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ANAIS VI Congresso Científico Uniararas III Congresso Internacional V Congresso de Iniciação Científica PIBIC – CNPq De 08 a 10 de Junho de 2011 Araras/SP 2011 Fundação Hermínio Ometto -1VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca “Duse Rüegger Ometto” - UNIARARAS ISBN: 978-85-60433-15-5 C749a Congresso Científico UNIARARAS (6.: 2011 : Araras, SP) Anais do VI Congresso Científico Uniararas, III Congresso Internacional, V Congresso de Iniciação Científica PIBIC - CNPq: desafios de viver bem no século XXI, de 08 a 10 de junho de 2011. / Centro Universitário Hermínio Ometto -- Araras, SP : Fundação Hermínio Ometto, 2011. 534p. ; 30cm. 1.Saúde-Congressos. 2. Educação-Congressos. 3. Meio ambienteCongressos. 4. Pesquisa-Congressos. 5.Ciência-Congressos. I. Centro Universitário Hermíno Ometto. II. Título. CDD: 001.42 -2VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Anais do VI Congresso Científico, III Congresso Internacional e V Congresso de Iniciação Científica PIBIC – CNPq Centro Universitário Hermínio Ometto UNIARARAS Coordenadoria de Comunidade e Extensão Av. Dr. Maximiliano Baruto, 500. Jd. Universitário. Araras-SP 13607-339. Telefone (19) 3543-1435 -3VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Centro universitário Hermínio Ometto UNIARARAS Prof. Dr. José Antonio Mendes Reitor Prof. Dr. Olavo Raymundo Junior Pró-Reitor de Graduação Prof. Dr. Marcelo Agusto Marretto Esquisatto Pró-Reitor de Pós Graduação e Pesquisa Profa. Ms. Cristina da Cruz Franchini Coordenadora de Comunidade e Extensão Francisco Elíseo Fernandes Sanches Diretor Administrativo Financeiro Profa. Dra. Ana Laura Remédio Zeni Beretta Coordenadora do Comitê Institucional Convênio PIBIC-CNPq/UNIARARAS -4VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq COMISSÃO ORGANIZADORA Cristina da Cruz Franchini Cristina Capucho Érika Camila Buzo Martins Karin Luciana Migliato Maria Esméria Corezola do Amaral Paula Cressoni Martini Renata Bottigelli Rosana Catisti -5VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Apresentação O século XXI vem se constituindo como um tempo de mudanças e rupturas. Tornase, então, necessário repensar a intervenção educativa que incide sobre o homem deste começo de século, a fim de inscrevê-lo como sujeito crítico, capaz de ressignificar o contexto no qual está inserido. Dentro dessa realidade, nossa responsabilidade no processo de construção de um projeto mais ético e racional para a sociedade, voltado para os seus interesses e necessidades mais relevantes, é de suma importância. Com essas prerrogativas, o Centro Universitário Hermínio Ometto- UNIARARAS, por meio da Coordenadoria de Comunidade e Extensão, Pró-Reitoria de Graduação e Pró-Reitoria de Pós-Graduação, sentir-se-á honrado em contar com a sua ilustre presença no 6º Congresso Científico "Desafios de Viver no Século XXI". Este evento Institucional contará com encontros multidisciplinares, com a apresentação de Workshops, palestras e mesas-redondas. Pesquisadores, professores, especialistas e profissionais das áreas de Saúde, Educação, Meio ambiente e Tecnologia discutirão alguns dos temas mais instigantes da atualidade, permitindo aos participantes a reflexão sobre as formas de contribuir para o desenvolvimento da ciência e a difusão da cultura. Haverá também a apresentação de trabalhos científicos previamente selecionados pela Comissão Científica do evento. O 6º Congresso "Desafios de Viver no Século XXI" se propõe a buscar caminhos para essas novas demandas, saudando, com júbilo e entusiasmo, todos aqueles que responderam ao seu convite. Sejam bem vindos! -6VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Normas para apresentação de trabalhos científicos 1. Os trabalhos inscritos devem ser inéditos e classificados nas seguintes categorias: a) Trabalhos experimentais e pesquisas inéditas quantitativas); b) Relato de experiência (inclusive Projetos de Extensão); c) Projetos em desenvolvimento nas diversas áreas; d) Revisão de literatura (qualitativas e/ou Devem seguir as normas do 6º Congresso Científico da Uniararas. 2. Após a apreciação do trabalho pela comissão científica, receberá apenas um parecer APROVADO ou REPROVADO. O resultado do parecer e a forma de apresentação ORAL ou PAINEL (A SER INDICADA PELA COMISSÃO CIENTÍFICA) será enviado no e-mail do autor no prazo máximo de 10 dias após o envio do mesmo. Será permitida apenas uma forma de apresentação do trabalho. 3. Após efetuar a inscrição e pagamento da taxa, o inscrito (como autor principal) poderá enviar até dois resumos expandidos, porém o envio de mais de dois trabalhos como autor principal ou duplicidade de resumo implicará em recusa dos mesmos. 4. O envio do resumo poderá ser efetuado até dia 25/05/11 (consultar instruções gerais para resumo expandido), pelo e-mail (checar endereço de envio na opção Meu Congresso). 5. Será permitida apenas uma forma de apresentação do trabalho. 6. O aceite do trabalho estará vinculado à inscrição no 6º Congresso Científico da Uniararas e será publicado em anais do evento de acordo com a categoria do trabalho. 7. O certificado só será entregue ao integrante que apresente seu painel ou faça a apresentação oral no período estipulado pela comissão organizadora (vide orientações gerais para apresentação). 8. Os autores terão direito a um certificado por trabalho apresentado. Caso haja interesse dos outros autores inscritos no 6º Congresso Científico da Uniararas, em receber o certificado de apresentação do trabalho, deverá solicitar via secretaria do congresso, que poderá ser retirado 10 dias após o evento, mediante o pagamento de R$ 10,00 (dez reais). 9. Os trabalhos que não estiverem dentro das normas ou que não foram aprovados pela comissão julgadora do 6º Congresso Científico da Uniararas não serão devolvidos. -7VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq 10. O trabalho será publicado na forma que foi enviado para a comissão do 6º Congresso Científico da Uniararas, portanto, sendo de inteira responsabilidade do(s) autor(es) o formato e o conteúdo apresentados. 11. INSTRUÇÕES GERAIS PARA O RESUMO EXPANDIDO: Margens Configurar a página para A4, margens superior e esquerda com 3 cm, inferior e direita com 2 cm. Título No máximo 20 palavras Estar na 1ª linha Deverão ser digitados em: Fonte Arial, tamanho 12, em negrito e centralizado. Não será computado na contagem geral das palavras. Nome(s) do(s) autor(es) Dar um espaço (Enter) logo após o Título. Até 6 autores (incluindo orientador) Deverão ser digitados em fonte Arial, tamanho 11, centralizado. Deverão seguir a seguinte ordem: Autor/Relator (sublinhado); Co-autores; Coorientador; Orientador. Obs.: Autor/Relator é quem está inscrevendo o trabalho. Deverão obedecer as normas da ABNT: SOBRENOME (maiúsculo), separado por vírgula, e em seguida as iniciais dos nomes, acompanhados por ponto. Entre autores separar com ponto e vírgula. Deverão possuir uma numeração correspondente (1, 2, 3 ...) sobrescrito que representará a origem dos mesmos. Não serão computados na contagem geral das palavras. Origem da Instituição dos autores Dar um espaço (Enter) logo após os Autores. Utilizar fonte Arial, tamanho 10, justificado, com a primeira letra maiúscula. Iniciar pela numeração correspondente (1, 2, 3 ...) sobrescrito e deixar espaço para a instituição de origem, colocar uma vírgula seguida da opção discente, profissional, docente, co-orientador e orientador, separados por ponto e vírgula. Não serão computadas na contagem geral das palavras. Endereço eletrônico do Autor principal e do orientador Dar um espaço (Enter) logo após a Origem da Instituição dos autores. Indicar o endereço do e-mail do Autor principal seguido do Orientador separados por vírgula. Utilizar fonte Arial, tamanho 11, alinhado à esquerda. Não serão computados na contagem geral das palavras. CATEGORIA: DE ACORDO COM A CATEGORIA DO TRABALHO, OBSERVAR AS ORIENTAÇÕES ABAIXO: -8VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq 1. TRABALHOS EXPERIMENTAIS E PESQUISAS INÉDITAS (QUALITATIVAS E/OU QUANTITATIVAS) INTRODUÇÃO Até 300 palavras. OBJETIVOS Até 200 palavras. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA Até 550 palavras RESULTADOS E DISCUSSÃO Até 1.750 palavras (não será permitido o uso de gráficos, tabelas, fotos, imagens, etc. Apenas texto) CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Até 200 palavras REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (normas ABNT) no máximo 14, em ordem alfabética, alinhado à esquerda Não serão computadas na contagem geral das palavras. ÓRGÃO FINANCIADOR (instituição de fomento e apoio) quando houver. Destacar na apresentação o nome da instituição. TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA devem ser destacados no final do texto PALAVRAS-CHAVE Máximo 3 palavras. 2. RELATOS DE EXPERIÊNCIA (INCLUSIVE PROJETOS DE EXTENSÃO) INTRODUÇÃO Até 300 palavras. OBJETIVOS Até 200 palavras. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA Até 550 palavras RESULTADOS E DISCUSSÃO Até 1.750 palavras (não será permitido o uso de gráficos, tabelas, fotos, imagens, etc. Apenas texto) -9VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Até 200 palavras REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (normas ABNT) no máximo 14, em ordem alfabética, alinhado à esquerda Não serão computadas na contagem geral das palavras. PALAVRAS-CHAVE Máximo 3 palavras. 3. PROJETOS EM DESENVOLVIMENTO INTRODUÇÃO Até 300 palavras. OBJETIVOS Até 200 palavras. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA Até 550 palavras. RESULTADOS ESPERADOS (baseado em literatura) Até 1.750 palavras (não será permitido o uso de fráficos, tabelas, fotos, imagens, etc. Apenas texto) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (normas ABNT) no máximo 14, em ordem alfabética, alinhado à esquerda Não serão computadas na contagem geral das palavras. PALAVRAS-CHAVE Máximo 3 palavras. 4. REVISÃO DE LITERATURA INTRODUÇÃO Até 300 palavras. OBJETIVOS Até 200 palavras. REVISÃO DE LITERATURA Até 2.300 palavras CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Até 200 palavras - 10 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (normas ABNT) no máximo 14, em ordem alfabética, alinhado à esquerda Não serão computadas na contagem geral das palavras. PALAVRAS-CHAVE Máximo 3 palavras. OBSERVAÇÃO: NÃO É PERMITIDO EM NENHUMA DAS CATEGORIAS, TABELAS, FÓRMULAS E FIGURAS. ORIENTAÇÕES GERAIS PARA APRESENTAÇÃO EM FORMA: OPÇÃO PERÍODO DE APRESENTAÇÃO: TARDE OU NOITE De Painel/Pôster: O painel será apresentado dia 10/06/2011 no período escolhido pelo autor, mas com o horário pré-determinado pela Comissão Científica (informação via e-mail), conforme programação pré-definida no site da UNIARARAS. Os trabalhos apresentados na forma de painel/banner deverão ser afixados no mesmo dia, no período da tarde, às 12h30 e no período da noite, às 18h30, pelo próprio autor em local designado pela comissão organizadora. O apresentador deverá permanecer junto dele no momento da apresentação, 10 minutos antes do prazo divulgado. Tamanho padronizado 0,90 x 1,10 cm com suporte para exposição. Todos os painéis terão um gancho para pendurar os mesmos com cordão. Oral: A apresentação será no dia 10/06/2011 no período escolhido pelo autor, mas com o horário pré-determinado pela Comissão Científica (informação via e-mail), conforme programação pré-definida no site da UNIARARAS. Estar presente 10 minutos antes da apresentação. Tempo estimado de apresentação 10 minutos, 5 minutos para discussão e 5 minutos para argüição. Utilizar mídia compatível com Windows 2003. - 11 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq - 12 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ÍNDICE RESUMO PALESTRAS ............................................................................................ Pág. 14 APRESENTAÇÃO ORAL .......................................................................................... Pág. 71 PAINEL ..................................................................................................................... Pág. 262 - 13 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq RESUMO PALESTRAS DO PROJETO SONHADO ATÉ A REALIDADE POSSÍVEL: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA LDB – ANÁLISES DAS DIFERENTES DISPUTAS ENTRE OS DIVERSOS ATORES ENVOLVIDOS NESTE PROCESSO ......................................................... Pág. 16 GESTÃO DO CONHECIMENTO .............................................................................. Pág. 28 CENTRO INTERDISCIPLINAR DE EDUCAÇÃO EM DIABETES: UMA ATUAÇÃO EDUCATIVA INTERDISCIPLINAR................................................. Pág. 31 ANTROPOLOGIA: UM OLHAR SOBRE A DIVERSIDADE ....................................... Pág. 32 CONVERSANDO SOBRE A DIVERSIDADE SEXUAL NA UNIARARAS ............................................................................................................. Pág. 34 CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA: UM OLHAR ANTROPOLÓGICO ............................ Pág. 35 PSICOLOGIA, EDUCAÇÃO E DIFERENÇA ............................................................. Pág. 37 IMAGEM CORPORAL – UM ENFOQUE PSICOLÓGICO SOBRE A SUA CONSTITUIÇÃO E DISTORÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE .................. Pág. 43 CARCINOGÊNESE: O IMPACTO DO SÉCULO XXI E SUAS PERSPECTIVAS TERAPÊUTICAS .......................................................................... Pág. 45 A SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA ............................................... Pág. 47 STRESS: CONCEITOS E CONSIDERAÇÕES ......................................................... Pág. 56 STRESS DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO: CONSEQUÊNCIAS E PREVENÇÃO ........................................................................................................ Pág. 57 STRESS OCUPACIONAL DO PROFESSOR ........................................................... Pág. 58 MICROCIRURGIA PARENDODÔNTICA EM DENTES COM LESÃO REFRATÁRIA ............................................................................................. Pág. 59 CONCEITOS SOBRE CÉLULAS-TRONCO CANCEROSAS E SUAS APLICAÇÕES NA TERAPIA DO CÂNCER .................................................... Pág. 60 DIVERSIFICAÇÃO PELA PRODUÇÃO DE NOVOS SUCRODERIVADOS ................................................................................................ Pág. 61 LINGUAGEM E EDUCAÇÃO .................................................................................... Pág. 62 COMO FALAR EM PÚBLICO TÉCNICAS E ESTRETÉGIAS PARA O PROFISSIONAL DA COMUNIDAÇÃO ....................................................... Pág. 63 - 14 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq AS MÍDIAS SOCIAIS E SUA IMPORTÂNCIA COMO FERRAMENTA DE MARKETING ...................................................................................................... Pág. 64 A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA JUNTO AO IDOSO USUÁRIO DE PRÓTESES DENTÁRIAS .................................................................. Pág. 66 - 15 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq DO PROJETO SONHADO ATÉ A REALIDADE POSSÍVEL: A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA LDB – ANÁLISE DAS DIFERENTES DISPUTAS ENTRE OS DIVERSOS ATORES ENVOLVIDOS NESTE PROCESSO Fábio Eduardo Cressoni Doutorando em História e Cultura Social UNESP campus Franca Mestre em Educação UNIMEP Docente do curso de Licenciatura Plena Pedagogia UNIARARAS RESUMO O objetivo de nosso texto é indicar o processo histórico de elaboração da Lei Federal 9.394, sancionada em dezembro do ano de 1996. Apresentada pelo então senador Darcy Ribeiro (PDT-RJ), a legislação mencionada refere-se à Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional. Ao longo desse trabalho, iremos discorrer sobre o procedimento inicial de discussão para a elaboração de uma nova LBD. Observaremos como a construção desse dispositivo legal ocorreu por intermédio da participação extra-parlamentar, considerando o envolvimento de educadores e entidades representativas de classe nesse processo. Iremos expor também os desdobramentos em torno de uma nova LBD junto às esferas do poder federal. Assim, enfatizaremos os debates ocorridos na Câmara dos Deputados e no Senado. INTRODUÇÃO: A primeira proposta em torno da LBD nasceu no ano de 1988, junto à elaboração de uma nova Constituição. Entre o período que vai de 1988 a 1996, isto é, oito anos, debateu-se a formulação dessa legislação. Foi através de uma longa disputa, envolvendo quatro diferentes presidentes frente ao Executivo Nacional – José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso – que teríamos uma nova LDB, resultante do Projeto de Lei do Senado 9394/96, de autoria do já mencionado senador Darcy Ribeiro. Em um segundo momento, iremos observar as principais características do projeto vitorioso. Destacaremos suas perspectivas para a educação básica e superior, entre outros aspectos. Para tanto, adotaremos como referência básica o livro “A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas”, do professor Dermeval Saviani. Nossa opção por essa bibliografia justifica-se pela importância desse trabalho enquanto instrumento de análise histórico-crítica desse documento. Consideramos, ainda, a relevância da obra do professor Saviani por ocasião de sua participação em parte dos debates acerca da configuração da nova LBD. A LONGA CAMINHADA EM TORNO DA NOVA LDB. O PROJETO INICIAL: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA DOS EDUCADORES. Após o processo de redemocratização do Brasil, levado a cabo através das eleições indiretas, em que o candidato oposicionista Tancredo Neves venceria o preterido dos militares, Paulo Maluf, uma das primeiras ações a serem implantadas pelo novo governo, chefiado por José Sarney, tendo em vista o falecimento de Tancredo, foi prever a instauração de uma Assembléia Constituinte. Os vinte e um anos de regime militar (1964-85) haviam, demasiadamente, enfraquecido as instituições democráticas brasileiras. Logo, fazia-se mister a adoção de uma nova Constituição. - 16 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A nova Carta Magna brasileira, outorgada em 1988, começaria a ser elaborada em fevereiro de 1987. Preocupados com o tratamento que o tema educação receberia na elaboração da Constituição, parte dos educadores realizaram, em agosto de 1986, na cidade de Goiânia (GO), a IV Conferência Brasileira de Educação. O encontro teve como finalidade principal debater o seguinte tema: “A educação e a Constituinte”, tendo dele resultado a “Carta de Goiânia”. O documento elaborado pelos educadores presentes nesta Conferência buscou estabelecer propostas para o capítulo da Constituição que versasse sobre o tema educação. Mantida a mobilização em torno do documento proposto, sendo que grande parte de seu conteúdo acabou por ser aproveitado na redação do referido capítulo, iniciar-se-ia, ainda em 1987, um novo movimento. Mais do que somente uma Constituição avançada no que diz respeito às questões educacionais, esse mesmo grupo entendia ser necessária à formulação de novas diretrizes e bases para a educação brasileira. Iniciava-se uma nova luta em torno dos anseios pela melhoria da educação através do estabelecimento desse parâmetro. Novamente organizada, parte da comunidade educacional voltava-se para essa temática por meio da X Reunião Anual da ANPed, realizada em Salvador (BA), no ano corrente de 1987. Além do encontro da ANPed, em que se avaliou a necessidade de uma nova LBD, a Revista ANDE, importante publicação na área educacional optou por trazer em seu número 13 somente artigos que se dispusessem a tratar desse tema. Dermeval Saviani nos informa que o plano inicial da revista não previa a formulação de um anteprojeto, mas, sim, a publicação de uma série de artigos, conforme mencionamos. Entretanto, os editores da ANDE passaram a considerar essa hipótese na medida em que se temia que todas as reflexões lançadas não atingissem seu propósito maior. Ainda de acordo com SAVIANI (2004, p. 36): O plano inicial do artigo a ser publicado no número 13 da Revista ANDE não previa a formulação de um anteprojeto. Pensava-se em explicitar o sentido da expressão “diretrizes e bases”, reconstituir o seu histórico e destacar sua importância para a educação, concluindo com a apresentação das exigências que se deveria levar em conta na elaboração da nova LBD. No entanto, à medida que o texto foi tomando forma, concluiu-se que era importante pensar a própria estrutura da lei (...) Sem isso, correríamos o risco de discutir grandes e relevantes questões que, no entanto, não seriam matéria de uma lei geral de educação, ou, mesmo que o fossem, não teríamos clareza sobre a forma em que elas integrariam o texto legal. Com a opção definida em torno da proposta de um anteprojeto, a revista apresentou, em 1988, o texto “Contribuição à Elaboração da Nova LBD: um Início de Conversa”. Contendo 68 artigos, divididos em 10 títulos, o anteprojeto realizado por estes educadores voltava-se para a educação infantil, ensino de 1º., 2º. e 3º. graus, cabendo, ainda, temas como desenvolvimento cultural dos trabalhadores e recursos financeiros. O conteúdo desse texto, que circulou pela XI Reunião Anual da ANPed, ocorrida em Porto Alegre (RS), em 1988, foi objeto de discussão na V Conferência Brasileira de Educação, evento realizado no mesmo ano, na capital federal. Os efeitos de toda a mobilização gerada entre 1986, com o encontro de Goiânia, e 1988, após essa última Conferência, surtiriam resultados. - 17 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Após a aprovação da Constituição, em outubro de 1988, o deputado federal Octávio Elísio (PSDB-MG) proporia a Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1.258A/88. SAVIANI (Ibid, p. 42) destaca a importância da apresentação desse projeto no legislativo federal, uma vez que “em pauta estava constituído pelo texto integral da proposta acima referida, ampliando no Título IX – Dos Recursos para a educação, que passou de 7 para 19 artigos”. DA BATALHA EM TORNO DO PROJETO ORIGINAL ATÉ O SURGIMENTO DO SUBSTITUTIVO JORGE HAGE (DEZ. 1988 – JUN. 1990). O projeto original de uma nova LBD, fruto de uma discussão coletiva como enfatizamos anteriormente, obteve parecer favorável junto a Comissão de Constituição, Justiça e Redação em junho de 1989. Em março do mesmo ano, constituíra-se um Grupo de Trabalho da LBD, liderado pelo deputado Florestan Fernandes (PT-SP), tendo como relator o deputado Jorge Hage (PSDB-BA). Rapidamente outros deputados passaram a acrescentar novas idéias ao projeto inicial. Disposto a ouvir especialistas, o relator do GT da LBD afirmaria que iniciava-se “o que talvez tenha sido o mais democrático e aberto método de elaboração de uma lei que se tem notícia no Congresso Nacional” (HAGE apud SAVIANI, 2004, p. 57). Considerando que o parlamento é um espaço marcado pela disposição de uma democracia representativa, expressa pela presença parlamentar, a qual se destina a representatividade dos demais cidadãos, o processo inicial de discussão da nova LBD ocorreu de maneira singular. Desta forma, a participação de diferentes setores da sociedade se fez presente, contribuindo, então, para o aperfeiçoamento desse dispositivo legal.1 Em junho de 1990, o texto fora aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Desporto. Aprovado de forma unânime, após cerca de 45 dias de análise, sua redação final apresentou 20 capítulos, compreendendo 172 artigos. Faz-se necessário observarmos, mesmo que de forma resumida, os aspectos positivos e negativos do Substitutivo Jorge Hage, considerando as indicações de Saviani.2 ASPECTOS POSITIVOS: Saviani destaca sete fatores favoráveis mediante o conteúdo da nova legislação. O primeiro deles refere-se à própria abrangência contida na proposta dessa lei. Articulada em torno da idéia de um sistema nacional de educação, está à concepção se incluir nesse projeto outros grupos. Explicita-se a emergência da escola se voltar para os jovens e adultos trabalhadores, indígenas e pessoas com necessidades especiais. Para além dessas questões, são contemplados outros pontos como o ensino a distância e a formação técnico-profissional voltada para a politecnia. Outros aspectos vão emergindo dessa proposta. A idéia de unificar o ensino, não no sentido de uniformizá-lo e enquadrá-lo mediante um só modelo, engessando1 SAVIANI (Ibid, p. 57), indica que, fora a participações de outros parlamentares, cerca de 30 entidades estiveram presentes no momento de se refletir sobre o conteúdo dessa lei. Constituindo um Fórum em Defesa da Escola Pública na LDB, tivemos o envolvimento de inúmeras entidades, entre as quais citamos a ANPed, CNTE, CUT, UNE, CNBB, INEP, entre outras. 2 O rápido resumo que iremos apresentar, no que alude ao Substitutivo citado, encontra-se na obra de SAVIANI (Ibid, p. 59-70). - 18 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq o, mas de atingir um padrão de qualidade e valorização da escola em todo território nacional está presente. Em meio ao texto faz-se importante essa concepção de configuração de um sistema nacional de ensino. A preocupação com a educação infantil, mediante a regularização da préescola, também se encontra presente em meio ao texto. A proliferação dos chamados cursos livres, espaços destinados às crianças de zero a seis anos, impôs a necessidade de regularizar e estabelecer normas tanto para a abertura como para o funcionamento dessas escolas. Quanto ao ensino médio, considera-se a dificuldade de se denominar sua função no sistema escolar. Mesmo com a persistente dualidade entre ensino geral e profissional, é necessário enfatizar que a educação politécnica ou tecnológica tem apresentado experiências benéficas aos estudantes do ensino médio.3 Preocupada não apenas com a freqüência do estudante do período noturno, tratando-se no caso dos trabalhadores, um dos capítulos da LBD fala da necessidade de adotarmos uma política de redução na jornada de trabalho. Levando em consideração que a maioria dos estudantes inseridos no mercado de trabalho se ausentam durante boa parcela do ano letivo, essa medida propõe o inverso. Assim, busca-se o aumento da freqüência e, sobretudo, um melhor aproveitamento dos jovens em idade escolar. Para custear a abertura e manutenção das creches públicas, atendendo a demanda de zero a seis anos, previu-se a criação de um imposto destinado para esse fim. O salário-creche evitaria que recursos específicos do ensino fundamental, por exemplo, fossem remanejados para esta modalidade de ensino. Finalizando esse rol de medidas positivas, surge a polêmica em torno da delimitação das despesas com a manutenção e desenvolvimento do ensino. Claramente indicadas, restringe-se a utilização dos recursos a obras e melhorias ligadas tão somente a área educacional.4 ASPECTOS NEGATIVOS: Nem todo conteúdo apresentado na nova LDB trazia contribuições positivos. Alguns aspectos necessitavam ser revistos. Destacam-se nove pontos diferentes na avaliação de Saviani. A primeira questão enumerada trata do conceito de sistema nacional de educação. Questionava-se se a participação de instituições culturais, experiências populares e cursos livres não viriam a desconfigurar a idéia de sistema. Particularmente discordo da visão de Saviani. Entendendo a educação como um amplo processo social, percebo a escola como um dos inúmeros espaços em que esse fenômeno ocorre. Daí, não considerar outras possibilidades, incluindo-as no 3 No estado de São Paulo, podemos mencionar os Centros de Educação Tecnológica Paula Souza. Estes se constituem em interessantes espaços de formação de jovens técnicos em consonância com o ensino médio, habilitando os estudantes para decidirem pelo ingresso no ensino superior ou o acesso ao mercado de trabalho, conforme sua área de formação. 4 Tal medida, inicialmente, parece soar estranha, levando em conta que todos nós entendemos muito bem quais os gastos inerentes a área educacional, contemplando ainda suas variantes. No entanto, SAVIANI (Ibid, p. 61) nos alerta sob os perigos disfarçados como falsas ações na área da educação: “Com efeito, sem esse dispositivo pode-se até mesmo construir uma estrada vicinal com recursos educacionais sob o argumento de que a estrada é necessária para acesso (físico) dos alunos à escola”. - 19 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq sistema educacional, é, em minha concepção, tratar de excluir os educadores e educandos que estão envolvidos nesse processo.5 Preocupações com o Conselho Nacional de Educação, órgão representativo dos educadores junto ao MEC, também surgiram nesse contexto. Duvidava-se da real participação coletiva dos membros dessa instituição, vez que esses seriam indicados de acordo com a entidade a qual pertenciam. Temia-se a criação de um órgão extremamente corporativo, que, preocupado com o interesse específico de cada setor, fragmenta-se a atuação coletiva enquanto órgão representante de uma classe heterogênea. A participação de proprietários de redes de escolas particulares, outra possibilidade prevista, também não era vista com bons olhos pelos educadores. Estes eram temerosos quanto à influência desses empresários na tomada de decisões em meio às deliberações do conselho. Para além do Conselho Nacional de Educação, a LBD previa a instalação do Fórum Nacional de Educação. As críticas em torno dessa entidade, a qual concordamos plenamente, surgem pelo simples motivo do Fórum ser uma instância sem poder para deliberar sobre as questões educacionais. Consultivo, SAVIANI (Ibid, p. 65) define-o como “inócuo, sendo, portanto, inteiramente dispensável”, já que praticamente todas as entidades situadas em seu seio se fazem presentes no Conselho Federal de Educação. A adoção de um Conselho Nacional de Formação Profissional aumentava o dualismo educacional presente em nossa sociedade, mesmo com a formulação de políticas públicas na área de politecnia. Contudo, a existência desse conselho, ligado ao Ministério do Trabalho, diminuía os avanços nessa área. Havia no Substitutivo a ausência de uma proposta para a organização da cultura superior. O governo, considerando a inviabilidade de universalizar o ensino superior no Brasil, esqueceu-se da disseminação da cultura superior em nossa sociedade. Privilégio apenas de uma parcela da população, os universitários, a Universidade se encarregaria de selecionar, via vestibular, os mais aptos a receberem esse capital cultural. Saviani nos fala do credenciamento e da avaliação da educação superior, enxergando ressalvas na proposta de acompanhamento avaliativo desse tipo de ensino. Justificando sua preocupação pela ausência de uma mentalidade acadêmica disposta a submeter-se a aferição da qualidade de ensino, o autor desconfia dessa medida. Cabe salientarmos que discordamos de sua posição em relação a essa questão. Instrumentalizada, a partir de critérios nítidos, as avaliações se tornam condição sine quo non para a abertura e permanência de cursos de graduação e pós-graduação em nosso país. Ainda tratando dos aspectos tidos como negativos por Saviani encontramos o autor preocupado com a educação a distancia. Para ele, essa não deveria constituir-se em uma modalidade de ensino. Defendendo a idéia de a escola adotála como uma ferramenta pedagógica complementar junto à escolarização, Saviani criticava a proposta da LDB, que previa justamente o contrário. Novamente entendemos que existe um equívoco em sua interpretação acerca desse ponto. A EAD vem sendo desenvolvida, com sucesso, tanto na educação de jovens e adultos 5 Há de se considerar ainda a possibilidade da normatização dessas experiências educativas, via Estado, gerando, portanto, um empobrecimento das mesmas. No entanto, essa seria outra discussão, a qual não pretendemos abordar neste texto. - 20 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq como no ensino superior, chegando, inclusive, a atingir a formação de profissionais através de cursos do tipo lato sensu.6 Outras duas questões encerram as críticas quanto ao Substitutivo Jorge Hage. A primeira versa sobre a carreira do professor. O texto, nesta versão, previa a contratação de professores horistas. O ideal, conforme o entendimento do próprio Saviani, do qual também concordamos, seria a contratação através do regime mínimo de 20 horas. Outra preocupação surge no momento em que a LDB aborda a destinação de recursos para escolas particulares. De acordo com a Constituição, em seu artigo 213, essa medida era possível. A UTOPIA DOS EDUCADORES SENDO AMEAÇADA: A SONDAGEM DE UM NOVO PROJETO DE LDB GANHA FOLEGO NO SENADO (MAIO 1992 – FEV. 1993). O Substitutivo Jorge Hage enfrentaria um longo processo até sua aprovação em Plenário, fato ocorrido em maio de 1993. Faz-se necessário destacarmos que enquanto essa proposta tramitou pela Câmara, o Senado também acabou por tratar da mesma matéria. Em 1989, o senador Jorge Bornhauser (PFL-SC) apresentaria um projeto voltado para o ensino superior. Seu colega de partido, senador Marco Maciel, também chegou a ventilar a possibilidade de propor um novo projeto de LDB. No entanto, ambas as idéias dos senadores peefelistas não avançariam. Mas o desejo de uma LBD resultante de um amplo processo de debate, mesmo que modificada em alguns pontos, como no caso do Substitutivo Jorge Hage, via-se ameaçado pelo senador Darcy Ribeiro (PDT-RJ). No ano de 1992, o Senado recebera a proposta de Ribeiro para a elaboração de uma LBD. Tendo como relator o então senador Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), a proposta idealizada por Ribeiro contrapunha-se as concepções pleiteadas através da Câmara dos Deputados.7 O projeto de LBD elaborada pelo senador não se efetivou por conta de mobilização de outros senadores, que, para impedir sua aprovação direta, via Comissão de Educação, organizaram-se no sentido de apreciar o conteúdo do projeto e debatê-lo em Plenário. A LBD formulada por Darcy tinha o apoio do governo Collor, contudo, após sua renúncia e a posse de Itamar Franco, suas intenções se enfraqueceriam mediante o Executivo Nacional. O próprio ministro da Educação, Murílio Hingel, colocara-se favorável ao Substitutivo que tramitava na Câmara. Zeravam-se, pelo 6 Entre os anos de 2006 e 2007, diversos gestores da rede pública estadual de ensino tiveram a oportunidade de freqüentarem a Faculdade de Educação da Unicamp. Durante esse período a FE ofereceu o curso de especialização em Gestão Educacional. Com encontros presenciais realizados uma vez ao mês, todo o restante do curso foi desenvolvido por intermédio de textos on-line e vídeo aulas. A qualidade do curso foi mantida ainda pela obrigatoriedade da elaboração de monografias, conforme a área de interesse dos alunos. 7 De forma breve, vejamos alguns exemplos: questões de relevância maior, casos do Sistema Nacional de Educação e do Conselho Nacional de Educação foram minimizadas. A maneira pela qual o senador Darcy Ribeiro constituiu o projeto, sem a participação direta dos educadores, também gerou incômodos por parte das entidades de classe e, sobretudo, dos próprios profissionais do magistério. A supremacia de uma concepção de democracia representativa por parte do senador Ribeiro amargou as expectativas daqueles que acreditavam na emergência de uma participação efetiva e direta das bases na construção da nova LBD. - 21 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq menos nesse instante, as chances do projeto do senador Darcy Ribeiro ser aprovado. A LONGA ESPERA: DO SUBSTITUTIVO JORGE HAGE AO PROJETO FINAL POSSÍVEL NA CÂMARA DOS DEPUTADOS (JUN. 1990 – MAIO 1993). No segundo semestre do ano de 1990 o projeto da Câmara esbarrava em uma dificuldade própria do cenário político brasileiro: as vésperas da campanha eleitoral que poderia mudar algumas cadeiras no Congresso Nacional, a nova LDB ficou engessada na Comissão de Finanças e Tributação. Foi só em novembro do mesmo ano, no “apagar das luzes”, conforme os dizeres de SAVIANI (Ibid, p. 151), que a Deputada Sandra Cavalcanti, relatora da Comissão, encaminharia seu parecer. Nesse intervalo de tempo, prevaleceram os interesses comerciais, através de emendas agregadas ao projeto, de escolas privadas, sobretudo, as confessionais. Após a troca de parlamentares, ocorrida em 1991, muitos deputados que tiveram um papel importante na construção da proposta de LBD, entre eles Jorge Hage, não estavam mais presentes no Congresso. A novo mandato iniciara-se a partir de uma Câmara com um perfil extremamente conservador, fato que acabaria por alterar alguns pontos do projeto.8 As negociações, nesse momento, estavam completamente paralisadas. Disposto a obstruir o avanço desse projeto, tido como demasiadamente progressista, o Governo Collor emperrava seu avanço no legislativo. Para tanto, o deputado Eraldo Tinoco (PFL-BA), líder do governo, desacelerava o andamento das negociações, propondo uma série de destaques após o parecer do relatório das emendas adicionais que acabamos de mencionar. Junto a tudo isso, devemos considerar que o segundo semestre foi marcado por sucessórias turbulências políticas, entre elas a CPI do ex-tesoureiro de Collor, Paulo César Farias, e o afastamento do presidente da República. Somente em maio de 1993 o projeto final seria aprovado pela Câmara dos Deputados, sendo, em seguida, encaminhado para apreciação do Senado brasileiro. Palco de tensões, o projeto iniciado em 1988 e finalizado somente cinco anos depois seria sufocado pela disposição do senador Darcy Ribeiro que, mais uma vez, dispunha-se a, partindo dele em consonância com o Executivo, tornar possível a realização da tão sonhada LBD. O projeto da Câmara dera entrada no Senado e, em novembro de 1994, já no governo Fernando Henrique, fora aprovado na Comissão de Educação. Em dezembro do mesmo ano o PLC 101/93 seguiu para o Plenário. A avaliação feita por SAVIANI (Ibid, p. 156) acerca desse momento, ilustra muito bem o que estaria por vir ainda: O projeto parecia, agora, navegar em águas tranqüilas, passada a borrasca que quase o fizera naufragar. Aportaria ele em lugar seguro de onde se poderia dotar o país de uma ordenação educacional que, embora ainda com muitos limites, se configurava como um avanço significativo em relação à situação atual? 8 Submetido à análise, em maio de 1991, do Plenário, o projeto sofreu a inclusão de 1.263 emendas. Dessa maneira, o mesmo regressaria a diferentes comissões, no sentido de, mais uma vez, ser avaliado sob o ponto de vista técnico, conforme o tipo de emenda agregada a ele. - 22 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Em verdade, essa aparência de tranqüilidade escondia um “iceberg” que iria provocar uma reviravolta total no rumo do projeto de LBD. A VITÓRIA DO PROJETO DE DARCY RIBEIRO: LBD 9394/96 (FEV. 1995 – DEZ. 1996). De forma sintetizada, seguindo a lógica mencionada agora a pouco por Saviani, ocorrera o seguinte no Senado: o senador Beni Veras (PSDB-CE), da bancada governista, solicitaria o retorno do PLC 101/93 à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Coincidentemente, o relator da Comissão seria o senador Darcy Ribeiro, que viria a alegar várias inconstitucionalidades perante o projeto.9 No decorrer desse processo, afirma SAVIANI (Ibid, p. 160), “Darcy Ribeiro apresentou Substitutivo próprio que logrou fosse aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado”. Após essa manobra, a LBD apresentada pelo senador seria aprovada em Plenário no mês de fevereiro de 1996. Praticamente idêntica à estrutura do primeiro projeto de Darcy Ribeiro, considerando algumas questões referentes ao ideário de LBD pensada pela Câmara, o projeto seguiu para a apreciação dos deputados. Naquela casa, o relator escolhido, deputado José Jorge (PFL-PE), membro do governo FHC, acelerou os trabalhos, até que, em 17 de dezembro de 1996, seu parecer fora apresentado. Sancionada sem vetos pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, entrava em cena, três dias depois, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.10 O atropelamento da proposta inicial de uma LBD e sua substituição pelo projeto governista, através da ação do Executivo em consonância com o senador Darcy Ribeiro, gerou, nos educadores, a nítida sensação de decepção. O sociólogo e deputado federal petista Florestan Fernandes, amigo do próprio Darcy, expressara seu descontentamento publicamente. As linhas que se seguem, foram publicadas, em julho de 1992, no jornal Folha de S. Paulo (apud SAVIANI, 2004, p. 198-99): Eis que estávamos prestes a sofrer uma decepção única. Nada menos que o Senador Darcy Ribeiro iria tomar a peito apresentar um projeto de lei de diretrizes e bases da educação nacional no Senado! Sua impaciência não permitiu esperar que a Câmara dos Deputados terminasse o seu trabalho, ocasião em que o projeto tramitaria normalmente no Senado e lá sofreria transformações. Por que essa precipitação? O Senador, como representante do PDT, sentiu-se à vontade para aliviar o governo Collor de uma tarefa ingrata. Recebendo suas sugestões (e por essa via os anseios imperativos do ensino privado) e aproveitando como lhe pareceu melhor o projeto mencionado (o da Câmara), mostrou aquilo que se poderia chamar de versão sincrética “oficial” daquela lei. Terrível decepção para todos os que somos amigos, colegas ou admiradores de Darcy Ribeiro! Sua cabeça privilegiada decidiu “servir o rei” e voltar às costas a Anísio Teixeira, o seu 9 Um dos exemplos alegados por Ribeiro diz respeito à eliminação do Conselho Federal de Educação. Extinto, esse seria substituído pelo Conselho Nacional de Educação. Essa e outras questões seriam sanadas com a apresentação de uma Medida Provisória por parte do Executivo, porém o senador manteve sua postura em relação ao projeto (PINO apud SAVIANI, 2004, p. 159). 10 SAVIANI (Ibid, 162), definiu os motivos que levaram a aprovação do Executivo sem sanções, a partir do seguinte apontamento: “Esse resultado é explicável uma vez que o MEC foi, por assim dizer, co-autor do texto de Darcy Ribeiro e se empenhou diretamente na sua aprovação. E, como a iniciativa privada, ficou inteiramente satisfeito com o desfecho. Tanto que recomendou ao Presidente da República a sanção sem vetos. E assim foi feito”. - 23 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq mentor pedagógico, e à nossa geração, que combateu ardorosamente os “idola” que ele empolgou sem constrangimento. CONSIDERACÕES PARCIAIS SOBRE A LEI DE DIRETRIZES E BASES PARA A EDUCAÇÃO NACIONAL – LEI 9394/96 (LEI DARCY RIBEIRO).11 Educação Básica: Tratando da educação básica, alguns aspectos merecem ser mencionados. O número de dias letivos foram aumentados, totalizando 200 dias no calendário escolar. Assim, o ensino nos níveis fundamental e médio elevou, conseqüentemente, o número de horas, totalizando uma carga horária composta, por no mínimo, 800 horas anuais. Essa medida estava presente no projeto original da Câmara, sendo que o senador Darcy Ribeiro, mesmo sendo contrário a ela, acabou por acatá-la. Delineando a educação básica por área, vejamos alguns apontamentos sobre a educação infantil. Definindo sua finalidade, no sentido de acolhimento das crianças, a LBD fala da sua organização nas creches, estabelecendo o acompanhamento infantil sem o objetivo de promoção. Entretanto, o texto se isenta da regularização e fiscalização detalhadas para garantir o funcionamento pleno dessas instituições. Organizadas na modalidade de cursos livres, estas se encontram isentas da fiscalização por parte do poder público. Outro ponto crítico sobre essa modalidade de educação, diz respeito a não incorporação do saláriocreche, que colocaria o ensino infantil como responsabilidade do Estado, gerando fonte de arrecadação para não comprometer outras partes do orçamento do governo. Com relação ao ensino fundamental, o senador Darcy Ribeiro defendeu, na apresentação de seu primeiro projeto, sua redução para apenas cinco anos. Sem êxito, o senador conduziu a bancada do PDT na Câmara a tentar aprovar a divisão do ensino fundamental. Para Ribeiro, o mesmo deveria se organizar da seguinte forma: primeira etapa em cinco anos, segunda etapa em três anos, emitindo diplomas de acordo com a escolarização alcançada. No Senado, essa medida acabou sendo retirada e optou-se pela divisão em ciclos, ficando a critério dos sistemas de ensino a escolha da quantidade de ciclos para esse tipo de ensino – dois ou quatro. Outros pontos de destaque são: a manutenção do ensino religioso, mesmo que de maneira facultativa, e a possibilidade da expansão dessa modalidade de ensino em tempo integral. Sem delinear claramente sua função, o ensino médio perdeu a sua principal chance de constituir-se como um elo entre o conhecimento científico e o mundo produtivo, via politecnia. SAVIANI (Ibid, p. 214), atento as condições políticas e econômicas da sociedade brasileira atual, menciona as limitações que impedem o avanço dessa concepção pedagógica nas escolas brasileiras: “as condições políticas traduzidas nos mencionados conflitos, disputas e jogo de interesses tornaram a situação ainda mais adversa”. Sobre a EJA – Educação de Jovens e Adultos, a mesma manteve-se como o era antes. O antigo Ensino Supletivo, instituído em 1971, delimitava as bases para a EJA. Um dos poucos pontos alterados trata da redução da idade mínima para 11 As considerações que iremos estabelecer acerca da LBD aprovada são baseadas na leitura de SAVIANI (Ibid, p. 210-24). Assim como o autor o fez, também optamos por apresentar nosso resumo conforme cada área de interesse. - 24 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq matrícula. Sendo assim, os adolescentes de 15 e 18 anos podiam, respectivamente, matricular-se nos ensinos de 1º e 2º. graus. Saviani crítica, com razão, essa medida, considerando a hipóteses dos adolescentes abandonarem, cada vez mais, o ensino regular para se matricularem na EJA a fim de apenas obterem seus certificados. A idéia de redução da jornada de trabalho e aumento da freqüência e carga horária escolar para os jovens que eram, ao mesmo tempo, estudantes e trabalhadores foi literalmente abandonada. Prevaleciam, então, os interesses dos empregadores tendo em vista a manutenção da força de trabalho necessária sem alterações que forçassem novas contratações. A escola, nesse caso, passava ser considerada como dispensável se necessário fosse, pois primordial, conforme a LBD, era o trabalho e não a escolarização. Educação Profissional: A nova LDB possui um capítulo específico sobre essa questão, no sentido de procurar aproximar a educação profissional a outras modalidades de ensino. Sem indicar como isso deverá ser feito, SAVIANI (Ibid, p. 216) critica tal medida, vez que “esse capítulo parece mais uma carta de intenções do que um documento legal, já que não define instâncias, competências e responsabilidades”. Confusa, a redação desse capítulo não trata de especificar a competência da União, dos Estados e das instituições que derivam do Conselho Nacional das Indústrias – SESI e SENAI. Educação Superior: Uma das preocupações dos educadores, de maneira geral, a qual já mencionamos em nosso texto, dizia respeito à utilização da universidade como espaço de socialização de uma cultura superior. Infelizmente, o Educação Superior, de acordo com a LBD, descarta essa possibilidade, contemplando apenas o ensino superior. Uma condição de destaque foi à adoção da emenda que estabeleceu uma cota mínima de professores mestres e doutores, um terço, para o funcionamento das universidades brasileiras, tanto públicas como particulares. O interesse dos donos de estabelecimentos de ensino superior privados, representado pelo proprietário da UNIP, João Carlos Di Gênio, não foram suficientes para barrarem essa importante medida. Mesmo com a atuação do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) para determinar o funcionamento das instituições sem um número mínimo de profissionais pós-graduados, proprietários de instituições privatistas como Di Gênio tiveram suas expectativas frustradas. Dois outros pontos merecem destaque junto a LBD, no que se refere esta a Educação Superior. O primeiro trata do estabelecimento de uma cota de representação docente junto aos órgãos colegiados das instituições públicas. Com isto, os professores ganharam voz junto aos espaços de representação oficial na tomada de decisões. O segundo ponto em questão trata de regulamentar a indissociabilidade entre ensino e pesquisa, isto é, a determinação de que o professor seja, ao mesmo tempo, também um pesquisador e vice-versa. A medida, que acabou gerando polêmica, por ocasião daqueles que se dedicavam somente à pesquisa, ficou valendo para os cursos de graduação e pós-graduação. - 25 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Educação Especial: Apenas três artigos, inclusos em um capítulo específico, tratam da educação especial. Adota-se a concepção de que essa modalidade de educação deve ocorrer na rede regular, sendo que, quando necessário, contar com o apoio de profissionais especializados. Prevê-se, ainda, a necessidade de uma constante capacitação que possa resultar no efetivo preparo dos professores. Por fim, houve a adoção de uma importante medida: entidades sem fins lucrativos, como a APAE, por exemplo, poderiam receber recursos financeiros e assistência técnica através de auxílio governamental. Profissionais da Educação: Importantes questões são tratadas na LBD, quando da formação dos profissionais que deverão atuar nas escolas brasileiras. A se iniciar pela necessidade de todos os educadores possuírem cursos de nível superior. No entanto, essa medida trouxe a emergência de uma expansão no número de cursos de formação. No sentido de aumentar-se o número de vagas, foi autorizado à criação dos ISE’s, Institutos Superiores de Educação, que deveriam mantém os cursos do tipo Normal Superior para dar conta da demanda. O problema aqui decorre da qualidade desses cursos e, por sua vez, dos profissionais que vêem a atuar em sala de aula. Deixando essa questão de lado, a LBD também se esqueceu de outro grave problema, o distanciamento entre a produção acadêmica na universidade e a realidade social das escolas em nosso país. Um enorme número de pesquisas são produzidas anualmente no Brasil e, muitas delas, se encontram desconectadas das exigências atuais frente os desafios da educação em diferentes níveis. O mesmo, por tabela, pode-se dizer de vários Grupos de Trabalho constituídos no interior das universidades espalhadas pelas cinco regiões brasileiras. Recursos Financeiros e Disposições Gerais: No que tange a utilização de recursos financeiros para a área educacional, a LBD apresenta aspectos extremamente positivos, a contar pela fixação dos prazos para repasse de valores. Com isto, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem respeitar os prazos para o repasse de verbas. Outro ponto de destaque é a definição dos elementos que compreendem gastos ligados à educação. Gastos com material didático e transporte escolar, sabiamente, terminaram sendo incorporados à proposta inicial. Das disposições Gerais da LBD, destacamos a educação de comunidades indígenas. Esta prevê a educação bilíngüe e intercultural. Contudo, se limita, sem estabelecer como isso deverá ocorrer. Uma medida eficaz contida nas disposições, segundo o nosso entendimento, é a contemplação da possibilidade da EAD em diferentes níveis. Cabe, para seu efetivo funcionamento, seriedade daqueles que oferecem e dos que freqüentam tais cursos. Por fim, o texto fala da adoção de esforços para a educação integral na rede pública de ensino e da obrigação da União auxiliar os Estados e destes cooperarem com os Municípios, que são obrigados, por lei, a repassarem 25% do total sobre o orçamento para a área da educação. - 26 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Referências bibliográficas: NASCIMENTO, Maria Isabel Moura. Verbete Darcy Ribeiro, extraído do Dicionário de Educadores do HISTEDBR. Disponível na Word Wide Web, http://histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossário/verb_b_darcy_ribeiro.htm Acesso em 21 de maio de 2007. SAVIANI, Dermeval. A nova lei de educação: trajetórias, limites e perspectivas. Campinas: Autores Associados, 2004. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997. , - 27 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq GESTÃO DO CONHECIMENTO Henrique Guilherme Scatolin12 A Gestão do Conhecimento sob a ótica de Nonaka e Takeuchi. Podemos conceituar a gestão do conhecimento como sendo o processo de obter, gerenciar e compartilhar o conhecimento dentro da mesma organização. Este processo envolve aspectos tecnológicos e humanos, tais como criação, armazenamento, disseminação, utilização e medição. Por que a gestão de conhecimento? O interesse pela gestão do conhecimento (GC) é impulsionado nas organizações pela busca da vantagem competitiva considerando um ambiente globalizado, com alta competitividade, constante mudança na demanda dos clientes, entre outros aspectos. Segundo Nonaka e Takeuchi “as empresas japonesas continuam sendo um enigma para a maioria dos ocidentais. Não são extremamente eficientes, empreendedoras ou liberais. Ainda assim, devagar e sempre, conquistaram um espaço cada vez maior na competição internacional”13. O sucesso das empresas japonesas se deve à sua capacidade e especialização na “criação do conhecimento organizacional”. Mas o que seria este conhecimento organizacional? Por criação do conhecimento organizacional Nonaka e Takeuchi compreendem a capacidade de uma empresa de criar novo conhecimento, difundilo na organização como um todo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas. Apontam que “a criação do conhecimento organizacional é a chave para as formas características com que as empresas japonesas inovam. Elas são peritas em fomentar a inovação de forma contínua, incremental e em espiral”14. Essa perspectiva é desproporcional ao que a maioria dos observadores ocidentais pensa a respeito das empresas japonesas. Os ocidentais pensam que as empresas japonesas, embora sejam extremamente bem-sucedidas em imitar e adaptar, não são inovadoras, principalmente quando nos referimos ao conhecimento. Para Nonaka e Takeuchi: “[...] as empresas japonesas entraram na competição internacional com espetacular determinação, freqüentemente enfrentando difíceis obstáculos e adversidades. Até bem pouco tempo, não podiam se dar ao luxo do relaxamento ou da complacência. O medo de perder e a esperança de tomar a frente as impulsionava a prever as mudanças e a inventar algo novo – uma nova tecnologia, um novo projeto de produto, um novo processo de produção, uma nova estratégia de marketing, uma nova forma de distribuição ou uma nova forma de servir aos clientes”15. 12 Doutorando e mestre pelo núcleo de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, graduado em Psicologia pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). 13 NONAKA, Ikujiro& TAKEUCHI, Hirotaka. Criação de Conhecimento na Empresa. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997, p. 1 14 Idem, p.1 15 Idem, ibidem. - 28 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Assim, a inovação não era uma peça de um só ato para as empresas japonesas. Uma inovação levava à outra, proporcionado aperfeiçoamento e melhorias contínuas. Mas como as empresas japonesas realizam a inovação contínua? Para Nonaka e Takeuchi isto seria possível somente pela criação do conhecimento que se expressa pela singularidade na forma das empresas japonesas de proporcionarem inovações contínuas através da ligação entre o externo e o interno. Isto significa que o conhecimento acumulado externamente é compartilhado de forma ampla dentro da organização, armazenado como parte da base do conhecimento da empresa e utilizado pelos envolvidos no desenvolvimento de novas tecnologias e produtos. Ocorre a conversão e este processo de conversão (de fora para dentro e para fora novamente, sob a forma de produtos, serviços ou sistemas) é a chave para entender os motivos do sucesso das empresas japonesas. É exatamente essa dupla atividade, interna e externa, que abastece a inovação contínua dentro das empresas japonesas. A inovação contínua, por sua vez, leva a vantagens competitivas. Para Nonaka e Takeuchi, a estrutura conceitual básica sobre as formas de administração do processo de criação do conhecimento possui duas dimensões: 1º dimensão: a ontológica → o conhecimento só pode ser criado por indivíduos. Uma organização, por si só, não pode criar conhecimento. Seu escopo é apoiar os indivíduos criativos e lhes proporcionar condições para a criação deste. A existência do conhecimento organizacional é possível a partir de interações que permitam sua criação de forma individual a disseminação para a organização como um todo. 2º dimensão: a epistemológica → segundo a qual há dois tipos de conhecimentos: o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. O conhecimento tácito é pessoal, específico ao contexto e difícil de ser formulado e comunicado. Já o conhecimento explícito ou “codificado” refere-se ao conhecimento transmissível em linguagem formal e sistemática. Para Nonaka e Takeuchi, os processos de conversão do conhecimento ocorrem em quatro etapas: 1º etapa → Socialização : do conhecimento tácito em conhecimento tácito: um indivíduo pode adquirir conhecimento tácito diretamente de outros, sem usar a linguagem. Os aprendizes trabalham com seus mestres e aprendem sua arte não através da linguagem, mas sim através da observação, imitação e prática. 2º fase → Externalização: do conhecimento tácito em conhecimento explícito. A externalização é um processo de articulação do conhecimento tácito em conceitos explícitos. É um processo de criação do conhecimento perfeito, na medida em que o conhecimento tácito se torna explícito, expresso na forma de analogias, conceitos, hipóteses ou modelos. 3º fase: Combinação → do conhecimento explícito em conhecimento explícito. Os indivíduos trocam e combinam conhecimentos através de meios como documentos, reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação computadorizadas. 4º fase : Internalização → do conhecimento explícito em conhecimento tácito. A internalização é o processo de incorporação do conhecimento explícito no conhecimento tácito e é intimamente relacionada ao aprender fazendo. - 29 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Referência Bibliográfica NONAKA, Ikujiro & TAKEUCHI, Hirotaka. Criação de Conhecimento na Empresa. Tradução de Ana Beatriz Rodrigues, Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997. - 30 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq CENTRO INTERDISCIPLINAR DE EDUCAÇÃO EM DIABETES: UMA ATUAÇÃO EDUCATIVA INTERDISCIPLINAR André Luis Mancini; Denise do Amaral Camossa; Rodrigo Pizzelli; Rosemeire Moeroni Centro Interdisciplinar de Educação em Diabetes(CIED) - Prefeitura Municipal de Leme O CIED surge com o objetivo de preconizar a adequação do município de Leme a proposta do Ministério da Saúde, no que se refere às políticas públicas e reorientação do modelo assistencial de saúde do paciente com diabetes. A equipe do CIED, composta por médico endocrinologista, psicóloga, nutricionista, técnica de enfermagem e enfermeira, seguindo a proposta de Paulo Freire, compreende a educação como prática da liberdade. Prática que permite a construção de consciência crítica e autonomia; sendo que a transformação se dá com os educandos e não para eles. A partir desta concepção de educação, o CIED acredita também na importância da educação em saúde. A presente mesa redonda objetivou discorrer sobre problemáticas encontradas no atendimento ao paciente com diabetes; a importância da equipe interdisciplinar no atendimento ao paciente; bem como a necessidade da educação em saúde como forma de promoção, reflexão, problematização para a construção de consciência crítica sobre os aspectos da realidade pessoal e coletiva dos atores envolvidos. Palavras chave: Educação em saúde; diabetes; equipe interdisciplinar; Paulo Freire. - 31 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ANTROPOLOGIA: UM OLHAR SOBRE A DIVERSIDADE Patricia dos Santos Begnami A antropologia surgiu no século XIX. Foi nesse momento que começaram os primeiros estudos dessa disciplina. Porém, antes da institucionalização da disciplina já se pensava nas relações com o “outro”. É só nos lembrarmos das aulas de História, em que gregos, romanos, entre outros, tinham ideias em torno de seus inimigos (costumes bárbaros, estranhos, bizarros. Heródoto, historiador grego escreve sobre isso, por exemplo). A primeira escola de antropologia é chamada de evolucionismo. Nesse momento é que a antropologia define seu objeto de estudo: os “selvagens”, os povos primitivos. O outro aqui eram os índios, aqueles bem distantes da sociedade europeia. Através de relatos de viajantes, de missionários, antropólogos escreviam e estudavam esses selvagens, seus costumes, seu modo de vida. Não iam até as aldeias para ver os “nativos”, como chamamos esses outros, de carne e osso, os estudavam através dos relatos de outras pessoas. Para esses antropólogos, as sociedades se desenvolviam de modo linear e ao mesmo tempo (fazer uma linha cronológica no quadro) e usavam a tecnologia para explicar e comparar as diferentes sociedades. “O outro é diferente porque possui diferente grau de evolução” (p. 26). Evolucionistas separavam os fatos etnográficos de seu contexto, comparavam coisas que não podiam ser comparadas. Eixo temporal, eixo de progresso. Antropólogos evolucionistas classificavam todos os costumes numa escala evolutiva. (mais avançadas, menos avançadas, bárbaras, selvagens, promíscuo e civilizados). Costumes similares, “globalizados”. Antropologia de gabinete Estudavam os povos primitivos como se fossem nós no passado, aquilo que um dia fomos. Pensavam que esses nativos gradativamente e evolutivamente chegariam a ser o que era o povo europeu do século XIX. Pensavam de maneira etnocêntrica; etnocentrismo é pensar a nossa própria sociedade como centro do universo, como se tudo que fizéssemos fosse melhor, mais evoluído que outros, nós fazemos o certo ao passo que os outros fazem errado, considerar bárbaro tudo aquilo que não se pratica na nossa terra. “Etnocentrismo é uma visão de mundo com a qual tomamos nosso próprio grupo como centro de tudo, e os demais grupos são pensados e sentidos pelos nossos valores, nossos modelos, nossas definições” (LARAIA, 2009, p. 7). Pensar o seu grupo como centro de tudo e outras formas e modos de vida, de organização, de pensamento como anormais, bizarros, engraçados. Aqui nesse contexto da antropologia, humanos e civilizados eram os europeus. Sendo assim, o “outro” era diferente porque se encontrava em um estágio diferente de evolução. Esse olhar etnocêntrico e evolucionista foi apenas o início da Antropologia. No século XX, surge uma nova maneira de pensar o outro. Tudo se iniciou com Malinowski (1978) que resolveu estudar os trobriandeses das ilhas da Nova Guiné de “carne e osso” e se colocar em confronto com as teorias evolucionistas. Malinowski (1978) se propõe a conhecer a diferença experimentando essa diferença, buscando apreender o outro de maneira diversa. Inaugura um modo distinto de aprendizado; o trabalho de campo associado à pesquisa de campo. Pois, segundo o autor, havia uma série de fenômenos de suma importância que não poderiam ser registrados e/ou retratados apenas com o auxílio de questionários e documentos estatísticos, tal como faziam os evolucionistas, mas que deveriam ser observados em sua plena realidade. - 32 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O autor define então, a observação participante como a convivência íntima e prolongada do pesquisador com seus informantes, refutando a antropologia de gabinete dos teóricos evolucionistas, permitindo assim, o estabelecimento de um determinado tipo de relação na qual o antropólogo se colocava como um instrumento de pesquisa, propiciando à antropologia um olhar de dentro, sua marca registrada desde então. A aplicação de questionários com o auxílio de tradutores, informantes bilíngues e a utilização de relatos de alguns viajantes, missionários é substituída pela observação direta e pelo convívio com os moradores da aldeia. O autor pretendia estudar a sociedade trobriandesa em sua totalidade, totalidade que só poderia ser reconstruída a partir de fragmentos, ou seja, a partir da observação de cada fato da vida social. Pretendia então, reconstruir a realidade dos trobriandeses através da interpretação daquilo que via e ouvia. O autor foi referência para muitas monografias e continua sendo retomado até hoje. A pesquisa de campo caracteriza a disciplina. Apreende-se o outro convivendo com esse outro. É no trabalho de campo que a alteridade se realiza. Nesse contexto, a antropologia abandona a postura etnocêntrica e passa a ser relativista, pois compreende um costume, uma forma de ver o mundo dentro do contexto! E não mais para compará-lo, não hierarquiza mais as maneiras de ser. A pesquisa de campo é muitas vezes vista como um rito de passagem para o antropólogo, conforme aponta alguns autores como DaMatta (1991). Estratégias de aproximação dos grupos pesquisados. Trabalho de campo: conhecer a diferença experimentando a diferença. Mas a crise vivida pela antropologia nos anos 60, pela possibilidade do desaparecimento dos povos indígenas, fez com que repensasse seus conceitos. A disciplina não tinha um objeto concreto de estudos (povos indígenas, primitivos, não eram esses povos que definiam a disciplina), mas se dedicava à análise das diferenças culturais. Assim, os nativos deixaram de ser apenas os “primitivos” e se transformaram os “outros”. Diferenças na nossa sociedade, na sociedade ocidental. Assim, a antropologia é um esforço de compreensão da diferença, de comparação entre as sociedades sem pensar que uma delas é a “dona da verdade”. - 33 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq CONVERSANDO SOBRE DIVERSIDADE SEXUAL NA UNIARARAS Ana Cristina Vangrelino e Sandra Büll O presente trabalho objetiva promover a discussão sobre as diversas e possíveis identidades de gênero e sexualidade humana bem como os discursos e práticas estereotipadas social e historicamente construídos no entorno destas. Por meio de uma dinâmica de grupo, que consiste na apresentação de fotos diversas que contemplam pessoas de faixas etárias e estética diversa, inclusive com a apresentação de figuras costumeiramente enquadradas em determinados grupos, ou seja apontados por sua estética como gays, lésbicas , travestis entre outros, o público deverá apontar se são homens ou mulheres e qual a orientação sexual dos fotografados. Ao final, os fotografados e suas histórias serão apresentados, revelando como estas questões, de gênero e orientação sexual, se perpassam e não são tão fixas e definidas como costuma-se crer. Busca-se discutir com o público questões de gênero, preconceito, sexualidade e normalidade, como se dá socialmente a identificação com o feminino e o masculino, quem define o que é normal e anormal e o que define a direção do desejo humano. Busca-se, sobretudo, discutir como as identidades pré-programadas socialmente engessam a subjetividade humana e fracassam em vários momentos à medida que não contemplam a diversidade e o caráter de permanente mutação, tão próprio à condição humana. Mesmo a sexualidade heterossexual, tida como o encaminhamento “normal” do desenvolvimento sexual humano, termina por excluir inúmeras práticas por manter-se centrada na reprodução - colocando em xeque a sexualidade do idoso , por exemplo – e no coito vaginal – renegando à marginalidade fantasias e práticas sexuais diversas. O referencial teórico adotado foi o da Psicologia Social. - 34 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA: UM OLHAR ANTROPOLÓGICO Patricia dos Santos Begnami A imagem geral a respeito da infância é que ela é vista como uma das etapas da vida humana, época do crescimento, de dependência dos adultos e época em que se aprende por meio da educação. A criança é aquela que não fala, que não tem luz (aluno), que não trabalha, que não tem vida sexual, não tem responsabilidades, enfim, aquela que carece de razão. Crianças vistas, na maioria das vezes, como seres incompletos, em formação e socialização, que necessitam de cuidados especiais e de proteção. O sistema judiciário também concebe a criança na chave dessa condição assistida e a infância é vista como uma categoria universal. A Convenção de 1989 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) reconheceram os direitos da criança e da adolescência, mas ainda considerando-as como etapas da vida que precisam ser protegidas. Visando a proteção integral, remetem a uma concepção naturalizada de infância e adolescência que aparecem como fases transitórias e de preparação para o mundo adulto. O ECA foi uma tentativa de conferir à criança e ao adolescente o status de sujeito, porém acabou por priorizar o direito à família, pois só são cidadãos por intermédio dos adultos. E, sexo, gravidez, uso de álcool e drogas são infrações dos direitos das crianças e dos adolescentes. A criança é vista como uma condição provisória, como projeção do social, como um ser social incompleto. Porém, nem sempre foi assim, pois o que chamamos de criança hoje não tem o mesmo significado do que era no passado. Quero enfatizar aqui que infância e criança não são categorias e conceitos universais, mas conceitos que foram historicamente construídos. Phillipe Ariès (1998) faz uma historiografia da criança e da família na França. Mostra como a sociedade industrial, a modernidade trouxe mudanças à família e como essas mudanças foram marcando um universo infantil. Na sociedade tradicional a criança era rapidamente misturada ao mundo dos adultos e partilhava de seus jogos e trabalhos, elas se misturavam entre eles. Como exemplo o autor discorre sobre a iconografia da época. Ressalta que as crianças apareciam iconografias exatamente como os adultos, só o tamanho era menor. Mas as feições, músculos eram iguais. Para sinalizar que eram crianças, a estatura era inferior. E a educação era garantida pela aprendizagem com a convivência com os adultos. Ariès (1998) nos coloca que a escola substituiu a aprendizagem como modo de educação. As crianças foram apartadas do mundo e colocadas para na escola. Socialização num espaço privado e não mais público. Sua tese central aponta que a infância não é algo natural e universal, mas uma construção sociohistórica exposta a mudanças e variações que devem ser abordadas pelo pesquisador. O autor nos instiga a pensar o que significa ser criança para diferentes contextos. Desconstruiu a naturalização da infância. Em seu texto vemos como essa categoria foi sendo criada ao longo do tempo. O que chamamos de criança hoje não o era há alguns anos. Ariés (1998) nos fala do surgimento de um sentimento da infância, o que não significa o mesmo que afeição pelas crianças, esse sentimento corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue a criança do adulto. Isso não existia antes. Antes era a “paparicação”, cuidado e afeição e amas, mães e avós se divertiam com as crianças. Esse primeiro sentimento surgiu - 35 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq no meio familiar. (reservados às primeiras idades, ideia de uma infância curta. Não havia aqui uma preocupação moral ou educativa). O segundo proveio dos eclesiásticos e dos homens da lei que buscavam a disciplina e a racionalidade dos costumes. As crianças eram vistam como seres frágeis que necessitavam de disciplina e preservação. Esse sentimento passou para a vida familiar e a criança passou a assumir um lugar central dentro da família (infância longa, instituições escolares e práticas de educação). A criança precisava ser cuidada, escolarizada e preparada para vida adulta. Em suma, foi construída uma ideia em torno da noção de criança e devemos à Ariés (1998) essa desconstrução da naturalização do conceito. A família e a escola aparecem como espaços das crianças. Separação das crianças do espaço público (aprendizagem de antes) para ficarem reclusas no espaço privado. Ideia que até hoje permanecem em nossa sociedade. Sabemos hoje que a noção de criança foi construída socialmente e que não existe uma criança universal, mas uma pluralidade dos modos de ser criança e de formas de infância, comprometidas com o relativismo social, sendo assim, antes de falar em infância e criança devemos ter em mente de que criança estamos falando, em que contexto social se inserem. Vários modos diferentes de ser criança e diferentes formas de infância. Ser criança em uma favela é muito diferente que ser crianças em um condomínio fechado de luxo. - 36 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq PSICOLOGIA, EDUCAÇÃO E DIFERENÇA Prof. Esp. Daniel Mittmann16 Começar a pensar sobre uma fala que agregue elementos, tão amplos e tão genéricos, como Psicologia, Educação e Diferença é algo que, por abrir para infinitas possibilidades de temas, assuntos e posicionamentos, pode parecer simples. Mas, pelo contrario: é complexo e algo espinhoso. Dessa forma, buscarei dentro deste grande tema, se é que podemos chamar esse título de tema – creio que seja mais apropriado falarmos em campo de conhecimento e de posicionamento – pensar e discorrer sobre algumas coisas que nos inspiram, que nos agitam – quiçá – nos dobrem e redobrem. Falo em dobrar e redobrar, pois é justo esse movimento que imagino ser fundamental para pensar (sobre) a diferença, sobre o diferente, ainda mais quando tratamos da diferença e do diferente a partir do olhar e do crivo da Psicologia e da Educação, disciplinas que se movimentam motivadas pela uniformidade e pela uniformização. Por isso: disciplinas! Gostaria assim, de produzir um subtítulo a está palestra, a qual compartilho com o colega Douglas, um subtítulo a palestra e um titulo a minha pequena fala, uma fala menor, a qual se configura apenas como uma parte desta palestra e um baixo pedaço deste Congresso. O que penso como uma entrada mais apropriada para a minha leitura é algo em torno de: “A pedagogização e a psicologização da vida, a Diferença da Filosofia da Diferença de Deleuze e Guattari”. Este título – ou subtítulo – parece-me um pouco mais apropriado, mais apropriado no sentido de que deixa claro de onde falo e a partir de que concepções falo. Por mais que não consiga, e nem teria a pretensão de conseguir, dar conta de toda a força que este novo título carrega, é um experimento, uma busca por deixar as coisas um pouco mais visíveis. O título mesmo já carrega em si uma carga política, que pode ser, até mesmo, entendido neste momento como uma militância. PARA PENSAR MINHA INTERVENÇÃO NESTE 6º CONGRESSO CIENTÍFICO UNIARARAS PARTO DA OBRA DE DOIS FILÓSOFOS FRANCESES, OS QUAIS ME SÃO MUITO CAROS E TEM SEUS NOMES FIGURANDO NO NOVO TÍTULO MAQUINADO, SÃO ELES: GILLES DELEUZE E FÉLIX GUATTARI, OS QUAIS DESENVOLVEM UM PENSAMENTO DE FILOSOFIA E UM PENSAMENTO FILOSÓFICO QUE POR MUITOS TEM SIDO CHAMADO DE FILOSOFIA DA DIFERENÇA. FILOSOFIA, QUE, PARA ESTES DOIS OPERA COMO UMA TEORIA OU UMA LÓGICA DAS MULTIPLICIDADES. FILOSOFIA, PARA ELES, ENTENDIDA COMO UMA MÁQUINA DE PRODUZIR CONCEITOS. Duas das obras mais importantes e de maior peso dessa dupla de pensadores europeus, obras escritas a quatro mãos, são: o conjunto de textosplanos denominado de Mil Platôs e o questionamento maior da Psicanálise chamado de O Anti-Édipo. Este segundo título, O Anti-Édipo, quando pensamos nas áreas Psi é improvável não termos ideia do que pretende uma obra com tal denominação. No 16 Formado em Filosofia, UNISINOS, Rio Grande do Sul, Especialista em Sociologia, FESPSP, São Paulo, e mestrando em Educação, UNESP, Rio Claro, SP. - 37 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq mínimo sabemos que pode-deve ser uma provocação, uma afronta ao que Deleuze e Guattari chamam de O Imperialismo de Édipo. E, é da primeira obra citada, Mil Platôs, que recortarei três citações para ilustrar com mais acuidade algumas ideias que pretendo discutir, ou melhor, largar para que sejam discutidas, pensadas e repensadas. Uma citação sobre Psicologia, uma segunda sobre Educação e uma terceira sobre Diferença. Antes de passar para as citações, cabe dizer que após a fala do amigo Douglas, a qual tangencia problemáticas especificas da educação e da psicologia, digo tangencia pois parece que sempre passamos ao lado daquilo que queremos abordar, acredito que desde os pensadores da Escola de Frankfurt e da Industria Cultural, ou no caso especifico do filósofo alemão Adorno, podemos pensar sobre estes espaços do cotidiano que ao passar de cada dia são mais impregnados pelo teor do educar, do diagnosticar, do medicar, do tratar, do categorizar, do enquadrar e: porque não? Do processar, do acusar e do defender. São estes movimentos que alguns pensadores da Educação, pensadores estes vinculados à chamada Filosofia da Diferença de Deleuze e Guattari, denominam como a Pedagogização e a Psicologização da vida. Competi citar aqui dois intelectuais brasileiros que tem tentado pensar o Diferente e a possibilidade do Diferente dentro da instituição escola, são eles: Sandra Mara Corazza e Tomaz Tadeu da Silva, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Apenas para ilustrar um pouco do que pode ser entendido como diferente, como anormal, sim, pois estar fora da norma em nossa sociedade disciplinar e de controle é ser anormal, cito um pequeno trecho de um texto da professora Sandra Corazza, texto este justamente chamado de Educação e Diferença: “Este é um tempo babélico de mapas plurais dos povos de diferentes, em que estamos tão desafiados, como educadores, que chegamos a nos sentir encurralados. Em Educação, é tempo dos Estudos Culturais, Feministas, Gays e Lésbicos, Pedagogia Queer, pensamento pós-estruturalista, pós-colonialista, pós-modernista, filosofias da diferença, pedagogias da diversidade.” Denominado acima, para provocar um pouco, o nosso tempo como o tempo da Pedagogização e Psicologização da vida. Cabe então aqui abrir um parêntese: lembremos das crianças-operárias, atividade o dia todo, atividade todos os dias; lembremos também dos milhares de hiperativos, afinal: é preciso medicar, é necessário acalmar, urge transformar todos os corpos em corpos dóceis. Já que desde o período da revolução industrial e do advento da modernidade é necessário fabricarmos, e por isso a suma importância de uma Educação eficaz e útil, corpos que cumpram com as exigências do Capital, corpos que sejam dóceis e produtivos, cada vez mais dóceis, cada vez mais produtivos. Talvez, apenas talvez, sejam esses diferentes, esses anormais, que possam nos fazer pensar melhor, refletir e ter ideias, as quais se movimentem em outra direção. Que rompam com essa lógica. Talvez. Mas afinal, quem são estes diferentes, quem são estes anormais? No intuito de dar alguma significância a todo esse palavrório por mim lido e, sabendo que já fora aqui tratado em demasia sobre a Educação e a Psicologia, partirei para as referidas citações. As quais além de serem citações, se querem como provocações, como máquinas de causar incômodo. Incômodo com as nossas - 38 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq práticas, com as nossas profissões, com os nossos pacientes, nossos alunos, com a nossa vida, enfim, conosco mesmo. E depois das citações, sem muitos malabarismos teóricos, partirei para pensar sobre um grupo especifico de anormais: digo, os pichadores. Vamos as citações: 1° Sobre Psicologia: “Cada vez que o desejo é traído, amaldiçoado, arrancado de seu campo de imanência, é porque há um padre por ali. E a figura mais recente de padre é o psicanalista.” Gilles Deleuze e Félix Guattari, Mil Platôs, Vol. 3 2° Sobre Educação: “A professora não se questiona quando interroga um aluno, assim como não se questiona quando ensina uma regra de gramática ou um cálculo. Ela “ensina”, dá ordens, comanda. Os mandamentos do professor não são exteriores nem se acrescentam ao que ele nos ensina. Não provem de significações primeiras, não são a conseqüência de informações: a ordem se apóia sempre, e desde o início, em ordens, por isso é redundância. A máquina do ensino obrigatório não comunica informações, mas impõe à criança coordenadas semióticas com todas as bases duais da gramática (masculino-feminino, singular-plural, substantivo-verbo, etc). As palavras não são ferramentas; mas damos às crianças linguagem, canetas e cadernos, assim como damos pás e picaretas aos operários.” Gilles Deleuze e Félix Guattari, Mil Platôs, Vol. 2 3° Sobre Diferença: “Rosto de professora e de aluno, de pai e de filho, de operário e de patrão, de policial e de cidadão, de acusado e de juiz (“o juiz tinha um ar severo, seus olhos não possuíam horizonte...”): os rostos concretos individuados se produzem e se transforma em torno dessas unidades, dessas combinações de unidades, como esse rosto de uma criança rica no qual já se discerne a vocação militar, a nuca de um aluno da escola militar. Introduzimo-nos em um rosto mais do que possuímos um.” Gilles Deleuze e Félix Guattari, Mil Platôs, Vol. 3 Depois destas falas de Deleuze e de Guattari, com o intuito de deixar algumas questões no ar, passo a tratar de forma mais especifica a questão do diferente e do anormal. E para tal farei a evocação do que venho pesquisando, lendo e tentando escutar, compreender, em meu trabalho acadêmico atual. Vou falar acerca dos pichadores e da pichação. Tema este, o do escrever em muros e ou em paredes, impregnado de controvérsia, mas não pelo ato em si e sim pelo que a nossa sociedade valora, e nossa sociedade diz que é errado – proibido – escrever nestes lugares, nessas plataformas, por isso escrever, nesse caso, é caso de policia, é estar fora da norma, é ser um anormal. Quiçá: um louco, um doente, um demente, um pervertido, um bandido, um pichador. Quero deixar claro que não se trata, de forma alguma, em dizer se isso é bom ou se isto é ruim, se é melhor ou se é pior, trata-se apenas de dizer, de dizer sobre, de fazer dizer. Pois, acredito que seja importante que as coisas sejam ditas. E, recorrendo a Michel Foucault, outro filósofo francês, gostaria de perguntar: qual o problema em dizer algo, em falar algo, em escrever algo? Já que protestei Foucault, vou aqui me apropriar de uma de suas perguntas, a qual está presente em sua obra - 39 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A Ordem do Discurso: “Mas, o que há, enfim, de tão perigoso no fato das pessoas falarem e de seus discursos proliferarem indefinidamente? Onde, afinal, está o perigo?” Pretendo terminar minha fala compartilhando algumas considerações provisórias sobre o que tenho pesquisado a respeito da pichação e dos pichadores, entendendo aqui a pichação como uma forma de escrita e como uma prática cultural, e ainda: o que estes anormais pensam acerca das normas que buscam, a partir da jurisdição, delimitar – impedir, combater e punir – a sua prática. PASSEMOS ENTÃO A ALGUMAS NOTAS E COMENTÁRIOS ACERCA DA PICHAÇÃO: A pichação é uma prática que consiste em escrever nomes, palavras, frases ou desenhos em muros, paredes e prédios usando para isso tinta aerossol spray e ou rolinho de pintura e tinta esmalte. Esta prática é disseminada na maioria das cidades de médio e grande porte. É improvável, se não impossível, andar por cidades como São Paulo, Campinas, São José do Rio Preto, Bauru, e outras, por exemplo, sem nos depararmos com os escritos – ao primeiro contato indecifrável – de múltiplas pichações. Elas estão presentes em muros, casas, escolas, prédios públicos e privados, pontos de ônibus. Por fim: ela mostra-se na cidade de forma indiscriminada. Mas o que querem e o que escrevem os “pixadores”? A partir de trabalhos etnográficos como o de Alexandre Pereira, do departamento de Antropologia da USP, e de Luciano Spinelli, da Sociologia da Sorbone, Paris V, entramos em contato com o mundo da pichação, pois termos como: grife, point, atropelo, grapixo, pixo e ibope nos são apresentados pelos relatos dos próprios pichadores. E são desses relatos etnográficos que partimos para estabelecer alguns entendimentos sobre a pichação e os seus agenciamentos sociais. Veremos então alguns significados. Os pichadores geralmente agem em grupo em andanças pela cidade que levam o nome de rolê, e tem-se por objetivo escrever o nome/apelido (chamado de Tag na linguagem interna) no maior número de lugares. Mas o desafio é: pichar onde for mais difícil e mais visível. Pois o que querem é reconhecimento e status. O pichador que colocar/escrever seu nome (tag) no maior número de lugares possíveis – e de preferência nos quase impossíveis – é o que terá “mais” Ibope. Fica clara a referência que se faz ao conhecido instituto de pesquisa, associando visibilidade com reconhecimento. Os pichadores costumam se reunir para compartilhar ideias, informações, planos/ações e as (entre eles) famosas folhinhas. Estes encontros ocorrem em determinados pontos da cidade, chamados de point, que se configuram como local de troca. Um point pode ser uma praça, uma determinada rua ou avenida, uma escola ou ainda um estacionamento comercial, etc. Geralmente são localizados em regiões de fácil acesso aos pichadores, como perto de estações de metrô, trem e ou terminais de ônibus, pois costumam se reunir praticantes de regiões distantes. O objetivo do pichador é o IBOPE. Ele quer registrar sua tag em uma infinidade de lugares possíveis. De preferência em áreas de grande circulação. Por isso quase sempre as regiões mais pichadas de uma cidade são as centrais e as de comércio. Percebe-se assim que os pichadores não estão apenas interessados em escrever, ou ainda, apenas escrever a esmo pelos muros e ou fachadas dos prédios. Há uma intencionalidade nessa escrita que quer comunicar algo. Pode ser um - 40 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq sintoma. Ou apenas: um mostrar-se. Há mais: esta prática cria agenciamentos sociais. Ela configura grupos, pontos de encontro e de sociabilidade e impulsiona mobilidade, pois é preciso andar/derivar pela cidade (deve-se pichar em diversos cantos/dobras). E toda esta escrita se dá ligada de forma muito peculiar ao corpo. É o corpo que possibilita chegar ao local da escrita e é o corpo que produz a forma desta escrita. E também, é o corpo que, em muitos casos dificulta, sofre as dores e se marca/mancha pela prática. Os pichadores costumam se organizar em grupos para colocarem em prática as suas derivas e as suas escriturações pelos diversos cantos e quebradas da cidade. A associação dos pichadores em agrupamentos similares a gangues tem diversas motivações: força, segurança, mobilidade, diversão. No documentário Dano 163 do gaúcho Luciano Spinelli escutamos um “escritor urbano” evocar o espírito de bando do pichador: “parece que é algo animal, como uma alcatéia, agimos como lobos, atacamos em bando”, percebemos uma fala que se refere à força que os pichadores somam se agrupando para atacar uma parede, um trem, ou outro espaço qualquer a ser codificado pelas garatujas desses jovens-adultos. Partindo dessa constatação, de que os pichadores se aglutinam em grupos, os quais são denominados de grifes, e de gangues, proponho pensar acerca desses dois modelos de coletivo em prol do “pixo”. “A gangue é uma reunião de caras, a grife é uma reunião de gangues”. Se, nos detivermos nestas palavras proferidas por um pichador, presentes no documentário A Letra e o Muro – produzido pelo departamento de antropologia da USP – teremos significativas informações para pensar sobre essas associações. Manifesto que não costumam agir sozinhos é interessante descrever o que vem a ser uma grife e uma gangue. Nas palavras, já citadas, dos pichadores “a grife é uma união de gangues, uma família”. Já a “gangue é uma união de caras, de amigos”. As grifes são “reuniões” de pichadores. Grandes grupos, digamos assim, que levam um nome e servem como uma “marca” a ser escrita ao lado da tag do pichador. Geralmente as grifes são amplos “ajuntamentos” de praticantes da pichação, os quais dificilmente conhecem todos os outros integrantes. Elas servem como uma grife: no sentido de uma marca a ser estampada ao lado do nome do pichador, dando uma maior autoridade a está pixo. As duas grifes mais conhecidas no estado de São Paulo são denominadas de: Os Registrados e Os Mais Imundos. Estas duas marcas têm grande força entre os pichadores nas cidades de São Paulo e Campinas. Elas também disputam entre si para ver qual é o grupo que picha mais e em locais mais arriscados. Seja risco para a integridade física do pichador: cair de um prédio; ou risco legal/jurídico: ser pego pelo dono, por seguranças ou pela polícia. Já as gangues se aglutinam, por motivações operacionais, estas bem menores que as grifes, se formam por conhecidos, geralmente amigos da mesma quebrada. A gangue também recebe um nome, uma tag, e geralmente é formada por cinco, seis ou mais “caras”. Essa agrupação menor tem por objetivo fazer “os corres” para conseguir tinta e outros materiais para as pinturas, além de fazerem todos os rolês juntos, pensar nos picos a serem pichados e nas possíveis associações a outras gangues. A qual seria uma aliança. Um “cara”: uma pixo, uma tag. Um grupo de “caras”: uma gangue. Um grupo de gangues: uma grife. Os pichadores e suas formações saem das quebradas da - 41 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq cidade e rumam aos points, estes geralmente centrais. Das quebradas buscam os lugares de maior movimento para deixar uma marca, um nome, uma garatuja. Só eles decifram. E tudo isso para lograr IBOPE entre seus pares. Status este que se alcança na batalha contra as interdições jurídicas, físicas e policialescas a sua prática. A pichação marca sem ser marcada: pois ser pego pelos policiais não é a regra do jogo. O pichador está em um enfrentamento constante ao aparelho do Estado. Existem nesta (ainda) precária cartografia possibilidades de se pensar este enfrentamento, em sua configuração de bando e de bandos, como uma máquina-deguerra deleuzo-guattariana. A ideia que tenho ao tratar a pesquisa acima abordada é justamente buscar uma fuga do tentador movimento de pedagogizar e de psicologizar. No caso, não cumpre em hipótese alguma, pensar o pichador e a sua ação, a pichação, como algo que deva ser combatido, alguém que deva ser educado, tratado, punido, medicado, castigado, normalizado. Queremos apenas entender, ou melhor, queremos falar, falar sobre, com o intento de deixar falar, pois as vozes são sempre múltiplas, e quem sabe deixemos de alguma forma a voz dos diferentes e dos anormais ter vazão em nossas falas, em nossos textos, enfim, em nossos discursos. Por fim, pode ser que nada disto tenha feito sentido, que nada disto tenha se encaixado. Afinal, esta fala surge mesmo de uma bricolagem esquizofrênica de ideias, de ferramentas e de fogos de artifício. Quem sabe uma imagem-movimento se aproxime mais da possibilidade de tudo isso ter algum significado. Por isso, gostaria de acabar com a exibição de um pequeno filme documental acima citado, trata-se do filme-pesquisa-diferença Dano 163, de Luciano Spinelli, e logo depois abrimos para as contra-provocações de vocês. Bibliografia: DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs Vol. 5. São Paulo: Editora 34, 1997. PEREIRA, A. B. Pichando a cidade: apropriações "impróprias" do espaço urbano. In: MAGNANI, José Guilherme; MANTESE, Bruna. (Org.). Jovens na Metrópole: etnografias de circuitos de lazer, encontro e sociabilidade. São Paulo: Terceiro Nome, 2007. SPINELI, Luciano. Pichação e comunicação: um código sem regra. In: Logos 26: comunicação e conflitos urbanos. Porto Alegre: 2007. - 42 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq IMAGEM CORPORAL - UM ENFOQUE PSICOLÓGICO SOBRE A SUA CONSTITUIÇÃO E DISTORÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE. Henrique Guilherme Scatolin Imagem Corporal Entende-se por imagem corporal a figuração de nosso corpo formada em nossa mente; ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós. O esquema corporal (também compreendido como imagem corporal) é a imagem tridimensional que todos têm de si mesmo. Assim, Schilder releva que “ao estudarmos a imagem corporal, devemos abordar o problema psicológico central da relação entre as impressões de nossos sentidos, nossos movimentos e a motilidade em geral.”17 O esquema corporal está em perpétua autoconstrução, vive em contínua diferenciação e integração. O modelo postural do nosso corpo se relaciona com o modelo postural dos corpos dos outros. A experiência da nossa imagem corporal e a experiência dos corpos dos outros estão intimamente interligadas. De outro lado, as emoções, as ações e percepções são inseparáveis da nossa imagem corporal. Contribuem para a construção da nossa imagem corporal. A Estrutura Libidinal da Imagem Corporal. Na estrutura global do esquema corporal, as zonas erógenas terão um papel principal. Ou seja, podemos supor que a imagem corporal, durante a fase oral do desenvolvimento, estará centrada na boca e, na fase anal, no ânus. O fluxo libidinal da energia influenciará grandemente a imagem corporal. E durante a construção da imagem corporal, haverá uma interação contínua entre o ego e o id. A enorme importância psicológica de todos os orifícios do corpo está presente desde o nascimento. Através da boca ingerimos os alimentos. E na fase adulta, por meio de certas cavidades ejetamos urina, produtos sexuais, fezes e ar. Os próprios órgãos forçam o indivíduo a um contato contínuo com o mundo externo, e não há dúvida de que, ao menos em parte, descobrimos nosso corpo através destes contatos. A superfície corporal também é uma zona erógena. A pele é facilmente irritável e, conseqüentemente, é um órgão de irritação. Há sensações contínuas que levam a criança se tocar ou a fazer as pessoas a sua volta tocarem a sua pele. De outro lado, a diferença das estruturas libidinais se refletem na estrutura do modelo postural do corpo. Os indivíduos nos quais um desejo parcial se encontra aumentado sentirão determinado ponto do corpo, a zona erógena particular pertencente ao desejo, no centro de suas imagens corporais, como se a energia fosse acumulada em determinados pontos. Há linhas de energia conectando os diferentes pontos erógenos e teremos variações na estrutura da imagem corporal, segundo as tendências psicossexuais do indivíduo. Para Schilder, toda zona erógena possui linhas de extensão típicas. A zona anal se estende para as costas. A boca, geralmente, se estende para o plano interior. Ou seja, a parte interna das mãos, da boca e da região genital podem servir de substitutas umas das outras. 17 SCHILDER, Paul. A Imagem Corporal, p.15. - 43 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq É impossível estudar a estrutura libidinal da imagem corporal isoladamente. Ela é parte integrante da história vital interna do indivíduo e, para compreendê-la, é preciso estudar o desenvolvimento libidinal desde a infância. Assim, o conhecimento de nosso corpo é desenvolvido com base no contato continuamente renovado com o mundo externo desde a infância. Há também uma tendência a manter as suas partes unidas e a dissipá-las por todo o mundo. Assim, o movimento e a expressão pertencem as fases destrutivas no contínuo processo de mudança do modelo postural do corpo. Schilder aponta que uma imagem corporal sempre é, de algum modo, a soma das imagens corporais da comunidade, de acordo com os diversos relacionamentos na comunidade. O relacionamento com a imagem corporal dos outros é determinado pelo fator de proximidade, de distância, como também pelo fator de proximidade e distância emocional. Para Schilder “as imagens corporais são muito próximas umas das outras nas zonas erógenas e estão intimamente ligadas através destas zonas. A transferência de certas zonas erógenas refletem no relacionamento social com outras imagens corporais”18 . Assim, uma discussão da imagem corporal como entidade isolada é necessariamente incompleta. Um corpo é sempre a expressão de um ego e de uma personalidade, e está num mundo. Mesmo uma resposta preliminar ao problema do corpo não pode ser dada, a menos que tentemos uma resposta preliminar sobre a personalidade e o mundo. Referencia Bibliográfica. SCHILDER, Paul. A Imagem do Corpo: As Energias Construtivas da Psique. São Paulo: Martins Fontes, 1994. 18 Idem, p. 261. - 44 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq " CARCINOGÊNESE: O IMPACTO DO SÉCULO XXI E SUAS PERSPECTIVAS TERAPÊUTICAS" 1 Carlos Fernando dos Santos1 Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Patologia, São Paulo, Brasil. Resumo O câncer de uma forma geral tem início em uma única célula que perde o controle de seu processo de replicação e crescimento, não tendo uma exatidão nos checkpoints durante as fases de interfase e mitose. Os avanços biotecnológicos principalmente quando se trata da área de Biologia Molecular, se tornaram pontoschave no melhor entendimento dos mecanismos celulares. Um equilíbrio entre a proliferação e a morte celular e também uma diferenciação celular apropriada definem bem o processo que envolve a manutenção da integridade celular que ainda pode sofrer alterações genéticas e epigenéticas que estão intimamente ligadas ao evento de carcinogênese (FERRAZ et. al., 2010). As alterações genéticas inicialmente caracterizadas por presença de mutações, estas mutações são progressivamente passadas de uma célula-mãe para célula-filha durante a replicação celular, sendo assim o câncer prolifera. Já alterações epigenéticas não modificam o código genético, mas também repassam as informações da célula-mãe para célula-filha, que altera conseqüentemente a expressão gênica, através de processos como: metilação e acetilação do DNA e histonas, micro RNA e estabilidade do DNA são exemplos de alterações epigenéticas (WCRF/AICR 2007). Esses dois tipos de alteração são influenciados por fatores ambientais. Muitos estudos relacionados à influência dos fatores ambientais como, por exemplo, a exposição aos metais pesados, têm relatado efeitos tóxicos e cancerígenos em seres humanos e animais . Por várias décadas os metais foram pouco utilizados no cotidiano dos seres humanos; e isto se deve, em sua grande maioria, ao simples desconhecimento de sua melhor aplicabilidade, devido a propriedades intrínsecas dos metais até então inexploradas. Como resultado, alguns desses metais, principalmente os de transição, foram mal utilizados, ocasionando sérios riscos ao meio ambiente e à população. Porém, hoje em dia, boas partes desses metais já tiveram suas propriedades físico-químicas elucidadas e bem caracterizadas, dispertando na ciência e na indústria um interesse maior sobre eles. O desenvolvimento de novas tecnologias que utilizam metais pesados como matéria-prima e a necessidade de produção de materiais mais baratos fizeram com que a exploração dos mesmos se tornasse cada vez mais intensa e descontrolada. Ao mesmo tempo, o despejo de resíduos industrial e urbano contendo concentrações elevadas de metais passou a representar grande perigo à população, havendo um aumento nos índices de metais em contato diário com os seres vivos. Outro fator importante da contaminação do meio ambiente por metais pesados é a demora das autoridades em legislar e fiscalizar indústrias que se utilizam desses metais, assim como o vagaroso processo de conscientização da população. Como já amplamente descrito, é senso comum que concentrações tóxicas de metais pesados podem ocasionar danos celulares irreversíveis ou até a morte celular. Portanto, faz-se cada vez mais necessário o estudo dos danos causados por - 45 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq estes metais aos organismos, bem como a identificação dos limites prejudiciais dos mesmos aos seres vivos. A maioria dos efeitos tóxicos dos metais ocorre devido ao acúmulo de radicais livres. Os radicais livres têm um importante papel na patogênese de várias doenças humanas como doenças neurodegenerativas, envelhecimento e até mesmo o câncer. A fim de tentar minimizar ou até mesmo obter-se uma forma de cura, pesquisadores estão em constante busca de novas terapias para o temido câncer, por isso novas biomoléculas estão sendo testadas como terapias-alvo, que através de pequenas moléculas e anticorpos monoclonais, poderiam ter a ação no bloqueio das principais formas de manutenção do câncer, que são as moléculas de adesão, receptores de crescimento e as principais vias anti-apoptóticas, contribuindo com os pontos-chave desta patologia. Autor: -______________________________________ Carlos Fernando dos Santos Biomédico Habilitado em Bioquímica e Biologia Molecular Especialista em Bioquímica Mestrando em Patologia Investigativa Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP/EPM E-mail: [email protected] http://lattes.cnpq.br/5993488325073392 - 46 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq “A SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA” Prof. Ms. Maria Teresa Volpato Dias A minha primeira experiência com deficiente foi quando eu era criança, meu pai, nascido em 1938, normal e por volta de 6 meses de idade, caiu de uma mureta, pois era cuidado por uma tia que era uma criança também. Minha avó, viúva, único filha tinha que trabalhar e ajudar no sustento da casa e na saúde de meu pai. Com o tombo meu pai teve um problema na coluna que o deixou sem andar, afetou a coluna que sofreu uma calcificação. Passou a não andar mais e foi desenganado pelos médico da época. Minha avó lutou muito por este filho. Trabalhava numa fábrica de cobertores e chapéus como costureira e à noite ia pra casa e costurava, fazendo roupas para ganhar um pouco mais. Enquanto costurava,deixava seu filho num acolchoado próximo a máquina de costura até que um dia, meu pai começou a se levantar apoiando-se nos pés da máquina de costura, assustando a mãe. Assim, meu pai ficou em pé, mas com as mãos nos joelhos. Aos 7 anos de idade minha avó o colocou na escola regular, pois naquela época não havia escola especial. Na escola não sofreu problemas, pois sua inteligência se sobressaia, porém, como toda criança queria jogar futebol com os colegas da escola, mas como não andava normal os amigos o recusaram e disseram que quando ele andasse como gente normal poderia fazer parte do time. A vontade de jogar futebol era imensa, até que ele conseguiu tirar as mãos dos joelhos e mesmo com a calcificação na coluna, estrábico e todo torto, conseguiu jogar futebol, e viver a vida como um criança normal. Mas devido a sua deficiência recebeu muitos “ nãos” ao procurar trabalho, assim, minha avó resolveu investir em seus estudos. Ele formou-se em Técnico em Contabilidade e mesmo passando em vários testes de emprego não era aceito, até que um dos bancos o extinto Comind o aceitou e este foi seu primeiro emprego. Logo depois prestou o concurso do Banco do Estado de São Paulo ( BANESPA) e passou em segundo lugar. Começou a trabalhar na cidade de Conchal, fez muitas amizades e vivia a vida com um jovem qualquer. Depois consegui ser transferido para limeira, sua cidade natal onde permaneceu até se aposentar. Constituiu uma família, teve quatro filhos e todos são normais, sem qualquer deficiência , e estudados. Seu sonho era ser advogado , então, com o apoio da esposa terminou a faculdade de direito e após a aposentadoria começou sua profissão como advogado e exerce até hoje. Tem 72 anos de idade e até fez uma Pós-Graduação após os 65 anos de idade. Um exemplo de superação. A segunda experiência foi com meu primo Arlindo, que nasceu com Síndrome de Down, numa família muito pobre e sem informações, sem acesso a qualquer tipo de escola. De família muito humilde, morava numa olaria na cidade de Pirassununga e foi tratado como uma criança por todos. Não teve acesso a nenhum tipo de tratamento, acompanhamento,ninguém entendia sua fala, somente seus pais, mas era muito querido por todos. Morreu aos 48 anos de idade de infarto, analfabeto e nunca freqüentou qualquer tipo d escola. A terceira experiência foi quando eu já estava como coordenadora pedagógica numa escola particular na cidade de Limeira. Essa escola tinha um diferencial, pois era uma escola regular, porém, sempre trabalhou com alunos com necessidades educacionais especiais. Fui professora por 4 anos e depois assumi a coordenação pedagógica da escola. Lá chegou uma criança com 5 anos de idade e - 47 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq com Síndrome de Down, foi onde a direção pediu que eu fizesse a avaliação do mesmo para poder saber em que turma iríamos colocá-lo. Estava me formando em Psicologia e fiz algumas atividades com este aluno, que apresentou ter condições de freqüentar a turma de 4 anos e ali ficou. Acompanhou a turma e foi evoluindo, mas sempre respeitando seus limites. Até terminar o ensino infantil, foi tudo bem, sem problemas. Quando iniciou o ensino fundamental, período de alfabetização, teve grandes dificuldades, mas era uma aluno que tinha apoio de vários profissionais: fonoaudióloga, dentista, cardiologista, nutricionista, fisioterapeuta. Praticava esportes e tinha acompanhamento psicopedagógico no período oposto da escola regular. Pedro, este é o seu nome, foi evoluindo na alfabetização até que a família mudou-se para a Itália por conta de um projeto do pai que foi aprovado. A família mudou-se para a Itália e ficaram um ano por lá. Ao retornar, iniciamos um trabalho psicopedagógico novamente e este voltou para a mesma escola onde cursou até a 4 série. Eu fui a professora da 4 série com diversos alunos e com o Pedro, com Síndrome de Down. Nada era feito diferente para o Pedro, as mesmas atividades dadas aos demais era dado a ele, a única coisa que modificava era o objetivo da atividade, com isso Pedro ficava na sala, se interagia, fazia as lições e se sentia importante naquele grupo. Como professora estive sempre em contato com as especialistas que trabalhavam com ele. Na 5 série Pedro tinha que mudar de escola, pois a mesma só oferecia até a 4 série do ensino fundamental. Eu, seu s pais procuramos várias escolas regulares que pudessem aceitar o Pedro, mas enfrentamos muitas dificuldades, porém, encontramos uma que estava mais disposta a enfrentar o desafio, assim, Pedro iniciou na nova escola, mas o mesmo não ficava em sala de aula, não sentia que as atividades era significativas e como não entendia nada, ia para o laboratório de informática onde era “expert”. Os professores, sem saber o que fazer, nada faziam. Até que a mãe começou a cobrar da escola a sua aprendizagem, mas a mesma estava mais preocupada em saber se ele estava integrado ao grupo do incluído, sua aprendizagem ficou em segundo plano. Dessa forma fui contratada pela mãe para poder dar orientações aos professores da escola. Os mesmos respondiam que não foram formados para trabalhar com um criança como ele e estava resistentes. Aos poucos conseguimos que os professores de Português e Matemática pudessem fazer algum trabalho diferenciado , demonstrando resultados positivos, porém, os demais professores só reclamavam e nada faziam para ajudar o Pedro na escola. No final do ano os pais mudaram de escola e as mesmas dificuldades foram encontradas. A família mudou-se para Campinas e os pais decidiram contratar um pedagoga para alfabetizá-lo e começou a aprender outros ofícios na Fundação Síndrome de Down. Este caso não obteve sucesso na inclusão. Hoje Pedro está inserido no mercado de trabalho, realizando atividades com computadores e realizando outras atividades, com artes, pois tem muito talento para isso. O caso do Pedro me incomodou muito, assim, resolvi fazer um projeto para o Mestrado e dei início a esta etapa da minha vida. Neste período ( ano de 1999), participei de um Seminário Internacional com italianos que procuraram expor a experiência italiana em relação ao trabalho realizado com deficientes. Ao ter contato com os italianos, pude apresentar meu projeto de mestrado , assim, recebi um convite para visitar e conhecer a realidade italiana. Em 2000 estive na Itália realizando um trabalho de observação sobre as pessoas com deficiência e seu percurso, desde o nascimento até a entrada no mercado de trabalho. - 48 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Ao retornar para o Brasil, enfrentei dificuldades em poder colocar algumas coisas em prática, assim, dei andamento aos meus estudos de mestrado. Em 2007 concluí o trabalho e comecei a palestrar sobre essas experiências. Durante a pesquisa constatei que Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)15, nascem no Brasil, cerca de oito mil bebês com síndrome de Down por ano, e um número muito expressivo deles possui mães com menos de 35 anos de idade. Perante esses dados estatísticos, uma polêmica se instaura, pois leva a crer que há mais casos de síndrome de Down em mães mais jovens do que em mães com mais de 35 anos, derrubando a tese de que quanto mais idade a mulher tiver, maiores serão os riscos para o bebê. No entanto, a explicação para esses resultados parece estar no fato de a mulher mais jovem procriar mais freqüentemente, aumentando a incidência de casos. De acordo com os resultados do Censo 2.000, do IBGE, cerca de 14,5% da população brasileira tem algum tipo de deficiência física ou mental, tratando-se de uma população de 24,5 milhões de pessoas. Dentro deste grupo, estima-se que haja, entre os 170 milhões de brasileiros, cerca de 300 mil pessoas portadoras da Síndrome de Down. Verifica-se que o exame de amniocentese é importante para detectar se a criança poderá nascer com a síndrome de Down, se este for afirmativo, poderá ajudar a realizar um trabalho de conscientização de pais e familiares e também de apoio a eles quanto ao esclarecimento sobre a síndrome, o desenvolvimento da criança, as dificuldades que poderão encontrar, os direitos que as pessoas com a deficiência têm na sociedade, e conseqüentemente, a diminuição da angústia dos familiares . O SUS garante esse exame gratuitamente a todas as gestantes, porém nem todas sabem de seus direitos. Mas o que é a síndrome de Down? Os estudos e trabalhos sobre as pessoas com síndrome de Down surgiram por volta do século XX, e a cada dia pesquisas inovadoras surgem para contribuir na evolução de estudos sobre o tema. Os deficientes mentais eram tratados como um único grupo homogêneo, medicados da mesma maneira pelos médicos que não levavam em conta as causas da deficiência, que podem ser inúmeras e ocorrer durante a gestação, no momento do parto e após o nascimento. Naquela época, a medicina não possuía conhecimentos suficientes para entender que a redução de inteligência poderia representar um sinal comum a muitas situações bastante variadas, decorrentes de alterações no sistema nervoso. Em 1866, o cientista inglês John Langdon Down fez uma descoberta sobre um grupo de crianças muito parecidas entre si e que lembravam a população da Mongólia, desta maneira pôde perceber que essas crianças faziam parte de um grupo distinto entre as pessoas com deficiência mental e sua descrição física e clínica sobre esse grupo de pessoas é válida até os dias atuais. Brian Stratford descreve que ao levar em conta a aparência oriental dessas crianças e sua deficiência mental, John Langdon Down deduziu que as crianças regredindo a um tipo racial mais primitivo, dando-lhes o nome de mongolian idiots. Essa denominação sofreu uma série de mudanças e chegou ao Brasil como “idiotas mongolóides”. - 49 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Os profissionais da saúde e educação, pais e cientistas têm procurado não permitir que a pessoa com síndrome de Down seja chamada de mongolóide, de mongo ou de mongol, por considerarem o termo pejorativo não só para as pessoas com a síndrome como também para a população da Mongólia. No século XX, o cientista francês Jerome Lejune, no ano de 1958, descobre a verdadeira causa da Síndrome de Down, a qual se trata de um acidente genético, ou seja, a pessoa apresenta 47 pares de cromossomos ao invés de 46, que é o normal, assim este cromossomo extra encontra-se no par 21 e, por isso, a síndrome também é conhecida como trissomia do par 21. O nome Síndrome de Down foi uma homenagem de Lejune ao médico inglês Langdon Down que foi o primeiro a chamar a atenção da sociedade para a existência deste grupo de pessoas. O significado da palavra síndrome, refere-se a um conjunto de sintomas que caracterizam um quadro clínico e, no caso da síndrome de Down, um dos sintomas é o comprometimento intelectual devido ao excesso de material genético e as anormalidades cerebrais. As crianças com síndrome de Down, normalmente possui um cérebro menor, tendo reduzido o número de células nervosas e algumas funções quimioneurológicas são diferentes. Isso tudo acontece pela presença do cromossomo extra em todas as células, inclusive nas cerebrais, assim como outros tipos de comprometimentos como as alterações da imagem, por exemplo. Crianças com Down podem apresentar dedos curtos, pregas nas mãos, olhos um pouco mais puxados, orelhas pequenas, além de outras características.As crianças apresentam hipotonia, ou seja, redução da força muscular, que pode levar a uma lentidão no desenvolvimento motor;cardiopatias congênitas, ou más-formações cardíacas que, na maioria dos casos, só são resolvidas com cirurgia; o pulmão e os brônquios são mais fracos, o que predispõe à doenças respiratórias. Outros órgãos também podem apresentar funcionamento irregular. O intestino fica mais ressecado e a vesícula biliar não se contrai adequadamente; os ligamentos são mais frouxos e a criança tem maior flexibilidade, podendo ocorrer riscos de acidentes e fraturas, devido às articulações não se manterem estáveis, principalmente as dos pés, joelhos, coluna cervical, coxa e bacia. Cerca de 99% das pessoas com síndrome de Down têm problemas de visão e, de 10 a 30% apresentam falhas na audição, por isso é indicado que essas crianças façam consultas com oftalmologista anualmente. A expectativa de vida das pessoas com síndrome de Down vem aumentando nos últimos anos devido ao avanço da medicina. Em 1947, a expectativa de vida era entre 12 e 15 anos; em 1989, subiu para 50 anos. Atualmente é cada vez mais comum pessoas com Down chegarem aos 60, 70 anos de idade, ou seja, uma expectativa de vida muito parecida com a população geral. Segundo as pesquisas, até o presente momento, não há nada que se possa fazer no sentido de a pessoa deixar de ter a síndrome, nem mesmo a existência de vacinas, drogas ou outros tratamentos. A estimulação precoce, uma boa educação, envolvimento e treinamento vocacional poderão ajudar essas pessoas a ter uma vida melhor, pois as possibilidades de prevenção da síndrome de Down são mínimas, mas alguns médicos têm relatado que a ingestão de ácido fólico pode diminuir o risco da trissomia do 21 e de outros tipos de má- formação na criança. - 50 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A síndrome de Down ocorre em todas as raças, em qualquer classe social, e em todos os países. Não há uma relação entre alimentação ou doenças com a síndrome de Down. De acordo com uma pesquisa realizada em 1999 pela Federação das Associações de Síndrome de Down, a única realizada no Brasil até o momento, "quase 80% das pessoas com Síndrome de Down freqüentavam a escola no momento da pesquisa. Quanto à natureza dos estabelecimentos de ensino mais freqüentados: 30% dos estudantes freqüentam escolas especiais públicas e 24%estão em escolas especiais privadas. Observa-se pois, que mais da metade dessas pessoas estão em escolas especiais, o que não coaduna com a tendência mundial para Educação Inclusiva." Na efervescência das discussões a respeito da Inclusão, tais dados são reveladores e ganham ainda mais importância neste momento de afirmação das práticas e teorias que a fundamentam. Falar desta para pessoas com Síndrome de Down significa entender que seu grau de desenvolvimento e socialização pode ser bastante satisfatório quando os mesmos passam a ser vistos como indivíduos capazes de fazer parte de um mundo designado para habilidosos e competentes. A pessoa com Síndrome de Down é capaz de compreender suas limitações e conviver com suas dificuldades, "73% deles tem autonomia para tomar iniciativas, não precisando que os pais digam a todo momento o que deve ser feito." Isso demonstra a necessidade/possibilidade desses indivíduos de participar e interferir com certa autonomia em um mundo onde "normais" e deficientes são semelhantes em suas inúmeras diferenças. A isso chamamos de Inclusão, em que estes indivíduos são assegurados por diversas legislações, mundiais, federais, estaduais. A Declaração Mundial de Educação Para todos: discute a viabilização de educação para todos, redimensionando o conceito de necessidades educativas especiais, propondo a universalização do acesso à educação e promoção da eqüidade, eliminando preconceitos de qualquer natureza, atendendo as pessoas portadoras de deficiência em suas necessidades básicas de aprendizagem, garantindo, assim, como parte integrante do sistema educativo, a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência. Observa-se que nesta declaração de educação para todos, o termo deficiente é excluído, utilizando-se a expressão “pessoa portadora de deficiência”, demonstrando que essas pessoas podem ser equiparadas a cidadãos, pessoas comuns com direitos e deveres e com capacidade para produzir na sociedade em que vivem. Em relação às políticas para a melhoria do ensino básico, o Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem85 recomenda atenção especial “aos educandos e seu processo de aprendizagem; o papel dos educadores, administradores e outros; o currículo e a avaliação da aprendizagem; os materiais didáticos e as instalações”. Esta recomendação foi muito importante para a pessoa com deficiência, que necessita de serviços profissionais, materiais especializados, currículo adequado, arquitetura de prédios adequada, no sentido de ter os seus direitos assegurados como qualquer cidadão - 51 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Na Declaração de Salamanca (1994) os delegados reafirmam o compromisso com a educação para todos, reconhecendo a necessidade do ensino para todas as crianças, jovens e adultos, acontecer no ensino comum de educação. Destacam que a “tendência da política social”, durante as duas décadas passadas, foi a de “fomentar a integração e participação e a de lutar contra a exclusão”, e que o princípio básico que deve conduzir as escolas integradoras é o de que “todas as crianças” devem, sempre que possível, aprender juntas, independente de suas dificuldades e diferenças. A Declaração salientou que: a escolarização de crianças em escolas especiais – ou classes especiais na escola de caráter permanente – deveria ser uma exceção, só recomendável naqueles casos, pouco freqüentes, nos quais se demonstre que a educação nas classes comuns não pode satisfazer às necessidades educativas ou sociais da criança, ou quando necessário para o bemestar da criança ou das outras crianças. Observa-se na Declaração uma proposta em que as escolas especiais funcionem como centros de recursos para as escolas que trabalham com a inclusão das crianças portadoras de deficiência e que, possam formar as pessoas das escolas comuns no que concerne à adaptação dos conteúdos e métodos. A convenção da Guatemala surgiu posteriormente às Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/9693, e como toda lei, acaba com as disposições anteriores que são contrárias ou complementa algumas omissões. o Brasil é “signatário desse documento”, que foi aprovado pelo Congresso Nacional por meio do decreto nº 198, de 13 de junho de 2001, e promulgado pelo Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001, da Presidência da República. Verifica-se que este documento tem, no Brasil, tanto valor quanto outra lei qualquer, ou até mesmo como norma constitucional, já que se refere a direitos e garantias essenciais da pessoa humana, estando acima de leis, resoluções e decretos. Com este documento há a necessidade de se fazer uma reinterpretação da LDB porque, esta, quando aplicada em desconformidade com a Constituição, pode aceitar diferenciações com base em deficiência, implicando assim, em restrições ao direito de acesso de um aluno com deficiência ao mesmo ambiente que os outros colegas que não são deficientes. A Constituição Brasileira de 1988, aborda o direito a todos à educação. Esse direito deve apontar “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.Fala da “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” A LEI nº 7.853, 24/10/1989 dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios; - 52 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O Estatuto da Criança e do Adolescente: ( SE/CENP, 1990) prevê o atendimento educacional especializado à pessoa portadora de deficiência, também preferencialmente no ensino regular. A L.D.B., 9.394/1996 descreve o “atendimento educacional especializado gratuito aos portadores de necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”. Prevê que, quando necessário haverá serviços de apoio especializado na escola regular, para atendimento das peculiaridades da clientela da educação especial. Afirmam que os sistemas de ensino deverão assegurar currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, par atender às suas necessidades como também professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns. Observa-se que as normas federais obedecem às recomendações internacionais, incluindo as pessoas com deficiência no sistema comum de ensino, como também propõem a verificação da importância de profissionais qualificados, métodos e técnicas, recursos educativos para o atendimento as pessoas com deficiência e suas necessidades. A LDB ainda apresenta a educação especial como uma modalidade do sistema educacional, afirmando ser mais adequado considerar a educação especial como “todos os recursos e serviços educativos que podem contribuir para o processo de aprendizagem dos alunos com necessidades educativas especiais”. Para ela a educação especial “se traduz por práticas pedagógicas que correspondam à diversidade do alunado no contexto de uma escola para todos”, visando oferecer respostas educativas no processo da construção da cidadania de todos os alunos. Afirma que é muito difícil atender as necessidades individuais em turmas de 28 a 40 alunos, como ocorre no sistema educacional brasileiro, e que outra dificuldade é a falta de recursos humanos para fazer a orientações aos professores. A Constituição do Estado de SP ( 1988) inclui dispositivos específicos destinados a garantir os direitos das pessoas com deficiência. O poder público organizará o sistema educacional de ensino, “[...] abrangendo todos os níveis e modalidade, incluindo a especial, estabelecendo normas gerias de funcionamento para as escolas públicas estaduais e municipais, bem como para as particulares” Afirma-se que o Poder Público “oferecerá atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” No ano de 1991, foi decretado sob o número 33.8231, pelo Governo do Estado de São Paulo, o Programa Estadual de Atenção à Pessoa Portadora de Deficiência, visando implantar e implementar projetos e medidas de atendimento às necessidades básicas e especiais das pessoas portadoras de deficiência em várias áreas, incluindo a educação. Em 1995, por meio da lei número 9.167, o Governo Estadual apresenta o Programa Estadual de Educação Especial, que prevê em seu artigo 2: I - inclusão de disciplinas relativas à educação especial nos currículos dos cursos de formação para o Magistério. - 53 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq II - criação de cursos de preparação de pessoal especializado na educação ligada às diferentes áreas de deficiência. III - Realização de pesquisas e estudos sobre métodos e técnicas, conteúdos e equipamentos adequados à Educação Especial. IV - Interiorização da Educação Especial. Verificamos que temos leis que asseguram os direitos, porém, ainda não podemos afirmar que no Brasil a legislação é aplicada de forma correta pelas escolas e pelo poder público. O papel do Professor é o de tomar consciência de sua importância e da função que desempenha perante este momento tão importante. Como se vê, é na relação concreta entre o educando e o professor que se localizam os elementos que possibilitam decisões educacionais mais acertadas, e não somente no aluno ou na escola. O sentido especial da educação consiste no amor e no respeito ao outro, que são as atitudes mediadoras da competência ou da sua busca para melhor favorecer o crescimento e desenvolvimento do outro. Ter acesso aos outros profissionais, como fonoaudiólogos e fisioterapeutas envolvidos no desenvolvimento deste indivíduo, podem também trazer contribuições significativas para as ações do professor em sala de aula. Em que pese os esforços da instituição objeto da Pesquisa e, até mesmo, pessoais dos entrevistados, a análise da Pesquisa revela, entre os profissionais envolvidos com o processo de inclusão do portador da SD, por vezes alguma desinformação, outras vezes a informação distorcida. Tal constatação aponta, necessariamente, para um melhor planejamento da formação dos recursos humanos, entende-se profissionais envolvidos, com vistas a criar uma cultura de base a respeito da Síndrome e outros tipos de deficiência e, também, dos referenciais teóricos tocantes à inclusão, que permita, uma vez combinada organizadamente com o conhecimento e a experiência prática desses educadores, alcançar novos patamares de qualidade no decorrer do processo de inclusão. A evolução do processo torna-se mais evidente e significativa na medida em que o profissional toma posse dos conhecimentos, sente-se mais seguro e confiante para compreender os limites individuais, independente até das necessidades especiais que os alunos possam apresentar, e consegue explorar as potencialidades que os mesmos certamente possuem. A Educação Especial ainda funcionava como um serviço paralelo e distanciado, com métodos e profissionais próprios. As escolas e classes especiais, por sua vez, continuaram sendo espaços de segregação para todos os alunos que não se enquadravam no sistema regular de ensino. Para que a proposta inclusiva aconteça, parece-nos necessária a sua articulação estreita com a Educação Especial e todas as demais áreas da Educação. Essa “interdisciplinaridade” pode ser a “chave” para a efetivação de uma escola inclusiva que atenda a todos os alunos independentemente de suas peculiaridades. O Sistema Educacional Brasileiro atualmente, no ensino regular, a criança deve adequar-se à estrutura da escola para ser integrada com sucesso. O correto seria mudar o sistema, mas não a criança. No ensino inclusivo, a estrutura escolar é que se deve ajustar às necessidades de todos os alunos, favorecendo a integração e o desenvolvimento de todos, tenham NEE ou não" . Mas ainda existe a idéia de normalização do aluno. - 54 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Diminuir o número de alunos em sala de aula poderia ser um ganho para todos, a mudança no sistema de avaliação que ainda se exige as notas e médias para que a aluno seja aprovado. E o que verifica-se é que estão aprovando automaticamente todos os alunos e aqueles com deficiência ainda possuem apenas a média para que não sejam reprovados, sem levar em conta sua evolução e ter a média merecida por isso. Não há políticas públicas de investimento à educação das pessoas com Síndrome de Down, posto que nem a legislação e declarações que fundamentam o movimento de inclusão não bastam para que esta seja efetivada. Importantes documentos internacionais afirmam e fundamentam a prática da educação inclusiva, mas no cotidiano das escolas da cidade de Limeira verifica-se uma discrepância entre a legislação vigente e o que é efetivamente realizado. As leis concernentes a educação, propõem e viabilizam melhorias no ensino, mas o que temos na realidade, é que a grande parte das escolas estão longe de se atenderem a legislação da chamada inclusão escolar, ou seja, aberta a todos os alunos independente de sua deficiência. - 55 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq STRESS: CONCEITO E CONSIDERAÇÕES Mônica Ferreira da Silva O termo Stress foi usado inicialmente na física para traduzir o grau de deformidade sofrido por um material quando submetido a um esforço ou tensão que pode levar à sua deformação ou quebra. Mais tarde foi utilizado na medicina e biologia, significando esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que considere ameaçadoras a sua vida e ao seu equilíbrio interno. Stress é definido, portanto, como uma resposta do organismo, com componentes físicos e ou psicológicos, causada pelas alterações psicofisiológicas que acontecem quando uma pessoa se depara com uma situação que de alguma maneira, a irrite, confunda, amedronte ou excite. O processo de stress se desenvolve ao longo de quatro fases (alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão) em ordem de gravidade dos sintomas que se manifestam sendo que o elemento primordial necessário para o seu desencadeamento é a necessidade de adaptação a algum fato ou mudança, já que o stress por si só não pode ser considerado uma doença. A baixa resistência causada pela permanência de um “estressor” na vida do indivíduo, faz com que este venha a adquirir doenças oportunistas que se desenvolvem a partir do stress e afetam órgãos-alvo de acordo com a predisposição genética e comportamental. Alguns padrões de comportamento, por exemplo, podem aumentar ou diminuir a probabilidade do desenvolvimento de stress, isso significa que alguns indivíduos são mais vulneráveis, já que o modo de resolver problemas, a assertividade, as crenças e o padrão de ansiedade são fatores diretamente relacionados ao stress. Uma pessoa com crenças irracionais e pensamentos disfuncionais acerca de situações do dia-a-dia pode apresentar mais ansiedade e conseqüentemente maior probabilidade de desenvolver stress e doenças a ele associadas. - 56 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq STRESS DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO: CONSEQÜÊNCIAS E PREVENÇÃO Luiz Ricardo Vieira Gonzaga Alguns indivíduos em fase estudantil estão sujeitos ao stress emocional devido as grandes adaptações que são levados a fazer durante a transição e/ ou curso de seu desenvolvimento no meio universitário. O ajustamento a essas mudanças vai requerer do indivíduo, em geral, uma desenvolvida capacidade adaptativa havendo, possivelmente, a necessidade de mobilização de energia física, mental e social para que essa adaptação ocorra. Por outro lado, nem todos que passam por essa fase adaptativa são submetidos criteriosamente ao mesmo nível de sintomatologia do stress. O Stress é uma resposta do organismo, com componentes físicos e ou psicológicos, causadas pelas alterações psicofisiológicas que acontecem quando uma pessoa se depara com uma situação que de alguma maneira, a irrite, confunda, amedronte ou excite. O processo de stress se desenvolve em quatro fases: alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão em ordem de gravidade dos sintomas que se manifestam sendo que o elemento primordial necessário para o seu desencadeamento é a necessidade de adaptação a algum fato ou mudança. Este trabalho teve como objetivo investigar os estressores internos e externos de jovens universitários, a busca de estratégias de adaptação e enfrentamento que eles buscam e métodos preventivos ao stress excessivo; referenciado pela literatura especializada do tema. Sendo assim, saber como o stress atua no jovem universitário, que sintomas são mais prevalentes e quais estressores externos estão presentes neste meio é de suma importância para todos os profissionais e, principalmente, para a instituição que atua com este segmento. - 57 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq STRESS OCUPACIONAL DO PROFESSOR Ana Paula Justo O stress ocupacional é desencadeado por etressores externos existentes no ambiente de trabalho, como: reconhecimento, remuneração, estilos de supervisão, higiene e segurança, clima humano, condições físicas do ambiente de trabalho, excesso de trabalho, assédio moral, etc. Mas também pode ser potencializado pelas próprias características pessoais do empregado, como: valores, expectativas e preocupações. Estudos que investigaram o stress ocupacional de algumas profissões revelaram alto nível em professores. O ambiente acadêmico tem se destacado em relação à ocorrência de situações estressantes comprometendo o desempenho, tanto pessoal quanto profissional, do docente, além dos prejuízos a saúde. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, o stress é uma das principais causas de abandono da profissão de docente, sendo considerada uma profissão de risco físico e mental. Alguns fatores presentes na rotina de trabalho do professor são apontados como fontes significativas de stress, sendo eles: precariedade dos recursos didáticos; as normas e procedimentos administrativos inadequados e com excessivas funções burocráticas atribuídas ao docente; alto nível de atenção e concentração para a realização das atividades; excesso de trabalho e pressão em relação o pouco tempo para realizar um conjunto de tarefas diversificadas e urgentes; relacionamento interpessoal e conflitos entre professor e alunos; desinteresse do aluno; condições físicas deficitárias das instalações e, principalmente, salário insuficiente. A necessidade do uso dos recursos tecnológicos nas atividades do docente, também é apontada como estressor. Em decorrência deste ambiente ocupacional, o trabalho do professor também oferece condições propícias ao desenvolvimento do burnout. A síndrome de burnout é um tipo especial de stress ocupacional que se caracteriza por profundo sentimento de frustração e exaustão em relação ao trabalho desempenhado, sentimento que aos poucos pode estender-se a todas as áreas da vida de uma pessoa. Para a efetividade dos programas de prevenção do stress do professor é necessário que mudanças sejam realizadas no ambiente ocupacional, pois, medidas de caráter administrativo podem reduzir sensivelmente os problemas envolvendo a relação stress-professor. Também é necessário um investimento do próprio professor em relação ao seu autoconhecimento sobre suas próprias características pessoais que o tornam mais vulneráveis ao stress, além do desenvolvimento de melhores estratégias de enfrentamento. - 58 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MICROCIRURGIA PARENDODÔNTICA EM DENTES COM LESÃO REFRATÁRIA Prof. Dr. Waldocyr Simões; Prof. Dr. Cid Alonso Manicardi; Prof. Dr. Homero Casonato Jr e Prof. Mestrando Samuel Henrique Camara de Bem Profs. da Uniararas No tratamento dos canais radiculares de dentes portadores de alterações pulpar e ou periapicais, com indicação para tratamento endodôntico, nem sempre conseguese êxito. Vários são os fatores da etiopatogenia, podendo-se citar, entre outros, bactérias resistentes aos fármacos, complexidade anatômica dos canais e, não raro, iatrogenias (erros técnicos profissionais). Nestas condições de insucesso do tratamento, pode-se como último recurso, indicar uma cirurgia parendodôntica na tentativa de salvar o órgão dental. Hoje, desde que a cirurgia seja corretamente indicada, planejada e executada com os recursos técnicos e eletrônicos que existem, a incidência de sucesso é alta. No caso em questão, após exames radiográficos, hemograma e tomografia computadorizada, foi indicada uma microcirurgia parendodôntica (com microscópio) efetuando-se apicetomia e retrobturação com MTA nos dentes 12 e 13 (incisivo lateral e canino superior direito), que apresentavam lesão periapical extensa e persistente. Foi utilizada a técnica instituída pela equipe de endodontia da Uniararas com retropreparo e retrobturação, com ultrasom e preenchimento da loja óssea com osso liofilizado bovino da Genius (gerMix). Procedimento realizado ao vivo, em anficlínico, transmitido para anfiteatros. - 59 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq CONCEITOS SOBRE CÉLULAS-TRONCO CANCEROSAS E SUAS APLICAÇÕES NA TERAPIA DO CÂNCER Heidge Fukumasu, Médico Veterinário (USP 2003), Doutor em Patologia Experimental (USP 2008)1 1 Autor para correspondência: Professor Doutor de Biologia Molecular do Departamento de Ciências Básicas, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Av. Duque de Caxias Norte, 225, CEP:13635-900, Pirassununga-SP Recentemente a descoberta de populações de células tumorais com características de células-tronco e sua posterior caracterização, implicaram na hipótese das célulastronco cancerosas (do inglês, Cancer Stem Cells, abreviação CSCs) que postula a existência de sub-populações de células do tumor que são responsáveis pelo crescimento tumoral, heterogeneidade celular, formação de metástases e recidiva tumoral após a quimioterapia. Esta teoria propõe uma organização hierárquica das células de determinado tumor, no qual uma população de células com características de células-tronco seriam responsáveis pela manutenção do crescimento tumoral. Por definição, as CSCs possuem propriedades semelhantes às células-tronco normais (CTs) como pluripotência, potencial de auto-renovação, capacidade de diferenciação em diferentes tipos celulares e resistência a múltiplas drogas. Da mesma maneira que as CTs, as CSCs também expressam genes de resistência a múltiplas drogas (MDRs) que conferem proteção contra toxinas. Portanto, estas CSCs possuem habilidade de suportar ataques citotóxicos oriundos da quimioterapia por ter capacidade de exportar rapidamente xenobióticos potencialmente danosos e também por possuir um sistema eficiente de detoxificação de metabólitos celulares. Estas habilidades incluem a alta expressão de transportadores da família ABC e a expressão de aldeído desidrogenase (ALDH). Uma técnica reconhecidamente importante para detectar CSCs é a de separação da Side Population (SP, “população lateral”), reconhecidamente enriquecida em CSCs (Goodell, Brose et al., 1996). Esta população é formada por um grupo de células de um tumor que expressa transportadores específicos de membrana responsáveis pelo fenômeno de resistência a múltiplas drogas (Multi-drug-resistance, MDR) entre elas a ABCG2 capaz de, quando ativa, transportar outras substâncias para fora da célula, inclusive fármacos citotóxicos utilizados na quimioterapia. Outro possível mecanismo de resistência é a alta expressão de ALDH nas CSCs, uma enzima detoxificante responsável pela oxidação de aldeídos intracelulares, ou seja, medeia a autoproteção e resistência de agentes usados na terapia de câncer. Pelas propriedades a elas atribuídas, o desenvolvimento de novas terapias contra o câncer deve ser direcionado para estas células já que estas apresentam características de grande importância para tumor maligno. Ao final da palestra foram comentados possíveis alvos terapêuticos baseando-se nas propriedades destas células e do ambiente em que vivem, demonstrando os projetos em andamento na FZEA-USP. - 60 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq DIVERSIFICAÇÃO PELA PRODUÇÃO DE NOVOS SUCRODERIVADOS Prof. Dr. Cláudio Lima de Aguiar Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Av. Pádua Dias, 11, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil. Sendo a cana-de-açúcar uma cultura agrícola amplamente estabelecida no Brasil, é também a principal fonte de sacarose cristalina a partir da qual se construiu ao longo de anos, uma indústria sucro-alcooleira, de onde se obtém grandes quantidades de açúcar e etanol. Mais recentemente, a visão de sustentabilidade tem induzido uma mudança de consumo, bem como, na produção industrial. Diante desta nova realidade, as usinas são hoje produtoras de, no mínimo, três produtos de interesse sócio-econômico – açúcar, etanol e eletricidade. Na realidade, muitos outros produtos são obtidos e comercializados pelas usinas brasileiras de forma não estabelecida no mercado, tais como: melaço, leveduras de sangria, bagaço da cana-de-açúcar, torta de filtro, óleo fusel, entre outros em menor quantidade. No entanto, a cana-de-açúcar, com sua complexa composição química, ou a sacarose podem ser fontes inesgotáveis e de baixo custo em diversos processos na obtenção extrativa ou na síntese de inúmeros produtos de interesse comercial agregando valor e divisas à indústria brasileira. - 61 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq LINGUAGEM E EDUCAÇÃO Ms. Ana Carolina Kastein Barcellos Esta palestra tem como objetivo discutir o processo de apropriação da linguagem escrita em crianças pequenas e nas primeiras séries do Ensino Fundamental; refletir sobre o uso da linguagem, dos signos e suas representações diante das tecnologias de comunicação. São enfatizadas: a importância da leitura, mais especificamente de obras clássicas e da apropriação da linguagem enquanto prática social (PCN, 1997). Para tanto, foi observada a necessidade de se levar em conta a bagagem cultural, o contexto em que as crianças se inserem; assim, foram destacadas formas de comunicação na atualidade como emails, mensagens instantâneas em chats, torpedos, bilhetes, scraps dentre outros. Para a discussão foram abordados os conceitos de Bakhtin (2003) sobre gênero primário e secundário e apresentados resultados de pesquisas sobre o tema aquisição da linguagem e o uso da tecnologia ( que cada vez mais faz parte do universo das crianças que já “nascem clicando”). Dessa forma, a palestra contribui com uma série de reflexões acerca da concepção de linguagem, entre elas a aquisição da escrita, a importância da leitura, os gêneros do discurso e a prática social. - 62 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq COMO FALAR EM PÚBLICO TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS PARA O PROFISSIONAL DA COMUNICAÇÃO Fonoaudióloga. Lhaís R. Mestre. Mestranda em voz pela PUC-SP. A oratória é conhecida como: “A arte de falar bem”,quando refere-se a um curso de oratória ou de comunicação oral idealiza-se uma grande quantidade de regras e “dicas” que aparentemente,funcionam com qualquer individuo e em qualquer situação, porém as dicas não servem para qualquer sujeito. Neste trabalho serão apresentados um apanhado geral do que as pessoas tem dificuldades.Conhecer o assunto é fundamental bem como levar informações de reserva.No início da apresentação o orador deve conquistar os ouvintes com informações agradáveis e em seguida expor assunto que será abordado. No passo dois praticar bastante é essencial para se sentir confiante e para surti este efeito é necessário ter prática e experiência, para que isso aconteça é necessário aproveitar todas as chances que tiver para falar em público, aceitar convites para falar em reuniões, ou até mesmo participar de debates. Medo e ansiedade são algo que aflige todas as pessoas, mas ao se aproximar da ocasião de falar, seja diante de um auditório, ou numa reunião entre amigos é necessário controlar esse nervosismo, atos como o de fumar, roer unhas e andar sem rumo de um lado ao outro não vão acalmar o orador. O importante é ter uma atitude correta, caminhar durante a apresentação, demonstra segurança e confiança, e a platéia prestará mais atenção em um orador que demonstra atitude de alguém tranquilo. Não adquirir vícios principalmente os de mexer em botões de casacos, bolsos, lápis e folha de papel. Acostumar-se desde o início a não colocar os cotovelos sobre mesa, púlpitos ou até mesmo apoiar, ora sobre uma perna, ora sobre a outra, isso pode desviar a atenção do auditório, que durante todo o tempo precisa ficar concentrado na apresentação. Vale ressaltar que falar com firmeza demonstra que apresentador é uma pessoa segura, pois a primeira indicação percebida sobre as alterações ocorridas no estado emocional de uma pessoa é através da voz. Assim como a voz demonstra o que o orador está sentindo, o semblante também é um dos aspectos importantes da expressão corporal, deve verificar se ele está expressivo e coerente com a emoção transmitida pelas palavras, não demonstrar tristeza quando falar em alegria. O orador deve ser bem-humorado, pois desta forma consegue manter a atenção dos ouvintes com mais facilidade. Recursos audiovisuais são importantíssimos para uma boa apresentação, porém deve utilizar somente o necessário, não usar o visual, porque é bonito para impressionar, ou porque todo mundo usa, verificar se realmente é necessário. Para realização de um bom power point deve conter: informações importantes, uma tela lógica para o acompanhamento do raciocínio e por fim fazer com que os ouvintes se lembrem das informações por mais tempo, desta forma terá uma apresentação de sucesso. - 63 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq AS MÍDIAS SOCIAIS E SUA IMPORTÂNCIA COMO FERRAMENTA DE MARKETING Professor Matheus Berto. Mestrando em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo e especialista em Marketing pós-graduado pela Madia Marketing School. A organização da sociedade em torno de redes sociais não é algo novo, isso existe desde o surgimento dos primeiros agrupamentos sociais, novo é o conceito de uma sociedade interconectada através de mídias sociais. Essa nova organização social, causou a emergência de um Mundo Plano, no qual tornou-se possível uma comunicação direta e em tempo real sem que existam as barreiras de tempo e espaço. Nesse “Mundo 2.0” não existem mais fronteiras e as interações sociais, bem como os hábitos, as visões de mundo e as necessidades são outras. Nesse contexto, a humanidade observou o surgimento de um novo formato de consumidor, o “Consumidor 2.0”, cujas principais características são o perfil crítico, exigente e imediatista, a facilidade no acesso a informação, e a capacidade de interagir-se com outras pessoas através de múltiplas plataformas conversacionais. Esse novo consumidor conectado e interligado faz parte de um novo fenômeno social batizado como Fenômeno Groundswell definido como um movimento espontâneo de pessoas que usam ferramentas online para se conectar, assumir o controle de suas experiências e obter o que precisam. Esse fenômeno possui cinco personagens principais: os Creators (composto pelas pessoas que publicam informações em blogs e websites, criam vídeos, áudios, músicas, escrevem artigos e matérias online), os Critics (composto pelas pessoas que resumem e comentam os posts publicados, editam as informações em wikis e participam dos fóruns online), os Colectors (composto pelo grupo de pessoas que selecionam informações relevantes, adicionam tags e coletam fotos em websites), os Joiners (composto pelo grupo de pessoas que apenas participam de maneira passiva dos sites de relacionamento social), e os Spectators (formado pelo grupo de pessoas que apenas leem artigos escritos por outros, assistem vídeos criados e ouvem músicas criadas por outros. Nesse cenário, um planejamento de marketing ou comunicacional precisa levar em conta os efeitos desse fenômeno para se tornar assertivo. Assim, as mídias sociais em um plano de marketing podem ser utilizadas para análise do comportamento do consumidor, avaliar os movimentos do mercado, promover fidelização e relacionamento com os consumidores, divulgação de uma determinada marca e promoção de vendas. Nesse sentido, torna-se necessário compreender de que forma cada uma das mídias sociais existentes pode contribuir para um plano mercadológico. Em primeiro lugar destacam-se as mídias Orkut e Facebook, utilizadas para a fidelização de consumidores, pesquisa de mercado, opinião e análises da concorrência, através da movimentação de comunidades, postagem de fotos e fóruns de debate – vale a pena lembrar que caso deseje-se utilizar as mídias sociais como ferramenta de marketing pessoal ou para divulgação de trabalhos profissionais, indica-se as mídias Linkedin e My Space. Outra ferramenta importante em um planejamento de marketing é o Twiter, utilizado para a fidelização de consumidores, propagação de conceitos e incentivo das compras por impulso, através de tweets e ações promocionais. Por sua vez o flickr é uma ferramenta utilizada para mostrar as movimentações das empresa através de postagem de imagens como fotos, propagandas, textos, etc. Além das mídias sociais merecem - 64 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq destaque também sites como o youtube e blogs e fotoblogs, através do qual tornamse possíveis ações testemunhais e produção de conteúdos de mobilização sociais. - 65 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA JUNTO AO IDOSO USUÁRIO DE PRÓTESES DENTÁRIAS. Gisele Ferreira Camargo – Fonoaudióloga Contato: [email protected] Karin Hitomi Ishikawa – Cirurgiã-dentista O envelhecimento é considerado uma etapa natural do desenvolvimento, é inexorável, gradativo, lento e multidimensional, ocorrendo de acordo com as realidades biopsicossociais particulares (Cunha, Coronatto, Bataglion e Pereira, 2003). A projeção de que o Brasil em 2025 será o sexto país no ranking de população idosa mundial é razão suficiente para melhorar a saúde bucal e cuidar da saúde como um todo. Um dos desafios propostos ao indivíduo e às sociedades é conseguir a longevidade cada vez maior, com qualidade de vida cada vez melhor, para que os anos vividos sejam plenos de significado e dignidade (Pachoal, 2002). Para um atendimento de qualidade ao idoso usuário de prótese dentária é necessário que haja vocação, pois é um tipo de atendimento com muitas peculiaridades e que exige atenção, cuidado, carinho e conhecimento. Esse conhecimento pode ser completado por meio da Gerontologia que é uma disciplina científica multiprofissional e interdisciplinar, cujas finalidades são o estudo das pessoas idosas, as características da velhice enquanto fase final do ciclo de vida, o processo de envelhecimento e seus determinantes biopsicossociais. Em gerontologia sugere-se que o tratamento ao idoso seja um conjunto de intervenções diagnósticas e terapêuticas cujo objetivo é o de manter e/ou restaurar sua capacidade funcional, otimizando seu potencial individual. A proposta da reabilitação gerontológica é que ela seja reflexo da ação integrada e multidimensional de uma equipe multiprofissional, ou pelo menos da ação de profissionais com uma visão abrangente do envelhecimento normal e do patológico (Perracini, Najas e Bilton, 2002). Sendo assim, a fonoaudiologia e a odontologia tornam-se grandes parceiras para que o idoso receba um atendimento de qualidade. A fonoaudiologia é a Ciência que estuda os Distúrbios da Comunicação Humana e compreende as áreas de Audição, Linguagem, Voz e Motricidade Orofacial, sendo que esta última é a que estaremos abordando nesse artigo. O fonoaudiólogo tem seu trabalho mais conhecido junto à ortodontia, ortopedia funcional, cirurgia ortognática, mas ainda existe pouco conhecimento dessa nova possibilidade de atuação com próteses dentárias. Contudo, há uma grande possibilidade de trabalho em conjunto, como podemos verificar no artigo: CAMARGO, F. G., SOUSA, M.L.R. FRIGERIO, M.L.M.A. Avaliação fonoaudiológica x autopercepção de saúde bucal em idosos após a instalação de próteses dentárias. Revi Assoc Paul Cir Dent. 2008; 62(4):299-306. - 66 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Na Odontologia, a reabilitação oral por meio de próteses dentárias depende da quantidade de dentes perdidos, ou seja, indivíduos que perderam alguns dentes podem utilizar próteses parciais removíveis, próteses parciais fixas, ou ainda próteses sobre implantes, e quando ocorre à perda de todos os dentes há a opção de se utilizar próteses totais, próteses sobre implantes do tipo overdenture ou protocolo fixo. As próteses totais para serem bem confeccionadas exigem do cirurgiãodentista, protesista, embasamento teórico, habilidade técnica, prática e um ótimo relacionamento paciente-profissional, pois é um tratamento demorado, que requer diversos cuidados para não incorrer em somatória de erros. Mesmo sendo bem confeccionadas, há a dificuldade do paciente em se adaptar com as novas próteses, devido à nova conformação da base das próteses que certamente machucará em regiões não contactadas pelas próteses antigas, ao restabelecimento adequado da dimensão vertical de oclusão, às dificuldades funcionais em mastigar e falar, assim como, quando são instaladas pela primeira vez. A atuação do fonoaudiólogo junto ao idoso usuário de prótese dentária envolve dois grandes e importantes aspectos na vida do ser humano, que são: Alimentação e Comunicação. Para que esse trabalho seja feito de uma maneira responsável e efetiva, é necessário que exista o conhecimento do sistema estomatognático, das funções neurovegetativas e sobre o envelhecimento normal. Com a idade ocorre a diminuição da força muscular devido a uma diminuição do número de fibras musculares e seu volume individual. Os músculos tornam-se menos elásticos, portanto menos flexíveis. O idoso apresenta uma diminuição e lentificação dos movimentos. A perda da dentição natural e o uso de próteses inadequadas associadas à redução da força mastigatória afetam a função da mastigação na medida em que dificultam o preparo do bolo alimentar, podendo levar à fadiga prematura durante a alimentação (Venâncio, 2007). A dificuldade para adaptação das próteses pode ocorrer por problemas morfológicos, pela própria característica da prótese, por fatores emocionais e posturas, e por problemas funcionais, sendo nestes que a fonoaudiologia estará atuando (Felício e Cunha, 2005). O sucesso da adaptação às próteses dentárias não depende só do fator estético, mas também da possibilidade de realizar adequadamente as funções de mastigação, deglutição e fala, sendo que através da atuação fonoaudiológica podem ser realizados procedimentos terapêuticos visando à normalização dessas funções, colaborando para um processo de adaptação com maior conforto e rapidez (Cunha, Felício e Bataglion, 1999). A deglutição é o processo pelo qual o alimento é transportando da boca até o estômago. É um processo complexo que envolve uma série de músculos e nervos. É dividida em três fases: - oral (preparatória e transporte); - Faríngea; - Esofágica - 67 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Os efeitos do processo de envelhecimento deixam o mecanismo da deglutição mais vulnerável a distúrbios causados por alterações de saúde. Cada estágio da deglutição sofre modificações durante o envelhecimento, podendo contribuir para o aparecimento de sintomas disfágicos. Contudo, alguns pacientes idosos, principalmente aqueles que tiveram acidente vascular encefálico (AVE) podem apresentar disfagia, a qual pode ser definida como um sintoma de uma síndrome de base que se caracteriza por qualquer alteração no trânsito do alimento da boca até o estômago, colocando o indivíduo em risco de aspiração pulmonar, desnutrição e/ou desidratação. Os pacientes disfágicos devem receber uma atenção especial desde a confecção da prótese dentária, muitas vezes precisando de cuidados especiais durante todo o processo. Seguem alguns sinais e sintomas que podem indicar a presença de disfagia. • Antes da alimentação: - Ausência de dentes; - Má adaptação de próteses dentárias • Durante a Alimentação: - Dificuldade de mastigar; - Dificuldade de controle do alimento em cavidade oral; - Alteração da formação do bolo alimentar; - Dificuldade de vedar os lábios ao deglutir. • Após a deglutição: - Grande quantidade de resíduo alimentar em cavidade oral A presença de tosse e engasgos durante a alimentação também devem ser considerados. O profissional bem preparado e atento tem condições de oferecer um melhor atendimento aos seus pacientes idosos. Quanto à avaliação fonoaudiológica esta é realizada através da aplicação de um protocolo de avaliação do sistema estomatognático, funções neurovegetativas e fala. O protocolo de avaliação fonoaudiológica é subdividido em estruturas orais, funções neurovegetativas e fala. No item estruturas orais são avaliados o aspecto, a postura a mobilidade e tonicidade de lábios, língua, bochechas; condições dos dentes (estado geral, ausência de dentes, uso de próteses parcial ou total); mandíbula, palato duro e palato mole. Essa avaliação é feita por meio da observação das estruturas em repouso, realizando apalpação muscular e durante a realização de diferentes movimentos que os idosos fazem sob a orientação da avaliadora. A avaliadora realiza cada movimento proposto, oferecendo pista visual ao idoso, o qual logo após a observação, realiza os mesmos movimentos. Para avaliação das funções neurovegetativas : respiração é avaliada através da observação do idoso no decorrer da avaliação. Para a mastigação e deglutição, é oferecido pela avaliadora algum alimento, que normalmente é o biscoito “Água e Sal”, através do qual são analisados todos os aspectos propostos no protocolo para a avaliação destas duas funções, ou seja, como o idoso morde o alimento, qual é o modo mastigatório (unilateral, bilateral, etc), como manipula este alimento em cavidade oral, como deglute, se associa ou não líquido para deglutição de sólido. Ao mesmo tempo é observada a ação muscular, movimentos compensatórios, entre outros. - 68 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Para avaliação da mastigação e deglutição de alimento de consistência sólida foi escolhido o biscoito Água e Sal, por ser de fácil mastigação e de grande aceitação pelos desdentados, de acordo com Cunha, Felício e Bataglion (1999). A deglutição é avaliada também com a consistência líquida, a partir da observação da ingestão de água. Ao serem oferecidos os alimentos, é solicitado aos idosos que comam e bebam como fazem habitualmente. Com relação ao item fala, é utilizada uma lista para repetição incluindo todos os fonemas da Língua Portuguesa. A avaliadora diz cada palavra da lista e pede para que o idoso a repita, enquanto isso observa trocas fonêmicas, alteração de ponto de articulação, ceceio (movimento de anteriorização da língua durante a fala), distorções (alterações no som dos fonemas), amplitude do movimento de mandíbula e perda de inteligibilidade. Todas as observações são registradas no protocolo de cada idoso, individualmente. Com a alta incidência das alterações miofuncionais encontradas em usuários de prótese dentária, fica clara a importância da atuação do fonoaudiólogo, avaliando antes e após colocação da nova prótese e realizando terapia com objetivo de favorecer a normalização das funções, dando condições de maior estabilidade às próteses (Cunha, Coronatto, Bataglion e Pereira, 2003). A terapia fonoaudiológica será realizada de acordo com os dados obtidos na avaliação. Cada caso será estudado individualmente e a proposta terapêutica será construída levando em consideração além dos dados da avaliação, a disponibilidade do paciente para o tratamento, como por exemplo, o tempo disponível, a saúde física, a presença de demências, as condições emocionais, entre outros. A terapia fonoaudiológica pode ser iniciada antes, durante ou após a instalação da nova prótese dentária, dependendo do tipo de alteração encontrada. Durante o tratamento são realizados procedimentos para melhorar a postura do paciente, para adequar a respiração, além da estimulação, da mioterapia e da terapia miofuncional. A postura do paciente precisa estar adequada para que exista o equilíbrio da musculatura facial e corporal, respeitando os limites de cada paciente. A respiração precisa estar adequada para que os resultados atingidos durante o tratamento sejam mantidos. A estimulação é feita de diversas formas, utilizados vários instrumentos como: estimulação térmica (quente e frio), sabores (doce, azedo, salgado e amargo), massageadores, escovas de dente. Muitas vezes o paciente idoso precisa ter trabalhada a sensibilidade e propriocepção intra e extra oral. A mioterapia é a terapia específica para a musculatura orofacial, onde o tônus e mobilidade de cada músculo são trabalhados. E a terapia miofuncional que é o trabalho para adequar as funções neurovegetativas. Na terapia miofuncional é trabalhada a introdução dos alimentos, que inicialmente são pastosos e aos poucos é feita a transição até que o pacientes seja capaz de mastigar alimentos mais duros como as carnes, pães e verduras. Além de toda a parte funcional, a fonoaudiologia pode também oferecer o tratamento de estética facial, ou seja, a atuação fonoaudiológica em Motricidade Orofacial com finalidade estética que visa avaliar, prevenir e equilibrar a musculatura da mímica facial e/ou cervical, além das funções orofaciais, buscando a simetria e a - 69 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq harmonia das estruturas envolvidas, do movimento e da expressão, resultando no favorecimento estético. A beleza também faz parte da velhice e muitos idosos ficam extremamente felizes por terem uma prótese funcional e um rosto mais bonito, isso envolve todo um aspecto social e emocional do paciente. A parceria da fonoaudiologia e da odontologia no atendimento ao idoso usuário de prótese dentária traz muitos benefícios ao processo de adaptação à prótese dentária, tornando-o mais rápido, com menos dor e com mais eficiência, deixando o paciente idoso cada vez mais satisfeito e com melhor qualidade de vida. Referências Bibliográficas CAMARGO, F. G., SOUSA, M.L.R. FRIGERIO, M.L.M.A. Avaliação fonoaudiológica x autopercepção de saúde bucal em idosos após a instalação de próteses dentárias. Revi Assoc Paul Cir Dent. 2008; 62(4):299-306. CUNHA, C.C., CORONATTO, E.A.N.S., BATAGLION,C., PEREIRA, A. C. C.I. A importância da Terapia Miofuncional na Reabilitação de Paciente Portador de Prótese Total. Revista da APCD, 2003; 57: 101-103. CUNHA, C.C., FELÍCIO, C.M., BATAGLION,C. Condições Miofuncionais em Usuários de Próteses Totais. Pró–Fono Revista de Atualização Científica, 1999: 11 (1): 21- 26. FELÍCIO, C.M., CUNHA, C.C. Relações entre Condições Miofuncionais Orais e Adaptação de Próteses Totais. Revista Brasileira de Prótese Clínica & Laboratorial, Curitiba, 2005: 7(36):195-202. PASCHOAL, S.M.P. “Qualidade de vida na velhice”. In : FREITAS, E. V., PY, L., NERI, A . L., CANÇADO, F. A.X., GORZONI, M. L., ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. PERRACINI, M., NAJAS, M., BILTON, T. Conceitos e Princípios em Reabilitação Gerontológica. In : FREITAS, E. V., PY, L., NERI, A . L., CANÇADO, F. A . X., GORZONI, M. L., ROCHA, S. M. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2002. VENÂNCIO, C.P.L. Deglutição e Envelhecimento. In: Papaléo Neto, M. Tratado de Gerontologia. 2.ed. ver. e ampl. São Paulo: Atheneu, 2007. - 70 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq APRESENTAÇÃO ORAL ESTUDO COMPARATIVO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN QUE FREQUENTAM ESCOLAS REGULARES E ESPECIAIS ................................................................... Pág. 74 POTENCIAL HÍDRICO EM FOLHAS DE Coffea arábica L. E Tradescantia sp. .......................................................................................................Pág. 81 A INFLUÊNCIA DO ESTRESSE NA QUALIDADE DE VIDA DOS ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS ...........................................................................Pág. 87 TRÊS OLHARES PARA A REALIDADE DE UMA CASA DE REPOUSO................................................................................................................Pág. 94 ELABORAÇÃO DE PROTOCOLO COM NORMAS E ROTINAS PARA CLÍNICA DE CURATIVOS ............................................................................. Pág. 100 OFICINA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL E EDUCAÇÃO PREVENTIVA COM ADOLESCENTES: NOVOS DESAFIOS PARA A PSICOLOGIA .....................Pág. 105 HUMANIZASUS: O QUE OS PROFISSIONAIS DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA CONHECEM? ...................................................................Pág. 111 ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DO JOGO DIDÁTICO, EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO: DIANTE DOS NOSSOS OLHOS, PARA O ENSINO DE BIOLOGIA ............................................................................................Pág. 114 ANATOMIA RADICAL DE Miltonia flavescens (Lindl.) (Oncidiinae, Cymbidiaeae: Orchidaceae)......................................................................................Pág. 117 ANATOMIA RADICAL DE Oncidium varicosum LINDL. (Oncidiinae, Cymbidiaeae: Orchidaceae)......................................................................................Pág. 122 UTILIZAÇÃO DO CONSOLE NINTENDO WII NO TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES DE EQUILÍBRIO E FUNCIONALIDADE EM UM INDIVÍDUO COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO .................................Pág. 127 ANÁLISE COMPARATIVA DA INFLUÊNCIA DO LLT (LEVEL LASER THERAPY) EM SINÓVIA COM ARTRITE REUMATÓIDE INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE ........................................................................Pág. 132 ANATOMIA RADICAL DE Miltonia regnellii (Lindl.) Rchb. f. (Oncidiinae, Cymbidiaeae: Orchidaceae) ..................................................................Pág. 138 ANÁLISE DAS REGIÕES ORGANIZADORAS DE NUCLÉOLOS NO GÊNERO ASTYANAX (CHARACIFORMES: ANOSTOMIDAE) ..........................Pág. 143 PREVALÊNCIA DO HPV 18 EM AMOSTRAS DE MUCOSA ORAL COM DIAGNÓSTICO DE LEUCOPLASIA VERRUCOSA: ANÁLISE MOLECULAR ...........................................................................................Pág. 150 - 71 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO ENTRE ALUNOS DA PSICOLOGIA E DA FISIOTERAPIA JUNTO A PACIENTES COM DIFICULDADE PARA SE COMUNICAR EM UMA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA ................................................................................................ ..Pág. 156 IDENTIFICAÇÃO DOS GRUPOS EXPOSTOS À “DROGAS ILÍCITAS” E ÁLCOOL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO – UNIARARAS .............................................................................................................Pág. 160 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS DIFERENTES INSTRUMENTOS DE MENSURAÇÃO EO SOFTWARE GOOGLE SKETCHUP FREE EM ÚLCERAS COM FORMATOS IRREGULARES ..................................................Pág. 164 CONHECIMENTO DOS EFEITOS ADVERSOS DAS ESTATINAS E SUA UTILIZAÇÃO POR PACIENTES DA CIDADE DE MADRID – ESPANHA ................................................................................................................Pág. 170 ESTUDO PRELIMINAR DA REPRODUÇÃO INDUZIDA DE HÍBRIDOS INTERESPECÍFICO DE CACHAPINTA (Pseudoplatystoma reticulatum X Pseudoplatystoma corruscans) ........................................................ ..Pág. 173 LABORATÓRIO DE CULTURA CELULAR: NORMAS, EQUIPAMENTOS E PROCEDIMENTOS PARA CULTIVO ....................................................................Pág. 178 AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIOS EM UM SISTEMA DE APOIO À DECISÃO .................................................................................................................Pág. 182 ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL EM GRUPO – UMA PROPOSTA INTERVENTIVA EM UM SERVIÇO DE PSICOLOGIA .............................................Pág. 187 ATUAÇÃO DE EQUIPE DE PSICOLOGIA DA SAÚDE JUNTO À UM SETOR DE ONCOLOGIA ...............................................................................Pág. 191 A IMPORTÂNCIA DAS VIVÊNCIAS PARA OS ALUNOS DE PSICOLOGIA EM SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA, FRENTE A SUA ATUAÇÃO NA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA .....................................Pág. 198 EXPERIÊNCIA DA PSICOTERAPIA EM GRUPO COM PACIENTES EM TRATAMENTO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES ..................................Pág. 202 RESTRIÇÃO PROTÉICA GESTACIONAL ALTERA LIPOPEROXIDAÇÃO MITOCONDRIAL EM FÍGADO DE RATOS MACHOS JOVENS ...............................Pág. 207 AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DA SUTURA PALATINA MEDIANA POR MEIO DA RADIOGRAFIA OCLUSAL EM PACIENTES TRATADOS COM EXPANSÃO RÁPIDA MAXILAR ..................................................Pág. 212 INFLUÊNCIA DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO E MODULAÇÃO DA IRRADIÂNCIA NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE BRÁQUETES EM INCISIVOS BOVINOS .................................................................Pág. 216 EFEITO DA RESTRIÇÃO CALÓRICA EM ANIMAIS OBESOS E RESISTÊNTES À INSULINA SOBRE A EXPRESSÃO - 72 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq PROTÉICA DA AMPK ..............................................................................................Pág. 223 DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO RÁPIDO PARA DETECÇÃO DAS MUTAÇÕES A827G E C7462T NOS GENES MT-RNR1 E MT-TS1 ASSOCIADO À SURDEZ........................................................Pág. 227 AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO CELULAR DE ENZIMAS ANTIOXIDANTES EM RATOS WISTAR TRATADOS COM FLUORETO DE SÓDIO ............................................................................................Pág. 232 RESISTÊNCIA DE DIFERENTES COMPÓSITOS ODONTOLÓGICOS E VISCOSIDADE NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE BRÁQUETES EM INCISIVOS BOVINOS .................................................................Pág. 236 EFEITOS DA EXPANSÃO RÁPIDA DA MAXILA EM PACIENTES COM MORDIDA CRUZADA POSTERIOR: AVALIAÇÃO TRIDIMENSIONAL ...................................................................................................Pág. 242 INFLUÊNCIA DOS TEMPO DE ARMAZENAGEM E MATERIAL NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO PÓS-FIXAÇÃO DE BRAQUETES INCISIVOS BOVINOS ..................................................................Pág. 248 EFEITOS DO EXTRATO DE Mikania glomerata Spreng. (Asteraceae) NA LESÃO INDUZIDA PELO VENENO DE Bothrops jararaca NA PELE DE RATOS ...............................................................................................Pág. 255 - 73 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ESTUDO COMPARATIVO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN QUE FREQUENTAM ESCOLAS REGULARES E ESPECIAS MOSCATO, C. M.1,2; PEROTTI JR., A.1,3,4,5 1 2 3 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS; Discente; Universidade Paulista - UNIP; 5 Faculdade Integrada Einstein de Limeira – FIEL; Orientador. 4 [email protected]; [email protected] INTRODUÇÃO Nas últimas décadas a inclusão do deficiente na sociedade tem sido alvo de inúmeras reflexões e debates, já que é vista de duas maneiras: De acordo com (CARMO, 1995 apud FREITAS; CIDADE, 2002) há quem acredita que os deficientes necessitam de programas especiais de inclusão, pois se encontram fora da sociedade; e há quem considera que eles sempre fizeram parte da sociedade, portanto não necessitam de programas inclusivos e sim que os processos sociais que os afastam da sociedade sejam destruídos ou superados. A escola é vista como um dos principais meios para a inclusão de alunos com necessidades especiais. Portanto, é necessário preparar a escola para incluir nela o aluno especial, e não o contrário. Segundo Pereira; Pereira e Domingues (2009) a inclusão é um processo que deve ser desenvolvido pela sociedade, que se adapta para incluir em seu sistema social pessoas consideradas diferentes das quais convivem em sua comunidade. Surge então uma preocupação quanto ao desenvolvimento global dessas crianças, em especial as com Síndrome de Down. Sabe-se que a inclusão é vista como um fator somativo ao desenvolvimento afetivo-social, mas para um desenvolvimento adequado é necessário aprimorar todos os aspectos do desenvolvimento. Quanto ao desenvolvimento motor, Pueschel (2005), afirma que o da criança com Síndrome de Down é similar ao da criança “normal”, diferenciando-se apenas no tempo em que ocorre, pois devido a uma variedade de fatores, tais como defeitos cardíacos congênitos, problemas biológicos ou do ambiente, o desenvolvimento é afetado tornando-se mais lento. Ainda nos dias de hoje encontra-se conceitos errôneos sobre esses indivíduos. Mesmo com tantas pesquisas na área, pode-se notar que existem carências por novas informações. O que torna este estudo um aliado de grande valia para novos esclarecimentos acerca do assunto. OBJETIVO O objetivo deste estudo foi comparar e analisar o nível de desenvolvimento motor de crianças com Síndrome de Down, que foram inseridas em escolas de ensino regular, com as que foram inseridas em uma escola de ensino especial. Mais especificamente nas habilidades motoras fundamentais: equilíbrio em um só pé, salto horizontal e o arremesso por cima. - 74 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq No entanto pretende-se, responder às seguintes indagações: (1) Há diferenças significativas no desenvolvimento motor de crianças inseridas em escolas “normais” comparadas com as das escolas “especiais”? (2) Os estímulos oferecidos a essas crianças são iguais em ambos os tipos de instituição? Esta pesquisa caracteriza-se como direta, de campo, descritiva, de análise qualitativa. É direcionada as crianças com Síndrome de Down da cidade de Araras e região. O presente estudo vem para edificar conhecimentos em uma área mais específica relacionada ao desenvolvimento motor de crianças com Síndrome de Down, a fim de melhorar e enriquecer o conhecimento de profissionais e estudantes dessa área, além de orientar e esclarecer aos pais, mães, familiares, a sociedade em geral, sobre este assunto, que ao mesmo tempo em que é tão atual, é pouco conhecido em seus diversos aspectos. MATERIAL E MÉTODO Baseado nas técnicas de pesquisa desenvolvidas por Marconi e Lakatos (2002), esse estudo corresponde a uma pesquisa de campo direta, que tem como objetivo a coleta de dados ou explicação de como os fenômenos ocorrem de forma prática. Dentro desse tipo de pesquisa existem vários métodos, para os testes motores o presente estudo se utilizou do método: experimental de natureza qualitativa que segundo Lakatos e Marconi (2002), segue dois caminhos distintos: a pesquisa ou coleta de dados, e a análise e interpretação, quando requer descobrir o significado dos mesmos. O protocolo utilizado foi o de Gallahue e Ozmun (2005). No entanto, mesmo sendo uma pesquisa de campo fez se necessário a realização de uma pesquisa bibliográfica, como forma de investigação, e também para validação da análise dos resultados obtidos. Para Marconi e Lakatos (2002), a pesquisa bibliográfica é toda bibliografia publicada, desde boletins, jornais, livros, monografias, teses, revistas etc., até meios de comunicação orais, como rádio, gravações em fitas magnéticas e audiovisuais: televisão e filmes. E tem como finalidade colocar o pesquisador em contato direto com todos os materiais disponíveis sobre o assunto escolhido. Assim, está pesquisa contará com as palavras chaves: Síndrome de Down e Desenvolvimento motor para elaboração da revisão de literatura. Sujeitos Participaram deste estudo dez crianças com Síndrome de Down, moradores da cidade de Araras e região. As crianças selecionadas para o estudo são de ambos os gêneros, com idade que varia de seis a dez anos e com freqüência escolar variando de um a quatro anos. Das dez crianças selecionadas, cinco frequentam escolas de ensino regular e cinco frequentam escolas de ensino especial. As crianças foram convidadas a participar de forma voluntária. Os pais ou responsáveis das crianças foram informados sobre os procedimentos experimentais os quais foram submetidos, e assinaram o Termo de Compromisso devidamente aprovado pelo Comitê de Ética da UNIARARAS. Procedimentos A realização desta pesquisa consistiu em analisar o desenvolvimento motor nos seus aspectos qualitativos, o protocolo utilizado foi o de Gallahue e Ozmun (2005). Para isso foi realizado uma filmagem. A câmera de vídeo foi instalada - 75 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq aproximadamente a três metros da criança participante. Cada participante foi filmado realizando as três habilidades motoras fundamentais: locomotora (salto horizontal), manipulativa (arremesso por cima) e estabilizadora (equilíbrio em um só pé). A coleta de dados foi realizada no ambiente escolar de cada um dos alunos. Antes do início das tentativas de cada execução das habilidades os participantes receberam as instruções devidas. Os participantes foram instruídos a realizar as habilidades a partir da posição ereta sobre uma marca previamente determinada. Cada criança realizou o movimento de duas a três vezes, e para analise foi utilizado apenas o movimento em que ela alcançou melhor desempenho. O tipo de amostragem utilizado pelo estudo foi à amostragem probabilística estratificada, que segundo Marconi e Lakatos (2002) é aplicado para subdividir a população em estratos ou subpopulações, e os elementos de cada estrato são selecionados por um processo aleatório. Decodificação e tratamento dos dados A filmagem das habilidades foi projetada em um computador, permitindo visualizar os desempenhos das habilidades, alguns casos foram analisados em câmera lenta, ou até mesmo quadro a quadro. Os resultados foram classificados pelo seu estágio de maturidade; inicial, elementar e maduro. RESULTADOS E DISCUSSÃO O desenvolvimento motor vem sendo utilizado para entender o desenvolvimento humano, desde o nascimento até o final da vida adulta. Segundo Rosa Neto (2002), o organismo humano possui uma lógica biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta aberta para a interação e estimulação desde o momento da concepção, passando pelo momento do parto e pelas sucessivas evoluções. O desenvolvimento infantil é influenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos. O ambiente em que vivemos a alimentação, o espaço para os jogos e brincadeiras, a oportunidade de socialização e a educação formal através da escola, dentre outros, constituem elementos que participarão do desenvolvimento da criança. As análises deste estudo foram realizadas a partir do modelo de configuração total do corpo, que segundo Oliveira; Perotti Junior e Tani (2008), os padrões de movimentos são analisados como uma configuração total do corpo durante a execução de uma habilidade. A descrição do progresso se dá como um todo e não de seus componentes separadamente. Deste modo a criança será classificada no estágio inicial, elementar ou maduro com base no desempenho de todos os componentes da ação realizada. Apresentaremos a seguir os resultados referentes à análise dos níveis de desenvolvimento com base na descrição de Gallahue e Ozmun (2005), que nos permite descrever o desempenho das crianças nas três habilidades motoras fundamentais o equilíbrio em um só pé (movimento estabilizador), o salto horizontal (movimento locomotor) e o arremesso por cima (movimento manipulativo). De acordo com Gallahue e Ozmun (2005) entende-se como movimento estabilizador qualquer movimento que exige certo grau de equilíbrio. Como o girar, virar-se, empurrar e puxar. Os movimentos locomotores são quaisquer movimentos de locomoção realizados a partir de um ponto fixo na superfície. O correr, o caminhar, o saltitar, ou saltar um obstáculo, são exemplos de movimentos - 76 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq locomotores. Os movimentos manipulativos são divididos em duas categorias, à manipulação motora rudimentar que envolve aplicar ou receber forças de um determinado objeto; e à manipulação motora refinada que exige o uso dos músculos da mão e do punho. As tarefas de chutar, apanhar, rebater, derrubar e arremessar um objeto são movimentos manipulativos motores rudimentares, já as tarefas como costurar, cortar com tesouras, digitar e desenhar são considerados como movimentos manipulativos motores refinados. Nesse estudo o foco foi a habilidade motora rudimentar. Equilíbrio em um só pé Na habilidade motora de equilíbrar em um só pé, quatro dos cinco alunos avaliados tanto da escola de ensino especial como os de ensino regular se encontram no estágio elementar que de acordo com Gallahue e Ozmun (2005) é caracterizado por movimentos fundamentais realizados com maior controle e melhor coordenação rítmica. Enquanto que apenas um aluno de cada grupo apresentou-se no estágio maduro, que ainda segundo Gallahue e Ozmun (2005) envolve desempenhos mecanicamente hábeis, coordenados e controlados. Portanto, evidenciou-se que a maior parte dos indivíduos avaliados, tanto os alunos de escolas especiais como o de escolas regulares, segundo Gallahue e Ozmun (2005) se encontram abaixo do nível desejado, uma vez que se espera que nesta fase de 6 a 10 anos de idade a criança já tenha atingido a fase madura. Muito embora, em relação alguns padrões motores muitos indivíduos independente da idade, ficam estagnados no estágio elementar, não conseguindo alcançar o estágio maduro. Salto a horizontal Na habilidade motora salto a horizontal apenas um aluno se encontra no estágio inicial dessa habilidade que para Gallahue e Ozmun (2005) representa as primeiras tentativas da criança em realizar uma habilidade fundamental. Este aluno é um menino, com 7 anos de idade e está inserido na rede regular de ensino. Durante a coleta de dados apresentou-se bastante inquieto, e pouco sociável. Gallahue e Ozmun (2005) ainda ressaltam a dificuldade de executar o salto horizontal, pelo fato de ser um movimento que requer força explosiva e o desempenho coordenado de todas as partes do corpo. O que talvez justifique os resultados apresentarem apenas um indivíduo no estágio maduro, enquanto que grande parte dos avaliados independente do grupo, se encontram no estágio elementar. Os dados acima corroboram com o estudo realizado por Oliveira e Martins Júnior (2008) no qual 71% das crianças avaliadas nesta mesma habilidade, se encontram no estágio elementar. Apresentando características de movimento mais coordenados em relação ao estágio inicial. Enquanto que 26% se encontram no estágio maduro que requer o desempenho coordenado de todas as partes do corpo. E apenas 3% das crianças se encontram no estágio inicial. Apresentando movimentos limitados dos braços ao iniciar a ação do salto, durante o vôo os braços se movem a fim de manter o equilíbrio, o agachamento preparatório é inconsistente em termos de flexão de pernas, encontra dificuldade de usar ambos os pés e o corpo cai para trás ao pousar. - 77 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Arremesso por cima Ainda segundo Gallahue e Ozmun (2005) os padrões manipulativos geralmente combinam os movimentos locomotores com os estabilizadores. Essa relação proporciona um embasamento considerável para o desenvolvimento das habilidades motoras manipulativas. No caso deste estudo, foi analisado o arremesso por cima, que também envolve essa combinação. Observou-se que apenas uma criança se encontra no estágio maduro, apresentando coordenação rítmica de todas as partes do corpo. Por sua vez, a grande maioria, sendo nove dos dez avaliados demonstraram estar no estágio elementar, pelo fato de apresentarem insuficiente coordenação rítmica do movimento do braço em relação ao do corpo, falha ao girar os quadris, perca de equilíbrio enquanto arremessa, o tronco é flexionado para frente com o movimento do braço e a bola é segurada atrás da cabeça. Gallahue e Ozmun (2005) relatam que só após os padrões locomotores e estabilizadores estiverem muito bem refinados, é que se conquistará movimentos manipulativos eficientes. No entanto, para que este nível seja alcançado, faz se necessário que haja oportunidades de tarefas motoras. Ainda segundo Gallahue e Ozmun (2005) o processo do desenvolvimento motor se dá essencialmente por alterações no comportamento motor. De acordo com alguns fatores próprios do indivíduo (biologia), do ambiente (experiência) e da tarefa (físicos/mecânicos), pode-se notar uma diferença no desenvolvimento do comportamento motor. Assim, quanto às fases motoras e seus estágios, pode-se afirmar que estas são consideradas como parte de orientações gerais, ilustrativas somente do vasto conceito de assimilação etária. Logo que os indivíduos trabalham em fases diferentes, cada qual depende de seus ambientes, experiências e de algumas estruturas genéticas. De acordo com Pueschel (2005) os progressos motores e sociais de uma criança com Síndrome de Down são mais lentos comparados com os de crianças sem a síndrome. Os movimentos musculares do tronco, pernas e braços tendem a ser menos vigorosos por conseqüência da fraqueza muscular e tônus muscular reduzido. O desenvolvimento é um processo contínuo, que se inicia ao nascer e acaba com a morte. Embora exista um padrão para a sequência de aquisição de habilidades motoras, não necessariamente todos se desenvolverão da mesma maneira, pois o processo de desenvolvimento motor se dá individualmente (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Deste modo, dentro das muitas áreas do desenvolvimento, cada pessoa tem habilidades específicas, não é porque ela tem uma habilidade superior em determinada área motora que irá ter o mesmo desenvolvimento em todas as áreas. Barbanti (2005), ressalta que o fato de algumas crianças apresentarem dificuldades em desempenhar algumas habilidades motoras, se dá pela falta de estímulos anteriores. Uma criança que não teve na primeira infância uma intervenção motora rica, esta dificilmente terá um desenvolvimento adequado na segunda infância. Conforme Gallahue e Ozmun (2005) embora algumas crianças possam atingir o estágio maduro basicamente pela maturação e com o mínimo de influências ambientais, grande parte necessita de oportunidades para executar determinas tarefas, alem de orientações e encorajamento. Sem estas intervenções é - 78 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq praticamente impossível o indivíduo atingir o estágio maduro, interferindo assim, no seu desenvolvimento posterior. Portanto, embora a maturação esteja envolvida diretamente no desenvolvimento de padrões de movimentos fundamentais, não se pode esquecer que os fatores ambientais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS As evidências aqui encontradas sugerem que tanto as crianças que foram inseridas em escolas de ensino especial como as de ensino regular, foram estimuladas de maneira semelhante quanto ao desenvolvimento motor, visto que meras diferenças foram encontradas. Evidenciou-se também que o fato das escolas especiais terem mais recursos como; menor número de alunos em sala de aula, professores mais capacitados e materiais adequados para se trabalhar com crianças com Síndrome de Down, não refletiram de forma positiva no desenvolvimento motor. Pois as semelhanças encontradas entre os grupos são maiores do que as diferenças entre eles. O que talvez justifique os dados desta pesquisa apontar semelhanças entre ambas às escolas, é o fato de que os alunos participantes da rede regular de ensino médio não apenas frequentam as aulas, como também participam de projetos e oficinas fora do horário de aula, o que lhes proporciona melhores vivências e consequentemente uma estimulação de forma mais adequada. Conclui-se que a inserção de uma criança com Síndrome de Down tanto em escolas de ensino especial como as de ensino regular, não influenciou de maneira significativa o desenvolvimento motor. No entanto necessita-se de mais estudos que possam referenciar os valores encontrados nesse estudo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBANTI, Valdir J. Formação de esportistas. Barueri: Manole, 2005. p. 31–84. FREITAS, Patrícia Silvestre; CIDADE, Ruth Eugênia Amarante;. Introdução à educação física e ao desporto para pessoas portadoras de deficiência. Curitiba: Ed. UFPR, 2002. p. 9-51. GALLAHUE, David L., OZMUN, Jonh C. 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É absorvida pelas raízes, transportados através do tecido da planta e perdida para a atmosfera, sendo que mesmo um pequeno desequilíbrio nesse fluxo de água pode causar déficits hídricos e mau funcionamento severo de inúmeros processos celulares (KERBAUY, 2009). A situação de déficit hídrico é comum e pode apresentar um impacto negativo substancial no crescimento e desenvolvimento das plantas assim, existe um conflito entre a conservação da água pela planta e a taxa de assimilação de CO 2 para produção de carboidratos (TAIZ; ZIEGER, 2006). A necessidade em se resolver este conflito leva a planta a desenvolver mecanismos morfofisiológicos, que as conduzem a economizar água para uso em períodos posteriores (KERBAUY, 2009). Segundo Levitt (1980) no entendimento das respostas das plantas ao déficit hídrico é de fundamental importância se quantificar a capacidade de armazenamento de água no solo e analisar a influência dos mecanismos de adaptação das plantas à redução da disponibilidade de água no solo, pois de acordo com Kiehl (1979) a quantidade de água armazenada no solo disponível às plantas varia com a textura e as características físicas do solo, levando a planta a apresentar diferentes respostas em seus mecanismos de resistência morfofisiológicos. O potencial de água da folha descreve o estado energético dela, cujos gradientes explicam os fluxos da água no sistema solo-planta-atmosfera. Embora haja variação ao longo do dia, mesmo em plantas irrigadas, esse parâmetro descreve o estado hídrico da planta, e tem sido muito utilizado em estudos das relações hídricas dos vegetais (WESTGATE, 1994). OBJETIVO O objetivo do presente trabalho foi testar e comparar o potencial hídrico das folhas de Coffea arábica L. utilizando o método modificado de Chakarov e das folhas de Tradescantia sp. utilizando o método de Plasmólise Limite. Os métodos utilizados foram ainda comparados. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA Para determinação do potencial hídrico de Coffea arabica utilizou-se o método adaptado de Chakarov (SALISBURY; ROSS; 1992). Para tanto, separou-se duas séries de onze tubos de ensaio estreitos, um para a série teste e outro para a série controle. Adicionou-se, em cada um dos tubos do experimento, 4 mL de soluções de sacarose à 0.1M/L; 0.2 M/L; 0.3 M/L; 0.4 M/L; 0.5 M/L; 0.6 M/L; 0.7 M/L; 0.8 M/L; 0.9 M/L e 1.0 M/L, e em outro tubo, adicionou-se somente água destilada. Em cada um - 81 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq dos tubos da série teste acrescentou-se o corante Safrablau e 10 discos de folha de C. arabica, cortados com perfurador de rolha e rapidamente inseridas com a pinça. Deixaram-se os tubos descansando por 2 horas, agitando suavemente a cada 20 minutos. Os discos foram retirados e as variações das concentrações foram auferidas por meio da introdução de uma gota de cada uma das soluções do grupo teste, com auxílio de pipeta, nas soluções de mesma concentração inicial correspondente do grupo controle. Em Tradescantia sp. o potencial hídrico foi determinado por meio do método de Plasmólise Limite. Foram utilizados 11 cortes paradérmicos na superfície abaxial da folha realizados a mão livre com auxílio de lâmina de barbear. Foram montadas 11 lâminas adicionando, aos cortes, água destilada e soluções de sacarose 0.1 M/L; 0.2 M/L; 0.3 M/L; 0.4 M/L; 0.5 M/L; 0.6 M/L; 0.7 M/L; 0.8 M/L; 0.9 M/L e 1.0 M/L; sobrepondo a lamínula posteriormente. Esperou-se 5 minutos para iniciar a observação. RESULTADOS O método de Plasmólise Limite se mostrou eficiente para a espécie Tradescantia sp., uma vez que a espécie possui grande quantidade de antocianina no protoplasto, o que facilita a visualização das alterações de tamanho neste. A partir das observações das lâminas contendo cortes das folhas dessa espécie submetidas a diferentes concentrações de sacarose foi possível observar que, na ausência de sacarose e na adição de 0,1 M/L, as células mostraram comportamento hipertônico em relação ao meio, absorveram água e, conseqüentemente, ficaram túrgidas. Para a concentração de 0,2 M/L de sacarose houve isotonia entre as células e o meio. A partir das concentrações de 0,3 M/L até a concentração de 1 M/L, as células se tornaram hipotônicas, ou seja, menos concentradas que o meio, e, com isso, perderam água, ficando menos túrgidas, e levando a plasmólise, que se acentuou progressivamente na medida em que a concentração do meio aumentava. Na concentração 0,8 M/L de sacarose as células pareceram ter atingido o seu máximo de retração (Tab. 1). Tabela 1: Comportamento de células das folhas de Tradescantia sp. frente a adição de diferentes concentrações de sacarose. Concentração de Sacarose (M/L) 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 Turgescência da célula Alta Alta Normal Reduzida Reduzida Reduzida Reduzida Reduzida Mínima Mínima Mínima Relação célula/meio Hipertônica Hipertônica Isotônica Hipotônica Hipotônica Hipotônica Hipotônica Hipotônica Hipotônica Hipotônica Hipotônica - 82 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O método de Chakarov, adotado nas folhas de Coffea arabica submetidas a diferentes concentrações de sacarose, se mostrou extremamente eficiente. Neste, foi possível observar que, nas concentrações de 0.1 M/L a 0.5 M/L, o tecido vegetal trabalhou em hipertonia, retirando água do meio, aumentando a concentração deste e, consequentemente, a densidade da solução em se encontrava. Tal fato se reflete na posição das gotas retiradas do grupo teste e introduzidas no grupo controle, uma vez que estas se situaram inferiormente ao meio da coluna de água do grupo controle uma vez que eram mais densas. Para as concentrações de 0.6 M/L e 0.7 M/L de sacarose, as gotas retiradas do grupo teste se situaram no meio da coluna de água do grupo controle, indicando que as densidades eram muito próximas, e que, portanto as células estavam isotônicas em relação ao meio. Com isso, não houve osmose em nenhum dos sentidos. A partir da concentração de 0.8 M/L até a concentração de 1 M/L, a maior concentração testada no presente experimento, o meio se tornou mais concentrado que as células de C. arabica e com isso retirou água de dentro dessas, reduzindo a concentração de sais das soluções teste em relação às soluções controle uma vez que mais água entrou nas primeiras. Tal diferença fez com que as gotas retiradas do grupo teste ficassem situadas superiormente ao meio da coluna de água do grupo controle (Fig. 1). Figura 1: Evolução da densidade da gota retirada do grupo teste em relação à coluna de água do grupo controle. Os resultados obtidos demonstram que a espécie Coffea arabica apresenta menor potencial hídrico em relação à Tradescantia sp. Ainda, o limite de salinidade suportado pela espécie Tradescantia sp. é menor (0.2 M/L) em relação àquele da espécie C. arabica (0.5 M/L, 0.6 M/L). A partir dessas concentrações, onde as células se mostram isotônicas, as plantas começam a perder água para o meio, se tornando hipotônicas em relação a este. DISCUSSÃO Osmose consiste de um processo de transferência de água através de uma membrana semipermeável, obedecendo ao gradiente de concentração, onde as - 83 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq moléculas de H2O movem-se do meio menos concentrado (hipotônico) para o meio mais concentrado (hipertônico). A quantidade de soluto presente em uma solução aquosa, portanto, influi diretamente nos movimentos da água, sendo seu efeito sobre o potencial hídrico da planta denominado de pressão osmótica (TAIZ; ZIEGER; 2006). As membranas das células vegetais são seletivamente permeáveis uma vez que permitem o movimento de água e de outras substâncias pequenas através delas mais prontamente do que o movimento de solutos maiores e de substâncias com carga (TAIZ; ZIEGER, 2006). A molécula de sacarose é grande e pode não se difundir pela membrana celular, assim, o equilíbrio osmótico ocorre mais facilmente por transferência de água, tanto do meio para o tecido vegetal quanto no caminho inverso (SHI et al., 1995). Sousa e colaboradores (2003) observaram tal fenômeno para a banana (Musa spp.) em experimentos de desidratação de tal fruta, onde, após cinco horas sobre forte pressão osmótica negativa, houve perda de aproximadamente 33% de água pelos tecidos do vegetal. Esse fenômeno parece ter regido as reações nos experimentos realizados uma vez que tanto as células de Tradescantia sp. e as folhas de Coffea arabica quanto os meios em que se encontravam tiveram suas concentrações alteradas com a perda ou ganho de água de acordo com a pressão osmótica. Em condições normais, a pressão interna da célula empurra a plasmalema (membrana plasmática) firmemente contra a parede celular. O tecido vegetal, em equilíbrio com a água pura, apresenta máxima turgidez (NOBEL, 1991). Se for adicionado, como no experimento com as folhas de Trandeschantia sp., um soluto à água, conforme a concentração for aumentada, a pressão hidrostática dentro da célula diminuirá devido ao fluxo de água para fora da mesma. A célula irá plasmolisar, isto é, ocorrerá a separação do protoplasto da parede celular e se formará um espaço ocupado pela solução osmótica, iniciado, para a referida espécie, na concentração de 0.3 M/L. As células, de acordo com o aumento da concentração de soluto, irão encolher até perder a turgidez, atingindo o ponto chamado de plasmólise incipiente (NOBEL, 1991), aqui na concentração de 0.8 M/L (Tab. 1). O movimento das moléculas de água entre o tecido vegetal e as soluções de sacarose altera, ainda, a densidade do meio. Quanto mais concentrado o meio maior é a sua densidade, como observado por Azzini e colaboradores (1980), que estudando diferentes regiões do colmo de cana-de-açúcar concluíram que em regiões onde havia maior concentração de sacarose a densidade do caldo produzido era maior. A concentração da solução pode ser influenciada tanto pela adição de soluto quanto pela retirada da água (TAIZ; ZIEGER, 2006), e, no experimento realizado com Coffea arabica, tal propriedade do meio foi modificada devido ao movimento da água entre as folhas e a solução contendo sacarose, alterando a posição das gotas do grupo teste introduzidas de acordo com a densidade em relação ao grupo controle (Fig. 1). Células vegetais trabalham em hipertonia em relação ao solo. Tal condição permite que a planta absorva a água que será usada em seu metabolismo, sendo comum nas raízes, que acumulam açúcar, fazendo com que a água entre na planta. Quando essa condição é alterada, a capacidade da planta de absorver água é reduzida, comprometendo os processos fisiológicos. Em isotonia (igualdade da concentração solo planta) a absorção da água depende de outros fatores, já que a pressão - 84 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq osmótica nesse caso é nula. Em hipotonia (concentração de sais menor na planta) a célula perde água para o meio (TAIZ; ZIEGER, 2006; KERBAUY, 2009). O aumento da salinidade do solo torna esse mais concentrado, afetando suas relações hídricas com as plantas. De acordo com Lima (1998), isso ocorre em razão da elevação do potencial osmótico da solução do solo, por efeitos tóxicos dos íons específicos e alteração das condições físicas e químicas do solo. Os efeitos imediatos da salinidade sobre os vegetais são: seca fisiológica, proveniente da diminuição do potencial osmótico, desbalanceamento nutricional devido à elevada concentração iônica, especialmente o sódio, inibindo a absorção de outros nutrientes, e, efeito tóxico de íons, particularmente o cloro e sódio. O solo como um sistema aberto, é dinâmico e está em constante interação com a atmosfera, a hidrosfera, a biosfera e a litosfera. Dependendo da intensidade como atuam estes fatores, os solos podem apresentar características diferenciadas, assim, cada região apresenta um solo com características próprias, dentre essas, a salinidade (EMBRAPA, 1999) que se destaca como uma das que mais influem no desenvolvimento das vegetações naturais. A adaptação de uma espécie a um determinado solo fica, com isso, condicionada a capacidade de absorver água deste, ou seja, de ser hipertônica (KERBAUY, 2009). Segundo a EMBRAPA (1999), 2% do território brasileiro apresentam problemas de salinidade. São solos que apresentam elevada concentração de sais, principalmente sódio. Acontecem em regiões costeiras de influência marinha (faixa de praia, dunas) e/ou de influência fluviomarinha (manguezais), bem como algumas regiões do semiárido (caatinga) no nordeste do país e no Pantanal. O gênero Tradescantia (Commeliniaceae) é nativo das regiões de floresta tropical da América do Sul (ESLER, 1978), inclusive no Brasil. Essas áreas são caracterizadas por alta disponibilidade hídrica com solo nutritivo e de baixa salinidade. Coffea arabica (Rubiaceae) é uma espécie Originária das terras altas da Etiópia e Sudão, onde cresce em estado silvestre nos estratos inferiores da floresta equatorial africana, região que apresentam solo mais salino quando comparada ás florestas mesófilas sulamericanas (WILSON, 1977). As características dos habitats das espécies estudadas corroboram com os resultados obtidos no experimento com as células de Tradescantia sp. e com as folhas de C. arabica. As células de Tradescantia sp. apresentaram baixa resistência ao aumento da salinidade no meio em que se encontram e potencial hídrico maior, como explicitado pela plasmólise da célula que ocorreu a partir da concentração de 0.3 M/L de sacarose na água. Já as folhas de C. arabica mostraram maior resistência ao aumento da concentração salínica do meio e menor potencial hídrico, pois começaram a perder água somente na concentração de 0.8 M/L de sacarose. Em relação às duas metodologias aplicadas no presente estudo, o método de Chakarov se mostra como o mais indicado para aplicação na maioria das espécies, uma vez que independe da presença de pigmentos nas células. Já o método de Plasmólise Limite, que mostra-se extremamente didático, dependente da presença de pigmentos no protoplasto, como a antocianina em Tradescantia sp. (ESLER, 1978), ou de técnicas de coloração deste, uma vez que, em células onde essa pigmentação não exista, fica dificultada a visualização das mudanças no protoplasto ocasionados por alterações na turgescência. CONSIDERAÇÕES FINAIS - 85 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A espécie Coffea arabica L. apresenta mecanismos mais eficientes para sobreviver em solos de maior salinidade quando comparada a espécie Tradescantia sp. e tais caracteres relacionam-se com o habitat de cada uma. O método de Chakarov é mais independente das características de cada espécie e recomendado para plantas em geral enquanto o método de Plasmólise Limite é recomendado somente em espécies onde haja pigmentos no protoplasto ou que passem por processo de coloração REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZZINI, A.; TEIXEIRA, J.P.F.; MORAES, R.M.; PIRES DE CAMARGO, A.J.F. Correlação entre o teor de sólidos solúveis do caldo e a densidade básica do colmo de cana. Bragantia, v. 39, p. 181-183, 1980. EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: Embrapa - Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412 p ESLER, A.E. Botany of the Manawatu. Wellington, New Zealand: Government Printer, 1978. 206 p. KERBAUY, G.B. Fisiologia vegetal. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. 819 p. KIEHL, E.J. Manual de edafologia. São Paulo: Ceres, 1979. 262 p. LEVITT, J. Response of plants to enviropmental stress. 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P ¹, ²; LIMA, M.C.C.4; BERETA, A.L.R.Z.1,3,5. 1 2 3 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Docente do Programa 4 de Pós-Graduação em Docência Superior da Universidade Gama Filho Docente do I Programa de Pós-Graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS– 5 Orientador [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Atualmente o estresse é um dos fatores de maior relevância na humanidade, atinge todas as idades, classes sociais e profissões, ocasiona danos em todos os aspectos que envolvem o tema saúde. Para Brunner (1994) o estresse é um estado produzido por uma alteração no meio ambiente que é percebida como ameaçadora ou lesiva para o indivíduo. A condição de qualidade de vida é um determinante de peso para desencadear o estresse, e todo ser humano está exposto a oscilações em determinadas situações da vida, principalmente em períodos de formação, como estudantes universitários com as mudanças bruscas para adaptações necessárias, sobrecargas e muitas vezes associações de várias atividades para manutenção financeira dos estudos. Para Neto (2008) o conceito de qualidade de vida é subjetivo, multidimensional e influenciado por vários fatores relacionados à educação, à economia e aos aspectos socioculturais, não havendo um consenso quanto à sua definição. Os estudantes são cometidos por uma variedade de fatores de estresse semelhantes aos que ocorrem nas situações de trabalho, lembrando que a transição da universidade para o mercado de trabalho caracteriza-se por ser um momento de antecipação e não realização de projetos, o que faz estes indivíduos sem referências para dar sustentação ao seu senso de identidade, não são mais apenas estudantes, mas ao mesmo tempo não são ainda profissionais (TEIXEIRA, 2004). A necessidade de reavaliação do processo ensino-aprendizagem diante a globalização, as condições de vida dos alunos e dos professores universitários é evidente e extremamente necessária para sobrevivência e manutenção da qualidade do ensino no século XXI, professores e alunos, aproveitar as ferramentas facilitadoras do novo tempo associado ao alicerce da educação, lembrando que o processo ensino-aprendizagem é construtivo e cumulativo, não descartando informações, mas moldando conceitos com a evolução dos tempos. OBJETIVO O objetivo do estudo foi a realização de uma revisão bibliográfica para compreender a qualidade de vida dos estudantes universitários na atualidade e o universo dos docentes diante as condições oferecidas pela evolução dos tempos de globalização e a influência do estresse neste período de formação. - 87 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq REVISÃO DA LITERATURA 4.1 Globalização A evolução dos tempos exige discernimento e sabedoria de toda população, independente no nível de escolaridade. Portanto com o professor universitário não é diferente, a necessidade de acompanhamento deste processo para sobrevivência da docência na modernidade. Para Morgado (2009) a globalização tem uma grande interferência na universidade. A responsabilidade da manutenção dos princípios da educação superior frente à globalização está concentrada sob a massa que administra o processo. Apesar da ciência da sociedade “esclarecida” da situação de estresse que é o enfrentamento necessário em inúmeras situações no cotidiano da docência, principalmente do ensino superior. 4.2 Perfil do Profissional do Século XXI O Maior desafio do docente da atualidade é encontrar uma zona de conforto entre a base referencial de formação e a adequação às mudanças dos tempos, sem perder a essência e a identidade dos conceitos. Marchiori (1996) escreveu que o profissional do século XXI não é apenas o que está sendo graduado, mas há gerações anteriores que estão atuando tanto quanto os novos. E questiona: Que profissional queremos formar? O que vemos é uma necessidade de mudança de perfil profissional. O perfil do século anterior apresenta uma grande massa de profissionais institucionalizados, normalmente em bibliotecas, cuja grande maioria encontra-se no serviço público, poucos nas instituições privadas, e menos ainda os que são prestadores de serviços. A autora sugere a busca pelo equilíbrio: não sugere abandonar a biblioteca, abocanhar um pedaço das instituições privadas e também serem prestadores de serviços. A real necessidade é a adequação da base às modernidades aproveitando tudo que a tecnologia e a inovação propiciam a aquisição de conhecimentos sem esquecer que o alicerce está concentrado na história, e determinadas situações, consideradas ultrapassadas como o autor menciona a biblioteca como exemplo são primordiais ao sucesso do processo de aprendizagem, sem deixar esquecer o relacionamento interpessoal, a qualidade de vida que estão esquecidos em troca da modernidade. Segundo Picolli (2009) o mundo está vivendo um processo de grandes transformações profundas e aceleradas. Tal processo é condicionado por vários fatores, como os avanços científicos que multiplicam as informações, distribuindo o conhecimento e influenciando sistemas políticos, econômicos e sociais, presentes e futuros e deixa nítido que os profissionais do nosso milênio, que vivem em constante transformação, deverão ser competentes, criativos e responsáveis, ter capacidade decisória e apresentar disponibilidade em trabalhar em equipes multidisciplinares. A prática da docência não pode ser levada pela individualização do processo e sim pela soma das ferramentas com o objetivo da construção do saber. 4.3 Perfil do Professor Universitário Santana (2004) relembra uma citação de Marques (1969) que “o professor que tem entusiasmo, que acredita nas possibilidades do aluno, é capaz de exercer uma influência benéfica na classe como um todo e em cada aluno individualmente, pois sua atitude é estimulante e provocadora de comportamentos ajustados". - 88 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O mesmo autor, Santana, lembra também que o professor do século XXI dever ser um profissional que elabora, com criatividade, conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade, sendo esta a principal característica de um inovador na atualidade. A construção e edificação do conhecimento, a metodologia utilizada, a competência de estimular a busca e a avaliação qualitativa, com objetivos individualizados, são ferramentas indispensáveis ao professor universitário em tempos modernos. A única obrigação do docente é desenvolver as competências de habilidade e confiança na relação aluno-professor e estimular ao incansável busca pelo conhecimento. 4.4 Perfil do aluno Universitário As mudanças do perfil do aluno universitário são inúmeras, crescentes e preocupantes por estarem alterando o contexto em situações sociais, biológicas e culturais, tanto sob o ponto de vista positivo como as ferramentas da tecnologia, da facilidade de expansão da rede da comunicação, quando utilizada com eficácia, do aumento do poder de consumo e outros, mas também pelo negativo, como a banalização de conceitos como respeito, uso abusivo e crescente de substâncias psicoativas em todos os aspectos e a busca incansável e sem medidas pelo materialismo a qualquer preço. O docente entra como educador reprocessando a necessidade de recapitulação de conceitos ou até mesmo o ensino para tentar estabelecer uma comunicação eficaz e um resultado satisfatório ou perto do esperado pela sociedade. Uma situação que visualiza este processo é a avaliação progressiva e contínua. Para Caldeira (2004) o modelo tradicional de avaliação da aprendizagem está relacionado com o desenvolvimento das teorias tecnicistas e comportamentalistas que tiveram maior evidência na década de 60, onde buscava através da avaliação, julgar a efetividade do processo em todos os instantes da vida de acordo como os comportamentos esperados, e por décadas o processo de avaliação ocupou um papel de instrumento de análise para desempenho final. A elaboração de trabalhos de conclusão de curso é uma prática adotada na atualidade como protocolo de finalização do processo de avaliação do ensino superior e recebida pela maioria dos estudantes como o maior desafio dentro do período de formação, por fatores relacionados aos docentes e aos próprios estudantes. A atuação do docente, neste processo de orientação é primordial para o sucesso, não apenas do artigo ou monografia, mas, da formação do estudante, pois este período é o momento oportuno da individualidade da atuação de ambos no processo ensino-aprendizagem, onde ocorre um estreitamento do contato entre ambos e todas as habilidades de ouvir e aprender, de confiança e apoio, informações relevantes primordiais e direcionadas podem ser expressas com mais tranqüilidade e a comunicação, verbal e não verbal, se estabelece com qualidade e os objetivos da orientação são alcançados com eficácia como a busca de um tema, definição de uma linha de pesquisa, definição de um título, aplicação de todos os passos da metodologia científica e re-estabelecimento da zona de conforto de ambos é alcançada com um resultado final de qualidade. Vários estudos são encontrados na literatura como base a qualidade de vida de estudantes universitários e os danos são encontrados em vários níveis das - 89 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq condições de saúde, grande parte relacionada a situações somáticas, como alterações nos padrões de sono e vigilância. Neste momento vale salientar que fatores como alimentação, relacionamento interpessoal laser não estão sendo abordados, mas possuem grande importância neste contexto pelas alterações e padrões seguidos fora do preconizado como saudáveis sob o ponto de vista bio-psico-social, influenciando diretamente na produção e condução do processo de aprendizagem dos estudantes. 4.5 Estresse É uma condição que pode ser descrita como uma alteração do estado de equilíbrio do organismo, atingindo os níveis bio-psico-sociais do indivíduo e o objetivo primordial da humanidade é a manutenção deste estado de saúde conceituado pela Organização Mundial de Saúde, que é a busca, contínua e progressiva, deste bem estar bio-psico-social, tão difícil de ser alcançado com o crescente número de agentes agressores e condições promissoras que levam desencadear a quebra de promoção e manutenção da saúde e até mesmo ao processo de doença. Loures (2001) descreve em sua dissertação uma citação de Black (1995) onde faz uma definição sobre estresse. O estresse é um estado de desarmonia no qual a homeostase está ameaçada, podendo ser provocado por estressores psicológicos, ambientais e fisiológicos. O estresse comanda os pensamentos e emoções que influenciam o Sistema Nervoso Central e o Sistema Imune, ativando assim o circuito bidirecional. Esta ativação ocorre via Eixo HipotálamoHipófise-Adrenal, que inicia uma cascata de reações por todo o organismo. Segundo Brunnner e Sundart (2004) o estresse é um processo desordenado produzido pelo ambiente alterado e a adaptação é um processo contínuo e necessário que exige uma modificação na estrutura, função ou comportamento, de modo que o indivíduo consiga uma melhor adequação do ambiente, e este resultado depende do grau de adaptação, o tipo de suporte disponível e dos vários desafios e estressores a serem combatidos. Portanto entende-se perfeitamente que a adaptação é um processo individual e o tempo varia de indivíduo para indivíduo, dependendo principalmente da resiliência. Os sinais e sintomas de estresse são encontrados nos indivíduos de todas as classes sociais e condições sócio-culturais no cotidiano. Dentro do ambiente universitário, não é diferente, é muito visualizado vários sinais e relatos de sintomas de estresse pelos acadêmicos, e um dos sinais do estresse em maior evidência visualizado neste meio é a ansiedade, nos estudantes em vários períodos da formação e principalmente na fase de conclusão, pelas atividades e situações enfrentadas como os trabalhos de conclusão de curso, a necessidade de ingresso no mercado de trabalho e a mudança de vida prestes a acontecer, quando não conduz a desistência. - 90 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Ferreira el al (2009) relata que a ansiedade é considerada um sinal de alerta, determinada pela presença de um conflito interno, cuja função é avisar sobre um perigo iminente para que se tomem medidas para lidar com a ameaça. Santos (2007) deixa claro em seu artigo que existe uma influência desta alteração da zona de conforto e a relação direta com o resultado final de qualquer produção feita nestas condições de estresse e ansiedade quando ele descreve que o estudante pode apresentar um padrão inferior em relação ao que é possível de ser realizado, e que o manejo adequado do estresse e a caracterização dos estressores assumem destaque enquanto fatores que podem fomentar a eficiência do estudante. A sugestão que o autor citado, em sua pesquisa sobre Estresse e estratégias de enfrentamento em mestrandos de ciências da saúde, deixa é que sejam criadas formas de ouvir estas demandas apresentadas pelo estudante, é uma autoavaliação do indivíduo, e que a sinalização é uma possibilidade de enfrentamento e o estresse é um pedido de escuta. As habilidades de ouvir e aprender, confiança e apoio, informações relevantes na “hora certa”,são instrumentos necessários, e eficazes na prática da docência em todas as fases do ensino, primordiais na relação ensino-aprendizagem. 4.6 Qualidade de Vida O processo de busca pela qualidade de vida é contínuo e muito divergente entre nações, regiões, comunidade e indivíduos, dificultando uma definição única, este conceito depende da visão de padrão de qualidade, da cultura, da religião, de valores éticos, da personalidade e da condição satisfatória imaginária oscilando de indivíduo para indivíduo de acordo com padrões pré-estabelecidos desde o início da vida. Pinto Neto (2008) relata que a definição de qualidade de vida, a maioria dos autores concorda que em sua avaliação, devem ser contemplados os domínios físico, social, psicológico e espiritual, buscando-se captar a experiência pessoal de cada indivíduo. Buss (2000) afirma que as condições de vida têm melhorado de forma contínua e sustentada na maioria dos países, no último século, graças aos progressos políticos, econômicos, sociais e ambientais, assim como aos avanços na saúde pública e na medicina. O mesmo autor lembra que no contexto mundial, estudos clássicos, como o 'Black Report' inglês, além de uma notável tradição de estudos canadenses, norteamericanos e europeus, mostra as relações entre saúde e qualidade/condições de vida. O conceito de qualidade de vida é reformulado e conceituado pelo aluno universitário ao ingressar na universidade ou faculdade e não consegue retornar a zona de conforto até sua conclusão, pois o período vivenciado reflete necessidades de mudanças e alterações contínuas de conceitos, antes vistos como fixos e definidos com muita segurança, iniciando pela condição de vida, mudança de lar, alteração de rotinas, adaptações a novas pessoas, estilos, a importância e a necessidade do poder aquisitivo neste período, as diferenças de classes sociais, e a visão sobre o futuro que inicia uma idealização mutável a cada descoberta. O professor deve ter o compromisso de promover a saúde e ser mediador nesta transição de vida, pensamentos, vitórias, conquistas, derrotas e decisões quando abordado para auxiliar neste conceito, que reflete diretamente no processo ensino-aprendizagem. Buss (2000) inicia seu artigo afirmando o papel da sociedade - 91 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq em busca deste conceito, de qualidade de vida, e o docente precisa sentir a necessidade de complementar esta definição, principalmente no período de orientação dos trabalhos de conclusão de curso pela oportunidade de aproximação e convivência favorecida com o estudante neste período final do ensino. CONSIDERAÇÕES FINAIS Existem grandes mudanças na educação superior nos últimos tempos, fatores determinantes em vários aspectos, como alterações de conceitos de base familiar, modificações e perdas de valores morais, com a evolução dos tempos, influências sociais e econômicas. O objetivo do estudo foi atingido e a conclusão primordial foi a constatação que a busca pela zona de conforto é visualizada não apenas como um processo esperado e necessário, mas como um sofrimento pelas condições do meio, às vezes ocasionando processos patológicos visíveis tanto no professor universitário como no aluno. Cabe a sociedade repensar na verdadeira essência da educação que é a busca pelo saber, com prazer, sem sinais e sintomas de estresse. Será que todos, sociedade, alunos e professores universitários, estão satisfeitos com a situação atual do ensino superior no Brasil, fica a questão para próximas reflexões da classe. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALMONDES, K. M.; ARAUJO, J. F. Padrão do Ciclo Sono Vigilância e sua Relação com a Ansiedade em Estudantes Universitários. Estudos de Psicologia, Natal, v.8, n.1, 2000. BRUNNER; SUNDARTH. Tratado de Enfermagem Médico Cirúrgica, 8ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara, cap. 9, p. 100, 1994. BUSS, P. M. 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Educação e Sociedade, Campinas, V.30, nº. 106, Jan/Abr, 2009. - 92 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq PICOLLI, J. C. J. O Perfil Profissiográfico em Educação Física para o Século XXI: Reflexão de Uma Nova Perspectiva. Rev. Conhecimento online, Ano 1 , Vol. 1 , Setembro 2009. Disponível em: < http://www.feevale.br/revistaconhecimentoonline>. Acesso em: 5 Set. 2010. PINTO, P. et al, Qualidade de Vida. Rev. Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 30, n. 11, 2008. SANTOS, A. F; ALVES, A. J. Estresse e estratégias de Enfrentamento em mestrandos de Ciências da Saúde. Rev. Psicologia Reflexão Crítica, Porto Alegre, v.20, n. 1, 2007. TEIXEIRA, M. A. P; GOMES, W. B. Estou me Formando... e Agora?: Reflexões e Perspectivas de Jovens Formandos Universitários. Rev. brasileira de Orientação Profissional, São Paulo, v.5, p.47, junho, 2004. PALAVRA-CHAVES: Qualidade de Vida, docentes, estudantes. - 93 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq TRÊS OLHARES PARA A REALIDADE DE UMA CASA DE REPOUSO AZEVEDO, A. A. A. de ¹; BORDIGNON, B. P.²; LOPES, L. D.³; VIEIRA, M. 4; LOURENÇO, M. A. 5 1. Uniararas, discente. 2. Uniararas, discente. 3. Uniararas, discente. 4. Uniararas, discente. 5. Uniararas, discente. [email protected] INTRODUÇÃO A fim de observar e investigar os fenômenos, fatores psicológicos e as atividades humanas dentro dos campos do Trabalho, Saúde e Educação como parte da disciplina Grupos e Instituições II (Teórico/Prática), no 6º período do curso de Psicologia da Uniararas, no ano de 2009, visitamos uma Instituição que abriga idosos, localizada no interior de São Paulo. Podemos destacar o desempenho dos profissionais tanto em teoria quanto na prática, além de compreender o funcionamento da Instituição. A tarefa consistiu em observar a Instituição em três visitas pré agendadas a fim de compreender sobre seu funcionamento, causando a cada visita novas impressões que serão descritas no decorrer do presente trabalho. A experiência prática e elaboração teórica são importantes para que futuros psicólogos possam organizar e promover condições de saúde e bem estar tanto para os abrigados quanto para os profissionais da área da saúde que podem atuar sob perspectivas diferentes em um mesmo local. OBJETIVOS Compreender o funcionamento de uma instituição que abriga idosos por meio da observação e interação com o campo, relacionando o contato prático com a teoria de acordo com três diferentes perspectivas lançadas sobre a instituição: Trabalho, Saúde e Educação. MATERIAL E MÉTODOS Sujeitos Funcionários, voluntários e moradores da Instituição participaram desse trabalho. Coleta de dados e registro Foram realizadas conversas informais com pessoas escolhidas aleatoriamente em diversos espaços da Instituição, nas quais eram coletadas as informações. Não foram utilizados questionários ou roteiros previamente estabelecidos. Para registro foram elaborados diários de campo individuais com dados de observação, descrição do espaço físico, detalhamento das conversas e impressões pessoais. Análise A análise foi feita em conjunto pelo grupo com auxílio de supervisões dos professores responsáveis pela disciplina. - 94 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo um técnico em enfermagem da instituição, o Estatuto do idoso foi muito importante para que os idosos com recursos não fossem mais colocados em asilos, pois agora é necessário comprovar que a família não tem condições e que o idoso não possui bens. A partir de uma lista de espera, a assistente social faz visitas às casas dos idosos para conversar e fazer todo o organograma da família, analisando se o idoso necessita realmente ir para a instituição. A Política Nacional do Idoso (BRASIL, 1994) entende asilo como o atendimento em regime de internato ao idoso, sem vínculo familiar ou sem condições de prover a própria subsistência, de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social. Declara ainda que tal atendimento somente deve ocorrer no caso da inexistência do grupo familiar, abandono, carência de recursos financeiros próprios ou da própria família, sem considerar quaisquer outras condições, seja em caráter temporário seja permanente. (XIMENES; BELTRINA, p. 24, 2007) Segundo o Estatuto do Idoso (2009), as situações em que houver a participação financeira da pessoa idosa devem ser normatizadas pelo Conselho Municipal do Idoso, os quais observam os seguintes princípios: § 1.º No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a cobrança de participação do idoso no custeio da entidade. § 2.º O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de participação prevista no § 1.°, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistência social percebido pelo idoso. § 3.º Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo. O técnico em enfermagem afirmou que os gastos são grandes e apesar do “Estatuto do Idoso” dizer que 70% da renda deste deve ser destinada à instituição que o acolhe, isso é apenas uma pequena parcela do que se gasta, já que ele estima uma média de R$ 1.000,00 por morador. É através de muitas doações da comunidade que a instituição consegue se manter, principalmente com a de alimentos. Em relação a estes 30% restantes ele nos contou que ficam com os moradores e há três moradores mais independentes os quais podem sair do asilo para ir ao supermercado e buscar um jornal. A instituição possui poucos voluntários, como o caso das mulheres voluntárias que freqüentam o asilo oferecendo serviços como banho, corte de cabelo e alimentação, resultando também em realização pessoal ao ser útil a alguém. Há também um programa de apadrinhamento para idosos que não possuem familiares em que voluntários fazem visitas e levam-nos em datas comemorativas como o Natal, mas se ainda restam idosos que não têm lugar para passar essas datas festivas fora da instituição alguns dos funcionários se organizam e levam os idosos para passar as festas com eles. A impressão do grupo foi de que a instituição possui ambiente físico e instalações de ótimas condições, no entanto a tristeza que envolve o ambiente e os sujeitos nos afetou muito apesar de parecer algo normal para os mesmos. Os internos parecem se sentir inúteis e se acomodam com essa situação perdendo inclusive o contato com a sociedade e até entre eles mesmos, já que não foram observados diálogos, interação ou atividades em conjunto. - 95 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq “Nas instituições tende sempre à estabilização e à estereotipia, à monotonia que se bem por um lado cumpre com uma das funções psicológicas da instituição, leva, por outro, a um contínuo e reiterado empobrecimento das relações interpessoais. O hospitalismo se acha assim – em diferentes formas e expressões – em todas as instituições.” (BLEGER, 2003, p.63). Alguns idosos se aproximaram de nós durante as visitas com um pouco de receio, um pouco de curiosidade e desconfiança. Enquanto estávamos no refeitório o administrador se aproximou de nós da mesma maneira que alguns idosos fazem, até a maneira de andar, os movimentos eram parecidos; ele cumprimentou-nos, perguntou se estava tudo bem e logo saiu dali. A tristeza que os idosos transmitem estar sentindo não está presente apenas neles, os funcionários também demonstram essa tristeza. Segundo Bleger (1998), a organização tende a ter a mesma estrutura do problema que deve enfrentar e para o qual foi criada. A equipe de enfermagem demonstrou alto índice de estresse causado pelas condições de trabalho, pois muitas vezes trabalham em dois turnos além da exposição diária ao sofrimento dos moradores. De acordo com Dejours (2004, p.30), “trabalhar não é somente produzir; é, também transformar a si mesmo e, no melhor dos casos, é uma ocasião oferecida à subjetividade para se testar, até mesmo para se realizar.” A Instituição preza muito a saúde física aparentemente acreditando que essa seja a verdadeira e única saúde que podem proporcionar aos seus moradores, pois sabem que sozinhos ou com a família muitas vezes nem isso é oferecido. Como diz Garcia et al (2006, p.176): Mesmo com a extensão da atenção à saúde, ocorrida a partir dos anos 80, aborda-se o idoso, na maioria das vezes, de modo limitado às enfermidades crônicas e em consultas individuais esporádicas, sem continuidade, e desconsiderando o impacto desse quadro na qualidade de vida(1). A precária assistência ao idoso pode ser constatada pela elevada proporção de óbitos por causas mal definidas (que chega a 65%) e à subnotificação de problemas considerados esperados ou normais para a idade e não passíveis de intervenção(1). Alguns funcionários demonstraram adotar um conceito de saúde mais ampliado ao olhar também para o sentimento de abandono dos idosos, mas afirmam não conseguirem cuidar dessa questão. Essa concepção está de acordo com a proposição de promoção de saúde da OMS atualizada em 1991: “[...] o princípio de promoção de saúde, incorporando a questão do desenvolvimento econômico e social. Saúde passa a ser descrita como um estado de bem-estar físico, psíquico e social, [...]” (Medeiros, 2005, p. 269). Ao perguntarmos a um enfermeiro o que é feito quando alguém falece e se o tema morte é posto em pauta alguma vez e ele respondeu que não. Pensamos que pode até ser um dos motivos por não se envolverem tanto dentro da Instituição: a morte – porque me ligar a uma pessoa que pode falecer amanhã? E se eu me apegar? É melhor não sofrer demais – apesar de ninguém ter dito essas palavras nos questionamos se não seria uma boa maneira de evitar maiores tristezas e angústias. - 96 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Lidar com a morte e o luto é algo a ser trabalhado com os moradores e com os funcionários em contato diariamente com a situação, além de servir como um trabalho para aceitarem o próprio envelhecimento, já que isso é difícil para a maioria das pessoas. Entende-se que há necessidade de regras e horários para a rotina de funcionamento, entretanto, essa rotina esmaga a vontade e os desejos daqueles moradores. Embora estejam de acordo com o Estatuto do Idoso (LEI No 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003), a emancipação lhes é tomada em troca de abrigo, alimentação e cuidados médicos. O seu ser, sua história, a pessoa que ele é passa a não ter mais importância, pois apesar de alguns funcionários demonstrarem muito carinho o que acorre é a desumanização no atendimento, um tecnicismo. Em relação à desumanização dos serviços de saúde Fortes (1998, p. 16), aponta que: “A exacerbada especialização e tecnificação do trabalho de assistência à saúde acaba num progressivo afastamento do profissional de saúde de seus pacientes, tornando a relação entre eles cada vez mais distante, impessoal e despersonalizada.” Percebemos que é necessário um trabalho para torná-lo mais humanizado e desenvolver mais projetos para cuidar do emocional, ajudar os idosos e a equipe a lidar com a realidade em que se encontram, com essa tristeza profunda que parece ser permanente no cotidiano deles já que a rotina do lar parece uma linha de montagem, tudo tem seu horário; a rotina é do lar e não dos idosos. Em uma das visitas alguns moradores estavam indo dar uma volta de “trenzinho”, nos questionamos qual a finalidade real daquilo, já que nos pareceu de tamanha infantilização e só não beirava ao desrespeito porque se via que era feito com afeto. É comum que as pessoas lidem com os idosos como se fossem crianças. Parece que essa situação passa a ser natural, como na fala da psicóloga que nos relatou que como a maioria tem algum problema mental ela não pode exigir muito deles e então ela faz poucos trabalhos que envolvam cognição e mais brincadeiras A instituição permite que se realize aos domingos um baile recreativo, no entanto soubemos que os internos não podem participar da atividade, sendo separados das pessoas por uma grade. A fala de uma funcionária “eles não gostam de participar do baile”, mostra que se coloca no idoso morador do asilo o motivo para que a organização funcione de determinada maneira, quando na verdade estas normas foram estabelecidas pela equipe de trabalho. Para a instituição é como se o surgimento de doenças e a solidão fossem justificativas para a falta de autonomia e independência que a Institucionalização acaba por acarretar. .Acreditamos que poderiam ser desenvolvidos diversos tipos de atividades com os idosos, como a simples participação deles em assuntos do bairro ou apoiar atividades fora da instituição, como contar histórias para crianças para a promoção de autonomia, de acordo com o interesse dos próprios moradores. Observamos que a maioria dos moradores possui Ensino Fundamental Incompleto, e mesmo alguns dos moradores nos dizendo que possuem interesse em aprender mais, a instituição não tem nenhuma atividade nesse sentido. Quando questionamos alguns funcionários sobre isso, o argumento utilizado foi o de que são poucos os moradores que se interessariam por esse tipo de atividade. Tal fala nos fez pensar se mesmo sendo poucos os interessados não valeria a pena desenvolver - 97 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq alguma atividade que pudesse atender ao interesse deles... pensamos que sim, mas por parte da instituição volta a transparecer a imagem de que os idosos estão lá apenas aguardando o fim da existência, que auxiliar a realizar objetivos que eles possam ter é algo que fica excluído na intervenção dos profissionais que lá trabalham. CONSIDERAÇÕES FINAIS A instituição se mostra eficaz no que diz respeito à estrutura física e aos cuidados médicos prestados, com profissionais que mantinham um bom relacionamento com os pacientes chamando-os pelo nome e conhecendo várias das suas questões pessoais. No entanto, falta o cuidado com a saúde psíquica e social, como se o interno não tivesse mais sonhos ou qualquer expectativa de vida, numa simples espera pela morte. Acreditamos que a desvalorização social do idoso contribui bastante para o seu adoecimento mental e físico, limitando cada vez mais os que se encontram internados na instituição. Até mesmo os que se encontram capazes de executar tarefas básicas do dia-a-dia quando se vêem com os outros internos já mais debilitados são acometidos por um desânimo e uma falta de esperança. Além disso, os cuidadores também são “tocados” por sentimentos que influenciam no desenvolvimento de seu trabalho e podem causar adoecimentos que contribuem para a desumanização da instituição. É necessário encarar o envelhecimento como processo natural, podendo ser uma fase tão proveitosa quanto qualquer outra da vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLEGER J. Temas de Psicologia: Entrevista e Grupo. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes; 1998. BLEGER, J. Psico-Higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre (RS): Artmed; 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso / Ministério da Saúde. - 2. ed., 3.ª reimpr. 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[email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Segundo Blanes (2004), feridas são definidas como a interrupção da continuidade de um tecido corpóreo, em maior ou em menor extensão, causada por qualquer tipo de trauma físico, químico, mecânico ou desencadeada por uma afecção clínica. Podem ser classificadas de acordo com as estruturas comprometidas (profundidade da ferida), estadiando alguns tipos de feridas crônicas (como as úlceras por pressão e queimaduras). Engloba a ferida superficial (limitada à epiderme), ferida com perda parcial (limitada à epiderme e porção superior da derme), e a perda total (existe destruição da epiderme, derme, tecido subcutâneo, podendo invadir músculos, tendões e ossos). Villela (2007) conclui que a cicatrização é a cura da ferida e não havendo nenhum obstáculo, este processo segue uma seqüência cronológica específica que pode ser explicada em três fases: inflamatória, proliferativa e de maturação. Alguns fatores sistêmicos afetam diretamente o processo de cicatrização, tais como: a idade, a imobilidade, o estado nutricional, co-morbidades e o uso de medicamentos, como o uso indiscriminado de antibióticos, uma vez que eles provocam a diminuição da predisposição do tecido ao reparo, consumindo nutrientes e retardando a cicatrização. Por outro lado tem-se os fatores locais como localização, tecido desvitalizado e infecções alterando o processo cicatricial como evidenciado por Santos (2000). As tentativas humanas de intervir no processo de cicatrização das feridas remontam à Antigüidade, demonstrando que desde então já se reconhecia à importância de protegê-las de forma a evitar que se complicassem e repercutissem em danos locais ou gerais para o usuário. Tem-se verificado avanços na compreensão dos processos e fenômenos envolvidos nas diversas fases da reparação tissular e simultaneamente muito se tenha investido em pesquisa, o desenvolvimento de novas técnicas e produtos para a realização de curativos e métodos coadjuvantes no tratamento de feridas têm exigido a criação de grupos de estudo sobre as lesões cutâneas. O presente estudo foi motivado pela necessidade crescente de haver uma padronização para realização de curativos, visando elaborar um protocolo sistematizado para o atendimento. OBJETIVO Cuidar de feridas é uma rotina da enfermagem, porém existem muitas dificuldades, uma vez que são utilizadas diversas práticas no tratamento de feridas e inúmeros são os produtos existentes no mercado, não existe uma sistematização. Assim, o presente estudo foi motivado pela necessidade de estabelecer rotinas e normatizar - 100 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq as técnicas de curativo, e tem como objetivos padronizar e implementar o Protocolo para o cuidado de Feridas na Clínica de Enfermagem da Universidade Hermínio Ometto - UNIARARAS, através de revisão de literatura. REVISÃO DE LITERATURA A preocupação com o tratamento de feridas sempre existiu. Desde a era pré-história à idade antiga eram preparados cataplasmas de folhas e ervas com o intuito de estancar hemorragias e facilitar a cicatrização. O estudo dos curativos usados ao longo dos tempos sugere que alguns tratamentos usados eram bizarros, ou mesmo terríveis, enquanto outros ainda nos são familiares atualmente. Os primeiros registros escritos de técnicas médicas e cirúrgicas vêm do Egito Antigo onde constavam tratamentos para todos os tipos de lesões, desde fraturas, lacerações até cirurgias. Com a decadência do poder do antigo Egito, a civilização grega gradualmente se desenvolveu. Dentre os homens que deixaram sua marca nesse período está Hipocrates (460-377 a.C.), que lançou a base da medicina científica ao enfatizar a observação cuidadosa com a ferida. Francisco Tiago apud Oda (2004) define, ferida como ruptura da integridade de um tecido, que pode apresentar diferentes profundidades, podendo atingir a epiderme, a derme ou alcançar o tecido celular subcutâneo, a fáscia e o tecido muscular. Pode-se dividir as feridas em traumáticas, cirúrgicas e ulcerativas e ainda classificá-las como: limpas ou assépticas e contaminadas ou sépticas. Candido apud Cunha (2006) define que cuidar de feridas é um processo dinâmico, complexo e que requer uma atenção especial principalmente quando se refere a uma lesão crônica. Deve-se levar em consideração que as feridas crônicas evoluem rapidamente, são refratárias a diversos tipos de tratamentos e decorrem de condições predisponentes que impossibilitam a normal cicatrização. Gogia (2003) afirma que a cicatrização é um processo fisiológico complexo. Um conhecimento abrangente da cicatrização normal é de grande importância para os profissionais envolvidos no tratamento de pacientes com feridas abertas, conhecendo o processo que evita, minimiza e elimina aqueles fatores que afetam a cicatrização. O crescimento celular e o tecidual são processos complexos. A continuação e manutenção de tais processos, requerem a presença de vários nutrientes essenciais. Esses nutrientes vão dos macronutrientes produtores de energia (carboidratos, gordura e proteína), todos necessários em grandes quantidades, até um amplo espectro de micronutrientes (vitaminas e minerais), necessários em menores quantidades. Segundo Ceco apud Cunha (2006), o problema das úlceras crônicas que tem uma tendência a aumentar nos países industrializados devido a uma maior expectativa de vida com o envelhecimento da população, as pluripatologias prevalentes e a um cuidado deficiente da pele e da nutrição. Segundo diversos estudos, as úlceras dos membros inferiores afetam entre 0,15% a 0,18% da população atual; entre 1% e 2% desta população desenvolverá em algum momento de sua vida uma úlcera nos membros inferiores, o que representa um problema de saúde pública. Para Oda (2004) a finalidade do curativo é remover corpos estranhos, reaproximar bordas separadas, proteger a ferida contra contaminação, promover hemostasia, fazer desbridamento mecânico ou autolítico removendo tecido necrótico, reduzir o edema, absorver exsudato e edema, manter a umidade da superfície da lesão, fornecer isolamento térmico, promover a cicatrização da lesão, limitar a movimentação dos tecidos em torno da lesão, diminuir a intensidade da dor, além do conforto psicológico - 101 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq proporcionado, pois impede o paciente do contato visual com a lesão. Dealey apud Peruzzo et al (2005) define que um curativo ideal é aquele capaz de manter alta umidade entre a sua interface e a da ferida, remover o excesso de exsudação, permitir trocas gasosas, fornecer isolamento térmico, ser impermeável a bactérias, ser isento de partículas e de tóxicos contaminados de feridas e permitir sua remoção sem causar trauma na ferida. Nas duas últimas décadas diversos estudos foram realizados na busca desse curativo ideal e de melhores resultados nos tratamentos de feridas. Porém Hess; Gogia apud Pereira (2006) afirmam que atualmente, há disponível, comercialmente, mais de 2.000 produtos para tratar feridas, tornando a escolha do curativo correto uma tarefa difícil e desafiadora. Além dos curativos existem várias tecnologias para o tratamento de feridas, como a utilização do laser de baixa intensidade. Chavantes (2009) relata que o laser de baixa intensidade tem crescente aplicação na enfermagem, graças aos efeitos de biomodulação, aumentando o interesse entre os enfermeiros, principalmente na reparação tecidual, sendo tanto utilizado preventivamente, bioestimulando a reparação em feridas cirúrgicas, como para inibir processos infecciosos já instalados em feridas crônicas. Entender as especificidades da segurança do laser é absolutamente essencial. Quando o laser é manipulado por profissionais treinados e são respeitadas as normas de segurança, torna-se útil e seguro tanto para o paciente como para toda a equipe médica. Segundo Oda (2004) cada enfermeiro recomendava um tipo de curativo, às vezes até para o mesmo tipo de lesão e, outros não conheciam sua indicação, afinal novas tecnologias surgiram de forma rápida, tornando a escolha ainda mais difícil a cada dia, não conseguindo obviamente resultado positivo. Por isso torna-se necessário a elaboração de protocolos clínicos, que são orientações concisas sobre diagnósticos e tratamentos, baseados em recomendações científicas atualizadas, fornecendo um fluxograma padronizado e aprovado por especialistas da própria instituição, para serem usados por profissionais de saúde no seu cotidiano, afirma Stein apud Negeliskii (2006). Conseqüentemente os serviços de saúde buscam a globalização da assistência, visando a cura ou cicatrização, a melhoria da condição clínica e social dos clientes, a racionalização e maior eficiência dos procedimentos direcionados ao tratamento das lesões cutâneas, com a conseqüente otimização do atendimento enfatizam Maria e Aun apud Cunha; Macedo; Figueiredo (2003). O cuidado com as feridas enquanto atuação de profissionais da área de saúde era originalmente realizado pelos médicos e estudantes de medicina, especialmente pelos do setor cirúrgico que eram capacitados para trocar os curativos. Essa prática começou a mudar na década de 30, quando esse cuidado passou a ser realizado pro freiras e posteriormente, entre as décadas de 30 e 40, quando foi passando gradativamente para o domínio das enfermeiras afirma Dealey apud Pereira (2006). Prestar um cuidado de qualidade a clientes portadores de feridas é um desafio a ser enfrentado por toda a equipe, em especial pelo enfermeiro. É proporcionando o cuidado humanizado, buscando compreender a patologia sem deixar de se preocupar com os fatores psicossociais e humanos que o profissional alcançará a excelência no atendimento de acordo com Ferreira; Bogamil; Tormena (2008). CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos concluir que para prestar assistência é preciso padronizar os procedimentos de prevenção e tratamento de feridas. Isso deve ser feito através de - 102 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq protocolos que garantam respaldo ao profissional, a fim de melhorar a assistência ao portador de feridas. Sentimos a necessidade de realizar a padronização dos curativos, principalmente relacioná-los ao mecanismo de ação e sua fisiopatologia. Pretendemos com a implementação desse protocolo, padronizar e sistematizar o cuidado de feridas na Clínica de Enfermagem – UNIARARAS, visando a otimização do atendimento, buscando a excelência do serviço. Portanto, acredita-se que este estudo contribua de alguma forma para facilitar a busca de caminhos estratégicos para agir de forma diferente, ou seja, mais crítico e com fundamentação científica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BLANES, L. Tratamento de feridas. Baptista-Silva JCC, editor. Cirurgia vascular: guia ilustrado. São Paulo: 2004. Disponível em: URL: http://www.bapbaptista.com. Acesso em: 08/02/2011. 2. BORGES, E. L. Tratamento tópico de úlcera Venosa: proposta de uma diretriz baseada em evidências. 2005. Tese (Doutorado). Universidade de São Paulo: USP, 2005. 305p. 3. CHAVANTES, M. C. Laser em bio-medicina: princípios e prática: guia para iniciantes, pesquisadores e discentes na área da saúde e exatas. 1ª ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2009. 4. CUNHA, N. A. Sistematização da assistência de enfermagem no tratamento de feridas crônicas. Disponível em: <www.abenpe.com.br>. Acesso em: 19 abr. 2011. 5. ENCONTRO DE EXTENSÃO DA UFMG, 6º, 2003, Belo Horizonte. Sistematização da atual tecnologia de curativos para idosos portadores de feridas crônicas - Parceria entre Casa Transitória/UBS do Distrito Sanitário Norte de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Anais UFMG, 2003. 6. FERREIRA, A. M; BOGAMIL, D. D. D.; TORMENA, P. C. O enfermeiro e o tratamento de feridas: em busca da autonomia do cuidado. Arquivo Ciência Saúde, v. 15, n. 3, p. 105-109, jul/set 2008. 7. GOGIA, P. P. Feridas- Tratamento e Cicatrização. 1ª ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2003. 8. NEGELISKII, C. Utilização do protocolo de cuidados a lesões de pele pelos enfermeiros de um hospital de ensino. 2006. 17 f. TCC (Especialista) - Curso de Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ, Porto Alegre, 2006. 9. ODA, R. M. Manual de normas, rotinas e técnicas de curativos. 1ª Bauru: Projeto Gráfico José Custódio S. Junior, 2004. 36 p. - 103 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq 10. PEREIRA, A. L.. Revisão sistemática da literatura sobre produtos usados no tratamento de feridas. 2006. 129 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Enfermagem, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2006. 11. PERUZZO, A. B. et al. Protocolo de cuidados a pacientes com lesões de pele. Revista Técnico-científica do Grupo Hospitalar Conceição, Porto Alegre, v. 18, n. 2, p.56-69, jul/dez. 2005. 12. SANTOS, V. L. C. G. Avanços tecnológicos no tratamento de feridas e algumas aplicações em domicílio. In: Duarte YAO, Diogo MJD. Atendimento domiciliar: um enfoque gerontológico. São Paulo: Atheneu; 2000. p.265-306. 13. VILELLA, D. L. Terapia tópica de úlceras crônicas de perna com Plasma Rico em Plaquetas – PRP: Revisão sistemática da literatura. 2007. 154 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem – Saúde do Adulto) - Universidade de São Paulo. PALAVRA-CHAVES: Cuidados de Enfermagem; Cicatrização de Feridas; Terapia a Laser de Baixa Intensidade. - 104 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq OFICINA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL E EDUCAÇÃO PREVENTIVA COM ADOLESCENTES: NOVOS DESAFIOS PARA A PSICOLOGIA MENESES, A. F. P. 1,3; GAINO, L. V. 2,4; MENDES, A. 2,5 2 1 Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Campinas, SP, aprimoranda; Centro Universitário 3 4 5 Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP; Apromiranda; Profissional; Orientador; [email protected] INTRODUÇÃO As discussões sobre sexualidade e adolescentes é algo recente no Brasil, que data seu início a partir da primeira década do século XX. Atravessado pelo discurso moral conservador de algumas instituições e pelas mudanças socioculturais que aconteceram nos últimos anos, esse debate apresenta na atualidade de maneira contundente seus avanços e retrocessos. (RIOS et al., 2002). De acordo com Altman (2007) muito se tem discutido atualmente, no âmbito das Políticas Públicas, sobre implantação de educação sexual nas escolas. Porém, podemos destacar que uma das características desses programas são seus métodos e técnicas utilizadas para falar sobre esse assunto, sendo que em sua grande maioria prevalece o discurso preventivo que ditam o que é correto e como os adolescentes devem se comportar sexualmente. Nesse contexto surgiu a proposta da Oficina de Orientação Sexual e Educação Preventiva para adolescentes desenvolvidas por alunas quintanistas do curso de psicologia, sendo o referencial teórico e pressupostos metodológicos pautados no modelo de grupo operativo proposto por Pichón-Riviére (1998) da psicologia social. Segundo Dias e Castro (2006) é pressuposto do grupo operativo a aprendizagem. Aprender no grupo não é obter conhecimento formal, mas sim ter uma atitude de reflexão, investigação. É uma maneira nova de ler a realidade e se apropriar desta. Tal aprendizagem trará mudanças no qual o integrante deixa de ser expectador passivo e se torna protagonista da sua própria história e do grupo. Desta forma, o trabalho da Oficina de Orientação Sexual e Educação Preventiva tinha como foco de atuação a formação de grupos, em que os adolescentes deixavam de ser alunos e tornavam-se aprendiz: ao fazer, aprende. E assim, visavam à reflexão dos participantes a respeito da sexualidade e do uso de drogas, e as implicações de ambos para a vida OBJETIVO O objetivo da oficina de Orientação Sexual e Educação Preventiva era proporcionar que os participantes refletissem sobre sexualidade e uso de drogas, bem como a implicação de ambos na suas vidas. Além disso, a oficina objetivava também fazer com que os integrantes do grupo participassem ativamente dos encontros, contando fatos e acontecimento de suas vidas que nos remetessem a pensar e refletir sobre os temas propostos, contribuindo de tal modo para a construção de um conhecimento grupal sobre o assunto abordado. - 105 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq METODO O referencial teórico e pressupostos metodológicos que embasam o desenvolvimento das oficinas é o da psicologia social, apoiada no modelo de grupo operativo proposto por Pichón-Riviére (1998), tendo como foco de atuação a formação de grupos. A oficina de Orientação Sexual e Educação Preventiva foi desenvolvida em encontros semanais ou quinzenais com quatro grupos distintos de alunos de uma escola estadual de ensino fundamental, sendo dois grupos compostos por alunos de duas salas de sétima série e outros dois grupos composto por alunos da oitava série. A duração dos encontros respeitava os horários da escola, variando de uma a duas horas aula. Nos grupos da sétima série tinha cerca de 25 integrantes cada. Já os grupos da oitava série, participaram dos encontros 12 integrantes em cada. Os temas abordados, que sempre estavam em torno do assunto principal – sexualidade - não seguiam uma lógica rígida e unânime para todos, respeitando assim a dinâmica grupal dos integrantes e o que emerge do grupo. Alguns temas abordados durante o processo foram: Sexualidade: o ser humano como um construto biológico, cultural e psicológico (como a cultura e a sociedade influenciam nosso comportamento sexual, além dos fatores biológicos, e como reagimos psicologicamente). Masturbação. Homossexualidade e questões de gênero: o que se espera do homem e da mulher? Preconceitos, estereótipo e estigma do homossexual, bissexual, transgênero. Gravidez e aborto: informação, prevenção, discussões. DST-AIDS: informação, prevenção, discussões. Drogas: informação, conseqüências do uso, discussão sobre uso abusivo de álcool e drogas. Também era realizadas reuniões com a coordenação da escola para discutir assuntos referente a oficina. Os coordenadores do grupo (dupla de alunos-estagiários do 5º ano do curso de Psicologia) tinham o papel de estimular a participação e a reflexão, interpretando e trabalhando com o campo grupal para mobilizar os participantes e promover transformações em suas vidas, em favor da saúde psíquica. RESULTADOS E DISCUSSÃO Sobre a relação com o tema da sexualidade, foi possível observar o quanto os participantes dos grupos, foram, ao decorrer dos encontros sentindo-se mais a vontade para explorar e falar sobre o tema, embora ainda houvesse algumas resistências. Ao mesmo tempo em que os integrantes da oficina tinham bastante curiosidade sobre o tema, por outro lado eles ficam acanhados e com vergonha diante de algumas atividades que propusemos durante os encontros, pois falavam sobre o que não se permitia na escola. Assim, entendemos que a oficina foi um espaço que proporcionou que a sexualidade desses adolescentes pudesse ser falada e refletida dentro da escola que acaba barrando tal tipo de manifestação. Pode-se observar na realização das Oficinas, uma gradativa organização grupal operativa, rompendo estereótipos permitindo aos alunos experimentar outros tipos de papéis, diferentes dos impostos pela típica organização escolar. - 106 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A adolescência, como nos define Lima (2007), pode ser compreendida como a “transição biopsicossocial, período este caracterizado por transformações biológicas em busca de uma definição de seu papel social, determinado pelos padrões culturais do meio”. Mesmo diante de todas essas mudanças, assim como Matheus (2003) acreditamos que o adolescente “não é simplesmente produto de seu meio: é sujeito, que reage ativamente ao que lhe é proposto, buscando formular respostas próprias que façam sentido para ele e permitam sua inserção social”. É na adolescência que as características corporais vão dando formas e modelando um corpo que até então tinha características infantis para um corpo com traços adultos. Lima (2007), a partir de uma leitura de Vitiello, adverte que muitas vezes as pessoas esquecem que todos nós somos seres sexuais desde o nascimento e isso se estende até morrermos. Desta forma, a adolescência não é a fase que o sujeito entra para o mundo da sexualidade, mas o momento que ele começa a descobrir seu corpo e ganha algumas características biológicas que o torna procriador. Em 1998 o Governo Federal, por meio das Políticas Públicas, instituiu a Orientação Sexual como parte integrante dos Parâmetros Curriculares para o Ensino Fundamental. Considerando esse tema (orientação sexual) transversal as disciplinas curriculares, nesse período a sexualidade passe a integrar um debate público dentro do contexto escolar, integrando-se à programação pedagógica e sendo abordadas em diversas disciplinas (BEIRAS; TAGLIAMENTO; TONELI, 2005). Embora esse diálogo sobre esse e outros assuntos que envolvem o tema sexualidade seja fundamental para se discutir na escola, cada vez mais podemos observar que os educadores têm criado barreiras entre eles e os alunos, baseados num discurso moral conservador, o que transforma esse tema em um tabu, discutido no contexto escolar a partir de uma visão reducionista relacionadas a constituição do corpo humano. Segundo Dall’Alba (1998, p.189-190) “a educação sexual tem seu acesso à escola via reprodução nas aulas de biologia, ou via doença, assumindo assim um caráter médico-higiênico, visando ao controle das doenças sexualmente transmissíveis”. A autora ainda acrescenta que nesse discurso o corpo é desintegrado e suas partes são abordadas anatomicamente. Discutindo sobre a visão dos educadores e o tema sexualidade, Beiras, Tagliamento e Toneli (2005) destacam que “[...] muitos destes profissionais consideram as crianças como ‘assexuadas’, ‘puras’ e ‘inocentes’, além de tratarem a manifestação da sexualidade destes sujeitos como algo ‘feio’, ‘sujo’, ‘pecaminoso’”. Não obstante a essa realidade, a escola em que esse estágio foi realizado apresentou características desse discurso moral conservador quando o assunto é a manifestação da sexualidade dos adolescentes. Ora, a sexualidade, como já mencionado, é um tema abordado no ensinoaprendizagem, porém o que verificamos é que geralmente as discussões não fazem sentido para a realidade dos alunos, sendo ainda esse tema polêmico e de difícil acesso na escola. Verificamos também que, embora o discurso da escola refira-se a esse tema como algo que é abordado pela escola e pelos professores, não é possível iniciar um diálogo, pois a relação que se estabelece é dicotômica, uma vez que a manifestação (da sexualidade) acaba sendo vista de modo pejorativo pelos educadores. Diferente dessa situação, no grupo operativo ensino e aprendizagem não se constituem dois pólos desunificados, uma vez que esses permanecem integrados e - 107 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq dialeticamente inseparáveis. O que temos, então, no grupo operativo é uma dinamização de papeis e uma quebra de estereótipos que, por conseguinte, causa ansiedade, pois quem ensina entra no mesmo processo dialético daquele que aprende, não sendo possível manter-se somente em uma dessas duas vertentes. (BLEGER, 1998). Os grupos da 8ª. série tinham menos participantes em cada grupo, pois dividimos a sala em dois sub-grupos. Além disso, os encontros aconteceram semanalmente. O número reduzido de participantes, assim como a freqüência dos encontros, foram fatores que contribuíram para que, diferente das 7ª.s que apresentavam um número maior de participantes e encontros quinzenais, houvesse uma organização mais próxima dos grupos operativos. Romper o modelo tradicional acarreta ao corpo docente a perda de seu status soberano de reter o conhecimento e o saber sobre o que ensina. Vale destacar que sem esse rompimento não é possível ter um grupo operativo atuando no processo ensino aprendizagem, sendo que um dos pontos cruciais seria o professor se despir do seu furor de tudo saber e de tudo quere resolver sem problematizar com o grupo. Segundo Bleger (1998, p. 57) “um ponto culminante desse processo é o momento em que aquele que ensina pode dizer ‘não sei’ e admitir assim que realmente desconhece algum tema ou tópico do mesmo”. Essa atitude do professor faz com que ele abandone a sua posição de onipotência e adote atitudes mais adequadas que promovam o relacionamento interpessoal, inquietação e, consequentemente, um novo modelo de aprendizagem. A Oficina não se tratou somente de transmissão de um conhecimento, mas de problematizar com o grupo o processo de ensino e aprendizagem, para que esse não se restringisse a um caráter limitador. Ensino e aprendizagem, nesse modelo proposto, surgiu como uma maneira de transformar e converter as experiências, os conhecimentos e a conduta dos integrantes do grupo naquilo que se aprende e naquilo que se ensina. Na ocasião tivemos um deslocamento da posição do estudante de mero receptor passivo para uma posição de atuar ativamente. A técnica de trabalho grupal de grupos operativos, segundo Bleger (1998), não tem o intuito de resolução de problemas e conflitos, mas de problematizá-los e explicitálos. Dessa maneira, não se oculta informações e muito menos preenche lacunas com improvisações, pois o que se pretende de fato é evidenciá-las. Assim, o que o ensino no grupo operativo propõe é fazer com que o estudante possa ter a liberdade de se questionar sobre até mesmo o próprio ensino, sobre o conhecimento e sobre os instrumentos que são utilizados nesse processo, rompendo estereótipos e elucidando aquilo que é desconhecido. Difundimos em todos os grupos a importância da liberdade de escolha de participação e opiniões sobre a oficina e também quanto às atividades realizadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreendemos que atuar na instituição escolar, é necessariamente estar a mercê de um emaranhado de movimentos grupais que impelem atuar de modo diversificado. O estágio de Psicologia na instituição foi um desafio para nós aspirantes a psicólogos, principalmente se a atuação desse profissional partir de uma visão pluralista da psicologia social. Nesse campo, o psicólogo se depara com um discurso moralista conservador que o confronta ideologicamente. - 108 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Muitos temas relacionados à adolescência atravessam o contexto escolar, seja por meio de discussões entre os alunos, seja por meio da própria manifestação desses temas. Com a sexualidade essa realidade não é diferente. Contudo, o que podemos verificar é que, embora de fato o tema sexualidade esteja presente nessa instituição, esse tem sido um diálogo difícil entre aluno e educador, esses últimos, acabam por criar barreiras entre eles e os alunos, baseados num discurso moral conservador, o que transforma esse tema em um tabu, discutido no contexto escolar a partir de uma visão reducionista relacionadas a constituição do corpo humano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTMAN, H. Educação Sexual e primeira relação sexual: entre expectativas e prescrições. Estudos Feministas, Florianópolis, v 15, n. 2, mai./ago. 2007. p. 333356 BEIRAS, A.; TAGLIAMENTO, G.; TONELI, M. J. F. Crenças, valores e visões: trabalhando as dificuldades relacionadas a sexualidade e gênero no contexto escolar. Aletheia, Canoas, n.21, jun. 2005. Disponível em: <http://pepsic.homolog.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141303942005000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 27 nov. 2010. BLEGER, J. Grupos operativos no ensino. In. BLEGER, J. Temas em psicologia – Entrevista e Grupos. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. DALL'ALBA, L. Educação Sexual da pessoa caracterizada como deficiente mental: construção da autonomia. In. BIACHETTI, L.; FREIRE, I. Um olhar sobre a diferença. Campinas: Papirus, 1998. DIAS, R.B.; CASTRO, F.M. Grupos Operativos. Grupo de Estudos em Saúde da Família. AMMFC: Belo Horizonte, 2006. Disponível em <http://www.smmfc.org.br/gesf/goperativo.htm>. Acesso em: 25 nov 2010 LIMA, J. D. O despertar da sexualidade na adolescência. In. PEREIRA, J. L.; FANELLI, C. M. T.; PEREIRA, R. C. R.; RIOS, S. P. S. (org). Sexualidade na adolescência e no novo milênio. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pró-reitoria de Extensão, 2007. Disponível em: <http://www.pr5.ufrj.br/anexos/sexualidade_adolesc.pdf>. Acesso em: 27 nov. 2010. MATHEUS, T. C. O discurso adolescente numa sociedade na virada do século. Psicologia USP, São Paulo, v.14, n.1, p.85-94, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010365642003000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 26 nov. 2010. PICHÓN-RIVIÉRE, E. O processo grupal. São Paulo, Martins Fontes, 1998. RIOS, L. F.; PIMENTA, C.; BRITO, I.; TERTO, JR. V; PARKER, R. Rumo á adultez: oportunidades e barreiras para a saúde sexual dos jovens brasileiros. Cad. Cedes, Campinas, v. 22, n. 57, ago. 2002. P. 45-61. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010132622002000200004&lng=pt&nrm=iso. > Acesso em: 19 jun 2010. - 109 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq PALAVRAS-CHAVES: adolescente; sexualidade; atuação do psicólogo. - 110 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq HUMANIZASUS: O QUE OS PROFISSIONAIS DO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA CONHECEM? BARBARA, F1.; CECCATO, B. H2 1 Discente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 2 Orientadora e Professora Curso de Psicologia do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; [email protected]; [email protected] INTRODUÇÃO Este estudo pretende compreender, ampliar e analisar as práticas que permeiam o HumanizaSUS, implantado através do programa da Política Nacional de Humanização (PNH). Interessado em fazer avançar os princípios do SUS, a PNH é formulada e lançada pelo MS (Ministério da Saúde) em 2003, e apresentada ao Conselho Nacional de Saúde (CNS) em 2004, e problematizou o conceito de humanização, promovendo um amplo debate e mudança nos modelos de gestão (MORI, OLIVEIRA, 2009). Para dar conta das responsabilidades do SUS, o Programa de Saúde da Família (PSF), vem como uma nova forma de fazer saúde, e segundo o HumanizaSUS na Atenção Básica este serviço lida com problemas altamente complexos do cotidiano das pessoas. Por isso, os profissionais que o compõem são importantes para essa mudança. (Ministério da Saúde, 2009). Ao considerar que a humanização implica produzir uma prática que valorize os sujeitos no seu cotidiano de trabalho, deve-se essa afirmação devido ao levantamento da história do HumanizaSUS e os princípios da PNH. Portanto faz se importante a questão se os profissionais do PSF da região de Araras, conhecem a Humanização proposta no HumanizaSUS? OBJETIVO Esta pesquisa tem como objetivo geral verificar o nível de conhecimento e aplicação da proposta da PNH (HumanizaSUS) dos profissionais que trabalham no PSF da região de Araras. E por objetivos específicos: (a) pesquisar o conhecimento dos profissionais na prática em relação ao que propõe o HumanizaSUS; (b) captar como estes profissionais executam no seu cotidiano os princípios da PNH na atenção básica; (c) levantar se ocorreram mudanças nos relacionamentos intraequipe com a inserção da política de PNH e (d) discutir quais são as principais dificuldades dos profissionais para executar a humanização no serviço de saúde, caso estes encontrem limites para por em prática os princípios do HumanizaSUS. METODOLOGIA Esta pesquisa se insere na modalidade de Delineamento em corte transversal, possibilitando uma informação de um tempo único, descritiva, havendo após o levantamento de dados a descrição dos resultados. (BAPTISTA, 2007) - 111 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Para a interpretação dos dados coletados, será utilizado o método quantiquali, com o objetivo de gerar dados precisos e confiáveis permitindo uma exploração dos resultados através da pesquisa quantitativa. E com a pesquisa qualitativa será possível colher interpretações individuais, podendo ser úteis na busca pelos objetivos do estudo. Esta abordagem tem como características: compreender a perspectiva do sujeito subjetivamente, e com total empatia. Outra é que essa pesquisa acredita que devem se emergir teorias e questões após a coleta de dados, ao invés de serem colocadas antes de se começar o estudo. Os resultados serão tratados entre as diferentes fases da análise de conteúdo que se organizam em: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Lembrando que a fase da pré-análise é o período de intuições, que torna operacional as idéias iniciais de maneira a conduzir o desenvolvimento num plano de análise. (BARDIN, 1997) O instrumento de pesquisa contemplará três questões abertas a fim de possibilitar uma melhor interpretação a respeito do fenômeno estudado, e oito questões fechadas que abordará os princípios do HUMANIZASUS na Atenção Básica, com opções de respostas: “atende”, atende parcialmente”, “não atende” e “desconheço”. Importante ressaltar que serão fatores de exclusão da pesquisa: os funcionários que estão afastados do serviço, e funcionários que estão trabalhando a menos de seis meses neste serviço. RESULTADOS ESPERADOS Pretende-se com esse estudo, representar qual o nível de conhecimento e aplicação do HumanizaSUS dos profissionais da saúde de um PSF da região, através de um questionário fechado que possibilitará estruturar as opções de respostas num formato de tabela representando as que surgiram com maiores freqüências a respeito dos princípios que propõe a PNH. Com a aplicação do questionário aberto, aumentar o nível de interpretação do conhecimento que os profissionais possuem sobre o assunto, e possibilitar uma discussão mais abrangente da concepção do HumanizaSUS neste PSF, podendo o pesquisador destacar o que se observa na prática com o que propõe nas bibliografias pesquisadas sobre a PNH, através de apontamentos das dificuldades que os profissionais encontram em executá-la cotidianamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARDIN, L. Análise de Conteúdo. [Trad. de Luis Antônio Reto e Augusto Pinheiro] Lisboa. Edições 70, 1995. BAPTISTA, M. N.; CAMPOS, D.C.; Metodologias de Pesquisa em Ciências: análise quantitativa e qualitativa. Rio de Janeiro: LTC, 2007. p.81-99 ____. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. O HumanizaSUS na atenção básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. - 112 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MORI, M.E.;OLIVEIRA,O.V.M. Os coletivos da Política Nacional de Humanização (PNH): a cogestão em ato. Interface – Comunic., Saúde, Educ., v.13, supl. 1, p.62740, 2009. PALAVRAS-CHAVES: HumanizaSUS, Programa de Saúde da Família, Perspectiva dos profissionais. - 113 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DO JOGO DIDÁTICO, EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO: DIANTE DOS NOSSOS OLHOS, PARA O ENSINO DE BIOLOGIA TEIXEIRA, A. E. 1,1; EGGERT, C. de F. 1,2; RAMOS, E. 1,3; MISCHIATTI, V. 1,4; TROTIVAN, M. 1,5 ; SIGNORINI, C. E. 1,6. 1 2 3 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Ana Elisa Teixeira; Carlos Eduardo Signorini. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A aprendizagem é facilitada quando toma forma aparentemente lúdica. Entusiasma os alunos quando recebem a proposta de aprender de forma divertida, o que resulta em um aprendizado significativo. Assim, o jogo é uma ferramenta ideal para a aprendizagem, pois auxilia o aluno a construir novas descobertas, leva o professor à condição de orientador, estimulador e avaliador da aprendizagem (CAMPOS; BORTOLOTO & FELÍCIO). Como condutor, o professor aproxima os alunos dos conhecimentos científicos, preparando-os para resolver problemas reais que o homem enfrenta ou enfrentou. Deste modo, a aplicação de jogos para o ensino de Biologia é válido por envolver conteúdos abstratos e de difícil compreensão quando transmitido de forma tradicional do processo educativo – “transmissão-recepção de informações” (CAMPOS; BORTOLOTO & FELÍCIO). De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, os alunos ao invés de um simples exercício de memorização, têm capacidade de pesquisar, buscar informações e selecioná-las, aprender, criar e formular soluções para problemas reais. Com relação ao ensino de Biologia, ele deve ainda colocar em prática conceitos, procedimentos e atitudes que aprendeu na escola de forma a realizar raciocínios e analogias concretas por meio da interação com sua realidade (BRASIL, 1998). Para Grando (2001), existem vantagens e desvantagens na inserção de jogos para promover a aprendizagem. Como vantagens cita o entendimento de conteúdos de difícil compreensão; de forma ativa o aluno constrói o seu conhecimento; motiva os alunos a participarem das aulas. Como desvantagem cita maior tempo gasto com as aulas. OBJETIVOS O presente trabalho teve como objetivo a elaboração do jogo como material didático, uma alternativa dinâmica para auxiliar os alunos a reconhecerem e analisarem estruturas em organismos que evidenciem características primitivas e derivadas, conhecerem o trabalho de Charles Darwin e reconhecerem sua importância para a ciência, bem como, desenvolverem a capacidade de interpretação para responder questões referentes ao assunto em possíveis futuras provas. MATERIAIS E MÉTODOS - 114 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O jogo envolvendo o conteúdo sobre Evolução foi nomeado como “EVIDÊNCIAS DA EVOLUÇÃO: DIANTE DOS NOSSOS OLHOS”. O professor preparou o jogo a partir de temas oferecidos aos alunos que pesquisaram e elaboraram um trabalho escrito. O professor elaborou as cartas a partir dos trabalhos entregues pelos alunos. As vinte e cinco cartas foram confeccionadas no computador com auxílio de programas de edição de imagens pelo professor, que utilizou papel sulfite (A-4) para impressão, cortou as cartas impressas, depois as colou sobre o papel cartão. Para melhor entendimento, o jogo é composto por cladogramas que orientam os alunos na escolha das cartas. Dos diferentes seres vivos estampados nas referidas cartas, são analisadas e comparadas as características ancestrais (primitivas) e as derivadas. Assim um artrópode, por exemplo, apresenta características mais primitivas que os equinodermos. E entre os vertebrados, os peixes apresentam características mais primitivas que um mamífero monotremado, por exemplo. Recomenda-se que no mínimo duas pessoas joguem, podendo variar o número de participantes que podem se reunir em grupos, como ocorreu na aplicação do jogo em sala de aula, formaram-se grupos de oito pessoas. As cartas foram distribuídas igualmente entre os grupos formados. Fica a critério do professor qual será o grupo que iniciará a rodada, podendo realizar um sorteio para que o primeiro grupo sorteado inicie e ao escolher a carta mais “forte”, escolha outro grupo para confrontar e assim dar seqüência à partida. Ao final do jogo, contou-se o número de cartas de cada grupo. O grupo detentor do maior número de cartas venceu. Não há previsões de tempo de duração, como ficou a critério do professor quem começaria a rodada, fica também a critério dele encerrar o jogo. A avaliação do conteúdo realizou-se através da pesquisa elaborada pelos alunos e também pelo raciocínio e disciplina apresentados por eles durante a execução do jogo. Não houve aplicação de prova tradicional na avaliação do conteúdo aprendido. E para avaliação do material didático confeccionado, aplicou-se o jogo em sala de aula no 5º período do curso de Ciências Biológicas (noturno). RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a aplicação no 5º período do curso de Ciências Biológicas (noturno) para avaliação da eficiência pedagógica, os alunos responderam uma pesquisa de opinião sobre o jogo. Os resultados obtidos com a pesquisa sobre notas, funcionalidade, aprendizagem do conteúdo e aplicação em escolas públicas foram favoráveis e houve boa colaboração por parte dos alunos. O jogo atingiu as expectativas propostas e os materiais utilizados para consulta foram de extrema importância para melhor compreensão do jogo e evolução dos organismos. Concluiu-se que o jogo é uma alternativa viável para o ensino-aprendizagem de Biologia, que facilita a retenção de conhecimentos. E que os objetivos esperados foram alcançados. A sala avaliou o jogo positivamente, a funcionalidade é satisfatória, a aprendizagem do conteúdo é alta, a aplicação é perfeitamente viável em escolas públicas por apresentar baixo custo de confecção, e a compreensão do conteúdo é adequada à faixa etária do Ensino Médio. CONSIDERAÇÕES FINAIS - 115 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A confecção do jogo é de baixo custo e sua aplicação é viável em escolas públicas. De forma diferenciada do ensino tradicional nas escolas, o aluno tem a oportunidade de construir seus próprios conhecimentos de forma ativa, onde relaciona seus conhecimentos prévios as novas informações transmitidas pelo professor, que tem função de orientador. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. MEC. – Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Brasília; MEC/SEF, 1998. CAMPOS, L.M.L.; BORTOLOTO, T.L.; FELÍCIO, A.K.C. A produção de jogos didáticos para o ensino de Ciências e Biologia: Uma proposta para favorecer a aprendizagem. PROGRAD - Pró-Reitoria de Graduação - UNESP. 2002. Disponível em: <http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2002/aproducaodejogos.pdf>. Acesso em: 12 de Maio de 2011. CRUZ, D. Ciências e Educação Ambiental. 14ª ed., São Paulo: Editora. Ática, 1995. GRANDO, R.C. O jogo na educação: aspectos didático-metodológicos do jogo na educação matemática. 2001. Disponível em: <http://www.cempem.fae.unicamp.br/lapemmec/cursos/el654/2001/jessica_e_paula/ JOGO.doc>. Acessado em: 12 de Maio de 2011. LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia. São Paulo: Editora Ática, 2007. LOPES, S. Bio. São Paulo: Editora Saraiva, 1999. PALAVRAS-CHAVE: Jogo, ensino, aprendizagem. - 116 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ANATOMIA RADICIAL DE Miltonia flavescens (Lindl.) (Oncidiinae, Cymbidiaeae: Orchidaceae) OLIVIERI, G.A.1,2; PINHEIRO. A.M.1,2; BERTIN. R.L.1,2; CURIEL, A.C..1,2; LAGAZZI, G.3,4; PEDROSO-DE-MORAES, C,3,5 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 orientador; Orientador. 2 Discente; 3 Docente; 4 Co- [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Orchidaceae, com cerca de 780 gêneros e 25.000 espécies (Pridgeon et al., 2009), apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes tropicais e subtropicais (Dressler, 1981). No Brasil são encontradas aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies distribuídas em 650 gêneros (Pridgeon et al., 2006). Grande parte possui hábito epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou micoheterotróficas. Estabelecem relações mutualísticas com fungos micorrízicos (Dressler, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente neotropical e representa uma das maiores e mais importantes subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies (Pridgeon et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América, principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi controversa enquanto levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises moleculares recentes (Pridgeon et al., 2009). Grupos genéricos da família foram definidos por poucas características morfológicas, sem considerar o relacionamento filogenético entre eles (Faria, 2004). Pridgeon et al. (2009) apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Miltonia flavescens é epífita nativa do Brasil e Paraguai, possuí duas folhas compridas de 30 a 35 cm de comprimento e 2,5 a 3 cm de largura, que nascem de pseudobulbos elípticos compridos. Essa morfologia é destaque em todas do gênero Miltonia. Miltonia flavescens se difere nas suas flores, que são esbranquiçadas com pétalas alongadas. O labelo é adornado com uma marcação vermelha. Possuem, também, de 7 a 12 flores por haste. As flores estão dispostas em cachos eretos e esparsos. Vegeta bem em local úmido, em clima frio ou em altas temperaturas. É a espécie de Miltonia mais tolerante ao calor. OBJETIVO A morfologia dos órgãos vegetativos de muitas Oncidiinae foram estudadas por Chase e Palmer (1988) e a filogenia descrita por Pridgeon et al. (2009), Para o Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de Baptistonia, Gomesa, Ornitophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium (pro parte) foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico, determinados táxons brasileiros dessa subtribo ainda necessitam de análise minuciosa, principalmente, devido às suas características adaptativas e - 117 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq taxonômicas. Assim, o presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as raízes de Miltonia flavescens. MATERIAL E MÉTODOS O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Miltonia flavescens Lindl. (CV: 251, 252, 253, 254), A exsicata foi depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco exemplares do órgão e para a espécie foram seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com SafraBlau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51). RESULTADOS E DISCUSSÃO As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes da Miltonia flavescens. São cilíndricas e apresentam três regiões distintas: velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de epiderme, está presente na raiz e suas células são poligonais, elípticas ou retangulares, em secção transversal. Ele é formado por quatro camadas na espécie analisada. As paredes celulares do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário. A camada mais externa do velame denominada epivelame, é formada por células periclinalmente achatadas em Miltonia flavescens. O epivelame da raiz apresenta células ligeiramente menores que as das camadas internas. O endovelame é formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e distância variadas. O córtex, na espécie estudada, apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme, o córtex central e a endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. Na raiz, nota-se que as células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que as da região central. Na espécie analisada, a endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. A espécie analisada apresenta raízes poliarcas. Foram encontrados onze pólos em Miltonia flavescens. A medula é formada por células parenquimáticas esclerificadas. Para a espécie aqui estudada, o teste com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina, nos espessamentos parietais das células do velame. A raiz da Miltonia flavescens apresenta velame, que constitui uma epiderme especializada composta por várias camadas de células com - 118 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). O velame é formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame, em metade das espécies estudadas, apresenta células ligeiramente menores que as das camadas internas, como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da Miltonia flavescens histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas Orchidaceae. O conjunto velame-exoderme funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes diferenças entre o diâmetro das células, o que influênciou sobremaneira as médias obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espassamento em “O” encontrado no espécime analisado colabora com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. A raiz da Miltonia flavescens aqui estudada corresponde ao tipo Cymbidium por possuir epivelame e até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes colabora com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro - 119 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Miltonia Flavescens apresentaram o maior número de pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie apresentando maior quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO As raízes da espécie Miltonia flavescens aqui analisadas possuem velame, córtex central e endoderme definidos. As características estruturais encontradas nas raízes, como a presença de velame e células corticais de diâmetro avantajado, podem ser consideradas adaptações ao epifitismo. A uniformidade das características anatômicas encontradas nas raízes estudadas corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHASE, M.W.; PALMER, J.D. Chloroplast DNA systematics of lilioid of the lilioid monocots: feasibility, resources, and an example from the Orchidaceae. American Journal of Botany, v. 76, p. 1720-1730, 1989. DRESSLER, R.L. The Orchids: natural history and classification.Cambridge: Harvard University Press, 1981. 298p. DRESSLER, R.L. Phylogeny and classification of the orchid family. Portland: Dioscorides Press, 1993. 314p. FARIA A. Sistemática filogenética e delimitação dos géneros da subtribo Oncidiinae (Orchidaceae) endêmicos do Brasil: Baptistonia, Gomesa, Ornithophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium pro parte. Tese (Doutorado). São Paulo, Brasil: Universidade Estadual de Campinas. 2004. - 120 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MOREIRA, A.S.F.P.; ISAIAS, R.M.S. Comparative anatomy of the absorption roots of terrestrial and epiphytic orchids. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 51, p. 83-93, 2008. POREMBSKI, S.; BARTHLOTT, W. Velamen radicul micromorphology and classification of Orchidaceae. Nordic Journal of Botany, v.8, p.117-137, 1988. PRIDGEON, A.M. The velamem and exodermis of orchid roots. In: ARDITTI, J. Orchid biology: reviews and perspectives. Ithaca. Cornell University Press. 1987. 362p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.A.; RASMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 4 - Epidendroideae (part one). Oxford: Oxford University Press, 2006. 566p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.W.; RASSMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 5: Epidendroideae (part two). Oxford: Oxford University Press, 2009. 585p. SANFORD, W.W.; ADANLAWO, I. Velamen and exodermis characters of West African epiphytic orchids in relation to taxonomic grouping and habitat tolerance. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 66, p. 307-321, 1973. STERN, W.L; JUDD, W.S.; CARLSWARD, B.S. Systematic and comparative anatomy of Maxillareae (Orchidaceae), sans Oncidiinae. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 144, p. 251-274, 2004. PALAVRAS-CHAVES: Orquídeas, raízes, Miltônia - 121 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ANATOMIA RADICIAL DE Oncidium varicosum LINDL. (ONCIDIINAE, CYMBIDIAEAE: ORCHIDACEAE) CAVALCANTE, V.R.1,2; CAMARGO. D.R.1,2; CURIEL, A.C..1,2; LAGAZZI, G.3,4; PEDROSO-DE-MORAES, C,3,5 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 orientador; Orientador. 2 Discente; 3 Docente; 4 Co- [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009), apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies (PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América, principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009) apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Dentre as Oncidiinae, o principal representante da subtribo é Oncidium varicosum que ocorre principalmente em florestas úmidas da região semi-tropical dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás. Tal espécie apresenta flores dispostas em panícula com flores possuidoras de lóbulos laterais do labelo arredondados e a calosidade do labelo com sua protuberância central em forma de unicórnio (McQUEEN; McQUEEN, 1993). As sépalas e pétalas são subsimilares, inconspícuas, notavelmente clavadas ou constritas na base. As sépalas laterais são mais curtas que o labelo. Os discos do labelo apresentam números variáveis de tubérculos (PABST, 1972). OBJETIVO A morfologia dos órgãos vegetativos de muitas Oncidiinae foram estudadas por Chase e Palmer (1988) e a filogenia descrita por Pridgeon et al. (2009). Para o Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de Baptistonia, Gomesa, Ornitophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium (pro - 122 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq parte) foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico, determinados táxons brasileiros dessa subtribo ainda necessitam de análise minuciosa, principalmente, devido às suas características adaptativas e taxonômicas. Assim, o presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as raízes de Oncidium varicosum. MATERIAL E MÉTODOS O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Oncidium varicosum Lindl. (CV: 331, 333, 335, 336). A exsicata foi depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco exemplares de cada raiz por espécime foram seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com Safra-Blau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da lignina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma câmara fotográfica digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51). RESULTADOS E DISCUSSÃO As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes de Oncidium varicosum. As quais são cilíndricas e apresentam três regiões distintas: velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de epiderme, presentes nas raízes, na espécie apresenta elípticas e/ou retangulares, em secção transversal. As paredes celulares do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário. A camada mais externa do velame denominada epivelame, é formada por células periclinalmente achatadas, sendo tais células ligeiramente menores que as das camadas internas. O endovelame é formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e distância variadas. O córtex, na espécie estudada, apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao velame), o córtex central e a endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. Em todas as raízes, nota-se que as células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que as da região central. A endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. Foram encontrados seis pólos de protoxilema em Oncidium varicosum, o que a caracteriza como poliarca. A medula é formada por células parenquimáticas esclerificadas. O teste com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina, - 123 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq nos espessamentos parietais das células do velame. O velame constitui uma epiderme especializada composta por várias camadas de células com paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). Na espécie estudada é formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das camadas internas, como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas Orchidaceaes, como descrito para Catasetinae. O conjunto velameexoderme funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes diferenças entre o diâmetro das células, o que influenciou sobremaneira as médias obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espessamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. As raízes da Oncidium varicosum correspondem ao tipo Cymbidium por possuírem epivelame e até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres - 124 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Entretanto, para Oncidium varicosum as maiores médias apresentadas para a espécie em relação à variável analisada, diâmetro médio celular, demonstra ser o fator preponderante para o maior diâmetro radicular encontrado para a espécie, quando comparada a outras Oncidiinae. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO As raízes analisadas possuem velame, córtex central e endoderme definidos, sendo que a presença dos mesmos pode ser considerada adaptações ao epifitismo. A uniformidade das características anatômicas encontradas nas raízes estudadas corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DRESSLER, R.L. The Orchids: natural history and classification.Cambridge: Harvard University Press, 1981. 298p. DRESSLER, R.L. Phylogeny and classification of the orchid family. Portland: Dioscorides Press, 1993. 314p. FARIA A. Sistemática filogenética e delimitação dos géneros da subtribo Oncidiinae (Orchidaceae) endêmicos do Brasil: Baptistonia, Gomesa, Ornithophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium pro parte. Tese (Doutorado). São Paulo, Brasil: Universidade Estadual de Campinas. 2004. McQUEEN, J.; McQUEEN, B. Orchids of Brazil. Timber Press, 1993. 213p. - 125 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MOREIRA, A.S.F.P.; ISAIAS, R.M.S. Comparative anatomy of the absorption roots of terrestrial and epiphytic orchids. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 51, p. 83-93, 2008. PABST, G.F.J.;Estudos no gênero Oncidium Sw. (Orchidaceae) - IV. Bradea, v.1, p. 137-143, 1972. PABST, G.F.J.; DUNGS, F. Orchidaceae Brasilienses II. Hildesheim: Kurt Schmersow. 1977. 418p. POREMBSKI, S.; BARTHLOTT, W. Velamen radicul micromorphology and classification of Orchidaceae. Nordic Journal of Botany, v.8, p.117-137, 1988. PRIDGEON, A.M. The velamem and exodermis of orchid roots. In: ARDITTI, J. Orchid biology: reviews and perspectives. Ithaca. Cornell University Press. 1987. 362p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.A.; RASMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 4 - Epidendroideae (part one). Oxford: Oxford University Press, 2006. 566p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.W.; RASSMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 5: Epidendroideae (part two). Oxford: Oxford University Press, 2009. 585p. SANFORD, W.W.; ADANLAWO, I. Velamen and exodermis characters of West African epiphytic orchids in relation to taxonomic grouping and habitat tolerance. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 66, p. 307-321, 1973. STERN, W.L; JUDD, W.S.; CARLSWARD, B.S. Systematic and comparative anatomy of Maxillareae (Orchidaceae), sans Oncidiinae. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 144, p. 251-274, 2004. PALAVRAS-CHAVES: Orquídeas, raízes, Oncidium - 126 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq UTILIZAÇÃO DO CONSOLE NINTENDO WII NO TRATAMENTO DAS DISFUNÇÕES DE EQUILÍBRIO E FUNCIONALIDADE EM UM INDIVÍDUO COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO GREGIO NETO, N.1,2; WATANABE, C. H. O..3; NAKAGAWA, I. T 3; BATISTELA, A. C.1,4; FERRACINI JUNIOR, L. C.1,5; MENEGHETTI, C. H. Z.1,6; 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 3 4 5 6 Fisioterapia; Fisioterapeuta; Docente; Co-orientador; Orientador. 2 Discente do Curso de [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O Acidente Vascular Encefálico (AVE) constitui a terceira maior causa de morte, após doença cardíaca e câncer. Trata-se de uma injúria encefálica não traumática resultante de uma oclusão, AVE isquêmico, ou ruptura de vaso sanguíneo cerebral, AVE hemorrágico (COSTA e DUARTE 2002). Os indivíduos acometidos dessa enfermidade apresentam várias alterações, dentre elas estão os déficits de equilíbrio e no controle postural (UMPHRED, 1994; MOURA e SILVA 2005). Isso afeta diretamente sua funcionalidade já que a independência funcional supõe condições motoras e cognitivas satisfatórias para o desempenho de atividades de vida diária sem necessitar de ajuda (FERNANDES, et al., 2007). Vários são os métodos utilizados para a avaliação e graduação dos distúrbios de equilíbrios e funcionalidade nos pacientes acometidos pelo AVE, dentre eles se encontra a Escala de Equilíbrio Funcional de Berg (EEFB) que é uma escala desenvolvida para graduar o estado do equilíbrio do paciente em diversos tipos de incapacidades, como no AVE (UMPHRED, 1994) e, a escala de medida de Independência Funcional (MIF) que é um instrumento de avaliação da carga de cuidados necessários para a realização das atividades diárias (RIBERTO, et al., 2004). O desenvolvimento tecnológico é utilizado em todas as áreas do conhecimento, não excetuando a área da saúde. Diariamente são apresentados aparelhos ou condutas terapêuticas inovadoras que engrandecem o conhecimento e possibilitam novas e mais eficientes intervenções (FERNANDES, et al., 2007). De acordo com o professor da Universidade Cidade de São Paulo, Fábio Navarro Cyrillo, um videojogo da Nintendo (Wii) está sendo utilizado como recurso do programa de reabilitação a pacientes com AVE, por exigir que os jogadores executem movimentos que ajudam a reconquistar o equilíbrio (DEUTSCH et al., 2008). OBJETIVO Verificar a utilização do console Nintendo Wii no tratamento das disfunções de equilíbrio e funcionalidade em um indivíduo com acidente vascular encefálico (AVE) e quantificar a independência funcional e o equilíbrio por meio da MIF e EEFB. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de caso aprovado pelo Comitê de Ética e Mérito em Pesquisa - 127 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq sob parecer n˚ 291/2010 do Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS. Participou do estudo um indivíduo com AVE, gênero masculino, hemiparético à direita, idade de 71 anos, 72 Kg, recrutado na clínica de fisioterapia da UNIARARAS. Foram excluídos participantes não portadores de hemiparesia, com outras disfunções neurológicas diagnosticadas, que não mantêm posição ortostática independente e com massa corpórea acima de 150 Kg. O instrumento utilizado para avaliação do equilíbrio foi a EEFB – versão brasileira que avalia o equilíbrio do indivíduo em 14 tarefas tais como: ficar de pé, levantar-se, andar, inclinar-se à frente, transferir-se, virar-se, dentre outras. A pontuação máxima a ser alcançada é de 56 pontos e cada item possui uma escala ordinal de cinco alternativas variando de 0 a 4 pontos, de acordo com o grau de dificuldade. Em sua aplicação foi usado: fita métrica, cronômetro, banco medindo 36 cm de largura, 32 cm de comprimento, 17,5 cm de altura e duas cadeiras uma com apoio de braços e outra sem. Já para avaliar a funcionalidade foi usada a MIF que é um instrumento de avaliação da carga de cuidados que um paciente necessita para a realização de 18 tarefas. Os valores da MIF variam entre 18 (dependência total) e 126 (independência total). A MIF pode ser dividida em quatro subescores, de acordo com a pontuação total obtida: a) 18 pontos: dependência completa (assistência total); b) 19 – 60 pontos: dependência modificada (assistência de até 50% da tarefa); c) 61 – 103 pontos: dependência modificada (assistência de até 25% da tarefa); d) 104 – 126 pontos: independência completa. Após a avaliação iniciou-se a intervenção com o console Nintendo Wii e seus acessórios: controladores manuais, jogo Wii Fit Plus – balance games, jogo Wii sports, televisão de 29 polegadas posicionada a uma altura de 1,20 m, a 2,43 m do participante e o Wii Balance Board medindo 51 cm de comprimento, 32 cm de largura e 6 cm de altura. No início de cada sessão foram utilizados os jogos Yoga – meia lua, para alongamento e mobilização articular da coluna. Nas 08 primeiras sessões o indivíduo foi instruído a interagir com os jogos cabeceios, corda bamba, pesca bajo cero, ciudad vaivén e malabarismo circense, do game Wii Fit Plus, e o jogo de boliche, do game Wii sports. Os quais exigiam em sua jogabilidade somente descargas de peso lateralmente e coordenação dos membros superiores. Conforme as adaptações do indivíduo aos jogos foram sendo acrescentados à intervenção jogos que, além das descargas de peso laterais, exigiam descargas de peso anteroposterior e manipulações mais expressivas dos controladores manuais como o eslalon de esqui, rio abaixo, eslalon de snowboard, circuito de segway e plataformas. A coleta dos dados ocorreu no Laboratório de Biofotogrametria Computadorizada na Clínica Escola de Fisioterapia da Uniararas. A sala de avaliação, onde foram tiradas as fotos, apresentava iluminação artificial e uma área útil de aproximadamente 18 m². Totalizaram 24 sessões de 45 minutos cada, 3 vezes semanais por um período de 2 meses. Após a intervenção com o console Nintendo Wii o participante foi novamente submetido à avaliação pela EEFB e MIF. RESULTADOS E DISCUSSÃO A comparação das pontuações da escala de EEFB antes e após a utilização do console Nintendo Wii, mostrou uma melhora no equilíbrio. A pontuação inicial obtida - 128 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq foi de 38 pontos, mostrando um risco de quedas de quase 100%, sendo a final de 50 pontos. Da mesma forma na MIF, a pontuação inicial foi de 116 e final de 119 pontos observando que o mesmo apresenta uma independência funcional. De maneira geral, neste estudo verificou-se melhora no equilíbrio e na funcionalidade no indivíduo com AVE. Atualmente existem vários métodos utilizados para a avaliação e graduação dos distúrbios de equilíbrios e funcionalidade em pacientes acometidos por AVE, A EEFB é uma escala prática, simples, precisa e confiável que tem como objetivo mensurar o equilíbrio e assim nortear o tratamento, como evidenciado em vários estudos (STEVENSON, 2001; OLIVEIRA et al., 2006). Da mesma forma, a MIF que é provavelmente o mais amplo instrumento para mensurar a capacidade funcional, sendo um indicador importante na rotina clínica por quantificar a independência na realização das atividades de vida diária (AVD's) (RIBERTO et al., 2004; BENVEGNU et. al., 2008; RICCI, KUBOTA e CORDEIRO, 2005). Diversos estudos confirmam sua confiabilidade e eficácia clínica atendendo a critérios de precisão, praticidade e facilidade (RIBERTO et al., 2004; RICCI, KUBOTA e CORDEIRO, 2005; TORRIANI et al., 2007). O fato do AVE ter como característica a hemiplegia ou hemiparesia , faz com que os pacientes empenham-se em buscar o centro de equilíbrio, uma vez que possuem uma importante perda sensorial e motora (COSTA e DUARTE, 2002; UMPHRED, 1994). Com base nesta perspectiva, pacientes com AVE não seria capazes de estimar as reações de equilíbrio e conseqüentemente ativação e sinergia muscular adequada (COSTA e DUARTE 2002; UMPHRED, 1994; FERNANDES, et al., 2007). Isso afeta conseqüentemente sua funcionalidade, já que age diretamente nas habilidades necessárias em suas atividades de vida diárias (RICCI, KUBOTA e CORDEIRO, 2005). Segundo Moura e Silva (2005) a maioria dos pacientes que sobrevivem a essa enfermidade conseguem readquirir a habilidade de manter a postura ortostática sozinha e, 82% retorna a deambular ainda que fazendo uso de meios auxiliares ou desvio padrão (UMPHRED, 1994). Porém, pessoas com AVE têm maior risco de queda do que a população geral, sendo que aproximadamente 75% dos indivíduos com AVE têm queda durante os seis meses após a alta hospitalar interferindo diretamente na sua independência funcional (FERNANDES, et al., 2007). Assim sendo, por apresentarem os vários distúrbios, os indivíduos com AVE necessitam passar por variados tipos de programas de reabilitação já que os mesmos podem reduzir o risco de incapacidades e perdas funcionais (BENVEGNU et. al., 2008). De acordo com o professor da Universidade Cidade de São Paulo, Fábio Navarro Cyrillo, um videojogo da Nintendo (Wii) está sendo utilizado como recurso adicional ao programa de reabilitação a indivíduos com AVE, por exigir que os jogadores executem movimentos que ajudam a readquirir o equilíbrio, coordenação, resistência e força muscular (DEUTSCH et al., 2008) Neste estudo verificou que os jogos de equilíbrio - Balance games – do game Wii Fit Plus, do console Nintendo Wii, em cuja jogabilidade é necessária a utilização da prancha de equilíbrio (Wii Balance Board), estimularam as descargas de peso ântero-posterior e lateralmente nos membros inferiores, maximizando a correção postural e manutenção do equilíbrio estático e dinâmico. - 129 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq No entanto, no início foram enfocados os jogos que exigiam somente descargas de peso laterais e manipulação dos controladores manuais como cabeceios, corda bamba, pesca bajo cero, ciudad vaivén, malabarismo circense, do game Wii Fit Plus, e o jogo de boliche, do game Wii Sports. Posteriormente, foram utilizados jogos que exigiam descargas de peso em todas as direções incluindo descarga de peso posterior e diagonal e, além disso, manipulações mais expressivas dos controladores manuais como nos jogos eslalon de esqui, rio abaixo, eslalon de snowboard, circuito de segway e plataformas. Os resultados encontrados nesse estudo mostraram que após a intervenção com o console WII, o participante melhorou o equilíbrio e conseqüentemente a sua funcionalidade. Todavia, cabe ressaltar que a utilização do console Nintendo Wii, é multifatorial, o que implica num conjunto de combinações e ajustes, contribuindo de maneira geral para o quadro do participante. O recrutamento de um maior número de indivíduos permitirá confirmar estes resultados, de modo a poder afirmar a eficácia do console Nintendo Wii na melhora do equilíbrio e na funcionalidade no paciente com AVE. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se desta maneira que, os resultados deste estudo mostram que o participante acometido por AVE apresentou melhora no equilíbrio e na funcionalidade após a utilização do console Nintendo Wii. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BENVEGNU et. al. Avaliação da Medida de Independência Funcional de Indivíduos com sequelas de acidente vascular encefálico (AVE). Revista de Ciência&Saúde. v. 1, n. 2, p. 71-77, 2008. COSTA, A. M.; DUARTE, E. Atividade Física e a Relação com a Qualidade de Vida de pessoas com seqüelas de Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI). Revista Brasileira Ciência e Movimento. v. 10, n.1, p. 47-54, 2002. DEUTSCH, J.E.; BORBELY, M.; FILLER, J.; HUHN, K.; GUARRERA-BOWLBY, P. Use of a low-cost,commercially available gaming console (Wii) for rehabilitation of an adolescent with cerebral palsy. Phys Ther. v. 88, n° 10, p. 1196-1207, 2008. FERNANDES, A. C. et al. Medicina e Reabilitação: Princípios e Prática. Artes Médicas: São Paulo, p. 957, 2007. 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ALVES, F.R.1,2; NASCIMENTO,R.S. 1,2; BARBIERI, R1,3; ESQUISATTO, M.A.M 1,4; BOMFIM, F.R.C.1,5; MORSOLETO, M.J.M.S.1,6 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 6 Docente; Co-orientador; Orientador. 4 2 Discente; 3 Profissional; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A artrite reumatóide (AR) é uma doença auto-imune de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem (BÉRTOLO, 2007). A estrutura da cartilagem e os aspectos inflamatórios do processo degenerativo têm sido muito estudados e recentes avanços têm demonstrado que a resolução da artrose do joelho poderá ser por meios biológicos e não cirúrgicos. Embora se tenha avançado na compreensão da etiopatogenia dessa doença, muito dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos ainda estão por ser elucidados. Vários modelos animais têm sido empregados como ferramentas úteis na compreensão dos mecanismos de lesão em artrites (SILVA JUNIOR, 2006). Drogas condroprotetoras, substâncias viscossuplementadoras do líquido sinovial e o transplante de células de cartilagem nos permitem afirmar que a regeneração da cartilagem já é considerada como um fato (BOROVOY, 1989). Entre os métodos usados para estimular a reparação cartilaginosa, podemos citar: perfurações até o osso subcondral; estimulo da movimentação passiva imediatamente após a lesão; exposição da articulação a cargas elétricas; hormonioterapia; laserterapia (BAKER,1974). O mecanismo de ação do LASER ainda não é completamente conhecido, porém parece estar relacionado à modulação do metabolismo das células do tecido conjuntivo. Assim, tem-se observado que o LASER de baixa energia leva à estimulação da biossíntese do colágeno em duas a três vezes ao nível normal (ABERGEL et al, 1984). Os efeitos da radiação LASER em lesões osteocartilagíneas, ainda são pouco estudados, existem contradição na literatura quanto aos métodos empregados nesses estudos e os resultados obtidos (MESTER, 1985). OBJETIVO Levando em consideração a interação LASER/tecido biológico e as mudanças estruturais que se estabelecem durante as reações bioquímicas, o presente estudo teve como objetivo analisar comparativamente o efeito da resposta inflamatória à - 132 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq irradiação LASER 670nm e 904nm em modelos de artrite induzida por Zymosan com e sem tratamento. Utilizando como parâmetro a análise histopatológica da sinóvia. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA Animais Após aprovação pelo Comitê de Ética da UNICAMP protocolo n° 811-1/2005, 40 ratos Wistar (Rattus norvegicus albinus) fêmeas com 80 dias e 250g ± 10g de peso, fornecidos pelo biotério do Centro Universitário Herminio Ometto/UNIARARAS. Os animais foram mantidos no biotério, em ambiente com luminosidade controlada (ciclo de 12 horas de claro/escuro), temperatura de 250C e submetidos à dieta normal com ração ad libtium e água. Os animais foram divididos em 4 grupos : Grupo controle (GC) 10 animais receberam injeção intra articular de solução salina 0,9% no joelho direito e foram submetidos à tratamento com o aparelho de LASER desligado; Grupo induzido não tratado (AZy) - 10 animais que receberam injeção intra articular de Zymosan no joelho direito. Grupo induzido e tratado com LASER Alumínio Gálio Fósforo Índio (AlGaPIn) (670nm) ( AZy L) – 10 animais que foram tratados com LASER a partir do 14° dia de artrite induzida. Grupo induzido e tratado com LASER Arseneto de Gálio (904nm) (AZyL) – 10 animais que foram tratados com LASER a partir do 14° dia de artrite induzida. Indução da artrite A artrite foi induzida por Zymosan - Saccharomyces cerevisiae (Sigma, St Louis, MO, USA). Os animais dos grupos AZy e AZyL foram submetidos à injeção de Zymosan (1mg), diluída em 0,5 mL de solução salina a 0,9% no joelho direito, após plano anestésico com Ketamina/Xilazina – 400mg/kg intraperitoneal (Keystone, 1977). Aplicação de laser Para o tratamento com laserterapia foi utilizada a luz LASER produzida através da estimulação dos átomos de Alumínio Gálio Fósforo Índio (AlGaPIn) e átomos de Arseneto de Gálio (AsGa), comprimento de onda de 670nm e 904nm respectivamente , com intensidade de energia de 3 j/cm2, marca Bioset. As sessões de LASER foram diárias com aplicação por ponto na área articular da pata direita dos animais de forma contínua, com tempo variando de 0,9 segundos (670nm) e 1,18 minutos (904nm), por um período de 21 dias. Coleta de Amostras Após 21 dias de tratamento diários com laser, todos os animais foram eutanaziados por aprofundamento anestésico com Ketamina/Xilazina (três vezes o valor da dose normal). As membranas sinoviais, bem como a extremidade distal dos fêmures, foram removidas cirurgicamente, sendo fixadas em formaldeído a 10%. As partes ósseas foram descalcificadas em EDTA por oito horas. As amostras foram coletadas, processadas histologicamente e coradas com H&E. Foram realizadas fotos documentação pelos pesquisadores utilizando o foto microscópio Leica DM200 nos aumentos de 5x e 10x para as análises quantitativa e qualitativa entre os quatro grupos observando a morfologia da inflamação sinovial. - 133 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq RESULTADOS E DISCUSSÃO Apesar de existir diferenças entre a doença experimental e a humana todos os estudos da imunidade são feitos com inoculações em animais, porque suas semelhanças justificam a sua aceitação como modelo esclarecendo numerosas dúvidas. Fig 1– Controle negativo Sivóvia (5x) Fig 2 – Controle negativo Sivóvia (10x) As análises histológicas das lâminas provenientes das amostras do grupo controle com solução salina intra articular (figuras 1 e 2) demonstrou na superfície sinovial observada após a coloração de H&E, a presença de 1 a 3 camadas de sinoviócitos e vasos de pequeno calibre envolvidos por um tecido conjuntivo frouxo desprovido de células inflamatórias. Na cavidade articular não se observa alterações inflamatórias à microscopia e o revestimento sinovial apresenta-se constituído de células cúbicas sob um coxim adiposo com escasso tecido intersticial. Fig 3 – Controle positivo Sinóvia (5x) Fig 4 – Controle positivo Sinóvia (10x) Nas amostras do grupo induzido (AZy) e não tratado (figuras 3 e 4), a superfície sinovial apresenta o mesmo número de camadas, porém observa-se o remodelamento da matriz extracelular tanto na superfície como na região subsinovial, infiltrado inflamatório linfoplasmocitário focal com presença de granuloma histiocítico e células gigantocelulares, hiperplasia sinovial e de vilosidades , erosões ósseas e presença de pannus, observa-se inflamação intensa na região da membrana sinovial e tecido subsinovial e periarticular. O colágeno é encontrado difusamente no tecido. Estes aspectos histopatológicos encontrados neste trabalho são também reafirmados por (RUBIN, 2006) quando publica que na artrite reumatóide as células de revestimento sinovial, composto de três camadas sofrem hiperplasia e formam camadas com 8 a 10 células de espessura que resulta em um tecido sinovial de - 134 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq revestimento com numerosas vilosidades. À medida que a sinóvia sofre hiperplasia e hipertrofia, alongam-se sobre a cartilagem articular e são a partir desse episódio denominada de pannus (pano ou manto). O pannus produz erosão de cartilagem articular e do osso subjacente através provavelmente a custas da ação de colagenases por ele produzida. Penetra também no osso subcondral acometendo tendões, ligamentos e cápsula articular produzem deformidades características. Fig 5 – Sinóvia com 21 dias de tratamento com LASER 670nm (5x) Fig 6 – Sinóvia com 21 dias de tratamento com LASER 670nm (10x) Nas amostras dos grupos submetidos á 21 aplicações de LASER de baixa intensidade (670nm) átomos de Alumínio Gálio Fósforo Índio (AlGaPIn) (figuras 5 e 6), observa-se que na membrana sinovial processo inflamatório crônico inespecífico com agregados linfóides e granulomatoso moderados. No tecido subsinovial observa-se neoangeogênese ativa, com formação de tecido conjuntivo denso e tecido adiposo. Observa-se que o estroma sinovial apresenta histologicamente com padrões de normalidade e ausência de inflamação, não apresentando hiperplasia de estroma ou vilosidades. Fig 7 – Sinóvia com 21 dias de tratamento com LASER 904nm (5x) Fig 8 – Sinóvia com 21 dias de tratamento com LASER 904nm (10x) Nas amostras dos grupos submetidos á 21 aplicações de LASER de baixa intensidade (904nm) átomos de Arseneto de Gálio (AsGa) (figuras 7 e 8), observa-se que na membrana sinovial há processo inflamatório leve, infiltrado crônico inespecífico, hiperplasia sinovial e de vilosidades com formação de pannus e há presença de cicatrização em toda região sinovial. No tecido subsinovial observa-se formação de tecido conjuntivo frouxo. Segundo (SCOTT, 2004), durante o processo inflamatório, ocorre uma sequência de eventos, nos quais alguns tipos de células predominam e exercem profundos efeitos. Plaquetas, células endoteliais e neutrófilos agem na fase inicial; macrófagos, - 135 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq linfócitos e fibroblastos, em estágios tardios. Essas células estão envolvidas com a produção de dor, quimiotaxia, regulação de tônus vascular, reparo e neovascularização. Os achados encontrados neste trabalho são reafirmados por (HAAPALA, 2001) e (LIN, 2004; 2006) quando assinalam que uma das funções do LASER de baixa potência (632,8 nm), em modelo experimental de osteoartrite, é o aumento na produção de mucopolissacarídeos, os quais são responsáveis por manter as fibras de colágeno juntas e assegurar a integridade da cartilagem; também aumenta a produção de proteínas de choque preservadoras dos condrócitos da cartilagem sinovial. Dessa forma, o LASER melhora as características histopatológicas da cartilagem, o que é de extrema importância em casos de sinovite, o componente inflamatório é importante na patogênese da lesão da cartilagem articular. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Analisando a sinóvia, pode-se concluir que ambos os tratamentos foram eficientes quando comparados ao Grupo Controle Positivo, contudo o Grupo tratado com LASER 904nm apresentou melhor ação antiinflamatória em relação ao LASER 670nm que mesmo após o tratamento ainda possuía focos de processo inflamatório e formação de tecido adiposo em extensas áreas da sinóvia. Embora muitos trabalhos tenham abordado de maneira extensiva a atuação da radiação do LASER nos tecidos, ainda existem vários questionamentos sem respostas. Os mecanismos que são efetivamente responsáveis pela estimulação da atividade dos condrócitos ainda não foram totalmente elucidados, bem como a dose ótima de terapia LASER de baixa potência para a estimulação da regeneração tecidual. Com o esclarecimento de tais mecanismos de ação será possível estabelecer critérios acerca dos reais benefícios da terapia LASER em patologias que necessitem da estimulação cicatricial, como a artrite, feridas abertas em pacientes diabéticos e úlceras de pressão, otimizando as terapias atuais e minimizando cada vez mais os procedimentos invasivos e agressivos aos pacientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABERGEL, P., MEEKER, C. A., LAM, T. S., DWYER, R. M., LESAVOY, M.A. & VITTTO, J.: Control of connective tissue metabolism by lasers: recent developments and future prospects. J Am Acad Dermatol v.11: p.1142-1150, 1984. BAKER, B.; BECKER, R.O.; SPADARO, J. A study of electrochemical enhancement of articular cartilage repair. Clin Orthop v.102: p.251-267, 1974. BÉRTOLO, M.B. et al. Atualização do Consenso Brasileiro no Diagnóstico e Tratamento da Artrite Reumatóide. Rev Bras Reumatol, v. 47, n.3, p. 151-159, mai/jun, 2007. BOROVOY, M.; ZIRKIN, R. M.; ELSON, L.M.; BOROVOY, M. A. 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P.P.1,2; CURIEL, A.C..1,2; LAGAZZI, G.3,4; PEDROSO-DEMORAES, C,3,5 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 orientador; Orientador. 2 Discente; 3 Docente; 4 Co- [email protected], [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009), apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies (PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América, principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009) apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Entre as espécies de Oncidiinae encontra-se a Miltonia regnellii, espécie de porte médio, encontrada de São Paulo ao Rio Grande do Sul (PABST; DUNGS, 1977). A espécie apresenta folhas coriáceas, paralelinérveas, lineares, com ápice assimétrico, agudo-oblíquo, inseridas aos pares no ápice de pseudobulbos. Estas folhas medem, em média, 36 cm de comprimento e 1,9 cm de largura na porção mediana. Na base de cada pseudobulbo, ocorrem dois pares de folhas com bainhas equitantes, porém com limbos mais curtos que nas folhas dos pseudobulbos, tendo, em média, 27,5 e 8,75 cm, respectivamente (DETTKE et al., 2008). OBJETIVO A morfologia dos órgãos vegetativos de muitas Oncidiinae foram estudadas por Chase e Palmer (1989) e a filogenia descrita por Pridgeon et al. (2009). Para o Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de Baptistonia, Gomesa, Ornitophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium (pro - 138 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq parte) foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico, determinados táxons brasileiros dessa subtribo ainda necessitam de análise minuciosa, principalmente, devido às suas características adaptativas e taxonômicas. Assim, o presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as raízes de Miltonia regnellii. MATERIAL E MÉTODOS O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Miltonia Regnellii Rchb. f. (CV: 263, 264, 265, 266). A exsicata foi depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco exemplares de cada raiz por espécime foram seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com SafraBlau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51). RESULTADOS E DISCUSSÃO As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes de Miltonia Regnellii. As quais são cilíndricas e apresentam três regiões distintas: velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de epiderme, presentes nas raízes, na espécie apresenta elípticas e/ou retangulares, em secção transversal. As paredes celulares do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário. A camada mais externa do velame denominada epivelame, é formada por células periclinalmente achatadas, sendo tais células ligeiramente menores que as das camadas internas. O endovelame é formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e distância variadas. O córtex, na espécie estudada, apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao velame), o córtex central e a endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. Em todas as raízes, nota-se que as células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que as da região central. A endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. Foram encontrados dezessete pólos de protoxilema em Miltonia regenellii, o que a caracteriza como poliarca. A medula é formada por células parenquimáticas esclerificadas. O teste com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina, - 139 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq nos espessamentos parietais das células do velame. O velame constitui uma epiderme especializada composta por várias camadas de células com paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). Na espécie estudada é formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das camadas internas, como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas Orchidaceae, como descrito para Catasetinae. O conjunto velameexoderme funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes diferenças entre o diâmetro das células, o que influênciou sobremaneira as médias obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espassamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. As raízes da Miltonia regnellii correspondem ao tipo Cymbidium por possuírem epivelame e até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres - 140 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Miltonia regnellii apresentara o maior número de pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie apresentando maior quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO As raízes analisadas possuem velame, córtex central e endoderme definidos, sendo que a presença dos mesmos pode ser considerada adaptações ao epifitismo. A uniformidade das características anatômicas encontradas nas raízes estudadas corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHASE, M.W.; PALMER, J.D. Chloroplast DNA systematics of lilioid of the lilioid monocots: feasibility, resources, and an example from the Orchidaceae. 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Este gênero compartilha formas semelhantes, mas possui inúmeras variações cariotípicas no número e/ou estrutura cromossômica. Estas variações podem ocorrer entre diferentes células do mesmo indivíduo, diferentes indivíduos da mesma população ou diferentes populações da mesma espécie. Marcadores citogenéticos podem ser muito úteis para identificar populações e espécies da mesma ou de diferentes populações. Regiões organizadoras de nucléolos (NORs) podem ser detectadas por Nitrato de Prata (AgNOR) e Hibridação in situ fluorescente (FISH). NORs são normalmente localizadas em um ou mais pares de cromossomos, mas é muito comum a presença de polimorfismos de número, posição e tamanho de NORs em muitas espécies de peixes Neotropicais (OLMO e REDI, 2000), e essas variações podem ser muito úteis na identificação de espécies críticas no gênero Astyanax. A presença de polimorfismo de NOR assim como o exato número de sítios de DNA ribossômico (rDNA) podem ser confirmadas por FISH utilizando sondas 18S rDNA que identificam a exata localização das sequências de DNA nos cromossomos. Apesar de muitos autores dizerem que esta sequência é conservada, não há estudo que comprove isto. Tendo em vista o número de espécies, distribuição e taxonomia, Astyanax tem sido considerado um dos mais complexos gêneros de caracídeos da América do Sul. O estudo para determinar a localização nos cromossomos dos sítios de 18S rDNA associado com o estudo das sequências 18S de A. paranae, A. altiparanae e A. fasciatus é inédito e poderá contribuir para um melhor entendimento da organização genômica deste gênero. OBJETIVO Caracterizar citogeneticamente representantes de três espécies de Astyanax da bacia do Alto rio Paraná, sendo elas Astyanax paranae, Astyanax altiparanae e Astyanax fasciatus; localizar e caracterizar as NORs nos cromossomos de representantes das três espécies; identificar a localização dos sítios da região 18S pela técnica de FISH; sequenciar o gene ribossomal 18S das espécies estudadas; propor uma hipótese de evolução das Regiões Organizadoras de Nucléolo para as espécies de Astyanax com base na análise das NORs e do gene 18S rDNA. METODOLOGIA Coleta: quatro indivíduos de A. paranae, A. altiparanae e A. fasciatus foram coletados no Ribeirão Claro (Rio Claro/SP), Rio Passa Cinco (Ipeúna/SP) e Ribeirão - 143 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Claro (Rio Claro/SP), respectivamente. Obtenção de cromossomos mitóticos a partir de células do rim anterior, seguindo método descrito por Foresti, Oliveira e AlmeidaToledo (1993): foi injetada solução de colchicina e os animais foram sacrificados. O material foi dissociado em KCL. A solução foi deixada por tempo determinado em uma estufa, colocou-se 5 gotas de fixador gelado e a mistura foi deixada à temperatura ambiente. Adicionou-se mais fixador e a mistura foi levada a centrífuga. Em seguida, retirou-se o sobrenadante e o precipitado foi ressuspendido em fixador. A mistura foi centrifugada novamente e este passo foi repetido por duas vezes. O material foi pingado e as lâminas foram coradas com Giemsa. Coloração por nitrato de prata para identificação de NORs, seguindo o protocolo de Howell & Black (1980): primeiramente, o material foi hidrolisado em HCl. Foram pingadas solução coloidal reveladora e solução de nitrato de prata sobre o material na lâmina, que foi colocada à 60°C por 2 minutos e em seguida lavada em água destilada e corada com Giemsa. Extração de DNA, ultilizando a técnica Fenol-Clorofórmio-Alcool isoamílico, descrita por Sambrook (2001): foram utilizadas soluções de TNE 1X, TrisHCL e SDS 10%, que foram misturados com Proteinase K e a solução final foi colocada na estufa. No dia seguinte, foi adicionada RNase e a solução foi mantida por 1 hora a 37°C. Foi adicionado fenol clorofórmio e o sobrenadante foi transferido para outro tubo. Foram adicionados acetato de sódio e álcool absoluto. O tubo foi invertido lenta e repetidamente para a mistura do material. Foi adicionado etanol 100% em cada tubo e o material foi colocado no freezer por 2 horas. O material foi centrifugado e o sobrenadante foi descartado. Colocou-se etanol 70% gelado, o material foi centrifugado e o sobrenadante foi descartado. O mesmo procedimento foi realizado por mais duas vezes. O DNA foi então reidratado com água milliq, deixado na estufa por 40 minutos, transferido para a geladeira e, em seguida, para o freezer -20°C. PCR: Para análise de sequências e sondas para FISH foram utilizados primers rDNA 18S Forward (GTAGTCATATGCTTGTCTC) e Reverse (GGCTGCTGGCACCAGACTTGC) para a amplificação do gene ribossomal 18S, utilizando os seguintes reagentes: água milliq, mix PCR (Qiagen), primers R e F e DNA. O programa de amplificação estava pré-estabelecido. Os produtos da PCR foram enviados para a Macrogen Inc., Seoul, Korea, para sequenciamento. FISH, segundo Alejandro Laudicina (comunicação pessoal): A sonda foi marcada com digoxigenina por PCR. As lâminas foram imersas em 2xSSC, desidratadas em séries alcoólicas (álcool 70%, 90% e 100%) e deixadas para secar. Os cromossomos foram desnaturados em formamida 70% e desidratados em álcool 70%. Repetiu-se o procedimento em série alcoólica. A hibridação foi feita utilizando sonda marcada e tampão de hibridação. A solução de hibridação e sonda foi desnaturada. Depois de incubada em câmara úmida durante a noite, as lâminas foram lavadas em mistura de 0.4xSSC e 0.3% Triton20x. Em cada lâmina, colocou-se tampão de bloqueio. Após as lâminas serem incubadas e lavadas em 2xSSC, colocou-se o anticorpo (anti-digoxigenina rodamina) e tampão de bloqueio e elas foram mantidas na câmara escura. Foram lavadas em 2xSSC e 2xSSC + 0.1% Triton20x, montadas com antifading (Vectashield) e marcadas com DAPI. RESULTADOS E DISCUSSÃO A. paranae e A. altiparanae apresentaram 2n=50 cromossomos com distribuição cariotípica de 4 metacêntricos (M), 26 submetacêntricos (SM), 4 subtelocêntricos (ST) e 16 acrocêntricos (A) e 8M, 32SM, 4ST e 6A, respectivamente. Os autores - 144 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Maistro, Foresti e Oliveira (2000) detectaram números diplóides diferentes em exemplares de A. paranae provenientes do Córrego Tamanduá, um pequeno afluente do rio Paranapanema. O número diplóide identificado foi 2n=50 (6M, 26SM, 4ST, 14A) e 2n=48 (6M, 28SM, 4ST, 10A) cromossomos. De acordo com estas informações e outras disponíveis na literatura pode-se perceber e é importante destacar que, mesmo que algumas populações apresentem número diplóide idêntico, diferenças na estrutura cariotípica podem ser encontradas, mostrando que essas populações são citogeneticamente distintas. Estudos realizados por vários autores em populações de A. altiparanae provenientes de diferentes localidades confirmam o número constante de cromossomos 2n=50, porém são demonstradas diferentes variações de fórmula cariotipica. A espécie A. fasciatus apresentou 2n=46 cromossomos, sendo 10M, 30SM, 2ST e 4A. Em estudo realizado por Pazza, Kavalco e Bertollo (2006) foram identificados, em indivíduos coletados no Rio MogiGuaçu, 2 citótipos distintos; o primeiro apresentou 2n=48 cromossomos (8M, 22SM, 12ST e 6A) enquanto que o segundo apresentou 2n=46 cromossomos (12M, 20 SM, 10 ST e 4A). A. fasciatus é considerado um complexo de espécies, assim como A. paranae, devido às variações no número diplóide e na fórmula cariotípica. Essas variações são constatadas em diversos estudos já descritos na literatura e os dados obtidos no presente trabalho reforçam estas informações ao fornecer resultados de mais uma população, até então não descrita. Em A. paranae a AgNOR foi observada em regiões terminais mas foram identificadas dois tipos de marcações em diferentes células do mesmo indivíduo. Foi possível a identificação de complementos com 2 e 3 cromossomos marcados, sendo eles submetacêntricos com marcações teloméricas. A técnica de FISH com sondas de 18S rDNA apresentou, nesta espécie, 3 marcações teloméricas nos mesmos cromossomos submetacêntricos identificados pela técnica de AgNOR. As Ag-NORs identificadas em cromossomos metafásicos correspondem a regiões organizados de nucléolos que foram ativas na interfase precedente. Desta forma, a associação de dados de Ag-NORs e hibridação in situ fluorescente pode sugerir que uma menor quantidade de sítios de rDNA 18S, presente no cariótipo pode ser normalmente ativa (FERRO et al., 2001). Desta forma, avaliando o presente estudo, pode-se discutir o fato de algumas metáfases apresentarem 2 cromossomos marcados quando realizada a técnica de impregnação por nitrato de prata, enquanto outras apresentam 3 cromossomos marcados com a mesma técnica. Como em outras metáfases impregnadas com nitrato de prata e na técnica de hibridação in situ fluorescente foram detectados 3 cromossomos com marcações teloméricas, muito provavelmente esta terceira marcação não foi detectada na Ag-NOR, mas corresponde a uma NOR verdadeira. Em estudo realizado por Vicari et al. (2008) foram identificados 3 cariótipos diferentes em relação ao número de NORs. No primeiro cariótipo, de populações do rio Verde (Bacia Tibagi) e rio Açungui (Bacia Iguapé), nos arredores da cidade de Castro, foram identificados 13 sítios de rDNA 18S, sendo 2 localizados em ambos telômeros de um mesmo cromossomo (NORs biteloméricas). No segundo e no terceiro cariótipo, onde foram analisadas populações do rio Santo Antônio (Bacia Jaguariaíva), foram identificados 4 e 8 sítios de rDNA 18S, respectivamente. Múltiplas NORs tem sido uma característica comum nesta espécie, com algumas populações apresentando um número grande desses sítios (FERRO et al., 2001). Apesar das populações pertencerem à mesma espécie, as diferenças evidenciadas quanto a fórmula cariotípica e posições das NORS sugerem que cada população - 145 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq segue seu próprio curso evolucionário (SANTOS e MORELLI, 2006). No caso das NORs, a variabilidade é frequentemente descrita para peixes. Mecanismos de rearranjos cromossômicos e transferência de sítios ribossomais podem causar estas variações. No entanto, eventos de transposição têm sido indicados como a maioria das causas de variabilidade de NORs no genoma destes animais. Variação interindividuais de NORs podem ser reforçada por cruzamentos entre indivíduos portadores de distintos padrões de NOR (MANTOVANI et al., 2000). A espécie A. altiparanae apresentou em AgNOR marcações em regiões teloméricas nos braços curtos de 3 cromossomos submetacêntricos, sendo 2 deles constituintes de um mesmo par de cromossomos. Em FISH, sítios de 18S RDNA foram identificados no mesmo par de cromossomos identificados em AgNOR, mas o outro cromossomo identificado pela prata não foi marcado em FISH. Estudo recente realizado por Ferreira Neto et al. (2009) mostrou para diferentes populações de A. altiparanae NORs do tipo simples e múltipla, detectadas por sondas de rDNA 18S. Populações do córrego Pântano apresentaram NOR do tipo simples enquanto populações do córrego Feijão e do Rio Jordão apresentam NOR do tipo múltipla. A NOR pode não ser identificada na técnica de impregnação por nitrato de prata já que a ausência de atividades de cístrons ribossômicos pode impedir a visualização do número real de regiões organizadoras de nucléolos, devido a prata ligar-se preferencialmente as proteínas presentes ao redor dos genes ribossômicos e não ao DNA ribossômico (SANTOS e MORELLI, 2006). Segundo Silva et al. (2006), o método da hibridação in situ fluorescente tem sido muito eficiente para estabelecer o número e a posição de todos os sítios ribossomais do genoma independentemente da atividade genética. Portanto, mesmo os sinais não encontrados na técnica Ag-NOR devido à inativação desses cístrons ribossômicos são detectados pela técnica do FISH. Entretanto, dados obtidos em estudos realizados com mamíferos têm mostrado sinais positivos de Ag-NORs em cromossomos que não são hibridados com sondas de rDNA. A possibilidade de proteínas argirofílicas não histônicas associadas a regiões teloméricas não pode ser descartada quando há sinais de Ag-NORs positivos que excedem o número de sinais positivos evidenciados na técnica de FISH, sugerindo que regiões repetitivas podem ser coradas por prata, mas não representarem NORs verdadeiras (CAMPOS et al., 2008). A. fasciatus apresentou os mesmo resultados nas duas técnicas utilizadas. No mesmo indivíduo foi constatada a presença de 3 e 4 cromossomos portadores de NORs relatando, desta forma, variações interindividuais. Em estudo realizado por Peres et al. (2009), variações no número de NORs foram encontradas quando utilizada a técnica de hidridação in situ. O número de cistrons de rDNA 18S em diferentes populações variou de 2, 3 e 6 cromossomos portadores. Polimorfismo de tamanho de NOR também foi detectado nesta espécie no presente estudo. Em todas as metáfases analisadas, um dos homólogos de um par de cromossomos se destacava entre seu homólogo e entre os outros cromossomos devido ao tamanho da marcação telomérica ser consideravelmente maior que as restantes. Em estudo realizado por Pazza, Kavalco e Bertollo (2006), a ocorrência de um par de cromossomos submetacêntricos portadores de sítios ribossômicos na região terminal dos braços curtos se destaca devido a este par estar presente em todas as metáfases analisadas e sempre com marcações bastante notáveis. Alguns autores sugerem a presença de NORs principais e secundárias para este gênero. A ocorrência de Ag-NORs múltiplas com sítios principais bem notáveis e sempre ativos juntamente a sítios secundários com - 146 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq atividade variável parece ser comum em Astyanax (MIZOGUCHI e MARTINSSANTOS, 1998; MANTOVANI et al., 2000; FERRO et al., 2001) De acordo com Fernandes e Martins-Santos (2006), heteromorfismo de tamanho da NOR pode ocorrer por meio de eventos de transposição ou crossing-over desigual e não devido à expressão diferencial da NOR. Como revisado por Pazza, Kavalco e Bertollo (2006), os fatores de transcrição podem ligar-se aleatoriamente em qualquer cístron ribossomal. Dessa forma, as NORs que possuem mais cístrons, ou seja, mais cópias de genes ribossomais, serão preferencialmente ativadas. Após esta etapa, os fatores de transcrição ainda disponíveis podem se ligar a outros cístrons de uma maneira cooperativa, com os cístrons promotores adjacentes tendo uma maior afinidade com os fatores de transcrição. Assim, os autores sugerem uma forte tendência de um cromossomo portador de NOR ser completamente ativado antes de seu homólogo começar a acumular fatores de transcrição. Este modelo pode se aplicar em casos onde ocorre NORs mais notáveis e geralmente ativas (sítios principais) juntamente com a atividade variável de pequenos sítios secundários, como observado em A. scabripinnis (MIZOGUCHI e MARTINS-SANTOS, 1998) e outras espécies. A análise de sequências do gene 18S rDNA foi realizada a partir do alinhamento das sequências dos 4 indivíduos de cada espécie estudada. As análises resultaram em uma matriz de alinhamento composta por 505 pares de base. As sequências de A. paranae e A. fasciatus mostraram o mesmo resultado e apenas uma base os diferenciaram de A. altiparanae. Em A. paranae e A. fasciatus a base identificada é a T enquanto que em A. altiparanae, exatamente na mesma posição, a base identificada é a C. A frequência dos nucleotídeos obtida prova a amplificação do gene ribossômico, mostrando maior proporção de bases C e G, que é justamente relatada em NORs. A reconstrução filogenética mostrou a ocorrência de 2 clados, sendo um clado monofilético composto por A. paranae e A. fasciatus tendo como grupo-irmão o clado composto por A. altiparanae. Esta separação ocorre devido à única base que diferencia A. paranae e A. fasciatus de A. altiparanae. Foi realizado o calculo médio da distância genética entre os grupos e foi constatado que a distância entre A. paranae e A. fasciatus é zero enquanto a distância entre ambos e A. altiparanae é 0,02%. Esta análise reforça a idéia de que A. paranae e A. fasciatus estão inseridos no mesmo clado. A comparação do padrão de NORs entre as espécies e o padrão genético do rDNA 18S mostra que aparentemente há relação entre número de NORs e complexidade gênica, visto que as espécies A. paranae (2n=46, 48, 50) e A. fasciatus (2n=45 à 2n=48) apresentam NORs dos tipos múltipla e possuem sequências do gene 18S rDNA 100% similares, enquanto a espécie A. altiparanae (2n=50) possui NORs do tipo simples e sequências do gene ribossomal possivelmente mais próximas às sequências do ancestral. De acordo com a literatura, a condição primitiva de NORs e número diplóide para o gênero Astyanax são NOR do tipo simples e 2n=50, enquanto as NORs múltiplas e variações do 2n devem ser consideradas derivadas na história evolutiva do grupo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Padrões da diversidade cariotípica do gênero Astyanax devem ser reflexo de sua história evolucionária e distribuição ao longo da bacia do Rio Paraná, e o tempo de divergência pode ter permitido a diferenciação cromossômica, sugerindo que cada população segue seu próprio curso evolucionário. O gene ribossomal 18S foi - 147 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq considerado altamente conservado para este gênero. Apesar do polimorfismo e toda variação encontrada entre as espécies e mesmo entre as células do mesmo indivíduo, a sequência permanece inalterada. Pode-se concluir, de acordo com os resultados obtidos neste estudo, que as NORs e o gene rDNA 18S estão interligados em estudos de evolução já que alterações em NORs podem ter influência neste gene. Portanto, associação de estudos de NORs e do gene rDNA 18S são excelente ferramenta para estudos de filogenia. 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C.1, 3; BETTINI, J.S.R.2, 3 1- Graduando do curso de Farmácia do Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS 2- Professora e pesquisadora do Programa de pós-graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS 3- NUCISA – Núcleo de Ciência da Saúde do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO HPV O papilomavirus humano (HPV) pertence a um grupo de vírus de DNA epitéliotróficos e mucosatróficos, associados à etiologia de diversos tumores benignos e malignos de característica geralmente papilomatosa, hiperplásica e/ou verrucosa, em pele, trato anogenital e aerodigestivo (1). São conhecidos hoje mais de 200 tipos de HPV, classificados de baixo risco aqueles que não são capazes de causar câncer e de alto risco aqueles que são capazes de causar câncer (2). O câncer cervical e suas lesões precedentes já estão fortemente associados com o HPV, principalmente pelos tipos de alto risco 16/18. Devido à similaridade morfológica entre a mucosa cervical e o trato aerodigestivo superior, o HPV foi proposto como fator etiológico para o desenvolvimento de câncer oral (3). Leucoplasia Verrucosa Em 1978, a Organização Mundial de Saúde (4) definiu esta lesão como uma mancha ou placa branca da mucosa bucal, não removível à raspagem, que não pode ser caracterizada clínica ou patologicamente como outra enfermidade. Embora seja definida como uma lesão branca homogênea, a leucoplasia oral pode apresentar algumas variações em seu aspecto clínico, sendo classificada, em ordem de severidade, em homegênea, ulcerada, nodular e verrucosa (5). Em publicações recentes a leucoplasia foi incluída entre as lesões precursoras do câncer oral (6) e potencialmente malignas (7). O HPV tem sido avaliado quanto ao seu papel na etiologia e na malignização de lesões pré-cancerosas, entretanto os resultados obtidos ainda não são concludentes (8). OBJETIVO O presente estudo visou baseado em análises biomoleculares, diagnosticar e determinar a prevalência dos subtipos 16 e 18 do HPV, em pacientes portadores de leucoplasia verrucosa de mucosa oral e em pacientes sem histórico de lesões de mucosa oral. Paralelamente foram avaliadas as características sócio-demográficas dos indivíduos abordados pelo estudo a fim de determinar o grupo em que ambos, lesão e vírus foram mais prevalentes. O teste exato de Fisher foi abordado a fim de produzir dados estatísticos. MATERIAL E MÉTODOS Obtenção das Amostras Foram analisados 20 pacientes, pertencentes a comunidade UNIARARAS sediada em Araras, São-Paulo-Brasil, alocados em 2 grupos. O primeiro grupo (g1) formado - 150 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq por 8 portadores de leucoplasia verrucosa, dos quais foram coletadas 8 amostras devido à alguns possuírem múltiplas lesões em sua mucosa oral, e o segundo grupo (g2) composto por 12 pacientes não portadores de lesões em sua mucosa oral. Todos os indivíduos foram avaliados quanto as suas características sóciodemográficas para identificar o perfil dos portadores da lesão em que o vírus é mais prevalente. Para análise biomolecular as amostras foram coletadas através de raspado de mucosa oral, utilizando escovas do tipo “campos da paz” (cytobrush®), armazenadas em eppendorfs (Axygen®) contendo solução salina 0,9% e reservadas à aproximadamente -20ºC (-4 ºF, 273º K) até que fosse realizada a extração do material genético. Extração de DNA Os eppendorffs (Axygen®) contendo amostras de raspado oral com solução salina (0,9%) foram centrifugados à 13.000rpm por 10 min e a solução sobrenadante foi desprezada, logo após foi realizada a lise osmótica das células pela adição de 600 µl de NaOH (50mM), seguida de aquecimento à 95ºC (203ºF,368 K) por 5 minutos e posterior neutralização do pH com solução de Tris-HCl (1M, pH 8,0). O material extraído foi armazenado sob refrigeração a -20ºC (-4 ºF, 253 K). Beta-globina PCR A PCR “polymerase chain reaction” do gene da beta globina foi realizada utilizando o par de primers PCO3/PCO4 para amplificar um fragmento de 125pb, visando garantir a qualidade do DNA extraído e a fidedignidade do experimento. PCR da região L1 do HPV Para a amplificação da região L1 do HPV utilizou-se os primers GP5+/GP6+, onde são produzidos fragmentos de 150pb quando o DNA viral encontra-se presente. PCR da Regiao E7 do HPV 16 e 18 Foi feita a pesquisa do genótipo 16 e 18 do HPV pela amplificação da região E7, utilizando pares de primers específicos para cada genótipo que amplificam fragmentos de 108 e 104 pb respectivamente. Análise do material amplificado O produto de PCR foi inoculado em Gel de poliacrilamida não denaturante, junto com padrões bromophenol e xilenocianol, o qual foi levado a condições eletroforéticas em cuba vertical previamente preenchida com tampão TBE 10x (trisacido bórico-EDTA) sob uma diferença de potencial de 250 volts, durante 4 horas. Para detecção das bandas do material separado pela eletroforese, utilizou-se a impregnação com solução de nitrato de prata 10%, método este que apresenta um limite de sensibilidade de 3pg/mm2. Análise Sócio-demográfica Os questionários que foram voluntariamente e sigilosamente respondidos pelos pacientes avaliaram hábitos de vida e o perfil dos pacientes dos grupos. Análise dos dados Os resultados obtidos foram submetidos ao teste exato de Fisher realizado pelo software SISA® (Simple Interactive Statistical Analysis) para a obtenção do valor de P para um n= 20, também foram produzidos valores de porcentagem absoluta e desvio padrão, odds ratio e intervalo de confiança (95%) RESULTADOS E DISCUSSÃO - 151 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O gene da beta-globina foi amplificado em todas as amostras, demonstrando a presença de DNA humano com qualidade e integridade satisfatórias, de forma que foi possível dar seguimento a pesquisa do DNA viral com fidedignidade. O DNA do HPV foi diagnosticado em 100% (8/8) dos pacientes do G1, em pelo menos uma área lesionada, e em 25% (3/12) dos indivíduos do G2 (OR = 17.9, CI [3.08-102.67], P = 0,001). (tab 1) Dentre as amostras positivas submetidas à genotipagem com os primers que amplificam a região E7, em nenhum dos pacientes foi diagnosticado o HPV-16, porém determinou-se uma prevalência de 62,5% (5/8) do HPV 18, dentre os pacientes do G1 e em 25% (3/12) dos pacientes do G2 (OR = 5, CI [0.72-34.73], P = 0,0978). (fig 2.). (tab. 2) Em todas as amplificações realizadas o estudo valeu-se de controles positivos e negativos da reação. Figura 2: Ao meio ladder de 100pb, à esquerda amostras genotipadas para o HPV 16 (todas negativas) e à direita amostras genotipadas para o HPV 18 (cinco positivas) amplificadas em 104 pb. O número reduzido de amostras deve-se a falta de profissionais dispostos a colaborar com o estudo, porém o expressivo resultado de 62,5% de prevalência do subtipo 18 do HPV, corroborado pelos resultados da análise citológica, indica que o subtipo possui relação com a leucoplasia verrucosa de mucosa oral. Apesar de nenhum dos pacientes abordados pela pesquisa terem sido diagnosticados positivos para o subtipo 16 do HPV, estudos com um maior número de pacientes devem ser realizados para confirmar a exclusão deste subtipo com a lesão em questão. A presença do HPV 18 nos pacientes do G2 sem que este causasse qualquer manifestação compatível com sua presença em mucosa oral, pode estar relacionada com o período de latência do vírus e com o estado de imunocompetência dos indivíduos. Tabela 1 Relação entre o HPV e a Leucoplasia Verrucosa, CI (Intervalo de Confiança 95%), OR (Odds Ratio), Diferença de significância para P ao nível de 10%. Utilizou-se a hipótese da nulidade para a obtenção dos valores. - 152 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Tabela 2 Relação entre o HPV-18 e a Leucoplasia Verrucosa, CI (Intervalo de Confiança 95%), OR (Odds Ratio), Diferença de significância para P ao nível de 10%. Levantamentos bibliográficos realizados demonstram discordância entre a ausência ou presença de relação do HPV com a lesão em discussão. Bagan, J.V. et al.(9), analisaram 13 pacientes com leucoplasia verrucosa proliferativa de mucosa oral, sendo que em nenhuma das amostras foi detectado o HPV. Todavia, como a grande maioria dos autores, Campsi, G. et al.(10), em concordância com nossos resultados, determinaram a presença do HPV e sua relação com a leucoplasia verrucosa proliferativa de mucosa oral em 58 casos, sendo que foi encontrado a presença do DNA viral em 24,1% (14 pacientes). O subtipo 18 do HPV foi o mais prevalente genótipo detectado, em 78,5% das amostras, seguido pelo HPV 16, diagnosticado em 28,6% das amostras. Nielsen, H. et al. (11), examinaram 49 pacientes com lesões orais pré-malignas e 20 pacientes com mucosa oral normal, as investigações revelaram que 62,5% dos pacientes com leucoplasia verrucosa apresentavam-se positivos para o HPV 16. Gopalakrishnan, R. et al. (12), analisaram 8 amostras de leucoplasia verrucosa proliferativa e encontraram duas amostras positivas para o HPV 16 e 18. A leucoplasia pode estar associada a uma ampla gama de agentes físicos, químicos e biológicos tais como álcool e fumo, dentre outros (13). Neville BW, Day TA, (14), atentam para o fato da maior prevalência da lesão em homens idosos, sendo que esta prevalência é diretamente proporcional à idade variando desde menos de 1% na faixa dos 30 anos até 8% depois dos 70 anos de idade. Portanto, a análise das características sócias demográficas como idade, sexo, nupcialidade, hábitos etílicos e fumo, foi realizada. A média de idade dos pacientes que forneceram as amostras para o estudo foi de 61 anos (DP= 5,538) sendo dois (25%) do sexo feminino e seis (75%) do sexo masculino, onde apenas um (12,5%) paciente declarou-se separado, e os outros sete (87,5%) declararam-se casados. Quanto aos hábitos dos pacientes, dois (25%) declararam não fumar nem consumir produtos etílicos cronicamente, enquanto que seis (75%) declararam que eram usuários crônicos de álcool e fumo por pelo menos mais de uma década. Dentre os pacientes positivos para o HPV 18, quatro (80%) eram de pacientes homens que faziam uso de álcool e fumo cronicamente, enquanto que um (20%) paciente era do sexo feminino, a qual alegou não fazer uso de álcool ou fumo, também observou-se que quatro (80%) pacientes positivos para o HPV 18 eram casados enquanto que - 153 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq apenas um (20%) paciente era separado. A média de idade dos pacientes positivos para HPV 18 foi de 59,75 anos (DP = 5,118). CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Considerando os resultados obtidos no estudo conclui-se que o HPV está associado com a leucoplasia verrucosa de mucosa oral e que o subtipo 18 é o mais prevalente nesta lesão dentre os pacientes avaliados do grupo 1. O subtipo 16 do HPV não apresentou correlação com a leucoplasia verrucosa neste estudo. Embora 25% dos pacientes que compunham o grupo 2 apresentarem-se positivos para o HPV 18, o mesmo não causou qualquer alteração ao nível celular devido a características inerentes ao microrganismo como período de latência ou pela imunocompetência dos indivíduos. Dentre os indivíduos estudados, o perfil sócio demográfico onde a leucoplasia verrucosa está relacionada ao HPV em maior proporção, são os homens, casados que fazem uso crônico de bebidas alcoólicas e fumo, com idade mediana de 59,75 anos. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS WEFFORT, F.C. Os fantasmas dos outros. Folha de São Paulo, São Paulo, 28 jan. 1994. Opinião, p. 3. NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de S. Paulo, São Paulo, 28 jun. 1999. Folha Turismo, Caderno 8, p. 13. 1- LAZZARI, C.M. KRUG, L.P. QUADROS, O.F. BALDI, C.B. BOZZETTI, M.C. Human papillomavirus frequency in oral epithelial lesions. J Oral Pathol Med v. 33, p. 260-3, 2004. 2- CHEN, C.J. VISCIDI, R.P. CHUANG, C.H. HUANG, Y.C. CHIU, C.H. LIN, T.Y. Seroprevalence of human papillomavirus types 16 and 18 in the general population in Taiwan: Implication for optimal age of human papillomavirus vaccination. J Clin Virol. v. 38, p. 126-130, 2007. 3- SYRJÄNEN, S. Human papillomavirus (HPV) in head and neck cancer. J Clin Virol. v. 32 p. 59-66, 2005. 4- WHO. Colaboration Centre for Oral Precancerous Lesions. Definition of leukoplakia and related lesions: an aid to studies on oral precancer. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. v. 46 p. 518-539, 1978. 5- HASHIBE, M. SANKARANARAYANAN, R. THOMAS, G. et al. Alcohol drinking, body mass index and the risk of oral leucoplakia in an Indian population. Int J Cancer. v. 88 p. 129-34, 2000. 6- BARNES, L. EVESON, J.W. REICHARDT, P. SIDRANSKY, D. World Health Organization Classification of Tumours. Pathology and Genetics of Head and Neck Tumours: Vol. 9. Lyon: International Agency for Research on Cancer. IARC Publications No. 9. 2005. 7- WARNAKULASURIYA, S. JOHNSON, N.W. VAN DER WAAL, I. Nomenclature and classification of potentially malignant disorders of the oral mucosa. J Oral Pathol Med. v. 36 p. 575-80, 2007. 8- MARTÍNEZ-SAHUQUILLO, M.A. GALLARDO, C.I. COBOS, F.M.J. CABALLERO, A.J. BULLÓN, F.P. La leucoplasia oral: Su implicación como lésion precancerosa. Av Odontoestomatol. v. 24 p. 33-44, 2008. - 154 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq 9- BAGAN, J.V. JIMENEZ, Y. MURILLO, J. et al. Lack of association between proliferative verrucous leukoplakia and human papillomavirus infection. J Oral Maxillofac Surg. v. 65 p. 46-9, 2007. 10- CAMPISI, G. GIOVANNELLI, L. AMMATUNA, P. et al. Proliferative verrucous vs conventional leukoplakia: no significantly increased risk of HPV infection. Oral Oncology. v. 40 p. 835-840, 2004. 11- NIELSEN, H. NORRILD, B. VEDTOFTE, P. PRAETORIUS, F. REIBEL, J. HOLMSTRUP, P. Human papillomavirus in oral premalignant lesions. Eur J Cancer B Oral Oncol. v. 32 p.264-70, 1996. 12- GOPALAKRISHNAN, R. WEGHORST, C.M. LEHMAN, T.A. et al. Mutated and wild-type p53 expression and HPV integration in proliferative verrucous leukoplakia and oral squamous cell carcinoma. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. v. 83 p. 471-7, 1997. 13- LEE, J. HUNG, H. CHENG, S. et al. Carcinoma and dysplasia in oral leukoplakia in Taiwan: prevalence and risk factors. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. v. 101 p. 472-80, 2006. 14- NEVILLE, B.W. DAY, T.A. Oral cancer and precancerous lesions. CA Cancer J Clin. v. 52 p. 195-215, 2002. Trabalho de Iniciação Científica Palavras-Chaves: HPV, Leucoplasia Verrucosa, PCR. - 155 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO ENTRE ALUNOS DA PSICOLOGIA E DA FISIOTERAPIA JUNTO A PACIENTES COM DIFICULDADE PARA SE COMUNICAR EM UMA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA PICOLI, G. M. 1,1; RAGASSI, E. A. 1,2; BALDESSIM, A. F. 1,3; BAPTISTA, A. S. D 1,4 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 1,4 1,4 Discente; Docente, Orientador. 1,3 1,1 Discente; 1,2 Discente, [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Sabendo que a comunicação é uma forma de se estabelecer as redes sociais e que é por meio dela que estabelecemos as relações, pois expressamos os sentimentos, os pensamentos, realizamos trocas entre outras coisas, a dificuldade em se comunicar pode afetar além da qualidade de vida do indivíduo, também suas relações sociais. A comunicação se faz necessária em todo o contexto, tanto no campo do trabalho, social, pessoal, afetivo, abarcando desde situações mais simples como dizer um “oi” até as mais complexas, apresentando ideias, sentimentos e articulações de conceitos. Constatado a necessidade que todo indivíduo tem de se comunicar, os alunos integrantes do Projeto de Extensão de Psicologia da Saúde, realizando estágio na Clínica Escola de Fisioterapia, da Fundação Hermínio Ometto (UNIARARAS), observaram que muitos pacientes apresentavam dificuldades em se comunicar, então começaram a trabalhar essa questão na tentativa de estabelecer formas alternativas de comunicação. A dificuldade na comunicação não se restringia somente a relação paciente com os estagiários da fisioterapia, isto era estendido aos seus próprios familiares e/ou cuidadores. Alguns desses pacientes não se comunicam pelo fato de serem portadores de alguma patologia, ou de terem sofrido algum acidente que os impossibilitou de se comunicar, isto é, por apresentarem sequelas em função do problema de saúde. O trabalho da Psicologia, diante dessas observações, foi encontrar junto às necessidades de cada paciente, novas maneiras para que os mesmos possam ser menos prejudicados por essa impossibilidade. Foram desenvolvidos materiais alternativos para facilitar a comunicação desses pacientes visando à inserção social e a autonomia desse indivíduo, tanto na Clínica Escola de Fisioterapia, quanto fora dela. OBJETIVO Apresentar o material alternativo de comunicação elaborado pela equipe de psicologia para facilitar a comunicação de pacientes com esse comportamento em déficit, visando à independência do paciente. Mostrar que esses pacientes são capazes de mostrar o que estão sentindo e de interagir com as pessoas que estão próximas, como familiares, terapeutas e cuidadores. Facilitar a comunicação desses pacientes tanto no âmbito da Clínica Escola de Fisioterapia quanto fora dela, visando possibilidades de independência para o - 156 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq paciente, entendendo que o familiar e/ou o cuidador também terá uma melhora na relação com o paciente. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA Procedimento: Os pacientes usuários da Clínica-escola de Fisioterapia muitas vezes são encaminhados para o acompanhamento da psicologia em função da dificuldade de comunicação, o que dificulta muitas vezes a avaliação das sensações que o paciente apresenta. Como a serviço de psicologia tem o objetivo de atender os usuários para ajustá-los a sua condição, muitas vezes atua-se para restabelecer a comunicação deste com o mundo. O paciente passa por uma avaliação em que a equipe da psicologia verifica as condições cognitiva com o objetivo de se orientar quanto a condução do desenvolvimento do método a ser utilizado. Faz um levantamento quanto ao repertorio que o paciente tem para se comunicar e o entendimento que as pessoas que convive com ele tem sobre suas expressões. Caso não apresente nenhum meio de comunicação estabelecida formalmente, os estagiários de psicologia buscam uma forma alternativa. A partir disso é construído um material individual para ser utilizado durante o atendimento, como também em situações sociais. O paciente é treinado a utilizar o material assim como as pessoas de sua rede social. Serão apresentados dois materiais utilizados. Material: O livro é destinado para pacientes com limitação de coordenação motora fina. Para a confecção do livro de comunicação alternativa são utilizadas folhas de papel sulfite (quantidade suficiente para suprir a necessidade do paciente), tamanho A4; palitos de sorvete de madeira; placas de cartolina, tamanho 23 cm X 31 cm; metros de papel contact, e um fichário. Após o levantamento com o cuidador principal, escolhem-se figuras que possam expressar as necessidades do paciente. A partir dessa seleção o livro pode ser montado. Nas folhas de papel sulfite serão coladas as figuras que indicaram as necessidades do paciente. Os palitos serão anexados nessa folhas em posições diferentes, um abaixo do outro, para funcionarem como alavanca, para que o paciente possa manusear, virar as páginas. As cartolinas servem como base para que as folhas impressas, deixando-as mais resistentes O papel contact é utilizado como proteção para o material que estará disposto no fichário. Para pacientes que apresenta coordenação motora e as funções da mão estão preservada. As pranchas são feitas da mesma forma do livro, tendo como diferencial que elas são independentes, não são dispostas em fichário. Headmouse: É um programa distribuído de forma gratuita através de download pelo site http://robotica.udl.cat. Esse programa faz com que o usuário, portador de necessidade especial, movimente o mouse do computador com leves movimentos da cabeça e o clicar faz-se a partir do piscar dos olhos ou o abrir e fechar dos lábios, devendo ser configurado de acordo com as limitações e necessidades de cada paciente. O programa é parte de um programa chamado Inclusão Digital para pessoas que não tem dígitos, e foi encontrado a partir de pesquisas na internet. Para a realização do treinamento do programa headmouse, é utilizado um notebook, - 157 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq equipado com uma webcam, em condições de uso e adaptada para diferentes tipos de limitações encontradas nos pacientes. Primeiro faz-se um primeiro contato com o familiar e/ou cuidador do paciente expondo o programa e suas vantagens, em seguida, se houver interesse por parte do mesmo, a equipe, explica que o notebook está equipado com uma ferramenta digital, cujo objetivo é melhorar a comunicação entre o paciente e as pessoas presentes em seu contexto, podendo ser estendido a outros âmbitos como, por exemplo, as redes sociais. A ideia é que esses instrumentos de comunicação sejam de uso interno e externo à Clínica de Fisioterapia. RESULTADOS ESPERADOS Focando a necessidade de comunicação entre pacientes, fisioterapeutas, familiares e cuidadores, os estagiários de psicologia, a partir do desenvolvimento de materiais de comunicação alternativa, vêm utilizando alguns deles com pacientes que não conseguem se expressar verbalmente ou pela escrita, devido a patologias, sequelas ou acidentes sofridos. O livro e as pranchas estão sendo utilizados com pacientes portadores de Paralisia Cerebral, que faz reconhecimento de figuras e, de acordo com suas necessidades e suas indicações, possa receber os cuidados por ele indicado. O livro também é utilizado com pacientes que sofreram Traumatismo Craniano, por meio do qual perdeu a fala, e com a utilização do livro, o paciente, após perguntas feitas tanto pelos estagiários de psicologia, quanto de fisioterapia, consegue indicar se está sentindo dor, se quer ver alguém, aonde quer ir, por exemplo. O programa de computador, “headmouse”, está sendo utilizado com pacientes portadores da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que é uma doença neurodegenerativa que afeta os neurônios motores inferiores e superiores (MELLO et al, 2009), então a utilização deste programa é uma ação prevenção, para que quando o paciente tenha dificuldades de se comunicar verbalmente, possa se comunicar através do computador, pois já foi treinado. A partir desse trabalho desenvolvido, espera-se promover uma interação entre paciente, familiar, cuidador e estagiários de fisioterapia e psicologia, pois quando o paciente não se expressa verbalmente dificultar muitas vezes o tratamento fisioterápico, já que é difícil interpretar todas as expressões dos pacientes. Muitas expressões são entendidas erroneamente, uma vez que é difícil identificar adequadamente o que ela indica, o fato do paciente ficar quieto e com os olhos fechados pode significar: dor, falta de interesse nos exercícios, ou apenas cansaço. Também com relação ao familiar e ao cuidador, a importância da comunicação se dá para estabelecer uma relação e, para de certa maneira preservar a autonomia daquele paciente, que pode por meio desses instrumentos de comunicação, expressar o que querem comer, o que fazer, quem querem ver, o que estão sentindo, entre outras informações. Levando em conta que a disfônia, ou seja, a incapacidade de comunicação do sujeito, pode alterar seriamente suas relações sociais, e consequentemente, sua qualidade de vida (SPINA et al, 2009). É nosso foco estabelecer mecanismos de comunicação entre pacientes, fisioterapeutas, familiares e cuidadores. Por esses relatos apresentados, espera-se cada vez mais poder utilizar esses instrumentos para dentro das limitações, promoverem a autonomia dos pacientes, - 158 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq sua comunicação entre familiares, cuidadores e estagiários de auxiliando-os na comunicação durante as sessões fisioterápicas, comunicação, suas necessidades podem ser incompreendidas e a decisões dificultada, pois não são capazes de expressar o pensamento, limitação sistemática de informação”. (CASSEMIRO & ARCE, 2004). fisioterapia pois “sem tomada de obrigando à REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASSEMIRO, C. R.; ARCE, C. G. Comunicação visual por computador na esclerose lateral amiotrófica. Arq. Bras. Oftalmol., São Paulo, v. 67, n. 2, abr. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000427492004000200020&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 10 abr. 2011. MELLO, M. P.; et al. O paciente oculto: qualidade de vida entre cuidadores e pacientes com diagnóstico de esclerose lateral amiotrófica. Rev. bras. neurol; 45(4): 5-16, out.-dez. 2009. Disponível em: <http://files.bvs.br/upload/S/01018469/2009/v45n4/a5-16.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2011. SPINA, A. L. et al. Correlação da qualidade de vida e voz com atividade profissional. Rev. Bras. Otorrinolaringol., São Paulo, v. 75, n. 2, Apr. 2009. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003472992009000200019&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 maio 2011. PALAVRAS-CHAVES: autonomia, comunicação, psicologia. - 159 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq IDENTIFICAÇÃO DOS GRUPOS EXPOSTOS À “DROGAS ILÍCITAS” E ÁLCOOL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO - UNIARARAS. AVANSI, V.P.1,2 ,FRANCHINI, C.C.1,6 1 2 6 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Orientador. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O consumo de substâncias psicoativas tem gerado em todas as partes do mundo problemas sociais e de saúde de grande importância, especialmente devido à sua grande prevalência. A amplitude e a gravidade desses problemas vêm exigindo dos órgãos governamentais de todos os países políticas e estratégias que possam diminuir o uso de drogas pela população em geral, bem como evitar as conseqüências do abuso dessas substâncias (QUEIROZ, 2001). Além de contribuir com o crescimento dos gastos com tratamento médico e internação hospitalar, eleva os índices de acidentes de trânsito, de violência urbana e de mortes prematuras (SILVA, 2006).Estudos mostram que o envolvimento com “drogas ilícitas” ocorre principalmente dentro da população de adolescentes e adultos jovens. No Brasil onde 35 milhões de pessoas têm menos de 30 anos, os problemas relacionados ao consumo de substâncias psicoativas podem ser preocupantes (SILVA, 2006). A proporção de estudantes de escolas públicas e particulares que faz o uso rotineiro de drogas é bastante semelhante, apesar de algumas pesquisas apresentarem números maiores de usuários em escolas públicas (SANTOS, 2008). Um estudo produzido por Universidades Paulistas e financiado pela Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad), divulgaram os resultados pela primeira vez em junho e revelaram que metade dos alunos das Universidades do País já usou, pelo menos uma vez, uma droga ilícita (http://www.estadao.com.br/saude). Poucas instituições de ensino investem no tratamento ou na orientação de seus alunos a respeito das drogas. Segundo Márcia Tamosauskas, da UFABC, essa questão deveria estar no projeto político-pedagógico de todas as universidades brasileiras (http://www.estadao.com.br/saude). Os estudantes são os futuros líderes, mas podem não atingir seus objetivos por problemas causados pela bebida, o tabaco e outras drogas (http://www.estadao.com.br/saude). OBJETIVO Identificar os grupos específicos expostos avaliando o grau de exposição a determinados tipos de “drogas”, e as possíveis consequências para o indivíduo para fornecer subsídios para futuras ações preventivas. METODOLOGIA Participarão do estudo, amostras representativas de estudantes universitários de todas as áreas, divididos por período matutino e noturno, e de ambos os gêneros. Será utilizado um questionário anônimo e auto-preenchível, proposto pela Organização Mundial da Saúde, que inclui questões sobre atitudes dos estudantes frente ao uso experimental e regular de substâncias psicoativas, qualidade de vida, - 160 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq lazer e dados sociodemográficos. O questionário será aplicado nas dependências do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Os alunos preencherão um termo de consentimento (segundo normas do Comitê de ética em pesquisa- UNIARARAS), e receberão informações sobre a pesquisa e instruções de preenchimento. Os dados que forem obtidos serão submetidos a uma análise de variância para testar a igualdade entre as proporções estimadas e as diferenças serão identificadas pelo método de Tuckey e verificadas pelo teste de qui-quadrado. A partir dessa análise, os dados do perfil sócio-econômico e do estilo de vida dos alunos serão comparados em relação ao uso de álcool, tabaco e “drogas ilícitas nos últimos 12 meses”. Serão consideradas “drogas ilícitas” a maconha, alucinógenos, cocaína, crack, ecstasy e inalantes. Serão estudadas as variáveis do perfil sociodemográfico como: ano em que estudam, sexo, idade (em anos), estado civil, pessoas com quem moram, tipo de religião e se praticam, exercício de alguma atividade remunerada nos últimos seis meses, renda familiar mensal e estado civil dos pais. Para o estudo do estilo de vida, serão analisadas as seguintes variáveis: número de horas livres por dia útil e por dia da semana, atividades realizadas durante as horas livres, satisfação quanto à frequência do lazer, atividades realizadas ao faltar às aulas e os lugares que frequenta dentro da universidade (SILVA, 2006; QUEIROZ, 2001). RESULTADOS ESPERADOS Os resultados esperados devem estar próximos aos estudos recentes com alunos que apresentaram o seguinte perfil: Dos alunos que experimentavam drogas, 60% não souberam explicar os motivos, 17% o fizeram por curiosidade e 9% por diversão ou prazer. Ao serem indagados sobre quem os introduziu ao uso experimental de droga, apontaram os amigos em primeiro lugar (CORRÊA, 1999). Estudavam no período diurno ou integral (78,7%), eram do sexo feminino (60,7%), com idade entre 15 e 24 anos (88%), solteiros (95,2%), sem filhos (97,4%), moravam com os pais ou familiares (79,8%), com renda familiar mensal superior a 20 saláriosmínimos (59,5%), possuíam religião (71,0%), porém não eram praticantes (59,1%) (SILVA, 2006). O álcool foi a substância mais utilizada nos últimos 12 meses pelos alunos pesquisados (84,7%), seguido do tabaco (22,8%) (SILVA, 2006). No período do estudo, 28,4% dos alunos usuram “drogas ilícitas”, dentre as quais, as mais utilizadas foram a maconha (19,7%), inalantes (17,3%) e os alucinógenos (5,2%) (SILVA, 2006). Segundo Queiroz (2001), O álcool também foi a droga mais consumida pelos alunos em sua pesquisa: 82,6% fizeram uso na vida; 70,3% tinham sido avaliados nos últimos 12 meses; e 65,4% tinham sido avaliados nos últimos 30 dias. Ainda quanto ao uso na vida, foram avaliados tabaco (49,2%), maconha (44,7%), solventes (26,9%), cocaína (22,5%), alucinógenos (17,0%). O variável sexo não mostrou relação com o uso de álcool e tabaco, porém, esteve relacionada ao uso de “drogas ilícitas”, 36,8% dos alunos usaram “drogas ilícitas", contra 23,0% das alunas (SILVA, 2006). O ano cursado e o estado civil não mostraram relação com o uso de álcool e “drogas ilícitas” (SILVA, 2006). Ter religião influenciou o consumo de álcool, tabaco e “drogas ilícitas”, assim como prática. O uso de álcool apresentou relação com o tipo de religião praticada, mas não com o uso do tabaco e “drogas ilícitas”. Enquanto 85,7% dos católicos usaram - 161 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq álcool no período analisado, somente 62,3% dos protestantes fizeram tal uso (SILVA, 2006). Das denominações religiosas presentes em nosso meio, os protestantes históricos e pentecostais apresentaram, relativamente, uma maior frequência de não usuários e os católicos e espíritas uma maior frequência (também relativa) de usuários pesados. Isto é compatível com a literatura, na qual verifica-se que as denominações mais conservadoras tendem a apresentar menos usuários de álcool e drogas entre os seus membros (DALGALARRONDO, 2004). Observou-se que a renda familiar mensal mostrou-se relacionada ao uso do álcool e “drogas ilícitas”. Os alunos com renda familiar superior a 40 salários-mínimos mensais apresentaram o maior uso para o álcool (92,2%) e “drogas ilícitas” (39,2%). Em contrapartida, os alunos cuja renda familiar era inferior a 10 salários-mínimos mensais obtiveram o menor uso de álcool (75,2%) e “drogas ilícitas” (16,7%). O consumo de tabaco não apresentou relação com a renda familiar mensal (SILVA, 2006). Na comparação do consumo de maconha e cocaína por trabalho remunerado há diferenças significativas do consumo alguma vez na vida. Adolescentes e jovens que têm trabalho remunerado têm proporção maior de consumo do que adolescentes e jovens que não o têm (FACUNDO, 2007). Observou-se que 2/3 dos estudantes fumaram tabaco pela primeira vez após o início do curso médico, quando os trabalhos internacionais mostram que o contato com todas as drogas, começou muito antes do ingresso na faculdade. É possível, no entanto, que esse dado seja pouco confiável (CORRÊA, 1999). Os alunos que utilizaram tabaco e “drogas lícitas” apresentavam mais horas livres nos dias úteis do que os alunos que não fumavam (SILVA, 2006). Observou a relação entre o uso de “drogas ilícitas” e número de horas livres por dia por fim de semana. Houve maior satisfação quanto à freqüência do lazer entre os alunos que utilizavam “drogas ilícitas”. Tal diferença na satisfação quanto ao número de horas livres não foi vista entre usuários e não usuários de álcool e tabaco (SILVA, 2006). Também se notou diferenças entre as atividades realizadas nas horas livres e o fato de fumar tabaco e de usar “droga ilícita” ou não. Os alunos fumantes praticavam menos esportes (8,1%) do que os não fumantes (15,6%), porém os alunos fumantes realizavam mais atividades fora de casa (64,1%) do que os não fumantes (55,1%). Os alunos que usaram “drogas ilícitas” praticavam mais esportes (18,8%) do que os que não usaram tais substâncias (12,1%) e os alunos que usavam “drogas ilícitas” realizavam menos atividades em casa do que os alunos que não usavam estas substâncias (22,8%) (SILVA, 2006). Faltar ou não às aulas mostrou-se relacionado ao uso de álcool, tabaco e “drogas ilícitas”. A proporção de alunos que não faltaram às aulas ou só faltaram se doentes é de 44,8% entre os não usuários de álcool, 34,9% entre não usuários de tabaco e 36,5% entre os não usuários de “drogas ilícitas” (SILVA, 2006). O uso ou não de álcool, de tabaco e de “drogas ilícitas” relacionou-se aos lugares dentro da universidade freqüentados por esses jovens. Houve maior freqüência às bibliotecas pelos alunos que não usaram álcool (35,5%), tabaco (26,4%) e “drogas ilícitas” (27,5%) em relação aos que fizeram uso de álcool (20,6%), de tabaco (11,2%) (SILVA, 2006). - 162 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Houve maior freqüência aos centros acadêmicos pelos alunos que fizeram uso de substâncias psicoativas: 19,7% entre os usuários de álcool, 28,1% entre os usuários de tabaco e 29,8% entre os usuários de “drogas ilícitas” em relação aos não usuários (15,3%, 16,7% e 15,3%, respectivamente) (SILVA, 2006). 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[email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A cicatrização de feridas consiste em uma perfeita e coordenada cascata de eventos celulares que interagem para que ocorra a repavimentação do tecido lesado. Didaticamente, a cicatrização pode ser dividida em três grandes fases: inflamatória, formação tecidual e remodelagem. (RUBBIN, 2006). A doença venosa crônica geralmente resulta em dor, perda da mobilidade e de independência funcional, gerando impacto direto na qualidade de vida do paciente. A fisioterapia objetiva a aceleração do processo de cicatrização, a recuperação da mobilidade e da independência perdida, visando um retorno mais rápido do indivíduo à sociedade e às suas atividades funcionais (MAFFEI, 2008). Uma avaliação precisa proporciona um bom prognóstico e estipula a melhor conduta terapêutica. Para direcionar o tratamento é fundamental uma acurada avaliação, além de identificar o estágio do processo cicatricial e decidir a partir dessa avaliação sistemática e periódica, os protocolos a serem aplicados. (MARQUEZ, 2003). Os métodos mais utilizados descritos na literatura para mensuração são classificados em invasivos e não-invasivos, os métodos invasivos possuem limitações e desvantagens como: lesão tecidual, risco de contaminação local e imprecisão quanto a área exata da ferida. Os não invasivos, têm sido desenvolvidos e aprimorados a fim de reduzir as desvantagens impostas pelos métodos invasivos (DUTHIE, 2002). Como um recurso para tal finalidade temos o Google Sketchup um software livre para a criação de projetos arquitetônicos devido a sua alta precisão. Foi desenvolvido pela At Last Software, uma empresa estadunidense adquirida pela Google. O programa está disponível para Windows e Macintosh. O SketchUp está disponível em duas versões: a versão profissional, Pro, e a versão gratuita, Free. (SketchUp Help Article, 2011). Grande parte das publicações sobre recursos, tecnologias e procedimentos para o tratamento de feridas são fragmentadas e frequentemente descontinuas e os resultados não trazem evidências precisas quanto ao custo/benefício de cada um deles (DANTAS, 2003). OBJETIVO O objetivo do presente estudo é comparar a eficácia das diferentes formas de mensuração de úlceras descritas na literatura e utilizadas na prática clínica com o método de mensuração por análise fotográfica através do Google Sketchup, e - 164 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq pontuar a melhor metodologia a seguir quanto à mensuração de áreas irregulares de extensão superficial em úlceras crônicas e de diversas etiologias. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter experimental, realizada através de pesquisa bibliográfica e de campo, os procedimentos foram realizados na Clínica Escola de Fisioterapia e Enfermagem UNIARARAS no período matutino e vespertino, com aprovação Comitê de Ética em Pesquisa da UNIARARAS sob o numero 076/2010. Os pacientes foram esclarecidos sobre os procedimentos a serem realizados e após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a higienização do leito e da ferida, foram submetidos a sessões fotográficas e mensurações manuais para futuras análises comparativas. As fotos foram padronizadas através de uma régua 3M Health Care, a distancia média das fotos foram limitadas baseado nas margens inferiores e laterais da régua onde a mesma se enquadrava na foto, a inclinação das fotos devem manter o padrão de 180º a partir das bordas da ferida, uma boa iluminação e nitidez na captação das imagens são itens importantes para uma melhor mensuração. As imagens serão analisadas pelos métodos de mensuração já utilizados na prática clínica como: Planimetria Computadorizada, Área Quadrada, Cálculo Matemático Manual, Medição Comparativa por Peso, Softwares Matemáticos de Análise Fotográfica (ImageJ, Posturograma e Matlab) e comparadas com o programa Google Sketchup Free nos seguintes aspectos: Tempo gasto para executar a tarefa, praticidade, custo beneficio e precisão. Neste trabalho abordaremos somente a extensão superficial das feridas, as mensurações de volume e profundidade são medidas realizadas somente com técnicas invasivas não sendo possíveis mensurações computadorizadas por análise de imagem. RESULTADOS PARCIAIS E DISCUSSÃO O presente estudo encontra-se em andamento porem já apresenta resultados parciais. Foi selecionada uma foto de um paciente aleatoriamente para aplicação dos métodos mensurativos que constam nesse projeto, dentre eles já estão em processo de análise o Google Sketchup Free e a técnica de Área Quadrada. Os valores obtidos com a mensuração via Google Sketchup Free foram de 11,238 cm² na primeira mensuração e de 9,298 cm² na segunda mensuração realizada três meses depois da primeira mensuração, mostrando uma redução 1,94cm² + 0,04cm². Esses valores dispostos em porcentagem significam uma redução de 17,26% + 2%. - 165 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Figura 1 – Sequencia técnica de mensuração pelo software Google Sketchup - úlcera de membro inferior esquerdo - Primeira mensuração. Figura 2 – Sequencia técnica de mensuração pelo software Google Sketchup - úlcera de membro inferior esquerdo – Segunda mensuração. Os valores obtidos com a técnica de mensuração da Área Quadrada foram de 20,71cm² na primeira mensuração e 15,14cm² na segunda mensuração realizada três meses após a primeira mensuração, mostrando uma redução de 5,57cm², a margem de erro desta técnica ainda está em fase de calculo. Percentualmente houve uma redução da área lesionada de 26,89% % da superfície irregular total da lesão. Figura 3 - Seqüência técnica de mensuração pela técnica de Área Quadrada em úlcera de membro inferior esquerdo – Primeira mensuração. Figura 3 - Seqüência técnica de mensuração pela técnica de Área Quadrada em úlcera de membro inferior esquerdo – Segunda mensuração. A área quadrada é a técnica mais utilizada dentre os profissionais de enfermagem, ela consiste na mensuração da ferida por meio de duas retas cruzadas - 166 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq a 90º que vão das maiores extremidades horizontais e verticais da borda da úlcera. Os valores são multiplicados entre si, e o resultado é a Área Quadrada subjetiva da ferida, dada em centímetros quadrados. A análise do gráfico permite observar uma diferença de 5,85 cm da medida final entre as técnicas de mensuração. Dentre as técnicas analisadas (Google Sketchup e Área Quadrada), podemos observar que no quesito precisão, a técnica do Google Sketchup se demonstra superiormente eficaz quando comparada a técnica Área Quadrada, devido à técnica de cálculo pela Área Quadrada selecionar uma área subjetiva que não se enquadra no padrão de úlcera como podemos observar na Figura 3 e 4. Nas imagens mensuradas com o software Google Sketchup, podemos observar que os traços do contorno do programa seguem a margem da borda da lesão com uma maior precisão desconsiderando as áreas circundantes não lesionadas. No Brasil, em estudo epidemiológico realizado em Botucatu (SP) foi constatada uma prevalência de 35,5%de varizes e formas graves de doença venosa crônica, sendo que 1,5% apresentavam úlcera aberta ou cicatrizada. Essa alta incidência é acompanhada por um custo substancial para seu tratamento. A doença venosa crônica geralmente significa dor, perda da mobilidade e da independência funcional, gerando impacto direto na qualidade de vida do portador de úlcera crônica (MAFFEI, 2008). Um acompanhamento fidedigno visa nortear a melhor terapêutica a ser utilizada para minimizar o impacto que a úlcera implica na vida do paciente. O monitoramento de úlceras crônicas pode ser realizado por analises fotográficas seriadas e instrumentos para orientar a avaliação das lesões e quantificar a cicatrização (DUTHIE, 2002). Porem ainda não exista evidências de um instrumento de avaliação de ferida definido como ‘padrão ouro’ e que significa que ainda há muito que pesquisar nessa área de métodos de mensuração não invasivo (MAFFEI, 2008). Com o objetivo de minimizar os altos custos que um paciente portador de uma ulcera crônica proporciona ao sistema de saúde enquanto assistido. Grande parte das publicações sobre recursos, tecnologias e procedimentos para o tratamento de feridas é fragmentada, consistindo em relatos isolados sobre um ou outro tipo de agente tópico ou cobertura em alguns tipos de ferida, tais estudos são frequentemente descontinuados, e os resultados não trazem evidências - 167 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq precisas quanto a custo/benefício de cada um deles por falta de comprovações quantitativas e fidedignas (DANTAS, 2003). Isso demonstra que, muito há que se pesquisar nesse campo não só para aperfeiçoar tais recursos, como para torná-los acessíveis, mediante o desenvolvimento de tecnologias mais simples e baratas, igualmente eficientes, pois um dos desafios para o profissional é o elevado custo de tais recursos, em sua maioria importados e cuja tecnologia é patenteada por empresas multinacionais (ERENO, 2003). O Google Sketchup um software livre para a criação de projetos arquitetônicos devido a sua alta precisão, está disponível para Windows e Macintosh em duas versões: a versão profissional, Pro, e a versão gratuita, Free. (SketchUp Help Article). Sua aplicação na área de mensuração de áreas irregulares tem demonstrado grande eficiência em várias linhas de pesquisa porem ainda necessite de um estudo comparativo para comprovar e pontuar sua eficácia comparado as demais técnicas utilizadas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para uma comparação mais eficaz de todas as técnicas, é necessária a análise de todos os quesitos descritos na metodologia. Espera-se com a utilização do Google SketchUp, poder tornar os resultados dos estudos mais fidedignos, devido a sua alta precisão de mensuração da área de extensão irregular das feridas, e auxiliar a conduta a ser realizada o que torna mais eficaz o estudo da evolução de equipamentos e tratamentos aplicados em úlceras de diferentes etiologias minimizando os altos custos gerados para tais tecnologias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Dantas, S.R.P.E. Aspectos históricos do tratamento de feridas. In: Jorge SA. Abordagem Multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu, 2003. cap. 1, p. 3-6. Duthie, E.H.; Katz P.R. Geriatria Prática. 3.ed. Rio de Janeiro:Revinter; 2002. Ereno D. Curativo de Borracha. Revista Pesquisa Fapesp, número 88, junho de 2003, disponível em < http://www.fapesp.org.br/www.revistapesquisa.fapesp.br> GOOGLE Inc. SketchUp Help Article. Disponível em:<http://sketchup.google.com/>. Acesso em: 20 de maio 2011. Maffei, F.H.A. Insuficiência venosa crônica: diagnóstico e tratamento clínico. In: Maffei F.H.A.; Lastória S.; Yoshida W.B.; Rollo,H.A et al. Doenças vasculares periféricas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan ;2008. Marquez, R.R. Avaliação da ferida. In: Gogia P. Feridas - tratamento e cicatrização, Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter Ltda 2003, cap. 2, p. 11-23. Rubin, E.; Farber, J.L. Bases clinicopatológicas da medicina. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. xx, 1625p. - 168 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq PALAVRAS-CHAVES: Mensuração, Feridas , Úlceras. - 169 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq CONHECIMENTO DOS EFEITOS ADVERSOS DAS ESTATINAS E SUA UTILIZAÇÃO POR PACIENTES DA CIDADE DE MADRID - ESPANHA GIMENEZ-CASSINA, B.2 BATISTELA, A.C.T.1,3 DÍAZ, S.2 MARTÍNEZ, L.2 TOBARUELA, G.2 IGLESIAS, I.4 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Orientador. 4 2 Profissional; 3 Docente; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A hiperlipidemia constitui uma importante causa de aterosclerose e doenças associadas a ela. Essas afecções são responsáveis pela maior parte da morbidade e mortalidade entre adultos de meia-idade e de idade mais avançada (COLL DE TUERO e RODIGUEZ, 2010; MAHLEY e BERSOT, 2007). As estatinas são os agentes mais efetivos e bem tolerados para o tratamento da dislipidemia. Esses fármacos são inibidores competitivos da 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A (HMG-CoA) redutase, que catalisa uma etapa inicial e limitante de velocidade na biosíntese do colesterol (MAHLEY e BERSOT, 2007). No entanto, Nefussy et al. (2011); Pardo et al. (2010) citam que a utilização de estatinas podem provocar alguns efeitos adversos como dor muscular, debilidade, gastrointestinais, alterações no sono, perda de memória, disfunção sexual, depressão e enfermidade intersticial pulmonar. Portanto, provavelmente os efeitos adversos das estatinas são subestimados pelo beneficio que representa o seu uso (COLL DE TUERO e RODIGUEZ, 2010; MOSTAZA PRIETO et al., 2006) OBJETIVO Verificar o conhecimento dos efeitos adversos das estatinas e sua utilização por pacientes da cidade de Madrid – Espanha. MATERIAL E MÉTODOS O modelo metodológico abordado neste estudo foi observacional, transversal, retrospectivo e retrogrado. Participaram do estudo 42 sujeitos ambos os gêneros, composto por 20 mulheres e 22 homens, que foram divididos em grupos de idades entre 1 a 14 anos, 15 a 20 anos, 21 a 65 anos e > que 65 ano de idade, no período de Dezembro 2010 a Fevereiro 2011 Os sujeitos foram convidados verbalmente a participarem da pesquisa, foram esclarecidos sobre o objetivo do estudo e os que concordaram a participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos os participantes que não utilizavam o principio ativo de estatina. Foi aplicado um questionário estruturado e adaptado para este estudo contendo 11 questões sobre a utilização e conhecimento dos efeitos adversos das estatinas. O mesmo foi aplicado uma única vez aos participantes, os quais receberam - 170 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq esclarecimentos detalhados sobre as questões do formulário para sua correta compreensão. A aplicação do questionário foi realizada por quatro pesquisadores envolvidos neste estudo, que tinham um conhecimento profundo do mesmo. O estudo foi realizado em uma única farmácia na cidade de Madrid-Espanha. Para analisar os dados, foi realizado um analise descritiva expressada em porcentagem. RESULTADOS E DISCUSSÃO Do total dos pacientes entrevistados, 52% foram homens e 48% foram mulheres. Em relação ao gênero e idade no consumo de estatinas, verificou que 55,0% das mulheres que utilizam estes fármacos são maiores de 65 anos e 45,0% têm idades entre 21 e 65 anos. Por outro lado, 59,1% dos homens que utilizam estatinas são maiores de 65 anos e 40,9% têm entre 21 e 65 anos de idade. Conforme apontado na literatura, homens e mulheres de idade avançada são beneficiados de forma similar pelos efeitos das estatinas (HELFAND, CARSON e KELLEY, 2006). Neste estudo observou que a estatina mais utilizada é a Simvastatina (67%) seguida da Atorvastatina (19%), Rosuvastatina (10%), Pravastatina e Lovastatina (2% ambas). Segundo Helfand, Carson e Kelley (2006) a sinvastatina, a atorvastatina e a rosuvastatina são consideradas estatinas de elevada potência, pois conseguem reduzir os níveis de colesterol em mais de 40% dos indivíduos que a utilizam. Outro resultado encontrado foi em relação ao conhecimento dos efeitos adversos provocados pela utilização das estatinas, que do total de sujeitos entrevistados 79% não mencionaram e não conhecem nenhum efeito adverso das estatinas, 14% mencionam um efeito adverso e 7% citam três ou mais efeitos adversos. Nos estudos de Saez de La Fuente et al. (2011) e Badia Llach (2005) citam que a importância do conhecimento dos efeitos adversos da estatina faz com que os indivíduos aumentam a aderência ao tratamento. Em relação ao tempo de utilização de estatinas e a incidência de efeitos adversos, observou-se que 74% dos sujeitos entrevistados utilizam estatinas há mais de um ano, 19% entre 3 meses e um ano, 5% começou a tomar alguma estatina há menos de 3 meses e 2% é a primeira vez. Contudo, 79% dos sujeitos nunca apresentaram nenhum efeito adverso. As pessoas que apresentaram efeitos adversos foram principalmente os pacientes que utilizavam estatina há mais de um ano, e os efeitos mais comuns foram problemas musculares (6,25% dos casos), transtornos gastrointestinais (6,25% dos casos), problemas dermatológicos (3,13% dos casos) e problemas relacionados com o sistema nervoso central (3,13% dos casos). Esses efeitos adversos estão relacionados mais aos pacientes que fizeram uso da Simvastatina, onde 14,3% apresentaram algum problema muscular, 10,8% apresentou algum sintoma gástrico, dermatológico ou relacionado com o sistema nervoso central. Alguns estudos verificaram que os pacientes que recebem tratamento com estatinas têm escassa informação sobre o tratamento farmacológico e seus efeitos adversos (SHROUFI e POWLES, 2010; MOSTAZA PRIETO et al., 2006). Contudo, é importante ressaltar como limitações neste estudo que os resultados encontrados se limitam a nossa amostra e que esta foi relativamente pequena. CONSIDERAÇÕES FINAIS - 171 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Conclui-se desta maneira que a Sinvastatina e a Atorvastatina foram as mais utilizadas pelos sujeitos da casuística. No entanto, a maioria das pessoas que tomam estatinas desconhece os efeitos adversos, sendo que o seu conhecimento é imprescindível para que os indivíduos aumentem sua adesão ao tratamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BADIA LLACH, X.; Magaz Marquès, S.; Gutiérrez Nicuesa, L.; Guilera Sardà, M. Información de medicamentos de prescripción: encuesta a la población general española. Atención primaria. Madrid, v.36, n.2, p.93-99, 2005 COLL DE TUERO, G. e RODIGUEZ PONCELAS, A. Estatinas e diabetes. Hipertension y riesgo vascular. v. 27, n. 6, p. 229-232, 2010. HELFAND, M; CARSON, C; E KELLEY, C. Drug Class Review on HMG-CoA Reductase Inhibitors (Statins). 2006. Disponível em: < http://www.ohsu.edu/drugeffectiveness/reports/final.cfm > Acesso em: 20 maio. 2011. MAHLEY, R.W.; BERSOT, T.P.Terapia Farmacológica para a hipercolesterolemia e a dislipidemia. In: BRUNTON, L.L., LAZO, J.S. e PARKER, K.L. Goodman e Gilman. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2007. Cap. 35, p. 837–68. MOSTAZA PRIETO, J.M.; CRIADO MILLÁN, A.; LAGUNA CUESTA, F.; TORRECILLA GARCÍA, E.; VICENTE DÍEZ, I.; LAHOZ RALLO, C.Conocimiento sobre el tratamiento dietético y farmacológico de la hipercolesterolemia y su relación con el control de objetivos en pacientes que reciben estatinas: estudio OPINA. Atención Primaria. Madrid, v. 39, n. 9, p. 473-8, 2007. NEFUSSY, B.; HIRSCH, J.; CUDKOWICZ, M.E.; DRORY, V.E.Gender-based effect of statins on functional decline in amyotrophic lateral sclerosis. Journal of the Neurological Sciences. New York, v. 300, p. 23-27, 2011. PARDO et al. Sangre, líquidos corporales y nutrición. In: VILLA ALCAZAR, L.F. MEDIMECUM 2010. Espanha: Adis, 2010. Cap.B04, p.192-8. SAEZ DE LA FUENTE et al. Eficacia de la información al alta en la adherencia del paciente polimedicado. Farmacia Hospitalaria. Madrid, v. 35, n. 3, p. 128-134, 2011. SHROUFI, A.; POWLES, J.W. Adherence and chemoprevention in major cardiovascular disease: A simulation study of the benefits of additional use of statins. Journal of Epidemiology and Community Health. London v.64, n. 2, p. 109-113, 2010. PALAVRAS-CHAVES: Estatinas, Efeitos adversos, Utilização. - 172 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ESTUDO PRELIMINAR DA REPRODUÇÃO INDUZIDA DE HÍBRIDOS INTERESPECÍFICO DE CACHAPINTA (Pseudoplatystoma reticulatum X Pseudoplatystoma corruscans) SENHORINI A.A1, SIGNORINI C.E1,SENHORINI J.A2, 1 Fundação Hermínio Ometto – Uniararas, Av. Maximiliano Baruto, 500 – Jardim Universitário, Araras, SP. 2 Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais – CEPTA/ICMBio, Rod. SP 201, km 6,5; C.P. 64; CEP 13630-970, Pirassununga, SP. INTRODUÇÃO A piscicultura vem assumindo no Brasil um importante papel na economia nacional, como uma alternativa de diversificação de negócios agropecuários, otimizando recursos disponíveis e resíduos não aproveitados em propriedades rurais. A técnica de hibridação em cativeiro vêem sendo muito empregada para aumentar os rendimentos da produção (PAULA, 2009). A hibridação é um processo natural que pode ocorrer entre espécies e populações que convivem num dado ambiente. Esta mistura de genomas, contudo, ocorre geralmente em freqüência baixa em ambiente natural, sendo um fenômeno quase raro pelas combinações fisiológicas que a determinam (PORTO-FORESTI et al., 2008). Em trabalhos realizados com híbridos naturais, as análises revelaram que o processo de hibridação natural pode produzir genótipos que estabelecem novas linhagens evolutivas (ARNOLD E HODGES, 1995). A hibridação tem o objetivo de aproveitar o máximo do vigor de heterose através da junção de espécies diferentes (SENHORINI et al., 1988) ou que reúnam qualidades vantajosas de ambos os parentais (FORNELE-SANTOS et al. 2002). Essa atividade encontra-se incorporada à rotina de trabalho de muitas estações de piscicultura no Brasil, e suas vantagens concentram-se, essencialmente, na facilidade de manejo da técnica e em sua execução prática, que permitem sua aplicação até mesmo nas do tipo extensivo (PORTO-FORESTI et al., 2008). A ordem Siluriformes compreende um grupo de peixes extremamente grande, diverso e amplamente distribuído nas regiões tropicais de todo o mundo (BURGES, 1989; FERRARIS, 1995). São peixes que geralmente habitam o fundo dos rios, permanecendo entre as rochas e a vegetação. Possuem formas e tamanhos extremamente variados com hábitos predominantemente crepusculares e noturnos (PAXTON E ESCHMEYER 1995). A principal característica externa das espécies pertencentes a esta ordem é a ausência de escamas, sendo os peixes revestidos por uma pele espessa ou então cobertos por placas ósseas, total ou parcialmente; são conhecidos como peixes de couro, cascudos, acaris, entre outros (BRITSKI et al., 1984). OBJETIVOS Observar a resposta à propagação artificial da segunda geração (F1) da fêmea dos híbridos de fêmea de cachapinta (♀ Pseudoplatystoma reticulatum x ♂ Pseudoplatystoma corruscans) com o macho de pintado. Também se quer analisar a viabilidade da reprodução, e a criação de larvas até 30 dias de idade. - 173 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MATERIAL E MÉTODOS O trabalho está sendo conduzido no Laboratório de Genética e Reprodução de Peixes do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais CEPTA/ICMBio, em Pirassununga/SP, no período de 6 a 28 de janeiro de 2011. Para a indução à reprodução selecionou-se 1 ♀ e 1 ♂ de cachapinta (♀ Pseudoplatystoma reticulatum x ♀ Pseudoplatystoma corruscans) pesando 1,35 e 1,30 kg, respectivamente. Os exemplares híbridos foram capturados no rio Mogi Guaçu, município de Pirassununga/SP, identificados segundo Porto-Foresti et al. (2008), e mantidos separado por sexo em 2 tanques retangulares com capacidade de 3000 L, fluxo de água constante, vazão de 24 L∙min-1, a temperatura de 27°C. Para a indução à reprodução utilizou-se o método de hipofisação (Bernardino et al. 1993). A fêmea recebeu extrato bruto de hipófises de Cyprinus carpio EBHC/kg administrados na base da nadadeira peitoral, uma dose preparatória de 0,5 mg de peixe, e após 10 horas de intervalo, 5,0 mg EBHC/kg de peixe; já o macho recebeu dose única de 1,0 mg de EBHC /kg de peixe, administrado na mesma hora da segunda dose da fêmea. A extrusão dos ovócitos foi realizada manualmente, e a sua fertilização realizada pelo método a seco. O momento da desova foi estimado pelo cálculo: Hora-grau = TD2 ∙ tA em que: TD2 é o tempo necessário para a desova a partir da administração da segunda dose de EBHC (h) tA é a temperatura da água (°C). A fêmea de cachapinta liberou 57,59, de ovócitos que foi fertilizado com semen de pintado, e os ovos incubado em 1 incubadora tipo funil, construído em fibra de vidro com capacidade de 20 L, com circulação constante de água e temperatura de incubação dos ovos, de 29,0 ± 0,5°C. Foram coletadas 5 subamostras de ovócitos contendo 0,47; 0,58; 0,71; 0,34 e 0,38 g e contadas visando à determinação do número de ovócitos/grama. As vazões da água variaram de 0,5 a 1,0 L/min, aumentando-se posteriormente para 3,0 L/min logo após o estádio de fechamento do blastóporo da incubadora. Foram coletados dados do número dos ovócitos extrusados/g, horas-grau para a eclosão das larvas, porcentagem de larvas eclodidas (%) e tamanho das larvas (mm), 10 horas pós-eclosão. Larvas de F2, com 4 dias de vida, apresentando peso e comprimento de 0,4 ± 0,1 mg, 3,8 ± 0,5 mm, na densidade de 10 larvas/litro, foram casualmente divididas em 5 incubadoras verticais com capacidade para 40 L cada, sendo mantidas com volume de 30 L de água, aeração artificial constante, produzida por compressor e pedra porosa, e renovação de água equivalente a 10 trocas por dia. As larvas foram alimentadas com náuplios de Artemia salina, fornecidos pela manhã (9h) e à tarde (17h), em uma concentração de 100 ± 9 indivíduos/larvas por alimentação. Diariamente, às 8h30 min, foram medidas as variáveis temperatura (°C) e oxigênio dissolvido (mg/L) da água em cada unidade, na profundidade média de 5 cm, utilizando-se um oxigenômetro, provido de um termistor acoplado a uma sonda. Em intervalos de 3 dias, foram coletadas amostras de água às 9 h para determinação da concentração de amônia (mg/L), por espectrofotometria, e do potencial hidrogeniônico (pH) com auxílio de um peagâmetro digital. - 174 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Para acompanhamento da criação, coletou-se aleatoriamente no início do estudo uma amostra de 50 larvas de cachapinta F2, que foram submetidos à biometria (comprimento total, em mm e do peso total, em mg). Após 16 dias de criação, todos os peixes foram, contados e submetidos a novas mensurações, para se determinar a sobrevivência, peso e comprimento totais e finais. Ao final desse período, o crescimento absoluto foi calculado segundo Ricker (1979): T = (Wf - Wi) / t em que: T é a taxa de crescimento absoluto (mg/dia), Wf é o peso médio final (mg), Wi é o peso médio inicial (mg) e t é o tempo de criação em dias. Os dados das variáveis físicas e químicas da água das unidades experimentais serão comparados pelo teste não paramétrico “U” de Mann-Whitney (Zar, 1999), ao nível de significância de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO A fêmea de cachapinta (Pseudoplatystoma reticulatum x Pseudoplatystoma corruscans) respondeu com sucesso ao tratamento hormonal sinalizando o momento da desova, com contrações abdominais que ocorreram com 199,5 horasgrau, 7 h após a aplicação da segunda dose de EBHC, temperatura da água a 28,5°C, quando foi realizada a extrusão dos ovócitos que se apresentaram livres opacos e de coloração alaranjada, tendo sido liberados pela fêmea híbrida 111,69 gramas de ovócitos (média = 2290,6 ± 57,8 ovócitos/grama). A fêmea liberou 57,59 de ovócitos que após fertilizados e contados resultou em 131881 ovos, o tempo de eclosão das larvas foi de 406 horas grau resultando em larvas com tamanho médio de 3,8 ± 0,4 mm e sobrevivencia média de 94,0 ± 3,0 A média e desvio padrão do comprimento médio inicial (Li) e final (Lf), peso médio inicial (Wi) e final (Wf), crescimento absoluto (T) e sobrevivência final (S) das larvas de cachapinta (P. reticulatum x P. corruscans) após 16 dias de criação foi de 3,8 ± 0,5; 17,2b ± 1,9; 0,4 ± 0,1; 29,7 ± 9,4; 17,9; 64,5, respectivamente. As variáveis físicas e químicas da água não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos e entre as unidades experimentais. A temperatura variou de 26,4 a 29,0°C, o oxigênio dissolvido de 5,4 a 6,1 mg/L, pH de 6,7 a 7,1 e a amônia de 0,11 a 0,13 mg/L para os dois tratamentos. O híbrido cachapinta resultante do cruzamento entre ♀ Pseudoplatystoma reticulatum x ♂ Pseudoplatystoma corruscans é fértil e seus juvenis são viáveis pelo menos até 16 dias de criação. Tal constatação pode representar sérios riscos de contaminação genética aos estoques naturais das espécies nativas de peixes do sistema Mogi-Pardo-Grande, em especial à espécie P. corruscans. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINHO, A. A.; JÚLIO, H. F. Ameaça ecológica: peixes de outras águas. Ciência Hoje, v. 124, n. 21, p. 36-44, 1996. ALMEIDA-TOLEDO, L. F.; BERNARDINO, G.; OLIVEIRA, C.; FORESTI, F.; TOLEDO-FILHO, S. A. Gynogenetic fish produced by a backcross involving a male hybrid (female Colossoma macropomum x male Piaractus mesopotamicus) and a female Piaractus mesopotamicus. Boletim Técnico do CEPTA, v. 9, p. 31-37, 1996. - 175 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ARANA, L.A. Princípios químicos de qualidade de água em Aquicultura: uma revisão para peixes e camarões. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1997. 166 p. BARTLEY, D.M.; RANA, K.; IMMINK, A.J. The use of inter-specific hybrids in aquaculture and fisheries. Reviews in Fish Biology and Fisheries, v. 10, p. 325-337, 2001. BERNARDINO, G; SENHORINI, J.A.; FONTES, N.A.; BOCK, C.L.; MENDONÇA, J. O. J. Propagação artificial do matrinxã, Brycon cepphalus (Günther, 1869), (Teleostei, Characidae). Boletim Técnico do CEPTA, v. 6, n. 2, p. 1-9, 1993. BOYD, C.E. Water qualitiy in ponds for aquaculture. Auburn: Auburn University, 1990. 482 p. COELHO, S.R.M.; CYRINO, J.E.P. Custos na produção intensiva de surubins em gaiolas. Infomações Econômicas, v. 36, n. 4, p. 7-14, 2006. GODINHO, H.P. Estratégias reprodutivas de peixes aplicadas à aqüicultura: bases para o desenvolvimento de tecnologias de produção. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v. 31, n. 3, p. 351-360, 2007. KOSSOWSKI, C. 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Rendimento de processamento do surubim Pseudoplatystoma corruscans. In: MIRANDA, M.O.T. (Org.) Surubim. Belo Horizonte: IBAMA, 1997. p. 101-111. (Coleção Meio Ambiente, Série Estudos da Pesca). SATO, Y.; CARDOSO, E.L.; SALLUM, W.B.; GODINHO, H.P. Indução experimental da desova do surubim Pseudoplatystoma corruscans. In: MIRANDA, M.O.T. (Org). Surubim. Belo Horizonte: IBAMA, 1997. p. 69-79 (Coleção Meio Ambiente, Série Estudos Pesca, 19). SATO, Y.; FENERICH-VERANI, N.; GODINHO, H.P. Reprodução induzida de peixes da bacia do São Francisco. In: GODINO, H.P.; GODINHO, A.L. (Orgs.) Águas, peixes e pescadores do São Francisco das Minas Gerais. Belo Horizonte: PUC Minas, 2003. p. 275-289. TOLEDO-FILHO, S.A.; ALMEIDA-TOLEDO, L.F.; FORESTI, F.; BERNARDINO, G.; CALCAGNOTTO, D. Monitoramento e conservação genética em projeto de hibridação entre pacu e tambaqui. São Paulo: CCS/USP, 1994. 49 p. (Cadernos de Ictiogenética, n. 2). ÓRGÃO FINANCIADOR Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio CEPTA - ICMBio PALAVRAS-CHAVE: Pseudoplatystoma reticulatum; Pseudoplatystoma corruscans; reprodução induzida. - 177 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq LABORATÓRIO DE CULTURA CELULAR: NORMAS, EQUIPAMENTOS E PROCEDIMENTOS PARA CULTIVO TORRICELLI, C.1,2; RAMOS JUNIOR, F. P.1,2; BOMFIM, F. R. C.1,3,4; MORSOLETO, M. J. M. S. 1,3,5. 3 4 ¹Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, Araras, SP, ²Discente, Docente, Co-orientador, 5 Orientador. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Os cultivos de células têm sido cada vez mais utilizados em laboratórios, para substituir o constante uso de animais em experimentos (CURI; MARTINS, 2005). Células e tecidos de seres humanos, de animais ou provenientes de plantas podem ser cultivados através de técnicas específicas em um ambiente controlado que favoreça a multiplicação celular, ou seja, mimetizando in vitro as condições in vivo (LOPES; MENCACCI, 2009). Assim, estudos com linhagens humanas contribuíram muito pra o uso do cultivo celular como ferramenta para o entendimento de processos biológicos (CURI; MARTINS, 2005). A cultura in vitro de células-tronco exige um laboratório muito bem equipado e uma série de cuidados. O uso de toucas, luvas e um avental exclusivo para a cultura são de extrema importância (PAZ; LUGO, 2007). Além disso, todo o material usado para culturas celulares deve ser estéril para fornecer uma barreira entre o ambiente externo e a cultura celular, já que o operador, o ar, as bancadas, as soluções e vidrarias podem favorecer a contaminação (SILVA, 2005) por bactérias, micoplasma ou fungos para dentro do laboratório (TIMENETSKY, 2005). Por isso, deve-se ter boa conduta na limpeza do ambiente, dos equipamentos e objetos utilizados ao decorrer do experimento para que haja manutenção da esterilidade do ambiente, para isso, são utilizados agentes físicos como: aquecimento em autoclave, radiação ultravioleta, radiação ionizante e filtração. Um equipamento importante que não pode ser dispensado em cultura celular é a câmara de fluxo laminar, utilizada para proteger as culturas que são manipuladas, evitando sua contaminação (GORJÃO; OLIVEIRA, 2005). Além disso, no laboratório não pode faltar a estufa de CO2 para manutenção da cultura, pois nela são armazenadas placas e frascos contendo a cultura celular, que requerem uma atmosfera controlada com alta umidade e a correta mistura de CO 2 para se proliferarem (FRESHNEY, 2005). OBJETIVOS Este trabalho tem o intuito de trazer informações sobre a organização de um laboratório de cultura celular, equipamentos e materiais utilizados para o manejo da cultura, normas e procedimentos para realizar uma cultura de células ósseas, explanar os tipos de cultura e a forma de procedê-los, verificar a viabilidade celular através da técnica do azul de Tripan e realizar a contagem de células viáveis e inviáveis através da Câmara de Neubauer. METODOLOGIA - 178 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Este projeto foi aprovado pelo comitê de Ética da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo sob nº 118/2010. Segundo Silva (2005), é de extrema importância a esterilidade no laboratório de cultura celular, para isso são necessários equipamentos e materiais que perpetuem a mesma enquanto a cultura é manejada, a fim de evitar contaminação. Assim, para confeccionar a cultura celular, foi necessário extrair o osso compacto de ratos Wistar indiferentemente do gênero, além disso, pedaços de tecido ósseo de outros experimentos que estão em andamento foram compartilhados, desde que não comprometessem o desenvolvimento da cultura celular. A partir disso, as células ósseas sofreram digestão mecânica e enzimática, e foram suplementadas com meios de cultura (MEM, Sigma), transferidas para as garrafas de cultura e incubadas em estufa de CO2 contendo 5% de CO2 em temperatura constante de 37°C. Após 7 dias de incubação, verificou-se a viabilidade celular através da técnica do azul de Tripan e a contagem foi realizada pela câmara de Neubauer, segundo Gorjão (2005). Para isso, o caldo da cultura foi colocado em presença do reagente azul de Tripan, em proporção de 1:1 e procedeu-se a contagem em microscópio óptico das células viáveis e inviáveis. Sabe-se que este reagente é excluído do citoplasma de células viáveis, permanecendo transparentes, porém as células mortas são incapazes de excluí-lo, aparecendo azuis (MASCOTTI; MCCULLOUGH; BURGER, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO A primeira cultura de tecido ósseo, cultivada no Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas foi realizada em uma iniciação científica compartilhada entre os cursos de Biomedicina e Farmácia. Foi verificada a viabilidade celular, através da técnica do azul de tripan, em uma cultura de 7 dias, isto é, se houve ou não proliferação na placa de cultura após seguir rigorosamente todas as normas para cultivo e manejo celular. Deste modo, foi feita a quantificação das células através da Câmara de Neubauer. A quantificação de uma cultura celular é importante para que se caracterize o crescimento de células para análises experimentais, estabelecendo assim, condições da cultura para a manutenção de linhagens celulares partindo de uma cultura primária (FRESHNEY, 2005). A câmara de Neubauer é o instrumento mais utilizado para este fim, por ser um método simples, barato e seguro. Através de um microscópio, as células podem ser visualizadas e contadas, assim consegue-se verificar sua viabilidade (GORJÃO, 2005). Em nosso estudo, a concentração total de células na suspensão original foi calculada seguindo a fórmula de Gorjão (2005): - 179 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Nosso estudo obteve um número de células/mL em níveis significativamente acima dos padrões quando comparado com descrito por Rosa (2004) que foi de 1x10 4 células/mL em uma cultura de 6 dias. Do mesmo modo como descrito em Gorjão (2005), utilizou-se o número 2 como fator de diluição, pois foi utilizada uma quantidade de azul de Tripan equivalente a utilizada de cultura celular diluída. Além disso, verificou-se a porcentagem de viabilidade celular. Sendo 10 o total de células viáveis, dividiu-se esse valor pelo número total de células encontradas. Assim, obteve-se a porcentagem de células viáveis através do cálculo matemático, proposto em Gorjão (2005): A viabilidade de 47,62% encontrada em nosso estudo para uma cultura de 7 dias é considerada próxima aos padrões de viabilidade celular, tendo como base o que Rosa (2004) descreve em seu trabalho, no qual uma cultura de 4 dias possuía viabilidade de 27%, assim projeta-se que em uma cultura de 7 dias obtenha-se 47,25% de células viáveis. Porém, Gorjão (2005) considera que a porcentagem de viabilidade celular deva ser superior a 90%, para se obter uma maior confluência celular. CONSIDERAÇÕES FINAIS É de extrema importância que cada procedimento em um laboratório de cultura seja realizado adequadamente e cautelosamente para evitar qualquer tipo de contaminação. E para que isso ocorra é necessário que o operador, antes de começar um experimento, saiba exatamente como o mesmo deve proceder, quais etapas serão realizadas, quais materiais e equipamentos serão necessários e quais os trajes adequados para trabalhar com células. Há também a necessidade de um treinamento específico para realizar o trabalho de cultura celular. Agindo dessa forma, minimizam-se os erros e os resultados se tornam mais confiáveis. Foi possível avaliar pelo reagente azul de Tripan uma porcentagem acima dos padrões de viabilidade celular para uma cultura osteoblástica de 7 dias, assim, podese afirmar que o objetivo do estudo foi alcançado, pois obteve-se uma viabilidade positiva. Porém, há necessidade de maiores estudos para aplicações mais assertivas, pois mediante o resultado encontrado, os pesquisadores consideram que precisam aprimorar a técnica para aumentar a viabilidade celular. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - 180 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq CURI, R.; MARTINS, A. K. A. Cultura de células: história e perspectivas. In: PERES, C. M.; CURI, R. Como cultivar células. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 1, p. 3-4. FRESHNEY, R. I. Culture of animal cells: a manual of basic techniques. 5 ed. New York: Wiley-Liss, 2005. 580 p. GORJÃO, R. Contagem de células. In: PERES, C. M.; CURI, R. Como cultivar células. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 5, p. 22-4. GORJÃO, R; OLIVEIRA, M. C. X. de. Esterilização de materiais para a cultura de células. In: PERES, C. M.; CURI, R. Como cultivar células. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 4, p. 13-21. LOPES, P. 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Diante disto é possível afirmar que o ato de decidir corresponde a deliberar, ou seja, dar preferência a uma alternativa após compreensão sobre determinado problema. Eastman (2003) coloca que as alternativas variam de problema para problema, podendo ser ações alternativas, hipóteses alternativas sobre um fenômeno ou objetos alternativos de um conjunto deles dentre outros. Um modelo para tomada de decisão, segundo Simom (1960) é dividido em três fases: a) o reconhecimento, que consiste na identificação do problema ou de uma oportunidade de mudanças; b) desenho, que consiste na verificação e estruturação no processo de tomada de decisões alternativas; c) escolha, que está relacionada com a avaliação e com o processo de escolha de uma melhor alternativa. Na década de 60 surgiram as primeiras ferramentas computacionais que, de alguma forma, passaram a dar algum suporte às decisões a serem tomadas. Desde então, é possível observar evolução neste tipo de aplicação, influenciada pelo avanço tecnológico de hardware e software, pelas necessidades governamentais e pela competitividade comercial na iniciativa privada (Antonello, 2008). Neste processo alguns softwares passaram a fazer uso de modelos lógicos para auxiliar os administradores a tomar decisões. A Avaliação Multicritérios propicia condições para trabalhar com situações nas quais há a necessidade de identificação de prioridades sob a ótica de múltiplos critérios, considerando inclusive a hipótese de existirem interesses conflitantes em relação aos critérios considerados. Os resultados apresentados por este trabalho mostram o uso da Avaliação Multicritérios, através do software FGest (Antonello, 2008), na definição de áreas prioritárias à restauração florestal na bacia hidrográfica do rio Corumbataí-SP. OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo o uso da Avaliação Multicritérios, através do software FGest, na definição de áreas prioritárias à restauração florestal na bacia do rio Corumbataí, SP, visando à conservação de recursos hídricos. Os resultados da avaliação devem contribuir para o planejamento e gestão da bacia hidrográfica tendo como base três cenários segundo métodos de avaliação Combinação Linear Ponderada e Média Ponderada Ordenada. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA - 182 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Schoemaker e Russo (1993) identificam quatro métodos segundo os quais indivíduos tomam decisões: intuitivo, axiomático, por alternativas e por valores. No caso de decisões por alternativas o processo é estruturado, sendo necessário avaliar e dar pesos às alternativas existentes. Aqui encontram-se os modelos de pesquisa operacional clássica, sendo aplicado às decisões de maior complexidade. O FGest é um software de apoio à decisão que se aplica principalmente ao método por alternativas. Possibilita a apresentação de resultados utilizando técnicas de Avaliação Multicritérios baseadas em Processo Hierárquico Analítico, Combinação Linear Ponderada e Média Ponderada Ordenada. O método Processo Hierárquico Analítico (SAATY, 1980) permite aos tomadores de decisão modelar problemas complexos numa estrutura onde o problema de decisão é decomposto em níveis organizados em uma hierarquia. No topo da hierarquia encontra-se o objetivo final, seguido em um nível logo abaixo pelos atributos (critérios). Estes atributos podem ser subdivididos em atributos de menor complexidade. Na base da hierarquia encontram-se as alternativas propostas na forma de cenários. A abordagem multicritérios caracteriza-se pela construção de vários critérios utilizando diversos pontos de vista. Para Oliveira (2007) estes pontos de vista representam os eixos pelos quais os diversos atores de um processo decisório justificam e questionam suas preferências. Baseado em Vettorazzi (2006) foram estabelecidos cinco critérios (mapas), também chamados de fatores: adequação do uso da terra; erodibilidade do solo; erosividade da chuva; proximidade à malha viária; e proximidade à rede hidrográfica, e como restrições: as áreas de floresta nativa, de cerrado, a Floresta Estadual Navarro de Andrade em Rio Claro, as áreas de mineração, a rede hidrográfica, a malha viária e as áreas urbanas, ou seja, todas as áreas onde não foi considerada a possibilidade de restauração da cobertura florestal. Antonello (2008) destaca que além da escolha do método a ser adotado na avaliação multicritérios deve-se estar atento em como possibilitar que atributos com valorações diferentes possam ser combinados no processo de avaliação. Como comparar a declividade que tem sua quantificação em grau de inclinação com um atributo que se quantifica pela distância em metros, ou ainda, por um atributo que se quantifica pelo valor do solo para determinado tipo de cultura agrícola? O procedimento chamado Padronização ou Normalização possibilita equacionar esse descompasso de valoração de atributos, pelo qual é necessário submeter todos os atributos envolvidos no processo de avaliação a uma padronização linear. Uma forma de padronização é reescalonar a faixa de valores de cada atributo numa base numérica comum, baseada na lógica Fuzzy. Neste trabalho todos os mapas de fatores foram padronizados a uma escala comum de 0 a 255. Para a apresentação dos cenários propostos foram utilizadas as avaliações CLP e MPO. Na CLP os pesos de compensação dos fatores foram calculados a partir de uma matriz de comparação pareada, em função da definição da importância relativa de cada fator e aplicados em cada fator, resultando em mapas ponderados que cruzados geraram como primeiro produto um mapa de adequação segundo o método CLP. Importante passo no processo de avaliação MPO é estabelecer o ranqueamento dos fatores para receber um segundo conjunto de pesos, que são os pesos de ordenação. O resultado do ranqueamento indica o grau de influência do fator no - 183 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq processo de análise. Outro produto aqui gerado foi o mapa de adequação segundo o método MPO. RESULTADOS E DISCUSSÃO No que diz respeito à comunicação com Sistemas de Informação Geográfica, o FGest propicia comunicação com o Spring e com o ArcGIS. Quanto ao Spring o FGest possui opção de importação e exportação de mapas raster, enquanto que para o ArcGIS o FGest lê e grava diretamente os arquivos raster no formato ASCII do ArcGIS. A vantagem de o FGest trabalhar com um padrão de mapa raster consiste em que os algoritmos de processamento de padronização de fatores, ranqueamento e das avaliações pelos métodos CLP e MPO e suas respectivas subrotinas não necessitam serem reestruturados quando fontes de dados diferentes dos padrões Spring e ArcGIS forem utilizadas. Considerando que os critérios que interferem na escolha de áreas prioritárias à restauração florestal na bacia do Rio Corumbataí, SP, visando à conservação de recursos hídricos, contribuem com pesos diferenciados no processo final de decisão, estabeleceu-se uma ponderação de acordo com a importância de cada um para a aptidão da área. Para a ponderação dos fatores, foi utilizada a escala contínua de nove pontos na comparação pareada (Eastman, 2003) que apresenta os valores 1/9 (Extremamente menos importante), 1/7 (Muito fortemente menos importante), 1/5 (Fortemente menos importante), 1/3 (Moderadamente menos importante), 1 (Igualmente importante), 3 (Moderadamente mais importante), 5 (Fortemente mais importante), 7 (Muito fortemente mais importante) e 9 (Extremamente mais importante). Na comparação pareada foi definido que: a erodibilidade do solo é igualmente importante a adequação do uso do solo; a erosividade da chuva é fortemente menos importante que a adequação do uso do solo e a erodibilidade do solo; a proximidade à malha viária está entre igualmente importante e moderadamente mais importante que a adequação do uso do solo, é moderadamente menos importante que a erodibilidade do solo, e é moderadamente mais importante que a erosividade da chuva; e a proximidade à rede hidrográfica é moderadamente mais importante que a adequação do uso do solo, está entre igualmente importante e moderadamente mais importante que a erodibilidade do solo, é muito fortemente mais importante que a erosividade da chuva e moderadamente mais importante que a proximidade à malha viária. O FGest propôs um ranqueamento após o processo de avaliação pelo método CLP que foi utilizado para definir a ordem inversa de influência dos fatores no resultado final. O fator menos influente é a erosividade da chuva, seguido por adequação ao uso, proximidade à malha viária, erodibilidade do solo e, finalmente, pelo fator proximidade à rede hidrográfica, que é o mais influente. Um primeiro cenário foi produzido pelo método CLP, que gerou um mapa reclassificado em cinco níveis de prioridade à restauração florestal, onde 35,84% da área analisada pode ser considerada com prioridade muito alta para restauração florestal, 55,55% com prioridade alta, 8,78 com prioridade média, 0,05% com prioridade baixa enquanto não ocorreu a prioridade muito baixa. Baseado na avaliação CLP foram gerados mais dois cenários de avaliação MPO, baseados no risco médio/baixo e risco médio/alto. O primeiro cenário MPO refere-se - 184 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ao risco médio/baixo com 13,82% da área analisada tendo prioridade muito alta para restauração florestal, 11,11% com prioridade alta, 64,26% com prioridade média, 10,66% com prioridade baixa e 0,15 com prioridade muito baixa. O segundo cenário MPO refere-se ao risco médio/alto com 87,26% da área analisada tendo prioridade muito alta para restauração florestal, 12,60% com prioridade alta, 0,14% com prioridade média enquanto não ocorreu prioridade baixa e prioridade muito baixa. Pode-se concluir que os números apresentados nos três cenários apontam a bacia do rio Corumbataí como uma bacia fortemente antropizada. CONSIDERAÇÕES FINAIS O FGest é um software que se encaixa muito bem no papel de produzir informações, a partir de dados mapeados, para serem usadas em processos decisórios que envolvam questões ambientais com necessidades de espacialização dos dados. Embora tenha sido utilizado para definição de áreas de restauração florestal na bacia hidrográfica do rio Corumbataí-SP, o FGest pode ser usado em outras áreas de planejamento e gestão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONELLO, S. L. Um Sistema de planejamento e gestão para bacias hidrográfica com uso de análise multicritérios. 2008. 130 p. Tese (Doutorado em Ecologia Aplicada) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2008. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/91/91131/tde-25112008-104537/pt-br.php>. Acesso em: 20 mar. 2011. EASTMAN, J.R. IDRISI Kilimanjaro: guide to GIS and Image Processing, Worcester: Clark Labs, Clark University, 2003. 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PALAVRAS-CHAVES: Avaliação multicritérios; Combinação Linear Ponderada; Média Ponderada Ordenada - 186 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL EM GRUPO – UMA PROPOSTA INTERVENTIVA EM UM SERVIÇO DE PSICOLOGIA ZANCA, C.G.1,1; MEDEIROS, A.P.1,1; SCADUTO, A.A.1,2; MELO-SILVA, L.L.1,3 1 Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP, Ribeirão Preto, SP; 1.2 1.3 Discentes; Profissional; Docente. 1.1 [email protected]; [email protected] INTRODUÇÃO O acelerado processo de inovação tecnológica e as recorrentes mudanças no mercado de trabalho têm exigido novas formas de se pensar as questões relacionadas à escolha profissional e carreira. Nesse âmbito, profissionais têm se conscientizado acerca da relevância de conhecer a fundo suas competências, interesses e potencial de desenvolvimento profissional, de forma a se alocarem mais satisfatoriamente no mercado de trabalho, realizando seus objetivos particulares e contribuindo para a sobrevivência e destaque de organizações em um contexto acentuadamente competitivo. Em se tratando de jovens prestes a ingressar no mundo do trabalho, o momento da escolha profissional adquire caráter ainda mais crítico em função das exigências sociais que se colocam sobre eles e do árduo processo de formação da identidade típico da fase de desenvolvimento que atravessam, a adolescência. Sob esta óptica, consideram-se de extrema importância quaisquer propostas que facilitem a travessia desta etapa do ciclo vital e forneçam subsídios para que o jovem faça suas escolhas da maneira mais adequada possível. A Orientação Profissional, conceituada como o processo pelo qual o indivíduo é ajudado a escolher e a se preparar para entrar e progredir numa ocupação, propicia o desenvolvimento do autoconhecimento e o estabelecimento de contato com o mundo das profissões, dando suporte para o amadurecimento exigido no momento da escolha. No Brasil tem sido praticada por psicólogos e pedagogos, visando, em sua maioria, candidatos de Ensino Médio que pretendem ingressar no Ensino Superior. Em congruência com essa atuação, o Serviço de Orientação Profissional oferecido pelo Centro de Psicologia Aplicada pertencente à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (SOP/CPA/FFCLRP/USP) atende anualmente dezenas de jovens com dificuldades na escolha profissional. Uma das atividades oferecidas pelo serviço consiste em grupos de orientação profissional, que consistem em encontros semanais coordenados por dois graduandos do último ano de Psicologia sob supervisão. OBJETIVO Considerando o cenário e a problemática acima sucintamente descrita, objetivou-se apresentar um processo de orientação profissional em grupo desenvolvido pelo Serviço no presente momento. Pretende-se divulgar o método de trabalho adotado e os resultados esperados, de maneira a suscitar discussões acerca desta prática e pensar em estratégias interventivas de excelência. - 187 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MATERIAL E MÉTODOS Participam do grupo de orientação profissional 16 jovens com idades entre 15 e 18 anos (média = 16,63; desvio padrão = 0,81), sendo 14 participantes do sexo feminino, representando 87,5% da amostra. Quanto à escolaridade, nove participantes cursam a 3ª série do Ensino Médio (56,25%); quatro, a 2ª série (25%); dois frequentam cursos preparatórios para o exame vestibular (12,50%) e uma jovem (6,25%) concluiu o Ensino Médio e abandonou os estudos. A maioria frequenta instituições de ensino de natureza privada (75%). Antes do início do processo de orientação, os candidatos a clientes do Serviço passaram por uma etapa de triagem, durante a qual preencheram uma ficha que visa coletar dados de identificação, bem como informações referentes às expectativas do jovem em relação ao atendimento e ao seu momento de escolha. A triagem envolveu ainda uma breve entrevista, na qual eram confirmados os dados redigidos na ficha e o jovem era avaliado quanto ao seu potencial de ser beneficiado pelo Serviço. Após essa triagem, foram compostos os grupos de acordo com as disponibilidades de horário de cada jovem e seguindo-se critérios que procuravam promover homogeneidade ao grupo, no que diz respeito às dificuldades quanto à escolha profissional. Casos peculiares foram encaminhados para orientação profissional individual, também desenvolvida no Serviço, assim como jovens com queixas de outras naturezas que não a relativa à opção profissional foram direcionados para psicoterapia, em geral no Centro de Psicologia Aplicada, quando possível. Os grupos têm duração de duas horas e frequência semanal, totalizando doze sessões distribuídas ao longo de três meses. Para a condução das sessões são utilizadas técnicas das mais variadas ordens, incluindo desde atividades lúdicas envolvendo recortes e colagens até o uso de aprimoradas técnicas de avaliação psicológica, como o BBT-Br (Teste de Fotos de Profissões, em sua versão adaptada e validada para a população brasileira), um instrumento de identificação de interesses. A orientação também tem um objetivo pedagógico, que é alcançado por meio do oferecimento de informação das profissões e do mundo do trabalho (via indicação de homepages de qualidade que abordam o assunto e empréstimo de guias de profissões), informações estas trabalhadas e discutidas durante as sessões, de modo a facilitar a compreensão do material oferecido e seu aproveitamento consistente. Após sete sessões de atendimento grupal, é realizada uma entrevista devolutiva individual com todos os jovens, de maneira a atender a dois objetivos – apresentar ao participante os resultados de uma avaliação global, que inclui dados dos instrumentos psicológicos aplicados e das observações do comportamento durante as sessões grupais, e obter um feedback do jovem sobre sua percepção do processo de orientação profissional, de modo que sejam identificadas e corrigidas eventuais falhas de planejamento e/ou coordenação do grupo. RESULTADOS ESPERADOS Até o momento foram realizadas seis sessões, durante as quais foram abordados os seguintes temas: expectativas quanto à orientação profissional, autoconhecimento, conhecimento das profissões e da realidade do mercado de - 188 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq trabalho, fatores que influenciam a escolha e expectativas dos familiares quanto às decisões profissionais. Entre as técnicas de avaliação já empregadas, destaca-se a EMEP (Escala de Maturidade para a Escolha Profissional), elaborada por Kathia Maria Costa Neiva para mensurar a maturidade vocacional em cinco domínios, a saber, determinação, responsabilidade, independência, autoconhecimento e conhecimento da realidade profissional. A EMEP foi utilizada como instrumento pré-teste, de forma que ao final do processo de orientação seja possível verificar quantitativamente se e como se deu o amadurecimento do cliente. Os dados coletados na primeira sessão por meio do instrumento supracitado apontam para uma significativa defasagem dos participantes quanto ao conhecimento da realidade profissional e ao autoconhecimento (62,50% da amostra obteve pontuação inferior à média normativa em ambos os quesitos), fatores esses foco da intervenção que vem sendo realizada. A classificação total da escala foi inferior para 56,25% dos participantes, corroborando a necessidade de orientação. Resultados preliminares apontam para uma ampliação do conhecimento da realidade das profissões e do trabalho, visto que o grupo, de um modo geral, tem referido durante as sessões uma valorização da orientação profissional, na medida em que esta consiste em um momento exclusivamente dedicado para se pensar a questão da escolha, quando o jovem dedica-se à exploração das opções disponíveis, reflete sobre as variáveis que lhe são pertinentes, troca informações com os colegas e apreende a informação oferecida pelo serviço. Disponibilizar material informativo tem se mostrado insuficiente para promover o conhecimento do mundo do trabalho – é necessário propor estratégias que favoreçam a análise crítica das profissões, o questionamento acerca dos seus interesses em relação às atividades profissionais, a intersecção entre as opções existentes e suas inclinações e capacidades, estratégias estas implementadas nas sessões grupais. Outro fruto do trabalho desenvolvido trata-se das reflexões de natureza afetiva, correspondendo à possibilidade de expressar angústias referentes ao momento da escolha, as quais são compartilhadas, em diferentes intensidades, por todos os membros do grupo. Foram levantadas discussões acerca de temores quanto às incertezas do futuro, confusões quanto às representações sociais das profissões, receio de se frustrar com a realidade universitária e profissional e expectativas dos familiares quanto ao sucesso profissional do jovem. Em relação a todas estas problemáticas têm-se observado a vigência do fator terapêutico da universalidade, que se expressa quando o membro do grupo percebe que não é o único a apresentar determinados problemas, conflitos, comportamentos e impulsos. A coesão grupal, intensa no grupo em questão, pode ser considerada uma evidência do sucesso da intervenção nesta esfera. Ao final das doze sessões, espera-se que as dúvidas que permeiam o processo de escolha profissional sejam clareadas. Estima-se que os jovens, a partir dos vínculos desenvolvidos no grupo e das atividades propostas, tenham ampliado o conhecimento de si, captando suas identificações e peculiaridades, avaliado suas determinações, superado a desinformação e caminhado de maneira mais saudável em direção a uma identidade adulta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - 189 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ANDRADE, J. M.; MEIRA, G. R. J. M.; VASCONCELOS, Z. B. O processo de orientação vocacional frente ao século XXI: perspectivas e desafios. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 22, n. 3, 2002. BECHELLI, L.P.C.; SANTOS, M.A. Psicoterapia de Grupo: Noções Básicas. Ribeirão Preto: Legis Summa, 2001. BOCK, A. M. B.; AGUIAR, W. M. J. Por uma prática promotora de saúde em Orientação Vocacional. In: BOCK, A. M. B. A escolha profissional em questão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1995. p. 9-23. MELO-SILVA, L. L.; LASSANCE, M. C. P.; SOARES, D. H. P. A Orientação Profissional no contexto da Educação e Trabalho. Revista Brasileira de Orientação Profissional, n. 5, v. 2, pp. 31-52, 2004. SPARTA, M. O Desenvolvimento da Orientação Profissional no Brasil. Revista Brasileira de Orientação Profissional, v. 4, n. 1/2, p. 1-11, 2003. PALAVRAS-CHAVES: Orientação Profissional; Educação; adolescência - 190 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ATUAÇÃO DE EQUIPE DE PSICOLOGIA DA SAÚDE JUNTO À UM SETOR DE ONCOLOGIA. BACCIOTTI, J.T.1,2; BAPTISTA, A.S.D..1,4,6; RUNHO, A.P.P. 1,2; LOPES, A.S.P.1,2; e SILVA, P.B.1,2 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 6 Docente; Co-orientador; Orientador. 4 2 Discente; 3 Profissional; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Para iniciarmos a reflexão acerca da atuação do psicólogo junto ao setor de oncologia, nos deparamos com a necessidade de definir e compreender o câncer. Para isso lancemos a seguinte questão: O que é essa doença? De acordo com INCA (Instituto Nacional do Câncer, 1996), “câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos” (www.inca.gov.br) espalhando-se rapidamente pelo corpo através da corrente sanguínea ou pelo sistema linfático. Por conta da multiplicação acelerada e incontrolável dessas células, ocorre a formação dos tumores que podem ser classificados como malignos (acúmulo de células cancerosas), e de mais difícil tratamento, ou benignos que se trata da multiplicação das células de maneira menos acelerada e que possui semelhança com as células do tecido afetado, permitindo a remoção e tratamento de modo mais fácil, oferecendo menor risco a vida. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996). É possível observar nas falas dos pacientes oncológicos o medo das conseqüências que essa doença pode causar. Outra questão muito importante a ser considerada nessa esfera, é que o diagnóstico de câncer está associado à morte. O psicólogo como o profissional que auxiliará o paciente na lida com seus medos, buscará promover a compreensão sobre a doença e o tratamento, uma vez que muitas das idéias que os pacientes têm em relação ao diagnóstico e tratamento não correspondem à realidade. Tendo um pouco mais clara qual é a possibilidade de atuação junto ao setor de oncologia, buscaremos ao longo deste trabalho pensar em alternativas que garantam aos pacientes um cuidado diferenciado e humanizado, ou seja, que tenha em vista a qualidade de vida do paciente frente a seu diagnóstico e enfrentamento do tratamento. Esse trabalho será realizado a partir da compreensão interdisciplinar. OBJETIVO O presente trabalho tem por objetivo refletir acerca da atuação do psicólogo da saúde em um setor de oncologia, apresentando intervenções no mesmo a partir do nível secundário de atenção à saúde, ou seja, com o objetivo de promover e recuperar a saúde dos pacientes em ações conjuntas à especialidade/equipe de oncologia. Na ocasião do estágio, as intervenções propostas pela equipe de psicologia compreendiam acompanhar os pacientes que chegariam ao setor visando avaliar e compreender o entendimento do paciente acerca de seu diagnóstico; Acompanhar - 191 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq os pacientes e seus familiares em tratamento encaminhados pela equipe médica/enfermagem, oferecendo suporte psicológico a estes, e; Estruturar e propor um grupo com os funcionários do setor visando a reflexão destes sobre os aspectos de promoção e recuperação da saúde e a importância de um trabalho multidisciplinar. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA Participantes O trabalho que foi desenvolvido no setor aconteceu por meio da equipe de psicologia composta por cinco estagiários, uma supervisora professora doutora em psicologia; e a equipe de atendimento aos pacientes oncológicos do setor de uma cidade do interior de São Paulo, composta por um médico oncologista que atende aos pacientes antes do procedimento de quimioterapia; duas secretárias que cuidam da parte burocrática do setor e do atendimento aos pacientes; dois técnicos de enfermagem que conduzem os procedimentos quimioterápicos e uma farmacêutica que é responsável para manipulação e organização dos medicamentos. Material O material utilizado pelo grupo em suas intervenções junto ao setor foi a ficha de triagem psicológica. Essa ficha foi utilizada como instrumento da equipe de psicologia para o levantamento e organização das informações sobre os pacientes. Procedimento Depois de um período para observação do campo, os estagiários conseguiram determinar qual seria o protocolo de atendimentos aos pacientes do setor. Ao definir esse protocolo, o mesmo foi apresentado à equipe médica e de enfermagem do setor de oncologia, visando a compreensão dos mesmos sobre essa forma de trabalho e consequentemente para contribuir com o trabalho multidisciplinar. Assim que o paciente chegasse ao setor de oncologia, seria avaliado pelo médico que prescrevia a medicação quimioterápica. Depois desse primeiro contato, o paciente era encaminhado para um dos estagiários de psicologia, onde era triado. Após a realização da triagem, o paciente era orientado quanto ao diagnóstico e tratamento, quando na avaliação dos estagiários, essa falta de conhecimento gerava riscos psicológicos e acompanhado durante o procedimento de quimioterapia quando existia uma queixa do paciente acerca do enfrentamento de seu quadro de saúde, como por exemplo, a aceitação da nova condição física, as restrições colocadas pelo médico com o objetivo de acelerar o processo de recuperação, o enfrentamento das condições impostas pela medicação, como por exemplo, os enjoos e náuseas, perda de peso, cabelo, etc. Tais ações foram estabelecidas, pois, é possível perceber que muitas vezes os riscos psicológicos apresentados pelos pacientes oncológicos são fruto de ideias irreais construídas a partir do que os mesmos imaginam sobre a doença. RESULTADOS E DISCUSSÃO O contato com os pacientes proveniente da vivencia no setor de oncologia, além das pesquisas realizadas sobre o tema, firma a idéia de que o câncer é uma enfermidade que afeta o paciente no âmbito biológico, social e psicológico, sendo sinônimo de dor e morte (BARBOSA, SANTOS, AMARAL, et al, 2004 citado por SANTANA, ZANIN, MANIGLIA, 2008). - 192 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Presenciamos que os pacientes com câncer podem apresentar sofrimento psicológico, estabelecendo assim sintomas de depressão, ansiedade, pensamentos de desesperança, medo e incerteza (ZANIN, CORREA e MANIGLIA, 1999 citado por SANTANA, ZANIN, MANIGLIA, 2008). Porém outros pacientes podem enfrentar muito bem as adversidades presentes durante o processo de diagnóstico e tratamento. Podemos chamar tal habilidade de condições de enfrentamento que se apresentam diante das situações de estresse. Por vezes os pacientes relataram sobre como estavam executando a sua rotina após o diagnóstico e o início do tratamento. Colocavam também sobre como eram seus novos hábitos e como dependiam de familiares e amigos para dar continuidade ao processo. A literatura aponta que na compreensão do contexto biopsicossocial do paciente, cabe admitir que esses enfrentam diversas dificuldades ao lidar com a doença e seu tratamento como, por exemplo, a alteração da rotina, a dependência de terceiros pode aumentar, mudança de hábitos, alteração da imagem do corpo, isolamento social, dentre outros (AMAR, RAPOPORT, FRANZI et al, 2002; COSTA NETO, ARAÚJO, e CURADO, 2000; NUCCI, 2003 citado por SANTANA, ZANIN, MANIGLIA, 2008). Como a busca pelo bem estar diante de uma doença que tem seu caráter cultural como algo avassalador, a religiosidade ocupa grande espaço na vida do ser humano. Pensando nisso entendemos que quando os pacientes não se sentem mais seguros com os tratamentos convencionais, essa torna-se uma válvula de escape como forma de encarar esta fase tão difícil de suas vidas. O que se pode observar é uma ambivalência perante a questão da religiosidade, pois enquanto uns se apegam a Deus diante da dificuldade de enfrentar a doença, outros o repudiam e se afastam durante este processo. Entendemos que a recusa à existência de Deus mencionada por esses traz que: O doente se considera um esquecido de Deus, abandonado por Ele na “sombra da morte”, não mais digno de seu amor e sua atenção. Em decorrência perdem-se a fé e a confiança, a noção de pecado desaparece e o coração permanece fechado à graça. (VEIGA, 2002, s/p) Com referência ao fator biológico, o paciente se vê com um diagnóstico de uma doença considerada grave, que apresenta sintomas debilitantes e um tratamento que não costuma ser agradável, como a quimioterapia, radioterapia e as mutilações decorrentes das cirurgias (VENTURI, PAMPLONA, e CARDOSO, 2004 citado por SANTANA, ZANIN, MANIGLIA, 2008). Alguns pacientes do setor relataram sobre as mudanças que ocorreram em seu corpo, como a perda de peso e o cabelo que caiu. Os estagiários, diante deste fato, procuraram refletir sobre o assunto juntamente com o paciente, tentando dar sentido àquilo que se apresentava, procurando outra estratégia para lidar com a situação, na tentativa de compreendêla. Em relação ao grupo social em que os pacientes oncológicos estavam inseridos, deve-se considerar o quão importante é o apoio deste grupo para com o doente durante o processo de recuperação (SANTANA, ZANIN, MANIGLIA, 2008). Nesta perspectiva colocada até agora, é correto afirmar que a participação dos familiares destes pacientes nesse processo de enfrentamento da doença, é de suma importância por tornar-se um apoio e amparo, e que a presença deles no setor é constante podendo presenciar as etapas do tratamento de seu ente querido, assim compreende-se que esses familiares pertencem ao contexto que o paciente está - 193 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq inserido e que proporciona um aumento nas chances de sua recuperação de maneira eficaz sendo visível no setor (BECK e LOPES, 2007). Os pacientes se queixavam dos efeitos colaterais que o tratamento quimioterápico apresentava, ou seja, diziam quais eram os sintomas que vinham sentindo, e cabia a equipe de psicologia juntamente com a equipe médica, esclarecer se tal sintoma era comum ao tratamento, ou seja, se aquele era um efeito colateral ou não. Caso tratasse de efeito colateral, cabia à equipe de estágio colocar que era comum o aparecimento de tais sintomas durante o tratamento, sintomas esses como fraqueza, diarréia, perda e aumento de peso, feridas na boca, queda de cabelos e outros pêlos do corpo, enjôo, vômitos e tonteiras (INCA, 1996). Mesmo os pacientes queixando-se de tais efeitos, a interação existente entre eles no local chamava atenção. Observa-se que os pacientes mais antigos servem de modelo, muitas vezes positivo, para os que estão iniciando o tratamento. Vale ressaltar que este modelo é construído através de diálogo e as trocas de experiências durante as sessões de quimioterapia. Observar os efeitos do medicamento no outro, a evolução da doença e até seu processo de cura, faz com que o sujeito construa imagens de seu corpo diante a enfermidade (MUNIZ, 2008). Embora seja sabido que as condições de sofrimento que submetem o paciente oncológico são muito abissais, a maioria dos pacientes que faziam tratamento nesse setor de oncologia se mostravam bastante tranquilos e otimistas aparentemente em relação à terapêutica. Foi possível observar durante o estágio a interação entre a equipe do setor e os estagiários de psicologia, tendo em mente que o trabalho em equipe é hoje em dia, uma prática crescente (BUCHER, 2003 citado por, TONETTO; GOMES, 2007). É possível observar essa atitude quando eram encaminhados ao grupo de psicologia, pacientes que necessitavam de acompanhamento. Esse processo caracteriza-se de "tarefa multidisciplinar", que, para Giannotti (1995, citado por MORE et al. 2009), trata-se da ação de profissionais de diversas áreas, juntos em equipes de saúde, objetivando uma prática comum. Durante os processos de avaliação, observou-se que os pacientes possuíam estratégias de enfrentamento diante da doença. Estratégia de enfrentamento caracteriza-se por processos de controle utilizados para medir a demanda que a doença requer e as respostas que o indivíduo produz diante delas (COSTA; LEITE, 2009). Segundo Costa e Leite, (2009), as estratégias de enfrentamento de pacientes oncológicos são divididas em: focalizadas no problema e emocionais. As focalizadas no problema abrangem: refletir sobre o problema, seguir corretamente o tratamento e buscar informações. Já as focalizadas nas emoções colocam: suporte religioso, medidas de autocontrole, busca de suporte familiar, comportamento aditivo, uso do bom humor, distração e fatalismo. Algo que chamou a atenção da equipe de psicologia é que as mulheres foram mais abertas para falar de seus problemas, principalmente os de saúde. [...] diversas culturas, a educação dos meninos segue padrões de oposição entre os gêneros. Nesse sentido, os homens são estimulados a manifestar a sua virilidade por meio da rejeição de comportamentos tidos como femininos para se constituírem como homens. Assim, o padrão de masculinidade é idealizado por meninos e homens não pelo desejo de serem viris, mas pelo medo de serem vistos como pouco viris ou afeminados (GOMES, NASCIMETO e ARAÚJO, 2007, s/p). - 194 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Foi possível refletir sobre o que foi citado pelos autores e fazendo uma analogia com o comportamento dos homens no setor nota-se que, embora muitas coisas tenham mudado em relação ao macho invulnerável, ainda hoje em nossa sociedade existem os estigmas do tipo: homem não chora e o homem deve ser mais forte que a mulher. Durante a permanência dos estagiários no setor foi possível observar que os casos mais comuns de câncer eram o do intestino e muitos pacientes faziam uso da colostomia: A colostomia/ileostomia é uma derivação intestinal feita cirurgicamente na porção do intestino grosso e intestino delgado respectivamente, com fixação da alça no abdômen. Sua indicação ocorre na maioria dos pacientes atendidos pela especialidade de Colo-Proctologia em conseqüência de patologias crônicas como doença de Chagas,doença de Chron, âncer, dentre outras (SONOBE, BARICHELLO e ZAGO, 2000). O paciente após passar pela cirurgia para a colocação da popularmente chamada “bolsinha”, precisa enfrentar novas condições de vida e isto acaba trazendo a tona diversos sentimentos: medo, angústia, vergonha entre outros. Uns conseguem lidar melhor com a situação que os outros, na esperança de que a situação se reverta um dia ou simplesmente pelo fato de ainda estar vivo (SONOBE, BARICHELLO e ZAGO, 2000). Outro aspecto importante do trabalho neste setor de oncologia foi a relação entre as equipes de psicologia e de enfermagem. Depois de estabelecido o vínculo com a equipe, semanalmente eram realizadas reuniões que tinham por objetivo proporcionar espaços de discussão sobre os quadros dos pacientes do setor, a fim de problematizar as questões trazidas pelos mesmos ao setor de oncologia. Portanto, o trabalho tinha um caráter educativo/informativo. Assim, os objetivos de ampliar o conhecimento, valorizar os aspectos emocionais dos pacientes podem ser oferecidos por um grupo de apoio e ser realizado por meio da interação, troca de informações entre os participantes, aquisição de insights contribuindo para o desenvolvimento de recursos e estratégias de enfretamento mais eficazes frente à doença e ao tratamento (COMIN et al., 2008). É nesta compreensão que foi feito o contrato com a equipe multidisciplinar, sendo esta, participante ativa dos temas escolhidos a serem trabalhados durante as reuniões, proporcionando uma reflexão sobre o tema com suas implicações. Um dos temas trazidos como demanda da equipe foi a comunicação, no qual os participantes relatavam suas dificuldades sobre os limites de atuação e como relacionar-se com eles por meio da comunicação, sem que isto interferisse no cotidiano e afetasse o paciente e seu tratamento. A partir de um episódio foi possível propor uma intervenção com a equipe, direcionando a aquisição de autonomia da mesma utilizando-se de estratégias como as dinâmicas. Tais dinâmicas tinham o objetivo de proporcionar durante as reuniões um ganho para todos os envolvidos, assumindo um caráter terapêutico, encarando este profissional de saúde como um ser humano possuidor de desejos, necessidades, conflitos e que precisam de um espaço para trocar experiências, percepções, dúvidas e medos (COMIN et al., 2008). CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Este estágio na área da saúde foi “aplicado” em nível secundário de atenção à saúde, ou seja, a equipe de Psicologia atuou junto a equipe da Oncologia. - 195 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Compreende-se que o foco da atuação está na melhoria da qualidade de vida do paciente, mas que o saber dessa especificidade trazida pela equipe multidisciplinar é fundamental. Por conta disso a importância do trabalho conjunto da Psicologia com a equipe do setor. Todas as discussões realizadas foram transversalizadas pelas questões da equipe multidisciplinar e as possibilidades de atuação do psicólogo dentro dessa. A Psicologia Hospitalar não se prende ao contexto clínico, essa pode abranger as áreas da Organizacional, Social e Educacional, e o seu saber busca a compreensão de questões ligadas a qualidade de vida dos usuários e dos profissionais da saúde, sem se restringir ao atendimento clínico demonstrando outra visão a respeito do indivíduo de acordo com Fongaro e Sebastiani (1996, citado por FOSSI e GUARESCHI, 2004). Compreende-se que, cabe ao psicólogo, dentro do setor dar suporte ao paciente e seus familiares no que diz respeito ao enfrentamento do câncer, pois algumas dificuldades apresentas pelos pacientes, quando não solucionadas, podem acarretar problemas ao paciente, inclusive comprometendo seu processo de recuperação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BECK, A.R.M.; LOPES, M.H.B.M. 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PALAVRAS-CHAVES: Oncologia, Psicologia e Trabalho Multidisciplinar. - 197 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A IMPORTÂNCIA DAS VIVÊNCIAS PARA OS ALUNOS DE PSICOLOGIA EM SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA, FRENTE A SUA ATUAÇÃO NA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA. REIS, V. F. 1,1; PICOLI, G. M. 1,2; SALES, F. C. P. 1,3; BAPTISTA, A. S. D 1,4 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 1,4 1,4 Discente ; Docente, Orientador. 1,1 Discente; 1,2 Discente , 1,3 [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Esse trabalho baseia-se na experiência dos alunos de Psicologia no Projeto de Extensão da Clínica Escola de Fisioterapia do Centro Universitário Hermínio OmettoUNIARARAS. O foco da psicologia na saúde, nesse caso são atendimentos psicológicos de apoio aos pacientes, familiares e cuidadores quando encaminhados pela fisioterapia, apresentando queixas diretamente relacionadas ao tratamento fisioterápico. O trabalho estende também aos estagiários da fisioterapia, quando a queixa colocada refere-se à dificuldade de realização do atendimento aos pacientes durante as sessões. Compreendemos que o papel do estudante de psicologia nesse contexto, é atuar como um facilitador nessa relação, entendendo que o foco é justamente a aderência ao tratamento, no que se refere ao trabalho da fisioterapia frente a demanda advinda da condição da saúde do paciente. O serviço oferecido pelos estudantes de psicologia na instituição não visa centralizar os atendimentos em nossa área, para que o trabalho entre as equipes ocorra de forma natural e solidária, propiciando assim a interdisciplinaridade. O contato com o sofrimento e as limitações dos pacientes, cuidadores e estudantes de fisioterapia nos possibilita enquanto estudantes de psicologia vivenciarmos de maneira intensa todo esse processo de tratamento fisioterápico, provocando um deslocamento em direção a problematização e possíveis enfrentamentos das queixas que nos foram apresentadas. Dessa forma, compreendemos o quanto se faz necessária essa atuação no projeto para nossa formação acadêmica. OBJETIVO Ressaltar a importância da participação dos alunos de psicologia no projeto de extensão da Clínica Escola de Fisioterapia, por meio de suas vivências, tanto para sua formação acadêmica quanto para o desenvolvimento de um trabalho interdisciplinar. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA Para iniciarmos nossas atividades após o encaminhamento da fisioterapia, realizamos uma triagem psicológica, isto é, o primeiro contato com o paciente para podermos levantar dados a partir de perguntas a respeito de sua história de vida no que se refere à queixa pela qual foi encaminhado. A triagem psicológica, ou o acompanhamento psicológico dado ao paciente, familiar ou cuidador acontece no interior de uma sala reservada para a psicologia, na Clínica Escola de Fisioterapia. - 198 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Mas essa primeira aproximação nem sempre ocorre com a realização da triagem, mas se dá de acordo com a necessidade do paciente, que pode ser um acompanhamento durante a sessão fisioterápica, na recepção da Clínica, no campus do Centro Universitário, ou ainda, um acompanhamento ao paciente, direto no setor fisioterápico que ele frequenta. A principal metodologia empregada pelos estudantes de psicologia é a da escuta, pois é a partir do que a pessoa expressa, que podemos auxiliá-la. RESULTADOS E DISCUSSÃO O presente trabalho desenvolveu-se a partir da experiência de estágio dos alunos de psicologia no Projeto de Extensão em parceria com a Clínica Escola de Fisioterapia. A atividade desenvolvida pelos alunos está em comum acordo com o proposto pela grade curricular do Curso de Psicologia, Código de Ética e as exigências institucionais do Centro Universitário Hermínio Ometto- Uniararas. A realização desse estágio ocorre dentro de uma instituição, que para psicologia se caracteriza como o “conjunto de normas e padrões agrupado em torno de valores e funções sociais” (BLEGGER, 1980, p.94). A clínica de fisioterapia comporta tais descrições possuindo, assim seu modo específico de funcionamento por meio de suas normas e protocolos, padrões agrupados de ensino especializado para o desenvolvimento dos tratamentos, e uma importante função social de oferecer atendimento gratuito a toda comunidade de Araras e região. Nossa tarefa como estudante participantes desse projeto é propiciar um suporte psicológico aos pacientes em tratamento e reabilitação bem como, seus familiares e cuidadores e a relação entre esses últimos e os estudantes de fisioterapia da clínica escola. O contato com essa atividade prática tem nos permitido experenciar a teoria, os enfrentamentos da psicologia, angústias, sofrimento, desenganos, problemas de locomoção até a instituição, á partir da realidade apresentada pelos pacientes, familiares, cuidadores e estudantes na clínica de fisioterapia. A aproximação com essa realidade tem nos proporcionado importante aprendizagem, e nosso intuito nesse trabalho é discorrer e narrar o significado do que de mais importante temos vivido, diante das experiências nesse projeto de extensão. A Psicologia Humanista descrita por Amatuzzi nos traz uma importante concepção do que é o “vivido”: É a nossa reação interior imediata àquilo que nos acontece, antes mesmo que tenhamos refletido ou elaborado conceitos, [...] acredita-se que muitas vezes ele seja melhor guia para nossas ações concretas e para nossos pensamentos do que concepções ou idéias construídas mais ou menos artificialmente. (2008, p. 52). Sendo assim, compreendemos que a técnica é algo imprescindível para uma boa atuação, porém nenhuma técnica consegue abarcar tudo aquilo que permeia a complexidade dos indivíduos, por isso a vivência é algo de extrema necessidade para que se possa atribuir sentido as ações desenvolvidas e realizadas por meio das teorias e técnicas. Por meio da vivência relatada pelo paciente, familiar ou cuidador, os estagiários de psicologia fazem a versão de sentido que tem o intuito de expressar de maneira direta tudo o que foi vivenciado pelos sujeitos, e possibilita a evocação direta dos - 199 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq desdobramentos e sensações vividas transportando-as para a realidade, proporcionando um sentido vivo para aquilo que foi vivido. O exposto é sempre o aspecto tido como mais importante pelo sujeito que verbaliza a vivência, é através de sua fala que as sensações se concretizam e as versões de sentidos se produzem. É necessário que a fala possa ser o mais autêntica possível, para que dessa forma, a versão de sentido possa expressar de maneira mais fiel e viva as experiências e sensações daquilo que foi vivido, o intuito é trazer para o externo de maneira verbal ou escrita o sentido daquilo foi vivenciado. O significado pleno é a significação presente em tudo o que é dito. A fala autêntica é capaz de nos manter em contato com o outro e nos permitir sermos afetado por ele; a fala não consiste somente na pronúncia, mas nos silêncios, nos olhares e nos gestos do paciente, e é por meio desta fala autêntica, que também estabelecemos uma relação com aqueles pacientes que não falam verbalmente. (AMATUZZI, 2008). A interação entre equipe de saúde ocorre a partir das discussões dos casos abordados por duas frentes: motora e cognitiva, ocorrendo assim uma importante troca de conhecimentos nos permitindo tecer um olhar amplo a respeito dos diversos casos e das reais necessidades e especificidades de cada paciente. O trabalho em uma equipe interdisciplinar promove um movimento que busca além de implicações técnicas por parte dos estudantes da fisioterapia e psicologia um atendimento diferenciado pautado nos princípios da humanização. A partir disso, buscamos de fato que o paciente possa se tornar o principal beneficiado com nossa postura humanizada, com intuito de respeitar seus limites, dificuldades e subjetividade. Visando promover sempre que possível o desenvolvimento e estabelecimento de sua autonomia, bem como o auxiliando na aceitação do tratamento. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Salientamos a importância desse projeto de extensão, para constituição do trabalho interdisciplinar oferecido na clínica escola de fisioterapia, para a formação dos estudantes das diferentes áreas que atuam nesse espaço. Bem como a sensibilização no processo de tratamento e da vinculação entre pacientes, familiares cuidadores e estudantes. A aproximação teórica vivenciada possibilitou o enriquecimento de nossos conhecimentos acadêmicos auxiliando nossa preparação profissional, não pautada somente em conhecimentos técnicos, mas também no que vivenciamos em nossos atendimentos e na observação da dinâmica de funcionamento da relação entre pacientes e estudantes durante as sessões, que em nosso entendimento deve se estabelecer de maneira humanizada; compreendemos que dessa forma o paciente também será o maior beneficiado. Esse é nosso principal foco e nossa maior preocupação, que o paciente possa ser acolhido da forma mais humanizada possível, respeitando sua singularidade e buscando promover a sua autonomia sempre que possível. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATUZZI, M. M. Por uma psicologia humana. 2. ed. Campinas: Alínea, 2008. BLEGER, J. Psico-higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984. - 200 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq BLEGER, J. Temas de psicologia: entrevista e grupos. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. PALAVRAS-CHAVES: interdisciplinaridade, psicologia, vivência. - 201 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq EXPERIÊNCIA DA PSICOTERAPIA EM GRUPO COM PACIENTES EM TRATAMENTO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES COSTA, L. R. S.1; SANTOS, M. A.2 1 2 Universidade de São Paulo (USP), discente; Universiadade de São Paulo (USP), docente. [email protected]; [email protected] INTRODUÇÃO Atualmente, percebe-se um aumento considerável de casos dos denominados Transtornos Alimentares (TA), principalmente em mulheres, cada vez mais jovens. Hoek e Hoeken (2003) verificaram que a incidência de TA é de 8 em 100 mil indivíduos da população por ano. Com os altos índices de morbidade e mortalidade, o tema vem ganhando maior visibilidade social, apresentando-se como uma grande desafio para a saúde pública no século que vivemos. Os TA são definidos como quadros psiquiátricos, nos quais se percebe graves alterações no comportamento alimentar, os mais recorrentes são a Anorexia Nervosa (AN) e a Bulimia Nervosa (BN). A AN está relacionada com a persistente recusa em manter o peso mínimo esperado para a idade e a altura, apresentando distorção na percepção do peso e forma. A BN está relacionada com um sentimento de descontrole sobre o comportamento alimentar, resultando em episódios de comer compulsivo, seguidos de comportamentos compensatórios na tentativa de evitar o aumento do peso. O aumento da incidência dos TA está relacionada com aspectos sócio-culturais, já que, na atual sociedade capitalista ocidental existe um padrão de beleza que se impõe, que vem assumindo antropometrias cada vez menores (SANTOS, 2006). Nesse contexto, a aparência física surge como uma grande medida de valor social. Além destes fator, podem ser mencionados outros, como, a dinâmica familiar e aspectos da personalidade do indivíduo (OLIVEIRA; SANTOS, 2006). Como intervenção terapêutica no contexto de TA, aparece a psicoterapia grupal de orientação psicodinâmica, onde os participantes são estimulados a relatar sobre temas relevantes em sua vida, trazendo sentimentos e pensamentos relacionados com suas vivências. O psicoterapeuta, tem a função de auxiliar a manifestação do mundo subjetivo, e ajudar o paciente na identificação de seus sentimentos, na compreensão do significado da experiência emocional vivenciada, ampliando sua tolerância afetiva (CAÑETE; VITALLE; SILVA, 2008). OBJETIVO O presente trabalho objetiva investigar os limites e possibilidades de atuação do psicólogo dentro de um grupo psicoterápico com pacientes que possuem transtornos alimentares. O grupo está inserido no contexto de um serviço de atenção a TA, portanto, pretende-se investigar quais são os benefícios terapêuticos que o grupo psicoterápico proporciona neste contexto amplo de intervenção. METODOLOGIA Participantes - 202 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Participaram do presente estudo pacientes do Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares (GRATA), todas mulheres, que possuem entre 18 e 60 anos, com diagnóstico de Transtorno Alimentar. O GRATA foi implantado em 1981 dentro do Ambulatório de Nutrologia do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, sendo responsável pelo atendimento de pacientes com diagnóstico de TA. A equipe do serviço é multidisciplinar, composta por médicos nutrólogo e psiquiatra, nutricionaistas, psicólogos e estagiários da graduação em Psicologia. O ambulatório do GRATA acontece às sextas-feiras a partir das 15 horas, quando os pacientes passam pelas consultas dos diferentes profissionais. A frenquência dos retornos varia de acordo com a gravidade do caso, podendo ser semanal, quinzenal ou mensal (quanto mais agudo, maior a frequência). Nos dias agendados para o retorno, os pacientes devem vir acompanhados de familiares e, antes das consultas, participam dos grupos terapêuticos. Os familiares participam de um grupo educativo coordenado pela psiquiatra e de um grupo psicoterápico coordenado por psicólogos e estagiários da psicologia. Os pacientes participam de um grupo educativo coordenado por nutricionistas e de um grupo psicoterápico coordenado por psicólogos e estagiários da psicologia. O grupo alvo deste trabalho será o grupo psicoterápico com os pacientes do serviço. O grupo tem como referencial teórico a psicodinâmica. Como os pacientes participam do grupo no dia de seus retornos, trata-se de um grupo aberto, que a cada sexta apresenta uma composição diferente, com duração de 90 minutos. Normalmente, participam do grupo de três a oito pacientes. Procedimento Serão utilizadas 15 sessões do grupo psicoterápico experenciadas pelos autores deste trabalho na posição de coordenadores. Posteriormente, foram feitos relatos sobre seus aspectos mais relevantes, que serão material para este trabalho. Os dados obtidos durante os grupos e as leituras dos relatos serão analisados a partir do referencial teórico psicanalítico, sob a abordagem qualitativa de investigação científica. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos grupos observados, percebeu-se que assuntos referentes à sintomatologia dos transtornos alimentares são bastante recorrentes, funcionando, muitas vezes, como disparadores de outras temáticas elaboradas no grupo. As pacientes falam sobre suas dificuldades de controlar os vômitos ou reduzir o uso de lachantes, falam sobre o desejo de emagrecer mesmo estando em um peso abaixo daquele esperado pelos médicos e da dificuldade que algumas encontram de, em certos momentos, controlar a ingestão de alimentos. Estas falas são mais recorrentes nas pacientes que estão iniciando o tratamento, que relatam sobre como está sendo difícil seguir o tratamento, já que, muitas vezes, a procura pelo GRATA não partiu delas, mas sim da família. Isto pode ser um limite para a terapia, já que às vezes as pacientes desistem do tratamento, faltam das consultas. Além disso, esta fala, frequentemente, são indícios de resistência para conversarem sobre os sentimentos e emoções que estão por trás do desenvolvimento do transtorno. Entretanto, como favorecedor neste contexto, surgem as falas das pacientes mais experientes do GRATA, que são de compreensão em relação às dificuldades - 203 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq das colegas em aderirem ao tratamento, pois afimam já terem passado por isso. Além de acolher as angústias, elas também buscam motivá-las por meio do relato dos progressos que obteram com a adesão ao tratamento. Essa troca de experiências é benéfica tanto para as iniciantes, que veêm nas outras possibilidades de melhoras, como para as mais experientes, que podem ter uma percepção dos seus avanços dentro do transtorno. Como exemplo desta função terapêutica do grupo, podemos mencionar uma fala de uma paciente que participava do grupo pela primeira vez, ela disse que não deseja iniciar o tratamento, pois não quer engordar e teme que seja internada. Sobre isso, uma outra paciente, que já ficou internada por seis meses na psiquiatria, diz que já sentiu o que ela estava sentindo, mas que esse tempo que ficou internada por um lado foi bom, porque estava tentando acabar com a própria vida e não estava percebendo isso, durante a internação disse que pode pensar sobre e se recuperar. No próximo grupo que a iniciante participou, disse que ainda estava muito receosa com as consultas ambulatoriaias, que não sabe se vai seguir as ordens médicas, mas que está gostando de participar do grupo de psicoterapia, porque se sentiu acolhida, pois percebeu que outras pessoas também têm as mesmas dificuldades que ela e estão conseguiram melhorar. Nesse sentido, a relativa homogeneidade entre as pacientes que participam do GRATA facilita a troca de experiências entre os pacientes. Contudo, a homogeneidade é somente com relação ao diagnóstico, sendo o grupo heterogêneo em relação aos níveis sócio-econômico e idade, além das diferenças entre a gravidade do transtorno. Assim, “Explora-se o potencial terapêutico do encontro das diferenças individuais (pluralidade de experiências) em um contexto de relativa homogeneidade, garantida – mas só até certo ponto – pelo diagnóstico comum” (SANTOS, 2006, p. 390). Diante das falas das pacientes sobre a sintomalogia dos transtornos, cabe ao psicólogo coordenar o grupo para que essas falas caminhem na direção de revelar qual é a função que estes sintomas têm dentro da dinâmica psíquica destas pacientes, pois, na perspectiva psicodinâmica, os sintomas devem ser abordados a partir do “entendimento de que representam adptações às demandas de um texto inconsciente forjado pela mistura de impulsos, defesas, relações objetais e pertubações do eu” (GABBARD, 1992, p. 26). Desta forma, o terapeuta exerce o papel de propiciar para que, a partir dos conteúdos que emergem no grupo, os participantes possam refletir sobre seus próprios sentimentos e atitudes. Como percepção disso, pode ser citada a fala de uma paciente, que ao final de um encontro do grupo, diz que percebe o grupo de psicoterapia como um “espelho retrovisor”, pois, com o relato das vivências das outras participantes, pode enxergar com um outro ângulo suas próprias experiências. Todavia, este espelho não é estático, sendo regulado pela fala dos terapeutas, por isso seria retrovisor. Como exemplo dessa atuação terapêutica, podemos citar um grupo no qual uma participante começa sua fala bastante emocionada contando sobre a morte de uma pessoa que faleceu por conta de dívidas com drogas. A participante disse que ficou impressionada com o fato de que como que a entrada em um caminho não seguro pode matar com tanta facilidade alguém (essa participante havia tentado se matar há cerca de um mês antes desse grupo). A terapeuta levantou o questionamento sobre como que seria para elas, estar em uma posição que se - 204 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq coloca a própria vida em risco. Com isso, uma outra participante relata que acha que o transtorno alimentar era algo parecido, que sem perceber, elas estavam se matando. Então, a participante que trouxe a história, conta que percebe que parece que não está tendo o controle suficiente para tentar se manter viva. Neste exemplo, podemos perceber que um conteúdo que emergiu no início do grupo, aparentemente um fato cotidiano, com a intervenção terapêutica, pode propriciar que a conversa caminhasse no sentido de facilitar que as participantes entrassem em contato com os próprios sentimentos e emoções. Frequentemente, nos grupos observados, aparece o fato das pacientes dizerem que recebem pressões externas extremamentes exigentes, algumas dizem que são cobradas a irem bem nos estudos, outras a não saírem de casa. Além disso, surgem muitas falas sobre o fato de sentirem que as pessoas não acreditam nas suas capacidades, que não irão ter sucesso. Os terapeutas tentam conduzir a conversa levantando o questionamento sobre quanto que elas também são exigentes consigo próprias, não se sentindo satisfeitas com suas realizações. Acredita-se que esse novo olhar para os seus próprios sentimentos e atitudes, abre possibilidades para que sejam ressignificados e reconfiguradas de forma mais saudável. Sobre essa possibilidade de ressignificação, aparece o exemplo de um grupo, no qual as pacientes iniciam falando sobre a impossibilidade de agir diante da morte, sendo algo que pode acontecer a qualquer momento, assim, sentem-se com muito de medo de viver, de agir diante da vida. No final do grupo, uma paciente termina falando, que a morte existe, mas também existe vida, então, enquanto estiver viva, deseja viver o que a vida tem de bom. CONSIDERAÇÕES FINAIS A psicoterapia grupal trata-se apenas de uma das estratégias utilizadas para o tratamento de pacientes com transtornos alimentares, já que o trabalho é multidisciplinar, considerando os vários fatores desencadeadores e mantenedores do transtorno, mas, aparece como grande contribuinte devido aos fatores terapêuticos que proporciona. O trabalho terapêutico é limitado, devido à gravidade clínica dos casos e à resistência das pacientes em aderir ao tratamento. Todavia, é bastante produtivo, quando se pensa na troca de experiência que o grupo proporciona, na possibilidade de ressignificação e reconfiguração de aspectos subjacentes ao desenvolvimento do transtorno. Por fim, devido ao fato dos transtornos alimentares, tratarem-se de uma problemática que merece atenção pública, sendo um grave problema social no atual século, devido à sua alta prevalência e às suas graves consequências, a reflexão sobre possíveis estratégias de ajuda é pertinente para a melhora da atenção à saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Practice guidelines for the treatment of patients with eating disorders. Terceira edição. Washington, DC (2010). GABBARD, G. Psiquiatria Psicodinâmica na prática clínica. Artes Médicas, Porto Alegre, 1992. - 205 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq HOEK, H. W.; HOEKEN, D. Review of the prevalence and incidence of eating disorders. 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RESENDE, T.M.1,2; SILVA, E.V.C.1,2; MORAES, C. 1,3, REBELATO, H.J.1,3; CATISTI, R.1,4 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Orientador. 4 2 Discente; 3 Mestrando; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Placenta é um órgão transitório, responsável pela nutrição do feto; serve como órgão de excreção (DESOYE, SHAFIR, 1994) além de exercer funções de proteção, trocas gasosas (BERNIRSCHE, KAUFAMANN, 1990) e síntese de proteínas e hormônios (SIMPSON, MACDONALD, 1981). Para dar cabo a todas essas funções, a placenta é, metabolicamente, um órgão muito ativo, o metabolismo de energia tem importante papel e defeitos placentários no sistema de provisão de energia têm um sério impacto nos processos de desenvolvimento fetal. A mitocôndria é responsável pelo fornecimento de energia na placenta que depende essencialmente da utilização da glicose (ILLSLEY, 2000). Honzik e colaboradores estudam, em placenta humana, fatores que podem afetar negativamente o processo de fosforilação oxidativa mitocondrial e com isso alterar o processo de desenvolvimento do feto (HONZIK et al, 2006). O conceito de “programação” ou imprinting tem sido utilizado para explicar a associação entre eventos que ocorrem em fase pré-natal, que determinam alterações do crescimento fetal, e que podem se tornar fisiopatológicos na idade adulta (SECKL, 1998; SECKL, 2004). Restrições nutricionais maternas durante o desenvolvimento intra-uterino são reconhecidas causas de mortalidade ao nascimento (KINGDOM et al, 1997) e estão associadas a disfunções renais pósnatais (VANPEE et al, 1992), ao risco de desenvolvimento de hipertensão arterial e a doenças cardiovasculares na idade adulta (BARKER et al, 1989; LAW et al, 1991; WILLIAMS et al, 1992). Onis e colaboradores estimam que cerca de 53% da mortalidade perinatal é atribuída ao baixo peso (ONIS et al, 2004). Desta forma, existe hoje ampla aceitação que tanto as fases gestacionais quanto os primeiros anos de vida são determinantes no desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares na idade adulta (para revisão ver WINTOUR et al, 2003; MYATT, 2006). OBJETIVO O presente trabalho visa investigar na idade adulta, a repercussão de restrição protéica gestacional (RPG) na função hepática. Estudamos, especificamente, em mitocôndrias hepáticas isoladas de ratos adultos machos, de 2, 4, 6, 8 e 10 meses, filhos de mães submetidas à privação protéica gestacional, o consumo de oxigênio como parâmetro energético mitocondrial. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA O presente trabalho teve aprovação do Comitê de Ética, CEP, protocolo número 257/2010. O estudo foi realizado em prole de ratas Wistar alimentadas com ração - 207 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq padrão para ratos (17% de proteína, NP) ou com ração hipoprotéica (6% de proteína, LP) durante todo o período gestacional. Após o desmame, os animais receberam como alimentação, ração comercial (Nuvilab CR-1, da Nuvital). Os estudos dos efeitos da restrição protéica materna na prole foram realizados em mitocôndrias de fígado, retirados de ratos machos Wistar-Hannover, de idade entre 2 e 10 meses. Isolamento de mitocôndrias hepáticas Mitocôndrias foram isoladas de fígado de ratos por centrifugação diferencial, segundo Schneider & Hogeboom (SCHNEIDER, HOGEBOOM, 1950), após jejum de 12 horas. Consumo de oxigênio mitocondrial As suspensões mitocondriais foram colocadas em câmara de vidro (1,0 mL, com agitação), conectada a oxígrafo Oxytherm Hansatech Instruments Ltd, a 28º C. Análise dos resultados - Todos os resultados foram representativos de uma série de 3 a 6 experimentos, com diferentes preparações mitocondriais. Nos casos onde dois grupos foram comparados, foi utilizado Teste t de Student, não pareado, com nível de significância de 5 % (p<0,05), sendo os resultados expressos como média ± erro padrão da média (X ± E.P.M.). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi verificado o desempenho da respiração mitocondrial entre animais machos, com diferentes idades (entre 2 e 10 meses), quanto à sensibilidade frente as condições de estresse oxidativo induzido por cálcio e fosfato inorgânico. Sob estas condições experimentais, grupo de animais submetidos à RPG (LP, filhos de mãe em RPG, 6% de proteína) tem sua respiração mitocondrial acelerada frente ao grupo controle (NP, filhos de mãe alimentada com dieta de 17% de proteína). Valores significativos (p<0,05) foram encontrados somente para o grupo de ratos de idade de 2 e 4 meses (NP, 2 meses, 63,19 ± 1,518 nmoles de O2 mg-1min-1; LP, 2 meses, 101,7 ± 8,04 nmoles de O2 mg-1min-1; NP,4 meses, 63,82 ± 0,4458 nmoles de O2 mg-1min-1; LP, 4 meses, 109,1 ± 5,397 nmoles de O2 mg-1min-1). Esse resultado sugere que mitocôndrias isoladas de fígados de animais submetidos à RPG estão mais suscetíveis às mesmas condições de transição de permeabilidade mitocondrial que as mitocôndrias isoladas do grupo de animais controle. Para um mesmo estímulo de dano oxidativo (10 µM CaCl2 e 2 mM Pi), mitocôndrias isoladas de animais jovens, filhos de mães restritas respiram mais, como forma compensatória, para suprir maior produção de EROs ou menor produção de enzimas antioxidantes. Assim, a RPG parece induzir maior suscetibilidade ao fígado da prole às condições de estresse oxidativo, sensibilizando as mitocôndrias, que respondem/reagem mais prontamente ao mesmo estímulo, por exemplo, a cálcio e fosfato, que fígado da prole de não restritos, somente até a idade de 4 meses. A partir do 6º mês, o fígado do animal se recupera da privação protéica gestacional. Castilho e colaboradores (CASTILHO et al, 1994) demonstraram que a permeabilização da membrana mitocondrial era mediada por lipoperoxidação e fragmentação de proteínas devido ao ataque causado por EROs na presença de cálcio e do sistema gerador de radicais livres Fe2+ citrato. Resultados mostram que o - 208 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq efeito da lipoperoxidação em mitocôndrias isoladas de fígados de animais machos, filhos de mãe controle (NP) ou filhos de mãe em RPG (LP), sobre o consumo de oxigênio insensível à antimicina A foi significativo (p<0,05) apenas para animais de 2 meses (NP 43.57 ± 1.335 nmoles de O2 mg-1min-1; LP 72.40 ± 7.277 nmoles de O2 mg-1min-1) e de 4 meses (NP 57.75 ± 4.484 nmoles de O2 mg-1min-1; LP 85.36 ± 4.33 nmoles de O2 mg-1min-1). Para ratos machos mais velhos, não houve diferença significativa: 6 meses (NP 63.09 ± 1.039 nmoles de O2 mg-1min-1; LP 74.35 ± 4.183 nmoles de O2 mg-1min-1); 8 meses (NP 50.98 ± 3.630 nmoles de O2 mg-1min-1; LP 65.79 ± 7.706 nmoles de O2 mg-1min-1), ou 10 meses de idade (NP 57.48 ± 1.535 nmoles de O2 mg-1min-1; LP 63.93 ± 3.118 nmoles de O2 mg-1min-1). Esse resultado indica que, a RPG induz a lipoperoxidação em membranas mitocondriais hepáticas de ratos machos adultos jovens. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Um trabalho recente (QASEM et al., 2010) evidencia que restrição protéica materna durante a gravidez reduz o teor de lipídios seletivamente na prole masculina. Esta redução pode levar a alterações de lipídeos/proteína da membrana mitocondrial interna, o que poderia promover o aumento da produção de EROs pela cadeia de transporte de elétrons e alterar velocidade de respiração mitocondrial. Com essa informação somada aos nossos resultados, podemos concluir que a RPG altera o metabolismo mitocondrial na prole masculina de ratos adultos jovens, tornando-os mais sucetíveis às condições de estresse oxidativo e que, provavelmente, induz mudanças no teor de lipídios mitocondriais hepáticas. A partir do 6º. mês de idade, as alterações provocadas pela desnutrição protéica gestacional são superadas e o tecido hepático retorna às suas condições fisiológicas normais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARKER, D.J.P.; OSMOND, C.; GOLDING, J.; KUH, D.; WADSWORTH, M.E.J. Growth in utero, blood pressure in childhood and adult life, and mortality from cardiovascular disease. BMJ, 298:564-567, 1989. BERNIRSCHE, K., KAUFAMANN, P. Editors. Pathology of the human placenta, 2nd ed. New York: Springer Verlag, 1990. CASTILHO, R.F., KOWALTOWSKI, A.J., MEINICKE, A.R., VERCESI, A.E. Oxidative damage of mitochondria induced by Fe(II)citrate or t-butyl hydroperoxide in the presence of Ca2+: effect of coenzyme Q redox state. Free Radical Biol. Med. 18: 55-59, 1995. CASTILHO, R.F., MEINICKE, A.R., ALMEIDA, A.M., HERMES-LIMA, M., VERCESI, A.E. Oxidative damage of mitochondria induced by Fe(II)citrate is potentiated by Ca2+ and includes lipid peroxidation and alterations in membrane proteins. Arch. Biochem. Biophys. 308: 158-163, 1994. DESOYE, G.; SHAFIR, E. Placental metabolism and its regulation in health and diabetes. Mol. Aspects Med, 15:505-682, 1994. - 209 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq HONZIK, T.; DRAHOTA, Z.; BÖHM, M.; JESINA, P.; MRÁCEK, T.; PAUL, J.; ZEMAN, J.;HOUSTEK, J. Specific properties of heavy fraction of mitochondria from human-term placenta – glycerophosphate-dependent hydrogen peroxide production. Placenta, 27:348-356, 2006. ILLSLEY, N. P. Glucose transporters in the human placenta. Placenta, 21:14-22, 2000. KINGDOM, J.C.P.; BURREL, S.J.; KAUFMANN, P. Pathology and clinical implications of abnormal umbilical artery Doppler weveforms. Ultrasound Obstet Gynecol 9:271-286, 1997. KOWALTOWSKI, A.J., CASTILHO, R.F., VERCESI, A.E. Opening of the mitochondrial permeability transition pore by uncoupling or inorganic phosphate in the presence of Ca2+ is dependent on mitochondrial-generated reactive oxygen species. FEBS Lett. 378: 150-152, 1996. LAW, C.M.; BARKER D.J.P.; BULL, A.R.; OSMOND, C. Maternal end fetal influences on blood pressure. Arch Dis Child 61:1291-1295, 1991. MYATT, L. Placetal adaptive responses and fetal programming. J. Physiol 572.1: 25-30, 2006. NICHOLLS, D.G.; ÅKERMAN, K.E.O. Mitocondrial calcium transport. Biochim. Biophys. Acta. 683: 57-88, 1982. ONIS, M.; BLÖSSNER, M.; BORGHI, E.; FRONGILLO, E.; MORRIS, R. Estimates of Global Prevalence of Childhood Underweight in 1990 and 2015. JAMA, 291:26002606, 2004. QASEM RJ, CHERALA G, D'MELLO AP. Maternal protein restriction during pregnancy and lactation in rats imprints long-term reduction in hepatic lipid content selectively in the male offspring. Nutr Res. Jun;30(6):410-7, 2010. SCHNEIDER, W.C. & HOGEBOOM, G.H. Intracellular distribution of enzymes. V. Further studies on the distribution of cytochrome C in rat liver homogenates. J. Biol. Chem. 183: 123-128, 1950. SECKL, J.R. Physiologic programming of the fetus. Clinics in perinatology 15: 939964, 1998. SECKL, J.R. Prenatal glucocorticoids and long-term programming European Journal of Endocrinology, 151: U49-U62, 2004. SILVA, C.C.; CERQUEIRA, F.M.; BARBOSA, L.F.; MEDEIROS, M.H.G.; KOWALTOWSKI, A.J. Mild mitochondrial uncoupling in mice affects energy metabolism, redox balance and longevity Aging Cell 7: 552–560, 2008. - 210 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq SIMPSON, E.R.; MACDONALD, P.C. Endocrine physiology of the placenta. Annu Rev Physiol, 43:163-188, 1981. VANPEE, M.; BLENNOW, M.; LINE, T.; HERIN, P.; APERIA, A. Renal function in very low birth weight infants: Normal maturity reached durin early childhood. J Pediatr, 121:784-788, 1992. WILLIAMS, S.; GEORGE, I.M.; SILVA, P.A. Intrauterine growyh retardation and bool pressure at age seven and eighteen. J Clin Epidemiol, 45:1257-1263, 1992. WINTOUR, E.M.; JOHNSON, K.; KOUKOULAS, I.; MORITZ, K.; TERSTEEG, M.; DODIC, M. Programming the cardiovascular system, kidney and the brain--a review. Placenta, 24 Suppl A:S65-71. 2003 ÓRGÃO FINANCIADOR: FAPESP, FHO/UNIARARAS, PIBIC/CNPq e PROSUP/CAPES TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: SIM PALAVRAS-CHAVES: prole, restrição protéica gestacional, estresse oxidativo. - 211 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DA SUTURA PALATINA MEDIANA POR MEIO DA RADIOGRAFIA OCLUSAL EM PACIENTES TRATADOS COM EXPANSÃO RÁPIDA MAXILAR LEÃO, F.G.P. ¹, SANTAMARIA JR, M. ², VALDRIGHI, H. ³, VEDODELLO FILHO, M. 4, VEDOVELLO, S.A.S 5. 1 2 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP. ; Discente- Centro Universitário 3 Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP ; Co-orientadora- Centro Universitário Hermínio 4 Ometto – UNIARARAS, Araras, SP ; Coordenador do curso de mestrado em ortodontia- Centro 5 Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP; Orientador – Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS. [email protected], [email protected]. INTRODUÇÃO Dentre as maloclusões de maior freqüência, destacam-se a mordida cruzada (KUTTING & HAWES, 1969), que pode ser definida como a relação anormal, vestibular ou lingual de um ou mais dentes da maxila, com um ou mais dentes da mandíbula, quando os arcos dentários estão em relação cêntrica, podendo ser uni ou bilateral (LOCKS et al., 2008). Um dos recursos de tratamento utilizado para a correção da mordida cruzada posterior é a Expansão Rápida da Maxila (ERM), por meio da abertura mecânica da sutura palatina mediana com aparelho disjuntor palatino. A sutura palatina mediana pode ser aberta a uma extensão suficiente para causar um alargamento significativo da maxila no sentido transversal, fazendo parte de um procedimento ortopédico/ortodôntico. Com o propósito de normalizar essas situações, a ERM compreende um recurso clínico incorporado integralmente à mecanoterapia contemporânea, independentemente da técnica empregada (DAVID et al., 2009). Com a ERM, podem-se posicionar as bases apicais maxilar e mandibular em um equilíbrio, restabelecendo com o mínimo de esforço uma boa funcionalidade da oclusão (FILHO, R.M.A.L.,2009). Para a realização da disjunção maxilar, também deve ser respeitado um limite de idade, uma vez que ao final do crescimento ocorre a consolidação da sutura palatina mediana (QUAGLIO et al., 2009). OBJETIVO O objetivo deste trabalho foi avaliar a sutura palatina mediana de pacientes submetidos à expansão rápida maxilar, com aparelho disjuntor do tipo Hyrax. Material e métodos: Para tal foram selecionadas 36 radiografias de pacientes com idade entre 8 e 13 anos,pertencentes aos arquivos do curso de pós-graduação em ortodontia da Uniararas, executadas em fases diferentes do tratamento: a primeira na fase de prédisjunção e a segunda pós-disjunção. As mesmas foram avaliadas em negatoscópio com iluminação adequada e auxílio de um paquímetro digital, como parâmetros foram analisadas as distâncias entre as cristas ósseas alveolares dos incisivos centrais superiores. - 212 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos pelo teste do Qui-quadrado mostraram que não houve diferenças estatisticamente significantes entre os gêneros masculino e feminino com relação à idade (p=0,4795), o teste t (não pareado) revelou que houve diferenças significantes (p<0,05) entre as medidas iniciais e finais tendo em média um aumento de 2,29 mm na medida final e a análise dos dados (ANOVA e Tukey) mostrou que não houve diferenças estatisticamente significantes (p>0,05) entre os gêneros considerando isoladamente a medida inicial ou final. Entretanto, houve diferenças significativas entre as medidas iniciais e finais, considerando cada gênero separadamente. É de suma importância para se obter uma oclusão estável e satisfatória, estabelecer uma relação esquelética normal no sentido transversal, entre as bases ósseas. Para tal é necessário que a sutura palatina seja aberta, o que é conseguido de maneira eficaz pela técnica de ERM, ocorrendo à disjunção dos ossos maxilares, mas a mesma deve ocorrer de uma maneira na qual não cause grandes inclinações nos dentes posteriores (ROSSI et al, 2009). Segundo (FERREIRA et al, 2007) a expansão varia de acordo com as necessidades individuais e é preconizada uma sobrecorreção, não pela abertura da sutura, mas pela recidiva da inclinação dos dentes posteriores após a contenção. Todos os pacientes apresentaram surgimento ou aumento de diastema interincisivos, o que também foi evidenciado no trabalho de DAVID et al, 2009. Alguns pacientes já apresentavam diastema, devido à fase da dentição em que se encontravam durante o tratamento ou por presença de anomalias de número, como mesiodens. O procedimento de ERM visa corrigir as atresias do arco dentário superior, mostrando muita eficiência em aumentar as dimensões transversas maxilares (GARIB et al, 2005), o que também foi evidenciado no presente estudo. Nas radiografias oclusais, a sutura palatina mediana, aparece como uma linha estreita e radiolúcida, e imediatamente após a ERM, essa linha se torna mais larga (MACEDO et al, 2009). Todos os pacientes submetidos à disjunção eram relativamente jovens, estando dentro de uma faixa etária preconizada para tal terapia. Sendo a época ideal para realização do tratamento, o mais precoce possível, desde que o paciente aceite a intervenção para que a correção permita um crescimento adequado (LOCKS et al, 2008), mostrando também a importância fundamental do diagnóstico diferencial no planejamento do tratamento (BARRETO et al, 2005). Com a terapia proposta para correção da deficiência transversal, a dimensão da maxila nesse sentido pode ser aumentada e o espaço temporário que se forma na região da sutura é preenchido por novo tecido ósseo (FILHO, R.M.A.L.,2009) ,o que concorda com o estudo realizado. Considerações finais: Baseado nos resultados obtidos e nas evidências clínicas observadas pode-se concluir que: Houve um aumento considerável da sutura palatina mediana nos pacientes que se submeteram à disjunção, comprovando a eficiência de tal intervenção ortodôntica. Clinicamente observou-se abertura de diastema entre os incisivos centrais superiores. - 213 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Independentemente do gênero, ambos os sexos apresentaram valores positivos de abertura sutural, podendo ser encontrado um aumento maior no gênero feminino quando analisado separadamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARRETO, G.M. et al. Avaliação transversal e vertical da maxila, após expansão rápida, utilizando um método de padronização das radiografias póstero-anteriores. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.10, n.6, p. 91102, nov/dez 2005. DAVID, S.N.M. et al. Avaliação e mensuração da sutura palatina mediana por meio da radiografia oclusal total digitalizada em pacientes submetidos à expansão rápida maxilar. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial: v. 14, n. 5, p. 62-68, set./out. 2009. FERREIRA, C.M.P. et al. Efeitos dentais e esqueletais mediatos da ERM utilizando o disjuntor Hyrax. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.12, n.5, p. 36-48, jul/ago 2007. FILHO, R.M.A.L. Alterações na dimensão transversal pela expansão rápida da maxila. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.14, n.5, p. 146-157, set/out. 2009. GARIB, D.G. et al. Avaliação da expansão rápida da maxila por meio da tomografia computadorizada: relato de um caso. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.10, n.4, p. 34-46, jul/ago 2005. KUTTIN, G.; HAWES, R. R. Posterior crossbite in deciduous and mixed dentition. Am. J Orthod., St. Louis, v. 56, n. 5, p. 491-504, 1969. LOCKS, A. et al. Mordida cruzada posterior: uma classificação mais didática. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.13, n.2, p.40-49, 2008. MACEDO, M.C. et al. Análise da densidade óptica da sutura palatina mediana seis meses após a expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.14, n.5, p. 101-108, set/out 2009. QUAGLIO, C.L. et al. Classe II divisão 1 associada a deficiência transversal maxilar: tratamento com disjuntor tipo Hyrax e aparelho de Herbst – relato de caso clínico. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.14, n.5, p.118128, set/out. 2009. ROSSI et al. Expansão maxilar em adultos e adolescentes com maturação esquelética avançada. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.14, n.5, p.43-52, set/out. 2009. - 214 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Órgão financiador: CNPq. Trabalho de iniciação científica. Palavras chave: técnica de expansão palatina; aparelho ortodôntico; maloclusão. - 215 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq INFLUÊNCIA DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO E MODULAÇÃO DA IRRADIÂNCIA NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE BRÁQUETES EM INCISIVOS BOVINOS AVELAR, A. H.1; CORRER, A. R. C.2; VALDRIGHI, H. C.3; VEDOVELLO FILHO, M.4; VEDOVELLO, S. A. S.5. 1 2 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP., Discente; Centro Universitário 3 Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP., Profissional; Centro Universitário Hermínio Ometto – 4 UNIARARAS, Araras, SP., Docente; Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, 5 SP., Co-orientador; Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP., Orientador. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O procedimento de colagem de braquetes em dentes humanos representou um dos maiores avanços da Ortodontia na montagem de aparelhos ortodônticos, descartando o uso de bandas. Essa evolução somente tornou-se possível após a técnica do condicionamento ácido desenvolvida por (BUONOCORE,1955) possibilitando o aumento na aderência dos materiais resinosos na coroa dentária. As resinas compostas foram introduzidas no mercado odontológico no início dos anos 60 com indicação para dentes anteriores, em substituição aos restauradores estéticos: cimento de silicato e resina acrílica (BOWEN, 1963). Devido às melhorias alcançadas, os compósitos permitiram que as indicações clínicas fossem ampliadas, possibilitando também o uso em colagem de braquetes. A luz emitida por diodo (LED) foi desenvolvida com o objetivo de minimizar o calor gerado durante a fotoativação produzida pela luz halógena (UHL et al., 2003). O LED emitindo um comprimento de onda de 455 a 486nm se relaciona com a taxa de absorção do espectro da canforoquinona. O LED é constituído de materiais semicondutores que determinam o tipo de luz emitida (BURGUESS et al., 2002). Cada material semicondutor apresenta uma faixa de energia, que determinará o espectro de emissão de luz, caracterizando a cor emitida (KURACHI et al., 2001). O espectro emitido pela fonte de luz e o espectro de absorção do fotoiniciador é dependente de outros fatores como: a irradiância (mW/cm 2) emitida pela fonte de luz e o tempo de exposição. Caso o compósito não receba quantidade suficiente de densidade de energia (irradiância), o grau de conversão monomérico será baixo (MUNKSGAARD et al., 2000), resultando em possível aumento da citotoxicidade, desgaste e quebra de margens (FERRACANE et al., 1997), assim como redução na dureza e no módulo de elasticidade (HARRIS et al., 1999). Deste modo, seria relevante a utilização de menores tempos de exposição no processo de colagem de braquetes. OBJETIVOS O objetivo deste estudo foi avaliar a resistência ao cisalhamento de braquetes metálicos colados em incisivos bovinos nas variáveis: 1. Tempo de exposição: 20 e 40 segundos. 2. Modulações da luz: baixa e alta irradiância. - 216 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq 3. Após a remoção dos braquetes avaliar também o Índice de Remanescente do Adesivo (IRA). MATERIAL E MÉTODOS Para este estudo foram utilizados 40 incisivos bovinos sem trincas ou qualquer defeito na superfície. Os dentes passaram por um processo de limpeza em água corrente, com auxílio de cureta periodontal (Duflex, S. S. White, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) visando à remoção dos resíduos do ligamento periodontal. Em seguida, foram congelados por 4 meses até a realização do estudo. Os dentes foram embutidos em tubos de PVC utilizando resina acrílica ativada quimicamente (Vipi Flash, Dentalvipi, Pirassununga, SP, Brasil). Para a colagem, foram utilizados 40 braquetes metálicos Roth (Morelli, Sorocaba, SP, Brasil) para incisivos centrais. O material para colagem foi o compósito resinoso Transbond XT (3M Unitek, Monrovia, Califórnia, EUA). Previamente a colagem, foi realizada a profilaxia dos dentes utilizando-se pedra pomes e água, taça de borracha e contra ângulo em baixa rotação (Dabi-Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil). Os dentes foram lavados pelo mesmo tempo, secos e submetidos ao procedimento de colagem. Os dentes foram divididos em 4 grupos (n=10) : G1 - tempo de exposição 20 segundos com baixa irradiância, G2 - tempo de exposição 20 segundos com alta irradiância, G3 - tempo de exposição 40 segundos com baixa irradiância e G4 - tempo de exposição 40 segundos com alta irradiância. O condicionamento do esmalte foi realizado com ácido fosfórico a 35% (Scothbond Etching Gel, 3M/ESPE, St. Paul, MN, EUA) por 20 segundos. Posteriormente foi aplicado o preparador de superfície Transbond XT Primer no esmalte utilizando um microbrush. O solvente foi evaporado com jato de ar por 10 segundos e o compósito resinoso Transbond XT foi aplicado na base dos braquetes. O posicionamento dos braquetes na superfície de esmalte foi realizado com pinça para colagem com pressão manual com a finalidade de extravasar o excesso de material, que foi removido com sonda exploradora. Para fotoativação foi utilizada luz emitida por diodo (LED) com o aparelho New Blue Phase (Ivoclair – Vivadent Schaan/Liechtenstein). As amostras foram armazenadas em água deionizada a 37ºC por 24 horas previamente ao ensaio de resistência ao cisalhamento que foi realizado em máquina de ensaio universal Instron (4411, Instron Ltd., High Wycombe, Bucks, United Kingdom), com velocidade de 0,5 mm/min. As amostras foram carregadas até a fratura e os dados obtidos em kgF foram convertidos em Newton para posterior cálculo da resistência (MPa), utilizando a seguinte fórmula: RC = F/A onde: RC = resistência ao cisalhamento; F = força necessária para remoção braquete-dente e A = área do braquete. O Índice de Remanescente Adesivo (IRA) foi realizado com auxílio de uma Lupa Estereoscópica (Carl Zeiss, MC 63A, Alemanha), com aumento de 40 vezes, seguindo o método proposto por ARTUN & BERGLAND: Escore 0 - indica a ausência de qualquer resíduo da camada adesiva no esmalte; Escore 1 - indica a presença de menos da metade da resina remanescente no esmalte; Escore 2 - indica a presença de mais da metade da resina remanescente no esmalte; Escore 3 - indica a presença de toda a resina remanescente no esmalte, juntamente com a impressão do desenho da base do braquete. - 217 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Os dados foram submetidos à Análise de Variância (2-way ANOVA) e as médias, ao teste de Tukey (5%). RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 e a Figura 1 mostram a comparação das médias de resistência ao cisalhamento (MPa) para os dois tempos de fotoativação, em função da irradiância. Foi observado que para o tempo de 20 segundos, maior média de resistência ao cisalhamento foi observada quando a alta irradiância foi utilizada, diferindo estatisticamente da baixa irradiância (p<0,05). Para o tempo de 40 segundos, não houve diferença estatística entre alta e baixa irradiância (p>0,05). Já quando foram comparados os tempos de fotoativação, foi observado que, para a alta irradiância, o tempo de 20 segundos não diferiu estatisticamente do tempo de 40 segundos (p>0,05). Para baixa irradiância, o tempo de 40 segundos mostrou maior média e diferiu estatisticamente do tempo de 20 segundos (p<0,05). Tabela 1 – Valores médios de resistência ao cisalhamento da união de bráquetes metálicos ao esmalte dental bovino (MPa) para nos tempos de fotoativação de 20 e 40 segundos, utilizando baixa ou alta irradiância. Tempo de fotoativação Intensidade 20 segundos 40 segundos Alta irradiância 18,35 a, A (7,18) 19,28 a, A (7,46) Baixa Irradiância 14,19 b, B (3,11) 18,77 a, A (7,72) Médias seguidas por letras minúsculas distintas na coluna e maiúsculas em linha, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, ao nível de 5%. ( ) - Desvio Padrão Resistência de união (kgf) 30 25 a, A a, A a, A 20 b, B 15 10 5 0 20 segundos Alta irradiância 40 segundos Baixa irradiância - 218 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Grupo de barras de cores iguais seguidas de mesma letra maiúscula e barras de cores diferentes seguidas de mesma letra minúscula não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, ao nível de 5%. Figura 1 – Ilustração gráfica dos valores médios de resistência ao cisalhamento da união de braquetes metálicos ao esmalte dental bovino (MPa) para nos tempos de fotoativação de 20 e 40 segundos, utilizando baixa ou alta irradiância. Os resultados da avaliação do IRA estão apresentados na Tabela 2. Para a intensidade de alta irradiância 20s, houve predominância de escore 2 e quantidades menores de escores 0 e 1. Para a intensidade de baixa irradiância 20s, verificou-se predominância de escores 1 e 2. Por outro lado, para a intensidade de alta e baixa irradiância 40s, houve predominância de escore 2. Tabela 2 – Percentual de escores (%) para o IRA dos diferentes grupos. Escore (%) Intensidade 0 1 2 3 20% 30% 40% 10% Baixa irradiância 20 s 10% 40% 40% 10% Alta irradiância 40 s - 50% 10% 10% 40% 20% Alta irradiância 20 s 40% Baixa irradiância 40 s 30% Desde a descoberta do condicionamento ácido (BUONOCORE, 1955) e o surgimento dos adesivos odontológicos, a técnica de colagem direta com uso de resina composta tem sido amplamente utilizada na colagem de braquetes ortodônticos com enorme índice de sucesso clínico. Existe uma infinidade de resinas fotopolimerizáveis no mercado. É necessário que o ortodontista conheça suas propriedades tais como, alta resistência, facilidade de manuseio durante a colagem, fácil remoção, dentre outras e utilize da melhor maneira possível cada propriedade de acordo com a sua necessidade. O uso de LED por períodos mais curtos parece ser uma boa alternativa para reduzir tempo na prática diária ortodôntica, mas estudos ainda são necessários. Apesar do surgimento do LED, a luz halógena ainda oferece bons resultados quando comparado com o de fotopolimerização de novos dispositivos (RÊGO, ROMANO, 2007). O compósito resinoso Transbond XT fotopolimerizado com LED não mostrou diferença estatística quando comparado ao fotopolimerizado com a luz halógena possibilitando o uso do LED pelos ortodontistas (TRIGUEIRO, 2008) e também ficou evidente que o compósito resinoso Transbond XT apresentou eficácia quanto à resistência ao cisalhamento em todos os braquetes ortodônticos analisados (VASQUES et al., 2005). - 219 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Para um bom desempenho clínico, a resistência adesiva média de um material utilizado na colagem de acessórios ortodônticos ao esmalte deve estar entre 5,6 MPa a 7,8 MPa (ROMANO et al., 2004). Neste trabalho os resultados encontrados G1= 14,19 MPa, G2= 18,35 MPa, G3= 18,77 MPa e G4= 19,28 MPa foram superiores aos preconizados, confirmando a alta adesão do compósito resinoso Transbond XT na colagem de braquetes independendo da modulação da irradiância e do tempo de exposição utilizados na fotopolimerização do material. Na avaliação do Índice de Remanescente do Adesivo (IRA), não foram encontradas diferenças estatísticas entre os grupos, mas observa-se uma predominância do escore 2 em todos os grupos, no qual podemos destacar que o Transbond XT apresenta comprovadas características de adesão (ROMANO, 2003). A avaliação do IRA é de grande interesse para o ortodontista, podendo escolher materiais que apresentam grande adesão ao esmalte dentário preservando a integridade do elemento dental e proporcionando segurança durante o tratamento ortodôntico. Assim, a escolha do material de colagem depende de uma avaliação criteriosa de suas propriedades clínicas (PITHON, 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Todos os grupos apresentaram uma resistência ao cisalhamento satisfatória suprindo as necessidades clínicas, ou melhor, resistência suficiente para suportar os esforços gerados pela mecânica ortodôntica, independendo da modulação da irradiância e do tempo de exposição utilizados na fotopolimerização do material. O compósito resinoso com menor tempo de exposição e maior irradiância (G2) apresentou resistência ao cisalhamento similar ao compósito com maior tempo de exposição e menor irradiância (G3), e as amostras obtiveram valores de resistência ao cisalhamento em ordem crescente de menor tempo de exposição e baixa irradiância para o maior tempo de exposição e alta irradiância. Com relação ao Índice de Remanescente do Adesivo, não houve diferença estatística entre os grupos, porém com a predominância do escore 2 concluímos a alta adesão ao esmalte dentário dado pelo compósito resinoso Transbond XT. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOWEN, R.L. Properties of silica-reinforced polymer for dental restorations. Journal of the American Dental Association, v. 66, p. 57-64, Jan, 1963. BUONOCORE, M.G. A simple method of increasing the adhesion of acrylic filling materials to enamel surfaces. Journal of Dental Research, v. 34, n. 6, p. 849-853, Dec., 1955. BURGESS, J.O.; WALKER, R.S.; PORCHE, C.J.; RAPPOLD, A.J. Light curing – an update. Compendium of Continuing Education in Dentistry, v. 23, n. 10, p. 889-92, 894, 896, Oct, 2002. FERRACANE, J.L.; MITCHEM, J.C.; CONDON, J.R.; TODD, R. Wear and marginal breakdown of composites with various degree of cure. Journal of Dental Research, v. 76, n. 8, p. 1508-1516, Aug, 1997. - 220 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq HARRIS, J.S.; JACOBSEN, P.H.; O´DOHERTY, D.M. The effect of curing light intensity and test temperature on the dynamic mechanical properties of two polymer composites. 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Resistência ao cisalhamento de diferentes braquetes metálicos: colados com resina composta fotoativada (Transbond). Estudo comparativo “In Vitro”. Revista Goiana Odontológica, Porto Alegre, v.53, n.3, p.186-190, jul/ago/set., 2005. ÓRGÃO FINANCIADOR: CNPQ/PIBIC - 221 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PALAVRAS-CHAVES: exposição. Resistência ao cisalhamento, braquetes, tempo - 222 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq de EFEITO DA RESTRIÇÃO CALÓRICA EM ANIMAIS OBESOS E RESISTENTES À INSULINA SOBRE A EXPRESSÃO PROTÉICA DA AMPK 1,3 ROVIGATTI JÚNIOR, S.; 1,3BARROSO, J.G.; 1,3BARALDI, L.G.; 1,3SACCINI, V.C.V.; SOUZA, E.E.; 2,3VANZELA, E.; 2,3RIBEIRO, R.; 2,3SILVA, J.C.R.S.; 1,2,4 AMARAL, M.E.C. 1,3 1 2 Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas; Departamento de Anatomia, Biologia Celular, 3 4 Fisiologia e Biofísica, Instituto de Biologia, Unicamp; Discente; Orientadora. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Os estudos de McCay em 1989 marcam o fato de que a restrição calórica (RC) moderada prolonga a vida de roedores de laboratório. Entre as principais conclusões dos estudos que envolveram RC está a afirmação de que as calorias direcionam a qualidade de vida, prevenindo ou evitando diversas doenças e conseqüentemente tornando o organismo longevo (BARGER et al., 2003). A RC pode prolongar a vida em várias espécies e tem sido proposto que a AMPK pode mediar parte deste efeito. A AMPK é ativada em resposta a fatores de estresse ambiental e nutricional que aumentam os níveis de AMP e diminuem os níveis de ATP intracelular (CARLING, 2004). A ligação de AMP à AMPK leva ao aumento da velocidade catalítica da enzima AMPK, o que torna a cascata de ativação da AMPK ultra-sensível, ou seja, pequenas mudanças nos níveis de AMP induzem aumento na atividade da AMPK (WINDER and HARDIE, 1999). Os ativadores da AMPK podem ser o estresse nutricional e ambiental e alterações nos níveis de insulina, leptina, adiponectina (MINOKOSHI et al., 2004), resistina e drogas antidiabéticas (BRUNMAIR et al., 2004). O resultado da ativação da AMPK é a intensificação de vias de produção de energia (catabólicas), tais como a oxidação de ácidos graxos e a glicólise e a inibição de vias de consumo de energia (anabólicas), tais como, síntese de ácidos graxos, síntese de colesterol, síntese de proteínas e gliconeogênese hepática (CARLING, 2004, 2005). A AMPK ativada pode reduzir a incidência de complicações cardiovasculares, por controlar os níveis de triglicérides, colesterol e ácidos graxos livres (MISRA and CHAKRABARTI, 2007). No entanto, raros são os estudos encontrados na literatura que caracterizam a expressão da AMPK em fígado em ratos de meia idade e senis, obesos e resistentes à insulina, submetidos à RC. OBJETIVO O objetivo do presente estudo é 1) avaliar o efeito da RC de 40% por 21 dias em relação à ingestão do animal controle sobre a expressão protéica da AMPK hepática em ratos de meia idade e de dois anos de vida, 2) investigar as alterações metabólicas através da dosagem de glicose, insulina, colesterol e triacilglicerol e glicogênio hepático e muscular e 3) aspectos histológicos e morfométricos do pâncreas endócrino desses animais. METODOLOGIA Foram utilizados ratos machos Wistar de um e dois anos de vida, fornecidos pelo biotério da Uniararas. Durante o período experimental o grupo Controle (CTL) - 223 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq recebeu ração comercial “ad libitum”, e o grupo Restrito (RC) recebeu 60% da ingestão calórica do grupo CTL durante 21 dias. Após este período foram realizados parâmetros bioquímicos plasmáticos de acordo com as instruções do fabricante, teste de tolerância intraperitoneal à glicose (i.p.GTT), análise histológica e morfométrica pelo programa Image J, imunocitoquímica para insulina e glucagon e em seguida a morfometria das ilhotas de Langerhans e Western Blotting para a AMPK total e fosforilada em fígado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados foram analisados comparativamente entre o grupo Controle e o grupo Restrito. A análise estatística dos resultados foi feita ANOVA seguido de Tukey; os resultados foram expressos como média erro padrão da média (X E.P.M.) e o nível de significância adotado foi de 5 % (p<0,05). Observou-se que o os animais do grupo RC tanto de um ano quanto de dois anos apresentaram redução do peso corporal durante a segunda e terceira semana de restrição calórica em comparação aos animais CTL que receberam ração à vontade. Houve redução do peso do tecido adiposo periepididimal nos animais restritos de dois anos e redução significante nos animais de um ano, em comparação ao CTL. Esses resultados validam o modelo de restrição calórica que mostra o menor ganho de peso dos animais restritos quando comparado ao controle, porém com similaridade de valor protéico, que indica a não desnutrição dos animais RC. Quanto ao i.p.GTT e à glicemia de jejum, constatou-se similaridade entre as curvas e os valores glicêmicos de animais CTL e RC de um ano de idade. No entanto, os animais de dois anos de idade do grupo RC apresentaram diferença significativa no i.p.GTT em relação aos do grupo CTL, que pode ser confirmado através da área sob a curva e que sugere resistência periférica à insulina. Contudo, a glicemia de jejum destes animais manteve-se similar. Verificou-se que os animais de um e dois anos de ambos os grupos apresentaram valores similares do peso do pâncreas. A porcentagem de célula beta foi maior nos animais de dois anos de idade. Essa informação está de acordo com a literatura que aponta o aumento de massa da célula beta como resposta compensatória da ilhota à obesidade e ao diabetes tipo 2 (PRENTKI & NOLAN, 2006). Tanto nos animais de um ano quanto nos de dois anos, pôde-se observar redução significativa de insulina nos animais RC em relação aos animais CTL, o que indica que vias metabólicas são influenciadas pela RC (UGOCHUKWU et al., 2004). Em relação à concentração de glicogênio observou-se similaridade entre os grupos de animais de dois anos. Os animais de um ano do grupo RC tiveram redução do glicogênio hepático e muscular comparado ao grupo CTL. De acordo com a literatura, a restrição calórica está envolvida com a diminuição dos níveis de glicogênio hepático e muscular (MONTORI-GRAU et al., 2009). Observou-se que não houve diferença significativa entre as concentrações plasmáticas de jejum de colesterol e triacilglicerol entre os grupos, apenas um leve aumento nos animais de dois anos. Geralmente observa-se que a restrição calórica reduz os níveis de lipídios no plasma dos roedores (Do AMARAL et al, 2010). Talvez o período de restrição de 21 dias tenha sido insuficiente para alterar o perfil lipídico do animal de um ano de idade. Através de Western Blotting, foi possível verificar que a proteína AMPKp aumentou a expressão no fígado do grupo RC, tanto em animais de um ano quanto de dois - 224 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq anos, quando comparado ao grupo CTL. Esse dado sugere evidência de que a resistência à insulina associada ao envelhecimento é também associada à diminuição da atividade AMPK (KRAEGEN et al, 2006; LIU et al, 2006). No entanto há relatos de que as adaptações metabólicas do jejum e da RC incluem alterações na concentração plasmática de leptina e acetil-CoA carboxilase fosforilada, e que esses efeitos ocorrem sem mudanças na atividade da AMPK. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora preliminares, estes dados corroboram informações da literatura e sugerem que a RC aumenta a expressão protéica da AMPKp no fígado de animais de um e dois anos de idade. Os resultados ainda sugerem leve intolerância à glicose, leve dislipidemia e resposta compensatória do pâncreas observado pelo aumento da massa da célula beta em animais de dois anos de idade independente do estado nutricional do animal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BARGER, J. L.; WALFORD, R. L.; WEINDRUCH, R. The retardation of aging by caloric restriction: its significance in the transgenic era. Exp Gerontol. 38:1343-51, 2003. Review. 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ÓRGÃO FINANCIADOR: CNPq, UNIARARAS, FAPESP TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: Bolsa PIBIC/CNPq. PALAVRAS CHAVE: Restrição calórica, obesidade e insulina. - 226 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO RÁPIDO PARA DETECÇÃO DAS MUTAÇÕES A827G E C7462T NOS GENES MT-RNR1 E MT-TS1 ASSOCIADO À SURDEZ ENES, A.L.T.1, 2; OLIVEIRA, C. A.1, 3, 4; 1 2 3 4 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Docente; Orientador. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A perda auditiva é o déficit sensorial mais comum e resulta na restrição das habilidades de se comunicar pela linguagem falada (GODINHO et al., 2003). A genética molecular da deficiência auditiva tem apresentado vários avanços na última década, pois os genes responsáveis pela deficiência auditiva hereditária vêm sendo progressivamente mapeados e clonados (PIATTO et al., 2005). Quando a perda auditiva ocorre como um sinal isolado, esta é referida como não sindrômica. Quando a perda auditiva está associada a outros sintomas é referida como sindrômica (GODINHO et al., 2003). Em cerca de 60% dos casos a etiologia da deficiência auditiva é hereditária. As formas não sindrômicas são responsáveis por 70% dos casos de etiologia hereditária e as sindrômicas por 30% desses (PIATTO et al., 2005). As mutações do DNA mitocondrial são transmitidas pela linhagem materna, mas podem ocorrer mutações espontâneas. Os órgãos que requerem grande quantidade de energia são mais comumente acometidos em casos de mutações no DNA mitocondrial, como células nervosas, musculares, endócrinas, ópticas e auditivas (CARVALHO, 2002). A mitocôndria contém sua própria molécula de DNA (mtDNA) disposta em forma circular, e responsável pela decodificação de 37 genes (GODINHO et al., 2003). Quando ocorre uma situação de mutação do DNA mitocondrial, esta mutação pode estar presente nas mitocôndrias de todas as células do organismo, evento conhecido como homoplasmia. Em outra situação conhecida como heteroplasmia, a mutação pode estar presente em apenas algumas mitocôndrias de uma célula de um determinado órgão ou tecido (CARVALHO et al., 2002). A mutação A827G está localizada no sítio A do gene MT-RNR1, é a troca de uma adenina (A) por uma guanina (G) na posição 827 do gene (WEI, 2006). A mutação C7462T foi primeiramente descrita em 2010, como uma possível mutação patogênica, esta localizada no gene MT-TS1 do DNA mitocondrial (UEHARA et al., 2010). OBJETIVOS O presente estudo teve como objetivo analisar as mutações A827G e C7462T nos genes MT-RNR1 e MT-TS1 do DNA-mitocondrial, desenvolvendo um método rápido e de baixo custo. METODOLOGIA 1. Extração de DNA genômico de sangue periférico Foram estudados 100 indivíduos ouvintes selecionados ao acaso entre os funcionários da UNIARARAS. O DNA genômico foi extraído dessas amostras, - 227 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq utilizando o reagente DNAzol (Invitrogen®) a partir de 5ml de sangue total, de acordo com as instruções do fabricante. 2. Análise da mutação A827G por Tetra-primer ARMS O método tetra-primer ARMS PCR necessita de 2 primers outer para amplificar um fragmento maior do DNA molde e 2 inner primers alelo específicos para amplificar, cada um dos alelos. Para a construção dos primers foram seguidas as especificações de YE e colaboradores (2001), limitando o tamanho dos amplicons em 200-600pb. Os primers foram desenhados usando o programa disponível em: <http:cedar.genetics.soton.ac.uk/public_html/primer1.html>. 3. Análise da mutação C7462T 3.1. Amplificação do gene MT-TS1 e rastreamento da mutação C7462T por PCR-RFLP A amplificação do fragmento de 341pb foi realizada por PCR e o produto da amplificação foi submetido à eletroforese em gel de agarose a 1%, corado com brometo de etídeo, visualizado sob luz ultravioleta e fotografado. A reação foi realizada utilizando 200 a 500ng de DNA genômico, 100µM de cada desoxinucleotídeo trifosfato (dATP, dCTP, dGTP e dTTP), 0,2pmol de cada primer (direto e inverso), 2,5U de enzima Taq DNA polimerase em tampão de PCR 10X (Tris–HCl 10mM pH 8,8) e 1,5mM de MgCl2, em um volume final de reação de 50µl nas seguintes condições: um ciclo de desnaturação à 95°C por 5 mim; 30 ciclos de desnaturação à 95°C por 40s; anelamento à 58°C por 40s, extensão à 72°C por 40s; 10 min de extensão final à 72°C. A investigação molecular da mutação C7462T foi realizada por análise do polimorfismo dos fragmentos de restrição (PCR-RFLP) utilizando a enzima Hinf I, de acordo com as especificações do fabricante e, analisadas em gel de agarose 1,5%. A presença do alelo 7462T aboli o sítio de Hinf I na seqüência gerando um fragmento de 341pb. Dessa forma, indivíduos com o alelo 7462C apresentam fragmentos de 224pb e 117pb. 3.2. Análise da mutação C7462T por AS-PCR Uma outra estratégia utilizada para a detecção da mutação C7462T foi a AS-PCR. Para esta reação foram sintetizados ARMS primers para detecções de mutações de ponto e utilizados controles negativos dessa mutação, previamente detectada por PCR-RFLP, na padronização dessa estratégia. O primer normal foi usado para amplificar o alelo sem a mutação C7462T e o primer mutante para o alelo com a mutação C7462T. O primer comum foi usado como primer inverso juntamente com o primer normal ou mutante gerando fragmentos de 135pb. Com essas duas reações foram analisadas as mutações como sendo em homoplasmia para o alelo C (normal), ou em homoplasmia para o alelo T (mutante) e em heteroplasmia. Os primers A e B foram usados como controles internos de amplificação gerando fragmentos de 360pb. A AS-PCR foi realizada em um volume final de reação de 30μL, contendo 200 a 500ng de DNA, 1,3mM de MgCl2, 160µM de cada dNTP, 0,5 mol de primers NOR, MUT e COM, 0,16 mol dos primers controles, 0,01% de BSA e 0,03U de Taq DNA Polimerase. Uma desnaturação inicial foi feita a 95ºC por 5min seguidos por 30 - 228 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ciclos de 95ºC por 40s, 53ºC por 40s, 72ºC por 40s, e uma extensão final a 72ºC por 10min. RESULTADOS E DISCUSSÃO 1. Mutação C7462T Após a análise da mutação C7462T em 100 amostras de DNA pelas técnicas de PCR-RFLP e AS-PCR verificamos que em nenhuma delas possuem esta mutação. Esses achados reafirmam os dados publicados por UEHARA et al., 2010 que descreve o encontro da mutação C7462T em 3 pacientes com perda auditiva de 30 amostras analisadas, não a encontrando em 306 amostras de indivíduos controles, se tratando dessa forma, supostamente de uma mutação e não de um polimorfismo. No entanto, ainda é necessário analisar amostras de DNA de pacientes com perda auditiva para que possamos concluir sobre a patogenicidade da mutação em estudo. Esse estudo está sendo realizado no laboratório de Genética Molecular Humana do Centro de Biologia molecular e Engenharia Genética (CBMEG UNICAMP) e posteriormente serão utilizados na conclusão desse trabalho. Utilizamos algumas amostras de DNA que não apresentaram a mutação C7462T para padronização do AS-PCR. Nessa estratégia não há necessidade de utilização de enzimas de restrição após amplificação pela PCR, minimizando desta forma, custos e tempo para rastreamento de mutações. 2. Mutação A827G Durante os primeiros ensaios para a padronização da estratégia tetra primer ARMSPCR para a mutação A827G realizamos as reações de PCR em um volume final de 30µl, contendo 2µl de DNA, 0,8 MgCL2, 2,5µl de dNTP, 1,0µl dos primers- outers (forward e reverse), 1,5µl do primer-inner (forward - A), 2,5µl do primer-inner (reverse - G), 1,0µl de Taq DNA polimerase, 0,3µl de BSA 1%. Foi realizada uma desnaturação inicial à 95ºC por 5min. Há 35 ciclos que incluem desnaturação a 95ºC por 1minuto, anelamento de 62ºC por 1min e uma extensão a 72ºC por 1min e extensão final em 72ºC por 10min. Os produtos de amplificação foram observados em gel de agarose 2%, corados com brometo de etídeo. O resultado observado do tetra primer ARMS-PCR realizado foi a não fidelidade da amplificação da região de interesse nos controles investigados, sendo que, foram usadas controles de amostra DNA positivas e negativas. A presença da troca de bases de A -> G geraria um fragmento de 267pb no controle positivo e a ausência dessa troca, um fragmento de 303pb o que não ocorreu nos experimentos. Para comprovar a integridade dos primers foi utilizada uma estratégia diferenciada utilizando a metodologia completa do tetra primer ARMS-PCR, primeiramente apenas com os primers outers e em seguida apenas com os primers inners, neste experimento observou-se que a integridade se apresentava conservada. Após o teste de cada primer na reação isoladamente, voltamos ao protocolo inicial para verificar a reprodutibilidade do método. Um novo ensaio foi realizado com três amostras positivas e três negativas. Todas as amostras apresentaram uma banda de 303pb, o que não deveria acontecer nas amostras positivas, pois seu fragmento é de 267pb. O que indica que as concentrações de reagentes utilizadas na reação ainda não estão ideais para um correto anelamento do reverse inner primer, responsável pela amplificação do nucleotídeo G. - 229 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Dessa forma, notamos que os primers construídos especificamente para amplificar na presença dos nucleotídeos G e A não estão conseguindo fazer a discriminação na reação de PCR. A partir desses resultados, fizemos alterações, mantendo as concentrações dos reagentes, e aumentamos a temperatura de anelamento dos primers de 60ºC para 62ºC para tentar aumentar sua especificidade. A partir do aumento da temperatura de anelamento pode-se observar maior fidelidade dos primers específicos para o nucleotídeo G, porém aqueles específicos para o nucleotídeo A, ainda não estão apresentando fidelidade na complementação. Novas tentativas serão necessárias para estabelecer o correto pareamento dos primers. CONSIDERAÇÕES FINAIS Até o momento, podemos concluir que a mutação C7462T não se trata de um polimorfismo e sua freqüência na população surda será determinada juntamente com o estudo comparativo que está sendo realizado na UNICAMP. A mutação A827G, ainda não conseguimos uma padronização na técnica tetraprimer ARMS PCR, provavelmente devido a concentração incorreta dos primers para que assim aconteça o correto pareamento dos mesmos. A proposta seguinte é fazer um novo protocolo de PCR para uma investigação molecular da mutação A827G, usando enzimas de restrição. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, M.F.P.; RIBEIRO, F.A.Q. As deficiências auditivas relacionadas às alterações do DNA mitocondrial. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. v.68, n.2, p. 268-75, mar./abr. 2002. GODINHO, R.; KEOGH, I.; EAVEY, R. Perda auditiva genética. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. v. 69, n.1, p.100-4, jan./fev. 2003. PIATTO, V.B.; NASCIMENTO, E.C.T.; ALEXANDRINO, F.; OLIVEIRA, C.A.; LOPES, A.C.P.; SARTORATO, E.L.; MANIGLIA, J.V. Genética molecular da deficiência auditiva não-sindrômica. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. v.71, n.2, p.216-23, mar./abr. 2005. PRIMER DESIGN PROGRAM. Computer software to design primers for tetraprimer ARMS PCR. Disponível em: <http:cedar.genetics.soton.ac.uk/public_html/primer1.html>. Acesso em 10 de maio de 2010. UEHARA, D.T.; RINCON, D.; ABREU-SILVA, R.S.; AURICCHIU, M.T.B.M.; JUNIOR, A.T.; KOK, F.; MINGRONI-NETO, R.C. Role of the Mitochondrial Mutations m.827A>G and the Novel m.7462C>T, in the Origin of Hearing Loss. Genetic Testing and Molecular Biomarkers. v.14, n.5, p.611-16, 2010. WEI, Q.; LU, Y.; ZHANG, Y.; CHEN, Z.; XING, G.; CAO, X. Mitochondrial 12S rRNA A827G mutation is involved in the genetic susceptibility to aminoglycoside ototoxicity. Biochem Biophys Res Commun, 346(4):1131-5, 2006. - 230 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq YE, S.; DHILLON, S.; KE, X.; COLLINS, A.R. An efficient procedure for genotyping single nucleotide polymorphisms. Nucleic Acids Research. v.29, p. 88-96, 2001. ÓRGÃO FINANCIADOR: PIBIC/CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa e Qualidade e NUCISA/ UNIARARAS – Núcleo de Ciências da Saúde do Centro Universitário Hermímio Ometto. TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC PALAVRAS-CHAVES: mtDNA; A827G; C7462T. - 231 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO CELULAR DE ENZIMAS ANTIOXIDANTES EM RATOS WISTAR TRATADOS COM FLUORETO DE SÓDIO NOGUEIRA, G.A.S.1,2; COSTA, E.F.D.1,2; LOPES-AGUIAR, L.1,2; RENOSTO, F.L.1,2; OLIVEIRA, C.A.1,5; SEVERI-AGUIAR, G.D.C.1,6 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Orientador. 6 2 Discente; 5 Co-orientador; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O flúor é um dos mais reativos elementos químicos e devido a sua grande eletronegatividade e capacidade de formar íons F- em solução não é encontrado geralmente livre na natureza, mas principalmente como fluoreto. Os indivíduos estão expostos aos fluoretos pelo ar, produtos dentais, comidas, bebidas e pela água potável. Podem ser encontrados também, em baixas concentrações, associados às proteínas da carne e leite, e em altas concentrações em chás de folhas vegetais. (WHO, 2006). A fluoretação da água mostra ser uma importante medida profilática para cárie dentária, porém, está relacionada ao aumento de casos de fluorose nas últimas décadas, anomalia essa que pode causar danos em tecidos como o ósseo, dentário, nervoso, renal e hepático (WANG et al, 2004). Devido ao fato de o fígado ser um sítio ativo do metabolismo corporal, estaria especialmente susceptível a intoxicação pelo fluoreto (CHINOY et al., 1993). A maior parte do F ingerido é incorporada aos tecidos calcificados, mas pequenas quantidades podem alterar atividades enzimáticas e metabólicas nos tecidos moles (BOUAZIZ, et al., 2006). Um dos principais sistemas de defesa do organismo é constituído por enzimas antioxidantes, como a superóxido desmutase (SOD) e a glutationa (GST), que reduzem o estresse oxidativo causado pelas espécies reativas de oxigênio, que afetam diretamente a síntese protéica e o DNA (JORDÃO et al, 1998). Alterações na atividade dessas enzimas estão associadas à anomalias e podem auxiliar no diagnóstico de alguns cânceres, bem como outras doenças relacionadas ao estresse oxidativo, (ROVER JÚNIOR et al., 2001). Assim, a avaliação dos efeitos da ingestão de concentrações diferentes de fluoreto, por períodos variados, constitui um importante aspecto de estudo sobre o potencial de indução de estresse oxidativo desse íon, já que sua ingestão é utilizada mundialmente como prevenção da cárie dentária. OBJETIVO Investigar o potencial de indução de estresse oxidativo do fluoreto de sódio em fígado de ratos Wistar por meio da avaliação da expressão celular das enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD) e glutationa S-transferase (GST). MATERIAL E MÉTODOS O tratamento dos animais foi realizado, em etapa anterior, com ratos machos Wistar com peso inicial em torno de 180g, mantidos no Centro de Experimentação Animal do Centro Universitário Hermínio Ometto (UNIARARAS), à temperatura de 25°C e umidade do ar a 60%, em ciclo claro e escuro de 12 horas e receberam água filtrada - 232 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq e ração purina ad libitum.Foram utilizados 60 ratos machos Wistar divididos em quatro grupos: grupo controle, que recebeu água deionizada e três grupos experimentais que receberam por gavagem soluções de fluoreto de sódio 1mg/kg/dia, 10mg/kg/dia e 15mg/kg/dia. Ao término de 30, 45 e 60 dias de tratamento, os animais foram anestesiados por via intraperitoneal (Xilasina 2% e Ketamina 10%) e submetidos à eutanásia (parecer CEP nº 750/2008 – aprovado em 11/11/2008). As doses e os períodos de tratamento estabelecidos foram estipulados com base na literatura (BURT, 1992; DUNIPACE et al., 1995; KLEINSASSER et al., 2001) e visam mimetizar uma exposição crônica. Foi realizada laparotomia medial, rebatendo-se a arcada dorsal, o fígado foi exposto e uma pequena porção do lobo esquerdo, foi armazenada em eppendorfs contendo TRIZOL® de acordo com as instruções do fabricante (Invitrogen) permanecendo sob refrigeração de 6 a 8°C em geladeira durante 24 horas, e, posteriormente, congelados a -20°C em freezer até a análise. Outro fragmento do fígado foi coletado, fixado em formalina tamponada10%, embebido em parafina histológica e as secções foram aderidas em lâminas silanizadas, cuidadosamente preparadas para garantir a manutenção das mesmas durante o tratamento que precede a reação imunohistoquímica com os anticorpos das enzimas antioxidantes. Secções de fígado sem a utilização do anticorpo primário foram utilizadas como controle negativo e, como controle positivo, secções onde foi aplicado um liver human membrane lysate (fetal normal tissue ab29880). Os cortes histológicos, aderidos em lâminas silanizadas, foram lavados em PBS (0,1M, pH 7,2) em água destilada e em tampão citrato (pH 6.0) por 5 minutos, em seguida passaram pelo processo de reativação antigênica, permanecendo em fervura a 95ºC em tampão citrato por uma hora (KALAYARASAN et al., 2008). À temperatura ambiente foram incubados com solução bloqueadora (Albumina bovina 2,5% e leite em pó desnatado 2 % em PBS) e, depois, incubados com o anticorpo primário (monoclonal de coelho anti-SOD-1 ou anti-GSH-1 - EP1727y ou EP1938y - Abcam 51254 ou 52759) (1:250), overnight, sob refrigeração a 4º C (KALAYARASAN et al., 2008). Após lavagem com PBS as secções foram expostas ao anticorpo secundário (Anticorpo policlonal de cabra contra IgG de coelho conjugado com FITC – Abcan 6717) (1:250), durante 2 horas à temperatura ambiente e em câmara escura. Após lavagens sucessivas com PBS, as lâminas foram montadas com Permount, e a fluorescência foi detectada utilizando filtro I3 com excitação entre 450 e 490nm (Leica DM2000). A extração do RNA total hepático foi realizada pela reação fenolclorofórmio (HENRIQUES et al, 2005), e ele foi armazenado em biofreezer a temperatura de -85°C para que sejam realizadas as etapas posteriores, que não puderam ser realizadas até o momento. RESULTADOS E DISCUSSÃO As análises microscópicas das secções de fígado submetidas à reação imunohistoquímica com anticorpos anti-SOD mostraram que houve redução na marcação fluorescente nos animais tratados com a concentração de 1mg de fluoreto/kg/dia, independente do período utilizado. Já com a concentração de 10mg fluoreto/kg/dia, após 30 dias foi observado discreto aumento na expressão de SOD mas que diminui nos períodos de 45 e 60 dias. Com a concentração de 15mg fluoreto/kg/dia, após 30 e 45 dias parece ter ficado igual ao controle e depois de 60 dias, houve redução na marcação. Quando utilizado anticorpo contra a enzima GST não foi observada diferença nos grupos tratados em relação ao controle e nem entre - 233 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq os grupos tratados com as diferentes concentrações pelos diferentes tempos de tratamento. Não foi possível obter, até o momento, todos os cDNAs sintetizados a partir dos RNAs extraídos das amostras de fígado, o que ainda será realizado e poderá corroborar essas observações. A SOD catalisa a dismutação do radical superóxido em peróxido e oxigênio, removendo, assim, o mesmo e a glutationa-S transferase metaboliza uma série de substratos hidrofóbicos e eletrofílicos, como os xenobióticos conjugando-os com a glutationa reduzida (GSH) e formando compostos solúveis em água, facilitando sua excreção e diminuindo a toxicidade dos mesmos. (Halliwell e Gutteridge, 1989). Em um trabalho anterior do nosso grupo de pesquisa, foi observado que na maior concentração e no período maior de tratamento com fluoreto houve aumento nos níveis de PSH (grupos sulfidrila reduzidos) e redução de MDA indicando uma resposta positiva em reverter a injúria provocada por esse íon (AGUIAR et al., 2010), todavia, é possível que essas proteínas reduzidas não sejam a glutationa e que o tratamento com fluoreto não induza a formação de radicais superóxido que leve ao aumento da atividade da SOD, como observado nessa fase de experimentação. Feng et al. (2010) observaram diminuição da atividade antioxidante induzida pelo fluorose em eritrócitos de ratos, pela redução dos níveis de SOD plasmática e Chen et al. (2010) demonstraram que a atividade de SOD e de GSH-Px foram marcadamente reduzidas em baço de aves alimentadas com altas concentrações de flúor, causando estresse oxidativo provavelmente responsável pela ativação de vias de apoptose nas células esplênicas dos animais. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Os resultados obtidos, nas condições em que os experimentos foram realizados e nas concentrações utilizadas, permitem inferir que o tratamento com fluoreto de sódio provoca inibição da atividade das enzimas antioxidantes SOD e GST o que pode contribuir imensamente com o estresse oxidativo e diferentes conseqüências para o organismo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, L. L.; RENOSTO, F. L.; COSTA, E. F. D; NOGUEIRA, G. A. S.; PIGOSO, A. A.; SEVERI-AGUIAR, G. D. C. Avaliação de dano oxidativo e histopatológico hepático em ratos wistar submetidos a tratamento crônico com fluoreto de sódio. 2010. Monografia (Graduação) – Centro Universitário Hermínio Ometto de Araras, Uniararas, Araras, 2010. BOUAZIZ, H. et al. Effects of sodium fluoride on hepatic toxicity in adult mice and their suckling pups. Pesticide Biochemistry and Physiology, v. 86, n. 3, p. 124-30, 2006. BURT, B. A. The changing patterns of systemic fluoride intake. J Dent Res, v. 71, (Spec. Issue), p. 1228-37, 1992. CHEN, T. et al. Decreased antioxidase activities and oxidative stress in the spleen of chickens fed on high-fluorine diets. Hum Exp Toxicol. 2010, in press. - 234 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq CHINOY, N. J.; SHARMA, M.; MICHAEL, M. Beneficial effects of ascorbic acid and calcium on reversal of fluoride toxicity in male rats. Fluoride, v. 26, p. 45- 56, 1993. DUNIPACE A. J. et al. Effect of aging on animal response to chronic fluoride exposure. J. Dent. Res., v. 74, n.1, p. 358-68. 1995. FENG P., WEI J.R., ZHANG Z.G. Influence of selenium and fluoride on blood antioxidant capacity of rats. Exp Toxicol Pathol. 2010, in press. HALLIWELL, B.; GUTTERIDGE, J.M.C. Free radicals in Biology and Medicine. Oxford: Clarendon Press, 1989, 543 p. HENRIQUES G. S. et al. Assessment of the reverse transcriptase polymerase chain reaction technique in the determination of the mRNA expression for the testicular angiotensin-converting enzyme in zinc treated rats. Rev. Nutr, v. 18, n. 6, p. 733-42., Campinas 2005. JORDÃO, J. R. A. A. et al. Peroxidação lipídica e etanol: papel da glutationa reduzida e da vitamina E. Medicina, Ribeirão Preto, v. 31, p. 434-449, 1998. KALAYARASAN, S. et al. Chromium (VI)-induced oxidative stress and apoptosis is reduced by garlic and its derivative S-allylcysteine through the activation of Nrf2 in the hepatocytes of Wistar rats. Appl Toxicol. Oct;28(7):908-19.2008. KLEINSASSER N. H. et al. Cytotoxicity and genotoxicity of fluorides in human mucosa and lymphocytes. Laryngorhinootologie, v. 80, p. 187–90, 2001. ROVER JÚNIOR, L.; HÖEHR, N. F; VELLASCO, A. P. Antioxidant system involving the glutathione metabolic cycle associated to electroanalytical methods in the oxidative stress evaluation. Quím. Nova v.24 n.1, p. 112-9. São Paulo. 2001 WANG, A. G. et al. Antagonistic effects of selenium on oxidative stress and apoptosis induced by fluoride in human hepatocytes. Fluoride, v. 37, n. 2, p. 107- 16, 2004. WHO (World Health Organization). Fluoride in drinking-water. FAWELL, J., BAILEY, K., CHILTON, J., DAHI, E., FEWTRELL, L., MAGARA, Y. London, UK. p. 1-98. 2006. ÓRGÃO FINANCIADOR: CNPq e Fundação Hermínio Ometto. TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PALAVRAS-CHAVES: fluoreto, SOD, GST. - 235 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq RESISTÊNCIA DE DIFERENTES COMPÓSITOS ODONTOLOGICOS E VISCOSIDADE NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE BRÁQUETES EM INCISIVOS BOVINOS. MONTAGNANA, M.1,1; VALDRIGHI, HC.1,2; VEDOVELLO, SA.S.1,3; VEDOVELLO FILHO, M.1,4; CORRER, AR.C.1,5 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 6 Docente; Silvia Amélia Scudeler Vedovello; Heloísa Cristina Valdrighi. 4 2 Discente; 3 Profissional; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O procedimento de colagem de báquetes em dentes humanos representou um dos maiores avanços da Ortodontia na montagem de aparelhos ortodônticos, descartando o uso de bandas. Essa evolução somente tornou-se possível após a técnica do condicionamento ácido desenvolvida por (Buonocore,1955) possibilitando o aumento na aderência dos materiais resinosos na coroa dentária. As resinas compostas foram introduzidas no mercado odontológico no início dos anos 60 com indicação para dentes anteriores, em substituição aos restauradores estéticos cimento de silicato e resina acrílica (Bowen, 1963). Desde essa data, tem sido altamente significante o desenvolvimento dos materiais e das técnicas restauradoras. Devido às melhorias alcançadas, os compósitos permitiram que as indicações clínicas fossem ampliadas, possibilitando também o uso em colagem de bráquetes. No início da década de 70 foram introduzidas no mercado resinas compostas fotoativadas. Os primeiros produtos eram fotoativados por luz ultravioleta, que oferecia riscos à visão humana, do operador e para o paciente. Além disso, proporcionava propriedades físicas e mecânicas insatisfatórias ao compósito (Peutzfeldt et al., 2000; Sahafi et al., 2001). Posteriormente foram desenvolvidos sistemas que utilizavam luz halógena para a fotoativação do compósito. A fotoativação por luz visível abrange a região azul do espectro eletromagnético. Desta forma, apenas a região azul do espectro é selecionada para a fotoativação do compósito odontológico (Burguess et al., 2002), região de absorção da canforoquinona, considerado o fotoiniciador mais utilizado na composição das resinas compostas, com espectro de absorção no intervalo entre 400 e 500nm. O comprimento de onda mais eficiente para a polimerização seria no intervalo de 468 – 470nm (Nomoto, 1997). Atualmente, compósitos resinosos são o material de eleição para colagem de bráquetes. Entretanto, existem inúmeros compósitos fotoativados no mercado. Diante desse fato, torna-se viável financeiramente a utilização de compósitos com menor valor. OBJETIVO O objetivo deste estudo será avaliar a resistência ao cisalhamento de bráquetes metálicos colados em incisivos bovinos nas variáveis: - 236 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq 1. Material para colagem: Transbond XT, Fill Magig, Fill Magig Flow, Charisma e Natural Flow. 2. Após a remoção dos bráquetes avaliar também o índice de remanescente do adesivo (IRA). MATERIAIS E MÉTODOS Para este estudo serão utilizados 50 incisivos bovinos sem trincas ou qualquer defeito na superfície. Os dentes passaram por um processo de limpeza em água corrente, com auxílio de cureta periodontal (Duflex, S. S. White, Rio de Janeiro, RJ, Brasil) visando ä remoção dos resíduos do ligamento periodontal. Em seguida, serão congelados por no máximo 4 meses até a realização do estudo. Os dentes serão seccionados na junção cemento/esmalte com disco montado em torno de bancada e as raízes descartadas. As coroas serão desgastadas em politriz com lixas de carbeto de silício de granulação #120 nas faces mesial, distal, incisal e cervical para que os fragmentos dentais possam ser embutidos em tubos de PVC utilizando resina acrílica ativada quimicamente (Vipi Flash, Dentalvipi, Pirassununga, SP, Brasil). Antes da inclusão nos tubos de PVC a superfície vestibular das amostras será planificada com lixas de carbeto de silício #120, para delimitar a área de união e eliminar as irregularidades da superfície do esmalte. Em seguida, os fragmentos serão colados em fita dupla-face, de modo que a face vestibular permaneça em contato com a fita, para que após a inclusão a face vestibular permaneça exposta e paralela a base do tubo de PVC. Após a polimerização da resina, as amostras serão polidas com lixas de carbeto de silício #600 para eliminar as irregularidades da superfície do esmalte e padronizar a área de união. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores originais de resistência ao cisalhamento de bráquetes metálicos ao esmalte dental bovino foram submetidos à análise da variância (1-way ANOVA) com um fator em estudo: Material, que analisou o tipo de material de fixação. Os valores médios foram submetidos ao teste de Tukey em nível de 5% de significância e estão apresentados na Tabela 1 e ilustrados na Figura 1. A Tabela 1 e a Figura 1 mostram a comparação das médias de resistência ao cisalhamento (MPa) para cada material avaliado. Pode-se verificar que a resina Fill Magic obteve a mais alta média de resistência ao cisalhamento e diferiu estatisticamente dos demais materiais (p<0,05), exceto em relação ao Transbond XT, o qual apresentou média que não diferiu do Fill Magic (p<0,05). Já as resinas Transbond XT, Fill Magic Flow e Natural Flow não diferiram entre si (p>0,05). Por outro lado, a resina Charisma apresentou a menor média de resistência ao cisalhamento e diferiu estatisticamente dos demais materiais (p<0,05), exceto em relação ao Natural Flow, o qual apresentou média estatisticamente similar (p>0,05). Tabela 1 – Valores médios da resistência ao cisalhamento (MPa) de bráquetes após a fixação com diferentes materiais. Material Média (MPa) - 237 - VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Fill Magic 17,38 a (9,43) Transbond XT 14,19 ab (5,54) Fill Magic Flow 12,92 b (5,33) Natural Flow 11,25 bc (3,24) Charisma 8,68 c (2,98) Médias seguidas por letras distintas na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5%. ( ) – Desvio Padrão. Barras seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% Figura 1 - Ilustração gráfica dos valores médios da resistência ao cisalhamento (MPa) de bráquetes após a fixação com diferentes materiais. Os resultados da avaliação do IRA estão apresentados na Tabela 2 e ilustrados na Figura 2. Para a resina Transbond XT e Charisma, verificou-se predominância de escores 2. Por outro lado, para a resina Fill Magic, houve predominância de escore 1 e para a resina Natural Flow, predominância de escore 3. Para a resina Fill Magic Flow, houve predominância de escore 1. Tabela 2 – Percentual de escores (%) para o IRA dos diferentes grupos. Escore (%) Resinas 0 1 2 3 Transbond XT 20% 30% 50% - Fill Magic 30% 50% 20% - - 238 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Fill Magic Flow - 40% 30% 30% Charisma - 30% 60% 10% Natural Flow - 20% 10% 70% DISCUSSAO Graças a Bounocore (1955) que nos proporcionou um dos maiores avanços da Ortodontia na montagem de aparelhos ortodônticos descartando-se o uso de bandas, que hoje em dia são constantes as pesquisas por materiais mais resistentes com simples e rápida aplicação. Os fabricantes desenvolvem resinas e adesivos específicos para a colagem de bráquetes, cada vez mais práticos e funcionais, como o compósito resinoso Transbond XT. O mesmo apresenta-se hoje em dia como um dos compósitos mais aceitos pelos ortodontistas o que nos levou ao principal objetivo desse trabalho na qual ousou comparar sua resistência ao cisalhamento com outros diferentes compósitos resinosos também usados no mercado, esperando-se resultados similares. Grando et al. (2002) apresentou uma revisão sobre a colagem de acessórios ortodônticos ao esmalte dentário utilizando resina composta e cimento de ionômero de vidro, na qual pôde-se concluir que: as resinas compostas fotopolimerizáveis oferecem ao profissional uma grande margem de tempo de trabalho durante a colagem dos bráquetes na superfície do esmalte além de seu comportamento mostrar-se semelhante ao cimento de ionômero de vidro no teste de resistência. Segundo Pithon, MM et al. (2006). que comparou o compósito Concise com o compósito Fill Magic Orthodontic colando 12 bráquetes em cada grupo. Foi feito o ensaio de cisalhamento e a avaliação do IRA de toda a amostra. Concluiu-se que não foram encontradas diferenças estatísticas significantes entre as colagens, nos dois itens avaliados Ambos os materiais satisfazem plenamente as necessidades clínicas para colagem de bráquetes. Em outros casos, o Compósito Transbond XT foi desenvolvido especificamente para a colagem de acessórios ortodônticos ao esmalte. As principais vantagens oferecidas por este material são: redução do tempo de trabalho, sem necessidade de mistura, e boa adesão sendo largamente utilizados na clínica ortodontia e em estudos experimentais. De acordo com a pesquisa este composto foi usado no grupo controle e resultou um valor médio de força de cisalhamento de 24,6 MPa, o que confirma a sua alta adesividade (Romano,FL 2009). As conclusões desse trabalho foram obtidas a partir dos valores de resistência ao cisalhamento de cada grupo de resinas e os valores apresentados em Megapascal (MPa) com a finalidade de fornecer valores em pressão, individualizando a força aplicada sobre uma área específica em mm² como na pesquisa de Vasques et al. (2005). Enfim, é devido à grande diversidade de materiais, que os profissionais estão realizando novos trabalhos com o intuito de aprimorar técnicas já existentes e renovar conhecimentos acerca das suas indicações para se obter um resultado mais duradouro. Critérios como higiene bucal, sensibilidade alérgica, quantidade de força ortodôntica e sua resistência, tempo de tratamento e hábitos devem ser - 239 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq considerados para que haja uma melhor indicação. (Fonseca, DDD et al. 2010). CONSIDERAÇÕES FINAIS Concluiu-se que os compósitos Transbond XT e Fill Magic apresentaram uma melhor resistência ao cisalhamento em relação a Charisma. No que diz respeito ao IRA, verificou-se que os compósitos Fill Magic e Fill Magic Flow apresentaram os menores escores (1) indicando a presença de menos da metade da resina remanescente no esmalte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARTUN, J.; BERGLAND, S. Clinical trials with crystal growth conditioning as an alternative to acid-etch enamel pretreatment. Am J Orthod, v. 85, n. 4, p. 333-340, Apr 1984. BISHARA, S. E.; KHOWASSAH, M. A.; OESTERLE, L. J. Effect of humidity and temperature changes on orthodontic direct-bonding adhesive systems. J Dent Res, v. 54, n. 4, p. 751-758, Aug. 1975. BOWEN, R.L. Properties of silica-reinforced polymer for dental restorations. J Am Dent Assoc, v. 66, p. 57-64, Jan. 1963. BUONOCORE, M.G. A simple method of increasing the adhesion of acrylic filling materials to enamel surfaces. 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Resistência ao cisalhamento da interface de colagem de resinas ortodônticas, convencional e fluoretada, ao esmalte dental, em função do tempo de condicionamento R Dental Press Ortodon Ortop Facial 79 Maringá, v. 11, n. 4, p. 76-80, jul./ago. 200 GRANDO P.R; MAGNANI, M.B.B.A.; PEREIRA, A.C; MENEGUIM, M.C.; KURAMAE, M; TAVARES, S. Colagem de bráquetes ortodônticos com resina composta e com ionômero de vidro. J Bras Ortodon Ortop Facial. 2002;7(38):118-24. FONSECA, D.D.D.; COSTA, .D.P.T.S.; CIMOES, R,; BEATRICE, L.C.S.; ARAUJO A.C.S. Adesivos para colagem de bráquetes ortodônticos RGO, Porto Alegre, v. 58, n.1, p. 95-102, jan./mar. 2010 - 240 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ROMANO, F.L.; CORRER, AB; CORRER SOBRINHO, L.; MAGNANI, M.B.B.A.; SIQUEIRA, V.C.V. Shear bond strength of metallic brackets bonded with a new orthodontic composite Braz J Oral Sci. 8(2): 76-80/ june.2009 VASQUES, W.O.; CIRUFFO, P.S.D.; TUBEL, C.A.M.; MIYAMURA, Z.Y.; VEDOVELLO FILHO, M. Resistência ao cisalhamento de diferentes bráquetes metálicos. RGO – Rev. Gaúcha Odontol. 2005;53(3):186-90. ÓRGÃO FINANCIADOR: PIBIC/CNPq. TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: Trabalho de Iniciação Científica financiado pelo CNPq PALAVRAS-CHAVES: RESINAS, RESITÊNCIA AO CISALHAMENTO, DESCOLAGEM. - 241 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq EFEITOS DA EXPANSÃO RÁPIDA DA MAXILA EM PACIENTES COM MORDIDA CRUZADA POSTERIOR: AVALIAÇÃO TRIDIMENSIONAL DIVINO, R1.; VALDRIGHI, H.2 ; VEDOVELLO, S. A. S3.; VEDOVELLO FILHO, M4. 1 2 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP. ; Discente- Centro Universitário 3 Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP ; Co-orientadora- Centro Universitário Hermínio 4 Ometto – UNIARARAS, Araras, SP ; Orientador- Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Dentre as maloclusões de maior freqüência, destacam-se a mordida cruzada (SILVA FILHO et al., 1999; HAWES, 1969), definida como a relação anormal, vestibular ou lingual de um ou mais dentes da maxila, com um ou mais dentes da mandíbula, quando os arcos dentários estão em relação cêntrica, podendo ser uni ou bilateral (LOCKS et al., 2008). Geralmente a mordida cruzada desenvolve-se precocemente já na dentadura decídua, e apresenta baixo índice de auto-correção, independente do fator etiológico envolvido (POMPEI et al., 2005). Assim, diversos autores preocupam-se em esclarecer sua etiologia, procurando conduzir o diagnóstico e racionalizar da melhor forma o tratamento (ARAÚJO, 1982). É desejável um tratamento precoce, pois um movimento mandibular incorreto produziria modificações indesejáveis, com compensação dentária, podendo acarretar, futuramente, em uma assimetria esquelética e padrões funcionais potencialmente prejudiciais, como alteração da mastigação (RODRIGUES et al., 2006). MOYERS (1991) classificou as mordidas cruzadas, com base em sua etiologia, em: dentária - resultante de um sistema imperfeito de erupção, onde os dentes posteriores irrompem numa relação de mordida cruzada sem afetar tamanho ou forma do osso basal; muscular - há uma adaptação funcional às interferências dentárias, os dentes não estão inclinados dentro do processo alveolar, porém, apresentando um deslocamento da mandíbula e desvio da linha média; e óssea conseqüência de uma discrepância na estrutura da mandíbula ou maxila, conduzindo a uma alteração na largura dos arcos. Um dos recursos de tratamento utilizado para a correção da mordida cruzada posterior é a Expansão Rápida da Maxila, pela abertura mecânica da sutura palatina mediana com aparelho disjuntor palatino. Esta deve ser aberta a uma extensão suficiente para causar um alargamento significativo da maxila no sentido transversal. Com este propósito, a expansão rápida da maxila compreende um recurso clínico incorporado integralmente à mecanoterapia contemporânea, independentemente da técnica empregada (DAVID et al., 2009). MATERIAIS E MÉTODOS A amostra foi constituída por 40 modelos de estudo (sendo 20 inciais e 20 finais) pertencentes ao arquivo do Curso de Pós-Graduação em Ortodontia da Uniararas, de pacientes com idades entre 6 e 13 anos, de ambos os gêneros, que se - 242 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq submeteram á disjunção palatina por meio da expansão rápida da maxila com a utilização do disjuntor palatino. A instalação do aparelho disjuntor do tipo Hyrax foi feita logo após o início do tratamento. As ativações do aparelho duraram, em média, de 10 a 15 dias, com duas ativações diárias – sendo 2/4 de volta pela manhã e 2/4 de volta à noite até conseguir-se a disjunção desejada. Após essa fase, o parafuso expansor foi estabilizado, com a fixação do mesmo por um período de 120 dias. Os modelos de estudo foram executados em duas fases do tratamento: a primeira obtida na fase de pré-disjunção, antes da instalação do aparelho e a segunda após a remoção do aparelho,porém se tempo definido. As alterações tridimensionais decorrentes da expansão rápida foram avaliadas por meio das medidas obtidas em modelos (largura e profundidade do palato), e nas regiões de caninos e molares nas fases pré-tratamento (T1) e póstratamento (T2), com o auxílio de um paquímetro digital. (a) Largura alveolar (AW) - medida na fissura lingual, na margem gengival cervical dos primeiros molares permanentes e para os caninos nas margens cervicais a partir do ponto de maior convexidade bilateralmente; (b) Profundidade do palato (PD) – delineamento da abóbada palatina com um fio de latão, e posteriormente medição com o paquímetro digital. (c) Distância interdental ( DC e DM)- distância entre os caninos e entre os molares nas suas respectivas faces vestibulares. O método utilizado para obtenção das medidas foi o intra-examinador onde houve um período de dez dias entre uma medição e outra avaliando a confiabilidade da amostra. Como método de inclusão e exclusão foram incluídos os pacientes que se submeteram à expansão rápida da maxila com êxito , e como método de exclusão foram excluídos os pacientes que não obtiveram resultado satisfatório na disjunção e aqueles que utilizaram aparelhos que pudessem comprometer a confiabilidade da amostra,dos 40 modelos da amostra, 2 indivíduos já estavam fazendo tratamento com um segundo aparelho que iria alterar a confiabilidade da amostra e 1 não houve resultado satisfatório após a expansão sendo portanto excluídos amostra e esta passou a conter 34 modelos. RESULTADOS Dentre os 17 voluntários observados no estudo, 10 (58,8%) eram do gênero feminino, com idade média de 12,1 (±2,0) anos. Os voluntários do gênero masculino (41,2%) apresentaram idade média de 11,4 (±2,0) anos. Não houve diferenças estatisticamente significantes (Qui-quadrado para uma amostra com proporções esperadas iguais, p=0,6276) entre os gêneros. Para a distribuição das idades em função do gênero também não houve diferenças estatisticamente significantes (teste t não pareado, p=0,5082) entre os gêneros com relação à idade. Assim, estes fatores (gênero e idade) não influenciaram os resultados. Foram observadas diferenças estatisticamente significantes (teste t pareado, p<0,05) entre as medidas do pré- e pós-disjunção, tanto para os caninos quanto para os molares. A profundidade do palato foi significativamente maior (teste t pareado, p<0,05) após a disjunção quando comparada ao período pré-disjunção. Da mesma - 243 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq forma, a distância interdental, tanto para os caninos quanto para os molares, aumentou significativamente (teste t pareado, p<0,05) no período pós-disjunção em relação ao pré-disjunção. Observou-se diferenças estatisticamente significantes entre a distância intercanino e a largura alveolar, apresentando maior valor na distância inter-canino.Os mesmos valores foram encontrados na distância inter-molar e a largura alveolar de molares, com maiores valores na distância inter-molar. DISCUSSÃO A deficiência transversal da largura maxilar pode ser oriunda de fatores genéticos ou ambientais,envolvendo apenas os segmentos dentários posteriores, com uma grande inclinação para o lado palatino, ou estar associada a um comprometimento esquelético da maxila, apresentando um aspecto atrésico, com uma abóboda palatina ogival e estreita, necessitando, para sua correção, de uma expansão capaz de promover uma alteração ortopédica dos segmentos maxilares, mantendo a integridade dos tecidos envolvidos e minimizando os efeitos de inclinação dentárias. Sua correção consiste na expansão rápida da maxila na faixa etária dos 8 aos 15 anos, período onde não ocorreu a completa calcificação da sutura palatina mediana. Após esse período a ERM é associada a abertura da sutura palatina mediana cirurgicamente assistida. A fase ideal é da dentição mista visando a eliminação do potencial para as mudanças adaptativas musculoesqueléticas ou se já presente, para reduzí-las no futuro. Outra implicação referente a mordida cruzada posterior é a profundidade do palato, que tende a se aprofundar em maxilas atrésica, causando uma respiração predominantemente bucal, apinhamento dentário, mau posicionamento da língua resultando em problemas fonéticos. A expansão rápida da maxila é hoje a técnica de escolha para o tratamento da mordida cruzada posterior. Para realização da técnica da expansão rápida da maxila é necessário a utilização de um aparelho disjuntor que consiste basicamente de um parafuso expansor localizado na região de palato e fixado por quatro alças bandadas na região de molares e caninos bilaterais.É feito sua ativação até que resultado clinicamente seja observado que consiste na presença de um diastema interincisal e o contato das cúspides palatinas dos molares superiores com as cúspides vestibulares dos molares inferiores. Radiograficamente embora MOURA et al,,(2009) descreva como uma técnica muitas vezes ineficaz por apresentar estruturas tridimensionais em duas dimensões, utiliza-se a radiografia oclusal total da maxila.É observada uma área radiolúcida na extensão da sutura palatina mediana denotando sua abertura, que é o principal objetivo do tratamento. Após, o parafuso é estabilizado e há um período passivo visando a estabilização dos efeitos produzidos pela expansão. A expansão rápida da maxila tem o objetivo de aumentar a maxila no sentido transversal, efeitos secundários a esse tratamento podem ser observados e um meio de diagnóstico que se faz bastante eficaz é a utilização de modelos de gesso, que tem a capacidade de representar tridimensionalmente as estruturas dando a liberdade de manipulação e a obtenção de medidas fiéis. Observação semelhante pode ser realizada com a Tomografia Computadorizada que é um meio de diagnóstico altamente preciso , porém RIZZATTO et al., (2004) - 244 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq define os perigos da mesma que inclui principalmente a grande exposição à radiação, visto que para a exposição do ser humano à agentes patógenos os benefícios devem superar os riscos.O modelo de estudo neste caso supre satisfatoriamente as necessidades inerentes ao estudo, sem nenhum risco ao paciente. Com o modelo de gesso podem ser estudadas as alterações tanto no sentido transversal quanto no sentido vertical,visto que os principais efeitos da expansão rápida da maxila surgem nesse sentido. A largura alveolar é o espaço compreendido sobre o palato de um lado ao outro da arcada dentária, por palatina/lingual na região cervical. Dessa maneira ela engloba a sutura palatina mediana que quando sofre o processo de expansão aumenta diretamente a largura alveolar no sentido transversal.Essa abertura resulta no surgimento de um espaço temporário que dentro de 8 meses em média respeitando as condições individuais será preenchido por novo tecido ósseo. O estudo mostrou aumento significante da largura alveolar,tanto na região de caninos quanto na região de molares, demonstrando o êxito na expansão rápida da maxila. LIMA FILHO R. M. A.,(2009) identifica ainda uma expansão indireta do arco inferior devido a sobre-expansão dos dentes posterosuperiores com conseqüente redução das forças oclusais que se incidem sobre os dentes posteroinferiores , além dos músculos bucinadores que se movem lateralmente se distanciando dos dentes inferiores diminuindo a pressão vestibular e aumentando a pressão lingual, promovendo aumento espontâneo e permanente na largura do arco mandibular. Há também um aumento no perímetro do arco dental após o fechamento do diastema interincisal, permitindo uma acomodação de dentes girados, deslocados e impactados, visto que isso é um problema comum em indivíduos com mordida cruzada posterior. Outro fato que podemos observar tridimensionalmente é a distância inter-caninos e inter-molares, e sua importância se dá na avaliação da dissociação da inclinação dental e o aumento da largura alveolar .A inclinação vestibular de caninos e molares se dá exclusivamente pelo apoio realizado nesses dentes durante a fase de disjunção e nada tem a ver com a abertura da sutura palatina mediana. A força exercida é suficiente para separar a sutura palatina mediana,porém como efeito adverso há uma inclinação dental. PINTO et al.,(2006) compararam a expansão realizada com dois aparelhos expansores, um fixo e outro removível, e comprovou uma menor inclinação com o aparelho expansor fixo na região de molares, porém uma menor inclinação na região de caninos foi observada com o aparelho expansor removível. FERREIRA et al.,(2007) define que a expansão é variável de acordo com as exigências individuais e é preconizada uma sobrecorreção não pela abertura sutural mas pela subseqüente recidiva da inclinação dental após a contenção.Os dentes suporte na fase ativa inclinam-se para vestibular,devido a força aplicada, recidivando após a remoção do disjuntor, devido essa inclinação a sobrecorreção tende a se expressar, pois o aumento da largura maxilar que se vê clinicamente não corresponde à magnitude da expansão óssea. A profundidade do palato é um aspecto corrigido indiretamente, pois a expansão tende a diminuir a atresia palatal. - 245 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O aumento da profundidade do palato é aceitável em pacientes dolicofaciais, sugerindo uma correlação direta entre o tipo facial dentro da normalidade, sugerindo um palato mais longo, estreito e profundo. Porém no presente estudo houve um aumento da profundidade do palato após a disjunção que pode estar associado ao período de tempo extenso decorrido para obtenção do modelo final após a disjunção, tendo um crescimento ósseo geral,inclusive do palato se dissociando no crescimento facial e estabilizando a profundidade. Essa situação pode ser observado também em PINTO et. al., (2006) porém este o associou a possível erupção dos dentes permanentes superiores em função do maior tempo de tratamento. CONCLUSÕES Pode-se concluir com o presente estudo a eficiência da expansão rápida da maxila através do aumento considerável da largura alveolar que se fez presente nos dois seguimentos observados. Observou-se também que a inclinação dental se fez mais proeminente que a largura alveolar tanto na região de caninos quanto na região de molares,possivelmente pela ativação do aparelho exercer grande força sobre os dentes suporte,porém esta inclinação não resulta em complicações futuras, sendo possível uma sobrecorreção pós-disjunção. A inclinação dental é um processo comum visualizado durante a abertura da sutura palatina mediana, porém deve-se atentar ao fato da inclinação dental não trazer benefícios à expansão maxilar e pelo contrário as vezes dificulta a observação pósdisjunção,criando uma falsa expansão. A profundidade do palato aumentada na fase pós-disjunção contraria os estudos já realizados, porém observou-se nos palatos estudados uma correção sem presença de profundidade excessiva, embora os valores tenham sido maiores a expansão se fez presente corrigindo a deformidade existente, supõe-se que o tempo decorrido para obtenção do modelo final possa ter prejudicado os valores encontrados e o crescimento ósseo dificultou um resultado coerente. Maiores estudos deveriam ser realizados com o intuito de sanar as dúvidas presentes. Trabalho de iniciação científica na área de ortodontia REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, M. C. M. Mordida cruzada. In: ______. Ortodontia para clínicos. 2. ed. São Paulo: Ed. Santos, 1982. p. 233-243. DAVID, S.N.M. et al. Avaliação e mensuração da sutura palatina mediana por meio da radiografia oclusal total digitalizada em pacientes submetidos à expansão rápida maxilar. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial: v. 14, n. 5, p. 62-68, set./out. 2009. FERREIRA et al., Efeitos dentais e esqueletais mediatos da E.R.M. utilizando o disjuntor Hyrax. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.12, n.4, p.36-48, jul./ago.2007. - 246 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq HANSON, M. L.; BARNARD, L. W.; CASE, J. L. Tongue-thrust in preschool children. Part ll: dental occlusion patterns. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 57, no. 1, p. 15-22, 1970. KUTTIN, G.; HAWES, R. R. Posterior crossbite in deciduous and mixed dentition. Am. J Orthod., St. Louis, v. 56, n. 5, p. 491-504, 1969. LIMA FILHO, R. M. A., Alterações na dimensão transversal pela expansão rápida da maxila. . Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.14, n.5, p.146-157,set./out..2009. LIMA, R.M.A.F. Efeitos a longo prazo das expansões rápida e lenta da maxila em pacientes classe ii esquelética: avaliação tridimensional. 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Palavras- chave: expansão rápida da maxila, mordida cruzada posterior, disjuntor palatino. - 247 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq INFLUÊNCIA DO TEMPO DE ARMAZENAGEM E MATERIAL NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO PÓS-FIXAÇÃO DE BRAQUETES EM INCISIVOS BOVINOS SOUSA, R.E.1,1; CORRER, A.R.C.1,2 VALDRIGHI, H.1,3; VEDOVELLO FILHO, M.1,4; VEDOVELLO, S.A.S.1,5 1 2 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Rafael Evangelista de Sousa; 4 5 6 Ana Rosa Costa Correr; Heloísa Valdrighi; Mário Vedovello Filho; Silvia Amélia Scudeler Vedovello. 3 [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A aplicação clínica dos braquetes fomentou o progresso da ortodontia, descartando o uso de bandas em todos os dentes. Conforme PINTO et al. (1996), esse procedimento simplificou a montagem do aparelho ortodôntico fixo e promoveu a redução das fases e do tempo de tratamento. Em função disso, de acordo com BISHARA (2000), foi obtida a facilidade na remoção do biofilme dental e a redução conseqüente das gengivites. Além do mais, dispensou a utilização de separadores, os quais geravam espaços a serem fechados após o tratamento, possibilitou a colagem de braquetes em dentes parcialmente erupcionados, reduziu a probabilidade de descalcificações geradas por infiltrações, facilitou a detecção de cárie e proporcionou superioridade estética. A colagem de braquetes diretamente ao substrato dental requer vários passos, os quais necessitam ser executados de maneira ordenada e criteriosa a fim de evitar possíveis descolamentos durante a mecanoterapia. Entretanto, segundo BISHARA et al. (1998), esse procedimento absorve tempo e necessita de condições do campo operatório, como ausência de umidade ou qualquer tipo de contaminação orgânica. De acordo com ARNOLD et al. (2002), a presença desses fatores durante o procedimento de colagem convencional pode ser considerada uma das causas da queda de braquetes, retardando o tratamento e onerando os custos aos ortodontistas. O fluoreto presente no meio bucal promove a remineralização do esmalte e da dentina, reduzindo, conforme CURY (2001), a incorrência da doença cárie. No entanto, é preciso indagar se esses compósitos, pela presença do flúor e por terem sido introduzidos no mercado mais recentemente, perdem em resistência, diante das cargas mastigatórias, quando comparados aos materiais resinosos convencionais de eleição. OBJETIVO Objetiva-se avaliar a resistência ao cisalhamento de um selante resinoso que libera flúor (FluoroShield) comparando-o com um compósito resinoso (Transbond XT), bem como a quantidade de adesivo remanescente na superfície dental após a remoção do braquete. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA Para este estudo foram utilizados 40 incisivos bovinos sem trincas ou qualquer defeito na superfície. Os dentes passaram por um processo de limpeza em água corrente, com auxílio de cureta periodontal (Duflex, S. S. White) visando a remoção - 248 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq dos resíduos do ligamento periodontal. Em seguida, foram congelados por 4 meses até a realização do estudo e depois embutidos em tubos de PVC utilizando resina acrílica ativada quimicamente (Vipi Flash). Foram utilizados 40 braquetes metálicos Roth (Morelli) para incisivos centrais, e os materiais para colagem foram o compósito resinoso Transbond XT (3M Unitek) e o selante FluoroShield (Dentsply). Previamente, foi realizada a profilaxia dos dentes utilizando-se pedra pomes e água, taça de borracha e contra-ângulo em baixa rotação (Dabi Atlante). Os dentes foram lavados pelo mesmo tempo, secos e submetidos ao procedimento de colagem, e divididos em 4 grupos (n=10), de acordo com o material utilizado para a colagem e o tempo que foi realizado o ensaio de resistência ao cisalhamento (10 minutos e 24 horas): Transbond XT – após 10 minutos (T10M); Transbond XT – após 24 horas (T24H); FluoroShield – após 10 minutos (F10M); FluoroShield – após 24 horas (F24H). Para a colagem com o compósito resinoso Transbond XT, foi realizado o condicionamento do esmalte com ácido fosfórico a 37% (Scothbond Etching Gel, 3M/ESPE) por 20 segundos. Posteriormente foi aplicado o preparador de superfície Transbond XT Primer no esmalte utilizando um microbrush. O solvente foi evaporado com jato de ar por 10 segundos e o compósito resinoso Transbond XT foi aplicado na base dos braquetes. Para os procedimentos realizados com o selante FluoroShield, o condicionamento do esmalte foi realizado com ácido fosfórico a 35% (Scothbond Etching Gel, 3M/ESPE) por 20 segundos. Posteriormente o selante foi aplicado na base dos braquetes. O posicionamento dos braquetes na superfície de esmalte foi realizado com pinça para colagem com pressão manual para extravasar o excesso de material, que foi removido com sonda exploradora. A fotoativação foi realizada com luz de lâmpada halógena XL2500 (3M/ESPE) por 40 segundos em cada interface braquete-dente. As amostras dos grupos T10M e F10M foram submetidas ao ensaio de resistência ao cisalhamento imediatamente após a fotoativação. Os grupos T24H e F24H, foram armazenados em água deionizada a 37ºC por 24 horas previamente ao ensaio de resistência de união. Para realização do ensaio as amostras foram posicionadas em um dispositivo de modo que a área de união permanecesse perpendicular ao cinzel da máquina de ensaio universal. O ensaio de resistência de união ao cisalhamento foi realizado em máquina de ensaio universal Instron (4411, Instron Ltd., High Wycombe, Bucks, United Kingdom), com velocidade de 0,5 mm/min e célula de carga de 500 kgF. As amostras foram carregadas até a fratura e os dados obtidos em kgF foram convertidos em Newton para posterior cálculo da resistência (MPa), utilizando a seguinte fórmula: Onde: RC = F A RC = resistência ao cisalhamento F = força necessária para remoção do braquete-dente (N) A = área do braquete (mm) Após o ensaio de resistência ao cisalhamento, o Índice de Remanescente Adesivo (IRA) foi avaliado seguindo o método proposto por ARTUN & BERGLAND (1984), que é baseado em escores que variam de 0 a 3. Os valores obtidos foram submetidos à análise de variância 2-way ANOVA e ao teste de Tukey em nível de 5% de significância. - 249 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 e a Figura 1 mostram a comparação das médias de resistência ao cisalhamento (MPa) para os dois materiais de fixação utilizados, em função do tempo de armazenagem das amostras. Foi observado que para as duas resinas, a resistência ao cisalhamento no período de armazenagem de 24 horas foi estatisticamente superior ao período de armazenagem de 10 minutos (p<0,05). Já quando foram comparados os materiais de fixação, foi observado que, nos dois períodos de armazenagem, o material Transbond XT apresentou resistência ao cisalhamento estatisticamente superior (p<0,05) ao FluoroShield. Tabela 1 – Valores médios de resistência ao cisalhamento da união de braquetes metálicos ao esmalte dental bovino (MPa) nos tempos de 10 minutos e 24 horas após a colagem com diferentes materiais de fixação. Tempo após a fixação Material 10 minutos Transbond XT 10,53 a, B Fluoroshield 24 horas (2,28) 6,82 b, B (3,60) 17,81 a, A (8,66) 9,78 b, A (5,26) Médias seguidas por letras minúsculas distintas na coluna e maiúsculas em linha, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, ao nível de 5%. ( ) - Desvio Padrão. Grupo de barras de cores iguais seguidas de mesma letra minúsculas e barras de cores diferentes seguidas de mesma letra maiúscula não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, ao nível de 5%. - 250 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Figura 1 – Ilustração gráfica dos valores médios de resistência ao cisalhamento da união de braquetes metálicos ao esmalte dental bovino (MPa) nos tempos de 10 minutos e 24 horas após a colagem com diferentes materiais de fixação. Os resultados da avaliação do IRA estão apresentados na Tabela 2. Para a resina Transbond XT 10 minutos, houve predominância de escore 2 e para o Transbond XT 24 horas predominância de escore 0. Para o FluoroShield 10 minutos, houve predominância de escore 1 e quantidades menores de escores 2 e 0. Por outro lado, para a resina FluoroShield 24 horas, houve predominância de escores 1 e 2. Tabela 2 – Percentual de escores (%) para o IRA dos diferentes grupos. Escore (%) Resinas 0 1 2 3 Transbond XT 10 min. - 40% 60% - Transbond XT 24 hs 50% 40% 10% - Fluoroshield 10 min. 20% 40% 30% 10% - 40% 40% 20% Fluoroshield 24 hs Muitos pesquisadores vêm mostrando as vantagens de se utilizar resinas fluoretadas em relação às convecionais para a colagem de braquetes ortodônticos, uma vez que esses materiais têm uma propriedade adicional, a liberação de flúor no meio bucal. A presença de braquetes ortodônticos associados aos seus respectivos acessórios (tubos, ganchos, elásticos, arcos e aletas) dificulta a higienização bucal pelo paciente, potencializando o risco de ocorrência de desmineralização do esmalte dentário e, por conseguinte, instalação de lesões cariosas (RIBEIRO et al., 2008). Portanto, a liberação de flúor por um período prolongado de tempo proporciona o aumento da resistência do esmalte e a sua remineralização, quando dos eventos de desmineralização ( CORRER SOBRINHO et al., 2002). Conforme apresentado nos resultados, o FluoroShield obteve uma média máxima de 9,78MPa no tempo de 24 horas, compatível com o observado por MUSSOLINO et al. (1998), assegurando o seu emprego como material de colagem na Ortodontia. O valor médio de resistência ao cisalhamento de um material utilizado na colagem de acessórios ortodônticos ao esmalte, para que o mesmo seja considerado clinicamente adequado, deve estar entre 5,6MPa a 7,8MPa (REYNOLDS, 1975). Os resultados obtidos, 17,81MPa, 10,53MPa, 9,78MPa, 6,82MPa, respectivamente para os grupos Transbond XT 24 horas, Transbond XT 10 minutos, FluoroShield 24 horas, FluoroShield 10 minutos, foram superiores aos preconizados, ressaltando os altos valores de adesão alcançados pelo Transbond XT, semelhante ao observado por RIBEIRO et al. (2008) Os dois materiais foram significativamente diferentes entre si (p<0,05), sendo que o Transbond XT apresentou o melhor desempenho nos dois tempos em relação ao FluoroSield. De acordo com IANNI FILHO (2004), isso pode ser explicado devido ao - 251 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq fato de que aquele material apresenta maior quantidade de carga, pois o teor inorgânico influencia diretamente na resistência dos materiais resinosos, bem como o preparo da superfície para a colagem, o que inclui o condicionamento ácido e a aplicação do sistema adesivo. O FluoroShield é um material mais fluido, por ser ulitizado no selamento de fóssulas e fissuras, e para tal o escoamento é imprescindível. Sendo assim, o mesmo tem comportamento mais vantajoso quanto ao acúmulo de placa, pois possui cargas menores NEVES & CHEVITARESE (1996). O maior valor de resistência ao cisalhamento foi para o Transbond XT após 24 horas (17,81MPa), semelhante aos resultados apresentados por IANNI FILHO (2004). No tempo de 10 minutos a resistência foi estatisticamente menor quando comparada com a resistência no tempo de 24 horas para os dois materiais, talvez por que a polimerização não estivesse totalmente estabelecida RASTELLI (2010). Quanto ao IRA, não existe um consenso na literatura a respeito do padrão de descolgem dos braquetes, o ideal é que não se tenha injúrias ao esmalte, independentemente desse padrão RIBEIRO et al. (2008). Analisando os índices obtidos, verificou-se que o Transbond XT deixou menos resíduo no esmalte, após a descolagem, em relação ao FluoroShield. No entanto, isso não desmerece o uso do selante como material de colagem de braquetes, pois quando a descolagem é realizada através da associação Alicate de How e brocas de carboneto de tungstênio lisa número 1172/016 em baixa rotação, e posterior polimento com pedra-pomes em taça de borracha na remoção do material resinoso, não há danos ao esmalte (NEVES & CHEVITARESE, 1996 apud FRAUCHES, 1990). CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO 1. Os maiores valores de resistência ao cisalhamento aos 10 minutos e 24 horas foram obtidos com o Transbond XT, com diferença estatisticamente significante em relação ao FluoroShield. No entanto, os dois materiais testados apresentaram força de adesão adequada para o uso clínico; 2. Para os dois materiais estudados, o período de armazenagem de 24 horas promoveu aumento nos valores de resistência ao cisalhamento com diferença estatisticamente significante em relação ao ensaio de 10 minutos. 3. Com relação ao Índice de Remanescente Adesivo, observou-se que o Transbond XT no tempo de 24 horas apresentou os escores mais baixos, ao contrário do FluoroShield no mesmo tempo. Porém a literatura não apresenta um consenso quanto ao ideal no padrão de descolgem. ÓRGÃO FINANCIADOR: CNPq TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PALAVRAS-CHAVES: Colagem dentária. Braquetes ortodônticos. Resistência ao cisalhamento REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARTUN, J.; BERGLAND, S. Clinical trials with crystal growth conditioning as an alternative to acid-etch enamel pretreatment. Am J Orthod, v. 85, n. 4, p. 333-340, Apr. 1984. - 252 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ARNOLD, R.W.; COMBE, E.C.; WARFORD. JR., J.H. 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(Asteraceae) NA LESÃO INDUZIDA PELO VENENO DE Bothrops jararaca NA PELE DE RATOS MOURÃO, V.B.1,4; GIRALDI, G.M.1,4; GASPI, F.O.G. 1,6; RODRIGUES, R.A.F. 3,6; MAZZI, M.V.1,2,7; SANTOS, G.M.T.1,2,8 1 2 Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS, Araras, SP; Programa de Pós-graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS, Araras, SP; 3 4 5 6 Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Campinas, SP; Discente, Profissional; Docente, 7 8 Co-orientador; Orientadora [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O veneno da serpente Bothrops jararaca é bastante complexo e possui as seguintes ações: proteolítica, referente às lesões locais (rubor, edema, bolhas e necrose dos tecidos), coagulante, pelo fato do veneno ativar a cascata de coagulação em três diferentes locais: no fibrinogênio, no fator X e na protrombina e hemorrágica, decorrente de componentes específicos, denominados hemorraginas, que atuam sobre os vasos capilares provocando lesões e rupturas na membrana basal (BARRAVIERA, 1999; BRASIL, 2001; MANTECHEVIS, 2004; SCHVARTSMAN, 1992). Em qualquer tecido, o organismo possui a capacidade de reparar a lesão induzida por danos locais, processo este, chamado de reparo tecidual, que pode ocorrer de duas formas: por regeneração do tecido lesado por células parenquimatosas do mesmo tipo; ou por substituição por tecido conjuntivo, ou fibroplasia, tendo em seu estado permanente uma cicatriz (KUMAR, COTRAN, ROBBINS, 1994). Mas nem sempre este mecanismo sozinho é eficaz, sendo necessária a utilização de produtos que auxiliem/acelerem a recuperação do tecido. O Brasil apresenta grande diversidade biológica o que propicia a utilização de plantas como medicamentos. Um exemplo é o uso das folhas do “guaco”, Mikania glomerata Spreng. (Asteraceae) que apresenta propriedade tônica, depurativa, sudorífica, anti-reumática, febrífuga, antigripal, antiasmática e cicatrizante (LORENZI, MATOS, 2008; MARTINS, 2000) e são utilizadas na forma de chás e xaropes, como broncodilatador e expectorante (asma, bronquite e tosse) devido à ação antiinflamatória e inibitória sobre a musculatura brônquica (LOW, ROOD, BERESFORD, 1999; CARDAMONE, 1999). Em aplicações locais, é utilizado em partes afetadas por traumatismos, nevralgias, pruridos e dores reumáticas (MATOS, 2002) e, dentre seus principais constituintes químicos, destaca-se a cumarina, talvez a substância responsável pelo seu efeito antiofídico (TESKE, TRENTINI, 1997) e por isso é utilizada por índios do norte da América do Sul como antitóxico para neutralizar o veneno de algumas espécies de serpentes (RUSSEL, 1980; BOTSARIS, 1998; MARTINS, 2000). OBJETIVO Avaliar os efeitos da utilização do extrato hidroalcoólico das folhas de Mikania glomerata Spreng. (Asteraceae) na lesão induzida pelo veneno bruto de Bothrops jararaca na pele do dorso de ratos Wistar (Rattus novergicus). - 255 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq METODOLOGIA Preparação do material vegetal: Na horta de plantas medicinais do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, Araras (SP) coletaram-se folhas da espécie Mikania glomerata Spreng. (Asteraceae). Elas foram selecionadas, limpas, pesadas e em seguida, passadas pelo processo de extração por maceração em solução hidroalcoólica 70%, em temperatura ambiente por um período de 7 dias. Repetiu-se esse procedimento por mais uma vez e os filtrados resultantes foram reunidos e rotaevaporados a 40°C até completa remoção do etanol. Posteriormente submeteu-se o filtrado à liofilização, sendo obtido o extrato hidroalcoólico. Foi depositada uma exsicata no acervo do Herbário ESA (ESALQ), sob registro de número ESA 114299. Grupos experimentais: Para os ensaios foram utilizados 54 ratos Wistar (Rattus novergicus) machos com 120 dias de idade e peso médio de 300 gramas, obtidos no Centro de Experimentação Animal do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, Araras (SP). Mantiveram-se os mesmos em gaiolas individuais com ração comercial e água ad libitum e dividiu-se, aleatoriamente em seis grupos experimentais de 09 (nove) animais em diferentes horários (1hora, 2 horas e 3 horas) conforme descrito abaixo: Controle negativo: administração de 100µL de solução salina; Controle positivo veneno: administração de 100µL de veneno bruto de Bothrops jararaca na concentração de 3,2µg/µL; Controle positivo guaco: administração de 100µL de extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. na concentração de 15µg/µL; Grupo 4 (1:1): administração de 100µL de veneno bruto de Bothrops jararaca + extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. na concentração de 1,6µg/µL; Grupo 5 (1:2): administração de 100µL de veneno bruto de Bothrops jararaca + extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. na concentração de 3,2µg/µL; Grupo 6 (1:4): administração de 100µL de veneno bruto de Bothrops jararaca + extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. na concentração de 6,4µg/µL. Procedimento experimental: Para a tricotomia efetuada no dorso, submeteram-se os animais à anestesia com Cloridrato de Xilazina (20mg/kg peso) e Cloridrato de Ketamina (50mg/kg). Após 48h desse procedimento, anestesiaram-se os mesmos conforme descrito anteriormente para a aplicação intradérmica simultânea do veneno de Bothrops jararaca e do extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. nas referidas dosagens utilizando-se agulha de insulina. Para realização dos ensaios, o extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. e o veneno bruto de Bothrops jararaca foram previamente incubados por 30 minutos a 37oC para avaliar o efeito neutralizante do extrato vegetal sobre o veneno. Na primeira, segunda e terceira hora após a administração dessas substâncias coletaram-se as áreas lesionadas, nos diferentes animais (três de cada grupo experimental) para fotodocumentação. Para esse procedimento, anestesiou-se segundo o mesmo protocolo e promoveu-se o sacrifício por deslocamento cervical. Em seguida retirou-se a pele, fotografou-se e estirou-se em parafina para posterior verificação da atividade hemorrágica que foi - 256 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq analisada macroscopicamente pela formação e mensuração do halo hemorrágico, em milímetros. Lembrando-se que a Dose Hemorrágica Mínima (DHM) é determinada como a concentração de veneno (μg veneno/g) que causa um halo hemorrágico de 10 mm. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na figura 1 observa-se que diferentes concentrações do veneno bruto de Bothrops jararaca causaram hemorragia, em comparação ao controle negativo, sendo este efeito, dependente da concentração. Na mesma figura verifica-se, ainda, que a dose hemorrágica mínima determinada foi de 160 g de veneno. Figura 1. AVALIAÇÃO DA HEMORRAGIA NAS PELES DE RATOS. Determinação da dose hemorrágica mínima (DHM) do veneno bruto de Bothrops jararaca em ratos Wistar (Rattus novergicus). - 257 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Na figura 2, observando-se as imagens, os resultados parciais obtidos permitem concluir que houve uma melhora na intensidade da lesão hemorrágica, porém, a determinação do efeito inibitório, utilizando o método de mensuração da área hemorrágica através do Programa Posturograma mostrou-se impreciso. Assim, será necessário avaliar histologicamente as peles, para obtenção de resultados mais precisos e expressivos. Figura 2. AVALIAÇÃO DO EFEITO INIBITÓRIO DO EXTRATO HIDROALCOÓLICO DE Mikania glomerata Spreng. SOBRE A HEMORRAGIA CAUSADA PELO VENENO BRUTO DE Bothrops jararaca. Inibição da Área Hemorrágica induzida pelo veneno bruto de Bothrops jararaca com extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. G1: controle negativo de solução salina (C-); G2: controle positivo veneno bruto (C+V, 3,2µg/µL); G3: controle positivo guaco (C+G; 15µg/µL); G4: proporção de inibição (1:1, veneno:guaco); G5: proporção de inibição (1:2, veneno:guaco); G6: proporção de inibição (1:4, veneno:guaco). Os ensaios foram realizados em diferentes tempos de incubação (1h, 2h, 3h). Na figura 3, verifica-se graficamente que a hemorragia causada pelo veneno bruto de Bothrops jararaca apresentou significante inibição pelo extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. em todas as concentrações utilizadas da planta e o efeito inibitório ocorreu na primeira hora. - 258 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Porém, quando comparadas as figuras 3 e 4, observa-se que o método utilizando-se a mensuração da área hemorrágica se mostrou mais preciso que a do halo hemorrágico. 2,6 1h 2h 3h 2,4 Área Hemorrágica (cm2) 2,2 2,0 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 G1 (C-) G2 (C+V) G3 (C+G) G4 (1:1) G5 (1:2) G6 (1:4) Figura 3. Inibição da Área Hemorrágica induzida pelo veneno bruto de Bothrops Jararaca com extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. G1: controle negativo de solução salina (C-); G2: controle positivo veneno bruto (C+V, 3,2µg/µL); G3: controle positivo guaco (C+G; 15µg/µL); G4: proporção de inibição (1:1, veneno:guaco); G5: proporção de inibição (1:2, veneno:guaco); G6: proporção de inibição (1:4, veneno:guaco). Os ensaios foram realizados em diferentes tempos de incubação (1h, 2h, 3h). Os resultados foram expressos em SD. Figura 4. Inibição do Halo Hemorrágico induzida pelo veneno bruto de Bothrops jararaca com extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. G1: controle negativo de solução salina (C-); G2: controle positivo veneno bruto (C+V, 3,2µg/µL); - 259 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq G3: controle positivo guaco (C+G; 15µg/µL); G4: proporção de inibição (1:1, veneno:guaco); G5: proporção de inibição (1:2, veneno:guaco); G6: proporção de inibição (1:4, veneno:guaco). Os ensaios foram realizados em diferentes tempos de incubação (1h, 2h, 3h). Os resultados foram expressos em SD. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que a planta Mikania glomerata Spreng. (Asteraceae) possa ser incluída para esses futuros estudos, entre as espécies de plantas com potencial atividade antiofídica, ainda por explorar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARRAVIERA, B. Venenos: aspectos clínicos e terapêuticos dos acidentes por animais peçonhentos. Rio de Janeiro: EPUB, 1999. 411p. BOTSARIS, A.S. Monografia sobre as plantas citadas nas fórmulas. In: BOTSARIS, A.S. As fórmulas mágicas das plantas. 2.ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Era, 1998. cap.3. p.417-418. BRASIL, Ministério da Saúde. Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos. Brasília: 2001. 112p. CARDAMONE, R.B. No jardim das plantas medicinais. Campinas: Edição do autor, 1999. 110p. KUMAR, V., COTRAN, R. S., ROBBINS, S. L. Reparo: Crescimento Celular, Regeneração e Cicatrização de Feridas. 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PALAVRAS-CHAVES: lesão, jararaca, guaco. - 261 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq APRESENTAÇÃO PAINEL AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE AGENTES QUÍMICOS NO CONTROLE DE BACTÉRIAS RELACIONADAS ÀS INFECÇÕES EM SERVIÇO DE SAÚDE ........................................................................................ Pág. 266 ANATOMIA RADICAL DE Rodriguezia Decora REPRESENTANTE DE Ondidiiane (Orchidaceae) ...................................................................................Pág. 272 WEBLOGÍSTICA: SINTETIZANDO CUSTOS, TEMPO DE ENTREGAS E GERENCIAMENTO DE ROTAS NOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÕES ...............Pág. 277 ANATOMIA RADICAL DE Baptisoinia lietzei (REGEL) CHIRON & V. P. CASTRO (Oncidiinae: Cymbidiaeae, Orchidaceae) .........................................Pág. 281 ANATOMIA RADICAL DE Baptisoinia cornigera (LINDL.) CHIRON & V. P. CASTRO (Oncidiinae: Cymbidiaeae, Orchidaceae) ......................................... Pág. 286 NÍVEL DO ESTRESSE NO TRABALHO DOS CONTROLADORES DO TRÁFEGO AÉREO.............................................................................................Pág. 291 TUBERCULOSE: É BOM SABER.............................................................................Pág. 294 A BIOSSEGURANÇA NAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM: UMA QUESTÃO DE CONSCIENTIZAÇÃO PERMANENTE ..............................................Pág. 300 VARIAÇÃO DA RAZÃO CSH/GSSG COMO MARCADOR DE ETRESSE OXIDATIVO – PRINCIPAIS METODOLOGIAS DE ANÁLISE ...................................Pág. 305 LEVANTAMENTO DA DIVERSIDADE DA ENTOMOFAUNA (CLASSE INSECTA) EM ÁREA DE VEGETAÇÃO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO “HERMÍNIO OMETTO” - UNIARARAS......................................................................Pág. 309 INIBIÇÃO, IN VITRO, DA RESPIRAÇÃO MITOCONDRIAL POR VENENO CROTÁLICO É CÁLCIO-DEPENDENTE ..................................................................Pág. 313 VACINAÇÃO CONTRA O VÍRUS INFLUENZA A (H1N1): ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS CONCLUINTES DOS CURSOS DA ÁREA DA SAÚDE .....................................................................................................Pág. 317 INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO DAS HABILIDADES FUNCIONAIS NA MIELOMENINGOCELE: ESTUDO DE CASO .....................................................Pág. 320 AÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA NA ARTRITE REUMATÓIDE INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE ........................................................................Pág. 324 (DES) CONSTRUINDO A SEXUALIDADE NA ESCOLA UMA AÇÃO INTEGRADA ENTRA SAÚDE E EDUCAÇÃO ..........................................................Pág. 328 ECOSSENSIBILIZAÇÃO MUSICAL NO CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO – UNIARARAS COMO ESTRATÉGIA DE ECOSUSTENTABILIDADE VISANDO A CERTIFICAÇÃO DA ISO 14001 ............ ..Pág. 334 - 262 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL EM PACIENTES COM LESÃO MEDULAR: CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UNIARARAS .............................................................................................................Pág. 338 ANATOMIA RADICAL DE Ionopsis utriculariodes LINDL. (Onciinae: Cymbidieae, Orchidaceae) .......................................................................................Pág. 341 AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO E DINÂMICO EM TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR: ESTUDO DE CASO ........................................Pág. 346 ADUBAÇÃO ORGÂNICA NA CULTURA DO MILHO: MANEJO, PRODUTIVIDADE E MEIO AMBIENTE ................................................................. ..Pág. 349 INFECÇÃO FÚNGICA POR CANDIDA ALBICANS E CANDIDA NÃO-ALBICANS NO AMBIENTE HOSPITALAR ......................................................Pág. 353 A INCLUSÃO ESCOLAR NOS DIAS DE HOJE: UMA REVISÃO DA LITERATURA .....................................................................................................Pág. 359 PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS E PROTOZOÁRIOS COMENSAIS EM CRIANÇAS DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ OMETTO, ARARAS-SP ............................................................................................Pág. 363 NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES DE CAMPINAS/SP – COMPARAÇÃO COM HÁBITOS DE VIDA ...............................................................Pág. 369 A INFLUÊNCIA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS EM PRÉ-ESCOLARES .............................................................................................Pág. 373 O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO .....................................................................................................Pág. 378 O USO DE MATERIAIS LÚDICOS NO ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CRIANÇAS ENTRE 3 E 7 ANOS DE IDADE .............................Pág. 382 ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA E CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE REFERENTE À VACINAÇÃO ...............................................Pág. 385 AVALIAÇÃO ESCOLAR E SUAS IMPLICAÇÕES NA RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO NO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL .......................Pág. 388 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE CARBOXIHEMOGLOBINA NO SANGUE DE UM FUMANTE E UM NÃO FUMANTE .........................................Pág. 392 ANATOMIA RADICAL DE Miltonia spectabilis LINDL. (Oncidiinae, Cymbideae: Orchidaceae) ........................................................................................Pág. 395 VARIÁVEIS DE PROCESSOS DE PSICOTERAPIAS EM CLÍNICA-ESCOLA ....................................................................................................Pág. 400 ARTRITE REUMATÓIDE: AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA E IMUNOHISTOQUÍMICA DA ARTRITE INDUZIDA EM MODELOS - 263 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq EXPERIMENTAIS E TRATADA COM LASER DE BAIXA INTENSIDADE E METOTREXATO ...................................................................................................Pág. 404 CORRELAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO VIRAL DA PRÓSTATA PELO XMRV E O CÂNCER DE PRÓSTATA ......................................................................Pág. 408 GRUPO DE ORIENTAÇÃO A EQUIPE: UMA AÇÃO HUMANIZADA E INTERDISCIPLINAR .............................................................................................Pág. 412 AÇÃO DA HISTAMINA E ANTI-HISTAMÍNICOS NO SISTEMA GASTROINTESTINAL ..............................................................................................Pág. 416 JOGOS E BRINCADEIRAS DE CRIANÇAS EM PRAÇAS NA CIDADE DE ARARAS – SP – OLHAR INICIAL .......................................................................Pág. 423 APLICAÇÃO DO LASER 670NM EM ULCERA CUTÂNEA DE PACIENTE PORTADOR DE TROMBOCITEMIA EM TRATAMENTO COM HIDROXIURÉIA – ESTUDO DE CASO ....................................................................Pág. 427 CONTAGEM LEUCOCITÁRIA TOTAL E DIFERENCIAL DE RATTUS NOVERGICUS ALBINUS WISTAR APÓS LESÃO DORSAL CUTÂNEA TRATADOS COM LASERTERAPIA E PLACA ACTICOAT ......................................Pág. 433 AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE RAMOS SINTOMÁTICOS COMO FONTE DE INÓCULO DO VÍRUS DA LEPROSE DOS CITROS ..............................Pág. 436 CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO DE CLIMA ORGANIZACIONAL DURANTE O ESTÁGIO ESPECÍFICO EM ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS .........................................................................Pág. 440 ENGENHARIA DE SOFTWARE: NOVA METODOLOGIA DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE ...................................................................Pág. 444 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE GALVANOPUNTURA E VACUOTERAPIA EM ESTRIAS ALBAS POR MEIO DA BIOFOTOGRAMETRIA ............................................................................................Pág. 448 AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR EM CRIANÇAS INSTITUCIONALIZADAS ................................................................Pág. 451 UTILIZAÇÃO DO NINTENDO Wii NA REABILITAÇÃO DO MEMBRO SUPERIOR EM UM INDIVÍDUO COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ..............................................................................................................Pág. 455 LEVANTAMENTO DA MACROFAUNA EM SOLOS DE MATAS CILIARES DEGRADADAS PELA AGRICULTURA/PECUÁRIA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PASSA-CINCO - IPEÚNA, SP .............................Pág. 458 GESTÃO DE PESSOAS EM UMA CONSTRUTORA – PROPONDO UM MODELO BASEADO EM COMPETÊNCIAS ......................................................Pág. 463 A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO INDUSTRIAL PAULISTA NO SÉCULO XXI ..............................................................Pág. 467 - 264 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO FARMACÊUTICA NA AVALIAÇÃO DE FATORES DE RISCO: REVISÃO DE LITERATURA EM INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA.............................................................................Pág. 476 PURIFICAÇÃO DO β-CAROTENO PRESENTE EM EXTRATO DE CENOURAS ATRAVÉS DE CROMATOGRAFIA EM COLUNA DE AÇUCAR ............................................................................................................Pág. 483 PREVALÊNCIA DE IGG, IGM E IGA SANGUÍNEO E IGA SALIVAR CONTRA O HERPESVÍRUS HUMANO 7 NA POPULAÇÃO ADULTA SADIA ........................................................................................................Pág. 487 O ENSINO PELO TODO E POR PARTES DE UMA COREOGRAFIA DE JAZZ COM BAILARINOS EXPERIENTES ..........................................................Pág. 490 O PAPEL DE UM AVA APOIANDO OS ESTUDOS NO ENSINO SUPERIOR ...............................................................................................................Pág. 494 A COMUNICAÇÃO COM CRIANÇAS AUTISTAS: UM ESTUDO DE CASO .................................................................................................................Pág. 498 PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS A SÍNDROME METABÓLICA EM UMA POPULAÇÃO ADULTA......................................................Pág. 502 AÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA NO CRESCIMENTO DE ENTEROCOCCUS RESISTENTE A VANCOMICINA E STAPHYLOCOCCUS AUREUS RESISTENTE A OXACILINA .................................Pág. 505 PRINCIPAIS FATORES GENÉTICOS NA VARIABILIDADE FENOTÍPICA DA ANEMIA FALCIFORME: REVISÃO DE LITERATURA..................Pág. 509 SÍNDROME DE NOONAN: REVISÃO DE LITERATURA .........................................Pág. 513 AVALIAÇÃO DA SIMETRIA DE TRONCO EM UM PACIENTE COM AMPUTAÇÃO BILATERAL DE MEMBROS INFERIORES POR MEIO DA BIOFOTOGAMETRIA COMPUTADORIZADA ....................................................Pág. 517 RAP: OS DUELOS DE RIMAS DE IMPROVISO COMO ATIVIDADE DE LAZER ................................................................................................................Pág. 521 FENÔMENO DA BODY ART À LUZ DAS TEORIAS SOBRE O SOCIAL ....................................................................................................................Pág. 526 UM SOFTWARE DE APOIO AO GERENCIAMENTO DE FILAS DE ATENDIMENTO EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS ................................Pág. 532 - 265 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE AGENTES QUÍMICOS NO CONTROLE DE BACTERIAS RELACIONADAS ÀS INFECÇÕES EM SERVIÇO DE SAÚDE MAXIMO, H. J. 1, 2, 5, 6; BERETA, A.L.R.Z.1, 3, 4. 1 2 3 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto – 4 5 6 UNIARARAS; Orientadora; Docente do Centro Universitário Anhanguera; Responsável técnico pelos laboratórios da área da Saúde do Centro Universitário Anhanguera Educacional LemeSP. [email protected] ; [email protected] INTRODUÇÃO As infecções relacionadas à assistência constituem um problema de saúde pública mundial, gerando aumento na morbidade, na mortalidade e nos custos assistenciais. A implantação de medidas básicas preventivas pode reduzir a incidência e a gravidade destas infecções. Ações simples apresentam baixo custo e grande sucesso na prevenção de infecções em estabelecimentos de saúde. Diversas situações nas rotinas de aquisição, estocagem, manipulação, e concentração dos agentes químicos podem alterar a qualidade de soluções. Entre aos principais fatores que comprometem a qualidade de desinfetantes e anti-sépticos estão as diferentes concentrações dos agentes, uso de água não purificada para diluição, estocagem em locais de umidade e temperatura elevadas, embalagens que não protegem de extravasamentos, contaminações química ou biológica por contato com o ambiente ou com as mãos. A Escherichia coli é um patógeno oportunista; causador de septicemia, além de causar infecções do trato urinário e hospitalares; alguns sorotipos, denominados Escherichia coli enterovirulentos, são sempre patógenos. A Pseudomonas aeruginosa é um bacilo Gram-negativo aeróbio; produz um pigmento característico verde azulado (piocianina); e odor característico de fruta; causa infecções em feridas por queimaduras, otites, infecções urinária e respiratória; uma das principais causas de infecções hospitalares; a maioria das cepas é resistente aos fármacos, e à alguns desinfetantes. A clorexidina é uma biguanida com propriedades catiônicas que foi introduzida há muitos anos como anti-séptico de largo espectro contra bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. O hipoclorito de sódio é um composto químico a base de cloro utilizado como desinfetante, e normalmente é empregado na limpeza e desinfecção de áreas e artigos críticos e semicríticos. Alcoóis são compostos químicos, orgânicos, utilizados em atividades da área de saúde, como desinfetantes e anti-sépticos, e são eficazes para destruição e controlar a população de microrganismos ou para impedir a disseminação de microrganismos nos ambientes. A melhor concentração do álcool como agente antimicrobiano é 70%, onde sua ação antimicrobiana é efetiva. Sua atividade microbicida pode variar na concentração de 40% a 90% do volume (LONGO et al., 2006). OBJETIVOS - 266 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Avaliar in vitro a eficácia de agentes químicos como álcool nas concentrações de 90%, 70%, 60%, 50% e 40%, Clorexidina 2% com diferentes tempos de aplicação e Hipoclorito de Sódio, nas concentrações de 1%, 2%, 3%, 4% e 5%, no controle de cepas padrão de Escherichia coli (ATCC 25922) e Pseudomonas aeruginosa (ATCC 9027). Estabelecer um protocolo seguro de assepsia, para aplicação em locais de risco a saúde. METODOLOGIA Cepas padrão de bactérias Escherichia coli (ATCC 25922) e Pseudomonas aeruginosa (ATCC 9027), liofilizadas derivadas do American Type Culture Collection (ATCC), contidas em frasco ampolas foram diluídas em 1mL de solução de Cloreto de Sódio NaCl 0,9% estéril, utilizando-se uma seringa plástica de 1mL e agulha 30x08 ambas estéreis, em seguida as amostras bacterianas foram inoculadas em meio de cultivo Agar Brain Heart Infusion (BHI) e incubadas à 35-37ºC por 24 a 48 horas. Após a incubação cada cepa foi suspensa em 30 mL de solução de Cloreto de Sódio NaCl 0,9% estéril, até atingir 1 na escala nefelométrica de Mc Farland, homogeneizada por 30 segundos em agitador tipo Vortex QUIMIS®, sendo essa nomeada solução “mãe”. Foram distribuídos 9 mL de Clorexidina 2%, em cinco tubos de ensaio estéreis distintos com auxílio de uma pipeta de 10 mL, com a finalidade de avaliar o tempo de ação que melhor se aplica no controle dos respectivos microrganismos. Em seguida adicionou-se 1mL da solução mãe de cada cepa nos tubos contendo clorexidina, obedecendo-se uma ordem temporal de 1, 2, 3, 4 e 5 minutos pipetando-se 1 mL da solução, com auxílio de pipeta estéril e transferiu para uma placa de Petri estéril vazia, acrescentando-se em seguida 20 mL de meio de cultivo Plate Count Agar (PCA), após incubou-se as placas (1”, 2”, 3”, 4” e 5”) de cada cepa à 35-37ºC por 24 e 48 horas, realizou-se então a quantificação em profundidade de UFC/mL. Em continuidade, avaliou o álcool nas concentrações de 40%, 50%, 60%, 70% e 90%. Para tanto, pipetou-se 9mL do álcool nas respectivas concentrações em tubo de ensaio estéril, utilizando-se pipeta de 1mL estéril, em cada tubo adicionou-se 1mL da solução mãe preparada, homogeneizouse, aguardou-se 10 minutos e transferiu-se 1mL do preparado, com pipeta estéril, para uma placa de Petri estéril vazia, acrescentando-se em seguida 20 mL de meio Plate Count Agar (PCA). Logo após as placas com as diferentes concentrações de álcool (40%, 50%, 60%, 70% e 90%) e com as diferentes cepas bacterianas foram incubadas à 35-37ºC por 24 e 48 horas. A seguir realizou-se então a quantificação em profundidade de UFC/mL. Passou-se a avaliar a eficiência do hipoclorito de sódio nas concentrações de 1%, 2%, 3%, 4% e 5%. Para tanto, pipetou-se 9mL do hipoclorito de sódio nas respectivas concentrações em tubo de ensaio estéril, utilizando-se pipeta de 1ml estéril, em cada tubo adicionou-se 1mL da solução mãe preparada, homogeneizou-se, aguardou-se 10 minutos e transferiu-se 1mL do preparado, com pipeta estéril, para uma placa de Petri estéril vazia, acrescentandose em seguida 20 mL de meio de cultivo Plate Count Agar (PCA), após incubou-se as placas (1%, 2%, 3%, 4% e 5%) de cada cepa à 35-37ºC por 24 e 48 horas, realizou-se então a quantificação em profundidade de UFC/mL, utilizando-se contador de colônias QUIMIS® modelo Q-295-B. RESULTADOS E DISCUSSÃO - 267 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Todas as soluções de clorexidina 2% aquosa testadas nos intervalos de tempos de 1, 2, 3, 4 e 5 minutos foram eficazes no controle antimicrobiano da Echerichia coli e Pseudomonas aeruginosa. O mesmo resultado de eficiência no controle da Echerichia coli e Pseudomonas aeruginosa aplica-se nas soluções de hipoclorito de sódio à 1%, 2%, 3%, 4% e 5%. Já as soluções de álcool tiveram resultados variados no controle da Echerichia coli e Pseudomonas aeruginosa, pois o álcool nas concentrações de 90% e 70% foram eficientes para ambas as bactérias, o álcool à 60%, no controle da Pseudomonas aeruginosa foi eficiente, porém o mesmo não aconteceu quando aplicado na Escherichia coli, onde foi verificado a presença de 3 UFC/mL, o álcool à 50% não foi eficiente para ambas as bactérias, pois na presença da Escherichia coli contou-se 3 UFC/mL e quanto a Pseudomonas aeruginosa contou-se 1 UFC/mL, o álcool na concentração de 40% obteve 3 UFC/mL quando testado em Pseudomonas aeruginosa e 64 UFC/mL quando testado em Escherichia coli, como mostram os (Quadros 1, 2, 3, 4 , 5 e 6). Quadro 1- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Escherichia coli com aplicação da clorexidina aquosa 2% em diferentes tempos de exposição Microrganismo Tempo de Leitura de Leitura de exposição UFC/mL após 24 UFC/mL após 48 horas horas Escherichia coli 1 minuto 0 0 2 minutos 0 0 3 minutos 0 0 4 minutos 0 0 5 minutos 0 0 Quadro 2- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Pseudomonas aeruginosa com aplicação da clorexidina aquosa 2% em diferentes tempos de exposição Microrganismo Tempo de Leitura de Leitura de exposição UFC/mL após 24 UFC/mL após 48 horas horas 1 minuto 0 0 Pseudomonas 2 minutos 0 0 aeruginosa 3 minutos 0 0 4 minutos 0 0 5 minutos 0 0 Quadro 3- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Escherichia coli com aplicação do hipoclorito de sódio em diferentes concentrações Microrganismo Concentração do Leitura de Leitura de hipoclorito de UFC/mL após 24 UFC/mL após 48 sódio horas horas 1% 0 0 2% 0 0 Escherichia coli 3% 0 0 4% 0 0 5% 0 0 - 268 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Quadro 4- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Pseudomonas aeruginosa com aplicação do hipoclorito de sódio em diferentes concentrações Microrganismo Concentração do Leitura de Leitura de hipoclorito de UFC/mL após 24 UFC/mL após 48 sódio horas horas 1% 0 0 Pseudomonas 2% 0 0 aeruginosa 3% 0 0 4% 0 0 5% 0 0 Quadro 5- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Escherichia coli com aplicação do álcool em diferentes concentrações Microrganismo Concentração do Leitura de Leitura de álcool UFC/mL após 24 UFC/mL após 48 horas horas 40% 64 64 50% 3 3 Escherichia coli 60% 3 3 70% 0 0 90% 0 0 Quadro 6- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Pseudomonas aeruginosa com aplicação do álcool em diferentes concentrações Microrganismo Concentração do Leitura de Leitura de álcool UFC/mL após 24 UFC/mL após 48 horas horas 40% 3 3 Pseudomonas 50% 1 1 aeruginosa 60% 0 0 70% 0 0 90% 0 0 CONSIDERAÇÕES FINAIS A solução aquosa de Clorexidina na concentração de 2% demonstrou eficiência no controle antimicrobiano de bactérias com potencial patogênico como a Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa, independentemente dos diferentes tempos de exposição testados (1, 2, 3, 4 e 5 minutos). Sendo assim esse agente químico pode ser empregado na desinfecção e na anti-sepsia com segurança perante os mesmos microrganismos, embora a clorexidina seja utilizada em serviços de saúde, mais como anti-séptico. As soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 1%, 2%, 3%, 4% e 5%, demonstraram segura eficiência no controle antimicrobiano de ambas as bactérias testadas, neste sentido o seu uso pode, ser feito com segurança, nas ações de desinfecção. Apesar do álcool etílico 70% não ser aceito como desinfetante efetivo pelo Centro de Controle de Doenças e Prevenção, a utilização de alcoóis em diferentes concentrações deve ser feita de maneira prudente, pois em algumas concentrações o álcool não atinge um bom desempenho - 269 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq no controle antimicrobiano, sendo assim seu uso deve se restringir apenas a concentração de 70% na prática da descontaminação de ambientes que tenham por vez a presença das bactérias Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa. Porém estudos devem ser realizados para avaliar essas ações antimicrobianas em outras cepas virulentas envolvidas em infecções relacionadas a serviços de saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE D.; SANTOS, L.S.; OLIVEIRA, B.A. & BERALDO C.C. Alcoóis: A produção do conhecimento com ênfase na sua atividade antimicrobiana. Revista Medicina. Ribeirão Preto: vol 35, n 1, jan/mar, 2002. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução RDC nº 219 de 02 de agosto de 2002, que altera a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 46 de 20 de fevereiro de 2002. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 06 de Agosto de 2002. BURTON, Gwendolyn R.W. ENGELKIRK, Paul G. Microbiologia para as ciências da saúde, 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 426p. ISBN 85-277-1031-5, 2005. DAVIES, G. E et al. Laboratory investigation of a new anti-bacterial agent of a hight potence. British J.pharmacol., v. 9, p. 192-196, 1954. FERREIRA, R. A. Barrando o invisível. Rev. da APCD, v. 49, n. 6, p. 417-427, nov./dez. 1995. GARNER JS, JARVIS WR, EMORI TG, HORAN TC, HUGHES JH. CDC definitions for nosocomial infections. Am JInfect Control 1998;16:128-40. JORGE, A. O. C. Princípios de biossegurança em odontologia. Apostila. Taubaté, 1998. 39 p. LONGO, R.; D’LAGNOLL, M.; SHIMIZU, L. T.; CZANASKI, M. M. P.; DALLACOSTA,C. Estudo da qualidade da solução de álcool 70% p/p, 77% v/v ou 77º GL comercializados no estado do Paraná. 2006. 23f. Monografia (Especialização em Farmácia Magistral). Curitiba. MIMS C.A.; PLAYFAIR, J.H.L.; ROITT, I.M.; WAKELIN, R. & WILLIAMS, R. Microbiologia Médica. 2 ed. São Paulo: Manole, 1999. SILVA, C. R. G.; JORGE, A. O. C. Avaliação de desinfetantes de superfície utilizados em odontologia. Pesqui.Odontol. Bras., v. 16, n. 2, p. 107-114, 2002. SIQUEIRA J. R. et al. Effectiveness of four chemical solution in eliminating Bacillus subtilis spores on guttaperchacones. Endod. Dent. Traumatol., v. 14, n. 3, p. 124126, jun. 1998. - 270 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ÓRGÃO FINANCIADOR: Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional Anhanguera Educacional LTDA (IPADE) e Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular (FUNADESP). PALAVRAS-CHAVE: aeruginosa. Agentes químicos, Escherichia coli; Pseudomonas - 271 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ANATOMIA RADICIAL DE RODRIGUEZIA DECORA REPRESENTANTE DE ONDIDIIANE (ORCHIDACEAE) BORIN, L.1,2; CURIEL, A.C.1,2; LAGAZZI, G.3,4; PEDROSO-DE-MORAES, C.3,5. 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 orientador; Orientador. 2 Discente; 3 Docente; 4 Co- [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009), apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constituem um grupo tipicamente neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies (PRIDGEON et al., 2009). Elas ocorrem na América, principalmente, nas regiões tropicais sendo epífitas ou terrestres (FARIA, 2004). A delimitação da subtribo Oncidiinae foi controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Atualmente, Oncidiinae encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram tipicamente definidos por uma, ou poucas características puramente morfológicas, sem levar em consideração o relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009) apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. A espécie Rodriguezia decora apresenta rizoma longo e delgado, com pseudobulbos distantes entre si e raízes aéreas que partem da base. Apresenta inflorescências do tipo racemo, com cerca de 50 a 60 cm, e pequenas e poucas flores de 1,5 x 2,0 cm, róseo-brancas pintalgadas de um rosa mais escuro e sépalas fundidas. As flores ficam abertas durante um período de 15 a 25 dias, necessitam de umidade relativa ao redor de 30%, temperaturas de 25 a 35ºC e luminosidade de 50 a 90% (CARDOSO; ISRAEL, 2005). OBJETIVO A morfologia dos órgãos vegetativos de muitas Oncidiinae foram estudadas por Chase e Palmer (1997) e a filogenia descrita por Pridgeon et al. (2009), Para o Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de Baptistonia, Gomesa, Ornitophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium (pro parte) foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico, determinados táxons brasileiros dessa subtribo ainda necessitam de análise minuciosa, principalmente, devido às suas características adaptativas e - 272 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq taxonômicas. Assim, o presente trabalho objetivou descrever anatomicamente a raiz de Rodriguezia decora. MATERIAL E MÉTODOS O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Rodriguesia decora Barb. Rodr. (CV: 352, 353, 355, 356). A exsicata foi depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas.Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco exemplares de cada raiz por espécime foram seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com Safra-Blau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51). RESULTADOS E DISCUSSÃO As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana da raiz de Rodriguezia decora, as quais são cilíndricas e apresentam três regiões distintas: velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de epiderme, está presente na raiz de Rodriguezia decora e suas células são poligonais, elípticas ou retangulares, em secção transversal. Ele é formado por quatro camadas de células. As paredes celulares do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário. A camada mais externa do velame denominada epivelame, é formada por células anticlinalmente alongadas em Rodriguezia decora. As camadas celulares subjacentes a esse tecido são constituídas por células maiores e alongadas radialmente. O epivelame apresenta células maiores que as da camada interna. O endovelame é formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais, em Rodriguezia decora este se apresenta bem proeminente. O córtex apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme, o córtex central e a endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. Na raiz, nota-se que as células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que as da região central. Na raiz de Rodriguezia, a endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. Apresenta raiz poliarcas, sendo encontrados seis pólos em Rodriguezia decora. A medula é formada por células parenquimáticas esclerificadas. O teste com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina, nos espessamentos parietais das células do velame. A raiz apresenta velame, que constitui uma epiderme especializada composta por várias - 273 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq camadas de células com paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). O velame é formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame, na espécie, apresenta células maiores que as internas, fato este que pode ocorrer entre alguns representantes da atual tribo Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A análise do endovelame revela que, esta espécie apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de orquídeas (BENZING et al. 1983). Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células parecem estar ausentes em nesta espécie, pois não aparecem neste estudo. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern e Judd (2001), Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas Orchidaceae, como descrito para Catasetinae. O conjunto velame-exoderme funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em relação à endoderme, o espassamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (STERN; JUDD 2002; PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. A raiz de Rodriguezia aqui estudada corresponde ao tipo Cymbidium por possuir epivelame em até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas, em ambientes caracterizados por - 274 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de arroz-de-sequeiro. Também ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra importante, porém, parece haver, para as espécies aqui analisadas, maior influência do diâmetro médio celular parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular. CONSIDERAÇÕES FINAIS As raízes analisadas possuem velame, córtex central e endoderme definidos. As características estruturais encontradas nas raízes, como a presença de velame e células corticais de diâmetro avantajado, podem ser consideradas adaptações ao epifitismo. A uniformidade entre as características anatômicas encontradas na raiz estudada corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1997) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDOSO, J.C.; ISRAEL, M. Levantamento de espécies da família Orchidaceae em Águas de Sta.Bárbara-SP e seu cutlivo. Horticultura Brasileira, v. 23, p. 169-173, 2005. CHASE, M.W.; PALMER, J.D. Leapfrog radiation in floral and vegetative traits among twig epiphytes of the orchid subtribe Oncidiinae. In: Molecular Evolution and Adaptive Radiation, GIVNISH, T.J.; SYTSMA, K.J., Eds., Cambridge Univ. Press, NY, 1997. 350p. DRESSLER, R.L. The Orchids: natural history and classification.Cambridge: Harvard University Press, 1981. 298p. DRESSLER, R.L. Phylogeny and classification of the orchid family. Portland: Dioscorides Press, 1993. 314p. FARIA A. Sistemática filogenética e delimitação dos géneros da subtribo Oncidiinae (Orchidaceae) endêmicos do Brasil: Baptistonia, Gomesa, Ornithophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium pro parte. Tese (Doutorado). São Paulo, Brasil: Universidade Estadual de Campinas. 2004. - 275 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MOREIRA, A.S.F.P.; ISAIAS, R.M.S. Comparative anatomy of the absorption roots of terrestrial and epiphytic orchids. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 51, p. 83-93, 2008. PABST, G.F.J.; DUNGS, F. Orchidaceae Brasilienses II. Hildesheim: Kurt Schmersow. 1977. 418p. POREMBSKI, S.; BARTHLOTT, W. Velamen radicul micromorphology and classification of Orchidaceae. Nordic Journal of Botany, v.8, p.117-137, 1988. PRIDGEON, A.M. The velamem and exodermis of orchid roots. In: ARDITTI, J. Orchid biology: reviews and perspectives. Ithaca. Cornell University Press. 1987. 362p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.A.; RASMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 4 - Epidendroideae (part one). Oxford: Oxford University Press, 2006. 566p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.W.; RASSMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 5: Epidendroideae (part two). Oxford: Oxford University Press, 2009. 585p. SANFORD, W.W.; ADANLAWO, I. Velamen and exodermis characters of West African epiphytic orchids in relation to taxonomic grouping and habitat tolerance. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 66, p. 307-321, 1973. STERN, W.L; JUDD, W.S.; CARLSWARD, B.S. Systematic and comparative anatomy of Maxillareae (Orchidaceae), sans Oncidiinae. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 144, p. 251-274, 2004. PALAVRAS-CHAVES: Orquídea, raiz, Rodriguesia. - 276 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq WEBLOGÍSTICA: SINTETIZANDO CUSTOS, TEMPO DE ENTREGAS E GERENCIAMENTO DE ROTAS NOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÕES. PRADO, K.S.V.1,2; PEREIRA, D.J.1.2; ZORZO, A.1,3 1 2 3 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Orientador. [email protected], [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Logística é um processo estratégico que lida com a organização e preparação de atividades importantes com um objetivo em comum. Segundo PLATT e NUNES (2007, p. 13) “[...] após a 2ª Guerra Mundial, onde as atividades logísticas militares foram utilizadas e influenciaram significativamente os conceitos logísticos utilizados atualmente.” Após esta época, com o avanço das tecnologias e da demanda de necessidades especiais do mercado, foram criadas técnicas para uma garantia de vantagem competitiva, utilizando ferramentas e sistemas que dão apoio às operações e gerenciamentos dos procedimentos organizacionais. Figueiredo (2009) comenta que é através do serviço logístico, entendido como o conjunto de atividades que devem ser realizadas para atender às necessidades de clientes cada vez mais exigentes, que as empresas procuram a diferenciação, perseguindo o cumprimento de prazos, entregas sem erros, pedidos perfeitos e um amplo leque de atributos de serviço que vão além dos convencionais requisitos ligados a prazos e quantidades atendidas. Visando uma evolução para solucionar alguns desses problemas, foram abordados e analisados os assuntos relacionados à distribuição de materiais citados neste trabalho. De fato este processo é grande importância, visto que suas operações se bem realizadas e sistematizadas minimizam o tempo de entrega, evitam o retrabalho e os eventuais prejuízos, maximizando o lucro e a credibilidade com os clientes. WEBLOGISTICA é uma ferramenta que será desenvolvida com o intuito de auxiliar nas tomadas de decisões sendo eficaz para gerenciar os processos citados no presente trabalho. OBJETIVO Desenvolver uma solução de software eficaz que garante a integridade dos serviços a ser prestados pela empresa, em busca de minimizar o tempo de entrega, controlar as tarefas de forma ágil e flexível a fim de proporcionar comodidade ao cliente, em tempo hábil. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA A estratégia de trabalho será realizada através de levantamento de pesquisas bibliográficas, a partir de livros e artigos, que possuem casos de usos encontrados freqüentemente, abordados por profissionais do ramo. Para a coleta de dados, serão realizadas entrevistas com profissionais da área de logística, pesquisa de campo em empresas, levantamento documental, que - 277 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq possibilitará para um aprofundamento maior do assunto em questão e formulários, contendo questionários relacionados à área, possibilitando assim a coleta dos requisitos necessários para o desenvolvimento do software. Na fase de planejamento, serão utilizadas ferramentas de apoio para a construção da documentação do sistema, utilizando de modelos como UML (Unifield Modeling Language), consiste em uma linguagem para o desenvolvimento dessas atividades. Na fase de desenvolvimento utilizaremos como linguagem de programação JAVA e Banco de dados MySql, ferramentas opensource, ou seja, possui código fonte aberto e gratuito. RESULTADOS ESPERADOS Logística Pode-se dizer que a logística teve uma influencia significante com as ações dos militares na 2° Guerra Mundial. O termo logística é definido segundo Ballou (2001 apud PLATT e NUNES, 2007, p. 21) que É o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e economicamente eficaz de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes. Resumidamente, pode-se definir logística como os processos realizados desde o início concepção do produto ao seu estado final, de uma forma planejada e eficiente, visando à satisfação do cliente e maximizar o lucro. Um dos desafios que as empresas têm enfrentado ultimamente é uma brecha entre as vendas e entregas de materiais. Elas vêm buscando diminuir este espaço realizando algumas estratégias, visando melhorar os processos de distribuição com eficácia e eficiência, reduzindo custos e tempo de espera dos clientes. Pode ser citado segundo Farah Junior (2002), algumas falhas operacionais: • Pedidos incompletos; • Longo tempo de preparação dos pedidos (separar, embalar, classificar, etiquetar, disponibilizar para embarque, etc.); • Dificuldade de localizar os produtos, embalagens, etc.; • Elevado índice de retorno de pedidos que não saíram conforme o solicitado; • Baixa produtividade do trabalho e do capital aplicado em ativos fixos; • Elevado número de operações de retrabalho; • Inventários físicos demorados, com elevado custo de processamento e de veracidade não muito confiável. Sem uma estruturação do gerenciamento logístico, não há forma de reverter este cenário. Devido, a estas conseqüências citadas, as organizações estão utilizando diversas ferramentas e uma em destaque entre elas é a tecnologia da informação. Segundo Viana (2002, p. 5) “[...] e uma das ações que se mostram mais eficazes para diminuir os gargalos é a utilização de tecnologia da informação nas diversas etapas do processo logístico”. CONTROLE DE ROTA EXTERNA Desde os primórdios, as empresas visam reduzir custos com toda e qualquer atividade que realiza, porém este princípio nem sempre é controlado da melhor - 278 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq forma e acabam gastando mais do que o necessário, tendo prejuízos ao invés de lucros. Para uma empresa no ramo logístico este processo não é diferente, principalmente no setor de transportes de cargas. A gestão de custos e tempo na área de transportes depende do desempenho da empresa e seus funcionários, buscando soluções que os auxiliem no controle dos gastos. Levando sempre em consideração gastos com combustível, com pedágios (transportes rodoviários), com o funcionário (refeições, estadia se necessário), quilometragem percorrida, atrasos, acidentes, trânsito, etc.. Por isso é necessário pesquisar e traçar sempre a melhor rota de acordo com os pedidos a serem entregues, para que não necessite fazer várias idas e voltas até os destinos das entregas. Conforme Tavares (2010), o transporte possui grande influência nos preços de um produto, pois se os processos forem bem organizados e eficientes, será um fator determinante para a satisfação dos clientes, agregando valores aos produtos. Conforme Ballou (2006, p. 208) é possível escrever programas que realizam tarefas de roteirização, visando sempre não deixar a frota ociosa por muito tempo aproveitando todos os veículos nos horários disponíveis. Em proposta aos problemas citados neste projeto, os processos logísticos devem sofrer melhorias na organização dentro de uma empresa. Será desenvolvido um software para apoiar estes processos, o qual dará condições para que os desafios de diminuição de tempo e eliminação de retrabalho, aumentando a satisfação do cliente, para que a organização de rotas externas seja eficiente e os custos com transportes sejam minimizados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALLOU R.H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos Empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman. 2006. 616 p. / Logística FARAH JUNIOR, M. Os desafios da logística e os centros de distribuição física. Centro de distribuição reduzem custos e trazem agilidade ao processo de entrega de produtos. Curitiba: Revista FAE Business, n2, 2002. Disponível em <http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n2_junho_2002/gestao5_ os_desafios_da_logistica_e_os_centros.pdf>. Acesso em 26 out. 2010. FIGUEIREDO, K. O papel das pessoas na prestação do serviço logístico. 2009. Disponível em: <http://www.ilos.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=1138&Ite mid=74>. Acesso em 29 out. 2010. PLATT, A. A; NUNES, R. S. Logística e Cadeia de Suprimento. Florianópolis: Departamento de Ciências da Administração / UFSC, 2007. 89 p. VIANA, F. L. E. Entendendo a logística e seu estágio atual. Fortaleza: Revista Cient. Fac. Lour. Filho, v. 2, n. 1, 2002. Disponível em: <http://www.flf.edu.br/revistaflf.edu/volume02/24.pdf>. Acesso em 09 nov. 2010. TAVARES, B. A importância do GPS para o transporte rodoviário de cargas no Brasil. 2010. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe- 279 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq se/artigos/a-importancia-do-gps-para-o-transporte-rodoviario-de-cargas-nobrasil/45083/>. Acesso em 14 nov. 2010. PALAVRAS-CHAVES: Logística, Software, Rotas. - 280 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ANATOMIA RADICIAL DE Baptistonia lietzei (REGEL) CHIRON & V.P.CASTRO (ONCIDIINAE: CYMBIDIEAE, ORCHIDACEAE) SANTO-ANTONIO, A1,2; CURIEL, A.C.1,2; SOUZA-LEAL, T.1,2, LAGAZZI, G.1,3; PEDROSODE-MORAES, C.1,4; 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Orientador. 4 2 Discente; 3 Co-orientador; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009), apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies (PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América, principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009) apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Baptistonia lietzei é endêmica das florestas ombrófilas densas de regiões costeiras do sul e sudeste do Brasil (CHIRON, 2009). Pode ser encontrada em altitudes de até 800 m, vivendo em ramos na sombra de árvores de pequeno porte. Possuem de 1-2 pseudobulbos eretos, ligeiramente comprimidos, envolvidos por uma bainha branca e delgada. As folhas são conduplicadas (WARREN; MILLER, 1994). Para o Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de Baptistonia foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico, determinada espécies do gênero ainda necessitam de análise, principalmente, devido às suas características adaptativas. OBJETIVO O presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as raízes de Baptistonia lietzei. MATERIAL E MÉTODO - 281 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Baptistonia lietzei (Regel) Chiron & V.P.Castro (CV: 229; 230; 231; 232). A exsicata foi depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco exemplares de raízes por espécime foram seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com SafraBlau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os cortes transversais da região mediana das raízes de Baptistonia lietzei mostram que essas são cilíndricas e apresentam-se com três regiões distintas: velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de epiderme, está presente nas raízes de diversas espécies de Oncidiiane e suas células são poligonais, elípticas ou retangulares, em secção transversal. Na presente espécie ele é formado por quatro camadas celulares. As paredes celulares do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário, dependendo da espécie considerada. A camada mais externa do velame denominada epivelame, é formada por células anticlinalmente alongadas. As camadas celulares subjacentes a esse tecido são constituídas por células maiores e alongadas radialmente. O epivelame das raízes desta espécie apresenta células maiores que as das camadas internas. O endovelame é formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e distância variadas. O córtex apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao velame), o córtex central e a endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. B. lietzei apresenta espessamentos anastomosados nas paredes do córtex parenquimático. Em todas as suas raízes, nota-se que as células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que as da região central. Nas raízes desta espécie, a endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. Todos os exemplares analisados apresentam raízes poliarcas. Foram encontrados oito pólos de xilema, sendo a medula formada por células parenquimáticas esclerificadas. Para todos os espécimes aqui estudados, o teste com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina, nos espessamentos parietais das células do velame. O velame constitui uma epiderme especializada composta por várias camadas de células com paredes delgadas, - 282 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). Na espécie estudada é formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das camadas internas, como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas Orchidaceae, como descrito para Catasetinae. O conjunto velame-exoderme funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes diferenças entre o diâmetro das células, o que influenciou sobremaneira as médias obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espessamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. As raízes da Miltonia regnellii correspondem ao tipo Cymbidium por possuírem epivelame e até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o - 283 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Miltonia regnellii apresentara o maior número de pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie apresentando maior quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular. CONSIDERAÇÕES FINAIS As raízes da espécie apresentam velame, córtex central e endoderme definidos. As características estruturais encontradas nas raízes como a presença de velame e células corticais de diâmetro avantajado, podem ser consideradas adaptações ao epifitismo. A uniformidade entre as características anatômicas encontradas nas raízes estudadas corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIRON, G.R., Riqueza e endemismo de espécies de Baptistonia (Orchidaceae), no Brasil. Hoehnea, v.36, p. 459-477, 2009. DRESSLER, R.L. The Orchids: natural history and classification.Cambridge: Harvard University Press, 1981. 298p. DRESSLER, R.L. Phylogeny and classification of the orchid family. Portland: Dioscorides Press, 1993. 314p. FARIA A. Sistemática filogenética e delimitação dos gêneros da subtribo Oncidiinae (Orchidaceae) endêmicos do Brasil: Baptistonia, Gomesa, Ornithophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium pro parte. Tese (Doutorado). São Paulo, Brasil: Universidade Estadual de Campinas. 2004. - 284 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MOREIRA, A.S.F.P.; ISAIAS, R.M.S. Comparative anatomy of the absorption roots of terrestrial and epiphytic orchids. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 51, p. 83-93, 2008. PABST, G.F.J.; DUNGS, F. Orchidaceae Brasilienses II. Hildesheim: Kurt Schmersow. 1977. 418p. POREMBSKI, S.; BARTHLOTT, W. Velamen radicul micromorphology and classification of Orchidaceae. Nordic Journal of Botany, v.8, p.117-137, 1988. PRIDGEON, A.M. The velamem and exodermis of orchid roots. In: ARDITTI, J. Orchid biology: reviews and perspectives. Ithaca. Cornell University Press. 1987. 362p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.A.; RASMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 4 - Epidendroideae (part one). Oxford: Oxford University Press, 2006. 566p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.W.; RASSMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 5: Epidendroideae (part two). Oxford: Oxford University Press, 2009. 585p. SANFORD, W.W.; ADANLAWO, I. Velamen and exodermis characters of West African epiphytic orchids in relation to taxonomic grouping and habitat tolerance. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 66, p. 307-321, 1973. STERN, W.L; JUDD, W.S.; CARLSWARD, B.S. Systematic and comparative anatomy of Maxillareae (Orchidaceae), sans Oncidiinae. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 144, p. 251-274, 2004. WARREN, R.; MILLER, D. Orchids of the High Mountain Atlantic Rainforest in SE Brazil, 1994. 432p. PALAVRAS-CHAVES: Orchidaceae, raízes, Baptistonia. - 285 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ANATOMIA RADICIAL DE Baptistonia cornigera (LINDL.) CHIRON & V.P.CASTRO (ONCIINAE: CYMBIDIEAE, ORCHIDACEAE) MELLO, J.1,2; CURIEL, A.C.1,2, LAGAZZI, G.1,3; PEDROSO-DE-MORAES, C.1,4; 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Orientador. 4 2 Discente; 3 Co-orientador; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009), apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies (PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América, principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009) apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Baptistonia cornigera é endêmica das florestas ombrófilas densas de regiões costeiras do sul e sudeste do Brasil (CHIRON, 2009). Pode ser encontrada em altitudes de até 800 m, vivendo em ramos na sombra de árvores de pequeno porte. Possuem de 1-2 pseudobulbos eretos, ligeiramente comprimidos, envolvidos por uma bainha branca e delgada. As folhas são conduplicadas (WARREN; MILLER, 1994). Para o Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de Baptistonia foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico, determinada espécies do gênero ainda necessitam de análise, principalmente, devido às suas características adaptativas. OBJETIVO O presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as raízes de Baptistonia lietzei. MATERIAL E MÉTODO - 286 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Baptistonia cornigera (Lindl.) Chiron & V.P.Castro (CV: 221; 222; 224, 226). A exsicata foI depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto Uniararas. Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco exemplares de raízes por espécime foram seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com Safra-Blau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51). RESULTADOS E DISCUSSÃO As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes de Baptistonia cornigera. São raízes cilíndricas, e apresentam-se com três regiões distintas: velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de epiderme, está presente nas raízes de diversas espécies de Oncidiiane e suas células são poligonais, elípticas ou retangulares, em secção transversal. Na presente espécie ele é formado por quatro camadas celulares. As paredes celulares do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário, dependendo da espécie considerada. A camada mais externa do velame denominada epivelame, é formada por células anticlinalmente alongadas. As camadas celulares subjacentes a esse tecido são constituídas por células maiores e alongadas radialmente. O epivelame das raízes desta espécie apresenta células maiores que as das camadas internas. O endovelame é formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e distância variadas. O córtex apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao velame), o córtex central e a endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. B. cornigera apresenta espessamentos anastomosados nas paredes do córtex parenquimático. Em todas as suas raízes, nota-se que as células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que as da região central. Nas raízes desta espécie, a endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. Todos os exemplares analisados apresentam raízes poliarcas. Foram encontrados oito pólos de xilema, sendo a medula formada por células parenquimáticas esclerificadas. Para todos os espécimes aqui estudados, o teste com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina, nos espessamentos parietais das células do - 287 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq velame. O velame constitui uma epiderme especializada composta por várias camadas de células com paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). Na espécie estudada é formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das camadas internas, como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas Orchidaceae, como descrito para Catasetinae. O conjunto velame-exoderme funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes diferenças entre o diâmetro das células, o que influênciou sobremaneira as médias obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espassamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. As raízes da Baptistonia cornigera correspondem ao tipo Cymbidium por possuírem epivelame e até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres anatômicos que podem - 288 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Baptistonia cornigera apresentara 8 pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie apresentando maior quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular. CONSIDERAÇÕES FINAIS As raízes da espécie apresentam velame, córtex central e endoderme definidos. As características estruturais encontradas nas raízes como a presença de velame e células corticais de diâmetro avantajado, podem ser consideradas adaptações ao epifitismo. A uniformidade entre as características anatômicas encontradas nas raízes estudadas corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIRON, G.R., Riqueza e endemismo de espécies de Baptistonia (Orchidaceae), no Brasil. Hoehnea, v.36, p. 459-477, 2009. DRESSLER, R.L. The Orchids: natural history and classification.Cambridge: Harvard University Press, 1981. 298p. DRESSLER, R.L. Phylogeny and classification of the orchid family. Portland: Dioscorides Press, 1993. 314p. FARIA A. Sistemática filogenética e delimitação dos géneros da subtribo Oncidiinae (Orchidaceae) endêmicos do Brasil: Baptistonia, Gomesa, Ornithophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium pro parte. Tese (Doutorado). São Paulo, Brasil: Universidade Estadual de Campinas. 2004. - 289 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MOREIRA, A.S.F.P.; ISAIAS, R.M.S. Comparative anatomy of the absorption roots of terrestrial and epiphytic orchids. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 51, p. 83-93, 2008. PABST, G.F.J.; DUNGS, F. Orchidaceae Brasilienses II. Hildesheim: Kurt Schmersow. 1977. 418p. POREMBSKI, S.; BARTHLOTT, W. Velamen radicul micromorphology and classification of Orchidaceae. Nordic Journal of Botany, v.8, p.117-137, 1988. PRIDGEON, A.M. The velamem and exodermis of orchid roots. In: ARDITTI, J. Orchid biology: reviews and perspectives. Ithaca. Cornell University Press. 1987. 362p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.A.; RASMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 4 - Epidendroideae (part one). Oxford: Oxford University Press, 2006. 566p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.W.; RASSMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 5: Epidendroideae (part two). Oxford: Oxford University Press, 2009. 585p. SANFORD, W.W.; ADANLAWO, I. Velamen and exodermis characters of West African epiphytic orchids in relation to taxonomic grouping and habitat tolerance. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 66, p. 307-321, 1973. STERN, W.L; JUDD, W.S.; CARLSWARD, B.S. Systematic and comparative anatomy of Maxillareae (Orchidaceae), sans Oncidiinae. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 144, p. 251-274, 2004. WARREN, R.; MILLER, D. Orchids of the High Mountain Atlantic Rainforest in SE Brazil, 1994. 432p. PALAVRAS-CHAVES: Orchidaceae, raízes, Baptistonia. - 290 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq NÍVEL DO ESTRESSE NO TRABALHO DOS CONTROLADORES DO TRÁFEGO AÉREO. SILVA, A.L..1 ; 2CECCATO, H. B. 1 2 Discente em Psicologia Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Orientadora do Projeto de Pesquisa do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A princípio, o estresse no trabalho, independente da profissão,e este é um assunto muito divulgado nas organizações de trabalho. Atualmente, já é possível relacionar o estresse nas organizações aos fatores psicológicos envolvidos. Porém, as pesquisas nesta área ainda estão direcionadas mais aos fatores biológicos e fisiológicos do que aos psicológicos e, desta maneira, existem poucos estudos que se referem mais especificamente aos fatores psicológicos. A classe profissional pesquisada, neste projeto, é a de Controlador de Tráfego Aéreo, visto que esta é uma profissão que já foi assunto da mídia recentemente devido ao congestionamento das vias aéreas e, conseqüentemente, a desmilitarização que afetou diretamente estes profissionais. Segundo Revista Veja, 7 de Abril, 2010, os aviões se tornaram praticamente os “ônibus” do ar, o que pressupõe uma grande procura por esse meio de transporte. Conseqüentemente, com o aumento do número de pessoas que procuram por este meio de transporte, as frotas de aeronaves cresceram e, da mesma forma, os aeroportos estão cada vez mais lotados e, as pessoas menos satisfeitas com os serviços das companhias aéreas, justamente pelo fato deste crescimento no setor aéreo provocar certo desconforto aos usuários do serviço. Outro fator interessante é que com o aumento da frota de aviões, se exige mais daqueles que fazem o controle aéreo dessas aeronaves, de forma a evitar acidentes aéreos, porém, com tantas aeronaves no ar, controlar este espaço aéreo se torna cada vez mais estressante para estes profissionais. O estresse está presente em grande parte da população, sendo que normalmente, a sintomatologia física do estresse pode ser caracterizada por fadiga, dores de cabeça, insônia, dores no corpo, tremores entre outros; já as de caráter psíquico pode ser ansiedade, nervosismo, depressão, raiva, frustração, entre outros. OBJETIVO Objetivo Geral: Identificar o nível do estresse no trabalho dos Controladores do Tráfego Aéreo de uma cidade do interior do estado de São Paulo. Objetivos específicos: - Compreender a realidade do trabalho dos Controladores do Tráfego Aéreo; - Identificar o nível de estresse dos Controladores de Tráfego Aéreo; - Identificar e discutir a relação entre os estressores organizacionais; - Entender a relação de saúde do trabalhador frente ao estresse e o papel da psicologia nesse processo. - 291 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA Este trabalho específico é uma pesquisa quantitativa de caráter descritiva, por se tratar da coleta de dados por meio de informações obtidas por determinada amostra e, é de corte transversal, ou seja, utilizado para definir um agrupamento de pessoas que apresentam alguma característica em comum e por isso são agrupadas e observadas durante um determinado período. A pesquisa é uma pesquisa–ação, pois pressupõe pesquisa de campo e, acontecerá em um aeroporto de uma cidade do Interior do Estado de São Paulo, Jundiaí e que terá como participantes os profissionais Controladores do Tráfego Aéreo. Pretende-se entender também qual a relação de estresse nos períodos de férias escolares, por exemplo, quando o aumento pela procura aumenta e em épocas de temporada. Como instrumentos para que a coleta de dados possa ser feita serão utilizados alguns questionários direcionados aos aspectos do processo do trabalho destes profissionais, ou seja, como indicador de se fazer conhecer mais sobre esta profissão, função e o local de trabalho, o uso de escalas como o EVENT (Escala de Vulnerabilidade ao Estresse no Trabalho), como um indicador estatístico de se medir o nível do estresse destes profissionais e a relação que se mantém com as condições de trabalho dentro da organização e, a observação do ambiente do trabalho também será fundamental para a complementação dos dados coletados e de sua veracidade. Sobre a Escala de Vulnerabilidade ao Estresse no Trabalho – EVENT é de autoria de Fermino Fernandes Sisto, Makilin Nunes Baptista, Ana Paula Porto Noronha e Acácia Aparecida Angeli dos Santos e, tem por objetivo principal avaliar o quanto as circunstâncias do cotidiano do trabalho influenciam a conduta da pessoa a ponto de desencadear um estresse por exemplo. O instrumento relacionase com medidas de estresse, e grupos profissionais podem se diferenciar em relação á intensidade com que percebem sua vulnerabilidade. Avalia a vulnerabilidade ao estresse a partir dos fatores clima e funcionamento organizacional, pressão no trabalho e infra-estrutura e rotina. É destinado a um público na faixa etária de 17 a 54 anos e pode ser aplicada tanto individualmente quanto coletivamente. Prevê um tempo máximo de aplicação de 20 minutos. O instrumento é um kit que contém 1 manual, 1 bloco de respostas com 25 folhas, 1 bloco perfil com 25 folhas e 1 crivo de correções e tem parecer favorável pelo Conselho Federal de Psicologia. Também será utilizado o Inventário de Sintomas de Stress para adultos – ISSL, de autoria de Marilda Emmanuel Novaes Lipp. É um instrumento útil na identificação de quadros característicos do estresse. Baseia- se em um modelo quadrifásico e os resultados aparecem como alerta, resistência, quase exaustão e exaustão. Este inventário é composto por 1 manual, 5 cadernos de aplicação, 1 bloco de correção com 25 folhas e 2 apostilas. Para finalizar, como já fora dito anteriormente, esta pesquisa pressupõe visitas a campo justamente porque prevê a coleta de dados através dos instrumentos já descritos como um meio de identificar a relação entre estresse e trabalho dentro de uma organização. RESULTADOS ESPERADOS Espera-se que, através do trabalho da Psicologia inserida neste campo de atuação seja possível mediar possíveis intervenções no ambiente de trabalho de maneira que os impactos produzidos pela e na organização possam ser minimizados, assim - 292 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq como o controlador do tráfego aéreo possa se satisfazer com a sua tarefa sem que essa lhe torne penosa. Desta forma, esta pesquisa possibilitará o entendimento sobre o real papel de um psicólogo organizacional que não se limita somente ao recrutamento e seleção, mas que enfatiza aspectos de suma importância considerando benefícios para organização e sujeito. Além de entender como acontece o fenômeno do estresse e como os fenômenos produzidos pelas organizações podem interferir na saúde dos trabalhadores, no caso específico da pesquisa os Controladores do Tráfego Aéreo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALCHIERI, Carlos João; NORONHA, Ana Paula Porto & PRIMI, Ricardo. Guia de Referencia: Testes Psicológicos Comercializados no Brasil. São Paulo: Casa do Psicólogo: FAPESP, 2003. P.99. FILGUEIRAS, Júlio César; HIPPERT, Maria Isabel. Estresse: Possibilidades e Limites. In: JACQUES, Maria da Graça; CODO, Wanderley. Saúde mental e trabalho: Leituras. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2007. Capítulo 5. ROMANINI, Carolina; SALVADOR, Alexandre & SOARES, Ronaldo. Entre o Céu e o Inferno. Revista Veja, 7 de abril, 2007. p.68-77. STRAUB, R.O. Psicologia da Saúde. Porto Alegre: Artmed, 2005. p.115-149. Capítulo 4. PALAVRAS-CHAVES: Estresse, Tráfego Aéreo, Fatores Psicossociais do Trabalho. - 293 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq TUBERCULOSE: É BOM SABER SOUZA-LEAL, T.1,2; SANTO-ANTONIO, A.1,2; FERNANDES, M.C.1,2; REMÉDIO, E.A.1,2; RIBEIRO, W.S.1,2; SAONCELA, A.L.1,2; BERETTA, A.L.R.Z.1,3,4,5 1 2 3 4 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Profissional; Docente do Programa de Pós graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto – 5 UNIARARAS; Orientadora. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A tuberculose (TB) acompanha o homem desde a história conhecida. Existem relatos dos médicos clássicos da Grécia e Roma sobre a doença e, em estudos mais recentes, pesquisadores encontraram lesões da TB em múmias do antigo Egito. Somente na segunda metade do século XIX foi possível conhecer o agente etiológico, o Mycobacterium tuberculosis, que foi isolado pelo pesquisador alemão Robert Koch em 1882, por isso que ficou conhecido como bacilo de Koch (BK). Sessenta e dois anos depois, em 1944, foram descobertos os primeiros medicamentos capazes de eliminá-lo. A letalidade da TB sempre foi alta e esta representa problema de saúde pública. As novas tecnologias contra a TB levaram diversos países desenvolvidos às portas da erradicação e, nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, apesar de ainda representar um problema para os governos, a letalidade foi reduzida consideravelmente (LITVOC, 2010). Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) destacam a África, Leste Europeu, Ásia e América Latina como regiões onde a doença ainda persiste. Nesses países, as taxas de incidência de TB ainda costumam ser altas. No ano de 2009, a taxa nacional de incidência foi de 45 para cada 100 mil habitantes, em números absolutos, 87 mil novos casos. As razões para as infecções parecem estar ligadas a diversos fatores como superpopulação, políticas de saúde pública ineficiente e, principalmente, altas taxas de infecção por AIDS. O Brasil ainda enfrenta problemas relacionados à TB, mas melhora sua posição na lista das 22 nações que concentram 80% dos casos da doença no mundo, passando da 18ª para 19ª. Atualmente, a TB aparece como uma das doenças que mais levam os portadores de HIV ao óbito e tem se disseminado com mais facilidade, principalmente, por tais pacientes (DALCOMO, 2000; OLIVEIRA et al., 2004). OBJETIVO Dada a importância que a doença assume, o objetivo do presente estudo foi levantar da literatura especializada aspectos relevantes a respeito da Tuberculose. REVISÃO DE LITERATURA A TB tem sido ao longo da história da saúde mundial, uma das doenças infectocontagiosas que prevalece entre tantas outras. É uma enfermidade antiga que persiste como problema sério de saúde pública, necessitando de ações urgentes. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), dois bilhões de pessoas, correspondendo a um terço da população mundial, está infectada pelo - 294 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq bacilo Mycobacterium tuberculosis, que causa a tuberculose. Desses, oito milhões desenvolverão a doença e dois milhões morrerão a cada ano (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). No período entre 1995 e 2008, 36 milhões de pessoas foram curadas da tuberculose (TB), com cerca de 6 milhões de vidas salvas. Mas o cenário da doença no mundo ainda está longe do desejável, uma vez que ela ainda provoca em torno de 1,8 milhão de mortes por ano. Agente etiológico: A tuberculose é uma doença contagiosa causada por uma bactéria conhecida como Mycobacterium tuberculosis, conhecido também como bacilo de Koch. Tal espécie atualmente é responsável por 98% das infecções em seres humanos (ROSEMBERG; TARANTINO, 2002). Trata-se de uma bactéria aeróbia de multiplicação lenta que assume a condição de parasita facultativo. Tem a forma de bastonetes imóveis desprovidos de flagelo, apresentando um aspecto granular (ALMEIDA, 2009; LITVOC, 2010). Acredita-se que os primeiros contatos entre o ser humano e a doença ocorreram com o início da domesticação do gado pelo consumo de carne crua e leite. Tais bactérias encontraram nos humanos um nicho vazio. A ocupação desse nicho levou ao surgimento da espécie M. tb, com potencial altamente patogênica para o organismo humano (CAMPOS, 1999; ROSEMBERG; TARANTINO, 2002). Transmissão: A transmissão da TB é quase que exclusivamente por vias aéreas. Através da tosse de uma pessoa com tuberculose pulmonar são eliminadas gotículas contendo o microorganismo e podem infectar uma pessoa em contato íntimo e prolongado. A ocorrência ou não da infecção dependerá também do estado imunológico da pessoa. A infecção poderá permanecer latente sem produzir sintomas ou desenvolver a doença. Cerca de 10% das infecções latentes se tornam ativas em algum momento da vida. Após a infecção pelo M. tuberculosis, transcorrem, em média, 4 a 12 semanas para a detecção das lesões primárias. A maioria dos novos casos de doença pulmonar ocorre em torno de 12 meses após a infecção inicial (RIBEIRO et al., 2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010; LITVOC, 2010). Enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não tiver iniciado o tratamento a transmissão é plena. Com o esquema terapêutico recomendado, a transmissão é reduzida, gradativamente, a níveis insignificantes, ao fim de poucos dias ou semanas. As crianças geralmente não são infectantes (RIBEIRO et al., 2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Em 90% dos casos de contato com M. tuberculosis, o indivíduo consegue suprimir a doença e a patogenia não se desenvolve. A probabilidade de o indivíduo vir a ser infectado, e de que essa infecção evolua para a doença, depende de múltiplas causas, destacando-se, dentre estas, a idade avançada, as condições sócio-econômicas, diabetes mellitus, alcoolismo, uso prolongado de corticosteróides ou outros imunossupressores, neoplasias, uso de drogas, infecção pelo HIV e pacientes submetidos a gastrectomia. A evolução do quadro clínico dependerá do indivíduo estar sendo infectado pela primeira vez (primo-infecção), ou reinfectado (reinfecção exógena). A probabilidade de adoecer e ocorrer a primo-infecção depende da virulência do bacilo, da fonte infectante e das características genéticas dos indivíduos infectados. Em novo contato, após uma infecção natural ou induzida pela BCG, a resistência dependerá da resposta imunológica ( MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Sintomas Clínicos: A TB não é uma doença exclusivamente pulmonar. Ela também se manifesta em outros órgãos e, nesse caso, é chamada de tuberculose extrapulmonar e pode ocorrer nos linfonodos, no sistema urogenital, nos ossos, nas - 295 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq articulações, no fígado, no baço, no sistema nervoso central e na pele. Os sinais e sintomas associados a cada uma dessas localizações são variados e dependentes do órgão acometido e do estado imunológico do indivíduo (LITVOC, 2010). Porém, as formas pulmonares são as manifestações clínicas mais prevalentes em países com alta endemicidade, tanto nas formas primárias como nas pós-primárias. A forma primária pulmonar isoladamente costuma ocorrer pouco tempo depois da formação do complexo primário (até dois anos), geralmente em crianças, adolescentes ou adultos jovens. A forma pós-primária é a apresentação mais comum, geralmente em adultos, ocorrendo por reativação de uma infecção latente ocorrida há anos ou décadas, na maioria das vezes de forma assintomática. As pessoas com tuberculose pulmonar apresentam tosse com quantidades variáveis de escarro, que podem ou não conter sangue, por três semanas ou mais. Podem apresentar também dor no peito e falta de ar, febre, sudorese noturna, perda de apetite e perda de peso. A doença primária não tratada irá progressivamente envolver todo o pulmão e também se disseminar. Os sintomas presentes nesse estágio podem ser graves, com tosse e escarro contínuos, falta de ar acentuada, febre alta, sudorese intensa, fraqueza e grande perda de peso. Os casos mais graves apresentam dificuldade na respiração; eliminação de grande quantidade de sangue, colapso do pulmão e acúmulo de pus na pleura (membrana que reveste o pulmão) - se houver comprometimento dessa membrana, pode ocorrer dor torácica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Diagnóstico: O diagnóstico inclui: clínico, radiológico e bacteriológico, sendo este último o método mais importante para o diagnóstico da TB. Tal método é rápido e fácil, além de ser de baixo custo operacional (RIBEIRO et al., 2000). A cultura do bacilo está indicada nos casos de radiologia pulmonar compatível com TB, ou quando o exame direto não permitir o diagnostico e ainda em todos os casos extrapulmonares (RIBEIRO et al., 2000). De acordo com Ribeiro e colaboradores (2000), os resultados da baciloscopia e da cultura são expressos quantitativamente. Assim, o exame direto deve ser assinalado em números de bacilos por campo, dando-se a resposta em numero de cruzes. Tal tipo de resultado dará a idéia de adequada da grandeza da população bacilar, que é talvez o mais importante elemento terapêutico. Tratamento: A despeito da potencial gravidade, ao contrário do que muitos pensam, a TB tem cura. Desde 1944 se conhece os medicamentos capazes de curar a TB, mas para que haja um controle efetivo da doença é indispensável que se detecte a TB ativa e se institua o tratamento correto. Durante muito tempo, os tratamentos utilizados eram o repouso, a procura de clima mais favorável, superalimentação, internações em sanatórios. Durante muitos anos, a terapia se apoiava na criação de melhores condições para o organismo, para que este, com suas próprias forças, obtivessem a cura da doença (RIBEIRO et al., 2000; TARANTINO, 2002). Estabeleceu-se, assim, que a quimioterapia era a arma mais importante no tratamento da doença, tornando todos os outros recursos de importância secundária (RIBEIRO et al., 2000). O tratamento dos bacilíferos é a atividade prioritária de controle, uma vez que permite anular rapidamente as maiores fontes de infecção. O tratamento da tuberculose é prolongado, durando no mínimo seis meses, e na maioria dos casos não é necessária a hospitalização. O uso de medicamentos inadequados ou administrados irregularmente, ou em doses inadequadas é causa importante de não cura da doença. Além disso, com o tratamento inadequado, o microorganismo pode se torna resistente e eventualmente ser transmitido para - 296 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq outros indivíduos, sendo seu tratamento mais complexo e de custo elevado. Os principais medicamentos utilizados no tratamento da tuberculose são a Izoniazida, Rifampicina e Pirazinamida. Atualmente usam de maneira habitual, ainda, Etambutol, Estreptomicina, Etionamida. Outros fármacos ainda são utilizados em caráter experimental, ou ainda quando há falhas importantes no tratamento (RIBEIRO et al., 2000). O Ministério da Saúde (2010), e assim como Ribeiro e colaboradores (2000), trazem os fármacos INH, RMP, PZA, EMB como tratamento. Após duas semanas tomando o medicamento não ocorre mais a transmissão (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Infelizmente, o estabelecimento da cura nem sempre é obtido, por motivos ligados ao paciente, ao médico, à luta contra a doença, aos fármacos e ao bacilo e entre esses motivos estão: prescrição de regimes inadequados, toxicidade dos medicamentos, pacientes que abandonam precocemente o tratamento, pacientes que continuam a freqüentar os serviços, mas param de tomar os remédios, ou as tomam irregularmente, doença produzida por germes resistentes no inicio da quimioterapia (RIBEIRO et al., 2000). Quimioterapia Intermitente A utilização da RMP no tratamento da tuberculose possibilitou a quimioterapia intermitente total oral com eficácia semelhante ao esquema totalmente diário. Estudos demonstram que são necessários apenas 64 doses para alcançar a cura, desde que este tempo não seja inferior a seis meses. Utilizando-se três fármacos na primeira fase, RMP+INH+PZA, com ritmo diário, por um período de 1 a 2 meses, garantirá a eliminação da população bacteriana de multiplicação rápida, responsável pelo aparecimento de bacilos mutantes resistentes. Na segunda fase, utilizando-se a RMP+INH no ritmo de doses duas vezes semanais, por um período de quatro meses, garantira a eliminação dos bacilos persistentes, responsáveis por recidivas. Nos estudos em Hong Kong (2009) a eficácia dos esquemas chegou a 100%. A quimioterapia da tuberculose reduz rapidamente o número de bacilos presentes nas lesões e, com igual rapidez, a infecciosidade do paciente. Devido à lenta multiplicação dos bacilos, é necessário o uso por tempo prolongado para evitar recaídas. Profilaxia: Para uma prevenção eficaz é importante que os portadores do bacilo Koch sejam detectados e tratados precocemente, assim, é fundamental um Sistema Público de Saúde eficiente, evitando que novos casos apareçam. Nas primeiras semanas de tratamento, os doentes podem contagiar outros indivíduos, portanto, devem proteger a boca ao tossir e não permanecer em locais fechados juntos as pessoas sadias. Outra conduta importante é o controle dos parentes mais próximos. Este deve ser feito através de exames solicitados pelos médicos. Se for constatada a infecção, deve ser iniciado a quimioprofilaxia que pode ter a duração de seis ou mais messes. Outra forma de prevenção é a vacinação com BCG nos recémnascidos, esta forma protege as crianças, jovens e adultos contra uma forma mais grave de TB como a miliar, (disseminada nos pulmões e outros órgãos) e a meningite tuberculosa. A eficácia da vacina está entre 75 e 85%. Quimioprofilaxia: A quimiprofilaxia é a prevenção da TB utilizando um fármaco antibacteriano específico. Existem duas formas de quimiprofilaxia: a quimioprofilaxia primária, que se aplica a um indivíduo com prova tuberculínica negativa para evitar a infecção, e a quimioprofilaxia secundária que se emprega em um indivíduo já infectado para evitar que adoeça (RIBEIRO et al., 2000; ROSEMBERG; TARANTINO, 2002). - 297 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Vacina BCG: A vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) foi obtida pela atenuação de M. bovis, isolado na França em 1902. Em 1921, foi utilizada pela primeira vez em humano, em uma criança nascida em Paris e cuja a mãe havia falecido de TB. Tentou-se utilizar a vacina com germes mortos, sendo que até o presente momento não existe nenhuma demonstração de sua eficácia no ser humano. Assim somente a vacina contendo germes vivos pode ser empregada na rotina de vacinação. A finalidade da vacina BCG consiste em substituir a infecção natural virulenta, por infecção de BCG que é avirulenta, preparando as defesas do organismo: é um exemplo de resistência adquirida (RIBEIRO et al., 2000; ROSEMBERG; TARANTINO, 2002). CONSIDERAÇÕES FINAIS A Tuberculose é uma doença grave e aparece associada a diversos problemas de saúde, com destaque para a AIDS. Assim sendo, a prevenção e o tratamento devem ser feitos de forma correta e ostensiva, sendo que tal fator deve ser preocupação constante das autoridades competentes. Portanto devemos estar cientes do que acontece ao nosso redor e caso aconteça de convivermos com alguém com essa doença, saibamos o que fazer, e como orientar cada pessoa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, M.A.Z. Tuberculose. In: NÁPOLI, L.; SARTOR, D.R.; MARTINS, J.P. Manual de Zoonoses - Volume I. Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre: CRMVPR, CRMVSC, CRMVRS, 2009. p. 143-163. BCGAtlas. The BCG World Atlas: A database of global BCG vaccination policies and practies. 2011. Disponível em: < http://www.bcgatlas.org/index.php>. Acesso em: 30 mar. 2011. CAMPOS, H.S. Mycobacterium tuberculosis resistente: de onde vem a resistência? Boletim de Pneumologia Sanitária, v.7, n.1, p.51-64, 1999. DALCOLMO, M.P. AIDS e tuberculose: novo problema, velho problema. Jornal de Pneumologia, v. 26, n. 2, p. 0-0, 2000. KERR-PONTES, L.R.S.; OLIVEIRA, F.A. S.; FREIRE, C.A.M. Tuberculose associada à AIDS: situação de região do Nordeste brasileiro. Revista de Saúde Pública, v. 31, n. 4, p. 323-329, 1997. LITVOC, M. Tuberculose. 2010. Disponível em: <http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1526/tuberculose.htm>. Acesso em: 30 mar. 2011. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Tuberculose. 2010. Disponível <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/area.cfm?id_area=1527>. Acesso em: 30 mar. 2011. em: OLIVEIRA, H.B.; MARÍN-LEÓN, L.; CARDOSO, J.C. Perfil de mortalidade de pacientes com tuberculose relacionada à comorbidade tuberculose-AIDS. Revista de Saúde Pública, v. 38, n. 4, p. 503-510, 2004. - 298 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq RIBEIRO, S.N.; GEHARDT-FILHO, G.; SILVA, J.R.L.; FONSECA, L.; GONTIJO, P.; SANT’ANA, C.C.; MAGARÃO, S.L.; BETHLEM, E.P.; SOUZA, G.R.M., CORRÊA, J.C.; HAJJAR, M.A.; BETHLEM, N. Tuberculose. In: BETHLEM, N. Pneumologia. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2000. p. 379-448. ROSEMBERG, J.; TARANTINO, A.B. Tuberculose. In: TARANTINO, A.B. Doenças Pulmonares. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 294-380. PALAVRA-CHAVES: Mycobacterium tuberculosis, AIDS, Infecção. - 299 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A BIOSSEGURANÇA NAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM: UMA QUESTÃO DE CONSCIENTIZAÇÃO PERMANENTE CIPOLA, F. H.¹ ²; ANDRADE, W 1,2; COSTA, M.C. P 3, 4,5. 1 2 3 4 Faculdade de Jaguariúna, SP; Discente; Docente da Faculdade de Jaguariúna Mestranda do I Programa de Pós-Graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto – 5 UNIARARAS– Orientadora [email protected]; [email protected] INTRODUÇÃO A proteção dos profissionais que prestam assistência à saúde, diante os inúmeros agentes biológicos detectados na atualidade, é ação prioritária das equipes de educação em saúde e dos controladores de infecção. O uso de equipamentos de proteção individual (EPI), pelos profissionais de enfermagem durante a assistência à saúde, mesmo quando o risco é conhecido, muitas vezes é esquecido ou banalizado. No ambiente hospitalar torna-se inevitável à utilização destes equipamentos. Em contraste com as necessidades que a biossegurança exige dos colaboradores e de todos os envolvidos no processo de trabalho, Garlet (2009) relata a dificuldade de se estabelecer condições favoráveis de trabalho nas unidades de atendimento de urgência e emergência devido ao atendimento de várias situações de média e alta complexidade, e a dificuldade dos gestores conseguirem propiciar quantidade de pessoas e recursos suficientes para uma boa assistência. De acordo com Paz (2009) recomenda-se que haja capacitação permanente a respeito dos riscos biológicos, como o uso adequado de equipamentos de proteção individual e coletiva, e disponibilidade de recursos que minimizem os riscos de acidentes biológicos. O interesse para a realização do trabalho surgiu durante a atuação nos campos de estágio no período da graduação, onde é visualizada, na maioria das vezes a falta da utilização dos equipamentos de proteção individual, total ou parcial, durante assistência de enfermagem, mesmo com o material disponível nos departamentos e recomendados pelos gestores. Tal justificativa levou a reflexão sobre o processo de gestão da situação descrita com o propósito de sustentabilidade das práticas de biossegurança pelos profissionais de enfermagem durante a assistência conforme protocolos preconizados pelo ministério da saúde e pelas próprias instituições. A questão levantada é se existem trabalhos suficientes no Brasil, nos últimos cinco anos, de investimento em educação permanente pelos sistemas de saúde relacionados às práticas de biossegurança durante a assistência de enfermagem. OBJETIVO O objetivo deste estudo é avaliar os materiais científicos produzidos no Brasil nos últimos cinco anos relacionados à biossegurança na área de enfermagem e a aplicação da educação em saúde sobre o tema. - 300 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq METODOLOGIA Trata-se de uma revisão bibliográfica, com o propósito de analisar as publicações produzidas no Brasil sobre biossegurança em enfermagem e as propostas de educação em saúde disponíveis nos sistemas de saúde para a população referida. Está sendo realizada uma pesquisa no período de janeiro a abril de 2011, utilizando as bases de dados: SciELO (Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MedLine (National Library of Medicine) e a BDENF (Base de Dados de Enfermagem). O presente estudo está limitado ao período de 2005 a 2010. A escolha da base de dados foi definida pela concentração dos maiores acervos de artigos científicos da área da saúde. A busca está sendo realizada utilizando as palavras chave do vocabulário DeCS (Descritores em Ciências de Saúde) Biossegurança, enfermagem, educação em saúde. Os critérios de inclusão adotados foram às pesquisas estarem publicadas no período de 2005 a 2010, artigos científicos completos e resumos, dissertações e teses que abordassem os descritores selecionados para a busca. Os critérios de exclusão foram os artigos não indexados na base de dados, livros, trabalhos repetidos, manuais, resenhas ou enfoque da biossegurança não relacionado à enfermagem. A partir desta estratégia, identificar os materiais científicos dentro dos critérios e após a busca será uma leitura com análise exploratória e compreensiva e selecionar os materiais com o agrupamento e organização dos materiais através de tabelas. Para a construção das tabelas será definida a utilização das variáveis: descritores e base de dados (tabela I), ano de publicação e tipo de material (tabela II), autores, título, tipo de estudo e fonte (tabela III). Para a finalização será realizada uma discussão entre os autores sobre o tema com análise das perspectivas da classe da enfermagem na educação continuada relacionadas à biossegurança. RESULTADOS ESPERADOS Entre os vários papeis desempenhados pelos profissionais enfermeiros, a atuação como educador é primordial em vários processos relacionados a manutenção e aprimoramento da qualidade da assistência.No âmbito da biossegurança não é diferente cabe a este profissional se conscientizar e elaborar um processo educativo contínuo no ambiente de trabalho seja na atenção básica ou hospitalar como meta na gestão dos serviços atenção à saúde. A biossegurança com toda sua complexidade é esquecida ou banalizada no cotidiano da saúde, colocando em risco a população, de forma direta e indireta, inclusive o planeta pela disseminação indiscriminada de microrganismos patogênicos. Botosso (2004) lembra a definição de Biossegurança conforme a lei nº 8.974/95 dizendo que é o estado, a qualidade ou a condição de segurança biológica da vida e da saúde em todas as formas e ainda deixa claro que a necessidade de compreensão do significado deste conceito para a organização dos trabalhos contribui para ao alcance, sem dúvidas, da melhoria dos resultados da saúde. O mesmo autor afirma que a profissão da enfermagem necessita de atualizações constantes devido às evoluções tecnológicas e científicas. - 301 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Para Almeida (2009) mesmo com mais de uma década de publicação das precauções, a adesão pelos profissionais continua sendo um grande desafio, e os motivos que levam estas pessoas a colocarem a vida em risco, possuindo o conhecimento básico do assunto, como a adesão as medidas de biossegurança que devem ser estimuladas, incansavelmente, desde a formação, até a educação permanente nos ambientes de trabalho para que a mudança do cenário em nosso país seja feita em um futuro próximo. Os riscos que os profissionais de saúde estão expostos são vários (biológico, químico, físico, psicossocial e ergonômico) a enfermagem consegue está inserida neste contexto em todos os riscos citados com muita evidência, principalmente na atuação dentro do ambiente hospitalar e nos atendimentos pré-hospitalares e segundo a autora, os estudos na área são escassos e a classe resistente as práticas preconizadas (ZAPPAROLI, 2005). O conhecimento dos riscos, dos microrganismos patogênicos e as formas de transmissão e exposição dos trabalhadores, nos ambientes de assistência à saúde, são relevantes para o desenvolvimento de planos estratégicos na prevenção, na utilização dos equipamentos e adoção de medidas de biossegurança no ambiente de trabalho (PRADO, 1999). Apesar da comprovação da diminuição dos riscos à exposição, as precauções são negligenciadas, pelos profissionais que atuam na área e, principalmente pelas equipes de enfermagem, evidências comprovadas pelo alto número de notificações divulgado pelo Ministério da saúde anualmente (CIRELLI, 2007). Para Gir (2004) é imprescindível o desenvolvimento de um sistema organizacional com o propósito do ensino das precauções aos profissionais de saúde, aos pacientes, acompanhantes e visitantes, como também o comprometimento de todos envolvidos no processo educacional na adesão das normas e protocolos, e maior do que o trabalho de educação sobre o tema é a importância da avaliação das adesões constantemente, com aperfeiçoamento e adaptações quando existir as necessidades inesperadas. Conforme define Alam (2005) a educação no ambiente de trabalho é fundamental para a execução das tarefas com qualidade e segurança. Cabe aos gestores e educadores desenvolver o censo coletivo entre os colaboradores da biossegurança própria, dos colegas e dos pacientes, lembrando que o último mencionado deve ser considerado sempre um potencial de risco para todos e para a instituição. A educação continuada é um dos componentes de maior importância nos programas de formação e desenvolvimento dos recursos humanos, independente do tipo e tamanho da empresa, seja ela pública ou privada e na saúde não pode ser diferente (OGUISSO, 2000). Para Torres (2005) a educação continuada precisa ser um trabalho que forneça o conhecimento aos colaboradores para a execução das atividades adequadas durante as jornadas de trabalho, como também, objetive e estimule o crescimento técnico-profissional. Relacionado às equipes de enfermagem, os mesmos autores acima descritos ainda citam, no artigo pesquisado, que estes profissionais quando questionados no trabalho de pesquisa aplicado, expuseram a ausência de percepção de vulnerabilidade as infecções como também que, os trabalhadores com mais tempo de serviço possuem uma resistência as mudanças, minimizando o potencial das - 302 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq precauções, relatando o incômodo ocasionado pelo uso dos equipamentos de proteção além do descrédito da qualidade dos materiais e falta de disponibilidade do material completo, à equipe com freqüência. Zapparoli (2005) relata em seu artigo, que o trabalho é descrito como uma ação qual o indivíduo, conduzido por um objetivo, transforma um determinado objeto em um produto. O trabalho na área de saúde tem o propósito de controlar as patologias em níveis sociais e recuperar as condições incapacitantes, e para esta transformação é necessário a utilização de determinados instrumentos como a força, o saber, materiais específicos para cada ação, equipamentos e local adequado de trabalho e, para que a execução destas atividades não acarrete danos à saúde dos trabalhadores, condições adequadas deverão ser providenciadas e garantidas durante toda evolução do processo, conforme a s legislações preconizam no Brasil. Sabóia (2005) descreve que os mecanismos de educação são amplos e estão em constante desenvolvimento. Os enfermeiros que banalizam esta proposta em seu ambiente de trabalho estão construindo obstáculos nos caminhos a serem percorridos no cotidiano, encontram-se na contra mão do processo de aprendizagem, pois ao ensinar este grupo dirige, observa e controla, em atitude de vigilância constante, e estende sua eficácia além do período das atividades educativas, conquistam a confiança e o respeito da equipe e da população como profissional de conhecimento, habilidade e atitude eficaz. Portanto, espera-se nesta pesquisa encontrar um crescimento gradativo, quantitativo e qualitativo, de material científico, produzido nos últimos cinco anos no país, voltados a importância da educação continuada, direcionadas aos profissionais de saúde, principalmente as equipes de enfermagem, as ações de biossegurança em serviços de saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALAM, M. M; VAZ, M. R. C; ALMEIDA, T. A. Educação Ambiental e o Conhecimento do Trabalhador em Saúde sobre Situações de Risco. Rev. Ciências & Saúde Coletiva, Rio Grande do Sul, n. 10, v. 1, 2005. ALMEIDA, A. N. G et al. Risco Biológico Entre os Trabalhadores de Enfermagem. Revista de enfermagem UERJ, Rio de Janeiro n. 17, v. 4, 2009. BOTTOSSO, R. M. Biossegurança na Assistência à Saúde. Revista Nursing, São Paulo, n. 7, v. 70, 2004. CIRELLI, M. A; FIGUEIREDO, R. M; MASCARENHAS, S. H. Z. Adesão as Precauções Padrão no Acesso Vascular Periférico. Revista Latino Americano de Enfermagem n. 15, v. 3, 2007. GARLET, E. R. et al. Finalidade do Trabalho em Urgências e Emergências: Concepções de Profissionais. Revista Latino Americana de Enfermagem, São Paulo n. 17, v. 4, 2009. GIR, E. et al. Biossegurança em DST/AIDS: Condicionantes da adesão do trabalhador de enfermagem as precauções. Revista Escola Enfermagem USP, São Paulo, n. 38, v. 3, 2004. - 303 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq OGUISSO, T. A. Educação Continuada como Fator de Mudanças: Visão Mundial. Janeiro. Revista Nursing, São Paulo, n. 20, v.1, 2000. PAZ, A. F. Relação Entre Fatores de Risco no Ambiente Hospitalar e a Saúde dos Trabalhadores de Enfermagem. 2009 104 p. Dissertação de Mestrado em Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Enfermagem, Rio de Janeiro, 2009. PRADO, S. A.; et al. A Equipe de Saúde Frente aos Acidentes com Material Biológico. Dezembro. Revista Nursing. São Paulo, n.19,v.12,1999. SABÓIA, V. M.. A Enfermeira e a Prática Educativa em Saúde: a Arte de Talhar Pedras. Revista Nursing, São Paulo, n. 8, v. 83, 2005 TORRES, G.V El al; Necessidade de Educação Continuada para Profissionais de Nível Médio em Enfermagem de Um Pronto Socorro Infantil do Município de Natal/RN. Revista Nursing, São Paulo, n. 8, v. 91, 2005. ZAPPAROLI, A. dos S.; MARZIALE, M. H. P.. Risco Ocupacional em Unidades de Suporte Básico e Avançado de Vida em Emergências. Revista Brasileira de Enfermagem, São Paulo, n. 59, v. 1, 2006. PALAVRAS-CHAVES: Biossegurança, enfermagem, educação em saúde. - 304 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq VARIAÇÃO DA RAZÃO GSH/GSSG COMO MARCADOR DE ESTRESSE OXIDATIVO – PRINCIPAIS METODOLOGIAS DE ANÁLISE. RIBEIRO, B.F. 1.2.; Silva M.V.C. 1.2.; Barbosa L.O. 1.2.; Alves, A.A. 1.3. 1 2 Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa/PRPGP/UNIARARAS, Araras - SP, Discente; Orientador. 3 [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A glutationa reduzida (GSH) é um tripeptídeo intracelular produzido em todos os órgãos e desempenha várias funções biológicas importantes, dentre elas como agente antioxidante e na detoxificação de xenobióticos. Manter sua concentração intracelular dentro do ideal é de fundamental importância para que ela exerça suas funções adequadamente protegendo a célula. Quando a GSH entra em contato com espécies reativas ela é oxidada em GSSG. O excesso de GSSG pode ser indicativo de estresse oxidativo, muito estudado nos dias de hoje por causar lesões oxidativas em macromoléculas e diversas estruturas celulares que se não forem reparadas podem alterar as funções das células, tecidos e órgãos. Ou seja, o estresse oxidativo tem sido associado a diversas patologias e estados fisiológicos. Sendo sua determinação de extrema importância para avaliar tais situações. Uma das maneiras de avaliar o estresse oxidativo é através da relação GSSG/GSH. Várias metodologias são utilizadas para determinação de GSH, sendo que as principais podem ser divididas em cromatográficas: Cromatografia em Camada Fina (CCF), Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), Cromatografia em Fase Gasosa (CG) e Eletroforese Capilar (EC); e não cromatográficas: espectrofotometria, espectrofluorimetria e eletroquímicos. A avaliação do estresse oxidativo pode oferecer subsídios para o diagnóstico, a prevenção e o acompanhamento de grande número de patologias como cânceres, e doenças degenerativas e processos fisiológicos importantes como o envelhecimento e o treinamento físico. OBJETIVO Neste trabalho apresentamos uma revisão bibliográfica sobre a importância da razão GSH/GSSG e as metodologias mais importantes para sua detecção. REVISÃO DE LITERATURA A glutationa reduzida (GSH), um tripeptídeo formado por resíduos de glicina, cisteína e glutamato (L-γ-glutamil-Lcisteinilglicina), é o principal tiol (-SH) intracelular livre, não protéico, de baixo peso molecular encontrado em vários tecidos biológicos. É produzida em todos os órgãos, principalmente no tecido hepático, desempenhando várias funções em células humanas, especialmente como agente antioxidante, mantendo estáveis os grupos tióis das proteínas, reduzindo ligações dissulfeto induzidas pelo estresse oxidativo, neutralizando radicais livres e eliminando redutivamente o peróxido de hidrogênio e hidroperóxidos orgânicos. Sua capacidade redutora se deve ao grupamento –SH presente na cisteína. Além disso, a glutationa - 305 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq também é importante no processo de detoxificação de xenobióticos, protegendo as células de agressão. Uma diminuição do sistema de defesa antioxidante ou uma produção excessiva de radicais livres pode gerar um desequilíbrio entre oxidantes e antioxidantes. Uma concentração maior de espécies reativas (oxidantes) em relação aos antioxidantes pode gerar o que chamamos de estresse oxidativo. A alteração mais significativa no sistema antioxidante é a diminuição da GSH. Sendo assim, existem quatro principais mecanismos para manter a concentração de GSH nos níveis considerados ideais: sua biossíntese, o bom funcionamento do ciclo catalítico da glutationa peroxidase (GSH – Px/GR), seu uso pela Glutationa-S-Transferase e a exportação de GSSG para o meio extracelular. Sua biossíntese ocorre no meio intracelular mediada por duas enzimas principais: a γ-glutamilcisteína sintetase (γ-GCS) e a glutationa sintetase (GS). A primeira catalisa a ligação peptídica entre o glutamato e a cisteína, formando a γ-L-glutamil-Lcisteína. A GS catalisa a ligação desse dipeptídeo com a glicina, formando assim a GSH. As duas reações requerem ATP e Mg+2 . A γ-GCS sofre feedback negativo da GSH, prevenindo assim a produção excessiva de GSH ou de seu intermediário, a γglutamilcisteína. A glutamilcisteína também pode ser transportada para dentro da célula através da enzima -glutamil transferase, uma proteína de membrana que faz com que a síntese de GSH seja mais rápida. Caso a conversão da γ-glutamilcisteína em GSH seja insuficiente, há uma reação alternativa, desta para 5-oxoprolina, catalisada pela enzima γ-glutamilciclotransferase. Isso ocorre principalmente em casos de deficiência hereditária da glutationa sintetase, onde o acúmulo da 5-oxoprolina causa 5-oxoprolinúria, acidose metabólica crônica e distúrbios neurológicos. Na reação catalisada pela enzima glutationa peroxidase (GSH-Px), a GSH quando exposta ao agente oxidante funciona como doador de elétrons, formando uma ponte dissulfeto, sendo convertida em glutationa oxidada (GSSG). Quando o sistema de óxido-redução está íntegro, a GSH é recuperada pela ação da enzima glutationa redutase (GR), dependente de NADPH proveniente da via das pentoses. Mantendo, assim, o ciclo catalítico da GSH-Px. A recuperação da GSH é uma etapa essencial para manter íntegro o sistema de proteção celular. Uma perturbação neste sistema, se não compensada por outro sistema antioxidante pode resultar em dano oxidativo. No entanto, sob condições de diminuição do fornecimento de NADPH, como no jejum e na deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), há prejuízo da função da GR e conseqüente diminuição da concentração de GSH intracelular. Além disso, ela pode ser depletada em situação de produção excessiva de espécies reativas e pode ser removida da célula pela saída de GSSG para o meio extracelular ou ainda ser perdida irreversivelmente através das reações de conjugação. As reações de conjugação da GSH com agentes tóxicos (xenobióticos) são catalisadas pela Glutationa-S-Transferase (GST), grupo de proteínas solúveis que ocorrem principalmente no fígado encontradas em diferentes formas chamadas de isoenzimas, responsáveis pela detoxificação celular. A conjugação GSH + xenobiótico previne danos à membrana celular e outras macromoléculas, porém há perda de GSH pela célula. O excesso de GSSG resulta em ambiente mais oxidante, que favorece a formação de ponte dissulfeto nas proteínas portadoras de grupamentos –SH. As pontes dissulfeto alteram as estruturas nativas destas proteínas, prejudicando suas funções. - 306 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Esta oxidação é reversível às custas da ação de compostos antioxidantes, como a GSH. Devido aos altos níveis de GSH presentes no interior das células, 99% de GSH e 1% de GSSG, a relação GSSG/GSH é a maior contribuinte do estado redox da célula, uma vez que, se houver excesso de agentes oxidantes e/ou deficiência do sistema antioxidante, haverá desequilíbrio entre o consumo de GSH e a produção de GSSG, o que caracteriza o estresse oxidativo. Sendo assim, metodologias analíticas empregadas na determinação de GSH em mostras biológicas são fundamentais, uma vez que o estresse oxidativo está relacionado a diversos estados patológicos, além de inúmeras alterações fisiológicas hoje estudadas. Os métodos analíticos utilizados dividem-se em cromatográficos e não cromatográficos. Sendo o pré-tratamento da amostra de fundamental importância, incluindo coleta e preparação da amostra, remoção de proteínas e a derivatização, dependendo da técnica selecionada. Dentre os métodos cromatográficos temos: Cromatografia em Camada Fina (CCF), Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), Cromatografia em Fase Gasosa (CG) e Eletroforese Capilar (EC). A Cromatografia em Camada Fina (CCF) separa o adulto fluorescente formado entre a GSH e a fluoresceína, do excesso de reagentes. A quantificação é feita por fluorescência. A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), segundo a literatura, é o método mais utilizado, pois é uma técnica rápida, altamente específica, sensível e reprodutível. Ela separa a GSH de outros tióis sanguíneos e a quantificação é feita por detectores ultravioleta (UV), de fluorescência ou eletroquímicos. A Cromatografia em Fase Gasosa (CG) não é muito utilizada devido à polaridade e alto ponto de ebulição dos compostos. A Eletroforese Capilar (EC) segue os mesmos princípios da eletroforese clássica, porém a separação é conduzida em tubos capilares, preenchidos com um eletrólito condutor e submetidos à ação de um elevado campo elétrico, permitindo separações eficientes em pouco tempo. A quantificação pode ser feita por fotometria, fluorimetria, eletroquímica ou espectrometria de massas. A maioria dos métodos cromatográficos envolve a derivatização da glutationa com agentes seletivos para tióis, que geralmente são dois agentes distintos. Porém os tióis reagem não seletivamente com ambos os reagentes sendo necessárias técnicas de separação para evitar ou minimizar possíveis interferências. No caso da eletroforese capilar deve-se tomar cuidado com o pré-tratamento, pois as proteínas são facilmente adsorvidas na parede capilar interferindo no tempo de migração e na resolução. Já entre os métodos não-cromatográficos estão: espectrofotometria, espectrofluorimetria e eletroquímicos. A espectrofotometria é baseada na reação de oxidação da GSH em GSSG, promovida pelo DTNB. A espectrofluorimetria é feita após derivatização do grupo sulfidrila da GSH com um marcador de fluorescência. Os métodos eletroquímicos têm importantes aplicações em análise de amostras biológicas, geralmente é baseada em diferentes eletrodos, sendo que a própria superfície do eletrodo de trabalho pode ser uma ferramenta muito útil em tais aplicações. Uma variedade de métodos eletroquímicos têm sido desenvolvidos para a detecção de glutationa. Assim, a literatura relata métodos baseados em eletrodos de mercúrio e eletrodos de carbono quimicamente modificados com mediadores de elétrons. - 307 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq CONSIDERAÇÕES FINAIS A GSH é o mais importante marcador biológico de estresse oxidativo, evento que está relacionado com diversos processos fisiológicos e patológicos. Metodologias para sua quantificação são de extrema importância considerando que seu acompanhamento poderia servir de subsídio para prevenir, diagnosticar e tratar patologias, além de contribuir para o desenvolvimento de novos estudos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, A.L.A.; MATSUBARA, L.S. Radicais Livres: conceitos, doenças relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo. Revista da Associação Médica Brasileira, v.43, n.1, p. 61-68, 1997. HUBER, P.C.; ALMEIDA, W.P. Glutationa e enzimas relacionadas: papel biológico e importância em processos patológicos. Química Nova, v.31, n. 5, p.1170-1179, 2008. RAFTOS, J.E.; WHILLIER, S.; KUCHEL, P.W. Glutathione synthesis and turnover in the human erythrocyte: alignment of a model based on detailed enzyme kinetics with experimental data. The Journal of Biological Chemistry. v.285, n.31, pp. 2355723567, 30, 2010. ROVER JUNIOR, L.; HÖEHR, N.F.; VELLASCO, A.P. Sistema antioxidante envolvendo o ciclo metabólico da glutationa associado a métodos eletroanalíticos na avaliação do estresse oxidativo. Química Nova, v.24, n.1, p. 112-119, 2001. SCHOTT, K.L.; CHARÃO, M.F.; VALENTIN, J.; et al. Influência de desproteinizantes ácidos na quantificação da glutationa reduzida eritrocitária por CLAE-UV. Química Nova, v.30, n.3, p. 592-596, 2007. TORRES, M.C.L.; SOARES, N.F.F.; PEREIRA, J.A.M. Extração, purificação e avaliação da atividade da Glutationa-S-Transferase de fígado bovino. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v.30, n.2, p.302-307, mar/abr., 2006. VASCONCELOS, S.M.L.; GOULART, M.O.F.; MOURA, J.B.F.; et al. Espécies reativas de oxigênio e de nitrogênio , antioxidantes e marcadores de dano oxidativo em sangue humano: principais métodos analíticos para sua determinação. Química Nova. v.30, n. 5, p. 1323-1338, 2007. PALAVRA-CHAVES: razão GSH/GSSG, estresse oxidativo, métodos analíticos. - 308 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq LEVANTAMENTO DA DIVERSIDADE DA ENTOMOFAUNA (CLASSE INSECTA) EM ÁREA DE VEGETAÇÃO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO “HERMÍNIO OMETTO” - UNIARARAS 1 SAPATINI, J. R.1,2; SANTOS, V. G.1,2; BATISTA, R. O.1,2; DACOL, M. 1,2; BETIOLI, J. V.1,4,6 ;, Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 6 Docente; Co-orientador; Orientador. 4 2 Discente; 3 Profissional; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A Classe Insecta compreende o grupo de mais abundante e espalhada diversidade de animais terrestres, correspondendo aos principais invertebrados que habitam ambientes secos e os únicos capazes de voar (STORER; USINGER, 1977). Os insetos executam diversas atividades ecológicas essenciais; são predadores naturais de diversas pragas e também são presas importantes de diversos grupos de vertebrados (WILSON, 1994). A adaptação dos insetos em propagar-se e explorar os diferentes nichos ecológicos lhes conferem uma alta diversidade de hábitos alimentares, de diferentes fontes, como a celulose, folhas, frutos, raízes, troncos, materiais em decomposição, pólen, néctar, grãos armazenados, fezes, sangue, fluidos corpóreos, canibalismo e predação (GALLO et al., 2002). Aproveitando-se das características dos representantes do grupo que os enquadram como excelentes bioindicadores, como alta fidelidade ecológica, diversidade taxonômica e sensibilidade a alterações (DAJOZ, 1983), e da considerável riqueza de diversidade de espécies encontrada no Brasil (RAFAEL; AGUIAR; AMORIN, 2009) é possível avaliar a qualidade de determinado ambiente utilizando-se de levantamentos faunísticos (SILVEIRA NETO et al., 1995). Em estudos nos quais se pretende avaliar as condições ambientais em resposta a impactos de processos naturais ou antrópicos, o monitoramento faunístico representa uma ferramenta imprescindível (SILVA et al., 2010 ). O campus “DUSE RÜEGGER OMETTO”, localizado no município de Araras – SP, tem seu georreferenciamento nas coordenadas em UTM (SAD 69) X: 256284 Y: 7523625, área total de 39.5 ha, inserida na microbacia do córrego Andrezinho, atualmente com 36.000 m² de área construída e arboreto com 5,5 mil árvores nativas brasileiras. O local faz divisa da zona rural e perímetro urbano e a área de vegetação tem consideráveis diversidades florística e entomofauna. De uma maneira geral, não há estudos locais sobre a distribuição da Classe abrangendo aspectos ecológicos, ainda que reconhecida sua importância. OBJETIVO O presente objetiva levantar a diversidade da entomofauna em área de vegetação do Centro Universitário Hermínio Ometto, identificando as espécies no mínimo até o nível de família e relacionando-as à flora local e possibilitar a comparação com futuros estudos na área e determinando as condições ambientais no momento. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA - 309 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Na área em questão, foram escolhidos pontos que melhor representassem a diversidade florística do local, e neles distribuíram-se armadilhas adaptadas do modelo bandeja d’água (MELO; MOREIRA; SILVA, 2001) com cores atrativas. As coletas serão realizadas semanalmente no período de maio a dezembro de 2011, e os exemplares capturados serão levados em recipientes adequados até o Museu de Zoologia para identificação. Devido à proposta do trabalho, os espécimes serão identificados, com auxilio de chaves dicotômicas (BORROW, 1969; LIMA, 1938), no mínimo até o nível taxonômico de família. A coleção do Museu de Zoologia da Uniararas também será utilizada para possíveis comparações. Com os dados obtidos serão determinados os índices de: constância (C) de ocorrência de espécies, proposto por Dajoz (1983), representando a simples porcentagem da espécie presente no ambiente estudado: C = , onde n representa número de coletas contendo a espécie em estudo e N o número total de coletas; diversidade (D) através do índice proposto por Margalef (1951) que medirá a relação existente entre o número de espécies e o número de indivíduos da comunidade: D = onde S representa o número de espécies e n o número de indivíduos; dominância (Da), que expressa a relação entre o número de uma determinada espécie e o número total de indivíduos de todas as espécies: Da = x 100 onde Na, Nb, Nc,...Nn representam o número de indivíduos das espécies a, b,c,...n; índice de Frequência (F), que expressa a relação entre o número de amostras na qual uma espécie está presente e o número total de amostras: F = x 100, onde Pa representa o número de amostras nas quais a espécie A está presente e P, o número total de amostras ou estações. O valor obtido através da equação da frequência (F) indicará espécie constante se F > 50%, espécie comum se 10% < F ≤ 49 e espécie rara se F ≤ 10%. RESULTADOS ESPERADOS Espera-se obter dados da entomofauna existente na vegetação do Centro Universitário “Hermínio Ometto” que permitam a criação de parâmetros para avaliação da diversidade local e da correlação com a flora, e para futuras comparações. A influência de fatores bióticos e abióticos normalmente é significativa na estrutura das comunidades; as variações climáticas, por exemplo, ainda que sutis, podem definir a distribuição, o comportamento, o desenvolvimento e, de modo indireto, interferir na alimentação dos organismos (SILVEIRA NETO et al., 1976). Dessa maneira, espera-se levantar dados sobre a entomofauna local que virão a fornecer informações uteis sobre as condições ambientais atuais para futuros estudos comparativos. Acredita-se que os índices escolhidos deverão representar de maneira satisfatória as variáveis necessárias para tal. Somando-se o tipo de armadilha utilizada e as condições sazonais locais à literatura existente, espera-se encontrar insetos das ordens Hemiptera, Thysanoptera, Diptera, Hymenoptera, Coleoptera, Lepidoptera, Trichoptera, Neuroptera, Psocoptera e Blattodea (MELO; MOREIRA; SILVA, 2001). Devido à diversidade florística presente no local do estudo, as ordens mais abundantes esperadas são Coleoptera, Lepidoptera e Hemyptera (SILVEIRA NETO et al., 1995). A suposição deve-se ao fato de que as ordens citadas apresentam características que as correlacionam com a diversidade - 310 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq florística do ambiente em estudo; a ordem Coleoptera, considerada portadora de hábitos polífagos (LARA, 1979), apresenta elevado número de espécies exclusivamente fitófagas. Somando-se a esse fato a diversidade naturalmente encontrada da ordem (BORROW, 1969), acredita-se que os coleópteros apresentarão elevados índices de diversidade e constância. As ordens Lepidoptera, superada em número de espécies apenas pela Coleoptera, e Hemynoptera, que apesar das espécies hematófagas e predadoras apresentam grande número de espécies de hábito fitófagos (STORER; USINGER, 1977), deverão também apresentar altos índices, como em observado por Silveira Neto et al. (1995) na cidade de Piracicaba e por Melo et al. (2001) em Jaguariúna, ambas as cidades do interior do estado de São Paulo. A proximidade de um córrego (Córrego do Andrezinho) deve ser outro fator que contribuirá para a diversidade de espécies que serão levantadas nesse estudo faunístico, uma vez que nas imediações de ambientes como esse a Classe em questão é encontrada abundantemente e com significativos representantes de várias ordens. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORROW, D.J.; DELONG, D.M. Introdução ao estudo dos insetos. 2. ed. São Paulo: Edgar Blucher. 1969. DAJOZ, R. Ecologia aplicada. In:_____. Ecologia Geral. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1983. Cap. 16, p. 435-461. GALLO, D. et al. 2002. Entomologia agrícola. FEALQ/USP, São Paulo, v. 10, 920p. LARA, F.M. Princípios de Entomologia. 2. ed. Piracicaba: Livroceres, 1979. 304 p. LIMA, A.M. da C. Insetos do Brasil 1. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Agronomia, 1938, 470 p. MARGALEF, R. Diversidad de especies en las comunidades naturales. Pubines Instituto Biologia Aplicada, Barcelona, v. 6, n.1, p. 59-72, 1951. MELLO, L.A.S.; MOREIRA, A.N.; SILVA, F.A.N. Armadilha para monitoramento de insetos. Comunicado técnico da Embrapa meio ambiente, n. 7, p. 1-4. 2001. RAFAEL, J.A.; AGUIAR, A.P.; AMORIN, D.S. Knowledge of insect diversity in Brazil: Challenges and advances. Neotropical Entomology, v. 38, n. 5, p. 565-570, 2009. SILVA, L.B.; FERNANDES, M.U.; NASCIMENTO, J.N. Diversidade de insetos capturados em armadilha mcphail no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Interbio. v. 4, n. 1, p.22-30, 2010. SILVEIRA-NETO, S.; MONTEIRO, R.C.; ZUCCHI, R.A.; MORAES, R.C.B. Uso de análise faunística de insetos na avaliação do impacto ambiental. Ciência Agrícola. Piracicaba, v. 52, n. 1, p. 9-15, 1995. - 311 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq SILVEIRA-NETO, S.; NAKANO, O.; BARBIN, D,; VILLA NOVA, N.A. Manual de ecologia dos insetos. Piracicaba: Ceres, 1976. 419p. STORER, T.I.; USINGER, R.L. Classe Insecta. In:_____. Zoologia Geral. 3. ed. São Paulo: Nacional, 1977. cap. 26, p. 471-564. WILSON, E.O. Diversidade da vida. São Paulo: Companhia das letras, 1994. 365 p. PALAVRAS-CHAVES: Entomofauna, Insecta, diversidade. - 312 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq INIBIÇÃO, IN VITRO, DA RESPIRAÇÃO MITOCONDRIAL POR VENENO CROTÁLICO É CÁLCIO-DEPENDENTE. PELEGRINO, L.P.1,2; LIMA, A.C.S.E.1,2; ALVES, A.A.1,3; MAZZI, M.V.1,3; CATISTI, R.1,4 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Orientador. 4 2 Discente; 3 Co-orientador; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O veneno de serpentes do gênero Crotalus apresenta, bioquimicamente, composição diversificada e complexa, formada por compostos inorgânicos que apresentam papel importante na ativação de algumas enzimas; e por compostos orgânicos, enzimas hidrolíticas, proteolíticas e não hidrolíticas, além de toxinas, responsáveis em grande parte pela toxicidade do veneno (BARRAVIERA, 1993). Os efeitos do veneno crotálico no fígado, principal órgão envolvido no metabolismo de compostos xenobióticos, foram pouco estudados e as análises feitas com este órgão abrangem, basicamente, histopatologia e bioquímica sérica (FRANÇA, 2004), embora o comprometimento do fígado, bem como do coração, em acidentes com Crotalus durissus terrificus, já tenha sido relatado (BANCHER et al., 1973; CUPO et al., 1990). Experimentalmente foi demonstrado em camundongos que o veneno de Crotalus vegrandis induz aumento de formações lipídicas em hepatócitos e vacuolização nas áreas citoplasmáticas. Os danos hepáticos podem ter sido causados pelo efeito direto do veneno nas mitocôndrias e pela ação de citocinas nos hepatócitos, especialmente a interleucina-6 (BARRAVIERA et al., 1995). Além disso, exames histopatológicos de pacientes picados que morreram mostraram extensa necrose hepática (BARRAVIERA et al., 1989). A extensão das lesões microscópicas é variável com o tempo decorrido após a picada e a quantidade de veneno inoculada, podendo ocorrer aumento de células de Kuppfer, aumento do infiltrado inflamatório, congestão e espessamento endotelial até 12 horas após a picada ou inoculação do veneno (FRANÇA, 2004). Uma complicação clínica comum em pacientes picados por Crotalus durissus terrificus é a rabdomiólise (BUCARETCHI et al., 2002; CUPO et al.; 1990; YAMASAKI et al., 2008), que foi previamente relacionada com estresse oxidativo (YAMASAKI et al., 2008). Nesta situação, a degradação da mioglobina resulta na liberação de ferro, que catalisa a formação de espécies reativas de oxigênio, iniciando lipoperoxidação e aumentando o desequilíbrio redox. O estresse oxidativo é, portanto, um fator relacionado a lesões teciduais em acidentes por Crotalus durissus terrificus. OBJETIVO O veneno crotálico é constituído, abundantemente, por enzimas e peptídeos que apresentam efeitos importantes sobre os músculos esqueléticos, sistema nervoso, rins e sistema de coagulação sanguínea. Além de propriedade farmacológica e potencial biotecnológico bastante atraente, sabe-se que estas enzimas podem diferir significativamente em estrutura e preferências por substratos. Desta maneira, o objetivo do presente trabalho, foi estudar, in vitro, o efeito do veneno bruto da - 313 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq serpente Crotalus durissus terrificus sobre o fígado de ratos, avaliando sua influência sobre a atividade respiratória mitocondrial. Os resultados obtidos, certamente ampliarão os conhecimentos sobre a função destas toxinas sobre sistemas biológicos, e de suas possíveis aplicações na pesquisa básica e aplicada. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA O presente trabalho teve aprovação do Comitê de Ética, CEP, protocolo número 007/2011. O estudo foi realizado em mitocôndrias isoladas de fígado de ratos adultos Wistar machos, de oito semanas. A peçonha da serpente Crotalus durissus terrificus foi adquirida da empresa Proteínas Bioativas (Serpentário Bioagents Ltda), Batatais-SP. Isolamento de mitocôndrias hepáticas Mitocôndrias foram isoladas de fígado de ratos machos adultos, por centrifugação diferencial, segundo Schneider & Hogeboom (SCHNEIDER, HOGEBOOM, 1950), após jejum de 12 horas. A fração mitocondrial foi ressuspendida em tampão isosmótico para uma concentração final de proteína de 80-100mg/ mL. Consumo de oxigênio mitocondrial As suspensões mitocondriais (1,0 mg/mL) foram colocadas em câmara de vidro de 1,0 mL equipada com agitador magnético, conectada a um eletrodo tipo Clark (Oxytherm System, da Hansatech Instruments Ltd), em temperatura controlada de 28º C. O consumo de oxigênio foi acompanhado durante 10 minutos, e a solubilidade considerada à 28º C foi de 210 µmol mL-1. Análise dos resultados - Os dados foram analisados pelo software GraphPad Prism. Todos os resultados foram representativos de uma série de 3 a 6 experimentos, com diferentes preparações mitocondriais. Nos casos onde dois grupos foram comparados, foi utilizado Teste t de Student, não pareado, com nível de significância de 5 % (p<0,05), sendo os resultados expressos como média ± erro padrão da média (X ± E.P.M.). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi verificado o desempenho da respiração mitocondrial, pelo acompanhento do consumo de oxigênio. Valores encontrados para o grupo Controle, isto é, o consumo de oxigênio, para as mitocôndrias de fígado de ratos machos Wistar isoladas, na concentração de 1,0 mg/mL, em meio de reação contendo 125 mM sacarose, 65 mM KCl, 10 mM HEPES pH 7,2; 10 µM CaCl2, 5,0 mM succinato e 4,0 µM rotenona, à 28º C, sob agitação, por 10 minutos, foi de 97,86 ± 5,394 nmoles de O2 mg-1min-1 (n=6). Para verificar o efeito in vitro do veneno crotálico sobre a respiração mitocondrial, a adição de concentrações sucessivas do veneno foi efetuada no segundo minuto após a adição da suspensão mitocondrial ao meio de incubação. A concentração inicial de veneno adicionada foi de 1,0 µg/mg de proteína mitocondrial. Observou-se inibição da respiração mitocondrial significativa de aproximadamente 20% (p<0,05) e o consumo de oxigênio medido foi de 78,24 ± 5,746 nmoles de O2 mg-1min-1. Para verificar se o efeito da inibição era dose-dependente, reduziu-se a concentração do veneno crotálico adicionado para 0,5 µg/mg. O resultado obtido para o consumo de oxigênio foi de 79,44 ± 3,904 nmoles de O2 mg-1min-1; - 314 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq significando que houve inibição de respiração porém sem diferença significativa entre as duas concentrações (também de aproximadamente 20%) . Um aumento do efeito de inibição da respiração mitocondrial (aproximadamente 34,4 %) pode ser verificado pela adição de 5,0 µg/mg de veneno crotálico à suspensão de mitocôndrias de fígado isoladas e o valor encontrado para o consumo de oxigênio foi de 64,23 ± 2,996 nmoles de O2 mg-1min-1. Para uma concentração de 10,0 µg/mg do veneno, a inibição foi de aproximadamente 46,35%, e o valor foi de 52,50 ± 1,379 nmoles de O2 mg-1min-1. Sabendo-se que o cálcio tem papel importante em reações que envolvem estresse oxidativo mitocondrial, seu efeito no mecanismo de inibição da respiração foi estudado em meio de reação contendo o quelante de cácio EGTA (ácido etileno glicol-bis (2-aminoetileter) – N,N,N’,N’- tetracético). O valor medido para o consumo de oxigênio mitocondrial verificado pela adição de 5,0 µg/mg do veneno crotálico, em presença 0,5 mM de EGTA no meio de incubação foi de 86,86 ± 4,626 nmoles de O2 mg-1min-1, valor não significativo quando comparado ao consumo de oxigênio do experimento controle, sem adição do veneno. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Os resultados parciais encontrados mostram que o veneno crotático inibe a respiração mitocondrial num mecanismo dependente da presença de cálcio. Esses dados corroboram com a literatura. Valente e colaboradores mostram que alguns dos efeitos do veneno crotálico no fígado podem ser atribuídos à ação mitocondrial. Isoformas de fosfolipase A2 (PLA2) do veneno induzem intenso inchamento mitocondrial como resultado do seu ataque sobre a bicamada lipídica e liberação de ácidos graxos livres, o que pode ocasionar, adicionalmente, inibição da respiração celular e efeito desacoplador (VALENTE et al., 1998). Novos experimentos in vivo se encontram em andamento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BANCHER, W., ROSA, R.R., FURNALETTO, R.S. Estudo sobre a fixação eletiva e quantitativa do veneno de Crotalus durissus terrificus nos tecidos nervosos, renal, hepático e muscular de Mus musculus Linnaeus. Mem Inst Butantan, 37: 139- 42, 1973. BARRAVIERA, B., BONJORNO, J.R., ARAKAKI, D., DOMINGUES, M.A.C., PEREIRA, P.C.M., MENDES, R.P., MACHADO, J.M., MEIRA, D.A. A retrospective study of 40 victims of Crotalus snake bites. Analysis of the hepatic necrosis observed in one patient. Rev Soc Bras Med Trop, 22(1): 5-12, 1989. BARRAVIERA. B, RABELLO-COELHO, K.Y., CURI, P.R., MEIRA, D.A. Liver dysfunction in patients bitten by Crotalus durissus terrificus (Laurenti, 1768) snakes in Botucatu (State of São Paulo, Brazil) Rev Inst Med Trop São Paulo, 37(1): 63-9, 1995. BARRAVIERA, B. Estudo clínico dos acidentes ofídicos - revisão. J Bras Med, 65: 209-50, 1993. - 315 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq BUCARETCHI, F., HERRERA, S.R., HYSLOP, S., BARACAT, E.C., VIEIRA, R.J. Snakebites by Crotalus durissus ssp in children in Campinas, São Paulo, Brazil Rev Inst Med Trop, Sao Paulo, 44(3):133-8, 2002. CUPO, P., AZEVEDO-MARQUES, M.M., HERING, S.E. Acute myocardial infarctionlike enzymes profile in human victims of Crotalus durissus terrificus envenoming. Trans Roy Soc Med Hyg, 84: 447-51, 1990. FRANÇA, R.F. Estudo histopatológico e bioquímico induzido por veneno de Crotalus durissus terrificus e avaliação hepatoprotetora do diltiazem em fígado de rato Wistar. Dissertação de Mestrado. Universidade do Vale do Paraíba, São José dos Campos, 2004. SCHNEIDER, W.C. & HOGEBOOM, G.H. Intracellular distribution of enzymes. V. Further studies on the distribution of cytochrome C in rat liver homogenates. J. Biol. Chem. 183: 123-128, 1950. VALENTE, R.H., NOVELLO, J.C., MARANGONI, S., OLIVEIRA, B., PEREIRA-DA SILVA, L., MACEDO, D.V. Mitochondrial swelling and oxygen consumption during respiratory state 4 induced by phospholipase A 2 isoforms isolated from the South American rattlesnake (Crotalus durissus terrificus) venom. Toxicon, 36(6): 901-13, 1998. YAMASAKI, S.C., VILLARROEL, J.S., BARONE, J.M., ZAMBOTTI-VILLELA, L., SILVEIRA, P.F. Aminopeptidase activities, oxidative stress and renal function in Crotalus durissus terrificus envenomation in mice. Toxicon, 52(3):445-54, 2008. ÓRGÃO FINANCIADOR: FAPESP, FHO/UNIARARAS TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: SIM PALAVRAS-CHAVES: veneno crotálico, respiração mitocondrial, fígado. - 316 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq VACINAÇÃO CONTRA O VÍRUS INFLUENZA A (H1N1): ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS CONCLUINTES DOS CURSOS DA ÁREA DA SAÚDE XAVIER, A. S. 1,2; TORRICELLI, C. 1,2; AMARO COSTA, D. 1,2; CAVEANHA, M. R. 1,2; FRITTOLI, R. B. 1,2; SILVA, P. L. 1,3,4 3 4 ¹Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, Araras, SP, ²Discente, Docente, Orientador [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Os primeiros casos de influenza A (H1N1) foram confirmados primeiramente em crianças que residiam no sul da Califórnia, em 2009, disseminando-se rapidamente ao redor do mundo. Devido a esta rápida disseminação, houve a necessidade de desenvolver uma vacina para o controle da dispersão do vírus, cuja formulação deve ser modificada anualmente, pois o vírus possui alta capacidade mutagênica (ARAUJO; FERREIRA JUNIOR; RAMADAN, 2001). Esse novo subtipo pandêmico foi o resultado da recombinação genética dos vírus suíno, aviário e humano, este último que circula no mundo desde 1977, explicando assim sua suscetibilidade e transmissibilidade na população mundial. Em 2009, a Organização Mundial de Saúde (OMS) potencializou o nível de alerta pandêmico para a última fase, 6. Isso se refere à rápida propagação do vírus e não pela gravidade da doença. (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO, 2009). Primeiramente, a vacina era direcionada aos profissionais na área da saúde, indivíduos imunocomprometidos, gestantes, crianças e principalmente pacientes com doenças respiratórias (ARAUJO; FERREIRA JUNIOR; RAMADAN, 2001). Na época da campanha de vacinação, muitas pessoas estavam indignadas quanto à vacina, pois se ouvia muito sobre supostos efeitos colaterais que a mesma poderia causar quando tomada, tais como: contrair a doença através da vacinação; reduzir a população mundial; causar a invalidez; além de ocasionar danos a saúde devido a quantidade de mercúrio presente na vacina. Porém não há veracidade nestas informações. (REDAÇÃO MULTIMÍDIA GAZETA ONLINE, 2010). Diante de todo este questionamento, foi necessário refletir sobre os fatores que influenciaram uma amostra de estudantes da área da saúde a não tomarem a vacina contra a gripe A (H1N1), mesmo tendo adquirido o conhecimento sobre a mesma. Em suma, é fundamental haver a conscientização em relação a importância de tomar a vacina, através de uma análise do posicionamento dos alunos, caso haja novas campanhas de vacinação. OBJETIVO Realizar uma análise comparativa em relação aos dados referentes a aceitação da vacinação contra o vírus A (H1N1) entre os concluintes dos cursos da área da saúde de uma universidade. MATERIAL E MÉTODOS - 317 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O projeto será enviado ao Comitê de Ética da instituição para aprovação. Sendo que, após a aceitação, o mesmo será realizado segundo o cronograma, determinado pelos pesquisadores. Para o desenvolvimento do projeto será realizada uma pesquisa de campo, através de coleta de dados por meio de um questionário elaborado pelos autores do estudo, para que assim possam ser analisados os resultados mediante a finalidade do projeto. E pesquisa bibliográfica, para compor os dados sobre a gripe desde a época do surto em pandemia, importância de se tomar a vacina, mitos e verdades divulgados pela mídia, etc. O questionário conterá perguntas que retratarão a opinião de alunos concluintes dos cursos da área de saúde de uma universidade concernente a vacinação contra a gripe A (H1N1). Este questionário será distribuído aleatoriamente para os estudantes do quarto ano que estejam interessados em participar do projeto. Dentre esses, estão inclusos os concluintes do curso de Biologia, Biomedicina, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Odontologia. No qual serão submetidos ao formulário os 10 primeiros alunos interessados de cada curso, sendo anteriormente informado aos professores o dia e horário que será aplicada a pesquisa. O formulário consiste em perguntas abertas e fechadas sobre a opinião dos estudantes a respeito da vacinação contra a gripe A. Dentre elas será questionado a faixa etária dos entrevistados, se os mesmos sabiam identificar os grupos de risco da campanha de vacinação 2010, se eles optaram por tomar a vacina ou não e também o que os motivou a essa decisão. Os dados coletados serão analisados, discutidos e tabelados e apresentados de forma descritiva, e por análise estatística para comparação entre os resultados entre os cursos. RESULTADOS ESPERADOS Segundo a Redação Multimídia Gazeta Online (2010), uma pessoa não pode contrair a doença só pela vacina porque esta não possui o vírus em sua composição, apenas algumas partículas do mesmo, que não são capazes de se multiplicar no organismo humano. Em relação a vacina ter como objetivo reduzir a população mundial, é inaceitável, pois as pessoas não percebem que milhares de crianças pequenas e gestantes foram mortas por causa da doença no Brasil. Sobre a questão de que a mesma podia causar invalidez é uma afirmação incoerente, pois muitos profissionais da saúde tomaram a vacina e não apresentaram nenhum sintoma. Quanto à quantidade de mercúrio na composição da vacina, é tão pequena que não chega a prejudicar a saúde, ela somente causa uma dor local. As pessoas também ficaram com receio de tomar a vacina, pois pensaram que poderiam adquirir o vírus HIV, mas de acordo com os especialistas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), pessoas que tomaram a vacina H1N1, poderiam ter resultado falso-positivo para HIV mesmo sem ter o vírus que provoca a Aids. Segundo a ANVISA, isto poderia ocorrer até 112 dias após a pessoa ter se vacinado contra a gripe (CANAL DE NOTÍCIAS DO SITE G1, 2010). Levando em questão quais os fatores que influenciaram uma amostra de estudantes da área da saúde a não tomarem a vacina contra a gripe A (H1N1), espera-se que a maior parte desses estudantes, que vivenciaram a época da vacinação contra o vírus em 2010, tenham sido influenciados a não tomar a vacina, mesmo estando cientes da gravidade da disseminação do vírus e conhecendo a realidade da nova doença. - 318 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Canal de Notícias do site G1. Vacina contra H1N1 pode dar falso positivo para HIV, diz Anvisa. 2010. Disponível em: http://pe360graus.globo.com/noticias/brasil/saude/2010/05/21/NWS,513482,3,264,N OTICIAS,766-VACINA-CONTRA-H1N1-DAR-FALSO-POSITIVO-HIV-DIZANVISA.aspx. Acesso em: 05 mar. 2011. RAMADAN, P. A.; ARAUJO, F. B.; FERREIRA JUNIOR, M. A. 12-month follow-up of an influenza vaccination campaign based on voluntary adherence: report on upperrespiratory symptoms among volunteers and non-volunteers. São Paulo Med. J. [online]. 2001, v.119, n.4, p.142-145. Redação multimídia Gazeta online. H1N1: mitos e verdades sobre e-mails que circulam na web. 2010. Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2010/03/618762h1n1+mitos+e+verdades+sobre+e+mails+que+circulam+na+web.html. Acesso em: 04 mar. 2011. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Divisão de Doenças de Transmissão Respiratória. Centro de Vigilância Epidemiológica "Prof. Alexandre Vranjac". Coordenadoria de Controle de Doenças. Características dos casos notificados de Influenza A/H1N1. Rev. Saúde Pública [online]. 2009, v.43, n.5, p. 900-904. PALAVRAS – CHAVE: Vacina; Influenza A; Saúde. - 319 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO DAS HABILIDADES FUNCIONAIS NA MIELOMENINGOCELE: ESTUDO DE CASO PITIZKER. T.C.1,2; CAIEIRA, A.R.M.O.B.1,2; BATISTELA, A.C.T.1,3; SILVA, P.L.1,4 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Orientador. 4 2 Discente; 3 Co-orientador; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO De acordo com Silva et al. (2005) a displasia medular promove uma paralisia sensitivo-motora que acomete os membros inferiores, o sistema urinário e intestino. Outras malformações associadas, como hidrocefalia, podem comprometer ainda mais as funções desta criança. A mielomeningocele (MMC) é responsável por cerca de 85% dos casos de defeito do fechamento do tubo neural. Sua incidência é de quatro por mil nascidos vivos. Sua etiologia é desconhecida, porém a associação de alguns fatores poderá promover o aparecimento da doença, como nos casos de mulheres com dieta pobre em ácido fólico. Segundo Christofoletti et al.(2007), podem ocorrer algumas alterações posturais caracterizadas, sobretudo, por hiperescoliose (na MMC lombar) ou hipercifose (nos casos de lesões torácicas) promovendo instabilidade no equilíbrio do paciente. Os maiores problemas estão relacionados com a possibilidade de levantar, deambular e controlar voluntariamente os sistemas vesical e intestinal. O enfoque terapêutico visa à independência funcional da criança, principalmente, no que se refere à deambulação que muitas vezes é prejudicada devido o nível da lesão, em caso de lesões altas, é necessario o uso da cadeira de rodas. Nesse sentido, a fisioterapia tem papel fundamental na independência funcional da criança com MMC. A complexidade e a diversidade do quadro clínico apresentado pelas crianças com MMC demandam avaliação fisioterápica criteriosa, visto que é necessário estabelecer um programa terapêutico adequado para desenvolver o máximo de sua funcionalidade (Brandão et al., 2009) Um dos meios para avaliar se a criança com MMC possui funcionalidade, é o Pediatric Evoluation Disability Inventory (PEDI), um inventário de avaliação pediátrica de incapacidade que avalia crianças na faixa etária entre seis meses e sete anos e seis meses de idade (HALEY et al., 2000; MANCINI, 2005). Espera-se que ao avaliar e identificar possíveis dificuldades na realização das habilidades funcionais, venha ser realizado treinamentos específicos promovendo melhora destas. OBJETIVO Verificar a influência de um treinamento das habilidades funcionais nas atividades de vida diária de uma criança com MMC. MATERIAL E MÉTODOS - 320 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Após ser aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS será convidado para o estudo dentre os pacientes que frequentam a Clínica de Fisioterapia um voluntário com diagnóstico de MMC. Em seguida o responsável pelo mesmo será esclarecido com relação aos objetivos e procedimentos da pesquisa, e então permitindo a participação por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para avaliar as habilidades funcionais será utilizado o inventário PEDI que verifica a capacidade da criança de desempenhar determinadas habilidades funcionais. O PEDI pode ser aplicado por qualquer membro da equipe interdisciplinar através de entrevista com o responsável pela criança ou julgamento profissional. Cada item representa uma tarefa e a habilidade para realizá-la é pontuada como (1) se a criança é capaz e (0) se não é capaz de realizá-la. Avalia habilidades funcionais e sua performance nas áreas de auto-cuidado (73 itens), mobilidade (59 itens) e função-social (65 itens). Mede, ainda, a quantidade de assistência dada pelo cuidador durante a realização destas tarefas e a possível utilização de adaptações e modificações no ambiente. Na área de assistência do cuidador para autocuidado são 8 itens, mobilidade 7 itens e função social 5 itens. A pontuação varia de 0 a 5 (dependência total até independência completa). Depois de realizada a avaliação, a criança selecionada iniciará o treinamento para melhora de suas habilidades funcionais que terá duração de 8 sessões, realizadas em um período de dois meses. O treinamento será baseado em técnicas fisioterapêuticas que promoverão independência, locomoção e transferência. RESULTADOS ESPERADOS Geralmente, o acometimento neurológico das crianças portadoras de MMC é classificado de acordo com a localização em níveis cervical, torácico, lombar alto, lombar baixo e sacral. Apesar de aceito que o nível de acometimento esteja relacionado com a função e a aquisição da marcha, resultados obtidos por Bartonek et al., 1999 demonstraram que crianças com MMC e paralisia motora similar exibem diferentes funções de deambulação e que outros fatores podem interferir na aquisição da marcha. Conseqüentemente, na avaliação da aquisição da marcha é importante que, além da caracterização do nível de acometimento da lesão, esses fatores descritos sejam também quantificados. Segundo Fobe e cols., em crianças com mielomeningocele e hidrocefalia, existe uma correlação direta entre o nível de acometimento motor medular e os resultados de testes cognitivos; e quanto mais precoce o tratamento da hidrocefalia nesses casos, melhores são os resultados obtidos. O quadro clínico das crianças portadoras de MMC tem diversas manifestações com graus variáveis de gravidade. Os pacientes podem apresentar desde um discreto déficit sensitivo-motor de localização distal, incluindo disfunções dos esfíncteres, até uma paralisia completa abaixo do nível da lesão. A deambulação é uma função importante para essas crianças e sua ausência compromete a independência nas atividades de vida cotidiana, o desenvolvimento escolar e a qualidade de vida (COLLANGE et al., 2006). Os níveis de lesão e a aquisição da deambulação influenciam, com impactos diferenciados, o desempenho das crianças com mielomeningocele nas atividades diárias de autocuidado, mobilidade e função social avaliadas pelo PEDI. A lesão no nível torácico acarreta o comprometimento mais - 321 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq complexo desse tipo de disrafismo. Caracteriza-se frequentemente por paralisia flácida nos quadris e abaixo deles e, dependendo do segmento torácico acometido, em parte da musculatura do tronco. (COLLANGE et al., 2008). Segundo Brandão et al. (2009) em crianças, que o segmento afetado for lombar baixo, apresentaram melhor prognóstico de marcha. Entretanto, crianças com lesão medular alta podem necessitar do uso da cadeira de rodas, uma vez que o prognóstico de marcha é baixo nesses casos. Nesse sentido, a fisioterapia deve preparar e treinar as habilidades funcionais incluindo locomoção. De acordo com Dahl et al.(1995) aproximadamente 20% a 30% das crianças portadoras de MMC desenvolvem sintomas acentuados, relacionados às disfunções de tronco, e alterações importantes, relacionadas ao controle postural e ao equilíbrio, levando a um retardo nas aquisições motoras e à limitação da mobilidade. As deformidades na MMC variam conforme o segmento neurológico afetado: crianças com lesão torácica são, particularmente, propensas às escolioses e as cifoses; as contraturas no quadril e joelho e as deformidades nos pés ocorrem universalmente; a fisioterapia faz parte do processo de reabilitação e deve ser realizada nas crianças com MMC. Em relação ao cuidado da criança com MMC, a família deve se conscientizar não somente na readaptação dentro do cotidiano familiar, mas também aprendendo cuidados como prevenção de lesões de pele, uso de órtoses, dentre outros. Essas famílias também convivem com dificuldades de convívio social, sobrecarga física e emocional com o cuidado cotidiano, além das complicações que resultam em necessidade de acompanhamento permanente por serviços ambulatoriais e de reabilitação (GAIVA et al., 2009), como por exemplo alguns tipos de técnicas de treinamento de colocação e retirada de órteses, queda, sentar e levantar, promoção da independência funcional. O fisioterapeuta deve indicar a cadeira de rodas, quando a marcha não for funcional, e o treino deve promover deslocamento nos vários tipos de solo, transferências e alivio de pressão (BRANDÃO et al., 2009). Espera-se que com este estudo venha a ser obtido um ganho de independência nas habilidades funcionais trazendo como consequência uma promoção da qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTONEK, A. Ambulation in patients with myelomeningocele: a 12- year follow-up. J Ped Orthop, v.19:2002-6, 1999. BRANDÃO, A.D.; FUJISAWA, D.S.; CARDOSO, J.R. Características de crianças com mielomeningocele: implicações para a fisioterapia. Fisioterapia em movimento, v.22, n.1, p.69-75, jan./mar. 2009. CHRISTOFOLETTI, G. Alterações motoras e sensoriais na mielomeningocele: relato de três casos. Saúde em revista. Piracicaba, v.9, n. 22, p. 53-57, 2007. COLLANGE, L.A. et al. Avaliação de fatores prognósticos da deambulação em crianças com mielomeningocele. Serviço de neurocirurgia do hospital Santa Marcelina. São Paulo, v.25, n.4, p. 161-165, dez. 2006. - 322 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq COLLANGE et al. Desempenho funcional de crianças com mielomeningocele. Fisioterapia e Pesquisa, v.15 n.1, p. 58-63, 2008. FOBE J., et al. QI em pacientes com hidrocefalia e mielomeningocele. Arq Neuropsiquiatr. São Paulo, v. 57, p.44-50, 1999. DAHL, M. et al. Neurological dysfunction above cele level in children with spina bifida cystica: a prospective study to three years. Dev Med Child Neurol, v.37 p.30-40, 1995. GAIVA, M.A.M.; NEVES, A.Q.; SIQUEIRA, F.M.G. O cuidado da criança com espinha bífida pela família no domicílio. Esc. Anna Nery. Rio de Janeiro v.13 n.4 p. 717-725 out./dez. 2009. HALEY, S. M; COSTER; W. J; LUDLOW, L. H; HALTIWANGER, J. T. Pediatric evaluation of disability inventory: development, standartization and administration manual. 1.0. Boston, M.A: New England Medical Center, 1992. MANCINI, M.C. Inventário de avaliação pediátrica de incapacidade (PEDI): manual da versão brasileira adaptada. Ed. 1ª. Belo Horizonte: UFMG, 2005. 202 p. SILVA, P. A. C.; MOURA, E. W. Fisioterapia aspectos clínicos e práticas da reabilitação. In: FERNANDES, A. C. Mielomeningocele aspectos clínicos. São Paulo: Artes Médicas Ltda, 2005. p. 87-89. ZOMIGNANI, A.P. et al. Tratamento fisioterapêutico de uma criança portadora de mielomeningocele: estudo de caso. Revista multidisciplinar da saúde. Ano I. n.2. p. 15-22, 2009. PALAVRAS-CHAVES: Autocuidado; Desempenho psicomotor; Mielomeningocele. - 323 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq AÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA NA ARTITE REUMATÓIDE INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE NASCIMENTO,R.S.1,2; ALVES,F.R.1,2; BARBIERI, R1,3; ESQUISATTO, M.A.M 1,4; BOMFIM, F.R.C.1,5; MORSOLETO, M.J.M.S.1,6 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 6 Docente; Co-orientador; Orientador. 4 2 Discente; 3 Profissional; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A artrite reumatóide (AR) é uma doença auto-imune de etiologia desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem (BÉRTOLO, 2007). A estrutura da cartilagem e os aspectos inflamatórios do processo degenerativo têm sido muito estudados e recentes avanços têm demonstrado que a resolução da artrose do joelho poderá ser por meios biológicos e não cirúrgicos. Embora se tenha avançado na compreensão da etiopatogenia dessa doença, muito dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos ainda estão por ser elucidados. Vários modelos animais têm sido empregados como ferramentas úteis na compreensão dos mecanismos de lesão em artrites (SILVA JUNIOR, 2006). Drogas condroprotetoras, radiações luminosas substâncias viscossuplementadoras do líquido sinovial e o transplante de condrócitos nos permitem afirmar que a regeneração da cartilagem logo poderá ser considerada como um fato (BOROVOY, 1989). Entre os métodos usados para estimular a reparação cartilaginosa, podemos citar: perfurações até o osso subcondral; estimulo da movimentação passiva imediatamente após a lesão; exposição da articulação a cargas elétricas; hormonioterapia; laserterapia (BAKER,1974). O mecanismo de ação do LASER ainda não é completamente conhecido, porém parece estar relacionado à modulação do metabolismo das células do tecido conjuntivo. Assim, tem-se observado que o LASER de baixa energia leva à estimulação da biossíntese do colágeno em duas a três vezes ao nível normal. (ABERGEL et al, 1984). Os efeitos da radiação LASER em lesões osteocartilagíneas, ainda pouco estudados, existe contradição na literatura quanto aos métodos empregados nesses estudos e os resultados obtidos (MESTER, 1985). Em estudo com Laserterapia de Baixa Potência (904 nm) na região sinovial foi observado efeito antinflamatório uma vez que os animais após indução de artrite e tratamento tiveram diminuição da inflamação ou ausência na além de nítido aumento da Cartilagem Articular (BOMFIM, 2008). OBJETIVO Comparar os efeitos dos LASER de baixa potência 670nm e 904nm na Artrite Reumatóide induzida com Zymosan em Ratos Wistar. METODOLOGIA - 324 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Após aprovação pelo Comitê de Ética da UNIARARAS protocolo n° 847/2007, Ratos Wistar fêmea com três meses de idade e peso de 250g ± 10g, foram divididos em 4 grupos (controle negativo; controle positivo; LASER 670 nm; LASER 904 nm) exceto o controle negativo que recebeu solução salina intrarticular, os outros grupos foram induzidos com Zymosan intrarticular no joelho direito após plano anestésico com Ketamina/Xilazina. Após 14 dias de indução iniciou-se o tratamento do grupo LASER 670 nm e do grupo LASER 904 nm ambos com 3J de intensidade. As sessões de LASER foram diárias com aplicação por ponto na área articular da pata direita dos animais com tempo variando de 0,9 segundos (670 nm) a 1,18 minutos (904 nm). Após 7 dias de tratamento com LASER os animais foram eutanaziados por aprofundamento anestésico. As amostras foram coletadas, armazenadas em formol 10%, processadas histologicamente e coradas com H&E. Foi realizada foto documentação para as análises quantitativa e qualitativa entre os dois tipos de tratamento através de microscopia óptica observando a morfologia da inflamação sinovial. RESULTADOS E DISCUSSÃO Grupo Controle Negativo, sem presença de elementos inflamatórios na sinóvia. Grupo Controle Positivo, animais com artrite induzida sem tratamento: sinovite proliferativa com formação de pannus; infiltração do tecido subsinovial com células inflamatórias; exsudação de células inflamatórias – nos espaços articulares; intensa reunião de macrófagos, linfócitos. Houve fibrilação articular, interrupção na camada periarticular, perda de espessura da cartilagem esvaziamento de Cluster de condrócito (por necrose). Apresentando-se com um granuloma, zona central de necrose celular e fibrose periférica. Após 7 aplicações de LASER (904nm) Arseneto de Gálio (AsGa) potencia de pico de 25 mW, na faixa do infravermelho, pulsado., observa-se que o tecido sinovial apresenta padrões histológicos de normalidade e ausência de inflamação, não apresentando hiperplasia de estroma ou vilosidades. E, após 7 aplicações de LASER (670 nm) Índio Gálio Alumínio Fósforo ( InGaAlP), potencia de pico de 30 mW, na faixa do vermelho visível, contínuo, observa-se que na membrana sinovial processo inflamatório crônico inespecífico com agregados linfóides e granulomatoso moderados. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando a membrana sinovial, pode-se concluir que o LASER 904nm, demonstrou melhor eficácia no controle do processo inflamatório induzido no tecido sinovial quando comparado ao LASER 670 nm. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABERGEL, P., MEEKER, C. A., LAM, T. S., DWYER, R. M., LESAVOY, M.A. & VITTTO, J.: Control of connective tissue metabolism by lasers: recent developments and future prospects. J Am Acad Dermatol 11: 1142-1150, 1984. BAKER, B.; BECKER, R.O.; SPADARO, J. A study of electrochemical enhancement of articular cartilage repair. Clin Orthop 102: 251-267, 1974. BÉRTOLO, M.B. et al. Atualização do Consenso Brasileiro no Diagnóstico e Tratamento da Artrite Reumatóide. Rev Bras Reumatol, v. 47, n.3, p. 151-159, mai/jun, 2007. - 325 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq BOMFIM, F; OLIVEIRA JR, LA; MILANO, T. S.; BARBIERI, R; ESQUISATTO, MAM; MORSOLETO, MJMS. Laserterapia de Baixa Potência associado à aplicação de Glicosaminoglicanos na Artrite Reumatóide Induzida. Anais do VI Congresso Brasileiro de LASERe PDT, Jundiaí, São Paulo, Brasil, 2008. BOROVOY, M.; ZIRKIN, R. M.; ELSON, L.M.; BOROVOY, M. A. Healing of LASERinduced defects of articular cartilage: preliminary studies. J Foot Surg 28: 95-98, 1989. HERMAN, J.H.; KHOSLA, R. C.: “In Vitro” Effects of Nd. Yag LASER radiation on cartilage metabolism. J Rheumatol 15: 1818-1826, 1988. JONGSMA, F. H. M.; BOGAARD, A. F. J. M.; VANGEEMERT, M.J.C.; HENNING, H.J.P. Is closure of open skin wounds in rats accelerated by argon LASER exposure? Lasers Surg Med 3: 75-80, 1983. LONGO, L., EVANGELISTA, S., TINACCI, G. & SESTI, A. G. Effect of diodesLASER silver arsenide-aluminium (GA-AS-AL) 905nm on healing of experimental wounds. Lasers Surg Med 7: 444-447, 1987. MANKIN, H.J. The response of articular cartilage to mechanical injury. J Bone Joint Surg [Am] 64: 460-466, 1982. MESTER, E., MERTER, A.E. & MESTER, A. The biomedical effects of LASER aplication. Lasers Surg Med 5: 31-39, 1985. SILVA JUNIOR, F. S.; ROCHA, F. A. C. Artrite induzida por zymosan em ratos – mecanismos envolvidos na hipernocicepção e na lise da cartilagem articular. Acta Reumatológica Portuguesa. 31:143-9, 2006 SCOTT A, KHAN KM, ROBERTS CR, COOK JL, DURONIO V. What do we mean by the term ''inflammation''? A contemporary basic science update for sports medicine. Br J Sports Med. 38:372-80, 2004. HAAPALA J, AROKOSKI JPA, RÖNKKÖ S, ÅGREN U, KOSMA V-M, LOHMANDER LS, et al. Decline after immobilisation and recovery after remobilisation of synovial fluid IL1, TIMP, and chondroitin sulphate levels in young beagle dogs. Ann Rheum Dis. 60:55-60, 2001. LIN YS, HUANG MS, CHAI CY, YANG RC. Effects of helium-neon LASER on levels of stress protein and arthritic histopathology in experimental osteoarthritis. Am J Phys Med Rehabil. 83:758-65, 2004. ÓRGÃO FINANCIADOR: PROPESQ - FHO TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: O presente trabalho é parte integrante do Projeto de Iniciação Científica com o seguinte título: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE LASER 670 nm E 904 nm NA ARTRITE REUMATÓIDE INDUZIDA: - 326 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ESTUDO EXPERIMENTAL, Tendo como autores: Fernanda do Rosário Alves; Rafaela da Silva Nascimento; discentes Respectivamente dos cursos Fisioterapia e Biomedicina do Centro Universitário Hermínio Ometto. Tendo como orientadora do projeto a Profa. Dra Maria José Misael da Silva Morsoleto PALAVRAS-CHAVES: LASER 670 nm, LASER 904nm, inflamação sinovial - 327 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq (DES) CONSTRUINDO A SEXUALIDADE NA ESCOLA. UMA AÇÃO INTEGRADA ENTRE SAÚDE E EDUCAÇÃO. PITOLI, R.C.A.B1,2; BRANDT, V.C.1,2; MASELLI, M.C.G.1,2; PONTES, S.1,2 1 2 Secretaria Municipal de Educação do Município de Araras-SP; Profissional. [email protected] INTRODUÇÃO A Secretaria Municipal de Saúde do município de Araras oferece dois serivcos denominados: SAE - Serviço Ambulatorial Especializado no Tratamento de HIV(Human Immunodeficiency Vírus)/AIDS (Adquired Immunodeficiency Syndrome) e outras DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e CTA – Centro de Testagem e Aconselhamento, que atuam em nível preventivo e de tratamento das DSTs. Dados referentes a 2009 referiram aumento importante na incidência de DSTs, principalmente HIV/AIDS, na população com idade entre 20 e 25 anos. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (estadao.com.br, 2009), a idade média de iniciação sexual dos brasileiros está em torno dos 14 anos, justificando a necessidade de dar ênfase às ações de prevenção e promoção à saúde direcionadas à população adolescente e ao enfrentamento da vulnerabilidade à infecção pelo HIV, outras DSTs e à gravidez não planejada. Considerando-se a importância desses dados, foi realizada uma articulação entre a Secretaria Municipal de Saúde e os psicólogos escolares da Secretaria Municipal de Educação a fim de atuar nas escolas, com a população adolescente, para o desenvolvimento de uma consciência critica em relação a saúde sexual. Ao se trabalhar com sexualidade humana é preciso considerar que esta é construída social e historicamente, sendo determinada a partir de padrões sociais, culturais e políticos, o que resulta em consequências. Diante disso, a elaboração desse Projeto partiu da inquietação de que, apesar de os adolescentes terem acesso a muito material informativo através de aulas e veiculado pelas diversas mídias, essas informações aparentemente não são incorporadas em sua vivência afetiva e sexual de modo satisfatório, vide os dados supracitados. Sendo assim, tomou-se o cuidado de não transmitir uma visão punitiva, negativa e perigosa a respeito da sexualidade, viabilizando espaços em que possam ser realizados questionamentos, reflexões e debates sobre os temas abordados. OBJETIVO - 328 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Realizar oficinas sobre sexualidade, visando a prevenção de DSTs e a gravidez na adolescência, possibilitando aos estudantes espaços de discussões sobre os temas abordados que ultrapassem o caráter informativo, havendo reflexão e incorporação dos conteúdos a sua vivência. Temas afins são abordados, como: adolescência, relacionamentos, autoestima, consciência corporal, preconceito, diversidade, saúde sexual e reprodutiva e relações de gênero. As oficinas objetivam levar os alunos a reflexões que oportunizem modos de: Aprender a conhecer o próprio corpo e a cuidar dele; Identificar e expressar sentimentos; Relacionar-se pautado no respeito e na responsabilidade; Defender-se de vínculos nos quais se sinta manipulado ou explorado; Desenvolver relacionamentos significativos que se iniciam no contexto familiar, em seguida no seu grupo de amigos, na escola, enfim, em diversos espaços de convivência; Considerar a comunicação como fator importante nos relacionamentos e ser receptivo à comunicação do outro, de modo inclusive a ampliar sua própria visão de mundo. Compreender que a sexualidade não está diretamente relacionada à relação sexual, mas é marcada pela cultura, assim como pelos afetos e sentimentos. Ela se desenvolve ao longo da vida, é uma forma de expressão, comunicação e afeto; Evitar comportamentos discriminatórios e intolerantes. METODOLOGIA São realizados quatro encontros com duração de uma aula com cada turma, com frequência semanal. Até o momento, três Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino da Secretaria Municipal de Educação de Araras participaram do Projeto, totalizando um número de 313 alunos dos 8os e 9os anos do Ensino Fundamental. Para o ano de 2011 dar-se-á continuidade ao Projeto em outras Unidades Escolares Municipais. Os encontros são assim estruturados: 1º Encontro: Apresentação e problematização dos temas: Adolescência e Puberdade. Sexo e Gênero. Diversidade. Conceituação de Puberdade e Adolescência. Mudanças no corpo masculino e feminino. Consequências fisiológicas, psicológicas e sociais dessas mudanças. - 329 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Conceituação e contraponto entre Sexo e Gênero. O aparelho reprodutor masculino e feminino. Exibição de trecho de animação para análise e discussão sobre gênero, orientação sexual, preconceito e diversidade. 2º Encontro: Apresentação e problematização dos temas: Gravidez e DST/AIDS Exibição de trecho de documentário para análise e discussão sobre gravidez na adolescência, seus desdobramentos, aborto e métodos contraceptivos. Conceituação de Doenças Sexualmente Transmissíveis com exposição e explicação das de maior prevalência. Discussão preconceitos. sobre HIV/AIDS, formas de transmissão, tratamentos, Prevenção: Métodos Contraceptivos, quais os mais conhecidos e acessíveis a partir da vivencia deles, as diferenças entre eles, modos de utiliza-los, sua importância e reflexões sobre a prevenção. 3º Encontro: Neste encontro os estudantes foram divididos em quatro grupos e a cada um foi destinado um texto, elaborado pelos psicólogos, com situações problemas envolvendo os temas abordados nos encontros anteriores. Buscou-se desenvolver a habilidade de empatia e de discussão em grupo, lidando com diferentes opiniões, capacidade de mediação desses diferentes pontos de vista e exposição para a sala toda das considerações do grupo inicial, abrindo a possibilidade de outras discussões. Temas dos textos: DST/AIDS Orientação sexual Gravidez não planejada na adolescência Iniciação da vida sexual 4º Encontro: Realização de jogo “Pensando sobre Sexualidade” (Cores Centro de Orientação em Educação e Saúde). Trata-se de um jogo de tabuleiro cujo objetivo é responder perguntas relacionadas aos temas abordados nos encontros anteriores. Os estudantes são divididos em quatro grupos e se pede que seja destacado um porta-voz para que responda verbalmente à pergunta, após discussão da mesma com o grupo, - 330 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ressaltando que respostas individuais não serão válidas. Desse modo, destaca-se a tomada de decisão do grupo, ao ter que escolher um líder e identificar-se com ele e a importância do fortalecimento do próprio grupo. Os temas são divididos em cinco categorias: Homem, Mulher, Sentimentos, Gravidez e Doenças Sexualmente Transmissíveis. Os psicólogos lêem a pergunta de acordo com a categoria e se o grupo responder corretamente avança no tabuleiro, caso contrário, estaciona e deve responder a outra pergunta da mesma categoria na próxima rodada. Vence o grupo que primeiro alcançar o ponto de Chegada. Em cada encontro, participam duas psicólogas da Secretaria Municipal de Educação e um profissional da Secretaria Municipal de Saúde. Para a realização dos encontros foram utilizadas lousas digitais disponíveis nas salas de aula, materiais preparados pela equipe (slides, textos, jogos), preservativos femininos e masculinos e material de divulgação sobre HIV/AIDS e DSTs. RESULTADOS ESPERADOS Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação (1998): O trabalho de Orientação Sexual visa propiciar aos jovens a possibilidade do exercício de sua sexualidade de forma responsável e prazerosa. Seu desenvolvimento deve oferecer critérios para o discernimento de comportamentos ligados à sexualidade que demandam privacidade e intimidade, assim como reconhecimento das manifestações de sexualidade passíveis de serem expressas na escola. Considera-se, desse modo, o trabalho preventivo nas escolas como um importante instrumento de atuação frente à vulnerabilidade social. Permite o envolvimento de um grupo maior de pessoas para reflexão dos temas abordados, possibilitando um posicionamento critico e claro perante as diversas situações de vida. Este tipo de trabalho se funda a partir de um olhar do Psicólogo Escolar que não se restringe às esferas individuais, como modo de atuação, mas sim, comprometido com o contexto cultural, social, histórico e com as relações que permeiam a constituição do sujeito. Isso foi convincentemente exposto por Ribeiro do Valle (2003, p.22): O psicólogo escolar luta pela compreensão social de sua função, que esbarra em dois desafios fundamentais: *sua inclusão na escola, para que seu trabalho não termine distorcido ou limitado no campo competitivo que envolve a afirmação e papéis de poder. Sua participação, com o corpo docente, em programas de intervenção pode permitir que, juntos, promovam o desenvolvimento infantil, de forma que Psicologia e Pedagogia se complementem, alcançando os objetivos idealizados; *sua atuação preventiva, mais ampla, envolvendo a escola e a família, que precisam valorizar e compreender a necessidade de sua participação, não - 331 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq apenas remediativa ou voltada para a clínica, portanto, delimitando uma área especial da Psicologia que diferencie seu papel. Acredita-se que este tipo de trabalho produz um efeito significativo, já que não se reduz às queixas individualizadas e cristalizadas que comumente chegam aos psicólogos, pois visa promover espaços de discussões em que haja a apropriação do conhecimento para integrá-lo ao seu saber e ao seu cotidiano. Segundo Silva (1999, p.106): Conhecer liberta para a escolha, para o entendimento da própria caminhada e para a percepção da presença do outro – para o pensar reflexivo – que faz do homem sujeito da sua história. O processo de humanização inclui a tomada de consciência de si, do outro, da realidade. Tem uma conotação política porque aproxima o homem do seu pensar/agir/transformar, da possibilidade de assumir posições e da autoria de uma prática social consciente e crítica. Assim, o trabalho das oficinas de sexualidade deste Projeto busca favorecer aos educandos condições de: Conhecer as especificidades do corpo e do desenvolvimento físico, psicológico e social da adolescência; Compreender a sexualidade com parte do desenvolvimento humano; Desenvolver relacionamentos afetivo-sexuais significativos; Busca efetiva de informações que oportunizem o esclarecimento e desenvolvimento da própria sexualidade e de medidas de prevenção. Apropriação de visão e vivência da sexualidade de uma forma positiva e responsável; Refletir sobre comportamentos discriminatórios e se posicionar diante de manifestações dos mesmos; Minimizar o preconceito/discriminação relativo à diversidade sexual; Desconstruir questões de gênero que trazem sofrimento para homens e mulheres; Prevenir a contaminação por DST, utilizando reflexão e debate como formas de melhor utilizar informações recebidas; Refletir sobre a gravidez na adolescência e seus desdobramentos no projeto de vida de cada um. Viver a sexualidade em consonância com os próprios valores; Sabendo que o desenvolvimento humano é permeado por elementos da saúde e da educação que se fazem importantes na formação de sujeitos sociais e - 332 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq políticos, ressalta-se a importância do compromisso com a construção de políticas públicas que envolvam estes dois setores a fim de reformular os significados de ambos os campos em uma articulação que potencialize ações de relevância social. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS (2006). Diretrizes para Implantação do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas. Brasília. _____. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. UNESCO. UNICEF. UNFPA (2007). Guia para Formação de Profissionais de Saúde e de Educação. Saúde e Prevenção nas Escolas. Brasília. (Manual no 76). ______. Secretaria de Educação Fundamental (1997). Parâmetros curriculares nacionais: apresentação dos temas transversais. Brasília. Estadao.com.br (2009). IBGE diz que 10% de estudantes de até 15 anos já usaram drogas. Disponível em: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,ibge-dizque-10-de-estudantes-de-ate-15-anos-ja-usaram-drogas,484394,0.htm. Acesso em 12 de março de 2010. RIBEIRO DO VALLE, Luiza Elena Leite (2003). Psicologia Escolar: um duplo desafio. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 23 (1), p. 22-29. SILVA, Maria Denise N. (1999). Tecnologia e Cidadania: aprendizagem e capacitação de professores através da modalidade de ensino a distância. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Florianópolis. SUPLICY, Marta e outros (2005). Guia de Orientação Sexual: diretrizes e metodologia. São Paulo: Casa do Psicólogo. PALAVRAS-CHAVE: Sexualidade, adolescência e prevenção . - 333 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ECOSSENSIBILIZAÇÃO MUSICAL NO CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO - UNIARARAS COMO ESTRATÉGIA DE ECOSUSTENTABILIDADE VISANDO A CERTIFICAÇÃO DA ISO 14001 SILVA, S. A..1,1; SILVA, M.R.¹ ², BUZON, M.R.1,3, BETIOLI, J.V.1,4 1 2 3 4 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP, Discente; Discente; Orientador. ¹ milton buzon [[email protected]]; [email protected] INTRODUÇÃO A temática ambiental assume maior importância no conjunto dos interesses e preocupações que norteiam nossas vidas (SO.B.E.S, 2011), a percepção de que o modelo de desenvolvimento adotado por inúmeros países do globo terrestre acarreta ações agressivas ao meio ambiente, é dada em função dos sinais de esgotamento expressos pela natureza (AGRAR, 2004). As formas encontradas pelas organizações para minimizar os impactos ambientais decorrem de divulgação e preservação ao meio ambiente tais como, destinos adequados dos resíduos gerados e sustentabilidade para as próximas gerações. A série ISO 14000 constitui novos paradigmas. Como normas internacionais, têm a vantagem de aplicabilidade às condições específicas a cada país e sociedade (ABNT, 2000, 2004; S.B.E.S., 2011). A implantação das normas ISO 14000 fortalece a imagem de uma instituição e a torna mais competitiva, porém para se atingir o sucesso deste processo é necessário haver a colaboração de todos dentro da organização. A disseminação e o fomento das atividades relativas às normas estabelecidas pelo ISO 14001 têm efeitos diretos na rotina e na cultura organizacional, isto indica que podem e devem ser feitas por meio de atividades de Relações Públicas, com objetivo de informar, integrar e motivar os públicos-alvo (CLEMENTI, 2006). Para isso, o S.I.G.A. (Sistema Interno de Gerenciamento Ambiental) desenvolveu um programa de conscientização, por meio de apresentações musicais, enfatizando os cuidados com o meio ambiente, pois são pequenas atitudes que se pode mudar e valorizar muito, o nosso meio ambiente. Não é apenas mostrar o custo de variáveis tais com, água e energia, mas sim formas de usá-las racionalmente, evitando desperdício, garantindo conforto e qualidade de vida de gerações futuras. A Educação Ambiental é um instrumento essencial de participação popular, para a resolução de problemas e “só aprendemos aquilo que faz sentido para nós e com o que conseguimos estabelecer vínculo afetivo” (FREIRE, 2006). OBJETIVOS Esse trabalho teve por finalidade intensificar a conscientização ambiental por meio de palestras e a utilização de apresentação musical como forma de informar a implantação e a certificação ambiental da ISO 14001 no campus Duse Rüegger Ometto, visando refletir e enfatizar as necessidades de mudanças de hábitos da comunidade acadêmica do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS. - 334 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq METODOLOGIA A implementação do ISO 14001 permite descobrir desperdícios e processos ineficientes, tornando possível mensurar os aspectos ambientais existentes e com isso propicia a redução de resíduos (BETTIOL, 2007) Para atingir as metas desse trabalho, foi realizado um diagnostico inicial, verificando as necessidades de como programar estas ações, cujas atividades vem sendo desenvolvidas desde 2006. Também foram levados em consideração os assuntos ambientais na educação e necessidade da mudança de hábitos dos alunos. Procurou-se reduzir a geração de resíduos, destinar conforme a legislação, priorizando a reciclagem. Forneceu informações corretas sobre as atividades ambientais, quando necessário, para o público interno e externo. Em 2009 foram feitos levantamentos de desperdícios de água e os resultados mostraram que a troca de destiladores por deionizadores eram viáveis pela grande economia de água. Em 2010 os trabalhos se intensificaram e procurou promover a capacitação e sensibilização dos alunos, dessa forma formou-se uma equipe composta por alunos voluntários para que esses instruíssem seus colegas de classe. Para a capacitação, realizaram-se oficinas de dinâmicas, reflexões, filmes, sensibilizando para os cuidados com o meio ambiente. Verificou-se a necessidade de desenvolver um programa de formação de equipes para realização de um trabalho muito forte com os voluntários para levantamento de dados e ação imediata quando necessário. Em 2011 procurou desenvolver programas de disseminação e integração com palestras, na primeira semana de 2011 onde se discorreu sobre a necessidade da preservação ambiental e a implantação da ISO 14001, foram realizados um total de 20 palestras com os novos alunos em salas, todos ingressantes em 2011. Realizaram-se convites para estimular voluntários a serem capacitados. Também foram realizadas apresentações musicais no restaurante da instituição com músicas voltadas a natureza, entre as musicas foram enfatizadas as ações que a comunidade acadêmica poderiam fazer para contribuir com o meio ambiente. Até o presente momento foram realizadas cinco apresentações, duas em 2010 (23 e 30 de novembro) e três apresentações em 2011 (10-05, nos períodos manhã e noite e no dia 14-05 no período de manhã), estimando-se ter atingido um total de 3.000 pessoas. Em paralelo foram analisadas documentações que envolvem leis e diretrizes formadas por elementos sendo alguns prioritários (Auditoria, Boas Práticas Ambientais, Leis e Diretrizes, Diagnóstico, Controle Ambiental), visando assegurar o cumprimento da Política Ambiental e Legislação da UNIARARAS. RESULTADOS ESPERADOS Espera-se que até setembro de 2011 a maior parte dos alunos da UNIARARAS estejam capacitados e sensibilizados para garantir os cuidados com o meio ambiente, por meio de um controle de utilização de recursos naturais, destinação de resíduos e o cumprimento de leis e diretrizes, pois são requisitos fundamentais de boas práticas ambientais, conforme documentadas e adotadas nas diversas atividades do Campus. Para os próximos passos os trabalhos se intensificam e tem por objetivo a certificação por meio da implementação da ISO 14001, visando atingir metas como - 335 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq redução do consumo de água e energia na UNIARARAS. Para atingir tais propósitos, faz-se necessário a manutenção da equipe multidisciplinar composta por alta administração, professores, alunos e colaboradores. Esta equipe vem realizando campanhas e plantão de duvidas intensificando a importância dos cuidados com o meio ambiente e da mudança de hábitos, disseminando a Política ambiental UNIARARAS Nas campanhas são abordados o que são aspectos ambientais e a importância da redução do consumo de água e energia e o descarte correto dos resíduos gerados no Campus Duse Rüegger Ometto, visando à certificação após a implementação da ISO 14.001. Com isso o S.I.G.A. desenvolveu um programa de capacitação para alunos voluntários, a fim de multiplicar essa capacitação para a demais população acadêmica, funcionários e professores. Capacitar através de apresentação de uma gestão ambiental da Universidade que possibilita assegurar a qualidade ambiental do Campus através de um controle de utilização de Recursos Naturais, destinação de Resíduos e o cumprimento de leis e diretrizes, estes requisitos fazem parte das práticas ambientais documentadas que reúne as boas praticas a serem adotadas nas diversas atividades do Campus. Ações ecológicas são influentes na qualidade ambiental e estão ligadas as atitudes dos seus colaboradores, alunos que deverão ser consideradas nos treinamentos, ambientais e nos POPs (Procedimentos Operacionais Padrões). Este trabalho enfocando a utilização correta dos recursos naturais para a água e com isso garantindo o andamento para implementação do S.I.G.A. na UNIARARAS visando à certificação da ISO 14.000 Benefícios gerados Para a UNIARARAS: imagem verde, conservação de energia, otimização e utilização racional de água e menor risco de penalizações legais; Para seus alunos: confiabilidade, cuidados com a disposição final da geração de resíduo e menos poluição; Para seus funcionários: conscientização, maior segurança e comprometimento; Para o meio ambiente: racionalização no uso de matérias-primas e outros insumos, conservação dos recursos naturais, diminuição e controle de poluentes e harmonização da atividade com o ecossistema. CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização da estratégia de divulgar e anunciar as ações do Sistema Interno de Gerenciamento Ambiental, em cinco momentos nos anos de 2010 e 2011, por meio de uma “cardápio musical” envolvendo repertório musical envolvendo temas ambientais nas dependências do restaurante do Campus Universitário Duse Rüegger Ometto teve o proposto de chamar a atenção para o tema sustentabilidade ambiental e, ao mesmo tempo, proporcionar momentos de descontração quanto às diversas reflexões ambientais, tais como reciclagem, mudança de conduta e reflexão sobre práticas adotadas em relação ao meio ambiente. Reconhece-se que as ações que tem por finalidade a obtenção da certificação ambiental ISO 14001 pela Fundação Hermínio Ometto, por meio do Sistema Interno de Gerenciamento Ambiental (S.I.G.A.) na UNIARARAS precisa acontecer de todas as formas possíveis. O evento procurou ser mais uma oportunidade de fazer a comunidade refletir sobre as ações voltadas para a área de sustentabilidade global, - 336 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq participação local na utilização e descarte correto dos resíduos gerados pela instituição e divulgação da obtenção da certificação ambiental no final deste ano. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AGRAR Consultoria e Estudos Técnicos S/C Ltda, Belford Roxo, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 9001: sistemas da gestão da qualidade – Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT; 2000. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14001: sistemas da gestão ambiental - Requisitos com orientações para uso. Rio de Janeiro: ABNT; 2004. BETTIOL, V. R. Benefícios da certificação ISO 14001. Disponível em: <http://hermes.ucs.br/ccet/deme/emsoares/inipes/iso/>. Acesso em: 10 maio 2007. 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UNIARARAS, Sistema Interno - 337 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq de AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL EM PACIENTES COM LESÃO MEDULAR: CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UNIARARAS TOZZINI, G. R.1,2; GREGIO NETO, N.1,2; BATISTELA, A. C.1,4; FERRACINI JUNIOR, L. C..1,4; MENEGHETTI, C. H. Z.1,5; ORDENES, I. E. U.1,6 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 6 orientador; Orientador. 2 Discente; 4 Docente; 5 Co- [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A lesão medular é definida pela American Spinal Injury Association (ASIA) como sendo uma diminuição ou perda da função motora e/ou sensória e/ou anatômica, podendo ser uma lesão total ou parcial, devido ao trauma dos elementos neuronais dentro do canal vertebral (O’ SULLIVAN e SCHIMITZ, 1993; MAYNARD; BRACKEN; CREASEY, 1997). De acordo com o nível medular lesado o indivíduo pode tornar-se paraplégico ou tetraplégico. A paraplegia refere-se à perda de funções motoras e/ou sensórias de segmentos torácicos, lombares e sacrais da medula espinhal. A tetraplegia resulta em perda da função dos membros superiores (MMSS), bem como do tronco, membros inferiores e órgãos pélvicos (O’ SULLIVAN e SCHIMITZ, 1993). O comprometimento funcional, decorrente da lesão medular, depende da extensão e gravidade da lesão e interfere diretamente na capacidade do indivíduo de realizar as atividades de vida diária. (LAWTON, 1971). A Medida de Independência Funcional (MIF) é um instrumento de avaliação da incapacidade de pacientes com restrições funcionais de origem variada, tendo sido desenvolvida na América do Norte na década de 1980 (GRANGER; et al, 1986). Seu objetivo primordial é avaliar de forma quantitativa a carga de cuidados demandada por uma pessoa para a realização de uma série de tarefas motoras e cognitivas de vida diária. Entre as atividades avaliadas estão os auto cuidados, transferências, locomoção, controle esfincteriano, comunicação e cognição social, que inclui memória, interação social e resolução de problemas. Cada uma dessas atividades é avaliada e recebe uma pontuação que parte de 1 (dependência total) a 7 (independência completa), assim a pontuação total varia de 18 a 126. (LINACRE; et al, 1994). Sendo assim, indivíduos com TRM apresentam uma diminuição da capacidade funcional devido às consequências da lesão. Portanto, espera-se que com a avaliação da MIF consiga quantificar a capacidade funcional de indivíduos com TRM. OBJETIVO Avaliar a capacidade de independência funcional em pacientes com lesão medular atendidos na Clínica Escola de Fisioterapia da Uniararas e, correlacionar o nível de lesão com a Medida de Independência Funcional. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA - 338 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Será realizado um estudo transversal. O estudo será realizado após aprovação do Comitê de Ética e Mérito Científico do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, Os indivíduos serão esclarecidos sobre os objetivos e metodologia deste estudo, e se estiverem de acordo receberão e assinarão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no qual após assinado, será dado início a avaliação. O presente estudo se realizará na Clínica Escola de Fisioterapia do Centro universitário Hermínio Ometto – Uniararas, na cidade de Araras. Participarão do estudo, seis indivíduos do gênero masculino, com diagnóstico médico de traumatismo raquimedular com idades entre 22 a 39 anos, e nível da lesão entre C5 a L3. Como critérios de inclusão serão aceitos indivíduos que tenham diagnóstico de traumatismo raquimedular, nível da lesão entre C5 a L3, e cognição preservada. Já, como critérios de exclusão outras disfunções neurológicas diagnosticadas, epilepsia, e afasia de compreensão. Para a realização das avaliações será aplicada à escala da ASIA para estabelecer o tipo e o nível da lesão e a escala de Medida de Independência Funcional (MIF). A MIF verifica o desempenho do indivíduo para a realização de um conjunto de 18 tarefas, referentes às subescalas de auto cuidados, controle esfincteriano, transferências, locomoção, comunicação e cognição social. Cada item pode ser classificado em uma escala de graus de dependência de 7 níveis, sendo o valor 1 correspondente à dependência total e o valor 7 correspondente à normalidade na realização de tarefas de forma independente. Após a avaliação os dados serão analisados utilizando o teste de coeficiente de correlação de Spearman, para correlacionar o nível de lesão e a Medida de Independência Funcional, onde o nível de significância adotado será de p <0,05. RESULTADOS ESPERADOS A compreensão e a quantificação dos movimentos do corpo humano têm despertado grandes interesses em diferentes áreas de conhecimento. A busca de métodos avaliativos eficazes precisos tem sido uma constante para planejar e programar uma intervenção efetiva (MENEGHETTI et al., 2009). A MIF é provavelmente o mais amplo instrumento para mensurar a capacidade funcional, sendo um indicador importante na rotina clínica por quantificar a independência nas realizações das atividades de vida diária (RICCI; KUBOTA; CORDEIRO, 2005). Portanto, espera-se ter como resultados uma mensuração da capacidade funcional de pacientes com lesão medular atendidos na clínica escola de fisioterapia da Uniararas, e correlacionar o nível de lesão com a Medida de Independência funcinonal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GRANGER, C. V.; HAMILTON, B. B.; KEITH, R. A.; ZIELEZNY, M.; SHERWIN, F. S. Advances in functional assessment for rehabilitation. In Topics in geriatric rehabilitation. Aspen: Rockville, 1986. LAWTON, M. P. The functional assessment of elderly people. J Am Geriatr Soc. v.19, n° 6, pág. 465 – 481, 1971. - 339 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq LINACRE, J. M.; HEINEMANN, A. W.; WRIGHT, B. F.;GRANGER, C. V.; HAMILTON B. B. The structure and stability of the Functional Independence Measure. Arch Phys Med Rehabil. v. 75, p. 127 – 132, 1994. MAYNARD, F. M.; BRACKEN, M. B.; CREASEY, G. International standards for neurological and functional classification of spinal cord injury. Spinal Cord. v.35, n° 5, p. 266-274, 1997. MENEGHETTI, C. H. Z.; DELGADO, G. M.; PINTO, F. D.; CANONICI, A. P.; GAINO, M. R. C. Equilíbrio em indivíduos com Acidente Vascular Encefálico: Clínica Escola de Fisioterapia da Uniararas. Rev Neurocienc. v.17, n°1, p. 14-18, 2009. O’ SULLIVAN, S. B.; SCHIMITZ, T. J. Manole: São Paulo. 1993. Fisioterapia: Avaliação e Tratamento. RICCI, N. A.; KUBOTA, M. T.; CORDEIRO, R. C. Concordância de observações sobre a capacidade funcional de idosos em assistência domiciliar. Rev Saúde Pública. v. 39, n°4, p. 655-662, 2005. PALAVRAS-CHAVES: Traumatismo Raquimedular, Avaliação, Medida de Independência Funcional - 340 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ANATOMIA RADICIAL DE Ionopsis utriculariodes LINDL. (ONCIINAE: CYMBIDIEAE, ORCHIDACEAE) BATISTA, R.O1,2; CURIEL, A.C.1,2, LAGAZZI, G.1,3; PEDROSO-DE-MORAES, C.1,4; 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Orientador. 4 2 Discente; 3 Co-orientador; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009), apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies (PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América, principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009) apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Ionopsis utricularioides Lindl. apresenta folhas aos pares que saem da base de um pseudobulbo pequeno e de coloração avermelhada. A planta é pequena com raízes longas e finas, inflorescência longa do tipo panícula, sépalas laterais unidas mais curtas que o labelo, que é relativamente largo. A planta pode permanecer até 30 dias florida, sendo que a floração pode ocorrer na primavera e verão (CARDOSO; ISRAEL, 2005). OBJETIVO O presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as raízes de Ionopsis utricularioides. MATERIAL E MÉTODO O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Baptistonia cornigera (Lindl.) Chiron & V.P.Castro (CV: 221; 222; 224, 226). A exsicata foI depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - 341 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Uniararas. Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco exemplares de raízes por espécime foram seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com Safra-Blau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51). MATERIAL E MÉTODO O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Ionopsis utriculariodes Lindl. (CV: 362; 363; 364, 365). A exsicata foI depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco exemplares de raízes por espécime foram seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com SafraBlau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51). RESULTADOS E DISCUSSÃO As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes de Ionopsis utriculariodes. São raízes cilíndricas, e apresentam-se com três regiões distintas: velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de epiderme, está presente nas raízes de diversas espécies de Oncidiiane e suas células são poligonais, elípticas ou retangulares, em secção transversal. Na presente espécie ele é formado por quatro camadas celulares. As paredes celulares do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário, dependendo da espécie considerada. A camada mais externa do velame denominada epivelame, é formada por células anticlinalmente alongadas. As camadas celulares subjacentes a esse tecido são constituídas por células maiores e alongadas radialmente. O epivelame das raízes desta espécie apresenta células maiores que as das camadas internas. O endovelame é formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e distância variadas. O córtex apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao velame), o córtex central e a endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. Em todas as suas raízes, nota-se que as células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à - 342 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq endoderme são menores que as da região central. Nas raízes desta espécie, a endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. Todos os exemplares analisados apresentam raízes poliarcas. Foram encontrados cinco pólos de xilema, sendo a medula formada por células parenquimáticas esclerificadas. Para todos os espécimes aqui estudados, o teste com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina, nos espessamentos parietais das células do velame. O velame constitui uma epiderme especializada composta por várias camadas de células com paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). Na espécie estudada é formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das camadas internas, como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas Orchidaceae, como descrito para Catasetinae. O conjunto velame-exoderme funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes diferenças entre o diâmetro das células, o que influênciou sobremaneira as médias obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espassamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. As raízes da Ionopsis utriculariodes correspondem ao tipo Cymbidium por possuírem epivelame e - 343 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Ionopsis utriculariodes apresentara cinco pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie apresentando tal quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular. CONSIDERAÇÕES FINAIS As raízes da espécie apresentam velame, córtex central e endoderme definidos. As características estruturais encontradas nas raízes como a presença de velame e células corticais de diâmetro avantajado, podem ser consideradas adaptações ao epifitismo. A uniformidade entre as características anatômicas encontradas nas raízes estudadas corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARDOSO, J.C.: ISRAEL, M. Levantamento de espécies da família Orchidaceae em Águas de Sta. Bárbara (SP) e seu cultivo. Horticultura Brasileira, v.23, p.169-173, 2005. - 344 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq DRESSLER, R.L. The Orchids: natural history and classification.Cambridge: Harvard University Press, 1981. 298p. DRESSLER, R.L. Phylogeny and classification of the orchid family. Portland: Dioscorides Press, 1993. 314p. FARIA A. Sistemática filogenética e delimitação dos géneros da subtribo Oncidiinae (Orchidaceae) endêmicos do Brasil: Baptistonia, Gomesa, Ornithophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium pro parte. Tese (Doutorado). São Paulo, Brasil: Universidade Estadual de Campinas. 2004. MOREIRA, A.S.F.P.; ISAIAS, R.M.S. Comparative anatomy of the absorption roots of terrestrial and epiphytic orchids. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 51, p. 83-93, 2008. PABST, G.F.J.; DUNGS, F. Orchidaceae Brasilienses II. Hildesheim: Kurt Schmersow. 1977. 418p. POREMBSKI, S.; BARTHLOTT, W. Velamen radicul micromorphology and classification of Orchidaceae. Nordic Journal of Botany, v.8, p.117-137, 1988. PRIDGEON, A.M. The velamem and exodermis of orchid roots. In: ARDITTI, J. Orchid biology: reviews and perspectives. Ithaca. Cornell University Press. 1987. 362p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.A.; RASMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 4 - Epidendroideae (part one). Oxford: Oxford University Press, 2006. 566p. PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.W.; RASSMUSSEN, F.N. (Eds). Genera Orchidacearum, vol. 5: Epidendroideae (part two). Oxford: Oxford University Press, 2009. 585p. SANFORD, W.W.; ADANLAWO, I. Velamen and exodermis characters of West African epiphytic orchids in relation to taxonomic grouping and habitat tolerance. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 66, p. 307-321, 1973. STERN, W.L; JUDD, W.S.; CARLSWARD, B.S. Systematic and comparative anatomy of Maxillareae (Orchidaceae), sans Oncidiinae. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 144, p. 251-274, 2004. WARREN, R.; MILLER, D. Orchids of the High Mountain Atlantic Rainforest in SE Brazil, 1994. 432p. PALAVRAS-CHAVES: Orchidaceae, raízes, Ionopsis. - 345 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO E DINÂMICO EM TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR: ESTUDO DE CASO GREGIO NETO, N.1,2; TOZZINI, G. R.1,2; BATISTELA, A. C.1,4; FERRACINI JUNIOR, L. C.1,4; ORDENES, I. E. U.1,5 ; MENEGHETTI, C. H. Z.1,6 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 6 orientador; Orientador. 2 Discente; 4 Docente; 5 Co- [email protected] , [email protected] INTRODUÇÃO A lesão medular é definida pela American Spinal Injury Association (ASIA) como sendo uma diminuição ou perda da função motora e/ou sensória e/ou anatômica, podendo ser uma lesão total ou parcial, devido ao trauma dos elementos neuronais dentro do canal vertebral (O’ SULLIVAN e SCHIMITZ, 1993; MAYNARD, BRACKEN, CREASEY, 1997). A lesão ocorre, preferencialmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa etária entre 15 a 40 anos. Os acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo têm sido as principais causas de traumatismo raquimedular (TRM) (BRIDWELL e DE WALD, 1996). No Brasil, estima-se que 11.300 novos casos de lesão medular ocorrem por ano, e a incidência é de 71 novos casos por 1.000.000 de habitantes. (TAVARES, LEAL, PAIVA, 2001). A escala de equilíbrio de Berg é uma escala validada e traduzida para o português, que avalia o equilíbrio funcional estático e dinâmico. A escala de Berg tem o objetivo de avaliar o equilíbrio funcional, por meio de quatro tarefas comuns que envolvem o equilíbrio estático e o dinâmico, como: alcançar, girar, transferir-se, permanecer em pé e levantar-se. A realização das tarefas é avaliada pela observação direta e a pontuação varia de 0 a 4, totalizando o máximo de 56 pontos. Um escore abaixo de 45 indica equilíbrio pobre, e abaixo de 36 indica quase 100% de risco de queda. (MIYAMOTO et al, 2004). Portanto, acredita-se que a escala de equilíbrio de Berg pode ser um método eficaz para a avaliação do equilíbrio estático e dinâmico em indivíduos com TRM. OBJETIVO Avaliar o equilíbrio estático e dinâmico em um paciente com traumatismo raquimedular. METODOLOGIA O modelo metodológico abordado neste estudo foi um estudo de caso, com um paciente de 27 anos, do gênero masculino, com diagnóstico médico de Traumatismo Raquimedular e diagnóstico fisioterapêutico de paraparesia espástica, nível da lesão L3 e classificação de Frankel D que refere-se a lesão incompleta, função motora preservada abaixo do nível neurológico com pelo menos metade dos músculos abaixo deste nível com grau de força muscular maior que 3. - 346 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O instrumento utilizado foi à escala de equilíbrio de Berg que constitui de 14 tarefas comuns que envolvem o equilíbrio estático e dinâmico tais como alcançar, girar, transferir-se, permanecer em pé e levantar-se. A realização das tarefas é avaliada através de observação e a pontuação varia de 0 – 4 totalizando um máximo de 56 pontos. Na amplitude de 56 a 54, cada ponto a menos é associado a uma diminuição de 3 a 4 % abaixo do risco de quedas, de 54 a 46 a alteração de um ponto é associada a aumento de 6 a 8 % de chances, sendo que abaixo de 36 pontos o risco de quedas é quase de 100% (SHUMWAY-COOK e WOLLACOTT, 2003). RESULTADOS E DISCUSSÃO O participante obteve escore na Escala de Equilíbrio de Berg de 25 pontos, o que significa risco eminente de queda pelas normas apresentadas pela escala. De maneira geral, o resultado deste estudo mostrou que o participante que apresenta traumatismo raquimedular sofre maior risco de quedas. O traumatismo raquimedular, é uma grave síndrome incapacitante, caracterizada por alterações motoras, de sensibilidade e de função autonômica da medula espinhal abaixo e ao nível de sua lesão (VALL, BRAGA, ALMEIDA, 2006). A manutenção da postura ereta envolve ajustes corporais constantes e coerentes com o objetivo de manter os segmentos corporais alinhados e orientados apropriadamente de acordo com a tarefa. Esta tarefa requer um intricado relacionamento entre informação sensorial e ação motora (HORAK e MACPHERSON, 1996; BARELA, JEKA, CLARK, 2003). O processo da manutenção da postura vertical emprega múltiplas referências sensoriais, incluindo a gravidade (vestibular), superfície de apoio (sistema somatossensorial), e a relação do corpo com o ambiente (sistema visual). Estas informações sensoriais notificam a posição relativa dos segmentos corporais. Todas essas informações são utilizadas para estimar e antecipar as forças que agem no corpo e, juntamente com a atividade muscular apropriada para manter a posição corporal desejada (HORAK e MACPHERSON, 1996; BARELA, JEKA, CLARK, 1999, 2003). Para que sejam realizadas atividades funcionais da vida diária é primordial a manutenção do equilíbrio, possibilitando posturas, movimentos e respostas adequadas. Por isso, a avaliação do equilíbrio torna-se de grande valor nos programas de reabilitação motora, já que bem realizada assegura a melhor intervenção e possivelmente melhores resultados (MOCHIZUKI e AMADIO, 2003; DOUGLAS, 2002) Contudo, é importante ressaltar como limitações neste estudo que os resultados encontrados se limitam a uma única amostra. Além disso, o estudo não foi correlacionado com outras escalas de avaliação, pois não era objetivo do estudo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se desta maneira que, o participante do estudo apresentou alto risco de quedas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARELA, J. A.; JEKA, J. J.; CLARK, J. E. Postural control in children. 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PALAVRAS-CHAVES: Traumatismo Raquimedular, Equilíbrio, Escala de Berg - 348 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ADUBAÇÃO ORGÃNICA NA CULTURA DO MILHO: MANEJO, PRODUTIVIDADE E MEIO AMBIENTE TISCHER, J.C.1,2; PEDROSO-DE-MORAES, C.1.3 1 2 3 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Orientador. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O milho é um dos principais cereais cultivados e consumidos em todo o mundo em virtude do seu alto potencial produtivo, composição química e valor nutritivo, fornecendo diversos produtos utilizados para alimentação humana e animal e em aplicações industriais (BOBATO, 2006). A demanda de N exigida pelo milho não é suficientemente suprida pelo solo, necessitando de adequada suplementação. Entretanto, o manejo de N em sistemas agrícolas deve considerar os elevados riscos ambientais e, segundo Greenland (1975) um sistema agrícola ambientalmente sustentável requer que as reservas de nutrientes e matéria orgânica do solo sejam preservadas ao longo dos anos. Nesse sentido, a técnica milenar de adubação orgânica tem retomado importância considerando o crescimento da problemática ambiental e a grande quantidade de dejetos resultantes das atividades agro-pecuárias e industriais (ASSMANN et al., 2007). O adubo orgânico é caracterizado pelos teores elevados de matéria orgânica e nitrogênio, que é o principal elemento contido nas fezes dos animais. Propicia melhores condições físicas ao solo, como aeração, retenção e armazenamento de água bem como melhoria das propriedades químicas e físicoquímicas, fornecendo nutrientes às plantas e na maior capacidade de troca de cátions (CTC), além de favorecer a atividade da microbiota (SOUZA et al., 2005). OBJETIVO Tendo em vista a crescente produção de dejetos provenientes da criação de animais de corte e a necessidade de aumento de produção da cultura do milho sem agressões ao meio ambiente, o presente trabalho objetiva relacionar as contribuições da adubação orgânica como possível fonte alternativa de N a esta cultura. REVISÃO DE LITERATURA Segundo Döbereiner (1997) a maioria dos solos brasileiros é considerada de baixa fertilidade natural e, devido a esta deficiência, é imprescindível para o aumento e manutenção da produção a aplicação de fertilizantes nitrogenados. Entretanto, a adubação nitrogenada constitui um dos mais altos custos na agricultura, considerando que a quantidade requerida pela planta é bastante elevada em relação aos demais macronutrientes. A reciclagem de dejetos animais utilizados como fonte orgânica de N é uma alternativa eficaz para o crescimento e desenvolvimento das culturas exploradas por pequenos e médios produtores, possibilitando o uso dos recursos presentes na - 349 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq propriedade com baixo custo e na melhoria da fertilidade e conservação do solo (GALVÃO et al., 1999). O esterco bovino é uma das principais fontes orgânicas utilizada pelos agricultores. Devido sua disponibilidade nas propriedades e baixo custo de aquisição é, em alguns casos, a única utilizada para fertilização orgânica de culturas, principalmente olerícolas (GALVÃO et al., 2008). Analisando o efeito de diferentes doses de esterco bovino, aplicados no sulco do plantio na cultura do milho, Reina et al. (2010) concluíram que as aplicações com 20 t ha-1 de esterco bovino, com um custo inferior a R$ 31,50 por tonelada, pode indicar uma vantagem econômica e sustentável, na preferência pela adubação orgânica desta cultura. A utilização da cama de aves como insumo agrícola é recente. Sabe-se que os dejetos das aves são uma excelente fonte de nutrientes, sobretudo de N, e quando manejados adequadamente, podem suprir, parcial ou totalmente, os fertilizantes químicos. A cama de aviário, constituída de casca de arroz, restos de ração e penas, utilizados para a forração de galpões de criação de aves de corte pode ser utilizada para melhorar as propriedades físicas e químicas do solo e a produtividade de algumas culturas (MENEZES et al., 2003). Esta prática pode ser avaliada por Noce et al. (2010), em que compararam a produção de milho para silagem com a aplicação de resíduos orgânicos e adubação química tradicional. Os resultados apontam que a média do peso de plantas nos tratamentos com cama de frango foi superior à testemunha sem adubação e inferior à testemunha com adubação química, constatando que a cama de frango utilizada como fertilizante orgânico proporciona resultados positivos e, dependendo do custo e da disponibilidade da mesma, pode substituir com vantagens a adubação química. Santos et al. (2009) verificaram o efeito da fertilização com esterco bovino e cama de frango sobre os componentes de produção do milho. Os estudos revelaram que a adubação com cama de frango aumentou a produtividade de espigas, dos grãos e do peso médio de espigas e que a associação da adubação com cama de frango e esterco bovino pode melhorar substancialmente a produtividade de milho cultivado em sistema de produção familiar. Os dejetos suínos também são eficazes para promover a adubação do solo e nutrição das plantas ou mesmo para complementar a adubação mineral. No entanto, cuidados no manejo desses resíduos são indispensáveis para que a produção de alimentos não seja prejudicada. Os principais cuidados a serem considerados são a sanidade dos adubos orgânicos e a aplicação em doses adequadas de forma a evitar prejuízos ao ambiente (DANIEL, 2005). Em experimentos, Seidel et al. (2010) avaliaram a eficácia da utilização de dejetos de suínos na produtividade e no fornecimento de nutrientes para a cultura do milho cultivado em sistema de plantio direto. A análise estatística da concentração dos elementos N, P, K, Ca e Mg no tecido foliar no decorrer do cultivo, verificou a ausência de sintomas visuais de toxicidade ou deficiência na cultura causada pelo uso do dejeto suíno. Os autores apontam que a aplicação dos dejetos como adubação de base foi estatisticamente igual na produção de grãos de milho, quando comparada com a adubação química (NPK), demonstrando sua eficácia na produtividade, sugerindo então, uma opção viável para o agricultor. Os estoques de matéria orgânica do solo e seus compartimentos são importantes na disponibilidade de nutrientes, agregação do solo e no fluxo de gases - 350 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq de efeito estufa. Nesse sentido, Leite et al. (2003) avaliaram os efeitos de sistemas de produção de milho sob adubação orgânica e mineral nos estoques totais de carbono orgânico e nitrogênio e de compartimentos de carbono orgânico em um Argissolo Vermelho-Amarelo, estimaram ainda a contribuição desses sistemas no seqüestro ou emissão de CO2 atmosférico. Os resultados apontam que a presença de adubação orgânica aumentou os estoques de carbono orgânico e nitrogênio total, em relação aos sistemas de produção com adubação mineral ou mesmo sem adubação, o que a posiciona como uma estratégia de manejo importante à conservação da qualidade do solo. No entanto, salientam que os sistemas de produção com a presença da adubação orgânica não apresentaram potencial para seqüestro e emitiram as maiores quantidades de C-CO2 para atmosfera. Contudo, a aplicação do composto orgânico constituiu uma efetiva forma de reciclagem de nutrientes e retorno de C ao solo. Dambreville et al. (2008) realizaram um estudo para determinar a emissão de N2O comparando a aplicação de nitrato de amônio e dejetos suínos no solo cultivado com milho. Os resultados mostraram que as maiores emissões foram observadas com aplicação do fertilizante mineral, enquanto para os dejetos suínos aplicados ao solo foram observadas apenas tendências de aumento, sem necessariamente apresentar diferença estatística em relação à testemunha. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO Até o momento, os resultados apresentados são promissores no que se refere à utilização de dejetos animais como fonte alternativa de N, tendo em vista a grande disponibilidade destes resíduos, reduzindo os custos de produção, quando comparado com o adubo químico. Outros benefícios também são obtidos com esta prática, como a melhor agregação do solo, maior disponibilização de nutrientes para as plantas e até mesmo redução da emissão de gases de efeito estufa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIMANN, T.S; ASSMNN, J.M.; CASSOL, L.C.; DIEHL R.C.; MANTELI, C.; MAGIERO, E.C. Desempenho da mistura forrageira de aveia-preta mais avezém e atributo químico do solo em função da aplicação de esterco. Revista Brasileira de Ciências do Solo, v.31, p.1515-1523, 2007. BOBATO, Alexon. Curva de diluição: uma ferramenta para o diagnóstico do estado nutricional da cultura do milho. 2003. 52 f. 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PALAVRA-CHAVES: Solo, fertilizantes orgânicos, Zea mays - 352 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq INFECÇÃO FÚNGICA POR CANDIDA ALBICANS E CANDIDA NÃO-ALBICANS NO AMBIENTE HOSPITALAR GIANOTTO, C. C1.2; ADAMI, L. P. L.1.2; BOMFIM, F. R. C.1.3,4 1 2 3 4 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Docente; Orientador. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Desde o início dos anos 80 a infecção fúngica, tem crescido de maneira preocupante. As infecções hospitalares fúngicas constituem uma causa crescente de morbidade e mortalidade em hospitais em todo mundo, a candidemia é uma importante infecção relacionada à assistência a saúde (IRAS) nos pacientes internados. (RIBEIRO et al, 2004). Desde o início dos anos 80 a infecção fúngica tem crescido de maneira preocupante. Um estudo nos EUA revelou um aumento de 207% em relação à infecção causada por fungos entre os anos de 1979 e 2000 (OLIVEIRA, 2001). A Candida albicans era o 7º patógeno a causar infecções em ambiente hospitalar, nos dias de hoje estas infecções subiram para o 3º lugar. Entre as espécies não albicans mais comumente encontradas destacam-se, C. tropicalis, C. parapsilosis, C. krusei e C. glabrata, também estão implicadas como agentes causadores de infecção (COLOMBO, 2003). As leveduras possuem alta capacidade de causar infecção principalmente devido aos fatores de virulência, podendo citar o fenômeno de aderência (adesina), a variabilidade fenotípica, a produção de enzimas extracelulares (protease e fosfolipase) e as toxinas e outras que causam diminuição do sistema imunológico (LACAZ, 1991). OBJETIVO Esta revisão de literatura tem como objetivo estudar a infecção por Candida albicans e não-albicans no ambiente hospitalar, esse tipo de infecção vem aumentando ao longo dos anos uma vez que as infecções fúngicas pelo gênero Candida são predominantemente oportunistas e pacientes internados muitas vezes possuem quadros de imunossupressão facilitando estas infecções. REVISÃO DE LITERATURA Durante muitos anos a infecção fúngica, teve pouca expressão na área médica, possivelmente pela falta de diagnóstico adequado. Com esse crescimento, as infecções fúngicas vêm se tornando mais freqüentes (COLOMBO et. al. 2003). Leveduras do gênero Candida são saprófitos, ou seja, convivem normalmente com o ser humano saudável em locais como a vagina, a boca e a pele. São encontrados na saliva de 30-60% de indivíduos sadios. Características morfológicas e culturais em meio sólido, como o Agar Sabouraud, as colônias se apresentam cremosas de coloração branca ou bege e na microscopia por Gram observa-se células ovaladas, grandes e de coloração Gram positiva (LACAZ et. al. 1991). Sua presença na microbiota humana propicia a ocorrência de infecções, principalmente devido aos fatores de virulência do fungo e a interação com pacientes hospitalizados com debilidade do sistema imunológico (RIBEIRO et al, 2004). Um levantamento literário - 353 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq feito por Ribeiro et. al. (2004), durante os anos de 1980 a 1990, observou que o Centro de Controle de Doenças (CDC) de Atlanta, coletou dados de infecções fúngicas nosocomiais referente a 115 hospitais, reunindo um total de 30.477 infecções fúngicas documentadas. Foi possível observar que nos anos 80 houve um aumento da ordem de 400% na incidência de candidemia nos principais hospitais americanos. Colombo et. al. (2003) conduziu um estudo epidemiológico reunindo dados sobre infecções de corrente sanguínea documentados em 4 hospitais da cidade de São Paulo, durante um período de 12 meses um total de 7.038 episódios de bacteremias e fungemias foram avaliados, sendo que Candida spp respondeu por 4,3 % do total das infecções de corrente sanguínea. Em estudo realizado por Bomfim et. al. (2008) avaliando pacientes internados que adquiriram infecção do trato urinário em um hospital público da cidade de São Paulo no ano de 2006 foi observado na Unidade de Terapia Intensiva como microrganismo mais prevalente a Candida albicans (23.50%), seguida das bactérias gram negativas E. coli e P. aeruginosa (33.30%). O relatório do Hospital Israelita Albert Einstein (2008) avaliando a Unidade de Terapia Intensiva e as infecções por Candida spp observou que este microrganismo foi ainda mais freqüente, sendo responsável por 90 a 95% das infecções fúngicas documentadas. A Candida albicans foi mais prevalente com 66 casos (43%), seguido da Candida parapsilosis com 34 casos (22%), Candida tropicalis com 24 casos (15%), Candida glabrata 13 casos (9%), e a Candida krusei com 9 casos (6%). Outras espécies representaram 5% dos casos. Colombo et. al. (2003) observou que em seis hospitais terciários do Rio de Janeiro e São Paulo, envolvendo 145 episódios de candidemia mostrou que as espécies mais freqüentemente isoladas foram C. albicans (37%), C. parapsilosis (25%), C. tropicalis (24%), C. rugosa (5%) e C. glabrata (4%). Uma pesquisa realizada no Hospital São Vicente de Paulo no município de Cruz Alta, RS foram coletadas amostras vindas das mãos de 100 profissionais da saúde sendo que destes 100, 77 dos profissionais apresentavam Candida spp habitando de forma comensal a microbiota da pele das mãos. Destes 77 profissionais foram verificadas que das 99 colônias de Candida spp. 41 (41%) eram de Candida albicans e 58 (59%) eram de outras espécies de Candida (SCHAFFER; NAUMANN, 2010). Analisando casos de candidemia em um Hospital terciário do Nordeste do Brasil entre o período de 2003 e 2004, (HINRICHSEN et. al. 2008) observou 21 episódios de candidemia em 18 pacientes. Destes 7 episódios eram de Candida parapsilosis e 6 eram de Candida albicans. Dos casos estudados 13 episódios de candidemia ocorreram predominantemente em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Dos pacientes estudados, as doenças de base mais predominantes foram à pulmonar (48%), seguida pela neurológica (33%), cardíaca (29%) e hepática (29%). Em estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP por Batista (2009) observou no período entre junho de 2006 e março de 2007, 125 neonatos internados na UTI sendo que 12 apresentaram septicemia. A levedura Candida albicans foi isolada do sangue em 50% (6/12) dos neonatos, a Candida parapsilosis foi isolada em 33,5 (4/12) dos internados. Desses 12 internados por sepse fúngica 6 apresentaram cateter venoso com cultura positiva sendo que 66,7% (4/6) por Candida parapsilosis e 33,3 (2/6) por levedura Candida albicans. Estudo feito por Maluche (2008) revisando a literatura a frequência das espécies de candida observados em casos de candidemia no Brasil, sendo que a Candida albicans foi de maior prevalência e incidência nos casos de candidemia de acordo com vários autores. Já Chang et. al. (2008) avaliando em - 354 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq hospital terciário do Mato Grosso do Sul, entre os períodos de 1998 a 2006, os autores verificaram que 20,8% dos pacientes entre 0 a 30 dias apresentaram candidemia. No Brasil, Matsumoto et. al. (2001), em estudo realizado no hospital público infantil em São Paulo verificaram que de 80 amostras provenientes de sangue e cateter, as espécies prevalentes foram Candida parapsilosis (35%) seguida de Candida albicans (20%). Estudo retrospectivo durante o período de nove anos, 1995 a 2003, em hospital terciário de Porto Alegre e verificaram que 191 pacientes tiveram Candidemia, prevalecendo espécie Candida parapsilosis (PASQUALATO et. al. 2006). Saiman et. al. (2001) estudaram os fatores de risco para colonização por Candida em seis UTINs. Esse estudo retrospectivo de 15 anos de Candidemia em UTIN nos Estados Unidos em relação ás espécies de leveduras, Candida albicans predominou no primeiro período, ou seja, de 81 a 90; Candida parapsilosis predominou no período seguinte (91 a 95), sendo responsável por 60% dos casos. A Candida tem sido destacada por diversos autores como sendo o principal fator de risco para o desenvolvimento da infecção fúngica sistêmica (SILVA et. al. 2007). Paula et. al. (2007) relatou a freqüência das espécies de leveduras isoladas do sangue de crianças (zero a sete anos) hospitalizadas em um hospital público da cidade de São Paulo. A levedura Candida albicans apresentou 37% dos casos de infecções fúngicas hospitalares, seguida da Candida parapsilosis com 25% dos casos, sendo que a Candida tropicalis apresentou 24%, Candida glabrata 6% dos casos, e a Candida krusei com 3% dos casos, outras espécies de leveduras apresentaram 4%. Em outro estudo realizado por Paula et. al. (2007), em um hospital público da região Oeste Paulista da cidade de São Paulo, no período de 2003 a 2006 em adultos internados na UTI pelo uso de cateter venoso central, indicaram a prevalência da levedura Candida albicans, sendo responsável por 55% das infecções fúngicas neste hospital, seguida de outras espécies de Candida representando 45%. Neto et. al. (1995) realizou um estudo retrospectivo dos primeiros 500 pacientes submetidos a transplantes renal no Hospital das clínicas da faculdade de medicina da USP da cidade de Ribeirão Preto, Setenta e seis pacientes apresentaram um total de 82 episódios de infecção fúngicas, a prevalência foi do Gênero Candida sp. com 39% dos casos seguido dos fungos Cryptococus sp. com 29,2% e Aspergillus sp. represendanto 6% e outras espécies 25,8% dos casos estudados. O aumento na freqüência de candidemia também tem sido observado particularmente entre pacientes em uso de antimicrobianos, terapia imunossupressora, nutrição parenteral e em pacientes expostos a múltiplos procedimentos invasivos (NUCCI et. al. 2002). Um estudo no Hospital Regional da Asa Sul do Distrito Federal, verificou que a incidência de infecção fúngica no período neonatal tem aumentado ao longo dos últimos anos. Cerca de 12% dos recémnascidos (RN) que ficam internados em UTIs no hospital regional Asa Sul por mais de 3 dias apresentaram infecção fúngica. Em RN com menos de 1500g que sobrevivem por mais de 3 dias, a incidência de infecção fúngica varia entre 4 a 15%. Daí a importância da infecção fúngica, tanto pela incidência que vem aumentando como pela gravidade do quadro com alta mortalidade (MARGOTTO et. al. 2005). Em outro estudo realizado por Margotto et. al. (2005) na UTI do Hospital Asa Sul durante o ano de 2004, o gênero Candida foi o mais prevalente, pois elas representam 95-99% das infecções fúngicas no período neonatal. Há várias especíes de Candidas que podem causar infecção fúngica; as mais freqüentes são a C. albicans (60-70%) e C. parapsilosis (25-30%). Existem outras espécies de - 355 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Candidas que causam infecção no período neonatal neste Hospital, como C. glabata, C.tropicalis, C. lusitanea, C. Krusei , lembrando que são 14 espécies de interesse médico que podem representar uma infecção por cândida, com significância clínica. Os profissionais que trabalham no hospital devem ser bem treinados quanto aos procedimentos de controle de infecções nosocomiais. A avaliação feita de contágio microbiológico dentro de ambiente hospitalar tem mostrado que fatores como o contato direto entre pacientes, contato de pacientes com profissionais de saúde que carregam os patógenos em suas mãos, principalmente na dobra de dedos mal higienizados e nas unhas, em instrumentos cirúrgicos sem a devida assepsia ou em contatos com materiais hospitalares infectados, são de grande importância para a propagação de patologia fúngica dentro dos hospitais, principalmente leveduras de Cândida (RIBEITO et. al. 2004). Espécies do gênero Candida têm sido os agentes mais freqüentemente isolados, correspondem a cerca de 80% das infecções fúngicas de origem hospitalar e são a quarta causa de infecção da corrente sanguínea, conduzindo ao óbito em torno de 25 a 38% dos pacientes que desenvolvem candidemia. Até alguns anos atrás Candida albicans era a espécie de maior interesse clínico, contudo, paralelamente ao aumento geral das candidemias observou-se aumento das infecções decorrente sangüínea por espécies de Candida não-albicans como: C. parapsilosis, C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei,C. guilhermondii e C. lusitaniae (TAMURA et. al. 2007). Oliveira et. al. (2001) realizou um estudo durante o ano de 1998 foram isoladas espécies de Candida na urina de 166 pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto SP. Cem destes pacientes foram selecionados de maneira aleatória, porém incluindo apenas aqueles cuja candidúria foi detectada depois de três ou mais dias de hospitalização. Os prontuários médicos desses 100 casos foram revisados com auxílio de uma ficha padronizada para coleta de informações sobre a epidemiologia, a clínica e a abordagem diagnóstica e terapêutica relacionáveis com o achado microbiológico. O plano de amostragem e os resultados obtidos foram, segundo o sexo, foram encontrados 51 pacientes masculinos e 49 femininos. Tinham idade entre 1 mês e 91 anos, sendo 54 anos a mediana. No período de ocorrência da infecção por Candida estavam hospitalizados nos seguintes setores: 42 em enfermarias clínicas, 14 em enfermarias cirúrgicas, oito em enfermarias pediátricas e berçário, 33 em unidades de terapia intensiva e três em unidade para transplantados renais. Verificou-se período mediano de 20 dias entre a internação e a detecção de Candida na urina, sendo que para 87% dos doentes esse período superou há 10 dias. A candidúria foi causada principalmente por espécies não-albicans (64%), destacando-se C. tropicalis que foi identificada em 53/101 isolamentos. A contagem de colônias de Candida superou a 20.000/mL de urina em 76% das 98 amostras quantificadas. Dos 66 pacientes nos quais foi realizado o exame de urina tipo I no dia da candidúria, em 79% havia a presença de leveduras no sedimento urinário; outros achados foram leucocitúria 58% e bacteriúria 18%. CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi visto que as infecções fúngicas no ambiente hospitalar têm crescido ao longo dos tempos sendo mais prevalentes pela levedura do gênero Candida spp. Sugerese que o aumento da incidência de infecções fúngicas, pelo gênero Candida spp se da pelo fato destas leveduras serem oportunistas e estarem mais presentes em - 356 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq pacientes imunodeprimidos. A infecção fúngica geralmente não é a primeira opção médica para pedidos de exames laboratoriais tornando assim o diagnóstico destas infecções tardio e levando a complicações mais graves em pacientes já imunodeprimidos. Observou-se que os estudos têm revelado que as infecções fúngicas no ambiente hospitalar tem sido de maior prevalência pela espécie Candida albicans, seguidas das Candida parapsilosis, C. tropicalis, C. krusei, C. rugosa, C. glabrata sendo que estas leveduras correspondem pela maioria dos casos de candidemias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATISTA, G. C. M. Perfil fenotípico e genotípico de leveduras isoladas da cavidade oral, sangue e cateter de neonatos internados em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de Hospital terciário de São Paulo. Tese de Doutorado, USP, São Paulo 2009. BOMFIM, F. et al. Principais Microrganismos Causadores de Infecção do Trato Urinário em pacientes de um Hospital Público de São Paulo. Anais do 6º Congresso Paulista de Infectologia, Atibaia, 2008. COLOMBO, A. L.; GUIMARÃES, T. Epidemiologia das infecções hematogênicas por candida spp. Revista da Sociedade Brasileira Tropical, São Paulo, v. 36, p. 599-607, ago 2003. HINRICHSEN, L. M., et.al. 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Pratica Hospitalar, São Paulo, Jul-Ago 2007. MARGOTTO, et. al.4O Simpósio Internacional de Neonatologia do Rio de Janeiro, Realizado por Paulo R. Margotto, neonatologista da Unidade de Neonatologia do Hospital Regional da Asa Sul (HRAS)/SES/DF26-28 de agosto de 2005. - 357 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq RIBEIRO, E. L.; et. al. Aspectos das Leveduras de Candida Vinculadas às Infecções Nosocomiais. Rev NewsLab, Ed. 64, p. 106-107, 2004. SCHAFFER, L. F.; NAUMANN, V. L.D. Isolamento de Candida albicans da microbiota das mãos em equipe de enfermagem e técnicos de enfermagem no hospital São Vicente de Paulo no município de Cruz Alta – RS. Anais do Seminário Interinstitucional de ensino pesquisa e extensão da Universidade Unicruz – RS, 2010. SIDRIM, J.J.C.; ROCHA, M.F.G. Micologia médica á luz contemporâneos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 266, 2004. de autores Palavras-chave: Infecção Hospitalar Fúngica, Candida albicans, Candida nãoalbicans. - 358 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A INCLUSÃO ESCOLAR NOS DIAS DE HOJE: UMA REVISÃO DA LITERATURA MEDEIROS, A.P.1,1; BARREIRA, S. D.1,2 1 Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP, Ribeirão Preto, SP; 1.2 Discente; Docente. 1.1 [email protected]; [email protected] INTRODUÇÃO O tema da inclusão escolar tem sido foco crescente de debates e estudos, seja na escola ou nos meios científicos. Esse interesse dá-se pela dificuldade em se implementar esse projeto nas escolas e de alcançar os objetivos propostos. Estes estudos têm a sua importância no sentido de auxiliar os profissionais da área de educação e outros envolvidos no processo a trabalhar a favor deste processo, de forma a auxiliar os alunos com necessidades educativas especiais. É sabido que este processo de inclusão escolar é influenciado por vários fatores, tais como: a forma como este está presente e embasado na legislação, a maneira que a escola está organizada para receber os diferentes alunos com necessidades educativas especiais, podendo influenciar neste fator a formação, envolvimento e empenho dos professores, o ambiente físico da escola, a elaboração do projeto político pedagógico, entre outros. Além disso, a forma como os alunos, professores, funcionários e pais de alunos (incluindo também os pais de alunos que se enquadram no processo de inclusão) percebem o processo de inclusão também interfere no andamento deste, uma vez que acreditar e trabalhar para que ele aconteça pode favorecer um melhor desenvolvimento dele. OBJETIVOS Este trabalho procura revisar a literatura a fim de saber o que as pesquisas têm apontado a respeito do andamento do processo de inclusão nos ambientes escolares. Para isso, procurar-se-á contemplar alguns tópicos, a fim de que estes abranjam em grande parte os aspectos que envolvem a inclusão escolar. Os tópicos são os seguintes: retrospectiva histórica da inclusão; propostas de inclusão escolar em legislações e documentos; importância da socialização para a inclusão escolar; o processo de aprendizagem na inclusão escolar e as perspectivas dos envolvidos com a inclusão. REVISÃO DA LITERATURA A respeito dos antecedentes do processo de inclusão escolar Januzzi (2004) aponta que não há literatura brasileira relatando o período de institucionalização dos deficientes, ou seja, época em que aqueles que apresentavam quaisquer deficiências eram internados em hospitais. Este processo ocorreu até o início da década de 60, sendo que, após várias transformações e reivindicações passou-se a pensar na integração dos deficientes, que foi estudada por Aranha (2001): as pessoas portadoras de deficiência deveriam ter o direito de adquirir condições e padrões de vida cotidiana o mais próximo do normal que fosse possível, mas para isso deveriam ser adaptadas à sociedade. Após a década de 80 este processo - 359 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq passou a perder força e o conceito de inclusão passou a ser discutido e aceitado. De acordo com Aranha (2001) o processo de inclusão escolar se baseia na ideia de que a sociedade precisa se adaptar e garantir o acesso a todos em diferentes áreas, independente de suas diferenças e dificuldades. Neste contexto insere-se a inclusão escolar: a escola deve estar adaptada para receber e trabalhar com diferentes alunos, incluindo aqueles que possuem alguma necessidade educativa especial. A partir desta ideia as legislações começaram a se adaptar e novos documentos surgiram para embasar esta proposta. A Declaração de Salamanca (1994) é um dos documentos mais importantes da área, pois reconhece o direito de que os alunos podem ser incluídos em escolas regulares, trazendo as responsabilidades de todas as partes envolvidas, como o governo, as famílias e as comunidades. Com relação às legislações brasileiras pode-se dizer que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (L.D.B.) 9394/96 (Brasil, 1996), que é o principal documento educacional em vigor no país reconhece que todos têm condições para acesso e permanência na escola, sendo que o Estado deve se responsabilizar pelo ensino diferenciado aos alunos com necessidades educativas especiais. De acordo com os autores Alves e Canterle (2002) um dos objetivos da inclusão escolar é favorecer a socialização entre os alunos com necessidades educativas especiais e os outros alunos. Entende-se que esta socialização favorecerá os alunos de inclusão por prepará-los para uma inserção em diferentes ambientes, como o de trabalho, por exemplo. Apesar desta ideia, percebe-se que muitos alunos com necessidades educativas especiais têm sido excluídos por outros alunos nas escolas regulares. Para Melo e Martins (2007) pela dificuldade em aceitar aquilo que é diferente e, principalmente, aquele que não se enquadra nos padrões do que é considerado normal pela sociedade. Apesar destas dificuldades, Teixeira e Kubo (2008) apontam estratégias de auxiliar esses alunos a se socializarem no ambiente escolar. Dentre essas estratégias encontram-se: incluir o aluno em salas cujos alunos apresentem padrões de interação mais flexíveis de comportamento, e que tenham idade próxima a do aluno. Além disso, é importante que o aluno sente-se em cadeiras centrais, para facilitar a comunicação com um maior número de alunos. Apesar de a socialização ser considerada um fator importante na inclusão escolar é de extrema importância que se pense nas maneiras de propiciar aprendizagem a esses alunos. Segundo Marchesi (2004) para que isso ocorra é necessário um projeto compartilhado, um currículo adaptado, uma organização flexível e atitudes positivas da comunidade educacional. É importante que a escola se organize nos âmbitos político, filosófico e estrutural paa fornecer educação de qualidade a esses alunos, sendo relevante que se pense em questões como a adaptação curricular e a melhor formação de professores. O currículo da escola deve valorizar a diversidade entre os alunos pensando em diferentes estratégias de ensino para os alunos. A escola precisa estabelecer metas de ensino para todos os alunos e valorizar uma avaliação que contemple as diferenças individuais, de forma que as metas alcançadas sejam valorizadas. Além destas questões é importante analisar a forma como os envolvidos no processo – alunos, pais, comunidade, professores, funcionários – percebem e - 360 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq trabalham para o favorecimento da inclusão escolar. Este tema tem sido foco de inúmeras pesquisas, pela sua relevância para um bom andamento do processo de inclusão escolar. Neste sentido, o estudo de Viana (2005) pesquisa a perspectiva de professores envolvidos no processo de inclusão escolar. Segundo a autora, aqueles que lecionam para alunos com necessidades educativas especiais trabalham com insegurança, por não conhecer as melhores estratégias de ensino para com eles. Percebe-se então que a formação dos professores têm sido deficitárias, sobretudo no preparo deles para o trabalho com as diferenças. Desta forma, é importante que seja realizado um trabalho com os professores no sentido de auxiliá-los a perceber que os alunos com necessidades educativas especiais precisam ter as suas potencialidades trabalhadas, para que possam adquirir conhecimentos. Gomes e Barbosa (2006) enfatizam que as dificuldades observadas pelos professores devem ser vistas como desafio e não como um obstáculo, para que possam ser ultrapassados de uma maneira que auxilie mais o estudante. Segundo Batista e Emuno (2004) a opinião dos alunos envolvidos no processo de inclusão escolar também deve ser considerada. Os estudantes com necessidades educativas especiais são frequentemente rejeitados pelo restante da sala, o que pode ser explicado pelo entendimento que os outros alunos têm de que estes alunos apresentam comportamentos inadequados. Além disso, em alguns casos, como nos deficientes auditivos, por exemplo, há a barreira lingüística, uma vez que a dificuldade na comunicação dificulta uma maior integração. Com relação aos pais, percebe-se que muitos deles não são a favor de incluir seus filhos com necessidades educativas especiais em escolas regulares de ensino, uma vez que se entende que eles não terão atendimento adequado, pois as escolas regulares têm problemas como professores despreparados e turmas numerosas. Por isso, seria importante procurar incluir os pais em momentos de se pensar como melhorar a inclusão dos alunos. Um destes momentos seria a construção do projeto político-pedagógico em conjunto com todos os envolvidos, pois assim todos poderiam pensar estratégias importantes para o andamento do projeto e que estejam ligadas à realidade daquela escola. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da revisão apresentada pode-se perceber que o processo de inclusão escolar ainda encontra-se em fase inicial de instalação, uma vez que parece que os objetivos do processo pouco foram alcançados. É importante que novas pesquisas na área continuem, para que sejam pensadas estratégias de mudança e para que a sociedade se mobilize no sentido de procurar auxiliar as escolas com este trabalho. Uma vez que estejam sensibilizados pela problemática, a comunidade por ajudar na elaboração de um projeto político-pedagógico completo e diversificado, podendo também trabalhar para que o preconceito contra aquele que é diferente diminua, aumentando assim as chances de este se socializar na escola e ser incluído no mercado de trabalho futuramente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, D. de O. e CANTERLE, S. B. (2002) A epistemologia de professores e professoras sobre o processo de construção do conhecimento em alunos com - 361 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq necessidades educacionais especiais – implicações educativas. Disponível em: http://www.sicoda.fw.uri.br/revistas/artigos/1_5_48.pdf. Acessado em 15 de Janeiro de 2010 ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, V. XI, n. 21, pp. 160 – 173, 2001. BATISTA, M. W. e EMUNO, S. R. F. Inclusão escolar e deficiência mental: análise da interação social entre companheiros. Estudos de Psicologia, v. 9, n. 1, 2004. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nacional nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 Dez. 1996. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA – Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais (1994). 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PALAVRAS-CHAVE: inclusão escolar; necessidades educativas especiais; revisão da literatura - 362 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS E PROTOZOÁRIOS COMENSAIS EM CRIANÇAS DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ OMETTO, ARARAS-SP VARANDA, S.S.1,1; THOMASINI, R.L.1,2; MORAES, S.C.1,3; SCARCELLA, A.C.A1,4; MIANO, J.1,5; OLIVEIRA, C.F.1,6 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 6 Profissional, Profissional, Orientador. 4 2 Docente, 3 Profissional, [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO As enteroparasitoses são um sério problema de saúde pública e estão relacionadas às condições sócio-econômicas e ambientais em que o indivíduo vive, bem como o seu grau de instrução (BASSO et al., 2008; CASTRO et al., 2004; LUDWIG et al., 1999; ROQUE et al., 2005). Sua alta prevalência é utilizada como indicador de nível sócio-econômico por estarem associadas em locais com infra-estrutura deficiente (GUERRA et al., 1991; QUADROS et al., 2004). Segundo PEDRAZZANI et al. (1988), as enteroparasitoses juntamente com a ingestão deficiente de alimentos, são considerados os fatores principais na fisiopatologia da anemia e da desnutrição protéico-calórica, interferindo no bom desempenho do indivíduo em suas atividades de trabalho e aprendizado. As infecções parasitárias prejudicam a absorção de nutrientes, influenciando o estado nutricional, crescimento e função cognitiva de crianças desnutridas (PRADO et al., 2001; SILVA et al., 2009). Estudos epidemiológicos sobre a prevalência de parasitos intestinais têm sido realizados no Brasil, mas há dificuldade em se comparar os resultados obtidos, devido à variedade de métodos de coleta das amostras, conservação e técnicas empregadas para análise. Outro fator complementar é a diversidade das populações selecionadas nessas pesquisas (CARVALHO et al., 2002; CASTRO et al., 2004; FERREIRA et al., 2000). No ano de 2000, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou o mapeamento dos serviços de saneamento básico do país, no qual foi observado que 97,5% dos municípios possuem abastecimento de água e o serviço que apresentou a menor taxa de cobertura no país foi o de esgotamento sanitário, com apenas 52,2% dos 5507 municípios brasileiros apresentando este serviço (fonte: IBGE – PNSB 2000). A transmissão das parasitoses intestinais está associada aos hábitos de higiene, condições de moradia e peridomicílio do hospedeiro (TOSCANI et al., 2007). OBJETIVO Avaliar a prevalência das enteroparasitoses nas crianças que estudam na Escola Estadual José Ometto, e correlacionar a positividade das amostras com o grau de higiene pessoal e doméstica, e saneamento dos bairros onde as crianças moram. E desta maneira, intervir, se necessário, com tratamentos e palestras educativas. MATERIAL E MÉTODOS - 363 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A pesquisa foi realizada na Escola Estadual José Ometto (Usina São João), localizada na zona rural da cidade de Araras, SP, em 2009. Participaram da pesquisa 96 escolares, com idade de 7 a 15 anos. Como as amostras fecais foram obtidas de escolares de ensino fundamental, foi necessária a autorização dos responsáveis por meio de um termo de consentimento livre e esclarecido. Após a autorização supra citada, os responsáveis responderam a um questionário, em que as perguntas estavam relacionadas com o grau de instrução da mãe, renda familiar, saneamento básico do bairro onde moram e higiene pessoal. Foram distribuídos coletores universais, previamente identificados com o nome e série de cada criança, conforme uma relação fornecida de todos os alunos matriculados pela secretaria da escola. Os materiais coletados foram encaminhados ao laboratório de Análises Clínicas do Centro Universitário Hermínio Ometto, UNIARARAS, onde foram realizadas as análises coproparasitológicas de Lutz, Hoffman, Pons & Janer (sedimentação espontânea) e de Faust et al. (centrifugo-flutuação em solução de sulfato de zinco) O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e Mérito Científico da UNIARARAS (nº. 144/2009). Os resultados obtidos foram expressos por meio do índice epidemiológico: prevalência para avaliar o número de amostras infectadas e os parasitas mais frequentes. Para avaliar a correlação entre as respostas obtidas por meio do questionário e a positividade das amostras foi utilizado o teste do Qui-quadrado ou Fisher, p valor < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Participaram da pesquisa 96 escolares, sendo que 55,2% pertenciam ao sexo masculino (53/96) e 44,8% ao sexo feminino (43/96). Por meio do questionário aplicado, foi obtido o perfil das crianças da Escola Estadual José Ometto. As informações sobre o perfil da população estudada estão descritas na tabela 1. Tabela 1. Perfil da população estudada N % MASCULINO FEMININO 53 43 55,2 44,8 SEM ESTUDO ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO ENSINO SUPERIOR NÃO INFORMADO 5 41 21 25 4 5,2 42,7 21,9 26,0 4,2 < 1 SALÁRIO MÍNIMO 1 SALÁRIO MÍNIMO RENDA FAMILIAR MENSAL 2 SALÁRIOS MÍNIMOS > 3 SALÁRIOS MÍNIMOS NÃO INFORMADO 9 38 35 11 3 9,4 39,6 36,4 11,5 3,1 ESCOLARES FORMAÇÃO MATERNA - 364 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Das 96 amostras analisadas, cerca de 27% (26/96) eram positivas para alguma espécie de parasito intestinal e cerca de 73% (70/96) das amostras foram negativas para parasitos intestinais. Das amostras positivas 61,5% (16/26) pertenciam ao sexo feminino, enquanto que apenas 38,5% (10/26) pertenciam ao sexo masculino. Das amostras analisadas, 76,9% (20/26) apresentaram um único parasito. Enquanto que 23,1% (6/26) das amostras tinham duplo parasitismo. As associações foram entre Entamoeba coli com Endolimax nana e Enterobius vermicularis com Entamoeba coli. Não houve amostras com mais de duas espécies. A figura 1 mostra que os parasitos mais freqüentes foram os protozoários comensais, Endolimax nana e Entamoeba coli. O protozoário patogênico Giardia lamblia e o helminto Enterobius vemicularis também foram encontrados, mas com frequência menor. A distribuição da prevalência foi respectivamente: 53,8% (14/26); 38,5% (10/26); 23,1% (6/26); e 7,7% (2/26) Prevalência dos Parasitos Intestinais Enterobius vermicularis 7,7% Giardia lamblia 23,1% Endolimax nana 53,8% Endolimax nana Entamoeba coli Entamoeba coli 38,5% Giardia lamblia Enterobius vermicularis Figura 1. Prevalência dos Parasitos Intestinais. Após a obtenção dos resultados foi aplicado o teste estatístico (Fisher e Quiquadrado), em que foi verificado que não houve correlação entre ingestão de água oriunda de poço artesiano, grau de escolaridade da mãe e consumo de verduras produzidas nas residências dos escolares com a transmissão dos parasitos intestinais nessa população, pois o valor do p foi maior que 0,05. O número de alunos matriculados na Escola Estadual José Ometto (Usina São João), no período da pesquisa, era de 352. Foram analisadas 96 amostras (27,27%), como foi analisado mais de um quarto da população estudantil, considera-se que a amostragem foi representativa. - 365 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A prevalência geral das parasitoses intestinais nos escolares examinados foi de 27,1%, contando com os protozoários comensais Endolimax nana e Entamoeba coli. Em relação aos parasitas encontrados, esta pesquisa se enquadra com Rocha et al. (2000) que avaliou os parasitos mais freqüentes Giardia lamblia e Entamoeba coli; Castro et al. (2004) sendo Giardia lamblia, Entamoeba coli e Endolimax nana; Ferreira & Andrade (2005) Entamoeba coli e Giardia lamblia; Machado et al (2008) Giardia lamblia, Entamoeba coli. Houve maior freqüência da positividade das amostras no sexo feminino, mesmo sendo o sexo masculino com maior amostragem. Este dado não pôde ser justificado. Após a obtenção dos resultados, foi aplicado o teste estatístico de Fisher ou Quiquadrado para verificar se houve correlação entre a positividade das amostras com o questionário aplicado. No presente estudo não houve correlação entre a utilização de poço artesiano, grau de escolaridade da mãe e o fato dos estudantes terem horta em casa. Em todas as correlações, o valor do p foi maior que 0,05. Este fato pode ser justificado pela população ser pequena e restrita, pois somente foram analisadas amostras de uma escola do município de Araras. Não foi possível correlacionar a lavagem das mãos antes das refeições, saneamento básico e renda mensal familiar com a positividade das amostras. No caso da higienização das mãos antes das refeições, todos os escolares responderam que a fazem; todos alegaram morarem em bairro com saneamento básico. No caso da renda mensal familiar, todos tinham remuneração, não sendo possível aplicar o teste. A Escola Estadual José Ometto é assistida por programas de extensão universitária da Uniararas, contando com projetos do curso de Enfermagem que abordam assuntos como higiene pessoal, programas de saúde e prevenções de doenças. Adicionalmente, o curso de Tecnologia em Alimentos que auxilia na qualidade das merendas escolares e os alunos ficam em um período integral na escola, justificando o resultado encontrado. CONSIDERAÇÕES FINAIS A população estudada, apesar de ser assistida por programas de extensão universitária realizados por professores e estudantes do Centro Universitário Hermínio Ometto, ainda carece da implantação de programas voltados à educação sanitária para a comunidade, pois apesar dos parasitas mais prevalentes serem comensais, estes são indicativos de contaminação fecal. Por fim, é preciso destinar, maior atenção ao tratamento de água utilizada ao consumo humano, com a adoção de medidas preventivas adequadas, como por exemplo, o uso de filtros de porcelana porosa capazes de reter os cistos de protozoários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASSO, R.M.C.; SILVA-RIBEIRO, R.T.; SOLIGO, D.S.; RIBACKI, S.I.; CALLEGARIJACQUES, S.M.; ZOPPAS, B.C.A. Evolução das prevalências de parasitoses intestinais em escolares em Caxias do Sul, RS. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v. 41, n. 3, p. 263-268, mai-jun. 2008. 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Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v.33, n.5, p. 431-436, setout. 2000. - 367 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ROQUE, F.C.; BORGES, F.K.; SIGNORI, L.G.H.; CHAZAN, M.; PIGATTO, T.; COSER, T.A.; MEZZARI, A.; WIEBBELLING, A.M.P. Parasitos intestinais: prevalência em escolas da periferia de Porto Alegre - RS. NewsLab, ed. 69, 152162. 2005.. SILVA, E.F.; SILVA, E.B.; ALMEIDA, K.S.; SOUSA, J.J.N.; FREITAS, F.L.C. Enteroparasitoses em crianças de áreas rurais do município de Coari, Amazonas, Brasil. Revista de patologia tropical, v. 38, n. 1, p. 35-43, jan-mar. 2009. TOSCANI, N.V.; SANTOS, A.J.D.S.; SILVA, L.L.M.; TONIAL, C.T.; CHAZAN, M.; WIEBBELLING, A. M. P.; MEZZARI, A. Desenvolvimento e análise de jogo educativo para crianças visando à prevenção de doenças parasitológicas. 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Apesar do reconhecimento da importância da atividade física como fator de promoção da saúde e de prevenção de doenças, a prevalência de exposição a baixos níveis de atividade física é elevada e segundo, parece afetar pessoas de todas as idades. (TASSITANO, 2007; HALLAL, 2005) Existem hoje programas de atividade física voltados especificamente para crianças e adolescentes. Este incentivo para a prática de atividade física está muito voltado para as pessoas desta idade, uma vez que se sabe que ao fazer exercícios os benefícios conquistados são inúmeros, e as crianças de hoje em dia passam muito mais tempo em frente de computadores, videogames e televisões, do que fazendo esportes ou brincando ativamente. Aumentando assim, a preocupação voltada a esta faixa etária de se exercitar para evitar problemas posteriores. Outro problema que indiretamente influencia no comportamento pouco ativo das crianças é a segurança nas cidades. Ir à escola a pé, ou de bicicleta compreenderia uma atividade física, por menor que seja a intensidade, no cotidiano desta criança. Porém, devido ao trânsito, assaltos e distância da escola, as crianças usam transportes coletivos ou carros para se locomoverem, sendo este outro motivo para a falta de atividade física na infância. Uma criança saudável tem grandes chances de ser um adulto saudável, portanto informação e programas específicos de atividade física facilitarão um crescimento e vida saudáveis para estas pessoas. OBJETIVO Tendo em vista os hábitos de vida pouco ativos das crianças nos dias atuais, o objetivo deste trabalho foi analisar o nível de atividade física destes, em período escolar, e compará-lo com os hábitos de vida. Além de estabelecer uma relação entre a influência da quantidade de atividades físicas praticadas na mudança de hábitos de vida destas crianças. METODOLOGIA Para realização desta pesquisa a amostra foi constituída por 63 crianças, sendo 32 crianças do gênero masculino e 31 do gênero feminino, todas com 13 anos de idade, escolares, e participantes da edição de 2010 dos Jogos Municipais Escolares da cidade de Campinas - SP. Para que fosse determinado o nível de atividade física - 369 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq destes escolares, foi utilizado o questionário Youth Risk Behavior Survey (YRBS), traduzido para o português pelo Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS). Este questionário é composto por 11 questões, sendo estas fechadas e abertas. O objetivo das questões contidas no YRBS é quantificar a frequencia de atividades físicas do indivíduo, sejam elas: leves, moderadas ou vigorosas. Para esta quantificação são feitas perguntas sobre hábitos de vida, presença em aulas de Educação Física e escolinha de esportes, meio de transporte para irem à escola e a duração em minutos deste trajeto. Outras questões do teste apontam para quantidade de horas assistindo televisão ou jogando vídeo game. As respostas do questionário foram referentes à dias anteriores não longínquos ao dia da entrevista. O questionário foi aplicado através do método de entrevista direta e presencial com as crianças envolvidas, com o consentimento dos seus responsáveis, e conduzido pelo pesquisador responsável e pelo orientador do trabalho. Para determinação dos resultados foi usada apenas a quantificação das respostas do questionário, expressas em porcentagem, tanto geral como entre os gêneros. (SANTOS et al, 2001). RESULTADO Entre as 32 crianças do gênero masculino, 34,38% foram consideradas fisicamente ativas. Para serem classificadas como fisicamente ativas, elas devem praticar mais de 300 minutos semanais de atividades físicas moderadas e intensas. Observa-se que essa porcentagem de meninos pratica atividades físicas de 5 a 7 dias na semana; possui aulas de Educação Física com tempo superior à 40 minutos; participa de pelo menos 1 equipe esportiva dentro ou fora da escola; usa de meios ativos para irem ao colégio (a pé ou de bicicleta, por exemplo); além de assistirem pouca televisão e jogarem pouco videogame. Já em relação às crianças do gênero feminino, das 31 que responderam ao questionário apenas 12% são fisicamente ativas (MOMESSO et al, 2009). Esta porcentagem corresponde a meninas que praticam atividades físicas em pelo menos 4 dias da semana; possuem aulas de Educação Física com tempo de duração superior a 50 minutos; participam de pelo menos uma equipe esportiva; não usam de carros ou transportes coletivos para irem à escola, optando por meios de transportes ativos (bicicleta ou andando). Complementando os índices ficam poucas horas assistindo televisão e poucas horas jogando videogame. Analisando- se os dados gerais, mixando os gêneros, dentro das 63 crianças analisadas encontraram-se apenas 15 crianças (23%) fisicamente ativas. Além de perceber um número muito maior de meninos ativos, se comparados com as meninas ativas (OEHLSCHLANGER et AL, 2004). As outras 48 crianças que não atingiram os minutos mínimos para serem classificadas como fisicamente ativas não são necessariamente todas sedentárias. O questionário, entretanto, as classifica como ativas ou não-ativas, portanto qualquer valor ativo abaixo de 300 minutos em atividade física moderada ou intensa, coloca as crianças em um grupo de risco. Pertencendo a este grupo possuem certa propensão para que desenvolvam alguma doença ligada ao sedentarismo. (FLORINDO, et al. 2006). CONCLUSÃO O número de crianças fisicamente ativas está muito abaixo do esperado, principalmente no gênero feminino. Porém quando são analisados os hábitos das - 370 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq crianças fisicamente ativas, encontramos possibilidades palpáveis a todos, como por exemplo: fazer as aulas de Educação Física na escola, ou ir de bicicleta ou a pé para o colégio em alguns dias da semana. Com uma maior dedicação da escola nas aulas de Educação Física, com um maior incentivo ao esporte dentro e fora do âmbito escolar, juntamente com uma campanha de se usar meios de transportes alternativos para ir à escola, a pé ou de bicicleta, por exemplo, pode-se aumentar o número de crianças fisicamente ativas. (OEHLSCHLANGER et AL, 2004) A tarefa sem dúvida não é simples, dependerá de uma iniciativa da escola para programas esportivos, para aulas de Educação Física mais dinâmicas e até das cidades possibilitando segurança nas ruas e no trânsito para que as crianças consigam ir à escola andando ou pedalando. Mesmo havendo certa dificuldade para a implantação de todas estas possibilidades, espera-se proporcionar uma infância mais saudável a estas crianças, e um futuro saudável para estes futuros adultos. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS FLORINDO AA, et al. Desenvolvimento e validação de um questionário de avaliação física para adolescentes. Revista de Saúde Pública. 2006;40:802-9. 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Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, 2007; 9 (1) 55-60. - 371 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq PALAVRAS CHAVE: atividade física, sedentarismo, hábitos de vida. - 372 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A INFLUÊNCIA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS EM PRÉ-ESCOLARES MENEGUCI, F.1; OZELO, H.2; PEROTTI JÚNIOR, A.3 1 2 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS; discente; Faculdade Integrada Eistein de Limeira – FIEL, orientador 3 Universidade Paulista – UNIP, [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O desenvolvimento motor, a precisão e exatidão na execução dos movimentos fundamentais e especializados, referem-se ao termo habilidade motora. Essas habilidades são desenvolvidas e aperfeiçoadas até o momento em que as crianças já são capazes de utilizá-las com facilidade e de maneira eficiente dentro do seu ambiente (GALLAHUE; DONNELLY, 2008). O desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais ocorre por volta dos 3 aos 6 anos idade, época em que as crianças devem ser estimuladas a ampliar seu repertório motor. A partir do momento em que elas já conseguem dominar essa variabilidade de práticas, executando-as com facilidade, elas se desenvolvem motoramente, preparando-se para uma nova fase, que exigirá movimentos cada vez mais complexos, a chamada fase dos movimentos especializados. O desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais é de extrema importância para o desenvolvimento motor das crianças. A variabilidade de experiências, proporciona-lhes uma quantidade de informações essenciais para a percepção delas em relação ao mundo que a cerca e de si mesmas (GALLAHUE; OZMUN, 2005). O desenvolvimento das habilidades fundamentais, contribui para a construção de um repertório motor amplo e diversificado, que propicia à criança capacidade de realizar atividades motoras mais complexas, seja em tarefas escolares ou cotidianas. Esta fase, constitui-se num requisito primordial para que a aquisição de habilidades posteriores sejam efetivas e possíveis. A fase das habilidades motoras é considerada a de mais importância para a criança em aspectos de desenvolvimento motor. É nesta fase que o professor de Educação Física tem a maior possibilidade de trabalhar com as crianças (ISAYAMA; GALLARDO, 1998). As oportunidades para as práticas e desenvolvimento das habilidades básicas, devem ser oferecidas em idade propícia à sua aquisição, idade da fase préescolar. Decorrida essa fase, esse desenvolvimento pode não acontecer com o mesmo efeito que acontece com crianças que são estimuladas freqüentemente, ficando gravemente comprometido. OBJETIVOS O presente estudo busca verificar o estágio de desenvolvimento motor de crianças pré-escolares de cinco anos de idade, na habilidade locomotora salto horizontal, manipulativa chutar, estabilizadora equilibrar-se num pé só e investigar a - 373 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq importância da Educação Física como contribuição para o desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais, comparando duas instituições de ensino. Em uma delas, as crianças possuem aulas de Educação Física regularmente desde os três anos de idade e na outra elas nunca tiveram esta disciplina. MATERIAL E MÉTODO O estudo é constituído por uma pesquisa bibliográfica associada a uma pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica é uma revisão de literatura da qual são absorvidas informações sobre o assunto a ser estudado, escrito por outros pesquisadores. Esta revisão serve de base para que novos métodos de pesquisa sejam adequadamente planejados e possibilitem maior sucesso em seus resultados (THOMAS; NELSON, 2002). Logo, a pesquisa de campo objetiva a coleta de dados para a análise e obtenção de resultados a respeito de algum problema, procurando uma resposta ou comprovando algum fato (MARCONI; LAKATOS, 1996). A natureza da pesquisa é qualitativa utilizando-se de um estudo comparativo e descritivo. A pesquisa qualitativa é amplamente subjetiva, tentando compreender o significado para cada indivíduo de participar de um experimento específico. Nesse tipo de pesquisa, as variáveis não são manipuladas pelo pesquisador e o processo interessa muito mais que o produto (THOMAS, NELSON, 2002). O estudo comparativo permite a análise de dados concretos podendo ser utilizado principalmente em estudos descritivos, onde se faz analogia entre dois elementos (THOMAS, NELSON, 2002). A técnica da pesquisa consiste na coleta de dados através de filmagem e posteriormente análise observacional descritiva do vídeo. Os dados serão classificados de acordo com a lista de checagem de Gallahue e Ozmun (2005). É através da pesquisa descritiva que muitos problemas podem ser resolvidos e as práticas aprimoradas, pois, através da observação obtém-se dados qualitativos sobre a investigação (MARCONI; LAKATOS, 1991). Participarão da pesquisa crianças de cinco anos de idade, de ambos os sexos, divididas em dois grupos: grupo A composto por crianças que possuem aulas de Educação Física regularmente e grupo B, composto por crianças que não possuem esta disciplina regularmente. Para a coleta de dados, será utilizada uma câmera digital com função filmadora, uma bola de iniciação desportiva, uma mini trave ou trave de futebol, um bloco de madeira, trena, fita adesiva, papel e caneta. Na análise do vídeo será utilizado um televisor, um aparelho de DVD, listas de checagem de Gallahue e Ozmun (2005) individual, sendo uma para cada habilidade avaliada e caneta. Cada participante será analisado em três habilidades motoras fundamentais: estabilizadora equilibrar-se num pé só; manipulativa chutar e locomotora saltar horizontalmente. Para cada habilidade o participante realizará três tentativas, as quais serão filmadas em seqüência e individualmente. A criança realizará o equilíbrio num pé só posicionando-se em cima de um bloco de madeira, onde deverá permanecer 5 segundos no equilíbrio. Na habilidade chutar, a criança estará atrás de uma linha horizontal e a bola em cima da linha. Ao sinal, ela deverá chutar a bola em direção ao gol que estará a - 374 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq três metros de distância da linha. Vale ressaltar que a trave servirá apenas como direcionamento para a criança, não interferindo nos resultados a conclusão do gol ou não. Para o salto a horizontal haverá duas marcas horizontais no solo, havendo um metro de distância entre as duas. O participante deverá posicionar-se atrás da primeira marca, devendo saltar em direção a segunda. Lembrando que ultrapassar a marca ou não, não intervirá nos resultados, pois, a segunda marca serve apenas de estímulo para a impulsão máxima do salto da criança. RESULTADOS ESPERADOS A fase de desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais tem sido alvo de muitos estudiosos nos últimos tempos. Grande parte destes estudiosos entendem que nesta etapa há uma progressão a ser seguida que pode ser subdividida em estágios. A criança com características físicas e cognitivas normais evolui de um estágio ao outro, através de uma sequência que pode ser induzida pela maturação e pela experiência. Os fatores externos, como a oportunidade de prática, o estímulo e a orientação, são fundamentais para a obtenção de padrões maduros de movimentos fundamentais (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Com base nos estudos observados, fica claro que o desenvolvimento motor do indivíduo não depende somente de fatores intrínsecos, mas também de fatores externos como as influências do ambiente e as oportunidades que são oferecidas ao indivíduo. A maioria das crianças que freqüentam a Pré-escola, são crianças que se encaixam na faixa etária dos 4 aos 6 anos de idade. É preciso destacar as crianças porque enquanto são necessários vinte anos para que o organismo se torne maduro, estudiosos do desenvolvimento da criança são unânimes em concordar que os primeiros seis anos de vida são essenciais ao indivíduo. A vivências que a criança experimentam durante essa etapa de sua vida, serão determinantes em grande escala, no tipo de indivíduo adulto que ele se tornará. A Educação Física assume grande importância à medida que, ela oferece um ambiente adequado para a criança. O número de adultos que não atingem o estágio maduro de desenvolvimento motor nas habilidades fundamentais é bastante significante, o que será prejudicial para o desenvolvimento futuro (TANI et al., 1988). Sabemos que na maioria das escolas de Educação Infantil, as crianças não possuem orientações adequadas na realização de suas atividades. Elas brincam livremente, idealizando suas próprias brincadeiras, utilizando-se sempre dos mesmos recursos disponíveis de materiais e espaço. Pretendemos comprovar que a orientação adequada de um profissional da área de Educação Física é de extrema importância para o desenvolvimento motor das crianças desde as suas séries iniciais na escola. Com a presença dele, é possível variar as práticas, onde sempre haverão objetivos a serem atingidos, buscando uma ampliação no repertório motor do aluno e consequentemente trabalhando os domínios cognitivos e sociais simultaneamente. Esperamos assim, valorizar a função deste profissional em todos os seus ambientes de atuação, inclusive o escolar, fazendo cumprir os direitos das crianças de frequentar aulas com docentes que são especializados nas atividades que se propõem a realizar. - 375 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Miller (1968, citado por GALLAHUE; OZMUN, 2005, p.222), estudou a facilidade do aprendizado das habilidades motoras básicas em crianças na faixa etária de 3 a 5 anos de idade. Observou que a instrução para a prática das habilidades motoras fundamentais quando realizada de maneira programada, aumentava o desenvolvimento desses padrões de movimento independente do nível de maturação somente. Ele concluiu também que um programa de instrução de habilidades motoras fundamentais, sendo aplicado por um especialista como o profissional de Educação Física, era muito mais eficaz do que quando as crianças brincavam livremente. Para Gallahue e Ozmun (2005), a criança apresenta o equilíbrio estático de manter-se num pé só por um determinado período de tempo, com idade aproximada de 5 anos. A habilidade locomotora de saltar em distância também se inicia com a mesma idade. Logo, a habilidade manipulativa chutar surge por volta dos 18 meses de idade, porém os padrões maduro de desenvolvimento desta habilidade que é caracterizada por chutar a bola acertadamente, ocorre entre os 5 e 6 anos de idade. Ao final do estudo, esperamos concluir que as crianças que possuem aulas de Educação Física regularmente, estejam em um estágio de desenvolvimento motor posterior ao das crianças que não possuem estas aulas regularmente. Esperamos também que estes pré-escolares que são mais estimulados frequentemente, encontrem-se no estágio de desenvolvimento maduro e/ou em transição do elementar para o maduro nas habilidades propostas, de acordo com a teoria de Gallahue e Ozmun (2005). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GALLAHUE,D.L.; DONNELLY, F.C. Educação física desenvolvimentista para todas as crianças. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2008. GALLAHUE,D.L.; OZMUN, J.C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005. ISAYAMA, H. F.; GALLARDO, J. S. P. Desenvolvimento Motor: Análise dos Estudos Brasileiros sobre as Habilidades Motoras Fundamentais. Revista da Educação Física, vol.9, n.1, p. 75-82, 1998. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1991. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996. 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Até os anos 70 do século XX, a CME não era valorizada, situando-se em locais inadequados e com recursos insuficientes ou antiquados. (BARTOLOMEI, 2006) 1 Em 1880, Joseph Lister percebeu que mesmo após a fervura da água à 100ºC ainda existia microorganismos resistentes a essa temperatura e que a mesma deveria ser elevada, procurando desta maneira assegurar a esterilidade dos artigos a serem utilizados nos procedimentos cirúrgicos. (POSSARI, 2007). Hoje, a cirurgia anti-séptica de Semmelweis e Lister cedeu lugar a cirurgia asséptica, sendo que a esterilização dos artigos médicos são esterilizados por meio de vapor saturado sob pressão, óxido de etileno, formaldeído, peróxido de hidrogênio e outros métodos químicos como: ácido peracético, ortoftaldeído, glutaraldeido e outros existentes no mercado. A partir de então com o desenvolvimento tecnológico trouxe o reconhecimento da necessidade de contar com alguém que se responsabilizasse com a atividade de limpeza, conservação, acondicionamento, esterilização, guarda e controle dos artigos para serem utilizados nos procedimentos cirúrgicos. Surgiu então a Central de Material e Esterilização (CME) centralizado dirigido por um enfermeiro. (MOURA, 1996). A CME é o conjunto de elementos destinados à recepção, expurgo, preparo, esterilização, guarda e distribuição do material para as unidades do estabelecimento de saúde. (SILVA, 1997). Visto que a Central de Materiais é uma das unidades mais importantes do hospital, tanto do ponto de vista econômico, quanto técnicoadministrativo e assistencial, de acordo com seu funcionamento pode-se avaliar a eficiência. A escolha deste tema foi devido à grande importância que a CME tem para com os diversos setores do hospital. Havendo necessidade um enfermeiro específico para este local haverá uma condição mais segura no trabalho da equipe de enfermagem e conseqüentemente ao Hospital. OBJETIVO Objetivo avaliar a importância do enfermeiro responsável pela Central de Materiais e Esterilização e a qualidade do artigo esterilizado para redução de infecção hospitalar. REVISÃO DE LITERATURA - 378 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A CME é o local de apoio técnico responsável pelo processamento de artigos médico-hospitalares para unidades que consomem esses produtos ao prestarem cuidados de saúde para diagnose e terapêutica. Assim sendo, o objeto de trabalho do enfermeiro está no processamento de artigos e seus instrumentos são os recursos materiais, físicos, humanos e os saberes, enquanto a finalidade é a qualidade e segurança dos processos com estes artigos. A definição dos elementos do processo de trabalho do enfermeiro na CME permite a certificação de que o setor fornece condições à prestação do cuidado ao cliente realizado por outros setores. (TAUBE, 2008; SOBBEC, 2005). O papel do enfermeiro da CME é desenvolver conhecimentos específicos sobre as diversidades dos materiais, equipamentos e forma de processá-los configurando o domínio de um saber e, por conseqüência, garantindo produtos seguros para a assistência ao paciente. (TONELLI, 2005). O processo de trabalho na CME tem por finalidade oferecer os processos já totalmente realizados aos setores como (Unidade de Internação, Unidade de Terapia Intensiva, Pronto Atendimento, Maternidade, Clínico, Radiologia, centros Obstétricos, Centro Cirúrgico entre outros). O planejamento desta Unidade é de suma importância, considerando-se as diferentes etapas do processamento de esterilização dos materiais, até a sua distribuição às Unidades do hospital. Por isto deve ser executado por equipe multiprofissional, cuja atenção deve estar voltada para dinâmica de funcionamento do setor. (SILVA, 2008). O processo de trabalho do enfermeiro em CME é diferente do realizado em unidade assistencial, mas também se constitui em serviço da saúde, e de alguma forma, pode ser classificado como cuidado. (BARTOLOMEI, 2006)2 O que difere é sua finalidade imediata. Para executá-lo, o enfermeiro desenvolve conhecimentos específicos sobre diversidade de materiais e equipamentos e a forma de processá-los, configurando o domínio de uma área de saber e, por conseqüência, desfrutando de um determinado grau de autonomia, com o propósito de garantir produtos seguros para a assistência ao paciente. Já na unidade assistencial, o enfermeiro organiza e/ou presta o cuidado diretamente. Na CME, a função do enfermeiro tem início na fase de planejamento da unidade, cabendo-lhe a escolha adequada tanto de recursos materiais quanto humanos, bem como a seleção e o treinamento de pessoal levando-se em conta o perfil do setor. Ainda entre suas atribuições está a capacitação dos demais funcionários, por meio da educação continuada das equipes sob sua responsabilidade, na qual o enfermeiro funcione como facilitador da aquisição de saber e atualização, com medidas de incentivo à participação em eventos científicos. Para compreender a contextualização da CME no controle de infecção hospitalar, basta atentar-se a utilização de artigos médicos-hospitalares sem o devido comprometimento dos serviços prestados aos clientes. É necessário que tais materiais tenham passado previamente por um fluxograma unidirecional o qual se resume em: limpeza, secagem, preparo, esterilização, estocagem e distribuição. Qualquer falha ocorrida nesse processo pode implicar em possíveis complicações no ato cirúrgico tais como: infecção trans ou pós operatória. (TIPPLE et al, 2005). Também o trabalho que executam é de vital importância para prestação da assistência a todos os pacientes hospitalizados ou não que requerem materiais - 379 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq processados, esterilizados e em condições seguras de uso para realização de procedimento assistencial. Considerando que a atividade principal do enfermeiro no CME é a gerência pelas funções de planejamento, elaboração de instrumentos administrativos e operacionais, administração de recursos materiais e pessoais, e supervisão. Desta forma, a administração de materiais inclui previsão e provisão, controle e checagem. O enfermeiro tem competência e embasamento técnico- cientifico para desenvolver esse papel, sendo ele responsável por toda parte administrativa, recursos de materiais e de pessoais, contribuindo assim com uma boa assistência. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO O enfermeiro da CME encontra-se no cerne das questões gerenciais e, por meio da sua competência obtida pela prática de uma área específica de conhecimento, ele pode se tornar o porta voz de idéias, valores, padrões e juízos que ampliem a consciência da atual forma de relações sociais de produção na CME e direcionem para as novas necessidades de produção. Pode-se afirmar que para o funcionamento de uma CME, a presença do enfermeiro é de vital importância para que não ocorram falhas durante todo o processo de esterilização, comprometendo a segurança dos produtos, possibilitando o aumento no risco de casos de infecção trans ou pós-operatório e em todos os procedimentos não-cirúrgicos realizados com utilização de produtos que passem pela Central de Materiais. Contudo concluímos que o enfermeiro é o profissional mais capacitado para gerenciar e administrar uma Central de Materiais perante seus conhecimentos multidisciplinares e sua capacidade administrativa que se completa com a eficácia da esterilização dos materiais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARTOLOMEI, S.R.T; LACERDA, R.A. O enfermeiro na Central de Materiais e a percepção de seu papel social. Rev. Gaucha enferm, V.27, n, 2, p. 258-265, 2006. BARTOLOMEI, S.R.T; LACERDA, R.A. Trabalho do enfermeiro no Centro de Material e seu lugar no processo de cuidar pela enfermagem. Rev. Da Escola de Enfermagem da USP. V. 40, n, 3, p. 412-417, 2006. MOURA, M.L.P.A. Gerenciamento de Central de Material e Esterilização para Enfermeiros. 1. ed. São Paulo: SENAC, 1996. POSSARI, J.F. Centro de Material e Esterilização: Planejamento e Gestão.3.ed. São Paulo: Iátria, 2007. SILVA, A.C; AGUIAR, B.G.C. O enfermeiro na Central de Material e Esterilização: uma visão das unidades consumidoras. Rev. Enfermagem UERJ, V.16, n, 3, p.377381, 2008. - 380 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq SILVA, M.D.A; RODRIGUES, A.L; CESARETTI, I.U.R. Enfermagem na Unidade de Centro Cirúrgico. 2. ed. Paulo: E. P. U, 1997. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENFERMEIROS DE CENTRO CIRÚRGICO; RECUPERAÇÃO POS ANESTÉSICA E CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO. Práticas recomendadas- SOBECC. 3. ed. São Paulo: SOBECC, 2005. TAUBE, S.A.M; LABRONICI, L.M; MAFTUM, M.A; MÉIER, M.J. Processo de trabalho do enfermeiro na central de material e esterilização: percepção de estudantes de graduação em enfermagem. Rev. Cienc Cuid Saúde, V.7, n, 4, p. 558-564, 2008. TIPPLE, A.F.V; SOUZA, T.R; BEZERRA, A.L.Q. Trabalhador sem formação em enfermagem atuando em centro de materiais e esterilização; desafio. Rev. Esc. Enferm USP, V. 39, n, 2, p. 173- 180, 2005. TONELLI, S.R; LACERDA, R.A. Refletindo sobre o cuidar no centro de material e esterilização. Rev. SOBECC, V.10, n, 4, p.28-31, 2005. PALAVRA-CHAVES: Administração de material, Processos de enfermagem, Central de material e esterilização. - 381 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq O USO DE MATERIAIS LÚDICOS NO ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA CRIANÇAS ENTRE 3 E 7 ANOS DE IDADE ABATI, K.1,3; MESSORE, L.R.1,2,3; MACKEY, N.1,3; SILVA-MELO, A. 2,4; CORTEZ, R.C.1,5,6 1 2 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Bio-Vida Engenharia e 3 4 5 6 Consultoria Social e Ambiental, Rio Claro, SP.; Discente; Profissional; Docente; Orientadora . [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O interesse relacionado à atividade lúdica na escola tem-se mostrado cada vez maior por parte de pesquisadores e, principalmente, de professores que buscam alternativas para o processo ensino-aprendizagem (PEDROZA, 2005). Para a educação infantil, como atividade dominante na infância das crianças, a brincadeira pode ser uma das formas pelas quais estas começam a aprender, além de ser, o espaço onde tem início a formação de seus processos de imaginação ativa e onde elas se apropriam das funções e normas de comportamentos sociais (WAJSKOP, 1995). Através da brincadeira, pensando na aprendizagem significativa que ela ofereceria aos alunos, foi que a empresa Bio-Vida Engenharia e Consultoria Social Ambiental, juntamente com alunas do terceiro ano do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas promoveram uma ação educativa com enfoque em educação ambiental no dia 15 de abril de 2011, na Escola Municipal Celeste Calil, em Rio Claro, com o intuito de ensinar as crianças à destinação correta dos resíduos sólidos. OBJETIVOS Devido a importância do brincar na aprendizagem das crianças entre 3 e 7 anos de idade, a presente atividade teve por objetivo instruí-las, como pessoas capazes e conscientes, a respeito do destino correto dos resíduos sólidos da escola e da sociedade. METODOLOGIA O brincar permite que as crianças reflitam sobre o mundo e, dessa forma, podem reconstruir elementos do mundo que a cercam com novos significados (BRASIL, 1998). Baseada nesta afirmação, as alunas do curso de Biologia e o representante da empresa Bio-Vida se caracterizaram com roupas que representavam as lata de lixo feitas com TNT. Em cada roupa haviam figuras e palavras para a representação de 4 latas: a de plástico (cor vermelha), de papel (cor azul), de metal (cor amarela) e de lixo orgânico (cor preta). A lata de vidro (cor verde) foi representada pela lata verde da própria escola. Em cada sala, as pessoas caracterizadas pelas latas se apresentavam, falavam quais lixos eram seus correspondentes e discutiam sobre o que é lixo, se ocorre separação dele em casa e sobre a importância da reciclagem. Ao final da atividade, eram distribuídas fichas com desenhos de lixos para alguns alunos que deveriam entregar a ficha para a sua lata de lixo. Vale ressaltar que na presente atividade a lata correspondente ao lixo orgânico foi representada pela cor preta, porém, de acordo com a Resolução Nº 275/2001 do CONAMA, esta deve ser representada pela cor marrom. - 382 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com Wajskop (1995), ao brincar, o desenvolvimento infantil pode alcançar níveis mais complexos por causa das possibilidades de interação entre os pares numa situação imaginária e pela negociação de regras de convivência e conteúdos temáticos, o que torna a brincadeira uma situação privilegiada de aprendizagem infantil. A experiência na brincadeira permite às crianças decidirem incessantemente e assumir papéis a serem representados, atribuir significados diferentes aos objetos, transformando-os em brinquedos e levantar hipóteses, resolver problemas e pensar/sentir sobre seu mundo e o mundo mais amplo ao qual não teriam acesso no seu cotidiano infantil. A atividade desenvolvida, ao simular ludicamente situações onde as crianças deveriam destinar os resíduos sólidos corretamente contribuiu para a melhor compreensão da importância desta ação e do seu impacto ecológico na sociedade. Durante a apresentação, os alunos fizeram comentários e perguntas relacionadas principalmente aos seus próprios atos, tais como: jogar lixo em lugares inadequados (rua, água, chão) e não fazer a coleta seletiva em casa e na escola. A respeito dos hábitos dos seus familiares, comentaram que alguns deles têm por costume queimar o lixo. Relataram também que pensam que lixo é tudo aquilo que não serve mais e que ninguém joga fora o que ainda pode ser aproveitado e demonstraram preocupação com os animais e coletores de lixo ao afirmarem que uma coleta seletiva mal efetuada pode gerar danos, dando o exemplo que quando não se separa vidro do lixo orgânico ou dos outros materiais este pode ferir. Percebeu-se, então, que ocorreu um aumento na conscientização socioambiental de cada um, bem como, um desafio para o comportamento diário deles, em vivenciar a realidade e modificá-la, uma vez que as crianças discutiram a impossibilidade de se ter em caso diversas latas, sendo proposta para elas a separação do lixo em orgânico e reciclável através da utilização de sacos plásticos diferentes para cada um. Alguns disseram que fazem a distribuição correta do lixo somente quando estão sob supervisão das professoras, e que quando isso não acontece jogam o lixo em qualquer lata. Neste ponto é que surge a importância dos educadores, pois de acordo com as ideias de Montaigne, citado por Morin (2003), a primeira finalidade da educação é formar cabeças bem-feitas e não bem cheias. Os educadores devem se empenhar na busca de meios que propiciem a criação, por parte do aluno, de um senso crítico a respeito do mundo que o cerca, pois, de acordo com Morin (2003) “conhecer o humano não é separá-lo do Universo, mas situá-lo nele”, e as atividades lúdicas tem se mostrado como uma boa opção no que diz respeita a aplicação, assimilação e discussão de diferentes temas, uma vez que, o aluno é um ser ativo, capaz de assimilar a realidade externa de acordo com suas estruturas mentais. A aprendizagem deve despertar o interesse, estimulando a curiosidade e a criatividade (PEDROZA, 2005). PROPOSIÇÃO A partir da atividade desenvolvida, foi possível notar que o uso do lúdico dentro da sala de aula consiste em um bom recurso na melhoria da compreensão por parte dos alunos. Vale destacar que uma atividade assim representa apenas um passo inicial e que o assunto deve ser trabalhado continuamente, visando à formação de cidadãos mais responsáveis sobre as questões ambientais. Essa continuidade da atividade pode ser realizada por meio de projetos educacionais interdisciplinares - 383 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq voltados para campanhas conscientizadoras e atividades práticas que envolvam, por exemplo, o cuidado com a casa, com o ambiente escolar e o meio ambiente em geral. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. CONAMA. Comitê Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 275 25 de abril de 2001. MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a forma, reformar o pensamento. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. PEDROZA, R.L.S. Aprendizagem e subjetividade: uma construção a partir do brincar. Rev. Dep. Psicol., v. 17, n. 2, p. 61-76, 2005. WAJSKO, G. O brincar na educação infantil. Cad. Pesq., v. 92, p. 62-69, 1995. PALAVRAS-CHAVE: ensino infantil, coleta seletiva, conscientização ambiental. - 384 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA E CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DA ÁREA DA SAÚDE REFERENTE À VACINAÇÃO VIGANÓ, L.1, 2,3; NEODINI, N.D. 1,2,3.; ROSSINI, K 1,2,3; SOBRAL,P.L 1,2,3,SILVA, P.L.1,2,4. 1 2 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS - Araras, SP.; Disciplina de Metodologia da 3 4 Pesquisa Cientifica e Tecnologia da Informação, Discente; Orientadora [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Em 1876, Edward Jenner iniciou um estudo demonstrando que os seres humanos podiam ser protegidos da varíola através da inoculação do mesmo vírus que causava varíola nos bovinos, e assim foi a primeira utilização da vacina (WILSON, 1996). Foi na segunda metade do século XX, que a população começou a ter contato com a vacinação. Desde então foram criadas inúmeras vacinas com o objetivo de proteger os indivíduos susceptíveis e conseguir uma imunidade de grupo, para controlar, diminuir o número de prevalência de doenças na comunidade e até mesmo erradica-las. São diferentes conceitos que estão envolvidos no processo de vacinação, principalmente quando esse método é comparado com uma profilaxia pósexposição; além de ser utilizadas técnicas diversas para vacinar contra doenças diferentes (GORCZYNSKI e STANLEY , 2001). Apesar de vários estudos comprovarem a eficácia da vacinação na redução de doenças graves ainda há receios e dúvidas por parte das pessoas sobre a importância das vacinas. No Brasil, segundo uma pesquisa sobre Análise epidemiológica dos acidentes com material biológico registrados no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador realizada em Londrina , estado do Paraná , das 253 fichas de notificação de acidentes com material biológico analisadas, verificou-se que 92,5% foram causados por objetos perfuro-cortantes , 74,3% encontravam-se com situação vacinal para Hepatite B atualizada . Considerou-se que, a despeito de o Brasil dispor da vacina gratuitamente desde 1995 e a partir de 1996 para profissionais da saúde, registrou-se 25,7% de ignorados ou não vacinados, uma expressão da ainda incipiente preocupação dos serviços de saúde em estarem encaminhando seus profissionais para atualizarem seu quadro vacinal segundo o proposto pelo Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, diminuindo assim o risco de contaminação e morte dos profissionais(PINHEIRO e ZEITOUNE, 2008). OBJETIVO Realizar uma campanha de conscientização entre os estudantes e futuros profissionais da área da saúde, sobre a importância da vacinação para a prevenção de diversas doenças. METODOLOGIA - 385 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq A pesquisa entitulada: “Análise da importância e conhecimento dos estudantes da área da saúde referente à vacinação”, será realizado nas dependências do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, após aprovação do Comitê de Ética e Mérito Científico da Uniararas. Trata-se de um projeto em desenvolvimento da Disciplina de Metodologia da Pesquisa Cientifica e Tecnologia da informação do Curso de Biomedicina. Serão convidados a participar da pesquisa todos os alunos dos cursos de graduação da área de Saúde (enfermagem, fisioterapia, odontologia, biomedicina). Este convite será realizado pelos próprios pesquisadores durante as aulas. Os alunos que aceitarem participar responderão a um questionário. O questionário foi elaborado pelos autores do estudo, e contém perguntas abertas e fechadas a respeito do conhecimento e importância da vacinação. O questionário tem perguntas como: a) Você considera correta a obrigatoriedade das vacinas que pertencem ao Calendário Nacional de Vacinação (CNV)?; b) Em sua opinião , quais vacinas são essenciais para profissionais da área da saúde ? ; c) Você possui as vacinas obrigatórias do Calendário Nacional de Vacinação atualizadas? Se sim, você já estava com a carteira de vacinação atualizada antes da solicitação da coordenação do curso? Se não, por quê? ; d) Além das vacinas presentes no Calendário Nacional de Vacinação (CNV), costuma proteger-se com outras vacinas?; e) Classifique de acordo com o grau de importância, para você, as vacinas do CNV. O questionário será entregue aos alunos e recolhidos logo após o preenchimento, que levará em torno de 5 minutos. Após a coleta e análise dos dados, será redigido um relatório estatístico para apresentação dos resultados de forma descritiva e posterior organização de uma campanha de conscientização entre os alunos dos cursos de saúde. RESULTADOS ESPERADOS Espera-se que devido ao acúmulo de conhecimento sobre Biossegurança e risco de contaminações, os estudantes já estejam com a carteira de vacinação totalmente atualizada e reconheçam a importância de tal procedimento para os futoros profissionais da área da saúde. Entretanto, Caixeta e Barbosa Branco (2011) constataram, em seu estudo que a relação entre conhecimento e a adesão de profissionais de saúde ao uso de proteção não foi significativa. Foi demonstrado que eles possuem conhecimento , porém não adotam as medidas preventivas, além de possuir uma fraca percepção de risco. A partir dos resultados encontrados o estudo se propoe a elaborar uma campanha alertando a importancia da vacinação principalmente para os profissionais e futuros profissionais da saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAIXETA, R.B; BARBOSA-BRANCO, A. Acidente de trabalho, com material biológico em profissionais de saúde de hospitais públicos do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n3/07.pdf>>. Acesso em 12 de maio de 2011. - 386 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq DIAS, R.; TRALDI, M. C. Monografia Passo a Passo. Ed.5. Campinas: Alínea, 2010. GORCZYNSKI, R.; STANLEY, J. Imunologia Clínica. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 2001. 278p. GRANOVSKI, N.; IOSHIMOTO, L.M. Situação atual e perspectivas para o controle da hepatite B no Brasil. Disponível em: <http://www.videbulas.com.br.html>. Acesso em 15 de abril de 2011. JATENE, F. B. et al. (coord.). Projeto Diretrizes. v.2, São Paulo: Associação Médica Brasileira, 2003. 419p. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma Regulamentadora 32 Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde. Disponível em: <www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_32.pdf>. Acesso em 16 de abril de 2011. PINHEIRO, J.; ZEITOUNE, R.C.G. Hepatite B: Conhecimento e Medidas de Biossegurança e a Saúde do Trabalhador de Enfermagem. Disponível em: <www.eean.ufrj.br/revista_enf/20082/11ARTIGO07.pdf>. Acesso em 16 de abril de 2011. RIBEIRO, D. M. Profissionais da Saúde e a Vacinação como Mecanismo de Prevenção de Infecção. Disponível em: <https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1967/1/MONO_17160.pdf>. Acesso em 15 de abril de 2011. WILSON, W.R. et al. Doenças Infecciosas - Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Atheneu, 1996. 914p. PALAVRAS-CHAVES: Vacinação; Importância. - 387 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq AVALIAÇÃO ESCOLAR E SUAS IMPLICAÇÕES NA RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO NO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL SILVA, S.A.¹; TIZZEI, R.P.,2; ¹ ² Discente, Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP; Orientador, Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP. [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O presente trabalho é uma tentativa de apresentar a avaliação escolar, suas características e como podem interferir na relação professor e aluno. A partir disto quais implicações podem desencadear no desenvolvimento do processo de ensinoaprendizagem e como a Psicologia pode mediar neste processo educacional, segundo Guzzo (2007), a Psicologia tem como princípio compreender todo o processo que envolve o sistema educacional, para em seguida conhecer as possibilidades que podem gerar mudanças sociais por meio de uma Educação Libertadora, visando à autonomia e emancipação do discente. A concepção e prática da avaliação, segundo Tomicioli e Donatoni (2008), tinham como função selecionar e classificar os alunos que não conseguiam se adequarem ao processo de aprendizagem proposto pelos professores, conseqüentemente, a avaliação era associada e utilizada para testar ou medir o conhecimento, ou seja, o ato de avaliar era apenas uma forma de obter resultados quantitativos através das informações transmitidas com a finalidade de aprovar ou reprovar os alunos. Dessa forma, a avaliação escolar começou a ser permeada por sentimentos de medo, ansiedade e ser usada como instrumento de poder, especialmente do professor em relação ao aluno. Entende-se que esta avaliação autoritária que provoca medo e punição está relacionada ao padrão de sociedade com características submissas e alienantes Neste sentido entende-se que o objetivo do processo de ensino-aprendizagem no cenário educacional presente, especialmente quando se pensa no ato de avaliar, tem aspirado por uma educação emancipadora que visa educar o aluno para a vida, construindo um conhecimento pertinente a sua realidade com autonomia e criticidade. Sendo assim, é importante compreender o significado da avaliação, de acordo com Sousa e Vieira (2008), como um processo contínuo da aprendizagem, que deve ocorrer cotidianamente produzindo, assim, uma avaliação dinâmica que possibilite transformações sempre que necessárias para melhor aperfeiçoar o processo educacional. OBJETIVO Discutir a relação professor e aluno enfatizando no processo da avaliação escolar e suas implicações no processo de ensino-aprendizagem na perspectiva dos professores do ciclo I do ensino fundamental em uma escola pública do interior de São Paulo. Explanando minuciosamente os seguintes aspectos: o processo de avaliação escolar e suas implicações na relação professor e aluno, conhecer os - 388 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq instrumentos utilizados pelos professores para avaliar seus alunos, como a relação professor e aluno têm se estabelecido a partir dos resultados avaliativos e ainda como Psicologia pode contribuir no processo de ensino-aprendizagem intermediada pela avaliação escolar. METODOLOGIA Participantes: Para a realização deste trabalho foram selecionadas três professoras que lecionam no 4º ano do ciclo I do Ensino Fundamental. Materiais: 1. Carta de apresentação, disponibilizando resumidamente como forma de convidar e esclarecer sobre os procedimentos da pesquisa que se pretende aplicar nesta instituição, portanto esta será entregue para a instituição escolar. 2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E.),em que apresentará uma breve introdução do tema a ser estudado na instituição, como também os procedimentos para a realização da pesquisa, destacando que a participação é voluntária, ou seja, caso queria desistir a qualquer momento, não poderá ser obrigada a sua permanência. 3. Roteiro de entrevista semi-estruturado: baseada em conversas com finalidade, frente ao fenômeno a ser estudado, e de acordo com Minayo (2003) este instrumento permitirá ao pesquisador ter maiores informações através dos dados fornecidos pelos atores Procedimento de coleta de dados: Será estabelecido em um primeiro contato com a equipe gestora para apresentar a proposta da pesquisa e seus objetivos, além de ser entregue uma Carta de Apresentação para que fique arquivado na instituição escolar. Após o aval da instituição será estabelecido um segundo contato, sendo desta vez com as prováveis participantes da pesquisa, para esclarecer a proposta da pesquisa, ou seja, o que se pretende investigar. Também será entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E.), ao qual também será esclarecido para as prováveis participantes, explanando todas as dúvidas possíveis tanto sobre o documento como também sobre a pesquisa. Após o consentimento das participantes, também será estabelecido um acordo para a realização das entrevistas (norteadas por um roteiro de entrevista semiestruturado), bem como a definição do momento mais adequado para a realização da pesquisa. Em seguida, após o acordo serão previamente realizados alguns encontros com as profissionais da área educacional (participantes) pensando em duas vertentes: conhecer a relação professor e aluno frente ao processo de ensino-aprendizagem, principalmente em relação a avaliação escolar e quais instrumentos são utilizados no processo avaliativo, para compreender se haverá ou não as mudanças na relação professor e aluno a partir dos resultados obtidos após o processo avaliativo trimestral. 4.4-Procedimento de Análise de dados O procedimento de análise de dados será embasado na pesquisa qualitativa e ênfase na perspectiva descritiva, que tem como prioridade, descrever características - 389 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq do fenômeno a ser pesquisado, buscando estabelecer a existência de uma provável associação entre as variáveis (Gil,1999). E para compilar os dados que serão obtidos através pesquisa, utilizará o método de Análise de Conteúdo que é compreendida como “um método de tratamento e análise de informações, colhidas por meio de técnicas de coleta de dados, consubstanciadas em um documento” (Chizzotti, 2000, p.98). Entende-se que a mesma, possui um caráter de análise de comunicação tanto oral, quanto visual ou gestual, buscando compreender o sentido desta comunicação a partir do discurso manifestado, as significações explicitas ou ocultas (Chizzotti, 2000). Após a coleta do material de pesquisa de acordo com Minayo (2003), é preciso que este material passe a ser decomposto e analisado, em seguida será distribuído em categorias, depois será feito uma descrição dos resultados da categorização, após isto consistirá nas inferências destes resultados e por último será interpretado os resultados que foram obtidos com aparato da fundamentação teórica utilizada. RESULTADOS ESPERADOS De acordo com a nova realidade escolar e das mudanças curriculares, busca-se compreender o ambiente escolar e suas relações sociais, enfocando a interação professor e aluno, ou seja, como este pode interferir positivamente ou negativamente no desempenho acadêmico de seus discentes. Especialmente quando a relação professor e aluno está restrita à avaliação escolar no processo ensino-aprendizagem. A partir desta contextualização espera-se com o desenvolvimento deste trabalho transitar por duas perspectivas: a possibilidade de ampliação do conhecimento, reflexões construtivas acerca de coleta de dados da pesquisa e tema norteador. Sendo estas reflexões possam contribuir para compreender como a Psicologia pode cooperar no âmbito escolar apoiada em pressupostos teóricos e práticos, viabilizando o fortalecimento das práticas dos professores para uma educação baseada no diálogo que vise a emancipação e criticidade do aluno. A segunda perspectiva é que este trabalho possa promover aos participantes da pesquisa a reflexão e flexibilidade em sua prática no processo de ensino/aprendizagem e ainda compreender que a Psicologia pode oferecer subsídios para que o processo educacional transcorra de forma significativa e construtiva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHIZZOTTI, A. Fases e etapas da Pesquisa Experimental. Em: ________.Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Editora: Cortez, 2000, p.39-50. CHIZZOTTI, A. Coleta de dados qualitativos. Em: ________.Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Editora: Cortez, 2000, p.89-106. GIL, A.C. Pesquisa Social. Em: __________. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Editora Atlas S.A., 1999, p.42-48. GUZZO, R. S. L. Escola Amordaçada: Compromisso do psicólogo com este contexto. Em: MARTÍNEZ, A. M. (org.). Psicologia Escolar e Compromisso Social. Campinas: Editora Alínea, 2007, p.15-30. - 390 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq MINAYO, M. C. S. Ciência técnica e arte: O desafio da Pesquisa Social. Em: ____________(org) Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Editora Vozes, 2003, p.9-30 SOUSA, C.P., VIEIRA,V. M. O. Algumas contribuições teóricas para formação de professores sobre avaliação educacional: Dos clássicos ao portifólio como instrumento de avaliação? Em: DONATONI, A. R. Avaliação Escolar: Formação de Professores. Campinas, Editora Alínea, 2008, p.171- 224. TOMICIOLI, R. C. B.; DONATONI, A. R. Avaliação Formativa: Ilusão ou realidade possível? Em: DONATONI, A. R. Avaliação Escolar: Formação de Professores. Campinas, Editora Alínea, 2008, p.149-170. PALAVRAS-CHAVES: Psicologia Escolar, Avaliação Escolar, Relação professor-aluno. - 391 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE CARBOXIHEMOGLOBINA NO SANGUE DE UM FUMANTE E UM NÃO FUMANTE AVANSI, V.P.1,2; SILVA, A.1,2; SILVA JR, A.E.1,2; NAVARRO, F.F.1, 4,6. 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 6 Docente; Co-orientador; Orientador. 4 2 Discente; 3 Profissional; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO O Monóxido de carbono (CO) é um gás venenoso produzido pela combustão incompleta de matéria orgânica. Embora existam outras fontes de exposição ao CO, como a poluição atmosférica, o fumo passivo, a produção endógena e a exposição ocupacional, nada se comparam ao tabagismo ativo. O CO é rapidamente absorvido ao nível de alvéolo pulmonar, difunde-se no plasma e fixa-se à hemoglobina (Hb). O produto dessa ligação é a carboxihemoglobina. A consequente formação de carboxihemoglobina (COHb) altera o transporte de O2 (SILVA, 2006). A carboxihemoglobina (COHb) tem uma meia vida de eliminação de cinco a seis horas, com variação de concentração no sangue dos fumantes de 5% a 10% (LEOPÉRCIO; GIGLIOTTI, 2004). O CO altera a curva de dissociação da oxihemoglobina, prejudicando a oxigenação dos tecidos. A hipóxia celular crônica é um dos fatores que podem explicar o retardo do crescimento fetal (LEOPÉRCIO; GIGLIOTTI, 2004). As combinações de CO com outras hemoproteínas, em conjunto, representam de 10 a 15% do total de CO no homem normal, atribuindo-se o restante à carboxihemoglobina (SILVA, 2006). Os marcadores de exposição ao tabagismo permitem uma avaliação objetiva do grau de tabagismo e uma estimativa da quantidade inalada de fumaça de cigarro. Os marcadores mais utilizados são: percentual de carboxihemoglobina no sangue, monóxido de carbono no ar expirado, as medidas das concentrações de tiocianato, nicotina e cotinina no plasma, saliva e urina. A nicotina apresenta meia-vida curta (cerca de 1 a 2 horas), o que dificulta a detecção desta substância nos fluidos corporais para diagnóstico e quantificação da exposição tabágica, tanto ativa quanto passiva (MELLO et al, 2005). A carboxihemoglobina é um marcador da fase gasosa do cigarro e também sofre influência dietética e da presença de monóxido de carbono no ambiente, o que pode comprometer sua confiabilidade como marcador do tabagismo (MELLO et al, 2005). OBJETIVO Determinar a concentração de carboxihemoglobina em sangue de fumante e não fumante por espectrofotometria na região visível e fazer um comparativo entre as duas concentrações, para analisar o grau de risco a que estão expostos. METODOLOGIA Preparou-se uma solução hemolizante: solução tampão fosfato de potássio 0,1 mol/L, diluído. 1/10 com água destilada; Em seguida coletou-se a amostra de sangue com anticoagulante – heparina de um fumante e um não fumante; Transferiu-se para um - 392 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq tubo de ensaio com 12 mL da solução hemolizante; Retirou-se 0,4 mL deste hemolisado e transferiu-se para um tubo contendo a diluição com 4,6 mL da solução diluente (25 mg de hipossulfito de sódio em 20 mL de tampão fosfato 0,1 mol/L), preparada antes do uso; Tampou-se o tubo de ensaio e deixou-se por 10 minutos a temperatura ambiente; Realizou-se a leitura em duplicata no Espectrofotômetro nas absorbâncias 420 e 432 nm, usando como branco a solução diluente e em seguida fez-se os cálculos das absorbâncias encontradas para determinar as concentrações no sangue do fumante e do não fumante. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos expressam o valor médio, seguido do desvio padrão. A metodologia foi realizada em duplicata. A concentração de carboxihemoglobina encontrada através dos cálculos no sangue do não fumante foi de 1,98%± 0,026, sendo que o valor de referência para a normalidade é de 1%; a fato de o valor ter sido acima do de referência pode ser devido a fatores exógenos, como por exemplo, a exposição a monóxido de carbono emanado por veículos automotores. A concentração de carboxihemoglobina encontrada através dos cálculos no sangue do fumante foi de 2,48%±0,752, sendo que o valor de referência para o índice biológico máximo é de 3,5%. Embora a concentração encontrada não esteja no limite máximo do índice biológico, o valor merece uma atenção especial. É importante determinar a concentração de carboxihemoglobina para o conhecimento dos riscos que a pessoa pode estar exposta. Quando se tem um alto índice de carboxihemoglobina no sangue, o transporte do oxigênio para os tecidos do corpo fica totalmente comprometido, diminuindo o oxigênio necessário para manter os órgãos vitais do nosso corpo, já que o monóxido de carbono está ligado com a hemoglobina do sangue evitando que o oxigênio que é transportado principalmente ligado com ela consiga se difundir nas células do nosso corpo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto pode-se concluir que o monóxido de carbono no ar inspirado, ou pelo uso do tabaco, provocará no sangue uma “competição” entre CO e O2 pelas moléculas de hemoglobina. O problema causado por essa competição é o fato dos íons Fe2+ ligarem-se mais fortemente ao CO do que ao O2. Com isso, as moléculas de hemoglobina que reagem com CO, dificilmente tornam-se livres, perdendo assim sua função transportadora de oxigênio – costuma-se dizer que a hemoglobina fica desativada. A absorção do monóxido de carbono e os sintomas resultantes dependem da concentração do mesmo no ar expirado, do tempo de exposição no ambiente contaminado e da atividade do indivíduo exposto, ou melhor, do ritmo respiratório. Quando maior a concentração de CO no ar inspirado, maior a quantidade de hemoglobina desativada e, como consequência, mais grave os danos causados à saúde. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - 393 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq LEOPÉRCIO, W.; GIGLIOTTI, A. Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestação: uma revisão crítica. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.30, n.2, p. 176185, mar/abr, 2004. MELLO, P.R.B. et al. Avaliação de um sistema de exposição tabágica passiva em modelo experimental utilizando cotinina e carboxihemoglobina como marcadores de exposição. Rio de Janeiro, v.14, n.3, p. 228-236, jul/ago/set, 2005. SILVA, V. B. M. Parâmetros Hematológicos e Toxicológicos em amostras de sangue de doadores fumantes e efeito da nicotina in vitro. Dissertação (Mestrado em Bioquímica Toxicológica) Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2006. ÓRGÃO FINANCIADOR: Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas PALAVRAS-CHAVES: Carboxihemoglobina, fumante, sangue. - 394 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq ANATOMIA RADICIAL DE Miltonia spectabilis LINDL. (ONCIDIINAE, CYMBIDEAE: ORCHIDACEAE) ALMEIDA, H.S. 1,2; ROSSETTO. L. 1,2; SILVEIRA-CINTRA, G.G. 1,2; CURIEL, A.C.1,2; LAGAZZI, G.3,4; PEDROSO-DE-MORAES, C 3,5 1 Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; 5 orientador; Orientador. 2 Discente; 3 Docente; 4 Co- [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009), apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies (PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América, principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009) apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Entre as espécies de Oncidiinae encontra-se a Miltonia spectabilis, espécie de porte médio, encontrada de São Paulo ao Rio Grande do Sul (PABST; DUNGS, 1977). A espécie apresenta folhas estreitas, delgadas, alongadas, com ápice assimétrico, agudo-oblíquo, inseridas aos pares no ápice de pseudobulbos. Na base de cada pseudobulbo, ocorrem dois pares de folhas com bainhas equitantes, porém com limbos mais curtos que nas folhas dos pseudobulbos (WATSON; DALLWITZ, 1992). OBJETIVO A morfologia dos órgãos vegetativos de muitas Oncidiinae foram estudadas por Chase e Palmer (1988) e a filogenia descrita por Pridgeon et al. (2009). Para o Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de Baptistonia, Gomesa, Ornitophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium (por parte) foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico, determinados táxons brasileiros dessa subtribo ainda necessitam de análise minuciosa, principalmente, devido às suas características adaptativas e - 395 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq taxonômicas. Assim, o presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as raízes de Miltonia spectabilis. MATERIAL E MÉTODOS O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Miltonia spectabilis Lindl. (CV: 263, 264, 265, 266). A exsicata foi depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco exemplares de cada raiz por espécime foram seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com SafraBlau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51). RESULTADOS E DISCUSSÃO As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes de Miltonia spectabilis. As quais são cilíndricas e apresentam três regiões distintas: velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de epiderme, presentes nas raízes, na espécie apresenta elípticas e/ou retangulares, em secção transversal. As paredes celulares do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário. A camada mais externa do velame denominada epivelame, é formada por células periclinalmente achatadas, sendo tais células ligeiramente menores que as das camadas internas. O endovelame é formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e distância variadas. O córtex, na espécie estudada, apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao velame), o córtex central e a endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. Em todas as raízes, nota-se que as células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que as da região central. A endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. Foram encontrados onze pólos de protoxilema em Miltonia spectabilis, o que a caracteriza como poliarca. A medula é formada por células parenquimáticas esclerificadas. O teste com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina, nos espessamentos parietais das células do velame. O velame constitui uma epiderme especializada composta por várias camadas de células com paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). Na espécie estudada é - 396 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das camadas internas, como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas Orchidaceae, como descritos para Catasetinae. O conjunto velameexoderme funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes diferenças entre o diâmetro das células, o que influênciou sobremaneira as médias obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espassamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. As raízes da Miltonia spctabilis correspondem ao tipo Cymbidium por possuírem epivelame e até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento - 397 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Miltonia spctabilis apresentara o maior número de pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie apresentando maior quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular. CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO As raízes analisadas possuem velame, córtex central e endoderme definidos, sendo que a presença dos mesmos pode ser considerada adaptações ao epifitismo. A uniformidade das características anatômicas encontradas nas raízes estudadas corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DETTKE, G.A.; SANCHES-MARQUES, A.M.M.; FERNANDES, M.; MILANEZEGUITIERRE, M.A. Morfoanatomia dos órgãos vegetativos de Miltonia regnellii (Lindl.) Rchb. f. (Oncidiinae, Orchidaceae). DRESSLER, R.L. The Orchids: natural history and classification. Cambridge: Harvard University Press, 1981. 298p. 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PALAVRAS-CHAVES: Orquídeas, raízes, Miltonia - 399 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq VARIÁVEIS DE PROCESSOS DE PSICOTERAPIAS EM CLÍNICA-ESCOLA HONDA, G.C.1,2; YOSHIDA, E.M.P.1,3 1 Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP, Campinas, SP.; Orientadora. 3 2 Doutoranda; [email protected], [email protected] INTRODUÇÃO A evolução científica no campo das psicoterapias provém, em grande parte, da investigação desses fenômenos por meio de pesquisas de resultados e de processos psicoterápicos. Os estudos de processos visam compreender como diferentes variáveis podem estar relacionadas com a melhora do paciente. Pesquisas recentes na área têm demonstrado a existência de fatores comuns às abordagens psicoterápicas, como motivação e expectativa do paciente sobre o atendimento que receberá, severidade de sintomas psicopatológicos e aliança de trabalho positiva. Outras variáveis, como estágio de mudança e qualidade da eficácia adaptativa, têm sido objetos de estudos realizados pelos membros do grupo de pesquisa em que as pesquisadoras estão inseridas (YOSHIDA, 1998; HONDA, 2010; GUZZON, 2011). Além disso, deve-se considerar a experiência do psicoterapeuta e o contexto em que as pesquisas são realizadas. Em nosso meio, as clínicas-escola oferecem atendimento gratuito ou a semigratuito para a comunidade e, por isso, desempenham importante papel social, uma vez que, para muitos pacientes, constitui a única oportunidade de receber atendimento psicológico (SANTEIRO, 2008). No entanto, estudos científicos que focalizam a eficiência das intervenções psicoterapêuticas, neste contexto, são ainda incipientes. Alguns trabalhos abordam o tema e ilustram casos para melhor compreensão das variáveis envolvidas durante o processo. Entretanto, salienta-se que o conceito de mudança varia de acordo com referencial teórico. A falta de consenso e de definição clara e operacionalizada deste conceito torna difícil a sistematização e comparação de resultados de pesquisas. Por isso, são necessários estudos que abordem o estabelecimento de critérios mínimos que possam ser utilizados por diferentes pesquisadores na área. Como alternativa, sugere-se o uso de medidas objetivas (escalas de auto-relato e avaliação de juízes independentes, a partir de transcrições de sessões), com intuito de se obter maior probabilidade de comparação dos resultados de psicoterapias prestadas por estudantes, em clínicas-escola, propiciando, assim, acúmulo de conhecimentos. OBJETIVO Este projeto buscará avaliar aspectos do processo de mudança de pacientes adultos, submetidos a atendimentos psicoterápicos realizados por estagiários de Psicologia em clínica-escola. Pretende-se também relacionar e comparar estágio de mudança, qualidade da eficácia adaptativa e sintomas psicopatológicos, no início e término do tratamento. MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA - 400 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq Esta pesquisa empregará delineamento de Estudo de Caso Intensivo, cujo objetivo é “garantir a possibilidade de formulação de um modelo explanatório mínimo que informe sobre a ocorrência de padrões recorrentes no processo terapêutico e que levem à compreensão dos fatores subjacentes à mudança” (YOSHIDA, 2004, p.4). Participantes – Comporão a amostra pacientes com mais de 18 anos, de ambos os sexos, que fazem tratamento psicoterápico na Clínica Psicológica da Puc-Campinas, independente no nível de escolaridade e que aceitem participar da pesquisa, fornecendo seu Consentimento Livre e Esclarecido. Material – Escala de Estágios de Mudança (EEM) – Escala de auto-relato, composta por 32 itens, subdivididos em quatro grupos que correspondem aos estágios Précontemplação, Contemplação, Ação e Manutenção. Respostas em escala Likert de cinco pontos, em que 1 corresponde a discordo totalmente e 5 a concordo totalmente. A definição do estágio de mudança é dada pela maior pontuação nos itens de um determinado estágio. Apresenta-se como uma medida interessante para uso de pesquisa envolvendo psicoterapias, pois resultados preliminares apontam para a validade do instrumento (MCCONNAUGHY, PROCHASKA & VELICER, 1983). No Brasil, há estudos de precisão e validade da Escala em português, cujos resultados apontam estrutura fatorial compatível com a versão original (PACE, 1999; YOSHIDA, PRIMI & PACE, 2003). Escala de Avaliação de Sintomas – EAS-40 – Medida de auto-relato, adaptada e validada por Laloni (2001). Avalia a severidade dos sintomas psicopatológicos segundo quatro dimensões: Psicoticismo (F1), Obsessividade-Compulsividade (F2), Somatização (F3) e Ansiedade (F4). Respostas em escala Likert de três pontos, que representam a intensidade do sintoma: 0 (nenhum sintoma), 1 (pouco sintoma) e 2 (muito sintoma). Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada Redefinida (EDAO-R) – A avaliação da escala baseia-se em dados obtidos em entrevista clínica, em que se classifica a qualidade das respostas adaptativas como: adequadas, pouco adequadas ou pouquíssimo adequadas, em função do grau em que resolvam o problema, tragam satisfação e evitam conflito interno ou externo. Para tanto, as respostas são apreciadas segundo quatro setores do funcionamento da personalidade: AfetivoRelacional (AR), Produtividade (Pr), Sociocultural (SC) e Orgânico (Or). A avaliação é feita apenas de forma qualitativa, sem atribuição de escores nos setores SC e Or, enquanto que os setores AR e Pr são realizadas avaliações quantitativa e qualitativa. Há cinco grupos de diagnóstico adaptativo possíveis: Adaptação Eficaz (Grupo 1), Adaptação Ineficaz Leve (Grupo 2), Adaptação Ineficaz Moderada (Grupo 3), Adaptação Ineficaz Severa (Grupo 4) e Adaptação Ineficaz Grave (Grupo 5) (SIMON, 1989; SIMON, 1997). RESULTADOS ESPERADOS De acordo com os objetivos propostos, espera-se, com este trabalho, verificar em que medida mudanças foram ou não alcançadas por pacientes atendidos em clínicaescola, no que concerne ao estágio de mudança, qualidade da eficácia adaptativa e severidade dos sintomas psicopatológicos. Pretende-se também observar os - 401 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq fenômenos envolvidos nas psicoterapias, neste contexto, fazendo-se uma descrição dos casos e de variáveis que podem ensejar a mudança nos pacientes, com intuito de se ter uma avaliação clínica da evolução de cada participante. Com base em estudos anteriores, é possível que as melhoras respeitem às mudanças em padrões de comportamento e relacionamento, à maior autonomia, à possibilidade de conhecer-se melhor, à percepção sobre novos modos de lidar com a problemática e melhora de sintomas (MONTARDO; PIOVESAN; MONTOVANI, 2009; CHAMMAS, 2010; HONDA, 2010). Espera-se, ainda, que esta pesquisa possa ensejar reflexões acerca dos atendimentos prestados nas clínicas-escola de Psicologia, possibilitando uma visão mais abrangente e integrada dos inúmeros fatores aí envolvidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHAMMAS, D. Triagem Estendida: Um Modo de Recepção de Clientes em uma Clínica-escola de Psicologia. 2010. (Mestrado em Psicologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. GUZZON, J. T. Avaliação de Mudança em Mulheres Vítimas de Violência. 2011. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas 2011. HONDA, G. C. 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Eventualmente, pode haver acometimento de outros sistemas (LEE; WEINBLATT; 2001). Para o estudo da AR, são empregados vários modelos animais que fornecem informações úteis para a elucidação da fisiopatologia de doenças inflamatórias articulares e da artrite reumatóide, em particular. Apesar de não se dispor de uma forma de AR em animais, a maioria dos modelos de artrite empregados atualmente apresentam similaridades com a doença humana, incluindo hiperplasia da sinóvia e lesão da cartilagem articular (OLIVER; BRAHN, 1996). Um dos modelos experimentais utilizado para indução da artrite, é o Zymosan (Zy), este está associado ao desenvolvimento de uma sinovite crônica onde é possível coletar amostras da cartilagem articular, permitindo avaliar no tecido lesado, o conteúdo de glicosaminoglicanos (GAG) (KONNO; TSURUFUJI, 1985). Com exceção do ácido hialurônico, os GAG encontram-se covalentemente ligados a proteínas formando os proteoglicanos. O sulfato de condroitina 6 é o principal GAG sulfatado encontrado na cartilagem articular adulta, havendo correlação entre sua variação estrutural e diversas patologias articulares (MICHELACCI;1981). Muitos estudos mostram que a depleção de glicosaminoglicanos dos fragmentos de agrecam na cartilagem articular é o evento inicial para a destruição da cartilagem, em condições inflamatórias crônicas com artrite reu
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