
ocorrido nos períodos das demais intervenções.
O atual prefeito de Paraguaçu, Evandro Barbosa Bueno, nos dois primeiros anos de seu mandato,
2001/2002, foi aquele que realizou um maior número de modificações envolvendo o bem e seu terreno. Foi
feita uma limpeza do terreno em volta da Capela, nivelamento dos degraus de acesso à capela a efetuação
da pintura externa e interna. Também foram retiradas as inúmeras imagens de santos que se atulhavam no
terreno e colocou-se uma nova porta de entrada do pequeno templo com chave a fim de tornar este um
pouco mais protegido.
Em fins do ano de 2006 e começo de 2007, executou-se projeto paisagístico que há anos vinha sendo
esperado pela população. O lote foi demarcado - já que suas dimensões eram desconhecidas -, e a área
externa tratada, com a colocação de forração em grama e pequenos arbustos, a criação de jardins e caminho
até à porta principal, instalação de bancos para transeuntes e pavimentação do passeio em seu entorno.
Quanto à edificação, somente as paredes externas da Capela sofreram aplicação de nova camada pictórica.
15. Estado de conservação:
Bom
16. Análise do estado de conservação:
Apesar de se não verificar problemas graves ou irreversíveis, a Capela do Leva Tapas apresenta alguns
desgastes de revestimento interno, como o descolamento do reboco e trincas no piso, e no madeiramento da
porta de entrada, ressecado e desnivelado. Na cobertura, telhas quebradas e certo desalinhamento do
manto. Externamente encontra-se muito bem conservada em função da pintura das fachadas e do
tratamento paisagístico realizado em todo lote no último ano.
17. Fatores de degradação:
A maioria dos sinais de degradação do imóvel é causada pela falta de manutenção periódica da edificação e
do terreno onde está inserida e pela ação de intemperismos.
18. Medidas de Conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Deve-se inspecionar constantemente as telhas, além da substituição daquelas deterioradas, a fim de se
evitar goteiras e infiltrações, principalmente nos períodos chuvosos;
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
ƒ Inspecionar constantemente as áreas de risco e os ambientes para verificação de curtos e focos de
incêndio;
ƒ Providenciar tratamento e limpeza de elementos com apodrecimento ou presença de mofo e infestação
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de cupim;
ƒ Imunização de todo o madeiramento e nivelamento da porta de entrada;
ƒ Recomposição de reboco nas paredes internas;
ƒ Não realizar ligações elétricas improvisadas e, quando necessário, consultar um técnico especializado;
ƒ Realizar manutenção periódica das instalações hidráulico-sanitárias;
ƒ Podas e limpezas regulares das áreas ajardinadas.
19. Referências documentais:
ACADEMIA Paraguaçuense de Letras. 1911-2001: Paraguaçu, 90 anos. Paraguaçu/MG: 2001.
ARILTON, Gilda de Souza. Paraguaçu (MG), maio de 2005. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de
Souza Lima Gomes.
CARNEIRO, Marlene Auxiliadora C. Paraguaçu (MG), maio de 2006. Entrevista concedida a Carlos
Eduardo de Souza Lima Gomes.
PRADO, Guilherme. Paraguaçu (MG), maio de 2006. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de Souza Lima
Gomes.
PRADO, Guilherme. Paraguaçu: sua história, sua gente. Paraguaçu/MG, 2004. (CD-ROM).
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | João Paulo Lopes (historiador) | Vanessa Freitas (arquiteta)
Carlos E. Gomes (historiador) | Sofia Cunha (estag. arq.) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2006; novo levantamento em maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | João Paulo Lopes (historiador) | Vanessa Freitas (arquiteta)
Carlos E. Gomes (historiador) | Sofia Cunha (estag. arq.) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: março a agosto de 2006; reelaborada em maio a dezembro de 2007.
data: setembro de 2006; atualizada em janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS 21/21
O Avião
LEGENDA:
Imóveis inventariados
Imóvel em análise
Zoom sobre a planta cadastral
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
1. Município:
Paraguaçu
O terreno que abriga o monumento
2. Distrito:
Sede
3. Designação:
Avião
4. Endereço:
Trevo da cidade (Varginha), BR 491
5. Propriedade:
Pública – Prefeitura Municipal de Paraguaçu
6. Responsável:
Avião visto da rodovia
FOTOS: Aline Medeiros, Carlos E. Gomes,
maio/2007
Prefeitura Municipal de Paraguaçu
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Monumento
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
O avião NAT-6 situado às margens da rodovia BR 491 dentro dos limites geográficos de Paraguaçu, sul de
Minas Gerais, há muito é considerado pelos paraguaçuenses e pelos moradores das cidades vizinhas, o
símbolo da cidade. O simbolismo que liga o avião, a aviação e a cidade são anteriores a fixação desta peça
nas margens da rodovia, ainda que o plebiscito oficial que o elegeu como o símbolo escolhido pelos
paraguaçuenses só tenha se dado na década de 1990. Percorramos um pouco desta história para que
possamos entender o porquê de ser este um valoroso monumento para a urbe.
A Segunda Guerra Mundial (39-45), com suas decisivas batalhas aéreas, abriu para o mundo o horizonte de
que a aviação viria a exercer um papel importante não só nas campanhas militares, mas no cotidiano das
pessoas. Ainda que tenha sido esta janela descortinada a partir daqueles nefastos eventos. Paraguaçu e seus
habitantes, imbuídos de espírito pioneiro na região, em 1941 fundou o seu Aero Clube. Para a agremiação,
ela estaria
“satisfazendo dessa forma, a necessidade em que nos achamos, hoje mais do que nunca de
prestar à nossa Pátria a cooperação que ela reclama para o seu progresso sempre crescente,
e para o cumprimento de suas [necessidades] em face da atual situação do mundo.”37
A Cia Sul Mineira de Eletricidade, apoiou o projeto e comprometeu-se a doar para a cidade um avião para o
treinamento de pilotos, assim que a urbe contasse com um campo de pouso. Este, que seria um grande
empecilho foi rapidamente solucionado. O senhor Oswaldo Costa, político paraguaçuense de projeção
nacional, construiu às suas expensas um campo de pouso e instalações aeroportuárias em uma propriedade
sua e a doou em 1943 para o Aero Clube.
Naquele mesmo 1943 o campo de pouso recebia seu
primeiro avião, que fora doado pela Cia Sul Mineira de
Eletricidade em cumprimento da promessa feita. O avião
era um PP-TRO – Piper Cub Trainer –, fabricado pela
empresa norte-americana Air Craft Piper Corporation, fixada
no estado da Pensylvania. Tratava-se de um monomotor,
com 65 cavalos de potência e capacidade para duas pessoas.
No rastro deste primeiro avião muitos outros vieram. A
cidade tornou-se um grande atrativo para pára-quedistas,
exibições aéreas e festividades da cidade. O aeroporto
funcionou na cidade até o ano de 1996 quando então foi
interditado e somente cinco anos depois foi restaurada a
pista e reaberto o pequeno campo de pouso.
Oswaldo Costa inaugurando o PP-TRO em 1943.
Fotógrafo desconhecido
Fonte: PRADO, Guilherme. Paraguaçu – Sua história,
sua gente. Paraguaçu, 2004. (CD-ROM)
Toda essa trajetória fez com que o passado da cidade fosse
marcado pela presença das aeronaves cruzando os céus de
Paraguaçu. Foi por esse motivo que em 1974 observou-se a instalação do avião no trevo de entrada da
cidade. Segundo consta,
“O avião foi doado pelo' Ministério da Aeronáutica ao município de Paraguaçu por ‘Ato de
doação de célula’, em 1972, no governo do Prefeito Orlando Proença, com a interveniência
do Tenente Carlos Prado Campos que, como Oficial da FAB e participante da II Guerra,
pode justificar o pedido de doação do aparelho para servir de monumento à Aviação em
Paraguaçu.”38
39
40
“Ata da fundação do Aero Clube de Paraguaçu” 21/12/1941.
Autor Desconhecido. Avião Monumento. A Voz, 16/05/1998, P. 1.
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Inalterado permaneceu o avião até o ano de 1998 quando foi
então desmontado pelo sub-oficial da aeronáutica, senhor
Sildemar Luiz Coelho.
Este havia sido designado pelo Museu Aeroespacial do Rio
de Janeiro, para o desmonte e transporte da peça, a fim de
que fossem executados serviços de reparos e manutenção.
Ocorrido em maio de 1998, já e em outubro deste mesmo ano
foi retornado ao seu lugar de destaque na entrada da cidade.
A iniciativa do pedido de restauração do bem coube, em
grande parte, ao poder público à época representado pela
prefeita Nanci Silva Alvarenga. Foi também durante a gestão
da senhora Nanci, durante as festividades da cidade em
1998, que o plebiscito que elegeu o avião como símbolo de
Paraguaçu foi realizado.
Cerimônia de instalação do NAT-6 em 1974
Fotógrafo desconhecido
Fonte: PRADO, Guilherme. Paraguaçu – Sua
história, sua gente. Paraguaçu, 2004. (CD-ROM)
Esta mesma administração promoveu a revitalização do trevo da cidade, em 1999. A obra consistiu em
construção de um novo pedestal, reformulação da iluminação do local para melhor visualização à noite e
ajardinamento do trevo. Foi ainda colocado um gradil para a proteção do monumento.
Devido a todo esse passado da aviação que perpassa o município, engrandecendo-o, trazendo o progresso à
cidade, é que urge reconhecer tal monumento como parte integrante do patrimônio histórico de Paraguaçu.
As asas do avião, que trouxeram um ontem repleto de glórias para estas paragens prometem hoje e sempre
alçar novos vôos para um amanhã onde as memórias dali não são esquecidas.
12. Análise de entorno:
O monumento localiza-se próximo ao trevo da BR-491, importante rodovia federal que liga Paraguaçu a
cidades como Varginha e Belo Horizonte. A rodovia tem um intenso tráfego de veículos leves e pesados,
sendo uma via asfaltada de mão dupla, composta por quatro pistas, duas em cada mão, separadas por
canteiros nas proximidades do trevo, mais acostamento em ambos os lados. Há placas indicando a entrada
de Paraguaçu e o sentido de direção para a cidade vizinha de Elói Mendes. O trevo é bastante utilizado
como ponto de parada para ônibus intermunicipais e interestaduais.
O uso residencial predomina na Avenida Doutor Domingos Conde e na Rua Padre Silvain Tardif, principais
vias que levam ao trevo. As edificações são térreas e alinhadas a rua; afastamentos laterais e acesso frontal
são comuns; os terrenos, planos e profundos. O principal comércio próximo ao trevo é o restaurante
localizado ao lado do monumento do Avião, símbolo de Paraguaçu eleito pelos moradores em 1998. Na via
local ao lado do monumento, a pavimentação é em bloquete.
A arborização merece destaque nesta área devido à grande quantidade de árvores de médio a grande porte
nos canteiros e margeando a rodovia. Os jardins se realçam pelo paisagismo e pela variedade de espécie de
pequeno porte presentes ali. Ladeando o avião, uma árvore frondosa proporciona amplo sombreamento aos
visitantes. A região é provida de infra-estrutura urbana básica, com iluminação pública na rodovia e nas
vias do trevo.
13. Descrição:
O Avião está situado ao centro de um terreno plano, de formato hexagonal, forrado com vegetação de
gramíneas e no mesmo nível da rodovia BR 491. Delimita-se por uma mureta (0,20 metros) de concreto
pintado de branco e, sobre ele, grades metálicas de 1,50 metros, totalizando um fechamento de 1,70 metros
de altura. É acessado por um portão de duas folhas em gradil metálico, que leva a um caminho com piso de
pedra direcionado ao bem. Ladeando esse caminho, há duas placas, uma em homenagem aos aviadores
pioneiros e a outra registrando a restauração do monumento em 1999. Quatro holofotes, locados no piso
próximo às extremidades do terreno, fazem a iluminação do Avião.
O monumento é uma estrutura de aproximadamente quatro metros de altura, composta por uma base e
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pelo corpo do avião propriamente. Construído em estrutura metálica leve - alumínio, o avião comporta dois
tripulantes. A base que o sustenta tem cerca de dois metros, formato curvilíneo e revestimento de concreto.
As asas, com quase dez metros de comprimento no total, ocupam quase todo o comprimento do terreno;
tem pintura na cor laranja com as seguintes inscrições: FAB, na asa direita em cor preta, e a Rosa dos ventos
nas duas asas. Com aproximadamente cinco metros de comprimento e 80 centímetros de largura, o corpo
do avião, ou fuselagem, é cinza claro com a inscrição 1261 na cor preta. O motor está localizado na parte
frontal da fuselagem, pintado na cor verde e cinza, com duas hélices em cinza. Após a fuselagem, há três
caldas, uma vertical e duas horizontais. As caldas horizontais têm o mesmo revestimento das asas. A
vertical é pintada nas cores cinza, verde e amarelo. Na porção onde há revestimento em cinza, vêem-se as
inscrições T-60 e 1261 pintadas na parte superior, dos dois lados da calda, em tamanho bem menor que as
demais inscrições.
Detalhe da asa e motor
Detalhe das caldas
FOTO: Aline Medeiros, maio/2007
FOTO: Aline Medeiros, maio/2007
14. Intervenções:
Após sofrer com intempéries e descaracterizações, em maio de 1998, o Avião foi desmontado pelo suboficial o Sr. Sildemar luiz Coelho, e transportado para o Rio de Janeiro, passando por restauração nas
oficinas da Aeronáutica. Em outubro deste mesmo ano já estava de volta ao seu lugar, e já no feriado de
Corpus Christi de 1999, o trevo, onde se localiza, foi palco de reformulação. Construiu-se um novo pedestal,
juntamente com a reformulação da iluminação local, ajardinamento do trevo e colocação de gradil para
proteção ao monumento.
15. Estado de conservação:
Bom.
16. Análise do estado de conservação:
O Avião apresenta-se bem conservado, sendo que os problemas encontrados se resumem a indícios de
umidade na base e pintura desgastada, principalmente nas asas e nas caudas. Vale apontar, que na porção
frontal da fuselagem, junto ao motor e às hélices são verificados constantemente insetos. O gradil metálico
que cerca o terreno tem ferrugem em alguns pontos.
17. Fatores de degradação:
A estrutura vem sendo degradada por fatores como intempéries e falta de manutenção constante.
18. Medidas de conservação:
A edificação deve ser submetida à manutenção e vistoria permanentes de maneira a impedir o surgimento
ou agravamento de problemas que possam afetar a integridade da construção:
ƒ Não substituir qualquer elemento de composição e/ou estrutural sem antes a avaliação de um técnico
especializado;
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ƒ Providenciar tratamento, limpeza e impermeabilização de elementos com apodrecimento ou presença
de mofo e ferrugem;
ƒ Podas e limpezas regulares das áreas ajardinadas;
ƒ Realizar manutenção periódica do monumento;
ƒ Aplicação de inseticida para contenção de insetos.
19. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Aero Club. O Paraguassú, 09/05/1943, P. 1.
Autor Desconhecido. O nome de Pedro Leite é um brasão de glória para seu povo. O Paraguassú, 29/08/1943,
P. 1.
Autor Desconhecido. Avião Pedro Leite. O Paraguassú, 05/09/1943, P. 1.
Autor Desconhecido. Paraguaçu recebeu mais um avião. O Paraguassú, 17/06/1945, P. 1.
Autor Desconhecido. O Piper morreu. O Paraguassú, 14/10/1951, P. 1.
Autor Desconhecido. Avião-Monumento de Paraguaçu. O Paraguassú, 06/10/1974, P. 3.
Autor Desconhecido. Aviação – Como era o status há 50 anos atrás. Folha da Matinada, abr/1997, P. 6.
Autor Desconhecido. Paraguaçu e a aviação. Folha da Matinada, jul/1997, P. 6.
Autor Desconhecido. Avião Monumento. A Voz, 16/05/1998, P. 1.
Autor Desconhecido. Monumento recuperado. A Voz, 05/06/1999, P. 1.
Autor Desconhecido. Aeroporto volta a funcionar. O Cidadão, 10/03/2001. P. 8.
GONÇALVES, José Vitor. Avião Monumento. Folha da Matinada, out/1998, P. 1.
PRADO, Cristiano. Aviação. A Voz, 29/08/1987, s/p.
PRADO, Guilherme. O batismo do Pedro Leite. A Voz, 24/12/2000, s/p.
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Livro de Registros Imobiliários. L 2C Fl. 271 R 1-1162. 04/05/1978.
Livro de Registros Imobiliários. L 2C Fl. 271 R 1162. 03/05/1978.
“Ata da fundação do Aero Clube de Paraguaçu” 21/12/1941.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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ESTRUTURAS URBANÍSTICAS 01/01
Praça Pedro Leite vista da esquina da Rua
Machado com Rua Amaro do Vale
LEGENDA:
Zoom sobre a planta cadastral
Imóveis inventariados
FONTE: Prefeitura de Paraguaçu
Imóvel em análise
1. Município:
Paraguaçu
2. Distrito:
Praça vista da esquina próxima ao mercado
Sede
3. Designação:
Praça Pedro Leite
4. Endereço:
Praça Pedro Leite
5. Propriedade:
Pública - Prefeitura Municipal de Paraguaçu
6. Responsável:
Interseção dos caminhos e escada
Prefeitura Municipal de Paraguaçu
FOTOS: Aline Medeiros, maio/07
7. Situação de ocupação:
8. Uso atual:
Própria
Lazer
9. Proteção legal existente:
10. Proteção legal proposta:
Nenhuma
Inventário
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11. Histórico:
A Praça Pedro Leite localiza-se em uma das extremidades da Avenida Dom Bosco, dentro dos limites da
região central do município de Paraguaçu, cidade sul-mineira. A região em que se encontra passou a ser
largamente urbanizada nas décadas de 1940/50 e esta pode ser considerada hoje o verdadeiro coração
pulsante da urbe uma vez que se encontra circundada de estabelecimentos comerciais diversos,
instituições de ensino e, ainda, o terminal rodoviário que facilita a comunicação da cidade com outros
municípios, além do centenário Grupo Escolar Pedro Leite.
Acompanhando os registros imobiliários da praça, observamos apenas um que faça referência ao local: a
entrada de 09 de junho de 1978, que trata da aquisição do terreno. Segundo esta citação, todo o terreno
onde hoje se encontra a Praça Pedro Leite, o Colégio Pedro Leite, o Mercado Municipal e o Terminal
Rodoviário pertencia à Diocese de Guaxupé, representante da Pontifícia Igreja Católica Apostólica
Romana na região. Passou, segundo consta, oficialmente às mãos da Prefeitura Municipal de Paraguaçu
por meio de uma transação comercial de compra e venda. Contudo, é notoriamente conhecido que a
história deste logradouro é anterior a tal data.
Originalmente recebia o nome de Pedro Leite a Praça hoje intitulada Oswaldo Costa. A Praça Oswaldo
Costa, recebeu este novo nome em homenagem a um ilustre político local e benfeitor público
paraguaçuense. A honraria foi conferida na segunda metade da década de 1940, ou seja, após a ampla
reforma que mudou a paisagem central da cidade. Uma vez nomeada Oswaldo Costa, os cidadãos
sentiram-se em débito com seu ilustre conterrâneo Pedro Leite e optaram por honrá-lo através da
nomeação da praça defronte ao grupo escolar que também recebe seu nome.
Pedro Leite, paraguaçuense nascido em 1864, filho de José Gonçalves Leite e Ana Cândida de Oliveira, foi
figura bastante ativa no quadro social de sua cidade. Interessado sobretudo na educação dos
paraguaçuenses, dedicou-se por muito tempo à atividades ligadas à vida escolar de seus conterrâneos,
chegando a ser, inclusive, Inspetor Escolar da Escola Pública Feminina. Religioso, tomou parte nos
esforços de construção da nova Igreja Matriz nos primeiros anos do século XX e ainda conta-se que era ele
o responsável pela confecção dos presépios ali. Para mais, fundou o primeiro jornal do povoado o “Arara”
e ainda sempre esteve envolvido com diversas manifestações artísticas tais como festas caipiras, carnavais
e teatros apresentados naquelas paragens. Seu falecimento aos oito dias de novembro de 1920 foi bastante
noticiado e sentido entre os cidadãos de Paraguaçu.
A lei que nomeou a antiga praça Pedro Leite com o novo topônimo homenageando Oswaldo Costa, a lei
022 de 25 de outubro de 1948, foi a mesma que auferiu o título de Praça Pedro Leite ao logradouro atual.
Como não nos chega nenhuma informação a respeito da edificação desta, resta-nos somente supor que
esta obra tenha sido realizada pelo departamento de obras da prefeitura possivelmente durante a década
de 40, momento este coincidente à urbanização dessa área e com a própria finalização da praça da Matriz.
O financiamento da obra também deve ter se dado com recursos próprios do poder público municipal.
Não foi apontada nenhuma intervenção de grande porte na praça; somente pequenos reparos e obras de
conservação realizadas em períodos espaçados pelas diversas administrações municipais – intervenções
estas que não foram devidamente registradas impossibilitando-nos de referir com precisão quando
ocorreram.
Ainda que o espaço seja de traços simples, a memória deste notório paraguaçuense evocado faz com que
este quinhão de terra seja bastante caro aos moradores dos arredores. Aliado ao fato de que aquelas
paragens podem ser consideradas a “porta de entrada” do município, para visitantes que desembarcam na
rodoviária local, urge considerar esta diminuta praça como grande peça do patrimônio histórico e cultural
da cidade.
12. Análise de entorno:
A Praça Pedro Leite é uma das mais importantes estruturas urbanísticas, sendo referência urbana e
cultural para Paraguaçu. A sua volta estão imóveis de relevância arquitetônica e histórica como o Mercado
Municipal, a Escola Municipal Pedro Leite e a Rodoviária, além de vários estabelecimentos comerciais e de
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serviços. Em função disso, o tráfego é intenso, tanto de pedestres, quando de veículos leves e pesados. As
vias de circulação são pavimentadas por paralelepípedo, têm largura correspondente a três carros,
permitindo o estacionamento paralelo em ambos os lados e têm mão única, com exceção da rua Machado
que apresenta mão dupla.
A praça é ao mesmo tempo um lugar de descanso, lazer e local de passagem dos moradores da cidade,
sendo bastante freqüentada principalmente pelos alunos da escola Pedro Leite e por crianças que
usufruem o pequeno parquinho nela localizado. O uso residencial ainda predomina nos quarteirões do
entorno da praça, com o uso comercial mais freqüente nos quarteirões próximos à Rodoviária e ao
Mercado. Algumas edificações têm uso misto, com comércio em baixo e residência acima, demonstrando
certa tendência à substituição do uso. As construções são verticais, com até dois pavimentos; erguidas com
todos os afastamentos, embora possam ser encontradas algumas alinhadas à rua e sem afastamentos,
permitindo variação de acessos tanto laterais como frontais. De uma maneira geral, os imóveis estão
preservados e em bom estado de conservação. A região é provida de infra-estrutura urbana básica;
iluminação pública com os postes locados nas calçadas e na própria praça.
Entorno da praça: Rua Machado
Entorno da praça: rua acima da praça
FOTO: Aline Medeiros, maio/07
FOTO: Aline Medeiros, maio/07
13. Descrição:
(FOTOS: Aline Medeiro, maio/07)
A Praça Pedro Leite está implantada em terreno de declive suave, organizada através de rampas seguindo
essa inclinação, ligando o ponto de cota mais baixa, próximo ao Mercado Municipal, ao ponto de
topografia mais alta, em frente à Escola Municipal Pedro Leite. Como auxílio para se vencer o desnível, há
uma escada de concreto na parte mais baixa do lote e no centro da calçada voltada para o Mercado. Dela
partem dois caminhos principais fazendo a composição da praça e delimitando as áreas verdes. Têm piso
de blocos retangulares de concreto e a escada, revestida por piso quadrangular de concreto.
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Os caminhos internos dividem a praça em três grandes áreas
verdes: uma central, que possui a menor dimensão e tem
formato triangular; outra localizada na porção esquerda,
próxima a Rua Governador Valadares, com tamanho
intermediário. Essas duas áreas têm o mesmo tipo de
vegetação – gramínea e árvores de pequeno porte, até cinco
metros – com a arborização disposta próxima aos caminhos e
às calçadas. A outra área verde que complementa essa
estrutura urbanística está situada próxima a Rua Machado e
abriga o playground, sendo fechada por cercas metálica, de
aproximadamente 1,60 metros de altura, e com uma entrada
pelo interior da praça; não há muitos brinquedos e eles estão
dispostos esparsamente. Toda essa parte tem piso permeável
e vegetação de gramínea; algumas árvores de pequeno porte
compõem o interior do playground, mas não formam uma
vegetação significativa por possuírem pouca folhagem, além
de não produzirem grandes sombras, com exceção de uma
única árvore próxima à sua entrada, chegando a mais de
cinco metros de altura.
Há postes de iluminação de dez metros de altura dispostos
por todo o terreno - tornando-a bem iluminada -, juntamente
com bancos de concreto e lixeiras circulares, feitas em
material metálico. Os bancos também são utilizados para
propaganda, pintada nos encostos.
14. Intervenções:
Não foi apontada nenhuma intervenção de grande porte na praça; somente pequenos reparos e obras de
conservação realizadas em períodos espaçados pelas diversas administrações municipais – intervenções
estas que não foram devidamente registradas impossibilitando-nos de referir com precisão quando
ocorreram.
15. Estado de conservação:
Excelente.
16. Análise do estado de conservação:
A praça apresenta-se em condições adequadas para atender a demanda da cidade por espaços de lazer,
circulação e área arborizada; encontra-se muito bem cuidada. Os pisos e bancos apresentam desgastes
naturais, sem denegrir a imagem e o conjunto da praça.
17. Fatores de degradação:
A praça é constantemente afetada pelas intempéries. O vandalismo e mau uso também podem contribuir
para sua degradação.
18. Medidas de Conservação:
Deve ser submetida à manutenção e vistoria constantes para impedir que os problemas já identificados
possam se agravar posteriormente, afetando a integridade da estrutura urbana.
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19. Referências e fontes:
Academia Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu: s/e, 2002.
Autor Desconhecido. Estação rodoviária e mercado. A Voz, 21/01/1962, P. 1.
Autor Desconhecido. Estação Rodoviária funcionará em breve. A Voz, 28/01/1962, P. 1.
Autor Desconhecido. Conjunto Mercado-Rodoviária. O Paraguassú, 28/01/1962, P. 3.
Autor Desconhecido. Ampliação da Estação Rodoviária. Paraguaçu Notícias, 04/07/1987, P. 1.
Autor Desconhecido. Pedro Leite. O Cidadão, 01/05/2001, P. 9.
PRADO, Oscar. Uma Necessidade. O Paraguassú, 12/01/1947, P. 1.
Livro de Registros Imobiliários. L 2C Fl. 311 R 1202. 09/06/1978.
20. Informações complementares:
--21. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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6.2. Acervo Arquivístico
FONTES ARQUIVÍSTICAS 01/03
1. Município:
2. Documentação Fotográfica:
Paraguaçu
3. Distrito:
Sede
4. Designação:
1º Cartório de Registro de Imóveis de Paraguaçu
FOTOS: Carlos E. Gomes │mai 2007.
5. Endereço:
Rua Marcos Souza Dias, 168 - Centro
6. Propriedade/Direito de Propriedade:
Pública – Comarca de Paraguaçu, MG
7. Subordinação administrativa:
Comarca de Paraguaçu, MG
8. Responsável:
Gláucia Maria Prado| Rua Aureliano Prado, 720
9. Restrição de acesso:
sim
não
10. Horário de atendimento:
09:00 – 12:00 / 13:00 – 18:00 horas
11. Histórico do arquivo:
A constituição deste acervo de documentos iniciou-se com a fundação do Termo Judiciário de Paraguaçu,
subordinado à Comarca de Machado. Isso se deu no ano de 1918, ou seja, sete anos após a emancipação da
cidade. Desde então o cartório se presta aos registros imobiliários da cidade. Já em 1938, tem-se a criação
do Distrito Judiciário de Paraguaçu e posterior elevação a Comarca em 1939.
Não foi indicada pelos responsáveis a perda de dados ao longo da trajetória histórica do conjunto, sendo
que de maneira geral as informações estão em bom estado de conservação. As informações podem ser
acessadas partindo-se de uma listagem computadorizada ou, no caso de registros mais antigos, através de
fichas, constituindo assim um rápido sistema de busca. Isso permite ao interessado consultar desde o
registro mais antigo – que data de primeiro de abril de 1918 – ao último – de 22 de maio de 2007 – de
maneira prática e precisa.
A responsável atual pelo acervo é a senhora Gláucia Maria Prado, que iniciou seus trabalhos junto ao
cartório em 1963 como Oficial Substituta do Cartório Imobiliário. Em 1982 foi nomeada como Oficial
Titular e permanece aos dias atuais em franca atividade.
O entrevistado Walker Cardoso Prado informou ainda que em 2007 o acervo do cartório será transferido
para novas instalações em virtude da aquisição de novo edifício que melhor acomodarão as informações e
permitirá um atendimento mais eficaz para os consulentes do acervo. Este novo edifício também abrigará o
acervo e as instalações do 1º Ofício de Notas e Protestos de Paraguaçu. O novo local situa-se em área
próxima à atual, circunscrita na região central da cidade.
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12. Datação:
O documento mais antigo é de 1918. O mais recente de 2007.
13. Organização / armazenamento:
não organizado / empacotados, pastas
organizado parcialmente / caixas, estantes
organizado / mapotecas, armários
14. Conteúdo:
Livros de escrituras imobiliárias.
15. Instrumentos de pesquisa:
Índice eletrônico e fichas cartográficas.
16. Tipo de cópia fornecida:
Certidões.
17. Tipo de suporte documental:
textual (impresso e manuscrito)
cartográfico (plantas e mapas)
sonoros (discos, cd, fitas cassetes)
iconográfico (fotografia, gravuras etc.)
filmográfico (filmes e vídeos)
eletrônicos (disquetes, cd r etc.)
18. Mensuração/quantificação:
367 livros; 21 caixas; 26 pastas. Estes se encontram distribuídos em: I) 2 estantes com 4 prateleiras; II) 2
estantes com 5 prateleiras; III) 1 cômoda com 2 prateleiras (prateleiras de 30 x 90cm)
19. Estado de conservação:
Bom; agentes de degradação: intempéries climáticas sazonais.
20. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Gláucia Maria Prado – Força do trabalho. A Voz, 17/05/1997, P. 5.
PRADO, Guilherme. A instalação do Termo. A Voz, 13/03/1999, P. 7.
Walker Cardoso Prado. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de Souza
Lima Gomes.
21. Informações complementares:
---
22. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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FONTES ARQUIVÍSTICAS 02/03
1. Município:
2. Documentação Fotográfica:
Paraguaçu
3. Distrito:
Sede
4. Designação:
1º Ofício de Notas e Protestos de Paraguaçu
FOTOS: Carlos E. Gomes │mai 2007.
5. Endereço:
Rua Presidente Getúlio Vargas, 165 - Centro
6. Propriedade/Direito de Propriedade:
Pública – Comarca de Paraguaçu, MG
7. Subordinação administrativa:
Comarca de Paraguaçu, MG
8. Responsável:
Glauber Prado| Av. Gonçalves Leite, 188
9. Restrição de acesso:
sim
não
10. Horário de atendimento:
09:00 – 12:00 / 14:00 – 18:00 horas
11. Histórico do arquivo:
A constituição deste acervo de documentos iniciou-se com a fundação do Termo Judiciário de Paraguaçu,
subordinado à Comarca de Machado. Isso se deu no ano de 1918, ou seja, sete anos após a emancipação da
cidade. Desde então o cartório se presta à diversos dos serviços notários do município tais como: lavrar
escrituras, procurações, reconhecimento de firmas e autenticação de documentos. Já em 1938, tem-se a
criação do Distrito Judiciário de Paraguaçu e posterior elevação a Comarca em 1939.
Os arquivos apresentam danificação parcial por intempéries climáticas e ataque de insetos tais como a
traça. Ainda que o estado de conservação seja bastante regular, não é percebida pelos responsáveis
nenhuma perda total de alguma das informações ali armazenadas. As informações podem ser acessadas
partindo-se índices catalográficos. A consulta demonstra-se um pouco lenta, mas o esmero na elaboração
do índice confere precisão à busca do dado. Diante do apresentado, fica claro que é possível acessar desde
o primeiro dado, que data de fevereiro de 1918, ao último, de maio de 2007.
O responsável atual pelo acervo é o senhor Glauber Prado, que ingressou no cargo através de concurso
público realizado na década de 1960. Mesmo após aposentar-se em 1993 mantém o cargo de Oficial do
Cartório em caráter extrajudicial, trabalhando até a presente data.
Glauber Prado informou que o acervo será transferido, no correr do ano de 2007, para novas instalações
situadas em região próxima a atual e ainda circunscrita aos limites do centro da cidade. Isso se dá pela
busca da melhoria na acomodação dos dados e fornecimento de espaço mais amplo para o atendimento aos
consulentes. Este novo edifício também abrigará a estrutura e os dados do 1º Cartório de Registro de
Imóveis de Paraguaçu de responsabilidade da irmã de Glauber, a senhora Gláucia Maria Prado.
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12. Datação:
O documento mais antigo é de 1918. O mais recente de 2007.
13. Organização / armazenamento:
não organizado / empacotados, pastas
organizado parcialmente / caixas, estantes
organizado / mapotecas, armários
14. Conteúdo:
Livros de escrituras, Procurações, Firmas e Protestos.
15. Instrumentos de pesquisa:
Índice catalográfico.
16. Tipo de cópia fornecida:
Certidões e Traslados.
17. Tipo de suporte documental:
textual (impresso e manuscrito)
cartográfico (plantas e mapas)
sonoros (discos, cd, fitas cassetes)
iconográfico (fotografia, gravuras etc.)
filmográfico (filmes e vídeos)
eletrônicos (disquetes, cd r etc.)
18. Mensuração/quantificação:
151 livros distribuídos em 4 móveis. 2 cômodas com 2 prateleiras e 2 estantes com 5 prateleiras (30 x 90cm)
19. Estado de conservação:
Bom; agentes de degradação: microorganismos e variações climáticas sazonais.
20. Referências e fontes:
Autor Desconhecido. Glauber Prado – Força do trabalho. A Voz, 13/06/1998, P. 5.
PRADO, Glauber. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de Souza Lima
Gomes.
PRADO, Guilherme. A instalação do Termo. A Voz, 13/03/1999, P. 7.
21. Informações complementares:
---
22. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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FONTES ARQUIVÍSTICAS 03/03
1. Município:
2. Documentação Fotográfica:
Paraguaçu
3. Distrito:
Sede
4. Designação:
3º Ofício de Notas de Registro Civil das Pessoas
Naturais; Cartório 2º Ofício de Notas de Paraguaçu
5. Endereço:
FOTOS: Carlos E. Gomes │mai 2007.
Rua Aureliano Prado, 435 - Centro
6. Propriedade/Direito de Propriedade:
Pública – Comarca de Paraguaçu, MG
7. Subordinação administrativa:
Comarca de Paraguaçu, MG
8. Responsável:
Ivone Maria Lúcia Prado Leite | Rua José Cristiano
Prado, 553
9. Restrição de acesso:
sim
não
10. Horário de atendimento:
09:00 – 12:00 / 13:00 – 18:00 horas
11. Histórico do arquivo:
O acervo do 3º Ofício de Notas de Registro Civil das Pessoas Naturais de Paraguaçu & Cartório do 2º
Ofício de Notas de Paraguaçu começou a ser constituído ainda em período posterior a emancipação da
cidade, nos tempos em que o povoado ainda era conhecido pelo topônimo Carmo da Escaramuça. À época
ainda era um distrito da comarca judiciária de Santo Antônio do Machado. A atual responsável pelo
acervo, a senhora Ivone Maria Lúcia Prado Leite, nos informou que o ano inicial do acervo é o de 1889,
contudo, a existência de registros de escravos dentre os pertences do conjunto aponta que é certo se terem
aberto registros ali ainda em 1888. Porém, a década de 1880 fica como uma baliza para início dos registros
nas paragens de Carmo da Escaramuça que era somente um pequeno povoado em período anterior a 1875,
ou seja, antes do terceiro quartel do século XIX.
Através da fundação do Termo Judiciário de Paraguaçu, subordinado à Comarca de Machado, em 1918;
criação do Distrito Judiciário de Paraguaçu em 1938 e posterior elevação a Comarca de Paraguaçu em 1939
o Ofício de Notas passou a desempenhar um papel cada vez mais importante não só na cidade como na
região do sul-mineiro. Esta observação é facilmente confirmada através do fato de que hoje o
estabelecimento, na figura de sua responsável – a senhora Ivone –, é o guardião do acervo do Cartório de
Registro Civil de Guaraipava.
Foi indicada a perda de dois livros que faziam parte do conjunto. Nestes eram vistas 73 escrituras e 23
procurações. Apesar da perda de tais livros, de maneira geral as informações estão em bom estado de
conservação, sendo que o maior agressor aos dados é o clima bastante úmido e frio do sul de Minas Gerais.
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As informações podem ser acessadas partindo-se de uma listagem computadorizada ou, no caso de
registros mais antigos, através de fichas, constituindo assim um rápido sistema de busca.
A atual responsável apresenta ainda que o acervo é de responsabilidade de seus familiares há vários anos.
Apenas para citar alguns, ela nos apresentou o nome de seu antecessor, o senhor Gualberto Leite e antes
deste o senhor Manoel Quintino da Fonseca. A Sra. Ivone afirmou que a conservação é uma de suas
preocupações principais, sobretudo no que se refere aos registros mais antigos. Por este motivo é que os
livros com registros de escravos só podem ser consultados mediante solicitação prévia.
12. Datação:
O documento mais antigo é de 20/01/1889 (registro de nascimento de Mercedia Maria de Jesus); o mais
recente é de 23/05/2007 (registro do nascimento de Amanda Damasceno Pereira).
13. Organização / armazenamento:
não organizado / empacotados, pastas
organizado parcialmente / caixas, estantes
organizado / mapotecas, armários
14. Conteúdo:
Livros de escrituras; registros de nascimento e óbito; casamento civil; procurações; títulos e documentos.
15. Instrumentos de pesquisa:
Índice eletrônico e fichas catalográficas.
16. Tipo de cópia fornecida:
Certidões.
17. Tipo de suporte documental:
textual (impresso e manuscrito)
cartográfico (plantas e mapas)
sonoros (discos, cd, fitas cassetes)
iconográfico (fotografia, gravuras etc.)
filmográfico (filmes e vídeos)
eletrônicos (disquetes, cd r etc.)
18. Mensuração/quantificação:
337 livros distribuídos em: 2 cômodas com 2 prateleiras; 6 estantes com 4 prateleiras. 36 caixas
armazenadas em 1 estante com 6 prateleiras. Também pertencentes ao acervo, mas não armazenados
conjuntamente a este constam cerca de 10 livros contendo escrituras de escravos e que são guardados na
casa da responsável pelo acervo senhora Ivone Maria Lúcia Prado Leite (endereço onde estão armazenados
os livros: rua José Cristiano, 553). (prateleiras de 30 x 90cm)
19. Estado de conservação:
Bom; agentes de degradação: intempéries climáticas sazonais.
20. Referências e fontes:
LEITE, Ivone Maria Lúcia Prado. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Carlos Eduardo
de Souza Lima Gomes.
PRADO, Guilherme. A instalação do Termo. A Voz, 13/03/1999, P. 7.
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21. Informações complementares:
---
22. Ficha técnica:
Levantamento: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
Cirene Marques (Presidente do Conselho) | Itamar R. Araújo (Chefe Cadastramento Incra)
data: maio de 2007.
Elaboração: Alexandre Borim (arquiteto) | Carlos E. Gomes (historiador) | Aline Medeiros (arquiteta)
data: junho a dezembro de 2007.
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data: janeiro de 2008.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
ACADEMIA Paraguaçuense de Letras. Logradouros Públicos de Paraguaçu. Paraguaçu/MG: 2002.
ACADEMIA Paraguaçuense de Letras. 1911-2001: Paraguaçu, 90 anos. Paraguaçu/MG: 2001.
Jornal “O Paraguassu”. Campos Jr. Falecimento. 30/06/1946. p. 04.
FONTES DOCUMENTAIS:
CARTÓRIO de Registros de Imóveis, Rua Marcos Maciel Dias, 108 – Centro, Paraguaçu/MG.
LEI municipal 022 de 28/10/1948.
FONTES ELETRÔNICAS:
PRADO, Guilherme. Paraguaçu: sua história, sua gente. Paraguaçu/MG, 2004. (CD-ROM).
_________. Paraguaçu: sua história, sua gente. Paraguaçu/MG, 2004. (CD-ROM)
FONTES ORAIS:
ARILTON, Gilda de Souza. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de Souza
Lima Gomes.
BORIM, Dário. Paraguaçu (MG), dezembro de 2006. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de Souza Lima
Gomes.
CARNEIRO, Marlene Auxiliadora C. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Carlos Eduardo
de Souza Lima Gomes.
COSTA, Luiz Gonzaga da. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
DIAS, Atanair de Andrade. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
DIAS, Rafael Mendes. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
LEITE, Ivone Maria Lúcia Prado. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de
Souza Lima Gomes.
MAGALHÃES, Ana Rosa Alves. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
MARQUES, Cirene da Silva. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
MENDES, Edison Tadeu. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
MENDES, Maria Auxiliadora. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
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OLIVEIRA, Ana Maria Silva, . Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
OLIVEIRA, Homero Martins de. Paraguaçu (MG), dezembro de 2006. Entrevista concedida a Carlos
Eduardo de Souza Lima Gomes.
OLIVEIRA, Sergio Silva de. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
PAULA, Maria Goretti Prado de. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
PRADO, Glauber. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de Souza Lima
Gomes.
PRADO, Guilherme. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de Souza Lima
Gomes.
PRADO, José Hermano do. Paraguaçu (MG), dezembro de 2006. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de
Souza Lima Gomes.
TAGLIALEGNA, Carlos Ângelo. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Aline Medeiros.
Walker Cardoso Prado. Paraguaçu (MG), maio de 2007. Entrevista concedida a Carlos Eduardo de Souza
Lima Gomes.
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8. EQUIPE TÉCNICA
PREFEITURA DE PARAGUAÇU - SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA
Prefeito: Evandro Barbosa Bueno
Setor Responsável: Secretaria de Educação e Cultura
Secretária: Eliza Helena Silva Dias
Rua Ferreira Prado, nº 138, Centro | Paraguaçu / MG | cep. 37.120.000
Tel.: (35) 3267.1664 | e-mail: educaçã[email protected]
MEMÓRIA ARQUITETURA LTDA
Rua Grão Pará, 85 / 1301 Santa Efigênia | Belo Horizonte / MG | cep 30.150-340
Tel.: (31) 3241.5594 | e-mail: [email protected]
site: http://www.memoriaarquitetura.com.br
Equipe técnica
responsáveis técnicos (arquitetos urbanistas)
Alexandre Borim
Joseana Costa
Patrícia Pereira
Viviane Corrado
estagiários (arquitetura e urbanismo)
Ana Maria Gomes
Anna Helena Massêo
Edílson Borges
Natália Campos
auxiliar administrativa
Maria Edna Coelho
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data: junho a dezembro de 2007.
Revisão: Memória Arquitetura
data: janeiro de 2008.
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Aline Medeiros
Carlos E. Gomes
Eliza Helena
Alexandre Borim
Cirene Marques
O grupo Memória Arquitetura agradece a gentileza da comunicação de possíveis falhas e/ou omissões verificadas neste documento.
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