Confluências - Escola Secundária de Camões
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Confluências - Escola Secundária de Camões
BOLETIM ESCOLAR Confluências Confluências (2ª Série) maio-junho 2016 Mudam-se os tempos, movem-se as pontes DIA ABERTO (21 de abril) e outras iniciativas do 3º Período! Nesta edição: SUCESSO NOS EXAMES E BOAS FÉRIAS! Envio de trabalhos para: [email protected] Scriptomanias /Memorable Journeys…..……. pp. 2-5 Visitas de estudo …….. p. 6 Concursos Literários Camões …………………. pp. 7-13 Encontros & Geração Z ……………… pp. 14-13 Ler para Viver & Dia Aberto …………….. pp. 16-17 Projeto Coastwatch … Projeto PESES ………. Breves …………………... p. 18 p. 19 p. 20 Página 2 Confluências SCRIPTOMANIAS A Imortalidade dos Nomes «Como é imenso! E como é belo!». É este o primeiro pensamento que me ocorre perante o convento-palácio de Mafra que, nas palavras do guia, tem cerca de quarenta quilómetros quadrados (o equivalente a mais de três campos de futebol), oitocentas e oitenta salas e quartos, quatro mil e quinhentas portas e janelas e, para o caso de ainda não estarmos boquiabertos, dois conjuntos de sinos – cento e dez sinos no total, fenómeno único no mundo. Não tivemos a sorte de os ouvir tocar. Uma obra de gigantes, levada a cabo por mais de cinquenta mil trabalhadores que, durante os treze anos que durou a construção, viveram em barracões provisórios, em condições miseráveis. Baltasar Sete-Sóis tinha a vantagem de ter casa na vila de Mafra, e a mulher e a família perto de si, ao contrário da maioria dos operários; e, ainda assim, que trabalho tão árduo o seu, sem pausas, sem recreios, sem descanso verdadeiro. E se não tivéssemos o romance de Saramago para nos lembrar a vida de Baltasar e dos outros, pensaríamos nós no sacrifício que implicou a construção deste convento que agora visitamos, obra, como tantas outras, imaginada do alto do poder e executada por aqueles que não têm voz? Como é possível que se tenham mobilizado milhares de pessoas para servir os interesses de escassas dezenas, e como é possível que as vidas dessas pessoas não valham nada, nem o reconhecimento devido? A pedra, a enorme pedra transportada de Pêro Pinheiro até Mafra, por Baltasar e outros como ele, num empreendimento quase sacrificial, parece pequena, insignificante, incrustada na fachada interminável do edifício. E lá dentro, os ornamentos, as esculturas, os quadros, as mobílias, os tecidos, as peças, multiplicam-se, e a nossa atenção não consegue captar tudo. Como é possível este elevado grau de pormenor num edifício destas dimensões! E fica claro que o trabalho dos operários foi apenas o trabalho de base, o trabalho primário sobre o qual outros trabalharam. Como é fácil, depois da construção terminada, esquecer o esforço de quem pôs pedra sobre pedra! A diferença entre o trabalho dos operários e o dos artistas que decoraram o edifício é o facto de Título: Confluências Iniciativa: Departamento de Estudos Portugueses Coordenação de edição: António Souto, Manuel Gomes e Lurdes Fernandes Periodicidade: Trimestral Impressão: GDCBP Tiragem: 250 exemplares Depósito Legal: 323233/11 Propriedade: Escola Secundária de Camões Praça José Fontana 1050-129 Lisboa Telefs. 21 319 03 80 21 319 03 87/88 Fax. 21 319 03 81 os primeiros trabalharem sem saberem qual o objetivo final do seu trabalho, seguindo apenas ordens, e os segundos fazerem um trabalho consciente e personalizado. Até poderia ser que, perante a descrição do modo de vida da corte de D. João V – de um luxo e ostentação indescritíveis – e perante espaços tão belos como o são as salas do palácio, a basílica ou a biblioteca do convento (digna de contos de fadas) nos esquecêssemos dos pobres operários que sacrificaram anos de vida para que a obra se concluísse. Mas temos Saramago. E, citando o escritor, acerca dos trabalhadores: «já que não podemos falar-lhes das vidas, por tantas serem, ao menos deixemos os nomes escritos, é essa a nossa obrigação, só para isso escrevemos, torná-los imortais». Inês Faria, 12º B Página 3 Confluências SCRIPTOMANIAS Uma Verdade Mascarada de Fantasia Acabei recentemente de ler Uma Fantasia para Dois Coronéis e uma Piscina de Mário de Carvalho. A narrativa segue a vida de várias personagens, que se cruzam algumas vezes ao longo do romance. O narrador, omnisciente e omnipresente, contacta várias vezes com as personagens, entrevistando-as, e expressa a sua opinião ao longo da narrativa. A linha entre a fantasia e a realidade é muito ténue. Apesar de seguir a vida de várias personagens o narrador foca a sua atenção em duas, o Coronel Bernardes e o Coronel Lencastre. O Coronel Bernardes vive num monte alentejano, onde manda construir uma piscina. Com ele vive também a sua mulher, Maria das Dores, uma mulher culta mas desbocada, que fala grosseiramente. Certo dia os Bernardes almoçavam fora quando encontram os Lencastre. Em conversa, o Coronel Bernardes convence os Lencastre a mudarem-se para um monte vizinho, excelente pretexto para se distanciarem do filho que, com quase quarenta anos, continuava a viver à custa dos pais, preocupado com ideais pouco claros. Após a mudança dos Lencastre para o monte vizinho, os coronéis entram num ritual: todas as tardes se encontram junto à piscina, sem nunca a utilizarem, e falam, bebem e vigiam as redondezas, como nos tempos da guerra. Emanuel é outra personagem do romance, que se vê nas mais insólitas situações. É um mestre de xadrez e no seu tempo livre ganha uns trocos procurando água em propriedades. É sobre este pretexto que visita os montes dos coronéis. Esta obra relata uma verdade mascarada de fantasia. Ao longo do romance o narrador utiliza os acontecimentos e fantasias para criticar a sociedade portuguesa, denunciando aspetos como o adultério, a prostituição, a inércia da juventude, a corrupção, e o fanatismo. Um dos exemplos mais marcantes desta crítica encoberta pela fantasia passa-se quando Emanuel está numa área de serviço a atestar a sua Renault 4L e nesse momento chega um autocarro com adeptos de um clube. Estes saem do autocarro como animais, correndo a quatro patas, e destroem a bomba de gasolina. Uma clara crítica ao fanatismo clubístico sob a forma de fantasia. Outro exemplo de crítica social respeitante à desonestidade, passa-se durante a construção da piscina: o Coronel ausenta-se uns dias e os construtores (e a sua empregada), aproveitam para guardar as moedas de ouro que encontram nas escavações para a piscina. Este romance é extremamente interessante embora um pouco difícil devido às constantes interrupções, mudanças de narrativa e inserção de fantasias. A crítica social é muito bem conseguida, daí a leitura ser divertidíssima. Trata-se de uma obra completamente diferente de qualquer outra que tenha lido. Leonor Alves, 12ºA A Tábua de Flandres A Tábua de Flandres, romance histórico de mistério escrito por Arturo PérezReverte, foi um dos maiores sucessos da carreira deste autor. Trata-se de uma narrativa ficcional, focalizada na representação pictórica de uma partida de xadrez que, ao ser restaurada por Júlia, a personagem principal, revela a chave para um assassinato acontecido há meio milénio. A jovem, em conjunto com um antiquário homossexual e um génio do xadrez, tenta resolver este interessante enigma e vê-se envolvida numa teia empolgante de assassinatos e mistérios, que exploram a ligação entre o passado e o presente e as conexões entre várias artes, como a Pintura e a História. Esta obra foi muito bem recebida tanto pelo público como pelos críticos, o que se justifica pela sua qualidade. A progressão da narrativa é habilmente construída, assim como o desenho das personagens, o que, em conjunto com o rigor histórico, complementado com alguma originalidade e liberdade criativa por parte do autor, torna este livro num incrível e fascinante romance, quase impossível de deixar de ler. Podemos, também, encontrar inúmeras citações e referências históricas que, para além da sua dimensão filosófica, provam a vasta cultura do autor, características que tornam ainda mais evidente a qualidade deste livro. Por tudo o que fica exposto, podemos concluir que estamos perante uma obra de excelência, a recomendar a todos, por se tratar de um incrível exemplo de um texto literário bem tecido e bem escrito (para além de bem traduzido, no caso da versão aqui analisada), que enriquecerá qualquer leitor. Thomas Childs, 10ºC Página 4 Confluências SCRIPTOMANIAS Cruise journey to Northern Europe One of the most memorable journeys I've ever made took place during the Summer of 2014 when I went on a cruise ship journey to Northern Europe. On the 12th July 2014, I, my grandmother, my grandfather and my brother boarded on a plane to Arlanda Airport, 40 km away from Stockholm, Sweden. Our flight was at 6 am and it had a duration of 3 and a half hours. The cruise shipped out of Stockholm, heading towards Helsinki in Finland, then to Saint Petersburg, in Russia. Afterwards it set sail to Tallinn in Estonia and finally to Riga in Latvia. We stayed one day in each city, except for Saint Petersburg, where we spent two days. I knew beforehand that it would be cold in those countries, therefore, I packed autumnal clothes and a couple of summery ones, just in case it was warm on any of those days. Before going I also did a research of each country's history. Saint Petersburg was my favourite city due to the marvels of all the monuments. I walked down Nevsky Prospekt - a long and commercial avenue, I saw The Winter Palace and The Hermitage Museum. I stood in The Red Square, where during soviet times it was illegal for a civillian to stand on. I also saw The Aurora Warship, which had been responsible for firing the cannon in 1917, which gave the signal to the soldiers of the revolution to invade The Winter's Palace where the tzar and his family used to live. I loved every single day of the trip because I got to see a lot of interesting sights and monuments in different countries and I also loved the cruise ship because of all the amenities it offered. I felt incredibly blessed and happy for having the opportunity to travel this much. Today I still remember all the facts that I learned while I was abroad and I still cherish all the memories that I created. Rita Cunha, 11º B Memorable Journeys My memorable journey One of my favorite journeys was when I went backpacking in the mountains. I and my older cousins spent three days and two nights walking through the mountains. Before the trip we had to do a lot of preparation. We already had most of the equipment like tents, sleeping bags and other basic things, but we had to buy food and medical supplies. We also studied the maps and the trails because it is very easy to get lost in the wild. The first day was amazing, but also very difficult. We saw extraordinary landscapes, plants and animals. At first, it was a bit scary to be alone in the wild, but it also felt really good to be away from the big cities and all the noise. It was hard to walk for so many hours and by the end of the day we were exhausted and our feet hurt so much. The night was incredible! The sky was beautiful and full of stars. The next two days we visited the most amazing places and we also met some great people along the way. By the end of the journey we were really tired and our legs and feet hurt so much that we could barely walk. But it was completely worth it. It was a wonderful experience for all of us, and we will definitely do it again. Beatriz Santos, 11º C Página 5 Confluências SCRIPTOMANIAS Mountain top It's been quite some time now, since I had a good memorable journey to tell about. I remember this time, a few years ago, when I went to a friend of mine's summer house, and we decided to go mountain climbing. We were not well prepared, to be honest. With us, we only had a backpack with our lunch, nothing else. All the four of us headed down to the trail on which the journey would begin. We were slightly nervous, but no fear could stop us from reaching the mountain peak. Soon after the journey began, we realized that the trail was long gone, and we had to mind our steps very carefully. The mountain edge was very steep, and we only had some vegetation to grab on. Most of us were feeling as if we were about to fall, but we managed to get to the top. It was a very rewarding experience overall. We had the chance to observe the gorgeous landscape, and to feel the adrenaline rush while we were climbing. Ricardo Castelhano, 11º C Memorable Journeys Travelling to Amsterdam It was seven o'clock in the morning when we took off from our home headed to Lisbon Airport. Destination: Amsterdam! We were going on a friends trip. No parents to alert you for "the dangers of the world" while travelling. Of course, you have to be careful, but do you really need to be alerted every five minutes? I had been packing for hours. So many things to carry with me: clothes, eletronic devices, books, everything. I felt like a turtle with my home on my back. With all this in my backpack and my group of friends waiting, ready to embrace the adventure of being alone in an unknown country. The flight was the most boring part. All of us had been in a plane before and nothing was new. Once on land, one thing stood out. There were bikes everywhere. Small and enormous ones, vintage and futuristic, for young and old people. Besides that, we visited many places. We went to Het Museumplein, which is a plaza that houses many museums like the Van Gogh Museum. It is the plaza with the "I amsterdam" in red and white sculpture. I also enjoyed myself on a little boat at the channel tour we made. It was awesome! The people seemed very nice to us but I felt like a parasite among them. I thought I was taking their space away. However, that didn't stopped us from having fun together. I had much fun too, running around from one place to another always with a camera to record every moment. I have to say this trip was one of the best holidays I have ever had. I felt great in every single moment of our journey. All the hard work to make some funds to get to The Netherlands had been paid off. On the other hand, I would have liked to be more than five days in Amsterdam. I had thought I was going to do so many things and I ended up doing not even half of them. Daniel Barreto, 11º C Página 6 Confluências VISITAS DE ESTUDO Camonianos “invadem” Museu do Teatro Romano de Lisboa No dia 18 de Março de 2016, sexta-feira, último dia de aulas do segundo período, alguns alunos de Latim A (turma 10K) e os de Latim B (12L), juntamente com alunos de Latim do Instituto Gregoriano de Lisboa, visitaram o Museu do Teatro Romano de Lisboa e as ruínas arqueológicas do Teatro Romano de FELICITAS IVLIA OLISIPO, denominação de Lisboa ao tempo do Império Romano. Os participantes tiveram oportunidade de “entrar dentro” da Lisboa romana graças aos novos recursos scriptovisuais do renovado e muito bem organizado Museu e tomar conhecimento “in situ” de uma das mais importantes realidades culturais e artísticas da civilização romana em território nacional: o teatro. Esta visita de estudo enquadrou-se nos conteúdos e objetivos da disciplina. Para os professores organizadores, foram cumpridos os objetivos propostos. Prof. Mário Martins – ESC (texto) Prof. Margarida Espiguinha - IGL (fotos) Felizmente Há Luar! no 3O No dia 11 de Março de 2016, a turma 3O (Curso Profissional Técnico de Serviços Jurídicos) assistiu, no teatro A Barraca, à representação de Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro, obra estudada na disciplina de Português. Esta atividade foi um prémio merecido para um grupo de alunos, na sua larga maioria, dedicados e interessados. - Que a vida vos sorria sempre! E que cada um para ela sorria! Vosso Amigo e Professor, Mário Martins Página 7 Confluências CONCURSO LITERÁRIO A 11ª edição do Concurso Literário Camões vem mais uma vez provar que a escola tem cumprido um dos seus objetivos, o de estimular, junto dos alunos, as capacidades criativas de leitura e de escrita. Nesta edição houve menos participantes mas a qualidade melhorou, apesar do desafio difícil – glosar o lema do PAA da escola: Mudam-se os tempos, movem-se as pontes. Por isso o resultado final, materializado num pequeno livro (à venda na BE/CRE) e em e-book (que pode ser acedido em http://www.escamoes.pt/ebook/#!/ page_SPLASH) é positivo e fica lançada a ponte para futuras edições deste concurso literário que envolve a nossa comunidade escolar. A entrega de prémios realizou-se no auditório, em simultâneo com a entrega dos prémios do English Writing Contest. A cerimónia, cuja temática estava associada ao lema do PAA, Mudam-se os tempos, movem-se as pontes, teve a colaboração de vários alunos da escola, desde os apresentadores, aos alunos de informática que conceberam um vídeo sobre a construção do edifício do Lyceu Camões e aos músicos, e a inédita participação de alunos do 3º ano da Escola Básica Luísa Ducla Soares, num projeto de robots e drones. Reiteramos a todos os autores dos textos de poesia e conto, por igual, a nossa gratidão. Sentimento que tornamos extensivo a quantos, formal ou informalmente, colaboraram e tornaram possível esta iniciativa. “Sobre ombros de gigantes nos erguemos exuberantes/ e também nós olhamos além, só o horizonte é parda parede azul.” João Oliveira, 12º C (3º prémio de poesia) Lídia Teixeira e Teresa Saborida (organizadoras do XI Concurso Literário Camões) CONTO (1º PRÉMIO) O Passageiro Mariana Almeida – 12º L Como todas as manhãs o fizera, hoje voltava a passar a ponte. Todos os dias tinha de percorrer aquele longo e enfadonho caminho para chegar ao outro lado. Costumava ir sozinho mas sempre na companhia de um bom livro. Considerava-os melhor companhia que muitas pessoas que por vezes faziam questão de o acompanhar a qualquer lado. Ele fugia, pelo menos fazia todo o esforço que conseguisse para evitar esses momentos constrangedores. Não sabia o que havia de falar, não tinha nada para dizer. Mas os outros, esses tinham sempre muito que conversar. Era nesses momentos que agradecia por todo o caminho que tinha de percorrer todas as manhãs. Mal entra no comboio é como se entrasse na sua bolha, encontrando a paz que procura. Senta-se abre a página marcada e é levado para outro lugar. Ali, conhece outras pessoas, vive outras coisas e passa outras pontes percorrendo outros caminhos. Tudo é diferente e ora aí está. É isso que o faz adorar os seus livros. Passa o caminho todo concentrado, mal pisca os olhos e nunca os tira de cima daquelas páginas. Mas hoje, algo se passava. Como todos os dias, saiu de casa, caminhou cerca de oito minutos até à estação, chegou às 11h41 com quatro minutos de espera até à chegada do comboio. Entrou na segunda carruagem, subiu até ao andar de cima e sentou-se na terceira fila do seu lado direito junto à janela. Para sua surpresa o lugar estava ocupado. No último ano e meio em que percorrera aquele caminho e se sentara naquele preciso lugar nunca se tinha deparado com uma situação destas. Mas o lugar não estava ocupado por uma pessoa qualquer. […] Página 8 Confluências CONCURSO LITERÁRIO CONTO (2º PRÉMIO) À distância de uma ponte Mariana Maurício Vieira - 12º A Lisboa estava a mudar. Cada vez mais os indícios dessa mudança se tornavam evidentes para os seus habitantes que deixavam de ser tão homogéneos e tão próximos uns dos outros, uma vez que a cidade se expandia, tornando-se global, ou seja, o mundo despertara para os seus encantos, incluindo João. Como muitos jovens portugueses, João preparava-se para emigrar em busca de melhores condições de vida e de explorar um mundo que, apesar de tudo, era diferente do seu. Movido por esta ambição e curiosidade, decidira partir para um dos centros de uma antiga colónia espanhola, Buenos Aires, também uma cidade portuária em desenvolvimento e cuja história era marcada pela emigração. Contudo, estas semelhanças com Lisboa só o fariam sentir menos saudades, pois Lisboa era única. E, sabendo que partiria sem data de regresso, optara por despedir-se dela naquele dia. Começou pelos seus bairros típicos, desde o Castelo de S. Jorge onde se erguia um castelo construído pelos mouros e onde os becos transportavam as pessoas para um passado onde não existiam carros largos, apenas rapazes a brincar no chão; seguiu para Alfama onde à noite se ouvia o fado e desceu na direção da Catedral da Sé assim como da Igreja de Santo António, santo padroeiro da cidade com um dia próprio. Sim, certamente sentiria saudades da madrugada que antecedia este dia, quando a cidade não dormia, estava envolta numa névoa de fumo com cheiro a sardinhas e via os representantes dos seus recantos desfilarem na sua mais importante avenida. […] CONTO (3º PRÉMIO) Ser-se tudo, sendo nada Joana Flor– 12º L Bárbara enverga a gabardine que comprara em Paris. O conforto do tecido traz-lhe boas recordações, dissipa a mágoa e o medo que sente ao percorrer aquele caminho. Vai ouvir cantar Lisboa. As constantes paragens, o 'pára-arranca' tão comum, provocado pelo trânsito infernal que reina naquele lugar, já tão longe de Lisboa, dão-lhe o descanso de que tanto precisa. Bárbara perdera toda a força, se é que algum dia a teve, se é que houve vontade nesse seu corpo franzino. Olha agora para as mãos, entrelaçadas no volante do carro. Brancas. Nuas. Vazias. Era assim que se sentia. Simplesmente adormecida, sem qualquer âncora que a consiga puxar para cima depois de tantas correntes a arrastá-la, violentamente, para o fundo, para o negrume por onde está perdida, entre o nevoeiro e todos os que largaram as amarras. Já não se conhece. Deu tudo o que tinha até nada sobrar. Nem alma, nem sorrisos, nem Bárbara. Está hoje despovoada. Já não é alguém, deixou de o ser, deixou de ser Bárbara para ser ninguém. Custa-lhe sorrir, custa-lhe a ausência. Emana um cheiro nauseabundo a gasolina e a borracha gasta, pelo ar circula um ruído intermitente de buzinas e motores impacientes, mas Bárbara já não o consegue ouvir. O barulho dos seus pensamentos derruba qualquer outro som. É um embalo que a acompanha, não, que a guia pela obscuridade. Santiago, atrás, espreita o rio que se avizinha. […] Página 9 Confluências CONCURSO LITERÁRIO na areia e deito-me com a maresia (seria de pensar que sou feliz) (1º PRÉMIO) custa-me a ausência custa-me o peso do meu erguer “Esta é a história dos rios. e o amanhã POESIA Poderão roubar a sua água até secarem. Mas não roubarão a sua história.” (Mia Couto, in Mulheres de Cinza) e se te dissesse que fui água amar-me-ias? olhas para trás queres-me querer-me-ias? mas tudo é água tudo se desvaneceu antes de encontrar a luz se soubesses que nos meus escombros se escone se te dissesse que sou água dem as mais e que me custa o respirar tristes histórias já não me reconheço amar-me-ias? se te contasse que andei sempre incerto como rio a que faltavam os pilares para ser alguém [a história do meu rio é a verdade nua e crua dentro de ti] ouvirias? todos os dias acordo com o bater da espuma POESIA (2º PRÉMIO) sentado sobre a raiz do teu diospireiro contemplo o que no tempo é a fertilidade do suor do teu rosto marejando a face de um sol posto no regaço farto da terra negra passo pela pele a firmeza do teu sorriso e colho da árvore o teu fruto favorito é com deleite que percebo os teus dedos com a paciência e a sabedoria do instrumento que rio é este em que já não corre água mas o olvidar de um tempo em que fui serei? ainda não sei sequei mas nunca roubarão minha história. a Joana Flor, 12º L penetrarem na carne laranja do poente e mergulharem no rio circunstancial da vida o tempo não é mais do que dióspiros que plantados por pais e colhidos por filhos são saboreados na tenra idade que não permite o desperdício neste lado do caminho com o suco do fruto no canto da boca sentado sobre a raiz da tua árvore sei hoje que a morte é coisa pouca. Bruno Rodrigues Pinto, 11.º 3.ª Página 10 Confluências CONCURSO LITERÁRIO POESIA (3º PRÉMIO) Ode I Ouvi flores do mal sobre um rochedo ao tempo declamarem torpedos e afugentaram-no e elevaram-se à celestial intemporalidade. Vi ignorada a leveza do ser sob a forma de rebanhos guardados, encadernados e etiquetados da cartas passadas do universal remetente ao anónimo recetor. Recolhemos as águas atravessadas e cortadas das naus das Índias e guardamo-las em frascos para as saborear longa e tardiamente enquanto sonhamos ter de verdade o canto do vesgo sobre o mar que é nosso. II Abram-se fendas na crosta do chão que se expurgue tremenda a nova Terra incandescente viva e travessa e que engula a poeira que tapa. Não renasça mais a Fénix exausta de viver a sua língua vibrante serpenteia Caminhando por altas ruas de bairro ou contido entre os cúmplices ouvidos da memória das pare- foge da boca e corrompe como cordas nos amarra e nas palavras des do meu quarto segredarem-me a já obliquamente caída chuva tal medusa nos petrifica a alma ainda verde no canteiro. dourada que prendeu prometendo não largar a Terra materializada em estacas de centeio que se crava- Esmoreçam as barragens e pontes sobre os rios que se banhem hoje nas vólucres ram no chão em que esperei. efémeras e imparáveis águas do tempo. Conheci serafins sem asas que caminharam a Ao som do turbilhão de ventos milhares meu lado pregando-me eternos contratos e desafiarem desabem os campanários avessos a este mundo Abraxas e os seus 365 céus por angústia incendiados e sob cinzas esque- da imóvel, imutável e pesada memória. cidos e soprados ao vento caindo no imenso areal e engolidos sob as ondas Sobre a tremida terra inquieta de mudança tombe a Torre tal Babel. do oblívio. Sobre ombros de gigantes nos erguemos exube- Oh, Velho lobo, eu oiço-te Partamos o ovo que é mundo rantes a ave quer nascer. e também nós olhamos além só o horizonte é parda parede azul. E quando fores engolido pela Terra Mas não desesperes também tu, velho homem, e quando nela fores aceite como seu e como igual não perturbarei o teu perpétuo silêncio. que estes não mais mexem não são eles sagrada carne mas monumentais pedras de moinho. João Oliveira, 12.º C Página 11 Confluências CONCURSOS LITERÁRIOS - entrega de prémios Página 12 Confluências 2nd Camões English Creative Writing Contest Camões’ English writing contest runs on its second edition already with a pretty heavy theme, should you choose to look at it that way: bridges. A word that can mean so many things to so many different people, as it’s clearly evidenced by this year’s entries. As a matter of fact, we really don’t need to go much further than this competition’s namesake to find a good example: writing. Writing is, for readers and authors alike (of any age & experience), a bridge, in its own way. It’s an outlet, simply put; a passage way that leads you to escape & travel somewhere, whether that is deep within the main character’s mind or amidst the detailed scenery of a good passage. More often than not, we write not because we must, but because we need it; like with bridges, we use it to let something pass, as cheesy as that may sound. Whether that ‘something’ means a sunny Summer afternoon or a harsh time in our life, or something else entirely. Bob Dylan once said, “I was born very far from where I'm supposed to be, and so I'm on my way home.” I don’t know where home is, or how I’m getting there, but writing surely ought to take me, and so many others, somewhere close. Somehow. Madalena Landeira, 10ºK 1st prize Poetry We’ll fly freely above the land I’m building When you look at yourself in the mirror… Tell me, love, what do you see? Darkness as bright as a black hole shines! The bird that rests in thy heart, a dove: Your bridges will be secure here We will construct them with our love. Come closer sweetie, I will shine for thee! Once you look at yourself in the mirror… You cry of despair for your lover’s sake, The one that took off and left you behind! Those bridges he built were all over fake… Whence could so much cruelty lie? Those bridges were nothing but places to die, Their paths tumultuous, unclear and uneven: You fell over and over with no place to stay… Come closer, sweetie, I will take you to heaven! Tell me, love, what do you see? My heart is open and happy and fancy! Come closer sweetie, I’m still shining for thee. Helena Fonseca, 10B Página 13 Confluências 2nd Camões English Creative Writing Contest 1st Prize Fiction The great bridge between childhood and adulthood, and how I came to cross it or why imagination is our most precious treasure She lied quietly on an old bridge, One dressed by time with twigs and leaves, and memories of old. Her legs were crossed, balancing beneath the running water, albeit never touching it directly — for the bridge nymphs couldn’t get to her, nor her mother’s reprimands had she ruined her sparkly new shoes. Fish were swimming hurriedly, winds were blowing soundly, strawberries spurting slowly, birds humming gracefully. — I met her in a Spring afternoon. Coming closer, I spotted flowers in her hair, though picked only from the ground — for she could not anger the forest fairies, nor destroy her sweet neighbor’s garden, which she treasured more than herself. I sat next to her, slowly at first, studying her features. I analyzed her snub nose, her pink cheeks, her big, honey colored-eyes. She looked at me eventually, carrying the whole world in her irises and all the stars in her freckled arms. — A breeze went through me. I braided her hair as she told me the stories, older than ourselves and perhaps the entire universe — she told me everything, from the sap trees with aching hearts to the ancient stones with breathing lungs. I asked her how she knew, how she had convinced the trees and the water and the earth to tell her all their tales, and if I could listen, too. She grinned, telling me neither of us was wise enough to hear them. Her grandma, knowledgeable of the old ways, had told her all about it. She was going to pass it on, she told me. — I believed her. ~ For time unmeasurable, the precise amount only known amongst the old trees, (Time-keepers and protectors of the young and old alike) We sat and talked, and ran, (and scraped our knees,) and smiled, and cried, and studied the stars, and the water, and the flowers, and ourselves. And just like that one day, one otherwise beautiful, sunny day, she was no longer sitting there, on the (now foregone) pathway. ~[...] Madalena Landeira, 10K Página 14 Confluências ENCONTROS COM A HISTÓRIA António Souto «Pois assi se fazem as cousas» Anda já uma pessoa arreliada com a vida e com a dilhar a obra e o seu artesão, para que provadamente se sousorte e surge sempre alguém para atiçar o cavacão. Explico- besse e registasse a mesquinhez de quem nem sempre está à me. altura dos augustos car-gos que ocupa, gente que mais tarde, Tive e continuo tendo por Saramago uma especial num mal remendado ato de contrição, viria a deliberar a atribuição da «Medalha de Mérito - Grau Ouro» da Câmara Muni- estima. Acheguei-me a ele, e isto é um modo de dizer, pratica- cipal de Mafra ao grande e reconhecido escritor Saramago. mente quando se começou a dar notícia da sua longa e singu- Da segunda malvadez, e à parte ter-se perdido uma opor-tunilar narrativa, a levantar-se do chão, passe o trocadilho, e dade mais de igualarmos na Europa os grandes dela, houve depois fui-lhe des cobrindo os versos e seguindo-lhe as pala- polémica de norte a sul por tudo e pelo seu contrário, houve vras que com regularidade se anunciavam. Um dia, tive o pri- para a nossa história da liberdade um ato declarado de censuvi-légio de lhe apresentar um livro em terras estrangeiras, ra, houve razões de sobra para que Saramago se exilasse em esse mesmo que mais tarde se moldaria a filme pelas mãos de Lanzarote, tudo isto por mor de «O Evangelho Segundo Jesus um brasileiro, e de com ele privar por uma noite de inverno Cristo» não representar Portugal e atacar «princípios que têm adentro, e o homem que conhecia por fora revelou-se-me um a ver com o património religioso dos portugueses», segundo as homem novo, humano e próximo. Isto foi a um ano da consa- santas palavras de quem teve o ofício de sentenciar. gração do Nobel, e tive dificuldade em perceber en-tão, como Mas porque não há duas sem três, e para que se saiba que antes tivera, a hipocrisia de quem um dia dera pa-recer nega- afinal há sempre quem se obstine em confundir género humativo para que o seu nome fosse atribuído a uma escola de no com Manuel Germano (Mário de Carvalho que me perdoe a Mafra, exatamente da vila que servira de palco a uma das má apropriação), ficará uma quinta-feira do mês de fevereiro suas mais prestigiadas ficções, a mesma hipocrisia asnática deste nosso ano de 2016 marcada pelo expressivo ato presidenque haveria de jorrar de um político de ocasião ao vetar uma cial de agraciar, com as insígnias de Grande-Oficial da Ordem outra obra do escritor para o «Prémio Literário Europeu» de do Infante D. Henrique, a santi-mónia do ex-subsecretário de 1992. Da primeira ruindade ficou o mundo a saber com a expo- Estado que patrioticamente proscreveu a heresia saramaguiasição «José Saramago: a consistência dos sonhos», que entre na. Madrid e Lisboa deu a conhecer largas centenas de testemu- E a despropósito, para que não fique o mês assombrado, esta nhos documentais do e sobre o autor, e pelo meio blasonou as pérola televisiva: «O senhor procurador tinha a seu cargo quaatas da assembleia municipal e do executivo mafrense para tro processos e ambos os quatro foram arquivados!» que ninguém ignorasse o prima-rismo de juízos afoitos a enro- in Revista human, Maio 2016 Página 15 Confluências ENCONTROS COM A ESCRITA Encontro com o escritor Mário de Carvalho Hoje, 12 de maio de 2016, pelas 10 horas, a convite da professora bibliotecária, Maria Teresa Saborida, três turmas receberam o escritor Mário de Carvalho. Feita a apresentação do convidado, a turma de Latim, da professora Rosa Costa, expôs, através de um «power point», o resultado da pesquisa efetuada na obra "Quatrocentos Mil Sestércios" (1991) sobre as referências de origem latina, em termos lexicais (toponímia e onomástica) e culturais (rituais domésticos e espaços familiares e sociais). Deste estudo fica a ideia de que escrever é uma atividade que exige trabalho porfiado, pois, como Mário de Carvalho confirmou, «o escritor tem obrigações para com o seu leitor». Afinal, só compreendemos o presente se lhe conhecermos as raízes! Questionado pela moderadora sobre a 'qualidade' do tempo que viveu no Liceu Camões, quando, aqui, frequentou o último ciclo do ensino liceal, Mário de Carvalho revelou que esse período correspondeu a uma experiência complexa, pois se encetou relações de amizade com colegas que se distinguiram (e distinguem) em importantes áreas da vida portuguesa, também descobriu, de forma dolorosa, como é que se asfixiava o anseio democrático... Quanto à preparação da sua escrita, Mário de Carvalho frisou a importância que dá à observação do quotidiano e a tudo o que vai acontecendo no mundo em que vivemos. Contrariando o senso comum, para o autor, escrever é um trabalho árduo que não admite anacronismos e que deve acrescentar e não repetir - revelando, a propósito, que continua fiel ao labor e ao rigor de Flaubert. Num apontamento centrado na obra "Quem disser o contrário é porque tem razão" (2014), foi visível a importância que Mário de Carvalho atribui a este "Guia prático de escrita de ficção", numa época em que a escrita parece resumir-se a uma «falange hegemónica de prescrições, conceitos e juízos primários (...) a chavões e estereótipos» arrancados ao 'senso comum' (e não ao 'bom senso') e à 'sabedoria das nações'... Por fim, sintetizando o modo como o escritor se dirigiu a quem aprecia o oficio da escrita, esta breve nota, do muito que ficou por dizer, termina com um conselho: «O ponto é que se identifique e conheça o que se está a rejeitar, ou que isso tenha, que mais não seja, razoáveis possibilidades de existir, pelo menos nos seus contornos. Porque, às vezes, o arroubo de protesto também grita as palavras da fantasia ou da irrelevância.» op. cit., pág. 33, Porto editora. Da fantasia e da irrelevância… Manuel C. Gomes in blogue Caruma, 12/05/2016 GERAÇÃO Z GERAÇÃO Z GERAÇÃO Z GERAÇÃO Z “A geração que quer mudar tudo isto.” “A geração que quer mudar tudo isto.” “A geração que quer mudar tudo isto.” Tem dificuldade em construir um projeto de vida. Cartazes elaborados por Geração mais empreendedora e com novas ideias, que olha para os outros como exemplos daquilo que são capazes de fazer. Acredita mesmo que vai deixar uma marca no mundo Geração Z corresponde a todos aqueles que nasceram entre 1994 e 2012. Foi a primeira a entrar em total contacto com as novas tecnologias e com as redes sociais. Maria Madalena Oliveira, 12.º I As relações sociais desenvolvem-se num espaço privado e priviligiado: as redes sociais. Uma geração com elevada consciência das dificuldades do futuro e com capacidade para “pensar a longo prazo”. Geração ativista: “Geração de transição que está transformar isto tudo” Geração “mais aberta, flexível e tolerante” Página 16 Confluências LER para VIVER Palavras e vozes num tempo breve Ainda em maio, tempo da “frol”, o grupo LER para VIVER revisitou o MANIFESTO ANTI-DANTAS E POR EXTENSO numa leitura pública que aconteceu no passado dia 25. Ouviram-na os “habitantes da casa” e ainda quem estes desejaram convidar, não esquecendo todavia que o cenário privilegiado da biblioteca antiga (porque nele sempre vão decorrendo reencontros únicos ano após ano) é só para alguns – a magia das palavras não contagia as paredes que permanecem bem reais e por isso mesmo condenadas à imobilidade. Convém relembrar que em abril já ocorrera a primeira leitura pública, e ainda no princípio de maio a segunda, ambas destinadas às turmas a que pertenciam os alunos que generosamente ofereceram a sua presença e as suas vozes a este reencontro com Almada. Destes, há ainda a salientar trabalhos expostos exteriormente sobre figuras da época, do mundo da literatura e das artes plásticas. E, num esforço para um melhor enquadramento desse ano de 1916 e desse movimento arrojado e versátil que deu pelo nome de Futurismo, outros manifestos surgem, com um sabor bem italiano, não fossem essas vozes ter soado primeiramente em Itália. E para que não haja qualquer hesitação, o indicador de uma mão bem firme, vai guiando o visitante atento. O sonho, origem do projeto, só encontra condições de realização quando há uma equipa que o aceita, o pensa, o trabalha, o questiona até ele duplamente se concretizar, por exemplo, numa cena de café onde se reúnem literatos discutindo as novas tendências de vanguarda e pondo em causa o conservadorismo bem instalado de um Júlio Dantas, e ainda numa exposição, antecâmara da cena que decorrerá, momentos depois, no interior. Entre ambos os espaços, um movimento contínuo, simultaneamente textual e estético, vai avançando. Este foi mais um momento de palavras e vozes num tempo breve. Cumpre-vos decidir se se cumpriu. Alice de Gouveia Xavier Página 17 Confluências DIA ABERTO - 21 DE ABRIL NO GINÁSIO Página 18 Confluências PROJETOS Foto 1: Praia do Forte (Estoril) Foto 2: Fissuras na Foto 3: Sinalética de Foto 4: Comportamentos impru- crista da arriba risco dentes / crista da arriba Escolha um local seguro para ver o Por do Sol As imagens acima poderiam contar uma história trági- à sinalética de risco visível em sinais de perigo: arribas instáveis, quedas de blocos, inibição de circulação nas arribas e praia interdita. Negligenciar o risco conduz a acidentes graves. ca. Aquela sequência de fotos poderia contar uma história trágiA segurança para o utente de uma praia de arribas ca. Ajuda-nos a prever a possibilidade de acidente com os não é ter apenas a bandeira azul ou o nadador salvador, mas jovens que decidiram ver o por do sol na crista da arriba na também as arribas estabilizadas e intervencionadas de for- Praia do Forte, em São Pedro do Estoril. O grupo ignora o ma a evitar acidentes. perigo eminente de derrocadas. Estes comportamentos inadAlexandre Gonzalez (11º B) confirmou que nos regis- vertidos são observados em locais sinalizados e, também, em tos da época estival, numa busca na WEB, são vários os inci- locais não sinalizados. dentes associados à instabilidade das arribas. O mais recente Habitualmente a prevenção associada ao uso das e mais trágico aconteceu há uns anos, não muitos, na Praia praias orienta-se para a prevenção do risco de insolação, de Maria Luísa, em Albufeira, registando-se 5 mortos, que cancro de pele, de afogamento e nunca se escuta, nem se vê, foram vítimas de esmagamento por blocos de arenito que se nos meios de informação, a sensibilização para o risco de desprenderam da arriba. acidente relativos à instabilidade das arribas litorais. Nas costas rochosas chamam-se arribas às vertentes Verifica-se que no setor litoral monitorizado pelo que são, permanentemente, ou durante um período do dia, Projeto CoastWatch/Escola Secundária de Camões (Praia da ou do ano, expostas à ondulação do mar. Parede – Praia do Estoril) existe sinalética de alerta, arribas A ação do mar na base da arriba é um dos fatores de intervencionadas, praias interditas a uso (praia do Forte) erosão que conduz à sua evolução natural. As arribas mas falha a definição de uma faixa de risco, nomeadamente, recuam, assim, numa sequência intermitente e descontinua na praia da Bafureira, de são Pedro e das Avencas. Segundo de derrocadas instantâneas que são o verdadeiro perigo para o conceito técnico, a faixa de risco é a área passível de ser os apreciadores da paisagem e para os que na sua base se ocupada pelos resíduos de desmoronamento e tem largura protegem do calor. igual a 1.5 vezes a altura da arriba. Quem respeita? Os movimentos de vertente são variáveis, no espaço e no tempo, e dependem de fatores como o tipo de rocha, a fraturação da vertente e da crista da arriba, a intensidade da Durante os meses de verão, arribas não são opção. Desfrute da Praia em segurança, escolhendo uma ocupação humana, as vibrações provocadas pelo trânsito que sombra segura. circula em vias de comunicação próximas e a intensidade sísmica. Corresponda ao apelo do Nadador Salvador! Turmas 10º J e 11ºI e Alexandre Gonzalez , 11º B O cidadão não tem que saber todos estes pormenores técnicos e científicos, mas deverá perceber e ficar atento Página 19 Confluências PROJETOS O PESES da nossa escola - Projeto de Educação para a Saúde e Educação Sexual, terminou as suas atividades, tendo abrangido, as várias áreas ou vertentes estipuladas nos seu objetivos, promovendo uma atitude responsável pela saúde da comunidade escolar. Neste ano letivo - 2015/16 - foram envolvidos em atividades do projeto, 1151 alunos, foram promovidas 18 atividades: 2 Workshop - alimentação e saúde - estiveram envolvidas todas as turmas do 10º ano; 2 sessões - Workshop “Sexualidade, DST e gravidez na adolescência - 5 turmas; 4 sessões -Workshop “Substâncias Psicoativas: Drogas e Álcool: efeitos e consequências” - 6 turmas; 2 sessões -Workshop - “Opção não fumar” - 4 turmas; 2 sessões -Workshop “Prevenção do cancro” - 4 - turmas; 2 sessões -Workshop “Não à Violência - violência no namoro" - 5 turmas; 1 sessões -Workshop " Violência de género" - 3 turmas; 1 sessões -Workshop “Baby Talks- Sexualidade e saúde" - 6 turmas; Foram envolvidas todas as turmas do 10º ano, a maioria das turmas dos 11º e 12º anos, e os cursos profissionais. As atividades supracitadas, contaram com a colaboração estreita das Entidades - Hospital D. Estefânia, Associação dos Dietistas/Nutricionistas; Escola Segura; Associação ABC; Associação Abril - Umar; Abraço; Centro de Saúde; Liga Portuguesa contra o cancro; APAV; o Gabinete de apoio à sexualidade da nossa escola, às quais agradecemos a disponibilidade. Todo este trabalho não seria possível, sem a colaboração de uma pequena equipa (Alda Pais e Graça Leitão) que programaram, coordenaram e colaboraram para que todo este projeto fosse cumprido. A psicóloga da nossa escola - Graça Leitão, permitiu levar ainda mais longe este projeto, pois fez um acompanhamento mais próximo e individualizado a todos os alunos, Diretores de turma e Professores que o solicitaram. Agradecemos também a todos os professores e alunos das turmas que estiveram envolvidas no projeto, bem como aos funcionários a sua disponibilidade e colaboração, contamos e contaremos sempre com eles. A Equipa do PESES UMA VISITA AO PASSADO — Visita de estudo a Almograve - Sines Nos dias 14 e 16 de Março, foi feita uma visita de estudo no âmbito das disciplinas de Biologia e Geologia e de Português e promovida pelo Centro de Ciência Viva de Estremoz às Praias de Almograve e Sines, com as turmas do 11º ano A, B, C, D e E. A visita tinha como objetivos, entre outros: Valorizar o trabalho de campo em Biologia e em Geologia; Evidenciar atitudes de valorização da natureza e do património geológico; Distinguir os diferentes tipos de rochas e conhecer os seus processos de formação; Adquirir técnicas de trabalho de campo; Compreender os princípios que estão na base de fenómenos naturais; Consciencializar para a Bio e Geodiversidades e para a Bio e Geopreservação; Contactar com os valores culturais e espirituais dos locais a visitar, no âmbito do estudo de Almograve e Sines. A visita foi organizada pelos professores, Alda Pais, Catarina Leal, Eduardo Pinheiro, Lídia Teixeira e Maria de Lurdes Fernandes e com a colaboração dos professores, Hugo Carmo, José Júlio Nunes, Leonor Rino, Margarida Menezes, Neusa Cid, Noémia Félix e Teresa Aparício a quem agradecemos. Nas Praias da Foz dos Ouriços – Praia de Almograve: foi feito um pequeno percurso a pé (cerca de 750 m) para norte pelo topo da arriba em direção à praia da Foz dos Ouriços, tendo sido possível observar diversos aspetos relacionados com a geomorfologia da região, bem como as estruturas presentes na plataforma de abrasão marinha. Os alunos tiveram a possibilidade de estabelecer a ponte entre o canto VI de Luís de Camões, Os Lusíadas, e a difícil conquista dos mares desconhecidos... O segundo trajeto Praia de Sines, permitiu conhecer as rochas intrusivas existentes no bordo do maciço intrusivo gabróico de Sines; sendo possível observar diversos aspetos geológicos (e.g. falhas, filões ácidos e básicos) ligados à evolução da região, a qual será integrada no processo de abertura do oceano Atlântico e relembrar que estávamos na Terra de Vasco da Gama. Muita alegria, boa disposição e um tempo fabuloso foram a marca deste dia. ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES Página 20 http://www.escamoes.pt BE/CRE Confluências http://esccamoes.blogspot.com/ B R E V E S ATIVIDADES QUE VÃO CATIVANDO OLHARES E INTERESSES NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES (O PROFESSOR LINO DAS NEVES REGISTA A MAIOR PARTE DELAS) APOSENTAÇÃO D. Fernanda Nazaré Santos A Escola Secundária de Camões agradece reconhecidamente o trabalho prestado e deseja um futuro longo e feliz. A todos quantos colaboraram com a cedência de textos, fotos e cartazes para este Boletim, uma palavra de agradecimento. Com o generoso apoio do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal
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