- Câmara de Comércio Americana

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- Câmara de Comércio Americana
Entrevista O fim dos lixões e o melhor aproveitamento de resíduos como negócio
Revista da
Câmara de
Comércio
Americana
para o Brasil
Desde 1921 nº283
set/out 2013
Especial
Prêmio Brasil Ambiental
foto Energia Sustentável do Brasil
Reconhecimento a boas práticas
que combinem desenvolvimento
e preservação ambiental
Brasil Urgente
O futuro do império
de Eike Batista
Radar
Cidades: tecnologia
e mobilidade
Perfil
Shell: a sustentabilidade
como combustível
editorial
A Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro coloca a
questão no dia a dia de seus debates e preocupações e mantém um
Comitê de Meio Ambiente que desenvolve o tema em suas discussões
permanentes. Desta forma, há nove anos, transformou o discurso em
prática e lançou o Prêmio Brasil Ambiental, que premia projetos de
todo o Brasil que tragam inovação socioambiental. Nesta Brazilian
Business você encontra a cobertura completa desta edição do prêmio.
Neste sentido, provocamos um tema da agenda nacional para
servir como mote de homenagem da premiação, e a questão do
patrimônio cultural entrou em voga, com artigo, também nesta
publicação, da presidente do Comitê de Meio Ambiente, Kárim
Ozon, sobre as implicações do assunto e os desafios das companhias
em aliar crescimento e preservação socioambiental. Os projetos que
preservam a identidade, a memória e a história do País concorreram
em uma categoria especial.
Seguindo essa mesma toada, a centenária Shell nos conta como
a sustentabilidade faz parte da empresa e o superintendente de
Políticas de Saneamento da Secretaria de Estado do Ambiente do
Rio, Victor Zveibil, aponta o cenário para a eliminação dos lixões e a
transformação de resíduos em negócio. Boa leitura!
Conselho editorial
Henrique Rzezinski
João César Lima
Rafael Lourenço
Rafael Sampaio da Motta
Roberto Prisco Paraíso Ramos
Robson Goulart Barreto
Editora-chefe e jornalista responsável
Andréa Blum (MTB 031188RJ)
[email protected]
Colaboraram nesta edição:
Fábio Matxado (edição de arte), Cecília Acioli,
Gabriel Portugal, Giuliana Sirena (fotos), Luciana
Maria Sanches (revisão), Cláudio Rodrigues,
Giselle Saporito, Isabel Correia (texto)
Canal do leitor
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Os artigos assinados são de total
responsabilidade dos autores, não representando,
necessariamente, a opinião dos editores e a da
Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
Publicidade
Felipe Tavares
[email protected]
A tiragem desta edição, de 3.000 mil exemplares,
é comprovada por Ernst & Young Terco
Tomaz Silva/ABr
O
Rio de Janeiro tem por vocação, entre outros assuntos até
economicamente mais expressivos, a sustentabilidade, não
apenas por suas belezas naturais, mas por ter sediado, nos
últimos 20 anos, importantes marcos globais de maturação do tema,
como a Rio92 e, recentemente, a Rio+20. As empresas, já há pelo
menos uma década, têm suas decisões influenciadas por elementos
que trabalham em respeito ao meio ambiente e às pessoas, mas sem
sombra de dúvida cresceu a exigência de que o próprio negócio deve
fazer sentido sendo sustentável. Não se limita mais a políticas de recursos humanos e em não poluir os rios da cidade em que estão as
plantas daquela organização, mas em como inserir a sustentabilidade
no DNA da empresa ou até mesmo a natureza do próprio negócio ser
um elemento ou processo sustentável.
Impressão: Walprint
Uma publicação da Câmara de Comércio
Americana do Rio de Janeiro
Praça Pio X, 15, 5º andar
20040-020 Rio de Janeiro RJ
Tel.: (21) 3213-9200 Fax: (21) 3213-9201
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presidente da Câmara
de Comércio Americana
do Rio de Janeiro
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ou queira atualizar seus dados,
entre em contato com Giuliana Sirena: (21) 3213-9227
ou [email protected]
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Em Foco
Notícias sobre os encontros mensais
dos comitês setoriais da AmCham Rio
Entrevista
A logística reversa e as possibilidades de negócios
a partir dos resíduos de valor em conversa com o
superintendente de Políticas de Saneamento da Secretaria
de Estado do Ambiente do Rio, Victor Zveibil
Perfil
A sustentabilidade no dia a dia da centenária Shell
Brasil Urgente
As escolhas, os erros e acertos de Eike Batista
nos projetos do empresário
Ponto de Vista
O Brasil dá sinais de que necessita amadurecer
o aspecto de formação de parcerias
Radar
A tecnologia aplicada em prol da mobilidade urbana e do
desenvolvimento econômico na cidade do Rio de Janeiro
Coluna Rio
A consolidação do movimento Rio Eu Amo Eu Cuido
e as parcerias com a população e a iniciativa privada
em prol das belezas da cidade do Rio
Análise
O patrimônio cultural brasileiro chama a atenção
e começa a ser inserido na agenda das empresas
Especial
A nona edição do Prêmio Brasil Ambiental valoriza
as boas práticas nacionais que trabalham pelo respeito
ao meio ambiente, às pessoas e em benefício do
desenvolvimento sustentável
From the USA
A visita do ex-embaixador Thomas Shannon ao túmulo,
em Petrópolis, do embaixador americano que mais
tempo viveu no Brasil
Ponto de Vista
O estresse dos executivos pode contaminar as empresas,
diz o presidente do Comitê de Saúde da AmCham Rio,
Gilberto Ururahy
Amcham News
A cobertura completa dos eventos realizados
pela AmCham Rio
em foco
Comitês AmCham Rio
Mensuração de resultados
O Comitê de Marketing recebeu em outubro o sócio
do Grupo Comunicare, Marcelo Mocarzel, e o sócio da
NoBlind, Thomaz Terini, para debater metodologias de
avaliação e mensuração das ações de comunicação e
marketing. Mocarzel falou ao grupo sobre as dificuldades
em estabelecer métricas por trás das ações de comunicação e marketing e sobre como medir a percepção de
uma marca. Já Terini mostrou a estratégia da NoBlind
em ações de marketing com foco na mídia on-line que,
segundo ele, podem ser mensuradas de forma mais objetiva. “Podemos medir tudo pela internet, por isso ela é a
grande mídia do futuro”, disse Terini.
Rio é porta de entrada de turistas
O Comitê de Entretenimento, Esportes e Cultura recebeu em setembro o presidente da Federação de Convention & Visitors Bureaux do Estado do Rio de janeiro
(FC&VB-RJ), Marco Antonio Navega, que falou sobre os
investimentos e as perspectivas para o turismo no Rio de
Janeiro. “Estão sendo construídos 3 mil quartos de hotel
no Rio, mas precisamos manter o fluxo de turistas após
os grandes eventos.” A diretora executiva do Festival do
Rio, Walkíria Barbosa, complementou o debate enfatizando ser o entretenimento forte aliado do turismo no Rio.
Segundo ela, essa indústria colabora para o crescimento
da visibilidade do Estado e pode promovê-lo para o Brasil
e para o exterior, ajudando a atrair ainda mais visitantes.
Comunicação para transformação
A presidente da Rebouças & Associados – Comunicação para Transformação, Nádia Rebouças, conversou em
setembro com os membros do Comitê de Responsabilidade Social Empresarial sobre reputação das marcas e expansão de práticas de responsabilidade social por meio de
métodos estratégicos de comunicação. Nádia destacou ser
fundamental estabelecer um diálogo entre as três frentes
envolvidas em projetos (iniciativa privada, terceiro setor e
órgãos públicos) com as comunidades locais, para entender a pertinência e relevância dos projetos. “As empresas,
às vezes, não oferecem às comunidades do que elas precisam. Só é possível fazer um planejamento correto depois
de um diagnóstico gerado a partir do diálogo.”
lixão zero
O Comitê de Meio Ambiente teve em
setembro a presença do superintendente
de Políticas de Saneamento da Secretaria
de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro,
Victor Zveibil. Ele apresentou as metas e
estratégias do Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Estado e garantiu que o Rio
cumprirá com as determinações estabelecidas pela Política Nacional de Resíduos
Sólidos dentro do prazo. A preocupação
com a destinação correta de resíduos se
tornou, segundo ele, uma política estratégica para o Estado, que pretende ter, até o
fim deste ano, 100% dos resíduos gerados
destinados a aterros sanitários.
sOmOs dO tamanhO da
Ativos intangíveis em debate
O Subcomitê de Propriedade Intelectual da AmCham Rio promoveu em setembro uma rodada de discussão sobre
a importância da proteção à propriedade
intelectual e os desafios da mensuração
de ativos intangíveis. A vice-presidente da
consultoria especializada em avaliação da
Apsis, Ana Cristina França, apresentou ao
grupo as formas de mensuração de ativos intangíveis. De acordo com ela, o ativo
só tem valor se é percebido e qualificado
por agentes externos, como investidores,
clientes e marcas concorrentes. O advogado especialista na área de Securitização da Fiad, Leite & Simões Corrêa Advogados Bruno Simões trouxe ao debate
elementos sobre a prática financeira, que
agrupa diferentes tipos de passivos financeiros e converte em títulos padronizados
negociáveis no mercado de capitais. “O
fato de estruturar o valor da propriedade
intelectual à marca gera mais valor e garantia”, explicou.
nOssa respOnsabilidade.
a amil é o maior plano de saúde do brasil. são mais
de 6,8 milhões de clientes contando com a gente dia e
noite. Famílias inteiras, empresas inteiras que têm cada
vez mais certeza de que sabem em quem confiar.
Leia mais em www.amchamrio.com
O maiOr planO de saúde dO país.
6_Edição 283_set/out 2013
amil.com.br
sustentabilidade
entrevista
Victor
Zveibil
Brazilian Business: O que mudou com a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, que no fim do ano completa três anos em vigor?
Victor Zveibil: Historicamente, a responsabilidade dos resíduos
sólidos sempre foi dos municípios, e a Lei 12.305/10, que institui
a Política Nacional de Resíduos Sólidos, reforça esse papel em relação ao sistema de coleta. A novidade é que ela traz o conceito da
responsabilidade compartilhada, em que todos que participam da
cadeia têm uma função: o consumidor deve encaminhar o resíduo
para a coleta seletiva, assim como o distribuidor, o fabricante e o
importador têm um papel a desempenhar.
Superintendente de Políticas de Saneamento da
Secretaria de Estado do Ambiente do Rio, Victor Zveibil
Rio deverá ficar O
livre de lixões até
agosto de 2014,
diz Secretaria do Ambiente
Logística reversa muda a rotina das
empresas e abre oportunidades,
desde a criação de novas
tecnologias, design e materiais
até a prestação de serviços
Por Isabel Correia
8_Edição 283_set/out 2013
Rio de Janeiro alcançará as determinações estabelecidas pela Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS), regida pela Lei 12.305/10, prestes a
completar três anos, entre elas o fechamento de todos os lixões, até agosto do ano que
vem. Quem garante é o superintendente de
Políticas de Saneamento da Secretaria de
Estado do Ambiente do Rio, Victor Zveibil.
Em entrevista à Brazilian Business, ele afirma
que o fechamento dos lixões no Estado está
relacionado à criação de consórcios entre os
municípios e arranjos regionais. De acordo
com Zveibil, o Rio já tem oito consórcios
formalizados entre municípios e os lixões
fechados serão remediados até 2016.
Quando o assunto é logística reversa,
o especialista da Secretaria Estadual do
Ambiente também ressalta as responsabilidades das empresas. Quem coloca seus
produtos no mercado passa a ter que se
preocupar com os resíduos gerados após o
consumo. Essa determinação, explica Zveibil, pode ser vista como uma grande oportunidade, seja para a criação de novas tecnologias, design e materiais ou mesmo para
a prestação de serviços. Leia a seguir como
o Estado do Rio está conseguindo remediar
esse cenário e trilhar um caminho mais
sustentável e adequado para a destinação e
o tratamento de resíduos, além de auxiliar
no fomento de mudanças de atitude da população e do empresariado.
Andrea Blum
BB: Qual o peso da logística reversa nesse processo?
VZ: O que a lei traz de mais inovador é a abordagem em relação à
logística reversa, tema de maior interesse e preocupação dos empresários. Antes dessa nova legislação não havia nenhuma determinação
que contemplasse a logística reversa, nem o termo era utilizado. Isso
é absolutamente novo. A partir de agora, vários sistemas precisam ser
implementados, de responsabilidade de quem gerou, envasou ou distribuiu, para que esses resíduos voltem para a cadeia produtiva. Com
isso, surge um grande espaço de oportunidades, com geração de tecnologias, design, novos materiais e novas formas de trabalho e renda,
com a possibilidade da redução do uso de mais matéria-prima.
BB: Qual o papel do governo do Estado diante da nova lei?
VZ: Mesmo considerando que pela lei a responsabilidade pelos sis-
temas de coleta e disposição final de resíduos sólidos urbanos é dos
municípios, o Estado do Rio entende que tem papel estratégico para
apoiá-los. Sozinhos os municípios não dão conta, pois, além de não
estarem acostumados a planejar e cobrar adequadamente, o modelo
é complexo e de alto custo de operação e manutenção. Por isso, o
Estado se propôs, desde 2008, a avançar nessa perspectiva de auxiliálos. É o que chamamos de Pacto pelo Saneamento, uma iniciativa que
envolve três programas – Lixão Zero, Rio+Limpo e Guanabara Limpa – frutos de parceria entre as secretarias estaduais do Ambiente, de
Agricultura e Pecuária e de Obras, a Companhia Estadual de Águas e
Esgotos (Cedae) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
BB: Como o pacto atua em relação aos resíduos?
VZ: Tratar os resíduos foi a nossa primeira questão. Isso porque todo
o município do Rio depositava resíduos no lixão de Gramacho, que
recebia 10 mil toneladas por dia de lixo, a maior vergonha da América Latina. Os municípios, isoladamente, não conseguiriam fazer seus
aterros sanitários. Mesmo se recebessem aterros sanitários, não teriam recursos para operá-los. Foi nesse sentido que criamos o Lixão
Zero, e seguimos em duas frentes. Primeiro, incentivando a iniciativa
privada na implantação de aterros sanitários, ou o que chamamos de
centrais de tratamento de resíduos, com o Estado licenciando aterros privados nas áreas mais atrativas para o capital privado, na região
metropolitana, nos grandes centros e nas cidades médias. Para as menores, o Estado mobilizou os municípios a criar consórcios intermunicipais e aportou recursos próprios, do Fundo Estadual de Conservação Ambiental, para a construção de aterros sanitários. A segunda
preocupação foi a criação de aterros sanitários, consórcios e soluções
de disposição final para poder encerrar os mais de 60 lixões que havia
no Estado. A Secretaria do Ambiente também trabalha nos projetos
de remediação em casos mais extremos ou de alta contaminação.
BB: Há quantos consórcios no Estado e como eles atuam?
VZ: Já temos oito consórcios formalizados, e o Estado está autori-
zado a participar desses consórcios como ente consorciado. Essa
também é uma diferença da política de Estado do Rio de Janeiro.
Apesar de a lei incentivar a formação de consórcios, ainda são
elementos muito frágeis no Brasil, principalmente por não haver
ainda uma cultura entre os municípios. Com a participação do
Estado, vamos dando mais musculatura aos consórcios. Temos
também o que chamamos de arranjos regionais, que são aterros
privados já existentes, que atendem a vários municípios, só não
estão formalizados como consórcios. Como o aterro de Seropédica, que atende não só a Seropédica, mas o Rio de Janeiro e Itaguaí. Como já funcionam, a ideia é incorporá-los.
BB: Como está o Rio de Janeiro diante das determinações
da lei de resíduos sólidos?
VZ: Até o fim de 2016, todos os lixões têm que ser encerrados. De
acordo com o Governo Federal, o Rio de Janeiro será o primeiro
a se enquadrar nas determinações da nova lei de resíduos sólidos.
Já estamos bem perto dessa marca histórica. O Pacto de Saneamento determina que até 2014 devemos encerrar no Estado do
Rio todos os lixões, remediando o passivo ambiental deles até
2016. Ao mesmo tempo, o programa Lixão Zero induz e apoia
o setor privado a criar soluções para a disposição adequada do
lixo. Também ajudamos as prefeituras, não apenas em relação
aos aterros sanitários, mas também na remediação dos lixões.
Estamos fazendo essa política de indução, atração, congregação,
institucionalização de desenhos para que os municípios se fortaleçam e aprendam a lidar com esses sistemas.
BB: Quais são as metas de reciclagem para o Rio de Janeiro
no curto prazo?
VZ: A Comlurb está se propondo a chegar até o fim de 2013 com
900 toneladas diárias de resíduos nobres. No Plano Estadual de
Resíduos Sólidos estamos colocando uma meta similar para ser
alcançada até o fim de 2014, como ação emergencial. Isso significa que pretendemos alcançar a marca de 10% de todo o lixo
produzido no Estado, que chega a 17 mil toneladas de resíduos
recicláveis. Temos aí uma grande oportunidade para toda a cadeia produtiva da reciclagem, tanto para o catador e a cooperativa como para a indústria da reciclagem, que precisa se consolidar
no Rio de Janeiro e avançar em tecnologia. Esse resultado também evitaria o uso de nova matéria-prima.→
A lei está completando três
anos, e o que ela traz de
mais inovador é a abordagem
em relação à logística
reversa, tema de maior
interesse dos empresários
Edição 283 Brazilian Business_9
sustentabilidade
entrevista victor zveibil
BB: Qual a mudança provocada pelo término do lixão de Gramacho?
VZ: Em 2010, apenas 11% do lixo do Rio era destinado para ater-
ros sanitários. Em 2011, chegamos a 40% em aterros sanitários
e 60% em lixões. De 2011 para 2012 a situação se inverteu. Isso
porque as 10 mil toneladas de lixo que iam diariamente para Gramacho, à beira da Baía de Guanabara, passaram a ser destinadas
ao aterro de Seropédica. O lixão de Gramacho durou 40 anos e
para desconstruí-lo foi necessário um trabalho conjunto de quase 50 entidades capitaneadas pelo Estado e pela prefeitura do Rio
em um esforço para incorporar os cerca de 1.700 catadores e suas
famílias. Estamos falando de um bairro todo que vivia do lixão. O
ponto atual desse processo é a criação de um polo de reciclagem,
com quatro cooperativas, em Jardim Gramacho, com esse pessoal que já tem know-how do processo.
BB: Como o senhor avalia a cobrança de taxa de acordo
com o volume de lixo produzido por unidade,
como já foi adotado em São Paulo?
VZ: Do lado da produção, interessa que a concepção do produto
gere menos resíduo e tenha mais durabilidade. Para o consumidor, quanto menos resíduo ele gerar, em tese, a taxa cobrada será
menor. Na França, por exemplo, todo mundo que compra um
perfume deixa a caixa na loja. Aqui,
alguns supermercados já estimulam
De acordo com o Governo
isso. Mas não adianta fazer a mudança
Federal, o Rio de
cultural sem mudar o sistema de coleta.
Janeiro será o primeiro
Por isso, é preciso ter a coleta seletiva
a se enquadrar nas
e a cobrança de taxa. A própria lei fedeterminações da nova lei
deral já diz que os municípios têm que
cobrar dos grandes geradores, como
de resíduos sólidos
hotéis, restaurantes, bancos etc.
BB: Do que o Rio precisa para ser um exemplo de reciclagem?
VZ: O Rio ainda não é um polo de reciclagem e, para que se tor-
ne, é preciso avançar em tecnologia, pois nem tudo é facilmente
reciclável. Nosso interesse é a desoneração da cadeia produtiva
da reciclagem. Se já foram pagos todos os tributos para a fabricação do material, por que devem ser pagos novamente, ainda
mais sendo algo positivo tanto para a geração de trabalho e renda
quanto para o meio ambiente?
BB: E a secretaria trabalha nesse sentido?
VZ: Estamos em conversa com a Secretaria de Estado de Desen-
volvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (Sedeis).
Temos um grupo de trabalho nessa direção, que é uma das diretrizes do plano estadual de resíduos sólidos. Se o Estado entende
que esse é um campo saudável e tem uma política voltada para
a redução de emissões, justamente para compensar a exploração
de petróleo e gás, e para novas tecnologias, a chamada economia
verde, para nós é interessante que haja esse tipo de demanda. Mas
isso ainda não está consolidado na legislação estadual e precisa
ser mais bem estruturado. As soluções para a reciclagem, tecnologia e indústria têm um espaço fantástico de oportunidade para
todos os tipos de empreendedores. São milhões de nichos. Eu
diria que uma nova revolução industrial pode acontecer.
10_Edição 283_set/out 2013
BB: E em relação à logística reversa,
como estão os projetos?
VZ: A Lei 12.305/10 traz obrigações para as
empresas geradoras, importadoras e distribuidoras, que devem transformá-las em
oportunidades. O descarte de alguns materiais ainda depende de acordos setoriais nacionais, como é o caso de lâmpadas, eletroeletrônicos e medicamentos. Também estamos
discutindo no plano estadual um acordo para
veículos em fim de vida.
BB: Como a logística reversa impacta
na cadeia industrial e de reciclagem?
VZ: Para cada tonelada de garrafas PET no
mercado, por exemplo, é necessário ter uma
estrutura com escala suficiente para retirar
uma parcela desse material. Se não, isso vai
parar nos rios, canais, córregos e na Baía de
Guanabara, ou vai para o sistema municipal
de coleta. Nesse caso, o município acaba tendo que gastar dinheiro com o resíduo que o
gerador produziu, vendeu e recebeu por isso.
Para enfrentar esse problema, há os acordos
setoriais. Cada empresa assume a responsabilidade de retirar o resíduo em quantidade
proporcional ao volume de produtos que colocou no mercado. As partes assumem metas
e vão trabalhando paulatinamente. A solução
não pode vir por decreto porque as empresas
repassariam o custo para o consumidor e os
produtos aumentariam de preço.
BB: Como o senhor analisa os acordos
setoriais de logística reversa?
VZ: Esses grupos têm que se reunir e definir
como criar uma entidade gestora que receberá o proporcional a tudo que foi gerado e fará
as campanhas de conscientização, além de
apoiar os sistemas de catadores, municípios
etc. Depois, ela controla quantas toneladas
por dia foram colocadas e quantas foram retiradas. No Brasil já existem várias entidades
que realizam esse papel, como o Sindirrefino,
para óleo lubrificante, o Sindicom para embalagens de óleo lubrificante, e a Reciclanip,
para pneus. O conflito está nas embalagens
em geral, que misturam vidro, plástico, metal no sistema de coleta municipal, o que é
extremamente complicado. Se fosse simples,
já estava resolvido. O grande entrave é que
as empresas, que na Europa pagam para uma
entidade gestora, não querem que seja criada
uma entidade aqui. Essa queda de braço está
acontecendo em nível federal.
Nosso futuro depende de inovação
para operarmos de forma mais limpa,
mais segura e mais inteligente.
A cada ano, investimos bilhões
em tecnologias mais inteligentes
para o desenvolvimento de petróleo e gás,
introduzimos novas formas de energia
no mercado, e investimos
em projetos inovadores com
Nosso futuro depende de inovação
ideias
brilhantes para o futuro.
para operarmos de forma mais limpa,
mais segura e mais inteligente.
Portanto,
nãoinvestimos
apenas pensamos
A
cada ano,
bilhões
em tecnologias mais inteligentes
para o desenvolvimento de petróleo e gás,
como
uma empresa de tecnologia —
introduzimos novas formas de energia
no mercado, e investimos
somos
uma empresa
de com
tecnologia.
em
projetos
inovadores
ideias brilhantes para o futuro.
Portanto,
pensamos
Saiba
maisnãoemapenas
chevron.com/weagree
como uma empresa de tecnologia —
somos uma empresa de tecnologia.
Saiba mais em chevron.com/weagree
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sustentabilidade
perfil
A única forma de
fazer negócios
Shell faz da sustentabilidade uma aliada da
produção de energia e enxerga um futuro
promissor para o Rio de Janeiro
“O
desenvolvimento sustentável vai
se tornar a única forma de fazer
negócios.” A frase é de Pedro
Casemiro, gerente de Relações Externas da
Shell do Brasil, explicando como a companhia
anglo-holandesa faz das questões ambientais e
sociais suas aliadas. A chave para atingir esse
objetivo, ressalta o executivo, é a criação de
parcerias. “O desenvolvimento sustentável está
no centro da estratégia da Shell”, afirma Casemiro. “Em todas as atividades de exploração
e produção desenvolvidas pela companhia,
a colaboração com comunidades, governos
e ONGs, entre outros agentes, ajuda-nos a
operar de maneira segura e responsável. A
gestão da segurança da Shell é feita por meio
de processos rigorosos e de uma cultura de
segurança que faz parte do nosso dia a dia.
Todos que trabalham aqui, assim como nas
joint ventures operadas pela Shell, têm a obrigação de seguir regras de segurança próprias,
intervir em situações de risco e respeitar os
vizinhos e o meio ambiente.”
Para a Shell, fazer negócios de forma responsável ajuda a empresa a conseguir maior
produtividade e a criar benefícios para todos.
De acordo com o gerente de Relações Externas,
a empresa desenvolve as atividades de exploração e produção de maneira competitiva, sempre buscando formas inovadoras, mais seguras,
simples e de menor impacto – e justamente por
isso mais sustentáveis – de produzir energia.
“Exemplo disso é que, ao longo dos últimos
anos, a companhia destinou mais de US$ 1,1
bilhão para investimentos na área de Pesquisa
e Desenvolvimento. Com o foco na sustentabilidade do planeta e do negócio, a Shell trabalha
para entregar projetos de forma mais eficaz,
fornecer aos clientes produtos mais eficientes,
desenvolvendo a cadeia de fornecedores e postos de trabalho para as empresas locais.”
12_Edição 283_set/out 2013
Isso significa olhar atentamente para cada etapa do processo de produção. Funcionários, colaboradores, fornecedores e
todos os envolvidos na cadeia produtiva precisam estar afinados com a gestão de segurança e de sustentabilidade da Shell.
Essa estratégia influencia até na escolha dos fornecedores.
Com esses cuidados, a companhia avalia que sustentabilidade
não é um problema, mas a única forma de desenvolver oportunidades e controlar riscos nos negócios. Assim, consegue
estar em consonância com as cada vez maiores exigências de
consumidores, em particular, e da sociedade em geral.
Dentro dessa história cheia de energia, a empresa vem
aprofundando suas relações com o Brasil ao longo dos últimos
cem anos. Essa presença ajudou a companhia a diversificar a
atuação, ampliando a produção de biocombustíveis. “A Shell
completou, orgulhosamente, em abril de 2013, cem anos de
atuação contínua no Brasil. Durante todo o primeiro século
de presença no País, a sustentabilidade do negócio foi vista
como um dos principais pilares da estratégia da companhia. A
Shell acredita que a entrega responsável de energia mais limpa,
mais confiável e acessível é a melhor contribuição que pode
fazer hoje para um mundo mais estável, em que as economias
possam prosperar”, afirma Casemiro. “Pela primeira vez em
sua história, a companhia produziu, globalmente, mais gás
natural do que petróleo em 2012. O gás, como se sabe, emite
menos CO2 do que o carvão utilizado para gerar eletricidade.
A Shell está ajudando a desenvolver a captura e o armazenamento de carbono, que pode ser significativo na redução global dos gases de efeito estufa. Por intermédio da Raízen, joint
venture com a Cosan, a companhia está produzindo no Brasil
o biocombustível de menor emissão de carbono disponível
comercialmente, o etanol de cana-de-açúcar. A Shell também
está trabalhando para melhorar a eficiência energética de suas
próprias operações.”
Sustentabilidade não é
um problema, mas a única
forma de desenvolver
oportunidades e controlar
riscos nos negócios
Competição anual de eficiência energética promovida
pela Shell ajuda a desenvolver novas tecnologias
A missão da Shell em termos sustentáveis
é permanecer capaz de enfrentar os desafios
do futuro. Além de reconhecer que os combustíveis fósseis continuam fundamentais
nas próximas décadas – foi uma das vencedoras do leilão do Campo de Libra, formando consórcio com Petrobras, Total, CNPC e
Cnooc –, a companhia investe na produção
das abundantes reservas de gás natural disponíveis no mundo. “Essa estruturação ajudará a companhia a suprir uma crescente
demanda energética, ao mesmo tempo que a
impulsionará a diminuir emissões de carbono e equilibrar essa demanda de energia com
a necessidade mundial de água e alimentos”,
esclarece Casemiro.
No horizonte, a Shell enxerga o crescimento da população mundial ao ritmo médio de um Rio de Janeiro por mês até 2050:
pessoas que vão precisar de energia eficiente,
acessível e mais barata, sem comprometer o
acesso à água e comida. “Nesse contexto, segurança energética para o futuro significa não
apenas energia mais abundante, mas energia
mais inteligente e sustentável. Indústria, governo e sociedade precisam dialogar, trabalhar juntos para mudar o cenário, encontrar
soluções que podem surgir, por exemplo, de
investimentos em desenvolvimento e produção de reservas de gás natural e do apoio à
regulamentação e fomentação do desenvolvimento de tecnologias do sequestro de carbono”, diz o especialista da Shell.
Para o Estado do Rio, a empresa de energia vê um futuro
promissor: “Recentemente, a companhia celebrou os dez anos da
produção de petróleo e gás em Bijupirá e Salema e se comprometeu com a continuidade do projeto dentro dos mais elevados
padrões de qualidade de indústria. Por meio de um trabalho de
redesenvolvimento, com a perfuração de quatro novos poços de
produção, a Shell espera prolongar em seis anos a vida útil desses
campos – já maduros – de 2016 para 2022, com um novo pico de
produção estimado em 35 mil barris de óleo equivalente (boe)
por dia em 2014. São metas audaciosas para um futuro próximo,
mas que demonstram o direcionamento dos planos da companhia para os próximos 20 e 50 anos para o País e para o Rio de
Janeiro. A Shell tem como grande desafio desenvolver um futuro
de segurança energética para os 9 bilhões de pessoas que habitarão o planeta Terra em 2050”.
“Pela primeira vez em
sua história, a companhia
produziu, globalmente,
mais gás natural do que
petróleo em 2012”
Edição 283_Brazilian Business_13
divulgação
Por Cláudio Rodrigues
energia
brasil urgente
A ascensão e queda do
Império X e o alto custo
da lição a ser aprendida
As lições aprendidas nos
erros e nas promessas
do estilo Eike Batista
de fazer negócio
Helio Blak_sócio-diretor da Integridade
Consultoria em Estudos Econômicos Ltda.
C
ertamente muito já se falou e escreveu sobre o chamado
Império X e a repercussão dos fatos no nosso dia a dia.
Por essa razão corremos o risco de sermos tachados de
“engenheiros de obra feita” ao abordar o tema. Entretanto, cabe
assinalar que muitas pessoas com experiência no desenvolvimento de empreendimentos de grandes alcance mantinham dúvidas
sobre a viabilidade do conjunto de projetos que acabaram por
se transformar numa intrincada rede de participações cruzadas.
Para agravar esse cenário, os mesmos estavam baseados em uma
perspectiva de resultados cuja comprovação dependia de informações sobre uma complexa geologia, e que nunca chegaram ao
público de forma consistente.
$
14_Edição 283_set/out 2013
$
Muito embora a repercussão sobre essa
derrocada esteja vinculada principalmente à OGX, a tão decantada “joia da coroa”,
gostaria de tratar aqui de temas precedentes que atestam uma visão discutível por
parte do celebrado “empreendedor ousado
e inovador”. Certamente influenciado e ao
mesmo tempo amparado pelo histórico paterno, nos anos 1980 o jovem se lança em
busca do ouro, em iniciativas na Amazônia
e também pela listagem de Junior Company na Bolsa de Toronto, entidade focada
em projetos de mineração não só no Canadá como também em outros países.
Essas iniciativas ao longo do tempo se
frustraram, especialmente em projetos na
Grécia e na ainda existente União Soviética, o que fez com que ele abandonasse essa
vertente e buscasse outras aventuras que o
levariam a novas frustrações, desde uma
indústria de cosméticos a uma fábrica de
jipes (JPX).
Mesmo com essa sequência de insucessos, mas com uma suposta credibilidade advinda de berço, o já não tão jovem “empreendedor ousado” inicia, na virada do século,
um novo processo de construção de uma
imagem de inovação, buscando o convencimento de potenciais investidores, ávidos
por oportunidades num período de elevada
liquidez no mercado internacional.
É nesse momento (2005/2006) que
surge o primeiro grande empreendimento
do agora denominado Império X, com a
criação da MMX, englobando três projetos de produção de minério de ferro (Quadrilátero Ferrífero, Corumbá e Amapá),
um mineroduto e um porto para o escoamento do minério.
Cabe aqui assinalar que para todos os
que militam no setor causaram perplexidade a constituição e a posterior abertura de
capital dessa empresa, baseada em projetos
que já eram sobejamente conhecidos das
mineradoras brasileiras como áreas já de há
muito descartadas por razões que iam da
baixa qualidade dos minérios ali encontrados à complexidade da logística envolvida.
Essa é uma história triste
e que esperamos seja
tratada pelos investidores,
especialmente os
internacionais, como
um caso isolado
Na medida em que o mercado “comprou” o projeto, abriu-se
a possibilidade de rapidamente monetizar parcela desses recursos captados, e o passo seguinte foi a venda pelo até hoje inexplicável valor de parcela do projeto por absurdos US$ 5,5 bilhões
para a Anglo American, que até hoje se vê às voltas com estouros
expressivos de orçamentos para viabilizar o empreendimento.
Animado com a perspectiva de continuar atraindo novos investidores, incentivados pelos bancos de investimento interessados nos IPOs e com o beneplácito da CVM, que passivamente
autorizou uma sequência de aberturas de capital das empresas da
cadeia de óleo e gás, o nosso “destemido empreendedor” formulou uma estratégia baseada meramente na expectativa de exploração e produção de um óleo que moveria toda a cadeia produtiva, desde a construção das plataformas até o escoamento pelo
“superporto” também em construção.
Em paralelo, e sempre preocupado em ficar em evidência,
iniciou uma nova e caótica diversificação, envolvendo restaurantes, barcos de turismo, empreendimentos imobiliários etc., todos
tirando o foco, que deveria se concentrar no core business.
Tudo funcionaria se as supostas reservas tão alardeadas pudessem ser de fato comprovadas, mas infelizmente a geologia não
é uma ciência exata e antecipar expectativas nesse caso é uma
postura extremamente temerária.
Culpar exclusivamente Eike por esse desastre seria injusto.
Naturalmente, parcela expressiva desse resultado cabe a ele pela
empáfia e irresponsabilidade ao divulgar dados preliminares
como sendo definitivos, além de concentrar o risco numa cadeia
de projetos (estaleiro e porto, principalmente) que dependiam
fundamentalmente da resposta em downstream, ou seja, da produção efetiva de petróleo e gás.
Entretanto, é importante deixar registrado também que cabe à
CVM boa parcela de responsabilidade por autorizar em sequência
os IPOs das chamadas “empresas power point”, ou seja, aquelas baseadas meramente em desejos/perspectivas, em atitude sem precedentes na história do nosso mercado de capitais.
Além disso, houve omissão em não se exigir em nenhum momento que boas práticas de governança e gestão fossem adotadas
no conjunto das empresas, em que Eike reinava de forma praticamente absoluta nas decisões estratégicas tomadas.
Essa é uma história triste e que esperamos seja tratada pelos
investidores, especialmente os internacionais, como um caso isolado, de modo a não afetar a reputação do nosso mercado de capitais, mas é certamente uma lição das mais caras para a correção
de uma sequência infindável de erros e omissões.
Edição 283 Brazilian Business_15
ponto de vista
Inayara Kjaer e Anderson Dutra
Sócia da área de Integração e Separação da KPMG no Brasil
e diretor da área de Petróleo e Gás da KPMG no Brasil
As tendências de parcerias no Brasil:
superando as barreiras culturais
A
s expectativas dos investidores têm apontado para um
Brasil menos atraente, e isso se reflete já na projeção de
crescimento com a redução recente do Produto Interno Bruto
anunciada pelo governo e o menor número de transações de
fusões e aquisições.
Contudo, o Brasil começa a se posicionar como um país que
necessita amadurecer o aspecto de formação de parcerias.
Apesar da redução no volume total de fusões e aquisições, existe um volume considerável de formação de parcerias que possuem aspectos bastante qualitativos, principalmente para a
indústria de óleo e gás, que tem ampliado cada vez mais sua
participação no PIB brasileiro.
Os investimentos recentes na 11ª rodada de licitações da
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), quando 58 dos 159 blocos foram licitados em parcerias,
bem como no leilão do Campo de Libra, já apontam essa necessidade, uma vez que os investimentos no pré-sal serão extremamente custosos e exigirão um elevado grau de objetividade e
ceticismo profissional, relacionados com a gestão dos riscos
envolvidos no processo exploratório dos campos.
Sem mencionar o sistema de partilha, em que a Petróleo
Brasileiro S.A. – Petrobras será a operadora e é obrigada a
participar com pelo menos 30%, algumas empresas que tradicionalmente atuam como operadoras começam a abrir portas
para parceiros, que não necessariamente são experientes no
setor, porém são empresas com apetite financeiro para assumir o risco do investimento. Bancos de investimentos e private equities começam a reconhecer essa oportunidade de investimento direto.
O Brasil começa a se
posicionar como um país
que necessita amadurecer
o aspecto de formação
de parcerias
Nesse sentido, os aspectos culturais empresariais são poucos
observados, contudo são os mais problemáticos na formação dessas parcerias. O empresariado brasileiro no setor é substancialmente centralizador e carrega uma cultura tradicionalmente hierárquica. Geralmente, os parceiros são estrangeiros, corporativos
ou investidores financeiros, portanto, a superação das diferenças
culturais é chave para criar valor e atingir as metas da parceria.
Em vez de encarar essas diferenças como peças incidentais
consequentes da parceria, é importante colocá-las no centro da
discussão, diminuindo os riscos e gerando sinergias. O entendimento da forma como uma empresa toma decisões, suas aptidões colaborativas, competitivas, ou se é uma organização burocrática ou superfocada em atingir seus objetivos, será determinante no alcance dos objetivos da parceria, sendo alguns deles:
aumento da capilaridade de venda, ganho de market share, complementariedade de competências ou sinergias de know-how.
Temos acompanhado esses movimentos e acreditamos que
existem muitas oportunidades no Brasil para formação de
empreendimentos cooperados. Nossa experiência, por meio do
assessoramento aos nossos clientes nesse tipo de transação, mostra que três ações são essenciais para a geração de valor:
• Identificação de diferenças culturais no início da formação da
parceria, com o objetivo de mitigar riscos culturais o mais
rápido possível.
ÁREAS DE ATUAÇÃO
PRACTICE AREAS
Direito Administrativo, Regulação e Infraestrutura
Administrative Law
Direito Societário
Corporate Law
Mercado Financeiro e de Capitais
Financial and Capital Markets
Direito da Concorrência
Competition Law
Direito da Energia
Energy Law
Direito Tributário
Tax Law
Contencioso Judicial e Administrativo
Judicial and Administrative Litigation
Arbitragem
Arbitration
Contratos
Contracts
Direito Imobiliário
Real-Estate Law
Direito do Trabalho
Labor Law
Direito Previdenciário
Pension Law
Direito Ambiental
Environmental Law
Direito Eleitoral
Election Law
Propriedade Intelectual
Intellectual Property
Direito Internacional
International Law
• Análise do impacto financeiro potencial de problemas relacionados a diferenças culturais dentro da parceria, como, por
exemplo: agilidade na tomada de decisão, desempenho dos
empregados, políticas internas de remuneração em descompasso, velocidade dos processos internos, modelo mental de
negócios, planejamento estratégico etc.
• Utilização das diferenças culturais como fator gerador de
valor na parceria. Por exemplo, a união da expertise operacional de uma estatal de petróleo com o know-how financeiro e a agilidade de um banco de investimento gera diversos
desafios, contudo, se realizado adequadamente, gerará uma
vantagem competitiva difícil de ser igualada.
Rua Dias Ferreira 190, 7º andar
Rua Sete de Setembro 99, 18º andar
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Leblon – Rio de Janeiro – RJ
Centro – Rio de Janeiro – RJ
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22431-050 – Brasil
20050-005 – Brasil
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T 55 21 3543.6100 F 55 21 2507.0640
T 55 21 3543.6100 F 55 21 2507.0640
T 55 11 4097.2001 F 55 11 4097.2100
clcmra.com.br
16_Edição 283_set/out 2013
radar
Mais do que A
maravilhosa,
inteligente
O Rio de Janeiro aposta que a cidade do futuro
oferece informações, serviços e respostas
ao cidadão, melhorando assim a qualidade
de vida e a produtividade Por Cláudio Rodrigues, do Rio
Obras no Museu
do Amanhã, em
construção no Píer
Mauá, na Zona
Portuária do Rio
Divulgação Cdurp
18_Edição 283_set/out 2013
hora em que o trânsito aumenta,
os caminhos que costumam engarrafar, o tempo que falta para o
ônibus chegar e até as críticas e sugestões
enviadas à Prefeitura. Numa cidade inteligente, tudo isso é informação. Quando
devidamente aproveitada, ela se traduz
em qualidade de vida e mais produtividade. Enfrentar esse desafio tecnológico
não é uma tarefa para o futuro no Rio de
Janeiro, diz o secretário especial de Ciência e Tecnologia da Prefeitura, Franklin
Coelho: “Já estamos neste caminho. Trabalhamos com uma concepção de cidade
em que a gestão urbana é feita a partir dos
fluxos de informação mais interativos. O
Rio vem sendo reconhecido internacionalmente como uma cidade inteligente.
De todas as cidades do mundo, apenas
166, inclusive a nossa, foram classificadas
como tal”.
Uma enorme massa de dados – produzida diariamente pelo
Centro de Operações Rio (COR), que abriga 30 órgãos responsáveis por monitorar a cidade 24 horas por dia, e pelo serviço
1746, número telefônico e portal na internet que centraliza solicitações de serviços municipais – é matéria-prima disponível para
programadores desenvolverem aplicativos. Concursos públicos,
como o Rio Ideias (que convoca a população para sugerir novos
serviços) ou o Rio Apps (competição para hackers desenvolverem
softwares que melhorem o cotidiano de moradores, empresas e
turistas) são estratégias para consolidar a ideia de que a Cidade
Maravilhosa não tem apenas uma geografia bonita, mas também
se destaca pela inteligência.
“No campo da mobilidade, ter informações disponíveis sobre
o tempo em que o ônibus vai chegar ao ponto ajuda as pessoas a
otimizar o cotidiano. É claro que, além dos aplicativos, não temos
como pensar na cidade do futuro sem transporte de massa, entretanto, as informações sobre o sistema de transporte permitem
que as pessoas melhorem sua qualidade de vida e tenham mais
tempo para a família”, analisa Coelho.
A expectativa é que a
população residente na
região portuária passe de 30
mil para 100 mil até 2020
Os resultados dessa política já começam
a aparecer nos smartphones. Destaque para o
Rua Aberta, aplicativo colaborativo que ajuda
a encontrar vagas de estacionamento. O projeto ganhou o Hackathon 1746, primeira maratona para hackers organizada pela Prefeitura,
no fim de agosto. Os vencedores levaram R$
10 mil e bolsas de estudo na Fundação Getulio
Vargas. Outro exemplo é o Buus, para troca de
informações em tempo real sobre a localização
e lotação dos ônibus que circulam pela cidade.
A invenção rendeu R$ 30 mil ao criador, o ganhador do Rio Apps. “Este evento é um estímulo para tornar mais fácil e divertido visitar,
viver e trabalhar na cidade do Rio de Janeiro.
Incentiva a inovação e a criação de uma nova
propriedade intelectual com potencial comercial por indivíduos, empresas em lançamento,
pequenas empresas e organizações”, afirmou
Coelho durante a cerimônia de premiação, realizada em julho de 2012.
Facilitar o acesso da população a serviços é
fundamental para melhorar o ambiente urbano de uma cidade inteligente. Isso afeta diretamente a disposição das pessoas para o trabalho,
assim como os custos da mão de obra, ressalta
Cezar Honorato, professor associado da UFF e
do Observatório Urbano do Estado do Rio de
Janeiro. As cidades que têm uma rede precária
de mobilidade, por exemplo, acabam por aumentar os custos da força de trabalho. “Em termos sociais, o impacto é maior ainda, visto que
há um aumento brutal do estresse da cada um
de nós para nos deslocar no território. Quando
também faltam grandes áreas verdes, a qualidade do ar fica comprometida, particularmente
para os mais pobres, que não podem buscar
ambientes mais saudáveis. O mesmo raciocínio pode ser utilizado com relação às áreas de
lazer ou de cultura. De todo modo, tais questões aumentam os custos sociais no sistema de
saúde, por doenças derivadas da poluição ou do
estresse”, aponta Honorato.
Mais do que um aglomerado de pessoas e
negócios, a cidade inteligente precisa ser atrativa para todo tipo de cidadão, oferecer qualidade de vida, serviços sociais, emprego e habitação, enumera Elkin Velásquez, diretor do
escritório regional ONU-Habitat para América Latina e Caribe. “Infraestrutura urbana
adequada é a chave para um bom ambiente
social e econômico e para um planejamento
urbano apropriado. Uma cidade planejada
tem condições de ser sustentável pelos pontos
de vista econômico, social e ambiental”, afirmou o representante das Nações Unidas.→
Edição 283_Brazilian Business_19
radar
O aproveitamento inteligente de informações, para o especialista, não se restringe aos dados gerados na cidade. Bons exemplos
construídos em outras áreas urbanas podem servir de inspiração.
Por exemplo, o Rio apresenta como uma boa iniciativa a UPP
Social, destaca Velásquez: “Mas poderia aproveitar experiências
internacionais sobre inovação social urbana, como o transporte
público a cabo, desenvolvida em Medellín, na Colômbia, e em
inovações em institucionalidade metropolitana em casos como
França ou Alemanha”.
A recuperação da área portuária, que está em curso, deve figurar na lista de bons exemplos que o Rio de Janeiro apresenta
ao mundo. O Porto Maravilha será um bairro novo, planejado,
que apostará em tecnologias de gestão. O objetivo é reestruturar
a região portuária, investir na sustentabilidade e oferecer qualidade de vida. Isso numa área de 5 milhões de metros quadrados
na Saúde, Gamboa e Santo Cristo e em parte de outros quatro
bairros (Centro, Caju, São Cristóvão e Cidade Nova).
O plano de mobilidade urbana da cidade privilegia o transporte coletivo, racionaliza a circulação de ônibus, incentiva a circulação de pedestres e ciclistas. Estão previstos 28 quilômetros
de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), conectando ônibus, BRT,
rodoviária, metrô, trens, barcas, teleférico, terminal de cruzeiros
marítimos e aeroporto. A capacidade de tráfego será ampliada
em 27%, conforme aponta atualização do Estudo de Impacto de
Vizinhança, de julho de 2013. O Elevado da Perimetral será substituído pelas novas vias Binário do Porto e Expressa.
“Após tanto tempo degradada e abandonada, a área passa por
grandes obras e terá estrutura totalmente transformada até 2016”,
disse o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano
da Região do Porto do Rio (Cdurp), Alberto Silva. “O modelo
que estamos implantando privilegia o transporte público coletivo, valoriza a ideia de morar perto do trabalho, cria mais espaços
para pedestres, implanta 17 quilômetros em ciclovias, contempla
recursos de acessibilidade e integra os meios de locomoção na
área. É voltado às pessoas. Essa, que é uma área nobre da cidade, relegada à via de passagem, será transformada no que há de
mais moderno na cidade, com um projeto integrado aos novos
sistemas de transporte de massa do Rio, como parte de um plano
de racionalização do trânsito. O VLT entra nesse sistema para se
conectar com BRT Transbrasil, metrô, trens, barcas, teleférico,
rodoviária, aeroporto e terminal marítimo de passageiros.”
O Porto Maravilha vai modernizar as redes de telecomunicações na região portuária. Em vez de cada operadora ser dona da
sua rede, uma única concessionária deterá a gestão da galeria de
dutos e da rede de fibra óptica. O projeto prevê a utilização dos
modelos conhecidos como FTTH (Fiber to the Home) e FTTB
(Fiber to the Building), aumentando a capacidade de conexão dos
100MB atuais para 1GB de banda. Todas as operadoras terão, em
igualdade de condições, acesso ao transporte de dados, voz e imagens – inclusive de TV – por meio de rede de fibra óptica de alta
capacidade conectada diretamente ao endereço de cada usuário.
20_Edição 283_set/out 2013
A tecnologia a favor
da mobilidade
no Centro de
Operações Rio
Divulgação
A tecnologia e os serviços servem
como indutores de negócios. As obras do
Porto Maravilha empregam diretamente 6
mil pessoas. Investimentos de peso estão
adotando a região portuária como endereço: Porto Brasilis, da Fibra Experts; Port
Corporate, da Tishman Speyer; Trump
Towers Rio, do grupo de Donald Trump;
Porto Atlântico, da Odebrecht. “Essa região tem espaço para novos negócios. Assim como os pequenos empreendedores,
as grandes empresas de diversos setores
também estão fortemente atraídas e anunciam a vinda para a região portuária. Promovemos rodadas de negócios e reunimos
em uma mesma mesa pequenas empresas
e âncoras da região para fechar novos contratos. Até agora, foram fechados quase
R$ 10 milhões em contratos de serviços.
Essa é uma área com grande potencial, e
já estamos atingindo resultados significativos com as ações em andamento”, disse o
presidente da Cdurp.
A região também aposta nas atividades culturais, com destaque para o Museu de Arte do Rio (MAR). O Museu do Amanhã
está em construção no Píer Mauá, com previsão de inauguração
para 2014.
Com todas essas mudanças, a expectativa é que a população
residente na região portuária passe de 30 mil para 100 mil até
2020. Os novos moradores contarão com espaços verdes e opções
de lazer. Hoje, praças e áreas de lazer somam 84.838 m². A proposta é a de que, até 2016, após a conclusão das obras, a região do
porto ganhe mais 143.855 m² e chegue a 232.000 m².
A revitalização da região portuária, portanto, deve ser um dos
principais legados dos Jogos Olímpicos de 2016. Receber a maior
competição esportiva do planeta pode mudar profundamente a
imagem de uma cidade para o mundo. Barcelona, na Espanha, costuma ser citada como o melhor exemplo de melhorias urbanísticas
associadas ao evento. Atlanta, nos Estados Unidos, também sediou
a competição. De acordo com o ex-diretor de Operações do Atlanta
Committee for the Olympic Games, A.D. Frazier, que atualmente
ocupa o cargo de presidente da Georgia Oak Partners, empresa de
investimentos em private equity, os brasileiros devem se empenhar
em realizar o evento de forma a deixar uma boa imagem para o País.
“Os grandes embaixadores dos Jogos Olímpicos serão os cidadãos, e
vocês poderão demonstrar toda a hospitalidade do povo brasileiro.
Vocês terão a oportunidade de mostrar o melhor do Brasil fora dos
estádios”, disse ele em encontro com empresários na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro, no começo de outubro.
Facilitar o acesso da população a serviços
é fundamental para melhorar o ambiente
urbano de uma cidade inteligente.
Isso afeta diretamente a disposição das
pessoas para o trabalho, assim como
os custos da mão de obra
Para o americano, a comparação com
Barcelona deve ser feita com cautela: “É
uma ilusão dizer que lá foi tudo perfeito,
pois eles tiveram muitos problemas. Na
época, os catalães achavam que a cidade
estava sendo desenvolvida e a população
estava ficando de fora e houve muitos protestos, como é possível que aconteça no
Brasil. Comparar o Rio a Barcelona não é
o ideal. O Rio deve encontrar seu próprio
caminho. A cidade tem a oportunidade
de mostrar sua cultura, e eu não a compararia a nenhum outro lugar. Sejam vocês
próprios, sejam brasileiros”.
Edição 283_Brazilian Business_21
Pequenos gestos, grandes mudanças
Grupo de voluntários apaixonados pelo Rio cria ações inusitadas para
inspirar cuidados pela preservação da beleza da cidade Por Isabel Correia
U
m movimento formado por cariocas
interessados em cuidar da cidade do
Rio e em provocar em seus visitantes e moradores a mesma preocupação. Foi assim que,
há três anos, nasceu o Rio Eu Amo Eu Cuido.
A ideia era simples: conscientizar e motivar
as pessoas a praticar pequenos gestos capazes de transformar e preservar a cidade. Em
entrevista à Brazilian Business, seu fundador,
Joaquim Monteiro de Carvalho, explicou
como o projeto busca dar visibilidade a pequenas atitudes. “A maioria dos cariocas ama
o Rio, mas não cuida da cidade”, afirmou. Ele
falou sobre os projetos do grupo e como a
iniciativa privada participa do movimento.
Confira a seguir trechos da entrevista.
Brazilian Business: O que motivou a
criação do Rio Eu Amo Eu Cuido?
Joaquim Monteiro de Carvalho: O Rio vem
passando por transformações e resolvendo
questões relacionadas à segurança, economia e cultura. Não faz sentido transformar
as grandes questões e deixar de lado as pequenas, que estão ao alcance do cidadão.
Para completar, o Rio tem uma atmosfera
muito espontânea e isso acaba sendo confundido com a falta de regras. Pensando
nisso, um grupo de voluntários apaixonados pelo Rio fundou o movimento. Não
pretendemos educar as pessoas, mas sensibilizá-las para que realizem coisas que estão
ao seu alcance. Incentivamos atitudes como
frear no sinal amarelo, limpar a sujeira do
cachorro das calçadas e jogar a guimba do
cigarro no lixo.
BB: Qual foi a primeira ação de impacto?
JMC: Primeiro, tivemos a tarefa de criar a co-
municação e a construção da marca. A nosso
favor o fato de que todo carioca ama o Rio, e
não há ninguém no mundo que não seja fascinado pela cidade. Mas nem todos cuidam.
Por isso, optamos pelo nome autoexplicativo.
Ficamos dois anos condicionando a marca e
trabalhando na divulgação para despertar a
curiosidade das pessoas. Em seguida, partimos para ações de entrega, ou o que chamamos de presentes para o Rio de Janeiro.
22_Edição 283_set/out 2013
BB: Qual foi a ação?
JMC: Nosso primeiro trabalho foi a limpeza da pedra do Arpoador,
em 2010. Reunimos cem voluntários e tivemos a Nike como parceira.
Com a ajuda de uma empresa especializada em remoção de pichação,
eliminamos 90% da sujeira e deixamos os outros 10% para o público,
formado por voluntários que frequentam o local, pois entendemos
que o nosso modelo de negócio exige o envolvimento das pessoas do
entorno. Limpamos também as pedras do Leme e do Recreio e plantamos mudas no Leblon e em Botafogo, sempre com os moradores.
BB: Quais as outras ações promovidas pelo Rio Eu Amo Eu Cuido?
JMC: Temos o Beleza Que Educa, que recupera canteiros de lugares
estratégicos da cidade; o Ídolos Cariocas, com personagens do esporte para a construção de quadras de vôlei de praia; o Heróis Anônimos,
pessoas anônimas que fazem o bem pela cidade, além dos mutirões
de limpeza; o Na Base do Riso, quando colocamos mímicos abordando as pessoas que jogam lixo no chão ou bloqueiam o cruzamento.
BB: Como surgiu o Arte na Faixa?
JMC: Pensamos em como poderíamos chamar a atenção dos pedes-
tres sobre a importância de atravessar na faixa e dos motoristas em
respeitar a sinalização. Resolvemos usar a arte para tocar as pessoas e
pintamos – com a curadoria de um dos principais grafiteiros do Brasil, o Airá O Crespo – 30 cruzamentos estratégicos da cidade, com dizeres provocativos. Essa ação foi em parceria com a Liberty Seguros.
BB: Como é a participação da iniciativa privada nesses projetos?
JMC: Como o movimento não tem orçamento próprio, contamos
apenas com a colaboração de pessoas e empresas que, com a marca
do movimento consolidada, começam a querer participar. Como o
movimento é neutro e nenhuma marca pode dele se apropriar, a parceria envolve a entrega de um produto ou presente para o Rio. Todos
os fornecedores têm interesse em que a cidade vá bem, e o movimento precisa dessas contribuições, desse oxigênio.
BB: Vocês aproveitaram a lei do Lixo Zero
para criar a Lixeira Interativa?
JMC: Apesar de o movimento não ter vínculo com a Prefeitura, pro-
curamos acompanhar a agenda da cidade e provocar ações consonantes. Neste caso, sabíamos que a Prefeitura começaria a multar e
antecipamos a ação da Lixeira Interativa com o intuito de conscientizar o carioca em relação ao lixo. Também realizamos uma ação em
linha com o Rock in Rio, com a distribuição de recipientes para colocarem as guimbas de cigarro.
BB: Como as empresas podem colaborar com o movimento?
JMC: O movimento está procurando novos parceiros para dar escala
aos projetos. Como a iniciativa é muito inspirada no I Love NY, seria
muito interessante ter a participação de multinacionais e empresas
americanas. Uma das atratividades do projeto é que, diferentemente
de uma campanha, o Rio Eu Amo Eu Cuido é contínuo.
análise
Em defesa do
patrimônio
cultural
brasileiro
A proteção aos elementos que
representam a memória de um
povo é do interesse de todos, mas
pode esbarrar nos projetos de
desenvolvimento urbano
A
Kárim Ozon_
presidente do
Comitê de Meio
Ambiente da
AmCham Rio e
sócia de Veirano
Advogados
expressão “patrimônio cultural”
ainda não está tão internalizada
na sociedade quanto “patrimônio
histórico e arqueológico”, que vem sendo
usada pelo menos desde a criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan), na década de 1930. Porém, é interessante notar que a primeira é
ainda mais ampla e inclui a segunda.
O conceito de patrimônio cultural vem
ganhando espaço desde a Constituição Federal de 1934, mas foi na Carta de 1988 que
a definição alcançou sua amplitude: bens
de natureza material e imaterial que façam
referência à identidade, ação e memória
dos diferentes grupos formadores da nossa
sociedade, incluindo, por exemplo, as formas de expressão, os modos de criar, fazer
e viver, as criações artísticas, as edificações
e os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico.
Hoje, como vemos, as atribuições do
Iphan são mais amplas do que o seu nome
sugere. A inclusão dos bens imateriais foi
uma grande inovação. Igualmente inovadora é a compreensão sobre a admissão
no espectro do patrimônio cultural dos recursos ambientais disponíveis, tais como o
bioma amazônico e a água, que devem ser
incluídos no mesmo escopo de proteção.
24_Edição 283_set/out 2013
É preciso esclarecer, porém, que nem todos os bens se transformam automaticamente em itens protegidos pelo selo do patrimônio cultural brasileiro. Para integrar nosso patrimônio, é preciso
que estes tenham valor formado coletivamente e que traduzam a
memória de um povo. É preciso que resultem de uma criação social, seja ela a produção de um objeto de valor histórico, de um
cesto de palha, ou o usufruto de um bem natural, como a água ou o
açaí, desde que influenciem regional ou nacionalmente o ambiente social humano. Conforme distingue o jurista e precursor dos
Direitos Culturais no Brasil, Francisco Humberto Cunha Filho, a
cultura é uma produção humana juridicamente protegida e relacionada às artes, à memória coletiva e ao repasse de saberes.
Por um lado, o conceito de patrimônio cultural é amplo, o que
lhe confere elasticidade e possibilidade de adequação constante a
uma sociedade em permanente mudança, como é o caso da brasileira. Por outro lado, e pelas mesmas razões, gera insegurança
sobre sua abrangência.
A controvérsia em torno do que pode ser considerado patrimônio cultural traz muitas dúvidas aos empresários, à população
e, até mesmo, ao poder público, protagonizando acaloradas discussões entre diferentes esferas da sociedade. Alguns exemplos são
fáceis de lembrar: a quase demolição do antigo Museu do Índio,
localizado ao lado do recém-reformado Estádio do Maracanã, a
interrupção de obras do Arco Metropolitano pela descoberta de
uma espécie animal rara, o descobrimento de cerca de 20 mil objetos de valor arqueológico na restauração do Largo da Batata, na
cidade de São Paulo.
O tema vem ganhando maior projeção
desde o lançamento do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) e os ventos que
ingressaram na economia em meados dos
anos 2000. Vemos que o Brasil vive hoje um
momento intenso de reconstrução. Obras
estão em curso em todas as regiões e têm o
objetivo de modernizar nossa infraestrutura, criar moradias, escoar a produção. São
rodovias, portos, edifícios e indústrias, imponentes empreendimentos que modificam
a paisagem e, por vezes, conflitam com a
proteção de nosso patrimônio.
O Brasil está imerso em um grande
mosaico legislativo, que busca proteger
variadas classes de patrimônio – nacional,
cultural, ambiental, da humanidade – sem
conceituá-los à exaustão. Vemos, porém,
que essas áreas se interseccionam constantemente e que os valores ambientais também estão contemplados.
Tomaz Silva/ABr
Objetos descobertos em sítio arqueológico
na região central da capital fluminense
A necessidade de investir em políticas públicas não
apenas nacionais, mas também regionais e locais, é inquestionável. Contudo, é preciso definir bem os papéis de cada
agente social nessa realização. Um caminho que certamente
renderá bons frutos é a ampliação da cooperação entre entes
públicos e privados. O trabalho em parceria facilitará o alcance de um entendimento comum sobre a questão, orientando de forma mais precisa a atividade privada.
A proteção do patrimônio cultural é do interesse de todos. O poder público tem a função de definir as diretrizes
para a correta identificação e gestão desses bens, equalizando o desenvolvimento do País e a proteção de sua história,
cultura e meio ambiente. Nesse contexto, cada brasileiro
pode exercer importante papel ao apontar os vestígios da
memória de sua região. Por sua vez, o setor privado poderá
contribuir, como já faz, com esse circuito virtuoso, apoiando
o governo em campanhas de educação patrimonial e com o
melhor direcionamento de seus investimentos.
Leia a seguir a reportagem completa sobre a nona edição
do Prêmio Brasil Ambiental, que este ano escolheu como tema
de homenagem, dada a sua relevância, o patrimônio cultural
brasileiro, que recebeu até uma entre as sete categorias abertas
para a inscrição de projetos.
A controvérsia em torno do que pode ser
considerado patrimônio cultural traz muitas
dúvidas aos empresários, à população
e ao poder público
Edição 283_Brazilian Business_25
sustentabilidade
Representantes das empresas vencedoras
comemoram a premiação
Uma festa para as
empresas mais
sustentáveis
Prêmio Brasil Ambiental, realizado pela AmCham Rio,
destaca a importância do patrimônio cultural do País
Por Giselle Saporito, do Rio
26_Edição 283_set/out 2013
fotos Cecília Acioli
especial
R
ecuperar a fauna marinha na Baía de Sepetiba e mobilizar
mais de 240 mil jovens em programas de educação para a
sustentabilidade são dois exemplos dos bons resultados obtidos quando a capacidade de gerenciamento e inovação das empresas é colocada a serviço do meio ambiente. Ambas as iniciativas
figuram entre os sete vencedores da nona edição do Prêmio Brasil
Ambiental, realizado anualmente pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio), por meio de seu Comitê
de Meio Ambiente.
A premiação é uma forma de reconhecer e prestigiar, entre as
empresas que atuam no Brasil, as melhores práticas ambientais. Ao
todo, 40 projetos de empresas de diversos setores foram inscritos
nas sete categorias do prêmio: Responsabilidade Socioambiental; Gestão de Resíduos Sólidos; Inovação Ambiental; Emissões
Atmosféricas; Uso Racional de Recursos Hídricos; Preservação e
Manejo de Ecossistemas; Patrimônio Cultural Brasileiro. A festa de
entrega dos prêmios reuniu cerca de 200 pessoas, entre empresários e autoridades, que foram, no dia 19 de setembro, à cerimônia
no Parque das Ruínas, em Santa Teresa, Centro do Rio.
Conforme manda a tradição, a cada ano um tema de preocupação nacional ganha destaque. Em 2013, os projetos de preservação do patrimônio cultural brasileiro concorreram numa categoria
especial, que ressalta a importância da preservação da identidade,
da memória e da própria história do País, explica a presidente do
Comitê de Meio Ambiente da AmCham Rio, Kárim Ozon.
Os convidados de
honra do evento,
o diretor-geral do
Instituto Estadual
do Patrimônio
Cultural (Inepac),
Paulo Eduardo Vidal
Leite Ribeiro, e o
superintendente
do Instituto do
Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional
(Iphan) no Rio de
Janeiro, Ivo Matos
Barreto Júnior
Para o diretor-geral do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), Paulo Eduardo Vidal Leite Ribeiro, convidado
de honra da cerimônia, iniciativas como
a do Prêmio Brasil Ambiental reforçam a
importância de valorizar o patrimônio cultural não só como um resgate da história
das cidades e das comunidades, mas como
uma ação que pode ser transformada em
geração de renda. Ele deu como exemplos
o jongo e a cachaça, que estão sendo resgatados e utilizados como motor de melhoria da qualidade de vida das comunidades.
“O patrimônio não olha o passado com
um olhar saudosista e, sim, mira o futuro
para que possamos guardar aquilo que há
de melhor como herança e como forma de
melhorar a qualidade de vida das pessoas”,
afirmou.
O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) no Rio de Janeiro, Ivo Matos Barreto Júnior, também convidado de honra,
comparou a preservação do patrimônio
cultural aos investimentos em saúde e educação: “São referências da população dentro
de seu próprio território. É essencial não só
preservar a diversidade ambiental como
também a cultural, que une nossa cultura
com o que recebemos da natureza. O que
vem sendo descoberto no Rio de Janeiro,
principalmente nos projetos na Zona Portuária, revela um pouco do conhecimento
que nós não tínhamos”.
“O Prêmio Brasil Ambiental é uma
contribuição da AmCham Rio para a conservação, preservação e recuperação das
partes ambiental, social e cultural do País.
É um reconhecimento público de ações e
projetos inovadores que podem fazer diferença no futuro. Com a divulgação de bons
exemplos, esperamos que cada vez mais
empresas adotem práticas que tenham
como meta a valorização do Brasil em todas as suas esferas”, ressaltou Roberto Ramos, presidente da entidade.
A premiação teve patrocínio apresenta
da BP, patrocínio da Chevron e da CocaCola Brasil, copatrocínio da Odebrecht Óleo
e Gás e apoio da prefeitura do Rio de Janeiro.
Confira a seguir os projetos vencedores da
nona edição do Prêmio Brasil Ambiental.→
Edição 283_Brazilian Business_27
sustentabilidade
especial
O
Material arqueológico recolhido e catalogado
para o registro do patrimônio material
e imaterial da região onde está sendo
construída a Hidrelétrica de Jirau, no
Rio Madeira, em Rondônia. O projeto é
realizado pela GDF SUEZ Energy Brasil
28_Edição 283_set/out 2013
fotos Energia Sustentável do Brasil
vencedor da categoria especial foi o Programa de Gestão do
Patrimônio Arqueológico, Histórico e Cultural da Usina Hidrelétrica (UHE) Jirau – A Gestão do Conhecimento Através das
Mídias Sociais, da empresa GDF SUEZ Energy Brasil. Iniciadas em
abril de 2009, suas atividades incluem medidas compensatórias para
proteção e preservação do patrimônio histórico e cultural.
De acordo com Isac Teixeira, diretor de Operações da Energia
Sustentável do Brasil S.A. (ESBR), concessionária da UHE Jirau,
parte do material resgatado foi levado para o Centro Cultural de
Nova Mutum Paraná, localidade construída pela ESBR nas proximidades do empreendimento. “O local é aberto diariamente para
visitantes, com guias e atendimento ao público”, disse.
Com a assinatura de um termo de cooperação técnica entre
a ESBR, a Santo Antônio Energia S.A. (concessionária da UHE
Santo Antônio), a Fundação Universidade Federal de Rondônia, o
Iphan e a Advocacia-Geral da União será possível estudar a viabilidade de construir um local na universidade para a guarda e curadoria do material arqueológico resgatado nas áreas. “O programa
também abrange a realização de eventos com a comunidade, além
da publicação do livro Memórias de Rondônia e a produção da
Cartilha Patrimonial, que será distribuída em escolas da área de
influência direta do empreendimento e no município de Porto Velho”, explicou o diretor.
Outra iniciativa da UHE Jirau, desta vez voltada para a mitigação de gases
de efeito estufa adicionais, permanentes
e mensuráveis no longo prazo, levou o
troféu da categoria Emissões Atmosféricas. Este é o maior projeto de energia renovável registrado como Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL), da Organização das Nações Unidas (ONU). De
acordo com o vice-presidente de Mercado
de Carbono da GDF SUEZ Latin America,
Philipp Hauser, além de atender aos objetivos essenciais do MDL, de prover mitigação de gases de efeito estufa, a construção
da hidrelétrica Jirau evitou a instalação
no Brasil de novas centrais termelétricas
queimando combustível fóssil.
“Hoje já podemos demonstrar que o
objetivo de contribuir com o desenvolvimento sustentável da região foi alcançado. O relatório da auditoria independente segundo o Protocolo de Avaliação da
Sustentabilidade de Hidrelétricas permite
analisar de forma transparente o perfil de
sustentabilidade em 20 critérios de natureza econômica, técnica, ambiental e social. O projeto Jirau obteve nota máxima
em 11 de 20 critérios avaliados. Isso é uma
prova de que estamos no caminho certo”,
comemorou Hauser.→
Projeto da GDF SUEZ
Energy Brasil reduziu
a emissão de gases e
contribuiu com
o desenvolvimento
sustentável da
região onde está
sendo construída a
Hidrelétrica de Jirau,
no Rio Madeira,
em Rondônia
Edição 283_Brazilian Business_29
J
fotos divulgação
especial
sustentabilidade
A Fazenda Marinha
da Vale estimula
o aumento da
fauna aquática na
Baía de Sepetiba,
promovendo
a educação
ambiental e a
capacitação de
moradores que
dependem da pesca
A
água também é parte fundamental do programa ganhador
da categoria Preservação e Manejo de Ecossistemas. O projeto Fazenda Marinha da Vale foi criado com o objetivo de estimular o aumento da fauna aquática na Baía de Sepetiba. O projeto, que existe desde 1996, funciona no Terminal da Ilha Grande,
em Mangaratiba, no Rio de Janeiro, e é voltado para a educação
ambiental e capacitação de moradores que dependem da pesca.
Entre as ações realizadas estão a soltura de camarões da espécie F. brasiliensis, o popular camarão-rosa. Ao longo dos anos,
mais de 15 milhões de camarões já foram lançados na baía. A
Fazenda Marinha também oferece à comunidade cursos de
maricultura. Desde 2005, mais de 480 pessoas já foram treinadas, dando origem a diversas associações que hoje se dedicam à
cultura de ostras, mexilhões e conquilhas como fonte de renda.
O projeto tem um laboratório técnico em que é possível acompanhar todos os estágios de desenvolvimento da maricultura,
podendo identificar oportunidades de melhoria das matrizes e
possíveis alterações do ecossistema local.
“Esses moluscos têm um alto valor comercial, e a venda pode
representar um significativo aumento da renda para essas famílias que dependem, quase que exclusivamente, da pesca. Conhecer detalhadamente o processo nos ajuda na orientação técnica
aos maricultores visando minimizar ao máximo as perdas de
produção. Além disso, o cultivo representa um ganho para o
meio ambiente porque durante a fase de crescimento as espécies
realizam desovas a cada 45 dias, colaborando com o repovoamento da fauna marinha na região”, destaca Bruno Guillon, gerente de Meio Ambiente da Vale.
30_Edição 283_set/out 2013
Vencedores do
Projeto Heróis do
Futuro, do Sistema
Firjan/Sesi, que
criou um filme/
game em 3D e levou
jovens a debater
temas ambientais
abordados durante
a Rio+20, em 2012
á o Projeto Heróis do Futuro, do Sistema Firjan/Sesi, foi o vencedor na categoria Ações
de Responsabilidade Socioambiental. O objetivo do projeto foi sensibilizar os jovens sobre
diversos temas ambientais debatidos durante a
Rio+20, em 2012.
Para atrair os jovens para a discussão no
âmbito do desenvolvimento sustentável e da
economia verde, entre outros temas, foi criado
um filme/game em 3D. O roteiro envolve quatro personagens: Duda, Sofia, Dedé e Bia. Essa
turma de amigos se une para mudar a rotina de
uma vila de moradores do Rio, incentivando a
vizinhança a tomar atitudes sustentáveis, como
economizar água e reciclar o lixo.
Com versão em inglês, o jogo virtual, que
ainda está disponível na internet, teve as categorias Livre, aberta a pessoas de qualquer país
do mundo, de 10 anos ou mais, e Escolar, voltada para alunos jovens e adultos do 6º ao 9º ano
do Ensino Fundamental das redes municipal,
federal e particular do Rio, além de estudantes
da rede Sesi e Senai. Dividida em duas etapas e
jogada por equipes de dois a cinco participantes, incluindo um líder, a atividade promove o
debate de temas como resíduos, saneamento,
transporte e poluição.
“O Heróis do Futuro foi um grande projeto de educação e comunicação ambiental ao
qual nos dedicamos durante um ano. Temos
muito orgulho do resultado deste projeto, que
obtivemos a cada dia, em cada apresentação
dentro das salas de aula por onde passamos.
Receber um prêmio de uma instituição séria e
de renome como a AmCham Rio é muito importante porque impulsiona a divulgação da
metodologia e dos resultados de nosso projeto,
estimulando outras instituições a se dedicar a
trabalhos semelhantes. Além disso, o reconhecimento nos incentiva a buscar novos desafios
futuros”, afirma Luís Augusto Azevedo, gerente
de Meio Ambiente do Sistema Firjan.→
C
M
Y
CM
MY
CY
CMY
K
sustentabilidade
especial
N
o Projeto Ecoácido (Processo Ecológico de Reciclagem de Solução Eletrolítica de Baterias Usadas Tipo Chumbo-Ácido), do
grupo Antares Reciclagem, vencedor na categoria Inovação Ambiental, o objetivo é prevenir impactos ambientais e danos potenciais à natureza e à saúde humana. Com esses cuidados, não apenas o
meio ambiente é beneficiado com uma forma mais limpa e segura de
produção como também as empresas recicladoras de baterias conseguem obter sensíveis reduções de gastos com reagentes e deposição
de lodos. De acordo com o diretor do grupo Antares Reciclagem,
Almir dos Santos Trindade, especialista em engenharia sanitária e
ambiental, a empresa, que é pioneira na tecnologia, já implantou 11
Unidades de Reciclagem de Ácido (URAs) em recicladoras de baterias de chumbo-ácido do Brasil, em São Paulo, no Paraná e em Santa
Catarina. Outras quatro URAs estão em fase de implantação, sendo
duas em Goiás, uma no Rio Grande do Sul e outra em São Paulo.
Esta é a primeira vez que a empresa participa do Prêmio Brasil Ambiental, e já começa sendo premiada.
“A implantação do Projeto Ecoácido pelas indústrias recicladoras
de baterias vem ao encontro do desenvolvimento sustentável, à medida que transforma um resíduo tóxico em matéria-prima recuperada para outros processos industriais, contribuindo para a sociedade,
gerando desenvolvimento social, preservando o meio ambiente e os
recursos naturais para atuais e futuras gerações”, afirmou.
As unidades de reciclagem de ácido do Projeto
Ecoácido, da Antares Reciclagem, transformam
resíduos tóxicos das baterias em matéria-prima
recuperada para outros processos industriais
fotos divulgação
D
O projeto da Jones Lang LaSalle é uma política
de coleta seletiva de resíduos gerados pelo
condomínio City Tower, no Rio, protegendo
o meio ambiente e a saúde pública, além de
conservar os recursos naturais
32_Edição 283_set/out 2013
ar a disposição mais adequada ao lixo também é a preocupação
do projeto City Tower, vencedor da categoria Gestão de Resíduos Sólidos. Trata-se de uma política de coleta seletiva dos resíduos gerados pelo condomínio com o objetivo de proteger o meio
ambiente e a saúde pública, além de conservar os recursos naturais
e minimizar a deposição em aterro sanitário ou incineração. Com
esses cuidados, a iniciativa permite a redução da contaminação do
meio ambiente. O projeto abrange todos os funcionários, o proprietário e usuários fixos, que hoje somam em torno de 1.800 pessoas.
Mas sua abrangência é mais ampla, e a ideia é que o projeto não fique
restrito ao edifício, localizado no Centro do Rio.
A política inclui a compra sustentável de bens de consumo não
duráveis no interior do edifício e fica sob o controle da gestão local.
O empreendimento busca a redução dos resíduos, incentivando a
redução do consumo de alguns itens de papelaria como papéis e cartuchos ou toners de impressora, envelopes, cartões e outros produtos. O uso de baterias recarregáveis também é incentivado no projeto, que está implantado há cerca de um ano. “Existem programas de
educação e treinamento para toda a organização envolvida, com o
objetivo de promover e manter os objetivos dessa política”, ressaltou
Christiane Durante, gerente de Infraestrutura da Jones Lang LaSalle,
responsável pela gestão do condomínio City Tower.
O condomínio City Tower foi cadastrado no Instituto Estadual
do Ambiente (Inea) e vem emitindo Manifestos de Resíduos on-line
para todos os resíduos gerados. O prédio fica aberto à visitação pública para que a comunidade conheça de perto o trabalho realizado
e multiplique o projeto. A visita precisa ser agendada com 72 horas
de antecedência.→
especial
D
a cidade para o campo. Desenvolvido em parceria com a Associação dos
Produtores de Erva-Mate (Apromate) e a
Embrapa, o Programa Tractebel Energia de
Proteção de Nascentes, vencedor da categoria Uso Racional de Recursos Hídricos, tem
como objetivo conscientizar a comunidade de Machadinho, no Rio Grande do Sul,
quanto à importância de proteger as nascentes de água localizadas na região.
O projeto prevê a sensibilização de cerca de 90 famílias que cultivam erva-mate e
a identificação de nascentes e matas ciliares
existentes nas propriedades rurais. Inclui,
ainda, a implantação de medidas de proteção, o reflorestamento das áreas de abastecimento dos lençóis freáticos e a distribuição à
comunidade de uma cartilha sobre conservação da água.
Ao todo, 27 nascentes estão sendo protegidas, envolvendo cerca de cem pessoas de
25 propriedades localizadas na zona rural do
município. Entre os principais destaques do
programa, criado em 2011, estão as ações
desenvolvidas na Usina Hidrelétrica Machadinho, no Complexo Termelétrico Jorge Lacerda e na Usina Hidrelétrica Salto Santiago.
“Para as equipes da Tractebel Energia, o
mais importante é relatar, por meio de cases,
tudo que a empresa faz no sentido de preservar e regenerar a natureza, a biodiversidade e
o meio ambiente em que vivemos, buscando
com isso a criação de sinergias e exemplos
que devem se multiplicar para um ambiente sustentável com os recursos existentes da
natureza”, afirmou o diretor de Produção de
Energia, José Carlos Cauduro Minuzzo. 
sustentabilidade
Jurados da nona edição do Prêmio
Brasil Ambiental – 2013
Categoria: Patrimônio
Cultural Brasileiro
Célia Maria Corsino_diretora
de Departamento do
Patrimônio Imaterial
do Iphan
Washington Fajardo_
presidente do Instituto Rio
Patrimônio da Humanidade
Categoria: Inovação
Ambiental
Claudio Guimarães Jr._
diretor de Administração
e Finanças da Finep
Luiz Felipe Guanaes_diretor
Nima (PUC-RJ)
Categoria: Gestão de
Resíduos Sólidos
Emílio Eigenheer_professor
da UFF, especialista
em resíduos sólidos e
coordenador do Programa
de Coleta Seletiva do Centro
Comunitário São Francisco,
em Niterói (RJ)
Osmar de Oliveira Dias
Filho_coordenador de
Resíduos da Secretaria
de Estado do Ambiente
do Rio de Janeiro
Categoria: Responsabilidade
Socioambiental
Haroldo Mattos_presidente
do Instituto Brasil Pnuma
Reginaldo Sales Magalhães_
gerente do UniEthos,
do Instituto UniEthos
Categoria: Emissões
Atmosféricas
Ricardo Luiz Barros_
especialista em engenharia
do meio ambiente da UFRJ
Rudolf de Noronha_gerente
de Qualidade do Ar do
Ministério do Meio Ambiente
Categoria: Preservação de
Manejo de Ecossistema
Veronica Marques Tavares_
assessora da Presidência
do Ibama
Mario Cesar Mantovani_
diretor de Políticas Públicas
da SOS Mata Atlântica
Categoria: Uso Racional de
Recursos Hídricos
Luiza Cristina Krau de
Oliveira_presidente do
Conselho Estadual de
Recursos Hídricos
(Cerhi – RJ)
Marcos Airton de Souza
Freitas_especialista em
recursos hídricos da Agência
Nacional de Águas (ANA)
divulgação
Realizado em
parceria com a
Associação dos
Produtores de ErvaMate e a Embrapa, o
projeto da Tractebel
Energia trabalha
a importância
da proteção das
nascentes da região
de Machadinho, no RS
34_Edição 282_jul/ago 2013
from the usa
Present meets past during
Ambassador Shannon’s
visit to Petropolis
By Jean Olson
T
om Shannon had one non-negotiable request for his final visit to
Rio de Janeiro as U.S. ambassador
to Brazil: a pilgrimage to the grave of the
longest-serving American ambassador to a
single Ambassadorial post in the history of
the United States.
A Harvard graduate, Edwin Vernon
Morgan left his position as a college history professor to join the diplomatic corps
in 1899. He held positions in Washington,
Russia, China and Portugal, with the rest of
his diplomatic career spent in Latin America. His service as Envoy Extraordinary and
Minister Plenipotentiary in Cuba, Uruguay, and Paraguay culminated with President Taft appointing him as Ambassador
and Plenipotentiary to Brazil in 1912. He
would serve until his resignation in 1933.
When Morgan assumed his position,
much of his time was spent at the U.S. legation in Petropolis, about 45 miles inland
and at a cooler, higher elevation than Rio
de Janeiro, the capital at the time. Petropolis had been the summer residence of Emperors Pedro I and Pedro II, and was home
to much of Brazil’s aristocracy, although
the capital was moved to Rio when the
Republic was declared in 1889. The diplomatic community maintained legations in
Petropolis primarily to avoid the threat of
endemic diseases such as yellow fever and
smallpox that beset Rio de Janeiro. But
Morgan consolidated all U.S. operations
in Rio in recognition of the young republic, and European missions reluctantly followed suit.
Morgan also served
during the Roosevelt–
Rondon Scientific
Expedition in 1913-14
36_Edição 283_set/out 2013
The growing influence of the United States during the eight
presidential administrations and 22 years spanned by Morgan’s
ambassadorship, during which the diplomat served Presidents
Taft, Wilson, Harding, Coolidge, Hoover and Roosevelt, ensured
that he had the ear of Brazilian government officials. Morgan also
used his personal wealth to influence the Brazilian elite, gaining
the reputation of a gracious host and becoming a leading patron of
the arts in the new Republic’s bustling capital. Morgan also served
during the Roosevelt–Rondon Scientific Expedition in 1913-14,
during which former President Theodore Roosevelt and Brazilian
Explorer Cândido Rondon were the first explorers of the 1000mile long “River of Doubt,” later renamed Rio Roosevelt, located
in a remote area of the Brazilian Amazon basin.
Morgan established his residence in Petropolis when he left
government service and died there the year after leaving his ambassadorial post. He was single and had no children. The Brazilian government recognized the importance of his service to the
bilateral relationship when it accorded him the honor of a state
funeral. “He’s my hero,” Ambassador Shannon said. “I’ve been
here for more than three years, but the idea of serving as ambassador in Brazil for 22 years, then retiring to Petropolis … that would
be my dream.”
Ambassador Shannon and Rio Consul General John Creamer
found Morgan’s tombstone in a state of “elegant decay,” during a
visit to the site August 22, a description that can be applied to many
of Petropolis’ historical structures.
But even in its compromised condition, the grave marker stands
out in the cemetery’s crowded collection of ornate sculptures and
monuments. A stark monolith is decorated with an epitaph that
includes Morgan’s date of birth, his name, the title “Embaixador,” a
small cross – the only religious reference on the monument – and
the year of his death. A bronze bas relief with a stylized representation of the Statue of Liberty and a woman who symbolizes
Republican Brazil fills the top third of the stone. The single word
“Amizade” (friendship) also appears on the bronze. Cemetery Administrator Ulisses Sampaio said the cemetery’s records do not reveal who designed the tomb.
Nearly 80 years later, Shannon departs Brazil with the title of
honorary Brasiliense (resident of the Federal District of Brasilia),
also awarded in recognition of the importance of his contribution
to the U.S.-Brazil relationship. His visit to Petropolis was a symbolic encounter between two U.S. diplomats working in two different centuries whose dedication and service helped shaped relations
between the two largest countries in the Western Hemisphere.
Ambassador Edwin Vernon Morgan’s grave in Petropolis
Edição 283_Brazilian Business_37
ponto de vista
Gilberto Ururahy
Presidente do Comitê de Saúde da AmCham Rio
e diretor médico na Med-Rio
[email protected]
O
estresse profissional está disseminado entre os executivos
Se na década de 1990 observávamos o câncer de próstata incie se constitui numa séria ameaça à saúde das organizações. dindo em homens a partir de 60 anos, hoje essa doença se faz
Profissionais estratégicos das empresas, verdadeiros nômades presente em indivíduos a partir de 40 anos.
Entre as mulheres, as doenças também estão se antecipancontemporâneos, são levados, muitas vezes, ao limite da resistência física e emocional. Os níveis intoleráveis de estresse vivi- do. Se há 20 anos a incidência de infarto do miocárdio ocorria,
dos por esses indivíduos os conduzem a um estilo de vida ina- mais comumente, após a menopausa, hoje esse evento é regisdequado. É um coquetel nefasto.
trado em pacientes a partir de 40 anos. Em 1990, para cada
Esse estado grave de exaustão física e emocional que pode nove infartos, um era em mulher; hoje, para cada três, um
levar à depressão, e até ao suicídio, é diagnosticado como a sín- ocorre no sexo feminino. Esse desequilíbrio no âmbito dos exedrome de Burnout (do inglês burn out, cuja tradução seria “quei- cutivos também traz consequências negativas para a saúde das
mar por inteiro”). Atinge um em cada quatro trabalhadores empresas, pois resulta em erros na tomada de decisões e, evieuropeus. Na França, recentemente, registrou-se uma onda de dentemente, na redução de produtividade. É necessário e
suicídios em grandes corporações como PSA-Peugeot, Renault, urgente que se criem estratégias de prevenção.
Areva e France Telecom. A causa: metas impossíveis x obrigação
As doenças que têm como base o estresse do cotidiano se
por resultados. Esta situação coloca o
multiplicam: acidente vascular cerebral
indivíduo face uma contradição crescenem FS, de 38 anos, diretora de marketing
Segundo estudo da
te, entre o que lhe é cobrado e o que efede hotelaria internacional; depressão em
Universidade de Brasília,
tivamente consegue realizar.
PL, de 45 anos, dirigente de empresa
70% da população sofre
No Brasil, segundo estudo da
multinacional de óleo e gás; infarto agudo
de estresse crônico e,
Universidade de Brasília, 70% da popudo miocárdio precedido de herpes-zóster
desse total, 30%
lação sofre de estresse crônico e, desse
em TM, de 42 anos, diretor executivo de
total, 30% apresenta Burnout. Em 2010empresa de logística.
apresenta Burnout
2011, 1,3 milhão de brasileiros se afastaAvaliando seus estilos de vida, verifiram do trabalho e receberam auxílioca-se que são indivíduos que dormem
doença. Nesse mesmo ambiente corporativo, em que a cobrança mal, são sedentários, com excesso de peso corporal, colesterol
por resultados é cada vez mais intensa, o estresse é a resposta do elevado, uso regular de bebida alcoólica e todas as emoções focaindivíduo às dificuldades de relacionamento, à pressão perma- das no trabalho.
nente pelo cumprimento de metas, aos riscos da tomada de deciO estresse é endêmico e com incidência crescente entre os
sões, às exigências dos clientes, à disputa com os concorrentes e executivos. É preciso combatê-lo com programas de prevenção. A
mesmo à insegurança de perder o emprego. Como não conse- prática do check-up médico, mais do que detectar precocemente
guem conciliar o desempenho profissional com os cuidados com o aparecimento de doenças, é fundamental para a elaboração de
a saúde, sucumbem.
programas preventivos de promoção à saúde individual. Esses
A Harvard Business School já demonstrou que 80% das programas são definidos no pós-check-up e impactarão em
consultas estão originalmente ligadas ao estresse. Pesquisas mudanças no estilo de vida da população examinada, garantindo
realizadas ao longo de mais de duas décadas e sustentadas em o cumprimento da missão empresarial.
mais de 60 mil check-ups médicos realizados pela Med-Rio
É ferramenta estratégica das empresas que apostam na estabimostram a presença de doenças incapacitantes, por vezes letais, lidade funcional de seus quadros como diferencial competitivo.
em indivíduos com idade cada vez mais precoce. Demonstramos Quem cuida da saúde de seus profissionais está cuidando da susisso em palestra no MIT-Cambridge.
tentabilidade do próprio negócio.
O sucesso que alcançamos é resultado
das nossas escolhas.
E escolhemos o Brasil.
Seremos a maior produtora privada de petróleo e gás do país em 2014, quatro anos após iniciar a produção no
pré-sal. Foram mais de 5 bilhões de dólares investidos no Brasil e ainda serão mais 3 bilhões de dólares anuais nos
próximos cinco anos.
E não para por aí. Adquirimos, como operadores, dez blocos na Bacia de Barreirinhas*, reforçando o compromisso
com o país.
Investiremos de 1,5 a 2 bilhões de dólares até 2025 em tecnologia e inovação, trabalhando com universidades e
parceiros brasileiros.
Promovemos a educação científica no ensino público, e contribuímos para a formação de mão de obra qualificada.
A BG Brasil investe para crescer junto com o país, suas pessoas e recursos.
www.bg-group.com/brasil
* Barreirinhas localiza-se na margem equatorial brasileira, abrangendo parte da costa do estado do Maranhão e a plataforma adjacente.
38_Edição 283_set/out 2013
news
Direito da moda é tema de
debate na AmCham Rio
Advogados e empresários falaram sobre o potencial do setor
e os principais gargalos que podem ser sanados no fashion business
Por Giselle Saporito
A
indústria da moda vem crescendo e se firmando como uma
forte economia nas grandes cidades brasileiras. Prova disso
são os grandes eventos do setor que acontecem no eixo Rio-São
Paulo pelo menos duas vezes por ano, dando uma identidade
próprias às coleções, que antes seguiam tendência dos desfiles de
grandes grifes internacionais.
Apesar desse crescimento, o setor ainda esbarra em uma série de gargalos – a dificuldade de proteção de marcas, a falta de
advogados especializados no segmento e as onerações tributárias
– que precisam ser sanados para evitar problemas e garantir a maturidade do setor. O assunto já vem sendo debatido fortemente
nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, o chamado direito da
moda (fashion law) vem se fortalecendo e abrindo debates sobre a
necessidade da criação de uma legislação específica, que garanta
os detalhes do ramo que, muitas vezes, esbarra em aspectos econômicos e culturais.
O advogado e coordenador da área de Fashion Law do escritório L.O. Baptista – SVMFA, André Mendes Espírito Santo, um
dos pioneiros do direito da moda no Brasil e um dos fundadores
do Instituto Brasileiro de Negócios e Direito da Moda, chamou a
atenção, durante evento promovido pela AmCham Rio, no dia 3
de outubro, para a complexidade do setor, que ultrapassa muito o
ramo de roupa ou acessório, podendo ser definido como um estilo
de vida ou um comportamento.
“Esse tipo de direito surgiu da necessidade de grandes estilistas e empresas que
precisam de proteção legal para seus produtos e criações. Além disso, existem outros
segmentos do setor como importação e exportação de produtos, questões tributárias
relacionadas à circulação de mercadoria,
questões de direito do consumidor, trabalhistas e até pontos vitais como o próprio
direito autoral e a propriedade intelectual.
É preciso entender melhor esse mercado
para equalizar problemas desse universo
tão amplo.”
Ele mencionou a presença de grandes
players no e-commerce e a abertura de capital de grandes grifes que utilizam terceiros para sua produção. “É preciso tomar
muito cuidado com a área do criativo para
evitar, principalmente, a venda de produtos
piratas ou até mesmo o uso de mão de obra
escrava para a produção das coleções. Na
hora em que isso vem à tona, é o nome da
marca que fica manchado”, acrescentou.
O advogado também comentou sobre
a Lei Rouanet para a indústria da moda e
lançou dúvidas sobre onde os incentivos
fiscais seriam aplicados: “Moda é arte ou
não? Onde começa a criação e termina a
cópia?”. Na opinião dele, há uma grande diferença entre o que é uma marca com peças
exclusivas (slow fashion) e a produção em
larga escala. “Precisamos identificar onde
esses incentivos entrariam”, concluiu.
fotos Giuliana Sirena
O professor do curso de fashion business
da Fundação Getulio Vargas, Renato Anet; o
advogado e coordenador da área de Fashion
Law do escritório L.O. Baptista – SVMFA, André
Mendes Espírito Santo; a vice-presidente
do Subcomitê de Propriedade Intelectual da
AmCham Rio, Andreia de Andrade Gomes; a
advogada do escritório Montaury Pimenta,
Machado & Vieira de Mello Bruna Rego Lins
40_Edição 283_set/out 2013
A chefe do Departamento de Moda do Sistema
A advogada do escritório Montaury Pimenta, Machado &
Firjan, Ana Carla Torres; o presidente do
Vieira de Mello e também sócia-fundadora do Instituto Brasileiro
Conselho Municipal da Moda da Prefeitura do
de Negócios e Direito da Moda, Bruna Rego Lins, destacou casos
Rio de Janeiro, Carlos Tufvesson; a advogada
de disputas judiciais do mundo da moda. Ela comentou o caso da
Bruna Rego Lins; o empresário e sócio da
Ausländer, Felipe Simão
Osklen, que há muito vem lutando contra a cópia de suas coleções. “Estamos trilhando um caminho aqui no Brasil, mas saindo
Foi de olho no potencial e na criatividade de várias marcas do
do eixo Rio-São Paulo fica bem difícil. Os juízes têm uma série de
assuntos que consideram prioridade antes do universo da moda. Rio de Janeiro que o Sistema Firjan criou, em 2001, o evento oficial
Mas hoje já há indícios de marcas que são usadas para financiar o da moda brasileira na cidade, o Fashion Rio, e a Bolsa de Negócios
crime organizado, o que aumenta a importância de os magistrados do setor, a Rio-à-Porter. Segundo a chefe do Departamento de Moda
do Sistema Firjan, Ana Carla Torres, foi preciso dar um suporte ao
olharem para esse assunto com mais atenção”, acrescentou.
O presidente do Conselho Municipal da Moda da Prefeitura do mercado, que vinha tendo dificuldades de montar eventos.
Rio de Janeiro, Carlos Tufvesson considera o assunto complicado
“Como o ramo estava com dificuldades de organização, em
tanto no campo do registro de propriedade intelectual quanto da 2001, o Sistema Firjan viu a necessidade de criar o Fashion Rio
Lei Rouanet. Para ele, a discussão mais importante é o alto cus- e, já no ano seguinte, passamos a ter também uma plataforma
to de produção da moda no Brasil, tema visto com atenção pela de negócio”, contou. Hoje, o grupo apoia 13 polos de moda no
entidade que ele representa. “Se tentarmos
Estado por meio do Senai Moda e Design.
competir com os preços lá de fora, vamos
“Essas iniciativas contribuem para o de“Moda é arte ou não?
perder fácil, principalmente frente à China.
senvolvimento da cadeia de moda no Rio.
Onde começa a criação
Por isso, devemos focar na nossa identidaHoje as ações do Sistema Firjan trabalham
de. Isso é muito mais importante hoje. O
para fortalecer os centros produtivos, cae termina a cópia?”,
que diferencia uma camiseta ou um jeans é
pacitar mão de obra e aumentar a compeAndré Mendes Espírito Santo
titividade do Estado”, concluiu.
o que está por trás da peça. Ninguém rouba
O professor do curso de fashion busia nossa alma”, afirmou.
O empresário e sócio da Ausländer Felipe Simão contou um ness da Fundação Getulio Vargas, Renato Anet, abordou os aspouco da história da marca, que surgiu em 2004 com a proposta pectos legais e práticos dos contratos de locação de imóveis para
de criar camisetas com estampas originais, expandiu-se e hoje atua instalação de lojas. Segundo ele, há vários detalhes que devem
como uma rede de multimarcas e franquias, além de fazer parce- ser avaliados no momento da locação do imóvel e também na
rias com grandes marcas na área de marketing, promovendo even- renovação de contratos. Ele pediu ainda mais atenção aos contratos que mesclam moda com publicidade. “Com essas parcerias es- tos feitos com novos shoppings. “Diversas são as questões legais
tamos virando praticamente uma casa de criação. Com os nossos que não são levadas em consideração pelos empresários quaneventos, as marcas investem pouco e têm um retorno incrível de do locam um espaço. Muitas vezes, a marca e o produto são um
sucesso, mas podem gerar problemas quando o lugar é alugado,
marketing”, disse Simão.
A Ausländer mantém apenas uma loja física, com as vendas fo- chegando a causar uma derrocada da marca”, alertou.
O evento Fashion Law – Os Avanços e Desafios do Chamado
cadas na internet. “Achamos legal manter uma loja para dar consultoria da nossa imagem, para que as multimarcas possam adequar “Direito da Moda” no Brasil foi promovido pelo Comitê de Entreos produtos em suas lojas”, comentou Simão, acrescentando que há tenimento, Esportes e Cultura e pelo Subcomitê de Propriedade Inalguns anos a grife faz o encerramento do Fashion Rio. “É uma gran- telectual da Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro.
de vitrine. Nós procuramos sempre ter um diferencial das demais
marcas. Para o próximo estamos pensando em trazer uma banda, e
espero não ser processado”, brincou, referindo-se a um caso judicial
entre a Victoria’s Secret e a Monange citado pela advogada Bruna
Rego Lins. A Monange realizou um desfile em que usou modelos
com asas, que são a marca registrada das angels da grife americana
de lingeries, além de uma banda tocando ao vivo, o que foi considerado cópia dos eventos realizados pela Victoria’s Secret.
Edição 283_Brazilian Business_41
news
Copa do Mundo trará impactos
diretos na economia do Brasil
Postos para estrangeiros no Brasil
Mudanças apresentadas pela resolução normativa 104/2013,
do Conselho Nacional de Imigração, do Ministério do Trabalho
e Emprego, foram tema de debate na AmCham Rio
CEO do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do
Mundo da Fifa no Brasil em 2014, Ricardo Trade, debateu
na AmCham Rio os impactos do evento no País Por Andrea Blum
U
“O
s brasileiros vão se sentir orgulhosos do Brasil com a Copa
do Mundo.” A projeção é do CEO do Comitê Organizador
Local (COL) da Copa do Mundo da Fifa no Brasil em 2014, Ricardo Trade, que palestrou no evento A Logística para 2014: Expectativas e Impactos de um Grande Evento, realizado no dia 23 de
outubro, pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro
(AmCham Rio).
Segundo ele, a Copa do Mundo no Brasil causará a curto prazo
impactos diretos na economia do País, atraindo mais investimentos e interesse de empresas. Já no médio prazo, o evento movimentará o turismo, desenvolverá o futebol brasileiro e trará maior visibilidade mundial para o Brasil. “É uma oportunidade de aumentar
a visibilidade no exterior das cidades menores e menos conhecidas
que vão sediar a Copa, como Vitória, Maceió e Florianópolis, e
mostrar o que elas têm de melhor”, disse.
Trade afirmou que no dia 18 de janeiro serão definidas as cidades
e os centros de treinamento que receberão cada seleção. “Com essa
informação, o COL planejará a logística para transportar as seleções, e
as cidades podem se preparar para atender a um público específico.”
Para o longo prazo, Trade acredita que o impacto da Copa será
positivo para a imagem do Brasil e o evento alavancará projetos de
infraestrutura que já seriam necessários. “A Copa é uma oportunidade de catalisar obras de infraestrutura que serão importantes
não só para o evento, mas para o País”.
42_Edição 283_set/out 2013
O sócio responsável
pela área de Advisory
Services da EY no
Rio de Janeiro, José
Carlos Costa Pinto;
o CEO do Comitê
Organizador Local
(COL) da Copa do
Mundo da Fifa no
Brasil em 2014,
Ricardo Trade;
o presidente do
Comitê de Logística
e Infraestrutura da
AmCham Rio, Álvaro
Palma de Jorge
Entre elas, o executivo destaca as obras que vêm sendo realizadas nos aeroportos das cidades-sede. “Os aeroportos estão sendo
renovados. O Brasil está viajando mais e está precisando de nova
estrutura aeroportuária. O evento está adiantando as ações que seriam feitas mais para a frente.”
De acordo com o sócio responsável pela área de Advisory Services da EY no Rio de Janeiro, José Carlos Costa Pinto, que também
palestrou no evento, o impacto de megaeventos no Brasil, como a
Copa e a Olimpíada, pode ser um indutor de crescimento e acelerar
o desenvolvimento urbano da cidade-sede em até dez anos. “Considerando apenas a movimentação econômica relativa à realização da
Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, estima-se que haverá uma
movimentação econômica acima de R$ 250 bilhões”, afirmou.
Ele disse ainda que os eventos esportivos podem tirar o Brasil
de uma estagnação de cinco anos no fluxo de turistas estrangeiros. “Projetamos um incremento de 3 milhões de turistas entre
2010 e 2018.”
O presidente do Comitê de Logística e Infraestrutura da
AmCham Rio, Álvaro Palma de Jorge, comentou que são esses
projetos nacionais que englobam uma parceria de empenho e
apostas do governo e da iniciativa privada, e a responsabilidade é
compartilhada. “Nenhum desses grandes eventos tem o propósito
de resolver todos os problemas do País, mas prometem ser um indutor de desenvolvimento”, afirmou.
m grupo de advogados associados da Câmara de Comércio
Americana do Rio de Janeiro esteve reunido no dia 17 de setembro para debater as mudanças recentes realizadas pelo Conselho Nacional de Imigração, do Ministério do Trabalho e Emprego,
por meio da resolução normativa 104/2013, que diz respeito às regras para regularização de trabalho para estrangeiros no Brasil.
O coordenador de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego, Aldo Cândido Costa Filho, e o advogado especialista em imigração Marcus Toscano concordaram que o impacto das mudanças
é positivo e representa uma agilidade ao processo. Porém, o debate
deixou evidente que ainda há alterações que clamam por mudanças
por não estarem previstas nessa norma e outras que, apesar de estarem dentro da normativa em vigor, precisam de implementação.
As principais mudanças foram: a unificação das requisições em
um único formulário de requerimento de autorização de trabalho,
disponível no site do ministério; a apresentação dos documentos
por meio digital; a extensão do prazo para a realização de registro
do estrangeiro no País, que passa a ser de até 30 dias da data de entrada; a concessão de um prazo de até 60 dias para a apresentação
dos documentos produzidos no exterior consularizados e traduzidos; a possibilidade de envio da informação de cancelamento ou
término do contrato por comunicação eletrônica.
As medidas pretendem facilitar a entrada dos estrangeiros que venham trabalhar
no País e agilizar a vida das empresas, assim
como o dia a dia do ministério, que recebe
por ano cerca de 67 mil pedidos, número
que estabilizou, segundo Costa Filho, nos
últimos dois anos, mas que foi alavancado,
de acordo com Toscano, pelo desenvolvimento econômico do Brasil.
A certificação digital depende agora da
coordenadora de Tecnologia do Ministério
do Trabalho e Emprego, mas é esperada
para estar em vigor até o fim de 2013.
Do evento participaram como debatedora a LAG Mobility Customer Service
Lead da Coca-Cola Brasil, Helena Saldanha, e como moderador o advogado e
membro do Comitê de Assuntos Jurídicos
da AmCham Rio Bruno Tocantins.
As medidas pretendem facilitar a entrada
dos estrangeiros que venham trabalhar
no País e agilizar a vida das empresas
A LAG Mobility Customer Service Lead da Coca-Cola Brasil Helena Saldanha;
o membro do Comitê de Assuntos Jurídicos da AmCham Rio, Bruno Tocantins;
o coordenador de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego, Aldo Cândido
Costa Filho; o advogado especialista em imigração Marcus Toscano
Gabriel Portugal
andrea blum
Por Isabel Correia
Edição 283 Brazilian Business_43
news
O desafio das empresas
para reter talentos
Assunto foi debatido no talk show Retenção de Talentos –
Comece Pensando Dentro da Caixa, promovido pelo Grupo
Por Isabel Correia
Case e pela AmCham Rio
AGILIDADE,
EFICIÊNCIA E
TRANSPARÊNCIA
O CEO do Grupo Case, Rafael da Motta;
a gerente de RH da Michelin, Cláudia Leal;
o diretor de RH da PwC, Eduardo Faro
“Um ambiente de trabalho saudável, bem
gerenciado, com chefes abertos ao diálogo
e com benefícios atrativos, pode não apenas
reter o colaborador como representar
uma economia às empresas”
44_Edição 283_set/out 2013
A gerente de RH da Michelin, Cláudia Leal, também palestrou
no evento e falou sobre a política de gestão de pessoas do grupo. A
Michelin tem um programa mundial de engajamento dos funcionários que trabalha com três eixos que, segundo ela, estão acima
das práticas de mercado. “Nossas prioridades são gestão de carreira, formação e desenvolvimento e qualidade da gerência.”
Entre as políticas implementadas pela empresa, Cláudia destaca
o processo de recrutamento e seleção. “Os chefes não participam, e
isso é uma quebra de paradigma. Os executivos estão acostumados
a escolher seus próprios times, mas o profissional é da empresa, e
não do chefe.” Segundo ela, o objetivo da Michelin é promover a
mobilidade de seus funcionários, para que eles estejam preparados
para trabalhar em outras áreas e regiões. Para isso, a empresa aplica
um rigoroso processo de desenvolvimento, no qual cada funcionário é acompanhado constantemente por um gestor de carreira.
Para o CEO do Grupo Case, Rafael da Motta, é importante que
o RH atue próximo aos funcionários. “Todas as estratégias de RH
devem valorizar o profissional como pessoa, e não apenas o cargo.
As pessoas estão mais críticas e conscientes de como devem ser
tratadas.” Segundo ele, 93% das empresas investem em ações para
melhorar a satisfação dos funcionários, mas não o fazem de forma
correta. “Profissionais buscam chefes acessíveis, colegas e ambiente de trabalho agradáveis, e precisam sentir orgulho da empresa e
do trabalho que exercem.”
Giuliana Sirena
F
lexibilidade, plano de carreira, satisfação pessoal e um bom pacote de benefícios podem ser mais importantes para a
retenção de profissionais do que o próprio
salário. O tema foi debatido no talk show
Retenção de Talentos – Comece Pensando
Dentro da Caixa, promovido pelo Grupo
Case e pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (AmCham Rio), no
dia 31 de outubro.
O diretor de RH da PwC, Eduardo Faro,
falou no evento sobre a atual dificuldade encontrada pelas empresas em reter funcionários e lidar com a alta rotatividade. Segundo
ele, um dos fatores que contribui para esse
cenário é a entrada da geração Y no mercado de trabalho. “Esses profissionais buscam
questões diferentes às das gerações anteriores e se preocupam com a qualidade de vida.
Querem mais flexibilidade, autonomia, plano de carreira e satisfação pessoal”.
De acordo com Faro, uma pesquisa
realizada pela PwC com cerca de 1.100
executivos, de 43 países, constatou que os
entrevistados abririam mão de 28% do valor de seu salário por um “emprego dos sonhos”, que tivesse as características satisfatórias. Ele destaca ainda que um ambiente
de trabalho saudável, bem gerenciado, com
chefes abertos ao diálogo e com benefícios
atrativos, pode não apenas reter o colaborador como representar uma economia às
empresas. “O funcionário que estiver satisfeito com as outras questões não esperará
um salário tão alto.”
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46_Edição 283_set/out 2013
expediente
COMITÊ EXECUTIVO
Marco André Coelho de Almeida_Sócio, KPMG
DIRETORIA AMCHAM ESPÍRITO SANTO
PRESIDENTE
Roberto Prisco Paraíso Ramos_Diretorpresidente, Odebrecht Óleo e Gás
Marco Antônio Gonçalves_Diretor-gerente Auto/
RE, Bradesco Seguros S.A.
PRESIDENTE
Otacílio José Coser Filho_Membro do Conselho
de Administração, Coimex Empreendimentos e
Participações Ltda.
1º. VICE-PRESIDENTE
Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do
Brasil Seguros de Vida S.A.
2º. VICE-PRESIDENTE
Rafael Sampaio da Motta_CEO, Grupo Case
Benefícios e Seguros
3º. VICE-PRESIDENTE
Antonio Carlos da Silva Dias_Executivo, IBM Brasil
DIRETOR FINANCEIRO
André Luiz Castello Branco_Sócio, PwC
CONSELHEIRO JURÍDICO
Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak
Advogados
DIRETOR-SECRETÁRIO
Steven Bipes_Diretor, Albright Stonebridge Group
EX-PRESIDENTES
Henrique Rzezinski, Robson Goulart Barreto
e João César Lima
PRESIDENTES DE HONRA
Mauro Vieira_Embaixador do Brasil nos EUA
Thomas Shannon_Embaixador dos EUA no Brasil
DIRETORES
Álvaro Emídio Macedo Cysneiros_Diretor de
Mercado Internacional, Totvs Rio de Janeiro
André Luiz Castello Branco_Sócio, PwC
Antonio Carlos da Silva Dias_Executivo, IBM Brasil
Benedicto Barbosa da Silva Junior_Diretorpresidente, Odebrecht Infraestrutura
Carlos Affonso S. d’Albuquerque_Diretor
Financeiro e de Relações com Investidores, Valid
Carlos Alexandre Guimarães_Diretor Regional Rio
de Janeiro e Espírito Santo, SulAmérica Companhia
Nacional de Seguros
Carlos Henrique Moreira_Presidente do Conselho,
Embratel
Cassio Zandoná_Superintendente Amil Rio de
Janeiro, Amil - Assistência Médica Internacional Ltda.
Eduardo de Albuquerque Mayer_Private Banker,
Banco Citibank S.A.
Fabio Lins de Castro_Presidente, Prudential do
Brasil Seguros de Vida S.A.
Guillermo Quintero_Presidente, BP Energy do
Brasil Ltda.
Maurício Felgueiras_Diretor, MXM Sistemas
Mauro Moreira_Sócio, Ernst & Young Terco
Osmond Coelho Júnior_Gerente executivo E&P e
PDP, Petrobras
Patricia Pradal_Diretora de Desenvolvimento de
Negócios e Relações Governamentais, Chevron
Brasil Petróleo Ltda.
Petronio Ribeiro Gomes Nogueira_Sócio-diretor,
Accenture do Brasil
Rafael Sampaio da Motta_CEO, Grupo Case
Benefícios e Seguros
Raïssa Lumack_Vice-presidente de Recursos
Humanos, Coca-Cola Brasil
Ricardo Karbage_Presidente, Xerox Comércio e
Indústria Ltda.
Richard Klien_Presidente do Conselho,
Multiterminais Alfandegados do Brasil Ltda.
Roberto Castello Branco_Diretor de Relações com
Investidores, Vale S.A.
Roberto Prisco Paraíso Ramos_Diretorpresidente, Odebrecht Óleo e Gás S.A.
Steven Bipes_Diretor, Albright Stonebridge Group
DIRETORES EX-OFÍCIO
Bruno Moreira Giestas_Diretor, Realcafé Solúvel
do Brasil S.A.
Carlos Fernando Lindenberg Neto_Diretor-geral,
Rede Gazeta
João Carlos Pedroza da Fonseca_Superintendente,
Rede Tribuna
Liberato Milo_Diretor-geral, Chocolates Garoto
Márcio Brotto Barros_Sócio, Bergi Advocacia –
Sociedade de Advogados
Marcos Guerra_Presidente, Findes
Marcelo de Oliveira_Gerente-geral Industrial,
Fibria Celulose
Ricardo Vescovi Aragão_Presidente, Samarco
Mineração
Rodrigo Loureiro Martins_Advogado-sócio
Principal, Advocacia Rodrigo Loureiro Martins
Simone Chieppe Moura_Diretora-geral,
Metropolitana Transportes e Serviços
PRESIDENTES DE COMITÊS
Relações Governamentais
Maria Alice Paoliello Lindenberg
Assuntos Jurídicos - Julian Chediak
Propriedade Intelectual - Andreia
de Andrade Gomes
Tax Friday - Richard Edward Dotoli
Energia – Manuel Fernandes
Entretenimento, Esportes e Cultura - Steve Solot
Logística e Infraestrutura - Álvaro Palma de Jorge
Marketing - Noel De Simone
Meio Ambiente - Kárim Ozon
Recursos Humanos - Claudia Danienne Marchi
João Geraldo Ferreira_Presidente, GE Óleo e Gás
para América Latina
Relações Governamentais - João César Lima
Responsabilidade Social Empresarial - Silvina Ramal
Saúde - Gilberto Ururahy
Luiz Carlos Costamilan_Firjan
Seguros, Resseguros e Previdência - Luiz Wancelotti
Luiz Ildefonso Simões Lopes_Presidente, CEO,
Brookfield Brasil
Tecnologia da Informação e Comunicação - André
Bertrand
48_Edição 283_set/out 2013
DIRETORES
Andres Cristian Nacht | Carlos Augusto C. Salles
| Carlos Henrique de Carvalho Fróes | Gabriella
Icaza | Gilberto Duarte Prado | Gilson Freitas de
Souza | Henrique Rzezinski | Ivan Ferreira Garcia
| João César Lima | Joel Korn | José Luiz Silveira
Miranda | Luiz Fernando Teixeira Pinto | Omar
Carneiro da Cunha | Peter Dirk Siemsen | Robson
Goulart Barreto | Ronaldo Camargo Veirano |
Rubens Branco da Silva | Sidney Levy
Ítalo Mazzoni da Silva_Presidente, Ibeu
Julian Fonseca Peña Chediak_Sócio, Chediak
Advogados
VICE-PRESIDENTE
Maurício Max_Diretor do Departamento de
Pelotização, Vale S.A.
Victor Affonso Biasutti Pignaton_Diretor, Centro
Educacional Leonardo da Vinci
Negócios Internacionais
Marcilio Rodrigues Machado
LINHA DIRETA COM A AMCHAM RIO
Diretor-superintendente: Rafael Lourenço
(21) 3213-9205 | [email protected]
Administração e Finanças: Ednei Medeiros
(21) 3213-9208 | [email protected]
Produtos e Serviços: Lívia Corti Tavares
(21) 3213-9231 | [email protected]
Jaqueline Paiva | (21) 3213-9232 |
[email protected]
Comunicação: Andréa Blum
(21) 3213-9239 | [email protected]
LINHA DIRETA COM A AMCHAM ES
Diretor executivo: Luiz Fernando Mello Leitão
(27) 9972-5933 | leitã[email protected]
Coordenadora de Associados: Keyla Corrêa
(27) 3324-8681 | [email protected]

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