plástico: descrição e análise do ciclo de reciclagem.

Transcrição

plástico: descrição e análise do ciclo de reciclagem.
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA E MEIO AMBIENTE
MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO
PLÁSTICO: DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO
CICLO DE RECICLAGEM.
HUMBERTO MARGON VAZ FILHO
ORIENTADOR: PROFº LUIS FELIPE GUANAES
JULHO DE 2006
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS – CCS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA E MEIO AMBIENTE
MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO
HUMBERTO MARGON VAZ FILHO
PLÁSTICO: DESCRIÇÃO E ANÁLISE DO CICLO DE RECICLAGEM.
BANCA: ________________________
Prof° Luis Felipe Guanaes (Orientador)
________________________
Prof° Rogério Ribeiro de Oliveira
_______________________
Prof° Josafá Carlos Carlos Siqueira S.J.
Agradecimentos:
Agradeço a todas as pessoas que me ajudaram de forma direta ou indireta
nesse trabalho. Seja na forma de colobaração efetiva ao trabalho aqui feito ou
dando algum tipo de incentivo a mim nas horas de
frustração e de pouca
criatividade que por vezes me fez questionar a elaboração deste.
Agradeço em primeiro lugar a minha família. Meu pai Humberto pelo incentivo e
por agüentar meu mau humor. E minha mãe Angela pelos conselhos que
influenciaram diretamente na produção desse trabalho, por agüentar também meu
mau humor e por ter feito de mim um Geógrafo.
Não poderia deixar de citar também meus queridos amigos que muitas vezes
me deram apoio emocional nas horas de estresse. Quero fazer agradecimento
especial aos meus amigos Cesar e Eduardo que também passaram nesse ano pela
mesma difícil missão de concluir a faculdade. Também quero agradecer a minha
analista, Marcia, por toda sua ajuda.
Por último quero dedicar essa Monografia a uma pessoa que nunca questionou
nada sobre minha vida acadêmica e mesmo assim ajudou a financiar boa parte
dessa jornada sem nunca me desacreditar. Ela sabia que mais dia menos dia eu
terminaria com louvor esse curso. Obrigado vovó Judith pelo total e irrestrito apoio.
Espero que esteja assistindo meu triunfo de algum lugar.
2
Resumo:
Os objetivos desse trabalho são em primeiro lugar, descrever o Ciclo de
Reciclagem do Plástico começando a partir da extração da matéria-prima dom
plástico o petróleo, mostrando o processo de transformação dele em produto e seu
caminho até o consumo e descarte desse material. A partir dai descreveremos como
é feita a reciclagem do produto até seu destino final que seria um novo produto
pronto pro consumo.
Depois faremos uma análise das redes que implicam esse complexo ciclo
apontando falhas e apresentando possíveis melhoras para que aja uma continuidade
no Ciclo de Reciclagem do Plástico.
3
Índice:
INTRODUÇÃO______________________________________________06
1.Breve histórico sobre lixo no mundo _____________________________________ 09
2.Breve histórico sobre reciclagem ________________________________________ 11
DESCRIÇÃO
DO
CICLO
DE
RECICLAGEM
DE
MATERIAIS
PLÁSTICOS________________________________________________14
1.A Produção do Plástico _______________________________________________ 14
1.1 O plástico e sua matéria-prima _____________________________________ 14
1.1.1 A História do plástico ___________________________________ 15
1.1.2 A exploração do petróleo no Brasil e no mundo ______________ 17
1.1.3 Uso do petróleo como matéria-prima para materiais plásticos ___ 19
1.2 O refinamento e as Indústrias Petroquímicas _______________________ 20
1.2.1 História da Indústria Petroquímica _________________________ 20
1.2.2 O processo de refinamento do petróleo para a transformação em
resinas plásticas _________________________________________________ 23
1.2.3 Os tipos de resinas termoplásticas_________________________ 25
1.3 Os produtos feitos a partir de resinas plásticas ______________________ 27
1.3.1 Os setores da indústria que utilizam materiais plásticos ________ 28
1.3.2 Produtos que utilizam resinas termoplásticas ________________ 28
2. O Consumo e o Descarte do Plástico ____________________________________ 32
2.1 A chegada dos produtos aos consumidores ________________________ 33
2.1.1 Crescimento da produção de produtos feitos a partir do plástico
no mundo ______________________________________________________ 33
2.1.2 A chegada á população e os locais de venda de produtos feitos a
partir de resinas plásticas__________________________________________ 35
2.1.3 O consumo crescente do plástico nas grandes cidades ________ 36
2.2 O descarte dos produtos que utilizam resinas plásticas _______________ 36
2.2.1 A transformação do plástico em lixo e o seu descarte__________ 37
2.2.2
Os
problemas
causados
pelos
plásticos
consumidos
e
descartados pela população________________________________________ 38
4
3. Reciclagem do Plástico _______________________________________________ 42
3.1 Coleta Seletiva no Município do Rio de Janeiro _____________________ 43
3.1.1 A Lei de Limpeza Urbana ________________________________ 43
3.1.2 Processo de Coleta Seletiva domiciliar da COMLURB _________ 47
3.1.3 Catadores de Lixo e as Cooperativas ______________________ 49
3.2 As empresas de separação de material plástico _____________________ 50
3.2.1 Indústrias que vendem seu lixo para reciclagem ______________ 51
3.2.2 Estudo de caso da Faria Plásticos _________________________ 52
3.3 As empresas de reciclagem de materiais plásticos ___________________ 55
3.3.1 Tipos de reciclagem do plástico ___________________________ 55
3.3.2 Pequenas e as grandes usinas de reciclagem________________ 56
3.3.3 Produtos feitos de resinas plásticas recicladas _______________ 58
ANÁLISE DO CICLO DO PLÁSTICO ____________________________60
1. Análise da produção do plástico ________________________________________ 61
2. Análise do consumo e do descarte do plástico ____________________________ 65
3. Análise da reciclagem do plástico_______________________________________ 68
CONSIDERAÇÕES FINAIS____________________________________76
BIBLIOGRAFIA _____________________________________________79
ANEXOS:
FOTOS ___________________________________________________81
MAPA_____________________________________________________86
5
Índice de Fluxogramas:
Fluxograma 1 – Esquema da Monografia___________________________________ 13
Fluxograma 2 – Rede de Produção do Plástico ______________________________ 30
Fluxograma 3 – Pólo Petroquímico________________________________________ 31
Fluxograma 4 – Rede do Consumo e Descarte do Plástico_____________________ 41
Fluxograma 5 – Rede de Reciclagem do Plástico ____________________________ 59
Fluxograma 6 - Ciclo de Reciclagem do Plástico _____________________________ 75
ÍNDICE DE TABELAS:
Tabela 1 - Tipos de Resinas Plásticas _____________________________________ 27
Tabela 2 - Utilização do Plástico no Brasil __________________________________ 29
Tabela 3 - O Consumo de Plástico no Brasil ________________________________ 35
Tabela 4 - Disposição Final do Lixo no Brasil________________________________ 40
Tabela 5 - Quantidade de Lixo Reciclável Recolhido no Rio de Janeiro ___________ 48
Tabela 6 - Preço dos Produtos Comprados pela Faria Plásticos _________________ 54
Tabela 7 - Potencial Seletivo do Lixo Domiciliar Brasileiro______________________ 67
Tabela 8 - Potencial Seletivo do Lixo Industrial Brasileiro ______________________ 67
6
INTRODUÇÃO
O plástico é um material com uma história interessante, foi descoberto quase
que por acaso e revolucionou a indústria no mundo inteiro. Desde seu surgimento
até hoje ele vem se tornando cada vez mais importante no dia-a-dia da civilização.
Utilizado em diversos produtos que são consumidos diariamente pela população
mundial, o plástico representa um marco na produção de qualquer tipo de
mercadoria de uso doméstico. Ele se comporta como uma espécie de medidor de
tecnologia doméstica. 1
A todo o instante todos os anos novos tipos de resinas termoplásticas
diferentes são descobertas e inventadas. São resinas mais leves e mais resistentes,
umas resistem mais ao frio, outras ao calor. Outras são extremamente resistentes e
bastante flexíveis, assim como também existem aquelas não tão flexíveis e as feitas
para agüentar altos níveis de pressão.
Hoje existem tipos de plásticos mais resistentes e muito mais leves que o aço.
Inúmeros tipos de resinas plásticas para diferentes tipos de utilidades contribuem no
avanço tecnológico de produtos não só domésticos, como também para o uso
industrial.
Seja para uso em indústrias, seja para uso nos próprios produtos
industrializado o plástico acompanha a produção de novas mercadorias que estarão
nos mercados e futuramente nas casas e nos comércios servindo à população.
“Uma das novas práticas utilizadas pelos
para
medir
o
grau
de
economistas
desenvolvimento econômico de uma sociedade é
verificar em que nível se situa o consumo do
plástico em suas diversas formas e utilidades. Isso
porque o seu uso espalhou-se de tal forma, que já
não é possível conceber qualquer atividade da vida
moderna, que não seja apoiada por objetos de
plástico”. Jornal de Plásticos (2001).
1
Retirado do site Jornal dos Plásticos.
7
É difícil pensar em um mundo sem resinas termoplásticas, elas estão em toda
à parte enraizada na nossa vida cotidiana. Dos objetos mais básicos como garrafas
e copos plásticos, até peças de automóveis, passando por todos os tipos de
produtos eletroeletrônicos, as resinas plásticas movem uma indústria. Na verdade é
complicado dizer que existe uma indústria do plástico, porque ele está entranhado
em diversos setores da indústria.
Porém há uma grande preocupação em torno das resinas plásticas. Apesar de
serem produtos fantásticos e terem uma grande e positiva importância na história da
humanidade, os plásticos representam também um grande problema para a
civilização. O plástico é responsável por uma grande parcela do lixo produzido no
mundo inteiro, e com o crescimento do consumo esse problema só tende a piorar.
As resinas termoplásticas são materiais não biodegradáveis, ou seja, não se
decompõe com facilidade na natureza, fazendo com que seu descarte, hoje
exagerado, provoque aumento na quantidade de lixo estocada. Então além do
crescimento do consumo desses materiais o fato de demorarem a se decompor, ou
seja, não se transformar em material natural outra vez, só faz aumentar mais o
numero já expressivo de lixo acumulado que existe hoje no mundo. Além disso, o
plástico é um produto volumoso apesar de leve, ele é de difícil estocagem causando
outros problemas que serão abordados nesse trabalho.
A reciclagem é uma solução bastante eficaz para esse problema, porém é
preciso que funcione. Para isso traremos nesse trabalho uma discussão sobre a
reciclagem do plástico começando com a descrição do Ciclo da Reciclagem. Para
poder entender sobre a reciclagem do plástico é necessário compreender como
funciona a “vida” dele enfatizando os aspectos positivos e negativos da sua
participação na história da humanidade.
E para que isso aconteça é preciso situar num contexto espacial a problemática
das resinas plástica. Essa contextualização espacial será feita a partir do Município
do Rio de Janeiro e do Município de Duque de Caxias. Duas localidades muito
próximas, sendo Duque de Caxias parte do chamado Grande Rio e interligadas por
um fator determinante no nosso estudo. O fato de que é em Caxias, mais
especificamente no bairro Jardim Gramacho que fica o Aterro Sanitário de
Gramacho, local onde são despejados todos os resíduos sólidos urbanos da cidade
do Rio de Janeiro e onde está localizado o chamado Pólo de Polímeros do Rio de
Janeiro.
8
O trabalho se divide então em duas partes, a primeira apresenta uma descrição
a partir de estudos bibliográficos e observações em estudos de campo da rede de
reciclagem do material plástico, iniciando-se no petróleo, que é matéria prima
principal do plástico, e terminando nos produtos feitos a partir do material reciclável.
A segunda parte trata-se de uma análise contextualizada sobre os possíveis
problemas encontrados na rede de reciclagem, apresentando conseqüentemente a
solução possível para estes.
A parte da descrição do Ciclo de Reciclagem do Plástico será dividida em três
etapas para melhor compreendermos essa rede, partindo da primeira que é a
“Produção do Plástico”, passando pelo “Consumo e Descarte do Plástico” e
terminando com a “Reciclagem do Plástico”. Essas etapas estão divididas em
subetapas denominados processos.
A primeira etapa denominada de “Produção do Plástico” é o começo do Ciclo
de Reciclagem do Plástico. Ela será dividida em três processos. O primeiro processo
é o da exploração da matéria-prima fundamental das resinas termoplásticas, o
petróleo. O segundo processo da primeira etapa é o do procedimento de
refinamento e transformação do petróleo em resinas termoplásticas. Essas resinas
se derivarão em produtos de todos os tipos saídos dos mais diversos segmentos da
indústria, desde as indústrias de bens duráveis até a de bens não-duráveis
terminando assim a primeira etapa.
A segunda etapa é aquela onde falaremos sobre a passagem dos produtos
derivados do plástico pelo comércio e seu consumo pela população. Essa etapa é
denominada “Consumo e Descarte do Plástico”. Os processos contidos nessa etapa
são dois, o primeiro fala de como os produtos chegam aos diversos segmentos do
comércio. O segundo mostra como é feito o descarte destes em forma de lixo.
A terceira e ultima etapa é a da “Reciclagem do Plástico” e é formada por três
processos. Esses são os mais importantes do nosso trabalho e terão atenção
especial. Primeiro, falaremos do processo de Coleta Seletiva enfatizando o papel da
COMLURB (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), dos catadores de rua e das
Cooperativas. O segundo processo é o que engloba as empresas que compram
materiais plásticos e revendem o material separado e prensado. O terceiro e último
processo é formado pelas empresas que compram plástico para reciclar e produzem
novos produtos a partir reciclagem para venda completando assim o Ciclo de
Reciclagem do Plástico.
9
1. Breve histórico sobre lixo no mundo.
O surgimento do homem na superfície da terra trouxe consigo o início da
produção do lixo. Os primeiros datam de aproximadamente três milhões de anos.
Seiscentos mil anos atrás, na medida em que os homens começaram a raciocinar
aconteceu o surgimento de novos métodos de sobrevivência, como a princípio a
coleta e mais tarde a caça. Milhares de anos depois o homem aprendeu a cultivar e
as plantações surgiram acompanhadas da criação de animais em cativeiro deixando
de ser nômades e formando sociedades2.
Tudo isso vêm acompanhado da produção de dejetos formados pelas sobras
do que consumiam para sobrevivência. Quando a humanidade começou a consumir
mais do que o necessário para a sobrevivência os seus dejetos tornaram-se
acumulativos e conseqüentemente prejudiciais.
Mais tarde o desenvolvimento piorou a situação do lixo. Quanto mais a
população mundial se desenvolvia intelectualmente, mais ela crescia e mais ela
produzia dejetos. Mas foi a partir da primeira revolução industrial no século XVIII que
a situação se agravou. A Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra e criou uma
massa de operários que trabalhavam produzindo novos objetos. A cada ano que se
passava novas técnicas surgiam e novos produtos eram feitos. O homem começava
a ter um pensamento consumista e também começava a ganhar dinheiro para poder
consumir.
Aliado a tudo isso novas máquinas surgiram e essas necessitavam de um
combustível. As fábricas começaram a usar novos combustíveis fósseis como
carvão e mais tarde o petróleo, que possibilitavam o crescimento da produção ainda
mais rápido. Esses combustíveis poluíam o ambiente na sua queima e
principalmente na sua extração. A maioria das máquinas era a vapor e precisavam
de madeira que transformavam em carvão para poderem funcionar.
Além dessa devastação causada pela revolução industrial, outro problema era
claro e evidente no momento. Muitas dos produtos feitos nas fábricas foram feitos
em larga escala e eram produzidos para consumo dos próprios trabalhadores e da
população crescente mundial. Junto com o consumo vem o descarte. Aumentando a
produção o consumo aumenta e a produção de lixo cresce também, criando um
2
Tirado do Atlas da História Universal. (O Globo)
10
problema de difícil solução. O que fazer com as sobras? Então começaram a surgir
os primeiros sérios problemas com lixo que era jogado em rios, nos mares,
enterrados ou jogado a céu aberto em locais afastados formando os lixões.
Após alguns anos o mundo viveu um período de seguidos confrontos entre
nações. Foi o período entre a primeira a e segunda guerras mundiais. Nessa época
a humanidade teve um declínio, no que se diz respeito à economia, e a sociedade
em relação ao meio ambiente. Todas as novas tecnologias eram voltadas para as
guerras e havia grande produção de lixo. A guerra resultou numa divisão do mundo
que durou até as décadas de e oitenta e noventa, onde o capitalismo teve seu
apogeu.
Durante a chamada Guerra Fria, resultado do conflito, onde comunismo e o
capitalismo disputavam sua ação junto aos países do pós-guerra, sobretudo os
europeus, novas tecnologias surgiram. Elas tinham como objetivo a superioridade
tecnológica por parte de uns sobre os outros, sejam elas de cunho militar ou para a
população civil.
Nesses anos aconteceram os maiores agravamentos em termos de problemas
ambientais principalmente por causa do lixo. A população crescia e consumia cada
vez mais. Os produtos eram cada vez mais descartáveis sendo sempre substituídos
por melhores. Foram também as décadas da corrida espacial e das novas
tecnologias da indústria bélica. Nenhuma preocupação com lixo era considerada tão
importante, devido às tensões causadas pelas duas grandes potências, do lado
capitalista os Estados Unidos e do lado comunista as União Soviética, que sempre
chamavam mais atenção da mídia e dos políticos.
Após a década de oitenta, com o fim da guerra fria uma série de problemas
ambientais foram percebidos em todo mundo inclusive o do excesso de lixo nas
grandes cidades. O problema se agravou com o crescimento da economia
americana e com a descoberta de novas tecnologias ligadas ao petróleo,
principalmente devido à produção de plástico. Assim o consumo cresceu e o
descarte de resíduos não só por parte da população, mas como também das
indústrias se tornou um dos maiores problemas da humanidade.
“O lixo é matéria-prima fora do lugar. A forma com
que uma sociedade trata seu lixo, dos seus velhos,
dos meninos de rua e dos doentes mentais atesta
o seu grau de civilização. O tratamento do lixo
doméstico, além de ser uma questão com
11
implicações tecnológicas, é antes de tudo uma
questão cultural”. GRIPPI (2001)
2. Breve histórico sobre reciclagem.
A reciclagem é um assunto bastante discutido no mundo inteiro. Com o
advento da preocupação ambiental sendo ampliado, a reciclagem do lixo se tornou
assunto fácil em qualquer discussão sobre tema meio ambiente. Porém pouco se
fala das origens desse pensamento, dessa busca sobre onde e quando começou a
se desenvolver a consciência ambiental relacionada aos resíduos produzidos pelos
próprios seres humanos e assim se passar a pensar em reciclagem.
Os primeiros materiais a serem reciclados foram os papeis. O papel foi
descoberto por volta do ano 100 d.C. e desde então papeis usados já eram
convertidos em polpa para se fazer novas folhas em qualidade inferior. A reciclagem
do papel veio a se popularizar depois que a indústria gráfica começou a se
desenvolver. A produção em massa de livros, revistas e principalmente o aumento
da circulação dos jornais tornaram comum a reutilização dos papeis que já haviam
sido lidos na confecção de papeis para outros fins, como papeis de padaria e caixas
de papelão (GRIPPI, 2001).
No Brasil a história não poderia ser diferente. No início do século, a partir da
década de 1920 começou a reciclagem também do papel. Esse episódio ocorreu
devido à intensificação do processo de industrialização do país e ao papel
representar uma solução acessível e limpa para a matéria-prima na fabricação de
papel.
“O assunto da reutilização de materiais pelo
mundo, diferente do que se pensava parece
bastante antigo. No início do século, com o
incremento da indústria gráfica o papel já era
reciclado, os papeis de segunda mão passavam
por processos industriais sucessivos que tornavam
perfeitamente utilizáveis.” GRIPPI (2001).
Outros materiais também têm sua história particular na reciclagem. Os metais
têm histórias interessantes. Por exemplo, na Idade Média nas grandes batalhas
entre povos, onde as armas eram apenas espadas e escudos, após o combate a
parte vencedora passava recolhendo as espadas e outros utensílios de metal para
serem reutilizado na construção de novas ferramentas de guerra (GRIPPI, 2001).
12
As latas de alumínio só surgiram em 1963, mais já tem importante espaço na
indústria de reciclagem, pois a partir de 1968 já começavam a ser recicladas. No
início, por ano, meia tonelada de alumínio voltava para ser reciclada, quinze anos
mais tarde isso passou a ser o número por dia. As novas tecnologias também
contribuíram para o avanço da reciclagem do alumínio, há 25 anos atrás um quilo de
alumínio reciclado se transformava em 42 latinhas, hoje esse número subiu pra 62
latas. O Brasil é um dos maiores recicladores de latas de alumínio, com um total de
1,8 bilhões por ano.
O vidro que é um material com mais de quatro mil anos de existência só
começou a ser reciclado na década de sessenta nos Estados Unidos e hoje conta
com mais de seis mil pontos de coletas de embalagens. No Brasil o começo da
reciclagem aconteceu em 1966 no interior paulista (GRIPPI, 2001).
Mas a ênfase do nosso trabalho é o plástico. Ele começou a ser reciclado por
uma necessidade. Algumas fábricas que começavam a ter muito prejuízo com as
perdas de produção, começaram a reaproveitar materiais plásticos, e à medida que
eram separados do material comum os plásticos começaram a se valorizar devido a
novas tecnologias que possibilitaram maior percentual do plástico reciclado na
produção.
O objetivo desse trabalho é descrever a as várias redes contidas no ciclo de
reciclagem dos plásticos. A partir daí faremos uma análise do papel que essas redes
exercem num todo formando uma só rede de reciclagem do plástico. Abaixo segue a
legenda do esquema explicativo (fluxograma 1) das partes, etapas e processos do
trabalho.
PARTES
ETAPAS
PROCESSOS
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Fluxograma 1 – Esquema da monografia.
Breve histórico sobre reciclagem.
INTRODUÇÃO
Breve histórico sobre lixo no mundo.
O plástico e sua
matéria-prima.
A Produção do
Plástico.
O refinamento e
as Indústrias
Petroquímicas.
Os produtos
feitos a Partir
de resinas
plásticas.
DESCRIÇÃO
O Consumo e o
Descarte do
Plástico.
A chegada dos
produtos aos
consumidores.
O descarte dos
produtos que
utilizam resinas
plásticas.
A Coleta
Seletiva no
Município do
Rio de Janeiro.
A Reciclagem do
Plástico.
As empresas de
separação de
material
plástico.
As empresas de
reciclagem de
materiais
plásticos.
Análise da Produção do Plástico.
ANÁLISE
Análise do Consumo e do Descarte do Plástico.
Análise da Reciclagem do Plástico.
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DESCRIÇÃO DO CICLO DE RECICLAGEM DE MATERIAIS
PLÁSTICOS
1. A Produção do Plástico.
O plástico é um material usado em praticamente tudo que existe no mundo
moderno. Todo o tipo de material eletrônico possui de alguma maneira uma parte
composta por resinas plásticas. Veículos automotores, eletroeletrônicos, móveis,
além de diversos tipos de embalagens de alimentos são produzidos a partir de
materiais termoplásticos. A cada ano maiores investimentos em tecnologia são
feitos, a fim de desenvolver melhores formas de utilizar o plástico tornando-o mais
durável, leve e barato. Por isso o plástico é um dos materiais mais encontrados no
lixo urbano atual, no mundo inteiro.
Na primeira etapa da descrição do Ciclo de Reciclagem do Plástico, veremos
como ele foi descoberto e aperfeiçoado para que pudesse ser tão utilizado nos dias
atuais. Essa etapa esta dividida em três processos. O primeiro deles visa dar uma
visão ampliada sobre a história das resinas sintéticas e posteriormente um breve
histórico sobre a principal matéria-prima utilizada hoje nos materiais plásticos, o
petróleo.
O segundo processo falará sobre a história da indústria petroquímica,
sobretudo a do estado do Rio de Janeiro e como é feito o processo de
transformação do petróleo em resinas termoplásticas separando os diversos tipos de
materiais plásticos derivados do petróleo.
No terceiro processo da primeira etapa passaremos pelos setores da indústria
que utilizam as resinas plásticas na fabricação de seus produtos observando que
produtos são esses e como anda o crescimento da utilização dessas resinas.
1.1 O plástico e sua matéria-prima.
O plástico é o material com o maior crescimento tecnológico dos últimos
tempos. No século XX, a partir da descoberta do petróleo como base para
transformação dos plásticos, centenas de tipos de resinas termoplásticas diferentes
foram descobertas e transformadas em matéria-prima para serem utilizados na
15
produção de novas mercadorias, substituindo antigas fibras sintéticas provenientes
de outras partes da natureza, como as plantas e animais não fossilizados. Nesse
primeiro processo descreveremos um pouco da história do plástico. Como ele surgiu,
desenvolveu e se transformou em um dos materiais mais usados na indústria em
geral na atualidade.
1.1.1 A História do plástico.
O Plástico faz parte do grupo dos polímeros. Os polímeros são materiais
compostos por macromoléculas. Polímeros vêm do nome Poli (muitos) + mero,
sendo mero a unidade básica que por sua repetição compõem cadeias compostas
de macromoléculas. O tamanho da cadeia, ou seja, a massa molar formada em sua
maioria por átomos de carbono, é o aspecto principal que confere aos polímeros
algumas características. Essas são baixa densidade, pequena resistência à
temperatura e baixa condutividade elétrica e térmica.
Porém, o polímero só começou a ser dominado a partir do século XIX. Os
materiais poliméricos são usados há muitos anos. Desde os tempos primitivos e
anos que datam de antes da Era Cristã já se usavam substâncias elásticas de
resinas naturais extraídas de plantas. Outros tipos de materiais extraídos da
natureza como chifres e casca de tartaruga também eram utilizados por terem a
qualidade de serem moldáveis quando aquecidos. Esses procedimentos aconteciam
nas Américas, Oceania e Ásia. Até o século XIX o uso dessas resinas era pequeno,
mas o desenvolvimento da química permitiu o seu aperfeiçoamento e o seu melhor
aproveitamento. 3
“Plástico é todo composto sintético ou natural que
tem como ingrediente principal uma substância
orgânica de elevado peso molecular. Em seu estado
final é sólido, mas em determinada fase da
fabricação pode comportar-se como fluido e adquirir
outra forma. Em geral, os plásticos são materiais
sintéticos obtidos por meio de fenômenos de
polimerização ou multiplicação artificial dos átomos
de carbono nas grandes correntes moleculares dos
compostos orgânicos, derivados do petróleo ou de
outras substâncias naturais”. História dos Plásticos.
http://www.cafebandeira.com.br/histplast.htm
3
Tirado do site www.cafebandeira.com.
16
Em 1862 o inglês Alexander Parkes descobriu um material orgânico derivado
da celulose e chamou de “Parkesina” em referência seu descobrimento. Esse
material quando aquecido podia ser moldado e quando esfriado permanecia na
mesma forma. A parkesina foi descoberta para substituir a borracha que era até
então a matéria prima de muitos produtos e uma necessidade da época. Porém sua
produção tinha custo muito elevado e não atraiu investidores.
Então em 1889 o tipógrafo inglês John Wesley Hyatt e seu irmão Isiah
descobriram um material que seria muito utilizado. Produzindo um caldo de duas
partes celulose e uma parte de cânfora, gelatinizando depois a mistura sob pressão,
na presença de solvente, foi criada o Celulóide. O Celulóide foi muito utilizado
posteriormente nas indústrias, pelo seu potencial para plastificar. Os pesquisadores
até hoje não sabem como os irmãos Hyatt sobreviveram a experiências com nitro
celulose. Dada a sua capacidade de explosão a maioria dos cientistas da época não
arriscou fazer esse experimento, o que explica por que a celulóide foi descoberta por
um não químico. Hyatt é considerado o pai do Celulóide e também foi pioneiro na
sua industrialização em larga escala4.
O celulóide é um material parcialmente sintético. Hyatt descobriu o celulóide
acidentalmente tentando fazer um material que substituísse o marfim usado para
fazer bolas de bilhar. Havia sido feito um concurso nos Estados Unidos pela
empresa “Phelan and Collander”, que daria 10 mil dólares para quem conseguisse o
feito, já se preocupando com uma possível extinção dos elefantes de onde eram
extraídos os marfins. Ele não conseguiu o prêmio, mas ganhou muito mais com
industrialização do Celulóide e com os produtos que patenteou depois. John Wesley
Hyatt patenteou o Celulóide e ganhou o prêmio a medalha “Perkin” conferida pela
“British Society of Chemical Industry”.
Porém o mais importante fato, no entanto aconteceu no início do século XX.
Um químico belga naturalizado americano de nome Leon Hendrik Baekeland criou
um papel fotográfico chamado de “Velox”, vendendo os direitos por um milhão de
dólares a George Eastman, criador da Kodak. Baekeland dedicou-se a desenvolver
um aparato que permitia o controle para variar o calor e a pressão da combinação de
ácido carbólico (fenol) com formaldeído, que era o grande desafio da época para se
fabricar uma resina plástica.
4
Tirado do site www.plasticoscarone.com.br.
17
Baekeland queria criar um tipo resina que pudesse ser usada industrialmente,
uma resina que pudesse ser fundida e modelada facilmente. Desenvolveu então o
primeiro material totalmente sintético, conhecido como “Bakelite” ou Baquelita
(traduzido). Esse material substituiu inúmeros materiais naturais provenientes de
animais e plantas, como marfim, casco de tartaruga e madeiras. Passando a ser
usado na fabricação de pentes, cabos de facas, botões, materiais elétricos, jóias e
em produtos fabricados até hoje com ela inclusive bolas de bilhar (GORNI, 2003).
Depois disso as resinas plásticas começaram a ser utilizadas em diversos
produtos e com o desenvolvimento de tecnologias e incentivos das indústrias
principalmente as indústrias petroquímicas, ganharam espaço em toda a sociedade.
1.1.2 A exploração do petróleo no Brasil e no mundo.
O desenvolvimento das tecnologias que formam novos tipos de resinas
plásticas é acompanhado de perto também pela difusão do petróleo como matériaprima no mundo. O aumento da exploração do petróleo impulsionado pelo
desenvolvimento de novas tecnologias de perfuração e de refino trouxe avanços
também na descoberta de novos materiais plásticos e na sua exploração comercial e
industrial em larga escala.
“O petróleo é uma substância oleosa, menos
densa que a água, constituída essencialmente pela
mistura de milhares de compostos orgânicos
formados pela combinação de moléculas de
carbono e hidrogênio, constituindo longas cadeias
parafínicas abertas e cicloparafinas ou anéis
aromáticos ligados por complexos orgânicos
variados. Sua cor varia de acordo com a origem,
oscilando do negro ao âmbar. Apresenta-se sob a
forma fluida ou semi-sólida, de consistência
semelhante à das graxas, e encontra-se no
subsolo a profundidades variáveis”. (POPP) 1998,
p 332.
O primeiro poço de petróleo a ser perfurado foi feito nos EUA em 1859 na
Pensilvânia e foi descoberto pelo coronel Edwin L. Drake. Na época era extraído 19
barris por dia, pouco, comparado com a grandeza da exploração diária atual. No fim
do século XIX o petróleo já era explorado em pelo menos 10 países, configurando
entre os produtos mais valorizados do planeta. Nessa época começava a aparecer
18
os primeiros motores a explosão, antes disso o petróleo só era usado em iluminação
de residências ou de locais públicos (BARATA, 2002).
As maiores reservas de petróleo conhecidas atualmente estão localizadas no
Oriente Médio mais especificamente em países como Arábia Saudita e Iraque que
detém cerca de 25% e 11% respectivamente das reservas petrolíferas mundiais.
Existem também importantes bacias inexploradas no Mar do Norte e no Canadá,
porém são áreas onde o custo da exploração não compensa a sua retirada
(GERALDO A., 2006).
O maior produtor de petróleo no mundo é também o Oriente Médio, que
fornece cerca de um terço do consumo mundial. A América do Norte, a Europa e a
Ásia, também são grandes produtores, mas a grande diferença é que eles também
são os maiores consumidores de combustíveis fósseis, sobretudo Estados Unidos e
a região da Ásia banhada pelo pacífico (China, Japão, Rússia) tendo quase 90% do
consumo mundial.
No Brasil o petróleo só foi encontrado em 1897 quando um fazendeiro (Eugênio
Ferreira de Camargo) descobriu em sua fazenda na região de Bofete, interior do
estado de São Paulo, o que foi considerado o primeiro poço de petróleo do Brasil,
que produziu apenas 2 barris de petróleo. Na década de 1930 começavam a se
formar os primeiros movimentos pró-nacionalização dos bens do subsolo, em função
dos trustes que se empoçavam não só dos locais que poderiam ter petróleo como
também em lugares com outros minérios como ferro. Em 1939, no interior da Bahia,
descobriram o primeiro poço de petróleo com potencial comercial.
Nos anos 50 as pressões aumentaram e começaram a surgir campanhas como
“o petróleo é nosso”, culminando com a criação da empresa estatal que teria o
monopólio total do petróleo, Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRÁS), durante o
governo de Getulio Vargas. No começo a Petrobrás produzia em torno de 2700
barris por dia. Esse número era muito pequeno levando-se em conta os 170 mil
barris que eram consumidos diariamente em todo o Brasil. Isso se deu devido ao
desenvolvimento industrial e das construções de estradas que interligavam os
Estados e as cidades ampliando o consumo de combustíveis fósseis.
19
A partir da década de 50 a empresa precisou intensificar suas atividades
exploratórias em busca de novos poços de petróleo. As crises internacionais no
petróleo fizeram com que a Petrobrás intensificasse suas pesquisas em exploração
do petróleo. Foi então que foi descoberta a bacia de Campos duplicando as reservas
nacionais.
Hoje há mais de 20 bacias petrolíferas no país e a produção ultrapassa 1,5
milhões de barris ao dia. A Petrobrás é também a empresa petrolífera mais
avançada quando se trata de perfuração marítima. No mês de abril do ano 2006 o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o país ultrapassou a barreira entre
a quantidade de petróleo importado, que era maior, pela quantidade de petróleo
exportado, decretando a auto-suficiência brasileira. O Brasil é hoje o décimo sexto
país em produção de petróleo por dia (BARATA, 2002).
1.1.3 Uso do petróleo como matéria-prima para materiais plásticos.
O petróleo tornou-se a partir dai a principal matéria-prima utilizada na
fabricação de plásticos. Devido ao aumento cada vez maior da exploração do
petróleo e conseqüentemente a sua maior utilização pela indústria, as resinas
termoplásticas passaram ser mais utilizadas. Antes da metade do século XX, novas
substâncias relacionadas ao petróleo foram descobertas, como poliestirenos, o vinil,
o silicone, borrachas sintéticas e poliuretanas, ampliando cada vez mais o número
de produtos que usavam materiais sintéticos na sua produção.
Assim o Plástico e sua grande gama de diferentes tipos de materiais utilizados
para diversos tipos de produtos passou a ser muito importante no desenvolvimento
industrial de todos os paises no mundo. Muitas fábricas do mundo inteiro utilizam
cada vez mais o plástico como matéria-prima para seus produtos. Muitos produtos
que antes utilizavam outros tipos de matéria-prima na sua fabricação hoje utilizam as
resinas termoplásticas. Existem diversos exemplos dessa substituição.
O mais claro exemplo e que afetou bastante o mundo todo em termos
econômicos e ambientais foi o fenômeno provocado pelo surgimento das garrafas
feitas do material termoplástico chamado de Polietileno Tereftalato mais conhecido
como garrafas PET. A maioria das grandes empresas de bebidas, principalmente as
de refrigerante passaram a usar as garrafas PET no lugar de suas antigas
embalagens de vidro. Outro exemplo também pode ser notado na indústria
20
automobilística que substituiu grande parte de suas peças feitas de metais por peças
feitas a partir de materiais plásticos. Hoje em dia até móveis e mobílias de casas
usualmente feitas de madeira, estão sendo feitas com materiais plásticos assim
como praticamente todos os eletrodomésticos.
O
plástico
surgiu
como
grande
solução
para
alguns
problemas
socioeconômicos da sociedade. São produtos fáceis de modelar e muito mais
baratos. Por serem fáceis de modelar e gastarem menos energia para isso, as
empresas que começaram a trabalhar com plástico também economizaram na conta
de energia. Além disso, por ser um material mais barato, o plástico acabou fazendo
com que alguns os produtos também tivessem seus preços de mercado reduzidos
possibilitando assim o aumento no número de venda entre as camadas mais pobres
da população.
O plástico tem menor durabilidade que alguns materiais e isso faz com que
seja mais descartável que outros, porém sabe-se que hoje estão sendo
desenvolvidos tipos de materiais termoplástico tão ou mais resistentes que alguns
metais, tornando-o cada vez mais utilizado.
1.2 O refinamento e as Indústrias Petroquímicas.
Vimos que o petróleo se transformou então na maior matéria prima para a
fabricação do plástico. Esse produto, no entanto tem uma particular história. O
petróleo revolucionou o mundo. A sua utilização como combustível permitiu as
revoluções industriais e adiantou os avanços tecnológicos e econômicos no mundo
inteiro, se transformando na mercadoria mais valiosa dos tempos atuais. Nesse
capítulo falaremos um pouco do processo do seu refinamento para a transformação
em material plástico dando destaque a Indústria Petroquímica e sua história, um dos
fatores mais importantes no Ciclo do Plástico.
1.2.1 História da Indústria Petroquímica.
Antes de explicar todo o processo de refinamento do petróleo em plástico para
que assim falemos do começo em si do processo de produção industrial do plástico
como material primário, falaremos um pouco sobre a história da indústria
petroquímica no Brasil. Indústria essa que foi e é fundamental no Ciclo de
21
Reciclagem, pois representa o começo de toda uma cadeia, que pode se intitular
cíclica e quem sabe até um dia chegar perto da auto-suficiência e do
desenvolvimento sustentável.
Na década de 50 houve um grande “boom” no que se diz respeito à utilização
dos materiais plásticos. Por ser um material mais barato o plástico começou a
substituir alguns materiais importantes como vidro, metal e madeira. No Brasil esse
acontecimento não foi diferente. A tendência era do aumento real da utilização do
plástico em grande parte dos produtos principalmente com o crescimento e
desenvolvimento do país e o potencial consumista da população que crescia cada
vez mais, numa taxa de 3% ao ano entre as décadas de 50 e 60 (dados do IBGE), a
maior já registrada desde a criação do instituto.
Em meados de 1955 foi implantada no Brasil a primeira refinaria de petróleo
nacional. Ela esta localizada no município de Cubatão no interior do estado de São
Paulo e possibilitou o processamento e surgimento de diversas substâncias
derivadas do petróleo como, por exemplo, o Eteno, fundamental na produção de
certas resinas termoplásticas.
O surgimento dessa refinaria impulsionou o mercado do petróleo no Brasil,
fazendo com que o Estado começasse a pensar em não depender tanto dos
produtos importados de outros países. Além disso, esse projeto iniciou um grande
crescimento no setor petrolífero, principalmente na parte de exploração do petróleo e
nas indústrias petroquímicas, acarretando no desenvolvimento crescente das
tecnologias e da economia do país. Diante desse quadro extremamente favorável ao
desenvolvimento do setor começou-se a pensar na implementação de um parque
industrial nacional que suportasse a demanda por resinas termoplásticas e outros
materiais derivados do petróleo, fazendo com que o país parasse de depender das
importações desses produtos.
Na década de 60 o Grupo União, uma associação de empresas paulistas,
vendo um possível caminho lucrativo no setor criou a Petroquímica União, e
começou a projetar a primeira indústria petroquímica do país, situada no município
de Capuava, também no interior do estado de São Paulo. O projeto foi intermediado
pela Petroquisa empresa que detinha o monopólio das pesquisas de refino de
petróleo no país e era uma das subsidiárias da Petrobrás. Envolvia empresas
estrangeiras, grupos nacionais privados e o Estado. No fim da década de 60, mais
especificamente no ano de 1969 foi iniciada a sua construção. Com isso logo
22
começaram aparecer indústrias de segunda e terceira geração de fabricação de
plástico tornando assim a região num importante centro industrial e formando o
primeiro pólo petroquímico do país 5.
O projeto usado na implementação do pólo petroquímico de Capuava foi
chamado de modelo tripartite, porque juntava a iniciativa privada nacional, empresas
estrangeiras e o Governo Federal, tornando assim possíveis o investimento bilionário
que era feito pra que fossem construídas as instalações do pólo. O governo bancava
toda a infra-estrutura do local, e as empresas privadas nacionais e estrangeiras
implantavam suas fabricas no local sendo a indústria petroquímica principal um
resultante de parte dos investimentos do governo e parte da iniciativa privada.
Com esse modelo dando certo em Capuava e com o Brasil em pleno o
desenvolvimento econômico, dois novos pólos petroquímicos surgiram na década de
70 no Brasil. No município de Camaçari na Bahia depois da criação da Companhia
Petroquímica do Nordeste (COPENE) e mais tarde no Sul do país a criação da
Companhia Petroquímica do Sul (COPESUL) no pólo gaúcho do Triunfo no Rio
Grande do Sul. As duas últimas empresas já surgiram como Sociedade Anônima e a
Petroquisa (governo) detinha menos da metade das ações sendo as demais
distribuídas entre as empresas privadas. Na metade da década de 80 foi criada a
Norquisa, holding que passou a representar essas empresas.
Do meio para o fim da década de 70 e início da década de 80 houveram no
mundo crises relacionadas à produção do petróleo no mundo. Em função disso já
aparecia aqui um pequeno declínio das participações estatais nas áreas
petroquímicas, pois o Estado começava a voltar seus recursos para área de
exploração e produção de petróleo buscando auto-suficiência, deixando de fazer os
investimentos necessários para a expansão petroquímica. No início dos anos 90 em
meio a um momento político conturbado um o amplo movimento de privatizações
das estatais por parte do governo permitiu a venda das participações do Estado nas
centrais petroquímicas.
Isso gerou diferentes resultados nos três grandes pólos petroquímicos do país.
A Petroquímica União foi a primeira a ser privatizada, passando a ter com maior
acionista o Grupo Unipar. No Sul do país o maior acionista passou a ser o Grupo
Odebrecht e Ipiranga. Essa aquisição pelo grupo possibilitou que o pólo se
5
Retirado do site www.Brasken.com.br, antiga COPENE.
23
desenvolvesse e investisse em novas tecnologias. No ano 2000 ficaram prontas a
obras resultantes de um investimento de mais de um bilhão e meio de dólares, que
culminou na duplicação do pólo petroquímico do Triunfo.
Em Camaçari na Bahia, porém o sucesso anterior das privatizações dos outros
pólos petroquímicos não se repetiu. Um grande conflito de interesses entre diversos
setores políticos e empresariais apareceu na região, causando muitos problemas de
controle e administração fazendo com que o pólo petroquímico baiano não se
desenvolvesse mais. As indústrias foram se afastando principalmente pela falta de
investimento na segunda geração da cadeia. Em julho de 2001 um consócio
formado pelo grupo Odebrecht e Mariani, que já eram acionistas da COPENE e iriam
vender suas partes, adquiriu após três leilões a parcela pertencente ao falido Banco
Econômico que detinha o controle da Norquisa, holding que controlava a
petroquímica. Logo após a aquisição o consórcio iniciou o processo de integração
entre as empresas que formavam a primeira e segunda geração da rede criando um
projeto de verticalização e integração da indústria petroquímica que culminou na
criação da Brasken6.
1.2.2 O processo de refinamento do petróleo para a transformação em resinas
plásticas.
O petróleo, como vimos é a principal matéria prima dos plásticos e passa por
uma série de etapas até se transformar no seu produto final, objeto principal do
nosso estudo. Essas etapas formam uma rede que vai desde o refino do petróleo até
a transformação do plástico em produtos industrializáveis.
Existem cinco etapas (ver fluxograma 2) na rede de fabricação dos materiais
plásticos. A primeira é da extração do petróleo feita no Brasil pela Petrobrás. A
segunda passa pela refinaria onde a matéria-prima bruta, o petróleo, é refinada
produzindo um material chamado nafta, matéria-prima principal na produção dos
plásticos.
Depois há três etapas (ver fluxograma 3), em três diferentes tipos de indústrias
que são denominadas gerações e elas formam os chamados Pólos Petroquímicos. A
primeira geração das indústrias é as Petroquímicas Básicas. Elas são seguidas pela
6
Idem ao 5.
24
segunda geração que são as indústrias de Resinas Termoplásticas. No final, na
terceira geração o processo termina na Indústria de Transformação que é aquela
que produz os utensílios feitos de resinas plásticas (CUNHA, 2002).
No Brasil o maior extrator de petróleo bruto é a Petrobrás. Ela detém todos os
direitos de extração de todos os poços de petróleo do país e é também que organiza
e administra as suas explorações. O petróleo varia em seu estado físico, ele é
encontrado em diversos lugares diferentes apresentando diversas formas diferentes.
A maior parte do petróleo extraído no país vem de bacias oceânicas que estão
concentradas em dois estados diferentes, São Paulo e Rio de Janeiro.
Em São Paulo a extração é feita na Bacia de Santos onde o seu total potencial
ainda não foi todo explorado. No Rio de Janeiro, estado que mais produz petróleo no
Brasil, o mineral se concentra na bacia de Campos, principal produtor de petróleo do
país.
Na primeira etapa da cadeia de fabricação de materiais plásticos, o petróleo
que é a matéria prima básica na fabricação das resinas termoplásticas passa pelo
processo de refino. Esse processo se da dentro das refinarias na qual a mais
conhecida, e a maior do país é a REDUC localizada no Estado do Rio de Janeiro.
O petróleo é formado por complexa mistura de compostos com diferentes
temperaturas de ebulição e por esse motivo é possível separa-los através de um
processo chamado de destilação ou craqueamento. O resultado desse processo é
uma substância chamada Nafta (ver Foto 1).
A nafta é a grande responsável pela produção de materiais que saem da
indústria petroquímica. A Petrobrás é responsável por toda a distribuição de nafta no
Brasil. Ela detém o monopólio da produção desse produto no país e o distribui para
a exportação ou para as empresas de primeira geração do país. Segundo a Agência
Nacional de Petróleo (ANP) de janeiro a setembro de 2002 o país produziu 42,5
milhões de barris de nafta e importaram outros 12,6 milhões.
A segunda etapa pode ser chamada de primeira geração de indústrias. São
elas as Indústrias Petroquímicas Básicas. No país como já sabemos existem três
pólos petroquímicos onde estão localizadas as três únicas Indústrias Petroquímicas
Básicas do País, Petroquímica União, de São Paulo, a COPESUL, do Rio Grande do
Sul e a Brasken (antiga COPENE), da Bahia. Essas indústrias recebem a nafta
exclusivamente da Petrobrás para usar como matéria prima na sua produção.
25
Nessas centrais petroquímicas o nafta é decomposto e mandado para a segunda
geração das indústrias do setor.
Na segunda geração de indústrias petroquímicas são produzidos petroquímicos
básicos,
como
eteno,
propeno,
benzeno e
tolueno,
e
ou petroquímicos
intermediários como o cicloexano e o sulfato de amônia. O engenheiro químico
Jenna Bezerra da Brasken explica como é feito processo de transformação do nafta
em produtos que serão transformados em resinas termoplásticas na segunda
geração de indústrias e terceira etapa do processo de transformação do petróleo em
plástico: “Na primeira etapa da decomposição, a nafta vai para fornos em altas
temperaturas, onde é quebrada e depois os gases que saem do forno são levados
para uma área de compressão e por fim é feita a separação dos compostos em
baixa temperatura, por colunas de destilação ou fracionamento.” (CUNHA R., 2002).
Os produtos extraídos das grandes petroquímicas de base são matérias-prima
para fabricação
de
algumas
importantes
resinas
termoplásticas
bastantes
conhecidas e que serão utilizadas na fabricação de diversos produtos. O eteno,
nome comercial do etileno, é usado como matéria-prima do polietileno tereftalado
(PET) utilizado nas garrafas de refrigerantes e o policloreto de vinila (PVC) que é
usado para fazer canos e conexões.
A terceira geração de indústrias dos pólos petroquímicos é as chamadas
indústrias transformadoras. Elas são responsáveis pela fabricação do produto final
que vai para o comercio, ou para empresas que utilizarão o material com peça para
outros produtos. Veremos alguns casos a seguir.
1.2.3 Os tipos de resinas termoplásticas.
Os plásticos pertencem ao grupo dos polímeros, moléculas muito grandes, com
características especiais e variadas. Os plásticos são materiais bem leves e
maleáveis, que não se estilhaçam quando quebram, por isso são muito utilizados. O
plástico é utilizado em quase todos os setores da indústria principalmente por causa
de sua versatilidade.
Os plásticos são divididos em vários grupos que estão contidos em dois grupos
maiores, os termoplásticos e os termorrígidos. Os termoplásticos são aqueles que
amolecem ao serem aquecidos podendo ser moldados e quando resfriados
endurecem tomando uma nova forma. Esse processo pode ser repetido diversas
26
vezes. Os termoplásticos correspondem à maioria dos produtos consumidos com um
total de 80% de todos os produtos feitos de plástico.
O outro grupo é dos termorrígidos que são aqueles que não derretem e que,
após a primeira moldagem, não podem mais ser moldados. Existe uma classificação
universal para os tipos de plásticos e cada um tem uma utilidade diferente.
As principais matérias-primas produzidas hoje e fornecidas pelas indústrias
petroquímicas para as indústrias transformadoras são o polipropileno (PP), o
policloreto de vinila (PVC), o polietileno de baixa densidade (PEBD), o polietileno de
alta densidade (PEAD) e o polietileno terftalado (PET). Empresas como a Sinimplast
(terceira geração, ver fluxograma 2) uma das maiores indústrias de embalagens
plásticas do país recebem esse material e fornecem embalagens para empresas de
alimentos e higiene como a Minerva, Copersucar, Colgate-Palmovile, a L’Oreal entre
outras.
Além disso, não poderíamos deixar de mencionar um dos principais mercados
de plástico, o das embalagens de polietileno tereftaldo (PET). Esse segmento da
indústria chega a crescer anualmente cerca de 10 %, e produziram no ano 2001
mais de 360 mil toneladas de embalagens.
As indústrias de refrigerantes representavam até 2002 80% do mercado de
embalagens seguidas pelo mercado de água com 10 % e o de óleo com 4%. Essas
empresas buscam novas tecnologias para poderem incluir no segmento de
embalagens PET as cervejarias, que chegam a vender cerca de 8 bilhões de litros
de bebida por ano. Porém as cervejarias só entrariam nesse mercado caso as
embalagens de PET garantissem a validade de 180 da bebida em prateleira, como
ocorre com as embalagens de vidro e alumínio7.
7
Dados retirados do site www.achetudoeregiao.com.br.
27
Tabela 1 - Tipos de resinas plásticas.
N° Abreviação Nome da resina.
1
PET
Polietileno
Tereftalato.
2
PEAD
Polietileno de Alta
Densidade.
3
PVC
Polecloreto
Vinila.
4
PEBD
Polietileno
de
Baixa Densidade.
5
PP
Polipropileno.
6
PS
Poliestireno
7
OT
Termorrígidos (PU
–
Poliuretano,
EVA – Policetato
de Etileno Vinil e
etc...).
Outros
plásticos especiais
de engenharia.
de
Produtos.
Frascos
de
refrigerantes,
produtos
farmacêuticos, produtos de limpeza, mantas
de impermeabilização e fibras têxteis.
Embalagens de produtos domésticos, de
limpeza, cosméticos e produtos químicos,
tubos para líquidos e gás, tanques de
gasolina para veículos automotivos.
Frascos de água mineral, tubos e conexões,
calçados, encapamentos de cabos elétricos,
equipamentos médico cirúrgicos, esquadrias
e revestimentos.
Embalagens de alimentos, sacos industriais,
sacos para lixo, lonas agrícolas, filmes
flexíveis para embalagens e rótulos de
brinquedos.
Embalagens de massas e biscoitos, potes de
margarina (potes em geral), seringas
descartáveis,
equipamentos
médicocirúrgicos, fibras e fios têxteis, utilidades
domésticas e autopeças (pára-choques de
carros e etc...).
Copos descartáveis,
placas
isolantes,
aparelhos de som e TV, embalagens de
alimentos, revestimento de geladeiras,
material escolar.
Cds,
eletrodomésticos,
corpos
de
computadores,
solados
de
calçados,
interruptores, peças industriais elétricas,
peças para banheiros, pratos travessas,
cinzeiros, telefones e etc...
(fonte: www.achetudoeregiao.com.br)
1.3 Os produtos feitos a partir de resinas plásticas.
As resinas termoplásticas são materiais usados em praticamente todos os
setores industriais. Desde a indústria alimentícia até a automobilística, em bens
duráveis, não duráveis ou descartáveis o uso do plástico vem tendo um crescimento
avançado em setores em que já eram utilizados e em cada vez mais novos tipos,
sejam através de novas tecnologias substituindo antigos produtos, ou seja, através
28
do aumento da produção daqueles produtos que já utilizavam as resinas
termoplásticas como matéria-prima.
1.3.1 Os setores da indústria que utilizam materiais plásticos.
Muitos setores das indústrias utilizam em seus produtos os materiais plásticos.
Saúde,
educação,
automóveis,
transportes,
telecomunicações,
informática,
construção civil, construção naval, moveis, embalagens, agricultura, pecuária,
calçados entre outros podem usar essas resinas direta ou indiretamente.
A partir do ano de 1999 o governo brasileiro passou a utilizar notas no valor de
dez reais feitas de resinas termoplásticas. Mais resistente e de difícil falsificação as
cédulas plásticas se tornaram mais um produto de um segmento a utilizar o plástico
como matéria prima, nesse caso um setor pouco provável.
As empresas que usam o plástico diretamente são aquelas da chamada
terceira geração de indústrias petroquímicas ou indústrias transformadoras. São elas
que pegam a resina termoplástica plástica e a transformam em produtos prontos
para serem usados. Esse processo, chamado de injeção consiste basicamente em
colocar a resina termoplástica quente em moldes que ao serem resfriados se
transformaram em produtos plásticos.
Existem vários exemplos de indústrias de transformação que utilizam produtos
injetados, elas fazem parte da rede de transformação do petróleo em plásticos nos
pólos petroquímicos. Um exemplo claro dessas empresas é a Sinimplast, uma
empresa situada no pólo petroquímica de São Paulo e que produz embalagens para
produtos de empresas mais conhecidas como Unilever e L’Oréal.
Essas empresas é que utilizam indiretamente os materiais plásticos já que o
seu principal produto esta dentro de embalagens feitas de resinas termoplásticas. As
resinas também podem ser encontradas indiretamente em outros produtos como
automóveis e eletrodomésticos e ainda existem aquelas fábricas que utilizam o
plástico em seu processo de fabricação e não no seu produto final.
1.3.2 Produtos que utilizam resinas termoplásticas.
A partir dessas informações sabemos que os plásticos estão divididos em
diversos tipos e assim são utilizados em diversos setores da indústria. Podemos
29
então entender a importância que esse material tem na sociedade consumidora
atual. A maior parte de tudo que se produz contém algum tipo de resina plástica seja
em alguma parte do seu processo de produção, seja no produto inteiro final.
Observamos então um grande crescimento na indústria do plástico no Brasil, sendo
um dos setores da economia que mais se desenvolveu nos últimos anos.
Existem mais de seis mil empresas transformadoras de plásticos no mercado
nacional, fomentados pelo crescimento de indústrias petroquímicas de segunda
geração. O faturamento global do setor gira em torno de aproximadamente cinco
bilhões de dólares por ano, gerando duzentos mil empregos diretos, recolhendo
mais de 1,5 bilhões em impostos todo o ano. Isso faz com que haja o consumo anual
apresente um crescimento de mais de quatro milhões de toneladas de resinas
termoplásticas. No Brasil a maior parte do que se produz ligado a resinas plásticas
se diz respeito á indústria de embalagens (GRIPPI, 2001).
“O plástico é utilizado em quase todos os setores
da economia, como: construção civil, lazer,
telecomunicações,
indústrias
eletroeletrônica,
automobilística e médico-hospitalar e no transporte
de energia. Atualmente o setor de embalagens é o
que mais se destaca na utilização do plástico.
Aproximadamente 30% das resinas plásticas
consumidas no Brasil destinam-se a indústria de
embalagens”. GRIPPI (2001)
Tabela 2 - Utilização do plástico no Brasil.
Indústrias
Embalagens
Automobilística
Eletroeletrônica
Construção
Têxtil
Outras
Porcentagem
30%
20%
15%
15%
15%
5%
(GRIPPI, 2001)
30
Fluxograma 2 – Rede de produção do Plástico.
PETRÓLEO
(EXPLORAÇÃO)
NAFTA
(REFINAMENTO)
MATÉRIA-PRIMA DAS
RESINAS PLÁSTICA
(Ex. ETENO)
PETROQUÍMICA BÁSICA
MULTINACIONAL
(PETROBRÁS)
REFINARIA
(REDUC)
PRODUTO FEITO DE PLÁSTICO
PRODUTO
TIPO DE
INDÚSTRIA
(1ª GERAÇÃO)
(GARRAFA DE REFRIGERANTE)
INDÚSTRIA DE TRASNFORMAÇÃO
(3ª GERAÇÃO)
RESINA PLÁSTICA
(Ex. PET)
PETROQUÍMICA
(2ª GERAÇÃO)
31
Fluxograma 3 – Pólo Petroquímico.
PETROQUÍMICA
BÁSICA
(1ª GERAÇÃO)
PÓLO
PETROQUÍMICO
INDÚSTRIA DE
TRASNFORMAÇÃO
(3ª GERAÇÃO)
PETROQUÍMICA
(2ª GERAÇÃO)
32
2. O Consumo e o Descarte do Plástico.
A cada ano uma incrível variedade de materiais totalmente plásticos ou que
utilizam alguma resina termoplástica aparece no mercado. Seja na forma de
embalagens ou como produtos finais, o plástico se destaca pela sua versatilidade.
Por ser fácil de moldar, e por ser cada vez mais resistente e barato. Essas resinas
estão cada vez mais presentes no dia a dia da população, principalmente nas
grandes cidades.
É fácil notar a presença desse material em nossas vidas. Em qualquer
supermercado é difícil achar um produto que não contenha uma embalagem
plástica. As carnes e os vegetais que são vendidos em feiras e não são embalados
industrialmente também são colocados em sacos plásticos. Até o pão que
normalmente está no saco de papel, hoje já é colocado em um saco plástico.
A grande maioria dos produtos da indústria alimentícia hoje é embalada com
plásticos. Alguns alimentos ainda têm metais ou vidros como embalagens, porém há
uma grande possibilidade de essas embalagens serem substituídas. Basta lembrar
das garrafas de refrigerante que antes eram feitas de vidro e hoje só se encontra em
forma de PET.
Além dos produtos alimentícios existe também uma incrível gama de objetos
feitos de resinas termoplásticas que de algum modo são consumidos. Eles estão por
toda parte, em praticamente todos os eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Estão
nos móveis das casas e nas vestimentas, além é claro de compor grande parte da
estrutura dos automóveis. Resumindo, existe uma certa dependência por parte dos
seres humanos aos materiais plásticos e também um enorme consumismo
relacionado aos produtos que dele são feitos.
Muito plástico é consumido e a maioria é descartável. Por ser descartável esse
plástico produz um enorme problema para sociedade que os consome. É o problema
do descarte do plástico, material não biodegradável e que se acumula em forma de
lixo.
33
2.1 A chegada dos produtos aos consumidores.
Os produtos saem das fábricas para os consumidores por intermédio do
comércio. Ali é começo da segunda etapa do Ciclo de Reciclagem, que se inicia com
o processo de chegada dos produtos aos consumidores.
A cada ano o comércio vende mais plástico embutido nos seus produtos.
Quem ganha com isso é o comerciante e a indústria. Novas técnicas surgem para
que haja maior consumo. Novos profissionais se juntam aos produtores e
comerciantes para “empurrar” novos produtos à população. E assim a cidades se
entopem de consumidores e grandes lugares próprios para isso.
2.1.1 Crescimento da produção de produtos feitos a partir do plástico no
mundo.
Todos os anos novas tecnologias são descobertas na indústria de produção do
plástico. Mais leve, mais resistente, de menor custo e mais fácil de moldar. Essas
entre outras características, dependendo da utilização, fazem com que as resinas
termoplásticas sofram modificações a todo o momento. Isso acontece por uma
exigência do mercado para que novos produtos cheguem às prateleiras das lojas e
possam ser consumidos cada vez mais pela população, produzindo cada vez mais
lixo.
Movida pelo consumismo, a população mundial fica sendo o regulador desse
aumento. A cada pesquisa de mercado que é feita se constata que é preciso
melhorar sempre o produto. As pesquisas estão sempre em busca do melhor para
empresa, e o melhor para empresa é sempre aquilo que faz o consumidor querer
consumir mais e diante disso, gastar mais. Novas técnicas de produção que vão
além da praticidade em novos produtos e o custo menor na produção, englobam
design e um bom projeto de marketing, fazendo crescer as vendas e aumentar o
consumo.
A praticidade seria na forma como são feitos os produtos. Sendo práticos como
o nome já diz, fazendo com que tudo seja descartável e as pessoas não acumulem
coisas em suas casas. Bom para o consumidor que guarda menos coisas, bom para
as empresas que vendem mais e não tão bom para o meio ambiente. Os utensílios
descartáveis são um problema ambiental, sobretudo as embalagens plásticas
34
descartáveis que não são biodegradáveis e acabam se acumulando na forma de
lixo. Um claro exemplo disso é a garrafa PET que substituiu as garrafas de vidros
que eram reaproveitadas, tornando mais prático o consumo de bebidas.
Esse tipo de modificação só fez baixar o custo dos produtos para os
fabricantes. No exemplo do PET houve um aumento considerável no consumo de
refrigerantes quando esses passaram a ser vendidas em garrafas plásticas. Houve
também ainda com o aparecimento e a popularização dessas embalagens no
mundo, o surgimento de novas pequenas empresas tanto como produtoras de
bebidas menos conhecidas, como também como empresas produtoras de
embalagens plásticas, nesse caso empresas de maior porte.
O design também foi fundamental para o consumismo, tanto que cada vez mais
há investimento nisso. Muitas pessoas consideram a imagem na hora de comprar
produtos, e com o aparecimento e a utilização das resinas termoplásticas nesses,
ficou mais fácil de modelar embalagens e o próprio conteúdo. Vários produtos se
caracterizam bastante pela sua embalagem, por exemplo, todos sabem como é
formato de uma garrafa de Coca – Cola, mesmo que ela esteja sem o rotulo.
No final, hoje em dia são feitos muitos investimentos também numa área que
serviu para o crescimento do consumo de produtos industrializados, o marketing.
Muito dinheiro é gasto em marketing nas empresas hoje em dia. Os estudos sobre
propaganda aumentam a cada ano abrindo mais espaço para profissionais dessa
área nas empresas. O marketing serve para levar as pessoas a comprarem os
produtos de uma certa empresa. Além de tentar mostrar que aquele produto é bom e
devem ser comprados, os chamados “marqueteiros” travam batalhas entre si para
dizer de quem é o melhor produto.
O crescimento do consumo está ligado a esses fatores e com esse vem
também o aumento do despejo dos materiais que a cada dias ficam mais
descartáveis e substituíveis. O lixo então aumenta dia após dia por conta desse
despejo, aumentando também as preocupações ambientais ligadas a ele.
35
2.1.2 A chegada á população e os locais de venda de produtos feitos a partir de
resinas plásticas.
Após esse primeiro processo de produção das resinas plásticas em geral, os
produtos que delas são resultantes são encaminhados para os locais onde entrarão
em contato com a população consumidora. Após sair das empresas que
transformam as resinas plásticas em produtos, eles vão para os setores do comércio
que vendem esses produtos resultantes de resinas plásticas. Esses setores são os
mais variados. Na verdade quase todos os seguimentos do comércio que trabalham
com vendas de materiais e bens duráveis e não duráveis, vendem plástico, direta
como os produtos feitos inteiramente de plástico, ou indiretamente como produtos
que tem embalagens plásticas, por exemplo.
Aqui então começa uma nova rede no que descrevemos como ciclo plástico.
Os plásticos chegam de diversas formas aos consumidores. A população, no entanto
não tem idéia da quantidade de plástico que consomem em suas residências. A
começar pelos chamados bens duráveis como televisores, computadores,
eletroeletrônicos em geral, geladeiras fogão e eletrodomésticos, além de outras
coisas como cds e caixas, fora os automóveis e outros tipos de materiais que nem
temos idéia de que possuem alguma parte de plástico.
Tabela 3 - Consumo de Plástico no Brasil. (Mil toneladas/ano)
Tipo/Ano
PEAD
90
230
91
258
92
260
93
271
94
282
95
284
96
290
97
291
PEBD
460
485
491
502
510
515
517
520
PP
230
290
288
295
300
305
307
315
PS
125
127
122
130
145
147
152
160
PVC
340
400
410
409
410
412
420
429
PET
7
12
20
40
60
62
70
74
Fonte: (GRIPPI, 2001)
36
2.1.3 O consumo crescente do plástico nas grandes cidades.
O plástico é o material que mais cresce em termos de consumo diário no
mundo. A cada dia mais e mais pessoas consomem novos produtos feitos de resinas
termoplásticas ou com embalagens de plástico. Além disso, novos produtos com
esses materiais estão sendo lançados a toda hora no mercado. No Brasil esses
dados não são diferentes.
O Brasil consome em média por ano 27 quilos de plástico, esse número,
referente ao ano de 2000 era de apenas nove quilos em 1992 e a tendência é
aumentar mais. A estimativa é que até 2010 essa quantia passe dos 100 quilos.
Na Europa e nos estados Unidos os cálculos apontam para algo em torno de
80 e 100 quilos respectivamente, lembrando que esses dados são do ano de 2001.
Nessa velocidade a quantidade de plástico consumido por habitante anualmente
certamente estará num patamar tal, que será difícil sua redução, dado o grau de
dependência da população urbana mundial a esse material 8.
“No Brasil, o consumo de plástico por habitante
situou-se ao redor de 27 kg, no ano passado,
contra um consumo de apenas 9 kg por pessoa em
1992. Para 2001, as estimativas indicam que o
país atingirá cerca de 30 kg por pessoa. Embora
significativo, principalmente se levarmos em conta
o crescimento verificado nos últimos anos, o
consumo de plástico no Brasil é ainda bastante
inferior ao de paises mais adiantados, onde os
Estados Unidos despontam com 100 kg ao ano por
habitante e os países da Europa com 80 kg por
habitante, aproximadamente”. Jornal dos Plásticos
Abril de 2001
2.2 O descarte dos produtos que utilizam resinas plásticas.
Todo esse consumismo que envolve a produção de resinas plásticas é seguido
de perto por um sério problema. O lixo produzido pela população que consome
produtos plásticos ou qualquer um que tenha algum de tipo de polímero como parte
de sua estrutura, se acumula e trás transtornos a própria população. Veremos agora
o que acontece com o plástico quando se transforma em lixo.
8
Dados retirados do Jornal dos Plásticos em sua publicação na Internet.
37
2.2.1 A transformação do plástico em lixo e o seu descarte.
Cada vez que uma garrafa é comprada por uma pessoa ela já tem uma
sentença, se transformar em lixo. Depois de ser usada, tirando poucos casos onde
ela é reaproveitada ou utilizada em outra situação ela se transforma em dejeto. Esse
não é apenas o caso da garrafa, mas também de inúmeros materiais. Brinquedos,
eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis, peças de automóveis, além das
incontáveis embalagens descartáveis, tem uma vida útil breve e que ao seu final são
levados ao descarte.
Existem algumas maneiras de os materiais plásticos serem descartados, a
mais comum é como lixo normal misturado com os outros tipos de lixo (vidro, papel,
metais, orgânicos e etc...). O descarte feito dessa maneira causa grandes problemas
na hora de uma possível separação para reciclagem, pois além do gasto com esta, a
necessidade de limpeza do material pode provocar aumento do custo do produto
reciclável na hora da venda para empresas de reciclagem. É sempre pior ter que
separar e limpar os materiais.
Outro meio do plástico ser descartado é no tipo bruto, jogado sem ser
embalado sem ir pra nenhuma lixeira. Além da poluição lógica isso implica, jogar lixo
em qualquer lugar seja na rua, seja em rios, seja no mar ou em matas causa
poluição visual, muito ruim para a imagem de uma cidade grande e turística como é
o caso da cidade do Rio de Janeiro.
O mais certo então é fazer uma separação, ou seja, uma coleta seletiva.
Separando o plástico dos demais lixos, a população faz com que a empresa que
presta serviços economize e tenha maior facilidade com o lixo. Além de que o lixo
separado não vai para lixões e nem aterros sanitários, ele vai para empresas de
separação e depois para usinas de reciclagem para serem transformados em novos
produtos, não sendo acumulado como lixo no meio ambiente.
38
2.2.2 Os problemas causados pelos plásticos consumidos e descartados pela
população.
Como foi dito acima o lixo acumulado representa um dos grandes problemas
da humanidade, e dentro dessa esfera de resíduos sólidos urbanos está o material
plástico que é descartado diariamente pela população. O plástico é um tipo de lixo
com características que o diferem dos demais lixos e tem suas próprias formas de
poluir, causando danos não só ao meio ambiente, mas como também à saúde
pública e às estruturas urbanas de grandes cidades como o Rio de Janeiro.
O plástico está envolvido em diversos tipos de problemas. Sendo ele um
derivado do petróleo, já na sua matriz, na refinaria e nas indústrias petroquímicas
básicas, começa o processo de poluição derivado dos gases que dessas indústrias
são expelidos. No Rio de Janeiro está localizada uma das maiores refinarias de
petróleo do país a REDUC, que produz gases que são despejados constantemente,
vinte e quatro horas por dia. Além dela existe também o problema com indústrias
petroquímicas que são altamente poluidoras.
A etapa do Ciclo do Plástico onde mais se encontram problemas é a
relacionada ao descarte dos materiais termoplásticos. Como já vimos o plástico é um
material não biodegradável e demora a se decompor, por isso ele se acumula em
forma de lixo trazendo conseqüências drásticas a uma cidade. Com acumulo de lixo
outros problemas começam a aparecer e esse problema se acentua quando se trata
de uma cidade grande como é aqui o caso do município do Rio de Janeiro.
Os mais preocupantes materiais que contém alguma forma de resina plástica
são aqueles dos bens não duráveis, ou seja, aqueles produtos que tem vida curta
que são descartáveis. Nesse grupo está contido todo o tipo de embalagens. Quase
todos os produtos que compramos em supermercados e que servem para nossa
alimentação utilizam embalagem plástica. As frutas, verduras, carnes, queijos e frios,
quando não vêm empacotados em algum recipiente plástico, estão dentro de um
saco, também feitos de resina plástica. Existem também os diversos produtos de
limpeza e alguns produtos de higiene pessoal que também são embalados em potes
como xampus, desodorantes, sabonetes entre outros.
Uma das maiores preocupações com os materiais plásticos está relacionado às
garrafas de refrigerante. Elas são feitas de uma resina termoplástica chamada
Polietileno Tereftalato. Mais conhecido como garrafas PET, elas estão substituindo
39
cada vez mais embalagens não só de refrigerantes, mas como também outros tipos
de alimentos, e representa uma boa parte do volume de lixo encontrado nos
resíduos sólidos urbanos.
Esse lixo entulhado sem ser tratado, mesmo que esteja num aterro ou lixão
provoca problemas sérios como a produção de chorume. O chorume é um líquido
preto proveniente de locais onde se tem despejo de lixo. Ele é inevitável e comum
em qualquer área onde se trata o lixo e deve ser tratado para que não crie danos ao
ambiente como a contaminação de rios e lençóis freáticos. No caso do aterro
sanitário de Gramacho no Rio existe um certo tratamento do chorume que não é
suficientemente adequado à demanda desse local.
Mas esse é um problema em si do conjunto formado por todos os tipos de lixo.
O Plástico especificamente tem diferentes formas de poluir o meio. Por ser um
material descartável e ser produzido principalmente em forma de embalagens as
resinas termoplásticas se transformam em uma arma danosa na sociedade. Em
primeiro lugar é um material resistente, por isso não se desfaz e quando descartado
de forma irregular em locais não próprios, pode obstruir possíveis passagens como,
por exemplo, bueiros, tubulações e galerias pluviais.
Além disso, uma grande parte desses dejetos é formada por garrafas em geral,
locais ideais para a proliferação de larvas de mosquitos, como o Aedes Aegypti
transmissor da Dengue. Doença que ficou fora de controle nos últimos anos no
Estado do Rio de Janeiro sendo registrados inúmeros casos. A Dengue é apenas
uma das muitas doenças relacionadas ao lixo no caso a água se acumula no lixo,
mas ela tem que estar limpa. Ainda existe o caso daquelas doenças que são
adquiridas pelo contato da população, principalmente a de baixa renda que não tem
acesso ao saneamento básico e muito menos aos meios de limpeza urbana, com o
lixo.
Outro problema sério é relacionado ao lixo despejado na rua ou nas encostas.
Pelo mesmo motivo do acumulo de água, o plástico acumula resíduos que fazem
aumentar o peso bruto do lixo. Quando o material é despejado numa encosta ele ali
impede que a chuva entre no solo e se espalhem. Ao invés disso ele faz com o
liquido faça peso sobre o solo na encosta causando o processo de erosão e
podendo resultar em desabamentos.
40
E por fim um problema que é muito comum em cidades turísticas como o Rio
de Janeiro. O despejo de plásticos em locais inadequados principalmente em locais
onde há algum tipo de lago, lagoa, rio ou mar causa a chamada poluição visual.
Com o plástico é um produto leve ele bóia nesses locais provocando um contraste
na paisagem exuberante da cidade, afastando turistas e prejudicando a economia.
Tabela 4 - Disposição Final do Lixo no Brasil.
Quantidade (%)
80%
13%
5%
1%
0,9%
0,1%
Local
Lixão a céu aberto
Aterros controlados
Aterros sanitários
Usina de reciclagem
Usina de compostagem
Usina de incineração
Fonte: IBGE
41
Fluxograma 4 – Rede do Consumo e Descarte do Plástico.
INDÚSTRIA
COMÉRCIO
POPULAÇÃO
LIXO
LIXÃO A CÉU
ABERTO
PROBLEMAS
AMBIENTAIS
IMEDIATOS
ATERRO SANITÁRIO
CONTROLADO
FUTUROS
PROBLEMAS
AMBIENTAIS
RECICLAGEM
NÃO HÁ
PROBLEMAS
AMBIENTAIS
42
3. Reciclagem do Plástico.
Chegamos então ao ponto chave de nosso trabalho. Veremos nesse capítulo
como se da a última etapa do Ciclo de Reciclagem do Plástico. Desde começo vimos
que o plástico é um produto derivado do petróleo e que passa por diversos
processos até se transformar numa resina. Essa resina é transformada em um
material que é usado como matéria-prima base dos produtos feitos de plásticos. A
partir daí, na segunda etapa vimos como é a chegada desses produtos ao
consumidor e como ele é descartado em forma de lixo.
Quando a população se desfaz desse lixo ele passa a ser um problema pra
sociedade. Nas grandes cidades então onde a produção de lixo é mais significativa
temos um agravamento da situação. A produção do lixo nas grandes metrópoles é
muito maior e por isso devemos tratá-las com mais seriedade, dada à urgência da
situação. Na maioria dessas metrópoles os locais destinados ao despejo do lixo já
esgotaram suas capacidades ou estão muito próximo disso.
Nesse trabalho estamos tratando de uma das maiores cidades do mundo, o Rio
de Janeiro e a região onde esta localizada o local onde é despejado todo o lixo da
cidade, o Grande Rio mais especificamente no município de Duque de Caxias no
bairro de Jardim Gramacho. Nessa área está localizado Aterro Sanitário Jardim
Gramacho ou simplesmente Lixão de Gramacho para onde vai todo o lixo do Rio e
Grande Rio e que fica as margens da Baía de Guanabara. É nesse local, não por
acaso, que fica o Pólo de Polímeros do Estado do Rio de Janeiro foco principal do
nosso trabalho.
Começaremos essa etapa tratando um pouco da maior responsável pelo lixo
no Município do Rio de Janeiro, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana mais
conhecida como COMLURB. Falaremos também da Lei de Limpeza Urbana do Rio
de Janeiro.
Essa etapa é a mais importante do trabalho, pois mostrará como é feita a
reciclagem dos materiais plásticos no Rio de Janeiro mostrando o final do Ciclo da
Reciclagem do Plástico começando pela coleta feita pelos funcionários da
COMLURB e pelos Catadores que são o começo desse processo. Veremos em que
condições eles trabalham e como contribuem para esse ciclo, vendendo material
43
para as empresas que fazem a separação. Essas empresas vendem para empresas
de reciclagem onde transformam o plástico em novos produtos.
3.1 Coleta Seletiva no Município do Rio de Janeiro.
Para falar de reciclagem é sempre necessário falar primeiro de Coleta Seletiva.
Mas o que é Coleta Seletiva? Ela é simplesmente o começo da ultima etapa onde
abordaremos o tema mais importante desse trabalho que é a Reciclagem do material
plástico. Veremos a seguir como é feito esse processo partindo da Lei de Limpeza
Urbana do Rio.
3.1.1 A Lei de Limpeza Urbana.
Após descrever o processo de transformação do petróleo em material plástico
e de saber como ele chega aos consumidores, faremos agora uma descrição do
processo de reciclagem efetiva do material plástico. Começaremos pela base do
processo de reciclagem dos materiais plásticos, a Coleta Seletiva. A Coleta Seletiva
no Rio de Janeiro é feita efetivamente pela Companhia Municipal de Limpeza
Urbana do Rio de Janeiro, e este trabalho feito com base na Lei de Limpeza Urbana.
Como em toda a cidade do Brasil, o Município do Rio de Janeiro têm uma lei de
Limpeza Urbana. Essa é a Lei Municipal N° 3.273 de 6 de outubro de 2001 que
normaliza as atividades ligadas ao Sistema de Limpeza Urbano do Município do Rio
de Janeiro. A lei foi criada para estabelecer algumas normas e ajudar a companhia
responsável pela coleta dos resíduos a manter as atividades de limpeza urbana. A
empresa de limpeza urbana responsável pela coleta dos resíduos sólidos no
Município do Rio de Janeiro é denomina da COMLURB (Companhia Municipal de
Limpeza Urbana) é ela quem coordena toda a coleta e transporte dos resíduos
sólidos da cidade.
44
O lixo, ou resíduos sólidos, podem ser classificados em dois grupos segundo a
lei, os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) e os Resíduos Sólidos Especiais (RSE) 9.
Resíduos Sólidos Urbanos:
Lixo domiciliar com características não perigosas como restos de
•
alimentos e materiais de limpeza.
Bens oriundos da habitação familiar, como peças de mobília,
•
eletrodomésticos e semelhantes inclusive àqueles que não podem ser removidos
pelo veículo de coleta domiciliar devido à forma ou volume.
Resíduos de podas de manutenção de jardins, pomar ou hortas
•
domésticas.
Especialmente troncos, aparas, galhos e semelhantes.
•
Entulhos de pequenas obras de reforma, demolição ou construção.
Restos de alvenaria, concreto, madeira, ferragens, vidros e semelhantes.
•
Lixo público oriundo da limpeza de espaços públicos como avenidas,
ruas, praças.
•
Lixo de feiras livres.
•
Lixo de eventos realizados em áreas públicas como parques, praias,
praças, sambódromo e demais espaços públicos.
•
Excremento de animais.
•
Lixo caracterizado como domiciliar produzido por outros segmentos
como o comercio, indústria, serviços, instituições públicas ou privadas, unidades de
tratamento de saúde humana ou animal e imóveis não residências, cuja produção
diária por indivíduo seja menor que sessenta quilos.
Resíduos Sólidos Especiais:
•
Lixo extraordinário. Resíduos sólidos citados acima como podas de
manutenção de jardins, pomar ou hortas; entulhos de obras de reforma, demolição
ou construção; lixo produzido por outros segmentos como o comercio, indústria,
serviços, instituições públicas ou privadas, unidades de tratamento de saúde
humana ou animal e imóveis não residências, cuja produção excede os limites
definidos na lei ou estipulados pelo órgão ou entidade municipal competente.
•
Lixo perigoso produzido por indústria e que possam apresentar riscos à
saúde pública e ao meio ambiente.
9
Tirados da Lei de Limpeza Urbana do Município do Rio de Janeiro.
45
•
Lixo infectante resultante de atividades medica e pesquisa produzido
nas unidades de tratamento humano e animais. Materiais biológicos ou pérfurocortantes contaminados por agente patogênicos, que apresentem risco a saúde
publica ou ao meio ambiente.
•
Lixo químico oriundo de atividades de atividades medica e de pesquisa
produzido no tratamento da saúde humana ou de animais. Medicamentos vencidos
ou contaminados ou interditados ou não utilizados, e materiais químicos tóxicos ou
corrosivas ou cancerígenas ou inflamáveis ou explosivas ou mutagênicas.
•
Lixo radioativo.
•
Lodos e lamas com teor de umidade inferior a setenta por cento vindos
de estações de tratamentos de águas e esgotos sanitários, ou fossas sépticas, ou
postos de lubrificação de veículos.
•
Materiais de embalem de mercadorias, para proteção ou transporte
que apresente algum risco a saúde publica ou meio ambiente.
•
Outro objeto de legislação específica que o exclua da categoria de
resíduos sólidos urbanos.
Todo o tipo de resíduo sólido urbano está contido nessas duas categorias e
assim eles podem ser coordenados pela COMLURB, que recolhe e transporta os
resíduos sólidos urbanos e controla a coleta e transporte dos resíduos sólidos
especiais feitos também pela COMLURB ou por outras empresas particulares que
são supervisionadas por ela e contratadas pelos estabelecimentos responsáveis
pelo lixo.
O órgão responsável pela limpeza urbana da cidade do Rio de Janeiro tem
suas atividades devidamente normatizadas pela lei e podem ser até subdivididas em
etapas. A primeira etapa é definida pelo órgão (COMLURB), mas é feita pelas
edificações e é chamada de Manuseio.
A COMLURB é responsável pela Coleta Regular que diz respeito à coleta e
remoção dos resíduos sólidos urbanos (RSU) e é responsável pela coleta e remoção
dos resíduos sólidos especiais (RSE) que podem ser feitos por outras empresas
contratadas pelos estabelecimentos que possuam quantidade de resíduos acima do
limite imposto na lei.
46
Outra responsabilidade da COMLURB é fazer a limpeza dos resíduos lançados
ou gerados em Logradouros, ou seja, praças, ruas, avenidas, parques e todas as
áreas públicas da cidade. O Transporte também deve ser feito pelo órgão ou
entidade responsável levando o material ou resíduo para o local onde será feita a
Valorização ou Recuperação, ou para Tratamento ou Beneficiamento dos resíduos.
Depois disso a Disposição Final que é o destino final onde o Lixo deve ser
armazenado com ou sem tratamento, sem causar danos ao meio ambiente.
O Manuseio do lixo feito pelas edificações responsáveis também tem suas
atividades estabelecidas na lei. Primeiro há o processo de Segregação na Fonte que
é a separação dos resíduos, caso aja diferentes tipos, ou nas suas frações passíveis
de valorização no local de sua geração. Deve haver separação do lixo caso esse
seja possível reciclar ou reutilizar.
Em segundo vem o Acondicionamento, que é a colação dos resíduos em
recipientes apropriados que não permitam vazamentos e mantenham as condições
ideais de higiene na espera pela sua coleta. Depois há o processo de movimentação
interna que é a transferência dos resíduos devidamente embalados para o local de
Estocagem ou o local de Oferta.
A Estocagem é o armazenamento dos resíduos em locais próprios, adequados
e controlados por curto período de tempo. E por último a Oferta que a colocação do
resíduo sólido no local estabelecido pela COMLURB em frente à edificação, seja na
calçada, junto ao meio-fio ou em outro lugar especificado até que a coleta na data e
hora também estabelecida por ela venha para transportar os materiais para os locais
de Valorização ou Recuperação, ou para o Beneficiamento ou Tratamento 10.
A Valorização ou Recuperação é, nessa lei, o processo que mais nos interessa
nesse estudo, por estarem diretamente ligados ao processo de reciclagem e
reaproveitamento dos resíduos sólidos urbanos, que serão abordados como temas
principais no decorrer do trabalho.
10
Idem ao 9
47
3.1.2 Processo de Coleta Seletiva domiciliar da COMLURB.
O lixo pode ser um dos problemas de mais difícil solução numa grande cidade.
É necessário sempre um grande investimento por parte da prefeitura para que essa
possa controlar aos caminhos que o lixo faz até o seu destino final. É necessária
uma grande rede de coleta, ligando-se, para que todo o lixo seja descartado da
melhor forma possível. Toda a rede tem de ser pensada de uma forma lógica para
que todos os fatores estejam sempre em perfeito funcionamento.
Dentro da rede de Coleta de Lixo, uma rede de Coleta Seletiva de Lixo tem de
ser instalada. Esse processo é importantíssimo para que o maior volume de resíduos
sólidos se aproveite, não seja acumulado, e não fique parado sem nenhum tipo de
utilidade, causando os problemas aqui nesse trabalho já citados. Quanto menos lixo
produzido for mandado para os lixões e aterros sanitários, menos problemas a
cidade terá e conseqüentemente em melhores condições de vida a população
viverá.
A Coleta Seletiva no Rio de Janeiro é feita pela COMLURB. Ela faz o
recolhimento do material previamente separado e depositado em sacos plásticos
especiais (transparentes), para se diferenciar dos demais tipos de lixo.
O material que é separado nas residências e juntado dentro dos sacos é
jogado no caminhão próprio da Coleta Seletiva, que não difere em nenhum aspecto
dos caminhões de Coleta comum, ou seja, todo o material é prensado dentro do
veículo. Esse caminhão passa uma vez por semana em cada rua que tem serviço de
coleta seletiva e leva o material para as Centrais de Separação de Recicláveis
(CSR).
Essas centrais ficam em locais diferentes na cidade, uma em Botafogo
(desativada em 2006), uma no Caju e outra em Vargem Pequena. Os materiais
separados vão para outras empresas de separação como é o caso do plástico ou
para empresas de reciclagem. Essas centrais também recebem lixo de catadores de
e cooperativas11.
O Rio de Janeiro conta com uma organizada rede de Coleta Seletiva de Lixo,
porém essa rede ainda é muito pequena, no que se diz respeita a quantidade de
material recolhido pela COMLURB. Esses números são poucos e relação a grande
11
Retirado de entrevista ao diretor da Central de Separação de Recicláveis de Botafogo.
48
quantidade de resíduos sólidos urbanos, material que é recolhido todos os dias pela
COMLURB. Ou seja, o município do Rio de Janeiro recicla pouco em relação ao que
produz de lixo mensalmente, e mais, também produz pouco material reciclável em
relação a outras cidades que contém Coleta Seletiva.
A tabela abaixo mostra a quantidade de lixo reciclável produzido e coletado no
Rio de Janeiro. Esses dados são referentes ao primeiro semestre de 2005 nos locais
denominados “Gerências”, onde são armazenados os materiais antes de ir para as
Centrais de Separação de Recicláveis (CSR).
Tabela 5 - Quantidade de Lixo reciclável Recolhido no Rio de Janeiro.
CSRs
Gerências
Central de Separação Gerência 4
de Recicláveis de
Botafogo.
(desativada)
Gerência 5
Bairros
Volume
Botafogo, Catete, Cosme 66
Velho, Flamengo, Glória, toneladas/mês.
Humaitá, Laranjeiras e Urca.
Copacabana e Leme.
59
toneladas/mês.
Gerência 6 Gávea, Ipanema, Jardim 102
Botânico e Lagoa.
toneladas/mês.
Gerência 8 Tijuca e Praça da Bandeira. 26
toneladas/mês.
Gerência 9 Andaraí, Vila Isabel e 18
Maracanã.
toneladas/mês.
Gerência
Santa Teresa.
12
23
toneladas/mês.
Central de Separação Gerência
Barra, Itanhangá, Joá e São 34
de Recicláveis de 24-b
Conrado.
toneladas/mês.
Vargem Pequena.
Gerência
Recreio, Vargem Grande e 22
24-r
vargem Pequena.
toneladas/mês.
Gerência
Freguesia, Vila Valqueire e 25
Curiacica.
toneladas/mês.
16-f
Gerência
Tanque, Praça Seca e 22
16-j
Taquara.
toneladas/mês.
Fonte: COMLURB
49
3.1.3 Catadores de Lixo e as Cooperativas.
A base da etapa de reciclagem do Ciclo de Reciclagem de qualquer material é
o catador. Ele é uma das peças mais importantes no processo de reciclagem, pois é
ele quem recolhe o lixo e é também ele que o separa. Geralmente eles são pessoas
humildes que fazem isso pelo simples fato de terem de sobreviver e tentam lucrar
alguma coisa com a coleta de lixo reciclável. Eles teoricamente são ajudados por
Cooperativas que são os locais para onde é levado esse material coletado pelos
catadores. As Cooperativas são formadas pela COMLURB e abrigam os próprios
catadores que também podem trabalhar por lá. As Cooperativas são os locais onde
a maioria dos catadores de rua leva seus materiais para serem vendidos.
Existem algumas diferenças entre os catadores de lixo. Alguns catam lixo na
rua, outros em lixões, há também aqueles que trabalham em centrais de reciclagens,
nas fábricas de separação de lixo ou nas próprias cooperativas. Não é difícil ver um
catador de rua, geralmente eles andam pelas vias da cidade à procura dos produtos
recicláveis. Esses produtos são encontrados em sua maioria em lixeiras e na própria
rua como é o caso das latinhas. Essa linha de catadores, porém não tem nenhuma
responsabilidade com nenhuma empresa nem tão pouco com as cooperativas, eles
catam o que oferece mais dinheiro, ignorando outros materiais recicláveis não tão
valiosos.
Nos lixões o caso é bem mais complexo. Pegaremos o caso do Aterro Sanitário
de Jardim Gramacho para onde vai todo o lixo do Município do Rio de Janeiro. Os
catadores que ali se encontram têm uma gama de diferenciações. Existem diversos
tipos de catadores nos lixões e aterros sanitários. Desde pessoas miseráveis que
procuram por comida, até catadores profissionais que buscam materiais específicos.
Eles formam uma hierarquia que acaba até segregando alguns grupos. Os mais
miseráveis que se encontram ali buscando alimentos ou algo que possa vender,
sempre ficam em áreas onde os caminhões de lixo não despejaram os resíduos
naquele dia, ou seja, eles ficam com os “restos”. Por conta disso pode haver
conflitos entre catadores que obviamente acaba com o mais forte ou poderoso se
sobrepondo ao mais fraco.
50
Na área aonde chegam a maioria dos caminhões de lixo existe uma espécie de
máfia controlada aparentemente por alguém de influência no município de Duque de
Caxias onde se localiza Jardim Gramacho. Esses catadores estão num patamar
mais alto da hierarquia, eles ficam nos melhores lugares e por isso tem os melhores
materiais.
Aparentemente existe uma relação legal das empresas dos entorno do aterro
sanitário com os catadores. Elas são autorizadas pela prefeitura a dar uma certa
quantidade de catadores alguns coletes que serão usados por eles para coletar
materiais e esses serem vendidos às empresas. Os catadores se comprometem a
vestir o colete, coletar o material e entregar a empresa com um preço previamente
estabelecido. Sabemos, porém que e os catadores nem sempre cumprem a risca e
vendem para a empresa que pagar melhor, assim como as empresas também
compram de quem vende pelo melhor preço. Isso só se aplica as empresas menores
que dependem desse material.
Todos esses tipos de catadores descritos aqui trabalham em condições
subumanas, alguns não têm nenhum tipo de proteção, e os que têm alguma, só às
usam na hora de procurar e recolher o lixo. Porém existe uma parte dos catadores
que estão um nível um pouco acima dos demais. São aqueles que trabalham em
empresas de separação, de reciclagem e nas cooperativas ou de gari pela
COMLURB. Na maioria das vezes eles recebem instrumentos de segurança para
fazer tal trabalho e ganham um salário, em alguns casos, como nas grandes
empresas tem até carteira assinada e recebem benefícios, mas essa realidade é a
para uma minoria. No caso das Cooperativas eles trabalham sob as mesmas
condições e ainda dividem todos os lucros dessas. Descontando apenas os gastos
operacionais e de manutenção das cooperativas o lucro restante será dividido.
3.2 As empresas de separação de material plástico.
Depois que é feita à coleta pela COMLURB e pelos catadores de rua o lixo
recolhido passa pelas cooperativas e pelas centrais de tratamento da própria, para
depois poder ser vendido às primeiras empresas que fazem a separação de
materiais seja eles apenas plástico ou de outros tipos também.
51
3.2.1 Indústrias que vendem seu lixo para reciclagem.
Os catadores levam o material reciclável, recolhido para cooperativas ou para
empresas. Essas empresas recebem de catadores e compram também materiais
das cooperativas para separarem e venderem para as indústrias de reciclagem. As
indústrias de separação de materiais recicláveis separam o material por produto,
vidro, papel, plástico e metal ou então recebem um só tipo específico de material
como o plástico, por exemplo, e o separa, nos diversos níveis que existem para
poder vender para empresas que fazem a reciclagem.
Temos aqui uma pequena rede que movimenta bom volume de dinheiro (ver
fluxograma 5). Existem empresas pequenas e empresas grandes de separação de
materiais. As pequenas são aquelas que geralmente recebem qualquer tipo de
material reciclável. Elas usam quase sempre mão de obra vinda do entorno do local
onde estão estabelecidas. Essa mão de obra é constituída principalmente por
catadores ou ex-catadores de lixo que preferem ter um pouco mais de segurança no
trabalho, nem sempre garantida por essas empresas.
As pequenas empresas de separação funcionam com uma estrutura básica,
sendo essa formada por pequenas esteiras por onde passa o material que é
separado. Algumas vezes, essas empresas contêm uma prensa que é onde os
materiais são prensados e mandados para as empresas maiores. Porém, na maioria
das vezes essas empresas só separam os materiais específicos que serão vendidos,
no caso dos plásticos de outros materiais como vidro e metal. Elas são empresas
intermediaria que fazem o papel de receptora dos resíduos trazidos por catadores de
rua.
As empresas grandes de separação já têm outros objetivos, ao contrário das
menores elas separam o material todo os deixando prontos para serem mandados
para empresas de reciclagem, que farão novos produtos a partir daquela matéria
prima. A separação do material é muito mais específica e pode ter uma grande gama
de especificações para cada produto. No caso do plástico são separados por cor e
tipo de plástico, por exemplo, o PET (Polietileno Tereftalato), pode ser incolor, verde,
azul misto, ou azul separado. Dependendo da escolha que o comprador faz, alguns
podem ter valores diferentes, esse valor pode ser definido na separação, no caso do
PET a diferença entre garrafas com tampa e sem tampa (ver Tabela 6).
52
A estrutura dessas grandes empresas está um nível a cima das outras. Os
funcionários que nela trabalham têm benefícios e nem sempre são catadores que
saíram das ruas. O maquinário é de melhor qualidade, contam com esteiras e
prensas maiores além de empilhadeiras e caminhões para transporte da carga, seja
na compra seja na venda, do material separado. Elas também contam com grandes
galpões onde se encontram os chamados fardos de materiais (ver foto 8) que estão
separados prontos para serem deslocado. O material que é comprado não vem só
das empresas menores, mas também de diversos lugares como das CSR (Centrais
de Separação da COMLURB) e até de catadores de rua ou daqueles que ficam no
aterro sanitário.
3.2.2 Estudo de caso da Faria Plásticos.
Em torno do Aterro Sanitário de Jardim Gramacho gira uma grande rede
econômica que se faz valer do fato de estar próximo ao aterro. Ali se criou uma série
de relações não só de trabalho, mas como também sociais. De fato há uma enorme
variedade de relações entre o aterro e as pessoas que ali vivem. O município de
Duque de Caxias está situado no Baixada Fluminense no chamado Grande Rio e
como a maioria dos municípios da área vive um contraste social que impressiona
pela diferença entre as partes envolvidas.
Caxias, assim como São João de Meriti, Nova Iguaçu e a maioria dos
municípios da baixada têm grandes níveis de pobreza e Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) inferior a média aceitável. Mas por outro lado, junto aos municípios do
Norte Fluminense, eles são os locais que mais contém indústrias de grande, médio e
pequeno porte no estado, sendo o seu PIB (Produto Interno Bruto) superior a 14
bilhões de reais (IBGE, 2002).
As diferenças sociais existentes na área estão ligadas a falta de estrutura para
a população que reside nesses locais, pois os donos de fabricas e empresas quase
nunca moram no local e sim em áreas nobres da cidade do Rio de Janeiro. Esses
municípios deveriam ser bem estruturados, pois essas empresas pagam os tributos
que seriam necessários às cidades para que elas se desenvolvessem. Porém isso
não se precede devido a anos de más administrações públicas que fizeram uso
indevido do dinheiro provindo dos impostos pagos pelas indústrias e pela população
local.
53
O caso de Caxias é ainda mais gritante. Por ser sede do aterro sanitário que é
abastecido por toda a cidade do Rio de Janeiro, ali se configura as piores imagens
de desigualdades sociais. No próprio aterro existe uma hierarquia como já foi dito
anteriormente, e todas as pessoas estão ali trabalhando sobre condições
subumanas. Enquanto isso empresas funcionam por toda à parte sustentando esse
negócio.
Visitamos ali uma empresa de grande porte, uma das maiores da área. Ela faz
separação dos materiais recicláveis e vende para as empresas que reciclam esses.
A Faria Plásticos Comercio de Recicláveis Ltda. opera na área do aterro de
Gramacho a mais de vinte anos, ali ela cresceu junto com o aterro ainda na época
que esse era lixão.
A diferença de aterro para lixão é que o primeiro recebe algum tipo de
tratamento podendo ser até totalmente controlado, como é o caso do Aterro
Sanitário de Nova Iguaçu totalmente controlado e gerenciado aos moldes do
protocolo de Kioto, com venda de “créditos de carbonos” e uso dos gases para tratar
o próprio chorume produzido12.
A Faria Plástico tem galpões espalhados por Caxias, o maior deles fica bem ao
lado do Aterro de Gramacho (ver foto 2). Eles recebem grande quantidade de
materiais que vem de diferentes locais. Os materiais vêm desde catadores comuns
que vêm da rua e do próprio aterro, até de pequenas empresas de separação além
de indústrias sem nenhuma relação com a reciclagem que apenas vedem suas
chamadas “aparas” para reciclagem. A maior fonte de recebimento de material, no
entanto são as Cooperativas e centrais de reciclagens da COMLURB.
O material chega separado como plástico. Alguns já estão divididos entre os
tipos de plásticos e outros vêm todos misturados, tendo uma diferenciação na hora
do pagamento, sendo que como o material separado é mais bem aproveitado ele é
comprado por um preço melhor e os que ainda estão misturados tem preços
menores, pois terão de ser separados nas empresas. O material que não foi
separado é colocado no pátio e depois nas esteiras para serem separados em
inúmeros tipos de resinas plásticas (ver fotos 3 e 4). Após esse procedimento, os
produtos já separados vão para as prensas (ver fotos 5 e 6) onde são colocados
12
Informação retira em visita feita ao Aterro Sanitário Controlado de Nova Iguaçu.
54
juntos formandos os fardos (ver fotos 7 e 8) que serão pesados. Cada tipo de
material tem um preço (ver tabela 6). Esse preço varia na compra e na venda.
Dali esse material todo é embalado e carregado em caminhões que
redistribuíram o plástico para empresas de Reciclagem de material. No caso da
Faria Plásticos a venda é feita basicamente para fora do Rio de Janeiro, tendo
compradores no sul, e em Santa Catarina e em São Paulo, além de venderem uma
grande parcela para empresas estrangeiras localizadas principalmente na China e
na América do Sul como no Chile, por exemplo.
Abaixo vai uma tabela dos preços dos materiais comprados pela Faria
Plásticos para separação ou revenda direta e a quantidade aproximada que é
produzida a cada mês por tonelada. Alguns preços como já foi tido anteriormente,
variam principalmente no caso de estarem separados e enfardados ou estarem
misturados.
Tabela 6 - Preço dos Produtos comprados pela Faria Plásticos.
Item
PET Incolor, Verde e Azul Misto.
PET Incolor, Verde e Azul Separado. (enfardado)
PET Óleo de Soja, Detergente, Pinho Sol e Vinho.
Plástico Grosso PEAD, PP e PET Meato.
Plástico Grosso PEAD e PP Misto.
PEAD Sopro Cores
PEAD Sopro Branco e Incolor.
PEAD Injeção (baldes, bacias).
PEAD Bombonas (acima de 10 litros).
PEAD Caixaria.
PEBD Filmes Cores.
PP Cores
PP Azul e Cristal (água mineral e vinagre).
PP Branco (pote de sorvete, cadeira, mesa e tanque).
PP Copo (mate e guaraná natural).
PP Tampinha.
Preço
(R$)
0,40
0,60
0,15
0,40
0,40
0,60
0,90
Quantidade
(toneladas/mês)
400 t/m
50 t/m
60 t/m
80 t/m
0,40
40 t/m
0,40
20 t/m
1,40
60 t/m
0,15
60 t/m
0,60
100 t/m
0,90
30 t/m
0,90
50 t/m
0,60
20 t/m
0,60
Fonte: Faria Plásticos.
55
3.3 As empresas de reciclagem de materiais plásticos.
A fase final do Ciclo de Reciclagem do Plástico desde sua extração em forma
de petróleo, passando por sua transformação em plástico, sendo consumido e
descartado, para ser recolhido separado, termina agora com as empresas que
transformam materiais recicláveis em novos produtos diversificados. A reciclagem do
plástico pode ser feita de três maneiras, a reciclagem Mecânica, a Energética e a
Química, dependendo sempre da empresa que compra o material.
3.3.1 Tipos de reciclagem do plástico.
A reciclagem mecânica é a conversão dos descartes plásticos pós-industriais
ou pós-consumo em grânulos que podem ser reutilizados na produção de outros
produtos como sacos de lixo, solados, pisos, mangueiras, componentes de
automóveis, fibras embalagens não-alimentares e outros. Ela é dividida em cinco
etapas. A separação, moagem, lavagem, aglutinação e extrusão.
A separação ocorre geralmente nas empresas de separação de materiais, que
separam em uma esteira os diferentes tipos de plásticos. Em seguida eles são
moídos e fragmentados em pequenas partes no processo chamado de moagem. A
lavagem é feita com água para retirar possíveis contaminadores. A Aglutinação
consiste na compactação do material que também é secado. O aglutinador também
é utilizado para incorporar aditivos como cargas, pigmentos e lubrificantes. No final o
processo de Extrusão funde e torna a massa plástica homogênea transformando em
um “espaguete” contínuo, que é resfriado com água, para depois ser picotado e
transformado em pellet (grãos de plásticos).
Essa reciclagem possibilita a obtenção de produtos a partir de misturas de
diferentes plásticos em determinadas proporções, ou composto por um único tipo de
plástico. No Brasil 16,5% dos resíduos plásticos são aproveitados por reciclagem
mecânica, segundo pesquisa feita pelo Instituto Sócio-Ambiental do Plástico em
2004. Existem no Brasil 490 empresas de reciclagem mecânica, que juntas contam
com uma capacidade de produção de 1,06 milhões de toneladas por ano.
Reciclagem Energética é a recuperação da energia contida nos plásticos
através de processos térmicos diferindo-se da incineração por utilizar os resíduos
plásticos como combustível na geração de energia elétrica. A energia contida em um
56
quilo de plástico é equivalente à contida em um quilo de óleo combustível. Além
disso, no processo de reciclagem energética há a redução de 70% a 90% da massa
inicial. Cerca de 15% da reciclagem de plástico na Europa Ocidental é realizada via
reciclagem energética. A usina de Saint-Queen (em Paris), por exemplo, fornece
eletricidade pra 70.000 pessoas.
A
Reciclagem
Química
re-processa
os
plásticos
transformando
em
petroquímicos básicos, que servem como matéria-prima em refinarias ou centrais
petroquímicas. Seu objetivo é recuperar os componentes químicos individuais para
reutilização como produtos químicos ou para produção de novos plásticos.
Existem vários processos para esse tipo de reciclagem sendo que o mais
adiantado é o de Pirólise. Esse consiste na quebra molecular por aquecimento na
ausência de oxigênio transformando o plástico em óleo e gases sendo novamente
utilizados na indústria petroquímica. A Hidrogenação quebra as cadeias mediante ao
tratamento com hidrogênio e calor, gerando produtos capazes de serem
processados em refinarias. Na Gaseificação os plásticos são aquecidos com ar ou
oxigênio, gerando gás de síntese contendo monóxido de carbono e hidrogênio. A
Quimólise consiste na quebra parcial ou total dos plásticos em monômeros na
presença de Glicol/ Metanol e água13.
Os segmentos que mais consomem plásticos oriundos de reciclagem são os de
utilidade doméstica (23,6%), construção civil (13,9%) e indústria têxtil (10,7%). Os
51,8% restantes se dividem entre fabricantes de produtos agropecuários, calçados,
equipamentos eletroeletrônicos, artigos para limpeza doméstica, peças automotivas
e mobílias, entre outros.
3.3.2 Pequenas e as grandes usinas de reciclagem.
As pequenas usinas de reciclagem atuam nos pólos de reciclagem. Esses
pólos estão localizados sempre nos locais aonde se encontram os aterros sanitários,
ou lixões. Elas recebem os materiais das indústrias separadoras e transformam em
matéria prima. Da matéria-prima eles são transformados em novos produtos que são
levados para o mercado encerrando o ciclo de reciclagem de cada produto. Essas
empresas atuam como uma pequena válvula de escape para as empresas
13
Informações retiradas do site www.ambientebrasil.com.br
57
separadoras maiores, quando as grandes fábricas de reciclagem não estão
comprando, deixando o mercado em baixa, elas são responsáveis pelas compras de
materiais que mantém as separadoras de materiais funcionando.
Geralmente essa parte da indústria é menos estruturada. Elas têm poucos
recursos e normalmente funcionam produzindo o básico da reciclagem dos plásticos.
Nesse básico estão incluídos os plásticos verdes, feitos pra fazer garrafas mais
resistentes como as de água sanitária e o plástico preto, feito pra fazer sacos de lixo.
O processo é bem simples, o material separado enfardado chega à fábrica e é
mandado para o processo de moagem. São feitos nesse processo dois tipos de
materiais, por exemplo, o PET separado entre incolor verde e azul, cada um desses
vai se transformar num tipo de novo produto, dependendo da mistura. Existem
enormes variedades de misturas de PET que resultam em novos produtos.
Depois da moagem o material é aquecido e resfriado transformando-se em fios,
chamados de espaguete (devido ao seu formato). A partir daí ele é picotado e
novamente aquecido para ser posto nos moldes e transforma-se em um novo
produto nesse caso sacos plásticos de lixo e garrafas de água sanitária.
Na verdade o que movimenta o mercado de reciclagem são as grandes
empresas de reciclagem. Elas compram grande parte do material e fabricam
produtos que serão lançados em grande escala no mercado. O material sai das
fábricas de separação e vão direto para essas empresas. Esse produto nem sempre
vai pra empresas de reciclagem no país. O plástico reciclável sai daqui muitas vezes
para o exterior e onde existem mais tecnologias avançadas na reciclagem de
materiais.
Além disso, as empresas que vendem o material separado não poderiam só
sobreviver com a demanda do mercado interno, buscando assim a exportação. No
Brasil o mercado de materiais plásticos recicláveis ainda é muito pequeno,
principalmente se for comparado com outros recicláveis como o metal, sobretudo o
alumínio e o papel que tem um mercado em expansão.
58
3.3.3 Produtos feitos de resinas plásticas recicladas.
Muitos produtos já são feitos a partir de resinas plásticas recicladas, sendo os
mais conhecidos os sacos plásticos de lixo e garrafas de água sanitária. Porém
existem novas tecnologias que estão mudando o padrão de qualidade dos materiais
recicláveis
e transformando-os
em produtos mais
sofisticados. O grande
protagonista desse avanço tecnológico é o PET.
O PET é um das matérias-primas mais reaproveitadas na reciclagem e não à
toa que mais e mais novos produtos feitos a partir dele surgem para substituir
parcialmente ou totalmente em sua matéria-prima outros materiais mais antigos. O
compensado de materiais plásticos, feito de diversos tipos de resinas, inclusive o
PET, os canos e conexões feitos a partir de PET reciclado e principalmente as fibras
de PET são alguns das matérias-primas usadas em novos produtos.
Os canos e conexões são tão resistentes quanto os feitos de PVC, os
compensados de plástico reciclável são iguais ao de madeira e o ferro tendo a
vantagem de ser mais resistente às condições climáticas como, por exemplo, chuvas
e temporais, que poderiam estragar um banco de ferro ou de madeira mais
rapidamente. Essas condições climáticas são menos nocivas nesse tipo de
compensado feito de plástico. Porém esses dois materiais feitos de PET ainda são
muitos caros para serem feitos em larga escala.
Mas existe um novo tipo de material feito de PET reciclável que a cada ano
cresce em termos de vendas e de produção. É o caso das fibras de PET. Essas
fibras estão sendo muito utilizadas na confecção de roupas e quase não tem
diferença em relação ao algodão comum. Elas são utilizadas em roupas sendo
sempre feitos com fibras de algodão de verdade. Geralmente uma roupa de fibra de
PET tem 50% de algodão e 50% de fibra de PET14.
14
Informações retiradas de visita de campo a Recicloteca em maio de 2006.
59
Fluxograma 5 – Rede de Reciclagem do Plástico.
RESIDÊNCIAS
COMÉRCIO
LIXO
RECICLÁVEL
COMLURB
CATADORES
COOPERATIVAS
INDÚSTRIA
GRANDES
EMPRESAS DE
SEPARAÇÃO
(Plásticos)
PEQUENAS
EMPRESAS DE
SEPARAÇÃO
(Todos)
GRANDES
EMPRESAS DE
RECILCAGEM
PEQUENAS
EMPRESAS DE
RECICLAGEM
Legenda:
Produtor de lixo
Empresas de separação
Receptor de lixo
Empresas de reciclagem
60
ANÁLISE DO CICLO DO PLÁSTICO
Após toda a descrição de todas as etapas do Ciclo do Plástico, faremos agora
por fim uma análise desses processos, visando mostrar como funciona essa rede de
reciclagem procurando defeitos e apontando caminhos para que possamos fazer do
plástico um material o mais sustentável possível.
Todos os processos das três etapas do Ciclo da Reciclagem formam uma
complexa rede, onde inúmeros fatores influenciam na sua caminhada desde o inicio
ao final. Final esse, que não representa a conclusão da rede e sim um reinício,
assim como tudo na natureza de alguma forma se transforma e se renova.
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se
transforma.” Lavoisier.
A complexidade dessa rede parte do seu princípio no caso a fabricação da
resina plástica que já no início pode ser termoplástica ou termorrígida e que tem
fundamental importância para o final de todo o ciclo, afinal o plástico não pode ser
pego e reciclado de qualquer forma, o processo não é tão simples.
E se dermos um salto para o fim do Ciclo de Reciclagem do Plástico,
lembrando sempre que na verdade trata-se de um recomeço, pois novos produtos
são fabricados veremos que a complexidade vai até ali onde existem três tipos
diferentes de reaproveitamento do material plástico.
Então essa rede realmente se transforma numa grandiosa estrutura que depois
de ser exaustivamente observada aponta no seu interior algumas falhas. Falhas
essas que poderiam ser sanadas e facilitariam o processo final como um todo
ajudando sempre a tornar o plástico, que hoje em dia é um dos maiores poluidores
do meio ambiente, em um material mais sustentável.
61
1. Análise da produção do plástico.
A produção do plástico teve um grande “boom” no século XX. Além do aumento
exagerado na sua produção houve avanços tecnológicos que possibilitaram a
criação de outros tipos de materiais plásticos e avanços para que esses materiais
pudessem ser utilizados em novas áreas.
O plástico sempre substituiu antigos materiais e em grande parte de forma a
fazer com que esses fossem despejados com mais facilidade. Esse é o caso das
embalagens que com o tempo passaram a ser descartáveis. Mas nem sempre o
plástico serve como embalagens. O plástico é um material não condutor de energia
elétrica e passou a ser bastante utilizado como substituto do metal. O plástico é um
material mais leve e em muitos casos barateava o produto.
A verdade é que o plástico foi uma grande revolução, transformou a indústria e
modificou toda uma geração no planeta inteiro. Pode parecer um exagero mais não
é. Se formos pensar que em quase tudo que utilizamos hoje alguma parte é feita de
algumas espécies de resina plástica.
Mas o plástico não só substituiu antigos produtos, ele também criou
possibilidades. O que seria da música sem as resinas plásticas. A princípio com o
Vinil e hoje em dia com os “compact discs“ (CDs) (termorrígidos). A indústria
automotiva também depende muito dele, além de outros setores. Mas o setor que
obteve maior número de benefícios com o surgimento dos materiais plástico foi o da
eletroeletrônica. Um computador é impensável sem o plástico. Além desses
exemplos clássicos uma variedade quase incontável de tipos de produtos que vão
desde pequenas e simples canetas esferográficas até peças de ônibus espaciais,
passando pelas mais complexas formas como os moderníssimos cabos de fibra
óptica. O plástico é responsável por avanços em quase todos os setores e age até
na medicina.
“Uma cirurgia cardíaca, por exemplo, seria
impossível de ser realizada dentro de padrões
modernos, não fossem os quase 30 quilos de
plásticos utilizados, entre próteses, embalagens,
bolsas, seringas, etc.”. Jornal do Comercio abril de
2001.
62
Essa evolução toda do plástico é feita a partir do descobrimento da matériaprima base do plástico, o petróleo Essa matéria-prima é provavelmente a mais
valiosa no mundo inteiro e só não por causa do plástico, mas por causa
principalmente do combustível e outros derivados que dela são feitos.
Por trás dessa matéria-prima uma grande rede se esconde tornando-se a
primeira grande etapa do Ciclo do Plástico, a fabricação dele. Uma complexa rede
que começa com a extração do petróleo e já ai existe um fator determinante para
que o início se torne o primeiro ponto complexo dessa rede, o fator políticoeconômico. Por movimentar muito dinheiro a matéria-prima do plástico o petróleo
causa grandes conflitos de interesses que podem ocasionar até guerras entre países
tudo por conta do poder que ele proporciona. Não é à toa que as regiões onde mais
ocorrem conflitos entre nações são também as áreas onde existe ou há possibilidade
de existir petróleo. Nesses locais muitas vezes são criadas desculpas para que se
tenham influências sobre a área, ou às vezes o próprio petróleo pode ser uma
desculpa para se ter à posse da área.
O petróleo percorre um grande caminho até se transformar em plástico. Ele
passa por vários processos ainda na refinaria após ser extraído do subsolo. Essa
extração quando é feita em terra firme pode ser muito danosa ao meio ambiente e se
não for feita com muito cuidado pode ser perigoso para as próprias pessoas que
nela trabalham.
A exploração feita em alto mar também pode ser extremamente danosa ao
meio ambiente, levando-se em conta o tamanho das plataformas de extração de
petróleo e problemas causados por possíveis vazamentos. Ela também pode ser
muito perigosa por estar em locais cada vez mais afastados do continente e por
estar isolada tornando-se difícil o resgate em caso de acidentes.
Mas o mais preocupante dos problemas ambientais relacionados à exploração
de petróleo se refere ao transporte dele. Esse transporte é feito de duas maneiras,
por meio de dutos que percorrem milhares de quilômetros transportando petróleo,
chamados de “oleodutos” ou pela maneira mais comum que é o transporte oceânico.
Esses transportes são feitos em gigantescos navios chamados de “petroleiros”, que
podem transportar mais de meio milhão de litros de petróleo e são os maiores
objetos móveis que o homem já construiu. Um acidente envolvendo um navio desse
porte tem dimensões catastróficas. Devido a sua densidade o petróleo bóia na água
e em caso de acidente pode vazar e ser levado pelas correntes marítimas
63
atrapalhando todas as formas de vida aquática existentes nos seu caminho e
quando afunda ele ainda prejudica toda a vida no fundo do oceano, as mais frágeis.
A destruição causada nesses acidentes é ainda mais visível quando eles
ocorrem próximos a costas. O óleo levado pelas correntes e ajudado também pelas
marés, chega à praia devastando toda a fauna e flora do local, além de trazer uma
poluição visual impressionante e de difícil limpeza. Esses problemas causados por
acidentes com petroleiros são os mais preocupantes para as grandes companhias
de petróleo que gastam quantias estratosféricas, todas as vezes que um ocorre.
Os acidentes não são exclusividades de petroleiros, não é tão raro ocorrer
vazamentos em “oleodutos”, mas o sistema de segurança nesse caso permite que o
petróleo pare de percorrer o duto em alguns pontos travando assim o vazamento.
Porém o mais aconselhável a se fazer é prevenir acidentes, evitando-os,
multiplicando investimento em áreas de segurança, tornando mais difícil à
possibilidade de um desastre ecológico de grandes proporções ocorrer. Os
“oleodutos” além de ter mecanismos que travam o óleo em diversos pontos no seu
caminho em caso de vazamentos, têm também robôs com sensores que percorrem
os dutos e podem prever possíveis rachaduras. Na Petrobrás, principal empresa de
petróleo do país, existe projetos de segurança extremamente avançados, entre eles
o projeto Galileu, que pode simular numa sala em terceira dimensão possíveis falhas
em oleodutos e plataformas.
É muito importante ressaltar a importância das leis para crimes ambientais no
mundo inteiro. Ela, a partir de multas pesadas e obrigatoriedade na solução imediata
dos problemas causados pelos acidentes, fazem com que as grandes empresas de
petróleo no mundo inteiro se preocupem em dobro com a segurança e zele pelo
meio ambiente.
Depois da extração o petróleo vai para uma refinaria onde é produzido a Nafta.
Ai começa o segundo processo da primeira etapa (fluxograma 1) que é o local onde
o petróleo que não é destinado ao combustível se transforma em nafta, matériaprima base de onde se derivam todos os tipos de resinas plásticas. Esse processo
também implica em diversos tipos de problemas ambientais e de segurança. Bem
sabemos que uma refinaria é um dos locais que mais poluem a atmosfera e em volta
da refinaria fábricas que abastecem a ela se multiplicam. Os gases liberados na
queima do petróleo para a transformação de combustíveis e os gases provindos das
64
indústrias do seu entorno transformam a área em um dos locais com maior risco de
intoxicação.
No rio onde fica a REDUC, maior refinaria do Brasil, o inverno e o outono ainda
ajudam na manutenção desses gases na atmosfera. “Isso ocorre porque no inverno
temos uma atmosfera e menos ventilação. Assim os poluentes ficam concentrados”
diz o meteorologista Luiz Maia. E justamente na Baixada Fluminense onde esta
localizada a REDUC os níveis de poluição são os mais altos da cidade, segundo
dados da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA) 15.
Da refinaria pra petroquímica básica os fluxos de nossa rede continuam
bastante eficientes. Nesse estágio o valor econômico dos materiais faz com que
investimentos agilizem a rede diferente de outros pontos que veremos mais à frente.
Em volta da petroquímica básica, indústria de primeira geração, vemos as indústrias
de segunda e terceira geração sempre trabalhando na transformação do plástico e
formando pólos que agregam grandes números de investidores e impressionam pela
facilidade com que crescem, seja em termos de tamanho seja em termos
financeiros.
Vejamos o caso da petroquímica União e da COPESUL, que estiveram a ponto
de falência, mas foram compradas e em pouco tempo reativadas por grupos
privados. No sul investimentos na casa de um bilhão e meio de dólares duplicaram o
pólo petroquímico mostrando que o plástico e outros derivados do petróleo são
mesmo ótimo negócio e valem muito o investimento neles feitos.
Sabemos então que uma densa rede percorre essa etapa do Ciclo da
Reciclagem e é responsável pelo sucesso do plástico como negócio. Simplificando
agora podemos esclarecer os caminhos dessa rede que começa com a exploração
da sua matéria-prima.
O Petróleo é explorado por grandes multinacionais que o tratam de maneira
diferente. Ele é encontrado em diversos locais e em variáveis níveis de densidade
por isso é preciso ser transformado. Seu transporte é feito a partir de “oleodutos” e
navios petroleiros que o levam para as refinarias. A maior parte dele vai para a
produção de combustíveis e a parte que é responsável pelos plásticos é
transformada em Nafta.
15
Retirado site do RJTV no www.globo.com
65
A Nafta, matéria-prima base de todas as resinas plásticas é enviada para as
grandes Indústrias Petroquímicas Básicas, ou a primeira geração das indústrias de
plástico, onde a Nafta é transformado em outro tipo de matéria-prima, mais
específica em relação ao material que ira se transformar, por exemplo, o eteno
usado para fazer o Polietileno Tereftalado (PET) das garrafas de refrigerante. Na
segunda geração de indústrias petroquímicas, ou seja, aquelas empresas que se
instalaram ao lado das grandes indústrias petroquímicas produzem as resinas
termoplásticas, como PET, PP, PEAD e outros, e mandam para a o próximo passo
da rede. A terceira geração vai transformar esses materiais em produtos
industrializados, por isso são chamadas de indústrias de transformação. Essas
completam o a rede e junto com as indústrias de primeira e segunda geração
formam os pólos petroquímicos (ver fluxograma 3).
2. Análise do consumo e do descarte do plástico.
O ciclo da reciclagem é formado por pequenas redes que interligadas formaram
o produto final. A segunda etapa do ciclo da reciclagem é a do consumo dos
plásticos, ela começa no fim do processo que chamamos de terceira geração de
indústrias petroquímicas, as indústrias de transformação.
O produto sai das indústrias de transformação e vão para os mais diversos
locais. Podem ir para o consumidor, fazendo escala nos pontos de vendas que são
os mais variados possíveis, ou podem ir para outras fabricas como é o caso das
embalagens.
Sempre que o plástico é discutido duas coisas distintas são enfatizadas, em
primeiro lugar o poder de multiplicação e desenvolvimento tecnológico do plástico,
como ele cresceu e sua indústria se tornou uma das maiores do mundo servindo de
base para as demais indústrias e seu consumo se tornou necessário para toda a
população mundial principalmente as que vivem nas cidades, cerca de três bilhões
de pessoas.
Em segundo mais não menos importante vemos todos os problemas
ambientais decorrentes do descarte do lixo principalmente se esse for feito de
maneira inadequada sem ser tratado o dado o seu devido destino. A partir disso
66
formamos uma segunda rede que é a do consumo e descarte dos resíduos que
contém resinas plásticas.
O produto sai da fábrica de transformação ou da indústria que o transforma em
produto comercializável e vai para as prateleiras das lojas e supermercados. Aqui
temos uma maior dimensão da quantidade de setores da indústria que utilizam o
plástico em seus produtos. Quase todos os produtos hoje comercializados em escala
industrial contêm plástico. Desde as embalagens de alimentos até peças de
automóveis e mobílias para casa além de todos os produtos eletroeletrônicos e
eletrodomésticos tem em sua composição alguma parte de plástico.
Isso só mostra o quão importante o plástico é na vida dos seres humanos e
também como ele é usado em gigantesca quantidade por todos nós. Mas usar o
plástico nessa escala tem suas conseqüências, e elas podem não parecer muito
visíveis, mas são extremamente danosas ao meio ambiente.
As resinas termoplásticas e termorrígidas são mal aproveitadas, na verdade
elas são usadas exageradamente e por isso sobram na hora do descarte. Ao
contrário de outros lixos como o papel que é muito reciclado e que se decompõem
com mais facilidade na natureza e o metal que é bastante reaproveitado por ser
muitas vezes valioso o bastante pra isso, o plástico tem particularidades que ainda
não o tornaram um material altamente reciclável.
O plástico normalmente tem pouca massa, ou seja, pesa pouco, mas em contra
partida tem volume alto, ou seja, é muito espaçoso, e isso causa um problema muito
interessante na hora de recolhê-lo. Por mais que ele seja recolhido em grande
quantidade o preço do material não alcançara a expectativa desejada pela pessoa
que o coletou. Normalmente no Brasil os catadores de rua, que podem lucrar muito
mais catando outros materiais como latas de alumínio que podem ser leves, mas são
facilmente amassáveis, não catam o plástico, apesar de ser ter um imenso potencial
ligado a sua reciclagem (ver tabela 7).
67
Tabela 7 – Potencial seletivo do lixo domiciliar brasileiro.
Materiais
Papel / papelão
Plástico
Vidro
Metais ferrosos
Metais não ferrosos
Outros
Porcentagem
39
19
16
16
2
8
Fonte: (GRIPPI, 2001)
Tabela 8 – Potencial seletivo do lixo industrial brasileiro
Materiais
Ferro/ ferragens
Óleos gastos
Plástico (PE)
Tambores de aço
Papel/ papelão
Madeira
Plástico
Bombonas (PE)
Porcentagem
32
31
1,5
1,5
15
8
10
1
Fonte: (GRIPPI, 2001)
Por esse mesmo motivo o plástico é muito perigoso para o meio ambiente
quando é descartado, ele produz muitos tipos de problemas como concentração de
água com larvas de mosquitos e outras doenças. Esse tipo de problema que muitas
vezes não é considerado pelas autoridades como problema ambiental seria reduzido
se não houvesse problemas com lixo.
Vejamos o caso do Aterro Sanitário de Gramacho. Ele fica às margens da Baía
de Guanabara (ver foto 10), que banha a cidade do Rio de Janeiro e é altamente
poluída. Essa proximidade entre outras coisas, causa doença às pessoas que vivem
dela e ajudam diretamente a poluir a paisagem turística da cidade. Fora o lixo jogado
diretamente nas ruas e encostas que causam transtornos nas vias pluviais e nas
encostas da cidade, causando desabamentos. Tudo isso seria reduzido se na cidade
existisse um programa mais eficiente de coleta seletiva do lixo e se esse lixo fosse
tratado e reciclado adequadamente.
O lixo pode ser um dos problemas de mais difícil solução numa grande cidade.
É necessário sempre um grande investimento por parte da prefeitura para poder
controlar aos caminhos que o lixo faz até o seu destino final. É necessária uma
grande rede de coleta, ligando-se, para que todo o lixo seja descartado da melhor
68
forma possível. Toda a rede tem de ser pensada de uma forma lógica para que
todos os fatores dela estejam sempre em perfeito funcionamento.
Vimos então que mais uma rede se definiu nessa análise de como o produto
chega à população e de como ele é descartado (ver fluxograma 4). Essa rede está
interligada a rede de reciclagem do plástico que começa com a coleta seletiva
desses materiais descartados. Veremos a frente como fundamentalmente o ciclo do
plástico se encerra.
3. Análise da reciclagem do plástico.
Dentro da rede de Coleta de Lixo, uma rede de Coleta Seletiva de Lixo tem de
ser instalada. Esse processo é importantíssimo para que o maior volume de resíduos
sólidos se aproveite e não seja acumulado, ficando parado sem nenhum tipo de
utilidade causando os problemas aqui nesse trabalho já citados. Quanto menos lixo
produzido for mandado para os lixões e aterros sanitários, menos problemas a
cidade terá e conseqüentemente em melhores condições de vida a população
viverá.
Para que isso aconteça tem de existir uma responsabilidade de todas as
empresas em produzir produtos e embalagens de produtos que não danifiquem o
meio ambiente, que possam ser potencialmente recicláveis, e também da população
que tem que cobrar e monitorar essas empresas.
A primeira parte dessa rede de Coleta Seletiva do Resíduo Sólido que
potencialmente pode ser reciclado começa na casa da população. É necessário que
o material seja separado. A separação, ao contrário do que se pensa a maioria, não
precisa ser feita nos moldes que são normalmente conhecidos, separação entre
vidro, metal, papel, plástico e material orgânico. Ela só precisa ser dividida em dois,
materiais recicláveis e não recicláveis. Nesse ponto podemos até achar que deveria
ser diferente e deveria mesmo. O ideal seria a separação específica em cada casa
(o ideal) ou em cada condomínio. Ou seja, cada um separaria seu lixo conforme o
indicado, metal, plásticos, vidros, papéis e orgânicos, e o caminhão responsável pela
Coleta Seletiva já os transportaria separadamente para a triagem. Em alguns países
mais desenvolvidos da Europa o lixo é separado pelos cidadãos e essa separação é
feita estrategicamente, por exemplo, não existe a lixeira dos vidros, pois eles são
69
pouco utilizados, então podem ser misturados com o metal que também é pouco
utilizado e pode ser facilmente separado do vidro.
Porém é muito difícil essa separação. Não existem no Brasil ainda caminhões
que carreguem o material separado, apenas ele prensado que acaba misturando
todos os materiais recicláveis, necessitando de nova separação. Os locais onde são
depositados os materiais (lixeiras) teriam que ser repensados, além do que, a
maioria da população no Brasil não tem essa cultura de separação do lixo em sua
própria casa. Geralmente é feita, quando é feita, pelos empregados do condomínio
ou da residência.
Nesses condomínios, sejam eles residenciais ou comerciais quase sempre não
há um local apropriado para armazenar o material reciclável. Não a local para o
armazenamento e também não existe um local na rua ou na calçada onde se possa
depositar o lixo para que venham a ser coletados. A recomendação da COMLURB é
que deixe na calçada em tanques cedidos pela própria, no dia específico que será
coletado o lixo reciclável. Normalmente essa coleta é feita uma vez por semana nos
bairros onde há Coleta Seletiva fazendo com que o lixo permaneça até uma semana
em local de estocagem.
Muitos chamam os Resíduos Sólidos Recicláveis de “Lixo Limpo” uma
expressão que pode iludir de certa maneira a forma de pensar da população. Esse
resíduo é chamado assim, pois são materiais em sua maioria secos, que
teoricamente serão reciclados e causam uma falsa ilusão de que não estão sujos.
Na verdade isso é uma forma errada e perigosa de interpretar e de se tratar o lixo. O
lixo reciclável contém sim algum tipo de sujeira, e essa sujeira pode transmitir
doenças, além do mais, também pode acumular cheiro ruim. Porém, o principal
problema atrelado a esse acúmulo de lixo é o possível foco de doenças transmitidas
por insetos como, por exemplo, o mosquito da dengue. Como esse material é
composto principalmente por embalagens de alimentos e bebidas, como latas de
alumínio e garrafas PET, eles podem acumular sujeira e água principalmente se
estiverem a céu aberto.
Depois que o lixo é depositado na rua junto à calçada o caminhão passa para
recolher. Esse caminhão é padrão da COMLURB, ele tem uma caçamba atrás onde
é depositado todos os materiais. Encontramos então outro equívoco na hora de se
recolher o Lixo Reciclável. È claro que não é simples arrumar caminhões que
tenham as especificações para que sejam transportados os materiais. Primeiro, se o
70
lixo fosse separado no local onde é produzido ele teria de ser transportado num
caminhão que já tivesse essa separação pré-estabelecida, porém isso não ocorre,
então não faz diferença recolher o lixo todo junto ou separado, na verdade é até
melhor que se junte todo o lixo reciclável, pois fica mais fácil pra pessoa que
manuseia lixo. Se no caso essa pessoa não for uma pessoa contratada para isso ou
algum empregado, fica mais simples e com menos probabilidade de se misturar
materiais recicláveis, de materiais orgânicos e materiais não recicláveis.
O segundo erro diz respeito à forma como é transportado o material depois que
ele é despejado no caminhão. Nas grandes cidades os caminhões sempre são
projetados para prensar o lixo, esse sistema é bom para o lixo comum que vai ser
depositado nos aterros, mas para os materiais recicláveis não é a melhor solução.
Um caminhão que não prensasse o material seria o ideal. A partir do momento em
que se acumula o lixo, vários tipos de material se juntam independente de o material
ser ou não reciclável. Se num caminhão existem apenas materiais recicláveis não é
preciso prensá-los. Pelo contrário desse modo será pior, pois alguns tipos de
materiais como é o caso do vidro e alguns tipos de plásticos podem quebrar e se
espalhar. Além de tornar mais difícil a separação, podem ocorrer alguns acidentes
por causa dos materiais cortantes menores de difícil manuseio e percepção como
cacos de vidros menores e pedaços de lâminas.
Depois de todo esse processo de coleta de lixo reciclável, o material é levado
para as Centrais de Separações de Recicláveis, onde o material é separado e
prensado para que possa ser vendido para fabricas que fazem a reciclagem e
transformam o material e matéria prima para seus produtos.
Toda cidade tem uma legislação para a sua limpeza. E nessa legislação que no
Rio de Janeiro é chamada de Lei de Limpeza Urbana é onde esta especificada as
regras de como se deve dar ao lixo o tratamento adequado. No Rio existem na lei
muitas facilidades para que se possa tratar o lixo adequadamente, portanto temos
uma boa lei de limpeza urbana que apesar de um pouco ultrapassada cuida para
que aja o recolhimento regular do lixo.
O grande problema, que também é um problema comum as grandes cidades
dos países em desenvolvimento, é que grande parte da população existente no Rio
de Janeiro mora em subúrbios e favelas, locais “esquecidos” muitas vezes pelas
prefeituras. Podemos dizer que nem sempre a culpa é da prefeitura, muitas vezes
esses locais têm crescimento desordenado, o que torna impraticável o planejamento
71
da companhia de lixo para essas áreas. A maior parte das favelas fica em morros,
que torna difícil o acesso dos caminhões de lixo e às vezes há falta de seguranças
para os garis (funcionários da prefeitura) trabalharem. A discussão sobre que está
errado nesse caso é bastante inútil, todos têm sua parcela de culpa, tanto as
sucessivas más administrações quanto à população que é quem as elegem e
contribuem para esse processo.
A lei não é ruim, mas a forma como é feita a Coleta Seletiva é um caso a se
repensar. Tudo é feito em moldes para ser apresentado, mas não é muito funcional.
Por exemplo, qual é necessidade de se separar metal, vidro, plástico, papel e
orgânicos? O ideal seria isso, mas não pode ser assim por enquanto. O material
deve ser separado em reciclável, não-reciclável e orgânico assim poderiam ser mais
facilmente manuseados na hora da separação. O reciclável iria para separação, o
orgânico para o tratamento e não reciclável para aterros sanitários.
Isso vale para os resíduos domésticos, mas o que se faz com lixo industrial,
comercial e outros que não são domésticos é o que parece estar no rumo certo. O
lixo industrial de hoje é altamente reaproveitado, mas quem faz o recolhimento dele
são empresas contratadas pelas indústrias. Segundo a lei qualquer estabelecimento
não residencial é responsável pelo seu lixo. Essa obrigação fez com que as
empresas, para não ter que gastar dinheiro com empresas de lixo, vendesse seu lixo
para empresas que separam lixo.
As empresas que compram o lixo compram da COMLURB também, porém
essas conexões entre, a Coleta Seletiva até a COMLURB e depois para as
empresas separadoras ai estão conturbadas. A lei é a do que paga mais e a do que
tem mais pra vender. Ou seja, A COMLURB não tem muito pra oferecer, ela vende
através de cooperativas e das centrais de reciclagens que são apenas duas em
atividade (eram três até o começo do ano de 2006). Muitas dessas supostas
cooperativas, disso só tem o nome, pois na verdade elas são pequenos
revendedores de materiais recicláveis que são levados pelos catadores de rua.
A questão dos catadores de rua ainda é mais complicada, eles estão por toda
parte, nas ruas, nas centrais de reciclagem e muitos estão nos lixões e aterros
sanitários inclusive o de Gramacho que deveria ser controlado. Lá centenas de
catadores trabalham sob condições desumanas que incluem a falta total de
segurança e higiene (ver foto 9).
72
O mais impressionante é que boa parte desses catadores é legalizada e
trabalha supostamente para empresas que separam materiais. Mas é sabido que
esses catadores que recebem coletes das empresas nem sempre levam o material
para empresas, eles não tem nenhuma ligação com a empresa, só pegam o colete e
trazem mercadorias que são compradas por essas empresas.
Outro caso muito comum é relacionado às Cooperativas. Esses locais que
devido ao seu nome deveriam ser organizações comuns onde todos dividiriam os
lucros acabam sendo o local onde um intermediário compra lixo para revender. O
lucro que ali deveria ser dividido não o é.
“Cooperativa s.f. ; Espécie de sociedade comercial
constituída por membros de determinado
grupamento social ou econômico que procura
desempenhar, em benefício comum, determinada
atividade.” (NASCENTES, 1972)
Na área de Gramacho se situam redes econômicas e políticas num mesmo
espaço, que são movidos pela presença de um aterro sanitário no local. Dentro do
aterro os catadores têm uma hierarquia que supostamente seria controlado por
traficantes do local. Os que pagam ficam em áreas melhores aonde chegam
caminhões enquanto os que não fazem isso ficam lá e esperam para poder catar lixo
restante.
Os riscos ambientais desse aterro são incontáveis. Ele pode ser considerado
oficialmente um aterro sanitário controlado, mas basta uma visita, que só é permitida
com autorização, para vermos que a situação no local é periclitante e que não há
tanto controle. Em primeiro lugar, qualquer catador consegue entrar no local onde
transitam enormes caminhões que fazem a descarga do lixo que são o menor dos
males. O lixão tem chaminés de fogo transparente produzido pelo gás que vem do
interior das montanhas de lixo, que apesar de serem indicados podem ferir
seriamente alguma pessoa.
Existe também uma estação de tratamento de chorume, liquido resultantes do
lixo. Essa estação é visivelmente “de fachada”, pois dado o tamanho do aterro seria
impossível trata-lo por inteiro. O chorume na verdade vai para o subsolo ou para a
Baia de Guanabara que fica exatamente atrás do aterro (ver foto10). As margens da
Baia de Guanabara um aterro sanitário produz toneladas de chorume por mês,
tornando a despoluição uma tarefa quase impossível (ver mapa).
73
Seria muito mais fácil diminuir o lixo e desativar o aterro (que opera acima de
sua capacidade a muitos anos) tratando-o para que não poluísse mais a Baia de
Guanabara. Esse é mais um dos prejuízos secundários que poderíamos resolver
com o tratamento adequado do lixo.
Do lado de fora funciona o chamado Pólo de Polímeros, onde estão localizadas
muitas empresas separadoras de materiais recicláveis em sua maioria plásticos, daí
o nome polímeros. Encontra-se também no local as empresas de separação de
materiais como papeis e metal.
As empresas separadoras vedem o material separado para grandes empresas
de reciclagem em diversos lugares. China, Chile, São Paulo, Santa Catarina, são
alguns dos lugares para onde vai o material, porém existem pequenas empresas de
reciclagem no local que recebem materiais para reciclagem e transformam em
produtos básicos como sacos de lixo pretos e embalagens de água sanitária.
É interessante percebemos que esse pólo que se formou ao redor do aterro
sanitário foi criado pelas circunstâncias. Diferente dos Pólos Petroquímicos que são
altamente planejados, que esperam as empresas, financiados pelo governo e pela
iniciativa privada, o Pólo dos Polímeros acontece por necessidade, não existe
nenhum planejamentos oficial. As empresas simplesmente se aproximaram da sua
“fonte de matéria-prima”. A partir desse pólo muitos produtos prontos para serem
recicláveis partem em direção as empresas de reciclagem.
Podemos descrever então aqui o fim do Ciclo da Reciclagem do Plástico com
essa rede de Reciclagem. O material é coletado, seja pela coleta seletiva feita pela
COMLURB no Rio de Janeiro, seja pelos catadores. Esse material pode ser
comprado diretamente das indústrias e do comércio. Elas podem ir para pequenas
empresas ou vão direto para as grandes empresas de separação. Lá o material é
separado para e enfardado para ser vendido para pequenas e grandes empresas de
reciclagem, que transformam o plástico em novos produtos.
Os produtos feitos a partir de plásticos recicláveis variam de preço. Para
produtos básicos e conhecidos, como sacos plásticos e potes de água sanitária o
preço é baixo, mas quando se trata de novas tecnologias como o cano de PET
reciclado e as roupas feitas fibras de PET o preço sobe. Esses valores são pagos
pelo esforço que a empresa tem em investir em alta tecnologia e com o tempo ele se
reduz.
74
Assim o fim dessa rede de reciclagem termina com Ciclo de Reciclagem do
Plástico (ver fluxograma 5). Na verdade aqui começa um novo estágio na utilização
do plástico onde ele será reutilizado na forma de um novo produto e possivelmente
ser novamente reciclado passando novamente por duas etapas, o do consumo do
plástico e da reciclagem do plástico (ver fluxograma 6).
75
Fluxograma 6 - Ciclo de Reciclagem do Plástico.
PRODUÇÃO
DO
PLÁSTICO
CONSUMO
DO
PLÁSTICO
RECICLAGEM
DO
PLÁSTICO
DESCARTE
DO
PLÁSTICO
RECOLHIMENTO
E SEPARAÇÃO
DO PLÁSTICO
76
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Temos sempre que ter em mente quando falamos nos problemas do Lixo as
possíveis soluções para ele. Esse problema causa danos em todos os seguimentos
de uma sociedade, seja diretamente ou indiretamente. O lixo trás problemas para a
sociedade como um todo e o mais conflitante nisso tudo é que quem produz o lixo é
a própria população que reclama seus danos.
O lixo pode ser considerado um problema democrático. Apesar de atingir
primeiro a populações menos favorecidas ele acaba chegando às outras classes
mais altas da sociedade de maneira indireta. Os que mais poluem são os que mais
consomem. Esses acham que não terão problemas com lixo, mas todo mundo acaba
de alguma forma atingido por esse.
O lixo contamina, suja, trás doenças, é visualmente desagradável e seus níveis
de poluição no ambiente atingem todas as esferas possíveis da natureza. A terra, a
água e o ar quando entra em contato com lixo passa ser poluído. Tudo que está
poluído passa a ser problema. Problemas esses que são de todos os seres humanos
independente da classe social em que vive.
Diversos tipos de soluções aparecem para resolver os problemas causados
pelo lixo, mais especificamente pelo plástico e entre eles está a reciclagem. Mas
antes disso é preciso dizer que a reciclagem deveria ser a última das soluções
apresentadas.
Ultimamente uma cultura ainda pouco utilizada no Brasil ilustra melhor o que
queremos dizer. É a cultura dos três “R” s (TEIXEIRA, 2004). O primeiro “R” significa
“Reduce”, Reduzir, ou seja, a primeira coisa que se deve pensar em ralação a
problemas com plástico ou qualquer outro tipo de lixo é a redução do consumo de
produtos que produzem muito lixo. Quanto menos produtos descartáveis
consumirmos, menos lixo produziremos e conseqüentemente menos problemas em
relação a isso ocorrerá.
O segundo “R” seria de “Reutilize”, Reutilizar. Seria muito importante que a
reutilização de alguns materiais fosse levado em consideração e se tornasse
freqüente no nosso dia-a-dia, para usarmos o mesmo exemplo da redução o copo
descartável que quase sempre é utilizado uma vez e jogado fora, mesmo em
pequenos intervalos de tempo não são reaproveitados. No mesmo dia em um
77
escritório um funcionário poderia usar o mesmo copo a cada vez que fosse beber
água ou café ao invés de pegar um copo por vez, gastando menos, poluindo menos.
A Reciclagem entra como o terceiro “R”, “Recycle” completando assim a tríade.
Esse deveria ser a última solução dada para o lixo. Ele só deveria ser reciclado em
caso de não poder ser reutilizado ou reduzido. Mas a reciclagem acaba sendo o
principal agente na redução do lixo. Isso só ocorre por causa do teor emergencial da
problemática do lixo.
Mas reciclar não é a solução total dos problemas. Enquanto houver
desperdício, seja de plástico seja de qualquer outro material, haverá problemas
ambientais relacionados ao lixo.
O lixo é formado muito antes de ser descartado. Podemos dizer que muitos
materiais já são fabricados para serem lixo. O próprio nome “material descartável”
comprova esse fato e dessa forma sabemos que algum produto ou material será lixo
em questão de meses. Há tempos a trás produtos eram feitos para durar muitos
anos se serem descartáveis ou então eram reutilizáveis.
Podemos dizer então que perdemos um pouco de consciência ambiental? Acho
que não. Não havia essa preocupação, as pessoas não estavam atentas à
problemas ambientais futuros. Os produtos eram feitos dessa maneira para que as
pessoas não tivessem que comprar mais. Ainda não havia uma mentalidade voltada
para o consumismo, ainda não se pensava em lançar a todo o momento produtos
melhores, com novas tecnologias, o momento era de se lançar produtos diferentes e
não os mesmo produtos com funções diferentes.
O celular é um exemplo de produto que antes era feito para durar. Ele só tinha
uma função que era de receber e fazer ligações de lugares onde não havia telefones
fixos. Mas com o tempo ele esse fato foi se tornando apenas mais uma das funções
do celular e hoje é difícil acompanhar a tecnologia desses aparelhos, toda hora um
novo modelo é lançado e assim substituídos por outros que serão descartados.
A modernidade nos trouxe esse problema e assim temos que conviver com ele.
A necessidade faz com que novos produtos sejam lançados e novos lixos sejam
criados. Cabe a nós saber o que fazer, racionalmente, com lixo que produzimos.
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A Educação Ambiental é a solução mais acertada na minha opinião para
podermos melhorar essa condição em que se encontra a questão do lixo no planeta.
Não adianta começar a reciclar tudo que é lixo, se mais a frente será produzido tudo
de novo. Junto à reciclagem é necessário um trabalho de conscientização que não
pode ser feito apenas com adultos em curto prazo.
Tudo é uma questão de hábito. O problema é que em nossa sociedade mudar
um hábito é extremamente difícil. Fazer com que as pessoas em pouco tempo
passem a separar, reduzir e reutilizar é uma tarefa árdua e que tem de ser feita, mas
sempre apoiada por outros tipos de incentivos.
Esse processo todo não pode ser feito assim, de imediato. Algumas coisas
levam tempo para pegarem. É mais fácil, porém mais demorado usar a educação
ambiental como arma contra a poluição e contra o lixo. Introduzindo a questão lixo
em escolas desde os primeiros anos, faz com que a criança cresça consciente de
que fazendo sua parte vai contribuir pra diminuição de um problema de um todo.
A responsabilidade da produção do lixo tem de ser dividida entre todos, por que
todos têm responsabilidade sobre isso. Quem produz produtos com potencial para
lixo deveria pagar mais taxas sobre eles, pois se gastará mais para poder resolver o
problema criado por ele. Quem consome mais deveria pagar taxa maior. Por
exemplo, a taxa de coleta de lixo deveria variar de acordo com a quantidade de lixo
produzido.
E assim o problema estaria sendo resolvido aos poucos. Mas a verdade é que
enquanto existir a humanidade, existirá lixo e os problemas derivados deles. Cabe a
nós fazer com que esses problemas sejam reduzidos ao máximo.
Se não houver uma racionalização na produção e no consumo da população,
os problemas relacionados ao lixo serão incontroláveis e as conseqüências serão
catastróficas para a sociedade. Por isso a questão do lixo e da reciclagem é tão
urgente e as soluções necessitam ser implantadas imediatamente.
79
BIBLIOGRAFIA:
Livros:
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brasileiras. Rio de Janeiro: Interciência, 2001 p. 01 - 47.
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Monografias:
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81
ANEXOS:
Fotos:
Foto 1 – Nafta, Produto derivado do petróleo e matéria-prima base do plástico.
(Site www.comciência.br)
Foto 2 – Faria Plásticos. Galpão ao lado do Aterro Sanitário de Gramacho.
(Foto tirada na Faria Plásticos)
82
Foto 3 – Faria Plásticos. Montanha de plásticos pronta para separação.
(Foto tirada na Faria Plásticos)
Foto 4 – Faria Plástico. Esteira onde os materiais são separados.
(Foto tirada na Faria Plásticos)
Foto 5 – Faria Plásticos. Prensa com material separado.
83
(Foto tirada na Faria Plásticos)
Foto 6 – Faria Plásticos. Prensas de outro ângulo.
(Foto tirada na Faria Plásticos)
Foto 7 – Faria Plásticos. Fardos sendo carregados nos caminhões.
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(Foto tirada na Faria Plásticos)
Foto 8 - Faria Plásticos. Pilhas de fardos prontos para serem embarcados nos
caminhões.
(Foto tirada na Faria Plásticos)
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Foto 9 – Aterro de Gramcho. Catadores lutando pelo lixo.
(Foto tirada no Aterro de Gramacho)
Foto 10 – Aterro Sanitário de Gramacho com a Baía de Guanabara ao fundo.
(Foto tirada na Faria Plásticos)
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Mapa: Foto de Satélite do Aterro Sanitário Jardim Gramacho as margens da
Baía de Guanabara.
Fonte: Google Earth.

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