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POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ
DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA
ACADEMIA POLICIAL MILITAR DO GUATUPÊ
ESCOLA SUPERIOR DE SEGURANÇA PÚBLICA
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS
ASPIRANTE A OFICIAL BM EDISON LUIZ FEIJÓ JUNIOR
PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO EM SALVAMENTO VEICULAR NO
CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
2015
ASPIRANTE A OFICIAL BM EDISON LUIZ FEIJÓ JUNIOR
PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO EM SALVAMENTO VEICULAR NO
CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ
Monografia apresentada como requisito
parcial à conclusão do Curso de Formação
de Oficiais Bombeiros-Militares realizado
junto à Academia Policial Militar do
Guatupê.
Orientador de conteúdo: Cap. QOBM Icaro
Gabriel Greinert.
Orientador Metodológico:
Dalton Gean Perovano
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
2015
Cap.
QOPM
Aos meus pais, meus ídolos Edison Luiz Feijó e Marli de Oliveira Feijó. Ainda
não existem palavras suficientes para expressar o quão grato e o quanto de
amor sinto por vocês, que nunca mediram esforços para nos ver felizes.
Eternos Paizinho e Mãezinha, vocês são a tradução do sentimento de família.
Aos meus irmãos, Anderson, Everson e Emerson. Nossas reuniões produzem
as mais divertidas e felizes gargalhadas, reforçando o sentimento de
companheirismo sob o qual fomos criados.
A minha esposa, Juliana Candido da Silveira Feijó, que me acompanha na
árdua batalha de ser aluno, enfrentando todas as dificuldades ao meu lado e
presenteando-me com a coisinha mais linda desse mundo, nossa Alice.
A minha filha Alice, realização de um sonho e detentora de todos os meus
planos futuros. Prometo-lhe me dedicar a você, te amar e tentar ser pra você o
pai que tenho.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Capitão QOBM Icaro Gabriel Greinert, pelo
acompanhamento e orientação, mesmo de longe, contribuindo decisivamente
para meu desenvolvimento.
Ao meu Coordenador de Curso, 1º Tenente QOBM Anderson Gomes
das Neves, militar distinto, coordenador exemplar, exímio ser humano. Por
estar presente nos momentos em que mais precisei, auxiliando, orientando,
mostrando-se preocupado não só em formar militares, mas pessoas
“humanas”.
Ao 1º Tenente QOBM Anderson Luiz Feijó, meu irmão, grande
influencia para a escolha da profissão.
Aos Oficiais e Praças que auxiliaram no desenvolvimento da pesquisa.
Aos amigos que ganhei nesses três longos anos de convivência.
Certamente levo um pouco de cada um de vocês comigo.
RESUMO
No Corpo de Bombeiros do Paraná (CBPMPR), o número de atendimentos a
ocorrências em acidentes em meio de transporte atualmente supera em muito
as ocorrências que originaram a criação da Corporação, combate a incêndios.
Isso pode ser atribuído ao crescente número de veículos circulantes, não só no
estado, mas a nível nacional. Dessa forma, o Corpo de Bombeiros deve estar
preparado para atender aos diversos cenários dos acidentes de trânsito,
especialmente aqueles com vítimas presas às ferragens. Dentre o amplo
campo da atividade de salvamento veicular, esse trabalho foca-se no protocolo
de atendimento inicial. Ter um padrão de atendimento é fundamental para a
agilidade e qualidade do atendimento. Por não haver um Protocolo Operacional
Padrão (POP) oficial na Corporação, buscou-se descobrir como as ações de
salvamento veicular são tratadas nos nove Grupamentos de Bombeiros em
relação à padronização do atendimento. Através de uma pesquisa exploratória,
com enfoque quantitativo, objetivou-se averiguar o conhecimento de POP nas
sedes de Grupamentos do Corpo de Bombeiros do Paraná, através da
aplicação de questionário. Inicialmente foi realizado contato telefônico com os
chefes da 3ª Seção de cada Grupamento, e então o questionário foi enviado
via e-mail para aplicação nas 3 prontidões da sede do Grupamento e também
nos oficiais subalternos e Aspirantes-a-Oficial que concorrem a escala de
Oficial de Socorro/Área. Dos 75 questionários respondidos, 11% correspondem
a Aspirantes e 28% a Oficiais, categorias que afirmaram conhecer algum
protocolo, e que também se mostraram cientes da importância de haver um
padrão de atendimento. Entre a categoria de Praças surgiram variações de
respostas. Como exemplo, militares da mesma unidade apresentaram
divergências quando perguntado da existência de protocolo (formal ou informal)
no Grupamento. As contradições apresentadas mostraram que há um
desnivelamento na tropa no aspecto estudado, e que a criação de um protocolo
operacional padrão para a Corporação, e mais adiante um manual de
salvamento veicular, auxiliaria na melhoria do atendimento à população.
Palavras-Chaves: Padronização. Protocolo. Salvamento veicular. Vítima
Encarcerada.
ABSTRACT
Currently, the Paraná Fire Department answer more traffic accidents calls than
incidents that caused his beginning, firefighting. This can be attributed to the
growing number of circulating vehicles, not only in the state but nationally.
Therefore the fire department must be prepared to answer the various
scenarios of traffic accidents, especially those involving victims trapped in the
wreckage. Among the broad field of vehicular rescue activity, this work focuses
on the initial care protocol. Have a standard approach is critical to the efficiency
and quality of attendance. As there is no official Standard Operating Protocol in
the Corporation, we tried to figure out how the actions of vehicle rescue are
treated on the nine fire stations, about the standardization of care. Through an
exploratory research with quantitative approach, the intent was to assess the
knowledge of standard in headquarters of Paraná Fire Department, through a
questionnaire. Initially, the heads of the 3rd Section of each Grouping were
contacted by telephone, and then the questionnaire was sent by email for
application in 3 teams of each headquarters as well as the officers who
competing Relief Official scale. Of the 75 responses, 11% are Aspirants and
28% Officers, categories that affirmed to know some standard, and also showed
aware of the importance of having one. Among the others categories, varied
answers appears. For example, the same military unit showed differences when
asked of the existence of protocol (formal or informal) in the fire station. The
contradictions presented showed that there is unevenness in the army in the
studied aspect, and that the creation of a standard operating protocol for the
Corporation, and later a rescue vehicle manual, would help in improving the
service to the population.
Keywords: Vehicle Rescue. Extrication. Standard. Protocol.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - FROTA NACIONAL ..................................................................... 13
FIGURA 2 - ÓBITOS NO TRÂNSITO BRASILEIRO........................................ 15
FIGURA 3 - FERIDOS GRAVES NO TRÂNSITO BRASILEIRO...................... 16
FIGURA 4 – MORTOS EM ACIDENTES DE TRÂNSITO ................................ 16
FIGURA 5 - ACIDENTES COM VÍTIMA NO PARANÁ .................................... 17
FIGURA 6 - ACIDENTES COM VÍTIMAS NO PARANÁ CONFORME
NATUREZA DO SINISTRO............................................................................. 18
FIGURA 7 - ÓBITOS NO TRÂNSITO DO PARANÁ EM 2012 ......................... 18
FIGURA 8 - FERIDOS GRAVES NO TRÂNSITO DO PARANÁ EM 2012 ....... 19
FIGURA 9 - ARTICULAÇÃO DAS UNIDADES OPERACIONAIS DO CB........ 21
FIGURA 10 - ACIDENTES EM MEIO DE TRANSPORTE ATENDIDOS PELO
CB ENTRE 2006 E AGOSTO DE 2015 ........................................................... 23
FIGURA 11 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS ENVOLVENDO VEÍCULOS
PESADOS ENTRE 2006 E 2015..................................................................... 24
FIGURA 12 - ATENDIMENTOS EM MEIO DE TRANSPORTE EM 2014, POR
MUNICÍPIO ..................................................................................................... 24
FIGURA 13 - ATENDIMENTOS EM MEIO DE TRANSPORTE EM 2014, POR
OBM ............................................................................................................... 25
FIGURA 14 - ATENDIMENTOS EM MEIO DE TRANSPORTE EM 2015, POR
MUNICÍPIO ..................................................................................................... 26
FIGURA 15 - ATENDIMENTOS EM MEIO DE TRANSPORTE EM 2015, POR
OBM ............................................................................................................... 26
FIGURA 16 - HORA DE OURO....................................................................... 30
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - RESPOSTAS POR GRUPAMENTO DE BOMBEIROS ............. 40
GRÁFICO
2
-
RESPOSTAS
POR
POSTO
E
GRADUAÇÃO,
POR
GRUPAMENTO .............................................................................................. 41
GRÁFICO 3 - GRADUAÇÕES DE PRAÇAS PARTICIPANTES ...................... 41
GRÁFICO 4 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 1 ................................................. 43
GRÁFICO 5 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 2 ................................................. 44
GRÁFICO 6 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 3 ................................................. 44
GRÁFICO 7 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 4 ................................................. 45
GRÁFICO 8 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 5 ................................................. 45
GRÁFICO 9 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 6 ................................................. 46
GRÁFICO 10 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 7 ............................................... 47
GRÁFICO 11 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 8 ............................................... 47
GRÁFICO 12 - RESPOSTAS DOS OFICIAIS E ASPIRANTES A OFICIAL .... 48
GRÁFICO 13 - RESPOSTAS DOS SARGENTOS .......................................... 49
GRÁFICO 14 - PARTICIPAÇÃO DO EFETIVO DO 1º GRUPAMENTO. ......... 50
GRÁFICO 15 - RESPOSTAS DOS OFICIAIS E ASPIRANTES DO 1º GB ...... 51
GRÁFICO
16
-
RESPOSTAS DOS CABOS E SOLDADOS DO
1º
GRUPAMENTOS ............................................................................................ 52
GRÁFICO 17 - PARTICIPAÇÃO DO EFETIVO DO 3º GB .............................. 53
GRÁFICO 18 - RESPOSTAS DO 3º GB ......................................................... 54
GRÁFICO 19 - RESPOSTAS DOS SARGENTOS DO 3º GB ......................... 55
GRÁFICO 20 - EFETIVO PARTICIPANTE DO 4ºGB ...................................... 56
GRÁFICO 21 - RESPOSTAS DO 4º GB ......................................................... 56
GRÁFICO 22 - EFETIVO PARTICIPANTE DO 5ºGB ...................................... 57
GRÁFICO 23 - RESPOSTAS DO 5ºGB .......................................................... 58
GRÁFICO 24 - EFETIVO PARTICIPANTE DO 8ºGB ...................................... 59
GRÁFICO 25 - RESPOSTAS DO 8ºGB .......................................................... 60
LISTA DE SIGLAS
AI – ABORDAGEM INTEGRADA
APH – ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
CB – CORPO DE BOMBEIROS
CBMAL – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DE ALAGOAS
CBMES – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESPÍRITO SANTO
CBMSE – CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO SERGIPE
CBPMESP – CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO
DE SÃO PAULO
CBPMPR – CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ
CBVP – CUERPO DE BOMBEROS VOLUNTARIOS DEL PARAGUAY
CE – CONSTITUIÇÃO ESTADUAL
CMT – COMANDANTE
CONASV – COMISSÃO NACIONAL DE SALVAMENTO VEICULAR
COV – CONDUTOR E OPERADOR DE VIATURA
CTB – CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
DETRAN – DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO
DNIT – DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE
TRANSPORTE
ENB – ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS
GB – GRUPAMENTO DE BOMBEIROS
GOST – GRUPO DE OPERAÇOES DE SOCORROS TÁTICOS
LOB – LEI DE ORGANIZAÇÃO BÁSICA
MSV – MANUAL DE SALVAMENTO VEICULAR
OBM – ORGANIZAÇÃO BOMBEIRO-MILITAR
OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
ONSV – OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA
OP01 – OPERADOR 01
PMPR – POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ
POP – PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO
RAVM – RESCATE EM ACCIDENTES DE VEHICULOS MOTORIZADOS
SCI – SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES
SGBI – SUBGRUPAMENTO DE BOMBEIROS INDEPENDENTE
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 11
2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 13
2.1 O TRÂNSITO.......................................................................................... 13
2.2 CORPO DE BOMBEIROS E OCORRÊNCIAS DE TRÂNSITO ............... 19
2.2.1
Atribuições Do Corpo De Bombeiros .................................................. 19
2.2.2
Estrutura Operacional Do Corpo De Bombeiros ................................. 20
2.2.3
Estatísticas De Atendimento ............................................................... 22
2.3 SALVAMENTO VEICULAR .................................................................... 26
2.3.1
Conceitos ........................................................................................... 27
2.3.2
Princípios Do Resgate ........................................................................ 30
2.3.3
Procedimento Operacional Padrão ..................................................... 32
3 METODOLOGIA ......................................................................................... 37
3.1 TIPO DE ESTUDO ................................................................................. 37
3.2 ENFOQUE .............................................................................................. 37
3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................... 37
3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ............................................. 38
3.5 TRATAMENTO DE DADOS ................................................................... 39
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS ....................................................... 40
4.1 PANORAMA GERAL .............................................................................. 40
4.2 DADOS POR UNIDADE OPERACIONAL ............................................... 49
4.2.1
1º GRUPAMENTO ............................................................................. 49
4.2.2
3º GRUPAMENTO ............................................................................. 52
4.2.3
4º GRUPAMENTO ............................................................................. 55
4.2.4
5º GRUPAMENTO ............................................................................. 57
4.2.5
8º GRUPAMENTO ............................................................................. 59
4.2.6
9º GRUPAMENTO ............................................................................. 61
5 CONCLUSÃO ............................................................................................. 62
REFERENCIAS .............................................................................................. 65
APENDICES ................................................................................................... 68
ANEXOS ......................................................................................................... 70
11
1
INTRODUÇÃO
Segundo o website TRÂNSITOBR1, entende-se por acidente de
trânsito o evento danoso envolvendo ao mínimo dois dos seguintes fatores:
veículo, a via, o homem e/ou animais. Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), os acidentes de trânsito causam 1,24 milhões de mortes por ano
em todo o mundo, e entre 20 e 50 milhões de pessoas sofrem traumas não
letais. Dados da mesma fonte ainda apontam que 59% das mortes entre jovens
na faixa etária de 15 a 29 anos advém dos traumatismos causados por
acidentes de trânsito. No Brasil o Ministério da Saúde apontou 42.266 óbitos no
ano de 2013 e 201 mil feridos hospitalizados em 20142. Restringindo agora ao
estado do Paraná, o Departamento de Trânsito do estado (DETRAN) assinalou
em seu Anuário Estatístico de 2014 a quantidade de 41.264 acidentes com
vítimas somente naquele ano.
O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná (CBPMPR)3
apresentou, através de sua página na internet, dados de atendimento em 2014
de 51.050 ocorrências de acidentes em meio de transporte, envolvendo
diversos tipos de veículos. Já entre os meses de janeiro e agosto de 2015, o
número de atendimentos efetuados foi de 31.255. É válido ressaltar que não é
possível, através da ferramenta utilizada, quantificar a parcela desses números
correspondentes às ocorrências com vítimas presas às ferragens. Diante da
expressiva quantidade de ocorrências de tal natureza, o Corpo de Bombeiros,
principal responsável pelo atendimento, deve estar preparado para atuar nos
diversos cenários possíveis em um resgate à vítimas de acidentes de trânsito.
Estruturado atualmente em 15 unidades operacionais espalhadas pelo
Estado do Paraná, o Corpo de Bombeiros possui 9 Grupamentos de Bombeiros
e 6 SubGrupamentos de Bombeiros Independentes, cada unidade com suas
subunidades espalhadas nos municípios de sua área de atuação. Contando
hoje com um efetivo total de 3.188 militares, 122 são Oficiais Subalternos (1º
Tenente e 2º Tenente), 54 são Aspirantes-a-Oficial e 2.879 são Praças, classes
1
Disponível em http://www.transitobr.com.br/index2.php?id_conteudo=8, acessado em
27/07/15.
2
Disponível em http://portaldotransito.com.br/noticias/estatisticas, acessado em 09/08/15
3
Disponível em http://www.bombeiros.pr.gov.br, acessado em 25/08/15
12
que estarão envolvidas diretamente no serviço operacional e no atendimento
as ocorrências de trânsito. Nesse escopo, o treinamento de técnicas e táticas
de salvamento veicular, bem como sua padronização no estado, é de extrema
importância na Corporação, para realizar um atendimento com efetividade e
oferecer maiores chances de sobrevida às vítimas.
As técnicas empregadas num salvamento veicular e manuseio de
ferramentas são de fácil acesso, seja pelos manuais dos fabricantes ou pelas
corporações que possuem manual específico pra ocorrências dessa natureza,
havendo atualmente encontros mundiais e até competições na área, como o
Rescue Days e o WRO Technical. A padronização das táticas a serem
adotadas varia nas corporações, pois deve ser adequada a sua realidade,
como, por exemplo, tipo de viatura empregada e efetivo utilizado. Ter um
Protocolo Operacional Padrão é fundamental numa operação de salvamento
veicular, pois pode proporcionar inestimável ganho de qualidade no
atendimento
à
população
e
proporcionando
excelência
nas
ações
desenvolvidas pela guarnição de resgate (MENÊSES, 2015, p.145).
Ao falarmos de padronização de técnicas e táticas de salvamento
veicular no CBPMPR, deparamo-nos com o entrave de não haver nessa
Corporação um manual próprio de Salvamento Veicular, bem como não há
Protocolo Operacional Padrão (POP) para tal tipo de ocorrência.
Entendendo-se tal problematização, nos surge a pergunta de pesquisa:
Como as ações de salvamento veicular são tratadas no CBPMPR em relação à
padronização e ao seu conhecimento?
Essa pesquisa teve como objetivo geral:
Averiguar o conhecimento de POP em Salvamento Veicular nas sedes
de Grupamentos do Corpo de Bombeiros do Paraná.
Objetivos específicos:
I.
Apresentar
Protocolos
utilizados
em
outros
Corpos
Bombeiros e;
II.
Fomentar pesquisas na área de Salvamento Veicular.
de
13
2
2.1
REVISÃO DE LITERATURA
O TRÂNSITO
O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) rege o trânsito de qualquer
natureza nas vias terrestres do território nacional, ou seja, rege a utilização das
vias públicas, e trás em seu Artigo 1, §1º, o conceito de trânsito:
§ 1º Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos
e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não, para fins de
circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou
descarga. (BRASIL, 1997).
O Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), organização
não governamental sem fins lucrativos e reconhecida pelo Ministério da Justiça
como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, publicou em sua
página na internet dados sobre o aumento da frota nacional entre os anos de
2001 e 2012, apontando que o número de automóveis passou de pouco mais
de 24,5 milhões para 50.616.879, um aumento de 106,11%. Já a frota de
caminhões e ônibus subiu de 2.074.642 para 3.710.134, representando uma
variação de 78,83%. A variação mais expressiva foi a de motocicletas, com
335,74% de aumento.
90.000.000
80.000.000
70.000.000
60.000.000
50.000.000
40.000.000
30.000.000
20.000.000
10.000.000
0
2001
Automoveis
2003
Motocicleta
2005
2007
Caminhão e Onibus
2009
2011
2013
Veículo não motorizado
FIGURA 1 - FROTA NACIONAL
FONTE: OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA, 2015
14
O
Departamento
Nacional
de
Trânsito
(DENATRAN),
órgão
regulamentador e fiscalizador do trânsito brasileiro, divulgou em seu site oficial
dados da frota acumulada de veículos fabricados e emplacados no Brasil em
2014, que totalizaram 86.700.490. No ano de 2015, entre os meses de janeiro
e maio, a frota já totalizava 903.356 veículos emplacados. Observando-se tais
dados pode-se deduzir a quantidade expressiva de veículos circulantes em
território nacional, levando-nos a refletir sobre a corriqueira possibilidade de
acidentes de trânsito envolvendo os variados meios de transporte.
O DENATRAN define Acidente de Transito como “evento não
intencional, envolvendo pelo menos um veículo, motorizado ou não, que circula
por uma via para trânsito de veículos”. O Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transporte (DNIT)4 nos trás:
“O acidente de trânsito é uma ocorrência que afeta diretamente o
cidadão, porquanto a esse são impingidos aspectos relacionados com
a morte, com a incapacitação física, perdas materiais, podendo
provocar sérios comprometimentos de cunho psicológico, muitas
vezes de difícil superação.” (DNIT, 2015)
O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
(CBPMESP), em seu Manual de Salvamento Veicular (2010, p.15), define
Acidente de Trânsito como “todo acontecimento casual ou não, que tem como
consequências desagradáveis danos físicos e/ou materiais, que envolve
veículos, pessoas e/ou animais em vias públicas”.
Segundo o Oliveira (2009, p.10), no Manual de Salvamento e
Desencarceramento da Escola Nacional de Bombeiros de Portugal, acidente é
conceituado como resultado de acontecimento súbito e imprevisto, ocasionado
por ação humana ou da natureza, com “danos significativos e efeitos muito
limitados no tempo e no espaço, susceptíveis de atingirem as pessoas, os bens
ou o ambiente”.
A Organização Mundial da Saúde5 divulgou em 2013 um Relatório
Sobre a Situação Global de Segurança Viária apontando que anualmente são
registradas 1,24 milhão de mortes em acidentes de trânsito e que entre 20 e 50
4
Disponível em http://www.dnit.gov.br/rodovias/operacoes-rodoviarias/estatisticas-deacidentes,acessado em 06/08/2015.
5
Disponível em http://www.who.int/features/factfiles/roadsafety/es/, acessado em 06/08/15.
15
milhões de pessoas sofrem algum traumatismo não letal. Considerado pela
OMS como um importante problema de saúde pública, o órgão estima que até
2020 o número de mortes no trânsito pode chegar a 1,9 milhão anualmente
caso não se apliquem medidas para evita-las.
No Brasil, o número de óbitos no trânsito entre os anos de 2001 e 2012
aumentou de 30,5 mil para 44.812, e a quantidade de feridos graves passou de
116 mil para mais de 177 mil, segundo dados apresentados pelo ONSV
(FIGURAS 2 e 3).
42844 43256
45000
40000
35105
35000
35994 36367
44812
37407 38273 37594
32753 33138
30524
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
FIGURA 2 - ÓBITOS NO TRÂNSITO BRASILEIRO.
FONTE: OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA, 2015
Dos óbitos ocorridos em 2012, ainda segundo a ONSV, 10.525
ocorreram em acidentes envolvendo automóveis, valor correspondente a
30,56% do total, número menor apenas que acidentes ocorridos com
motocicletas, que correspondem a 36,43% do total.
132487
121612
123851
121402
113814
177487
170500
101904
120000
110976
140000
116065
160000
113673
180000
157764
16
100000
80000
60000
40000
20000
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
FIGURA 3 - FERIDOS GRAVES NO TRÂNSITO BRASILEIRO
FONTE: OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA, 2015
No ano de 2013 o portal eletrônico POR VIAS SEGURAS divulgou
dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
(DATASUS), do Ministério da Saúde, que apontaram redução de 5,7% de
óbitos em relação ao ano anterior, como mostra a Figura 4.
45000
40000
35000
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
FIGURA 4 – MORTOS EM ACIDENTES DE TRÂNSITO
FONTE: POR VIAS SEGURAS, 2015
17
No Estado no Paraná, o Departamento de Trânsito (DETRAN)6
publicou em 2015 o Anuário Estatístico 2014, contendo dados da frota de
veículos no estado, divididos em diversas categorias, bem como dados dos
acidentes de trânsito no estado entre os anos de 2009 e 2014, também em
diferentes classificações. Em números absolutos, o DETRAN registrou 41.301
acidentes que totalizaram mais de 55 mil vítimas em 2009, 45.486 acidentes
que totalizaram 62.305 vítimas em 2012 e 41.264 acidentes com pouco mais
de 56,5 mil vítimas em 2014. Apesar da redução do último ano, o número ainda
é expressivo.
45635
45486
46000
45000
43800
44000
42532
43000
42000
41264
41301
41000
40000
39000
2009
2010
2011
2012
2013
2014
FIGURA 5 - ACIDENTES COM VÍTIMA NO PARANÁ
FONTE: DETRAN-PR
Dentro das divisões apresentadas no Anuário, tem-se o número de
vítimas por natureza dos acidentes, com os dados de 2014 apresentados na
Figura 6.
6
Disponível
em
http://www.detran.pr.gov.br/modules/catasg/servicosdetalhes.php?tema=detran&id=477, acessado em 09/08/2015.
18
NÃO INFORMADO
2996
OUTROS
CHOQUE C/ OBJETO FIXO
ATROPELAMENTO
TOMB. / CAPOTAM.
5261
2956
3591
2345
COLISÃO / ABALR.
24115
FIGURA 6 - ACIDENTES COM VÍTIMAS NO PARANÁ CONFORME NATUREZA DO
SINISTRO
FONTE: ANUÁRIO ESTATÍSTICO 2014 DETRAN-PR
O Observatório Nacional de Segurança Viária apresenta também os
dados de óbitos e de feridos graves do ano de 2012 conforme o meio de
transporte utilizado (Figura 7 e 8).
1200
1026
894
1000
661
800
600
400
139
118
200
0
FIGURA 7 - ÓBITOS NO TRÂNSITO DO PARANÁ EM 2012
FONTE: OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA, 2015
19
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
3507
2220
1603
516
78
FIGURA 8 - FERIDOS GRAVES NO TRÂNSITO DO PARANÁ EM 2012
FONTE: OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA, 2015
As estatísticas mostram que 36,15% dos óbitos no trânsito paranaense
em 2012 ocorreram envolvendo automóveis e 4,16% envolviam caminhão e
ônibus. Dos feridos graves naquele ano, 28% estavam em automóveis e 0,98%
em caminhão e ônibus. Tais números nos chamam a atenção por serem esses
os meios de transporte em que há probabilidade de existirem vítimas presas às
ferragens, situação em que o Corpo de Bombeiros deverá atuar de forma
específica no salvamento.
2.2
CORPO DE BOMBEIROS E OCORRÊNCIAS DE TRÂNSITO
2.2.1 Atribuições do Corpo de Bombeiros
Os Corpos de Bombeiros Militares do Brasil têm suas atribuições
definidas na Constituição Federal de 1988, que nos trás em seu artigo 144:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
20
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:
[...]
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
[...]
§ 5.º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação
da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das
atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de
defesa civil. (BRASIL,1988, grifo nosso)
No Estado do Paraná, o Corpo de Bombeiros é integrante da Polícia
Militar, conforme descrito no Paragrafo Único no Art. 46 da Constituição
Estadual (CE), e tem suas atribuições definidas pelo Artigo 48 da mesma
legislação:
Art. 48. À Polícia Militar, força estadual, instituição permanente e
regular, organizada com base na hierarquia e disciplina militares,
cabe a polícia ostensiva, a preservação da ordem pública, a
execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a
incêndio, buscas, salvamentos e socorros públicos, o
policiamento de trânsito urbano e rodoviário, de florestas e de
mananciais, além de outras formas e funções definidas em lei.
(PARANÁ, 1989, grifo nosso).
A Lei Estadual nº 16.575 de 28 de setembro de 2010, alterada pela Lei
nº 18.128 de 3 de julho de 2014, é a Lei de Organização Básica (LOB) da
Polícia Militar do Paraná (PMPR) e trata do Corpo de Bombeiros (CB) na
Seção II. Dentro da estruturação do CB, destacamos no Art. 47:
Art. 47. Os órgãos de execução do Corpo de Bombeiros são
constituídos pelas unidades operacionais que serão organizadas em:
I – Comandos Regionais de Bombeiro Militar - CRBM;
II – Grupamento de Bombeiros - GB e Subgrupamento de Bombeiros
Independente - SGBI: incumbidos da missão de prevenção e combate
de incêndios, busca e salvamento e ações de defesa civil, sendo
subordinados aos Comandos Regionais de Bombeiros Militares;
(PARANÁ, Redação Lei nº 18.128 de 03/07/2014, grifo nosso).
2.2.2 Estrutura Operacional do Corpo de Bombeiros
Para atender aos 399 municípios do estado, o Corpo de Bombeiros
possui atualmente 15 Unidades Operacionais, sendo 9 Grupamentos de
Bombeiros (GB) e 6 SubGrupamentos de Bombeiros Independentes (SGBI), e
21
um Grupo de Operações de Socorros Tático (GOST). As unidades
operacionais são distribuídas pelo estado conforme mapa a seguir.
FIGURA 9 - ARTICULAÇÃO DAS UNIDADES OPERACIONAIS DO CB
FONTE: CORPO DE BOMBEIROS
Os GBs e SGBIs são subdivididos e possuem Postos de Bombeiros
(PB) distribuídos em suas áreas de atuação. Existem, até o momento, Postos
de Bombeiro Militar em 57 municípios paranaenses, que contam com o apoio
de Postos de Bombeiros Comunitários em outros 61 municípios. Os Corpos de
Bombeiros
Comunitários
são
estruturas
sustentadas
pelas
prefeituras
municipais e executam atividades de defesa civil, sendo coordenadas pelo
Corpo de Bombeiros Militar.
O efetivo do Corpo de Bombeiros do Paraná atualmente é de 3.188
militares, sendo 255 oficiais, 54 Aspirantes-a-Oficial e 2.879 praças. Dentre os
oficiais, a classe de oficiais subalternos (1º Tenente e 2º Tenente), que são em
número de 122, são os envolvidos diretamente no atendimento às ocorrências.
Também estão envolvidos nessas atividades Aspirantes-a-Oficial e Praças que
atuam no serviço operacional.
22
2.2.3 Estatísticas de atendimento
Dentro da grande gama de serviços prestados pelo Corpo de
Bombeiros do Paraná, as ocorrências de trânsito estão classificadas pela
Corporação como Acidentes em meio de transporte. Dentro dessa classificação
existem tipos de ocorrência, que são subdivisões dos acidentes, sendo as de
principal interesse para esse trabalho (devido à possibilidade de haver vítimas
presas às ferragens) as seguintes:
-
Colisão entre automóveis (Auto x Auto);
-
Choque (colisão contra anteparo);
-
Capotamento;
-
Colisão Auto x Moto;
-
Colisão Auto x Caminhão;
-
Colisão Auto x Ônibus;
-
Colisão Caminhão x Caminhão;
-
Colisão Caminhão x Ônibus;
-
Colisão Caminhão x Moto;
-
Colisão Ônibus x Ônibus;
-
Colisão Ônibus x Moto;
-
Engavetamento;
-
Queda de veículo.
Existem, ainda, mais subdivisões/tipos de ocorrências, mas as acima
citadas são aquelas em que pode haver vítimas presas que necessitem de um
salvamento especializado e técnicas específicas.
Na última década o Corpo de Bombeiros do Paraná atendeu mais de
500 mil acidentes em meio de transporte em todo o estado, conforme dados
cedidos pelo CBPMPR (FIGURA 10).
23
60000
50000
40000
30000
20000
10000
0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
FIGURA 10 - ACIDENTES EM MEIO DE TRANSPORTE ATENDIDOS PELO CB ENTRE 2006
E AGOSTO DE 2015
FONTE: CORPO DE BOMBEIROS
Dentre os tipos de ocorrências atendidas, a mais recorrente é a colisão
Auto x Moto, que correspondeu a 30,7% dos atendimentos entre 2006 e agosto
de 2015. A colisão Auto x Auto, principal tipo de ocorrência com possibilidade
de vítima presa às ferragens, figura em 4º lugar com 48.413 ocorrências no
período citado, ocorrências que causaram mais de 78 mil vítimas e 1.354
mortes.
Para Menêses (2015) são considerados veículos pesados aqueles
projetados para transportar cargas pesadas ou grande quantidade de
passageiros. As ocorrências envolvendo essa espécie de veículos totalizaram,
na última década, 27.943, levando a óbito 2.841 pessoas de um total de 37.166
vítimas, conforme apresentado na Figura 11.
24
169
Ônibus x Ônibus
442
Ônibus x Caminhão
1388
Caminhão x Caminhão
3606
Ônibus x Moto
3909
Ônibus x Auto
Caminhão x Moto
9188
Caminhão x Auto
9241
0
2000
4000
6000
8000
10000
FIGURA 11 - OCORRÊNCIAS ATENDIDAS ENVOLVENDO VEÍCULOS PESADOS ENTRE
2006 E 2015
FONTE: CORPO DE BOMBEIROS
Segundo o CBPMPR, no ano de 2014 foram atendidas 51 mil
ocorrências em meio de transporte, que causaram 60.952 vítimas, das quais
1.089 foram a óbito. A capital paranaense foi a campeã de ocorrências, com
9.512 atendimentos do CB, seguida de Maringá, Londrina e Cascavel, com
4.300, 3.916 e 2.863 atendimentos, respectivamente (FIGURA 12).
9512
CURITIBA
4300
MARINGÁ
3916
LONDRINA
2863
CASCAVEL
2658
FOZ DO IGUAÇU
1961
PONTA GROSSA
1535
TOLEDO
0
2000
4000
6000
8000
10000
FIGURA 12 - ATENDIMENTOS EM MEIO DE TRANSPORTE EM 2014, POR MUNICÍPIO
FONTE: CORPO DE BOMBEIROS
25
Ao analisarmos os atendimentos por Organização Bombeiro-Militar
(OBM), que são os Grupamentos de Bombeiros, o 5º GB, sediado em Maringá,
atendeu o maior número de acidentes em meio de transporte (8.988), seguido
pelo 3º GB (Londrina), com 7.027 atendimentos, 1º GB (Curitiba) com 6.592
atendimentos, 4º (Cascavel) e 7º (Curitiba) GBs com mais de 5 mil
atendimentos cada (FIGURA 13). A divergência apresentada em números de
atendimentos por município e GB se dá por serem computados dados de todos
os municípios da área de atuação do GB, e que Curitiba é dividida em 2
Grupamentos distintos.
8988
9000
8000
7000
7027
6592
5405
6000
5000
5064
4278
3574
4000
3567
3000
2000
862
1000
0
1º GB
2º GB
3º GB
4º GB
5º GB
6º GB
7º GB
8º GB
9º GB
FIGURA 13 - ATENDIMENTOS EM MEIO DE TRANSPORTE EM 2014, POR OBM
FONTE: CORPO DE BOMBEIROS
As ocorrências envolvendo automóveis foram 29.557 em 2014, onde
755 vítimas foram a óbito, num total de 37.114. No corrente ano, até o mês de
agosto esse dado já atingiu o número de 18.334 atendimentos com 22.990
vítimas, sendo 411 óbitos. Quantificando-se os atendimentos por município, os
4 primeiros continuam sendo Curitiba, Maringá, Londrina e Cascavel. Na
divisão por OBM também se mantém a ordem de 2014, conforme apresentado
nas Figuras 14 e 15.
26
5777
CURITIBA
2480
MARINGÁ
2338
LONDRINA
1814
CASCAVEL
1647
FOZ DO IGUAÇU
1316
PONTA GROSSA
968
TOLEDO
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
FIGURA 14 - ATENDIMENTOS EM MEIO DE TRANSPORTE EM 2015, POR MUNICÍPIO
FONTE: CORPO DE BOMBEIROS
6000
5237
5000
4323
4058
3470
4000
3198
2919
3000
2359
2209
2000
522
1000
0
1º GB
2º GB
3º GB
4º GB
5º GB
6º GB
7º GB
8º GB
9º GB
FIGURA 15 - ATENDIMENTOS EM MEIO DE TRANSPORTE EM 2015, POR OBM
FONTE: CORPO DE BOMBEIROS
2.3
SALVAMENTO VEICULAR
No mês de novembro do ano de 2014, bombeiros militares de diversos
estados brasileiros e um bombeiro do Peru se reuniram em São Paulo com o
objetivo de criar a Comissão Nacional de Salvamento Veicular (CONASV), para
27
almejar padronização nacional no que diz respeito a Salvamento Veicular,
padronização de técnicas, táticas, nomenclaturas, manuais, cursos, etc. Dessa
Comissão padronizou-se inclusive a expressão Salvamento Veicular, que em
muitas corporações é tratado como Resgate Veicular. Portanto, entendam-se
como sinônimos tais expressões, pois ambas aparecem nos trabalhos aqui
referenciados.
2.3.1 Conceitos
Segundo Oliveira (2009, p.10) “Um salvamento consiste em retirar
alguém de uma situação de perigo”. O Manual de Salvamento Veicular (MSV)
do CBPMESP nos trás também o conceito Salvamento veicular, definindo
como “procedimentos usados para localizar, acessar, estabilizar e transportar
uma vítima que esteja presa no interior de um veículo, utilizando de técnicas de
desencarceramento e extração veicular” (CBMESP, 2010).
Corroborando com o CBPMESP, o Corpo de Bombeiros Militar de
Alagoas (CBMAL) conceitua o Resgate Veicular como “procedimento utilizado
para localizar, acessar, estabilizar e transportar vítimas que estejam presas às
ferragens de um veículo acidentado”.
Visto que as Corporações compactuam em seus conceitos de
Salvamento/Resgate,
por consequência também há concordância
nas
definições de localizar, acessar, estabilizar e transportar. O procedimento de
LOCALIZAR constitui em chegar até o local do sinistro, identificar a presença
de vítimas dentro ou próximo aos veículos acidentados. ACESSAR é utilizar as
técnicas de desencarceramento, é chegar à vítima deixando-a livre das
ferragens. ESTABILIZAR refere-se ao emprego de técnicas de atendimento
pré-hospitalar (APH) e a extração da vítima do interior do veículo. Por fim,
TRASNPORTAR é a condução rápida da vítima até o hospital que tenha
condições de atendê-la, de acordo com os traumas presentes.
O Menêses (2015), além de utilizar essa mesma definição divide o
Regate Veicular em desencarceramento e extração, que possuem a seguinte
definição:
28
Desencarceramento: é a movimentação e retirada das ferragens que
estão prendendo a vítima no interior do veículo acidentado e/ou
impedindo o acesso dos socorristas para permitir a remoção da
vítima. Desencarcerar é retirar as ferragens da vítima.
Extração: é a remoção da vítima desencarcerada do interior do
veículo. Extrair é remover a vítima das ferragens após ela ter sido
desencarcerada. (MENÊSES,2015, p.66).
O MSV de São Paulo trata desencarceramento como “tirar do cárcere,
que no caso é o veículo”, definindo ser esse procedimento o “conjunto de
ações empregadas para se conseguir espaço suficiente para avaliar a vítima,
bem como o acesso necessário para a sua retirada.” O CBPMESP ainda
diferencia conceitos de vítima RETIDA nas ferragens e vítima PRESA nas
ferragens, sendo o primeiro conceito aquela situação em que a vítima não
consegue sair normalmente, porém não há nenhuma parte do veículo
pressionando seu corpo. O segundo conceito é aquele em que as deformações
do veículo se deslocam por sobre a vítima, pressionando-a. Percebe-se nessas
conceituações e também de forma enfática nos manuais é que sempre se deve
realizar o trabalho de retirada das ferragens da vítima e não a vítima das
ferragens.
Oliveira (2009, p.10), principal referencia dos manuais dos Corpos de
Bombeiros do Brasil, considera Encarcerada a vítima de um acidente que se
encontra limitada a um espaço físico confinado do qual não consegue se livrar
por conta própria, seja devido a lesões que sofreu ou por estar presa às
ferragens e/ou materiais envolvidos. Em sequencia a definição é apresentada a
classificação de encarceramento em três diferentes grupos:

Encarceramento mecânico – situação em que as vítimas,
embora possam não apresentar lesões devido à deformação do
veículo acidentado, estão impossibilitadas de sair do mesmo pelos
seus próprios meios;

Encarceramento físico tipo I – situação em que as vítimas
apresentam lesões que requerem a criação de um espaço adicional
para se poder, em condições de segurança, prestar os cuidados de
emergência necessários à sua estabilização e para que a extracção
seja o mais controlada possível;

Encarceramento físico tipo II – situação em que as vítimas
apresentam lesões devido às estruturas componentes do veículo
estarem em contato ou terem penetrado no seu próprio corpo.
(OLIVEIRA, 2009, p.11)
29
Por consequência da definição supracitada, Oliveira (2009, p.11) define
Desencarceramento como sendo a extração de vítimas encarceradas,
“retirando-as nas mesmas condições ou em condições mais estáveis do que
aquelas em que se encontravam quando as acções de socorro tiveram início”.
Um conceito também considerado muito importante em salvamento
veicular é o da expressão “Hora de Ouro” ou “Golden Hour”. O Corpo de
Bombeiros Voluntários do Paraguai (CBVP), em seu Manual de Rescate em
Accidentes de Vehículos Motorizados (RAVM) define:
Las estadísticas mundiales señalan que las personas que sufren
traumatísmos severos, tienen grandes posibilidades de sobrevivir si
reciben atención médica especializada dentro de los primeros 60
minutos, aún cuando tengan lesiones muy graves. Esto significa que
el lapso de tiempo transcurre a partir de que la víctima recibe el
impacto o la herida, hasta que se encuentre en un centro hospitalario
siendo atendido. Denominada Hora Dorada, esta es para el paciente,
por esto, uno de los objetivos fundamentales del equipo de rescate,
es lograr la extricación y traslado eficiente en el menor tiempo
posible. Pasado este lapso de tiempo, la mortalidad aumenta
rápidamente.7 (CBVP, 2008, p. 04)
O MSV do CBPMESP enfatiza a importância da Hora de Ouro,
afirmando que esse conceito universal se inicia no momento do sinistro e vai
até que a vítima chegue ao hospital, local em que possa ser atendida por
equipe médica especializada. Portanto, a equipe de salvamento possui uma
hora entre o momento do acidente, chamada, deslocamento, atendimento e
transporte da vítima a um hospital em condições de atendê-la.
No ano de 2012 aconteceu no Brasil o I Encontro Técnico Científico de
Salvamento Veicular, durante o evento Rescue Days Brasil, onde também foi
exposto o conceito e importância da Hora de Ouro.
7
Estatísticas globais mostram que as pessoas que sofrem trauma grave, têm uma boa chance de
sobrevivência se receberem atendimento médico especializado dentro dos primeiros 60 minutos, mesmo
quando tenham lesões muito graves. Isto significa que o período de tempo decorrido desde a vítima ser
atingida ou ferida até que ela esteja em um hospital a ser tratado. Chamado Golden Hour, isto é para o
paciente, por isso, um dos objetivos fundamentais da equipe de resgate, é desencarceramento e conseguir
a transferência eficiente no menor tempo possível. Após este período de tempo, a mortalidade aumenta
rapidamente. (Tradução livre).
30
FIGURA 16 - HORA DE OURO
FONTE: APOSTILA RESCUE DAYS BRASIL, 2012, P.02
O CBPMESP trabalha também com o conceito 10 Minutos de Platina.
Inserido no conceito de Hora de Ouro, os 10 minutos de platina são aqueles
iniciados quando a equipe de salvamento chega ao local do sinistro, possuindo
então 10 minutos para LOCALIZAR, ACESSAR, ESTABILIZAR, RETIRAR a
vítima do veículo e deixa-la pronta para o transporte.
2.3.2 Princípios do Resgate
O salvamento veicular é por vezes uma atividade arriscada, que envolve
um “trabalho em equipe extremamente complexo, técnico e importante, sob
condições extremas de estresse” (MENÊSES, 2015, p. 65). O autor atribui esse
estresse a diversos fatores, tais como a pressão emocional devido à ânsia de
salvar a vítima, riscos do ambiente, curiosos ao redor, entre outras. Dessa
forma, o treinamento e preparação da guarnição de salvamento não deve se
ater apenas ao manejo das ferramentas, e sim, segundo Menêses, envolver
conhecimentos
de
doutrina
de
resgate,
conhecimento
das
desenvolvimento de uma capacidade decisória e de trabalho em equipe.
rotinas,
31
Para que um salvamento veicular ocorra de forma ágil e com o máximo
de segurança, Menêses (2015) afirma que alguns princípios de atuação devem
ser seguidos em todas as ocorrências dessa natureza. O Manual de Resgate
Veicular do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo (CBMES) também
utiliza os mesmos princípios de atuação, sendo eles:
-
Sistema de Comando de Incidentes (SCI);
-
Abordagem Integrada (AI).
-
Procedimentos Operacionais Padronizados (POP);
O Sistema de Comando de Incidentes, chamado de Sistema de
Comando em Operações pelo CBMES, é definido por Menêses (2015, p.67)
como uma “ferramenta de gerenciamento de incidentes padronizada, [...] que
permite a seu usuário adotar uma estrutura organizacional integrada para suprir
as complexidades e demandas de incidentes únicos ou múltiplos.”. Segundo o
Manual do CBMES, essa ferramenta permite “o emprego seguro e racional dos
recursos envolvidos”.
Para Menêses (2015, p. 68), a Abordagem Integrada consiste na
execução de múltiplas tarefas de forma lógica, sequencial e, se possível,
concomitantemente. O CBMES compactua com tal conceito e afirma que dessa
maneira o tempo de resposta em um salvamento será otimizado, pois o “préplanejamento,
pré-designação
de
responsabilidade
e
treinamento
das
principais atividades em uma operação de resgate veicular aumentará a
capacidade de resposta rápida e eficiente da equipe” (CMBES, 2010, p.17). No
Manual de RAVM do Corpo de Bombeiros Voluntários do Paraguai (2008, p.05)
destaca-se que num resgate veicular os bombeiros são parte de um sistema,
um conjunto de instituições, cada uma com sua tarefa específica, permitindo
assim que seja gerado um sistema íntegro para controlar e lograr êxito em
cada ocorrência. “Nunca de debe buscar el destaque institucional, pues esto
aleja este objetivo8” (CUERPO DE BOMBEROS VOLUNTARIOS DEL
PARAGUAY, 2008, p.05)
O Procedimento Operacional Padrão estipula as estratégias, técnicas e
táticas a serem executadas na operação, “principalmente nos momentos
iniciais, garantindo a rapidez no desdobramento das ações preparatórias das
8
Nunca se deve buscar o destaque institucional, pois isto afasta o objetivo.(CBVP, 2008, p.05)
32
ações, e na sequencia a ser seguida” (CBMES, 2012, p.17). Tanto para
Menêses (2015, p. 67) quanto no Manual do CBMES (2010, p.17), tem-se que
o POP não deve ser absoluto na cena, tampouco substituir a avaliação do
Comandante da operação e da equipe de salvamento, pois cada ocorrência é
única.
O Salvamento Veicular ainda é muito mais amplo do que o conteúdo já
exposto nesse trabalho, com mais conceitos, etapas, técnicas e equipamentos,
porém nessa pesquisa temos como objetivo averiguar como está o salvamento
veicular no CBPMPR especificamente no tópico POP. Portanto, esse será o
ponto a ser focado.
2.3.3 Procedimento Operacional Padrão
Considerado como uma importante ferramenta para a guarnição de
salvamento, o POP poderá propiciar considerável ganho de qualidade nos
serviços prestados à população ao permitir a utilização das técnicas mais
adequadas, que ofereçam menores riscos às vítimas e aos próprios
resgatistas, levando ao alcance da excelência no salvamento de vítimas presas
às ferragens (MENÊSES, 2015).
O CBVP ressalta em seu manual de resgate que nossa missão
fundamental é salvar vidas, e que tão importante quanto salvar é realizar o
salvamento sem causar mais danos aos já produzidos pela própria ocorrência,
salvamento esse que só terá êxito seguindo-se procedimentos responsáveis e
protocolos de trabalho estabelecidos, para garantir maior qualidade de vida à
vítima (CBVP, 2008).
A empresa estadunidense Holmatro Rescue Equipment, uma das
principais fabricantes globais de equipamentos de salvamento veicular,
publicou em 2006 um guia para uso de ferramentas de resgate e técnicas de
resgate, abordando também a organização do grupo de trabalho, trazendo-nos:
Um procedimento sistemático dos trabalhos de resgate em veículos é
a melhor maneira de garantir que todas as tarefas sejam rápidas e
eficazmente realizadas. A única maneira de desenvolver
33
efectivamente um resgate sistemático é através do trabalho em
equipa. Para conseguir que um grupo trabalhe em perfeita harmonia,
os seus integrantes devem saber exactamente o que se espera deles
e que nível de confiança se tem da sua habilidade e capacidade para
levar a cabo as suas tarefas específicas. (HOLMATRO RESCUE
EQUIPMENT, 2006)
A seguir apresentar-se-á um resumo dos Procedimentos Operacionais
Padrão utilizados nas principais corporações referenciadas nesse trabalho,
exibindo nos Anexos os POPs na íntegra.
O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo
(2010), em seu Manual de Resgate Veicular apresenta no capítulo 9 o
Protocolo de atendimento Com uma equipe formada pelo Comandante,
Subcomandante, Motorista e Auxiliar especializado.
O Comandante, além de manter comunicação com a Central de
Operações, realiza a vistoria interna e requalificação de informes, levantando
número de vítimas e riscos da ocorrência. Também é o Comandante quem faz
a colocação dos calços para estabilização do veículo e opera a ferramenta
halligan e a serra sabre. O Subcomandante posicionará a lona para montagem
do palco de ferramentas, depositando ali o halligan e a serra sabre, em seguida
realiza uma vistoria externa, no sentido contrário ao do Comandante,
levantando informações com testemunhas do ocorrido. O Motorista, após
realizar a sinalização e isolamento do local, leva os materiais para a lona,
desliga a bateria do veículo sinistrado e após os cortes das colunas coloca as
sacolas de proteção. O Auxiliar especializado, após levar a moto-bomba para o
local e conectá-la à ferramenta, realiza procedimentos de segurança descritos
no POP e fará o acesso à vítima, prestando o atendimento pré-hospitalar.
A Escola Nacional de Bombeiros de Portugal (2009) trata em seu
capítulo 3 sobre a Organização das Operações de Socorro, especificando no
item 3.2 da equipe de desencarceramento que é composta por um Chefe, dois
Operadores de Ferramenta, um Elemento de segurança, um Socorrista e um
Assistente Geral.
O Chefe é responsável por avaliar a cena, levantar número de vítimas
e perigos, decidir as técnicas e estratégia a ser utilizada, não operando
ferramenta, apenas gerenciando o sinistro. Os Operadores de Ferramenta,
como o nome já sugere, realizarão a operação de ferramentas, executando
34
todas as ações técnicas de estabilização, criação de espaço, manuseio dos
vidros, etc. O Elemento de Segurança acompanha o Chefe na vistoria do local,
controla a estabilização e desliga a bateria do veículo sinistrado.
No Estado do Espirito Santo o Corpo de Bombeiros Militar compõe sua
guarnição de salvamento da seguinte maneira:
3.2.2 Guarnição de salvamento
A guarnição de salvamento deverá ter três integrantes além do Chefe
de Guarnição (que poderá ser o 4º elemento), assim distribuídos:
•OP01 – Operador 01, que é o mais experiente e responsável pelo
circulo interno (sentido horário), pela tática de resgate e pela
operação das ferramentas.
•OP02 - Operador 02, que é o auxiliar do OP01 e responsável pelo
círculo externo (sentido anti-horário), pelo isolamento do local e pelo
apoio ao primeiro.
•COV – Condutor Operador de Viatura, que além de dirigir a viatura é
o responsável pela sinalização do local sinalização do local,
montagem do palco de ferramentas e verificação das ferramentas e
equipamentos na cena.
•ChGu. – Chefe de Guarnição, que pode ser o comandante da
guarnição de resgate ou chefe de socorro é responsável por todas as
atividades de comando na cena da emergência. É o elemento mais
graduado da equipe, que deve ser identificado facilmente como tal e
responsável por todas as atividades de comando na cena da
emergência. È também o responsável pela manutenção do nível de
segurança nas operações. O chefe da equipe, face ao cenário real,
distribui as tarefas, de modo a garantir uma atuação rápida e segura,
transmitindo as ordens de forma concisa, clara, utilizando frases
curtas e garantindo que estas foram convenientemente
compreendidas. (CBMES, 2012)
Com essa guarnição, o POP do CBMES foi assim estabelecido: O
Chefe abre a lona do palco de ferramentas, tenta abrir a porta manualmente e
determina a abertura da porta, avalia o sinistro e define a tática de resgate,
verifica a existência de air bags, protege as colunas e quinas vivas, não
manuseia ferramentas; o OP01 realiza a vistoria através de um círculo no
sentido horário, estabiliza o veículo e manuseia as ferramentas; o OP02
auxiliara na vistoria do local, realizando o círculo externo no sentido antihorário, carrega o desencarcerador, isola o local e auxilia o OP01; O COV faz a
sinalização do local, monta o palco de ferramentas e as prepara para o uso.
Menêses, Capitão do Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe (CBMSE),
foi um dos militares encarregados de apresentar à CONASV uma proposta de
padronização dos POPs, e em 2015 publicou um livro sobre resgate veicular,
apresentado o POP descrito a seguir, que é utilizado nos cursos de resgate
35
veicular no seu estado: Os membros da equipe de resgate veicular são o
Comandante (CMT), Operador e Condutor de Viatura (OCV), Operador 01
(OP01), Operador 02 (OP02).
O CMT procura já no deslocamento obter informações do sinistro,
consulta o Compendio de Fichas de Resgate Veicular, abre a lona para
montagem do palco de ferramentas e orienta os locais a serem cortados; O
OP01 realiza o círculo interno de avaliação da cena soltando os calços ao redor
do veículo, reporta ao CMT, estabiliza o veículo, abre acesso do socorrista à
vítima, verifica o porta-malas e opera as ferramentas de resgate; O OP02
realiza o circulo externo de avaliação, reporta ao CMT, faz o isolamento do
local, transporta as ferramentas do palco para o OP01, auxiliando-o no
manuseio; O OCV estaciona a viatura de forma segura, faz a sinalização na via
e auxilia no recolhimento das ferramentas ao término do resgate.
Como já dito nesse trabalho, o Corpo de Bombeiros do Paraná não
possui um manual de salvamento veicular, tampouco um POP oficial para a
corporação que trate das atribuições dos integrantes da guarnição. Porém, o 1º
Grupamento de Bombeiros, localizado em Curitiba, desenvolveu no ano de
2010 um protocolo de atendimento para aquele Grupamento. Esse protocolo
também foi adotado pelo 2º Grupamento de Bombeiros, em Ponta Grossa, que
fez algumas adaptações.
A guarnição é composta por Chefe de Guarnição, Condutor do ABTR,
Auxiliar 01, Auxiliar 02, Socorrista 01, Socorrista 02- motorista, podendo ainda
contar com a presença do Oficial de Área/Socorro, Condutor do Oficial e
Auxiliar 03- bombeiros em escala extra, estagiário, etc.
O Chefe de Guarnição verificará a segurança do local, situação do
veículo e das vítimas, procurando um acesso a vítima para o socorrista, criando
um se necessário; O Condutor do ABTR estaciona em posição de sacrifício,
aciona a bomba de incêndio e estabelece uma proteção contra incêndio,
sinaliza e isola o local, auxilia na retirada dos materiais e opera a moto-bomba;
Auxiliar 01 estabiliza o veículo, prepara a área de materiais e opera as
ferramentas hidráulicas; o Auxiliar 02 ajuda na estabilização, desliga a bateria,
controla vidros e air bags, auxilia na operação de ferramentas; Socorrista 01
entra no veículo sinistrado após autorização do Chefe, executa procedimentos
de segurança para a equipe e inicia a abordagem da vítima; Socorrista 02
36
fornece os materiais requisitados pelo Socorrista 01, auxilia na colocação do
colar cervical, KED, e na retirada da vítima; Oficial de Socorro/Área estabelece
o |Posto de Comando e mantem o Centro de Operações informado da
ocorrência, faz contato com outras agencias que forem necessárias, fiscaliza a
segurança do local e da guarnição, bem como o uso dos recursos; Condutor do
Oficial estaciona a viatura conforme ordem e auxilia na reparação dos
materiais.
O protocolo do 1º GB ainda prevê o atendimento com guarnição
reduzida, situação em que o Chefe de Guarnição deve acumular as atribuições
do Auxiliar 02, ou situações com mais vítimas, que é descrita no POP em
anexo.
Certamente por ter sido criado visando a realidade do CBPMPR, o
POP do 1º GB é o mais indicado para ser adotado em todo o estado, porém
nada impede que ele seja discutido e aperfeiçoado com conceitos e etapas
previstas nos outros POPs, como, por exemplo, a execução de dois círculos de
avaliação da cena, um interno, mais próximo ao veículo e a vítima, e outro
externo, no sentido oposto, mais afastado do veiculo para uma visão mais
global da cena.
37
3
3.1
METODOLOGIA
TIPO DE ESTUDO
De acordo com Sampiere (2013, apud PEROVANO, 2014, p.75), o
estudo exploratório serve “para que o pesquisador se familiarize com
fenômenos relativamente desconhecidos, ou seja, um tema ainda não
explorado...”. Perovano (2014) ainda afirma que “este tipo de estudo serve para
se obter informações sobre a possibilidade de realizar uma investigação mais
completa sobre um contexto particular da vida real”. Portanto, por não haver
estudos científicos no Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Paraná na área
de salvamento veicular, este trabalho classifica-se como estudo exploratório.
3.2
ENFOQUE
Essa pesquisa apresenta um enfoque quantitativo, pois segundo
Sampieri (2013, apud PEROVANO, 2014, p.72) parte-se do ponto em que
existe uma realidade a conhecer e através da medição e quantificação dos
dados busca-se relatar o que acontece.
3.3
POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população escolhida para o estudo foi, dentro dos nove Grupamentos
de Bombeiro existentes no estado, os militares envolvidos na atividade
operacional, ou seja, aqueles que atenderão efetivamente à ocorrências de
salvamento veicular.
Como amostra da população, escolheu-se os militares que trabalham
na 1ª Seção de Bombeiros/ 1º SubGrupamento de Bombeiros de cada GB.
38
Dessa forma, os participantes da pesquisa trabalham nas sedes dos
Grupamentos de Bombeiros. A escolha da amostra se justifica por ser
costumeiramente a sede do GB o local aonde as informações e treinamentos
chegam e se desenvolvem, especialmente padronizações de atendimento, para
que depois seja disseminado para os demais postos.
3.4
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
A coleta de dados foi executada entre os meses de agosto e setembro
de 2015 e o instrumento utilizado foi o questionário. De acordo com Ludwig
(2012) o modelo escolhido classifica-se como questionário estruturado de
múltipla escolha. Para Marconi e Lakatos (1999) o instrumento utilizado
classifica-se como questionário de perguntas fechadas ou dicotômicas, pois
apresentam apenas duas opões de resposta: sim e não.
Para atingir a amostragem, a aplicação do questionário foi realizada
através da ferramenta Formulário Google®, ferramenta que cria um
questionário para ser enviado via e-mail para os pesquisados, e que armazena
automaticamente as respostas obtidas, facilitando a aplicação e economizando
tempo.
Inicialmente foi realizado contato telefônico com a 3ª Seção (B/3) de
cada um dos nove Grupamentos de Bombeiros, explicando-lhes o objeto e
finalidade, então o formulário foi enviado para a Seção juntamente com uma
nota explicativa e sugestão de gerenciamento da aplicação do instrumento. Lá,
o chefe da B/3 optava em encaminhar o e-mail para o público alvo ou abri-lo
em um computador e chamar os militares para responde-lo.
O questionário não exige identificação pessoal do militar participante,
apenas seu posto/graduação e Grupamento a que pertence. Com um total de
08 questões, o militar responde SIM ou NÃO para cada uma, havendo na
primeira questão a possibilidade de citar algum protocolo que o militar conheça.
O e-mail encaminhado à B/3 consta no Apêndice I.
39
3.5
TRATAMENTO DE DADOS
As respostas recebidas foram tabuladas e serão apresentadas em
forma de gráficos e tabelas no capítulo a seguir.
40
4
4.1
ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
PANORAMA GERAL
Um quantitativo de 80 militares respondeu ao questionário enviado,
com participação de quase todos os Grupamentos contatados, no entanto,
alguns militares não preencheram os campos de Posto/Graduação e
Grupamento, e dessa forma 5 questionários não foram contabilizados. Obtevese participação de Oficiais (subalternos e até intermediários, que apesar de não
pertencerem ao público alvo inicial, foram contabilizados por, obviamente, já
terem passado pelo serviço operacional), Praças Especiais e Praças. Entre os
Grupamentos houve expressiva diferença de participação, conforme gráfico a
seguir:
5%
10%
2%
1º GB
2º GB
21%
15%
3º GB
4º GB
0%
5º GB
1%
6º GB
21%
25%
7º GB
8º GB
9º GB
GRÁFICO 1 - RESPOSTAS POR GRUPAMENTO DE BOMBEIROS
FONTE: O AUTOR (2015)
Dentre o público alvo do questionário, era esperado que a maior parte
dos participantes fosse de Praças, devido a ser essa classe aquela que
executa o serviço operacional do CB. Tal presunção se mostrou correta quando
observamos que 61% dos bombeiros que responderam ao questionário são
41
Praças, enquanto que 11% são Aspirantes-a-Oficial e 28% são Oficiais
(GRÁFICO 2)
16
14
12
10
OFICIAIS
8
ASPIRANTES
6
PRAÇAS
4
2
0
1º GB 2º GB 3º GB 4º GB 5º GB 6º GB 7º GB 8º GB 9º GB
GRÁFICO 2 - RESPOSTAS POR POSTO E GRADUAÇÃO, POR GRUPAMENTO
FONTE: O Autor (2015)
Ainda tratando da classe de Praças, é possível dividi-los nas diferentes
graduações, utilizando-se nessa pesquisa a classe dos Sargentos (agrupandose 1º, 2º e 3º Sargentos), dos Cabos e dos Soldados. O Gráfico 3 apresenta a
participação das Praças.
9
8
7
6
5
SARGENTOS
4
CABOS
3
SOLDADOS
2
1
0
1º GB
2º GB 3º GB* 4º GB
5º GB
6º GB
7º GB
8º GB
GRÁFICO 3 - GRADUAÇÕES DE PRAÇAS PARTICIPANTES
FONTE: O AUTOR (2015)
9º GB
42
O 3º GB foi o único Grupamento em que um Sub-Tenente participou da
pesquisa, sendo contabilizado para fins deste trabalho na classe dos
Sargentos.
Observar-se que 4º, 5º e 8º Grupamentos foram aqueles com maior
número de participantes na pesquisa, especialmente Praças. No 4º
Grupamento, localizado em Cascavel, houve maior expressividade de
Sargentos na pesquisa, enquanto 5º GB (Maringá) e 8º GB (Paranaguá) as
respostas dos Soldados foram em maior número. Além da participação, nos
chama a atenção o fato de 5º e 8º Grupamentos ocuparem polos distintos nas
estatísticas de atendimento a ocorrências de acidentes em meio de transporte,
como visto anteriormente, sendo o Grupamento sediado em Maringá o que
mais atendeu ocorrências no ano de 2014 e também no período de janeiro a
agosto de 2015, enquanto o Grupamento da região litorânea do estado atendeu
menor número de ocorrências dessa natureza no mesmo período. A análise de
cada Grupamento será realizada a frente.
Antes de iniciarmos análise global das respostas, é salutar informar
que possíveis diferenças na quantidade de respostas em questões diferentes
deve-se a alguns militares não responderem todas as questões, por motivos
desconhecidos.
Ao olharmos as respostas das questões propostas, num panorama
geral, percebe-se que dos 21 Oficiais participantes apenas 67% responderam à
pergunta que questionava sobre o conhecimento de algum protocolo padrão
por parte do militar, e dentre eles todos afirmaram conhecer algum POP em
salvamento veicular. Dentre os Aspirantes, 63% dos participantes responderam
a primeira questão, também com a totalidade afirmando conhecer algum POP.
Entre as Praças as divergências de respostas começam a aparecer. Dos 9
Sargentos participantes, 45% responderam sim a primeira questão. Entre os
Cabos esse número aumenta para 55%, e entre os Soldado 56% afirmam
conhecer algum POP (GRÁFICO 4).
43
14
12
10
8
SIM
6
NÃO
4
2
0
OFICIAIS
ASPIRANTES SARGENTOS
CABOS
SOLDADOS
GRÁFICO 4 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 1
FONTE: O Autor (2015)
Ao responder “sim” na primeira questão, os participantes tinham a
opção de citar qual o protocolo que conhecem, porém poucos o fizeram. Os
protocolos citados foram os dos Corpos de Bombeiros de São Paulo, de
Sergipe, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná. Uma das respostas
apontou o POP 059 do CB do Paraná que trata do uso do desencarcerador,
mas não aborda protocolo de atendimento. Um Cabo do 5º GB respondeu
“conheço muito pouco” e um Soldado do 8º GB respondeu “protocolo interno”.
Ao responder sobre a existência de um POP em seu Grupamento,
formal (questão 2) ou informal (questão 3), somente a classe dos Soldados
teve maior número de respostas negativas quanto a existência de POP formal
em seu GB (53%). Observa-se nos Gráficos 5 e 6 que em todas as classes
houve militares que afirmaram não existir qualquer protocolo em seu
Grupamento.
44
8
7
6
5
SIM
4
NÃO
3
2
1
0
OFICIAIS
ASPIRANTES
SARGENTOS
CABOS
SOLDADOS
GRÁFICO 5 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 2
FONTE: O Autor (2015)
12
10
8
SIM
6
NÃO
4
2
0
OFICIAIS
ASPIRANTES SARGENTOS
CABOS
SOLDADOS
GRÁFICO 6 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 3
FONTE: O Autor (2015)
A questão 4 visava examinar se o POP teve influencia no atendimento
à ocorrências. Novamente os Oficiais foram unânimes com 19 respostas
afirmativas. Entre as demais classes, apenas 24% do total de militares
participantes respondeu não ter participado de ocorrência em que o POP
auxiliou no atendimento (GRÁFICO 7).
45
20
18
16
14
12
SIM
10
NÃO
8
6
4
2
0
OFICIAIS
ASPIRANTES SARGENTOS
CABOS
SOLDADOS
GRÁFICO 7 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 4
FONTE: O Autor (2015)
As questões seguintes foram elaboradas presumindo-se a não
existência de um POP no Grupamento. Primeiramente procurou-se averiguar
se o militar julga necessário haver um POP de atendimento em salvamento
veicular, sendo respondida de forma negativa por apenas 2 dos 64 militares
que responderam, conforme Gráfico a seguir.
20
18
16
14
12
SIM
10
NÃO
8
6
4
2
0
OFICIAIS
ASPIRANTES SARGENTOS
GRÁFICO 8 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 5
FONTE: O Autor (2015)
CABOS
SOLDADOS
46
A questão 6 foi direcionada a descobrir se, mesmo não havendo
protocolo no GB, a guarnição a qual o militar pertence possui um padrão de
atendimento. Destaca-se nessa questão que todos os Soldados participantes
afirmaram possuir padrão, fato que nos induz a concluir que o atendimento
realizado por esses militares é feito de forma organizada, e certamente
otimizada (GRÁFICO 9).
18
16
14
12
10
SIM
8
NÃO
6
4
2
0
OFICIAIS
ASPIRANTES SARGENTOS
CABOS
SOLDADOS
GRÁFICO 9 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 6
FONTE: O Autor (2015)
A questão 7 (GRÁFICO 10) segue a linha de raciocínio da questão 4,
porém visa avaliar agora se a falta de um POP influencia na ocorrência. A
maioria dos participantes (75%) respondeu já ter participado de ocorrência em
que a falta de um protocolo dificultou o atendimento. Apenas entre os Soldados
houve relativo número de respostas negativas (47% da classe).
47
14
12
10
8
SIM
6
NÃO
4
2
0
OFICIAIS
ASPIRANTES SARGENTOS
CABOS
SOLDADOS
GRÁFICO 10 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 7
FONTE: O Autor (2015)
Para encerrar o questionário, a pergunta 8 teve por objetivo averiguar
se, em não havendo um POP, a implantação de um protocolo facilitaria o
atendimento. A classe de Soldados, que apresentou maior diversidade de
respostas anteriormente, dessa vez foi unanime em reconhecer que um POP
facilitaria o atendimento. Entre os Sargentos também se atingiu 100% de
respostas afirmativas. Nas demais categorias as respostas afirmativas
passaram de 80% em cada classe (GRÁFICO 11).
18
16
14
12
10
SIM
8
NÃO
6
4
2
0
OFICIAIS
ASPIRANTES SARGENTOS
GRÁFICO 11 - RESPOSTAS DA QUESTÃO 8
FONTE: O Autor (2015)
CABOS
SOLDADOS
48
As instruções para a tropa são, em sua maioria, ministradas por
Oficiais e Aspirantes a Oficial. Ao observarmos as respostas, percebemos que
há por parte dessas classes conhecimento de protocolos e reconhecimento da
importância desses protocolos num atendimento (GRÁFICO 12). Essa
informação nos leva ao entendimento que tais classes podem/deveriam
ministrar instruções estabelecendo parâmetros de atendimento em suas
unidades, para que o serviço seja prestado cada vez com mais qualidade.
30
25
20
15
10
5
0
SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
Q. 5
Q. 6
Q. 7
Q. 8
GRÁFICO 12 - RESPOSTAS DOS OFICIAIS E ASPIRANTES A OFICIAL
FONTE: O AUTOR (2015)
Dentre os Sargentos participantes é facilmente percebida no Gráfico 13
a divisão de respostas quanto ao conhecimento e quanto à existência de
protocolos em seus Grupamentos. Entende-se que, por exercerem função de
comando em suas guarnições e também ministrarem instruções, os Sargentos
devem aperfeiçoar seus conhecimentos no assunto tratado.
49
14
12
10
8
6
4
2
0
SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
Q. 5
Q. 6
Q. 7
Q. 8
GRÁFICO 13 - RESPOSTAS DOS SARGENTOS
FONTE: O AUTOR (2015)
4.2
DADOS POR UNIDADE OPERACIONAL
Apesar do contato telefônico realizado com todos os chefes de B/3 dos
nove Grupamentos, até a data do fechamento dos dados (30 de setembro de
2015), alguns Grupamentos não retornaram respostas suficientes para
tabulação de dados da Unidade. O 2º GB e o 6º GB retornaram apenas uma
resposta cada. O 7º GB não retornou respostas.
4.2.1 1º Grupamento
O 1º GB teve a participação de 7 bombeiros militares, dos quais 4 são
Oficiais, 1 Aspirante e 2 Praças (GRÁFICO 14), apresentando relevante
homogeneidade nas respostas.
50
OFICIAIS
ASPIRANTES
PRAÇAS
29%
57%
14%
GRÁFICO 14 - PARTICIPAÇÃO DO EFETIVO DO 1º GRUPAMENTO.
FONTE: O Autor (2015)
A divergência de resposta encontrada na questão 3 pode ser atribuída,
talvez, a diferente interpretação da formalidade do protocolo existente no
grupamento. Por ser tratar de protocolo interno, e não da corporação, o militar
que respondeu “sim” na questão 3 pode interpretar que tal protocolo é informal,
enquanto os demais o julgam formal. Na questão 7, a resposta diferente da
maioria talvez seja atribuída ao pouco tempo de serviço do militar, que quando
chegou na unidade já recebeu o treinamento do protocolo e seus atendimentos
foram sempre embasados nele (GRÁFICO 15).
7
6
5
4
SIM
3
NÃO
2
1
0
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
GRÁFICO 15 – RESPOSTAS DO 1º GB
FONTE: O Autor (2015)
Q. 5
Q. 6
Q. 7
Q. 8
51
O 1º Grupamento, como já citado nesse trabalho, desenvolveu
internamente há alguns anos um POP para atendimento das ocorrências com
vítimas encarceradas. Ressalta-se também que esse Grupamento sempre se
faz presente nas pautas do site do Corpo de Bombeiros do Paraná com
instruções ministradas aos seus militares. Nota-se por parte desse GB a
constante preocupação no aperfeiçoamento de seus militares.
5
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
Q. 5
Q. 6
Q. 7
GRÁFICO 16 - RESPOSTAS DOS OFICIAIS E ASPIRANTES DO 1º GB
FONTE: O Autor (2015)
Q. 8
52
2
1,8
1,6
1,4
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
Q. 5
Q. 6
Q. 7
Q. 8
GRÁFICO 17 - RESPOSTAS DOS CABOS E SOLDADOS DO 1º GRUPAMENTOS
FONTE: O Autor (2015)
Os Gráficos 16 e 17 chamam a atenção para a homogeneidade das
respostas obtidas. Isso nos leva a acreditar que no 1º GB se mostra
preocupado no bom atendimento a ocorrências, especialmente no tocante a
POP.
4.2.2 3º Grupamento de Bombeiros
O 3º GB participou da pesquisa com um total de 11 bombeiros,
pertencentes a classes conforme descrito no Gráfico 18. Desse total apenas
45% afirmam conhecer algum protocolo, 9% desconhecem e os demais não se
manifestaram.
53
OFICIAIS
ASPIRANTES
PRAÇAS
18%
55%
27%
GRÁFICO 18 - PARTICIPAÇÃO DO EFETIVO DO 3º GB
FONTE: O Autor (2015)
Observa-se no Gráfico 19 que em relação a questão 2, apenas dois
militares responderam sobre a existência de protocolo formal no Grupamento,
dois Sargentos, chamando-nos a atenção por serem respostas diferentes
(Gráfico 20). Outros 3 militares afirmaram e existência de apenas protocolo
informal, sendo todos de classes diferentes (um Aspirante, um Cabo e um
Soldado). Destaca-se também que apenas um dos militares participantes
respondeu a todas as perguntas. Acredita-se que tal fato se deve
especialmente a interpretação do questionário, por exemplo: quando o militar
responde haver um protocolo formal no GB, não responde se há um protocolo
informal.
54
12
10
8
SIM
6
NÃO
4
2
0
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
Q. 5
Q. 6
Q. 7
Q. 8
GRÁFICO 19 - RESPOSTAS DO 3º GB
FONTE: O Autor (2015)
O Sargento que respondeu a todas as perguntas também foi o único
dentre aqueles que responderam que afirmou não haver protocolo formal e
nem informal no Grupamento, afirmando também que sua prontidão não possui
um padrão de atendimento. Entretanto, esse bombeiro acredita, assim como
todos os demais participantes, ser necessária a existência de um protocolo, e
que esse facilitaria o atendimento.
Com os dados coletados, percebe-se que no 3º Grupamento de
Bombeiros há um desnivelamento da tropa em relação ao atendimento a
ocorrências com vítima presa às ferragens,
devido
às
contradições
encontradas nas respostas ao questionário, especialmente nas divergências
entre os Sargentos, cuja importância na guarnição já fora citada.
Salienta-se
que
nesse
Grupamento
houve
participante, que foi contabilizado na classe dos Sargentos.
um
Sub-Tenente
55
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO SIM NÃO
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
Q. 5
Q. 6
Q. 7
Q. 8
GRÁFICO 20 - RESPOSTAS DOS SARGENTOS DO 3º GB
FONTE: O Autor (2015)
4.2.3 4º Grupamento de Bombeiros
O 4º GB foi um dos Grupamentos com maior número de participantes,
16 ao todo. A maior parcela de participantes é de Praças (Gráfico 19), e entre
eles 70% corresponde a classe dos Sargentos (GRÁFICO 21).
Apenas 31% do total de participantes afirmou conhecer algum
protocolo, citando protocolos dos estados do PR, RJ, SP e RS. Ainda na
primeira questão, 13% dos participantes não conhecem qualquer protocolo, e
56% não respondeu a essa pergunta. Dentre aqueles que conhecem algum
protocolo, temos Oficiais, Aspirantes e Sargentos.
56
OFICIAIS
ASPIRANTES
PRAÇAS
31%
63%
6%
GRÁFICO 21 - EFETIVO PARTICIPANTE DO 4ºGB
FONTE: O Autor (2015)
Em relação à existência de protocolo de atendimento na Unidade, 81%
dos militares participantes afirmaram sua existência (o restante não respondeu
a questão), havendo pequenas discordâncias apenas sobre sua formalidade.
No entanto, destaca-se que o importante é que há nesse Grupamento um
padrão, pois mesmo os bombeiros que não responderam sobre a existência do
protocolo afirmaram que sua prontidão possui padrão de atendimento.
16
14
12
10
SIM
8
NÃO
6
4
2
0
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
GRÁFICO 22 - RESPOSTAS DO 4º GB
FONTE: O Autor (2015)
Q. 5
Q. 6
Q. 7
Q. 8
57
Ao percebermos que 83% dos militares que responderam a questão 7
afirmarem já ter participado de ocorrência em que a falta de um protocolo
dificultou o atendimento e que 100% das respostas reconhecem a necessidade
de um protocolo e facilidade que oferece no atendimento, conclui-se que o 4º
Grupamento de Bombeiros está atento ao atendimento de ocorrências de
trânsito com vítimas presas e preocupado, ao estabelecer um protocolo, que o
serviço seja prestado com qualidade.
4.2.4 5º Grupamento de Bombeiros
Como visto anteriormente, o 5º Grupamento é a Unidade operacional
que mais atende acidentes em meio de transporte no estado. Aliado a isso,
destaca-se aqui maior participação desse efetivo na pesquisa em relação aos
demais GBs, especialmente das Praças. Ao todo, 19 bombeiros militares
responderam ao questionário proposto, divididos conforme Gráfico a seguir.
OFICIAIS
ASPIRANTES
PRAÇAS
10%
11%
79%
GRÁFICO 23 - EFETIVO PARTICIPANTE DO 5ºGB
FONTE: O Autor (2015)
58
Dentre os Oficiais e Aspirantes, todos responderam conhecer algum
POP, entretanto um dos Aspirantes citou o POP 059 do CBPMPR, dizendo que
trata “da utilização do desencarcerador (não abrange a ocorrência em si)”. Na
classe das Praças, 53% respondeu não conhecer protocolo de atendimento,
sendo eles os dois Sargentos que participaram da pesquisa, dois Cabos e
quatro Soldados.
Ao tratar da existência de protocolo no Grupamento, 68% dos
participantes disseram haver protocolo no GB, com divergências apenas entre
a formalidade desse protocolo, conforme ocorreu no 4º GB. Dos 32% que
afirmaram não existir protocolo algum na Unidade estão os 2 Sargentos, 2
Cabos e 2 Soldados. As respostas do Grupamento são apresentados no
Gráfico 24.
18
16
14
12
10
SIM
8
NÃO
6
4
2
0
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
Q. 5
Q. 6
Q. 7
Q. 8
GRÁFICO 24 - RESPOSTAS DO 5ºGB
FONTE: O Autor (2015)
Alguns pontos que chamaram a atenção nesse Grupamento foram: dos
6 militares que responderam não haver protocolo, apenas 1 (17%) afirmou que
sua prontidão não possui padrão de atendimento; um dos Aspirantes
respondeu acreditar ser necessária a existência de um protocolo (questão 5),
porém a existência isso não facilitaria o atendimento (questão 8).
Ao ser questionado sobre a participação do militar em ocorrência em
que a falta de um protocolo dificultou o atendimento, 22% do efetivo
59
participante respondeu que não, dos quais um é Aspirante e três são Soldados.
Levando-se em consideração o efetivo participante, supõe-se que essas
respostas podem ser atribuídas a falta de experiência desses militares, pois até
mesmo entre os Soldados (classe de maior participação no 5º GB) o número
de respostas “sim” a questão foi de 63%.
Por fim, através dos dados obtidos percebe-se que no 5º Grupamento
de Bombeiros existem divergências no aspecto estudado. Se contarmos
somente aqueles que responderam não conhecer qualquer protocolo tem-se,
em número, uma guarnição completa que poderia ter dificuldades em atender
uma vítima presa às ferragens de um veículo por não possuírem tal
conhecimento. Conclui-se que se faz necessário um nivelamento na tropa,
especialmente por ser o GB com maior número de ocorrências de trânsito.
4.2.5 8º Grupamento de Bombeiros
O 8º GB teve a maior participação de Oficiais em relação aos outros
Grupamentos. Entre as Praças, os Soldados tiveram maior representatividade,
totalizando 77% da classe. O efetivo participante esta representado no Gráfico
a seguir.
OFICIAIS
ASPIRANTES
PRAÇAS
38%
56%
6%
GRÁFICO 25 - EFETIVO PARTICIPANTE DO 8ºGB
FONTE: O Autor (2015)
60
Sobre possuir ciência de algum protocolo, 75% dos militares disseram
conhecer, sendo citado por um militar o protocolo interno. Os que responderam
“NÃO” correspondem a 3 Soldados.
Nas questões 2 e 3, que tratam de protocolo Formal e Informal,
respectivamente, todos os militares assinalaram “SIM” em uma delas, caindo
novamente na divergência quanto a formalidade, mas entendendo-se que o
importante é que existe um protocolo no GB e que os militares tem
conhecimento dele.
As questões 5, 6 e 8 tiveram todas as respostas “SIM” assinaladas, o
que nos leva a concluir que todos os militares participantes acreditam que se
faz necessário um POP e que esse ajuda no atendimento às vítimas, e que
todas as prontidões estão alinhadas e padronizadas (GRÁFICO 26).
16
14
12
10
SIM
8
NÃO
6
4
2
0
Q. 1
Q. 2
Q. 3
Q. 4
GRÁFICO 26 - RESPOSTAS DO 8ºGB
FONTE: O Autor (2015)
Q. 5
Q. 6
Q. 7
Q. 8
61
4.2.6 9º Grupamento de Bombeiros
Localizado em Foz do Iguaçu, o 9º GB teve uma participação pequena
nessa pesquisa. Apenas 4 militares responderam ao questionário, sendo 1
Sargento e 3 Cabos (TABELA 1). Entre eles, somente um Cabo afirmou
conhecer um protocolo de salvamento veicular.
TABELA 1. RESPOSTAS DO 9º GB
POSTO/
GRADUAÇÃO
CABO
QUESTÃO 1
NÃO
QUESTÃO 2
NÃO
QUESTÃO 3
SIM
QUESTÃO 4
SIM
QUESTÃO 5
SIM
QUESTÃO 6
SIM
QUESTÃO 7
NÃO
QUESTÃO 8
SIM
FONTE: O Autor (2015)
3Sgt
NÃO
NÃO
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
SIM
2sb2sgb/Cb
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
Cabo
SIM
SIM
NÃO
NÃO
NÃO
SIM
NÃO
NÃO
Destaca-se nas respostas recebidas que um dos Cabos assinalou
“NÃO” a todas as questões apresentadas, e também o fato de o único
participante a conhecer um POP responder que não acredita ser necessária a
existência de um, pois também não acredita que facilitará o atendimento
(questões 5 e 8). Somente o Sargento respondeu já ter participado de
ocorrência em que a falta de padronização no atendimento dificultou a
ocorrência.
Quanto a existência de protocolo no GB, obteve-se três respostas
positivas e uma negativa.
62
5
CONCLUSÃO
Essa pesquisa, caracterizada como exploratória, buscou levantar como
as ações de salvamento veicular são tratadas no CBPMPR em relação ao
conhecimento e utilização de protocolo operacional. Os dados estatísticos de
acidentes de trânsito apresentados nesse trabalho são a principal justificativa
para a importância do estudo realizado. O Corpo de Bombeiros atendeu, entre
2006 e 2014, uma média anual de 52 mil ocorrências de acidentes em meio de
transporte, e prestar um atendimento de qualidade no local do sinistro pode ser
fator determinante para a sobrevivência das vítimas. Dessa maneira, o preparo
do bombeiro é fundamental.
Dentro da variada gama de atividades envolvendo o salvamento
veicular, focou-se aqui no protocolo padrão de atendimento. Através da
aplicação de um questionário, quantificaram-se os dados obtidos para
averiguar se os bombeiros envolvidos na atividade fim da Corporação utilizam
algum POP nos atendimentos a ocorrências com vítima presa às ferragens, ou
se ao menos conhecem algum.
No panorama global, percebe-se que há conhecimento na tropa
pesquisada, tanto dos Oficiais quanto Aspirantes e Praças, e que o fato de não
haver um POP ou um manual próprio do CBPMPR não impede os militares de
buscar informação. Foram citados nas respostas protocolos de diversos Corpos
de Bombeiros, e também protocolos internos, este último fato de significativa
importância, pois reforça que há preocupação nos Grupamentos em prestar um
serviço de qualidade à população.
Apesar de haver conhecimento, ainda há grande disparidade na tropa
quando avaliamos de forma mais analítica. Mesmo com uma amostra pequena
do efetivo, pode-se constatar um desnivelamento dentro das Unidades
Operacionais. Houve respostas conflitantes num mesmo grupamento, fato que
evidencia a heterogeneidade de conhecimento. De forma alguma se espera
que todos tenham a mesma profundidade de conhecimento, porém, pela
simplicidade das questões apresentadas algumas discordâncias destacaramse. Como exemplo, Sargentos de um mesmo Grupamento deram respostas
diferentes quando perguntado da existência de algum protocolo em sua
63
Unidade. Essa divergência se destaca por serem os Sargentos atuantes na
função de Chefes de Guarnição, comandantes imediatos daqueles que
executam a atividade operacional, e que conduzirão o atendimento a
ocorrências. Assim, espera-se que os Sargentos, juntamente com os Oficiais,
mantenham
o
atendimento
da
unidade
padronizado,
com
qualidade,
independente da guarnição de serviço. Entre Cabos e Soldados também
apareceram divergências de respostas, evidenciando ainda mais a disparidade
entre a tropa. Os motivos das discordâncias não foram objeto desse estudo.
Entre Oficiais e Aspirantes as respostas foram mais convergentes,
todos os que responderam ao questionário disseram conhecer algum protocolo,
inclusive citando exemplos, e também se mostraram conscientes da
importância de se padronizar o atendimento.
A comparação entre os Grupamentos pesquisados não se faz justa
nesse trabalho, devido à diferença no número de militares participantes entre
as Unidades. Nesse contexto, além dos Grupamentos que não responderam,
destaca-se a pequena participação do 9º GB, cuja diminuta quantidade de
respostas dessa Unidade não nos permite uma avaliação fidedigna.
Pode-se perceber que os POPs apresentados possuem vários pontos
semelhantes entre si. A composição da equipe de salvamento, por exemplo, é
praticamente a mesma em todos os protocolos: 4 militares para o resgate,
sendo um Comandante, o Motorista e dois Operadores, contando com o apoio
de socorristas. As diferenças nos protocolos são mínimas, e em geral são
diferenças em quem realiza determinada tarefa, o que pode ser atribuído às
peculiaridades de cada Corporação, como viatura empregada, por exemplo.
Logicamente, o POP apresentado pelo 1º GB é o mais adequado ao CBPMPR
por ser criado para a realidade da Corporação, o que não significa que é
absoluto, sempre havendo possibilidade de melhorias.
Encerra-se o presente estudo com a afirmação de que há um
desnivelamento na tropa operacional em relação a protocolo de atendimento a
acidentes de transito com vítimas encarceradas, aspirando-se que essa
pesquisa sirva de suporte para uma investigação das causas dessa
disparidade dentro das Unidades, e também como mais um fator fomentador
de pesquisas na área de salvamento veicular, almejando num futuro próximo a
64
confecção de um Protocolo Operacional Padrão, quiçá um Manual de
Salvamento Veicular para nossa de Corporação.
65
REFERENCIAS
ALAGOAS. Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas. Manual de Salvamento
Veicular. Maceió, 2007.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF, Senado, 1998.
_________. Lei nº 9.503 de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de
Trânsito
Brasileiro.
Disponível
em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9503.htm>. Acesso em 10/08/2015.
DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO PARANÁ. Anuário Estatístico 2014.
Disponível
em:
<http://www.detran.pr.gov.br/modules/catasg/servicosdetalhes.php?tema=detran&id=477>. Acesso em 25/08/2015.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURAS DE TRANSPORTES.
Disponível
em:
<http://www.dnit.gov.br/rodovias/operacoesrodoviarias/estatisticas-de-acidentes>. Acesso em: 10/08/2015.
DEPARTAMENTO
NACIONAL
DE
TRANSITO.
<http://www.denatran.gov.br/>. Acesso em 06/08/2015.
Disponível
em:
ESPIRITO SANTO. Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo. Manual de
Resgate Veicular. Vitória, 2010.
HOLMATRO RESCUE EQUIPMENT. Técnicas de Extracción Vehicular.
Holanda, 2006.
LUDWIG, A C W. Fundamentos e Prática de Metodologia Científica.
Petrópolis: Vozes, 2012.
MARCONI, M A, LAKATOS, E M. Técnicas de Pesquisa: planejamento e
execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração,
análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas,1999.
MATERIAL DIDÁTICO – I Encontro Técnico Científico de Salvamento Veicular /
RESCUE DAYS BRASIL, São Paulo, 2012.
66
MENÊSES, J A O. Técnicas De Resgate Veicular: veículos leves e
pesados. Aracaju: Infographics, 2015.
OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA. Disponível em:
<http://iris.onsv.org.br/portaldados/#/>. Acesso em 06/08/2015.
OLIVEIRA, E L. Salvamento e Desencarceramento. Portugal: Escola
Nacional de Bombeiros, 2009.
ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL
DA
SAÚDE.
Disponível
em:
<http://www.who.int/features/factfiles/roadsafety/es/>. Acesso em 06/08/2015.
PARAGUAI. Cuerpo de Bomberos Voluntarios del Paraguay. Manual de
Rescate em Accidentes de Vehículos Motorizados. Paraguay: Academia
Nacional de Bomberos, 2008.
PARANÁ.
Constituição
(1989).
Disponível
em:
<http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/listarAtosAno.do?action=iniciarProc
esso&tipoAto=10&orgaoUnidade=1100&retiraLista=true&site=1>. Acesso em
20/08/2015.
________. CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ.
Disponível em: <http://www.bombeiros.pr.gov.br/>. Acesso em 15/08/2015.
________. CORPO DE BOMBEIROS DA POLÍCIA MILITAR DO PARANÁ. 1º
GRUPAMENTO DE BOMBEIROS. Protocolo de atendimento a ocorrências
envolvendo vitimas encarceradas em ferragens do1º grupamento de
bombeiros. Curitiba, 2011.
________. Lei Estadual nº 16.575 de 28 de setembro de 2010. Lei de
Organização Básica da Polícia Militar do Paraná. Disponível em:
<http://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/listarAtosAno.do?action=exibir&cod
Ato=56275&codItemAto=436679>. Acesso em 21/08/2015.
PEROVANO, D G. Manual De metodologia Cientifica para a segurança
pública e defesa social. Curitiba: Juruá, 2014.
RESDUE DAYS BRASIL, 2014, Franco da Rocha. Ata da reunião para
criação da Comissão Nacional de Salvamento Veicular. Franco da Rocha:
Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, 2014.
67
SÃO PAULO. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
Manual Técnico de Bombeiros nº 51 – Salvamento Veicular. São Paulo,
2010.
68
APENDICES
APÊNDICE 1 – EMAIL ENVIADO AOS GRUPAMENTOS, COM
QUESTIONÁRIO
Sr.Chefe da B/3
Conforme contato, segue questionário para Trabalho de Conclusão de Curso sobre
Protocolo Operacional Padrão em Salvamento Veicular. O público alvo do questionário
serão as 3 prontidões da sede do Grupamento (1ª SB/1º SGB) e também os Oficiais
Subalternos e Aspirantes-a-Oficial que concorrem à escala de Oficial de Socorro.
Ressalto a V. Sa. que o questionário foi confeccionado utilizando ferramenta do Google
Docs® e que todos os militares podem responder ao questionário no mesmo endereço
eletrônico. Como sugestão para agilizar a aplicação, um militar pode abrir o questionário
em seu email (ou um email definido pela B/3) e chamar os demais militares para
respondê-lo. O questionário pode ser respondido no próprio corpo do email, não
esquecendo de clicar no botão “Enviar” ao fim. Em caso de dificuldade de visualização,
há um link no corpo do email para abri-lo separadamente. Esse email pode ser
encaminhado a outro endereço, sem que haja prejuízo ao questionário. Se possível os
militares devem responder ao questionário até quarta-feira dia 30 de setembro. Desde
já agradeço a colaboração.
Respeitosamente.
Cad. 3º BM Edison Luiz Feijó Junior.
(41) 9244-8487
Se você tiver problemas para visualizar ou enviar este formulário, preencha-o nos
Formulários Google.
6
QUESTIONÁRIO
SOBRE
PROTOCOLO
PADRÃO EM SALVAMENTO VEICULAR.
OPERACIONAL
O Senhor está sendo convidado a responder um questionário sobre Salvamento Veicular, com objetivo de
auxiliar este Cadete no Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Formação de Oficiais – Bombeiro Militar.
Trata-se de perguntas apenas sobre POP para tática de resgate, não englobando técnicas de desencarceramento.
Não é necessário colocar seu nome, apenas Posto/Graduação. Desde já agradeço a contribuição para meu
desenvolvimento profissional.
Cadete 3º BM Edison Luiz Feijó Junior.
Posto/Graduação
Grupamento
Possui conhecimento de algum protocolo padrão de atendimento em
salvamento veicular?
Se sim, qual? (escreva no campo "Outro")
o
NÃO
o
SIM
o
Outro:
69
Há algum protocolo FORMAL em seu Grupamento?
o
NÃO
o
SIM
Há algum protocolo INFORMAL em seu Grupamento?
o
NÃO
o
SIM
O senhor já esteve em ocorrência em que o protocolo auxiliou no
atendimento?
o
NÃO
o
SIM
Em caso de não haver protocolo em seu Grupamento, o senhor acredita
ser necessária a existência de um?
o
NÃO
o
SIM
Sua prontidão possui algum padrão de atendimento?
o
NÃO
o
SIM
O senhor já esteve em ocorrência em que a falta de um protocolo
dificultou e/ou atrasou o atendimento?
o
NÃO
o
SIM
A existência de um protocolo formal facilitaria o atendimento?
o
NÃO
o
SIM
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70
ANEXOS
ANEXO A - PROTOCOLO ADOTADO PELO CORPO DE BOMBEIROS DA
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO ...........................................63
ANEXO B - PROTOCOLO DA ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS,
PORTUGAL ......................................................................................................66
ANEXO C - PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO DO CORPO DE
BOMBEIROS MILITAR DO ESPIRITO SANTO ...............................................69
ANEXO D - PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO PROPOSTO POR
MENÊSES (2015) .............................................................................................70
ANEXO
E
-
ENVOLVENDO
PROTOCOLO
DE
ATENDIMENTO
A
OCORRÊNCIAS
VITIMAS ENCARCERADAS EM FERRAGENS
DO
1º
GRUPAMENTO DE BOMBEIROS ...................................................................74
71
ANEXO A - PROTOCOLO ADOTADO PELO CORPO DE BOMBEIROS DA
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO.
9. 2 Composição da Equipe de Salvamento:
No. 1 – Comandante
No. 2 – Sub Comandante
No. 3 – Motorista
No. 4 – Auxiliar especializado
9.3 Funções de cada integrante da Guarnição e ações a serem
executadas:
9.3.1 Comandante:

Informes a primeira vista:
Ao chegar ao local, o Cmt confirma as informações passadas no
despacho ou corrige de acordo com o que for constatado. Caso verifique a
necessidade de outros apoios, solicita-os de pronto. Exemplos: Poste em
perigo de queda, contato com a Eletropaulo; multiplicidade de vítimas, mais
Unidades de Resgate no local; viaturas de apoio específico com ASE e AG.

Vistoria interna e requalificação de informes:
Após o devido estacionamento da viatura, o Cmt desembarca, levando
o HT e os calços nº 4 e inicia a vistoria interna do veículo.
Durante a vistoria atenta ao nº de vítimas, verifica riscos que possam
impedir a ação da equipe (eletricidade, combustíveis, risco de queda do
veículo, etc); prossegue com a vistoria na parte debaixo do veículo procurando
por vítimas atropeladas e combustíveis vazando.
Neste mesmo procedimento, o Cmt faz a colocação dos calços para
estabilização.
Com base no que foi verificado, o Cmt determina o local de acesso e
qual vítima possui prioridade de atendimento.
A verificação se encerra com a abertura do porta-malas, buscando
vítimas de possíveis seqüestros e principalmente cilindros de GNV, neste caso
fecha o registro.
O Cmt é também o responsável pela verificação de quais portas estão
abertas e se os vidros estão abaixados.
Caso seja necessário, requalifica os informes com o COBOM.

Para maior eficiência na estabilização, o Cmt utiliza o sacador de
válvulas.

Após a vistoria interna, o Cmt expõe as dobradiças das portas
com o uso da alavanca halligan.

Opera a serra-sabre na retirada do para-brisas, procede com o
corte da coluna ”A”.

Após a retirada das portas, o Cmt verifica a situação da vítima, ou
determina que a avaliação seja feita por médico da USA e determina o modo
de extração (retirada rápida, K.E.D., etc.).

Durante todo o atendimento da ocorrência, verifica os possíveis
riscos e o cumprimento dos procedimentos de segurança.

O Cmt é o responsável pela liberação da área para a atuação das
equipes de extração.
72
9.3.2 Sub Comandante:

Leva no desembarque da viatura: Lona de materiais, ferramenta
combinada, alavanca halligan e a serra-sabre.

Posiciona a lona e os materiais no lado determinado pelo Cmt,
deve se atentar para colocar a alavanca halligan, atentando para o
posicionamento seguro.

Após, inicia a vistoria externa, num raio de 3,5 a 7 m do veículo,
em sentido contrário a vistoria interna do Cmt.
Durante esta vistoria procura por testemunhas que presenciaram o
acidente, verificando principalmente se existem outras vítimas no local. Caso
encontre outra vítima, avisa o Cmt, analisa, tria e atende conforme a prioridade.
Olha ao redor e questiona testemunhas a respeito do acidente e se outras
vítimas já foram socorridas.

Verifica vítimas que tenham sido atropeladas, que tenham sido
lançadas, que tenham saído andando dos autos acidentados.

Após a vistoria externa, caso o nº 4 não tenha conseguido
conectar a ferramenta hidráulica em menos de 1 min, o nº 2 assim o faz e
opera no local determinado pelo Cmt, utilizando a técnica apropriada.

Caso a exposição das dobradiças não tenha sido feita ainda,
assim o faz antes de operar a ferramenta hidráulica.
9.3.3 Motorista:

Estaciona a viatura a 10 m do local da ocorrência, com sinais
luminosos ligados, com as rodas viradas para a direção oposta do acidente.

Sinaliza o local com os cones, atentando para o posicionamento
proporcional a velocidade máxima da via (80 km/h = 8 cones), na diagonal
formada entre a última viatura e a via.

Feita a sinalização, o motorista informa na rede de rádio qual a
melhor via de acesso disponível para o local e caso necessário, corrige
informes passados (número da rua, se é a via local ou expressa, etc.).

Realiza o isolamento do local com a fita zebrada, utilizando as
viaturas para tanto somente em último caso.

Leva todos os outros materiais para a lona.

Desliga a bateria do veículo, caso não seja possível, liga o
pisca-alerta como forma de aviso.

Após os cortes, coloca as sacolas de proteção de
ferragens.
Caso não tenha ainda o AB no local, faz a segurança com o extintor de
PQS 12kg.
9.3.4 Auxiliar especializado:

Leva 2 cobertores, a moto-bomba de 3,5 HP ou motobomba de 4 HP ou superior com auxílio do nº 2, mala de oxigenoterapia,
e mala de material de pronto-socorrismo.

Posiciona a moto-bomba na parte traseira ou da frente do
veículo, de acordo com a determinação do Cmt.

Em até 1 min do desembarque, conecta a ferramenta a
moto-bomba, atentando para a ordem (retorno e alta pressão e alta
pressão e retorno), liga e aciona o óleo.
73

Acessa o interior do veículo, protegendo a entrada com um
dos cobertores.

Leva para dentro do veículo o equipamento de
oxigenoterapia e outro cobertor para proteção da vítima.

No interior do veículo, retira a chave do contato e joga-a
para fora.

Puxa o freio de mão do veículo.

Faz a proteção do air-bag.

Corta o cinto de segurança.

Abaixa todos os vidros e destrava todas as portas.

Cobre as vítimas.

Estabiliza a cervical, ministra 02 e controla a vítima de
maior prioridade.
Após a estabilização, verifica se todas as técnicas estão sendo
empregadas sem comprometer a vítima (corte de coluna, rebatimento do
painel, etc.).
74
ANEXO B - PROTOCOLO DA ESCOLA NACIONAL DE BOMBEIROS,
PORTUGAL
A equipa de desencarceramento é constituída por seis elementos,
cujas designações e atribuições são as seguintes:

Chefe de Equipa (nº 1) – é o elemento mais graduado da equipa,
que deverá ser facilmente identificado para ser reconhecido como tal. Esta
função deve ser desempenhada preferencialmente por um elemento com
formação específica de chefe de equipa de desencarceramento. O chefe de
equipa, face ao cenário real do acidente, distribui as tarefas a realizar pelos
elementos da equipa, de modo a garantir uma actuação rápida e segura,
transmitindo as ordens de forma concisa, clara, utilizando frases curtas e
garantindo que estas foram convenientemente compreendidas.
Numa primeira fase, logo que chegue ao local, deve:
Fazer o reconhecimento acompanhado pelo elemento de
segurança;
Aproximar-se e verificar qual o tipo de acidente e avaliar a sua
extensão;
Identificar os perigos existentes;
Identificar o número, condições e posicionamento das vítimas,
estabelecendo contacto visual com as mesmas;
Formular o plano de acção;
Informar o ponto da situação à central do Cb ou ao CDOS (parte
de reconhecimento);
Decidir sobre as manobras a executar, em coordenação com o
responsável pela equipa pré-hospitalar;
Garantir, permanentemente, a segurança da equipa;
Fazer a ligação com outras equipas intervenientes.
Enquanto o chefe de equipa efectua o reconhecimento, os restantes
elementos da equipa preparam-se para actuar, executando as seguintes
acções:
Os operadores de ferramentas executam a sinalização inicial,
caso seja este o primeiro veículo de socorro a chegar ao acidente, estabilizam
os veículos acidentados e garantem a segurança do local;
O socorrista prepara o equipamento pré-hospitalar;
O assistente geral prepara o equipamento de desencarceramento
e coloca-o na área de trabalho exterior, em local próprio.
Operadores de Ferramenta (nº 1 e nº 2) – trabalham em
conjunto, utilizando as ferramentas e todo o material necessário disponível,
devendo:
Executar todas as acções técnincas (estabilização do veículo e
cargas, criação de espaço para acesso a vítimas, manuseamento de vidros,
etc.);
Operar as ferramentas de desencarceramento para remover as
partes do veículo de modo sistemático, com vista à criação do espaço
necessário à extracção das vítimas.
75
Elemento de segurança (nº 4) – este elemento zela pela
segurança das vítimas, equipa de socorro e curiosos, devendo,
nomeadamente:
Acompanhar o chefe de equipa no reconhecimento (avaliação de
riscos);
Controlar os perigos;
Controlar a estabilização;
Desligar as baterias dos veículos acidentados;
Remover os destroços;
Controlar um possível derrame de combustível;
Colocar as protecções nos pontos agressivos.
Socorrista (nº 5) – compete-lhe prestar os cuidados préhospitalares até a chegada da respectiva equipa, funcionando como ponto de
referência para as vítimas e colaborando com a equipa pré-hospitalar. Após
uma avaliação genérica do estado das vítimas, deve:
Informar o chefe de equipa das prioridades;
Estabelecer contacto com as vítimas, o mais precocemente
possível;
Efectuar o exame às vítimas;
Estabilizar as vítimas;
Proceder à extracção, de acordo com o responsável pela equipa
pré-hospitalar.
Assistente geral (nº 6) – normalmente esta função é
desempenhada pelo motorista, competindo-lhe:
Preparar a área destinada à colocação do equipamento;
Providenciar todo o equipamento necessário aos operadores de
ferramentas;
Auxiliar na montagem do equipamento hidráulico;
Garantir o funcionamento do grupo energético e demais
equipamentos;
Actuar em caso de incêndio;
Retirar o equipamento após a sua utilização pelos operadores.
Procedendo desta forma, será possível manter uma boa coordenação e
controlo das operações. No quadro I apresenta-se a síntese da organização da
equipa de desencarceramento.
76
Apesar de cada elemento possuir funções definidas, o espírito de equipa
deverá estar sempre presente.
Outros elementos da equipa de socorro poderão executar outras tarefas,
tais como proceder o isolamento da área, prevenir um possível foco de
incêndio, preparar ferramentas que possam vir a ser necessárias e estar
disponível para outros trabalhos que lhes sejam solicitados.
77
ANEXO C - PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO DO CORPO DE
BOMBEIROS MILITAR DO ESPIRITO SANTO
FIGURA 17. ROTINA DE RESGATE CBMES.
FONTE: CBMES.
78
ANEXO D - PROTOCOLO OPERACIONAL PADRÃO PROPOSTO POR
MENÊSES (2015)
Membros da equipe de resgate veicular:
 Comandante (CMT);
 Operador e Condutor de Viatura (OCV);
 Operador 01 (OP01);
 Operador 02 (OP02).
Sequencia de procedimentos em ocorrências de vítimas presas às
ferragens de veículo de passeio colidido:

OCV desloca a viatura ao local da ocorrência, com segurança;

Durante o percurso, o CMT obtém junto a central de
comunicações maiores informações sobre a ocorrência, sobre os veículos
envolvidos, para poder consultar o Compêndio de Fichas de Resgate Veicular a
presença e localização dos dispositivos de segurança e da bateria 12V, e
repassa orientações preliminares aos demais integrantes da equipe;

OCV posiciona a viatura entre a cena e o fluxo principal de
veículos, de forma a maximizar o uso de refletivos e sinalizadores luminosos, e
sinaliza a via com cones;

A equipe desembarca com segurança;

OP01 realiza o círculo interno, soltando os calços ao redor do
veículo;

OP02 realiza o círculo externo, posicionando os cones que srão
utilizados no isolamento;

CMT confirma marca e modelo dos veículos envolvidos, a
localização dos dispositivos de segurança e da bateria do veículo, de acordo
com as informações contidas nas fichas de resgate veicular;

OP01 e OP02 reportam a situação ao CMT;

CMT faz contato com a central de comunicações e passa as
informações preliminares da ocorrência, dispensando recursos ou solicitando
apoio necessário;

CMT abre e posiciona a lona onde será montado o Palco de
Ferramentas;

OP01 e OP02 trazem para o palco apenas as ferramentas
pesadas e o OCV traz o restante dos equipamentos, monta as ferramentas e
organiza o palco;

CMT faz a sinalização da localização da bateria e dos dispositivos
de segurança no veículo;

OP01 realiza a estabilização do veículo;

OP02 isola o local com fita de isolamento;

CMT, juntamente com o chefe da equipe de socorristas, fazem a
abordagem inicial da vítima pela janela da porta e coloca o contensor de airbag
no volante;

Com o veículo estabilizado, o OP01 abre acesso do lado oposto à
vítima para o socorrista, pede a este a chave do veículo e determina a ele que
puxe o freio de mão, abaixe os vidros, destrave as portas, antes de assumir a
estabilização cervical da vítima;
79

Os socorristas dão inicio ao atendimento inicial da vítima;

OP01 abre a mala do veículo, verifica a presença de GNV ou do
Sistema Elétrico. Fecha a válvula do GNV ou desativa o Sistema Elétrico
retirando o tampão de serviço, conforme o caso, e reporta a situação ao CMT,
entregando-lhe a chave;

OP02 leva a ferramenta combinada ou expansor até o veículo e
segura a ferramenta para que o OP01 a opere;

OP01 e OP01 realizam o procedimento de obtenção de acesso a
bateria 12V e a desativam;

OP01 e OP02 retornam ao palco e aguardam que o CMT termine
a avaliação da situação e defina uma estratégia;

CMT determina a retirada da porta do lado da vítima;

OP02 leva a ferramenta combinada ou expansor até o veículo e
segura a ferramenta para que o OP01 a opere;

OP01 e OP02 fazem obtenção de ponto de apoio para a
ferramenta;

OP01 e OP02 forçam a fechadura até desencaixá-la do pino
Nader;

OP01 rompe a dobradiça superior da porta e, em seguida, a
inferior; neste momento o OP01 opera a ferramenta sozinho;

OP02 segura a porta para evitar que a queda descontrolada
venha a provocar ferimentos e a leva à área de descarte; em seguida retorna
ao palco e aguarda instruções;

OP01 leva a ferramenta de volta ao palco e aguarda instruções;

CMT, juntamente com o chefe dos socorristas, verificam o grau de
encarceramento da vítima;

CMT determina em voz alta “Resgate Pesado”;

Chefe dos socorristas cobre a vítima para protege-la dos
estilhaços e borrachas das molduras. Antes de cada golpe, o OP01 fala em voz
alta “Vidro”, informando a todos os envolvidos o procedimento que será
realizado. Quebram-se primeiro os vidros temperados (laterais e traseiros)
necessários e, por último, o para-brisa;

No para-brisa, o OP01 faz a obtenção do ponto de inserção da
lâmina da serra sabre enquanto o OP02 vai pegar a ferramenta no palco. Com
a serra sabre, o OP01 corta a metade do seu lado e devolve a ferramenta para
que o OP02 corte a sua metade; enquanto isso, o OP01 segura o vidro para
evitar que caia no interior do veículo;

O OP02 leva a serra sabre ao palco e retorna para auxiliar o
OP01;

O OP01 coloca o para-brisa sobre o capô do carro e aguarda o
OP02 para leva-lo à área de descarte;

Chefe dos socorristas retira a cobertura da vítima, com cuidado,
para não cair estilhaços na mesma;

OP02 leva a ferramenta de corte até o veículo e segura a
ferramenta para que o OP01 a opere;

OP01 e OP02 realizam o corte da coluna A;

OP01 e OP02 realizam o corte da coluna B;

OP01 e OP02 realizam o corte de alívio no teto (corte dobradiça);
80

CMT indica a direção do ponto de realização do segundo corte de
alívio no teto;

OP01 e OP02 realizam o corte de alívio no teto do outro lado;

OP01 e OP02 realizam o corte da coluna B do outro lado;

OP01 e OP02 realizam o corte da coluna A do outro lado;

OP02 leva a ferramenta ao palco e retorna para realizar o
rebatimento do teto;

OP01 se posiciona e aguarda o retorno do OP02 para rebater o
teto;

CMT orienta os socorristas a posicionar e pressionar a maca
sobre o teto para auxiliar no rebatimento;

OP01 e OP02 rebatem o teto;

CMT coloca proteção nas arestas cortantes das colunas cortadas;

OP01 coloca a maca, protegendo a vítima dos cortes que serão
realizados na parte inferior da coluna A, próximo às pernas dela;

OP02 pega a ferramenta de corte no palco e entrega ao OP01;

OP02 amarra o teto do veículo;

OP01 realiza os cortes de alívio na coluna A;

OP02 traz o suporte de coluna para o OP01, pega a ferramenta
de corte, leva-a ao palco, retorna com o cilindro e entrega-o ao OP01;

OP01 posiciona o suporte de coluna, o cilindro e inicia a expansão
do painel (Rolar Painel);

Com o procedimento de rolar o painel, será criado um espaço
entre a caixa de ar abaixo da coluna A e o calço utilizado na estabilização. O
OP02 deve preencher esse espaço com mais calços, para manter a
estabilização do veículo e evitar o retorno do painel com a retirada da
ferramenta utilizada na expansão;

OP01 retira as ferramentas utilizadas na expansão e entrega ao
OP02, que as leva ao palco;

OP01 retira a maca que protegia a vítima e a posiciona para a
extração da vítima;

OP01 e OP02 seguram a maca, enquanto a equipe de socorristas
realiza a extração da vítima;

OP01 e OP02 ajudam a equipe de socorristas a conduzir a vítima
até a viatura;

CMT determina o recolhimento dos equipamentos utilizados e
providencia o recolhimento dos dados necessários para o preenchimento do
relatório de ocorrência;

OP01 desfaz a estabilização e desamarra o teto do veículo,
recolhendo os materiais utilizados para a viatura;

OP02 e OCV começam a recolher as ferramentas, que estão no
palco de ferramentas para a viatura;

OP01 retorna ao cenário para realizar uma varredura, buscando
equipamentos que, por um descuido, possa estar fora do palco de ferramentas,
para só então auxiliar o OP02 e o OCV no recolhimento de todos os
equipamentos utilizados para a viatura;

CMT realiza uma inspeção em todo o cenário, procurando por
ferramentas esquecidas e analisando a necessidade de realizar lavagem da
pista;
81

CMT determina a desobstrução da via, se possível; e a lavagem
da pista, se necessário;

OP02 recolhe os cones utilizados no isolamento;

CMT se reporta à autoridade policial responsável pelo tráfego da
via, passando-lhe a responsabilidade pelo local da ocorrência;

OCV recolhe os cones utilizados na sinalização da via;

CMT faz contato com a central de comunicações para passar as
informações finais sobre a ocorrência e informar o retorno da equipe à base;

CMT informa à central de comunicações o momento de chegada
da viatura à base e determina aos demais integrantes da equipe a adoção das
medidas necessárias para que os recursos empregados retornem à situação de
prontidão.
82
ANEXO E - PROTOCOLO DE ATENDIMENTO A OCORRÊNCIAS
ENVOLVENDO VITIMAS ENCARCERADAS EM FERRAGENS DO1º
GRUPAMENTO DE BOMBEIROS.
1º Passo
2º Passo
1º Passo
2º Passo
3º Passo
4º Passo
5º Passo
6º Passo
7º Passo
1º Passo
2º Passo
3º Passo
Chefe de Guarnição
Verificação 360º no local da ocorrência:
-Segurança do local;
-Situação do Veículo;
- Quantidade, situação e gravidade de vítimas;
- Conferência de portas e janelas para acesso do socorrista
Criar acesso através da janela mais afastada da vítima, para
abordagem do socorrista (caso não haja).
Condutor do ABTR
Estaciona a viatura de modo a proteger a guarnição – Posição de
Sacrifício.
Acionamento da Bomba de Incêndio.
Estabelece o mangotinho ou extintor de incêndio.
Sinaliza a via – cones.
Sinaliza o local – fita de isolamento.
Auxilia na retirada dos materiais.
Opera a moto bomba do equipamento hidráulico.
Auxiliar 01 – situado à direita na cabine de guarnição
Estabiliza o veículo.
Prepara a área de materiais.
Opera as ferramentas hidráulicas.
Auxiliar 02 – situado à esquerda na cabine de guarnição
1º Passo Auxilia na estabilização do veículo.
2º Passo Controle de vidros, inclusive o Pará brisa, caso necessário
3º Passo Controle elétrico – desligar bateria, se não for possível desligar a
bateria o pisca-alerta do veículo deverá ser acionado.
4º Passo Colocar o protetor de air bag do motorista.
5º Passo Auxilia na operação das ferramentas hidráulicas: remove
porta(s), apanha os materiais necessários para operação.
1º Passo
2º Passo
3º Passo
4º Passo
5º Passo
6º Passo
Socorrista 01
Adentra ao veículo, após autorização do Chefe de Guarnição.
Puxa o freio de mão do veículo.
Abaixa vidros e destrava portas, se possível, e retira a chave do
contato.
Aciona a alavanca do capô, se possível.
Protege a vítima.
ABC na vítima.
83
1º Passo
2º Passo
3º Passo
1º Passo
2º Passo
3º Passo
4º Passo
5º Passo
6º Passo
7º Passo
8º Passo
1º Passo
2º Passo
3º Passo
Socorrista 02 – motorista
Estaciona a Viatura de maneira segura.
Providencia os materiais solicitados pelo socorrista 01 e auxilia
na colocação do colar cervical (após isto, retorna a zona morna).
Após liberação da vítima, auxilia o socorrista 01 na imobilização e
retirada da mesma: leva a tábua de imobilização, bolsa, KED e
outros materiais necessários.
Oficial de Área/Socorro
Estabelece o Posto de Comando – Zona Morna.
Informa ao COBOM a situação e apoio necessário.
Controle da cena: verifica o isolamento, estacionamento de
viaturas, contato com outros órgãos.
Realiza a fiscalização das ações de segurança no local:
utilização de EPI, controle de curiosos e imprensa e outras que
julgar necessária.
A escolha da técnica para retirada da vítima deverá ser do Chefe
de Guarnição, devendo intervir caso julgue necessário.
Realiza o controle dos recursos na cena.
Liberação das ambulâncias para deslocamento.
Desmobilização dos recursos na cena.
Condutor do Oficial de Área/Socorro
Estaciona a Viatura conforme orientação do Oficial, de modo a
estabelecer o Posto de Comando.
Realiza a sinalização da via – cones
Auxilia na preparação dos materiais.
Auxiliar 03: Bombeiros em escala Extra, estagiários, etc. – situados no
centro da cabine de guarnição
1º Passo No caso de não haver Oficial de Área/Socorro na ocorrência,
deverá realizar o isolamento da via – cones. No caso da presença
do Oficial de Socorro, deverá realizar o isolamento do local – fita
de isolamento.
2º Passo Auxilia na preparação dos materiais.
3º Passo Permanece de prontidão com o mangotinho ou extintor de
incêndio.
1º Passo
Guarnição reduzida – 03 (três) elementos
Nesta situação o Chefe de Guarnição acumulará a função do
Auxiliar nº 02.
Situações diversas
02 Vitimas
Neste caso os dois Socorristas deverão abordar as vítimas,
encarceradas enquanto aguardam apoio de outra Ambulância, devendo ser
realizado a liberação e remoção de uma vítima por vez.
84
02 ou mais
veículos com
vítimas
encarceradas
O ideal neste tipo de ocorrência é a presença de duas
viaturas (ou mais) para o resgate, onde cada Viatura
assumira os trabalhos num veículo especifico, dentro do
protocolo estabelecido.
Se não houver duas viaturas disponíveis, o trabalho de
resgate deverá ocorrer dentro do protocolo em um veículo por
vez, a cargo do Comandante em cena estabelecer a
prioridade

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