expansão com foco em tecnologia

Transcrição

expansão com foco em tecnologia
Novos tempos para fornecedores da indústria do petróleo no Brasil,
de José Carlos Ribeiro Filho, consultor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis
do escritório Vieira, Rezende, Barbosa e Guerreiro Advogados
Cenpes: ampliação concluída
Capitalização necessária
P-57: Um modelo para o futuro
Começa a produção definitiva em Tupi
Especial: Uma nova
logística offshore
Entrevista exclusiva
Pré-sal traz novo panorama de mercado e incrementa
perspectivas de negócios na área de energia,
por Anna Tavares de Mello e Danielle Gomes de Almeida Valois
Expansão com
foco em tecnologia
Um marco crucial, por Maria Alice Doria e Patrícia Guimarães
Novos métodos construtivos e incorporação de técnicas
offshore em dutos terrestres, por Conrado Serodio, José Guido
de Oliveira, Sérgio Menezes Borges e Sergio Barreto Lima
Vantagens competitivas na indústria de óleo e gás,
por Roberto Zegarra
00074
Acidentes com dutos de petróleo e derivados,
por Jaqueline Costa Martins e Rodolfo Bernardo
9 771415 889009
Vazamento de petróleo na era da sustentabilidade,
por Lucas Copelli
Tulio Chipoletti, vice-presidente executivo
da TenarisConfab
ISSN 1415889-2
Revista Brasileira de Tecnologia e Negócios de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis
opinião
Ano XII • set/out 2010 • Número 74 • www.tnpetroleo.com.br
C O B ER T U RA
caderno de sustentabilidade
O Rio de Janeiro acaba de ganhar
sua base de apoio offshore.
Centro de Excelência Logística Offshore
• Mais de 20.000m² de área contíguos ao Porto do Rio de Janeiro;
• Armazém coberto e licenciado para sólidos e químicos;
• Área para inspeção e limpeza de tubos;
• Gestão de Resíduos;
• Equipamentos de içamento no padrão offshore;
• Funcionamento 24x7;
• Operação portuária e atendimento à embarcações no Porto
do Rio de Janeiro.
Conheça mais sobre esta solução g-comex para o mercado Offshore Brasileiro
em: www.gcomex.com.br/bases
CO
2
base ecoeficiente
OFFSHORE LOGISTICS
TN Petróleo 74
We work hard to simplify our costumers operations
1
sumário
14
edição nº 74 set/out 2010
Entrevista exclusiva
com Tulio Chipoletti, vice-presidente
executivo da TenarisConfab
Expansão com foco
em tecnologia
22
Especial: Logística
Uma nova
logística offshore
26 Espírito Santo ganha primeira
base de apoio
28 Insight cria novo sistema de logística
de pessoal em plataformas
31 Negócios à vista
32
36
Cenpes: ampliação concluída
FPSO P-57
Um modelo
para o futuro
39 WEG fornece pacote elétrico
40
44
46
48
Capitalização necessária
Revap: refino modernizado
Rlam: a mãe de todas as refinarias
Começa a produção definitiva em Tupi
50
Liderança em Classificação e Certificação Offshore
e-mail: [email protected] Tel: + 55 21 2276-3535
Cobertura Rio Oil & Gas 2010
Recorde
de público
e de negócios
53
66 69
80
104
Caderno de Sustentabilidade
CONSELHO EDITORIAL
Affonso Vianna Junior
Alexandre Castanhola Gurgel
André Gustavo Garcia Goulart
Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira
Intercâmbio necessário
Bruno Musso
Colin Foster
Empregos na indústria naval
David
Zylbersztajn
dobram em 2010
Eduardo Mezzalira
Tecnologia ainda
Eraldo Montenegro
é a alma do negócio
Flávio Franceschetti
Francisco Sedeño
Gas Energy: transformação da
Gary A. Logsdon
empresa em sociedade anônima
Geor Thomas Erhart
Gilberto Israel
Ivan Leão
Jean-Paul Terra Prates
João Carlos S. Pacheco
João Luiz de Deus Fernandes
José Fantine
Josué Rocha
Braskem
inaugura fábrica
de eteno verde
artigos
120 Vazamento de petróleo na era da sustentabilidade, por Lucas Copelli
132 Acidentes com dutos de petróleo e derivados,
por Jaqueline Costa Martins e Rodolfo Bernardos
135 Pré-sal traz novo panorama de mercado
Luiz B. Rêgo
Luiz Eduardo Braga Xavier
Marcelo Costa
Márcio Giannini
Márcio Rocha Melo
Marcius Ferrari
Marco Aurélio Latgé
Maria das Graças Silva
Mário Jorge C. dos Santos
Maurício B. Figueiredo
Nathan Medeiros
Roberto Alfradique V. de Macedo
Roberto Fainstein
Ronaldo J. Alves
Ronaldo Schubert Sampaio
Rubens Langer
Samuel Barbosa
e incrementa perspectivas de negócios na área de energia,
por Anna Tavares de Mello e Danielle Gomes de Almeida Valois
138 Um marco crucial, por Maria Alice Doria e Patrícia Guimarães
140 Novos métodos construtivos e incorporação de técnicas
offshore em dutos terrestres, por Conrado Serodio, José Guido de Oliveira,
Sérgio Menezes Borges e Sergio Barreto Lima
146 Vantagens competitivas na indústria de óleo e gás, por Roberto Zegarra
149 Oportunidades no setor de petróleo e gás, por Fábio D’Ave
seções
5
6
10
84
96
101
editorial
hot news
indicadores
eventos
perfil profissional
caderno de sustentabilidade
122
124
150
152
154
155
pessoas
produtos e serviços
fino gosto
coffee break
feiras e congressos
opinião
Ano XII • Número 74 • set/out 2010
Fotos: Helibras e MCS
consolidada
Uma indústria
Estão previstos mais de R$ 30 bilhões
em investimentos na construção de
novos petroleiros, graneleiros, portacontêineres, embarcações de apoio,
plataformas e navios-sonda.
Previsão de 300 mil empregos diretos
e indiretos.
Conteúdo local de 75% na compra de
produtos e novos equipamentos.
Fotos: Agência Petrobras e STX Europe
Modernização e ampliação das
instalações aumentando a capacidade
de processamento de aço por ano
em mais de 600 mil toneladas.
Indústria naval brasileira:
construindo, desenvolvendo
e transportando o Brasil
de hoje e amanhã!
SINAVAL – Sindicato Nacional da Indústria da Construção
e Reparação Naval e Offshore
Avenida Churchill, 94/2º andar, conj. 210 a 215, Centro
CEP 20020-050 • Rio de Janeiro • RJ
Tel.: 55 21 2532-4878 • Fax: 55 21 2532-4705 • [email protected] • www.sinaval.org.br
4
TN Petróleo 74
editorial
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Centro – CEP 20041-004
Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Tel/fax: 55 21 3221-7500
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E VARIEDADES
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ou pelo e-mail [email protected]
Filiada à
De volta ao trabalho
P
assadas as eleições, a sensação que temos é de que
finalmente o ano de 2010
poderá retomar sua marcha natural,
sem mais casuísmos, promessas
vãs ou indefinições. Sabemos que a
economia não parou e caminha para
um crescimento acima da média das
últimas duas décadas, podendo chegar, e até superar, os 7% previstos.
Mas não podemos esperar que
isso se repita nos próximos anos,
quando sabemos
que será necessária uma série
de ajustes para
a economia não
perder o rumo
do desenvolvimento sustentável. E para isso,
temos que manter em movimento um
dos principais ‘motores’ da economia
brasileira: o da indústria de petróleo
e gás, que vem alavancando uma
imensa cadeia de fornecedores de
bens e serviços.
Mais ainda: atraindo o interesse
de investidores e companhias do
mundo inteiro, ávidos de participar
desse mercado em forte expansão,
como foi possível ver na Rio Oil &
Gas 2010. O evento bateu todos os
recordes em número de expositores,
visitantes, congressistas, trabalhos
técnicos e rodadas de negócios. Vale
conferir a cobertura completa de
mais uma edição do segundo maior
evento do setor no mundo.
O crescimento acelerado desse
setor está mais do que visível também nos múltiplos empreendimentos
que vêm sendo concluídos ou que
avançam pelo país afora: a Petrobras
recebeu em outubro a P-57, primeiro
projeto de FPSO totalmente confeccionado no Brasil, assim como deu
a partida no sistema piloto de Tupi e
inaugurou o projeto de expansão de
seu centro de P&D, o Cenpes.
Outubro foi, na realidade, um mês
pleno para a estatal, com muitos motivos para comemorar, mais além dos
seus 57 anos e da capitalização recorde que a transformou na segunda
maior companhia aberta de petróleo
do mundo. A Petrobras inaugurou
unidades estratégicas dentro do
programa de modernização da Revap
(que por enquanto é a caçula das
refinarias brasileiras), em São Paulo,
que vai consumir R$ 3,5 bilhões até
2011, e celebrou o aniversário de sua
mais antiga unidade de refino,
a Rlam, na Bahia.
E, ainda, deu a partida no segundo módulo da unidade de tratamento
de gás de Cacimbas (UTGC), na préoperação da unidade de tratamento
de gás sul-capixaba (UTG Sul) e no
campo de gás de Canapu, no norte do
estado do Espírito Santo. Em razão
da paralisação de algumas unidades,
teve uma queda em sua produção de
petróleo, a qual deverá se recuperar
até o final do ano.
Um ano que está às vésperas
de terminar embora o sentimento
seja de que mal começou. Portanto,
é mais do que chegado o momento
de arregaçarmos as mangas e nos
empenharmos para consolidar o
crescimento econômico desse país
que vem quebrando paradigmas, tanto tecnológicos e econômicos quanto
políticos – afinal, elegeu a primeira
mulher presidente da República de
nossa história.
Enfim, são novos tempos. Mas
ainda é antigo e permanente o compromisso que todos nós devemos
assumir e tornar realidade: o de fazer
o Brasil do futuro, o país do presente.
Sem mais delongas.
Boa leitura!
Benício Biz
Diretor executivo da TN Petróleo
TN Petróleo 74
5
hot news
SAP vai promover coinovação no Brasil
Líder mundial em software de
negócios, com soluções utilizadas
em todos os segmentos da economia, a alemã SAP escolheu São
Paulo para abrigar o quinto SAP®
Co-Innovation Lab (Coil). O sistema
abre caminho para a transferência
de tecnologia e um ambiente colaborativo, no qual parceiros e clientes
contribuem para o aprimoramento
de soluções para seus usuários,
utilizando ainda a computação em
nuvem (cloud computing).
O novo laboratório de coinovação da companhia é o primeiro
da América Latina: os outros estão
em Palo Alto (Califórnia/EUA),
Tóquio (Japão), Bangalore (Índia) e
Walldorf (Alemanha), e operam de
forma interligada com computação
em nuvem. Todos possuem configurações similares que incluem
showroom, engenharia, sala de
Cresce produção
independente de
petróleo
A produção de óleo e gás em terra
dos concessionários independentes
atingiu, em agosto, 2.131 barris de óleo
equivalente, segundo dados fornecidos
na sexta-feira (29)
pela Agência de
Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis
(ANP). O volume
não era alcançado
desde 2007 e se
deve principalmente
ao teste de longa
duração do bloco REC-T-155, na bacia do
Recôncavo, na Bahia, operado pela Alvorada Petróleo e adquirido na Nona Rodada de
Licitações, em 2007.
“Com isso, fica mais uma vez evidenciada a importância da continuidade dos
leilões da Agência, que não ocorrem desde
2008”, afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Petróleo
e Gás (ABPIP), Oswaldo Pedrosa.
6
TN Petróleo 74
projetos e conectividade direta com
os próprios data centers globais.
“A SAP Brasil tem recebido
grandes investimentos nos últimos
anos e já é uma das cinco operações mais importantes no mundo.
A instalação
do novo Coil
em São Paulo confirma a
relevância de
nosso mercado
para as operações globais da
companhia no
longo prazo”, destacou Luís César
Verdi, presidente da SAP Brasil. “A
inovação colaborativa traz resultados muito positivos para o mercado
e, combinada à alta qualificação
de nosso time local, será fonte de
soluções e projetos que poderão
ser utilizados, futuramente, não só
no Brasil, mas também em outros
países.”
Há 15 anos no Brasil, a empresa quer ampliar a rede de parceiros locais para tornar-se desenvolvedora de tecnologia no país.
Com investimentos que já somam
um milhão de euros, o Coil tem
projetos em andamento com dois
parceiros nacionais, a Sigga e a
LexConsult, embora outros parceiros globais participem das operações desse laboratório, como Cisco,
F5 Networks, Hewlett-Packard,
Intel, NetApp e VMware. “Geografias como o Brasil ou a Índia não
são lugares periféricos, são fonte
de inovação de relevância global”,
destacou Axel Henning Saleck,
vice-presidente global do SAP
Co-Innovation Lab Network, que
tem o patrocínio global das cinco
parceiras, além da Accenture.
Petrobras assina contrato com a americana UOP
A Petrobras assinou com a
empresa americana UOP, tradicional
fornecedora de tecnologia na área
de refino de petróleo, contrato para
fornecimento dos projetos básicos e
de pré-detalhamento das refinarias
Premium I e II, a serem construídas
no Maranhão no Ceará, respectivamente, para a produção de derivados
para os mercados nacional e internacional. Estes projetos contemplam
dois ‘trens’ (unidade completa) de
refino para a Premium I e um trem
de refino para a Premium II, cada um
com capacidade de processamento
de 300 mil barris/dia de petróleo,
totalizando 900 mil barris/dia de petróleo nacional.
A escolha por sistemas iguais
nas duas refinarias proporcionará
uma redução de custos de projeto e
de instalação, além de diminuir os
prazos de execução dos projetos. A
UOP foi selecionada a partir de uma
competição entre projetistas internacionais, na qual o principal critério
de escolha foi o resultado econômico
global das refinarias, considerando
custos de instalação, operação e re-
ceita proporcionada pelos derivados
produzidos.
Os principais pontos desenvolvidos pela proponente foram: a
otimização do Capex, maximização
de derivados médios e a melhor eficiência energética, com excelentes
resultados em todas estas dimensões. Os projetos também terão como
premissas fundamentais critérios de
segurança, meio ambiente e saúde.
A Petrobras estabeleceu que os
projetos deverão seguir padrões e
normas internacionais, também respeitando as normas legais brasileiras. Os projetos de pré-detalhamento
(Feed/Front End Engineering Design), apesar de responsabilidade da
UOP, serão executados por empresas
de engenharia brasileiras, garantindo a utilização de mão de obra
nacional.
Essa modalidade de contratação
de projeto, centralizada em uma só
empresa, garantirá a integração das
múltiplas tecnologias e processos
que envolvem uma refinaria, com
alta qualidade, menores prazos e
custos globais.
Foto: Cortesia Shell
Shell anuncia segunda fase
do Parque das Conchas
Dois meses depois de anunciar que pretende vender ativos
no Brasil (e vem fazendo o mesmo em outros países), a Shell
anunciou em outubro que dará início à segunda fase da exploração do pré-sal do Parque das Conchas, a 100 km da costa
sul do Espírito Santo.
Sem citar valores, a companhia
anglo-holandesa prevê perfurar mais
sete poços (com cerca de 1.100 m
de profundidade no subsolo marinho) e diz que a expectativa é que,
até o final de 2011, a FPSO Espírito
Santo aumente sua produção diária
de 80 mil (e acima das expectativas iniciais dos parceiros) para 100
mil barris de petróleo. “Esse é mais
um importante marco para o nosso
crescimento substancial nas Américas”, afirma Marvin Odum, diretor
de Exploração e Produção da Shell
para as Américas.
A Shell, que opera o Parque das
Conchas, tem 50% de participação no
ativo, onde se estima que haja 300
milhões de barris de óleo equivalente. O restante da concessão é dividido
entre Petrobras, com 35%, e a estatal
indiana ONGC, com 15%. Além de
petróleo, o FPSO Espírito Santo pode
produzir até 50 milhões de m³ de gás
natural, que serão processados na
Unidade de Tratamento de Gás de
Anchieta (UTG Sul), recém inaugurada, uma vez que já está pronto o
gasoduto ligando o Parque das Conchas a Jubarte, de onde o gás será
enviado para a unidade capixaba.
A Shell deu início à primeira fase
do Parque das Conchas em agosto
de 2009, a partir de nove poços em
três campos – Abalone, Ostra e Argonauta B-West. Foi
o primeiro projeto
em que todos os
campos são desenvolvidos com
base no sistema
de separação e
bombeio submarino: bombas elétricas com 1.500 cavalos de potência
elevam o petróleo por quase 1.800 m
até o FPSO.
“Em outubro tivemos a produção
do primeiro gás comercial do présal e o começo da segunda fase do
Parque das Conchas. Isso mostra que
nosso potencial está sendo explorado
e que os investimentos estão chegando”, comemora o secretário de
Desenvolvimento do Estado, Márcio
Félix Bezerra.
Rufollo comemora
38 anos
Com expertise consolidada na gestão
integrada de serviços, a Rufollo comemora
38 anos de atuação em um mercado cada vez
mais exigente. “Começamos em 1972, lançando
nosso portifólio de serviços atuando em reformas e manutenções
patrimoniais”, lembra
Rufollo Villar, diretor
administrativo da empresa, que hoje atua em
obras de infraestrutura
para áreas de petróleo
e gás, água e sistemas
de esgoto, construção civil em obras de dutos,
limpeza e conservação, dentre outros.
Respaldada na inovação e excelência
em serviços, há alguns anos a empresa
vem ampliando seus serviços, atuando hoje
fortemente também na área de petróleo e
gás, prestando serviços tanto em obras de
infraestrutura, principalmente na construção
e montagem de oleodutos e gasodutos, como
na inspeção, limpeza e manutenção da faixa
de dutos e suas instalações, reflorestamento
e recomposição vegetal em áreas danificadas. “Investimos no aprimoramento de novas
competências para continuar a escrever uma
história de sucesso”, pontua o executivo.
Entre os principais projetos nos quais
participa, está a expansão e manutenção e
inspeção de faixas de dutos dos Sistemas
Petrobras – como a Transportadora Gasoduto
Bolívia-Brasil (TBG) e a Transpetro –, e ainda
as faixas de domínio de dutos do trecho Rio/
São Paulo, nas quais realiza trabalhos de
reflorestamento, recomposição, ampliação,
manutenção e construção de sistemas civis
para o perfeito funcionamento dos sistemas
de gasodutos.
De acordo com Villar, a empresa completou o sexto ano sem acidentes de trabalho. Esse sucesso, segundo ele, é fruto dos
treinamentos contínuos de suas equipes,
das fiscalizações, dos procedimentos e da
utilização de equipamentos de proteção
(EPIs), e investimentos constantes nas atividades. “
TN Petróleo 74
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hot news
GE Óleo e Gás fecha contrato
de US$ 120 milhões no Brasil
A área de perfuração e produção de petróleo da GE Oil & Gas
fechou no início de novembro dois
contratos, totalizando mais de US$
120 milhões, com a companhia sulcoreana Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering Co., Ltd (DSME),
uma das líderes mundiais especializadas em exploração offshore e
construção de navios, plataformas
flutuantes e submarinos.
No primeiro contrato, a GE irá
fornecer sistemas de controle e válvulas de prevenção e monitoramento
em poços de óleo e gás (BOP Blowout
preventer), para serem instaladas em
sondas de perfuração flutuantes pertencente à Petroserv, para atividades
de exploração e produção de óleo e
gás na costa brasileira.
A GE também vai fornecer dois
pacotes completos de perfuração para
as plataformas da Odebrecht Óleo &
Gás, cada um incluindo um sistema
de riser de perfuração (com capacidade de operação em 3.000 m de
profundidade) e controles de BOP.
“Estamos muito contentes por
termos sido escolhidos pela DSME
para fornecer estes equipamentos
para Petroserv e Odebrecht no Brasil. Os contratos demonstram a nossa
habilidade de produzir soluções com
especificações de alta tecnologia e
exceder as expectativas de nossos
clientes quando o assunto é tempo de
entrega de equipamentos tão complexos”, destacou Sam Aquillano, vicepresidente dos negócios de perfuração
e produção da GE Oil & Gas.
Produzidas nas plantas fabris da
GE em Houston (EUA) e Cingapura,
os dois pacotes deverão ser entregues
até novembro de 2011. O suporte
pós-venda, referente a assistência
técnica e sobressalentes, será fornecido pela unidade da GE Oil & Gas
no Brasil.
Petrobras inaugura Polo Naval do Rio Grande
8
TN Petróleo 74
Números do Polo
Naval do Rio Grande
Foto: Agência Petrobras
A Petrobras inaugurou, no final de outubro, o Polo Naval do Rio Grande, em
Rio Grande (RS), com a presença do
presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva. O Polo consiste em uma
infraestrutura de 430 mil m² para construção e reparos de unidades marítimas
(offshore) para a indústria do petróleo, tais como plataformas flutuantes
de perfuração, produção e de apoio.
A nova estrutura permitirá a construção
em série de cascos para plataformas,
aumentando a competitividade nas licitações com a entrada de novas empresas,
possibilitando redução nos preços e nos
prazos dos futuros projetos.
A construção do Polo Naval teve início em agosto de 2006 e sua obra gerou
cerca de 1.400 empregos diretos (média
mensal). A principal instalação do empreendimento é o dique seco, com 350 m de
comprimento, 130 m de largura e 17,1
m de altura, e equipado com um pórtico capaz de erguer até 600 toneladas.
Um dique dessas dimensões (entre os
maiores do mundo) permite a construção
simultânea de dois navios petroleiros
ou duas plataformas. No dique também
poderão ser docadas plataformas ou
navios para a realização de reformas,
conversões ou reparos.
O Polo Naval inclui também ampla
área para montagem de estruturas e de
equipamentos, cabines climatizadas para
pintura, equipamentos para movimentação de carga, dois cais de atracação que
permitem os serviços de acabamento,
oficinas para processamento de aço
e tubulação e diversos sistemas, tais
como: ar comprimido, gases industriais,
elétrico, coleta e tratamento de efluentes etc. As instalações do Polo estão
dimensionadas para comportar até cinco
mil pessoas trabalhando e permitirão
também que se forme mão de obra especializada em construção offshore.
Revitalização da indústria – As instalações do Polo Naval já estão sendo
utilizadas para a construção dos módulos da plataforma P-55. O deckbox
Área total...........................................430.000 m²
Área das oficinas............................... 20.000 m²
Dimensões do
dique seco........................130,0 x 350,0 x 17,1 m
Área útil do dique seco....................45,5 mil m²
Comprimento do Cais Norte.......................42 m
Comprimento do Cais Sul.........................350 m
Capacidade do pórtico..................................600t
Capacidade da oficina
de estruturas..................................... 1.000 t/mês
Capacidade da oficina de tubulação........ 4.000
spools/mês (trechos de tubulações)
Permite a construção de qualquer tipo de
plataforma
da plataforma, cuja montagem está em
andamento no local, receberá os módulos e equipamentos que compõem
a unidade. A união (mating) do casco
inferior, que está sendo construído em
Pernambuco, com o topside e a integração final da P-55 serão executados
em Rio Grande.
A partir do primeiro semestre de
2011, também deve começar a construção de oito cascos para plataformas do
tipo FPSO. A Petrobras tem o direito
de uso exclusivo do Polo por dez anos,
através de contrato de locação.
TN Petróleo 74
9
indicadores tn
Recordes nas importações
de máquinas e equipamentos
Enquanto isso, o faturamento nominal da
indústria de máquinas e equipamentos, que
atingiu R$ 6,13 bilhões em julho de 2010,
registrou queda de 1,6% em relação ao mês
anterior, segundo estudo do Departamento
de Economia e Estatística (DEE) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas
e Equipamentos (Abimaq). Em relação ao
mesmo mês do ano de 2009, houve crescimento de 19,3%.
No período de janeiro a julho de 2010, o
faturamento total chegou a R$ 40,15 bilhões,
valor 16,6% maior do que o acumulado no
mesmo período de 2009 (que foi de R$ 34,42
bilhões). Segundo Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq, no
entanto, os índices de
2009, por refletirem
o período pós-crise,
fornecem uma fraca
base de comparação.
Quando comparados
com o melhor ano do
setor na década, 2008,
os índices permanecem mais baixos. O faturamento total acumulado no período de janeiro a
julho de 2008 foi de R$ 43,12 bilhões.
Aubert reforça, mais uma vez, que o setor está conseguindo evitar prejuízos ainda
maiores graças à atual política de financiamentos do BNDES. A participação do Finame
no faturamento do setor aumentou de 15%
para 52,2% desde o lançamento do Programa de Sustentação do Investimento (PSI),
programa de financiamento do BNDES com
juros de 5,5% ao ano. “Se não fosse o PSI,
o faturamento do setor seria bem menor.
Esse percentual de participação do banco
de fomento representa volume de vendas
de cerca de R$ 17,8 bilhões nos primeiros
seis meses de 2010, em comparação a um
total de R$ 18,5 bilhões registrados em todo
o ano de 2009”, afirma Aubert.
Para o presidente da associação, a participação do BNDES nos índices do setor de
máquinas e equipamentos deve continuar
aumentando até o final do ano, uma vez que
o PSI foi prorrogado até 31 de dezembro.
Cresce consumo aparente – O consumo aparente de máquinas e equipamentos – soma
da produção e das importações menos as
10
TN Petróleo 74
Foto Porto de Santos: Sérgio Coelho, CODESP
Atingindo a cifra de US$ 2,3 bilhões em julho de 2010, as importações brasileiras
de bens de capital mecânicos batem recorde histórico dos últimos 70 anos.
exportações – chegou a R$ 54,62 bilhões no
período de janeiro a julho de 2010, obtendo
uma elevação de 13,2% sobre o mesmo período de 2009, que foi de R$ 48,25 bilhões.
Entre os meses de janeiro e julho de
2010, o setor utilizou 82,28% de sua capacidade instalada, o que representa aumento
de 2,2% em relação ao mesmo período do
ano passado.
Balança comercial – O déficit na balança comercial continua aumentando, tendo atingido,
no período de janeiro a julho de 2010, a marca
de US$ 8,07 bilhões. “Com isso, nossa aposta
em relação a um déficit comercial superior
a US$ 12 bilhões, até o fim do ano, permanece, caso não sejam tomadas as medidas
necessárias para reverter as importações
que ocorrem no país e ações que possam
combater o ‘custo Brasil’ e aumentar a competitividade da indústria nacional”, declara
Aubert Neto.
No período de janeiro a julho de 2010, o
setor exportou US$ 4,84 bilhões FOB e no
mesmo período de 2009, US$ 4,39 bilhões
FOB, atingindo uma variação de 10,3%. Deste
volume, 16,3% foram exportados para os Estados Unidos, 11,36% para a Argentina, 6,31%
para o México, 6,16% para os Países Baixos
(Holanda), e 4,69% para o Chile.
As importações, por sua vez, atingiram US$
12,91 bilhões FOB no período, contra US$ 10,77
bilhões FOB no mesmo período do ano passado,
registrando aumento de 19,8%.
Nível de emprego – O setor manteve a ampliação do quadro de pessoal durante o mês de julho, atingindo um total de 247.640 profissionais
empregados. O número representa crescimento
de 0,7% no nível de emprego em relação ao mês
anterior, e aumento de 7,6%, quando comparado
com o mesmo período de 2009.
Brasil: queda na produção
nacional
Petrobras registrou a maior queda
na produção de petróleo, desde meados
de 2009: 1.943,90 barris/dia de óleo produzidos em setembro desse ano, ficando
aquém de junho do ano passado, quando
chegou a 1.937,60 barris/dia. Paradas para
manutenção de três plataformas na Bacia
de Campos, P-35 (Marlim), PGP-1 (Garoupa)
e P-33 (Marlim) e da Unidade de Processamento de Gás UPGNII no campo de Urucu
(Amazonas) provocaram a queda de 1,9% em
relação à média produzida em setembro de
2009, quando foi atingido o recorde mensal
de 2.003.940.
Em outubro, com o retorno dessas unidades e a entrada em produção de novos
poços, a trajetória de crescimento será retomada. A produção total da Petrobras, Brasil
e exterior, em setembro, foi de 2.529.897
barris de óleo equivalente por dia (boe/d)
indicando uma redução de 1,6% sobre o
mesmo mês de 2009, refletindo as paradas
acima citadas.
Já o volume médio de petróleo e gás
natural extraídos dos campos situados nos
países onde a Petrobras atua chegou a
247.766 barris de óleo equivalente por dia
em setembro, representando um aumento
de 1% em relação ao mesmo mês de 2009.
um FPSO, e em Angola, ganhou a licitação
de cinco sondas de perfuração para a Petrobras. “Estas cinco começam a operar no
começo de 2011 e outras duas, em 2012”,
revela Gradin, informando que quatro sondas
estão sendo construídas na Coreia e uma
outra, nos Emirados Árabes. Segundo ele,
não há estaleiro no país disponível para
construir estas unidades, ressalvando que,
se o cliente quiser construir aqui no Brasil,
a Construtora Odebrecht poderá fazer um
investimento local.
foi 2,1% superior aos 1.980.222 barris/dia,
produzidos em agosto de 2009.
dos Recursos Naturais, Wilson Pástor, país que
preside a Opep em 2010. A reunião de Viena
também decidiu que o Irã presidirá a Opep em
2011, pela primeira vez em 36 anos.
Em seu relatório mensal, a organização prevê
que a demanda mundial deste ano pode aumentar
em 1,13 milhão de barris diários (mbd), atingindo
um total de 85,59 milhões. Baseada nessa estimativa, o crescimento dos pedidos será de 1,3%,
mesmo levando em consideração as oscilações
na recuperação econômica mundial.
Não há mudanças
A Organização dos Países Exportadores
de Petróleo (Opep) anunciou em outubro, em
Viena, que decidiu sustentar os níveis atuais
de produção – fixados há quase dois anos
em 24,84 mbd (milhões de barris diários). A
decisão já era esperada pelo mercado. “Não há
mudanças”, declarou o ministro equatoriano
Produção de países-membros da Opep e não-membros – out/08 a set/10
mb/d (Opep)
mb/d (total)
32
Produção de
países-membros da Opep
88
31
Outros países
produtores
87
Set 10
Jul 10
Ago 10
Jun 10
Abr 10
Maio 10
Fev 10
Mar 10
Jan 10
Dez 09
Nov 09
Set 09
Out 09
82
Jul 09
26
Ago 09
83
Jun 09
27
Abr 09
84
Maio 09
28
Feb 09
85
Mar 09
29
Jan 09
86
Dez 08
30
Out 08
Contribuíram para o resultado a entrada em
produção de novos poços nos campos de
Akpo e de Agbami, ambos na Nigéria. Quando
comparado com agosto de 2010, o volume
apresentou um aumento de 0,4%, devido ao
melhor resultado de poços perfurados na
campanha de 2009, na Argentina.
A produção de gás natural no exterior
foi de 15 milhões 995 mil m³, registrando uma
diminuição de 1,1% em relação ao volume de
agosto deste ano, devido à parada de alguns
equipamentos para manutenção na Bacia
Austral, na Argentina, e a uma pequena redução da demanda brasileira pelo gás boliviano.
Já em comparação com setembro de 2009,
houve uma redução de 1,9%, em decorrência
do declínio natural dos campos argentinos
e da parada de alguns equipamentos para
manutenção.
A produção média de petróleo e gás
natural da Petrobras, considerando apenas
os campos no Brasil, alcançou em agosto
2.351.951 barris de óleo equivalente, com um
aumento de 2,4% em relação aos 2.296.260
boed, extraídos no mesmo mês de 2009,
e de 0,7% quando comparado ao volume
produzido em julho de 2010. Os números,
divulgados em outubro, mostram que a produção exclusiva de petróleo dos campos
nacionais chegou a 2.022.461 barris/dia e
panhias com potencial de crescimento no
país. “A descoberta de
grandes reservas em
á g u a s p ro f u n d a s
na costa brasileira,
terá grande impacto
econômico e criará
importantes oportunidades a médio e
longo prazo.”
A Odebrecht Óleo
e Gás, que atua no Mar do Norte, operando
Nov 08
Com um aporte de US$ 400 milhões, a
Temasek Holding, fundo soberano vinculado
ao Ministério da Fazenda de Cingapura, passa
a ter uma participação de 14,3% na Odebrecht Óleo & Gás, que prevê investimentos
de US$ 3,5 bilhões nos próximos três anos
para se posicionar como empresa integrada de serviços para a indústria petrolífera,
expandindo sua atuação no Brasil, Angola e
América Latina.
“Vamos consolidar os investimentos em
carteira e nos prepararmos para crescer
junto com nossos clientes, participando de
projetos de exploração e produção em águas
profundas”, afirmou o presidente da empresa,
Miguel Gradin, ressalvando que a ideia de um
IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla
em inglês) não foi abortada de todo. “Vimos
a parceria com a Temasek como a melhor
opção para o curto e médio prazo”.
“Acreditamos que a OOG está bem
posicionada para assumir uma posição de
liderança nesse setor, no Brasil e no mundo”,
destacou Matheus Villares, diretor-geral da
Temasek no Brasil, que atua no país desde
2008, avaliando investimentos em com-
Foto: Divulçação
Odebrecht Óleo & Gás tem novo sócio
TN Petróleo 74
11
indicadores tn
Frases
“Defender o regime de concessões para o pré-sal é defender que a
maior parte dos ganhos da atividade sejam apropriados pelo setor
privado e nesse sentido é defender, sim, a privatização do pré-sal.”
José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras. 13/10/2010 – Agência Petrobras
de Notícias
“A importação de derivados prontos ficaria mais barata do que refinar
o petróleo aqui.” Yasser Manaseer, diretor geral da Jordan Modern Oil and
Fuel Services Company, sobre a quebra do monopólio do refino no país, que não
produz petróleo. 20/10/2010 – Agência de Notícias Brasil Árabe
“As reservas petrolíferas da Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) superam um trilhão de barris de petróleo. Este volume
garante à organização a capacidade de suprir a crescente demanda
petrolífera global.” Ali Al-Naimi, ministro do petróleo e recursos minerais da
Arábia Saudita. 20/10/2010 – Agência de Notícias Brasil Árabe
“Não podemos ser exportadores de óleo bruto. Temos de ter duas
refinarias premium, não por uma mania de grandeza, mas por uma
questão de estratégia. O preço do petróleo refinado sobe mais do
que, proporcionalmente, ao custo do refino e permite entrar numa
outra área delicadíssima que é a petroquímica. O país, hoje, é dependente petroquímico.” Dilma Rousseff, presidente da República recém-eleita
no Brasil. 03/11/2010 – Agência Brasil
BTG Pactual incorporará
Coomex
Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural
Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil (abril a setembro/2010)
AbrMaio Junho JulhoAgo
Set
Bacia de Campos
1.702,3 1.686,9 1.648,4 1.672,1 1,678,4 1.604,2
Outras (offshore)
117,8
120,1
115,4 120,4
124,4
124,8
Total offshore
1.820,1 1.807,0 1.763,8 1.792,5 1.802,8 1.729,0
Total onshore
212,5
213,1
214,0 212,5
219,7
214,9
Total Brasil
2.032,6 2.020,2 1.977,8 2.005,0 2.022,5 1.943,9
Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil (abril a setembro/2010)
Bacia de Campos
Outras (offshore)
Total offshore
Total onshore
Total Brasil
AbrMaio Junho
JulhoAgo
Set
26.067,5 26.490,4 26.015,2 25.690,0 25.216,5 24.110,7
9.821,4 10.527,9 11.908,8 11.216,0 11.385,8 14.180,3
35.889,0 37.017,7 37.924,0 36.906,0 36.602,3 38.300,0
15.658,4 15.740,9 15.706,4 15.695,0 15.782,5 15.473,3
51.547,4 52.758,653.630,4 52.601,052.384,9 53.773,3
Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional (abril a setembro/2010)
Exterior
AbrMaio
151,4
151,7
Junho
154,6
JulhoAgo
150,6
151,6
Set
153,6
Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional (abril a setembro/2010)
Exterior
AbrMaio Junho
JulhoAgo
Set
15.323,9 16.214,5 15.878,1 16.047,0 16.170,0 15.955,0
Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d) (abril a setembro/2010)
Brasil+Exterior
AbrMaio Junho
JulhoAgo
Set
2.598,6 2.599,8 2.563,2 2.580,9 2.598,8 2.529,9
(*) Inclui gás injetado.
(**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom).
12
TN Petróleo 74
Fonte: Petrobras
Os cálculos sinalizam um forte incremento em comparação a 2009. Para 2011, o
prognóstico é similar com um aumento de
1,2%, ou seja, 86,64 mbd. Para a Opep, os
preços atuais do petróleo ao redor de (75-80
dólares do barril) têm ajudado a respaldar
a recuperação econômica e a promover o
investimento no setor.
Futuro em queda – Em outubro, os contratos futuros de petróleo negociados na Bolsa
Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em
inglês) fecharam em queda, prejudicados pela
imprevisibilidade do ritmo do crescimento
global e pela recuperação do dólar.
Os contratos com entrega para dezembro
perderam US$ 1,98 (2,40%), fechando a US$
80,56 o barril. Na plataforma ICE, o petróleo
do tipo Brent para dezembro fechou em queda
de US$ 1,77 (2,12%), a US$ 81,83 o barril.
Já a Agência Internacional de Energia
(AIE) estima que o PIB da China – que deve
responder por cerca de 40% do aumento de 2,1
milhões de barris por dia na demanda global
por petróleo este ano – tenha uma expansão
de 9,6% em 2011, abaixo dos 10,5% previstos
para este ano. Para 2011, a previsão é de que
a demanda pela commodity cresça em 1,2
milhão de barris por dia, dos quais a China
seria responsável por um terço disso.
O BTG Pactual assinou acordo para
aquisição de 100% da Coomex, a maior comercializadora independente de energia do
Brasil, com faturamento anual de cerca de
R$ 500 milhões.
A empresa será integrada ao BTG Pactual e representará mais uma plataforma de
negócios da área de Renda Fixa, Câmbio e
Commodities (FICC) do banco de investimentos. A operação constitui um importante
movimento do BTG Pactual na consolidação
de uma estrutura de negociação física e financeira de commodities. Com isso, o banco
amplia o mix de produtos vinculados à energia
oferecidos a seus clientes.
Na avaliação do BTG Pactual, a aquisição
ocorre em um cenário de crescimento econômico, de diversificação da matriz energética brasileira e de expectativa de aumento no volume
de contratos de energia negociados no mercado
livre (ambiente em que grandes consumidores
de energia podem adquirir o insumo de outras
fontes que não apenas a distribuidora / concessionária local). Atualmente, de acordo com
a Abraceel (Associação Brasileira dos Agentes Comercializadores de Energia Elétrica), o
mercado livre de comercialização de energia
responde por 27% da demanda total transacionada no sistema integrado nacional.
TN Petróleo 74
13
entrevista exclusiva
Tulio Chipoletti, vice-presidente executivo da TenarisConfab
Expansão
com foco em tecnologia
Investimentos de R$ 270 milhões até 2013, expansão
da capacidade produtiva e ampliação de parcerias com
centros de pesquisa e desenvolvimento e tecnologia são
alguns dos pontos-chaves da estratégia de crescimento
da TenarisConfab no Brasil.
Maior fabricante de tubos para
as indústrias de gás, petróleo, energia
e automotiva do Brasil, a subsidiária do grupo Tenaris encerrou 2009
com um significativo nível de pedidos
em carteira, no valor de R$ 478 milhões, composto principalmente por
projetos do segmento de petróleo e
petroquímica.
Sustentada pelos planos de investimento anunciados pela Petrobras
e outras empresas privadas, na demanda por dutos e nos projetos de
modernização e novas refinarias da
estatal, a empresa aposta na manutenção desse nível de atividade ao
longo de 2010.
Com base nesse cenário e com o
objetivo de aumentar a capacidade de
produção em 25%, ela está construindo
um novo pavilhão de 7.000 m², com
foco em fabricação de equipamentos como vasos de processo, fornos
14
TN Petróleo 74
por Cassiano Viana
petroquímicos e tambores de coque
para refinarias.
O orçamento do capital da companhia prevê investimentos de cerca de
R$ 270 milhões até 2013 em melhorias
das linhas de produção, produtos para
o mercado OCTG (Oil Country Tubular Goods) – produtos utilizados em
revestimento de poços de petróleo –,
a construção de um centro de treinamento e aumento da capacidade do
negócio de equipamentos em 25%.
Em entrevista exclusiva à TN Petróleo, o vice-presidente executivo Tulio Chipoletti detalha os investimentos,
os impactos tecnológicos do pré-sal,
confirma as apostas da companhia
no Brasil e destaca: é fundamental a
parceria com os centros de pesquisa e
tecnologia. “A aproximação das empresas com a academia tem importância
estratégica para o desenvolvimento
tecnológico do Brasil”, afirma.
TN Petróleo – Qual o balanço do mercado de óleo e gás nesses 67 anos e,
principalmente, dos últimos anos?
Tulio Chipoletti – Vimos uma
mudança bastante importante ao
longo desses últimos anos, o Brasil
passou de importador de petróleo
& gás para produtor, o que muda
bastante o mercado. Passamos
de um país dependente a um dos
grandes players de óleo & gás. Essa
mudança beneficia a empresa, que
vem acompanhando o mercado e
evolucionando positivamente junto
com seus parceiros.
A crise econômica afetou o desenvolvimento da companhia?
A crise teve efeitos, principalmente, na diminuição da demanda nos
mercados de exportação da empresa.
As companhias petroleiras revisaram
seus planos de investimento, como
Fotos: Cortesia TenarisConfab
Estamos investindo
continuamente para
fortalecer produtos
e serviços nas áreas
de OCTG (Oil Country
Tubular Goods) –
produtos utilizados
em revestimento de
poços de petróleo –,
linepipe, tubos para
refinarias e inclusive
para o pré-sal.
consequência do novo patamar de
preço de petróleo e gás e a restrição
do financiamento para seus projetos.
Tivemos de tomar medidas de redução de custos como a implantação de
redução da jornada para preservar o
máximo possível seus recursos humanos e superar o período difícil que
sempre acreditamos ser temporário.
Já no mercado doméstico, tivemos
diminuída a demanda por tubos de
grande diâmetro (linepipe) devido à
finalização do processo de expansão
da malha de gás do Brasil com a conclusão do Plangás, Gasene, e outros
projetos de expansão da linha de troncos de gás feitos pela Petrobras. Em
2010, vemos uma retomada do nível de
atividade nos dois mercados e tivemos
a competência de vender o projeto
da Camisea, no Peru, já que com o
dólar depreciado frente ao real nossos
custos em dólares aumentaram muito,
diminuindo o resultado. Para a área
de equipamentos, a crise, entretanto,
não afetou o mercado e a demanda
se manteve sólida, principalmente,
pela modernização das refinarias da
Petrobras.
Quais as metas e investimentos para
os próximos anos?
Estamos investindo continuamente
para fortalecer produtos e serviços
nas áreas de OCTG (Oil Country Tubular Goods) – produtos utilizados em
revestimento de poços de petróleo –,
linepipe, tubos para refinarias e inclusive para o pré-sal. Estamos investindo
com o objetivo de nos prepararmos
ainda melhor para responder às demandas por produtos e serviços que
irão surgir durante o avanço das etapas
de exploração dos campos localizados
no pré-sal. Nesse sentido, apesar da
crise, mantivemos o investimento de
US$ 15 milhões em nossa planta de
UOE-SAWL, que agora pode produzir
tubos de aço com costura de até 1,25
polegada de espessura, contra o limite
anterior de uma polegada.
TN Petróleo 74
15
entrevista exclusiva
como o centro de treinamento da
TenarisUniveristy no Brasil.
a companhia prevê
investimentos de
quase R$ 270 milhões
até 2013 em melhorias
das linhas de
produção e produtos
para o mercado OCTG.
Vocês pretendem reforçar as parcerias tecnológicas?
Esperamos agora construir um
centro de pesquisa na Ilha do Fundão,
no Parque Tecnológico da UFRJ e já
possuímos acordos firmados com a
Coppe e a Petrobras. Estamos também
investindo em produtos Premium, e a
partir deste ano passaremos a produzir
as conexões Premium TenarisHydril
na planta de Pindamonhangaba.
O orçamento do capital da companhia
prevê investimentos de quase R$ 270
milhões até 2013 em melhorias das
linhas de produção, produtos para o
mercado OCTG, a construção de um
centro de treinamento e aumento da
capacidade da área de negócios de
equipamentos em 25%. Além disso,
estamos investindo na construção
de um novo edifício que funcionará
Quais os principais produtos e serviços fornecidos pela Tenaris hoje
no Brasil?
Somos a principal fabricante de
tubos de grande diâmetro do Brasil.
Entre nossos principais produtos estão
os tubos para a construção de linhas
de transporte de hidrocarbonetos
(gasodutos, oleodutos, alcooldutos e
polidutos) para aplicações terrestres
e submarinas; os tubos para poços de
petróleo (casing e tubings) junto com
nossas conexões Premium da linha
Hydril; os tubos para aplicações industriais; os tubos para aplicações em saneamento; e os tubos para aplicações
estruturais na construção civil.
Qual a estratégia para cada área?
Na linha dos tubos para linhas de
transporte – os linepipes –, atuamos
fortemente no desenvolvimento e
qualificação de tubos para aplicações
offshore em águas profundas e ultra-
Relacionamento próximo com pesquisadores e academia
Em agosto, Roberto Vidigal, presidente da TenarisConfab, tomou posse
como membro do Conselho de Orientação do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Vinculado à Secretaria de Desenvolvimento do Estado de
São Paulo, o IPT é um dos maiores
institutos de pesquisa do Brasil, colaborando para o desenvolvimento do
país há mais de cem anos. Em seus
laboratórios atuam pesquisadores e
técnicos de alta qualificação, sempre
com foco em grandes áreas como
inovação, pesquisa e desenvolvimento
e serviços tecnológicos. A função
ajudará a estreitar o relacionamento
entre a indústria, os pesquisadores e
a academia, no intuito de se criar uma
atuação orientada para a inovação e
desenvolvimento de novos materiais
e produtos.
Recentemente, a empresa participou do Congresso da Associação
16
TN Petróleo 74
Brasileira de Materiais (ABM), no
Rio de Janeiro, com a presença de
Juan Carlos González, diretor global
de Product Development & Research
da Tenaris, no Fórum de Líderes que
aborda o pré-sal, suas demandas
e desafios. No congresso da ABM
apresentamos dois trabalhos técnicos: o primeiro sobre soldagem
circunferencial feita em barcos para
lançamento de tubos offshore e o
segundo sobre a melhora da tenacidade da solda longitudinal SAW (solda
por arco submerso) com utilização de
consumíveis bório-titânio. A melhora
da tenacidade será, inclusive, um dos
focos do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento que a empresa pretende
instalar em uma área de 3,5 mil m² no
Parque Tecnológico da UFRJ, Ilha do
Fundão (RJ).
Temos um acordo de cooperação
tecnológica com a Coppe/UFRJ para
a qualificação de juntas circunferenciais soldadas, desenvolvimento de
tubos OCTG, alto colapso e desenvolvimento de novas técnicas de ensaios
não destrutivos para tubos. Além
disso, a empresa também tem uma
parceria assinada com a Petrobras
para o desenvolvimento de tubos de
alta resistência (X70 & X80) para
aplicações offshore (marítima) em
ambientes com corrosão ácida (sour
service).
Embora 20% mais resistente
que o tradicional X65, o X80 é mais
sensível às tensões de lançamento
em lâminas d’agua profundas, por
isso um dos maiores desafios do novo
Centro de Pesquisas será desenvolver
materiais com alta resistência para
aplicações em dutos de exportação
instalados em grandes lâminas d’água,
principalmente na área onde está
localizado o pré-sal.
expansão com foco em tecnologia
profundas em altos graus de resistência (X70 e X80), quando é necessária
alta resistência mecânica para suportar grandes tensões de lançamento.
Também são usados em instalações
submarinas, que exigem dutos com
maior resistência ao colapso para a
vida útil em grandes profundidades,
assim como maior resistência a corrosão ácida por H2S. Neste segmento estamos trabalhando junto com a
Engenharia Offshore e o Centro de
Pesquisas (Cenpes) da Petrobras, e
já possuímos importante experiência em projetos offshore em águas
profundas e ultraprofundas, tendo em
nosso portfólio de projetos o fornecimento de tubos para os projetos Tupi,
Uruguá-Mexilhão, Campo Camarupim, e agora com o mais recente duto
para o projeto Sul-Norte Capixaba.
Já para os projetos de linepipes terrestres, considerando que o Brasil é
um país de dimensões continentais,
estamos trabalhando com a Petrobras
para o desenvolvimento de tubos de
alta resistência (X80 e X100), a fim
de possibilitar o transporte de grandes
volumes de gás natural em linhas de
grande distância através da aplicação
de elevadas pressões de trabalho.
E na área de poços?
Na área de construção dos poços de petróleo, estamos investindo
na planta de Pindamonhangaba para
fazer a produção nacional das conexões Premium TenarisHydril, que são
uniões roscadas de alta performance
reconhecidas mundialmente e agora à
disposição da Petrobras e outros operadores com produção nacional. Ainda
nas áreas de poços, também estamos
trabalhando intensamente em P&D
para a produção de tubos soldados
de alta resistência (L80, P110, C95 e
Q125) para aplicações como casing e
tubing, como características especiais
de resistência à corrosão ácida e alta
resistência ao colapso.
Qual o impacto do pré-sal no desenvolvimento tecnológico? Qual a experiência adquirida nos testes realizados
no campo de Tupi?
A descoberta dos campos do présal teve um impacto decisivo nesta
área do Brasil. A TenarisConfab já vem
investindo há bastante tempo tanto no
desenvolvimento de produtos quanto
no aprimoramento de suas linhas de
fabricação, sempre com vistas a apoiar
a Petrobras nos desafios atuais e futuros. Todos os trabalhos mencionados
antes, e muitos outros também em
andamento, tiveram sua motivação
nos desafios que a exploração e produção que os campos do pré-sal nos
impõem. A experiência adquirida na
produção dos tubos para o projeto
Tupi foi fundamental para balizar as
necessidades, tanto em termos de
materiais como em termos de equipamentos que serão requeridos para
que possamos ajudar a Petrobras a
ter sucesso nestes desafios.
TN Petróleo 74
17
entrevista exclusiva
Como tem sido essa participação em
projetos no pré-sal?
A mais recente participação nesse
projeto foi a encomenda da Petrobras
de 90 km de tubos de 18 polegadas
em aço X65 para a construção de um
gasoduto offshore que ligará o projetopiloto de Tupi à plataforma de Mexilhão.
Já havíamos assinado um contrato para
fornecimento de quase 187 km de tubos
– também de 18 polegadas em aço X65
sour service – para a construção do
gasoduto offshore que ligará o campo
de Uruguá à plataforma de Mexilhão.
Os dois dutos fazem parte da malha
de escoamento dos campos de petróleo e gás da Bacia de Santos. Outro
projeto também já fornecido à Petrobras para serviços sour foi o ESS-164,
para escoamento de gás do campo de
Camarupim, no Espírito Santo, onde
fornecemos 54 km de dutos offshore
sour service de 24” com espessuras
de 0,875” e 1,000”.
Quais os investimentos (atuais e futuros) na área de P&D?
No Brasil, os investimentos em
P&D vêm tendo um crescimento importante nos últimos anos. A empresa
investe fortemente em P&D em todas
as suas linhas de produtos e processos, com investimentos globais superiores a 70 milhões de dólares por ano.
Contamos com quatro Centros de P&D
18
TN Petróleo 74
A empresa investe
fortemente em P&D
em todas as suas
linhas de produtos
e processos, com
investimentos globais
superiores a US$
70 milhões por ano.
Contamos com quatro
Centros de P&D no
mundo, localizados
na Argentina, México,
Itália e Japão.
no mundo, localizados na Argentina,
México, Itália e Japão, e agora estamos
empenhados na criação de nosso quinto Centro de P&D que será instalado no
Brasil, e estamos em processo para a
obtenção de concessão de área no importante Parque Tecnológico do Rio de
Janeiro, onde pretendemos instalá-lo.
Qual a importância da parceria e
acordos tecnológicos dos centros
de P&D da Tenaris com instituições
acadêmicas locais, como Coppe/UFRJ
e Poli/USP?
São fundamentais. A aproximação
das empresas com a academia tem
importância estratégica para o desenvolvimento tecnológico do Brasil.
A união do conhecimento prático de
aplicação da indústria com o sólido
conhecimento científico das universidades gera uma excelente sinergia, e
esta, quando bem utilizada, traz ótimos
resultados para a empresa e para o
conhecimento científico do país. Além
disso, a formação e especialização de
profissionais altamente qualificados
em ramos específicos do conhecimento é outro fruto muito desejado
desta união. Possuímos um programa
de educação chamado ‘Roberto Rocca
Education Program’, que incentiva e
dá oportunidades para estudantes em
diferentes níveis, desde o incentivo
com uma bolsa-auxílio para estudantes de graduação, até a concessão
de bolsas para doutorado internacional para estudantes de destaque.
Como tem sido essa relação?
No Brasil, temos muito bom relacionamento com diversas universidades e Centros de Tecnologia.
Com a Coppe/UFRJ temos um longo
histórico de relacionamento, e isto
tem se intensificado muito fortemente
nos últimos tempos, sendo que hoje
temos seis importantes projetos de
P&D em execução com investimentos
que deverão superar os R$ 4,5 milhões
neste ano. Com a Poli/USP temos ótimo relacionamento, apoiamos com a
doação de equipamentos para laboratórios de metalurgia e temos profissionais de nossa empresa cursando
mestrado nesta importante universidade. Mantemos também excelente
relacionamento e projetos conjuntos
com diversas outras importantes instituições tais como, IPT, Unesp, PUCRio, Unicamp, UFSC, entre outras.
Há quantas anda o projeto de Centro
de P&D que a Tenaris pretende instalar no Parque Tecnológico da UFRJ,
na Ilha do Fundão?
Todo o projeto de nosso futuro
Centro P&D está em estágio muito
avançado, desde o projeto do prédio,
passando pelas atividades de pesquisa
que serão executadas e definição dos
equipamentos que serão instalados
dentro do Centro e dos equipamentos que poderão ser instalados em
parceria nos laboratórios da própria
universidade. Vale também destacar
que neste futuro Centro teremos forte
especialização para testes de conexões Premium TenarisHydril, equipamentos para testes de colapso para
tubos de grande diâmetro, laboratórios para inovação em técnicas de
soldagem, além de laboratórios para
expansão com foco em tecnologia
Centro Tecnológico
no Brasil.
05<2TbcÈR^]bcadX]S^bTdRT]ca^STcTR]^[^VXP]^
?Pa`dTCTR]^[ÚVXR^SPD5A9R^\_aTeXbÊ^STR^]R[dbÊ^T\! >2T]ca^CTR]^[ÚVXR^5<2cTaÈR^\^_aX]RX_P[U^R^^
STbT]e^[eX\T]c^STcTR]^[^VXPbbdQ\PaX]Pb_PaP^b
STbPUX^bS^?aÐbP[T_PaP^Pd\T]c^SPaTRd_TaPÎÊ^
STÚ[T^8>A)8]RaTPbTS>X[ATR^eTah3T]caTbTdb_aX]RX_PXb
aTRdab^b^2T]ca^R^]cP
aTRdab^b^2T]ca^R^]cPaÈR^\T]VT]WPaXPTb_TRXP[XiPSPT
[PQ^aPcÚaX^b_PaP_Tb`dXbPSTbT]e^[eX\T]c^T`dP[XUXRPÎÊ^ST
_a^Sdc^bR^\^cP\QÐ\RP_PRXcPÎÊ^_PaPX]cTVaPÎÊ^TcTbcTST
_a^cÚcX_^bSTT`dX_P\T]c^bbdQ\PaX]^bT\TbRP[PaTP[
05<2CTRW]^[^VXTbS^1aPbX[R^\SdPbUÈQaXRPb]^AX^ST9P]TXa^T
d\P1PbTSTBTaeXÎ^bT\<PRPÐ_^bbdXRP_PRXcPÎÊ^[^RP[STT]VT]WPaXP
VTaT]RXP\T]c^ST_a^YTc^bUPQaXRPÎÊ^Tbd_^acTcÐR]XR^P^R[XT]cT
TN Petróleo 74
19
entrevista exclusiva
mecânica da fadiga e laboratórios para
desenvolvimentos de revestimentos
metálicos (Clad), poliméricos e orgânicos. Entretanto, além dos temas
relacionados à indústria do óleo &
gás, este Centro também se dedicará à pesquisa e desenvolvimento de
produtos para os segmentos de tubos
para aplicações industriais, para a indústria automobilística, petroquímica,
nuclear, construção civil, entre outros.
E a parceria tecnológica com a Petrobras?
No momento por que passa o Brasil,
a Petrobras se coloca como a ‘mola
História da companhia
A Confab iniciou sua história em
1943, quando o banqueiro Gastão Vidigal, em sociedade com o industrial
polonês Isydor Kleinberger, adquiriu a
Fábrica Nacional de Tambores. Com a
criação da Petrobras, em 1953, e com o
desenvolvimento da indústria de refino
de petróleo no país, surgiram as oportunidades para que a Confab expandisse seus negócios, iniciando a fabricação de equipamentos para a indústria
de base. Com o tempo, as instalações
começaram a ficar pequenas, o que
levou à decisão de se comprar uma
companhia em São Caetano do Sul,
cujo nome, Confab, foi imediatamente
incorporado. Em pouco tempo, esta fábrica iniciou sua produção de fornos,
vasos de pressão e tanques para armazenamento de petróleo.
Em 1961, a Confab iniciou a produção de tubos de aço soldados. Foi nessa época que fechou o primeiro contrato de grande porte: fornecimento de
estacas tubulares para a construção da
Usiminas. Em 1964, a Petrobras comprou da Confab os tubos para o primeiro oleoduto do Brasil, feito exclusivamente com produtos brasileiros, o
Orbel-Linha Belo Horizonte-Serra da
Mantiqueira. “Foram as exigências de
excelência da Petrobras que permitiram à Confab a qualidade para competir no mundo inteiro. Todos esses
desafios, toda essa credibilidade, a
confiança de que éramos capazes de
fazer, e a política de utilizar produtos
nacionais que criaram a Confab e outras empresas”, explica Roberto Vidigal, presidente da Confab desde 1985.
Na década de 1970, a Confab estruturou-se em duas unidades – tubos
20
TN Petróleo 74
e equipamentos – hoje chamadas, respectivamente, TenarisConfab e Confab
Equipamentos. No mesmo período
teve início a exploração da Bacia de
Campos, quando a Petrobras decidiu
encarar o mar em busca de alternativas para a exploração de petróleo. A
iniciativa resultou no descobrimento
de 20 campos marítimos. Em 1985, a
estatal atingiu a marca de 500 mil barris por dia, dando um importante passo
para a autossuficiência petroleira.
Foi também nos anos 80 que a
direção da então Confab apostou na
abertura de capital, disponibilizando
60% de suas ações na busca do crescimento, diversificação e captação de
recursos externos.
Em 1994, a Confab forneceu à Petrobras mais 24 mil toneladas de tubos
para a construção do Gasbel, gasoduto
que une o Rio de Janeiro a Belo Horizonte. Em 1997, a empresa participou
com a Techint Engenharia e Construção, da construção do gasoduto Brasil-Bolívia, um dos maiores projetos de
infraestrutura já realizados no mundo.
Com o objetivo de agregar valor e
aumentar a gama de produtos oferecidos aos clientes, a Confab, em 1998,
fez uma sociedade com a empresa
argentina Soco-Ril, e inaugurou a Socotherm do Brasil, planta de revestimento especial para tubos de aço. No
ano seguinte, a Organização Techint
adquiriu o controle acionário da Confab e Roberto Vidigal foi convidado a
permanecer como presidente da empresa.
Em 2001, criou-se a marca Tenaris
e a Confab adotou o nome de TenarisConfab para sua planta de tubos e Con-
propulsora’ do desenvolvimento tecnológico da indústria nacional, e também
internacional, sendo que a parceria
tecnológica que mantemos com a ela é
um ponto essencial para que possamos
estar preparados tecnologicamente
para continuar colaborando na superação dos desafios e para que possafab Equipamentos para sua unidade
de equipamentos industriais. No ano
seguinte, produtos diferenciados com
elevado grau de requisitos técnicos
foram entregues para os clientes dos
projetos regionais de Camisea (Peru),
OCP (Equador), Gasyrg (Bolívia) e Carina & Áries (Argentina).
Importantes contratos nacionais
também foram realizados em 2002,
como os gasodutos offshore Campinas-Rio e PDEG, ambos da Petrobras.
Ainda nesse, ano para estreitar mais
seu relacionamento com os principais
clientes, a TenarisConfab criou uma
base em Rio das Ostras (RJ) sob o sistema de entrega just-in-time de tubos
para revestimentos de poços de petróleo e administração de estoque.
Com a inauguração da planta de
Tratamento Térmico, em 2003, e com
o início da produção de hastes de
bombeio e acessórios em 2005, a TenarisConfab – com uma visão global do
negócio, mas ação local – se consolidou como líder em tecnologia tubular e
inovação em serviços para a América
do Sul.
A partir de 2009, a Confab intensificou os investimentos na planta de
Pindamonhangaba para responder aos
novos desafios impostos pela prospecção e exploração de petróleo na
camada de pré-sal. Só no ano passado
foram investidos cerca de R$ 51 milhões.
Em 2010, a TenarisConfab aumentou sua gama de produtos ao incorporar a produção de roscas Premium
TenarisHydril no Brasil. A Hydril foi
adquirida pela Tenaris em 2007 para
que, juntas, pudessem oferecer aos
clientes do mundo todo uma linha completa de conexões Premium integrais e
com acoplamento para as aplicações
mais exigentes da indústria.
mos continuar sendo um dos principais
parceiros no fornecimento de soluções
em produtos e serviços.
E quanto à questão de SMS e sustentabilidade?
A história da empresa está muito
entrelaçada com a da comunidade na
qual está presente, compartilhando
uma visão de longo prazo, de compromisso sustentável com o desenvolvimento local e respeito ao meio
ambiente. Internamente, o conceito
de meio ambiente é trabalhado em
conjunto com a segurança e saúde
ocupacional. Nesse sentido, a TenarisConfab concluiu há dois anos
a implantação do Sistema de Gestão de Meio Ambiente, Segurança e
Saúde Ocupacional (SGMASS), tomando como referência as normas
internacionais ISO 14001 e OHSAS
18001. A implantação envolveu o
treinamento de todos os funcionários, com o objetivo de capacitá-los
a reconhecer os aspectos ambientais e os perigos envolvidos em suas
atividades, bem como a praticar os
necessários controles operacionais.
E no âmbito externo?
Fruto de uma parceria com a Prefeitura de Pindamonhangaba, universidades e entidades ligadas ao meio ambiente, a TenarisConfab desenvolveu,
em 2007, o projeto Pinda Florida, que
visa a educação ambiental de crianças e jovens a partir do estudo de um
dos maiores tesouros ambientais de
Pindamonhangaba: o Parque Natural
Municipal do Trabiju, de mais de 5,9
milhões de m², situado na Serra da
Mantiqueira, em uma área protegida
da Mata Atlântica.
A primeira fase do projeto contemplou estudos sobre a diversidade do
Trabiju, a organização de atividades
educativas experimentais e a inclusão
de portadores de deficiências visuais na
pesquisa de campo. A Fase II, iniciada
em julho de 2008, dá continuidade
às atividades de pesquisa e estimula
o envolvimento das escolas da rede
municipal de ensino por meio de visitas monitoradas e da utilização em
sala de aula do almanaque Conhecer
para conservar, patrocinado pela empresa para divulgar as riquezas da
Mata Atlântica.
O Pinda Florida contribuiu para
que Pindamonhangaba fosse a primeira cidade da região a regulamentar um
parque municipal de acordo com as
normas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
(Snuc). O projeto também contempla
a revitalização de praças e espaços
públicos, dos quais oito foram ‘adotados’ pela TenarisConfab a partir
de 2002. Em 2009, o Pinda Florida
incluiu a criação de hortas comunitárias com base na agroecologia, que
leva em consideração a dinâmica do
funcionamento das florestas, como
a do Trabiju.
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logística
Uma nova
Foto: Cortesia Helibras
logística
offshore
O aquecimento nas atividades de exploração de petróleo e gás
no país, por conta do pré-sal, vão levar a Petrobras a dobrar seus
investimentos em logística nos próximos cinco anos, para acompanhar a crescente produção de petróleo, que deve passar dos
atuais 2,7 milhões de barris por dia para 5,3 milhões em 2020,
o que representa um aumento de 7,1% a cada ano.
22
TN Petróleo 74
por Cassiano Viana
Foto: Cortesia MCS
U
ma complexa operação logística vem
sendo elaborada
pela Petrobras para
viabilizar as operações de exploração
e produção no pré-sal, no sentido
de superar as longas distâncias – a
distância dos campos para a costa é
em torno de 350 km, três vezes mais
do que a média da Bacia de Campos
– e as limitações de deslocamento.
Para enfrentar esses desafios, na
sua estratégia logística offshore a
Petrobras apostará no uso de hubs
logísticos, centros de distribuição
em pontos intermediários entre as
bases e o local das operações.
Os números mostram o tamanho desse desafio: a quantidade de
passageiros (petroleiros offshore)
transportados anualmente pela
companhia vai passar de 800 mil
para 1 milhão, até 2016, e o volume de carga vai subir de 400 mil
toneladas por ano para 1 milhão até
2020. Para dar suporte às operações
do pré-sal, serão construídos três
aeroportos até 2016, nos municípios de Campos dos Goytacazes
(RJ), Santos (SP) e Itaguaí (SC),
além de três portos que também
entrarão em atividade nos próximos anos: Ubu, no litoral Norte do
Espírito Santo, em 2014; Santos,
em 2015; e Itaguaí, que deverá ser
concluído até 2016.
A logística de apoio em alto-mar
– transporte de materiais, equipamentos e equipes de instalação de
sistemas de ancoragem e de operação em poços –, terá de ser espeTN Petróleo 74
23
logística
Aeroportos
Portos (apoio offshore)
CPVV
VITÓRIA
CPVV
SÃO TOMÉ
MACAÉ
SAMARCO – UBU
(2014)
CABO FRIO
MACAÉ
JACAREPAGUÁ
VITÓRIA
SAMARCO – UBU
PORTO DO RIO
ITAGUAÍ (2016)
ITAGUAÍ (2016)
SANTOS (2015)
ITANHAÉM
SANTOS (2015)
NAVEGANTES
ITAJAÍ
SÃO TOMÉ
MACAÉ
CABO FRIO
ITAGUAÍ
PORTO DO RIO
JACAREPAGUÁ
SANTOS
NAVEGANTES
ITAJAÍ
cífica. O desafio é estabelecer essa
logística de forma segura e a custos
aceitáveis. “A perspectiva de crescimento da logística da Petrobras nos
próximos cinco anos é de 100%”,
afirma Ricardo de Araújo, gerente
geral de E&P da Petrobras.
A Petrobras vai também dobrar o
número de embarcações em operação
para 400 até 2017. “Nós já temos uma
logística preparada para atender às
demandas do pré-sal, mas precisamos
continuar investindo em tecnologias
e ampliação do sistema para acompanhar o crescimento da produção
nas próximas décadas”, diz.
A grande distância da costa e a
maior profundidade da exploração
(2.200 m) são algumas das dificuldades que terão que ser superadas
pela Petrobras para viabilizar a produção na área do pré-sal.
Soluções integradas
“Os problemas são muito desafiadores quanto aos volumes
TN Petróleo 74
Bacia de Campos
Distâncias médias entre a costa
(Macaé) e os principais campos
em produção (km)
ITANHAÉM
24
Bacia do
Espírito Santo
Bacia de Santos
Garoupa........................................................ 142
Enchova........................................................ 114
Pampo........................................................... 114
Roncador..................................................... 200
Albacora Leste.............................................198
Marlim Leste............................................... 145
Marlim Sul................................................... 182
Tupi...............................................................320
que serão produzidos e co mercializados,
os prazos envolvidos, as condições geográficas
da produção e a
tecnologia necessária”, explica o gerente-geral de
Planejamento de Logística da Área
de Abastecimento da Petrobras nos
últimos seis anos, o engenheiro
Carlos Felipe Guimarães Lodi.
“Vamos sair de uma região de distância média de 150 km da costa para
outra de 350 km. Os desafios serão
mais rigorosos em termos de altura
de ondas, ventos, correntes. Juntamse a isto as profundidades, que vão
interferir nas soluções. Além do que,
é importantíssimo que procuremos o
transporte o mais econômico possível
dada a distância e a competitividade
das explorações”, acrescenta.
Para o executivo, há ainda problemas relevantes a serem tratados
nos planejamentos em curso. Entre
eles, o desenvolvimento de uma
solução dutoviária que sirva de
modal alternativo e complementar. Segundo Lodi, no médio prazo
(de 2013 a 2017), deverá haver a
instalação de um terminal oceânico em águas rasas (75 m), mais
próximo da costa, o que eliminará
a necessidade de o óleo do pré-sal
ser trazido à terra.
Atualmente, os funcionários são
levados de Campos (RJ) de helicóptero às plataformas, em voos
que podem durar até duas horas e
em uma distância média de apenas
100 km. As aeronaves, por sua vez,
possuem limites de autonomia. Já
os equipamentos e suprimentos vão
por embarcações de apoio, como
rebocadores, que navegam a uma
velocidade de 1,6 km/h.
Nesse modelo logístico – um
aperfeiçoamento dos flotels, plataforma de petróleo adaptada para
servir unicamente como uma es-
uma nova logística offshore
Porto de Imbetiba, Macaé (Petrobras)
Área..................................... 55.000 m²
Cais do Porto
3 piers......................................6 berços
Comprimento................................ 90 m
Capacidade de estocagem – água: 6.000 m³; óleo: 4.620 m³; granéis: 33.000 p³
Triunfo Logística
Área coberta.................................... 42 mil m²
Berço de atracação........................................ 2
Profundidade............................................8,5 m
Comprimento de cais............................ 700 m
Obs.: equipamentos de diversas tonelagens
para movimentação de cargas especiais.
Foto: Cortesia Triunfo Log[istica
O horizonte pela frente
Para as empresas especializadas em logística offshore, as perspectivas são as melhores.
Com um terminal portuário
localizado no Porto do Rio de Janeiro, a Triunfo Logística anunciou, em setembro, a assinatura
de contrato com a Petrobras para
fornecer base de apoio subaquática em plataformas offshore.
O acordo, firmado em agosto,
prevê o fornecimento de equipamento, transporte, áreas e berço
para atracação de seus supplies.
“Nosso terminal foi arrendado em
regime público e está sendo muito
interessante para a Petrobras este
tipo de operação em área portuária arrendada”, comenta o diretor
comercial da Triunfo, Alexandre
Lima. “Estamos conseguindo romper paradigmas que faziam com
os operadores tivessem receio de
atuar em uma área portuária pú-
Largura...........................................15 m
Calado máximo............................... 8 m
Deadweight máximo............5.000 ton
Atracações............................. 440/mês
Foto: Banco de Imagens TN Petróleo
pécie de hotel flutuante, em operação na Bacia de Campos –, os
funcionários serão transportados
em grandes embarcações, com capacidade para 150 a 300 pessoas,
até uma plataforma construída especialmente para atuar com esse
fim, instalada em um ponto mais
próximo da costa. De lá, partirão
para as plataformas em helicópteros menores, que percorrem uma
distância mais curta, com economia
de tempo e combustível.
Essas unidades terão a capacidade para manter um número elevado de pousos e decolagens, área
para abrigar os helicópteros quando
estejam fora de serviço, além de
contar com alojamentos e áreas
para armazenamento de carga seca,
como tubulações e equipamentos de
manutenção para as plataformas do
pré-sal. Sem falar nas embarcações
que serão necessárias para o abastecimento de todas essas unidades
offshore e barcos de apoio.
blica arrendada, e as operações
estão sendo efetuadas acima da
expectativa da Petrobras.”
A parceria marca o posicionamento definitivo da empresa no
setor de petróleo e gás. “Petróleo
e gás é um mercado em expansão
e queremos, cada vez mais, fazer
parte dele. A primeira vez aqui
na feira, por exemplo, foi meio
frustrante, mas desta vez estamos
mais bem posicionados”, afirmou.
“Uma coisa puxa a outra.”
O terminal da Triunfo possui
acesso direto de pessoas, embarcações, trens, veículos e cargas.
O terminal dispõe de toda infraestrutura, procedimentos e licenças
necessários a uma base de apoio
para o reparo de embarcações e
plataformas, oferecendo serviços
que vão desde o recebimento da
plataforma na área de embarque
do prático, sua transferência e
atracação no cais da base, sua
manutenção atracada durante os
TN Petróleo 74
25
logística
operadoras que irão necessitar de
infraestrutura portuária para atender as suas necessidades”, avalia.
“Com certeza muita coisa terá que
ser feita para podermos caminhar
com segurança, e o Estado terá
que participar em conjunto com a
iniciativa privada, viabilizar investimentos neste setor.”
Wilson,Sons (três bases)
Niterói, RJ (foto)............................. 184 mil m²
São Luis, MA..................................... 12 mil m²
Vitória, ES......................................... 20 mil m²
Foto: Cortesia Wilson, Sons (Brasco)
Centro de Excelência
serviços até a entrega no local do
recebimento.
“Estamos otimistas quanto ao
aumento de nossa participação
no setor, já estamos trabalhando
como base de apoio para a unidade subaquática da Petrobras e
nossa expectativa é de ampliarmos
este serviço para outros setores”,
comenta.
“Também estamos oferecendo
nossa estrutura como fornecimento
de facilidades em obras de reparo
em plataformas e FPSO. Vamos
Espírito Santo ganha
primeira base de apoio
Com a perspectiva de entrar em
operação no final de 2011, a primeira
base de apoio logístico offshore do estado voltada para a atividade petrolífera
teve o protocolo de intenção assinado
em maio, entre a empresa capixaba
União Metalúrgica, a norte-americana
Edson Chouest Offshore, o Governo do
Estado e a Prefeitura de Vila Velha.
A base – um porto e um estaleiro
na Enseada do Jaburuna – atenderá
às necessidades das plataformas que
produzem petróleo e gás no mar de
todas as empresas petrolíferas.
26
TN Petróleo 74
investir no aumento de nossa capacidade instalada para atender a
demanda do pré-sal. Estamos arrendando áreas externas, comprando
equipamentos novos e efetuando
treinamento de pessoal para fincarmos nossa bandeira, definitivamente, como a melhor opção de base de
apoio no Rio de Janeiro.”
Para Lima, o maior desafio será
montar a infraestrutura de apoio,
necessária para poder atender
a demanda estimada. “Além da
própria Petrobras, teremos outras
Ao todo, serão investidos R$ 300
milhões – 40% da União e 60% da
Chouest. A implantação da base será
feita em três etapas. Na primeira,
serão investidos cerca de R$ 100
milhões para a construção da base.
A segunda parte do investimento,
de mais R$ 100 milhões, será para a
aquisição de equipamentos e máquinas. Numa terceira fase, outros R$
100 milhões serão investidos, nos cinco anos seguintes, em novas tecnologias, processos de gestão e ampliação
da própria base.
A ideia é iniciar as obras até o
final do ano, quando o processo de
licenciamento deverá estar pronto.
As distâncias costeiras que
envolvem os campos do pré-sal,
a falta de infraestrutura portuária
adequada para dar suporte às operações, a necessidade de ampliação
da frota de barcos em um curto espaço de tempo com estaleiros sem
condições de atender os pedidos
nos prazos necessários, helicópteros adequados e disponíveis são
apenas alguns exemplos dos desafios logísticos que serão enfrentados nos próximos anos. “A
logística será o
grande gargalo
dos processos
em E&P para os
próximos mo mentos”, afirma
Eduardo Paes Leme, CEO do grupo G-Comex.
O Grupo – que lançou, em abril,
seu Centro de Excelência Logística Offshore, o G-Comex Offshore
Logistics, base de apoio que operará na região portuária do Rio de
Janeiro – tem encarado os desafios
como oportunidades.
O Centro de Excelência já está
funcionando, inclusive já habilitado
como Operador Portuário no Porto
do Rio de Janeiro. Com o Centro,
a G-Comex será capaz de receber,
armazenar, controlar, preservar e
movimentar materiais destinados
a operações offshore, dentro do
mais alto padrão de excelência em
QHSE exigido pelo mercado.
A operação das embarcações
será feita a partir do Porto do Rio
TN Petróleo 74
27
G-Comex
Área da retroárea............................ 20 mil m²
Área na proximidade do cais..........30 mil m²
Área de escritórios..............................300 m²
Área coberta de armazenagem..........800 m²
Área para químicos............................ 200 m²
Cais público disponível.......................2500 m
Calado médio............................................ 10 m
Foto: Cortesia G-Comex
logística
Obs.: capacidade de 10 ton por m² para
movimentação de carga e gerenciamento
de resíduo.
de Janeiro, que dispõe de mais de
3.000 m de cais – hoje, pouco utilizado na importação e exportação
de carga em geral. “Dedicamos um
ano de intenso estudo e construímos um modelo que consideramos
adequado para operar no ambiente do porto organizado”, comenta
Paes Leme.
O empreendimento envolveu
um investimento na ordem de R$
5 milhões, exclusivamente com
recursos próprios. O G-Comex
Offshore Logistics foi implantado seguindo os padrões de uma
Base Ecoeficiente, que visa não
somente criar uma operação dentro
das normas exigidas pela lei, mas
transcender este limite, incentivando funcionários e todos os que
passem pelas instalações da base
a aplicar ações simples de respeito
ao meio ambiente e ao ser humano
de forma geral.
“Estamos investindo pesado em
nossa base de apoio offshore no
Porto do Rio de Janeiro, criando
um modelo de operação eficaz, sustentável na viabilidade econômica
para o atendimento às embarcações
de apoio às campanhas nas bacias
de Santos e de Campos”, enumera. “Nossa retroárea já dispõe de
20.000 m² para estocagem de ma-
Insight cria novo sistema
de logística de pessoal em plataformas
A Insight Consulting, especializada
em Gestão Empresarial, Finanças e Tecnologia da Informação, desenvolveu um
exclusivo sistema de logística de pessoal em plataformas, o Teaming, capaz
de melhorar em 30% o planejamento,
programação e controle das turmas de
embarque e desembarque, desde sua
origem em terra até o deslocamento.
O software garante aumento de
produtividade e melhoria da gestão,
podendo reduzir custos em até 20%.
O sistema encontra-se em implantação
em seis plataformas de Óleo e Gás simultaneamente. “Durante dez meses
28
TN Petróleo 74
desenvolvemos o
sistema a partir
da demanda de um
cliente. Juntos, investimos R$ 400
mil. A Insight possui direito exclusivo à comercialização do produto”,
afirma Anderson Menezes, sócio-diretor da Insight Consulting.
Com o uso do Teaming é possível integrar os processos logísticos com o RH,
treinamento e medicina do trabalho, eliminando o risco de pendências de embarque.
terial, químicos, tubos e gestão
de resíduos. Estamos negociando
áreas no Caju que nos permitam
chegar a um parque com um total de 150.000 m² de área. Nossa
esperança é de termos esta meta
vencida até o final do primeiro trimestre de 2011.”
“Temos estudado propostas e
possibilidades para a implantação
de uma operação similar à nossa base de apoio offshore no Rio
de Janeiro, no estado do Espírito
Santo. Nossos clientes estão lá,
enfrentando problemas sérios de
logística portuária, vamos investir e
aproveitar estas oportunidades.”
Segundo o executivo, a G-Comex
tem firmado parcerias sólidas no Brasil e no exterior para disponibilizar
embarcações estrangeiras de apoio
marítimo às operações, imediatamente, e já em 2011 deve iniciar a
construção de um ou dois barcos
próprios brasileiros, aumentando
esta frota de forma programada para
atingir um número de 20 barcos entre PSVs e HTSs até 2020.
Além de estudar soluções aplicadas à gestão e à segurança ambiental nas operações offshore,
“Temos executivos contratados e
desafiados a nos trazer soluções
práticas para este negócio.”
Por meio do software pode-se enviar uma
prévia das turmas selecionadas ao gestor
de plataforma e organizar as escalas levando em conta pendências de férias, treinamentos, exames obrigatórios e licenças
médicas dos funcionários.
O sistema sincroniza e otimiza as
ordens de serviços para transporte e
hospedagem durante o deslocamento dos profissionais, do seu ponto de
origem, em qualquer local do país, até
o embarque na plataforma. O sistema
foi desenvolvido em ambiente WEB
dot net, o que permite acesso fácil das
plataformas, locais remotos e base de
controle, e possui um painel de gestão
de controle de profissionais, com função e foto de cada um.
TN Petróleo 74
29
logística
Para expandir a atuação no segmento de exploração de petróleo e
gás e gerar mais negócios não só
para o Terminal Offshore da Brasco,
mas também para as outras áreas de atuação do grupo, a Wilson,
Sons criou a gerência de Oil&Gas.
O objetivo da gerência é integrar
todas as plataformas de negócio da
companhia que têm possibilidade
de oferecer serviços para o setor.
A intenção da Wilson,Sons é
fazer com que todas as seis áreas
de negócios se coordenem para oferecer serviços mais completos para
seus clientes. Com diversos tipos de
serviços integrados, as empresas
podem contar com os benefícios de
tratar de várias questões da logística
com apenas uma interface.
Presente nos principais portos
do Brasil, o grupo conta atualmente
com mais de quatro mil funcionários. Suas diferentes áreas de negócios, que atuam de forma sinérgica,
abrangem 16 filiais, 23 operações
de logística, dois terminais de contêineres, um estaleiro e instalações
físicas distribuídas por diversas
capitais brasileiras.
“Somos hoje a única empresa
capaz de atuar em todas as etapas
da cadeia de serviços logísticos
para o segmento de petróleo e gás
em qualquer estado do país”, diz
Renata Pereira, gerente de Oil&Gas
do grupo.
A expectativa
da Wilson,Sons
é muito positiva.
“Estamos investindo fortemente
para fortalecer e
aumentar nossa
posição no segmento de Oil&Gas.
Isso se reflete em nossos investimentos previstos na expansão
do estaleiro do Guarujá, US$ 40
milhões, e na construção do novo
estaleiro no Rio Grande, aproximadamente US$ 140 milhões. Nosso
30
TN Petróleo 74
Foto: Cortesia STX Brasil
Expansão planejada
Segundo a Antaq, os novos projetos de terminais
e portos de apoio offshore
têm potencial para captar
entre US$ 10 bilhões e
US$ 20 bilhões em atividades como supply
offshore (abastecimento
de plataformas), apoio marítimo, produção de tubos
flexíveis, entre outras.
Mercado de apoio
marítimo no Brasil
Empresas brasileiras autorizadas
pela Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (Antaq)............................ 99
Empresas operando no
apoio marítimo..................................... 50
Empresas associadas à Associação
Brasileira de Apoio Logístico
(Abeam)................................................ 23
Embarcações em operação
(bandeira brasileira)...........................132
Embarcações em operação
(bandeiras estrangeiras)................... 135
Total de embarcações....................... 267
Obs.: 2008: cerca de US$ 765 milhões
gastos com afretamentos.
Hoje estima-se superior a US$ 1 bi.
Cerca de 40 embarcações operam
para as oil companies fora do mercado
Petrobras.
Fonte: Abeam, março 2010
planejamento prevê que saltemos
de dez embarcações offshore operadas atualmente para 24 embarcações até 2015. O financiamento de
US$ 670 milhões para a construção de 13 barcos foi recentemente
aprovado pelo BNDES. Em adição
a esses grandes volumes, realizamos investimentos na expansão/
renovação da frota de rebocadores,
de forma a torná-los mais potentes e preparados para operações
offshore com aumento da segurança das operações, e investimentos
em nossas bases de apoio offshore
ao longo da costa, cuja demanda
por serviços é crescente.”
“Como a produção de petróleo
do país é notadamente offshore, os
maiores desafios para a logística
desse segmento encontram-se nas
áreas portuárias e de operações
marítimas. Muitos projetos nesse segmento envolvem suporte a
partir de uma instalação offshore,
e é difícil encontrar áreas disponíveis na costa que atendam simultaneamente requisitos técnicos,
geográficos e comerciais. No que
tange às embarcações, a captação
e retenção de recursos humanos
para compor tripulações são também grandes desafios, dado que
a demanda por marítimos é maior
que a oferta.”
O conteúdo local é um dos principais fatores que trazem perspectivas de crescimento para o grupo.
“Isso faz com que as grandes empresas de bens e serviços do setor
tragam seus parques industriais
para cá e nos fornece grandes oportunidades para prestarmos serviços
para elas, além de aumentar nossa
competitividade com as próprias
petroleiras”, avalia, acrescentando
que outro diferencial estratégico do
grupo para o setor é o fato de a companhia ter estaleiros próprios. Nos
próximos anos, a Wilson,Sons terá
três estaleiros, dois no litoral paulista e um em Rio Grande (RS).
Foto: Roberto Rosa, Consórcio Quip
uma nova logística offshore
Negócios à vista
O investimento no setor de
logística tende a crescer. De acordo
com o BNDES, até 2014 o setor industrial vai investir cerca de R$ 850
bilhões no país. Deste montante, o
banco estima que R$ 330 bilhões
serão destinados à logística, contribuindo para expandir o mercado de
empresas especializadas na área,
que cresce em um ritmo três vezes
superior ao PIB.
Com o mercado a cada dia mais
competitivo, há a necessidade de
atuar com mais eficiência. E é no
processo de movimentação, armazenagem e planejamento fiscal, ou seja,
na logística, que residem as maiores
oportunidades de corte de custos e
racionalização dos recursos.
“Atualmente, o setor de logística
no Brasil gira em torno de R$ 300
bilhões com projeções para dobrar
de tamanho em cinco anos. Temos
potencial para isso, pois, segundo
estimativas do setor, apenas 5%
das empresas brasileiras investem
adequadamente na área contra um
porcentual de 25% nos EUA e 30%
na Europa e no Japão”, analisa
Antonio Wrobleski, sócio da AWRO
Logística e Participações.
O movimento começou a atrair
fundos de investimento, segundo
estudo interno da AWRO. A disposição desses grupos é colocar
cerca de R$ 10 bi no negócio nos
próximos três anos. Os reflexos
aparecem no número de transações
realizadas no setor. No primeiro
semestre de 2010, segundo dados
da PricewaterhouseCoopers, foram
divulgadas para o setor de logística
oito transações com valor médio de
US$ 74 milhões, totalizando cerca
de US$ 600 milhões.
No total, ainda de acordo com
estudos da PwC, incluindo as
transações divulgadas em todos
os setores da economia, foram
registrados 434 negócios, sendo o
private equity responsável por 41%
das transações. No Brasil, os investidores financeiros administram
US$ 1 bilhão em participação em
200 fundos de capital de empresas brasileiras. Sempre atentos às
possibilidades e expansão dos mais
diversos setores da economia, o
interesse desse grupo pelo mercado
logístico comprova que este é um
setor rentável e promissor.
“A previsão é que o setor logístico passe por uma consolidação
semelhante à que aconteceu no mercado brasileiro de construção civil”,
resume Antonio Wrobleski.
TN Petróleo 74
31
inauguração
Fotos: Agência Petrobras
C e np e s
ampliação concluída
Em obras desde 2005, a ampliação das instalações do Centro de
Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes)
foi finalmente concluída e inaugurada em outubro. Com a expansão,
a Petrobras passa a ser um dos maiores complexos de pesquisa aplicada do
mundo no setor de petróleo e gás na América Latina, com mais de 300 mil m².
As novas instalações utilizam as mais arrojadas técnicas de construção,
sustentabilidade e ecoeficiência e representam um salto para
o desenvolvimento de tecnologia para as operações da Petrobras,
que hoje é a empresa que mais investe em P&D no país.
por Maria Fernanda Romero
32
TN Petróleo 74
A
ampliação do
Cenpes é parte da
estratégia da Petrobras para expandir
a capacidade experimental do parque
tecnológico brasileiro. Nos últimos
três anos (2007-2009), a estatal
investiu cerca de R$ 4,8 bilhões,
sendo R$ 1,2 bilhão para universidades e institutos de pesquisa
nacionais, parceiros da empresa
na construção de infraestrutura
experimental, na qualificação
de técnicos e pesquisadores e no
desenvolvimento de projetos de
pesquisa.
De acordo com o gerente executivo do centro de pesquisa, Carlos
Tadeu Fraga, o
investimento da
Pet robras em
tecnologia é cinco vezes mais do
que era há uma
década. “Nos últimos três anos,
fomos responsáveis por um dos cinco
maiores investimentos em pesquisa
e tecnologia do mundo”, disse.
Segundo Fraga, para fazer a
gestão desses investimentos, foi
criado o modelo de Redes Temáticas, em 2006, quando a Petrobras
identificou 50 temas estratégicos
na área de petróleo e gás e para
cada tema selecionou potenciais
colaboradores, que hoje somam
cerca de cem instituições nacionais
de pesquisa e desenvolvimento.
“A área laboratorial construída
por meio dessa estratégia nas universidades brasileiras já é cerca de
quatro vezes a área existente do
Cenpes e, para cada pesquisador
nosso, outros dez participam, nas
suas respectivas instituições de
pesquisa, de estudos relacionados
à solução de desafios enfrentados
pela Petrobras”, explica Fraga.
“Os investimentos feitos nas
universidades, associados aos in-
vestimentos que estamos fazendo
com a expansão do Cenpes, estão
transformando o parque tecnológico nacional para óleo e gás em
um dos mais bem aparelhados do
mundo”, explica Fraga.
Portas afora
O movimento da Petrobras não
se restringe à comunidade nacional de Ciência e Tecnologia. Com o
pré-sal, a escala e a complexidade
das demandas da companhia têm
aumentado bastante e fornecedores
tradicionais, incluindo grandes
multinacionais, estão estabelecendo com a Companhia parcerias de
longo prazo.
A fim de estreitar ainda mais
esse relacionamento e ampliar a
troca de conhecimentos, a Petrobras tem estimulado essas empresas a construir centros de pesquisa
no Brasil, em locais próximos às
instalações da Companhia ou de
universidades parceiras.
“Somente no Parque Tecnológico da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), localizado
próximo ao Cenpes, já foi anunciada a construção de centros de
pesquisas de pelo menos quatro
importantes fornecedores de equipamentos e serviços da indústria de energia:
Schlumberger,
Baker Hughes,
F MC Te c h no logies e Usimina s”, ap ontou
o presidente da Petrobras, José
Sergio Gabrielli de Azevedo, destacando que a ampliação gerou
cerca de seis mil empregos diretos
e 15 mil empregos indiretos durante a execução da obra.
Mais laboratórios
O Centro de Pesquisas da Petrobras conta com diversos laboratórios destinados a atender as
demandas tecnológicas das áreas
de biotecnologia, fertilizantes,
biocombustíveis, reuso de água,
petroquímica e avaliação do meio
ambiente nos locais em que a empresa opera ou pretende operar.
Na petroquímica, por exemplo, os novos laboratórios correspondem a 70% da infraestrutura
hoje existente. Em fertilizantes,
o centro terá laboratórios voltados
para o desenvolvimento de novos
produtos. Na área de biotecnologia, as novas instalações, que atendem aos mais rigorosos requisitos
de biossegurança, permitirão a
realização de atividades com uso
de modernas técnicas de biologia
molecular.
A ampliação também contará
com modernos laboratórios para
atender exclusivamente as demandas do pré-sal. Das dez alas
de novos laboratórios, cinco são
dedicadas ao pré-sal, com foco
na caracterização de rochas e interação dessas rochas com os diversos fluidos presentes (petróleo,
gás natural, água, CO2, etc.), que
resultam no aprimoramento dos
modelos geológicos e na previsão
mais exata do comportamento da
produção.
Evento concorrido
Participaram da inauguração
da ampliação do Cenpes o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
representantes da Petrobras e de
diversas autoridades. Os executivos puderam visitar algumas instalações do centro de pesquisas
como o laboratório de petrogeofísica e o Núcleo de Visualização
Colaborativa (NVC).
Na ocasião, Lula falou da importância da entidade. “O Cenpes
dá direito aos gestores do Rio de
Janeiro de dizerem ao mundo
que esse é um estado tecnológico, porque este centro é o maior
do hemisfério Sul. Valeu a pena
TN Petróleo 74
33
Fotos: Agência Petrobras
siderurgia
a gente acreditar na indústria nacional, na mão de obra nacional e
na geração de emprego e renda no
Brasil”, disse.
Já o presidente da Petrobras
parabenizou os funcionários da
companhia e contou um pouco da
história recente do Cenpes. “Se lá
no estaleiro Brasfels (em Angra dos
Reis, onde foi batizada a plataforma P-57, também com a presença
do presidente Lula), visualizamos
no médio e longo prazo a enorme
demanda de novos equipamentos que precisamos para atender
nosso plano de negócios, aqui no
Cenpes é onde visualizamos o futuro e continuamos aprofundando
essa trajetória”, avaliou.
Instalação sustentável
A infraestrutura do Cenpes é
de ponta e conta com instalações
inovadoras. Entre elas está o Núcleo de Visualização Colaborativa
(NVC), com ambientes para desenvolvimento de estudos e projetos
com simulação tridimensional.
Os pesquisadores e especialistas
poderão trabalhar remotamente
34
TN Petróleo 74
no NVC e em outros locais, como
se estivessem imersos dentro do
modelo estudado.
“O prédio conta ainda com nove
alas dedicadas a instalações laboratoriais e um prédio central com
áreas administrativas e espaços
de convivência e trabalho colaborativo”, complementa o gerente
executivo do Cenpes.
A Central de Utilidades, considerada o coração do complexo,
que é responsável pela distribuição de energia elétrica, geração
de energia através do gás do diesel; pelo recebimento de água
tratada pela Etra e pelo fornecimento dos insumos básicos para
a operação do complexo. Usando
tecnologia de última geração, a
Central possui diversos sistemas
capazes de fornecer todas as utilidades, garantindo sua constante
e segura operação.
Outro projeto inovador aplicado no Cenpes é o sistema de reaproveitamento de águas, em que
a água da chuva, coletada através
do telhado e do piso, é reaproveitada na irrigação de jardins e no
fornecimento para os sanitários.
Já os efluentes sanitários, oleosos e químicos serão tratados na
Etra (Estação de Tratamento e
Reuso de Águas) e reutilizados
no sistema de ar-condicionado,
permitindo redução do consumo
de água potável.
Além disso, para maior harmonização da área construída
existem espaços verdes entre as
edificações, laboratórios e jardins
internos dos prédios, favorecendo
a integração do ser humano com
a natureza no local de trabalho
ao recriar um ambiente que estimule a criatividade e a inovação,
motivando a produtividade do pesquisador.
Enfatizando os conceitos de
ecoeficiência, o Cenpes fará o
maior aproveitamento possível de
áreas de sombra e ventilação para
menor consumo de energia elétrica
e carga de ar-condicionado, minimizando a incidência direta de sol
nos ambientes internos. Os tetos
possuem aberturas translúcidas e
haverá venezianas direcionais em
cada dependência, com inclinação calculada para a captação da
luz solar e da ventilação natural.
Quando alcançado o nível ideal
de iluminação, apagam-se automaticamente as luzes artificiais,
mantendo-se o mesmo padrão de
claridade.
Em sua construção foram combinadas estruturas em aço com estruturas de concreto, previamente
projetadas para evitar cortes e descartes e, consequentemente, reduzir
a produção de resíduos. Eventuais
sobras de materiais, como concreto
e chapas, foram reaproveitadas na
própria obra.
TN Petróleo 74
35
p-57
P-57
Um modelo para o futuro
por Rodrigo Miguez
Com capacidade para processar até 180 mil barris de petróleo e 2 milhões
de metros cúbicos de gás por dia, o batismo da plataforma P-57, no dia 6 de
outubro, marca o início de um novo ciclo de unidades de produção offshore
da Petrobras, as quais, agora, serão executadas dentro de um novo conceito
de engenharia que tem como premissas a simplificação de projetos e a padronização de equipamentos. A unidade irá operar no campo de Jubarte, na
porção capixaba da Bacia de Campos, a 80 km da costa do Espírito Santo.
36
TN Petróleo 74
Características
Localizada no campo de Jubarte
Bacia do Espírito Santo
C
om 68% de conteúdo
nacional e investimentos de US$ 1,2 bilhão,
a P-57, que vai dar a
partida na segunda fase
de desenvolvimento do
campo de Jubarte, na área norte da
Bacia de Campos, já na costa do
Espírito Santo, foi batizada no dia
7 de outubro, no estaleiro Brasfels,
em Angra dos Reis (RJ).
Trata-se do primeiro navioplataforma FPSO (Floating Pro-
Foto: Agência Petrobras
Conversão........................VLCC Island Accord
Comprimento.......................................... 312 m
Boca (largura)...........................................56 m
Altura máxima.........................................105 m
Acomodações............................... 110 pessoas
Peso total..........................................54 mil ton
Profundidade........................................1.260 m
Investimento............................. US$ 1,2 bilhão
Grau API....................................................... 17º
Produção........................................ 180 mil bpd
Compressão de gás...... 2 milhões de m³/dia
Poços produtores..........................................15
Poços injetores............................................... 7
Conteúdo local........ 68%, aproximadamente
duction Storage and Offloading),
embarcação que faz a explotação
(produção), armazenamento e
escoamento de petróleo e/ou gás
natural construído inteiramente no
país, com projeto elaborado pela
área de Engenharia Básica da Petrobras e do Centro de Pesquisas e
Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes).
Este novo modelo de unidade
de produção offshore será referência para as futuras plataformas da
estatal, como a P-58 e a P-62, que
também irão operar no Espírito
Santo, e as que irão produzir petróleo e gás na região da camada
do pré-sal da Bacia de Santos.
A unidade flutuante tem um
sistema de posicionamento em
ancoragem fixa e capacidade de
injetar 59 mil m³ por dia de água,
comprimir dois milhões de m³
por dia de gás, produzir 180 mil
barris de petróleo pesado, processar 300 mil barris de líquido
e estocar 300 mil barris de óleo.
É a primeira unidade de tal complexidade a operar na costa do
Espírito Santo onde, até agora, as
maiores plataformas produtoras da
região eram de 100 mil barris/dia.
O projeto conceitual da P-57 foi um
grande desafio, configurando-se
em um navio-plataforma diferente
dos anteriores, de grandes cargueiros adaptados com plantas de processo para a produção de petróleo.
Seu casco não é similar ao de um
navio cargueiro, pois foi construído
não para navegar e sim ancorar
um sistema de grande capacidade
de produção que torne rentável os
campos de óleos pesados em águas
ultraprofundas.
Em novembro de 2003, o projeto
conceitual da P-57 foi destaque na
Deep Offshore Technology International Conference, em Marseille
(França), com o título Exploitation
of Heavy Oil Field in Deepwater.
Até então, não havia ainda sido
feita a descoberta de petróleo no
pré-sal naquela região.
A cerimônia de batismo, que
consagra mais esse marco da indústria nacional, contou com a presença do presidente da República, Luís
Inácio Lula da Silva, do presidente
da Petrobras, José Sergio Gabrielli,
e de praticamente toda a diretoria
da petroleira: Guilherme Estrella,
de Exploração e Produção; Paulo
Roberto Costa, de Abastecimento;
Renato Duque, de Serviços; e Maria
TN Petróleo 74
37
p-57
LINHA DO TEMPO
Foto: Agência Petrobras
2009 – Período de construção do FPSO
P-57 no estaleiro Keppel Fels, em Cingapura.
2010 – Após dois anos, a plataforma P-57
deixa o estaleiro Keppel Fels em direção
ao Brasil, em março. Em abril a P-57 chega ao estaleiro Brasfels, em Angra dos
Reis, para a construção do maior número
de módulos e a integração da plataforma
(casco e módulos). No mês de junho o
presidente do Ibama emite a licença autorizando a instalação da P-57, no campo
de Jubarte, na Bacia de Santos, a 80 km
da costa, em área com 1.200 m de profundidade. A licença tem vigência até
junho de 2013. No dia 7 de outubro é realizada a cerimônia de batismo da plataforma P-57, no estaleiro Brasfels, Angra
dos Reis, com a presença do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, e do presidente
da Petrobras, José Sergio Gabrielli.
38
TN Petróleo 74
Flare
Separação e
tratamento de óleo
Compressão de gás
Módulo elétrico
Guindaste
Offloading
Telecomunicações
Geração
de energia
Manifolds
Acomodações
Helideck
Ancoragem
Risers
Ancoragem
Módulos e principais equipamentos
das Graças Foster, de Gás e Energia.
Também estavam presentes autoridades e representantes de numerosas empresas que forneceram bens
e serviços para o projeto.
Construção rápida
Além do pioneirismo da plataforma, a Petrobras comemorou a
entrega com dois meses de antecedência, resultado das inovações de
engenharia que possibilitaram uma
montagem mais rápida e eficiente.
A P-57 irá trabalhar em uma
profundidade de 1.260 m, produzindo petróleo de 17º API (medida
de densidade do petróleo), interligada a 22 poços, sendo 15 produtores e sete injetores de água. Com
pico de produção previsto para o
início de 2012, ela irá substituir
a plataforma P-34, que atuou na
primeira fase de desenvolvimento
de Jubarte, extraindo inclusive óleo
do pré-sal.
O escoamento do óleo produzido na P-57 será realizado por navios
aliviadores e o gás será transportado por um gasoduto submarino
para a Unidade de Tratamento de
Offloading
Foto: Agência Petrobras
2007 – Em dezembro, a Petrobras abre os
envelopes com as propostas para a construção da plataforma P-57. A companhia
SBM apresentou o menor preço (US$
1,195 bilhão).
2008 – No dia 18 de fevereiro, a Petrobras assina com a empresa Single Buoy
Moorings (SBM), o contrato para a construção da plataforma P-57, em Cingapura, no estaleiro Keppel Fels. Em junho a
UTC Engenharia assina contrato para a
construção dos módulos da plataforma
P-57, em sua base de operações offshore
em Niterói. O escopo da UTC compreende módulos de processamento de óleo,
tratamento de água do mar, bombas de
água de injeção e desidratação de gás.
Em agosto a WEG assina o contrato de
fornecimento de um pacote elétrico para
a plataforma P-57.
Gás Sul Capixaba, localizada na
região de Ubu, no município de
Anchieta, cerca de 100 km ao sul
de Vitória.
O empreendimento gerou dois
mil empregos diretos no país e vários outros indiretamente, pois a
P-57 teve 68% de conteúdo nacional. A construção teve início em
fevereiro de 2008, quando a Petrobras assinou o contrato de engenharia, procurement e construção
(EPC) com a empresa de origem
holandesa Single Buoy Moorings
Inc. (SBM).
O casco da plataforma resultou
da conversão do navio petroleiro
Island Accord, no estaleiro Keppel
Shipyard, em Cingapura, entre outubro de 2008 e março de 2010. Ao
mesmo tempo, os módulos de processamento de petróleo e gás foram
construídos no Brasil, no canteiro
da UTC Engenharia, em Niterói
(RJ), e no estaleiro Brasfels, em
Angra dos Reis (RJ), com estruturas metálicas feitas pela empresa
Metasa.
Em abril desse ano, quando o
casco chegou ao estaleiro Brasfels,
p-57 – um modelo para o futuro
Foto: Agência Petrobras
Parque das Baleias
começou a etapa final desse projeto, com a instalação dos módulos, a
interligação de todos os sistemas e
os testes finais da unidade.
Conteúdo local e tecnologia
O conteúdo nacional de 68% foi
bastante comemorado pelo presidente Lula, que enfatizou a intenção de incrementar ainda mais a
participação da indústria local na
construção das próximas plataformas da Petrobras.
“Nós estamos fazendo plataformas com 68% de componente
nacional, mas já podemos começar
a pensar em 80%, 90%. Daqui a
pouco poderemos colocar 100%.
A engenharia brasileira não vai
dever nada a ninguém, e irá construir muitos navios e plataformas”,
afirmou o presidente Lula.
Com o arrendamento do estaleiro Inhaúma pela Petrobras, a estatal passará a fazer as conversões
de suas embarcações no Brasil, aumentando, assim, o conteúdo local
dos projetos da companhia.
O sistema de produção da P-57
está equipado com uma tecnologia, inédita no Brasil, de coleta
de dados sísmicos em 4D, instalada permanentemente no leito
marinho. Essa solução permitirá
maior agilidade na obtenção de
dados sísmicos, além de melhorar
a qualidade de interpretação do
reservatório, com a otimização da
produção.
A unidade adotará, também,
um método inovador para levar o
petróleo do reservatório à plataforma, constituído por um sistema
de bombeio centrífugo submerso
submarino (BCSS), instalado em
um compartimento especial no mar,
separado dos poços produtores.
A vantagem desse sistema será a
redução de custos de manutenção
do equipamento.
A WEG forneceu um
pacote elétrico para a
plataforma P-57 da Petrobras, que irá atuar
no Espírito Santo e foi
batizada no mês de outubro. O contrato do fornecimento dos
equipamentos foi assinado em agosto de 2008. Após o ato
de assinatura, os equipamentos da WEG foram enviados ao
estaleiro Keppel Shipyard, em Cingapura, onde o navio foi
convertido e a maioria dos produtos fornecidos foram integrados à plataforma.
WEG fornece
pacote elétrico
O batismo da plataforma P-57
tem um significado importante
também para o estado do Espírito
Santo, que avançou muito na produção de petróleo e gás na última
década. Depois de anos como o
quinto produtor do país, o estado
pulou para a segunda colocação
esse ano. Com a entrada da nova
plataforma e de outras que estão
sendo construídas, a expectativa
é que o estado capixaba fique autossuficiente em petróleo.
Esse histórico de mudança na posição no ranking de principais produtores de petróleo e gás no Brasil
deve-se muito à descoberta do Parque
das Baleias, em 2001. Formado por
sete campos petrolíferos na Bacia de
Campos, a cerca de 80 km da costa
capixaba, o Parque das Baleias possui
uma reserva de óleo estimada em
3 bilhões de barris (1,5 no pós-sal e
1,5 no pré-sal). Em 2015, a Petrobras
espera produzir 500 mil barris de petróleo por dia nessa região.
Além da P-57, a plataforma
FPSO Capixaba, na área de Baleia
Franca, entrou em operação este
ano e deve atingir o pico de produção ao longo de 2011. Em 2012,
será a vez da entrada em produção
da plataforma Cidade de Anchieta,
que extrairá petróleo do pré-sal
de seis poços no campo de Baleia
Azul. Também para a área, a Petrobras está finalizando a contratação
da P-58, que produzirá petróleo do
pós-sal e do pré-sal.
Do pacote constam: painéis de média tensão, painéis de
baixa tensão, CCMs (Centro de Controle de Motores) e transformadores de média e baixa tensão a seco, entre outros subsistemas de supervisão e segurança. E através de parceria com
vários OEMs (fabricantes de equipamento original), o fornecimento é completado por motores para compressores de gás,
vendidos para a MAN Turbo; motores para bombas de água,
entregues à Sulzer do Brasil; e motores para bombas de aplicação geral, para a KSB do Brasil. Todos os produtos possuem
certificação da ABS (American Bureau of Shipping) e de área
classificada conforme normas brasileiras e internacionais.
TN Petróleo 74
39
capitalização petrobras
Capitalização
necessária
por Maria Fernanda Romero
No final de setembro, a Petrobras fez a maior oferta de ações do mundo,
levantando R$ 120 bilhões, recursos que trouxeram para o caixa da companhia
US$ 25 bilhões. Segundo a empresa, a capitalização de US$ 69,9 bilhões foi
necessária para a companhia reduzir o nível de endividamento e garantir o plano
de investimentos de US$ 224 bilhões até 2014. Entretanto, a estatal ainda terá
que levantar US$ 60 bilhões no mercado de dívidas nos próximos cinco anos
para financiar seu programa de investimentos.
40
TN Petróleo 74
Foto: Agência Petrobras
A
Petrobras realizou
a maior operação
de aumento de
capital na história
do mundo, com
emissão de mais de
quatro bilhões de ações. Durante
entrevista coletiva à imprensa,
o presidente da Petrobras, José
Sergio Gabrielli, considerou que
a empresa não podia “deixar passar a oportunidade de explorar e
produzir cinco bilhões de barris”.
A oferta de capital elevou a
companhia de quarto para o segundo lugar entre as empresas de
petróleo de capital aberto: em 23
de setembro de 2010, a Petrobras
atingiu US$ 223,2 bilhões em
valor de mercado, atrás apenas da
Exxon Mobil. Antes da oferta, o
valor de mercado da Petrobras era
de US$ 147 bilhões.
Segundo o presidente da
estatal, apenas US$ 10 bilhões
serão alocados para explorar nos
próximos cinco anos os campos
que deverão garantir à empresa
até cinco bilhões de barris de óleo
equivalente. No total serão instalados três testes de longa duração
nesses prospectos até 2014.
Pelo plano de negócios da Petrobras, a produção da companhia
vai atingir 3,9 milhões de barris
diários em 2020 e, para manter a
atual proporção entre produção
e reservas provadas em 15 anos
– o tempo que demoraria para as
reservas acabarem se mantido o
ritmo de produção –, será necessário adquirir 25 bilhões de barris
de reservas até 2020.
Para Gabrielli, as atuais oportunidades de concessões no présal que ainda não têm a comer-
Pessoas físicas
na oferta local
Oferta internacional
Outros na
oferta local
Oferta internacional
0,1%
0,3%
4,0%
Previdência privada
na oferta local
Outros na
oferta local
Fundos de investimento
na oferta local
2,46%
Pessoas físicas
na oferta local
Investimentos
estrangeiros
na oferta local
1,64%
0,7%
5,9%
1,3%
1,3%
2,69%
Investimentos
estrangeiros
na oferta local
2,96%
15,2%
31,3%
Fundos de investimento
na oferta local
Pessoas jurídicas ligadas
na oferta local
Pessoas jurídicas ligadas
na oferta local
Ações preferenciais
Ações ordinárias
1,9 bilhão de ações = US$ 29,1 bilhões
Oferta local: 86%
2,37 bilhões de ações = US$ 40,9 bilhões
Oferta local: 85,5%
cialidade declarada, somadas aos
barris da cessão onerosa, podem
significar um nível de reservas
entre 30 bilhões e 35 bilhões de
barris até 2014.
Segundo o diretor financeiro
da estatal, Almir Barbassa, que
também participou da entrevista,
o dinheiro da capitalização reduziu o nível de endividamento da
Petrobras, que estava próximo dos
limites considerados aceitáveis
antes da oferta pública.
De acordo com Gabrielli, a capitalização fez com que a relação
entre o capital próprio e a dívida
líquida da empresa caísse de 35%
para 16% ao final do segundo
trimestre depois da capitalização,
graças ao aumento do capital
próprio da companhia.
“Com isso, tiramos do horizonte dos próximos cinco anos
a dificuldade potencial para o
financiamento da companhia”,
disse, lembrando que o patamar
de 35% na relação entre capital
próprio e dívida poderia ameaçar
o grau de investimento obtido
pela Petrobras.
US$ 60 bilhões em cinco anos
De acordo com Gabrielli, a
Petrobras terá que captar US$ 60
bilhões no mercado de dívidas
nos próximos cinco anos para
financiar seu programa de investimentos. O executivo apontou
que o valor a ser financiado via
endividamento “não é um grande
desafio para a Petrobras”. Pelas
estimativas da empresa, com o
preço do barril de petróleo na
média de US$ 80, serão gerados
US$ 155 bilhões de caixa para a
companhia até 2014.
O plano vigente, para o
período 2010-2014, prevê investimentos de 224 bilhões de dólares.
Na entrevista, o presidente da Petrobras ressaltou que os campos
da cessão onerosa – que foi paga
com parte dos recursos obtidos na
capitalização – vão representar
relativamente pouco desse investimento.
O executivo revelou que a
maior parte dos investimentos da
Petrobras em exploração vai ficar
fora das áreas da cessão onerosa
e informou: “Os campos da Bacia
de Santos sob regime de concessão vão receber 13 testes de longa
duração até 2014.”
Além disso, até 2014, a estatal
prevê abrir 14 mil postos de trabalho, vagas que serão preenchidas
por concurso público, de acordo
com o executivo. Questionado se
poderia haver uma nova emissão
de ações, ele disse que a empresa
levantará os recursos somente
por meio de endividamento. Mas
concorda que uma eventual nova
emissão de ações preocupou o
mercado, porque provocaria uma
diluição ainda maior da participação de minoritários.
Quanto às perdas das ações
da estatal no início de outubro,
Gabrielli disse que isso é normal
para uma empresa que fez a maior
oferta pública da história. “Houve
ajuste de preço-alvo, normal para
a empresa que lança 120 bilhões
de reais”, disse Gabrielli.
Números de peso
O número de ações inclui as
ofertas base (com 2,2 bilhões de
ON e 1,6 bilhão de PN), o lote
adicional (119,8 milhões de ON
e 202,6 milhões de PN) e o lote
suplementar (75,2 milhões de
ON e 112,8 milhões de PN).
O valor levantado chegou a
R$ 120,2 bilhões ou US$ 69,9
bilhões. O preço, por ação, foi de
R$ 29,65 para as ações ordinárias negociadas no Brasil e de
R$ 26,30 para as preferenciais.
Nos Estados Unidos, na Bolsa
TN Petróleo 74
41
capitalização petrobras
Composição acionária antes da oferta
Em 30/07/2010 (ações mm)
ON
%
PN
%
Total
%
2.819
55,6
–
0
2.819
32,1
98
1,9
574
15,5
673
7,7
1.261
24,9
1.274
34,4
2.535
28,9
Estrangeiros
(Resolução n. 2689 CMN)
251
4,9
511
13,8
762
8,7
Outros
644
12,7
1.342
36,3
1.986
22,6
5.073
100
3.701
100
8.774
100
União Federal
BNDES/BNDESPar
ADR nível 3
Total
Proporção ON:PN
57,8
42,2
100
Composição do Capital Social após a oferta*
Após oferta (ações mm)
ON
%
PN
%
Total
%
3.991
53,6
66
1
4.057
31,1
BNDES/BNDESPar
398
5,4
1.344
24
1.742
13,4
Fundo Soberano
344
4,6
162
2,9
506
3,9
1.521
20,4
1.444
25,8
2.964
22,7
Estrangeiros
(Resolução n. 2689 CMN)
387
5,2
747
13,3
1.134
8,7
Outros
801
11
1.840
32,8
2.641
20,2
7.442
100
5.602
100
13.044
100
União Federal
ADR nível 3
Total
Proporção ON:PN
57,1
*considerando as ações do lote suplementar e do lote adicional
42,9
100
de Nova York, os preços foram,
respectivamente, de US$ 34,49 e
US$ 30,59.
A oferta prioritária (para os
que já eram acionistas da Petrobras) atingiu US$ 49,4 bilhões.
A institucional chegou a US$
18,1 bilhões; deste total,
US$ 9,5 bilhões foram levantados no Brasil e US$ 8,6 bilhões
no exterior. A oferta ao varejo,
por sua vez, atingiu US$ 2,4 bilhões, sendo US$ 1 bilhão captado no país e US$ 1,4 bilhão no
mercado internacional.
Na oferta ao varejo, 8,9 mil
acionistas compraram ações ON
e 46,4 mil optaram pelas PN no
país. Os fundos de investimento,
que permitiam aportes mínimos
de R$ 200, atraíram, ao todo, US$
52 milhões com 18 mil cotistas.
Os empregados da Petrobras também participaram da operação:
14,9 mil funcionários investiram
na companhia, com US$ 392,1
milhões. No exterior foram investidos US$ 1,4 bilhão.
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42
TN Petróleo 74
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refino
Refino
modernizado
A Petrobras inaugurou, em outubro, as unidades de Coque e de Hidrotratamento de
Diesel da Refinaria Henrique Lage (Revap), em São José dos Campos (SP), em cerimônia
que contou com as presenças do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do
presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo.
por Beatriz Cardoso
A
inauguração das
unidades de coque
e hidrotratamento
de diesel da Revap fazem parte da
obra de modernização de sua planta industrial. Com
investimento da ordem de US$
3,5 bilhões, a refinaria está trabalhando para a conclusão das obras
em 2011. Com a modernização, o
faturamento da refinaria deverá
44
TN Petróleo 74
aumentar em 6,5% e a arrecadação
do ICMS em 15%, já que a unidade
estará adaptada para processar,
percentualmente, maior volume
de petróleo nacional e produzir
derivados ambientalmente mais
adequados, de alta qualidade e
maior valor agregado.
A Unidade de Coque converte
o óleo combustível em GLP (gás
de cozinha), nafta, gasolina, diesel
e produz coque de petróleo, en-
quanto a Unidade de Hidrotratamento de Diesel produzirá derivados de alta qualidade e baixo teor
de enxofre, como o Diesel S-50.
Durante a cerimônia, Lula parabenizou a direção da estatal por
investir na produção de um diesel
mais limpo. Com duas amostras,
o presidente da República comparou a coloração amarelada do
diesel atual com a transparência
do combustível com menos enxofre.
Foto: Agência Petrobras
Revap
Início da operação........................24/03/1980
Área da refinaria................................10,3 km²
Empregados próprios................................ 893
Empregados contratados....................... 1.500
Capacidade.......................252.000 barris/dia
Faturamento 2009.................R$ 10,6 bilhões
ICMS 2009............................. R$ 684 milhões
IPTU 2009............................... R$ 3,7 milhões
Modernização
Investimento..............................US$ 3 bilhões
Empregos...14 mil no pico da obra em 2009
Qualificação da mão de obra local........ 7.195
“O diesel como é hoje parece aquele óleo que a gente usa para fritar
um bife”, brincou.
Lula também abordou a importância dos investimentos da
companhia nas obras de modernização das 11 refinarias da Petrobras no Brasil e da construção
de outras cinco refinarias (Clara
Camarão, Abreu e Lima, Premium
1, Premium 2 e Comperj), permitindo que o país tenha ganhos
econômicos através da produção
de derivados com maior valor de
mercado. “Há sete anos a Petrobras está investindo US$ 23 bilhões
para modernizar suas refinarias
para que a gente possa não apenas
exportar o petróleo cru, mas óleo
diesel já refinado com 50 ppm ou
até 10 ppm”, informou.
O presidente Gabrielli começou seu discurso lembrando que a
Revap é a “refinaria caçula da Petrobras”, a última a ser construída,
há 30 anos, em 1980. Assim como
a Rlam, a refinaria mais antiga da
Petrobras que completou 60 anos
recentemente, a Revap também
foi remodelada para atender a capacidade do país. “Há 30 anos a
produção de petróleo no país saltou
de 181 mil barris diários de petróleo para quase dois milhões de
barris. Nesse período focamos em
transformar as refinarias que foram
construídas principalmente para
processar o petróleo leve que era
importado em uma refinaria capaz
de processar o petróleo produzido
no Brasil”, explicou.
Gabrielli também falou sobre a
flexibilidade que o atual sistema de
refino permite ao mercado nacional: “Esta refinaria representa uma
nova etapa da Petrobras. De um
lado, a unidade de coque permite
processar mais petróleo pesado,
produzindo mais diesel. Por outro lado, também avançamos com
o hidrotratamento na redução de
enxofre da nossa produção. Além
disso, daremos mais flexibilidade
ao sistema, adaptando a produção de diesel e gasolina às necessidades do mercado brasileiro”,
completou.
Os principais produtos produzidos na Revap são querosene de
aviação, gasolina, gás de cozinha,
óleo diesel, nafta petroquímica,
óleo combustível, asfalto e propeno. A refinaria atende a demanda
de derivados de petróleo no Vale do
Paraíba, sul de Minas Gerais, litoral norte de São Paulo, Sul Fluminense, parte da grande São Paulo
e dos estados do Centro-Oeste.
Modernização
Foi em março deste ano que a
Revap comemorou 30 anos. Atualmente, ela responde por 14% da
produção de derivados de petróleo
no país, processando 252 mil barris de petróleo por dia. Instalada
em uma área de 10,3 milhões de
m², opera com 879 empregados
próprios.
A Unidade de Propeno, a primeira
do Projeto de Modernização, cuja
produção atende à indústria petroquímica, entrou em operação em 2008.
No ano seguinte, a Revap iniciou a
operação do Turboexpansor (sistema
de geração de energia elétrica), com
capacidade de produzir cerca de 20
Megawatts para a refinaria.
Este ano entraram em operação a
Unidade de Tratamento de Hidrocarboneto Leve de Refinaria (UTHLR),
que envia gás como insumo para a
Petroquímica Quattor (antiga PQU)
e a unidade de Nafta de Coque.
Entraram em operação ainda
outras unidades e sistemas auxiliares para a operação da refinaria
como a ETDI (Estação de Tratamento de Despejos Industriais),
a ETA (Estação de Tratamento de
Água), caldeiras e torres de resfriamento.
Além da atualização tecnológica, a modernização da planta da
Revap proporcionará a implantação
de processos ambientalmente relevantes e a produção de combustíveis mais limpos. Outros benefícios
serão o aumento na arrecadação
de impostos para o município, a
geração de divisas com a redução
de importação de derivados, exportação do excedente de gasolina
dentro dos padrões internacionais
de qualidade, redução dos gastos
com a importação de petróleo e
a redução de 96% das emissões
de enxofre nos combustíveis automotivos.
No pico da obra, a modernização gerou 15 mil empregos. Hoje
atuam na obra cerca de oito mil
pessoas, basicamente da região
(São José dos Campos, Jacareí e
Caçapava).
TN Petróleo 74
45
Foto: Agência Petrobras
rlam 60 anos
A mãe de todas as
refinarias
N
o dia 29 de setembro a Petrobras
comemorou o
sexagésimo aniversário da Refinaria
Landulpho Alves
(RLAM), a mais antiga unidade
de refino da estatal, em cerimônia
na qual o presidente Lula homenageou o primeiro funcionário da
refinaria, Antônio Celestino dos
Santos. O presidente da República falou sobre o pioneirismo da
RLAM, construída três anos antes
da Petrobras. “A RLAM pode ser
considerada uma espécie de irmã
mais velha da Petrobras, pois
começou a operar três anos antes
da criação da estatal.”
José Sergio Gabrielli de Azevedo, presidente da Petrobras,
destacou o impacto histórico da
46
TN Petróleo 74
refinaria no desenvolvimento da
economia regional. “Quando foi
criada, a refinaria processava
2,5 mil barris e o Brasil produzia
algo próximo de 2 mil barris. Essa
refinaria provocou uma revolução
na Baía de Todos os Santos – toda
indústria que cresceu na Bahia
foi influenciada pela unidade”,
observou. E falou do potencial de
crescimento da RLAM e sua importância no refino nacional, por
meio das obras de modernização
da refinaria, que atualmente emprega 8.500 pessoas. “As obras na
refinaria visam não mais aumentar a produção, mas melhorar a
qualidade do produto final, diminuindo a quantidade de enxofre
nos combustíveis”, ressaltou.
A RLAM se prepara para colocar em operação novas unida-
des industriais que vão produzir
combustíveis menos poluentes a
partir de 2011. Com estes investimentos, a Petrobras trabalha
para adequar a unidade às novas
exigências da Agência Nacional
de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em relação
ao teor de enxofre da gasolina e
do diesel. “Vamos retirar de 70%
a 90% do teor de enxofre dos
combustíveis”, disse o gerente
geral da RLAM, Cláudio Pimentel, durante entrevista coletiva,
no dia anterior ao do evento.
Atualmente a refinaria representa 25% de arrecadação de
ICMS do estado da Bahia. De
acordo com Pimentel, a tendência
é de aumento nessa arrecadação
diante de um mercado aquecido.
“A demanda nessa região está cres-
Foto: Agência Petrobras
cendo de 14% a 15% em
relação ao ano passado,
mostrando grande vigor
do mercado”, informou
Pimentel.
A RLAM é a segunda maior refinaria da
companhia em capacidade e complexidade,
com potencial para processar até 323 mil barris
de petróleo diários. A
refinaria iniciou sua operação
com uma capacidade de processamento de 2,5 mil barris por
dia e, nesses 60 anos, aumentou
130 vezes esse volume.
Em suas instalações funciona
a maior unidade de craqueamento catalítico (fracionamento do
petróleo com o uso de catalisadores) de resíduos da América Latina, a U-39. Além disso, a refinaria
conta com uma fábrica de asfalto,
parques de armazenamento para
petróleo e derivados, estações de
carregamento rodoviário, uma
estação de medição para produtos
acabados, uma central termelétrica, uma estação de tratamentos
de efluentes industriais e um
sistema de tratamento de águas.
Uma refinaria pioneira
A Refinaria Landulpho Alves
começou a ser construída ainda
no fim dos anos 1940, antes mesmo da criação da Petrobras. Na
época, o debate sobre o melhor
modelo para exploração, produção e refino do petróleo no país
mobilizava a atenção da opinião
pública. Com o crescimento da
produção de óleo no município de
Candeias, na Bahia, o Conselho
Nacional do Petróleo (CNP), órgão
federal, decidiu investir na região.
O local escolhido foi o terreno da
antiga fazenda Porto Barreto, em
Mataripe, às margens da Baía de
Todos os Santos. Trabalharam no
empreendimento profissionais de
todo o Brasil e também do exterior: Estados Unidos, Inglaterra,
França, Alemanha, Polônia e
Itália. Em 17 de setembro de 1950,
a unidade começou a operar, com
capacidade instalada de 2,5 mil
barris por dia. (BC)
A capacidade nominal de processamento de gás no Espírito Santo
chegará a 12 milhões de m³ por dia.
A Petrobras colocou em operação em outubro o segundo módulo
da unidade de tratamento de gás de
Cacimbas (UTGC), a pré-operação
da unidade de tratamento de gás sul
capixaba (UTG Sul) e o campo de gás
de Canapu, no norte do estado. Com
o começo da atividade das unidades
de tratamento, a capacidade nominal
de processamento de gás no Espírito
Santo chegará a 12 milhões de m³ por
dia, mesmo volume que passará a ser
produzido no estado com o início da
operação de Canapu.
O segundo módulo da UTGC tem
uma unidade de processamento
de gás natural e uma unidade de
processamento de condensado de
gás natural e elevará a capacidade de
processamento do empreendimento,
Foto: Agência Petrobras
Novos projetos de gás no Espírito Santo
que fica no município de Linhares,
para 9 milhões de m³ por dia.
A produção de gás de cozinha (GLP)
passará a 1.800 toneladas por dia. Em
comunicado enviado ao mercado, a Petrobras informou que, para 2011, está
prevista a inauguração do módulo 3,
que elevará a capacidade de processamento para 16 milhões de m³
de gás, 2.700 toneladas de GLP e
5.300 m³ de condensado.
Já a UTG Sul, no município de Anchieta, processará até 2,5 milhões
de m³ de gás natural produzido no Parque das Baleias, na parte capixaba da
Bacia de Campos. Em Canapu será instalado o primeiro projeto de gás natural
a operar em águas profundas no Brasil,
em lâmina d’água de 1.600 m. Serão
produzidos 2 milhões de m³ por dia, em
um único poço interligado à plataforma
do tipo FPSO Cidade de Vitória.
TN Petróleo 74
47
pré-sal
Começa a
produção definitiva
em Tupi
O FPSO Angra dos Reis, que entrou em operação no dia 28 de outubro, é a primeira
unidade programada para produzir em escala comercial na área de Tupi, no pré-sal da
Bacia de Santos. A plataforma, que extrairá óleo leve de alto valor comercial e é a primeira do sistema de produção definitivo de Tupi, vai coletar informações fundamentais para
o desenvolvimento da exploração das grandes acumulações de petróleo descobertas nos
por Maria Fernanda Romero
últimos anos no pré-sal.
O
FPSO Cidade de
Angra dos Reis
está instalado em
área próxima ao
FPSO Cidade de
São Vicente, que
faz o teste de longa duração de
Tupi (TLD) desde maio do ano
passado, e já produziu cerca de
sete milhões de barris de petróleo. O sistema-piloto, que iniciará
atividades após a declaração de
comercialidade, complementará
os dados técnicos colhidos pelo
TLD com informações críticas
sobre o reservatório e a produção,
indispensáveis à concepção das
futuras unidades que irão operar
no pré-sal.
De início, a nova plataforma
está conectada ao poço RJS-660,
que será testado tecnicamente até
a declaração de comercialidade
(DC) da jazida, prevista para o
final de dezembro, quando estará
concluída, também, a sua interligação a outros poços produtores e
a área de Tupi entrará na fase de
48
TN Petróleo 74
desenvolvimento da produção.
A área de Tupi é operada pela Petrobras (65%) em parceria com as
empresas BG Group (25%) e Galp
Energia (10%).
De acordo com a Petrobras,
ele contribuirá, também, para
o aprimoramento dos projetos
de construção de poços e dos
sistemas submarinos de coleta
da produção, assim como para
a avaliação do desempenho de
diferentes métodos de recuperação (extração de petróleo) do
reservatório.
Durante coletiva a jornalistas,
o gerente executivo de Exploração e Produção do Pré-sal, José
Miranda Formigli, ressaltou
os desafios do
empreendimento. “Em 2008,
quando estabelecemos metas
de produção
comercial no pré-sal, muitos analistas da indústria consideraram
que seria muito difícil atingirmos
tais objetivos, pois dentre outros
fatores havia a distância de quase
300 km da costa, o teor de CO2 e
como este gás influenciaria nos
equipamentos como resistência à
corrosão”, lembrou o gerente.
Tupi: média de 50 mil barris
por dia em 2011
Ainda na coletiva, Formigli
afirmou que FPSO Angra dos
Reis tem previsão de produzir em
média 50 mil barris por dia em
2011, devendo atingir um pico de
70 mil barris por dia até o final do
próximo ano, com possibilidade
de chegar a 75 mil barris. Ele
indicou que em dezembro deste
ano, a produção de gás natural
deverá ficar entre 1,5 milhão a
2 milhões de m³ por dia e que a
unidade só vai atingir sua capacidade máxima de 100 mil barris
por dia em 2012.
Segundo Formigli, ainda este
ano, a perspectiva é de conectar
apenas dois dos seis poços previs-
Foto: Agência Petrobras
Capacidade de tancagem...............................................................2 milhões barris
Comprimento total.............................................................................................330 m
Embocadura......................................................................................................... 58 m
Calado total............................................................................................................19 m
Tripulação................................................................................................................100
Processamento de óleo...........................................................................100 mil bpd
Processamento de água........................................................................... 90 mil bpd
Compressão de gás.....................................................................5 milhões de m³/d
Sistema de ancoragem................spread mooring com 24 linhas de ancoragem
tos para serem ligados à plataforma. “Isso deve ocorrer pela
impossibilidade de escoamento
do gás natural produzido na
área, enquanto não for concluído
o gasoduto ligando a unidade de
processamento à cidade de Taubaté (SP)”, explicou.
Declaração de comercialidade
Com a conclusão do TLD e da
perfuração de outros poços exploratórios, a Petrobras encaminhará
à Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) o Relatório Final de Avaliação da área de Tupi, junto com
a Declaração de Comercialidade
da jazida. Formigli considera que
a comercialidade do novo campo
deverá ser declarada até o fim do
ano na ANP.
De acordo com a estatal, até
o momento já foram perfurados
nove poços, naquela acumulação,
com resultados excelentes para
a empresa. O nono poço explo-
ratório, concluído em outubro,
confirma o alto potencial de óleo
leve e gás natural recuperável
daquela jazida, estimado pela
empresa entre 5 e 8 bilhões de
barris de óleo equivalente. “Esse
poço comprovou, também, que a
acumulação de petróleo não só
se estende até o extremo sul da
área do Plano de Avaliação, como,
também, que a espessura do reservatório com óleo chega a cerca de
128 m, o que reduz as incertezas
das estimativas de volume de hidrocarbonetos da área. Até o final
de dezembro ainda serão perfurados dois novos poços”, informou a
Petrobras em nota.
Características técnicas
Afretado da empresa Modec,
o FPSO Cidade de Angra dos Reis
está ancorado em profundidade
de água de 2.149 m e tem capacidade para produzir, por dia, até
100 mil barris de óleo e processar até 5 milhões de m³ de gás.
No pico de produção, seis poços
produtores de petróleo, um poço
injetor de gás, um injetor de água
e outro capaz de injetar água e
gás alternadamente estarão conectados ao navio.
O óleo produzido será escoado
por navios aliviadores para terminais instalados em terra. O gás
será separado do óleo nas instalações do FPSO. Uma parte será
aproveitada para geração de energia a bordo e o excedente terá dois
destinos: poderá ser reinjetado no
reservatório de petróleo no processo de produção ou exportado
para terra por gasoduto que ligará
o FPSO à plataforma de Mexilhão,
que opera um campo de gás na
mesma bacia em águas rasas. De
Mexilhão, o gás será escoado para
a Unidade de Tratamento de Gás
Monteiro Lobato, em construção
na cidade de Caraguatatuba (SP).
Ali ele será tratado antes de ser
despachado para o mercado consumidor.
TN Petróleo 74
49
Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
Recorde de público...
50
TN Petróleo 74
Foto: Ricardo Almeida
...e de negócios
TN Petróleo 74
51
A 15ª edição da Rio Oil & Gas quebrou diversos recordes. Antes mesmo do final do evento, 46 mil visitantes, de 51 países, já
tinham passado pelos corredores da exposição e conferência.
O número é superior em 15% ao público de 39 mil pessoas da
última edição, em 2008. “Não foi apenas a maior Rio Oil & Gas,
foi a melhor de todas as edições”, exultou o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), João
Carlos de Luca, na cerimônia de encerramento do evento.
Na conferência técnica, os números de trabalhos apresentados e o de países participantes também foram recordes. Foram 740 trabalhos de autores de 28 países; e 1.750 estudantes
de áreas relacionadas à industria de óleo e gás participaram
do programa Profissionais do Futuro. O programa ofereceu
palestras, mesas-redondas e visitas a empresas e estandes da
feira. A exposição ocupou cinco pavilhões e duas tendas extras, totalizando 37.000 m² de extensão.
“O Rio é a capital do petróleo”, comemorou, durante a cerimônia de abertura, o diretor de Abastecimento e presidente em exercício da Petrobras,
Paulo Roberto Costa.
por Cassiano Viana, Maria Fernanda Romero, Rodrigo Miguez e Karla Menezes
A Rio Oil & Gas 2010 em números
Área: cinco pavilhões, duas tendas extras, 37.000 m²; Feira e Congresso: 53 mil visitantes,
de 51 países; 1,3 mil expositores, de 26 países; 777 trabalhos de autores, de 27 países
52
TN Petróleo 74
Foto: Ricardo Almeida
energia e indústria
cobertura
rio oil & gas
naval
2010
Foto: Ricardo Almeida
recorde de público e de negócios
Intercâmbio
necessário
O
s inúmeros desafios
enfrentados pela
indústria brasileira
de petróleo e gás
no Brasil, tanto de
ordem tecnológica
como de ordem operacional e de
recursos humanos, foram o tema
dos principais painéis e sessões da
Rio Oil & Gas 2010, que se realizou
entre os dias 13 e 16 de setembro,
no Riocentro.
A reflexão sobre aspectos tecnológicos da extração de petróleo
no pré-sal, a explotação e refino de
óleo pesado, o transporte de gás
produzido em águas profundas, a
necessidade de simplificar projetos
de unidades flutuantes de produção
e a demanda por novos materiais
e soluções para sistemas subsea
permearam os debates técnicos.
Mais além destes fatores tecnológicos, que reuniram especialistas de empresas de vários
segmentos da cadeia produtiva
de petróleo e gás, a questão da
competitividade da indústria nacional e a formação e qualificação
contínua de capital humano para
fazer frente às demandas crescentes também estiveram na pauta
do dia. Cumpriu-se assim um dos
objetivos dos organizadores, de
alavancar o debate e reforçar a
participação de trabalhos técnicos na conferência, em busca do
intercâmbio e da disseminação do
conhecimento para um setor ávido
por inovação.
Sessão especial: Os desafios
do pré-sal
O projeto-piloto de Tupi deve
ser implementado ainda este ano e
a previsão é de que até o início de
2012 ele produza 100 mil barris/
dia. Mas a grande quantidade de
CO2 associada ao óleo será um dos
principais desafios da Petrobras.
Preocupado com aspectos relacionados ao aquecimento global,
o assessor técnico de Gerenciamento de CO2 de E&P do pré-sal,
Alberto Sampaio de Almeida, informou, durante a sessão especial
e intitulada ‘Desafios e soluções
tecnológicas para desenvolvimento do pré-sal’, que a empresa adotou a opção de reinjetar o gás no
próprio reservatório.
TN Petróleo 74
53
Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
Dados preliminares dão conta de que, em Tupi, a proporção
de CO 2 é de 12%. Serão cinco
poços produtores de petróleo e
gás e três poços injetores, sendo
dois para reinjeção de gás e CO2
e outro para injeção de água. “No
pré-sal o processo é mais crítico
porque estamos em um ambiente
offshore distante 300 km da costa
e a uma profundidade enorme”,
disse Sampaio, lembrando que não
está descartada a possibilidade
de (no futuro) reinjetar o gás em
cavernas de sal ou em campos que
não produzem mais.
O gerente de Tecnologia de
Processamento de E&P da Petrobras, Giovanni Cavalcanti Nunes,
explicou que o CO2 é altamente
corrosivo, forma ácidos indesejáveis e precisa ser tratado em estruturas feitas com material especial e
muito resistente. O armazenamento é mais uma questão relevante,
já que o gás não pode ‘escapar ’
de onde estiver capturado. Outro
desafio na E&P do pré-sal é o alto
índice de salinidade da água associada ao óleo e ao gás.
“É um ambiente geológico novo
e nenhuma empresa no mundo tem
esta experiência. A partir do que
observarmos em Tupi é que vamos
escolher a tecnologia e a metodologia das operações nas outras áreas.
54
TN Petróleo 74
Nosso maior gargalo vai ser separar o óleo da água e do CO2. Mas
nenhum desafio será obstáculo”,
completou o executivo.
Autossuficiência em derivados
até 2014
O Brasil deve alcançar a autossuficiência em derivados de petróleo
até 2014. A afirmação foi feita pelo
diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, durante a
sessão plenária ‘Crescimento econômico X Demanda de combustível: o
desafio da próxima década’.
Costa explicou que atualmente
a capacidade instalada de refino
da Petrobras no Brasil é de cerca
de 2 milhões de barris por dia e
que, até 2014, deve ser ampliada
em mais de 700 mil barris. “Somos
autossuficientes em petróleo. Em
derivados, ainda não”, disse.
A ampliação do refino, segundo
Costa, deve superar a expansão da
demanda brasileira por combustíveis, que tem sido forte, puxada
pelo crescimento econômico. Somente no primeiro semestre deste
ano, o diretor da Petrobras contou
que o consumo brasileiro de combustíveis aumentou em 12%. “O
crescimento foi em diversos combustíveis, mas entre os principais
estão diesel, gasolina e combustível de aviação”, acrescentou.
Para 2020, a previsão é de que
a capacidade instalada de refino
da Petrobras chegue a 3,2 milhões
de barris por dia, com a conclusão
dos cinco grandes projetos previstos pela companhia. São eles:
as refinarias Premium I e II, no
Maranhão e no Ceará, respectivamente, a Refinaria Abreu e Lima,
em Pernambuco, o Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj) e Refinaria Clara Camarão, no Rio Grande do Norte.
O crescimento dos carros bicombustíveis – que são a grande
maioria dos veículos vendidos atualmente – é outro desafio para a
Petrobras. Costa diz que, de acordo
com a variação do preço do álcool,
o consumo da gasolina varia muito
e a companhia tem de estar preparada para responder a isso. “Hoje,
o consumidor é quem decide o que
vai usar no carro de acordo com o
preço na bomba.”
A área de abastecimento da
Petrobras receberá 33% do total
de investimento de US$ 224 bilhões previsto para o período de
2010 a 2014. A maior fatia desse
orçamento vai para a área de exploração e produção, que fica com
53% dos recursos.
Costa apresentou também as
previsões para o aumento da produção de petróleo da companhia,
que deve passar dos 2,7 milhões de
barris por dia, em 2010, para 3,4
milhões de barris por dia, em 2014.
Para 2010, a previsão é de alcançar
produção diária de petróleo de 5,3
milhões de barris por dia.
Gás não convencional estimula
mudanças no mercado de
energia
“Estamos vivendo uma revolução. O Gás Não Convencional
está transformando o negócio
da energia em todo o mundo.”
Desta forma o diretor de Energia
na América Latina da IHS Cera,
recorde de público e de negócios
Enrique Sira, definiu a produção
de gás de xisto, um assunto que
ganha espaço nos Estados Unidos,
país que nos últimos três anos tornou-se quase autossuficiente em
gás natural, sobretudo por apostar
na produção não convencional.
O executivo caracteriza o produto como “uma virada de jogo” e
aponta que hoje os EUA têm capacidade de suprir a demanda
interna por até 20 anos.
“Ainda não estamos na capacidade máxima. A estimativa é
que somente o gás não convencional atenda a uma demanda
de 75 anos”, afirmou, durante o
respectivo painel.
Mas quais são as barreiras
para que o gás não convencional
chegue ao resto do mundo? Outro especialista e ex-membro da
Agência Internacional de Energia, Guy Grancis Caruso, citou
aspectos como problemas polí-
ticos, regime fiscal e limitações
tecnológicas. Ele explica que o
produto veio para ficar e a prova
é que já tem impactado de forma
direta projetos relacionados com
o comércio de gás, em particular
na cadeia do GNL.
“Hoje existe uma incerteza
sobre as tendências de preço do
Gás Natural no mercado. Isso também é reflexo do gás de xisto”,
analisou.
O professor da Universidade
Federal do Rio de Janeiro lembrou
que, “no Brasil, ainda nem se sabe
ao certo o que é gás não convencional”. Para ele, se trata de uma
grande oportunidade, mas ainda
não existe legislação e conhecimento tecnológico que incentivem
a produção nacional. “Ainda não
está claro para onde este mercado
vai caminhar. Mas temos que estar
preparados para as mudanças que
já estão ocorrendo”, concluiu.
Países emergentes apostam
em refino e fortalecem
indústria
O painel ‘Tendências para a
indústria de refino no mundo’
apontou para uma concentração
cada vez maior do consumo e
produção de produtos refinados
nos países emergentes, enquanto que nos países desenvolvidos
este mercado está perdendo força. Isto se deve, sobretudo, às
restrições ambientais cada vez
mais rigorosas na Europa e nos
EUA, e à queda
do consumo de
gasolina nestas
regiões. Para o
vice-presidente
de Consultoria
Estratégica da
KBC Consultant, John Dosher, há perspectivas de mudanças radicais na
indústria de refino.
Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
Miguel Rosseto, presidente da Petrobras Biocombustíveis, durante a Sessão Plenária ‘Desafio dos
biocombustíveis’
O Brasil é um exemplo de como
os países emergentes vão impulsionar o crescimento do setor nos
próximos anos. A Petrobras vai investir, em novas refinarias e abastecimento, US$ 73,7 bilhões, até
2014, sendo que metade em novas
instalações e 11% em melhorias.
Além das 12 refinarias já existentes no país, a empresa está construindo outras quatro (Premium I,
Premium II, RNEST/Abreu Lima
e Comperj). Isto vai aumentar a
produção nacional dos atuais 1,8
milhão de barris por dia para 3,1
milhões até 2020.
Apesar das perdas significativas apresentadas pelo mercado
mundial nos últimos 18 meses – de
2,4 milhões de barris por dia – o
diretor-executivo de Refino, Planejamento e Avaliação da Hart
Energy Consulting afirmou que
a capacidade de refino no mundo
vai crescer 15% até 2020, passando
para 102 milhões de barris por dia,
o que comprova que este é um
mercado promissor.
Enquanto as economias maduras penam com taxas de crescimento baixas, os países em
crescimento – como os da Ásia
e da América Latina – apresentam taxas mais elevadas e uma
expansão acelerada do consumo,
56
TN Petróleo 74
o que se reflete no mercado de
refino. Enquanto a demanda por
gasolina irá aumentar, até 2025,
de 42% para 58% na China e,
na América Latina, de 47% para
53%, por exemplo, na Europa vai
haver redução de 31% para 22%
no período, de acordo com John
Dosher.
Outras tendências apontadas
durante o painel é o fortalecimento
do setor petroquímico e a integração entre esta área e o refino.
“As empresas não podem perder a
oportunidade de diversificar suas
atividades e integrar refino e petroquímica é um destes caminhos.
Isto pode trazer mais rentabilidade
para a operação e otimizar os processos nesta indústria”, afirmou
Dosher.
Biocombustíveis: produtividade
deve dobrar até 2050
A produtividade média de cana-de-açúcar por hectare plantado
deve dobrar até 2050. Além disso,
no mesmo período, a eficiência
esperada deve aumentar a produtividade das usinas de 82 litros de
etanol por tonelada de cana-deaçúcar para 250 litros por tonelada. Essas previsões, baseadas em
dados do Centro de Tecnologia
Canavieira (CTC), foram apresen-
tadas pelo diretor-presidente do
Grupo Cosan, Marcos Lutz, na
Sessão Plenária ‘Desafio dos biocombustíveis’,
realizada na Rio
Oil & Gas.
Com esses
ganhos de produtividade, será
possível produzir
500 milhões de
metros cúbicos a mais no mundo,
em 2050, do que o volume atual,
mesmo mantendo a mesma área
plantada de 2009. Lutz explicou
ainda que, somente no Brasil,
desde a década de 1970, foram
preservados 7 milhões de hectares
por causa do aumento de produtividade obtido com os avanços
tecnológicos.
Os dados, de acordo com o executivo, mostram boas perspectivas
para a oferta de etanol no mundo,
cuja demanda tende a aumentar
devido às preocupações ambientais.
O diretor presidente da Cosan ressaltou que, em especial após a crise,
grandes investidores de longo prazo
entraram no negócio do etanol e
que a sustentabilidade é um requisito para esses investimentos. “Para
tais investidores de longo prazo, o
negócio tem de estar baseado na
sustentabilidade ambiental, social
e econômica”, afirmou.
O Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP)
tem pronta uma proposta para
o setor de biocombustíveis que
inclui a criação de uma Secretaria Nacional de Biocombustíveis.
A informação foi dada pelo coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas
(FGV),Roberto Rodrigues, após
as palestras do presidente da Petrobras Biocombustíveis, Miguel
Rosseto, e do diretor-presidente
da Cosan.
De acordo com os participantes
da plenária, o setor avançou muito
nos últimos anos. A produtividade
por hectare aumentou, há uma
preocupação cada vez maior com
sustentabilidade e iniciativas para
melhorar a cadeia logística e de
armazenamento. Os desafios futuros, porém, ainda são grandes.
“Apenas no mercado de etanol,
para absorver a demanda projetada, temos uma necessidade estimada de investimentos de US$
60 bilhões. Esses recursos não vão
advir apenas do mercado financeiro, mas também de investidores
estratégicos”, acredita Lutz.
A sustentabilidade aparece
entre as prioridades de Lutz e do
presidente da Petrobras Biocombustíveis. “Precisamos qualificar
o fornecimento de matéria-prima.
Isso inclui avançar nas pesquisas, tratar resíduos como matéria-prima, qualificar fornecedores
e, principalmente, garantir sustentabilidade na organização da
atividade econômica”, resumiu
Rosseto, após listar os avanços
realizados nos últimos dois anos.
“Além de ampliarmos o mercado
com os carros flex, em junho de
2009, fechamos o acordo produtivo das relações de trabalho; em
setembro, realizamos o zoneamento agroecológico que disciplina o
território da cana-de-açúcar.”
De acordo com Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da FGV e um dos responsáveis
pela proposta que será entregue
pelo IBP ao futuro presidente eleito do Brasil, é importante garantir
a visibilidade internacional dessas
ações para derrubar os mitos que
atrapalham o crescimento do mercado externo.
“A produção de biocombustíveis envolve um conjunto de temas
que precisam de uma estratégia
definitiva. Atualmente, existem 12
ministérios envolvidos com esse
assunto. Falta estratégia”, resume,
lembrando que o Brasil pode se
SOLUÇÕES COMPLETAS EM ACIONAMENTOS
E A INDÚSTRIA QUÍMICA E PETROQUÍMICA,
UMA COMBINAÇÃO PERFEITA.
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cobertura rio oil & gas 2010
beneficiar com a expansão da cultura de cana para outros países da
África e da Ásia. “É muito melhor
exportar tecnologia e equipamentos do que etanol.”
As lições aprendidas em
operações em águas profundas
Para a diretora da Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Magda
Chambriard, no
painel ‘Lições
aprendidas em
operações em
águas profundas’, o acidente
da petroleira BP,
no Golfo do México, fez com que as companhias,
órgãos reguladores e governo percebessem a necessidade de trocar
experiências e conhecimento para
aprimorarem a segurança operacional nas plataformas.
Durante o painel, o gerente geral da unidade de serviços
submarinos de E&P da Petrobras,
Maurício Antonio Costa Diniz, explicou que a companhia procura
sempre experimentar novas tecnologias em pequenas áreas, para
depois implementá-las em áreas
maiores, garantindo o sucesso
das operações. “Fazemos nosso
desenvolvimento em fases, como
foi em Marlim e em Roncador, e
agora em Tupi.”
No que se refere ao pré-sal, o
gerente da Petrobras afirmou que
a estatal vai usar as técnicas mais
conhecidas pela companhia, mas,
em paralelo, estará estudando outras maneiras de produzir na área.
“Hoje não temos desafios no présal, e sim oportunidade de ter novos desenvolvimentos”, afirmou.
Diniz comentou que a empresa
tem tradição de começar o trabalho com Testes de Longa Duração
Logística inédita
A construção do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, na floresta amazônica, exigiu da Petrobras e das
empresas contratadas a adoção de
um esquema de logística inédito no
Brasil. Não havia estradas ou portos
para a condução de equipes e material; não havia fontes de energia
instaladas; não havia infraestrutura
de alojamentos, alimentação e comunicações. O cenário era inóspito:
mais de 600 km de selva, rios, lagos
e pântanos, por onde os dutos teriam
que passar entre o centro de captação do gás natural (o poço petrolífero de Urucu) e o destino final.
O tema foi abordado pelo engenheiro mecânico Rudy Hamilton
Holtz na palestra ‘Os desafios da
implantação do gasoduto Urucu-Manaus na floresta amazônica’. Holtz
participou do trabalho de supervisão
do gasoduto no período 2007-2009.
58
TN Petróleo 74
Especialista da empresa brasileira
Altus, responsável pela supervisão,
ele disse que, para instalar as 24 estações – as URTs (Unidades Terminais Remotas) – espalhadas pelo trajeto, foi necessário, “muitas vezes”,
criar os acessos.
“A dificuldade toda era de logística. O que você faria em outros locais
com transporte rodoviário instalado,
não faz na Amazônia. Nessa região o
acesso é muito mais difícil. Você não
tem linhas regulares, portos onde
deixar o material. Muitas vezes tivemos que construir este local. Tudo
muito complicado”, disse Holtz.
Para abrigar os trabalhadores,
foi preciso até mesmo usar uma
embarcação-alojamento, com dormitório, restaurante e sistema de
comunicação por telefonia e internet. Em uma das URTs, o acesso era
tão complexo que o material teve
(TLD), seguidos de projeto-piloto
e, por último, a instalação de unidades definitivas. Ele atribuiu a
essa maneira de trabalhar os resultados positivos das operações
offshore da companhia. A Petrobras tem hoje 40 plataformas em
operações offshore no país e mais
de 800 árvores de natal nas bacias
brasileiras.
Durante o painel, o gerente de
projetos da Shell, Kurt Shallenberger, também contou a experiência
da companhia no poço Perdido, no
Golfo do México, e o gerente geral
de operações da Anadarko, Gary
Mitchel, falou sobre os desafios e
superações da Anadarko no poço
Independence Hub, no Golfo do
México.
Desenvolvimento de campos
de óleo pesado
Tida como de grande dificuldade, a extração de petróleo peque ser levado à clareira na floresta
pendurado em helicópteros de carga baseados no porto de Coari, no
rio Solimões.
O gasoduto tem 662 km de extensão, mais 340 km com a soma
dos ramais. Gera sete mil empregos
diretos e dez mil indiretos. A vazão
inicial é de 4,7 milhões de m³/dia. O
projeto é chegar a uma vazão máxima de 10 milhões de m³/dia.
“O intuito é levar o desenvolvimento à região amazônica. Com o
uso do gás natural, há redução da
emissão de CO2 e, consequentemente, do efeito estufa. Antes, a energia
elétrica da região vinha da queima
de óleo diesel pelas usinas termelétricas. O gás subtitui o diesel. E
é um benefício também político.
O Brasil faz questão de divulgar a
energia limpa. Na Amazônia, tínhamos geração de energia poluente.
Essa energia nova, de baixo custo,
levará à expansão econômica”, disse o engenheiro.
recorde de público e de negócios
sado traz grandes desafios para as
empresas petrolíferas – elas têm
de adaptar as condições adversas
inerentes a este tipo de óleo. Por
isso, o desenvolvimento de campos
offshore de petróleo pesado foi
discutido na Rio Oil & Gas.
No projeto Papa-terra as companhias exploradoras da área tiveram algumas dificuldades em
achar o ponto ideal para a retirada
do óleo pesado. Descoberto em
2003, Papa-terra é operado pela
Petrobras em parceria com a Chevron e está localizado a 110 km da
costa. Com lâmina d’água de 400
a 1.400 m e relevo com irregularidades, a petrolífera encontrou
várias dificuldades, entre as quais
a qualidade do óleo, de viscosidade alta, além da alta pressão
do poço.
Uma das soluções adotadas
pela Petrobras foi a sonda do tipo
TLP, usada pela primeira vez pela
companhia em mares brasileiros,
cujos benefícios foram um melhor
gerenciamento do reservatório e
a facilidade nas estratégias de escoamento do óleo. Esse pacote de
benefícios tornou a TLP ideal para
o campo Papa-terra.
Umas das características da
TLP é que ela não causa inclinação da unidade, sendo pouco
suscetível a movimentos devido
às ondas. Além disso, por ser uma
unidade menor, foi possível aumentar o número de poços. A ideia
era fazer o mais simples possível,
para facilitar a transferência do
óleo para o FPSO. E foram usadas
bombas multifásicas na sonda TLP
para aumentar a pressão e garantir a transferência do óleo pesado
para a FPSO
Já o campo de Badejo, posicionado a 100 km da costa, com
uma lâmina d’água rasa, é campo
maduro e produz desde a década
de 1970, sendo que desde 1975 a
Petrobras tinha conhecimento do
reservatório de Siri. Em 2006, a
empresa começou a desenvolver o
piloto de produção que entrou em
operação em 2008, com o FPSO
Cidade Rio das Ostras. Distante
2 km do poço, o FPSO foi transformado em um grande laboratório
para o desenvolvimento de tecnologias para o projeto definitivo.
A embarcação possui capacidade de produção de 15 mil barris,
mas para que o óleo começasse
a ser extraído, a Petrobras teve
que resolver o problema da estabilização do óleo, que teve que
ser resolvido com o aumento da
temperatura, a redução da pressão
e a utilização de um aditivo.
A representante da Shell, Kent
Stigl, destacou a estratégia usada
no bloco BC-10, no Parque das
Conchas, localizado a 120 km de
Vitória (ES). A Shell usou uma
solução econômica para a retirada
e armazenamento do óleo pesado,
reformando e reforçando um FPSO
japonês, de 1975, que ficou praticamente com um casco duplo.
Conteúdo local
Essencial para caminhar junto
do atual crescimento da indústria
naval e offshore, o conteúdo local
foi alvo de diversos debates nesta
edição da Rio Oil & Gas. No painel ‘Desafios da política industrial
para maximizar
a competitividade e o conteúdo
local na cadeia
de suprimentos’,
o diretor de Upstream da Shell
Brasil, Antônio
Guimarães, disse que é preciso investimento e incentivo para que o
conteúdo local seja entregue com
mais qualidade.
Para ele, as principais dificuldades para o aumento da competitividade entre as empresas
fornecedoras de produtos e serviços são a alta carga tributária
Foto: Rudy Trindade
cobertura rio oil & gas 2010
brasileira, a qualificação da mão
de obra, a burocracia, a falta de
acesso ao crédito e à tecnologia,
e à matéria-prima.
O diretor da Shell Brasil definiu a competitividade como a
habilidade do supridor de entregar
os seus produtos e serviços, na
quantidade e qualidade requerida,
com preço competitivo, dentro da
tecnologia esperada e no tempo
que o projeto necessita. Para que
isso se torne realidade, é necessário que haja uma política industrial
mais robusta, desenvolvida pelo
governo, para dar incentivo aos
supridores, para o desenvolvimento do conteúdo local de maneira
que se tornem competitivos.
José Mascarenhas, vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), disse que
é necessário investir em pesquisa e inovação
para atender às
exigências da indústria de óleo e
gás. Segundo ele, não há fornecedores habilitados em cerca de
40% dos itens necessários para os
empreendimentos.
“O grande desafio é a questão tecnológica, por causa do alto
nível de exigência da indústria.
Assim, as empresas fornecedoras
de suprimentos precisam se desen60
TN Petróleo 74
volver, para apresentar produtos
inovadores que estejam preparados para atender a indústria naval
e offshore”, afirmou.
Uma das principais críticas dos
executivos do setor é a política de
punição às empresas que não cumprem o nível de conteúdo local exigido pela legislação. Para eles, ao
invés de punir, deveria haver uma
forma de incentivo a toda cadeia,
como foi feito no Reino Unido, que
adotou um sistema com benefícios
para aqueles que tiverem maior
quantidade de conteúdo local. Isso
seria um estímulo aos supridores
e operadores para aumentar seus
investimentos na modernização
do conteúdo local.
“Os supridores têm que receber incentivos para acompanhar
o crescimento da produção nos
próximos anos”, disse Antônio
Guimarães, da Shell Brasil.
O pré-sal irá trazer novas e
complicadas demandas que irão
necessitar de uma extensão ainda
maior da capacidade de inovação
de toda a indústria supridora, assim como as universidades, que
deverão investir em pesquisa para
o setor.
Chinook & Cascade: O desafio
das águas ultraprofundas
A sessão especial sobre os campos de Chinook & Cascade, no
Golfo do México, abriu os traba-
lhos do terceiro dia de Rio Oil &
Gas. Diversos representantes de
várias áreas da Petrobras America
falaram sobre os desafios enfrentados para este projeto que já se
destaca dentre os que tratam de
exploração no mundo, com a utilização do FPSO BW Pioneer, a
primeira embarcação deste tipo
utilizada na extração de petróleo
e gás naquela região.
Bastante cobiçado por diversas
empresas petrolíferas, Chinook
& Cascade ficam a 250 km ao sul
da costa de Louisiana (EUA), e
se estendem até o Texas. A Petrobras começou a operar na região
em 2006, com muitas incertezas e
ainda com a preocupação com os
furacões que todos os anos passam
pelo Golfo do México.
Os fenômenos climáticos extremos, aliás, foram uma das razões
para a empresa ter feito a escolha
pela FPSO para este projeto, pois
há a possibilidade de deslocamento e desconexão da boia em até 24
horas, ao se prever a chegada de
um furacão. Além disso, a FPSO
foi selecionada pela facilidade no
transporte do petróleo.
Para a Petrobras, o uso de FPSO
no Golfo do México é completamente viável e deve se tornar uma
realidade na região nos próximos
anos. O ineditismo que a companhia está colocando na região é
tão significativo que não havia
regulamentação para a instalação da unidade, já que esse tipo
de embarcação nunca havia sido
usada nesta parte do mar norteamericano. A solução encontrada
foi negociar com as autoridades locais, ao mesmo tempo que o projeto
estava sendo desenvolvido.
Com poços de até 2.713 m de
profundidade, este é considerado
o projeto mais complexo da Petrobras, que, pelas estimativas preliminares, terá uma produção inicial
diária é de 500.000 m³ de gás e
recorde de público e de negócios
80 mil barris, que devem começar
a ser retirados do mar até o final
deste ano. O óleo armazenado no
BW Pioneer (capacidade de até
520 mil barris) será transferido
para um navio aliviador (Shuttle
Tanker).
Para Flávio Dias de Moraes,
da Petrobras America, um dos desafios do projeto
foi a implantação
de novas tecnologias, devido às
condições extremas da região –
foi preciso um
alto uso de equipamentos subsea, como a mais
profunda linha de exploração de
gás do mundo. Sérgio Porciúncula,
gerente de subsea da Petrobras
America, disse que as inovações
tecnológicas feitas pela Petrobras
no Golfo do México irão trazer
um importante know-how para os
trabalhos de exploração do pré-sal
no Brasil.
Além dos desafios tecnológicos
e de fenômenos naturais, o projeto
de Chinook & Cascade esbarrou
em um decreto do presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama.
Após o acidente com a plataforma Deepwater Horizon, da British
Petroleum, também em águas do
Golfo do México, o presidente
Obama decretou a moratória,
proibindo a perfuração de novos
poços na região.
De acordo com o gerente de
projeto da Petrobras America,
Cesar Palagi, essa medida teve
grande impacto na campanha de
perfuração da empresa e a postergação da receita para a companhia. Entretanto, a Petrobras
havia concluído a perfuração de
dois poços, exatamente cinco dias
antes da proibição do presidente
norte-americano. Esses dois poços
www.nov.com/ASEPElmar
[email protected]
Fabricante de
Equipamentos de Intervenção
de Wireline e Slickline
fazem parte da primeira fase do
projeto, que terá em sua segunda etapa um adicional de outros
14 poços distribuídos pelos dois
campos.
Seminário de Produtividade e
Competitividade da Cadeia de
EPC
Com o grande número de projetos no segmento de óleo e gás
em desenvolvimento, as principais empresas do setor, juntamente com o Centro de Excelência
em EPC (CE-EPC), discutiram
durante a Rio Oil & Gas, como
fazer para suprir a escassez de
mão de obra qualificada e a capacidade da indústria local em
atender a demanda desses projetos, diminuindo, assim, o nível de
produtividade e competitividade
da cadeia de EPC.
O Centro de Excelência em
EPC foi criado há dois anos e tem
Wireline and
Slickline Intervention
Equipment Manufacturer
Foto: Benício Biz
cobertura rio oil & gas 2010
Expectativa de R$ 138 milhões
Outro destaque da Rio Oil & Gas
foi a rodada de negócios organizada pelo Sebrae e pela Organização
Nacional da Indústria do Petróleo
e Gás (Onip). Estima-se que foram
fechados R$ 138 milhões em negócios a partir das reuniões de 533
pequenos e médios fornecedores
com 27 empresas âncoras. O volume
de negócios foi 16% superior ao
registrado na edição passada (de R$
119 milhões).
Os grandes compradores desta
edição foram: BR Distribuidora,
Camargo Corrêa, Chevron, Delp,
El Paso, Estaleiro Aliança, Estaleiro Keppel Fels, Estaleiro Mauá,
FMC, Global Industries, Lupatech,
Petrobras (Cadastro), Petrobras
– UO-BC, Nuclep, Petroreconcavo, SOG – Óleo e Gás, Shell,
Superpesa, Technip, Transocean,
Transpetro, Usiminas Mecânica,
UTC Engenharia, Vanasa, Weatherford, Wellstream e Weg. O número
de empresas fornecedoras foi de
233, ou seja, 17% acima da edição
de 2008. Nos dois primeiros dias
62
TN Petróleo 74
da Rodada, foram realizadas 596
reuniões.
“Fiquei impressionado com os
novos produtos”, comentou o líder
operacional de contrato da UTC
Engenharia, Julio Cezar Duarte. “Há
uma boa parceria com pequenas
empresas para o desenvolvimento
de produtos inovadores”, afirmou.
“Importávamos anéis metálicos
e encontramos aqui um potencial
fornecedor de ligas especiais, que
atenderá nossa demanda”, afirmou
o supervisor de compras da Global
Industries, Sandro Silva.
Foi promovida também Rodada
Internacional de Negócios, com dois
objetivos: o primeiro – com foco no
fornecimento para potenciais clientes – reuniu 15 fornecedores brasileiros com as empresas Ecopetrol
(Colômbia) e Saudi Aranco (Arábia
Saudita); o segundo, visando o estabelecimento de parcerias, promoveu
o encontro de 48 companhias da
Argentina, Canadá, Holanda, França
e Reino Unido com 82 fornecedores
brasileiros.
hoje 87 associados, entre operadores de óleo e gás, instituições de
ensino e pesquisa, associações de
classe e empresas epecistas.
O presidente do CE-EPC,
Laerte Galhardo, apresentou as
pesquisas que
a entidade vem
realizando sobre
redução de custos e modelos de
contratos, focando os esforços
em boas práticas
de gestão. Ele destacou também
que a formação de recursos humanos e a qualificação dos profissionais que já estão no mercado são
fundamentais para não afetar a
produtividade nos projetos.
O professor Carlos Caldas, da
Universidade do Texas observou
que vários fatores influenciam na
produtividade e o importante é estabelecer metas e planejar todas as
etapas do processo de construção
de um grande empreendimento,
como a logística, os equipamentos,
recursos humanos e a segurança,
meio ambiente e saúde (SMS).
Durante o seminário, realizouse um painel com representantes
de grandes empresas do setor de
petróleo e gás, como Petrobras,
Shell e Statoil. O gerente executivo de Engenharia e Projetos da
Petrobras, Pedro Barusco, disse
que a situação das empresas brasileiras melhorou bastante nos
últimos oito anos. “Agora temos
uma visão clara dos desafios e um
plano estratégico bem definido.
Na área de projetos da Petrobras
conseguimos realizar 30% mais
a cada ano, um indicador de que
a rede de fornecedores está respondendo.” Para ele, o mercado
de fornecedores está se autorregulando e os preços ficam mais
competitivos.
Já para José Veloso, primeiro
vice-presidente da Abimaq, a car-
recorde de público e de negócios
ga tributária é um grande entrave
para os fabricantes de máquinas
e equipamentos, prejudicando a
competitividade da indústria nacional. Outras questões importantes, em sua opinião, são os problemas com logística e o custo dos
insumos, como o aço.
A tecnologia é o que fará
a diferença
Os desafios do pré-sal fizeram
a Petrobras tomar uma decisão histórica: convocar os seus parceiros
a trazer suas instalações para o
Brasil. Durante o painel ‘A influência do pré-sal para a pesquisa
e desenvolvimento no Brasil’, o
presidente da Schlumberger na
América Latina, Hatem Soliman,
afirmou que, até o final deste ano,
a empresa vai inaugurar o seu Centro Tecnológico na Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
o segundo da empresa no Brasil,
que já tem um em operação no município de Macaé (RJ).
O executivo afirmou que aprova a iniciativa da Petrobras de incentivar os acordos tecnológicos
entre as petroleiras, fornecedores
e universidades. Só em 2010, a
Schlumberger investiu mais de
70 milhões de dólares no Centro
Tecnológico da UFRJ. Hoje, dos
110 mil colaboradores da companhia em todo o mundo, três mil
trabalham no Brasil.
A integração entre os centros de
pesquisa, parceiros e a Petrobras
também foi comemorada pelo gerente executivo do Cenpes, Carlos
Tadeu Fraga. “Nesse momento, essa
parceria precisa ser aprimorada porque a estrutura do pré-sal requer
maior musculatura e, principalmente, mais cérebros”, destacou.
Na mesma linha, o vice-presidente de Tecnologia e Engenharia da
FMC Technologies do Brasil, Paulo
Augusto Couto Filho, afirmou que
“a tecnologia é que fará a diferença
para o país no pré-sal. A FMC está
construindo um centro de tecnologia
na UFRJ que será inaugurado no
primeiro semestre de 2011.
Prevenção é a prioridade
O acidente com a plataforma
operada pela BP no Golfo do México fez petroleiras, governo, entidades e organizações repensarem
seus planos de emergência. Segundo o gerente executivo de
Segurança, Meio
Ambiente e Saúde da Petrobras,
Ricardo Azevedo, antes do derramamento de
óleo no Golfo do México, nenhuma petroleira havia desenvolvido
qualquer solução de contenção de
óleo abaixo da superfície, todas as
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Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
alternativas sempre foram pensadas para contenção de óleo acima
da água.
“Foi, justamente, um equipamento submarino que estancou
o vazamento da BP”, afirmou. De
acordo com Azevedo, a partir dessa
constatação, a Petrobras decidiu
desenvolver uma pesquisa com o
Cenpes para encontrar soluções
de contingência de subsuperfície.
A empresa também está adquirindo
um equipamento de lançamento de
dispersantes.
Para o executivo da Petrobras,
a prioridade nos planos de emergência das companhias deve ser
sempre a prevenção. “Hoje, sem
dúvida, a Petrobras é a que atua
com maior capacidade de recursos necessários para contenção
de emergências. Nosso modelo
serve para um derrame de 100 litros ou para um acidente como o
que ocorreu no Golfo do México”,
afirmou.
A Petrobras tem, hoje, dez centros de defesa ambiental, 13 bases
distribuídas pelo Brasil e 30 embarcações dedicadas para as emergências da petroleira. Ademais,
a empresa possui 150.000 km de
64
TN Petróleo 74
barreiras de contenção, 200 mil litros de dispersantes, 200 unidades
recolhedoras de óleo e mais de 500
líderes em segurança operacional
espalhados pelo Brasil.
“Agora, a Petrobras vai adequar a disponibilidade de equipamentos à nova realidade do présal, e contribuir com o governo no
Plano Nacional de Contingência.”
Também, junto ao governo, a petroleira brasileira vai ajudar na
revisão do regramento geral. De
acordo com Azevedo, é preciso
esclarecer com os órgãos competentes as permissões de uso
dos dispersantes, que ainda sofrem muitas restrições, mas são
comprovadamente uma resposta
eficiente na contenção dos derramamentos de óleo.
CTDUT se prepara para
desafios do pré-sal
O Centro de Tecnologia em
Dutos (CTDUT) está analisando a
construção de novos laboratórios e
a adequação de algumas de suas
instalações para atender às demandas do setor dutoviário diante dos
desafios advindos do pré-sal. Apesar da necessidade de expansão,
o presidente do Conselho Executivo do CTDUT, Raimar van den
Bylaardt, disse que a instituição
já está preparada para futuras
oportunidades
trazidas pelo
crescimento da
exploração petrolífera no país.
“Temos tecno logia, capacitação, entidades de
ensino e pesquisa e empresas
fornecedoras de bens e serviços
com condições de participar desse
desafio”, afirma.
A entidade tem participado de
pesquisas relacionadas ao isolamento térmico de risers, em parceria com a PUC-Rio. “Em um
segmento que necessita que suas
unidades de produção tenham vida
útil superior a 20 anos, a opção
pelo uso de novos materiais ou o
emprego de produtos já conhecidos
é fundamental para a integridade e longa vida das instalações,
permitindo a produção – tanto na
questão do escoamento quanto na
injeção de CO2 ou outros fluidos –
com segurança e custos razoáveis”,
explica Bylaardt.
Para o setor dutoviário, os desafios tecnológicos para a exploração
do pré-sal estão, principalmente,
nas condições encontradas em profundidades superiores a 2.000 m de
lâmina d’água, que vão demandar,
por exemplo, revestimentos de alto
isolamento térmico. Outro obstáculo
será a presença de fluidos agressivos, de dióxido de enxofre, de
CO2 , e de água de alta salinidade,
cuja combinação com o óleo e com
o gás provoca desgaste e corrosão
acentuados nos risers e nos dutos
atualmente disponíveis. Além disso,
o escoamento da plataforma de produção ao continente vai demandar a
construção de dutos que deverão ser
assentados a mais de 2.000 m e em
distâncias superiores a 200 km.
TN Petróleo 74
65
cobertura rio oil & gas 2010
Empregos na indústria naval
dobram em 2010
Oportunidades de trabalho no setor passam de 45 mil
para 78 mil em um ano. Falta de mão de obra qualificada,
entretanto, ainda preocupa especialistas.
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TN Petróleo 74
Foto: Rudy Trindade
A
indústria naval praticamente
dobrou seus postos de trabalho em 2010. A informação é do secretário executivo do
Sindicato Nacional da Indústria
de Construção e Reparação Naval
(Sinaval), Sérgio
Leal, que falou
durante o painel
’Indústria naval
e offshore’, realizado durante
a Rio Oil & Gas.
Segundo o executivo, a quantidade de empregos
diretos no setor passou de pouco
mais de 45 mil, em 2009, para 78
mil este ano. A comparação com
2001, quando foram registradas
apenas 1.900 vagas no segmento,
torna o resultado ainda mais impressionante.
“Apesar do progresso na automação, temos mais oportunidades
de trabalho agora do que quando
detínhamos a segunda maior carteira do mundo no setor ”, acrescentou ele.
De acordo com a o executivo,
o crescimento da indústria naval
está diretamente relacionado à
expansão do segmento de petróleo. Uma pesquisa realizada pela
própria Sinaval revelou que a carteira de pedidos nos estaleiros nacionais vai ultrapassar a marca de
300 embarcações até 2014, todas
Agenor Junqueira, diretor de Transporte Marítimo da Transpetro, durante o painel
’Indústria naval e offshore’
voltadas para o mercado offshore.
O diretor de Transporte Marítimo
da Transpetro, Agenor Junqueira,
comentou que somente a empresa
encomendou 49 navios por meio
do Programa de Modernização e
Expansão da Frota (Promef).
“O programa terá duas fases:
na primeira serão entregues 26
navios e na segunda, 23. Tudo
será concluído
até 2015. A ideia
é que sejam utilizados 65% de
conteúdo local na etapa inicial e
70% na final”, completou.
Durante sua apresentação,
Junqueira também mencionou o
programa de renovação da frota
hidroviária da Petrobras (Promef
Hidrovias), que se concentra na
rota Tietê-Paraná. A iniciativa prevê a construção de 80 barcaças e
20 comboios, destinados ao escoamento de etanol.
“Com esse projeto, que entrará
em atividade entre 2011 e 2014,
pretendemos transportar 4 bilhões
de litros de etanol por ano”, estimou o executivo.
Já o engenheiro da Petrobras,
Marcio Ferreira Alencar, lembrou
da demanda de oito FPSO para atender as necessidades da camada présal, localizada na Bacia de Campos.
“Ainda há a chance de crescimento
de demanda conforme a região for se
desenvolvendo”, lembrou ele.
Alencar ressaltou que o maior
desafio da indústria naval é utilizar
o processo de mudança na matriz
energética do Brasil a seu favor,
reconstruindo-se competitivamente. Hoje, 95% do comércio nacional
é feito por navios, mas as embarcações brasileiras são responsáveis por apenas 4% desse total. “A
revitalização da construção naval
tem de ser perene. O processo de
nacionalização é válido, mas tem
de ocorrer de forma gradativa e
cuidadosa”, finalizou.
“Capital humano não pode ser
‘fabricado’ como equipamentos”,
diz secretario executivo da Sinaval,
Sérgio Leal, categórico ao afirmar
que, enquanto sobram vagas no
setor naval, faltam profissionais
qualificados para preenchê-las.
Para ele, não há um equilíbrio entre o investimento feito em mão de
obra e os recursos direcionados à
infraestrutura. “Capital humano
tem que ser ‘fabricado’ aqui. Equipamentos podem ser importados,
pessoas não”, disse.
O presidente do Estaleiro
Atlântico -Sul,
Ângelo Bellelis,
compartilhou da
opinião de Leal e
apontou a baixa
escolaridade no
país como principal fator para
a pouca formação de mão de obra
especializada. “No Atlântico-Sul,
tivemos de formar e contratar cinco
mil trabalhadores desde sua inauguração, há três anos”, contou o
executivo.
Na estratégia de busca de operários já qualificados, o estaleiro
trouxe até 125 dekasséguis que
trabalhavam no Japão e quiseram
voltar ao Brasil. Além disso, um
dos acionistas do Atlântico-Sul,
a Samsung, trouxe coreanos com
experiência no setor.
A falta de capital humano não
atinge somente os estaleiros, mas
a indústria do petróleo em geral.
Segundo o gerente executivo de Recursos
Humanos da
Petrobras, Diego Hernandes,
encontrar engenheiros e outros
profissionais de nível superior
também pode ser desafiador. “Dos
14.800 engenheiros de petróleo
formados a cada ano no mundo,
apenas 10% são graduados no Brasil”, completou.
Caixa e ANP: parceria no
setor naval
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e a Caixa Econômica
Federal (CEF) assinaram, durante
a Rio Oil, Gas Expo and Conference, convênio de cooperação
técnica cujo objetivo é fomentar
ações e realizar investimentos no
setor naval e offshore nos próximos anos.
O apoio da Caixa será realizado
por meio de financiamentos e oferta de produtos específicos. A instituição financeira possui um Fundo
de Garantia para a Construção Naval (FGCN), criado com o objetivo
de garantir o risco de crédito das
operações de financiamento para
construção ou produção de embarcações e o risco de performance do
estaleiro brasileiro.
De acordo
com a presidente da CEF, Maria
Fernanda Ramos
Coelho, este é
um fundo de natureza privada,
com patrimônio
próprio dividido em cotas, separado do patrimônio dos cotistas, e
está sujeito a direitos e obrigações
próprias. “Não conta com qualquer
tipo de garantia ou aval por parte
do setor público”, afirmou.
Foto: Ricardo Almeida
Foto: Rudy Trindade
68
TN Petróleo 74
Foto: Ricardo Almeida
Foto: Ricardo Almeida
Foto: Rudy Trindade
Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
A exposição
recorde de público e de negócios
Tecnologia ainda é
a alma do negócio
T
ermômetro da expectativa e
euforia em que vive o mercado brasileiro de petróleo
e gás, com as novas descobertas
de campos petrolíferos e com o
pré-sal, a feira contou com 1,3 mil
expositores que ocuparam cinco
pavilhões e duas tendas extras do
Riocentro.
Acergy – A Torre de Risers Hyperflow e o Acergy Borealis foram os
dois carros-chefes da exposição
da norueguesa Acergy na Rio Oil
& Gas 2010.
Solução para operações em
águas profundas, a Torre de Riser
da Acergy é resultado de 15 anos
de estudos sobre o comportamento hidrodinâmico de estruturas
submarinas em águas profundas.
Adotada pela primeira vez no Projeto de Desenvolvimento em águas
profundas do campo de Girassol,
da Total, a Torre de Risers consiste
de um feixe de risers de diâmetros
e funções variadas (produção, injeção de gás e água, linha de serviço, riser de gás injetado), que,
em conjunto, formam uma estrutura adaptável. Existem hoje dois
HRTs em construção no campo de
CLOV (Cravo, Lírio, Orquídea e
Violeta), também da Total, ambos
em Angola.
“Essa é uma solução adaptada para o pré-sal que pode trazer
como benefício a redução do peso
nas unidades flutuantes de pro-
dução”, explicou Geraldo Chaves,
engenheiro de desenvolvimento de
negócios da Acergy para a América
do Sul.
Já o Acergy Borealis, embarcação com entrega prevista para
2012, tem como diferencial a capacidade de executar diferentes
tarefas, desde a instalação de equipamentos, lançamentos de dutos rígidos até a realização de conexões.
“Isso representa uma redução do
número de barcos necessários no
desenvolvimento de um campo”,
assegurou Chaves.
Autodesk – Fornecedora de softwares 3D para design, engenharia e entretenimento, a Autodesk
participou da Rio Oil&Gas 2010
apresentando suas soluções para
análise, simulação e visualização
de projetos.
As soluções Autodesk viabilizam a criação de modelos 3D
precisos de equipamentos industriais, instalações e plantas de
processo, além de obras civis e
edificações. A empresa demonstrou seu portfólio de soluções para
projetos 2D e 3D. A linha 2011 de
softwares da empresa possibilita
às empresas do setor criar, visualizar, analisar e simular plantas
e equipamentos industriais, gerando operações mais eficientes
e sustentáveis.
“O desenvolvimento da indústria de petróleo e gás é um gran-
de desafio, pois
exige projetos
complexos que
integram múltiplas disciplinas
de engenharia,
além da preocupação com segurança e meio ambiente”, avaliou
Acir Marteleto, diretor geral da
Autodesk Brasil. “A tecnologia é
a chave para o sucesso dos negócios, em especial os softwares de
projeto, pois eles permitem às empresas aprimorarem suas ideias
e produtos antes de entregá-los
ao mercado.”
Gunnebo – Participante desde
a primeira edição da Rio Oil &
Gas, a Gunnebo foi fundada no
Brasil em 1995, para atender uma
demanda de poliéster e ligas de
correntes. A empresa tem como
principais clientes empresas como
Petrobras, Aker, Transocean, Cameron e Technip, e tem interesse
em ampliar as operações no Brasil
e na América Latina.
Fornecedor de equipamentos
para movimentação de carga do
mercado offshore no Brasil, a Gunnebo possui toda uma linha de produtos qualificada e certificada para
atender a demanda do segmento,
a partir das normas internacionais
e também da Petrobras.
Além dos produtos, que são
produzidos nos Estados Unidos, a
TN Petróleo 74
69
Gunnebo desenvolve treinamentos
específicos para o mercado offshore, como de inspeção de equipamentos de movimentação de carga,
além de serviços de inspeção de
produtos como manilhas, ganchos
e outros componentes.
Para André Carrion, gerente
de vendas da empresa, a feira é
um local muito
importante para
desenvolver contatos, encontrar
clientes e fazer
novos relacio namentos comerciais. “A Rio Oil
& Gas é um evento no qual muitas
portas são abertas e a geração de
negócios é inevitável. Sempre é
uma ótima feira e supera nossas
expectativas em termos de negócios”, afirmou André.
Imeca – Desenvolvendo novos
produtos para o mercado offshore,
como guinchos específicos que são
instalados em FPSO, e toda uma
gama de produtos com relação ao
lançamento de dutos no alto-mar,
em águas profundas. Há dois anos
no país, a Imeca do Brasil já entregou uma torre de lançamento,
instalada no primeiro barco de
lançamento de tubos brasileiro,
da Technip, que vai trabalhar no
campo de Tupi.
70
TN Petróleo 74
Hoje, apenas duas companhias
no mundo, incluindo a Imeca, oferecem este tipo de produto, que
tem uma tecnologia muito desenvolvida, e é a grande novidade
trazida pela empresa para a Rio
Oil & Gas. A torre de lançamento permite o desenvolvimento
dos campos de
águas profundas, o que servirá para atuar
nos campos do
pré-sal. “O présal é uma grande oportunidade
para nós”, disse Olivier Guillou,
engenheiro comercial da empresa.
A Imeca espera que em janeiro de 2012 esteja pronta a instalação industrial para a produção
dos equipamentos no Brasil. O local ainda não está definido, mas
o produto principal da empresa,
a torre de lançamento de dutos,
corresponde a um prédio de 15 andares. O transporte ainda não foi
viabilizado, então, a construção das
instalações necessariamente será
próxima ao mar, em um cais.
Para Olivier Guillou, a feira ajudou muito na tomada de decisão
da companhia de vir para o Brasil,
onde a Imeca tem previsão de investimento na ordem de 1 milhão
de euros para o desenvolvimento
de produtos no país.
Foto: Ricardo Almeida
Foto: Benício Biz
cobertura rio oil & gas 2010
Converteam – A francesa Converteam, um dos maiores fabricantes de
sistemas elétricos e de automação
do mundo, apresentou na Rio Oil
& Gas 2010 seu sistema de posicionamento dinâmico (DP) de terceira
geração, para operações offshore e
ressaltou sua estratégia para o mercado brasileiro de óleo e gás.
“Apesar de termos uma forte
tradição local nos setores de mineração e siderurgia, queremos
desenvolver novas tecnologias para
atender as promissoras oportunidades da exploração das reservas de
petróleo do présal e nas perspectivas de expansão do parque
gerador nacional”, apontou o
presidente para
a América do Sul
da empresa, João de Deus. Segundo o executivo, a ideia é fortalecer
a atuação da Converteam nos segmentos de óleo e gás e de energia,
ainda pouco expressivos nos negócios de sua filial no país.
A Converteam tem soluções
para sondas de perfuração e plataformas offshore e navios de apoio,
incluindo motores e geradores de
até 100 MV, inversores de frequência AC/DC até 100 MW em baixa
e média tensão, painéis de média
e baixa tensão, sistema de propul-
recorde de público e de negócios
são e potência, posicionamento dinâmico e processos de controle a
automação. Em abril deste ano, a
empresa inaugurou um escritório
no Rio de Janeiro, para expandir os
negócios nos setores. “Esta base de
negócios possui como meta atender as demandas da Petrobras e
impulsionar o desempenho desses
setores no faturamento da empresa”, disse.
Tyco – Fabricante de válvulas, a
Tyco participou pela primeira vez de
uma feira do setor de óleo e gás com
sua mais recente aquisição no Brasil:
o Grupo Hitter, aquisição realizada
em dezembro através de sua unidade de negócios Flow Control.
Como parte do plano de investimentos, a Tyco International também abriu, em maio, um
escritório corporativo no Centro
do Rio de Janeiro, visando uma
atuação mais próxima da Petrobras
e demais empresas do setor. A
empresa quer
expandir a oferta de produtos
e serviços tanto
no Brasil como
na América Latina e aproveitou a Rio Oil & Gas
2010 para expor sua expertise em
soluções para o setor.
A Tyco apresentou soluções
das cinco divisões da empresa,
dentre elas o sistema integrado
de segurança patrimonial (Sisp),
a solução de detecção, alarme e
combate a incêndios, válvulas e
atuadores para sistemas de Emergency Shut Down, válvulas de
segurança, e o novo posicionador para válvulas de controle da
Westlock para plataformas e refinarias.
“Mantemos um grupo de pesquisa e desenvolvimento no Brasil
Uma viagem sem volta
Simular a ‘viagem’ dentro de
um poço de perfuração de petróleo
e gás, numa sala de projeção 360
graus, foi uma das atrações do
estande da OGX, que comemorou,
neste ano, a concretização da campanha exploratória conduzida desde
setembro de 2009 com a exposição
de amostras do petróleo já descoberto numa oleoteca.
O modelo de produção, que
terá início no primeiro semestre de
2011, também foi apresentado para
o público através de um vídeo em
computação gráfica 3D. A principal
atração foi a sala de projeção 360o,
onde o visitante pode simular uma
viagem por dentro de um poço,
percorrendo as diferentes camadas
geológicas e aprendendo sobre a
exploração de petróleo e gás.
O estande também contou com
uma atração em parceria com a
Google, pela qual foi possível viajar
sobre o globo terrestre e focalizar
os empreendimentos do grupo através de ferramenta georeferenciada
GoogleEarth.
Também estavam presentes no
estande as demais empresas do
Grupo EBX - LLX (logística), MPX
(energia) e OSX (indústria naval),
todas reforçando o papel de cada
uma na estratégia de consolidação
de um grupo integrado de energia
apenas para parodiar a Petrobras,
como a companhia integrada de
energia.
Durante entrevista coletiva
da OGX, Eike
Batista lançou
a grande novidade do grupo:
a construção de
uma fábrica de
e ele exporta tecnologia para todo
o mundo. Parte do desenvolvimento desse novo produto foi feito
aqui”, explicou o gerente global
para clientes estratégicos da Tyco
International, Victor Venâncio
Loureiro Dias. “Desenvolvemos
esse produto para atender às necessidades da Petrobras.”
De acordo com o executivo, o
foco atual da Tyco é ser líder em
sistemas de segurança. Outra linha de produtos, que está sendo
muito explorada pela empresa, é
a de proteção ambiental.
Vescon – Fabricante de equipamentos industriais (válvulas e
equipamentos para completação
de poços de petróleo), a Vescon
apresentou em seu estande seus
principais produtos para os setores
de óleo, gás e indústria naval. Atualmente a empresa possui 25 equipamentos certificados com quase
carros elétricos no Porto do Açu,
no litoral norte do Rio de Janeiro.
Segundo ele, já existem negociações com fornecedores de tecnologia japoneses e europeus para o
empreendimento. A ideia é iniciar
a produção dentro de três a quatro
anos. O investimento estimado é de
1 bilhão de dólares.
Também foi anunciado pelo diretor de Desenvolvimento de produção
da OGX, Reinaldo Belotti, que uma
nova sonda entraria em operação
ainda por aqueles dias (ou seja, antes do final de setembro), no campo
de Waikiki, na Bacia de Campos.
Com todo o show apresentado
na ROG, a OGX deixou claro que sua
inserção no cenário do petróleo é
uma viagem sem volta: Eike já reiterou várias vezes que não há limites
para a expansão no setor, ainda que
a OGX se apresente como uma empresa com vocação para E&P e não
para o refino. Eike faz cara de que,
se o negócio for bom, ele entra.
TN Petróleo 74
71
100% de Conteúdo Nacional e 37
em processo de certificação.
Segundo Antonio Passos, gestor
comercial da Vescon, os destaques
da empresa na feira foram as válvulas de controle para linhas de gás e
com revestimento orgânico. “A primeira já é utilizada em gasodutos
Foto: Rudy Trindade
Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
e plataformas da
Petrobras, como
a P-55, que está
em construção.
As novas plataformas P-63,
P-58 e P-62 também consumirão
uma quantidade significativa destas
válvulas”, afirmou, ressaltando que
todos os equipamentos da empresa
são construídos no Brasil.
A Vescon é uma das principais
fornecedoras de cabeças de produção para a Petrobras. “Fechamos um fornecimento global com
Foto: Rudy Trindade
Da esquerda para a direita: o gerente da Lilo
Ventures, George J. Donnelly; John C. Cuttino, representante do Porto de Houston no Brasil e Jason
Geach, diretor de Desenvolvimento Corporativo da
Parker Drilling.
Porto de Houston vai abrir
escritório no Rio de Janeiro
Presente no estande dos Estados
Unidos da Rio Oil & Gas, a delegação do
Porto de Houston anunciou que abrirá
uma representação no Rio de Janeiro
em novembro. O objetivo do novo escritório é aproximar ainda mais a capital
do Texas e o estado brasileiro no que
diz respeito a trocas comerciais. “Você
tem que vir para o Rio, se quiser expandir seus negócios no Brasil”, afirmou o
diretor de Desenvolvimento Corporativo da Parker Drilling, Jason Geach, que
acompanhou a delegação.
72
TN Petróleo 74
Quando perguntado se a nova representação está relacionada à expansão do mercado de Petróleo & Gás
prevista para os próximos anos, o representante do Porto de Houston no
país, John C. Cuttino, respondeu: “Não
pretendemos nos restringir. Creio que
as parcerias entre Houston e Brasil
poderão abranger os segmentos de
aviação, petroquímica e transportes.
E com as Olimpíadas e a Copa do Mundo, esse campo pode se diversificar
ainda mais.”
A ideia não é apenas se estabelecer
no Brasil, mas levar empresas nacionais
a Houston. Através de incentivos locais,
companhias como Brascan, Tramontina,
Petrobras e, mais recentemente, a Odebrecht, já abriram seus escritórios na
capital do Texas. De acordo com o gerente da Lilo Ventures, George J. Donnelly Samper, o foco da delegação na Rio
Oil & Gas é exatamente fomentar essa
bilateralidade: “É uma relação natural, já
que Houston é o centro de energia no
mundo e o Brasil tende a se tornar um
dos maiores produtores no segmento.
Estamos aqui para conhecer companhias e fechar novos negócios.”
Em 2009, o Brasil foi o terceiro
maior parceiro do Porto de Houston
em exportações, com 3.061.068 milhões de toneladas; o sexto em importações, atingindo 5.086.568 milhões
de toneladas; e o terceiro na média
total, que chegou a 8.147.637 milhões
de toneladas.
SH Acessos
a estatal para este equipamento, no
valor de R$ 75 milhões”, comentou
Passos. Ele opina que a empresa
tem boas expectativas com as recentes descobertas do pré-sal. “Haverá uma grande necessidade de
equipamentos para trabalhar com
altas pressões e como a Vescon tem
tradição em fornecer esses equipamentos para a Petrobras, temos
grandes expectativas”, disse.
Edra – Fabricante nacional de
tubos e tanques de fibras de vidro
(FRP), a Edra apresentou na feira
sua expertise de 36 anos de atuação no mercado de fibra de vidro
e seus principais serviços para o
setor de petróleo, gás e indústria
naval.
A empresa, há oito anos no mercado de petróleo, forneceu sistemas
de remoção de sulfato (tubulações
offshore) para a plataforma P-52 e
atualmente está com projetos da
Queiroz Galvão, Engevix, Centro
Project, Iesa, Technip e Techint.
A Edra é a única empresa brasileira a possuir certificações para
tubulação em fibras de vidro. De
acordo com Arnaldo Gatto, gerente de desenvolvimento da
empresa, todos
os tubos da Edra
são fabricados no
Brasil, no parque
industrial da
companhia, que
conta com de 130.000 m², em Ipeúna
(SP), onde também fica localizado
o escritório da empresa.
Na avaliação do executivo, a
edição deste ano da Rio Oil & Gas
foi muito mais produtiva para a
empresa. “Muitas empresas novas
vieram nos conhecer. A visitação
de estrangeiros foi bem maior ”,
afirmou.
Tubos Ipiranga – Há 13 anos no
mercado, a Tubos Ipiranga, dis-
tribuidora de tubos e fabricante
de conexões, trefilados e de tubos
com costura de grandes diâmetros,
aproveitou a Rio Oil & Gas 2010
para divulgar a abertura de três
novas filiais, sendo duas focadas
no setor de petróleo e gás.
Segundo Alexandre Plassa, superintendente da companhia, desde 2009 a empresa se estrutura
para atender as
novas demandas
das refinarias e
do pré-sal. “Aumentamos nossos postos de
trabalho por conta das demandas
futuras do setor”, comentou.
A Tubos Ipiranga participa da
reforma, ampliação e instalação
da tubulação da Refinaria Abreu
e Lima (Renest) e participará
também do projeto do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj). No ano passado, a empresa apresentou sua nova sede
de distribuição em Ribeirão Pires
(SP), onde foram investidos cerca
de R$ 45 milhões na aquisição do
espaço e na construção de mais
de 12.000 m², totalizando 76.000
m². “A proximidade do local com
o braço sul do Rodoanel e a maior
facilidade de acesso ao novo polo
petrolífero de Santos foi um dos
atrativos que levaram a mudança
da empresa”, explicou.
O executivo informa que serão
abertas duas outras filiais focadas no
setor de óleo e gás, uma na região
Nordeste e outra em São Paulo.
Schulz – Fabricante de conexões
tubulares, tubulações de aço inoxidável e cobre-níquel para os setores da indústria naval, petróleo e
gás e petroquímico, a alemã Schulz
anunciou, durante a Rio Oil & Gas
2010, uma aliança estratégica com
a Immbrax visando agilizar a colocação de seus produtos no mercado
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e assegurar a redução no prazo de
fornecimento – hoje da ordem quatro meses – para pronta entrega.
De acordo com o presidente da
Schulz América Latina, Marcelo
Bueno, o objetivo é garantir a
rápida entrega,
mesmo em regiões remotas.
A expectativa é
de que o negócio
comercialize cerca de 22 mil toneladas/ano para
os segmentos de petróleo, gás e
petroquímico.
Immbrax – Segundo o presidente
da Immbrax, Rogério Barros, a empresa irá operar
quatro centros de
distribuição – Rio
de Janeiro, Recife, Jandira (SP),
e Camaçari (BA).
O acordo entre
as empresas foi
concluído em julho. “Já estamos
trabalhando juntos, mas coroamos
a parceria na feira”, explica Barros,
que afirmou ter outros interesses
na aliança, não só o atendimento
ao gargalo logístico atual.
A Immbrax é especializada na
comercialização de componentes
industriais e tem como principal
atividade a distribuição de pro74
TN Petróleo 74
Foto: Ricardo Almeida
Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
dutos para empresas que exijam
altos padrões de qualidade. Também atua no setor de conexões,
tubos inoxidáveis e válvulas industriais.
Para o presidente da Schulz,
Marcelo Bueno, a aliança permitirá
otimizar o trabalho e o atendimento da companhia a seus clientes.
“A aliança será extremamente benéfica”, afirmou. “Identificamos
complementaridades entre as duas
empresas, que certamente assegurarão bons resultados.”
SKF – A SKF do Brasil destacou
na feira o lançamento de sistema
de vedações especiais sob encomenda. “O material utilizado neste
sistema de vedação garante maior
segurança e eficiência”, explicou
Ricardo Vieira Amaral, gerente
do Segmento
de Energia para
América Latina.
A SKF possui
tecnologia para
desenvolver as
peças de acordo
com as necessidades dos clientes, uma produção
individual, em menor escala e em
um curto intervalo de tempo, assegura o executivo. O sistema é
referência nas unidades da SKF
em todo o mundo e começa a ser
implementado no Brasil.
Outro destaque da companhia
sueca foram os mancais magnéticos em equipamentos rotativos,
que substituem os mancais de
deslizamento em diversas aplicações nas indústrias de óleo e gás.
“Estes componentes garantem a
eliminação da unidade de óleo
lubrificante, alta confiabilidade
do sistema, facilidade de ajuste,
operação livre de atrito e óleo, baixa perda de energia, operação em
ambientes em condições extremas
(vácuo, temperaturas, processo
corrosivo) e altas velocidades de
rotação”, explicou Amaral.
Metalcoating – Especialista em
revestimentos orgânicos, a Metalcoating apresentou uma nova
tecnologia para a proteção interna
e externa de tubos, válvulas e outros acessórios de metal durante a
Rio Oil & Gas. Gilson Gama, gerente comercial
da companhia,
afirma que o
produto é 100%
nacional e pouco agressivo ao
meio ambiente,
atendendo aos
requisitos da Petrobras e do segmento de Petróleo & Gás.
“A tecnologia será utilizada para
revestir as curvas do aqueduto do
mar do Rio Grande do Norte, cujo
recorde de público e de negócios
projeto de revitalização terá capacidade de injetar 17.000 m³ de
água por dia, contribuindo para
produção de óleo e gás na bacia
potiguar”, explicou o executivo.
Gama acredita que os revestimentos orgânicos podem ser de
grande utilidade em ambientes
extremamente corrosivos por
conta da alta concentração de
CO 2, como é o caso da camada
pré-sal. “Os polímeros orgânicos
tornam os equipamentos aptos a
funcionar em severas condições
operacionais de temperatura e
pressão, mesmo em presença de
gases carbônico, sulfídrico e bactérias redutoras de sulfatos. Além
disso, possibilita a substituição de
ligas metálicas nobres e de alto
custo”, acrescentou.
Multialloy – A Multialloy, líder
nacional em engenharia de aplicação de ligas especiais, anun-
ciou que prepara novidades para
o mercado brasileiro de óleo e gás.
Parceira na construção de plataformas petrolíferas, a empresa amplia
a carteira nesta área de atuação
desenvolvendo soluções customizadas para o mercado.
Segundo o engenheiro Luiz
Carlos de Barros, diretor comercial da Multialloy, metais e
ligas especiais
não são apenas
uma questão de
matéria-prima e
tecnologia. São,
principalmente,
processos de engenharia de aplicação e serviços ultra especializados.
“Por esta razão os nossos serviços
têm a preferência do mercado nacional”, afirmou, destacando os
valores da empresa vinculados à
parceria e ao comprometimento
das soluções técnicas com a sus-
tentabilidade. “Relacionamento
é fundamental para trabalhar de
forma customizada para o cliente,
desenhando soluções efetivas de
alta confiabilidade, tecnologia e
inovação.”
Completando 25 anos em 2010,
com uma carteira consolidada de
três mil clientes, a empresa é pioneira na adequação de equipamentos para revestimentos, como
é o caso mais recente da parceria
Multialloy com o Porto de Suape,
em Pernambuco.
Dedini – A Dedini está próxima
de selar parceria com a empresa
holandesa NEM BV para atender o mercado de caldeiras de
recuperação de calor. O anúncio
foi feito durante a Rio Oil & Gas
2010. Com o acordo, a companhia
brasileira passará a utilizar a tecnologia HRSG, que amplia o ciclo
térmico através da utilização dos
Foto: Rudy Trindade
Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
gases quentes residuais. “A intenção é aumentar
o ciclo térmico
de 28% para
35% até 2020,
diminuindo o
desperdício”,
explicou o diretor do setor de Infraestrutura e Energia da Dedini,
Ruddi Souza.
Segundo o executivo, o Brasil
é o único país produtor de energia
que não sabe aproveitar seus resíduos. “Isso fará falta no futuro”,
acrescentou Ruddi.
Fundada em 1920, a Dedini é
100% nacional e especializada na
fabricação de bens de capital para
os segmentos de Petróleo & Gás,
Indústria Química, Celulose e Papel, Energia e Alimentos.
BG Brasil
uma
excelente
taxa de sucesso,
com nove descobertas em três
anos. Atualmente,
a BG Brasil participa de seis concessões offshore
na Bacia de Santos (BM-S-9, 10, 11,
47, 50, 52) e uma concessão onshore na Bacia de São Francisco (BTSF-2), com a Petrobras e outras empresas como parceiras.
A BG Brasil também apresentou
o Projeto Mondocorcovado e os resultados obtidos em dez meses de
monitoramento das correntes superficiais da Bacia de Santos, por meio
de pôster em exposição no Congresso Técnico. O programa de monitoramento foi desenvolvido ao longo
da perfuração do bloco BM-S-52
para mapear o sistema de ventos e
correntes oceânicas na região, com
o uso de derivadores oceânicos.
No dia 15 de setembro, o vicepresidente de Assuntos Corporativos
da BG Brasil, Henrique Rzezinski,
apresentou durante a ROG 2010, no
Painel 3 do Bloco III (Gás Natural e
Energia), intitulado ‘Gás Natural no
Brasil’, a visão do distribuidor de gás
natural no Brasil.
O BG Group é acionista majoritário da Comgás, em São Paulo, e com
participação acionária no Gasoduto
Bolívia-Brasil. “Temos uma visão de
longo prazo para o país e estamos
aqui para ficar. O Brasil é estratégico para o Grupo e já investimos
mais de US$ 5 bilhões desde que
chegamos ao país em 1994”, afirmou
Rzezinski.
Desde o início do programa de
perfuração em águas profundas do
pré-sal da Bacia de Santos, em 2005,
o BG Group e seus parceiros tiveram
76
TN Petróleo 74
Libra – O Grupo Libra anunciou, durante a Rio Oil & Gas,
investimentos de cerca de R$
110 milhões em novos equipamentos para os terminais de
Santos e do Rio de Janeiro. No
total, serão seis portêineres STS
(Ship-to-Shore Crane), quatro
para Santos e dois para o Rio, e
sete RTG (Rubber Tyred Gantry),
guindastes sobre pneus, que se
movimentam pelo terminal, sendo três para o porto santista e
quatro para o carioca.
Dois portêineres chegam à
Libra Terminais Santos já no
final de outubro deste ano, e o
restante do material acaba de
ser encomendado junto à empresa chinesa ZPMC, com entrega
prevista para outubro de 2011.
O grande destaque fica para os
RTG, com inédito sistema no Brasil (desenvolvido pela Siemens),
garantindo a diminuição de até
50% no consumo de óleo diesel e a consequente redução de
emissões de gases que agravam
o efeito estufa. Os equipamentos
também contam com sistema de
GPS (Global Positioning System),
permitindo ao operador da máquina corrigir a direção com mais
facilidade e rapidez.
“Esse sistema é inédito nos portos brasileiros”, explicou o diretor
de Engenharia, Processos e TI da
recorde de público e de negócios
Libra Terminais, José Luís Soares.
“A Libra Terminais é a primeira a
receber este equipamento no Brasil”, complementa.
Os dois novos equipamentos
já foram embarcados na China e
a previsão é que cheguem ao terminal santista no final de outubro,
coincidindo com a comemoração
dos 15 anos da Libra Terminais.
Atualmente, a Libra Terminais
Santos conta com sete portêineres, 20 RTG e 22 empilhadeiras
de lança telescópica.
Hyosung – Líder em produção de
bombas de alta pressão na Coreia
do Sul, a Hyosung faz sua estreia na
Rio, Oil & Gas visando obter participação no mercado brasileiro.
“Já temos grande atuação no
Oriente Médio e na Europa, mas
queremos conquistar a América Latina”, afirmou o diretor de Vendas
da companhia, Se-Ki Kim.
A Hyosung pretende introduzir no país o seu mais novo
lançamento:
as bombas de
alta pressão
BB5 voltadas
para o mercado
offshore, uma
tecnologia na
qual a empresa
possui apenas um competidor
em todo o mundo. Kim admite
que o produto é de alto custo,
porém uma vez que entre no mercado global, esse quadro pode
mudar: “Se expandirmos nosso
mercado, podemos conseguir novos fornecedores e oferecer um
serviço melhor e mais vantajoso
para todas as partes envolvidas
no negócio”, explicou.
Segundo Kim, além do segmento de Petróleo & Gás, a Hyosung também pretende atuar no
setor de energia nuclear brasileiro. “Sei que o Brasil tem uma
usina nuclear pronta, duas em
construção e quatro em estudo.
Na Coreia, temos 20 indústrias e
todas têm equipamento da nossa
companhia”, completou o executivo.
A Hyosung já detém participação nas indústrias têxtil e automotiva do Brasil, com duas fábricas
e um escritório, todos no estado
de São Paulo.
Clariant – O diretor da unidade
de Negócios Oil & Mining Services da América Latina, Carlos
Tooge, afirmou que a expansão da
Petrobras e o avanço das atividades offshore brasileiras previstas
para a próxima década farão com
que a demanda da indústria química aumente em 100%.
“Além do grande volume de
produtos consumidos, o rigor do
pré-sal exige soluções de alto
desempenho e baixo impacto
ambiental”, acrescentou o executivo.
Tooge considera que essa
porcentagem deve crescer ainda mais após 2012, quando forem iniciadas as operações dos
testes de longa duração (TLDs),
projetos-piloto e novas unidades
previstas para o desenvolvimento
da camada pré-sal.
“São necessárias soluções químicas para o tratamento primário
dos módulos de processamento das
plataformas, que separam o óleo,
a água e o gás de uma única corrente, e ainda soluções específicas
para elevação do hidrocarboneto
que está no substrato, em grandes
profundidades de água e substrato”, acrescentou.
Especialista no tratamento de
campos maduros,
a Clariant já recuperou mais de
quatro mil unidades exploratórias em países
como Venezuela,
Argentina e Co-
Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
lômbia. No entanto, Tooge declarou
que não há previsão de aplicação
dessa tecnologia no Brasil.
“É decisão da Petrobras não
adotar, pelo menos por enquanto,
nosso sistema de tratamento de
campos no país.” De acordo com
o executivo, o foco da companhia
na Rio Oil & Gas foi o conteúdo
local, principalmente no que diz
respeito a mão de obra. Ao todo,
foram realizadas três palestras
(pôsteres) voltadas para estudantes e jovens profissionais que
desejassem conhecer melhor a indústria química e sua aplicação no
segmento de Petróleo & Gás. “O
objetivo foi mostrar a estudantes
e recém-formados em Engenharia
as oportunidades e os desafios do
setor químico na era do pré-sal”,
completou Tooge.
Também durante a feira, a Clariant apresentou uma nova tecnologia para plataformas offshore.
Trata-se de um fluido emulsificante
de multipropósito, ou seja, primário
e secundário em um único produto. Tooge explicou que o líquido
garante a eficiência na perfuração
Espalhados pelos cinco pavilhões do Riocentro, era possível
conferir, na Rio Oil & Gas 2010,
uma nova safra de fornecedores
de equipamentos e empresas do
Reino Unido, Noruega, França,
Estados Unidos, Holanda, Dinamarca, China, Argentina, Bélgica,
Alemanha, Canadá, Itália, entre
outros.
Em busca de oportunidades de
negócios e trazendo na bagagem a mais alta tecnologia em
exploração e produção, cerca de
70 companhias britânicas participaram da Rio Oil & Gas neste
ano. Esta foi maior participação
britânica desde 2002, quando a
feira foi realizada em paralelo ao
World Petroleum Congress. Já o
Pavilhão da França esteve representado por 33 companhias. A
Itália, por 12 empresas, o dobro do
78
TN Petróleo 74
número de companhias italianas
que participaram da última edição.
O pavilhão do Canadá também
triplicou o número de empresas
de 11, em 2008, para 36 este
ano. Os pavilhões da Noruega e
do Reino Unido, tradicionais na
exposição, trouxeram 29 e 30
instituições, respectivamente,
quantidade bem maior que nas
edições anteriores.
O evento contou ainda com a
visita de Sua Alteza Real Príncipe
Joachim da Dinamarca. O pavilhão
dinamarquês tem 21 empresas do
setor de óleo e gás que já operam no Brasil. Entre as principais
companhias, estava a Maersk Oil,
concessionária de blocos de exploração e produção de petróleo e
gás na costa brasileira. O príncipe
aproveitou a visita ao Brasil para
se reunir com diretores da Pe-
Foto: Rudy Trindade
É crescente a participação internacional
trobras e da Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
recorde de público e de negócios
de poços sem agredir o meio ambiente. “O baixo impacto ambiental
não impede que o fluido desempenhe o papel de lama de perfuração
até em ambientes mais severos”,
completou.
Green Capital – A Green Capital – gestora de fundos de private
equity do Grupo GPS – anunciou,
durante a Rio Oil & Gas, a assinatura de memorando de investimentos com o Grupo Mercotubos,
empresa que atua na fabricação
de estruturas para equipamentos
subsea, serviços de montagem
eletromecânica e distribuição de
tubos de aço. Os ativos envolvidos na operação contam com as
unidades operacionais em Atibaia
e as unidades comerciais localizadas em São Paulo e em Belo
Horizonte.
“A Mercotubos será nossa plataforma de consolidação na Cadeia
de Suprimentos do setor de Óleo e
Gás no Brasil. Nosso objetivo é, a
partir da consumação desta associação, desenvolver um grupo único com governança diferenciada e
excelência em gestão, capacitados
a liderar um ambicioso processo
de crescimento”, comentou Marco Serra, sócio diretor da Green
Capital. “Estamos estruturados
para crescer, tanto organicamente,
como através de aquisições, algumas delas já em curso, além de estudarmos alianças com empresas
estrangeiras capazes de acelerar
nossa busca por tecnologia.”
Como parte do projeto de expansão, a Mercotubos inaugura
uma operação, em Pernambuco,
ainda este ano. A nova unidade
passa a atender a Refinaria Abreu
e Lima (Rnest), os estaleiros locais além da Petroquímica de
Suape, tendo condições logísticas
para atender também as futuras
refinarias Premium do Ceará e
Maranhão.
Alstom Grid – Uma das principais companhias de transmissão
de energia e eletrônica de potência
para concessionárias e indústrias,
a Alstom Grid, novo setor do grupo
Alstom, participou pela primeira
vez da Rio Oil & Gas levando à
feira suas soluções para produtos,
sistemas, automação e serviços.
A empresa apresentou na ocasião o mais recente lançamento em
tecnologia VSC (Voltage Sourced
Converter – Conversor de Tensão)
por meio de uma demonstração em
vídeo 3D. Outras soluções exibidas
foram as avançadas Subestações
Isoladas a Gás (GIS) e soluções
de automação para o mercado de
gás e refinarias.
“Agora, como integrantes da
Alstom, nosso intuito é agregar
cada vez mais novas soluções e
Indústria naval brasileira.
Um setor em expansão.
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Com um mar de oportunidades em sua proa e após anos de estagnação, o mercado naval brasileiro volta a ser uma realidade. De 2000
para cá, com os programas de Renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam) e o de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da
Transpetro, a indústria da construção naval brasileira saltou de dois mil para 80 mil empregos diretos e indiretos, serão 146 embarcações
de apoio marítimo e 49 navios, com um índice de 65% de conteúdo nacional no setor de navipeças. Participe!
Copyright 2010, Benício Biz Editores Associados | 55 21 3221-7500
tecnologias para
nossos parceiros e clientes”,
comentou André Gesualdi,
diretor-geral do
setor Grid da
Alstom no Brasil. “Feiras como esta nos dão a
oportunidade de mostrar esses
diferenciais”, disse.
Grupo MAN – Nas edições anteriores da Rio Oil & Gas, MAN Diesel
e MAN Turbo compartilharam um
Foto: Ricardo Almeida
Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
estande na feira. Este ano, com a
fusão das duas empresas, em janeiro,
a MAN Diesel & Turbo pela primeira
vez se apresentou ao mercado brasileiro como uma única empresa.
Juntas MAN Diesel & Turbo
Brasil formam uma das maiores
fabricantes de turbomáquinas e
motores a diesel para uso naval e
em usinas de geração de energia
do mundo, além de ter o pioneirismo no desenvolvimento de tecnologia para compressão submersa
de gás em águas profundas e ultraprofundas.
“Às vésperas
das atividades do
pré-sal no Brasil,
a presença maciça de empresas
permitiu a realização de bons
contatos e estreitamento de relacionamentos para a
MAN Diesel & Turbo”, comentou o
diretor geral da Man Turbo no Brasil,
Martin Kunze.
Fiber Glass Systems – Especializada na fabricação de tubos
Gas Energy: transformação da empresa em sociedade anônima
Durante a Rio Oil & Gas 2010, a
Gas Energy, maior consultoria brasileira de gás, anunciou que concluiu
o processo de transformação da
empresa em sociedade anônima. O
objetivo é se fortalecer em meio ao
cenário de crescimento da demanda
por consultoria em projetos de óleo e
gás nos próximos anos, para realizar
um IPO em quatro ou cinco anos.
A Gas Energy S/A passa a adotar
as mais modernas práticas de governança corporativa como preparativo
para a realização, em médio prazo,
de uma Oferta Pública Inicial (IPO
em inglês). O Grupo Gas Energy, que
inclui além da consultoria a divisão
de negócios, deve fechar 2010 com
um faturamento total de cerca de R$
10 milhões, quase o dobro do valor do
ano passado.
80
TN Petróleo 74
A governança está estruturada
nos órgãos societários de Conselho
de Administração e Diretoria Executiva, trabalhando sob a forma de um
colegiado, o Comitê Executivo e por
um Conselho Consultivo.
A nova companhia consolida todas
as áreas de consultoria e assessoria
em uma única empresa, tendo como
subsidiárias a Gas
Energy Chemicals,
a Gela Participações Ltda.
(responsável pela
atuação da empresa no exterior) e a
Gas Energy Tecnologia. Com essa
nova estrutura, a Gas Energy S/A terá
mais integração e dinamismo para
atender as novas oportunidades do
mercado nos setores de gás natural,
química e petroquímica.
“As novas oportunidades irão
surgir graças a um cenário que inclui
taxas de crescimento econômico superiores a 7% ao ano, grandes investimentos no pré-sal, novos produtores
de gás natural em terra (onshore) e
em águas rasas e semiprofundas, e de
negócios e obras de infraestrutura ligados aos eventos da Copa do Mundo
de 2014 e das Olimpíadas do Rio de
Janeiro, em 2016.
Tudo isso irá aquecer o mercado
brasileiro de energia para patamares
nunca vistos antes, gerando grande
interesse de empresas nacionais e
internacionais em se expandirem ou
adentrarem este mercado”, explica o
diretor presidente da Gas Energy S/A,
Douglas Abreu.
recorde de público e de negócios
e conexões, a americana Fiber
Glass Systems divulgou na Rio
Oil & Gas a construção da primeira fábrica da empresa na América
Latina.
Apostando alto no potencial do
Porto de Suape (PE) e nas oportunidades que estão surgindo com
a descoberta do pré-sal, a Fiber
Glass Systems contará com uma
fábrica em Pernambuco, onde
fabricará tubos para controle de
corrosão para o setor de petróleo
e na indústria química e naval.
“A fábrica estará pronta para
produzir os equipamentos em
março de 2011. A unidade ocupará uma área
de oito hectares
e contará com
um pátio grande para estocagem. Quando
entrar em operação irá gerar
cerca de cem empregos diretos”,
comentou o diretor comercial da
empresa, Felipe Bretas.
Segundo o executivo, a localização da nova fábrica é estratégica.
“Escolhemos o Nordeste porque é
a região em que está localizada a
maioria dos campos de petróleo
em terra, sem contar com a proximidade dos estaleiros e do Porto
de Suape.” A proximidade com
a África e Europa e os incentivos
fiscais oferecidos pelo governo do
Estado para a infraestrutura na região também foram um atrativos
apontados pelo diretor.
WDT Engenharia – Pela primeira
vez na feira, a WDT Engenharia,
empresa que atua como prestadora
de serviços na área de inspeção
de soldagem, equipamentos e no
controle de qualidade, apresentou
na Rio Oil & Gas o Phased Array,
tecnologia que permite a inspeção de soldas, dutos e superfícies
com qualidade e precisão superio-
res, com velocidade maior e emitindo laudos imediatos.
Outra característica da tecnologia é que ela não gera resíduos,
não oferecendo riscos de contaminação ao meio ambiente nem ao
profissional que o opera. O investimento na aquisição da tecnologia
foi de US$ 1 milhão.
A empresa espera aumentar o
seu faturamento em cerca de 15%
em negócios gerados durante a
Rio Oil & Gas 2010. Para Marcelo
Freitas, sócio-diretor da WDT Engenharia, três grandes negócios
foram iniciados no evento, mas o
executivo preferiu manter sigilo
acerca do nome dos futuros clientes, até que tudo seja concluído.
“Mais do que fechar novos negócios, esperamos consolidar e ampliar as parcerias já existentes”,
comentou.
Softway – Especializada em softwares para comércio exterior, a
Softway projeta um crescimento
de 200% na carteira de clientes no
Rio de Janeiro em 2010. “No ano
passado, inauguramos uma filial
no Rio de Janeiro para atender
o setor de óleo e gás. Existe um
movimento intenso de importação
de máquinas para a exploração de
jazidas. Em 12 meses, os negócios
locais passaram a responder por 5%
do nosso faturamento total”, comentou Menotti
Antonio Franceschini Neto,
diretor-executivo
da Softway.
Desde a abertura da filial, em junho de 2009,
a Softway investiu 1,5 milhão de
reais para atender a demanda do
mercado de óleo e gás por meio de
soluções em software para importação e exportação de produtos.
“O uso de soluções informatizadas acelera o processo e diminui
a margem de erros durante os processos aduaneiros. Isso significa
economia para o cliente. Alguns
dos nossos produtos, como os sistemas Repetro Sys e Replat Sys,
são pré-requisitos para qualquer
empresa que queira atuar no setor”, explica o executivo.
Atualmente, o mercado de comércio exterior do Rio de Janeiro é o terceiro maior do Brasil. De
acordo com dados da Softway, entre
exportações e importações, o Estado movimentou mais de 25 bilhões
de dólares no ano passado. Já em
2010, somente no mês de abril, já
foram mais de um bilhão de dólares
movimentados, o que significa um
aumento de 112,42% em relação ao
mesmo período do ano passado.
“A exploração do pré-sal e toda
a cadeia produtiva envolvida com
petróleo e gás exige uma logística
aduaneira muito complexa, ágil e
efetiva e é exatamente nesse nicho que estamos atuando, levando
soluções informatizadas para as
empresas que atuam nesse setor”,
complementa o executivo.
Megatranz – Pela segunda vez
na Rio Oil & Gas, a Megatranz,
empresa de logística e movimentação de cargas, levou ao evento
sua expertise no setor de óleo e
gás e apresentou a importância do
setor de transporte superpesado
para a área.
“O segmento de petróleo e gás
está entre as principais áreas de
atuação da Megatranz”, afirmou
Henrique Zuppardo, presidente e CEO da
Megatranz. “Em
virtude das boas
perspectivas desse e do setor de
infraestrutura,
estamos investindo R$ 15 milhões
este ano para dobrar nossa capacidade de operação.”
TN Petróleo 74
81
O presidente da Megatranz
revela que, dentre os recentes
projetos de destaque realizados
para o setor, estão o load out da
jaqueta da plataforma de Mexilhão
e da plataforma P-56, ambas da
Petrobras. “A jaqueta de Mexilhão
pesava 12.500 toneladas e foi movimentada pelo sistema pulling,
através de equipamentos strand
jack. Foram utilizados 16.000 m
de cabos de aço no projeto, que
foi concluído em novembro do ano
passado”, contou.
Para a P-56, a Megatranz fez
a movimentação dos módulos no
píer até sua colocação na balsa, no
bairro do Caju, no Rio de Janeiro.
Do local as peças seguiram para o
estaleiro da Brasfel, em Angra dos
Reis (RJ), onde será feita a integração dos módulos. “Para realizar
82
TN Petróleo 74
Foto: Ricardo Almeida
Foto: Ricardo Almeida
cobertura rio oil & gas 2010
trabalhos como o
load out dos dois
módulos, que pesavam 1.255 toneladas e 1.318
toneladas cada,
foi necessário
um longo período de estudos – desde a engenharia
até a busca por certificações para
viabilizar o projeto”, comentou.
CH2M HILL – Para a norte-americana CH2M HILL, empresa de
consultoria, gerenciamento de
programas, projetos, construção,
operações e meio ambiente, o Brasil é um mercado estratégico de
crescimento.
“Dentro da estratégia de crescimento na cadeia de energia, o
Brasil um dos mercados de maior
relevância”, afirmou a engenheira
Liliam Valentin, diretora da área
de energia e químicos da empresa
no país.
Radicada no país desde 1996, a
CH2M HILL fornece soluções para
projetos de produção e exploração
de petróleo, refino, gaseificação,
terminais e pipelines. Um dos destaques da atuação é o fornecimento
de serviços em regiões remotas de
exploração de petróleo, como os
terrenos congelados do Alasca ou
os desertos da Arábia Saudita. No
Brasil, os focos são refinarias, terminais, pipelines e projetos para
topsides de plataformas.
“O potencial de novos negócios,
especialmente os que devem ser
gerados em torno da exploração
do pré-sal, é extraordinário”, comentou Valentin.
EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO REFINO E DISTRIBUIÇÃO GEOFÍSICA E SÍSMICA DUTOS E
TERMINAIS INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE BIOCOMBUSTÍVEIS E SUSTENTABILIDADE
RECURSOS HUMANOS E GOVERNANÇA CORPORATIVA LEGISLAÇÃO E MERCADO
Informação de qualidade
Sempre, sempre, sempre...
ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES
O outro Brasil
do petróleo
Bahia: onde tudo começou
Cadeia produtiva baiana
Inovação para campos maduros
Pequenos produtores, pequenos municípios e grandes
esperanças, por Doneivan F. Ferreira
Entrevista exclusiva
Armando Comparato Jr,
presidente da Prysmian América do Sul
A cara e a cruz: situação do parque supridor na Bahia,
por Nicolás Honorato Cavadas
O Brasil é ótimo
Campos maduros e o governemnt take,
por Thereza Aquino e Mauricio Aquino
Sustentabilidade acontece quando se olha
para o futuro, por Otavio Pontes
A importância da logística enxuta nas
corporações, por Aldo Albieri
Demanda e produção de petróleo:
a necessidade de gestão, por Ronald Carreteiro
As oportunidades do mercado internacional
de gás e óleo pós-crise, por Eduardo Sausen Mallmann
Como atingir a excelência operacional, por Ailtom Nascimento
ESPECIAL: TECNOLOGIA SÍSMICA
Brasil:
um território
inexplorado
Novos desafios à regulação: a sobrevivência
dos independentes, por Marilda Rosado
O marco brasileiro, por Marcio Silva Pereira
Acidente ambiental, por Maurício Green e Carlos Boeckh
O contrato de partilha de produção: considerações
sobre o regime tributário, por Gonçalo Falcão
Entrevista exclusiva
Tomaso Garzia Neto,
presidente da Projemar
Engenharia é o
nosso negócio
A economia brasileira e o apagão de talentos,
por Alfredo José Assumpção
Sistema óptico aprimora medição de tensões residuais em dutos
enterrados, por Armando Albertazzi Gonçalves Jr. e Cesar Kanda
Royalties do petróleo e tributação: ou um ou o outro, por Danny
Warchavsky Guedes e Caroline Floriani Bruhn
Mercado de biocombustíveis carece de regulação,
por Liliam Fernanda Yoshikawa e Hilton Silva Alonso Junior
C O B E R T U R A
Ano XII • mai/jun 2010 • Número 72 • www.tnpetroleo.com.br
opinião
opinião
opinião
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Festa para o Almirante Negro
Golfo do México: horizonte sombrio
Licença ambiental para o Estaleiro do Paraguaçu
nº 72
nº 71
nº 70
Nas águas turbulentas do ISS, por André L. P. Teixeira,
Bianca de S. Lanzarin e Tiago Guerra Machado
O outro Brasil do petróleo – Parte 2
ESPECIAL PN PETROBRAS 2010-2014: 224 BILHÕES DE DÓLARES EM INVESTIMENTOS
FMC: produção submersa
O futuro do aço brasileiro
de Gabriel Aidar Abouchar, diretor de Mineração e Siderurgia da Abemi
Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis
Forship: gestão regulatória
Ano XII • mar/abr 2010 • Número 71 • www.tnpetroleo.com.br
Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis
SMS: a indústria já entende essa mensagem
ESPECIAL TECNOLOGIA SÍSMICA: BRASIL, UM TERRITÓRIO INEXPLORADO
ESPECIAL: PRODUTORES INDEPENDENTES – O OUTRO BRASIL DO PETRÓLEO
Revista Brasileira de TECNOLOGIA e NEGÓCIOS de Petróleo, Gás, Petroquímica, Química Fina e Biocombustíveis
E o tombo não foi tão grande assim
TN PETRÓLEO
TN PETRÓLEO
TN PETRÓLEO
Ano XII • jan/fev 2010 • Número 70 • www.tnpetroleo.com.br
Indústria naval: os próximos passos
de Alceu Mariano, presidente da Sobena – Sociedade Brasileira de Engenharia Naval
A energia descriminada, de Antonio E. F. Muller, presidente da Abdan
(Associação Brasileira do Desenvolvimento das Atividades Nucleares)
O outro Brasil do petróleo – Parte 3
Wärtsilä: com força total
Lançado ao mar primeiro
navio fluminense do Promef
Primeiro porta-contêineres construído no Brasil
ESPECIAL: PLANO DE NEGÓCIOS DA PETROBRAS 2010-2014
224 bilhões
de dólares em
investimentos
A hora do pré-sal e dos pequenos produtores
de petróleo e gás, por Haroldo Lima
Entrevista exclusiva
Modalidades de transporte e escoamento
de óleos não convencionais, por Clenilson da Silva Sousa Junior
A evolução do licenciamento ambiental
das atividades de E&P, por Maria Alice Doria
John Forman,
vice-presidente da HRT Oil & Gas
De volta
ao Eldorado
CADERNO DE SUSTENTABILIDADE
Michelin Challenge Bibendum: mobilidade sustentável
Fórum Internacional de Comunicação
e Sustentabilidade: diálogo necessário
Conferência Internacional do Instituto Ethos 2010
Mais de 2 milhões para Piatam V
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TN Petróleo 74
83
eventos
Cable Fórum
Nexans quer crescer
(ainda mais) no Brasil
Multinacional francesa realiza primeiro Cable Fórum na América do Sul, com foco
no potencial de bons negócios nos setores industrial, construção e infraestrutura
(principalmente no segmento offshore de petróleo), com o objetivo de expandir
sua atuação no Brasil, que representa 50% de seu mercado na América do Sul.
O
84
TN Petróleo 74
Foto: Divulgação
mercado de petróleo
e gás, sobretudo no
segmento offshore,
é a principal aposta
da gigante francesa
Nexans, fabricante
de cabos e sistemas de cabeamento de energia, para expandir suas
operações no Brasil. Aqui, ela abriga três das oito fábricas da América
do Sul, mas responde por quase
metade do volume de negócios da
multinacional no continente, que
é da ordem de US$ 830 milhões
(11% da receita global).
De olho nessas oportunidades, a
empresa decidiu trazer para o Brasil
a 12ª edição do Cable Fórum, uma
plataforma única de informações
e debates, dedicada a 300 profissionais de todo o continente sulamericano – o escolhido para sediar,
pela primeira vez, esse evento. Realizado em São Paulo, no dia 6 de
outubro, o fórum teve como público
os setores industrial, da construção
e de infraestrutura, que abrange a
área de petróleo e energia.
Uma das líderes globais em tecnologia de cabos, a Nexans tem
forte atuação em toda a cadeia produtiva de óleo e gás (da exploração
ao refino e distribuição), para a
qual fornece ampla gama de cabos de energia e de comunicação
e umbilicais para a exploração e
por Cassiano Viana
produção offshore. Das 39 fábricas
espalhadas pelo mundo, oito estão
na América do Sul: três no Brasil,
duas na Argentina, uma no Chile,
uma no Peru, outra na Colômbia,
além de escritórios na Venezuela,
Bolívia, Paraguai e Uruguai.
A escolha da América do Sul
se deve ao período de crescimento prolongado pelo qual a região
– principalmente o Brasil, na área
de infraestrutura energética – vem
passando, frente a um cenário mundial ainda ressentido pela crise de
2008. No ano passado, a receita da
Nexans no Brasil foi de quase US$
380 milhões.
“Acreditamos que podemos
crescer 10% no mercado brasileiro
esse ano e uma média de 20% em
toda a América do Sul”, observou
Antoine Welfling, presidente da
companhia no Brasil, apontando
o segmento de petróleo como a
principal vertente de crescimento
no país, ainda mais com as expectativas de exploração do pré-sal.
As expectativas positivas são
confirmadas por um dos convidados da Nexans, o ex-presidente da
Embraer, Ozires
Silva. Ele afirmou que para
uma empresa
como a Nexans
é importante
estar no Brasil
num momento
de ouro, em que
há muito que desenvolver, sobretudo a infraestrutura. E chamou a
atenção para que
a multinacional
colabore na for-
mação de recursos humanos, de
novos talentos para os grandes
desafios tecnológicos, como, por
exemplo, os do pré-sal.
Conteúdo nacional
A possibilidade de a empresa
ampliar seu parque fabril brasileiro, que está no limite em função
da alta demanda do mercado nacional, foi mencionada por Jorge
Tagle, diretor da região América
do Sul da Nexans: “O Brasil, por
representar 50% do mercado latino, seria a possível sede para uma
nova fábrica.”
Outros fatores pesarão nessa
decisão. Um deles é o fato de a
Nexans ser, hoje, um dos principais fornecedores de umbilicais da
Petrobras (cabeamento submarino
utilizado para a comunicação entre
os campos e as plataformas), tendo
em seu portfólio as mais modernas
plataformas da estatal, como P-50,
P-51, P-52, P-53, P-54 e a recémlançada P-57.
“Olhando por fora, é difícil ter a
ideia da quantidade de cabos contida em uma única plataforma de
petróleo. Mas são necessários, em
média, 1.500 km deles. Isso, sem
contar as necessidades das refinarias e das embarcações de apoio”,
comentou o vice-presidente comercial e de marketing da Nexans para
América do Sul, Chaim Tencer.
“Algumas plataformas do pré-sal
poderão ficar a uma distância tão
grande da costa que não será possível
chegar a elas de helicóptero. Isso vai
demandar a construção de plataformas controladas remotamente.”
Ocorre que, hoje, o cabeamento submarino usado nas plataformas brasileiras vem da unidade
da empresa na Noruega. Um fator
de risco para uma indústria que
quer se posicionar com mais força em um setor que tem regras
cada vez mais rígidas de maior
conteúdo nacional.
“Se nos próximos dois ou três
anos houver picos de demanda por
cabos nas áreas de transmissão de
energia, transportes e de óleo e
gás, haverá expansão das fábricas
no país”, ressalvou Tencer, contabilizando que se as
três fábricas em
operação seguirem o ritmo de
2010, em 2011
chegarão à plena capacidade.
“Portanto, bem
antes haverá necessidade de investimento”, pontuou o executivo.
Planta dedicada
O presidente da companhia no
Brasil observa que a prioridade, dentro
de uma perspectiva de ampliação da
capacidade de produção, é a construção de uma fábrica de produtos dedicados, ou seja, de cabos com aplicação
específica. “É sempre melhor construir
uma planta de produtos dedicados”,
afirma Antoine Welfling.
Os negócios na área de petróleo
no Brasil são realizados pela Nexans Ficap – herança da aquisição
das operações do grupo chileno
Madeco, em 2008, por US$ 825
milhões. A fábrica do Rio de Janeiro é que provê a indústria de óleo
e gás de outros
cabos especiais
para navios e
plataformas, que
deverão ter alta
demanda nos
próximos anos.
“O que poderá
exigir que ampliemos essa unidade. Tudo depende do andamento
dos projetos”, reflete Chaim Tencer,
indicando que a expansão poderá
se dar por novas unidades e ampliações das existentes.
“Os vários mercados atendidos
pela Nexans são decididos conforme competitividade de suas fábricas e questões aduaneiras, facili-
dade de intercâmbios de produtos
entre as fábricas. Então o país ou o
estado possui a preferência, como
a Nexans Ficap no Rio de Janeiro,
que proporciona excelente logística”, conclui o executivo.
Negócios crescentes
No ano passado, a Nexans fechou um contrato de 33,5 milhões
de euros com a Petrobras para o
fornecimento de cabos umbilicais
submarinos destinados aos campos de petróleo e gás de Tambaú e
Uruguá, na Bacia de Santos.
Em abril desse ano, a empresa
francesa firmou um contrato de
três milhões de euros com a SBM
Offshore (Single Buoy Moorings)
para a fabricação e o fornecimento de cabos offshore especiais de
energia, controle e instrumentação
para a conversão do FPSO Espírito
Santo, que atua no bloco BC-10,
na Bacia de Campos.
Mesmo com prazos de entrega
muito apertados, a empresa produziu mais de 500 km de cabos
offshore especiais, livres de halogênio e resistentes ao fogo, destinados ao projeto de conversão do
FPSO realizado pela SBM Offshore
em Cingapura.
Na trilha do sucesso do projeto FPSO Espírito Santo, a Nexans
fechou um novo contrato para o
fornecimento de cabos destinados
ao FPSO Jubarte, que operará nas
águas profundas do bloco BC-57,
também na Bacia de Campos.
A SBM Offshore efetuará a conversão da embarcação em Cingapura e
os cabos serão produzidos pela fábrica da Nexans Ficap no Brasil.
Com forte compromisso com a
inovação, a Nexans conta com um
centro internacional de pesquisa, nove centros de competência
técnica e 450 pesquisadores que
lançam dois novos produtos por
semana. Já foram geradas pela
empresa 450 patentes.
TN Petróleo 74
85
eventos
Fotos: Divulgação Sobena
Sobena 2010
Ecossustentabilidade
e fortalecimento da indústria
naval brasileira
por Cassiano Viana e Maria Fernanda Romero
A indústria naval e os desafios da competitividade e da sustentabilidade foram o tema central da
23ª edição do Congresso Nacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore, que
ocorreu em outubro, no Rio de Janeiro. “Ser sustentável é ser competitivo”, mensagem fixada na
cartilha do desenvolvimento econômico, foi mais uma vez a bandeira levantada pela Sociedade
Brasileira de Engenharia Naval (Sobena), que reforçou a mensagem ao setor naval.
R
ealizado a cada dois
anos, o Congresso é
o mais tradicional e
importante fórum
para apresentação
e discussão de pesquisas em andamento e desenvolvimentos técnicos em projeto,
construção e operação de navios e
estruturas marítimas, assim como
em engenharia oceânica para a
produção de óleo e gás.
Em sua 23ª edição, o evento
ocorre numa fase de grande impulso da atividade marítima no
país, abrangendo amplo progra86
TN Petróleo 74
ma de construção naval e de exploração e produção offshore e
em um momento de retomada do
crescimento da indústria naval
no Brasil.
Segundo o presidente da Sobena,
Alceu Mariano, o congresso deste
ano acontece em um momento histórico e determinante para a indústria
marítima do país. “No ano em que a
Sociedade completa 48 anos, vemos
a maturidade da engenharia naval
brasileira”, disse. “Isso representa
um fato fundamental na garantia
de que o ciclo de crescimento desta
vez evolua para um cenário estável
de desenvolvimento. O desafio da
indústria naval é o desafio da engenharia naval e é o desafio do
conjunto da comunidade técnica
que se reúne no Congresso.”
Durante a solenidade de abertura, o presidente da Sobena apontou que as demandas provocadas
para a indústria nacional são um
fator importante para a presente
recuperação do setor e também
representam um grande desafio,
o da sustentabilidade do setor. Segundo ele, a maturidade da engenharia naval brasileira tem papel
fundamental na garantia do ciclo
“A importância que o Congresso vem assumindo, o esforço dos
autores e a dedicação do corpo de
revisores permitiram que o evento
deste ano apresentasse um número recorde de artigos e excelente
padrão de qualidade, abrangendo
uma ampla diversificação de temas”, avaliou Mariano.
Além do congresso, o evento
contou também com uma área de
exposição, na qual empresas do
setor puderam apresentar seus produtos e serviços, a Exposição de
Produtos e Serviços da Área Naval
(Exponaval). Transpetro, DNV, Projemar, Wärtsila, STX, Protubo, Eisa,
Estaleiro Rio Maguari, Marintek,
Akzonobel e a revista TN Petróleo
foram algumas das empresas que
participaram com estandes na Exponaval neste ano.
Durante a solenidade de encerramento, foi apresentada a nova
Diretoria da Sobena, eleita durante
Homenagens
O professor Carlos Guedes Soares (à esquerda na foto), do Instituto Superior
Técnico de Lisboa, recebeu o Prêmio Internacional da Sobena, no evento. O prêmio é oferecido para um profissional do setor naval com relevante contribuição
em sua área de conhecimento e que tenha importante interação com a academia
e/ou com a indústria marítima brasileira.
Na ocasião, a Sociedade homenageou também os associados que têm mais
de 45 anos de filiação à entidade. Os homenageados foram: Ary Biolchini, Ivan
Labouriau, José Alberto Difini, Nobuo Oguri, Rubens Langer, Luiz Alberto de Mattos
e Elcio Sá Freitas. Destes, os mais antigos associados ainda em atividade são Ary
Biolchini e José Alberto Difini, associados da Sobena desde 10 de agosto de 1962.
Foto: Keystone
de crescimento, que desta vez deve
evoluir para um cenário estável de
desenvolvimento.
De acordo com Mariano, são
23 edições do congresso da Sobena realizadas sem interrupções,
desde a criação da sociedade.
Nesta edição do evento, foram
apresentados 112 trabalhos, em
30 sessões técnicas. A programação abordou temas que iam desde a avaliação da integridade de
estruturas de casco de FPSOs até
o projeto de submarino de passageiros para sistemas de produção
offshore, passando pela construção de casco de embarcações de
apoio a plataformas offshore, sistemas de visualização 4D para
acompanhamento de projetos,
análise de riscos na construção
naval, monitoramento ambiental, transferência tecnológica,
ao balanço oferta e demanda de
construção naval no Brasil.
eventos
o Congresso para o biênio de janeiro de 2011 a dezembro de 2012.
Construção naval
Ao tratar dos financiamentos e
garantias da construção naval, no
painel ‘Contrução naval: financiamentos e garantias’, Joceir Ramos,
do Sindicato Nacional da Indústria
da Construção e Reparação Naval
e Offshore (Sinaval), traçou um
rápido cenário da atual situação
da construção naval brasileira e
enfatizou que o total de pessoal
empregado na indústria da construção naval e na indústria náutica (embarcações de lazer) soma
78.485 pessoas, o que demonstra
o aquecimento do setor.
Ele opina que o incremento do
número de pessoal empregado na
atividade em relação ao final de
2009, quando o total do emprego
somou 46.500 pessoas, deve-se à
ampliação do sistema de coleta de
dados, principalmente do segmento da indústria náutica de lazer.
O pessoal empregado em estaleiros, em sua maioria associados ao
Sinaval, soma 49.603 pessoas.
“O número de empregos em
estaleiros registra uma expansão
de 20% em relação aos empregos
gerados até o final de 2009. A expansão do emprego prossegue com
o anúncio de novas construções
já contratadas e a implantação e
expansão de estaleiros”, indicou
Ramos, que apontou ainda a região
Sudeste como a líder desses empregos em estaleiros, mantendo-se
como principal polo da indústria da
construção naval no Brasil e o Nordeste com a segunda posição.
Ramos comentou os diversos
tipos de incentivos disponíveis no
momento que favorecem a indústria naval. Entre eles, o Fundo da
Marinha Mercante (FMM), que
empresta recursos para os projetos
da área naval e o Fundo de Garantia à Construção Naval (FGCN),
que garante o risco de crédito das
operações de financiamento à
construção naval, realizadas pelos
agentes financeiros credenciados a
operar com os recursos do FMM.
“O fundo garantidor é de fato uma
ferramenta muito importante para
o setor, ele vai efetivamente entrar
em operação e vai ajudar muito”,
comentou.
O representante do Sinaval
apontou as contragarantias como
os grandes entraves do setor. “É
necessário que haja uma avaliação
Rede de Inovação e Competitividade
realiza primeiro seminário
Com o patrocínio da Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), e o apoio do Sinaval, do
Sindicato Nacional das Empresas de
Navegação Marítima (Syndarma) e do
Centro de Excelência em Engenharia
Naval e Oceânica (Ceeno), a Sobena
promoveu, na ocasião, o 1º seminário
da Rícino (Rede de Inovação para a
Competitividade da Indústria Naval
e Offshore).
A Rede contribui para a efetiva
implantação de um novo modelo de
pesquisa, desenvolvimento e inovação
para a indústria naval e offshore. “A
criação do Ricino é um passo impor88
TN Petróleo 74
tante na busca de uma nova fase para
o modelo de Project Management
Institute (PMI) na área de construção
naval e offshore no Brasil. É um passo
importante também na busca de um
caminho de sustentabilidade do setor”,
destacou o presidente da Sobena.
O objetivo do seminário foi promover a articulação entre os segmentos da cadeia produtiva, instituições
de pesquisa e instituições governamentais e não governamentais
nacionais e internacionais, visando
à preparação do Plano Nacional de
Capacitação Tecnológica da Indústria
Naval e Offshore.
das garantias de um projeto para
que ele consiga ser executado”, salientou. Entretanto, Ramos indicou
que o mercado evoluiu bastante,
o governo agiu proativamente e
hoje o setor naval está em franca
expansão.
No mesmo painel, Luiz Fernando Romero, da Caixa Econômica
Federal (CEF),
detalhou o Fundo de Garantia
à Construção
Naval (FGCN) e
explicou os dois
tipos de garantia
do fundo, o de
crédito e o de performance. “Este
é um fundo de natureza privada,
com patrimônio próprio dividido
em cotas, separado do patrimônio
dos cotistas, e está sujeito a direitos
e obrigações próprias. Não conta
com qualquer tipo de garantia ou
aval por parte do setor público”,
afirmou.
Romero lembrou, ainda, o acordo
firmado em setembro, e anunciado
durante a Rio Oil & Gas 2010, com a
Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP)
para reforçar o desenvolvimento da
indústria naval no Brasil.
Prevenção e controle de
acidentes ambientais offshore
O engenheiro naval Flavio Andrade da Ocean Pact – único brasileiro a participar
efetivamente no
controle do vazamento da DWH
da BP – apresentou, no painel ‘Prevenção
e controle de
acidentes ambientais offshore’,
o relatório preliminar e as lições
aprendidas com o acidente.
“Aconteceram cinco tempestades tropicais na área durante o
período. Tivemos uma operação de
ecossustentabilidade e fortalecimento da indústria naval brasileira
guerra dentro de outra operação
de guerra”, afirmou. “Os números
são impressionantes. Chegamos a
ter quase cinco mil embarcações
– entre barcaças, skimmers e outras embarcações locais que foram
aproveitadas – e 76 aeronaves em
atividade na região. Foram utilizados mais de mil quilômetros de
barreiras de contenção. Tivemos
um total de 7 mil m³ de dispersantes aplicados. Foram quase 50 mil
pessoas envolvidas até o dia 15 de
julho quando parou de vazar óleo
novo no mar ”, enumerou. “Mesmo assim, a coordenação de toda a
operação foi muito bem feita. Não
tivemos notícia de nenhum erro.”
Dentre os desafios nesse tipo
de incidente, Andrade destacou
o gerenciamento de emergência,
treinamento das tripulações, embarcações adequadas, eficiência
na contenção e recolhimento, armazenagem e offloading, eficiência na separação água/óleo a
bordo, logística de aplicação de
dispersantes e as operações e monitoramento noturno.
Segundo Fernando Araújo, da
diretoria de Portos e Costas, o Plano
Nacional de Contingência ainda
não existe no Brasil. “O Plano é da
maior importância para o país. Existe uma série de estudos, já discutidos há bastante tempo, mas que têm
andado pouco”, afirmou, no mesmo
painel. “Felizmente, não estamos
de todo desamparados”, pontuou,
“mas precisamos avançar”.
Painel ‘Pré-sal: desafios para
a engenharia naval’
Neste painel, Eduardo Diniz
Prallon, da Petrobras, detalhou a logística
marítima que irá
atender os projetos na região do
pré-sal (nessa
edição, ver re-
portagem ‘Logística offshore’, na
página 22).
“Operamos hoje com 230 navios, 75 de operações especiais”,
enumerou. “Trabalhamos com vários tipos de embarcações, dentre
AHTS, PSVs, SVs, TSs, OSRVs,
Uts, LHs e RSV, DSV e SESVs”,
detalhou. “Nossa perspectiva é
transportar cerca de 1 milhão de
carga em 2017”, detalhando, em
seguida, o plano de renovação de
frota da Petrobras.
Para Prallon, o crescimento
esperado é de 30% em dois anos
e 100% em cinco anos. “Um dos
grandes desafios é dar visibilidade
ao rastro dessa carga. Os clientes
gastam energia procurando informações de suas cargas. É preciso
implementar um sistema de rastreamento ao longo da cadeia de
suprimentos”, avaliou. “Garantir
essa visibilidade reduzirá custos de
produção e aumentará a segurança
das operações”, concluiu.
No mesmo painel, Segen Estefen, da Coppe/UFRJ, falou sobre
as tecnologias submarinas para a
exploração e produção em águas
ultraprofundas,
elencando projetos que estão
sendo desenvolvidos dentro da
perspectiva do
pré-sal. “Temos
desafios horizon-
tais – a distância das operações da
costa – e verticais – aumento de
profundidade do reservatório a
ser atingido.”
Segundo Estefen, uma questão importante quando se fala em
exploração & produção submarina
– principalmente em tempos de
DWH – é a segurança nas operações de perfuração de poços.
“Precisamos aprofundar o desenvolvimento dos BOPs, diminuindo
assim a probabilidade de falha dos
equipamentos”, comentou, acrescentando que outro item bastante
estudado atualmente são os sistemas submarinos autônomos. “Esse
será, decerto, um cenário futuro, de
produção sem o uso de plataformas. Obviamente, esses sistemas
não serão aplicados em todos os
campos. Essa é uma linha de pesquisa na qual várias empresas de
grande porte já estão envolvidas,
inclusive, com testes em escala real
já realizados em lugares como o
Golfo do México.”
Acordos e convênios
internacionais
Durante o evento, foi anunciada a
renovação do contrato de cooperação
com a Society of
Naval Architects
and Marine Engineers (Sname),
que esteve representada por seu
diretor executivo,
Erik Seither. O
acordo, com duração de cinco anos, estabelece, entre
outros pontos, que membros das duas
sociedades tenham acesso a publicações e eventos nas mesmas condições de seus respectivos sócios.
Já a Universidade de Aalto, de
Helsinque, Finlândia, firmou convênio
com a Universidade Federal do Rio de
Janeiro (URFJ). A ideia é promover
o intercâmbio de informações, com a
possibilidade de um fundo finlandês
patrocinar bolsas de estudo.
TN Petróleo 74
89
eventos
3rd Deepwater Brazil Congress
Em sua terceira edição, o evento, que vem se consolidando como o
principal fórum de debates nacional sobre exploração e produção
de petróleo de águas profundas, reuniu representantes de governo,
associações, indústria, universidades, além de especialistas e
investidores para debater o futuro da atividade de E&P no Brasil.
por Rodrigo Miguez e Maria Fernanda Romero
O futuro do
E&P no Brasil
D
ebates sobre a exploração e produção de petróleo em
águas profundas,
com destaque para o
desenvolvimento do
pré-sal, discussões sobre o novo
marco regulatório e os impactos
do acidente no Golfo do México
foram os temas do evento.
Abrindo as discussões, Manlio
Coviello, chefe de recursos naturais
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e energia da Organização das Nações Unidas (ONU) traçou a agenda energética da América Latina e
apontou os principais gargalos de
infraestrutura e sustentabilidade
que o setor passa no momento.
De acordo com Coviello, com
base nas decisões do G-20, até 2018
o setor de infraestrutura receberá
mais incentivos e benefícios econômicos, ao contrário das energias
renováveis. Segundo ele, a pesquisa
e o desenvolvimento em energias
verdes são importantíssimos, mas,
diante destas estimativas, não irão
crescer muito nos próximos anos.
O representante da ONU enfatizou por diversas vezes o papel
de liderança do Brasil em energias
renováveis e indicou o país como o
único da América Latina que está
se movimentando desde 2008 para
isso. “Além de ser o maior exemplo
em renováveis, o Brasil é exemplo
o Brasil pode servir de modelo para
outros países do mundo e da própria
América Latina”, finalizou.
Foto: Bia Cardoso
Marco Regulatório
também de equilíbrio energético em
termos de política”, completou.
Coviello lembrou ainda que
segundo a International Energy
Agency (IEA), a América Latina
equivale a cerca de 6% em investimentos energéticos até 2030. Ele
comentou que nesta região, o Caribe está entre os principais emissores
de gases do efeito estufa e que o
México é o grande ‘culpado’ em termos de peso na América Latina para
as mudanças climáticas. “Acho que
Durante o debate sobre o marco
regulatório e seus impactos na sociedade, economia e indústria nacional, Luís Eduardo Duque Dutra,
chefe de gabinete do diretor geral
da Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) indicou que a entidade quer
mais exploração em terra. “Hoje
temos 21 bacias sedimentares e
todas muito pouco exploradas. Com
o pré-sal, a Petrobras ficará mais
focada nesta província e não se
preocupará muito com as novas
descobertas. Então, espera-se que
outras empresas fiquem atentas a
isso e que a própria Petrobras tente
não esquecer das outras regiões”,
apontou Dutra.
Segundo ele, a ANP pretende voltar a negociar com a Petrobras ainda este ano a devolução de campos
marginais, com o objetivo de licitá-los
novamente. A expectativa deles é realizar no primeiro semestre do próximo
ano a terceira rodada de áreas com
acumulações marginais.
“Nossa expectativa é convencer
a petroleira a liberar campos com
reservas inferiores a 100 milhões
de barris para focar nas mega descobertas offshore da nova fronteira
do pré-sal. Está difícil, mas é fundamental manter as rodadas para
manter o conhecimento geológico
em terra”, afirmou.
De acordo com dados da ANP,
atualmente, 35 campos marginais
de 167 concedidos estão sob concessão de empresas independentes
e os 132 restantes com a Petrobras.
“Dos 364 campos em operação
no Brasil, dez representam 74%
da produção nacional, enquanto
outros 150 têm produção somada
inferior a 1% do óleo explorado no
país”, completa.
O executivo conta que, apesar
disso, a Petrobras já se mostrou
fortemente contrária à ideia de
devolver suas áreas marginais,
alegando que os campos são hoje
usados para testar tecnologias que
depois são aplicadas em grandes
campos produtores.
Luís Eduardo relembrou ainda
que a entidade tem expectativa
para a realização da 11ª rodada de
áreas para exploração e produção
de petróleo e de rodadinhas o mais
breve possível.
Para Roberto Magalhães, superintendente
de conteúdo local da Organização Nacional
da Indústria do
Petróleo (Onip),
a nova regulação trará muito
impacto à exigência de conteúdo local. Ele defendeu que este
item é uma ferramenta de política
industrial e sugeriu o detalhamento do conteúdo local ofertado
e a simplificação do processo de
certificação para redução de custo
como algumas melhorias para este
sistema. Magalhães lembrou ainda
da criação da cartilha de conteúdo
local em 2004 e da sua implantação
em 2008.
Segundo o representante da
Onip, o Brasil tem todas as condições para desenvolver uma indústria competitiva, possibilitando
que não sejam mais necessárias
exigências de conteúdo local. “No
Brasil, o que falta é política industrial e vontade
do governo para
isso”, afirmou.
No mesmo
debate, Humberto Quintas,
gerente jurídico
da Devon Energy
Brasil, disse que o regime de partilha gera inúmeras discussões, pois
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eventos
relevantes. “Acho que o poder de
voto da Petrobras é o que deixa a
indústria mais insegura, pois ela
ainda acredita que pode ter papel
de operadora”, conclui.
Foto: Agência Petrobras
Meio ambiente em foco
as regras não estão claras neste projeto. Assim como o IBP, para o executivo, o governo deveria ter mantido o sistema atual de concessões
e apenas rever o marco regulatório
do setor, mas Quintas indicou que o
regime de partilha não é prejudicial
ao país. “A prioridade do Brasil era
aumentar a arrecadação petroleira
e isso poderia ser feito mesmo com
o regime de concessão. Era só fazer algumas alterações, mas o país
resolveu mudar o regime para o de
partilha, o que não é ruim para a
indústria é apenas uma questão de
adaptação”, afirmou.
De acordo com Quintas, a
questão dos royalties acabou por
se destacar, fazendo com que fossem esquecidas discussões técnicas específicas importantes e
No segundo dia de evento, a
segurança operacional e os desafios ambientais foram os destaques. O gerente de Segurança,
Meio Ambiente e Saúde (SMS) da
OGX, Carlos Camargo, mostrou
as práticas nesse sentido que a
empresa vem implementando em
seus projetos.
A análise de risco das operações
onshore, offshore e portuária, além
de um plano de gerenciamento de
crise foi considerada primordial para
o setor de exploração de petróleo e
gás. Para dar suporte aos trabalhos
da empresa, a OGX possui uma sala
em 3D e tem também um Centro
Integrado de Apoio Operacional,
que funciona 24 horas por dia.
Carlos Camargo disse ainda
que a empresa realiza simulados
de emergência a cada seis meses.
Durante o evento, Rivaldo Mello,
diretor da empresa Angel Ambiental, sugeriu a criação de um comando unificado de atendimento
a emergências, que seria formado
por órgãos como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (Iba-
ma), para o caso de solução rápida
a desastres. Unidades deste tipo já
existem nos Estados Unidos, desde
os atentados de 11 de setembro.
Com relação às questões ambientais, Josefina Kurtz, diretora da
Concremat Ambiental, disse que o
setor de petróleo e gás tem grandes
desafios nessa área, por causa da
grande quantidade de novas descobertas. Isso gera um aumento de
demanda para o Ibama e inovações
técnicas e ambientais para a indústria, que deve aumentar o seu conhecimento sobre as consequências
de um possível desastre ambiental,
como o do Golfo do México.
O Ibama tem aumentado o
número de vistorias e conseguido avanços no
processo de licenciamento
ambiental, mas
Edmilson Maturana, coordenador-geral de óleo
e gás do órgão,
afirmou que há uma necessidade
de revisão nos planos de emergência das companhias.
Ao final do dia, ficou claro que
o foco do setor deve ser no gerenciamento de risco, para prevenir
acidentes, identificando possíveis
ameaças, a fim de garantir a continuidade operacional dos negócios
de óleo e gás no mundo.
Malha dutoviária é tema do 4º Endutos
As novas tecnologias para a inspeção e realização
de ensaios não destrutivos em redes e malhas dutoviárias
foram assunto do 4º Seminário de END em Dutos (Endutos),
realizado nos dias 19 e 20 de outubro, no Rio de Janeiro.
Promovido pela Associação Brasileira de Ensaios Não
Destrutivos e Inspeção (Abendi), a edição deste ano teve
como tema ’Novas aplicações de END, capacitação e certificação de mão de obra para inspeção em dutos’.
Durante o seminário foram apresentadas palestras,
trabalhos técnicos e mesas-redondas sobre os projetos
de expansão da malha dutoviária brasileira, os desafios
tecnológicos na inspeção de dutos, tendências tecnológicas
na área dutoviária, capacitação e qualificação profissional,
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por Cassiano Viana
programas tecnológicos, construção, ampliação e manutenção de malhas dutoviárias, treinamento, qualificação e
certificação, proteção catódica em dutos submarinos, dentre
outros temas.
O evento é de extrema importância devido ao crescimento da indústria de transporte por dutos, o que tem
demandado grandes oportunidades de negócios, movimentando por ano mais de US$ 50 bilhões no mundo. No Brasil,
estimam-se, até 2013, investimentos na ordem de US$ 8
bilhões previstos para projetos de expansão da malha de
dutos.
Os participantes também puderam visitar o Centro de
Tecnologia em Dutos (CTDUT), em Duque de Caxias.
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eventos
Foto: Divulgação
Enase 2010
Transparência e estabilidade
econômica são fundamentais
Criado para ser palco de discussões importantes dos rumos do setor
elétrico nacional, o 7º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico
(Enase) teve a participação de diversos representantes de grandes
empresas de energia e também de membros do governo e das associações
por Rodrigo Miguez
Abeeólica e ABCE.
O
início do evento foi
marcado pela apresentação da carta
Energia para o Futuro, elaborada por
11 associações, que
mostraram sua visão dos desafios
a serem enfrentados pelo setor elétrico brasileiro nos próximos anos.
O documento fala da importância da transparência e da estabilidade econômica, da necessária
integração dos agentes setoriais nos
processos do mercado de energia,
e também dos tributos e encargos,
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que superam em mais de 50% o preço final da energia e que devem ter
seu aumento interrompido.
O primeiro membro do setor a se
apresentar no evento foi o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim,
que falou sobre o planejamento e
o desenvolvimento das mais diferentes fontes de energia da matriz
energética brasileira. Ele lembrou
que o Brasil é um caso único no
mundo de país em desenvolvimento
com tantas fontes de energia renovável em sua matriz, e que, do
potencial hidráulico disponível, só
1/3 é utilizado.
Tema recorrente das discussões
de grandes empreendimentos de
infraestrutura no país, o licenciamento ambiental foi alvo de críticas
do presidente da EPE, que afirmou
que projetos das
usinas hidrelétricas (UHE) de
Santo Antônio
e Belo Monte
tiveram que sofrer alterações
para se adequar
Energias renováveis
Mesmo assim, empresas do setor continuam investindo no país.
A Alstom já percebeu o bom momento do setor e está construindo
sua fábrica de equipamentos eólicos
em Camaçari, na Bahia, com previsão de início das operações no
primeiro semestre de 2011.
De acordo com Ricardo Simões,
presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica),
também presente ao Enase, o potencial dessa fonte é muito grande,
algo entre 300 e 400 GW. Além de
não emitir gases do efeito estufa,
os empreendimentos da energia
dos ventos têm rápida implantação, com baixo impacto ambiental
e sem a vulnerabilidade nos preços
internacionais, como acontece com
o petróleo e o gás natural.
Fontes renováveis como a energia eólica e a bioeletricidade – esta
última gerada a
partir do bagaço
de cana – servem não só para
manter a matriz
energética nacional a mais limpa
do mundo, como
também são fontes complementares
do sistema de energia brasileiro.
Segundo dados, a expansão da
oferta de energia se dará basicamente por meio de fontes renováveis a partir de 2014. Outra forma
Foto: Divulgação Impsa
Foto: Divulgação Itaiupu Binacional
Foto: Divulgação Itaiupu Binacional
às necessidades ambientais. Para
Roberto Gomes,
do Operador Nacional do Sistema
(ONS), é necessário agilizar os
processos do Ministério de Minas
e Energia (MME)
e da EPE com o Ministério do Meio
Ambiente e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Sobre os novos investimentos
em energia no Brasil, Tolmasquim
adiantou que a UHE Teles Pires,
que terá capacidade instalada de
1820 MW, poderá ser incluída no
leilão de energia nova, que ocorrerá em dezembro. Ele assegurou
ainda que não há risco de desabastecimento de energia elétrica,
graças à expansão da capacidade
instalada e da rede de transmissão
de energia.
A questão tarifária foi amplamente discutida pelos membros do
setor energético, que reclamaram
muito da falta de uma política governamental para a redução dos
preços em toda a cadeia, o que prejudica o consumidor final, que paga
uma conta de energia alta. Segundo eles, a elevada carga tributária
brasileira faz com que o país perca
competitividade.
sustentável de geração hidrelétrica
que foi citada no Enase foi a das
usinas-plataformas. Ela consiste
em hidrelétricas que, após a construção, têm o ambiente natural em
volta totalmente reflorestado. O que
foi dado como uma solução viável
para a região amazônica.
Outros temas debatidos no
encontro foram a renovação das
concessões no setor elétrico, tido
como a atual prioridade, e também
o investimento em tecnologias de
smart grid, para a implantação de
uma rede inteligente, substituindo
os antigos medidores por automatizados.
Além disso, a integração energética do Brasil com os países vizinhos
foi bastante comentada, já que há
grandes possibilidades de negócios
nesta área, em nações como Guiana, Uruguai, Argentina e Peru.
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perfil profissional
Humberto Loureiro
Sem medo de dizer
‘não dá’
por Cassiano Viana
A credibilidade não nasce do sucesso e
sim dos erros (e insucessos) assumidos,
afirma o CEO do Grupo Sea Oil.
Carioca da gema, filho da antiga Guanabara, Humberto Loureiro
Jr, 53 anos, afirma que credibilidade se conquista quando não se tem
medo de dizer que isso não dá para ser feito, em uma área onde todos
querem tudo para ontem: o exigente mercado offshore. Há quase três
décadas nessa área, o engenheiro naval vem singrando os mares do
sucesso à frente do grupo Sea Oil.
A empresa atua em diversas áreas da indústria de óleo e gás,
desde o suporte e consultoria para outras que objetivam entrar no
mercado no país, até o serviço de comissionamento para projetos de
engenharia, desenvolvimento de produtos e tecnologia e locação de
bancos de carga para teste de módulos de geração de energia.
Filho de um engenheiro da Petrobras, ‘praticamente um dos
fundadores da estatal’ (diz ele rindo), o CEO é flamenguista convicto, nascido e criado no Rio de Janeiro, e vivendo na Barra da Tijuca.
“Moro até hoje aqui. Meus avós vinham para a Barra desde antes de
meus pais se casarem. Fui criado no mar, na praia.”
Talvez por isso a paixão por barcos e pela arte naval o tenha levado a seguir carreira em engenharia naval – ele se formou em 1979,
na Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Saí da faculdade e entrei na Marinha, meu primeiro emprego, trabalhando com sistemas
de propulsão, engenheiro pleno e puro, participando de pesquisas.
Fiquei lá por cinco anos para descobrir que eu tinha muito ainda a
aprender ”, recorda.
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“Foi quando um professor
me chamou, em 1985, para fazer
parte da equipe da Secretaria
Executiva do Fundo da Marinha
Mercante”, conta Humberto. Lá,
ele aprendeu tudo sobre política
da construção naval no Brasil,
fazendo auditoria, pelo Governo,
nas contas dos estaleiros.
Mundo offshore – Do Fundo da
Marinha Mercante, foi trabalhar no antigo estaleiro CEC,
na Ilha do Caju, em Niterói, em
sua época áurea. “Eu diria que
o CEC foi a maior subcontratada
da Petrobras na época do polo
Nordeste”, avalia. “Isso me aproximou mais ainda do offshore.
Eu passei a cuidar dos contratos
da CEC junto à Petrobras.”
Ficou lá até 1990, quando
saiu para montar sua primeira
empresa, um estaleiro para a
construção de embarcações de
lazer. Nesse mesmo ano, veio
o Plano Collor, que derrubou
todos os planos. “Continuei
com a empresa, mas na área
industrial, construindo peças
em fibra de vidro. Nesse meio
tempo, um amigo comprou a
CEC, que estava completamente parada. Reabrimos o estaleiro
com alguns trabalhos para a Petrobras, motivando a compra do
CEC para o grupo Marítima, de
German Efromovich.” Tempos
depois, ele voltaria ao estaleiro
Mauá.
Foi nessa época, em 1997,
que surgiu a Sea Oil, que poucos
anos depois obteria o seu primeiro grande marco: o contrato
da Cordoaria São Leopoldo,
vendendo amarras para a P-50.
“De forma ousada, pegamos um
avião e descemos em Cingapura
para conversar com o pessoal do
Jurong. Passamos lá alguns dias
e fechamos um grande contrato,
importante para a Jurong e para
a Sea Oil”, conta. “Isso foi há
dez anos”, contabiliza ele.
A partir daí, foi possível caracterizar a empresa como uma
assessora comercial no trato da
convivência no mercado offshore
brasileiro. “A Sea Oil hoje tem
contratos importantes no mercado offshore”, comemora.
Idade: 53
Formação: Engenheiro Naval
Primeiro trabalho: Diretoria de
Engenharia Naval - DEN
Principais cargos ocupados: Engenheiro, Gerente Comercial, Diretor
Comercial, Presidente
Horas médias de trabalho/dia: 10h
Hobbies: Estar no mar, tocar, ler,
ensinar e aprender com os filhos
Sonho de consumo quando criança:
ter um barco
Sonho de consumo hoje: estar no
barco
Músicas: todas as bonitas, sem
exceção
Um bom lugar para descansar: no
mar de Angra, em qualquer lugar
Um filme: Stardust – o mistério da
estrela, Matthew Vaughn
Livros: O Senhor dos Anéis (Tolkien),
Amor sem limites (Robert A Heinlein), Tau Zero (Poul Anderson),
Além do fim do mundo (Fernão de
Magalhães), Os miseráveis (Vitor
Hugo), A ilha do tesouro (Robert
Louis Stevenson), a lista será infinita..... Adoro ler
O segredo do sucesso – Segundo Humberto, o grande trunfo
da Sea Oil é a sinceridade, não
ter medo de dar notícia ruim.
“A credibilidade não vem, por
incrível que pareça, do sucesso e
sim do insucesso. Dar notícia boa
é muito fácil”, explica. “Algo que
consegui garantir a duras penas
foi sentar na frente do cliente e
dizer ‘é viável’ tanto quanto ‘não
deu’, ou ‘não consegui’.
Às vezes, algo está além da
nossa capacidade. Eu diria que
a minha credibilidade veio dessa
transparência. Embora eu seja
obrigado a dizer que estas – as
notícias ruins – foram, até agora,
menores do que a quantidade
de notícias boas que eu tive de
dar”, sorri.
“Uma das coisas que a música, ou a arte, ensina é que quando você sobe ao palco não tem
como enrolar ninguém. Ou você
está preparado e toca, ou você
sai fora.” Humberto estudou piano desde os seis anos de idade,
continuamente até os 20, quando
teve de optar entre a engenharia
e a música.
“Minha professora era a Alda
Barroso Neto, diretora da Escola
Nacional de Música e filha do
grande compositor brasileiro
Barroso Neto”, conta. “Quando
eu falei que iria parar de estudar
para seguir carreira, ela parou de
lecionar. Eu gostava muito dela.”
Ele conta que tocava inicialmente por obrigação, imposta
a dois dos três irmãos pelo pai,
violinista. Dos seis aos 18 anos,
detestava as aulas. “Eu queria,
como toda criança, jogar bola,
soltar pipa... eu não era diferente. Piano, no início, é um massacre!”, recorda. “Mas um dia
percebi que a música, além de
ser um diferencial, me tornava
melhor. A música te faz vencer
a timidez, qualquer personaliTN Petróleo 74
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perfil profissional
dade retraída, medo de falar em
público, o emocional, condições
físicas, a expectativa do público,
qualquer despreparo... você vence a si próprio”, afirma. “O coração é um metrônomo que você
vai treinando, condicionando.”
Isso motivou a criação do Instituto Sea Oil, projeto idealizado
e desenvolvido por Humberto
em parceria com a professora e
maestrina Atelisa de Salles. O
Instituto prepara crianças e adolescentes de baixa renda através
da música clássica, incentivando
a expressão artística como forma
de desenvolvimento da solidariedade e de cidadania.
Além de dar a oportunidade
de ampliar seus horizontes e de
concretizar sonhos, o Instituto
prepara estes jovens para a formação de orquestras mirins, com
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a possibilidade de ingressar, mais
tarde, em orquestras profissionais,
e ainda tornando os participantes
multiplicadores de ações sociais
em suas comunidades. Além das
aulas e ensaios, também são feitos,
pelo Instituto, acompanhamentos sociais e encaminhamentos
diversos aos participantes e a seus
familiares, além da realização de
oficinas de cidadania.
“A disciplina da música clássica faz uma diferença enorme”,
diz. “Não toco violino e derivados – viola e violoncelo –, de
resto, não faço feio, não. Mas
o meu instrumento é o piano”,
conta. “Eu preciso de instrumentos com áreas bem definidas
como o piano.”
“Eu gosto de música. Hoje
estou estudando, novamente, a
Polonaise de Chopin, mas em
absoluto tenho um compromisso de estudar ou de gostar apenas de música clássica. Adoro
MPB. Há dois meses eu estava
estudando Odeon, chorinho
clássico de Ernesto Nazareth.
Antes disso, o repertório de George Gershwin”, enumera.
“A música se impregnou de
tal forma em mim que toco até
pagode no piano.”
perfil profissional
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Ano 2 • nº 12 • novembro de 2010 • www.tnsustentavel.com.br
Editorial
Mudanças necessárias
Esta semana, ao pesquisar na biblioteca da TN, encontrei o livro O que os economistas pensam sobre sustentabilidade,
organizado pelo jornalista Ricardo Arnt, no qual vários profissionais brasileiros da área discorrem sobre o tema – alguns
bastante divergentes e outros muito críticos dos reais efeitos
das mudanças climáticas sobre o planeta. No entanto, há entre
eles o consenso de que as mudanças são de fato necessárias
para que possamos alcançar padrões de desenvolvimento
econômico e social sustentável, sem abandonar o investimento em tecnologia, incentivando a inovação, a formulação
de novas parcerias, de forma a conduzir os negócios pela
vertente do bem comum.
As matérias desta edição do ‘Caderno de Sustentabilidade’
mostram que alguns estão fazendo, e bem, o dever de casa.
Para começar, temos uma entrevista exclusiva de Susan Andrews, coordenadora da organização FIB (Felicidade Interna
Bruta) no Brasil e do Instituto Visão Futuro. Ela sugere a
felicidade como medida de progresso de uma nação e afirma
que o bem-estar integral de uma população é medido em nove
dimensões: segurança econômica, boa governança, resiliência
ecológica, acesso à educação e assistência médica de qualidade, vitalidade comunitária, diversidade cultural, bem-estar
psicológico e espiritual, e uso equilibrado do tempo.
Vamos conferir ainda como a Braskem estabeleceu uma
série de parcerias para fornecimento de polietileno verde a
clientes nacionais e internacionais que adotam o desenvolvimento sustentável como pilar de sua estratégia de mercado.
Em busca da expansão sustentável, o Grupo Delta Energia
usará duas rotas para a produção de biocombustíveis, óleo
vegetal e sebo animal, na sua nova fábrica, em Rio Brilhante
(MS), a maior do estado, com capacidade para produzir 300
mil litros por dia desse energético. Com o mesmo objetivo,
a Cosan inaugura uma usina de açúcar e etanol em Caarapó
(MS), reafirmando seu compromisso com o desenvolvimento
sustentável e a geração de emprego e renda, contratando mão
de obra local e contribuindo para a melhoria da geração de
renda da cidade.
São exemplos que nos empolgam e nos fazem ver que
a estrada é longa, desafiante, mas, acima de tudo, possível.
E que o nosso papel como meio de comunicação é incentivar
a divulgação desses exemplos para que outros possam fazer
o mesmo.
Boa leitura e até a próxima!
Lia Medeiros
Diretora do Núcleo de Sustentabilidade
Sumário
104
Braskem
Braskem inaugura
fábrica de eteno verde
108
110
Acordo para etanol
de segunda geração
Prêmio de Ciência de
Trieste Ernesto Illy
consagra estudo brasileiro
Petrobras e Novozymes
José Goldemberg
TN Petróleo 74
101
suplemento especial
Entrevista especial
Susan Andrews, coordenadora do FIB no Brasil e do Instituto Visão Futuro
Felicidade
como medida do
progresso de uma nação
por Maria Fernanda Romero
A felicidade pode ser utilizada para medir o progresso e
desenvolvimento de uma comunidade ou nação. O indicador
Felicidade Interna Bruta (FIB) já está sendo usado
em países da Europa como alternativa ao Produto Interno Bruto (PIB). Em entrevista à
TN Petróleo, Susan Andrews, coordenadora do FIB no Brasil e do Instituto Visão Futuro e
participante do Seminário de Responsabilidade Social Corporativa do IBP deste ano, mostra
como é o indicador e como ele pode ser utilizado em alternativa ao PIB.
TN Petróleo – O que é o FIB? Como
este conceito surgiu?
Susan Andrews – Nos anos 1980,
no Butão, um pequeno país nos Himalaia, o rei Jigme Singye Wangchuck, ao
responder à pergunta de um jornalista
sobre o PIB daquele país, declarou que
no Butão o que de fato importava não
era o PIB, mas o FIB (Felicidade Interna
Bruta). A ideia então pegou, e se espalhou pelo mundo.
Todavia, nos anos mais recentes,
desde que o FIB atraiu a atenção mundial,
alguns especialistas internacionais em
estatística, economia e bem-estar têm se
unido para formular uma métrica sistemática para avaliar o FIB. Esse esforço
coletivo resultou num questionário solidamente fundamentado na nova Ciência
da Hedônica, que analisa fatores capazes
de conduzir à felicidade humana.
O PIB é um indicador medido através do
conjunto de bens produzidos pela humanidade. E o FIB? Como ele é mensurado?
Utilizando um questionário desenvolvido pelos especialistas internacionais,
com o apoio do Pnud (Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento),
o FIB – o bem-estar integral de uma po102
TN Petróleo 74
pulação – é medido em nove dimensões:
segurança econômica, boa governança,
resiliência ecológica, acesso à educação
e assistência médica de qualidade, vitalidade comunitária, diversidade cultural,
bem-estar psicológico e espiritual, e uso
equilibrado do tempo. Provou-se cientificamente que esses nove aspectos são
fatores que afetam muito o bem-estar
de qualquer comunidade.
Muitas pessoas devem acreditar que o
FIB é um conto de fadas, não?
Ao contrário, muitas especialistas
atualmente acreditam que a busca exclusiva do aumento do PIB está levando
o planeta a um pesadelo. No mundo, cada
vez mais economistas estão debatendo
os indicadores do verdadeiro progresso.
Como alerta Angel Gurria, secretáriogeral da Organização para Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
os “recursos econômicos não são tudo
que conta na vida das pessoas.” E o
ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, declarou: “Entre
os economistas tem havido por muito
tempo uma forte convicção que o PIB
não é uma boa métrica. Não mede as
mudanças em bem-estar. Se os líderes
estão tentando maximizar o PIB, e o
PIB não é uma boa métrica, estamos
maximizando a coisa errada.”
No ano passado o presidente da
França, Nicolas Sarkozy, contratou os
ganhadores do Prêmio Nobel em economia Joseph Stiglitz e Amartya Sen,
juntamente com mais 20 outros especialistas, para formar a Comissão para a
Mensuração do Desempenho Econômico
e Progresso Social. Seu relatório final
concluiu que “o tempo está maduro para
que o nosso sistema de mensuração pare
de medir produção econômica para medir
o bem-estar das pessoas.”
Talvez tenha sido Robert F. Kennedy
quem expressou com mais eloquência
as deficiências do PIB para mensurar o
progresso. Disse ele: “O PIB inclui poluição atmosférica, ambulâncias para uma
tragédia; trancas especiais para nossas
portas, e prisões para as pessoas que
as arrombam. Inclui a destruição das
nossas florestas e a morte dos nossos
lagos. Cresce com a produção de mísseis
e ogivas nucleares. Não inclui a saúde
das nossas famílias, a qualidade da educação das nossas crianças ou a alegria
das suas brincadeiras. É indiferente à
segurança das nossas ruas. Também
não inclui a beleza da nossa arte, a estabilidade dos nossos casamentos, nem
a integridade dos nossos governantes.
Mede tudo, em suma, exceto aquilo que
faz a vida valer à pena.”
É por isso que indicadores como o
FIB estão sendo aplicados no mundo
inteiro, desde a Tailândia até o Japão,
do País de Gales aos Estados Unidos e
Canadá. E, como um vírus positivo, o
FIB está contagiando também o Brasil.
Quais são as maiores dificuldades da
introdução do FIB no Brasil?
Não estamos sentindo dificuldades
– só inspiração e alegria! De fato, vários prefeitos, vice-prefeitos e empresas estão pedindo para que levemos o
FIB às suas cidades e organizações.
O interesse entre todos os setores da
sociedade – empresas públicas e privadas, prefeituras, ONGS, e do público em
geral – tem sido tão extraordinário que
eu fico o tempo todo lembrando daquela
célebre frase do filósofo francês Vitor
Hugo: “Não existe nada mais poderoso
do que uma ideia cujo tempo chegou.”
Parece que o tempo para o FIB definitivamente chegou.
A metodologia do FIB no Brasil não
apenas mede o bem-estar da comunidade, mas também motiva a população para
que faça esforços coletivos, articulados
com os governos, empresas e ONGs
locais para aumentar seu bem-estar.
Essa abordagem começa com um programa com crianças e jovens chamado
Educação para a Felicidade, que os capacita a aumentar seu bem-estar e a
desenvolver sua resiliência emocional.
Esses jovens, então, se tornam líderes
na comunidade, motivando seus pais
e outros adultos para que trabalhem
juntos em prol da felicidade coletiva.
É uma abordagem totalmente sistêmica,
integrando crianças, jovens e adultos,
nas nove dimensões do FIB, e os três
setores da sociedade – governo, iniciativa privada e comunidade – para
potencializar o bem-estar de todos.
Qual a importância do FIB para a competitividade empresarial?
A busca por maior competitividade
nas organizações finalmente chegou ao
ser humano. Hoje em dia, o potencial de
O grande fator
de diferenciação
está latente no
potencial das
pessoas e na geração
de ativos intangíveis
nelas baseados.
diferenciação nos negócios não está
mais concentrado apenas em tecnologia
ou processos ou ainda nos recursos
financeiros. O grande fator de diferenciação está latente no potencial das
pessoas e na geração de ativos intangíveis nelas baseados. Marca, rede de
relacionamentos, conhecimento tácito,
capacidade de mobilização das pessoas,
confiança e felicidade são exemplos
destes ativos.
Os cientistas organizacionais já provaram o valor dos ativos intangíveis e da
felicidade para diferenciar a performance empresarial, e neste sentido, o FIB,
atuando tanto como indicador de gestão
quanto como processo impulsionador
de mudanças pessoais e organizacionais, tem demonstrado seu potencial
de libertar o real valor das pessoas e
transformar o modo como os negócios
estão estruturados.
As experiências que tivemos com o
FIB nas empresas – na Natura Cosméticos,
na Cemig, na CIP (Câmera Interbancária de
Pagamentos) – claramente demonstram
que as pessoas recuperam seu propósito
de vida no trabalho e se engajam, junto com
suas organizações, para dar o melhor de
si, para criar redes humanas coesas dentro e fora da organização, mais alinhadas
para o servir, melhorar e expandir essa
corrente do bem.
Acreditamos que esse movimento, no
médio e longo prazo, irá redefinir a forma
de atuar no mercado pelas organizações
e pelas pessoas, criando um ambiente
mais feliz e produtivo. Uma pesquisa
feita pela Denison Consulting nos EUA
mostrou que empresas com funcionários infelizes aumentaram suas vendas
em 0,1% de 1996 a 2004, enquanto que
as empresas com funcionários felizes
aumentaram suas vendas em 15%!
Você coordena o Instituto Visão Futuro
em São Paulo. Como surgiu este projeto
e quais são seus objetivos?
A sede do Instituto Visão Futuro é
uma ecovila, o Parque Ecológico Visão
Futuro, fundado na época de Eco-92
com a ajuda do Sida (Swedish International Development Agency). Uma
ecovila, segundo as Nações Unidas,
é um novo modelo de assentamento
humano para o século XXI, no qual as
atividades multifuncionais humanas são
integradas ao mundo natural com desenvolvimento saudável e sustentável.
A partir desta base, nos últimos 18 anos
lançamos múltiplos projetos em todo o
Brasil, de educação, saúde, sustentabilidade, e agora Felicidade Interna Bruta.
Nosso objetivo é de catalisar – e ser
um exemplo de – um novo paradigma
de consciência ecológica, bem-estar
integral e cooperação. Essa é a nossa
visão do futuro.
Em 2008, o Visão Futuro promoveu a
1ª Conferência Nacional do FIB. Como
você avalia o resultado do evento?
A 1ª Conferência Nacional do FIB
em 2008, em São Paulo, foi tão procurada que o auditório para mil assentos
do Sesc Pinheiros lotou duas semanas antes do evento! Outros, no Banco
Real, Unicamp e PUC-SP, naquela época,
também tiveram tanta repercussão que
fomos indicados para sediar a 5ª Conferência Internacional do FIB em 2009.
Com a ajuda da Itaipu Binacional, este
evento também foi um enorme sucesso,
e espalhou as sementes do FIB por todo
o país – das quais estamos colhendo os
frutos até agora.
O que deve fazer uma instituição ou pessoa interessada em reaplicar o FIB?
Entrar no site www.felicidadeinternabruta.org.br e nos contatar para
levar esta metodologia do bem-estar
para sua comunidade ou organização.
Como alguém já disse, “Se você não
faz parte da solução, você faz parte do
problema.” Queremos juntos fazer parte
de uma nobre nova solução.
TN Petróleo 74
103
suplemento especial
Braskem inaugura
fábrica de
eteno verde
A maior unidade industrial de eteno derivado de etanol do mundo foi inaugurada
pela Braskem, em setembro, no Polo Petroquímico de Triunfo (RS), com capacidade
para produzir 200 mil toneladas de polietileno verde por ano. Com o início das
operações, a empresa passará a fornecer ao mercado resina de origem renovável,
assumindo a liderança global em biopolímeros. Foram investidos cerca de R$ 500
milhões no projeto, concebido com tecnologia própria da empresa. A Braskem avalia
a possibilidade de implantar uma nova unidade de eteno verde diante do interesse
demonstrado pelo mercado.
por Maria Fernanda Romero
O
projeto da planta de etanol
verde vai consumir cerca de
462 milhões de litros de etanol/ano, volume que inicialmente
será adquirido em regiões como
São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Com a nova unidade, a Braskem
vai consumir 570 milhões de litros
de etanol em suas plantas no Rio
Grande do Sul.
104
TN Petróleo 74
A construção e a montagem foram executadas pela Odebrecht.
A Genpro atuou com a expertise
em engenharia, a OPI com o suprimento internacional, e a Braskem
com a tecnologia, o projeto conceitual e básico, e o gerenciamento
da aliança. “Dos R$ 500 milhões
que foram investidos, parte foi de
dívidas contraídas, outra parte de
subsídios já existentes da Braskem
e de recursos do Banco Nacional
do Desenvolvimento (BNDES)”,
explica o presidente da Braskem,
Bernardo Gradin.
O insumo, produzido a partir do etanol de cana-de-açúcar,
matéria-prima 100% renovável, é
transformado em polietileno, batizado de ‘plástico verde’, primeiro
do tipo com certificação mundial.
O plástico verde é considerado um
produto altamente sustentável, ele
retira mais carbono da atmosfera
do que emite ao longo do ciclo de
vida, desde o cultivo da cana até a
reciclagem pós-consumo. De acordo
com o vice-presidente da Braskem,
Manoel Carnaúba, o eteno verde
processa o etanol e o único efluente
gerado pela fábrica é a água.
A fábrica de eteno verde da
Braskem, que já opera desde 3
de setembro, inicia as atividades
com 75% da produção destinada a
20 clientes – entre eles, empresas
como Tetra Pak, Toyota, Johnson &
Johnson e Procter & Gamble. Desde o ano passado, a petroquímica
estabeleceu uma série de parcerias
para fornecimento de polietileno
verde a clientes nacionais e internacionais que adotam o desenvolvimento sustentável como pilar de
sua estratégia de mercado.
De acordo com Gradin, a estratégia da empresa é tornar-se líder
mundial em química sustentável,
com diversificação de fontes de
matéria-prima competitiva. “Não
seremos só líder em química sustentável daqui a dez anos, continuaremos a buscar matéria-prima
competitiva nas regiões. Vamos
ser líderes mundiais em soluções
sustentáveis. Acreditamos que as
fontes finitas serão plenamente
substituídas. Nossa meta é sermos
Exemplo de
sustentabilidade
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que participou da inauguração
da fábrica de eteno verde da Braskem
juntamente com ministros, executivos
da Petrobras e importantes representantes do setor, afirmou na ocasião
que o Brasil é o país com maiores
condições de dar respostas aos desafios ambientais do planeta no século
XXI. O presidente citou a fábrica da
Braskem como um dos exemplos da
preocupação brasileira com a redução
da emissão de gases de efeito estufa.
“Uma dessas respostas, com certeza, está sendo dada com a implantação da linha de polietileno verde. A
partir do Rio Grande do Sul, a Braskem
vai mostrar a todo mundo que o plástico poderá ter no etanol uma matériaprima tão eficiente como é o petróleo
e com a vantagem de ser renovável e
não gerar no seu processo produtivo
de gases de efeito estufa.”
Lula lembrou do fracasso das
negociações da Conferência Mundial
do Clima, em Copenhague, e afirmou
que, enquanto os países ricos falam,
o Brasil está fazendo sua parte para
a redução de emissão de gases de
efeito estufa. “Vamos dizer ao mundo:
‘Enquanto vocês falam, nós fazemos,
e está aqui o nosso polietileno verde.
Feito da cana-de-açúcar, feito do
álcool produzido pela cana-de-açúcar,
líderes em alternativa de fontes
sustentáveis”, pontua o presidente
da Braskem.
Com 29 plantas no Brasil e nos
Estados Unidos, a Braskem produz
mais de 15 milhões de toneladas
do material e outros produtos petroquímicos anualmente.
Construção sem acidentes
A unidade de eteno verde teve
o prazo de construção antecipado
para 16 meses, abaixo do orçamento, sem acidentes com afastamento.
A Braskem colocou como desafio
à sua equipe executar o projeto no
menor tempo possível com segurança máxima pela sua extrema
relevância. “A decisão de antecipar
que produz duas vezes e meia mais
que o álcool americano do milho’”,
enfatizou.
O presidente destacou que o Brasil assumiu o compromisso de reduzir
de 36% a 39% a emissão de gases do
efeito estufa até 2020, assim como
diminuir em 80%, no mesmo período, o desmatamento na Amazônia.
“É preciso que as responsabilidades
sejam iguais, porém diferenciadas nos
atributos de responsabilidade para
cada pessoa”, afirmou Lula. “No COP16 do México, vou levar um saco de
polietileno branco, um saco que vou
derramar onde eles passarem, para
que saibam que enquanto eles falam
e ditam regras, nós falamos menos e
fazemos mais”, disse.
Lula pontua que o Brasil assumiu
a vanguarda mundial da produção de
combustíveis limpos porque soube
conciliar suas riquezas naturais à
tecnologia: “Fomos um dos primeiros
do mundo a investir em combustíveis
renováveis. O volume de recursos
estatais superiores a US$ 16 bilhões,
aplicados desde 1975, nos colocaram na vanguarda da agroenergia”,
afirmou. “Esse pioneirismo não é por
acaso, ocorre porque o Brasil aprendeu a conciliar suas riquezas naturais
de solo e clima com intensos investimentos em pesquisa e tecnologia.”
TN Petróleo 74
105
suplemento especial
a compra de equipamentos críticos, o esforço da área logística para
acelerar a sua chegada e o perfeito
entrosamento entre as equipes de
tecnologia, engenharias básica,
de detalhamento e de produção
foram essenciais para alcançar essa
meta”, afirma Manoel Carnaúba,
vice-presidente da unidade de petroquímicos básicos.
A especificação do eteno ocorreu
12 horas após a partida da unidade,
em 3 de setembro, e a produção
de polietileno verde começou uma
semana depois. O processo de polimerização, que converte eteno em
resina, utiliza unidades já existentes da Braskem no Polo de Triunfo.
O produto final tem exatamente as
mesmas propriedades e características do polietileno tradicional,
podendo ser processado nos equipamentos dos clientes sem necessidade de adaptações.
Mais de 2.200 trabalhadores
atuaram na construção da planta,
dos quais mais de 700 eram moradores de Triunfo e arredores. Desse
total, 174 formados pelo Programa
Acreditar, que capacitou, durante
Por que o
plástico é
“verde”?
Porque dispensa matériasprimas fósseis, derivadas
do petróleo, uma vez que o
eteno verde é fabricado a
partir de uma fonte 100%
renovável, a cana-de-açúcar
Interesse internacional
oito meses, cerca de 250 moradores
de Triunfo nos cursos de eletricista,
montador de estruturas, encanador,
carpinteiro e soldador.
Demanda três vezes maior
Durante a coletiva, o presidente da Braskem assegurou que a
Código de conduta para fornecedores
A iniciativa tem como objetivo orientar todas as empresas
fornecedoras desse insumo e estabelecer Boas Práticas
socioambientais a serem seguidas em todo processo produtivo.
O código foi criado para fortalecer
o compromisso da Braskem em apoiar
o desenvolvimento sustentável da cadeia do etanol. Os fornecedores devem
observar os requisitos socioambientais
na produção do etanol, assegurando a
sustentabilidade do processo produtivo desde a origem da matéria-prima
até o produto final. Serão observadas
medidas em relação a queimadas, biodiversidade, Boas Práticas ambientais,
direitos humanos e trabalhistas e análise do ciclo de vida do produto.
“A receptividade ao código de conduta tem sido muito positiva, a partir da
percepção dos nossos fornecedores de
que o compromisso com a sustentabili106
TN Petróleo 74
demanda por polietileno verde já
é muito maior do que a oferta do
produto. De acordo com ele, quando foi anunciada a construção da
fábrica, a demanda já era superior
em três vezes. “Existe muito mais
demanda pelo produto do que o volume que podemos fabricar hoje”,
declarou Bernardo Gradin.
Segundo ele, o plástico verde
da Braskem é o mais competitivo
entre todos os plásticos de origem
renovável. “E isso tem sido amplamente reconhecido pelo mercado,
que registrou demanda para três
vezes a capacidade da planta”,
acrescenta o executivo informando
que a empresa ficou devendo aos
clientes, mas garantiu que será por
pouco tempo.
dade da cadeia produtiva é de interesse
de todos os seus elos e vai ao encontro
das exigências da sociedade”, diz Hardi
Schuck, responsável por suprimentos e
matérias-primas na unidade de petroquímicos básicos da Braskem. A empresa é a maior consumidora industrial
de etanol do Brasil, utilizando cerca de
700 milhões de litros por ano destinados à produção de polietileno verde e
do ETBE, bioaditivo para combustível. A
maior parte dessa demanda é suprida
por contratos com os principais fornecedores de etanol do país.
O documento tem como base o respeito às leis brasileiras e segue como
modelo as iniciativas descritas no
A Braskem já avalia a possibilidade de implantar uma nova
unidade de eteno verde diante do
interesse demonstrado pelo mercado. Sem detalhar quais são estes
países, durante a coletiva de inauguração, o presidente da Braskem
afirmou apenas que eles estão loProtocolo Agroambiental do Estado de
São Paulo; Pacto Global, iniciativa da
ONU; no Zoneamento Agroecológico
da cana-de-açúcar, que orienta expansão e produção de etanol no Brasil; e
no Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na
cana-de-açúcar.
Esses documentos têm em vista a
garantia de direitos e melhor qualidade de vida para
os trabalhadores
da lavoura da cana
e o controle dos
principais impactos ambientais da cadeia do etanol.
A Braskem fará visitas periódicas
às unidades produtoras de seus fornecedores com o intuito de avaliar e
acompanhar todas as obrigações assumidas neste código.
calizados na Europa, América e
Ásia. De acordo com Gradin, as
unidades poderão ser construídas
no exterior mesmo que a matériaprima de abastecimento, o etanol,
seja fornecido pelo Brasil.
“Esses países querem que se
repita o que foi feito no Rio Grande do Sul. Seriam fábricas simultâneas ao crescimento em polietileno verde no Brasil”, afirmou o
executivo a jornalistas.
pela equipe de pesquisadores da
empresa na área de biotecnologia. Além do acordo com o LNBio,
a Braskem também assinou um
acordo de financiamento com a
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), para a área de P&D,
no valor de R$ 100 milhões.
Atualmente, a Braskem conta
com 300 pesquisadores e, para
Gradin este número irá dobrar
frente às novas demandas. “Cerca
de 600 pesquisadores devem fazer
parte do nosso grupo nos próximos
anos para atender a demanda futura de nossos projetos”, apontou.
Com isso, a Braskem deverá se
transformar na companhia privada
com maior número de pesquisadores no Brasil.
P&D
Braskem lança projeto para unidade
industrial de propeno verde
Em linha com sua estratégia de
consolidar-se como a líder global
da química sustentável, a Braskem
tem intensificado suas pesquisas
no desenvolvimento de outros biopolímeros, especialmente do polipropileno verde. Recentemente,
acertou uma parceria com o Laboratório Nacional de Biociências
(LNBio), em Campinas, no interior de São Paulo, para instalação
de um laboratório a ser utilizado
A Braskem anunciou no final
de outubro a conclusão da etapa
conceitual do projeto de construção
de uma planta de propeno verde. Em
2011 serão concluídos os estudos
de engenharia básica e, uma vez
obtida a aprovação final, começará a
implementação do projeto, que tem
operação programada para o segundo
semestre de 2013, com expectativa de
investimento de aproximadamente
US$ 100 milhões e capacidade mínima
de produção de 30 mil toneladas por
ano de propeno verde.
Segundo a empresa, o estudo
preliminar de ecoeficiência se mostra
bastante favorável por se beneficiar
das vantagens ambientais do eteno
verde. O estudo foi realizado em parceria com a Fundação Espaço Eco e
utilizou como base os dados da engenharia conceitual. Para cada tonelada
de Polipropileno Verde produzida, 2,3 t
de CO2 são capturadas e fixadas.
TN Petróleo 74
107
suplemento especial
Acordo para etanol
de segunda geração
A Petrobras e a dinamarquesa Novozymes firmaram acordo em outubro para desenvolver
uma nova rota para produção de biocombustíveis de segunda geração, utilizando bagaço
de cana-de-açúcar para produção de etanol a partir da ação de enzimas. O acordo abrange
o desenvolvimento de enzimas e de processos de produção de etanol lignocelulósico,
produzido do resíduo fibroso da cana.
O
potencial comercial do etanol celulósico no Brasil é
considerável, graças à grande quantidade de bagaço de cana
disponível no país. O Brasil é o
maior produtor mundial de cana,
com uma capacidade de extração
de cerca de 600 milhões de toneladas por ano, atualmente produzindo 27 bilhões de litros (sete bilhões
de galões) de etanol. Estima-se que
a tecnologia de bagaço para etanol
possa aumentar a produção de etanol do país em cerca de 40%, sem
aumentar as áreas de cultura.
A Novozymes já realiza pesquisas com enzimas na conversão
de bagaço para etanol celulósico,
a fim de tornar o processo economicamente viável. As enzimas
quebram os resíduos – como palha
de milho, palha de trigo, lascas de
madeira e bagaço de cana – que
108
TN Petróleo 74
são fermentados para produzir o
etanol. A parceria tecnológica com
a Petrobras não
vai exigir novos
investimentos
pela empresa,
pois a mesma já
tem uma unidade de pesquisa e
desenvolvimento com pessoas
dedicadas a isso
no país.
“Mais do
que nunca o
mundo precisa
de energia e de
preferência de
energia renovável. A parceria da
Novozymes com a Petrobras dará
esta oportunidade ao mundo e,
como consequência, o Brasil será
o líder absoluto na produção de
energia renovável”, complementa o presidente da Novozymes na
América Latina, Pedro Luiz Fernandes.
A Petrobras vem realizando pesquisas de conversão de bagaço de
cana-de-açúcar em etanol por meio
de processos bioquímicos desde
2006. De acordo com o gerente de
gestão tecnológica da Petrobras
Biocombustível, João Norberto
Noschang Neto, o acordo com a
dinamarquesa, que terá validade
de dois anos, tem o objetivo de reduzir custos e melhorar a eficiência
no processo a partir da otimização
de enzimas.
“Trata-se de um projeto de cooperação tecnológica. A Novozymes é
uma empresa de biotecnologia e vai
otimizar as enzimas que já produzem para o processo da Petrobras”,
explica Norberto Neto.
Internacionalização sustentável
de pequenos negócios
Abrir caminho para que as micro e pequenas empresas brasileiras possam atuar no mercado
internacional. Essa é a proposta do Programa de Internacionalização da Cadeia Produtiva de Petróleo,
Gás e Energia (Prolnter P&G). Para que a inserção se dê de forma sustentável e contínua, as empresas,
depois de diagnosticadas e reunidas em grupos homogêneos, são capacitadas em diversos níveis.
A metodologia, concebida pelo Sebrae no Rio de Janeiro, prevê módulos aplicados durante um ano.
O
treinamento do Prolnter
contempla a formação de
preços para exportação de
produtos e serviços, plano estratégico de internacionalização, análise e posicionamento do produto,
consultoria personalizada, câmbio,
regimes aduaneiros, marketing e
negociação, entre outros. A última
fase do programa, de promoção
comercial, prevê participação em
missões empresariais e feiras especializadas, e propicia aprendizado da cultura dos países a serem
visitados.
O programa conta com 90 integrantes. Desses, 34 empresas
já cumpriram todas as etapas do
treinamento e receberam a certificação em 5 de agosto deste ano.
A conquista representa um aval
para que as empresas possam
atuar no mercado internacional
e participar de todas as missões
organizadas pelo programa.
O Prolnter, que começou em
setembro de 2008, já apresenta
indicadores positivos e reflete o
potencial de atuação das MPE
brasileiras. Para
19 empresas,
atuar no mercado internacional
já é uma realidade. Em apenas um
ano, elas faturaram US$ 9 milhões
em exportações de bens. Outras
efetivaram a formação de joint
ventures no valor de 15 milhões
de euros.
Robôs móveis
A Subsin (Subsea Integrity
Engenharia e Projetos) é um dos
exemplos do alcance do programa.
Criada em abril de 2008, contou
com investimentos do Criatec –
Fundo de Investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) e
Banco do Nordeste (BNB). A Subsin atua na garantia da integridade de equipamentos, combinando
inspeção através de robôs móveis,
desenvolvidos na própria empresa, com sofisticadas análises de
engenharia focadas no mercado
de óleo e gás.
“Estamos associados com a
Principia, consultoria francesa,
em uma joint venture, atuando no
mercado brasileiro. Temos planos
de expansão para outros países e
nosso primeiro foco é o Golfo do
México. O Prolnter abriu um leque
de oportunidades, ao qual dificilmente teríamos acesso sem o apoio
institucional”, avalia o empresário
Melquisedec Santos.
“Mais do que aumentar o volume de exportação de produtos e
serviços, o Prolnter trabalha com
metas que envolvem transferência
de tecnologia, parcerias comerciais e atração de investimento”,
explica a gerente do Prolnter P&G,
Miriam Ferraz, do Sebrae no Rio
de Janeiro.
A Petrobras, uma das parcerias, atua como empresa-âncora,
dando oportunidade para que
MPE brasileiras
possam fornecer
seus produtos e
serviços em oito
dos 27 mercados
onde está presente. “Isso sinaliza que elas têm
padrão de excelência. Atender a
Petrobras significa estar preparada
para trabalhar com outras operadoras, tanto interna quanto externamente”, comenta Ferraz.
O Programa de Internacionalização também tem entre seus
parceiros a Agência Brasileira de
Promoção à Exportação e Investimentos (Apex), a Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, a Associação
Brasileira de Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip)
e a União Europeia. As ações estão
alinhadas com o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de
Petróleo e Gás Natural (Prominp),
do governo federal.
TN Petróleo 74
109
Fotos: Divulgação
suplemento especial
Prêmio de Ciência de Trieste
Ernesto Illy consagra estudo brasileiro
José Goldemberg, professor da USP, recebe prêmio
por estudo sobre energia renovável.
J
osé Goldemberg, reconhecido especialista em energia,
que ajudou a lançar as
fundações científicas para o programa brasileiro de biocombustíveis, é o vencedor do Prêmio de
Ciência de Trieste Ernesto Illy.
Goldemberg recebeu o prêmio,
em Hyderabad (Índia), das mãos
do primeiro-ministro indiano
Manmohan Singh.
O professor da Universidade de São Paulo (USP), que se
tornou um dos principais defensores de novas tecnologias para
promover o desenvolvimento
110
TN Petróleo 74
sustentável, receberá US$ 100
mil, em reconhecimento às suas
pesquisas no campo da energia
renovável. “Receber esse prêmio
é uma satisfação muito grande.
É um reconhecimento sério, que
vem de cientistas que partilham
e identificam o real valor da
pesquisa, sem qualquer interesse
político”, disse Goldemberg.
O Prêmio é concedido, anualmente, a pesquisadores de países
em desenvolvimento, por suas
significativas contribuições à ciência, e tem o apoio da illycaffè,
TWAS e Fundação Ernesto Illy.
Em artigo publicado na revista Science, em 1978, Goldemberg, e seus colegas, apresentaram uma série de evidências
científicas para demonstrar que
os biocombustíveis derivados da
cana-de-açúcar poderiam reduzir
o uso de combustíveis fósseis no
Brasil, enquanto seriam menos
prejudiciais ao meio ambiente.
“Na época”, lembra Goldemberg, “os esforços para desenvolver biocombustíveis no Brasil
foram, em grande parte, justificados pela segurança energética.
Nossa pesquisa demonstrou que
a produção de biocombustíveis
não somente reduziria o uso e
a dependência do combustível
fóssil, como também ajudaria
a reduzir a poluição do ar e as
emissões de gases do efeito
estufa.”
Pesquisas e resultados: de
1970 até hoje
As descobertas de Goldemberg encorajaram os esforços do
governo brasileiro, que havia
lançado um programa de biocombustíveis, em 1975, em resposta à crise internacional do petróleo. No início dos anos 1970,
o principal objetivo do governo
era superar possíveis rupturas de
abastecimento externo, por meio
do desenvolvimento de fontes
domésticas de combustível.
Ao verificar o positivo equilíbrio fornecido pela energia dos
biocombustíveis, levando em
consideração o benefício ambiental e o potencial energético,
Goldemberg reforçou o apoio ao
programa brasileiro de biocombustíveis, ajudando a garantir
sua viabilidade no longo prazo.
Hoje, o Brasil produz 30
bilhões de litros de etanol de
cana-de-açúcar por ano, consumo este que substitui 50% do
petróleo consumido no país.
A produção do etanol e sua distribuição geram US$ 30 bilhões
por ano em receita (cerca de 5%
PIB brasileiro) e são responsáveis por um milhão de empregos
no país. Os biocombustíveis já
representam cerca de 10% do
consumo de energia primária.
Goldemberg dedicou anos de
sua vida em prol da investigação
científica e da política, ao mesmo
tempo que sempre foi fervoroso
defensor de energias renováveis.
Para ele, ao apoiar fontes de
energia deste tipo, os países em
desenvolvimento podem superar a
dependência do combustível fóssil
e traçar um caminho mais viável
ao desenvolvimento sustentável.
“O etanol de cana-de-açúcar é
energia solar líquida”
Nos últimos anos, Goldemberg liderou as discussões científicas sobre o potencial impacto
dos biocombustíveis na segurança alimentar e florestal, abordando o uso de terra ‘adicionais’
para a produção de combustíveis
renováveis, sem que isso prejudicasse a agricultura. Seus estudos
têm revelado a demanda por terra
para produzir biocombustíveis na
próxima década, estimada em 4%
do total de 1,5 milhão de hectares
disponíveis em escala global.
“Em um mundo cada vez mais
preocupado com o futuro abastecimento de energia e com o aquecimento global, o contínuo desenvolvimento de biocombustíveis
provavelmente irá se revelar um
ingrediente essencial ao cresci-
mento econômico sustentável” afirma o cientista, que em 2000, foi
nomeado presidente do conselho
do Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (Pnud) e
principal autor do chamado World
Energy Assessment. Em 2007, ele
copresidiu o painel de estudos do
InterAcademy Council (IAC), responsável pelo relatório Lighting
the Way: Towards a Sustainable
Energy Future.
E esboçou, pela primeira vez,
o paradigma sobre o desenvolvimento sustentável no livro:
Energia para um mundo sustentável, escrito em 1988. A publicação
ajudou a redirecionar as discussões sobre a energia e o desenvolvimento econômico, ao convencer
líderes políticos do importante
papel que a tecnologia poderia
desempenhar no fornecimento de
energia, ambientalmente adequada, para suprir a crescente
demanda por energia nos países
em desenvolvimento.
TN Petróleo 74
111
suplemento especial
Seminário Anual de Responsabilidade Social Corporativa
Gestão sustentável
na indústria de petróleo e gás
Em outubro, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) promoveu
a quarta edição do Seminário Anual de Responsabilidade Social Corporativa, com
o tema desenvolvimento sustentável e a indústria brasileira de petróleo e gás
na era do pré-sal.
por Maria Fernanda Romero
112
TN Petróleo 74
Fotos: Tatiana Campos
A
integração dos relatórios e a
ISO 26000, como novos parâmetros de gestão de responsabilidade social da indústria, foi
um dos grandes temas debatidos
no evento anual do IBP, que chega
à sua quarta edição consecutiva
com a certeza de ter atingido seu
objetivo inicial de disseminar os
conceitos e práticas de responsabilidade social no âmbito da indústria
de petróleo e gás.
Esse é o balanço do coordenador
de responsabilidade social do IBP,
Carlos Victal, revelando que nesse
sentido diversas ações foram realizadas, como os indicadores setoriais e
as apresentações institucionais para
o público das Comissões técnicas do
IBP. “O seminário e o curso sobre
gestão da responsabilidade social
continuarão existindo para dar suporte aos segmentos da cadeia de
valor que estão surgindo agora com
a nova era do pré-sal, e que certamente precisarão desenvolver seus
próprios movimentos de responsabilidade social.”
Victal revela ainda que o tema
do seminário deste ano marca um
novo momento da comissão de responsabilidade social corporativa do
IBP, após o excelente trabalho de
disseminação de conceitos e práticas. “Chegou a hora de galgar
novos desafios, dentre os quais a
disseminação da ISO 26000, norma
internacional de gestão da responsabilidade social, que será publicada
no final desse ano; a ampliação da
participação do setor na elaboração
dos relatórios de sustentabilidade;
e a contribuição na construção dos
indicadores setoriais do Global Reporting Initiative (GRI).”
Durante a cerimônia de abertura
do encontro, o secretário executivo
do IBP, Álvaro Teixeira, revelou que o
‘grande sonho’ do IBP é realizar um
balanço social do setor de petróleo e
gás, e reiterou o desejo da instituição
em aumentar o número de empresas
do setor envolvidas na responsabilidade socioambiental e na utilização
das normas GRI.
Teixeira indicou ainda que a entidade está estudando a promoção
de um prêmio de sustentabilidade.
O executivo não forneceu mais in-
formações e afirmou: “Talvez, ele [o
prêmio] seja lançado no nosso próximo seminário.”
ISO 26000
Depois de cinco anos de debates
com representantes de toda a sociedade, será lançado em novembro a
ISO 26000, norma internacional de
responsabilidade social. No encontro
do IBP, a coordenadora do relatório
de sustentabilidade da Petrobras e
representante da indústria na delegação brasileira na ISO 26000,
Ana Paula Grether, apresentou toda
a estrutura da norma que pretende
promover terminologia comum na
área de responsabilidade social, ser
consistente e não estar em conflitos
com tratados e convenções internacionais já ratificadas mediante outras
normas da ISO.
“A ISO 26000 é uma norma de
orientação, que visa guiar empresas
e organizações sobre os conceitos,
temas, terminologias, questões e
práticas ligadas à responsabilidade
social”, explica Grether.
De acordo com ela, os principais
temas da norma para a indústria incluem a discussão sobre esfera de
influência das organizações, engajamento com stakeholders e responsabilidade sobre a atuação de fornecedores e parceiros. “A norma é um
padrão internacional de diretrizes
de responsabilidade social, que terá
caráter de adesão voluntária e não
se constituirá em sistema de gestão
ou padrão normativo certificável”,
complementa.
A ISO 26000 aborda os princípios
e temas centrais de responsabilidade social e orienta como as organizações devem integrá-los em sua
atuação, considerando os impactos
econômicos, sociais e ambientais de
suas atividades, diretos ou indiretos.
A norma também relaciona os temas
da responsabilidade social que devem ser considerados na esfera de
influência e na cadeia de valor da
organização, incluindo, por exemplo,
seus fornecedores, parceiros comerciais, distribuidores e clientes.
Desde 2006 a Petrobras, em parceria com a ABNT e a delegação brasileira, já realizou 14 seminários no
país para debater o processo de construção da norma com a sociedade
brasileira. Agora, após a conclusão
do documento, fará outra série de
eventos para discutir e incentivar a
implantação da norma pelas empresas brasileiras.
“A delegação brasileira foi muito
participativa no processo de construção da ISO 26000, levando para a
discussão internacional o consenso
formatado no Brasil, que mostra o
interesse e o crescimento do país de
forma inclusiva. Agora que a norma
foi aprovada, o nosso foco é incentivar a implantação da norma no país”,
afirma Ana Paula.
Ao todo, a norma contempla sete
temas: direitos humanos, práticas
de trabalho, meio ambiente, gover-
nança organizacional, práticas leais
de operação, questão dos consumidores, envolvimento comunitário e
desenvolvimento e tem um capítulo
específico de orientação sobre como
integrar responsabilidade social na
organização.
Integração de relatórios
Integrar os relatórios de sustentabilidade com os relatórios anuais
de resultados até o ano de 2020 é
o desafio lançado ao mundo corporativo este ano pelo GRI (Global
Reporting Initiative), entidade responsável pelo principal padrão de
indicadores de sustentabilidade nas
organizações. O mote foi lembrado
por Glaucia Terreo, coordenadora das
atividades GRI no Brasil, durante o
seminário do IBP.
Terreo diz que mais do que
integrar relatórios, a proposta do
GRI quer conquistar o mercado financeiro, ambiente em que ainda é
tratada, na maioria das vezes, como
assunto secundário. “Além da meta
da integração dos relatórios financeiros com os relatórios de sustentabilidade até 2010, esperamos que
até 2015, todas as empresas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
e em crescimento acelerado estejam relatando seu desempenho
ambiental, social e de governança
(do inglês environmental, social
and governance – ESG)”, explica
a coordenadora do GRI.
Ao destacar o efetivo papel dos
relatórios de sustentabilidade, a
executiva conta que o erro mais observado nos relatórios é o fato de as
empresas irem direto aos indicadores e não desenvolverem os princípios, dentre eles o de identificação
dos seus impactos socioambientais.
Para a indústria de petróleo e gás,
Terreo sugeriu a criação de uma
associação de responsabilidade
social do setor.
Indicadores GRI para óleo e gás
Durante o debate sobre as orientações e práticas de responsabilidade
social empresarial, Alyne Castro, da
Petrobras, lembrou do lançamento
dos indicadores setoriais da GRI,
desenvolvido para ser aplicado de
forma complementar e atender as
necessidades das empresas nos seus
dilemas e peculiaridades específicos
e nas diversas etapas de sua gestão.
“Eles servem para complementar os
outros indicadores e garantir que as
empresas retratem e identifiquem
melhor seus impactos. Em suma,
facilita o relato e melhora a qualidade dessa prestação de contas”,
complementa Castro, que enfatizou
a importância do processo de discussão e consenso com múltiplos
stakeholders.
Para o setor de óleo e gás, Castro
comentou que os indicadores terão
novos controles, procedimentos e organização das informações. Para ela,
exigirão mais transparência, maior
senso crítico dos stakeholders e maior
disposição ao diálogo. “A previsão de
lançamento da integração desses
indicadores é o segundo semestre
de 2011”, afirma.
Castro apontou, ainda, que os 15
novos indicadores para o setor serão:
volume de reservas provadas; P&D
energia renovável; capacidade instalada energia renovável; volume de
água formada/produzida; operações
com análise de riscos de biodiversidade; volume de gás ventilado (flared and vented); quantidade de lama
de perfuração e cascalho; conteúdo
de enxofre e benzeno no diesel e
gasolina; comunidades indígenas
próximas às operações; número de
disputas sobre uso de território,
direitos e patrimônio cultural de
comunidades locais e indígenas;
reassentamento e descomissionamento de operações; segurança e
integridade dos ativos; operações
que sofreram análise de riscos sobre
a saúde e biocombustíveis produzidos, comprados e vendidos.
De acordo com Castro, as empresas vão ter que se adaptar e se
organizar para detalharem mais seus
relatórios. “Esperamos que as empresas sejam mais realistas e menos
idealistas em seus relatórios”, finaliza a executiva.
TN Petróleo 74
113
suplemento especial
Delta Energia
Delta Energia cria armazém geral de etanol
Foto: Cortesia Delta Energia
A Delta Trading, empresa controlada pelo Grupo Delta Energia, inaugurou em setembro um
centro de armazenagem de etanol, em Ribeirão Preto (SP), com capacidade de carga/descarga
de 4,5 milhões de litros por dia, e um laboratório completo para garantir o controle de qualidade
de todo combustível comercializado.
Apesar de ser uma das principais empresas de energia elétrica
do país voltada para a comercialização de energia, o grupo Delta
Energia atua também nos mercados
de energia elétrica, etanol e biodiesel. A instalação de armazéns gerais
para o armazenamento de etanol, em
Ribeirão Preto (SP), próximo a um
dos grandes mercados produtores e
e consumidores, ganha notoriedade
pela eficiência que assegura a toda a
cadeia produtiva. Mais ainda: reforça
a aposta do Grupo Delta Energia
no segmento de álcool e assegura
projetos de investimentos futuros
no setor.
A Armazéns Gerais já é uma instalação única do gênero no interior
de São Paulo, com uma área de 50
mil m² e 13 tanques com capacidade total de 61 milhões de litros, e
operação totalmente automatizada.
De acordo com Eolo Mauro Neto,
gerente comercial da Delta Energia
(à direita na foto), atualmente as
114
TN Petróleo 74
usinas são carentes em tancagem,
e o empreendimento tem localização
estratégica: no centro da região de
maior produção de etanol do Brasil
e ao lado da rodovia Anhanguera,
caminho natural do interior para
o Porto de Santos, onde o etanol é
embarcado com destino ao mercado
externo.
“A região tem um potencial de
etanol muito bom: o álcool sempre
vem para Paulínia e os alcooldutos
da Petrobras também vão estar bem
próximos do nosso empreendimento.
Acredito que teremos uma grande
demanda por tancagem de etanol”,
complementa.
Segundo Eolo, para o empreendimento ficar operacional, o processo todo levou um ano e meio. “No
terreno havia uma usina. Então, em
2009 e 2010, fizemos as reformas e
adaptações necessárias. A reforma
dos tanques em si foi rápida, porque
eles estavam em boas condições, o
que demorou mais foi a parte de in-
cêndio, tubulação, tancagem, e tivemos que fazer os muros de contensão
também”, explica.
A empresa iniciou suas operações
há quase dois anos, com a venda de
etanol para as principais tradings
internacionais do mercado e registrou consistente expansão. Em 2009,
respondeu por 2% das exportações
brasileiras de álcool. Em 2010, sua
participação deverá ser próxima a 10%.
“No ano passado, durante o nosso primeiro ano de produção, exportamos 35
mil m³ de álcool e este ano estamos
exportando por média de 12 a 15 mil
m³ por mês”, aponta o executivo.
Em Ribeirão Preto, dos 13 tanques
de etanol, com capacidade total de 61
milhões de litros, Eolo informou que
41 mil já estão em funcionamento e
20 mil entram em operação ainda
em novembro deste ano. “Estamos
aguardando o último tanque, já alocamos metade destes para a Açúcar
Guarani”, contou.
Biodiesel – No segmento de produção
de biodiesel, o Grupo Delta Energia
está em processo constante de expansão. A empresa ingressou nesta
área, com a nova fábrica localizada
em Rio Brilhante (MS), a maior do
estado, com capacidade de produção
de 300 mil litros por dia, a partir de
óleo vegetal e sebo animal, e usará as
duas rotas para produção do biocombustível. A inauguração está prevista
para outubro deste ano ainda.
Com área total de 70 mil m², a
unidade produzirá o combustível limpo a partir de óleos vegetais. Além
da planta de Rio Brilhante, a Delta
informou que já estuda construir
mais fábricas de biodiesel.
Optimus Seventh Generation
Segurança comportamental é requisito
para excelência operacional
A empresa do Reino Unido, Optimus Seventh Generation, especializada em segurança
comportamental, está cada vez mais atenta às oportunidades de negócios no Brasil. No início
do ano, a companhia abriu dois escritórios no país e agora quer intensificar sua atuação no
setor de petróleo e gás brasileiro.
Depois de passar pelo processo
de abertura da filial brasileira da Optimus no início do ano, com escritório
no Rio de Janeiro e em São Paulo, a
empresa estabeleceu parcerias com
escritórios de advocacia e contabilidade locais. “Agora estamos prontos
para dar continuidade ao desenvolvimento de relacionamentos dentro da
indústria de petróleo e gás”, explica
Scott Dunlop, executivo sênior da
Optimus no Brasil.
Segundo ele, o objetivo é trazer
a experiência da Optimus para o
Brasil e, em conjunto com o talento local, ajudar nas iniciativas que
muitas empresas já estão tomando
para melhorar o seu desempenho da
segurança de trabalho na indústria
de petróleo e gás.
“Estamos prontos para demonstrar ao mercado que podemos ajudar
a fazer a diferença no Brasil, e queremos atrair novos talentos locais para
que todos possamos trilhar juntos
o nosso caminho de crescimento”,
aponta Scott Dunlop.
De acordo com o executivo, a
empresa prevê, no Brasil, um potencial de crescimento e demanda
para a segurança
comportamental
dentro de indústrias que atuam
em ramos perigosos, em situações semelhantes
às que já são de
domínio da empresa na Europa, nos Bálcãs e na
Austrália.
A Optimus Seventh Generation foi
fundada em 2003 pelos irmãos Steve
e Dave Marples, no Reino Unido. Emprega hoje cerca de 70 colaboradores
em cinco países em três continentes.
Seu foco é ajudar os clientes a implementar mudanças significativas na
busca de excelência operacional, com
base em segurança do trabalho.
Em 2008, depois de já ter expandido suas operações para incluir Austrália, Europa Ocidental e os Bálcãs,
resolveu investigar o potencial do mercado no Brasil. “Percebemos que o
conceito de apreço era um fator importante neste mercado, e que havia um
impulso para melhorar o desempenho
da segurança de trabalho na indústria de petróleo e gás no país”, lembra
Scott, para quem o conceito de apreço
foi criado para agir como catalisador
capaz de permitir que os clientes da
empresa realmente façam a diferença
e criem o futuro que buscam.
O movimento de vendas da empresa, que atua principalmente na
indústria de petróleo e gás, aumentou de 3 milhões de libras em 2008,
para 4,4 milhões de libras em 2009,
e deve alcançar 5,5 milhões de libras
em 2010. Recentemente, a Optimus
abriu uma nova sede e espaço de
treinamento de última geração em
Westhill, Aberdeen (Escócia).
24 – Brasil
SUSTENTÁVEL 2010 – Encontro
sobre Rede de Mercados Inclusivos:
uma Oportunidade de Negócios
Local: Salvador, BA
Tel/Fax: 55 21 2483-2250
[email protected]
www.cebds.org.br/sustentavel
29/11 a 01/12 – Brasil
XII ENGEMA – Encontro Internacional
sobre Gestão Empresarial e Meio
Ambiente
Local: São Paulo
Tel.: + 55 11 3818-4034
[email protected]
www.engema.org.br
25 a 27 – Brasil
ONG Brasil 2010
Local: São Paulo
Tel.: +55 11 4689-1935
[email protected]
www.ongbrasil.com.br/
30 – Brasil
Prêmio Agroambiental Monsanto
Local: São Paulo
Tel.: 0800-940-6000
[email protected]
www.premiomonsanto.com.br
Feiras e Congressos
Novembro
22 – Brasil
Diálogo Visionário para
Convivência e Harmonia
Local: São Paulo
Tel.: +55 11 4108-4064
[email protected]
http://conversasustentavel.blogspot.com
TN Petróleo 74
115
suplemento especial
Grupo Cosan
Cosan inaugura usina de
açúcar e etanol em Caarapó
Foto: Douglas Gama
O Grupo Cosan, um dos maiores produtores mundiais do setor
sucroalcooleiro, inaugurou em Caarapó (MS) sua mais nova planta de
açúcar e etanol, a primeira do grupo no estado do Mato Grosso do Sul.
A usina contou com investimento de cerca de R$ 530
milhões, sendo que perto de R$
275 milhões deste montante foram
contratados por meio de financiamento com o Banco Nacional
do Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES). A capacidade
instalada da nova planta permitirá
a moagem e processamento de
2,5 milhões de toneladas de cana,
com produção de 90 milhões de
litros de etanol e 185 mil toneladas de açúcar por safra. 116
TN Petróleo 74
A nova planta realizará a
cogeração de energia elétrica
proveniente do bagaço e da palha
da cana, com capacidade atual instalada de 76 MW, o suficiente para
abastecer uma cidade de 500 mil
habitantes. A unidade de Caarapó
possui um contrato bilateral de
venda de energia, com a comercialização prevista de 143 mil MWh
anuais. “Com a inauguração de mais
esta unidade, a Cosan reafirma o
seu compromisso com o desenvol-
vimento sustentável e a geração
de emprego e renda. Esta planta
conta com o uso de alta tecnologia,
que promove melhor integração
entre o sistema produtivo e o meio
ambiente. Em Caarapó também
priorizamos a contratação de mão
de obra local, contribuindo para a
melhoria na geração de renda da
região”, diz o presidente da Cosan,
Marcos Marinho Lutz. Com os mais modernos
equipamentos e técnicas industriais do mercado, a nova usina
será responsável pela geração de
aproximadamente 2.100 empregos diretos e indiretos. Desde sua
chegada ao município, a empresa
tem contratado e treinado profissionais da região para o trabalho
em diferentes áreas da usina, com
destaque para o Curso Técnico em
Açúcar e Álcool, que conta com
cerca de 130 alunos, sendo que 30
deles já atuam em diversas áreas
da empresa. Trata-se do primeiro
curso técnico do setor oferecido
gratuitamente no estado. A unidade promoveu ainda a
contratação antecipada de diferentes equipes para a realização
de diversos treinamentos, incluindo atividades preparatórias em
unidades localizadas em São Paulo
com características semelhantes
à planta de Caarapó. Com estas
iniciativas, a Cosan prioriza o de-
senvolvimento humano e a criação
de oportunidades por meio de
iniciativas que contribuem para a
melhoria da realidade regional. Desenvolvimento sustentável –
Em linha com um dos pilares do
Grupo Cosan – a responsabilidade
ambiental por vocação –, a unidade de Caarapó contou com um
projeto que segue premissas de desenvolvimento sustentável. A planta conta com três poços artesianos
de 700 m de profundidade para
seu consumo de água, que será
otimizado por conta da utilização
de circuitos fechados de torres de
resfriamento e aspersões. A unidade conta ainda com
um software exclusivo de automação que dinamiza ainda mais sua
produção, o que evita desperdícios
e facilita o processo de tomada de
decisões, em linha com as atividades realizadas. Ademais, os
resíduos provenientes da produção sucroenergética passam por
um processo de gerenciamento
para que retornem à área agrícola
como fertilizantes do solo, como é
o caso da vinhaça, proveniente da
destilação do álcool, e da chamada
‘torta de filtro’, que se origina na
filtragem do caldo da cana. Reunindo condições climáticas
e topográficas muito favoráveis,
a colheita da cana-de-açúcar que
abastecerá a unidade de Caarapó
já conta com 80% de mecanização.
A localização próxima ao sul do
Brasil facilita o acesso a um importante mercado consumidor, com a
utilização do modal ferroviário e
o embarque de produto destinado
à exportação por meio do Porto de
Paranaguá (PR).
A planta conta ainda com
diferentes recursos que visam o
incremento de sua performance
produtiva, como caldeiras de maior
eficiência, que permitem o aumento do volume gerado de energia e a
comercialização de seu excedente
produzido, colaborando para o
atendimento à demanda gerada
pelos consumidores.
A implementação destas iniciativas em Mato Grosso do Sul
reflete a preocupação da companhia em agir de acordo com a sua
missão de promover energia cada
vez mais limpa e renovável para
melhorar a vida das pessoas.
Saúde para todos
O Serviço Social da Indústria (Sesi) lançou, em Brasília, a série de vídeos De bem com a vida, com
orientações ao trabalhador sobre prevenção e tratamento de doenças e exemplos – entre eles de
superação. Composta por 19 vídeos de 10 minutos cada, a série foi criada a partir da análise de 80 casos
reais de trabalhadores que enfrentaram e venceram problemas de saúde.
Alguns dos protagonistas dos
vídeos são mecânicos, administradores
de empresas, cozinheiros... eles relatam
suas experiências e como aumentaram
a qualidade de vida e o bem-estar. “Os
vídeos são uma maneira prática e acessível de empresas de qualquer porte
realizarem ações de promoção da saúde no ambiente de trabalho. Passam informações úteis, com histórias de vida
que remetem à realidade dos trabalhadores”, informa o gerente-executivo de
saúde e segurança no trabalho do Sesi,
Fernando Coelho.
A série De bem com a vida dá orientações sobre prevenção e tratamento
de doenças como a hepatite, a hipertensão e o diabetes. Mostra exemplos
de trabalhadores que superaram a depressão, o alcoolismo, o tabagismo e
outros problemas que afetam a saúde.
Entre os depoimentos, há o de uma
trabalhadora que descobriu ser portadora do vírus HIV e de outro que tratou
um câncer de próstata.
De acordo com o médico infectologista Evaldo Stanislau, um dos especialistas consultados para a produção dos
vídeos, a série educativa pode prevenir o
avanço de doenças graves. “Toda informação correta alerta a população sobre
os benefícios da prevenção”, diz. E explica que, paralelamente às informações
necessárias à prevenção, os vídeos abordam questões afetivas e sociais enfrentadas pelos trabalhadores, alertam para
os sintomas, mostram a insegurança do
doente e a importância dos amigos e da
família no enfrentamento da doença.
Neusa Leal Tavares, coordenadora
de benefícios da indústria gaúcha de
geradores de energia Stemac, assinala que a série incentiva as empresas
a investir na saúde dos trabalhadores.
“Tais experiências possibilitarão que
outras pessoas e organizações ofereçam ajuda aos funcionários para
melhorar a saúde e o ambiente de trabalho”, depõe ela. A Stemac tem cerca
de 2.500 empregados e fábricas instaladas em vários estados. A empresa
mantém, há mais de dez anos, programa de combate ao uso de drogas.
Além da prevenção de doenças, a
série traz informações sobre saúde
bucal e os cuidados com a alimentação. Traz ainda casos de trabalhadores
que passaram a dar mais atenção à
prática esportiva, aos exercícios físicos e ao lazer. Os vídeos destacam
os resultados positivos dos relacionamentos saudáveis para a autoestima
das pessoas e a qualidade de vida, revela a analista de Negócios Sociais do
Sesi, Marta Carvalho, que participou
da seleção e criação dos vídeos.
TN Petróleo 74
117
suplemento especial
Sabor de vitória
Chevron
Mulheres do Jardim Batan inauguram empreendimento viabilizado
por parceria entre Chevron e Fundo Elas.
Um grupo de mulheres do
Jardim Batan, em Realengo, no Rio
de Janeiro, inaugurou, em outubro,
o Saborearte, empreendimento de
entrega de refeições que chega à
comunidade depois de mais de seis
meses de planejamento, capacitação
técnica e muito empenho para realizar um sonho coletivo.
O lançamento do Saborearte faz
parte do programa Elas em Movimento, que está permitindo que mulheres
do Jardim Batan, Cidade de Deus e
Borel deem início à construção conjunta de um negócio. A iniciativa é
uma ação da Chevron, a quinta maior
empresa de energia do mundo, por
meio da contratação do Elas Fundo
de Investimento Social.
“Com o lançamento deste negócio, eu me sinto outra mulher, mais
forte e muito mais conhecedora do
meu papel como transformadora da
minha realidade e da vida de todos
os que estão ao meu redor”, comenta
a agora chefe da cozinha do Saborearte, Jaqueline Ramos Tiago. Com o
Elas em Movimento, mulheres das
três comunidades terão a oportunidade de modificar suas vidas e as das
pessoas à volta. Além de uma ampla
base de conhecimentos e consultoria para fortalecer o seu projeto, as
mulheres receberão recursos suficientes para criar e desenvolver o
empreendimento.
O Programa começa com a aplicação dos ‘Diálogos para a melhoria
das condições de vida’, desenvolvido pela Rebouças&Associados, com
duração de dois dias e tendo como
objetivo estimular o protagonismo
das mulheres, permitir que elas falem
dos seus sonhos, troquem informações e conhecimentos, identifiquem
oportunidades de negócio na comunidade e construam, juntas, um novo
caminho por meio da criação de um
empreendimento.
Despertado o papel empreendedor,
as mulheres passam por mais de cem
horas de capacitação que incluem:
direitos humanos das mulheres, resolução de conflitos, como lidar com o
dinheiro, como desenvolver parcerias,
empreendedorismo, formação de negócios, comunicação e marketing.
Durante as capacitações, as mulheres fazem o plano de negócio que
permitirá atender a alguma demanda da comunidade e também gerar
renda para suas integrantes. Em seguida, recebem recursos suficientes
para criar e colocar seu negócio em
prática. Têm ainda o acompanha-
mento de uma consultora, depois da
implementação do empreendimento,
para esclarecer dúvidas e observar
novas oportunidades empresariais.
“Um dos grandes diferenciais deste programa é congregar os sonhos
das mulheres, as demandas da comunidade e as oportunidades de negócio
que ainda não foram percebidas. Isso,
somado a uma ampla capacitação e à
doação de recursos, permite que elas
mudem suas vidas e as da comunidade”, comenta Madalena Guilhon,
coordenadora Geral do Elas.
Por que investir em mulheres? – Investir nas mulheres é o caminho mais
rápido para o desenvolvimento de
um país. Isso acontece porque elas
são as principais agentes de transformação social. Todos os investimentos
feitos nelas retornam sob a forma de
mudanças sociais significativas em
diversos aspectos de suas vidas e das
comunidades das quais fazem parte.
“Um dos valores principais dentro da
filosofia da companhia é assegurar o
desenvolvimento
das comunidades
em que atuamos.
No Brasil, onde
quase 30% das famílias são chefiadas por mulheres,
concentrar investimentos para este
público foi nossa escolha natural”,
afirma Lia Blower, gerente de comunicação da Chevron.
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118
TN Petróleo 74
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TN Petróleo 74
119
suplemento especial
na era da
sustentabilidade
Vazamento de petróleo
A cena definitivamente não é inédita. Uma mancha negra e densa
de petróleo se espalha pela superfície do oceano, dizimando
inúmeras espécies marinhas, contaminando praias, prejudicando
a pesca por várias temporadas, arrasando indústrias de diversos
setores por toda a região afetada. E o impacto da catástrofe
ambiental pode durar anos, possivelmente décadas.
F
Lucas Copelli é sóciodiretor da Vallua Consultoria de Gestão. Atua nos
setores de agronegócios,
automobilístico, bens de
consumo, energia e saúde, por meio das práticas de planejamento estratégico, marketing
e branding. Anteriormente, atuou na McKinsey,
Accenture, Promon Ventures e Aché Laboratórios. Graduado em engenharia pela Unicamp e
pós-graduado em marketing pela ESPM.
120
TN Petróleo 74
oi assim em 1979, quando a plataforma mexicana Ixtoc I explodiu,
derramando milhares de toneladas de petróleo na baía de Campeche, no México. Repetiu-se em 1989, quando um acidente com a
embarcação americana Exxon Valdez contaminou 2.000 km de um litoral
intocado no Alasca, matando milhares de espécies. Em 1991, aconteceu o
pior vazamento de petróleo da história, quando forças iraquianas romperam poços de extração ao se retirarem do Kuwait, derramando mais de
um bilhão de toneladas de petróleo no Golfo Pérsico.
Segundo levantamentos, nos últimos 70 anos, mais de 80 episódios de
média e alta gravidade lançaram nos oceanos cerca de 7,4 bilhões de litros
de petróleo. Diante deste largo histórico de derramamento de petróleo,
existe um fato que pode fazer do acidente da BP no Golfo do México um
marco definitivo na história da nossa sociedade: o fato de que ele aconteceu na era da sustentabilidade.
A era da sustentabilidade é a era da ampliação da consciência, em
nível mundial, de que tudo está interligado, conectado, interdependente. É cada vez mais evidente que um fato local afeta demais a sociedade
em âmbito global. O estilo de vida adotado por cada cidadão do mundo
compromete, e muito, a vida do planeta. Cada decisão que tomamos no
presente é definitiva para a qualidade de vida que teremos no futuro.
O derramamento de petróleo no Golfo do México na era da sustentabilidade nos leva à reflexão a respeito da nossa dependência dos combustíveis fósseis, uma fonte de energia não renovável e muito poluente.
As condições de extração deste produto são cada vez mais extremas e
arriscadas, com maior probabilidade de acidentes e dificuldades técnicas,
como acontece em alto-mar. Este episódio recente mostrou que os métodos e tecnologias disponíveis hoje não são suficientes para evitar e conter
acidentes, além de que pouco se sabe sobre o real impacto ambiental de
um derramamento de petróleo em grandes profundidades.
Foto: Cortesia BP
Sobre isso, Barack Obama disse em pronunciamento oficial: “o momento de abraçarmos um futuro
de energia limpa é agora”. A China tem feito sua
parte, dobrando a cada ano, desde 2008, a produção
de energia eólica no país. Já o Brasil, na contramão
dos esforços mundiais, anunciou o poço de estreia da
exploração de petróleo da camada do pré-sal, na Bacia
de Campos. Um empreendimento bilionário, com alto
risco e desafios tecnológicos inéditos, uma vez que
se pretende extrair petróleo de uma profundidade de
cerca de 6.000 m (para se ter uma ideia, o acidente da
BP ocorreu numa profundidade de 1.500 m).
Diante deste cenário, cabe aos governos a
criação de incentivos para o desenvolvimento de
tecnologias limpas por indústrias, universidades e
pesquisadores. E cabe a cada um de nós a adoção de
um estilo de vida mais sustentável. Carros híbridos,
equipamentos com maior eficiência energética, destinação adequada do lixo, uso da energia solar, política
de logística reversa... são inúmeros os caminhos para
nos conduzir a um futuro totalmente novo. O ato de
consumir ganha agora um novo significado, com a
ampliação da consciência de que o consumidor pode
exercitar sua cidadania por meio das escolhas de
produtos e serviços no seu dia a dia. Suas escolhas
podem ser imbuídas de um conjunto de crenças e
valores, elegendo aquilo que é coerente e rejeitando
que não é. É o início de uma mudança expressiva e
profunda de comportamento, dando base para a nova
economia do conhecimento, pela qual o meio ambiente,
os seres humanos e as suas relações são mais importantes que os números. Depende de cada um de nós.
TN Petróleo 74
121
pessoas
grande banca brasileira. Além disso,
Leonardo Miranda é especialista em
Project Finance.
“Ao longo de minha carreira, especializei-me na indústria do petróleo
e gás, cuja regulação é intensa e os
grandes volumes de investimentos
envolvidos costumam demandar arcabouços jurídico-financeiros complexos”, explica o advogado.
Para ele, o mercado jurídico carioca tem grande potencial com a exploração do pré-sal, que vai gerar grande
volume de negócios e não apenas os
diretamente ligados às petroleiras.
“Os serviços voltados para a cadeia
do petróleo também demandarão
Foto: Divulgação
O escritório de advocacia Machado, Meyer, Sendacz e Opice elegeu
um novo sócio para sua unidade do
Rio de Janeiro. O advogado Leonardo
Miranda passou a compor a equipe no
mês de outubro, e vai reforçar a equipe
de infraestrutura do escritório. Formado em Direito pela PUC-Rio, o advogado possui mestrado (LLM) em Direito
do Petróleo pelo Centro de Estudos de
Petróleo da Universidade de Dundee
(Escócia) e pós-graduação em Direito
Corporativo pelo Instituto Brasileiro de
Mercado de Capitais (Ibmec).
O profissional tem experiência
internacional, com serviços prestados
a um escritório em Londres e à outra
Nalco faz novas
contratações
Empresa aposta em profissionais de
renome para expandir o crescimento do
núcleo de vendas e marketing no Brasil.
A Nalco, empresa mundial em aplicações para tratamento de água, do ar e melhoria de processos, recentemente integrou à sua equipe de vendas e marketing, no
Brasil, os profissionais: João Carlos dos Santos Rosa e
Massimiliano Santavicca.
O volume das novas contas e oportunidades, assim
como a crescente atividade e o grande interesse de seus
clientes em Soluções Integradas, levaram a Nalco a reforçar sua estrutura da Divisão IWM (Integrated Water
Management) – que se dedica a contratos de terceirização
(outsourcing) de sistemas integrados de tratamento de
água, reuso de efluentes e efluentes a nível industrial –
adicionando novos talentos à equipe. Segundo a Nalco, o
objetivo dessas duas contratações é oferecer respostas
122
TN Petróleo 74
Foto: Divulgação
Leonardo Miranda reforça equipe do escritório Machado Meyer
muita assistência jurídica, uma vez
que os contratos e serviços também
devem atender a regulação do setor”,
completou.
mais rápidas, em maior número e com maior valor para
seus clientes.
Massimiliano Santavicca é engenheiro civil, formado
pela Escola de Engenharia de Mauá, tem mais de 12 anos
de experiência nas áreas de gestão, execução comercial
e desenvolvimento de novos negócios com sistemas e
equipamentos de tratamento de água e efluentes, nos
segmentos industrial e municipal.
Como Gerente de Desenvolvimento de Negócios irá
coordenar os projetos de soluções integradas desenvolvendo junto à força de vendas da Nalco a proposta
técnico-comercial de forma coordenada com as diferentes
áreas internas e parceiros externos sincronizando os componentes técnicos, financeiros, legais, administrativos, de
operação e manutenção do projeto, do princípio ao fim.
João Carlos é engenheiro sanitarista formado pela
Escola de Engenharia de Mauá, tem mais de 25 anos de
experiência na área de tratamento de água e efluentes
domiciliares e industriais desenvolvidos em empresas
privadas de saneamento. Desde maio, trabalha na equipe
de IWM da Nalco, como gerente de Operação e Manutenção
(O&M) para o Brasil. Desta forma, ele é o responsável geral
pelas operações dos sistemas de tratamento de água e
efluentes nos locais dos clientes da empresa.
Sua principal função é manter a segurança das operações das plantas em que a Nalco trabalha com projetos do
tipo IWM, garantir o cumprimento dos padrões contratados
com os clientes e a sustentabilidade destas operações,
de acordo com os planos de negócio desenvolvidos. João
também continuará desenvolvendo e aperfeiçoando os
indicadores de desempenho e o processo de comunicação
dentro das plantas com operações terceirizadas.
empresário do ano na Argentina
A Câmara Espanhola de
Comércio da República Argentina
(Cecra) outorgou ao presidente
da Repsol YPF, Antonio Brufau, o
prêmio de Melhor Empresário do
Ano 2010. Com isso, a instituição
reconhece os excelentes resultados conseguidos pela YPF nos
últimos anos.
O executivo receberá o prêmio
em Buenos Aires, em ato no qual
estarão presentes o embaixador
da Espanha na Argentina, Rafael
Estrella, e o presidente da Câmara
de Comércio, Guillermo Ambrogi.
Para o presidente da Repsol, a
entrada de um sócio local no capital
da YPF teve um resultado muito positivo. Segundo Brufau, “a união entre uma empresa de caráter global
como a Repsol e a sensibilidade e
experiência local do Grupo Petersen
fizeram com que a YPF seja muito
melhor, mais forte e melhor posicionada para o futuro”. Além disso,
ressaltou o papel chave da YPF no
futuro energético argentino, para o
qual a companhia está apostando na
liderança em P&D como motor de
transformação e reposicionamento
estratégico. A Câmara Espanhola de Comércio da República Argentina é uma
prestigiosa instituição com mais de
120 anos de existência. Atualmente, é
uma das vozes oficiais do investimento espanhol na Argentina. Sua Junta
Diretiva conta com representantes
das principais empresas espanholas
com interesses no país.
No dia 29 de outubro, Robson de
Andrade, ex-presidente da Federação
das Indústrias do Estado de Minas Gerais
(FIEMG), assumiu a
presidência da Confederação Nacional
da Indústria (CNI) no
lugar de Armando
Monteiro Neto, que
ocupou o posto durante oito anos, em dois
mandatos.
Engenheiro mecânico formado pela
Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG) e especializado em gestão
estratégica para dirigentes empresariais
pela Fundação Dom Cabral e pelo Insead
(Instituto Europeu de Administração de
Negócios), na França, Robson Andrade, 61 anos, é diretor do Conselho de
Empresários da América Latina (Ceal)
e vice-presidente da Confederação
Empresarial da CPLP (Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa).
Na estrutura da CNI, ele respondia
pela presidência do Conselho Temático
de Assuntos Legislativos (CAL). Além
disso, coordenou, também, os trabalhos
da Comissão Especial de Mineração,
que identificou uma agenda comum dos
segmentos da mineração e elaborou
propostas de aperfeiçoamento das
políticas e do marco regulatório sobre o
setor.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Antonio Brufau,
Robson de
Andrade assume a
presidência da CNI
TN Petróleo 74
123
produtos e serviços
Barco
Rede Galileu-Petrobras em terceira dimensão
Foto: Cortesia Barco
Barco fornece solução em 3D para laboratório de megaprojeto que reúne a estatal do
petróleo e instituições universitárias
A Barco, empresa líder mundial em
tecnologia de imagens, foi escolhida para
fornecer e integrar soluções de visualização 3D (estereoscopia) para o Laboratório
Tanque de Provas Numérico da Universidade de São Paulo, integrante da Rede
Galileu. A Rede Galileu visa atender as
futuras demandas computacionais geradas pela produção de petróleo em águas
ultraprofundas na camada Pré-sal, tendo
também como participantes a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC-Rio), a Universidade
Federal de Alagoas (Ufal), entre outras.
A companhia foi selecionada pela Universidade de São Paulo (USP) para fornecer
duas soluções completas de visualização
para atender ao projeto, liderado pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes).
Para a Sala de Visualização 4D, a Barco
forneceu e instalou uma Solução de Visualização 3D de última geração, com base na
tecnologia de projeção Ativo Infitec patenteada pela Barco, com dois Projetores
Barco Galaxy NW-12, que proporcionam
melhor conforto visual.
Os projetores Barco com três Chips
DLP garantem maior qualidade de cores
das imagens projetadas, e com 12 mil
ansi-lúmens proporcionam mais conforto visual em imagens estereoscópicas,
comparados a outros tipos de soluções do
mercado (Ativo & Passivo). Além disso,
a solução que a Barco utiliza é baseada
em um projetor por canal estéreo, o que
possibilita menor custo de manutenção
e aquisição.
Como parte do sistema Barco, também foi instalada uma tela de vidro de
7.300 mm x 2.525 mm, com o software
de colaboração Barco XDS Control Center Suite, com função picture-in-picture,
ou seja, na sala de visualização poderá
ser projetada uma fonte estéreo e infinitas fontes mono ao mesmo tempo, sem
perda de desempenho na visualização,
aumentando o poder de decisão dos colaboradores da USP e Petrobras.
Nessa sala serão visualizados os
resultados dos diversos simuladores da
Rede Galileu, utilizados na análise de
sistemas completos de produção para a
camada pré-sal, desde os aspectos relacionados ao poço, englobando a perfuração
e o escoamento do óleo até o processamento nas plataformas e transporte para
os navios aliviadores.
Já a Sala de Vídeo Conferência com
Colaboração foi equipada com uma Solução de Visualização Barco & Videoconferência FullHD Tandberg, formada por
um projetor Barco Sim5w, que também
permitirá a colaboração remota de dados.
Com essa solução Barco de Colaboração,
será totalmente possível o compartilhamento em tempo real de informações e
dados discutidos entre a Petrobras e as
universidades que fazem parte da rede
Galileu.
Todos os alunos e colaboradores que
fazem parte da Rede Galileu terão acesso
a qualquer uma das soluções de visualização Barco instaladas na USP, via rede
TCP/IP, para projetarem e compartilharem
remotamente seus dados em tempo real
entre todos os decisores.
Com essa ferramenta, a USP terá
maior eficiência e rapidez nas tomadas
de decisões, com diminuição dos custos
com viagens entre as universidades e a
Petrobras. Em combinação com o fornecimento dos equipamentos, a Barco e a
USP assinarão um contrato de parceria
para o desenvolvimento de projetos para
a indústria brasileira, visando o aprimoramento e o desenvolvimento do mercado
em alto nível. Envolve-se ainda nessa
parceria o treinamento dos alunos da
USP nas fábricas da Barco, e a troca de
experiências.
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124
TN Petróleo 74
IBM
IBM cria centro de excelência no Brasil
O Rio de Janeiro vai abrigar a sede do novo Centro de Soluções para Recursos Naturais da IBM, que irá auxiliar
a indústria de petróleo, gás e mineração na adoção de tecnologias e estratégias de negócios inovadoras
A IBM anunciou, no dia 26 de agosto, a instalação no Brasil de um Centro
de Soluções para
Recursos Naturais
(NRSC), que ocupará o nono andar do
prédio da empresa
no Rio de Janeiro.
Este é o terceiro
Centro de Excelência da IBM no
mundo com foco
em petróleo e gás e o segundo dedicado
também à mineração, assim como o de
Perth, na Austrália.
O objetivo do centro, já em implantação, é ajudar empresas nos segmentos
de petróleo, gás e mineração a acelerar
a adoção de tecnologias e estratégias
de negócios inovadoras. Com foco em
clientes da América Latina, o NRSC
concentrará seus esforços na busca de
soluções que proporcionem redução de
custos de operação e exploração, maior
eficiência operacional e financeira, e ainda o aprimoramento da segurança, saúde
e sustentabilidade.
“O lançamento do Centro está alinhado com os objetivos de negócio da IBM
de reforçar sua presença nesse mercado
com alto potencial de crescimento”, ressalta Paulo Baskerville, diretor do setor
industrial da IBM para a América Latina,
destacando que a empresa está ampliando suas competências nessas indústrias,
trazendo conhecimento de outros centros
no mundo, para fazer um trabalho colaborativo com os nossos clientes. “Esses
segmentos estão vivendo um momento
único e queremos ajudá-los a aproveitar
ainda mais as oportunidades através do
uso da tecnologia.”
O Brasil foi escolhido para sediar o novo
centro devido ao potencial de crescimento
que o país oferece neste segmento. A instituição trabalhará em conjunto com parceiros
de negócios e outros centros de soluções da
companhia para criar aplicações tecnológicas que contribuam para o crescimento de
seus clientes.
Essas soluções possibilitam uma operação mais integrada e uma gestão mais eficiente do ciclo de vida dos ativos. “Desde o
ano passado começamos a buscar especialistas no mercado, além de estarmos continuamente capacitando um número crescente
de nossos profissionais nesse importante
nicho”, complementa Baskerville.
O Centro de Soluções de Recursos
Naturais do Brasil irá atuar conectado aos
outros dois centros da IBM, localizados em
Perth (Austrália) e Stavanger (Noruega).
Este formato de operação permite o compartilhamento de skills e conhecimento
entre os profissionais da companhia, além
de compartilhar recursos e soluções entre
as unidades, de acordo com a necessidade
e a demanda de cada cliente.
O novo espaço possibilita a realização
de workshops executivos, seminários de arquitetura, provas de conceito junto aos clientes, pesquisas e demonstrações em tempo
real de soluções tecnológicas. Entre as áreas
de inteligência da instituição, destacam-se:
gestão de ativos, sustentabilidade e logística.
Ademais, nos estudos e análises relacionados a petróleo e gás, o NRSC atuará em
conjunto com o recém-anunciado Centro
de Pesquisas da IBM no Brasil.
A IBM Brasil lançará oficialmente o
NRSC ainda esse ano, em evento para clientes, parceiros de negócios e líderes do segmento de mercado e do governo. A criação
do centro e a condução de suas atividades
estão inseridas no orçamento global de Pesquisa & Desenvolvimento da IBM, que é da
ordem de US$ 6 bilhões por ano.
Transport & Offshore Services
Gestão em alto-mar
A t r a d i c i o na l
empresa da Holanda TOS (Transport &
Offshore Services)
se uniu à brasileira
Internacional Marítima
para dar origem à TIM
(TOS Internacional
Marítima) e competir
no mercado interno.
A empresa inicia atuação em 2010 especializada em gestão efetiva ou temporária de
recursos humanos no transporte marítimo
e offshore.
“As oportunidades da indústria marítima no Brasil são enormes, o que gera um
ambiente favorável aos nossos clientes e,
Parceria entre empresas da Holanda e do Brasil
dá origem à TIM, empresa de gerenciamento de
recursos humanos no setor marítimo e offshore
consequentemente, a nós, investidores”,
afirmou o diretor-executivo da TOS, Kees
Wagenaar.
A TOS e a Internacional Marítima já possuem experiência no mercado brasileiro. Com
a criação da TIM, as duas empresas esperam
expandir ainda mais suas participações no
país, o que irá contribuir para o fortalecimento
dos seus negócios mundiais.
Fundada em Roterdã, na Holanda, em
1992, a TOS abriu três representações no exterior nos últimos cinco anos – na República
Tcheca, na Polônia e na Ucrânia. A formação
de uma joint venture no Brasil inaugura uma
nova fase de expansão.
Já a Internacional Marítima foi fundada em
São Luís, no Maranhão, há 30 anos. Atualmente,
opera barcos e rebocadores também em Santos.
Ao todo, emprega mais de dois mil marinheiros
de origem brasileira, na operação de embarcações próprias e de terceiros. Junto com a TOS,
o número de pessoas empregadas em todo o
mundo supera três mil.
“A TIM contribuirá com os operadores
offshore e proprietários de embarcações
para vencer desafios no Brasil, como o de
prover tripulações especializadas aos navios
e plataformas que irão iniciar operação nos
próximos anos. A TIM combinará a experiência local da Internacional Marítima com a
atuação mundial da TOS para proporcionar
soluções de ponta ao mercado nacional”,
ressaltou o presidente da Internacional Marítima, Luiz Carlos Cantanhede.
TN Petróleo 74
125
produtos e serviços
Imersão necessária
CP4
Programa Cross Culture in Company prepara profissionais do setor de óleo e
gás para atuar em um mercado globalizado, propiciando aulas de inglês que vão
mais além do idioma, passando pelo ‘tecnês’ dessa indústria e pelos aspectos
socioculturais do país onde vão atuar.
Antenada com as demandas
da indústria de petróleo e gás natural,
a CP4 Cursos no Exterior está ajudando
a preparar os profissionais brasileiros
para interagir melhor nesse mercado
globalizado. “Para estabelecer parcerias
e fechar negócios, é preciso mais que
o domínio do idioma dos stakeholders
e do ‘tecnês’. É preciso desenvolver a
melhor compreensão possível da cultura
do interlocutor. Uma
frase não dita, uma
forma de apresentar a proposta, pode
definir a assinatura
de contratos ou colocar tudo a perder”,
destaca Ana Beatriz
Faulhaber, diretora
da CP4, educadora e idealizadora do programa Cross Culture in Company.
A CP4 atua desde 1990 no desenvolvimento de soluções de aperfeiçoamento
em cursos e programas de intercâmbio,
visando a formação das competências
comportamentais e técnicas do profissional do futuro. O Cross Culture in Company
foi desenvolvido em parceria com a ILS
English, instituto de inglês baseado em
Nottingham (Inglaterra), e inclui softwares para treinamento, simulação de
apresentação de propostas, reuniões e
discussões, teleconferências e, claro, o
aprimoramento do idioma estrangeiro.
“Sem a preparação cultural, grandes
negócios podem gerar níveis de estresse desnecessários e uma sensação de
frustração e impotência decorrentes
de resultados negativos”, comenta Taal
Millard, diretora da
ILS que esteve recentemente no Brasil para uma etapa
do treinamento de
executivos de uma empresa brasileira
126
TN Petróleo 74
de atuação global. Taal Millard também
participou do 7° Congresso Nacional de
Gestão Corporativa, no qual apresentou a
palestra Diferenças Culturais no Contexto
Corporativo Internacional. “No mundo
dos negócios, o conceito de ‘global’ compreende a capacidade de os executivos
assimilarem traços da cultura de países e
empresas e de usarem esse aprendizado
como instrumento de aproximação e fidelização”, complementa Faulhaber.
Habilidades “transculturais” – Segundo a
diretora da CP4, estudos coordenados pela
Fundação Dom Cabral, em Belo Horizonte, mostram que, em 2006, as empresas
brasileiras aplicaram US$ 28,2 bilhões na
compra de companhias e consolidação de
novos negócios internacionais, enquanto
as estrangeiras investiram US$ 18,8 bilhões
por aqui. Esse montante de recursos fez
com que o Brasil assumisse o posto de segundo maior exportador de investimentos
estrangeiros entre os países em desenvolvimento e de maior da América Latina.
“A previsão é que o volume de organizações transnacionais deve crescer, já que
as empresas de médio porte também estão
em processo de internacionalização”, avalia Faulhaber, lembrando da necessidade
de atender às novas demandas de um
mercado mais exigente, cada vez mais
formado por uma geração para a qual
informações e comunicação em tempo
real são uma constante.
Para Faulhaber, uma das vantagens
do programa Cross Culture in Company é
a possibilidade de a empresa promover o
aprimoramento de seus executivos, com o
suporte de uma instituição internacional,
mas sem que estes precisem sair do Brasil.
Contudo, essa experiência in company
pode ser complementada com o programa
de duas semanas em Nottingham, que ela
classifica como um intensivo de inglês
técnico para indústrias de energia.
“Esse é o momento para que as
empresas invistam nas competências
transculturais de seus colaboradores,
propiciando o trânsito harmônico entre
as culturas de forma a apresentar e se
consolidar como empresas inovadoras,
flexíveis e com velocidade necessária
para atingir os objetivos com sucesso no
mundo moderno”, conclui a executiva.
Associada à Brazilian Educational and
Language Travel Association (Belta) e reconhecida pelos órgãos oficiais dos países
com os quais opera, a CP4 representa mais
de 200 escolas de idiomas, universidades
e instituições educacionais espalhadas
por 30 países.
Missões Empresariais Internacionais
A CP4 Cursos no Exterior está com
inscrições abertas para as próximas Missões Empresariais Internacionais, modelo
de intercâmbio voltado para profissionais e
universitários que visa oferecer a vivência
do mercado em outros países, promover o
desenvolvimento de competências e oportunizar a internacionalização do conhecimento
e da carreira.
Uma das opções é a Missão International
Relations & Law, que promove a inserção do
participante em questões ligadas à globali-
zação, à abrangência das legislações, aos
contratos, paradigmas, preceitos e à aplicação
do direito e das relações internacionais. Nas
duas semanas do curso, há visitas agendadas
para o World Trade Organization, US Mission,
International Chamber of Commerce, Corte
Internacional de Arbitragem, entre outras.
Além de vivenciar o cotidiano de instituições
da Bélgica, França, Holanda e Suíça, o intercambista assistirá a um julgamento na Corte
Criminal Internacional e receberá um certificado internacional de participação.
Usiminas
Valor agregado ao aço
O primeiro dos quatro grandes
investimentos em curso na Usiminas com
foco em agregação de valor e redução de
custos já está em operação. Com aportes
de R$ 707 milhões, a coqueria 3 tem capacidade para produzir 750 mil toneladas
de coque por ano. O coque é um combustível gerado a partir do carvão mineral e
é utilizado como redutor do minério de
ferro nos altos-fornos siderúrgicos.
A entrada em operação da nova coqueria é o primeiro passo para a autossuficiência em coque na usina de Ipatinga,
que deve ser alcançada em 2013. Até lá,
a coqueria 2 terá sido reformada, elevando a capacidade total de produção de
coque na usina para cerca de 1,9 milhão
de toneladas – 250 mil toneladas a mais
do que a capacidade atual. Quando as
coquerias 2 e 3 estiverem em plena operação, a coqueria 1 – que está no fim da
sua vida útil e opera desde a fundação
da usina – será desativada.
Com toda a demanda da usina de
Ipatinga suprida pela produção própria de
coque, a Usiminas amplia sua blindagem
contra movimentos bruscos do preço do
insumo no mercado externo. Além disso,
a substituição das importações de coque
poderá significar uma economia de até
R$ 250 milhões por ano, considerando a
cotação atual do insumo.
“Estamos sempre atentos a oportunidades de redução de custos operacionais
e é isso que estamos alcançando com a
entrada em operação da nova coqueria”,
destaca o vice-presidente Industrial interino da Usiminas, Marco Paulo Penna
Cabral.
Desenvolvida com tecnologia mais
moderna do que a usada na construção
das coquerias 1 e 2, a coqueria 3 proporcionará um melhor controle operacional
e ambiental, garantindo a redução dos
níveis de emissões atmosféricas. Essas
emissões ficarão abaixo do estabelecido
Foto: Cortesia Usiminas
Nova coqueria da Usiminas inicia operação na usina de Ipatinga (MG).
na legislação ambiental (resolução Conama 382/2006).
“Com a nova coqueria, a Usiminas
avança na estratégia de verticalização da
produção, o que se reflete em um progresso em termos operacionais, econômicos
e ambientais”, ressalta Cabral.
A montagem eletromecânica da obra
foi feita pela Usiminas Mecânica – empresa de bens de capital do grupo Usiminas – com 12.900 toneladas de estruturas
metálicas e equipamentos. Cerca de cinco
mil empregos diretos foram gerados no
pico das obras.
Investimentos – A coqueria 3 faz parte
de uma ampla agenda de investimentos
da Usiminas com foco em agregação de
valor e redução de custos. Estão previstos
recursos da ordem de R$ 14 bilhões no
período entre 2007 e 2014. Apenas os
investimentos atualmente em curso possibilitarão à companhia adicionar 2,6 milhões de toneladas de produtos de maior
valor agregado ao mercado, ampliando o
atendimento aos setores-chave no crescimento do Brasil nos próximos anos, como
automotivo, naval e de óleo e gás.
A produção de chapas grossas – para
a indústria naval e de petróleo – será ampliada em 450 mil toneladas/ano na usina
de Ipatinga. Paralelamente, está sendo
instalada uma nova tecnologia (Resfriamento Acelerado ou CLC) que permitirá a
fabricação de chapas de alta resistência,
que terão aplicação na exploração de
petróleo na camada pré-sal.
Outro investimento na usina de Ipatinga é a nova linha de galvanização a
quente, com foco nos mercados automotivo e de linha branca. A capacidade
do grupo será ampliada em 550 mil toneladas/ano.
Na usina de Cubatão, o principal projeto é a nova linha de tiras a quente, com
capacidade de produção de 2,3 milhões
de toneladas/ano. O equipamento vai
possibilitar a expansão da participação no
segmento industrial, como nos setores de
autopeças e de bens de capital.
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TN Petróleo 74
127
produtos e serviços
Teledyne Oil & Gas
Solução inteligente para vedação de poço
A Teledyne Oil & Gas, líder em
soluções de engenharia subsea em
distribuição eletro-ótica e sistemas de
monitoramento de fluxo na exploração
offshore de petróleo e gás, forneceu
tecnologia-chave de monitoramento e
comunicação à BP, que foi incorporada
à solução global utilizada no equacionamento de um dos maiores acidentes
ambientais da história – o derramamento de petróleo no Golfo do México.
Foi utilizado um sistema integrado,
constituído por um conector elétrico
tipo ROV da subsidiária Teledyne
ODI, com um sensor de temperatura
e pressão da outra empresa do grupo,
Teledyne Cormon, na capa de contenção de derramamento de petróleo,
possibilitando à equipe de gerenciamento de incidentes um monitoramento confiável, em tempo real, da pressão
e da temperatura no poço.
Essas medidas de pressão foram as
principais métricas usadas na determinação da integridade do poço e na
solução de vedação, uma vez que o fluxo de petróleo foi estancado, de acordo
com Mike Read, presidente e CEO da
Teledyne Oil & Gas.
Devido aos atributos deste sistema,
de se conectar eletricamente ao sensor
de temperatura e pressão na capa de
contenção, para obter medidas constantes das condições do poço, a BP e a
equipe de gerenciamento de incidentes
foram capazes de aferir as medidas de
Foto: © BP p.l.c
Teledyne Oil & Gas traz para o mercado brasileiro tecnologiachave incorporada à solução global que parou o vazamento do
poço da BP no Golfo do México.
pressão que indicaram que a estrutura
do poço estava sólida e intacta, o que
permitiu a progressão da solução final
e definitiva de vedação do poço.
Log-In
Foto: Cortesia Log In
Log-In lança navio no estaleiro Eisa
A empresa brasileira de navegação
Log-In Logística Intermodal lançou ao mar no
dia 26 de outubro, o navio porta-contêiner
Log-In Jatobá, construído no Estaleiro Ilha
S/A (Eisa), na Ilha do Governador, no Rio de
Janeiro. O Log-In Jatobá tem capacidade para
2.800 TEUs, e teve um custo total de R$ 152,9
milhões, sendo R$ 137,6 milhões financiados
pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM).
Esta embarcação é a segunda de uma
encomenda de sete navios, sendo cinco portacontêineres e dois graneleiros, que a Log-In
128
TN Petróleo 74
Características
Tipo.................................... Full-Container
Porte Bruto................................... 37800 t
Calado............................................11,60 m
Potência..................................18780,0 kw
Comprimento.............................218,45 m
Boca.............................................. 29,80 m
Pontal............................................ 16,70 m
Sociedade Classificadora.................ABS
Projeto....................................... Projemar
tem com o Eisa. O investimento total nas embarcações é de cerca de R$ 1 bilhão, provenientes de recursos do citado FMM, através
de repasse do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com 218,24 m de comprimento, 28,8 m de
largura, calado de 11,6 m, e altura de 51,5
m, o Jatobá entrará em operação a partir
do segundo semestre de 2011, ampliando a
capacidade de transporte da companhia.
A cerimônia contou com as presenças
do presidente da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, e do governador do Estado
do Rio de Janeiro, Sergio Cabral Filho,
além de representantes dos governos
federal, estadual e municipal e empresários do setor.
SolidWorks
Ferramenta
atualizada
Maior velocidade e aplicativos que reforçam o ambiente colaborativo no desenvolvimento de projetos são alguns dos principais
atributos da versão 2011 do software de CAD
3D, lançada no início de outubro pela SolidWorks, empresa do grupo francês Dassault
Systèmes. Líder no fornecimento de tecnologia para CAD 3D, a DS SolidWorks, que
todos os anos lança uma nova versão de uma
das principais ferramentas da engenharia
moderna – o CAD 3D –, anunciou que a nova
versão sofreu mais de 300 alterações, o que
significa novos aplicativos e melhorias que
visam facilitar a vida de quem desenvolve
projetos complexos, como os que vêm sendo
demandados pela indústria de óleo e gás.
A Solução chega ao mercado brasileiro
com novos atributos, que visam acelerar
o projeto de produtos, intensificar a colaboração e fortalecer o envolvimento dos
projetistas na criação de um novo produto.
“Queremos propiciar ao usuário uma experiência intuitiva de projeto. Além de melhorar a produtividade dos projetos, tornar
a comunicação mais eficaz, maximizando o
valor da propriedade intelectual e diminuindo
o tempo de desenvolvimento de produto”,
destacou Oscar Siqueira, country manager
da DS SolidWorks Brasil.
Ele acrescentou que, como sempre, as
melhorias foram feitas de forma a atender
solicitações dos próprios usuários, muitos
deles, da cadeia produtiva de óleo e gás: pessoas que utilizam o software diariamente no
projeto de novos produtos, na validação do
seu desempenho, na comunicação com os
parceiros, no gerenciamento de dados de
projeto e na minimização do impacto de um
produto no meio ambiente.
Oscar Siqueira acredita que as novidades vão reforçar ainda mais a liderança
da empresa no mercado brasileiro, que é
o nono maior em vendas da SolidWorks e
vem recebendo atenção especial do grupo
Dassault Systèmes. Ele lembra também que,
em 2009, a empresa comemorou a licença
de número 1 milhão e, hoje, já supera 1,4
milhão de licenças.
Foco na indústria de óleo e gás – “Os novos
recursos de CAD e PDM do SolidWorks 2011
Um dos softwares mais usados na elaboração e
implantação de grandes empreendimentos do setor de
óleo e gás, o CAD 3D da SolidWorks chega ao mercado
na sua mais nova versão, com mais de 300 melhorias.
permitem aos grupos de engenharia enfrentar
de forma inteligente os novos desafios no
projeto de produtos e sistemas de produção”,
comenta Timoteo Müller, gerente técnico da
DS SolidWorks Brasil. “O desenvolvimento
de produtos acontece em grupo, com pessoas muitas vezes distantes milhares de
quilômetros umas das outras. A tecnologia
de colaboração da
versão 2011 acelera
e consolida todo este
processo.”
Ele frisa que a
DS SolidWorks vem
buscando aperfeiçoar
essa ferramenta, de
forma a oferecer soluções para os desafios
industriais críticos do setor de óleo e gás,
relacionados a exploração, eficiência, redução
do tempo de ciclo, segurança e confiabilidade
e regulamentação. E pontua algumas das novidades que vão contribuir para a viabilização
de grandes projetos nesse segmento.
“Novo recurso de simplificação planar – ou 2D –, do SolidWorks Simulation,
permitirá aos usuários realizarem estudos
avançados com uma precisão e velocidade
sem comparação. Uma excelente aplicação
na indústria de petróleo e gás são os estudos
de tubulações de transporte, que demandam
precisão do tamanho do elemento finito, além
da velocidade de resposta do problema”, explica Müller.
Ele destaca a função ‘Passo a Passo’
(Walkthrough), que permite explorar ou
criar um vídeo da geometria 3D de plantas
ou outros sistemas. “Você ‘vê’ a geometria
do sistema conforme passeia por ela, através
de um recurso inteligente que permite posicionar seu ‘avatar’ dentro do ambiente virtual
do SolidWorks. É possível salvar o que foi
visto e reproduzir a gravação para um estudo
mais aprofundado”, ressalta, afirmando que
os grandes benefícios deste recurso são a
possibilidade de realizar revisões de projeto
de uma maneira totalmente nova e poder
apresentar o projeto de maneira completamente nova.
Outra inovação citada por ele é a possibilidade de os usuários adicionarem cordões
de solda simplificados em peças e montagens,
independentemente da complexidade do tipo
de geometria. Fala, também, do aprimoramento do SpeedPak, recurso recomendado
para usuários que trabalham com montagens
muito grandes e complexas. “O uso de uma
configuração SpeedPak pode melhorar muito
o desempenho durante o trabalho em grandes
montagens e desenhos 2D. Uma nova opção
do SpeedPak fornece a possibilidade de abrir
montagens que contenham configurações
em SpeedPak, automaticamente. Essa nova
capacidade acelera demais a manipulação de
grandes conjuntos”, pontua Müller.
Ele observa que várias inovações vieram
da cadeia de fornecedores da indústria de
óleo e gás, citando dois principais clientes
desse setor: a FMC (Rio de Janeiro/RJ) e
Dedini (Piracicaba/SP). “A equipe da SolidWorks presta muita atenção aos pedidos de
melhoria requisitados pelos usuários brasileiros”, afirma, citando alguns exemplos de
novos recursos no SolidWorks 2011 que vem
para atender a demanda de usuários desta
indústria. “Temos melhorias no recurso de
tubulação e aprimoramentos na importação
de arquivos P&ID, bem como no detalhamento, que conferem habilidade de construir
com mais rapidez desenhos 2D prontos para
a manufatura”, revela Müller. “É importante
lembrar ainda que o recurso de simulação
em 2D (Simplificação Planar) acelera muito
a produtividade dos usuários, uma vez que
os recursos do software otimizam o controle preciso do elemento finito em estudos
complexos.”
TN Petróleo 74
129
produtos e serviços
André Teixeira & Associados
Oportunidades no Brasil
André Teixeira & Associados fez palestra sobre a tributação da
indústria de óleo e gás na 8ª Brazil Energy & Power, em Houston.
Repetro e Convênio ICMS 130/2007
foram alguns dos temas abordados pelos
advogados André L.P. Teixeira e Tiago
Guerra Machado, sócios do escritório
André Teixeira e Associados, que ministraram palestra sobre a tributação da
indústria de óleo e gás no Brasil, na 8ª
Brazil Energy & Power, no dia 23 de agosto em Houston, no Texas (EUA).
Organizado pela Câmara de Comércio
Americana do Rio de Janeiro (AmCham
Rio) em parceria com a Câmara de Comércio Brazil-Texas (Bratecc), o evento,
que acontece anualmente, reuniu mais
de 200 participantes das principais empresas do setor, e contou com a presença
de renomados especialistas.
Desde que se
associou à Oil &
Gas Law Alliance,
o escritório tem sido
presença constante em seminários e
conferências internacionais relacionados à indústria do
petróleo. O advogado André L.P. Teixeira acredita que essas
oportunidades são importantes para a
atualização e troca de experiências, especialmente neste momento em que o
interesse pelo Brasil é crescente. “Os
players internacionais demonstram grande interesse pelas oportunidades que
o Brasil oferece, mas ao mesmo tempo
têm muita dificuldade de entender como
funciona o nosso ordenamento jurídico,
especialmente o sistema tributário.”
O escritório atua na área tributária representando interesses de empresas como
Shell, Devon Energy, Eni Oil, Statoil,
FMC, Hallibuton, e mais recentemente
o próprio Subcomitê de Tributação do
Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e
Biocombustíveis (IBP), e acredita que
este momento especial que a indústria do
petróleo atravessa no Brasil passa necessariamente pela colocação da tributação
na agenda, como um dos importantes
fatores de apoio à consolidação das operações de óleo e gás no país.
NHJ do Brasil
Tecnologia modular
otimiza espaço
Módulos habitáveis são estruturas
pré-fabricadas, adaptáveis a uma variedade de situações. Rápidos de instalar, utilizando o princípio de modularidade, podem
responder de forma ágil a qualquer pedido
de soluções de espaço para acomodações
temporárias.
“Na Europa, a tecnologia modular
é utilizada nas construções habitáveis
há muitos anos”, comenta Lidiane Lima,
da Novo Horizonte Jacarepaguá (NHJ
do Brasil), empresa de venda e locação
de contêineres. Os módulos podem ser
aproveitados para extensão de escolas,
ambulatórios, hospitais, escritórios, laboratórios, entre outros projetos, incluindo
os da área de petróleo e gás.
“Os MTAs (Módulos Temporários
de Acomodação) são estruturas com
ambientação favorável para quem vai ficar
dias em uma plataforma offshore, com
área de depósito, armários, banheiros,
assessórios de escrivaninha e acomodações para até quarto pessoas”, explica. “É
130
TN Petróleo 74
Tecnologia modular é alternativa inteligente
e de qualidade para solucionar problemas de
espaço e acomodações
um equipamento bastante favorável para o
segmento offshore. A última plataforma a
adotar o equipamento foi a de Merluza.”
Diferente de contêineres, os módulos
habitáveis são flexíveisa e consideravelmente eficientes em relação à construção convencional. Uma das principais
características dos módulos da NHJ
do Brasil é seu
painel, que difere
de qualquer tipo de
painéis de fechamento existente em
território nacional.
“Os painéis da
NHJ têm qualidade europeia e seu
revestimento é de
chapa em aço galvanizado e texturizado,
o que proporciona ótima humanização ao
ambiente”, diz.
Lidiane explica que a montagem dos
painéis nos módulos é outra característica importante: “Eles são fabricados
com perfis de PVC em suas extremidades
e por isso têm sua eficiência térmica
aumentada.”
Entre as principais vantagens do
equipamento estão a velocidade de construção, a habilidade para serviços locais
remotos, a baixa geração de resíduos
e o processo de construção dentro dos
padrões de responsabilidade ambiental.
“São construções rentáveis para construtores e clientes”, conclui.
TN Petróleo 74
131
dutos
Acidentes com dutos
de petróleo e derivados
Este trabalho foi elaborado com o objetivo de alertar a comunidade de profissionais
da área de dutos de transporte de hidrocarbonetos, ou outros produtos que
possam representar riscos às pessoas, meio ambiente, propriedades etc. Serve
também para chamar a atenção dos legisladores, políticos, técnicos e engenheiros
dos institutos ambientais para a importância de se equipar os sistemas dutoviários
com tecnologia apropriada para prevenção de desastres.
O
s acidentes ambientais com dutos de petróleo e derivados podem ser
definidos como eventos inesperados que afetam direta ou indiretamente a segurança, a empresa e a saúde da população envolvida,
causando impactos ao meio ambiente e gerando altos custos de operação,
conforme ilustra o Gráfico 1. Esse gráfico mostra que o custo direto desses
acidentes ultrapassou os US$ 600 milhões.
Contudo, não foi considerada a desvalorização das ações das empresas
(que podem ter sido de bilhões de dólares), como no caso recente da BP,
pelo acidente no Golfo do México, em abril deste ano.
Os acidentes de origem tecnológica (corrosões, trincas, erro de escavação etc.) são, em sua grande maioria, previsíveis, razão pela qual há que
se trabalhar principalmente na prevenção destes episódios, sem esquecer,
claro, da preparação e intervenção quando da sua eventual ocorrência.
Gráfico 1 – Custos com vazamentos
Jaqueline Costa Martins é
doutoranda em Engenharia
Mecânica pela Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de
São Paulo (EESC/USP),
mestre em Engenharia Química pela UFSCar
(2001) e graduada em Engenharia Química
pela Universidade Federal de Uberlândia (Ufu).
Ela é gerente de Engenharia de Aplicação
da Asel-Tech, empresa focada no setor de
transporte dutoviário.
Rodolfo Bernardo é engenheiro eletricista graduado
pela Centro Universitário
Central Paulista (Unicep) e
atua como engenheiro de
projetos da Asel-Tech.
132
TN Petróleo 74
Custos públicos
US$ 13.029.922,00
Custos com a perda do produto
US$ 28.004.633,00
Custos com propriedade
pública/privada
US$ 11.827.529,00
Custos com meio ambiente
US$ 94.508.863,00
Custos de operação
US$ 261.481.417,00
Custos com danos à
propriedade da operadora
US$ 97.580.657,00
Fonte: Pipeline and Hazardous Materials Safety
Administration (US Department of Transportation).
Significant Pipeline Incidents, 2002-2009.
Custos emergenciais
US$ 120.033.070,00
Ocorrências (vazamentos)
Gráfico 2 – Principais causas de vazamentos em dutos
250
200
212
150
145
123
116
85
100
63
58
34
50
0
Corrosão
Material e/ou
falha de
soldagem
Erro na
escavação
Equipamento
Outros
Forças
naturais
Erros de
operação
Outras forças
externas
Fonte: Pipeline and Hazardous Materials Safety Administration (US Department of Transportation). Significant Pipeline Incidents, 2002-2009.
O Gráfico 2 mostra as principais causas de vazamentos em dutos. É interessante notar que mesmo com
as avançadas tecnologias de monitoramento, a corrosão é a causa mais frequente dos vazamentos. Erro na
escavação (interferência de terceiros) e forças naturais
também são agentes significativos. É fácil verificar que
uma tecnologia de detecção de vazamento eficaz é essencial nesses casos.
Os desastres (Figura 1) poderiam ser evitados com
o alerta de um sistema de detecção de vazamentos rápido e eficaz, que possibilitasse a parada do bombeio e
o fechamento das válvulas.
O Gráfico 3 mostra os produtos que mais vazam nos
dutos com consequências bem conhecidas para as pessoas ou para o patrimônio público e privado:
• Perda de vidas humanas
• Impactos ambientais
• Danos à saúde humana
• Danos econômicos
• Compromisso da imagem da indústria e do governo
Figura 1: Exemplos de acidentes de grandes proporções.
Gráfico 3 – Volume vazado
CO2 N2
8%
Gasolina, diesel,
óleo combustível
22%
45%
Óleo cru
Identificação e avaliação de riscos
O Gráfico 4 nos mostra que as maiores incidências
de vazamentos ocorrem no corpo do duto. Os vazamentos ocorridos em flanges, válvulas e outros acessórios são
muito menores. Daí, a necessidade de se pensar em detectar e localizar vazamentos nos dutos. Essa providência
reduziria as chances de ocorrerem novos desastres.
O sistema de detecção e localização de vazamento
ideal deve reagir (alarmar) ao vazamento o mais rápido
possível, ou seja, em segundos. Deve, também, ter a capacidade de localizar o vazamento, seja num duto enterrado ou submarino, com a maior precisão possível,
isto é, em metros. A quantificação do volume vazado
também é de grande importância, dando aos responsáveis a correta dimensão do problema e uma informação
precisa quanto às providências a serem tomadas para a
retificação do problema.
25%
Outros
inflamáveis
Fonte: Pipeline and Hazardous Materials Safety Administration
(US Department of Transportation).
Significant Pipeline Incidents, 2002-2009.
Um sistema de detecção e localização de vazamentos confiável é o fator fundamental para reduzir, ou mesmo evitar, acidentes de grandes proporções (Figura 2),
como os relatados pela PHMSA e que também acontecem com frequência em todos os países com redes de
dutos. Podem ocorrer certas variações nas causas dos
vazamentos, dependendo da cultura, das leis, da situação econômica e do regime político de cada país.
TN Petróleo 74
133
dutos
Gráfico 4 – Local das ocorrências*
Ocorrências (locais)
400
350
300
250
200
150
364
100
60
43
50
41
31
20
20
15
Áreas
de solda
Juntas
15
12
10
0
Corpo
do duto
Válvulas Componentes Costuras
do duto
Bombas Parafusos
Soldas Reservatórios Medidores
*Fonte: Pipeline and Hazardous Materials Safety Administration (US Department of Transportation). Significant Pipeline Incidents, 2002-2009.
Gráfico 5 – Formas de detecção de vazamentos*
Outros
Vigilância aérea
e terrestre
5%
8%
Sistema de detecção
de vazamentos
9%
46%
Operação local
32%
Terceiros
Figura 2: Equipes trabalhando na limpeza das regiões afetadas.
Esse estudo não contempla vazamentos provocados
por roubo de produtos, mais comuns em países com
menor índice de desenvolvimento. Essa modalidade
de “vazamento” é responsável por grandes perdas financeiras e por tragédias envolvendo vidas humanas,
como ocorreu várias vezes na Nigéria.
24%
Parou
Gráfico 6 – Parada de
operação devido ao
vazamento*
Prevenção
Esse estudo nos mostra que, infelizmente, 78% dos
vazamentos (Gráfico 5) só foram anunciados depois
dos desastres terem ocorrido, e apenas 9% foram alarmados por sistemas de detecção de vazamentos.
Conforme pode ser observado no Gráfico 6, em 76%
dos vazamentos registrados, os dutos não pararam de
operar. A maioria destes se localizava em áreas de risco, de acordo com o Gráfico 7.
Isso nos prova que o uso de sistemas de detecção de
vazamentos rápidos e eficazes é imprescindível para
evitar danos irreparáveis ao meio ambiente e à economia dos países e empresas envolvidas.
76%
Não parou
40%
Não
Gráfico 7 – Áreas de
risco (cidades, meio
ambiente, etc.)*
60%
Sim
Obs.: Esse estudo baseia-se em dados extraídos do site da PHMSA (Pipeline and Hazardous Materials Safety Administration),
do US Department of Transportation, abrangendo o período de 2002 a 2009 e praticamente todas as transportadoras de dutos americanas.
134
TN Petróleo 74
mercado
Pré-sal traz novo panorama de
mercado e incrementa perspectivas
de negócios na área de energia
A indústria brasileira do petróleo sofreu mudanças expressivas a partir de
meados dos anos 1990, quando o Governo de Fernando Henrique Cardoso
iniciou o processo de flexibilização do monopólio da União Federal nas
atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural.
D
urante cinco décadas, a União Federal atribuiu à Petrobras não apenas
a execução dessas atividades, mas também a responsabilidade pelo
desenvolvimento da indústria brasileira do petróleo e do gás natural.
Para impulsionar o desenvolvimento dessa indústria, a Petrobras qualificou
fornecedores e prestadores de serviços fazendo com que estes pudessem
atender adequadamente à demanda de suas operações. Com bens e serviços
compatíveis com as peculiaridades da nossa indústria, a Petrobras desbravou,
com muito sucesso, as bacias sedimentares brasileiras.
Para estimular o ingresso de agentes privados no setor petrolífero nacional, em 1995 foi promulgada a Emenda Constitucional n. 9. Esta passou a
permitir que a União Federal contratasse empresas privadas para a execução
das atividades de exploração e produção, pondo fim à reserva de mercado
exercida pela Petrobras até então.
Com o advento da Emenda Constitucional n. 9/95, grandes players
internacionais estariam autorizados a explorar e produzir petróleo e gás
natural no maior país da América Latina. Para propiciar o ingresso desses
players, outras grandes reformas foram introduzidas em nosso sistema jurídico, objetivando viabilizar a participação efetiva de empresas privadas
no setor petrolífero brasileiro.
O principal marco dessa reestruturação foi, sem dúvida, a Lei 9.478/97
(Lei do Petróleo), que criou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) e estabeleceu as diretrizes do desenvolvimento da
política energética nacional.
Após sua criação, a ANP promoveu, com inegável sucesso, dez rodadas
de licitações por meio das quais tanto a Petrobras como diversas petrolíferas
internacionais tiveram contratos de concessão adjudicados para a exploração,
desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural no Brasil. Dados do Banco
Central demonstram que o fluxo de capital investido no país em atividades
de exploração e produção aumentou substancialmente com o incremento dos
investimentos da Petrobras e a entrada de novos players nesse setor.1
Seguindo o padrão internacional, muitas dessas empresas formaram parcerias para participar dos certames promovidos pela ANP. De tempos em tempos,
essas parcerias são reestruturadas mediante a cessão da participação indivisa
detida pelas concessionárias nos termos dos contratos de concessão.
CANELAS, André. Exploração e produção de petróleo e gás natural pós-reforma da indústria petrolífera
brasileira: investimentos e impactos macroeconômicos (parte 1). In: 3o Congresso Brasileiro de P&D
em Petróleo e Gás, 2005, Salvador. Disponível em: <http://www.portalabpg.org.br/PDPetro/3/trabalhos/
IBP0110_05.pdf>. Acesso em 14 jul. 2010.
1
Anna Tavares de Mello
é sócia de Trench, Rossi
e Watanabe Advogados,
associado a Baker &
McKenzie International.
Danielle Gomes de
Almeida Valois é sócia de
Trench, Rossi e Watanabe
Advogados, associado a
Baker & McKenzie International.
TN Petróleo 74
135
Ilustração: Agência Petrobras
Por decisões gerenciais, operadoras e não operadoras
transitam pela indústria petrolífera mundial optando
por concentrar investimentos em determinadas regiões
a depender das condições econômicas, políticas ou comerciais existentes.
Ressalvados alguns casos de insucesso, grande parte
dos contratos de concessão adjudicados pela ANP continua em vigor, tendo alguns deles ingressado na fase
de desenvolvimento, durante a qual a concessionária
investe grande parte dos recursos necessários para extrair
petróleo do subsolo.
Dados da ANP confirmam que o número de reservas
provadas de petróleo no Brasil aumenta a cada ano. De
acordo com o Comunicado Ipea n. 55, recentemente
publicado,2 entre 1998 e 2008 a taxa de crescimento
foi de 5,14% ao ano, atingindo, em 2008, 12,8 bilhões
de barris.
Por razões geológicas, 93% destas reservas provadas
estão localizadas no mar. O estado do Rio de Janeiro concentra 80,62% destas reservas offshore, seguido
pelo Espírito Santo, que detém 10,11%. Rio Grande do
Norte, Sergipe e Bahia possuem reservas provadas de
264,6 milhões, 231 milhões e 216,1 milhões de barris,
respectivamente.
Dados da Petrobras apontam para o elevado – e ainda
crescente – custo de extração de petróleo e gás no Brasil.
Diante da complexidade na recuperação de reservas de
petróleo e gás, do difícil acesso a determinadas regiões
e da qualidade do petróleo encontrado, esses custos
aumentaram substancialmente nos últimos cinco anos,
passando de 3,42 US$/barril, no terceiro trimestre de
2003, para 10,42 US$/barril em 2008.
Outros fatores que influenciam esse aumento de
custo são a escassez mundial de equipamentos e serviços
necessários às operações de extração de petróleo e gás
natural e a expansão da fronteira petrolífera para águas
cada vez mais profundas.
2
Nesse cenário, a indústria mundial de serviços correlatos à exploração e produção tem apresentado uma
crescente demanda, e o interesse das prestadoras de
serviços em se estabelecer de forma efetiva e definitiva
no país tem naturalmente aumentado em vista dos elevados índices de conteúdo local exigidos pela ANP nas
últimas rodadas de licitações.
Conteúdo local é o que determina o nível de participação das empresas brasileiras fornecedoras de bens e
serviços relacionadas às atividades previstas no contrato
de concessão. O percentual mínimo de conteúdo local
para cada contrato de concessão é fixado nos editais que
precedem as rodadas de licitação e objetivam incrementar
a participação da indústria nacional de bens e serviços
nos projetos de exploração e produção desenvolvidos no
Brasil, impulsionando o desenvolvimento tecnológico, a
capacitação de recursos humanos e a geração de emprego
e renda nesse segmento.
As recentes descobertas em águas ultraprofundas
na província do pré-sal e a consequente perspectiva de
expansão da capacidade produtiva de petróleo e gás
natural no Brasil assumem papel de grande relevância
nesse contexto. Os reservatórios até agora encontrados
na camada pré-sal estão compreendidos em áreas concedidas pela ANP por meio dos contratos de concessão
da segunda e terceira rodadas de licitações, cujos percentuais de conteúdo local contratualmente assumidos
chegavam a 36%. Percentuais mínimos de conteúdo local
passaram a ser exigidos pela ANP a partir da quinta
rodada de licitações, tendo nesta rodada atingido uma
média de quase 80% dos bens e serviços adquiridos
para a etapa de exploração e de 86% para a etapa de
desenvolvimento e produção.
Os desafios impostos pelas descobertas no pré-sal
não estão apenas no plano legislativo e regulatório, mas
também na necessidade de superação tecnológica. Com o
caráter inovador da tecnologia necessária para operações
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Comunicado Ipea no. 55: Perspectivas de Desenvolvimento do Setor de Petróleo e Gás no Brasil, p. 15, 1º jun. 2010.
136
TN Petróleo 74
mercado
na área do pré-sal, considerada de fronteira petrolífera,
e a demanda do governo por índices de conteúdo local
cada vez maiores, a indústria de serviços que atende o
setor de petróleo deve se estruturar.
Para fazer frente a essa demanda, companhias internacionais de renome começam a se programar para
formar parcerias com empresas locais ou internacionais
já estabelecidas no país. É esperada uma nova onda de
aquisições e joint ventures na área de petróleo e gás,
sobretudo em razão das oportunidades relacionadas à
exploração na camada pré-sal.
Muitas empresas buscam formar parcerias estratégicas para o desenvolvimento de suas operações por meio
de consórcios ou outras formas de associação. Outras
optam por adquirir empresas ou participações acionárias
em empresas já em funcionamento no Brasil, a fim de
acelerar seu ingresso no mercado nacional, pagando
o devido valor por isso. A expectativa é que boa parte
dos negócios envolva fornecedores de bens e serviços
já estabelecidos no Brasil.
Em muitos casos, a empresa com capacitação tecnológica não possui mão de obra local ou instalações
logisticamente convenientes para as operações do présal. A empresa que possui tecnologia de ponta carece
de mão de obra brasileira qualificada. Instalações em
áreas estratégicas são detidas por um número limitado
de empresas, que muitas vezes optam por se associar ao
invés de alugar ou vender essas áreas para prolongar e
maximizar o retorno de seus investimentos.
Com o pré-sal, multinacionais outrora focadas em
outras jurisdições redirecionam sua atenção às operações
em bacias sedimentares brasileiras. Para compensar o
engajamento tardio na indústria brasileira, muitas dessas empresas ora adquirem sociedades com histórico de
operações no país, ora se associam através de consórcios
ou outras formas de joint ventures. Com essas parcerias,
novos agentes esperam se capacitar para operar no
país, sobretudo no que diz respeito ao cumprimento de
exigências de conteúdo local.
De fato, o difícil acesso a recursos humanos qualificados e a informações tecnológicas, a complexidade
da legislação e regulamentação do setor e o elevado
custo financeiro para a implementação dessas atividades
apontam para a formação de joint ventures como uma
das estratégias mais interessantes.
A experiência de outros países confirma a eficiência
dessa estrutura. Uma das primeiras plataformas offshore
de que se tem notícia na história foi a Kermac 16, desenvolvida por um consórcio de empresas liderado por KerrMcGee, Humble Oil e Phillips Petroleum.3 O desenvolvimento tecnológico do Mar do Norte também contou com
uma força-tarefa envolvendo diversas empresas atuantes
no setor, notadamente as empresas europeias.
Entretanto, embora as alianças internacionais sejam
fundamentais nesse processo de pesquisa e desenvolvimento, como quaisquer negócios jurídicos, elas também
comportam riscos e dificuldades para a manutenção do
que foi acordado originalmente. Portanto, especialmente
neste momento de euforia do mercado, é preciso cautela
na estruturação e elaboração dos instrumentos jurídicos
que serão adotados.
Tal como ocorreu em outros países, com a consolidação dessas parcerias no mercado brasileiro, haverá,
ao longo dos anos, redefinições das funções de cada
parceiro em razão do andamento e amadurecimento do
próprio mercado.
O instrumento jurídico indicado pode ser mais ou
menos flexível dependendo da estruturação idealizada
para a operação, mas em muitos casos esta decisão será
influenciada pelos aspectos fiscais envolvidos.
Porém, a decisão sobre qual tipo de sociedade ou
parceria societária deve ser utilizada não depende apenas das peculiaridades do empreendimento e do objeto
social a ser desenvolvido. Especialmente, deve-se avaliar
com cautela quais os direitos e obrigações que estão em
jogo entre as partes, para que se possa melhor regular
as participações acionárias e o exercício do poder de
controle.
Numa sociedade anônima, por exemplo, há a possibilidade de se estabelecer, por acordo de acionistas
previsto em lei, de forma clara e com o benefício da
execução específica, as regras que irão regular essa
associação, criando os mecanismos de exercício de
controle, tomada de decisão ou poder de veto, dentre
outros aspectos.
Além disso, nas sociedades anônimas, há a possibilidade de eleição de estrangeiros não residentes
no país como membros do Conselho de Administração
da empresa. Isso pode facilitar para aquelas empresas
estrangeiras que estão entrando no mercado brasileiro, mas que não têm, ainda, pessoas de sua confiança
capacitadas para preencher cargos de administração
residentes no Brasil.
Já nas sociedades limitadas, há maior flexibilidade
na redação de seus documentos constitutivos e nas regras de distribuição dos resultados, assim como na sua
manutenção, menos burocratizada. Por outro lado, se
o investidor não detém a maior parte do capital social,
poderá se encontrar em uma situação indesejável de
dependência do sócio minoritário sempre que precisar
aprovar mudanças na empresa.
Para se evitar a adoção de uma estrutura inadequada, deve-se, portanto, avaliar cuidadosamente
todos os elementos envolvidos na parceria desejada,
visando minimizar eventuais riscos de insucesso ou
ineficiência.
3
NETO, José Benedito Ortiz; SHIMA, Walter Tadahiro. Trajetórias tecnológicas no seguimento offshore: ambiente e oportunidades. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 12, n 2, maio/ago. 2008.
TN Petróleo 74
137
novos petroleiros
Um marco crucial
A eliminação progressiva dos petroleiros monocascos, de
acordo com a emenda da IMO de 2003.
O
Maria Alice Doria é
sócia do escritório
Doria, Jacobina, Rosado
e Gondinho Advogados
Associados.
Patrícia Guimarães é
associada do escritório
Doria, Jacobina, Rosado
e Gondinho Advogados
Associados.
138
TN Petróleo 74
crescimento do comércio internacional de hidrocarbonetos, alavancado sobretudo pelo constante desenvolvimento tecnológico do
transporte marítimo, aliado à expansão dos conceitos de responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, tornou cada vez mais
visíveis e preocupantes os impactos ambientais oriundos das atividades
relacionadas a esse tipo de produto. Nesse particular, os desastres ambientais experimentados pela sociedade, mais ainda nas últimas décadas,
impulsionaram o estabelecimento de regras e métodos para a garantia da
segurança do transporte marítimo.
Até duas décadas, os navios petroleiros eram construídos com apenas um casco – monocasco, fazendo com que os hidrocarbonetos neles
transportados fossem separados do ambiente aquático apenas pelo casco
e a chaparia do fundo da embarcação. Em decorrência da fragilidade do
projeto de tais embarcações, alguns acidentes ambientais significativos
ficaram mundialmente conhecidos, provocando impactos à fauna e flora
marinhas, os quais repercutem até os dias atuais.
Em 1989, o navio petroleiro Exxon Valdez, que possuía casco simples
(monocasco), teve seu casco rompido ao bater em um recife nas proximidades da costa do Alasca. Este acidente provocou o grande derramamento de óleo e, em consequência, um desastre ambiental até então sem
precedentes, atingindo gravemente a fauna e flora de um rico e delicado
ecossistema e ocasionando a mortandade de animais e contaminação das
águas. Outro acidente envolvendo navio monocasco que ficou famoso
pela extensão e intensidade foi o do navio Prestige, que afundou na costa
da Espanha em 2002 após sofrer um rombo em seu casco. O navio, que
transportava óleo pesado, partiu-se em dois, derramando o óleo que
transportava e causando imensa maré negra.
Com efeito, considerando os crescentes acidentes ambientais derivados da atividade de transporte marítimo de óleo e outros hidrocarbonetos,
criou-se uma necessidade social para a parametrização de um projeto de
embarcação que impedisse ou minimizasse o risco de ocorrência desse
tipo de desastre ecológico. Com isso, em 1992, por meio da emenda MEPC
52(32), foi alterado o Anexo I da Convenção Internacional para Prevenção
de Poluição por Navios/Marpol 73/78, ratificada pelo Brasil pelo Decreto
2.508/98, para incluir as regras 13F e 13G introduzindo a obrigatoriedade
de que os navios petroleiros com porte bruto igual ou maior que 600 ton
deixassem de ser monocasco e passassem a ser construídos com um casco
duplo, o que poderia minimizar o risco de vazamentos.
No mesmo contexto, os Estados Unidos, de forma unilateral, instituíram
a Oil Pollution Act (OPA), de 1990, prevendo a proibição, a partir de 1º de
janeiro de 2010, de navios petroleiros sem duplo fundo ou costado duplo
operarem em águas americanas. O regulamento prevê, ainda, que as embarcações que possuam duplo fundo ou costado duplo, mas não possuam casco
duplo devem ser retiradas de operação até 1º de janeiro de 2015.
Ilustração: Cortesia Projemar
Fotos: Divulgação
(c) data de aniversário da entrega
da embarcação no
ano de 2006 para os
navios entregues em
1978 e 1979;
(d) data de aniversário da entrega da
embarcação no ano
Acidente envolvendo os petroleiros Exxon Valdez (1989) e o Erika (1999).
de 2007 para os navios entregues em 1980 e 1981;
(e) data de aniversário da entrega da embarcação no
ano de 2008 para os navios entregues em 1982;
(f) data de aniversário da entrega da embarcação no
ano de 2009 para os navios entregues em 1983; e
(g) data de aniversário da entrega da embarcação no
ano de 2010 para os navios entregues em 1984 ou
posteriormente.
Desse modo, verifica-se que o ano de 2010 consiste em um ano determinante para a substituição dos
navios monocascos.
Seção de petroleiro onde aparece o casco duplo
Entretanto, é importante salientar que o país de
A Comunidade Europeia, por sua vez, em 23
bandeira do navio poderá permitir a operação contide julho de 2003, através do Regulamento (CE) n.
nuada dos navios da categoria 2 ou 3 depois de 2010,
1726/2003 do parlamento Europeu do Conselho estadesde que o navio obtenha resultado favorável da Conbeleceu a proibição de transporte entre os portos dos
dition Assessment Scheme (CAS). Todavia, a continuiEstados-membros de petróleo e frações petrolíferas
dade da operação dessas embarcações não poderá ser
pesadas em petroleiros que contenham casco simples.
superior ao dia do aniversário de 25 anos da entrega da
Ocorre que, não obstante a emenda da Marpol
embarcação ou a data de aniversário da entrega
em 1992, os acidentes envolvendo navios-tanques
da embarcação no ano de 2015, o que vier primeiro.
continuaram a ocorrer, como no caso do Erika de 1999,
No caso de petroleiros das categorias 2 e 3 com
razão pela qual a Organização Marítima Internacional
duplo fundo ou costado duplo, não utilizados no
(IMO) resolveu adotar um procedimento de substitransporte de hidrocarbonetos, o Estado de bandeira
tuição acelerada dos navios de casco simples. Assim,
poderia permitir a continuidade das operações após
a emenda de 2003, que entrou em vigor em abril de
2010, desde que o navio estivesse operando em 1º
2005, adiantou o prazo para a substituição progressiva
de julho de 2001 e tenha devidamente satisfeito as
dos navios de acordo com sua categoria,1 prevendo os
verificações oficiais. De toda forma, ficou estipulada
prazos máximos a seguir destacados:
como data limite a data de aniversário de 25 anos da
Para os petroleiros da categoria 1:
entrega da embarcação.
(a) 5 de abril de 2005 para os entregues até 5 de abril
No Brasil, o texto consolidado da Marpol com
de 1982;
as emendas de 4 de dezembro de 2003 a 1º de abril
(b) data de aniversário da entrega da embarcação no
de 2004 foi aprovado pelo Decreto Legislativo n.
ano de 2005 para os navios entregues depois de 5
499/2009. Sendo assim, em regra, o ano de 2010 é
de abril de 1982.
um marco de crucial importância para a segurança
Para os petroleiros das categorias 2 e 3:
da navegação e o meio ambiente marinho, devendo
(a) 5 de abril de 2005 para os navios entregues até 5
os Estados-membros providenciarem para que os
de abril de 1977;
petroleiros sob sua jurisdição atendam aos requi(b) data de aniversário da entrega da embarcação no
sitos da IMO, de forma a evitar novos desastres
ano de 2005 para os navios entregues depois de 5
ambientais decorrentes de acidentes envolvendo
de abril de 1977 mas antes de 1º de janeiro de 1978;
petroleiros de casco simples.
1
N“(a) ‘Petroleiro da Categoria 1’ significa um petroleiro de 20.000 toneladas de porte bruto ou mais, transportando óleo cru, óleo combustível, óleo
diesel pesado ou óleo lubrificante como carga, e de 30.000 toneladas de porte bruto ou mais, transportando outros óleos que não os mencionados acima,
que não atenda às exigências para petroleiros novos, como definidos na Regra 1(26) deste Anexo; (b) ‘Petroleiro da Categoria 2’ significa um petroleiro
de 20.000 toneladas de porte bruto ou mais, transportando óleo cru, óleo combustível, óleo diesel pesado ou óleo lubrificante como carga, e de 30.000
toneladas de porte bruto ou mais, transportando outros óleos que não os mencionados acima, que atenda às exigências para petroleiros novos, como
definidos na Regra 1(26) deste Anexo; (c) ‘Petroleiro da Categoria 3’ significa um petroleiro de 5.000 toneladas de porte bruto ou mais, mas menor do
que o especificado no subparágrafo (a) ou (b) deste parágrafo.”
TN Petróleo 74
139
dutos
Novos métodos construtivos e
incorporação de técnicas offshore em
dutos terrestres
A indústria da construção e montagem no Brasil vem experimentando importante
avanço tecnológico e de processos construtivos, particularmente nos últimos
cinco anos, não apenas em razão de sua evolução natural, mas também pela
crescente necessidade de superação de novos desafios, tanto em termos de
produtividade como de prazos e de dificuldades técnicas a serem ultrapassadas.
Desafios que há menos de uma década eram considerados quase intransponíveis
passaram a fazer parte do dia a dia das empresas construtoras.
N
Conrado Serodio é engenheiro civil e diretor
da GDK S.A.
José Guido de Oliveira
é engenheiro civil e
gerente de empreendimentos da GDK S.A.
Sérgio Menezes Borges
é engenheiro civil e
gerente de contrato da
GDK S.A.
Sergio Barreto Lima é
engenheiro mecânico e
gerente de contrato da
GDK S.A.
140
TN Petróleo 74
o segmento específico de construção e montagem de dutos, esta realidade se mostrou ainda mais intensa, pois a execução dos empreendimentos neste setor, além de todas as demais condicionantes, convive
com o fato de serem obras ‘abertas’ por excelência, sujeitas às diferentes
condições de topografia, solo, clima e obstáculos naturais que variam e se
sobrepõem a cada metro de linha montada. Além de cronogramas a cada
dia mais exíguos para a execução das obras, os trabalhos foram condicionados de maneira crescente por novos e rígidos parâmetros em termos de
segurança, de cuidados com o meio ambiente e de relacionamento com as
comunidades atravessadas pelas obras.
Somado a este contexto, o esforço e os substanciais investimentos que
a Petrobras veio fazendo, em particular nos últimos cinco anos, para que o
país pudesse contar no menor prazo possível com uma rede de gasodutos de
grande porte integrando nacionalmente os principais centros de produção
e de consumo deste insumo e ampliando a oferta de gás natural, exerceu
notável impacto positivo para o desenvolvimento tecnológico deste setor.
Assim, se por um lado as exigências se incrementaram, por outro os prazos
se reduziram e as dificuldades técnicas a serem transpostas pela etapa de
construção da rede de dutos cresceram, pois as rotas/diretrizes dos novos
dutos tiveram que atravessar outras regiões, novos e complexos obstáculos
geográficos, geológicos e topográficos, dentro de uma ótica de segurança e
mínimo impacto socioambiental e ainda de contratos com elevado nível de
exigências, atendendo ainda a padrões de performance acelerada.
Vencer este conjunto de desafios de forma consistente implica não apenas buscar maior produtividade, ainda que com maior nível de restrições,
mas também, e principalmente, rever e estudar novos métodos, procedimentos, materiais e técnicas que permitam materializar o objetivo final,
com eficiência.
Neste cenário, dentre os principais projetos de transporte de gás natural, destaca-se o Gasoduto Caraguatatuba-Taubaté (Gastau), que por suas
características peculiares demonstrou a importância da incessante busca de
Fotos: Cortesia GDK
Travessia/Cruzamento
Método selecionado
Extensão
Características especiais
Autoestrada Carvalho Pinto I
HDD
180 m
4/6 faixas de rolamento
Autoestrada Carvalho Pinto II
HDD
140 m
4/6 faixas de rolamento
Rodovia dos Tamoios
cravação de tubo-camisa
130 m
boring machine Colossus 72”
Represa de Santa Branca
flutuação
230 m
rocha
Rio Paraíba do Sul
flutuação + post trenching
420 m
25,0 m profundidade
Rio Capivari
flutuação
280 m
15,0 m profund./rocha
Rio Lourenço Velho I
flutuação
300 m
pântano
Rio Lourenço Velho II
flutuação
170 m
pântano
evolução e de novas tecnologias e métodos construtivos,
capazes de viabilizar sua implantação dentro de um
restrito quadro de segurança executiva, mínimo impacto
ambiental e cronograma desafiador.
O Gastau, com diâmetro de 28” e extensão total de
98,0 km, interliga a Unidade de Tratamento de Gás em
Caraguatatuba, litoral Norte de São Paulo, até a Revap e
a Estação de Taubaté, interligando-se com os gasodutos
existentes, o Campinas-Rio (Gascar) e Rio-São Paulo
(Gaspal). Com uma capacidade de transporte de 20
milhões de m³/dia, o Gastau viabiliza a adição à matriz
energética brasileira o gás natural produzido no Campo
de Mexilhão e reduz a dependência do gás importado
da Bolívia.
Condições de implantação e de execução
A diretriz definida para a implantação do Gastau, além
de vencer a Serra do Mar, atravessa área de preservação
permanente (APP), em uma região de relevo acidentado
e solos variados, cruzando uma das áreas do Sudeste
com maior ocupação humana e um expressivo número
de autoestradas, rodovias, cursos d’água de grande porte
e barragens a serem transpostas.
A singular complexidade deste conjunto de travessias e cruzamentos especiais levou a Petrobras
a decidir por contratar sua execução em processo
separado daqueles relativos à linha-tronco. Coube à
GDK, empresa tradicional do segmento de construção
e montagem de dutos de grande porte, a execução
deste conjunto de obras especiais, além de executar,
mediante outro contrato e com equipes independentes, o Trecho II da linha-tronco, entre as Estações de
Taubaté e a de São José dos Campos.
Tratando-se de travessias e cruzamentos com grau
de dificuldade e complexidade bastante superiores às
usuais, a GDK definiu por executar o empreendimento
com uma equipe especializada e totalmente dedicada a esta parte da obra. Na tabela acima resume-se as
principais características das Travessias e Cruzamentos
Especiais do Gastau.
Soluções inovadoras
Ainda na fase licitatória, ao estudar com profundidade cada uma das travessias, a equipe técnica da GDK
concluiu que a mera aplicação dos processos e métodos
construtivos usuais, mesmo aqueles já consagrados, não
TN Petróleo 74
141
dutos
Perfil da travessia especial sob o Rio Paraíba do Sul – Ø28”
Figura 1. Perfil transversal do Rio Paraíba do Sul
seria capaz de atender com a segurança e confiabilidade
requeridos, dentro do crítico cronograma definido pela
Petrobras para conclusão dos trabalhos.
Além disso, o cronograma implicava em executar as
travessias dentro do período mais intenso de elevadas
precipitações pluviométricas e de descargas atmosféricas
que caracterizam esta região e que não apenas tornam
as condições de trabalho ainda mais críticas como também, com muita frequência, impedem qualquer tipo de
atividade de campo por longos períodos.
O desafio que se apresentava não era apenas o de
executar estas travessias críticas, mas garantir que sua
execução não colocaria em risco o cronograma geral
de implantação do empreendimento Gastau, pois sua
contratação em realidade ocorreu quase um ano após o
início dos trabalhos na linha-tronco.
Contudo, é importante considerar que a execução
de dutos de longa distância permite corrigir eventuais
desvios no cronograma mediante a implementação de
planos de aceleração, em geral baseados no aumento
de recursos e da produtividade média durante um determinado período. No caso de travessias complexas,
assunto em pauta, não existe esta possibilidade, pois se
trata de um trabalho localizado, no qual a única forma
de concluir com êxito e no prazo é estudá-lo e planejá-lo
detalhadamente, com uma única chance de acertar.
Dentro destas premissas a equipe técnica e de engenharia da GDK estudou cada travessia em todos os seus
aspectos para definir, a cada uma, o método executivo
mais eficiente, o planejamento e a sequência de ataque,
os profissionais mais indicados para cada tipo de travessia
ou cruzamento, assim como o grupo de equipamentos
especiais de construção e acessórios mais adequados
aos trabalhos, usando para isso não só a experiência em
dutos terrestres e marítimos, como também buscando
soluções com maior conteúdo de engenharia de campo,
mesmo que não sejam as tradicionais.
Rio Paraíba do Sul
Entre as travessias e cruzamentos especiais deste
Projeto, destaca-se a transposição do Rio Paraíba do
Sul, considerado por todos os envolvidos neste empreendimento como um desafio por si só excepcional. Na
142
TN Petróleo 74
diretriz definida para a travessia, o Rio Paraíba apresenta
largura de 420 m, com o leito em subsolo extremamente
heterogêneo, com ocorrência de blocos de rocha à média
profundidade abaixo do leito.
A calha do rio é conformada em um “V” profundo,
atingindo 25 m de lâmina d’água à época da execução,
sendo uma das margens extremamente íngreme, formada
por montanhas, e a outra, embora mais plana, num trecho
de faixa em curva horizontal encaixada entre benfeitorias
e casas existentes. O perfil original do rio apresentava no
meio da seção uma elevação localizada, como se fosse
um pequeno “morro” submerso a 25 m e de pouco mais
de 40 m de extensão. A Figura 1(no alto da página),
apresenta a seção transversal da travessia.
Com estas características e restrições, nenhum dos
processos conhecidos – neles incluídos a perfuração
direcional – demonstravam-se capazes de prover uma
solução de baixo risco de completação com sucesso e
dentro do curtíssimo cronograma requerido.
Assim, após estudo e pesquisa, a GDK concebeu
uma solução de engenharia construtiva que associou
a experiência e as técnicas por ela desenvolvidas na
execução de obras de dutos offshore, pelo método string
and lay e ainda utilizou, de forma pioneira na história
da construção de dutos terrestres no Brasil, o processo
de pós-enterramento da coluna no trecho subfluvial,
trazendo ao empreendimento um equipamento de última
geração do tipo post-trenching machine.
Um detalhado estudo de engenharia foi elaborado para
definir e dimensionar a geometria mais adequada
para a coluna, os detalhes dos procedimentos de montagem e equipamentos associados, os sistemas de flutuação
e posterior posicionamento da coluna e, finalmente, o
enterramento da mesma em sua posição final.
A partir de um levantamento batimétrico de precisão,
a coluna da travessia, correspondente à seção molhada
e mais dois tubos, todos com jaqueta de concreto de 3”
de espessura foi projetada com a geometria de um ‘U’
longo e semiaberto nas extremidades de encontro com
as margens.
Esta coluna foi preparada tubo a tubo na margem
esquerda do rio e a cada novo segmento soldado foi
acoplado um sistema de flutuação composto por boias
novos métodos construtivos e incorporação de técnicas offshore em dutos terrestres
duplas especiais fabricadas exatamente para este tipo
de trabalho. Gradativamente, a coluna foi levada à
margem oposta, por meio de guinchos, mantendo-se
o alinhamento e geometria através de um sistema de
poitas no leito do rio e tensores, controlados pela topografia de campo.
Simultaneamente à preparação da coluna, o equipamento post-trenching foi configurado, de início, para
executar o pré-nivelamento do leito do rio onde se apresentou a geometria desfavorável ao assentamento da
tubulação.
Este tipo de equipamento, utilizado até então apenas
em obras offshore, foi mobilizado pela GDK especialmente para este trabalho, sendo uma unidade de última
geração e apto a desempenhar múltiplas funções, além do
enterramento em si. É dotado de sistema de navegação
e controle instrumentado de escavação, sendo possível
configurá-lo para diversas classes de materiais a serem
escavados .
Sua operação combina um sistema de corte mecânico por meio de fresas semicônicas articuladas com
um sistema de retirada de material por meio de sucção
permitindo direcionar não apenas o corte como também
a disposição do material desagregado. Na Figura 2 (a
seguir), mostra-se a configuração básica do equipamento,
cuja atualização tecnológica e possibilidades múltiplas
de trabalho o diferenciam dos equipamentos tradicionais
deste tipo, razão pela qual a GDK o selecionou para esta
aplicação pioneira.
Concluídas a montagem e regularização do leito
para permitir a instalação da coluna na conformação
projetada para deixá-la livre de tensões, iniciou-se a
segunda etapa para submergir a coluna de forma gradual e controlada, no alinhamento do eixo da travessia
até seu posicionamento no leito do rio, com o apoio de
embarcações dotadas de sistema de tração e uma equipe
de mergulho da própria GDK, com larga experiência em
operações offshore deste tipo.
Checado o correto posicionamento da coluna, a posttrenching machine foi reconfigurada e posicionada sobre
a coluna submersa; num processo contínuo, gradativo e
monitorado metro a metro, o equipamento foi abrindo a
vala sob a tubulação, ao longo dos mais de 400 m do leito
do rio com material compacto, até que o duto atingisse a
cota abaixo do leito definida pelo projeto de engenharia e
especificações. Na Figura 3 mostram-se as vistas gerais
da travessia e da preparação da coluna.
O sucesso da solução idealizada e aplicada pela
primeira vez no Brasil combinou a criatividade para
enfrentar um desafio com a experiência da equipe e a
seleção de recursos dos mais atuais, demonstrando a
assertividade da metodologia aplicada, minimizando o
grau de incerteza naturalmente associado a travessias
com elevado grau de dificuldade. A travessia do rio Paraíba, que se constituía em um dos possíveis “gargalos”
da implantação do duto foi concluída antes mesmo do
Figura 2. Equipamento post-trenching Eras
Figura 3. Vista geral do rio Paraíba e preparação da coluna
prazo originalmente previsto, com total segurança do
cumprimento do planejamento de construção e sem
nenhuma intercorrência que pudesse colocar em risco
sua completação.
Experiência e atualização tecnológica
Embora o Rio Paraíba representasse um dos obstáculos mais críticos a serem vencidos, para as demais
obras especiais integrantes deste conjunto de travessias
e cruzamentos, na visão da equipe técnica da GDK,
também implicava pesquisar e usar métodos e recursos
diferenciados e com real conteúdo de engenharia e de
tecnologia atualizados, para assegurar sua completação
com êxito dentro do curto prazo disponível.
Assim, em todas as demais travessias e cruzamentos,
aprimoramentos tecnológicos e de processos construtivos
foram estudados e aplicados, resultando em maior eficiência, segurança e agilidade na sua execução, viabilizando
sua conclusão em prazos seguros, e bem menores do que
os usualmente requeridos neste tipo de atividade, sempre
sujeita a imprevistos que requerem soluções alternativas
e maior esforço para sua conclusão.
Um dos pontos críticos nas travessias de cursos d’água
em geral reside na escavação do leito para abertura de
vala e na zona de transição entre a seção molhada e a
margem dos rios e barragens. Visando incrementar a
eficiência e real controle de produtividade para garantir
o cumprimento das demais etapas de montagem, nas
travessias da Represa de Santa Branca, Rio Capivari
TN Petróleo 74
143
dutos
Figura 4. Escavadeira extralonga
e Rio Lourenço Velho, em solos que variavam entre os
pantanosos e aqueles com presença de rocha, foram
aplicados conjuntos de escavadeiras anfíbias do tipo
Kori, com plataforma de escavação das máquinas CAT
320, montadas de forma associada a pontões flutuantes
extras – além dos providos pela própria Kori.
Isto resultou em maior estabilidade do conjunto, com
sensíveis ganhos tanto na produtividade de escavação em
m³/hora, como na segurança da operação como um todo;
ao transmitir essa segurança aos operadores, permitiu-se
potencializar ao máximo sua capacidade produtiva.
Uma nova concepção do sistema de posicionamento e de atracação das unidades com balancins e cabos
tensores resultou em benefícios na produtividade e no
correto posicionamento sobre o eixo de lançamento, com
o que as difíceis escavações em regime submerso, sem
visibilidade para os operadores, puderam ser realizadas
com maior precisão e menor overbreak em relação aos
processos usuais.
Nos trechos mais profundos e de difícil acesso, novamente o diferencial tecnológico aplicado mostrou
sua importância. A empresa também investiu em novas e modernas escavadeiras especiais, denominadas
‘extralongas’, da Doosan, com capacidade de atingir
profundidades de escavação eficiente de 15 m, também
montadas sobre conjuntos de flutuantes em configuração
‘H’, utilizados pela GDK em operações de dutos offshore
em águas rasas, conforme ilustrado na Figura 4.
Nas regiões de maior incidência de rocha, os conjuntos de escavação de 24 ton foram dotados de martelos
rompedores hidráulicos de grande porte (34000 lbs),
para romper e desagregar a rocha e um novo sistema
de limpeza que associa os conhecidos drag-lines tradicionais com um sistema de pulling rápido e desenhado
para maior produtividade.
Os cruzamentos de estradas de grande porte, integrantes deste pacote de obras, também mereceram o
144
TN Petróleo 74
estudo e seleção de métodos e equipamentos adequados e
específicos para cada situação, visando a melhor equação
entre o tipo de subsolo a ser atravessado, as condições
de contorno das estradas (geometria de entrada e saída,
obstáculos naturais e benfeitorias), inserção da via na
ocupação humana, menor prazo de execução e segurança
dos trabalhos e das comunidades vizinhas.
Assim, enquanto nas autoestradas Carvalho Pinto I
e II aplicou-se a técnica de perfuração direcional, por
serem rodovias com três faixas de rolamento em cada
pista, grande canteiro central e laterais das faixas de
domínio com geometria transversal mais favorável à
menor extensão possível pelo método HDD, no cruzamento da Rodovia Carvalho Pinto, encaixada entre
morros à montante e trechos de pântano à jusante,
optou-se pela cravação de tubo-camisa, utilizando
o equipamento “boring machine” de grande porte e
de última geração especialmente adquirido para este
projeto (Kolossus 72).
A eficiência e confiabilidade deste equipamento,
somada à experiência da equipe mobilizada para este cruzamento, especializada neste tipo de trabalho, permitiu,
apesar das críticas restrições locais e da responsabilidade
sobre a preservação da estrada que é a principal via de
acesso a todo o litoral Norte do estado de São Paulo, que
o cruzamento fosse executado em condições de total segurança da obra, das comunidades e usuários da via.
E isso foi feito em um prazo 30% menor do que o usual
neste tipo de serviço e ainda, com um grau de precisão
entre as cotas de entrada e saída substancialmente mais
apurado do que o normal em perfurações por este método, simplificando sobremaneira a interligação entre a
linha-tronco e o trecho da travessia.
Foram também determinantes para o êxito destes cruzamentos a total integração e cuidadoso planejamento das
etapas em conjunto com as equipes de Segurança, Meio
Ambiente e Relacionamento com as comunidades, garantindo que todos os trabalhos fossem executados em estrito
atendimento às melhores práticas executivas, em absoluta
segurança e sem nenhum impacto ambiental ou social.
O êxito alcançado na realização deste complexo
conjunto de travessias e cruzamentos especiais demonstrou de forma inequívoca a importância da associação
entre a experiência efetiva das equipes de trabalho, o
planejamento, a criatividade com conteúdo de engenharia e o empenho em desenvolver novas metodologias,
aprimorando processos consagrados visando ganhos de
eficiência e a incorporação de processos e equipamentos
tecnologicamente atualizados.
A conjugação destes fatores, a pesquisa e a aplicação
planejada de métodos voltados à melhor economicidade, maior confiabilidade nos prazos e na consistência e
segurança de completação com sucesso, mostrou neste
empreendimento um caminho responsável para os novos
desafios que se apresentam na construção e montagem
de dutos de grande porte no Brasil.
TN Petróleo 74
145
gestão de riscos
Vantagens
competitivas
na indústria de óleo e gás
Gestão de Riscos Corporativos e Continuidade dos
Negócios, assim como a Gestão de Crise, foram assuntos
que despertaram grande interesse na 15ª Edição da Rio Oil
& Gas Expo 2010.
A
Roberto Zegarra é bacharel em Ciências em
Engenharia Mecânica
pela University of Texas,
com 18 anos de experiência internacional
em Business Continuity
Management. É instrutor do DRII (Disaster
Recovery Institute International) e, desde
2000, presta serviços para os mais variados mercados. Foi Vice President/Senior
Consultant/National Telecommunication
Practice Leader da Marsh USA e atualmente é responsável pela área de Continuidade
de Negócios da empresa na América
Latina, atuando também como consultor e
liderando a equipe de BCM.
146
TN Petróleo 74
Marsh apresentou sessões pôster de discussão dos assuntos em pauta,
também conhecidos como Enterprise Risk Management (ERM), Business Continuity Management (BCM) e Crisis Management (CM), com
o intuito de conscientizar, compartilhar lições aprendidas, educar e transferir
conhecimento aos participantes deste renomado evento internacional.
Riscos, ameaças e situações perigosas fazem parte do dia a dia na indústria
de óleo e gás. Catástrofes naturais, falhas humanas e outros problemas não
avaliados durante a fase do projeto ou mesmo em fases de exploração, produção
ou transporte e distribuição podem causar grandes impactos. Estes impactos
podem trazer grandes prejuízos à empresa envolvida, inclusive afetando meio
ambiente, comunidades, reputação e a indústria como um todo.
A história tem-nos mostrado que, apesar dos temas ERM, BCM e CM
estarem cada vez mais em pauta nas empresas, ainda estamos longe de ter
programas sólidos e suficientemente maduros para evitar grandes impactos
durante as catástrofes. Estes temas têm demonstrado ser muito eficientes,
quando bem implementados, na redução dos impactos, permitindo às empresas minimizar os prejuízos e controlar rapidamente os incidentes. O uso
destas técnicas mostra ao mercado que a empresa afetada é responsável, é
sólida e tem uma liderança exemplar.
O ERM permite que as empresas tomem consciência quanto a todos
os tipos de riscos aos quais estão sujeitas: fatores financeiros, políticos,
ambientais, corporativos, operacionais, governamentais, tecnológicos,
dos mercados e da indústria. Proporciona, enfim, uma visão holística dos
riscos e de seus impactos, para que possa controlá-los da maneira mais
eficiente possível. Desta forma, a empresa em questão pode adotar medidas preventivas, manejando estes riscos de maneira proativa e consciente.
O importante é que esta metodologia não deve ser encarada como um projeto, e sim como um processo, uma cultura dentro da empresa, aumentando
Foto: Banco de Imagens Keystone
a eficiência e permitindo que a prevenção faça parte do
dia a dia de todos.
A definição de Enterprise Risk Management (ERM)
é: identificação, avaliação e gestão dos riscos para proteger e aumentar o valor econômico da empresa. Ele é
focado 100% na prevenção!
Já o Business Continuity Management (BCM), do
qual o Crisis Management (CM) faz parte, é focado na
proteção da empresa como um todo após o desastre, no
que a empresa deve fazer para recuperar-se rapidamente,
preservando seus empregados, imagem, patrimônio e
valor econômico.
A definição de BCM é: a habilidade de uma organização de recuperar e manter processos, operações e
funções críticas apesar de circunstâncias ou situações
adversas. Envolve planejamento e procedimentos prévios
que permitem à organização continuar suas operações,
processos e funções críticas. Todas as partes da cadeia
de valor e todas as funções de negócios devem ser analisadas e consideradas neste processo.
São três os componentes de BCM:
1. Resposta a emergências: esta área foca na proteção
das pessoas, meio ambiente e equipamentos, e é ativada de imediato após o incidente. Este componente
é gerenciado tipicamente pelo nível operacional
da organização e deve respeitar a legislação e exigências locais, estaduais ou federais (mas deve ser
consistente entre os diferentes locais da companhia).
Trata-se de planejar e executar os procedimentos
e planos para poder corretamente evacuar, salvar,
controlar o incidente e minimizar os danos ao local.
Erros mais comuns: falta de treinamento, de exercícios, de simulados e de conhecimento sobre os riscos
corridos pela empresa. Equipes e responsabilidades
não definidas. Falha na comunicação e falta de premissas claras para poder tomar decisões.
2. Gerenciamento de crises: foca em comandar e controlar a situação, bem como na comunicação interna
e externa na proteção da reputação da empresa.
Este componente é tipicamente gerenciado pelo
nível estratégico da organização. Uma equipe de
Gestão de riscos (ERM) &
Continuidade dos negócios (BCM)
ERM
BCM
Análises
Análises
Ameaças
Impactos
Probabilidade
Filtro
Impactos
Impactos
Controles
Priorização
Controles
Monitoramento
Planos
Melhorias
Proteção
Filtro
Recursos
Estratégias
Estratégia
Planos
Investimento
Monitoramento
Planos
Melhorias
Recuperação
gerenciamento de crises toma as decisões iniciais
após o incidente e define a direção e a comunicação
da companhia para lidar com o mesmo. Pensar nos
cenários-chave antecipadamente e possuir um time
com o entendimento dos processos e suas respectivas funções aumentará de maneira significativa a
eficiência da companhia em responder a uma crise
e também reduzirá o impacto negativo em sua reputação, sua moral, e junto a seus clientes.
Erros mais comuns: colocar a culpa em terceiros antes
da investigação, propor soluções sem ter pensado nos
problemas nem ter se preparado para os mesmos, não
identificar todos os afetados pelo desastre, não ter
uma cadeia de comando para crise bem definida, não
ter um plano de comunicação bem elaborado.
3. Continuidade dos negócios: é focada em proteger
a receita e a participação de mercado. Este componente é gerenciado tipicamente pelo nível tático e
garante que as tarefas e atividades aconteçam para
que certos processos críticos se recuperem o mais
rápido possível, dentro de seu recovery time objectives
(RTO). Novamente, o planejamento de como gerenciar
possíveis cenários minimizará o impacto ao negócio.
O pré-planejamento sobre como lidar com certos
TN Petróleo 74
147
gestão de riscos
BCM – Como tudo funciona
Plano de Resposta a
Emergências
Aborda a proteção das
pessoas, dos ativos da
companhia e do meio
ambiente
• Riscos altos
• Riscos operacionais
Plano de Gerenciamento de Crises
Gerencia problemas, protege
a reputação e conduz uma
comunicação eficiente
• Escopo estratégico
• Comanda e controla
• Gerencia grupos de interesse
Planejamento
Pré-incidente
Plano de Continuidade dos Negócios
Focado em uma rápida,
estabilização, restauração
e recuperação de processos
de negócio críticos
• Entrega de produtos,
serviços e informações
Pós-incidente
?
Incidente ocorre
Modelo Operacional para
responder a um incidente/crise
• Estrutura organizacional
• Critério de avaliação
• Critério de escalonamento
Manutenção
• Auditoria
• Simulação
• Treinamento
• Revisões
cenários (tais como a perda de um equipamento ou
fornecedor-chave) e desenvolver e documentar as
estratégias e contingências antecipadamente minimizará bastante o impacto aos negócios após um
incidente e acelerará a recuperação dos processos
críticos.
Erros mais comuns: não identificar nem priorizar funções e processos críticos, não haver preparação com
antecedência, a falta de identificação das prioridades
e do core business, a não identificação de recursos
(pessoas, equipamentos, informações, produtos, serviços, etc.) mínimos vitais.
Entender os seus riscos e estar preparado para lidar
com os mesmos casos ocorram é uma importante parte
do processo de tomada de decisões da indústria de óleo e
gás. Assumir riscos permite que as companhias aproveitem oportunidades e explorem as condições do mercado
para intensificarem suas vantagens competitivas.
Alguns dos benefícios percebidos pelas companhias
que adotaram ERM e BCM são os seguintes:
•Consolidação da Gestão de Riscos na empresa.
•Foco no que é vital, identificando melhorias e eliminando vulnerabilidades.
•Auxílio no alinhamento do core business com as
estratégias da corporação.
•Comunicação transparente e eficiente em incidentes.
•Lições aprendidas – portanto, o que aconteceu não
tornará a ocorrer.
•Alinhamento de riscos-chave e cenários de impacto
com as estratégias e objetivos.
148
TN Petróleo 74
Discussão/Avaliação
• Processamento do sinistro
• Manutenção
• Lições aprendida
•Detalhamento de dados sobre riscos e seus controles
para os stakeholders.
•Melhoria na tomada de decisão e conscientização
sobre riscos e impactos.
•Visão holística dos riscos, processos críticos e estratégias de continuidade da organização.
Conclusão: a indústria de óleo e gás nunca esteve
tão pressionada em se tratando de aspectos de segurança, meio ambiente e riscos. Manter as operações,
a sua reputação e preservar pessoas e meio ambiente
durante uma catástrofe nunca estiveram tão alinhados
com a gestão corporativa como hoje. Novas ameaças
surgem a cada ano – problemas que antes pareciam
absurdos hoje representam uma realidade. Não é mais
uma questão de o risco se concretizar, e sim quando
isso ocorrerá!
Também precisamos considerar novas regulamentações, melhores práticas internacionais, normas existentes, responsabilidades para com nossos clientes e
nossa consciência ambiental. Todos estes fatores têm
demandado alto nível de resiliência da indústria petroleira e praticamente exigem que as empresas do ramo
implementem processos de ERM e BCM para garantir
futuros promissores, clientes satisfeitos, acionistas tranquilos e meio ambiente protegido – enfim, uma indústria
mais segura!
É fundamental ter em mente que ERM & BCM
não são projetos, mas sim partes de um processo, de
uma cultura na qual devemos iniciar nossa jornada o
quanto antes.
mercado de trabalho
Oportunidades no setor
de petróleo e gás
No primeiro semestre do ano, novos investimentos e projetos de petróleo e gás chegaram ao Brasil.
Plataformas de perfuração e exploração, embarcações e unidades de produção estão espalhadas por
todo o litoral do país. Isso significa grande demanda por profissionais qualificados.
N
ormalmente muito bem remunerados e disputados pelas empresas do
setor, esses profissionais são provenientes da área náutica, com treinamento na Marinha Mercante, ou da área técnica, com formação em
mecânica, mecatrônica, elétrica e instrumentação. Apesar de esta demanda
por mão de obra sempre ter existido, 2010 já se configurou como um ano de
muitos investimentos e grande volume de contratações.
Um bom exemplo do mundo de oportunidades que esse setor concentra
é o de apenas uma empresa do setor, que anunciou recentemente a construção de 40 embarcações até 2020. Para tripular uma embarcação inteira, são
necessários aproximadamente 100 profissionais. Ou seja, apenas para operar
as embarcações de uma só empresa serão contratados 4 mil profissionais, fora
a mão de obra para construir esses navios.
A tendência é de que a competição entre as empresas por mão de obra
cresça ainda mais. Atualmente, já existe uma guerra por talentos entre as
companhias para projetos no Brasil, na Coreia, China e Cingapura – existem empresas nacionais atuando também nesses mercados e com projetos
de montagem e comissionamento de plataformas, com boa remuneração.
O resultado é que muitas empresas acabaram perdendo muitos profissionais
para esses projetos.
Como o ciclo do petróleo envolve diversas etapas, há oportunidades tanto
em fases de levantamento de potencial quanto em perfuração e exploração.
Cada um desses passos envolve diferentes empresas, com diferentes especialidades e fornecedores diversos. Esses profissionais têm perfis complementares,
mas, em sua maioria, com formações parecidas – da área técnica ou náutica,
além de inglês fluente.
Como a disputa das empresas por profissionais está bastante ativa, algumas
tentam reter seus profissionais com salários, benefícios e plano de carreira.
Muitas companhias internacionais buscam profissionais fora do Brasil, em
suas matrizes, para suprir a demanda no país. Outras empresas já se preocupam em formar esses profissionais desde cedo. Já há programas de trainee
em muitas delas, não só na área de engenharia, mas também na técnica, o
que é considerado novidade nesse mercado. Como alternativa, também está
sendo considerada a contratação de profissionais de outros segmentos que
não o petróleo. Algumas empresas buscam profissionais dentro das indústrias
química, petroquímica, automobilística e até mesmo de bens de consumo –
muitos deles possuem boa bagagem profissional, mas precisam desenvolver
experiência na dinâmica e no dia a dia do offshore.
O mercado de petróleo e gás será um dos campeões de crescimento
e contratações nos próximos anos. Muitos investimentos estão chegando e
precisam de mão de obra qualificada nesse mercado. Para os profissionais,
é necessário buscar uma boa formação e fluência no inglês. Para as empresas,
é importante considerar alternativas de formação e investimentos em plano
de carreira, benefícios e remuneração. O mercado é promissor, mas ainda há
muitos desafios pela frente.
Fábio D’Ave é especialista em recrutamento
da Robert Half.
TN Petróleo 74
149
fino gosto
Tem pato laqueado
na Praça da Bandeira
RESTAURANTE primeira pá
Rua Gonçalves Crespo, 450,
Praça da Bandeira. Tel.: 21 2293-2653
De segunda a domingo. Das 11h às 23h.
Destaque
A revista Veja, em sua edição especial
de Comer e Beber 2010/2011, no espaço
dedicado a restaurantes chineses no Rio
de Janeiro, só faz referência ao Mr. Lam,
de Eike Batista, na Lagoa, e a Primeira Pá,
próximo à Praça da Bandeira.
150
TN Petróleo 74
por Orlando Santos
ão adianta procurar em guias turísticos, nem em revistas ligadas à
gastronomia, pois será uma busca inútil! O restaurante que se esconde
no interior de uma associação cultural chinesa, parece mais um desses
casos de mistério chinês. Aliás, a primeira e única pessoa a ajudar a
desvendar um pouco esse mistério foi a jornalista Danúsia Bárbara,
que no seu guia gastronômico sempre colocou o restaurante na lista
dos aprciáveis.
Mas isso já faz parte do passado...
O restaurante trocou de nome, agora se chama Primeira Pá, os
donos permanecem o mesmo, esteve fechado durante dois anos para
obras e agora reabriu, com salas mais espaçosas e um ambiente mais
agradável. As mesas redondas, agora bem espalhadas por todo o interior do estabelecimento, abrigam mais de cem comensais, clientela
basicamente formada de antigos e novos chineses com sede no Rio.
Criado a partir da Associação Cultural Chinesa do Rio de Janeiro, o
Primeira Pá tem a mesma idade da entidade (20 anos), e fica na Praça
da Bandeira, num casarão com as cores vermelha e branca, e no alto
do mastro, tremulando as bandeiras do Brasil e da China.
Sem nenhuma tabuleta de identificação na fachada do prédio, fica
muito difícil saber, para quem não é chinês, que ali funciona um bom
restaurante, com comida farta, saborosa e a preços módicos. Ao lado
do estacionamento, no interior do prédio, três grandes murais na parede mostram a marcha de Mao, o rosto do líder, a Muralha da China
e uma paisagem chinesa.
Nova fase
O casal Sao Man e France Lam está muito animado com esta nova
fase. E o movimento parece indicar mesmo isso. Num dia de domingo, casa cheia, as mesas com tampo circular de vidro exibem patos
laqueados, sobas, frangos e porco xadrez. Tudo isso, como é comum
acontecer, num ambiente simples e de cozinha honesta, com três chefs
chineses (um vindo recentemente da China) se alternando nas panelas
e nos assados, sob a supervisão direta de Sao Man. Das mesas é possí-
Fotos: Bruno de Lima
vel olhar o intenso movimento na
cozinha, de onde vem o saboroso
odor dos pratos.
Mas adentrar e desvendar o
mistério chinês é preciso não ter
nenhum receio de enfrentar, de
saída, os dois leões – que mais
parecem dragões – na entrada do
restaurante. Eles significam poder e proteção, sempre em dupla,
como os daqui. O que distingue
é um pequeno detalhe em cada
um: o macho tem sob sua pata
um globo e protege a casa; já a
fêmea, com um filhote, protege
as pessoas, a família.
Uma exceção
Quando se analisam os restaurantes chineses no Rio, surge
uma unanimidade: são poucos e
de péssima qualidade, opinião fortalecida pelos amantes da culinária oriental. A Primeira Pá é uma
exceção. Outro que escapa dessa
avaliação é o Chinese Palace, que
há quatro décadas funciona no
térreo de um edifício residencial,
quase esquina com
a Prado Júnior, em
Copacabana.
Há quem sustente que não foi
por acaso que o
empresário Eike
Batista abriu um
caro e sofisticado
restaurante na Lagoa, o Mr. Lam, importando tudo diretamente da China,
para satisfazer o seu
paladar e conversar
com seus parceiros
econômicos em volta das tradicionais
mesas redondas, assim como faz quando está na China.
O Primeira Pá
além do chef chinês, também trouxe tapete vermelho,
fogão a vapor, utensílios de cozinha, luminárias, mesas, cadeiras,
adornos. O chef prepara todos os
dias pato crocante e desfiado,
para comer com panquequinhas
e verduras. Está custando R$ 140,
mas dá muito bem para quatro
pessoas.
O tanque no interior do restaurante exibe tilápias vivas, que
logo são preparadas ao vapor ou
cozidas. E para quem está curioso
em desvendar o nome da casa,
aí vai: ‘Primeira Pá’ significa o
primeiro ato de um chef quando
começa a cozinhar, ou seja, a primeira mexida na panela.
TN Petróleo 74
151
coffee break
Coleção
Brasiliana
por Orlando Santos
Quem passa apressado pela av. Rio Branco, no coração do Centro do Rio, sem
prestar atenção à exposição anunciada no Museu Nacional de Belas Artes
(MNBA) corre o risco de perder a oportunidade de conhecer um dos maiores
acervos culturais do país. A instituição está abrigando uma
mostra, realizada pelo Itaú Cultural, resultado de mais de oito anos
de paciente organização do banqueiro Olavo Setúbal (1923-2008),
e reúne mais de 300 itens ligados à História do Brasil.
Armand Jullien Palière,
O filho do artista tomando banho na
varanda a residência de seu avô
Museu Nacional de Belas Artes
(viste o site: www.mnba.gov.br)
Avenida Rio Branco, 199 –
Centro (metrô Cinelândia)
Telefone: (21) 2219 8474
Visitação pública: até o dia
21 de novembro de 2010
De terça a sexta: das 10h às 18h; sábados,
domingos e feriados: das 12h às 17h.
Aos domingos a entrada é franca.
152
TN Petróleo 74
Ao contrário das duas exibições anteriores, em São Paulo e Belo
Horizonte, a do Rio expõe, pela primeira vez, a obra intitulada Souvenir
do Rio, de 1832, que reúne num só espaço trabalhos de Debret, Rugendas,
Barat e Araújo Porto Alegre, em forma de colagens, aquarela, óleo e lápis.
Este trabalho é considerado único na iconografia brasileira e foi adquirido
pelo Itaú Cultural, recentemente, de um colecionador europeu.
A obra simula 16 imagens como se jogadas sobre a mesa, criando uma
ilusão de ótica em que as peças parecem se sobrepor. Trata-se de um trompel’oeil, técnica artística que, com truques de perspectiva, mostra objetos
ou formas que não existem de fato. Provém de uma expressão em língua
francesa que significa ‘engana o olho’ e é usada sobretudo em pintura ou
arquitetura.
Como observa Pedro Corrêa do Lago, curador da mostra, a obra “é um
exemplo único de colaboração entre vários dos mais famosos artistas atuantes no período, reunidos em um quadro. Este é um feito técnico raramente
igualado pelos melhores artistas viajantes.” Ele lembra que a tradição do
trompe-l’oeil remonta ao século XVII, mas ressurgiu com força nas primeiras décadas do século XIX, sendo o meio escolhido por Barat, que liderou
o grupo de artistas criador da obra, para expressar gratidão ao ministro da
França Édouard Pontois, pela proteção recebida nos anos em que o diplomata francês representou seu governo junto a D. Pedro I, até o momento
da abdicação deste, em abril de 1831.
“A redescoberta deste trabalho de grande originalidade, sofisticação
técnica notável e elaborada composição, enriquece a arte daquele período”, continua Corrêa do Lago. “A variedade e riqueza das imagens
Rugendas, La Siesta
que integram a composição desta
aquarela levantam inúmeras questões instigantes e indicam vários
novos caminhos de interpretação
da herança artística dos cronistas
pictórios da realidade brasileira, que
atuaram no primeiro quartel após a
chegada da família real.”
A exposição – O acervo completo
da Brasiliana Itaú atualmente conta
com mais de dois mil títulos, com cerca de cinco mil iconografias. Abrange
desde o período colonial até as primeiras edições dos mais conhecidos
álbuns produzidos durante o século
XIX sobre o país, bem como livros de
artistas ilustrados do século XX.
Entre as peças apresentadas nesta exposição, vale destacar, também,
o retrato de Dom Pedro II, ainda jovem, feito por Rugendas em 1846.
A obra foi adquirida em junho, diretamente da família real brasileira,
para o acervo do Itaú e exposta pela
primeira vez em Belo Horizonte.
Além desses trabalhos, a mostra
apresenta farta iconografia sobre o
Brasil colonial, com mapas, livros,
pinturas, gravuras, moedas e objetos, com especial enfoque no Brasil
holandês. Vale ressaltar a pintura
Povoando numa planície arborizada,
de Frans Post, retratando um típico
J. B. Debret, J. M.
Rugendas, V. Barat
e Araújo Porto
Alegre. Souvenir de
Rio de Janeiro, 1832,
aquarela, lápis, óleo e
colagem sobre papel.
60 x 73 cm
povoado do Nordeste no século XVII,
com elementos fidedignos, mas organizados segundo a imaginação
do autor.
Outra parte fundamental da exposição é formada por um conjunto
de quadros e gravuras dos viajantes
e naturalistas, com ênfase na iconografia do Rio de Janeiro e de São
Paulo, e nos álbuns de gravuras da
fauna e flora brasileiras. Entre os
destaques estão Panorama da cidade
de São Paulo (Província), 1821, de
Arnaud Julien Pallière, que retrata
uma panorâmica daquela cidade, e
o recém-descoberto Segundo casamento de D. Pedro I, 1829, de Debret.
Mais obras de importantes artistas
viajantes também integram esta
seção, em aquarela ou em gravura,
além de outras ligadas à família real
portuguesa.
A última parte da mostra contém livros de grande relevância
na cultura brasileira, manuscritos
de todos os governantes do país e
documentos do período da escravidão. Os grandes livros publicados a
respeito do Brasil no exterior estão
em grande parte presentes, assim
como a quase totalidade dos álbuns
iconográficos, tanto aqueles impressos na Europa como no Brasil. As
obras-primas da literatura brasileira
constam nas suas primeiras edições,
muitas vezes com dedicatória. Os
maiores artistas nacionais também
comparecem nos livros de artistas, e
a coleção de mapas abrange quase
toda a cartografia impressa do Brasil.
Os conjuntos manuscritos não são
menos importantes e trazem peças
fundamentais, sobretudo da história
e da literatura.
Mais de 20 destas obras, entre
livros, capas de livros, serigrafias
e gravuras relacionadas com a literatura, foram exibidas na Casa de
Cultura de Paraty, durante a mais
recente edição da Flip, a popular Feira de Literatura de Paraty. Por exemplo, o primeiro caderno do aluno de
poesia Oswald de Andrade, ilustrado
por Tarsila do Amaral em 1927. Ou
Poesias reunidas, do mesmo poeta,
ilustrada por Flávio de Carvalho, passados 40 anos em edição publicada
pela editora Difusão Europeia do
Livro (1966).
Entre outras raridades da mostra,
se encontra Memórias posthumas
de Braz Cubas, ilustrado por Cândido Portinari, em 1943. A dupla se
repete em O alienista, de Machado
de Assis (Rio de Janeiro: Imprensa
Nacional, 1948).
O termo ‘Brasiliana’ engloba coleções de pinturas, livros, objetos,
imagens e documentos relacionados
com o Brasil nos 500 anos de sua
história. A coleção Brasiliana Itaú é
um dos mais amplos e significativos
acervos de memória histórica e visual brasileira formados nos últimos
dez anos.
TN Petróleo 74
153
feiras e congressos
Novembro
29/11 a 2/12 – Espanha
11th Annual World LNG Summit 2010
Local: Barcelona
Tel: 0044 20 7978 0000
Fax: 0044 207 978 0099
http://world.cwclng.com/
[email protected]
30/11 a 3/12 – Mônaco
DOT Monaco 2010
Local: Mônaco
Tel: 0044 0 1992 656 647
Fax: 0044 0 1992 656 700
[email protected]
www.deepoffshoretechnology.com
Dezembro
12 a 15 – Egito
Production Optimization North Africa 2010
Local: Cairo
Tel: 00971 4 364 2975
Fax: 00971 4 363 1938
[email protected]
www.productionoptimizationafrica.com
12 a 15 – Emirados Árabes Unidos
5th Annual Security for Energy
Infrastructure Summit 2010
Local: Abu Dhabi
Tel: 1-646-454-4559
[email protected]
www.energysecurityme.com
Janeiro 2011
18 a 20 – Egito
MENA Natural Gas Distribution
Summit 2011
Local: Cairo
Tel.: 0091 80 4050 9936
Fax: 0091 80 4050 9933
[email protected]
www.fleminggulf.com
31/01 a 01/02 – Reino Unido
Offshore Production Technology 2011
Local: Londres
Tel.: +442072027628
Fax +44 (0)20 7202 7600
[email protected]
www.offshore-summit.com
Fevereiro 2011
21 a 23 – EUA
Mexico Oil and Gas Conference 2011
Local: Houston, TX
Tel.: +44 20 7978 0000
[email protected]
www.thecwcgroup.com
Março 2011
15 a 17 – Canadá
World Heavy Oil Congress
Local: Calgary, Alberta
Tel.: +14032093555
Fax: +1 (403) 245-8649
[email protected]
www.worldheavyoilcongress.com
21 a 24 – Holanda
Gastech 2011
Local: Amsterdã
Tel.: +442031806576
[email protected]
www.gastech.co.uk
Abril 2011
4 a 5 – Alemanha
Pipeline Technology Conference 2011
Local: Hannover Messe
Tel.: +49 511 90992-22
Fax: +49 511 90992-69
e-mail: [email protected]
www.pipeline-conference.com
5 a 6 – Casaquistão
OilTech Atyrau 2011
Local: Atyrau
Tel.: +442075965037
[email protected]
www.oiltech-atyrau.com/2011/
13 a 14 – Canadá
ISA Calgary 2011
Show & Conference
Local: Calgary, Alberta
Tel.: +14032093555
Fax: (403) 245-8649
[email protected]
http://isacalgary.com/
18 a 20 – Brasil
1° Congresso Brasileiro de CO2
na Indústria de Petróleo, Gás e
Biocombustíveis
Local: Rio de Janeiro
Tel.: +552121129079
Fax: +552122201596
[email protected]
www.ibp.org.br
Maio 2011
2 a 5 – EUA
OTC 2011
Local: Houston
Tel.: +1.972.952.9494
Fax: +1.972.952.9435
[email protected]
www.otcnet.org/2011/
5 a 7 – Índia
POWER-GEN India & Central Asia 2011
Local: Nova Déli
Tel: +44 1992 656 610
[email protected]
www.power-enindia.com
10 a 13 – Brasil
11ª Coteq
Local: Porto de Galinhas, PE
Tel.: +55 11 5586-3197
[email protected]
www.abendi.org.br
21 a 25 – Argélia
5th Algeria Energy Week 2011
Local: Oran
Tel.: +442075965173
Fax: 0044 0 20 7596 5106
[email protected]
www.sea5-algeria.com/
Junho 2011
7 a 9 – Canadá
Gas & Oil Expo & Conference
North America
Local: Calgary, Alberta
Tel.: +14032093555
Fax: +1 (403) 245-8649
[email protected]
www.gasandoilexpo.com/
7 a 10 – Azerbaijão
Caspian International Oil & Gas
Exhibition & Conference 2011
Local: Baku
Tel.: 0044 207 596 5091
Fax: 0044 207 596 5008
[email protected]
www.caspianoil-gas.com/2010/
index.html
14 a 17 – Brasil
Brasil Offshore 2011
Local: Macaé, RJ
Tel.: 55 11 3060-4868
Fax: 55 11 3060-4953
[email protected]
www.brasiloffshore.com/
22 a 23 – Canadá
Atlantic Canada Petroleum Show
Local: Newfoundland
Tel.: +14032093555
Fax: (403) 245-8649
[email protected]
www.atlanticcanadapetroleumshow.com
Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou [email protected]
154
TN Petróleo 74
opinião
de José Carlos Ribeiro Filho, consultor de Petróleo, Gás e
Biocombustíveis do escritório Vieira, Rezende, Barbosa e Guerreiro Advogados.
indústria do
petróleo no Brasil
Novos tempos para
fornecedores da
A
lém disso, enquanto o Congresso discute essa nova legislação, as principais
entidades públicas e privadas responsáveis pelo setor estão se organizando
para incrementar a produtividade e
aprimorar os processos de produção das empresas
fornecedoras de bens e serviços, criando condições
objetivas para o acesso direto dessas empresas aos
recursos públicos destinados a P&D e aos financiamentos do BNDES.
A verdade é que toda essa autêntica revolução no setor deve-se não apenas à previsão do
crescimento da produção de petróleo e gás em
razão das descobertas da camada do pré-sal,
que transformarão o Brasil num importante país
exportador, mas também à consistente expansão
da economia brasileira, fato internacionalmente reconhecido após a crise de 2008, criando
um ambiente propício para que o nosso parque
industrial se renove por completo, com a eliminação dos tradicionais gargalos.
Ainda para aguçar a competitividade nessa
escalada da indústria brasileira e acelerar todo esse
processo de renovação, há uma circunstância que
merece ser considerada: a atração dessa nova fronteira brasileira exercida sobre os fornecedores de
equipamentos e serviços, que
operam no Golfo do México
e no Mar do Norte, muito
devido, no primeiro caso, ao
recuo da produção offshore
por causa do incidente com
a Deep Water Horizon e, no
segundo caso, ao declínio da
produtividade. Dessa forma,
empresas estrangeiras que
detêm tecnologia em bens e
serviços para exploração em
águas ultraprofundas hoje já
priorizam o mercado offshore brasileiro.
Neste ano de 2010, com vistas a cumprir os
requisitos de conteúdo local, diversas empresas
estrangeiras se estabeleceram no país, constituindo subsidiárias brasileiras, já que a nossa legislação, salvo raríssimas exceções, desde a Emenda
Constitucional n. 6, de 15 de agosto de 1995, não
faz mais qualquer distinção entre empresas brasileiras em função da origem do seu capital, podendo qualquer pessoa física ou jurídica estrangeira
constituir uma empresa sob as leis nacionais e
passar a gozar dos mesmos direitos das empresas
tidas como genuinamente nossas.
TN Petróleo 74
155
Foto: Divulgação
Do ponto de vista dos fornecedores da indústria do petróleo brasileira, as principais alterações
que serão trazidas com a aprovação pelo Congresso Nacional do Novo Marco Regulatório
do Setor são, pela ordem de sua importância: a recolocação, por força de lei, da Petrobras
no centro de toda a cadeia produtiva como operadora única e principal tomadora de bens
e serviços; a exigência, pela primeira vez prevista em lei, de percentuais de conteúdo local
mínimo em todos os fornecimentos; e a diretriz governamental de fazer com que a exploração
e a produção de petróleo e gás natural no país avancem pari passu com a capacidade de
as empresas brasileiras fornecedoras de bens e serviços atenderem às necessidades dos
programas exploratórios.
opinião
Portanto, temos hoje todas as condições para um
extraordinário boom da indústria do petróleo no
Brasil, tanto pelos fatores internos quanto externos
destacados.
Temos, também, a consciência de que é preciso
dar consequência prática aos artigos 218 e 219 da
Constituição Federal, os quais priorizam o desenvolvimento nacional a partir de conquistas na área
de P&D, declarando o mercado como integrante do
patrimônio nacional e determinando que o Estado
promova e incentive o desenvolvimento científico,
a pesquisa e a capacitação de modo a alcançar a
autonomia tecnológica do país.
Em diversos fóruns ouve-se referência a esses
dispositivos constitucionais como sendo aqueles
que teriam embasado a decisão do governo federal
de fazer da Petrobras a operadora única.
Está, portanto, feito o diagnóstico de que a tecnologia será o fator crítico para adequar as empresas
fornecedoras do setor ao ritmo acelerado de investimentos da Petrobras e demais companhias petroleiras que venham a atuar na exploração do pré-sal.
Como parte desta tarefa de tornar a indústria
brasileira competitiva e prepará-la para o imenso
desafio que se lhe apresenta, merece registro a entrega, pela Organização Nacional da Indústria de
Petróleo (Onip) e Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae),
Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombus-
156
TN Petróleo 74
tíveis (IBP), Associação Brasileira da Indústria de
Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação
Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), em
agosto, de uma Agenda de Competitividade da
Cadeia Produtiva de Óleo e Gás Offshore no Brasil
ao BNDES, como contribuição ao Programa de
Desenvolvimento Produtivo (PDP), para onde estão
sendo canalizadas todas essas iniciativas.
Essa Agenda foi o resultado da identificação de
políticas e linhas de ação consensadas pelos principais interessados nesse segmento da indústria do
petróleo, com o objetivo de eliminar os gargalos que
impedem a sua competitividade vis a vis com os
bens e serviços oferecidos no mercado internacional – isso de modo a criar condições propícias para
que os bens e serviços aqui produzidos e oferecidos
sejam, em apertado espaço de tempo, de igual qualidade e preço dos seus similares do exterior.
Também merece registro o ambicioso programa
de capacitação de milhares de novos técnicos para
atuar na indústria do petróleo, promovido pelo Prominp do Ministério de Minas e Energia em parceria com o Sesi.
Tudo isso considerado, há fundadas razões
para acreditar que as empresas fornecedoras da
indústria do petróleo, além de uma forte demanda
por bens e serviços nos próximos anos, terão uma
legislação favorável e o apoio das autoridades e
das entidades públicas e privadas, para superar os
inúmeros desafios desses novos tempos.
Rio
Pipeline
2011
Conference & Exposition
Setembro 20-22
10/10
20 a 22 de setembro de 2011
Chamada de Trabalhos:
17 de dezembro de 2010
Participação
Informações:
Tel.: (+55 21) 2112-9000
Fax: (+55 21) 2220-1596
e-mail: [email protected]
Organização / Realização