SELEÇÃO DE VARIEDADES DE ANTÚRIO (Anthurium andraeanum

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SELEÇÃO DE VARIEDADES DE ANTÚRIO (Anthurium andraeanum
SELEÇÃO DE VARIEDADES DE ANTÚRIO (Anthurium andraeanum Lindl.)
PARA FLOR DE CORTE NO INSTITUTO AGRONÔMICO*
.
EQUIPE TÉCNICA
Melhorista:
Antonio Fernando Caetano Tombolato
Colaboradores:
Luís Alberto Saes
Luiz Antonio Ferraz Matthes
Mauro Sakai
Carlos Eduardo Ferreira de Castro
Mauro Hideo Sugimori
Gláucia Moraes Dias Tagliacozzo
Apoio:
Fernando da Silva
Ana Maria Molini Costa
* As variedades e seleções mencionadas neste artigo são de reprodução permitida somente mediante autorização do
Instituto Agronômico, Campinas.
Contatos: Pesquisador Científico, Dr. Antonio Fernando Caetano Tombolato, IAC, Caixa Postal 28, CEP 13001970, Campinas(SP), Brasil. Tel. (19) 3241-5188. E-mail: [email protected]
RESUMO
O projeto de melhoramento genético de antúrio do Instituto Agronômico, desenvolvido
no Centro Experimental Central, em Campinas e no Pólo de Desenvolvimento Regional de
Pesquisa do Vale do Ribeira, em Pariqueraçu (SP), após mais de 30 anos de pesquisa, apresenta
como resultado uma série de quatro novas variedades lançadas e 20 seleções de antúrio em fase
final de avaliação. São plantas rústicas, adaptadas às condições de cultivo em solo orgânico, sob
telado com 70-80% de sombreamento, sem controle de temperatura, tolerantes às principais
pragas e doenças e que produzem flores de padrão de qualidade tipo exportação. Os híbridos são
obtidos através da polinização manual cruzada realizada seja por produtores da região, seja,
principalmente, pelos pesquisadores do próprio IAC. As melhores plantas são propagadas em
larga escala em laboratórios de cultura in vitro a partir da metodologia estabelecida pelo IAC. As
mudas são disponibilizadas aos interessados, enquanto são realizadas avaliações
complementares, principalmente quanto à produtividade.
INTRODUÇÃO
O antúrio pertence à família das Aráceas, incluindo-se no gênero mais de 600 espécies,
muitas delas herbáceas tropicais, originárias das regiões quentes e centrais da América do Sul.
Menos que um décimo dessas espécies encontra-se em cultivo. Do ponto de vista comercial, a
principal espécie do gênero é o Anthurium andraeanum Lindl., utilizado como flor de corte e
também como planta de vaso.
Estima-se existirem em cultura 1,7 milhões de plantas de antúrio na principal região
produtora do país, o Vale do Ribeira no Estado de São Paulo.
Os dados de oferta de produto na Ceagesp da cidade de São Paulo apontam, para 1999,
um total comercializado de 240 mil dúzias de antúrios, com uma oferta mensal bastante estável,
de 20 mil dúzias. Esse volume representa o triplo do valor registrado em 1992.
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Na Ceasa de Campinas, a oferta de produto tem aumentado ano a ano. Em 1998, os picos
de oferta foram observados em dezembro e de março a julho, com um máximo de 3.404 dúzias
atingido em dezembro de 1999.
O volume comercializado no Brasil é ainda muito pequeno. Como comparação, os dados
da HAIA – Associação da Indústria do Antúrio no Havaí, com 75 produtores, mostram uma
produção anual de 11 milhões de hastes, de aproximadamente de 40 variedades.
O antúrio é a segunda flor tropical no mercado mundial, perdendo o primeiro lugar
somente para as orquídeas. A cultura tem se expandido para novos países, desde 1986, quando o
surgimento da bacteriose, causada por Xanthomonas campestris pv. dieffenbachiae, causou uma
diminuição da produtividade nas áreas tradicionais de plantio de 25%. Não existe controle
químico eficiente para essa moléstia, por isso a bacteriose deve ser controlada por medidas
sanitárias preventivas. A planta pode estar contaminada mesmo sem apresentar sintomas
externos, desse fato recomenda-se evitar a introdução de novas mudas na área de produção
diretamente, devendo passar primeiramente por um processo de quarentena.
Atualmente a preocupação com a evolução desse patógeno, em nível mundial, é muito
grande pois tem sido detectado também em plantas de diversos outros gêneros da família
Araceae, como Dieffenbachia e Aglaonema e, como conseqüência, vários programas de
melhoramento de antúrio têm sido direcionados para a obtenção de variedades resistentes.
Planta de fecundação cruzada, o antúrio é normalmente propagado por semente e, em
conseqüência, suas progênies são muito heterogêneas, assumindo grande importância os métodos
de propagação vegetativa, para o desenvolvimento da cultura.
No Brasil, em função da lentidão da propagação vegetativa tradicional (secção do caule e
separação de brotos) do antúrio, ainda predomina nas culturas do Vale do Ribeira plantas
heterogêneas e desuniformes que produzem flores sem padronização, que mostram grande
diversidade de cores, de tamanhos e de formas. Se por um lado esta gama de tipos pode
representar interessante material genético, por outro lado a uniformidade varietal pode solucionar
diversos problemas da produção e da comercialização e atender às exigências do mercado
comprador, principalmente o internacional. Existe, portanto, grande interesse para a obtenção de
plantas uniformes, com características ímpares de qualidade floral e produtividade. A produção
de grande quantidade dessas plantas só é possível pela cultura in vitro. Através dessa técnica foi
possível multiplicar os primeiros cultivares de antúrio selecionados no país, que pouco a pouco
estão substituindo os plantios tradicionais daquela região e expandindo a cultura, inclusive para
outros estados brasileiros.
Produtores da região de Holambra, por sua vez, vêm introduzindo variedades
selecionadas da Holanda, cujo padrão de qualidade das flores de corte vem causando grande
impacto junto aos compradores de antúrio. Porém, além do alto custo da muda, para sua
aquisição é necessário estabelecer um contrato particular com as empresas de melhoramento
estrangeiras que impede sua multiplicação no Brasil.
HISTÓRICO DO MELHORAMENTO GENÉTICO NO IAC
Durante as décadas de 50 e 60, o antigo chefe da então Seção de Floricultura e Plantas
Ornamentais, Dr. Hermes Moreira de Souza iniciou uma coleção de tipos dos mais diversos de
antúrio. Essa coleção era mantida em um ripado na Fazenda Sta. Elisa (atual Centro
Experimental Central, em Campinas), na área denominada “Monjolinho”. Durante os anos 70,
com a entrada de mais um pesquisador na unidade, o Dr. Luiz Antonio Ferraz Matthes
interessou-se pelo material realizando os primeiros cruzamentos controlados. Na época, as
técnicas de micropropagação vegetativa estavam apenas sendo utilizadas para fins científicos,
sua aplicação prática na horticultura era uma idéia de vanguarda rodeada de dúvidas. Dessa
maneira e levando-se em conta a lentidão da propagação vegetativa desta espécie por divisão de
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touceiras, uma das soluções possíveis para o melhoramento genético do antúrio seria a criação de
linhagens puras, propagadas por semente. Foi, porém, observado, como resultado desse trabalho
pioneiro que a autofecundação de plantas resultava em perda muito grande de vigor
inviabilizando a concretização dessa idéia.
O programa de melhoramento genético tomou novo alento a partir dos anos 80 quando os
primeiros resultados da propagação in vitro de antúrio começaram a surgir, o que a tornaria
viável para a aplicação prática na multiplicação rápida de híbridos selecionados. A partir de
então, vislumbrou-se a possibilidade real de direcionar o programa de melhoramento genético
para os moldes de uma espécie de propagação vegetativa normal. Dessa maneira, foram
realizadas diversas visitas a produtores de antúrio, levando-se em conta a enorme variabilidade
genética existente nas culturas tradicionais do Vale do Ribeira, com o intuito de se coletar
plantas com características superiores. Essas plantas pré-selecionadas, inseridas na coleção já
existente no IAC, podem ser incorporadas no programa de melhoramento genético, como
também, podem ser diretamente multiplicadas in vitro para a sua exploração direta como nova
cultivar.
Os primeiros clones selecionados pelo IAC que foram micropropagados, e suas principais
características são:
CLONES
‘Luau’ - IAC N-15
‘Juréia’- IAC O-5
‘IAC Eidibel’- IAC O-11
IAC 46
IAC 75
‘IAC Astral’- IAC 154
IAC 179
‘Isla’- IAC 14018
‘Rubi’- IAC 14019
IAC 14020
‘IAC Ômega’ - IAC 14021
‘Netuno’ - IAC 16770
‘IAC Cananéia’- IAC 16772
IAC 16771
‘Júpiter’- IAC 17237
‘Iguape’- IAC 17236
‘Juquiá’- IAC 17260
CARACTERÍSTICAS
Branco
Coral, muito produtivo
Vermelho, muito produtivo
Vermelho
Branco
Coral, tolerante à bacteriose
Rosa, tolerante à bacteriose
Branco
Vermelho
Coral
Coral, grande
Vinho (negro), pequeno
Branco
Branco
Branco
Vinho
Coral, tipo vaso
Dessa maneira, o Instituto Agronômico primeiramente lançou a cultivar ‘IAC Astral’ com
o objetivo de oferecer ao produtor uma variedade para o cultivo e exploração comercial de flor
de corte e planta de vaso.
CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS NA VARIEDADE DE ANTÚRIO
As principais características que vêm sendo observadas nos híbridos durante o processo
de seleção são as seguintes:
Da espata:
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Ela deve ser brilhante, plana, aberta, de textura firme e enervação nítida; lobos basais,
bem desenvolvidos, encostados ou sobrepostos ou mesmo fundidos; de coloração uniforme, não
manchada, exceto para as variedades tipo bicolores e obake, palavra de origem japonesa com o
significado de monstro, fantasma, relacionando-se a plantas que apresentam espatas
extremamente grandes; com longevidade superior a vinte dias após colhidas.
Da espádice:
Sua cor deve ser contrastante com a da espata, geralmente branca com parte terminal
amarelada ou esverdeada; com dois terços a três quartos do comprimento da espata; com a
posição ligeiramente arqueada sobre a espata formando um ângulo o menor possível com a
espádice, de pequeno diâmetro, cônica e com a porção terminal afilada.
Da haste floral:
Ela deve ser ereta, firme e de comprimento mínimo de 60 cm.
Da planta:
Deve apresentar internódios curtos; crescimento compacto, de modo a evitar que se
tornem muito altas em curto período de tempo; com poucos perfilhos, ideal três, no caso de
hidroponia, sem perfilhos; resistentes ou tolerantes às principais doenças – antracnose, bacteriose
e viroses; produtividade nunca em número inferior a cinco flores por ano por planta.
PROPAGAÇÃO IN VITRO
Parte fundamental do sucesso da seleção de germoplasma de antúrio deve-se também ao
sucesso obtido na técnica de micropropagação, que permite aumentar rapidamente o número de
mudas de simples unidades da coleção para milhares de mudas em um espaço de tempo de
apenas um a dois anos.
Essa tecnologia já está à disposição dos produtores, não apenas oferecendo as variedades
e seleções IAC, como para a multiplicação de suas próprias seleções. É o caso do laboratório
IAC Biovale que tem periodicamente recebido material dos próprios produtores do Vale do
Ribeira para clonagem in vitro.
A propagação in vitro do antúrio tem fornecido bons resultados a partir da seguinte
metodologia:
Material Vegetal:
- folhas bem jovens
Esterilização:
- lavar as folhas em água corrente com detergente e esponja bem macia.
- colocá-las em recipiente adequado e lavá-las com álcool 70% por 5 segundos. Escorrer.
- adicionar solução de hipoclorito de cálcio a 1,5% + 3-4 gotas de Tween 20 e, sob
agitação, permanecer por 10 minutos. Escorrer.
- fazer 3 lavagens sucessivas com água destilada e esterilizada em autoclave.
Inoculação:
- após a esterilização superficial, colocar as secções foliares sobre papel de filtro
esterilizado e cortar em segmentos de 1cm2, com auxílio de pinça e bisturi esterilizados.
- inocular em meio de cultura P1 (PIERIK, 1976), com 1/3 do explante submerso no
meio.
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- colocar os frascos contendo os explantes em câmara escura, a 25ºC, para indução à
formação de calo.
- após 2 a 3 meses, transferir os frascos para câmara clara com 16 horas de fotoperíodo.
- quando os calos apresentarem início de formação de clorofila, após 10 a 15 dias,
transferir para o meio de cultura P2 (PIERIK, 1976).
- passados 2 meses, quando as plântulas atingirem aproximadamente 1cm de altura,
transferir para o meio P3 (PIERIK, 1976), onde permanecerão por mais 2 a 3 meses. Nestas
condições algumas plântulas podem dar início a formação de raízes.
- posteriormente, transferir as plântulas mais desenvolvidas o meio MS (MURASHIGE &
SKOOG, 1962), enquanto as plântulas menores permanecem no meio P3.
- após 2 a 3 meses aclimatizar as mudas.
Meios de Cultura de Pierik (1976)
Componentes
P1
mg/l
NH4NO3
Nitrato de amônio
825
KNO3
Nitrato de potássio
950
MgSO4.7H2O Sulfato de magnésio
370
KH2PO4
Fosfato monobásico de potássio 85
CaCl2.4H2O
Cloreto de cálcio
440
Sacarose
30.000
6-BA
6-Benzilaminopurina
0
2,4-D
Ácido
0,08
2,4-diclorofenoxiacético
Zeatina
1
P2
mg/l
825
950
185
85
220
20.000
1
0
P3
mg/l
206
950
185
85
220
20.000
0
0
0
0
Todos os meios são acrescidos dos microelementos, FeNaEDTA e vitaminas MS, ágar
6,4 g/l e pH corrigido para 6,0; esterilização em autoclave a 1 atm e 120 ºC, durante 20 minutos.
Aclimatização:
- retirar as plântulas bem desenvolvidas e com raízes do meio de cultura, lavá-las em água
corrente e plantá-las em bandejas plásticas ou de isopor contendo como substrato fibra de coco
curtida umedecida com solução nutritiva, cobertas com plástico transparente e mantidas em
câmara de cultivo, com 1500 lux, e fotoperíodo de 16 horas de luz a 25ºC.
- após 30-40 dias, remover as caixas para temperatura ambiente e remover a cobertura
gradualmente para a perfeita adaptação das mudas.
- decorridos mais 15 dias, transferir as plantas, individualmente, para recipientes
contendo como substrato terra argilosa + areia + matéria orgânica na proporção de 1:1:1 e manter
em casa de vegetação com 70% de sombreamento.
VARIEDADES
Nas culturas do antúrio existentes no Vale do Ribeira, no Estado de São Paulo, ainda
predominam plantas oriundas de sementes, de cruzamentos realizados pelo próprio produtor,
onde observa-se populações de plantas totalmente heterogêneas, produzindo um produto sem
padronização, ao contrário das exigências do mercado comprador, principalmente o
internacional.
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Os produtores da região de Holambra, têm cultivado variedades holandesas de antúrio
que apresentam alta qualidade das flores de corte e elevada produtividade. É difícil, no momento,
proceder-se uma avaliação comparativa entre aquelas variedades holandesas e as selecionadas
pelo IAC, pois as condições de cultivo são muito diferentes. Enquanto no Vale do Ribeira, bem
como em muitas outras regiões do país, para onde o cultivo do antúrio vem se expandido, o
cultivo é quase totalmente conduzido sob molde orgânico, enquanto em Holambra cultiva- em
sistema hidropônico com o uso de espuma fenólica como substrato e com controle ambiental.
Considerando-se o desenvolvimento lento do antúrio, serão necessários mais alguns anos
para a obtenção de dados comparativos entre o comportamento das variedades brasileiras e
estrangeiras, até que se obtenham dados de cultivo em condições idênticas.
SELEÇÕES E VARIEDADES IAC DE ANTÚRIOS
Quatro variedades e oito seleções deste programa de seleção de novas variedades de
antúrio já foram apresentadas aos produtores da região do Vale do Ribeira no Dia de Campo de
Floricultura Tropical realizado em Pariqueraçu em 25 de novembro de 1998.
Desde sua apresentação foi dado início à distribuição de mudas micropropagadas aos
produtores interessados através de um acordo de parceria com laboratórios particulares de
micropropagação. Esses laboratórios são: ClonAgri, no município de Artur Nogueira, SP,
Hiranaka, em Atibaia, SP, Biovale, em Pariquera-açu, SP, ProClone, em Holambra, SP, e Prof.
Francisco Lara, em Carapicuíba, SP.
A produção dessas primeiras mudas de antúrio micropropagadas foi avaliada tanto em
cultivo no Pólo Regional de Agronomia do Vale do Ribeira, do Instituto Agronômico (Tabela 1),
como em propriedades particulares de produtores colaboradores
Os dados apontam para uma alta produtividade em geral de todos as seleções. No cultivo
de Pariqueraçu destaca-se principalmente a produtividade do ‘IAC Eidibel’ com média de 6,41
flores por planta em um período de apenas 11 meses, quando as plantas encontravam-se entre o
2o e 3o anos de cultivo em canteiro. ‘IAC Cananéia’ é também uma planta produtiva com uma
média de 5,44 flores/planta. Os dados de produtividade para ‘Luau’, ‘Rubi’ e ‘Juréia’, devido ao
reduzido número de plantas existentes na época, é apenas um dado ilustrativo.
Tabela 1. Produtividade de variedades de antúrio seleções IAC, Pólo Regional de Agronomia do
Vale do Ribeira, em Pariqueraçú, SP. Período: out/98 a ago/99; plantas entre o 2o e o 3o anos de
cultivo.
Variedade IAC
No plantas
29
99
160
No total de flores
colhidas
158
635
802
Média de no
flores/planta
5,44
6,41
5,01
‘IAC Cananéia’
‘IAC Eidibel’
‘IAC Ômega’
Seleção IAC
‘Juréia’
‘Luau’
‘Rubi’
13
4
4
77
24
19
5,92
6,00
4,75
Quanto à durabilidade pós-colheita em vaso com água, pode-se observar na Tabela 2 que
a variedade ‘IAC Astral’ é a mais longeva, com 34 dias, e ‘Iguape’ é a menos durável, com
apenas 20 dias, porém todas estão dentro dos limites de tolerância para a conservação póscolheita do antúrio.
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Tabela 2. Observações preliminares da durabilidade pós-colheita de flores de variedades e
seleções de antúrios IAC
Variedade/Seleção durabilidade de flores em água (dias)
‘IAC Astral’
34
‘IAC Cananéia’
24
‘IAC Eidibel’
29
‘IAC Ômega’
30
Iguape
20
Juréia
30
Luau
26
Rubi
30
Local dos testes: Pólo Regional de Agronomia do Vale do Ribeira (Pariqueraçú, SP)
ANTÚRIO ‘IAC Astral’ (IAC 154)
O antúrio ‘IAC Astral’ (IAC 154) é a primeira variedade de planta ornamental lançada
oficialmente no país. Este é um marco histórico para a floricultura brasileira, que não tem
nenhuma tradição de seleção de espécies ornamentais (vide: Anexos 1, 2 e 3).
O novo cultivar ‘IAC Astral’ é originário da seleção fenotípica direta das plantas das
antigas coleções do IAC, da década de 1960.
O Instituto Agronômico selecionou o cultivar ‘IAC Astral’ com o objetivo de oferecer ao
produtor uma variedade para a exploração comercial adaptada ao cultivo em solo orgânico e sob
telado com 80% de sombreamento.
O ‘IAC Astral’, de acordo com as observações realizadas nos últimos anos, é indicado
tanto para flor de corte como para planta de vaso moderadamente resistente à bacteriose
(Xanthomonas campestris pv. dieffenbachiae) principalmente onde foi observado em cultivo em
Campinas e Holambra e também no Vale do Ribeira, local de alta umidade e temperatura e onde,
há alguns anos atrás, a bacteriose foi fator limitante para vários produtores de antúrio.
Caracteres morfológicos
Planta ereta com folhas verdes lobadas, base variando de cordada a sagitada, topo
acuminado e margens inteiras; a espata é também cordada, brilhante, coriácea, variando de 10,516,5 cm de comprimento (média de 13,19 cm) e largura variando de 9,25 a 14,25 cm (média de
10,48 cm) em observação realizada em plantas cultivadas, sob telado a 70% de sombreamento,
no Centro Experimental Central, em Campinas, no período de 23.10.95 a 18.07.96. Coloração da
espata coral, persistente, com nervuras salientes. O formato da espata é cordiforme com os lobos
ligeiramente fundidos; em plantas micropropagadas estes lobos têm se apresentado bastante
desiguais e raramente uniformes em algumas plantas. O espádice é de coloração amarelada
quando imaturo passando a branco quando as flores se encontram férteis, com comprimento
variando de 6,0-9,25cm (média de 7,38 cm) por 1,06 mm de espessura, formando um ângulo de
13-400 em relação a espata (média de 25o). A haste varia em comprimento de 37,5-61,5 cm
(média de 48,9 cm) e espessura, medida na base da espata de 0,51 mm.
Caracteres agronômicos
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Porte de médio a baixo, 70-80 cm de altura em plantas de 4 a 5 anos de idade, sendo
adaptada à produção de planta envasada, rústica e medianamente vigorosa. Seu principal mérito é
a resistência moderada à bacteriose provocada por Xanthomonas campestris pv. dieffenbachiae.
Essa doença afeta, principalmente, as folhas, causando uma necrose de coloração marrom. A
coloração coral da espata é relativamente firme e pouco sensível à ação dos raios solares
intensos, apresentando boa persistência sob 80% de sombreamento. A durabilidade pós-colheita
em vaso com água é de aproximadamente 30 dias.
Recomendações de cultivo
O ‘IAC Astral’, pelo seu hábito compacto, mostra desenvolvimento vegetativo inicial
lento e a planta apresenta capacidade de perfilhamento desde jovem. O florescimento é
abundante.
Deve-se seguir as mesmas recomendações para o antúrio comum, tendo-se o
cuidado de conduzir a cultura sob telado que propicie 80% de sombreamento durante os períodos
de maior luminosidade. Tem sido observado que a coloração da espata é mais vibrante no cultivo
no planalto de São Paulo que na região litorânea.
‘IAC Cananéia’ (IAC 16772)
É uma variedade de flor de corte selecionada para o cultivo e exploração comercial,
adaptada ao cultivo em solo orgânico e sob telado com 80% de sombreamento (vide: Anexo 3). É
registrada no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares- SNPC - sob o nº 11.310.
O novo cultivar ‘IAC Cananéia’ é originário da seleção fenotípica direta das plantas do
produtor Satoru Sassaki, em cultivo em Registro, SP, em 30 de dezembro de 1988.
O ‘IAC Cananéia’, de acordo com as observações que vêm sendo realizadas nos últimos
anos, é indicado, principalmente, para as condições do litoral do Estado de São Paulo, onde vem
sendo cultivado por produtores nos municípios de Registro e Pariqueraçu, no Vale do Ribeira,
em Caraguatatuba e também no município de Guaratuba, no Estado do Paraná.
Caracteres morfológicos
Planta ereta com folhas verdes lobadas, base variando de cordada a sagitada, topo
acuminado e margens inteiras; a espata é também cordada, brilhante, coriácea, variando de 17-20
cm de comprimento e largura variando de 14 a 16,5 cm em observação realizada em plantas
cultivadas, sob telado a 80% de sombreamento, no Pólo Regional de Agronomia do Vale do
Ribeira. Coloração da espata branca, com nervuras pouco salientes, também brancas, tornando-se
ligeiramente róseas com o amadurecimento da espata. O formato da espata é cordiforme com os
lobos soltos. A espádice é de coloração rosada quando imatura tornando-se suavemente mais
clara quando as flores verdadeiras se encontram férteis, com comprimento variando de 10,8-12,0
cm por 1,4 cm de espessura, formando um ângulo de 35-450 em relação a espata. A haste varia
em comprimento de 67-87 cm e espessura, medida na base da espata de 6,4 mm.
Caracteres agronômicos
Porte de médio a alto, 90-100 cm de altura em plantas de 4 a 5 anos, rústica e altamente
vigorosa. A durabilidade pós-colheita em vaso com água é de aproximadamente 20 dias.
‘IAC Eidibel’ (IAC O-11)
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É uma variedade de flor de corte selecionada para o cultivo e exploração comercial,
adaptada ao cultivo em solo orgânico e sob telado com 80% de sombreamento (vide: Anexo 3). ).
É registrada no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares- SNPC - sob o nº 11.309.
O novo cultivar ‘IAC Eidibel’ é originário da seleção fenotípica direta de jovens
seedlings obtidos do produtor Jorge Ota, do município de Pariqueraçu, SP, em maio de 1985.
O ‘IAC Eidibel’, de acordo com as observações que vêm sendo realizadas nos últimos
anos, é indicado, principalmente, para as condições do litoral do Estado de São Paulo, onde vem
sendo cultivado por produtores nos municípios de Iguape e Pariqueraçu, no Vale do Ribeira, em
Caraguatatuba e também no município de Guaratuba, no Estado do Paraná.
Caracteres morfológicos
Planta ereta com folhas verdes lobadas, base variando de cordada a sagitada, topo
acuminado e margens inteiras; a espata é também cordada, brilhante, coriácea, variando de 15-18
cm de comprimento e largura variando de 13,5 a 14,5 cm em observação realizada em plantas
cultivadas, sob telado a 80% de sombreamento, no Pólo Regional de Agronomia do Vale do
Ribeira. Coloração da espata vermelha, persistente, com nervuras salientes. O formato da espata
é cordiforme com os lobos ligeiramente fundidos. A espádice é de coloração amarelada quando
imaturo passando rapidamente a branca quando as flores se encontram férteis, com comprimento
variando de 8-9 cm por 13 a 16 mm de espessura, formando um ângulo de 13-400 em relação a
espata. A haste varia em comprimento de 70-80 cm e espessura, medida na base da espata. de 810 mm.
Caracteres agronômicos
Planta de porte de médio a alto, 90-100 cm de altura em plantas de 4 a 5 anos de idade,
sendo adaptada à produção de planta envasada, rústica e medianamente vigorosa. A coloração
vermelha da espata é firme e pouco sensível à ação dos raios solares intensos, apresentando boa
persistência sob 80% de sombreamento. A durabilidade pós-colheita em vaso com água é de
aproximadamente 25 dias.
‘IAC Ômega’ (IAC 14021)
É uma variedade de flor de corte selecionada para o cultivo e exploração comercial,
adaptada ao cultivo em solo orgânico e sob telado com 80% de sombreamento (vide: Anexo 3). ).
É registrada no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares- SNPC - sob o nº 11.311.
O novo cultivar ‘IAC Ômega’ é originário da seleção fenotípica direta das plantas do
produtor Satoru Sassaki, em cultivo em Registro, SP, em 30 de dezembro de 1988..
O ‘IAC Ômega’, de acordo com as observações que vêm sendo realizadas nos últimos
anos, é indicado, principalmente, para as condições do litoral do Estado de São Paulo, onde vem
sendo cultivado por produtores nos municípios de Registro e Pariqueraçu, no Vale do Ribeira,
em Caraguatatuba e também no município de Guaratuba, no Estado do Paraná.
Caracteres morfológicos
Planta ereta com folhas verdes lobadas, base variando de cordada a sagitada, topo
acuminado e margens inteiras; a espata é também cordada, brilhante, coriácea, variando de 20-25
cm de comprimento e largura variando de 16-21 cm em observação realizada em plantas
cultivadas, sob telado a 80% de sombreamento, no Pólo Regional de Agronomia do Vale do
10
Ribeira. Coloração da espata coral, persistente, com nervuras salientes. O formato da espata é
cordiforme com os lobos ligeiramente fundidos. A espádice é de coloração amarelada com o
ápice verde, quando imatura a porção amarela muda a coloração para branca quando as flores se
encontram férteis, com comprimento variando de 7,0-9,5cm por 10-16 mm de espessura,
formando um ângulo de 10 a 200 em relação à espata. A haste varia em comprimento de 70-90
cm e espessura, medida na base da espata de 8-14 mm.
Caracteres agronômicos
Porte médio a alto, 70-80 cm de altura em plantas de 4 a 5 anos de idade, , rústica e
vigorosa. As plantas quando jovens são moderadamente suscetíveis à antracnose (Colletotrichum
gloesporioides) devendo-se evitar o excesso de umidade sobre as folhas. Essa doença afeta,
principalmente, as folhas, causando uma necrose de coloração marrom. A coloração coral da
espata é relativamente firme e pouco sensível à ação dos raios solares intensos, apresentando boa
persistência sob 80% de sombreamento. A durabilidade pós-colheita em vaso com água é de
aproximadamente 20 dias.
SELEÇÕES IAC DE ANTÚRIO
Encontram-se ainda em fase de observações as seguintes seleções (vide: Anexo 3):
‘Iguape’ (IAC 17236)
Espata de coloração vinho escura brilhante; espádice creme/rosada; planta muito
produtiva.
'Isla' (IAC 14018)
Espata grande, arredondada, de coloração branca com bordos esverdeados (bicolor);
espádice branca/amarela; planta vigorosa, produtiva e de porte alto.
'Júpiter' (IAC 17237)
Flor de tamanho médio e coloração da espata branca creme; espádice rosada; planta de
porte alto.
'Juquiá' (IAC 17260)
Coloração da espata coral; espádice branca/amarela; planta de porte baixo com bom
perfilhamento e produtiva; recomendada para planta de vaso.
'Juréia' (IAC O-5)
Espata com muitas nervuras, de coloração coral luminosa, brilhante; espádice
branca/amarela; planta muito produtiva e de porte baixo; flor de corte de durabilidade póscolheita média, cerca de 25 dias.
'Luau' (IAC N-15)
Espata de tamanho médio a grande, de boa textura, brilhante e de coloração branca firme;
espádice quase totalmente branca; planta produtiva; flor de corte de longa durabilidade póscolheita.
‘Netuno’ (IAC 16770)
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Planta de vigor médio, exigente em nutrição mineral e sensível ao excesso de umidade no
solo, alta produtividade; espata de tamanho médio de formato bastante arredondado, com boa
enervação e de coloração vinho amarronzada muito escura ("negro"), contrastando com a
espádice branca de ápice amarelo-esverdeado.
'Rubi' (IAC 14019)
Espata grande, plana, com boa enervação, de coloração vermelha escura; espádice
branca/amarela; planta de porte alto e desenvolvimento lento; flor de corte de longa durabilidade
pós-colheita.
É importante, neste momento a participação de outras instituições de pesquisa e do
próprio produtor no processo de seleção, pois o IAC possui apenas estrutura adequada para
avaliar as seleções no Vale do Ribeira. É fato já conhecido que as variedades expressam
comportamento diverso conforme a região de cultivo e deve-se levar em conta que as seleções e
variedades IAC encontram-se em cultivo de norte a sul do país.
NOVA SÉRIE: TRIBOS INDÍGENAS BRASILEIRAS* (vide: Anexo 4)
* mudas disponibilizadas em pequena quantidade em caráter experimental
‘Aikanã’ (IAC NL 79) – espata e espádice verdes
`Apalai’ (IAC NK 130) – espata vermelha clara e espádice branca
‘Zoé’ (IAC NM 157-158-159) – espata e espádice rosa encarnada
‘Aruak’ (IAC NK 142-143-144) – espata branca com nervuras rosas e espádice branca
‘Ianomami’ (IAC 84-85-86-87) – espata bicolor laranja forte com bordos verdes e espádice
‘Kauê’ (IAC NK 151-152) – espata marrom e espádice verde
‘Krenak’ (IAC NL 89-90) - espata branca-rosada muito clara bicolor com bordos verdes e
espádice branca
‘Kinã’ (IAC NM 70) – espata verde com nervuras de tons amarronzados e espádice verde
‘Krahô’ (IAC NK 10) – espata vermelha grande e espádice branca
‘Parakanã’ (IAC NK 50-51) – branca (rosada muito clara) espata e espádice branca
‘Terena’ (IAC 154-155-156) - espata rosa forte bicolor com bordos verdes e espádice branca
‘Xavante’ (IAC NK 129-131) - espata salmão bicolor com bordos verdes e espádice branca
rosada
AGRADECIMENTOS
A equipe técnica agradece aos estagiários que colaboraram para o desenvolvimento deste
projeto: Alcides Cremonezi, Andressa Nery, Eidinete Aparecida Quirino, Ivam Moraes de Abreu,
José Marcos Leme e Sara Gonçalves Ferreira de Castro.
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AQUISIÇÃO DE MUDAS
Laboratório ClonAgri
Artur Nogueira SP
Tel. (19) 3802-1880
Laboratório Biovale
Pariqueraçu SP
Tel. (13) 6856-1656
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CASTRO, C.E.F.; MATTHES, L.A.F. & FERREIRA, M.A.
Conservação pós-colheita de antúrio. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE FLORICULTURA E PLANTAS ORNAMENTAIS, 4, Rio de Janeiro, 1983.
Anais. P.257-263.
FUKUI, H.; ALVAREZ, A.M. & FUKUI, R. Differential susceptibility of anthurium cultivars to bacterial blight in
foliar and systematic infection phases. Plant Disease, 82: 7, 800-806, 1998.
HIGAKI, T.; WATSON, D.P. & LEONHARDT, K.W. Anthurium culture in Hawaii. Honolulu, University of
Hawaii at Manoa, College of Tropical Agriculture & Human Resources, Cooperative Extension Service,
1973. 20p. (Circular, 420)
LATIN-ROSÁRIO, T. Anthuriuns/PB. Laguna, University of Philippines at Los Baños, College of Agriculture,
Institute of Plant Breeding, 1983. 33p. (Bulletin, 5).
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LOPES, L.C. & MANTOVANI, E.C. O cultivo de antúrios. Universidade Federal de Viçosa, 1980. 9p. (Boletim
de Extensão, 22).
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PITTA, G.P.B.; CARDOSO, R.M.G., CARDOSO, E.J.B.N.
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TOMBOLATO, A.F.C; CASTRO, C.E.F.; MATTHES, L.A.F.; TAGLIACOZZO, G.M.D.; CARNEIRO, T.F. &
COSTA, A.M.M. O cultivo de antúrio: produção comercial de flores de corte. Instituto Agronômico e
Programa Nacional de Agricultura Familiar - PRONAF, novembro 1998, 24p. (apostila)
TOMBOLATO, A.F.C; MATTHES, L.A.F.; CASTRO, C.E.F.; SAES, L.A.; SUGIMORI, M.H. & COSTA, A.M.M.
Seleções IAC de antúrios. Instituto Agronômico e Programa Nacional de Agricultura Familiar - PRONAF,
novembro 1998. (folheto)
TOMBOLATO, A.F.C.; MATTHES, L.A.F.; CASTRO, C.E.F.; SAES, L.A.; SUGIMORI, M.H. & COSTA, A.M.M.
Novo cultivar de antúrio IAC ‘Astral’. Secretaria da Agricultura e Abastecimento, Governo do Estado de São
Paulo, 1997 (folheto).