Notícia publicada no semanário do Patriarcado: "Voz da Verdade"

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Notícia publicada no semanário do Patriarcado: "Voz da Verdade"
Domingo, 15 de novembro de 2015
Semanário • 0,40 €
Diretor: P. Nuno Rosário Fernandes
Ano 83 • Edição nº 4188
OS FORMADORES DOS FUTUROS PADRES
Na Semana dos Seminários (8 a 15 de novembro), o Jornal VOZ DA VERDADE dá a
conhecer a equipa formadora do Seminário de Cristo Rei, nos Olivais, constituída por
cinco jovens sacerdotes. pág.02
‘Presépio na Cidade’ vai
iluminar Lisboa | pág.06
Bispos portugueses
reunidos em Assembleia
Plenária | pág.06
Os 50 anos da Residência
Universitária Domus Nostra,
em Lisboa | pág.10
P. Nuno Rosário Fernandes
Simplesmente
servir
Lisboa
ATENDER CADA PESSOA
DE FORMA INTEGRAL
Centenário da Associação
dos Médicos Católicos
Portugueses, assinalado em
Lisboa, apelou à defesa da
Medicina como ‘ciência
humana’.| pág.07
Editorial
pág.04
Reportagem
www.vozdaverdade.org
Especial
“A MISSÃO, HOJE, NÃO TEM
FRONTEIRAS”
Num encontro sobre Evangelização,
no Carregado, o CardealPatriarca reconheceu que
Lisboa “tem muito trabalho
a fazer” na comunicação da
fé aos outros. | pág.08
Guilherme d’Oliveira Martins
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Discernimento
e integração
1279 Santos!
Opinião
pág.05
o2/ Reportagem
Semana dos Seminários
FORMAR GENTE QUE NÃO TENHA
MEDO DE SER PASTOR
Quem forma os candidatos ao sacerdócio? Como é constituída a equipa
formadora do Seminário Maior da diocese? Que desafios se colocam
à formação dos futuros sacerdotes? Na Semana dos Seminários
(8 a 15 de novembro), o Jornal VOZ DA VERDADE dá a conhecer
a equipa formadora do Seminário de Cristo Rei, nos Olivais.
texto e fotos por Filipe Teixeira
São cinco os padres que constituem a
atual equipa formadora do Seminário
dos Olivais, na Diocese de Lisboa. Aos
seus cuidados estão 47 jovens candidatos ao sacerdócio, mas nem todos são
de Lisboa. “É uma comunidade de vida
PADRE JOSÉ MIGUEL PEREIRA
44 ANOS
REITOR
“A minha missão é tentar ser congregador, é conseguir que, numa coresponsabilidade, nos animemos, como
equipa, para assumir esta missão de
cuidar daqueles que o Senhor confia
à nossa guarda, numa sintonia afetiva e pastoral com o nosso Bispo,
mas também com os outros Bispos e
reitores que têm aqui seminaristas.
Com a ‘rapaziada’, procuro ser um
bocadinho o rosto do chamamento
de Deus junto deles.”
Este sacerdote destaca a importância da
família para o processo formativo do seminarista, embora reconheça a necessida-
cristã, em formação para o sacerdócio e
corresponde à última fase do itinerário de
formação da Diocese de Lisboa e de outras dioceses que também fazem, no Seminário dos Olivais, a formação dos seus
futuros sacerdotes”, explica o reitor deste
de de um “maior aprofundamento” nesta
temática. “Fazemos anualmente alguns
momentos de encontro com as famílias.
Depois, a propósito dos passos que vão
dando, sempre que há instituições ou ordenações, as famílias são convidadas para
virem ao seminário, bem como na comemoração dos aniversários”, refere o reitor,
lembrando que “o caminho do seminarista também é o caminho da família, e o
caminho da família também acompanha o
caminho do seminarista”.
Para este sacerdote, que está nestas
funções desde 2011, os frutos do trabalho como formador vão-se vendo nas
“vidas que se vão aprendendo a aprofundar, a solidificar em alguns dinamismos de fé, a lidar com as suas fraquezas
e dificuldades”. “É muito consolador
chegar ao dia das ordenações e participar daquilo que é a ordenação de um
novo padre”, afirma, satisfeito.
Para o reitor do Seminário dos Olivais, os
desafios que se colocam na formação de
novos padres são a capacidade de formar “gente que não tenha medo de ser
pastor, que não seja apenas aplicador de
doutrina ou de regras, mas que também
não seja árbitro que faz aquilo que, em
cada momento, sente. E também que sejam muito desafiados a serem pastores,
a caminharem num rebanho e a confiar
que é o Espírito Santo que conduz o
seminário, padre José Miguel Pereira.
O Seminário de Cristo Rei, nos Olivais,
é o Seminário Maior do Patriarcado de
Lisboa e acompanha os seminaristas do
3º ao 6º ano de Teologia – a última etapa
daqueles que procuram ver confirmada a
rebanho, a acompanhar proximamente
cada um e o povo de Deus nos desafios
que vai fazendo. É um dinamismo de comunhão, na pluralidade”, justifica.
PADRE ALEXANDRE PALMA
37 ANOS
PREFEITO
“Enquanto os diretores espirituais fazem um acompanhamento mais interno e pessoal, os prefeitos fazem um
acompanhamento mais atendendo e
observando todas as outras dimensões da vida, ou seja, os estudos, a
iniciação pastoral, a vida comunitária
e, obviamente, a vida de oração.”
O padre Alexandre Palma entrou para
a equipa formadora do Seminário dos
vocação a que foram chamados. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, os membros
da equipa formadora deste seminário
descrevem a sua missão e falam sobre os
principais desafios para a formação dos
novos padres.
Olivais em abril de 2012. No “longo
prazo”, este sacerdote considera que o
grande fruto da formação de novos padres é “ver gente a crescer, ver gente
que dá passos humanos, espirituais, de
fé, e intelectuais”. “Nuns casos mais,
noutros menos”, aponta este sacerdote, afirmando que o trabalho que é
feito na formação terá, “para graça ou
desgraça”, uma “reflexão no presbitério das dioceses que são formadas no
Seminário dos Olivais”.
“Há agora um estilo de se ser padre
que tempos novos exigem”, aponta o
padre Alexandre Palma. “Por um lado,
somos herdeiros de gerações anteriores, de padres mais velhos que devemos saber honrar. Há um capital de
generosidade e martírio, até, que devemos saber honrar, estar a altura do
legado de quem nos precedeu. É uma
ideia que temos de cultivar nos novos
padres. É uma coisa que nos precede e
que nos sucede”, define um dos dois
prefeitos do Seminário dos Olivais.
Para o padre Alexandre Palma, um
segundo aspeto reside na existência
de “um estilo de ser padre mais simplificado, no sentido de uma presença
simples, que talvez venha das provocações e interpelações do Papa Francisco”. Na formação dos seminaristas,
há também um desafio que passa pela
http://seminarios.patriarcado-lisboa.pt
Novo site reúne informação sobre os quatro seminários diocesanos, em Lisboa: Seminário de Cristo Rei, nos Olivais, Seminário de São José, em Caparide,
Seminário de Nossa Senhora da Graça, em Penafirme, e Seminário Redemptoris Mater, em Caneças.
Reportagem /03
preparação para um “estilo de vida
presbiteral e eclesial, mais assente
na lógica da comunhão”, de modo a
“construir comunidades com leigos,
religiosos, não crentes e ser um fator
de comunhão entre pessoas” e “com o
próprio presbitério, com o Bispo à cabeça”, assegura.
PADRE CARLOS MIGUEL
GONÇALVES
41 ANOS
DIRETOR ESPIRITUAL
“A minha missão é acompanhar uma
pessoa que alegadamente é chamada por Deus para este ministério. Há
uma história que me precede. Tenho
também uma função própria de diretor espiritual, como padre, ou irmão
mais velho, de ir acautelando, ajudando, mostrando caminhos, prevenindo armadilhas, enganos, para que
a resposta seja a adequada ou para
que seja a descoberta de que afinal
Deus não chama.”
Há cerca de um ano na função de diretor espiritual do Seminário dos Olivais, o
padre Carlos Gonçalves acompanha, de
muito perto, alguns dos candidatos ao
sacerdócio que estudam neste seminário.
“A caminhada espiritual dos candidatos
acaba por ser a caminhada geral da sua
vida, nesta fase em que eles estão a ser
iniciados no ministério sacerdotal”, refere.
“A minha função aparece no quadro global do seminário que tem uma proposta
formativa e que é muito mais abrangente do que apenas a direção espiritual.
É também dialogando com a parte mais
global e do foro externo que eu ajudo estas pessoas que nós achamos que, neste
momento, têm vocação ao sacerdócio”,
descreve o padre Carlos Gonçalves.
Neste trabalho de formação, “uma grande
parte dos frutos, nem os conhecemos. Se
a pessoa responde adequadamente ao
chamamento de Deus e se isso acontece
já é um fruto” que se “torna mais concreto com a ordenação”, afirma. “Quase
sempre vemos caminhadas muito significativas de crescimento espiritual, de crescimento humano, cristão, de vida evangélica... mesmo com algum seminarista
que saia do seminário porque descobriu
que a sua vocação é outra. Tudo isso são
frutos”, salienta.
Sobre os desafios que se colocam aos novos sacerdotes, o padre Carlos sublinha
que “ser padre para este tempo significa
algo muito concreto: ser ao mesmo tempo
rosto de misericórdia para esta humanidade, na Igreja, sem que isso seja contraditório – e não é –, com a apresentação de
uma proposta firme e concreta de alguém
que guia o povo, que é pastor. Outro desafio é também combater uma conceção
ideológica do ministério, de militante, no
fundo, trabalhar para que apareça a conceção evangélica do que é ser padre, no
contexto que é a Igreja”, refere o padre
Carlos Gonçalves, diretor espiritual.
PADRE PEDRO LOURENÇO
42 ANOS
PREFEITO E RESPONSÁVEL
PELA FORMAÇÃO MUSICAL
E LITÚRGICA
hor Patriarca D. José Policarpo pediu-me
a responsabilidade da formação musical e
litúrgica no seminário. No ano seguinte,
o número de seminaristas aumentou
bastante com os alunos vindos de outras dioceses e foi necessário alargar as
responsabilidades dos membros da equipa formadora. Então, voltei a assumir a
missão de prefeito, mantendo a responsabilidade da formação musical e litúrgica
no Seminário dos Olivais”, conta o padre
Pedro Lourenço.
Este sacerdote garante que “a preparação
não passa tanto por aulas de liturgia, uma
vez que o curso é feito na universidade,
mas passa muito por um cuidado na preparação das celebrações, pelo acompanhamento regular”, observa.
Dos desafios que se apresentam à formação dos candidatos ao sacerdócio, o
padre Pedro Lourenço destaca “a consolidação interior, ou seja, uma vida espiritual
intensa, bem fundamentada, porque é
isso que permite partir em missão. Aquela
ideia contrária, de um certo ativismo, de
partir em missão conforme estamos, depois dá maus frutos”. “Para sairmos de
nós mesmos também temos que nos encontrar com nós mesmos”, conclui.
PADRE RUI PEDRO
CARVALHO
37 ANOS
DIRETOR ESPIRITUAL
“Na missão como prefeito, estou a
acompanhar o curso do 4º ano, com
18 seminaristas. Passa por acompanhar o dia-a-dia da missão deles,
sobretudo nas coisas práticas, como
por exemplo, na vida académica e na
ligação com o trabalho que fazem nas
paróquias ao fim-de-semana.”
Foi ordenado sacerdote há 17 anos e, ao
final de dois, foi trabalhar para o Seminário dos Olivais, integrando a equipa
formadora. Mais tarde, foi para Roma estudar liturgia e regressou, depois, a este
seminário. “Quando regressei, voltei a
integrar a equipa formadora e, na altura,
nem fiquei como prefeito porque o sen-
“Ser diretor espiritual é conhecer o
candidato por dentro e ir ajudando
a estruturar um homem, um cristão,
um santo e um padre, sendo também
seu confessor. Vamos experimentando, através do acompanhamento,
como Deus os olha com misericórdia,
como os vai chamando e fazendo
uma obra neles, na medida em que
eles também se deixam transformar
por Ele.”
Em funções há um ano e meio, este jovem padre olha para o trabalho de direção espiritual como “uma sementeira”.
“Quando a olhamos diariamente, parece
que está sempre tudo igual mas, passado algum tempo, olhamos e vemos
que há aqui coisas a acontecer. É progressivo e tem fases”, descreve. Neste
trabalho de “acompanhamento interior”,
o padre Rui Pedro reconhece que “Deus
chama homens frágeis e pecadores” para
os tornar também “curadores feridos, à
imagem de Jesus”. Por isso, tornar visível
“a experiência do encontro com Deus” e
“serem pastores humildes e perceberem
que este ministério não tem a ver com
a qualidade humana dos seminaristas ou
por serem o ‘supra-sumo dos cristãos’”,
é o desafio que se coloca à formação dos
futuros padres.
O padre Rui Pedro, que é também o
diretor da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa, afirma que o acompanhamento das famílias e dos seminaristas
é uma “mais-valia e tocam-se muito,
porque os problemas que os casais vão
vivendo no casamento, como por exemplo na falta de diálogo, por vezes
é o problema que os celibatários têm
na falta de oração”. “Na Igreja somos
uma família. É um jardim com vocações
muito belas, ao matrimónio e ao celibato. Elas ajudam-se, são complementares. Preparamos padres para ajudarem
as famílias a serem famílias e teremos
famílias que vão ajudar os padres a serem padres”, aponta.
SEMINARISTAS
Atualmente, o Seminário Maior
de Cristo Rei, nos Olivais, tem 47
seminaristas, oriundos de várias
dioceses portuguesas e estrangeiras: Lisboa, Santarém, Funchal,
Aveiro, Portalegre-Castelo Branco,
Leiria-Fátima, Santiago e Mindelo,
em Cabo Verde, Cochim, na Índia,
e São Tomé e Príncipe.
Domingo, 15 de novembro de 2015
www.vozdaverdade.org
o4/ Editorial
SIMPLESMENTE
SERVIR
P. Nuno Rosário
Fernandes,
diretor
um chamamento. Se entendermos
um cargo político, uma qualquer
profissão desempenhada, um simples serviço, um qualquer cuidado,
uma qualquer palavra de conforto ou
correção, no momento próprio. Em
tudo podemos ser servos inúteis. No
nosso ministério, nos serviços paroquiais, nas funções eclesiais, sobretudo, devemos assumir esta postura. O
Papa Francisco tem-nos desafiado a
isso, constantemente, e será o nosso
testemunho que pode tocar e marcar.
EM FOCO
Neste Domingo termina a Semana
dos Seminários. Um tempo em que
fomos convidados a rezar, também,
por aqueles que se predispõem a
moldar o seu coração à imagem de
Cristo Bom Pastor. Ele é o Servo
dos servos e d’Ele podemos aprender
o serviço. Reconhecendo que, apesar de todo o nosso pecado, pela sua
misericórdia fomos escolhidos para
servir, devemos sentir-nos ainda
mais comprometidos com a missão
que nos é confiada, seja ela qual for.
“Fazer o que devemos fazer, com um
sentido de serviço, alimentado por
uma humildade interior, consciente de
um fazer como discípulos de Cristo.
Fazer como missão, não na procura de
um poder, ou de uma satisfação de um
ego, ou na expectativa da compensação
que daí possa advir.”
© Nuno Rosário Fernandes
[email protected]
Por ironia do destino, no dia em que
o país estava de atenções viradas para
a Assembleia da República, para ver
cair o Governo que foi eleito pelo
povo na sua expressão democrática
que é a eleição, o Evangelho do mesmo dia deixava-nos um grande desafio: ser como servos inúteis. Esta
deve ser a nossa atitude diante das
coisas, dos cargos e das missões que
assumimos. Fazer o que devemos
fazer, com um sentido de serviço,
alimentado por uma humildade interior, consciente de um fazer como
discípulos de Cristo. Fazer como
missão, não na procura de um poder,
ou de uma satisfação de um ego, ou
na expectativa da compensação que
daí possa advir. Fazer como serviço,
como entrega, como esvaziamento de si próprio, como oferta, como
oblação da vida que se pode tornar
amor para os outros.
Mas estaremos nós conscientes deste
desafio que nos é proposto? A resposta todos seremos chamados a dar,
se entendermos, inclusive, o trabalho como dom, missão e resposta a
Os seminários do Patriarcado de Lisboa reuniram-se, no dia 7 de novembro, em
Penafirme, para celebrar Semana dos Seminários e o habitual Magusto de São
Martinho. Na celebração da Eucaristia foram admitidos como candidatos às ordens
sacras cinco seminaristas do Seminário dos Olivais.
FRASES QUE MARCAM
“Todos nós queremos que todos ganhem mais no
sentido de uma vida mais justa para todos, mas
isso significa que haja meios para cumprir tal
desiderato. Creio que todos os agentes políticos
com a responsabilidade que têm saibam conjugar
estes fatores: o ideal que temos e os meios que
temos para o atingir num quadro nacional e
internacional que implica responsabilidades aqui
e compromissos de fora. Mas os agentes políticos
até pelo acesso que têm a dados e conhecimentos
encontrem a melhor forma de o fazer.”
D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa,
à Renascença
“Os jovens são aqueles capazes de superar
preconceitos e derrubar muros, barreiras, se
existem, porque têm essa disponibilidade interior para gerar amizade e contribuir para este
caminho da unidade.”
D. Antonino Dias, Bispo de Portalegre-Castelo
Branco, à Agência Ecclesia, a propósito do
Fórum Ecuménico Jovem
“A vaidade não se limita a afastar-nos de
Deus; torna-nos ridículos.”
Papa Francisco, @pontifex_pt
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em www.vozdaverdade.org
Guilherme d’Oliveira Martins
Discernimento e integração
«A família ensina-nos a ultrapassar as oposições e diz-nos que temos que voltar a ser um,
se quisermos gerar e criar» - afirmava Jean
Lacroix, no final dos anos quarenta, num livro célebre, «Força e Fraquezas da Família»
(tradução de João Bénard da Costa, Moraes,
1959). «Inimigos ou estranhos, os homens,
destruindo-se a si próprios, destroem necessariamente tudo com eles; a forma mais
radical de auto-negação é a negação dos outros. E é entregando-se ao outro que somos
cada vez mais e criamos novos seres». Para
o filósofo francês, a participação integral no
mistério familiar é a plena entrega de carne
e espírito. Falar de família é referir, assim, a
dimensão ontológica, a expressão psicológica
e moral e a consideração sociológica e jurídica. Estas considerações merecem ser lembradas perante a «Relação Final do Sínodo dos
Bispos sobre a Família ao Santo Padre» (24
de outubro de 2015) – que parte do «desejo
fundamental de formar uma rede amorável,
sólida e intergeracional da família», que se
apresenta significativamente constante, «para
além dos limites culturais e religiosos e das
transformações sociais».
O texto merece leitura muito atenta e circunstanciada, para além dos aspetos que mais
interesse suscitaram à comunicação social. A
família cristã é a Igreja doméstica, o que obriga à compreensão do contexto antropológico-cultural, das contradições culturais e da
necessidade de se fortalecer a família, na sua
complexidade, para fazer face às fragilidades.
«A família é uma escola do mais rico humanismo», como nos ensinou o Concílio Vaticano II (G.S., 52), merecendo uma especial
atenção por parte dos responsáveis pelo bem
comum, por se tratar da célula fundamental
da sociedade e por construir elos sólidos, nos
quais se baseia a convivência humana, assegurando a renovação e o futuro da sociedade.
Longe de corresponder a um conjunto genérico de orientações, o documento do Sínodo
apresenta desafios exigentes, que obrigam a
um empenhamento de todos – no sentido
de responder à solidão e à precaridade, de
ligar economia e equidade, de combater a
pobreza e a exclusão e de articular a responsabilidade da família no tocante ao equilíbrio
ecológico, à coesão e à inclusão social. Mas
«seguramente não significa que encontramos
soluções exaustivas para todas as dificuldades
e dúvidas que desafiam e ameaçam a família»
- como lembrou o Papa Francisco. Importa,
porém, referir a ênfase especial dada ao pa-
P. Gonçalo Portocarrero de Almada
1279 Santos!
Segundo a revista do Expresso, de 17 de Outubro de 2015, em Portugal, só no primeiro
semestre de 2015, foram registados 1279
Santos! Em boa hora o calendário litúrgico
dedica uma solenidade, que é de preceito, à
inumerável multidão dos santos, no primeiro
dia de Novembro, um dos tais feriados que,
segundo consta, serão em breve repostos no
calendário nacional.
Para quem apenas se consegue lembrar de
uma escassa meia dúzia de bem-aventurados
portugueses, talvez surpreenda uma tão elevada cifra de Santos nacionais. Como explicar, então, os 1279 Santos, só no primeiro
semestre deste ano?! A resposta é mais óbvia
do que, à primeira vista, podia parecer: estes
1279 Santos não são compatriotas nossos
que chegaram aos altares, mas o total dos
cidadãos nacionais que, segundo o Instituto
de Registos e Notariado, foram, no primeiro
semestre do corrente ano, registados com este
apelido...
Deixando de lado a questão onomástica, de
somenos importância, interessa afirmar que,
mesmo sendo poucos os santos portugueses
oficialmente reconhecidos como tal, são certamente muitos mais do que os beatificados
ou canonizados, mas talvez não tantos quantos os que usam um nome tão expressivo da
nossa tradição cristã.
A ideia de que a santidade é apenas para uma
elite de cristãos ou, pior ainda, que é preciso
ser especial para ser santo, não é apenas errada, mas herética. Com efeito, o Concílio Vaticano II proclamou solenemente, como antes
preconizara S. Josemaria Escrivá, que todos
os cristãos são chamados à santidade. Os primeiros seguidores de Cristo consideravam-se, sem qualquer tipo de presunção, santos,
e como tal são referidos, habitualmente, por
São Paulo, nas suas cartas.
A santidade não é a excepção, mas a regra da
condição cristã: anormal não é quem é santo
mas quem, podendo e devendo sê-lo, o não
é. Um cristão que não é santo é alguém que
frustrou a sua vocação, que ficou aquém do
desígnio para o qual tinha sido criado, redimido e santificado. Pelo contrário, um santo
mais não é do que um cristão normal, ou seja,
alguém que realizou em si mesmo a plenitude
Opinião /05
pel determinante da mulher na vida pessoal,
familiar e social – considerando uma maior
valorização da responsabilidade da mulher na
Igreja. «A emancipação feminina apela a um
repensamento dos papéis dos cônjuges, na sua
reciprocidade e na responsabilidade comum
na vida familiar». Neste contexto coloca-se o
matrimónio na ordem da criação e da plenitude sacramental – a partir da fidelidade, da
relevância da vida afetiva e da formação com
vista ao dom de cada um. Importa, porém,
compreender as dificuldades, as angústias, os
conflitos, o sofrimento, a doença, a provação
e as incertezas. Não podemos esquecer que
a fecundidade é multímoda, como o amor
é polifacetado – eros, filía e agapé – e que o
sentido pleno é espiritual, o que nos conduz à
misericórdia do coração e da revelação.
Eis por que razão o acompanhamento pastoral da família terá de ser compreensivo das
situações complexas, da necessidade de regular a conflitualidade e da recusa das soluções
simplificadoras e ilusórias. Daí a importância
do discernimento e da integração. O Sumo
Pontífice lamentou, por isso, que alguns «corações fechados» optem por «julgar, às vezes
com superioridade e superficialidade, os casos
difíceis e as famílias feridas». Sem soluções
ou receitas uniformes, há um apelo à compreensão humana. Os pontos 84, 85 e 86 do
documento foram aprovados por mais de
dois terços dos padres presentes no Sínodo
(177 em 265). A fórmula do nº 85 sobre o
acompanhamento das pessoas «no caminho
do discernimento segundo o ensinamento da
Igreja e as orientações do bispo» obteve mais
um voto do que o necessário, correspondendo
a um forte apelo à responsabilidade nas relações interpessoais, já que «uma reflexão sincera pode reforçar a misericórdia de Deus, que
não é negada a ninguém». Por outro lado, o
número 84 afirma que os divorciados recasados têm de estar «mais integrados nas comunidades cristãs» (187 votos). Numa palavra,
o Sínodo deu passos seguros no sentido da
abertura, que se concretizará na inteligência,
compreensão e discernimento da ação pastoral, devendo salientar-se que pela primeira
vez há indicação pormenorizada de como foram votados os diversos pontos das conclusões – o que cria precedentes importantes: o
da colegialidade e o da votação pública das
decisões, ponto por ponto. «A experiência do
Sínodo (afirmou, em suma, o Papa) fez-nos
compreender melhor (…) que os verdadeiros
defensores da doutrina não são os que defendem a letra, mas o espírito; não as ideias, mas
o homem; não as fórmulas mas a gratuidade
do amor de Deus e do seu perdão».
da vida cristã para a qual tinha sido por Deus
chamado. Não é o santo que é um sobredotado, mas o não santo que é, em termos de vida
cristã, um frustrado espiritual.
Se houve santos estranhos, com vidas insólitas, pejadas de fenómenos invulgares, não se
deve pensar que foi por isso, mas apesar disso,
que chegaram ao Céu. A santidade não se
afere em função de acontecimentos extraordinários, mas pela forma extraordinária como
se cumprem as obrigações comuns, sejam elas
pessoais, familiares, laborais, políticas, sociais
ou religiosas. Desde que seja moralmente lícito, tanto dá o que se faz, desde que se cumpra, com perfeição cristã, o próprio dever e,
sobretudo, se ame a Deus e ao próximo. Para
ser santo não é preciso mudar de actividade,
de estado, de trabalho ou de local de residência, porque é na família, ofício e lugar de cada
qual que se pode e deve alcançar essa meta,
que é acessível a todos os fiéis, sem excepção.
Por muito que nos maravilhem as biografias
espectaculares de certos santos, aos quais foram concedidas grandiosas visões, ou a graça
de realizarem surpreendentes milagres, a verdade é que nenhum desses bem-aventurados
iguala a qualidade sobrenatural das duas
criaturas mais santas de toda a humanidade:
Nossa Senhora e São José. Maria não deixou,
para a posteridade, a lembrança de nenhum
milagre por ela realizado em vida, nem sequer
nenhuma famosa receita de culinária… Seu
marido, carpinteiro de profissão, também não
se destacou por nenhuma obra-prima, nem
protagonizou, que se saiba, qualquer feito milagroso. Contudo, ambos foram, certamente,
os mais excelsos santos cristãos, pelo cumprimento amoroso das suas tão vulgares obrigações familiares, religiosas e profissionais,
cheias de sentido sobrenatural e de eficácia
evangelizadora.
Não estranha, portanto, que Jesus tenha dedicado a quase totalidade da sua existência
terrena à prosaica vida familiar, religiosa e
laboral de Nazaré. Desse modo, o carpinteiro,
filho de Maria e de José, ensinou o caminho
da santidade que devem trilhar todos os fiéis
que, imitando o divino Mestre, são chamados
à perfeição da caridade através da dedicação
à sua família, da sua integração e serviço na
respectiva comunidade eclesial e do seu empenho na transformação do mundo, através
do seu trabalho profissional.
Domingo, 15 de novembro de 2015
www.vozdaverdade.org
o6/ Lisboa
Recolha de sangue em São Domingos de Rana
Agrupamento 113 do Corpo Nacional de Escutas organiza recolha
no próximo dia 21 de novembro, sábado, das 15h às 19h, no salão
paroquial de São Domingos de Rana
Encontro com a ACEGE
Assembleia Plenária da CEP
“Tratar os trabalhadores como família”
Igreja procura a “renovação
permanente da catequese”
Num encontro com os membros da ACEGE - Associação Cristã de
Empresários e Gestores, o Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou que
os trabalhadores das empresas devem ser tratados como família.
‘Catequese: A alegria do encontro com Cristo’ é o
título do documento que os Bispos portugueses
estão a debater esta semana, na
Assembleia Plenária da Conferência
Episcopal Portuguesa, que visa a
“renovação permanente da catequese”.
Encontro Matrimonial
São Tomás de Aquino
CNJP
De 8 a 22 de dezembro
O movimento Encontro Matrimonial promove, de 20 a 22 de novembro, em Alfragide,
Lisboa, a atividade ‘Um Fim-de-Semana
muito especial…’, uma “experiência para ser
vivida por casais”, que é uma “oportunidade
de se conhecerem melhor e amarem-se
mais” e pretende “enriquecer o sacramento
do Matrimonio” e “fazer de um bom casal,
um casal ainda melhor”. Um comunicado
cita testemunhos de casais participantes
em atividades anteriores: “é como estar em
lua-de-mel outra vez”; “melhorámos muito
o nosso diálogo íntimo”.
Informações:
[email protected]
‘Misericórdia e inquietação humana – A
misericórdia no coração da humanidade’ é
o tema da conferência que o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente,
vai proferir na noite (21h30) do próximo
dia 1 de dezembro, terça-feira, na igreja de
São Tomás de Aquino, em Lisboa. Este
encontro insere-se no ciclo de conferências ‘Bem-aventurados os misericordiosos’,
organizado por esta paróquia da Vigararia
Lisboa III, que terá ainda mais quatro sessões, nos dias 26 de janeiro de 2016, 1 de
março, 5 de abril e 3 de maio.
Informações:
www.paroquiatomasaquino.com
A Comissão Nacional Justiça e Paz
(CNJP) deseja colocar o combate às desigualdades nas prioridades políticas.
Por ocasião da conferência ‘Sociedade
Desigual ou Sociedade Fraterna?’, o presidente da CNJP, Pedro Vaz Patto, recorda
à Agência Ecclesia que “são vários os estudos que revelam que a desigualdade se
tem acentuado”, em Portugal e a nível
mundial, pelo que é necessário perceber
“até que ponto” essas desigualdades são
compatíveis com “uma sociedade fraterna”. “É preciso encarar o acentuar das
desigualdades como algo a que há que pôr
termo e inverter este ciclo”, acrescentou.
A Rua Garrett, junto à Basílica dos Mártires, na Baixa de Lisboa, vai acolher o
‘Presépio na Cidade’, este ano com o
lema ‘Todos os homens verão a Salvação
de Deus’ (Lc 3,6). De 8 a 22 de dezembro, entre as 14h00 e as 19h00, este projeto
de leigos católicos que nasceu em Lisboa
no ano 2000 pretende “celebrar em grande festa o Nascimento de Jesus”. Destaque
ainda para a Via da Alegria, no dia 19 de
dezembro, a partir das 16h00, no Arco da
Praça do Comércio, que termina com a
Bênção das Grávidas, às 18h30, na Basílica
dos Mártires.
Informações: www.presepionacidade.org
A informação foi revelada pelo presidente
da CEP, no passado dia 9 de novembro,
em Fátima, no discurso de abertura da
reunião do Episcopado. “Bem de acordo
com o ensinamento do Papa Francisco,
delineia-se um perfil de crente que urge
formar: o “discípulo missionário”. Daqui
o objetivo da catequese: «levar cada catequizando a encontrar Cristo como um
amigo que vem ao seu encontro e o chama a caminhar com Ele e a colaborar na
missão, esperando dele uma responsabilidade concreta ao serviço da humanidade
que Ele ama»”, anunciou D. Manuel Clemente, citando o documento em estudo,
acrescentando que “o objetivo só se atingirá com a integração do catequizando em
«comunidades vivas e missionárias»” e “a
participação indispensável das famílias”.
“Tudo exigindo catequistas convictos, que
testemunhem o que já vivem, com Cristo
e a partir de Cristo”, lembrou.
No discurso inaugural da Assembleia
Plenária, que decorreu até dia 12, o presidente da Conferência Episcopal falou
do “momento que vivemos como sociedade portuguesa” e garantiu que “todos
ganharemos se forem tidos em conta os
princípios do pensamento social cristão”.
“Trata-se, em suma, de salvaguardar a vida
humana em todas as suas fases, da conceção à morte natural; da valorização da vida
familiar e da educação dos filhos, com referência masculina e feminina de geração
ou adoção; de satisfazer as necessidades
primárias de educação, saúde, segurança
social, trabalho e emprego; de promover
uma vida empresarial criativa e solidária;
de acolher imigrantes ou refugiados…”,
exemplificou D. Manuel Clemente.
© Agência Ecclesia
Cardeal-Patriarca com o novo presidente
da ACEGE, João Pedro Tavares
© Agência Ecclesia
começar por onde se aprende, porque
quando não se aprende isso na família, é
muito difícil aprender num compêndio”.
Entretanto, a ACEGE elegeu como
presidente João Pedro Tavares, um engenheiro civil de 53 anos atualmente ligado
à área da consultadoria. Numa mensagem,
o novo responsável, que substitui António
Pinto Leite, destacou a importância de
continuar a “inspirar líderes” para a verdade e justiça.
© Arlindo Homem
“Cada empresário cristão, onde estiver e
em tudo quanto possa, olhe para aquele
homem e para aquela mulher não como
uma peça isolada e como mais ou menos
recursos humanos, mas naquela humanidade relacional que eles têm e mantêm”,
desafiou D. Manuel Clemente, num encontro com os membros desta associação
profissional, que decorreu no dia 5, na
igreja de São Nicolau, em Lisboa. “Isto
tem implicações, como todos sabem, que
nunca mais acabam, com essas famosas
leis de mercado e da competição tão inexoráveis, mas onde não podemos falhar”,
observou.
Na sua intervenção, o Cardeal-Patriarca
sublinhou ainda que o núcleo das sociedades é a própria família: “Quando [o Papa]
incita as comunidades cristãs levarem isto
a sério para serem, como diz o Evangelho, fermento na massa, provocarem um
bom contágio nas outras realidades sociais, confessionais ou não, é porque está
completamente convencido que para
reestruturar uma comunidade temos de
‘Um Fim-de-Semana
muito especial…’
Cardeal-Patriarca reflete
sobre misericórdia
Combate às desigualdades
nas prioridades políticas
‘Presépio na Cidade’
ilumina Lisboa
Lisboa /07
Despertar da Fé: Advento e Natal
Dia 18 de novembro, das 14h30 às 18h00, na Obra Social Paulo VI, no Campo Grande, em Lisboa,
realiza-se o encontro de preparação para a vivência do Advento e Natal nas instituições, famílias
e comunidades (inscrições: 218810500 ou [email protected])
Centenário da Associação dos Médicos Católicos Portugueses
“Medicina deve retomar-se como ‘ciência humana’”
O Cardeal-Patriarca de Lisboa congratulou-se pela “existência e persistência” que caracterizaram
os 100 anos da Associação dos Médicos Católicos Portugueses. Na comemoração do centenário
desta associação, D. Manuel Clemente apontou o retomar da “ciência humana” como resposta aos
desafios enfrentados, hoje, pela Medicina.
texto por Filipe Teixeira; fotos por AMCP
“Trata-se hoje em dia de defender a sociedade duma desvalorização fatal que
lhe corroesse a centralidade humana e
responsável”, apontou D. Manuel Clemente, como objetivo para os membros
da Associação dos Médicos Católicos
Portugueses (AMCP). No encontro que
decorreu no passado sábado, 7 de novembro, no Centro Cultural de Belém (CCB),
em Lisboa, o Cardeal-Patriarca referiu
os incalculáveis “resultados positivos” que
a associação trouxe à sociedade, ao longo
destes 100 anos de existência, e fez uma
resenha dos tempos primórdios de criação da AMCP, num período de transformação da sociedade portuguesa. “Há cem
anos correspondia à novidade dos tempos,
que exigiam participações livremente conjugadas para defender causas e promover
valores. Em Portugal, e depois dos graves
problemas levantados pela Lei de Separação de abril de 1911, (...) o Episcopado
conclamou à “união” dos católicos, para
defenderem o direito de o serem publicamente também”, referiu o presidente da
Conferência Episcopal Portuguesa, destacando depois alguns desafios para a medicina: “Os desafios culturais são grandes,
pela fragmentação evidente de saberes,
práticas e propósitos. Mais do que nunca,
a medicina deve retomar-se como ‘ciência
humana’, atendendo a cada pessoa na respetiva totalidade psicofísica e relacional”.
Na primeira linha
A celebração do centenário da Associação
dos Médicos Católicos Portugueses contou igualmente com a participação do Ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa,
que no seu discurso, na sessão de abertura,
enalteceu a importância das associações da
Igreja Católica na prestação de cuidados
de saúde, em Portugal. “Muitas vezes, assistimos a alguma confusão relativamente
à avaliação daquilo que tem sido [a atuação] de muitas associações da Igreja Católica no contexto da produção de cuidados
de saúde, onde, com alguma frequência,
se cai numa confusão entre aquilo que é a
defesa do laicismo, com aquilo que, muitas
vezes, não acaba por ser mais do que um
anticlericalismo de primeira linha e que,
logo de seguida, se tenta disfarçar com um
outro qualquer discurso que, na realidade,
não é consentâneo com aquilo que se disse
anteriormente”, referiu o ministro, defendendo ainda a “enorme importância” que
a Associação dos Médicos Católicos tem
para o país.
A primeira parte da comemoração do
centenário contou igualmente com o discurso de abertura, pelo presidente nacional da Associação dos Médicos Católicos
Portugueses, Carlos Alberto da Rocha,
com uma reflexão do professor catedrático Walter Osswald, com o tema ‘Médicos
e Católicos: 100 anos de uma associação’,
e ainda com a entrega de medalhas comemorativas do centenário aos antigos presidentes da AMCP.
Cuidar com ternura
Na Sala Luís de Freitas Branco, no CCB,
a presidente da Associação dos Médicos
Católicos de Lisboa, Sofia Reimão, apresentou uma reflexão sobre ‘Ser Médico,
ser Católico: pertencer, hoje, à Associação
de Médicos Católicos?’, apontando um
duplo desafio para quem pertence, hoje,
a esta associação profissional católica:
“Procurar perceber o mundo e o contexto em que estamos inseridos na prática da
Medicina e tentar, depois, encontrar uma
resposta concreta, através de uma vivência, em Igreja, do testemunho de ser discípulos de Cristo, partilhando e recebendo
de outros profissionais a experiência da
sua vida”. Para esta profissional de Saúde,
existem três pontos centrais que podem ser
resposta aos desafios da Medicina nos dias
de hoje. No primeiro, sobre a “Evolução e
domínio da Técnica e da Ciência”, Sofia
Reimão apela ao facto de “o médico não
poder menosprezar os recursos tecnológicos existentes” e ser chamado a “utilizá-los
como um recurso e não como finalidade
em si mesmos”. O segundo ponto referido, sobre “O que é o homem? A dignidade da pessoa humana”, toca na questão do
aborto e da eutanásia. São “questões fulcrais ligadas profundamente à dignidade
do ser humano, dessas resultando a forma
como olhamos o homem concreto”, afirma
Sofia Reimão, lembrando o termo ‘cultura
do descarte’, tantas vezes usado pelo Papa
Francisco, na encíclica Laudato si’, para
se referir ao mundo atual, onde se “esquece que o valor inalienável do ser humano”.
No terceiro ponto, esta médica do Hospital de Santa Maria salienta a reflexão sobre
‘A imortalidade e o enigma da morte na
sociedade moderna’ como um dos pontos
centrais que podem responder aos desafios
da Medicina. “Ao refletir sobre o problema da morte, somos confrontados com o
derradeiro mistério do homem, encerrando
em si a essência do que é ser humano: ser
mortal. Centram-se, aqui, muitos dos problemas éticos da medicina e da sociedade
pós-moderna, nomeadamente a eutanásia,
o suicídio ou os cuidados dos doentes terminais”, considerou Sofia Reimão, deixando ainda um desafio aos médicos católicos,
citando palavras do Papa Francisco, na sua
última carta Encíclica: “Aprendermos e vivermos a ‘grande ternura, própria não de
quem é fraco, mas de quem é verdadeiramente forte, atento à realidade para amar
e servir humildemente’, aprender ‘a cuidar,
motivando-nos a trabalhar com generosidade e ternura para proteger aqueles que
Deus nos confiou’”.
A presidente da
Associação dos Médicos
Católicos de Lisboa,
Sofia Reimão,
apresentou uma
reflexão sobre ‘Ser
Médico, ser Católico:
pertencer, hoje,
à Associação
de Médicos
Católicos?’
BÊNÇÃO APOSTÓLICA PARA OS MÉDICOS CATÓLICOS
O encontro comemorativo do centenário da Associação dos Médicos Católicos Portugueses culminou com a leitura da Bênção Apostólica do Papa Francisco, pelo Núncio
Apostólico, D. Rino Passigato, que também presidiu à Missa, no Mosteiro dos Jerónimos, no final do encontro.
Domingo, 15 de novembro de 2015
o8/ Especial
Encontro sobre Evangelização, na Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer
EVANGELIZAR UM MUNDO
COM SEDE DE DEUS
O Cardeal-Patriarca reconhece que Lisboa tem “muito trabalho a fazer em
termos de evangelização” e convidou os cristãos a comunicarem a fé. “A
vida e a alegria que Cristo nos traz não é só para nós”, lembrou D. Manuel
Clemente, num encontro vicarial sobre Evangelização, no Carregado,
onde garantiu sentir hoje na sociedade “muita avidez para falar de Deus”.
texto e fotos por Diogo Paiva Brandão
Na Quinta de Vale Flores, no Carregado,
no primeiro encontro temático vicarial
da Visita Pastoral à Vigararia de Alenquer, o Cardeal-Patriarca começou por
falar sobre o impulso evangelizador sentido pelas comunidades cristãs primitivas,
frisando que “Jesus estava completamente convicto de que nos vinha responder
a tudo aquilo que temos no coração”.
“Ele tinha sido esperado e anunciado por
tudo aquilo que nós chamamos Antigo
Testamento. Ele próprio disse: ‘Eu vim
dar pleno cumprimento às profecias, vim
realizar plenamente o que estava na lei
– os 10 Mandamentos, Eu sou Aquele
por quem vocês esperavam, o Messias’.
Um mundo cheio da presença de Deus,
de reconciliação e de paz – Jesus estava
plenamente convicto que era isso que vinha fazer no mundo”, lembrou D. Manuel Clemente, na noite do passado dia
6 de novembro. Neste sentido, sustentou,
estes ensinamentos não eram apenas dirigidos “àquele pequeno grupo” dos discípulos. “Esta manifestação de Deus no
mundo, esta alegria verdadeira, que tanto
é para os momentos alegres como para
os momentos tristes, porque está cheia da
vida de Deus, era para dar aos outros. A
vida de Deus é para passar de uns para os
outros, como na nossa própria vida natural que passou dos nossos pais para nós.
Agora, esta vida eterna passa de Jesus
para os primeiros e dos primeiros para os
segundos e dois mil anos depois cá estamos nós”, frisou.
Um mundo com Deus, um
mundo com os outros
Garantindo, depois, que “receber a vida
de Jesus é receber uma vida que nunca
mais acaba, uma vida que transborda”,
o Cardeal-Patriarca de Lisboa desafiou
os cristãos da Vigararia de Alenquer ao
anúncio: “A vida e a alegria que Cristo
nos traz não é só para nós. Quando é verdadeira, comunica-se. A alegria do Evangelho é uma alegria que acontece e pode
acontecer em todo o lado, porque em
todo o lado está esta vida de Jesus Ressuscitado. A vida de Cristo é uma vida
vencedora, mas não é vencedora à maneira das vitórias deste mundo – que é gente
a sobrepor-se aos outros e a ser mais que
os outros, a ser melhor que os outros –;
A CATEQUESE E A INCULTURAÇÃO
Numa questão colocada pela numerosa assistência deste encontro sobre Evangelização, no Carregado, foi sublinhado que “a catequese não transmite a fé”. “Atingimos a mente, mas não chegamos ao coração nem à ação”, lamentou um dos sacerdotes presente.
Perante este problema concreto, o Cardeal-Patriarca lembrou: “Quando evangelizamos, lançamos a semente mas também temos
que ter atenção à maneira como ela vai crescer e vai dar fruto”. Depois, destacou o exemplo de inculturação, ou seja da adaptação
cultural da prática da fé cristã na sua divulgação, como o Pão por Deus, no Dia de Todos os Santos, ou as Festas do Espírito Santo
em Alenquer, que foram restauradas há pouco mais de uma década.
Sobre as orientações do Papa Francisco aos Bispos portugueses durante a recente visita ad limina, a propósito da catequese, D. Manuel
Clemente observou que “hoje existem meios técnicos e materiais que permitem uma transmissão mais ágil”, mas lembrou igualmente
que “há muita oferta” às crianças e jovens. “Hoje, qualquer miúdo que vá para a catequese já viu e ouviu tanta coisa, tanto boneco,
tanta imagem… portanto, a transmissão da história de Cristo já está mais misturada com outras histórias e não tem o impacto que
tinha no meu tempo, porque na minha infância não havia televisão”, constatou. Neste sentido, a catequese, “como qualquer ato de
Igreja, tem de ser de Igreja”, tem de “envolver a família”, “integrar a comunidade” e deve procurar, “como antigamente, um ambiente
de amizade, oração, que metia brincadeira, doutrina, jogos”. “Ficávamos cheios de vida cristã!”, recordou.
Especial /09
JESUS, ORAÇÃO, TESTEMUNHO
O encontro sobre Evangelização, com o Cardeal-Patriarca de Lisboa, começou
com a visualização de um vídeo (acessível em https://goo.gl/3zdxS5) do encontro do Papa Francisco com os movimentos eclesiais, na Vigília de Pentecostes, a
18 de maio de 2013, na Praça de São Pedro. À pergunta dos movimentos sobre
como comunicar, de maneira eficaz, a fé, o Papa sublinhou que “o mais importante é Jesus”. “Se pretendemos avançar com mais organização, com outras coisas –
coisas certamente boas –, mas sem Jesus, não avançamos, não resulta”, garantiu
Francisco, lembrando ainda a importância da “oração” – o “deixar-se guiar por
Ele”, porque “somos verdadeiros evangelizadores, quando nos deixamos guiar
por Ele” – e o “testemunho” – porque “a comunicação da fé pode-se fazer unicamente através do testemunho; e este é o amor”. Convidado a comentar o vídeo,
D. Manuel Clemente observou que “o que importa na evangelização não é uma
ideia, não é uma teoria, é uma pessoa, e essa pessoa chama-se Jesus”. “Olhar
para Jesus, deixarmo-nos olhar por Jesus e deixarmo-nos guiar por Jesus. Como
nós acreditamos que Deus vem ao nosso encontro na figura de Jesus, temos que
estar muito atentos. ‘Olhar para Jesus’ é ter os olhos da alma bem abertos, para
reparar na sua presença, como Ele está na nossa vida, mantê-lo muito presente
na nossa memória lembrando as cenas do Evangelho em que Ele se manifestou.
‘Deixarmo-nos olhar por Jesus’, porque nós acreditamos que em Jesus Deus tem
olhos humanos para nos olhar e, agora, o olhar ressuscitado de Jesus enche o
mundo inteiro. Finalmente, ‘deixarmo-nos guiar por Jesus’ mostra como é tão
diferente levarmos a nossa vida só a partir da nossa cabeça, dos nossos desejos,
dos nossos propósitos ou deixarmo-nos guiar por aquilo que Jesus nos diz, pelo
menos, no Evangelho de cada Domingo para depois toda a semana ser feita segundo aquilo que Ele lá diz”, frisou o Cardeal-Patriarca, no Carregado. “Quando
se fala de evangelização é pôr o Evangelho, a Boa Nova de Jesus, na nossa vida.
Depois, seja o que Deus quiser”, terminou.
pelo contrário, é a vitória da vida entregue, do que se ganha quando se entrega e que se vence quando se dá e que vai
ao encontro dos outros e que faz deste
mundo aquilo que Jesus Cristo começou
e a que chamou Reino: um mundo com
Deus, um mundo com os outros”.
Na sua intervenção, na noite da passada
sexta-feira, D. Manuel Clemente alertou,
ainda, para o drama vivido, “nos dias de
hoje”, pelos “cristãos que morrem diariamente pela fé”. “Nós aqui nem temos
bem a noção disso, mas o cristianismo é a
religião mais perseguida”, denunciou.
Lisboa, terra de missão
Neste encontro em que estiveram reunidas as paróquias da Vigararia de Alenquer,
o Cardeal-Patriarca foi questionado sobre
em que medida a evangelização levada a
cabo pelos portugueses nos Descobrimentos – reconhecida no título Patriarcal
da Diocese de Lisboa – pode ser inspiradora da evangelização nos nossos dias.
“Com certeza que é inspiradora! O Papa
Clemente XI, quando atribuiu a Lisboa
o título de Patriarcado, quis lembrar o esforço missionário das missões que daqui
tinham partido para todo o mundo. Hoje
continua gente a partir, mas também somos missionados. Ai de nós, na nossa diocese, se desses sítios e outros, para onde os
nossos antepassados foram levar o Evangelho não viessem, hoje, concretamente
padres e freiras para nos trazer o Evangelho”, lembrou, reconhecendo que “ir e voltar, estar e partir ou regressar fazem parte
do dinamismo do Evangelho e caracterizam Lisboa há muito tempo”.
Na presença dos três Bispos Auxiliares
de Lisboa, D. Joaquim Mendes, D. Nuno
Brás e D. José Traquina, D. Manuel Clemente considerou também que Lisboa é
terra de missão. “A nossa dimensão patriarcal missionária abre-nos estes horizontes bonitos. Tudo isto é a vida da Igreja
e é o mesmo Jesus que se transmite de uns
para os outros, porque hoje em dia a nossa
diocese tem cá muito trabalho a fazer em
termos de evangelização”, frisou.
Socorrendo-se do refrão do hino do Sínodo Diocesano de Lisboa 2016 – ‘É
o sonho missionário de chegar a toda
a gente. Longe ou perto, o necessário é
mostrar Cristo presente’ – o Cardeal-Patriarca sublinhou a importância de
mostrar hoje Cristo presente no mundo.
“Isto hoje é longe, é perto, o Ressusci-
tado enche o mundo inteiro! E mostrar
que Ele está presente, mostrar que está
presente no Evangelho que transmitimos, que recebemos e oferecemos, mostrar que Ele está presente na nossa vida”,
desafiou, lembrando: “A missão, hoje, não
tem fronteiras. Missão quer dizer envio:
quem está com Jesus Cristo é imediatamente enviado a contar aos outros”.
Falar de Deus
Nesta reflexão em torno da evangelização, D. Manuel Clemente testemunhou o
que tem sentido nos contactos com pessoas anónimas, nos mais diversos locais.
“Hoje, em qualquer meio onde me desloco, encontro muita gente com interesse
em saber coisas de Cristo, em saber coisas
de Deus, em fazer conversa religiosa. É
impressionante! Não há uma semana em
que eu não tenha encontros espontâneos
com pessoas que mostram interesse em
falar de Deus. Sinto que há hoje mais interesse nisso do que noutras alturas, e às
vezes onde menos se espera e de quem
a gente menos espera. O Evangelho só
não vende porque é de graça! Mas Ele
está aí e há muita expectativa”, observou,
destacando o sucesso de iniciativas de
evangelização para jovens como a Missão País e os Campos de Férias Católicos.
“Portanto, isto funciona! Tudo isto são sinais e não há razão nenhuma para pensar
que isto passou de moda. Pelo contrário.
Até noto, hoje, uma avidez, um desejo de
participar, de fazer coisas e uma disponibilidade que talvez há 30, 40 anos não
notasse”, reforçou.
Domingo, 15 de novembro de 2015
www.vozdaverdade.org
10/ Juventude
Residência Universitária Domus Nostra, em Lisboa
50 anos a ser uma casa que é nossa
No dia 7 de novembro, juntaram-se 50 anos no mesmo espaço. A Domus Nostra,
residência de estudantes universitárias, em Lisboa, celebrou os 50 anos de
existência num dia de ação de graças, reencontros e muitos abraços.
texto e fotos por Clara Nogueira
A manhã já ia longa quando a entrada da
Domus Nostra se encheu de caras alegres,
reencontros e sorrisos de espanto. Muitas
raparigas, agora mulheres, voltavam a entrar no edifício que lhes tinha servido de
casa quando a que era sua estava longe.“Tu
estás a mesma!”, ouvia-se vezes sem conta.
Era isso e os abraços sem fim de quem já
não se via há mais do que o coração pedia.
Depois dos reencontros iniciais e de tempo – sempre pouco – para saber novidades e notícias, seguiu-se a celebração da
Eucaristia, na capela da residência. Uma
Missa presidida pelo Cardeal-Patriarca D.
Manuel Clemente e concelebrada por sacerdotes amigos da casa, entre eles D. António Carrilho, Bispo do Funchal e antigo
capelão da residência.
Em busca da sabedoria
que é Deus
Partindo das Bodas de Caná, D. Manuel
lembrou que “aquele primeiro milagre de
Jesus é para agora, para quem vive e convive nesta casa”. O Cardeal destacou a atualidade do sinal, garantindo que “Jesus se
dispõe a resolver os problemas mas que
não os quer resolver sozinho”. O Patriarca
de Lisboa apelou, por isso, à busca da “verdadeira sabedoria” e à aspiração de uma
“sabedoria mais completa do que a sabedoria humana”. E garantiu que só “Deus é
a sabedoria completa”. “Sabedoria é saber
e sabor. Saber não só de prática mas de saborear o que se conhece. A sabedoria já é
divina tal é a sua proximidade com Deus”,
sublinhou D. Manuel Clemente.
“Para atingir a sabedoria toda a nossa água
é necessária, toda a nossa correspondência
é exigida para que as nossas talhas de água
fiquem bem cheias”, observou depois. E a
Domus Nostra existe também “para que
cada uma parta dali com a sabedoria da
relação pessoal com Jesus Cristo”.
A solidão acompanhada
É a ser apoio nessa busca que a residência universitária se propõe na sua missão. Nascida em 1965, e localizada muito
perto da Cidade Universitária, a Domus
Nostra é animada pelas Filhas do Coração de Maria.
A proposta é a mesma há 50 anos: colaborar na formação, atenuar a dor da
separação e fazer do edifício uma verdadeira casa para quem lá vive. “Fazer
da residência a nossa casa”, repete, vezes
sem conta, Madalena Lopes, a atual diretora. “É assim desde o início. O futuro
vai ser igual”, garantiu.
Agora são 87 as residentes que ali vivem.
87 estudantes que “partilham a solidão”,
explica Madalena ao Jornal VOZ DA
VERDADE. “Estão sós mas acompanhadas. Tudo está pensado para cada uma ter
o seu espaço e o seu silêncio”, mas ao mesmo tempo “ter alguém com quem possa
contar”. E aqui nada se impõe. Há espaço para que todas “sejam livres e façam as
suas escolhas”, garante Madalena. “Mas
claro, estamos sempre disponíveis para
conversar”, frisa.
Deus vai-se fazendo notar no dia-a-dia da
casa. Na capela, nos momentos em que O
celebram. “Deus não impomos. O lugar já
fala muito por si”, conta Madalena.
Amigas para a vida
Prova disso são os sorrisos e boas recordações de Margarida, Joana, Teresa e muitas
outras. Viveram ali no início dos anos 90.
Entre uma garfada e outra, estão numa
roda-viva de risos e recordações. Suspiram
de espanto quando contam que já foi há
mais de 20 anos que fizeram daquela a sua
casa. Lembram a cumplicidade, a camaradagem, os incontáveis momentos caricatos. “Estávamos sempre acompanhadas,
fizemos amigas para a vida”, garantem,
entre muitos sorrisos.
O banquete, que tinha começado com a
Eucaristia, continuou de outra forma. No
jardim, no refeitório e um pouco por toda
a parte, gerações, estudantes e alunas diferentes partilharam a mesma refeição para
celebrar 50 anos de uma casa que um dia
foi de todas – a residência universitária
Domus Nostra.
Juventude /11
O Serviço da Juventude na internet
www.juventude.patriarcado-lisboa.pt
www.facebook.com/juventudelisboa
Encontro decorreu em Alvide, Alcabideche
AmarTe: a missão continua
Num dia de oração, formação e missão, os jovens da diocese anunciaram
a alegria do Evangelho: cantaram, conversaram, pintaram paredes e até
limpezas fizeram. Tudo em nome de Jesus, na missão AmarTe.
TESTEMUNHOS DE ALGUNS PARTICIPANTES
Na atenção aos que estão sozinhos, nos
cânticos entoados pelas ruas de Alvide
ou na limpeza de uma casa: foram muitas
as atividades missionárias que os participantes da missão AmarTe puderam experimentar, no sábado, dia 24 de outubro,
em Alvide, Alcabideche. “Foi um desafio grande de confiança. Trabalhámos
até sexta à noite e depois começámos
a confiar. Não correu tudo como estava
planeado mas, tudo correu com naturalidade e simplicidade! Fomos onde nos
sentimos chamados por Jesus, através da
Igreja, para rezar, partilhar e servir, em
nome de Jesus”, diz Pedro Mateus, chefe
da missão. Ao longo do dia, os participantes puderam ouvir testemunhos de quem já partiu
em missão, juntaram-se em oração e, no
fim, partiram para uma de seis atividades
de missão (evangelização de rua, visita a
idosos, oração, limpeza e pintura de casas
degradadas e catequese). “Foi bom estar
ali. Poder conhecer e encontrar pessoas diferentes, que têm formas diferentes de estar na Igreja, rezam de formas diferentes,
estão em missão em locais e de formas diferentes! E o Amor de Deus e a missão da
Igreja englobam-nos a todos”, diz o jovem
da paróquia de Agualva, que está inserido no movimento Jovens Sem Fronteiras.
“Para o futuro, não sei. Mas, a missão da
Igreja continua!”, garante.
“A Missão AmarTe deu-me a conhecer a
associação ‘Just a change’. Através da ajuda de voluntários permite a remodelação
de habitações de famílias carenciadas. Um
projeto muito interessante e que me fez
perceber que é importante que o voluntariado vá cada vez mais de encontro às
reais necessidades das pessoas. Ao meu
grupo coube a tarefa de limpar a casa de
um idoso, que vivia sozinho e que tinha
uma deficiência que o impedia de mover
o braço direito.”
“Jesus lançou-nos um desafio e fomos AmarTe! Foi um dia cheio, onde vários jovens se
uniram e mostraram à comunidade de Alvide
uma Igreja viva que sai ao encontro do outro, através de várias missões. Queremos ser
discípulos missionários. Queremos descobrir
a cada dia que ser missionário, mais do que
fazer coisas, é fazê-las por Jesus, para que sejamos canal do Seu Amor a todos aqueles que
Deus permitir cruzarem o nosso caminho.”
Joana André (Paróquia de Sobral
de Monte Agraço)
“Conversando com outros missionários, percebemos que a maior parte das pessoas que
foram alcançadas nas diversas evangelizações ficaram encantadas e ao mesmo tempo
perplexas por verem jovens anunciando, com
toda a alegria, o nome de Jesus.
Com certeza esta missão irá gerar bons
frutos, seja para aqueles que foram encontrados nas evangelizações, seja para os
missionários que participaram.”
“Aprendi que ser cristão não é só ir à Missa ao Domingo, mas é dar o testemunho
todos os dias e mostrar que Cristo morreu
por nós e que Ele é bom.”
João Coelho (Belas, Caminho
Neocatecumenal)
Clara Marcos (Paróquia da Brandoa)
Gilson Paulo (Missionário - Comunidade
Aliança de Misericórdia)
texto por Missão AmarTe;
fotos por André Jerónimo
XVII Fórum Ecuménico Jovem, em Castelo Branco
Conformismo, não! Transformação, sim!
Mais de 200 jovens ‘invadiram’ Castelo Branco, a 7 de Novembro, para a
17ª edição do FEJ. À organização (Igrejas Católica, Lusitana, Metodista e
Presbiteriana), juntaram-se os Ortodoxos.
A festa começou na Igreja de Nossa Senhora de Fátima com saudações. D. Manuel
Felício levou palavras de incentivo da
Conferência Episcopal Portuguesa. D. Antonino Dias fez as honras de anfitrião e deu
as boas vindas a todos. O Dr. Luís Correia,
Presidente da Câmara, mostrou a alegria de
acolher o evento. D. Sifredo Teixeira saudou
os presentes em nome do Conselho Portu-
guês das Igrejas Cristãs. E a festa continuou
com a oração da manhã e a partilha bíblica
orientada pelo Bispo Sifredo. A não conformação e a transformação de vida foram
analisadas à luz das atitudes do cego Bartimeu, da Samaritana e de Zaqueu. Concluiu
com um apelo à solidariedade e ao acolhimento aos refugiados porque ‘a Fé tem de
nos transformar e de transformar o mundo á nossa volta’. Os jovens reflectiram em
pequenos grupos e prepararam uma oração para a Celebração Final. O almoço foi
partilhado.
A tarde iniciou com workshops plurais,
desde a visita a Museus (Cargaleiro, Francisco Tavares Proença Júnior, Arte Sacra),
até partilhas de temas e experiências como
a Ecologia, o Voluntariado hospitalar e
missionário, a vida sofrida dos cristãos perseguidos, as respostas sociais das Igrejas.
O encerramento foi celebrativo, na Igreja de São Tiago, a partir das convicções de
que só o Amor de Deus transforma, de que
não há transformação sem arrependimento
e confissão dos pecados, de que a transformação requer tempo para ouvir a Palavra
de Deus e exige momentos de Oração.
Concluiu-se que transformados por Deus,
os jovens ajudam a transformar o mundo
em que vivemos.
Na hora da despedida, a alegria era imagem
de marca e prova de que foi um grande
momento ecuménico. Os abraços não esconderam a gratidão ao Departamento de
Pastoral Juvenil da Diocese de Portalegre-Castelo Branco e às paróquias da Cidade
que prepararam, acolheram e animaram o
FEJ 2015.
texto por Tony Neves; fotos por OMP
Domingo, 15 de novembro de 2015
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12/ Igreja no Mundo
Padre americano apoia antigos prisioneiros dos Gulags
Orações clandestinas
Trocou o Alasca pelas terras geladas da Sibéria para ajudar antigos
prisioneiros dos Gulags. Conheceu histórias de coragem, de terços rezados
em silêncio, de mulheres forçadas a abortar. Hoje, o Padre Michael
Shields quer reconciliar todas estas pessoas com a vida, depois de um
tempo em que foi decretada a morte de Deus…
Foi um chamamento interior. O padre
americano Michael Shields, dos Irmãos
do Sagrado Coração de Jesus, estava em
retiro, em Anchorage, no Alasca, numa
altura em que sentia abalados os alicerces
da sua vocação. Michael ouviu como que
uma voz a interpelar a sua consciência, a
mandá-lo para a Rússia, para junto dos
que viviam nos campos de prisioneiros,
os famosos Gulags.
Alguns anos antes, em 1989, o Padre Michael Shields tinha estado, de facto, num
desses terríveis campos, em Magadan,
onde o regime soviético depositava todos
os que, de alguma forma, representavam
uma ameaça ou simplesmente questionavam o poder de Moscovo.
Campos de morte
Foram 40 dias de retiro. A ideia de dedicar a sua vida, o seu sacerdócio, àquelas
pessoas que tinham sido despojadas de
dignidade, que foram empurradas para
a morte nos campos gelados da Sibéria,
começou a ganhar forma. No princípio,
assustou-se com a ideia. Depois, compreendeu que tudo faria sentido. E foi.
Em 1992, já com o regime soviético a
desmembrar-se, Michael Shields decidiu
trocar as terras geladas do Alaska pelas
terras inóspitas e frias de Magadan.
Tudo ali era como que um símbolo desses
anos terríveis em que milhares e milhares
de homens e mulheres foram deportados
para os campos de trabalho. Muitos – um
número incalculável – morreram na própria viagem. Morreram de frio, de fome,
de doenças. Morreram violentados. Morreram esgotados.
forçados, da vida nos barracões, da violência dos guardas, era como que avivar uma
ferida que teimava em não sarar. Muitos
dos que foram desterrados para os campos
de Magadan provinham de países do então império soviético com uma forte tradição cristã: Polónia, Ucrânia, Lituânia…
Se o regime havia decretado a morte de
Deus, ali, nos Gulags, seria inimaginável
qualquer manifestação de fé.
Orações clandestinas
E, no entanto, todos os dias havia quem
rezasse. “Eles rezavam em silêncio. Nem
sequer moviam os lábios para não lançarem qualquer suspeita”, explica o Padre
Michael recordando as muitas conversas
com antigos prisioneiros. “Uma mulher
disse-me que nunca tinha experimenta-
do uma Páscoa tão indescritível como no
campo de trabalhos forçados. Eles guardavam pedaços de pão e assim celebravam juntos a Páscoa.”
Todos os condenados para os Gulags
sabiam que provavelmente não sobreviveriam à prisão. Tudo ali era violento,
agreste, miserável. Mas foi ali, naqueles
barracões onde se amontoavam os presos
políticos do regime soviético, que aconteceram as mais incríveis histórias de abnegação e coragem. Histórias de fé que
o Padre Michael nunca mais conseguirá
esquecer.
zes é tratado. Chama-se Braslava e um
dia decidiu prescindir do pedaço de pão
escuro que era distribuído aos prisioneiros para fazer pequenos rosários. Amassando o pão, juntando cinza dos pequenos fogões a lenha que havia nos quartéis,
ela fazia as bolinhas que iria transformar
em contas que deixava a secar. À noite,
no escuro, com uma agulha feita com
uma espinha de peixe, e com uma linha
arrancada da sua própria roupa, ia fazendo os rosários. Depois, oferecia-os aos
outros prisioneiros, explicando-lhes o
significado daquela oração.
Histórias de fé
Trabalho pró-vida
Uma das mulheres que sobreviveu aos
trabalhos forçados é agora uma grande
amiga do “padre americano”, como às ve-
“O Senhor está a abençoar o nosso trabalho e a abrir
portas que durante muito tempo estiveram fechadas.
Honrar a memória
Quando chegou a Magadan, o Padre Michael estava decidido a ajudar o maior número possível de pessoas. Era preciso honrar a memória dos que tinham falecido e
era urgente ajudar os que conseguiram
sobreviver. Foi difícil. Poucos aceitaram
falar. Lembrar os tempos dos trabalhos
A missão do Pe. Michael é ajudar os sobreviventes
dos Gulags a reconciliarem-se com a vida.
Rosário de pão e cinza, feito secretamente
por prisioneiros nos Gulags para os ajudar
a manter a fé.
São imensas as cicatrizes do sofrimento que se escondem nas ruas, nas casas,
nos próprios rostos dos que habitam hoje
em Magadan. Para o Padre Michael, a
sua missão é clara: ajudar os sobreviventes dos Gulags a reconciliarem-se com a
vida, a aprenderem o verdadeiro significado da palavra perdão. Mas há outro
trabalho que mobiliza todas as suas energias. O regime soviético usou o aborto
como meio de controlo de natalidade,
obrigando milhares e milhares de mulheres a interromperem a gravidez. Desenvolver um trabalho pró-vida é, agora,
uma das missões do “padre americano”.
Com o apoio da Fundação AIS, abriu,
em 2008, a Estalagem da Natividade
numa aldeia junto a Magadan e tem sido
surpreendente o impacto desta iniciativa
junto da população local. O Padre Michael está eufórico. “Tem sido maravilhoso, porque a Rússia está a voltar uma
página na sua história e agora quer que
haja mais crianças”, diz, acrescentando:
“O Senhor está a abençoar o nosso trabalho e a abrir portas que durante muito
tempo estiveram fechadas.”
texto por Paulo Aido,
Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
www.fundacao-ais.pt | 217 544 000
Roma /13
com Aura Miguel
Jornalista da Rádio Renascença,
à conversa com Diogo Paiva Brandão
Papa apela ao convívio familiar
“Jantar agarrado ao telemóvel não é uma família, é uma pensão”, manifestou o Papa Francisco. Na semana em
que visitou Florença, o Papa voltou a falar da missão do Bispo. Foi ainda anunciada a vontade de Francisco ir
a Auschwitz rezar e foi assegurado que a reforma, em curso, do Vaticano vai continuar.
1.
2.
3.
5.
4.
1.
O Papa lamenta a fraca convivência
a que muitas vezes se assiste nas famílias.
“A convivência é um termómetro seguro
para medir a saúde das relações: se na família alguma coisa não está bem, ou há uma
ferida escondida, à mesa, percebe-se logo.
Uma família que quase nunca come em
conjunto ou que, à mesa, não fala mas vê a
televisão ou olha para o smartphone, é uma
família ‘pouco família’. Quando os filhos, à
mesa, estão agarrados ao computador, ao
telemóvel e não se ouvem uns aos outros,
isto não é família, é uma pensão”, observou,
na audiência-geral desta quarta-feira, 11 de
novembro.
Ainda a propósito da imagem de uma família reunida à mesa, o Papa Francisco
lembrou a desigualdade a nível global sobre
o acesso aos alimentos. “Nos países ricos
somos induzidos a gastar dinheiro para comer excessivamente e, depois, somo-lo de
novo para remediar o excesso. Este negócio
insensato desvia a nossa atenção da verdadeira fome do corpo e da alma. Quando
não há convivência, há egoísmo, cada um
só pensa em si, ajudado pela publicidade
que a reduziu a uma linguagem de lanches
e guloseimas, enquanto tantos, demasiados
irmãos e irmãs, ficam fora da mesa. Isto é
uma vergonha!”, concluiu.
2.
O Papa referiu, em Florença, que a
reforma da Igreja é mais do que mudar
“estruturas” e implica a mudança de uma
atitude “defensiva”, centrada no passado.
“Diante dos males ou dos problemas da
Igreja é inútil procurar soluções em conservadorismos ou fundamentalismos, na
restauração de comportamentos e formas
ultrapassadas que nem sequer culturalmente têm capacidade de ser significativas”, alertou, na passada terça-feira, 10 de
novembro, num longo discurso proferido
perante os 2500 participantes no 5º Congresso Nacional da Igreja Católica na Itália.
Na Catedral de Florença, Francisco sustentou que a missão dos católicos é “trabalhar
para fazer deste mundo um lugar melhor”,
inspirados numa “fé revolucionária”. O
Papa manifestou o seu apoio a uma Igreja “inquieta”, que consiga estar mais perto
dos abandonados e de quem falha. “Sonhai
também vós com esta Igreja, acreditai nela,
inovai com liberdade”, pediu.
Durante a tarde, na Missa celebrada no estádio Artemio Franchi, em Florença, que
se apresentava completamente cheio, o
Papa afirmou que, tal como Jesus, a Igreja
deve viver no meio do mundo e aí levar a
sua fé. “Conservar e anunciar a fé em Jesus
Cristo é o coração da nossa identidade cristã”, salientou.
3.
O Papa voltou a afirmar que o episcopado é um serviço e não uma honraria.
Na ordenação episcopal de D. Angelo De
Donatis, novo Bispo Auxiliar de Roma, que
decorreu no dia Festa da Dedicação da Basílica de São João de Latrão, a 9 de novembro, o Papa Francisco lembrou que “o Bispo
deve distinguir-se mais pelo serviço prestado que pelas honrarias recebidas”. “Anuncia
a Palavra em cada ocasião oportuna e, às vezes, não oportuna; admoesta, censura, mas
sempre com doçura; exorta com magnanimidade e doutrina”, sublinhou. “As tuas palavras sejam simples, que todos entendam,
que não sejam longas homilias. Permito-me
dizer-te: recorda-te do teu pai, de como
ficou feliz por ter encontrado uma outra
paróquia onde se celebrava a Missa sem homilia! Que as homilias sejam a transmissão
da graça de Deus: simples, que todos entendam e todos tenham a vontade de se tornarem melhores”, desejou o Papa, fazendo
um pedido concreto: “Peço-te, como irmão,
sede misericordioso. A Igreja e o mundo
têm necessidade de tanta misericórdia. Tu
ensinas aos presbíteros, aos seminaristas o
caminho da misericórdia. Com palavras,
sim, mas sobretudo com a tua atitude”.
4. O Papa Francisco manifestou o desejo
de visitar o antigo campo de concentração
nazi de Auschwitz, durante a sua visita à
Polônia, em julho, para a Jornada Mundial
da Juventude ( JMJ), em Cracóvia. A informação foi revelada esta segunda-feira, dia
9, pelo presidente polaco, Andrzej Duda,
após uma audiência com o Papa. Segundo
Duda, o Santo Padre quer visitar a cidade
de Czestochowa e “poder rezar” em Auschwitz, que se tornou um monumento em
memória das vítimas do holocausto.
5.
O Papa reagiu, no passado Domingo,
8 de novembro, às recentes polémicas sobre
as atividades financeiras da Santa Sé, após a
publicação de dois livros com documentos
confidenciais do Vaticano, e garantiu que a
“reforma” em curso vai continuar. “Quero
assegurar-vos que este triste facto não me
desvia, certamente, do trabalho de reforma que estamos a levar por diante, com os
meus colaboradores e com o apoio de todos
vós”, referiu, perante milhares de pessoas
reunidas na Praça de São Pedro, na reci-
tação do Angelus. Numa intervenção acolhida com muitos aplausos, Francisco começou por reconhecer que muitas pessoas
ficaram “perturbadas” com as notícias que
circulam nos últimos dias “a propósito de
documentos confidenciais da Santa Sé, que
foram subtraídos e publicados”. “Por isso,
gostaria de dizer-vos, antes de mais, que
roubar estes documentos é um crime, um
ato deplorável que não ajuda”, lamentou.
Na segunda-feira anterior, dia 2 de novembro, o Vaticano tinha anunciado a detenção
de monsenhor Lucio Angel Vallejo Balda
e de Francesca Chaouqui, respectivamente
secretário e membro da Comissão relativa
ao estudo e orientação sobre a organização
das estruturas económico-administrativas
da Santa Sé (COSEA), instituída pelo
Papa em julho de 2013 e posteriormente
dissolvida, após cumprir o seu mandato.
O porta-voz do Vaticano, padre Federico
Lombardi, confirmou depois que os dados revelados nos livros ‘Via Crucis’, de
Gianluigi Nuzzi, e ‘Avarizia’, de Emiliano
Fittipaldi, publicados em Itália, têm a sua
origem na COSEA.
O Papa explicou que foi ele próprio a “pedir que se fizesse este estudo” sobre a situação financeira e patrimonial das instituições da Santa Sé e do Estado da Cidade
do Vaticano. “Eu e os meus colaboradores
conhecíamos bem estes documentos e foram tomadas medidas, que começaram a
dar frutos, alguns dos quais visíveis”, assinalou ainda Francisco. “Agradeço-vos e
peço-vos que continuem a rezar pelo Papa
e pela Igreja, sem deixar-vos perturbar, mas
seguindo em frente com confiança e esperança”, concluiu.
Domingo, 15 de novembro de 2015
www.vozdaverdade.org
14/ Missão
www.fecongd.org
FEC promove Seminário Internacional
‘Repensar o Desenvolvimento,
Reinventar a Cooperação’, em Lisboa
Ao celebrar 25 anos, a FEC – Fundação Fé e Cooperação realiza um Seminário Internacional, no próximo dia 19
de novembro, no Auditório 3 da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, entre as 9h00 e as 19h00.
Com o tema ‘Repensar o Desenvolvimento, Reinventar a Cooperação’, pretende-se impulsionar o pensamento da
sociedade civil, ONG, cidadãos, financiadores, apoiantes e governos sobre
como construir um futuro sustentável
com uma sociedade civil dinâmica, robusta e pertinente. Ao longo do dia haverá espaço para debater e analisar tendências para discernir o que o futuro
reserva e como devemos ajustar estratégias, políticas e práticas a um contexto
em constante mudança.
Iremos lembrar 2015 como
um ano chave no setor do
desenvolvimento?
A agenda global do desenvolvimento define este ano como um marco. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabeleceram um novo conjunto de metas
que são mais inclusivas, atingindo todos
os países como mais ambiciosos que os
seus antecessores, os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio, envolvendo
temáticas ambientais e novos atores na
área do desenvolvimento. Dada a oportunidade e urgência de uma tomada de
consciência profunda, o Papa Francisco
veio marcar esta agenda com a publicação, em junho, da Encíclica Laudato si’,
sobre o Cuidado da Casa Comum, marcando presença na Cimeira da ONU em
setembro e lembrando que o urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda família
humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral.
Mas, por trás desta agenda global para o
desenvolvimento, irão as pessoas que enfrentam a pobreza e a falta de oportunidades nas suas vidas lembrar 2015 como
um tempo de mudança? Irão as sociedades civis, em todo o globo, fazer eco das
vozes das pessoas e defender os seus, os
nossos direitos? Citando Ban Ki-moon,
Secretário-geral das Nações Unidas, “iremos ser capazes de viver de acordo com o
desafio de não deixar ninguém para trás?
Num contexto de rápida mudança e incerto, este é um desafio para todos. As
sociedades civis não são exceção e devem
desempenhar um papel de liderança”.
que poderão ser alcançados entre diferentes abordagens de desenvolvimento,
será cada vez mais decisivo para o futuro
das sociedades.
Que Desenvolvimento?
Que tipo de cooperação?
Qual o papel para as
sociedades civis e para as
ONG internacionais?
A realidade mostra-nos que existe uma
necessidade fundamental de mudança de
paradigma. A FEC (enquanto membro
de uma ampla rede de agências) acredita
que a procura de alternativas para o Desenvolvimento “engloba uma nova narrativa de bem-estar humano integrada na
criação, com respeito pela igualdade de
género, fundamentada na solidariedade
e com uma economia ao serviço da sociedade que respeite limites e os recursos
naturais do planeta”. Os elementos chave
que sustentam esta visão incluem: uma
repartição mais justa e equitativa dos recursos, associada a um respeito pelos limites dos recursos naturais; sistemas de
governação nos quais as relações de poder e as regras democráticas e globais
permitam o florescimento de alternativas locais; economias baseadas no bem
comum e que promovam atores diversificados e estruturas descentralizadas. Definir os modelos de desenvolvimento que
vencerão, ou identificar os compromissos
A FEC e outras agências de desenvolvimento acreditam que, enquanto ONG,
precisamos de reexaminar as nossas relações com as organizações parceiras à
volta do mundo; investir numa abordagem de rede e aumentar o nosso apoio
ao fortalecimento das iniciativas das pessoas e dos movimentos sociais. Ao mesmo tempo, também precisamos de revitalizar as raízes nas nossas comunidades
e comprometermo-nos em debates que
preocupam os nossos próprios modelos
de sociedade. Parcerias institucionais,
trabalho de influência política, trabalho
comunitário, divulgação junto da opinião
pública e financiamento devem conseguir juntar-se num conjunto coerente.
Ao celebrar os seus 25 anos, a FEC –
Fundação Fé e Cooperação gostaria que
este Seminário Internacional impulsionasse o pensamento da sociedade civil,
ONG, cidadãos, financiadores, apoiantes
e governos sobre como construir um fu-
turo sustentável com uma sociedade civil
dinâmica, robusta e pertinente. Gostaríamos de debater e analisar tendências para
discernir o que o futuro reserva e como
devemos ajustar estratégias, políticas e
práticas a um contexto em constante mudança. Queremos partilhar boas práticas
e gerar um debate que conduza à ação.
Pois acreditamos que mais do que nunca
é fundamental Repensar o Desenvolvimento e Reinventar a Cooperação.
No final do dia irá decorrer o lançamento
do filme ‘5 Crianças - 5 Direitos’, produzido pela FEC e realizado por Tiago
Leão, e que encerrará ao som da cantora guineense Karyna com temas criados
para a banda sonora do filme. Porque
acreditamos que mais do que nunca é
fundamental Repensar o Desenvolvimento e Reinventar a Cooperação.
PROGRAMA E INSCRIÇÕES
Pode consultar o programa completo
do seminário em: http://www.fecongd.
org/fec/pdf/seminario25anos/seminarioFEC25anos_programa.pdf
As inscrições serão limitadas à lotação
da sala e podem ser feitas em: https://
goo.gl/UTZ92s Venha celebrar os 25
anos da FEC!
www.twitter.com/vozverdade
Domingo /15
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À PROCURA DA PALAVRA
SUGESTÃO CULTURAL
Família Franciscana
em Portugal
DOMINGO XXXIII TEMPO COMUM Ano B
“Hão-de ver o Filho do Homem vir sobre as nuvens,
com grande poder e glória.”
Ordens e outras formas
de vida consagrada
O livro ‘Família Franciscana em Portugal Ordens e outras formas de vida consagrada’
procura ser um dicionário sobre a vida consagrada franciscana em Portugal. “O tronco
da espiritualidade franciscana gerou, nestes
oitocentos anos de história, várias ordens
religiosas masculinas e femininas que reinterpretaram o legado espiritual do Pai fundador e o adaptaram a cada tempo através
de modelos institucionais de vocação e
configuração diversa. [...] Esperamos que
esta edição especial de um dicionário sobre
a vida consagrada franciscana em Portugal
seja uma oportunidade para dar a conhecer melhor a extraordinária fecundidade
do carisma franciscano e para se perceber a
importância transformadora e modeladora
que este carisma teve a continua a ter na
história e na sociedade portuguesas”, refere
a Apresentação da obra, da autoria de José
Eduardo Franco.
‘Família Franciscana em Portugal - Ordens
e outras formas de vida consagrada’ é publicado com a chancela da editora Lucerna.
Mc 13, 26
A esperança é uma coisa boa
Eis o que dizia um dos personagens do
filme “Os condenados de Shawshank”, enquanto, sem ninguém saber, escavava o
túnel por onde iria fugir da prisão em
que se encontrava inocentemente condenado. Perante as mais desesperadas
situações, torna-se difícil acreditar nisto,
principalmente porque as nossas referências são sobretudo os passados “felizes”, mas, como dizia há dias o psicólogo
Eduardo Sá, a propósito de adolescentes
com saudades da infância, “o melhor do
mundo é o futuro.” Não sei se é este dinamismo do futuro que desde cedo me
fez ter o “bichinho” da ficção científica,
mas encanta-me toda a expectativa de
surpresa que cada momento e cada dia
traz consigo.
As descrições evangélicas do fim dos
tempos apontam-nos, em linguagem
simbólica, um horizonte de esperança.
Mesmo o tema do juízo final sublinha o
encontro com a verdade de nós mesmos
e a verdade de Deus, e essa já nos foi revelada por Cristo como amor. Não pretendem atemorizar-nos, mas despertar-nos para o essencial, iluminar as nossas
escolhas. O futuro não é simplesmente a
consequência do presente, pois há sur-
pelo P. Vítor Gonçalves
presas que não determinamos, mas depende muito da orientação que escolhemos. Há quem se instale num passado
ideal que nunca consegue reproduzir, ou
num presente acomodado e se deixa ir
com o vento, ou ainda num futuro pintado de negro que produz cegueira no presente. Por isso, a esperança é a melhor
aposta, mas não a podemos limitar nem
impor condições. Gosto de lembrar o
que dizia Charles Péguy no seu “Pórtico
do mistério da segunda virtude”: “Mas a esperança, diz Deus, cá está o que me espanta.
/ A mim mesmo./ Isso é que é espantoso.//
Que essas pobres crianças vejam como tudo
isso corre e creiam que amanhã as coisas irão
melhor. / Que elas vejam como as coisas correm hoje é creiam que irão melhor amanhã
de manhã.” E chamava-lhe “uma miudinha de nada. (...) Só ela, levando as outras
[Fé e Caridade], é que há-de atravessar os
mundos revolvidos.”
Como a esperança é uma virtude, quer
dizer, força e dinamismo, ela é dom de
Deus e responsabilidade nossa, como é
próprio de todos os dons. É importante pedi-la e exercitá-la, pois não é com
exercício que se musculam os atletas e
as “célulazinhas cinzentas” produzem
inteligência e sabedoria? Que pena o
crescimento da obesidade física e mental tão propagado por um ambiente que
limita a esperança ao próximo modelo
de telemóvel ou ao bilhete premiado do
Euromilhões. Que esperanças vivemos
e semeamos? Pois trata-se de uma sementeira este caminho de mãos dadas
com a esperança. Como nos poderíamos parecer um pouco com o Barão
Bodo von Bruemmer que a “Notícias
Magazine” de Domingo passado nos
deu a conhecer, e que aos 96 anos começou a produzir vinho e aos 104 diz:
“Todos os dias compreendo coisas novas. E
gosto de ficar mais velho porque aprendo
mais e mais”?
Passarão o sol e a lua, a terra e os astros,
mas a esperança que nos anima tem o
rosto glorioso e feliz do Filho do Homem. Por isso, nada do que é belo se perderá, nada do que é bom será esquecido,
nada do que é verdadeiro será apagado.
A esperança vence o medo e abre-nos à
surpresa, convoca o melhor que há em
cada pessoa e situação, ilumina o que
antes era escuro. Se acreditamos que é
“uma coisa boa” o que falta para a abraçarmos mais?
SOLENIDADE DE CRISTO REI – ANO B (22 DE NOVEMBRO)
DEPARTAMENTO
DE LITURGIA DO
PATRIARCADO
DE LISBOA
USO LITÚRGICO
CÂNTICO
COMPOSITOR
FONTE
Entrada
O Cordeiro que foi imolado
A. Cartageno
ver site*
Entrada
Sobre um trono vi sentado um homem
A. Cartageno
CEC II 147
Entrada / A. dos Dons
O Cordeiro que foi imolado
F. Santos
CEC II 145
Apresentação dos Dons
Jesus, Rei admirável
A. Cartageno
IC 518/LHCII 102
A. Dons / Com. / P. Com.
O Senhor é Rei para sempre
M. Luís
CAC 402
Comunhão
O Senhor está sentado
C. Silva
CEC II 151
Pós Comunhão
Louvarei para sempre o vosso nome
M. Luís
SR 134
Final
A Vós, Senhor, pertence a honra e o poder
M. Luís
CAC 250
Final
Cristo vence
A. Kunc
CEC II 149
SIGLAS | CAC – Manuel Luís, Cânticos da Assembleia Cristã, Secretariado Nacional de Liturgia | CEC – Cânticos de Entrada e Comunhão, vol. I-II, Secretariado Nacional de Liturgia | IC – A Igreja Canta, Comissão Bracarense de Música Sacra | LHC
II – Liturgia das Horas. Edição para Canto. Vol. II, Secretariado Nacional de Liturgia | SR – Manuel Luís, Salmos Responsoriais | * http://corolaudate.home.sapo.pt/Pdf/E81GloriaAoSenhor.pdf
Domingo, 15 de novembro de 2015
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16/ Última Página
AGENDA SEMANAL [16 a 22 de novembro]
Segunda-feira, dia 16
10h00 – Conselho Episcopal – preside
Cardeal-Patriarca
21h00 – Conferência no Seminário de
Vida no Espírito, no Grupo de Renovação
Carismática de Casal de Cambra: ‘O Espirito Santo em Maria’ – D. Joaquim Mendes
21h30 – Conferência em São Julião da
Barra – Cardeal-Patriarca
Terça-feira, dia 17
10h00 – Encontro com os Formadores dos
Seminários Diocesanos, no Seminário dos
Olivais – Cardeal-Patriarca
10h00 – Encontro com o clero da Vigararia de Loures - Odivelas – D. Nuno Brás
10h00 – Reunião do clero da Vigararia de
Caldas da Rainha - Peniche, em Santa Catarina – D. José Traquina
10h30 – Reunião com o clero da Vigararia
de Amadora – D. Joaquim Mendes
15h00 – Visita Pastoral à paróquia de Aldeia Galega, até dia 22 – D. Nuno Brás
17 a 22 – Visita Pastoral na paróquia de
Sobral de Monte Agraço – D. José Traquina
Quarta-feira, dia 18
18h00 – Missa nas Mercês - Algueirão –
D. Joaquim Mendes
18 a 21 – Plenário da Congregação para o
Clero, em Roma – Cardeal-Patriarca
Quinta-feira, dia 19
10h00 – Reunião de Coordenação dos
Departamentos e Setores da Cúria Diocesana, em São Vicente de Fora – Bispos
Auxiliares de Lisboa
21h30 – Encontro com os crismandos da
FICHA TÉCNICA
paróquia de Rio de Mouro – D. Joaquim
Mendes
Sexta-feira, dia 20
10h30 – Reunião com o clero da Vigararia de Torres Vedras, no Turcifal – D. José
Traquina
21h00 – Encontro com os crismandos da
Unidade Pastoral de Sintra – D. Joaquim
Mendes
Sábado, dia 21
19h00 – Crisma na paróquia de Rio de
Mouro – D. Joaquim Mendes
Domingo, dia 22
9h00 – Missa no Encontro Nacional das
Equipas de Nossa Senhora, na Basílica da
Santíssima Trindade, em Fátima – preside
Cardeal-Patriarca
11h30 – Crisma na igreja de São Miguel
de Sintra – D. Joaquim Mendes
12h00 – Encerramento da Visita Pastoral à
paróquia de Aldeia Galega – D. Nuno Brás
16h00 – Crisma na paróquia de São Miguel de Queijas – D. Joaquim Mendes
19h00 – Crisma em Alverca – D. Nuno
Brás
19h00 – Crisma na paróquia do Senhor
dos Navegantes, em Paço de Arcos –
D. Joaquim Mendes
PAGAMENTO
Pede-se aos assinantes individuais e
às paróquias que fazem o pagamento
por meio de cheque ou vale postal o
favor de os passar à ordem de: ‘Nova
Terra, Empresa Editorial, Lda’.
Voz da Verdade na internet
www.vozdaverdade.org
NA TUA PALAVRA
O Papa fala de Jesus
D. Nuno Brás
A revista Forbes publica todos os anos a lista
das pessoas mais poderosas do planeta. De
entre os homens, depois de V. Putin (1º lugar) e de B. Obama (2º lugar), surge o Papa
Francisco (3º lugar).
Tenho a certeza de que o Papa pouco se importa com a lista da Forbes – a sua ação não
é realizada com o objectivo de ser mais ou
menos poderoso, mais ou menos influente
na cena mundial.
Contudo, não deixa de ser estranho que, no
meio de uma lista cheia de políticos ou multimilionários, surja o nome do Santo Padre,
figura tão deslocada e tão fora do ambiente
dos demais homens com poder. Com efeito,
o Papa não é dono de nenhuma multinacional da qual retire dividendos económicos,
com os quais possa influenciar o mundo das
finanças; nem tem ao seu serviço nenhum
exército que o torne temível; nem está à frente de nenhum grande país, com poder político sobre a vida de vários milhões de cidadãos.
O Papa prega, tão simplesmente, em cada
gesto, em cada palavra, o Evangelho de Jesus,
o Ressuscitado.
É certo que o Santo Padre tem uma presença
acolhedora, mas nem por isso menos exigente; vigorosa, mas também frágil e desconcertante, a olharmos para as modas do mundo.
É também verdade que as suas palavras e os
seus gestos poucos se atrevem a contradizê-los publicamente, mesmo que, na realidade,
muitos dos que o louvam desse modo não
pensem sequer por um momento em tomar
a sério aquilo a que o Papa os convida. Contudo, não deixa de ser significativo este olhar
que o mundo tem sobre o Papa Francisco.
É certo que nós, cristãos, não olhamos para o
Santo Padre como se fosse um qualquer poderoso, ainda que mais humilde, ou mesmo
como um simples líder espiritual. De pouco
nos importam também as classificações das
revistas. O nosso olhar só pode ser de fé.
No entanto, esta lista não deixa de ser significativa sobre a sede de Deus que o mundo contemporâneo mostra. O mundo vê
de modo errado a figura de Pedro, mas não
deixa de encontrar nela a resposta para tantas
interrogações e apelos que encontra no seu
coração. É que, muito simplesmente, o Papa
fala de Jesus.
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