1º FÓRUM MUNICIPAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES

Transcrição

1º FÓRUM MUNICIPAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA MULHERES
1º FÓRUM
MUNICIPAL
DE POLÍTICAS
PÚBLICAS
PARA
MULHERES
1º FÓRUM MUNICIPAL DE
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA
MULHERES
Sumário
Administração
Apresentação
PREFEITO ANTONIO ROBERTO GOMIDE
Erondina Maria Terezinha de Morais
Introdução
Gláucia Maria Teodoro Reis
1. Saúde das Mulheres
1.1.
Anápolis – Uma sociedade em transformação com
integralidade e trabalho em equipe multiprofissional
Danielle Ferreira Diniz
Francisco Ferreira Rosa
Secretario Municipal de Desenvolvimento Social
1.2.
Saúde das Mulheres
Marta Maria Brandão
2. Enfrentamento à violência contra as mulheres (Proteção às
mulheres em situação de risco)
Erondina Maria Terezinha de Morais
Diretora de Políticas Públicas para Mulheres
- Mulheres em situação de risco
Aline Soares Vilela
3. A Mulher e a Informática
- A trajetória da Mulher na Ciência e Tecnologia no Município de
Anápolis
Cíntia Maria Ferreira Maia
Responsável técnica pela elaboração do material
Claudia Helena dos Santos Araújo
Olira Saraiva Rodrigues
Mary Aurora da Costa Marcon
4. A Mulher Idosa
- A Mulher e o envelhecimento
Júlia Maria Rodrigues de Oliveira
5. Participação das Mulheres nos espaços de poder e decisão
- A participação das Mulheres no espaço de poder em Anápolis
Apresentação
Dinamélia Rabelo
6. A Mulher na Assistência Social
- Assistência Social para Mulheres vítimas de violência no
município de Anápolis
Keila Rodrigues Gomes
7. Educação Inclusiva, não homofóbica, não sexista
- A educação inclusiva numa linguagem não sexista e o papel da
mulher na construção de uma sociedade mais igual
Equipe Multiprofissional da subsecretaria de Educação
8. Autonomia e Igualdade no mundo do trabalho Urbano, Rural e
Cidadania
- Autonomia e Igualdade do Trabalho Urbano, Rural e Cidadania
Tânia Aparecida Silva
9. A Mulher e a Cultura
- A trajetória da Mulher na Cultura em Anápolis
Nena de Pina
Segundo dados do IBGE, a mulher representa o maior contingente
da população brasileira e anapolina e é mãe do restante. Cada vez
mais amplia seu campo de atuação desde os meios acadêmicos à
construção civil sem que possa esquecer-se de suas tarefas no lar,
entretanto, este quadro encontra aspectos de discriminação, baixa
auto-estima, violência, preconceito, assédio sexual, e em alguns casos
exclusão social. As mudanças de paradigmas vêem de lutas constantes
de mulheres que foram queimadas ao lutarem pela igualdade salarial
com homens, ou assassinadas ao reivindicarem o direito a escolha de
seu parceiro sexual, ou ainda ficaram mutiladas após várias surras do
seu companheiro.
A cada vitória conquistada na vida profissional da mulher
multiplicam-se as demandas e cobranças provenientes da família, do
meio social e do mercado de trabalho fazendo com que ela tenha várias
jornadas de trabalho.
Modificar esta realidade histórica não é tarefa fácil, preocupada
com a situação da mulher anapolina e visando dar um apoio incondicional
à população feminina na superação dos problemas e desigualdades, a
Diretoria de Políticas Públicas para Mulheres de Anápolis, tem como
missão encabeçar a luta em prol desta classe forte, poderosa, destemida
e ao mesmo tempo tão vulnerável as adversidades sociais.
Entre as ações da Diretoria de Políticas Publicas Para Mulheres
podemos citar a implantação do Conselho Municipal dos Direitos da
Mulher (atuando) e a implantação do Centro de Referência para
as Mulheres (projeto junto a SEMIRA que no momento encontra-
6
7
se em fase de licitação de materiais). Em seu dia a dia a Diretoria
da Mulher desenvolve ações oferecendo presencialmente ou por
telefone acolhimento e orientação especializada às mulheres acerca
dos serviços disponíveis para atender as suas necessidades, presta
atendimento especializado por equipe capacitada e sensível aos
anseios e necessidades da mulher, propiciando o despertar da mulher,
através da melhora de sua auto-estima e construção de sua identidade
tantas vezes mutilada pela violência doméstica, econômica, sexual e
discriminação profissional.
Dentre as ações que desenvolvemos inclui o acesso aos
programas de educação formal e não formal, encaminhamento à
qualificação profissional possibilitando condições de acesso ao
mundo do trabalho, seja no mercado formal, informal, empreendedor,
associativo ou cooperativista, tendo para isto uma articulação em rede
com as diversas secretarias da Prefeitura de Anápolis e órgãos de
atendimento à mulher.
E a fim de consolidar as ações de políticas publicas para
mulheres no município de Anápolis, a Diretoria da Mulher em conjunto
com o Conselho Municipal de Políticas Públicas, está organizando o
Fórum Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres de Anápolis, no
dia 16 e 17 de junho deste ano.
A partir de nove eixos temáticos desenvolvidos por mulheres de
Anápolis, formamos este livro texto de onde partirão as propostas a
serem votadas no Fórum Municipal de Políticas Publicas para Mulheres,
consolidando um desejo das mulheres de serem ouvidas, consolidando
cada vez mais o seu espaço na sociedade.
A Diretoria de Políticas Públicas para Mulheres espera contar
com a população anapolina neste importante acontecimento que será,
em Anápolis, um marco na história da mulher em nossa cidade. E
juntas construirmos a partir de nossa experiência as políticas a serem
desenvolvidas para nós mulheres em Anápolis.
Diretoria de Políticas Públicas para Mulheres
8
Introdução
A MULHER E O DIREITO
A história do Brasil é assinalada por profundas desigualdades
sociais, apresentado-se ainda como um dos países com maior índice
de concentração de renda do mundo, cujas formas de dominação são
exercidas sobre as mulheres, sobre a população negra e as classes
pobres. A permanência da pobreza foi um apanágio dos modelos de
desenvolvimento e econômico que se sucederam ao longo das décadas,
os quais estiveram sempre sustentados em forma de exploração de
classe, de raça e de gênero.
A minimização da desigualdade das mulheres e seus direitos são hoje
causas legítimas postas na sociedade, mas não é entendida da mesma
forma por todas as correntes políticas e teóricas presentes no debate
nacional. Do ponto de vistas de muitos setores, seja de instituições
feministas ou não, essa legitimação é um ganho paulatino e sem
contradições. Para outros, essa legitimação deve ser tomada como
um momento de acumulação de forças para mostrar as contradições e
avançar dialeticamente nos processos de transformação.
A inserção da mulher no cenário nacional nas últimas décadas é visível.
Anterior e mesmo no período da ditadura militar, as mulheres participaram
ativamente dos movimentos sociais oposicionistas, instituindo seus
espaços organizativos e compondo as distintas organizações civis e
agremiações partidárias, trazendo temas para o debate como aborto,
sexualidade, violência, dupla jornada de trabalho, etc. Anteriormente
considerado indiscutíveis.
Entre 1970 e 1980 o emprego feminino cresceu na ordem de 92%.
No entanto, as condições de trabalho, assim como os salários não se
equiparavam com o dos homens trabalhadores, situação que ainda
permanece.
Nos anos 80, as feministas mantiveram uma relação intensa com as
diversas interfaces do movimento da mulher, fazendo uma vinculação
entre mulheres dos movimentos populares e movimento feminista,
dissociando-os da questão ideológica. Garantindo junto a alguns
9
Governos Estaduais ou Municipais o incremento de políticas públicas
de proteção à mulher em setores como saúde e segurança.
Os anos 90 e seguintes se caracterizam pela multiplicação dos espaços
femininos através da implantação de sistemas de cotas mínimas
ou ações afirmativas como tentativas de superação de ausência de
mulheres nos distintos setores sociais, buscando inserir nos planos
governamentais programas de assistência à mulher.
Os estudos sobre a questão da mulher produziram uma grande
quantidade de conhecimento científico tanto em âmbito internacional
quanto no Brasil ao longo das últimas décadas em todo o mundo,
priorizando sempre a questão da igualdade, de gênero e da política,
da violência e da saúde. Sob a influência do pensamento e da prática
política feminista, constituíram-se espaços públicos importantes para
debater a discriminação, opressão e exploração das mulheres no Brasil
sempre cobrando a responsabilidade do Estado, em suas distintas
esferas visando a redução das desigualdades e da ampliação da justiça
social.
No entanto, pouco se produziu cientificamente sobre a Mulher e o
Direito. Nesse contexto de avanços e retrocessos na questão da
mulher, é que se apresenta uma proposta de elaboração de uma obra
doutrinária enfocando a Mulher e o Direito odjetivando a investigação
sobre a existência do reconhecimento jurídico entre a lei, a extensão
da igualdade e as relações jurídicas e a efetiva igualdade do direito
subjetivo e proteção processual.
Gláucia Maria Teodoro Reis
Secretária Estadual de Política para as Mulheres e Promoção da
Igualdade Racial, doutoranda em Direito pela Universidade Nacional de
Buenos Aires. Graduada em Engenharia Agronômica pela Escola de
Agronomia da Universidade Federal de Goiás em Direito pela Faculdade
de Direito - Universidade Católica de Goiás (1995).
10
1.1 ANÁPOLIS- UMA SOCIEDADE EM
TRANSFORMAÇÃO COM INTEGRALIDADE E
TRABALHO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL
A
Anápolis
tem
população
feminina
predominante.
Os dados do censo de 2010 revelam que em 44 do total de 246
municípios, a população feminina é predominante, sendo que as maiores
concentrações de mulheres em relação ao total da população estão em
Goiânia (52,31%), Valparaíso de Goiás (51,40%) e Anápolis (51,21%). O
IBGE aponta que Goiás conta com uma população de 6.004.045, sendo
50,34% do sexo feminino e 49,66% do sexo masculino (IBGE, 2010).
Após conquistar espaço definitivo no mercado de trabalho e
quebrar tabus na sociedade brasileira, a mulher enfrenta agora um novo
desafio: cuidar da saúde enquanto acumula cada vez mais tarefas. Mas,
em muitas doenças típicas do universo feminino, alguns cuidados podem
ser suficientes para garantir uma vida saudável.
O corpo feminino está em constante transformação e diversos
problemas de saúde podem afetar as mulheres nas diferentes fases da
vida. A atuação da equipe multidisciplinar na saúde da mulher permite
intervir sobre vários aspectos da função e do movimento humano, que
sofrem mudanças e alterações durante as fases de vida da mulher, desde
a adolescência até a fase adulta, passando pelo período gestacional,
menopausa e terceira idade. Por isso, é importantíssimo que elas passem
por algumas fases de suas vidas na melhor condição de saúde possível.
Seja no ciclo gravídico-puerperal, ou na eventualidade de uma afecção
importante como câncer de mama ou colo de útero.
A necessidade da abordagem multiprofissional no atendimento
de mulheres que sofrem violência sexual está diretamente relacionada
à complexidade da situação e à multiplicidade de conseqüências
impostas às vítimas. Esse tipo de violência pode implicar a ocorrência de
problemas de saúde física, reprodutiva e mental, como lesões corporais,
gestação indesejada, DST e AIDS, fobias, pânico, síndrome do stress
pós-traumático, depressão e outras alterações psicológicas, e também
de problemas familiares e sociais, como abandono dos estudos, perda
de empregos, separações conjugais, abandono de casa, e outros. A
11
violência sexual também acarreta a procura mais freqüente dos serviços
de saúde, por queixas vagas, variadas ou de repetição.
O trabalho multiprofissional refere-se à recomposição de
diferentes processos de trabalho que, concomitantemente devem
flexibilizar a divisão do trabalho; preservar as diferenças técnicas entre
os trabalhadores especializados; argüir a desigualdade na valoração
dos distintos trabalhos e respectivos agentes, bem como nos processos
decisórios e tornarem consideração a interdependência dos trabalhos
especializados no exercício da autonomia técnica dada a necessidade
de autonomia profissional para a qualidade da intervenção em saúde.
(Peduzzi, 2000)
É nesta relação de complementaridade e interdependência
e ao mesmo tempo de autonomia relativa com um saber próprio, que
entendemos o trabalho dos distintos agentes – médico, enfermeiro,
auxiliar de enfermagem, agente comunitário de saúde, nutricionista,
psicólogo e fisioterapeuta. Articular estes distintos aspectos não é um
empreendimento rápido e de um único grupo profissional; requer esforço
contínuo para que em todos os espaços possíveis possamos construir
a idéia de equipe integração. Integrar conhecimentos disponíveis
nos espaços de trabalho, nos espaços de formação, nos espaços de
produção de conhecimento, especialmente nos espaços de construção
de cidadania. (Teixeira et al., 2000)
O atendimento específico à mulher se torna cada vez mais
necessário, sendo necessário resgatar a cidadania e elevar a auto-estima
feminina. Assim, ela consegue defender-se e impor-se em casos de
violência doméstica ou de preconceito por diferença de gênero.
A manutenção da boa saúde da mulher exige uma série de
cuidados e atitudes preventivas, tais como:
Disfunções posturais
A dor nas costas em mulheres é uma realidade crescente nas
sociedades. Estima-se assim que a prevalência da dor nas idades
escolares se aproxime da encontrada na idade adulta, aumentando
das crianças para os adolescentes e atingido o seu pico entre os 35 e
os 55 anos.
12
O impacto desta condição tem repercussões importantes, não
só a nível individual, mas igualmente para a sociedade em geral, onde
a recorrência da dor leva à perda de emprego e à procura constante
dos serviços de saúde, o que representa elevados custos em termos
econômicos, afetando assim a qualidade de vida e o bem estar dos
indivíduos a diferentes níveis.
Tensão pré menstrual
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a TPM
é classificado pela como síndrome, pois engloba um conjunto de pelo
menos 130 manifestações clínicas. Através dos sinais e sintomas a
equipe multidisciplinar trata e ou ameniza.
Adolescência X informações sexuais
A adolescência representa uma fase de descobertas, mudanças
e expansão da vida social da mulher. Porém, muitas jovens acabam
engravidando, e não apenas interrompem essa etapa como assumem
uma grande responsabilidade, para a qual nem sempre estão
preparadas. Sabemos que não existe uma idade estipulada para se
iniciar o processo de orientação sexual. Isso é feito naturalmente, desde
quando a pessoa nasce, e as questões devem ser esclarecidas assim
que as primeiras dúvidas aparecerem. Além da família, são importantes
as informações de campanhas públicas. A escola também tem uma
atuação fundamental, pois faz a garota parar e pensar que a vida sexual
está ligada ao lado reprodutivo.
A mulher tem três momentos de crises e dificuldades emocionais
durante a vida: a adolescência, a gravidez e o climatério. Quando uma
jovem engravida, ela passa por dois deles ao mesmo tempo.
Câncer de Mama- Pré e pós mastectomia
Após a cirurgia a mulher passa a ter uma nova realidade de
seu esquema corporal devido alterações importantes que ocorreram em
níveis anatômico, fisiológico e funcional.
Gestação e pós-parto:
A gestação é um período sublime na vida da mulher o trabalho em
13
equipe irá contribuir de forma saudável, tornando mais fácil à assimilação
das alterações pelas quais seu organismo passará, fazendo com que se
sinta ativa e participante em um dos momentos mais importantes de sua
vida.
Estudos recentes referem que a tensão da gestante estimula
a produção de determinados hormônios que atravessam a barreira
placentária atingindo o organismo do feto em desenvolvimento. Dessa
maneira, alteram a própria composição placentária e do ambiente
fetal. A intensidade das alterações psicológicas dependerá de fatores
familiares, conjugais, sociais, culturais e da personalidade da gestante.
Os profissionais que atuam com gestantes devem vê-las
com uma “concepção de pessoa humana”, procurar estabelecer
mecanismos de interação que desvelem as verdadeiras necessidades
e seus significados. Não devem assumir uma posição superior, vendo
as gestantes como pessoas indefesas, fracas e submissas. Se o serviço
e os profissionais assumirem essa posição de igualdade, respeito e
confiança em relação às suas experiências e aprendizagens adquiridas,
a relação será de desenvolvimento emocional e de crescimento mútuo.
Portanto, o aspecto fundamental da assistência pré-natal eficiente, deve
incluir o cuidar da mulher grávida considerando as suas necessidades
biopsicossociais e culturais.
Amamentação e seus benefícios
As evidências científicas de que a amamentação é a melhor
forma de alimentar a criança pequena se acumulam a cada ano, e as
autoridades de saúde recomendam sua implementação através de
políticas e ações que previnam o desmame precoce.
Não é ampla a literatura sobre os benefícios da amamentação
para a saúde da mulher. Até o presente, sabe-se que há uma relação
positiva entre amamentar e apresentar menos doenças como o
câncer de mama, certos cânceres ovarianos e certas fraturas ósseas,
especialmente coxofemoral, por osteoporose, menor risco de morte
por artrite reumatóide, amenorréia pós-parto e ao conseqüente
maior espaçamento intergestacional retorno ao peso pré-gestacional
mais precocemente, menor sangramento uterino pós-parto
(conseqüentemente, menos anemia), devido à involução uterina mais
14
rápida provocada pela maior liberação de ocitocina.
Dor pélvica crônica:
A dor pélvica crônica é caracterizada por uma dor constante
ou intermitente, localizada na região pélvica que persiste a pelo
menos 06 meses.
A equipe busca tratamento dos sintomas
de origem muscular com o objetivo de aliviar, melhorar e corrigir as
alterações posturais produzidas pela dor, reduzir espasmos musculares,
melhorando a qualidade de vida da paciente fornecendo orientações
que busquem facilitar a realização de atividades de vida diárias.
Uroginecologia: Alterações urinárias, fecais e sexuais
Incontinência urinária é a queixa de qualquer vazamento
involuntário de urina. É um problema de saúde mundial, que atinge
10,7% de mulheres só no Brasil. Esse vazamento de urina poderá
ocorrer mediante esforços como tossir, espirrar, rir, levantar peso
ou quando existe uma vontade intensa de urinar sem condições de
controle, acarretando perca de algumas gotas até grandes quantidades
de urina. Poderá ser tratada por cirurgia, medicamentos, fisioterapia ou
combinados.
Nos tratamentos cirúrgicos, a fisioterapia poderá ser realizada
no pré-operatório com objetivo de promover melhora na recuperação
da paciente e no pós-operatório, mantendo e melhorando os resultados
obtidos. Prevenir a incontinência urinária é promover a melhora na
qualidade de vida das pacientes, evitando exclusão da sociedade e
reclusão em ambiente familiar.
Incontinência fecal é a perda involuntária de fezes ou gases via
anal. É um problema de saúde que atinge cerca de 11% da população
mundial acima dos 45 anos.
As disfunções sexuais é a perturbação nos processos que
caracteriza ciclo de resposta sexual ou dor associada ao intercurso
sexual. No Brasil 50,9% da população referem alguma disfunção sexual.
Tem origem orgânica, psíquica e sócio- cultural. A fisioterapia irá atuar
apenas nas disfunções de origem orgânicas.
15
Climatério:
Climatério é a transição da mulher de meia-idade para a
velhice, correspondendo um período de intensas modificações em nível
psicológico e físico. Esse é um processo natural e inevitável.
Nessa nova fase da mulher os tratamentos têm como objetivo
prevenir possíveis patologias como a incontinência urinária e retardar
o declínio natural do organismo. Promove o bem estar físico e psíquico
combatendo a “sensação” de declínio físico, intervindo na melhoria da
auto-estima e evitando crises depressivas.
Considerações finais
MARQUES, Keila S. Frade; FREITAS, Patrícia A.C. de. A cinesioterapia
como tratamento da incontinência urinária na unidade básica de saúde.
Fisioterapia em movimento, Curitiba, v.18, p.63-67, 2005.
POLDEN, Margaret; MANTLE, Jill. Fisioterapia em obstetrícia e
ginecologia. São Paulo: Santos, 2005.
SOUZA, Cláudia E.C. Incontinência Urinária. Saúde em movimento.
2003.
ACIOLY, Marília C.A.C. Sampaio. A incontinência urinária no climatério:
uma proposta de tratamento fisioterapêutico. disponível em www.
wgates.com.br>. acesso em 10 de Julho 2008.
Os programas de fisioterapia na saúde da mulher têm a
possibilidade de serem difundidos e podem ser implementados em
locais menos convencionais, como possibilidades menos onerosas
na saúde da mulher, evitando, muitas vezes, procedimentos mais
invasivos, caros, com tempo de recuperação muito maior e nem sempre
tão eficazes.
FREITAS, F. et al. Rotinas em ginecologia. Porto Alegre:3ed, Artes
médicas, 1997. 358p.
É importante salientar que a resolutividade dar-se-á a partir
do momento em que os profissionais da saúde envolvidos, passarem a
trabalhar de forma interdisciplinar e não apenas multidisciplinar.
IBGE-2010. MALDONADO MT. Psicologia da gravidez, parto e puerpério.
São Paulo: Saraiva; 1997. p. 229.
Devemos enfatizar que os exercícios devem ser realizados,
também, de forma preventiva, devendo ser incorporados à vida diária
da mulher independente da faixa etária, visto que as mesmas são as
maiores vítimas desta disfunção.
Da mesma maneira que diferentes populações estão expostas
a variados tipos e graus de risco, mulheres e homens, em função da
organização
social das relações de gênero, também estão expostos a padrões
distintos de sofrimento, adoecimento e morte. Partindo-se desse
pressuposto, é imprescindível a incorporação da perspectiva de gênero
na análise do perfil epidemiológico e no planejamento de ações de
saúde, que tenham como objetivo promover a melhoria das condições
de vida, a igualdade e os direitos de cidadania da mulher.
GUARIS, IT; NETO, AMP; OSIS, MJ; et al. Incontinência urinária entre
mulheres climatéricas brasileiras: inquérito domiciliar. Ver Saúde
Pública, v.35, p. 428-35, mai. 2001.
PEDUZZI, M. Equipe multiprofissional de saúde: a interface entre
trabalho e interação. Campinas, 1998. 254p. Tese (Doutorado) –
Faculdade de Ciências Médicas, UNICAMP. TEIXEIRA, R.A., MISHIMA, S.M., PEREIRA, M.J.B. O trabalho de
enfermagem em atenção primária à saúde - a assistência à saúde da
família. Rev. Bras. Enf., v.53, nº 2, p. 193-204, 2000. SACOMORI, Cínara; CARDOSO, Fernando Luis. O papel da fisioterapia
no tratamento das disfunções sexuais. Nova Fisioterapia, Rio de Janeiro,
n.61, 14-16, Mar/Abr. 2008.
Fisioterapeuta: Danielle Ferreira Diniz - Crefito 11-10130
Email: [email protected]
Fone: (62) 9263-2994
(62) 3318-3445
Referências
16
17
1.2 SAÚDE MENTAL DA MULHER
Com este texto, tenho o objetivo de contribuir para o início de
reflexões a respeito da saúde mental da mulher. Com certeza não
abordarei todas as questões facilitadoras ou desencadeadoras de
desequilíbrios psíquicos nas mulheres. Acredito que os mais importantes
serão citados.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como:
“Situação de perfeito bem-estar físico, mental e social”. A própria
condição biológica da mulher a predispõe, fisicamente, a inúmeras
situações de instabilidade, tanto de ordem biológica quanto emocional,
relacionados ao ciclo reprodutivo. Um quadro de oscilações do humor
terá início na entrada da puberdade e adolescência quando inicia
a produção e liberação do hormônio responsável pela reprodução, o
estrogênio. A mulher viverá várias etapas do seu ciclo reprodutivo, que
lhe acarretarão freqüentes mudanças físicas e psíquicas.
Bem cedo, por volta dos 9, 10 anos (essa data não é igual para
todas), começam a ocorrer mudanças físicas, como: nascimento de
pelos nas axilas e região genital, aparecimento dos seios, etc. Algum
tempo depois irá ocorrer a menarca (primeira menstruação). A partir
desse momento, mensalmente isso se repetirá, até o seu término, em
torno dos 50 anos, climatério (essa data também não é igual para todas).
que põe a mulher em contato com sentimentos contraditórios: alegria,
medo, expectativa, pressões familiares, palpites, cobranças (autoimpostas ou vindas das famílias). Se o período transcorre bem, essas
experiências serão minimizadas, passando com o tempo. Se a gestação
é vivida com problemas, de ordem conjugal, econômica, familiar, etc.,
a tendência é de aumentar um quadro de tensão, fazendo com que os
sentimentos se intensifiquem, podendo evoluir para quadros patológicos.
A estes se dá o nome de transtorno de humor e ansiedade pré-natal ou
pós-natal. Faz parte desse grupo de patologia a depressão pós-parto.
O climatério ou menopausa trás para a mulher outro tipo de vivência.
Biologicamente, cessa a produção do estrogênio que irá acarretar
uma série de alterações orgânicas: a perda da fertilidade, alterações
marcantes pelo corpo, riscos maiores de doenças, alterações do humor,
etc. Emocionalmente, se até este momento sua vida, afetiva, social
e familiar tiver transcorrido de forma equilibrada, terá mais facilidade
em viver esse momento. Se, no entanto, os prejuízos nesses aspectos
forem maiores que seu sucesso, acarretando-lhe perdas, inconstâncias
nos relacionamentos, falta de realização profissional e social, poderá
desenvolver conflitos dificilmente administráveis, o que lhe porá em
risco de desenvolver transtornos relacionados à menopausa. O mais
comum deles sendo a depressão.
Outro período que acarreta alteração nos sentimentos e condutas
das mulheres acontece durante e após a gravidez. Esta é uma experiência
Um problema que afeta a cerca de 30% das mulheres referese aos problemas referentes à infertilidade. Em passado não muito
distante, quando a ciência ainda não sabia que o homem também podia
ser infértil, a mulher que não desse filho ao marido podia ser devolvida
à sua família, sendo considerada ‘seca’. Ainda hoje, quando um casal
não consegue engravidar a pesquisa de fertilidade começa pela mulher.
Essa questão, culturalmente é forte a ponto de criar uma expectativa
e pressão sobre a mulher que, em alguns casos, mesmo quando se
descobre que a infertilidade é do marido, esta ainda se sente culpada,
deprimindo-se, podendo evoluir para quadros de depressão, ansiedade,
pânico ou compulsões.
Outro aspecto de conseqüências prejudiciais ao desenvolvimento
da mulher e de sua colocação na vida relacional, social e profissional,
refere-se às situações de abuso ou violência sofrida ao longo da vida.
Principalmente as que ocorreram na infância. Quanto mais cedo a
mulher tiver sido submetida às vivências de abuso e violência e quanto
maior tempo tiver vivido nessa condição, mais comprometimentos ela
18
19
No período menstrual essas alterações, por si só irão provocar,
mensalmente, alterações de humor que poderão, em algumas
mulheres, serem brandas, quase imperceptíveis, enquanto que em
outras mulheres poderão desenvolver quadros intensos com choros,
irritabilidade, alternância do humor, impaciência, dores musculares e/
ou de cabeça, cólicas uterinas e vários outros desconfortos. Esses
problemas compõem a chamada tensão pré-menstrual (TPM), que
pode levar algumas mulheres a terem que recorrer à ajuda profissional,
ginecologista, psiquiatra, psicólogos, para identificarem e tratarem
esses problemas. A evolução patológica desse quadro recebe o nome
de transtorno disfórico pré-menstrual.
terá em sua vivência dos afetos, em sua auto-estima, no respeito e
aceitação do seu corpo como objeto de suas possíveis experiências
de amor, sexo e prazer saudável. Em geral, se não acudida e tratada a
tempo, a mulher exposta a esse sofrimento poderá desenvolver diversos
tipos de patologias: compulsões (alimentares, alcoolismo, gastos
descontrolados, etc), depressão, pânico, transtorno de ansiedade,
outros.
Outra questão poderá trazer sérios problemas à saúde da mulher,
o consumo abusivo das substâncias psicoativas (álcool, tabagismo e
outras drogas). O consumo pode iniciar-se como acontece também com
a maioria dos homens, por curiosidade, porém, se esta mulher tiver uma
história de vida de sofrimentos e exposição a problemas maiores que
a sua capacidade de suportar e solucionar poderá encontrar nessas
substâncias a fuga para as lembranças das quais deseja se libertar.
São muitos os desafios a serem enfrentados referentes à saúde
mental da mulher. Muitos programas, como o PAISM (Programa
de Assistência Integral à Saúde da Mulher), tentam prestar essa
assistência. A Lei Maria da Penha é aprovada para garantir a segurança
e a diminuição da violência contra a mulher. Os conselhos de direitos
da criança, conselhos tutelares e outros programas tentam acudir a
integridade das crianças.
Com tudo isso, ainda não existe uma assistência efetiva e integral
às necessidades das mulheres. Acredito que somente a união robusta
de esforços das mulheres de todas as classes, etnias, credos e lugares
de atuação irá dando um contorno mais eficaz às políticas de cuidados
da mulher.
Marta Brandão
Psicóloga clínica, coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial
-CAPS- Vidativa).
2. MULHERES EM SITUAÇÃO DE RISCO
Por incrível que pareça, a maioria das mulheres vítimas de
violência não admite essa condição. Em geral, a vítima não pensa e
nem sente que o abuso é abuso, e vai se anestesiando em relação
a ele. Elas se condicionam à agressão e pensam que isso é normal.
Normalmente, elas confundem o desejo de dominar do agressor, com
amor e cuidado.
O abuso emocional começa com palavras, proibições e descaso.
Os relacionamentos abusivos são caracterizados por muito ciúme,
acessos de raiva, infidelidade, ameaças, mentiras, jogo de poder e
controle.
A mulher vai suportando as reclamações sobre seus hábitos
cotidianos, tais como a roupa que veste, seus amigos, parentes e ele
ainda diz que age para o bem dela, alternando declarações de amor e
afirmações de que tudo vai mudar.
Neste contexto, a mulher se isola e passa a depender totalmente
daquele que ela acredita que seja o seu protetor, quando na verdade ele
é seu dominador.
É importante que a mulher fique atenta a algumas atitudes:
- Se o homem tenta, constantemente, te colocar para baixo, te
dar apelidos, fazer você pensar que está louca.
- Se ele te ameaça de divórcio, traição, de contar a todos sobre
intimidades, de levar as crianças embora, de faze-la de empregada, de
quebrar coisas, de não lhe sustentar e nem arcar com as necessidades
da família.
- Se ele força você a fazer coisas contra a sua vontade; critica
seu desempenho sexual; conta vantagens sobre relacionamentos fora
da relação; não deixa você trabalhar ou atrapalha seu trabalho; controla
seu acesso ao dinheiro; controla todos os seus passos, suas amizades,
roupas e atitudes e deliberadamente a afasta dos seus parentes.
ATENÇÃO, este homem está te violentando psicologicamente!
Estima-se que mais da metade das mulheres agredidas sofram
caladas e não peçam ajuda. Realmente é difícil dar um basta nesta
20
21
situação. Muitas vítimas dependem emocionalmente ou financeiramente
do agressor; algumas acreditam no arrependimento do agressor e
acham que não serão novamente agredidas; outras não falam nada
por causa dos filhos. Tem aquelas que têm medo de apanhar ainda
mais. Por fim, como a mulher tende a ser maternal e esta sempre pronta
a perdoar, não querem prejudicar o agressor, que pode ser preso ou
condenado socialmente. Para piorar, ainda tem também aquela idéia do
“ruim com ele, pior sem ele”.
A vítima de violência doméstica vive em um ciclo que pode se
tornar vicioso, repetindo-se ao longo de meses ou anos.
Primeiro a fase de atritos, cheios de insultos e ameaças, muitas
vezes recíprocos. Em seguida, vem a fase da agressão. O agressor
atinge a vítima com empurrões, socos e pontapés, ou às vezes usa
objetos, como garrafa, pau, ferro e outros. Depois, é a vez da fase da
reconciliação, em que o agressor pede perdão e promete mudar de
comportamento, ou finge que não houve nada, mas fica mais carinhoso,
bonzinho, traz presentes, fazendo a mulher acreditar que aquilo não vai
mais voltar a acontecer.
familiar caracterizada pelo âmbito de sua ocorrência - independente da
orientação sexual da mulher ofendida - pode estar configurada quando
a ação ou omissão ocorrer:
I - no âmbito da unidade doméstica,
compreendida
como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou
sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade
formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos
por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de
coabitação.”
Se for constatada alguma forma de violência doméstica (lesão,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial), a
questão seguinte a ser respondida é:
Qual da formas de violência doméstica se enquadra o caso?
É muito comum que esse ciclo se repita, com cada vez maior
violência e intervalo menor entre as fases. A experiência mostra que, ou
esse ciclo se repete indefinidamente, ou, pior, muitas vezes termina em
tragédia, com uma lesão grave ou até o assassinato da mulher.
A Lei 11.340/2006 classifica as formas de violência doméstica
(Art. 7º) e que, geralmente, podem estar relacionadas a alguma infração
penal e que são:
Se quem lê este artigo é vítima, vença o medo, não se acomode
e busque ajuda.
Violência física - ação ou omissão que coloque em risco ou
cause dano à integridade física de uma pessoa.
Não deixe que um crime grave seja consumado, procure a polícia
diante da primeira evidência. A delegacia especializada de atendimento
à mulher é a porta principal de entrada de reivindicação dos direitos da
mulher.
Violência moral - ação destinada a caluniar, difamar ou injuriar a
honra ou a reputação da mulher.
Na delegacia será verificado se a situação narrada pela vítima
configura caso de violência doméstica. É possível ser relatado um fato
em que seja verificada violência doméstica sem que necessariamente
haja uma infração penal.
Segundo a Lei Maria da Penha (Art. 5°), a violência doméstica ou
22
Violência patrimonial - ato de violência que implique dano, perda,
subtração, destruição ou retenção de objetos, documentos pessoais,
bens e valores.
Violência psicológica - ação ou omissão destinada a degradar
ou controlar as ações, comportamentos, crenças e decisões de outra
pessoa por meio de intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta,
humilhação, isolamento ou qualquer outra conduta que implique prejuízo
23
à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento
pessoal.
vítima deve adotar é procurar ajuda. Não tenha medo e nem receio de
conquistar a sua dignidade.
Violência sexual - ação que obriga uma pessoa a manter contato
sexual, físico ou verbal, ou a participar de outras relações sexuais com
uso da força, intimidação, coerção, chantagem, suborno, manipulação,
ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade
pessoal.
Drª. Aline Soares Ribeiro Vilela
Delegada de Polícia da Delegacia Especializada de Atendimento à
Mulher
Fone: (62) 3328-2731
Para se fazer o registro na delegacia, a mulher têm que narrar
um fato específico, o dia, a hora, o local e declinar provas, tais como
testemunhais, que comprovem os fatos alegados por ela.
Não basta dizer: “ele me ameaça a vida inteira”. É preciso que ela
diga: “ontem (aqui teremos o dia certo), no horário do jantar enquanto
estava passando a novela (ficará definido o horário), estávamos todos
(indicará as testemunhas) em casa (local determinado), meu marido
me chamou de piranha, vagabunda, cara de carrapato (fato específico
– crime de injúria) e disse que minha boca vai amanhecer cheia de
formiga, que será necessário minha mãe me tirar de casa dentro de um
caixão (crime de ameaça consumado).
Assim, o boletim de ocorrência será registrado, dependendo do
crime a mulher assina uma representação, que nada mais é do que
um documento autorizando a polícia a investigar o fato e se desejar,
solicitará medidas protetivas que serão encaminhadas ao Judiciário,
através do delegado.
Antes de ir à delegacia, é preciso analisar a situação, sopesar as
conseqüências para não se arrepender e desistir de levar o procedimento
adiante, pois a lei Maria da Penha prevê que a mulher somente poderá
renunciar à denúncia perante o juiz.
Se a mulher achar que a sua vida ou a de seus familiares
(filhos, pais etc.) está em risco, ela pode ir para uma casa-abrigo, que
é uma moradia em local secreto onde a mulher e os filhos podem ficar
afastados do agressor.
Há suficiente legislação para justificar quaisquer atitudes contra
a violência. Por isso, a atitude mais importante e primordial que uma
24
25
3. A TRAJETÓRIA DA MULHER NA CIÊNCIA E
TECNOLOGIA NO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS
A mulher atravessou anos com sua busca incessante de
reconhecimento na construção e fortalecimento de seu papel na
modernidade.
São mulheres que lutam com duplas jornadas, mas que se
apresentam cada vez mais no cenário da vida como vitoriosas, em
todas as áreas de atuação.
A abordagem que se propõe neste texto é contemplar o percurso
da mulher na Ciência e Tecnologia em nosso município. Ressalta-se que
a área citada encontra-se em processo de construção. Desta maneira,
apresenta-se como a presença da mulher neste setor, bem como seu
comportamento na sociedade anapolina, demonstrando cruzamentos e
questionamentos ainda considerados desafios nos tempos atuais.
Considerando que “o acesso à instrução e à educação formal
tem sido um componente fundamental da luta pelos direitos das
mulheres...” (Godinho et al, 2006, p.17), pode-se afirmar que Anápolis
avançou muito com a presença das mesmas à frente de setores
governamentais, privados, instituições de ensino, pesquisa e extensão,
organizações de interesse social, dentre outros.
Nessa direção, considera-se necessário pensar em políticas
públicas que incluam a mulher nas ações efetivas do desenvolvimento
da Ciência e Tecnologia em Anápolis, ou seja, utilizar parâmetros
atualizados para elaborar diagnósticos na criação dessas políticas. A
atividade científica desenvolvida por mulheres já é realidade em nossa
cidade por meio da Prefeitura e outros setores, podendo citar a presença
de diversas delas na Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e
Inovação – SEMCT&I, Secretaria Municipal de Educação – SEMED,
dentre outras secretarias. As atividades da SEMCT&I envolvem a
Diretoria de Desenvolvimento Científico e Tecnológica, a Gerência de
Inovação e Difusão Tecnológica, o Núcleo de Projetos e Inovação, Núcleo
de Tecnologia Social, bem como com ações de produção científica e
pesquisa como a Revista Anápolis Digital, o Projeto de Monitoramento e
Avaliação dos Recursos Hídricos do Município de Anápolis - MARHMA,
26
dentre outros. Ressalta-se que as ações citadas são gerenciadas por
mulheres que buscam alternativas para melhorar a qualidade de vida
da população anapolina, pensando ainda na melhoria das condições
femininas.
Os processos informacionais e comunicativos também são
realizados por mulheres que consideram a importância do diálogo com
a comunidade para diagnosticar as principais necessidades. Dessa
forma, atuam nas redes sociais e no ambiente Word Wide Web – WEB
– por meio de blogs como o da SEMED (www.semect.wordpress.
com),SEMCT&I
(www.cienciatecnologiaeinovacao.wordpress.com),
Educação Ambiental (www.semectambiental.blogspot.com), Rede
Goiana de Educação Ambiental (www.redegoianaambiental.ning),
nas notícias enviadas à Assessoria de Comunicação da Prefeitura
para divulgação no site, bem como em redes sociais diversas como
facebook, orkut, twitter, não somente no sentido de divulgar, mas
também capacitando a comunidade para seu uso de modo a dialogar e
expor suas idéias e sugestões.
A importância de consolidar o papel da mulher no planejamento
das ações científicas e tecnológicas é projeto das ações governamentais
por meio de uma política que inclua a mulher na expansão e consolidação
da Ciência, Tecnologia e Inovação, na promoção da inovação tecnológica
nas empresas, nas pesquisas e estudos em áreas estratégicas e na
promoção do desenvolvimento da saúde e do social.
Ainda com relação ao mundo do trabalho, pode-se constatar,
conforme informações do Sistema Nacional de Empregos (SINE) de
Anápolis, que o número de inscrições no órgão indica que no Estado
de Goiás 56.862 mulheres se inscreveram em busca de uma vaga no
mundo do trabalho. Entretanto, apesar de se qualificarem mais que
os homens ainda têm dificuldades de encontrar uma colocação. Essa
situação pode indicar ainda um mistificado preconceito de gênero. Ainda
com relação ao nosso município, Marina Quireza Silva, coordenadora
do SINE em Anápolis enfatiza que “aqui não é diferente. Apesar das
inúmeras tentativas de contato com os setores de recursos humanos das
empresas, muitas ainda hesitam em abrir mais vagas para mulheres”
(on line, 2010). A maioria das vagas é relacionada ainda a setores como
culinária e costura.
27
No que se refere à Ciência e Tecnologia aplicada à Educação,
pode-se dizer que há ações que deixaram nossa Educação mais
moderna com a implantação dos Espaços Digitais – laboratórios de
informática – nas unidades escolares, a formação de professores voltada
ao uso das tecnologias no processo educacional, o Grupo de Estudos
em Educação e Tecnologia – GENTE, bem como projetos como Escol@
em Rede que integram as escolas em termos de comunicação por meio
de blogs.
A Educação Ambiental também atuante em projetos de
relevância como o Agrinho, inclusão social e tecnológica, está sob a
direção de uma mulher que tem apresentado um trabalho de qualidade
no que pertine à conscientização dos alunos da rede pública e população
em relação ao meio ambiente e da busca de um mundo mais sustentável.
Dessa forma, o que se torna imprescindível no momento em que
intitulamos de modernidade e onde se discute as questões de gênero
e da importância que a mulher apresenta para a sociedade de modo
geral é que se proponham iniciativas de políticas públicas específicas
não somente de valorização de todo o trabalho desempenhado, mas de
melhor capacitação para um avanço em áreas como a saúde, onde ciência
e tecnologia estão presentes de forma marcante. Torna-se necessário
pensar em políticas de inserção da mulher em cargos que não sejam
somente relacionados ao trabalho manual, mas também intelectual,
assim como na proposição de questões tão fins para a saúde da mulher
como a concessão da vacina contra o câncer do colo de útero de forma
gratuita. São muitas as proposições, porém são muitos os desafios a
serem enfrentados para se alcançar inúmeras melhorias. Entretanto,
um diálogo articulado com os diversos segmentos da atividade humana,
sejam governamentais ou não, pode garantir que nossa Anápolis seja
referência nas questões que pertine à mulher.
HOMSI, Felipe. Mulheres ainda enfrentam restrição para o trabalho.
Jornal Contexto. Disponível em http://www.jornalcontexto.net. Acesso
em 22/12/2010.
Claudia Helena dos Santos Araújo
Doutoranda em Educação pela PUC GO. Mestre em Educação. Coordenadora
do Núcleo de Projetos e Inovação da SEMCT&I. Professora da SEMED de
Anápolis e da Universidade Estadual de Goiás.
E-mail: [email protected]
Olira Saraiva Rodrigues
Mestre em Educação pela PUCGO. Coordenadora do Núcleo de Projetos e
Inovação da SEMCT&I. Professora da SEMED de Anápolis e da Universidade
Estadual de Goiás. Email: [email protected]
E-mail: [email protected]
Mary Aurora da Costa Marcon
Especialista em Gestão Educacional pela UEG. Assessora de Educação e
Tecnologia da SEMED. Email: [email protected]
E-mail: [email protected]
Referências
GODINHO, Tatau (org.). Trajetória da mulher na educação brasileira:
1996-2003. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira, 2006.
28
29
4. A MULHER E O ENVELHECIMENTO
É de domínio público o crescente número da população idosa
graças ao aumento da expectativa de vida que é um ganho dos
avanços tecnológicos em saúde, infra - estrutura, trabalho entre outros.
O envelhecimento não se dá de forma homogênea tanto em relação
à situação socioeconômica quanto de gênero, a população idosa é
classificada como feminina. A projeção é que em 2050 a população idosa
ultrapasse 200 milhões de idosos no Brasil, sendo que a população
feminina será de 07 milhões a mais que os homens. (IBGE, Comunicação
Social, 2008, PROJEÇÃO DA POPULAÇÃO BRASILEIRA).
Entre as mulheres são registradas as menores taxas de
mortalidade. Elas representam 55,8% das pessoas com mais de 60
anos. No período avaliado, a expectativa de vida feminina passou de
73,9 anos para 77 anos. Entre os homens, passou de 66,3 anos para
69,4 anos.
Vários são os fatores para evidenciar tal situação, um destes
fatores é a diferente exposição a riscos como acidentes de trabalho,
acidentes de trânsito, homicídios, quedas, suicídios e outros.
Algumas doenças também são mais prevalentes em homens como as
cardiovasculares e os cânceres.
Outro fator importante de se destacar é a atitude diferente entre
homens e mulheres em relação à saúde e o enfrentamento de doenças.
As mulheres utilizam e conhecem mais os serviços de saúde, são mais
alerta aos sintomas e acatam com mais facilidade as prescrições e
orientações terapêuticas.
O consumo de drogas, álcool e tabaco que sempre foi maior
na população masculina, porem hoje devido ao acesso ao mercado de
trabalho as mulheres vem consumindo quase de maneira igual estes
produtos ilícitos o que acarreta problemas de doença a ambos os sexos.
Porem o grupo masculino ainda é o mais exposto.
devidamente preparados para atendê-las de maneira integral. Outro
fator é a característica destas mulheres em sua maioria são viúvas,
morando sozinhas, o que as torna vulneráveis a violências de um modo
geral e a doenças como depressão, desnutrição, dificuldade de acesso
a todo o tipo de serviços.
Pensar e discutir novas iniciativas de melhorar a velhice feminina
se faz necessário e imperioso para que esta possa ser mais qualitativa
do que meramente figurativa e apunhada de problemas.
BIBLIOGRAFIA
DE LORENZI, D.R.S;ARTICO,G.R.;FONTANA,S. Novos Paradigmas
do envelhecimento feminino: A questão do Climatério.Envelhecimento
, saúde e políticas publicas. Pag.63-77. 2007.
IBGE. Comunicação Social. Nov. 2008. Acessado no endereço http://
www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticia.
VERAS,R.P;RAMOS,L.R;KALACHE,A. Crescimento da População
Idosa no Brasil: Transformações e Conseqüências na Sociedade.
Revista de Saúde Pública. São Paulo.V.21(3).Pag. 225-233.1987
Júlia Maria Rodrigues de Oliveira
Fonoaudióloga, Especialista em Saúde da Família e Fonoaudiologia
Hospitalar, Mestranda em Saúde Coletiva. Gerente do Hospital-Dia do
Idoso de Anápolis. Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da
Pessoa Idosa de Anápolis.
Ao refletir sobre a feminilização da velhice o importante é
que este publico buscará mais os serviços de saúde com queixas
relacionadas ao universo feminino e estes serviços não estariam
30
31
5. A participação das mulheres no espaço de poder em
Anápolis.
“Eu sou aquela mulher
que fez a escalada da montanha da vida,
removendo pedras e plantando flores.”
Cora Coralina.
A construção de uma sociedade e de uma cidade mais justa e
humana passa com toda certeza na questão da igualdade de gênero. O
respeito às diferenças, distribuir e incentivar políticas públicas voltadas
à equidade das oportunidades independente de sexo, classe, cor ou
credo é uma forma de construir cada dia mais uma cidade para todos.
A grande preocupação hoje, em Anápolis e no Brasil é, sem dúvidas,
uma questão de eficácia: o objetivo pontual que versa sobre querer
oferecer, disponibilizar uma melhor qualidade de vida à mulher, tirar do
papel os direitos a elas destinados e aplicar políticas públicas de defesa
e proteção. E isto é uma constância na forma de pensar a sociedade
hoje.
O crescimento alcançado até o momento, sem dúvida alguma,
é resultado de uma maior participação política das mulheres no espaço
do poder. Atualmente, Anápolis conta com três mulheres trabalhando
no legislativo, a maior bancada feminina já registrada em nossa
cidade, mas ainda aquém do número que desejamos, em face do quão
representativas são as mulheres em nosso município.
Neste sentido, precisamos trabalhar para que as ações
sejam, a cada dia, mais eficientes, para termos como consequência
o fortalecimento e reconhecimento do papel da mulher, não só nas
famílias anapolinas, mas também nos espaços políticos, educacionais,
ou em qualquer outro que deseje participar, públicos ou privados.
Outro ganho, dentre nossas grandes conquistas, é o Plano
Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres. No Estado de
Goiás, Goiânia e Anápolis fomentaram os debates a respeito do
Plano Nacional, o que é um sentimento de orgulho, pois estamos
encabeçando discussões, para lograrmos ainda mais melhorias à nossa
população feminina. Isso em consonância com o Governo Federal e
a Secretaria de Políticas Públicas das Mulheres, que tem status de
32
Ministério. Secretaria que fora criada pela primeira vez no governo Lula,
implantando a Lei Maria da Penha e os programas de concretização
da lei. Hoje, no governo da primeira presidenta do Brasil, com o nome
de Secretaria de Políticas para a Mulher, este ente público federal tem
mais autonomia e já implementa programas de altíssima relevância
para o país, como o Rede Cegonha. Por falar em espaços de poder,
não podemos desaperceber o importantíssimo passo que as mulheres
dão com Dilma, considerada uma das mulheres mais poderosas do
mundo, quando devemos ter isso como uma vitória nossa, de todas nós
mulheres, bem como de todo o povo brasileiro.
Não obstantes os nossos desafios também na cidade de
Anápolis, temos que estar dispostas a continuar a luta pelos direitos
que as mulheres possuem ao respeito de suas decisões políticas ou
particulares, à autonomia sobre seu próprio corpo e ao seu futuro.
Necessário é mantermos com firmeza o combate à violência contra as
mulheres e a invocação da igualdade de direitos e deveres.
Cora Coralina é uma das mulheres que no início do século
quebrou tabus no Estado de Goiás, e com ela, podemos entender a
nossa história e nossa vida. Em sua simplicidade, típica das goianas,
venceu o preconceito, venceu a desconfiança e foi reconhecida como
uma das maiores poetisas de Goiás, do Brasil. Cora Coralina relata que
aos cinqüenta anos de idade passou por uma profunda transformação
pessoal, conta-nos que naquele ano “perdeu o medo” e foi quando
saiu e se afirmou como poetisa, autônoma e independente. Ela é um
exemplo para todas nós mulheres, uma referência de força, persistência
e perseverança. É interessante, a título de reflexão, relembrarmos os
seus versos: “luta, palavra vibrante, que levanta os fracos e determina
os fortes”. E assim iremos continuar a construir nosso futuro, seguras
do tanto que podemos e vamos contribuir para o progresso e o
desenvolvimento de nossa nação, assegurando um futuro melhor para
nós que somos um pouco mais da metade da população, e também
para a outra metade, os nossos filhos.
Dra Dinamélia Ribeiro de O. Rabelo
Vereadora
33
6. ASSISTÊNCIA SOCIAL PARA MULHERES VÍTIMAS DE
VIOLÊNCIAS NO MUNICÍPÍO DE ANÁPOLIS
O que é violência contra a mulher?
Na definição da Convenção de Belém do Pará (Convenção
Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a
Mulher, adotada pela OEA em 1994), a violência contra a mulher é
“qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou
sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública
como na esfera privada”.
“A violência contra as mulheres é uma manifestação de relações
de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que
conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos
homens e impedem o pleno avanço das mulheres...”
Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres,
Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, dezembro de
1993.
A Conferência das Nações Unidas sobre Direitos Humanos
(Viena, 1993) reconheceu formalmente a violência contra as mulheres
como uma violação aos direitos humanos. Desde então, os governos
dos países-membros da ONU e as organizações da sociedade civil
têm trabalhado para a eliminação desse tipo de violência, que já é
reconhecido também como um grave problema de saúde pública.
De onde vem à violência contra a mulher?
Ela acontece porque em nossa sociedade muita gente ainda
acha que o melhor jeito de resolver um conflito é a violência e que os
homens são mais fortes e superiores às mulheres. É assim que, muitas
vezes, os maridos, namorados, pais, irmãos, chefes e outros homens
acham que têm o direito de impor suas vontades às mulheres.
Embora muitas vezes o álcool, drogas ilegais e ciúmes sejam
apontados como fatores que desencadeiam a violência contra a mulher,
na raiz de tudo está a maneira como a sociedade dá mais valor ao papel
masculino, o que por sua vez se reflete na forma de educar os meninos
e as meninas. Enquanto os meninos são incentivados a valorizar a
34
agressividade, a força física, a ação, a dominação e a satisfazer seus
desejos, inclusive os sexuais, as meninas são valorizadas pela beleza,
delicadeza, sedução, submissão, dependência, sentimentalismo,
passividade e o cuidado com os outros.
Por que muitas mulheres sofrem caladas?
Estima-se que mais da metade das mulheres agredidas sofram
caladas e não peçam ajuda. Para elas é difícil dar um basta naquela
situação. Muitas sentem vergonha ou dependem emocionalmente ou
financeiramente do agressor; outras acham que “foi só daquela vez” ou
que, no fundo, são elas as culpadas pela violência; outras não falam
nada por causa dos filhos, porque têm medo de apanhar ainda mais
ou porque não querem prejudicar o agressor, que pode ser preso ou
condenado socialmente. E ainda tem também aquela idéia do “ruim com
ele, pior sem ele”.
Muitas se sentem sozinhas, com medo e vergonha. Quando
pedem ajuda, em geral, é para outra mulher da família, como a mãe ou
irmã, ou então alguma amiga próxima, vizinha ou colega de trabalho.
Já o número de mulheres que recorrem à polícia é ainda menor. Isso
acontece principalmente no caso de ameaça com arma de fogo, depois
de espancamentos com fraturas ou cortes e ameaças aos filhos.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), “as
conseqüências do abuso são profundas, indo além da saúde e da
felicidade individual e afetando o bem-estar de comunidades
Dois milhões de casos de violência são registrados anualmente
contra a mulher, segundo pesquisa realizada em 2001 pela Fundação
Perseu Abramo. Mesmo diante do problema, o principal programa de
proteção às mulheres deixou a desejar no quesito gastos. Dos R$
23,5 milhões autorizados em orçamento para o programa de “combate
à violência contra as mulheres”, apenas R$ 13,9 milhões foram
desembolsados, ou seja, 59% do total. Este valor inclui os “restos a
pagar”, que são dívidas acumuladas em exercícios anteriores que foram
pagas no ano passado.
Uma das principais ações do programa de combate a agressões
intitulada “Serviços especializados no atendimento a mulher em
situação de violência” executou apenas 52% da verba global prevista
em orçamento. Dos R$ 21,2 milhões autorizados para a ação, somente
35
R$ 11,1 milhões foram de fato aplicados, por exemplo, em centros
de referência de atendimento à mulher, casas abrigos e defensorias
públicas.
O que pode ser feito?
As mulheres que sofrem violência podem procurar qualquer
delegacia, mas é preferível que elas vão às Delegacias Especializadas
de Atendimento à Mulher (DEAM), também chamadas de Delegacias da
Mulher (DDM). Há também os serviços que funcionam em hospitais e
que oferecem atendimento médico, assistência psicossocial e orientação
jurídica.
A mulher que sofreu violência pode ainda procurar ajuda nas
Defensorias Públicas e Juizados Especiais, nos Conselhos Estaduais
dos Direitos das Mulheres e em organizações de mulheres.
A assistência social no município de Anápolis.
Políticas públicas contra a violência à mulher
Entenda mais sobre os serviços de atendimento a mulheres em
situação de violência
Centros de Referência ou de Atendimento
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) Política pública pioneira no Brasil e na América Latina no enfrentamento
à violência contra a mulher, a primeira DEAM foi implantada em 1985, em
São Paulo. As delegacias se caracterizam como uma porta de entrada
das mulheres na rede de serviços, cumprindo o papel de investigar,
apurar e tipificar os crimes de violência contra a mulher. As DEAMs
vinculam-se aos sistemas de segurança pública estaduais e nossa ação
junto a elas se dá em parceria com a Secretaria Nacional de Segurança
Pública (SENASP) do Ministério da Justiça.
Defensorias Públicas da Mulher - As Defensorias Públicas de
Atendimento à Mulher são uma política pública inovadora e recente,
constituindo uma das formas de ampliar o acesso à Justiça e garantir às
mulheres orientação jurídica adequada, bem como o acompanhamento
de seus processos.
36
Casas Abrigo - Até 2002, a Casa Abrigo era tida como uma
das políticas prioritárias no enfrentamento à violência contra a mulher
sendo, muitas vezes, o único equipamento disponível em alguns dos
municípios brasileiros. Contudo, na avaliação da Secretaria de Políticas
Públicas para as Mulheres, a implementação dessa política tem
pouca sustentabilidade e baixa efetividade se desarticulada de outros
equipamentos. Nesse sentido, a SPM passou a dar prioridade a projetos
de Casas Abrigo que atendam a uma micro-região, onde já existam
outros serviços, configurando uma rede mínima de atendimento.
Serviços de Saúde - É outra importante porta de entrada das
mulheres em situação de violência na rede dos serviços públicos. Os
serviços de atendimento a casos de violência sexual e estupro realizam
também a distribuição da contracepção de emergência, pílula do dia
seguinte, que faz parte do protocolo de atenção aos casos de estupro.
Rede de atendimento
O Centro de Referência integra uma política da Prefeitura de
Anápolis, que também inclui a Rede de Atendimento à Mulher Vítima
de Violência e a Casa Abrigo. A rede foi criada por uma iniciativa da
Diretoria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres e integra
órgãos públicos e da iniciativa privada que atuam de forma conjunta
para proporcionar um atendimento humanizado às vítimas da violência
doméstica em um momento tão delicado de suas vidas. O objetivo é que
estes órgãos estejam preparados e articulados para perceber os casos
de violência e para fazer os encaminhamentos necessários.
No Centro de Referência, as mulheres são atendidas
primeiramente pela assistente social, depois pela psicóloga e a
advogada. O tempo de tratamento depende de cada caso. Alguns deles
exigem um atendimento mais longo e visitas domiciliares. “O importante
é que já nas primeiras entrevistas com a equipe do Centro a mulher já
sente uma mudança de atitude. Elas entram com os ombros arqueados
e de cabeça baixa e depois se mostram mais confiantes”, garantem.
Keila Beatriz Rodrigues Gomes.
Assistente Social da Secretaria de Desenvolvimento Social
37
7. A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NUMA LINGUAGEM NÃO
SEXISTA E O PAPEL DA MULHER NA CONSTRUÇÃO DE
UMA SOCIEDADE MAIS IGUAL
Cultura (Unesco) recomendou aos países que eliminem da escrita e
dos discursos orais todas as formas discriminatórias de linguagem em
relação à mulher.
Quando se diz “A salvação do planeta está nas mãos dos
homens”, ao invés de “ A salvação do planeta está nas mãos da
humanidade”, reflete-se a posição que o homem vem ocupando na
história, reforçando-se seu papel hierárquico e as relações de poder e
dominação masculina na sociedade.
(Vera Vieira)
Neste sentido, mudar a linguagem sexista significa aceitar o
desafio de romper com sistemas de educação e práticas sexistas para
criar nova consciência e novas atitudes e formas de relações entre
homens e mulheres. Este tema, trazido pelo maior movimento social
mundial do século XX - o movimento de mulheres -, entrou na pauta de
várias conferências mundiais do último quarto do século XX, quando as
mulheres emergiram no cenário internacional. (VIEIRA, 2003)
Investir na educação inclusiva significa propiciar um ambiente
acolhedor das diferenças, combatendo a discriminação e cultivando
os direitos humanos. Pela sua capacidade de acelerar e aprofundar
mudanças culturais, a educação é considerada elemento-chave nas
políticas de inclusão social. Nessa perspectiva, a educação apoia e
articula ações que permitem igualar as oportunidades para todas as
pessoas.
Depois da família e de outros espaços educativos, o ambiente
escolar é um espaço onde os indivíduos aprendem sobre saúde,
direitos sexuais e reprodutivos, bem como sobre respeito e acolhimento
das diferenças, desvendando mitos e estereótipos. Assim, deve ser um
espaço voltado a reduzir a vulnerabilidade de crianças e adolescentes a
todas as manifestações de violência, exploração sexual, discriminação
racial e sexista.
Neste contexto, a educação constitui um elemento importante
de mudança e precisa ser direcionada para construção de uma nova
linguagem não discriminatória, o que envolve transformar percepções
de toda ordem e combatendo todas as formas de discriminação que
vem sendo difundidas pelas diferentes meios de comunicação impostos
pelo sistema.
Mudar o paradigma institucionalizado e inculcado nas
mentalidades, inclui medidas que abrangem toda a sociedade iniciando
pela família, escola e entidades e grupos sociais, e isso deve iniciar
pela mudança da linguagem que é o mais forte e persuasivo meio de
formação da identidade dos indivíduos. Portanto, a linguagem inclusiva
tem sido amplamente trabalhada pelos movimentos de mulheres,
bem como por outros movimentos que também se vêem prejudicados
por preconceitos, como aqueles voltados ao combate do racismo, da
homofobia e da lesbofobia.
Como o eixo cultural que fazia do homem o núcleo das relações
familiares, comerciais, profissionais e intelectuais foi deslocado, o
desempenho da mulher no novo status que adquiriu trouxe outras
exigências, que incluem mudanças profundas em relação ao que
aprendemos tradicionalmente na educação discriminatória recebida na
família e depois na escola, tanto no conteúdo como na linguagem dos
livros de história, geografia, ciências, gramática, redação, matemática....
( )
O uso não sexista da linguagem tem sido objeto de roteiros
elaborados em diversos países do mundo. O tema chegou, inclusive, a
ser objeto de estudo no âmbito das Nações Unidas. A 24a. Assembléia
Geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
38
Dentro dos esforços por uma educação de qualidade busca- se
ainda a equidade e a valorização da diversidade, respeitando cada um
dentro do que se pode chamar de diferenças. Assim, as dimensões que
englobam gênero, raça, etnia e de fortalecimento dos direitos humanos
vem sendo foco de análise e planejamento de políticas públicas que visam
transformar pensamentos, modos de vida para que superem osexismo,
o racismo, a lesbofobia e a homofobia, e toda sorte de discriminação
que possa atingir principalmente as mulheres (culturalmente chamadas
de sexo frágil).
39
As mulheres se incluem neste contexto por sofrerem variados
tipos de preconceitos dentro desta sociedade essencialmente machista
onde abusos e discriminações estão presentes na trajetória de vida da
grande maioria destas.
autonomia, igualdade no mundo do trabalho e cidadania, educação
inclusiva e não-sexista enfrentamento à violência contra a mulher saúde
das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos
Neste momento em que as discussões e espaços se abrem para
reflexões sobre o papel da mulher na sociedade, faz-se mister a união
de todas no planejamento de ações reivindicadoras que envolvam todos
os atores sociais no sentido de estabelecer diretrizes legais em defesa
dos direitos da mulher.
Com tudo isso se reconhece que as políticas para valorização e
a não discriminação das mulheres devem ser prioridades dos governos
estaduais e municipais em parceria com os poderes legislativo e
judiciário para que cada um em suas atribuições possa garantir as
mudanças necessárias no contexto sócio-educacional de nosso país e
de nossa cidade.
Para tanto, o Governo Federal, vem desenvolvendo políticas
públicas voltadas para a melhoria da qualidade de vida da mulher. No
entanto é necessário que haja uma participação maciça das mulheres
no centro das discussões e debates acerca do combate à desigualdade
de oportunidades. Isso deve ter suas primícias por meio de ações
voltadas a grupos de mulheres que estão em condições desfavoráveis
por razões econômicas, racismo, deficiência física, geração, orientação
sexual, entre outras.
Para tanto, vale ressaltar que é de suma importância que se
formulem estratégias de gênero nas políticas educativas, de forma a
garantir que sejam combatidas todas as formas de discriminação (de
gênero, geracional, étnico-racial, por orientação sexual, de pessoas
com deficiência), que interferem nos processos sócio-educativos em
todos os níveis.
No que tange os espaços da educação não-formal (associações,
cooperativas, organizações não-governamentais, sindicatos, igrejas e
outras instituições sociais) e informal (voltado à sociedade em geral por
meio da família e da mídia) também devem desenvolver ações para
mudar mentalidades, atitudes e comportamentos relativos ao respeito
dos direitos humanos, proteção dos direitos das mulheres mediante
programas educacionais que disseminem o respeito à dignidade da
pessoa humana.
Anápolis também tem participação das mulheres na vida
da cidade, que conta com serviços de proteção e assistência à
mulher,porém, urge que haja uma mobilização maior de cada cidadã
anapolina no sentido de cobrar destes poderes constituídos políticas
públicas voltadas para a eliminação do sexismo, do racismo e de
quaisquer tipo de discriminação que afete direta ou indiretamente a
população feminina atuante desta cidade que cresce e se desenvolve
com a habilidade e a força da mulher.
VIEIRA, Vera. A discriminação à mulher está presa à tirania das palavras e
imagens. Artigo.www.centrodandara.org.br/.../Linguagem%20inclusiva.
htm
Massula, Letícia A mulher e a opressão pela linguagem.Artigo.
lilianeferrari.com/.../a-mulher-e-a-opressao-pela-linguagem
PANDJIARJIAN Valéria O Mundo no masculino e no Feminino: Plural
dos Gêneros – Artigo. Linguagem inclusiva – coletânea de textos
Equipe Multiprofissional de Educação Inclusiva da Sub. Secretaria
Regional Anápolis
O movimento de mulheres foi pioneiro ao identificar as
concepções estereotipadas das características e papéis atribuídos a
mulheres e homens e aceitar a diversificação hoje existente. A partir
daí, vem se reforçando os movimentos das mulheres pela busca de
40
41
8. AUTONOMIA E IGUALDADE DO TRABALHO
URBANO, RURAL E CIDADANIA
Para conseguir cidadania, igualdade e autonomia da mulher no
trabalho urbano e rural ainda é um grande desafio.
Estamos em pleno século XXI e ainda discutimos sobre o
papel das mulheres no mercado de trabalho seja urbano, seja rural.
Mas, se ainda precisamos discutir esse assunto é porque ele ainda é
controvertido.
Muitas conquistas já foram obtidas. Muitas questões como: a
mulher deve ou não trabalhar fora de casa, deve estar presente no
mercado de trabalho, já foram superadas.
Nos últimos anos, foi constatado um crescimento significativo
de mulheres no mercado de trabalho. Em 2009, representávamos
45,1% da população ocupada, equivalente a 9,6 milhões de mulheres
empregadas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.
Um crescimento de 20,4% comparado ao ano de 2003, quando
representávamos 43% da população ocupada. Mas precisamos,
ainda, dar resposta a um ponto crucial: até onde se conseguiu chegar
efetivamente? Onde é necessário avançar?
Em algumas áreas como a jurídica, por exemplo, a mulher está
quase que por igual ao homem quando se fala de cargo diretivo ou
mesmo como participante da equipe de trabalho. Em outras áreas, ainda
está bem atrás como, por exemplo, em cargos de liderança. Os salários
continuam menores que os dos homens, independente do cargo. A
discriminação, o preconceito, o tabu, a jornada de trabalho, continuam
latentes, bastante desiguais.
Vários desafios e perspectivas ainda existem. Necessidade de
debates e discussões sobre:
- Gestão transversal (pública entre diversos programas, instituições,
etc.) para enfrentar as desigualdades de gênero ainda existente no
País; criação, gestão, monitoramento e avaliação de políticas públicas
direcionadas às mulheres; orçamento e gasto público em ações
42
nessa mesma ótica. Enfim, criar ações para fazer a transversalidade
de gênero, analisando e formulando estratégias de desenvolvimento
socioeconômico. E ainda, em se tratando de cidadania, criar um
processo de reconhecimento de empresas e instituições que respeitam
os direitos das mulheres.
- Ampliação do acesso das mulheres ao mercado de trabalho urbano e
rural.
- Promover autonomia econômica e financeira das mulheres através
do empreendedorismo, associativismo, cooperativismo e comércio e
serviços.
- Buscar igualdade nas relações trabalhistas, sem discriminação, com
equidade salarial e nos cargos de direção.
- Buscar a equidade das tarefas domésticas, cumprindo a legislação do
trabalho doméstico.
- Ampliação do exercício da cidadania das mulheres e do acesso à
moradia e à terra.
- Ampliação do aceso ao microcrédito que é um instrumento de
superação da pobreza e de exclusão social.
- Discutir uma política com recursos orçamentários que venha contribuir
com o desenvolvimento de ações para acabar com a desigualdade, o
preconceito e a inclusão da mulher como cidadã.
Sabemos que existe um Plano Nacional de Políticas para as
mulheres que contempla um Planejamento com perspectiva de gênero,
mas que é necessário também, um orçamento com perspectiva de
gênero.
Existem no Brasil pelo menos 22 órgãos que executam ações
do Programa Nacional de Proteção a Mulher. Mas, se não unirmos para
discutir, debater ações que venham contribuir para novas conquistas, o
processo continuará lento e os avanços podem não acontecer.
Por isso, nosso papel na discussão e no debate sobre nossa
autonomia e igualdade do trabalho urbano e rural e nossa cidadania, é
43
imprescindível e importantíssimo. Temos que contribuir na criação de
estratégias que venham modificar nossa atuação no mercado.
Todas nós somos responsáveis por isso. Pense nisso e contribua.
Faça sua parte. Assim teremos um mundo melhor. Não para sermos
melhores ou diferentes do que os homens. Mas para andarmos ao seu
lado igualmente.
Tânia Aparecida Silva
Economista, graduada em Gestão Empresarial e Agente de Inovação e
Difusão Tecnológica. Consultora e instrutora do Sebrae, é atualmente
Gerente da Regional Centro Nordeste do Sebrae em Goiás.
9. A TRAJETÓRIA DA MULHER NA CULTURA DE
ANÁPOLIS
Que os homens me desculpem, mas a força que impulsiona a
arte e a cultura é privilégio das mulheres. São elas guardiãs da tradição
estimulando os filhos ver com olhos de interesse, amor, a cultura e arte
familiar, cidadã, unindo tudo num laço bem feito de orgulho pelo Brasil.
Anápolis cidadã plantada por Dona Ana Ramos, coroada por
Santana, vovó do Menino Jesus, doou ás nossas mulheres ascendência
indiscutível na tradição, cultura e artes. Essa importância impregnou
minha mente aos doze anos. Em viagem o caro quebrou e procuramos
ajuda numa casa de pau-a- pique. A dona da casa alegre e faceira, com
flores no cabelo, levou-nos á sala de terra batida escrupulosamente
varrida, ostentava na mesa de caixote uma toalha de jornal artisticamente
recortada como fosse bordada. No centro uma cabaça cheia de flores
do campo.
Alguém pode negar haver ali, tradição de limpeza, cultura ao
belo e amor a arte?
Lembro-me, era pequenina, da chegada das Salesianas,
trazendo além do ensino didático (só para meninas) apresentações
teatrais no cine Imperial onde a sociedade comparecia para aplaudir
filhas sobrinhas e netas.
A implantação do ensino artesanal, artístico e culinária, repercutiu
em ex-alunas como Estelita e Marly que fizeram as primeiras escolas de
dança, até onde me lembro.
Estelita produzia pomposos e coloridos espetáculos
ansiosamente esperados pela beleza das roupas e temas alegres e
especiais. Marly optou por perfeitas apresentações, cuja originalidade
de vestuários exóticos e práticos encantava pela ousadia.
Cida Lino, a bailarina, trouxe para Anápolis o Balé Moderno
Contemporâneo, cuja excelência e rigor das técnicas e brilho magnético
permitiram temas como as quatro estações.
Elza Cavalcante criou uma bela escola, hoje é o orgulho de
44
45
Anápolis pela beleza originalidade de técnica permitindo ao seu espírito
pioneiro levar os espetáculos a várias cidades e estados arrebanhando
prêmios sobre prêmios.
Com Zulma, o Balé Clássico criou vida, apresentando temas
consagrados como o Lago dos Cisnes. O trabalho de Zulma é
reverentemente admirado em todo estado, desde que um aluno recebeu
bolsa para o exterior.
Já nossa Catarina Athiê e sua Escola de Música, quase um
conservatório, são os mestres de grande parte dos musicistas anapolino.
Seu coral apresentava belos temas, inclusive os corais de Verdi.
Quem não se lembra do Madrigal Bel Canto? Criação impar
da maestrina Volga. Apaixonada por corais criou o encontro de corais
aqui em Anápolis e trouxe os Canarinhos portentoso Coral de crianças
adolescentes.
Quando Dona Maria Valadão acompanhada de sua secretária,
hoje senadora, Lucia Vânia, veio inaugurar o Centro de Tecelagem foi
um auê, muitos criticaram: não dará certo. Hoje sabemos com orgulho
que todo trabalho da A.C.A. A culminou com a fiandeira mor, Cecília
Spindola. Ela não só ampliou o ambiente, trazendo o ensino do trabalho
em vidro e cerâmica vidrificada e mosaicos, como ainda estabeleceu
um pequeno, hoje grande espaço de venda dos trabalhos produzidos,
no Anashoping. Ponto eletivo dos turistas.
Não podemos esquecer a poetisa Maria Ivone, fundadora e
diretora do Colégio D. Pedro I. Quando diretora da Fundação Municipal
de Cultura criou a primeira academia de artes e letras –A.A.L.A, que por
muitos anos representou a nata da cultura Anapolina.
Marieta Jaime, escritora criativa continua colocando nas livrarias
seus livros romanceados.
Na parte social beneficente temos o exemplo inconteste Ana
Maria, com garra de heroína transformou dor em valor reunindo uma
colméia de voluntárias para levar o seu Bazar, não só carinho humano,
mas também belas e originais peças artesanais, vendidas para ajudar
portadores de câncer.
Esmeralda Rodrigues e Clair Rodrigues Rocha fundaram o
Cidfa, trabalhando com pessoas especiais. Eu vi uma criança que mal
ficava em pé, com ataques de raiva e fala incompreensível transformarse. Inicialmente mal fazia a cobrinha (movimentos com as mãos que
forma um fio de argila) um dia pintar a guache um rosto. Foi para a
escola Osvaldo Verano e tornou-se um artista.
Encerrando o elenco de mulheres especiais quero falar da
doutora escondida sob o nome de Irmã Rita. Todo seu trabalho dentro
e fora da Santa Casa, cuidando de todos que dela necessitam, não
impede o desvelo pelas grávidas. Como a mãe carinhosa, promove
ás mães adolescente ou não aprendizado de costura e tricô, além de
oferecer pequenos enxovais. Meu coração ajoelha grato para dizer:
Muito obrigada Irmã Rita por ser eficiente e generosa, e mais que tudo
ser humana e mulher.
E todas as mulheres em quaisquer profissões recebam meu carinho,
pois o amor que oferecem as torna uma obra de arte.
Nena de Pina (Escritora, Empresária do ramo de cerâmica, Professora
de Yoga.)
Célia Siqueira Arantes, escritora e artesã, foi por várias gestões
presidente da A.A.L.A, além de ser, quando ainda estava na secretaria
de cultura municipal a idealizadora da nossa feira de artesanato.
Anésia Cecilio é a nossa cronista, acompanhou o nascer e
crescer de Brasília, como continua cobrindo os mais seletos eventos da
cidade.
46
47

Documentos relacionados

Professor Conect@do - Prefeitura de Anápolis

Professor Conect@do - Prefeitura de Anápolis Segundo o filósofo Pierre Lévy (1993), as novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo (re)elaboradas por meio das comunicações e da Informática. As relações entre os homens, o trabalho e a p...

Leia mais

caderno de pesquisas - Prefeitura de Anápolis

caderno de pesquisas - Prefeitura de Anápolis O Museu Histórico extrapola os limites de suas paredes e objetos. O papel que essa unidade cultural deve cumprir enquanto espaço de consulta e fonte de informações históricas se estende para as pág...

Leia mais