Sem título-2 - Fundação Dom Cabral

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Sem título-2 - Fundação Dom Cabral
CADERNO DE IDÉIAS
OUT.2007
CI0722
Índia: O "I" dos BRICs Avança
em Sua Rota de se Tornar um
Tigre em Competitividade
CARLOS ARRUDA
VANJA ABDALLAH FERREIRA
MARINA ARAÚJO
Caderno de Idéias
Ano 7 – N0 22 – Outubro de 2007
Índia: O "I" dos BRICs Avança em
Sua Rota de se Tornar um Tigre em
Competitividade
Carlos Arruda
Professor e pesquisador de Competitividade e Inovação da FDC
Vanja Abdallah Ferreira
Pesquisadora sênior da FDC
Marina Araújo
Assistente de pesquisa da FDC
Projeto gráfico
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Revisão
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Supervisão de editoração
José Ricardo Ozólio
Impressão
Fundação Dom Cabral
2007
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Sumário
A Índia no Relatório World Competitiveness Yearbook 2007 do IMD..........................7
A Economia Indiana e suas Potencialidades Competitivas..............................................9
6
Caderno de Idéias CI0722
A Índia no Relatório World
Competitiveness Yearbook 2007 do
IMD
Relatório de Competitividade Mundial (WCY), publicado pelo IMD, vem servindo,
O
desde fins dos anos 80, como um importante indicador das principais vantagens e desvantagens
competitivas enfrentadas por 55 países. O WCY é uma ferramenta de análise da capacidade de
um país em prover um ambiente no qual as empresas possam competir (eficientemente) e
crescer. A pesquisa que dá origem aos relatórios cobre um total de 323 indicadores quantitativos
(baseados em estatísticas nacionais e internacionais) e qualitativos (baseados na opinião de
lideranças empresariais pesquisadas entre janeiro e março de cada ano).
No ranking geral do WCY 2007, a Índia manteve-se na 27ª posição geral (FIG. 1),
tendo alguns avanços significativos no ano. O crescimento real do PIB e a qualidade do
ambiente empresarial aparecem com destaque além do crescimento das exportações de
serviços e produtos com maior valor agregado. Em declínio, aparecem os fatores associados
à eficiência do governo e infra-estrutura, que se justificam pela burocracia e pela constante
intervenção de agentes governamentais na atividade empresarial. Na Índia, existe uma figura
folclórica conhecida como "Inspetor Raj", que caracteriza a interferência praticamente diária
dos agentes do governo no controle de procedimentos fiscais e trabalhistas. No fator infraestrutura, a Índia, que ocupa a 50ª posição entre os 55 países pesquisados, apresenta
problemas muito parecidos com aqueles observados no Brasil (49ª posição no ranking). Nas
diversas variáveis que compõem esse fator, a Índia e o Brasil ocupam posições bem
semelhantes, por exemplo, infra-estrutura de distribuição: Brasil: 53ª posição; Índia: 47ª;
estado de preservação da infra-estrutura: Brasil: 54ª posição; Índia: 45ª; infra-estrutura
energética: Índia: 53ª posição, Brasil: 45ª. Assim como o Brasil, a Índia tem uma carência
enorme de investimentos em sua infra-estrutura, o que pode colocar em risco todo o
desenvolvimento empresarial e econômico desses países.
Figura 1- Posição da Índia no ranking geral do World Competitiveness Yearbook
Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade
7
8
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A Economia Indiana e suas
Potencialidades Competitivas
economia Indiana é, de acordo com a OMC , a segunda com maior crescimento
A
entre as maiores economias do mundo. Em termos de paridade do poder de compras
1
(PPP), a Índia é a quarta economia do mundo depois dos EUA, China, e Japão. Sua
participação no PIB (PPP) mundial subiu de 4,3%, em 1991, para 6%, em 2005 (IMF, World
Economic Outlook). Crescendo a um ritmo, em média, de 5% desde 1991, nos últimos três
anos (2003-2005), essa média subiu para 8,5%. Ainda vale ressaltar que, no ano fiscal de
2005, ocorreu um crescimento de 9,23% no país (em termos reais). Veja TAB. 1
TABELA 1
Crescimento comparativo da Índia, China com a média mundial
2001
2002
2003
2004
2005
Crescimento do PIB mundial
1,56
1,82
2,76
4,10
3,48
China
8,30
9,10
10,00
10,10
10,20
Índia
5,21
3,73
8,39
8,33
9,23
Fonte: World Bank, Quick Query Data, 2007. Crescimento do PIB.
Segundo a OMC, essas médias de crescimento são fruto de reformas econômicas
iniciadas em 1991 e baseiam-se em algumas mudanças fundamentais em processo neste país.
Entre outros, a OMC destaca como primeiro fator fundamental para crescimento a abertura
da economia. Como exemplo dessa abertura, a OMC aponta as reduções nas tarifas máximas
de importação (de 200%, em 1991, para 12,5%, em 2006); o aumento dos investimentos
diretos (de valores desprezíveis em 1991 para 20,2 bilhões de dólares em 2006); e o aumento
da participação do comércio internacional na composição do PIB (de 14,6%, em 1991,
para 32,7%, em 2006). Esse argumento da OMC não é comprovado pela pesquisa de opinião
realizada para o relatório do IMD junto à comunidade empresarial indiana. Segundo a
pesquisa do IMD, a Índia ainda é a 48ª economia (entre as 55 analisadas) no que se refere à
abertura da legislação nacional para investimentos estrangeiros em empresas indianas.
1
Organização Mundial de Comércio. India Trade Policy Review. Abril 2007.
Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade
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O argumento da OMC para justificar o crescimento sustentável do PIB indiano está
relacionado ao aumento percentual da classe média. Baseando-se na pesquisa do National
Council for Applied Economic Research, estima-se que, aproximadamente, 100 milhões de
pessoas vivem hoje na Índia com renda familiar entre 20.000 e 100.000 dólares (PPP),
comparado com os 15 milhões em 1990-91. A necessidade de consumo dessa crescente
classe média dá ao país um forte estímulo ao crescimento de sua economia doméstica. O
Relatório de Competitividade Mundial confirma essa tendência, tendo a Índia ficado no 7ª
lugar entre os países com melhor economia doméstica como base para a competitividade.
Esse ranking é baseado em indicadores diversos, que incluem, entre outros, os indicadores
de diversificação da economia, composição do PIB, resiliência da economia, etc.
O aumento da classe média se dá ao mesmo tempo em que se observa uma redução
significativa da pobreza neste país. Segundo dados apresentados por autoridades indianas em
um evento recente da OECD2, o percentual da população abaixo da linha de pobreza caiu de
50%, em 1980, para 28%, em 2004-05. Apesar de essa melhoria relativa, 28% da população
indiana, o que significa cerca de 300 milhões de pessoas, continuam vivendo abaixo da linha de
pobreza, colocando a Índia no último lugar entre os 55 países analisados pelo IMD no quesito
renda per capita. Assim como Brasil, China e Rússia, a Índia apresenta-se como um gigante em
crescimento com grandes gaps, principalmente nas condições de vida de sua população. O
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano que mede a expectativa de vida, analfabetismo,
educação e padrão de vida da população, em outras palavras, o índice de bem-estar da sociedade,
inclui a Índia entre os países com níveis médios de desenvolvimento humano.
TABELA 2
Desigualdades sociais e desenvolvimento humano
Coeficiente Gini
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
1980
1992
2000
2004
Índia
0,32
0,32
0,297
0,33
0,563
0,33
0,611
China
0,32
0,38
0,612
0,45
O,706
0,45
0,768
Brasil
0,58
0,60
0,739
0,59
0,747
0,54
0,792
Fontes: Coeficiente Gini United Nations University WIDER: World Income
Inequality Database: http://www.wider.unu.edu/wiid/wiid.htm;
IDH: UNDP, Human Development Reports, http://hdr.undp.org
2
Isher Judge Ahluwalia, Indian Economy: Looking Ahead. OECD Development Centre Seminar, 2007
10
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Como em outros países em desenvolvimento, o IDH da Índia é composto por um
somatório de IDHs de níveis significativamente diferentes, refletindo enormes diferenças
nas condições de renda e vida de diferentes regiões do país. Segundo estudo do Banco
Mundial3, na Índia, os gaps nos níveis de renda e condições de vida entre as áreas rurais e
urbanas implicam diferenças entre regiões - do melhor dos países desenvolvidos às piores
condições encontradas no mundo. Províncias como Assam, Bihar e Orissa (localizadas no
nordeste da Índia, próximas de Bangladesh) - FIG. 2 - têm níveis de pobreza piores do que
aquelas observadas nos países mais pobres da África Sub-Saara. Por outro lado, áreas rurais
nas províncias de Kamataka, Mahya Pradesh e Marashtra (localizadas no centro-oeste da
Índia) apresentam níveis de pobreza e de IDH intermediários. Em contraste a essas, as áreas
urbanas de Deli (Território Federal - "F", no mapa da FIG. 2), Haryana e Punjab (localizadas
na região noroeste do país) têm níveis de pobreza similares às regiões mais ricas do Brasil.
Zonas urbanas e rurais com níveis de renda médio apresentam condições de vida similares
à média do Brasil e da China. Segundo o relatório do Banco Mundial, em relação à
semelhança do Brasil com sua referência à "Bel-Índia", alguns analistas chamam a atenção
para que, devido à diversidade das condições de vida e de pobreza na Índia, esse país poderia
ser chamado de "LA-África".
1. Andhra Pradesh
2. Arunachal Pradesh
3. Assam
4. Bihar
5. Chhattisgarh
6. Goa
7. Gujarat
8. Haryana
9. Himachal Pradesh
10. Jammu and Kashmir
11. Jharkhand
12. Karnataka
13. Kerala
14. Madhya Pradesh
15. Maharashtra
16. Manipur
17. Meghalaya
18. Mizoram
19. Nagaland
20. Orissa
21. Punjab
2. Rajasthan
23. Sikkim
24. Tamil Nadu
25. Tripura
26. Uttar Pradesh
27. Uttarakhand
28. West Bengal
2
Figura 2 - Províncias da Índia
Fonte: Wikipiedia: http://en.wikipedia.org/wiki/India
Banco Mundial, Inclusive Growth and Service Delivery: Building on India's Success. Relatório n.. 34580, 2006.
Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade
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A OMC, em sua análise da economia indiana, destaca o papel do setor privado como
alavancador do crescimento. No relatório do IMD, esse fator aparece como o grande
destaque desse país, ficando na 19ª posição no fator geral de eficiência de negócios em
processo gradual de ganhos de posição desde 2003 (ver FIG. 3)
Figura 3 - Posição da Índia no fator "Eficiência Empresarial"
A OMC destaca a modernização do mercado de capitais, o desenvolvimento de
empresas nacionais com forte presença internacional e a disponibilidade de grande número
de empreendedores e gestores de talento com experiência internacional como fatores
fundamentais para esse crescimento da "eficiência empresarial".
O relatório da UNCTAD: World Investment Report de 20064 identifica apenas
uma empresa indiana - ONGC - Oil and Natural Gás Corporation - entre as cem maiores
multinacionais de países emergentes. Mas empresas como Dr. Reddy´s, Hidalco, Infosys,
Ranbaxy, Tata, TCS, Wipro, destacam-se em seus setores não apenas pelo crescimento de
seus negócios na própria Índia como também em vários países do mundo.
Comparado com outros países emergentes, a Índia é ainda um pequeno player global.
Em 2006, a China exportou mais de US$960 bilhões de dólares; Rússia 304 bilhões; México
250 bilhões; Brasil 137 bilhões. A Índia ficou bem para trás, tendo exportado pouco mais
do que 120 bilhões de produtos. Apesar dessa posição relativamente modesta, as empresas
indianas preparam-se para dar saltos, tendo o governo indiano estabelecido uma meta de
estar entre os três maiores exportadores de manufaturados dos países em desenvolvimento
até 2015. Para alcançar essa meta, vai requerer que o crescimento das exportações de
bens atinja um patamar acima de 300 bilhões de dólares até 2015, passando a ser responsável
por 3,5% das exportações mundiais nesse ano.
Segundo estudo da McKinsey, publicado em 20035, essa meta, apesar de ambiciosa, é
viável. A Índia tem várias vantagens competitivas em setores intensivos em tecnologia, como
autopeças e farmacêutico. Além dos baixos salários, o relatório da McKinsey destaca a
qualidade da mão-de-obra técnica especializada (engenharia de processos, produtos e de
bens de capital), a disponibilidade de matérias-primas básicas e uma boa base de fornecedores
locais, além da demanda crescente do mercado doméstico. Buscando identificar de onde
viria esse crescimento das exportações nos próximos anos, o relatório sugere que cerca de
4
5
UNCTAD, World Investment Report - FDI from developing and transition economies: implications for development, 2006.
McKinsey, Made in India: The next big manufacturing export story, 2003
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Caderno de Idéias CI0722
70 a 90 bilhões de dólares poderiam vir de quatro setores: vestuário, autopeças, produtos
químicos especiais, e produtos eletroeletrônicos. De acordo com a McKinsey, o crescimento
se daria praticamente por contratos de offshoring competindo diretamente com outros
países asiáticos, em especial a China. No setor de eletroeletrônicos, por exemplo, a estimativa
de compra via contratos de offshoring é de cerca de 600 bilhões de dólares, em 2015.
Segundo a McKinsey, a Índia poderia ser responsável por 1 a 1,5% dessa demanda em 2015
(entre 15 e 18 bilhões de dólares), tendo a China e Taiwan como principais concorrentes,
que liderariam a demanda mundial com cerca de 5% cada.
No setor de autopeças, os contratos de offshoring devem chegar a 375 bilhões de
dólares em 2015 e a Índia poderia participar com cerca de 20 a 25 bilhões. Partindo de
uma base de 1 bilhão de dólares em contratos em 2003, esse crescimento vai requerer que
as empresas indianas tenham crescimento de suas exportações de mais de 30%, em média,
nos próximos 8 anos. Crescimentos nesses níveis têm sido observados, nos últimos 5
anos, em países como Tailândia e China, e tudo indica que as empresas indianas
conseguiriam atingir essa meta.
Nesses e em muitos outros setores, nos últimos dois anos, pode-se observar um
crescimento da presença de empresas indianas no mundo via aquisição de concorrentes
internacionais de renome, como a inglesa Corus pela Tata, no setor de siderurgia, e a
americana/canadense Novelis, pela Hidalco, no setor de alumínio.
Segundo a revista The Economist, em 2006, as empresas indianas fizeram 115
aquisições internacionais, totalizando mais de 7,4 bilhões de dólares. Essa tendência, segundo
a revista, deve crescer ainda mais em 2007. Uma pesquisa realizada por uma empresa de
consultoria baseada na Índia, a Grant Thornton Índia, mostra que a maior parte dessas
aquisições aconteceram na Europa (50% do valor total), seguida dos Estados Unidos (24%
em valor). Essa pesquisa indica que 23% dessas aquisições (em volume) aconteceram no
setor de TI seguidas por aquisições no setor farmacêutico/saúde/biotecnologia (14%). Por
valor, a maior parte das aquisições aconteceu no setor de telecomunicações (33,6%) seguidas
do setor de energia (14%), TI (8%) e siderurgia (6.5%).
No Brasil, a presença de empresas indianas ainda é tímida. Um levantamento realizado
pelos autores identificou apenas três aquisições de empresas brasileiras no período 20062007. A Indiana Pidilite adquiriu a Pulvitec, produtora de colas, adesivos, selantes industriais
e de varejo; a gigante do setor de tecnologia de informação Wipro adquiriu a Enabler
(subsidiária brasileira do grupo português Sonae), e a produtora de genéricos Zydus Cadila
adquiriu a brasileira Nikkho, em junho passado.
Um destaque apontado pelo relatório da Grant Thornton é que muitas das aquisições
realizadas por empresas indianas no mundo buscam dar às empresas indianas uma experiência
internacional, permitindo não somente a presença nos mercados internacionais, mas também
o desenvolvimento de competências, marcas e produtos para o mercado indiano. Essa prática
também é observada no Brasil por empresas brasileiras, em pesquisa realizada pela Fundação
Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade
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Dom Cabral na década de 906. Seja para abrir oportunidades de novos mercados ou
para adquirir padrão internacional, o fato é que, a cada ano, novas empresas indianas
entram com destaque nas listas de maiores e melhores do mundo. Em 2007, seis empresas
indianas foram incluídas no ranking das 500 maiores empresas do mundo: Indian Oil na
135ª posição, com faturamento de 45.216,6 milhões de dólares; Reliance Industries na
269ª posição, com $25.158,9 milhões de faturamento; Bharat Petroleum na 325ª posição,
faturando $ 21.862,2 milhões; Hindustan Petroleum na 336ª posição e faturamento de $
20.935,6 milhões; Oil & Natural Gás na 369ª posição, com $19.237,4 milhões; e o State
Bank of Índia, a 495º entre as 500 maiores empresas do mundo com faturamento de
$15.119,4. O Tata Group com faturamento de $21,9 bilhões, em 2006, poderia também
ter sido incluído nesse grupo. Outros grupos empresariais indianos de destaque são
listados na TAB. 3, a seguir.
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ARRUDA, Carlos; BRASIL, Haroldo; GOULART, Linda. Internacionalização de empresas brasileiras. Rio de
Janeiro: Qualitymark, 1996.
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TABELA 3
Maiores empresas indianas por setor
Setor
Empresas
Aglomerados
Essar, Godrej Ltd, Hinduja Group, Jaypee Group, Raheja Group, Tata Group
Alimentos
EID Parry, Food Corporation of India, Maharashtra Hybrid Co., Mahyco (Mharashtra
Hybrid Seed Company), Parle Bisleri, Rallis, United Breweries
Automotivo & transporte Ashok Leyland, Bajaj Auto Ltd, Bharat Forge, Hero Group, Mahindra & Mahindra,
Maruti Udyog, Punjab Tractors Ltd.
Bancos
Bank of India, Centurion Bank of Punjab, Financial Technologies, ICICI Ltd., Kotak
Mahindra Bank, State Bank of India
Bebidas
UB Group
Comunicação
Bennett, Coleman & Co, Essel group, HT Media Ltd, Times of Índia
Construção
AIDA, Grasim Industries, Gujarat Ambuja Cements Ltd, Larsen & Toubro
Cosméticos
Dabur India Ltd, Hindustan Lever
Eletrônicos
Hindustan Teleprinters, Videocon
Energia e Água
Bharat Petroleum, CESCO, Dabhol Power, Gas Authority of India Ltd. (GAIL), GMR
Vasavi, Guj Petrol (Gujarat State Petroleum Corp), Gujarat Gas, Gujarat Torrent,
GVK, Hindustan Petroleum Corp. Ltd., Indian Oil Corp. Ltd., Jindal Tractebel,
Mahanagar Gas, National Thermal Power Corporation Ltd., Neyveli, Oil & Natural Gas
Corp., OPG, Petronet, PPN, Rain Calcining, Reliance Industries Ltd., TIDCO
Equipamentos
Bharat Heavy, Capital Control India, Moser Baer, Suzlon Energy, HCL
Farmacêutico
ACG, Biocon Ltd, Dr. Reddy's Laboratories Ltd, Matrix, Ranbaxy Laboratories Ltd.,
Sun Pharmaceuticals, Wockhardt Ltd, Zydus Cadila Group
Holding
Birla
Hotelaria
Hotel Corporation of India, Oberoi PRS
Imobiliário
Unitech
Metais & mineração
Balco, Hindustan Zinc, Jindal Steel & Power, Kalyani group, OneSteel, Sesa Goa Ltd,
Steel Authority of India, Sterlite Industries India Ltd, Vedanta Resources
Pneus
Apollo Tyres Ltd.
Químico
Cipla, Hindustan Gum, Indian Petrochemicals Corp, Jain Ram, Modis, Shriram Foods
and Fertilizers Ltd. Singhania
Saúde
Fortis Healthcare
Serviços de informática
CMC Ltd, I-Flex, Infosys Technologies Ltd, Satyam, Wipro
Serviços de transporte
Air India, Jet Airways
Serviços financeiros
Bombay Stock Exchange, CARE, CRISIL, Geojit Financial Services Ltd, ICRA,
National Stock Exchange of India, Unit Trust of India
Telecomunicações
Aircel, Bharat Sanchar Nigam Ltd., Bharti Cellular Limited, BPL, Hutchinson Essar,
Idea Cellular, RPG Cellular Services Ltd, Videsh Sanchar Nigam Ltd.
Turismo
India Tourism Development Corp
Fonte: http://www.transnationale.org/
Índia: O "I" dos BRICs avança em sua rota de se tornar um tigre em competitividade
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A pesquisa da Grant Thornton India destaca ainda que, nos últimos anos, têm ocorrido
muito mais aquisições por empresas indianas no mundo do que aquisições de empresas
internacionais na Índia.
Como já destacamos, segundo a pesquisa de opinião do Relatório de
Competitividade do IMD, a Índia ainda é um país com regras muito restritas para a
aquisição de empresas nacionais por investidores estrangeiros. Um exemplo recente
das barreiras impostas à entrada de capital estrangeiro na Índia foi a tentativa de aquisição,
pela inglesa Vodafone, de 67% da Hutchison Essar (quarta maior operadora de telefonia
móvel da Índia) por 11,1 bilhões de dólares. A primeira barreira veio do Banco Central
da Índia, que suspeitou que a compra violaria o limite de 74% estabelecido para
propriedade por estrangeiros de empresas de telecom. Segundo, foi a agência reguladora
de investimentos estrangeiros - Foreign Investment Promotion Board (FIPB) -, que
solicitou à Vodafone para rever as condições do acordo, que envolve outros investidores
privados indianos, além de uma subsidiária da Hutchinson, em Hong Kong. Segundo
analistas, o governo indiano tem interesse nessa aquisição, mas teme que ela crie
precedentes que possam facilitar o acesso de empresas estrangeiras em setores sensíveis,
como telecomunicações, bancos, aviação civil, varejo e jornais7. Para a The Economist,
o impasse das negociações entre a Vodafone e as agências do governo (Banco Central e
FIPB) preocupa o governo, que está preso entre a necessidade de manter as regras
estabelecidas e a de atrair maiores investimentos diretos para o país. Em 2006, o país
atraiu menos de 15 bilhões de dólares em investimentos diretos (cerca de 1,5% do
PIB), ocupando a 30ª posição no ranking de fluxo de investimentos diretos no Relatório
de Competitividade do IMD (China 3ª posição, Brasil 14ª, Rússia 16ª).
Nos últimos anos, pôde-se observar um deslocamento significativo dos centros
de P&D de empresas norte-americanas e européias para regiões tecnologicamente
prosperas da Índia, que possuem centros acadêmicos de renome internacional e
disponibilidade de engenheiros com padrão internacional de formação.
No relatório do IMD, a Índia ocupa a 3ª posição entre os países com maior
disponibilidade de engenheiros qualificados e disponíveis para o mercado de trabalho
e a 2ª posição entre os países menos ameaçados pela possibilidade de deslocamento de
centros de P&D para outros países. Essa posição é ratificada pela pesquisa da Booz
Allen e Insead sobre a globalização do processo de inovação8 . Isso indica que a Índia,
assim como a China, passou a ser, nos últimos anos, alvo de investimentos de P&D
principalmente nas áreas de tecnologia de informação e desenvolvimento de serviços.
7
The Economist, April, 19, 2007.To cap it all: India's limits on foreign ownership are keeping out much-needed
investment
8
BOOZ, Allen ; INSEAD. Innovation: is global the way forward?, 2006.
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Em resumo, a Índia mantém seu ritmo de crescimento para se tornar uma das
economias mais competitivas do mundo. Usando o crescimento da sua classe média e
da sua economia doméstica como plataforma, esse gigante asiático apresenta níveis de
crescimento do PIB somente superados pela China, e possui empresas ocupando lugares
de destaque em vários setores, tanto industriais quanto de serviços. Nossa análise indica
que, nos próximos oito anos, a Índia estará entre os maiores exportadores de bens
manufaturados. Somado ao crescimento constante do seu setor de serviços, estará entre
os maiores players globais. Ainda a melhorar, assim como em todos os outros BRICs,
está a sua capacidade de investir sistematicamente em infra-estrutura e em educação
básica, secundária e profissional. A Índia, tanto quanto a China, apresenta contrastes
sociais marcantes com cerca de 300 milhões de habitantes abaixo da linha de pobreza
(1 dólar por dia). Com bolsões de pobreza, desemprego e baixos níveis de IDH
equivalentes às regiões mais pobres da África, o governo indiano precisa definitivamente
implantar mecanismos para a redução da burocracia fiscal e das barreiras de entradas
para investimentos estrangeiros e para a abertura e fechamento de empresas.
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