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ANAIS
VI Congresso Científico Uniararas
III Congresso Internacional
V Congresso de Iniciação Científica PIBIC – CNPq
De 08 a 10 de Junho de 2011
Araras/SP 2011
Fundação Hermínio Ometto
-1VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca “Duse Rüegger Ometto”
- UNIARARAS ISBN: 978-85-60433-15-5
C749a
Congresso Científico UNIARARAS (6.: 2011 : Araras, SP)
Anais do VI Congresso Científico Uniararas, III Congresso
Internacional, V Congresso de Iniciação Científica PIBIC - CNPq:
desafios de viver bem no século XXI, de 08 a 10 de junho de 2011. /
Centro Universitário Hermínio Ometto -- Araras, SP : Fundação
Hermínio Ometto, 2011.
534p. ; 30cm.
1.Saúde-Congressos. 2. Educação-Congressos. 3. Meio ambienteCongressos. 4. Pesquisa-Congressos. 5.Ciência-Congressos. I. Centro
Universitário Hermíno Ometto. II. Título.
CDD: 001.42
-2VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Anais do VI Congresso Científico, III Congresso Internacional e
V Congresso de Iniciação Científica PIBIC – CNPq
Centro Universitário Hermínio Ometto UNIARARAS
Coordenadoria de Comunidade e Extensão
Av. Dr. Maximiliano Baruto, 500. Jd. Universitário. Araras-SP 13607-339.
Telefone (19) 3543-1435
-3VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Centro universitário Hermínio Ometto UNIARARAS
Prof. Dr. José Antonio Mendes
Reitor
Prof. Dr. Olavo Raymundo Junior
Pró-Reitor de Graduação
Prof. Dr. Marcelo Agusto Marretto Esquisatto
Pró-Reitor de Pós Graduação e Pesquisa
Profa. Ms. Cristina da Cruz Franchini
Coordenadora de Comunidade e Extensão
Francisco Elíseo Fernandes Sanches
Diretor Administrativo Financeiro
Profa. Dra. Ana Laura Remédio Zeni Beretta
Coordenadora do Comitê Institucional
Convênio PIBIC-CNPq/UNIARARAS
-4VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
COMISSÃO ORGANIZADORA
Cristina da Cruz Franchini
Cristina Capucho
Érika Camila Buzo Martins
Karin Luciana Migliato
Maria Esméria Corezola do Amaral
Paula Cressoni Martini
Renata Bottigelli
Rosana Catisti
-5VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Apresentação
O século XXI vem se constituindo como um tempo de mudanças e rupturas. Tornase, então, necessário repensar a intervenção educativa que incide sobre o homem
deste começo de século, a fim de inscrevê-lo como sujeito crítico, capaz de
ressignificar o contexto no qual está inserido.
Dentro dessa realidade, nossa responsabilidade no processo de construção de um
projeto mais ético e racional para a sociedade, voltado para os seus interesses e
necessidades mais relevantes, é de suma importância.
Com essas prerrogativas, o Centro Universitário Hermínio Ometto- UNIARARAS, por
meio da Coordenadoria de Comunidade e Extensão, Pró-Reitoria de Graduação e
Pró-Reitoria de Pós-Graduação, sentir-se-á honrado em contar com a sua ilustre
presença no 6º Congresso Científico "Desafios de Viver no Século XXI".
Este evento Institucional contará com encontros multidisciplinares, com a
apresentação de Workshops, palestras e mesas-redondas.
Pesquisadores, professores, especialistas e profissionais das áreas de Saúde,
Educação, Meio ambiente e Tecnologia discutirão alguns dos temas mais instigantes
da atualidade, permitindo aos participantes a reflexão sobre as formas de contribuir
para o desenvolvimento da ciência e a difusão da cultura. Haverá também a
apresentação de trabalhos científicos previamente selecionados pela Comissão
Científica do evento.
O 6º Congresso "Desafios de Viver no Século XXI" se propõe a buscar caminhos
para essas novas demandas, saudando, com júbilo e entusiasmo, todos aqueles que
responderam ao seu convite.
Sejam bem vindos!
-6VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Normas para apresentação de trabalhos científicos
1. Os trabalhos inscritos devem ser inéditos e classificados nas seguintes categorias:
a) Trabalhos experimentais e pesquisas inéditas
quantitativas);
b) Relato de experiência (inclusive Projetos de Extensão);
c) Projetos em desenvolvimento nas diversas áreas;
d) Revisão de literatura
(qualitativas
e/ou
Devem seguir as normas do 6º Congresso Científico da Uniararas.
2. Após a apreciação do trabalho pela comissão científica, receberá apenas um
parecer APROVADO ou REPROVADO. O resultado do parecer e a forma de
apresentação ORAL ou PAINEL (A SER INDICADA PELA COMISSÃO CIENTÍFICA)
será enviado no e-mail do autor no prazo máximo de 10 dias após o envio do
mesmo.
Será permitida apenas uma forma de apresentação do trabalho.
3. Após efetuar a inscrição e pagamento da taxa, o inscrito (como autor principal)
poderá enviar até dois resumos expandidos, porém o envio de mais de dois
trabalhos como autor principal ou duplicidade de resumo implicará em recusa dos
mesmos.
4. O envio do resumo poderá ser efetuado até dia 25/05/11 (consultar instruções
gerais para resumo expandido), pelo e-mail (checar endereço de envio na opção
Meu Congresso).
5. Será permitida apenas uma forma de apresentação do trabalho.
6. O aceite do trabalho estará vinculado à inscrição no 6º Congresso Científico da
Uniararas e será publicado em anais do evento de acordo com a categoria do
trabalho.
7. O certificado só será entregue ao integrante que apresente seu painel ou faça a
apresentação oral no período estipulado pela comissão organizadora (vide
orientações gerais para apresentação).
8. Os autores terão direito a um certificado por trabalho apresentado. Caso haja
interesse dos outros autores inscritos no 6º Congresso Científico da Uniararas, em
receber o certificado de apresentação do trabalho, deverá solicitar via secretaria do
congresso, que poderá ser retirado 10 dias após o evento, mediante o pagamento
de R$ 10,00 (dez reais).
9. Os trabalhos que não estiverem dentro das normas ou que não foram aprovados
pela comissão julgadora do 6º Congresso Científico da Uniararas não serão
devolvidos.
-7VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
10. O trabalho será publicado na forma que foi enviado para a comissão do 6º
Congresso Científico da Uniararas, portanto, sendo de inteira responsabilidade do(s)
autor(es) o formato e o conteúdo apresentados.
11. INSTRUÇÕES GERAIS PARA O RESUMO EXPANDIDO:
Margens
Configurar a página para A4, margens superior e esquerda com 3 cm, inferior e
direita com 2 cm.
Título
No máximo 20 palavras
Estar na 1ª linha
Deverão ser digitados em: Fonte Arial, tamanho 12, em negrito e centralizado.
Não será computado na contagem geral das palavras.
Nome(s) do(s) autor(es)
Dar um espaço (Enter) logo após o Título.
Até 6 autores (incluindo orientador)
Deverão ser digitados em fonte Arial, tamanho 11, centralizado.
Deverão seguir a seguinte ordem: Autor/Relator (sublinhado); Co-autores; Coorientador; Orientador.
Obs.: Autor/Relator é quem está inscrevendo o trabalho.
Deverão obedecer as normas da ABNT: SOBRENOME (maiúsculo), separado por
vírgula, e em seguida as iniciais dos nomes, acompanhados por ponto. Entre autores
separar com ponto e vírgula.
Deverão possuir uma numeração correspondente (1, 2, 3 ...) sobrescrito que
representará a origem dos mesmos.
Não serão computados na contagem geral das palavras.
Origem da Instituição dos autores
Dar um espaço (Enter) logo após os Autores.
Utilizar fonte Arial, tamanho 10, justificado, com a primeira letra maiúscula. Iniciar
pela numeração correspondente (1, 2, 3 ...) sobrescrito e deixar espaço para a
instituição de origem, colocar uma vírgula seguida da opção discente, profissional,
docente, co-orientador e orientador, separados por ponto e vírgula.
Não serão computadas na contagem geral das palavras.
Endereço eletrônico do Autor principal e do orientador
Dar um espaço (Enter) logo após a Origem da Instituição dos autores.
Indicar o endereço do e-mail do Autor principal seguido do Orientador separados por
vírgula.
Utilizar fonte Arial, tamanho 11, alinhado à esquerda.
Não serão computados na contagem geral das palavras.
CATEGORIA: DE ACORDO COM A CATEGORIA DO TRABALHO, OBSERVAR
AS ORIENTAÇÕES ABAIXO:
-8VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
1. TRABALHOS EXPERIMENTAIS E PESQUISAS INÉDITAS (QUALITATIVAS
E/OU QUANTITATIVAS)
INTRODUÇÃO
Até 300 palavras.
OBJETIVOS
Até 200 palavras.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
Até 550 palavras
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até 1.750 palavras (não será permitido o uso de gráficos, tabelas, fotos, imagens,
etc. Apenas texto)
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Até 200 palavras
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (normas ABNT) no máximo 14, em ordem
alfabética, alinhado à esquerda
Não serão computadas na contagem geral das palavras.
ÓRGÃO FINANCIADOR (instituição de fomento e apoio) quando houver.
Destacar na apresentação o nome da instituição.
TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA devem ser destacados no final do texto
PALAVRAS-CHAVE
Máximo 3 palavras.
2. RELATOS DE EXPERIÊNCIA (INCLUSIVE PROJETOS DE EXTENSÃO)
INTRODUÇÃO
Até 300 palavras.
OBJETIVOS
Até 200 palavras.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
Até 550 palavras
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até 1.750 palavras (não será permitido o uso de gráficos, tabelas, fotos, imagens,
etc. Apenas texto)
-9VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Até 200 palavras
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (normas ABNT) no máximo 14, em ordem
alfabética, alinhado à esquerda
Não serão computadas na contagem geral das palavras.
PALAVRAS-CHAVE
Máximo 3 palavras.
3. PROJETOS EM DESENVOLVIMENTO
INTRODUÇÃO
Até 300 palavras.
OBJETIVOS
Até 200 palavras.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
Até 550 palavras.
RESULTADOS ESPERADOS (baseado em literatura)
Até 1.750 palavras (não será permitido o uso de fráficos, tabelas, fotos, imagens,
etc. Apenas texto)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (normas ABNT) no máximo 14, em ordem
alfabética, alinhado à esquerda
Não serão computadas na contagem geral das palavras.
PALAVRAS-CHAVE
Máximo 3 palavras.
4. REVISÃO DE LITERATURA
INTRODUÇÃO
Até 300 palavras.
OBJETIVOS
Até 200 palavras.
REVISÃO DE LITERATURA
Até 2.300 palavras
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Até 200 palavras
- 10 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (normas ABNT) no máximo 14, em ordem
alfabética, alinhado à esquerda
Não serão computadas na contagem geral das palavras.
PALAVRAS-CHAVE
Máximo 3 palavras.
OBSERVAÇÃO: NÃO É PERMITIDO EM NENHUMA DAS CATEGORIAS,
TABELAS, FÓRMULAS E FIGURAS.
ORIENTAÇÕES GERAIS PARA APRESENTAÇÃO EM FORMA:
OPÇÃO PERÍODO DE APRESENTAÇÃO: TARDE OU NOITE
De Painel/Pôster:
O painel será apresentado dia 10/06/2011 no período escolhido pelo autor, mas com
o horário pré-determinado pela Comissão Científica (informação via e-mail),
conforme programação pré-definida no site da UNIARARAS. Os trabalhos
apresentados na forma de painel/banner deverão ser afixados no mesmo dia, no
período da tarde, às 12h30 e no período da noite, às 18h30, pelo próprio autor em
local designado pela comissão organizadora. O apresentador deverá permanecer
junto dele no momento da apresentação, 10 minutos antes do prazo divulgado.
Tamanho padronizado 0,90 x 1,10 cm com suporte para exposição.
Todos os painéis terão um gancho para pendurar os mesmos com cordão.
Oral:
A apresentação será no dia 10/06/2011 no período escolhido pelo autor, mas com o
horário pré-determinado pela Comissão Científica (informação via e-mail), conforme
programação pré-definida no site da UNIARARAS.
Estar presente 10 minutos antes da apresentação.
Tempo estimado de apresentação 10 minutos, 5 minutos para discussão e 5 minutos
para argüição.
Utilizar mídia compatível com Windows 2003.
- 11 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
- 12 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ÍNDICE
RESUMO PALESTRAS ............................................................................................ Pág. 14
APRESENTAÇÃO ORAL .......................................................................................... Pág. 71
PAINEL ..................................................................................................................... Pág. 262
- 13 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
RESUMO PALESTRAS
DO PROJETO SONHADO ATÉ A REALIDADE POSSÍVEL:
A TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA LDB – ANÁLISES DAS
DIFERENTES DISPUTAS ENTRE OS DIVERSOS
ATORES ENVOLVIDOS NESTE PROCESSO ......................................................... Pág. 16
GESTÃO DO CONHECIMENTO .............................................................................. Pág. 28
CENTRO INTERDISCIPLINAR DE EDUCAÇÃO EM DIABETES:
UMA ATUAÇÃO EDUCATIVA INTERDISCIPLINAR................................................. Pág. 31
ANTROPOLOGIA: UM OLHAR SOBRE A DIVERSIDADE ....................................... Pág. 32
CONVERSANDO SOBRE A DIVERSIDADE SEXUAL NA
UNIARARAS ............................................................................................................. Pág. 34
CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA: UM OLHAR ANTROPOLÓGICO ............................ Pág. 35
PSICOLOGIA, EDUCAÇÃO E DIFERENÇA ............................................................. Pág. 37
IMAGEM CORPORAL – UM ENFOQUE PSICOLÓGICO SOBRE
A SUA CONSTITUIÇÃO E DISTORÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE .................. Pág. 43
CARCINOGÊNESE: O IMPACTO DO SÉCULO XXI E SUAS
PERSPECTIVAS TERAPÊUTICAS .......................................................................... Pág. 45
A SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO NO ENSINO
FUNDAMENTAL: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA ............................................... Pág. 47
STRESS: CONCEITOS E CONSIDERAÇÕES ......................................................... Pág. 56
STRESS DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO: CONSEQUÊNCIAS
E PREVENÇÃO ........................................................................................................ Pág. 57
STRESS OCUPACIONAL DO PROFESSOR ........................................................... Pág. 58
MICROCIRURGIA PARENDODÔNTICA EM DENTES COM
LESÃO REFRATÁRIA ............................................................................................. Pág. 59
CONCEITOS SOBRE CÉLULAS-TRONCO CANCEROSAS E
SUAS APLICAÇÕES NA TERAPIA DO CÂNCER .................................................... Pág. 60
DIVERSIFICAÇÃO PELA PRODUÇÃO DE NOVOS
SUCRODERIVADOS ................................................................................................ Pág. 61
LINGUAGEM E EDUCAÇÃO .................................................................................... Pág. 62
COMO FALAR EM PÚBLICO TÉCNICAS E ESTRETÉGIAS
PARA O PROFISSIONAL DA COMUNIDAÇÃO ....................................................... Pág. 63
- 14 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
AS MÍDIAS SOCIAIS E SUA IMPORTÂNCIA COMO FERRAMENTA
DE MARKETING ...................................................................................................... Pág. 64
A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA JUNTO AO IDOSO
USUÁRIO DE PRÓTESES DENTÁRIAS .................................................................. Pág. 66
- 15 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
DO PROJETO SONHADO ATÉ A REALIDADE POSSÍVEL: A TRAJETÓRIA
HISTÓRICA DA LDB – ANÁLISE DAS DIFERENTES DISPUTAS ENTRE OS
DIVERSOS ATORES ENVOLVIDOS NESTE PROCESSO
Fábio Eduardo Cressoni
Doutorando em História e Cultura Social UNESP campus Franca
Mestre em Educação UNIMEP
Docente do curso de Licenciatura Plena Pedagogia UNIARARAS
RESUMO
O objetivo de nosso texto é indicar o processo histórico de elaboração da Lei Federal 9.394,
sancionada em dezembro do ano de 1996. Apresentada pelo então senador Darcy Ribeiro
(PDT-RJ), a legislação mencionada refere-se à Lei de Diretrizes e Bases para a Educação
Nacional. Ao longo desse trabalho, iremos discorrer sobre o procedimento inicial de
discussão para a elaboração de uma nova LBD. Observaremos como a construção desse
dispositivo legal ocorreu por intermédio da participação extra-parlamentar, considerando o
envolvimento de educadores e entidades representativas de classe nesse processo. Iremos
expor também os desdobramentos em torno de uma nova LBD junto às esferas do poder
federal. Assim, enfatizaremos os debates ocorridos na Câmara dos Deputados e no
Senado.
INTRODUÇÃO:
A primeira proposta em torno da LBD nasceu no ano de 1988, junto à
elaboração de uma nova Constituição. Entre o período que vai de 1988 a 1996, isto
é, oito anos, debateu-se a formulação dessa legislação. Foi através de uma longa
disputa, envolvendo quatro diferentes presidentes frente ao Executivo Nacional –
José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique
Cardoso – que teríamos uma nova LDB, resultante do Projeto de Lei do Senado
9394/96, de autoria do já mencionado senador Darcy Ribeiro.
Em um segundo momento, iremos observar as principais características do
projeto vitorioso. Destacaremos suas perspectivas para a educação básica e
superior, entre outros aspectos. Para tanto, adotaremos como referência básica o
livro “A nova lei da educação: trajetória, limites e perspectivas”, do professor
Dermeval Saviani. Nossa opção por essa bibliografia justifica-se pela importância
desse trabalho enquanto instrumento de análise histórico-crítica desse documento.
Consideramos, ainda, a relevância da obra do professor Saviani por ocasião de sua
participação em parte dos debates acerca da configuração da nova LBD.
A LONGA CAMINHADA EM TORNO DA NOVA LDB. O PROJETO
INICIAL: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA DOS EDUCADORES.
Após o processo de redemocratização do Brasil, levado a cabo através das
eleições indiretas, em que o candidato oposicionista Tancredo Neves venceria o
preterido dos militares, Paulo Maluf, uma das primeiras ações a serem implantadas
pelo novo governo, chefiado por José Sarney, tendo em vista o falecimento de
Tancredo, foi prever a instauração de uma Assembléia Constituinte. Os vinte e um
anos de regime militar (1964-85) haviam, demasiadamente, enfraquecido as
instituições democráticas brasileiras. Logo, fazia-se mister a adoção de uma nova
Constituição.
- 16 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A nova Carta Magna brasileira, outorgada em 1988, começaria a ser
elaborada em fevereiro de 1987. Preocupados com o tratamento que o tema
educação receberia na elaboração da Constituição, parte dos educadores
realizaram, em agosto de 1986, na cidade de Goiânia (GO), a IV Conferência
Brasileira de Educação. O encontro teve como finalidade principal debater o
seguinte tema: “A educação e a Constituinte”, tendo dele resultado a “Carta de
Goiânia”.
O documento elaborado pelos educadores presentes nesta Conferência
buscou estabelecer propostas para o capítulo da Constituição que versasse sobre o
tema educação. Mantida a mobilização em torno do documento proposto, sendo que
grande parte de seu conteúdo acabou por ser aproveitado na redação do referido
capítulo, iniciar-se-ia, ainda em 1987, um novo movimento. Mais do que somente
uma Constituição avançada no que diz respeito às questões educacionais, esse
mesmo grupo entendia ser necessária à formulação de novas diretrizes e bases para
a educação brasileira.
Iniciava-se uma nova luta em torno dos anseios pela melhoria da educação
através do estabelecimento desse parâmetro. Novamente organizada, parte da
comunidade educacional voltava-se para essa temática por meio da X Reunião
Anual da ANPed, realizada em Salvador (BA), no ano corrente de 1987. Além do
encontro da ANPed, em que se avaliou a necessidade de uma nova LBD, a Revista
ANDE, importante publicação na área educacional optou por trazer em seu número
13 somente artigos que se dispusessem a tratar desse tema.
Dermeval Saviani nos informa que o plano inicial da revista não previa a
formulação de um anteprojeto, mas, sim, a publicação de uma série de artigos,
conforme mencionamos. Entretanto, os editores da ANDE passaram a considerar
essa hipótese na medida em que se temia que todas as reflexões lançadas não
atingissem seu propósito maior. Ainda de acordo com SAVIANI (2004, p. 36):
O plano inicial do artigo a ser publicado no número 13 da Revista ANDE não
previa a formulação de um anteprojeto. Pensava-se em explicitar o sentido
da expressão “diretrizes e bases”, reconstituir o seu histórico e destacar sua
importância para a educação, concluindo com a apresentação das
exigências que se deveria levar em conta na elaboração da nova LBD. No
entanto, à medida que o texto foi tomando forma, concluiu-se que era
importante pensar a própria estrutura da lei (...) Sem isso, correríamos o
risco de discutir grandes e relevantes questões que, no entanto, não seriam
matéria de uma lei geral de educação, ou, mesmo que o fossem, não
teríamos clareza sobre a forma em que elas integrariam o texto legal.
Com a opção definida em torno da proposta de um anteprojeto, a revista
apresentou, em 1988, o texto “Contribuição à Elaboração da Nova LBD: um Início de
Conversa”. Contendo 68 artigos, divididos em 10 títulos, o anteprojeto realizado por
estes educadores voltava-se para a educação infantil, ensino de 1º., 2º. e 3º. graus,
cabendo, ainda, temas como desenvolvimento cultural dos trabalhadores e recursos
financeiros.
O conteúdo desse texto, que circulou pela XI Reunião Anual da ANPed,
ocorrida em Porto Alegre (RS), em 1988, foi objeto de discussão na V Conferência
Brasileira de Educação, evento realizado no mesmo ano, na capital federal. Os
efeitos de toda a mobilização gerada entre 1986, com o encontro de Goiânia, e
1988, após essa última Conferência, surtiriam resultados.
- 17 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Após a aprovação da Constituição, em outubro de 1988, o deputado federal
Octávio Elísio (PSDB-MG) proporia a Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1.258A/88. SAVIANI (Ibid, p. 42) destaca a importância da apresentação desse projeto no
legislativo federal, uma vez que “em pauta estava constituído pelo texto integral da
proposta acima referida, ampliando no Título IX – Dos Recursos para a educação,
que passou de 7 para 19 artigos”.
DA BATALHA EM TORNO DO PROJETO ORIGINAL ATÉ O
SURGIMENTO DO SUBSTITUTIVO JORGE HAGE (DEZ. 1988 – JUN. 1990).
O projeto original de uma nova LBD, fruto de uma discussão coletiva como
enfatizamos anteriormente, obteve parecer favorável junto a Comissão de
Constituição, Justiça e Redação em junho de 1989. Em março do mesmo ano,
constituíra-se um Grupo de Trabalho da LBD, liderado pelo deputado Florestan
Fernandes (PT-SP), tendo como relator o deputado Jorge Hage (PSDB-BA).
Rapidamente outros deputados passaram a acrescentar novas idéias ao
projeto inicial. Disposto a ouvir especialistas, o relator do GT da LBD afirmaria que
iniciava-se “o que talvez tenha sido o mais democrático e aberto método de
elaboração de uma lei que se tem notícia no Congresso Nacional” (HAGE apud
SAVIANI, 2004, p. 57).
Considerando que o parlamento é um espaço marcado pela disposição de
uma democracia representativa, expressa pela presença parlamentar, a qual se
destina a representatividade dos demais cidadãos, o processo inicial de discussão
da nova LBD ocorreu de maneira singular. Desta forma, a participação de diferentes
setores da sociedade se fez presente, contribuindo, então, para o aperfeiçoamento
desse dispositivo legal.1
Em junho de 1990, o texto fora aprovado na Comissão de Educação, Cultura
e Desporto. Aprovado de forma unânime, após cerca de 45 dias de análise, sua
redação final apresentou 20 capítulos, compreendendo 172 artigos. Faz-se
necessário observarmos, mesmo que de forma resumida, os aspectos positivos e
negativos do Substitutivo Jorge Hage, considerando as indicações de Saviani.2
ASPECTOS POSITIVOS:
Saviani destaca sete fatores favoráveis mediante o conteúdo da nova
legislação. O primeiro deles refere-se à própria abrangência contida na proposta
dessa lei. Articulada em torno da idéia de um sistema nacional de educação, está à
concepção se incluir nesse projeto outros grupos. Explicita-se a emergência da
escola se voltar para os jovens e adultos trabalhadores, indígenas e pessoas com
necessidades especiais. Para além dessas questões, são contemplados outros
pontos como o ensino a distância e a formação técnico-profissional voltada para a
politecnia.
Outros aspectos vão emergindo dessa proposta. A idéia de unificar o ensino,
não no sentido de uniformizá-lo e enquadrá-lo mediante um só modelo, engessando1
SAVIANI (Ibid, p. 57), indica que, fora a participações de outros parlamentares, cerca de 30
entidades estiveram presentes no momento de se refletir sobre o conteúdo dessa lei. Constituindo um
Fórum em Defesa da Escola Pública na LDB, tivemos o envolvimento de inúmeras entidades, entre
as quais citamos a ANPed, CNTE, CUT, UNE, CNBB, INEP, entre outras.
2
O rápido resumo que iremos apresentar, no que alude ao Substitutivo citado, encontra-se na obra
de SAVIANI (Ibid, p. 59-70).
- 18 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
o, mas de atingir um padrão de qualidade e valorização da escola em todo território
nacional está presente. Em meio ao texto faz-se importante essa concepção de
configuração de um sistema nacional de ensino.
A preocupação com a educação infantil, mediante a regularização da préescola, também se encontra presente em meio ao texto. A proliferação dos
chamados cursos livres, espaços destinados às crianças de zero a seis anos, impôs
a necessidade de regularizar e estabelecer normas tanto para a abertura como para
o funcionamento dessas escolas.
Quanto ao ensino médio, considera-se a dificuldade de se denominar sua
função no sistema escolar. Mesmo com a persistente dualidade entre ensino geral e
profissional, é necessário enfatizar que a educação politécnica ou tecnológica tem
apresentado experiências benéficas aos estudantes do ensino médio.3
Preocupada não apenas com a freqüência do estudante do período noturno,
tratando-se no caso dos trabalhadores, um dos capítulos da LBD fala da
necessidade de adotarmos uma política de redução na jornada de trabalho. Levando
em consideração que a maioria dos estudantes inseridos no mercado de trabalho se
ausentam durante boa parcela do ano letivo, essa medida propõe o inverso. Assim,
busca-se o aumento da freqüência e, sobretudo, um melhor aproveitamento dos
jovens em idade escolar.
Para custear a abertura e manutenção das creches públicas, atendendo a
demanda de zero a seis anos, previu-se a criação de um imposto destinado para
esse fim. O salário-creche evitaria que recursos específicos do ensino fundamental,
por exemplo, fossem remanejados para esta modalidade de ensino.
Finalizando esse rol de medidas positivas, surge a polêmica em torno da
delimitação das despesas com a manutenção e desenvolvimento do ensino.
Claramente indicadas, restringe-se a utilização dos recursos a obras e melhorias
ligadas tão somente a área educacional.4
ASPECTOS NEGATIVOS:
Nem todo conteúdo apresentado na nova LDB trazia contribuições positivos.
Alguns aspectos necessitavam ser revistos. Destacam-se nove pontos diferentes na
avaliação de Saviani. A primeira questão enumerada trata do conceito de sistema
nacional de educação. Questionava-se se a participação de instituições culturais,
experiências populares e cursos livres não viriam a desconfigurar a idéia de sistema.
Particularmente discordo da visão de Saviani. Entendendo a educação como um
amplo processo social, percebo a escola como um dos inúmeros espaços em que
esse fenômeno ocorre. Daí, não considerar outras possibilidades, incluindo-as no
3
No estado de São Paulo, podemos mencionar os Centros de Educação Tecnológica Paula Souza.
Estes se constituem em interessantes espaços de formação de jovens técnicos em consonância com
o ensino médio, habilitando os estudantes para decidirem pelo ingresso no ensino superior ou o
acesso ao mercado de trabalho, conforme sua área de formação.
4
Tal medida, inicialmente, parece soar estranha, levando em conta que todos nós entendemos muito
bem quais os gastos inerentes a área educacional, contemplando ainda suas variantes. No entanto,
SAVIANI (Ibid, p. 61) nos alerta sob os perigos disfarçados como falsas ações na área da educação:
“Com efeito, sem esse dispositivo pode-se até mesmo construir uma estrada vicinal com recursos
educacionais sob o argumento de que a estrada é necessária para acesso (físico) dos alunos à
escola”.
- 19 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
sistema educacional, é, em minha concepção, tratar de excluir os educadores e
educandos que estão envolvidos nesse processo.5
Preocupações com o Conselho Nacional de Educação, órgão representativo
dos educadores junto ao MEC, também surgiram nesse contexto. Duvidava-se da
real participação coletiva dos membros dessa instituição, vez que esses seriam
indicados de acordo com a entidade a qual pertenciam. Temia-se a criação de um
órgão extremamente corporativo, que, preocupado com o interesse específico de
cada setor, fragmenta-se a atuação coletiva enquanto órgão representante de uma
classe heterogênea. A participação de proprietários de redes de escolas particulares,
outra possibilidade prevista, também não era vista com bons olhos pelos
educadores. Estes eram temerosos quanto à influência desses empresários na
tomada de decisões em meio às deliberações do conselho.
Para além do Conselho Nacional de Educação, a LBD previa a instalação do
Fórum Nacional de Educação. As críticas em torno dessa entidade, a qual
concordamos plenamente, surgem pelo simples motivo do Fórum ser uma instância
sem poder para deliberar sobre as questões educacionais. Consultivo, SAVIANI
(Ibid, p. 65) define-o como “inócuo, sendo, portanto, inteiramente dispensável”, já
que praticamente todas as entidades situadas em seu seio se fazem presentes no
Conselho Federal de Educação.
A adoção de um Conselho Nacional de Formação Profissional aumentava o
dualismo educacional presente em nossa sociedade, mesmo com a formulação de
políticas públicas na área de politecnia. Contudo, a existência desse conselho,
ligado ao Ministério do Trabalho, diminuía os avanços nessa área.
Havia no Substitutivo a ausência de uma proposta para a organização da
cultura superior. O governo, considerando a inviabilidade de universalizar o ensino
superior no Brasil, esqueceu-se da disseminação da cultura superior em nossa
sociedade. Privilégio apenas de uma parcela da população, os universitários, a
Universidade se encarregaria de selecionar, via vestibular, os mais aptos a
receberem esse capital cultural.
Saviani nos fala do credenciamento e da avaliação da educação superior,
enxergando ressalvas na proposta de acompanhamento avaliativo desse tipo de
ensino. Justificando sua preocupação pela ausência de uma mentalidade acadêmica
disposta a submeter-se a aferição da qualidade de ensino, o autor desconfia dessa
medida. Cabe salientarmos que discordamos de sua posição em relação a essa
questão. Instrumentalizada, a partir de critérios nítidos, as avaliações se tornam
condição sine quo non para a abertura e permanência de cursos de graduação e
pós-graduação em nosso país.
Ainda tratando dos aspectos tidos como negativos por Saviani encontramos
o autor preocupado com a educação a distancia. Para ele, essa não deveria
constituir-se em uma modalidade de ensino. Defendendo a idéia de a escola adotála como uma ferramenta pedagógica complementar junto à escolarização, Saviani
criticava a proposta da LDB, que previa justamente o contrário. Novamente
entendemos que existe um equívoco em sua interpretação acerca desse ponto. A
EAD vem sendo desenvolvida, com sucesso, tanto na educação de jovens e adultos
5
Há de se considerar ainda a possibilidade da normatização dessas experiências educativas, via
Estado, gerando, portanto, um empobrecimento das mesmas. No entanto, essa seria outra discussão,
a qual não pretendemos abordar neste texto.
- 20 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
como no ensino superior, chegando, inclusive, a atingir a formação de profissionais
através de cursos do tipo lato sensu.6
Outras duas questões encerram as críticas quanto ao Substitutivo Jorge
Hage. A primeira versa sobre a carreira do professor. O texto, nesta versão, previa a
contratação de professores horistas. O ideal, conforme o entendimento do próprio
Saviani, do qual também concordamos, seria a contratação através do regime
mínimo de 20 horas. Outra preocupação surge no momento em que a LDB aborda a
destinação de recursos para escolas particulares. De acordo com a Constituição, em
seu artigo 213, essa medida era possível.
A UTOPIA DOS EDUCADORES SENDO AMEAÇADA: A SONDAGEM DE
UM NOVO PROJETO DE LDB GANHA FOLEGO NO SENADO (MAIO 1992 – FEV.
1993).
O Substitutivo Jorge Hage enfrentaria um longo processo até sua aprovação
em Plenário, fato ocorrido em maio de 1993. Faz-se necessário destacarmos que
enquanto essa proposta tramitou pela Câmara, o Senado também acabou por tratar
da mesma matéria.
Em 1989, o senador Jorge Bornhauser (PFL-SC) apresentaria um projeto
voltado para o ensino superior. Seu colega de partido, senador Marco Maciel,
também chegou a ventilar a possibilidade de propor um novo projeto de LDB. No
entanto, ambas as idéias dos senadores peefelistas não avançariam. Mas o desejo
de uma LBD resultante de um amplo processo de debate, mesmo que modificada
em alguns pontos, como no caso do Substitutivo Jorge Hage, via-se ameaçado pelo
senador Darcy Ribeiro (PDT-RJ).
No ano de 1992, o Senado recebera a proposta de Ribeiro para a
elaboração de uma LBD. Tendo como relator o então senador Fernando Henrique
Cardoso (PSDB-SP), a proposta idealizada por Ribeiro contrapunha-se as
concepções pleiteadas através da Câmara dos Deputados.7 O projeto de LBD
elaborada pelo senador não se efetivou por conta de mobilização de outros
senadores, que, para impedir sua aprovação direta, via Comissão de Educação,
organizaram-se no sentido de apreciar o conteúdo do projeto e debatê-lo em
Plenário.
A LBD formulada por Darcy tinha o apoio do governo Collor, contudo, após
sua renúncia e a posse de Itamar Franco, suas intenções se enfraqueceriam
mediante o Executivo Nacional. O próprio ministro da Educação, Murílio Hingel,
colocara-se favorável ao Substitutivo que tramitava na Câmara. Zeravam-se, pelo
6
Entre os anos de 2006 e 2007, diversos gestores da rede pública estadual de ensino tiveram a
oportunidade de freqüentarem a Faculdade de Educação da Unicamp. Durante esse período a FE
ofereceu o curso de especialização em Gestão Educacional. Com encontros presenciais realizados
uma vez ao mês, todo o restante do curso foi desenvolvido por intermédio de textos on-line e vídeo
aulas. A qualidade do curso foi mantida ainda pela obrigatoriedade da elaboração de monografias,
conforme a área de interesse dos alunos.
7
De forma breve, vejamos alguns exemplos: questões de relevância maior, casos do Sistema
Nacional de Educação e do Conselho Nacional de Educação foram minimizadas. A maneira pela qual
o senador Darcy Ribeiro constituiu o projeto, sem a participação direta dos educadores, também
gerou incômodos por parte das entidades de classe e, sobretudo, dos próprios profissionais do
magistério. A supremacia de uma concepção de democracia representativa por parte do senador
Ribeiro amargou as expectativas daqueles que acreditavam na emergência de uma participação
efetiva e direta das bases na construção da nova LBD.
- 21 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
menos nesse instante, as chances do projeto do senador Darcy Ribeiro ser
aprovado.
A LONGA ESPERA: DO SUBSTITUTIVO JORGE HAGE AO PROJETO
FINAL POSSÍVEL NA CÂMARA DOS DEPUTADOS (JUN. 1990 – MAIO 1993).
No segundo semestre do ano de 1990 o projeto da Câmara esbarrava em
uma dificuldade própria do cenário político brasileiro: as vésperas da campanha
eleitoral que poderia mudar algumas cadeiras no Congresso Nacional, a nova LDB
ficou engessada na Comissão de Finanças e Tributação. Foi só em novembro do
mesmo ano, no “apagar das luzes”, conforme os dizeres de SAVIANI (Ibid, p. 151),
que a Deputada Sandra Cavalcanti, relatora da Comissão, encaminharia seu
parecer. Nesse intervalo de tempo, prevaleceram os interesses comerciais, através
de emendas agregadas ao projeto, de escolas privadas, sobretudo, as
confessionais.
Após a troca de parlamentares, ocorrida em 1991, muitos deputados que
tiveram um papel importante na construção da proposta de LBD, entre eles Jorge
Hage, não estavam mais presentes no Congresso. A novo mandato iniciara-se a
partir de uma Câmara com um perfil extremamente conservador, fato que acabaria
por alterar alguns pontos do projeto.8
As negociações, nesse momento, estavam completamente paralisadas.
Disposto a obstruir o avanço desse projeto, tido como demasiadamente progressista,
o Governo Collor emperrava seu avanço no legislativo. Para tanto, o deputado
Eraldo Tinoco (PFL-BA), líder do governo, desacelerava o andamento das
negociações, propondo uma série de destaques após o parecer do relatório das
emendas adicionais que acabamos de mencionar.
Junto a tudo isso, devemos considerar que o segundo semestre foi marcado
por sucessórias turbulências políticas, entre elas a CPI do ex-tesoureiro de Collor,
Paulo César Farias, e o afastamento do presidente da República. Somente em maio
de 1993 o projeto final seria aprovado pela Câmara dos Deputados, sendo, em
seguida, encaminhado para apreciação do Senado brasileiro. Palco de tensões, o
projeto iniciado em 1988 e finalizado somente cinco anos depois seria sufocado pela
disposição do senador Darcy Ribeiro que, mais uma vez, dispunha-se a, partindo
dele em consonância com o Executivo, tornar possível a realização da tão sonhada
LBD.
O projeto da Câmara dera entrada no Senado e, em novembro de 1994, já
no governo Fernando Henrique, fora aprovado na Comissão de Educação. Em
dezembro do mesmo ano o PLC 101/93 seguiu para o Plenário. A avaliação feita por
SAVIANI (Ibid, p. 156) acerca desse momento, ilustra muito bem o que estaria por vir
ainda:
O projeto parecia, agora, navegar em águas tranqüilas, passada a borrasca
que quase o fizera naufragar. Aportaria ele em lugar seguro de onde se
poderia dotar o país de uma ordenação educacional que, embora ainda com
muitos limites, se configurava como um avanço significativo em relação à
situação atual?
8
Submetido à análise, em maio de 1991, do Plenário, o projeto sofreu a inclusão de 1.263 emendas.
Dessa maneira, o mesmo regressaria a diferentes comissões, no sentido de, mais uma vez, ser
avaliado sob o ponto de vista técnico, conforme o tipo de emenda agregada a ele.
- 22 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Em verdade, essa aparência de tranqüilidade escondia um “iceberg” que iria
provocar uma reviravolta total no rumo do projeto de LBD.
A VITÓRIA DO PROJETO DE DARCY RIBEIRO: LBD 9394/96 (FEV. 1995
– DEZ. 1996).
De forma sintetizada, seguindo a lógica mencionada agora a pouco por
Saviani, ocorrera o seguinte no Senado: o senador Beni Veras (PSDB-CE), da
bancada governista, solicitaria o retorno do PLC 101/93 à Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania. Coincidentemente, o relator da Comissão seria o senador Darcy
Ribeiro, que viria a alegar várias inconstitucionalidades perante o projeto.9
No decorrer desse processo, afirma SAVIANI (Ibid, p. 160), “Darcy Ribeiro
apresentou Substitutivo próprio que logrou fosse aprovado pela Comissão de
Constituição e Justiça do Senado”. Após essa manobra, a LBD apresentada pelo
senador seria aprovada em Plenário no mês de fevereiro de 1996.
Praticamente idêntica à estrutura do primeiro projeto de Darcy Ribeiro,
considerando algumas questões referentes ao ideário de LBD pensada pela
Câmara, o projeto seguiu para a apreciação dos deputados. Naquela casa, o relator
escolhido, deputado José Jorge (PFL-PE), membro do governo FHC, acelerou os
trabalhos, até que, em 17 de dezembro de 1996, seu parecer fora apresentado.
Sancionada sem vetos pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso,
entrava em cena, três dias depois, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional.10
O atropelamento da proposta inicial de uma LBD e sua substituição pelo
projeto governista, através da ação do Executivo em consonância com o senador
Darcy Ribeiro, gerou, nos educadores, a nítida sensação de decepção. O sociólogo
e deputado federal petista Florestan Fernandes, amigo do próprio Darcy, expressara
seu descontentamento publicamente. As linhas que se seguem, foram publicadas,
em julho de 1992, no jornal Folha de S. Paulo (apud SAVIANI, 2004, p. 198-99):
Eis que estávamos prestes a sofrer uma decepção única. Nada menos que
o Senador Darcy Ribeiro iria tomar a peito apresentar um projeto de lei de
diretrizes e bases da educação nacional no Senado! Sua impaciência não
permitiu esperar que a Câmara dos Deputados terminasse o seu trabalho,
ocasião em que o projeto tramitaria normalmente no Senado e lá sofreria
transformações. Por que essa precipitação? O Senador, como
representante do PDT, sentiu-se à vontade para aliviar o governo Collor de
uma tarefa ingrata. Recebendo suas sugestões (e por essa via os anseios
imperativos do ensino privado) e aproveitando como lhe pareceu melhor o
projeto mencionado (o da Câmara), mostrou aquilo que se poderia chamar
de versão sincrética “oficial” daquela lei. Terrível decepção para todos os
que somos amigos, colegas ou admiradores de Darcy Ribeiro! Sua cabeça
privilegiada decidiu “servir o rei” e voltar às costas a Anísio Teixeira, o seu
9
Um dos exemplos alegados por Ribeiro diz respeito à eliminação do Conselho Federal de
Educação. Extinto, esse seria substituído pelo Conselho Nacional de Educação. Essa e outras
questões seriam sanadas com a apresentação de uma Medida Provisória por parte do Executivo,
porém o senador manteve sua postura em relação ao projeto (PINO apud SAVIANI, 2004, p. 159).
10
SAVIANI (Ibid, 162), definiu os motivos que levaram a aprovação do Executivo sem sanções, a
partir do seguinte apontamento: “Esse resultado é explicável uma vez que o MEC foi, por assim dizer,
co-autor do texto de Darcy Ribeiro e se empenhou diretamente na sua aprovação. E, como a iniciativa
privada, ficou inteiramente satisfeito com o desfecho. Tanto que recomendou ao Presidente da
República a sanção sem vetos. E assim foi feito”.
- 23 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
mentor pedagógico, e à nossa geração, que combateu ardorosamente os
“idola” que ele empolgou sem constrangimento.
CONSIDERACÕES PARCIAIS SOBRE A LEI DE DIRETRIZES E BASES
PARA A EDUCAÇÃO NACIONAL – LEI 9394/96 (LEI DARCY RIBEIRO).11
Educação Básica:
Tratando da educação básica, alguns aspectos merecem ser mencionados.
O número de dias letivos foram aumentados, totalizando 200 dias no calendário
escolar. Assim, o ensino nos níveis fundamental e médio elevou, conseqüentemente,
o número de horas, totalizando uma carga horária composta, por no mínimo, 800
horas anuais. Essa medida estava presente no projeto original da Câmara, sendo
que o senador Darcy Ribeiro, mesmo sendo contrário a ela, acabou por acatá-la.
Delineando a educação básica por área, vejamos alguns apontamentos
sobre a educação infantil. Definindo sua finalidade, no sentido de acolhimento das
crianças, a LBD fala da sua organização nas creches, estabelecendo o
acompanhamento infantil sem o objetivo de promoção. Entretanto, o texto se isenta
da regularização e fiscalização detalhadas para garantir o funcionamento pleno
dessas instituições. Organizadas na modalidade de cursos livres, estas se
encontram isentas da fiscalização por parte do poder público. Outro ponto crítico
sobre essa modalidade de educação, diz respeito a não incorporação do saláriocreche, que colocaria o ensino infantil como responsabilidade do Estado, gerando
fonte de arrecadação para não comprometer outras partes do orçamento do
governo.
Com relação ao ensino fundamental, o senador Darcy Ribeiro defendeu, na
apresentação de seu primeiro projeto, sua redução para apenas cinco anos. Sem
êxito, o senador conduziu a bancada do PDT na Câmara a tentar aprovar a divisão
do ensino fundamental. Para Ribeiro, o mesmo deveria se organizar da seguinte
forma: primeira etapa em cinco anos, segunda etapa em três anos, emitindo
diplomas de acordo com a escolarização alcançada. No Senado, essa medida
acabou sendo retirada e optou-se pela divisão em ciclos, ficando a critério dos
sistemas de ensino a escolha da quantidade de ciclos para esse tipo de ensino –
dois ou quatro. Outros pontos de destaque são: a manutenção do ensino religioso,
mesmo que de maneira facultativa, e a possibilidade da expansão dessa modalidade
de ensino em tempo integral.
Sem delinear claramente sua função, o ensino médio perdeu a sua principal
chance de constituir-se como um elo entre o conhecimento científico e o mundo
produtivo, via politecnia. SAVIANI (Ibid, p. 214), atento as condições políticas e
econômicas da sociedade brasileira atual, menciona as limitações que impedem o
avanço dessa concepção pedagógica nas escolas brasileiras: “as condições
políticas traduzidas nos mencionados conflitos, disputas e jogo de interesses
tornaram a situação ainda mais adversa”.
Sobre a EJA – Educação de Jovens e Adultos, a mesma manteve-se como o
era antes. O antigo Ensino Supletivo, instituído em 1971, delimitava as bases para a
EJA. Um dos poucos pontos alterados trata da redução da idade mínima para
11
As considerações que iremos estabelecer acerca da LBD aprovada são baseadas na leitura de
SAVIANI (Ibid, p. 210-24). Assim como o autor o fez, também optamos por apresentar nosso resumo
conforme cada área de interesse.
- 24 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
matrícula. Sendo assim, os adolescentes de 15 e 18 anos podiam, respectivamente,
matricular-se nos ensinos de 1º e 2º. graus. Saviani crítica, com razão, essa medida,
considerando a hipóteses dos adolescentes abandonarem, cada vez mais, o ensino
regular para se matricularem na EJA a fim de apenas obterem seus certificados. A
idéia de redução da jornada de trabalho e aumento da freqüência e carga horária
escolar para os jovens que eram, ao mesmo tempo, estudantes e trabalhadores foi
literalmente abandonada.
Prevaleciam, então, os interesses dos empregadores tendo em vista a
manutenção da força de trabalho necessária sem alterações que forçassem novas
contratações. A escola, nesse caso, passava ser considerada como dispensável se
necessário fosse, pois primordial, conforme a LBD, era o trabalho e não a
escolarização.
Educação Profissional:
A nova LDB possui um capítulo específico sobre essa questão, no sentido
de procurar aproximar a educação profissional a outras modalidades de ensino. Sem
indicar como isso deverá ser feito, SAVIANI (Ibid, p. 216) critica tal medida, vez que
“esse capítulo parece mais uma carta de intenções do que um documento legal, já
que não define instâncias, competências e responsabilidades”. Confusa, a redação
desse capítulo não trata de especificar a competência da União, dos Estados e das
instituições que derivam do Conselho Nacional das Indústrias – SESI e SENAI.
Educação Superior:
Uma das preocupações dos educadores, de maneira geral, a qual já
mencionamos em nosso texto, dizia respeito à utilização da universidade como
espaço de socialização de uma cultura superior. Infelizmente, o Educação Superior,
de acordo com a LBD, descarta essa possibilidade, contemplando apenas o ensino
superior.
Uma condição de destaque foi à adoção da emenda que estabeleceu uma
cota mínima de professores mestres e doutores, um terço, para o funcionamento das
universidades brasileiras, tanto públicas como particulares. O interesse dos donos
de estabelecimentos de ensino superior privados, representado pelo proprietário da
UNIP, João Carlos Di Gênio, não foram suficientes para barrarem essa importante
medida. Mesmo com a atuação do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA)
para determinar o funcionamento das instituições sem um número mínimo de
profissionais pós-graduados, proprietários de instituições privatistas como Di Gênio
tiveram suas expectativas frustradas.
Dois outros pontos merecem destaque junto a LBD, no que se refere esta a
Educação Superior. O primeiro trata do estabelecimento de uma cota de
representação docente junto aos órgãos colegiados das instituições públicas. Com
isto, os professores ganharam voz junto aos espaços de representação oficial na
tomada de decisões.
O segundo ponto em questão trata de regulamentar a indissociabilidade
entre ensino e pesquisa, isto é, a determinação de que o professor seja, ao mesmo
tempo, também um pesquisador e vice-versa. A medida, que acabou gerando
polêmica, por ocasião daqueles que se dedicavam somente à pesquisa, ficou
valendo para os cursos de graduação e pós-graduação.
- 25 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Educação Especial:
Apenas três artigos, inclusos em um capítulo específico, tratam da educação
especial. Adota-se a concepção de que essa modalidade de educação deve ocorrer
na rede regular, sendo que, quando necessário, contar com o apoio de profissionais
especializados. Prevê-se, ainda, a necessidade de uma constante capacitação que
possa resultar no efetivo preparo dos professores. Por fim, houve a adoção de uma
importante medida: entidades sem fins lucrativos, como a APAE, por exemplo,
poderiam receber recursos financeiros e assistência técnica através de auxílio
governamental.
Profissionais da Educação:
Importantes questões são tratadas na LBD, quando da formação dos
profissionais que deverão atuar nas escolas brasileiras. A se iniciar pela
necessidade de todos os educadores possuírem cursos de nível superior. No
entanto, essa medida trouxe a emergência de uma expansão no número de cursos
de formação. No sentido de aumentar-se o número de vagas, foi autorizado à
criação dos ISE’s, Institutos Superiores de Educação, que deveriam mantém os
cursos do tipo Normal Superior para dar conta da demanda.
O problema aqui decorre da qualidade desses cursos e, por sua vez, dos
profissionais que vêem a atuar em sala de aula. Deixando essa questão de lado, a
LBD também se esqueceu de outro grave problema, o distanciamento entre a
produção acadêmica na universidade e a realidade social das escolas em nosso
país. Um enorme número de pesquisas são produzidas anualmente no Brasil e,
muitas delas, se encontram desconectadas das exigências atuais frente os desafios
da educação em diferentes níveis. O mesmo, por tabela, pode-se dizer de vários
Grupos de Trabalho constituídos no interior das universidades espalhadas pelas
cinco regiões brasileiras.
Recursos Financeiros e Disposições Gerais:
No que tange a utilização de recursos financeiros para a área educacional, a
LBD apresenta aspectos extremamente positivos, a contar pela fixação dos prazos
para repasse de valores. Com isto, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios devem respeitar os prazos para o repasse de verbas. Outro ponto de
destaque é a definição dos elementos que compreendem gastos ligados à
educação. Gastos com material didático e transporte escolar, sabiamente,
terminaram sendo incorporados à proposta inicial.
Das disposições Gerais da LBD, destacamos a educação de comunidades
indígenas. Esta prevê a educação bilíngüe e intercultural. Contudo, se limita, sem
estabelecer como isso deverá ocorrer. Uma medida eficaz contida nas disposições,
segundo o nosso entendimento, é a contemplação da possibilidade da EAD em
diferentes níveis. Cabe, para seu efetivo funcionamento, seriedade daqueles que
oferecem e dos que freqüentam tais cursos. Por fim, o texto fala da adoção de
esforços para a educação integral na rede pública de ensino e da obrigação da
União auxiliar os Estados e destes cooperarem com os Municípios, que são
obrigados, por lei, a repassarem 25% do total sobre o orçamento para a área da
educação.
- 26 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Referências bibliográficas:
NASCIMENTO, Maria Isabel Moura. Verbete Darcy Ribeiro, extraído do
Dicionário de Educadores do HISTEDBR. Disponível na Word Wide Web,
http://histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossário/verb_b_darcy_ribeiro.htm
Acesso
em
21
de
maio
de
2007.
SAVIANI, Dermeval. A nova lei de educação: trajetórias, limites e
perspectivas.
Campinas:
Autores
Associados,
2004.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1997.
,
- 27 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
GESTÃO DO CONHECIMENTO
Henrique Guilherme Scatolin12
A Gestão do Conhecimento sob a ótica de Nonaka e Takeuchi.
Podemos conceituar a gestão do conhecimento como sendo o processo de
obter, gerenciar e compartilhar o conhecimento dentro da mesma organização. Este
processo envolve aspectos tecnológicos e humanos, tais como criação,
armazenamento, disseminação, utilização e medição.
Por que a gestão de conhecimento? O interesse pela gestão do conhecimento
(GC) é impulsionado nas organizações pela busca da vantagem competitiva
considerando um ambiente globalizado, com alta competitividade, constante
mudança na demanda dos clientes, entre outros aspectos.
Segundo Nonaka e Takeuchi “as empresas japonesas continuam sendo um
enigma para a maioria dos ocidentais. Não são extremamente eficientes,
empreendedoras ou liberais. Ainda assim, devagar e sempre, conquistaram um
espaço cada vez maior na competição internacional”13. O sucesso das empresas
japonesas se deve à sua capacidade e especialização na “criação do conhecimento
organizacional”. Mas o que seria este conhecimento organizacional?
Por criação do conhecimento organizacional Nonaka e Takeuchi
compreendem a capacidade de uma empresa de criar novo conhecimento, difundilo na organização como um todo e incorporá-lo a produtos, serviços e sistemas.
Apontam que “a criação do conhecimento organizacional é a chave para as formas
características com que as empresas japonesas inovam. Elas são peritas em
fomentar a inovação de forma contínua, incremental e em espiral”14.
Essa perspectiva é desproporcional ao que a maioria dos observadores
ocidentais pensa a respeito das empresas japonesas. Os ocidentais pensam que as
empresas japonesas, embora sejam extremamente bem-sucedidas em imitar e
adaptar, não são inovadoras, principalmente quando nos referimos ao
conhecimento.
Para Nonaka e Takeuchi:
“[...] as empresas japonesas entraram na competição internacional com
espetacular
determinação,
freqüentemente
enfrentando
difíceis
obstáculos e adversidades. Até bem pouco tempo, não podiam se dar ao
luxo do relaxamento ou da complacência. O medo de perder e a
esperança de tomar a frente as impulsionava a prever as mudanças e a
inventar algo novo – uma nova tecnologia, um novo projeto de produto,
um novo processo de produção, uma nova estratégia de marketing, uma
nova forma de distribuição ou uma nova forma de servir aos clientes”15.
12
Doutorando e mestre pelo núcleo de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, graduado
em Psicologia pela Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP).
13
NONAKA, Ikujiro& TAKEUCHI, Hirotaka. Criação de Conhecimento na Empresa. Rio de Janeiro: Elsevier,
1997, p. 1
14
Idem, p.1
15
Idem, ibidem.
- 28 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Assim, a inovação não era uma peça de um só ato para as empresas
japonesas. Uma inovação levava à outra, proporcionado aperfeiçoamento e
melhorias contínuas. Mas como as empresas japonesas realizam a inovação
contínua? Para Nonaka e Takeuchi isto seria possível somente pela criação do
conhecimento que se expressa pela singularidade na forma das empresas
japonesas de proporcionarem inovações contínuas através da ligação entre o
externo e o interno.
Isto significa que o conhecimento acumulado externamente é compartilhado
de forma ampla dentro da organização, armazenado como parte da base do
conhecimento da empresa e utilizado pelos envolvidos no desenvolvimento de novas
tecnologias e produtos. Ocorre a conversão e este processo de conversão (de fora
para dentro e para fora novamente, sob a forma de produtos, serviços ou sistemas)
é a chave para entender os motivos do sucesso das empresas japonesas. É
exatamente essa dupla atividade, interna e externa, que abastece a inovação
contínua dentro das empresas japonesas. A inovação contínua, por sua vez, leva a
vantagens competitivas.
Para Nonaka e Takeuchi, a estrutura conceitual básica sobre as formas de
administração do processo de criação do conhecimento possui duas dimensões:
1º dimensão: a ontológica → o conhecimento só pode ser criado por
indivíduos. Uma organização, por si só, não pode criar conhecimento. Seu escopo é
apoiar os indivíduos criativos e lhes proporcionar condições para a criação deste. A
existência do conhecimento organizacional é possível a partir de interações que
permitam sua criação de forma individual a disseminação para a organização como
um todo.
2º dimensão: a epistemológica → segundo a qual há dois tipos de
conhecimentos: o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. O conhecimento
tácito é pessoal, específico ao contexto e difícil de ser formulado e comunicado. Já o
conhecimento explícito ou “codificado” refere-se ao conhecimento transmissível em
linguagem formal e sistemática.
Para Nonaka e Takeuchi, os processos de conversão do conhecimento
ocorrem em quatro etapas:
1º etapa → Socialização : do conhecimento tácito em conhecimento tácito: um
indivíduo pode adquirir conhecimento tácito diretamente de outros, sem usar a
linguagem. Os aprendizes trabalham com seus mestres e aprendem sua arte não
através da linguagem, mas sim através da observação, imitação e prática.
2º fase → Externalização: do conhecimento tácito em conhecimento explícito. A
externalização é um processo de articulação do conhecimento tácito em conceitos
explícitos. É um processo de criação do conhecimento perfeito, na medida em que o
conhecimento tácito se torna explícito, expresso na forma de analogias, conceitos,
hipóteses ou modelos.
3º fase: Combinação → do conhecimento explícito em conhecimento explícito. Os
indivíduos trocam e combinam conhecimentos através de meios como documentos,
reuniões, conversas ao telefone ou redes de comunicação computadorizadas.
4º fase : Internalização → do conhecimento explícito em conhecimento tácito. A
internalização é o processo de incorporação do conhecimento explícito no
conhecimento tácito e é intimamente relacionada ao aprender fazendo.
- 29 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Referência Bibliográfica
NONAKA, Ikujiro & TAKEUCHI, Hirotaka. Criação de Conhecimento na Empresa.
Tradução de Ana Beatriz Rodrigues, Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Elsevier,
1997.
- 30 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
CENTRO INTERDISCIPLINAR DE EDUCAÇÃO EM DIABETES: UMA
ATUAÇÃO EDUCATIVA INTERDISCIPLINAR
André Luis Mancini; Denise do Amaral Camossa; Rodrigo Pizzelli; Rosemeire Moeroni
Centro Interdisciplinar de Educação em Diabetes(CIED) - Prefeitura Municipal de Leme
O CIED surge com o objetivo de preconizar a adequação do município de
Leme a proposta do Ministério da Saúde, no que se refere às políticas
públicas e reorientação do modelo assistencial de saúde do paciente com
diabetes. A equipe do CIED, composta por médico endocrinologista,
psicóloga, nutricionista, técnica de enfermagem e enfermeira, seguindo a
proposta de Paulo Freire, compreende a educação como prática da liberdade.
Prática que permite a construção de consciência crítica e autonomia; sendo
que a transformação se dá com os educandos e não para eles. A partir desta
concepção de educação, o CIED acredita também na importância da
educação em saúde. A presente mesa redonda objetivou discorrer sobre
problemáticas encontradas no atendimento ao paciente com diabetes; a
importância da equipe interdisciplinar no atendimento ao paciente; bem como
a necessidade da educação em saúde como forma de promoção, reflexão,
problematização para a construção de consciência crítica sobre os aspectos
da realidade pessoal e coletiva dos atores envolvidos.
Palavras chave: Educação em saúde; diabetes; equipe interdisciplinar; Paulo
Freire.
- 31 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANTROPOLOGIA: UM OLHAR SOBRE A DIVERSIDADE
Patricia dos Santos Begnami
A antropologia surgiu no século XIX. Foi nesse momento que começaram os
primeiros estudos dessa disciplina. Porém, antes da institucionalização da disciplina
já se pensava nas relações com o “outro”. É só nos lembrarmos das aulas de
História, em que gregos, romanos, entre outros, tinham ideias em torno de seus
inimigos (costumes bárbaros, estranhos, bizarros. Heródoto, historiador grego
escreve sobre isso, por exemplo). A primeira escola de antropologia é chamada de
evolucionismo. Nesse momento é que a antropologia define seu objeto de estudo: os
“selvagens”, os povos primitivos. O outro aqui eram os índios, aqueles bem distantes
da sociedade europeia. Através de relatos de viajantes, de missionários,
antropólogos escreviam e estudavam esses selvagens, seus costumes, seu modo
de vida. Não iam até as aldeias para ver os “nativos”, como chamamos esses outros,
de carne e osso, os estudavam através dos relatos de outras pessoas.
Para esses antropólogos, as sociedades se desenvolviam de modo linear e
ao mesmo tempo (fazer uma linha cronológica no quadro) e usavam a tecnologia
para explicar e comparar as diferentes sociedades. “O outro é diferente porque
possui diferente grau de evolução” (p. 26). Evolucionistas separavam os fatos
etnográficos de seu contexto, comparavam coisas que não podiam ser comparadas.
Eixo temporal, eixo de progresso. Antropólogos evolucionistas classificavam todos
os costumes numa escala evolutiva. (mais avançadas, menos avançadas, bárbaras,
selvagens, promíscuo e civilizados). Costumes similares, “globalizados”.
Antropologia de gabinete
Estudavam os povos primitivos como se fossem nós no passado, aquilo que
um dia fomos. Pensavam que esses nativos gradativamente e evolutivamente
chegariam a ser o que era o povo europeu do século XIX. Pensavam de maneira
etnocêntrica; etnocentrismo é pensar a nossa própria sociedade como centro do
universo, como se tudo que fizéssemos fosse melhor, mais evoluído que outros, nós
fazemos o certo ao passo que os outros fazem errado, considerar bárbaro tudo
aquilo que não se pratica na nossa terra. “Etnocentrismo é uma visão de mundo com
a qual tomamos nosso próprio grupo como centro de tudo, e os demais grupos são
pensados e sentidos pelos nossos valores, nossos modelos, nossas definições”
(LARAIA, 2009, p. 7). Pensar o seu grupo como centro de tudo e outras formas e
modos de vida, de organização, de pensamento como anormais, bizarros,
engraçados. Aqui nesse contexto da antropologia, humanos e civilizados eram os
europeus. Sendo assim, o “outro” era diferente porque se encontrava em um estágio
diferente de evolução. Esse olhar etnocêntrico e evolucionista foi apenas o início da
Antropologia. No século XX, surge uma nova maneira de pensar o outro.
Tudo se iniciou com Malinowski (1978) que resolveu estudar os trobriandeses
das ilhas da Nova Guiné de “carne e osso” e se colocar em confronto com as teorias
evolucionistas. Malinowski (1978) se propõe a conhecer a diferença experimentando
essa diferença, buscando apreender o outro de maneira diversa. Inaugura um modo
distinto de aprendizado; o trabalho de campo associado à pesquisa de campo. Pois,
segundo o autor, havia uma série de fenômenos de suma importância que não
poderiam ser registrados e/ou retratados apenas com o auxílio de questionários e
documentos estatísticos, tal como faziam os evolucionistas, mas que deveriam ser
observados em sua plena realidade.
- 32 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O autor define então, a observação participante como a convivência íntima e
prolongada do pesquisador com seus informantes, refutando a antropologia de
gabinete dos teóricos evolucionistas, permitindo assim, o estabelecimento de um
determinado tipo de relação na qual o antropólogo se colocava como um
instrumento de pesquisa, propiciando à antropologia um olhar de dentro, sua marca
registrada desde então. A aplicação de questionários com o auxílio de tradutores,
informantes bilíngues e a utilização de relatos de alguns viajantes, missionários é
substituída pela observação direta e pelo convívio com os moradores da aldeia. O
autor pretendia estudar a sociedade trobriandesa em sua totalidade, totalidade que
só poderia ser reconstruída a partir de fragmentos, ou seja, a partir da observação
de cada fato da vida social. Pretendia então, reconstruir a realidade dos
trobriandeses através da interpretação daquilo que via e ouvia.
O autor foi referência para muitas monografias e continua sendo retomado até
hoje. A pesquisa de campo caracteriza a disciplina. Apreende-se o outro convivendo
com esse outro. É no trabalho de campo que a alteridade se realiza. Nesse contexto,
a antropologia abandona a postura etnocêntrica e passa a ser relativista, pois
compreende um costume, uma forma de ver o mundo dentro do contexto! E não
mais para compará-lo, não hierarquiza mais as maneiras de ser.
A pesquisa de campo é muitas vezes vista como um rito de passagem para o
antropólogo, conforme aponta alguns autores como DaMatta (1991). Estratégias de
aproximação dos grupos pesquisados. Trabalho de campo: conhecer a diferença
experimentando a diferença. Mas a crise vivida pela antropologia nos anos 60, pela
possibilidade do desaparecimento dos povos indígenas, fez com que repensasse
seus conceitos. A disciplina não tinha um objeto concreto de estudos (povos
indígenas, primitivos, não eram esses povos que definiam a disciplina), mas se
dedicava à análise das diferenças culturais. Assim, os nativos deixaram de ser
apenas os “primitivos” e se transformaram os “outros”. Diferenças na nossa
sociedade, na sociedade ocidental. Assim, a antropologia é um esforço de
compreensão da diferença, de comparação entre as sociedades sem pensar que
uma delas é a “dona da verdade”.
- 33 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
CONVERSANDO SOBRE DIVERSIDADE SEXUAL NA UNIARARAS
Ana Cristina Vangrelino e Sandra Büll
O presente trabalho objetiva promover a discussão sobre as diversas e possíveis
identidades de gênero e sexualidade humana bem como os discursos e práticas
estereotipadas social e historicamente construídos no entorno destas.
Por meio de uma dinâmica de grupo, que consiste na apresentação de fotos
diversas que contemplam pessoas de faixas etárias e estética diversa, inclusive com
a apresentação de figuras costumeiramente enquadradas em determinados grupos,
ou seja apontados por sua estética como gays, lésbicas , travestis entre outros, o
público deverá apontar se são homens ou mulheres e qual a orientação sexual dos
fotografados. Ao final, os fotografados e suas histórias serão apresentados,
revelando como estas questões, de gênero e orientação sexual, se perpassam e não
são tão fixas e definidas como costuma-se crer. Busca-se discutir com o público
questões de gênero, preconceito, sexualidade e normalidade, como se dá
socialmente a identificação com o feminino e o masculino, quem define o que é
normal e anormal e o que define a direção do desejo humano.
Busca-se, sobretudo, discutir como as identidades pré-programadas socialmente
engessam a subjetividade humana e fracassam em vários momentos à medida que
não contemplam a diversidade e o caráter de permanente mutação, tão próprio à
condição humana. Mesmo a sexualidade heterossexual, tida como o
encaminhamento “normal” do desenvolvimento sexual humano, termina por excluir
inúmeras práticas por manter-se centrada na reprodução - colocando em xeque a
sexualidade do idoso , por exemplo – e no coito vaginal – renegando à
marginalidade fantasias e práticas sexuais diversas.
O referencial teórico adotado foi o da Psicologia Social.
- 34 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
CONCEPÇÕES DE INFÂNCIA: UM OLHAR ANTROPOLÓGICO
Patricia dos Santos Begnami
A imagem geral a respeito da infância é que ela é vista como uma das etapas da
vida humana, época do crescimento, de dependência dos adultos e época em que
se aprende por meio da educação. A criança é aquela que não fala, que não tem luz
(aluno), que não trabalha, que não tem vida sexual, não tem responsabilidades,
enfim, aquela que carece de razão. Crianças vistas, na maioria das vezes, como
seres incompletos, em formação e socialização, que necessitam de cuidados
especiais e de proteção. O sistema judiciário também concebe a criança na chave
dessa condição assistida e a infância é vista como uma categoria universal. A
Convenção de 1989 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) reconheceram
os direitos da criança e da adolescência, mas ainda considerando-as como etapas
da vida que precisam ser protegidas. Visando a proteção integral, remetem a uma
concepção naturalizada de infância e adolescência que aparecem como fases
transitórias e de preparação para o mundo adulto. O ECA foi uma tentativa de
conferir à criança e ao adolescente o status de sujeito, porém acabou por priorizar o
direito à família, pois só são cidadãos por intermédio dos adultos. E, sexo, gravidez,
uso de álcool e drogas são infrações dos direitos das crianças e dos adolescentes. A
criança é vista como uma condição provisória, como projeção do social, como um
ser social incompleto. Porém, nem sempre foi assim, pois o que chamamos de
criança hoje não tem o mesmo significado do que era no passado. Quero enfatizar
aqui que infância e criança não são categorias e conceitos universais, mas conceitos
que foram historicamente construídos. Phillipe Ariès (1998) faz uma historiografia da
criança e da família na França. Mostra como a sociedade industrial, a modernidade
trouxe mudanças à família e como essas mudanças foram marcando um universo
infantil.
Na sociedade tradicional a criança era rapidamente misturada ao mundo dos
adultos e partilhava de seus jogos e trabalhos, elas se misturavam entre eles. Como
exemplo o autor discorre sobre a iconografia da época. Ressalta que as crianças
apareciam iconografias exatamente como os adultos, só o tamanho era menor. Mas
as feições, músculos eram iguais. Para sinalizar que eram crianças, a estatura era
inferior. E a educação era garantida pela aprendizagem com a convivência com os
adultos.
Ariès (1998) nos coloca que a escola substituiu a aprendizagem como modo
de educação. As crianças foram apartadas do mundo e colocadas para na escola.
Socialização num espaço privado e não mais público.
Sua tese central aponta que a infância não é algo natural e universal, mas
uma construção sociohistórica exposta a mudanças e variações que devem ser
abordadas pelo pesquisador. O autor nos instiga a pensar o que significa ser criança
para diferentes contextos. Desconstruiu a naturalização da infância. Em seu texto
vemos como essa categoria foi sendo criada ao longo do tempo. O que chamamos
de criança hoje não o era há alguns anos.
Ariés (1998) nos fala do surgimento de um sentimento da infância, o que não
significa o mesmo que afeição pelas crianças, esse sentimento corresponde à
consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue a criança
do adulto. Isso não existia antes. Antes era a “paparicação”, cuidado e afeição e
amas, mães e avós se divertiam com as crianças. Esse primeiro sentimento surgiu
- 35 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
no meio familiar. (reservados às primeiras idades, ideia de uma infância curta. Não
havia aqui uma preocupação moral ou educativa). O segundo proveio dos
eclesiásticos e dos homens da lei que buscavam a disciplina e a racionalidade dos
costumes. As crianças eram vistam como seres frágeis que necessitavam de
disciplina e preservação. Esse sentimento passou para a vida familiar e a criança
passou a assumir um lugar central dentro da família (infância longa, instituições
escolares e práticas de educação). A criança precisava ser cuidada, escolarizada e
preparada para vida adulta.
Em suma, foi construída uma ideia em torno da noção de criança e devemos
à Ariés (1998) essa desconstrução da naturalização do conceito. A família e a escola
aparecem como espaços das crianças. Separação das crianças do espaço público
(aprendizagem de antes) para ficarem reclusas no espaço privado. Ideia que até
hoje permanecem em nossa sociedade.
Sabemos hoje que a noção de criança foi construída socialmente e que não
existe uma criança universal, mas uma pluralidade dos modos de ser criança e de
formas de infância, comprometidas com o relativismo social, sendo assim, antes de
falar em infância e criança devemos ter em mente de que criança estamos falando,
em que contexto social se inserem. Vários modos diferentes de ser criança e
diferentes formas de infância. Ser criança em uma favela é muito diferente que ser
crianças em um condomínio fechado de luxo.
- 36 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
PSICOLOGIA, EDUCAÇÃO E DIFERENÇA
Prof. Esp. Daniel Mittmann16
Começar a pensar sobre uma fala que agregue elementos, tão amplos e tão
genéricos, como Psicologia, Educação e Diferença é algo que, por abrir para infinitas
possibilidades de temas, assuntos e posicionamentos, pode parecer simples. Mas,
pelo contrario: é complexo e algo espinhoso.
Dessa forma, buscarei dentro deste grande tema, se é que podemos chamar
esse título de tema – creio que seja mais apropriado falarmos em campo de
conhecimento e de posicionamento – pensar e discorrer sobre algumas coisas que
nos inspiram, que nos agitam – quiçá – nos dobrem e redobrem.
Falo em dobrar e redobrar, pois é justo esse movimento que imagino ser
fundamental para pensar (sobre) a diferença, sobre o diferente, ainda mais quando
tratamos da diferença e do diferente a partir do olhar e do crivo da Psicologia e da
Educação, disciplinas que se movimentam motivadas pela uniformidade e pela
uniformização. Por isso: disciplinas!
Gostaria assim, de produzir um subtítulo a está palestra, a qual compartilho
com o colega Douglas, um subtítulo a palestra e um titulo a minha pequena fala,
uma fala menor, a qual se configura apenas como uma parte desta palestra e um
baixo pedaço deste Congresso.
O que penso como uma entrada mais apropriada para a minha leitura é algo em
torno de: “A pedagogização e a psicologização da vida, a Diferença da Filosofia da
Diferença de Deleuze e Guattari”.
Este título – ou subtítulo – parece-me um pouco mais apropriado, mais apropriado
no sentido de que deixa claro de onde falo e a partir de que concepções falo. Por
mais que não consiga, e nem teria a pretensão de conseguir, dar conta de toda a
força que este novo título carrega, é um experimento, uma busca por deixar as
coisas um pouco mais visíveis. O título mesmo já carrega em si uma carga política,
que pode ser, até mesmo, entendido neste momento como uma militância.
PARA PENSAR MINHA INTERVENÇÃO NESTE 6º CONGRESSO
CIENTÍFICO UNIARARAS PARTO DA OBRA DE DOIS FILÓSOFOS FRANCESES,
OS QUAIS ME SÃO MUITO CAROS E TEM SEUS NOMES FIGURANDO NO
NOVO TÍTULO MAQUINADO, SÃO ELES: GILLES DELEUZE E FÉLIX GUATTARI,
OS QUAIS DESENVOLVEM UM PENSAMENTO DE FILOSOFIA E UM
PENSAMENTO FILOSÓFICO QUE POR MUITOS TEM SIDO CHAMADO DE
FILOSOFIA DA DIFERENÇA. FILOSOFIA, QUE, PARA ESTES DOIS OPERA
COMO UMA TEORIA OU UMA LÓGICA DAS MULTIPLICIDADES. FILOSOFIA,
PARA ELES, ENTENDIDA COMO UMA MÁQUINA DE PRODUZIR CONCEITOS.
Duas das obras mais importantes e de maior peso dessa dupla de
pensadores europeus, obras escritas a quatro mãos, são: o conjunto de textosplanos denominado de Mil Platôs e o questionamento maior da Psicanálise chamado
de O Anti-Édipo. Este segundo título, O Anti-Édipo, quando pensamos nas áreas Psi
é improvável não termos ideia do que pretende uma obra com tal denominação. No
16
Formado em Filosofia, UNISINOS, Rio Grande do Sul, Especialista em Sociologia, FESPSP, São
Paulo, e mestrando em Educação, UNESP, Rio Claro, SP.
- 37 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
mínimo sabemos que pode-deve ser uma provocação, uma afronta ao que Deleuze
e Guattari chamam de O Imperialismo de Édipo.
E, é da primeira obra citada, Mil Platôs, que recortarei três citações para
ilustrar com mais acuidade algumas ideias que pretendo discutir, ou melhor, largar
para que sejam discutidas, pensadas e repensadas. Uma citação sobre Psicologia,
uma segunda sobre Educação e uma terceira sobre Diferença.
Antes de passar para as citações, cabe dizer que após a fala do amigo
Douglas, a qual tangencia problemáticas especificas da educação e da psicologia,
digo tangencia pois parece que sempre passamos ao lado daquilo que queremos
abordar, acredito que desde os pensadores da Escola de Frankfurt e da Industria
Cultural, ou no caso especifico do filósofo alemão Adorno, podemos pensar sobre
estes espaços do cotidiano que ao passar de cada dia são mais impregnados pelo
teor do educar, do diagnosticar, do medicar, do tratar, do categorizar, do enquadrar
e: porque não? Do processar, do acusar e do defender. São estes movimentos que
alguns pensadores da Educação, pensadores estes vinculados à chamada Filosofia
da Diferença de Deleuze e Guattari, denominam como a Pedagogização e a
Psicologização da vida. Competi citar aqui dois intelectuais brasileiros que tem
tentado pensar o Diferente e a possibilidade do Diferente dentro da instituição
escola, são eles: Sandra Mara Corazza e Tomaz Tadeu da Silva, ambos da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Apenas para ilustrar um pouco do que pode ser entendido como diferente,
como anormal, sim, pois estar fora da norma em nossa sociedade disciplinar e de
controle é ser anormal, cito um pequeno trecho de um texto da professora Sandra
Corazza, texto este justamente chamado de Educação e Diferença:
“Este é um tempo babélico de mapas plurais dos povos de diferentes, em que estamos tão
desafiados, como educadores, que chegamos a nos sentir encurralados. Em Educação, é
tempo dos Estudos Culturais, Feministas, Gays e Lésbicos, Pedagogia Queer, pensamento
pós-estruturalista, pós-colonialista, pós-modernista, filosofias da diferença, pedagogias da
diversidade.”
Denominado acima, para provocar um pouco, o nosso tempo como o tempo
da Pedagogização e Psicologização da vida. Cabe então aqui abrir um parêntese:
lembremos das crianças-operárias, atividade o dia todo, atividade todos os dias;
lembremos também dos milhares de hiperativos, afinal: é preciso medicar, é
necessário acalmar, urge transformar todos os corpos em corpos dóceis. Já que
desde o período da revolução industrial e do advento da modernidade é necessário
fabricarmos, e por isso a suma importância de uma Educação eficaz e útil, corpos
que cumpram com as exigências do Capital, corpos que sejam dóceis e produtivos,
cada vez mais dóceis, cada vez mais produtivos.
Talvez, apenas talvez, sejam esses diferentes, esses anormais, que possam
nos fazer pensar melhor, refletir e ter ideias, as quais se movimentem em outra
direção. Que rompam com essa lógica. Talvez. Mas afinal, quem são estes
diferentes, quem são estes anormais?
No intuito de dar alguma significância a todo esse palavrório por mim lido e,
sabendo que já fora aqui tratado em demasia sobre a Educação e a Psicologia,
partirei para as referidas citações. As quais além de serem citações, se querem
como provocações, como máquinas de causar incômodo. Incômodo com as nossas
- 38 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
práticas, com as nossas profissões, com os nossos pacientes, nossos alunos, com a
nossa vida, enfim, conosco mesmo.
E depois das citações, sem muitos malabarismos teóricos, partirei para
pensar sobre um grupo especifico de anormais: digo, os pichadores. Vamos as
citações:
1° Sobre Psicologia:
“Cada vez que o desejo é traído, amaldiçoado, arrancado de seu campo de imanência, é
porque há um padre por ali. E a figura mais recente de padre é o psicanalista.” Gilles Deleuze
e Félix Guattari, Mil Platôs, Vol. 3
2° Sobre Educação:
“A professora não se questiona quando interroga um aluno, assim como não se questiona
quando ensina uma regra de gramática ou um cálculo. Ela “ensina”, dá ordens, comanda. Os
mandamentos do professor não são exteriores nem se acrescentam ao que ele nos ensina.
Não provem de significações primeiras, não são a conseqüência de informações: a ordem se
apóia sempre, e desde o início, em ordens, por isso é redundância. A máquina do ensino
obrigatório não comunica informações, mas impõe à criança coordenadas semióticas com
todas as bases duais da gramática (masculino-feminino, singular-plural, substantivo-verbo,
etc). As palavras não são ferramentas; mas damos às crianças linguagem, canetas e
cadernos, assim como damos pás e picaretas aos operários.” Gilles Deleuze e Félix Guattari,
Mil Platôs, Vol. 2
3° Sobre Diferença:
“Rosto de professora e de aluno, de pai e de filho, de operário e de patrão, de policial e de
cidadão, de acusado e de juiz (“o juiz tinha um ar severo, seus olhos não possuíam
horizonte...”): os rostos concretos individuados se produzem e se transforma em torno dessas
unidades, dessas combinações de unidades, como esse rosto de uma criança rica no qual já
se discerne a vocação militar, a nuca de um aluno da escola militar. Introduzimo-nos em um
rosto mais do que possuímos um.” Gilles Deleuze e Félix Guattari, Mil Platôs, Vol. 3
Depois destas falas de Deleuze e de Guattari, com o intuito de deixar algumas
questões no ar, passo a tratar de forma mais especifica a questão do diferente e do
anormal. E para tal farei a evocação do que venho pesquisando, lendo e tentando
escutar, compreender, em meu trabalho acadêmico atual. Vou falar acerca dos
pichadores e da pichação. Tema este, o do escrever em muros e ou em paredes,
impregnado de controvérsia, mas não pelo ato em si e sim pelo que a nossa
sociedade valora, e nossa sociedade diz que é errado – proibido – escrever nestes
lugares, nessas plataformas, por isso escrever, nesse caso, é caso de policia, é
estar fora da norma, é ser um anormal. Quiçá: um louco, um doente, um demente,
um pervertido, um bandido, um pichador.
Quero deixar claro que não se trata, de forma alguma, em dizer se isso é bom
ou se isto é ruim, se é melhor ou se é pior, trata-se apenas de dizer, de dizer sobre,
de fazer dizer. Pois, acredito que seja importante que as coisas sejam ditas. E,
recorrendo a Michel Foucault, outro filósofo francês, gostaria de perguntar: qual o
problema em dizer algo, em falar algo, em escrever algo? Já que protestei Foucault,
vou aqui me apropriar de uma de suas perguntas, a qual está presente em sua obra
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A Ordem do Discurso: “Mas, o que há, enfim, de tão perigoso no fato das pessoas
falarem e de seus discursos proliferarem indefinidamente? Onde, afinal, está o
perigo?”
Pretendo terminar minha fala compartilhando algumas considerações
provisórias sobre o que tenho pesquisado a respeito da pichação e dos pichadores,
entendendo aqui a pichação como uma forma de escrita e como uma prática cultural,
e ainda: o que estes anormais pensam acerca das normas que buscam, a partir da
jurisdição, delimitar – impedir, combater e punir – a sua prática.
PASSEMOS ENTÃO A ALGUMAS NOTAS E COMENTÁRIOS ACERCA DA PICHAÇÃO:
A pichação é uma prática que consiste em escrever nomes, palavras, frases
ou desenhos em muros, paredes e prédios usando para isso tinta aerossol spray e
ou rolinho de pintura e tinta esmalte. Esta prática é disseminada na maioria das
cidades de médio e grande porte. É improvável, se não impossível, andar por
cidades como São Paulo, Campinas, São José do Rio Preto, Bauru, e outras, por
exemplo, sem nos depararmos com os escritos – ao primeiro contato indecifrável –
de múltiplas pichações. Elas estão presentes em muros, casas, escolas, prédios
públicos e privados, pontos de ônibus. Por fim: ela mostra-se na cidade de forma
indiscriminada.
Mas o que querem e o que escrevem os “pixadores”? A partir de trabalhos
etnográficos como o de Alexandre Pereira, do departamento de Antropologia da
USP, e de Luciano Spinelli, da Sociologia da Sorbone, Paris V, entramos em contato
com o mundo da pichação, pois termos como: grife, point, atropelo, grapixo, pixo e
ibope nos são apresentados pelos relatos dos próprios pichadores. E são desses
relatos etnográficos que partimos para estabelecer alguns entendimentos sobre a
pichação e os seus agenciamentos sociais. Veremos então alguns significados.
Os pichadores geralmente agem em grupo em andanças pela cidade que
levam o nome de rolê, e tem-se por objetivo escrever o nome/apelido (chamado de
Tag na linguagem interna) no maior número de lugares. Mas o desafio é: pichar
onde for mais difícil e mais visível. Pois o que querem é reconhecimento e status. O
pichador que colocar/escrever seu nome (tag) no maior número de lugares possíveis
– e de preferência nos quase impossíveis – é o que terá “mais” Ibope. Fica clara a
referência que se faz ao conhecido instituto de pesquisa, associando visibilidade
com reconhecimento.
Os pichadores costumam se reunir para compartilhar ideias, informações,
planos/ações e as (entre eles) famosas folhinhas. Estes encontros ocorrem em
determinados pontos da cidade, chamados de point, que se configuram como local
de troca. Um point pode ser uma praça, uma determinada rua ou avenida, uma
escola ou ainda um estacionamento comercial, etc. Geralmente são localizados em
regiões de fácil acesso aos pichadores, como perto de estações de metrô, trem e ou
terminais de ônibus, pois costumam se reunir praticantes de regiões distantes.
O objetivo do pichador é o IBOPE. Ele quer registrar sua tag em uma
infinidade de lugares possíveis. De preferência em áreas de grande circulação. Por
isso quase sempre as regiões mais pichadas de uma cidade são as centrais e as de
comércio.
Percebe-se assim que os pichadores não estão apenas interessados em
escrever, ou ainda, apenas escrever a esmo pelos muros e ou fachadas dos prédios.
Há uma intencionalidade nessa escrita que quer comunicar algo. Pode ser um
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sintoma. Ou apenas: um mostrar-se. Há mais: esta prática cria agenciamentos
sociais. Ela configura grupos, pontos de encontro e de sociabilidade e impulsiona
mobilidade, pois é preciso andar/derivar pela cidade (deve-se pichar em diversos
cantos/dobras). E toda esta escrita se dá ligada de forma muito peculiar ao corpo. É
o corpo que possibilita chegar ao local da escrita e é o corpo que produz a forma
desta escrita. E também, é o corpo que, em muitos casos dificulta, sofre as dores e
se marca/mancha pela prática.
Os pichadores costumam se organizar em grupos para colocarem em prática
as suas derivas e as suas escriturações pelos diversos cantos e quebradas da
cidade. A associação dos pichadores em agrupamentos similares a gangues tem
diversas motivações: força, segurança, mobilidade, diversão.
No documentário Dano 163 do gaúcho Luciano Spinelli escutamos um
“escritor urbano” evocar o espírito de bando do pichador: “parece que é algo animal,
como uma alcatéia, agimos como lobos, atacamos em bando”, percebemos uma fala
que se refere à força que os pichadores somam se agrupando para atacar uma
parede, um trem, ou outro espaço qualquer a ser codificado pelas garatujas desses
jovens-adultos.
Partindo dessa constatação, de que os pichadores se aglutinam em grupos,
os quais são denominados de grifes, e de gangues, proponho pensar acerca desses
dois modelos de coletivo em prol do “pixo”.
“A gangue é uma reunião de caras, a grife é uma reunião de gangues”. Se,
nos detivermos nestas palavras proferidas por um pichador, presentes no
documentário A Letra e o Muro – produzido pelo departamento de antropologia da
USP – teremos significativas informações para pensar sobre essas associações.
Manifesto que não costumam agir sozinhos é interessante descrever o que
vem a ser uma grife e uma gangue. Nas palavras, já citadas, dos pichadores “a grife
é uma união de gangues, uma família”. Já a “gangue é uma união de caras, de
amigos”. As grifes são “reuniões” de pichadores. Grandes grupos, digamos assim,
que levam um nome e servem como uma “marca” a ser escrita ao lado da tag do
pichador. Geralmente as grifes são amplos “ajuntamentos” de praticantes da
pichação, os quais dificilmente conhecem todos os outros integrantes. Elas servem
como uma grife: no sentido de uma marca a ser estampada ao lado do nome do
pichador, dando uma maior autoridade a está pixo. As duas grifes mais conhecidas
no estado de São Paulo são denominadas de: Os Registrados e Os Mais Imundos.
Estas duas marcas têm grande força entre os pichadores nas cidades de São Paulo
e Campinas. Elas também disputam entre si para ver qual é o grupo que picha mais
e em locais mais arriscados. Seja risco para a integridade física do pichador: cair de
um prédio; ou risco legal/jurídico: ser pego pelo dono, por seguranças ou pela
polícia.
Já as gangues se aglutinam, por motivações operacionais, estas bem
menores que as grifes, se formam por conhecidos, geralmente amigos da mesma
quebrada. A gangue também recebe um nome, uma tag, e geralmente é formada
por cinco, seis ou mais “caras”. Essa agrupação menor tem por objetivo fazer “os
corres” para conseguir tinta e outros materiais para as pinturas, além de fazerem
todos os rolês juntos, pensar nos picos a serem pichados e nas possíveis
associações a outras gangues. A qual seria uma aliança.
Um “cara”: uma pixo, uma tag. Um grupo de “caras”: uma gangue. Um grupo
de gangues: uma grife. Os pichadores e suas formações saem das quebradas da
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cidade e rumam aos points, estes geralmente centrais. Das quebradas buscam os
lugares de maior movimento para deixar uma marca, um nome, uma garatuja. Só
eles decifram. E tudo isso para lograr IBOPE entre seus pares. Status este que se
alcança na batalha contra as interdições jurídicas, físicas e policialescas a sua
prática.
A pichação marca sem ser marcada: pois ser pego pelos policiais não é a
regra do jogo. O pichador está em um enfrentamento constante ao aparelho do
Estado. Existem nesta (ainda) precária cartografia possibilidades de se pensar este
enfrentamento, em sua configuração de bando e de bandos, como uma máquina-deguerra deleuzo-guattariana.
A ideia que tenho ao tratar a pesquisa acima abordada é justamente buscar
uma fuga do tentador movimento de pedagogizar e de psicologizar. No caso, não
cumpre em hipótese alguma, pensar o pichador e a sua ação, a pichação, como algo
que deva ser combatido, alguém que deva ser educado, tratado, punido, medicado,
castigado, normalizado. Queremos apenas entender, ou melhor, queremos falar,
falar sobre, com o intento de deixar falar, pois as vozes são sempre múltiplas, e
quem sabe deixemos de alguma forma a voz dos diferentes e dos anormais ter
vazão em nossas falas, em nossos textos, enfim, em nossos discursos.
Por fim, pode ser que nada disto tenha feito sentido, que nada disto tenha se
encaixado. Afinal, esta fala surge mesmo de uma bricolagem esquizofrênica de
ideias, de ferramentas e de fogos de artifício. Quem sabe uma imagem-movimento
se aproxime mais da possibilidade de tudo isso ter algum significado. Por isso,
gostaria de acabar com a exibição de um pequeno filme documental acima citado,
trata-se do filme-pesquisa-diferença Dano 163, de Luciano Spinelli, e logo depois
abrimos para as contra-provocações de vocês.
Bibliografia:
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil Platôs Vol. 5. São Paulo: Editora 34, 1997.
PEREIRA, A. B. Pichando a cidade: apropriações "impróprias" do espaço urbano. In:
MAGNANI, José Guilherme; MANTESE, Bruna. (Org.). Jovens na Metrópole:
etnografias de circuitos de lazer, encontro e sociabilidade. São Paulo: Terceiro
Nome, 2007.
SPINELI, Luciano. Pichação e comunicação: um código sem regra. In: Logos 26:
comunicação e conflitos urbanos. Porto Alegre: 2007.
- 42 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
IMAGEM CORPORAL - UM ENFOQUE PSICOLÓGICO SOBRE A SUA
CONSTITUIÇÃO E DISTORÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE.
Henrique Guilherme Scatolin
Imagem Corporal
Entende-se por imagem corporal a figuração de nosso corpo formada em
nossa mente; ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós.
O esquema corporal (também compreendido como imagem corporal) é a
imagem tridimensional que todos têm de si mesmo. Assim, Schilder releva que “ao
estudarmos a imagem corporal, devemos abordar o problema psicológico central da
relação entre as impressões de nossos sentidos, nossos movimentos e a motilidade
em geral.”17
O esquema corporal está em perpétua autoconstrução, vive em contínua
diferenciação e integração. O modelo postural do nosso corpo se relaciona com o
modelo postural dos corpos dos outros. A experiência da nossa imagem corporal e a
experiência dos corpos dos outros estão intimamente interligadas.
De outro lado, as emoções, as ações e percepções são inseparáveis da
nossa imagem corporal. Contribuem para a construção da nossa imagem corporal.
A Estrutura Libidinal da Imagem Corporal.
Na estrutura global do esquema corporal, as zonas erógenas terão um papel
principal. Ou seja, podemos supor que a imagem corporal, durante a fase oral do
desenvolvimento, estará centrada na boca e, na fase anal, no ânus. O fluxo libidinal
da energia influenciará grandemente a imagem corporal. E durante a construção da
imagem corporal, haverá uma interação contínua entre o ego e o id.
A enorme importância psicológica de todos os orifícios do corpo está presente
desde o nascimento. Através da boca ingerimos os alimentos. E na fase adulta, por
meio de certas cavidades ejetamos urina, produtos sexuais, fezes e ar.
Os próprios órgãos forçam o indivíduo a um contato contínuo com o mundo
externo, e não há dúvida de que, ao menos em parte, descobrimos nosso corpo
através destes contatos.
A superfície corporal também é uma zona erógena. A pele é facilmente
irritável e, conseqüentemente, é um órgão de irritação. Há sensações contínuas que
levam a criança se tocar ou a fazer as pessoas a sua volta tocarem a sua pele.
De outro lado, a diferença das estruturas libidinais se refletem na estrutura do
modelo postural do corpo. Os indivíduos nos quais um desejo parcial se encontra
aumentado sentirão determinado ponto do corpo, a zona erógena particular
pertencente ao desejo, no centro de suas imagens corporais, como se a energia
fosse acumulada em determinados pontos. Há linhas de energia conectando os
diferentes pontos erógenos e teremos variações na estrutura da imagem corporal,
segundo as tendências psicossexuais do indivíduo.
Para Schilder, toda zona erógena possui linhas de extensão típicas. A zona
anal se estende para as costas. A boca, geralmente, se estende para o plano
interior. Ou seja, a parte interna das mãos, da boca e da região genital podem servir
de substitutas umas das outras.
17
SCHILDER, Paul. A Imagem Corporal, p.15.
- 43 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
É impossível estudar a estrutura libidinal da imagem corporal isoladamente.
Ela é parte integrante da história vital interna do indivíduo e, para compreendê-la, é
preciso estudar o desenvolvimento libidinal desde a infância. Assim, o conhecimento
de nosso corpo é desenvolvido com base no contato continuamente renovado com o
mundo externo desde a infância. Há também uma tendência a manter as suas partes
unidas e a dissipá-las por todo o mundo. Assim, o movimento e a expressão
pertencem as fases destrutivas no contínuo processo de mudança do modelo
postural do corpo.
Schilder aponta que uma imagem corporal sempre é, de algum modo, a soma
das imagens corporais da comunidade, de acordo com os diversos relacionamentos
na comunidade. O relacionamento com a imagem corporal dos outros é determinado
pelo fator de proximidade, de distância, como também pelo fator de proximidade e
distância emocional. Para Schilder “as imagens corporais são muito próximas umas
das outras nas zonas erógenas e estão intimamente ligadas através destas zonas. A
transferência de certas zonas erógenas refletem no relacionamento social com
outras imagens corporais”18 .
Assim, uma discussão da imagem corporal como entidade isolada é
necessariamente incompleta. Um corpo é sempre a expressão de um ego e de uma
personalidade, e está num mundo. Mesmo uma resposta preliminar ao problema do
corpo não pode ser dada, a menos que tentemos uma resposta preliminar sobre a
personalidade e o mundo.
Referencia Bibliográfica.
SCHILDER, Paul. A Imagem do Corpo: As Energias Construtivas da Psique.
São Paulo: Martins Fontes, 1994.
18
Idem, p. 261.
- 44 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
" CARCINOGÊNESE: O IMPACTO DO SÉCULO XXI E SUAS PERSPECTIVAS
TERAPÊUTICAS"
1
Carlos Fernando dos Santos1
Universidade Federal de São Paulo, Departamento de Patologia, São Paulo, Brasil.
Resumo
O câncer de uma forma geral tem início em uma única célula que perde o
controle de seu processo de replicação e crescimento, não tendo uma exatidão nos
checkpoints durante as fases de interfase e mitose. Os avanços biotecnológicos
principalmente quando se trata da área de Biologia Molecular, se tornaram pontoschave no melhor entendimento dos mecanismos celulares. Um equilíbrio entre a
proliferação e a morte celular e também uma diferenciação celular apropriada
definem bem o processo que envolve a manutenção da integridade celular que ainda
pode sofrer alterações genéticas e epigenéticas que estão intimamente ligadas ao
evento de carcinogênese (FERRAZ et. al., 2010). As alterações genéticas
inicialmente caracterizadas por presença de mutações, estas mutações são
progressivamente passadas de uma célula-mãe para célula-filha durante a
replicação celular, sendo assim o câncer prolifera. Já alterações epigenéticas não
modificam o código genético, mas também repassam as informações da célula-mãe
para célula-filha, que altera conseqüentemente a expressão gênica, através de
processos como: metilação e acetilação do DNA e histonas, micro RNA e
estabilidade do DNA são exemplos de alterações epigenéticas (WCRF/AICR 2007).
Esses dois tipos de alteração são influenciados por fatores ambientais.
Muitos estudos relacionados à influência dos fatores ambientais como, por
exemplo, a exposição aos metais pesados, têm relatado efeitos tóxicos e
cancerígenos em seres humanos e animais . Por várias décadas os metais foram
pouco utilizados no cotidiano dos seres humanos; e isto se deve, em sua grande
maioria, ao simples desconhecimento de sua melhor aplicabilidade, devido a
propriedades intrínsecas dos metais até então inexploradas. Como resultado, alguns
desses metais, principalmente os de transição, foram mal utilizados, ocasionando
sérios riscos ao meio ambiente e à população. Porém, hoje em dia, boas partes
desses metais já tiveram suas propriedades físico-químicas elucidadas e bem
caracterizadas, dispertando na ciência e na indústria um interesse maior sobre eles.
O desenvolvimento de novas tecnologias que utilizam metais pesados
como matéria-prima e a necessidade de produção de materiais mais baratos fizeram
com que a exploração dos mesmos se tornasse cada vez mais intensa e
descontrolada. Ao mesmo tempo, o despejo de resíduos industrial e urbano
contendo concentrações elevadas de metais passou a representar grande perigo à
população, havendo um aumento nos índices de metais em contato diário com os
seres vivos. Outro fator importante da contaminação do meio ambiente por metais
pesados é a demora das autoridades em legislar e fiscalizar indústrias que se
utilizam desses metais, assim como o vagaroso processo de conscientização da
população.
Como já amplamente descrito, é senso comum que concentrações tóxicas
de metais pesados podem ocasionar danos celulares irreversíveis ou até a morte
celular. Portanto, faz-se cada vez mais necessário o estudo dos danos causados por
- 45 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
estes metais aos organismos, bem como a identificação dos limites prejudiciais dos
mesmos aos seres vivos. A maioria dos efeitos tóxicos dos metais ocorre devido ao
acúmulo de radicais livres. Os radicais livres têm um importante papel na
patogênese de várias doenças humanas como doenças neurodegenerativas,
envelhecimento e até mesmo o câncer.
A fim de tentar minimizar ou até mesmo obter-se uma forma de cura,
pesquisadores estão em constante busca de novas terapias para o temido câncer,
por isso novas biomoléculas estão sendo testadas como terapias-alvo, que através
de pequenas moléculas e anticorpos monoclonais, poderiam ter a ação no bloqueio
das principais formas de manutenção do câncer, que são as moléculas de adesão,
receptores de crescimento e as principais vias anti-apoptóticas, contribuindo com os
pontos-chave desta patologia.
Autor:
-______________________________________
Carlos Fernando dos Santos
Biomédico
Habilitado em Bioquímica e Biologia Molecular
Especialista em Bioquímica
Mestrando em Patologia Investigativa
Universidade Federal de São Paulo- UNIFESP/EPM
E-mail: [email protected]
http://lattes.cnpq.br/5993488325073392
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“A SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL:
RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA”
Prof. Ms. Maria Teresa Volpato Dias
A minha primeira experiência com deficiente foi quando eu era criança, meu
pai, nascido em 1938, normal e por volta de 6 meses de idade, caiu de uma mureta,
pois era cuidado por uma tia que era uma criança também. Minha avó, viúva, único
filha tinha que trabalhar e ajudar no sustento da casa e na saúde de meu pai. Com o
tombo meu pai teve um problema na coluna que o deixou sem andar, afetou a
coluna que sofreu uma calcificação. Passou a não andar mais e foi desenganado
pelos médico da época. Minha avó lutou muito por este filho. Trabalhava numa
fábrica de cobertores e chapéus como costureira e à noite ia pra casa e costurava,
fazendo roupas para ganhar um pouco mais. Enquanto costurava,deixava seu filho
num acolchoado próximo a máquina de costura até que um dia, meu pai começou a
se levantar apoiando-se nos pés da máquina de costura, assustando a mãe. Assim,
meu pai ficou em pé, mas com as mãos nos joelhos. Aos 7 anos de idade minha avó
o colocou na escola regular, pois naquela época não havia escola especial. Na
escola não sofreu problemas, pois sua inteligência se sobressaia, porém, como toda
criança queria jogar futebol com os colegas da escola, mas como não andava
normal os amigos o recusaram e disseram que quando ele andasse como gente
normal poderia fazer parte do time. A vontade de jogar futebol era imensa, até que
ele conseguiu tirar as mãos dos joelhos e mesmo com a calcificação na coluna,
estrábico e todo torto, conseguiu jogar futebol, e viver a vida como um criança
normal. Mas devido a sua deficiência recebeu muitos “ nãos” ao procurar trabalho,
assim, minha avó resolveu investir em seus estudos. Ele formou-se em Técnico em
Contabilidade e mesmo passando em vários testes de emprego não era aceito, até
que um dos bancos o extinto Comind o aceitou e este foi seu primeiro emprego.
Logo depois prestou o concurso do Banco do Estado de São Paulo ( BANESPA) e
passou em segundo lugar. Começou a trabalhar na cidade de Conchal, fez muitas
amizades e vivia a vida com um jovem qualquer. Depois consegui ser transferido
para limeira, sua cidade natal onde permaneceu até se aposentar. Constituiu uma
família, teve quatro filhos e todos são normais, sem qualquer deficiência , e
estudados. Seu sonho era ser advogado , então, com o apoio da esposa terminou a
faculdade de direito e após a aposentadoria começou sua profissão como advogado
e exerce até hoje. Tem 72 anos de idade e até fez uma Pós-Graduação após os 65
anos de idade. Um exemplo de superação.
A segunda experiência foi com meu primo Arlindo, que nasceu com Síndrome
de Down, numa família muito pobre e sem informações, sem acesso a qualquer tipo
de escola. De família muito humilde, morava numa olaria na cidade de Pirassununga
e foi tratado como uma criança por todos. Não teve acesso a nenhum tipo de
tratamento, acompanhamento,ninguém entendia sua fala, somente seus pais, mas
era muito querido por todos. Morreu aos 48 anos de idade de infarto, analfabeto e
nunca freqüentou qualquer tipo d escola.
A terceira experiência foi quando eu já estava como coordenadora
pedagógica numa escola particular na cidade de Limeira. Essa escola tinha um
diferencial, pois era uma escola regular, porém, sempre trabalhou com alunos com
necessidades educacionais especiais. Fui professora por 4 anos e depois assumi a
coordenação pedagógica da escola. Lá chegou uma criança com 5 anos de idade e
- 47 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
com Síndrome de Down, foi onde a direção pediu que eu fizesse a avaliação do
mesmo para poder saber em que turma iríamos colocá-lo. Estava me formando em
Psicologia e fiz algumas atividades com este aluno, que apresentou ter condições de
freqüentar a turma de 4 anos e ali ficou. Acompanhou a turma e foi evoluindo, mas
sempre respeitando seus limites. Até terminar o ensino infantil, foi tudo bem, sem
problemas. Quando iniciou o ensino fundamental, período de alfabetização, teve
grandes dificuldades, mas era uma aluno que tinha apoio de vários profissionais:
fonoaudióloga, dentista, cardiologista, nutricionista, fisioterapeuta. Praticava
esportes e tinha acompanhamento psicopedagógico no período oposto da escola
regular. Pedro, este é o seu nome, foi evoluindo na alfabetização até que a família
mudou-se para a Itália por conta de um projeto do pai que foi aprovado. A família
mudou-se para a Itália e ficaram um ano por lá. Ao retornar, iniciamos um trabalho
psicopedagógico novamente e este voltou para a mesma escola onde cursou até a 4
série. Eu fui a professora da 4 série com diversos alunos e com o Pedro, com
Síndrome de Down. Nada era feito diferente para o Pedro, as mesmas atividades
dadas aos demais era dado a ele, a única coisa que modificava era o objetivo da
atividade, com isso Pedro ficava na sala, se interagia, fazia as lições e se sentia
importante naquele grupo. Como professora estive sempre em contato com as
especialistas que trabalhavam com ele. Na 5 série Pedro tinha que mudar de escola,
pois a mesma só oferecia até a 4 série do ensino fundamental. Eu, seu s pais
procuramos várias escolas regulares que pudessem aceitar o Pedro, mas
enfrentamos muitas dificuldades, porém, encontramos uma que estava mais
disposta a enfrentar o desafio, assim, Pedro iniciou na nova escola, mas o mesmo
não ficava em sala de aula, não sentia que as atividades era significativas e como
não entendia nada, ia para o laboratório de informática onde era “expert”. Os
professores, sem saber o que fazer, nada faziam. Até que a mãe começou a cobrar
da escola a sua aprendizagem, mas a mesma estava mais preocupada em saber se
ele estava integrado ao grupo do incluído, sua aprendizagem ficou em segundo
plano. Dessa forma fui contratada pela mãe para poder dar orientações aos
professores da escola. Os mesmos respondiam que não foram formados para
trabalhar com um criança como ele e estava resistentes. Aos poucos conseguimos
que os professores de Português e Matemática pudessem fazer algum trabalho
diferenciado , demonstrando resultados positivos, porém, os demais professores só
reclamavam e nada faziam para ajudar o Pedro na escola. No final do ano os pais
mudaram de escola e as mesmas dificuldades foram encontradas.
A família mudou-se para Campinas e os pais decidiram contratar um
pedagoga para alfabetizá-lo e começou a aprender outros ofícios na Fundação
Síndrome de Down. Este caso não obteve sucesso na inclusão. Hoje Pedro está
inserido no mercado de trabalho, realizando atividades com computadores e
realizando outras atividades, com artes, pois tem muito talento para isso.
O caso do Pedro me incomodou muito, assim, resolvi fazer um projeto para o
Mestrado e dei início a esta etapa da minha vida. Neste período ( ano de 1999),
participei de um Seminário Internacional com italianos que procuraram expor a
experiência italiana em relação ao trabalho realizado com deficientes. Ao ter contato
com os italianos, pude apresentar meu projeto de mestrado , assim, recebi um
convite para visitar e conhecer a realidade italiana. Em 2000 estive na Itália
realizando um trabalho de observação sobre as pessoas com deficiência e seu
percurso, desde o nascimento até a entrada no mercado de trabalho.
- 48 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Ao retornar para o Brasil, enfrentei dificuldades em poder colocar algumas
coisas em prática, assim, dei andamento aos meus estudos de mestrado.
Em 2007 concluí o trabalho e comecei a palestrar sobre essas experiências.
Durante a pesquisa constatei que Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE)15, nascem no Brasil, cerca de oito mil bebês com síndrome de
Down por ano, e um número muito expressivo deles possui mães com menos de 35
anos de idade.
Perante esses dados estatísticos, uma polêmica se instaura, pois leva a crer
que há mais casos de síndrome de Down em mães mais jovens do que em mães
com mais de 35 anos, derrubando a tese de que quanto mais idade a mulher tiver,
maiores serão os riscos para o bebê. No entanto, a explicação para esses resultados
parece estar no fato de a mulher mais jovem procriar mais freqüentemente,
aumentando a incidência de casos.
De acordo com os resultados do Censo 2.000, do IBGE, cerca de 14,5% da
população brasileira tem algum tipo de deficiência física ou mental, tratando-se de
uma população de 24,5 milhões de pessoas. Dentro deste grupo, estima-se que
haja, entre os 170 milhões de brasileiros, cerca de 300 mil pessoas portadoras da
Síndrome de Down.
Verifica-se que o exame de amniocentese é importante para detectar se a
criança poderá nascer com a síndrome de Down, se este for afirmativo, poderá
ajudar a realizar um trabalho de conscientização de pais e familiares e também de
apoio a eles quanto ao esclarecimento sobre a síndrome, o desenvolvimento da
criança, as dificuldades que poderão encontrar, os direitos que as pessoas com a
deficiência têm na sociedade, e conseqüentemente, a diminuição da angústia dos
familiares .
O SUS garante esse exame gratuitamente a todas as gestantes, porém nem
todas sabem de seus direitos.
Mas o que é a síndrome de Down?
Os estudos e trabalhos sobre as pessoas com síndrome de Down surgiram
por volta do século XX, e a cada dia pesquisas inovadoras surgem para contribuir na
evolução de estudos sobre o tema.
Os deficientes mentais eram tratados como um único grupo homogêneo,
medicados da mesma maneira pelos médicos que não levavam em conta as causas
da deficiência, que podem ser inúmeras e ocorrer durante a gestação, no momento
do parto e após o nascimento. Naquela época, a medicina não possuía
conhecimentos suficientes para entender que a redução de inteligência poderia
representar um sinal comum a muitas situações bastante variadas, decorrentes de
alterações no sistema nervoso.
Em 1866, o cientista inglês John Langdon Down fez uma descoberta sobre
um grupo de crianças muito parecidas entre si e que lembravam a população da
Mongólia, desta maneira pôde perceber que essas crianças faziam parte de um
grupo distinto entre as pessoas com deficiência mental e sua descrição física e
clínica sobre esse grupo de pessoas é válida até os dias atuais.
Brian Stratford descreve que ao levar em conta a aparência oriental dessas
crianças e sua deficiência mental, John Langdon Down deduziu que as crianças
regredindo a um tipo racial mais primitivo, dando-lhes o nome de mongolian idiots.
Essa denominação sofreu uma série de mudanças e chegou ao Brasil como “idiotas
mongolóides”.
- 49 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Os profissionais da saúde e educação, pais e cientistas têm procurado não
permitir que a pessoa com síndrome de Down seja chamada de mongolóide, de
mongo ou de mongol, por considerarem o termo pejorativo não só para as pessoas
com a síndrome como também para a população da Mongólia.
No século XX, o cientista francês Jerome Lejune, no ano de 1958, descobre a
verdadeira causa da Síndrome de Down, a qual se trata de um acidente genético, ou
seja, a pessoa apresenta 47 pares de cromossomos ao invés de 46, que é o normal,
assim este cromossomo extra encontra-se no par 21 e, por isso, a síndrome também
é conhecida como trissomia do par 21. O nome Síndrome de Down foi uma
homenagem de Lejune ao médico inglês Langdon Down que foi o primeiro a chamar
a atenção da sociedade para a existência deste grupo de pessoas.
O significado da palavra síndrome, refere-se a um conjunto de sintomas que
caracterizam um quadro clínico e, no caso da síndrome de Down, um dos sintomas é
o comprometimento intelectual devido ao excesso de material genético e as
anormalidades cerebrais.
As crianças com síndrome de Down, normalmente possui um cérebro menor,
tendo reduzido o número de células nervosas e algumas funções
quimioneurológicas são diferentes. Isso tudo acontece pela presença do
cromossomo extra em todas as células, inclusive nas cerebrais, assim como outros
tipos de comprometimentos como as alterações da imagem, por exemplo. Crianças
com Down podem apresentar dedos curtos, pregas nas mãos, olhos um pouco mais
puxados, orelhas pequenas, além de outras características.As crianças apresentam
hipotonia, ou seja, redução da força muscular, que pode levar a uma lentidão no
desenvolvimento motor;cardiopatias congênitas, ou más-formações cardíacas que,
na maioria dos casos, só são resolvidas com cirurgia; o pulmão e os brônquios são
mais fracos, o que predispõe à doenças respiratórias. Outros órgãos também podem
apresentar funcionamento irregular. O intestino fica mais ressecado e a vesícula
biliar não se contrai adequadamente; os ligamentos são mais frouxos e a criança
tem maior flexibilidade, podendo ocorrer riscos de acidentes e fraturas, devido às
articulações não se manterem estáveis, principalmente as dos pés, joelhos, coluna
cervical, coxa e bacia.
Cerca de 99% das pessoas com síndrome de Down têm problemas de visão
e, de 10 a 30% apresentam falhas na audição, por isso é indicado que essas
crianças façam consultas com oftalmologista anualmente.
A expectativa de vida das pessoas com síndrome de Down vem aumentando
nos últimos anos devido ao avanço da medicina. Em 1947, a expectativa de vida era
entre 12 e 15 anos; em 1989, subiu para 50 anos.
Atualmente é cada vez mais comum pessoas com Down chegarem aos 60, 70 anos
de idade, ou seja, uma expectativa de vida muito parecida com a população geral.
Segundo as pesquisas, até o presente momento, não há nada que se possa
fazer no sentido de a pessoa deixar de ter a síndrome, nem mesmo a existência de
vacinas, drogas ou outros tratamentos. A estimulação precoce, uma boa educação,
envolvimento e treinamento vocacional poderão ajudar essas pessoas a ter uma vida
melhor, pois as possibilidades de prevenção da síndrome de Down são mínimas,
mas alguns médicos têm relatado que a ingestão de ácido fólico pode diminuir o
risco da trissomia do 21 e de outros tipos de má- formação na criança.
- 50 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A síndrome de Down ocorre em todas as raças, em qualquer classe social, e
em todos os países. Não há uma relação entre alimentação ou doenças com a
síndrome de Down.
De acordo com uma pesquisa realizada em 1999 pela Federação das
Associações de Síndrome de Down, a única realizada no Brasil até o momento,
"quase 80% das pessoas com Síndrome de Down freqüentavam a escola no
momento da pesquisa.
Quanto à natureza dos estabelecimentos de ensino mais freqüentados: 30%
dos estudantes freqüentam escolas especiais públicas e 24%estão em escolas
especiais privadas. Observa-se pois, que mais da metade dessas pessoas estão em
escolas especiais, o que não coaduna com a tendência mundial para Educação
Inclusiva."
Na efervescência das discussões a respeito da Inclusão, tais dados são
reveladores e ganham ainda mais importância neste momento de afirmação das
práticas e teorias que a fundamentam. Falar desta para pessoas com Síndrome de
Down significa entender que seu grau de desenvolvimento e socialização pode ser
bastante satisfatório quando os mesmos passam a ser vistos como indivíduos
capazes de fazer parte de um mundo designado para habilidosos e competentes.
A pessoa com Síndrome de Down é capaz de compreender suas limitações e
conviver com suas dificuldades, "73% deles tem autonomia para tomar iniciativas,
não precisando que os pais digam a todo momento o que deve ser feito."
Isso demonstra a necessidade/possibilidade desses indivíduos de participar e
interferir com certa autonomia em um mundo onde "normais" e deficientes são
semelhantes em suas inúmeras diferenças.
A isso chamamos de Inclusão, em que estes indivíduos são assegurados por
diversas legislações, mundiais, federais, estaduais.
A Declaração Mundial de Educação Para todos: discute a viabilização de
educação para todos, redimensionando o conceito de necessidades educativas
especiais, propondo a universalização do acesso à educação e promoção da
eqüidade, eliminando preconceitos de qualquer natureza, atendendo as pessoas
portadoras de deficiência em suas necessidades básicas de aprendizagem,
garantindo, assim, como parte integrante do sistema educativo, a igualdade de
acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência.
Observa-se que nesta declaração de educação para todos, o termo deficiente
é excluído, utilizando-se a expressão “pessoa portadora de deficiência”,
demonstrando que essas pessoas podem ser equiparadas a cidadãos, pessoas
comuns com direitos e deveres e com capacidade para produzir na sociedade em
que vivem.
Em relação às políticas para a melhoria do ensino básico, o Plano de Ação
para Satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem85 recomenda atenção
especial “aos educandos e seu processo de aprendizagem; o papel dos educadores,
administradores e outros; o currículo e a avaliação da aprendizagem; os materiais
didáticos e as instalações”.
Esta recomendação foi muito importante para a pessoa com deficiência, que
necessita de serviços profissionais, materiais especializados, currículo adequado,
arquitetura de prédios adequada, no sentido de ter os seus direitos assegurados
como qualquer cidadão
- 51 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Na Declaração de Salamanca (1994) os delegados reafirmam o compromisso
com a educação para todos, reconhecendo a necessidade do ensino para todas as
crianças, jovens e adultos, acontecer no ensino comum de educação. Destacam que
a
“tendência da política social”, durante as duas décadas passadas, foi a de “fomentar
a integração e participação e a de lutar contra a exclusão”, e que o princípio básico
que deve conduzir as escolas integradoras é o de que “todas as crianças” devem,
sempre que possível, aprender juntas, independente de suas dificuldades e
diferenças. A Declaração salientou que: a escolarização de crianças em escolas
especiais – ou classes especiais na escola de caráter permanente – deveria ser uma
exceção, só recomendável naqueles casos, pouco freqüentes, nos quais se
demonstre que a educação nas classes comuns não pode satisfazer às
necessidades educativas ou sociais da criança, ou quando necessário para o bemestar da criança ou das outras crianças.
Observa-se na Declaração uma proposta em que as escolas especiais
funcionem como centros de recursos para as escolas que trabalham com a inclusão
das crianças portadoras de deficiência e que, possam formar as pessoas das
escolas comuns no que concerne à adaptação dos conteúdos e métodos.
A convenção da Guatemala surgiu posteriormente às Leis de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional nº 9394/9693, e como toda lei, acaba com as
disposições anteriores que são contrárias ou complementa algumas omissões.
o Brasil é “signatário desse documento”, que foi aprovado pelo Congresso Nacional
por meio do decreto nº 198, de 13 de junho de 2001, e promulgado pelo Decreto nº
3.956, de 8 de outubro de 2001, da Presidência
da República.
Verifica-se que este documento tem, no Brasil, tanto valor quanto outra lei
qualquer, ou até mesmo como norma constitucional, já que se refere a direitos e
garantias essenciais da pessoa humana, estando acima de leis, resoluções e
decretos.
Com este documento há a necessidade de se fazer uma reinterpretação da LDB
porque, esta, quando aplicada em desconformidade com a Constituição, pode
aceitar diferenciações com base em deficiência, implicando assim, em restrições ao
direito de acesso de um aluno com deficiência ao mesmo ambiente que os outros
colegas que não são deficientes.
A Constituição Brasileira de 1988, aborda o direito a todos à educação.
Esse direito deve apontar “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.Fala da “igualdade
de condições de acesso e permanência na escola”
A LEI nº 7.853, 24/10/1989 dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de
deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração
da Pessoa Portadora de Deficiência a matrícula compulsória em cursos regulares de
estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência
capazes de se integrarem no sistema regular de ensino a inclusão, no sistema
educacional, da Educação Especial como modalidade educativa que abranja a
educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação e
reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação
próprios;
- 52 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O Estatuto da Criança e do Adolescente: ( SE/CENP, 1990) prevê o
atendimento educacional especializado à pessoa portadora de deficiência, também
preferencialmente no ensino regular.
A L.D.B., 9.394/1996 descreve o “atendimento educacional especializado
gratuito aos portadores de necessidades especiais, preferencialmente na rede
regular de ensino”. Prevê que, quando necessário haverá serviços de apoio
especializado na escola regular, para atendimento das peculiaridades da clientela da
educação especial.
Afirmam que os sistemas de ensino deverão assegurar currículos, métodos,
técnicas, recursos educativos e organização específicos, par atender às suas
necessidades como também professores com especialização adequada em nível
médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do
ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes
comuns.
Observa-se que as normas federais obedecem às recomendações
internacionais, incluindo as pessoas com deficiência no sistema comum de ensino,
como também propõem a verificação da importância de profissionais qualificados,
métodos e técnicas, recursos educativos para o atendimento as pessoas com
deficiência e suas necessidades.
A LDB ainda apresenta a educação especial como uma modalidade do
sistema educacional, afirmando ser mais adequado considerar a educação especial
como “todos os recursos e serviços educativos que podem contribuir para o
processo de aprendizagem dos alunos com necessidades educativas especiais”.
Para ela a educação especial “se traduz por práticas pedagógicas que
correspondam à diversidade do alunado no contexto de uma escola para todos”,
visando oferecer respostas educativas no processo da construção da cidadania de
todos os alunos. Afirma que é muito difícil atender as necessidades individuais em
turmas de 28 a 40 alunos, como ocorre no sistema educacional brasileiro, e que
outra dificuldade é a falta de recursos humanos para fazer a orientações aos
professores.
A Constituição do Estado de SP ( 1988) inclui dispositivos específicos
destinados a garantir os direitos das pessoas com deficiência.
O poder público organizará o sistema educacional de ensino, “[...] abrangendo
todos os níveis e modalidade, incluindo a especial, estabelecendo normas gerias de
funcionamento para as escolas públicas estaduais e municipais, bem como para as
particulares”
Afirma-se que o Poder Público “oferecerá atendimento educacional
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino”
No ano de 1991, foi decretado sob o número 33.8231, pelo Governo do
Estado de São Paulo, o Programa Estadual de Atenção à Pessoa Portadora de
Deficiência, visando implantar e implementar projetos e medidas de atendimento às
necessidades básicas e especiais das pessoas portadoras de deficiência em várias
áreas, incluindo a educação.
Em 1995, por meio da lei número 9.167, o Governo Estadual apresenta
o
Programa Estadual de Educação Especial, que prevê em seu artigo 2:
I - inclusão de disciplinas relativas à educação especial nos currículos dos cursos de
formação para o Magistério.
- 53 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
II - criação de cursos de preparação de pessoal especializado na educação ligada às
diferentes áreas de deficiência.
III - Realização de pesquisas e estudos sobre métodos e técnicas, conteúdos e
equipamentos adequados à Educação Especial.
IV - Interiorização da Educação Especial.
Verificamos que temos leis que asseguram os direitos, porém, ainda não
podemos afirmar que no Brasil a legislação é aplicada de forma correta pelas
escolas e pelo poder público.
O papel do Professor é o de tomar consciência de sua importância e da
função que desempenha perante este momento tão importante. Como se vê, é na
relação concreta entre o educando e o professor que se localizam os elementos que
possibilitam decisões educacionais mais acertadas, e não somente no aluno ou na
escola. O sentido especial da educação consiste no amor e no respeito ao outro,
que são as atitudes mediadoras da competência ou da sua busca para melhor
favorecer o crescimento e desenvolvimento do outro.
Ter acesso aos outros profissionais, como fonoaudiólogos e fisioterapeutas
envolvidos no desenvolvimento deste indivíduo, podem também trazer contribuições
significativas para as ações do professor em sala de aula. Em que pese os esforços
da instituição objeto da Pesquisa e, até mesmo, pessoais dos entrevistados, a
análise da Pesquisa revela, entre os profissionais envolvidos com o processo de
inclusão do portador da SD, por vezes alguma desinformação, outras vezes a
informação distorcida.
Tal constatação aponta, necessariamente, para um melhor planejamento da
formação dos recursos humanos, entende-se profissionais envolvidos, com vistas a
criar uma cultura de base a respeito da Síndrome e outros tipos de deficiência e,
também, dos referenciais teóricos tocantes à inclusão, que permita, uma vez
combinada organizadamente com o conhecimento e a experiência prática desses
educadores, alcançar novos patamares de qualidade no decorrer do processo de
inclusão.
A evolução do processo torna-se mais evidente e significativa na medida em
que o profissional toma posse dos conhecimentos, sente-se mais seguro e confiante
para compreender os limites individuais, independente até das necessidades
especiais que os alunos possam apresentar, e consegue explorar as potencialidades
que os mesmos certamente possuem.
A Educação Especial ainda funcionava como um serviço paralelo e
distanciado, com métodos e profissionais próprios. As escolas e classes especiais,
por sua vez, continuaram sendo espaços de segregação para todos os alunos que
não se enquadravam no sistema regular de ensino.
Para que a proposta inclusiva aconteça, parece-nos necessária a sua articulação
estreita com a Educação Especial e todas as demais áreas da Educação. Essa
“interdisciplinaridade” pode ser a “chave” para a efetivação de uma escola inclusiva
que atenda a todos os alunos independentemente de suas peculiaridades.
O Sistema Educacional Brasileiro atualmente, no ensino regular, a criança
deve adequar-se à estrutura da escola para ser integrada com sucesso.
O correto seria mudar o sistema, mas não a criança. No ensino inclusivo, a
estrutura escolar é que se deve ajustar às necessidades de todos os alunos,
favorecendo a integração e o desenvolvimento de todos, tenham NEE ou não" . Mas
ainda existe a idéia de normalização do aluno.
- 54 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Diminuir o número de alunos em sala de aula poderia ser um ganho para
todos, a mudança no sistema de avaliação que ainda se exige as notas e médias
para que a aluno seja aprovado. E o que verifica-se é que estão aprovando
automaticamente todos os alunos e aqueles com deficiência ainda possuem apenas
a média para que não sejam reprovados, sem levar em conta sua evolução e ter a
média merecida por isso.
Não há políticas públicas de investimento à educação das pessoas com
Síndrome de Down, posto que nem a legislação e declarações que fundamentam o
movimento de inclusão não bastam para que esta seja efetivada. Importantes
documentos internacionais afirmam e fundamentam a prática da educação
inclusiva, mas no cotidiano das escolas da cidade de Limeira verifica-se uma
discrepância entre a legislação vigente e o que é efetivamente realizado.
As leis concernentes a educação, propõem e viabilizam melhorias no ensino,
mas o que temos na realidade, é que a grande parte das escolas estão longe de se
atenderem a legislação da chamada inclusão escolar, ou seja, aberta a todos os
alunos independente de sua deficiência.
- 55 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
STRESS: CONCEITO E CONSIDERAÇÕES
Mônica Ferreira da Silva
O termo Stress foi usado inicialmente na física para traduzir o grau de deformidade
sofrido por um material quando submetido a um esforço ou tensão que pode levar à
sua deformação ou quebra. Mais tarde foi utilizado na medicina e biologia,
significando esforço de adaptação do organismo para enfrentar situações que
considere ameaçadoras a sua vida e ao seu equilíbrio interno. Stress é definido,
portanto, como uma resposta do organismo, com componentes físicos e ou
psicológicos, causada pelas alterações psicofisiológicas que acontecem quando
uma pessoa se depara com uma situação que de alguma maneira, a irrite, confunda,
amedronte ou excite. O processo de stress se desenvolve ao longo de quatro fases
(alerta, resistência, quase-exaustão e exaustão) em ordem de gravidade dos
sintomas que se manifestam sendo que o elemento primordial necessário para o seu
desencadeamento é a necessidade de adaptação a algum fato ou mudança, já que
o stress por si só não pode ser considerado uma doença. A baixa resistência
causada pela permanência de um “estressor” na vida do indivíduo, faz com que este
venha a adquirir doenças oportunistas que se desenvolvem a partir do stress e
afetam órgãos-alvo de acordo com a predisposição genética e comportamental.
Alguns padrões de comportamento, por exemplo, podem aumentar ou diminuir a
probabilidade do desenvolvimento de stress, isso significa que alguns indivíduos são
mais vulneráveis, já que o modo de resolver problemas, a assertividade, as crenças
e o padrão de ansiedade são fatores diretamente relacionados ao stress. Uma
pessoa com crenças irracionais e pensamentos disfuncionais acerca de situações do
dia-a-dia pode apresentar mais ansiedade e conseqüentemente maior probabilidade
de desenvolver stress e doenças a ele associadas.
- 56 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
STRESS DO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO: CONSEQÜÊNCIAS E PREVENÇÃO
Luiz Ricardo Vieira Gonzaga
Alguns indivíduos em fase estudantil estão sujeitos ao stress emocional devido as
grandes adaptações que são levados a fazer durante a transição e/ ou curso de seu
desenvolvimento no meio universitário. O ajustamento a essas mudanças vai
requerer do indivíduo, em geral, uma desenvolvida capacidade adaptativa havendo,
possivelmente, a necessidade de mobilização de energia física, mental e social para
que essa adaptação ocorra. Por outro lado, nem todos que passam por essa fase
adaptativa são submetidos criteriosamente ao mesmo nível de sintomatologia do
stress. O Stress é uma resposta do organismo, com componentes físicos e ou
psicológicos, causadas pelas alterações psicofisiológicas que acontecem quando
uma pessoa se depara com uma situação que de alguma maneira, a irrite, confunda,
amedronte ou excite. O processo de stress se desenvolve em quatro fases: alerta,
resistência, quase-exaustão e exaustão em ordem de gravidade dos sintomas que
se manifestam sendo que o elemento primordial necessário para o seu
desencadeamento é a necessidade de adaptação a algum fato ou mudança. Este
trabalho teve como objetivo investigar os estressores internos e externos de jovens
universitários, a busca de estratégias de adaptação e enfrentamento que eles
buscam e métodos preventivos ao stress excessivo; referenciado pela literatura
especializada do tema. Sendo assim, saber como o stress atua no jovem
universitário, que sintomas são mais prevalentes e quais estressores externos estão
presentes neste meio é de suma importância para todos os profissionais e,
principalmente, para a instituição que atua com este segmento.
- 57 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
STRESS OCUPACIONAL DO PROFESSOR
Ana Paula Justo
O stress ocupacional é desencadeado por etressores externos existentes no
ambiente de trabalho, como: reconhecimento, remuneração, estilos de supervisão,
higiene e segurança, clima humano, condições físicas do ambiente de trabalho,
excesso de trabalho, assédio moral, etc. Mas também pode ser potencializado pelas
próprias características pessoais do empregado, como: valores, expectativas e
preocupações. Estudos que investigaram o stress ocupacional de algumas
profissões revelaram alto nível em professores. O ambiente acadêmico tem se
destacado em relação à ocorrência de situações estressantes comprometendo o
desempenho, tanto pessoal quanto profissional, do docente, além dos prejuízos a
saúde. Segundo a Organização Internacional do Trabalho, o stress é uma das
principais causas de abandono da profissão de docente, sendo considerada uma
profissão de risco físico e mental. Alguns fatores presentes na rotina de trabalho do
professor são apontados como fontes significativas de stress, sendo eles:
precariedade dos recursos didáticos; as normas e procedimentos administrativos
inadequados e com excessivas funções burocráticas atribuídas ao docente; alto
nível de atenção e concentração para a realização das atividades; excesso de
trabalho e pressão em relação o pouco tempo para realizar um conjunto de tarefas
diversificadas e urgentes; relacionamento interpessoal e conflitos entre professor e
alunos; desinteresse do aluno; condições físicas deficitárias das instalações e,
principalmente, salário insuficiente. A necessidade do uso dos recursos tecnológicos
nas atividades do docente, também é apontada como estressor. Em decorrência
deste ambiente ocupacional, o trabalho do professor também oferece condições
propícias ao desenvolvimento do burnout. A síndrome de burnout é um tipo especial
de stress ocupacional que se caracteriza por profundo sentimento de frustração e
exaustão em relação ao trabalho desempenhado, sentimento que aos poucos pode
estender-se a todas as áreas da vida de uma pessoa. Para a efetividade dos
programas de prevenção do stress do professor é necessário que mudanças sejam
realizadas no ambiente ocupacional, pois, medidas de caráter administrativo podem
reduzir sensivelmente os problemas envolvendo a relação stress-professor. Também
é necessário um investimento do próprio professor em relação ao seu
autoconhecimento sobre suas próprias características pessoais que o tornam mais
vulneráveis ao stress, além do desenvolvimento de melhores estratégias de
enfrentamento.
- 58 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
MICROCIRURGIA PARENDODÔNTICA EM DENTES COM LESÃO REFRATÁRIA
Prof. Dr. Waldocyr Simões; Prof. Dr. Cid Alonso Manicardi;
Prof. Dr. Homero Casonato Jr e Prof. Mestrando Samuel Henrique Camara de Bem
Profs. da Uniararas
No tratamento dos canais radiculares de dentes portadores de alterações pulpar e
ou periapicais, com indicação para tratamento endodôntico, nem sempre conseguese êxito. Vários são os fatores da etiopatogenia, podendo-se citar, entre outros,
bactérias resistentes aos fármacos, complexidade anatômica dos canais e, não raro,
iatrogenias (erros técnicos profissionais). Nestas condições de insucesso do
tratamento, pode-se como último recurso, indicar uma cirurgia parendodôntica na
tentativa de salvar o órgão dental. Hoje, desde que a cirurgia seja corretamente
indicada, planejada e executada com os recursos técnicos e eletrônicos que existem,
a incidência de sucesso é alta. No caso em questão, após exames radiográficos,
hemograma e tomografia computadorizada, foi indicada uma microcirurgia
parendodôntica (com microscópio) efetuando-se apicetomia e retrobturação com
MTA nos dentes 12 e 13 (incisivo lateral e canino superior direito), que
apresentavam lesão periapical extensa e persistente. Foi utilizada a técnica instituída
pela equipe de endodontia da Uniararas com retropreparo e retrobturação, com
ultrasom e preenchimento da loja óssea com osso liofilizado bovino da Genius
(gerMix). Procedimento realizado ao vivo, em anficlínico, transmitido para anfiteatros.
- 59 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
CONCEITOS SOBRE CÉLULAS-TRONCO CANCEROSAS E SUAS APLICAÇÕES
NA TERAPIA DO CÂNCER
Heidge Fukumasu, Médico Veterinário (USP 2003), Doutor em Patologia Experimental
(USP 2008)1
1
Autor para correspondência: Professor Doutor de Biologia Molecular do Departamento de
Ciências Básicas, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São
Paulo, Av. Duque de Caxias Norte, 225, CEP:13635-900, Pirassununga-SP
Recentemente a descoberta de populações de células tumorais com características
de células-tronco e sua posterior caracterização, implicaram na hipótese das célulastronco cancerosas (do inglês, Cancer Stem Cells, abreviação CSCs) que postula a
existência de sub-populações de células do tumor que são responsáveis pelo
crescimento tumoral, heterogeneidade celular, formação de metástases e recidiva
tumoral após a quimioterapia. Esta teoria propõe uma organização hierárquica das
células de determinado tumor, no qual uma população de células com características
de células-tronco seriam responsáveis pela manutenção do crescimento tumoral. Por
definição, as CSCs possuem propriedades semelhantes às células-tronco normais
(CTs) como pluripotência, potencial de auto-renovação, capacidade de diferenciação
em diferentes tipos celulares e resistência a múltiplas drogas. Da mesma maneira
que as CTs, as CSCs também expressam genes de resistência a múltiplas drogas
(MDRs) que conferem proteção contra toxinas. Portanto, estas CSCs possuem
habilidade de suportar ataques citotóxicos oriundos da quimioterapia por ter
capacidade de exportar rapidamente xenobióticos potencialmente danosos e
também por possuir um sistema eficiente de detoxificação de metabólitos celulares.
Estas habilidades incluem a alta expressão de transportadores da família ABC e a
expressão de aldeído desidrogenase (ALDH). Uma técnica reconhecidamente
importante para detectar CSCs é a de separação da Side Population (SP,
“população lateral”), reconhecidamente enriquecida em CSCs (Goodell, Brose et al.,
1996). Esta população é formada por um grupo de células de um tumor que
expressa transportadores específicos de membrana responsáveis pelo fenômeno de
resistência a múltiplas drogas (Multi-drug-resistance, MDR) entre elas a ABCG2
capaz de, quando ativa, transportar outras substâncias para fora da célula, inclusive
fármacos citotóxicos utilizados na quimioterapia. Outro possível mecanismo de
resistência é a alta expressão de ALDH nas CSCs, uma enzima detoxificante
responsável pela oxidação de aldeídos intracelulares, ou seja, medeia a autoproteção e resistência de agentes usados na terapia de câncer. Pelas propriedades
a elas atribuídas, o desenvolvimento de novas terapias contra o câncer deve ser
direcionado para estas células já que estas apresentam características de grande
importância para tumor maligno. Ao final da palestra foram comentados possíveis
alvos terapêuticos baseando-se nas propriedades destas células e do ambiente em
que vivem, demonstrando os projetos em andamento na FZEA-USP.
- 60 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
DIVERSIFICAÇÃO PELA PRODUÇÃO DE NOVOS SUCRODERIVADOS
Prof. Dr. Cláudio Lima de Aguiar
Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Av. Pádua Dias, 11,
CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brasil.
Sendo a cana-de-açúcar uma cultura agrícola amplamente estabelecida no Brasil, é
também a principal fonte de sacarose cristalina a partir da qual se construiu ao longo
de anos, uma indústria sucro-alcooleira, de onde se obtém grandes quantidades de
açúcar e etanol. Mais recentemente, a visão de sustentabilidade tem induzido uma
mudança de consumo, bem como, na produção industrial. Diante desta nova
realidade, as usinas são hoje produtoras de, no mínimo, três produtos de interesse
sócio-econômico – açúcar, etanol e eletricidade.
Na realidade, muitos outros produtos são obtidos e comercializados pelas usinas
brasileiras de forma não estabelecida no mercado, tais como: melaço, leveduras de
sangria, bagaço da cana-de-açúcar, torta de filtro, óleo fusel, entre outros em menor
quantidade. No entanto, a cana-de-açúcar, com sua complexa composição química,
ou a sacarose podem ser fontes inesgotáveis e de baixo custo em diversos
processos na obtenção extrativa ou na síntese de inúmeros produtos de interesse
comercial agregando valor e divisas à indústria brasileira.
- 61 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
LINGUAGEM E EDUCAÇÃO
Ms. Ana Carolina Kastein Barcellos
Esta palestra tem como objetivo discutir o processo de apropriação da linguagem
escrita em crianças pequenas e nas primeiras séries do Ensino Fundamental; refletir
sobre o uso da linguagem, dos signos e suas representações diante das tecnologias
de comunicação. São enfatizadas: a importância da leitura, mais especificamente de
obras clássicas e da apropriação da linguagem enquanto prática social (PCN, 1997).
Para tanto, foi observada a necessidade de se levar em conta a bagagem cultural, o
contexto em que as crianças se inserem; assim, foram destacadas formas de
comunicação na atualidade como emails, mensagens instantâneas em chats,
torpedos, bilhetes, scraps dentre outros. Para a discussão foram abordados os
conceitos de Bakhtin (2003) sobre gênero primário e secundário e apresentados
resultados de pesquisas sobre o tema aquisição da linguagem e o uso da tecnologia
( que cada vez mais faz parte do universo das crianças que já “nascem clicando”).
Dessa forma, a palestra contribui com uma série de reflexões acerca da concepção
de linguagem, entre elas a aquisição da escrita, a importância da leitura, os gêneros
do discurso e a prática social.
- 62 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
COMO FALAR EM PÚBLICO TÉCNICAS E ESTRATÉGIAS PARA O
PROFISSIONAL DA COMUNICAÇÃO
Fonoaudióloga. Lhaís R. Mestre.
Mestranda em voz pela PUC-SP.
A oratória é conhecida como: “A arte de falar bem”,quando refere-se a um curso de
oratória ou de comunicação oral idealiza-se uma grande quantidade de regras e
“dicas” que aparentemente,funcionam com qualquer individuo e em qualquer
situação, porém as dicas não servem para qualquer sujeito. Neste trabalho serão
apresentados um apanhado geral do que as pessoas tem dificuldades.Conhecer o
assunto é fundamental bem como levar informações de reserva.No início da
apresentação o orador deve conquistar os ouvintes com informações agradáveis e
em seguida expor assunto que será abordado. No passo dois praticar bastante é
essencial para se sentir confiante e para surti este efeito é necessário ter prática e
experiência, para que isso aconteça é necessário aproveitar todas as chances que
tiver para falar em público, aceitar convites para falar em reuniões, ou até mesmo
participar de debates. Medo e ansiedade são algo que aflige todas as pessoas, mas
ao se aproximar da ocasião de falar, seja diante de um auditório, ou numa reunião
entre amigos é necessário controlar esse nervosismo, atos como o de fumar, roer
unhas e andar sem rumo de um lado ao outro não vão acalmar o orador. O
importante é ter uma atitude correta, caminhar durante a apresentação, demonstra
segurança e confiança, e a platéia prestará mais atenção em um orador que
demonstra atitude de alguém tranquilo. Não adquirir vícios principalmente os de
mexer em botões de casacos, bolsos, lápis e folha de papel. Acostumar-se desde o
início a não colocar os cotovelos sobre mesa, púlpitos ou até mesmo apoiar, ora
sobre uma perna, ora sobre a outra, isso pode desviar a atenção do auditório, que
durante todo o tempo precisa ficar concentrado na apresentação. Vale ressaltar que
falar com firmeza demonstra que apresentador é uma pessoa segura, pois a primeira
indicação percebida sobre as alterações ocorridas no estado emocional de uma
pessoa é através da voz. Assim como a voz demonstra o que o orador está sentindo,
o semblante também é um dos aspectos importantes da expressão corporal, deve
verificar se ele está expressivo e coerente com a emoção transmitida pelas palavras,
não demonstrar tristeza quando falar em alegria. O orador deve ser bem-humorado,
pois desta forma consegue manter a atenção dos ouvintes com mais facilidade.
Recursos audiovisuais são importantíssimos para uma boa apresentação, porém
deve utilizar somente o necessário, não usar o visual, porque é bonito para
impressionar, ou porque todo mundo usa, verificar se realmente é necessário. Para
realização de um bom power point deve conter: informações importantes, uma tela
lógica para o acompanhamento do raciocínio e por fim fazer com que os ouvintes se
lembrem das informações por mais tempo, desta forma terá uma apresentação de
sucesso.
- 63 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
AS MÍDIAS SOCIAIS E SUA IMPORTÂNCIA COMO FERRAMENTA DE
MARKETING
Professor Matheus Berto.
Mestrando em Comunicação pela Universidade Metodista de São Paulo e especialista em
Marketing pós-graduado pela Madia Marketing School.
A organização da sociedade em torno de redes sociais não é algo novo, isso existe
desde o surgimento dos primeiros agrupamentos sociais, novo é o conceito de uma
sociedade interconectada através de mídias sociais. Essa nova organização social,
causou a emergência de um Mundo Plano, no qual tornou-se possível uma
comunicação direta e em tempo real sem que existam as barreiras de tempo e
espaço. Nesse “Mundo 2.0” não existem mais fronteiras e as interações sociais, bem
como os hábitos, as visões de mundo e as necessidades são outras. Nesse
contexto, a humanidade observou o surgimento de um novo formato de consumidor,
o “Consumidor 2.0”, cujas principais características são o perfil crítico, exigente e
imediatista, a facilidade no acesso a informação, e a capacidade de interagir-se com
outras pessoas através de múltiplas plataformas conversacionais. Esse novo
consumidor conectado e interligado faz parte de um novo fenômeno social batizado
como Fenômeno Groundswell definido como um movimento espontâneo de pessoas
que usam ferramentas online para se conectar, assumir o controle de suas
experiências e obter o que precisam. Esse fenômeno possui cinco personagens
principais: os Creators (composto pelas pessoas que publicam informações em
blogs e websites, criam vídeos, áudios, músicas, escrevem artigos e matérias
online), os Critics (composto pelas pessoas que resumem e comentam os posts
publicados, editam as informações em wikis e participam dos fóruns online), os
Colectors (composto pelo grupo de pessoas que selecionam informações relevantes,
adicionam tags e coletam fotos em websites), os Joiners (composto pelo grupo de
pessoas que apenas participam de maneira passiva dos sites de relacionamento
social), e os Spectators (formado pelo grupo de pessoas que apenas leem artigos
escritos por outros, assistem vídeos criados e ouvem músicas criadas por outros.
Nesse cenário, um planejamento de marketing ou comunicacional precisa levar em
conta os efeitos desse fenômeno para se tornar assertivo. Assim, as mídias sociais
em um plano de marketing podem ser utilizadas para análise do comportamento do
consumidor, avaliar os movimentos do mercado, promover fidelização e
relacionamento com os consumidores, divulgação de uma determinada marca e
promoção de vendas. Nesse sentido, torna-se necessário compreender de que
forma cada uma das mídias sociais existentes pode contribuir para um plano
mercadológico. Em primeiro lugar destacam-se as mídias Orkut e Facebook,
utilizadas para a fidelização de consumidores, pesquisa de mercado, opinião e
análises da concorrência, através da movimentação de comunidades, postagem de
fotos e fóruns de debate – vale a pena lembrar que caso deseje-se utilizar as mídias
sociais como ferramenta de marketing pessoal ou para divulgação de trabalhos
profissionais, indica-se as mídias Linkedin e My Space. Outra ferramenta importante
em um planejamento de marketing é o Twiter, utilizado para a fidelização de
consumidores, propagação de conceitos e incentivo das compras por impulso,
através de tweets e ações promocionais. Por sua vez o flickr é uma ferramenta
utilizada para mostrar as movimentações das empresa através de postagem de
imagens como fotos, propagandas, textos, etc. Além das mídias sociais merecem
- 64 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
destaque também sites como o youtube e blogs e fotoblogs, através do qual tornamse possíveis ações testemunhais e produção de conteúdos de mobilização sociais.
- 65 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA JUNTO AO IDOSO USUÁRIO DE PRÓTESES
DENTÁRIAS.
Gisele Ferreira Camargo – Fonoaudióloga
Contato: [email protected]
Karin Hitomi Ishikawa – Cirurgiã-dentista
O envelhecimento é considerado uma etapa natural do desenvolvimento, é
inexorável, gradativo, lento e multidimensional, ocorrendo de acordo com as
realidades biopsicossociais particulares (Cunha, Coronatto, Bataglion e Pereira,
2003).
A projeção de que o Brasil em 2025 será o sexto país no ranking de
população idosa mundial é razão suficiente para melhorar a saúde bucal e cuidar da
saúde como um todo.
Um dos desafios propostos ao indivíduo e às sociedades é conseguir a
longevidade cada vez maior, com qualidade de vida cada vez melhor, para que os
anos vividos sejam plenos de significado e dignidade (Pachoal, 2002).
Para um atendimento de qualidade ao idoso usuário de prótese dentária é
necessário que haja vocação, pois é um tipo de atendimento com muitas
peculiaridades e que exige atenção, cuidado, carinho e conhecimento. Esse
conhecimento pode ser completado por meio da Gerontologia que é uma disciplina
científica multiprofissional e interdisciplinar, cujas finalidades são o estudo das
pessoas idosas, as características da velhice enquanto fase final do ciclo de vida, o
processo de envelhecimento e seus determinantes biopsicossociais.
Em gerontologia sugere-se que o tratamento ao idoso seja um conjunto de
intervenções diagnósticas e terapêuticas cujo objetivo é o de manter e/ou restaurar
sua capacidade funcional, otimizando seu potencial individual.
A proposta da reabilitação gerontológica é que ela seja reflexo da ação
integrada e multidimensional de uma equipe multiprofissional, ou pelo menos da
ação de profissionais com uma visão abrangente do envelhecimento normal e do
patológico (Perracini, Najas e Bilton, 2002).
Sendo assim, a fonoaudiologia e a odontologia tornam-se grandes parceiras
para que o idoso receba um atendimento de qualidade.
A fonoaudiologia é a Ciência que estuda os Distúrbios da Comunicação
Humana e compreende as áreas de Audição, Linguagem, Voz e Motricidade
Orofacial, sendo que esta última é a que estaremos abordando nesse artigo.
O fonoaudiólogo tem seu trabalho mais conhecido junto à ortodontia,
ortopedia funcional, cirurgia ortognática, mas ainda existe pouco conhecimento
dessa nova possibilidade de atuação com próteses dentárias.
Contudo, há uma grande possibilidade de trabalho em conjunto, como
podemos verificar no artigo: CAMARGO, F. G., SOUSA, M.L.R. FRIGERIO, M.L.M.A.
Avaliação fonoaudiológica x autopercepção de saúde bucal em idosos após a
instalação de próteses dentárias. Revi Assoc Paul Cir Dent. 2008; 62(4):299-306.
- 66 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Na Odontologia, a reabilitação oral por meio de próteses dentárias depende
da quantidade de dentes perdidos, ou seja, indivíduos que perderam alguns dentes
podem utilizar próteses parciais removíveis, próteses parciais fixas, ou ainda
próteses sobre implantes, e quando ocorre à perda de todos os dentes há a opção
de se utilizar próteses totais, próteses sobre implantes do tipo overdenture ou
protocolo fixo.
As próteses totais para serem bem confeccionadas exigem do cirurgiãodentista, protesista, embasamento teórico, habilidade técnica, prática e um ótimo
relacionamento paciente-profissional, pois é um tratamento demorado, que requer
diversos cuidados para não incorrer em somatória de erros. Mesmo sendo bem
confeccionadas, há a dificuldade do paciente em se adaptar com as novas próteses,
devido à nova conformação da base das próteses que certamente machucará em
regiões não contactadas pelas próteses antigas, ao restabelecimento adequado da
dimensão vertical de oclusão, às dificuldades funcionais em mastigar e falar, assim
como, quando são instaladas pela primeira vez.
A atuação do fonoaudiólogo junto ao idoso usuário de prótese dentária
envolve dois grandes e importantes aspectos na vida do ser humano, que são:
Alimentação e Comunicação.
Para que esse trabalho seja feito de uma maneira responsável e efetiva, é
necessário que exista o conhecimento do sistema estomatognático, das funções
neurovegetativas e sobre o envelhecimento normal.
Com a idade ocorre a diminuição da força muscular devido a uma diminuição
do número de fibras musculares e seu volume individual. Os músculos tornam-se
menos elásticos, portanto menos flexíveis. O idoso apresenta uma diminuição e
lentificação dos movimentos. A perda da dentição natural e o uso de próteses
inadequadas associadas à redução da força mastigatória afetam a função da
mastigação na medida em que dificultam o preparo do bolo alimentar, podendo levar
à fadiga prematura durante a alimentação (Venâncio, 2007).
A dificuldade para adaptação das próteses pode ocorrer por problemas
morfológicos, pela própria característica da prótese, por fatores emocionais e
posturas, e por problemas funcionais, sendo nestes que a fonoaudiologia estará
atuando (Felício e Cunha, 2005).
O sucesso da adaptação às próteses dentárias não depende só do fator
estético, mas também da possibilidade de realizar adequadamente as funções de
mastigação, deglutição e fala, sendo que através da atuação fonoaudiológica podem
ser realizados procedimentos terapêuticos visando à normalização dessas funções,
colaborando para um processo de adaptação com maior conforto e rapidez (Cunha,
Felício e Bataglion, 1999).
A deglutição é o processo pelo qual o alimento é transportando da boca até o
estômago. É um processo complexo que envolve uma série de músculos e nervos. É
dividida em três fases:
- oral (preparatória e transporte);
- Faríngea;
- Esofágica
- 67 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Os efeitos do processo de envelhecimento deixam o mecanismo da
deglutição mais vulnerável a distúrbios causados por alterações de saúde. Cada
estágio da deglutição sofre modificações durante o envelhecimento, podendo
contribuir para o aparecimento de sintomas disfágicos.
Contudo, alguns pacientes idosos, principalmente aqueles que tiveram
acidente vascular encefálico (AVE) podem apresentar disfagia, a qual pode ser
definida como um sintoma de uma síndrome de base que se caracteriza por
qualquer alteração no trânsito do alimento da boca até o estômago, colocando o
indivíduo em risco de aspiração pulmonar, desnutrição e/ou desidratação.
Os pacientes disfágicos devem receber uma atenção especial desde a
confecção da prótese dentária, muitas vezes precisando de cuidados especiais
durante todo o processo. Seguem alguns sinais e sintomas que podem indicar a
presença de disfagia.
• Antes da alimentação:
- Ausência de dentes;
- Má adaptação de próteses dentárias
• Durante a Alimentação:
- Dificuldade de mastigar;
- Dificuldade de controle do alimento em cavidade oral;
- Alteração da formação do bolo alimentar;
- Dificuldade de vedar os lábios ao deglutir.
• Após a deglutição:
- Grande quantidade de resíduo alimentar em cavidade oral
A presença de tosse e engasgos durante a alimentação também devem ser
considerados.
O profissional bem preparado e atento tem condições de oferecer um melhor
atendimento aos seus pacientes idosos. Quanto à avaliação fonoaudiológica esta é
realizada através da aplicação de um protocolo de avaliação do sistema
estomatognático, funções neurovegetativas e fala.
O protocolo de avaliação fonoaudiológica é subdividido em estruturas orais,
funções neurovegetativas e fala. No item estruturas orais são avaliados o aspecto, a
postura a mobilidade e tonicidade de lábios, língua, bochechas; condições dos
dentes (estado geral, ausência de dentes, uso de próteses parcial ou total);
mandíbula, palato duro e palato mole. Essa avaliação é feita por meio da
observação das estruturas em repouso, realizando apalpação muscular e durante a
realização de diferentes movimentos que os idosos fazem sob a orientação da
avaliadora. A avaliadora realiza cada movimento proposto, oferecendo pista visual
ao idoso, o qual logo após a observação, realiza os mesmos movimentos.
Para avaliação das funções neurovegetativas : respiração é avaliada através
da observação do idoso no decorrer da avaliação. Para a mastigação e deglutição, é
oferecido pela avaliadora algum alimento, que normalmente é o biscoito “Água e
Sal”, através do qual são analisados todos os aspectos propostos no protocolo para
a avaliação destas duas funções, ou seja, como o idoso morde o alimento, qual é o
modo mastigatório (unilateral, bilateral, etc), como manipula este alimento em
cavidade oral, como deglute, se associa ou não líquido para deglutição de sólido. Ao
mesmo tempo é observada a ação muscular, movimentos compensatórios, entre
outros.
- 68 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Para avaliação da mastigação e deglutição de alimento de consistência sólida
foi escolhido o biscoito Água e Sal, por ser de fácil mastigação e de grande
aceitação pelos desdentados, de acordo com Cunha, Felício e Bataglion (1999).
A deglutição é avaliada também com a consistência líquida, a partir da
observação da ingestão de água.
Ao serem oferecidos os alimentos, é solicitado aos idosos que comam e
bebam como fazem habitualmente.
Com relação ao item fala, é utilizada uma lista para repetição incluindo todos
os fonemas da Língua Portuguesa. A avaliadora diz cada palavra da lista e pede
para que o idoso a repita, enquanto isso observa trocas fonêmicas, alteração de
ponto de articulação, ceceio (movimento de anteriorização da língua durante a fala),
distorções (alterações no som dos fonemas), amplitude do movimento de mandíbula
e perda de inteligibilidade.
Todas as observações são registradas no protocolo de cada idoso,
individualmente.
Com a alta incidência das alterações miofuncionais encontradas em usuários
de prótese dentária, fica clara a importância da atuação do fonoaudiólogo, avaliando
antes e após colocação da nova prótese e realizando terapia com objetivo de
favorecer a normalização das funções, dando condições de maior estabilidade às
próteses (Cunha, Coronatto, Bataglion e Pereira, 2003).
A terapia fonoaudiológica será realizada de acordo com os dados obtidos na
avaliação. Cada caso será estudado individualmente e a proposta terapêutica será
construída levando em consideração além dos dados da avaliação, a disponibilidade
do paciente para o tratamento, como por exemplo, o tempo disponível, a saúde
física, a presença de demências, as condições emocionais, entre outros.
A terapia fonoaudiológica pode ser iniciada antes, durante ou após a
instalação da nova prótese dentária, dependendo do tipo de alteração encontrada.
Durante o tratamento são realizados procedimentos para melhorar a postura
do paciente, para adequar a respiração, além da estimulação, da mioterapia e da
terapia miofuncional.
A postura do paciente precisa estar adequada para que exista o equilíbrio da
musculatura facial e corporal, respeitando os limites de cada paciente.
A respiração precisa estar adequada para que os resultados atingidos durante
o tratamento sejam mantidos.
A estimulação é feita de diversas formas, utilizados vários instrumentos como:
estimulação térmica (quente e frio), sabores (doce, azedo, salgado e amargo),
massageadores, escovas de dente. Muitas vezes o paciente idoso precisa ter
trabalhada a sensibilidade e propriocepção intra e extra oral.
A mioterapia é a terapia específica para a musculatura orofacial, onde o
tônus e mobilidade de cada músculo são trabalhados. E a terapia miofuncional que é
o trabalho para adequar as funções neurovegetativas.
Na terapia miofuncional é trabalhada a introdução dos alimentos, que
inicialmente são pastosos e aos poucos é feita a transição até que o pacientes seja
capaz de mastigar alimentos mais duros como as carnes, pães e verduras.
Além de toda a parte funcional, a fonoaudiologia pode também oferecer o
tratamento de estética facial, ou seja, a atuação fonoaudiológica em Motricidade
Orofacial com finalidade estética que visa avaliar, prevenir e equilibrar a musculatura
da mímica facial e/ou cervical, além das funções orofaciais, buscando a simetria e a
- 69 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
harmonia das estruturas envolvidas, do movimento e da expressão, resultando no
favorecimento estético.
A beleza também faz parte da velhice e muitos idosos ficam extremamente
felizes por terem uma prótese funcional e um rosto mais bonito, isso envolve todo
um aspecto social e emocional do paciente.
A parceria da fonoaudiologia e da odontologia no atendimento ao idoso
usuário de prótese dentária traz muitos benefícios ao processo de adaptação à
prótese dentária, tornando-o mais rápido, com menos dor e com mais eficiência,
deixando o paciente idoso cada vez mais satisfeito e com melhor qualidade de vida.
Referências Bibliográficas
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- 70 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
APRESENTAÇÃO ORAL
ESTUDO COMPARATIVO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE
CRIANÇAS COM SINDROME DE DOWN QUE FREQUENTAM
ESCOLAS REGULARES E ESPECIAIS ................................................................... Pág. 74
POTENCIAL HÍDRICO EM FOLHAS DE Coffea arábica L. E
Tradescantia sp. .......................................................................................................Pág. 81
A INFLUÊNCIA DO ESTRESSE NA QUALIDADE DE VIDA DOS
ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS ...........................................................................Pág. 87
TRÊS OLHARES PARA A REALIDADE DE UMA CASA DE
REPOUSO................................................................................................................Pág. 94
ELABORAÇÃO DE PROTOCOLO COM NORMAS E ROTINAS
PARA CLÍNICA DE CURATIVOS ............................................................................. Pág. 100
OFICINA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL E EDUCAÇÃO PREVENTIVA
COM ADOLESCENTES: NOVOS DESAFIOS PARA A PSICOLOGIA .....................Pág. 105
HUMANIZASUS: O QUE OS PROFISSIONAIS DO PROGRAMA
DE SAÚDE DA FAMÍLIA CONHECEM? ...................................................................Pág. 111
ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DO JOGO DIDÁTICO, EVIDÊNCIAS
DA EVOLUÇÃO: DIANTE DOS NOSSOS OLHOS, PARA O
ENSINO DE BIOLOGIA ............................................................................................Pág. 114
ANATOMIA RADICAL DE Miltonia flavescens (Lindl.) (Oncidiinae,
Cymbidiaeae: Orchidaceae)......................................................................................Pág. 117
ANATOMIA RADICAL DE Oncidium varicosum LINDL. (Oncidiinae,
Cymbidiaeae: Orchidaceae)......................................................................................Pág. 122
UTILIZAÇÃO DO CONSOLE NINTENDO WII NO TRATAMENTO
DAS DISFUNÇÕES DE EQUILÍBRIO E FUNCIONALIDADE EM
UM INDIVÍDUO COM ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO .................................Pág. 127
ANÁLISE COMPARATIVA DA INFLUÊNCIA DO LLT (LEVEL LASER
THERAPY) EM SINÓVIA COM ARTRITE REUMATÓIDE
INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE ........................................................................Pág. 132
ANATOMIA RADICAL DE Miltonia regnellii (Lindl.) Rchb. f.
(Oncidiinae, Cymbidiaeae: Orchidaceae) ..................................................................Pág. 138
ANÁLISE DAS REGIÕES ORGANIZADORAS DE NUCLÉOLOS
NO GÊNERO ASTYANAX (CHARACIFORMES: ANOSTOMIDAE) ..........................Pág. 143
PREVALÊNCIA DO HPV 18 EM AMOSTRAS DE MUCOSA ORAL
COM DIAGNÓSTICO DE LEUCOPLASIA VERRUCOSA:
ANÁLISE MOLECULAR ...........................................................................................Pág. 150
- 71 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO ENTRE ALUNOS DA
PSICOLOGIA E DA FISIOTERAPIA JUNTO A PACIENTES COM
DIFICULDADE PARA SE COMUNICAR EM UMA CLÍNICA ESCOLA
DE FISIOTERAPIA ................................................................................................ ..Pág. 156
IDENTIFICAÇÃO DOS GRUPOS EXPOSTOS À “DROGAS ILÍCITAS”
E ÁLCOOL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO –
UNIARARAS .............................................................................................................Pág. 160
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS DIFERENTES INSTRUMENTOS
DE MENSURAÇÃO EO SOFTWARE GOOGLE SKETCHUP FREE
EM ÚLCERAS COM FORMATOS IRREGULARES ..................................................Pág. 164
CONHECIMENTO DOS EFEITOS ADVERSOS DAS ESTATINAS
E SUA UTILIZAÇÃO POR PACIENTES DA CIDADE DE MADRID –
ESPANHA ................................................................................................................Pág. 170
ESTUDO PRELIMINAR DA REPRODUÇÃO INDUZIDA DE
HÍBRIDOS INTERESPECÍFICO DE CACHAPINTA (Pseudoplatystoma
reticulatum X Pseudoplatystoma corruscans) ........................................................ ..Pág. 173
LABORATÓRIO DE CULTURA CELULAR: NORMAS, EQUIPAMENTOS
E PROCEDIMENTOS PARA CULTIVO ....................................................................Pág. 178
AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIOS EM UM SISTEMA DE APOIO À
DECISÃO .................................................................................................................Pág. 182
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL EM GRUPO – UMA PROPOSTA
INTERVENTIVA EM UM SERVIÇO DE PSICOLOGIA .............................................Pág. 187
ATUAÇÃO DE EQUIPE DE PSICOLOGIA DA SAÚDE JUNTO
À UM SETOR DE ONCOLOGIA ...............................................................................Pág. 191
A IMPORTÂNCIA DAS VIVÊNCIAS PARA OS ALUNOS DE
PSICOLOGIA EM SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA, FRENTE A
SUA ATUAÇÃO NA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA .....................................Pág. 198
EXPERIÊNCIA DA PSICOTERAPIA EM GRUPO COM PACIENTES
EM TRATAMENTO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES ..................................Pág. 202
RESTRIÇÃO PROTÉICA GESTACIONAL ALTERA LIPOPEROXIDAÇÃO
MITOCONDRIAL EM FÍGADO DE RATOS MACHOS JOVENS ...............................Pág. 207
AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DA SUTURA PALATINA MEDIANA
POR MEIO DA RADIOGRAFIA OCLUSAL EM PACIENTES
TRATADOS COM EXPANSÃO RÁPIDA MAXILAR ..................................................Pág. 212
INFLUÊNCIA DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO E MODULAÇÃO DA
IRRADIÂNCIA NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE
BRÁQUETES EM INCISIVOS BOVINOS .................................................................Pág. 216
EFEITO DA RESTRIÇÃO CALÓRICA EM ANIMAIS OBESOS E
RESISTÊNTES À INSULINA SOBRE A EXPRESSÃO
- 72 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
PROTÉICA DA AMPK ..............................................................................................Pág. 223
DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO RÁPIDO PARA
DETECÇÃO DAS MUTAÇÕES A827G E C7462T NOS GENES
MT-RNR1 E MT-TS1 ASSOCIADO À SURDEZ........................................................Pág. 227
AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO CELULAR DE ENZIMAS
ANTIOXIDANTES EM RATOS WISTAR TRATADOS COM
FLUORETO DE SÓDIO ............................................................................................Pág. 232
RESISTÊNCIA DE DIFERENTES COMPÓSITOS ODONTOLÓGICOS
E VISCOSIDADE NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE
BRÁQUETES EM INCISIVOS BOVINOS .................................................................Pág. 236
EFEITOS DA EXPANSÃO RÁPIDA DA MAXILA EM PACIENTES
COM MORDIDA CRUZADA POSTERIOR: AVALIAÇÃO
TRIDIMENSIONAL ...................................................................................................Pág. 242
INFLUÊNCIA DOS TEMPO DE ARMAZENAGEM E MATERIAL
NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO PÓS-FIXAÇÃO
DE BRAQUETES INCISIVOS BOVINOS ..................................................................Pág. 248
EFEITOS DO EXTRATO DE Mikania glomerata Spreng. (Asteraceae)
NA LESÃO INDUZIDA PELO VENENO DE Bothrops jararaca
NA PELE DE RATOS ...............................................................................................Pág. 255
- 73 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ESTUDO COMPARATIVO DO DESENVOLVIMENTO MOTOR DE CRIANÇAS
COM SÍNDROME DE DOWN QUE FREQUENTAM ESCOLAS REGULARES E
ESPECIAS
MOSCATO, C. M.1,2; PEROTTI JR., A.1,3,4,5
1
2
3
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS; Discente; Universidade Paulista - UNIP;
5
Faculdade Integrada Einstein de Limeira – FIEL; Orientador.
4
[email protected]; [email protected]
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas a inclusão do deficiente na sociedade tem sido alvo de
inúmeras reflexões e debates, já que é vista de duas maneiras: De acordo com
(CARMO, 1995 apud FREITAS; CIDADE, 2002) há quem acredita que os deficientes
necessitam de programas especiais de inclusão, pois se encontram fora da
sociedade; e há quem considera que eles sempre fizeram parte da sociedade,
portanto não necessitam de programas inclusivos e sim que os processos sociais
que os afastam da sociedade sejam destruídos ou superados.
A escola é vista como um dos principais meios para a inclusão de alunos com
necessidades especiais. Portanto, é necessário preparar a escola para incluir nela o
aluno especial, e não o contrário. Segundo Pereira; Pereira e Domingues (2009) a
inclusão é um processo que deve ser desenvolvido pela sociedade, que se adapta
para incluir em seu sistema social pessoas consideradas diferentes das quais
convivem em sua comunidade.
Surge então uma preocupação quanto ao desenvolvimento global dessas
crianças, em especial as com Síndrome de Down. Sabe-se que a inclusão é vista
como um fator somativo ao desenvolvimento afetivo-social, mas para um
desenvolvimento adequado é necessário aprimorar todos os aspectos do
desenvolvimento.
Quanto ao desenvolvimento motor, Pueschel (2005), afirma que o da criança
com Síndrome de Down é similar ao da criança “normal”, diferenciando-se apenas
no tempo em que ocorre, pois devido a uma variedade de fatores, tais como defeitos
cardíacos congênitos, problemas biológicos ou do ambiente, o desenvolvimento é
afetado tornando-se mais lento.
Ainda nos dias de hoje encontra-se conceitos errôneos sobre esses
indivíduos. Mesmo com tantas pesquisas na área, pode-se notar que existem
carências por novas informações. O que torna este estudo um aliado de grande valia
para novos esclarecimentos acerca do assunto.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi comparar e analisar o nível de desenvolvimento
motor de crianças com Síndrome de Down, que foram inseridas em escolas de
ensino regular, com as que foram inseridas em uma escola de ensino especial. Mais
especificamente nas habilidades motoras fundamentais: equilíbrio em um só pé,
salto horizontal e o arremesso por cima.
- 74 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
No entanto pretende-se, responder às seguintes indagações: (1) Há
diferenças significativas no desenvolvimento motor de crianças inseridas em escolas
“normais” comparadas com as das escolas “especiais”? (2) Os estímulos oferecidos
a essas crianças são iguais em ambos os tipos de instituição?
Esta pesquisa caracteriza-se como direta, de campo, descritiva, de análise
qualitativa. É direcionada as crianças com Síndrome de Down da cidade de Araras e
região. O presente estudo vem para edificar conhecimentos em uma área mais
específica relacionada ao desenvolvimento motor de crianças com Síndrome de
Down, a fim de melhorar e enriquecer o conhecimento de profissionais e estudantes
dessa área, além de orientar e esclarecer aos pais, mães, familiares, a sociedade
em geral, sobre este assunto, que ao mesmo tempo em que é tão atual, é pouco
conhecido em seus diversos aspectos.
MATERIAL E MÉTODO
Baseado nas técnicas de pesquisa desenvolvidas por Marconi e Lakatos
(2002), esse estudo corresponde a uma pesquisa de campo direta, que tem como
objetivo a coleta de dados ou explicação de como os fenômenos ocorrem de forma
prática. Dentro desse tipo de pesquisa existem vários métodos, para os testes
motores o presente estudo se utilizou do método: experimental de natureza
qualitativa que segundo Lakatos e Marconi (2002), segue dois caminhos distintos: a
pesquisa ou coleta de dados, e a análise e interpretação, quando requer descobrir o
significado dos mesmos.
O protocolo utilizado foi o de Gallahue e Ozmun (2005). No entanto, mesmo
sendo uma pesquisa de campo fez se necessário a realização de uma pesquisa
bibliográfica, como forma de investigação, e também para validação da análise dos
resultados obtidos. Para Marconi e Lakatos (2002), a pesquisa bibliográfica é toda
bibliografia publicada, desde boletins, jornais, livros, monografias, teses, revistas
etc., até meios de comunicação orais, como rádio, gravações em fitas magnéticas e
audiovisuais: televisão e filmes. E tem como finalidade colocar o pesquisador em
contato direto com todos os materiais disponíveis sobre o assunto escolhido. Assim,
está pesquisa contará com as palavras chaves: Síndrome de Down e
Desenvolvimento motor para elaboração da revisão de literatura.
Sujeitos
Participaram deste estudo dez crianças com Síndrome de Down, moradores
da cidade de Araras e região. As crianças selecionadas para o estudo são de ambos
os gêneros, com idade que varia de seis a dez anos e com freqüência escolar
variando de um a quatro anos. Das dez crianças selecionadas, cinco frequentam
escolas de ensino regular e cinco frequentam escolas de ensino especial. As
crianças foram convidadas a participar de forma voluntária. Os pais ou responsáveis
das crianças foram informados sobre os procedimentos experimentais os quais
foram submetidos, e assinaram o Termo de Compromisso devidamente aprovado
pelo Comitê de Ética da UNIARARAS.
Procedimentos
A realização desta pesquisa consistiu em analisar o desenvolvimento motor
nos seus aspectos qualitativos, o protocolo utilizado foi o de Gallahue e Ozmun
(2005). Para isso foi realizado uma filmagem. A câmera de vídeo foi instalada
- 75 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
aproximadamente a três metros da criança participante. Cada participante foi filmado
realizando as três habilidades motoras fundamentais: locomotora (salto horizontal),
manipulativa (arremesso por cima) e estabilizadora (equilíbrio em um só pé). A
coleta de dados foi realizada no ambiente escolar de cada um dos alunos. Antes do
início das tentativas de cada execução das habilidades os participantes receberam
as instruções devidas. Os participantes foram instruídos a realizar as habilidades a
partir da posição ereta sobre uma marca previamente determinada. Cada criança
realizou o movimento de duas a três vezes, e para analise foi utilizado apenas o
movimento em que ela alcançou melhor desempenho.
O tipo de amostragem utilizado pelo estudo foi à amostragem probabilística
estratificada, que segundo Marconi e Lakatos (2002) é aplicado para subdividir a
população em estratos ou subpopulações, e os elementos de cada estrato são
selecionados por um processo aleatório.
Decodificação e tratamento dos dados
A filmagem das habilidades foi projetada em um computador, permitindo
visualizar os desempenhos das habilidades, alguns casos foram analisados em
câmera lenta, ou até mesmo quadro a quadro. Os resultados foram classificados
pelo seu estágio de maturidade; inicial, elementar e maduro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O desenvolvimento motor vem sendo utilizado para entender o desenvolvimento
humano, desde o nascimento até o final da vida adulta. Segundo Rosa Neto (2002),
o organismo humano possui uma lógica biológica, uma organização, um calendário
maturativo e evolutivo, uma porta aberta para a interação e estimulação desde o
momento da concepção, passando pelo momento do parto e pelas sucessivas
evoluções. O desenvolvimento infantil é influenciado por fatores intrínsecos e
extrínsecos. O ambiente em que vivemos a alimentação, o espaço para os jogos e
brincadeiras, a oportunidade de socialização e a educação formal através da escola,
dentre outros, constituem elementos que participarão do desenvolvimento da
criança.
As análises deste estudo foram realizadas a partir do modelo de configuração
total do corpo, que segundo Oliveira; Perotti Junior e Tani (2008), os padrões de
movimentos são analisados como uma configuração total do corpo durante a
execução de uma habilidade. A descrição do progresso se dá como um todo e não
de seus componentes separadamente. Deste modo a criança será classificada no
estágio inicial, elementar ou maduro com base no desempenho de todos os
componentes da ação realizada.
Apresentaremos a seguir os resultados referentes à análise dos níveis de
desenvolvimento com base na descrição de Gallahue e Ozmun (2005), que nos
permite descrever o desempenho das crianças nas três habilidades motoras
fundamentais o equilíbrio em um só pé (movimento estabilizador), o salto horizontal
(movimento locomotor) e o arremesso por cima (movimento manipulativo).
De acordo com Gallahue e Ozmun (2005) entende-se como movimento
estabilizador qualquer movimento que exige certo grau de equilíbrio. Como o girar,
virar-se, empurrar e puxar. Os movimentos locomotores são quaisquer movimentos
de locomoção realizados a partir de um ponto fixo na superfície. O correr, o
caminhar, o saltitar, ou saltar um obstáculo, são exemplos de movimentos
- 76 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
locomotores. Os movimentos manipulativos são divididos em duas categorias, à
manipulação motora rudimentar que envolve aplicar ou receber forças de um
determinado objeto; e à manipulação motora refinada que exige o uso dos músculos
da mão e do punho. As tarefas de chutar, apanhar, rebater, derrubar e arremessar
um objeto são movimentos manipulativos motores rudimentares, já as tarefas como
costurar, cortar com tesouras, digitar e desenhar são considerados como
movimentos manipulativos motores refinados. Nesse estudo o foco foi a habilidade
motora rudimentar.
Equilíbrio em um só pé
Na habilidade motora de equilíbrar em um só pé, quatro dos cinco alunos
avaliados tanto da escola de ensino especial como os de ensino regular se
encontram no estágio elementar que de acordo com Gallahue e Ozmun (2005) é
caracterizado por movimentos fundamentais realizados com maior controle e melhor
coordenação rítmica. Enquanto que apenas um aluno de cada grupo apresentou-se
no estágio maduro, que ainda segundo Gallahue e Ozmun (2005) envolve
desempenhos mecanicamente hábeis, coordenados e controlados.
Portanto, evidenciou-se que a maior parte dos indivíduos avaliados, tanto os
alunos de escolas especiais como o de escolas regulares, segundo Gallahue e
Ozmun (2005) se encontram abaixo do nível desejado, uma vez que se espera que
nesta fase de 6 a 10 anos de idade a criança já tenha atingido a fase madura. Muito
embora, em relação alguns padrões motores muitos indivíduos independente da
idade, ficam estagnados no estágio elementar, não conseguindo alcançar o estágio
maduro.
Salto a horizontal
Na habilidade motora salto a horizontal apenas um aluno se encontra no
estágio inicial dessa habilidade que para Gallahue e Ozmun (2005) representa as
primeiras tentativas da criança em realizar uma habilidade fundamental. Este aluno é
um menino, com 7 anos de idade e está inserido na rede regular de ensino. Durante
a coleta de dados apresentou-se bastante inquieto, e pouco sociável.
Gallahue e Ozmun (2005) ainda ressaltam a dificuldade de executar o salto
horizontal, pelo fato de ser um movimento que requer força explosiva e o
desempenho coordenado de todas as partes do corpo. O que talvez justifique os
resultados apresentarem apenas um indivíduo no estágio maduro, enquanto que
grande parte dos avaliados independente do grupo, se encontram no estágio
elementar.
Os dados acima corroboram com o estudo realizado por Oliveira e Martins
Júnior (2008) no qual 71% das crianças avaliadas nesta mesma habilidade, se
encontram no estágio elementar. Apresentando características de movimento mais
coordenados em relação ao estágio inicial. Enquanto que 26% se encontram no
estágio maduro que requer o desempenho coordenado de todas as partes do corpo.
E apenas 3% das crianças se encontram no estágio inicial. Apresentando
movimentos limitados dos braços ao iniciar a ação do salto, durante o vôo os braços
se movem a fim de manter o equilíbrio, o agachamento preparatório é inconsistente
em termos de flexão de pernas, encontra dificuldade de usar ambos os pés e o
corpo cai para trás ao pousar.
- 77 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Arremesso por cima
Ainda segundo Gallahue e Ozmun (2005) os padrões manipulativos
geralmente combinam os movimentos locomotores com os estabilizadores. Essa
relação proporciona um embasamento considerável para o desenvolvimento das
habilidades motoras manipulativas.
No caso deste estudo, foi analisado o
arremesso por cima, que também envolve essa combinação.
Observou-se que apenas uma criança se encontra no estágio maduro, apresentando
coordenação rítmica de todas as partes do corpo. Por sua vez, a grande maioria,
sendo nove dos dez avaliados demonstraram estar no estágio elementar, pelo fato
de apresentarem insuficiente coordenação rítmica do movimento do braço em
relação ao do corpo, falha ao girar os quadris, perca de equilíbrio enquanto
arremessa, o tronco é flexionado para frente com o movimento do braço e a bola é
segurada atrás da cabeça.
Gallahue e Ozmun (2005) relatam que só após os padrões locomotores e
estabilizadores estiverem muito bem refinados, é que se conquistará movimentos
manipulativos eficientes. No entanto, para que este nível seja alcançado, faz se
necessário que haja oportunidades de tarefas motoras.
Ainda segundo Gallahue e Ozmun (2005) o processo do desenvolvimento
motor se dá essencialmente por alterações no comportamento motor. De acordo
com alguns fatores próprios do indivíduo (biologia), do ambiente (experiência) e da
tarefa (físicos/mecânicos), pode-se notar uma diferença no desenvolvimento do
comportamento motor. Assim, quanto às fases motoras e seus estágios, pode-se
afirmar que estas são consideradas como parte de orientações gerais, ilustrativas
somente do vasto conceito de assimilação etária. Logo que os indivíduos trabalham
em fases diferentes, cada qual depende de seus ambientes, experiências e de
algumas estruturas genéticas.
De acordo com Pueschel (2005) os progressos motores e sociais de uma
criança com Síndrome de Down são mais lentos comparados com os de crianças
sem a síndrome. Os movimentos musculares do tronco, pernas e braços tendem a
ser menos vigorosos por conseqüência da fraqueza muscular e tônus muscular
reduzido.
O desenvolvimento é um processo contínuo, que se inicia ao nascer e acaba
com a morte. Embora exista um padrão para a sequência de aquisição de
habilidades motoras, não necessariamente todos se desenvolverão da mesma
maneira, pois o processo de desenvolvimento motor se dá individualmente
(GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Deste modo, dentro das muitas áreas do desenvolvimento, cada pessoa tem
habilidades específicas, não é porque ela tem uma habilidade superior em
determinada área motora que irá ter o mesmo desenvolvimento em todas as áreas.
Barbanti (2005), ressalta que o fato de algumas crianças apresentarem dificuldades
em desempenhar algumas habilidades motoras, se dá pela falta de estímulos
anteriores. Uma criança que não teve na primeira infância uma intervenção motora
rica, esta dificilmente terá um desenvolvimento adequado na segunda infância.
Conforme Gallahue e Ozmun (2005) embora algumas crianças possam atingir
o estágio maduro basicamente pela maturação e com o mínimo de influências
ambientais, grande parte necessita de oportunidades para executar determinas
tarefas, alem de orientações e encorajamento.
Sem estas intervenções é
- 78 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
praticamente impossível o indivíduo atingir o estágio maduro, interferindo assim, no
seu desenvolvimento posterior.
Portanto, embora a maturação esteja envolvida diretamente no
desenvolvimento de padrões de movimentos fundamentais, não se pode esquecer
que os fatores ambientais desempenham um papel fundamental no
desenvolvimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As evidências aqui encontradas sugerem que tanto as crianças que foram
inseridas em escolas de ensino especial como as de ensino regular, foram
estimuladas de maneira semelhante quanto ao desenvolvimento motor, visto que
meras diferenças foram encontradas.
Evidenciou-se também que o fato das escolas especiais terem mais recursos
como; menor número de alunos em sala de aula, professores mais capacitados e
materiais adequados para se trabalhar com crianças com Síndrome de Down, não
refletiram de forma positiva no desenvolvimento motor. Pois as semelhanças
encontradas entre os grupos são maiores do que as diferenças entre eles.
O que talvez justifique os dados desta pesquisa apontar semelhanças entre
ambas às escolas, é o fato de que os alunos participantes da rede regular de ensino
médio não apenas frequentam as aulas, como também participam de projetos e
oficinas fora do horário de aula, o que lhes proporciona melhores vivências e
consequentemente uma estimulação de forma mais adequada.
Conclui-se que a inserção de uma criança com Síndrome de Down tanto em
escolas de ensino especial como as de ensino regular, não influenciou de maneira
significativa o desenvolvimento motor. No entanto necessita-se de mais estudos que
possam referenciar os valores encontrados nesse estudo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FREITAS, Patrícia Silvestre; CIDADE, Ruth Eugênia Amarante;. Introdução à
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PEREIRA, Diana; PEREIRA, Simone; DOMINGUES, Mariana Rosa Cavalli. Os
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ROSA NETO, Francisco. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.
p. 11-30.
PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento motor, Síndrome de Down, Habilidades
motoras fundamentais.
- 80 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
POTENCIAL HÍDRICO EM FOLHAS DE Coffea arabica L. E Tradescantia sp.
SOUZA-LEAL; T.1,2,3; SANTO-ANTONIO, A.1,2; SAONCELLA, A.L.1,2; FERNANDES, M.C.1,2;
RIBEIRO, W.S.1,2; PEDROSO-DE-MORAES, C.1,3,4,5
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente;
4
5
em Biotecnologia e Produção Vegetal - UNIARARAS; Docente; Orientador.
3
Grupo de Pesquisa
[email protected]; [email protected]
INTRODUÇÃO
A água desempenha um papel fundamental na vida da planta. É absorvida pelas
raízes, transportados através do tecido da planta e perdida para a atmosfera, sendo
que mesmo um pequeno desequilíbrio nesse fluxo de água pode causar déficits
hídricos e mau funcionamento severo de inúmeros processos celulares (KERBAUY,
2009).
A situação de déficit hídrico é comum e pode apresentar um impacto negativo
substancial no crescimento e desenvolvimento das plantas assim, existe um conflito
entre a conservação da água pela planta e a taxa de assimilação de CO 2 para
produção de carboidratos (TAIZ; ZIEGER, 2006). A necessidade em se resolver este
conflito leva a planta a desenvolver mecanismos morfofisiológicos, que as conduzem
a economizar água para uso em períodos posteriores (KERBAUY, 2009).
Segundo Levitt (1980) no entendimento das respostas das plantas ao déficit hídrico
é de fundamental importância se quantificar a capacidade de armazenamento de
água no solo e analisar a influência dos mecanismos de adaptação das plantas à
redução da disponibilidade de água no solo, pois de acordo com Kiehl (1979) a
quantidade de água armazenada no solo disponível às plantas varia com a textura e
as características físicas do solo, levando a planta a apresentar diferentes respostas
em seus mecanismos de resistência morfofisiológicos. O potencial de água da folha
descreve o estado energético dela, cujos gradientes explicam os fluxos da água no
sistema solo-planta-atmosfera. Embora haja variação ao longo do dia, mesmo em
plantas irrigadas, esse parâmetro descreve o estado hídrico da planta, e tem sido
muito utilizado em estudos das relações hídricas dos vegetais (WESTGATE, 1994).
OBJETIVO
O objetivo do presente trabalho foi testar e comparar o potencial hídrico das folhas
de Coffea arábica L. utilizando o método modificado de Chakarov e das folhas de
Tradescantia sp. utilizando o método de Plasmólise Limite. Os métodos utilizados
foram ainda comparados.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
Para determinação do potencial hídrico de Coffea arabica utilizou-se o método
adaptado de Chakarov (SALISBURY; ROSS; 1992). Para tanto, separou-se duas
séries de onze tubos de ensaio estreitos, um para a série teste e outro para a série
controle. Adicionou-se, em cada um dos tubos do experimento, 4 mL de soluções de
sacarose à 0.1M/L; 0.2 M/L; 0.3 M/L; 0.4 M/L; 0.5 M/L; 0.6 M/L; 0.7 M/L; 0.8 M/L; 0.9
M/L e 1.0 M/L, e em outro tubo, adicionou-se somente água destilada. Em cada um
- 81 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
dos tubos da série teste acrescentou-se o corante Safrablau e 10 discos de folha de
C. arabica, cortados com perfurador de rolha e rapidamente inseridas com a pinça.
Deixaram-se os tubos descansando por 2 horas, agitando suavemente a cada 20
minutos. Os discos foram retirados e as variações das concentrações foram
auferidas por meio da introdução de uma gota de cada uma das soluções do grupo
teste, com auxílio de pipeta, nas soluções de mesma concentração inicial
correspondente do grupo controle.
Em Tradescantia sp. o potencial hídrico foi determinado por meio do método de
Plasmólise Limite. Foram utilizados 11 cortes paradérmicos na superfície abaxial da
folha realizados a mão livre com auxílio de lâmina de barbear. Foram montadas 11
lâminas adicionando, aos cortes, água destilada e soluções de sacarose 0.1 M/L; 0.2
M/L; 0.3 M/L; 0.4 M/L; 0.5 M/L; 0.6 M/L; 0.7 M/L; 0.8 M/L; 0.9 M/L e 1.0 M/L;
sobrepondo a lamínula posteriormente. Esperou-se 5 minutos para iniciar a
observação.
RESULTADOS
O método de Plasmólise Limite se mostrou eficiente para a espécie Tradescantia
sp., uma vez que a espécie possui grande quantidade de antocianina no protoplasto,
o que facilita a visualização das alterações de tamanho neste. A partir das
observações das lâminas contendo cortes das folhas dessa espécie submetidas a
diferentes concentrações de sacarose foi possível observar que, na ausência de
sacarose e na adição de 0,1 M/L, as células mostraram comportamento hipertônico
em relação ao meio, absorveram água e, conseqüentemente, ficaram túrgidas. Para
a concentração de 0,2 M/L de sacarose houve isotonia entre as células e o meio. A
partir das concentrações de 0,3 M/L até a concentração de 1 M/L, as células se
tornaram hipotônicas, ou seja, menos concentradas que o meio, e, com isso,
perderam água, ficando menos túrgidas, e levando a plasmólise, que se acentuou
progressivamente na medida em que a concentração do meio aumentava. Na
concentração 0,8 M/L de sacarose as células pareceram ter atingido o seu máximo
de retração (Tab. 1).
Tabela 1: Comportamento de células das folhas de Tradescantia sp. frente a adição de diferentes
concentrações de sacarose.
Concentração de
Sacarose (M/L)
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Turgescência
da célula
Alta
Alta
Normal
Reduzida
Reduzida
Reduzida
Reduzida
Reduzida
Mínima
Mínima
Mínima
Relação
célula/meio
Hipertônica
Hipertônica
Isotônica
Hipotônica
Hipotônica
Hipotônica
Hipotônica
Hipotônica
Hipotônica
Hipotônica
Hipotônica
- 82 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O método de Chakarov, adotado nas folhas de Coffea arabica submetidas a
diferentes concentrações de sacarose, se mostrou extremamente eficiente. Neste,
foi possível observar que, nas concentrações de 0.1 M/L a 0.5 M/L, o tecido vegetal
trabalhou em hipertonia, retirando água do meio, aumentando a concentração deste
e, consequentemente, a densidade da solução em se encontrava. Tal fato se reflete
na posição das gotas retiradas do grupo teste e introduzidas no grupo controle, uma
vez que estas se situaram inferiormente ao meio da coluna de água do grupo
controle uma vez que eram mais densas. Para as concentrações de 0.6 M/L e 0.7
M/L de sacarose, as gotas retiradas do grupo teste se situaram no meio da coluna
de água do grupo controle, indicando que as densidades eram muito próximas, e
que, portanto as células estavam isotônicas em relação ao meio. Com isso, não
houve osmose em nenhum dos sentidos. A partir da concentração de 0.8 M/L até a
concentração de 1 M/L, a maior concentração testada no presente experimento, o
meio se tornou mais concentrado que as células de C. arabica e com isso retirou
água de dentro dessas, reduzindo a concentração de sais das soluções teste em
relação às soluções controle uma vez que mais água entrou nas primeiras. Tal
diferença fez com que as gotas retiradas do grupo teste ficassem situadas
superiormente ao meio da coluna de água do grupo controle (Fig. 1).
Figura 1: Evolução da densidade da gota retirada do grupo teste em relação à coluna de água do
grupo controle.
Os resultados obtidos demonstram que a espécie Coffea arabica apresenta menor
potencial hídrico em relação à Tradescantia sp. Ainda, o limite de salinidade
suportado pela espécie Tradescantia sp. é menor (0.2 M/L) em relação àquele da
espécie C. arabica (0.5 M/L, 0.6 M/L). A partir dessas concentrações, onde as
células se mostram isotônicas, as plantas começam a perder água para o meio, se
tornando hipotônicas em relação a este.
DISCUSSÃO
Osmose consiste de um processo de transferência de água através de uma
membrana semipermeável, obedecendo ao gradiente de concentração, onde as
- 83 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
moléculas de H2O movem-se do meio menos concentrado (hipotônico) para o meio
mais concentrado (hipertônico). A quantidade de soluto presente em uma solução
aquosa, portanto, influi diretamente nos movimentos da água, sendo seu efeito
sobre o potencial hídrico da planta denominado de pressão osmótica (TAIZ;
ZIEGER; 2006).
As membranas das células vegetais são seletivamente permeáveis uma vez que
permitem o movimento de água e de outras substâncias pequenas através delas
mais prontamente do que o movimento de solutos maiores e de substâncias com
carga (TAIZ; ZIEGER, 2006). A molécula de sacarose é grande e pode não se
difundir pela membrana celular, assim, o equilíbrio osmótico ocorre mais facilmente
por transferência de água, tanto do meio para o tecido vegetal quanto no caminho
inverso (SHI et al., 1995). Sousa e colaboradores (2003) observaram tal fenômeno
para a banana (Musa spp.) em experimentos de desidratação de tal fruta, onde,
após cinco horas sobre forte pressão osmótica negativa, houve perda de
aproximadamente 33% de água pelos tecidos do vegetal. Esse fenômeno parece ter
regido as reações nos experimentos realizados uma vez que tanto as células de
Tradescantia sp. e as folhas de Coffea arabica quanto os meios em que se
encontravam tiveram suas concentrações alteradas com a perda ou ganho de água
de acordo com a pressão osmótica.
Em condições normais, a pressão interna da célula empurra a plasmalema
(membrana plasmática) firmemente contra a parede celular. O tecido vegetal, em
equilíbrio com a água pura, apresenta máxima turgidez (NOBEL, 1991). Se for
adicionado, como no experimento com as folhas de Trandeschantia sp., um soluto à
água, conforme a concentração for aumentada, a pressão hidrostática dentro da
célula diminuirá devido ao fluxo de água para fora da mesma. A célula irá
plasmolisar, isto é, ocorrerá a separação do protoplasto da parede celular e se
formará um espaço ocupado pela solução osmótica, iniciado, para a referida
espécie, na concentração de 0.3 M/L. As células, de acordo com o aumento da
concentração de soluto, irão encolher até perder a turgidez, atingindo o ponto
chamado de plasmólise incipiente (NOBEL, 1991), aqui na concentração de 0.8 M/L
(Tab. 1).
O movimento das moléculas de água entre o tecido vegetal e as soluções de
sacarose altera, ainda, a densidade do meio. Quanto mais concentrado o meio maior
é a sua densidade, como observado por Azzini e colaboradores (1980), que
estudando diferentes regiões do colmo de cana-de-açúcar concluíram que em
regiões onde havia maior concentração de sacarose a densidade do caldo produzido
era maior. A concentração da solução pode ser influenciada tanto pela adição de
soluto quanto pela retirada da água (TAIZ; ZIEGER, 2006), e, no experimento
realizado com Coffea arabica, tal propriedade do meio foi modificada devido ao
movimento da água entre as folhas e a solução contendo sacarose, alterando a
posição das gotas do grupo teste introduzidas de acordo com a densidade em
relação ao grupo controle (Fig. 1).
Células vegetais trabalham em hipertonia em relação ao solo. Tal condição permite
que a planta absorva a água que será usada em seu metabolismo, sendo comum
nas raízes, que acumulam açúcar, fazendo com que a água entre na planta. Quando
essa condição é alterada, a capacidade da planta de absorver água é reduzida,
comprometendo os processos fisiológicos. Em isotonia (igualdade da concentração
solo planta) a absorção da água depende de outros fatores, já que a pressão
- 84 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
osmótica nesse caso é nula. Em hipotonia (concentração de sais menor na planta) a
célula perde água para o meio (TAIZ; ZIEGER, 2006; KERBAUY, 2009). O aumento
da salinidade do solo torna esse mais concentrado, afetando suas relações hídricas
com as plantas. De acordo com Lima (1998), isso ocorre em razão da elevação do
potencial osmótico da solução do solo, por efeitos tóxicos dos íons específicos e
alteração das condições físicas e químicas do solo. Os efeitos imediatos da
salinidade sobre os vegetais são: seca fisiológica, proveniente da diminuição do
potencial osmótico, desbalanceamento nutricional devido à elevada concentração
iônica, especialmente o sódio, inibindo a absorção de outros nutrientes, e, efeito
tóxico de íons, particularmente o cloro e sódio.
O solo como um sistema aberto, é dinâmico e está em constante interação com a
atmosfera, a hidrosfera, a biosfera e a litosfera. Dependendo da intensidade como
atuam estes fatores, os solos podem apresentar características diferenciadas, assim,
cada região apresenta um solo com características próprias, dentre essas, a
salinidade (EMBRAPA, 1999) que se destaca como uma das que mais influem no
desenvolvimento das vegetações naturais. A adaptação de uma espécie a um
determinado solo fica, com isso, condicionada a capacidade de absorver água deste,
ou seja, de ser hipertônica (KERBAUY, 2009).
Segundo a EMBRAPA (1999), 2% do território brasileiro apresentam problemas de
salinidade. São solos que apresentam elevada concentração de sais, principalmente
sódio. Acontecem em regiões costeiras de influência marinha (faixa de praia, dunas)
e/ou de influência fluviomarinha (manguezais), bem como algumas regiões do semiárido (caatinga) no nordeste do país e no Pantanal.
O gênero Tradescantia (Commeliniaceae) é nativo das regiões de floresta tropical da
América do Sul (ESLER, 1978), inclusive no Brasil. Essas áreas são caracterizadas
por alta disponibilidade hídrica com solo nutritivo e de baixa salinidade. Coffea
arabica (Rubiaceae) é uma espécie Originária das terras altas da Etiópia e Sudão,
onde cresce em estado silvestre nos estratos inferiores da floresta equatorial
africana, região que apresentam solo mais salino quando comparada ás florestas
mesófilas sulamericanas (WILSON, 1977).
As características dos habitats das espécies estudadas corroboram com os
resultados obtidos no experimento com as células de Tradescantia sp. e com as
folhas de C. arabica. As células de Tradescantia sp. apresentaram baixa resistência
ao aumento da salinidade no meio em que se encontram e potencial hídrico maior,
como explicitado pela plasmólise da célula que ocorreu a partir da concentração de
0.3 M/L de sacarose na água. Já as folhas de C. arabica mostraram maior
resistência ao aumento da concentração salínica do meio e menor potencial hídrico,
pois começaram a perder água somente na concentração de 0.8 M/L de sacarose.
Em relação às duas metodologias aplicadas no presente estudo, o método de
Chakarov se mostra como o mais indicado para aplicação na maioria das espécies,
uma vez que independe da presença de pigmentos nas células. Já o método de
Plasmólise Limite, que mostra-se extremamente didático, dependente da presença
de pigmentos no protoplasto, como a antocianina em Tradescantia sp. (ESLER,
1978), ou de técnicas de coloração deste, uma vez que, em células onde essa
pigmentação não exista, fica dificultada a visualização das mudanças no protoplasto
ocasionados por alterações na turgescência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
- 85 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A espécie Coffea arabica L. apresenta mecanismos mais eficientes para sobreviver
em solos de maior salinidade quando comparada a espécie Tradescantia sp. e tais
caracteres relacionam-se com o habitat de cada uma.
O método de Chakarov é mais independente das características de cada espécie e
recomendado para plantas em geral enquanto o método de Plasmólise Limite é
recomendado somente em espécies onde haja pigmentos no protoplasto ou que
passem por processo de coloração
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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NOBEL, P.S. Physicochemical and Environmental Plant Physiology ,San Diego:
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PALAVRAS-CHAVES: Mecanismos fisiológicos, regulação osmótica, salinidade.
- 86 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A INFLUÊNCIA DO ESTRESSE NA QUALIDADE DE VIDA DOS ESTUDANTES
UNIVERSITÁRIOS
COSTA, M.C. P ¹, ²; LIMA, M.C.C.4; BERETA, A.L.R.Z.1,3,5.
1
2
3
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Docente do Programa
4
de Pós-Graduação em Docência Superior da Universidade Gama Filho Docente do I Programa de
Pós-Graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS–
5
Orientador
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Atualmente o estresse é um dos fatores de maior relevância na
humanidade, atinge todas as idades, classes sociais e profissões, ocasiona danos
em todos os aspectos que envolvem o tema saúde.
Para Brunner (1994) o estresse é um estado produzido por uma alteração
no meio ambiente que é percebida como ameaçadora ou lesiva para o indivíduo.
A condição de qualidade de vida é um determinante de peso para
desencadear o estresse, e todo ser humano está exposto a oscilações em
determinadas situações da vida, principalmente em períodos de formação, como
estudantes universitários com as mudanças bruscas para adaptações necessárias,
sobrecargas e muitas vezes associações de várias atividades para manutenção
financeira dos estudos.
Para Neto (2008) o conceito de qualidade de vida é subjetivo,
multidimensional e influenciado por vários fatores relacionados à educação, à
economia e aos aspectos socioculturais, não havendo um consenso quanto à sua
definição.
Os estudantes são cometidos por uma variedade de fatores de estresse
semelhantes aos que ocorrem nas situações de trabalho, lembrando que a transição
da universidade para o mercado de trabalho caracteriza-se por ser um momento de
antecipação e não realização de projetos, o que faz estes indivíduos sem referências
para dar sustentação ao seu senso de identidade, não são mais apenas estudantes,
mas ao mesmo tempo não são ainda profissionais (TEIXEIRA, 2004).
A necessidade de reavaliação do processo ensino-aprendizagem diante a
globalização, as condições de vida dos alunos e dos professores universitários é
evidente e extremamente necessária para sobrevivência e manutenção da qualidade
do ensino no século XXI, professores e alunos, aproveitar as ferramentas
facilitadoras do novo tempo associado ao alicerce da educação, lembrando que o
processo ensino-aprendizagem é construtivo e cumulativo, não descartando
informações, mas moldando conceitos com a evolução dos tempos.
OBJETIVO
O objetivo do estudo foi a realização de uma revisão bibliográfica para
compreender a qualidade de vida dos estudantes universitários na atualidade e o
universo dos docentes diante as condições oferecidas pela evolução dos tempos de
globalização e a influência do estresse neste período de formação.
- 87 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
REVISÃO DA LITERATURA
4.1 Globalização
A evolução dos tempos exige discernimento e sabedoria de toda população,
independente no nível de escolaridade. Portanto com o professor universitário não é
diferente, a necessidade de acompanhamento deste processo para sobrevivência da
docência na modernidade.
Para Morgado (2009) a globalização tem uma grande interferência na
universidade.
A responsabilidade da manutenção dos princípios da educação superior
frente à globalização está concentrada sob a massa que administra o processo.
Apesar da ciência da sociedade “esclarecida” da situação de estresse que é o
enfrentamento necessário em inúmeras situações no cotidiano da docência,
principalmente do ensino superior.
4.2 Perfil do Profissional do Século XXI
O Maior desafio do docente da atualidade é encontrar uma zona de conforto
entre a base referencial de formação e a adequação às mudanças dos tempos, sem
perder a essência e a identidade dos conceitos.
Marchiori (1996) escreveu que o profissional do século XXI não é apenas o
que está sendo graduado, mas há gerações anteriores que estão atuando tanto
quanto os novos. E questiona: Que profissional queremos formar? O que vemos é
uma necessidade de mudança de perfil profissional. O perfil do século anterior
apresenta uma grande massa de profissionais institucionalizados, normalmente em
bibliotecas, cuja grande maioria encontra-se no serviço público, poucos nas
instituições privadas, e menos ainda os que são prestadores de serviços. A autora
sugere a busca pelo equilíbrio: não sugere abandonar a biblioteca, abocanhar um
pedaço das instituições privadas e também serem prestadores de serviços.
A real necessidade é a adequação da base às modernidades aproveitando
tudo que a tecnologia e a inovação propiciam a aquisição de conhecimentos sem
esquecer que o alicerce está concentrado na história, e determinadas situações,
consideradas ultrapassadas como o autor menciona a biblioteca como exemplo são
primordiais ao sucesso do processo de aprendizagem, sem deixar esquecer o
relacionamento interpessoal, a qualidade de vida que estão esquecidos em troca da
modernidade.
Segundo Picolli (2009) o mundo está vivendo um processo de grandes
transformações profundas e aceleradas. Tal processo é condicionado por vários
fatores, como os avanços científicos que multiplicam as informações, distribuindo o
conhecimento e influenciando sistemas políticos, econômicos e sociais, presentes e
futuros e deixa nítido que os profissionais do nosso milênio, que vivem em constante
transformação, deverão ser competentes, criativos e responsáveis, ter capacidade
decisória e apresentar disponibilidade em trabalhar em equipes multidisciplinares.
A prática da docência não pode ser levada pela individualização do processo
e sim pela soma das ferramentas com o objetivo da construção do saber.
4.3 Perfil do Professor Universitário
Santana (2004) relembra uma citação de Marques (1969) que “o professor
que tem entusiasmo, que acredita nas possibilidades do aluno, é capaz de exercer
uma influência benéfica na classe como um todo e em cada aluno individualmente,
pois sua atitude é estimulante e provocadora de comportamentos ajustados".
- 88 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O mesmo autor, Santana, lembra também que o professor do século XXI
dever ser um profissional que elabora, com criatividade, conhecimentos teóricos e
críticos sobre a realidade, sendo esta a principal característica de um inovador na
atualidade.
A construção e edificação do conhecimento, a metodologia utilizada, a
competência de estimular a busca e a avaliação qualitativa, com objetivos
individualizados, são ferramentas indispensáveis ao professor universitário em
tempos modernos.
A única obrigação do docente é desenvolver as competências de habilidade
e confiança na relação aluno-professor e estimular ao incansável busca pelo
conhecimento.
4.4 Perfil do aluno Universitário
As mudanças do perfil do aluno universitário são inúmeras, crescentes e
preocupantes por estarem alterando o contexto em situações sociais, biológicas e
culturais, tanto sob o ponto de vista positivo como as ferramentas da tecnologia, da
facilidade de expansão da rede da comunicação, quando utilizada com eficácia, do
aumento do poder de consumo e outros, mas também pelo negativo, como a
banalização de conceitos como respeito, uso abusivo e crescente de substâncias
psicoativas em todos os aspectos e a busca incansável e sem medidas pelo
materialismo a qualquer preço. O docente entra como educador reprocessando a
necessidade de recapitulação de conceitos ou até mesmo o ensino para tentar
estabelecer uma comunicação eficaz e um resultado satisfatório ou perto do
esperado pela sociedade. Uma situação que visualiza este processo é a avaliação
progressiva e contínua.
Para Caldeira (2004) o modelo tradicional de avaliação da aprendizagem
está relacionado com o desenvolvimento das teorias tecnicistas e
comportamentalistas que tiveram maior evidência na década de 60, onde buscava
através da avaliação, julgar a efetividade do processo em todos os instantes da vida
de acordo como os comportamentos esperados, e por décadas o processo de
avaliação ocupou um papel de instrumento de análise para desempenho final.
A elaboração de trabalhos de conclusão de curso é uma prática adotada na
atualidade como protocolo de finalização do processo de avaliação do ensino
superior e recebida pela maioria dos estudantes como o maior desafio dentro do
período de formação, por fatores relacionados aos docentes e aos próprios
estudantes.
A atuação do docente, neste processo de orientação é primordial para o
sucesso, não apenas do artigo ou monografia, mas, da formação do estudante, pois
este período é o momento oportuno da individualidade da atuação de ambos no
processo ensino-aprendizagem, onde ocorre um estreitamento do contato entre
ambos e todas as habilidades de ouvir e aprender, de confiança e apoio,
informações relevantes primordiais e direcionadas podem ser expressas com mais
tranqüilidade e a comunicação, verbal e não verbal, se estabelece com qualidade e
os objetivos da orientação são alcançados com eficácia como a busca de um tema,
definição de uma linha de pesquisa, definição de um título, aplicação de todos os
passos da metodologia científica e re-estabelecimento da zona de conforto de
ambos é alcançada com um resultado final de qualidade.
Vários estudos são encontrados na literatura como base a qualidade de vida
de estudantes universitários e os danos são encontrados em vários níveis das
- 89 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
condições de saúde, grande parte relacionada a situações somáticas, como
alterações nos padrões de sono e vigilância.
Neste momento vale salientar que fatores como alimentação, relacionamento
interpessoal laser não estão sendo abordados, mas possuem grande importância
neste contexto pelas alterações e padrões seguidos fora do preconizado como
saudáveis sob o ponto de vista bio-psico-social, influenciando diretamente na
produção e condução do processo de aprendizagem dos estudantes.
4.5 Estresse
É uma condição que pode ser descrita como uma alteração do estado de
equilíbrio do organismo, atingindo os níveis bio-psico-sociais do indivíduo e o
objetivo primordial da humanidade é a manutenção deste estado de saúde
conceituado pela Organização Mundial de Saúde, que é a busca, contínua e
progressiva, deste bem estar bio-psico-social, tão difícil de ser alcançado com o
crescente número de agentes agressores e condições promissoras que levam
desencadear a quebra de promoção e manutenção da saúde e até mesmo ao
processo de doença.
Loures (2001) descreve em sua dissertação uma citação de Black (1995)
onde faz uma definição sobre estresse.
O estresse é um estado de desarmonia no qual a
homeostase está ameaçada, podendo ser provocado por
estressores psicológicos, ambientais e fisiológicos. O estresse
comanda os pensamentos e emoções que influenciam o
Sistema Nervoso Central e o Sistema Imune, ativando assim o
circuito bidirecional. Esta ativação ocorre via Eixo HipotálamoHipófise-Adrenal, que inicia uma cascata de reações por todo
o organismo.
Segundo Brunnner e Sundart (2004) o estresse é um processo desordenado
produzido pelo ambiente alterado e a adaptação é um processo contínuo e
necessário que exige uma modificação na estrutura, função ou comportamento, de
modo que o indivíduo consiga uma melhor adequação do ambiente, e este resultado
depende do grau de adaptação, o tipo de suporte disponível e dos vários desafios e
estressores a serem combatidos.
Portanto entende-se perfeitamente que a adaptação é um processo
individual e o tempo varia de indivíduo para indivíduo, dependendo principalmente
da resiliência.
Os sinais e sintomas de estresse são encontrados nos indivíduos de todas
as classes sociais e condições sócio-culturais no cotidiano.
Dentro do ambiente universitário, não é diferente, é muito visualizado vários
sinais e relatos de sintomas de estresse pelos acadêmicos, e um dos sinais do
estresse em maior evidência visualizado neste meio é a ansiedade, nos estudantes
em vários períodos da formação e principalmente na fase de conclusão, pelas
atividades e situações enfrentadas como os trabalhos de conclusão de curso, a
necessidade de ingresso no mercado de trabalho e a mudança de vida prestes a
acontecer, quando não conduz a desistência.
- 90 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Ferreira el al (2009) relata que a ansiedade é considerada um sinal de alerta,
determinada pela presença de um conflito interno, cuja função é avisar sobre um
perigo iminente para que se tomem medidas para lidar com a ameaça.
Santos (2007) deixa claro em seu artigo que existe uma influência desta
alteração da zona de conforto e a relação direta com o resultado final de qualquer
produção feita nestas condições de estresse e ansiedade quando ele descreve que
o estudante pode apresentar um padrão inferior em relação ao que é possível de ser
realizado, e que o manejo adequado do estresse e a caracterização dos estressores
assumem destaque enquanto fatores que podem fomentar a eficiência do estudante.
A sugestão que o autor citado, em sua pesquisa sobre Estresse e estratégias
de enfrentamento em mestrandos de ciências da saúde, deixa é que sejam criadas
formas de ouvir estas demandas apresentadas pelo estudante, é uma autoavaliação do indivíduo, e que a sinalização é uma possibilidade de enfrentamento e
o estresse é um pedido de escuta.
As habilidades de ouvir e aprender, confiança e apoio, informações relevantes
na “hora certa”,são instrumentos necessários, e eficazes na prática da docência em
todas as fases do ensino, primordiais na relação ensino-aprendizagem.
4.6 Qualidade de Vida
O processo de busca pela qualidade de vida é contínuo e muito divergente
entre nações, regiões, comunidade e indivíduos, dificultando uma definição única,
este conceito depende da visão de padrão de qualidade, da cultura, da religião, de
valores éticos, da personalidade e da condição satisfatória imaginária oscilando de
indivíduo para indivíduo de acordo com padrões pré-estabelecidos desde o início da
vida.
Pinto Neto (2008) relata que a definição de qualidade de vida, a maioria dos
autores concorda que em sua avaliação, devem ser contemplados os domínios
físico, social, psicológico e espiritual, buscando-se captar a experiência pessoal de
cada indivíduo.
Buss (2000) afirma que as condições de vida têm melhorado de forma
contínua e sustentada na maioria dos países, no último século, graças aos
progressos políticos, econômicos, sociais e ambientais, assim como aos avanços na
saúde pública e na medicina.
O mesmo autor lembra que no contexto mundial, estudos clássicos, como o
'Black Report' inglês, além de uma notável tradição de estudos canadenses, norteamericanos e europeus, mostra as relações entre saúde e qualidade/condições de
vida.
O conceito de qualidade de vida é reformulado e conceituado pelo aluno
universitário ao ingressar na universidade ou faculdade e não consegue retornar a
zona de conforto até sua conclusão, pois o período vivenciado reflete necessidades
de mudanças e alterações contínuas de conceitos, antes vistos como fixos e
definidos com muita segurança, iniciando pela condição de vida, mudança de lar,
alteração de rotinas, adaptações a novas pessoas, estilos, a importância e a
necessidade do poder aquisitivo neste período, as diferenças de classes sociais, e a
visão sobre o futuro que inicia uma idealização mutável a cada descoberta.
O professor deve ter o compromisso de promover a saúde e ser mediador
nesta transição de vida, pensamentos, vitórias, conquistas, derrotas e decisões
quando abordado para auxiliar neste conceito, que reflete diretamente no processo
ensino-aprendizagem. Buss (2000) inicia seu artigo afirmando o papel da sociedade
- 91 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
em busca deste conceito, de qualidade de vida, e o docente precisa sentir a
necessidade de complementar esta definição, principalmente no período de
orientação dos trabalhos de conclusão de curso pela oportunidade de aproximação e
convivência favorecida com o estudante neste período final do ensino.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem grandes mudanças na educação superior nos últimos tempos, fatores
determinantes em vários aspectos, como alterações de conceitos de base familiar,
modificações e perdas de valores morais, com a evolução dos tempos, influências
sociais e econômicas. O objetivo do estudo foi atingido e a conclusão primordial foi a
constatação que a busca pela zona de conforto é visualizada não apenas como um
processo esperado e necessário, mas como um sofrimento pelas condições do
meio, às vezes ocasionando processos patológicos visíveis tanto no professor
universitário como no aluno. Cabe a sociedade repensar na verdadeira essência da
educação que é a busca pelo saber, com prazer, sem sinais e sintomas de estresse.
Será que todos, sociedade, alunos e professores universitários, estão
satisfeitos com a situação atual do ensino superior no Brasil, fica a questão para
próximas reflexões da classe.
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PALAVRA-CHAVES: Qualidade de Vida, docentes, estudantes.
- 93 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
TRÊS OLHARES PARA A REALIDADE DE UMA CASA DE REPOUSO
AZEVEDO, A. A. A. de ¹; BORDIGNON, B. P.²; LOPES, L. D.³; VIEIRA, M. 4; LOURENÇO,
M. A. 5
1. Uniararas, discente. 2. Uniararas, discente. 3. Uniararas, discente. 4. Uniararas, discente. 5.
Uniararas, discente.
[email protected]
INTRODUÇÃO
A fim de observar e investigar os fenômenos, fatores psicológicos e as
atividades humanas dentro dos campos do Trabalho, Saúde e Educação como parte
da disciplina Grupos e Instituições II (Teórico/Prática), no 6º período do curso de
Psicologia da Uniararas, no ano de 2009, visitamos uma Instituição que abriga
idosos, localizada no interior de São Paulo. Podemos destacar o desempenho dos
profissionais tanto em teoria quanto na prática, além de compreender o
funcionamento da Instituição.
A tarefa consistiu em observar a Instituição em três visitas pré agendadas a
fim de compreender sobre seu funcionamento, causando a cada visita novas
impressões que serão descritas no decorrer do presente trabalho.
A experiência prática e elaboração teórica são importantes para que futuros
psicólogos possam organizar e promover condições de saúde e bem estar tanto
para os abrigados quanto para os profissionais da área da saúde que podem atuar
sob perspectivas diferentes em um mesmo local.
OBJETIVOS
Compreender o funcionamento de uma instituição que abriga idosos por meio
da observação e interação com o campo, relacionando o contato prático com a
teoria de acordo com três diferentes perspectivas lançadas sobre a instituição:
Trabalho, Saúde e Educação.
MATERIAL E MÉTODOS
Sujeitos
Funcionários, voluntários e moradores da Instituição participaram desse
trabalho.
Coleta de dados e registro
Foram realizadas conversas informais com pessoas escolhidas
aleatoriamente em diversos espaços da Instituição, nas quais eram coletadas as
informações. Não foram utilizados questionários ou roteiros previamente
estabelecidos.
Para registro foram elaborados diários de campo individuais com dados de
observação, descrição do espaço físico, detalhamento das conversas e impressões
pessoais.
Análise
A análise foi feita em conjunto pelo grupo com auxílio de supervisões dos
professores responsáveis pela disciplina.
- 94 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo um técnico em enfermagem da instituição, o Estatuto do idoso foi muito
importante para que os idosos com recursos não fossem mais colocados em asilos,
pois agora é necessário comprovar que a família não tem condições e que o idoso
não possui bens. A partir de uma lista de espera, a assistente social faz visitas às
casas dos idosos para conversar e fazer todo o organograma da família, analisando
se o idoso necessita realmente ir para a instituição.
A Política Nacional do Idoso (BRASIL, 1994) entende asilo como o
atendimento em regime de internato ao idoso, sem vínculo familiar ou sem
condições de prover a própria subsistência, de modo a satisfazer as suas
necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social. Declara
ainda que tal atendimento somente deve ocorrer no caso da inexistência do
grupo familiar, abandono, carência de recursos financeiros próprios ou da
própria família, sem considerar quaisquer outras condições, seja em caráter
temporário seja permanente. (XIMENES; BELTRINA, p. 24, 2007)
Segundo o Estatuto do Idoso (2009), as situações em que houver a
participação financeira da pessoa idosa devem ser normatizadas pelo Conselho
Municipal do Idoso, os quais observam os seguintes princípios:
§ 1.º No caso de entidades filantrópicas, ou casa-lar, é facultada a
cobrança de participação do idoso no custeio da entidade.
§ 2.º O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da
Assistência Social estabelecerá a forma de participação prevista no § 1.°,
que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício
previdenciário ou de assistência social percebido pelo idoso.
§ 3.º Se a pessoa idosa for incapaz, caberá a seu representante legal
firmar o contrato a que se refere o caput deste artigo.
O técnico em enfermagem afirmou que os gastos são grandes e apesar do
“Estatuto do Idoso” dizer que 70% da renda deste deve ser destinada à instituição
que o acolhe, isso é apenas uma pequena parcela do que se gasta, já que ele
estima uma média de R$ 1.000,00 por morador. É através de muitas doações da
comunidade que a instituição consegue se manter, principalmente com a de
alimentos. Em relação a estes 30% restantes ele nos contou que ficam com os
moradores e há três moradores mais independentes os quais podem sair do asilo
para ir ao supermercado e buscar um jornal.
A instituição possui poucos voluntários, como o caso das mulheres voluntárias
que freqüentam o asilo oferecendo serviços como banho, corte de cabelo e
alimentação, resultando também em realização pessoal ao ser útil a alguém. Há
também um programa de apadrinhamento para idosos que não possuem familiares
em que voluntários fazem visitas e levam-nos em datas comemorativas como o
Natal, mas se ainda restam idosos que não têm lugar para passar essas datas
festivas fora da instituição alguns dos funcionários se organizam e levam os idosos
para passar as festas com eles.
A impressão do grupo foi de que a instituição possui ambiente físico e
instalações de ótimas condições, no entanto a tristeza que envolve o ambiente e os
sujeitos nos afetou muito apesar de parecer algo normal para os mesmos.
Os internos parecem se sentir inúteis e se acomodam com essa situação
perdendo inclusive o contato com a sociedade e até entre eles mesmos, já que não
foram observados diálogos, interação ou atividades em conjunto.
- 95 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
“Nas instituições tende sempre à estabilização e à estereotipia, à
monotonia que se bem por um lado cumpre com uma das funções
psicológicas da instituição, leva, por outro, a um contínuo e reiterado
empobrecimento das relações interpessoais. O hospitalismo se acha assim
– em diferentes formas e expressões – em todas as instituições.” (BLEGER,
2003, p.63).
Alguns idosos se aproximaram de nós durante as visitas com um pouco de
receio, um pouco de curiosidade e desconfiança. Enquanto estávamos no refeitório
o administrador se aproximou de nós da mesma maneira que alguns idosos fazem,
até a maneira de andar, os movimentos eram parecidos; ele cumprimentou-nos,
perguntou se estava tudo bem e logo saiu dali. A tristeza que os idosos transmitem
estar sentindo não está presente apenas neles, os funcionários também
demonstram essa tristeza. Segundo Bleger (1998), a organização tende a ter a
mesma estrutura do problema que deve enfrentar e para o qual foi criada.
A equipe de enfermagem demonstrou alto índice de estresse causado pelas
condições de trabalho, pois muitas vezes trabalham em dois turnos além da
exposição diária ao sofrimento dos moradores. De acordo com Dejours (2004, p.30),
“trabalhar não é somente produzir; é, também transformar a si mesmo e, no melhor
dos casos, é uma ocasião oferecida à subjetividade para se testar, até mesmo para
se realizar.”
A Instituição preza muito a saúde física aparentemente acreditando que essa
seja a verdadeira e única saúde que podem proporcionar aos seus moradores, pois
sabem que sozinhos ou com a família muitas vezes nem isso é oferecido. Como diz
Garcia et al (2006, p.176):
Mesmo com a extensão da atenção à saúde, ocorrida a partir dos
anos 80, aborda-se o idoso, na maioria das vezes, de modo limitado
às enfermidades crônicas e em consultas individuais esporádicas,
sem continuidade, e desconsiderando o impacto desse quadro na
qualidade de vida(1).
A precária assistência ao idoso pode ser constatada pela elevada
proporção de óbitos por causas mal definidas (que chega a 65%) e à
subnotificação de problemas considerados esperados ou normais
para a idade e não passíveis de intervenção(1).
Alguns funcionários demonstraram adotar um conceito de saúde mais
ampliado ao olhar também para o sentimento de abandono dos idosos, mas afirmam
não conseguirem cuidar dessa questão. Essa concepção está de acordo com a
proposição de promoção de saúde da OMS atualizada em 1991: “[...] o princípio de
promoção de saúde, incorporando a questão do desenvolvimento econômico e
social. Saúde passa a ser descrita como um estado de bem-estar físico, psíquico e
social, [...]” (Medeiros, 2005, p. 269).
Ao perguntarmos a um enfermeiro o que é feito quando alguém falece e se o
tema morte é posto em pauta alguma vez e ele respondeu que não. Pensamos que
pode até ser um dos motivos por não se envolverem tanto dentro da Instituição: a
morte – porque me ligar a uma pessoa que pode falecer amanhã? E se eu me
apegar? É melhor não sofrer demais – apesar de ninguém ter dito essas palavras
nos questionamos se não seria uma boa maneira de evitar maiores tristezas e
angústias.
- 96 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Lidar com a morte e o luto é algo a ser trabalhado com os moradores e com
os funcionários em contato diariamente com a situação, além de servir como um
trabalho para aceitarem o próprio envelhecimento, já que isso é difícil para a maioria
das pessoas.
Entende-se que há necessidade de regras e horários para a rotina de
funcionamento, entretanto, essa rotina esmaga a vontade e os desejos daqueles
moradores. Embora estejam de acordo com o Estatuto do Idoso (LEI No 10.741, DE
1º DE OUTUBRO DE 2003), a emancipação lhes é tomada em troca de abrigo,
alimentação e cuidados médicos. O seu ser, sua história, a pessoa que ele é passa
a não ter mais importância, pois apesar de alguns funcionários demonstrarem muito
carinho o que acorre é a desumanização no atendimento, um tecnicismo.
Em relação à desumanização dos serviços de saúde Fortes (1998, p. 16),
aponta que: “A exacerbada especialização e tecnificação do trabalho de assistência
à saúde acaba num progressivo afastamento do profissional de saúde de seus
pacientes, tornando a relação entre eles cada vez mais distante, impessoal e
despersonalizada.” Percebemos que é necessário um trabalho para torná-lo mais
humanizado e desenvolver mais projetos para cuidar do emocional, ajudar os idosos
e a equipe a lidar com a realidade em que se encontram, com essa tristeza profunda
que parece ser permanente no cotidiano deles já que a rotina do lar parece uma
linha de montagem, tudo tem seu horário; a rotina é do lar e não dos idosos.
Em uma das visitas alguns moradores estavam indo dar uma volta de
“trenzinho”, nos questionamos qual a finalidade real daquilo, já que nos pareceu de
tamanha infantilização e só não beirava ao desrespeito porque se via que era feito
com afeto. É comum que as pessoas lidem com os idosos como se fossem crianças.
Parece que essa situação passa a ser natural, como na fala da psicóloga que nos
relatou que como a maioria tem algum problema mental ela não pode exigir muito
deles e então ela faz poucos trabalhos que envolvam cognição e mais brincadeiras
A instituição permite que se realize aos domingos um baile recreativo, no
entanto soubemos que os internos não podem participar da atividade, sendo
separados das pessoas por uma grade. A fala de uma funcionária “eles não gostam
de participar do baile”, mostra que se coloca no idoso morador do asilo o motivo
para que a organização funcione de determinada maneira, quando na verdade estas
normas foram estabelecidas pela equipe de trabalho. Para a instituição é como se o
surgimento de doenças e a solidão fossem justificativas para a falta de autonomia e
independência que a Institucionalização acaba por acarretar.
.Acreditamos que poderiam ser desenvolvidos diversos tipos de atividades
com os idosos, como a simples participação deles em assuntos do bairro ou apoiar
atividades fora da instituição, como contar histórias para crianças para a promoção
de autonomia, de acordo com o interesse dos próprios moradores.
Observamos que a maioria dos moradores possui Ensino Fundamental
Incompleto, e mesmo alguns dos moradores nos dizendo que possuem interesse em
aprender mais, a instituição não tem nenhuma atividade nesse sentido. Quando
questionamos alguns funcionários sobre isso, o argumento utilizado foi o de que são
poucos os moradores que se interessariam por esse tipo de atividade. Tal fala nos
fez pensar se mesmo sendo poucos os interessados não valeria a pena desenvolver
- 97 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
alguma atividade que pudesse atender ao interesse deles... pensamos que sim, mas
por parte da instituição volta a transparecer a imagem de que os idosos estão lá
apenas aguardando o fim da existência, que auxiliar a realizar objetivos que eles
possam ter é algo que fica excluído na intervenção dos profissionais que lá
trabalham.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A instituição se mostra eficaz no que diz respeito à estrutura física e aos
cuidados médicos prestados, com profissionais que mantinham um bom
relacionamento com os pacientes chamando-os pelo nome e conhecendo várias das
suas questões pessoais. No entanto, falta o cuidado com a saúde psíquica e social,
como se o interno não tivesse mais sonhos ou qualquer expectativa de vida, numa
simples espera pela morte.
Acreditamos que a desvalorização social do idoso contribui bastante para o
seu adoecimento mental e físico, limitando cada vez mais os que se encontram
internados na instituição. Até mesmo os que se encontram capazes de executar
tarefas básicas do dia-a-dia quando se vêem com os outros internos já mais
debilitados são acometidos por um desânimo e uma falta de esperança.
Além disso, os cuidadores também são “tocados” por sentimentos que
influenciam no desenvolvimento de seu trabalho e podem causar adoecimentos que
contribuem para a desumanização da instituição. É necessário encarar o
envelhecimento como processo natural, podendo ser uma fase tão proveitosa
quanto qualquer outra da vida.
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MORSOLETO, M. J. M. S.3,4; BERETTA, A. L. R. Z.3,5.
1
Mestranda do Programa de Pós graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário
2
3
Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Profissional; Docente do Programa de Pós
4
graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS; Co5
orientadora; Orientadora.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Segundo Blanes (2004), feridas são definidas como a interrupção da continuidade
de um tecido corpóreo, em maior ou em menor extensão, causada por qualquer tipo
de trauma físico, químico, mecânico ou desencadeada por uma afecção clínica.
Podem ser classificadas de acordo com as estruturas comprometidas (profundidade
da ferida), estadiando alguns tipos de feridas crônicas (como as úlceras por pressão
e queimaduras). Engloba a ferida superficial (limitada à epiderme), ferida com perda
parcial (limitada à epiderme e porção superior da derme), e a perda total (existe
destruição da epiderme, derme, tecido subcutâneo, podendo invadir músculos,
tendões e ossos). Villela (2007) conclui que a cicatrização é a cura da ferida e não
havendo nenhum obstáculo, este processo segue uma seqüência cronológica
específica que pode ser explicada em três fases: inflamatória, proliferativa e de
maturação. Alguns fatores sistêmicos afetam diretamente o processo de
cicatrização, tais como: a idade, a imobilidade, o estado nutricional, co-morbidades e
o uso de medicamentos, como o uso indiscriminado de antibióticos, uma vez que
eles provocam a diminuição da predisposição do tecido ao reparo, consumindo
nutrientes e retardando a cicatrização. Por outro lado tem-se os fatores locais como
localização, tecido desvitalizado e infecções alterando o processo cicatricial como
evidenciado por Santos (2000). As tentativas humanas de intervir no processo de
cicatrização das feridas remontam à Antigüidade, demonstrando que desde então já
se reconhecia à importância de protegê-las de forma a evitar que se complicassem e
repercutissem em danos locais ou gerais para o usuário. Tem-se verificado avanços
na compreensão dos processos e fenômenos envolvidos nas diversas fases da
reparação tissular e simultaneamente muito se tenha investido em pesquisa, o
desenvolvimento de novas técnicas e produtos para a realização de curativos e
métodos coadjuvantes no tratamento de feridas têm exigido a criação de grupos de
estudo sobre as lesões cutâneas. O presente estudo foi motivado pela necessidade
crescente de haver uma padronização para realização de curativos, visando elaborar
um protocolo sistematizado para o atendimento.
OBJETIVO
Cuidar de feridas é uma rotina da enfermagem, porém existem muitas dificuldades,
uma vez que são utilizadas diversas práticas no tratamento de feridas e inúmeros
são os produtos existentes no mercado, não existe uma sistematização. Assim, o
presente estudo foi motivado pela necessidade de estabelecer rotinas e normatizar
- 100 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
as técnicas de curativo, e tem como objetivos padronizar e implementar o Protocolo
para o cuidado de Feridas na Clínica de Enfermagem da Universidade Hermínio
Ometto - UNIARARAS, através de revisão de literatura.
REVISÃO DE LITERATURA
A preocupação com o tratamento de feridas sempre existiu. Desde a era pré-história
à idade antiga eram preparados cataplasmas de folhas e ervas com o intuito de
estancar hemorragias e facilitar a cicatrização. O estudo dos curativos usados ao
longo dos tempos sugere que alguns tratamentos usados eram bizarros, ou mesmo
terríveis, enquanto outros ainda nos são familiares atualmente. Os primeiros
registros escritos de técnicas médicas e cirúrgicas vêm do Egito Antigo onde
constavam tratamentos para todos os tipos de lesões, desde fraturas, lacerações até
cirurgias. Com a decadência do poder do antigo Egito, a civilização grega
gradualmente se desenvolveu. Dentre os homens que deixaram sua marca nesse
período está Hipocrates (460-377 a.C.), que lançou a base da medicina científica ao
enfatizar a observação cuidadosa com a ferida. Francisco Tiago apud Oda (2004)
define, ferida como ruptura da integridade de um tecido, que pode apresentar
diferentes profundidades, podendo atingir a epiderme, a derme ou alcançar o tecido
celular subcutâneo, a fáscia e o tecido muscular. Pode-se dividir as feridas em
traumáticas, cirúrgicas e ulcerativas e ainda classificá-las como: limpas ou
assépticas e contaminadas ou sépticas. Candido apud Cunha (2006) define que
cuidar de feridas é um processo dinâmico, complexo e que requer uma atenção
especial principalmente quando se refere a uma lesão crônica. Deve-se levar em
consideração que as feridas crônicas evoluem rapidamente, são refratárias a
diversos tipos de tratamentos e decorrem de condições predisponentes que
impossibilitam a normal cicatrização. Gogia (2003) afirma que a cicatrização é um
processo fisiológico complexo. Um conhecimento abrangente da cicatrização normal
é de grande importância para os profissionais envolvidos no tratamento de pacientes
com feridas abertas, conhecendo o processo que evita, minimiza e elimina aqueles
fatores que afetam a cicatrização. O crescimento celular e o tecidual são processos
complexos. A continuação e manutenção de tais processos, requerem a presença
de vários nutrientes essenciais. Esses nutrientes vão dos macronutrientes
produtores de energia (carboidratos, gordura e proteína), todos necessários em
grandes quantidades, até um amplo espectro de micronutrientes (vitaminas e
minerais), necessários em menores quantidades. Segundo Ceco apud Cunha
(2006), o problema das úlceras crônicas que tem uma tendência a aumentar nos
países industrializados devido a uma maior expectativa de vida com o
envelhecimento da população, as pluripatologias prevalentes e a um cuidado
deficiente da pele e da nutrição. Segundo diversos estudos, as úlceras dos membros
inferiores afetam entre 0,15% a 0,18% da população atual; entre 1% e 2% desta
população desenvolverá em algum momento de sua vida uma úlcera nos membros
inferiores, o que representa um problema de saúde pública. Para Oda (2004) a
finalidade do curativo é remover corpos estranhos, reaproximar bordas separadas,
proteger a ferida contra contaminação, promover hemostasia, fazer desbridamento
mecânico ou autolítico removendo tecido necrótico, reduzir o edema, absorver
exsudato e edema, manter a umidade da superfície da lesão, fornecer isolamento
térmico, promover a cicatrização da lesão, limitar a movimentação dos tecidos em
torno da lesão, diminuir a intensidade da dor, além do conforto psicológico
- 101 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
proporcionado, pois impede o paciente do contato visual com a lesão. Dealey apud
Peruzzo et al (2005) define que um curativo ideal é aquele capaz de manter alta
umidade entre a sua interface e a da ferida, remover o excesso de exsudação,
permitir trocas gasosas, fornecer isolamento térmico, ser impermeável a bactérias,
ser isento de partículas e de tóxicos contaminados de feridas e permitir sua remoção
sem causar trauma na ferida. Nas duas últimas décadas diversos estudos foram
realizados na busca desse curativo ideal e de melhores resultados nos tratamentos
de feridas. Porém Hess; Gogia apud Pereira (2006) afirmam que atualmente, há
disponível, comercialmente, mais de 2.000 produtos para tratar feridas, tornando a
escolha do curativo correto uma tarefa difícil e desafiadora. Além dos curativos
existem várias tecnologias para o tratamento de feridas, como a utilização do laser
de baixa intensidade. Chavantes (2009) relata que o laser de baixa intensidade tem
crescente aplicação na enfermagem, graças aos efeitos de biomodulação,
aumentando o interesse entre os enfermeiros, principalmente na reparação tecidual,
sendo tanto utilizado preventivamente, bioestimulando a reparação em feridas
cirúrgicas, como para inibir processos infecciosos já instalados em feridas crônicas.
Entender as especificidades da segurança do laser é absolutamente essencial.
Quando o laser é manipulado por profissionais treinados e são respeitadas as
normas de segurança, torna-se útil e seguro tanto para o paciente como para toda a
equipe médica. Segundo Oda (2004) cada enfermeiro recomendava um tipo de
curativo, às vezes até para o mesmo tipo de lesão e, outros não conheciam sua
indicação, afinal novas tecnologias surgiram de forma rápida, tornando a escolha
ainda mais difícil a cada dia, não conseguindo obviamente resultado positivo. Por
isso torna-se necessário a elaboração de protocolos clínicos, que são orientações
concisas sobre diagnósticos e tratamentos, baseados em recomendações científicas
atualizadas, fornecendo um fluxograma padronizado e aprovado por especialistas da
própria instituição, para serem usados por profissionais de saúde no seu cotidiano,
afirma Stein apud Negeliskii (2006). Conseqüentemente os serviços de saúde
buscam a globalização da assistência, visando a cura ou cicatrização, a melhoria da
condição clínica e social dos clientes, a racionalização e maior eficiência dos
procedimentos direcionados ao tratamento das lesões cutâneas, com a conseqüente
otimização do atendimento enfatizam Maria e Aun apud Cunha; Macedo; Figueiredo
(2003). O cuidado com as feridas enquanto atuação de profissionais da área de
saúde era originalmente realizado pelos médicos e estudantes de medicina,
especialmente pelos do setor cirúrgico que eram capacitados para trocar os
curativos. Essa prática começou a mudar na década de 30, quando esse cuidado
passou a ser realizado pro freiras e posteriormente, entre as décadas de 30 e 40,
quando foi passando gradativamente para o domínio das enfermeiras afirma Dealey
apud Pereira (2006). Prestar um cuidado de qualidade a clientes portadores de
feridas é um desafio a ser enfrentado por toda a equipe, em especial pelo
enfermeiro. É proporcionando o cuidado humanizado, buscando compreender a
patologia sem deixar de se preocupar com os fatores psicossociais e humanos que o
profissional alcançará a excelência no atendimento de acordo com Ferreira;
Bogamil; Tormena (2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos concluir que para prestar assistência é preciso padronizar os
procedimentos de prevenção e tratamento de feridas. Isso deve ser feito através de
- 102 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
protocolos que garantam respaldo ao profissional, a fim de melhorar a assistência ao
portador de feridas. Sentimos a necessidade de realizar a padronização dos
curativos, principalmente relacioná-los ao mecanismo de ação e sua fisiopatologia.
Pretendemos com a implementação desse protocolo, padronizar e sistematizar o
cuidado de feridas na Clínica de Enfermagem – UNIARARAS, visando a otimização
do atendimento, buscando a excelência do serviço. Portanto, acredita-se que este
estudo contribua de alguma forma para facilitar a busca de caminhos estratégicos
para agir de forma diferente, ou seja, mais crítico e com fundamentação científica.
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Horizonte. Belo Horizonte: Anais UFMG, 2003.
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PALAVRA-CHAVES: Cuidados de Enfermagem; Cicatrização de Feridas; Terapia a Laser
de Baixa Intensidade.
- 104 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
OFICINA DE ORIENTAÇÃO SEXUAL E EDUCAÇÃO PREVENTIVA COM
ADOLESCENTES: NOVOS DESAFIOS PARA A PSICOLOGIA
MENESES, A. F. P. 1,3; GAINO, L. V. 2,4; MENDES, A. 2,5
2
1
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Campinas, SP, aprimoranda; Centro Universitário
3
4
5
Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP; Apromiranda; Profissional; Orientador;
[email protected]
INTRODUÇÃO
As discussões sobre sexualidade e adolescentes é algo recente no Brasil, que data
seu início a partir da primeira década do século XX. Atravessado pelo discurso moral
conservador de algumas instituições e pelas mudanças socioculturais que
aconteceram nos últimos anos, esse debate apresenta na atualidade de maneira
contundente seus avanços e retrocessos. (RIOS et al., 2002).
De acordo com Altman (2007) muito se tem discutido atualmente, no âmbito das
Políticas Públicas, sobre implantação de educação sexual nas escolas. Porém,
podemos destacar que uma das características desses programas são seus
métodos e técnicas utilizadas para falar sobre esse assunto, sendo que em sua
grande maioria prevalece o discurso preventivo que ditam o que é correto e como os
adolescentes devem se comportar sexualmente.
Nesse contexto surgiu a proposta da Oficina de Orientação Sexual e Educação
Preventiva para adolescentes desenvolvidas por alunas quintanistas do curso de
psicologia, sendo o referencial teórico e pressupostos metodológicos pautados no
modelo de grupo operativo proposto por Pichón-Riviére (1998) da psicologia social.
Segundo Dias e Castro (2006) é pressuposto do grupo operativo a aprendizagem.
Aprender no grupo não é obter conhecimento formal, mas sim ter uma atitude de
reflexão, investigação. É uma maneira nova de ler a realidade e se apropriar desta.
Tal aprendizagem trará mudanças no qual o integrante deixa de ser expectador
passivo e se torna protagonista da sua própria história e do grupo.
Desta forma, o trabalho da Oficina de Orientação Sexual e Educação Preventiva
tinha como foco de atuação a formação de grupos, em que os adolescentes
deixavam de ser alunos e tornavam-se aprendiz: ao fazer, aprende. E assim,
visavam à reflexão dos participantes a respeito da sexualidade e do uso de drogas,
e as implicações de ambos para a vida
OBJETIVO
O objetivo da oficina de Orientação Sexual e Educação Preventiva era proporcionar
que os participantes refletissem sobre sexualidade e uso de drogas, bem como a
implicação de ambos na suas vidas.
Além disso, a oficina objetivava também fazer com que os integrantes do grupo
participassem ativamente dos encontros, contando fatos e acontecimento de suas
vidas que nos remetessem a pensar e refletir sobre os temas propostos,
contribuindo de tal modo para a construção de um conhecimento grupal sobre o
assunto abordado.
- 105 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
METODO
O referencial teórico e pressupostos metodológicos que embasam o
desenvolvimento das oficinas é o da psicologia social, apoiada no modelo de grupo
operativo proposto por Pichón-Riviére (1998), tendo como foco de atuação a
formação de grupos.
A oficina de Orientação Sexual e Educação Preventiva foi desenvolvida em
encontros semanais ou quinzenais com quatro grupos distintos de alunos de uma
escola estadual de ensino fundamental, sendo dois grupos compostos por alunos de
duas salas de sétima série e outros dois grupos composto por alunos da oitava
série.
A duração dos encontros respeitava os horários da escola, variando de uma a duas
horas aula. Nos grupos da sétima série tinha cerca de 25 integrantes cada. Já os
grupos da oitava série, participaram dos encontros 12 integrantes em cada. Os
temas abordados, que sempre estavam em torno do assunto principal – sexualidade
- não seguiam uma lógica rígida e unânime para todos, respeitando assim a
dinâmica grupal dos integrantes e o que emerge do grupo. Alguns temas abordados
durante o processo foram:
Sexualidade: o ser humano como um construto biológico, cultural e psicológico
(como a cultura e a sociedade influenciam nosso comportamento sexual, além dos
fatores biológicos, e como reagimos psicologicamente).
Masturbação.
Homossexualidade e questões de gênero: o que se espera do homem e da
mulher? Preconceitos, estereótipo e estigma do homossexual, bissexual,
transgênero.
Gravidez e aborto: informação, prevenção, discussões.
DST-AIDS: informação, prevenção, discussões.
Drogas: informação, conseqüências do uso, discussão sobre uso abusivo de
álcool e drogas.
Também era realizadas reuniões com a coordenação da escola para discutir
assuntos referente a oficina.
Os coordenadores do grupo (dupla de alunos-estagiários do 5º ano do curso de
Psicologia) tinham o papel de estimular a participação e a reflexão, interpretando e
trabalhando com o campo grupal para mobilizar os participantes e promover
transformações em suas vidas, em favor da saúde psíquica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sobre a relação com o tema da sexualidade, foi possível observar o quanto os
participantes dos grupos, foram, ao decorrer dos encontros sentindo-se mais a
vontade para explorar e falar sobre o tema, embora ainda houvesse algumas
resistências. Ao mesmo tempo em que os integrantes da oficina tinham bastante
curiosidade sobre o tema, por outro lado eles ficam acanhados e com vergonha
diante de algumas atividades que propusemos durante os encontros, pois falavam
sobre o que não se permitia na escola. Assim, entendemos que a oficina foi um
espaço que proporcionou que a sexualidade desses adolescentes pudesse ser
falada e refletida dentro da escola que acaba barrando tal tipo de manifestação.
Pode-se observar na realização das Oficinas, uma gradativa organização grupal
operativa, rompendo estereótipos permitindo aos alunos experimentar outros tipos
de papéis, diferentes dos impostos pela típica organização escolar.
- 106 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A adolescência, como nos define Lima (2007), pode ser compreendida como a
“transição biopsicossocial, período este caracterizado por transformações biológicas
em busca de uma definição de seu papel social, determinado pelos padrões culturais
do meio”. Mesmo diante de todas essas mudanças, assim como Matheus (2003)
acreditamos que o adolescente “não é simplesmente produto de seu meio: é sujeito,
que reage ativamente ao que lhe é proposto, buscando formular respostas próprias
que façam sentido para ele e permitam sua inserção social”.
É na adolescência que as características corporais vão dando formas e modelando
um corpo que até então tinha características infantis para um corpo com traços
adultos. Lima (2007), a partir de uma leitura de Vitiello, adverte que muitas vezes as
pessoas esquecem que todos nós somos seres sexuais desde o nascimento e isso
se estende até morrermos. Desta forma, a adolescência não é a fase que o sujeito
entra para o mundo da sexualidade, mas o momento que ele começa a descobrir
seu corpo e ganha algumas características biológicas que o torna procriador.
Em 1998 o Governo Federal, por meio das Políticas Públicas, instituiu a Orientação
Sexual como parte integrante dos Parâmetros Curriculares para o Ensino
Fundamental. Considerando esse tema (orientação sexual) transversal as disciplinas
curriculares, nesse período a sexualidade passe a integrar um debate público dentro
do contexto escolar, integrando-se à programação pedagógica e sendo abordadas
em diversas disciplinas (BEIRAS; TAGLIAMENTO; TONELI, 2005).
Embora esse diálogo sobre esse e outros assuntos que envolvem o tema
sexualidade seja fundamental para se discutir na escola, cada vez mais podemos
observar que os educadores têm criado barreiras entre eles e os alunos, baseados
num discurso moral conservador, o que transforma esse tema em um tabu, discutido
no contexto escolar a partir de uma visão reducionista relacionadas a constituição do
corpo humano.
Segundo Dall’Alba (1998, p.189-190) “a educação sexual tem seu acesso à escola
via reprodução nas aulas de biologia, ou via doença, assumindo assim um caráter
médico-higiênico, visando ao controle das doenças sexualmente transmissíveis”. A
autora ainda acrescenta que nesse discurso o corpo é desintegrado e suas partes
são abordadas anatomicamente.
Discutindo sobre a visão dos educadores e o tema sexualidade, Beiras, Tagliamento
e Toneli (2005) destacam que “[...] muitos destes profissionais consideram as
crianças como ‘assexuadas’, ‘puras’ e ‘inocentes’, além de tratarem a manifestação
da sexualidade destes sujeitos como algo ‘feio’, ‘sujo’, ‘pecaminoso’”.
Não obstante a essa realidade, a escola em que esse estágio foi realizado
apresentou características desse discurso moral conservador quando o assunto é a
manifestação da sexualidade dos adolescentes.
Ora, a sexualidade, como já mencionado, é um tema abordado no ensinoaprendizagem, porém o que verificamos é que geralmente as discussões não fazem
sentido para a realidade dos alunos, sendo ainda esse tema polêmico e de difícil
acesso na escola. Verificamos também que, embora o discurso da escola refira-se a
esse tema como algo que é abordado pela escola e pelos professores, não é
possível iniciar um diálogo, pois a relação que se estabelece é dicotômica, uma vez
que a manifestação (da sexualidade) acaba sendo vista de modo pejorativo pelos
educadores.
Diferente dessa situação, no grupo operativo ensino e aprendizagem não se
constituem dois pólos desunificados, uma vez que esses permanecem integrados e
- 107 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
dialeticamente inseparáveis. O que temos, então, no grupo operativo é uma
dinamização de papeis e uma quebra de estereótipos que, por conseguinte, causa
ansiedade, pois quem ensina entra no mesmo processo dialético daquele que
aprende, não sendo possível manter-se somente em uma dessas duas vertentes.
(BLEGER, 1998).
Os grupos da 8ª. série tinham menos participantes em cada grupo, pois dividimos a
sala em dois sub-grupos. Além disso, os encontros aconteceram semanalmente. O
número reduzido de participantes, assim como a freqüência dos encontros, foram
fatores que contribuíram para que, diferente das 7ª.s que apresentavam um número
maior de participantes e encontros quinzenais, houvesse uma organização mais
próxima dos grupos operativos.
Romper o modelo tradicional acarreta ao corpo docente a perda de seu status
soberano de reter o conhecimento e o saber sobre o que ensina. Vale destacar que
sem esse rompimento não é possível ter um grupo operativo atuando no processo
ensino aprendizagem, sendo que um dos pontos cruciais seria o professor se despir
do seu furor de tudo saber e de tudo quere resolver sem problematizar com o grupo.
Segundo Bleger (1998, p. 57) “um ponto culminante desse processo é o momento
em que aquele que ensina pode dizer ‘não sei’ e admitir assim que realmente
desconhece algum tema ou tópico do mesmo”. Essa atitude do professor faz com
que ele abandone a sua posição de onipotência e adote atitudes mais adequadas
que promovam o relacionamento interpessoal, inquietação e, consequentemente,
um novo modelo de aprendizagem.
A Oficina não se tratou somente de transmissão de um conhecimento, mas de
problematizar com o grupo o processo de ensino e aprendizagem, para que esse
não se restringisse a um caráter limitador. Ensino e aprendizagem, nesse modelo
proposto, surgiu como uma maneira de transformar e converter as experiências, os
conhecimentos e a conduta dos integrantes do grupo naquilo que se aprende e
naquilo que se ensina. Na ocasião tivemos um deslocamento da posição do
estudante de mero receptor passivo para uma posição de atuar ativamente.
A técnica de trabalho grupal de grupos operativos, segundo Bleger (1998), não tem
o intuito de resolução de problemas e conflitos, mas de problematizá-los e explicitálos. Dessa maneira, não se oculta informações e muito menos preenche lacunas
com improvisações, pois o que se pretende de fato é evidenciá-las. Assim, o que o
ensino no grupo operativo propõe é fazer com que o estudante possa ter a liberdade
de se questionar sobre até mesmo o próprio ensino, sobre o conhecimento e sobre
os instrumentos que são utilizados nesse processo, rompendo estereótipos e
elucidando aquilo que é desconhecido. Difundimos em todos os grupos a
importância da liberdade de escolha de participação e opiniões sobre a oficina e
também quanto às atividades realizadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendemos que atuar na instituição escolar, é necessariamente estar a mercê
de um emaranhado de movimentos grupais que impelem atuar de modo
diversificado.
O estágio de Psicologia na instituição foi um desafio para nós aspirantes a
psicólogos, principalmente se a atuação desse profissional partir de uma visão
pluralista da psicologia social. Nesse campo, o psicólogo se depara com um
discurso moralista conservador que o confronta ideologicamente.
- 108 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Muitos temas relacionados à adolescência atravessam o contexto escolar, seja por
meio de discussões entre os alunos, seja por meio da própria manifestação desses
temas. Com a sexualidade essa realidade não é diferente. Contudo, o que podemos
verificar é que, embora de fato o tema sexualidade esteja presente nessa instituição,
esse tem sido um diálogo difícil entre aluno e educador, esses últimos, acabam por
criar barreiras entre eles e os alunos, baseados num discurso moral conservador, o
que transforma esse tema em um tabu, discutido no contexto escolar a partir de uma
visão reducionista relacionadas a constituição do corpo humano.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Campinas, v. 22, n. 57, ago. 2002. P. 45-61. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010132622002000200004&lng=pt&nrm=iso. > Acesso em: 19 jun 2010.
- 109 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
PALAVRAS-CHAVES: adolescente; sexualidade; atuação do psicólogo.
- 110 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
HUMANIZASUS: O QUE OS PROFISSIONAIS DO PROGRAMA DE SAÚDE DA
FAMÍLIA CONHECEM?
BARBARA, F1.; CECCATO, B. H2
1
Discente do Curso de Psicologia do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras,
SP.;
2
Orientadora e Professora Curso de Psicologia do Centro Universitário Hermínio Ometto –
UNIARARAS, Araras, SP.;
[email protected]; [email protected]
INTRODUÇÃO
Este estudo pretende compreender, ampliar e analisar as práticas que
permeiam o HumanizaSUS, implantado através do programa da Política Nacional de
Humanização (PNH).
Interessado em fazer avançar os princípios do SUS, a PNH é formulada e
lançada pelo MS (Ministério da Saúde) em 2003, e apresentada ao Conselho
Nacional de Saúde (CNS) em 2004, e problematizou o conceito de humanização,
promovendo um amplo debate e mudança nos modelos de gestão (MORI,
OLIVEIRA, 2009).
Para dar conta das responsabilidades do SUS, o Programa de Saúde da
Família (PSF), vem como uma nova forma de fazer saúde, e segundo o
HumanizaSUS na Atenção Básica este serviço lida com problemas altamente
complexos do cotidiano das pessoas. Por isso, os profissionais que o compõem são
importantes para essa mudança. (Ministério da Saúde, 2009).
Ao considerar que a humanização implica produzir uma prática que valorize
os sujeitos no seu cotidiano de trabalho, deve-se essa afirmação devido ao
levantamento da história do HumanizaSUS e os princípios da PNH. Portanto faz se
importante a questão se os profissionais do PSF da região de Araras, conhecem a
Humanização proposta no HumanizaSUS?
OBJETIVO
Esta pesquisa tem como objetivo geral verificar o nível de conhecimento e
aplicação da proposta da PNH (HumanizaSUS) dos profissionais que trabalham no
PSF da região de Araras. E por objetivos específicos: (a) pesquisar o conhecimento
dos profissionais na prática em relação ao que propõe o HumanizaSUS; (b) captar
como estes profissionais executam no seu cotidiano os princípios da PNH na
atenção básica; (c) levantar se ocorreram mudanças nos relacionamentos intraequipe com a inserção da política de PNH e (d) discutir quais são as principais
dificuldades dos profissionais para executar a humanização no serviço de saúde,
caso estes encontrem limites para por em prática os princípios do HumanizaSUS.
METODOLOGIA
Esta pesquisa se insere na modalidade de Delineamento em corte
transversal, possibilitando uma informação de um tempo único, descritiva, havendo
após o levantamento de dados a descrição dos resultados. (BAPTISTA, 2007)
- 111 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Para a interpretação dos dados coletados, será utilizado o método quantiquali, com o objetivo de gerar dados precisos e confiáveis permitindo uma
exploração dos resultados através da pesquisa quantitativa.
E com a pesquisa qualitativa será possível colher interpretações individuais,
podendo ser úteis na busca pelos objetivos do estudo. Esta abordagem tem como
características: compreender a perspectiva do sujeito subjetivamente, e com total
empatia. Outra é que essa pesquisa acredita que devem se emergir teorias e
questões após a coleta de dados, ao invés de serem colocadas antes de se começar
o estudo.
Os resultados serão tratados entre as diferentes fases da análise de conteúdo
que se organizam em: pré-análise, exploração do material, tratamento dos
resultados, inferência e interpretação. Lembrando que a fase da pré-análise é o
período de intuições, que torna operacional as idéias iniciais de maneira a conduzir o
desenvolvimento num plano de análise. (BARDIN, 1997)
O instrumento de pesquisa contemplará três questões abertas a fim de
possibilitar uma melhor interpretação a respeito do fenômeno estudado, e oito
questões fechadas que abordará os princípios do HUMANIZASUS na Atenção
Básica, com opções de respostas: “atende”, atende parcialmente”, “não atende” e
“desconheço”. Importante ressaltar que serão fatores de exclusão da pesquisa: os
funcionários que estão afastados do serviço, e funcionários que estão trabalhando a
menos de seis meses neste serviço.
RESULTADOS ESPERADOS
Pretende-se com esse estudo, representar qual o nível de conhecimento e
aplicação do HumanizaSUS dos profissionais da saúde de um PSF da região,
através de um questionário fechado que possibilitará estruturar as opções de
respostas num formato de tabela representando as que surgiram com maiores
freqüências a respeito dos princípios que propõe a PNH.
Com a aplicação do questionário aberto, aumentar o nível de interpretação do
conhecimento que os profissionais possuem sobre o assunto, e possibilitar uma
discussão mais abrangente da concepção do HumanizaSUS neste PSF, podendo o
pesquisador destacar o que se observa na prática com o que propõe nas
bibliografias pesquisadas sobre a PNH, através de apontamentos das dificuldades
que os profissionais encontram em executá-la cotidianamente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. [Trad. de Luis Antônio Reto e Augusto Pinheiro]
Lisboa. Edições 70, 1995.
BAPTISTA, M. N.; CAMPOS, D.C.; Metodologias de Pesquisa em Ciências:
análise quantitativa e qualitativa. Rio de Janeiro: LTC, 2007. p.81-99
____. Ministério da Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão
do SUS. O HumanizaSUS na atenção básica. – Brasília: Ministério da Saúde,
2009.
- 112 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
MORI, M.E.;OLIVEIRA,O.V.M. Os coletivos da Política Nacional de Humanização
(PNH): a cogestão em ato. Interface – Comunic., Saúde, Educ., v.13, supl. 1, p.62740, 2009.
PALAVRAS-CHAVES: HumanizaSUS, Programa de Saúde da Família, Perspectiva dos
profissionais.
- 113 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ELABORAÇÃO E APLICAÇÃO DO JOGO DIDÁTICO, EVIDÊNCIAS DA
EVOLUÇÃO: DIANTE DOS NOSSOS OLHOS, PARA O ENSINO DE BIOLOGIA
TEIXEIRA, A. E. 1,1; EGGERT, C. de F. 1,2; RAMOS, E. 1,3; MISCHIATTI, V. 1,4; TROTIVAN, M.
1,5
; SIGNORINI, C. E. 1,6.
1
2
3
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Ana Elisa Teixeira; Carlos
Eduardo Signorini.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A aprendizagem é facilitada quando toma forma aparentemente lúdica. Entusiasma
os alunos quando recebem a proposta de aprender de forma divertida, o que resulta
em um aprendizado significativo. Assim, o jogo é uma ferramenta ideal para a
aprendizagem, pois auxilia o aluno a construir novas descobertas, leva o professor à
condição de orientador, estimulador e avaliador da aprendizagem (CAMPOS;
BORTOLOTO & FELÍCIO).
Como condutor, o professor aproxima os alunos dos conhecimentos científicos,
preparando-os para resolver problemas reais que o homem enfrenta ou enfrentou.
Deste modo, a aplicação de jogos para o ensino de Biologia é válido por envolver
conteúdos abstratos e de difícil compreensão quando transmitido de forma
tradicional do processo educativo – “transmissão-recepção de informações”
(CAMPOS; BORTOLOTO & FELÍCIO).
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, os alunos ao invés de um
simples exercício de memorização, têm capacidade de pesquisar, buscar
informações e selecioná-las, aprender, criar e formular soluções para problemas
reais. Com relação ao ensino de Biologia, ele deve ainda colocar em prática
conceitos, procedimentos e atitudes que aprendeu na escola de forma a realizar
raciocínios e analogias concretas por meio da interação com sua realidade (BRASIL,
1998).
Para Grando (2001), existem vantagens e desvantagens na inserção de jogos para
promover a aprendizagem. Como vantagens cita o entendimento de conteúdos de
difícil compreensão; de forma ativa o aluno constrói o seu conhecimento; motiva os
alunos a participarem das aulas. Como desvantagem cita maior tempo gasto com as
aulas.
OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivo a elaboração do jogo como material didático,
uma alternativa dinâmica para auxiliar os alunos a reconhecerem e analisarem
estruturas em organismos que evidenciem características primitivas e derivadas,
conhecerem o trabalho de Charles Darwin e reconhecerem sua importância para a
ciência, bem como, desenvolverem a capacidade de interpretação para responder
questões referentes ao assunto em possíveis futuras provas.
MATERIAIS E MÉTODOS
- 114 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O jogo envolvendo o conteúdo sobre Evolução foi nomeado como “EVIDÊNCIAS DA
EVOLUÇÃO: DIANTE DOS NOSSOS OLHOS”.
O professor preparou o jogo a partir de temas oferecidos aos alunos que
pesquisaram e elaboraram um trabalho escrito. O professor elaborou as cartas a
partir dos trabalhos entregues pelos alunos. As vinte e cinco cartas foram
confeccionadas no computador com auxílio de programas de edição de imagens
pelo professor, que utilizou papel sulfite (A-4) para impressão, cortou as cartas
impressas, depois as colou sobre o papel cartão.
Para melhor entendimento, o jogo é composto por cladogramas que orientam os
alunos na escolha das cartas. Dos diferentes seres vivos estampados nas referidas
cartas, são analisadas e comparadas as características ancestrais (primitivas) e as
derivadas. Assim um artrópode, por exemplo, apresenta características mais
primitivas que os equinodermos. E entre os vertebrados, os peixes apresentam
características mais primitivas que um mamífero monotremado, por exemplo.
Recomenda-se que no mínimo duas pessoas joguem, podendo variar o número de
participantes que podem se reunir em grupos, como ocorreu na aplicação do jogo
em sala de aula, formaram-se grupos de oito pessoas. As cartas foram distribuídas
igualmente entre os grupos formados.
Fica a critério do professor qual será o grupo que iniciará a rodada, podendo realizar
um sorteio para que o primeiro grupo sorteado inicie e ao escolher a carta mais
“forte”, escolha outro grupo para confrontar e assim dar seqüência à partida.
Ao final do jogo, contou-se o número de cartas de cada grupo. O grupo detentor do
maior número de cartas venceu.
Não há previsões de tempo de duração, como ficou a critério do professor quem
começaria a rodada, fica também a critério dele encerrar o jogo.
A avaliação do conteúdo realizou-se através da pesquisa elaborada pelos alunos e
também pelo raciocínio e disciplina apresentados por eles durante a execução do
jogo. Não houve aplicação de prova tradicional na avaliação do conteúdo aprendido.
E para avaliação do material didático confeccionado, aplicou-se o jogo em sala de
aula no 5º período do curso de Ciências Biológicas (noturno).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a aplicação no 5º período do curso de Ciências Biológicas (noturno) para
avaliação da eficiência pedagógica, os alunos responderam uma pesquisa de
opinião sobre o jogo. Os resultados obtidos com a pesquisa sobre notas,
funcionalidade, aprendizagem do conteúdo e aplicação em escolas públicas foram
favoráveis e houve boa colaboração por parte dos alunos. O jogo atingiu as
expectativas propostas e os materiais utilizados para consulta foram de extrema
importância para melhor compreensão do jogo e evolução dos organismos.
Concluiu-se que o jogo é uma alternativa viável para o ensino-aprendizagem de
Biologia, que facilita a retenção de conhecimentos. E que os objetivos esperados
foram alcançados. A sala avaliou o jogo positivamente, a funcionalidade é
satisfatória, a aprendizagem do conteúdo é alta, a aplicação é perfeitamente viável
em escolas públicas por apresentar baixo custo de confecção, e a compreensão do
conteúdo é adequada à faixa etária do Ensino Médio.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
- 115 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A confecção do jogo é de baixo custo e sua aplicação é viável em escolas públicas.
De forma diferenciada do ensino tradicional nas escolas, o aluno tem a oportunidade
de construir seus próprios conhecimentos de forma ativa, onde relaciona seus
conhecimentos prévios as novas informações transmitidas pelo professor, que tem
função de orientador.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. MEC. – Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental. Brasília; MEC/SEF,
1998.
CAMPOS, L.M.L.; BORTOLOTO, T.L.; FELÍCIO, A.K.C. A produção de jogos
didáticos para o ensino de Ciências e Biologia: Uma proposta para favorecer a
aprendizagem. PROGRAD - Pró-Reitoria de Graduação - UNESP. 2002. Disponível
em: <http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2002/aproducaodejogos.pdf>. Acesso em:
12 de Maio de 2011.
CRUZ, D. Ciências e Educação Ambiental. 14ª ed., São Paulo: Editora. Ática,
1995.
GRANDO, R.C. O jogo na educação: aspectos didático-metodológicos do jogo na
educação
matemática.
2001.
Disponível
em:
<http://www.cempem.fae.unicamp.br/lapemmec/cursos/el654/2001/jessica_e_paula/
JOGO.doc>. Acessado em: 12 de Maio de 2011.
LINHARES, S.; GEWANDSZNAJDER, F. Biologia. São Paulo: Editora Ática, 2007.
LOPES, S. Bio. São Paulo: Editora Saraiva, 1999.
PALAVRAS-CHAVE: Jogo, ensino, aprendizagem.
- 116 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANATOMIA RADICIAL DE Miltonia flavescens (Lindl.) (Oncidiinae, Cymbidiaeae:
Orchidaceae)
OLIVIERI, G.A.1,2; PINHEIRO. A.M.1,2; BERTIN. R.L.1,2; CURIEL, A.C..1,2; LAGAZZI, G.3,4;
PEDROSO-DE-MORAES, C,3,5
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
orientador; Orientador.
2
Discente;
3
Docente;
4
Co-
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Orchidaceae, com cerca de 780 gêneros e 25.000 espécies (Pridgeon et al.,
2009), apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em
ambientes tropicais e subtropicais (Dressler, 1981). No Brasil são encontradas
aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se
em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies distribuídas em
650 gêneros (Pridgeon et al., 2006). Grande parte possui hábito epifítico e são
portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou
micoheterotróficas. Estabelecem relações mutualísticas com fungos micorrízicos
(Dressler, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente neotropical e representa
uma das maiores e mais importantes subtribos de Cymbideae, com
aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies (Pridgeon et al., 2009). As espécies
da subtribo ocorrem na América, principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação
da subtribo Oncidiinae foi controversa enquanto levou em consideração apenas
aspectos morfológicos. Os trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em
Maxillarieae. Oncidiinae encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal
mudança decorrente de análises moleculares recentes (Pridgeon et al., 2009).
Grupos genéricos da família foram definidos por poucas características morfológicas,
sem considerar o relacionamento filogenético entre eles (Faria, 2004). Pridgeon et
al. (2009) apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Miltonia
flavescens é epífita nativa do Brasil e Paraguai, possuí duas folhas compridas de 30
a 35 cm de comprimento e 2,5 a 3 cm de largura, que nascem de pseudobulbos
elípticos compridos. Essa morfologia é destaque em todas do gênero Miltonia.
Miltonia flavescens se difere nas suas flores, que são esbranquiçadas com pétalas
alongadas. O labelo é adornado com uma marcação vermelha. Possuem, também,
de 7 a 12 flores por haste. As flores estão dispostas em cachos eretos e esparsos.
Vegeta bem em local úmido, em clima frio ou em altas temperaturas. É a espécie de
Miltonia mais tolerante ao calor.
OBJETIVO
A morfologia dos órgãos vegetativos de muitas Oncidiinae foram estudadas
por Chase e Palmer (1988) e a filogenia descrita por Pridgeon et al. (2009), Para o
Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de
Baptistonia, Gomesa, Ornitophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium (pro
parte) foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico,
determinados táxons brasileiros dessa subtribo ainda necessitam de análise
minuciosa, principalmente, devido às suas características adaptativas e
- 117 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
taxonômicas. Assim, o presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as
raízes de Miltonia flavescens.
MATERIAL E MÉTODOS
O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro
Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Miltonia
flavescens Lindl. (CV: 251, 252, 253, 254), A exsicata foi depositada no herbário do
Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise anatômica a
fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco
exemplares do órgão e para a espécie foram seccionados à mão livre, na região
mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com SafraBlau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a
solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos
flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma
câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes
da Miltonia flavescens. São cilíndricas e apresentam três regiões distintas: velame,
córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de epiderme, está
presente na raiz e suas células são poligonais, elípticas ou retangulares, em secção
transversal. Ele é formado por quatro camadas na espécie analisada. As paredes
celulares do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário. A
camada mais externa do velame denominada epivelame, é formada por células
periclinalmente achatadas em Miltonia flavescens. O epivelame da raiz apresenta
células ligeiramente menores que as das camadas internas. O endovelame é
formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos
parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e
distância variadas. O córtex, na espécie estudada, apresenta três regiões
diferenciadas: a exoderme, o córtex central e a endoderme ou camada mais interna
que envolve o cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que
as das demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto
pelas periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As
células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que
as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede
delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro
camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos
variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. Na raiz, nota-se que as
células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são
menores que as da região central. Na espécie analisada, a endoderme é unisseriada
e suas células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de passagem,
opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. A espécie analisada
apresenta raízes poliarcas. Foram encontrados onze pólos em Miltonia flavescens. A
medula é formada por células parenquimáticas esclerificadas. Para a espécie aqui
estudada, o teste com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de
floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina, nos espessamentos
parietais das células do velame. A raiz da Miltonia flavescens apresenta velame, que
constitui uma epiderme especializada composta por várias camadas de células com
- 118 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). O velame é
formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e
Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973)
observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o
endovelame. O epivelame, em metade das espécies estudadas, apresenta células
ligeiramente menores que as das camadas internas, como em outras Oncidiinae
(POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do endovelame revela que, a espécie
estudada, apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al.,
2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da Miltonia
flavescens histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado
para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica,
com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão
de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de
orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é
prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon
(1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença
de células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que
auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células
parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui
estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e
Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al.
(2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a
presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células
isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas
Orchidaceae. O conjunto velame-exoderme funciona como um sistema onde as
células longas suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical
do dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do
velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram
encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes
diferenças entre o diâmetro das células, o que influênciou sobremaneira as médias
obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espassamento em “O”
encontrado no espécime analisado colabora com os caracteres descritos para outras
subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e
Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as
raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos
seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de
espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas
celulares no córtex. A raiz da Miltonia flavescens aqui estudada corresponde ao tipo
Cymbidium por possuir epivelame e até cinco camadas celulares no córtex. Essa
uniformidade entre as raízes colabora com as informações de Pridgeon et al. (2009),
que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por
Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae,
Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é
formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos,
como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do
velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres
anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008).
Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro
- 119 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento
dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação
foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados
por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas
em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo
facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação
excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex
de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes
entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições
de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do
córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que
nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células
parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do
desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de
seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número
de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de
uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Miltonia Flavescens
apresentaram o maior número de pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal
espécie apresentando maior quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro
das espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra
importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular
parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
As raízes da espécie Miltonia flavescens aqui analisadas possuem velame,
córtex central e endoderme definidos. As características estruturais encontradas nas
raízes, como a presença de velame e células corticais de diâmetro avantajado,
podem ser consideradas adaptações ao epifitismo. A uniformidade das
características anatômicas encontradas nas raízes estudadas corrobora e suporta os
resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria
(2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética
Cymbidieae.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FARIA A. Sistemática filogenética e delimitação dos géneros da subtribo
Oncidiinae (Orchidaceae) endêmicos do Brasil: Baptistonia, Gomesa,
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PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.W.; RASSMUSSEN, F.N. (Eds). Genera
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SANFORD, W.W.; ADANLAWO, I. Velamen and exodermis characters of West
African epiphytic orchids in relation to taxonomic grouping and habitat tolerance.
Botanical Journal of the Linnean Society, v. 66, p. 307-321, 1973.
STERN, W.L; JUDD, W.S.; CARLSWARD, B.S. Systematic and comparative
anatomy of Maxillareae (Orchidaceae), sans Oncidiinae. Botanical Journal of the
Linnean Society, v. 144, p. 251-274, 2004.
PALAVRAS-CHAVES: Orquídeas, raízes, Miltônia
- 121 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANATOMIA RADICIAL DE Oncidium varicosum LINDL. (ONCIDIINAE,
CYMBIDIAEAE: ORCHIDACEAE)
CAVALCANTE, V.R.1,2; CAMARGO. D.R.1,2; CURIEL, A.C..1,2; LAGAZZI, G.3,4;
PEDROSO-DE-MORAES, C,3,5
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
orientador; Orientador.
2
Discente;
3
Docente;
4
Co-
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009),
apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes
tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas
aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se
incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies
distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito
epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou
micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos
micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente
neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes
subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies
(PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América,
principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi
controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os
trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae
encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises
moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram
definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o
relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009)
apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Dentre as
Oncidiinae, o principal representante da subtribo é Oncidium varicosum que ocorre
principalmente em florestas úmidas da região semi-tropical dos Estados de Minas
Gerais, São Paulo e Goiás. Tal espécie apresenta flores dispostas em panícula com
flores possuidoras de lóbulos laterais do labelo arredondados e a calosidade do
labelo com sua protuberância central em forma de unicórnio (McQUEEN;
McQUEEN, 1993). As sépalas e pétalas são subsimilares, inconspícuas,
notavelmente clavadas ou constritas na base. As sépalas laterais são mais curtas
que o labelo. Os discos do labelo apresentam números variáveis de tubérculos
(PABST, 1972).
OBJETIVO
A morfologia dos órgãos vegetativos de muitas Oncidiinae foram estudadas
por Chase e Palmer (1988) e a filogenia descrita por Pridgeon et al. (2009). Para o
Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de
Baptistonia, Gomesa, Ornitophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium (pro
- 122 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
parte) foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico,
determinados táxons brasileiros dessa subtribo ainda necessitam de análise
minuciosa, principalmente, devido às suas características adaptativas e
taxonômicas. Assim, o presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as
raízes de Oncidium varicosum.
MATERIAL E MÉTODOS
O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro
Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado:
Oncidium varicosum Lindl. (CV: 331, 333, 335, 336). A exsicata foi depositada no
herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise
anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%.
Cinco exemplares de cada raiz por espécime foram seccionados à mão livre, na
região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com
Safra-Blau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi
utilizada a solução de Lugol; da lignina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III
e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma
câmara fotográfica digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes
de Oncidium varicosum. As quais são cilíndricas e apresentam três regiões distintas:
velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de
epiderme, presentes nas raízes, na espécie apresenta elípticas e/ou retangulares,
em secção transversal. As paredes celulares do velame apresentam diferentes
padrões de espessamento secundário. A camada mais externa do velame
denominada epivelame, é formada por células periclinalmente achatadas, sendo tais
células ligeiramente menores que as das camadas internas. O endovelame é
formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos
parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e
distância variadas. O córtex, na espécie estudada, apresenta três regiões
diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao velame), o córtex central e a
endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da
exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex,
possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada
por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e
possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de
passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à
exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas
são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos
espaços intercelulares. Em todas as raízes, nota-se que as células corticais das
camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que as da região
central. A endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O,
exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as
paredes delgadas. Foram encontrados seis pólos de protoxilema em Oncidium
varicosum, o que a caracteriza como poliarca. A medula é formada por células
parenquimáticas esclerificadas. O teste com Sudan III revelou a presença de
suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina,
- 123 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
nos espessamentos parietais das células do velame. O velame constitui uma
epiderme especializada composta por várias camadas de células com paredes
delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). Na espécie estudada é
formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e
Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973)
observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o
endovelame. O epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das
camadas internas, como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A
análise do endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão
variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina
nas células do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere
comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares
do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina,
sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre
as espécies de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede
no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação.
Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é
comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou
tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto,
essas células parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na
espécie aqui estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos
Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por
Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na
exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e
células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em
algumas Orchidaceaes, como descrito para Catasetinae. O conjunto velameexoderme
funciona
como
um
sistema
onde
as
células
longas
suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do
dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do
velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram
encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes
diferenças entre o diâmetro das células, o que influenciou sobremaneira as médias
obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espessamento em “O”
encontrado na espécie analisada corrobora com os caracteres descritos para outras
subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e
Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as
raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos
seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de
espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas
celulares no córtex. As raízes da Oncidium varicosum correspondem ao tipo
Cymbidium por possuírem epivelame e até cinco camadas celulares no córtex. Essa
uniformidade entre as raízes corrobora com as informações de Pridgeon et al.
(2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por
Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae,
Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é
formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos,
como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do
velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres
- 124 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008).
Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro
total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento
dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação
foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados
por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas
em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo
facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação
excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex
de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes
entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições
de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do
córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que
nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células
parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do
desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de
seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número
de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de
uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Entretanto, para
Oncidium varicosum as maiores médias apresentadas para a espécie em relação à
variável analisada, diâmetro médio celular, demonstra ser o fator preponderante
para o maior diâmetro radicular encontrado para a espécie, quando comparada a
outras Oncidiinae.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
As raízes analisadas possuem velame, córtex central e endoderme definidos,
sendo que a presença dos mesmos pode ser considerada adaptações ao epifitismo.
A uniformidade das características anatômicas encontradas nas raízes estudadas
corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e
Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida
na tribo monofilética Cymbidieae.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Harvard University Press, 1981. 298p.
DRESSLER, R.L. Phylogeny and classification of the orchid family. Portland:
Dioscorides Press, 1993. 314p.
FARIA A. Sistemática filogenética e delimitação dos géneros da subtribo Oncidiinae
(Orchidaceae) endêmicos do Brasil: Baptistonia, Gomesa, Ornithophora,
Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium pro parte. Tese (Doutorado). São Paulo,
Brasil: Universidade Estadual de Campinas. 2004.
McQUEEN, J.; McQUEEN, B. Orchids of Brazil. Timber Press, 1993. 213p.
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terrestrial and epiphytic orchids. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.
51, p. 83-93, 2008.
PABST, G.F.J.;Estudos no gênero Oncidium Sw. (Orchidaceae) - IV. Bradea, v.1, p.
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Linnean Society, v. 144, p. 251-274, 2004.
PALAVRAS-CHAVES: Orquídeas, raízes, Oncidium
- 126 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
UTILIZAÇÃO DO CONSOLE NINTENDO WII NO TRATAMENTO DAS
DISFUNÇÕES DE EQUILÍBRIO E FUNCIONALIDADE EM UM INDIVÍDUO COM
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
GREGIO NETO, N.1,2; WATANABE, C. H. O..3; NAKAGAWA, I. T 3; BATISTELA, A. C.1,4;
FERRACINI JUNIOR, L. C.1,5; MENEGHETTI, C. H. Z.1,6;
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
3
4
5
6
Fisioterapia; Fisioterapeuta; Docente; Co-orientador; Orientador.
2
Discente do Curso de
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) constitui a terceira maior causa de morte,
após doença cardíaca e câncer. Trata-se de uma injúria encefálica não traumática
resultante de uma oclusão, AVE isquêmico, ou ruptura de vaso sanguíneo cerebral,
AVE hemorrágico (COSTA e DUARTE 2002). Os indivíduos acometidos dessa
enfermidade apresentam várias alterações, dentre elas estão os déficits de equilíbrio
e no controle postural (UMPHRED, 1994; MOURA e SILVA 2005). Isso afeta
diretamente sua funcionalidade já que a independência funcional supõe condições
motoras e cognitivas satisfatórias para o desempenho de atividades de vida diária
sem necessitar de ajuda (FERNANDES, et al., 2007).
Vários são os métodos utilizados para a avaliação e graduação dos distúrbios de
equilíbrios e funcionalidade nos pacientes acometidos pelo AVE, dentre eles se
encontra a Escala de Equilíbrio Funcional de Berg (EEFB) que é uma escala
desenvolvida para graduar o estado do equilíbrio do paciente em diversos tipos de
incapacidades, como no AVE (UMPHRED, 1994) e, a escala de medida de
Independência Funcional (MIF) que é um instrumento de avaliação da carga de
cuidados necessários para a realização das atividades diárias (RIBERTO, et al.,
2004).
O desenvolvimento tecnológico é utilizado em todas as áreas do conhecimento, não
excetuando a área da saúde. Diariamente são apresentados aparelhos ou condutas
terapêuticas inovadoras que engrandecem o conhecimento e possibilitam novas e
mais eficientes intervenções (FERNANDES, et al., 2007).
De acordo com o professor da Universidade Cidade de São Paulo, Fábio Navarro
Cyrillo, um videojogo da Nintendo (Wii) está sendo utilizado como recurso do
programa de reabilitação a pacientes com AVE, por exigir que os jogadores
executem movimentos que ajudam a reconquistar o equilíbrio (DEUTSCH et al.,
2008).
OBJETIVO
Verificar a utilização do console Nintendo Wii no tratamento das disfunções de
equilíbrio e funcionalidade em um indivíduo com acidente vascular encefálico (AVE)
e quantificar a independência funcional e o equilíbrio por meio da MIF e EEFB.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de caso aprovado pelo Comitê de Ética e Mérito em Pesquisa
- 127 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
sob parecer n˚ 291/2010 do Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS.
Participou do estudo um indivíduo com AVE, gênero masculino, hemiparético à
direita, idade de 71 anos, 72 Kg, recrutado na clínica de fisioterapia da UNIARARAS.
Foram excluídos participantes não portadores de hemiparesia, com outras
disfunções neurológicas diagnosticadas, que não mantêm posição ortostática
independente e com massa corpórea acima de 150 Kg.
O instrumento utilizado para avaliação do equilíbrio foi a EEFB – versão brasileira
que avalia o equilíbrio do indivíduo em 14 tarefas tais como: ficar de pé, levantar-se,
andar, inclinar-se à frente, transferir-se, virar-se, dentre outras. A pontuação máxima
a ser alcançada é de 56 pontos e cada item possui uma escala ordinal de cinco
alternativas variando de 0 a 4 pontos, de acordo com o grau de dificuldade. Em sua
aplicação foi usado: fita métrica, cronômetro, banco medindo 36 cm de largura, 32
cm de comprimento, 17,5 cm de altura e duas cadeiras uma com apoio de braços e
outra sem.
Já para avaliar a funcionalidade foi usada a MIF que é um instrumento de avaliação
da carga de cuidados que um paciente necessita para a realização de 18 tarefas. Os
valores da MIF variam entre 18 (dependência total) e 126 (independência total). A
MIF pode ser dividida em quatro subescores, de acordo com a pontuação total
obtida: a) 18 pontos: dependência completa (assistência total); b) 19 – 60 pontos:
dependência modificada (assistência de até 50% da tarefa); c) 61 – 103 pontos:
dependência modificada (assistência de até 25% da tarefa); d) 104 – 126 pontos:
independência completa.
Após a avaliação iniciou-se a intervenção com o console Nintendo Wii e seus
acessórios: controladores manuais, jogo Wii Fit Plus – balance games, jogo Wii
sports, televisão de 29 polegadas posicionada a uma altura de 1,20 m, a 2,43 m do
participante e o Wii Balance Board medindo 51 cm de comprimento, 32 cm de
largura e 6 cm de altura. No início de cada sessão foram utilizados os jogos Yoga –
meia lua, para alongamento e mobilização articular da coluna. Nas 08 primeiras
sessões o indivíduo foi instruído a interagir com os jogos cabeceios, corda bamba,
pesca bajo cero, ciudad vaivén e malabarismo circense, do game Wii Fit Plus, e o
jogo de boliche, do game Wii sports. Os quais exigiam em sua jogabilidade somente
descargas de peso lateralmente e coordenação dos membros superiores. Conforme
as adaptações do indivíduo aos jogos foram sendo acrescentados à intervenção
jogos que, além das descargas de peso laterais, exigiam descargas de peso anteroposterior e manipulações mais expressivas dos controladores manuais como o
eslalon de esqui, rio abaixo, eslalon de snowboard, circuito de segway e
plataformas.
A coleta dos dados ocorreu no Laboratório de Biofotogrametria Computadorizada na
Clínica Escola de Fisioterapia da Uniararas. A sala de avaliação, onde foram tiradas
as fotos, apresentava iluminação artificial e uma área útil de aproximadamente 18
m².
Totalizaram 24 sessões de 45 minutos cada, 3 vezes semanais por um período de 2
meses. Após a intervenção com o console Nintendo Wii o participante foi novamente
submetido à avaliação pela EEFB e MIF.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A comparação das pontuações da escala de EEFB antes e após a utilização do
console Nintendo Wii, mostrou uma melhora no equilíbrio. A pontuação inicial obtida
- 128 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
foi de 38 pontos, mostrando um risco de quedas de quase 100%, sendo a final de 50
pontos.
Da mesma forma na MIF, a pontuação inicial foi de 116 e final de 119 pontos
observando que o mesmo apresenta uma independência funcional.
De maneira geral, neste estudo verificou-se melhora no equilíbrio e na
funcionalidade no indivíduo com AVE.
Atualmente existem vários métodos utilizados para a avaliação e graduação dos
distúrbios de equilíbrios e funcionalidade em pacientes acometidos por AVE, A
EEFB é uma escala prática, simples, precisa e confiável que tem como objetivo
mensurar o equilíbrio e assim nortear o tratamento, como evidenciado em vários
estudos (STEVENSON, 2001; OLIVEIRA et al., 2006). Da mesma forma, a MIF que
é provavelmente o mais amplo instrumento para mensurar a capacidade funcional,
sendo um indicador importante na rotina clínica por quantificar a independência na
realização das atividades de vida diária (AVD's) (RIBERTO et al., 2004; BENVEGNU
et. al., 2008; RICCI, KUBOTA e CORDEIRO, 2005).
Diversos estudos confirmam sua confiabilidade e eficácia clínica atendendo a
critérios de precisão, praticidade e facilidade (RIBERTO et al., 2004; RICCI,
KUBOTA e CORDEIRO, 2005; TORRIANI et al., 2007).
O fato do AVE ter como característica a hemiplegia ou hemiparesia , faz com que os
pacientes empenham-se em buscar o centro de equilíbrio, uma vez que possuem
uma importante perda sensorial e motora (COSTA e DUARTE, 2002; UMPHRED,
1994). Com base nesta perspectiva, pacientes com AVE não seria capazes de
estimar as reações de equilíbrio e conseqüentemente ativação e sinergia muscular
adequada (COSTA e DUARTE 2002; UMPHRED, 1994; FERNANDES, et al., 2007).
Isso afeta conseqüentemente sua funcionalidade, já que age diretamente nas
habilidades necessárias em suas atividades de vida diárias (RICCI, KUBOTA e
CORDEIRO, 2005).
Segundo Moura e Silva (2005) a maioria dos pacientes que sobrevivem a essa
enfermidade conseguem readquirir a habilidade de manter a postura ortostática
sozinha e, 82% retorna a deambular ainda que fazendo uso de meios auxiliares ou
desvio padrão (UMPHRED, 1994). Porém, pessoas com AVE têm maior risco de
queda do que a população geral, sendo que aproximadamente 75% dos indivíduos
com AVE têm queda durante os seis meses após a alta hospitalar interferindo
diretamente na sua independência funcional (FERNANDES, et al., 2007).
Assim sendo, por apresentarem os vários distúrbios, os indivíduos com AVE
necessitam passar por variados tipos de programas de reabilitação já que os
mesmos podem reduzir o risco de incapacidades e perdas funcionais (BENVEGNU
et. al., 2008).
De acordo com o professor da Universidade Cidade de São Paulo, Fábio Navarro
Cyrillo, um videojogo da Nintendo (Wii) está sendo utilizado como recurso adicional
ao programa de reabilitação a indivíduos com AVE, por exigir que os jogadores
executem movimentos que ajudam a readquirir o equilíbrio, coordenação, resistência
e força muscular (DEUTSCH et al., 2008)
Neste estudo verificou que os jogos de equilíbrio - Balance games – do game Wii Fit
Plus, do console Nintendo Wii, em cuja jogabilidade é necessária a utilização da
prancha de equilíbrio (Wii Balance Board), estimularam as descargas de peso
ântero-posterior e lateralmente nos membros inferiores, maximizando a correção
postural e manutenção do equilíbrio estático e dinâmico.
- 129 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
No entanto, no início foram enfocados os jogos que exigiam somente descargas de
peso laterais e manipulação dos controladores manuais como cabeceios, corda
bamba, pesca bajo cero, ciudad vaivén, malabarismo circense, do game Wii Fit Plus,
e o jogo de boliche, do game Wii Sports. Posteriormente, foram utilizados jogos que
exigiam descargas de peso em todas as direções incluindo descarga de peso
posterior e diagonal e, além disso, manipulações mais expressivas dos
controladores manuais como nos jogos eslalon de esqui, rio abaixo, eslalon de
snowboard, circuito de segway e plataformas.
Os resultados encontrados nesse estudo mostraram que após a intervenção com o
console WII, o participante melhorou o equilíbrio e conseqüentemente a sua
funcionalidade.
Todavia, cabe ressaltar que a utilização do console Nintendo Wii, é multifatorial, o
que implica num conjunto de combinações e ajustes, contribuindo de maneira geral
para o quadro do participante. O recrutamento de um maior número de indivíduos
permitirá confirmar estes resultados, de modo a poder afirmar a eficácia do console
Nintendo Wii na melhora do equilíbrio e na funcionalidade no paciente com AVE.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se desta maneira que, os resultados deste estudo mostram que o
participante acometido por AVE apresentou melhora no equilíbrio e na
funcionalidade após a utilização do console Nintendo Wii.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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com sequelas de acidente vascular encefálico (AVE). Revista de Ciência&Saúde. v.
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PALAVRAS-CHAVES: Acidente Vascular Encefálico; Equilíbrio; Console Nintendo Wii
- 131 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANÁLISE COMPARATIVA DA INFLUÊNCIA DO LLT (LEVEL LASER
THERAPY) EM SINÓVIA COM ARTRITE REUMATÓIDE INDUZIDA
EXPERIMENTALMENTE.
ALVES, F.R.1,2; NASCIMENTO,R.S. 1,2; BARBIERI, R1,3; ESQUISATTO, M.A.M 1,4; BOMFIM,
F.R.C.1,5; MORSOLETO, M.J.M.S.1,6
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
6
Docente; Co-orientador; Orientador.
4
2
Discente;
3
Profissional;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A artrite reumatóide (AR) é uma doença auto-imune de etiologia desconhecida,
caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à deformidade e à
destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem (BÉRTOLO, 2007).
A estrutura da cartilagem e os aspectos inflamatórios do processo degenerativo têm
sido muito estudados e recentes avanços têm demonstrado que a resolução da
artrose do joelho poderá ser por meios biológicos e não cirúrgicos. Embora se tenha
avançado na compreensão da etiopatogenia dessa doença, muito dos mecanismos
fisiopatológicos envolvidos ainda estão por ser elucidados. Vários modelos animais
têm sido empregados como ferramentas úteis na compreensão dos mecanismos de
lesão em artrites (SILVA JUNIOR, 2006).
Drogas condroprotetoras, substâncias viscossuplementadoras do líquido sinovial e o
transplante de células de cartilagem nos permitem afirmar que a regeneração da
cartilagem já é considerada como um fato (BOROVOY, 1989). Entre os métodos
usados para estimular a reparação cartilaginosa, podemos citar: perfurações até o
osso subcondral; estimulo da movimentação passiva imediatamente após a lesão;
exposição da articulação a cargas elétricas; hormonioterapia; laserterapia
(BAKER,1974).
O mecanismo de ação do LASER ainda não é completamente conhecido, porém
parece estar relacionado à modulação do metabolismo das células do tecido
conjuntivo. Assim, tem-se observado que o LASER de baixa energia leva à
estimulação da biossíntese do colágeno em duas a três vezes ao nível normal
(ABERGEL et al, 1984).
Os efeitos da radiação LASER em lesões osteocartilagíneas, ainda são pouco
estudados, existem contradição na literatura quanto aos métodos empregados
nesses estudos e os resultados obtidos (MESTER, 1985).
OBJETIVO
Levando em consideração a interação LASER/tecido biológico e as mudanças
estruturais que se estabelecem durante as reações bioquímicas, o presente estudo
teve como objetivo analisar comparativamente o efeito da resposta inflamatória à
- 132 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
irradiação LASER 670nm e 904nm em modelos de artrite induzida por Zymosan com
e sem tratamento. Utilizando como parâmetro a análise histopatológica da sinóvia.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
Animais
Após aprovação pelo Comitê de Ética da UNICAMP protocolo n° 811-1/2005, 40
ratos Wistar (Rattus norvegicus albinus) fêmeas com 80 dias e 250g ± 10g de peso,
fornecidos pelo biotério do Centro Universitário Herminio Ometto/UNIARARAS. Os
animais foram mantidos no biotério, em ambiente com luminosidade controlada
(ciclo de 12 horas de claro/escuro), temperatura de 250C e submetidos à dieta
normal com ração ad libtium e água.
Os animais foram divididos em 4 grupos : Grupo controle (GC) 10 animais
receberam injeção intra articular de solução salina 0,9% no joelho direito e foram
submetidos à tratamento com o aparelho de LASER desligado; Grupo induzido não
tratado (AZy) - 10 animais que receberam injeção intra articular de Zymosan no
joelho direito. Grupo induzido e tratado com LASER Alumínio Gálio Fósforo Índio
(AlGaPIn) (670nm) ( AZy L) – 10 animais que foram tratados com LASER a partir
do 14° dia de artrite induzida. Grupo induzido e tratado com LASER Arseneto de
Gálio (904nm) (AZyL) – 10 animais que foram tratados com LASER a partir do 14°
dia de artrite induzida.
Indução da artrite
A artrite foi induzida por Zymosan - Saccharomyces cerevisiae (Sigma, St Louis, MO,
USA). Os animais dos grupos AZy e AZyL foram submetidos à injeção de Zymosan
(1mg), diluída em 0,5 mL de solução salina a 0,9% no joelho direito, após plano
anestésico com Ketamina/Xilazina – 400mg/kg intraperitoneal (Keystone, 1977).
Aplicação de laser
Para o tratamento com laserterapia foi utilizada a luz LASER produzida através da
estimulação dos átomos de Alumínio Gálio Fósforo Índio (AlGaPIn) e átomos de
Arseneto de Gálio (AsGa), comprimento de onda de 670nm e 904nm
respectivamente , com intensidade de energia de 3 j/cm2, marca Bioset. As sessões
de LASER foram diárias com aplicação por ponto na área articular da pata direita
dos animais de forma contínua, com tempo variando de 0,9 segundos (670nm) e
1,18 minutos (904nm), por um período de 21 dias.
Coleta de Amostras
Após 21 dias de tratamento diários com laser, todos os animais foram eutanaziados
por aprofundamento anestésico com Ketamina/Xilazina (três vezes o valor da dose
normal). As membranas sinoviais, bem como a extremidade distal dos fêmures,
foram removidas cirurgicamente, sendo fixadas em formaldeído a 10%. As partes
ósseas foram descalcificadas em EDTA por oito horas. As amostras foram
coletadas, processadas histologicamente e coradas com H&E. Foram realizadas
fotos documentação pelos pesquisadores utilizando o foto microscópio Leica DM200
nos aumentos de 5x e 10x para as análises quantitativa e qualitativa entre os quatro
grupos observando a morfologia da inflamação sinovial.
- 133 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apesar de existir diferenças entre a doença experimental e a humana todos os
estudos da imunidade são feitos com inoculações em animais, porque suas
semelhanças justificam a sua aceitação como modelo esclarecendo numerosas
dúvidas.
Fig 1– Controle negativo Sivóvia (5x)
Fig 2 – Controle negativo Sivóvia (10x)
As análises histológicas das lâminas provenientes das amostras do grupo controle
com solução salina intra articular (figuras 1 e 2) demonstrou na superfície sinovial
observada após a coloração de H&E, a presença de 1 a 3 camadas de sinoviócitos e
vasos de pequeno calibre envolvidos por um tecido conjuntivo frouxo desprovido de
células inflamatórias. Na cavidade articular não se observa alterações inflamatórias
à microscopia e o revestimento sinovial apresenta-se constituído de células cúbicas
sob um coxim adiposo com escasso tecido intersticial.
Fig 3 – Controle positivo Sinóvia (5x)
Fig 4 – Controle positivo Sinóvia (10x)
Nas amostras do grupo induzido (AZy) e não tratado (figuras 3 e 4), a superfície
sinovial apresenta o mesmo número de camadas, porém observa-se o
remodelamento da matriz extracelular tanto na superfície como na região
subsinovial, infiltrado inflamatório linfoplasmocitário focal com presença de
granuloma histiocítico e células gigantocelulares, hiperplasia sinovial e de
vilosidades , erosões ósseas e presença de pannus, observa-se inflamação intensa
na região da membrana sinovial e tecido subsinovial e periarticular. O colágeno é
encontrado difusamente no tecido.
Estes aspectos histopatológicos encontrados neste trabalho são também
reafirmados por (RUBIN, 2006) quando publica que na artrite reumatóide as células
de revestimento sinovial, composto de três camadas sofrem hiperplasia e formam
camadas com 8 a 10 células de espessura que resulta em um tecido sinovial de
- 134 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
revestimento com numerosas vilosidades. À medida que a sinóvia sofre hiperplasia e
hipertrofia, alongam-se sobre a cartilagem articular e são a partir desse episódio
denominada de pannus (pano ou manto). O pannus produz erosão de cartilagem
articular e do osso subjacente através provavelmente a custas da ação de
colagenases por ele produzida. Penetra também no osso subcondral acometendo
tendões, ligamentos e cápsula articular produzem deformidades características.
Fig 5 – Sinóvia com 21 dias de
tratamento com LASER 670nm (5x)
Fig 6 – Sinóvia com 21 dias de
tratamento com LASER 670nm (10x)
Nas amostras dos grupos submetidos á 21 aplicações de LASER de baixa
intensidade (670nm) átomos de Alumínio Gálio Fósforo Índio (AlGaPIn) (figuras 5 e
6), observa-se que na membrana sinovial processo inflamatório crônico inespecífico
com agregados linfóides e granulomatoso moderados. No tecido subsinovial
observa-se neoangeogênese ativa, com formação de tecido conjuntivo denso e
tecido adiposo. Observa-se que o estroma sinovial apresenta histologicamente com
padrões de normalidade e ausência de inflamação, não apresentando hiperplasia de
estroma ou vilosidades.
Fig 7 – Sinóvia com 21 dias de
tratamento com LASER 904nm (5x)
Fig 8 – Sinóvia com 21 dias de
tratamento com LASER 904nm (10x)
Nas amostras dos grupos submetidos á 21 aplicações de LASER de baixa
intensidade (904nm) átomos de Arseneto de Gálio (AsGa) (figuras 7 e 8), observa-se
que na membrana sinovial há processo inflamatório leve, infiltrado crônico
inespecífico, hiperplasia sinovial e de vilosidades com formação de pannus e há
presença de cicatrização em toda região sinovial. No tecido subsinovial observa-se
formação de tecido conjuntivo frouxo.
Segundo (SCOTT, 2004), durante o processo inflamatório, ocorre uma sequência de
eventos, nos quais alguns tipos de células predominam e exercem profundos efeitos.
Plaquetas, células endoteliais e neutrófilos agem na fase inicial; macrófagos,
- 135 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
linfócitos e fibroblastos, em estágios tardios. Essas células estão envolvidas com a
produção de dor, quimiotaxia, regulação de tônus vascular, reparo e
neovascularização.
Os achados encontrados neste trabalho são reafirmados por (HAAPALA, 2001) e
(LIN, 2004; 2006) quando assinalam que uma das funções do LASER de baixa
potência (632,8 nm), em modelo experimental de osteoartrite, é o aumento na
produção de mucopolissacarídeos, os quais são responsáveis por manter as fibras
de colágeno juntas e assegurar a integridade da cartilagem; também aumenta a
produção de proteínas de choque preservadoras dos condrócitos da cartilagem
sinovial. Dessa forma, o LASER melhora as características histopatológicas da
cartilagem, o que é de extrema importância em casos de sinovite, o componente
inflamatório é importante na patogênese da lesão da cartilagem articular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Analisando a sinóvia, pode-se concluir que ambos os tratamentos foram eficientes
quando comparados ao Grupo Controle Positivo, contudo o Grupo tratado com
LASER 904nm apresentou melhor ação antiinflamatória em relação ao LASER
670nm que mesmo após o tratamento ainda possuía focos de processo inflamatório
e formação de tecido adiposo em extensas áreas da sinóvia.
Embora muitos trabalhos tenham abordado de maneira extensiva a atuação da
radiação do LASER nos tecidos, ainda existem vários questionamentos sem
respostas. Os mecanismos que são efetivamente responsáveis pela estimulação da
atividade dos condrócitos ainda não foram totalmente elucidados, bem como a dose
ótima de terapia LASER de baixa potência para a estimulação da regeneração
tecidual. Com o esclarecimento de tais mecanismos de ação será possível
estabelecer critérios acerca dos reais benefícios da terapia LASER em patologias
que necessitem da estimulação cicatricial, como a artrite, feridas abertas em
pacientes diabéticos e úlceras de pressão, otimizando as terapias atuais e
minimizando cada vez mais os procedimentos invasivos e agressivos aos pacientes.
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ÓRGÃO FINANCIADOR: PROPESQ – FHO
TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: O presente trabalho é parte integrante
do Projeto de Iniciação Científica com o seguinte título: ANÁLISE DE DIFERENTES
TIPOS DE LASER DE BAIXA POTÊNCIA NA ARTRITE REUMATÓIDE INDUZIDA:
ESTUDO EXPERIMENTAL, tendo como autores: Fernanda do Rosário Alves;
Rafaela da Silva Nascimento; discentes Respectivamente dos cursos de Fisioterapia
e Biomedicina do Centro Universitário Hermínio Ometto. Tendo como orientadora do
projeto a Profa. Dra Maria José Misael da Silva Morsoleto.
PALAVRAS-CHAVES: Artrite Reumatóide, LASER de baixa potência, sinóvia.
- 137 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANATOMIA RADICIAL DE Miltonia regnellii (Lindl.) Rchb. f. (Oncidiinae,
Cymbidiaeae: Orchidaceae)
FALDONE, S.P.1,2; SOUZA. P.P.1,2; CURIEL, A.C..1,2; LAGAZZI, G.3,4; PEDROSO-DEMORAES, C,3,5
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
orientador; Orientador.
2
Discente;
3
Docente;
4
Co-
[email protected], [email protected],
[email protected]
INTRODUÇÃO
Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009),
apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes
tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas
aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se
incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies
distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito
epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou
micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos
micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente
neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes
subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies
(PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América,
principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi
controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os
trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae
encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises
moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram
definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o
relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009)
apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Entre as espécies
de Oncidiinae encontra-se a Miltonia regnellii, espécie de porte médio, encontrada
de São Paulo ao Rio Grande do Sul (PABST; DUNGS, 1977). A espécie apresenta
folhas coriáceas, paralelinérveas, lineares, com ápice assimétrico, agudo-oblíquo,
inseridas aos pares no ápice de pseudobulbos. Estas folhas medem, em média, 36
cm de comprimento e 1,9 cm de largura na porção mediana. Na base de cada
pseudobulbo, ocorrem dois pares de folhas com bainhas equitantes, porém com
limbos mais curtos que nas folhas dos pseudobulbos, tendo, em média, 27,5 e 8,75
cm, respectivamente (DETTKE et al., 2008).
OBJETIVO
A morfologia dos órgãos vegetativos de muitas Oncidiinae foram estudadas
por Chase e Palmer (1989) e a filogenia descrita por Pridgeon et al. (2009). Para o
Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de
Baptistonia, Gomesa, Ornitophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium (pro
- 138 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
parte) foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico,
determinados táxons brasileiros dessa subtribo ainda necessitam de análise
minuciosa, principalmente, devido às suas características adaptativas e
taxonômicas. Assim, o presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as
raízes de Miltonia regnellii.
MATERIAL E MÉTODOS
O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro
Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Miltonia
Regnellii Rchb. f. (CV: 263, 264, 265, 266). A exsicata foi depositada no herbário do
Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise anatômica a
fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco
exemplares de cada raiz por espécime foram seccionados à mão livre, na região
mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com SafraBlau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a
solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos
flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma
câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes
de Miltonia Regnellii. As quais são cilíndricas e apresentam três regiões distintas:
velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de
epiderme, presentes nas raízes, na espécie apresenta elípticas e/ou retangulares,
em secção transversal. As paredes celulares do velame apresentam diferentes
padrões de espessamento secundário. A camada mais externa do velame
denominada epivelame, é formada por células periclinalmente achatadas, sendo tais
células ligeiramente menores que as das camadas internas. O endovelame é
formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos
parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e
distância variadas. O córtex, na espécie estudada, apresenta três regiões
diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao velame), o córtex central e a
endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da
exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex,
possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada
por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e
possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de
passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à
exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas
são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos
espaços intercelulares. Em todas as raízes, nota-se que as células corticais das
camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que as da região
central. A endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O,
exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as
paredes delgadas. Foram encontrados dezessete pólos de protoxilema em Miltonia
regenellii, o que a caracteriza como poliarca. A medula é formada por células
parenquimáticas esclerificadas. O teste com Sudan III revelou a presença de
suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina,
- 139 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
nos espessamentos parietais das células do velame. O velame constitui uma
epiderme especializada composta por várias camadas de células com paredes
delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). Na espécie estudada é
formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e
Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973)
observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o
endovelame. O epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das
camadas internas, como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A
análise do endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão
variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina
nas células do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere
comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares
do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina,
sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre
as espécies de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede
no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação.
Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é
comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou
tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto,
essas células parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na
espécie aqui estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos
Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por
Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na
exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e
células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em
algumas Orchidaceae, como descrito para Catasetinae. O conjunto velameexoderme
funciona
como
um
sistema
onde
as
células
longas
suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do
dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do
velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram
encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes
diferenças entre o diâmetro das células, o que influênciou sobremaneira as médias
obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espassamento em “O”
encontrado na espécie analisada corrobora com os caracteres descritos para outras
subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e
Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as
raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos
seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de
espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas
celulares no córtex. As raízes da Miltonia regnellii correspondem ao tipo Cymbidium
por possuírem epivelame e até cinco camadas celulares no córtex. Essa
uniformidade entre as raízes corrobora com as informações de Pridgeon et al.
(2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por
Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae,
Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é
formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos,
como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do
velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres
- 140 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008).
Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro
total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento
dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação
foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados
por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas
em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo
facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação
excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex
de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes
entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições
de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do
córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que
nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células
parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do
desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de
seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número
de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de
uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Miltonia regnellii
apresentara o maior número de pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie
apresentando maior quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das
espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra
importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular
parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
As raízes analisadas possuem velame, córtex central e endoderme definidos,
sendo que a presença dos mesmos pode ser considerada adaptações ao epifitismo.
A uniformidade das características anatômicas encontradas nas raízes estudadas
corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e
Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida
na tribo monofilética Cymbidieae.
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- 142 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANÁLISE DAS REGIÕES ORGANIZADORAS DE NUCLÉOLOS NO GÊNERO
ASTYANAX (CHARACIFORMES: ANOSTOMIDAE)
FIGUEIREDO, D1; ALVES, A.L.1; PARISE-MALTEMPI, P.P.1
1
Instituto de Biologia, Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, Unesp, Rio Claro, SP.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O gênero Astyanax possui ampla distribuição, desde o sul dos Estados Unidos ao
norte da Argentina, e compreende mais de 100 espécies e subespécies em rios
Neotropicais (FERNANDES E MARTINS-SANTOS, 2004). Este gênero compartilha
formas semelhantes, mas possui inúmeras variações cariotípicas no número e/ou
estrutura cromossômica. Estas variações podem ocorrer entre diferentes células do
mesmo indivíduo, diferentes indivíduos da mesma população ou diferentes
populações da mesma espécie. Marcadores citogenéticos podem ser muito úteis
para identificar populações e espécies da mesma ou de diferentes populações.
Regiões organizadoras de nucléolos (NORs) podem ser detectadas por Nitrato de
Prata (AgNOR) e Hibridação in situ fluorescente (FISH). NORs são normalmente
localizadas em um ou mais pares de cromossomos, mas é muito comum a presença
de polimorfismos de número, posição e tamanho de NORs em muitas espécies de
peixes Neotropicais (OLMO e REDI, 2000), e essas variações podem ser muito úteis
na identificação de espécies críticas no gênero Astyanax. A presença de
polimorfismo de NOR assim como o exato número de sítios de DNA ribossômico
(rDNA) podem ser confirmadas por FISH utilizando sondas 18S rDNA que
identificam a exata localização das sequências de DNA nos cromossomos. Apesar
de muitos autores dizerem que esta sequência é conservada, não há estudo que
comprove isto. Tendo em vista o número de espécies, distribuição e taxonomia,
Astyanax tem sido considerado um dos mais complexos gêneros de caracídeos da
América do Sul. O estudo para determinar a localização nos cromossomos dos sítios
de 18S rDNA associado com o estudo das sequências 18S de A. paranae, A.
altiparanae e A. fasciatus é inédito e poderá contribuir para um melhor entendimento
da organização genômica deste gênero.
OBJETIVO
Caracterizar citogeneticamente representantes de três espécies de Astyanax da
bacia do Alto rio Paraná, sendo elas Astyanax paranae, Astyanax altiparanae e
Astyanax fasciatus; localizar e caracterizar as NORs nos cromossomos de
representantes das três espécies; identificar a localização dos sítios da região 18S
pela técnica de FISH; sequenciar o gene ribossomal 18S das espécies estudadas;
propor uma hipótese de evolução das Regiões Organizadoras de Nucléolo para as
espécies de Astyanax com base na análise das NORs e do gene 18S rDNA.
METODOLOGIA
Coleta: quatro indivíduos de A. paranae, A. altiparanae e A. fasciatus foram
coletados no Ribeirão Claro (Rio Claro/SP), Rio Passa Cinco (Ipeúna/SP) e Ribeirão
- 143 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Claro (Rio Claro/SP), respectivamente. Obtenção de cromossomos mitóticos a partir
de células do rim anterior, seguindo método descrito por Foresti, Oliveira e AlmeidaToledo (1993): foi injetada solução de colchicina e os animais foram sacrificados. O
material foi dissociado em KCL. A solução foi deixada por tempo determinado em
uma estufa, colocou-se 5 gotas de fixador gelado e a mistura foi deixada à
temperatura ambiente. Adicionou-se mais fixador e a mistura foi levada a centrífuga.
Em seguida, retirou-se o sobrenadante e o precipitado foi ressuspendido em fixador.
A mistura foi centrifugada novamente e este passo foi repetido por duas vezes. O
material foi pingado e as lâminas foram coradas com Giemsa. Coloração por nitrato
de prata para identificação de NORs, seguindo o protocolo de Howell & Black
(1980): primeiramente, o material foi hidrolisado em HCl. Foram pingadas solução
coloidal reveladora e solução de nitrato de prata sobre o material na lâmina, que foi
colocada à 60°C por 2 minutos e em seguida lavada em água destilada e corada
com Giemsa. Extração de DNA, ultilizando a técnica Fenol-Clorofórmio-Alcool
isoamílico, descrita por Sambrook (2001): foram utilizadas soluções de TNE 1X, TrisHCL e SDS 10%, que foram misturados com Proteinase K e a solução final foi
colocada na estufa. No dia seguinte, foi adicionada RNase e a solução foi mantida
por 1 hora a 37°C. Foi adicionado fenol clorofórmio e o sobrenadante foi transferido
para outro tubo. Foram adicionados acetato de sódio e álcool absoluto. O tubo foi
invertido lenta e repetidamente para a mistura do material. Foi adicionado etanol
100% em cada tubo e o material foi colocado no freezer por 2 horas. O material foi
centrifugado e o sobrenadante foi descartado. Colocou-se etanol 70% gelado, o
material foi centrifugado e o sobrenadante foi descartado. O mesmo procedimento
foi realizado por mais duas vezes. O DNA foi então reidratado com água milliq,
deixado na estufa por 40 minutos, transferido para a geladeira e, em seguida, para o
freezer -20°C. PCR: Para análise de sequências e sondas para FISH foram
utilizados primers rDNA 18S Forward (GTAGTCATATGCTTGTCTC) e Reverse
(GGCTGCTGGCACCAGACTTGC) para a amplificação do gene ribossomal 18S,
utilizando os seguintes reagentes: água milliq, mix PCR (Qiagen), primers R e F e
DNA. O programa de amplificação estava pré-estabelecido. Os produtos da PCR
foram enviados para a Macrogen Inc., Seoul, Korea, para sequenciamento. FISH,
segundo Alejandro Laudicina (comunicação pessoal): A sonda foi marcada com
digoxigenina por PCR. As lâminas foram imersas em 2xSSC, desidratadas em séries
alcoólicas (álcool 70%, 90% e 100%) e deixadas para secar. Os cromossomos foram
desnaturados em formamida 70% e desidratados em álcool 70%. Repetiu-se o
procedimento em série alcoólica. A hibridação foi feita utilizando sonda marcada e
tampão de hibridação. A solução de hibridação e sonda foi desnaturada. Depois de
incubada em câmara úmida durante a noite, as lâminas foram lavadas em mistura
de 0.4xSSC e 0.3% Triton20x. Em cada lâmina, colocou-se tampão de bloqueio.
Após as lâminas serem incubadas e lavadas em 2xSSC, colocou-se o anticorpo
(anti-digoxigenina rodamina) e tampão de bloqueio e elas foram mantidas na câmara
escura. Foram lavadas em 2xSSC e 2xSSC + 0.1% Triton20x, montadas com
antifading (Vectashield) e marcadas com DAPI.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A. paranae e A. altiparanae apresentaram 2n=50 cromossomos com distribuição
cariotípica de 4 metacêntricos (M), 26 submetacêntricos (SM), 4 subtelocêntricos
(ST) e 16 acrocêntricos (A) e 8M, 32SM, 4ST e 6A, respectivamente. Os autores
- 144 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Maistro, Foresti e Oliveira (2000) detectaram números diplóides diferentes em
exemplares de A. paranae provenientes do Córrego Tamanduá, um pequeno
afluente do rio Paranapanema. O número diplóide identificado foi 2n=50 (6M, 26SM,
4ST, 14A) e 2n=48 (6M, 28SM, 4ST, 10A) cromossomos. De acordo com estas
informações e outras disponíveis na literatura pode-se perceber e é importante
destacar que, mesmo que algumas populações apresentem número diplóide
idêntico, diferenças na estrutura cariotípica podem ser encontradas, mostrando que
essas populações são citogeneticamente distintas. Estudos realizados por vários
autores em populações de A. altiparanae provenientes de diferentes localidades
confirmam o número constante de cromossomos 2n=50, porém são demonstradas
diferentes variações de fórmula cariotipica. A espécie A. fasciatus apresentou 2n=46
cromossomos, sendo 10M, 30SM, 2ST e 4A. Em estudo realizado por Pazza,
Kavalco e Bertollo (2006) foram identificados, em indivíduos coletados no Rio MogiGuaçu, 2 citótipos distintos; o primeiro apresentou 2n=48 cromossomos (8M, 22SM,
12ST e 6A) enquanto que o segundo apresentou 2n=46 cromossomos (12M, 20 SM,
10 ST e 4A). A. fasciatus é considerado um complexo de espécies, assim como A.
paranae, devido às variações no número diplóide e na fórmula cariotípica. Essas
variações são constatadas em diversos estudos já descritos na literatura e os dados
obtidos no presente trabalho reforçam estas informações ao fornecer resultados de
mais uma população, até então não descrita. Em A. paranae a AgNOR foi observada
em regiões terminais mas foram identificadas dois tipos de marcações em diferentes
células do mesmo indivíduo. Foi possível a identificação de complementos com 2 e 3
cromossomos marcados, sendo eles submetacêntricos com marcações teloméricas.
A técnica de FISH com sondas de 18S rDNA apresentou, nesta espécie, 3
marcações teloméricas nos mesmos cromossomos submetacêntricos identificados
pela técnica de AgNOR. As Ag-NORs identificadas em cromossomos metafásicos
correspondem a regiões organizados de nucléolos que foram ativas na interfase
precedente. Desta forma, a associação de dados de Ag-NORs e hibridação in situ
fluorescente pode sugerir que uma menor quantidade de sítios de rDNA 18S,
presente no cariótipo pode ser normalmente ativa (FERRO et al., 2001). Desta
forma, avaliando o presente estudo, pode-se discutir o fato de algumas metáfases
apresentarem 2 cromossomos marcados quando realizada a técnica de
impregnação por nitrato de prata, enquanto outras apresentam 3 cromossomos
marcados com a mesma técnica. Como em outras metáfases impregnadas com
nitrato de prata e na técnica de hibridação in situ fluorescente foram detectados 3
cromossomos com marcações teloméricas, muito provavelmente esta terceira
marcação não foi detectada na Ag-NOR, mas corresponde a uma NOR verdadeira.
Em estudo realizado por Vicari et al. (2008) foram identificados 3 cariótipos
diferentes em relação ao número de NORs. No primeiro cariótipo, de populações do
rio Verde (Bacia Tibagi) e rio Açungui (Bacia Iguapé), nos arredores da cidade de
Castro, foram identificados 13 sítios de rDNA 18S, sendo 2 localizados em ambos
telômeros de um mesmo cromossomo (NORs biteloméricas). No segundo e no
terceiro cariótipo, onde foram analisadas populações do rio Santo Antônio (Bacia
Jaguariaíva), foram identificados 4 e 8 sítios de rDNA 18S, respectivamente.
Múltiplas NORs tem sido uma característica comum nesta espécie, com algumas
populações apresentando um número grande desses sítios (FERRO et al., 2001).
Apesar das populações pertencerem à mesma espécie, as diferenças evidenciadas
quanto a fórmula cariotípica e posições das NORS sugerem que cada população
- 145 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
segue seu próprio curso evolucionário (SANTOS e MORELLI, 2006). No caso das
NORs, a variabilidade é frequentemente descrita para peixes. Mecanismos de
rearranjos cromossômicos e transferência de sítios ribossomais podem causar estas
variações. No entanto, eventos de transposição têm sido indicados como a maioria
das causas de variabilidade de NORs no genoma destes animais. Variação interindividuais de NORs podem ser reforçada por cruzamentos entre indivíduos
portadores de distintos padrões de NOR (MANTOVANI et al., 2000). A espécie A.
altiparanae apresentou em AgNOR marcações em regiões teloméricas nos braços
curtos de 3 cromossomos submetacêntricos, sendo 2 deles constituintes de um
mesmo par de cromossomos. Em FISH, sítios de 18S RDNA foram identificados no
mesmo par de cromossomos identificados em AgNOR, mas o outro cromossomo
identificado pela prata não foi marcado em FISH. Estudo recente realizado por
Ferreira Neto et al. (2009) mostrou para diferentes populações de A. altiparanae
NORs do tipo simples e múltipla, detectadas por sondas de rDNA 18S. Populações
do córrego Pântano apresentaram NOR do tipo simples enquanto populações do
córrego Feijão e do Rio Jordão apresentam NOR do tipo múltipla. A NOR pode não
ser identificada na técnica de impregnação por nitrato de prata já que a ausência de
atividades de cístrons ribossômicos pode impedir a visualização do número real de
regiões organizadoras de nucléolos, devido a prata ligar-se preferencialmente as
proteínas presentes ao redor dos genes ribossômicos e não ao DNA ribossômico
(SANTOS e MORELLI, 2006). Segundo Silva et al. (2006), o método da hibridação in
situ fluorescente tem sido muito eficiente para estabelecer o número e a posição de
todos os sítios ribossomais do genoma independentemente da atividade genética.
Portanto, mesmo os sinais não encontrados na técnica Ag-NOR devido à inativação
desses cístrons ribossômicos são detectados pela técnica do FISH. Entretanto,
dados obtidos em estudos realizados com mamíferos têm mostrado sinais positivos
de Ag-NORs em cromossomos que não são hibridados com sondas de rDNA. A
possibilidade de proteínas argirofílicas não histônicas associadas a regiões
teloméricas não pode ser descartada quando há sinais de Ag-NORs positivos que
excedem o número de sinais positivos evidenciados na técnica de FISH, sugerindo
que regiões repetitivas podem ser coradas por prata, mas não representarem NORs
verdadeiras (CAMPOS et al., 2008). A. fasciatus apresentou os mesmo resultados
nas duas técnicas utilizadas. No mesmo indivíduo foi constatada a presença de 3 e 4
cromossomos portadores de NORs relatando, desta forma, variações interindividuais. Em estudo realizado por Peres et al. (2009), variações no número de
NORs foram encontradas quando utilizada a técnica de hidridação in situ. O número
de cistrons de rDNA 18S em diferentes populações variou de 2, 3 e 6 cromossomos
portadores. Polimorfismo de tamanho de NOR também foi detectado nesta espécie
no presente estudo. Em todas as metáfases analisadas, um dos homólogos de um
par de cromossomos se destacava entre seu homólogo e entre os outros
cromossomos devido ao tamanho da marcação telomérica ser consideravelmente
maior que as restantes. Em estudo realizado por Pazza, Kavalco e Bertollo (2006), a
ocorrência de um par de cromossomos submetacêntricos portadores de sítios
ribossômicos na região terminal dos braços curtos se destaca devido a este par
estar presente em todas as metáfases analisadas e sempre com marcações
bastante notáveis. Alguns autores sugerem a presença de NORs principais e
secundárias para este gênero. A ocorrência de Ag-NORs múltiplas com sítios
principais bem notáveis e sempre ativos juntamente a sítios secundários com
- 146 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
atividade variável parece ser comum em Astyanax (MIZOGUCHI e MARTINSSANTOS, 1998; MANTOVANI et al., 2000; FERRO et al., 2001) De acordo com
Fernandes e Martins-Santos (2006), heteromorfismo de tamanho da NOR pode
ocorrer por meio de eventos de transposição ou crossing-over desigual e não devido
à expressão diferencial da NOR. Como revisado por Pazza, Kavalco e Bertollo
(2006), os fatores de transcrição podem ligar-se aleatoriamente em qualquer cístron
ribossomal. Dessa forma, as NORs que possuem mais cístrons, ou seja, mais cópias
de genes ribossomais, serão preferencialmente ativadas. Após esta etapa, os
fatores de transcrição ainda disponíveis podem se ligar a outros cístrons de uma
maneira cooperativa, com os cístrons promotores adjacentes tendo uma maior
afinidade com os fatores de transcrição. Assim, os autores sugerem uma forte
tendência de um cromossomo portador de NOR ser completamente ativado antes de
seu homólogo começar a acumular fatores de transcrição. Este modelo pode se
aplicar em casos onde ocorre NORs mais notáveis e geralmente ativas (sítios
principais) juntamente com a atividade variável de pequenos sítios secundários,
como observado em A. scabripinnis (MIZOGUCHI e MARTINS-SANTOS, 1998) e
outras espécies. A análise de sequências do gene 18S rDNA foi realizada a partir do
alinhamento das sequências dos 4 indivíduos de cada espécie estudada. As
análises resultaram em uma matriz de alinhamento composta por 505 pares de
base. As sequências de A. paranae e A. fasciatus mostraram o mesmo resultado e
apenas uma base os diferenciaram de A. altiparanae. Em A. paranae e A. fasciatus
a base identificada é a T enquanto que em A. altiparanae, exatamente na mesma
posição, a base identificada é a C. A frequência dos nucleotídeos obtida prova a
amplificação do gene ribossômico, mostrando maior proporção de bases C e G, que
é justamente relatada em NORs. A reconstrução filogenética mostrou a ocorrência
de 2 clados, sendo um clado monofilético composto por A. paranae e A. fasciatus
tendo como grupo-irmão o clado composto por A. altiparanae. Esta separação
ocorre devido à única base que diferencia A. paranae e A. fasciatus de A.
altiparanae. Foi realizado o calculo médio da distância genética entre os grupos e foi
constatado que a distância entre A. paranae e A. fasciatus é zero enquanto a
distância entre ambos e A. altiparanae é 0,02%. Esta análise reforça a idéia de que
A. paranae e A. fasciatus estão inseridos no mesmo clado. A comparação do padrão
de NORs entre as espécies e o padrão genético do rDNA 18S mostra que
aparentemente há relação entre número de NORs e complexidade gênica, visto que
as espécies A. paranae (2n=46, 48, 50) e A. fasciatus (2n=45 à 2n=48) apresentam
NORs dos tipos múltipla e possuem sequências do gene 18S rDNA 100% similares,
enquanto a espécie A. altiparanae (2n=50) possui NORs do tipo simples e
sequências do gene ribossomal possivelmente mais próximas às sequências do
ancestral. De acordo com a literatura, a condição primitiva de NORs e número
diplóide para o gênero Astyanax são NOR do tipo simples e 2n=50, enquanto as
NORs múltiplas e variações do 2n devem ser consideradas derivadas na história
evolutiva do grupo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Padrões da diversidade cariotípica do gênero Astyanax devem ser reflexo de sua
história evolucionária e distribuição ao longo da bacia do Rio Paraná, e o tempo de
divergência pode ter permitido a diferenciação cromossômica, sugerindo que cada
população segue seu próprio curso evolucionário. O gene ribossomal 18S foi
- 147 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
considerado altamente conservado para este gênero. Apesar do polimorfismo e toda
variação encontrada entre as espécies e mesmo entre as células do mesmo
indivíduo, a sequência permanece inalterada. Pode-se concluir, de acordo com os
resultados obtidos neste estudo, que as NORs e o gene rDNA 18S estão interligados
em estudos de evolução já que alterações em NORs podem ter influência neste
gene. Portanto, associação de estudos de NORs e do gene rDNA 18S são excelente
ferramenta para estudos de filogenia.
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TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DESENVOLVIDO NA UNESP/RIO CLARO EM
2009 SOB ORIENTAÇÃO DA PROF. DRA. PATRÍCIA PASQUALI PARISE MALTEMPI.
PALAVRAS-CHAVES: Astyanax, evolução, NORs.
- 149 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
PREVALENCIA DO HPV 18 EM AMOSTRAS DE MUCOSA ORAL COM
DIAGNÓSTICO DE LEUCOPLASIA VERRUCOSA: ANÁLISE MOLECULAR .
BETIOL, J. C.1, 3; BETTINI, J.S.R.2, 3
1- Graduando do curso de Farmácia do Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS
2- Professora e pesquisadora do Programa de pós-graduação em Ciências Biomédicas do Centro
Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS
3- NUCISA – Núcleo de Ciência da Saúde do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
HPV
O papilomavirus humano (HPV) pertence a um grupo de vírus de DNA
epitéliotróficos e mucosatróficos, associados à etiologia de diversos tumores
benignos e malignos de característica geralmente papilomatosa, hiperplásica e/ou
verrucosa, em pele, trato anogenital e aerodigestivo (1). São conhecidos hoje mais
de 200 tipos de HPV, classificados de baixo risco aqueles que não são capazes de
causar câncer e de alto risco aqueles que são capazes de causar câncer (2). O
câncer cervical e suas lesões precedentes já estão fortemente associados com o
HPV, principalmente pelos tipos de alto risco 16/18. Devido à similaridade
morfológica entre a mucosa cervical e o trato aerodigestivo superior, o HPV foi
proposto como fator etiológico para o desenvolvimento de câncer oral (3).
Leucoplasia Verrucosa
Em 1978, a Organização Mundial de Saúde (4) definiu esta lesão como uma mancha
ou placa branca da mucosa bucal, não removível à raspagem, que não pode ser
caracterizada clínica ou patologicamente como outra enfermidade. Embora seja
definida como uma lesão branca homogênea, a leucoplasia oral pode apresentar
algumas variações em seu aspecto clínico, sendo classificada, em ordem de
severidade, em homegênea, ulcerada, nodular e verrucosa (5). Em publicações
recentes a leucoplasia foi incluída entre as lesões precursoras do câncer oral (6) e
potencialmente malignas (7). O HPV tem sido avaliado quanto ao seu papel na
etiologia e na malignização de lesões pré-cancerosas, entretanto os resultados
obtidos ainda não são concludentes (8).
OBJETIVO
O presente estudo visou baseado em análises biomoleculares, diagnosticar e
determinar a prevalência dos subtipos 16 e 18 do HPV, em pacientes portadores de
leucoplasia verrucosa de mucosa oral e em pacientes sem histórico de lesões de
mucosa oral. Paralelamente foram avaliadas as características sócio-demográficas
dos indivíduos abordados pelo estudo a fim de determinar o grupo em que ambos,
lesão e vírus foram mais prevalentes. O teste exato de Fisher foi abordado a fim de
produzir dados estatísticos.
MATERIAL E MÉTODOS
Obtenção das Amostras
Foram analisados 20 pacientes, pertencentes a comunidade UNIARARAS sediada
em Araras, São-Paulo-Brasil, alocados em 2 grupos. O primeiro grupo (g1) formado
- 150 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
por 8 portadores de leucoplasia verrucosa, dos quais foram coletadas 8 amostras
devido à alguns possuírem múltiplas lesões em sua mucosa oral, e o segundo grupo
(g2) composto por 12 pacientes não portadores de lesões em sua mucosa oral.
Todos os indivíduos foram avaliados quanto as suas características sóciodemográficas para identificar o perfil dos portadores da lesão em que o vírus é mais
prevalente.
Para análise biomolecular as amostras foram coletadas através de raspado de
mucosa oral, utilizando escovas do tipo “campos da paz” (cytobrush®), armazenadas
em eppendorfs (Axygen®) contendo solução salina 0,9% e reservadas à
aproximadamente -20ºC (-4 ºF, 273º K) até que fosse realizada a extração do
material genético.
Extração de DNA
Os eppendorffs (Axygen®) contendo amostras de raspado oral com solução salina
(0,9%) foram centrifugados à 13.000rpm por 10 min e a solução sobrenadante foi
desprezada, logo após foi realizada a lise osmótica das células pela adição de 600 µl
de NaOH (50mM), seguida de aquecimento à 95ºC (203ºF,368 K) por 5 minutos e
posterior neutralização do pH com solução de Tris-HCl (1M, pH 8,0). O material
extraído foi armazenado sob refrigeração a -20ºC (-4 ºF, 253 K).
Beta-globina PCR
A PCR “polymerase chain reaction” do gene da beta globina foi realizada utilizando o
par de primers PCO3/PCO4 para amplificar um fragmento de 125pb, visando
garantir a qualidade do DNA extraído e a fidedignidade do experimento.
PCR da região L1 do HPV
Para a amplificação da região L1 do HPV utilizou-se os primers GP5+/GP6+, onde
são produzidos fragmentos de 150pb quando o DNA viral encontra-se presente.
PCR da Regiao E7 do HPV 16 e 18
Foi feita a pesquisa do genótipo 16 e 18 do HPV pela amplificação da região E7,
utilizando pares de primers específicos para cada genótipo que amplificam
fragmentos de 108 e 104 pb respectivamente.
Análise do material amplificado
O produto de PCR foi inoculado em Gel de poliacrilamida não denaturante, junto
com padrões bromophenol e xilenocianol, o qual foi levado a condições
eletroforéticas em cuba vertical previamente preenchida com tampão TBE 10x (trisacido bórico-EDTA) sob uma diferença de potencial de 250 volts, durante 4 horas.
Para detecção das bandas do material separado pela eletroforese, utilizou-se a
impregnação com solução de nitrato de prata 10%, método este que apresenta um
limite de sensibilidade de 3pg/mm2.
Análise Sócio-demográfica
Os questionários que foram voluntariamente e sigilosamente respondidos pelos
pacientes avaliaram hábitos de vida e o perfil dos pacientes dos grupos.
Análise dos dados
Os resultados obtidos foram submetidos ao teste exato de Fisher realizado pelo
software SISA® (Simple Interactive Statistical Analysis) para a obtenção do valor de
P para um n= 20, também foram produzidos valores de porcentagem absoluta e
desvio padrão, odds ratio e intervalo de confiança (95%)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
- 151 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O gene da beta-globina foi amplificado em todas as amostras, demonstrando a
presença de DNA humano com qualidade e integridade satisfatórias, de forma que
foi possível dar seguimento a pesquisa do DNA viral com fidedignidade.
O DNA do HPV foi diagnosticado em 100% (8/8) dos pacientes do G1, em pelo
menos uma área lesionada, e em 25% (3/12) dos indivíduos do G2 (OR = 17.9, CI
[3.08-102.67], P = 0,001). (tab 1)
Dentre as amostras positivas submetidas à genotipagem com os primers que
amplificam a região E7, em nenhum dos pacientes foi diagnosticado o HPV-16,
porém determinou-se uma prevalência de 62,5% (5/8) do HPV 18, dentre os
pacientes do G1 e em 25% (3/12) dos pacientes do G2 (OR = 5, CI [0.72-34.73], P =
0,0978). (fig 2.). (tab. 2)
Em todas as amplificações realizadas o estudo valeu-se de controles positivos e
negativos da reação.
Figura 2: Ao meio ladder de 100pb, à esquerda amostras genotipadas para o HPV 16 (todas negativas) e à
direita amostras genotipadas para o HPV 18 (cinco positivas) amplificadas em 104 pb.
O número reduzido de amostras deve-se a falta de profissionais dispostos a
colaborar com o estudo, porém o expressivo resultado de 62,5% de prevalência do
subtipo 18 do HPV, corroborado pelos resultados da análise citológica, indica que o
subtipo possui relação com a leucoplasia verrucosa de mucosa oral.
Apesar de nenhum dos pacientes abordados pela pesquisa terem sido
diagnosticados positivos para o subtipo 16 do HPV, estudos com um maior número
de pacientes devem ser realizados para confirmar a exclusão deste subtipo com a
lesão em questão.
A presença do HPV 18 nos pacientes do G2 sem que este causasse qualquer
manifestação compatível com sua presença em mucosa oral, pode estar relacionada
com o período de latência do vírus e com o estado de imunocompetência dos
indivíduos.
Tabela 1 Relação entre o HPV e a Leucoplasia Verrucosa, CI (Intervalo de Confiança 95%), OR
(Odds Ratio), Diferença de significância para P ao nível de 10%. Utilizou-se a hipótese da
nulidade para a obtenção dos valores.
- 152 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Tabela 2 Relação entre o HPV-18 e a Leucoplasia Verrucosa, CI (Intervalo de Confiança 95%),
OR (Odds Ratio), Diferença de significância para P ao nível de 10%.
Levantamentos bibliográficos realizados demonstram discordância entre a ausência
ou presença de relação do HPV com a lesão em discussão. Bagan, J.V. et al.(9),
analisaram 13 pacientes com leucoplasia verrucosa proliferativa de mucosa oral,
sendo que em nenhuma das amostras foi detectado o HPV.
Todavia, como a grande maioria dos autores, Campsi, G. et al.(10), em
concordância com nossos resultados, determinaram a presença do HPV e sua
relação com a leucoplasia verrucosa proliferativa de mucosa oral em 58 casos,
sendo que foi encontrado a presença do DNA viral em 24,1% (14 pacientes). O
subtipo 18 do HPV foi o mais prevalente genótipo detectado, em 78,5% das
amostras, seguido pelo HPV 16, diagnosticado em 28,6% das amostras. Nielsen, H.
et al. (11), examinaram 49 pacientes com lesões orais pré-malignas e 20 pacientes
com mucosa oral normal, as investigações revelaram que 62,5% dos pacientes com
leucoplasia verrucosa apresentavam-se positivos para o HPV 16. Gopalakrishnan,
R. et al. (12), analisaram 8 amostras de leucoplasia verrucosa proliferativa e
encontraram duas amostras positivas para o HPV 16 e 18.
A leucoplasia pode estar associada a uma ampla gama de agentes físicos, químicos
e biológicos tais como álcool e fumo, dentre outros (13). Neville BW, Day TA, (14),
atentam para o fato da maior prevalência da lesão em homens idosos, sendo que
esta prevalência é diretamente proporcional à idade variando desde menos de 1%
na faixa dos 30 anos até 8% depois dos 70 anos de idade.
Portanto, a análise das características sócias demográficas como idade, sexo,
nupcialidade, hábitos etílicos e fumo, foi realizada. A média de idade dos pacientes
que forneceram as amostras para o estudo foi de 61 anos (DP= 5,538) sendo dois
(25%) do sexo feminino e seis (75%) do sexo masculino, onde apenas um (12,5%)
paciente declarou-se separado, e os outros sete (87,5%) declararam-se casados.
Quanto aos hábitos dos pacientes, dois (25%) declararam não fumar nem consumir
produtos etílicos cronicamente, enquanto que seis (75%) declararam que eram
usuários crônicos de álcool e fumo por pelo menos mais de uma década. Dentre os
pacientes positivos para o HPV 18, quatro (80%) eram de pacientes homens que
faziam uso de álcool e fumo cronicamente, enquanto que um (20%) paciente era do
sexo feminino, a qual alegou não fazer uso de álcool ou fumo, também observou-se
que quatro (80%) pacientes positivos para o HPV 18 eram casados enquanto que
- 153 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
apenas um (20%) paciente era separado. A média de idade dos pacientes positivos
para HPV 18 foi de 59,75 anos (DP = 5,118).
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Considerando os resultados obtidos no estudo conclui-se que o HPV está associado
com a leucoplasia verrucosa de mucosa oral e que o subtipo 18 é o mais prevalente
nesta lesão dentre os pacientes avaliados do grupo 1. O subtipo 16 do HPV não
apresentou correlação com a leucoplasia verrucosa neste estudo. Embora 25% dos
pacientes que compunham o grupo 2 apresentarem-se positivos para o HPV 18, o
mesmo não causou qualquer alteração ao nível celular devido a características
inerentes ao microrganismo como período de latência ou pela imunocompetência
dos indivíduos. Dentre os indivíduos estudados, o perfil sócio demográfico onde a
leucoplasia verrucosa está relacionada ao HPV em maior proporção, são os
homens, casados que fazem uso crônico de bebidas alcoólicas e fumo, com idade
mediana de 59,75 anos.
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Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-Chaves: HPV, Leucoplasia Verrucosa, PCR.
- 155 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO ENTRE ALUNOS DA PSICOLOGIA E DA
FISIOTERAPIA JUNTO A PACIENTES COM DIFICULDADE PARA SE
COMUNICAR EM UMA CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA
PICOLI, G. M. 1,1; RAGASSI, E. A. 1,2; BALDESSIM, A. F. 1,3; BAPTISTA, A. S. D 1,4
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
1,4
1,4
Discente; Docente, Orientador.
1,3
1,1
Discente;
1,2
Discente,
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Sabendo que a comunicação é uma forma de se estabelecer as redes sociais e que
é por meio dela que estabelecemos as relações, pois expressamos os sentimentos,
os pensamentos, realizamos trocas entre outras coisas, a dificuldade em se
comunicar pode afetar além da qualidade de vida do indivíduo, também suas
relações sociais. A comunicação se faz necessária em todo o contexto, tanto no
campo do trabalho, social, pessoal, afetivo, abarcando desde situações mais simples
como dizer um “oi” até as mais complexas, apresentando ideias, sentimentos e
articulações de conceitos.
Constatado a necessidade que todo indivíduo tem de se comunicar, os alunos
integrantes do Projeto de Extensão de Psicologia da Saúde, realizando estágio na
Clínica Escola de Fisioterapia, da Fundação Hermínio Ometto (UNIARARAS),
observaram que muitos pacientes apresentavam dificuldades em se comunicar,
então começaram a trabalhar essa questão na tentativa de estabelecer formas
alternativas de comunicação. A dificuldade na comunicação não se restringia
somente a relação paciente com os estagiários da fisioterapia, isto era estendido aos
seus próprios familiares e/ou cuidadores.
Alguns desses pacientes não se comunicam pelo fato de serem portadores de
alguma patologia, ou de terem sofrido algum acidente que os impossibilitou de se
comunicar, isto é, por apresentarem sequelas em função do problema de saúde.
O trabalho da Psicologia, diante dessas observações, foi encontrar junto às
necessidades de cada paciente, novas maneiras para que os mesmos possam ser
menos prejudicados por essa impossibilidade.
Foram desenvolvidos materiais alternativos para facilitar a comunicação desses
pacientes visando à inserção social e a autonomia desse indivíduo, tanto na Clínica
Escola de Fisioterapia, quanto fora dela.
OBJETIVO
Apresentar o material alternativo de comunicação elaborado pela equipe de
psicologia para facilitar a comunicação de pacientes com esse comportamento em
déficit, visando à independência do paciente.
Mostrar que esses pacientes são capazes de mostrar o que estão sentindo e de
interagir com as pessoas que estão próximas, como familiares, terapeutas e
cuidadores.
Facilitar a comunicação desses pacientes tanto no âmbito da Clínica Escola de
Fisioterapia quanto fora dela, visando possibilidades de independência para o
- 156 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
paciente, entendendo que o familiar e/ou o cuidador também terá uma melhora na
relação com o paciente.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
Procedimento:
Os pacientes usuários da Clínica-escola de Fisioterapia muitas vezes são
encaminhados para o acompanhamento da psicologia em função da dificuldade de
comunicação, o que dificulta muitas vezes a avaliação das sensações que o
paciente apresenta. Como a serviço de psicologia tem o objetivo de atender os
usuários para ajustá-los a sua condição, muitas vezes atua-se para restabelecer a
comunicação deste com o mundo.
O paciente passa por uma avaliação em que a equipe da psicologia verifica as
condições cognitiva com o objetivo de se orientar quanto a condução do
desenvolvimento do método a ser utilizado. Faz um levantamento quanto ao
repertorio que o paciente tem para se comunicar e o entendimento que as pessoas
que convive com ele tem sobre suas expressões. Caso não apresente nenhum meio
de comunicação estabelecida formalmente, os estagiários de psicologia buscam
uma forma alternativa.
A partir disso é construído um material individual para ser utilizado durante o
atendimento, como também em situações sociais. O paciente é treinado a utilizar o
material assim como as pessoas de sua rede social.
Serão apresentados dois materiais utilizados.
Material:
O livro é destinado para pacientes com limitação de coordenação motora fina.
Para a confecção do livro de comunicação alternativa são utilizadas folhas de papel
sulfite (quantidade suficiente para suprir a necessidade do paciente), tamanho A4;
palitos de sorvete de madeira; placas de cartolina, tamanho 23 cm X 31 cm; metros
de papel contact, e um fichário.
Após o levantamento com o cuidador principal, escolhem-se figuras que possam
expressar as necessidades do paciente. A partir dessa seleção o livro pode ser
montado.
Nas folhas de papel sulfite serão coladas as figuras que indicaram as necessidades
do paciente. Os palitos serão anexados nessa folhas em posições diferentes, um
abaixo do outro, para funcionarem como alavanca, para que o paciente possa
manusear, virar as páginas. As cartolinas servem como base para que as folhas
impressas, deixando-as mais resistentes O papel contact é utilizado como proteção
para o material que estará disposto no fichário.
Para pacientes que apresenta coordenação motora e as funções da mão estão
preservada. As pranchas são feitas da mesma forma do livro, tendo como diferencial
que elas são independentes, não são dispostas em fichário.
Headmouse: É um programa distribuído de forma gratuita através de download pelo
site http://robotica.udl.cat. Esse programa faz com que o usuário, portador de
necessidade especial, movimente o mouse do computador com leves movimentos
da cabeça e o clicar faz-se a partir do piscar dos olhos ou o abrir e fechar dos lábios,
devendo ser configurado de acordo com as limitações e necessidades de cada
paciente. O programa é parte de um programa chamado Inclusão Digital para
pessoas que não tem dígitos, e foi encontrado a partir de pesquisas na internet.
Para a realização do treinamento do programa headmouse, é utilizado um notebook,
- 157 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
equipado com uma webcam, em condições de uso e adaptada para diferentes tipos
de limitações encontradas nos pacientes.
Primeiro faz-se um primeiro contato com o familiar e/ou cuidador do paciente
expondo o programa e suas vantagens, em seguida, se houver interesse por parte
do mesmo, a equipe, explica que o notebook está equipado com uma ferramenta
digital, cujo objetivo é melhorar a comunicação entre o paciente e as pessoas
presentes em seu contexto, podendo ser estendido a outros âmbitos como, por
exemplo, as redes sociais.
A ideia é que esses instrumentos de comunicação sejam de uso interno e externo à
Clínica de Fisioterapia.
RESULTADOS ESPERADOS
Focando a necessidade de comunicação entre pacientes, fisioterapeutas, familiares
e cuidadores, os estagiários de psicologia, a partir do desenvolvimento de materiais
de comunicação alternativa, vêm utilizando alguns deles com pacientes que não
conseguem se expressar verbalmente ou pela escrita, devido a patologias, sequelas
ou acidentes sofridos.
O livro e as pranchas estão sendo utilizados com pacientes portadores de Paralisia
Cerebral, que faz reconhecimento de figuras e, de acordo com suas necessidades e
suas indicações, possa receber os cuidados por ele indicado.
O livro também é utilizado com pacientes que sofreram Traumatismo Craniano, por
meio do qual perdeu a fala, e com a utilização do livro, o paciente, após perguntas
feitas tanto pelos estagiários de psicologia, quanto de fisioterapia, consegue indicar
se está sentindo dor, se quer ver alguém, aonde quer ir, por exemplo.
O programa de computador, “headmouse”, está sendo utilizado com pacientes
portadores da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), que é uma doença
neurodegenerativa que afeta os neurônios motores inferiores e superiores (MELLO
et al, 2009), então a utilização deste programa é uma ação prevenção, para que
quando o paciente tenha dificuldades de se comunicar verbalmente, possa se
comunicar através do computador, pois já foi treinado.
A partir desse trabalho desenvolvido, espera-se promover uma interação entre
paciente, familiar, cuidador e estagiários de fisioterapia e psicologia, pois quando o
paciente não se expressa verbalmente dificultar muitas vezes o tratamento
fisioterápico, já que é difícil interpretar todas as expressões dos pacientes. Muitas
expressões são entendidas erroneamente, uma vez que é difícil identificar
adequadamente o que ela indica, o fato do paciente ficar quieto e com os olhos
fechados pode significar: dor, falta de interesse nos exercícios, ou apenas cansaço.
Também com relação ao familiar e ao cuidador, a importância da comunicação se dá
para estabelecer uma relação e, para de certa maneira preservar a autonomia
daquele paciente, que pode por meio desses instrumentos de comunicação,
expressar o que querem comer, o que fazer, quem querem ver, o que estão
sentindo, entre outras informações.
Levando em conta que a disfônia, ou seja, a incapacidade de comunicação do
sujeito, pode alterar seriamente suas relações sociais, e consequentemente, sua
qualidade de vida (SPINA et al, 2009). É nosso foco estabelecer mecanismos de
comunicação entre pacientes, fisioterapeutas, familiares e cuidadores.
Por esses relatos apresentados, espera-se cada vez mais poder utilizar esses
instrumentos para dentro das limitações, promoverem a autonomia dos pacientes,
- 158 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
sua comunicação entre familiares, cuidadores e estagiários de
auxiliando-os na comunicação durante as sessões fisioterápicas,
comunicação, suas necessidades podem ser incompreendidas e a
decisões dificultada, pois não são capazes de expressar o pensamento,
limitação sistemática de informação”. (CASSEMIRO & ARCE, 2004).
fisioterapia
pois “sem
tomada de
obrigando à
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003472992009000200019&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 24 maio 2011.
PALAVRAS-CHAVES: autonomia, comunicação, psicologia.
- 159 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
IDENTIFICAÇÃO DOS GRUPOS EXPOSTOS À “DROGAS ILÍCITAS” E ÁLCOOL
DO CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO - UNIARARAS.
AVANSI, V.P.1,2 ,FRANCHINI, C.C.1,6
1
2
6
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Orientador.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O consumo de substâncias psicoativas tem gerado em todas as partes do mundo
problemas sociais e de saúde de grande importância, especialmente devido à sua
grande prevalência. A amplitude e a gravidade desses problemas vêm exigindo dos
órgãos governamentais de todos os países políticas e estratégias que possam
diminuir o uso de drogas pela população em geral, bem como evitar as
conseqüências do abuso dessas substâncias (QUEIROZ, 2001). Além de contribuir
com o crescimento dos gastos com tratamento médico e internação hospitalar, eleva
os índices de acidentes de trânsito, de violência urbana e de mortes prematuras
(SILVA, 2006).Estudos mostram que o envolvimento com “drogas ilícitas” ocorre
principalmente dentro da população de adolescentes e adultos jovens. No Brasil
onde 35 milhões de pessoas têm menos de 30 anos, os problemas relacionados ao
consumo de substâncias psicoativas podem ser preocupantes (SILVA, 2006). A
proporção de estudantes de escolas públicas e particulares que faz o uso rotineiro
de drogas é bastante semelhante, apesar de algumas pesquisas apresentarem
números maiores de usuários em escolas públicas (SANTOS, 2008). Um estudo
produzido por Universidades Paulistas e financiado pela Secretaria Nacional de
Políticas Sobre Drogas (Senad), divulgaram os resultados pela primeira vez em
junho e revelaram que metade dos alunos das Universidades do País já usou, pelo
menos uma vez, uma droga ilícita (http://www.estadao.com.br/saude). Poucas
instituições de ensino investem no tratamento ou na orientação de seus alunos a
respeito das drogas. Segundo Márcia Tamosauskas, da UFABC, essa questão
deveria estar no projeto político-pedagógico de todas as universidades brasileiras
(http://www.estadao.com.br/saude). Os estudantes são os futuros líderes, mas
podem não atingir seus objetivos por problemas causados pela bebida, o tabaco e
outras drogas (http://www.estadao.com.br/saude).
OBJETIVO
Identificar os grupos específicos expostos avaliando o grau de exposição a
determinados tipos de “drogas”, e as possíveis consequências para o indivíduo para
fornecer subsídios para futuras ações preventivas.
METODOLOGIA
Participarão do estudo, amostras representativas de estudantes universitários de
todas as áreas, divididos por período matutino e noturno, e de ambos os gêneros.
Será utilizado um questionário anônimo e auto-preenchível, proposto pela
Organização Mundial da Saúde, que inclui questões sobre atitudes dos estudantes
frente ao uso experimental e regular de substâncias psicoativas, qualidade de vida,
- 160 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
lazer e dados sociodemográficos. O questionário será aplicado nas dependências do
Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Os alunos preencherão um termo
de consentimento (segundo normas do Comitê de ética em pesquisa- UNIARARAS),
e receberão informações sobre a pesquisa e instruções de preenchimento. Os dados
que forem obtidos serão submetidos a uma análise de variância para testar a
igualdade entre as proporções estimadas e as diferenças serão identificadas pelo
método de Tuckey e verificadas pelo teste de qui-quadrado. A partir dessa análise,
os dados do perfil sócio-econômico e do estilo de vida dos alunos serão comparados
em relação ao uso de álcool, tabaco e “drogas ilícitas nos últimos 12 meses”. Serão
consideradas “drogas ilícitas” a maconha, alucinógenos, cocaína, crack, ecstasy e
inalantes. Serão estudadas as variáveis do perfil sociodemográfico como: ano em
que estudam, sexo, idade (em anos), estado civil, pessoas com quem moram, tipo
de religião e se praticam, exercício de alguma atividade remunerada nos últimos seis
meses, renda familiar mensal e estado civil dos pais. Para o estudo do estilo de vida,
serão analisadas as seguintes variáveis: número de horas livres por dia útil e por dia
da semana, atividades realizadas durante as horas livres, satisfação quanto à
frequência do lazer, atividades realizadas ao faltar às aulas e os lugares que
frequenta dentro da universidade (SILVA, 2006; QUEIROZ, 2001).
RESULTADOS ESPERADOS
Os resultados esperados devem estar próximos aos estudos recentes com alunos
que apresentaram o seguinte perfil: Dos alunos que experimentavam drogas, 60%
não souberam explicar os motivos, 17% o fizeram por curiosidade e 9% por diversão
ou prazer. Ao serem indagados sobre quem os introduziu ao uso experimental de
droga, apontaram os amigos em primeiro lugar (CORRÊA, 1999).
Estudavam no período diurno ou integral (78,7%), eram do sexo feminino (60,7%),
com idade entre 15 e 24 anos (88%), solteiros (95,2%), sem filhos (97,4%), moravam
com os pais ou familiares (79,8%), com renda familiar mensal superior a 20 saláriosmínimos (59,5%), possuíam religião (71,0%), porém não eram praticantes (59,1%)
(SILVA, 2006).
O álcool foi a substância mais utilizada nos últimos 12 meses pelos alunos
pesquisados (84,7%), seguido do tabaco (22,8%) (SILVA, 2006).
No período do estudo, 28,4% dos alunos usuram “drogas ilícitas”, dentre as quais,
as mais utilizadas foram a maconha (19,7%), inalantes (17,3%) e os alucinógenos
(5,2%) (SILVA, 2006).
Segundo Queiroz (2001), O álcool também foi a droga mais consumida pelos alunos
em sua pesquisa: 82,6% fizeram uso na vida; 70,3% tinham sido avaliados nos
últimos 12 meses; e 65,4% tinham sido avaliados nos últimos 30 dias. Ainda quanto
ao uso na vida, foram avaliados tabaco (49,2%), maconha (44,7%), solventes
(26,9%), cocaína (22,5%), alucinógenos (17,0%).
O variável sexo não mostrou relação com o uso de álcool e tabaco, porém, esteve
relacionada ao uso de “drogas ilícitas”, 36,8% dos alunos usaram “drogas ilícitas",
contra 23,0% das alunas (SILVA, 2006).
O ano cursado e o estado civil não mostraram relação com o uso de álcool e “drogas
ilícitas” (SILVA, 2006).
Ter religião influenciou o consumo de álcool, tabaco e “drogas ilícitas”, assim como
prática. O uso de álcool apresentou relação com o tipo de religião praticada, mas
não com o uso do tabaco e “drogas ilícitas”. Enquanto 85,7% dos católicos usaram
- 161 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
álcool no período analisado, somente 62,3% dos protestantes fizeram tal uso
(SILVA, 2006).
Das denominações religiosas presentes em nosso meio, os protestantes históricos e
pentecostais apresentaram, relativamente, uma maior frequência de não usuários e
os católicos e espíritas uma maior frequência (também relativa) de usuários
pesados. Isto é compatível com a literatura, na qual verifica-se que as
denominações mais conservadoras tendem a apresentar menos usuários de álcool e
drogas entre os seus membros (DALGALARRONDO, 2004).
Observou-se que a renda familiar mensal mostrou-se relacionada ao uso do álcool e
“drogas ilícitas”. Os alunos com renda familiar superior a 40 salários-mínimos
mensais apresentaram o maior uso para o álcool (92,2%) e “drogas ilícitas” (39,2%).
Em contrapartida, os alunos cuja renda familiar era inferior a 10 salários-mínimos
mensais obtiveram o menor uso de álcool (75,2%) e “drogas ilícitas” (16,7%). O
consumo de tabaco não apresentou relação com a renda familiar mensal (SILVA,
2006).
Na comparação do consumo de maconha e cocaína por trabalho remunerado há
diferenças significativas do consumo alguma vez na vida. Adolescentes e jovens que
têm trabalho remunerado têm proporção maior de consumo do que adolescentes e
jovens que não o têm (FACUNDO, 2007).
Observou-se que 2/3 dos estudantes fumaram tabaco pela primeira vez após o início
do curso médico, quando os trabalhos internacionais mostram que o contato com
todas as drogas, começou muito antes do ingresso na faculdade. É possível, no
entanto, que esse dado seja pouco confiável (CORRÊA, 1999).
Os alunos que utilizaram tabaco e “drogas lícitas” apresentavam mais horas livres
nos dias úteis do que os alunos que não fumavam (SILVA, 2006).
Observou a relação entre o uso de “drogas ilícitas” e número de horas livres por dia
por fim de semana. Houve maior satisfação quanto à freqüência do lazer entre os
alunos que utilizavam “drogas ilícitas”. Tal diferença na satisfação quanto ao número
de horas livres não foi vista entre usuários e não usuários de álcool e tabaco (SILVA,
2006).
Também se notou diferenças entre as atividades realizadas nas horas livres e o fato
de fumar tabaco e de usar “droga ilícita” ou não. Os alunos fumantes praticavam
menos esportes (8,1%) do que os não fumantes (15,6%), porém os alunos fumantes
realizavam mais atividades fora de casa (64,1%) do que os não fumantes (55,1%).
Os alunos que usaram “drogas ilícitas” praticavam mais esportes (18,8%) do que os
que não usaram tais substâncias (12,1%) e os alunos que usavam “drogas ilícitas”
realizavam menos atividades em casa do que os alunos que não usavam estas
substâncias (22,8%) (SILVA, 2006).
Faltar ou não às aulas mostrou-se relacionado ao uso de álcool, tabaco e “drogas
ilícitas”. A proporção de alunos que não faltaram às aulas ou só faltaram se doentes
é de 44,8% entre os não usuários de álcool, 34,9% entre não usuários de tabaco e
36,5% entre os não usuários de “drogas ilícitas” (SILVA, 2006).
O uso ou não de álcool, de tabaco e de “drogas ilícitas” relacionou-se aos lugares
dentro da universidade freqüentados por esses jovens. Houve maior freqüência às
bibliotecas pelos alunos que não usaram álcool (35,5%), tabaco (26,4%) e “drogas
ilícitas” (27,5%) em relação aos que fizeram uso de álcool (20,6%), de tabaco
(11,2%) (SILVA, 2006).
- 162 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Houve maior freqüência aos centros acadêmicos pelos alunos que fizeram uso de
substâncias psicoativas: 19,7% entre os usuários de álcool, 28,1% entre os usuários
de tabaco e 29,8% entre os usuários de “drogas ilícitas” em relação aos não
usuários (15,3%, 16,7% e 15,3%, respectivamente) (SILVA, 2006).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DALGALARRONDO, P. et al. Religião e uso de drogas por adolescentes. Revista
Brasileira de Psiquiatria, 26 (2); 82-90, 2004. Disponível em:
< http://scholar.google.com.br> Acesso em:18 de maio 2011.
Estudo mostra que 3% dos universitários que ingerem álcool tem alto risco de
dependência. São Paulo, 06/10/2010. Disponível em: < http://www.estadao.com.br/.>
Acesso em:18 de maio 2011.
FACUNDO, F.R.G. Fatores de risco e o significado do consumo de drogas em
adolescentes e jovens marginais de bandos juvenis. Dissertação (Doutorado em
Enfermagem Psiquiátrica) Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007.
KERR-CORRÊA, F. et al. Uso de álcool e drogas por estudantes de medicina da
UNESP. Revista de Psiquiatria, 21 (2), 1999. Disponível
em:<http://scholar.google.com.br> Acesso em: 18 de maio 2011.
QUEIROZ, S. Uso de drogas entre estudantes de uma escola pública de São Paulo.
Revista de Psiquiatria Clínica. São Paulo, 28 (4): 176-182, 2001. Disponível em: <
http://scholar.google.com.br> Acesso em 05 de nov. 2010.
SANTOS, A.M.B. Uso de drogas por estudantes do Ensino Médio em Aracaju.
Revista Espaço para a Saúde. Londrina, v.10, n.1, p. 47-52, dez. 2008. Disponível
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SILVA, L.V.E.R. et al. Fatores associados ao consumo de álcool e drogas entre
estudantes universitários. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v.40, n. 2, abr.
2006. Disponível em: <http://www.scielo.br > Acesso em: 05 de nov. 2010.
PALAVRAS-CHAVES: Drogas, Álcool, Universitários.
- 163 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS DIFERENTES INSTRUMENTOS DE
MENSURAÇÃO E O SOFTWARE GOOGLE SKETCHUP FREE EM ÚLCERAS
COM FORMATOS IRREGULARES.
ALMEIDA, C.C.T.1, 2; RODRIGUES, A.B.1,2; MORSOLETO, M.J.M.S.1,3
1
2
3
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Orientador.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A cicatrização de feridas consiste em uma perfeita e coordenada cascata de
eventos celulares que interagem para que ocorra a repavimentação do tecido
lesado. Didaticamente, a cicatrização pode ser dividida em três grandes fases:
inflamatória, formação tecidual e remodelagem. (RUBBIN, 2006).
A doença venosa crônica geralmente resulta em dor, perda da mobilidade e
de independência funcional, gerando impacto direto na qualidade de vida do
paciente. A fisioterapia objetiva a aceleração do processo de cicatrização, a
recuperação da mobilidade e da independência perdida, visando um retorno mais
rápido do indivíduo à sociedade e às suas atividades funcionais (MAFFEI, 2008).
Uma avaliação precisa proporciona um bom prognóstico e estipula a melhor
conduta terapêutica. Para direcionar o tratamento é fundamental uma acurada
avaliação, além de identificar o estágio do processo cicatricial e decidir a partir dessa
avaliação sistemática e periódica, os protocolos a serem aplicados. (MARQUEZ,
2003).
Os métodos mais utilizados descritos na literatura para mensuração são
classificados em invasivos e não-invasivos, os métodos invasivos possuem
limitações e desvantagens como: lesão tecidual, risco de contaminação local e
imprecisão quanto a área exata da ferida. Os não invasivos, têm sido desenvolvidos
e aprimorados a fim de reduzir as desvantagens impostas pelos métodos invasivos
(DUTHIE, 2002).
Como um recurso para tal finalidade temos o Google Sketchup um software
livre para a criação de projetos arquitetônicos devido a sua alta precisão. Foi
desenvolvido pela At Last Software, uma empresa estadunidense adquirida pela
Google. O programa está disponível para Windows e Macintosh. O SketchUp está
disponível em duas versões: a versão profissional, Pro, e a versão gratuita, Free.
(SketchUp Help Article, 2011).
Grande parte das publicações sobre recursos, tecnologias e procedimentos
para o tratamento de feridas são fragmentadas e frequentemente descontinuas e os
resultados não trazem evidências precisas quanto ao custo/benefício de cada um
deles (DANTAS, 2003).
OBJETIVO
O objetivo do presente estudo é comparar a eficácia das diferentes formas de
mensuração de úlceras descritas na literatura e utilizadas na prática clínica com o
método de mensuração por análise fotográfica através do Google Sketchup, e
- 164 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
pontuar a melhor metodologia a seguir quanto à mensuração de áreas irregulares de
extensão superficial em úlceras crônicas e de diversas etiologias.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter experimental, realizada
através de pesquisa bibliográfica e de campo, os procedimentos foram realizados na
Clínica Escola de Fisioterapia e Enfermagem UNIARARAS no período matutino e
vespertino, com aprovação Comitê de Ética em Pesquisa da UNIARARAS sob o
numero 076/2010.
Os pacientes foram esclarecidos sobre os procedimentos a serem realizados
e após assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e a higienização
do leito e da ferida, foram submetidos a sessões fotográficas e mensurações
manuais para futuras análises comparativas.
As fotos foram padronizadas através de uma régua 3M Health Care, a
distancia média das fotos foram limitadas baseado nas margens inferiores e laterais
da régua onde a mesma se enquadrava na foto, a inclinação das fotos devem
manter o padrão de 180º a partir das bordas da ferida, uma boa iluminação e nitidez
na captação das imagens são itens importantes para uma melhor mensuração.
As imagens serão analisadas pelos métodos de mensuração já utilizados na
prática clínica como: Planimetria Computadorizada, Área Quadrada, Cálculo
Matemático Manual, Medição Comparativa por Peso, Softwares Matemáticos de
Análise Fotográfica (ImageJ, Posturograma e Matlab) e comparadas com o
programa Google Sketchup Free nos seguintes aspectos: Tempo gasto para
executar a tarefa, praticidade, custo beneficio e precisão. Neste trabalho
abordaremos somente a extensão superficial das feridas, as mensurações de
volume e profundidade são medidas realizadas somente com técnicas invasivas não
sendo possíveis mensurações computadorizadas por análise de imagem.
RESULTADOS PARCIAIS E DISCUSSÃO
O presente estudo encontra-se em andamento porem já apresenta resultados
parciais.
Foi selecionada uma foto de um paciente aleatoriamente para aplicação dos
métodos mensurativos que constam nesse projeto, dentre eles já estão em processo
de análise o Google Sketchup Free e a técnica de Área Quadrada.
Os valores obtidos com a mensuração via Google Sketchup Free foram de
11,238 cm² na primeira mensuração e de 9,298 cm² na segunda mensuração
realizada três meses depois da primeira mensuração, mostrando uma redução
1,94cm² + 0,04cm². Esses valores dispostos em porcentagem significam uma
redução de 17,26% + 2%.
- 165 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Figura 1 – Sequencia técnica de mensuração pelo software Google Sketchup - úlcera de
membro inferior esquerdo - Primeira mensuração.
Figura 2 – Sequencia técnica de mensuração pelo software Google Sketchup - úlcera de
membro inferior esquerdo – Segunda mensuração.
Os valores obtidos com a técnica de mensuração da Área Quadrada foram de
20,71cm² na primeira mensuração e 15,14cm² na segunda mensuração realizada
três meses após a primeira mensuração, mostrando uma redução de 5,57cm², a
margem de erro desta técnica ainda está em fase de calculo. Percentualmente
houve uma redução da área lesionada de 26,89% % da superfície irregular total da
lesão.
Figura 3 - Seqüência técnica de mensuração pela técnica de Área Quadrada em úlcera de
membro inferior esquerdo – Primeira mensuração.
Figura 3 - Seqüência técnica de mensuração pela técnica de Área Quadrada em úlcera de
membro inferior esquerdo – Segunda mensuração.
A área quadrada é a técnica mais utilizada dentre os profissionais de
enfermagem, ela consiste na mensuração da ferida por meio de duas retas cruzadas
- 166 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
a 90º que vão das maiores extremidades horizontais e verticais da borda da úlcera.
Os valores são multiplicados entre si, e o resultado é a Área Quadrada subjetiva da
ferida, dada em centímetros quadrados.
A análise do gráfico permite observar uma diferença de 5,85 cm da medida
final entre as técnicas de mensuração.
Dentre as técnicas analisadas (Google Sketchup e Área Quadrada), podemos
observar que no quesito precisão, a técnica do Google Sketchup se demonstra
superiormente eficaz quando comparada a técnica Área Quadrada, devido à técnica
de cálculo pela Área Quadrada selecionar uma área subjetiva que não se enquadra
no padrão de úlcera como podemos observar na Figura 3 e 4.
Nas imagens mensuradas com o software Google Sketchup, podemos
observar que os traços do contorno do programa seguem a margem da borda da
lesão com uma maior precisão desconsiderando as áreas circundantes não
lesionadas.
No Brasil, em estudo epidemiológico realizado em Botucatu (SP) foi
constatada uma prevalência de 35,5%de varizes e formas graves de doença venosa
crônica, sendo que 1,5% apresentavam úlcera aberta ou cicatrizada. Essa alta
incidência é acompanhada por um custo substancial para seu tratamento. A doença
venosa crônica geralmente significa dor, perda da mobilidade e da independência
funcional, gerando impacto direto na qualidade de vida do portador de úlcera crônica
(MAFFEI, 2008). Um acompanhamento fidedigno visa nortear a melhor terapêutica a
ser utilizada para minimizar o impacto que a úlcera implica na vida do paciente.
O monitoramento de úlceras crônicas pode ser realizado por analises
fotográficas seriadas e instrumentos para orientar a avaliação das lesões e
quantificar a cicatrização (DUTHIE, 2002). Porem ainda não exista evidências de um
instrumento de avaliação de ferida definido como ‘padrão ouro’ e que significa que
ainda há muito que pesquisar nessa área de métodos de mensuração não invasivo
(MAFFEI, 2008). Com o objetivo de minimizar os altos custos que um paciente
portador de uma ulcera crônica proporciona ao sistema de saúde enquanto
assistido.
Grande parte das publicações sobre recursos, tecnologias e procedimentos
para o tratamento de feridas é fragmentada, consistindo em relatos isolados sobre
um ou outro tipo de agente tópico ou cobertura em alguns tipos de ferida, tais
estudos são frequentemente descontinuados, e os resultados não trazem evidências
- 167 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
precisas quanto a custo/benefício de cada um deles por falta de comprovações
quantitativas e fidedignas (DANTAS, 2003). Isso demonstra que, muito há que se
pesquisar nesse campo não só para aperfeiçoar tais recursos, como para torná-los
acessíveis, mediante o desenvolvimento de tecnologias mais simples e baratas,
igualmente eficientes, pois um dos desafios para o profissional é o elevado custo de
tais recursos, em sua maioria importados e cuja tecnologia é patenteada por
empresas multinacionais (ERENO, 2003). O Google Sketchup um software livre
para a criação de projetos arquitetônicos devido a sua alta precisão, está disponível
para Windows e Macintosh em duas versões: a versão profissional, Pro, e a versão
gratuita, Free. (SketchUp Help Article). Sua aplicação na área de mensuração de
áreas irregulares tem demonstrado grande eficiência em várias linhas de pesquisa
porem ainda necessite de um estudo comparativo para comprovar e pontuar sua
eficácia comparado as demais técnicas utilizadas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para uma comparação mais eficaz de todas as técnicas, é necessária a
análise de todos os quesitos descritos na metodologia.
Espera-se com a utilização do Google SketchUp, poder tornar os resultados
dos estudos mais fidedignos, devido a sua alta precisão de mensuração da área de
extensão irregular das feridas, e auxiliar a conduta a ser realizada o que torna mais
eficaz o estudo da evolução de equipamentos e tratamentos aplicados em úlceras
de diferentes etiologias minimizando os altos custos gerados para tais tecnologias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Dantas, S.R.P.E. Aspectos históricos do tratamento de feridas. In: Jorge SA.
Abordagem Multiprofissional do tratamento de feridas. São Paulo: Atheneu,
2003. cap. 1, p. 3-6.
Duthie, E.H.; Katz P.R. Geriatria Prática. 3.ed. Rio de Janeiro:Revinter; 2002.
Ereno D. Curativo de Borracha. Revista Pesquisa Fapesp, número 88, junho de
2003, disponível em < http://www.fapesp.org.br/www.revistapesquisa.fapesp.br>
GOOGLE Inc. SketchUp Help Article. Disponível em:<http://sketchup.google.com/>.
Acesso em: 20 de maio 2011.
Maffei, F.H.A. Insuficiência venosa crônica: diagnóstico e tratamento clínico. In:
Maffei F.H.A.; Lastória S.; Yoshida W.B.; Rollo,H.A et al. Doenças vasculares
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Rio de Janeiro: Livraria e Editora Revinter Ltda 2003, cap. 2, p. 11-23.
Rubin, E.; Farber, J.L. Bases clinicopatológicas da medicina. 4.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. xx, 1625p.
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PALAVRAS-CHAVES: Mensuração, Feridas , Úlceras.
- 169 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
CONHECIMENTO DOS EFEITOS ADVERSOS DAS ESTATINAS E SUA
UTILIZAÇÃO POR PACIENTES DA CIDADE DE MADRID - ESPANHA
GIMENEZ-CASSINA, B.2 BATISTELA, A.C.T.1,3 DÍAZ, S.2 MARTÍNEZ, L.2 TOBARUELA, G.2
IGLESIAS, I.4
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
Orientador.
4
2
Profissional;
3
Docente;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A hiperlipidemia constitui uma importante causa de aterosclerose e doenças
associadas a ela. Essas afecções são responsáveis pela maior parte da morbidade
e mortalidade entre adultos de meia-idade e de idade mais avançada (COLL DE
TUERO e RODIGUEZ, 2010; MAHLEY e BERSOT, 2007).
As estatinas são os agentes mais efetivos e bem tolerados para o tratamento da
dislipidemia. Esses fármacos são inibidores competitivos da 3-hidroxi-3-metilglutaril
coenzima A (HMG-CoA) redutase, que catalisa uma etapa inicial e limitante de
velocidade na biosíntese do colesterol (MAHLEY e BERSOT, 2007).
No entanto, Nefussy et al. (2011); Pardo et al. (2010) citam que a utilização de
estatinas podem provocar alguns efeitos adversos como dor muscular, debilidade,
gastrointestinais, alterações no sono, perda de memória, disfunção sexual,
depressão e enfermidade intersticial pulmonar.
Portanto, provavelmente os efeitos adversos das estatinas são subestimados pelo
beneficio que representa o seu uso (COLL DE TUERO e RODIGUEZ, 2010;
MOSTAZA PRIETO et al., 2006)
OBJETIVO
Verificar o conhecimento dos efeitos adversos das estatinas e sua utilização por
pacientes da cidade de Madrid – Espanha.
MATERIAL E MÉTODOS
O modelo metodológico abordado neste estudo foi observacional, transversal,
retrospectivo e retrogrado.
Participaram do estudo 42 sujeitos ambos os gêneros, composto por 20 mulheres e
22 homens, que foram divididos em grupos de idades entre 1 a 14 anos, 15 a 20
anos, 21 a 65 anos e > que 65 ano de idade, no período de Dezembro 2010 a
Fevereiro 2011
Os sujeitos foram convidados verbalmente a participarem da pesquisa, foram
esclarecidos sobre o objetivo do estudo e os que concordaram a participar
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos os
participantes que não utilizavam o principio ativo de estatina.
Foi aplicado um questionário estruturado e adaptado para este estudo contendo 11
questões sobre a utilização e conhecimento dos efeitos adversos das estatinas. O
mesmo foi aplicado uma única vez aos participantes, os quais receberam
- 170 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
esclarecimentos detalhados sobre as questões do formulário para sua correta
compreensão. A aplicação do questionário foi realizada por quatro pesquisadores
envolvidos neste estudo, que tinham um conhecimento profundo do mesmo. O
estudo foi realizado em uma única farmácia na cidade de Madrid-Espanha.
Para analisar os dados, foi realizado um analise descritiva expressada em
porcentagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Do total dos pacientes entrevistados, 52% foram homens e 48% foram mulheres. Em
relação ao gênero e idade no consumo de estatinas, verificou que 55,0% das
mulheres que utilizam estes fármacos são maiores de 65 anos e 45,0% têm idades
entre 21 e 65 anos. Por outro lado, 59,1% dos homens que utilizam estatinas são
maiores de 65 anos e 40,9% têm entre 21 e 65 anos de idade.
Conforme apontado na literatura, homens e mulheres de idade avançada são
beneficiados de forma similar pelos efeitos das estatinas (HELFAND, CARSON e
KELLEY, 2006).
Neste estudo observou que a estatina mais utilizada é a Simvastatina (67%) seguida
da Atorvastatina (19%), Rosuvastatina (10%), Pravastatina e Lovastatina (2%
ambas). Segundo Helfand, Carson e Kelley (2006) a sinvastatina, a atorvastatina e a
rosuvastatina são consideradas estatinas de elevada potência, pois conseguem
reduzir os níveis de colesterol em mais de 40% dos indivíduos que a utilizam.
Outro resultado encontrado foi em relação ao conhecimento dos efeitos adversos
provocados pela utilização das estatinas, que do total de sujeitos entrevistados 79%
não mencionaram e não conhecem nenhum efeito adverso das estatinas, 14%
mencionam um efeito adverso e 7% citam três ou mais efeitos adversos.
Nos estudos de Saez de La Fuente et al. (2011) e Badia Llach (2005) citam que a
importância do conhecimento dos efeitos adversos da estatina faz com que os
indivíduos aumentam a aderência ao tratamento.
Em relação ao tempo de utilização de estatinas e a incidência de efeitos adversos,
observou-se que 74% dos sujeitos entrevistados utilizam estatinas há mais de um
ano, 19% entre 3 meses e um ano, 5% começou a tomar alguma estatina há menos
de 3 meses e 2% é a primeira vez. Contudo, 79% dos sujeitos nunca apresentaram
nenhum efeito adverso. As pessoas que apresentaram efeitos adversos foram
principalmente os pacientes que utilizavam estatina há mais de um ano, e os efeitos
mais comuns foram problemas musculares (6,25% dos casos), transtornos
gastrointestinais (6,25% dos casos), problemas dermatológicos (3,13% dos casos) e
problemas relacionados com o sistema nervoso central (3,13% dos casos).
Esses efeitos adversos estão relacionados mais aos pacientes que fizeram uso da
Simvastatina, onde 14,3% apresentaram algum problema muscular, 10,8%
apresentou algum sintoma gástrico, dermatológico ou relacionado com o sistema
nervoso central.
Alguns estudos verificaram que os pacientes que recebem tratamento com estatinas
têm escassa informação sobre o tratamento farmacológico e seus efeitos adversos
(SHROUFI e POWLES, 2010; MOSTAZA PRIETO et al., 2006). Contudo, é
importante ressaltar como limitações neste estudo que os resultados encontrados se
limitam a nossa amostra e que esta foi relativamente pequena.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
- 171 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Conclui-se desta maneira que a Sinvastatina e a Atorvastatina foram as mais
utilizadas pelos sujeitos da casuística. No entanto, a maioria das pessoas que
tomam estatinas desconhece os efeitos adversos, sendo que o seu conhecimento é
imprescindível para que os indivíduos aumentem sua adesão ao tratamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PALAVRAS-CHAVES: Estatinas, Efeitos adversos, Utilização.
- 172 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ESTUDO PRELIMINAR DA REPRODUÇÃO INDUZIDA DE HÍBRIDOS
INTERESPECÍFICO DE CACHAPINTA (Pseudoplatystoma reticulatum X
Pseudoplatystoma corruscans)
SENHORINI A.A1, SIGNORINI C.E1,SENHORINI J.A2,
1
Fundação Hermínio Ometto – Uniararas, Av. Maximiliano Baruto, 500 – Jardim Universitário, Araras,
SP.
2
Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais – CEPTA/ICMBio, Rod. SP 201,
km 6,5; C.P. 64; CEP 13630-970, Pirassununga, SP.
INTRODUÇÃO
A piscicultura vem assumindo no Brasil um importante papel na economia
nacional, como uma alternativa de diversificação de negócios agropecuários,
otimizando recursos disponíveis e resíduos não aproveitados em propriedades
rurais. A técnica de hibridação em cativeiro vêem sendo muito empregada para
aumentar os rendimentos da produção (PAULA, 2009). A hibridação é um processo
natural que pode ocorrer entre espécies e populações que convivem num dado
ambiente. Esta mistura de genomas, contudo, ocorre geralmente em freqüência
baixa em ambiente natural, sendo um fenômeno quase raro pelas combinações
fisiológicas que a determinam (PORTO-FORESTI et al., 2008). Em trabalhos
realizados com híbridos naturais, as análises revelaram que o processo de
hibridação natural pode produzir genótipos que estabelecem novas linhagens
evolutivas (ARNOLD E HODGES, 1995). A hibridação tem o objetivo de aproveitar o
máximo do vigor de heterose através da junção de espécies diferentes (SENHORINI
et al., 1988) ou que reúnam qualidades vantajosas de ambos os parentais
(FORNELE-SANTOS et al. 2002). Essa atividade encontra-se incorporada à rotina
de trabalho de muitas estações de piscicultura no Brasil, e suas vantagens
concentram-se, essencialmente, na facilidade de manejo da técnica e em sua
execução prática, que permitem sua aplicação até mesmo nas do tipo extensivo
(PORTO-FORESTI et al., 2008).
A ordem Siluriformes compreende um grupo de peixes extremamente grande,
diverso e amplamente distribuído nas regiões tropicais de todo o mundo (BURGES,
1989; FERRARIS, 1995). São peixes que geralmente habitam o fundo dos rios,
permanecendo entre as rochas e a vegetação. Possuem formas e tamanhos
extremamente variados com hábitos predominantemente crepusculares e noturnos
(PAXTON E ESCHMEYER 1995). A principal característica externa das espécies
pertencentes a esta ordem é a ausência de escamas, sendo os peixes revestidos
por uma pele espessa ou então cobertos por placas ósseas, total ou parcialmente;
são conhecidos como peixes de couro, cascudos, acaris, entre outros (BRITSKI et
al., 1984).
OBJETIVOS
Observar a resposta à propagação artificial da segunda geração (F1) da
fêmea dos híbridos de fêmea de cachapinta (♀ Pseudoplatystoma reticulatum x ♂
Pseudoplatystoma corruscans) com o macho de pintado. Também se quer analisar a
viabilidade da reprodução, e a criação de larvas até 30 dias de idade.
- 173 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho está sendo conduzido no Laboratório de Genética e Reprodução
de Peixes do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais
CEPTA/ICMBio, em Pirassununga/SP, no período de 6 a 28 de janeiro de 2011.
Para a indução à reprodução selecionou-se 1 ♀ e 1 ♂ de cachapinta (♀
Pseudoplatystoma reticulatum x ♀ Pseudoplatystoma corruscans) pesando 1,35 e
1,30 kg, respectivamente. Os exemplares híbridos foram capturados no rio Mogi
Guaçu, município de Pirassununga/SP, identificados segundo Porto-Foresti et al.
(2008), e mantidos separado por sexo em 2 tanques retangulares com capacidade
de 3000 L, fluxo de água constante, vazão de 24 L∙min-1, a temperatura de 27°C.
Para a indução à reprodução utilizou-se o método de hipofisação (Bernardino
et al. 1993). A fêmea recebeu extrato bruto de hipófises de Cyprinus carpio EBHC/kg
administrados na base da nadadeira peitoral, uma dose preparatória de 0,5 mg de
peixe, e após 10 horas de intervalo, 5,0 mg EBHC/kg de peixe; já o macho recebeu
dose única de 1,0 mg de EBHC /kg de peixe, administrado na mesma hora da
segunda dose da fêmea.
A extrusão dos ovócitos foi realizada manualmente, e a sua fertilização
realizada pelo método a seco. O momento da desova foi estimado pelo cálculo:
Hora-grau = TD2 ∙ tA
em que:
TD2 é o tempo necessário para a desova a partir da administração da segunda dose
de EBHC (h)
tA é a temperatura da água (°C).
A fêmea de cachapinta liberou 57,59, de ovócitos que foi fertilizado com
semen de pintado, e os ovos incubado em 1 incubadora tipo funil, construído em
fibra de vidro com capacidade de 20 L, com circulação constante de água e
temperatura de incubação dos ovos, de 29,0 ± 0,5°C. Foram coletadas 5
subamostras de ovócitos contendo 0,47; 0,58; 0,71; 0,34 e 0,38 g e contadas
visando à determinação do número de ovócitos/grama. As vazões da água variaram
de 0,5 a 1,0 L/min, aumentando-se posteriormente para 3,0 L/min logo após o
estádio de fechamento do blastóporo da incubadora.
Foram coletados dados do número dos ovócitos extrusados/g, horas-grau
para a eclosão das larvas, porcentagem de larvas eclodidas (%) e tamanho das
larvas (mm), 10 horas pós-eclosão.
Larvas de F2, com 4 dias de vida, apresentando peso e comprimento de 0,4 ±
0,1 mg, 3,8 ± 0,5 mm, na densidade de 10 larvas/litro, foram casualmente divididas
em 5 incubadoras verticais com capacidade para 40 L cada, sendo mantidas com
volume de 30 L de água, aeração artificial constante, produzida por compressor e
pedra porosa, e renovação de água equivalente a 10 trocas por dia. As larvas foram
alimentadas com náuplios de Artemia salina, fornecidos pela manhã (9h) e à tarde
(17h), em uma concentração de 100 ± 9 indivíduos/larvas por alimentação.
Diariamente, às 8h30 min, foram medidas as variáveis temperatura (°C) e
oxigênio dissolvido (mg/L) da água em cada unidade, na profundidade média de 5
cm, utilizando-se um oxigenômetro, provido de um termistor acoplado a uma sonda.
Em intervalos de 3 dias, foram coletadas amostras de água às 9 h para
determinação da concentração de amônia (mg/L), por espectrofotometria, e do
potencial hidrogeniônico (pH) com auxílio de um peagâmetro digital.
- 174 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Para acompanhamento da criação, coletou-se aleatoriamente no início do
estudo uma amostra de 50 larvas de cachapinta F2, que foram submetidos à
biometria (comprimento total, em mm e do peso total, em mg). Após 16 dias de
criação, todos os peixes foram, contados e submetidos a novas mensurações, para
se determinar a sobrevivência, peso e comprimento totais e finais. Ao final desse
período, o crescimento absoluto foi calculado segundo Ricker (1979): T = (Wf - Wi) /
t em que: T é a taxa de crescimento absoluto (mg/dia), Wf é o peso médio final (mg),
Wi é o peso médio inicial (mg) e t é o tempo de criação em dias.
Os dados das variáveis físicas e químicas da água das unidades
experimentais serão comparados pelo teste não paramétrico “U” de Mann-Whitney
(Zar, 1999), ao nível de significância de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A fêmea de cachapinta (Pseudoplatystoma reticulatum x Pseudoplatystoma
corruscans) respondeu com sucesso ao tratamento hormonal sinalizando o
momento da desova, com contrações abdominais que ocorreram com 199,5 horasgrau, 7 h após a aplicação da segunda dose de EBHC, temperatura da água a
28,5°C, quando foi realizada a extrusão dos ovócitos que se apresentaram livres
opacos e de coloração alaranjada, tendo sido liberados pela fêmea híbrida 111,69
gramas de ovócitos (média = 2290,6 ± 57,8 ovócitos/grama).
A fêmea liberou 57,59 de ovócitos que após fertilizados e contados resultou
em 131881 ovos, o tempo de eclosão das larvas foi de 406 horas grau resultando
em larvas com tamanho médio de 3,8 ± 0,4 mm e sobrevivencia média de 94,0 ± 3,0
A média e desvio padrão do comprimento médio inicial (Li) e final (Lf), peso
médio inicial (Wi) e final (Wf), crescimento absoluto (T) e sobrevivência final (S) das
larvas de cachapinta (P. reticulatum x P. corruscans) após 16 dias de criação foi de
3,8 ± 0,5; 17,2b ± 1,9; 0,4 ± 0,1; 29,7 ± 9,4; 17,9; 64,5, respectivamente.
As variáveis físicas e químicas da água não apresentaram diferença
significativa entre os tratamentos e entre as unidades experimentais. A temperatura
variou de 26,4 a 29,0°C, o oxigênio dissolvido de 5,4 a 6,1 mg/L, pH de 6,7 a 7,1 e a
amônia de 0,11 a 0,13 mg/L para os dois tratamentos.
O híbrido cachapinta resultante do cruzamento entre ♀ Pseudoplatystoma
reticulatum x ♂ Pseudoplatystoma corruscans é fértil e seus juvenis são viáveis pelo
menos até 16 dias de criação. Tal constatação pode representar sérios riscos de
contaminação genética aos estoques naturais das espécies nativas de peixes do
sistema Mogi-Pardo-Grande, em especial à espécie P. corruscans.
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ÓRGÃO FINANCIADOR
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade ICMBio
CEPTA - ICMBio
PALAVRAS-CHAVE: Pseudoplatystoma reticulatum; Pseudoplatystoma corruscans;
reprodução induzida.
- 177 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
LABORATÓRIO DE CULTURA CELULAR: NORMAS, EQUIPAMENTOS E
PROCEDIMENTOS PARA CULTIVO
TORRICELLI, C.1,2; RAMOS JUNIOR, F. P.1,2; BOMFIM, F. R. C.1,3,4; MORSOLETO, M. J. M.
S. 1,3,5.
3
4
¹Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, Araras, SP, ²Discente, Docente, Co-orientador,
5
Orientador.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Os cultivos de células têm sido cada vez mais utilizados em laboratórios, para
substituir o constante uso de animais em experimentos (CURI; MARTINS, 2005).
Células e tecidos de seres humanos, de animais ou provenientes de plantas podem
ser cultivados através de técnicas específicas em um ambiente controlado que
favoreça a multiplicação celular, ou seja, mimetizando in vitro as condições in vivo
(LOPES; MENCACCI, 2009). Assim, estudos com linhagens humanas contribuíram
muito pra o uso do cultivo celular como ferramenta para o entendimento de
processos biológicos (CURI; MARTINS, 2005).
A cultura in vitro de células-tronco exige um laboratório muito bem equipado e uma
série de cuidados. O uso de toucas, luvas e um avental exclusivo para a cultura são
de extrema importância (PAZ; LUGO, 2007). Além disso, todo o material usado para
culturas celulares deve ser estéril para fornecer uma barreira entre o ambiente
externo e a cultura celular, já que o operador, o ar, as bancadas, as soluções e
vidrarias podem favorecer a contaminação (SILVA, 2005) por bactérias, micoplasma
ou fungos para dentro do laboratório (TIMENETSKY, 2005). Por isso, deve-se ter
boa conduta na limpeza do ambiente, dos equipamentos e objetos utilizados ao
decorrer do experimento para que haja manutenção da esterilidade do ambiente,
para isso, são utilizados agentes físicos como: aquecimento em autoclave, radiação
ultravioleta, radiação ionizante e filtração.
Um equipamento importante que não pode ser dispensado em cultura celular é a
câmara de fluxo laminar, utilizada para proteger as culturas que são manipuladas,
evitando sua contaminação (GORJÃO; OLIVEIRA, 2005). Além disso, no laboratório
não pode faltar a estufa de CO2 para manutenção da cultura, pois nela são
armazenadas placas e frascos contendo a cultura celular, que requerem uma
atmosfera controlada com alta umidade e a correta mistura de CO 2 para se
proliferarem (FRESHNEY, 2005).
OBJETIVOS
Este trabalho tem o intuito de trazer informações sobre a organização de um
laboratório de cultura celular, equipamentos e materiais utilizados para o manejo da
cultura, normas e procedimentos para realizar uma cultura de células ósseas,
explanar os tipos de cultura e a forma de procedê-los, verificar a viabilidade celular
através da técnica do azul de Tripan e realizar a contagem de células viáveis e
inviáveis através da Câmara de Neubauer.
METODOLOGIA
- 178 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Este projeto foi aprovado pelo comitê de Ética da Escola Paulista de Medicina da
Universidade Federal de São Paulo sob nº 118/2010.
Segundo Silva (2005), é de extrema importância a esterilidade no laboratório de
cultura celular, para isso são necessários equipamentos e materiais que perpetuem
a mesma enquanto a cultura é manejada, a fim de evitar contaminação.
Assim, para confeccionar a cultura celular, foi necessário extrair o osso compacto de
ratos Wistar indiferentemente do gênero, além disso, pedaços de tecido ósseo de
outros experimentos que estão em andamento foram compartilhados, desde que não
comprometessem o desenvolvimento da cultura celular.
A partir disso, as células ósseas sofreram digestão mecânica e enzimática, e foram
suplementadas com meios de cultura (MEM, Sigma), transferidas para as garrafas
de cultura e incubadas em estufa de CO2 contendo 5% de CO2 em temperatura
constante de 37°C. Após 7 dias de incubação, verificou-se a viabilidade celular
através da técnica do azul de Tripan e a contagem foi realizada pela câmara de
Neubauer, segundo Gorjão (2005). Para isso, o caldo da cultura foi colocado em
presença do reagente azul de Tripan, em proporção de 1:1 e procedeu-se a
contagem em microscópio óptico das células viáveis e inviáveis. Sabe-se que este
reagente é excluído do citoplasma de células viáveis, permanecendo transparentes,
porém as células mortas são incapazes de excluí-lo, aparecendo azuis (MASCOTTI;
MCCULLOUGH; BURGER, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A primeira cultura de tecido ósseo, cultivada no Centro Universitário Hermínio
Ometto – Uniararas foi realizada em uma iniciação científica compartilhada entre os
cursos de Biomedicina e Farmácia.
Foi verificada a viabilidade celular, através da técnica do azul de tripan, em uma
cultura de 7 dias, isto é, se houve ou não proliferação na placa de cultura após
seguir rigorosamente todas as normas para cultivo e manejo celular. Deste modo, foi
feita a quantificação das células através da Câmara de Neubauer.
A quantificação de uma cultura celular é importante para que se caracterize o
crescimento de células para análises experimentais, estabelecendo assim,
condições da cultura para a manutenção de linhagens celulares partindo de uma
cultura primária (FRESHNEY, 2005).
A câmara de Neubauer é o instrumento mais utilizado para este fim, por ser um
método simples, barato e seguro. Através de um microscópio, as células podem ser
visualizadas e contadas, assim consegue-se verificar sua viabilidade (GORJÃO,
2005).
Em nosso estudo, a concentração total de células na suspensão original foi
calculada seguindo a fórmula de Gorjão (2005):
- 179 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Nosso estudo obteve um número de células/mL em níveis significativamente acima
dos padrões quando comparado com descrito por Rosa (2004) que foi de 1x10 4
células/mL em uma cultura de 6 dias.
Do mesmo modo como descrito em Gorjão (2005), utilizou-se o número 2 como fator
de diluição, pois foi utilizada uma quantidade de azul de Tripan equivalente a
utilizada de cultura celular diluída.
Além disso, verificou-se a porcentagem de viabilidade celular. Sendo 10 o total de
células viáveis, dividiu-se esse valor pelo número total de células encontradas.
Assim, obteve-se a porcentagem de células viáveis através do cálculo matemático,
proposto em Gorjão (2005):
A viabilidade de 47,62% encontrada em nosso estudo para uma cultura de 7 dias é
considerada próxima aos padrões de viabilidade celular, tendo como base o que
Rosa (2004) descreve em seu trabalho, no qual uma cultura de 4 dias possuía
viabilidade de 27%, assim projeta-se que em uma cultura de 7 dias obtenha-se
47,25% de células viáveis.
Porém, Gorjão (2005) considera que a porcentagem de viabilidade celular deva ser
superior a 90%, para se obter uma maior confluência celular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É de extrema importância que cada procedimento em um laboratório de cultura seja
realizado adequadamente e cautelosamente para evitar qualquer tipo de
contaminação. E para que isso ocorra é necessário que o operador, antes de
começar um experimento, saiba exatamente como o mesmo deve proceder, quais
etapas serão realizadas, quais materiais e equipamentos serão necessários e quais
os trajes adequados para trabalhar com células. Há também a necessidade de um
treinamento específico para realizar o trabalho de cultura celular. Agindo dessa
forma, minimizam-se os erros e os resultados se tornam mais confiáveis.
Foi possível avaliar pelo reagente azul de Tripan uma porcentagem acima dos
padrões de viabilidade celular para uma cultura osteoblástica de 7 dias, assim, podese afirmar que o objetivo do estudo foi alcançado, pois obteve-se uma viabilidade
positiva. Porém, há necessidade de maiores estudos para aplicações mais
assertivas, pois mediante o resultado encontrado, os pesquisadores consideram que
precisam aprimorar a técnica para aumentar a viabilidade celular.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- 180 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
CURI, R.; MARTINS, A. K. A. Cultura de células: história e perspectivas. In: PERES,
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Cap. 1, p. 3-4.
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New York: Wiley-Liss, 2005. 580 p.
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células. In: PERES, C. M.; CURI, R. Como cultivar células. Rio de Janeiro:
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Disponível em: http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=44&id=157929.
Acesso em: 17 nov. 2010.
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trypan blue versus acridine orange and propidium iodide. Transfusion, v. 40, p. 693696, jun. 2000.
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EDUCS, 2007. p. 105-8.
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Campos: Universidade do Vale do Paraíba, 2004. Dissertação de mestrado - PPG
em Engenharia Biomédica da Universidade do Vale do Paraíba, São José dos
Campos, 2004. p. 71-82.
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PERES, C. M.; CURI, R. Como cultivar células. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005. Cap. 2, p. 7-9.
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Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 23, p. 137-142.
TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
ÓRGÃO FINANCIADOR: Propesq/ Uniararas
PALAVRAS-CHAVE: Cultura celular, viabilidade, célula óssea.
- 181 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
AVALIAÇÃO MULTICRITÉRIOS EM UM SISTEMA DE APOIO À DECISÃO
ANTONELLO, S. L.1,4
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
6
Docente; Co-orientador; Orientador.
4
2
Discente;
3
Profissional;
[email protected]
INTRODUÇÃO
Decidir pode ser entendido como a escolha entre alternativas na busca de solução
para um problema. A teoria da decisão aborda a questão da lógica com que se
chega a uma escolha dentre várias alternativas possíveis. Diante disto é possível
afirmar que o ato de decidir corresponde a deliberar, ou seja, dar preferência a uma
alternativa após compreensão sobre determinado problema. Eastman (2003) coloca
que as alternativas variam de problema para problema, podendo ser ações
alternativas, hipóteses alternativas sobre um fenômeno ou objetos alternativos de
um conjunto deles dentre outros. Um modelo para tomada de decisão, segundo
Simom (1960) é dividido em três fases: a) o reconhecimento, que consiste na
identificação do problema ou de uma oportunidade de mudanças; b) desenho, que
consiste na verificação e estruturação no processo de tomada de decisões
alternativas; c) escolha, que está relacionada com a avaliação e com o processo de
escolha de uma melhor alternativa. Na década de 60 surgiram as primeiras
ferramentas computacionais que, de alguma forma, passaram a dar algum suporte
às decisões a serem tomadas. Desde então, é possível observar evolução neste tipo
de aplicação, influenciada pelo avanço tecnológico de hardware e software, pelas
necessidades governamentais e pela competitividade comercial na iniciativa privada
(Antonello, 2008). Neste processo alguns softwares passaram a fazer uso de
modelos lógicos para auxiliar os administradores a tomar decisões. A Avaliação
Multicritérios propicia condições para trabalhar com situações nas quais há a
necessidade de identificação de prioridades sob a ótica de múltiplos critérios,
considerando inclusive a hipótese de existirem interesses conflitantes em relação
aos critérios considerados. Os resultados apresentados por este trabalho mostram o
uso da Avaliação Multicritérios, através do software FGest (Antonello, 2008), na
definição de áreas prioritárias à restauração florestal na bacia hidrográfica do rio
Corumbataí-SP.
OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo o uso da Avaliação Multicritérios, através do
software FGest, na definição de áreas prioritárias à restauração florestal na bacia do
rio Corumbataí, SP, visando à conservação de recursos hídricos. Os resultados da
avaliação devem contribuir para o planejamento e gestão da bacia hidrográfica tendo
como base três cenários segundo métodos de avaliação Combinação Linear
Ponderada e Média Ponderada Ordenada.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
- 182 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Schoemaker e Russo (1993) identificam quatro métodos segundo os quais
indivíduos tomam decisões: intuitivo, axiomático, por alternativas e por valores. No
caso de decisões por alternativas o processo é estruturado, sendo necessário
avaliar e dar pesos às alternativas existentes. Aqui encontram-se os modelos de
pesquisa operacional clássica, sendo aplicado às decisões de maior complexidade.
O FGest é um software de apoio à decisão que se aplica principalmente ao método
por alternativas. Possibilita a apresentação de resultados utilizando técnicas de
Avaliação Multicritérios baseadas em Processo Hierárquico Analítico, Combinação
Linear Ponderada e Média Ponderada Ordenada.
O método Processo Hierárquico Analítico (SAATY, 1980) permite aos tomadores de
decisão modelar problemas complexos numa estrutura onde o problema de decisão
é decomposto em níveis organizados em uma hierarquia. No topo da hierarquia
encontra-se o objetivo final, seguido em um nível logo abaixo pelos atributos
(critérios). Estes atributos podem ser subdivididos em atributos de menor
complexidade. Na base da hierarquia encontram-se as alternativas propostas na
forma de cenários.
A abordagem multicritérios caracteriza-se pela construção de vários critérios
utilizando diversos pontos de vista. Para Oliveira (2007) estes pontos de vista
representam os eixos pelos quais os diversos atores de um processo decisório
justificam e questionam suas preferências.
Baseado em Vettorazzi (2006) foram estabelecidos cinco critérios (mapas), também
chamados de fatores: adequação do uso da terra; erodibilidade do solo; erosividade
da chuva; proximidade à malha viária; e proximidade à rede hidrográfica, e como
restrições: as áreas de floresta nativa, de cerrado, a Floresta Estadual Navarro de
Andrade em Rio Claro, as áreas de mineração, a rede hidrográfica, a malha viária e
as áreas urbanas, ou seja, todas as áreas onde não foi considerada a possibilidade
de restauração da cobertura florestal.
Antonello (2008) destaca que além da escolha do método a ser adotado na
avaliação multicritérios deve-se estar atento em como possibilitar que atributos com
valorações diferentes possam ser combinados no processo de avaliação. Como
comparar a declividade que tem sua quantificação em grau de inclinação com um
atributo que se quantifica pela distância em metros, ou ainda, por um atributo que se
quantifica pelo valor do solo para determinado tipo de cultura agrícola? O
procedimento chamado Padronização ou Normalização possibilita equacionar esse
descompasso de valoração de atributos, pelo qual é necessário submeter todos os
atributos envolvidos no processo de avaliação a uma padronização linear. Uma
forma de padronização é reescalonar a faixa de valores de cada atributo numa base
numérica comum, baseada na lógica Fuzzy. Neste trabalho todos os mapas de
fatores foram padronizados a uma escala comum de 0 a 255.
Para a apresentação dos cenários propostos foram utilizadas as avaliações CLP e
MPO. Na CLP os pesos de compensação dos fatores foram calculados a partir de
uma matriz de comparação pareada, em função da definição da importância relativa
de cada fator e aplicados em cada fator, resultando em mapas ponderados que
cruzados geraram como primeiro produto um mapa de adequação segundo o
método CLP.
Importante passo no processo de avaliação MPO é estabelecer o ranqueamento dos
fatores para receber um segundo conjunto de pesos, que são os pesos de
ordenação. O resultado do ranqueamento indica o grau de influência do fator no
- 183 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
processo de análise. Outro produto aqui gerado foi o mapa de adequação segundo o
método MPO.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No que diz respeito à comunicação com Sistemas de Informação Geográfica, o
FGest propicia comunicação com o Spring e com o ArcGIS. Quanto ao Spring o
FGest possui opção de importação e exportação de mapas raster, enquanto que
para o ArcGIS o FGest lê e grava diretamente os arquivos raster no formato ASCII
do ArcGIS.
A vantagem de o FGest trabalhar com um padrão de mapa raster consiste em que
os algoritmos de processamento de padronização de fatores, ranqueamento e das
avaliações pelos métodos CLP e MPO e suas respectivas subrotinas não
necessitam serem reestruturados quando fontes de dados diferentes dos padrões
Spring e ArcGIS forem utilizadas.
Considerando que os critérios que interferem na escolha de áreas prioritárias à
restauração florestal na bacia do Rio Corumbataí, SP, visando à conservação de
recursos hídricos, contribuem com pesos diferenciados no processo final de decisão,
estabeleceu-se uma ponderação de acordo com a importância de cada um para a
aptidão da área.
Para a ponderação dos fatores, foi utilizada a escala contínua de nove pontos na
comparação pareada (Eastman, 2003) que apresenta os valores 1/9 (Extremamente
menos importante), 1/7 (Muito fortemente menos importante), 1/5 (Fortemente
menos importante), 1/3 (Moderadamente menos importante), 1 (Igualmente
importante), 3 (Moderadamente mais importante), 5 (Fortemente mais importante), 7
(Muito fortemente mais importante) e 9 (Extremamente mais importante).
Na comparação pareada foi definido que: a erodibilidade do solo é igualmente
importante a adequação do uso do solo; a erosividade da chuva é fortemente menos
importante que a adequação do uso do solo e a erodibilidade do solo; a proximidade
à malha viária está entre igualmente importante e moderadamente mais importante
que a adequação do uso do solo, é moderadamente menos importante que a
erodibilidade do solo, e é moderadamente mais importante que a erosividade da
chuva; e a proximidade à rede hidrográfica é moderadamente mais importante que a
adequação do uso do solo, está entre igualmente importante e moderadamente mais
importante que a erodibilidade do solo, é muito fortemente mais importante que a
erosividade da chuva e moderadamente mais importante que a proximidade à malha
viária.
O FGest propôs um ranqueamento após o processo de avaliação pelo método CLP
que foi utilizado para definir a ordem inversa de influência dos fatores no resultado
final. O fator menos influente é a erosividade da chuva, seguido por adequação ao
uso, proximidade à malha viária, erodibilidade do solo e, finalmente, pelo fator
proximidade à rede hidrográfica, que é o mais influente.
Um primeiro cenário foi produzido pelo método CLP, que gerou um mapa
reclassificado em cinco níveis de prioridade à restauração florestal, onde 35,84% da
área analisada pode ser considerada com prioridade muito alta para restauração
florestal, 55,55% com prioridade alta, 8,78 com prioridade média, 0,05% com
prioridade baixa enquanto não ocorreu a prioridade muito baixa.
Baseado na avaliação CLP foram gerados mais dois cenários de avaliação MPO,
baseados no risco médio/baixo e risco médio/alto. O primeiro cenário MPO refere-se
- 184 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ao risco médio/baixo com 13,82% da área analisada tendo prioridade muito alta para
restauração florestal, 11,11% com prioridade alta, 64,26% com prioridade média,
10,66% com prioridade baixa e 0,15 com prioridade muito baixa. O segundo cenário
MPO refere-se ao risco médio/alto com 87,26% da área analisada tendo prioridade
muito alta para restauração florestal, 12,60% com prioridade alta, 0,14% com
prioridade média enquanto não ocorreu prioridade baixa e prioridade muito baixa.
Pode-se concluir que os números apresentados nos três cenários apontam a bacia
do rio Corumbataí como uma bacia fortemente antropizada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O FGest é um software que se encaixa muito bem no papel de produzir informações,
a partir de dados mapeados, para serem usadas em processos decisórios que
envolvam questões ambientais com necessidades de espacialização dos dados.
Embora tenha sido utilizado para definição de áreas de restauração florestal na
bacia hidrográfica do rio Corumbataí-SP, o FGest pode ser usado em outras áreas
de planejamento e gestão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTONELLO, S. L. Um Sistema de planejamento e gestão para bacias
hidrográfica com uso de análise multicritérios. 2008. 130 p. Tese (Doutorado em
Ecologia Aplicada) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Universidade
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VETTORAZZI, C. A. Avaliação multicritérios, em ambiente SIG, na definição de
áreas prioritárias à restauração florestal visando à conservação de recursos
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Piracicaba, 2006. Disponível em:<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/livredoce
ncia/11/tde-06072007-103043/>. Acesso em: 13 jun. 2007.
PALAVRAS-CHAVES: Avaliação multicritérios; Combinação Linear Ponderada; Média
Ponderada Ordenada
- 186 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL EM GRUPO – UMA PROPOSTA INTERVENTIVA
EM UM SERVIÇO DE PSICOLOGIA
ZANCA, C.G.1,1; MEDEIROS, A.P.1,1; SCADUTO, A.A.1,2; MELO-SILVA, L.L.1,3
1
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP, Ribeirão Preto, SP;
1.2
1.3
Discentes; Profissional; Docente.
1.1
[email protected]; [email protected]
INTRODUÇÃO
O acelerado processo de inovação tecnológica e as recorrentes mudanças no
mercado de trabalho têm exigido novas formas de se pensar as questões
relacionadas à escolha profissional e carreira. Nesse âmbito, profissionais têm se
conscientizado acerca da relevância de conhecer a fundo suas competências,
interesses e potencial de desenvolvimento profissional, de forma a se alocarem mais
satisfatoriamente no mercado de trabalho, realizando seus objetivos particulares e
contribuindo para a sobrevivência e destaque de organizações em um contexto
acentuadamente competitivo. Em se tratando de jovens prestes a ingressar no
mundo do trabalho, o momento da escolha profissional adquire caráter ainda mais
crítico em função das exigências sociais que se colocam sobre eles e do árduo
processo de formação da identidade típico da fase de desenvolvimento que
atravessam, a adolescência. Sob esta óptica, consideram-se de extrema importância
quaisquer propostas que facilitem a travessia desta etapa do ciclo vital e forneçam
subsídios para que o jovem faça suas escolhas da maneira mais adequada possível.
A Orientação Profissional, conceituada como o processo pelo qual o indivíduo
é ajudado a escolher e a se preparar para entrar e progredir numa ocupação,
propicia o desenvolvimento do autoconhecimento e o estabelecimento de contato
com o mundo das profissões, dando suporte para o amadurecimento exigido no
momento da escolha. No Brasil tem sido praticada por psicólogos e pedagogos,
visando, em sua maioria, candidatos de Ensino Médio que pretendem ingressar no
Ensino Superior.
Em congruência com essa atuação, o Serviço de Orientação Profissional
oferecido pelo Centro de Psicologia Aplicada pertencente à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto (SOP/CPA/FFCLRP/USP) atende anualmente
dezenas de jovens com dificuldades na escolha profissional. Uma das atividades
oferecidas pelo serviço consiste em grupos de orientação profissional, que
consistem em encontros semanais coordenados por dois graduandos do último ano
de Psicologia sob supervisão.
OBJETIVO
Considerando o cenário e a problemática acima sucintamente descrita,
objetivou-se apresentar um processo de orientação profissional em grupo
desenvolvido pelo Serviço no presente momento. Pretende-se divulgar o método de
trabalho adotado e os resultados esperados, de maneira a suscitar discussões
acerca desta prática e pensar em estratégias interventivas de excelência.
- 187 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
MATERIAL E MÉTODOS
Participam do grupo de orientação profissional 16 jovens com idades entre 15
e 18 anos (média = 16,63; desvio padrão = 0,81), sendo 14 participantes do sexo
feminino, representando 87,5% da amostra. Quanto à escolaridade, nove
participantes cursam a 3ª série do Ensino Médio (56,25%); quatro, a 2ª série (25%);
dois frequentam cursos preparatórios para o exame vestibular (12,50%) e uma
jovem (6,25%) concluiu o Ensino Médio e abandonou os estudos. A maioria
frequenta instituições de ensino de natureza privada (75%).
Antes do início do processo de orientação, os candidatos a clientes do
Serviço passaram por uma etapa de triagem, durante a qual preencheram uma ficha
que visa coletar dados de identificação, bem como informações referentes às
expectativas do jovem em relação ao atendimento e ao seu momento de escolha. A
triagem envolveu ainda uma breve entrevista, na qual eram confirmados os dados
redigidos na ficha e o jovem era avaliado quanto ao seu potencial de ser beneficiado
pelo Serviço.
Após essa triagem, foram compostos os grupos de acordo com as
disponibilidades de horário de cada jovem e seguindo-se critérios que procuravam
promover homogeneidade ao grupo, no que diz respeito às dificuldades quanto à
escolha profissional. Casos peculiares foram encaminhados para orientação
profissional individual, também desenvolvida no Serviço, assim como jovens com
queixas de outras naturezas que não a relativa à opção profissional foram
direcionados para psicoterapia, em geral no Centro de Psicologia Aplicada, quando
possível.
Os grupos têm duração de duas horas e frequência semanal, totalizando doze
sessões distribuídas ao longo de três meses.
Para a condução das sessões são utilizadas técnicas das mais variadas
ordens, incluindo desde atividades lúdicas envolvendo recortes e colagens até o uso
de aprimoradas técnicas de avaliação psicológica, como o BBT-Br (Teste de Fotos
de Profissões, em sua versão adaptada e validada para a população brasileira), um
instrumento de identificação de interesses. A orientação também tem um objetivo
pedagógico, que é alcançado por meio do oferecimento de informação das
profissões e do mundo do trabalho (via indicação de homepages de qualidade que
abordam o assunto e empréstimo de guias de profissões), informações estas
trabalhadas e discutidas durante as sessões, de modo a facilitar a compreensão do
material oferecido e seu aproveitamento consistente.
Após sete sessões de atendimento grupal, é realizada uma entrevista
devolutiva individual com todos os jovens, de maneira a atender a dois objetivos –
apresentar ao participante os resultados de uma avaliação global, que inclui dados
dos instrumentos psicológicos aplicados e das observações do comportamento
durante as sessões grupais, e obter um feedback do jovem sobre sua percepção do
processo de orientação profissional, de modo que sejam identificadas e corrigidas
eventuais falhas de planejamento e/ou coordenação do grupo.
RESULTADOS ESPERADOS
Até o momento foram realizadas seis sessões, durante as quais foram
abordados os seguintes temas: expectativas quanto à orientação profissional,
autoconhecimento, conhecimento das profissões e da realidade do mercado de
- 188 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
trabalho, fatores que influenciam a escolha e expectativas dos familiares quanto às
decisões profissionais.
Entre as técnicas de avaliação já empregadas, destaca-se a EMEP (Escala
de Maturidade para a Escolha Profissional), elaborada por Kathia Maria Costa Neiva
para mensurar a maturidade vocacional em cinco domínios, a saber, determinação,
responsabilidade, independência, autoconhecimento e conhecimento da realidade
profissional. A EMEP foi utilizada como instrumento pré-teste, de forma que ao final
do processo de orientação seja possível verificar quantitativamente se e como se
deu o amadurecimento do cliente.
Os dados coletados na primeira sessão por meio do instrumento supracitado
apontam para uma significativa defasagem dos participantes quanto ao
conhecimento da realidade profissional e ao autoconhecimento (62,50% da amostra
obteve pontuação inferior à média normativa em ambos os quesitos), fatores esses
foco da intervenção que vem sendo realizada. A classificação total da escala foi
inferior para 56,25% dos participantes, corroborando a necessidade de orientação.
Resultados preliminares apontam para uma ampliação do conhecimento da
realidade das profissões e do trabalho, visto que o grupo, de um modo geral, tem
referido durante as sessões uma valorização da orientação profissional, na medida
em que esta consiste em um momento exclusivamente dedicado para se pensar a
questão da escolha, quando o jovem dedica-se à exploração das opções
disponíveis, reflete sobre as variáveis que lhe são pertinentes, troca informações
com os colegas e apreende a informação oferecida pelo serviço. Disponibilizar
material informativo tem se mostrado insuficiente para promover o conhecimento do
mundo do trabalho – é necessário propor estratégias que favoreçam a análise crítica
das profissões, o questionamento acerca dos seus interesses em relação às
atividades profissionais, a intersecção entre as opções existentes e suas inclinações
e capacidades, estratégias estas implementadas nas sessões grupais.
Outro fruto do trabalho desenvolvido trata-se das reflexões de natureza
afetiva, correspondendo à possibilidade de expressar angústias referentes ao
momento da escolha, as quais são compartilhadas, em diferentes intensidades, por
todos os membros do grupo. Foram levantadas discussões acerca de temores
quanto às incertezas do futuro, confusões quanto às representações sociais das
profissões, receio de se frustrar com a realidade universitária e profissional e
expectativas dos familiares quanto ao sucesso profissional do jovem. Em relação a
todas estas problemáticas têm-se observado a vigência do fator terapêutico da
universalidade, que se expressa quando o membro do grupo percebe que não é o
único a apresentar determinados problemas, conflitos, comportamentos e impulsos.
A coesão grupal, intensa no grupo em questão, pode ser considerada uma evidência
do sucesso da intervenção nesta esfera.
Ao final das doze sessões, espera-se que as dúvidas que permeiam o
processo de escolha profissional sejam clareadas. Estima-se que os jovens, a partir
dos vínculos desenvolvidos no grupo e das atividades propostas, tenham ampliado o
conhecimento de si, captando suas identificações e peculiaridades, avaliado suas
determinações, superado a desinformação e caminhado de maneira mais saudável
em direção a uma identidade adulta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- 189 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANDRADE, J. M.; MEIRA, G. R. J. M.; VASCONCELOS, Z. B. O processo de
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PALAVRAS-CHAVES: Orientação Profissional; Educação; adolescência
- 190 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ATUAÇÃO DE EQUIPE DE PSICOLOGIA DA SAÚDE JUNTO À UM SETOR DE
ONCOLOGIA.
BACCIOTTI, J.T.1,2; BAPTISTA, A.S.D..1,4,6; RUNHO, A.P.P. 1,2; LOPES, A.S.P.1,2; e SILVA,
P.B.1,2
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
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Docente; Co-orientador; Orientador.
4
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Discente;
3
Profissional;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Para iniciarmos a reflexão acerca da atuação do psicólogo junto ao setor de
oncologia, nos deparamos com a necessidade de definir e compreender o câncer.
Para isso lancemos a seguinte questão: O que é essa doença?
De acordo com INCA (Instituto Nacional do Câncer, 1996), “câncer é o nome
dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento
desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos” (www.inca.gov.br)
espalhando-se rapidamente pelo corpo através da corrente sanguínea ou pelo
sistema linfático. Por conta da multiplicação acelerada e incontrolável dessas
células, ocorre a formação dos tumores que podem ser classificados como malignos
(acúmulo de células cancerosas), e de mais difícil tratamento, ou benignos que se
trata da multiplicação das células de maneira menos acelerada e que possui
semelhança com as células do tecido afetado, permitindo a remoção e tratamento de
modo mais fácil, oferecendo menor risco a vida. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996).
É possível observar nas falas dos pacientes oncológicos o medo das
conseqüências que essa doença pode causar. Outra questão muito importante a ser
considerada nessa esfera, é que o diagnóstico de câncer está associado à morte. O
psicólogo como o profissional que auxiliará o paciente na lida com seus medos,
buscará promover a compreensão sobre a doença e o tratamento, uma vez que
muitas das idéias que os pacientes têm em relação ao diagnóstico e tratamento não
correspondem à realidade.
Tendo um pouco mais clara qual é a possibilidade de atuação junto ao setor
de oncologia, buscaremos ao longo deste trabalho pensar em alternativas que
garantam aos pacientes um cuidado diferenciado e humanizado, ou seja, que tenha
em vista a qualidade de vida do paciente frente a seu diagnóstico e enfrentamento
do tratamento. Esse trabalho será realizado a partir da compreensão interdisciplinar.
OBJETIVO
O presente trabalho tem por objetivo refletir acerca da atuação do psicólogo
da saúde em um setor de oncologia, apresentando intervenções no mesmo a partir
do nível secundário de atenção à saúde, ou seja, com o objetivo de promover e
recuperar a saúde dos pacientes em ações conjuntas à especialidade/equipe de
oncologia.
Na ocasião do estágio, as intervenções propostas pela equipe de psicologia
compreendiam acompanhar os pacientes que chegariam ao setor visando avaliar e
compreender o entendimento do paciente acerca de seu diagnóstico; Acompanhar
- 191 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
os pacientes e seus familiares em tratamento encaminhados pela equipe
médica/enfermagem, oferecendo suporte psicológico a estes, e; Estruturar e propor
um grupo com os funcionários do setor visando a reflexão destes sobre os aspectos
de promoção e recuperação da saúde e a importância de um trabalho
multidisciplinar.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
Participantes
O trabalho que foi desenvolvido no setor aconteceu por meio da equipe de
psicologia composta por cinco estagiários, uma supervisora professora doutora em
psicologia; e a equipe de atendimento aos pacientes oncológicos do setor de uma
cidade do interior de São Paulo, composta por um médico oncologista que atende
aos pacientes antes do procedimento de quimioterapia; duas secretárias que cuidam
da parte burocrática do setor e do atendimento aos pacientes; dois técnicos de
enfermagem que conduzem os procedimentos quimioterápicos e uma farmacêutica
que é responsável para manipulação e organização dos medicamentos.
Material
O material utilizado pelo grupo em suas intervenções junto ao setor foi a ficha
de triagem psicológica. Essa ficha foi utilizada como instrumento da equipe de
psicologia para o levantamento e organização das informações sobre os pacientes.
Procedimento
Depois de um período para observação do campo, os estagiários
conseguiram determinar qual seria o protocolo de atendimentos aos pacientes do
setor. Ao definir esse protocolo, o mesmo foi apresentado à equipe médica e de
enfermagem do setor de oncologia, visando a compreensão dos mesmos sobre essa
forma de trabalho e consequentemente para contribuir com o trabalho
multidisciplinar.
Assim que o paciente chegasse ao setor de oncologia, seria avaliado pelo
médico que prescrevia a medicação quimioterápica. Depois desse primeiro contato,
o paciente era encaminhado para um dos estagiários de psicologia, onde era triado.
Após a realização da triagem, o paciente era orientado quanto ao diagnóstico e
tratamento, quando na avaliação dos estagiários, essa falta de conhecimento gerava
riscos psicológicos e acompanhado durante o procedimento de quimioterapia
quando existia uma queixa do paciente acerca do enfrentamento de seu quadro de
saúde, como por exemplo, a aceitação da nova condição física, as restrições
colocadas pelo médico com o objetivo de acelerar o processo de recuperação, o
enfrentamento das condições impostas pela medicação, como por exemplo, os
enjoos e náuseas, perda de peso, cabelo, etc. Tais ações foram estabelecidas, pois,
é possível perceber que muitas vezes os riscos psicológicos apresentados pelos
pacientes oncológicos são fruto de ideias irreais construídas a partir do que os
mesmos imaginam sobre a doença.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O contato com os pacientes proveniente da vivencia no setor de oncologia,
além das pesquisas realizadas sobre o tema, firma a idéia de que o câncer é uma
enfermidade que afeta o paciente no âmbito biológico, social e psicológico, sendo
sinônimo de dor e morte (BARBOSA, SANTOS, AMARAL, et al, 2004 citado por
SANTANA, ZANIN, MANIGLIA, 2008).
- 192 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Presenciamos que os pacientes com câncer podem apresentar sofrimento
psicológico, estabelecendo assim sintomas de depressão, ansiedade, pensamentos
de desesperança, medo e incerteza (ZANIN, CORREA e MANIGLIA, 1999 citado por
SANTANA, ZANIN, MANIGLIA, 2008). Porém outros pacientes podem enfrentar
muito bem as adversidades presentes durante o processo de diagnóstico e
tratamento. Podemos chamar tal habilidade de condições de enfrentamento que se
apresentam diante das situações de estresse.
Por vezes os pacientes relataram sobre como estavam executando a sua
rotina após o diagnóstico e o início do tratamento. Colocavam também sobre como
eram seus novos hábitos e como dependiam de familiares e amigos para dar
continuidade ao processo. A literatura aponta que na compreensão do contexto
biopsicossocial do paciente, cabe admitir que esses enfrentam diversas dificuldades
ao lidar com a doença e seu tratamento como, por exemplo, a alteração da rotina, a
dependência de terceiros pode aumentar, mudança de hábitos, alteração da imagem
do corpo, isolamento social, dentre outros (AMAR, RAPOPORT, FRANZI et al, 2002;
COSTA NETO, ARAÚJO, e CURADO, 2000; NUCCI, 2003 citado por SANTANA,
ZANIN, MANIGLIA, 2008).
Como a busca pelo bem estar diante de uma doença que tem seu caráter
cultural como algo avassalador, a religiosidade ocupa grande espaço na vida do ser
humano. Pensando nisso entendemos que quando os pacientes não se sentem mais
seguros com os tratamentos convencionais, essa torna-se uma válvula de escape
como forma de encarar esta fase tão difícil de suas vidas. O que se pode observar é
uma ambivalência perante a questão da religiosidade, pois enquanto uns se apegam
a Deus diante da dificuldade de enfrentar a doença, outros o repudiam e se afastam
durante este processo. Entendemos que a recusa à existência de Deus mencionada
por esses traz que:
O doente se considera um esquecido de Deus, abandonado por Ele na
“sombra da morte”, não mais digno de seu amor e sua atenção. Em
decorrência perdem-se a fé e a confiança, a noção de pecado desaparece e
o coração permanece fechado à graça. (VEIGA, 2002, s/p)
Com referência ao fator biológico, o paciente se vê com um diagnóstico de
uma doença considerada grave, que apresenta sintomas debilitantes e um
tratamento que não costuma ser agradável, como a quimioterapia, radioterapia e as
mutilações decorrentes das cirurgias (VENTURI, PAMPLONA, e CARDOSO, 2004
citado por SANTANA, ZANIN, MANIGLIA, 2008). Alguns pacientes do setor
relataram sobre as mudanças que ocorreram em seu corpo, como a perda de peso e
o cabelo que caiu. Os estagiários, diante deste fato, procuraram refletir sobre o
assunto juntamente com o paciente, tentando dar sentido àquilo que se apresentava,
procurando outra estratégia para lidar com a situação, na tentativa de compreendêla. Em relação ao grupo social em que os pacientes oncológicos estavam inseridos,
deve-se considerar o quão importante é o apoio deste grupo para com o doente
durante o processo de recuperação (SANTANA, ZANIN, MANIGLIA, 2008). Nesta
perspectiva colocada até agora, é correto afirmar que a participação dos familiares
destes pacientes nesse processo de enfrentamento da doença, é de suma
importância por tornar-se um apoio e amparo, e que a presença deles no setor é
constante podendo presenciar as etapas do tratamento de seu ente querido, assim
compreende-se que esses familiares pertencem ao contexto que o paciente está
- 193 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
inserido e que proporciona um aumento nas chances de sua recuperação de
maneira eficaz sendo visível no setor (BECK e LOPES, 2007).
Os pacientes se queixavam dos efeitos colaterais que o tratamento
quimioterápico apresentava, ou seja, diziam quais eram os sintomas que vinham
sentindo, e cabia a equipe de psicologia juntamente com a equipe médica,
esclarecer se tal sintoma era comum ao tratamento, ou seja, se aquele era um efeito
colateral ou não. Caso tratasse de efeito colateral, cabia à equipe de estágio colocar
que era comum o aparecimento de tais sintomas durante o tratamento, sintomas
esses como fraqueza, diarréia, perda e aumento de peso, feridas na boca, queda de
cabelos e outros pêlos do corpo, enjôo, vômitos e tonteiras (INCA, 1996).
Mesmo os pacientes queixando-se de tais efeitos, a interação existente entre
eles no local chamava atenção. Observa-se que os pacientes mais antigos servem
de modelo, muitas vezes positivo, para os que estão iniciando o tratamento. Vale
ressaltar que este modelo é construído através de diálogo e as trocas de
experiências durante as sessões de quimioterapia. Observar os efeitos do
medicamento no outro, a evolução da doença e até seu processo de cura, faz com
que o sujeito construa imagens de seu corpo diante a enfermidade (MUNIZ, 2008).
Embora seja sabido que as condições de sofrimento que submetem o paciente
oncológico são muito abissais, a maioria dos pacientes que faziam tratamento nesse
setor de oncologia se mostravam bastante tranquilos e otimistas aparentemente em
relação à terapêutica.
Foi possível observar durante o estágio a interação entre a equipe do setor e
os estagiários de psicologia, tendo em mente que o trabalho em equipe é hoje em
dia, uma prática crescente (BUCHER, 2003 citado por, TONETTO; GOMES, 2007).
É possível observar essa atitude quando eram encaminhados ao grupo de
psicologia, pacientes que necessitavam de acompanhamento. Esse processo
caracteriza-se de "tarefa multidisciplinar", que, para Giannotti (1995, citado por
MORE et al. 2009), trata-se da ação de profissionais de diversas áreas, juntos em
equipes de saúde, objetivando uma prática comum.
Durante os processos de avaliação, observou-se que os pacientes possuíam
estratégias de enfrentamento diante da doença. Estratégia de enfrentamento
caracteriza-se por processos de controle utilizados para medir a demanda que a
doença requer e as respostas que o indivíduo produz diante delas (COSTA; LEITE,
2009). Segundo Costa e Leite, (2009), as estratégias de enfrentamento de pacientes
oncológicos são divididas em: focalizadas no problema e emocionais. As focalizadas
no problema abrangem: refletir sobre o problema, seguir corretamente o tratamento
e buscar informações. Já as focalizadas nas emoções colocam: suporte religioso,
medidas de autocontrole, busca de suporte familiar, comportamento aditivo, uso do
bom humor, distração e fatalismo.
Algo que chamou a atenção da equipe de psicologia é que as mulheres foram
mais abertas para falar de seus problemas, principalmente os de saúde.
[...] diversas culturas, a educação dos meninos segue padrões de oposição
entre os gêneros. Nesse sentido, os homens são estimulados a manifestar a
sua virilidade por meio da rejeição de comportamentos tidos como femininos
para se constituírem como homens. Assim, o padrão de masculinidade é
idealizado por meninos e homens não pelo desejo de serem viris, mas pelo
medo de serem vistos como pouco viris ou afeminados (GOMES,
NASCIMETO e ARAÚJO, 2007, s/p).
- 194 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Foi possível refletir sobre o que foi citado pelos autores e fazendo uma
analogia com o comportamento dos homens no setor nota-se que, embora muitas
coisas tenham mudado em relação ao macho invulnerável, ainda hoje em nossa
sociedade existem os estigmas do tipo: homem não chora e o homem deve ser mais
forte que a mulher. Durante a permanência dos estagiários no setor foi possível
observar que os casos mais comuns de câncer eram o do intestino e muitos
pacientes faziam uso da colostomia:
A colostomia/ileostomia é uma derivação intestinal feita cirurgicamente na
porção do intestino grosso e intestino delgado respectivamente, com fixação
da alça no abdômen. Sua indicação ocorre na maioria dos pacientes
atendidos pela especialidade de Colo-Proctologia em conseqüência de
patologias crônicas como doença de Chagas,doença de Chron, âncer,
dentre outras (SONOBE, BARICHELLO e ZAGO, 2000).
O paciente após passar pela cirurgia para a colocação da popularmente
chamada “bolsinha”, precisa enfrentar novas condições de vida e isto acaba
trazendo a tona diversos sentimentos: medo, angústia, vergonha entre outros. Uns
conseguem lidar melhor com a situação que os outros, na esperança de que a
situação se reverta um dia ou simplesmente pelo fato de ainda estar vivo (SONOBE,
BARICHELLO e ZAGO, 2000).
Outro aspecto importante do trabalho neste setor de oncologia foi a relação
entre as equipes de psicologia e de enfermagem. Depois de estabelecido o vínculo
com a equipe, semanalmente eram realizadas reuniões que tinham por objetivo
proporcionar espaços de discussão sobre os quadros dos pacientes do setor, a fim
de problematizar as questões trazidas pelos mesmos ao setor de oncologia.
Portanto, o trabalho tinha um caráter educativo/informativo. Assim, os objetivos de
ampliar o conhecimento, valorizar os aspectos emocionais dos pacientes podem ser
oferecidos por um grupo de apoio e ser realizado por meio da interação, troca de
informações entre os participantes, aquisição de insights contribuindo para o
desenvolvimento de recursos e estratégias de enfretamento mais eficazes frente à
doença e ao tratamento (COMIN et al., 2008).
É nesta compreensão que foi feito o contrato com a equipe multidisciplinar,
sendo esta, participante ativa dos temas escolhidos a serem trabalhados durante as
reuniões, proporcionando uma reflexão sobre o tema com suas implicações. Um dos
temas trazidos como demanda da equipe foi a comunicação, no qual os
participantes relatavam suas dificuldades sobre os limites de atuação e como
relacionar-se com eles por meio da comunicação, sem que isto interferisse no
cotidiano e afetasse o paciente e seu tratamento.
A partir de um episódio foi possível propor uma intervenção com a equipe,
direcionando a aquisição de autonomia da mesma utilizando-se de estratégias como
as dinâmicas. Tais dinâmicas tinham o objetivo de proporcionar durante as reuniões
um ganho para todos os envolvidos, assumindo um caráter terapêutico, encarando
este profissional de saúde como um ser humano possuidor de desejos,
necessidades, conflitos e que precisam de um espaço para trocar experiências,
percepções, dúvidas e medos (COMIN et al., 2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Este estágio na área da saúde foi “aplicado” em nível secundário de atenção
à saúde, ou seja, a equipe de Psicologia atuou junto a equipe da Oncologia.
- 195 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Compreende-se que o foco da atuação está na melhoria da qualidade de vida do
paciente, mas que o saber dessa especificidade trazida pela equipe multidisciplinar é
fundamental. Por conta disso a importância do trabalho conjunto da Psicologia com
a equipe do setor.
Todas as discussões realizadas foram transversalizadas pelas questões da
equipe multidisciplinar e as possibilidades de atuação do psicólogo dentro dessa.
A Psicologia Hospitalar não se prende ao contexto clínico, essa pode abranger as
áreas da Organizacional, Social e Educacional, e o seu saber busca a compreensão
de questões ligadas a qualidade de vida dos usuários e dos profissionais da saúde,
sem se restringir ao atendimento clínico demonstrando outra visão a respeito do
indivíduo de acordo com Fongaro e Sebastiani (1996, citado por FOSSI e
GUARESCHI, 2004).
Compreende-se que, cabe ao psicólogo, dentro do setor dar suporte ao
paciente e seus familiares no que diz respeito ao enfrentamento do câncer, pois
algumas dificuldades apresentas pelos pacientes, quando não solucionadas, podem
acarretar problemas ao paciente, inclusive comprometendo seu processo de
recuperação.
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PALAVRAS-CHAVES: Oncologia, Psicologia e Trabalho Multidisciplinar.
- 197 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A IMPORTÂNCIA DAS VIVÊNCIAS PARA OS ALUNOS DE PSICOLOGIA EM
SUA FORMAÇÃO ACADÊMICA, FRENTE A SUA ATUAÇÃO NA CLÍNICA
ESCOLA DE FISIOTERAPIA.
REIS, V. F. 1,1; PICOLI, G. M. 1,2; SALES, F. C. P. 1,3; BAPTISTA, A. S. D 1,4
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
1,4
1,4
Discente ; Docente, Orientador.
1,1
Discente;
1,2
Discente ,
1,3
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Esse trabalho baseia-se na experiência dos alunos de Psicologia no Projeto de
Extensão da Clínica Escola de Fisioterapia do Centro Universitário Hermínio OmettoUNIARARAS.
O foco da psicologia na saúde, nesse caso são atendimentos psicológicos de apoio
aos pacientes, familiares e cuidadores quando encaminhados pela fisioterapia,
apresentando queixas diretamente relacionadas ao tratamento fisioterápico. O
trabalho estende também aos estagiários da fisioterapia, quando a queixa colocada
refere-se à dificuldade de realização do atendimento aos pacientes durante as
sessões. Compreendemos que o papel do estudante de psicologia nesse contexto, é
atuar como um facilitador nessa relação, entendendo que o foco é justamente a
aderência ao tratamento, no que se refere ao trabalho da fisioterapia frente a
demanda advinda da condição da saúde do paciente. O serviço oferecido pelos
estudantes de psicologia na instituição não visa centralizar os atendimentos em
nossa área, para que o trabalho entre as equipes ocorra de forma natural e solidária,
propiciando assim a interdisciplinaridade.
O contato com o sofrimento e as limitações dos pacientes, cuidadores e estudantes
de fisioterapia nos possibilita enquanto estudantes de psicologia vivenciarmos de
maneira intensa todo esse processo de tratamento fisioterápico, provocando um
deslocamento em direção a problematização e possíveis enfrentamentos das
queixas que nos foram apresentadas. Dessa forma, compreendemos o quanto se
faz necessária essa atuação no projeto para nossa formação acadêmica.
OBJETIVO
Ressaltar a importância da participação dos alunos de psicologia no projeto de
extensão da Clínica Escola de Fisioterapia, por meio de suas vivências, tanto para
sua formação acadêmica quanto para o desenvolvimento de um trabalho
interdisciplinar.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
Para iniciarmos nossas atividades após o encaminhamento da fisioterapia,
realizamos uma triagem psicológica, isto é, o primeiro contato com o paciente para
podermos levantar dados a partir de perguntas a respeito de sua história de vida no
que se refere à queixa pela qual foi encaminhado. A triagem psicológica, ou o
acompanhamento psicológico dado ao paciente, familiar ou cuidador acontece no
interior de uma sala reservada para a psicologia, na Clínica Escola de Fisioterapia.
- 198 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Mas essa primeira aproximação nem sempre ocorre com a realização da triagem,
mas se dá de acordo com a necessidade do paciente, que pode ser um
acompanhamento durante a sessão fisioterápica, na recepção da Clínica, no
campus do Centro Universitário, ou ainda, um acompanhamento ao paciente, direto
no setor fisioterápico que ele frequenta. A principal metodologia empregada pelos
estudantes de psicologia é a da escuta, pois é a partir do que a pessoa expressa,
que podemos auxiliá-la.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O presente trabalho desenvolveu-se a partir da experiência de estágio dos alunos de
psicologia no Projeto de Extensão em parceria com a Clínica Escola de Fisioterapia.
A atividade desenvolvida pelos alunos está em comum acordo com o proposto pela
grade curricular do Curso de Psicologia, Código de Ética e as exigências
institucionais do Centro Universitário Hermínio Ometto- Uniararas.
A realização desse estágio ocorre dentro de uma instituição, que para psicologia se
caracteriza como o “conjunto de normas e padrões agrupado em torno de valores e
funções sociais” (BLEGGER, 1980, p.94). A clínica de fisioterapia comporta tais
descrições possuindo, assim seu modo específico de funcionamento por meio de
suas normas e protocolos, padrões agrupados de ensino especializado para o
desenvolvimento dos tratamentos, e uma importante função social de oferecer
atendimento gratuito a toda comunidade de Araras e região.
Nossa tarefa como estudante participantes desse projeto é propiciar um suporte
psicológico aos pacientes em tratamento e reabilitação bem como, seus familiares e
cuidadores e a relação entre esses últimos e os estudantes de fisioterapia da clínica
escola. O contato com essa atividade prática tem nos permitido experenciar a teoria,
os enfrentamentos da psicologia, angústias, sofrimento, desenganos, problemas de
locomoção até a instituição, á partir da realidade apresentada pelos pacientes,
familiares, cuidadores e estudantes na clínica de fisioterapia. A aproximação com
essa realidade tem nos proporcionado importante aprendizagem, e nosso intuito
nesse trabalho é discorrer e narrar o significado do que de mais importante temos
vivido, diante das experiências nesse projeto de extensão.
A Psicologia Humanista descrita por Amatuzzi nos traz uma importante concepção
do que é o “vivido”:
É a nossa reação interior imediata àquilo que nos
acontece, antes mesmo que tenhamos refletido ou
elaborado conceitos, [...] acredita-se que muitas vezes
ele seja melhor guia para nossas ações concretas e para
nossos pensamentos do que concepções ou idéias
construídas mais ou menos artificialmente. (2008, p. 52).
Sendo assim, compreendemos que a técnica é algo imprescindível para uma boa
atuação, porém nenhuma técnica consegue abarcar tudo aquilo que permeia a
complexidade dos indivíduos, por isso a vivência é algo de extrema necessidade
para que se possa atribuir sentido as ações desenvolvidas e realizadas por meio das
teorias e técnicas.
Por meio da vivência relatada pelo paciente, familiar ou cuidador, os estagiários de
psicologia fazem a versão de sentido que tem o intuito de expressar de maneira
direta tudo o que foi vivenciado pelos sujeitos, e possibilita a evocação direta dos
- 199 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
desdobramentos e sensações vividas transportando-as para a realidade,
proporcionando um sentido vivo para aquilo que foi vivido. O exposto é sempre o
aspecto tido como mais importante pelo sujeito que verbaliza a vivência, é através
de sua fala que as sensações se concretizam e as versões de sentidos se
produzem.
É necessário que a fala possa ser o mais autêntica possível, para que dessa forma,
a versão de sentido possa expressar de maneira mais fiel e viva as experiências e
sensações daquilo que foi vivido, o intuito é trazer para o externo de maneira verbal
ou escrita o sentido daquilo foi vivenciado.
O significado pleno é a significação presente em tudo o que é dito. A fala autêntica é
capaz de nos manter em contato com o outro e nos permitir sermos afetado por ele;
a fala não consiste somente na pronúncia, mas nos silêncios, nos olhares e nos
gestos do paciente, e é por meio desta fala autêntica, que também estabelecemos
uma relação com aqueles pacientes que não falam verbalmente. (AMATUZZI, 2008).
A interação entre equipe de saúde ocorre a partir das discussões dos casos
abordados por duas frentes: motora e cognitiva, ocorrendo assim uma importante
troca de conhecimentos nos permitindo tecer um olhar amplo a respeito dos diversos
casos e das reais necessidades e especificidades de cada paciente. O trabalho em
uma equipe interdisciplinar promove um movimento que busca além de implicações
técnicas por parte dos estudantes da fisioterapia e psicologia um atendimento
diferenciado pautado nos princípios da humanização. A partir disso, buscamos de
fato que o paciente possa se tornar o principal beneficiado com nossa postura
humanizada, com intuito de respeitar seus limites, dificuldades e subjetividade.
Visando promover sempre que possível o desenvolvimento e estabelecimento de
sua autonomia, bem como o auxiliando na aceitação do tratamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Salientamos a importância desse projeto de extensão, para constituição do trabalho
interdisciplinar oferecido na clínica escola de fisioterapia, para a formação dos
estudantes das diferentes áreas que atuam nesse espaço. Bem como a
sensibilização no processo de tratamento e da vinculação entre pacientes, familiares
cuidadores e estudantes.
A aproximação teórica vivenciada possibilitou o enriquecimento de nossos
conhecimentos acadêmicos auxiliando nossa preparação profissional, não pautada
somente em conhecimentos técnicos, mas também no que vivenciamos em nossos
atendimentos e na observação da dinâmica de funcionamento da relação entre
pacientes e estudantes durante as sessões, que em nosso entendimento deve se
estabelecer de maneira humanizada; compreendemos que dessa forma o paciente
também será o maior beneficiado. Esse é nosso principal foco e nossa maior
preocupação, que o paciente possa ser acolhido da forma mais humanizada
possível, respeitando sua singularidade e buscando promover a sua autonomia
sempre que possível.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BLEGER, J. Psico-higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre:
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- 200 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
BLEGER, J. Temas de psicologia: entrevista e grupos. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1998.
PALAVRAS-CHAVES: interdisciplinaridade, psicologia, vivência.
- 201 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
EXPERIÊNCIA DA PSICOTERAPIA EM GRUPO COM PACIENTES EM
TRATAMENTO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES
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1
2
Universidade de São Paulo (USP), discente; Universiadade de São Paulo (USP), docente.
[email protected]; [email protected]
INTRODUÇÃO
Atualmente, percebe-se um aumento considerável de casos dos denominados
Transtornos Alimentares (TA), principalmente em mulheres, cada vez mais jovens.
Hoek e Hoeken (2003) verificaram que a incidência de TA é de 8 em 100 mil
indivíduos da população por ano. Com os altos índices de morbidade e mortalidade,
o tema vem ganhando maior visibilidade social, apresentando-se como uma grande
desafio para a saúde pública no século que vivemos.
Os TA são definidos como quadros psiquiátricos, nos quais se percebe graves
alterações no comportamento alimentar, os mais recorrentes são a Anorexia
Nervosa (AN) e a Bulimia Nervosa (BN). A AN está relacionada com a persistente
recusa em manter o peso mínimo esperado para a idade e a altura, apresentando
distorção na percepção do peso e forma. A BN está relacionada com um sentimento
de descontrole sobre o comportamento alimentar, resultando em episódios de comer
compulsivo, seguidos de comportamentos compensatórios na tentativa de evitar o
aumento do peso.
O aumento da incidência dos TA está relacionada com aspectos sócio-culturais,
já que, na atual sociedade capitalista ocidental existe um padrão de beleza que se
impõe, que vem assumindo antropometrias cada vez menores (SANTOS, 2006).
Nesse contexto, a aparência física surge como uma grande medida de valor social.
Além destes fator, podem ser mencionados outros, como, a dinâmica familiar e
aspectos da personalidade do indivíduo (OLIVEIRA; SANTOS, 2006).
Como intervenção terapêutica no contexto de TA, aparece a psicoterapia grupal
de orientação psicodinâmica, onde os participantes são estimulados a relatar sobre
temas relevantes em sua vida, trazendo sentimentos e pensamentos relacionados
com suas vivências. O psicoterapeuta, tem a função de auxiliar a manifestação do
mundo subjetivo, e ajudar o paciente na identificação de seus sentimentos, na
compreensão do significado da experiência emocional vivenciada, ampliando sua
tolerância afetiva (CAÑETE; VITALLE; SILVA, 2008).
OBJETIVO
O presente trabalho objetiva investigar os limites e possibilidades de atuação do
psicólogo dentro de um grupo psicoterápico com pacientes que possuem transtornos
alimentares. O grupo está inserido no contexto de um serviço de atenção a TA,
portanto, pretende-se investigar quais são os benefícios terapêuticos que o grupo
psicoterápico proporciona neste contexto amplo de intervenção.
METODOLOGIA
Participantes
- 202 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Participaram do presente estudo pacientes do Grupo de Assistência em
Transtornos Alimentares (GRATA), todas mulheres, que possuem entre 18 e 60
anos, com diagnóstico de Transtorno Alimentar.
O GRATA foi implantado em 1981 dentro do Ambulatório de Nutrologia do
Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo, sendo responsável pelo atendimento de pacientes com diagnóstico de
TA. A equipe do serviço é multidisciplinar, composta por médicos nutrólogo e
psiquiatra, nutricionaistas, psicólogos e estagiários da graduação em Psicologia.
O ambulatório do GRATA acontece às sextas-feiras a partir das 15 horas,
quando os pacientes passam pelas consultas dos diferentes profissionais. A
frenquência dos retornos varia de acordo com a gravidade do caso, podendo ser
semanal, quinzenal ou mensal (quanto mais agudo, maior a frequência).
Nos dias agendados para o retorno, os pacientes devem vir acompanhados
de familiares e, antes das consultas, participam dos grupos terapêuticos. Os
familiares participam de um grupo educativo coordenado pela psiquiatra e de um
grupo psicoterápico coordenado por psicólogos e estagiários da psicologia. Os
pacientes participam de um grupo educativo coordenado por nutricionistas e de um
grupo psicoterápico coordenado por psicólogos e estagiários da psicologia.
O grupo alvo deste trabalho será o grupo psicoterápico com os pacientes do
serviço. O grupo tem como referencial teórico a psicodinâmica. Como os pacientes
participam do grupo no dia de seus retornos, trata-se de um grupo aberto, que a
cada sexta apresenta uma composição diferente, com duração de 90 minutos.
Normalmente, participam do grupo de três a oito pacientes.
Procedimento
Serão utilizadas 15 sessões do grupo psicoterápico experenciadas pelos
autores deste trabalho na posição de coordenadores. Posteriormente, foram feitos
relatos sobre seus aspectos mais relevantes, que serão material para este trabalho.
Os dados obtidos durante os grupos e as leituras dos relatos serão analisados
a partir do referencial teórico psicanalítico, sob a abordagem qualitativa de
investigação científica.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos grupos observados, percebeu-se que assuntos referentes à
sintomatologia dos transtornos alimentares são bastante recorrentes, funcionando,
muitas vezes, como disparadores de outras temáticas elaboradas no grupo. As
pacientes falam sobre suas dificuldades de controlar os vômitos ou reduzir o uso de
lachantes, falam sobre o desejo de emagrecer mesmo estando em um peso abaixo
daquele esperado pelos médicos e da dificuldade que algumas encontram de, em
certos momentos, controlar a ingestão de alimentos.
Estas falas são mais recorrentes nas pacientes que estão iniciando o
tratamento, que relatam sobre como está sendo difícil seguir o tratamento, já que,
muitas vezes, a procura pelo GRATA não partiu delas, mas sim da família. Isto pode
ser um limite para a terapia, já que às vezes as pacientes desistem do tratamento,
faltam das consultas. Além disso, esta fala, frequentemente, são indícios de
resistência para conversarem sobre os sentimentos e emoções que estão por trás
do desenvolvimento do transtorno.
Entretanto, como favorecedor neste contexto, surgem as falas das pacientes
mais experientes do GRATA, que são de compreensão em relação às dificuldades
- 203 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
das colegas em aderirem ao tratamento, pois afimam já terem passado por isso.
Além de acolher as angústias, elas também buscam motivá-las por meio do relato
dos progressos que obteram com a adesão ao tratamento. Essa troca de
experiências é benéfica tanto para as iniciantes, que veêm nas outras possibilidades
de melhoras, como para as mais experientes, que podem ter uma percepção dos
seus avanços dentro do transtorno.
Como exemplo desta função terapêutica do grupo, podemos mencionar uma
fala de uma paciente que participava do grupo pela primeira vez, ela disse que não
deseja iniciar o tratamento, pois não quer engordar e teme que seja internada. Sobre
isso, uma outra paciente, que já ficou internada por seis meses na psiquiatria, diz
que já sentiu o que ela estava sentindo, mas que esse tempo que ficou internada por
um lado foi bom, porque estava tentando acabar com a própria vida e não estava
percebendo isso, durante a internação disse que pode pensar sobre e se recuperar.
No próximo grupo que a iniciante participou, disse que ainda estava muito receosa
com as consultas ambulatoriaias, que não sabe se vai seguir as ordens médicas,
mas que está gostando de participar do grupo de psicoterapia, porque se sentiu
acolhida, pois percebeu que outras pessoas também têm as mesmas dificuldades
que ela e estão conseguiram melhorar.
Nesse sentido, a relativa homogeneidade entre as pacientes que participam
do GRATA facilita a troca de experiências entre os pacientes. Contudo, a
homogeneidade é somente com relação ao diagnóstico, sendo o grupo heterogêneo
em relação aos níveis sócio-econômico e idade, além das diferenças entre a
gravidade do transtorno. Assim, “Explora-se o potencial terapêutico do encontro das
diferenças individuais (pluralidade de experiências) em um contexto de relativa
homogeneidade, garantida – mas só até certo ponto – pelo diagnóstico comum”
(SANTOS, 2006, p. 390).
Diante das falas das pacientes sobre a sintomalogia dos transtornos, cabe ao
psicólogo coordenar o grupo para que essas falas caminhem na direção de revelar
qual é a função que estes sintomas têm dentro da dinâmica psíquica destas
pacientes, pois, na perspectiva psicodinâmica, os sintomas devem ser abordados a
partir do “entendimento de que representam adptações às demandas de um texto
inconsciente forjado pela mistura de impulsos, defesas, relações objetais e
pertubações do eu” (GABBARD, 1992, p. 26).
Desta forma, o terapeuta exerce o papel de propiciar para que, a partir dos
conteúdos que emergem no grupo, os participantes possam refletir sobre seus
próprios sentimentos e atitudes. Como percepção disso, pode ser citada a fala de
uma paciente, que ao final de um encontro do grupo, diz que percebe o grupo de
psicoterapia como um “espelho retrovisor”, pois, com o relato das vivências das
outras participantes, pode enxergar com um outro ângulo suas próprias
experiências. Todavia, este espelho não é estático, sendo regulado pela fala dos
terapeutas, por isso seria retrovisor.
Como exemplo dessa atuação terapêutica, podemos citar um grupo no qual
uma participante começa sua fala bastante emocionada contando sobre a morte de
uma pessoa que faleceu por conta de dívidas com drogas. A participante disse que
ficou impressionada com o fato de que como que a entrada em um caminho não
seguro pode matar com tanta facilidade alguém (essa participante havia tentado se
matar há cerca de um mês antes desse grupo). A terapeuta levantou o
questionamento sobre como que seria para elas, estar em uma posição que se
- 204 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
coloca a própria vida em risco. Com isso, uma outra participante relata que acha que
o transtorno alimentar era algo parecido, que sem perceber, elas estavam se
matando. Então, a participante que trouxe a história, conta que percebe que parece
que não está tendo o controle suficiente para tentar se manter viva.
Neste exemplo, podemos perceber que um conteúdo que emergiu no início do
grupo, aparentemente um fato cotidiano, com a intervenção terapêutica, pode
propriciar que a conversa caminhasse no sentido de facilitar que as participantes
entrassem em contato com os próprios sentimentos e emoções.
Frequentemente, nos grupos observados, aparece o fato das pacientes
dizerem que recebem pressões externas extremamentes exigentes, algumas dizem
que são cobradas a irem bem nos estudos, outras a não saírem de casa. Além
disso, surgem muitas falas sobre o fato de sentirem que as pessoas não acreditam
nas suas capacidades, que não irão ter sucesso. Os terapeutas tentam conduzir a
conversa levantando o questionamento sobre quanto que elas também são
exigentes consigo próprias, não se sentindo satisfeitas com suas realizações.
Acredita-se que esse novo olhar para os seus próprios sentimentos e atitudes, abre
possibilidades para que sejam ressignificados e reconfiguradas de forma mais
saudável.
Sobre essa possibilidade de ressignificação, aparece o exemplo de um grupo,
no qual as pacientes iniciam falando sobre a impossibilidade de agir diante da morte,
sendo algo que pode acontecer a qualquer momento, assim, sentem-se com muito
de medo de viver, de agir diante da vida. No final do grupo, uma paciente termina
falando, que a morte existe, mas também existe vida, então, enquanto estiver viva,
deseja viver o que a vida tem de bom.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A psicoterapia grupal trata-se apenas de uma das estratégias utilizadas para
o tratamento de pacientes com transtornos alimentares, já que o trabalho é
multidisciplinar, considerando os vários fatores desencadeadores e mantenedores
do transtorno, mas, aparece como grande contribuinte devido aos fatores
terapêuticos que proporciona.
O trabalho terapêutico é limitado, devido à gravidade clínica dos casos e à
resistência das pacientes em aderir ao tratamento. Todavia, é bastante produtivo,
quando se pensa na troca de experiência que o grupo proporciona, na possibilidade
de ressignificação e reconfiguração de aspectos subjacentes ao desenvolvimento do
transtorno.
Por fim, devido ao fato dos transtornos alimentares, tratarem-se de uma
problemática que merece atenção pública, sendo um grave problema social no atual
século, devido à sua alta prevalência e às suas graves consequências, a reflexão
sobre possíveis estratégias de ajuda é pertinente para a melhora da atenção à
saúde.
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PALAVRAS-CHAVES:
hospitalar.
Transtorno
alimentar,
grupo
psicoterápico,
psicologia
- 206 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
RESTRIÇÃO PROTÉICA GESTACIONAL ALTERA LIPOPEROXIDAÇÃO
MITOCONDRIAL EM FÍGADOS DE RATOS MACHOS JOVENS.
RESENDE, T.M.1,2; SILVA, E.V.C.1,2; MORAES, C. 1,3, REBELATO, H.J.1,3; CATISTI, R.1,4
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
Orientador.
4
2
Discente;
3
Mestrando;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Placenta é um órgão transitório, responsável pela nutrição do feto; serve como órgão
de excreção (DESOYE, SHAFIR, 1994) além de exercer funções de proteção, trocas
gasosas (BERNIRSCHE, KAUFAMANN, 1990) e síntese de proteínas e hormônios
(SIMPSON, MACDONALD, 1981). Para dar cabo a todas essas funções, a placenta
é, metabolicamente, um órgão muito ativo, o metabolismo de energia tem importante
papel e defeitos placentários no sistema de provisão de energia têm um sério
impacto nos processos de desenvolvimento fetal. A mitocôndria é responsável pelo
fornecimento de energia na placenta que depende essencialmente da utilização da
glicose (ILLSLEY, 2000). Honzik e colaboradores estudam, em placenta humana,
fatores que podem afetar negativamente o processo de fosforilação oxidativa
mitocondrial e com isso alterar o processo de desenvolvimento do feto (HONZIK et
al, 2006). O conceito de “programação” ou imprinting tem sido utilizado para explicar
a associação entre eventos que ocorrem em fase pré-natal, que determinam
alterações do crescimento fetal, e que podem se tornar fisiopatológicos na idade
adulta (SECKL, 1998; SECKL, 2004). Restrições nutricionais maternas durante o
desenvolvimento intra-uterino são reconhecidas causas de mortalidade ao
nascimento (KINGDOM et al, 1997) e estão associadas a disfunções renais pósnatais (VANPEE et al, 1992), ao risco de desenvolvimento de hipertensão arterial e a
doenças cardiovasculares na idade adulta (BARKER et al, 1989; LAW et al, 1991;
WILLIAMS et al, 1992). Onis e colaboradores estimam que cerca de 53% da
mortalidade perinatal é atribuída ao baixo peso (ONIS et al, 2004). Desta forma,
existe hoje ampla aceitação que tanto as fases gestacionais quanto os primeiros
anos de vida são determinantes no desenvolvimento de doenças metabólicas e
cardiovasculares na idade adulta (para revisão ver WINTOUR et al, 2003; MYATT,
2006).
OBJETIVO
O presente trabalho visa investigar na idade adulta, a repercussão de restrição
protéica gestacional (RPG) na função hepática. Estudamos, especificamente, em
mitocôndrias hepáticas isoladas de ratos adultos machos, de 2, 4, 6, 8 e 10 meses,
filhos de mães submetidas à privação protéica gestacional, o consumo de oxigênio
como parâmetro energético mitocondrial.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
O presente trabalho teve aprovação do Comitê de Ética, CEP, protocolo número
257/2010. O estudo foi realizado em prole de ratas Wistar alimentadas com ração
- 207 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
padrão para ratos (17% de proteína, NP) ou com ração hipoprotéica (6% de
proteína, LP) durante todo o período gestacional. Após o desmame, os animais
receberam como alimentação, ração comercial (Nuvilab CR-1, da Nuvital). Os
estudos dos efeitos da restrição protéica materna na prole foram realizados em
mitocôndrias de fígado, retirados de ratos machos Wistar-Hannover, de idade entre
2 e 10 meses.
Isolamento de mitocôndrias hepáticas
Mitocôndrias foram isoladas de fígado de ratos por centrifugação diferencial,
segundo Schneider & Hogeboom (SCHNEIDER, HOGEBOOM, 1950), após jejum de
12 horas.
Consumo de oxigênio mitocondrial
As suspensões mitocondriais foram colocadas em câmara de vidro (1,0 mL, com
agitação), conectada a oxígrafo Oxytherm Hansatech Instruments Ltd, a 28º C.
Análise dos resultados - Todos os resultados foram representativos de uma série de
3 a 6 experimentos, com diferentes preparações mitocondriais. Nos casos onde dois
grupos foram comparados, foi utilizado Teste t de Student, não pareado, com nível
de significância de 5 % (p<0,05), sendo os resultados expressos como média ± erro
padrão da média (X ± E.P.M.).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi verificado o desempenho da respiração mitocondrial entre animais machos, com
diferentes idades (entre 2 e 10 meses), quanto à sensibilidade frente as condições
de estresse oxidativo induzido por cálcio e fosfato inorgânico. Sob estas condições
experimentais, grupo de animais submetidos à RPG (LP, filhos de mãe em RPG, 6%
de proteína) tem sua respiração mitocondrial acelerada frente ao grupo controle (NP,
filhos de mãe alimentada com dieta de 17% de proteína). Valores significativos
(p<0,05) foram encontrados somente para o grupo de ratos de idade de 2 e 4 meses
(NP, 2 meses, 63,19 ± 1,518 nmoles de O2 mg-1min-1; LP, 2 meses, 101,7 ± 8,04
nmoles de O2 mg-1min-1; NP,4 meses, 63,82 ± 0,4458 nmoles de O2 mg-1min-1; LP, 4
meses, 109,1 ± 5,397 nmoles de O2 mg-1min-1). Esse resultado sugere que
mitocôndrias isoladas de fígados de animais submetidos à RPG estão mais
suscetíveis às mesmas condições de transição de permeabilidade mitocondrial que
as mitocôndrias isoladas do grupo de animais controle. Para um mesmo estímulo de
dano oxidativo (10 µM CaCl2 e 2 mM Pi), mitocôndrias isoladas de animais jovens,
filhos de mães restritas respiram mais, como forma compensatória, para suprir maior
produção de EROs ou menor produção de enzimas antioxidantes. Assim, a RPG
parece induzir maior suscetibilidade ao fígado da prole às condições de estresse
oxidativo, sensibilizando as mitocôndrias, que respondem/reagem mais prontamente
ao mesmo estímulo, por exemplo, a cálcio e fosfato, que fígado da prole de não
restritos, somente até a idade de 4 meses. A partir do 6º mês, o fígado do animal se
recupera da privação protéica gestacional.
Castilho e colaboradores (CASTILHO et al, 1994) demonstraram que a
permeabilização da membrana mitocondrial era mediada por lipoperoxidação e
fragmentação de proteínas devido ao ataque causado por EROs na presença de
cálcio e do sistema gerador de radicais livres Fe2+ citrato. Resultados mostram que o
- 208 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
efeito da lipoperoxidação em mitocôndrias isoladas de fígados de animais machos,
filhos de mãe controle (NP) ou filhos de mãe em RPG (LP), sobre o consumo de
oxigênio insensível à antimicina A foi significativo (p<0,05) apenas para animais de 2
meses (NP 43.57 ± 1.335 nmoles de O2 mg-1min-1; LP 72.40 ± 7.277 nmoles de O2
mg-1min-1) e de 4 meses (NP 57.75 ± 4.484 nmoles de O2 mg-1min-1; LP 85.36 ± 4.33
nmoles de O2 mg-1min-1). Para ratos machos mais velhos, não houve diferença
significativa: 6 meses (NP 63.09 ± 1.039 nmoles de O2 mg-1min-1; LP 74.35 ± 4.183
nmoles de O2 mg-1min-1); 8 meses (NP 50.98 ± 3.630 nmoles de O2 mg-1min-1; LP
65.79 ± 7.706 nmoles de O2 mg-1min-1), ou 10 meses de idade (NP 57.48 ± 1.535
nmoles de O2 mg-1min-1; LP 63.93 ± 3.118 nmoles de O2 mg-1min-1). Esse resultado
indica que, a RPG induz a lipoperoxidação em membranas mitocondriais hepáticas
de ratos machos adultos jovens.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Um trabalho recente (QASEM et al., 2010) evidencia que restrição protéica materna
durante a gravidez reduz o teor de lipídios seletivamente na prole masculina. Esta
redução pode levar a alterações de lipídeos/proteína da membrana mitocondrial
interna, o que poderia promover o aumento da produção de EROs pela cadeia de
transporte de elétrons e alterar velocidade de respiração mitocondrial. Com essa
informação somada aos nossos resultados, podemos concluir que a RPG altera o
metabolismo mitocondrial na prole masculina de ratos adultos jovens, tornando-os
mais sucetíveis às condições de estresse oxidativo e que, provavelmente, induz
mudanças no teor de lipídios mitocondriais hepáticas. A partir do 6º. mês de idade,
as alterações provocadas pela desnutrição protéica gestacional são superadas e o
tecido hepático retorna às suas condições fisiológicas normais.
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ÓRGÃO FINANCIADOR: FAPESP, FHO/UNIARARAS, PIBIC/CNPq e PROSUP/CAPES
TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: SIM
PALAVRAS-CHAVES: prole, restrição protéica gestacional, estresse oxidativo.
- 211 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
AVALIAÇÃO E MENSURAÇÃO DA SUTURA PALATINA MEDIANA POR MEIO
DA RADIOGRAFIA OCLUSAL EM PACIENTES TRATADOS COM EXPANSÃO
RÁPIDA MAXILAR
LEÃO, F.G.P. ¹, SANTAMARIA JR, M. ², VALDRIGHI, H. ³, VEDODELLO FILHO, M. 4,
VEDOVELLO, S.A.S 5.
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP. ; Discente- Centro Universitário
3
Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP ;
Co-orientadora- Centro Universitário Hermínio
4
Ometto – UNIARARAS, Araras, SP ; Coordenador do curso de mestrado em ortodontia- Centro
5
Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP;
Orientador – Centro Universitário
Hermínio Ometto – UNIARARAS.
[email protected], [email protected].
INTRODUÇÃO
Dentre as maloclusões de maior freqüência, destacam-se a mordida cruzada
(KUTTING & HAWES, 1969), que pode ser definida como a relação anormal,
vestibular ou lingual de um ou mais dentes da maxila, com um ou mais dentes da
mandíbula, quando os arcos dentários estão em relação cêntrica, podendo ser uni
ou bilateral (LOCKS et al., 2008).
Um dos recursos de tratamento utilizado para a correção da mordida cruzada
posterior é a Expansão Rápida da Maxila (ERM), por meio da abertura mecânica da
sutura palatina mediana com aparelho disjuntor palatino. A sutura palatina mediana
pode ser aberta a uma extensão suficiente para causar um alargamento significativo
da maxila no sentido transversal, fazendo parte de um procedimento
ortopédico/ortodôntico. Com o propósito de normalizar essas situações, a ERM
compreende um recurso clínico incorporado integralmente à mecanoterapia
contemporânea, independentemente da técnica empregada (DAVID et al., 2009).
Com a ERM, podem-se posicionar as bases apicais maxilar e mandibular em um
equilíbrio, restabelecendo com o mínimo de esforço uma boa funcionalidade da
oclusão (FILHO, R.M.A.L.,2009).
Para a realização da disjunção maxilar, também deve ser respeitado um limite de
idade, uma vez que ao final do crescimento ocorre a consolidação da sutura palatina
mediana (QUAGLIO et al., 2009).
OBJETIVO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a sutura palatina mediana de pacientes
submetidos à expansão rápida maxilar, com aparelho disjuntor do tipo Hyrax.
Material e métodos:
Para tal foram selecionadas 36 radiografias de pacientes com idade entre 8 e 13
anos,pertencentes aos arquivos do curso de pós-graduação em ortodontia da
Uniararas, executadas em fases diferentes do tratamento: a primeira na fase de prédisjunção e a segunda pós-disjunção. As mesmas foram avaliadas em negatoscópio
com iluminação adequada e auxílio de um paquímetro digital, como parâmetros
foram analisadas as distâncias entre as cristas ósseas alveolares dos incisivos
centrais superiores.
- 212 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos pelo teste do Qui-quadrado mostraram que não houve
diferenças estatisticamente significantes entre os gêneros masculino e feminino com
relação à idade (p=0,4795), o teste t (não pareado) revelou que houve diferenças
significantes (p<0,05) entre as medidas iniciais e finais tendo em média um aumento
de 2,29 mm na medida final e a análise dos dados (ANOVA e Tukey) mostrou que
não houve diferenças estatisticamente significantes (p>0,05) entre os gêneros
considerando isoladamente a medida inicial ou final. Entretanto, houve diferenças
significativas entre as medidas iniciais e finais, considerando cada gênero
separadamente.
É de suma importância para se obter uma oclusão estável e satisfatória, estabelecer
uma relação esquelética normal no sentido transversal, entre as bases ósseas. Para
tal é necessário que a sutura palatina seja aberta, o que é conseguido de maneira
eficaz pela técnica de ERM, ocorrendo à disjunção dos ossos maxilares, mas a
mesma deve ocorrer de uma maneira na qual não cause grandes inclinações nos
dentes posteriores (ROSSI et al, 2009). Segundo (FERREIRA et al, 2007) a
expansão varia de acordo com as necessidades individuais e é preconizada uma
sobrecorreção, não pela abertura da sutura, mas pela recidiva da inclinação dos
dentes posteriores após a contenção.
Todos os pacientes apresentaram surgimento ou aumento de diastema
interincisivos, o que também foi evidenciado no trabalho de DAVID et al, 2009.
Alguns pacientes já apresentavam diastema, devido à fase da dentição em que se
encontravam durante o tratamento ou por presença de anomalias de número, como
mesiodens.
O procedimento de ERM visa corrigir as atresias do arco dentário superior,
mostrando muita eficiência em aumentar as dimensões transversas maxilares
(GARIB et al, 2005), o que também foi evidenciado no presente estudo.
Nas radiografias oclusais, a sutura palatina mediana, aparece como uma linha
estreita e radiolúcida, e imediatamente após a ERM, essa linha se torna mais larga
(MACEDO et al, 2009).
Todos os pacientes submetidos à disjunção eram relativamente jovens, estando
dentro de uma faixa etária preconizada para tal terapia. Sendo a época ideal para
realização do tratamento, o mais precoce possível, desde que o paciente aceite a
intervenção para que a correção permita um crescimento adequado (LOCKS et al,
2008), mostrando também a importância fundamental do diagnóstico diferencial no
planejamento do tratamento (BARRETO et al, 2005).
Com a terapia proposta para correção da deficiência transversal, a dimensão da
maxila nesse sentido pode ser aumentada e o espaço temporário que se forma na
região da sutura é preenchido por novo tecido ósseo (FILHO, R.M.A.L.,2009) ,o que
concorda com o estudo realizado.
Considerações finais:
Baseado nos resultados obtidos e nas evidências clínicas observadas pode-se
concluir que:
Houve um aumento considerável da sutura palatina mediana nos
pacientes que se submeteram à disjunção, comprovando a eficiência
de tal intervenção ortodôntica.
Clinicamente observou-se abertura de diastema entre os incisivos
centrais superiores.
- 213 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Independentemente do gênero, ambos os sexos apresentaram valores
positivos de abertura sutural, podendo ser encontrado um aumento
maior no gênero feminino quando analisado separadamente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARRETO, G.M. et al. Avaliação transversal e vertical da maxila, após expansão
rápida, utilizando um método de padronização das radiografias póstero-anteriores.
Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.10, n.6, p. 91102, nov/dez 2005.
DAVID, S.N.M. et al. Avaliação e mensuração da sutura palatina mediana por meio
da radiografia oclusal total digitalizada em pacientes submetidos à expansão rápida
maxilar. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial: v. 14, n. 5, p. 62-68,
set./out. 2009.
FERREIRA, C.M.P. et al. Efeitos dentais e esqueletais mediatos da ERM utilizando o
disjuntor Hyrax. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá,
v.12, n.5, p. 36-48, jul/ago 2007.
FILHO, R.M.A.L. Alterações na dimensão transversal pela expansão rápida da
maxila. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.14, n.5,
p. 146-157, set/out. 2009.
GARIB, D.G. et al. Avaliação da expansão rápida da maxila por meio da tomografia
computadorizada: relato de um caso. Rev. Dental Press de Ortodontia e
Ortopedia Facial, Maringá, v.10, n.4, p. 34-46, jul/ago 2005.
KUTTIN, G.; HAWES, R. R. Posterior crossbite in deciduous and mixed dentition.
Am. J Orthod., St. Louis, v. 56, n. 5, p. 491-504, 1969.
LOCKS, A. et al. Mordida cruzada posterior: uma classificação mais didática. Rev.
Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.13, n.2, p.40-49, 2008.
MACEDO, M.C. et al. Análise da densidade óptica da sutura palatina mediana seis
meses após a expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente. Rev. Dental
Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.14, n.5, p. 101-108, set/out
2009.
QUAGLIO, C.L. et al. Classe II divisão 1 associada a deficiência transversal maxilar:
tratamento com disjuntor tipo Hyrax e aparelho de Herbst – relato de caso clínico.
Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, Maringá, v.14, n.5, p.118128, set/out. 2009.
ROSSI et al. Expansão maxilar em adultos e adolescentes com maturação
esquelética avançada. Rev. Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial,
Maringá, v.14, n.5, p.43-52, set/out. 2009.
- 214 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Órgão financiador: CNPq.
Trabalho de iniciação científica.
Palavras chave: técnica de expansão palatina; aparelho ortodôntico; maloclusão.
- 215 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
INFLUÊNCIA DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO E MODULAÇÃO DA IRRADIÂNCIA NA
RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE BRÁQUETES EM INCISIVOS BOVINOS
AVELAR, A. H.1; CORRER, A. R. C.2; VALDRIGHI, H. C.3; VEDOVELLO FILHO, M.4;
VEDOVELLO, S. A. S.5.
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP., Discente; Centro Universitário
3
Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP., Profissional; Centro Universitário Hermínio Ometto –
4
UNIARARAS, Araras, SP., Docente; Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras,
5
SP., Co-orientador; Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP., Orientador.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O procedimento de colagem de braquetes em dentes humanos representou um dos
maiores avanços da Ortodontia na montagem de aparelhos ortodônticos,
descartando o uso de bandas. Essa evolução somente tornou-se possível após a
técnica do condicionamento ácido desenvolvida por (BUONOCORE,1955)
possibilitando o aumento na aderência dos materiais resinosos na coroa dentária. As
resinas compostas foram introduzidas no mercado odontológico no início dos anos
60 com indicação para dentes anteriores, em substituição aos restauradores
estéticos: cimento de silicato e resina acrílica (BOWEN, 1963). Devido às melhorias
alcançadas, os compósitos permitiram que as indicações clínicas fossem ampliadas,
possibilitando também o uso em colagem de braquetes.
A luz emitida por diodo (LED) foi desenvolvida com o objetivo de minimizar o calor
gerado durante a fotoativação produzida pela luz halógena (UHL et al., 2003). O
LED emitindo um comprimento de onda de 455 a 486nm se relaciona com a taxa de
absorção do espectro da canforoquinona. O LED é constituído de materiais
semicondutores que determinam o tipo de luz emitida (BURGUESS et al., 2002).
Cada material semicondutor apresenta uma faixa de energia, que determinará o
espectro de emissão de luz, caracterizando a cor emitida (KURACHI et al., 2001).
O espectro emitido pela fonte de luz e o espectro de absorção do fotoiniciador é
dependente de outros fatores como: a irradiância (mW/cm 2) emitida pela fonte de luz
e o tempo de exposição. Caso o compósito não receba quantidade suficiente de
densidade de energia (irradiância), o grau de conversão monomérico será baixo
(MUNKSGAARD et al., 2000), resultando em possível aumento da citotoxicidade,
desgaste e quebra de margens (FERRACANE et al., 1997), assim como redução na
dureza e no módulo de elasticidade (HARRIS et al., 1999). Deste modo, seria
relevante a utilização de menores tempos de exposição no processo de colagem de
braquetes.
OBJETIVOS
O objetivo deste estudo foi avaliar a resistência ao cisalhamento de braquetes
metálicos colados em incisivos bovinos nas variáveis:
1. Tempo de exposição: 20 e 40 segundos.
2. Modulações da luz: baixa e alta irradiância.
- 216 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
3. Após a remoção dos braquetes avaliar também o Índice de Remanescente do
Adesivo (IRA).
MATERIAL E MÉTODOS
Para este estudo foram utilizados 40 incisivos bovinos sem trincas ou qualquer
defeito na superfície. Os dentes passaram por um processo de limpeza em água
corrente, com auxílio de cureta periodontal (Duflex, S. S. White, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil) visando à remoção dos resíduos do ligamento periodontal. Em seguida, foram
congelados por 4 meses até a realização do estudo.
Os dentes foram embutidos em tubos de PVC utilizando resina acrílica ativada
quimicamente (Vipi Flash, Dentalvipi, Pirassununga, SP, Brasil).
Para a colagem, foram utilizados 40 braquetes metálicos Roth (Morelli, Sorocaba,
SP, Brasil) para incisivos centrais. O material para colagem foi o compósito resinoso
Transbond XT (3M Unitek, Monrovia, Califórnia, EUA). Previamente a colagem, foi
realizada a profilaxia dos dentes utilizando-se pedra pomes e água, taça de borracha
e contra ângulo em baixa rotação (Dabi-Atlante, Ribeirão Preto, SP, Brasil).
Os dentes foram lavados pelo mesmo tempo, secos e submetidos ao procedimento
de colagem. Os dentes foram divididos em 4 grupos (n=10) : G1 - tempo de
exposição 20 segundos com baixa irradiância, G2 - tempo de exposição 20
segundos com alta irradiância, G3 - tempo de exposição 40 segundos com baixa
irradiância e G4 - tempo de exposição 40 segundos com alta irradiância.
O condicionamento do esmalte foi realizado com ácido fosfórico a 35% (Scothbond
Etching Gel, 3M/ESPE, St. Paul, MN, EUA) por 20 segundos. Posteriormente foi
aplicado o preparador de superfície Transbond XT Primer no esmalte utilizando um
microbrush. O solvente foi evaporado com jato de ar por 10 segundos e o compósito
resinoso Transbond XT foi aplicado na base dos braquetes.
O posicionamento dos braquetes na superfície de esmalte foi realizado com pinça
para colagem com pressão manual com a finalidade de extravasar o excesso de
material, que foi removido com sonda exploradora. Para fotoativação foi utilizada luz
emitida por diodo (LED) com o aparelho New Blue Phase (Ivoclair – Vivadent
Schaan/Liechtenstein). As amostras foram armazenadas em água deionizada a 37ºC
por 24 horas previamente ao ensaio de resistência ao cisalhamento que foi realizado
em máquina de ensaio universal Instron (4411, Instron Ltd., High Wycombe, Bucks,
United Kingdom), com velocidade de 0,5 mm/min.
As amostras foram carregadas até a fratura e os dados obtidos em kgF foram
convertidos em Newton para posterior cálculo da resistência (MPa), utilizando a
seguinte fórmula: RC = F/A onde: RC = resistência ao cisalhamento; F = força
necessária para remoção braquete-dente e A = área do braquete.
O Índice de Remanescente Adesivo (IRA) foi realizado com auxílio de uma Lupa
Estereoscópica (Carl Zeiss, MC 63A, Alemanha), com aumento de 40 vezes,
seguindo o método proposto por ARTUN & BERGLAND:
Escore 0 - indica a ausência de qualquer resíduo da camada adesiva no esmalte;
Escore 1 - indica a presença de menos da metade da resina remanescente no
esmalte;
Escore 2 - indica a presença de mais da metade da resina remanescente no
esmalte;
Escore 3 - indica a presença de toda a resina remanescente no esmalte, juntamente
com a impressão do desenho da base do braquete.
- 217 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Os dados foram submetidos à Análise de Variância (2-way ANOVA) e as médias, ao
teste de Tukey (5%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 e a Figura 1 mostram a comparação das médias de resistência ao
cisalhamento (MPa) para os dois tempos de fotoativação, em função da irradiância.
Foi observado que para o tempo de 20 segundos, maior média de resistência ao
cisalhamento foi observada quando a alta irradiância foi utilizada, diferindo
estatisticamente da baixa irradiância (p<0,05). Para o tempo de 40 segundos, não
houve diferença estatística entre alta e baixa irradiância (p>0,05). Já quando foram
comparados os tempos de fotoativação, foi observado que, para a alta irradiância, o
tempo de 20 segundos não diferiu estatisticamente do tempo de 40 segundos
(p>0,05). Para baixa irradiância, o tempo de 40 segundos mostrou maior média e
diferiu estatisticamente do tempo de 20 segundos (p<0,05).
Tabela 1 – Valores médios de resistência ao cisalhamento da união de bráquetes
metálicos ao esmalte dental bovino (MPa) para nos tempos de
fotoativação de 20 e 40 segundos, utilizando baixa ou alta irradiância.
Tempo de fotoativação
Intensidade
20 segundos
40 segundos
Alta irradiância
18,35 a, A (7,18)
19,28 a, A (7,46)
Baixa Irradiância
14,19 b, B (3,11)
18,77 a, A
(7,72)
Médias seguidas por letras minúsculas distintas na coluna e maiúsculas em linha, não diferem estatisticamente entre si pelo
Teste de Tukey, ao nível de 5%. ( ) - Desvio Padrão
Resistência de união (kgf)
30
25
a, A
a, A
a, A
20
b, B
15
10
5
0
20 segundos
Alta irradiância
40 segundos
Baixa irradiância
- 218 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Grupo de barras de cores iguais seguidas de mesma letra maiúscula e barras de
cores diferentes seguidas de mesma letra minúscula não diferem estatisticamente
entre si pelo Teste de Tukey, ao nível de 5%.
Figura 1 – Ilustração gráfica dos valores médios de resistência ao cisalhamento da união de braquetes
metálicos ao esmalte dental bovino (MPa) para nos tempos de fotoativação de 20 e 40
segundos, utilizando baixa ou alta irradiância.
Os resultados da avaliação do IRA estão apresentados na Tabela 2. Para a
intensidade de alta irradiância 20s, houve predominância de escore 2 e
quantidades menores de escores 0 e 1. Para a intensidade de baixa irradiância
20s, verificou-se predominância de escores 1 e 2. Por outro lado, para a
intensidade de alta e baixa irradiância 40s, houve predominância de escore 2.
Tabela 2 – Percentual de escores (%) para o IRA dos diferentes grupos.
Escore (%)
Intensidade
0
1
2
3
20%
30%
40%
10%
Baixa irradiância 20 s 10%
40%
40%
10%
Alta irradiância 40 s
-
50%
10%
10%
40%
20%
Alta irradiância 20 s
40%
Baixa irradiância 40 s 30%
Desde a descoberta do condicionamento ácido (BUONOCORE, 1955) e o
surgimento dos adesivos odontológicos, a técnica de colagem direta com uso de
resina composta tem sido amplamente utilizada na colagem de braquetes
ortodônticos com enorme índice de sucesso clínico.
Existe uma infinidade de resinas fotopolimerizáveis no mercado. É necessário que o
ortodontista conheça suas propriedades tais como, alta resistência, facilidade de
manuseio durante a colagem, fácil remoção, dentre outras e utilize da melhor
maneira possível cada propriedade de acordo com a sua necessidade.
O uso de LED por períodos mais curtos parece ser uma boa alternativa para reduzir
tempo na prática diária ortodôntica, mas estudos ainda são necessários. Apesar do
surgimento do LED, a luz halógena ainda oferece bons resultados quando
comparado com o de fotopolimerização de novos dispositivos (RÊGO, ROMANO,
2007).
O compósito resinoso Transbond XT fotopolimerizado com LED não mostrou
diferença estatística quando comparado ao fotopolimerizado com a luz halógena
possibilitando o uso do LED pelos ortodontistas (TRIGUEIRO, 2008) e também ficou
evidente que o compósito resinoso Transbond XT apresentou eficácia quanto à
resistência ao cisalhamento em todos os braquetes ortodônticos analisados
(VASQUES et al., 2005).
- 219 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Para um bom desempenho clínico, a resistência adesiva média de um material
utilizado na colagem de acessórios ortodônticos ao esmalte deve estar entre 5,6
MPa a 7,8 MPa (ROMANO et al., 2004). Neste trabalho os resultados encontrados
G1= 14,19 MPa, G2= 18,35 MPa, G3= 18,77 MPa e G4= 19,28 MPa foram
superiores aos preconizados, confirmando a alta adesão do compósito resinoso
Transbond XT na colagem de braquetes independendo da modulação da irradiância
e do tempo de exposição utilizados na fotopolimerização do material.
Na avaliação do Índice de Remanescente do Adesivo (IRA), não foram encontradas
diferenças estatísticas entre os grupos, mas observa-se uma predominância do
escore 2 em todos os grupos, no qual podemos destacar que o Transbond XT
apresenta comprovadas características de adesão (ROMANO, 2003). A avaliação do
IRA é de grande interesse para o ortodontista, podendo escolher materiais que
apresentam grande adesão ao esmalte dentário preservando a integridade do
elemento dental e proporcionando segurança durante o tratamento ortodôntico.
Assim, a escolha do material de colagem depende de uma avaliação criteriosa de
suas propriedades clínicas (PITHON, 2007).
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Todos os grupos apresentaram uma resistência ao cisalhamento satisfatória
suprindo as necessidades clínicas, ou melhor, resistência suficiente para suportar os
esforços gerados pela mecânica ortodôntica, independendo da modulação da
irradiância e do tempo de exposição utilizados na fotopolimerização do material.
O compósito resinoso com menor tempo de exposição e maior irradiância (G2)
apresentou resistência ao cisalhamento similar ao compósito com maior tempo de
exposição e menor irradiância (G3), e as amostras obtiveram valores de resistência
ao cisalhamento em ordem crescente de menor tempo de exposição e baixa
irradiância para o maior tempo de exposição e alta irradiância.
Com relação ao Índice de Remanescente do Adesivo, não houve diferença
estatística entre os grupos, porém com a predominância do escore 2 concluímos a
alta adesão ao esmalte dentário dado pelo compósito resinoso Transbond XT.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FERRACANE, J.L.; MITCHEM, J.C.; CONDON, J.R.; TODD, R. Wear and marginal
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ÓRGÃO FINANCIADOR: CNPQ/PIBIC
- 221 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
PALAVRAS-CHAVES:
exposição.
Resistência
ao
cisalhamento,
braquetes,
tempo
- 222 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
de
EFEITO DA RESTRIÇÃO CALÓRICA EM ANIMAIS OBESOS E RESISTENTES À
INSULINA SOBRE A EXPRESSÃO PROTÉICA DA AMPK
1,3
ROVIGATTI JÚNIOR, S.; 1,3BARROSO, J.G.; 1,3BARALDI, L.G.; 1,3SACCINI, V.C.V.;
SOUZA, E.E.; 2,3VANZELA, E.; 2,3RIBEIRO, R.; 2,3SILVA, J.C.R.S.; 1,2,4 AMARAL, M.E.C.
1,3
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas; Departamento de Anatomia, Biologia Celular,
3
4
Fisiologia e Biofísica, Instituto de Biologia, Unicamp; Discente; Orientadora.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Os estudos de McCay em 1989 marcam o fato de que a restrição calórica
(RC) moderada prolonga a vida de roedores de laboratório. Entre as principais
conclusões dos estudos que envolveram RC está a afirmação de que as calorias
direcionam a qualidade de vida, prevenindo ou evitando diversas doenças e
conseqüentemente tornando o organismo longevo (BARGER et al., 2003). A RC
pode prolongar a vida em várias espécies e tem sido proposto que a AMPK pode
mediar parte deste efeito. A AMPK é ativada em resposta a fatores de estresse
ambiental e nutricional que aumentam os níveis de AMP e diminuem os níveis de
ATP intracelular (CARLING, 2004). A ligação de AMP à AMPK leva ao aumento da
velocidade catalítica da enzima AMPK, o que torna a cascata de ativação da AMPK
ultra-sensível, ou seja, pequenas mudanças nos níveis de AMP induzem aumento
na atividade da AMPK (WINDER and HARDIE, 1999). Os ativadores da AMPK
podem ser o estresse nutricional e ambiental e alterações nos níveis de insulina,
leptina, adiponectina (MINOKOSHI et al., 2004), resistina e drogas antidiabéticas
(BRUNMAIR et al., 2004). O resultado da ativação da AMPK é a intensificação de
vias de produção de energia (catabólicas), tais como a oxidação de ácidos graxos e
a glicólise e a inibição de vias de consumo de energia (anabólicas), tais como,
síntese de ácidos graxos, síntese de colesterol, síntese de proteínas e
gliconeogênese hepática (CARLING, 2004, 2005). A AMPK ativada pode reduzir a
incidência de complicações cardiovasculares, por controlar os níveis de triglicérides,
colesterol e ácidos graxos livres (MISRA and CHAKRABARTI, 2007). No entanto,
raros são os estudos encontrados na literatura que caracterizam a expressão da
AMPK em fígado em ratos de meia idade e senis, obesos e resistentes à insulina,
submetidos à RC.
OBJETIVO
O objetivo do presente estudo é 1) avaliar o efeito da RC de 40% por 21 dias em
relação à ingestão do animal controle sobre a expressão protéica da AMPK hepática
em ratos de meia idade e de dois anos de vida, 2) investigar as alterações
metabólicas através da dosagem de glicose, insulina, colesterol e triacilglicerol e
glicogênio hepático e muscular e 3) aspectos histológicos e morfométricos do
pâncreas endócrino desses animais.
METODOLOGIA
Foram utilizados ratos machos Wistar de um e dois anos de vida, fornecidos pelo
biotério da Uniararas. Durante o período experimental o grupo Controle (CTL)
- 223 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
recebeu ração comercial “ad libitum”, e o grupo Restrito (RC) recebeu 60% da
ingestão calórica do grupo CTL durante 21 dias. Após este período foram realizados
parâmetros bioquímicos plasmáticos de acordo com as instruções do fabricante,
teste de tolerância intraperitoneal à glicose (i.p.GTT), análise histológica e
morfométrica pelo programa Image J, imunocitoquímica para insulina e glucagon e
em seguida a morfometria das ilhotas de Langerhans e Western Blotting para a
AMPK total e fosforilada em fígado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram analisados comparativamente entre o grupo Controle e o grupo
Restrito. A análise estatística dos resultados foi feita ANOVA seguido de Tukey; os
resultados foram expressos como média erro padrão da média (X E.P.M.) e o
nível de significância adotado foi de 5 % (p<0,05).
Observou-se que o os animais do grupo RC tanto de um ano quanto de dois anos
apresentaram redução do peso corporal durante a segunda e terceira semana de
restrição calórica em comparação aos animais CTL que receberam ração à vontade.
Houve redução do peso do tecido adiposo periepididimal nos animais restritos de
dois anos e redução significante nos animais de um ano, em comparação ao CTL.
Esses resultados validam o modelo de restrição calórica que mostra o menor ganho
de peso dos animais restritos quando comparado ao controle, porém com
similaridade de valor protéico, que indica a não desnutrição dos animais RC.
Quanto ao i.p.GTT e à glicemia de jejum, constatou-se similaridade entre as curvas
e os valores glicêmicos de animais CTL e RC de um ano de idade. No entanto, os
animais de dois anos de idade do grupo RC apresentaram diferença significativa no
i.p.GTT em relação aos do grupo CTL, que pode ser confirmado através da área sob
a curva e que sugere resistência periférica à insulina. Contudo, a glicemia de jejum
destes animais manteve-se similar. Verificou-se que os animais de um e dois anos
de ambos os grupos apresentaram valores similares do peso do pâncreas. A
porcentagem de célula beta foi maior nos animais de dois anos de idade. Essa
informação está de acordo com a literatura que aponta o aumento de massa da
célula beta como resposta compensatória da ilhota à obesidade e ao diabetes tipo 2
(PRENTKI & NOLAN, 2006).
Tanto nos animais de um ano quanto nos de dois anos, pôde-se observar redução
significativa de insulina nos animais RC em relação aos animais CTL, o que indica
que vias metabólicas são influenciadas pela RC (UGOCHUKWU et al., 2004).
Em relação à concentração de glicogênio observou-se similaridade entre os grupos
de animais de dois anos. Os animais de um ano do grupo RC tiveram redução do
glicogênio hepático e muscular comparado ao grupo CTL. De acordo com a
literatura, a restrição calórica está envolvida com a diminuição dos níveis de
glicogênio hepático e muscular (MONTORI-GRAU et al., 2009). Observou-se que
não houve diferença significativa entre as concentrações plasmáticas de jejum de
colesterol e triacilglicerol entre os grupos, apenas um leve aumento nos animais de
dois anos. Geralmente observa-se que a restrição calórica reduz os níveis de lipídios
no plasma dos roedores (Do AMARAL et al, 2010). Talvez o período de restrição de
21 dias tenha sido insuficiente para alterar o perfil lipídico do animal de um ano de
idade.
Através de Western Blotting, foi possível verificar que a proteína AMPKp aumentou
a expressão no fígado do grupo RC, tanto em animais de um ano quanto de dois
- 224 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
anos, quando comparado ao grupo CTL. Esse dado sugere evidência de que a
resistência à insulina associada ao envelhecimento é também associada à
diminuição da atividade AMPK (KRAEGEN et al, 2006; LIU et al, 2006). No entanto
há relatos de que as adaptações metabólicas do jejum e da RC incluem
alterações na concentração plasmática de leptina e acetil-CoA carboxilase
fosforilada, e que esses efeitos ocorrem sem mudanças na atividade da AMPK.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora preliminares, estes dados corroboram informações da literatura e sugerem
que a RC aumenta a expressão protéica da AMPKp no fígado de animais de um e
dois anos de idade. Os resultados ainda sugerem leve intolerância à glicose, leve
dislipidemia e resposta compensatória do pâncreas observado pelo aumento da
massa da célula beta em animais de dois anos de idade independente do estado
nutricional do animal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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caloric restriction: its significance in the transgenic era. Exp Gerontol. 38:1343-51,
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- 225 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
MINOKOSHI, Y.; ALQUIER, T.; FURUKAWA, N.; KIM, Y. B.; LEE, A.; XUE, B.; MU,
J.; FOUFELLE, F.; FERRE, P.; BIRNBAUM, M. J.; STUCK, B. J.; KAHN, B. B. AMPkinase regulates food intake by responding to hormonal and nutrient signals in the
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ÓRGÃO FINANCIADOR: CNPq, UNIARARAS, FAPESP
TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: Bolsa PIBIC/CNPq.
PALAVRAS CHAVE: Restrição calórica, obesidade e insulina.
- 226 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
DESENVOLVIMENTO DE UM MÉTODO RÁPIDO PARA DETECÇÃO DAS
MUTAÇÕES A827G E C7462T NOS GENES MT-RNR1 E MT-TS1 ASSOCIADO À
SURDEZ
ENES, A.L.T.1, 2; OLIVEIRA, C. A.1, 3, 4;
1
2
3
4
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Docente; Orientador.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A perda auditiva é o déficit sensorial mais comum e resulta na restrição das
habilidades de se comunicar pela linguagem falada (GODINHO et al., 2003). A
genética molecular da deficiência auditiva tem apresentado vários avanços na última
década, pois os genes responsáveis pela deficiência auditiva hereditária vêm sendo
progressivamente mapeados e clonados (PIATTO et al., 2005). Quando a perda
auditiva ocorre como um sinal isolado, esta é referida como não sindrômica. Quando
a perda auditiva está associada a outros sintomas é referida como sindrômica
(GODINHO et al., 2003). Em cerca de 60% dos casos a etiologia da deficiência
auditiva é hereditária. As formas não sindrômicas são responsáveis por 70% dos
casos de etiologia hereditária e as sindrômicas por 30% desses (PIATTO et al.,
2005). As mutações do DNA mitocondrial são transmitidas pela linhagem materna,
mas podem ocorrer mutações espontâneas. Os órgãos que requerem grande
quantidade de energia são mais comumente acometidos em casos de mutações no
DNA mitocondrial, como células nervosas, musculares, endócrinas, ópticas e
auditivas (CARVALHO, 2002). A mitocôndria contém sua própria molécula de DNA
(mtDNA) disposta em forma circular, e responsável pela decodificação de 37 genes
(GODINHO et al., 2003). Quando ocorre uma situação de mutação do DNA
mitocondrial, esta mutação pode estar presente nas mitocôndrias de todas as
células do organismo, evento conhecido como homoplasmia. Em outra situação
conhecida como heteroplasmia, a mutação pode estar presente em apenas algumas
mitocôndrias de uma célula de um determinado órgão ou tecido (CARVALHO et al.,
2002). A mutação A827G está localizada no sítio A do gene MT-RNR1, é a troca de
uma adenina (A) por uma guanina (G) na posição 827 do gene (WEI, 2006). A
mutação C7462T foi primeiramente descrita em 2010, como uma possível mutação
patogênica, esta localizada no gene MT-TS1 do DNA mitocondrial (UEHARA et al.,
2010).
OBJETIVOS
O presente estudo teve como objetivo analisar as mutações A827G e C7462T nos
genes MT-RNR1 e MT-TS1 do DNA-mitocondrial, desenvolvendo um método rápido
e de baixo custo.
METODOLOGIA
1. Extração de DNA genômico de sangue periférico
Foram estudados 100 indivíduos ouvintes selecionados ao acaso entre os
funcionários da UNIARARAS. O DNA genômico foi extraído dessas amostras,
- 227 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
utilizando o reagente DNAzol (Invitrogen®) a partir de 5ml de sangue total, de
acordo com as instruções do fabricante.
2. Análise da mutação A827G por Tetra-primer ARMS
O método tetra-primer ARMS PCR necessita de 2 primers outer para amplificar um
fragmento maior do DNA molde e 2 inner primers alelo específicos para amplificar,
cada um dos alelos. Para a construção dos primers foram seguidas as
especificações de YE e colaboradores (2001), limitando o tamanho dos amplicons
em 200-600pb. Os primers foram desenhados usando o programa disponível em:
<http:cedar.genetics.soton.ac.uk/public_html/primer1.html>.
3. Análise da mutação C7462T
3.1. Amplificação do gene MT-TS1 e rastreamento da mutação C7462T por
PCR-RFLP
A amplificação do fragmento de 341pb foi realizada por PCR e o produto da
amplificação foi submetido à eletroforese em gel de agarose a 1%, corado com
brometo de etídeo, visualizado sob luz ultravioleta e fotografado. A reação foi
realizada utilizando 200 a 500ng de DNA genômico, 100µM de cada
desoxinucleotídeo trifosfato (dATP, dCTP, dGTP e dTTP), 0,2pmol de cada primer
(direto e inverso), 2,5U de enzima Taq DNA polimerase em tampão de PCR 10X
(Tris–HCl 10mM pH 8,8) e 1,5mM de MgCl2, em um volume final de reação de 50µl
nas seguintes condições: um ciclo de desnaturação à 95°C por 5 mim; 30 ciclos de
desnaturação à 95°C por 40s; anelamento à 58°C por 40s, extensão à 72°C por 40s;
10 min de extensão final à 72°C.
A investigação molecular da mutação C7462T foi realizada por análise do
polimorfismo dos fragmentos de restrição (PCR-RFLP) utilizando a enzima Hinf I, de
acordo com as especificações do fabricante e, analisadas em gel de agarose 1,5%.
A presença do alelo 7462T aboli o sítio de Hinf I na seqüência gerando um
fragmento de 341pb. Dessa forma, indivíduos com o alelo 7462C apresentam
fragmentos de 224pb e 117pb.
3.2. Análise da mutação C7462T por AS-PCR
Uma outra estratégia utilizada para a detecção da mutação C7462T foi a AS-PCR.
Para esta reação foram sintetizados ARMS primers para detecções de mutações de
ponto e utilizados controles negativos dessa mutação, previamente detectada por
PCR-RFLP, na padronização dessa estratégia.
O primer normal foi usado para amplificar o alelo sem a mutação C7462T e o primer
mutante para o alelo com a mutação C7462T. O primer comum foi usado como
primer inverso juntamente com o primer normal ou mutante gerando fragmentos de
135pb. Com essas duas reações foram analisadas as mutações como sendo em
homoplasmia para o alelo C (normal), ou em homoplasmia para o alelo T (mutante) e
em heteroplasmia. Os primers A e B foram usados como controles internos de
amplificação gerando fragmentos de 360pb.
A AS-PCR foi realizada em um volume final de reação de 30μL, contendo 200 a
500ng de DNA, 1,3mM de MgCl2, 160µM de cada dNTP, 0,5 mol de primers NOR,
MUT e COM, 0,16 mol dos primers controles, 0,01% de BSA e 0,03U de Taq DNA
Polimerase. Uma desnaturação inicial foi feita a 95ºC por 5min seguidos por 30
- 228 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ciclos de 95ºC por 40s, 53ºC por 40s, 72ºC por 40s, e uma extensão final a 72ºC por
10min.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1. Mutação C7462T
Após a análise da mutação C7462T em 100 amostras de DNA pelas técnicas de
PCR-RFLP e AS-PCR verificamos que em nenhuma delas possuem esta mutação.
Esses achados reafirmam os dados publicados por UEHARA et al., 2010 que
descreve o encontro da mutação C7462T em 3 pacientes com perda auditiva de 30
amostras analisadas, não a encontrando em 306 amostras de indivíduos controles,
se tratando dessa forma, supostamente de uma mutação e não de um polimorfismo.
No entanto, ainda é necessário analisar amostras de DNA de pacientes com perda
auditiva para que possamos concluir sobre a patogenicidade da mutação em estudo.
Esse estudo está sendo realizado no laboratório de Genética Molecular Humana do
Centro de Biologia molecular e Engenharia Genética (CBMEG UNICAMP) e
posteriormente serão utilizados na conclusão desse trabalho.
Utilizamos algumas amostras de DNA que não apresentaram a mutação C7462T
para padronização do AS-PCR. Nessa estratégia não há necessidade de utilização
de enzimas de restrição após amplificação pela PCR, minimizando desta forma,
custos e tempo para rastreamento de mutações.
2. Mutação A827G
Durante os primeiros ensaios para a padronização da estratégia tetra primer ARMSPCR para a mutação A827G realizamos as reações de PCR em um volume final de
30µl, contendo 2µl de DNA, 0,8 MgCL2, 2,5µl de dNTP, 1,0µl dos primers- outers
(forward e reverse), 1,5µl do primer-inner (forward - A), 2,5µl do primer-inner
(reverse - G), 1,0µl de Taq DNA polimerase, 0,3µl de BSA 1%. Foi realizada uma
desnaturação inicial à 95ºC por 5min. Há 35 ciclos que incluem desnaturação a 95ºC
por 1minuto, anelamento de 62ºC por 1min e uma extensão a 72ºC por 1min e
extensão final em 72ºC por 10min. Os produtos de amplificação foram observados
em gel de agarose 2%, corados com brometo de etídeo. O resultado observado do
tetra primer ARMS-PCR realizado foi a não fidelidade da amplificação da região de
interesse nos controles investigados, sendo que, foram usadas controles de amostra
DNA positivas e negativas. A presença da troca de bases de A -> G geraria um
fragmento de 267pb no controle positivo e a ausência dessa troca, um fragmento de
303pb o que não ocorreu nos experimentos.
Para comprovar a integridade dos primers foi utilizada uma estratégia diferenciada
utilizando a metodologia completa do tetra primer ARMS-PCR, primeiramente
apenas com os primers outers e em seguida apenas com os primers inners, neste
experimento observou-se que a integridade se apresentava conservada.
Após o teste de cada primer na reação isoladamente, voltamos ao protocolo inicial
para verificar a reprodutibilidade do método. Um novo ensaio foi realizado com três
amostras positivas e três negativas. Todas as amostras apresentaram uma banda
de 303pb, o que não deveria acontecer nas amostras positivas, pois seu fragmento é
de 267pb. O que indica que as concentrações de reagentes utilizadas na reação
ainda não estão ideais para um correto anelamento do reverse inner primer,
responsável pela amplificação do nucleotídeo G.
- 229 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Dessa forma, notamos que os primers construídos especificamente para amplificar
na presença dos nucleotídeos G e A não estão conseguindo fazer a discriminação
na reação de PCR. A partir desses resultados, fizemos alterações, mantendo as
concentrações dos reagentes, e aumentamos a temperatura de anelamento dos
primers de 60ºC para 62ºC para tentar aumentar sua especificidade.
A partir do aumento da temperatura de anelamento pode-se observar maior
fidelidade dos primers específicos para o nucleotídeo G, porém aqueles específicos
para o nucleotídeo A, ainda não estão apresentando fidelidade na complementação.
Novas tentativas serão necessárias para estabelecer o correto pareamento dos
primers.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Até o momento, podemos concluir que a mutação C7462T não se trata de um
polimorfismo e sua freqüência na população surda será determinada juntamente
com o estudo comparativo que está sendo realizado na UNICAMP.
A mutação A827G, ainda não conseguimos uma padronização na técnica tetraprimer ARMS PCR, provavelmente devido a concentração incorreta dos primers para
que assim aconteça o correto pareamento dos mesmos. A proposta seguinte é fazer
um novo protocolo de PCR para uma investigação molecular da mutação A827G,
usando enzimas de restrição.
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ÓRGÃO FINANCIADOR: PIBIC/CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa e Qualidade e
NUCISA/ UNIARARAS – Núcleo de Ciências da Saúde do Centro Universitário Hermímio
Ometto.
TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIBIC
PALAVRAS-CHAVES: mtDNA; A827G; C7462T.
- 231 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO CELULAR DE ENZIMAS ANTIOXIDANTES EM
RATOS WISTAR TRATADOS COM FLUORETO DE SÓDIO
NOGUEIRA, G.A.S.1,2; COSTA, E.F.D.1,2; LOPES-AGUIAR, L.1,2; RENOSTO, F.L.1,2;
OLIVEIRA, C.A.1,5; SEVERI-AGUIAR, G.D.C.1,6
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
Orientador.
6
2
Discente;
5
Co-orientador;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O flúor é um dos mais reativos elementos químicos e devido a sua grande
eletronegatividade e capacidade de formar íons F- em solução não é encontrado
geralmente livre na natureza, mas principalmente como fluoreto. Os indivíduos estão
expostos aos fluoretos pelo ar, produtos dentais, comidas, bebidas e pela água
potável. Podem ser encontrados também, em baixas concentrações, associados às
proteínas da carne e leite, e em altas concentrações em chás de folhas vegetais.
(WHO, 2006). A fluoretação da água mostra ser uma importante medida profilática
para cárie dentária, porém, está relacionada ao aumento de casos de fluorose nas
últimas décadas, anomalia essa que pode causar danos em tecidos como o ósseo,
dentário, nervoso, renal e hepático (WANG et al, 2004). Devido ao fato de o fígado
ser um sítio ativo do metabolismo corporal, estaria especialmente susceptível a
intoxicação pelo fluoreto (CHINOY et al., 1993). A maior parte do F ingerido é
incorporada aos tecidos calcificados, mas pequenas quantidades podem alterar
atividades enzimáticas e metabólicas nos tecidos moles (BOUAZIZ, et al., 2006). Um
dos principais sistemas de defesa do organismo é constituído por enzimas
antioxidantes, como a superóxido desmutase (SOD) e a glutationa (GST), que
reduzem o estresse oxidativo causado pelas espécies reativas de oxigênio, que
afetam diretamente a síntese protéica e o DNA (JORDÃO et al, 1998). Alterações
na atividade dessas enzimas estão associadas à anomalias e podem auxiliar no
diagnóstico de alguns cânceres, bem como outras doenças relacionadas ao estresse
oxidativo, (ROVER JÚNIOR et al., 2001). Assim, a avaliação dos efeitos da ingestão
de concentrações diferentes de fluoreto, por períodos variados, constitui um
importante aspecto de estudo sobre o potencial de indução de estresse oxidativo
desse íon, já que sua ingestão é utilizada mundialmente como prevenção da cárie
dentária.
OBJETIVO Investigar o potencial de indução de estresse oxidativo do fluoreto de
sódio em fígado de ratos Wistar por meio da avaliação da expressão celular das
enzimas antioxidantes superóxido dismutase (SOD) e glutationa S-transferase
(GST).
MATERIAL E MÉTODOS
O tratamento dos animais foi realizado, em etapa anterior, com ratos machos Wistar
com peso inicial em torno de 180g, mantidos no Centro de Experimentação Animal
do Centro Universitário Hermínio Ometto (UNIARARAS), à temperatura de 25°C e
umidade do ar a 60%, em ciclo claro e escuro de 12 horas e receberam água filtrada
- 232 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
e ração purina ad libitum.Foram utilizados 60 ratos machos Wistar divididos em
quatro grupos: grupo controle, que recebeu água deionizada e três grupos
experimentais que receberam por gavagem soluções de fluoreto de sódio
1mg/kg/dia, 10mg/kg/dia e 15mg/kg/dia. Ao término de 30, 45 e 60 dias de
tratamento, os animais foram anestesiados por via intraperitoneal (Xilasina 2% e
Ketamina 10%) e submetidos à eutanásia (parecer CEP nº 750/2008 – aprovado em
11/11/2008). As doses e os períodos de tratamento estabelecidos foram estipulados
com base na literatura (BURT, 1992; DUNIPACE et al., 1995; KLEINSASSER et al.,
2001) e visam mimetizar uma exposição crônica. Foi realizada laparotomia medial,
rebatendo-se a arcada dorsal, o fígado foi exposto e uma pequena porção do lobo
esquerdo, foi armazenada em eppendorfs contendo TRIZOL® de acordo com as
instruções do fabricante (Invitrogen) permanecendo sob refrigeração de 6 a 8°C em
geladeira durante 24 horas, e, posteriormente, congelados a -20°C em freezer até a
análise. Outro fragmento do fígado foi coletado, fixado em formalina tamponada10%,
embebido em parafina histológica e as secções foram aderidas em lâminas
silanizadas, cuidadosamente preparadas para garantir a manutenção das mesmas
durante o tratamento que precede a reação imunohistoquímica com os anticorpos
das enzimas antioxidantes. Secções de fígado sem a utilização do anticorpo primário
foram utilizadas como controle negativo e, como controle positivo, secções onde foi
aplicado um liver human membrane lysate (fetal normal tissue ab29880). Os cortes
histológicos, aderidos em lâminas silanizadas, foram lavados em PBS (0,1M, pH 7,2)
em água destilada e em tampão citrato (pH 6.0) por 5 minutos, em seguida
passaram pelo processo de reativação antigênica, permanecendo em fervura a 95ºC
em tampão citrato por uma hora (KALAYARASAN et al., 2008). À temperatura
ambiente foram incubados com solução bloqueadora (Albumina bovina 2,5% e leite
em pó desnatado 2 % em PBS) e, depois, incubados com o anticorpo primário
(monoclonal de coelho anti-SOD-1 ou anti-GSH-1 - EP1727y ou EP1938y - Abcam
51254 ou 52759) (1:250), overnight, sob refrigeração a 4º C (KALAYARASAN et al.,
2008). Após lavagem com PBS as secções foram expostas ao anticorpo secundário
(Anticorpo policlonal de cabra contra IgG de coelho conjugado com FITC – Abcan
6717) (1:250), durante 2 horas à temperatura ambiente e em câmara escura. Após
lavagens sucessivas com PBS, as lâminas foram montadas com Permount, e a
fluorescência foi detectada utilizando filtro I3 com excitação entre 450 e 490nm
(Leica DM2000). A extração do RNA total hepático foi realizada pela reação fenolclorofórmio (HENRIQUES et al, 2005), e ele foi armazenado em biofreezer a
temperatura de -85°C para que sejam realizadas as etapas posteriores, que não
puderam ser realizadas até o momento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As análises microscópicas das secções de fígado submetidas à reação
imunohistoquímica com anticorpos anti-SOD mostraram que houve redução na
marcação fluorescente nos animais tratados com a concentração de 1mg de
fluoreto/kg/dia, independente do período utilizado. Já com a concentração de 10mg
fluoreto/kg/dia, após 30 dias foi observado discreto aumento na expressão de SOD
mas que diminui nos períodos de 45 e 60 dias. Com a concentração de 15mg
fluoreto/kg/dia, após 30 e 45 dias parece ter ficado igual ao controle e depois de 60
dias, houve redução na marcação. Quando utilizado anticorpo contra a enzima GST
não foi observada diferença nos grupos tratados em relação ao controle e nem entre
- 233 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
os grupos tratados com as diferentes concentrações pelos diferentes tempos de
tratamento. Não foi possível obter, até o momento, todos os cDNAs sintetizados a
partir dos RNAs extraídos das amostras de fígado, o que ainda será realizado e
poderá corroborar essas observações.
A SOD catalisa a dismutação do radical superóxido em peróxido e oxigênio,
removendo, assim, o mesmo e a glutationa-S transferase metaboliza uma série de
substratos hidrofóbicos e eletrofílicos, como os xenobióticos conjugando-os com a
glutationa reduzida (GSH) e formando compostos solúveis em água, facilitando sua
excreção e diminuindo a toxicidade dos mesmos. (Halliwell e Gutteridge, 1989). Em
um trabalho anterior do nosso grupo de pesquisa, foi observado que na maior
concentração e no período maior de tratamento com fluoreto houve aumento nos
níveis de PSH (grupos sulfidrila reduzidos) e redução de MDA indicando uma
resposta positiva em reverter a injúria provocada por esse íon (AGUIAR et al., 2010),
todavia, é possível que essas proteínas reduzidas não sejam a glutationa e que o
tratamento com fluoreto não induza a formação de radicais superóxido que leve ao
aumento da atividade da SOD, como observado nessa fase de experimentação.
Feng et al. (2010) observaram diminuição da atividade antioxidante induzida pelo
fluorose em eritrócitos de ratos, pela redução dos níveis de SOD plasmática e Chen
et al. (2010) demonstraram que a atividade de SOD e de GSH-Px foram
marcadamente reduzidas em baço de aves alimentadas com altas concentrações de
flúor, causando estresse oxidativo provavelmente responsável pela ativação de vias
de apoptose nas células esplênicas dos animais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Os resultados obtidos, nas condições em que os experimentos foram realizados e
nas concentrações utilizadas, permitem inferir que o tratamento com fluoreto de
sódio provoca inibição da atividade das enzimas antioxidantes SOD e GST o que
pode contribuir imensamente com o estresse oxidativo e diferentes conseqüências
para o organismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ÓRGÃO FINANCIADOR: CNPq e Fundação Hermínio Ometto.
TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
PALAVRAS-CHAVES: fluoreto, SOD, GST.
- 235 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
RESISTÊNCIA DE DIFERENTES COMPÓSITOS ODONTOLOGICOS E
VISCOSIDADE NA RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO DE BRÁQUETES EM
INCISIVOS BOVINOS.
MONTAGNANA, M.1,1; VALDRIGHI, HC.1,2; VEDOVELLO, SA.S.1,3; VEDOVELLO FILHO,
M.1,4; CORRER, AR.C.1,5
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
6
Docente; Silvia Amélia Scudeler Vedovello; Heloísa Cristina Valdrighi.
4
2
Discente;
3
Profissional;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O procedimento de colagem de báquetes em dentes humanos representou
um dos maiores avanços da Ortodontia na montagem de aparelhos ortodônticos,
descartando o uso de bandas. Essa evolução somente tornou-se possível após a
técnica do condicionamento ácido desenvolvida por (Buonocore,1955) possibilitando
o aumento na aderência dos materiais resinosos na coroa dentária.
As resinas compostas foram introduzidas no mercado odontológico no início
dos anos 60 com indicação para dentes anteriores, em substituição aos
restauradores estéticos cimento de silicato e resina acrílica (Bowen, 1963). Desde
essa data, tem sido altamente significante o desenvolvimento dos materiais e das
técnicas restauradoras. Devido às melhorias alcançadas, os compósitos permitiram
que as indicações clínicas fossem ampliadas, possibilitando também o uso em
colagem de bráquetes.
No início da década de 70 foram introduzidas no mercado resinas compostas
fotoativadas. Os primeiros produtos eram fotoativados por luz ultravioleta, que
oferecia riscos à visão humana, do operador e para o paciente. Além disso,
proporcionava propriedades físicas e mecânicas insatisfatórias ao compósito
(Peutzfeldt et al., 2000; Sahafi et al., 2001).
Posteriormente foram desenvolvidos sistemas que utilizavam luz halógena
para a fotoativação do compósito. A fotoativação por luz visível abrange a região
azul do espectro eletromagnético. Desta forma, apenas a região azul do espectro é
selecionada para a fotoativação do compósito odontológico (Burguess et al., 2002),
região de absorção da canforoquinona, considerado o fotoiniciador mais utilizado na
composição das resinas compostas, com espectro de absorção no intervalo entre
400 e 500nm. O comprimento de onda mais eficiente para a polimerização seria no
intervalo de 468 – 470nm (Nomoto, 1997).
Atualmente, compósitos resinosos são o material de eleição para colagem de
bráquetes. Entretanto, existem inúmeros compósitos fotoativados no mercado.
Diante desse fato, torna-se viável financeiramente a utilização de compósitos com
menor valor.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo será avaliar a resistência ao cisalhamento de
bráquetes metálicos colados em incisivos bovinos nas variáveis:
- 236 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
1.
Material para colagem: Transbond XT, Fill Magig, Fill Magig Flow,
Charisma e Natural Flow.
2.
Após a remoção dos bráquetes avaliar também o índice de
remanescente do adesivo (IRA).
MATERIAIS E MÉTODOS
Para este estudo serão utilizados 50 incisivos bovinos sem trincas ou
qualquer defeito na superfície. Os dentes passaram por um processo de limpeza em
água corrente, com auxílio de cureta periodontal (Duflex, S. S. White, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil) visando ä remoção dos resíduos do ligamento periodontal. Em seguida,
serão congelados por no máximo 4 meses até a realização do estudo. Os dentes
serão seccionados na junção cemento/esmalte com disco montado em torno de
bancada e as raízes descartadas.
As coroas serão desgastadas em politriz com lixas de carbeto de silício de
granulação #120 nas faces mesial, distal, incisal e cervical para que os fragmentos
dentais possam ser embutidos em tubos de PVC utilizando resina acrílica ativada
quimicamente (Vipi Flash, Dentalvipi, Pirassununga, SP, Brasil).
Antes da inclusão nos tubos de PVC a superfície vestibular das amostras será
planificada com lixas de carbeto de silício #120, para delimitar a área de união e
eliminar as irregularidades da superfície do esmalte. Em seguida, os fragmentos
serão colados em fita dupla-face, de modo que a face vestibular permaneça em
contato com a fita, para que após a inclusão a face vestibular permaneça exposta e
paralela a base do tubo de PVC. Após a polimerização da resina, as amostras serão
polidas com lixas de carbeto de silício #600 para eliminar as irregularidades da
superfície do esmalte e padronizar a área de união.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores originais de resistência ao cisalhamento de bráquetes metálicos ao
esmalte dental bovino foram submetidos à análise da variância (1-way ANOVA) com
um fator em estudo: Material, que analisou o tipo de material de fixação. Os valores
médios foram submetidos ao teste de Tukey em nível de 5% de significância e estão
apresentados na Tabela 1 e ilustrados na Figura 1.
A Tabela 1 e a Figura 1 mostram a comparação das médias de resistência ao
cisalhamento (MPa) para cada material avaliado. Pode-se verificar que a resina Fill
Magic obteve a mais alta média de resistência ao cisalhamento e diferiu
estatisticamente dos demais materiais (p<0,05), exceto em relação ao Transbond
XT, o qual apresentou média que não diferiu do Fill Magic (p<0,05). Já as resinas
Transbond XT, Fill Magic Flow e Natural Flow não diferiram entre si (p>0,05). Por
outro lado, a resina Charisma apresentou a menor média de resistência ao
cisalhamento e diferiu estatisticamente dos demais materiais (p<0,05), exceto em
relação ao Natural Flow, o qual apresentou média estatisticamente similar (p>0,05).
Tabela 1 – Valores médios da resistência ao cisalhamento (MPa) de bráquetes após
a fixação com diferentes materiais.
Material
Média (MPa)
- 237 -
VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Fill Magic
17,38 a
(9,43)
Transbond XT
14,19 ab
(5,54)
Fill Magic Flow
12,92 b
(5,33)
Natural Flow
11,25
bc (3,24)
Charisma
8,68
c (2,98)
Médias seguidas por letras distintas na coluna não diferem
estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao nível de 5%. ( ) –
Desvio Padrão.
Barras seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente
entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5%
Figura 1 - Ilustração gráfica dos valores médios da resistência ao cisalhamento
(MPa) de bráquetes após a fixação com diferentes materiais.
Os resultados da avaliação do IRA estão apresentados na Tabela 2 e
ilustrados na Figura 2. Para a resina Transbond XT e Charisma, verificou-se
predominância de escores 2. Por outro lado, para a resina Fill Magic, houve
predominância de escore 1 e para a resina Natural Flow, predominância de escore
3. Para a resina Fill Magic Flow, houve predominância de escore 1.
Tabela 2 – Percentual de escores (%) para o IRA dos diferentes grupos.
Escore (%)
Resinas
0
1
2
3
Transbond XT
20%
30%
50%
-
Fill Magic
30%
50%
20%
-
- 238 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Fill Magic Flow
-
40%
30%
30%
Charisma
-
30%
60%
10%
Natural Flow
-
20%
10%
70%
DISCUSSAO
Graças a Bounocore (1955) que nos proporcionou um dos maiores avanços
da Ortodontia na montagem de aparelhos ortodônticos descartando-se o uso de
bandas, que hoje em dia são constantes as pesquisas por materiais mais resistentes
com simples e rápida aplicação. Os fabricantes desenvolvem resinas e adesivos
específicos para a colagem de bráquetes, cada vez mais práticos e funcionais, como
o compósito resinoso Transbond XT. O mesmo apresenta-se hoje em dia como um
dos compósitos mais aceitos pelos ortodontistas o que nos levou ao principal
objetivo desse trabalho na qual ousou comparar sua resistência ao cisalhamento
com outros diferentes compósitos resinosos também usados no mercado,
esperando-se resultados similares.
Grando et al. (2002) apresentou uma revisão sobre a colagem de acessórios
ortodônticos ao esmalte dentário utilizando resina composta e cimento de ionômero
de vidro, na qual pôde-se concluir que: as resinas compostas fotopolimerizáveis
oferecem ao profissional uma grande margem de tempo de trabalho durante a
colagem dos bráquetes na superfície do esmalte além de seu comportamento
mostrar-se semelhante ao cimento de ionômero de vidro no teste de resistência.
Segundo Pithon, MM et al. (2006). que comparou o compósito Concise com o
compósito Fill Magic Orthodontic colando 12 bráquetes em cada grupo. Foi feito o
ensaio de cisalhamento e a avaliação do IRA de toda a amostra. Concluiu-se que
não foram encontradas diferenças estatísticas significantes entre as colagens, nos
dois itens avaliados Ambos os materiais satisfazem plenamente as necessidades
clínicas para colagem de bráquetes.
Em outros casos, o Compósito Transbond XT foi desenvolvido
especificamente para a colagem de acessórios ortodônticos ao esmalte. As
principais vantagens oferecidas por este material são: redução do tempo de
trabalho, sem necessidade de mistura, e boa adesão sendo largamente utilizados na
clínica ortodontia e em estudos experimentais. De acordo com a pesquisa este
composto foi usado no grupo controle e resultou um valor médio de força de
cisalhamento de 24,6 MPa, o que confirma a sua alta adesividade (Romano,FL
2009).
As conclusões desse trabalho foram obtidas a partir dos valores de resistência
ao cisalhamento de cada grupo de resinas e os valores apresentados em
Megapascal (MPa) com a finalidade de fornecer valores em pressão,
individualizando a força aplicada sobre uma área específica em mm² como na
pesquisa de Vasques et al. (2005).
Enfim, é devido à grande diversidade de materiais, que os profissionais estão
realizando novos trabalhos com o intuito de aprimorar técnicas já existentes e
renovar conhecimentos acerca das suas indicações para se obter um resultado mais
duradouro. Critérios como higiene bucal, sensibilidade alérgica, quantidade de força
ortodôntica e sua resistência, tempo de tratamento e hábitos devem ser
- 239 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
considerados para que haja uma melhor indicação. (Fonseca, DDD et al. 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluiu-se que os compósitos Transbond XT e Fill Magic apresentaram uma
melhor resistência ao cisalhamento em relação a Charisma. No que diz respeito ao
IRA, verificou-se que os compósitos Fill Magic e Fill Magic Flow apresentaram os
menores escores (1) indicando a presença de menos da metade da resina
remanescente no esmalte.
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ÓRGÃO FINANCIADOR: PIBIC/CNPq.
TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: Trabalho de Iniciação Científica financiado pelo
CNPq
PALAVRAS-CHAVES: RESINAS, RESITÊNCIA AO CISALHAMENTO, DESCOLAGEM.
- 241 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
EFEITOS DA EXPANSÃO RÁPIDA DA MAXILA EM PACIENTES COM MORDIDA
CRUZADA POSTERIOR: AVALIAÇÃO TRIDIMENSIONAL
DIVINO, R1.; VALDRIGHI, H.2 ; VEDOVELLO, S. A. S3.; VEDOVELLO FILHO, M4.
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP. ; Discente- Centro Universitário
3
Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP ;
Co-orientadora- Centro Universitário Hermínio
4
Ometto – UNIARARAS, Araras, SP ;
Orientador- Centro Universitário Hermínio Ometto –
UNIARARAS, Araras, SP.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Dentre as maloclusões de maior freqüência, destacam-se a mordida cruzada
(SILVA FILHO et al., 1999; HAWES, 1969), definida como a relação anormal,
vestibular ou lingual de um ou mais dentes da maxila, com um ou mais dentes da
mandíbula, quando os arcos dentários estão em relação cêntrica, podendo ser uni
ou bilateral (LOCKS et al., 2008).
Geralmente a mordida cruzada desenvolve-se precocemente já na dentadura
decídua, e apresenta baixo índice de auto-correção, independente do fator etiológico
envolvido (POMPEI et al., 2005). Assim, diversos autores preocupam-se em
esclarecer sua etiologia, procurando conduzir o diagnóstico e racionalizar da melhor
forma o tratamento (ARAÚJO, 1982). É desejável um tratamento precoce, pois um
movimento mandibular incorreto produziria modificações indesejáveis, com
compensação dentária, podendo acarretar, futuramente, em uma assimetria
esquelética e padrões funcionais potencialmente prejudiciais, como alteração da
mastigação (RODRIGUES et al., 2006).
MOYERS (1991) classificou as mordidas cruzadas, com base em sua
etiologia, em: dentária - resultante de um sistema imperfeito de erupção, onde os
dentes posteriores irrompem numa relação de mordida cruzada sem afetar tamanho
ou forma do osso basal; muscular - há uma adaptação funcional às interferências
dentárias, os dentes não estão inclinados dentro do processo alveolar, porém,
apresentando um deslocamento da mandíbula e desvio da linha média; e óssea conseqüência de uma discrepância na estrutura da mandíbula ou maxila,
conduzindo a uma alteração na largura dos arcos.
Um dos recursos de tratamento utilizado para a correção da mordida cruzada
posterior é a Expansão Rápida da Maxila, pela abertura mecânica da sutura palatina
mediana com aparelho disjuntor palatino. Esta deve ser aberta a uma extensão
suficiente para causar um alargamento significativo da maxila no sentido transversal.
Com este propósito, a expansão rápida da maxila compreende um recurso clínico
incorporado integralmente à mecanoterapia contemporânea, independentemente da
técnica empregada (DAVID et al., 2009).
MATERIAIS E MÉTODOS
A amostra foi constituída por 40 modelos de estudo (sendo 20 inciais e 20
finais) pertencentes ao arquivo do Curso de Pós-Graduação em Ortodontia da
Uniararas, de pacientes com idades entre 6 e 13 anos, de ambos os gêneros, que se
- 242 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
submeteram á disjunção palatina por meio da expansão rápida da maxila com a
utilização do disjuntor palatino.
A instalação do aparelho disjuntor do tipo Hyrax foi feita logo após o início do
tratamento. As ativações do aparelho duraram, em média, de 10 a 15 dias, com
duas ativações diárias – sendo 2/4 de volta pela manhã e 2/4 de volta à noite até
conseguir-se a disjunção desejada. Após essa fase, o parafuso expansor foi
estabilizado, com a fixação do mesmo por um período de 120 dias.
Os modelos de estudo foram executados em duas fases do tratamento: a
primeira obtida na fase de pré-disjunção, antes da instalação do aparelho e a
segunda após a remoção do aparelho,porém se tempo definido.
As alterações tridimensionais decorrentes da expansão rápida foram
avaliadas por meio das medidas obtidas em modelos (largura e profundidade do
palato), e nas regiões de caninos e molares nas fases pré-tratamento (T1) e póstratamento (T2), com o auxílio de um paquímetro digital.
(a) Largura alveolar (AW) - medida na fissura lingual, na margem gengival
cervical dos primeiros molares permanentes e para os caninos nas margens
cervicais a partir do ponto de maior convexidade bilateralmente;
(b) Profundidade do palato (PD) – delineamento da abóbada palatina com
um fio de latão, e posteriormente medição com o paquímetro digital.
(c) Distância interdental ( DC e DM)- distância entre os caninos e entre os
molares nas suas respectivas faces vestibulares.
O método utilizado para obtenção das medidas foi o intra-examinador onde
houve um período de dez dias entre uma medição e outra avaliando a confiabilidade
da amostra.
Como método de inclusão e exclusão foram incluídos os pacientes que se
submeteram à expansão rápida da maxila com êxito , e como método de exclusão
foram excluídos os pacientes que não obtiveram resultado satisfatório na disjunção e
aqueles que utilizaram aparelhos que pudessem comprometer a confiabilidade da
amostra,dos 40 modelos da amostra, 2 indivíduos já estavam fazendo tratamento
com um segundo aparelho que iria alterar a confiabilidade da amostra e 1 não houve
resultado satisfatório após a expansão sendo portanto excluídos amostra e esta
passou a conter 34 modelos.
RESULTADOS
Dentre os 17 voluntários observados no estudo, 10 (58,8%) eram do gênero
feminino, com idade média de 12,1 (±2,0) anos. Os voluntários do gênero masculino
(41,2%) apresentaram idade média de 11,4 (±2,0) anos. Não houve diferenças
estatisticamente significantes (Qui-quadrado para uma amostra com proporções
esperadas iguais, p=0,6276) entre os gêneros.
Para a distribuição das idades em função do gênero também não houve
diferenças estatisticamente significantes (teste t não pareado, p=0,5082) entre os
gêneros com relação à idade. Assim, estes fatores (gênero e idade) não
influenciaram os resultados.
Foram observadas diferenças estatisticamente significantes (teste t pareado, p<0,05)
entre as medidas do pré- e pós-disjunção, tanto para os caninos quanto para os
molares.
A profundidade do palato foi significativamente maior (teste t pareado,
p<0,05) após a disjunção quando comparada ao período pré-disjunção. Da mesma
- 243 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
forma, a distância interdental, tanto para os caninos quanto para os molares,
aumentou significativamente (teste t pareado, p<0,05) no período pós-disjunção em
relação ao pré-disjunção.
Observou-se diferenças estatisticamente significantes entre a distância intercanino e a largura alveolar, apresentando maior valor na distância inter-canino.Os
mesmos valores foram encontrados na distância inter-molar e a largura alveolar de
molares, com maiores valores na distância inter-molar.
DISCUSSÃO
A deficiência transversal da largura maxilar pode ser oriunda de fatores genéticos ou
ambientais,envolvendo apenas os segmentos dentários posteriores, com uma
grande inclinação para o lado palatino, ou estar associada a um comprometimento
esquelético da maxila, apresentando um aspecto atrésico, com uma abóboda
palatina ogival e estreita, necessitando, para sua correção, de uma expansão capaz
de promover uma alteração ortopédica dos segmentos maxilares, mantendo a
integridade dos tecidos envolvidos e minimizando os efeitos de inclinação dentárias.
Sua correção consiste na expansão rápida da maxila na faixa etária dos 8 aos 15
anos, período onde não ocorreu a completa calcificação da sutura palatina mediana.
Após esse período a ERM é associada a abertura da sutura palatina mediana
cirurgicamente assistida.
A fase ideal é da dentição mista visando a eliminação do potencial para as
mudanças adaptativas musculoesqueléticas ou se já presente, para reduzí-las no
futuro.
Outra implicação referente a mordida cruzada posterior é a profundidade do palato,
que tende a se aprofundar em maxilas atrésica, causando uma respiração
predominantemente bucal, apinhamento dentário, mau posicionamento da língua
resultando em problemas fonéticos.
A expansão rápida da maxila é hoje a técnica de escolha para o tratamento da
mordida cruzada posterior.
Para realização da técnica da expansão rápida da maxila é necessário a utilização
de um aparelho disjuntor que consiste basicamente de um parafuso expansor
localizado na região de palato e fixado por quatro alças bandadas na região de
molares e caninos bilaterais.É feito sua ativação até que resultado clinicamente seja
observado que consiste na presença de um diastema interincisal e o contato das
cúspides palatinas dos molares superiores com as cúspides vestibulares dos
molares inferiores. Radiograficamente embora MOURA et al,,(2009) descreva como
uma técnica muitas vezes ineficaz por apresentar estruturas tridimensionais em duas
dimensões, utiliza-se a radiografia oclusal total da maxila.É observada uma área
radiolúcida na extensão da sutura palatina mediana denotando sua abertura, que é o
principal objetivo do tratamento. Após, o parafuso é estabilizado e há um período
passivo visando a estabilização dos efeitos produzidos pela expansão.
A expansão rápida da maxila tem o objetivo de aumentar a maxila no sentido
transversal, efeitos secundários a esse tratamento podem ser observados e um meio
de diagnóstico que se faz bastante eficaz é a utilização de modelos de gesso, que
tem a capacidade de representar tridimensionalmente as estruturas dando a
liberdade de manipulação e a obtenção de medidas fiéis.
Observação semelhante pode ser realizada com a Tomografia Computadorizada
que é um meio de diagnóstico altamente preciso , porém RIZZATTO et al., (2004)
- 244 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
define os perigos da mesma que inclui principalmente a grande exposição à
radiação, visto que para a exposição do ser humano à agentes patógenos os
benefícios devem superar os riscos.O modelo de estudo neste caso supre
satisfatoriamente as necessidades inerentes ao estudo, sem nenhum risco ao
paciente.
Com o modelo de gesso podem ser estudadas as alterações tanto no sentido
transversal quanto no sentido vertical,visto que os principais efeitos da expansão
rápida da maxila surgem nesse sentido.
A largura alveolar é o espaço compreendido sobre o palato de um lado ao outro da
arcada dentária, por palatina/lingual na região cervical.
Dessa maneira ela engloba a sutura palatina mediana que quando sofre o processo
de expansão aumenta diretamente a largura alveolar no sentido transversal.Essa
abertura resulta no surgimento de um espaço temporário que dentro de 8 meses em
média respeitando as condições individuais será preenchido por novo tecido ósseo.
O estudo mostrou aumento significante da largura alveolar,tanto na região de
caninos quanto na região de molares, demonstrando o êxito na expansão rápida da
maxila.
LIMA FILHO R. M. A.,(2009) identifica ainda uma expansão indireta do arco inferior
devido a sobre-expansão dos dentes posterosuperiores com conseqüente redução
das forças oclusais que se incidem sobre os dentes posteroinferiores , além dos
músculos bucinadores que se movem lateralmente se distanciando dos dentes
inferiores diminuindo a pressão vestibular e aumentando a pressão lingual,
promovendo aumento espontâneo e permanente na largura do arco mandibular.
Há também um aumento no perímetro do arco dental após o fechamento do
diastema interincisal, permitindo uma acomodação de dentes girados, deslocados e
impactados, visto que isso é um problema comum em indivíduos com mordida
cruzada posterior.
Outro fato que podemos observar tridimensionalmente é a distância inter-caninos e
inter-molares, e sua importância se dá na avaliação da dissociação da inclinação
dental e o aumento da largura alveolar .A inclinação vestibular de caninos e molares
se dá exclusivamente pelo apoio realizado nesses dentes durante a fase de
disjunção e nada tem a ver com a abertura da sutura palatina mediana.
A força exercida é suficiente para separar a sutura palatina mediana,porém como
efeito adverso há uma inclinação dental.
PINTO et al.,(2006) compararam a expansão realizada com dois aparelhos
expansores, um fixo e outro removível, e comprovou uma menor inclinação com o
aparelho expansor fixo na região de molares, porém uma menor inclinação na região
de caninos foi observada com o aparelho expansor removível.
FERREIRA et al.,(2007) define que a expansão é variável de acordo com as
exigências individuais e é preconizada uma sobrecorreção não pela abertura sutural
mas pela subseqüente recidiva da inclinação dental após a contenção.Os dentes
suporte na fase ativa inclinam-se para vestibular,devido a força aplicada, recidivando
após a remoção do disjuntor, devido essa inclinação a sobrecorreção tende a se
expressar, pois o aumento da largura maxilar que se vê clinicamente não
corresponde à magnitude da expansão óssea.
A profundidade do palato é um aspecto corrigido indiretamente, pois a expansão
tende a diminuir a atresia palatal.
- 245 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O aumento da profundidade do palato é aceitável em pacientes dolicofaciais,
sugerindo uma correlação direta entre o tipo facial dentro da normalidade, sugerindo
um palato mais longo, estreito e profundo.
Porém no presente estudo houve um aumento da profundidade do palato após a
disjunção que pode estar associado ao período de tempo extenso decorrido para
obtenção do modelo final após a disjunção, tendo um crescimento ósseo
geral,inclusive do palato se dissociando no crescimento facial e estabilizando a
profundidade. Essa situação pode ser observado também em PINTO et. al., (2006)
porém este o associou a possível erupção dos dentes permanentes superiores em
função do maior tempo de tratamento.
CONCLUSÕES
Pode-se concluir com o presente estudo a eficiência da expansão rápida da maxila
através do aumento considerável da largura alveolar que se fez presente nos dois
seguimentos observados.
Observou-se também que a inclinação dental se fez mais proeminente que a largura
alveolar tanto na região de caninos quanto na região de molares,possivelmente pela
ativação do aparelho exercer grande força sobre os dentes suporte,porém esta
inclinação não resulta em complicações futuras, sendo possível uma sobrecorreção
pós-disjunção.
A inclinação dental é um processo comum visualizado durante a abertura da sutura
palatina mediana, porém deve-se atentar ao fato da inclinação dental não trazer
benefícios à expansão maxilar e pelo contrário as vezes dificulta a observação pósdisjunção,criando uma falsa expansão.
A profundidade do palato aumentada na fase pós-disjunção contraria os estudos já
realizados, porém observou-se nos palatos estudados uma correção sem presença
de profundidade excessiva, embora os valores tenham sido maiores a expansão se
fez presente corrigindo a deformidade existente, supõe-se que o tempo decorrido
para obtenção do modelo final possa ter prejudicado os valores encontrados e o
crescimento ósseo dificultou um resultado coerente.
Maiores estudos deveriam ser realizados com o intuito de sanar as dúvidas
presentes.
Trabalho de iniciação científica na área de ortodontia
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Órgão financiador: PIBIC/ CNPq- Centro Universitário Hermínio Ometto –
UNIARARAS, Araras, SP.
Palavras- chave: expansão rápida da maxila, mordida cruzada posterior, disjuntor
palatino.
- 247 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
INFLUÊNCIA DO TEMPO DE ARMAZENAGEM E MATERIAL NA RESISTÊNCIA
AO CISALHAMENTO PÓS-FIXAÇÃO DE BRAQUETES EM INCISIVOS BOVINOS
SOUSA, R.E.1,1; CORRER, A.R.C.1,2
VALDRIGHI, H.1,3; VEDOVELLO FILHO, M.1,4; VEDOVELLO, S.A.S.1,5
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Rafael Evangelista de Sousa;
4
5
6
Ana Rosa Costa Correr; Heloísa Valdrighi; Mário Vedovello Filho; Silvia Amélia Scudeler
Vedovello.
3
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A aplicação clínica dos braquetes fomentou o progresso da ortodontia, descartando
o uso de bandas em todos os dentes. Conforme PINTO et al. (1996), esse
procedimento simplificou a montagem do aparelho ortodôntico fixo e promoveu a
redução das fases e do tempo de tratamento. Em função disso, de acordo com
BISHARA (2000), foi obtida a facilidade na remoção do biofilme dental e a redução
conseqüente das gengivites. Além do mais, dispensou a utilização de separadores,
os quais geravam espaços a serem fechados após o tratamento, possibilitou a
colagem de braquetes em dentes parcialmente erupcionados, reduziu a
probabilidade de descalcificações geradas por infiltrações, facilitou a detecção de
cárie e proporcionou superioridade estética. A colagem de braquetes diretamente ao
substrato dental requer vários passos, os quais necessitam ser executados de
maneira ordenada e criteriosa a fim de evitar possíveis descolamentos durante a
mecanoterapia. Entretanto, segundo BISHARA et al. (1998), esse procedimento
absorve tempo e necessita de condições do campo operatório, como ausência de
umidade ou qualquer tipo de contaminação orgânica. De acordo com ARNOLD et al.
(2002), a presença desses fatores durante o procedimento de colagem convencional
pode ser considerada uma das causas da queda de braquetes, retardando o
tratamento e onerando os custos aos ortodontistas. O fluoreto presente no meio
bucal promove a remineralização do esmalte e da dentina, reduzindo, conforme
CURY (2001), a incorrência da doença cárie. No entanto, é preciso indagar se esses
compósitos, pela presença do flúor e por terem sido introduzidos no mercado mais
recentemente, perdem em resistência, diante das cargas mastigatórias, quando
comparados aos materiais resinosos convencionais de eleição.
OBJETIVO
Objetiva-se avaliar a resistência ao cisalhamento de um selante resinoso que libera
flúor (FluoroShield) comparando-o com um compósito resinoso (Transbond XT), bem
como a quantidade de adesivo remanescente na superfície dental após a remoção
do braquete.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
Para este estudo foram utilizados 40 incisivos bovinos sem trincas ou qualquer
defeito na superfície. Os dentes passaram por um processo de limpeza em água
corrente, com auxílio de cureta periodontal (Duflex, S. S. White) visando a remoção
- 248 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
dos resíduos do ligamento periodontal. Em seguida, foram congelados por 4 meses
até a realização do estudo e depois embutidos em tubos de PVC utilizando resina
acrílica ativada quimicamente (Vipi Flash). Foram utilizados 40 braquetes metálicos
Roth (Morelli) para incisivos centrais, e os materiais para colagem foram o compósito
resinoso Transbond XT (3M Unitek) e o selante FluoroShield (Dentsply).
Previamente, foi realizada a profilaxia dos dentes utilizando-se pedra pomes e água,
taça de borracha e contra-ângulo em baixa rotação (Dabi Atlante). Os dentes foram
lavados pelo mesmo tempo, secos e submetidos ao procedimento de colagem, e
divididos em 4 grupos (n=10), de acordo com o material utilizado para a colagem e o
tempo que foi realizado o ensaio de resistência ao cisalhamento (10 minutos e 24
horas): Transbond XT – após 10 minutos (T10M); Transbond XT – após 24 horas
(T24H); FluoroShield – após 10 minutos (F10M); FluoroShield – após 24 horas
(F24H). Para a colagem com o compósito resinoso Transbond XT, foi realizado o
condicionamento do esmalte com ácido fosfórico a 37% (Scothbond Etching Gel,
3M/ESPE) por 20 segundos. Posteriormente foi aplicado o preparador de superfície
Transbond XT Primer no esmalte utilizando um microbrush. O solvente foi evaporado
com jato de ar por 10 segundos e o compósito resinoso Transbond XT foi aplicado
na base dos braquetes. Para os procedimentos realizados com o selante
FluoroShield, o condicionamento do esmalte foi realizado com ácido fosfórico a 35%
(Scothbond Etching Gel, 3M/ESPE) por 20 segundos. Posteriormente o selante foi
aplicado na base dos braquetes. O posicionamento dos braquetes na superfície de
esmalte foi realizado com pinça para colagem com pressão manual para extravasar
o excesso de material, que foi removido com sonda exploradora. A fotoativação foi
realizada com luz de lâmpada halógena XL2500 (3M/ESPE) por 40 segundos em
cada interface braquete-dente. As amostras dos grupos T10M e F10M foram
submetidas ao ensaio de resistência ao cisalhamento imediatamente após a
fotoativação. Os grupos T24H e F24H, foram armazenados em água deionizada a
37ºC por 24 horas previamente ao ensaio de resistência de união. Para realização
do ensaio as amostras foram posicionadas em um dispositivo de modo que a área
de união permanecesse perpendicular ao cinzel da máquina de ensaio universal. O
ensaio de resistência de união ao cisalhamento foi realizado em máquina de ensaio
universal Instron (4411, Instron Ltd., High Wycombe, Bucks, United Kingdom), com
velocidade de 0,5 mm/min e célula de carga de 500 kgF. As amostras foram
carregadas até a fratura e os dados obtidos em kgF foram convertidos em Newton
para posterior cálculo da resistência (MPa), utilizando a seguinte fórmula:
Onde:
RC =
F
A
RC = resistência ao cisalhamento
F = força necessária para remoção do braquete-dente (N)
A = área do braquete (mm)
Após o ensaio de resistência ao cisalhamento, o Índice de Remanescente Adesivo
(IRA) foi avaliado seguindo o método proposto por ARTUN & BERGLAND (1984),
que é baseado em escores que variam de 0 a 3. Os valores obtidos foram
submetidos à análise de variância 2-way ANOVA e ao teste de Tukey em nível de
5% de significância.
- 249 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 e a Figura 1 mostram a comparação das médias de resistência ao
cisalhamento (MPa) para os dois materiais de fixação utilizados, em função do
tempo de armazenagem das amostras. Foi observado que para as duas resinas, a
resistência ao cisalhamento no período de armazenagem de 24 horas foi
estatisticamente superior ao período de armazenagem de 10 minutos (p<0,05). Já
quando foram comparados os materiais de fixação, foi observado que, nos dois
períodos de armazenagem, o material Transbond XT apresentou resistência ao
cisalhamento estatisticamente superior (p<0,05) ao FluoroShield.
Tabela 1 – Valores médios de resistência ao cisalhamento da união de braquetes
metálicos ao esmalte dental bovino (MPa) nos tempos de 10 minutos e 24 horas
após a colagem com diferentes materiais de fixação.
Tempo após a fixação
Material
10 minutos
Transbond XT
10,53 a, B
Fluoroshield
24 horas
(2,28)
6,82 b, B (3,60)
17,81 a, A (8,66)
9,78 b, A
(5,26)
Médias seguidas por letras minúsculas distintas na coluna e maiúsculas em linha, não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey,
ao nível de 5%. ( ) - Desvio Padrão.
Grupo de barras de cores iguais seguidas de mesma letra minúsculas e barras de cores diferentes seguidas de mesma letra
maiúscula não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey, ao nível de 5%.
- 250 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Figura 1 – Ilustração gráfica dos valores médios de resistência ao cisalhamento da
união de braquetes metálicos ao esmalte dental bovino (MPa) nos tempos de 10
minutos e 24 horas após a colagem com diferentes materiais de fixação.
Os resultados da avaliação do IRA estão apresentados na Tabela 2. Para a resina
Transbond XT 10 minutos, houve predominância de escore 2 e para o Transbond XT
24 horas predominância de escore 0. Para o FluoroShield 10 minutos, houve
predominância de escore 1 e quantidades menores de escores 2 e 0. Por outro lado,
para a resina FluoroShield 24 horas, houve predominância de escores 1 e 2.
Tabela 2 – Percentual de escores (%) para o IRA dos diferentes grupos.
Escore (%)
Resinas
0
1
2
3
Transbond XT 10 min.
-
40%
60%
-
Transbond XT 24 hs
50%
40%
10%
-
Fluoroshield 10 min.
20%
40%
30%
10%
-
40%
40%
20%
Fluoroshield 24 hs
Muitos pesquisadores vêm mostrando as vantagens de se utilizar resinas fluoretadas
em relação às convecionais para a colagem de braquetes ortodônticos, uma vez que
esses materiais têm uma propriedade adicional, a liberação de flúor no meio bucal. A
presença de braquetes ortodônticos associados aos seus respectivos acessórios
(tubos, ganchos, elásticos, arcos e aletas) dificulta a higienização bucal pelo
paciente, potencializando o risco de ocorrência de desmineralização do esmalte
dentário e, por conseguinte, instalação de lesões cariosas (RIBEIRO et al., 2008).
Portanto, a liberação de flúor por um período prolongado de tempo proporciona o
aumento da resistência do esmalte e a sua remineralização, quando dos eventos de
desmineralização ( CORRER SOBRINHO et al., 2002). Conforme apresentado nos
resultados, o FluoroShield obteve uma média máxima de 9,78MPa no tempo de 24
horas, compatível com o observado por MUSSOLINO et al. (1998), assegurando o
seu emprego como material de colagem na Ortodontia. O valor médio de resistência
ao cisalhamento de um material utilizado na colagem de acessórios ortodônticos ao
esmalte, para que o mesmo seja considerado clinicamente adequado, deve estar
entre 5,6MPa a 7,8MPa (REYNOLDS, 1975). Os resultados obtidos, 17,81MPa,
10,53MPa, 9,78MPa, 6,82MPa, respectivamente para os grupos Transbond XT 24
horas, Transbond XT 10 minutos, FluoroShield 24 horas, FluoroShield 10 minutos,
foram superiores aos preconizados, ressaltando os altos valores de adesão
alcançados pelo Transbond XT, semelhante ao observado por RIBEIRO et al. (2008)
Os dois materiais foram significativamente diferentes entre si (p<0,05), sendo que o
Transbond XT apresentou o melhor desempenho nos dois tempos em relação ao
FluoroSield. De acordo com IANNI FILHO (2004), isso pode ser explicado devido ao
- 251 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
fato de que aquele material apresenta maior quantidade de carga, pois o teor
inorgânico influencia diretamente na resistência dos materiais resinosos, bem como
o preparo da superfície para a colagem, o que inclui o condicionamento ácido e a
aplicação do sistema adesivo. O FluoroShield é um material mais fluido, por ser
ulitizado no selamento de fóssulas e fissuras, e para tal o escoamento é
imprescindível. Sendo assim, o mesmo tem comportamento mais vantajoso quanto
ao acúmulo de placa, pois possui cargas menores NEVES & CHEVITARESE (1996).
O maior valor de resistência ao cisalhamento foi para o Transbond XT após 24 horas
(17,81MPa), semelhante aos resultados apresentados por IANNI FILHO (2004). No
tempo de 10 minutos a resistência foi estatisticamente menor quando comparada
com a resistência no tempo de 24 horas para os dois materiais, talvez por que a
polimerização não estivesse totalmente estabelecida RASTELLI (2010). Quanto ao
IRA, não existe um consenso na literatura a respeito do padrão de descolgem dos
braquetes, o ideal é que não se tenha injúrias ao esmalte, independentemente desse
padrão RIBEIRO et al. (2008). Analisando os índices obtidos, verificou-se que o
Transbond XT deixou menos resíduo no esmalte, após a descolagem, em relação ao
FluoroShield. No entanto, isso não desmerece o uso do selante como material de
colagem de braquetes, pois quando a descolagem é realizada através da
associação Alicate de How e brocas de carboneto de tungstênio lisa número
1172/016 em baixa rotação, e posterior polimento com pedra-pomes em taça de
borracha na remoção do material resinoso, não há danos ao esmalte (NEVES &
CHEVITARESE, 1996 apud FRAUCHES, 1990).
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
1. Os maiores valores de resistência ao cisalhamento aos 10 minutos e 24 horas
foram obtidos com o Transbond XT, com diferença estatisticamente significante em
relação ao FluoroShield. No entanto, os dois materiais testados apresentaram força
de adesão adequada para o uso clínico;
2. Para os dois materiais estudados, o período de armazenagem de 24 horas
promoveu aumento nos valores de resistência ao cisalhamento com diferença
estatisticamente significante em relação ao ensaio de 10 minutos.
3. Com relação ao Índice de Remanescente Adesivo, observou-se que o Transbond
XT no tempo de 24 horas apresentou os escores mais baixos, ao contrário do
FluoroShield no mesmo tempo. Porém a literatura não apresenta um consenso
quanto ao ideal no padrão de descolgem.
ÓRGÃO FINANCIADOR: CNPq
TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
PALAVRAS-CHAVES: Colagem dentária. Braquetes ortodônticos. Resistência ao
cisalhamento
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- 253 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
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cisalhamento de braquetes colados com resinas ortodônticas fluoretadas. Rev
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- 254 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
EFEITOS DO EXTRATO DE Mikania glomerata Spreng. (Asteraceae) NA LESÃO
INDUZIDA PELO VENENO DE Bothrops jararaca NA PELE DE RATOS
MOURÃO, V.B.1,4; GIRALDI, G.M.1,4; GASPI, F.O.G. 1,6; RODRIGUES, R.A.F. 3,6; MAZZI,
M.V.1,2,7; SANTOS, G.M.T.1,2,8
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS, Araras, SP; Programa de Pós-graduação em
Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto - UNIARARAS, Araras, SP;
3
4
5
6
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Campinas, SP; Discente, Profissional; Docente,
7
8
Co-orientador; Orientadora
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O veneno da serpente Bothrops jararaca é bastante complexo e possui as
seguintes ações: proteolítica, referente às lesões locais (rubor, edema, bolhas e
necrose dos tecidos), coagulante, pelo fato do veneno ativar a cascata de
coagulação em três diferentes locais: no fibrinogênio, no fator X e na protrombina e
hemorrágica, decorrente de componentes específicos, denominados hemorraginas,
que atuam sobre os vasos capilares provocando lesões e rupturas na membrana
basal
(BARRAVIERA,
1999;
BRASIL,
2001;
MANTECHEVIS,
2004;
SCHVARTSMAN, 1992). Em qualquer tecido, o organismo possui a capacidade de
reparar a lesão induzida por danos locais, processo este, chamado de reparo
tecidual, que pode ocorrer de duas formas: por regeneração do tecido lesado por
células parenquimatosas do mesmo tipo; ou por substituição por tecido conjuntivo,
ou fibroplasia, tendo em seu estado permanente uma cicatriz (KUMAR, COTRAN,
ROBBINS, 1994). Mas nem sempre este mecanismo sozinho é eficaz, sendo
necessária a utilização de produtos que auxiliem/acelerem a recuperação do tecido.
O Brasil apresenta grande diversidade biológica o que propicia a utilização de
plantas como medicamentos. Um exemplo é o uso das folhas do “guaco”, Mikania
glomerata Spreng. (Asteraceae) que apresenta propriedade tônica, depurativa,
sudorífica, anti-reumática, febrífuga, antigripal, antiasmática e cicatrizante
(LORENZI, MATOS, 2008; MARTINS, 2000) e são utilizadas na forma de chás e
xaropes, como broncodilatador e expectorante (asma, bronquite e tosse) devido à
ação antiinflamatória e inibitória sobre a musculatura brônquica (LOW, ROOD,
BERESFORD, 1999; CARDAMONE, 1999). Em aplicações locais, é utilizado em
partes afetadas por traumatismos, nevralgias, pruridos e dores reumáticas (MATOS,
2002) e, dentre seus principais constituintes químicos, destaca-se a cumarina, talvez
a substância responsável pelo seu efeito antiofídico (TESKE, TRENTINI, 1997) e por
isso é utilizada por índios do norte da América do Sul como antitóxico para
neutralizar o veneno de algumas espécies de serpentes (RUSSEL, 1980;
BOTSARIS, 1998; MARTINS, 2000).
OBJETIVO
Avaliar os efeitos da utilização do extrato hidroalcoólico das folhas de Mikania
glomerata Spreng. (Asteraceae) na lesão induzida pelo veneno bruto de Bothrops
jararaca na pele do dorso de ratos Wistar (Rattus novergicus).
- 255 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
METODOLOGIA
 Preparação do material vegetal:
Na horta de plantas medicinais do Centro Universitário Hermínio Ometto –
Uniararas, Araras (SP) coletaram-se folhas da espécie Mikania glomerata Spreng.
(Asteraceae). Elas foram selecionadas, limpas, pesadas e em seguida, passadas
pelo processo de extração por maceração em solução hidroalcoólica 70%, em
temperatura ambiente por um período de 7 dias. Repetiu-se esse procedimento por
mais uma vez e os filtrados resultantes foram reunidos e rotaevaporados a 40°C até
completa remoção do etanol. Posteriormente submeteu-se o filtrado à liofilização,
sendo obtido o extrato hidroalcoólico. Foi depositada uma exsicata no acervo do
Herbário ESA (ESALQ), sob registro de número ESA 114299.

Grupos experimentais:
Para os ensaios foram utilizados 54 ratos Wistar (Rattus novergicus) machos
com 120 dias de idade e peso médio de 300 gramas, obtidos no Centro de
Experimentação Animal do Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas,
Araras (SP). Mantiveram-se os mesmos em gaiolas individuais com ração comercial
e água ad libitum e dividiu-se, aleatoriamente em seis grupos experimentais de 09
(nove) animais em diferentes horários (1hora, 2 horas e 3 horas) conforme descrito
abaixo:
Controle negativo: administração de 100µL de solução salina;
Controle positivo veneno: administração de 100µL de veneno bruto de Bothrops
jararaca na concentração de 3,2µg/µL;
Controle positivo guaco: administração de 100µL de extrato hidroalcoólico de
Mikania glomerata Spreng. na concentração de 15µg/µL;
Grupo 4 (1:1): administração de 100µL de veneno bruto de Bothrops jararaca +
extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. na concentração de 1,6µg/µL;
Grupo 5 (1:2): administração de 100µL de veneno bruto de Bothrops jararaca +
extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. na concentração de 3,2µg/µL;
Grupo 6 (1:4): administração de 100µL de veneno bruto de Bothrops jararaca +
extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. na concentração de 6,4µg/µL.

Procedimento experimental:
Para a tricotomia efetuada no dorso, submeteram-se os animais à anestesia
com Cloridrato de Xilazina (20mg/kg peso) e Cloridrato de Ketamina (50mg/kg).
Após 48h desse procedimento, anestesiaram-se os mesmos conforme descrito
anteriormente para a aplicação intradérmica simultânea do veneno de Bothrops
jararaca e do extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. nas referidas
dosagens utilizando-se agulha de insulina. Para realização dos ensaios, o extrato
hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. e o veneno bruto de Bothrops jararaca
foram previamente incubados por 30 minutos a 37oC para avaliar o efeito
neutralizante do extrato vegetal sobre o veneno. Na primeira, segunda e terceira
hora após a administração dessas substâncias coletaram-se as áreas lesionadas,
nos diferentes animais (três de cada grupo experimental) para fotodocumentação.
Para esse procedimento, anestesiou-se segundo o mesmo protocolo e promoveu-se
o sacrifício por deslocamento cervical. Em seguida retirou-se a pele, fotografou-se e
estirou-se em parafina para posterior verificação da atividade hemorrágica que foi
- 256 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
analisada macroscopicamente pela formação e mensuração do halo hemorrágico,
em milímetros. Lembrando-se que a Dose Hemorrágica Mínima (DHM) é
determinada como a concentração de veneno (μg veneno/g) que causa um halo
hemorrágico de 10 mm.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na figura 1 observa-se que diferentes concentrações do veneno bruto de
Bothrops jararaca causaram hemorragia, em comparação ao controle negativo,
sendo este efeito, dependente da concentração. Na mesma figura verifica-se, ainda,
que a dose hemorrágica mínima determinada foi de 160 g de veneno.
Figura 1. AVALIAÇÃO DA HEMORRAGIA NAS PELES DE RATOS. Determinação
da dose hemorrágica mínima (DHM) do veneno bruto de Bothrops jararaca em ratos
Wistar (Rattus novergicus).
- 257 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Na figura 2, observando-se as imagens, os resultados parciais obtidos
permitem concluir que houve uma melhora na intensidade da lesão hemorrágica,
porém, a determinação do efeito inibitório, utilizando o método de mensuração da
área hemorrágica através do Programa Posturograma mostrou-se impreciso. Assim,
será necessário avaliar histologicamente as peles, para obtenção de resultados mais
precisos e expressivos.
Figura 2. AVALIAÇÃO DO EFEITO INIBITÓRIO DO EXTRATO HIDROALCOÓLICO
DE Mikania glomerata Spreng. SOBRE A HEMORRAGIA CAUSADA PELO
VENENO BRUTO DE Bothrops jararaca. Inibição da Área Hemorrágica induzida pelo
veneno bruto de Bothrops jararaca com extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata
Spreng. G1: controle negativo de solução salina (C-); G2: controle positivo veneno
bruto (C+V, 3,2µg/µL); G3: controle positivo guaco (C+G; 15µg/µL); G4: proporção
de inibição (1:1, veneno:guaco); G5: proporção de inibição (1:2, veneno:guaco); G6:
proporção de inibição (1:4, veneno:guaco). Os ensaios foram realizados em
diferentes tempos de incubação (1h, 2h, 3h).
Na figura 3, verifica-se graficamente que a hemorragia causada pelo veneno
bruto de Bothrops jararaca apresentou significante inibição pelo extrato
hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. em todas as concentrações utilizadas
da planta e o efeito inibitório ocorreu na primeira hora.
- 258 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Porém, quando comparadas as figuras 3 e 4, observa-se que o método
utilizando-se a mensuração da área hemorrágica se mostrou mais preciso que a do
halo hemorrágico.
2,6
1h
2h
3h
2,4
Área Hemorrágica (cm2)
2,2
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
G1 (C-)
G2 (C+V) G3 (C+G)
G4 (1:1)
G5 (1:2)
G6 (1:4)
Figura 3. Inibição da Área Hemorrágica induzida pelo veneno bruto de Bothrops
Jararaca com extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. G1: controle
negativo de solução salina (C-); G2: controle positivo veneno bruto (C+V, 3,2µg/µL);
G3: controle positivo guaco (C+G; 15µg/µL); G4: proporção de inibição (1:1,
veneno:guaco); G5: proporção de inibição (1:2, veneno:guaco); G6: proporção de
inibição (1:4, veneno:guaco). Os ensaios foram realizados em diferentes tempos de
incubação (1h, 2h, 3h). Os resultados foram expressos em SD.
Figura 4. Inibição do Halo Hemorrágico induzida pelo veneno bruto de Bothrops
jararaca com extrato hidroalcoólico de Mikania glomerata Spreng. G1: controle
negativo de solução salina (C-); G2: controle positivo veneno bruto (C+V, 3,2µg/µL);
- 259 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
G3: controle positivo guaco (C+G; 15µg/µL); G4: proporção de inibição (1:1,
veneno:guaco); G5: proporção de inibição (1:2, veneno:guaco); G6: proporção de
inibição (1:4, veneno:guaco). Os ensaios foram realizados em diferentes tempos de
incubação (1h, 2h, 3h). Os resultados foram expressos em SD.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a planta Mikania glomerata Spreng. (Asteraceae) possa ser
incluída para esses futuros estudos, entre as espécies de plantas com potencial
atividade antiofídica, ainda por explorar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA.
PALAVRAS-CHAVES: lesão, jararaca, guaco.
- 261 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
APRESENTAÇÃO PAINEL
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE AGENTES QUÍMICOS NO
CONTROLE DE BACTÉRIAS RELACIONADAS ÀS INFECÇÕES
EM SERVIÇO DE SAÚDE ........................................................................................ Pág. 266
ANATOMIA RADICAL DE Rodriguezia Decora REPRESENTANTE
DE Ondidiiane (Orchidaceae) ...................................................................................Pág. 272
WEBLOGÍSTICA: SINTETIZANDO CUSTOS, TEMPO DE ENTREGAS
E GERENCIAMENTO DE ROTAS NOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÕES ...............Pág. 277
ANATOMIA RADICAL DE Baptisoinia lietzei (REGEL) CHIRON &
V. P. CASTRO (Oncidiinae: Cymbidiaeae, Orchidaceae) .........................................Pág. 281
ANATOMIA RADICAL DE Baptisoinia cornigera (LINDL.) CHIRON &
V. P. CASTRO (Oncidiinae: Cymbidiaeae, Orchidaceae) ......................................... Pág. 286
NÍVEL DO ESTRESSE NO TRABALHO DOS CONTROLADORES
DO TRÁFEGO AÉREO.............................................................................................Pág. 291
TUBERCULOSE: É BOM SABER.............................................................................Pág. 294
A BIOSSEGURANÇA NAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM: UMA
QUESTÃO DE CONSCIENTIZAÇÃO PERMANENTE ..............................................Pág. 300
VARIAÇÃO DA RAZÃO CSH/GSSG COMO MARCADOR DE ETRESSE
OXIDATIVO – PRINCIPAIS METODOLOGIAS DE ANÁLISE ...................................Pág. 305
LEVANTAMENTO DA DIVERSIDADE DA ENTOMOFAUNA (CLASSE
INSECTA) EM ÁREA DE VEGETAÇÃO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO
“HERMÍNIO OMETTO” - UNIARARAS......................................................................Pág. 309
INIBIÇÃO, IN VITRO, DA RESPIRAÇÃO MITOCONDRIAL POR VENENO
CROTÁLICO É CÁLCIO-DEPENDENTE ..................................................................Pág. 313
VACINAÇÃO CONTRA O VÍRUS INFLUENZA A (H1N1): ANÁLISE
COMPARATIVA ENTRE OS CONCLUINTES DOS CURSOS DA
ÁREA DA SAÚDE .....................................................................................................Pág. 317
INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO DAS HABILIDADES FUNCIONAIS
NA MIELOMENINGOCELE: ESTUDO DE CASO .....................................................Pág. 320
AÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA NA ARTRITE REUMATÓIDE
INDUZIDA EXPERIMENTALMENTE ........................................................................Pág. 324
(DES) CONSTRUINDO A SEXUALIDADE NA ESCOLA UMA AÇÃO
INTEGRADA ENTRA SAÚDE E EDUCAÇÃO ..........................................................Pág. 328
ECOSSENSIBILIZAÇÃO MUSICAL NO CENTRO UNIVERSITÁRIO
HERMÍNIO OMETTO – UNIARARAS COMO ESTRATÉGIA DE
ECOSUSTENTABILIDADE VISANDO A CERTIFICAÇÃO DA ISO 14001 ............ ..Pág. 334
- 262 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL EM PACIENTES COM
LESÃO MEDULAR: CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA
UNIARARAS .............................................................................................................Pág. 338
ANATOMIA RADICAL DE Ionopsis utriculariodes LINDL. (Onciinae:
Cymbidieae, Orchidaceae) .......................................................................................Pág. 341
AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO E DINÂMICO EM
TRAUMATISMO RAQUIMEDULAR: ESTUDO DE CASO ........................................Pág. 346
ADUBAÇÃO ORGÂNICA NA CULTURA DO MILHO: MANEJO,
PRODUTIVIDADE E MEIO AMBIENTE ................................................................. ..Pág. 349
INFECÇÃO FÚNGICA POR CANDIDA ALBICANS E CANDIDA
NÃO-ALBICANS NO AMBIENTE HOSPITALAR ......................................................Pág. 353
A INCLUSÃO ESCOLAR NOS DIAS DE HOJE: UMA REVISÃO
DA LITERATURA .....................................................................................................Pág. 359
PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS E PROTOZOÁRIOS
COMENSAIS EM CRIANÇAS DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ
OMETTO, ARARAS-SP ............................................................................................Pág. 363
NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES DE CAMPINAS/SP –
COMPARAÇÃO COM HÁBITOS DE VIDA ...............................................................Pág. 369
A INFLUÊNCIA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS
EM PRÉ-ESCOLARES .............................................................................................Pág. 373
O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CENTRAL DE MATERIAL E
ESTERILIZAÇÃO .....................................................................................................Pág. 378
O USO DE MATERIAIS LÚDICOS NO ENSINO DE EDUCAÇÃO
AMBIENTAL PARA CRIANÇAS ENTRE 3 E 7 ANOS DE IDADE .............................Pág. 382
ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA E CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES
DA ÁREA DA SAÚDE REFERENTE À VACINAÇÃO ...............................................Pág. 385
AVALIAÇÃO ESCOLAR E SUAS IMPLICAÇÕES NA RELAÇÃO
PROFESSOR E ALUNO NO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL .......................Pág. 388
DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE CARBOXIHEMOGLOBINA
NO SANGUE DE UM FUMANTE E UM NÃO FUMANTE .........................................Pág. 392
ANATOMIA RADICAL DE Miltonia spectabilis LINDL. (Oncidiinae,
Cymbideae: Orchidaceae) ........................................................................................Pág. 395
VARIÁVEIS DE PROCESSOS DE PSICOTERAPIAS EM
CLÍNICA-ESCOLA ....................................................................................................Pág. 400
ARTRITE REUMATÓIDE: AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA E
IMUNOHISTOQUÍMICA DA ARTRITE INDUZIDA EM MODELOS
- 263 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
EXPERIMENTAIS E TRATADA COM LASER DE BAIXA INTENSIDADE
E METOTREXATO ...................................................................................................Pág. 404
CORRELAÇÃO ENTRE A INFECÇÃO VIRAL DA PRÓSTATA PELO
XMRV E O CÂNCER DE PRÓSTATA ......................................................................Pág. 408
GRUPO DE ORIENTAÇÃO A EQUIPE: UMA AÇÃO HUMANIZADA
E INTERDISCIPLINAR .............................................................................................Pág. 412
AÇÃO DA HISTAMINA E ANTI-HISTAMÍNICOS NO SISTEMA
GASTROINTESTINAL ..............................................................................................Pág. 416
JOGOS E BRINCADEIRAS DE CRIANÇAS EM PRAÇAS NA CIDADE
DE ARARAS – SP – OLHAR INICIAL .......................................................................Pág. 423
APLICAÇÃO DO LASER 670NM EM ULCERA CUTÂNEA DE PACIENTE
PORTADOR DE TROMBOCITEMIA EM TRATAMENTO COM
HIDROXIURÉIA – ESTUDO DE CASO ....................................................................Pág. 427
CONTAGEM LEUCOCITÁRIA TOTAL E DIFERENCIAL DE RATTUS
NOVERGICUS ALBINUS WISTAR APÓS LESÃO DORSAL CUTÂNEA
TRATADOS COM LASERTERAPIA E PLACA ACTICOAT ......................................Pág. 433
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE RAMOS SINTOMÁTICOS COMO
FONTE DE INÓCULO DO VÍRUS DA LEPROSE DOS CITROS ..............................Pág. 436
CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO DE CLIMA
ORGANIZACIONAL DURANTE O ESTÁGIO ESPECÍFICO EM
ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS .........................................................................Pág. 440
ENGENHARIA DE SOFTWARE: NOVA METODOLOGIA DE
DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE ...................................................................Pág. 444
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE GALVANOPUNTURA E
VACUOTERAPIA EM ESTRIAS ALBAS POR MEIO DA
BIOFOTOGRAMETRIA ............................................................................................Pág. 448
AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR
EM CRIANÇAS INSTITUCIONALIZADAS ................................................................Pág. 451
UTILIZAÇÃO DO NINTENDO Wii NA REABILITAÇÃO DO MEMBRO
SUPERIOR EM UM INDIVÍDUO COM ACIDENTE VASCULAR
CEREBRAL ..............................................................................................................Pág. 455
LEVANTAMENTO DA MACROFAUNA EM SOLOS DE MATAS
CILIARES DEGRADADAS PELA AGRICULTURA/PECUÁRIA NA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PASSA-CINCO - IPEÚNA, SP .............................Pág. 458
GESTÃO DE PESSOAS EM UMA CONSTRUTORA – PROPONDO
UM MODELO BASEADO EM COMPETÊNCIAS ......................................................Pág. 463
A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO
INDUSTRIAL PAULISTA NO SÉCULO XXI ..............................................................Pág. 467
- 264 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO FARMACÊUTICA NA AVALIAÇÃO
DE FATORES DE RISCO: REVISÃO DE LITERATURA EM
INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA.............................................................................Pág. 476
PURIFICAÇÃO DO β-CAROTENO PRESENTE EM EXTRATO
DE CENOURAS ATRAVÉS DE CROMATOGRAFIA EM COLUNA
DE AÇUCAR ............................................................................................................Pág. 483
PREVALÊNCIA DE IGG, IGM E IGA SANGUÍNEO E IGA SALIVAR
CONTRA O HERPESVÍRUS HUMANO 7 NA POPULAÇÃO
ADULTA SADIA ........................................................................................................Pág. 487
O ENSINO PELO TODO E POR PARTES DE UMA COREOGRAFIA
DE JAZZ COM BAILARINOS EXPERIENTES ..........................................................Pág. 490
O PAPEL DE UM AVA APOIANDO OS ESTUDOS NO ENSINO
SUPERIOR ...............................................................................................................Pág. 494
A COMUNICAÇÃO COM CRIANÇAS AUTISTAS: UM ESTUDO
DE CASO .................................................................................................................Pág. 498
PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS A SÍNDROME
METABÓLICA EM UMA POPULAÇÃO ADULTA......................................................Pág. 502
AÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA NO CRESCIMENTO
DE ENTEROCOCCUS RESISTENTE A VANCOMICINA E
STAPHYLOCOCCUS AUREUS RESISTENTE A OXACILINA .................................Pág. 505
PRINCIPAIS FATORES GENÉTICOS NA VARIABILIDADE
FENOTÍPICA DA ANEMIA FALCIFORME: REVISÃO DE LITERATURA..................Pág. 509
SÍNDROME DE NOONAN: REVISÃO DE LITERATURA .........................................Pág. 513
AVALIAÇÃO DA SIMETRIA DE TRONCO EM UM PACIENTE COM
AMPUTAÇÃO BILATERAL DE MEMBROS INFERIORES POR MEIO
DA BIOFOTOGAMETRIA COMPUTADORIZADA ....................................................Pág. 517
RAP: OS DUELOS DE RIMAS DE IMPROVISO COMO ATIVIDADE
DE LAZER ................................................................................................................Pág. 521
FENÔMENO DA BODY ART À LUZ DAS TEORIAS SOBRE O
SOCIAL ....................................................................................................................Pág. 526
UM SOFTWARE DE APOIO AO GERENCIAMENTO DE FILAS
DE ATENDIMENTO EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS ................................Pág. 532
- 265 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE AGENTES QUÍMICOS NO CONTROLE DE
BACTERIAS RELACIONADAS ÀS INFECÇÕES EM SERVIÇO DE SAÚDE
MAXIMO, H. J. 1, 2, 5, 6; BERETA, A.L.R.Z.1, 3, 4.
1
2
3
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Docente do
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto –
4
5
6
UNIARARAS; Orientadora; Docente do Centro Universitário Anhanguera;
Responsável
técnico pelos laboratórios da área da Saúde do Centro Universitário Anhanguera Educacional LemeSP.
[email protected] ; [email protected]
INTRODUÇÃO
As infecções relacionadas à assistência constituem um problema de saúde pública
mundial, gerando aumento na morbidade, na mortalidade e nos custos assistenciais.
A implantação de medidas básicas preventivas pode reduzir a incidência e a
gravidade destas infecções. Ações simples apresentam baixo custo e grande
sucesso na prevenção de infecções em estabelecimentos de saúde. Diversas
situações nas rotinas de aquisição, estocagem, manipulação, e concentração dos
agentes químicos podem alterar a qualidade de soluções. Entre aos principais
fatores que comprometem a qualidade de desinfetantes e anti-sépticos estão as
diferentes concentrações dos agentes, uso de água não purificada para diluição,
estocagem em locais de umidade e temperatura elevadas, embalagens que não
protegem de extravasamentos, contaminações química ou biológica por contato com
o ambiente ou com as mãos. A Escherichia coli é um patógeno oportunista;
causador de septicemia, além de causar infecções do trato urinário e hospitalares;
alguns sorotipos, denominados Escherichia coli enterovirulentos, são sempre
patógenos. A Pseudomonas aeruginosa é um bacilo Gram-negativo aeróbio; produz
um pigmento característico verde azulado (piocianina); e odor característico de fruta;
causa infecções em feridas por queimaduras, otites, infecções urinária e respiratória;
uma das principais causas de infecções hospitalares; a maioria das cepas é
resistente aos fármacos, e à alguns desinfetantes. A clorexidina é uma biguanida
com propriedades catiônicas que foi introduzida há muitos anos como anti-séptico de
largo espectro contra bactérias Gram-negativas e Gram-positivas. O hipoclorito de
sódio é um composto químico a base de cloro utilizado como desinfetante, e
normalmente é empregado na limpeza e desinfecção de áreas e artigos críticos e
semicríticos. Alcoóis são compostos químicos, orgânicos, utilizados em atividades da
área de saúde, como desinfetantes e anti-sépticos, e são eficazes para destruição e
controlar a população de microrganismos ou para impedir a disseminação de
microrganismos nos ambientes. A melhor concentração do álcool como agente
antimicrobiano é 70%, onde sua ação antimicrobiana é efetiva. Sua atividade
microbicida pode variar na concentração de 40% a 90% do volume (LONGO et al.,
2006).
OBJETIVOS
- 266 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Avaliar in vitro a eficácia de agentes químicos como álcool nas concentrações de
90%, 70%, 60%, 50% e 40%, Clorexidina 2% com diferentes tempos de aplicação e
Hipoclorito de Sódio, nas concentrações de 1%, 2%, 3%, 4% e 5%, no controle de
cepas padrão de Escherichia coli (ATCC 25922) e Pseudomonas aeruginosa (ATCC
9027). Estabelecer um protocolo seguro de assepsia, para aplicação em locais de
risco a saúde.
METODOLOGIA
Cepas padrão de bactérias Escherichia coli (ATCC 25922) e Pseudomonas
aeruginosa (ATCC 9027), liofilizadas derivadas do American Type Culture Collection
(ATCC), contidas em frasco ampolas foram diluídas em 1mL de solução de Cloreto
de Sódio NaCl 0,9% estéril, utilizando-se uma seringa plástica de 1mL e agulha
30x08 ambas estéreis, em seguida as amostras bacterianas foram inoculadas em
meio de cultivo Agar Brain Heart Infusion (BHI) e incubadas à 35-37ºC por 24 a 48
horas. Após a incubação cada cepa foi suspensa em 30 mL de solução de Cloreto
de Sódio NaCl 0,9% estéril, até atingir 1 na escala nefelométrica de Mc Farland,
homogeneizada por 30 segundos em agitador tipo Vortex QUIMIS®, sendo essa
nomeada solução “mãe”. Foram distribuídos 9 mL de Clorexidina 2%, em cinco
tubos de ensaio estéreis distintos com auxílio de uma pipeta de 10 mL, com a
finalidade de avaliar o tempo de ação que melhor se aplica no controle dos
respectivos microrganismos. Em seguida adicionou-se 1mL da solução mãe de cada
cepa nos tubos contendo clorexidina, obedecendo-se uma ordem temporal de 1, 2,
3, 4 e 5 minutos pipetando-se 1 mL da solução, com auxílio de pipeta estéril e
transferiu para uma placa de Petri estéril vazia, acrescentando-se em seguida 20 mL
de meio de cultivo Plate Count Agar (PCA), após incubou-se as placas (1”, 2”, 3”, 4”
e 5”) de cada cepa à 35-37ºC por 24 e 48 horas, realizou-se então a quantificação
em profundidade de UFC/mL. Em continuidade, avaliou o álcool nas concentrações
de 40%, 50%, 60%, 70% e 90%. Para tanto, pipetou-se 9mL do álcool nas
respectivas concentrações em tubo de ensaio estéril, utilizando-se pipeta de 1mL
estéril, em cada tubo adicionou-se 1mL da solução mãe preparada, homogeneizouse, aguardou-se 10 minutos e transferiu-se 1mL do preparado, com pipeta estéril,
para uma placa de Petri estéril vazia, acrescentando-se em seguida 20 mL de meio
Plate Count Agar (PCA). Logo após as placas com as diferentes concentrações de
álcool (40%, 50%, 60%, 70% e 90%) e com as diferentes cepas bacterianas foram
incubadas à 35-37ºC por 24 e 48 horas. A seguir realizou-se então a quantificação
em profundidade de UFC/mL. Passou-se a avaliar a eficiência do hipoclorito de
sódio nas concentrações de 1%, 2%, 3%, 4% e 5%. Para tanto, pipetou-se 9mL do
hipoclorito de sódio nas respectivas concentrações em tubo de ensaio estéril,
utilizando-se pipeta de 1ml estéril, em cada tubo adicionou-se 1mL da solução mãe
preparada, homogeneizou-se, aguardou-se 10 minutos e transferiu-se 1mL do
preparado, com pipeta estéril, para uma placa de Petri estéril vazia, acrescentandose em seguida 20 mL de meio de cultivo Plate Count Agar (PCA), após incubou-se
as placas (1%, 2%, 3%, 4% e 5%) de cada cepa à 35-37ºC por 24 e 48 horas,
realizou-se então a quantificação em profundidade de UFC/mL, utilizando-se
contador de colônias QUIMIS® modelo Q-295-B.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
- 267 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Todas as soluções de clorexidina 2% aquosa testadas nos intervalos de tempos de
1, 2, 3, 4 e 5 minutos foram eficazes no controle antimicrobiano da Echerichia coli e
Pseudomonas aeruginosa. O mesmo resultado de eficiência no controle da
Echerichia coli e Pseudomonas aeruginosa aplica-se nas soluções de hipoclorito de
sódio à 1%, 2%, 3%, 4% e 5%. Já as soluções de álcool tiveram resultados variados
no controle da Echerichia coli e Pseudomonas aeruginosa, pois o álcool nas
concentrações de 90% e 70% foram eficientes para ambas as bactérias, o álcool à
60%, no controle da Pseudomonas aeruginosa foi eficiente, porém o mesmo não
aconteceu quando aplicado na Escherichia coli, onde foi verificado a presença de 3
UFC/mL, o álcool à 50% não foi eficiente para ambas as bactérias, pois na presença
da Escherichia coli contou-se 3 UFC/mL e quanto a Pseudomonas aeruginosa
contou-se 1 UFC/mL, o álcool na concentração de 40% obteve 3 UFC/mL quando
testado em Pseudomonas aeruginosa e 64 UFC/mL quando testado em Escherichia
coli, como mostram os (Quadros 1, 2, 3, 4 , 5 e 6).
Quadro 1- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Escherichia coli
com aplicação da clorexidina aquosa 2% em diferentes tempos de exposição
Microrganismo
Tempo de
Leitura de
Leitura de
exposição
UFC/mL após 24 UFC/mL após 48
horas
horas
Escherichia coli
1 minuto
0
0
2 minutos
0
0
3 minutos
0
0
4 minutos
0
0
5 minutos
0
0
Quadro 2- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Pseudomonas
aeruginosa com aplicação da clorexidina aquosa 2% em diferentes tempos de
exposição
Microrganismo
Tempo de
Leitura de
Leitura de
exposição
UFC/mL após 24 UFC/mL após 48
horas
horas
1 minuto
0
0
Pseudomonas
2 minutos
0
0
aeruginosa
3 minutos
0
0
4 minutos
0
0
5 minutos
0
0
Quadro 3- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Escherichia coli
com aplicação do hipoclorito de sódio em diferentes concentrações
Microrganismo
Concentração do
Leitura de
Leitura de
hipoclorito de
UFC/mL após 24 UFC/mL após 48
sódio
horas
horas
1%
0
0
2%
0
0
Escherichia coli
3%
0
0
4%
0
0
5%
0
0
- 268 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Quadro 4- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Pseudomonas
aeruginosa com aplicação do hipoclorito de sódio em diferentes concentrações
Microrganismo
Concentração do
Leitura de
Leitura de
hipoclorito de
UFC/mL após 24 UFC/mL após 48
sódio
horas
horas
1%
0
0
Pseudomonas
2%
0
0
aeruginosa
3%
0
0
4%
0
0
5%
0
0
Quadro 5- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Escherichia coli
com aplicação do álcool em diferentes concentrações
Microrganismo
Concentração do
Leitura de
Leitura de
álcool
UFC/mL após 24 UFC/mL após 48
horas
horas
40%
64
64
50%
3
3
Escherichia coli
60%
3
3
70%
0
0
90%
0
0
Quadro 6- Resultados obtidos no controle antimicrobiano da Pseudomonas
aeruginosa com aplicação do álcool em diferentes concentrações
Microrganismo
Concentração do
Leitura de
Leitura de
álcool
UFC/mL após 24 UFC/mL após 48
horas
horas
40%
3
3
Pseudomonas
50%
1
1
aeruginosa
60%
0
0
70%
0
0
90%
0
0
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A solução aquosa de Clorexidina na concentração de 2% demonstrou eficiência no
controle antimicrobiano de bactérias com potencial patogênico como a Escherichia
coli e Pseudomonas aeruginosa, independentemente dos diferentes tempos de
exposição testados (1, 2, 3, 4 e 5 minutos). Sendo assim esse agente químico pode
ser empregado na desinfecção e na anti-sepsia com segurança perante os mesmos
microrganismos, embora a clorexidina seja utilizada em serviços de saúde, mais
como anti-séptico. As soluções de hipoclorito de sódio nas concentrações de 1%,
2%, 3%, 4% e 5%, demonstraram segura eficiência no controle antimicrobiano de
ambas as bactérias testadas, neste sentido o seu uso pode, ser feito com
segurança, nas ações de desinfecção. Apesar do álcool etílico 70% não ser aceito
como desinfetante efetivo pelo Centro de Controle de Doenças e Prevenção, a
utilização de alcoóis em diferentes concentrações deve ser feita de maneira
prudente, pois em algumas concentrações o álcool não atinge um bom desempenho
- 269 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
no controle antimicrobiano, sendo assim seu uso deve se restringir apenas a
concentração de 70% na prática da descontaminação de ambientes que tenham por
vez a presença das bactérias Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa. Porém
estudos devem ser realizados para avaliar essas ações antimicrobianas em outras
cepas virulentas envolvidas em infecções relacionadas a serviços de saúde.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE D.; SANTOS, L.S.; OLIVEIRA, B.A. & BERALDO C.C. Alcoóis: A
produção do conhecimento com ênfase na sua atividade antimicrobiana. Revista
Medicina. Ribeirão Preto: vol 35, n 1, jan/mar, 2002.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Resolução RDC nº 219 de 02 de
agosto de 2002, que altera a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 46 de 20 de
fevereiro de 2002. Diário Oficial da República Federativa do Brasil,
Brasília, 06 de Agosto de 2002.
BURTON, Gwendolyn R.W. ENGELKIRK, Paul G. Microbiologia para as ciências
da saúde, 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 426p. ISBN 85-277-1031-5,
2005.
DAVIES, G. E et al. Laboratory investigation of a new anti-bacterial agent of a
hight potence. British J.pharmacol., v. 9, p. 192-196, 1954.
FERREIRA, R. A. Barrando o invisível. Rev. da APCD, v. 49, n. 6, p. 417-427,
nov./dez. 1995.
GARNER JS, JARVIS WR, EMORI TG, HORAN TC, HUGHES JH. CDC definitions
for nosocomial infections. Am JInfect Control 1998;16:128-40.
JORGE, A. O. C. Princípios de biossegurança em odontologia. Apostila. Taubaté,
1998. 39 p.
LONGO, R.; D’LAGNOLL, M.; SHIMIZU, L. T.; CZANASKI, M. M. P.;
DALLACOSTA,C. Estudo da qualidade da solução de álcool 70% p/p, 77% v/v
ou 77º GL comercializados no estado do Paraná. 2006. 23f. Monografia
(Especialização em Farmácia Magistral). Curitiba.
MIMS C.A.; PLAYFAIR, J.H.L.; ROITT, I.M.; WAKELIN, R. & WILLIAMS, R.
Microbiologia Médica. 2 ed. São Paulo: Manole, 1999.
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em odontologia. Pesqui.Odontol. Bras., v. 16, n. 2, p. 107-114, 2002.
SIQUEIRA J. R. et al. Effectiveness of four chemical solution in eliminating Bacillus
subtilis spores on guttaperchacones. Endod. Dent. Traumatol., v. 14, n. 3, p. 124126, jun. 1998.
- 270 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ÓRGÃO FINANCIADOR: Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento
Educacional Anhanguera Educacional LTDA (IPADE) e Fundação Nacional de
Desenvolvimento do Ensino Superior Particular (FUNADESP).
PALAVRAS-CHAVE:
aeruginosa.
Agentes
químicos,
Escherichia
coli;
Pseudomonas
- 271 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANATOMIA RADICIAL DE RODRIGUEZIA DECORA REPRESENTANTE DE
ONDIDIIANE (ORCHIDACEAE)
BORIN, L.1,2; CURIEL, A.C.1,2; LAGAZZI, G.3,4; PEDROSO-DE-MORAES, C.3,5.
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
orientador; Orientador.
2
Discente;
3
Docente;
4
Co-
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009),
apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes
tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas
aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se
incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies
distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito
epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou
micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos
micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constituem um grupo tipicamente
neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes
subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies
(PRIDGEON et al., 2009). Elas ocorrem na América, principalmente, nas regiões
tropicais sendo epífitas ou terrestres (FARIA, 2004). A delimitação da subtribo
Oncidiinae foi controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos
morfológicos. Os trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae.
Atualmente, Oncidiinae encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança
decorrente de análises moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos
genéricos da família foram tipicamente definidos por uma, ou poucas características
puramente morfológicas, sem levar em consideração o relacionamento filogenético
entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009) apresentaram uma nova
configuração molecular para a subtribo. A espécie Rodriguezia decora apresenta
rizoma longo e delgado, com pseudobulbos distantes entre si e raízes aéreas que
partem da base. Apresenta inflorescências do tipo racemo, com cerca de 50 a 60 cm,
e pequenas e poucas flores de 1,5 x 2,0 cm, róseo-brancas pintalgadas de um rosa
mais escuro e sépalas fundidas. As flores ficam abertas durante um período de 15 a
25 dias, necessitam de umidade relativa ao redor de 30%, temperaturas de 25 a 35ºC
e luminosidade de 50 a 90% (CARDOSO; ISRAEL, 2005).
OBJETIVO
A morfologia dos órgãos vegetativos de muitas Oncidiinae foram estudadas
por Chase e Palmer (1997) e a filogenia descrita por Pridgeon et al. (2009), Para o
Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de
Baptistonia, Gomesa, Ornitophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium (pro
parte) foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico,
determinados táxons brasileiros dessa subtribo ainda necessitam de análise
minuciosa, principalmente, devido às suas características adaptativas e
- 272 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
taxonômicas. Assim, o presente trabalho objetivou descrever anatomicamente a raiz
de Rodriguezia decora.
MATERIAL E MÉTODOS
O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro
Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado:
Rodriguesia decora Barb. Rodr. (CV: 352, 353, 355, 356). A exsicata foi depositada
no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas.Para a análise
anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%.
Cinco exemplares de cada raiz por espécime foram seccionados à mão livre, na
região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com
Safra-Blau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi
utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan
III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com
uma câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana da raiz de
Rodriguezia decora, as quais são cilíndricas e apresentam três regiões distintas:
velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de
epiderme, está presente na raiz de Rodriguezia decora e suas células são
poligonais, elípticas ou retangulares, em secção transversal. Ele é formado por
quatro camadas de células. As paredes celulares do velame apresentam diferentes
padrões de espessamento secundário. A camada mais externa do velame
denominada epivelame, é formada por células anticlinalmente alongadas em
Rodriguezia decora. As camadas celulares subjacentes a esse tecido são
constituídas por células maiores e alongadas radialmente. O epivelame apresenta
células maiores que as da camada interna. O endovelame é formado por células
isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais, em Rodriguezia
decora este se apresenta bem proeminente. O córtex apresenta três regiões
diferenciadas: a exoderme, o córtex central e a endoderme ou camada mais interna
que envolve o cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que
as das demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto
pelas periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As
células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que
as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede
delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro
camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos
variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. Na raiz, nota-se que as
células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são
menores que as da região central. Na raiz de Rodriguezia, a endoderme é
unisseriada e suas células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de
passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. Apresenta
raiz poliarcas, sendo encontrados seis pólos em Rodriguezia decora. A medula é
formada por células parenquimáticas esclerificadas. O teste com Sudan III revelou a
presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a
presença de lignina, nos espessamentos parietais das células do velame. A raiz
apresenta velame, que constitui uma epiderme especializada composta por várias
- 273 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
camadas de células com paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex
(Pridgeon 1987). O velame é formado por quatro camadas de células, assim como
descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas.
Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por duas
porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame, na espécie, apresenta
células maiores que as internas, fato este que pode ocorrer entre alguns
representantes da atual tribo Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A análise do
endovelame revela que, esta espécie apresenta o mesmo padrão variável de
Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina nas células
do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere comumente
encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é
celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a
dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies
de orquídeas (BENZING et al. 1983). Segundo Pridgeon (1987), na camada interna
do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de células especializadas,
denominadas células de cobertura ou tilossomos, que auxiliam na condensação de
água e outros vapores. Entretanto, essas células parecem estar ausentes em nesta
espécie, pois não aparecem neste estudo. Tal característica também é
compartilhada pelas subtribos Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo
Cymbidieae, como observado por Stern e Judd (2001), Stern et al. (2004)
confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a presença
de espessamento somente na parede tangencial externa e células isodiamétricas
orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas Orchidaceae, como
descrito para Catasetinae. O conjunto velame-exoderme funciona como um sistema
onde as células longas suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o
parênquima cortical do dessecamento e as células de paredes finas conduzem
substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em relação à endoderme, o
espassamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora com os
caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais
como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (STERN; JUDD 2002; PRIDGEON
et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram raízes de orquídeas em 12
tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres:
epivelame, número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas
células do velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. A raiz
de Rodriguezia aqui estudada corresponde ao tipo Cymbidium por possuir epivelame
em até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes
corrobora com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única
tribo monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae,
Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae,
Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células
parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos, como em outras
Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de
camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres anatômicos
que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém,
cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total,
sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas
estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi
comprovada em trabalhos com diferentes plantas, em ambientes caracterizados por
- 274 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas em
espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo
facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação
excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex
de raízes de arroz-de-sequeiro. Também ocorrem diferenças na anatomia de raízes
entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições
de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do
córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que
nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células
parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do
desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de
seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número
de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de
uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Vale ressaltar que a
combinação dos fatores se mostra importante, porém, parece haver, para as
espécies aqui analisadas, maior influência do diâmetro médio celular parenquimático
cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As raízes analisadas possuem velame, córtex central e endoderme definidos.
As características estruturais encontradas nas raízes, como a presença de velame e
células corticais de diâmetro avantajado, podem ser consideradas adaptações ao
epifitismo. A uniformidade entre as características anatômicas encontradas na raiz
estudada corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados
Chase e Palmer (1997) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se
inserida na tribo monofilética Cymbidieae.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PALAVRAS-CHAVES: Orquídea, raiz, Rodriguesia.
- 276 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
WEBLOGÍSTICA: SINTETIZANDO CUSTOS, TEMPO DE ENTREGAS E
GERENCIAMENTO DE ROTAS NOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÕES.
PRADO, K.S.V.1,2; PEREIRA, D.J.1.2; ZORZO, A.1,3
1
2
3
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Orientador.
[email protected], [email protected],
[email protected]
INTRODUÇÃO
Logística é um processo estratégico que lida com a organização e preparação
de atividades importantes com um objetivo em comum. Segundo PLATT e NUNES
(2007, p. 13) “[...] após a 2ª Guerra Mundial, onde as atividades logísticas militares
foram utilizadas e influenciaram significativamente os conceitos logísticos utilizados
atualmente.” Após esta época, com o avanço das tecnologias e da demanda de
necessidades especiais do mercado, foram criadas técnicas para uma garantia de
vantagem competitiva, utilizando ferramentas e sistemas que dão apoio às
operações e gerenciamentos dos procedimentos organizacionais. Figueiredo (2009)
comenta que
é através do serviço logístico, entendido como o conjunto de atividades que
devem ser realizadas para atender às necessidades de clientes cada vez
mais exigentes, que as empresas procuram a diferenciação, perseguindo o
cumprimento de prazos, entregas sem erros, pedidos perfeitos e um amplo
leque de atributos de serviço que vão além dos convencionais requisitos
ligados a prazos e quantidades atendidas.
Visando uma evolução para solucionar alguns desses problemas, foram
abordados e analisados os assuntos relacionados à distribuição de materiais citados
neste trabalho. De fato este processo é grande importância, visto que suas
operações se bem realizadas e sistematizadas minimizam o tempo de entrega,
evitam o retrabalho e os eventuais prejuízos, maximizando o lucro e a credibilidade
com os clientes.
WEBLOGISTICA é uma ferramenta que será desenvolvida com o intuito de
auxiliar nas tomadas de decisões sendo eficaz para gerenciar os processos citados
no presente trabalho.
OBJETIVO
Desenvolver uma solução de software eficaz que garante a integridade dos
serviços a ser prestados pela empresa, em busca de minimizar o tempo de entrega,
controlar as tarefas de forma ágil e flexível a fim de proporcionar comodidade ao
cliente, em tempo hábil.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
A estratégia de trabalho será realizada através de levantamento de pesquisas
bibliográficas, a partir de livros e artigos, que possuem casos de usos encontrados
freqüentemente, abordados por profissionais do ramo.
Para a coleta de dados, serão realizadas entrevistas com profissionais da
área de logística, pesquisa de campo em empresas, levantamento documental, que
- 277 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
possibilitará para um aprofundamento maior do assunto em questão e formulários,
contendo questionários relacionados à área, possibilitando assim a coleta dos
requisitos necessários para o desenvolvimento do software.
Na fase de planejamento, serão utilizadas ferramentas de apoio para a
construção da documentação do sistema, utilizando de modelos como UML (Unifield
Modeling Language), consiste em uma linguagem para o desenvolvimento dessas
atividades.
Na fase de desenvolvimento utilizaremos como linguagem de programação JAVA e
Banco de dados MySql, ferramentas opensource, ou seja, possui código fonte aberto
e gratuito.
RESULTADOS ESPERADOS
Logística
Pode-se dizer que a logística teve uma influencia significante com as ações
dos militares na 2° Guerra Mundial. O termo logística é definido segundo Ballou
(2001 apud PLATT e NUNES, 2007, p. 21) que
É o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente
e economicamente eficaz de matérias-primas, estoque em processo,
produtos acabados e informações relativas desde o ponto de origem até o
ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes.
Resumidamente, pode-se definir logística como os processos realizados
desde o início concepção do produto ao seu estado final, de uma forma planejada e
eficiente, visando à satisfação do cliente e maximizar o lucro.
Um dos desafios que as empresas têm enfrentado ultimamente é uma brecha
entre as vendas e entregas de materiais. Elas vêm buscando diminuir este espaço
realizando algumas estratégias, visando melhorar os processos de distribuição com
eficácia e eficiência, reduzindo custos e tempo de espera dos clientes. Pode ser
citado segundo Farah Junior (2002), algumas falhas operacionais:
• Pedidos incompletos;
• Longo tempo de preparação dos pedidos (separar, embalar, classificar,
etiquetar, disponibilizar para embarque, etc.);
• Dificuldade de localizar os produtos, embalagens, etc.;
• Elevado índice de retorno de pedidos que não saíram conforme o
solicitado;
• Baixa produtividade do trabalho e do capital aplicado em ativos fixos;
• Elevado número de operações de retrabalho;
• Inventários físicos demorados, com elevado custo de processamento e de
veracidade não muito confiável.
Sem uma estruturação do gerenciamento logístico, não há forma de reverter
este cenário.
Devido, a estas conseqüências citadas, as organizações estão utilizando
diversas ferramentas e uma em destaque entre elas é a tecnologia da informação.
Segundo Viana (2002, p. 5) “[...] e uma das ações que se mostram mais eficazes
para diminuir os gargalos é a utilização de tecnologia da informação nas diversas
etapas do processo logístico”.
CONTROLE DE ROTA EXTERNA
Desde os primórdios, as empresas visam reduzir custos com toda e qualquer
atividade que realiza, porém este princípio nem sempre é controlado da melhor
- 278 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
forma e acabam gastando mais do que o necessário, tendo prejuízos ao invés de
lucros. Para uma empresa no ramo logístico este processo não é diferente,
principalmente no setor de transportes de cargas.
A gestão de custos e tempo na área de transportes depende do desempenho
da empresa e seus funcionários, buscando soluções que os auxiliem no controle dos
gastos. Levando sempre em consideração gastos com combustível, com pedágios
(transportes rodoviários), com o funcionário (refeições, estadia se necessário),
quilometragem percorrida, atrasos, acidentes, trânsito, etc.. Por isso é necessário
pesquisar e traçar sempre a melhor rota de acordo com os pedidos a serem
entregues, para que não necessite fazer várias idas e voltas até os destinos das
entregas.
Conforme Tavares (2010), o transporte possui grande influência nos preços
de um produto, pois se os processos forem bem organizados e eficientes, será um
fator determinante para a satisfação dos clientes, agregando valores aos produtos.
Conforme Ballou (2006, p. 208) é possível escrever programas que realizam
tarefas de roteirização, visando sempre não deixar a frota ociosa por muito tempo
aproveitando todos os veículos nos horários disponíveis.
Em proposta aos problemas citados neste projeto, os processos logísticos
devem sofrer melhorias na organização dentro de uma empresa. Será desenvolvido
um software para apoiar estes processos, o qual dará condições para que os
desafios de diminuição de tempo e eliminação de retrabalho, aumentando a
satisfação do cliente, para que a organização de rotas externas seja eficiente e os
custos com transportes sejam minimizados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALLOU R.H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos
Empresarial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman. 2006. 616 p.
/
Logística
FARAH JUNIOR, M. Os desafios da logística e os centros de distribuição física.
Centro de distribuição reduzem custos e trazem agilidade ao processo de entrega de
produtos. Curitiba: Revista FAE Business, n2, 2002. Disponível em
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Disponível
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VIANA, F. L. E. Entendendo a logística e seu estágio atual. Fortaleza: Revista
Cient. Fac. Lour. Filho, v. 2, n. 1, 2002. Disponível em: <http://www.flf.edu.br/revistaflf.edu/volume02/24.pdf>. Acesso em 09 nov. 2010.
TAVARES, B. A importância do GPS para o transporte rodoviário de cargas no
Brasil. 2010. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/informe- 279 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
se/artigos/a-importancia-do-gps-para-o-transporte-rodoviario-de-cargas-nobrasil/45083/>. Acesso em 14 nov. 2010.
PALAVRAS-CHAVES: Logística, Software, Rotas.
- 280 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANATOMIA RADICIAL DE Baptistonia lietzei (REGEL) CHIRON & V.P.CASTRO
(ONCIDIINAE: CYMBIDIEAE, ORCHIDACEAE)
SANTO-ANTONIO, A1,2; CURIEL, A.C.1,2; SOUZA-LEAL, T.1,2, LAGAZZI, G.1,3; PEDROSODE-MORAES, C.1,4;
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
Orientador.
4
2
Discente;
3
Co-orientador;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009),
apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes
tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas
aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se
incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies
distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito
epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou
micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos
micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente
neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes
subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies
(PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América,
principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi
controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os
trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae
encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises
moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram
definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o
relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009)
apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Baptistonia lietzei é
endêmica das florestas ombrófilas densas de regiões costeiras do sul e sudeste do
Brasil (CHIRON, 2009). Pode ser encontrada em altitudes de até 800 m, vivendo em
ramos na sombra de árvores de pequeno porte. Possuem de 1-2 pseudobulbos
eretos, ligeiramente comprimidos, envolvidos por uma bainha branca e delgada. As
folhas são conduplicadas (WARREN; MILLER, 1994). Para o Brasil, o único trabalho
de filogenia abrangente para a delimitação genérica de Baptistonia foi o de Faria
(2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico, determinada espécies do gênero
ainda necessitam de análise, principalmente, devido às suas características
adaptativas.
OBJETIVO
O presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as raízes de Baptistonia
lietzei.
MATERIAL E MÉTODO
- 281 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro Universitário
Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Baptistonia lietzei
(Regel) Chiron & V.P.Castro (CV: 229; 230; 231; 232). A exsicata foi depositada no
herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise
anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%.
Cinco exemplares de raízes por espécime foram seccionados à mão livre, na região
mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com SafraBlau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a
solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos
flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma
câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os cortes transversais da região mediana das raízes de Baptistonia lietzei mostram
que essas são cilíndricas e apresentam-se com três regiões distintas: velame,
córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de epiderme, está
presente nas raízes de diversas espécies de Oncidiiane e suas células são
poligonais, elípticas ou retangulares, em secção transversal. Na presente espécie
ele é formado por quatro camadas celulares. As paredes celulares do velame
apresentam diferentes padrões de espessamento secundário, dependendo da
espécie considerada. A camada mais externa do velame denominada epivelame, é
formada por células anticlinalmente alongadas. As camadas celulares subjacentes a
esse tecido são constituídas por células maiores e alongadas radialmente. O
epivelame das raízes desta espécie apresenta células maiores que as das camadas
internas. O endovelame é formado por células isodiamétricas, cujas paredes
apresentam espessamentos parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou
linhas, de disposição e distância variadas. O córtex apresenta três regiões
diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao velame), o córtex central e a
endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da
exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex,
possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada
por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e
possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de
passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à
exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas
são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos
espaços intercelulares. B. lietzei apresenta espessamentos anastomosados nas
paredes do córtex parenquimático. Em todas as suas raízes, nota-se que as células
corticais das camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que
as da região central. Nas raízes desta espécie, a endoderme é unisseriada e suas
células apresentam espessamento em O, exceto pelas células de passagem,
opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes delgadas. Todos os exemplares
analisados apresentam raízes poliarcas. Foram encontrados oito pólos de xilema,
sendo a medula formada por células parenquimáticas esclerificadas. Para todos os
espécimes aqui estudados, o teste com Sudan III revelou a presença de suberina e
a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina, nos
espessamentos parietais das células do velame. O velame constitui uma epiderme
especializada composta por várias camadas de células com paredes delgadas,
- 282 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). Na espécie estudada é formado
por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988)
para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que
o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O
epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das camadas internas,
como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do
endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão variável de
Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina nas células
do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere comumente
encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é
celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a
dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies
de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é
prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon
(1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença
de células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que
auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células
parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui
estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e
Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al.
(2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a
presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células
isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas
Orchidaceae, como descrito para Catasetinae. O conjunto velame-exoderme
funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da
exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de
paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em
relação ao parênquima cortical, não foram encontradas variações no número de
estratos do córtex, mas sim, grandes diferenças entre o diâmetro das células, o que
influenciou sobremaneira as médias obtidas para tal variável. Em relação à
endoderme, o espessamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora
com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae,
tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009).
Porembski e Barthlott (1988) classificaram as raízes de orquídeas em 12 tipos, de
acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame,
número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do
velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. As raízes da
Miltonia regnellii correspondem ao tipo Cymbidium por possuírem epivelame e até
cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora com
as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo
monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae,
Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae,
Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas
que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae
(PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do
córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres anatômicos que podem
influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um
influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o
- 283 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas estruturas nas
raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em
trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados por escassez hídrica,
um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais,
sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de
água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo
calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de
arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre
cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de
solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do
córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que
nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células
parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do
desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de
seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número
de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de
uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Miltonia regnellii
apresentara o maior número de pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie
apresentando maior quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das
espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra
importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular
parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As raízes da espécie apresentam velame, córtex central e endoderme definidos. As
características estruturais encontradas nas raízes como a presença de velame e
células corticais de diâmetro avantajado, podem ser consideradas adaptações ao
epifitismo. A uniformidade entre as características anatômicas encontradas nas
raízes estudadas corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos
encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae
encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae.
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1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
Orientador.
4
2
Discente;
3
Co-orientador;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009),
apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes
tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas
aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se
incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies
distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito
epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou
micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos
micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente
neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes
subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies
(PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América,
principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi
controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os
trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae
encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises
moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram
definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o
relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009)
apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Baptistonia
cornigera é endêmica das florestas ombrófilas densas de regiões costeiras do sul e
sudeste do Brasil (CHIRON, 2009). Pode ser encontrada em altitudes de até 800 m,
vivendo em ramos na sombra de árvores de pequeno porte. Possuem de 1-2
pseudobulbos eretos, ligeiramente comprimidos, envolvidos por uma bainha branca
e delgada. As folhas são conduplicadas (WARREN; MILLER, 1994). Para o Brasil, o
único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de Baptistonia foi
o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico, determinada espécies
do gênero ainda necessitam de análise, principalmente, devido às suas
características adaptativas.
OBJETIVO
O presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as raízes de
Baptistonia lietzei.
MATERIAL E MÉTODO
- 286 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro
Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado:
Baptistonia cornigera (Lindl.) Chiron & V.P.Castro (CV: 221; 222; 224, 226). A
exsicata foI depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto Uniararas. Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e
preservado em álcool 70%. Cinco exemplares de raízes por espécime foram
seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear.
Os cortes foram corados com Safra-Blau 0,05% e montados em glicerina. Para a
identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina
clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os
resultados foram registrados com uma câmara digital, acoplada a um microscópio
Olympus (modelo BX51).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes
de Baptistonia cornigera. São raízes cilíndricas, e apresentam-se com três regiões
distintas: velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar
de epiderme, está presente nas raízes de diversas espécies de Oncidiiane e suas
células são poligonais, elípticas ou retangulares, em secção transversal. Na
presente espécie ele é formado por quatro camadas celulares. As paredes celulares
do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário,
dependendo da espécie considerada. A camada mais externa do velame
denominada epivelame, é formada por células anticlinalmente alongadas. As
camadas celulares subjacentes a esse tecido são constituídas por células maiores e
alongadas radialmente. O epivelame das raízes desta espécie apresenta células
maiores que as das camadas internas. O endovelame é formado por células
isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais estreitos e
espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e distância variadas. O
córtex apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao
velame), o córtex central e a endoderme ou camada mais interna que envolve o
cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que as das
demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto pelas
periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As
células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que
as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede
delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro
camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos
variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. B. cornigera apresenta
espessamentos anastomosados nas paredes do córtex parenquimático. Em todas as
suas raízes, nota-se que as células corticais das camadas mais próximas à
exoderme e à endoderme são menores que as da região central. Nas raízes desta
espécie, a endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em
O, exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as
paredes delgadas. Todos os exemplares analisados apresentam raízes poliarcas.
Foram encontrados oito pólos de xilema, sendo a medula formada por células
parenquimáticas esclerificadas. Para todos os espécimes aqui estudados, o teste
com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido
clorídrico indicou a presença de lignina, nos espessamentos parietais das células do
- 287 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
velame. O velame constitui uma epiderme especializada composta por várias
camadas de células com paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex
(Pridgeon 1987). Na espécie estudada é formado por quatro camadas de células,
assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles
analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por
duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame apresenta células
ligeiramente menores que as das camadas internas, como em outras Oncidiinae
(POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do endovelame revela que, a espécie
estudada, apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al.,
2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da espécie
histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado para as
Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica, com
impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão de
lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de orquídeas.
Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é prover
suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon (1987),
na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de
células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que
auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células
parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui
estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e
Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al.
(2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a
presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células
isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas
Orchidaceae, como descrito para Catasetinae. O conjunto velame-exoderme
funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da
exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de
paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em
relação ao parênquima cortical, não foram encontradas variações no número de
estratos do córtex, mas sim, grandes diferenças entre o diâmetro das células, o que
influênciou sobremaneira as médias obtidas para tal variável. Em relação à
endoderme, o espassamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora
com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae,
tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009).
Porembski e Barthlott (1988) classificaram as raízes de orquídeas em 12 tipos, de
acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame,
número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do
velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. As raízes da
Baptistonia cornigera correspondem ao tipo Cymbidium por possuírem epivelame e
até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora
com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo
monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae,
Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae,
Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas
que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae
(PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do
córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres anatômicos que podem
- 288 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um
influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o
ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas estruturas nas
raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em
trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados por escassez hídrica,
um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais,
sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de
água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo
calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de
arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre
cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de
solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do
córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que
nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células
parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do
desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de
seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número
de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de
uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Baptistonia
cornigera apresentara 8 pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie
apresentando maior quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das
espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra
importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular
parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As raízes da espécie apresentam velame, córtex central e endoderme
definidos. As características estruturais encontradas nas raízes como a presença de
velame e células corticais de diâmetro avantajado, podem ser consideradas
adaptações ao epifitismo. A uniformidade entre as características anatômicas
encontradas nas raízes estudadas corrobora e suporta os resultados morfológicos e
filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a
subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Brasil. Hoehnea, v.36, p. 459-477, 2009.
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Harvard University Press, 1981. 298p.
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FARIA A. Sistemática filogenética e delimitação dos géneros da subtribo
Oncidiinae (Orchidaceae) endêmicos do Brasil: Baptistonia, Gomesa,
Ornithophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium pro parte. Tese
(Doutorado). São Paulo, Brasil: Universidade Estadual de Campinas. 2004.
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MOREIRA, A.S.F.P.; ISAIAS, R.M.S. Comparative anatomy of the absorption roots of
terrestrial and epiphytic orchids. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.
51, p. 83-93, 2008.
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PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.W.; RASSMUSSEN, F.N. (Eds). Genera
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SANFORD, W.W.; ADANLAWO, I. Velamen and exodermis characters of West
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WARREN, R.; MILLER, D. Orchids of the High Mountain Atlantic Rainforest in
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PALAVRAS-CHAVES: Orchidaceae, raízes, Baptistonia.
- 290 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
NÍVEL DO ESTRESSE NO TRABALHO DOS CONTROLADORES DO TRÁFEGO
AÉREO.
SILVA, A.L..1 ; 2CECCATO, H. B.
1
2
Discente em Psicologia Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
Orientadora do Projeto de Pesquisa do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A princípio, o estresse no trabalho, independente da profissão,e este é um assunto
muito divulgado nas organizações de trabalho. Atualmente, já é possível relacionar o
estresse nas organizações aos fatores psicológicos envolvidos. Porém, as pesquisas
nesta área ainda estão direcionadas mais aos fatores biológicos e fisiológicos do
que aos psicológicos e, desta maneira, existem poucos estudos que se referem mais
especificamente aos fatores psicológicos.
A classe profissional pesquisada, neste projeto, é a de Controlador de Tráfego
Aéreo, visto que esta é uma profissão que já foi assunto da mídia recentemente
devido ao congestionamento das vias aéreas e, conseqüentemente, a
desmilitarização que afetou diretamente estes profissionais. Segundo Revista Veja,
7 de Abril, 2010, os aviões se tornaram praticamente os “ônibus” do ar, o que
pressupõe uma grande procura por esse meio de transporte. Conseqüentemente,
com o aumento do número de pessoas que procuram por este meio de transporte,
as frotas de aeronaves cresceram e, da mesma forma, os aeroportos estão cada vez
mais lotados e, as pessoas menos satisfeitas com os serviços das companhias
aéreas, justamente pelo fato deste crescimento no setor aéreo provocar certo
desconforto aos usuários do serviço. Outro fator interessante é que com o aumento
da frota de aviões, se exige mais daqueles que fazem o controle aéreo dessas
aeronaves, de forma a evitar acidentes aéreos, porém, com tantas aeronaves no ar,
controlar este espaço aéreo se torna cada vez mais estressante para estes
profissionais.
O estresse está presente em grande parte da população, sendo que normalmente, a
sintomatologia física do estresse pode ser caracterizada por fadiga, dores de
cabeça, insônia, dores no corpo, tremores entre outros; já as de caráter psíquico
pode ser ansiedade, nervosismo, depressão, raiva, frustração, entre outros.
OBJETIVO
Objetivo Geral:
Identificar o nível do estresse no trabalho dos Controladores do Tráfego Aéreo de
uma cidade do interior do estado de São Paulo.
Objetivos específicos:
- Compreender a realidade do trabalho dos Controladores do Tráfego Aéreo;
- Identificar o nível de estresse dos Controladores de Tráfego Aéreo;
- Identificar e discutir a relação entre os estressores organizacionais;
- Entender a relação de saúde do trabalhador frente ao estresse e o papel da
psicologia nesse processo.
- 291 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
Este trabalho específico é uma pesquisa quantitativa de caráter descritiva, por se
tratar da coleta de dados por meio de informações obtidas por determinada amostra
e, é de corte transversal, ou seja, utilizado para definir um agrupamento de pessoas
que apresentam alguma característica em comum e por isso são agrupadas e
observadas durante um determinado período. A pesquisa é uma pesquisa–ação,
pois pressupõe pesquisa de campo e, acontecerá em um aeroporto de uma cidade
do Interior do Estado de São Paulo, Jundiaí e que terá como participantes os
profissionais Controladores do Tráfego Aéreo. Pretende-se entender também qual a
relação de estresse nos períodos de férias escolares, por exemplo, quando o
aumento pela procura aumenta e em épocas de temporada.
Como instrumentos para que a coleta de dados possa ser feita serão utilizados
alguns questionários direcionados aos aspectos do processo do trabalho destes
profissionais, ou seja, como indicador de se fazer conhecer mais sobre esta
profissão, função e o local de trabalho, o uso de escalas como o EVENT (Escala de
Vulnerabilidade ao Estresse no Trabalho), como um indicador estatístico de se medir
o nível do estresse destes profissionais e a relação que se mantém com as
condições de trabalho dentro da organização e, a observação do ambiente do
trabalho também será fundamental para a complementação dos dados coletados e
de sua veracidade. Sobre a Escala de Vulnerabilidade ao Estresse no Trabalho –
EVENT é de autoria de Fermino Fernandes Sisto, Makilin Nunes Baptista, Ana Paula
Porto Noronha e Acácia Aparecida Angeli dos Santos e, tem por objetivo principal
avaliar o quanto as circunstâncias do cotidiano do trabalho influenciam a conduta da
pessoa a ponto de desencadear um estresse por exemplo. O instrumento relacionase com medidas de estresse, e grupos profissionais podem se diferenciar em
relação á intensidade com que percebem sua vulnerabilidade. Avalia a
vulnerabilidade ao estresse a partir dos fatores clima e funcionamento
organizacional, pressão no trabalho e infra-estrutura e rotina. É destinado a um
público na faixa etária de 17 a 54 anos e pode ser aplicada tanto individualmente
quanto coletivamente. Prevê um tempo máximo de aplicação de 20 minutos. O
instrumento é um kit que contém 1 manual, 1 bloco de respostas com 25 folhas, 1
bloco perfil com 25 folhas e 1 crivo de correções e tem parecer favorável pelo
Conselho Federal de Psicologia. Também será utilizado o Inventário de Sintomas de
Stress para adultos – ISSL, de autoria de Marilda Emmanuel Novaes Lipp. É um
instrumento útil na identificação de quadros característicos do estresse. Baseia- se
em um modelo quadrifásico e os resultados aparecem como alerta, resistência,
quase exaustão e exaustão. Este inventário é composto por 1 manual, 5 cadernos
de aplicação, 1 bloco de correção com 25 folhas e 2 apostilas.
Para finalizar, como já fora dito anteriormente, esta pesquisa pressupõe visitas a
campo justamente porque prevê a coleta de dados através dos instrumentos já
descritos como um meio de identificar a relação entre estresse e trabalho dentro de
uma organização.
RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se que, através do trabalho da Psicologia inserida neste campo de atuação
seja possível mediar possíveis intervenções no ambiente de trabalho de maneira
que os impactos produzidos pela e na organização possam ser minimizados, assim
- 292 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
como o controlador do tráfego aéreo possa se satisfazer com a sua tarefa sem que
essa lhe torne penosa. Desta forma, esta pesquisa possibilitará o entendimento
sobre o real papel de um psicólogo organizacional que não se limita somente ao
recrutamento e seleção, mas que enfatiza aspectos de suma importância
considerando benefícios para organização e sujeito. Além de entender como
acontece o fenômeno do estresse e como os fenômenos produzidos pelas
organizações podem interferir na saúde dos trabalhadores, no caso específico da
pesquisa os Controladores do Tráfego Aéreo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALCHIERI, Carlos João; NORONHA, Ana Paula Porto & PRIMI, Ricardo. Guia de
Referencia: Testes Psicológicos Comercializados no Brasil. São Paulo: Casa do
Psicólogo: FAPESP, 2003. P.99.
FILGUEIRAS, Júlio César; HIPPERT, Maria Isabel. Estresse: Possibilidades e
Limites. In: JACQUES, Maria da Graça; CODO, Wanderley. Saúde mental e
trabalho: Leituras. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2007. Capítulo 5.
ROMANINI, Carolina; SALVADOR, Alexandre & SOARES, Ronaldo. Entre o Céu e o
Inferno. Revista Veja, 7 de abril, 2007. p.68-77.
STRAUB, R.O. Psicologia da Saúde. Porto Alegre: Artmed, 2005. p.115-149.
Capítulo 4.
PALAVRAS-CHAVES: Estresse, Tráfego Aéreo, Fatores Psicossociais do Trabalho.
- 293 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
TUBERCULOSE: É BOM SABER
SOUZA-LEAL, T.1,2; SANTO-ANTONIO, A.1,2; FERNANDES, M.C.1,2; REMÉDIO, E.A.1,2;
RIBEIRO, W.S.1,2; SAONCELA, A.L.1,2; BERETTA, A.L.R.Z.1,3,4,5
1
2
3
4
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Profissional; Docente
do Programa de Pós graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto –
5
UNIARARAS; Orientadora.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A tuberculose (TB) acompanha o homem desde a história conhecida. Existem
relatos dos médicos clássicos da Grécia e Roma sobre a doença e, em estudos mais
recentes, pesquisadores encontraram lesões da TB em múmias do antigo Egito.
Somente na segunda metade do século XIX foi possível conhecer o agente
etiológico, o Mycobacterium tuberculosis, que foi isolado pelo pesquisador alemão
Robert Koch em 1882, por isso que ficou conhecido como bacilo de Koch (BK).
Sessenta e dois anos depois, em 1944, foram descobertos os primeiros
medicamentos capazes de eliminá-lo. A letalidade da TB sempre foi alta e esta
representa problema de saúde pública. As novas tecnologias contra a TB levaram
diversos países desenvolvidos às portas da erradicação e, nos países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento, apesar de ainda representar um problema
para os governos, a letalidade foi reduzida consideravelmente (LITVOC, 2010).
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) destacam a África, Leste Europeu,
Ásia e América Latina como regiões onde a doença ainda persiste. Nesses países,
as taxas de incidência de TB ainda costumam ser altas. No ano de 2009, a taxa
nacional de incidência foi de 45 para cada 100 mil habitantes, em números
absolutos, 87 mil novos casos. As razões para as infecções parecem estar ligadas a
diversos fatores como superpopulação, políticas de saúde pública ineficiente e,
principalmente, altas taxas de infecção por AIDS. O Brasil ainda enfrenta problemas
relacionados à TB, mas melhora sua posição na lista das 22 nações que concentram
80% dos casos da doença no mundo, passando da 18ª para 19ª. Atualmente, a TB
aparece como uma das doenças que mais levam os portadores de HIV ao óbito e
tem se disseminado com mais facilidade, principalmente, por tais pacientes
(DALCOMO, 2000; OLIVEIRA et al., 2004).
OBJETIVO
Dada a importância que a doença assume, o objetivo do presente estudo foi levantar
da literatura especializada aspectos relevantes a respeito da Tuberculose.
REVISÃO DE LITERATURA
A TB tem sido ao longo da história da saúde mundial, uma das doenças infectocontagiosas que prevalece entre tantas outras. É uma enfermidade antiga que
persiste como problema sério de saúde pública, necessitando de ações urgentes.
Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), dois bilhões de
pessoas, correspondendo a um terço da população mundial, está infectada pelo
- 294 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
bacilo Mycobacterium tuberculosis, que causa a tuberculose. Desses, oito milhões
desenvolverão a doença e dois milhões morrerão a cada ano (MINISTÉRIO DA
SAÚDE, 2010). No período entre 1995 e 2008, 36 milhões de pessoas foram
curadas da tuberculose (TB), com cerca de 6 milhões de vidas salvas. Mas o cenário
da doença no mundo ainda está longe do desejável, uma vez que ela ainda provoca
em torno de 1,8 milhão de mortes por ano.
Agente etiológico: A tuberculose é uma doença contagiosa causada por uma
bactéria conhecida como Mycobacterium tuberculosis, conhecido também como
bacilo de Koch. Tal espécie atualmente é responsável por 98% das infecções em
seres humanos (ROSEMBERG; TARANTINO, 2002). Trata-se de uma bactéria
aeróbia de multiplicação lenta que assume a condição de parasita facultativo. Tem a
forma de bastonetes imóveis desprovidos de flagelo, apresentando um aspecto
granular (ALMEIDA, 2009; LITVOC, 2010). Acredita-se que os primeiros contatos
entre o ser humano e a doença ocorreram com o início da domesticação do gado
pelo consumo de carne crua e leite. Tais bactérias encontraram nos humanos um
nicho vazio. A ocupação desse nicho levou ao surgimento da espécie M. tb, com
potencial altamente patogênica para o organismo humano (CAMPOS, 1999;
ROSEMBERG; TARANTINO, 2002).
Transmissão: A transmissão da TB é quase que exclusivamente por vias aéreas.
Através da tosse de uma pessoa com tuberculose pulmonar são eliminadas
gotículas contendo o microorganismo e podem infectar uma pessoa em contato
íntimo e prolongado. A ocorrência ou não da infecção dependerá também do estado
imunológico da pessoa. A infecção poderá permanecer latente sem produzir
sintomas ou desenvolver a doença. Cerca de 10% das infecções latentes se tornam
ativas em algum momento da vida. Após a infecção pelo M. tuberculosis,
transcorrem, em média, 4 a 12 semanas para a detecção das lesões primárias. A
maioria dos novos casos de doença pulmonar ocorre em torno de 12 meses após a
infecção inicial (RIBEIRO et al., 2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010; LITVOC,
2010). Enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não tiver iniciado o
tratamento a transmissão é plena. Com o esquema terapêutico recomendado, a
transmissão é reduzida, gradativamente, a níveis insignificantes, ao fim de poucos
dias ou semanas. As crianças geralmente não são infectantes (RIBEIRO et al., 2000;
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Em 90% dos casos de contato com M.
tuberculosis, o indivíduo consegue suprimir a doença e a patogenia não se
desenvolve. A probabilidade de o indivíduo vir a ser infectado, e de que essa
infecção evolua para a doença, depende de múltiplas causas, destacando-se, dentre
estas, a idade avançada, as condições sócio-econômicas, diabetes mellitus,
alcoolismo, uso prolongado de corticosteróides ou outros imunossupressores,
neoplasias, uso de drogas, infecção pelo HIV e pacientes submetidos a
gastrectomia. A evolução do quadro clínico dependerá do indivíduo estar sendo
infectado pela primeira vez (primo-infecção), ou reinfectado (reinfecção exógena). A
probabilidade de adoecer e ocorrer a primo-infecção depende da virulência do
bacilo, da fonte infectante e das características genéticas dos indivíduos infectados.
Em novo contato, após uma infecção natural ou induzida pela BCG, a resistência
dependerá da resposta imunológica ( MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
Sintomas Clínicos: A TB não é uma doença exclusivamente pulmonar. Ela também
se manifesta em outros órgãos e, nesse caso, é chamada de tuberculose
extrapulmonar e pode ocorrer nos linfonodos, no sistema urogenital, nos ossos, nas
- 295 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
articulações, no fígado, no baço, no sistema nervoso central e na pele. Os sinais e
sintomas associados a cada uma dessas localizações são variados e dependentes
do órgão acometido e do estado imunológico do indivíduo (LITVOC, 2010). Porém,
as formas pulmonares são as manifestações clínicas mais prevalentes em países
com alta endemicidade, tanto nas formas primárias como nas pós-primárias. A forma
primária pulmonar isoladamente costuma ocorrer pouco tempo depois da formação
do complexo primário (até dois anos), geralmente em crianças, adolescentes ou
adultos jovens. A forma pós-primária é a apresentação mais comum, geralmente em
adultos, ocorrendo por reativação de uma infecção latente ocorrida há anos ou
décadas, na maioria das vezes de forma assintomática. As pessoas com tuberculose
pulmonar apresentam tosse com quantidades variáveis de escarro, que podem ou
não conter sangue, por três semanas ou mais. Podem apresentar também dor no
peito e falta de ar, febre, sudorese noturna, perda de apetite e perda de peso. A
doença primária não tratada irá progressivamente envolver todo o pulmão e também
se disseminar. Os sintomas presentes nesse estágio podem ser graves, com tosse e
escarro contínuos, falta de ar acentuada, febre alta, sudorese intensa, fraqueza e
grande perda de peso. Os casos mais graves apresentam dificuldade na respiração;
eliminação de grande quantidade de sangue, colapso do pulmão e acúmulo de pus
na pleura (membrana que reveste o pulmão) - se houver comprometimento dessa
membrana, pode ocorrer dor torácica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).
Diagnóstico: O diagnóstico inclui: clínico, radiológico e bacteriológico, sendo este
último o método mais importante para o diagnóstico da TB. Tal método é rápido e
fácil, além de ser de baixo custo operacional (RIBEIRO et al., 2000). A cultura do
bacilo está indicada nos casos de radiologia pulmonar compatível com TB, ou
quando o exame direto não permitir o diagnostico e ainda em todos os casos
extrapulmonares (RIBEIRO et al., 2000). De acordo com Ribeiro e colaboradores
(2000), os resultados da baciloscopia e da cultura são expressos quantitativamente.
Assim, o exame direto deve ser assinalado em números de bacilos por campo,
dando-se a resposta em numero de cruzes. Tal tipo de resultado dará a idéia de
adequada da grandeza da população bacilar, que é talvez o mais importante
elemento terapêutico.
Tratamento: A despeito da potencial gravidade, ao contrário do que muitos pensam,
a TB tem cura. Desde 1944 se conhece os medicamentos capazes de curar a TB,
mas para que haja um controle efetivo da doença é indispensável que se detecte a
TB ativa e se institua o tratamento correto. Durante muito tempo, os tratamentos
utilizados eram o repouso, a procura de clima mais favorável, superalimentação,
internações em sanatórios. Durante muitos anos, a terapia se apoiava na criação de
melhores condições para o organismo, para que este, com suas próprias forças,
obtivessem a cura da doença (RIBEIRO et al., 2000; TARANTINO, 2002).
Estabeleceu-se, assim, que a quimioterapia era a arma mais importante no
tratamento da doença, tornando todos os outros recursos de importância secundária
(RIBEIRO et al., 2000). O tratamento dos bacilíferos é a atividade prioritária de
controle, uma vez que permite anular rapidamente as maiores fontes de infecção. O
tratamento da tuberculose é prolongado, durando no mínimo seis meses, e na
maioria dos casos não é necessária a hospitalização. O uso de medicamentos
inadequados ou administrados irregularmente, ou em doses inadequadas é causa
importante de não cura da doença. Além disso, com o tratamento inadequado, o
microorganismo pode se torna resistente e eventualmente ser transmitido para
- 296 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
outros indivíduos, sendo seu tratamento mais complexo e de custo elevado. Os
principais medicamentos utilizados no tratamento da tuberculose são a Izoniazida,
Rifampicina e Pirazinamida. Atualmente usam de maneira habitual, ainda,
Etambutol, Estreptomicina, Etionamida. Outros fármacos ainda são utilizados em
caráter experimental, ou ainda quando há falhas importantes no tratamento
(RIBEIRO et al., 2000). O Ministério da Saúde (2010), e assim como Ribeiro e
colaboradores (2000), trazem os fármacos INH, RMP, PZA, EMB como tratamento.
Após duas semanas tomando o medicamento não ocorre mais a transmissão
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Infelizmente, o estabelecimento da cura nem
sempre é obtido, por motivos ligados ao paciente, ao médico, à luta contra a doença,
aos fármacos e ao bacilo e entre esses motivos estão: prescrição de regimes
inadequados, toxicidade dos medicamentos, pacientes que abandonam
precocemente o tratamento, pacientes que continuam a freqüentar os serviços, mas
param de tomar os remédios, ou as tomam irregularmente, doença produzida por
germes resistentes no inicio da quimioterapia (RIBEIRO et al., 2000).
Quimioterapia Intermitente
A utilização da RMP no tratamento da tuberculose possibilitou a quimioterapia
intermitente total oral com eficácia semelhante ao esquema totalmente diário.
Estudos demonstram que são necessários apenas 64 doses para alcançar a cura,
desde que este tempo não seja inferior a seis meses. Utilizando-se três fármacos na
primeira fase, RMP+INH+PZA, com ritmo diário, por um período de 1 a 2 meses,
garantirá a eliminação da população bacteriana de multiplicação rápida, responsável
pelo aparecimento de bacilos mutantes resistentes. Na segunda fase, utilizando-se a
RMP+INH no ritmo de doses duas vezes semanais, por um período de quatro
meses, garantira a eliminação dos bacilos persistentes, responsáveis por recidivas.
Nos estudos em Hong Kong (2009) a eficácia dos esquemas chegou a 100%. A
quimioterapia da tuberculose reduz rapidamente o número de bacilos presentes nas
lesões e, com igual rapidez, a infecciosidade do paciente. Devido à lenta
multiplicação dos bacilos, é necessário o uso por tempo prolongado para evitar
recaídas.
Profilaxia: Para uma prevenção eficaz é importante que os portadores do bacilo
Koch sejam detectados e tratados precocemente, assim, é fundamental um Sistema
Público de Saúde eficiente, evitando que novos casos apareçam. Nas primeiras
semanas de tratamento, os doentes podem contagiar outros indivíduos, portanto,
devem proteger a boca ao tossir e não permanecer em locais fechados juntos as
pessoas sadias. Outra conduta importante é o controle dos parentes mais próximos.
Este deve ser feito através de exames solicitados pelos médicos. Se for constatada
a infecção, deve ser iniciado a quimioprofilaxia que pode ter a duração de seis ou
mais messes. Outra forma de prevenção é a vacinação com BCG nos recémnascidos, esta forma protege as crianças, jovens e adultos contra uma forma mais
grave de TB como a miliar, (disseminada nos pulmões e outros órgãos) e a
meningite tuberculosa. A eficácia da vacina está entre 75 e 85%.
Quimioprofilaxia: A quimiprofilaxia é a prevenção da TB utilizando um fármaco
antibacteriano específico. Existem duas formas de quimiprofilaxia: a quimioprofilaxia
primária, que se aplica a um indivíduo com prova tuberculínica negativa para evitar a
infecção, e a quimioprofilaxia secundária que se emprega em um indivíduo já
infectado para evitar que adoeça (RIBEIRO et al., 2000; ROSEMBERG;
TARANTINO, 2002).
- 297 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Vacina BCG: A vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin) foi obtida pela atenuação
de M. bovis, isolado na França em 1902. Em 1921, foi utilizada pela primeira vez em
humano, em uma criança nascida em Paris e cuja a mãe havia falecido de TB.
Tentou-se utilizar a vacina com germes mortos, sendo que até o presente momento
não existe nenhuma demonstração de sua eficácia no ser humano. Assim somente a
vacina contendo germes vivos pode ser empregada na rotina de vacinação. A
finalidade da vacina BCG consiste em substituir a infecção natural virulenta, por
infecção de BCG que é avirulenta, preparando as defesas do organismo: é um
exemplo de resistência adquirida (RIBEIRO et al., 2000; ROSEMBERG;
TARANTINO, 2002).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Tuberculose é uma doença grave e aparece associada a diversos problemas de
saúde, com destaque para a AIDS. Assim sendo, a prevenção e o tratamento devem
ser feitos de forma correta e ostensiva, sendo que tal fator deve ser preocupação
constante das autoridades competentes. Portanto devemos estar cientes do que
acontece ao nosso redor e caso aconteça de convivermos com alguém com essa
doença, saibamos o que fazer, e como orientar cada pessoa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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RIBEIRO, S.N.; GEHARDT-FILHO, G.; SILVA, J.R.L.; FONSECA, L.; GONTIJO, P.;
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PALAVRA-CHAVES: Mycobacterium tuberculosis, AIDS, Infecção.
- 299 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A BIOSSEGURANÇA NAS PRÁTICAS DE ENFERMAGEM: UMA QUESTÃO DE
CONSCIENTIZAÇÃO PERMANENTE
CIPOLA, F. H.¹ ²; ANDRADE, W 1,2; COSTA, M.C. P 3, 4,5.
1
2
3
4
Faculdade de Jaguariúna, SP; Discente; Docente da Faculdade de Jaguariúna Mestranda do I
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biomédicas do Centro Universitário Hermínio Ometto –
5
UNIARARAS– Orientadora
[email protected]; [email protected]
INTRODUÇÃO
A proteção dos profissionais que prestam assistência à saúde, diante os
inúmeros agentes biológicos detectados na atualidade, é ação prioritária das
equipes de educação em saúde e dos controladores de infecção.
O uso de equipamentos de proteção individual (EPI), pelos profissionais de
enfermagem durante a assistência à saúde, mesmo quando o risco é conhecido,
muitas vezes é esquecido ou banalizado. No ambiente hospitalar torna-se inevitável
à utilização destes equipamentos.
Em contraste com as necessidades que a biossegurança exige dos
colaboradores e de todos os envolvidos no processo de trabalho, Garlet (2009)
relata a dificuldade de se estabelecer condições favoráveis de trabalho nas unidades
de atendimento de urgência e emergência devido ao atendimento de várias
situações de média e alta complexidade, e a dificuldade dos gestores conseguirem
propiciar quantidade de pessoas e recursos suficientes para uma boa assistência.
De acordo com Paz (2009) recomenda-se que haja capacitação permanente a
respeito dos riscos biológicos, como o uso adequado de equipamentos de proteção
individual e coletiva, e disponibilidade de recursos que minimizem os riscos de
acidentes biológicos.
O interesse para a realização do trabalho surgiu durante a atuação nos
campos de estágio no período da graduação, onde é visualizada, na maioria das
vezes a falta da utilização dos equipamentos de proteção individual, total ou parcial,
durante assistência de enfermagem, mesmo com o material disponível nos
departamentos e recomendados pelos gestores.
Tal justificativa levou a reflexão sobre o processo de gestão da situação
descrita com o propósito de sustentabilidade das práticas de biossegurança pelos
profissionais de enfermagem durante a assistência conforme protocolos
preconizados pelo ministério da saúde e pelas próprias instituições.
A questão levantada é se existem trabalhos suficientes no Brasil, nos últimos
cinco anos, de investimento em educação permanente pelos sistemas de saúde
relacionados às práticas de biossegurança durante a assistência de enfermagem.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo é avaliar os materiais científicos produzidos no Brasil
nos últimos cinco anos relacionados à biossegurança na área de enfermagem e a
aplicação da educação em saúde sobre o tema.
- 300 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica, com o propósito de analisar as
publicações produzidas no Brasil sobre biossegurança em enfermagem e as
propostas de educação em saúde disponíveis nos sistemas de saúde para a
população referida. Está sendo realizada uma pesquisa no período de janeiro a abril
de 2011, utilizando as bases de dados: SciELO (Scientific Eletronic Library Online),
LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MedLine
(National Library of Medicine) e a BDENF (Base de Dados de Enfermagem). O
presente estudo está limitado ao período de 2005 a 2010. A escolha da base de
dados foi definida pela concentração dos maiores acervos de artigos científicos da
área da saúde.
A busca está sendo realizada utilizando as palavras chave do vocabulário
DeCS (Descritores em Ciências de Saúde) Biossegurança, enfermagem, educação
em saúde.
Os critérios de inclusão adotados foram às pesquisas estarem publicadas no
período de 2005 a 2010, artigos científicos completos e resumos, dissertações e
teses que abordassem os descritores selecionados para a busca.
Os critérios de exclusão foram os artigos não indexados na base de dados,
livros, trabalhos repetidos, manuais, resenhas ou enfoque da biossegurança não
relacionado à enfermagem.
A partir desta estratégia, identificar os materiais científicos dentro dos critérios
e após a busca será uma leitura com análise exploratória e compreensiva e
selecionar os materiais com o agrupamento e organização dos materiais através de
tabelas. Para a construção das tabelas será definida a utilização das variáveis:
descritores e base de dados (tabela I), ano de publicação e tipo de material (tabela
II), autores, título, tipo de estudo e fonte (tabela III). Para a finalização será realizada
uma discussão entre os autores sobre o tema com análise das perspectivas da
classe da enfermagem na educação continuada relacionadas à biossegurança.
RESULTADOS ESPERADOS
Entre os vários papeis desempenhados pelos profissionais enfermeiros, a
atuação como educador é primordial em vários processos relacionados a
manutenção e aprimoramento da qualidade da assistência.No âmbito da
biossegurança não é diferente cabe a este profissional se conscientizar e elaborar
um processo educativo contínuo no ambiente de trabalho seja na atenção básica ou
hospitalar como meta na gestão dos serviços atenção à saúde.
A biossegurança com toda sua complexidade é esquecida ou banalizada no
cotidiano da saúde, colocando em risco a população, de forma direta e indireta,
inclusive o planeta pela disseminação indiscriminada de microrganismos
patogênicos.
Botosso (2004) lembra a definição de Biossegurança conforme a lei nº
8.974/95 dizendo que é o estado, a qualidade ou a condição de segurança biológica
da vida e da saúde em todas as formas e ainda deixa claro que a necessidade de
compreensão do significado deste conceito para a organização dos trabalhos
contribui para ao alcance, sem dúvidas, da melhoria dos resultados da saúde. O
mesmo autor afirma que a profissão da enfermagem necessita de atualizações
constantes devido às evoluções tecnológicas e científicas.
- 301 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Para Almeida (2009) mesmo com mais de uma década de publicação das
precauções, a adesão pelos profissionais continua sendo um grande desafio, e os
motivos que levam estas pessoas a colocarem a vida em risco, possuindo o
conhecimento básico do assunto, como a adesão as medidas de biossegurança que
devem ser estimuladas, incansavelmente, desde a formação, até a educação
permanente nos ambientes de trabalho para que a mudança do cenário em nosso
país seja feita em um futuro próximo.
Os riscos que os profissionais de saúde estão expostos são vários (biológico,
químico, físico, psicossocial e ergonômico) a enfermagem consegue está inserida
neste contexto em todos os riscos citados com muita evidência, principalmente na
atuação dentro do ambiente hospitalar e nos atendimentos pré-hospitalares e
segundo a autora, os estudos na área são escassos e a classe resistente as práticas
preconizadas (ZAPPAROLI, 2005).
O conhecimento dos riscos, dos microrganismos patogênicos e as formas de
transmissão e exposição dos trabalhadores, nos ambientes de assistência à saúde,
são relevantes para o desenvolvimento de planos estratégicos na prevenção, na
utilização dos equipamentos e adoção de medidas de biossegurança no ambiente
de trabalho (PRADO, 1999).
Apesar da comprovação da diminuição dos riscos à exposição, as precauções
são negligenciadas, pelos profissionais que atuam na área e, principalmente pelas
equipes de enfermagem, evidências comprovadas pelo alto número de notificações
divulgado pelo Ministério da saúde anualmente (CIRELLI, 2007).
Para Gir (2004) é imprescindível o desenvolvimento de um sistema
organizacional com o propósito do ensino das precauções aos profissionais de
saúde, aos pacientes, acompanhantes e visitantes, como também o
comprometimento de todos envolvidos no processo educacional na adesão das
normas e protocolos, e maior do que o trabalho de educação sobre o tema é a
importância da avaliação das adesões constantemente, com aperfeiçoamento e
adaptações quando existir as necessidades inesperadas.
Conforme define Alam (2005) a educação no ambiente de trabalho é
fundamental para a execução das tarefas com qualidade e segurança. Cabe aos
gestores e educadores desenvolver o censo coletivo entre os colaboradores da
biossegurança própria, dos colegas e dos pacientes, lembrando que o último
mencionado deve ser considerado sempre um potencial de risco para todos e para a
instituição.
A educação continuada é um dos componentes de maior importância nos
programas de formação e desenvolvimento dos recursos humanos, independente do
tipo e tamanho da empresa, seja ela pública ou privada e na saúde não pode ser
diferente (OGUISSO, 2000).
Para Torres (2005) a educação continuada precisa ser um trabalho que
forneça o conhecimento aos colaboradores para a execução das atividades
adequadas durante as jornadas de trabalho, como também, objetive e estimule o
crescimento técnico-profissional.
Relacionado às equipes de enfermagem, os mesmos autores acima descritos
ainda citam, no artigo pesquisado, que estes profissionais quando questionados no
trabalho de pesquisa aplicado, expuseram a ausência de percepção de
vulnerabilidade as infecções como também que, os trabalhadores com mais tempo
de serviço possuem uma resistência as mudanças, minimizando o potencial das
- 302 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
precauções, relatando o incômodo ocasionado pelo uso dos equipamentos de
proteção além do descrédito da qualidade dos materiais e falta de disponibilidade do
material completo, à equipe com freqüência.
Zapparoli (2005) relata em seu artigo, que o trabalho é descrito como uma
ação qual o indivíduo, conduzido por um objetivo, transforma um determinado objeto
em um produto. O trabalho na área de saúde tem o propósito de controlar as
patologias em níveis sociais e recuperar as condições incapacitantes, e para esta
transformação é necessário a utilização de determinados instrumentos como a força,
o saber, materiais específicos para cada ação, equipamentos e local adequado de
trabalho e, para que a execução destas atividades não acarrete danos à saúde dos
trabalhadores, condições adequadas deverão ser providenciadas e garantidas
durante toda evolução do processo, conforme a s legislações preconizam no Brasil.
Sabóia (2005) descreve que os mecanismos de educação são amplos e estão
em constante desenvolvimento. Os enfermeiros que banalizam esta proposta em
seu ambiente de trabalho estão construindo obstáculos nos caminhos a serem
percorridos no cotidiano, encontram-se na contra mão do processo de
aprendizagem, pois ao ensinar este grupo dirige, observa e controla, em atitude de
vigilância constante, e estende sua eficácia além do período das atividades
educativas, conquistam a confiança e o respeito da equipe e da população como
profissional de conhecimento, habilidade e atitude eficaz.
Portanto, espera-se nesta pesquisa encontrar um crescimento gradativo,
quantitativo e qualitativo, de material científico, produzido nos últimos cinco anos no
país, voltados a importância da educação continuada, direcionadas aos profissionais
de saúde, principalmente as equipes de enfermagem, as ações de biossegurança
em serviços de saúde.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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trabalhador de enfermagem as precauções. Revista Escola Enfermagem USP, São
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PALAVRAS-CHAVES: Biossegurança, enfermagem, educação em saúde.
- 304 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
VARIAÇÃO DA RAZÃO GSH/GSSG COMO MARCADOR DE ESTRESSE
OXIDATIVO – PRINCIPAIS METODOLOGIAS DE ANÁLISE.
RIBEIRO, B.F. 1.2.; Silva M.V.C. 1.2.; Barbosa L.O. 1.2.; Alves, A.A. 1.3.
1
2
Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa/PRPGP/UNIARARAS, Araras - SP, Discente;
Orientador.
3
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A glutationa reduzida (GSH) é um tripeptídeo intracelular produzido em todos os
órgãos e desempenha várias funções biológicas importantes, dentre elas como
agente antioxidante e na detoxificação de xenobióticos. Manter sua concentração
intracelular dentro do ideal é de fundamental importância para que ela exerça suas
funções adequadamente protegendo a célula.
Quando a GSH entra em contato com espécies reativas ela é oxidada em GSSG. O
excesso de GSSG pode ser indicativo de estresse oxidativo, muito estudado nos
dias de hoje por causar lesões oxidativas em macromoléculas e diversas estruturas
celulares que se não forem reparadas podem alterar as funções das células, tecidos
e órgãos. Ou seja, o estresse oxidativo tem sido associado a diversas patologias e
estados fisiológicos. Sendo sua determinação de extrema importância para avaliar
tais situações.
Uma das maneiras de avaliar o estresse oxidativo é através da relação GSSG/GSH.
Várias metodologias são utilizadas para determinação de GSH, sendo que as
principais podem ser divididas em cromatográficas: Cromatografia em Camada Fina
(CCF), Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), Cromatografia em Fase
Gasosa (CG) e Eletroforese Capilar (EC); e não cromatográficas: espectrofotometria,
espectrofluorimetria e eletroquímicos.
A avaliação do estresse oxidativo pode oferecer subsídios para o diagnóstico, a
prevenção e o acompanhamento de grande número de patologias como cânceres, e
doenças degenerativas e processos fisiológicos importantes como o envelhecimento
e o treinamento físico.
OBJETIVO
Neste trabalho apresentamos uma revisão bibliográfica sobre a importância da razão
GSH/GSSG e as metodologias mais importantes para sua detecção.
REVISÃO DE LITERATURA
A glutationa reduzida (GSH), um tripeptídeo formado por resíduos de glicina, cisteína
e glutamato (L-γ-glutamil-Lcisteinilglicina), é o principal tiol (-SH) intracelular livre,
não protéico, de baixo peso molecular encontrado em vários tecidos biológicos. É
produzida em todos os órgãos, principalmente no tecido hepático, desempenhando
várias funções em células humanas, especialmente como agente antioxidante,
mantendo estáveis os grupos tióis das proteínas, reduzindo ligações dissulfeto
induzidas pelo estresse oxidativo, neutralizando radicais livres e eliminando
redutivamente o peróxido de hidrogênio e hidroperóxidos orgânicos. Sua capacidade
redutora se deve ao grupamento –SH presente na cisteína. Além disso, a glutationa
- 305 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
também é importante no processo de detoxificação de xenobióticos, protegendo as
células de agressão.
Uma diminuição do sistema de defesa antioxidante ou uma produção excessiva de
radicais livres pode gerar um desequilíbrio entre oxidantes e antioxidantes. Uma
concentração maior de espécies reativas (oxidantes) em relação aos antioxidantes
pode gerar o que chamamos de estresse oxidativo. A alteração mais significativa no
sistema antioxidante é a diminuição da GSH. Sendo assim, existem quatro principais
mecanismos para manter a concentração de GSH nos níveis considerados ideais:
sua biossíntese, o bom funcionamento do ciclo catalítico da glutationa peroxidase
(GSH – Px/GR), seu uso pela Glutationa-S-Transferase e a exportação de GSSG
para o meio extracelular.
Sua biossíntese ocorre no meio intracelular mediada por duas enzimas principais: a
γ-glutamilcisteína sintetase (γ-GCS) e a glutationa sintetase (GS). A primeira catalisa
a ligação peptídica entre o glutamato e a cisteína, formando a γ-L-glutamil-Lcisteína. A GS catalisa a ligação desse dipeptídeo com a glicina, formando assim a
GSH. As duas reações requerem ATP e Mg+2 . A γ-GCS sofre feedback negativo da
GSH, prevenindo assim a produção excessiva de GSH ou de seu intermediário, a γglutamilcisteína.
A glutamilcisteína também pode ser transportada para dentro da célula através da
enzima -glutamil transferase, uma proteína de membrana que faz com que a
síntese de GSH seja mais rápida. Caso a conversão da γ-glutamilcisteína em GSH
seja insuficiente, há uma reação alternativa, desta para 5-oxoprolina, catalisada pela
enzima γ-glutamilciclotransferase. Isso ocorre principalmente em casos de
deficiência hereditária da glutationa sintetase, onde o acúmulo da 5-oxoprolina
causa 5-oxoprolinúria, acidose metabólica crônica e distúrbios neurológicos.
Na reação catalisada pela enzima glutationa peroxidase (GSH-Px), a GSH quando
exposta ao agente oxidante funciona como doador de elétrons, formando uma ponte
dissulfeto, sendo convertida em glutationa oxidada (GSSG). Quando o sistema de
óxido-redução está íntegro, a GSH é recuperada pela ação da enzima glutationa
redutase (GR), dependente de NADPH proveniente da via das pentoses. Mantendo,
assim, o ciclo catalítico da GSH-Px. A recuperação da GSH é uma etapa essencial
para manter íntegro o sistema de proteção celular. Uma perturbação neste sistema,
se não compensada por outro sistema antioxidante pode resultar em dano oxidativo.
No entanto, sob condições de diminuição do fornecimento de NADPH, como no
jejum e na deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), há prejuízo da
função da GR e conseqüente diminuição da concentração de GSH intracelular.
Além disso, ela pode ser depletada em situação de produção excessiva de espécies
reativas e pode ser removida da célula pela saída de GSSG para o meio extracelular
ou ainda ser perdida irreversivelmente através das reações de conjugação.
As reações de conjugação da GSH com agentes tóxicos (xenobióticos) são
catalisadas pela Glutationa-S-Transferase (GST), grupo de proteínas solúveis que
ocorrem principalmente no fígado encontradas em diferentes formas chamadas de
isoenzimas, responsáveis pela detoxificação celular. A conjugação GSH +
xenobiótico previne danos à membrana celular e outras macromoléculas, porém há
perda de GSH pela célula.
O excesso de GSSG resulta em ambiente mais oxidante, que favorece a formação
de ponte dissulfeto nas proteínas portadoras de grupamentos –SH. As pontes
dissulfeto alteram as estruturas nativas destas proteínas, prejudicando suas funções.
- 306 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Esta oxidação é reversível às custas da ação de compostos antioxidantes, como a
GSH.
Devido aos altos níveis de GSH presentes no interior das células, 99% de GSH e 1%
de GSSG, a relação GSSG/GSH é a maior contribuinte do estado redox da célula,
uma vez que, se houver excesso de agentes oxidantes e/ou deficiência do sistema
antioxidante, haverá desequilíbrio entre o consumo de GSH e a produção de GSSG,
o que caracteriza o estresse oxidativo.
Sendo assim, metodologias analíticas empregadas na determinação de GSH em
mostras biológicas são fundamentais, uma vez que o estresse oxidativo está
relacionado a diversos estados patológicos, além de inúmeras alterações fisiológicas
hoje estudadas. Os métodos analíticos utilizados dividem-se em cromatográficos e
não cromatográficos. Sendo o pré-tratamento da amostra de fundamental
importância, incluindo coleta e preparação da amostra, remoção de proteínas e a
derivatização, dependendo da técnica selecionada. Dentre os métodos
cromatográficos temos: Cromatografia em Camada Fina (CCF), Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência (CLAE), Cromatografia em Fase Gasosa (CG) e
Eletroforese Capilar (EC).
A Cromatografia em Camada Fina (CCF) separa o adulto fluorescente formado entre
a GSH e a fluoresceína, do excesso de reagentes. A quantificação é feita por
fluorescência. A Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE), segundo a
literatura, é o método mais utilizado, pois é uma técnica rápida, altamente específica,
sensível e reprodutível. Ela separa a GSH de outros tióis sanguíneos e a
quantificação é feita por detectores ultravioleta (UV), de fluorescência ou
eletroquímicos. A Cromatografia em Fase Gasosa (CG) não é muito utilizada devido
à polaridade e alto ponto de ebulição dos compostos. A Eletroforese Capilar (EC)
segue os mesmos princípios da eletroforese clássica, porém a separação é
conduzida em tubos capilares, preenchidos com um eletrólito condutor e submetidos
à ação de um elevado campo elétrico, permitindo separações eficientes em pouco
tempo. A quantificação pode ser feita por fotometria, fluorimetria, eletroquímica ou
espectrometria de massas.
A maioria dos métodos cromatográficos envolve a derivatização da glutationa com
agentes seletivos para tióis, que geralmente são dois agentes distintos. Porém os
tióis reagem não seletivamente com ambos os reagentes sendo necessárias
técnicas de separação para evitar ou minimizar possíveis interferências. No caso da
eletroforese capilar deve-se tomar cuidado com o pré-tratamento, pois as proteínas
são facilmente adsorvidas na parede capilar interferindo no tempo de migração e na
resolução.
Já
entre
os
métodos
não-cromatográficos
estão:
espectrofotometria,
espectrofluorimetria e eletroquímicos. A espectrofotometria é baseada na reação de
oxidação da GSH em GSSG, promovida pelo DTNB. A espectrofluorimetria é feita
após derivatização do grupo sulfidrila da GSH com um marcador de fluorescência.
Os métodos eletroquímicos têm importantes aplicações em análise de amostras
biológicas, geralmente é baseada em diferentes eletrodos, sendo que a própria
superfície do eletrodo de trabalho pode ser uma ferramenta muito útil em tais
aplicações. Uma variedade de métodos eletroquímicos têm sido desenvolvidos para
a detecção de glutationa. Assim, a literatura relata métodos baseados em eletrodos
de mercúrio e eletrodos de carbono quimicamente modificados com mediadores de
elétrons.
- 307 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A GSH é o mais importante marcador biológico de estresse oxidativo, evento que
está relacionado com diversos processos fisiológicos e patológicos. Metodologias
para sua quantificação são de extrema importância considerando que seu
acompanhamento poderia servir de subsídio para prevenir, diagnosticar e tratar
patologias, além de contribuir para o desenvolvimento de novos estudos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, A.L.A.; MATSUBARA, L.S. Radicais Livres: conceitos, doenças
relacionadas, sistema de defesa e estresse oxidativo. Revista da Associação
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envolvendo o ciclo metabólico da glutationa associado a métodos eletroanalíticos na
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Agrotecnologia, Lavras, v.30, n.2, p.302-307, mar/abr., 2006.
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reativas de oxigênio e de nitrogênio , antioxidantes e marcadores de dano oxidativo
em sangue humano: principais métodos analíticos para sua determinação. Química
Nova. v.30, n. 5, p. 1323-1338, 2007.
PALAVRA-CHAVES: razão GSH/GSSG, estresse oxidativo, métodos analíticos.
- 308 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
LEVANTAMENTO DA DIVERSIDADE DA ENTOMOFAUNA (CLASSE INSECTA)
EM ÁREA DE VEGETAÇÃO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO “HERMÍNIO
OMETTO” - UNIARARAS
1
SAPATINI, J. R.1,2; SANTOS, V. G.1,2; BATISTA, R. O.1,2; DACOL, M. 1,2; BETIOLI, J. V.1,4,6
;,
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
6
Docente; Co-orientador; Orientador.
4
2
Discente;
3
Profissional;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A Classe Insecta compreende o grupo de mais abundante e espalhada diversidade
de animais terrestres, correspondendo aos principais invertebrados que habitam
ambientes secos e os únicos capazes de voar (STORER; USINGER, 1977). Os
insetos executam diversas atividades ecológicas essenciais; são predadores
naturais de diversas pragas e também são presas importantes de diversos grupos
de vertebrados (WILSON, 1994). A adaptação dos insetos em propagar-se e
explorar os diferentes nichos ecológicos lhes conferem uma alta diversidade de
hábitos alimentares, de diferentes fontes, como a celulose, folhas, frutos, raízes,
troncos, materiais em decomposição, pólen, néctar, grãos armazenados, fezes,
sangue, fluidos corpóreos, canibalismo e predação (GALLO et al., 2002).
Aproveitando-se das características dos representantes do grupo que os enquadram
como excelentes bioindicadores, como alta fidelidade ecológica, diversidade
taxonômica e sensibilidade a alterações (DAJOZ, 1983), e da considerável riqueza
de diversidade de espécies encontrada no Brasil (RAFAEL; AGUIAR; AMORIN,
2009) é possível avaliar a qualidade de determinado ambiente utilizando-se de
levantamentos faunísticos (SILVEIRA NETO et al., 1995). Em estudos nos quais se
pretende avaliar as condições ambientais em resposta a impactos de processos
naturais ou antrópicos, o monitoramento faunístico representa uma ferramenta
imprescindível (SILVA et al., 2010 ).
O campus “DUSE RÜEGGER OMETTO”, localizado no município de Araras – SP,
tem seu georreferenciamento nas coordenadas em UTM (SAD 69) X: 256284 Y:
7523625, área total de 39.5 ha, inserida na microbacia do córrego Andrezinho,
atualmente com 36.000 m² de área construída e arboreto com 5,5 mil árvores
nativas brasileiras. O local faz divisa da zona rural e perímetro urbano e a área de
vegetação tem consideráveis diversidades florística e entomofauna. De uma maneira
geral, não há estudos locais sobre a distribuição da Classe abrangendo aspectos
ecológicos, ainda que reconhecida sua importância.
OBJETIVO
O presente objetiva levantar a diversidade da entomofauna em área de vegetação
do Centro Universitário Hermínio Ometto, identificando as espécies no mínimo até o
nível de família e relacionando-as à flora local e possibilitar a comparação com
futuros estudos na área e determinando as condições ambientais no momento.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
- 309 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Na área em questão, foram escolhidos pontos que melhor representassem a
diversidade florística do local, e neles distribuíram-se armadilhas adaptadas do
modelo bandeja d’água (MELO; MOREIRA; SILVA, 2001) com cores atrativas. As
coletas serão realizadas semanalmente no período de maio a dezembro de 2011, e
os exemplares capturados serão levados em recipientes adequados até o Museu de
Zoologia para identificação. Devido à proposta do trabalho, os espécimes serão
identificados, com auxilio de chaves dicotômicas (BORROW, 1969; LIMA, 1938), no
mínimo até o nível taxonômico de família. A coleção do Museu de Zoologia da
Uniararas também será utilizada para possíveis comparações.
Com os dados obtidos serão determinados os índices de: constância (C) de
ocorrência de espécies, proposto por Dajoz (1983), representando a simples
porcentagem da espécie presente no ambiente estudado: C =
, onde n
representa número de coletas contendo a espécie em estudo e N o número total de
coletas; diversidade (D) através do índice proposto por Margalef (1951) que medirá a
relação existente entre o número de espécies e o número de indivíduos da
comunidade: D =
onde S representa o número de espécies e n o
número de indivíduos; dominância (Da), que expressa a relação entre o número de
uma determinada espécie e o número total de indivíduos de todas as espécies:
Da =
x 100 onde Na, Nb, Nc,...Nn representam o número de
indivíduos das espécies a, b,c,...n; índice de Frequência (F), que expressa a relação
entre o número de amostras na qual uma espécie está presente e o número total de
amostras: F =
x 100, onde Pa representa o número de amostras nas quais a
espécie A está presente e P, o número total de amostras ou estações. O valor obtido
através da equação da frequência (F) indicará espécie constante se F > 50%,
espécie comum se 10% < F ≤ 49 e espécie rara se F ≤ 10%.
RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se obter dados da entomofauna existente na vegetação do Centro
Universitário “Hermínio Ometto” que permitam a criação de parâmetros para
avaliação da diversidade local e da correlação com a flora, e para futuras
comparações. A influência de fatores bióticos e abióticos normalmente é significativa
na estrutura das comunidades; as variações climáticas, por exemplo, ainda que
sutis, podem definir a distribuição, o comportamento, o desenvolvimento e, de modo
indireto, interferir na alimentação dos organismos (SILVEIRA NETO et al., 1976).
Dessa maneira, espera-se levantar dados sobre a entomofauna local que virão a
fornecer informações uteis sobre as condições ambientais atuais para futuros
estudos comparativos. Acredita-se que os índices escolhidos deverão representar de
maneira satisfatória as variáveis necessárias para tal. Somando-se o tipo de
armadilha utilizada e as condições sazonais locais à literatura existente, espera-se
encontrar insetos das ordens Hemiptera, Thysanoptera, Diptera, Hymenoptera,
Coleoptera, Lepidoptera, Trichoptera, Neuroptera, Psocoptera e Blattodea (MELO;
MOREIRA; SILVA, 2001). Devido à diversidade florística presente no local do
estudo, as ordens mais abundantes esperadas são Coleoptera, Lepidoptera e
Hemyptera (SILVEIRA NETO et al., 1995). A suposição deve-se ao fato de que as
ordens citadas apresentam características que as correlacionam com a diversidade
- 310 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
florística do ambiente em estudo; a ordem Coleoptera, considerada portadora de
hábitos polífagos (LARA, 1979), apresenta elevado número de espécies
exclusivamente fitófagas. Somando-se a esse fato a diversidade naturalmente
encontrada da ordem (BORROW, 1969), acredita-se que os coleópteros
apresentarão elevados índices de diversidade e constância. As ordens Lepidoptera,
superada em número de espécies apenas pela Coleoptera, e Hemynoptera, que
apesar das espécies hematófagas e predadoras apresentam grande número de
espécies de hábito fitófagos (STORER; USINGER, 1977), deverão também
apresentar altos índices, como em observado por Silveira Neto et al. (1995) na
cidade de Piracicaba e por Melo et al. (2001) em Jaguariúna, ambas as cidades do
interior do estado de São Paulo. A proximidade de um córrego (Córrego do
Andrezinho) deve ser outro fator que contribuirá para a diversidade de espécies que
serão levantadas nesse estudo faunístico, uma vez que nas imediações de
ambientes como esse a Classe em questão é encontrada abundantemente e com
significativos representantes de várias ordens.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORROW, D.J.; DELONG, D.M. Introdução ao estudo dos insetos. 2. ed. São
Paulo: Edgar Blucher. 1969.
DAJOZ, R. Ecologia aplicada. In:_____. Ecologia Geral. 4. ed. Petrópolis: Vozes,
1983. Cap. 16, p. 435-461.
GALLO, D. et al. 2002. Entomologia agrícola. FEALQ/USP, São Paulo, v. 10, 920p.
LARA, F.M. Princípios de Entomologia. 2. ed. Piracicaba: Livroceres, 1979. 304 p.
LIMA, A.M. da C. Insetos do Brasil 1. Rio de Janeiro: Escola Nacional de
Agronomia, 1938, 470 p.
MARGALEF, R. Diversidad de especies en las comunidades naturales. Pubines
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MELLO, L.A.S.; MOREIRA, A.N.; SILVA, F.A.N. Armadilha para monitoramento de
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RAFAEL, J.A.; AGUIAR, A.P.; AMORIN, D.S. Knowledge of insect diversity in Brazil:
Challenges and advances. Neotropical Entomology, v. 38, n. 5, p. 565-570, 2009.
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capturados em armadilha mcphail no Pantanal Sul-Mato-Grossense. Interbio. v. 4,
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SILVEIRA-NETO, S.; MONTEIRO, R.C.; ZUCCHI, R.A.; MORAES, R.C.B. Uso de
análise faunística de insetos na avaliação do impacto ambiental. Ciência Agrícola.
Piracicaba, v. 52, n. 1, p. 9-15, 1995.
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SILVEIRA-NETO, S.; NAKANO, O.; BARBIN, D,; VILLA NOVA, N.A. Manual de
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WILSON, E.O. Diversidade da vida. São Paulo: Companhia das letras, 1994. 365 p.
PALAVRAS-CHAVES: Entomofauna, Insecta, diversidade.
- 312 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
INIBIÇÃO, IN VITRO, DA RESPIRAÇÃO MITOCONDRIAL POR VENENO
CROTÁLICO É CÁLCIO-DEPENDENTE.
PELEGRINO, L.P.1,2; LIMA, A.C.S.E.1,2; ALVES, A.A.1,3; MAZZI, M.V.1,3; CATISTI, R.1,4
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
Orientador.
4
2
Discente;
3
Co-orientador;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O veneno de serpentes do gênero Crotalus apresenta, bioquimicamente,
composição diversificada e complexa, formada por compostos inorgânicos que
apresentam papel importante na ativação de algumas enzimas; e por compostos
orgânicos, enzimas hidrolíticas, proteolíticas e não hidrolíticas, além de toxinas,
responsáveis em grande parte pela toxicidade do veneno (BARRAVIERA, 1993). Os
efeitos do veneno crotálico no fígado, principal órgão envolvido no metabolismo de
compostos xenobióticos, foram pouco estudados e as análises feitas com este órgão
abrangem, basicamente, histopatologia e bioquímica sérica (FRANÇA, 2004),
embora o comprometimento do fígado, bem como do coração, em acidentes com
Crotalus durissus terrificus, já tenha sido relatado (BANCHER et al., 1973; CUPO et
al., 1990). Experimentalmente foi demonstrado em camundongos que o veneno de
Crotalus vegrandis induz aumento de formações lipídicas em hepatócitos e
vacuolização nas áreas citoplasmáticas. Os danos hepáticos podem ter sido
causados pelo efeito direto do veneno nas mitocôndrias e pela ação de citocinas nos
hepatócitos, especialmente a interleucina-6 (BARRAVIERA et al., 1995). Além disso,
exames histopatológicos de pacientes picados que morreram mostraram extensa
necrose hepática (BARRAVIERA et al., 1989). A extensão das lesões microscópicas
é variável com o tempo decorrido após a picada e a quantidade de veneno
inoculada, podendo ocorrer aumento de células de Kuppfer, aumento do infiltrado
inflamatório, congestão e espessamento endotelial até 12 horas após a picada ou
inoculação do veneno (FRANÇA, 2004). Uma complicação clínica comum em
pacientes picados por Crotalus durissus terrificus é a rabdomiólise (BUCARETCHI et
al., 2002; CUPO et al.; 1990; YAMASAKI et al., 2008), que foi previamente
relacionada com estresse oxidativo (YAMASAKI et al., 2008). Nesta situação, a
degradação da mioglobina resulta na liberação de ferro, que catalisa a formação de
espécies reativas de oxigênio, iniciando lipoperoxidação e aumentando o
desequilíbrio redox. O estresse oxidativo é, portanto, um fator relacionado a lesões
teciduais em acidentes por Crotalus durissus terrificus.
OBJETIVO
O veneno crotálico é constituído, abundantemente, por enzimas e peptídeos que
apresentam efeitos importantes sobre os músculos esqueléticos, sistema nervoso,
rins e sistema de coagulação sanguínea. Além de propriedade farmacológica e
potencial biotecnológico bastante atraente, sabe-se que estas enzimas podem diferir
significativamente em estrutura e preferências por substratos. Desta maneira, o
objetivo do presente trabalho, foi estudar, in vitro, o efeito do veneno bruto da
- 313 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
serpente Crotalus durissus terrificus sobre o fígado de ratos, avaliando sua influência
sobre a atividade respiratória mitocondrial. Os resultados obtidos, certamente
ampliarão os conhecimentos sobre a função destas toxinas sobre sistemas
biológicos, e de suas possíveis aplicações na pesquisa básica e aplicada.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
O presente trabalho teve aprovação do Comitê de Ética, CEP, protocolo número
007/2011. O estudo foi realizado em mitocôndrias isoladas de fígado de ratos
adultos Wistar machos, de oito semanas. A peçonha da serpente Crotalus durissus
terrificus foi adquirida da empresa Proteínas Bioativas (Serpentário Bioagents Ltda),
Batatais-SP.
Isolamento de mitocôndrias hepáticas
Mitocôndrias foram isoladas de fígado de ratos machos adultos, por centrifugação
diferencial, segundo Schneider & Hogeboom (SCHNEIDER, HOGEBOOM, 1950),
após jejum de 12 horas. A fração mitocondrial foi ressuspendida em tampão
isosmótico para uma concentração final de proteína de 80-100mg/ mL.
Consumo de oxigênio mitocondrial
As suspensões mitocondriais (1,0 mg/mL) foram colocadas em câmara de vidro de
1,0 mL equipada com agitador magnético, conectada a um eletrodo tipo Clark
(Oxytherm System, da Hansatech Instruments Ltd), em temperatura controlada de
28º C. O consumo de oxigênio foi acompanhado durante 10 minutos, e a
solubilidade considerada à 28º C foi de 210 µmol mL-1.
Análise dos resultados - Os dados foram analisados pelo software GraphPad Prism.
Todos os resultados foram representativos de uma série de 3 a 6 experimentos, com
diferentes preparações mitocondriais. Nos casos onde dois grupos foram
comparados, foi utilizado Teste t de Student, não pareado, com nível de significância
de 5 % (p<0,05), sendo os resultados expressos como média ± erro padrão da
média (X ± E.P.M.).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi verificado o desempenho da respiração mitocondrial, pelo acompanhento do
consumo de oxigênio. Valores encontrados para o grupo Controle, isto é, o consumo
de oxigênio, para as mitocôndrias de fígado de ratos machos Wistar isoladas, na
concentração de 1,0 mg/mL, em meio de reação contendo 125 mM sacarose, 65 mM
KCl, 10 mM HEPES pH 7,2; 10 µM CaCl2, 5,0 mM succinato e 4,0 µM rotenona, à
28º C, sob agitação, por 10 minutos, foi de 97,86 ± 5,394 nmoles de O2 mg-1min-1
(n=6). Para verificar o efeito in vitro do veneno crotálico sobre a respiração
mitocondrial, a adição de concentrações sucessivas do veneno foi efetuada no
segundo minuto após a adição da suspensão mitocondrial ao meio de incubação. A
concentração inicial de veneno adicionada foi de 1,0 µg/mg de proteína mitocondrial.
Observou-se inibição da respiração mitocondrial significativa de aproximadamente
20% (p<0,05) e o consumo de oxigênio medido foi de 78,24 ± 5,746 nmoles de O2
mg-1min-1. Para verificar se o efeito da inibição era dose-dependente, reduziu-se a
concentração do veneno crotálico adicionado para 0,5 µg/mg. O resultado obtido
para o consumo de oxigênio foi de 79,44 ± 3,904 nmoles de O2 mg-1min-1;
- 314 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
significando que houve inibição de respiração porém sem diferença significativa
entre as duas concentrações (também de aproximadamente 20%) . Um aumento do
efeito de inibição da respiração mitocondrial (aproximadamente 34,4 %) pode ser
verificado pela adição de 5,0 µg/mg de veneno crotálico à suspensão de
mitocôndrias de fígado isoladas e o valor encontrado para o consumo de oxigênio foi
de 64,23 ± 2,996 nmoles de O2 mg-1min-1. Para uma concentração de 10,0 µg/mg do
veneno, a inibição foi de aproximadamente 46,35%, e o valor foi de 52,50 ± 1,379
nmoles de O2 mg-1min-1. Sabendo-se que o cálcio tem papel importante em reações
que envolvem estresse oxidativo mitocondrial, seu efeito no mecanismo de inibição
da respiração foi estudado em meio de reação contendo o quelante de cácio EGTA
(ácido etileno glicol-bis (2-aminoetileter) – N,N,N’,N’- tetracético). O valor medido
para o consumo de oxigênio mitocondrial verificado pela adição de 5,0 µg/mg do
veneno crotálico, em presença 0,5 mM de EGTA no meio de incubação foi de 86,86
± 4,626 nmoles de O2 mg-1min-1, valor não significativo quando comparado ao
consumo de oxigênio do experimento controle, sem adição do veneno.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Os resultados parciais encontrados mostram que o veneno crotático inibe a
respiração mitocondrial num mecanismo dependente da presença de cálcio. Esses
dados corroboram com a literatura. Valente e colaboradores mostram que alguns
dos efeitos do veneno crotálico no fígado podem ser atribuídos à ação mitocondrial.
Isoformas de fosfolipase A2 (PLA2) do veneno induzem intenso inchamento
mitocondrial como resultado do seu ataque sobre a bicamada lipídica e liberação de
ácidos graxos livres, o que pode ocasionar, adicionalmente, inibição da respiração
celular e efeito desacoplador (VALENTE et al., 1998). Novos experimentos in vivo se
encontram em andamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ÓRGÃO FINANCIADOR: FAPESP, FHO/UNIARARAS
TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: SIM
PALAVRAS-CHAVES: veneno crotálico, respiração mitocondrial, fígado.
- 316 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
VACINAÇÃO CONTRA O VÍRUS INFLUENZA A (H1N1): ANÁLISE
COMPARATIVA ENTRE OS CONCLUINTES DOS CURSOS DA ÁREA DA SAÚDE
XAVIER, A. S. 1,2; TORRICELLI, C. 1,2; AMARO COSTA, D. 1,2; CAVEANHA, M. R. 1,2;
FRITTOLI, R. B. 1,2; SILVA, P. L. 1,3,4
3
4
¹Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, Araras, SP, ²Discente, Docente, Orientador
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Os primeiros casos de influenza A (H1N1) foram confirmados primeiramente em
crianças que residiam no sul da Califórnia, em 2009, disseminando-se rapidamente
ao redor do mundo. Devido a esta rápida disseminação, houve a necessidade de
desenvolver uma vacina para o controle da dispersão do vírus, cuja formulação deve
ser modificada anualmente, pois o vírus possui alta capacidade mutagênica
(ARAUJO; FERREIRA JUNIOR; RAMADAN, 2001).
Esse novo subtipo pandêmico foi o resultado da recombinação genética dos vírus
suíno, aviário e humano, este último que circula no mundo desde 1977, explicando
assim sua suscetibilidade e transmissibilidade na população mundial. Em 2009, a
Organização Mundial de Saúde (OMS) potencializou o nível de alerta pandêmico
para a última fase, 6. Isso se refere à rápida propagação do vírus e não pela
gravidade da doença. (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SÃO PAULO,
2009).
Primeiramente, a vacina era direcionada aos profissionais na área da saúde,
indivíduos imunocomprometidos, gestantes, crianças e principalmente pacientes
com doenças respiratórias (ARAUJO; FERREIRA JUNIOR; RAMADAN, 2001).
Na época da campanha de vacinação, muitas pessoas estavam indignadas quanto à
vacina, pois se ouvia muito sobre supostos efeitos colaterais que a mesma poderia
causar quando tomada, tais como: contrair a doença através da vacinação; reduzir a
população mundial; causar a invalidez; além de ocasionar danos a saúde devido a
quantidade de mercúrio presente na vacina. Porém não há veracidade nestas
informações. (REDAÇÃO MULTIMÍDIA GAZETA ONLINE, 2010).
Diante de todo este questionamento, foi necessário refletir sobre os fatores que
influenciaram uma amostra de estudantes da área da saúde a não tomarem a vacina
contra a gripe A (H1N1), mesmo tendo adquirido o conhecimento sobre a mesma.
Em suma, é fundamental haver a conscientização em relação a importância de
tomar a vacina, através de uma análise do posicionamento dos alunos, caso haja
novas campanhas de vacinação.
OBJETIVO
Realizar uma análise comparativa em relação aos dados referentes a aceitação da
vacinação contra o vírus A (H1N1) entre os concluintes dos cursos da área da saúde
de uma universidade.
MATERIAL E MÉTODOS
- 317 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O projeto será enviado ao Comitê de Ética da instituição para aprovação. Sendo
que, após a aceitação, o mesmo será realizado segundo o cronograma, determinado
pelos pesquisadores.
Para o desenvolvimento do projeto será realizada uma pesquisa de campo, através
de coleta de dados por meio de um questionário elaborado pelos autores do estudo,
para que assim possam ser analisados os resultados mediante a finalidade do
projeto. E pesquisa bibliográfica, para compor os dados sobre a gripe desde a época
do surto em pandemia, importância de se tomar a vacina, mitos e verdades
divulgados pela mídia, etc.
O questionário conterá perguntas que retratarão a opinião de alunos concluintes dos
cursos da área de saúde de uma universidade concernente a vacinação contra a
gripe A (H1N1). Este questionário será distribuído aleatoriamente para os estudantes
do quarto ano que estejam interessados em participar do projeto. Dentre esses,
estão inclusos os concluintes do curso de Biologia, Biomedicina, Educação Física,
Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Odontologia. No qual serão submetidos ao
formulário os 10 primeiros alunos interessados de cada curso, sendo anteriormente
informado aos professores o dia e horário que será aplicada a pesquisa.
O formulário consiste em perguntas abertas e fechadas sobre a opinião dos
estudantes a respeito da vacinação contra a gripe A. Dentre elas será questionado a
faixa etária dos entrevistados, se os mesmos sabiam identificar os grupos de risco
da campanha de vacinação 2010, se eles optaram por tomar a vacina ou não e
também o que os motivou a essa decisão. Os dados coletados serão analisados,
discutidos e tabelados e apresentados de forma descritiva, e por análise estatística
para comparação entre os resultados entre os cursos.
RESULTADOS ESPERADOS
Segundo a Redação Multimídia Gazeta Online (2010), uma pessoa não pode
contrair a doença só pela vacina porque esta não possui o vírus em sua
composição, apenas algumas partículas do mesmo, que não são capazes de se
multiplicar no organismo humano. Em relação a vacina ter como objetivo reduzir a
população mundial, é inaceitável, pois as pessoas não percebem que milhares de
crianças pequenas e gestantes foram mortas por causa da doença no Brasil. Sobre
a questão de que a mesma podia causar invalidez é uma afirmação incoerente, pois
muitos profissionais da saúde tomaram a vacina e não apresentaram nenhum
sintoma. Quanto à quantidade de mercúrio na composição da vacina, é tão pequena
que não chega a prejudicar a saúde, ela somente causa uma dor local.
As pessoas também ficaram com receio de tomar a vacina, pois pensaram que
poderiam adquirir o vírus HIV, mas de acordo com os especialistas da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), pessoas que tomaram a vacina H1N1,
poderiam ter resultado falso-positivo para HIV mesmo sem ter o vírus que provoca a
Aids. Segundo a ANVISA, isto poderia ocorrer até 112 dias após a pessoa ter se
vacinado contra a gripe (CANAL DE NOTÍCIAS DO SITE G1, 2010).
Levando em questão quais os fatores que influenciaram uma amostra de estudantes
da área da saúde a não tomarem a vacina contra a gripe A (H1N1), espera-se que a
maior parte desses estudantes, que vivenciaram a época da vacinação contra o
vírus em 2010, tenham sido influenciados a não tomar a vacina, mesmo estando
cientes da gravidade da disseminação do vírus e conhecendo a realidade da nova
doença.
- 318 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Canal de Notícias do site G1. Vacina contra H1N1 pode dar falso positivo para
HIV,
diz
Anvisa.
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Disponível
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http://pe360graus.globo.com/noticias/brasil/saude/2010/05/21/NWS,513482,3,264,N
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RAMADAN, P. A.; ARAUJO, F. B.; FERREIRA JUNIOR, M. A. 12-month follow-up of
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Redação multimídia Gazeta online. H1N1: mitos e verdades sobre e-mails que
circulam
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Disponível
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Coordenadoria de Controle de Doenças. Características dos casos notificados de
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PALAVRAS – CHAVE: Vacina; Influenza A; Saúde.
- 319 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO DAS HABILIDADES FUNCIONAIS NA
MIELOMENINGOCELE: ESTUDO DE CASO
PITIZKER. T.C.1,2; CAIEIRA, A.R.M.O.B.1,2; BATISTELA, A.C.T.1,3; SILVA, P.L.1,4
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
Orientador.
4
2
Discente;
3
Co-orientador;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
De acordo com Silva et al. (2005) a displasia medular promove uma paralisia
sensitivo-motora que acomete os membros inferiores, o sistema urinário e intestino.
Outras malformações associadas, como hidrocefalia, podem comprometer ainda
mais as funções desta criança. A mielomeningocele (MMC) é responsável por cerca
de 85% dos casos de defeito do fechamento do tubo neural. Sua incidência é de
quatro por mil nascidos vivos. Sua etiologia é desconhecida, porém a associação de
alguns fatores poderá promover o aparecimento da doença, como nos casos de
mulheres com dieta pobre em ácido fólico.
Segundo Christofoletti et al.(2007), podem ocorrer algumas alterações posturais
caracterizadas, sobretudo, por hiperescoliose (na MMC lombar) ou hipercifose (nos
casos de lesões torácicas) promovendo instabilidade no equilíbrio do paciente.
Os maiores problemas estão relacionados com a possibilidade de levantar,
deambular e controlar voluntariamente os sistemas vesical e intestinal. O enfoque
terapêutico visa à independência funcional da criança, principalmente, no que se
refere à deambulação que muitas vezes é prejudicada devido o nível da lesão, em
caso de lesões altas, é necessario o uso da cadeira de rodas. Nesse sentido, a
fisioterapia tem papel fundamental na independência funcional da criança com MMC.
A complexidade e a diversidade do quadro clínico apresentado pelas crianças com
MMC demandam avaliação fisioterápica criteriosa, visto que é necessário
estabelecer um programa terapêutico adequado para desenvolver o máximo de sua
funcionalidade (Brandão et al., 2009)
Um dos meios para avaliar se a criança com MMC possui funcionalidade, é o
Pediatric Evoluation Disability Inventory (PEDI), um inventário de avaliação
pediátrica de incapacidade que avalia crianças na faixa etária entre seis meses e
sete anos e seis meses de idade (HALEY et al., 2000; MANCINI, 2005).
Espera-se que ao avaliar e identificar possíveis dificuldades na realização das
habilidades funcionais, venha ser realizado treinamentos específicos promovendo
melhora destas.
OBJETIVO
Verificar a influência de um treinamento das habilidades funcionais nas atividades de
vida diária de uma criança com MMC.
MATERIAL E MÉTODOS
- 320 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Após ser aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário
Hermínio Ometto – UNIARARAS será convidado para o estudo dentre os pacientes
que frequentam a Clínica de Fisioterapia um voluntário com diagnóstico de MMC.
Em seguida o responsável pelo mesmo será esclarecido com relação aos objetivos e
procedimentos da pesquisa, e então permitindo a participação por meio do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
Para avaliar as habilidades funcionais será utilizado o inventário PEDI que verifica a
capacidade da criança de desempenhar determinadas habilidades funcionais. O
PEDI pode ser aplicado por qualquer membro da equipe interdisciplinar através de
entrevista com o responsável pela criança ou julgamento profissional. Cada item
representa uma tarefa e a habilidade para realizá-la é pontuada como (1) se a
criança é capaz e (0) se não é capaz de realizá-la. Avalia habilidades funcionais e
sua performance nas áreas de auto-cuidado (73 itens), mobilidade (59 itens) e
função-social (65 itens). Mede, ainda, a quantidade de assistência dada pelo
cuidador durante a realização destas tarefas e a possível utilização de adaptações e
modificações no ambiente. Na área de assistência do cuidador para autocuidado são
8 itens, mobilidade 7 itens e função social 5 itens. A pontuação varia de 0 a 5
(dependência total até independência completa).
Depois de realizada a avaliação, a criança selecionada iniciará o treinamento para
melhora de suas habilidades funcionais que terá duração de 8 sessões, realizadas
em um período de dois meses.
O treinamento será baseado em técnicas fisioterapêuticas que promoverão
independência, locomoção e transferência.
RESULTADOS ESPERADOS
Geralmente, o acometimento neurológico das crianças portadoras de MMC é
classificado de acordo com a localização em níveis cervical, torácico, lombar alto,
lombar baixo e sacral. Apesar de aceito que o nível de acometimento esteja
relacionado com a função e a aquisição da marcha, resultados obtidos por Bartonek
et al., 1999 demonstraram que crianças com MMC e paralisia motora similar exibem
diferentes funções de deambulação e que outros fatores podem interferir na
aquisição da marcha. Conseqüentemente, na avaliação da aquisição da marcha é
importante que, além da caracterização do nível de acometimento da lesão, esses
fatores descritos sejam também quantificados.
Segundo Fobe e cols., em crianças com mielomeningocele e hidrocefalia, existe
uma correlação direta entre o nível de acometimento motor medular e os resultados
de testes cognitivos; e quanto mais precoce o tratamento da hidrocefalia nesses
casos, melhores são os resultados obtidos.
O quadro clínico das crianças portadoras de MMC tem diversas manifestações com
graus variáveis de gravidade. Os pacientes podem apresentar desde um discreto
déficit sensitivo-motor de localização distal, incluindo disfunções dos esfíncteres, até
uma paralisia completa abaixo do nível da lesão. A deambulação é uma função
importante para essas crianças e sua ausência compromete a independência nas
atividades de vida cotidiana, o desenvolvimento escolar e a qualidade de vida
(COLLANGE et al., 2006). Os níveis de lesão e a aquisição da deambulação
influenciam, com impactos diferenciados, o desempenho das crianças com
mielomeningocele nas atividades diárias de autocuidado, mobilidade e função social
avaliadas pelo PEDI. A lesão no nível torácico acarreta o comprometimento mais
- 321 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
complexo desse tipo de disrafismo. Caracteriza-se frequentemente por paralisia
flácida nos quadris e abaixo deles e, dependendo do segmento torácico acometido,
em parte da musculatura do tronco. (COLLANGE et al., 2008).
Segundo Brandão et al. (2009) em crianças, que o segmento afetado for lombar
baixo, apresentaram melhor prognóstico de marcha. Entretanto, crianças com lesão
medular alta podem necessitar do uso da cadeira de rodas, uma vez que o
prognóstico de marcha é baixo nesses casos. Nesse sentido, a fisioterapia deve
preparar e treinar as habilidades funcionais incluindo locomoção.
De acordo com Dahl et al.(1995) aproximadamente 20% a 30% das crianças
portadoras de MMC desenvolvem sintomas acentuados, relacionados às disfunções
de tronco, e alterações importantes, relacionadas ao controle postural e ao
equilíbrio, levando a um retardo nas aquisições motoras e à limitação da mobilidade.
As deformidades na MMC variam conforme o segmento neurológico afetado:
crianças com lesão torácica são, particularmente, propensas às escolioses e as
cifoses; as contraturas no quadril e joelho e as deformidades nos pés ocorrem
universalmente; a fisioterapia faz parte do processo de reabilitação e deve ser
realizada nas crianças com MMC.
Em relação ao cuidado da criança com MMC, a família deve se conscientizar não
somente na readaptação dentro do cotidiano familiar, mas também aprendendo
cuidados como prevenção de lesões de pele, uso de órtoses, dentre outros. Essas
famílias também convivem com dificuldades de convívio social, sobrecarga física e
emocional com o cuidado cotidiano, além das complicações que resultam em
necessidade de acompanhamento permanente por serviços ambulatoriais e de
reabilitação (GAIVA et al., 2009), como por exemplo alguns tipos de técnicas de
treinamento de colocação e retirada de órteses, queda, sentar e levantar, promoção
da independência funcional. O fisioterapeuta deve indicar a cadeira de rodas,
quando a marcha não for funcional, e o treino deve promover deslocamento nos
vários tipos de solo, transferências e alivio de pressão (BRANDÃO et al., 2009).
Espera-se que com este estudo venha a ser obtido um ganho de independência nas
habilidades funcionais trazendo como consequência uma promoção da qualidade de
vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PALAVRAS-CHAVES: Autocuidado; Desempenho psicomotor; Mielomeningocele.
- 323 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
AÇÃO DO LASER DE BAIXA POTÊNCIA NA ARTITE REUMATÓIDE INDUZIDA
EXPERIMENTALMENTE
NASCIMENTO,R.S.1,2; ALVES,F.R.1,2; BARBIERI, R1,3; ESQUISATTO, M.A.M 1,4; BOMFIM,
F.R.C.1,5; MORSOLETO, M.J.M.S.1,6
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
6
Docente; Co-orientador; Orientador.
4
2
Discente;
3
Profissional;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A artrite reumatóide (AR) é uma doença auto-imune de etiologia
desconhecida, caracterizada por poliartrite periférica, simétrica, que leva à
deformidade e à destruição das articulações por erosão do osso e cartilagem
(BÉRTOLO, 2007).
A estrutura da cartilagem e os aspectos inflamatórios do processo
degenerativo têm sido muito estudados e recentes avanços têm demonstrado que a
resolução da artrose do joelho poderá ser por meios biológicos e não cirúrgicos.
Embora se tenha avançado na compreensão da etiopatogenia dessa doença, muito
dos mecanismos fisiopatológicos envolvidos ainda estão por ser elucidados. Vários
modelos animais têm sido empregados como ferramentas úteis na compreensão dos
mecanismos de lesão em artrites (SILVA JUNIOR, 2006). Drogas condroprotetoras,
radiações luminosas substâncias viscossuplementadoras do líquido sinovial e o
transplante de condrócitos nos permitem afirmar que a regeneração da cartilagem
logo poderá ser considerada como um fato (BOROVOY, 1989). Entre os métodos
usados para estimular a reparação cartilaginosa, podemos citar: perfurações até o
osso subcondral; estimulo da movimentação passiva imediatamente após a lesão;
exposição da articulação a cargas elétricas; hormonioterapia; laserterapia
(BAKER,1974).
O mecanismo de ação do LASER ainda não é completamente conhecido,
porém parece estar relacionado à modulação do metabolismo das células do tecido
conjuntivo. Assim, tem-se observado que o LASER de baixa energia leva à
estimulação da biossíntese do colágeno em duas a três vezes ao nível normal.
(ABERGEL et al, 1984). Os efeitos da radiação LASER em lesões
osteocartilagíneas, ainda pouco estudados, existe contradição na literatura quanto
aos métodos empregados nesses estudos e os resultados obtidos (MESTER, 1985).
Em estudo com Laserterapia de Baixa Potência (904 nm) na região sinovial foi
observado efeito antinflamatório uma vez que os animais após indução de artrite e
tratamento tiveram diminuição da inflamação ou ausência na além de nítido aumento
da Cartilagem Articular (BOMFIM, 2008).
OBJETIVO
Comparar os efeitos dos LASER de baixa potência 670nm e 904nm na Artrite
Reumatóide induzida com Zymosan em Ratos Wistar.
METODOLOGIA
- 324 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Após aprovação pelo Comitê de Ética da UNIARARAS protocolo n° 847/2007, Ratos
Wistar fêmea com três meses de idade e peso de 250g ± 10g, foram divididos em 4
grupos (controle negativo; controle positivo; LASER 670 nm; LASER 904 nm) exceto
o controle negativo que recebeu solução salina intrarticular, os outros grupos foram
induzidos com Zymosan intrarticular no joelho direito após plano anestésico com
Ketamina/Xilazina. Após 14 dias de indução iniciou-se o tratamento do grupo LASER
670 nm e do grupo LASER 904 nm ambos com 3J de intensidade. As sessões de
LASER foram diárias com aplicação por ponto na área articular da pata direita dos
animais com tempo variando de 0,9 segundos (670 nm) a 1,18 minutos (904 nm).
Após 7 dias de tratamento com LASER os animais foram eutanaziados por
aprofundamento anestésico. As amostras foram coletadas, armazenadas em formol
10%, processadas histologicamente e coradas com H&E. Foi realizada foto
documentação para as análises quantitativa e qualitativa entre os dois tipos de
tratamento através de microscopia óptica observando a morfologia da inflamação
sinovial.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Grupo Controle Negativo, sem presença de elementos inflamatórios na sinóvia.
Grupo Controle Positivo, animais com artrite induzida sem tratamento: sinovite
proliferativa com formação de pannus; infiltração do tecido subsinovial com células
inflamatórias; exsudação de células inflamatórias – nos espaços articulares; intensa
reunião de macrófagos, linfócitos. Houve fibrilação articular, interrupção na camada
periarticular, perda de espessura da cartilagem esvaziamento de Cluster de
condrócito (por necrose). Apresentando-se com um granuloma, zona central de
necrose celular e fibrose periférica. Após 7 aplicações de LASER (904nm) Arseneto
de Gálio (AsGa) potencia de pico de 25 mW, na faixa do infravermelho, pulsado.,
observa-se que o tecido sinovial apresenta padrões histológicos de normalidade e
ausência de inflamação, não apresentando hiperplasia de estroma ou vilosidades.
E, após 7 aplicações de LASER (670 nm) Índio Gálio Alumínio Fósforo ( InGaAlP),
potencia de pico de 30 mW, na faixa do vermelho visível, contínuo, observa-se que
na membrana sinovial processo inflamatório crônico inespecífico com agregados
linfóides e granulomatoso moderados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando a membrana sinovial, pode-se concluir que o LASER 904nm,
demonstrou melhor eficácia no controle do processo inflamatório induzido no tecido
sinovial quando comparado ao LASER 670 nm.
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ÓRGÃO FINANCIADOR: PROPESQ - FHO
TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA: O presente trabalho é parte integrante do
Projeto de Iniciação Científica com o seguinte título: ESTUDO COMPARATIVO
ENTRE LASER 670 nm E 904 nm NA ARTRITE REUMATÓIDE INDUZIDA:
- 326 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ESTUDO EXPERIMENTAL, Tendo como autores: Fernanda do Rosário Alves;
Rafaela da Silva Nascimento; discentes Respectivamente dos cursos Fisioterapia e
Biomedicina do Centro Universitário Hermínio Ometto. Tendo como orientadora do
projeto a Profa. Dra Maria José Misael da Silva Morsoleto
PALAVRAS-CHAVES: LASER 670 nm, LASER 904nm, inflamação sinovial
- 327 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
(DES) CONSTRUINDO A SEXUALIDADE NA ESCOLA. UMA AÇÃO INTEGRADA
ENTRE SAÚDE E EDUCAÇÃO.
PITOLI, R.C.A.B1,2; BRANDT, V.C.1,2; MASELLI, M.C.G.1,2; PONTES, S.1,2
1
2
Secretaria Municipal de Educação do Município de Araras-SP; Profissional.
[email protected]
INTRODUÇÃO
A Secretaria Municipal de Saúde do município de Araras oferece dois serivcos
denominados: SAE - Serviço Ambulatorial Especializado no Tratamento de
HIV(Human Immunodeficiency Vírus)/AIDS (Adquired Immunodeficiency
Syndrome) e outras DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e CTA – Centro
de Testagem e Aconselhamento, que atuam em nível preventivo e de tratamento
das DSTs. Dados referentes a 2009 referiram aumento importante na incidência de
DSTs, principalmente HIV/AIDS, na população com idade entre 20 e 25 anos.
Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE
(estadao.com.br, 2009), a idade média de iniciação sexual dos brasileiros está em
torno dos 14 anos, justificando a necessidade de dar ênfase às ações de prevenção
e promoção à saúde direcionadas à população adolescente e ao enfrentamento da
vulnerabilidade à infecção pelo HIV, outras DSTs e à gravidez não planejada.
Considerando-se a importância desses dados, foi realizada uma articulação
entre a Secretaria Municipal de Saúde e os psicólogos escolares da Secretaria
Municipal de Educação a fim de atuar nas escolas, com a população adolescente,
para o desenvolvimento de uma consciência critica em relação a saúde sexual.
Ao se trabalhar com sexualidade humana é preciso considerar que esta é
construída social e historicamente, sendo determinada a partir de padrões sociais,
culturais e políticos, o que resulta em consequências.
Diante disso, a elaboração desse Projeto partiu da inquietação de que, apesar
de os adolescentes terem acesso a muito material informativo através de aulas e
veiculado pelas diversas mídias, essas informações aparentemente não são
incorporadas em sua vivência afetiva e sexual de modo satisfatório, vide os dados
supracitados. Sendo assim, tomou-se o cuidado de não transmitir uma visão
punitiva, negativa e perigosa a respeito da sexualidade, viabilizando espaços em
que possam ser realizados questionamentos, reflexões e debates sobre os temas
abordados.
OBJETIVO
- 328 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Realizar oficinas sobre sexualidade, visando a prevenção de DSTs e a
gravidez na adolescência, possibilitando aos estudantes espaços de discussões
sobre os temas abordados que ultrapassem o caráter informativo, havendo reflexão
e incorporação dos conteúdos a sua vivência.
Temas afins são abordados, como: adolescência, relacionamentos,
autoestima, consciência corporal, preconceito, diversidade, saúde sexual e
reprodutiva e relações de gênero.
As oficinas objetivam levar os alunos a reflexões que oportunizem modos de:
Aprender a conhecer o próprio corpo e a cuidar dele;
Identificar e expressar sentimentos;
Relacionar-se pautado no respeito e na responsabilidade;
Defender-se de vínculos nos quais se sinta manipulado ou explorado;
Desenvolver relacionamentos significativos que se iniciam no contexto familiar,
em seguida no seu grupo de amigos, na escola, enfim, em diversos espaços
de convivência;
Considerar a comunicação como fator importante nos relacionamentos e ser
receptivo à comunicação do outro, de modo inclusive a ampliar sua própria
visão de mundo.
Compreender que a sexualidade não está diretamente relacionada à relação
sexual, mas é marcada pela cultura, assim como pelos afetos e sentimentos.
Ela se desenvolve ao longo da vida, é uma forma de expressão, comunicação
e afeto;
Evitar comportamentos discriminatórios e intolerantes.
METODOLOGIA
São realizados quatro encontros com duração de uma aula com cada turma,
com frequência semanal.
Até o momento, três Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino da
Secretaria Municipal de Educação de Araras participaram do Projeto, totalizando um
número de 313 alunos dos 8os e 9os anos do Ensino Fundamental. Para o ano de
2011 dar-se-á continuidade ao Projeto em outras Unidades Escolares Municipais.
Os encontros são assim estruturados:
1º Encontro: Apresentação e problematização dos temas: Adolescência e
Puberdade. Sexo e Gênero. Diversidade.
Conceituação de Puberdade e Adolescência.
Mudanças no corpo masculino e feminino.
Consequências fisiológicas, psicológicas e sociais dessas mudanças.
- 329 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Conceituação e contraponto entre Sexo e Gênero.
O aparelho reprodutor masculino e feminino.
Exibição de trecho de animação para análise e discussão sobre gênero,
orientação sexual, preconceito e diversidade.
2º Encontro: Apresentação e problematização dos temas: Gravidez e
DST/AIDS
Exibição de trecho de documentário para análise e discussão sobre gravidez
na adolescência, seus desdobramentos, aborto e métodos contraceptivos.
Conceituação de Doenças Sexualmente Transmissíveis com exposição e
explicação das de maior prevalência.
Discussão
preconceitos.
sobre
HIV/AIDS,
formas
de
transmissão,
tratamentos,
Prevenção: Métodos Contraceptivos, quais os mais conhecidos e acessíveis a
partir da vivencia deles, as diferenças entre eles, modos de utiliza-los, sua
importância e reflexões sobre a prevenção.
3º Encontro: Neste encontro os estudantes foram divididos em quatro grupos
e a cada um foi destinado um texto, elaborado pelos psicólogos, com
situações problemas envolvendo os temas abordados nos encontros
anteriores. Buscou-se desenvolver a habilidade de empatia e de discussão
em grupo, lidando com diferentes opiniões, capacidade de mediação desses
diferentes pontos de vista e exposição para a sala toda das considerações do
grupo inicial, abrindo a possibilidade de outras discussões.
Temas dos textos:
DST/AIDS
Orientação sexual
Gravidez não planejada na adolescência
Iniciação da vida sexual
4º Encontro: Realização de jogo “Pensando sobre Sexualidade” (Cores Centro de Orientação em Educação e Saúde).
Trata-se de um jogo de tabuleiro cujo objetivo é responder perguntas
relacionadas aos temas abordados nos encontros anteriores. Os estudantes são
divididos em quatro grupos e se pede que seja destacado um porta-voz para que
responda verbalmente à pergunta, após discussão da mesma com o grupo,
- 330 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ressaltando que respostas individuais não serão válidas. Desse modo, destaca-se a
tomada de decisão do grupo, ao ter que escolher um líder e identificar-se com ele e
a importância do fortalecimento do próprio grupo.
Os temas são divididos em cinco categorias: Homem, Mulher, Sentimentos,
Gravidez e Doenças Sexualmente Transmissíveis. Os psicólogos lêem a pergunta
de acordo com a categoria e se o grupo responder corretamente avança no
tabuleiro, caso contrário, estaciona e deve responder a outra pergunta da mesma
categoria na próxima rodada. Vence o grupo que primeiro alcançar o ponto de
Chegada.
Em cada encontro, participam duas psicólogas da Secretaria Municipal de
Educação e um profissional da Secretaria Municipal de Saúde. Para a realização
dos encontros foram utilizadas lousas digitais disponíveis nas salas de aula,
materiais preparados pela equipe (slides, textos, jogos), preservativos femininos e
masculinos e material de divulgação sobre HIV/AIDS e DSTs.
RESULTADOS ESPERADOS
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação
(1998):
O trabalho de Orientação Sexual visa propiciar aos jovens a possibilidade do
exercício de sua sexualidade de forma responsável e prazerosa. Seu
desenvolvimento deve oferecer critérios para o discernimento de comportamentos
ligados à sexualidade que demandam privacidade e intimidade, assim como
reconhecimento das manifestações de sexualidade passíveis de serem expressas
na escola.
Considera-se, desse modo, o trabalho preventivo nas escolas como um
importante instrumento de atuação frente à vulnerabilidade social. Permite o
envolvimento de um grupo maior de pessoas para reflexão dos temas abordados,
possibilitando um posicionamento critico e claro perante as diversas situações de
vida.
Este tipo de trabalho se funda a partir de um olhar do Psicólogo Escolar que
não se restringe às esferas individuais, como modo de atuação, mas sim,
comprometido com o contexto cultural, social, histórico e com as relações que
permeiam a constituição do sujeito.
Isso foi convincentemente exposto por Ribeiro do Valle (2003, p.22):
O psicólogo escolar luta pela compreensão social de sua função, que esbarra em
dois desafios fundamentais: *sua inclusão na escola, para que seu trabalho não
termine distorcido ou limitado no campo competitivo que envolve a afirmação e
papéis de poder. Sua participação, com o corpo docente, em programas de
intervenção pode permitir que, juntos, promovam o desenvolvimento infantil, de
forma que Psicologia e Pedagogia se complementem, alcançando os objetivos
idealizados; *sua atuação preventiva, mais ampla, envolvendo a escola e a família,
que precisam valorizar e compreender a necessidade de sua participação, não
- 331 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
apenas remediativa ou voltada para a clínica, portanto, delimitando uma área
especial da Psicologia que diferencie seu papel.
Acredita-se que este tipo de trabalho produz um efeito significativo, já que não
se reduz às queixas individualizadas e cristalizadas que comumente chegam aos
psicólogos, pois visa promover espaços de discussões em que haja a apropriação
do conhecimento para integrá-lo ao seu saber e ao seu cotidiano.
Segundo Silva (1999, p.106):
Conhecer liberta para a escolha, para o entendimento da própria caminhada e para
a percepção da presença do outro – para o pensar reflexivo – que faz do homem
sujeito da sua história. O processo de humanização inclui a tomada de consciência
de si, do outro, da realidade. Tem uma conotação política porque aproxima o
homem do seu pensar/agir/transformar, da possibilidade de assumir posições e da
autoria de uma prática social consciente e crítica.
Assim, o trabalho das oficinas de sexualidade deste Projeto busca favorecer
aos educandos condições de:
Conhecer as especificidades do corpo e do desenvolvimento físico,
psicológico e social da adolescência;
Compreender a sexualidade com parte do desenvolvimento humano;
Desenvolver relacionamentos afetivo-sexuais significativos;
Busca efetiva de informações que oportunizem o esclarecimento e
desenvolvimento da própria sexualidade e de medidas de prevenção.
Apropriação de visão e vivência da sexualidade de uma forma positiva e
responsável;
Refletir sobre comportamentos discriminatórios e se posicionar diante de
manifestações dos mesmos;
Minimizar o preconceito/discriminação relativo à diversidade sexual;
Desconstruir questões de gênero que trazem sofrimento para homens e
mulheres;
Prevenir a contaminação por DST, utilizando reflexão e debate como formas
de melhor utilizar informações recebidas;
Refletir sobre a gravidez na adolescência e seus desdobramentos no projeto
de vida de cada um.
Viver a sexualidade em consonância com os próprios valores;
Sabendo que o desenvolvimento humano é permeado por elementos da
saúde e da educação que se fazem importantes na formação de sujeitos sociais e
- 332 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
políticos, ressalta-se a importância do compromisso com a construção de políticas
públicas que envolvam estes dois setores a fim de reformular os significados de
ambos os campos em uma articulação que potencialize ações de relevância social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de DST e AIDS (2006). Diretrizes para Implantação do Projeto Saúde e
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PALAVRAS-CHAVE: Sexualidade, adolescência e prevenção .
- 333 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ECOSSENSIBILIZAÇÃO MUSICAL NO CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO
OMETTO - UNIARARAS COMO ESTRATÉGIA DE ECOSUSTENTABILIDADE
VISANDO A CERTIFICAÇÃO DA ISO 14001
SILVA, S. A..1,1; SILVA, M.R.¹ ², BUZON, M.R.1,3, BETIOLI, J.V.1,4
1
2
3
4
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP, Discente; Discente; Orientador.
¹ milton buzon [[email protected]]; [email protected]
INTRODUÇÃO
A temática ambiental assume maior importância no conjunto dos interesses e
preocupações que norteiam nossas vidas (SO.B.E.S, 2011), a percepção de que o
modelo de desenvolvimento adotado por inúmeros países do globo terrestre acarreta
ações agressivas ao meio ambiente, é dada em função dos sinais de esgotamento
expressos pela natureza (AGRAR, 2004). As formas encontradas pelas
organizações para minimizar os impactos ambientais decorrem de divulgação e
preservação ao meio ambiente tais como, destinos adequados dos resíduos gerados
e sustentabilidade para as próximas gerações. A série ISO 14000 constitui novos
paradigmas. Como normas internacionais, têm a vantagem de aplicabilidade às
condições específicas a cada país e sociedade (ABNT, 2000, 2004; S.B.E.S., 2011).
A implantação das normas ISO 14000 fortalece a imagem de uma instituição e a
torna mais competitiva, porém para se atingir o sucesso deste processo é
necessário haver a colaboração de todos dentro da organização. A disseminação e
o fomento das atividades relativas às normas estabelecidas pelo ISO 14001 têm
efeitos diretos na rotina e na cultura organizacional, isto indica que podem e devem
ser feitas por meio de atividades de Relações Públicas, com objetivo de informar,
integrar e motivar os públicos-alvo (CLEMENTI, 2006).
Para isso, o S.I.G.A. (Sistema Interno de Gerenciamento Ambiental) desenvolveu
um programa de conscientização, por meio de apresentações musicais, enfatizando
os cuidados com o meio ambiente, pois são pequenas atitudes que se pode mudar e
valorizar muito, o nosso meio ambiente. Não é apenas mostrar o custo de variáveis
tais com, água e energia, mas sim formas de usá-las racionalmente, evitando
desperdício, garantindo conforto e qualidade de vida de gerações futuras.
A Educação Ambiental é um instrumento essencial de participação popular, para
a resolução de problemas e “só aprendemos aquilo que faz sentido para nós e com
o que conseguimos estabelecer vínculo afetivo” (FREIRE, 2006).
OBJETIVOS
Esse trabalho teve por finalidade intensificar a conscientização ambiental por meio
de palestras e a utilização de apresentação musical como forma de informar a
implantação e a certificação ambiental da ISO 14001 no campus Duse Rüegger
Ometto, visando refletir e enfatizar as necessidades de mudanças de hábitos da
comunidade acadêmica do Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS.
- 334 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
METODOLOGIA
A implementação do ISO 14001 permite descobrir desperdícios e processos
ineficientes, tornando possível mensurar os aspectos ambientais existentes e com
isso propicia a redução de resíduos (BETTIOL, 2007)
Para atingir as metas desse trabalho, foi realizado um diagnostico inicial,
verificando as necessidades de como programar estas ações, cujas atividades vem
sendo desenvolvidas desde 2006.
Também foram levados em consideração os assuntos ambientais na educação e
necessidade da mudança de hábitos dos alunos. Procurou-se reduzir a geração de
resíduos, destinar conforme a legislação, priorizando a reciclagem. Forneceu
informações corretas sobre as atividades ambientais, quando necessário, para o
público interno e externo.
Em 2009 foram feitos levantamentos de desperdícios de água e os resultados
mostraram que a troca de destiladores por deionizadores eram viáveis pela grande
economia de água.
Em 2010 os trabalhos se intensificaram e procurou promover a capacitação e
sensibilização dos alunos, dessa forma formou-se uma equipe composta por alunos
voluntários para que esses instruíssem seus colegas de classe. Para a capacitação,
realizaram-se oficinas de dinâmicas, reflexões, filmes, sensibilizando para os
cuidados com o meio ambiente. Verificou-se a necessidade de desenvolver um
programa de formação de equipes para realização de um trabalho muito forte com
os voluntários para levantamento de dados e ação imediata quando necessário.
Em 2011 procurou desenvolver programas de disseminação e integração com
palestras, na primeira semana de 2011 onde se discorreu sobre a necessidade da
preservação ambiental e a implantação da ISO 14001, foram realizados um total de
20 palestras com os novos alunos em salas, todos ingressantes em 2011.
Realizaram-se convites para estimular voluntários a serem capacitados. Também
foram realizadas apresentações musicais no restaurante da instituição com músicas
voltadas a natureza, entre as musicas foram enfatizadas as ações que a
comunidade acadêmica poderiam fazer para contribuir com o meio ambiente. Até o
presente momento foram realizadas cinco apresentações, duas em 2010 (23 e 30 de
novembro) e três apresentações em 2011 (10-05, nos períodos manhã e noite e no
dia 14-05 no período de manhã), estimando-se ter atingido um total de 3.000
pessoas.
Em paralelo foram analisadas documentações que envolvem leis e diretrizes
formadas por elementos sendo alguns prioritários (Auditoria, Boas Práticas
Ambientais, Leis e Diretrizes, Diagnóstico, Controle Ambiental), visando assegurar o
cumprimento da Política Ambiental e Legislação da UNIARARAS.
RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se que até setembro de 2011 a maior parte dos alunos da UNIARARAS
estejam capacitados e sensibilizados para garantir os cuidados com o meio
ambiente, por meio de um controle de utilização de recursos naturais, destinação de
resíduos e o cumprimento de leis e diretrizes, pois são requisitos fundamentais de
boas práticas ambientais, conforme documentadas e adotadas nas diversas
atividades do Campus.
Para os próximos passos os trabalhos se intensificam e tem por objetivo a
certificação por meio da implementação da ISO 14001, visando atingir metas como
- 335 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
redução do consumo de água e energia na UNIARARAS. Para atingir tais
propósitos, faz-se necessário a manutenção da equipe multidisciplinar composta por
alta administração, professores, alunos e colaboradores. Esta equipe vem realizando
campanhas e plantão de duvidas intensificando a importância dos cuidados com o
meio ambiente e da mudança de hábitos, disseminando a Política ambiental
UNIARARAS
Nas campanhas são abordados o que são aspectos ambientais e a importância
da redução do consumo de água e energia e o descarte correto dos resíduos
gerados no Campus Duse Rüegger Ometto, visando à certificação após a
implementação da ISO 14.001. Com isso o S.I.G.A. desenvolveu um programa de
capacitação para alunos voluntários, a fim de multiplicar essa capacitação para a
demais população acadêmica, funcionários e professores. Capacitar através de
apresentação de uma gestão ambiental da Universidade que possibilita assegurar a
qualidade ambiental do Campus através de um controle de utilização de Recursos
Naturais, destinação de Resíduos e o cumprimento de leis e diretrizes, estes
requisitos fazem parte das práticas ambientais documentadas que reúne as boas
praticas a serem adotadas nas diversas atividades do Campus. Ações ecológicas
são influentes na qualidade ambiental e estão ligadas as atitudes dos seus
colaboradores, alunos que deverão ser consideradas nos treinamentos, ambientais e
nos POPs (Procedimentos Operacionais Padrões).
Este trabalho enfocando a utilização correta dos recursos naturais para a água e
com isso garantindo o andamento para implementação do S.I.G.A. na UNIARARAS
visando à certificação da ISO 14.000
Benefícios gerados
Para a UNIARARAS: imagem verde, conservação de energia, otimização e
utilização racional de água e menor risco de penalizações legais;
Para seus alunos: confiabilidade, cuidados com a disposição final da geração de
resíduo e menos poluição;
Para seus funcionários: conscientização, maior segurança e comprometimento;
Para o meio ambiente: racionalização no uso de matérias-primas e outros insumos,
conservação dos recursos naturais, diminuição e controle de poluentes e
harmonização da atividade com o ecossistema.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização da estratégia de divulgar e anunciar as ações do Sistema Interno de
Gerenciamento Ambiental, em cinco momentos nos anos de 2010 e 2011, por meio
de uma “cardápio musical” envolvendo repertório musical envolvendo temas
ambientais nas dependências do restaurante do Campus Universitário Duse
Rüegger Ometto teve o proposto de chamar a atenção para o tema sustentabilidade
ambiental e, ao mesmo tempo, proporcionar momentos de descontração quanto às
diversas reflexões ambientais, tais como reciclagem, mudança de conduta e reflexão
sobre práticas adotadas em relação ao meio ambiente.
Reconhece-se que as ações que tem por finalidade a obtenção da certificação
ambiental ISO 14001 pela Fundação Hermínio Ometto, por meio do Sistema Interno
de Gerenciamento Ambiental (S.I.G.A.) na UNIARARAS precisa acontecer de todas
as formas possíveis. O evento procurou ser mais uma oportunidade de fazer a
comunidade refletir sobre as ações voltadas para a área de sustentabilidade global,
- 336 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
participação local na utilização e descarte correto dos resíduos gerados pela
instituição e divulgação da obtenção da certificação ambiental no final deste ano.
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Gerenciamento Ambiental (S.I.G.A.).
UNIARARAS,
Sistema
Interno
- 337 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
de
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL EM PACIENTES COM LESÃO
MEDULAR: CLÍNICA ESCOLA DE FISIOTERAPIA DA UNIARARAS
TOZZINI, G. R.1,2; GREGIO NETO, N.1,2; BATISTELA, A. C.1,4; FERRACINI JUNIOR, L.
C..1,4; MENEGHETTI, C. H. Z.1,5; ORDENES, I. E. U.1,6
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
6
orientador; Orientador.
2
Discente;
4
Docente;
5
Co-
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A lesão medular é definida pela American Spinal Injury Association (ASIA) como
sendo uma diminuição ou perda da função motora e/ou sensória e/ou anatômica,
podendo ser uma lesão total ou parcial, devido ao trauma dos elementos neuronais
dentro do canal vertebral (O’ SULLIVAN e SCHIMITZ, 1993; MAYNARD; BRACKEN;
CREASEY, 1997).
De acordo com o nível medular lesado o indivíduo pode tornar-se paraplégico ou
tetraplégico. A paraplegia refere-se à perda de funções motoras e/ou sensórias de
segmentos torácicos, lombares e sacrais da medula espinhal. A tetraplegia resulta
em perda da função dos membros superiores (MMSS), bem como do tronco,
membros inferiores e órgãos pélvicos (O’ SULLIVAN e SCHIMITZ, 1993).
O comprometimento funcional, decorrente da lesão medular, depende da extensão e
gravidade da lesão e interfere diretamente na capacidade do indivíduo de realizar as
atividades de vida diária. (LAWTON, 1971).
A Medida de Independência Funcional (MIF) é um instrumento de avaliação da
incapacidade de pacientes com restrições funcionais de origem variada, tendo sido
desenvolvida na América do Norte na década de 1980 (GRANGER; et al, 1986). Seu
objetivo primordial é avaliar de forma quantitativa a carga de cuidados demandada
por uma pessoa para a realização de uma série de tarefas motoras e cognitivas de
vida diária. Entre as atividades avaliadas estão os auto cuidados, transferências,
locomoção, controle esfincteriano, comunicação e cognição social, que inclui
memória, interação social e resolução de problemas. Cada uma dessas atividades é
avaliada e recebe uma pontuação que parte de 1 (dependência total) a 7
(independência completa), assim a pontuação total varia de 18 a 126. (LINACRE; et
al, 1994).
Sendo assim, indivíduos com TRM apresentam uma diminuição da capacidade
funcional devido às consequências da lesão. Portanto, espera-se que com a
avaliação da MIF consiga quantificar a capacidade funcional de indivíduos com
TRM.
OBJETIVO
Avaliar a capacidade de independência funcional em pacientes com lesão medular
atendidos na Clínica Escola de Fisioterapia da Uniararas e, correlacionar o nível de
lesão com a Medida de Independência Funcional.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
- 338 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Será realizado um estudo transversal. O estudo será realizado após aprovação do
Comitê de Ética e Mérito Científico do Centro Universitário Hermínio Ometto –
Uniararas, Os indivíduos serão esclarecidos sobre os objetivos e metodologia deste
estudo, e se estiverem de acordo receberão e assinarão o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE), no qual após assinado, será dado início a avaliação. O
presente estudo se realizará na Clínica Escola de Fisioterapia do Centro
universitário Hermínio Ometto – Uniararas, na cidade de Araras.
Participarão do estudo, seis indivíduos do gênero masculino, com diagnóstico
médico de traumatismo raquimedular com idades entre 22 a 39 anos, e nível da
lesão entre C5 a L3.
Como critérios de inclusão serão aceitos indivíduos que tenham diagnóstico de
traumatismo raquimedular, nível da lesão entre C5 a L3, e cognição preservada. Já,
como critérios de exclusão outras disfunções neurológicas diagnosticadas, epilepsia,
e afasia de compreensão.
Para a realização das avaliações será aplicada à escala da ASIA para estabelecer o
tipo e o nível da lesão e a escala de Medida de Independência Funcional (MIF). A
MIF verifica o desempenho do indivíduo para a realização de um conjunto de 18
tarefas, referentes às subescalas de auto cuidados, controle esfincteriano,
transferências, locomoção, comunicação e cognição social. Cada item pode ser
classificado em uma escala de graus de dependência de 7 níveis, sendo o valor 1
correspondente à dependência total e o valor 7 correspondente à normalidade na
realização de tarefas de forma independente.
Após a avaliação os dados serão analisados utilizando o teste de coeficiente de
correlação de Spearman, para correlacionar o nível de lesão e a Medida de
Independência Funcional, onde o nível de significância adotado será de p <0,05.
RESULTADOS ESPERADOS
A compreensão e a quantificação dos movimentos do corpo humano têm despertado
grandes interesses em diferentes áreas de conhecimento. A busca de métodos
avaliativos eficazes precisos tem sido uma constante para planejar e programar uma
intervenção efetiva (MENEGHETTI et al., 2009). A MIF é provavelmente o mais
amplo instrumento para mensurar a capacidade funcional, sendo um indicador
importante na rotina clínica por quantificar a independência nas realizações das
atividades de vida diária (RICCI; KUBOTA; CORDEIRO, 2005).
Portanto, espera-se ter como resultados uma mensuração da capacidade funcional
de pacientes com lesão medular atendidos na clínica escola de fisioterapia da
Uniararas, e correlacionar o nível de lesão com a Medida de Independência
funcinonal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PALAVRAS-CHAVES: Traumatismo Raquimedular, Avaliação, Medida de Independência
Funcional
- 340 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANATOMIA RADICIAL DE Ionopsis utriculariodes LINDL. (ONCIINAE:
CYMBIDIEAE, ORCHIDACEAE)
BATISTA, R.O1,2; CURIEL, A.C.1,2, LAGAZZI, G.1,3; PEDROSO-DE-MORAES, C.1,4;
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
Orientador.
4
2
Discente;
3
Co-orientador;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009),
apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes
tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas
aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se
incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies
distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito
epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou
micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos
micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente
neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes
subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies
(PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América,
principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi
controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os
trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae
encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises
moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram
definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o
relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009)
apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Ionopsis
utricularioides Lindl. apresenta folhas aos pares que saem da base de um
pseudobulbo pequeno e de coloração avermelhada. A planta é pequena com raízes
longas e finas, inflorescência longa do tipo panícula, sépalas laterais unidas mais
curtas que o labelo, que é relativamente largo. A planta pode permanecer até 30
dias florida, sendo que a floração pode ocorrer na primavera e verão (CARDOSO;
ISRAEL, 2005).
OBJETIVO
O presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as raízes de
Ionopsis utricularioides.
MATERIAL E MÉTODO
O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro
Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado:
Baptistonia cornigera (Lindl.) Chiron & V.P.Castro (CV: 221; 222; 224, 226). A
exsicata foI depositada no herbário do Centro Universitário Hermínio Ometto - 341 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Uniararas. Para a análise anatômica a fresco, o material foi fixado em FAA 50 e
preservado em álcool 70%. Cinco exemplares de raízes por espécime foram
seccionados à mão livre, na região mediana, com o auxílio de lâminas de barbear.
Os cortes foram corados com Safra-Blau 0,05% e montados em glicerina. Para a
identificação do amido, foi utilizada a solução de Lugol; da ligninina, floroglucina
clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos flavonóides, hidróxido de potássio. Os
resultados foram registrados com uma câmara digital, acoplada a um microscópio
Olympus (modelo BX51).
MATERIAL E MÉTODO
O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro
Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Ionopsis
utriculariodes Lindl. (CV: 362; 363; 364, 365). A exsicata foI depositada no herbário
do Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise anatômica a
fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco
exemplares de raízes por espécime foram seccionados à mão livre, na região
mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com SafraBlau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a
solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos
flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma
câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes
de Ionopsis utriculariodes. São raízes cilíndricas, e apresentam-se com três regiões
distintas: velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar
de epiderme, está presente nas raízes de diversas espécies de Oncidiiane e suas
células são poligonais, elípticas ou retangulares, em secção transversal. Na
presente espécie ele é formado por quatro camadas celulares. As paredes celulares
do velame apresentam diferentes padrões de espessamento secundário,
dependendo da espécie considerada. A camada mais externa do velame
denominada epivelame, é formada por células anticlinalmente alongadas. As
camadas celulares subjacentes a esse tecido são constituídas por células maiores e
alongadas radialmente. O epivelame das raízes desta espécie apresenta células
maiores que as das camadas internas. O endovelame é formado por células
isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos parietais estreitos e
espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e distância variadas. O
córtex apresenta três regiões diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao
velame), o córtex central e a endoderme ou camada mais interna que envolve o
cilindro central. As células da exoderme, isodiamétricas e maiores que as das
demais camadas do córtex, possuem paredes pouco espessadas exceto pelas
periclinais externas. É formada por células longas e curtas que se alternam. As
células longas não têm protoplasto e possuem paredes espessadas, enquanto que
as células curtas ou células de passagem apresentam conteúdo denso e parede
delgada. Internamente à exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro
camadas. Essas camadas são, em geral, formadas por células de tamanhos
variados, que delimitam pequenos espaços intercelulares. Em todas as suas raízes,
nota-se que as células corticais das camadas mais próximas à exoderme e à
- 342 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
endoderme são menores que as da região central. Nas raízes desta espécie, a
endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O, exceto
pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as paredes
delgadas. Todos os exemplares analisados apresentam raízes poliarcas. Foram
encontrados cinco pólos de xilema, sendo a medula formada por células
parenquimáticas esclerificadas. Para todos os espécimes aqui estudados, o teste
com Sudan III revelou a presença de suberina e a reação de floroglucina + ácido
clorídrico indicou a presença de lignina, nos espessamentos parietais das células do
velame. O velame constitui uma epiderme especializada composta por várias
camadas de células com paredes delgadas, limitada internamente pelo córtex
(Pridgeon 1987). Na espécie estudada é formado por quatro camadas de células,
assim como descrito por Porembski e Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles
analisadas. Sanford e Adanlawo (1973) observaram que o velame é constituído por
duas porções distintas: o epivelame e o endovelame. O epivelame apresenta células
ligeiramente menores que as das camadas internas, como em outras Oncidiinae
(POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A análise do endovelame revela que, a espécie
estudada, apresenta o mesmo padrão variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al.,
2009). A presença de suberina e lignina nas células do velame da espécie
histoquimicamente analisada é um caractere comumente encontrado para as
Orchidaceae. A composição das paredes celulares do velame é celulósica, com
impregnação em diferentes graus de lignina e suberina, sendo que a dimensão de
lignificação e suberização varia consideravelmente entre as espécies de orquídeas.
Uma das funções plausíveis do espessamento da parede no velame é prover
suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação. Segundo Pridgeon (1987),
na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é comum a presença de
células especializadas, denominadas células de cobertura ou tilossomos, que
auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto, essas células
parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na espécie aqui
estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos Catasetinae e
Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por Stern et al.
(2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na exoderme, a
presença de espessamento somente na parede tangencial externa e células
isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em algumas
Orchidaceae, como descrito para Catasetinae. O conjunto velame-exoderme
funciona como um sistema onde as células longas suberizadas/lignificadas da
exoderme protegem o parênquima cortical do dessecamento e as células de
paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do velame para o tecido cortical. Em
relação ao parênquima cortical, não foram encontradas variações no número de
estratos do córtex, mas sim, grandes diferenças entre o diâmetro das células, o que
influênciou sobremaneira as médias obtidas para tal variável. Em relação à
endoderme, o espassamento em “O” encontrado na espécie analisada corrobora
com os caracteres descritos para outras subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae,
tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009).
Porembski e Barthlott (1988) classificaram as raízes de orquídeas em 12 tipos, de
acordo com a ocorrência e combinação dos seguintes caracteres: epivelame,
número de camadas celulares e tipo de espessamento parietal nas células do
velame e da exoderme e número de camadas celulares no córtex. As raízes da
Ionopsis utriculariodes correspondem ao tipo Cymbidium por possuírem epivelame e
- 343 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
até cinco camadas celulares no córtex. Essa uniformidade entre as raízes corrobora
com as informações de Pridgeon et al. (2009), que reconhecem uma única tribo
monofilética, Cymbidieae, formada por Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae,
Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae, Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae,
Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é formada por células parenquimáticas
que apresentam paredes com espessamentos, como em outras Oncidiinae
(PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do velame, o de camadas do
córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres anatômicos que podem
influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008). Porém, cada um
influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro total, sendo que o
ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento dessas estruturas nas
raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação foi comprovada em
trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados por escassez hídrica,
um número reduzido de camadas corticais são encontradas em espécies vegetais,
sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo facilitaria a absorção de
água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação excessiva e solo
calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex de raízes de
arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes entre
cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições de
solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do
córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que
nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células
parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do
desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de
seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número
de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de
uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Ionopsis
utriculariodes apresentara cinco pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie
apresentando tal quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das espécies
de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra importante,
porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular parenquimático
cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As raízes da espécie apresentam velame, córtex central e endoderme
definidos. As características estruturais encontradas nas raízes como a presença de
velame e células corticais de diâmetro avantajado, podem ser consideradas
adaptações ao epifitismo. A uniformidade entre as características anatômicas
encontradas nas raízes estudadas corrobora e suporta os resultados morfológicos e
filogenéticos encontrados Chase e Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a
subtribo Oncidiinae encontra-se inserida na tribo monofilética Cymbidieae.
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AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO ESTÁTICO E DINÂMICO EM TRAUMATISMO
RAQUIMEDULAR: ESTUDO DE CASO
GREGIO NETO, N.1,2; TOZZINI, G. R.1,2; BATISTELA, A. C.1,4; FERRACINI JUNIOR, L. C.1,4;
ORDENES, I. E. U.1,5 ; MENEGHETTI, C. H. Z.1,6
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
6
orientador; Orientador.
2
Discente;
4
Docente;
5
Co-
[email protected] , [email protected]
INTRODUÇÃO
A lesão medular é definida pela American Spinal Injury Association (ASIA) como
sendo uma diminuição ou perda da função motora e/ou sensória e/ou anatômica,
podendo ser uma lesão total ou parcial, devido ao trauma dos elementos neuronais
dentro do canal vertebral (O’ SULLIVAN e SCHIMITZ, 1993; MAYNARD, BRACKEN,
CREASEY, 1997).
A lesão ocorre, preferencialmente, no sexo masculino, na proporção de 4:1, na faixa
etária entre 15 a 40 anos. Os acidentes automobilísticos, queda de altura, acidente
por mergulho em água rasa e ferimentos por arma de fogo têm sido as principais
causas de traumatismo raquimedular (TRM) (BRIDWELL e DE WALD, 1996). No
Brasil, estima-se que 11.300 novos casos de lesão medular ocorrem por ano, e a
incidência é de 71 novos casos por 1.000.000 de habitantes. (TAVARES, LEAL,
PAIVA, 2001).
A escala de equilíbrio de Berg é uma escala validada e traduzida para o português,
que avalia o equilíbrio funcional estático e dinâmico. A escala de Berg tem o objetivo
de avaliar o equilíbrio funcional, por meio de quatro tarefas comuns que envolvem o
equilíbrio estático e o dinâmico, como: alcançar, girar, transferir-se, permanecer em
pé e levantar-se. A realização das tarefas é avaliada pela observação direta e a
pontuação varia de 0 a 4, totalizando o máximo de 56 pontos. Um escore abaixo de
45 indica equilíbrio pobre, e abaixo de 36 indica quase 100% de risco de queda.
(MIYAMOTO et al, 2004).
Portanto, acredita-se que a escala de equilíbrio de Berg pode ser um método eficaz
para a avaliação do equilíbrio estático e dinâmico em indivíduos com TRM.
OBJETIVO
Avaliar o equilíbrio estático e dinâmico em um paciente com traumatismo
raquimedular.
METODOLOGIA
O modelo metodológico abordado neste estudo foi um estudo de caso, com um
paciente de 27 anos, do gênero masculino, com diagnóstico médico de Traumatismo
Raquimedular e diagnóstico fisioterapêutico de paraparesia espástica, nível da lesão
L3 e classificação de Frankel D que refere-se a lesão incompleta, função motora
preservada abaixo do nível neurológico com pelo menos metade dos músculos
abaixo deste nível com grau de força muscular maior que 3.
- 346 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O instrumento utilizado foi à escala de equilíbrio de Berg que constitui de 14 tarefas
comuns que envolvem o equilíbrio estático e dinâmico tais como alcançar, girar,
transferir-se, permanecer em pé e levantar-se. A realização das tarefas é avaliada
através de observação e a pontuação varia de 0 – 4 totalizando um máximo de 56
pontos. Na amplitude de 56 a 54, cada ponto a menos é associado a uma
diminuição de 3 a 4 % abaixo do risco de quedas, de 54 a 46 a alteração de um
ponto é associada a aumento de 6 a 8 % de chances, sendo que abaixo de 36
pontos o risco de quedas é quase de 100% (SHUMWAY-COOK e WOLLACOTT,
2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O participante obteve escore na Escala de Equilíbrio de Berg de 25 pontos, o que
significa risco eminente de queda pelas normas apresentadas pela escala.
De maneira geral, o resultado deste estudo mostrou que o participante que
apresenta traumatismo raquimedular sofre maior risco de quedas.
O traumatismo raquimedular, é uma grave síndrome incapacitante, caracterizada
por alterações motoras, de sensibilidade e de função autonômica da medula
espinhal abaixo e ao nível de sua lesão (VALL, BRAGA, ALMEIDA, 2006).
A manutenção da postura ereta envolve ajustes corporais constantes e coerentes
com o objetivo de manter os segmentos corporais alinhados e orientados
apropriadamente de acordo com a tarefa. Esta tarefa requer um intricado relacionamento entre informação sensorial e ação motora (HORAK e MACPHERSON,
1996; BARELA, JEKA, CLARK, 2003).
O processo da manutenção da postura vertical emprega múltiplas referências
sensoriais, incluindo a gravidade (vestibular), superfície de apoio (sistema
somatossensorial), e a relação do corpo com o ambiente (sistema visual). Estas informações sensoriais notificam a posição relativa dos segmentos corporais. Todas
essas informações são utilizadas para estimar e antecipar as forças que agem no
corpo e, juntamente com a atividade muscular apropriada para manter a posição
corporal desejada (HORAK e MACPHERSON, 1996; BARELA, JEKA, CLARK, 1999,
2003).
Para que sejam realizadas atividades funcionais da vida diária é primordial a
manutenção do equilíbrio, possibilitando posturas, movimentos e respostas
adequadas. Por isso, a avaliação do equilíbrio torna-se de grande valor nos
programas de reabilitação motora, já que bem realizada assegura a melhor
intervenção e possivelmente melhores resultados (MOCHIZUKI e AMADIO, 2003; DOUGLAS, 2002)
Contudo, é importante ressaltar como limitações neste estudo que os resultados
encontrados se limitam a uma única amostra. Além disso, o estudo não foi correlacionado com outras escalas de avaliação, pois não era objetivo do estudo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se desta maneira que, o participante do estudo apresentou alto risco de
quedas.
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- 348 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ADUBAÇÃO ORGÃNICA NA CULTURA DO MILHO: MANEJO, PRODUTIVIDADE
E MEIO AMBIENTE
TISCHER, J.C.1,2; PEDROSO-DE-MORAES, C.1.3
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Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Orientador.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O milho é um dos principais cereais cultivados e consumidos em todo o
mundo em virtude do seu alto potencial produtivo, composição química e valor
nutritivo, fornecendo diversos produtos utilizados para alimentação humana e animal
e em aplicações industriais (BOBATO, 2006).
A demanda de N exigida pelo milho não é suficientemente suprida pelo solo,
necessitando de adequada suplementação. Entretanto, o manejo de N em sistemas
agrícolas deve considerar os elevados riscos ambientais e, segundo Greenland
(1975) um sistema agrícola ambientalmente sustentável requer que as reservas de
nutrientes e matéria orgânica do solo sejam preservadas ao longo dos anos.
Nesse sentido, a técnica milenar de adubação orgânica tem retomado
importância considerando o crescimento da problemática ambiental e a grande
quantidade de dejetos resultantes das atividades agro-pecuárias e industriais
(ASSMANN et al., 2007).
O adubo orgânico é caracterizado pelos teores elevados de matéria orgânica
e nitrogênio, que é o principal elemento contido nas fezes dos animais. Propicia
melhores condições físicas ao solo, como aeração, retenção e armazenamento de
água bem como melhoria das propriedades químicas e físicoquímicas, fornecendo
nutrientes às plantas e na maior capacidade de troca de cátions (CTC), além de
favorecer a atividade da microbiota (SOUZA et al., 2005).
OBJETIVO
Tendo em vista a crescente produção de dejetos provenientes da criação de
animais de corte e a necessidade de aumento de produção da cultura do milho sem
agressões ao meio ambiente, o presente trabalho objetiva relacionar as
contribuições da adubação orgânica como possível fonte alternativa de N a esta
cultura.
REVISÃO DE LITERATURA
Segundo Döbereiner (1997) a maioria dos solos brasileiros é considerada de
baixa fertilidade natural e, devido a esta deficiência, é imprescindível para o aumento
e manutenção da produção a aplicação de fertilizantes nitrogenados. Entretanto, a
adubação nitrogenada constitui um dos mais altos custos na agricultura,
considerando que a quantidade requerida pela planta é bastante elevada em relação
aos demais macronutrientes.
A reciclagem de dejetos animais utilizados como fonte orgânica de N é uma
alternativa eficaz para o crescimento e desenvolvimento das culturas exploradas por
pequenos e médios produtores, possibilitando o uso dos recursos presentes na
- 349 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
propriedade com baixo custo e na melhoria da fertilidade e conservação do solo
(GALVÃO et al., 1999).
O esterco bovino é uma das principais fontes orgânicas utilizada pelos
agricultores. Devido sua disponibilidade nas propriedades e baixo custo de aquisição
é, em alguns casos, a única utilizada para fertilização orgânica de culturas,
principalmente olerícolas (GALVÃO et al., 2008).
Analisando o efeito de diferentes doses de esterco bovino, aplicados no sulco
do plantio na cultura do milho, Reina et al. (2010) concluíram que as aplicações com
20 t ha-1 de esterco bovino, com um custo inferior a R$ 31,50 por tonelada, pode
indicar uma vantagem econômica e sustentável, na preferência pela adubação
orgânica desta cultura.
A utilização da cama de aves como insumo agrícola é recente. Sabe-se que
os dejetos das aves são uma excelente fonte de nutrientes, sobretudo de N, e
quando manejados adequadamente, podem suprir, parcial ou totalmente, os
fertilizantes químicos. A cama de aviário, constituída de casca de arroz, restos de
ração e penas, utilizados para a forração de galpões de criação de aves de corte
pode ser utilizada para melhorar as propriedades físicas e químicas do solo e a
produtividade de algumas culturas (MENEZES et al., 2003).
Esta prática pode ser avaliada por Noce et al. (2010), em que compararam a
produção de milho para silagem com a aplicação de resíduos orgânicos e adubação
química tradicional. Os resultados apontam que a média do peso de plantas nos
tratamentos com cama de frango foi superior à testemunha sem adubação e inferior
à testemunha com adubação química, constatando que a cama de frango utilizada
como fertilizante orgânico proporciona resultados positivos e, dependendo do custo
e da disponibilidade da mesma, pode substituir com vantagens a adubação química.
Santos et al. (2009) verificaram o efeito da fertilização com esterco bovino e
cama de frango sobre os componentes de produção do milho. Os estudos revelaram
que a adubação com cama de frango aumentou a produtividade de espigas, dos
grãos e do peso médio de espigas e que a associação da adubação com cama de
frango e esterco bovino pode melhorar substancialmente a produtividade de milho
cultivado em sistema de produção familiar.
Os dejetos suínos também são eficazes para promover a adubação do solo e
nutrição das plantas ou mesmo para complementar a adubação mineral. No entanto,
cuidados no manejo desses resíduos são indispensáveis para que a produção de
alimentos não seja prejudicada. Os principais cuidados a serem considerados são a
sanidade dos adubos orgânicos e a aplicação em doses adequadas de forma a
evitar prejuízos ao ambiente (DANIEL, 2005).
Em experimentos, Seidel et al. (2010) avaliaram a eficácia da utilização de
dejetos de suínos na produtividade e no fornecimento de nutrientes para a cultura do
milho cultivado em sistema de plantio direto. A análise estatística da concentração
dos elementos N, P, K, Ca e Mg no tecido foliar no decorrer do cultivo, verificou a
ausência de sintomas visuais de toxicidade ou deficiência na cultura causada pelo
uso do dejeto suíno. Os autores apontam que a aplicação dos dejetos como
adubação de base foi estatisticamente igual na produção de grãos de milho, quando
comparada com a adubação química (NPK), demonstrando sua eficácia na
produtividade, sugerindo então, uma opção viável para o agricultor.
Os estoques de matéria orgânica do solo e seus compartimentos são
importantes na disponibilidade de nutrientes, agregação do solo e no fluxo de gases
- 350 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
de efeito estufa. Nesse sentido, Leite et al. (2003) avaliaram os efeitos de sistemas
de produção de milho sob adubação orgânica e mineral nos estoques totais de
carbono orgânico e nitrogênio e de compartimentos de carbono orgânico em um
Argissolo Vermelho-Amarelo, estimaram ainda a contribuição desses sistemas no
seqüestro ou emissão de CO2 atmosférico. Os resultados apontam que a presença
de adubação orgânica aumentou os estoques de carbono orgânico e nitrogênio total,
em relação aos sistemas de produção com adubação mineral ou mesmo sem
adubação, o que a posiciona como uma estratégia de manejo importante à
conservação da qualidade do solo. No entanto, salientam que os sistemas de
produção com a presença da adubação orgânica não apresentaram potencial para
seqüestro e emitiram as maiores quantidades de C-CO2 para atmosfera. Contudo, a
aplicação do composto orgânico constituiu uma efetiva forma de reciclagem de
nutrientes e retorno de C ao solo.
Dambreville et al. (2008) realizaram um estudo para determinar a emissão de
N2O comparando a aplicação de nitrato de amônio e dejetos suínos no solo cultivado
com milho. Os resultados mostraram que as maiores emissões foram observadas
com aplicação do fertilizante mineral, enquanto para os dejetos suínos aplicados ao
solo foram observadas apenas tendências de aumento, sem necessariamente
apresentar diferença estatística em relação à testemunha.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
Até o momento, os resultados apresentados são promissores no que se refere
à utilização de dejetos animais como fonte alternativa de N, tendo em vista a grande
disponibilidade destes resíduos, reduzindo os custos de produção, quando
comparado com o adubo químico. Outros benefícios também são obtidos com esta
prática, como a melhor agregação do solo, maior disponibilização de nutrientes para
as plantas e até mesmo redução da emissão de gases de efeito estufa.
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INFECÇÃO FÚNGICA POR CANDIDA ALBICANS E CANDIDA NÃO-ALBICANS
NO AMBIENTE HOSPITALAR
GIANOTTO, C. C1.2; ADAMI, L. P. L.1.2; BOMFIM, F. R. C.1.3,4
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Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Discente; Docente; Orientador.
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INTRODUÇÃO
Desde o início dos anos 80 a infecção fúngica, tem crescido de maneira
preocupante. As infecções hospitalares fúngicas constituem uma causa crescente de
morbidade e mortalidade em hospitais em todo mundo, a candidemia é uma
importante infecção relacionada à assistência a saúde (IRAS) nos pacientes
internados. (RIBEIRO et al, 2004). Desde o início dos anos 80 a infecção fúngica
tem crescido de maneira preocupante. Um estudo nos EUA revelou um aumento de
207% em relação à infecção causada por fungos entre os anos de 1979 e 2000
(OLIVEIRA, 2001). A Candida albicans era o 7º patógeno a causar infecções em
ambiente hospitalar, nos dias de hoje estas infecções subiram para o 3º lugar. Entre
as espécies não albicans mais comumente encontradas destacam-se, C. tropicalis,
C. parapsilosis, C. krusei e C. glabrata, também estão implicadas como agentes
causadores de infecção (COLOMBO, 2003). As leveduras possuem alta capacidade
de causar infecção principalmente devido aos fatores de virulência, podendo citar o
fenômeno de aderência (adesina), a variabilidade fenotípica, a produção de enzimas
extracelulares (protease e fosfolipase) e as toxinas e outras que causam diminuição
do sistema imunológico (LACAZ, 1991).
OBJETIVO
Esta revisão de literatura tem como objetivo estudar a infecção por Candida albicans
e não-albicans no ambiente hospitalar, esse tipo de infecção vem aumentando ao
longo dos anos uma vez que as infecções fúngicas pelo gênero Candida são
predominantemente oportunistas e pacientes internados muitas vezes possuem
quadros de imunossupressão facilitando estas infecções.
REVISÃO DE LITERATURA
Durante muitos anos a infecção fúngica, teve pouca expressão na área médica,
possivelmente pela falta de diagnóstico adequado. Com esse crescimento, as
infecções fúngicas vêm se tornando mais freqüentes (COLOMBO et. al. 2003).
Leveduras do gênero Candida são saprófitos, ou seja, convivem normalmente com o
ser humano saudável em locais como a vagina, a boca e a pele. São encontrados na
saliva de 30-60% de indivíduos sadios. Características morfológicas e culturais em
meio sólido, como o Agar Sabouraud, as colônias se apresentam cremosas de
coloração branca ou bege e na microscopia por Gram observa-se células ovaladas,
grandes e de coloração Gram positiva (LACAZ et. al. 1991). Sua presença na
microbiota humana propicia a ocorrência de infecções, principalmente devido aos
fatores de virulência do fungo e a interação com pacientes hospitalizados com
debilidade do sistema imunológico (RIBEIRO et al, 2004). Um levantamento literário
- 353 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
feito por Ribeiro et. al. (2004), durante os anos de 1980 a 1990, observou que o
Centro de Controle de Doenças (CDC) de Atlanta, coletou dados de infecções
fúngicas nosocomiais referente a 115 hospitais, reunindo um total de 30.477
infecções fúngicas documentadas. Foi possível observar que nos anos 80 houve um
aumento da ordem de 400% na incidência de candidemia nos principais hospitais
americanos. Colombo et. al. (2003) conduziu um estudo epidemiológico reunindo
dados sobre infecções de corrente sanguínea documentados em 4 hospitais da
cidade de São Paulo, durante um período de 12 meses um total de 7.038 episódios
de bacteremias e fungemias foram avaliados, sendo que Candida spp respondeu por
4,3 % do total das infecções de corrente sanguínea. Em estudo realizado por
Bomfim et. al. (2008) avaliando pacientes internados que adquiriram infecção do
trato urinário em um hospital público da cidade de São Paulo no ano de 2006 foi
observado na Unidade de Terapia Intensiva como microrganismo mais prevalente a
Candida albicans (23.50%), seguida das bactérias gram negativas E. coli e P.
aeruginosa (33.30%). O relatório do Hospital Israelita Albert Einstein (2008)
avaliando a Unidade de Terapia Intensiva e as infecções por Candida spp observou
que este microrganismo foi ainda mais freqüente, sendo responsável por 90 a 95%
das infecções fúngicas documentadas. A Candida albicans foi mais prevalente com
66 casos (43%), seguido da Candida parapsilosis com 34 casos (22%), Candida
tropicalis com 24 casos (15%), Candida glabrata 13 casos (9%), e a Candida krusei
com 9 casos (6%). Outras espécies representaram 5% dos casos. Colombo et. al.
(2003) observou que em seis hospitais terciários do Rio de Janeiro e São Paulo,
envolvendo 145 episódios de candidemia mostrou que as espécies mais
freqüentemente isoladas foram C. albicans (37%), C. parapsilosis (25%), C. tropicalis
(24%), C. rugosa (5%) e C. glabrata (4%). Uma pesquisa realizada no Hospital São
Vicente de Paulo no município de Cruz Alta, RS foram coletadas amostras vindas
das mãos de 100 profissionais da saúde sendo que destes 100, 77 dos profissionais
apresentavam Candida spp habitando de forma comensal a microbiota da pele das
mãos. Destes 77 profissionais foram verificadas que das 99 colônias de Candida
spp. 41 (41%) eram de Candida albicans e 58 (59%) eram de outras espécies de
Candida (SCHAFFER; NAUMANN, 2010). Analisando casos de candidemia em um
Hospital terciário do Nordeste do Brasil entre o período de 2003 e 2004,
(HINRICHSEN et. al. 2008) observou 21 episódios de candidemia em 18 pacientes.
Destes 7 episódios eram de Candida parapsilosis e 6 eram de Candida albicans.
Dos casos estudados 13 episódios de candidemia ocorreram predominantemente
em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Dos pacientes
estudados, as doenças de base mais predominantes foram à pulmonar (48%),
seguida pela neurológica (33%), cardíaca (29%) e hepática (29%). Em estudo
realizado na Faculdade de Medicina da USP por Batista (2009) observou no período
entre junho de 2006 e março de 2007, 125 neonatos internados na UTI sendo que
12 apresentaram septicemia. A levedura Candida albicans foi isolada do sangue em
50% (6/12) dos neonatos, a Candida parapsilosis foi isolada em 33,5 (4/12) dos
internados. Desses 12 internados por sepse fúngica 6 apresentaram cateter venoso
com cultura positiva sendo que 66,7% (4/6) por Candida parapsilosis e 33,3 (2/6) por
levedura Candida albicans. Estudo feito por Maluche (2008) revisando a literatura a
frequência das espécies de candida observados em casos de candidemia no Brasil,
sendo que a Candida albicans foi de maior prevalência e incidência nos casos de
candidemia de acordo com vários autores. Já Chang et. al. (2008) avaliando em
- 354 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
hospital terciário do Mato Grosso do Sul, entre os períodos de 1998 a 2006, os
autores verificaram que 20,8% dos pacientes entre 0 a 30 dias apresentaram
candidemia. No Brasil, Matsumoto et. al. (2001), em estudo realizado no hospital
público infantil em São Paulo verificaram que de 80 amostras provenientes de
sangue e cateter, as espécies prevalentes foram Candida parapsilosis (35%)
seguida de Candida albicans (20%). Estudo retrospectivo durante o período de nove
anos, 1995 a 2003, em hospital terciário de Porto Alegre e verificaram que 191
pacientes tiveram Candidemia, prevalecendo espécie Candida parapsilosis
(PASQUALATO et. al. 2006). Saiman et. al. (2001) estudaram os fatores de risco
para colonização por Candida em seis UTINs. Esse estudo retrospectivo de 15 anos
de Candidemia em UTIN nos Estados Unidos em relação ás espécies de leveduras,
Candida albicans predominou no primeiro período, ou seja, de 81 a 90; Candida
parapsilosis predominou no período seguinte (91 a 95), sendo responsável por 60%
dos casos. A Candida tem sido destacada por diversos autores como sendo o
principal fator de risco para o desenvolvimento da infecção fúngica sistêmica (SILVA
et. al. 2007). Paula et. al. (2007) relatou a freqüência das espécies de leveduras
isoladas do sangue de crianças (zero a sete anos) hospitalizadas em um hospital
público da cidade de São Paulo. A levedura Candida albicans apresentou 37% dos
casos de infecções fúngicas hospitalares, seguida da Candida parapsilosis com 25%
dos casos, sendo que a Candida tropicalis apresentou 24%, Candida glabrata 6%
dos casos, e a Candida krusei com 3% dos casos, outras espécies de leveduras
apresentaram 4%. Em outro estudo realizado por Paula et. al. (2007), em um
hospital público da região Oeste Paulista da cidade de São Paulo, no período de
2003 a 2006 em adultos internados na UTI pelo uso de cateter venoso central,
indicaram a prevalência da levedura Candida albicans, sendo responsável por 55%
das infecções fúngicas neste hospital, seguida de outras espécies de Candida
representando 45%. Neto et. al. (1995) realizou um estudo retrospectivo dos
primeiros 500 pacientes submetidos a transplantes renal no Hospital das clínicas da
faculdade de medicina da USP da cidade de Ribeirão Preto, Setenta e seis
pacientes apresentaram um total de 82 episódios de infecção fúngicas, a prevalência
foi do Gênero Candida sp. com 39% dos casos seguido dos fungos Cryptococus sp.
com 29,2% e Aspergillus sp. represendanto 6% e outras espécies 25,8% dos casos
estudados. O aumento na freqüência de candidemia também tem sido observado
particularmente entre pacientes em uso de antimicrobianos, terapia
imunossupressora, nutrição parenteral e em pacientes expostos a múltiplos
procedimentos invasivos (NUCCI et. al. 2002). Um estudo no Hospital Regional da
Asa Sul do Distrito Federal, verificou que a incidência de infecção fúngica no período
neonatal tem aumentado ao longo dos últimos anos. Cerca de 12% dos recémnascidos (RN) que ficam internados em UTIs no hospital regional Asa Sul por mais
de 3 dias apresentaram infecção fúngica. Em RN com menos de 1500g que
sobrevivem por mais de 3 dias, a incidência de infecção fúngica varia entre 4 a
15%. Daí a importância da infecção fúngica, tanto pela incidência que vem
aumentando como pela gravidade do quadro com alta mortalidade (MARGOTTO et.
al. 2005). Em outro estudo realizado por Margotto et. al. (2005) na UTI do Hospital
Asa Sul durante o ano de 2004, o gênero Candida foi o mais prevalente, pois elas
representam 95-99% das infecções fúngicas no período neonatal. Há várias
especíes de Candidas que podem causar infecção fúngica; as mais freqüentes são a
C. albicans (60-70%) e C. parapsilosis (25-30%). Existem outras espécies de
- 355 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Candidas que causam infecção no período neonatal neste Hospital, como C.
glabata, C.tropicalis, C. lusitanea, C. Krusei , lembrando que são 14 espécies de
interesse médico que podem representar uma infecção por cândida, com
significância clínica. Os profissionais que trabalham no hospital devem ser bem
treinados quanto aos procedimentos de controle de infecções nosocomiais. A
avaliação feita de contágio microbiológico dentro de ambiente hospitalar tem
mostrado que fatores como o contato direto entre pacientes, contato de pacientes
com profissionais de saúde que carregam os patógenos em suas mãos,
principalmente na dobra de dedos mal higienizados e nas unhas, em instrumentos
cirúrgicos sem a devida assepsia ou em contatos com materiais hospitalares
infectados, são de grande importância para a propagação de patologia fúngica
dentro dos hospitais, principalmente leveduras de Cândida (RIBEITO et. al. 2004).
Espécies do gênero Candida têm sido os agentes mais freqüentemente isolados,
correspondem a cerca de 80% das infecções fúngicas de origem hospitalar e são a
quarta causa de infecção da corrente sanguínea, conduzindo ao óbito em torno de
25 a 38% dos pacientes que desenvolvem candidemia. Até alguns anos atrás
Candida albicans era a espécie de maior interesse clínico, contudo, paralelamente
ao aumento geral das candidemias observou-se aumento das infecções decorrente
sangüínea por espécies de Candida não-albicans como: C. parapsilosis, C.
tropicalis, C. glabrata, C. krusei,C. guilhermondii e C. lusitaniae (TAMURA et. al.
2007). Oliveira et. al. (2001) realizou um estudo durante o ano de 1998 foram
isoladas espécies de Candida na urina de 166 pacientes do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto SP. Cem destes pacientes foram
selecionados de maneira aleatória, porém incluindo apenas aqueles cuja candidúria
foi detectada depois de três ou mais dias de hospitalização. Os prontuários médicos
desses 100 casos foram revisados com auxílio de uma ficha padronizada para coleta
de informações sobre a epidemiologia, a clínica e a abordagem diagnóstica e
terapêutica relacionáveis com o achado microbiológico. O plano de amostragem e os
resultados obtidos foram, segundo o sexo, foram encontrados 51 pacientes
masculinos e 49 femininos. Tinham idade entre 1 mês e 91 anos, sendo 54 anos a
mediana. No período de ocorrência da infecção por Candida estavam hospitalizados
nos seguintes setores: 42 em enfermarias clínicas, 14 em enfermarias cirúrgicas,
oito em enfermarias pediátricas e berçário, 33 em unidades de terapia intensiva e
três em unidade para transplantados renais. Verificou-se período mediano de 20
dias entre a internação e a detecção de Candida na urina, sendo que para 87% dos
doentes esse período superou há 10 dias. A candidúria foi causada principalmente
por espécies não-albicans (64%), destacando-se C. tropicalis que foi identificada em
53/101 isolamentos. A contagem de colônias de Candida superou a 20.000/mL de
urina em 76% das 98 amostras quantificadas. Dos 66 pacientes nos quais foi
realizado o exame de urina tipo I no dia da candidúria, em 79% havia a presença de
leveduras no sedimento urinário; outros achados foram leucocitúria 58% e
bacteriúria 18%.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi visto que as infecções fúngicas no ambiente hospitalar têm crescido ao longo
dos tempos sendo mais prevalentes pela levedura do gênero Candida spp. Sugerese que o aumento da incidência de infecções fúngicas, pelo gênero Candida spp se
da pelo fato destas leveduras serem oportunistas e estarem mais presentes em
- 356 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
pacientes imunodeprimidos. A infecção fúngica geralmente não é a primeira opção
médica para pedidos de exames laboratoriais tornando assim o diagnóstico destas
infecções tardio e levando a complicações mais graves em pacientes já
imunodeprimidos. Observou-se que os estudos têm revelado que as infecções
fúngicas no ambiente hospitalar tem sido de maior prevalência pela espécie Candida
albicans, seguidas das Candida parapsilosis, C. tropicalis, C. krusei, C. rugosa, C.
glabrata sendo que estas leveduras correspondem pela maioria dos casos de
candidemias.
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de
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Palavras-chave: Infecção Hospitalar Fúngica, Candida albicans, Candida nãoalbicans.
- 358 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A INCLUSÃO ESCOLAR NOS DIAS DE HOJE: UMA REVISÃO DA LITERATURA
MEDEIROS, A.P.1,1; BARREIRA, S. D.1,2
1
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP-USP, Ribeirão Preto, SP;
1.2
Discente; Docente.
1.1
[email protected]; [email protected]
INTRODUÇÃO
O tema da inclusão escolar tem sido foco crescente de debates e estudos,
seja na escola ou nos meios científicos. Esse interesse dá-se pela dificuldade em se
implementar esse projeto nas escolas e de alcançar os objetivos propostos. Estes
estudos têm a sua importância no sentido de auxiliar os profissionais da área de
educação e outros envolvidos no processo a trabalhar a favor deste processo, de
forma a auxiliar os alunos com necessidades educativas especiais.
É sabido que este processo de inclusão escolar é influenciado por vários
fatores, tais como: a forma como este está presente e embasado na legislação, a
maneira que a escola está organizada para receber os diferentes alunos com
necessidades educativas especiais, podendo influenciar neste fator a formação,
envolvimento e empenho dos professores, o ambiente físico da escola, a elaboração
do projeto político pedagógico, entre outros. Além disso, a forma como os alunos,
professores, funcionários e pais de alunos (incluindo também os pais de alunos que
se enquadram no processo de inclusão) percebem o processo de inclusão também
interfere no andamento deste, uma vez que acreditar e trabalhar para que ele
aconteça pode favorecer um melhor desenvolvimento dele.
OBJETIVOS
Este trabalho procura revisar a literatura a fim de saber o que as pesquisas
têm apontado a respeito do andamento do processo de inclusão nos ambientes
escolares. Para isso, procurar-se-á contemplar alguns tópicos, a fim de que estes
abranjam em grande parte os aspectos que envolvem a inclusão escolar. Os tópicos
são os seguintes: retrospectiva histórica da inclusão; propostas de inclusão escolar
em legislações e documentos; importância da socialização para a inclusão escolar; o
processo de aprendizagem na inclusão escolar e as perspectivas dos envolvidos
com a inclusão.
REVISÃO DA LITERATURA
A respeito dos antecedentes do processo de inclusão escolar Januzzi (2004)
aponta que não há literatura brasileira relatando o período de institucionalização dos
deficientes, ou seja, época em que aqueles que apresentavam quaisquer
deficiências eram internados em hospitais. Este processo ocorreu até o início da
década de 60, sendo que, após várias transformações e reivindicações passou-se a
pensar na integração dos deficientes, que foi estudada por Aranha (2001): as
pessoas portadoras de deficiência deveriam ter o direito de adquirir condições e
padrões de vida cotidiana o mais próximo do normal que fosse possível, mas para
isso deveriam ser adaptadas à sociedade. Após a década de 80 este processo
- 359 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
passou a perder força e o conceito de inclusão passou a ser discutido e aceitado. De
acordo com Aranha (2001) o processo de inclusão escolar se baseia na ideia de que
a sociedade precisa se adaptar e garantir o acesso a todos em diferentes áreas,
independente de suas diferenças e dificuldades.
Neste contexto insere-se a inclusão escolar: a escola deve estar adaptada
para receber e trabalhar com diferentes alunos, incluindo aqueles que possuem
alguma necessidade educativa especial. A partir desta ideia as legislações
começaram a se adaptar e novos documentos surgiram para embasar esta
proposta.
A Declaração de Salamanca (1994) é um dos documentos mais importantes
da área, pois reconhece o direito de que os alunos podem ser incluídos em escolas
regulares, trazendo as responsabilidades de todas as partes envolvidas, como o
governo, as famílias e as comunidades.
Com relação às legislações brasileiras pode-se dizer que a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação (L.D.B.) 9394/96 (Brasil, 1996), que é o principal documento
educacional em vigor no país reconhece que todos têm condições para acesso e
permanência na escola, sendo que o Estado deve se responsabilizar pelo ensino
diferenciado aos alunos com necessidades educativas especiais.
De acordo com os autores Alves e Canterle (2002) um dos objetivos da
inclusão escolar é favorecer a socialização entre os alunos com necessidades
educativas especiais e os outros alunos. Entende-se que esta socialização
favorecerá os alunos de inclusão por prepará-los para uma inserção em diferentes
ambientes, como o de trabalho, por exemplo.
Apesar desta ideia, percebe-se que muitos alunos com necessidades
educativas especiais têm sido excluídos por outros alunos nas escolas regulares.
Para Melo e Martins (2007) pela dificuldade em aceitar aquilo que é diferente e,
principalmente, aquele que não se enquadra nos padrões do que é considerado
normal pela sociedade.
Apesar destas dificuldades, Teixeira e Kubo (2008) apontam estratégias de
auxiliar esses alunos a se socializarem no ambiente escolar. Dentre essas
estratégias encontram-se: incluir o aluno em salas cujos alunos apresentem padrões
de interação mais flexíveis de comportamento, e que tenham idade próxima a do
aluno. Além disso, é importante que o aluno sente-se em cadeiras centrais, para
facilitar a comunicação com um maior número de alunos.
Apesar de a socialização ser considerada um fator importante na inclusão
escolar é de extrema importância que se pense nas maneiras de propiciar
aprendizagem a esses alunos. Segundo Marchesi (2004) para que isso ocorra é
necessário um projeto compartilhado, um currículo adaptado, uma organização
flexível e atitudes positivas da comunidade educacional. É importante que a escola
se organize nos âmbitos político, filosófico e estrutural paa fornecer educação de
qualidade a esses alunos, sendo relevante que se pense em questões como a
adaptação curricular e a melhor formação de professores.
O currículo da escola deve valorizar a diversidade entre os alunos pensando
em diferentes estratégias de ensino para os alunos. A escola precisa estabelecer
metas de ensino para todos os alunos e valorizar uma avaliação que contemple as
diferenças individuais, de forma que as metas alcançadas sejam valorizadas.
Além destas questões é importante analisar a forma como os envolvidos no
processo – alunos, pais, comunidade, professores, funcionários – percebem e
- 360 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
trabalham para o favorecimento da inclusão escolar. Este tema tem sido foco de
inúmeras pesquisas, pela sua relevância para um bom andamento do processo de
inclusão escolar.
Neste sentido, o estudo de Viana (2005) pesquisa a perspectiva de
professores envolvidos no processo de inclusão escolar. Segundo a autora, aqueles
que lecionam para alunos com necessidades educativas especiais trabalham com
insegurança, por não conhecer as melhores estratégias de ensino para com eles.
Percebe-se então que a formação dos professores têm sido deficitárias, sobretudo
no preparo deles para o trabalho com as diferenças.
Desta forma, é importante que seja realizado um trabalho com os professores
no sentido de auxiliá-los a perceber que os alunos com necessidades educativas
especiais precisam ter as suas potencialidades trabalhadas, para que possam
adquirir conhecimentos. Gomes e Barbosa (2006) enfatizam que as dificuldades
observadas pelos professores devem ser vistas como desafio e não como um
obstáculo, para que possam ser ultrapassados de uma maneira que auxilie mais o
estudante.
Segundo Batista e Emuno (2004) a opinião dos alunos envolvidos no
processo de inclusão escolar também deve ser considerada. Os estudantes com
necessidades educativas especiais são frequentemente rejeitados pelo restante da
sala, o que pode ser explicado pelo entendimento que os outros alunos têm de que
estes alunos apresentam comportamentos inadequados. Além disso, em alguns
casos, como nos deficientes auditivos, por exemplo, há a barreira lingüística, uma
vez que a dificuldade na comunicação dificulta uma maior integração.
Com relação aos pais, percebe-se que muitos deles não são a favor de incluir
seus filhos com necessidades educativas especiais em escolas regulares de ensino,
uma vez que se entende que eles não terão atendimento adequado, pois as escolas
regulares têm problemas como professores despreparados e turmas numerosas. Por
isso, seria importante procurar incluir os pais em momentos de se pensar como
melhorar a inclusão dos alunos. Um destes momentos seria a construção do projeto
político-pedagógico em conjunto com todos os envolvidos, pois assim todos
poderiam pensar estratégias importantes para o andamento do projeto e que
estejam ligadas à realidade daquela escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da revisão apresentada pode-se perceber que o processo de inclusão
escolar ainda encontra-se em fase inicial de instalação, uma vez que parece que os
objetivos do processo pouco foram alcançados. É importante que novas pesquisas
na área continuem, para que sejam pensadas estratégias de mudança e para que a
sociedade se mobilize no sentido de procurar auxiliar as escolas com este trabalho.
Uma vez que estejam sensibilizados pela problemática, a comunidade por ajudar na
elaboração de um projeto político-pedagógico completo e diversificado, podendo
também trabalhar para que o preconceito contra aquele que é diferente diminua,
aumentando assim as chances de este se socializar na escola e ser incluído no
mercado de trabalho futuramente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PALAVRAS-CHAVE: inclusão escolar; necessidades educativas especiais; revisão
da literatura
- 362 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
PREVALÊNCIA DE PARASITOSES INTESTINAIS E PROTOZOÁRIOS
COMENSAIS EM CRIANÇAS DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ OMETTO,
ARARAS-SP
VARANDA, S.S.1,1; THOMASINI, R.L.1,2; MORAES, S.C.1,3; SCARCELLA, A.C.A1,4; MIANO,
J.1,5; OLIVEIRA, C.F.1,6
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
6
Profissional, Profissional, Orientador.
4
2
Docente,
3
Profissional,
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
As enteroparasitoses são um sério problema de saúde pública e estão relacionadas
às condições sócio-econômicas e ambientais em que o indivíduo vive, bem como o
seu grau de instrução (BASSO et al., 2008; CASTRO et al., 2004; LUDWIG et al.,
1999; ROQUE et al., 2005). Sua alta prevalência é utilizada como indicador de nível
sócio-econômico por estarem associadas em locais com infra-estrutura deficiente
(GUERRA et al., 1991; QUADROS et al., 2004).
Segundo PEDRAZZANI et al. (1988), as enteroparasitoses juntamente com a
ingestão deficiente de alimentos, são considerados os fatores principais na
fisiopatologia da anemia e da desnutrição protéico-calórica, interferindo no bom
desempenho do indivíduo em suas atividades de trabalho e aprendizado.
As infecções parasitárias prejudicam a absorção de nutrientes, influenciando o
estado nutricional, crescimento e função cognitiva de crianças desnutridas (PRADO
et al., 2001; SILVA et al., 2009).
Estudos epidemiológicos sobre a prevalência de parasitos intestinais têm sido
realizados no Brasil, mas há dificuldade em se comparar os resultados obtidos,
devido à variedade de métodos de coleta das amostras, conservação e técnicas
empregadas para análise. Outro fator complementar é a diversidade das populações
selecionadas nessas pesquisas (CARVALHO et al., 2002; CASTRO et al., 2004;
FERREIRA et al., 2000).
No ano de 2000, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou o
mapeamento dos serviços de saneamento básico do país, no qual foi observado que
97,5% dos municípios possuem abastecimento de água e o serviço que apresentou
a menor taxa de cobertura no país foi o de esgotamento sanitário, com apenas
52,2% dos 5507 municípios brasileiros apresentando este serviço (fonte: IBGE –
PNSB 2000).
A transmissão das parasitoses intestinais está associada aos hábitos de higiene,
condições de moradia e peridomicílio do hospedeiro (TOSCANI et al., 2007).
OBJETIVO
Avaliar a prevalência das enteroparasitoses nas crianças que estudam na Escola
Estadual José Ometto, e correlacionar a positividade das amostras com o grau de
higiene pessoal e doméstica, e saneamento dos bairros onde as crianças moram. E
desta maneira, intervir, se necessário, com tratamentos e palestras educativas.
MATERIAL E MÉTODOS
- 363 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A pesquisa foi realizada na Escola Estadual José Ometto (Usina São João),
localizada na zona rural da cidade de Araras, SP, em 2009. Participaram da
pesquisa 96 escolares, com idade de 7 a 15 anos.
Como as amostras fecais foram obtidas de escolares de ensino fundamental, foi
necessária a autorização dos responsáveis por meio de um termo de consentimento
livre e esclarecido.
Após a autorização supra citada, os responsáveis responderam a um questionário,
em que as perguntas estavam relacionadas com o grau de instrução da mãe, renda
familiar, saneamento básico do bairro onde moram e higiene pessoal.
Foram distribuídos coletores universais, previamente identificados com o nome e
série de cada criança, conforme uma relação fornecida de todos os alunos
matriculados pela secretaria da escola.
Os materiais coletados foram encaminhados ao laboratório de Análises Clínicas do
Centro Universitário Hermínio Ometto, UNIARARAS, onde foram realizadas as
análises coproparasitológicas de Lutz, Hoffman, Pons & Janer (sedimentação
espontânea) e de Faust et al. (centrifugo-flutuação em solução de sulfato de zinco)
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa e Mérito
Científico da UNIARARAS (nº. 144/2009).
Os resultados obtidos foram expressos por meio do índice epidemiológico:
prevalência para avaliar o número de amostras infectadas e os parasitas mais
frequentes. Para avaliar a correlação entre as respostas obtidas por meio do
questionário e a positividade das amostras foi utilizado o teste do Qui-quadrado ou
Fisher, p valor < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram da pesquisa 96 escolares, sendo que 55,2% pertenciam ao sexo
masculino (53/96) e 44,8% ao sexo feminino (43/96). Por meio do questionário
aplicado, foi obtido o perfil das crianças da Escola Estadual José Ometto.
As informações sobre o perfil da população estudada estão descritas na tabela 1.
Tabela 1. Perfil da população estudada
N
%
MASCULINO
FEMININO
53
43
55,2
44,8
SEM ESTUDO
ENSINO FUNDAMENTAL
ENSINO MÉDIO
ENSINO SUPERIOR
NÃO INFORMADO
5
41
21
25
4
5,2
42,7
21,9
26,0
4,2
< 1 SALÁRIO MÍNIMO
1 SALÁRIO MÍNIMO
RENDA FAMILIAR MENSAL 2 SALÁRIOS MÍNIMOS
> 3 SALÁRIOS MÍNIMOS
NÃO INFORMADO
9
38
35
11
3
9,4
39,6
36,4
11,5
3,1
ESCOLARES
FORMAÇÃO MATERNA
- 364 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Das 96 amostras analisadas, cerca de 27% (26/96) eram positivas para alguma
espécie de parasito intestinal e cerca de 73% (70/96) das amostras foram negativas
para parasitos intestinais.
Das amostras positivas 61,5% (16/26) pertenciam ao sexo feminino, enquanto que
apenas 38,5% (10/26) pertenciam ao sexo masculino.
Das amostras analisadas, 76,9% (20/26) apresentaram um único parasito. Enquanto
que 23,1% (6/26) das amostras tinham duplo parasitismo. As associações foram
entre Entamoeba coli com Endolimax nana e Enterobius vermicularis com
Entamoeba coli. Não houve amostras com mais de duas espécies.
A figura 1 mostra que os parasitos mais freqüentes foram os protozoários
comensais, Endolimax nana e Entamoeba coli. O protozoário patogênico Giardia
lamblia e o helminto Enterobius vemicularis também foram encontrados, mas com
frequência menor. A distribuição da prevalência foi respectivamente: 53,8% (14/26);
38,5% (10/26); 23,1% (6/26); e 7,7% (2/26)
Prevalência dos Parasitos Intestinais
Enterobius
vermicularis
7,7%
Giardia lamblia
23,1%
Endolimax nana
53,8%
Endolimax nana
Entamoeba coli
Entamoeba coli
38,5%
Giardia lamblia
Enterobius vermicularis
Figura 1. Prevalência dos Parasitos Intestinais.
Após a obtenção dos resultados foi aplicado o teste estatístico (Fisher e Quiquadrado), em que foi verificado que não houve correlação entre ingestão de água
oriunda de poço artesiano, grau de escolaridade da mãe e consumo de verduras
produzidas nas residências dos escolares com a transmissão dos parasitos
intestinais nessa população, pois o valor do p foi maior que 0,05.
O número de alunos matriculados na Escola Estadual José Ometto (Usina São
João), no período da pesquisa, era de 352. Foram analisadas 96 amostras (27,27%),
como foi analisado mais de um quarto da população estudantil, considera-se que a
amostragem foi representativa.
- 365 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A prevalência geral das parasitoses intestinais nos escolares examinados foi de
27,1%, contando com os protozoários comensais Endolimax nana e Entamoeba coli.
Em relação aos parasitas encontrados, esta pesquisa se enquadra com Rocha et al.
(2000) que avaliou os parasitos mais freqüentes Giardia lamblia e Entamoeba coli;
Castro et al. (2004) sendo Giardia lamblia, Entamoeba coli e Endolimax nana;
Ferreira & Andrade (2005) Entamoeba coli e Giardia lamblia; Machado et al (2008)
Giardia lamblia, Entamoeba coli.
Houve maior freqüência da positividade das amostras no sexo feminino, mesmo
sendo o sexo masculino com maior amostragem. Este dado não pôde ser justificado.
Após a obtenção dos resultados, foi aplicado o teste estatístico de Fisher ou Quiquadrado para verificar se houve correlação entre a positividade das amostras com
o questionário aplicado. No presente estudo não houve correlação entre a utilização
de poço artesiano, grau de escolaridade da mãe e o fato dos estudantes terem horta
em casa. Em todas as correlações, o valor do p foi maior que 0,05. Este fato pode
ser justificado pela população ser pequena e restrita, pois somente foram analisadas
amostras de uma escola do município de Araras.
Não foi possível correlacionar a lavagem das mãos antes das refeições, saneamento
básico e renda mensal familiar com a positividade das amostras. No caso da
higienização das mãos antes das refeições, todos os escolares responderam que a
fazem; todos alegaram morarem em bairro com saneamento básico. No caso da
renda mensal familiar, todos tinham remuneração, não sendo possível aplicar o
teste.
A Escola Estadual José Ometto é assistida por programas de extensão universitária
da Uniararas, contando com projetos do curso de Enfermagem que abordam
assuntos como higiene pessoal, programas de saúde e prevenções de doenças.
Adicionalmente, o curso de Tecnologia em Alimentos que auxilia na qualidade das
merendas escolares e os alunos ficam em um período integral na escola, justificando
o resultado encontrado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A população estudada, apesar de ser assistida por programas de extensão
universitária realizados por professores e estudantes do Centro Universitário
Hermínio Ometto, ainda carece da implantação de programas voltados à educação
sanitária para a comunidade, pois apesar dos parasitas mais prevalentes serem
comensais, estes são indicativos de contaminação fecal.
Por fim, é preciso destinar, maior atenção ao tratamento de água utilizada ao
consumo humano, com a adoção de medidas preventivas adequadas, como por
exemplo, o uso de filtros de porcelana porosa capazes de reter os cistos de
protozoários.
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ORGÃO FINANCIADOR: FUNDAÇÃO HERMÍNIO OMETTO
TRABALHO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
PALAVRAS-CHAVES: Enteroparasitoses; Prevalência; Crianças.
- 368 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES DE CAMPINAS /SP –
COMPARAÇÃO COM HÁBITOS DE VIDA
ZANIBONI, R.G¹,²; DANIEL, F.J.¹,³
Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCC¹, Discente ², Orientador³
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Um dos temas comentados regularmente hoje em dia na sociedade é a
necessidade de fazer uma atividade ou um exercício físico freqüentemente.
Juntamente com este tema, encontram-se vários problemas ligados à falta desta
prática como o sedentarismo, a obesidade e as doenças crônicas não
transmissíveis, entre elas o colesterol, diabetes, hipertensão e doenças
cardiorrespiratórias. Apesar do reconhecimento da importância da atividade física
como fator de promoção da saúde e de prevenção de doenças, a prevalência de
exposição a baixos níveis de atividade física é elevada e segundo, parece afetar
pessoas de todas as idades. (TASSITANO, 2007; HALLAL, 2005) Existem hoje
programas de atividade física voltados especificamente para crianças e
adolescentes. Este incentivo para a prática de atividade física está muito voltado
para as pessoas desta idade, uma vez que se sabe que ao fazer exercícios os
benefícios conquistados são inúmeros, e as crianças de hoje em dia passam muito
mais tempo em frente de computadores, videogames e televisões, do que fazendo
esportes ou brincando ativamente. Aumentando assim, a preocupação voltada a
esta faixa etária de se exercitar para evitar problemas posteriores. Outro problema
que indiretamente influencia no comportamento pouco ativo das crianças é a
segurança nas cidades. Ir à escola a pé, ou de bicicleta compreenderia uma
atividade física, por menor que seja a intensidade, no cotidiano desta criança.
Porém, devido ao trânsito, assaltos e distância da escola, as crianças usam
transportes coletivos ou carros para se locomoverem, sendo este outro motivo para
a falta de atividade física na infância. Uma criança saudável tem grandes chances
de ser um adulto saudável, portanto informação e programas específicos de
atividade física facilitarão um crescimento e vida saudáveis para estas pessoas.
OBJETIVO
Tendo em vista os hábitos de vida pouco ativos das crianças nos dias atuais, o
objetivo deste trabalho foi analisar o nível de atividade física destes, em período
escolar, e compará-lo com os hábitos de vida. Além de estabelecer uma relação
entre a influência da quantidade de atividades físicas praticadas na mudança de
hábitos de vida destas crianças.
METODOLOGIA
Para realização desta pesquisa a amostra foi constituída por 63 crianças, sendo 32
crianças do gênero masculino e 31 do gênero feminino, todas com 13 anos de idade,
escolares, e participantes da edição de 2010 dos Jogos Municipais Escolares da
cidade de Campinas - SP. Para que fosse determinado o nível de atividade física
- 369 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
destes escolares, foi utilizado o questionário Youth Risk Behavior Survey (YRBS),
traduzido para o português pelo Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física
de São Caetano do Sul (CELAFISCS). Este questionário é composto por 11
questões, sendo estas fechadas e abertas. O objetivo das questões contidas no
YRBS é quantificar a frequencia de atividades físicas do indivíduo, sejam elas: leves,
moderadas ou vigorosas. Para esta quantificação são feitas perguntas sobre hábitos
de vida, presença em aulas de Educação Física e escolinha de esportes, meio de
transporte para irem à escola e a duração em minutos deste trajeto. Outras questões
do teste apontam para quantidade de horas assistindo televisão ou jogando vídeo
game. As respostas do questionário foram referentes à dias anteriores não
longínquos ao dia da entrevista. O questionário foi aplicado através do método de
entrevista direta e presencial com as crianças envolvidas, com o consentimento dos
seus responsáveis, e conduzido pelo pesquisador responsável e pelo orientador do
trabalho. Para determinação dos resultados foi usada apenas a quantificação das
respostas do questionário, expressas em porcentagem, tanto geral como entre os
gêneros. (SANTOS et al, 2001).
RESULTADO
Entre as 32 crianças do gênero masculino, 34,38% foram consideradas fisicamente
ativas. Para serem classificadas como fisicamente ativas, elas devem praticar mais
de 300 minutos semanais de atividades físicas moderadas e intensas. Observa-se
que essa porcentagem de meninos pratica atividades físicas de 5 a 7 dias na
semana; possui aulas de Educação Física com tempo superior à 40 minutos;
participa de pelo menos 1 equipe esportiva dentro ou fora da escola; usa de meios
ativos para irem ao colégio (a pé ou de bicicleta, por exemplo); além de assistirem
pouca televisão e jogarem pouco videogame. Já em relação às crianças do gênero
feminino, das 31 que responderam ao questionário apenas 12% são fisicamente
ativas (MOMESSO et al, 2009). Esta porcentagem corresponde a meninas que
praticam atividades físicas em pelo menos 4 dias da semana; possuem aulas de
Educação Física com tempo de duração superior a 50 minutos; participam de pelo
menos uma equipe esportiva; não usam de carros ou transportes coletivos para irem
à escola, optando por meios de transportes ativos (bicicleta ou andando).
Complementando os índices ficam poucas horas assistindo televisão e poucas horas
jogando videogame.
Analisando- se os dados gerais, mixando os gêneros, dentro das 63 crianças
analisadas encontraram-se apenas 15 crianças (23%) fisicamente ativas. Além de
perceber um número muito maior de meninos ativos, se comparados com as
meninas ativas (OEHLSCHLANGER et AL, 2004). As outras 48 crianças que não
atingiram os minutos mínimos para serem classificadas como fisicamente ativas não
são necessariamente todas sedentárias. O questionário, entretanto, as classifica
como ativas ou não-ativas, portanto qualquer valor ativo abaixo de 300 minutos em
atividade física moderada ou intensa, coloca as crianças em um grupo de risco.
Pertencendo a este grupo possuem certa propensão para que desenvolvam alguma
doença ligada ao sedentarismo. (FLORINDO, et al. 2006).
CONCLUSÃO
O número de crianças fisicamente ativas está muito abaixo do esperado,
principalmente no gênero feminino. Porém quando são analisados os hábitos das
- 370 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
crianças fisicamente ativas, encontramos possibilidades palpáveis a todos, como por
exemplo: fazer as aulas de Educação Física na escola, ou ir de bicicleta ou a pé
para o colégio em alguns dias da semana. Com uma maior dedicação da escola nas
aulas de Educação Física, com um maior incentivo ao esporte dentro e fora do
âmbito escolar, juntamente com uma campanha de se usar meios de transportes
alternativos para ir à escola, a pé ou de bicicleta, por exemplo, pode-se aumentar o
número de crianças fisicamente ativas. (OEHLSCHLANGER et AL, 2004) A tarefa
sem dúvida não é simples, dependerá de uma iniciativa da escola para programas
esportivos, para aulas de Educação Física mais dinâmicas e até das cidades
possibilitando segurança nas ruas e no trânsito para que as crianças consigam ir à
escola andando ou pedalando. Mesmo havendo certa dificuldade para a implantação
de todas estas possibilidades, espera-se proporcionar uma infância mais saudável a
estas crianças, e um futuro saudável para estes futuros adultos.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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PALAVRAS CHAVE: atividade física, sedentarismo, hábitos de vida.
- 372 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A INFLUÊNCIA DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES MOTORAS FUNDAMENTAIS EM
PRÉ-ESCOLARES
MENEGUCI, F.1; OZELO, H.2; PEROTTI JÚNIOR, A.3
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS; discente;
Faculdade Integrada Eistein de Limeira – FIEL, orientador
3
Universidade Paulista – UNIP,
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento motor, a precisão e exatidão na execução dos
movimentos fundamentais e especializados, referem-se ao termo habilidade motora.
Essas habilidades são desenvolvidas e aperfeiçoadas até o momento em que as
crianças já são capazes de utilizá-las com facilidade e de maneira eficiente dentro
do seu ambiente (GALLAHUE; DONNELLY, 2008).
O desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais ocorre por volta
dos 3 aos 6 anos idade, época em que as crianças devem ser estimuladas a ampliar
seu repertório motor. A partir do momento em que elas já conseguem dominar essa
variabilidade de práticas, executando-as com facilidade, elas se desenvolvem
motoramente, preparando-se para uma nova fase, que exigirá movimentos cada vez
mais complexos, a chamada fase dos movimentos especializados.
O desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais é de extrema
importância para o desenvolvimento motor das crianças. A variabilidade de
experiências, proporciona-lhes uma quantidade de informações essenciais para a
percepção delas em relação ao mundo que a cerca e de si mesmas (GALLAHUE;
OZMUN, 2005).
O desenvolvimento das habilidades fundamentais, contribui para a
construção de um repertório motor amplo e diversificado, que propicia à criança
capacidade de realizar atividades motoras mais complexas, seja em tarefas
escolares ou cotidianas. Esta fase, constitui-se num requisito primordial para que a
aquisição de habilidades posteriores sejam efetivas e possíveis.
A fase das habilidades motoras é considerada a de mais importância para a
criança em aspectos de desenvolvimento motor. É nesta fase que o professor de
Educação Física tem a maior possibilidade de trabalhar com as crianças (ISAYAMA;
GALLARDO, 1998).
As oportunidades para as práticas e desenvolvimento das habilidades
básicas, devem ser oferecidas em idade propícia à sua aquisição, idade da fase préescolar. Decorrida essa fase, esse desenvolvimento pode não acontecer com o
mesmo efeito que acontece com crianças que são estimuladas freqüentemente,
ficando gravemente comprometido.
OBJETIVOS
O presente estudo busca verificar o estágio de desenvolvimento motor de
crianças pré-escolares de cinco anos de idade, na habilidade locomotora salto
horizontal, manipulativa chutar, estabilizadora equilibrar-se num pé só e investigar a
- 373 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
importância da Educação Física como contribuição para o desenvolvimento das
habilidades motoras fundamentais, comparando duas instituições de ensino. Em
uma delas, as crianças possuem aulas de Educação Física regularmente desde os
três anos de idade e na outra elas nunca tiveram esta disciplina.
MATERIAL E MÉTODO
O estudo é constituído por uma pesquisa bibliográfica associada a uma
pesquisa de campo.
A pesquisa bibliográfica é uma revisão de literatura da qual são absorvidas
informações sobre o assunto a ser estudado, escrito por outros pesquisadores. Esta
revisão serve de base para que novos métodos de pesquisa sejam adequadamente
planejados e possibilitem maior sucesso em seus resultados (THOMAS; NELSON,
2002).
Logo, a pesquisa de campo objetiva a coleta de dados para a análise e
obtenção de resultados a respeito de algum problema, procurando uma resposta ou
comprovando algum fato (MARCONI; LAKATOS, 1996).
A natureza da pesquisa é qualitativa utilizando-se de um estudo comparativo
e descritivo.
A pesquisa qualitativa é amplamente subjetiva, tentando compreender o
significado para cada indivíduo de participar de um experimento específico. Nesse
tipo de pesquisa, as variáveis não são manipuladas pelo pesquisador e o processo
interessa muito mais que o produto (THOMAS, NELSON, 2002).
O estudo comparativo permite a análise de dados concretos podendo ser
utilizado principalmente em estudos descritivos, onde se faz analogia entre dois
elementos (THOMAS, NELSON, 2002).
A técnica da pesquisa consiste na coleta de dados através de filmagem e
posteriormente análise observacional descritiva do vídeo. Os dados serão
classificados de acordo com a lista de checagem de Gallahue e Ozmun (2005).
É através da pesquisa descritiva que muitos problemas podem ser
resolvidos e as práticas aprimoradas, pois, através da observação obtém-se dados
qualitativos sobre a investigação (MARCONI; LAKATOS, 1991).
Participarão da pesquisa crianças de cinco anos de idade, de ambos os
sexos, divididas em dois grupos: grupo A composto por crianças que possuem aulas
de Educação Física regularmente e grupo B, composto por crianças que não
possuem esta disciplina regularmente.
Para a coleta de dados, será utilizada uma câmera digital com função
filmadora, uma bola de iniciação desportiva, uma mini trave ou trave de futebol, um
bloco de madeira, trena, fita adesiva, papel e caneta. Na análise do vídeo será
utilizado um televisor, um aparelho de DVD, listas de checagem de Gallahue e
Ozmun (2005) individual, sendo uma para cada habilidade avaliada e caneta.
Cada participante será analisado em três habilidades motoras fundamentais:
estabilizadora equilibrar-se num pé só; manipulativa chutar e locomotora saltar
horizontalmente. Para cada habilidade o participante realizará três tentativas, as
quais serão filmadas em seqüência e individualmente.
A criança realizará o equilíbrio num pé só posicionando-se em cima de um
bloco de madeira, onde deverá permanecer 5 segundos no equilíbrio.
Na habilidade chutar, a criança estará atrás de uma linha horizontal e a bola
em cima da linha. Ao sinal, ela deverá chutar a bola em direção ao gol que estará a
- 374 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
três metros de distância da linha. Vale ressaltar que a trave servirá apenas como
direcionamento para a criança, não interferindo nos resultados a conclusão do gol ou
não.
Para o salto a horizontal haverá duas marcas horizontais no solo, havendo
um metro de distância entre as duas. O participante deverá posicionar-se atrás da
primeira marca, devendo saltar em direção a segunda. Lembrando que ultrapassar a
marca ou não, não intervirá nos resultados, pois, a segunda marca serve apenas de
estímulo para a impulsão máxima do salto da criança.
RESULTADOS ESPERADOS
A fase de desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais tem sido
alvo de muitos estudiosos nos últimos tempos. Grande parte destes estudiosos
entendem que nesta etapa há uma progressão a ser seguida que pode ser
subdividida em estágios. A criança com características físicas e cognitivas normais
evolui de um estágio ao outro, através de uma sequência que pode ser induzida pela
maturação e pela experiência. Os fatores externos, como a oportunidade de prática,
o estímulo e a orientação, são fundamentais para a obtenção de padrões maduros
de movimentos fundamentais (GALLAHUE; OZMUN, 2005).
Com base nos estudos observados, fica claro que o desenvolvimento motor
do indivíduo não depende somente de fatores intrínsecos, mas também de fatores
externos como as influências do ambiente e as oportunidades que são oferecidas ao
indivíduo.
A maioria das crianças que freqüentam a Pré-escola, são crianças que se
encaixam na faixa etária dos 4 aos 6 anos de idade. É preciso destacar as crianças
porque enquanto são necessários vinte anos para que o organismo se torne maduro,
estudiosos do desenvolvimento da criança são unânimes em concordar que os
primeiros seis anos de vida são essenciais ao indivíduo. A vivências que a criança
experimentam durante essa etapa de sua vida, serão determinantes em grande
escala, no tipo de indivíduo adulto que ele se tornará. A Educação Física assume
grande importância à medida que, ela oferece um ambiente adequado para a
criança. O número de adultos que não atingem o estágio maduro de
desenvolvimento motor nas habilidades fundamentais é bastante significante, o que
será prejudicial para o desenvolvimento futuro (TANI et al., 1988).
Sabemos que na maioria das escolas de Educação Infantil, as crianças não
possuem orientações adequadas na realização de suas atividades. Elas brincam
livremente, idealizando suas próprias brincadeiras, utilizando-se sempre dos
mesmos recursos disponíveis de materiais e espaço.
Pretendemos comprovar que a orientação adequada de um profissional da
área de Educação Física é de extrema importância para o desenvolvimento motor
das crianças desde as suas séries iniciais na escola. Com a presença dele, é
possível variar as práticas, onde sempre haverão objetivos a serem atingidos,
buscando uma ampliação no repertório motor do aluno e consequentemente
trabalhando os domínios cognitivos e sociais simultaneamente.
Esperamos assim, valorizar a função deste profissional em todos os seus
ambientes de atuação, inclusive o escolar, fazendo cumprir os direitos das crianças
de frequentar aulas com docentes que são especializados nas atividades que se
propõem a realizar.
- 375 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Miller (1968, citado por GALLAHUE; OZMUN, 2005, p.222), estudou a
facilidade do aprendizado das habilidades motoras básicas em crianças na faixa
etária de 3 a 5 anos de idade. Observou que a instrução para a prática das
habilidades motoras fundamentais quando realizada de maneira programada,
aumentava o desenvolvimento desses padrões de movimento independente do nível
de maturação somente. Ele concluiu também que um programa de instrução de
habilidades motoras fundamentais, sendo aplicado por um especialista como o
profissional de Educação Física, era muito mais eficaz do que quando as crianças
brincavam livremente.
Para Gallahue e Ozmun (2005), a criança apresenta o equilíbrio estático de
manter-se num pé só por um determinado período de tempo, com idade aproximada
de 5 anos. A habilidade locomotora de saltar em distância também se inicia com a
mesma idade. Logo, a habilidade manipulativa chutar surge por volta dos 18 meses
de idade, porém os padrões maduro de desenvolvimento desta habilidade que é
caracterizada por chutar a bola acertadamente, ocorre entre os 5 e 6 anos de idade.
Ao final do estudo, esperamos concluir que as crianças que possuem aulas
de Educação Física regularmente, estejam em um estágio de desenvolvimento
motor posterior ao das crianças que não possuem estas aulas regularmente.
Esperamos também que estes pré-escolares que são mais estimulados
frequentemente, encontrem-se no estágio de desenvolvimento maduro e/ou em
transição do elementar para o maduro nas habilidades propostas, de acordo com a
teoria de Gallahue e Ozmun (2005).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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todas as crianças. 4. ed. São Paulo: Phorte, 2008.
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bebês, crianças, adolescentes e adultos. 3. ed. São Paulo: Phorte, 2005.
ISAYAMA, H. F.; GALLARDO, J. S. P. Desenvolvimento Motor: Análise dos
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LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 2. ed. São Paulo: Atlas,
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MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e
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São Paulo: Atlas, 1996.
TANI, G.; MANOEL, E. J.; KOKOBUN, E.; PROENÇA, J. E.; Educação Física
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- 376 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
PALAVRAS-CHAVE: Educação Física, Habilidades Motoras Fundamentais, Préescolares.
- 377 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O PAPEL DO ENFERMEIRO NA CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO
OLIVEIRA, A. M.1,1; FRANCO, A. S. D.1,2
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP. Discente; Orientador.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Historicamente, o trabalho na Central de Material e Esterilização (CME) tem o
enfermeiro como seu responsável. Até os anos 70 do século XX, a CME não era
valorizada, situando-se em locais inadequados e com recursos insuficientes ou
antiquados. (BARTOLOMEI, 2006) 1
Em 1880, Joseph Lister percebeu que mesmo após a fervura da água à 100ºC ainda
existia microorganismos resistentes a essa temperatura e que a mesma deveria ser
elevada, procurando desta maneira assegurar a esterilidade dos artigos a serem
utilizados nos procedimentos cirúrgicos. (POSSARI, 2007).
Hoje, a cirurgia anti-séptica de Semmelweis e Lister cedeu lugar a cirurgia asséptica,
sendo que a esterilização dos artigos médicos são esterilizados por meio de vapor
saturado sob pressão, óxido de etileno, formaldeído, peróxido de hidrogênio e outros
métodos químicos como: ácido peracético, ortoftaldeído, glutaraldeido e outros
existentes no mercado.
A partir de então com o desenvolvimento tecnológico trouxe o reconhecimento da
necessidade de contar com alguém que se responsabilizasse com a atividade de
limpeza, conservação, acondicionamento, esterilização, guarda e controle dos
artigos para serem utilizados nos procedimentos cirúrgicos. Surgiu então a Central
de Material e Esterilização (CME) centralizado dirigido por um enfermeiro. (MOURA,
1996).
A CME é o conjunto de elementos destinados à recepção, expurgo, preparo,
esterilização, guarda e distribuição do material para as unidades do estabelecimento
de saúde. (SILVA, 1997). Visto que a Central de Materiais é uma das unidades mais
importantes do hospital, tanto do ponto de vista econômico, quanto técnicoadministrativo e assistencial, de acordo com seu funcionamento pode-se avaliar a
eficiência.
A escolha deste tema foi devido à grande importância que a CME tem para com os
diversos setores do hospital. Havendo necessidade um enfermeiro específico para
este local haverá uma condição mais segura no trabalho da equipe de enfermagem
e conseqüentemente ao Hospital.
OBJETIVO
Objetivo avaliar a importância do enfermeiro responsável pela Central de Materiais e
Esterilização e a qualidade do artigo esterilizado para redução de infecção
hospitalar.
REVISÃO DE LITERATURA
- 378 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A CME é o local de apoio técnico responsável pelo processamento de artigos
médico-hospitalares para unidades que consomem esses produtos ao prestarem
cuidados de saúde para diagnose e terapêutica. Assim sendo, o objeto de trabalho
do enfermeiro está no processamento de artigos e seus instrumentos são os
recursos materiais, físicos, humanos e os saberes, enquanto a finalidade é a
qualidade e segurança dos processos com estes artigos. A definição dos elementos
do processo de trabalho do enfermeiro na CME permite a certificação de que o setor
fornece condições à prestação do cuidado ao cliente realizado por outros setores.
(TAUBE, 2008; SOBBEC, 2005).
O papel do enfermeiro da CME é desenvolver conhecimentos específicos sobre as
diversidades dos materiais, equipamentos e forma de processá-los configurando o
domínio de um saber e, por conseqüência, garantindo produtos seguros para a
assistência ao paciente. (TONELLI, 2005).
O processo de trabalho na CME tem por finalidade oferecer os processos já
totalmente realizados aos setores como (Unidade de Internação, Unidade de Terapia
Intensiva, Pronto Atendimento, Maternidade, Clínico, Radiologia, centros
Obstétricos, Centro Cirúrgico entre outros).
O planejamento desta Unidade é de suma importância, considerando-se as
diferentes etapas do processamento de esterilização dos materiais, até a sua
distribuição às Unidades do hospital. Por isto deve ser executado por equipe
multiprofissional, cuja atenção deve estar voltada para dinâmica de funcionamento
do setor. (SILVA, 2008).
O processo de trabalho do enfermeiro em CME é diferente do realizado em unidade
assistencial, mas também se constitui em serviço da saúde, e de alguma forma,
pode ser classificado como cuidado. (BARTOLOMEI, 2006)2
O que difere é sua finalidade imediata. Para executá-lo, o enfermeiro desenvolve
conhecimentos específicos sobre diversidade de materiais e equipamentos e a
forma de processá-los, configurando o domínio de uma área de saber e, por
conseqüência, desfrutando de um determinado grau de autonomia, com o propósito
de garantir produtos seguros para a assistência ao paciente. Já na unidade
assistencial, o enfermeiro organiza e/ou presta o cuidado diretamente.
Na CME, a função do enfermeiro tem início na fase de planejamento da unidade,
cabendo-lhe a escolha adequada tanto de recursos materiais quanto humanos, bem
como a seleção e o treinamento de pessoal levando-se em conta o perfil do setor.
Ainda entre suas atribuições está a capacitação dos demais funcionários, por meio
da educação continuada das equipes sob sua responsabilidade, na qual o
enfermeiro funcione como facilitador da aquisição de saber e atualização, com
medidas de incentivo à participação em eventos científicos.
Para compreender a contextualização da CME no controle de infecção hospitalar,
basta atentar-se a utilização de artigos médicos-hospitalares sem o devido
comprometimento dos serviços prestados aos clientes. É necessário que tais
materiais tenham passado previamente por um fluxograma unidirecional o qual se
resume em: limpeza, secagem, preparo, esterilização, estocagem e distribuição.
Qualquer falha ocorrida nesse processo pode implicar em possíveis complicações
no ato cirúrgico tais como: infecção trans ou pós operatória. (TIPPLE et al, 2005).
Também o trabalho que executam é de vital importância para prestação da
assistência a todos os pacientes hospitalizados ou não que requerem materiais
- 379 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
processados, esterilizados e em condições seguras de uso para realização de
procedimento assistencial.
Considerando que a atividade principal do enfermeiro no CME é a gerência pelas
funções de planejamento, elaboração de instrumentos administrativos e
operacionais, administração de recursos materiais e pessoais, e supervisão. Desta
forma, a administração de materiais inclui previsão e provisão, controle e checagem.
O enfermeiro tem competência e embasamento técnico- cientifico para desenvolver
esse papel, sendo ele responsável por toda parte administrativa, recursos de
materiais e de pessoais, contribuindo assim com uma boa assistência.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
O enfermeiro da CME encontra-se no cerne das questões gerenciais e, por meio da
sua competência obtida pela prática de uma área específica de conhecimento, ele
pode se tornar o porta voz de idéias, valores, padrões e juízos que ampliem a
consciência da atual forma de relações sociais de produção na CME e direcionem
para as novas necessidades de produção.
Pode-se afirmar que para o funcionamento de uma CME, a presença do enfermeiro
é de vital importância para que não ocorram falhas durante todo o processo de
esterilização, comprometendo a segurança dos produtos, possibilitando o aumento
no risco de casos de infecção trans ou pós-operatório e em todos os procedimentos
não-cirúrgicos realizados com utilização de produtos que passem pela Central de
Materiais.
Contudo concluímos que o enfermeiro é o profissional mais capacitado para
gerenciar e administrar uma Central de Materiais perante seus conhecimentos
multidisciplinares e sua capacidade administrativa que se completa com a eficácia
da esterilização dos materiais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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percepção de seu papel social. Rev. Gaucha enferm, V.27, n, 2, p. 258-265, 2006.
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Centro Cirúrgico. 2. ed. Paulo: E. P. U, 1997.
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2005.
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trabalho do enfermeiro na central de material e esterilização: percepção de
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esterilização. Rev. SOBECC, V.10, n, 4, p.28-31, 2005.
PALAVRA-CHAVES: Administração de material, Processos de enfermagem, Central
de material e esterilização.
- 381 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
O USO DE MATERIAIS LÚDICOS NO ENSINO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
PARA CRIANÇAS ENTRE 3 E 7 ANOS DE IDADE
ABATI, K.1,3; MESSORE, L.R.1,2,3; MACKEY, N.1,3; SILVA-MELO, A. 2,4; CORTEZ, R.C.1,5,6
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.; Bio-Vida Engenharia e
3
4
5
6
Consultoria Social e Ambiental, Rio Claro, SP.; Discente; Profissional; Docente; Orientadora .
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O interesse relacionado à atividade lúdica na escola tem-se mostrado cada vez
maior por parte de pesquisadores e, principalmente, de professores que buscam
alternativas para o processo ensino-aprendizagem (PEDROZA, 2005). Para a
educação infantil, como atividade dominante na infância das crianças, a brincadeira
pode ser uma das formas pelas quais estas começam a aprender, além de ser, o
espaço onde tem início a formação de seus processos de imaginação ativa e onde
elas se apropriam das funções e normas de comportamentos sociais (WAJSKOP,
1995). Através da brincadeira, pensando na aprendizagem significativa que ela
ofereceria aos alunos, foi que a empresa Bio-Vida Engenharia e Consultoria Social
Ambiental, juntamente com alunas do terceiro ano do Curso de Licenciatura e
Bacharelado em Ciências Biológicas promoveram uma ação educativa com enfoque
em educação ambiental no dia 15 de abril de 2011, na Escola Municipal Celeste
Calil, em Rio Claro, com o intuito de ensinar as crianças à destinação correta dos
resíduos sólidos.
OBJETIVOS
Devido a importância do brincar na aprendizagem das crianças entre 3 e 7 anos de
idade, a presente atividade teve por objetivo instruí-las, como pessoas capazes e
conscientes, a respeito do destino correto dos resíduos sólidos da escola e da
sociedade.
METODOLOGIA
O brincar permite que as crianças reflitam sobre o mundo e, dessa forma, podem
reconstruir elementos do mundo que a cercam com novos significados (BRASIL,
1998). Baseada nesta afirmação, as alunas do curso de Biologia e o representante
da empresa Bio-Vida se caracterizaram com roupas que representavam as lata de
lixo feitas com TNT. Em cada roupa haviam figuras e palavras para a representação
de 4 latas: a de plástico (cor vermelha), de papel (cor azul), de metal (cor amarela) e
de lixo orgânico (cor preta). A lata de vidro (cor verde) foi representada pela lata
verde da própria escola. Em cada sala, as pessoas caracterizadas pelas latas se
apresentavam, falavam quais lixos eram seus correspondentes e discutiam sobre o
que é lixo, se ocorre separação dele em casa e sobre a importância da reciclagem.
Ao final da atividade, eram distribuídas fichas com desenhos de lixos para alguns
alunos que deveriam entregar a ficha para a sua lata de lixo. Vale ressaltar que na
presente atividade a lata correspondente ao lixo orgânico foi representada pela cor
preta, porém, de acordo com a Resolução Nº 275/2001 do CONAMA, esta deve ser
representada pela cor marrom.
- 382 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Wajskop (1995), ao brincar, o desenvolvimento infantil pode alcançar
níveis mais complexos por causa das possibilidades de interação entre os pares
numa situação imaginária e pela negociação de regras de convivência e conteúdos
temáticos, o que torna a brincadeira uma situação privilegiada de aprendizagem
infantil. A experiência na brincadeira permite às crianças decidirem incessantemente
e assumir papéis a serem representados, atribuir significados diferentes aos objetos,
transformando-os em brinquedos e levantar hipóteses, resolver problemas e
pensar/sentir sobre seu mundo e o mundo mais amplo ao qual não teriam acesso no
seu cotidiano infantil. A atividade desenvolvida, ao simular ludicamente situações
onde as crianças deveriam destinar os resíduos sólidos corretamente contribuiu para
a melhor compreensão da importância desta ação e do seu impacto ecológico na
sociedade. Durante a apresentação, os alunos fizeram comentários e perguntas
relacionadas principalmente aos seus próprios atos, tais como: jogar lixo em lugares
inadequados (rua, água, chão) e não fazer a coleta seletiva em casa e na escola. A
respeito dos hábitos dos seus familiares, comentaram que alguns deles têm por
costume queimar o lixo. Relataram também que pensam que lixo é tudo aquilo que
não serve mais e que ninguém joga fora o que ainda pode ser aproveitado e
demonstraram preocupação com os animais e coletores de lixo ao afirmarem que
uma coleta seletiva mal efetuada pode gerar danos, dando o exemplo que quando
não se separa vidro do lixo orgânico ou dos outros materiais este pode ferir.
Percebeu-se, então, que ocorreu um aumento na conscientização socioambiental de
cada um, bem como, um desafio para o comportamento diário deles, em vivenciar a
realidade e modificá-la, uma vez que as crianças discutiram a impossibilidade de se
ter em caso diversas latas, sendo proposta para elas a separação do lixo em
orgânico e reciclável através da utilização de sacos plásticos diferentes para cada
um. Alguns disseram que fazem a distribuição correta do lixo somente quando estão
sob supervisão das professoras, e que quando isso não acontece jogam o lixo em
qualquer lata. Neste ponto é que surge a importância dos educadores, pois de
acordo com as ideias de Montaigne, citado por Morin (2003), a primeira finalidade da
educação é formar cabeças bem-feitas e não bem cheias. Os educadores devem se
empenhar na busca de meios que propiciem a criação, por parte do aluno, de um
senso crítico a respeito do mundo que o cerca, pois, de acordo com Morin (2003)
“conhecer o humano não é separá-lo do Universo, mas situá-lo nele”, e as atividades
lúdicas tem se mostrado como uma boa opção no que diz respeita a aplicação,
assimilação e discussão de diferentes temas, uma vez que, o aluno é um ser ativo,
capaz de assimilar a realidade externa de acordo com suas estruturas mentais. A
aprendizagem deve despertar o interesse, estimulando a curiosidade e a criatividade
(PEDROZA, 2005).
PROPOSIÇÃO
A partir da atividade desenvolvida, foi possível notar que o uso do lúdico dentro da
sala de aula consiste em um bom recurso na melhoria da compreensão por parte
dos alunos. Vale destacar que uma atividade assim representa apenas um passo
inicial e que o assunto deve ser trabalhado continuamente, visando à formação de
cidadãos mais responsáveis sobre as questões ambientais. Essa continuidade da
atividade pode ser realizada por meio de projetos educacionais interdisciplinares
- 383 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
voltados para campanhas conscientizadoras e atividades práticas que envolvam, por
exemplo, o cuidado com a casa, com o ambiente escolar e o meio ambiente em
geral.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação
Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília:
MEC/SEF, 1998.
CONAMA. Comitê Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 275 25 de abril de
2001.
MORIN, E. A cabeça bem-feita: repensar a forma, reformar o pensamento. 8. ed.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.
PEDROZA, R.L.S. Aprendizagem e subjetividade: uma construção a partir do
brincar. Rev. Dep. Psicol., v. 17, n. 2, p. 61-76, 2005.
WAJSKO, G. O brincar na educação infantil. Cad. Pesq., v. 92, p. 62-69, 1995.
PALAVRAS-CHAVE: ensino infantil, coleta seletiva, conscientização ambiental.
- 384 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANÁLISE DA IMPORTÂNCIA E CONHECIMENTO DOS ESTUDANTES DA ÁREA
DA SAÚDE REFERENTE À VACINAÇÃO
VIGANÓ, L.1, 2,3; NEODINI, N.D. 1,2,3.; ROSSINI, K 1,2,3; SOBRAL,P.L 1,2,3,SILVA, P.L.1,2,4.
1
2
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS - Araras, SP.; Disciplina de Metodologia da
3
4
Pesquisa Cientifica e Tecnologia da Informação, Discente; Orientadora
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Em 1876, Edward Jenner iniciou um estudo demonstrando que os seres humanos
podiam ser protegidos da varíola através da inoculação do mesmo vírus que
causava varíola nos bovinos, e assim foi a primeira utilização da vacina (WILSON,
1996).
Foi na segunda metade do século XX, que a população começou a ter contato com
a vacinação. Desde então foram criadas inúmeras vacinas com o objetivo de
proteger os indivíduos susceptíveis e conseguir uma imunidade de grupo, para
controlar, diminuir o número de prevalência de doenças na comunidade e até
mesmo erradica-las.
São diferentes conceitos que estão envolvidos no processo de vacinação,
principalmente quando esse método é comparado com uma profilaxia pósexposição; além de ser utilizadas técnicas diversas para vacinar contra doenças
diferentes (GORCZYNSKI e STANLEY , 2001).
Apesar de vários estudos comprovarem a eficácia da vacinação na redução de
doenças graves ainda há receios e dúvidas por parte das pessoas sobre a
importância das vacinas. No Brasil, segundo uma pesquisa sobre Análise
epidemiológica dos acidentes com material biológico registrados no Centro de
Referência em Saúde do Trabalhador realizada em Londrina , estado do Paraná ,
das 253 fichas de notificação de acidentes com material biológico analisadas,
verificou-se que 92,5% foram causados por objetos perfuro-cortantes , 74,3%
encontravam-se com situação vacinal para Hepatite B atualizada .
Considerou-se que, a despeito de o Brasil dispor da vacina gratuitamente desde
1995 e a partir de 1996 para profissionais da saúde, registrou-se 25,7% de
ignorados ou não vacinados, uma expressão da ainda incipiente preocupação dos
serviços de saúde em estarem encaminhando seus profissionais para atualizarem
seu quadro vacinal segundo o proposto pelo Programa Nacional de Imunizações do
Ministério da Saúde, diminuindo assim o risco de contaminação e morte dos
profissionais(PINHEIRO e ZEITOUNE, 2008).
OBJETIVO
Realizar uma campanha de conscientização entre os estudantes e futuros
profissionais da área da saúde, sobre a importância da vacinação para a prevenção
de diversas doenças.
METODOLOGIA
- 385 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
A pesquisa entitulada: “Análise da importância e conhecimento dos estudantes da
área da saúde referente à vacinação”, será realizado nas dependências do Centro
Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, após aprovação do Comitê de Ética e
Mérito Científico da Uniararas. Trata-se de um projeto em desenvolvimento da
Disciplina de Metodologia da Pesquisa Cientifica e Tecnologia da informação do
Curso de Biomedicina.
Serão convidados a participar da pesquisa todos os alunos dos cursos de graduação
da área de Saúde (enfermagem, fisioterapia, odontologia, biomedicina). Este convite
será realizado pelos próprios pesquisadores durante as aulas. Os alunos que
aceitarem participar responderão a um questionário.
O questionário foi elaborado pelos autores do estudo, e contém perguntas abertas e
fechadas a respeito do conhecimento e importância da vacinação. O questionário
tem perguntas como: a) Você considera correta a obrigatoriedade das vacinas que
pertencem ao Calendário Nacional de Vacinação (CNV)?; b) Em sua opinião , quais
vacinas são essenciais para profissionais da área da saúde ? ; c) Você possui as
vacinas obrigatórias do Calendário Nacional de Vacinação atualizadas? Se sim,
você já estava com a carteira de vacinação atualizada antes da solicitação da
coordenação do curso? Se não, por quê? ; d) Além das vacinas presentes no
Calendário Nacional de Vacinação (CNV), costuma proteger-se com outras
vacinas?; e) Classifique de acordo com o grau de importância, para você, as
vacinas do CNV.
O questionário será entregue aos alunos e recolhidos logo após o preenchimento,
que levará em torno de 5 minutos.
Após a coleta e análise dos dados, será redigido um relatório estatístico para
apresentação dos resultados de forma descritiva e posterior organização de uma
campanha de conscientização entre os alunos dos cursos de saúde.
RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se que devido ao acúmulo de conhecimento sobre Biossegurança e risco de
contaminações, os estudantes já estejam com a carteira de vacinação totalmente
atualizada e reconheçam a importância de tal procedimento para os futoros
profissionais da área da saúde.
Entretanto, Caixeta e Barbosa Branco (2011) constataram, em seu estudo que a
relação entre conhecimento e a adesão de profissionais de saúde ao uso de
proteção não foi significativa. Foi demonstrado que eles possuem conhecimento ,
porém não adotam as medidas preventivas, além de possuir uma fraca percepção
de risco.
A partir dos resultados encontrados o estudo se propoe a elaborar uma campanha
alertando a importancia da vacinação principalmente para os profissionais e futuros
profissionais da saúde.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAIXETA, R.B; BARBOSA-BRANCO, A. Acidente de trabalho, com material
biológico em profissionais de saúde de hospitais públicos do Distrito Federal.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v21n3/07.pdf>>.
Acesso em 12 de maio de 2011.
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DIAS, R.; TRALDI, M. C. Monografia Passo a Passo. Ed.5. Campinas: Alínea,
2010.
GORCZYNSKI, R.; STANLEY, J. Imunologia Clínica. Rio de Janeiro: Reichmann &
Affonso, 2001. 278p.
GRANOVSKI, N.; IOSHIMOTO, L.M. Situação atual e perspectivas para o
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<www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_32.pdf>. Acesso em 16
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PINHEIRO, J.; ZEITOUNE, R.C.G. Hepatite B: Conhecimento e Medidas de
Biossegurança e a Saúde do Trabalhador de Enfermagem. Disponível em:
<www.eean.ufrj.br/revista_enf/20082/11ARTIGO07.pdf>. Acesso em 16 de abril de
2011.
RIBEIRO, D. M. Profissionais da Saúde e a Vacinação como Mecanismo de
Prevenção de Infecção. Disponível em:
<https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/1967/1/MONO_17160.pdf>. Acesso
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WILSON, W.R. et al. Doenças Infecciosas - Diagnóstico e Tratamento. São
Paulo: Atheneu, 1996. 914p.
PALAVRAS-CHAVES: Vacinação; Importância.
- 387 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
AVALIAÇÃO ESCOLAR E SUAS IMPLICAÇÕES NA RELAÇÃO PROFESSOR E
ALUNO NO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
SILVA, S.A.¹; TIZZEI, R.P.,2;
¹
²
Discente, Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP;
Orientador, Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é uma tentativa de apresentar a avaliação escolar, suas
características e como podem interferir na relação professor e aluno. A partir disto
quais implicações podem desencadear no desenvolvimento do processo de ensinoaprendizagem e como a Psicologia pode mediar neste processo educacional,
segundo Guzzo (2007), a Psicologia tem como princípio compreender todo o
processo que envolve o sistema educacional, para em seguida conhecer as
possibilidades que podem gerar mudanças sociais por meio de uma Educação
Libertadora, visando à autonomia e emancipação do discente.
A concepção e prática da avaliação, segundo Tomicioli e Donatoni (2008), tinham
como função selecionar e classificar os alunos que não conseguiam se adequarem
ao processo de aprendizagem proposto pelos professores, conseqüentemente, a
avaliação era associada e utilizada para testar ou medir o conhecimento, ou seja, o
ato de avaliar era apenas uma forma de obter resultados quantitativos através das
informações transmitidas com a finalidade de aprovar ou reprovar os alunos.
Dessa forma, a avaliação escolar começou a ser permeada por sentimentos de
medo, ansiedade e ser usada como instrumento de poder, especialmente do
professor em relação ao aluno. Entende-se que esta avaliação autoritária que
provoca medo e punição está relacionada ao padrão de sociedade com
características submissas e alienantes
Neste sentido entende-se que o objetivo do processo de ensino-aprendizagem no
cenário educacional presente, especialmente quando se pensa no ato de avaliar,
tem aspirado por uma educação emancipadora que visa educar o aluno para a vida,
construindo um conhecimento pertinente a sua realidade com autonomia e
criticidade.
Sendo assim, é importante compreender o significado da avaliação, de acordo com
Sousa e Vieira (2008), como um processo contínuo da aprendizagem, que deve
ocorrer cotidianamente produzindo, assim, uma avaliação dinâmica que possibilite
transformações sempre que necessárias para melhor aperfeiçoar o processo
educacional.
OBJETIVO
Discutir a relação professor e aluno enfatizando no processo da avaliação escolar e
suas implicações no processo de ensino-aprendizagem na perspectiva dos
professores do ciclo I do ensino fundamental em uma escola pública do interior de
São Paulo. Explanando minuciosamente os seguintes aspectos: o processo de
avaliação escolar e suas implicações na relação professor e aluno, conhecer os
- 388 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
instrumentos utilizados pelos professores para avaliar seus alunos, como a relação
professor e aluno têm se estabelecido a partir dos resultados avaliativos e ainda
como Psicologia pode contribuir no processo de ensino-aprendizagem intermediada
pela avaliação escolar.
METODOLOGIA
Participantes:
Para a realização deste trabalho foram selecionadas três professoras que lecionam
no 4º ano do ciclo I do Ensino Fundamental.
Materiais:
1. Carta de apresentação, disponibilizando resumidamente como forma de convidar
e esclarecer sobre os procedimentos da pesquisa que se pretende aplicar nesta
instituição, portanto esta será entregue para a instituição escolar.
2. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E.),em que apresentará uma
breve introdução do tema a ser estudado na instituição, como também os
procedimentos para a realização da pesquisa, destacando que a participação é
voluntária, ou seja, caso queria desistir a qualquer momento, não poderá ser
obrigada a sua permanência.
3. Roteiro de entrevista semi-estruturado: baseada em conversas com finalidade,
frente ao fenômeno a ser estudado, e de acordo com Minayo (2003) este
instrumento permitirá ao pesquisador ter maiores informações através dos dados
fornecidos pelos atores
Procedimento de coleta de dados:
Será estabelecido em um primeiro contato com a equipe gestora para apresentar a
proposta da pesquisa e seus objetivos, além de ser entregue uma Carta de
Apresentação para que fique arquivado na instituição escolar. Após o aval da
instituição será estabelecido um segundo contato, sendo desta vez com as
prováveis participantes da pesquisa, para esclarecer a proposta da pesquisa, ou
seja, o que se pretende investigar. Também será entregue o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (T.C.L.E.), ao qual também será esclarecido para
as prováveis participantes, explanando todas as dúvidas possíveis tanto sobre o
documento como também sobre a pesquisa.
Após o consentimento das participantes, também será estabelecido um acordo para
a realização das entrevistas (norteadas por um roteiro de entrevista semiestruturado), bem como a definição do momento mais adequado para a realização
da pesquisa.
Em seguida, após o acordo serão previamente realizados alguns encontros com as
profissionais da área educacional (participantes) pensando em duas vertentes:
conhecer a relação professor e aluno frente ao processo de ensino-aprendizagem,
principalmente em relação a avaliação escolar e quais instrumentos são utilizados
no processo avaliativo, para compreender se haverá ou não as mudanças na
relação professor e aluno a partir dos resultados obtidos após o processo avaliativo
trimestral.
4.4-Procedimento de Análise de dados
O procedimento de análise de dados será embasado na pesquisa qualitativa e
ênfase na perspectiva descritiva, que tem como prioridade, descrever características
- 389 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
do fenômeno a ser pesquisado, buscando estabelecer a existência de uma provável
associação entre as variáveis (Gil,1999).
E para compilar os dados que serão obtidos através pesquisa, utilizará o método de
Análise de Conteúdo que é compreendida como “um método de tratamento e análise
de informações, colhidas por meio de técnicas de coleta de dados,
consubstanciadas em um documento” (Chizzotti, 2000, p.98). Entende-se que a
mesma, possui um caráter de análise de comunicação tanto oral, quanto visual ou
gestual, buscando compreender o sentido desta comunicação a partir do discurso
manifestado, as significações explicitas ou ocultas (Chizzotti, 2000).
Após a coleta do material de pesquisa de acordo com Minayo (2003), é preciso que
este material passe a ser decomposto e analisado, em seguida será distribuído em
categorias, depois será feito uma descrição dos resultados da categorização, após
isto consistirá nas inferências destes resultados e por último será interpretado os
resultados que foram obtidos com aparato da fundamentação teórica utilizada.
RESULTADOS ESPERADOS
De acordo com a nova realidade escolar e das mudanças curriculares, busca-se
compreender o ambiente escolar e suas relações sociais, enfocando a interação
professor e aluno, ou seja, como este pode interferir positivamente ou
negativamente no desempenho acadêmico de seus discentes. Especialmente
quando a relação professor e aluno está restrita à avaliação escolar no processo
ensino-aprendizagem.
A partir desta contextualização espera-se com o desenvolvimento deste trabalho
transitar por duas perspectivas: a possibilidade de ampliação do conhecimento,
reflexões construtivas acerca de coleta de dados da pesquisa e tema norteador.
Sendo estas reflexões possam contribuir para compreender como a Psicologia pode
cooperar no âmbito escolar apoiada em pressupostos teóricos e práticos,
viabilizando o fortalecimento das práticas dos professores para uma educação
baseada no diálogo que vise a emancipação e criticidade do aluno. A segunda
perspectiva é que este trabalho possa promover aos participantes da pesquisa a
reflexão e flexibilidade em sua prática no processo de ensino/aprendizagem e ainda
compreender que a Psicologia pode oferecer subsídios para que o processo
educacional transcorra de forma significativa e construtiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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em ciências humanas e sociais. São Paulo: Editora: Cortez, 2000, p.39-50.
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- 391 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE CARBOXIHEMOGLOBINA NO
SANGUE DE UM FUMANTE E UM NÃO FUMANTE
AVANSI, V.P.1,2; SILVA, A.1,2; SILVA JR, A.E.1,2; NAVARRO, F.F.1, 4,6.
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
6
Docente; Co-orientador; Orientador.
4
2
Discente;
3
Profissional;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
O Monóxido de carbono (CO) é um gás venenoso produzido pela combustão
incompleta de matéria orgânica. Embora existam outras fontes de exposição ao CO,
como a poluição atmosférica, o fumo passivo, a produção endógena e a exposição
ocupacional, nada se comparam ao tabagismo ativo. O CO é rapidamente absorvido
ao nível de alvéolo pulmonar, difunde-se no plasma e fixa-se à hemoglobina (Hb). O
produto dessa ligação é a carboxihemoglobina. A consequente formação de
carboxihemoglobina (COHb) altera o transporte de O2 (SILVA, 2006). A
carboxihemoglobina (COHb) tem uma meia vida de eliminação de cinco a seis
horas, com variação de concentração no sangue dos fumantes de 5% a 10%
(LEOPÉRCIO; GIGLIOTTI, 2004). O CO altera a curva de dissociação da
oxihemoglobina, prejudicando a oxigenação dos tecidos. A hipóxia celular crônica é
um dos fatores que podem explicar o retardo do crescimento fetal (LEOPÉRCIO;
GIGLIOTTI, 2004). As combinações de CO com outras hemoproteínas, em conjunto,
representam de 10 a 15% do total de CO no homem normal, atribuindo-se o restante
à carboxihemoglobina (SILVA, 2006). Os marcadores de exposição ao tabagismo
permitem uma avaliação objetiva do grau de tabagismo e uma estimativa da
quantidade inalada de fumaça de cigarro. Os marcadores mais utilizados são:
percentual de carboxihemoglobina no sangue, monóxido de carbono no ar expirado,
as medidas das concentrações de tiocianato, nicotina e cotinina no plasma, saliva e
urina. A nicotina apresenta meia-vida curta (cerca de 1 a 2 horas), o que dificulta a
detecção desta substância nos fluidos corporais para diagnóstico e quantificação da
exposição tabágica, tanto ativa quanto passiva (MELLO et al, 2005). A
carboxihemoglobina é um marcador da fase gasosa do cigarro e também sofre
influência dietética e da presença de monóxido de carbono no ambiente, o que pode
comprometer sua confiabilidade como marcador do tabagismo (MELLO et al, 2005).
OBJETIVO
Determinar a concentração de carboxihemoglobina em sangue de fumante e não
fumante por espectrofotometria na região visível e fazer um comparativo entre as
duas concentrações, para analisar o grau de risco a que estão expostos.
METODOLOGIA
Preparou-se uma solução hemolizante: solução tampão fosfato de potássio 0,1
mol/L, diluído.
1/10 com água destilada; Em seguida coletou-se a amostra de sangue com
anticoagulante – heparina de um fumante e um não fumante; Transferiu-se para um
- 392 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
tubo de ensaio com 12 mL da solução hemolizante; Retirou-se 0,4 mL deste
hemolisado e transferiu-se para um tubo contendo a diluição com 4,6 mL da solução
diluente (25 mg de hipossulfito de sódio em 20 mL de tampão fosfato 0,1 mol/L),
preparada antes do uso; Tampou-se o tubo de ensaio e deixou-se por 10 minutos a
temperatura ambiente; Realizou-se a leitura em duplicata no Espectrofotômetro nas
absorbâncias 420 e 432 nm, usando como branco a solução diluente e em seguida
fez-se os cálculos das absorbâncias encontradas para determinar as concentrações
no sangue do fumante e do não fumante.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos expressam o valor médio, seguido do desvio padrão. A
metodologia foi realizada em duplicata.
A concentração de carboxihemoglobina encontrada através dos cálculos no sangue
do não fumante foi de 1,98%± 0,026, sendo que o valor de referência para a
normalidade é de 1%; a fato de o valor ter sido acima do de referência pode ser
devido a fatores exógenos, como por exemplo, a exposição a monóxido de carbono
emanado por veículos automotores.
A concentração de carboxihemoglobina encontrada através dos cálculos no sangue
do fumante foi de 2,48%±0,752, sendo que o valor de referência para o índice
biológico máximo é de 3,5%.
Embora a concentração encontrada não esteja no limite máximo do índice biológico,
o valor merece uma atenção especial.
É importante determinar a concentração de carboxihemoglobina para o
conhecimento dos riscos que a pessoa pode estar exposta.
Quando se tem um alto índice de carboxihemoglobina no sangue, o transporte do
oxigênio para os tecidos do corpo fica totalmente comprometido, diminuindo o
oxigênio necessário para manter os órgãos vitais do nosso corpo, já que o monóxido
de carbono está ligado com a hemoglobina do sangue evitando que o oxigênio que é
transportado principalmente ligado com ela consiga se difundir nas células do nosso
corpo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto pode-se concluir que o monóxido de carbono no ar inspirado, ou pelo uso
do tabaco, provocará no sangue uma “competição” entre CO e O2 pelas moléculas
de hemoglobina. O problema causado por essa competição é o fato dos íons Fe2+
ligarem-se mais fortemente ao CO do que ao O2. Com isso, as moléculas de
hemoglobina que reagem com CO, dificilmente tornam-se livres, perdendo assim sua
função transportadora de oxigênio – costuma-se dizer que a hemoglobina fica
desativada.
A absorção do monóxido de carbono e os sintomas resultantes dependem da
concentração do mesmo no ar expirado, do tempo de exposição no ambiente
contaminado e da atividade do indivíduo exposto, ou melhor, do ritmo respiratório.
Quando maior a concentração de CO no ar inspirado, maior a quantidade de
hemoglobina desativada e, como consequência, mais grave os danos causados à
saúde.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- 393 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
LEOPÉRCIO, W.; GIGLIOTTI, A. Tabagismo e suas peculiaridades durante a
gestação: uma revisão crítica. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.30, n.2, p. 176185, mar/abr, 2004.
MELLO, P.R.B. et al. Avaliação de um sistema de exposição tabágica passiva em
modelo experimental utilizando cotinina e carboxihemoglobina como marcadores de
exposição. Rio de Janeiro, v.14, n.3, p. 228-236, jul/ago/set, 2005.
SILVA, V. B. M. Parâmetros Hematológicos e Toxicológicos em amostras de sangue
de doadores fumantes e efeito da nicotina in vitro. Dissertação (Mestrado em
Bioquímica Toxicológica) Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2006.
ÓRGÃO FINANCIADOR: Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas
PALAVRAS-CHAVES: Carboxihemoglobina, fumante, sangue.
- 394 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ANATOMIA RADICIAL DE Miltonia spectabilis LINDL. (ONCIDIINAE,
CYMBIDEAE: ORCHIDACEAE)
ALMEIDA, H.S. 1,2; ROSSETTO. L. 1,2; SILVEIRA-CINTRA, G.G. 1,2; CURIEL, A.C.1,2;
LAGAZZI, G.3,4; PEDROSO-DE-MORAES, C 3,5
1
Centro Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS, Araras, SP.;
5
orientador; Orientador.
2
Discente;
3
Docente;
4
Co-
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
Orchidaceae, com 780 gêneros e 25.000 espécies (PRIDGEON et al., 2009),
apresentam ampla distribuição geográfica, embora se concentrem em ambientes
tropicais e subtropicais (DRESSLER, 1981). No Brasil são encontradas
aproximadamente 2.500 espécies e 200 gêneros. A subtribo Oncidiinae encontra-se
incluída em Epidendroideae. Tal subfamília inclui cerca de 20.000 espécies
distribuídas em 650 gêneros (PRIDGEON et al., 2006). A maior parte possui hábito
epifítico e são portadoras de pseudobulbos, embora algumas sejam terrestres ou
micoheterotróficas. Em geral estabelecem relações mutualísticas com fungos
micorrízicos (DRESSLER, 1981). Oncidiinae constitui um grupo tipicamente
neotropical e representa uma das maiores e floristicamente mais importantes
subtribos de Cymbideae, com aproximadamente 68 gêneros e 1400 espécies
(PRIDGEON et al., 2009). As espécies da subtribo ocorrem na América,
principalmente, nas regiões tropicais. A delimitação da subtribo Oncidiinae foi
controversa enquanto se levou em consideração apenas aspectos morfológicos. Os
trabalhos de Dressler (1993) incluíam tal subtribo em Maxillarieae. Oncidiinae
encontra-se situada na tribo Cymbidieae, sendo tal mudança decorrente de análises
moleculares recentes (PRIDGEON et al., 2009). Grupos genéricos da família foram
definidos por poucas características morfológicas, sem levar em consideração o
relacionamento filogenético entre eles (FARIA, 2004). Pridgeon et al. (2009)
apresentaram uma nova configuração molecular para a subtribo. Entre as espécies
de Oncidiinae encontra-se a Miltonia spectabilis, espécie de porte médio, encontrada
de São Paulo ao Rio Grande do Sul (PABST; DUNGS, 1977). A espécie apresenta
folhas estreitas, delgadas, alongadas, com ápice assimétrico, agudo-oblíquo,
inseridas aos pares no ápice de pseudobulbos. Na base de cada pseudobulbo,
ocorrem dois pares de folhas com bainhas equitantes, porém com limbos mais
curtos que nas folhas dos pseudobulbos (WATSON; DALLWITZ, 1992).
OBJETIVO
A morfologia dos órgãos vegetativos de muitas Oncidiinae foram estudadas
por Chase e Palmer (1988) e a filogenia descrita por Pridgeon et al. (2009). Para o
Brasil, o único trabalho de filogenia abrangente para a delimitação genérica de
Baptistonia, Gomesa, Ornitophora, Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium (por
parte) foi o de Faria (2004). Entretanto, sob a ponto de vista anatômico,
determinados táxons brasileiros dessa subtribo ainda necessitam de análise
minuciosa, principalmente, devido às suas características adaptativas e
- 395 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
taxonômicas. Assim, o presente trabalho objetivou descrever anatomicamente as
raízes de Miltonia spectabilis.
MATERIAL E MÉTODOS
O material, proveniente da coleção viva do Viveiro de Mudas do Centro
Universitário Hermínio Ometto – Uniararas encontra-se assim especificado: Miltonia
spectabilis Lindl. (CV: 263, 264, 265, 266). A exsicata foi depositada no herbário do
Centro Universitário Hermínio Ometto - Uniararas. Para a análise anatômica a
fresco, o material foi fixado em FAA 50 e preservado em álcool 70%. Cinco
exemplares de cada raiz por espécime foram seccionados à mão livre, na região
mediana, com o auxílio de lâminas de barbear. Os cortes foram corados com SafraBlau 0,05% e montados em glicerina. Para a identificação do amido, foi utilizada a
solução de Lugol; da ligninina, floroglucina clorídrica, dos lipídios, Sudan III e dos
flavonóides, hidróxido de potássio. Os resultados foram registrados com uma
câmara digital, acoplada a um microscópio Olympus (modelo BX51).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As figuras obtidas mostram cortes transversais da região mediana das raízes
de Miltonia spectabilis. As quais são cilíndricas e apresentam três regiões distintas:
velame, córtex e cilindro vascular. O velame, considerado um tipo peculiar de
epiderme, presentes nas raízes, na espécie apresenta elípticas e/ou retangulares,
em secção transversal. As paredes celulares do velame apresentam diferentes
padrões de espessamento secundário. A camada mais externa do velame
denominada epivelame, é formada por células periclinalmente achatadas, sendo tais
células ligeiramente menores que as das camadas internas. O endovelame é
formado por células isodiamétricas, cujas paredes apresentam espessamentos
parietais estreitos e espiralados em forma de faixas ou linhas, de disposição e
distância variadas. O córtex, na espécie estudada, apresenta três regiões
diferenciadas: a exoderme (camada próxima ao velame), o córtex central e a
endoderme ou camada mais interna que envolve o cilindro central. As células da
exoderme, isodiamétricas e maiores que as das demais camadas do córtex,
possuem paredes pouco espessadas exceto pelas periclinais externas. É formada
por células longas e curtas que se alternam. As células longas não têm protoplasto e
possuem paredes espessadas, enquanto que as células curtas ou células de
passagem apresentam conteúdo denso e parede delgada. Internamente à
exoderme, o parênquima cortical, é constituído de quatro camadas. Essas camadas
são, em geral, formadas por células de tamanhos variados, que delimitam pequenos
espaços intercelulares. Em todas as raízes, nota-se que as células corticais das
camadas mais próximas à exoderme e à endoderme são menores que as da região
central. A endoderme é unisseriada e suas células apresentam espessamento em O,
exceto pelas células de passagem, opostas aos pólos de xilema, com todas as
paredes delgadas. Foram encontrados onze pólos de protoxilema em Miltonia
spectabilis, o que a caracteriza como poliarca. A medula é formada por células
parenquimáticas esclerificadas. O teste com Sudan III revelou a presença de
suberina e a reação de floroglucina + ácido clorídrico indicou a presença de lignina,
nos espessamentos parietais das células do velame. O velame constitui uma
epiderme especializada composta por várias camadas de células com paredes
delgadas, limitada internamente pelo córtex (Pridgeon 1987). Na espécie estudada é
- 396 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
formado por quatro camadas de células, assim como descrito por Porembski e
Barthlot (1988) para as Oncidiinae por eles analisadas. Sanford e Adanlawo (1973)
observaram que o velame é constituído por duas porções distintas: o epivelame e o
endovelame. O epivelame apresenta células ligeiramente menores que as das
camadas internas, como em outras Oncidiinae (POREMBSKI; BARTHLOT, 1988). A
análise do endovelame revela que, a espécie estudada, apresenta o mesmo padrão
variável de Cymbidieae (PRIDGEON et al., 2009). A presença de suberina e lignina
nas células do velame da espécie histoquimicamente analisada é um caractere
comumente encontrado para as Orchidaceae. A composição das paredes celulares
do velame é celulósica, com impregnação em diferentes graus de lignina e suberina,
sendo que a dimensão de lignificação e suberização varia consideravelmente entre
as espécies de orquídeas. Uma das funções plausíveis do espessamento da parede
no velame é prover suporte e evitar o colapso celular durante a dessecação.
Segundo Pridgeon (1987), na camada interna do velame das raízes de orquídeas, é
comum a presença de células especializadas, denominadas células de cobertura ou
tilossomos, que auxiliam na condensação de água e outros vapores. Entretanto,
essas células parecem estar ausentes em Oncidiinae, pois não aparecem na
espécie aqui estudada. Tal característica também é compartilhada pelas subtribos
Catasetinae e Zygopetalinae, pertencente à tribo Cymbidieae, como observado por
Stern et al. (2004) confirmando a proximidade filogenética dessas subtribos. Na
exoderme, a presença de espessamento somente na parede tangencial externa e
células isodiamétricas orientadas periclinalmente, são caracteres comuns em
algumas Orchidaceae, como descritos para Catasetinae. O conjunto velameexoderme
funciona
como
um
sistema
onde
as
células
longas
suberizadas/lignificadas da exoderme protegem o parênquima cortical do
dessecamento e as células de paredes finas conduzem substâncias nutritivas, do
velame para o tecido cortical. Em relação ao parênquima cortical, não foram
encontradas variações no número de estratos do córtex, mas sim, grandes
diferenças entre o diâmetro das células, o que influênciou sobremaneira as médias
obtidas para tal variável. Em relação à endoderme, o espassamento em “O”
encontrado na espécie analisada corrobora com os caracteres descritos para outras
subtribos pertencentes à tribo Cymbidieae, tais como: Cymbidiinae, Cyrtopodiinae e
Eulophiinae (PRIDGEON et al., 2009). Porembski e Barthlott (1988) classificaram as
raízes de orquídeas em 12 tipos, de acordo com a ocorrência e combinação dos
seguintes caracteres: epivelame, número de camadas celulares e tipo de
espessamento parietal nas células do velame e da exoderme e número de camadas
celulares no córtex. As raízes da Miltonia spctabilis correspondem ao tipo
Cymbidium por possuírem epivelame e até cinco camadas celulares no córtex. Essa
uniformidade entre as raízes corrobora com as informações de Pridgeon et al.
(2009), que reconhecem uma única tribo monofilética, Cymbidieae, formada por
Catasetinae, Coeliopsidinae, Cymbidiinae, Cyrtopodiinae, Eriopsidinae, Eulophiinae,
Maxillariinae, Oncidiinae, Stanhopeinae, Vargasieliinae e Zygopetalinae. A medula é
formada por células parenquimáticas que apresentam paredes com espessamentos,
como em outras Oncidiinae (PRIDGEON et al., 2009). O número de camadas do
velame, o de camadas do córtex central e o de pólos de protoxilema são caracteres
anatômicos que podem influenciar no diâmetro radicular (MOREIRA; ISAIAS, 2008).
Porém, cada um influenciará de maneira mais ou menos contundente no diâmetro
total, sendo que o ambiente, por sua vez, poderá influenciar no desenvolvimento
- 397 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
dessas estruturas nas raízes e, conseqüentemente, em seu diâmetro. Essa relação
foi comprovada em trabalhos com diferentes plantas em ambientes caracterizados
por escassez hídrica, um número reduzido de camadas corticais são encontradas
em espécies vegetais, sugerindo que a menor distância entre o substrato e o estelo
facilitaria a absorção de água nestas condições. Ainda, em condições de irrigação
excessiva e solo calcariado, ocorre maior desenvolvimento da espessura do córtex
de raízes de arroz-de-sequeiro. Também, ocorrem diferenças na anatomia de raízes
entre cultivares distintos de cana-de-açúcar desenvolvidos em diferentes condições
de solo: seco, irrigado e encharcado. A relação entre as medidas das espessuras do
córtex e do cilindro vascular era maior em solos irrigados ou encharcados do que
nos secos, enquanto o espessamento das paredes celulares de células
parenquimáticas, que ocorre entre os pólos de xilema e floema ao longo do
desenvolvimento, foi maior nas raízes do cultivar desenvolvido em condições de
seca. Provavelmente existe uma estreita relação entre o diâmetro da raiz e o número
de pólos de protoxilema, já que esse número varia em gêneros, diferentes raízes de
uma mesma espécie, e numa mesma raiz, em diferentes níveis. Miltonia spctabilis
apresentara o maior número de pólos de protoxilema. Entretanto, mesmo tal espécie
apresentando maior quantidade de pólos, não apresenta o maior diâmetro das
espécies de Oncidiinae. Vale ressaltar que a combinação dos fatores se mostra
importante, porém, parece haver grande influência do diâmetro médio celular
parenquimático cortical e número de pólos de protoxilema no diâmetro radicular.
CONSIDERAÇÕES FINAIS OU PROPOSIÇÃO
As raízes analisadas possuem velame, córtex central e endoderme definidos,
sendo que a presença dos mesmos pode ser considerada adaptações ao epifitismo.
A uniformidade das características anatômicas encontradas nas raízes estudadas
corrobora e suporta os resultados morfológicos e filogenéticos encontrados Chase e
Palmer (1988) e Faria (2004), nos quais a subtribo Oncidiinae encontra-se inserida
na tribo monofilética Cymbidieae.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DETTKE, G.A.; SANCHES-MARQUES, A.M.M.; FERNANDES, M.; MILANEZEGUITIERRE, M.A. Morfoanatomia dos órgãos vegetativos de Miltonia regnellii (Lindl.)
Rchb. f. (Oncidiinae, Orchidaceae).
DRESSLER, R.L. The Orchids: natural history and classification. Cambridge:
Harvard University Press, 1981. 298p.
DRESSLER, R.L. Phylogeny and classification of the orchid family. Portland:
Dioscorides Press, 1993. 314p.
FARIA A. Sistemática filogenética e delimitação dos géneros da subtribo Oncidiinae
(Orchidaceae) endêmicos do Brasil: Baptistonia, Gomesa, Ornithophora,
Rodrigueziella, Rodrigueziopsis e Oncidium pro parte. Tese (Doutorado). São Paulo,
Brasil: Universidade Estadual de Campinas. 2004.
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MOREIRA, A.S.F.P.; ISAIAS, R.M.S. Comparative anatomy of the absorption roots of
terrestrial and epiphytic orchids. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.
51, p. 83-93, 2008.
PABST, G.F.J.; DUNGS, F. Orchidaceae Brasilienses II. Hildesheim: Kurt
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POREMBSKI, S.; BARTHLOTT, W. Velamen radicul micromorphology and
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PRIDGEON, A.M. The velamem and exodermis of orchid roots. In: ARDITTI, J.
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PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.A.; RASMUSSEN, F.N. (Eds). Genera
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PRIDGEON, A.M., CRIBB, P.J., CHASE, M.W.; RASSMUSSEN, F.N. (Eds). Genera
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SANFORD, W.W.; ADANLAWO, I. Velamen and exodermis characters of West
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STERN, W.L; JUDD, W.S.; CARLSWARD, B.S. Systematic and comparative
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WATSON, L.; DALLWITZ, M.J. The Families of Flowering Plants, Orchidaceae
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PALAVRAS-CHAVES: Orquídeas, raízes, Miltonia
- 399 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
VARIÁVEIS DE PROCESSOS DE PSICOTERAPIAS EM CLÍNICA-ESCOLA
HONDA, G.C.1,2; YOSHIDA, E.M.P.1,3
1
Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP, Campinas, SP.;
Orientadora.
3
2
Doutoranda;
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A evolução científica no campo das psicoterapias provém, em grande parte, da
investigação desses fenômenos por meio de pesquisas de resultados e de
processos psicoterápicos. Os estudos de processos visam compreender como
diferentes variáveis podem estar relacionadas com a melhora do paciente.
Pesquisas recentes na área têm demonstrado a existência de fatores comuns às
abordagens psicoterápicas, como motivação e expectativa do paciente sobre o
atendimento que receberá, severidade de sintomas psicopatológicos e aliança de
trabalho positiva. Outras variáveis, como estágio de mudança e qualidade da
eficácia adaptativa, têm sido objetos de estudos realizados pelos membros do grupo
de pesquisa em que as pesquisadoras estão inseridas (YOSHIDA, 1998; HONDA,
2010; GUZZON, 2011). Além disso, deve-se considerar a experiência do
psicoterapeuta e o contexto em que as pesquisas são realizadas. Em nosso meio,
as clínicas-escola oferecem atendimento gratuito ou a semigratuito para a
comunidade e, por isso, desempenham importante papel social, uma vez que, para
muitos pacientes, constitui a única oportunidade de receber atendimento psicológico
(SANTEIRO, 2008). No entanto, estudos científicos que focalizam a eficiência das
intervenções psicoterapêuticas, neste contexto, são ainda incipientes. Alguns
trabalhos abordam o tema e ilustram casos para melhor compreensão das variáveis
envolvidas durante o processo. Entretanto, salienta-se que o conceito de mudança
varia de acordo com referencial teórico. A falta de consenso e de definição clara e
operacionalizada deste conceito torna difícil a sistematização e comparação de
resultados de pesquisas. Por isso, são necessários estudos que abordem o
estabelecimento de critérios mínimos que possam ser utilizados por diferentes
pesquisadores na área. Como alternativa, sugere-se o uso de medidas objetivas
(escalas de auto-relato e avaliação de juízes independentes, a partir de transcrições
de sessões), com intuito de se obter maior probabilidade de comparação dos
resultados de psicoterapias prestadas por estudantes, em clínicas-escola,
propiciando, assim, acúmulo de conhecimentos.
OBJETIVO
Este projeto buscará avaliar aspectos do processo de mudança de pacientes
adultos, submetidos a atendimentos psicoterápicos realizados por estagiários de
Psicologia em clínica-escola. Pretende-se também relacionar e comparar estágio de
mudança, qualidade da eficácia adaptativa e sintomas psicopatológicos, no início e
término do tratamento.
MATERIAL E MÉTODOS OU METODOLOGIA
- 400 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
Esta pesquisa empregará delineamento de Estudo de Caso Intensivo, cujo objetivo é
“garantir a possibilidade de formulação de um modelo explanatório mínimo que
informe sobre a ocorrência de padrões recorrentes no processo terapêutico e que
levem à compreensão dos fatores subjacentes à mudança” (YOSHIDA, 2004, p.4).
Participantes – Comporão a amostra pacientes com mais de 18 anos, de ambos os
sexos, que fazem tratamento psicoterápico na Clínica Psicológica da Puc-Campinas,
independente no nível de escolaridade e que aceitem participar da pesquisa,
fornecendo seu Consentimento Livre e Esclarecido.
Material – Escala de Estágios de Mudança (EEM) – Escala de auto-relato, composta
por 32 itens, subdivididos em quatro grupos que correspondem aos estágios Précontemplação, Contemplação, Ação e Manutenção. Respostas em escala Likert de
cinco pontos, em que 1 corresponde a discordo totalmente e 5 a concordo
totalmente. A definição do estágio de mudança é dada pela maior pontuação nos
itens de um determinado estágio. Apresenta-se como uma medida interessante para
uso de pesquisa envolvendo psicoterapias, pois resultados preliminares apontam
para a validade do instrumento (MCCONNAUGHY, PROCHASKA & VELICER,
1983). No Brasil, há estudos de precisão e validade da Escala em português, cujos
resultados apontam estrutura fatorial compatível com a versão original (PACE, 1999;
YOSHIDA, PRIMI & PACE, 2003).
Escala de Avaliação de Sintomas – EAS-40 – Medida de auto-relato, adaptada e
validada por Laloni (2001). Avalia a severidade dos sintomas psicopatológicos
segundo quatro dimensões: Psicoticismo (F1), Obsessividade-Compulsividade (F2),
Somatização (F3) e Ansiedade (F4). Respostas em escala Likert de três pontos, que
representam a intensidade do sintoma: 0 (nenhum sintoma), 1 (pouco sintoma) e 2
(muito sintoma).
Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada Redefinida (EDAO-R) – A avaliação
da escala baseia-se em dados obtidos em entrevista clínica, em que se classifica a
qualidade das respostas adaptativas como: adequadas, pouco adequadas ou
pouquíssimo adequadas, em função do grau em que resolvam o problema, tragam
satisfação e evitam conflito interno ou externo. Para tanto, as respostas são
apreciadas segundo quatro setores do funcionamento da personalidade: AfetivoRelacional (AR), Produtividade (Pr), Sociocultural (SC) e Orgânico (Or). A avaliação
é feita apenas de forma qualitativa, sem atribuição de escores nos setores SC e Or,
enquanto que os setores AR e Pr são realizadas avaliações quantitativa e
qualitativa. Há cinco grupos de diagnóstico adaptativo possíveis: Adaptação Eficaz
(Grupo 1), Adaptação Ineficaz Leve (Grupo 2), Adaptação Ineficaz Moderada (Grupo
3), Adaptação Ineficaz Severa (Grupo 4) e Adaptação Ineficaz Grave (Grupo 5)
(SIMON, 1989; SIMON, 1997).
RESULTADOS ESPERADOS
De acordo com os objetivos propostos, espera-se, com este trabalho, verificar em
que medida mudanças foram ou não alcançadas por pacientes atendidos em clínicaescola, no que concerne ao estágio de mudança, qualidade da eficácia adaptativa e
severidade dos sintomas psicopatológicos. Pretende-se também observar os
- 401 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
fenômenos envolvidos nas psicoterapias, neste contexto, fazendo-se uma descrição
dos casos e de variáveis que podem ensejar a mudança nos pacientes, com intuito
de se ter uma avaliação clínica da evolução de cada participante. Com base em
estudos anteriores, é possível que as melhoras respeitem às mudanças em padrões
de comportamento e relacionamento, à maior autonomia, à possibilidade de
conhecer-se melhor, à percepção sobre novos modos de lidar com a problemática e
melhora de sintomas (MONTARDO; PIOVESAN; MONTOVANI, 2009; CHAMMAS,
2010; HONDA, 2010). Espera-se, ainda, que esta pesquisa possa ensejar reflexões
acerca dos atendimentos prestados nas clínicas-escola de Psicologia, possibilitando
uma visão mais abrangente e integrada dos inúmeros fatores aí envolvidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAMMAS, D. Triagem Estendida: Um Modo de Recepção de Clientes em uma
Clínica-escola de Psicologia. 2010. (Mestrado em Psicologia) – Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2010.
GUZZON, J. T. Avaliação de Mudança em Mulheres Vítimas de Violência. 2011.
Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, Campinas 2011.
HONDA, G. C. Avaliação de Mudança em Pacientes de Clínica-escola. 2010.
Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Pontifícia Universidade Católica de
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LALONI, D. T. Escala de Avaliação de Sintomas-90-R SCL-90-R: Adaptação,
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PALAVRAS-CHAVES: Pesquisa em Psicoterapia; Processos Psicoterapêuticos; Mudança
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- 403 VI Congresso Científico Uniararas – III Congresso Internacional - V Congresso de Iniciação Científica PIBIC-CNPq
ARTRITE REUMATOIDE: AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA E IMUNOHISTOQUÍMICA
DA ARTRITE INDUZIDA EM MODELOS EXPERIMENTAIS E TRATADA COM
LASER DE BAIXA INTENSIDADE E METOTREXATO
FRITTOLI, R. B.1,2; AMARO COSTA, D.1,2; RODRIGUES, L. H. 1,2; FERRACINI JR, L. C. 1, 3;
.BOMFIM, F. R. C.1,3,4; MORSOLETO, M. J. S. 1,3,5
3
4
¹Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas, Araras, SP, ²Discente, Docente, Co-orientador,
5
Orientador.
[email protected], [email protected]
INTRODUÇÃO
A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória sistêmica, crônica e
progressiva, que acomete preferencialmente a membrana sinovial, podendo levar à
destruição óssea e cartilaginosa. Eventualmente, pode haver acometimento de
outros sistemas (LEE; WEINBLATT; 2001).
Para o estudo da AR, são empregados vários modelos animais que fornecem
informações úteis para a elucidação da fisiopatologia de doenças inflamatórias
articulares e da artrite reumatóide, em particular. Apesar de não se dispor de uma
forma de AR em animais, a maioria dos modelos de artrite empregados atualmente
apresentam similaridades com a doença humana, incluindo hiperplasia da sinóvia e
lesão da cartilagem articular (OLIVER; BRAHN, 1996).
Um dos modelos experimentais utilizado para indução da artrite, é o Zymosan (Zy),
este está associado ao desenvolvimento de uma sinovite crônica onde é possível
coletar amostras da cartilagem articular, permitindo avaliar no tecido lesado, o
conteúdo de glicosaminoglicanos (GAG) (KONNO; TSURUFUJI, 1985).
Com exceção do ácido hialurônico, os GAG encontram-se covalentemente ligados a
proteínas formando os proteoglicanos. O sulfato de condroitina 6 é o principal GAG
sulfatado encontrado na cartilagem articular adulta, havendo correlação entre sua
variação estrutural e diversas patologias articulares (MICHELACCI;1981). Muitos
estudos mostram que a depleção de glicosaminoglicanos dos fragmentos de
agrecam na cartilagem articular é o evento inicial para a destruição da cartilagem,
em condições inflamatórias crônicas com artrite reu

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