--------------X-------------- AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO BALÃO
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--------------X-------------- AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO BALÃO
--------------X-------------ÁSTRICO AG TR IN O LÃ BA DO IA ÁC IC EF DA O ÇÃ IA AL AV NA REDUÇÃO DE PESO CORPORAL E NAL. IO IC TR NU TO EN AM NH PA OM AC DO A CI ÂN A IMPORT --------------X-------------GRECCO, Maria Angélica Monteiro; GRECCO, Eduardo; SOUZA,Thiago Ferreira; MARTINS, Mirela Perea; GALVÃO NETO, Manoel; HURTADO, Robin Yance; AVILA, Fernanda Madureira Alvarenga. Introdução: A obesidade é uma condição crônica multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo, que tem alcançado proporções epidêmicas mundialmente, associada a aumentos dramáticos na diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares e doença pulmonar. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a ocorrência da obesidade reflete a interação entre fatores dietéticos e ambientais com uma predisposição genética. 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,9 O conceito de definição e classificação da obesidade é baseada primeiramente no índice de massa corpórea (IMC), calculado com o peso dividido pelo quadrado da altura (kg/m2), como unidade de medida. Um IMC de 30-35, 3540 e acima de 40 são considerados respectivamente como grau I, II e III. A obesidade mórbida é usualmente definida como o IMC acima de 40 ou acima de 35 em combinação com comorbidades. Além disso, alguns cirurgiões falam de super e mega obesidade se o IMC de um paciente excede 50 ou 70, respectivamente. 2, 6, 7, 8 IMC Classificação < 18,5 Abaixo do peso 18,5 – 24,9 Peso normal 25,0 – 29,9 Sobrepeso 30,0 – 34,9 Obesidade grau I 35,0 – 39,9 Obesidade grau II ≥ 40,0 Obesidade grau III Dada a enorme importância da obesidade mórbida e a eficácia limitada dos tratamentos dietéticos e farmacológicos, o tratamento cirúrgico tem se tornado mais popular. 1 Estudos recentes mostram que o tratamento clínico e nutricional, dietas e reeducação alimentar em adultos em alto grau de obesidade, não apresentam resultado significativo em longo prazo; assim a cirurgia bariátrica é , atualmente, a ferramenta mais eficaz no controle e tratamento da obesidade mórbida. 2, 7 Entretanto, existe um grupo intermediário de pacientes que não respondem ao tratamento medicamentoso e que não possuem o perfil para o procedimento cirúrgico, daí o surgimento do balão intragástrico; um método temporário e reversível para facilitar a implementação de novos hábitos alimentares. 10, 11 O “Bioenterics Intragastric Ballon” (BIB),é um método temporário, posicionado por via endoscópica para o tratamento da obesidade. A introdução do balão intragástrico é indicado,de acordo com os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de acordo com as diretrizes de cirurgia bariátrica, a pacientes com sobrepeso, com obesidade moderada e dificuldade de adesão ao tratamento farmacológico ou como um auxílio a perda de peso pré operatório, afim de minimizar as morbidades e os riscos cirúrgicos.Todos os pacientes devem passar por uma avaliação médica, nutricional e psicológica para a realização do procedimento. 10, 12, 13, 14, 15 Tabela 1 (Classsificação do IMC, segundo OMS, 2000) De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2005, 1,6 bilhões de pessoas acima de 15 anos foram classificadas em sobrepeso e 400 milhões estavam obesos. As projeções para o ano de 2015, segundo a OMS, são de, aproximadamente, 2,3 bilhões de pessoas acima do peso e mais de 700 milhões estarão obesas. No Brasil, segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 38,8 milhões de pessoas com 20 anos ou mais estavam acima do peso no ano de 2002 a 2003. 7 Figura1: Balão Intragástrico. Seu mecanismo de ação é baseado em três princípios: ação mecânica, que reduz a capacidade gástrica em 50%, levando a uma saciedade precoce; ação hormonal, provocando retardo de esvaziamento e redução do apetite e ação neurológica, que estimula, através no nervo vago, o núcleo paraventricular do trato solitário, reduzindo o apetite. 16,17 Um elemento importante do sucesso á longo prazo da perda de peso é o desenvolvimento de um programa educativo multidisciplinar, no qual são feitas abordagens quanto ao procedimento, aos hábitos de atividade física e a necessidade de aderir às rígidas recomendações dietéticas. Objetivo: Avaliar a eficácia do balão intragástrico na redução de peso corporal e a importância do acompanhamento nutricional. Metodologia: Avaliou-se a redução de perda de peso e Índice de Massa Corpórea (IMC) em 110 pacientes em uso de balão intragástrico. Resultados: Os indicadores antropométricos evidenciaram uma significativa perda de peso e redução de IMC após 6 meses em uso de balão intragástrico, demonstrando que a amostra foi composta de 70% gênero feminino com idade média de 39 anos (±10) com média de perda de peso de 19,56% (±3),com IMC inicial 35,18 kg/m2 (±6) e IMC final 28,24 kg/m2 (±5); 30% gênero masculino com idade média de 39 anos (±14) com média de perda de peso de 19,9% (±4),com IMC inicial 37,83 kg/m2 (±5) e IMC final 30,27 kg/m2 (±4). Discussão: Há grandes controvérsias na literatura acerca da eficácia do balão na perda de peso sustentada. Alguns estudos mostram uma perda de peso de cerca de 17,8 kg, com diminuição do Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 4 e 9 kg/m2 e mostram ainda uma resolução ou melhora das comorbidades em 52 a 100% dos casos. 18 Resultados satisfatórios encontrados neste estudo, foram semelhantes ao estudo de Genco, no qual os pacientes apresentaram em 6 meses, perda de peso de 21,5%. 12 Assim como no estudo de John Melissas apresentou perda de peso superior a 25%. 19 Estudo multicêntrico de Sallet et al, comprovou que o balão intragástrico, por ser um método temporário de emagrecimento, encontrou média de 48% de perda de peso, sendo indicado para super obesos em pré operatório de cirurgia bariátrica, pacientes em sobrepesos que estejam dispostos a mudanças de hábitos alimentares e adolescentes, por ser um procedimento não invasivo, com baixa incidência de complicações. 17 Conforme artigo publicado em 22 de outubro de 2008 na revista Obesity Surgery, principal referência mundial sobre tratamentos cirúrgicos para obesidade é possível observar em pacientes submetidos à colocação do Balão Intragástrico uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes, medida por indicadores como Medical Outcomes Study Short Form-36 (SF-36) e o Health Related Quality of Life (HRQL). O uso isolado do balão intragástrico não é suficiente, contudo, para uma perda ponderal sustentada. Seu uso deve estar associado a um programa de controle de peso que continuará mesmo após a retirada do balão. O aconselhamento nutricional no pós procedimento é essencialmente importante, devido ás inúmeras alterações de hábitos alimentares que o paciente irá desenvolver, sendo esse acompanhamento a garantia do sucesso do procedimento. 20 Além disso, tem como finalidade promover perda de peso inicial, reforçar a percepção do paciente de que a perda de peso é possível quando o balanço energético se torna negativo, identificar erros e transtornos alimentares, promover expectativas reais de perda de peso e preparar o paciente para a alimentação no pós operatório. 2, 9 A dieta padronizada tem como objetivo o repouso gástrico, adaptação a pequenos volumes, hidratação, favorecimento do processo digestivo, do esvaziamento gástrico e impedir que resíduos possam aderir ao balão. 9, 21 Estudo de Alfredo Genco et al, comprovou através da avaliação de 3252 pacientes em uso de balão intragástrico, que o procedimento é eficaz e satisfatório para a perda de peso, sendo fundamental o acompanhamento da equipe multidisciplinar. 22 Conclusão: O estudo demonstrou excelentes resultados com o uso do balão intragástrico e concluiu que procedimento não finaliza o tratamento da obesidade, pelo contrário, é o início de um período de mudanças comportamentais e alimentares com a monitorização regular de uma equipe multidisciplinar, sendo o nutricionista responsável pela evolução progressiva dos alimentos conforme suas composições e consistências, ajudando com o planejamento da refeição e evitar possíveis deficiências nutricionais. 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